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LEANDRO HENRIQUE DOS SANTOS

Parque
Arqueológico
do
Gogo
Morro Santo Antônio & Morro Santana

“Só se ama o que se conhece”

CRIAR O PARQUE DO GOGO É INIVESTIR EM TURISMO


- EDUCAÇÃO PATRIMONIAL - MEIO AMBIENTE -
AVENTURA - HISTÓRIA - TRADIÇÃO
Está é uma reportagem especial do jornal O ESPETO publicada
em forma de livro com apoio a ACAM, Associação de Caçadores de As-
sombração de Mariana que tem a missão de promover a cultura.
www.acammg.com.br

Autor: Leandro Henrique dos Santos


Diagramação, pesquisa de imagens e arte : Rozembergue Alex Teixeira
Capa: Rozembergue Alex Teixeira
Imagens : Acervo banco de imagens Jornal O Espeto.
Foto capa : ruinas e gavião carcará . Leandro H. Santos.

PARQUE ARQUEOLÓGICO DO GOGO


MORRO SANTO ANTôNIO & MORRO SANTANA

Julho de 2019 : 1ª Edição. Comemorativa aos 323 anos de Passagem


Agradecimentos a Associação de Moradores de Passagem
Todos os direitos desta edição reservados à O JORNAL O ESPETO
Redação : Rua Olimpío Diniz nº269. Passagem de Mariana.
CEP: 35421-000 Mariana - Minas Gerais .
www.jornaloespeto.com.br www.acammg.com.br
Email: oespeto@gmail.com Tel: 031-3558-4660
APRESENTAÇÃO

HISTÓRIA DO MORRO DE SANTO


ANTÔNIO E DO MORRO SANTANA

A história de Minas Gerais começou aqui. A importância das


ruínas do Morro Santo Antônio e do Morro Santana remonta ao início
das aventuras dos pioneiros que vieram um busca de ouro em 1696.
As ruínas de ruas, Igrejas, pontes, casarões, cemitérios, remontam as
origens da ocupação em nossa região pelos bandeirantes paulistas.
Preservar esses locais é preservar nossa memória. Desde 2007
iniciativas para tornar esses locais reconhecidos de fato como sítios his-
tóricos foram realizadas, como abaixo assinado por moradores com 712
assinaturas que foi entregue ao Ministério Publico de Mariana, dando
andamento a ações até hoje em 2019.
Enquanto na população possuir senso de pertencimento ligado
a região do Morro Santo Antônio e Morro Santana, região do Gogo, as
iniciativas já tomadas para exploração de ferro nesses locais serão sem-
pre combatidas.
São locais que agregam bens históricos, cuturais, etnográficos,
sociais. Valores éticos também pois o parque do Gogo é testemunha da
presença de gerações passadas e suas ações. Não podemos impedir as
gerações futuras ao acesso a esses elementos formadores da nossa identi-
dade e do conhecimento que eles transmitem.
Interesses de minerar nessa área existem e são suficientemente
influentes para travar até o momento esforços criação efetiva do parque
do Gogo, que englobaria 18 km, desde Morro Santo Antônio ao Morro
Santana. O nome Gogo vem do inglês, Go, que significa ir, pois os ingle-
ses compraram as terras do minerador João Vamos Vamos e traduziram
para o inglês, virou Gogo, como ficou mais conhecida a área.
Este livro não tem outra missão além de servir de reflexão para
atual geração, sobre o que iremos deixar como legado para o futuro.
SUMÁRIO

I. Introdução

II. Os viajantes no morro Santo Antônio e Santana

III. Ataque de Índios

VI. Os Ingleses

V. Golpe em Dom Pedro II

VI. Maior Roubo da nossa História

VII. A igreja do Gogo deu visibilidade ao parque

VIII.Comoção da população

IX. Justiça & politica em torno do Gogo

X. Cursos e caminhadas no Parque do Gogo

XI. Projeto de reconstrução da igreja do Gogo

XII. Acidentes na área do Parque

XIII. Como fazer o Parque do Gogo sair do papel?

XIV. Assombrações protegem as ruínas ddo Gogo

XV. Clipping de matérias publicadas no Jornal O Espeto


sobre o Gogo

XVI. Muito ainda a descobrir sobre o Parque do Gogo


I. INTRODUÇÃO

“Mais bela que outrora


irei ressurgir”
O título deste acima se refere a letra do hino de Mariana, de nosso Al-
phonsus Guimaraens, encaixa como luva para o parque do Gogo.
Mariana, cidade situada no centro de Minas Gerais, suas minas de ouro
deram nome ao nosso Estado e atrairam o olhar do mundo.
Nessa região a colonização pelos portugueses remonta aos anos de 1696,
quando oficializou-se a descoberta das Minas, coincidindo com a mu-
dança da legislação pelo rei de Portugal, pois antes dessa lei as minas
descobertas pertenciam ao rei, já que toda terra recém descoberta era
do próprio rei, com a mudança quem descobrisse era dono e devia pagar
impostos , estipulados pelo número de escravos empregados na lavra ou
mina. Meio século depois a Câmara de Mariana aprovou a nova forma de
cobrança, a quinta parte do outo retirado seria do governo, surgindo a lei
do Quinto aplicada em todas cidades de Minas .
Com a descoberta do ouro milhares de pessoas imigraram de Portugal
e vieram para Mariana e Ouro Preto, causando um fenômeno logo criti-
cado pela nobreza, pois não haveria quem trabalhasse no campo em Por-
tugal, e em 1720 foi proibido a imigração de portugueses para o Brasil,
temendo o esvaziamento de Portugal.
No Brasil desde 1500, só a partir das descobertas das minas de ouro que
os portugueses penetraram para o interior, chamado de “mar verde”. Ape-
lidados de “caranguejos”, os portugueses se estabeleceram nos primeiros
200 anos de colonização apenas no litoral. A cidade mais ao interior era
São Paulo e cidades vizinhas, como Taubaté, de onde saíram os bandei-
rantes para Mariana e Ouro Preto, sendo o Rio de Janeiro o porto mais
próximo. Essa demora se deu devido as dificuldades de se penetrar no
interior , mata fechada, falta de postos de abastecimento, ataque de indios
e feras selvagens, cobras, onças, e ainda o completo desconhecimento pela
medicina portuguesa das doenças tropicais.

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Nesse quadro a febre pelo ouro fez com que Portugal se movesse, au-
mentando a compra de pessoas na Àfrica para trabalhar como escravos
nas minas, forçando também uma guerra aos índios. Oficializou-se em
guerra em decreto real em 13 de maio de 1808, em guerra aos botocudos
de Minas Gerais. O governo português oferecia recompensa para quem
levasse orelhas de indios, promovendo uma caçada humana sem prece-
dentes, visando aniquilar todos perigos no caminho para as minas.
Nesse cenário logo acuparam a nossa região, que atingiu a soma de cen-
to e vinte mil escravos nas proximidades de Mariana, se estendendo na
área de mineração, do alto de Passagem , Mata Cavalos, e Morro Santana,
com milhares de casas feitas com pedra retirada das minas e telhados de
sapé, vivendo precariamente, a expectativa de vida não passava de qua-
renta anos, e se escravo nas minas 20 anos.
Cada vez mais as minas necessitavam de mão de obra, lotando merca-
dos de escravos, e toda economia que girava em torno das providências
para a mineração. Atrelada ao Estado Português estava a Igreja Católica,
com poder de polícia, em plena época de inquisição, onde bastava uma
acusação para a pessoa ser presa. Todos tinham que cumprir com sua
obrigação para a fé, e para isso capelas eram levantadas em todo ajun-
tamento de gente. Com isso os moradores e donos de mina no alto do
Morro Santana pediram ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Jerônimo au-
torização para fazer uma Igreja, e logo veio, mas deveria ser de Santana,
Mãe de Nossa Senhora, o culto mariano estava expandindo, e o bispo
queria dar mais uma Igreja em homenagem a Rainha, Maria Ana, devota
de Santana. Então em 1712 iniciou-se a construção da Igreja no alto do
Morro Santana/Gogo, para abençoar os fiéis, e os lucros e afastar a Inqui-
sição. Fato repetiu-se no Morro Santo Antônio onde o Coronel Maximi-
liano também erigiu uma capela particular.

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II. OS VIAJANTES NO MORRO
SANTO ANTÔNIO E SANTANA
Vários viajantes
igleses e franceses vie-
ram explorar o Brasil,
e estiveram em nossa
região, e em meados
de 1814 já realizam
pesquisas. Foram a
partir de observações
deles que percebeu-se
que o auge da mine-
ração já havia passado
e não tinha como mi-
nerar sem investir em
modernização. Má-
quinas foram trazidas
da Cornualha da Inglaterra.
Seus diários de viagem são famosos e vários estão a nossa disposição em
forma de livros. Graças a esses relatos de viagem muitas informações
sobre a nossa região estão preservadas,. Sir Richard Burton, viajante in-
glês presenciou um inglês vivendo de forma miserável junto com seus
escravos no Morro de Santo Antônio. Jess Martin, filha do diretor da
Mina deixou suas impressões sobre Passagem e região narrando aconte-
cimentos de 1897 a 1907, como a vida dos imigrantes em Passagem. Os
viajantes presenciaram também o declinio da região e passaram a dedi-
car a outras atividades econômicas, como pecuária, tropas de animais, e
agricultura. As casas na região das minas, alto do Gogo, Passagem, foram
sendo abandonadas aos poucos. Aliado a isso existia um clima de medo
de uma revolta dos escravos . Por duas vezes aconteceu no Morro Santo
Antônio fuga em massa e conflitos com mineradores. Os quilombos da
região eram refúgio para os insatisfeitos. Aconteciam raptos, roubos, e
cada um armava-se para defender-se como pudesse. As casas eram for-
tificadas, projetadas para defesa.
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III. ATAQUES DE ÍNDIOS
Indios atacaram Furquim por duas vezes e a população que esca-
pou abrigando-se na Igreja Bom Jeusus do Monte.
Indios Puris trazidos para Ouro Preto com escravos se rebelaram e
sairam pilhando a região. A partir dái não colocaram mais pessoas que
falavam a mesma lingua juntas. Esse assunto virou artigo de mestrado de
Rafael Souza e foi publicado no jornal O ESPETO.
Em Mariana houve o primeiro caso de um indio ser ordenado
Padre! Pedro da Mata, foi apadrinhado por Dom Viçoso. Padre Padro
da Mata por dez anos lutou pelos direitos dos indigenas pároco em Rio
Pomba porém largou a batina depois de dez anos voltando a viver com os
indios .
O Barão alemão Eschevegue foi um dos precursores a usar doen-
ças como gripe como arma biológica para lutar com os índios, que não
tinham resistência a essa doença e assim muitos milhares morreram.

Ruínas no Morro de Santo Antônio em Passagem, foto acima, são bem


conservadas, e foram construídas de forma de fortaleza para se proteger
em caso de ataques de índios ou revolta dos escravos.

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IV. OS INGLESES

Com a invasão de Por-


tugal pelo general Junot,
a corte portuguesa fugiu
para o Brasil escoltada pe-
los ingleses, que estavam
em Guerra com a França de
Napoleão.
Portugal invadido, e o Ba-
rão alemão Wilhein Ludvig
von Eschwegue recebeu o
general francês Junot no
palácio de Lisboa.
Em 1811 os ingleses já
sabiam o que queriam no
Brasil e o enfraquecido e
fugido Dom João aceitou
abrir os portos e cedeu aos
ingleses o direito de Minerar. Em 1812 os ingleses abriram escritório em
Ouro Preto. Em 1819 o Barão alemão Wilhein Ludvig von Eschwegue,
junto com sócios ingleses compraram por cinco contos de reis a Mina da
Passagem, e em seguida compraram as minas do Morro Santana e região
de Vamos Vamos. Como era muito difícil para os ingleses pronunciarem
Vamos Vamos, traduziram para Go Go ( go é verbo ir em inglês), daí o
nome atual Gogô!
Logo os ingleses já estavam em Passagem, trazendo máquinas movidas
a ar ( pneumáticas) da Cornualha, Inglaterra.
A revolução industrial estava a pleno vapor, com a instalação de trilhos
nas minas, modernizando o processo britagem, moagem, e apuração, os
ingleses espandiram a Mina da Passagem, a do Mata-Cavalos, do Morro
Santana e do Cavalo Branco, na entrada do distrito de Bandeirantes.

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Os ingleses construíram em Passagem primeiro hospital da re-
gião que foi pioneiro da América Latina em raio X. Também construíram
uma Igreja para praticar sua religião anglicana e também um cemitério
onde foram enterrados 55 corpos de adultos e crianças. Mudaram tam-
bém nossa forma de falar, acrescentando palavras, como uai, sô, trem,
chulé, short, chaula. Introduziram o futebol, criando o Britanic Foot Ball
Clube em 1902. Além isso introduziram o tennis e o bilhar. Aproveitando
o clima ergueram uma fábrica de chá em Passagem, que era exportado
para Inglaterra. Montaram uma fábrica de arsênico. Todo esse conjunto
está na área está em estudo para tombamento.
Primeira Igreja Protestante de Minas foi construída pelos ingleses

Igreja Anglicana em Passagem: seu cemitério foi escavado a procura de


joías. Existe um mapa com a disposição das supulturas e nome. Um inglês
ilustre, Thomas Bawden, que foi presidente da Câmara de Mariana e con-
decorado como “Sir” pela rainha Vitória está enterrado nesse cemitério.
Para mais informações leia o livro “Os Ingleses em Passagem”.
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V. GOLPE EM DOM PEDRO II:
CAPITAL MUDA PARA BH. MARIANA E OURO
PRETO PERDEM IMPORTÂNCIA POLÍTICA
Ben Susan, diretor da Compania Inglesa teve seu filho, Arthur
Mineiro, morto por um coice de cavalo na cabeça, na casa grande, onde
morava, em Passagem. Grande tristeza tomou conta de todos.
Em 1923, voltou a Inglaterra, e nesse meio tempo a mina foi vendida aos
Guimarães, banqueiros.
Com a mudança da capital de Minas para Belo Horizonte logo
após o golpe dado em Dom Pedro II, a as principais familias de nego-
ciantes, de políticos, e diversos prestadores de serviços . Os republicanos
queriam uma capital moderna que não lembrasse o Império do Brasil, e
queriam anular a influência do Barão de Ouro Preto, que era ministro da
Economia de Dom Pedro II .
O reflexo é imediato, a população segue para outras atividades
mais lucrativas do que a mineração. Mas ainda assim as tradições herda-
das são mantidas e Sr. Júlio Guimarães faz a primeira reforma na Igreja do
Gogo, conduzida por Sr. Waldemar Faustino da Chácara.
Em 29 de junho de 1939, na ocasião de seu aniversário, o Sr. Júlio Gui-
marães festeja o fim da reforma da Igreja Santana do Morro. As bandas
tocavam nos altos dos morros.
O Morro Santo Antônio foi ficando deserto, e sua Igreja tinha sido vendi-
da pelo Coroenel Maximiliano para reformar a Igreja do Rosário de Ma-
riana próximo a 1850. Com o declínio do ouro a partir de 1860, a região
de Mariana e Ouro Preto se viu em época de vacas magras, que perdurou
até o início do ciclo do minério de ferro, inicio de 1960, voltando a crise
com o rompimento da barragem da Samarco .

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Mina a céu aberto deu origem a rua do Buqueirão em Passagem, onde
existe a lenda como de Maria Sabão, que pega meninos mal criados e que
não comem verdura para fazer sabão com sebo !

Cada vez mais difícil ficava para minerar levando ao fim do ciclo do ouro
cem anos depos veio o ciclo do ferro, explorado apenas grandes empresas
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VI. MAIOR ROUBO DE
NOSSA HISTÓRIA
IGREJA SANTANA CONSTRUÍDA EM 1714
Com a decadência do ouro, a
população do Gogo começou a
ir para Mariana, principalmen-
te na década de 1950 .
Leia ntrevista publicada no O
ESPETO 41 em maio de 2004, o
Sr. Aurélio de Oliveira, nascido
no Gogô, ele disse que veio para
Mariana em 1958, e seu pai era
zelador da Igreja Santana.
“ Com cada vez menos gente e
muitas pessoas cismaram de ir
lá para procurar ouro, meu pai,
que era zelador da Igreja Santa-
na, ao encontrar um dia a porta
aberta, decidiu procurar o bis-
po Dom Oscar em 1970, para
dizer que estávamos com medo
que as imagens, castiçais, fos-
sem roubadas, fizemos então uma relação do que tinha na Igreja e trou-
xemos para minha casa em Mariana, onde dormiram e depois foram le-
vadas para um depósito da Arquidiocese.
Dom Oscar até me deu a imagem de São Sebastião ( gesso) que levei
para a escola Dom Frei, aonde estudava, quando eu mudava de sala eu
levava a imagem e depois que formei deixei , onde está até hoje. ( atual
ICSA). Depois que trouxemos as imagens ficamos sabendo que a Igreja
Santana sumiu. Agora fiquei sabendo pelo O ESPETO que ela foi monta-
da em Belo Horizonte!”.
Segundo nossas informações Dom Oscar permitiu que as peças
fossem retiradas para salva-las de ladrões.
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Elcio Martins, pedreiro, marianense, foi contratado pela Mendes Junior
para desmontar a Igreja Santana do Morro, transporta-la e reconstrui-la
em Belo Horizonte na sede da Mendes Junior. Élcio participou da audi-
ência pública sobre o caso promovida pela Câmara de Mariana, presidida
pelo vereador Geraldo Sales, Bambu, que acompanhou todo caso.

“Capela de São Francisco das Chagas, construída por Artur Valle Mendes,
inaugurada no ano da graça de 1978 por sua Excia. Revmo. Dom Oscar
de Oliveira, Arcebispo de Mariana. B. Hte, 15-10-78.”
Texto escrito na placa de pedra sabão de inauguração da Igreja na sede
da Mendes Junior, construída com peças da Igreja Santana do Morro.

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VII. A IGREJA DO GOGO DEU
VISIBILIDADE E NOME AO PARQUE
De grande repercussão na midia nacional o caso da Igreja do Gogo
revelou toda área para o mundo, trazendo visibilidade para as ruínas, até
então praticamente ignoradas : dai o nome Parque do Gogo. Não pode-
mos esquecer das missas campais realizadas por Mons. Flávio nas ruinas
da Igreja de Santo Antônio em Passagem.
Seguindo pistas, desde 26 de maio de 2001, quando publicamos a
primeira matéria sobre a Igreja Santana, a equipe de reportagem do O
ESPETO encontrou provas que ela teria sido levada pela Empresa Men-
des Junior e reconstruída em sua sede na rua Prof. Mário Werneck 1685,
portaria 1, bairro Estoril, Belo Horizonte, atual sede da UNI-BH, fato
confirmado em vista ao local em 28 de março de 2004, a comissão dos
moradores do Gogo acompanhados do Vereador Geraldo Sales, Bambu .
CÂMARA DE MARIANA OUVE TESTEMUNHA CHAVE: Foi
nomeda pela Câmara de Mariana em maio de 2004 uma comissão com-
posta pelos vereadores Bené do Caminhão, Duarte Eustáquio Junior e
Geraldo Sales, Bambu, que ouviu o Sr. Elcio Martins, testemunha chave,
pois trabalhou na demolição da Igreja Santana, sua reconstrução em Belo
Horizonte, e a desmontagem de suas peças antigas para a UFMG, quando
a UNI-BH comprou a sede da Mendes Junior.
ABAIXO ASSINADO AO MINISTÉRIO PÚBLICO DE MARIA-
NA: Os moradores do Gogo, fizeram em 2004 um abaixo assinado, re-
latando os fatos e solicitando ao Promotor Antônio Carlos providências
para a comissão dos moradores do Gogo pudessem vistar essas peças na
UFMG. O ministério público já estava acompanhando o caso.
ENCONTRO DAS PEÇAS NO DEPÓSITO DA UFMG: O Pro-
motor Marcos Paulo, Promotoria de Patrimônio Histórico Estadual,
agendou uma visita no deposito da UFMG, dia 19 de novembro de 2008,
onde os moradores, acompanhados de representantes da Câmara de Ma-
riana, prefeitura, Arquidiocese e da UFMG, reconheceram que realmente
eram as peças da Igreja de Santana. Hoje essas peças foram doadas pela
Mendes Junior a Pontifícia Universidade Católica, PUC, de Belo Hori-
zonte, sendo a UFMG apenas a guardiã.
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VIII.MORADORES DO GOGO FAZEM ABAIXO
ASSINADO PARA VOLTA DAS PEÇAS DA
IGREJA SANTANA : 2004

Abaixo assinado promovido pelos moradores do Gogo captou 811 assi-


naturas em Mariana e Passagem para abrir processo judicial para trazer
as peças da Igreja de volta para Mariana . Apesar de muitos duvidarem,
quatro anos depois chegavam em Mariana os caminhões com as peças
retiradas na década de 1970.
Agradecimentos ao Sr. Roque do Leão e ao Sr. Pacheco, já falecido.
Foi de Pacheco as informações mais importantes para encontrar a Igreja
Santana do Morro em Belo Horizonte. Ele lembrava que a Mendes Junior
fez a obra da rodovia do Contorno em Mariana e levou para sua sede a
Igreja Santana do Morro. A Mendes Junior na mesma época fez serviços
de terraplenagem na área do antigo Palácio dos Bispos.
O Promotor Antônio Carlos foi de fundamental importância em
dar andamento ao processo, recebendo com toda atenção os moradores
com o abaixo assinado para volta da Igreja.
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CHEGADA DAS PEÇAS DA IGREJA SANTANA
DO MORRO EM MARIANA COM FESTA:2008
Em 24 de março de 2008,
em plena quaresma, as peças
do Gogo chegaram de volta,
após quatro anos de reuniões
e processo judicial, levado a
cabo pelo Ministério Público
Estadual, Promotor Marcos
Paulo, que em 19 novembro
de 2007 agendou uma reu-
nião no deposito da UFMG,
aonde os moradores, acompa-
nhados de representantes da
Câmara de Mariana, prefeitu-
ra, Arquidiocese e da UFMG,
reconheceram que realmente
eram as peças da Igreja de
Santana. As essas peças foram
doadas pela Mendes Junior a
Pontifícia Universidade Cató-
lica, PUC, de Belo Horizon-
te, sendo a UFMG apenas a guardiã, que apressou-se em entregar todas
as peças. A assistência e logística para auxiliar no transporte das peças
e reconstrução da Igreja em seu devido lugar. Houve posterior reunião
com todos envolvidos, dia 30 de janeiro de 2008 chamada pelo Ministério
Público Estadual no intuito de resolver todas as questões pertinentes a
Igreja Santana do Morro. Tal acordo judicial está na íntegra nas páginas
seguintes. Muita festa em 24 março de 2008, quando as peças chegaram,
em cumprimento ao acordo, sendo recebidas pelo Arcebispo Dom Geral-
do Lyrio Rocha, Prefeito Celso Cota, Roque Camelo e Sr. Salvador repre-
sentando a comunidade do Gogo. Mesmo sendo quaresma o Zé Pereira
da Chácara esteve presente batucando. A prefeitura trouxe um ônibus de
moradores do Gogo.Foram 11 viagens de caminhões da UFMG para Ma-
riana trazendo todo material.
18
IX. ACORDO JUDICIAL FEITO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADUAL - parte 1 de 2

19
ACORDO JUDICIAL FEITO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADUAL - parte 2 de 2

20
PREFEITURA DE MARIANA ANUNCIA
RECONSTRUÇÃO DA IGREJA SANTANA
Notícia oficial da Prefeitura de Mariana - janeiro de 2008”
“Riqueza barroca de volta ao município
Prefeitura de Mariana reconstruirá Capela
de Santana no Gogô
A Prefeitura de Mariana adquiriu o direito de reaver o acervo da se-
tecentista Capela de Santana. Por meio do acordo, assinado no dia 30
de janeiro ( 2008) na sede da Procuradoria Geral de Justiça do Estado
de Minas Gerais, a administração municipal afirmou o compromisso em
reconstruir o templo religioso no seu local de origem, devolvendo-a à
comunidade do bairro Gogô. O termo de devolução foi firmado pelo co-
ordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural
e Turístico de Minas Gerais, Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda, pelo
vice-prefeito de Mariana, Roque Camêllo, e pelas instituições envolvidas.
Reuniram-se com o coordenador representantes da Prefeitura de Ma-
riana, do Iphan, da empresa Mendes Júnior, da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e o
cônego João Francisco Ribeiro, da Arquidiocese de Mariana. Todos foram
favoráveis à devolução ao município de Mariana do material que hoje se
encontra em um galpão da UFMG, em Belo Horizonte.
Com consenso do prefeito Celso Cota, o vice-prefeito Roque Camêllo
afirmou durante o encontro que a administração municipal iniciará o
traslado das peças dentro de 30 dias após a assinatura do acordo e pro-
videnciará local seguro para o armazenamento do acervo. “Daremos
todo o apoio logístico e material para transporte, acondicionamento dos
objetos e recomposição da capela no mesmo local, aproveitando as fun-
dações existentes. Para isso, contaremos com a orientação do Iphan e da
Arquidiocese”, explica o vice-prefeito.
“Este é um momento de grande importância para a cultura, para a histó-
ria e para a comunidade marianense. É uma vitória de todos. Vamos nos
reunir com os moradores do Gogô em breve para comemorar este acon-
tecimento e informá-los de todos os detalhes da recomposição da capela”,
afirma o prefeito Celso Cota.
21
“Esses objetos estão impregnados da alma do local e possuem um sim-
bolismo muito grande para aqueles que lá vivem e que não se conforma-
vam com a retirada da capela”, acrescenta o vice-prefeito, Roque Camêllo.
De acordo com a professora Eliane Ferreira, da universidade fede-
ral, os objetos ocupam cerca de 200m² do local em que estão acondicio-
nados. “O material está embalado e numerado, tendo passado até por um
processo de descupinização”, afirma.
Noventa dias após a assinatura do acordo, o município apresentará ao
Iphan o projeto de recomposição do monumento do século 18, bem como
um cronograma para execução das obras. (...) ”
As peças hojes se encontram no Centro de Convenções de Maria-
na aguardando vontade política para serem usadas para reconstrução da
Igreja, finalidade pela qual vieram. Foi promessa em palanque de polítcos
mas até hoje não realizada. Devido a ação do tempo as peças sofrem da-
nos, sendo a maioria de madeira, e guardadas sem cuidado adequado.

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Base da Igreja Santana do Morro, depois de retirado mato e entulho
pelos moradores. A tradicional festa de Santana foi resgatada e passa a
acontecer nas ruínas , causando muita alegria e emoção aos moradores.
A Igreja de Santana foi construída em 1712, no Morro Santana, Gogô, e
transferida para a capital mineira na década de 70, para a empresa Men-
des Júnior, no bairro Estoril, em Belo Horizonte. Com a venda da sede da
construtora, em abril de 2000 o acervo foi doado à UFMG. Por se tratar
de uma entidade pública não necessariamente católica, a universidade re-
passou o material à PUC que, por sua vez, não chegou a implementar um
templo religioso em sua sede. Dessa forma, os objetos permanecem em
um galpão da própria UFMG até serem transportados para Mariana via
acordo judicial para sua reconstrução.
FALTA DE CONTINUIDADE DE AÇÕES
Apesar de muita discussão poucas ações foram tomadas para le-
var a uma organização do parque do Gogo. Iniciativas populares como vi-
sitas, palestras e exposições foram feitas com apoio do jornal O ESPETO
e da ACAM associação de Caçadores de Assombração de Mariana, com o
interesse de difundir a população a importância da área não só para a his-
tória, e identidade, mas como fator ecônomico através do turismo desde
que bem orientado e acompanhado por pessoas formadas na área.

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PREFEITO CELSO COTA ASSINA
LEI 4.481 CRIANDO PARQUE DO GOGO
EM 28 DE FEVEREIRO DE 2008

O Prefeito Celso Cota fez um grande avanço para a manutenção da


história e da preservação do patrimônio histórico e arqueológico de Ma-
riana: encomendou a empresa Memória e Arquitetura de BH um dossiê
para servir de base para justificar a criação do parque do Gogo, criado
logo que o Dossiê ficou pronto através do decreto nº4.481 de 28 de feve-
reiro de 2008.
Placas com o decreto foram fixadas nas proximidades do parque do
Gogo para evitar invasões. Mas já foram arrancadas nos anos seguintes.
O decreto foi objeto de várias especulações de governos posteriores que
queriam sua anulação visando interesses pessoais.
Porém a área do parque arqueológico entrou em processo de tomba-
mento pelo IPHAN, assim nenhuma ação pode ser feita na área.
Aconteceu em 2015 a visita de pessoas ligadas a uma mineradora chi-
nesa nas casas no Morro Santana pedindo para os moradores assinarem
um papel de “inexistência de conflito”, o que possibilitaria a instalação de
uma mineradora da China na região, e prometeram emprego. Não houve
assinaturas e a equipe desistiu de marcar uma reunião no salão comuni-
tário para tratar da instalação dessa mineradora, pois nem oferecendo
emprego conseguiram uma única assinatura. O povo do Gogo já sabia o
que queriam e quem os tinham enviado.
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X. CURSOS E CAMINHADAS MOVIMENTAM
ESCOLAS, COMUNIDADES E TRAZEM O
PARQUE DO GOGO PARA O COTIDIANO
DA POPULAÇÃO MARIANENSE

Desde 2001 são organizadas caminhadas ao parque do Gogo, no Morro


Santana e em Passagem, por associações, amigos, e escolas, até fizeram
parte do Festival de Inverno da UFOP de 2012 atividades de Caminhada
no parque do Gogo, foram também incluídas em todas edições do pro-
grama do governo de Minas de identidade cultural com apoio de divul-
gação do IEPHA. Também foi realizado por Eduardo Campos, Geraldino
Silva, Leandro H. Santos curso de educação patrimonial e artes para os
adolescente moradores do Gogo e Canela por dois anos, de forma volun-
tária, todos os sábados pela manhã e visitas a museus e parques.
Acima foto do então vereador Duarte Junior com alunos das escolas
estaduais Dom Silvério e Dom Benevides no ano de 2004. Ao lado foto
dos alunos em caminhada organizada por Elinésio Castro, com apoio da
AMAP, ACAM, jornal O ESPETO e Guarda Municipal de Mariana.
Com a publicidade da área vista pela TV moradores de Mariana
começam a querer conhecer o local, e muitos passeios e caminhadas são
realizadas sem nenhum amparo efetivo constante da Prefeitura.
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Escolas e universidades realizam
atividades no Parque do Gogo

Conhecer o Parque do Gogo, em Passagem no Morro Santo Antônio e


no Morro Santana em Mariana é uma viagem a história percorrendo um
museu a céu aberto. Minas, tanques de lavagem de ouro, muitas ruínas,
fazem uma mistura de aventura e aprendizado.
Os alunos da escola Dom Silvério, guiados pelo Professor Décio, mo-
rador do Gogo, percorreram as trilhas, minas, e aprenderam sobre sua
história e também biologia.
Prof. Decio afirma que de forma correta a visita as áreas do parque
do Gogo não oferecem perigo, até porque buraco de sari não se move,
nem pula. Exsite a esperança que se torne um parque de fato e não só
no papel. Ao caminhar pelas trilhas e ruínas, acompanhados por guias e
guarda municipal, os alunos puderam percorrer as antigas ruas e o centro
de mineração do Morro Santana/Santo Antônio. Também alunos da E.E.
Benjamim Guimarães, escola municipal Morro Santana, grupo Tai Shi
de Passagem, da UFOP, UFOB, UFMG, entre outras já realizaram visitas
guiadas.
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Um tanque de lavar ouro escavado na rocha e visita a interior de mina

27
XI. APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE
RECONSTRUÇÃO DA IGREJA DO GOGO
2009: Lélio Pedrosa, co-
ordenador de Patrimônio
Histórico da Prefeitura de
Mariana e arquiteta Jô Vas-
concelos contratada para
elaborar projeto de recons-
trução da Igreja Santana
divulgam projeto aprovado
pelo IPHAN para recons-
trução da Igreja Santana,
com custo de cerca de 15
mil reais.
Em 2009 foi apresentado em três ocasiões o projeto para recons-
trução da Igreja Santana do Morro, que previa um anexo que seria usado
como sede do parque arqueológico do Gogo, e espaço museus para expo-
sição das diversas peças arqueológicas encontradas.
A primeira apresentação foi para setores da cultura e turismos de
Mariana, o direção do IPHAN tinha parecer favoravel ao projeto, sendo
representado na reunião pelo servidor Sr. Cássio.
Logo apresentou-se para toda comunidade, muitos não gostaram
do fato da Igreja não ter altar, e com paredes de vidro, todos preferiam
a forma mais fiél. O Profejeto está na Secretaria de Cultura e Turismo,
guardado.
Desde então nada mais foi feito de concreto para o parque do
Gogo. Nem plano de manejo, controle de entrada, sinalização.
Foi onde tudo parou, depende-se da recontrução da Igreja para
cumprir a ordem judicial, para ter um espaço para sede do parque arque-
ológico, para desevolver educação patrimonial na comunidade, e espaço
para celebração da festa de Santana. E ainda mais, o plano de manejo deve
ser feito após essa etapa, orga nização de portaria, entrada, acesso, guias.
Reformular esse projeto já aprovado e um plano de manejo é a
base para organização do parque do Gogo.
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ASSEMBLÉIA DE MINAS FAZ
AUDIÊNCIA SOBRE O PARQUE E
IGREJA DO GOGO : 2014

Dia 21 de novembro de
2014 a Assembléia de
Minas, atendendo o pedi-
do da ex-deputada Luzia
Ferreira - PPS, realizou
em Mariana audiência
pública para debater so-
bre a reconstrução da
Igreja Santana do Morro
e o parque do Gogo, com
a participação da Igreja,
do IPHAN, da moradores do Gogo, da Associação de moradores de Gogo
e Canela, moradores de Passagem, UAMA, só a prefeitura de Mariana não
enviou representante.
A Diretora do IPHAN, Srta, Izabel Nicolieto disse que o parque é de
responsabilidade da Prefeitura de Mariana.
No final da audiência pública a deputada Luzia Ferreira, que presidia
a reunião, lavrou na ata que ficaria acertado que o Vereador Juliano Vas-
concelos, presente, procuraria a prefeitura pois já existe um acordo judi-
cial assinado datado de 30 de janeiro de 2008.
Porém o vereador Juliano não conseguiu marcar reunião com o prefeito
Celso Cota, na qual estariam presentes os interessados na organização
do Parque do Gogo, reconstrução da Igreja Santana do Morro, Plano de
Manejo.
Pouco depois, em março de 2015, o Sr. Idelfonso ex-secretario de Cul-
tura, informou que estava acontecendo uma licitação para contratar uma
empresa para fazer o plano de manejo, mas não se realizou.
Por muitas vezes, inclusive na capa do jornal O ESPETO foi cobrado
esse plano de manejo e a organização do parque, assim como a reconstru-
ção da Igreja Santana.
30
PROPOSTA DE RECONSTRUÇÃO DA
IGREJA SANTANA EM OUTRO LOCAL
É REJEITADA NO VOTO PELA
COMUNIDADE DO GOGO E CANELA

Apresentada pelo pároco Padre Nedson e incentivada por pesso-


as ligadas a cultura ao meio artistico / turistico gerou muita polêmica a
proposta da reconstrução da Igreja na parte baixa do Gogo, na praça no
meio das casas. Não precisa da autorização de ninguém para construção,
disseram. Porém desejam usar as peças antigas.
Aconteceram várias reuniões, com moradores apoiando a idéia e
grande maioria querendo reconstruir no mesmo local, pois foi para isso
que as peças vieram.
Outros argumentaram que ficaria mais fácil o acesso a reconstru-
ção na parte baixa do Gogo, sendo apoiados por pessoas sem conheci-
mento do processo que trouxe as peças de volta.
Os mais idosos levantaram a voz contra essa idéia de mudar o
local de reconstrução.
Eu, Leandro Henrique dos Santos, participei de uma dessas reuni-
ões e tentei explicar por meia hora a importância da Igreja para o Parque
do Gogo, que não é só uma questão religiosa, mas existe muito mais em
jogo, como a valorização do patrimônio histórico.
Aconteceu, enfim esperada reunião para votação da proposta, no
mês de fevereiro de 2015, organizada pela associação de moradores do
Gogo e Canela.
O seu presidente Sr. Reginaldo afirmou que estava ali para apoiar
a decisão da maioria.
E venceram com boa margem aqueles que lutaram para trazer a Igreja
para ser reconstruída no seu devido local, terminando assim mais uma
tentativa de boicotar a reconstrução da Igreja e sabotar a criação e orga-
nização do parque.
A festa Santana traz a fé que anima o povo para reconstrução da Igreja e
todos os anos é realizada .

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Moradores optaram por continuar a subir o morro para fazer a festa de
Santana nas antigas ruínas da Igreja, local onde existe cemitério.

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XII. 239 ACIDENTES NO ÁREA
DO PARQUE DO GOGO
PREFEITURA DE MARIANA PUBLICA NOTA
INFORMANDO QUE O PARQUE MUNICIPAL DO
GOGO É DE RESPONSABILIDADE DA MINA DA
PASSAGEM SUPOSTA DONA DA ÁREA

“Nota de Esclarecimento - Acidentes na área do Parque Arqueológico do


Gogô
12 de maio de 2015
A Prefeitura de Mariana vem a público esclarecer que não fomenta, não
divulga, não incentiva e não recomenda nenhuma visita ao local conheci-
do como Parque Arqueológico do Gogô, região que se estende da estação
ferroviária de Passagem de Mariana até o povoado da vila Gogô.
Trata-se de uma área de mineração, encosta íngreme onde houve in-
tensa exploração de lavra subterrânea, com imensos volumes de material
estéril na superfície e cavas ou minas abaixo do nível do solo, além de
perfurações verticais profundas (sarilhos) que não oferece nenhuma se-
gurança à visitação. Não há acesso adequado às minas e nem identificação
dos riscos (deslizamentos, animais peçonhentos, desabamentos, etc).
O local foi definido no Plano Diretor como área de preservação com a
finalidade de se evitar a ocupação humana (construção de moradias) que
viesse a contribuir com acúmulo de águas na calha do córrego do Canela
e preservar reminiscências de antigas construções existentes, motivado
por ação judicial que persegue o mesmo propósito.
Não foi criado ou implementado nenhum parque aberto à visitação na-
quele local, que continua sendo propriedade privada da Companhia Mi-
nas da Passagem. Aqueles que organizam passeios ao local, naturalmente
conhecem os riscos da atividade e devem assumir a responsabilidade so-
bre a segurança das pessoas que acompanham.
Na dúvida, visite a Mina da Passagem, onde há um serviço turístico
seguro e adequado a quem quer viver a aventura da mineração do século
XVIII.” Termina a nota a imprensa.
33
2015: Após acidente grave
com criança no inicio de maio
que participava de uma ca-
minhada organizada por uma
Igreja Evangélica, a Prefeitu-
ra de Mariana publica nota se
eximindo de culpa e não toma
providência .
Apesar de advertências não há
diálogo. Criança perdeu movi-
mento das pernas.

ACIDENTES SE REPETEM E AUMENTAM


APELOS PARA CRIAÇÃO DO PARQUE

Por muitos
anos, quase não se ou-
viu falar em acidentes
em buracos de sari, po-
rém, ano de 2015 acon-
teceram quatro, contan-
do com um cachorro,
que mobilizou uma
equipe dos Bombeiros e
crianças de Passagem.
Os bombeiros até fi-
zeram um tripé com
roldanas, só para atender acidentes em buracos de sari. Mas a prefeitura
continuava a se recusar a dialogar, torcendo para que não houvesse mais
acidentes e o caso acabasse ali mesmo. Talvez daqui a 30 anos ninguém
lembraria desse parque.
Só que não é assim. È vontade do povo ter sua história preservada prote-
gida e que se torna alternativa para o turismo na região.
34
ACIDENTE FATAL: ALBERTO DOS SANTOS
EMILIO, DE NOVE ANOS CAI EM BURACO DE
SARI E MORRE NO DIA DE MARIANA

No dia de Mariana, dia de Minas Gerais, 16 de julho de 2015, uma


notícia se espalhou rapidamente. um menino havia caído em buraco de
sari enquanto soltava pipa no alto do Morro Santana no dia anterior.
Indignção com a inação daqueles que podiam ter feito tudo para
termos um belo parque arqueológico, mas se recusaram a reconhece-lo.
Perdendo-se em teorias e opiniões sobre o certo, o legal, esque-
cendo que um acordo judicial é para se cumprir, desde 2008 existe esse
acordo assinado por todas as partes. Depois apareceram questionamento,
levando a um falso impasse.
O maior patrimônio é a vida. È com ela que devemos nos preocu-
par. È nosso dever e nossa salvação deixarmos um mundo melhor para
as gerações futuras.
Com o acidente fatal forçou as pessoas a reconhecer sua carga, o
peso de suas assinaturas. A custa do sangue do menino Alberto dos San-
tos Emilio acordam nossas autoridades para a realidade da existência do
parque e da importância do plano de manejo.
35
JUSTIÇA FEDERAL NÃO PERMITE AO DNPM
CONCESSÃO DE ESTUDO PARA LAVRA NO
PARQUE DO GOGO

Com assinatura dos moradores de Mariana e apoio do Ministé-


rio Público o processo para reconhecimento oficial federal do parque do
Gogo caminha, mas a passos lentos.
Este processo para tombamento do Parque do Gogo aguardava
desde 2009 laudo técnico do IPHAN.
As partes envolvidas são a Prefeitura de Mariana, Arquidiocese de
Mariana (que até 1970 tinha uma Igreje erigida no local e ainda existe um
cemitério.) E também a Mina da Passagem e o DNPM,( Departamento
Nacional de Pesquisa Mineral) que pretendia dar direito de exploração de
lavra no local do parque, primeiro passo para abrir uma mineração.
Porém como o IPHAN não fazia o laudo Poder Judiciário deu-lhe
em 2015 um prazo de 90 dias para fazê-lo.
Coube a Excelentíssima Juíza Federal Vânia Cardoso André de
Morais, da 18ª Vara dar a sentença.
E sentença decisão impede qualquer tipo de estudo e mineração
no local até que o IPHAN faça um laudo técnico sobre o Sítio Arqueoló-
gico do Gogo.
È uma vitória importante essa sentença pois impede a mineração
na área até que o IPHAN se manifeste sobre sua importância arqueológi-
ca e histórica.

36
XIII. COMO FAZER O PARQUE DO GOGO
SAIR DO PAPEL ?
O que queremos ?
Um parque organizado, que controle quem entra e quem sai, com guias,
com sede, no local da Igreja Barroca de referência, com um museu anexo,
com trilhas sinalizadas, com um programa de educação patrimonial e
ambiental voltado ao nosso povo. Um parque que tenha coordenação tu-
ristica e possa cobrar pela visitas uma taxa para sua auto sustentação. Que
o parque aumente o turismo de Mariana.
Que seja criado um conselho administrativo voluntário para o
Gogo, nos moldes do parque da Queimada em Ouro Preto - CONPARQ.
Que a estãção ferroviária de Passagem, hoje da VALE, que está
fechada seja sede para o parque do Gogo e abrigue espaço para exposição
dos artefatos encontrados, um museu da mineração.
Que sejam aplicadas as diretrizes para área tombada no dossiê de
tombamento, nas páginas 165 a 167. Como fazer ?
Começar de onde paramos, cumprindo o acordo judicial assinado
pelas partes envolvidas, adequando o projeto já feito e aprovado, e fazen-
do licitação para reconstruir a Igreja. De imediato colocar placas infor-
mativas e de advertência nas áreas mais vulneráveis do parque, evitando
assim invasões e mais acidentes. Criar um Conselho Administrativo para
o Gogo e ocupando a Estação de Passagem como sede do Parque.
Contratação pela prefeitura de Mariana de um arqueólogo e um
museologo pois não existe pessoal efetivo na secretaria de cultura, sendo
assim nada vai pra frente pois falta continuidade.
Podemos fazer ? Sim, a prefeitura de Mariana, segundo o próprio IPHAN,
detêm a posse do parque, é responsável por gerencia-lo, e cumprir sua
parte no acordo judicial.
O projeto da reconstrução da Igreja e do anexo espaço - museu , já
apresentado e pago, foi feita por especialistas e já foi aprovado por todos,
pode ser feito sem modificações, só internamente a decoração que será
inserida nos espaços vazios partes dos altares que foram transladados de
Belo Horizonte. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

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5 MOTIVOS PARA EFETIVAR
O PARQUE DO GOGO
1 - PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUEOLÓGICO
A área do parque do Gogo engloba o Morro Santo An-
tônio, Igreja e cemitério dos ingleses, Mata Cavalo, e Morro
Santana, locais onde existem ruínas de casas, cemitérios,
pontes, e muitas minas de ouro, onde se pode ver como era a vida dos
mineradores e da população além das técnicas antigas de minaração. È
Museu a céu aberto.
2 - PATRIMÔNIO, BIODIVERSIDADE E HIDRICO
Na área do parque o sub-solo é de rocha quartiztio, que
funciona como esponja, e armazena água que é usada pela
comunidade, como a fonte da Glória em Passagem e muitas
casas que consomem água de mina do entorno do parque. E é um elo
de ligação, um corredor verde entre Parque das Andorinhas, Parque do
Caraça e Parque do Itacolomi, importante para fauna e flora assim con-
tribui para a biodiversidade e equilibrio ambiental.
3 - PROTEÇÃO A VIDAS HUMANAS
Já aconteceram seis acidentes no parque do Gogo desde 2015,
resultando em uma criança morta, e outra paralitica. Foi ten-
tado cercar com arame área do parque mas não resolve.
4 - GERAÇÃO DE RENDA E EMPREGO
Com a efetiva implantação do parque será necessário
uma gestão administrativa ( gestor, tecnicos) e operacio-
nal ( guias, guardas, zeladores) para atender a demanda de
turistas que já visitam o parque , e também a comunidade
regional, se tornando referência em educação patrimonial e ambiental,
história, e turismo cultural.
5- RELIGIOSO E CULTURAL
A volta das tradições religiosas populares comemoradas em 26 de
julho no antigo Igreja Santana do Morro demonstram que a
comunidade não esquece sua herança cultural, reavivando
desde 2008 a história dos antepassados.

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XIV. ASSOMBRAÇÕES PROTEGEM AS
RUÍNAS DO PARQUE DO GOGO

Os Morros Santo Antônio e Santana, que compõem o parque do


Gogo, são ligadas na parte alta, separadas apenas por um abismo, cheios
de bocas de minas, por onde consegue-se atravessa-lo.
Caminhar pelas minas é uma aventura. Toda extenção da área pode ser
percorrida pelas minas, tendo mais de mil buracos de sari, usados tanto
como acesso, e para retirada de pedras para minerar.
Muitas histórias ganham vida nesse ambiente escuro, amendron-
tador são contadas por pessoas que ousam percorrer esses caminhos
antigos.
MENINOS DO COURO: Era muito comum que crianças aju-
dassem no trabalho das minas. Muitos buracos de sari eram explorados
por crianças, que segundo histórias tinham que encher baldes de ferro
com minério, ou seriam deixados dentro dos buracos. Muitos escu-
tam vozes de crianças nas minas. È fato histórico a venda de pigmeus,
homens de pequena estatura, para os portugueses, que os usavam nas
minas, principalmente em locais mais apertados, ou onde ocorriam
desabamento. Fato deu origem a numerosas lendas.
CABAÇA QUE ROLA SOZINHA: Muitos já viram uma cabaça
sair rolando pelos morros até bater na porta de uma venda, e pular no
balcão. O vendedor teria que enche-la com pinga, e tornar a fechar usan-
do um sabugo. A cabaça voltaria morro acima até o dono. Essa história
se repete em Mariana, Ouro Preto e outras cidades históricas.
PROCISSÃO : muitas pessoas já viram numerosa procissão
luminosa no alto dos morro Santo Antônio e Santana, tarde da noite,
seguindo para a igreja ou cemitérios.
MÃE DO OURO : Não faltam relatos de pessoas que já viram
luzes, bolas de fogo, clarões, sendo conhecidas como Mãe de Ouro.
Agumas pessoas chegaram a ferir os olhos ( queimar as vistas) ao olhar
para a mãe do ouro. Para proteger-se muitos levam espelhos para refletir
a luz.

39
XV.

MATÉRIAS PUBLICADAS PELO JORNAL

O ESPETO RELACIONADAS COM O PARQUE

ARQUEOLÓGICO E A IGREJA SANTANA DO

MORRO DE 2001 A 2019

Para ver todas as edições impressas acesse


o site www.jornaloespeto.com.br
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Obras já publicadas : compre a sua
A presença dos ingleses em
Passagem de Mariana

“A história é a mestra da vida”, esse ditado


popular revela a mais pura verdade.
Através do estudo da história podemos
aprender como se deu a construção da nos-
sa civilização e o
processo de como adquirirmos nossa iden-
tidade cultural, criando um senso de per-
tencimento, de ligação com
a cidade e comunidade que moramos. Nin-
guém ama aquilo que não conhece.
Ninguém luta por aquilo que não
valoriza.
Autor do livro, Henrique dos Santos,
para diquirir o livre entre em contato pelo
site do jornal O ESPETO ( www.jornaloes-
pe)Ou no jornal O Espeto em Passagem.

Adquira seu livro “21


lugares mais assombrados
de Mariana”

A ACAM , Associação de Caçadores de Assom-


bração de Mariana publicou coletânea com 21 lu-
gares considerados como mais assombrados pelos
moradores de Mariana, em forma de livro.
“A ACAM realiza um trabalho de pesquisa no
folclore e promove atividades de educação pa-
trimonial. A publicação deste livro visa levar ao
público o resultado das atividades da ACAM, em
dezembro de 2018 completamos 10 anos divulgan-
do a cultura e a história de nossa região, esse livro é
compostos por entrevistas e visitas a 21 locais reali-
zadas pela Equipe de Campo da ACAM.” Disse Le-
andro Henrique dos Santos, membro da ACAM e
autor do livro, que é disponibilizado gratuitamente
pelo site do jornal O ESPETO ( www.jornaloespe-
to.com.br) e pelo site da ACAM ( www.acammg.
com.br ). Ou no jornal O Espeto em Passagem.
53
XVI. MUITO AINDA A DESCOBRIR
NO PARQUE DO GOGO
Ruínas em quartzito de antiga Igreja e casas revelam
antigo núcleo populacional ainda desconhecido

Existe entre o Morro Santo Antônio e Morro Santana a bela Cachoei-


ra da Bumbaça, logo abaixo de exploração de quartzito, onde pessoas
exploravam ilegalmente essa pedra.
Logo acima da Cachoeira da Bumbaça, passa a linha férrea, e existe
a estação de trem do “Lamunier”, ou Estação da Floresta. Ela não foi
recuperada pela Vale e permanece como nunca estivesse existido.
Acima da estação, cerca de 200 metros existe uma Igreja e uma casa,
toda em quartzito de grande porte, que nem foi incluida no dossiê de
tombamento do Parque do Gogo.
È uma Igreja grande, veja a foto, e seu muro, alto, é muito com-
prido, não conseguimos chegar ao seu final devido a galho de árvores
e muitos marimbondos cachorro, que não picam, apenas enroscam no
cabelo, porém incomodam muito.
Acima equipe da ACAM que visitou essas ruínas e afirmam que
existem mais no parque do Gogo a descobrir que imaginamos.
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