Você está na página 1de 50

CENTRO PAULA SOUZA ETEC EURO ALBINO DE SOUZA

TÉCNICO EM ELETROTÉCNICO

GUILHERME RANZONI PAULINO

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA E AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO DE


UMA SUBESTAÇÃO DE ENERGIA EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO

MOGI GUAÇU - SP
2023
GUILHERME RANZONI PAULINO

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA E AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO DE


UMA SUBESTAÇÃO DE ENERGIA EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Etec Euro Albino de Souza,
do Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza, como requisito
para a obtenção do diploma de Técnico em
Eletrotécnico sob a orientação do
Professor Diogo Pedriali.

MOGI GUAÇU - SP
2023
Ficha elaborada pelo Bibliotecário da Instituição.

P327a Paulino, Guilherme Ranzoni.

Análise da viabilidade financeira e ambiental da construção de uma


subestação de energia em concreto pré-moldado – Mogi Guaçu/SP, 2023.

50 p.

Trabalho de Conclusão do Curso de Ensino Médio com Habilitação


Profissional de Técnico em Eletrotécnica da ETC Auro Albino de Souza de
Mogi Guaçu.

Orientador: Professor Mestre Diogo Pedriali

I Financeira. II. Impacto Ambiental. III. Pré-moldado. IV. Sustentável.

CDD: 352.4

Guerreiro Ímpar Nunes Guerreiro – Bibliotecário – CRB-8/8137


GUILHERME RANZONI PAULINO

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA E AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO DE


UMA SUBESTAÇÃO DE ENERGIA EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO

Monografia avaliada em: ______ / _______ / _________

Conceito: ______________________________

Banca de Validação:

_________________________________
Presidente da Banca
Professor Orientador Diogo Pedriali

___________________________________
Professor Alexandre Momesso

____________________________________
Professor Luis Carlos Pompeu

MOGI GUAÇU – SP
2023
Dedicatória

Ao meu pai e minha mãe pela incrível dedicação


ao decorrer de suas vidas em sempre me mostrar
que o esforço pelo bem e pelo correto sempre foi e
sempre será o único caminho para a própria paz e
sucesso. Dedicatória também direcionada aos
profissionais do setor elétrico que, com muito
esforço e dedicação, continuam a se debruçar em
estudos e pesquisas buscando novas soluções e
ideias com o objetivo de tornar mais eficiente
tecnicamente e financeiramente o acesso à
energia elétrica em nosso país.
Agradecimento

Aos familiares e amigos que não apenas


motivaram, mas também me incentivaram no
decorrer desta jornada, à minha amada namorada
pelo apoio incondicional, ao professor Diogo
Pedrialli pela orientação e aos professores que
com esforço e conhecimento, me conduziram até
aqui.
Epígrafe

“Eu não quero acreditar, eu quero conhecer”.

Carl Sagan
RESUMO

Com o mercado de energias renováveis, sobretudo o de energia solar fotovoltaica,


cada vez mais acirrado e brigando por menores preços, é importante que se analise
prazos, métodos de construção e tecnologias que possam diminuir o custo do LCOE
– Levelized cost of eletricity, dado em R$/MWh. Sendo esta fórmula baseada no
CAPEX – Capital Expenditure e OPEX – Operation Expenditure, quanto menor for o
custo para se construir e operar uma planta de energia solar fotovoltaica, menor então
será o custo para se gerar 1 MWh, desta forma trazendo mais competividade e lucros
para o empreendimento. Diretamente atrelado ao funcionamento de uma planta de
energia solar fotovoltaica, estão as subestações, que são responsáveis por fazer a
conexão entre gerador e rede de transmissão ou distribuição. É importante que sua
construção seja robusta, segura e permita a confiabilidade e continuidade de
operação, sendo assim parte essencial do sucesso de um empreendimento com
conexão à rede, sendo ele de geração ou carga. Deste modo, foi analisado e estudado
conceitos da engenharia civil e tipos construtivos e operacionais de subestações para
se avaliar os impactos causados pelo método tradicional de construção, ou seja,
concreto moldado in-loco, com blocos cerâmicos argamassados e sua relação com
desperdício de materiais e consequentemente, prejuízos financeiros, este último
diretamente ligado ao desempenho e lucratividade da operação, além de também
influenciar no prazo de entrega da obra e consequentemente, podendo influenciar na
redução do tempo para a conexão e agilizar a entrada do funcionamento do gerador.

PALAVRAS-CHAVE: Energia. Energia fotovoltaica. Fontes de energia. Meio


ambiente. Planta de energia solar.
ABSTRACT

With the renewable energy market, especially photovoltaic solar energy, increasingly
fierce and fighting for lower prices, it is important to analyze deadlines, construction
methods and technologies that can reduce the cost of LCOE – Levelized cost of
electricity, given in R$/MWh. Since this formula is based on CAPEX – Capital
Expenditure and OPEX – Operation Expenditure, the lower the cost to build and
operate a photovoltaic solar energy plant, the lower the cost to generate 1 MWh, thus
bringing more competitiveness and profits for the enterprise. Directly linked to the
operation of a photovoltaic solar energy plant are substations, which are responsible
for making the connection between the generator and the transmission or distribution
network. It is important that its construction is robust, safe and allows reliability and
continuity of operation, thus being an essential part of the success of a project
connected to the grid, be it generation or load. In this way, civil engineering concepts
were analyzed and studied to evaluate the impacts caused by the traditional
construction method, that is, cast-in-place concrete, with mortared ceramic blocks and
its relationship with material waste in addition to financial losses, the latter directly
linked to the performance and profitability of the operation, in addition to also
influencing the delivery time of the work and consequently, being able to help by
reducing the time for the generator to be connected and put into operation.

KEYWORDS: Energy. Photovoltaics. Energy sources. Environment. Solar energy


plant.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Corte A-A, subestação elevadora 800V-13,8kV, potência de 1MVA……….24


Figura 2 - Subestação 34,5/138 kV para parque eólico…………………………………25
Figura 3 - Subestação com isolação a ar, em estrutura metálica. (230 kV)…………. 29
Figura 4 - Conjunto compacto isolado a SF6 contendo TCs, TPs, chave e
disjuntor……………………………………………………………………………………...30
Figura 5 - Posições e funções das subestações dentro do contexto de GTD - Geração,
Transmissão e Distribuição………………………………………………………………..33
Figura 6 - Subestação elevadora, abrigada – Principais componentes internos……..35
Figura 7 - Hipódromo da Gávea, 2018……………………………………………………37
Figura 8 - Aspecto interno de um galpão construído em concreto pré-moldado……...39
Figura 9 - Vista aérea da subestação de 1.750 kVA para aplicação em planta de
geração solar fotovoltaica………………………………………………………………….42
Figura 10 - Vista ortogonal da subestação de 1.750 kVA para aplicação em planta de
geração solar fotovoltaica………………………………………………………………….43
Figura 11 - Vista ortogonal interna da subestação de 1.750 kVA para aplicação em
planta de geração solar fotovoltaica...........................................................................44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Capacidade Instalada no Brasil por fonte……………………………………19


Tabela 2 - Geração de energia elétrica por fonte de energia, em 2022………………19
Tabela 3 - Capacidade instalada - 10 maiores países………………………………….20
Tabela 4 - Capacidade instalada em geração de energia elétrica a partir de fontes
renováveis - 10 maiores países……………………………………………………………21
Tabela 5 - Capacidade instalada em geração solar fotovoltaica - 10 maiores países..21
Tabela 6 - Capacidade instalada em geração hídrica - 10 maiores países……………22
Tabela 7 – Composição média dos materiais de RCC…………………………………..40
Tabela 8 – Custos de construção para concreto moldado in loco versus custos com
concreto pré-moldado………………………………………………………………………45
LISTA DE ABREVIATURAS

ACL Ambiente de Contratação Livre


CAIS Compact Air Insulated Switchgear
CAPEX Capital Expenditure
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CU Custo Unitário
CUB Custo Unitário Básico
CUPG Custo Unitário de Geração de Resíduos
EPE Empresa de Pesquisa Energética
GIS Gas Insulation Swetichgear
GTD Geração, Transmissão e Distribuição
LCOE Levelized Cost of Eletricity
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
NR Norma Regulamentadora
OPEX Operation Expenditure
QGBT Quadro Geral de Baixa Tensão
RCC Resíduos de Construção Civil
REN Resolução Normativa
SIN Sistema Interligado Nacional
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14
1.1. Objetivo geral...................................................................................................14
1.2. Objetivos específicos.......................................................................................14
1.3. Justificativa......................................................................................................15
2. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................16
2.1. Referencial Teórico..........................................................................................16
2.1.1. Conceito de Matriz Elétrica e Matriz Energética..............................................17
2.2. Geração de energia elétrica.............................................................................17
2.3. Matriz elétrica brasileira...................................................................................18
2.3.1. Matriz elétrica mundial.....................................................................................20
2.4. Definição de subestação..................................................................................22
2.5. Níveis de subestação.......................................................................................23
2.5.1. Subestação de média tensão Nível I................................................................23
2.5.2. Subestação de média tensão Nível II...............................................................25
2.5.3. Subestação de alta tensão Nível III..................................................................25
2.5.4. Subestação de alta tensão Nível IV..................................................................26
2.5.5. Subestação de alta tensão Nível V...................................................................26
2.6. Tipos de subestação........................................................................................26
2.6.1. Subestação elevadora.....................................................................................26
2.6.2 Subestação abaixadora...................................................................................26
2.6.3. Subestação de distribuição..............................................................................27
2.6.4. Subestação de manobra..................................................................................27
2.6.5. Subestação conversora...................................................................................27
2.6.6. Subestação industrial.......................................................................................27
2.7. Tipos construtivos de subestações..................................................................28
2.7.1. Subestação abrigada.......................................................................................28
2.7.2. Subestação blindada........................................................................................28
2.8. Tipos de isolação para subestações................................................................28
2.8.1. Subestação isolada a ar...................................................................................29
2.8.2. Subestações compactas e isolada a SF e SF6.................................................29
2.9. Tipos de operação............................................................................................30
2.9.1. Subestações com operação presencial............................................................31
2.9.2. Subestações supervisionadas.........................................................................31
2.10. Funções de subestações.................................................................................31
2.10.1. Subestação central de transmissão................................................................31
2.10.2. Subestação de subtransmissão......................................................................32
2.10.3. Subestação receptora de transmissão............................................................32
2.10.4. Subestação de consumidor.............................................................................32
2.11. Miscelânea interna...........................................................................................33
2.12. Concreto pré-moldado.....................................................................................36
2.12.1. Concreto pré-moldado e a relação com sustentabilidade................................37
2.13. Resíduos de obra da Construção Civil..............................................................39
2.14. Embasamento teórico......................................................................................40
2.15. Análise e discussão..........................................................................................45
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................47
REFERÊNCIAS..........................................................................................................48
14

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Mamede Filho (2021), todo sistema elétrico pode ser descrito
como um conjunto de três grandes e importantes segmentos: geração, transmissão e
distribuição. A energia gerada no bloco de geração precisa ser entregue ao
consumidor final e para isso percorre as linhas de transmissão e distribuição,
respectivamente. Contudo, independente da fonte de geração, seja ela termelétrica,
fotovoltaica, eólica, hidrelétrica, a tensão não é superior a 25 kV. Para exemplificar,
usinas fotovoltaicas geram sua energia nas saídas dos inversores de frequência no
máximo a 1.000 V para grandes usinas de geração centralizada e 800 V para usinas
de geração distribuída.
Nas usinas eólicas, as tensões podem variar de 600 V a 800 V. Para usinas
hidrelétricas de grande porte, as tensões podem variar de 6 kV a 25 kV. Quaisquer
que sejam os níveis de tensão na geração, eles são insuficientes para transportar
energia em grande escala pelos longos blocos de transmissão. Para isso, portanto,
faz-se necessário subestações denominadas elevadoras. Estas subestações elevam
os níveis de tensão com o objetivo de reduzir a corrente elétrica que circula pelos
condutores e com isso reduzindo as perdas elétricas inerentes de qualquer rede
elétrica, além de também tornar financeiramente e tecnicamente viável a transmissão
graças a redução da seção transversal dos condutores.

1.1. Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é levar ao público de interesse das áreas de


Engenharia Elétrica e Técnicos em Eletrotécnico, bem como professores da área e
também entusiastas do setor, conhecimentos sobre os estudos financeiros, técnicos
e ambientais sobre a elaboração de uma subestação abrigada em concreto pré-
moldado.

1.2. Objetivos específicos

Especificamente, o presente trabalho irá abordar a viabilidade técnica, financeira


e ambiental da aplicação de um modelo construtivo de subestação não habitual no
mercado atualmente. Com o resultado do estudo, espera-se poder clarear de forma
15

pragmática a razão do setor em se manter determinados padrões específicos de


montagem nestes projetos e provocar o leitor a questionar novas alternativas.

1.3. Justificativa

O trabalho é motivado pela constatação de que atualmente na bibliografia


disponível não há estudos dedicados exclusivamente a esta abordagem, além de
questionar costumes culturais do mercado em preferir construções de alvenaria e
trazer à luz do conhecimento uma opção ainda pouco difundida entre a construção de
subestações, que é o concreto pré-moldado.
16

2. DESENVOLVIMENTO

A estratégia para a elaboração desta obra inicia-se com uma investigação sobre
os conceitos de matriz energética e sobre os dados históricos e atuais do Brasil,
principalmente no que tange à fonte solar fotovoltaica, afim de que a relevância da
fonte escolhida fosse também atual aos dias de hoje. Em concomitância a isso, fora
consultada as principais características das subestações hoje em utilização no Brasil,
afim de que o leitor tenha uma amplitude sobre suas aplicações, modelos, tipos
construtivos, dentre outros termos.
Foi também investigado a origem do concreto armado, bem como o início de sua
aplicação em esfera nacional.
Posteriormente, será feito um estudo de caso cuja intenção é comparar
financeiramente a viabilidade de se construir uma subestação abrigada em concreto
armado convencional e também com concreto pré-moldado, com as seguintes
premissas de projeto: tensão primária de 13,8 kV, com 1.000kVA de potência e de
64,2m².
Ambos projetos terão layout de equipamentos semelhantes, a fim de que a única
diferença construtiva seja tão e somente a técnica usada na modelagem do concreto.
Os principais itens analisados serão: custo unitário básico (CUB), prazo de
entrega, vantagens, resíduos de construção civil (RCC), eficiência nos tipos de
construção, etc.

2.1. Referencial teórico

Para o presente trabalho, será utilizado como referencial teórico as normas:

i) NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão;


ii) NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,00kV a 36,2kV
iii) NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade e
iv) NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos.
v) Subestações de Alta Tensão, João Mamede Filho
vi) Análise de Investimentos em Projetos de Energia Solar Fotovoltaica –
Geração Centralizada, Eduardo Tobias N.F. Ruiz
17

2.1.1. Conceito de Matriz Elétrica e Matriz Energética

Para que os conceitos fiquem claros, é importante definir o conceito de Matriz


Elétrica e Matriz Energética.
Segundo a EPE, (Empresa de Pesquisa Energética) a Matriz Energética expõe
as diferentes fontes de energia que são utilizadas para abastecer as demandas da
população. Em outras palavras, são as fontes de energia utilizadas para geração da
própria eletricidade, preparo de refeições, higienização, iluminação, etc.
Matriz Elétrica: Representa apenas as fontes de geração de energia elétrica.
Sendo assim, podemos auferir que a matriz elétrica é parte da matriz energética.

2.2 Geração de energia elétrica

A energia é algo fundamental ao padrão e estilo de vida atual. De lares,


passando pelo deslocamento diário e também para a realização do trabalho, ela é
necessária para o preparo de refeições, higiene pessoal, ida ao trabalho, lazer,
transformação de matéria prima em produto final, etc.
Essa energia precisa ser gerada de forma centralizada ou descentralizada,
também conhecida como geração distribuída. Para a geração centralizada – que de
acordo com a EPE (2022), são usinas distantes dos grandes centros de carga, há
exemplos como usinas hidrelétricas de grande porte, como Itaipu Binacional, que
possui 14GW de potência – ou, 14.000kW). Também é possível ter usinas eólicas que
se aproveitam da energia cinética dos ventos e também usinas solares fotovoltaicas,
que por sua vez se aproveitam da irradiação solar para gerar corrente elétrica a partir
dos módulos captadores de luminosidade, também na modalidade de geração
centralizada e que hoje participam em igualdade com outras fontes nos leilões de
energia, onde distribuidoras de energia fazem a compra e contrato por longo prazo
para servir à carga de baixa tensão que atende, tanto em contratos bilaterais no ACL
– Ambiente de Contratação Livre, atendendo consumidores privados, mercados de
curto prazo, contratos bilaterais, etc.
18

2.3. Matriz elétrica brasileira

Quando o assunto é sobre usinas de geração distribuída, fala se de um modelo


recente na história de geração de energia elétrica do Brasil e que ganhou mais força
a partir de 2012 com a criação da REN 482, que estabelecia “condições gerais para o
acesso de microgeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica,
o sistema de compensação de energia elétrica e dá outras providências” que tornou
então possível a um consumidor se tornar agora um prossumidor, ou seja, um
consumidor que agora pode produzir sua própria energia, com seu gerador conectado
a infraestrutura elétrica da distribuidora local e ainda injetando a energia excedente
na rede para que ela possa ser consumida em um momento posterior. As potências
das usinas de geração distribuída podem ser divididas entre:

i) Microgeração – Usinas até 75kW;


ii) Minigeração – Usinas até 5MW.

A REN 482 foi revogada a partir da entrada Lei 14.300/2022.


Dentre atualizações e alterações, o limite de conexão para usinas de geração
distribuída agora ficou:

i) Microgeração: Usinas até 75kW;


ii) Minigeração: Usinas até 3MW.

Graças a REN 482, a geração distribuída agora ganhava escala com residências,
comércios e indústrias instalando seu próprio gerador fotovoltaico e fazendo uso de
sua usina junto à carga ou mesmo remota. Dessa forma, nossa matriz energética
Brasileira foi sendo moldada e alterada pouco a pouco, elevando a posição brasileira
no ranking de países com mais fontes de geração a partir de energia renovável.
Além da energia solar fotovoltaica como expoente das energias renováveis,
temos também energia eólica, hidráulica, biomassa da cana, geotérmica, dentre
outras.
Mas foi com a geração centralizada fotovoltaica e eólica que a Matriz Elétrica
Brasileira passou por grandes alterações, sobretudo com a geração solar fotovoltaica.
19

Na Tabela 1 é possível perceber a evolução da fonte solar no Brasil, onde em


2013 o país possuía 5MW instalados e em 2022 já havia saltado para 7.387MW em
Fonte Solar de Geração Centralizada. Enquanto a Matriz Elétrica Brasileira de 2021
para 2022 aumentou 4,1%, a solar no mesmo período aumentou 59,5%.

Tabela 1 - Capacidade Instalada no Brasil

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

Já a geração elétrica de energia elétrica por fonte de energia em 2022, pode ser
vista na Tabela 2.

Tabela 2 - Geração de energia elétrica por fonte de energia, em 2022

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

É nítido como o potencial solar é muito bem explorado no Brasi; na Tabela 2


podemos observar o aumento de 79,8% na geração de energia elétrica pela fonte
fotovoltaica do ano 2021 para o ano 2022. O percentual demonstrado na imagem é
superior a qualquer outra fonte de energia e mostra uma tecnologia não somente
escalável, mas também financeiramente viável aos investidores privados.
20

É com foco na geração solar que este trabalho de conclusão de curso se inspira
ao elaborar uma dissertação e estudo cujo resultado possa auxiliar no contínuo
crescimento da fonte no País, se debruçando em estudos financeiros e de viabilidade
afim de tornar os custos de conexão e proteção que envolvem uma subestação de
energia, mais atraente financeiramente seja na sua confecção, prazos ou
manutenção.

2.3.1. Matriz elétrica mundial

Embora o Brasil esteja entre os 10 maiores geradores de energia no mundo,


ainda assim encontra-se muito abaixo dos 2 países que encabeçam o ranking, China
e Estados Unidos, respectivamente. Já na Tabela 3 é possível notar que o Brasil figura
em 7° lugar dentre os países com maior capacidade instalada de geração de energia
elétrica.

Tabela 3 - Capacidade instalada - 10 maiores países

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

Na Tabela 4 o Brasil sobe algumas posições no ranking e fica em 4° lugar quando


o critério é a geração por país, para energia renovável.
21

Tabela 4 - Capacidade instalada em geração de energia elétrica a partir de fontes


renováveis - 10 maiores países

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

Já na Tabela 5, é demonstrado os países com maior capacidade de produção


de energia elétrica a partir da fonte solar fotovoltaica. Nota-se que, embora o Brasil
tenha tido um alto escalonamento no que diz respeito a esta fonte, tanto na geração
centralizada quanto na distribuidora, a tecnologia desembarcou recentemente no país
para fins de escala e ganho comercial, quando comparado a outros países que tiveram
acesso a esta tecnologia de maneira mais antecipada.

Tabela 5 - Capacidade instalada em geração solar fotovoltaica - 10 maiores países

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

Na Tabela 6 nota-se que o Brasil, quando analisada a capacidade de geração a


partir da fonte hídrica, figura em 2° colocado. É possível perceber também que a
potência instalada da fonte citada em relação ao Brasil, permanece inalterada, a razão
é que as complicações ambientais e as exigências atuais quanto ao impacto do bioma
se maximizaram.
22

Tabela 6 - Capacidade instalada em geração hídrica - 10 maiores países

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2023, EPE. Em GW

2.4. Definição de subestação

De acordo com Mamede Filho (2021), é possível dividir o sistema de potência


em 3 segmentos: Geração, transmissão e distribuição. Para que a energia gerada no
segmento “geração” chegue ao consumidor final que está conectado à rede de
distribuição da concessionária local, é preciso que exista entre os segmentos citados
uma subestação que possa reduzir ou elevar a tensão da rede em diferentes níveis.
Desta forma, usinas hidrelétricas, solares, eólicas, de biomassa e todas as outras
fontes, podem gerar e dar vazão a energia gerada através das linhas de transmissão.
Contudo, as tensões geradas pelas usinas não estão aptas para serem utilizadas
no transporte de longas distâncias pelas linhas de transmissão. Usinas hidrelétricas e
térmicas geram energia em tensões que podem alternar entre 6 kV e 25 kV. Usinas
eólicas por sua vez, podem gerar tensões que variam entre 600 V e 800 V. Já as
usinas fotovoltaicas geram energia em tensões que vão de 320 V a 1000 V.
Transportar energia nestas tensões implicaria em grandes perdas quando
consideramos longas distâncias e também inviabilidade financeira, já que a seção dos
condutores não permitiria tão pouco a viabilidade técnica.
Por esta razão, subestações elevadoras são essenciais para que se possa elevar
a tensão e reduzir a corrente elétrica que é transportada pelas linhas de transmissão,
reduzindo assim as perdas elétricas, inerentes de qualquer sistema de energia e
também para evitar perdas e tornar o serviço economicamente viável.
23

2.5 Níveis de subestação

Os tipos mais encontrados de subestações são aquelas que elevam ou reduzem


os níveis de tensão no barramento de entrada do fluxo de potência. Para fins didáticos,
é possível classificar as subestações em diferentes níveis, conforme descrito a seguir,
segundo Mamede Filho (2021):

2.5.1. Subestação de média tensão Nível I

São as subestações que operam em nível de tensão compreendido de 2,3 kV a


25kV, sendo as de maior preponderância as de tensão 13,8 kV, localizadas na maioria
das regiões do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.
Estas subestações também são encontradas com grande frequência nas
indústrias de pequeno e médio porte, onde os níveis de tensão podem variar de 13,2
kV até 13,8 kV.
Na Figura 1, é possível ver em corte A-A a lateral de uma subestação abrigada
de 13,8 kV com suas devidas separações de medição, proteção e transformação.
24

Figura 1 - Corte A-A, subestação elevadora 800V-13,8kV, potência de 1MVA.

Fonte: autoria própria


25

2.5.2. Subestação de média tensão Nível II

São as subestações em que trabalham em níveis que podem variar de 34,5 kV


a 46kV, sendo a de maior preponderância as subestações de 34,5 kV, muito
empregadas em parques fotovoltaicos e eólicos.
Na Figura 2 é possível visualizar uma subestação de parque eólico, do tipo
elevadora, em estrutura metálica, isolação a ar com tensão de operação.

Figura 2 - Subestação 34,5/138 kV para parque eólico

Fonte: Schreiber Engenharia (2015)

2.5.3. Subestação de alta tensão Nível III

São subestações utilizadas pela maioria das companhias distribuidoras de


energia elétrica no Brasil. Seu nível de operação está entre 69 kV e 145 kV, enquanto
as mais utilizadas são as de 69 Kv.
Importante mencionar que as indústrias brasileiras de médio porte possuem, em
sua maior parte, subestações de 69 kV.
26

2.5.4. Subestação de alta tensão Nível IV

São as subestações utilizadas na Rede Básica do SIN (Sistema Interligado


Nacional). As tensões de operação dessas subestações estão entre 230 kV e 440 kV.
A maioria das indústrias de grande porte do Brasil possuem subestações
próprias de 230kV.

2.5.5. Subestação de alta tensão Nível V

São as subestações classificadas como Extra Alta Tensão e são utilizadas


predominantemente na rede do Sistema Interligado Nacional. O nível de operação
está compreendido entre 500 kVca e ± 800 kVcc.

2.6. Tipos de subestação

De acordo com Mamede Filho (2021), as subestações podem ser projetadas e


planejadas para desenvolver diferentes funções dentro do sistema que irão operar:

2.6.1. Subestação elevadora

São as subestações que elevam o nível de tensão gerado por uma fonte de
energia elétrica e faz a distribuição da potência para as linhas de transmissão em
tensão mais elevada do que a de origem. Exemplos: subestações de usinas
fotovoltaicas, eólicas, térmicas, etc.

2.6.2. Subestação abaixadora

São as subestações que reduz o nível de tensão gerado por uma fonte de
energia elétrica e faz a distribuição da potência para as redes de distribuição, sejam
aéreas ou subterrâneas, alimentando as demais subestações de menor nível de
tensão.
São normalmente instaladas nas periferias de centros urbanos com o intuito de evitar
que as linhas de transmissão de tensões mais elevadas sejam construídas dentro do
espaço urbano.
27

As subestações abaixadoras são comumente alimentadas por linhas de


transmissão de 230 kV e 550 kV, as quais são conectadas as redes de distribuição
com tensões de rede entre 69 kV e 138 kV.

2.6.3. Subestação de distribuição

São as subestações destinadas a reduzir a tensão de forma a atender as


demandas das áreas de concessão de determinada área ou Estado da federação.
Comumente pertencem as empresas de distribuição de energia elétrica e também
consumidores de médio porte. Costumam ser subestações do tipo aérea instaladas
em poste de concreto armado ou de ferro e são conectadas às redes de distribuição
aéreas, além de também existir do tipo padmounted e subterrâneas. Para estas
subestações as tensões mais frequentemente encontradas são de 13,2 kV e 13,8 kV.

2.6.4. Subestação de manobra

É a subestação destinada ao chaveamento de linhas de transmissão que operam


de 230 kV a 750 kV. Resumidamente, são pertencentes à Rede Básica, contudo,
também existem subestações de manobra que operam em sistemas de 69 kV, 88 kV
ou ainda 138 kV.

2.6.5. Subestação conversora

São aquelas pertencentes ao sistema de corrente contínua e que podem ser


tanto retificadoras ou inversoras.

2.6.6. Subestação industrial

É a subestação atendida por um ou mais alimentadores de uma rede de distribuição


ou por uma ou mais linhas de subtransmissão ou transmissão, reduzindo a tensão de
alimentação a valores compatíveis com as tensões utilizadas na carga da indústria em
que se encontra a subestação.
28

2.7. Tipos construtivos de subestações

A seguir os principais tipos construtivos de subestações de acordo com Mamede


Filho (2021):

2.7.1. Subestação abrigada

São as subestações cujo equipamentos são organizados e montados no interior


de uma edificação normalmente feita de alvenaria, ou seja, de concreto armado.
A estrutura pode ser totalmente fechada com ventilação ou parcialmente
fechada.
Em subestações expostas a altos índices de poluição, seja por alta salinidade
(próximas ao litoral) ou mesmo contaminantes industriais, recomenda-se as
instalações abrigadas.
Há ainda, em casos especiais, subestações de 230 kV abrigadas. Neste nível de
tensão, utiliza-se uma subestação compacta do tipo GIS – Gas Insulation
Swetichgear, em que todos os equipamentos de alta tensão como TCs, TPs,
disjuntores e chaves seccionadoras são instalados no interior de cilindros metálicos,
cheios de gás do tipo SF6, sob pressão.

2.7.2 Subestação blindada

São subestações em que os equipamentos são organizados e montados no


interior de cubículos metálicos. Esse tipo de construção é comumente empregado nos
locais onde há limitação de espaço ou para a alimentação de uma determinada carga
elevada junto à qual se instala essa subestação.
Instalações de subestações blindadas são construídas normalmente para
sistemas de até 34,5 kV.

2.8. Tipos de isolação para subestações

As subestações podem ser isoladas por diferentes meios isolantes, de acordo


com Mamede Filho (2021):
29

2.8.1. Subestação isolada a ar

Devido ao baixo custo quando comparadas com outros tipos de isolamento, as


subestações isoladas a ar são as de maior uso. Normalmente ocupam espaços
maiores do que os demais tipos de subestações. A Figura 3 mostra uma subestação
de 230kV isolada a ar.

Figura 3 - Subestação com isolação a ar, em estrutura metálica. (230 kV)

Fonte: Tecnogera (2021)

2.8.2 Subestações compactas e isolada a SF e SF6

Também conhecido como CAIS – Compact Air Insulated Switchgear, são as


subestações utilizadas em locais com restrições de espaço como por exemplo em
centros urbanos muito densos e por esta razão são muito compactas; também podem
ser utilizadas em cargas específicas que precisam de uma elevada taxa de
confiabilidade e continuidade do serviço. A tecnologia empregada é de domínio de
poucos fabricantes, o que torna esse tipo de aplicação bastante custosa quando
comparada com as subestações com isolação a ar.
A área ocupada por esse tipo de instalação é de aproximadamente de 50% a
15% da área ocupada por uma subestação instalada ao tempo, do tipo convencional.
Nesse tipo de instalação todos os componentes de potência, incluindo os
30

barramentos, estão instalados nos cilindros e compartimentos metálicos cheios de gás


SF6.
A Figura 4 expõe um conjunto compacto onde estão integrados três
transformadores de corrente, três transformadores de potencial, um disjuntor de
potência e duas chaves seccionadoras.

Figura 4 - Conjunto compacto isolado a SF6 contendo TCs, TPs, chave e disjuntor

Fonte: Mamede Filho (2021)

2.9. Tipos de operação

Há diferentes formas de operação de uma subestação, segundo Mamede Filho


(2021):
31

2.9.1. Subestações com operação presencial

São aquelas que necessitam da presença constante do operador, em geral, com


revezamento em turnos. Para pequenas subestações com tensões de operação iguais
ou acima de 69kV, é necessário somente 1 operador por turno, enquanto para
subestações de maior porte e por conseguinte, mais complexas, 2 operadores por
turno são exigidos.
Estas subestações estão aos poucos migrando para sistemas com tecnologias
mais avançadas que são denominadas subestações de operação assistida ou
supervisionadas.

2.9.2. Subestações supervisionadas

São as subestações onde há um sistema digital que permite que se controle,


tome decisões e supervisione a partir de locais remotos todos os pontos de
importância operacional da subestação, fazendo com que a presença de um operador
não se faça necessária.
O sistema digital destas subestações possibilita a capacidade de acionar
equipamentos, registrar dados sobre tensão e corrente, fator de potência, etc, em
tempo real, enviando estas informações para o Centro de Operação que irá controlar
e comandar a subestação remotamente.

2.10. Funções de subestações

A seguir, as funções o qual as subestações podem ser classificadas, de acordo


com Mamede Filho (2021):

2.10.1. Subestação central de transmissão

São as subestações construídas normalmente ao lado de usinas geradoras de


energia elétrica - como eólicas, solares, termelétricas – cuja finalidade é justamente
elevar os níveis de tensão fornecidos pelos geradores, afim de transmitir a potência
gerada aos centros de consumo.
32

2.10.2. Subestação de subtransmissão

São aquelas geralmente construídas no centro de um grande bloco de carga, ou


seja, próximo aos centros de consumo, que é alimentada pela subestação receptora
e de onde se origina os alimentadores de distribuição primários que irão suprir
diretamente os transformadores de distribuição e/ou as subestações particulares de
consumidores.

2.10.3. Subestação receptora de transmissão

São subestações cuja construção encontram-se próximas aos centros de carga


e que estão conectadas através de linhas de transmissão, à subestação central de
transmissão ou a outra subestação receptora intermediária.

2.10.4. Subestação de consumidor

São as subestações construídas em áreas particulares cuja alimentação se dá


por alimentadores de distribuição primários que são originários das subestações de
subtransmissão e que não somente direcionam, mas suprem os consumidores finais.
Elas podem ser do tipo industrial como quando dentro de blocos comerciais e
industriais e também do tipo residencial, instalada em edificações para uso de moraria,
como condomínios.
A Figura 5 mostra de forma esquemática a posição de cada tipo de subestação
dentro do contexto de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
33

Figura 5 - Posições e funções das subestações dentro do contexto de GTD - Geração,


Transmissão e Distribuição

Fonte: Mamede Filho (2021)

As concessionárias de energia elétrica possuem normas próprias e individuais


que orientam e regem a construção das subestações de consumidor, impondo
critérios, condições gerais de projeto, proteções, disposições, etc. Todas as
companhias de distribuição de energia elétrica precisam disponibilizar ao interessado
em construir uma subestação de consumidor, as normas de fornecimento em tensão
primária e secundária que estão estritamente compatíveis com NBR 5410 (Instalações
Elétricas em Baixa Tensão) e NBR 14039 (Instalações Elétricas de Alta Tensão).

2.11 Miscelânea interna

Na Figura 6, Corte A-A, estão destacados os principais componentes de uma


subestação elevadora de 800 V para 13,8 kV, abrigada, de 1.000 kVA de potência.

Legenda:
1. Disjuntor tripolar a vácuo, 630 A, 300 mVA, isolação 15 kV, bobina de
abertura 220 V
2. Transformador de potencial – medição – isolação 15kV
3. Transformador de corrente – medição – isolação 15 kV
4. Chave seccionadora tripolar seca, 15 kV, 200 A, comando simultâneo
5. Bucha de passagem interna – interna – 15 kV
6. Isolador pedestal – 15 kV
34

7. Mufla unipolar classe 15 kV – interno


8. Suporte para TC/TP
9. Barramento de vergalhão de cobre seção de ½” ou 126mm²
10. Janela veneziana 1000x500mm
35

Figura 6 - Subestação elevadora, abrigada – Principais componentes internos

Fonte: autoria própria


36

2.12. Concreto pré-moldado

De acordo com a NBR 9062:2006, - Projeto e execução de concreto pré-moldado


-, no item 3.8, o concreto pré-moldado é definido como elemento moldado previamente
e fora do local de utilização definitiva na estrutura.
Segundo Roengenharia (2017), a técnica utilizada para o concreto pré-moldado
iniciou-se nas construções modernas da Inglaterra logo no início do século XX,
contudo, já se moldava concreto na antiga Roma, pois há registros históricos do uso
de uma técnica ainda em desenvolvimento na modelagem do concreto cujo uso era
aplicado em túneis, canos e aquedutos romanos.
De acordo com Freitas e Daniel (2015), Talbot e Francis (2012) informam que o
primeiro registro de concreto pré-moldado na construção civil foi a partir do engenheiro
inglês John Alexander Brodie quando desenvolveu o uso de placas de concreto,
previamente moldadas, visando uma construção rápida e econômica, aplicando-as
em Liverpool, sua cidade natal.
A segunda guerra mundial foi um catalisador para a aceitação da técnica, já que
a rapidez em que uma obra poderia ser executada bem como a economia com a mão
de obra empregada poderiam agilizar o processo de reconstrução de cidades
destruídas pela guerra.
No Brasil, o concreto pré-moldado, de acordo com Prefabricar, o País por não
ter sido devastado pela guerra tal como ocorreu com a Europa, a reconstrução em
larga em escala não foi necessária, sendo assim, o primeiro uso que se tem registro
da técnica de concreto pré-moldado se deu em 1926, no estado do Rio de Janeiro,
para a construção do Hipódromo da Gávea, ilustrado na Figura 7.
37

Figura 7 - Hipódromo da Gávea, 2018

Fonte: TybaOnline

2.12.1 Concreto pré-moldado e a relação com sustentabilidade

Foi através da industrialização da construção civil houve um salto de qualidade


nos canteiros de obra no Brasil e no mundo, graças a utilização de elementos de
concreto pré-fabricados. Por serem componentes com um alto grau de controle
tecnológico no decorrer do processo de fabricação, incluindo materiais de boa
qualidade, além de mão de obra qualificada, fornecedores selecionados e
mecanização, tornaram as obras mais organizadas e seguras (SERRA; FERREIRA;
PIGOZZO, 2005)
No que tange à sustentabilidade, também fora observado ganhos consideráveis
quando comparado com a alvenaria tradicional, pois a pré-fabricação, por utilizar o
processo de industrialização fora do canteiro de obras, contribui para a redução dos
resíduos gerados no local. Para evidenciar o impacto da construção civil, Cardoso e
Araújo (2007) dizem que 50% de todos os resíduos gerados em centros urbanos são
provenientes dos canteiros de obras.
Ainda como exemplo, Cruz e Cruz (2010) realizaram um estudo comparativo
entre duas obras, sendo Obra A – em alvenaria tradicional, com concreto armado e
38

moldado no in loco e com vedação em blocos cerâmicos, e Obra B – em construção


com pré-moldado. O estudo foi realizado ao longo de 3 anos durante a execução das
obras e então foi verificado o quantitativo de resíduos. Foi observado um padrão de
sustentabilidade superior quando comparado a Obra B em relação a Obra A, já que
por contar com um sistema construtivo sem perdas na vedação e sem necessidade
de reboco argamassado, gerou menos resíduos.
Os projetos em concreto pré-moldado trazem inúmeros benefícios, oferecendo
produtos que vão de coberturas, galpões de diversos tamanhos, pisos, que podem
variar de cor, acabamento e textura, oferecendo aos projetistas responsáveis uma
infinidade de possibilidades, o que se torna uma importante opção para o estudo de
construção em subestações com esse tipo de técnica e material.
Devido às características de construção do concreto pré-moldado, segundo o
arquiteto Jaderson Spina, diretor de obras e serviços da FDE, é possível reduzir o uso
de madeira para escoramento a quase 0.
Segundo a arquiteta Avany de Francisco Ferreira, as estruturas em pré-moldado
são capazes de reduzir em quase 50% o prazo de construção de uma obra, o que
reduz o consumo de água e energia elétrica
Ainda de acordo com Acker (2002), o modelo de construção pré-moldado por ter
um uso controlado de materiais utilizados na produção das peças, além de se utilizar
equipamentos modernos e padrões de produção bem elaborados, pode fornecer uma
redução de até 45% nos materiais, redução de energia elétrica de até 30%, e redução
no processo de demolição de 40%, dessa forma colaborando para a redução de
entulhos e resíduos, que inerentemente causam impacto estético, ambiental e
financeiro, além de necessitarem do correto descarte.
Na Figura 8 é possível visualizar o aspecto interno de um galpão de concreto
pré-moldado.
39

Figura 8 - Aspecto interno de um galpão construído em concreto pré-moldado

Fonte: Prevale

2.13. Resíduos de obra da Construção Civil

De acordo com a Resolução CONAMA 307/2002 que estabelece diretrizes,


critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos em construção civil, são sobras,
e substratos gerados em atividades de construção, reformas, demolições de
construção civil, além dos resíduos resultantes da preparação e da escavação de
terrenos (UFSC – Gestão de resíduos).
Dentre estes resíduos, estão exemplos como blocos cerâmicos, concretos em
geral, azulejos, metais, colas, tintas, madeiras, tijolos, argamassa, gesso, plásticos,
tubulações, fiação elétrica, etc. Na Figura 9 é possível ter uma representação
tradicional dos rejeitos de uma construção civil.
Importante salientar ainda que a gestão inadequada destes resíduos representa
um grande desperdício econômico, uma vez que se torna lixo uma quantidade
significativa de material que não foi aplicada de fato na obra e que ainda é passível
de reciclagem ou reaproveitamento.
Segundo Pinto (1999), a taxa de geração de resíduos de construção civil no
método tradicional com blocos cerâmicos, moldados in loco e argamassado, fica em
40

torno de 150 kg/m². Valores próximos são encontrados também no trabalho de Falcão
et al. (2012), ao qual chegou em um valor de 148,28 kg/m².
Contudo, um artigo da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba,
Brasil, escrito por Ricardo Vasconcelos Gomes da Costa, Gilson Barbosa Athayde
Júnior e Mariana Moreira de Oliveira, realizado em diversos canteiros de obra, a taxa
de geração de resíduos foi de 93,89 kg/m².
Para fins de cálculos, a taxa de geração de resíduos de construção civil a ser
aplicada neste trabalho será de 150kg/m2 (PINTO, 1999).
Na Tabela 7 é possível visualizar os principais componentes de RCC – Resíduos
de Construção Civil – no país.

Tabela 7 - Composição média dos materiais de RCC

Fonte: Monteiro et al. (2001) apud Silva Filho (2005)

2.14. Embasamento teórico

Inicialmente, é preciso identificar o Custo Unitário (CU) do empreendimento a ser


analisado. O CU representa o custo por metro quadrado de construção da obra a ser
considerada.
De acordo com o que há disponível na literatura, é possível que se calcule o
peso da edificação (MATTOS, 2014) e a quantidade de RCC (PIMENTA, 2016) por
metro quadrado construído, a depender do método construtivo selecionado.
Ainda, baseado no conceito de Custo Unitário Básico (CUB) – estabelecido pela
ABNT NBR 12.721/2005 (ABNT, 2005) e também a partir da análise dos autores
Mattos (2014) e Pimenta (2016), será proposta uma modelagem matemática de
acordo com Ribeiro F Ribeiro, Luísa F.S Prates, Cristiane F. Pimenta, engenheiros
ambientais, em artigo publicado em 2019 (O custo da geração de resíduos em obras
de construção civil), onde será possível aferir o custo da geração de resíduos e seu
impacto.
41

A massa total associada da obra é a soma do índice de geração de resíduos


dado em kg/m² com o peso total da edificação dado também em kg/m². O resultado
da divisão do CU pela massa total é o custo por massa (R$/kg). Com base nesse
resultado e no índice de geração de resíduos, será então possível calcular o custo
unitário de geração de resíduos (CUPG) por área construída, conforme fórmula a
seguir:

Uma vez obtido o CUGR, será possível calcular o custo total da geração dos
resíduos, bastando multiplicar pela área total construída da edificação:

Após, é recomendado que se faça o cálculo para que se tenha conhecimento da


representatividade (%) do custo da geração de resíduos do empreendimento, cuja
fórmula a seguir é capaz de fornecer este resultado:

Para fins de estudos e aplicação neste trabalho, a subestação de alvenaria que


será analisada possui 10,7 metros de comprimento por 6 metros de largura, com CU
de R$ 1.000,00/m². A modelagem visual gráfica desta edificação pode ser conferida
nas Figuras 9, 10 e 11. A subestação em questão é elevadora, com tensão primária
de 13,8 kV e secundária de 800 V, aplicada em uma planta de geração fotovoltaica
cuja potência em corrente contínua é de 1.4 MWp e a potência em corrente alternada
de 1.050 MW. A subestação em questão foi projetada para permitir ainda a expansão
de 700 kW em corrente alternada, uma vez que transformador, quadro geral de baixa
tensão (QGBT) e espaço físico estão aptos a receber upgrades futuros de potência.
42

Figura 9 - Vista ortogonal da subestação de 1.750 kVA para aplicação em planta de


geração solar fotovoltaica

Fonte: autoria própria


43

Figura 10 - Vista ortogonal da subestação de 1.750 kVA para aplicação em planta de


geração solar fotovoltaica

Fonte: autoria própria


44

Figura 11 - Vista ortogonal interna da subestação de 1.750 kVA para aplicação em


planta de geração solar fotovoltaica

Fonte: autoria própria

Legenda:
1. caixa de passagem 40x40cm
2. calçada
3. exaustor
4. inversor Sungrow modelo SG350HX – 350kW
5. parede corta fogo
6. eletrodutos
7. EPIs
8. quadro geral de baixa tensão (QGBT)
9. cubículo de transformação
10. cubículo de proteção
45

2.15. Análise e discussão

Segundo Mattos (2014), obtém-se uma massa por área construída estimada de
1.000 Kg/m². Já para a taxa de geração de resíduos, será adotada a métrica obtida
por Pinto (1999), de 150 Kg/m², dessa forma chegando ao resultado de 1.150 Kg/m².
Ao aplicar a fórmula sugerida por Ribeiro F Ribeiro, Luísa F.S Prates, Cristiane
F. Pimenta, obtém-se um CUGR de R$ 130,43/m²
Após, ao aplicar a fórmula responsável por calcular a representatividade do custo
de geração de resíduos do empreendimento, obtém-se: 13,04%
Logo, é possível aferir que 13,04% do orçamento dedicado à construção da
subestação em alvenaria fora convertido em resíduos que irão, se descartados
corretamente, para a reciclagem. Considerando-se o CU de R$ 1.000/m² e uma
construção de 64,2 m², obtém se um custo de obra na ordem de R$ 64.200,00 sendo
que R$ 8.378,68 dessa quantia será indiretamente perdida, uma vez que o valor que
representa este montante não ficará na edificação.
Quando considerado a quantidade de resíduos gerados, para a obra de 64,2 m²
com uma taxa de geração de resíduos de 150 Kg/m², obtém-se uma massa de 9.630
Kg desperdiçados que precisam encontrar o descarte correto.
Na Tabela 8 é possível visualizar orçamento de 2 empresas privadas que
aceitaram disponibilizar orçamento para o projeto em questão. No total, 6 empresas
foram consultadas, contudo, 1 alegou que, por motivos de compliance não poderiam
informar o orçamento para fins de estudo e outras 3 não responderam à solicitação.
Na mesma Tabela é ainda possível visualizar o custo com o pedreiro contratado para
execução do projeto.

Tabela 8 - Custos de construção para concreto moldado in loco versus custos com
concreto pré-moldado

Fonte: autoria própria

Com o custo de obra em concreto moldado in-loco de modo tradicional sendo de


R$ 64.200,00 com uma taxa de representatividade do custo de geração de resíduos
46

na ordem de 13,04% ou R$ 8.378,68, o custo da obra caso não houvesse o


desperdício seria de R$ 55.821,00. Nota-se uma baixa eficiência nesse método
construtivo que por questões culturais ainda se mantém em voga.
Há ainda de se considerar os custos com energia elétrica, água e descarte que
não são atrelados ao CU da obra em concreto moldado in-loco supracitada. O fato
ainda de que o concreto pré-moldado tem o dobro da capacidade de construção em
relação a velocidade em que a obra é executada, reduz-se também pela metade os
custos inerentes mencionados com energia elétrica e água.
47

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se considerar a construção de uma subestação para uma planta de energia


solar fotovoltaica, fonte renovável e limpa e de inesgotável energia – ao menos na
escala humana de vida – faz sentido que o aspecto ambiental de outros pontos dessa
usina seja também levado em consideração. A construção da subestação em concreto
pré-moldado, de acordo com os pontos apresentados neste trabalho demonstram que
existe sentido lógico na adoção nesse método, uma vez que será descartada a
necessidade do uso de madeiras para escoramento, além de contribuir para a
economia de energia elétrica e uso de água, itens indispensáveis na construção civil,
sobretudo em obras com blocos cerâmicos argamassados. Essa vantagem ambiental
se dá pelo motivo de que o prazo para construção de uma obra usando essa técnica
é considerada, segundo autores, 50% mais rápida que o método tradicional.
Não obstante, o fato de que as peças são moldadas em um ambiente fora da
obra, faz com que somente o necessário vá para o canteiro, evitando desperdício
financeiro de grande representatividade, conforme fora apresentado.
Considerando que para uma planta de energia solar fotovoltaica entrar em
operação, ou seja, para que haja a conexão do gerador com a rede de transmissão
ou distribuição, a subestação precisa estar operando de forma plena, ou em outras
palavras, que esteja comissionada e pronta para uso, existir a possibilidade de
construção em concreto pré-moldado de forma 50% mais ágil pode resultar também
em um grande impacto financeiro para usinas, uma vez que a energia injetada na rede
pode ser tanto para venda em ambientes de contratação livre, contratos bilaterais
entre gerador e consumidor ou ainda poder abastecer um ponto de consumo
específico em que o proprietário da usina indique.
Para que a ideia deste trabalho continue evoluindo, ainda é preciso obter mais
fontes de dados como novos orçamentos de novas empresas, de diferentes partes do
país, além de analisar o custo de frete e custo de caminhão munk ou guindaste
empregado na construção das subestações.
Não obstante, é interessante um estudo aprofundado sobre custos de
manutenções futuras na edificação além de análises sobre o impacto térmico interno
destes ambientes, uma vez que dentro das subestações operam dispositivos
eletroeletrônicos que possuem melhor desempenho em temperaturas amenas.
48

REFERÊNCIAS

ABNT NBR 9062. Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado.


{online}. Disponível na internet via www.url:
https://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/14026/material/
NBR9062_2017.pdf. Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

CREA-PR. Paraná gera quase 5,9 milhões de toneladas de entulho por ano. {online}.
Disponível na internet via www.url: https://www.crea-pr.org.br/ws/2020/01/parana-
gera-quase-59-milhoes-de-toneladas-de-entulho-por-ano/. Arquivo capturado em 04
de nov. 2023.

DIARIO DE S. PAULO. Pré-moldado reduz custo de manutenção. {online}.


Disponível na internet via www.url: https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/na-
imprensa/pre-moldado-reduz-custo-de-
manutencao/#:~:text=Com%20material%20pr%C3%A9%2Dmoldado%20%C3%A9,e
%20controle%20tecnol%C3%B3gico%E2%80%9D%2C%20argumenta. Arquivo
capturado em 04 de nov. 2023.

ELETROSUL. Subestação Geribatu 138/34,5 kV – implantação – projeto civil (abb


eólicas do sul). {online}. Disponível na internet via www.url:
https://schreiber.eng.br/?id=subestacao-geribatu-138-345-kv-implantacao-projeto-
civil-abb-eolicas-do-sul. Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉCIA - EPE. Anuário interativo. {online}.


Disponível na internet via www.url: https://dashboard.epe.gov.br/apps/anuario/.
Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉCIA - EPE. Matriz Energética e Elétrica.


{online}. Disponível na internet via www.url:
https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-
eletrica#:~:text=Enquanto%20a%20matriz%20energ%C3%A9tica%20representa,a%
20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%20energia%20el%C3%A9trica. Arquivo
capturado em 04 de nov. 2023.
49

OLIVEIRA, D. F. C. Concreto pré-moldado: processos executivos e análise de


mercado. 2015. 61 f. Monografia (Especialização) – Curso de Especialização em
Construção Civil, Departamento de Engenharia de Materiais e Construção,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

PREFABRICAR. A História do Pré-Fabricado no Brasil. {online}. Disponível na


internet via www.url: https://prefabricar.com.br/a-historia-do-pre-fabricado-no-brasil/.
Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

PRÉ-VALE PRÉ-FABRICADOS. Pré-moldado de concreto x estrutura metálica: qual


a melhor escolha. {online}. Disponível na internet via www.url:
https://www.prevale.com.br/post/36/pre-moldado-de-concreto-x-estrutura-metalica-
qual-a-melhor-escolha. Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

RO ENGENHARIA. Quando surgiu o concreto pré-moldado? {online}. Disponível na


internet via www.url: https://roengenharia.com.br/quando-surgiu-o-concreto-pre-
moldado/. Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

SILVA, A. G. R. S.; SANTANA, F. B.; SANTOS, I. C.; SILVA, K. A.; ANJOS, R. H. A.


Uso de pré-moldados de concreto na construção civil: comparativo entre o método
tradicional e os pré-moldados. Ages, São Paulo. {online}. Disponível na internet via
www.url:
https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/29368/10/TCC%20final.p
df. Arquivo capturado em 04 de nov. 2023.

UFSC. O que são Resíduos da Construção Civil. {online}. Disponível na internet via
www.url: https://gestaoderesiduos.ufsc.br/rcc/. Arquivo capturado em 04 de nov.
2023.

Você também pode gostar