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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Escola de Minas
Curso de Graduação em Engenharia de Produção

Ricardo Vieira de Azevedo Dias

SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA: ESTUDO DE CASO


NO CENTRO DE CONVERGÊNCIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE OURO PRETO

Ouro Preto

2020
SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA: ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE
CONVERGÊNCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Ricardo Vieira de Azevedo Dias

Monografia de conclusão de curso para


obtenção do grau de Engenheiro de Produção
na Universidade Federal de Ouro Preto
defendida e aprovada em 06 de novembro de
2020 como parte dos requisitos para a obtenção
do Grau de Engenheira de Produção.

Área de concentração: Eficiência energética

Orientador: Prof. Dr. Antônio Santos Sánchez – DEPRO - UFOP

Ouro Preto

2020

I
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

D541s Dias, Ricardo Vieira de Azevedo .


DiaSistema de gestão energética [manuscrito]: estudo de caso no centro
de convergência da Universidade Federal de Ouro Preto. / Ricardo Vieira
de Azevedo Dias. - 2020.
Dia84 f.: il.: color., gráf., tab..

DiaOrientador: Prof. Dr. Antonio Santos Sánchez.


DiaMonografia (Bacharelado). Universidade Federal de Ouro Preto. Escola
de Minas. Graduação em Engenharia de Produção .

Dia1. Energia - Consumo - Administração pública . 2. Energia - Consumo -


Eficiência energética. 3. ISO 50001. 4. Software - Homer Pro. 5. Edifícios
públicos. 6. Universidades e faculdades. 7. Confiabilidade (Engenharia). I.
Sánchez, Antonio Santos. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III.
Título.

CDU 658.5

Bibliotecário(a) Responsável: Maristela Sanches Lima Mesquita - CRB:1716


23/11/2020 SEI/UFOP - 0099615 - Folha de aprovação do TCC

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E ECON

FOLHA DE APROVAÇÃO

Ricardo Vieira de Azevedo Dias

Sistema de Gestão Energé ca: estudo de caso no Centro de Convergência da Universidade Federal de Ouro Preto

Membros da banca

Gustavo Nikolaus Pinto de Moura - Eng. de Produção e Doutor em Planejamento Energé co - DEPRO, Universidade Federal de Ouro Preto
Helton Cris ano Gomes - Eng. de Produção e Doutor em Engenharia Civil - DEPRO, Universidade Federal de Ouro Preto

Versão final
Aprovado em 06 de Novembro de 2020

De acordo

Antonio Santos Sánchez


Professor Orientador

Documento assinado eletronicamente por Antonio Santos Sanchez, PROFESSOR DE MAGISTERIO SUPERIOR, em 06/11/2020, às 15:51, conforme
horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A auten cidade deste documento pode ser conferida no site h p://sei.ufop.br/sei/controlador_externo.php?


acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 , informando o código verificador 0099615 e o código CRC 8D13C3E7.

Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.008422/2020-72 SEI nº 0099615

R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35400-000


Telefone: 3135591540 - www.ufop.br

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores do DEPRO pelos ensinamentos e orientações que me


permitiram um amadurecimento técnico e pessoal com ensino de qualidade durante o curso de
Engenharia de Produção, em especial o Prof. Dr. Antônio Santos Sánchez pela orientação na
escrita deste trabalho e o Prof. Dr. Gustavo Nikolaus Pinto de Moura. Agradeço a todos os
Técnicos Administrativos da UFOP pela pronta assistência em todos os momentos, em especial
os pertencentes ao DEPRO, à Escola de Minas, à PRECAM. Agradeço também Engenheiro
Eletricista do campus Paulo Viana pelo acompanhamento e disponibilidade para a realização
do projeto. Por fim, agradeço aos meus familiares, amigos e à República Boteco 204 por todo
o carinho e suporte durante a minha estadia na universidade.

I
RESUMO

Fundada no ano de 1969, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) teve seu crescimento
acelerado a partir do ano de 2007, com a participação no Programa Reuni do Governo Federal
Brasileiro. Como consequência desse crescimento houve o aumento de público, servidores e
despesas operacionais. No ano de 2016, medidas adotadas pelo Governo Federal trouxeram
uma nova realidade às universidades do país que passaram a dispor de orçamentos
contingenciados. O presente trabalho visou aprofundar a análise em um dos custos operacionais
de maior importância, a energia elétrica. Apresenta um estudo de caso no Centro de
Convergência, uma edificação administrativa do campus Morro do Cruzeiro construída na
década de 1990 e que está sendo atualmente reformada. Com o objetivo de analisar o
desempenho energético da edificação, foi instalado um analisador de energia elétrica para
registrar o consumo de energia durante um mês. Posteriormente, foi instalado um sistema
permanente de monitoramento em tempo real dos parâmetros elétricos da instalação. Aplicando
conceitos da norma ISO 50001 – Sistemas de Gestão de Energia, foram identificadas
oportunidades de melhoria do desempenho energético da edificação, destacando-se o retrofit
do sistema de iluminação e a geração própria mediante placas fotovoltaicas. Foi utilizado o
software Homer PRO da Homer Energy para simular quatro diferentes cenários energéticos no
prédio. O de maior retorno financeiro foi a realização de retrofit de iluminação para LED em
conjunto com a instalação de uma usina fotovoltaica no telhado do edifício com economia
aproximada de R$400.000 em 15 anos e payback de 11 anos. Estudos dessa natureza podem
servir como modelo de melhoria para outras edificações e instituições com o intuito de aumentar
sua eficiência operacional.

Palavras-chave: Sistemas de gestão de energia; eficiência energética; ISO 50001; Homer PRO;
eficiência em edificações públicas; universidades federais.

II
ABSTRACT

Founded in 1969, the Federal University of Ouro Preto (UFOP) had its growth accelerated since
2007, with the participation in the Reuni Program of the Brazilian Federal Government. As a
consequence of this growth, there was an increase in public, staff and operating expenses. In
2016, measures adopted by the Federal Government brought a new reality to the Brazilian’s
universities, which now have to menage contingency budgets. This work aimed to deepen the
analysis in one of the most important operational costs, electric energy. It presents a case study
at the Centro de Convergência an administrative building of the Morro do Cruzeiro campus
built in the 1990s and currently being renovated. In order to analyze the energy performance of
the building, an electric energy analyzer was installed to record energy consumption during one
month. Subsequently, a permanent system was installed to monitor in real time the electrical
parameters of the installation. Applying concepts of the ISO 50001 - Energy Management
Systems standards, opportunities were identified to improve the energy performance of the
building, highlighting the retrofitting of the lighting system and the generation itself through
photovoltaic plates. Homer Energy's Homer PRO software was used to simulate four different
energy scenarios in the building. The one with the highest financial return was the retrofitting
of the LED lighting in conjunction with the installation of a photovoltaic plant on the roof of
the building with savings of approximately R$400,000 in 15 years and payback of 11 years.
Studies of this nature can serve as a model of improvement for other buildings and institutions
in order to increase their operational efficiency.

Keywords: Energy management systems; energy efficiency; ISO 50001; Homer PRO;
efficiency in public buildings; federal universities.

III
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Participação setorial no consumo de eletricidade ...................................................... 2

Figura 2 - Matriz Elétrica Brasileira 2018 .................................................................................. 3

Figura 3 - Investimentos anuais da Eletrobras nos últimos cinco anos (milhões de reais) ........ 9

Figura 4 - Selo PROCEL .......................................................................................................... 10

Figura 5 - Selo CONPET .......................................................................................................... 11

Figura 6 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia ........................................................ 14

Figura 7 - ENCE PBE Edifica para Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas. ............ 16

Figura 8 - Valor final da energia elétrica em 2017. .................................................................. 20

Figura 9 - Curva de carga de escritório de atividade não especificada. ................................... 27

Figura 10 - Lâmpada incandescente. ........................................................................................ 28

Figura 11 - Ciclo PDCA ISO 50001:2018................................................................................ 30

Figura 12 - Fluxograma de decisão entre opções do PIMVP. .................................................. 36

Figura 13 - Medidor de energia eletromecânico tipo ciclométrico. ......................................... 37

Figura 14 - Medidor de energia eletrônico polifásico. ............................................................. 38

Figura 15 - Centro de Convergência da UFOP......................................................................... 41

Figura 16 - Analisador de energia elétrica FLUKE® 1730...................................................... 45

Figura 17 - Curva de carga cenário referência. ........................................................................ 46

Figura 18 – Índice de radiação solar em Ouro Preto. ............................................................... 49

Figura 19 - Dados placas fotovoltaicas no Homer Pro. ............................................................ 50

Figura 20 - Vista aérea do Centro de Convergência da UFOP. ................................................ 51

Figura 21 - Dados inversor de corrente. ................................................................................... 52

Figura 22 - Inserção de dados de carga média no Homer PRO cenário referência. ................. 53

Figura 23 - Curva de carga Centro de Convergência pós-retrofit LED – kW/h. ...................... 55


IV
Figura 24 - Comparativo curva de carga com demandas distintas (dias úteis) – kW/h. .......... 56

Figura 25 - Comparativo curva de carga com demandas distintas (Finais de semana) – kW/h.
.................................................................................................................................................. 56

Figura 26 - Inserção de dados de carga média no Homer PRO cenário pós-retrofit. ............... 57

Figura 27 - Análise técnica cenário (ii). ................................................................................... 59

Figura 28 - Análise técnica cenário (iv). .................................................................................. 61

V
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo entre fontes de geração de energia elétrica Brasil entre 2017 e 2018
(GWh). ........................................................................................................................................ 4

Tabela 2 - Grupo A de unidades consumidoras. ....................................................................... 21

Tabela 3 - Grupo B de unidades consumidoras. ....................................................................... 21

Tabela 4 - Configuração THS Azul. ......................................................................................... 22

Tabela 5 - Configuração THS Verde. ....................................................................................... 23

Tabela 6 - Bandeiras tarifárias de 2015 a agosto de 2020 região Sudeste................................ 24

Tabela 7 - Equivalência de tecnologias de lâmpadas por fluxo luminoso................................ 29

Tabela 8 - Equipamentos instalados. ........................................................................................ 44

Tabela 9 - Tarifa A4 Verde sem impostos. ............................................................................... 47

Tabela 10 - Equipamentos instalados pós retrofit. ................................................................... 55

Tabela 11 - Resumo resultados cenário (i) e (ii) ...................................................................... 58

Tabela 12 – Análise econômica do cenário (ii) ........................................................................ 58

Tabela 13 – Análise econômica do cenário (ii) ........................................................................ 59

Tabela 14 - Resumo resultados cenário (iii) e (iv) ................................................................... 60

Tabela 15 – Análise econômica do cenário (iv) ....................................................................... 60

Tabela 16 – Análise econômica cenário (iv) ............................................................................ 61

Tabela 17 - Comparação dos quatro cenários propostos. ......................................................... 62

VI
LISTA DE ABREVIAÇÕES E UNIDADES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BEN Balanço Energético Nacional

BP British Petroleum

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CGIEE Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética

CONPET Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do


Gás Natural

EC Emenda Constitucional

ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

kW Quilowatt

kWh Quilowatt-hora

kVArh Quilovolt-ampère-reativo-hora

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IoT Internet of Things

ISO International Organization for Standardization

LED Light-Emitting Diode

lm Lúmen

MME Ministério de Minas e Energia

VII
MW Megawatt

MWh Megawatt-hora

NBR Norma Brasileira aprovada pela ABNT

PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem

PDCA Plan, Do, Check, Act

PEE Programa de Eficiência Energética

PIMVP Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PROPEE Procedimentos de Programas de Eficiência Energética

PROPLAD Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Reuni Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

ROL Receita Operacional Líquida

SEDESE Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social

SGE Sistema de Gestão de Energia

SIN Sistema Interligado Nacional

TC Transformador de Corrente

tep Tonelada equivalente de petróleo

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

Unicamp Universidade Estadual de Campinas

USP Universidade de São Paulo

W Watt

VIII
SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................................... II

ABSTRACT ............................................................................................................................. III

SUMÁRIO ...................................................................................................................................I

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 2

1.2. OBJETIVO ......................................................................................................... 5

1.2.1. Objetivos específicos .......................................................................................... 5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................ 6

2.1. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ............................................................................ 6

2.2. PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL...................... 6

2.2.1. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) ................ 8

2.2.1.1. Selo PROCEL ........................................................................................... 10

2.2.1.2. Selo CONPET........................................................................................... 11

2.2.2. Lei nº 9.991/2000 ............................................................................................. 11

2.2.3. Lei nº 10.295/2001 ........................................................................................... 12

2.2.4. Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) ..................................................... 12

2.2.5. Programa de Eficiência Energética CEMIG – Energia inteligente .................. 16

2.3. GESTÃO TARIFÁRIA .................................................................................... 17

2.3.1. Conceitos fundamentais .................................................................................... 17

2.3.2. Tarifas elétricas................................................................................................. 19

2.3.3. Grupos de consumidores .................................................................................. 21

I
2.3.4. Período úmido e seco ........................................................................................ 22

2.3.5. Tarifa Convencional ......................................................................................... 22

2.3.6. Tarifa Horosazonal ........................................................................................... 22

2.3.7. Bandeiras tarifárias ........................................................................................... 23

2.3.8. Mercado de energia elétrica .............................................................................. 24

2.3.8.1. Ambiente de Contratação Regulada (ACR) ............................................. 25

2.3.8.2. Ambiente de Contratação Livre (ACL) .................................................... 25

2.3.8.3. Tipos de consumidor ................................................................................ 26

2.4. CURVA DE CARGA ....................................................................................... 26

2.5. RETROFIT ....................................................................................................... 27

2.5.1. Retrofit de sistemas de iluminação ................................................................... 27

2.6. ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DE ENERGIA ................................. 29

2.7. MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃO ........................................................................ 31

2.7.1. Objetivos da Medição e Verificação (M&V) ................................................... 32

2.7.2. Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP) 33

2.7.2.1. Fronteira de medição ................................................................................ 34

2.7.2.2. Período da linha de base ........................................................................... 34

2.7.2.3. Opções do PIMVP .................................................................................... 35

2.7.3. Tecnologias de M&V ....................................................................................... 37

2.7.3.1. Medidores eletromecânicos ...................................................................... 37

2.7.3.2. Medidores eletrônicos............................................................................... 38

2.7.3.3. Transformador de corrente (TC)............................................................... 38

2.7.3.4. IoT e analisadores de energia ................................................................... 39

3. OBJETO DE ESTUDO ..................................................................................................... 41

II
4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 42

4.1. USO DO MODELO ENERGÉTICO HOMER PRO ....................................... 43

4.2. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS – LEVANTAMENTO DE CARGA 43

4.3. DEFINIÇÃO DA CURVA DE CARGA.......................................................... 44

4.4. DADOS TARIFÁRIOS .................................................................................... 46

4.5. ELABORAÇÃO DOS CENÁRIOS ................................................................. 48

4.5.1. Premissas do sistema fotovoltaico .................................................................... 49

4.5.2. Cenário referência (i) ........................................................................................ 52

4.5.3. Cenário referência + fotovoltaica (ii) ............................................................... 53

4.5.4. Cenário retrofit (iii) .......................................................................................... 53

4.5.4.1. Curvas de carga estimadas pós retrofit de iluminação ............................. 55

4.5.5. Cenário retrofit + fotovoltaica (iv) ................................................................... 57

5. RESULTADOS ................................................................................................................. 58

5.1. Comparação cenário (i) com cenário (ii) .......................................................... 58

5.2. Comparação cenário (iii) com cenário (iv) ....................................................... 60

5.3. Comparação entre cenários ............................................................................... 62

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 63

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 65

III
1. INTRODUÇÃO

As Universidades Federais brasileiras são instituições de caráter social onde se tem


simultaneamente a presença de opiniões, atitudes e projetos conflitantes que buscam soluções
para os diversos problemas da sociedade (CHAUI, 2003). Seu papel dentro da sociedade não é
de apenas possibilitar aos seus alunos a obtenção de um título acadêmico, mas também de
produzir novos conhecimentos e pensamento crítico que possam ter relevância para o ambiente
no qual a mesma está inserida.

Sua legitimidade e autonomia perante outras instituições federais que lhe permite
autonormação e autogestão são oriundas de sua natureza de pessoa jurídica de direito público,
para que possa exercer o seu papel dentro da sociedade de construção do saber pautado nos três
pilares: ensino, pesquisa e extensão (MARTINS, 2012).

Fundada no ano de 1969, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), através da


junção da Escola de Farmácia e da Escola Minas de Ouro Preto, obteve um grande aumento em
sua relevância nos cenários nacional e mundial, a partir do ano de 2007, com a participação no
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)
do Governo Federal Brasileiro (UFOP, 2019). Tal programa possibilitou a expansão da
universidade em números de vagas ofertadas anualmente, cursos, alunos, professores e
servidores, além da ampliação e renovação de sua estrutura física, o que, por consequência,
acarretou um crescimento do orçamento anual e da complexidade dos sistemas de gestão de
recursos e de regulação. Em outubro de 2020 a UFOP, segundo relatório da própria entidade,
possui uma população de 18.931 pessoas dentre 14.247 alunos matriculados em 55 cursos de
Graduação, 50 cursos de Pós-Graduação e 11 especializações; 722 Técnicos administrativos; e
962 Professores (UFOP, 2020).

No ano de 2016, foi aprovada a Emenda à Constituição 95 (EC 95/2016) que, dentre suas
diretrizes, existe o congelamento dos gastos em educação por 20 anos e a conseguinte a redução
do percentual do repasse de verbas realizado às Universidades Federais em relação ao
Orçamento Geral da União. Tal fato, fez com que a gestão dos recursos financeiros das
instituições atingidas por tal emenda tivesse que ser aprimorada, objetivando a minimização
dos impactos causados pela redução de verbas.

1
Em algumas universidades referência em ensino no país, como USP, Unicamp e alguns
campi de Institutos Federais, já existem equipes de planejamento composta por técnicos
administrativos, professores e alunos bolsistas com suas atividades voltadas para projetos de
eficiência e conservação da energia.

No ano de 2019, a Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (PROPLAD) da


UFOP iniciou a montagem de sua equipe e projetos de eficiência e conservação da energia em
busca de soluções para os problemas e oportunidades presentes na instituição.

1.1. JUSTIFICATIVA

O consumo de energia na maioria dos países do mundo se comporta de maneira crescente


devido a mudança dos hábitos de consumo, aumento da população e incorporação de novas
tecnologias aos processos e serviços (BP, 2019). Segundo o relatório do Balanço Energético
Nacional (BEN) de 2019 (EPE, 2019) o consumo de energia no setor público brasileiro é
crescente, com aumento correspondente a 449.000 toneladas equivalentes de petróleo (tep) nos
últimos 10 anos, com destaque do aumento da participação da energia elétrica que correspondia
a 83,1% do consumo total em 2009 para 92,8% em 2018.

O consumo de energia elétrica pelo setor público no ano de 2018representou 4.097.000


tep o que equivale a 8,2% do total consumido no Brasil durante o mesmo período, conforme
retratado na Figura 1.

Figura 1 - Participação setorial no consumo de eletricidade

Fonte: EPE, 2019.

2
Os efeitos desse aumento da demanda de energia elétrica sob a ótica econômica em
conjunto com a utilização de recursos naturais finitos, tornam o planejamento e melhoria da
utilização de recursos energéticos um tema cada dia mais em voga, além da constante busca por
fontes alternativas de energia mais limpas e renováveis.

Essa premissa se mostra extremamente relevante em um país do porte continental como


o Brasil, onde a produção e distribuição de energia elétrica possuem fortes impactos no
desenvolvimento social das variadas regiões do território. A produção de energia elétrica no
Brasil, apresentada na Figura 2, ocorre predominantemente por meio de usinas hidrelétricas,
seguida pelo conjunto de usinas termelétricas que utilizam como fonte energética o gás natural,
carvão, diesel e biomassa, seguidos pelos parques eólicos e outras demais fontes. A oferta total
de energia no país para o ano de 2018 é de 636,4 TWh incluindo importações, e a oferta de
energia proveniente de fonte hidráulica é de 423,9 TWh. (EPE, 2019).

Figura 2 - Matriz Elétrica Brasileira 2018

Fonte: EPE, 2019.

A grande dependência do sistema de geração de energia elétrica da capacidade de rios e


reservatórios tem se mostrado cada vez mais um problema relevante, pois a capacidade de
produção das usinas hidrelétricas em períodos de seca é reduzida, sendo então necessária a
participação de usinas de rápida ativação e constante fornecimento, como é o caso de algumas
usinas termelétricas, por exemplo, termelétricas que utilizam como fonte bagaço de cana e gás
natural. Essas, por sua vez, encarecem o sistema de geração de energia elétrica como um todo
quando entram no mix de produção de energia elétrica nacional por possuir um maior custo de

3
operação e também são consideradas mais danosas ao meio ambiente em relação às usinas de
fonte hídrica (SILVA et. Al, 2018).

O crescente aumento das usinas de energia solares e eólicas retratado na Tabela 1 pode
ser considerado como um ganho ambiental por se tratarem de fontes limpas e renováveis, porém
elas também possuem uma grande intermitência em decorrência da dependência da
disponibilidade dos recursos naturais, incidência solar e velocidade constante das correntes de
vento respectivamente.

Tabela 1 - Comparativo entre fontes de geração de energia elétrica Brasil entre 2017 e 2018 (GWh).

Fonte: EPE, 2019.


Segundo Oliveira (2019):

“Dentro desta conjuntura, novas alternativas de aquisição de energia e


instalação de fontes energéticas intermitentes vem ganhando espaço e apresentando
economia significativa aos consumidores [...] Como exemplo disso, a instalação de
painéis solares fotovoltaicos nas redes de média e baixa tensão tornou-se uma
alternativa mais acessível nos últimos anos. No início de 2019, a capacidade
instalada de usinas de geração de energia fotovoltaica no país foi de 2,056 GW, sendo
a sétima maior fonte da matriz elétrica brasileira, o equivalente a 1,2% do total. A
expectativa da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) é de
que o Brasil tenha um salto de 44% na capacidade instalada de energia solar
fotovoltaica, o que levaria o país à marca de 3,3 GW da fonte em operação.”

A motivação de realização de tal estudo de caso surge da oportunidade da redução dos


custos de operação da universidade através de um sistema de gestão energética mais eficiente,

4
orientado pelas normas ISO 50.000 – Normas de Gestão de Energia e suas derivações, o que
pode, através da melhor utilização dos recursos energéticos, se transformar em uma maior
disponibilidade de recursos financeiros na instituição para fomento dos três pilares: pesquisa,
ensino e extensão, além de outros gastos inerentes a esses processos como, pessoal,
infraestrutura, comunicação interna e externa, entre outros.

1.2. OBJETIVO

O presente trabalho visa reduzir os custos operacionais da UFOP a partir da proposição


de um projeto de eficiência energética aliado à implementação de um sistema de gestão e
monitoramento de recursos energéticos baseado na norma ABNT NBR ISO 50.000:2018 e suas
derivações para aplicação em um edifício administrativo do campus Morro do Cruzeiro.

1.2.1. Objetivos específicos

Como objetivos específicos de tal trabalho destacam-se:

i) Demonstrar a formulação teórica e prática da aplicação da metodologia orientada pela


norma ABNT NBR ISO 50.001 ao Centro de Convergência da UFOP do campus Morro
do Cruzeiro;
ii) Analisar e caracterizar o consumo de energia da instituição através de um planejamento
energético;
iii) Verificar quais são as principais fontes de consumo de energia na edificação e identificar
oportunidades de eficiência energética;
iv) Definir e priorizar quais ações de eficiência energética são mais convenientes, ou seja,
aquelas que apresentam maior custo-benefício para a instituição;
v) Desenvolver estudos preparatórios para auxiliar a instituição na participação das
chamadas públicas do Programa de Eficiência Energética da Companhia Energética de
Minas Gerais (CEMIG).

5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2019), o termo eficiência


energética pode ser definido como uma maneira da realizar o mesmo serviço ou trabalho
utilizando uma quantidade inferior de energia.

Já segundo a ABESCO (2016) a utilização racional de energia é chamada de eficiência


energética, que consiste em usar de modo eficiente a energia para se obter um determinado
resultado. Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de
energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização.

Eficiência energética segundo Goldenberg e Lucon (2007) também pode ser considerada
a otimização do consumo de recursos energéticos, ou a utilização racional da energia disponível
nos processos de transformação de energia. Um dos processos energéticos mais comuns em
edificações modernas é a transformação de energia elétrica em energia luminosa por meio de
lâmpadas. Tal conversão de energia possui perdas, que é um dos fatores que determinam a
eficiência do sistema em questão.

Segundo Menegaki (2018) conservação de energia se refere à redução do consumo de


energia enquanto eficiência energética se refere a produzir maiores quantidades com a mesma
quantidade de entradas de energia.

Goldenberg e Lucon (2007) também apontam que, como consequência dos programas
dessa natureza, pode-se diminuir a demanda dos sistemas energéticos e evitar a construção de
novas usinas geradoras de energia, auxiliando assim a redução da degradação do meio ambiente
local e global.

2.2. PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL

Segundo Benavides (2014), os projetos de eficiência e conservação energética existentes


até década de 1970 consistiam apenas em ações simples como desligar a iluminação, reduzir a
temperatura nos sistemas de aquecimento e aumentar a temperatura nos sistemas de ar
condicionado. Muitos desses projetos foram motivados pela primeira crise do petróleo ocorrida

6
em 1973 devido à substancial alta de preços do barril, o que fez com que o preço das outras
fontes energéticas também se elevasse de acordo com a crescente demanda e sua
disponibilidade limitada (YERGIN, 1992).

Segundo Yergin (1992) com o aumento dos preços dos combustíveis fósseis fez-se
necessário, para a continuação do desenvolvimento das nações, a busca por novos locais de
exploração e novas fontes energéticas em alternativa às fontes até então exploradas, além do
aumento da eficiência dos processos afim de reduzir a demanda energética mundial.

Benevides (2014) cita que a gestão dos recursos energéticos mais atualizada inclui uma
avaliação mais global e analítica dos sistemas utilizados em determinado serviço ou processo.

Desde 1985 o Brasil possui o Programa de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL)


criado pelo Ministério de Minas e Energia com o intuito de promover a melhoria no uso final
de energia elétrica. Tal programa se mostrou um grande sucesso ao longo dos anos e, aliado a
outros programas governamentais, ajudou a alcançar progresso diversos segmentos da
economia e estabelecer uma consciência política que possibilitou a manutenção de importantes
que ajudam o país a economizar energia elétrica e que geram benefícios para toda a sociedade
(PROCEL, 2020).

Atualmente no país existem diversos programas, normas e legislações com o intuito de


promover medidas de eficiência energética e redução dos impactos ambientais provocados pela
sua produção, transmissão, distribuição e utilização que geram consequências como aceleração
do processo de aquecimento global, mudanças climáticas, entre outros. Ao longo desse presente
trabalho serão explanados alguns os programas que possuem relação direta com a geração,
transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica no país. Alguns dos programas vigentes
estão descritos a seguir:

i) Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL);


ii) Lei nº 9.991/2000;
iii) Lei nº 10.295/2001;
iv) Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE);
v) Programa de Eficiência Energética – Energia inteligente – CEMIG;

7
2.2.1. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL)

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) é o principal


programa do governo brasileiro em atividade na área de eficiência energética, coordenado pelo
Ministério de Minas e Energia (MME) e executado pela Eletrobras. Sua criação ocorreu no ano
de 1985 a partir da Portaria Interministerial n° 1.877, com o intuito de promover o uso eficiente
da energia elétrica e combater o seu desperdício em todo território nacional (PROCEL, 2020).

Segundo o próprio programa, as ações do PROCEL (2020) contribuem para o aumento


da eficiência dos bens e serviços, para o desenvolvimento de hábitos e conhecimentos sobre o
consumo eficiente da energia e, além disso, postergam os investimentos no setor elétrico,
mitigando assim, os impactos ambientais e colaborando para um Brasil mais sustentável.

De acordo com o relatório de resultados publicados no ano de 2019 do PROCEL (2019),


apenas no ano de 2018, foram economizados, através das ações do programa, 22,99 bilhões de
kWh de energia elétrica que equivalem a 4,87% do consumo total de energia elétrica no Brasil
e ao consumo anual de 12,12 milhões de residências. Também foram evitadas a emissão de
1,701 milhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.

Desde a sua criação em 1985 o programa investiu mais de R$3,11 bilhões no ambiente
nacional e economizou cerca de 151,6 bilhões de kWh até o ano de 2018, o que evidencia a
magnitude em importância do programa (PROCEL, 2019).

No ano de 2016, com a promulgação da Lei n° 13.280, que modificou alguns pontos da
Lei nº 9.991/2000, o programa passou a contar com uma fonte de recursos definidos aos quais
são apresentados e aprovados em planos anuais a sua aplicação por meio de consultas públicas,
por representantes do governo e agentes do setor energético nacional, o que confere ao
programa transparência e credibilidade nos investimentos realizados. Na Figura 3 é possível
observar a menor necessidade de custeio da Eletrobras.

8
Figura 3 - Investimentos anuais da Eletrobras nos últimos cinco anos (milhões de reais)

Fonte: PROCEL, 2019.

Tal fato permitiu uma grande expansão e maior facilidade de manutenção das boas
práticas do programa que é dividido em subprogramas descritos a seguir:

i) Procel Educação – Informação e Cidadania – Disponibiliza para a população


informações sobre eficiência energética;
ii) Procel Indústria – Eficiência Energética Industrial – Oferece ferramentas e treinamentos
para incentivar as indústrias a utilizarem a energia elétrica de modo mais eficiente;
iii) Procel Edifica – Eficiência Energética em Edificações – Disponibiliza simuladores e
informações para promover o uso eficiente de energia na construção civil;
iv) Procel EPP – Eficiência Energética nos Prédios Públicos – Auxilia no planejamento e
na execução de projetos que visam a diminuição do consumo de energia no setor
público;
v) Procel Reluz – Eficiência Energética na Iluminação Pública e Sinalização Semafórica –
Auxilia as prefeituras na substituição de equipamentos de iluminação pública por outros
mais eficientes;
vi) Selo Procel – Eficiência Energética em Equipamentos – Identifica os equipamentos mais
eficientes da categoria;
vii) Procel Info – Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética – Produz
material informativo sobre eficiência energética e promove ações educacionais para a
população brasileira.

9
2.2.1.1. Selo PROCEL

Uma das principais criações do programa é o selo PROCEL de Economia de Energia,


criado em 1993 com o objetivo de informar aos consumidores quais os produtos que apresentam
melhores índices de eficiência energética dentro de cada categoria. A revisão desse selo é
realizada anualmente dentro das categorias de produtos a partir dos resultados dos ensaios do
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE, 2001). Com isso o programa estimula a
competitividade entre os produtores para que realizem o desenvolvimento tecnológico e
comercialização de produtos mais eficientes no mercado nacional, contribuindo para a redução
do consumo de energia dos impactos ambientais.

Para cada categoria de equipamentos são estabelecidos índices de consumo e


desempenho, os equipamentos, por sua vez, são submetidos a ensaios e testes em laboratórios
indicados pela Eletrobras e, caso atinjam o desempenho esperado, recebem a autorização de
uso do selo PROCEL (PROCEL, 2020). A Figura 4 apresenta o selo PROCEL encontrado nos
equipamentos.

Figura 4 - Selo PROCEL

10
Fonte: PROCEL, 2020.

2.2.1.2. Selo CONPET

De forma análoga ao Selo PROCEL, existe o Selo CONPET, concedido pela Petrobras,
destinado a gama de produtos comercializados em território nacional que possuem fonte
energética derivada do petróleo e gás natural. A Figura 5 apresenta o selo CONPET encontrado
nos equipamentos em que o mesmo é aplicável.

Figura 5 - Selo CONPET

Fonte: CONPET, 2020

2.2.2. Lei nº 9.991/2000

Como forma de incentivo à eficiência energética a Lei nº 9.991 entrou em vigor no dia
24 de julho de 2000 e estabeleceu às concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de
energia elétrica a obrigação de realização de investimentos mínimos em pesquisas e
desenvolvimento para promover o combate ao desperdício de energia (MME, 2009).

Tal legislação determinou que 0,75% da Receita Operacional Líquida (ROL) de cada
concessionária ou permissionária seria aplicada em pesquisa e desenvolvimento do setor
elétrico e outros 0,25% da ROL em programas de eficiência energética no uso final, totalizando
um investimento correspondente a 1% da ROL das concessionárias (BRASIL, 2000).

Estes investimentos em pesquisa e desenvolvimentos são aplicados por meio do Fundo


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) ou em programas diretos das
próprias concessionárias regulados pela ANEEL como o Programa de Eficiência Energética

11
(PEE). Uma parte do investimento é designado ao Ministério de Minas e Energia para pesquisas
e estudos de planejamento da expansão do sistema energético (BRASIL, 2000).

2.2.3. Lei nº 10.295/2001

Após a crise nacional de fornecimento de energia elétrica ocorrida no ano de 2001 e


conhecida popularmente como “apagão”, o Brasil passou a contar com mais um importante
instrumento para a indução da eficiência energética tanto no setor industrial quanto no setor
residencial. Em outubro do mesmo ano foi promulgada a Lei nº 10.295 que dispõe sobre a
Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, também conhecida como Lei da
Eficiência Energética, realizou alterações na Lei nº 9.991/2000 com o intuito de reforçar o
estimulo do desenvolvimento tecnológico, da preservação ambiental e da introdução de
produtos mais eficientes no mercado nacional, para assim, conseguir reduzir a taxa de
crescimento da demanda energética e mitigar os efeitos do mal planejamento no âmbito da
geração de energia no país.

Esta Lei estabeleceu níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de


eficiência energética de máquinas e aparelhos produzidos ou comercializados no país
(BRASIL, 2001).

2.2.4. Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

Os programas de etiquetagem energética existentes possuem um relevante papel de


minimização das perdas de energia através da informação passada ao consumidor sobre o
desempenho energético de máquinas e aparelhos presentes no mercado e da busca dos
fabricantes por melhores índices energéticos.

Segundo Gomes (2007) em vários países, incluindo o Brasil, a etiquetagem energética


possui níveis mínimos de eficiência em determinada categoria de produto comercializado, que,
em períodos determinados são revisados afim de tornar o programa cada vez mais eficaz. O
mesmo autor também cita que, a partir da exposição das informações provenientes dos
programas de etiquetagem energética, a busca por produtos cada dia mais eficientes se tornou
algo presente dentre os hábitos de compra dos consumidores.

12
Durante a década de 1980, com o surgimento das políticas de melhoria do uso da energia
no Brasil, foram criados dois programas de eficiência energética: o já citado PROCEL e o
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Este segundo criado pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) tem como principal objetivo informar aos
consumidores o nível de eficiência energética dos equipamentos comercializados no Brasil,
classificando-os em uma escala composta de cinco categorias denominadas por letras de “A” a
“E”, sendo “A” o nível de maior eficiência para a categoria e “E” o de menor eficiência
(INMETRO, 2017). O programa é gerenciado pelo INMETRO e funciona de forma integrada
com o selo PROCEL e com o selo CONPET (VIANA et al., 2012).

O PBE informa o desempenho de produtos, levando em consideração ruído, eficiência


energética e outros critérios que possam influenciar o consumidor na escolha do produto.
Dependendo do tipo de produto o número de faixas de classificação pode variar (INMETRO,
2017).

A Figura 6 exemplifica o modelo de uma Etiqueta Nacional de Conservação de Energia


(ENCE) relativa a um refrigerador. Nela estão destacados dos dados do produto como: nome
do fabricante; tipo do equipamento; modelo; indicação do consumo de energia; entre outras
informações. Na etiqueta também é apresentada, de maneira clara, uma indicação de eficiência
energética do equipamento.

13
Figura 6 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

Fonte: INMETRO, 2017

Os equipamentos, antes de serem comercializados passam por testes em laboratórios


para medição da sua eficiência energética. Os resultados obtidos nos testes são comparados com
níveis estabelecidos pelo Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE)
definindo o nível de eficiência do aparelho testado. Com a promulgação da Lei nº 10.295/2001
tornou-se obrigatório a realização dos testes o uso da etiqueta em todos os produtos elétricos
produzidos ou comercializados em território nacional.

De acordo com a Instrução Normativa nº 2, de 4 de junho de 2014 da Secretaria de


Logística e Tecnologia da Informação, publicada no Diário Oficial da União nº106 (BRASIL,
2014), a compra de equipamentos para instituições públicas federais novas ou que sofreram
retrofit deve, obrigatoriamente, ser de bens que estejam classificados na categoria “A” do PBE.
Caso não exista no mercado nacional equipamentos pretendidos de classe “A”, deve-se analisar
os disponíveis e a compra é condicionada à presença da ENCE.

A mesma instrução ainda dispõe de regime para as edificações, que novas, ou ao passar
por retrofit, também devem atender às especificações de projeto categoria ENCE “A” de acordo
com o PBE Edifica. Neste caso são avaliados três aspectos do edifício: sistema de iluminação,

14
sistema de condicionamento de ar, e envoltória, outorgando uma nota entre “A” e “D” a cada
sistema, e depois uma nota ponderada ao prédio inteiro, também de “A” a “D”.

Ao passar por retrofit a avaliação para a emissão da nova ENCE é realizada considerando
a totalidade da edificação, e não somente da área aprimorada.

Estão dispensadas de ENCE as edificações com área inferior a 500 m² de área construída
ou que valor da obra seja inferior ao equivalente ao Custo Unitário Básico da Construção Civil
Médio Brasil atualizado aplicado a uma edificação de 500m².

A Figura 7 representa uma ENCE genérica do programa PBE Edifica da categoria de


Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas. Tal etiqueta possui as seguintes informações:

i) Dados gerais da edificação e atividade;


ii) Método e data da avaliação;
iii) Distinção entre edificação nova e projeto de melhoria;
iv) Classificação de “A” a “E” geral e em subclasses;
v) Pré-requisitos gerais;
vi) Critérios de bonificação.

15
Figura 7 - ENCE PBE Edifica para Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas.

Fonte: PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM, 2020.

2.2.5. Programa de Eficiência Energética CEMIG – Energia inteligente

De acordo com as diretrizes estabelecidas pela Lei nº 9.991/2000 e da Lei nº


10.295/2001 a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), que é uma das maiores
concessionárias de energia elétrica do estado de Minas Gerais, possui o seu próprio PEE
denominado Energia Inteligente da CEMIG que, segundo a própria empresa, para o biênio
2019-2020 estão previstos investimentos superiores a R$200 milhões (CEMIG, 2020).

O programa visa combater o desperdício de energia elétrica por meio de diversas ações,
como a substituição de equipamentos elétricos obsoletos por outros mais modernos e eficientes
em unidades consumidoras, implantação de iluminação e melhorias em comunidades de baixa
renda, áreas rurais e deslocadas de centros urbanos, entre outros.

16
Os setores industrial, residencial, comércio e serviços, poder público, serviço público,
rural e iluminação pública também podem ser atendidos por meio de subsídio para realização
de projetos de eficiência energética que tem sua empregabilidade definida em chamadas
públicas.

Todos os projetos recebidos pela CEMIG são analisados por um banca e, as propostas
que obedecem às exigências descritas no documento Procedimentos do Programa de Eficiência
Energética (PROPEE), são classificadas pelos quesitos presentes no edital. Um dos quesitos
mais relevantes na avaliação do projeto é a relação custo benefício, ou seja, o valor investido
em relação à quantidade potencial de energia a ser economizada (BRASIL, 2018).

A partir dos resultados das chamadas públicas da CEMIG (2018) e (2019), os institutos
de educação, em sua maioria universidades e institutos federais, hospitais e outras empresas
públicas, são maioria dentre os projetos aprovados pelo programa. Nota-se também que os
projetos referentes a centro de educação são, em sua maioria, a realização de retrofit de
iluminação e de condicionamento ambiental.

Um outro ponto relevante é a presença de projetos fotovoltaicos, que são uma alternativa
de geração energética e promovem consequente a redução da demanda de geração de energia
às usinas da CEMIG, evitando ou postergando grandes investimentos da concessionária em
novas usinas.

2.3. GESTÃO TARIFÁRIA

2.3.1. Conceitos fundamentais

Para melhor entendimento dos projetos e regulamentações que serão abordados ao longo
do presente trabalho, estão contidos neste tópico conceitos básicos obtidos através do Manual
de Gerenciamento de Energia da CEMIG (2016), pela publicação de Pinto (2009), pela
publicação de Oliveira (2019) e pela Resolução ANEEL nº414/2010 (BRASIL, 2010).

i) Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou permissão federal para


prestar o serviço público de energia elétrica;

17
ii) Unidade consumidora ou consumidor: conjunto de instalações e equipamentos elétricos
que tem como fonte o mesmo ponto de entrega com medição individualizada. As unidades
são divididas em grupos tarifários que serão abordados ao longo do trabalho;
iii) Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo, expressa em
quilowatt (kW);
iv) Potência ou carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos de
mesma fonte de energia capazes de entrar em funcionamento simultaneamente na unidade
consumidora, expressa em quilowatt (kW);
v) Consumo: integralização no tempo da potência ativa entregue à unidade consumidora. É
expresso em quilowatt-hora (kWh);
vi) Energia elétrica ativa: energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de energia,
ou seja, realiza trabalho, expressa em quilowatt-hora (kWh);
vii) Energia elétrica reativa: energia elétrica que circula continuamente entre os campos
elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada sem realizar trabalho. É
expressa em quilovolt-ampère-reativo-hora (kVArh);
viii) Energia total: somatório das energias ativas e reativas no instante de tempo, expressa em
quilowatt (kW);
ix) Demanda: média das potência elétricas ativas ou reativas solicitada ao sistema elétrico
durante um específico intervalo de tempo, expressa em quilowatt (kW);
x) Demanda contratada: quantidade de potência ativa estabelecida por contrato a qual a
concessionária deve fornecer no ponto de contratação, devendo ser paga mesmo que não
utilizada em sua totalidade. A ultrapassagem de demanda está sujeita a multas. Expressa
em quilowatt (kW);
xi) Fator de demanda: razão entre a demanda máxima num intervalo de tempo especificado
e a carga instalada na unidade consumidora;
xii) Horário de ponta (HP): período do dia composto por 3 horas consecutivas pré-definidas
pela concessionária, obrigatoriamente deve estar entre 16:00 e 20:00h. Durante esse
horário do dia a tarifa de energia é mais elevada em comparação ao restante do dia e em
comparação à tarifa única;

18
xiii) Horário fora de ponta (HFP): período do dia composto por 21 horas em que não é aplicada
a tarifa de HP, sendo esta mais barata em relação à tarifa única e, logicamente, à tarifa no
HP;
xiv) Fontes alternativas de energia: Energia produzida com reduzido impacto ambiental a
partir de usinas de fonte eólica, solar, biomassa, maremotriz, geotérmica e Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCH);
xv) Energia incentivada: Energia produzida por meio de fontes consideradas alternativas pelo
MME, portanto possuem até 50% de desconto na Tarifa de Uso do Sistema de
Distribuição (TUSD) de acordo com a resolução nº 77/2004 da ANEEL (2004);
xvi) Energia convencional: Energia oriunda de usinas hidrelétricas e térmicas de gás e carvão,
não consideradas pelo MME como fontes alternativas, portanto não possuem descontos
na TUSD.

2.3.2. Tarifas elétricas

As tarifas de energia elétrica são o resultado de uma composição de valores acumulados


que representam a repartição dos custos operacionais e de desenvolvimento realizados pelos
agentes da cadeia de fornecimento repassados aos consumidores (FERRAZ, 2016).

Segundo a ANEEL (2017) a tarifa é composta por três custos distintos: o de geração ou
compra de energia; o de transmissão e distribuição até as unidades distribuidoras; e os encargos
setoriais.

“Além da tarifa, os Governos Federal, Estadual e Municipal cobram na conta


de luz o PIS/COFINS, o ICMS e a Contribuição para Iluminação Pública,
respectivamente.” (ANEEL, 2017).

De acordo com a ANEEL (2017), desde 2004 o valor da energia adquirida pelas
distribuidoras passou a ser determinado em leilões públicos com o objetivo de reduzir os preços
do mercado de geração. O mesmo órgão regulador realiza o cálculo da tarifa o separando em
duas parcelas, “A” e “B”:

i) Parcela A: composta por cursos não gerenciáveis pela concessionária que são repassados
ao consumidor. São estes: custos de compra, transporte e encargos setoriais;

19
ii) Parcela B: composta por custos gerenciáveis pela concessionária. São estes os custos
operacionais e de capital empresarial.

Os percentuais de cada parcela sob valor final da energia elétrica no ano de 2017 estão
representados na Figura 8.

Figura 8 - Valor final da energia elétrica em 2017.

Fonte: ANEEL, 2017.

Segundo a regulação normativa nº 479/2012 da ANEEL (2012) “o conjunto de tarifas,


aplicadas ao faturamento do mercado de distribuição de energia elétrica, que refletem a
diferenciação relativa dos custos regulatórios da distribuidora entre os subgrupos, classes e
subclasses tarifárias, de acordo com as modalidades e postos tarifários”.

As tarifas de fornecimento são classificadas em:

i) Binômia: é a tarifa constituída por valores monetários aplicáveis ao consumo de energia


elétrica ativa e à demanda faturável;
ii) Monômia: tarifa monômia de fornecimento: aquela que é constituída por valor
monetário aplicável unicamente ao consumo de energia elétrica ativa, obtida pela
conjunção da componente de demanda de potência e de consumo de energia elétrica que
compõem a tarifa binômia.

Ao decorrer deste tópico serão abordados os diferentes tipos de tarifas que representam a
gama de contratação oferecida pelas distribuidoras.

20
2.3.3. Grupos de consumidores

Uma forma de classificação de unidades consumidoras ocorre segundo a resolução


normativa nº 418/2010 (ANEEL, 2010) é a divisão dos consumidores em dois grupos principais
(A e B) e subgrupos pelos critérios de tensão de fornecimento de energia e classe conforme
descrito a seguir:

i) Grupo A: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de
distribuição em tensão secundária, caracterizado pela tarifa binômia e subdividido nos
subgrupos descritos na Tabela 2:

Tabela 2 - Grupo A de unidades consumidoras.

Fonte: Elaboração própria com base em resolução normativa nº 418/2010 (ANEEL, 2010)

ii) Grupo B: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão inferior a 2,3 kV, caracterizado pela tarifa monômia e subdividido nos seguintes
subgrupos descritos na Tabela 3:

Tabela 3 - Grupo B de unidades consumidoras.

Fonte: Elaboração própria com base em resolução normativa nº 418/2010 (ANEEL, 2010)

21
2.3.4. Período úmido e seco

Segundo Santos (2016) no sistema elétrico brasileiro, o período úmido corresponde ao


período de cinco meses consecutivos, de dezembro a abril, onde normalmente ocorrem o
aumento dos reservatórios das usinas hidrelétricas devido às chuvas, tornando então mais
favorável a produção de energia. Já o período seco corresponde ao período de sete meses, de
maio a novembro, em que normalmente os índices pluviométricos são baixos e ocorre a redução
dos volumes dos reservatórios de águas das usinas hidrelétricas.

2.3.5. Tarifa Convencional

A tarifa de energia convencional é caracterizada pela cobrança de valor único sob o


consumo de energia elétrica ou demanda de potência, independente do horário de utilização e
dos períodos úmido e seco do ano.

2.3.6. Tarifa Horosazonal

A tarifa de energia horosazonal (THS), aplicável ao Grupo A é caracterizada pela


cobrança de tarifas diferenciadas de consumo de energia e demanda de potência de acordo com
os intervalos de tempo ao longo de um dia e dos períodos do ano.

Dentro dessa modalidade tarifária existem dois subtipos, a tarifa Azul e a tarifa Verde,
sendo que a primeira apresenta preços diferentes para demanda de potência e consumo, de
acordo com HP e HFP e períodos secos e úmidos, disposto na Tabela 4.

Tabela 4 - Configuração THS Azul.

Fonte: Elaboração própria com base em (CAPELLI, 2013)

22
Já a tarifa THS Verde também apresenta diferentes valores de tarifa de consumo energia
com base nas horas de ponta e fora de ponta, porém possui tarifa única para demanda, disposto
na Tabela 5.

Tabela 5 - Configuração THS Verde.

Fonte: Elaboração própria com base em (CAPELLI, 2013)

O grupo B também pode ser atendido por THS, denominada tarifa branca, onde não é
levada em conta da demanda de energia, mas sim o horário em que o consumo é realizado.

2.3.7. Bandeiras tarifárias

Segundo a ANEEL (2019) a maneira encontrada para repassar os custos adicionais


decorrentes da geração de energia em usinas mais caras ao consumidor final foi a criação do
sistema de bandeiras tarifárias incorporado nas faturas de energia que entrou em vigor no início
do ano de 2015 para todos estados ligados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

O sistema de bandeiras sinaliza o custo real da energia consumida por cada região do país
e é composto por quatro faixas de cobrança:

i) Bandeira verde: representa condições favoráveis à geração de energia elétrica. Não há


acréscimo ao valor da tarifa;
ii) Bandeira amarela: condições menos favoráveis para a geração de energia elétrica. A tarifa
sofre acréscimo de R$ 0,04169 para cada kWh consumido;
iii) Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre
acréscimo de R$ 0,04169 para cada kWh consumido;
iv) Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre
acréscimo de R$ 0,06243 para cada kWh consumido.

23
Conforme retratado na Tabela 6 as bandeiras tarifárias na região Sudeste do Brasil tem
sido, em sua maioria, vermelhas e amarelas no desde a implantação do sistema de acréscimo
tarifário, o que pode ser interpretado como uma dificuldade de manutenção da estabilidade da
geração elétrica a custos baixos no país. Entretanto uma crítica pertinente ao sistema é o não
favorecimento dos consumidores em condições favoráveis de produção (bandeira verde).

Tabela 6 - Bandeiras tarifárias de 2015 a agosto de 2020 região Sudeste

Fonte: Elaboração própria com dados da ANEEL (2019).

É importante salientar que, devido à pandemia do Covid-19 do ano de 2020, em março


do mesmo ano, as bandeiras tarifárias foram definidas pelo governo como verde até dezembro
de 2020 como forma de minimizar os custos da população brasileira com energia elétrica
(ANEEL, 2020).

2.3.8. Mercado de energia elétrica

Desde 1998, após a publicação da resolução de nº 265/1998 da ANEEL (1998), existem


no Brasil duas modalidades de contratação de energia elétrica, o Ambiente de Contratação
Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL).

24
2.3.8.1. Ambiente de Contratação Regulada (ACR)

Segundo Oliveira (2019) o ACR, mais conhecido como “mercado cativo”, é caracterizado
pela contratação de energia do consumidor através de uma concessionária local, que por sua
vez adquire energia através de leilões promovidos pela Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE).

Ao se contratar o serviço de fornecimento de energia a uma concessionária, estão inclusos


os serviços de geração e distribuição, impostos e bandeiras tarifárias que são pagos à prestadora
de serviço através de fatura mensal.

2.3.8.2. Ambiente de Contratação Livre (ACL)

Comumente denominado “mercado livre” é o ACL ambiente de contratação em os


consumidores adquirem energia direto de companhias geradoras ou através de contratos
bilaterais, que podem ser livremente negociados, em termos preço, prazo de pagamento,
flexibilidade, índices de correção, entre outros (OLIVEIRA, 2019).

Entretanto o vínculo com a distribuidora responsável pela área em que as unidades


negociadoras estão localizadas permanece ativo, pois a mesma se torna responsável apenas pelo
serviço de transporte da energia. Nesta modalidade de contratação, a unidade consumidora se
torna um agente na CCEE e está sujeito às regulamentações impostas pelo órgão (CCEE, 2018).
Os consumidores que comercializam energia no ACL não estão sujeitos à cobrança de bandeiras
tarifárias.

Segundo Oliveira (2019):

“O principal ônus do mercado livre é a previsibilidade de consumo que se faz


necessária, uma vez que o cliente realiza contratos anuais e precisa prever o seu
consumo ao longo dos meses. A flexibilidade e a sazonalização foram premissas
criadas a fim de mitigar os riscos envolvidos nessa previsão, ao passo que
representam percentuais de oscilação pré negociados em contrato.”

25
2.3.8.3. Tipos de consumidor

Segundo a ANEEL (2020) existem três classificações de consumidores de energia elétrica


no mercado brasileiro:

i) Consumidor cativo: unidade consumidora que é atendida exclusivamente pela


concessionária local no ambiente de contratação regulado (ACR);
ii) Consumidor livre: unidade consumidora, membro da CCEE, que possui demanda mensal
contratada maior que 2.000 kW. Pode realizar compra de energias de fontes incentivadas
ou fontes convencionais.
iii) Consumidor especial: unidade consumidora, membro da CCEE, que possui demanda
mensal maior ou igual a 500 kW e menor que 2.500 kW. Nessa modalidade a compra de
energia deve se dar, obrigatoriamente, de fontes incentivadas. Segundo a CCEE (2020),
no ano de 2019, essa categoria compunha aproximadamente 70% dos consumidores do
ACL.

2.4. CURVA DE CARGA

As curvas de carga são a representação gráfica da energia média utilizada em um dia


de funcionamento de alguma instalação. Como ilustrado na Figura 9 um padrão de curva de
carga de escritório de empresa não especificada (LEAL, 2016). É possível inferir a partir da
imagem uma maior demanda no período de 6h00 às 20h00, em que se concentram as atividades
comerciais no sistema em questão, com uso intensivo de iluminação, computadores, sistemas
de condicionamento de ar, entre outros. Durante o período de menor atividade, de 20h00 as
6h00, pode-se notar um consumo constante e reduzido que é denominado como consumo base,
em que podem estar contidos sistemas de vigilância, iluminação noturna, servidores de dados,
refrigeradores, entre outros equipamentos.

26
Figura 9 - Curva de carga de escritório de atividade não especificada.

Fonte: LEAL, 2016.

2.5. RETROFIT

Segundo Ghisi (1997) o termo retrofit, em sua forma original consiste em qualquer tipo
de reforma. Entretanto, entre profissionais e pesquisadores envolvidos com eficiência
energética, o termo é utilizado para definir alterações ou reformas que resultem em melhorias
energéticas sem a diminuição da satisfação e conforto do usuário. Segundo Rodrigues et. al.
(2017) retrofit consiste em um processo de modernização de algum equipamento já
considerado ultrapassado ou fora de norma.

2.5.1. Retrofit de sistemas de iluminação

Os sistemas de iluminação, desde sua criação com as tochas na pré-história, têm como
objetivo proporcionar um ambiente visual adequado que forneça a iluminância necessária para
a realização de tarefas visuais. Com o passar do tempo novas tecnologias surgiram e, em 1879,
Thomas Edison desenvolveu a primeira lâmpada elétrica a partir de um filamento de tungstênio
que, ao ser submetido à uma determinada corrente elétrica, se aquece até se tornar incandescente
e produzir luz. Pelo fato desse filamento metálico ser corrosivo, a lâmpada possui um vidro que
a sela e promove o vácuo em seu interior, evitando assim a oxidação e o consequente
rompimento do filamento (VIANA et. al., 2012).

A Figura 10 representa uma lâmpada incandescente produzida em larga escala.


27
Figura 10 - Lâmpada incandescente.

Fonte: VIANA et al., 2012


A utilização de lâmpadas elétricas ao longo dos anos seguintes a invenção de Thomas
Edison teve sua maior parte destinada à iluminação artificial, transformando em energia elétrica
em um recurso de utilizável, a luz. Com o passar dos anos novas tecnologias foram
desenvolvidas e algumas delas se tornaram aplicáveis em escala comercial como as lâmpadas
fluorescentes, lâmpadas de vapor de sódio e, mais recentemente, as lâmpadas de diodo emissor
de luz (LED).

Segundo Santos (2011):

“O LED (light-emitting diode) é um dispositivo semicondutor que converte


eletricidade diretamente em luz. A luz emitida é monocromática e é produzida a partir
das interações energéticas dos elétrons. A tecnologia LED apresenta inúmeras
vantagens: dimensão compacta, longo tempo de vida, baixos requisitos de
manutenção, luz branca, baixo consumo de energia, longa durabilidade e amplas
capacidades de design. O fluxo direcional dos LED permite que a luz seja direcionada
com precisão, para a área a iluminar, reduzindo deste modo a luz intrusiva e
proporcionando a “iluminação correta”. Para obter uma determinada potência total
a emitir por uma luminária a LED, é necessário efetuar uma combinação de vários
LED, até se perfazer a potência total pretendida”.

As lâmpadas até o presente, 2020, são de suma importância para o conforto e


produtividade humana, consequentemente existe uma extensa variedade de potência, coloração
e iluminância que correspondem a aplicações distintas. Em edificações comercias e residenciais

28
diversos tipos de lâmpadas são utilizados, dentre as quais podemos destacar as lâmpadas
incandescentes, as fluorescentes bulbo e tubular e as lâmpadas de LED.

A iluminância é definida como a densidade superficial de fluxo luminoso recebido, ou


fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada. A unidade de medida usual é o “lux”
(VIANA et al., 2012).

A Tabela 7 representa uma comparação entre as potências das lâmpadas e seus tipos,
tendo como referência o critério de fluxo luminoso.

Tabela 7 - Equivalência de tecnologias de lâmpadas por fluxo luminoso.

Fonte: Elaboração própria com base em (VOLANI, 2015).

2.6. ISO 50001 – SISTEMAS DE GESTÃO DE ENERGIA

A ISO – cuja sigla tem origem a palavra grega que significa igual – é uma organização
mundial não governamental fundada no ano de 1946 com sede em Genebra na Suíça, a qual
fazem parte os organismos nacionais de normalização, no caso do Brasil a representante é a

29
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo a própria instituição seu papel é
de estabelecer normas e regulamentos para promover a qualidade e segurança em quase todos
os setores da indústria mundial (ISO, 2020).

A ABNT NBR ISO 50001:2018 - Sistemas de Gestão de Energia - Requisitos com


orientações para uso é uma norma que se baseia na estrutura de melhoria contínua Planejar –
Fazer – Verificar – Agir (PDCA) da Manufatura Enxuta que tem sua origem no Japão durante
o período de reconstrução do país pós Segunda Guerra Mundial.

De acordo com a ISO (2018), a abordagem do PDCA ao se tratar de gestão e planejamento


energético em organizações pode ser visualizado da maneira representada na Figura 11.

Figura 11 - Ciclo PDCA ISO 50001:2018.

Fonte: ABNT NBR ISO 50001:2018.

O ciclo PDCA segundo a ISO (2018), ocorre de maneira repetitiva em busca da melhoria
contínua seguindo esses passos:

30
i) Plan (Planejar): compreender o contexto da organização; estabelecer uma política
energética e uma equipe de gestão da energia; considerar as ações para enfrentar os
riscos e oportunidades; conduzir uma revisão energética; identificar os usos
significativos de energia; os indicadores de desempenho energético; as linhas de base
energéticas; objetivos de metas energéticas e planos de ação necessários para obter
resultados que levarão à melhoria do desempenho energético de acordo com a política
energética da organização;
ii) Do (Fazer): implementar os planos de ação; controles de operação; manutenção e
comunicação; assegurar competências e considerar o desempenho energético no projeto
e aquisição;
iii) Check (Verificar): monitorar; medir; analisar; avaliar; auditar e realizar análises criticas
pela direção do desempenho energético e do Sistema de Gestão Energética;
iv) Act (Agir): adotar ações para tratar não conformidades e melhorar continuamente o
desempenho energético e o SGE.

2.7. MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃO

Segundo a ANBT NBR ISO 50.015 (2014), medição e verificação (M&V) é o processo
de planejamento, medição, coleta de dados, análise, verificação e relato de desempenho
energético ou melhoria do desempenho energético para fronteiras de medição e verificação
definidas.

De acordo com a EVO (2012) M&V é definida como:

“processo de utilização de medições para determinar, de modo seguro, a


economia real criada dentro de uma instalação individual por um programa de
gestão de energia. A economia não pode ser medida diretamente, uma vez que
representa a ausência de consumo de energia. Nesse caso a economia é determinada
pela comparação do consumo medido antes e depois da implementação de um
projeto, com ajustes adequados, tendo em conta alterações nas condições.”

Em um projeto de melhoria da eficiência energética baseado na ISO 50.001 a medição e


verificação é fator crucial para o correto funcionamento do ciclo PDCA, com aplicação

31
majoritariamente nas fases de planejamento das ações e de verificação dos resultados das
mesmas. Algumas ferramentas para esse propósito são: o guia IEEE 739 (1995); o guia
ASHRAE 14 (2002); e o Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance
(PIMVP) da organização Efficiency Valuation Organization (EVO, 2012).

2.7.1. Objetivos da Medição e Verificação (M&V)

De acordo com a EVO (2012) os objetivos da utilização de um sistema de M&V em uma


organização são:

i) Aumentar a economia de energia: a determinação exata da economia energética fornece


aos gestores melhores informações sobre as ações de eficiência energética (AEE) e os
ajuda a ajustar a concepção das AEEs presentes e criação de novas;
ii) Documentar transações financeiras: em alguns projetos a economia obtida por AEEs
são utilizadas como métricas para pagamentos financeiros ou para garantia de
manutenção de contratos;
iii) Aumentar o financiamento para projetos de eficiência: a transparência e credibilidade
dos relatórios de eficiência energética ajudam a aumentar a confiança dos investidores
em projetos de eficiência, possibilitando mais oportunidades de fomento;
iv) Melhorar projetos de engenharia, funcionamento e manutenção da instalação: ao se
preparar um plano de M&V tem-se conhecimento de todo o processo e também ajuda a
reduzir problemas de manutenção e funcionamento, além da descoberta de
oportunidades de melhoria;
v) Gerir orçamentos energéticos: a compreensão do uso da energia e das economias
realizadas ou projetadas podem auxiliar os gestores a avaliar e gerir a utilização de
energia para explicar as variações dos orçamentos e realizar ajustes contratuais;
vi) Aumentar o valor dos créditos de redução de emissão: ao se aliar a redução de emissões
a um projeto de eficiência energética orientado por M&V, observa-se um duplo
benefício ao meio ambiente;
vii) Apoiar a avaliação de programas de eficiência regionais: programas governamentais ou
de empresas de energia locais podem ter sua precisão e distribuição de recursos

32
melhorada através de M&V de projetos que avaliam o desempenho do programa como
um todo;
viii) Aumentar a compreensão do público acerca da gestão de energia como ferramenta de
política pública: ao melhorar a credibilidade de projetos de eficiência energética perante
a população, promove-se o encorajamento de outros projetos que podem acarretar em
benefícios em saúde pública, redução da degradação ambiental e aumento da taxa de
emprego.

2.7.2. Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP)

O presente tópico e seus subtópicos são baseados no Protocolo Internacional de Medição


e Verificação de Performance – PIMVP (EVO, 2012), um documento que orienta, a partir de
quatro opções metodológicas, a implantação de boas práticas de medição, cálculos e relatórios
de economia em projetos de melhoria de eficiência energética, ou em projetos que visam a
redução do consumo de água nas instalações da organização em que é aplicado. A sua utilização
é designada a uma grande variedade de instalações, incluindo edifícios novos ou já existentes e
processos industriais.

Por não se tratar de uma norma técnica e sim uma estrutura genérica de M&V, o PIMVP
pode ser adaptado a cada projeto e organização. É crucial, para a correta aplicação da
metodologia proposta, que, dentro dessa estrutura sejam respeitados os princípios estipulados
de: completude, conservadorismo, consistência, precisão, relevância e transparência.

A mensuração energética pode ser realizada de maneiras distintas e ainda assim atender
às diretrizes do PIMVP, sendo algumas mais simples e outras mais detalhadas. Aspectos como
custos, tempo para realização do projeto e disponibilidade de recursos devem ser notados ao se
determinar qual a metodologia a ser utilizada.

Algumas formas propostas pela EVO de se realizar tal medição são:

i) A partir das faturas da concessionária ou do fornecedor de energia, ou leitura dos


medidores executando os mesmos ajustes realizados pelas entidades;
ii) Aparelhos medidores capazes de identificar e registrar consumo da unidade em que a
AEE será realizada na edificação;

33
iii) Medições individuais para calculo do consumo estimado de energia determinado pela
multiplicação da carga elétrica e horas de funcionamento dos equipamentos;
iv) Medições individuais em aparelhos e comparação entre diferentes modelos;
v) Simulação de atividade por meio de ferramentas computacionais.

2.7.2.1. Fronteira de medição

A fronteira de medição, como seu próprio nome sugere, é o limite de aquisição de dados
e verificação das AEEs. Tal fronteira pode abranger toda a instalação ou apenas algum
seguimento.

De acordo com o PIMVP algumas das necessidades de energia dos equipamentos ou


sistemas poderão surgir fora da fronteira de medição prática estabelecida, e esses efeitos devem
ser levados em consideração na análise dos resultados da economia gerada. O documento
também cita que tais efeitos podem ser ignorados caso sejam insignificantes para o sistema em
questão.

2.7.2.2. Período da linha de base

Para definição do período de medição deve-se levar e consideração o período da linha de


base e o período de determinação da economia, sendo o primeiro um período referência em que
seja possível cobrir um ciclo de funcionamento completo da instalação, contendo desde o
consumo máximo ao mínimo de energia. O período de determinação de economia deve conter
pelo menos um ciclo do período da linha de base, para que possa ser utilizado como
comparação.

Segundo a EVO usualmente um ciclo em edifícios é de um ano, devido às mudanças das


características de consumo em decorrência das mudanças climáticas das diferentes estações do
ano, enquanto em um sistema de ar comprimido o ciclo é menor, sendo suficiente uma semana
para definir o comportamento da linha de base.

34
2.7.2.3. Opções do PIMVP

O PIMVP fornece quatro opções para determinar a economia (A, B, C e D). A escolha
entre as opções implica muitas considerações de projeto, inclusive a fronteira de medição. Caso
a economia seja promovida e mensurada a nível da instalação, a opção C ou D poderão ser
favorecidas, enquanto em uma mensuração de desempenho da AEE, uma técnica de medição
isolada, presentes nas opções A, B e D pode ser mais adequada.

Segundo as simulações são denominadas conforme a lista abaixo e sua indicação de


aplicação segue o fluxograma lógico apresentado na Figura 12:

i) Opção A e B: Medição isolada das AEEs;


ii) Opção C: Toda a instalação;
iii) Opção D: Simulação calibrada.

35
Figura 12 - Fluxograma de decisão entre opções do PIMVP.

Fonte: EVO, 2012.

36
2.7.3. Tecnologias de M&V

A medição e verificação pode ser realizada de diversas maneiras e, com o constante


desenvolvimento de novas tecnologias, mais dispositivos e formas de se obter dados de
consumo e outros parâmetros são disponibilizadas no mercado.

Quando se trata de medição e verificação de energia em edificações com redes de baixa


tensão existem dois tipos principais de medidores: os medidores eletromecânicos e os
medidores eletrônicos. A instalação dos equipamentos também se divide em duas principais
categorias, existem medidores que são ligados em série no sistema elétrico e os que são ligados
em paralelo.

2.7.3.1. Medidores eletromecânicos

Segundo Avancini (2019) os medidores eletromecânicos ligados em série são os mais


comuns, eles funcionam através da energia que passa pelo medidor que alimenta duas bobinas
de indução, por sua vez, tais bobinas giram um disco metálico em velocidade proporcional ao
fluxo energético instantâneo, a medição de energia se dá pelas rotações do disco que giram as
engrenagens do relógio registrador de kWh. A mesma autora aponta que a confiabilidade de tal
sistema lhe proporcionou uma grande aplicação, porém, justamente por sua simplicidade de
projeto, não é possível extrair outras informações além do consumo energético. A Figura 13
representa um modelo de medidor de energia eletromecânico do tipo ciclométrico de baixa
tensão.

Figura 13 - Medidor de energia eletromecânico tipo ciclométrico.

Fonte: PAULA, 2013.

37
2.7.3.2. Medidores eletrônicos

De acordo com Paula (2013) os primeiros medidores eletrônicos comerciais surgiram na


década de 1970 com o uso de circuitos discretos e, com o passar do tempo, evoluíram para
circuitos integrados dedicados, e, posteriormente aos medidores atuais que são capazes de
transmitir informações em tempo real à internet. A Figura 14 representa um medidor de energia
eletrônico.

Figura 14 - Medidor de energia eletrônico polifásico.

Fonte: NANSEN INSTRUMENTOS DE PRECISÃO, 2020.

A medição nesse tipo de equipamento ocorre através da captura dos dados de corrente e
tensão para definir o fluxo energético em intervalos de tempo determinados, e assim define-se
o consumo em kWh. A precisão na medição e diversas possibilidades de manipulação e
tratamento dos dados provenientes desses sinais torna o medidor eletrônico um excelente
equipamento nos padrões atuais de medição e verificação.

2.7.3.3. Transformador de corrente (TC)

Existem também medidores eletrônicos que são ligados em paralelo à rede por meio de
transformadores de corrente, que em alguns casos podem até não ser invasivos no sistema
elétrico, ou seja, sem a desconexão de nenhum cabo ou terminal.

O transformador de corrente (TC) segundo Ximenes Junior (2019) tem a finalidade de


medir a corrente que circula em uma barra ou cabo de alimentação e alterar o valor da sua

38
corrente, geralmente em uma valor menor, podendo ser transmitida a um equipamento de
medição como sinal elétrico para um circuito eletrônico. O mesmo autor pontua que sua maior
empregabilidade ocorre na redução de corrente para que seja possível mensurar a tensão ou
corrente em um analisador de energia.

Em suma o TC é um uma bobina que, quando posicionada ao redor de um fio ou


barramento energizado, produz, por indução, uma corrente em sua saída. Essa corrente é então
interpretada em função de parâmetros pré-estabelecidos no aparelho medidor que faz a junção
com os dados de tensão obtidos diretamente da fase em que são feitas as medições. Logo, com
os parâmetros de corrente e tensão é possível calcular a fluxo energético instantâneo e,
consequentemente, o consumo.

2.7.3.4. IoT e analisadores de energia

Segundo a empresa Norte Americana Oracle (2020) a Internet das Coisas (IoT), sigla
derivada do inglês (Internet of Things),

“a rede de objetos físicos - “coisas” - que são incorporados a sensores,


software e outras tecnologias com o objetivo de conectar e trocar dados com outros
dispositivos. e sistemas pela internet. Esses dispositivos variam de objetos domésticos
comuns a ferramentas industriais sofisticadas.”

As tecnologias de transmissão de dados em tempo real, armazenamento de dados na


nuvem entre outras infinitas possibilidades já é, em 2020, uma realidade dentro da análise
energética. A Oracle (2020) também ressalta que, o mundo conectado no qual vivemos
atualmente permite aos equipamentos registrar, monitorar e ajustar a cada interação entre as
“coisas” conectadas, muitas das vezes com mais eficiência e com menos intervenções de que o
ser humano é capaz desempenhar.

Exemplo dessa realidade é o analisador de energia, utilizado para a realização do estudo


de caso presente neste trabalho, da marca americana Fluke, modelo 1730, que é um analisador
de energia portátil com capacidade de armazenamento e transmissão de dados local e via
internet (FLUKE, 2019).

39
No Brasil também existem empresas como a ISSO Tecnologia que possui uma ampla
gama de produtos voltados à medição e verificação, com soluções atualizadas e de
desenvolvimento nacional.

40
3. OBJETO DE ESTUDO

O estudo de caso foi realizado no prédio administrativo da Universidade Federal de Ouro


Preto denominado Centro de Convergência, localizado no Campus Morro do Cruzeiro na cidade
de Ouro Preto, Minas Gerais está representado na Figura 15. No edifício concentram-se os
escritórios das Pró-reitorias, o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTi), Arquivo Central e
futuramente comportará o gabinete da Reitoria. Em conjunto com as instalações, existem dois
Postos de Atendimento Bancários (PAB), do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O aumento de atividades previsto para a edificação, construída na década de 1990, aliado


ao cenário de congelamento de recursos, reforça a necessidade de estudos técnicos e ações de
eficiência energética para contenção de gastos na instituição.

Figura 15 - Centro de Convergência da UFOP.

Fonte: UFOP, 2020.

41
4. METODOLOGIA

Os métodos utilizados para a realização da presente pesquisa em uma unidade


administrativa da UFOP chamada Centro de Convergência foram baseados em algumas das
diretrizes especificadas pela ABNT NBR ISO 50001:2018 - Sistemas de Gestão de Energia –
Requisitos com orientações para uso. Tal norma possui diretrizes e ferramentas necessárias para
que seja realizada uma auditoria acerca da utilização de recursos energéticos em um sistema,
além de possuir métodos para identificação de possíveis melhorias no sistema como um todo.
Em conjunto foram utilizados os conceitos presentes no Protocolo Internacional de Medição e
Verificação de Performance (PIMVP) (EVO, 2012)

Para a realização do diagnóstico energético da edificação e proposição de soluções foram


seguidos os seguintes passos:

i) Levantamento de dados: uma das fases mais importantes do diagnóstico energético, pois
fundamentam todo o restante do trabalho e as medidas que serão tomadas. Nesta etapa
foram coletados dados de fatura de energia elétrica da instituição uma vez que o prédio
não demanda outra fonte de energia, também foram coletados dados da carga instalada
no edifício a partir da contagem de equipamentos e suas especificações técnicas em
conjunto com o seu regime de funcionamento.
ii) Medição: nesta etapa foi instalado no quadro geral da edificação um analisador de
energia FLUKE® 1730 para coletar e armazenar os dados específicos de consumo
energético do prédio, uma vez que a fatura de energia engloba todas as edificações do
campi Morro do Cruzeiro. Para a medição da iluminação foram utilizados luxímetros
para verificar a correspondência do nível de luminância com a norma ABNT NBR 5413
– Iluminação de interiores.
iii) Análise e tratamento de dados: nesta fase foram realizadas análise das faturas de energia
do campus bem como os dados obtidos pelo analisador de energia.
iv) Análise tarifária: com os dados obtidos foi realizada a análise da modalidade de
contratação de energia vigente na universidade.
v) Determinação dos pontos e fronteira de eficiência energética: nessa etapa foram
definidos os equipamentos que poderiam ser objeto de intervenção para se realizar o

42
projeto de eficiência energética. Os sistemas considerados foram: iluminação, ar
condicionado e computadores.
vi) Simulação computacional: Avaliação de construção de usina fotovoltaica utilizando o
modelo de planejamento energético para sistemas híbridos de pequeno e médio porte de
microgrid HOMER Pro da HOMER Energy.
vii) Análise de técnico-econômica: nessa etapa foram realizados orçamentos primários para
estabelecer uma condição de viabilidade prévia para o projeto.

4.1. USO DO MODELO ENERGÉTICO HOMER PRO

A forma de estruturar a modelagem dos diferentes cenários de simulação foi definida com
base nos dados de entrada para o modelo HOMER Pro. Para o estudo de caso foi utilizada a
versão de avaliação do HOMER Pro pelo fato da instituição não possuir a licença completa do
mesmo.

O modelo de microgrid HOMER Pro da HOMER Energy é considerado o padrão global


para se realizar estudos de planejamento energético integrado e otimizar o projeto de
microrredes em todos os setores, desde energia elétrica nas cidades e utilidades das ilhas até
campis conectados a redes e bases militares. Originalmente desenvolvido no Laboratório
Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos e aprimorado e distribuído pela HOMER
Energy, o HOMER (sigla em inglês para Modelo de Otimização Híbrida para múltiplos
Recursos Energéticos) utiliza três principais ferramentas para realizar sua simulação: análise
sensitiva; módulos; e simulação (HOMER ENERGY, 2019).

4.2. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS – LEVANTAMENTO DE CARGA

Foram realizadas visitas à edificação para definir a potência instalada, os equipamentos


de maior ocorrência e maior potência e uso significativo foram descritos na Tabela 8:

43
Tabela 8 - Equipamentos instalados.

Fonte: Elaboração própria.

4.3. DEFINIÇÃO DA CURVA DE CARGA

Foi instalado um medidor de qualidade e analisador de energia modelo FLUKE-1730®,


representado na Figura 16, no quadro geral da subestação do centro de convergência, com os
transformadores de corrente (TCs) para aferição de corrente, ligados na entrada do sistema antes
da proteção geral. Para obter as referencias de tensão foram acopladas garras às três fases e uma
no neutro concluindo assim todas as ligações necessárias para o processo de medição. Para
maior segurança dos operadores, todo o quadro de energia da edificação teve sua alimentação
cessada antes da instalação do analisador e, posteriormente, religado com as proteções
devidamente posicionadas de acordo com o projeto.

O equipamento coletou dados em intervalos de 5 em 5 minutos das 11:00 horas do dia


12/10/2019 às 11:00 horas do dia 11/11/2019, totalizando 30 dias sequenciados de coleta de
dados.

44
Figura 16 - Analisador de energia elétrica FLUKE® 1730.

Fonte: FLUKE, 2019.

No processo de análise de dados através do software Fluke Energy Analyse® foi feito o
cálculo do consumo pela demanda energética acumulada total e o consumo total registrado foi
de 15.674 MWh, o que corresponde, segundo dados obtidos nas faturas de energia da
instituição, a 4,11% do consumo energético médio mensal da UFOP.

Os dados das medições periódicas foram exportados para uma planilha do software
Microsoft Excel®, onde, após tratamento dos dados, foi possível conceber duas curvas de carga
média para os dias analisados, sendo uma primeira curva correspondente média de demanda
em dias úteis e a outra correspondente à média aos finais de semana.

Na Figura 17 se encontram as curvas de carga de base elaboradas a partir dos dados partir
dos dados coletados pelo analisador de energia da Fluke®. Tal cenário foi denominado Cenário
de Referência. Pode-se inferir uma grande proximidade do perfil da curva do Cenário
Referência à curva de carga para escritórios encontrada por Leal (2016) representada na Figura
9.

45
Figura 17 - Curva de carga cenário referência.

Fonte: Elaboração própria.

4.4. DADOS TARIFÁRIOS

A UFOP atualmente realiza a compra de energia elétrica na modalidade de média/alta


tensão THS A4 Verde, cujo os valores, referentes à época da medição, estão dispostos na Tabela
9, sem adição de impostos. Entretanto, dentro das dependências do Campus Morro do Cruzeiro
existe uma subestação de energia que realiza a conversão da energia de alta para baixa tensão,
possibilitando o suprimento das demais edificações da instituição.

Por ser uma instituição de ensino federal, a UFOP está classificada como “Poder público”
na subclasse “Poder público federal”, que de acordo com o decreto nº 46.213/2013 e a resolução
da ANEEL nº 2.550, a concede ampla isenção na cobrança de impostos, sendo cobrados apenas
PASEP e COFINS, que somados totalizam aproximadamente 4% de acréscimo nos valores
cobrados.

As tarifas horosazonais (THS) possuem diferenciação no preço da energia em relação à


hora do dia. No período considerado fora de ponta (HFP) a energia é mais barata devido à menor
demanda do sistema nacional como um todo, e no período considerado de ponta (HP) a energia
possui um maior valor em decorrência da maior demanda da rede em escala nacional. O horário

46
de ponta é composto por 3 horas consecutivas entre 16h e 21h definidas a critério da
concessionária e só pode ser cobrado em dias úteis. A concessionaria CEMIG optou por realizar
o HP de 17h as 20h.

Para a realização da simulação de diferentes cenários modelo Homer Pro® foram


considerados os valores tarifários apresentados na Tabela 9 acrescidos de impostos.

Tabela 9 - Tarifa A4 Verde sem impostos.

Fonte: CEMIG, 2019.

De acordo o histórico de 12 meses apresentado na fatura de energia elétrica referente ao


mês de novembro de 2019 da UFOP, o consumo médio do campus Morro do Cruzeiro é de
aproximadamente:

• Demanda média HP: 897,17 kW


• Demanda média HFP: 1064 kW
• Consumo médio mensal de energia HP: 47.466,67 kWh
• Consumo médio mensal de energia HFP: 382.083,33 kWh

47
A instituição possui uma única fatura de energia para todo o Campus Morro do Cruzeiro,
e as edificações não possuem um sistema de medição individual, portanto é de extrema
importância definir as fronteiras de medição e verificação dentro de um universo de consumo
de grandes dimensões.

4.5. ELABORAÇÃO DOS CENÁRIOS

Para a elaboração dos cenários foram realizadas as seguintes premissas de maneira


bastante conservadora afim de evitar a obtenção de resultados supra estimados:

• Taxa de juros (SELIC): 5%;


• Taxa de inflação: 4%;
• Tempo de projeto: 15 anos;
• Variação de consumo diária: 15%.
• Variação de consumo horária: 20%

Os cenários definidos para o estudo de caso são:

i) Referência: consiste na modelagem do sistema na maneira em que se apresenta na


atualidade visando marco comparativo para as demais soluções apresentadas;
ii) Referência + fotovoltaica: consiste na inclusão de um sistema de geração de energia
elétrica via energia solar ao cenário referência com as devidas restrições da edificação;
iii) Retrofit: consiste na realização da troca da iluminação fluorescente por iluminação LED
com o intuito de reduzir a demanda energética da edificação;
iv) Retrofit + fotovoltaica: consiste na inclusão de um sistema de geração de energia elétrica
via energia solar ao cenário retrofit com as devidas restrições da edificação.

Outro ponto importante a ser salientado, que impacta diretamente nos custos de projeto,
de acordo com a Resolução Normativa nº482/2012 (ANEEL, 2012) é a não necessidade de
instalação de medidores bidirecionais para consumidores atendidos em alta tensão.

48
4.5.1. Premissas do sistema fotovoltaico

Para a elaboração das premissas do sistema fotovoltaico para o edifício foram obtidos
dados de radiação solar da região de Ouro Preto diretamente da biblioteca online do HOMER
Pro e estão Apresentados na Figura 18. Segundo esses dados a média de radiação para o local
para a instalação corresponde a 4,93 kWh/m²/dia.

Figura 18 – Índice de radiação solar em Ouro Preto.

Fonte: HOMER Pro, 2019.

As placas fotovoltaicas utilizadas na modelagem possuem um custo aproximado de


R$700,00, capacidade 0,3 kWp, tempo estimado de duração de 15 anos e manutenção (limpeza
para manter a superfície exposta diretamente aos raios solares) de aproximadamente
R$7,00/ano (10% do valor de compra do equipamento) por cada placa instalada e sua área
necessária para instalação corresponde a 1,94 m². A inserção dos dados das placas fotovoltaicas
no software de modelagem está exposta na Figura 19.

49
Figura 19 - Dados placas fotovoltaicas no Homer Pro.

Fonte: HOMER Pro, 2019

Para essa simulação foi feito um cálculo aproximado da área do telhado do edifício
através das plantas baixas obtidas com a administração da universidade, e foi possível concluir
que o edifício possui uma área total de telhado de aproximadamente 1.450 m² (Figura 20) e,
para possibilitar a criação de corredores de manutenção, utilizou-se apenas 80% da área
disponível o telhado. A partir dessa premissa técnica foi possível obter o valor de área
disponível para a instalação de placas fotovoltaicas de aproximadamente 1.160 m². Logo, o
número máximo de placas que podem ser instaladas no telhado da edificação é 597 placas, o
que corresponde a uma capacidade máxima de geração de 179,1 kWp.

50
Figura 20 - Vista aérea do Centro de Convergência da UFOP.

Fonte: Google Maps, 2019

Pelo fato de o sistema elétrico nacional ser padronizado em corrente alternada e a


produção de energia a partir da placa fotovoltaica se dar em corrente contínua, é necessário a
utilização de um inversor de corrente para transformar a energia gerada em energia utilizável
nos aparelhos eletrônicos (corrente contínua transformada para corrente alternada). O inversor
utilizado como base nessa simulação é da marca Fronius, modelo Primo 8.2-1 e possui um custo
de aquisição de R$ 14.190, capacidade de 8,2 kW, eficiência de 95%, custo de manutenção de
R$140,00/ano (10% do valor de compra do equipamento) e vida útil estimada de 15 anos. A
inserção dos dados do inversor de corrente no software de modelagem está exposta na Figura
21.

51
Figura 21 - Dados inversor de corrente.

Fonte: HOMER Pro, 2019.

4.5.2. Cenário referência (i)

Os dados das curvas de carga de dias úteis e finais de semana da configuração atual que
o prédio se encontra foram inseridos no modelo HOMER Pro de acordo com as premissas
citadas anteriormente. Obteve-se então a partir do modelo um consumo médio de 569,03
kWh/dia, conforme apresentado na Figura 22.

52
Figura 22 - Inserção de dados de carga média no Homer PRO cenário referência.

Fonte: HOMER Pro, 2019

4.5.3. Cenário referência + fotovoltaica (ii)

Para a elaboração do segundo cenário foram utilizados os mesmos dados de carga


energética e perfil de uso do cenário i, porém houve a inclusão do sistema de geração de energia
fotovoltaica com otimização de quantidades realizada pelo HOMER optimizer®, limitando-se
à área disponível para os equipamentos.

4.5.4. Cenário retrofit (iii)

Outro cenário proposto foi modelado com a realização do retrofit das lâmpadas
fluorescentes por lâmpadas LED. Tal mudança gera uma economia estimada em 20% em
relação aos períodos de atividade intensa do edifício de 7h as 19h, e de 30% em relação aos
períodos de menor demanda energética, devido às características de utilização da energia
elétrica na edificação.

53
Durante as atividades de trabalho há um grande uso de computadores, lâmpadas e
refrigeração, e no período sem atividades, apenas iluminação de vigilância e os sistemas de ar
condicionado.

Tal retrofit seria feito pela troca de 156 lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas
tubulares LED de 10 W de 60 cm e 622 lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas
tubulares LED de 20 W de 120 cm, sendo para as últimas necessária a troca de 32 luminárias
por possuir diferentes tamanhos das removidas. Para realizar a troca de uma lâmpada
fluorescente para uma lâmpada LED é necessária a remoção do reator, sendo este mais um
equipamento que consome energia elétrica pelo fato de produzir calor por efeito Joule, e
promovendo assim, mais economia.

A ligação da lâmpada LED é realizada diretamente na rede elétrica a 127/220V. Foi


realizado um orçamento base para o serviço de substituição das lâmpadas por uma empresa
terceirizada e o custo de troca por lâmpada é de R$ 7,50, totalizando R$ 5.835,00 para a
realização do serviço de troca das 778 lâmpadas.

Também foram feitos três orçamentos de lâmpadas para substituição com especificação
Tubular LED 10W 60 cm 6500K e Tubular LED 20W 120 cm 6500K, o valor médio dos
orçamentos obtidos foi de R$ 11,66 e R$ 15,48 por unidade, respectivamente. As luminárias de
120 cm possuem um custo de R$ 88,21.

Dessa forma estima-se cerca de R$ 21.000 para a realização da compra e substituição das
lâmpadas no edifício, sendo aproximadamente R$ 15.400 referente a compra de equipamentos.

Devido ao fato de as lâmpadas de LED possuem uma vida útil estimada de 40.000 h e
existem vários pontos de funcionamento de iluminação contínuo, como corredores e outros
locais como portaria e arquivo de documentos, estima-se para tal simulação a troca de
aproximadamente metade das lâmpadas instaladas no edifício no prazo de 8 anos. De acordo
com a Tabela 10, é necessária a troca de 650 lâmpadas após tal período, que geraria um custo
estimado com valores no futuro de R$ 19.400,00, considerando uma inflação de 4% ao ano. Ao
realizar-se o cálculo de valor presente liquido (VPL) do retrofit como um todo obtém-se um
custo total de R$ 35.500.

54
Tabela 10 - Equipamentos instalados pós retrofit.

Fonte: Elaboração própria.

4.5.4.1. Curvas de carga estimadas pós retrofit de iluminação

A seguir na Figura 23 encontram-se as curvas de carga elaboradas a partir dos dados


coletados pelo analisador de energia da Fluke e com as diminuições estipuladas da realização
da substituição das lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED e o comparativo das curvas de
carga em dias úteis (Figura 24) e finais de semana (Figura 25) pré e pós retrofit.

Figura 23 - Curva de carga Centro de Convergência pós-retrofit LED – kW/h.

Fonte: Elaboração própria.

55
Figura 24 - Comparativo curva de carga com demandas distintas (dias úteis) – kW/h.

Fonte: Elaboração própria.

Figura 25 - Comparativo curva de carga com demandas distintas (Finais de semana) – kW/h.

Fonte: Elaboração própria.

56
Os dados das curvas de carga de dias úteis e finais de semana da configuração pós-retrofit
foram inseridos no HOMER Pro de acordo com as premissas citadas anteriormente, conforme
retratado na Figura 26.

Obteve-se então a partir do modelo um consumo médio de 439,17 kWh/dia após as


mudanças na instalação, mostrando assim uma redução de 22,82% no consumo médio diário
de energia que anteriormente era de 569,03 kWh/dia.

Figura 26 - Inserção de dados de carga média no Homer PRO cenário pós-retrofit.

Fonte: HOMER Pro, 2019

4.5.5. Cenário retrofit + fotovoltaica (iv)

Para a criação do quarto cenário foram utilizados os mesmos dados de carga energética e
perfil de uso do cenário iii, porém houve a inclusão do sistema de geração de energia
fotovoltaica com otimização de quantidades realizada pelo HOMER optimizer®, obedecendo
as restrições de área disponível por meio da limitação da potência máxima gerada.

Para a realização de cálculos de viabilidade econômica nesse cenário foram usados os


dados extraídos das simulações do HOMER Pro com os cálculos feitos para o retrofit.

57
5. RESULTADOS

5.1. Comparação cenário (i) com cenário (ii)

A partir dos resultados da análise técnico-econômica modelada no Homer PRO (Tabela


11) para a comparação da instalação no cenário referência (i) com a inserção de um sistema de
geração de energia solar, cenário (ii), conclui-se que nessa comparação que a implementação
da usina solar pode reduzir o custo da energia elétrica total do sistema de energia elétrica
durante o período estabelecido de 15 anos de consumida na edificação de R$ 1,45 mi para R$
1,36 mi no mesmo período.

Tabela 11 - Resumo resultados cenário (i) e (ii)

Fonte: HOMER Pro, 2019

Considerando a escolha nesse primeiro momento do cenário (ii) em detrimento ao cenário


(i) obtém se tais dados econômicos descritos na Tabela 12.

Tabela 12 – Análise econômica do cenário (ii)

Fonte: HOMER Pro, 2019

A partir da Figura 27 é possível inferir que há excesso não utilizado na produção de


energia pelos painéis fotovoltaicos que corresponde a 11.6% da energia gerada. Também é
possível perceber a predominância da compra de energia da rede no consumo da edificação

58
54,7%, em comparação à geração própria de energia solar 45,3%. A fração de energia renovável
nesse cenário é de 36,9%.

Figura 27 - Análise técnica cenário (ii).

Fonte: HOMER Pro, 2019

A partir da Tabela 13 é possível inferir que o tempo de retorno do capital desse sistema
com geração de energia solar (payback) é de 10,95 anos.

Tabela 13 – Análise econômica do cenário (ii)

Fonte: HOMER Pro, 2019

59
5.2. Comparação cenário (iii) com cenário (iv)

Nesse tópico será abordada a comparação dos cenários (iii) e (iv) que são referentes à
instalação com as curvas de carga pós realização do retrofit de iluminação. A partir dos dados
extraídos do HOMER Pro (Tabela 14) conclui-se que nessa comparação que a realização do
retrofit pode reduzir o custo total do sistema em R$ 1.450.000 (cenário i) para R$ 1.130.000.
Entretanto implementação da usina solar somada ao retrofit pode reduzir o custo do projeto em
15 anos para R$ 1.052.330,23, o que corresponde a uma economia total de 27,5% em relação
ao cenário atual.

Tabela 14 - Resumo resultados cenário (iii) e (iv)

Fonte: HOMER Pro, 2019

A partir da análise de todos os cenários elaborados na simulação conclui-se que o cenário


que reflete em menor custo financeiro global é o cenário (iv) cujo é detalhado a seguir (Tabela
15).

Tabela 15 – Análise econômica do cenário (iv)

Fonte: HOMER Pro, 2019

A partir da Figura 28 é possível inferir que há excesso não utilizado na produção de


energia pelos painéis fotovoltaicos que corresponde a 11.4% da energia gerada, que em ações
futuras pode ser utilizado sem custo adicional. Também é possível perceber a predominância

60
da compra de energia oriunda da rede no consumo da edificação 55.1%, em comparação a
energia solar 44,9%, aumentando assim a fração renovável no sistema que atinge a parcela
36,7%.

Figura 28 - Análise técnica cenário (iv).

Fonte: HOMER Pro, 2019

A partir da Tabela 16 é possível inferir que o tempo de retorno do capital desse sistema
com geração de energia solar (payback) é de 10,88 anos.

Tabela 16 – Análise econômica cenário (iv)

Fonte: HOMER Pro, 2019

61
5.3. Comparação entre cenários

A Tabela 17 apresenta de forma mais concisa a comparação entre os quatro cenários de


simulação propostos ao longo do estudo de caso de acordo com os critérios de: investimento
inicial; despesas energéticas totais durante o período de 15 anos; economia projetada em 15
anos; tempo de retorno do investimento inicial (payback); indicador economia/investimento;
energia consumida anualmente; energia fornecida pela rede de distribuição anual; e energia
produzida anualmente pela usina fotovoltaica proposta.

Tabela 17 - Comparação dos quatro cenários propostos.

Fonte: Elaboração própria.

62
6. CONCLUSÃO

No decorrer de tal trabalho foram analisados diferentes cenários para a melhor gestão da
energia elétrica no Centro de Convergência da Universidade Federal de Ouro Preto, campus
Morro do cruzeiro, considerando as condições atuais da edificação e propostas como a geração
de energia elétrica por meio de placas fotovoltaicas.

O exercício de simulação teve extrema importância para a realização de um projeto de


planejamento energético integrado, realizando propostas pela oferta e pela demanda e energia.
O uso da metodologia proposta pela ABNT NBR ISO 50001:2018 e pelo PIMVP foram
essenciais para o desenvolvimento do projeto, bem como o software HOMER Pro se mostrou
uma ótima ferramenta para dimensionamento de sistemas de pequeno e médio porte, facilitando
as simulações ótimas e o tratamento de dados.

A UFOP, antes da realização de tal estudo, já possuía estudos prévios realizados pela
equipe da Prefeitura do Campus que resultaram na opção de compra de energia em média/alta
voltagem na tarifa THS A4 Verde. Um projeto como esse proposto pode se tornar replicável
para outras unidades da instituição e servir como base de modelo de medição e verificação.

De acordo com as simulações, considerando os custos da realização de um projeto de


retrofit de iluminação, implementação de um sistema de geração de energia fotovoltaico, as
tarifas aplicadas pela concessionária, assim como os equipamentos disponíveis, a configuração
mais atrativa do ponto de vista econômico é o cenário (iv) onde se tem a realização do retrofit
associada à adoção do sistema fotovoltaico. O custo total do cenário (iv) é da ordem de
R$1.052.330,23 e a economia gerada pela opção do cenário (iv) em relação ao cenário (i), que
representa as atuais condições da edificação, é de aproximadamente R$400.000,00 em 15 anos
o que resulta em um payback aproximado de 11 anos.

O segundo projeto mais atrativo é o cenário (iii) que consiste na realização apenas do
retrofit capaz de promover uma economia de aproximadamente R$320.000,00 no mesmo
período de tempo entretanto com um investimento inicial menor do que o cenário (iv), e em
terceiro lugar em atratividade a montagem do sistema fotovoltaico o cenário (ii) mantendo com
a instalação nos moldes atuais de consumo com uma economia de aproximadamente
R$90.000,00.

63
A viabilização de projetos desse porte para uma universidade pode ser realizada através
de fomentos de concessionárias de energia elétrica, no caso da UFOP, a CEMIG, por meio de
chamadas públicas do Programa de Eficiência Energética – Energia Inteligente. que avalia
projetos de eficiência e conservação da energia e destinam verbas específicas para a realização
dos mesmos a subvenção.

A gestão energética se mostra fundamental para organizações de qualquer porte, e


principalmente nas de grande porte e de recursos escassos como se encontram algumas da
universidades federais em nosso país. Dessa forma a busca incessante por oportunidades de
redução de custos provenientes de energia elétrica através da metodologia da melhoria contínua
tende a se consolidar dentre as instituições de ensino superior no país.

64
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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