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Resumo
Este texto é fruto do início da investigação que estamos desenvolvendo em tordo do tema de
nossa pesquisa de Doutorado, que se volta para as mulheres proprietárias na Vila de São Pedro
do Cantagalo no período demarcado de 1815 a 1855. Iremos discutir, ao longo desse, o processo
de ocupação de terras devolutas na região de Cantagalo, bem como a propriedade de terra nas
mãos das mulheres. Deste modo, analisaremos fontes diversas como Cartas de Sesmaria,
Inventários post-mortem, Almanak Laemmert e Registros Paroquiais de Terra para
compreender a posse das mulheres na região durante a primeira metade do século XIX.
Introdução
No final do século XVIII e início do XIX, a região do sertão do leste fluminense começou
a ser povoado, devido ao declínio do ouro nas áreas mineiras. Nesse período, a ocupação de
terras devolutas na região de Cantagalo, teve um grande salto, considerando que, até a primeira
metade do século XVIII essa área ainda se constituía em matas fechadas.
A penetração nessa região, por indivíduos vindos, principalmente, da Freguesia de
Guarapiranga – MG, formou o arraial que mais tarde viria a ser a Vila de São Pedro do
Cantagalo. Os sujeitos que chegavam a esse arraial, eram, em sua grande maioria, donos de
poucos escravos, e iniciavam o cultivo da terra, produzindo para a subsistência e vendendo os
excedentes. Sheila de Castro Faria afirma que, a chegada de um tenente, experiente nos serviços
minerais, chamado Joaquim José Soares, foi um catalisador de homens e mulheres oriundos de
2
Minas Gerais para Cantagalo.1 Afirma ainda que, entre 1787 e 1822, 59 pedidos de demarcação
de terras e 177 solicitações de sesmarias foram feitos para região de Cantagalo.2
Dentre as sesmarias concedidas no período citado por Sheila de Castro Faria,
encontramos algumas mulheres que eram as donas de sesmarias na Vila de Cantagalo, e de
1815 a 1855 podemos identificar muitas mulheres proprietárias de terras na região. Essas
mulheres possuíam terras em produção agrícola, benfeitorias, escravos, animais, entre outros.
A partir de fontes diversas, como Inventários post mortem, cartas de sesmaria, o Almanak
Administrativo Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro e o Registro Paroquial e Terras, foi
possível considerar os bens e propriedades dessas mulheres.
Essa documentação traz a presença marcante de mulheres no decorrer dos anos,
presença essa que merece ser investigada. Os inventários post mortem são fontes múltiplas, pois
é possível conhecer a história econômica de um sujeito ou de seu grupo, como também a história
social, política, demográfica e das mentalidades da sociedade em questão. No que se refere aos
Almanaks é possível entender os sujeitos da elite buscavam estratégias para se destacarem na
sociedade, visto que as listas com os nomes de fazendeiros, proprietários e lavradores, eram
compostas com o financiamento de seus assinantes. Além dessas fontes, a análise do Registro
Paroquia de Terra também é essencial para compreender a propriedade de terra nas mãos das
mulheres, pois, essa documentação indica a forma pela qual as senhoras tiveram acesso a suas
propriedades, se por compra, herança, doação e etc.
Toda a documentação é essencial para traçar as trajetórias das mulheres, principalmente
através do cruzamento de fontes. A partir do cruzamento nominativo das fontes, nos será possível
construir um perfil socioeconômico das mulheres e suas famílias. Ana Silvia Scott explica que
o cruzamento de fontes leva ao uso de uma gama variada de fontes que visam enriquecem o
objeto de análise, além das características demográficas pura e simples. 3
1
FARIA, Sheila de Castro. Ouro, porcos, escravos e café: as origens das fortunas oitocentistas em São Pedro de
Cantagalo, Rio de Janeiro (últimas décadas do século XVIII e primeiras do XIX). Anais do Museu Paulista. São
Paulo, Nova Série, vol. 26, pp.1-23, 2018, pp. 15.
2
FARIA, Sheila de Castro. Ouro, porcos... pp. 18.
3
SCOTT, Ana Silvia; SCOTT, Dario. Cruzamento nominativo de fontes: desafios, problemas e algumas reflexões
para a utilização dos registros paroquiais. In: Anais do XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 2006,
pp.2. Disponível em: http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1669/1630. Acessado em
07 de julho de 2021.
3
4
RICHA, Lênio Luís. Genealogia Brasileira – Povoadores da Região Serrana. Disponível em
http://www.marcopolo.pro.br/genealogia1/paginas/cantagalo_familias.shtml. Acessado em 18 de junho de 2021.
5
OLIVEIRA, Luís Henrique. Guarapiranga: Características econômicas e produtivas de uma freguesia camponesa.
Anais do I Colóquio do Lahes, Juiz de Fora, 2005, pp.2.
6
MARRETO, Rodrigo Marins. Os sertões do Leste da província fluminense: Cantagalo e Nova Friburgo sob o
impacto da segunda escravidão (1820-1872). Revista Territórios & Fronteiras. Cuiabá, vol. 10, n.1, jan.-jul., 2017,
pp. 73.
7
FARIA, Sheila de Castro. Ouro, porcos... pp. 18.
4
espírito da legislação previa que as sesmarias fossem dadas àqueles que fossem capazes de
cultivá-las.”8 A doação das terras também estava relacionada ao prestígio e influência do
requerente. Para obter uma sesmaria era necessário passar por um processo que, iniciava-se
com um exame dos registros de terra feitos pela Secretaria de Governo, a fim de verificar se o
requerente já possuía outra sesmaria em seu nome. Após esse exame, a Câmara local era
acionada para que seus oficiais examinassem a terra requerida.
Cessadas as investigações da Câmara, o requerente era submetido ao exame dos
“homens bons”, onde as autoridades locais iriam ajuda-lo ou não. Além dos requisitos
supracitados, afirma Maria Veronica Secreto que, com a vinda da Corte portuguesa para o
Brasil, a concessão de sesmarias não seria confirmada sem prévia medição e demarcação
judicial das terras.9 Destarte, a concessão de uma sesmaria era, em sua maioria, destinada a
latifundiários, pois, expõe Maria Veronica Secreto que, a sesmaria era o latifúndio inacessível
ao lavrador sem recursos, enquanto a posse de terras era a propriedade agrícola criada pela
necessidade.10
Examinando inventários de algumas mulheres, conseguimos apontar aquelas que
possuíam uma sesmaria na região de Cantagalo, revelando que elas encaixavam-se nas
exigências da lei de sesmarias como, Dona Francisca Rosa da Camara, oriunda da freguesia de
Guarapiranga, Minas Gerais11, casada com Manoel Vieira do Espírito Santo, natural de
Itaverava, Minas Gerais12. A abertura de seu inventário, em 1817, mostra que, a mesma possuía
uma sesmaria de meia légua, além de outros bens, onde foi erguida a Fazenda da Barra Alegre
que foi avaliada em 2 contos e 944 mil réis (2:944$000).
O processo do pedido de sesmaria de Dona Francisca Rosa da Camara durou três anos,
de 1813, quando Cantagalo ainda era um arraial, até 1815, quando arraial já tinha sido elevado
à Vila. Em seu pedido, Dona Francisca afirma que tem condições suficientes para cultivar as
terras desejadas:
Diz D. Francisca Rosa da Camara que ela tem suficiente porção de escravos e
deseja empregá-los na agricultura, e como não tem terras próprias, e sabendo
que há devolutas no Córrego da Onça, Sertões de Macacu, nas novas Minas
do Cantagalo, na quadra leste da sesmaria concedida a Manoel Vieira do
Espírito Santo, onde a suplicante se pode estabelecer, fazendo-lhe Vossa
8
PINTO, Francisco Eduardo. Cartas de Sesmaria. In. MOTTA, Márcia; GUIMARÃES, Elione; (Orgs.)
Propriedades e disputas: fontes para a história do Oitocentos. Niterói: EDUFF, 2011, pp. 29.
9
SECRETO, Maria Veronica. Fronteiras em movimento: história comparada – Argentina e Brasil no século XIX.
Niterói: Editora da UFF, 2012, pp. 72.
10
SECRETO, Maria Veronica. Fronteiras em movimento... pp, 72.
11
Francisca Rosa da Câmara. Árvore Familiar. Disponível em:
https://www.familysearch.org/tree/person/details/L6RM-TWX. Acessado em 29 de junho de 2021.
12
Manoel Vieira do Espírito Santo. Árvore Familiar. Disponível em:
https://www.familysearch.org/tree/person/details/L6RM-L43. Acessado em 29 de junho de 2021.
5
Alteza Real a graça de lhe conceder por sesmaria, meia légua de terras em
quadro.13
13
Carta de Sesmaria concedida a Francisca Rosa da Camara, 1813-1815. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro,
Fundo: Sesmarias, Notação 151.205, 29 f., pp. 2.
14
BARBOSA, Keith Valéria de Oliveira. Escravidão, saúde e doenças nas plantations cafeeiras do Vale do
Paraíba Fluminense, Cantagalo (1815-1888). (Tese) Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Casa de
Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, 2014, pp. 69.
15
Inventário post-mortem de Francisca Rosa da Camara, 1817, pp. 2. Centro de Memória Documentação e
Pesquisa de Cantagalo.
16
Carta de Sesmaria concedida a Francisca Rosa da Camara, 1813-1815. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro,
Fundo: Sesmarias, Notação 151.205, 29 f., pp. 24.
6
para bem cultivar as terras que pede por sesmaria as quais se acham devolutas”.17 E o terceiro
relato foi dado por Antonio Saldanha Andrade Vasconcellos, de idade de cinquenta anos, que
disse “além de escravos que possui, tem possibilidade para bem cultivar as terras que pede por
sesmaria.”18 Francisco Eduardo Pinto expõe que mesmo existindo muitas terras devolutas no
Brasil, a sesmaria não se distribuía a qualquer pessoa,19 ou seja, como Dona Francisca Rosa da
Camara conseguiu obter as terras requeridas, indicava um certo grau de influência social que a
mesma possuía.
Durante as primeiras décadas do século XIX, a produção de alimentos floresceu em
Cantagalo, até que o cultivo do café tomasse a paisagem da região. Vitória Schettini e Jonis
Freire explicam que na Zona da Mata mineira, no século XIX, a produção de alimentos foi a
base para o desenvolvimento cafeeiro20, realidade que pode ser aplicada no caso de Cantagalo.
Além da produção de alimentos, a criação de porcos era farta na região, no início do século
XIX. De acordo com Sheila de Castro Faria, os povoadores de Cantagalo eram agricultores,
com poucas cabeças de gado, e criadores de porcos. “Os porcos é que eram realmente
numerosos. Criavam esses animais soltos no campo, indicados como “porcos do campo” ou
“porcos de pasto” [...]”21. O inventário de Dona Francisca mostra que, essa tinha 40 cabeças de
porcos de seva, em princípio de engorda e 100 cabeças de porcos de pasto 22, indicando que o
comércio de carne suína era praticado por ela.
Além de Dona Francisca Rosa da Camara, outras mulheres proprietárias de terras
estabeleceram-se em Cantagalo, como Dona Antonia Maria da Conceição, oriunda de
Cachoeira de Macacu23. Seu inventário, aberto em 1855 mostra que essa senhora possuía 607
braças de terra na sesmaria do Pouso Alto, avaliadas em 10 contos e 672 mil réis (10:672$000),
dois sítios, casas de vivenda, senzala, paiol, engenho de socar café, moinho, engenho de
mandioca. Dona Antonia possuía em suas terras, uma roça de milho, um mandiocal e um arrozal
avaliados em 1 conto e 200 mil réis (1:200$000), indicando uma produção agrícola para a
17
Carta de Sesmaria concedida a Francisca Rosa da Camara, 1813-1815. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro,
Fundo: Sesmarias, Notação 151.205, 29 f., pp. 25.
18
Carta de Sesmaria concedida a Francisca Rosa da Camara, 1813-1815. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro,
Fundo: Sesmarias, Notação 151.205, 29 f., pp. 25.
19
PINTO, Francisco Eduardo. Cartas de Sesmaria... pp. 32.
20
FREIRE, Jonis; ANDRADE, Vitória Fernanda Schettini de. Produção de alimentos, cafeicultura e escravidão
na Zona da Mata mineira, século XIX. Patrimônio e memória. Assis - SP, v. 15, n.1, pp. 134-157, janeiro-junho,
2019, pp. 145.
21
FARIA, Sheila de Castro. Ouro, porcos... pp.12.
22
Inventário post-mortem de Francisca Rosa da Camara, 1815, pp. 5. Centro de Memória Documentação e
Pesquisa de Cantagalo.
23
Antonia Maria da Conceição. Árvore Familiar. Disponível em:
https://www.familysearch.org/tree/person/details/LX72-VZN. Acessado em 03 de julho de 2021.
7
24
Inventário Post-mortem de Antonia Maria da Conceição, 1855, pp. 11. Centro de Memória Documentação e
Pesquisa de Cantagalo.
25
MACHADO, Marina. Almanak Laemmert. In. MOTTA, Márcia; GUIMARÃES, Elione; (Orgs.) Propriedades
e disputas: fontes para a história do Oitocentos. Niterói: EDUFF, 2011, pp. 160.
26
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro, 1847, pp. 500. Pró-
memória Digital Fundação D. João VI. Disponível em
https://www.djoaovi.com/arquivo/promemoriadigital/colecoesraras. Acessado em 09 de julho de 2021.
8
nas listas sobre para 21, e a partir de então, mais mulheres foram sendo incluídas como
proprietárias em Cantagalo no Almanak.
Em sua pesquisa sobre as mulheres fazendeiras no Vale do Paraíba fluminense, Leila
Alegrio afirma que:
O levantamento do número de fazendeiras, entre as propriedades rurais
listadas no Almanak Laemmert, nos municípios de Barra Mansa, Cantagalo,
Paraíba do Sul, Piraí, Resende, Valença e Vassouras, trouxe dados
interessantes. Foi possível constatar a crescente formação de fazendas e de
pequenas plantações no decorrer dos anos 1850 e 1860 e o percentual de
mulheres que administravam suas propriedades, oscilava entre 7 e 10% do
total de fazendeiros ali listados [...].27
Um fato deve ser levado em conta, ao analisarmos as listas nominativas dos Almanaks,
quando um nome é citado, não há referência a quantidade de propriedades que possuía. Leila
Alegrio expõe essa problemática ao revelar que em Cantagalo, entre 1859 e 1861, há um grande
número de propriedades listadas, porém anos seguintes, o número caí pela metade, sugerindo
que, muitas terras tenham sido adquiridas por grandes fazendeiros.28 Destarte, as mulheres
citadas nas listas nominativas podem ter sido proprietárias de muitas terras, no entanto, não há
referência a isso nas edições.
Além das mulheres fazendeiras, essas mulheres também aparecem em outras
classificações no Almanak; são elas: modistas, costureiras, professoras, parteiras e negociantes.
Essa última, de acordo com as listas nominativas, era proprietária de uma hospedaria na
freguesia de Santa Rita do Rio Negro na Vila de Cantagalo.
Outra fonte que dispomos para visualizar as mulheres proprietárias de terra em
Cantagalo diz respeito ao Registro Paroquial de Terra. De acordo com Graciela Garcia, esses
documentos foram um desdobramento da Lei de Terras de 1850 que, regulamentavam o registro
das propriedades pelos seus possuidores. Em conformidade com o Decreto 1.318 de 30 de
janeiro de 1854, todos os proprietários, por qualquer título de posse, seriam obrigados a registrar
suas terras.29 Como já dito anteriormente, o nosso recorte temporal vai até 1855, nesse sentido
a nossa análise desse documento está delimitada nos dois primeiros anos do decreto.
Os Registros Paroquias de Terras referentes a Cantagalo nos anos 1854 e 1855
revelaram um total de 23 mulheres que estavam regulamentando suas posses, em conformidade
com o previsto pela lei. De acordo com esses documentos, algumas mulheres adquiriram suas
27
ALEGRIO, Leila Vilela. Donas do café: mulheres fazendeiras no Vale do Paraíba (Rio de Janeiro, século XIX).
Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011, pp. 101.
28
ALEGRIO, Leila Vilela. Donas do café... pp. 104.
29
GARCIA, Graciela Bonassa. Registros Paroquiais de Terra. In. MOTTA, Márcia; GUIMARÃES, Elione;
(Orgs.) Propriedades e disputas: fontes para a história do Oitocentos. Niterói: EDUFF, 2011, pp. 65.
9
terras por meio de herança, outras por carta da sesmaria, ou por compra, o que, segundo Letícia
Guterres e Luis Augusto Farinatti, “possibilita desvendar a dinâmica de apropriação de terra”,30
e no caso de Cantagalo, é possível compreender como as mulheres tornaram-se proprietárias.
Eliana Vinhaes assegura que o investimento em terras e cativos forjou um perfil de elite
que floresceu na região da Vila de Cantagalo durante o século XIX31, e muitas Donas
proprietárias compunham a classe senhorial. Por sinal, ser classificada como Dona já era um
indicativo de mulher da elite pois o termo significava um tratamento diferenciador entre as
mulheres nobres, das plebeias no mundo luso. No Brasil, esse termo era reservado às mulheres
brancas e ricas32. O fato de muitas mulheres serem oriundas de famílias ligadas a política
também explica o fato de, em grande parte da documentação, serem chamadas de “Donas”.
Maria Beatriz Nizza da Silva assegura que
Quanto mais graças honoríficas iam sendo concedidas iam sendo concedidas
aos vassalos de Minas, maior era o número de mulheres que passaram a
qualificar-se de donas graças a seus pais ou maridos, os quais, como vimos,
também adquiriram nobreza por cargos públicos e pela carreira militar ou da
magistratura.33
Muitas dessas mulheres provinham de famílias, onde o pai detinha algum título ou cargo
público, em outros casos, eram os maridos que ocupavam cargos políticos. A partir da análise
das genealogias de algumas mulheres, é possível perceber os títulos incorporados às famílias.
São os pais e/ou os maridos, tenentes, alferes, capitães, sargentos, doutores, vereadores, juízes
e etc. Entretanto, mesmo compondo a elite local, essas mulheres não estavam alheias aos
desafios de administrarem suas posses. Leila Alegrio afirma que na ausência dos maridos, por
motivo de viagem ou falecimento, essas mulheres assumiam as tarefas da fazenda, controlando
capatazes, escravos, cuidando da alimentação geral, e dos negócios.34 Ainda Mary del Priore
expõe que as mulheres fazendeiras trabalhavam em suas terras e enfrentavam os mesmos
desafios que os homens enfrentavam como fugas de escravos, invasão de vizinhos às suas terras
e etc.35
30
GUTERRES, Letícia Batistella Silveira; FARINATTI, Luis Augusto Ebling. Apropriação de terra e estrutura
fundiária na região central do Rio Grande do Sul (século XIX). Disciplinarum Scientia. Série: Ciências Sociais e
Humanas, Santa Maria, v.2, n.1, pp. 65-75, 2001, pp. 68.
31
BARÇANTE, Eliana Vinhaes. Família e elites no agro fluminense: Cantagalo do oitocentos. In: Anais do II
Colóquio do LAHES: Micro história e os caminhos da história social – Juiz de Fora, 2008, pp. 4-5. Disponível
em: http://www.ufjf.br/lahes/files/2010/03/c2-a17.pdf. Acessado em 07 de julho de 2021.
32
CAMPOS, Marize Helena de. Senhoras Donas: economia, povoamento e vida material em terras maranhenses
(1755-1822). Tese (Doutorado em História). Universidade de São Paulo – USP, 2008, pp. 40.
33
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Donas mineiras do período colonial. São Paulo: Editora Unesp, 2017, pp. 171.
34
ALEGRIO, Leila Vilela. Donas do café... pp. 33.
35
PRIORE, Mary del. Aula ministrada para o programa de Pós Graduação da Universidade Salgado de Oliveira –
UNIVERSO, Niterói, abril, 2021.
10
Considerações finais.
Fontes:
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro. Pró-
memória Digital Fundação D. João VI. Disponível em
https://www.djoaovi.com/arquivo/promemoriadigital/colecoesraras. Acessado em 09 de julho
de 2021.
36
ALEGRIO, Leila Vilela. Donas do café... pp. 67.
11
Bibliografia:
ALEGRIO, Leila Vilela. Donas do café: mulheres fazendeiras no Vale do Paraíba (Rio de
Janeiro, século XIX). Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011.
BARBOSA, Keith Valéria de Oliveira. Escravidão, saúde e doenças nas plantations cafeeiras
do Vale do Paraíba Fluminense, Cantagalo (1815-1888). (Tese) Doutorado em História das
Ciências e da Saúde. Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, 2014.
CAMPOS, Marize Helena de. Senhoras Donas: economia, povoamento e vida material em
terras maranhenses (1755-1822). Tese (Doutorado em História). Universidade de São Paulo –
USP, 2008.
FARIA, Sheila de Castro. Ouro, porcos, escravos e café: as origens das fortunas oitocentistas
em São Pedro de Cantagalo, Rio de Janeiro (últimas décadas do século XVIII e primeiras do
XIX). Anais do Museu Paulista. São Paulo, Nova Série, vol. 26, pp.1-23, 2018.
PINTO, Francisco Eduardo. Cartas de Sesmaria. In. MOTTA, Márcia; GUIMARÃES, Elione;
(Orgs.) Propriedades e disputas: fontes para a história do Oitocentos. Niterói: EDUFF, 2011.
PRIORE, Mary del. Aula ministrada para o programa de Pós Graduação da Universidade
Salgado de Oliveira – UNIVERSO, Niterói, abril, 2021.
SCOTT, Ana Silvia; SCOTT, Dario. Cruzamento nominativo de fontes: desafios, problemas e
algumas reflexões para a utilização dos registros paroquiais. In: Anais do XV Encontro Nacional
de Estudos Populacionais, 2006. Disponível em:
http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1669/1630. Acessado em 07
de julho de 2021.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Donas mineiras do período colonial. São Paulo: Editora
Unesp, 2017.