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UNIVERSIDADE POSITIVO

KAREN TECHY IASTRENSKI

WELITON DA MAIA

ESTUDO DE VIABILIDADE DE HIBRIDIZAÇÃO DE GERAÇÃO DA PCH


ITAGUAÇU

CURITIBA

2020
KAREN TECHY IASTRENSKI

WELITON DA MAIA

ESTUDO DE VIABILIDADE DE HIBRIDIZAÇÃO DE GERAÇÃO DA PCH


ITAGUAÇU

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à disciplina TCC I do curso
de Engenharia de Energia da Escola
Politécnica da Universidade Positivo.
Orientador: Prof. Jackson Milano

CURITIBA

2020
KAREN TECHY IASTRENSKI
WELITON DA MAIA

ESTUDO DE VIABILIDADE DE HIBRIDIZAÇÃO DE GERAÇÃO DA PCH ITAGUAÇU

Monografia aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Engenharia


de Energia, no curso de Engenharia de Energia da Escola Politécnica da Universidade Positivo,
pela seguinte banca examinadora:

______________________________
Orientador: Prof. Me. Jackson Milano
Universidade Positivo

______________________________
Prof. Me. Fabrízio Nicolai Mancini
Universidade Positivo

______________________________
Prof. Dr. Eduardo Juliano Alberti
Universidade Positivo

Curitiba, 27 de novembro de 2020.


Dedicamos nosso trabalho às nossas famílias
que nos apoiam desde o início de nossa
jornada e lutaram ao nosso lado para que
esse sonho fosse realizado. Aos nossos
amigos sempre presentes e compreensivos.
E aos professores que contribuíram
diariamente com nossa formação. Somos
gratos a cada um que contribuiu para a
realização deste trabalho e dedicaram seu
tempo e carinho para nos apoiar.
AGRADECIMENTOS

À nossa família, que sempre nos apoiou ao longo de todos esses anos de
graduação e, mesmo com nossa ausência devido ao trabalho e ao estudo, não mediu
esforços para nos manter unidos.
Ao nosso orientador, Professor Jackson Milano, que nos instruiu
magnificamente durante todo este trabalho, do qual já não conseguimos imaginar ter
chegado ao final sem sua orientação.
À todos os professores que nos impactaram e influenciaram de alguma forma,
cujos ombros serviram de apoio durante nossa jornada na graduação: Ana Cristina
Deschamps, Arileide Cristina Alves, Eduardo Juliano Alberti, Emerson Luís Alberti,
Fabrízio Nicolai Mancini, Felipe Augusto Przysiada, Guilherme Augusto Oliveira,
Guilherme Lemermeier, Jackson Milano, José Frederico Rehme, Julio Shigeaki Omori,
Leonardo Gomes Tavares e Luiz Alberto Bordignon.
Ao coordenador do curso Leonardo Gomes Tavares, que dirigiu o curso com
excelência e a quem temos total admiração e uma dívida imensurável.
Aos amigos que fizemos durante a graduação, pelo apoio recebido.
Aos colegas do Grupo de Pesquisas Energy Lab, pelo grande empenho na
construção do grupo, pela amizade que construímos e pelas histórias únicas que
recordaremos para sempre.
À Itaguaçu Energia S/A pela disponibilização de dados e informações, por
permitir e guiar a visitação, e por possibilitar a realização deste trabalho.
Em algum lugar, algo incrível está
esperando para ser conhecido.
Carl Sagan
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um estudo de caso de


hibridização da Pequena Central Hidrelétrica Itaguaçu, localizada no município de
Pitanga no Paraná. O estudo avalia a implementação de usinas fotovoltaica, eólica e
de biomassa que possam trabalhar de forma híbrida em conjunto com a hidrelétrica já
construída, com o objetivo de aumentar seu fator de capacidade. Avaliam-se as
questões técnicas, econômicas e ambientais dessa implementação, comparando com
o objetivo final de aumento do rendimento da usina. O dimensionamento da fonte de
geração fotovoltaica é limitado pelo espaço disponibilizado na usina não apenas em
solo, mas também na modalidade de usina flutuante. Para a usina a partir de biomassa
o maior fator limitante de capacidade é a disponibilidade de material, sendo
considerada a geração a partir dos resíduos agropecuários das cidades de Pitanga e
Boa Ventura do São Roque, próximas a usina. A geração eólica foi avaliada, mas a
baixa velocidade média do vento no local avaliado já sugeria sua inviabilidade. A
distância mínima entre turbinas também limitou a capacidade eólica máxima passível
de aproveitamento no local. Os resultados obtidos através das análises realizadas
apresentam as fontes fotovoltaica e biomassa com maior viabilidade, com a primeira
apresentando maior confiabilidade e demonstrando ser a fonte mais viável para
hibridização visto menor tempo de payback e bom aumento do fator de capacidade.
A hibridização da usina com geração fotovoltaica é classificada como geração híbrida
associada visto que, apesar de independentes, as plantas utilizam da mesma
infraestrutura para transmissão da eletricidade aumentando o fator de capacidade das
estruturas de 0,486 para 0,5405, representando 10,49% de mudança.

Palavras-chave: Usina híbrida. Hidrelétrica. Fotovoltaica. Eólica. Biomassa.


ABSTRACT

This work aims to develop a case study of hybridization of the Small Hydroelectric
Power Plant Itaguaçu, located in the municipality of Pitanga in Paraná. The study
evaluates the implementation of photovoltaic, wind and biomass plants that can work
hibridly in conjunction with the hydroelectric plant already built in order to increase its
capacity factor. The technical, economic and environmental issues of this
implementation are evaluated with the final objective of increasing the plant's yield.
The dimensioning of the photovoltaic generation source is limited by the space
available at the plant not only on the ground, but also as a floating plant. For the
biomass generation, the biggest capacity limiting factor is the availability of material
with agricultural residues of the cities of Pitanga and Boa Ventura do São Roque, close
to the plant, as source. Wind generation was assessed but the low average wind speed
at the site assessed already suggested its infeasibility. The minimum distance between
turbines also limited the maximum wind capacity that can be used on site. The results
obtained through the analyzes performed show the photovoltaic and biomass sources
with greater viability, with the first having been made with greater precision and proving
to be the most viable source for hybridization due to the shorter payback time, good
increase in capacity factor and greater reliability dimensioning. The hybridization of the
plant with photovoltaic generation is classified as an associated hybrid generation
since, although independent, the plants use the same infrastructure for electricity
transmission, increasing the capacity factor of the structures from 0.486 to 0.5405,
representing a 10.49% change.

Keywords: Hybrid power plant. Hydroelectric. Photovoltaic. Wind farm. Biomass.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capacidade Instalada de Geração Elétrica por Fonte no Brasil em 2018 16


Figura 2 - Casa de Força PCH Itaguaçu ................................................................... 18
Figura 3 – Perfil esquemático de usina hidrelétrica ................................................... 23
Figura 4 – Gráfico de escolha da turbina .................................................................. 26
Figura 5 - Geração por fonte e participação da hidroeletricidade na matriz elétrica
nacional ..................................................................................................................... 27
Figura 6 - Geração de energia elétrica entre 1999 e 2020 por fonte, escala de tempo
anual ......................................................................................................................... 28
Figura 7 - Geração de energia elétrica entre 1999 e 2020 por fonte, escala de tempo
mensal ....................................................................................................................... 29
Figura 8 – Variação da precipitação sobre terra entre 1951 e 2010 em mm/ano por
década ...................................................................................................................... 30
Figura 9 – Evolução do FC do parque hidrelétrico nacional ...................................... 31
Figura 10 - Tipologias de Usinas Híbridas ................................................................ 34
Figura 11 - Módulos fotovoltaicos.............................................................................. 37
Figura 12 - Inversor solar convencional .................................................................... 38
Figura 13 - Irradiação média mensal de Curitiba - PR .............................................. 40
Figura 14 - Usina Solar Fotovoltaica Flutuante ......................................................... 41
Figura 15 - Diagrama esquemático dos processos de conversão energética da
biomassa ................................................................................................................... 46
Figura 16 - Principais rotas de aproveitamento energético da biomassa .................. 49
Figura 17 - CAPEX e OPEX de biorreatores ............................................................. 53
Figura 18 - CAPEX e OPEX de geradores elétricos compatíveis com biogás .......... 54
Figura 19 - Aerogerador de eixo vertical ................................................................... 57
Figura 20 - Diagramação em blocos de um sistema de geração de energia eólica .. 58
Figura 21 - Componentes de um aerogerador de eixo horizontal ............................. 58
Figura 22 - Mapa do potencial eólico brasileiro com escala de cor ........................... 62
Figura 23 - Diagrama de Fluxo de Caixa ................................................................... 65
Figura 24 – Etapas da metodologia aplicada no trabalho ......................................... 71
Figura 25 - Unidades Geradoras na Casa de Força.................................................. 76
Figura 26 - Conjunto de baterias da PCH Itaguaçu ................................................... 77
Figura 27 - Software supervisório da PCH Itaguaçu ................................................. 78
Figura 28 - Disjuntor trifásico principal da usina PCH Itaguaçu................................. 78
Figura 29 - Entrada da subestação da PCH Itaguaçu ............................................... 79
Figura 30 - Transformador de 34,5 kV da subestação da PCH Itaguaçu .................. 79
Figura 31 - Barragem do reservatório da PCH Itaguaçu ........................................... 80
Figura 32 - Reservatório da PCH Itaguaçu ............................................................... 80
Figura 33 - Vista aérea, reservatório PCH Itaguaçu .................................................. 80
Figura 34 - Geração e comercialização mensal de energia nos anos de 2018 e 2019
.................................................................................................................................. 82
Figura 35 - Comparação entre geração mensal dos anos de 2018 e 2019 ............... 83
Figura 36 - Histórico do fator de capacidade da PCH Itaguaçu ................................ 84
Figura 37 - Área total do empreendimento PCH Itaguaçu ......................................... 87
Figura 38 - Área total do empreendimento PCH Itaguaçu – pós construção ............ 87
Figura 39 - Áreas disponíveis no empreendimento para a usina solar ...................... 88
Figura 40 - Ilustração distância entre módulos em solo ............................................ 89
Figura 41 - Custo para o cliente final usina solar em R$/Wp .................................... 92
Figura 42 - Custo detalhado UFV sobre o reservatório UHE Sobradinho ................. 93
Figura 43 - Comparação FC e Payback UFV ............................................................ 99
Figura 44 - Comparação FC e TIR UFV .................................................................. 100
Figura 45 - Comparação FC e TIR UFV .................................................................. 100
Figura 46 - Diagrama do dimensionamento da planta de geração elétrica a partir de
biomassa ................................................................................................................. 103
Figura 47 - Área disponível para o gerador eólico ................................................... 116
Figura 48 - Frequência da velocidade do vento Pitanga - PR ................................. 117
Figura 49 - Rosa dos ventos da frequência de velocidade na PCH Itaguaçu ......... 118
Figura 50 - Fluxo de caixa da usina solar de 4,359 MW ......................................... 126
Figura 51 - Geração da usina híbrida PCH Itaguaçu + solar ................................... 127
Figura 52 - Fluxo de caixa da planta de geração de biogás .................................... 128
Figura 53 - Geração da usina híbrida PCH Itaguaçu + biomassa ........................... 129
Figura 54 - Potência média das usinas (2018) ........................................................ 130
Figura 55 - Potência média das usinas (2019) ........................................................ 131
Figura 56 - Potência média do hibridismo ano 2018 ............................................... 131
Figura 57 - Potência média do hibridismo ano 2019 ............................................... 132
Figura 58 - Comparação da energia gerada e exposição no MCP por fonte .......... 134
Figura 59 - Comparação de venda e compra de energia no MCP por fonte ........... 135
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação de usinas hidrelétricas de acordo com potência e área do


reservatório ............................................................................................................... 25
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Função Gama para diferentes valores de k ............................................. 64


Tabela 2 - Geração e comercialização mensal de energia nos anos de 2018 e 2019.
.................................................................................................................................. 81
Tabela 3 - HSP médio e Produtividade média mensal irradiados na PCH Itaguaçu . 86
Tabela 4 - Ângulo Inclinação dos módulos ................................................................ 88
Tabela 5 - Potência máxima por área da usina ......................................................... 90
Tabela 6 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 2018 .................................. 95
Tabela 7 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 2019 .................................. 96
Tabela 8 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 0 até ano 12 ...................... 97
Tabela 9 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 13 até ano 25 .................... 98
Tabela 10 - Produção agropecuária dos municípios de Boa Ventura do São Roque e
Pitanga .................................................................................................................... 104
Tabela 11 - Produção de biogás de resíduos pecuários de Boa Ventura do São Roque
e Pitanga. ................................................................................................................ 104
Tabela 12 - Produção de biogás de resíduos agrícolas de Boa Ventura do São Roque
e Pitanga. ................................................................................................................ 105
Tabela 13 - Área necessária para planta de biogás ................................................ 107
Tabela 14 - CAPEX e OPES da planta de biodigestão ........................................... 108
Tabela 15 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW para o ano
2018 ........................................................................................................................ 109
Tabela 16 - - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW para o ano
2019 ........................................................................................................................ 110
Tabela 17 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW ano 0 até ano
12 ............................................................................................................................ 111
Tabela 18 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW ano 13 até
ano 25 ..................................................................................................................... 112
Tabela 19 - Grandezas para o cálculo de potencial eólico ...................................... 114
Tabela 20 - Potência média de geração por período .............................................. 118
Tabela 21 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 2018 ............................. 120
Tabela 22 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 2019 ............................. 121
Tabela 23 - Planilha Simulação Eólica em 0,8 MW ano 0 até ano 12 ..................... 122
Tabela 24 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 13 até ano 25 ............... 123
Tabela 25 - Resultados das análises de viabilidade técnica das fontes avaliadas para
hibridização ............................................................................................................. 133
Tabela 26 - Resultados das análises de viabilidade econômica das fontes avaliadas
para hibridização ..................................................................................................... 134
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
a-Si Silício Amorfo
BEN Balanço Energético Nacional
CA Corrente Alternada
CAPEX Despesas de capital
CC Corrente Continua
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CdTe Telureto de Cádmio
CF Casa de força
CGH Central de Geração Hidrelétrica
CIGS Disseleneto de Cobre, Índio e Gálio
COPEL Companhia Paranaense de Energia
CPV Concentrated Photovoltaics
dBA Decibéis
DSSC Dye-Sensitized Solar Cell
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FC Fator de Capacidade
GD Geração Distribuída
GW Gigawatt
GWh Gigawatt hora
HSP Horas de Sol Pleno
IEA Agência Internacional de Energia
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
kg Quilograma
km² Quilômetro quadrado
kW Kilowatt
kWh Kilowatt hora
m Metro
m/s Metros por segundo
MCP Mercado de Curto Prazo
MMGD Micro e Mini Geração Distribuída
m-Si Silício Monocristalino
Mtep Mega tonelada equivalente de petróleo
MW Megawatt
MWh Megawatt hora
MWmed Megawatt médio
ONS Operadora Nacional do Sistema Elétrico
OPEX Despesas operacionais
OPV Organic Photovoltaic
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PLD Preço da Liquidação das Diferenças
PRODIST Procedimentos de Distribuição
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
p-Si Silício Policristalino
rad/s Radianos por segundo
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
rpm Rotações por minuto
SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
SIN Sistema Interligado Nacional
SPPM Seguidor do Ponto de Potência Máxima
STC Standard Test Conditions
TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
TUST Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão
UG Unidade geradora
UHE Usina Hidrelétrica
W/m² Watt por metro quadrado
LISTA DE SÍMBOLOS

𝜌 Massa específica da água (kg/m³); densidade do ar (kg/m³)


η Rendimento
𝜆 Razão entre velocidade tangencial da ponta de uma pá e
velocidade incidente
𝛽 Ângulo de passo
𝜛 Velocidade angular de rotor (rad/s)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16

1.1 TEMA ....................................................................................................... 16

1.2 PROBLEMA ............................................................................................. 17

1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 19

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................. 20

1.4.1 Objetivo geral.......................................................................................... 20

1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................. 20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 21

2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 21

2.1.1 Energia hidrelétrica ................................................................................ 21

2.1.1.1 Potencial hidrelétrico ................................................................................ 22

2.1.1.2 Componentes de uma usina hidrelétrica .................................................. 22

2.1.1.3 Classificação de usinas hidrelétricas ........................................................ 23

2.1.1.4 Hidroeletricidade no Brasil ........................................................................ 26

2.1.1.5 Variações do ciclo da água ...................................................................... 29

2.1.2 Fator de capacidade (FC) ....................................................................... 31

2.1.3 Usinas hibridas ....................................................................................... 32

2.1.3.1 Usinas Adjacentes .................................................................................... 32

2.1.3.2 Usinas Associadas ................................................................................... 32

2.1.3.3 Usinas Híbridas (strictu sensu) ................................................................. 33

2.1.3.4 Portfólios Comerciais................................................................................ 33

2.1.4 Energia solar fotovoltaica ...................................................................... 34

2.1.4.1 Elementos de um sistema fotovoltaico ..................................................... 35

2.1.4.2 Módulo fotovoltaico................................................................................... 36

2.1.4.3 Inversor .................................................................................................... 37


2.1.4.4 Dimensionamento de um sistema fotovoltaico ......................................... 38

2.1.4.5 Recurso solar ........................................................................................... 39

2.1.4.6 Definição da localização e configuração do sistema ................................ 40

2.1.4.7 Levantamento da demanda e consumo da energia elétrica ..................... 42

2.1.4.8 Dimensionamento do gerador e inversor fotovoltaico............................... 42

2.1.5 Energia elétrica a partir de biomassa ................................................... 45

2.1.5.1 Fontes de biomassa ................................................................................. 47

2.1.5.2 Tecnologias de conversão ........................................................................ 48

2.1.5.3 Dimensionamento de estruturas de geração de bioeletricidade ............... 50

2.1.5.4 Determinação dos custos de uma planta de biodigestão ......................... 52

2.1.5.5 Impacto ambiental de termelétricas à biomassa ...................................... 55

2.1.6 Energia eólica ......................................................................................... 56

2.1.6.1 Tipos de aerogeradores ........................................................................... 56

2.1.6.2 Componentes de um sistema eólico......................................................... 57

2.1.6.3 Nacele ...................................................................................................... 59

2.1.6.4 Torre ......................................................................................................... 59

2.1.6.5 Pás, cubo e eixo ....................................................................................... 59

2.1.6.6 Transmissão e caixa multiplicadora.......................................................... 60

2.1.6.7 Gerador .................................................................................................... 60

2.1.6.8 Potencial de geração eólica ..................................................................... 61

2.1.6.9 Dimensionamento de um sistema eólico .................................................. 62

2.1.7 Metodologia para análise de viabilidade econômica .......................... 65

2.1.7.1 Fluxo de Caixa.......................................................................................... 65

2.1.7.2 Valor Presente do Dinheiro ...................................................................... 66

2.1.7.3 Valor Presente Líquido ............................................................................. 66

2.1.7.4 Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................................. 67


2.1.7.5 Payback.................................................................................................... 67

2.1.7.6 Índice de Benefício/Custo (IBC) ............................................................... 68

2.2 TRABALHOS RELACIONADOS .............................................................. 68

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................. 71

3.1 TIPO E OBJETO DE PESQUISA ............................................................. 72

3.2 AMOSTRA DE ESTUDO .......................................................................... 72

3.3 COLETA DE INFORMAÇÕES.................................................................. 73

3.4 ANÁLISE DE DADOS............................................................................... 73

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............................................. 74

4 DESENVOLVIMENTO ............................................................................. 76

4.1 VISITA TÉCNICA ..................................................................................... 76

4.2 ANÁLISE DOS DADOS DA GERAÇÃO HÍDRICA DA PCH ITAGUAÇU . 81

4.2.1 Dados mensais de energia gerada e comercializada .......................... 81

4.2.2 Dados diários de operação .................................................................... 84

4.3 DIMENSIONAMENTO DAS FONTES ...................................................... 85

4.3.1 Geração de eletricidade a partir da energia solar................................ 85

4.3.1.1 Análise do recurso solar ........................................................................... 85

4.3.1.2 Área disponível para geração ................................................................... 86

4.3.1.3 Potencial de geração ................................................................................ 88

4.3.1.4 Análise financeira da geração solar.......................................................... 90

4.3.1.5 Análise ambiental energia solar.............................................................. 101

4.3.2 Geração de eletricidade a partir de biomassa ................................... 102

4.3.2.1 Disponibilidade de substrato .................................................................. 103

4.3.2.2 Dimensionamento da planta ................................................................... 106

4.3.2.3 Potencial de geração .............................................................................. 107

4.3.2.4 Análise financeira da geração a partir da biomassa ............................... 107


4.3.2.5 Análise ambiental da planta de biodigestão ........................................... 113

4.3.3 Geração de eletricidade a partir da energia eólica ............................ 113

4.3.3.1 Análise do recurso eólico ....................................................................... 113

4.3.3.2 Área disponível para geração eólica ...................................................... 115

4.3.3.3 Potencial de geração eólica ................................................................... 116

4.3.3.4 Análise financeira geração eólica ........................................................... 119

4.3.3.5 Análise ambiental usina eólica ............................................................... 124

5 RESULTADOS ....................................................................................... 126

5.1 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DE ENERGIA SOLAR ....... 126

5.2 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DE BIOMASSA ................. 127

5.3 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DA ENERGIA EÓLICA ...... 129

5.4 IMPACTO DO HIBRIDISMO NA ESTRUTURA ELÉTRICA EXISTENTE


............................................................................................................... 130

5.5 VIABILIDADE DA HIBRIDIZAÇÃO ......................................................... 133

6 CONCLUSÕES ...................................................................................... 137

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 139

ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS E DADOS FORNECIDOS


PELA ITAGUAÇU S/A ....................................................................... 144

ANEXO B – DATASHEET MÓDULO FOTOVOLTAICO Q-PEAK DUO L-5.2 ....... 174


16

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta o estudo de hibridização da Pequena Central


Hidrelétrica (PCH) Itaguaçu com o objetivo de melhorar o fator de capacidade (FC) da
estrutura já disponível no empreendimento. A PCH possui 14 MW de potência
instalada e está situada no rio Pitanga entre os municípios paranaenses de Pitanga e
Boa Ventura de São Roque, na região central do estado do Paraná.

1.1 TEMA

As usinas hidrelétricas possuem grande importância no setor elétrico


brasileiro. De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) (EPE, 2019a), 64%
da capacidade instalada de geração de energia elétrica tem como fonte usinas
hidrelétricas. Desse total, o estudo indica que 5,157 MW correspondem à Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCHs), 3,17% da capacidade total instalada. A Figura 1
apresenta a capacidade instalada de cada fonte no Brasil.

Figura 1 – Capacidade Instalada de Geração Elétrica por Fonte no Brasil em 2018

Fonte: adaptado de EPE (2019a)


17

Apesar da geração relativamente pequena em relação às Usinas Hidrelétricas


(UHEs), as PCHs se destacam visto menor impacto ambiental e social além de
geralmente disponibilizarem geração mais próxima às cargas.

1.2 PROBLEMA

Mesmo bem dimensionadas, usinas hidrelétricas nem sempre operam em sua


capacidade máxima deixando de aproveitar completamente a estrutura disponível.
Isso pode ocorrer devido ao sobredimensionamento para futuras ampliações,
operação com maior margem de segurança, ou ainda devido a sazonalidade no
comportamento dos rios. A Agência Nacional de Águas (ANA) (2016) prevê maior
imprevisibilidade dos rios visto os impactos das mudanças climáticas recentes,
tornando a operação das usinas ainda mais instáveis visto a necessidade de revisão
de outorgas do uso da água. Essa imprevisibilidade pode afetar a garantia física das
usinas, sendo essa garantia a quantidade de energia que uma usina consegue suprir
dado um critério pré-definido. A garantia física serve de base para o cálculo e
gerenciamento da oferta de energia interna do país, o que pode acarretar uma
instabilidade e ociosidade do sistema. Como sugere a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) (2018), usinas híbridas e de geração associada aumentam o uso
da capacidade dos sistemas de distribuição e transmissão, otimizam o uso da área da
usina e se aproveitam da complementariedade entre fontes energéticas, trazendo
benefícios à rede. A adição de outras fontes de geração de energia em usinas
hidrelétricas auxilia a geração hidráulica em períodos de menor fluxo de água e
permite a manutenção do reservatório para melhor atendimento do pico de demanda.
Além disso é importante destacar que a adoção do hibridismo, ou a hibridização das
fontes, levará a um “aumento no FC” no ponto de conexão, o que será traduzido em
um aumento no percentual de geração das usinas e também um aproveitamento maior
das infraestruturas elétricas disponíveis como subestações e linhas de transmissão e
distribuição.
A PCH Itaguaçu, objeto do estudo aqui proposto, possui 14 MW de potência
instalada, sendo duas unidades geradoras de 7 MW cada, está instalada em Pitanga
no Paraná e opera, de acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da usina,
com FC médio de 0,61 (o conceito de FC é explicado com mais detalhes no tópico
2.1.2). Seu maior empecilho é a variação da vazão do Rio Pitanga, onde está situada.
18

A PCH vende a energia gerada no mercado livre de curto prazo assumindo contratos
que podem ser prejudicados caso o fluxo de água do rio não seja como esperado.
Caso a geração seja menor do que a prevista, é necessário que a PCH compre
energia no mercado livre, geralmente a preços mais elevados, para garantir a entrega
ao contratante.
A Figura 2 apresenta a casa de força e o conduto forçado do empreendimento
objeto desse estudo.

Figura 2 - Casa de Força PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Neste trabalho serão utilizados dados da PCH Itaguaçu para a pesquisa das
fontes de energia elétrica que possam complementar sua geração tendendo ao melhor
custo/benefício, em uma análise tecnológica, econômica e, caso aplicável, ambiental.
Esse estudo procura avaliar a possibilidade de hibridização de geração da
usina com inserção de diferentes fontes de geração de energia para que a estrutura
elétrica do local, como linhas de distribuição e subestação, possa ser melhor
aproveitada, com isso melhorando o FC das estruturas da usina.
Sobre energias renováveis:

Fontes de energia renováveis, tais como a solar (fotovoltaica), a eólica, a


hídrica (de pequeno e médio porte), ou a biomassa, constituem exemplos
reais para geração de eletricidade em áreas remotas detentoras das mesmas.
Porém, os custos de investimento para instalação de sistemas que utilizam
essas fontes são bastante elevados, sendo essencial uma boa caracterização
dos recursos energéticos e da demanda elétrica, de forma a dimensionar o
19

sistema de geração que melhor atenda à necessidade de energia com o


menor custo (PINHO et al, 2008, p. 171).

Conforme o resultado, serão avaliadas as diferentes formatações legais


possíveis para manipulação da geração hidráulica e venda do montante energético
gerado.

1.3 JUSTIFICATIVA

Para a construção de usinas, principalmente centralizadas, há um


investimento considerável de capital em parte devido a infraestrutura necessária para
a geração e transmissão da energia. Essa infraestrutura possui elementos como
subestações e linhas de transmissão e distribuição com capacidades calculadas em
relação a produtividade das usinas que estão conectadas. Em certos
empreendimentos a subestação e linhas de transmissão atendem usinas que não
possuem um aproveitamento total do FC e com isso trazendo horas de ociosidade
para seus equipamentos, há então a possibilidade de acomodar novas usinas sem a
necessidade de investimento em uma nova infraestrutura (EPE, 2018). A PCH
Itaguaçu que será estudada nesse trabalho se enquadra nessa situação. Uma solução
para aumentar o FC da subestação e linha de transmissão existentes é o uso do
conceito de hibridização de usinas onde dois ou mais tipos de usinas operam em
associadas para geração de energia elétrica.
A diversificação das fontes e a característica renovável fazem parte dos
benefícios energéticos que a hibridização traz para o sistema elétrico. Partindo do
ponto que, para o Sistema Interligado Nacional (SIN) a menor variação da geração
renovável percebida ou o aumento da demanda máxima contribuída, deve ocorrer e
sendo as usinas conectadas no mesmo ponto ou não. A hibridização tem por
consequência diversificação das fontes aumentando o portifólio energético do sistema
(EPE, 2019b). Considerando o alto custo de investimento em infraestrutura, crescente
imprevisibilidade de rios e a hibridização como forma de mitigação de problemas de
FC de estruturas elétricas, a elaboração de estudos de caso como o aqui apresentado
oferece relevante base científica para implementação de modelos de negócios futuros.
A avaliação da hibridização abrangendo apenas fontes de geração renováveis
também demonstra importância visto a tendência mundial de aumento desse tipo de
geração.
20

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Avaliar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da hibridização da


geração de energia elétrica da PCH Itaguaçu, selecionando fontes de geração e
dimensionando-as para aproveitamento das instalações elétricas existentes como
linhas de distribuição e subestação.

1.4.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos para o desenvolvimento do trabalho são:


1. Estudar histórico hidrológico, histórico de geração e As Built da PCH e
subestação do empreendimento.
2. Avaliar instalações de distribuição e subestação da concessionária aliado
ao estudo dos procedimentos de distribuição.
3. Selecionar e dimensionar fontes de geração auxiliar com estudo de
vocação energética do local e limitações da estrutura.
4. Fornecer estudo de viabilidade técnica e econômica da hibridização do
empreendimento e uma pré-análise ambiental, apontando requisitos legais
e custos para realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA) se necessário.
21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente capítulo irá trazer informações sobre conceitos utilizados para o


desenvolvimento do trabalho em si além de procurar trabalhos similares ao que será
aqui desenvolvido.
O tópico 2.1 traz a fundamentação teórica necessária para o desenvolvimento
do projeto enquanto o tópico 2.2 procura trazer trabalhos similares ao aqui proposto,
avaliando semelhanças e diferenças.

2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O tópico 2.1 se inicia explicando conceitos relacionados ao objeto de estudo


do presente trabalho, a geração hidrelétrica, dando ênfase da geração de pequeno
porte. O tópico 2.1.2 conceitua o FC e explica o que esse fator significa para uma
usina e sua estrutura auxiliar. As usinas híbridas, vistas como forma de melhorar o FC
de uma usina, tem seu conceito explicado no tópico 2.1.3. Os tópicos 2.1.4 até 2.1.6
abordam diferentes fontes de geração que podem ser associadas à PCH estudada,
sendo que foram descartadas fontes fósseis e de indisponibilidade na região. O tópico
2.1.7 é dedicado à fundamentação da análise econômica de empreendimentos de
geração de energia.

2.1.1 Energia hidrelétrica

A geração de energia hidrelétrica tem como fontes primárias a energia do sol


e da gravidade. A primeira é responsável pelo ciclo da água sendo que é intensificada
ou desgastada de acordo com condições atmosféricas. O aquecimento solar aquece
a água que evapora, condensa, e precipita como chuva. Essa energia é ainda
responsável pelo controle dos ventos, que novamente influencia o ciclo. A energia
gravitacional atua na geração hidrelétrica visto que corresponde à diferença de
potencial entre duas ou mais massas, sendo que para geração hidrelétrica essa
relação é intensificada artificialmente com barragens (TOLMASQUIM, 2016).
22

2.1.1.1 Potencial hidrelétrico

Para a avaliação do potencial de um aproveitamento energético, percebemos


a influência das energias solar e gravitacional na equação responsável por sua
determinação que considera gravidade, vazão da água e diferença de altura entre o
montante e jusante. Deve-se ainda adicionar o rendimento do maquinário envolvido
na geração e a densidade específica do fluído, como pode ser observado na equação
1 (TOLMASQUIM, 2016).

𝑃𝑒𝑙 = 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ 𝑄 ∙ 𝐻 ∙ 𝜂
(1)
Onde:
𝑃𝑒𝑙 é a potência elétrica de saída do gerador [W]
𝜌 é a massa específica da água [kg/m³]
𝑔 é a aceleração da gravidade [m/s²]
𝑄 é a vazão que irá passar pela turbina [m³/s]
𝐻 é a queda líquida [m]
𝜂 é o rendimento do conjunto turbina-gerador

A queda líquida será fornecida pela diferença de altura entre a água dos níveis
jusante e montante, sendo que o fluxo de entrada de água no reservatório e a vazão
vertida ou turbinada irão alterar o valor da queda variando também o potencial de
geração elétrica (PEREIRA, 2015).

2.1.1.2 Componentes de uma usina hidrelétrica

Pode-se observar na Figura 3 os principais componentes de uma usina


hidrelétrica: reservatório, canal, sistema para direcionamento da água (duto) e casa
de força (TOLMASQUIM, 2016).
23

Figura 3 – Perfil esquemático de usina hidrelétrica

Fonte: ANEEL (2008)

A barragem irá reter a água para criar o reservatório, sendo que pode
aproveitar recursos locais como pedras retiradas pela escavação da área ou ser
completamente artificial. Pode-se considerar a ensecadeira também como uma
barragem, no entanto essa é construída para desviar o rio durante a construção da
obra permanente sendo inutilizada depois de cumprir sua função. É a barragem que
irá fornecer o desnível entre as massas d’água (SOUZA; SANTOS; BORTONI, 1999).
O vertedouro escoa o excesso de água do reservatório evitando que a água
ultrapasse a capacidade da barragem. A estrutura pode contar com dutos e comportas
ou de soleira livre sem a necessidade de operação (SOUZA; SANTOS; BORTONI,
1999).
Após ser represada pela barragem a água é guiada pela tomada d’água para
o conduto que irá direcionar o fluxo até as turbinas dentro da casa de máquinas, local
onde ocorre a transformação de energia. Ao empurrar as pás de uma unidade
geradora a energia potencial hidráulica é convertida em energia mecânica no eixo do
grupo turbina-gerador. O torque causado pela água irá ser convertido no gerador em
energia elétrica. A casa de força abriga ainda equipamentos auxiliares de
resfriamento, filtros e armazenamento de óleo para operação dos componentes
eletromecânicos (TOLMASQUIM, 2016).

2.1.1.3 Classificação de usinas hidrelétricas

A configuração da Figura 3 apresentada no tópico anterior representa uma


usina hidrelétrica genérica, porém, cada empreendimento pode apresentar
24

características únicas para que se adapte às condições topográficas, geográficas e


socioambientais do local de implantação (TOLMASQUIM, 2016). Com isso surgem
diferentes formas de classificação referentes a variados aspectos da usina. A Agência
Internacional de Energia (IEA) (2012) reconhece formas de classificação de acordo
com potência e tamanho da planta, queda líquida, função e modo de operação, sendo
que o Technology Roadmap fornecido pela agência utiliza a classificação de acordo
com a forma de operação. As categorias para a classificação de acordo com operação
são: usina com reservatório de acumulação, usina a fio d’água e usinas reversíveis.
Usinas com reservatório de acumulação são usinas de maior capacidade
instalada e permitem maior flexibilidade de operação conforme a demanda. Os
armazenamentos podem conter o equivalente a meses da vazão média do rio,
podendo ainda auxiliar no controle de alagamentos e fornecimento de água para
irrigação. Por utilizarem uma área grande para armazenamento de água, seja devido
alagamento artificial ou com a utilização de lagos naturais, os efeitos socioambientais
desse tipo de usina tendem a ser maiores (IEA, 2012).
Sobre a categoria de usinas hidrelétricas a fio d’água:

As usinas hidrelétricas a fio d’água são usinas sem reservatório de


regularização, cujo nível de água operativo (NA) não varia (ou varia muito
pouco). Nessas usinas, incluem-se as usinas com regularização diária ou
semanal, que permitem o fornecimento da potência máxima em períodos de
ponta (PEREIRA, 2015, p. 98).

Tolmasquim (2016) acrescenta que usinas com reservatório de acumulação e


a fio d’água “podem ser combinados em sistemas de cascata, com reservatórios de
acumulação localizados na cabeceira dos rios”.
A terceira categoria de classificação das usinas abrange usinas hidrelétricas
reversíveis, sendo essas as únicas com possibilidade de operar em ciclo fechado.
Essas usinas trabalham com conjuntos reversíveis bomba/turbina ou com a
combinação de turbinas e bombas, sendo que turbinam a água em momentos de
maior demanda e a bombeiam para o reservatório superior em momento de menor
demanda. Pode-se então considerar que usinas reversíveis não são unidades
geradoras de energia elétrica, e sim usinas de armazenamento de eletricidade
(TOLMASQUIM, 2016).
Apesar da importância da classificação de acordo com o modo de operação
de uma usina, a classificação de acordo com seu tamanho e potência é bastante
25

utilizada em estudos fornecidos pela EPE. Essa classificação conta com os tipos de
usinas: UHEs, PCHs, Centrais de Geração Hidrelétrica (CGHs), Minigeração
Distribuída e Microgeração Distribuída (MMGG) sendo os critérios expostos no
Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação de usinas hidrelétricas de acordo com potência e área do


reservatório
Classificação Potência instalada Área do reservatório
Menor ou igual a 75 kW e regime de
Microgeração
compensação de energia
Superior a 75 kW e inferior ou igual a
Minigeração 5 MW e regime de compensação de
energia
CGH Igual ou inferior a 5 MW
Superior a 5 MW e inferior a 30 MW Até 13 km² excluindo calha do leito
PCH
regular do rio
Superior a 5 MW e inferior a 30 MW Superior a 13 km² excluindo calha
UHE do leito regular do rio
Superior a 30 MW
Fonte: adaptado de ANEEL (2012) e ANEEL (2020a)

Tolmasquim (2016) ressalta que usinas de menores potência e área de


reservatório são associadas à riscos socioambientais mais baixos recebendo
vantagens fiscais e tarifárias.
A usinas podem ainda ser classificadas de acordo a turbina utilizada (IEA,
2012). Pelo tipo da turbina é possível estimar o tamanho da queda e a vazão do rio
visto a relação desses fatores na escolha do equipamento. A relação entre
características do empreendimento e tipo de turbina pode ser melhor observada na
Figura 4.
O gráfico da Figura 4 apresenta cinco tipos de turbinas, sendo Pelton, Francis
e Kaplan (incluindo Bulbo como subtipo) os grupos principais. As turbinas têm faixa
de operação variável graças as pás móveis e distribuidores de fluxo da água, sendo
que grandes projetos podem exigir o desenvolvimento de equipamentos
extremamente específicos para melhor desempenho de geração (TOLMASQUIM,
2016).
26

Figura 4 – Gráfico de escolha da turbina

Fonte: Eletrobrás (2017)

2.1.1.4 Hidroeletricidade no Brasil

No Brasil a geração de energia a partir de usinas hidrelétricas tem grande


destaque, como pode-se observar no gráfico da Figura 5.
27

Figura 5 - Geração por fonte e participação da hidroeletricidade na matriz elétrica


nacional

Fonte: Tolmasquim (2016)

Apesar da tendência de crescimento no período analisado, pelo gráfico da


Figura 5 pode-se perceber momentos em que a geração hidrelétrica diminui em
geração de energia e em porcentagem de participação na matriz. No ano 2000 a
queda ocorre devido à crise hídrica e falta de armazenamento nas UHEs, sendo que
a participação de usinas termelétricas nesse período acarretou aumento do custo da
energia elétrica e decreto de racionamento de energia em 2001. A queda da
participação da geração hidrelétrica na matriz de 83% em 2011 para 63% em 2014
ocorre após outra crise hídrica, no entanto, reforços na rede de transmissão e inserção
da geração eólica colaboraram para a não necessidade de novo racionamento
(TOLMASQUIM, 2016).
Utilizando a plataforma disponibilizada pelo Operador Nacional do Sistema
(ONS) (2020) para observar os dados de geração a partir de 2014, pode-se obter o
gráfico da Figura 6, que mostra recuperação leve da geração hidrelétrica a partir do
ano de 2015 sendo usada a escala de tempo anual.
28

Figura 6 - Geração de energia elétrica entre 1999 e 2020 por fonte, escala de tempo
anual

Fonte: ONS (2020)

Alterando a escala de tempo para mensal é gerado o gráfico da Figura 7.


Com a alteração da escala de tempo vemos que apesar da gradual
recuperação da geração hidrelétrica, estão também intensificados os ciclos de
geração. É possível observar uma grande queda em 2001 visto a crise hídrica já
mencionada no tópico 2.1.1.4. Mais recentemente, a partir de 2013, a variação se
torna mais intensa alcançando variações de 15.451 GWh em menos de um ano, como
observamos entre os meses de janeiro e agosto de 2019.
29

Figura 7 - Geração de energia elétrica entre 1999 e 2020 por fonte, escala de tempo
mensal

Fonte: ONS (2020)

2.1.1.5 Variações do ciclo da água

A ANA (2016) afirma que a água é o indicador mais incisivo dos efeitos de
mudanças climáticas, aumentando a complexidade dos estudos de previsão de
vazões de bacias hidrográficas diminuindo sua confiabilidade. O estudo reitera que o
ciclo da água está diretamente ligado com qualidade de vida, saúde, economia e
produtividade de alimentos e de energia. A agência traz ainda que hidrelétricas são
afetadas de formas diferentes de acordo com seu tamanho e tipo de operação, sendo
necessárias soluções diferentes para suas vulnerabilidades.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2015) traz
em seu relatório sobre mudanças climáticas os estudos do ciclo da água afirmando
que a mudança não será uniforme. O documento traz dados sobre aquecimento global
e como seus efeitos já podem ser observados a partir da análise dos dados das
últimas décadas. A Figura 8 mostra a variação da precipitação anual entre os anos de
1951 e 2010.
30

Figura 8 – Variação da precipitação sobre terra entre 1951 e 2010 em mm/ano por
década

Fonte: IPCC (2015)

O relatório informa ainda que as variações seguem os padrões de variação


de temperatura associado a mudanças climáticas e que os valores tendem a se
intensificar tornando estudos sobre o ciclo da água menos confiáveis.
Alterações nas bacias hidrográficas podem ocorrer mesmo naturalmente,
sendo que a EPE ([s.d.]) prevê revisões da garantia física das usinas hidrelétricas a
cada cinco anos ou na ocorrência de fatos relevantes. A garantia física corresponde à
quantidade de energia que uma unidade de geração pode fornecer servindo como
métrica de limitação da comercialização de energia de uma usina e participação do
planejamento energético nacional realizado pela ONS.
O gráfico da Figura 9 mostra a queda do FC médio das UHEs brasileiras,
conceito a ser apresentado no tópico 2.1.2.
Para Tolmasquim (2016), a queda do FC entre os anos 2011 e 2014 se dá em
função de condições hidrológicas desfavoráveis e significa que as usinas estão
produzindo menos do que se esperava.
31

Figura 9 – Evolução do FC do parque hidrelétrico nacional

Fonte: Tolmasquim (2016)

2.1.2 Fator de capacidade (FC)

O FC pode ser definido pela proporção do montante de energia efetivamente


gerada pela energia capaz de ser produzida caso operasse na potência instalada
máxima 24 horas por dia. Esse valor é geralmente calculado mensalmente ou
anualmente para fins estatísticos. A relação pode ser calculada em função da equação
2 (MORI, 2016).

Energia Gerada
𝐹𝐶 (%) = (2)
Potência Instalada x 24 x dias

O FC varia de acordo com a fonte energética de uma usina. Usinas


geotérmicas, térmicas e nucleares operam entre 70 e 99% de FC visto a possibilidade
de controle e estocagem da matéria prima para geração (GOSWAMI; KREITH, 2016).
Fontes intermitentes que variam rapidamente, como solar e eólica, ou de mais
complexa estocagem de recursos, como hidrelétricas, operam com fatores de
capacidade menores. Segundo o BEN (EPE, 2019a) o FC médio em 2019 das usinas
solares, eólicas e hidráulicas foram respectivamente de 15%, 32% e 55%.
32

O termo FC é também utilizado para as estruturas de conexão da fonte de


geração com a rede ou com o consumidor. Nesse sentido, o fator pode ser visto como
uma métrica de ociosidade do sistema de transmissão e da subestação (EPE, 2019b).

2.1.3 Usinas híbridas

Define-se usina híbrida como sendo uma usina que utiliza mais de uma fonte
primária de geração de energia elétrica, se caracterizando pela capacidade de uma
fonte suprir a falta temporária de outra, diminuindo interrupções e tendo sua
otimização de recursos energéticos e financeiros como objetivos principais
(BARBOSA, 2006).
O Estudo de Planejamento de Expansão da Geração sobre usinas elaborado
pela EPE (2018) estabelece os conceitos gerais de usinas híbridas, suas possíveis
combinações de tecnologias e suas tipologias. Para o melhor entendimento a
instituição separou o que se entende de usinas efetivamente hibridas e aquelas que
compartilham infraestrutura ou contratos, sendo elas: usinas adjacentes, usinas
associadas, usinas Híbridas (strictu sensu) e portfólios comerciais.

2.1.3.1 Usinas Adjacentes

Usinas adjacentes são basicamente aquelas construídas em localidades


próximas entre si, podendo utilizar o mesmo terreno e compartilhar instalações de
interesse restrito, sendo essas subestações ou linhas de transmissão. Mesmo
contendo esse compartilhamento, na visão do SIN, por requisitarem potência instalada
nominal compatível com sua respectiva instalação e por não compartilharem os
equipamentos de geração, não são consideradas propriamente usinas híbridas (EPE,
2018).

2.1.3.2 Usinas Associadas

São definidas como duas ou mais usinas de fontes energéticas distintas


(hidrelétrica e solar, por exemplo), com características de produção complementar e
que, além de sua proximidade, compartilham fisicamente e contratualmente a
infraestrutura de conexão de acesso à Rede Básica (utilizando os procedimentos de
33

rede da ONS) ou rede de distribuição (utilizando os Procedimentos de Distribuição,


PRODIST, da ANEEL). Sendo assim, sua associação tem em contrato uma
capacidade de uso de rede inferior a soma da capacidade nominal de cada usina
(EPE, 2018).

2.1.3.3 Usinas Híbridas (strictu sensu)

As usinas híbridas são definidas como aquelas que combinam seus recursos
energéticos distintos ainda no meio de produção de energia elétrica. Um exemplo
dessa modalidade são as usinas heliotérmicas com queima de biomassa, de forma
que o vapor produzido pela queima de ambas as fontes (solar + biomassa) é
aproveitada na mesma turbina (EPE, 2018).

2.1.3.4 Portfólios Comerciais

Diferente dos outros arranjos anteriores, as usinas de portfólios não


necessariamente possuem proximidade física ou compartilhamento de equipamentos,
porém se mantém a necessidade de adotar diferentes tipos de geração. O arranjo se
caracteriza por possuir contratos comerciais partilhados com o objetivo de reduzir
exposições de compra de energia a preço de curto prazo, sobretudo em contratos de
compra por quantidade. Cabe ressaltar que esse tipo de categoria não impacta a
contratação do sistema de distribuição ou de transmissão, referentes as Tarifa de Uso
do Sistema de Distribuição (TUSD) e Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão
(TUST).
A Figura 10 demonstra um resumo das 4 tipologias citadas.
34

Figura 10 - Tipologias de Usinas Híbridas

Fonte: EPE (2018)

2.1.4 Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é por definição a energia obtida através da


conversão da luz incidente do sol em eletricidade por um efeito conhecido como efeito
fotovoltaico. O dispositivo que converte essa energia é a célula fotovoltaica, fabricada
com material semicondutor, sendo a unidade fundamental desse processo. O Efeito
fotovoltaico em si foi descoberto por Edmond Becquerel em 1839 (GALDINO; PINHO,
2014).
Através da normativa nº 482/2012 da ANEEL (2012), foi possível que
unidades consumidoras pudessem gerar energia elétrica conectando usinas a rede
elétrica de distribuição na modalidade de compensação de energia elétrica (net
metering), tendo como requisitos mínimos serem provenientes de fontes de energia
35

solar, eólica, hidráulica, biomassa ou cogeração qualificada, com potência instalada


de até 5 MW (GALDINO; PINHO, 2014). A geração distribuída é considerada como o
oposto da geração centralizada, pois sua integração ao sistema elétrico é feita de
forma dispersa, próxima a carga e conectada ao sistema de distribuição, enquanto as
usinas centralizadas, geralmente, estão à longas distâncias dos centros de consumo,
produzindo grandes quantidades de eletricidade e se interligando ao sistema de
transmissão (ABREU; OLIVEIRA; GUERRA, 2010).
Segundo BEN elaborado pela EPE (2019a) a energia solar fotovoltaica na
modalidade centralizada representava cerca de 1,1% da capacidade instalada na
matriz energética elétrica do país. Esse número atualizado pode ser visto no Banco
de Informações de Geração (BIG) elaborado pela ANEEL (2020b), que até a data do
desenvolvimento desse trabalho representa cerca de 1,57% da capacidade instalada.
Para a modalidade de geração distribuída (GD), segundo dados da ANEEL
(2020b), durante o desenvolvimento deste trabalho o país possui 278.454 unidades
consumidoras na modalidade de geração distribuída, sendo 265.302 apenas de
usinas fotovoltaicas, totalizando mais de 2,4 GW de potência instalada. A potência em
GD é um pouco menor quando em relação a usinas centralizadas e, possivelmente,
deve ultrapassá-la em breve, dado que o setor vem em crescimento constante.
O livro Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos por GALDINO e
PINHO (2014), traz em seu capitulo 6 o métodos de análise e dimensionamento de
sistemas fotovoltaicos que serão utilizados como fundamento neste trabalho.

2.1.4.1 Elementos de um sistema fotovoltaico

Um sistema fotovoltaico é composto basicamente de um bloco gerador, um


bloco de condicionamento de potência e, opcionalmente um bloco de armazenamento
de energia. No bloco gerador são encontrados os arranjos fotovoltaicos em diferentes
associações (série e paralelo), suportes de fixação e os cabeamentos elétrico de
interligação. No bloco de condicionamento de potência temos basicamente o sistema
de conversão CC/CA (corrente contínua para alternada), sistemas de proteção,
inversores e controladores de carga (esse último quando houver baterias). Por fim, no
bloco de armazenamento são comumente encontradas as baterias ou qualquer outra
forma de armazenamento de energia (GALDINO; PINHO, 2014).
36

Nos subcapítulos sequentes é explicado com mais detalhes os dois principais


componentes de um sistema fotovoltaico sendo propriamente os módulos
fotovoltaicos e os inversores.

2.1.4.2 Módulo fotovoltaico

Os módulos fotovoltaicos são os elementos fundamentais da tecnologia de


geração de energia solar fotovoltaica sendo o elemento responsável pela conversão
direta da irradiação solar em energia elétrica. Um módulo fotovoltaico é constituído
por um conjunto de células fotovoltaicas, sendo o menor elemento do conjunto. A
associação de módulos em uma instalação solar forma um painel fotovoltaico. Existem
três principais gerações de tecnologias de células e módulos fotovoltaicos: A primeira
geração é a tecnologia de cristais de silício, sendo dividida entre as células de silício
monocristalino (m-Si) e de silício policristalino (p-Si). Essas células são mais
difundidas no setor de energia e tem uma participação maior representando mais de
85% mercado (GALDINO; PINHO, 2014).
A segunda geração é designada pela tecnologia de filme finos, estando entre
elas as cadeias produtivas de silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS)
ou disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e telureto de cádmio (CdTe) (GALDINO;
PINHO, 2014).
Já a terceira geração é uma geração conhecida por estar ainda em fase de
pesquisa e desenvolvimento, tendo três cadeias produtivas principais: células de
multijunção e concentração (CPV – Concentrated Photovoltaics), células
sensibilizadas por corantes (DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell) e as células orgânicas
ou polimétricas (OPV – Organic Photovoltaic) (GALDINO; PINHO, 2014).
A Figura 11 demonstra 3 módulos fotovoltaicos, sendo de silício
monocristalino, silício policristalino e da tecnologia CIGS, respectivamente.
37

Figura 11 - Módulos fotovoltaicos

Fonte: Adaptado de Solar Magazine (2020)

2.1.4.3 Inversor

O inversor é o dispositivo responsável pela transformação da energia elétrica


de corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA). A tensão de saída do inversor
deve ter os padrões de amplitude, frequência e conteúdo harmônico adequados as
cargas onde será conectado. O mesmo ocorre quando conectado à rede elétrica
(GALDINO; PINHO, 2014).
Os inversores podem ser classificados basicamente por três formas diferentes,
por aplicação, tipo de comutação e forma de onda. A classificação por aplicação pode
ser dividida em inversores centrais (grande porte), inversores Multistring (trifásicos ou
monofásicos com mais de uma entrada de seguidor de potência), Inversores String
(Monofásicas com uma entrada de seguidor de potência) e Inversores Módulo CA
(módulo associado a microinversor). No caso da comutação existem os inversores de
Comutação forçada e de Autocomutação. E por fim, a divisão por forma de onda é
dada por inversores de onda quadrada, onda quadrada modificada e onda senoidal
pura. No caso de inversores de onda quadrada e modificada o seu uso se restringe a
apenas sistemas isolados (GALDINO; PINHO, 2014).
A Figura 12 demonstra um inversor multistring convencional utilizado em
instalações para micro e minigeração, mas também com possibilidade de utilização
em sistemas de maior potência, com mais de um inversor em paralelo, substituindo
os inversores centrais.
38

Figura 12 - Inversor solar convencional

Fonte: Fronius (2020)

Como observado, existe uma diversidade de inversores para cada tipo de


aplicação e sistema. No que se refere a este trabalho, a escolha do inversor será feita
baseado no dimensionamento, pesquisa de mercado e custo, e está apresentada no
capítulo 4 referente ao desenvolvimento.

2.1.4.4 Dimensionamento de um sistema fotovoltaico

Segundo Galdino e Pinho (2014), para a execução de um projeto de um sistema


fotovoltaico é necessário que o mesmo passe por algumas etapas, sendo elas:
1. Levantamento adequado do recurso solar disponível no local da aplicação;
2. Definição da localização e configuração do sistema;
3. Levantamento adequado da demanda e consumo de energia elétrica;
4. Dimensionamento do gerador fotovoltaico;
5. Dimensionamento dos equipamentos de condicionamento de potência
que, no caso dos Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR), se
restringe ao inversor para interligação com a rede;
6. Dimensionamento do sistema de armazenamento, usualmente associado
aos sistemas isolados.
39

Nos subcapítulos a seguir abordaremos alguns desses pontos, tendo


direcionamento voltado para sistemas fotovoltaicos conectados à rede, sendo a
configuração com mais proximidade do direcionamento deste trabalho.

2.1.4.5 Recurso solar

Um gerador fotovoltaico tem sua variação estabelecida basicamente por dois


fatores: Irradiância e temperatura. Irradiância (W/m²) é o elemento mais significativo
pois tem sua variação podendo acontecer em períodos de segundos enquanto a
temperatura tem uma variação com períodos maiores devido a absorção de
temperatura do material. Outro elemento principal para a avaliação do recurso solar
é a irradiação do local, geralmente apresentados na forma de valores médios mensais
para a energia acumulada durante um dia (kWh/m².dia) (GALDINO; PINHO, 2014).
Para fins de cálculos de estimativas de produção de energia elétrica, é comum
ignorar os efeitos de variação da irradiância em cada instante e considerar a totalidade
de energia (irradiação) e convertê-la em intervalos horários. Desta maneira, utiliza-se
em projetos uma forma conveniente de se expressar a geração de energia solar,
sendo: Horas de Sol Pleno (HSP). Essa grandeza define a quantidade de horas em
um dia onde a geração acumulada manteve-se constante a 1 kW/m² (GALDINO;
PINHO, 2014).
Na equação 3 é demonstrado o cálculo para a obtenção do HSP.

𝐼𝑟𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜 [𝑘𝑊ℎ/𝑚²]
𝐻𝑆𝑃 [ℎ] = (3)
1[𝑘𝑊/𝑚²]

O Atlas Solarimétrico Elaborada pelo CRESESB (2000) traz o referencial


irradiação para cada local do território brasileiro, assim como seu site que traz dados
de irradiação atualizados do território brasileiro (CRESESB, 2020). Outro documento
importante que traz dados sobre irradiação é o Atlas Solarimétrico do Paraná
desenvolvido por Tiepolo et al (2017), que traz um panorama atualizado de dados de
irradiação do estado do Paraná, o documento, assim como o CRESESB, também
possui uma plataforma online interativa onde pode-se extrair os dados por
coordenadas geográficas. Esses dois documentos servirão como referência básica
para os cálculos referentes a energia solar neste trabalho.
40

A irradiação incidente no local de instalação também possui variação


relacionada ao ângulo dos geradores fotovoltaicos em relação aos raios solares,
sendo assim, é importante que em um projeto de uma usina esse fator seja levado em
consideração para atingir o melhor desempenho possível do sistema (GALDINO;
PINHO, 2014).
A Figura 13 demonstra um exemplo dos dados extraídos da ferramenta do
CRESESB, referente a variação anual da irradiação em relação ao ângulo de
inclinação de captação da cidade de Curitiba nas coordenadas: latitude 25,40º Sul e
longitude 49,25º Oeste.

Figura 13 - Irradiação média mensal de Curitiba - PR

Fonte: CRESESB (2020)

Contudo, para requisitos legais, baseado no texto da Normativa 876 da ANEEL


(2020d), é obrigatório para obtenção da outorga de usinas acima de 5 MW um estudo
simplificado de pelo menos 1 ano de medição realizada por meio de estação
solarimétrica instalada no local do empreendimento, referentes as leituras de
irradiação global, difusa e direta. Estes requisitos, assim como outros estabelecidos
pelas agências reguladoras devem ser consultados em caso de implantação real de
usina solar fotovoltaica.

2.1.4.6 Definição da localização e configuração do sistema

Segundo Galdino e Pinho (2014) o local onde os painéis fotovoltaicos serão


instalados é determinante para o seu desempenho. Integração com a arquitetura do
local (quando essa interferir) e cuidados com sombreamento e superfícies reflexíveis,
devem ser levados em conta para a melhor eficiência do sistema. Fatores como
superfícies reflexíveis, sombras e albedo, sendo o último o coeficiente de reflexão da
41

radiação solar que chega à superfície da Terra, devem ser coletados do local para
conseguir projetar o sistema da melhor forma. É possível também simular o projeto
em softwares de modelamento 3D obtendo informações de simulação de irradiação,
sombreamento e performance do sistema projetado.
Os sistemas fotovoltaicos, além de poderem ser instalados sobre o solo e
telhado, podem ser instalados sobre albufeiras ou outras superfícies aquáticas. Esse
tipo de instalação é conhecido como usinas flutuantes e possui algumas vantagens
como: redução de ocupação de área útil, eliminação de sombreamento de estruturas
vizinhas, aumento da eficiência devido a temperaturas de funcionamento mais
reduzidas, sinergia com aproveitamento hidrelétrico (usina fotovoltaica sobre o lago
de usinas hidrelétrica), entre outros. Dentre as desvantagens temos a adicional
preocupação com a umidade do ambiente de instalação dos painéis, a exposição da
instalação a condições climáticas intensas e necessidade de maior investimento em
estrutura, sendo necessário garantir a flutuabilidade do sistema (COSTA, 2017).
A Figura 14 demonstra um exemplo de usina fotovoltaica flutuante sobre o lago
da usina hidrelétrica de Alto Rabagão ao norte de Portugal.

Figura 14 - Usina Solar Fotovoltaica Flutuante

Fonte: adaptado de Costa (2017)


42

No quesito de configuração, assim como afirma Galdino e Pinho (2014) os


sistemas podem ter inúmeras aplicações, seja ela conectada à rede elétrica (On Grid),
desconectada da rede (Off Grid) ou algum sistema híbrido que pode funcionar hora
Off Grid hora On Grid, sabendo que as duas últimas configurações podem ter a
presença de baterias. O que possibilita as aplicações diferentes de sistemas
fotovoltaicos é principalmente a diversidade de inversores existentes, que unem
tecnologias bem desenvolvidas e difundidas no setor elétrico.

2.1.4.7 Levantamento da demanda e consumo da energia elétrica

Segundo o Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos de Galdino e


Pinho (2014), para sistemas isolados (com uso de armazenamento) deve-se calcular
a energia gerada baseado na potência e horas de uso dos equipamentos elétricos do
local, assim também sua demanda baseado na soma da potência que esses
equipamentos requerem, onde é possível considerar um fator de utilização para o
dimensionamento correto do circuito.
Já para sistemas conectados à rede elétrica deve-se ter como base, além das
cargas internas que consomem energia, fatores que influenciam o fornecimento de
energia para a rede, como: qualidade de energia requerida pelo comprador (nível de
harmônico, regulagem de tensão, frequência etc.), capacidade de corrigir o fator de
potência e o nível de interferência eletromagnética (GALDINO; PINHO, 2014).

2.1.4.8 Dimensionamento do gerador e inversor fotovoltaico

A conexão de sistemas de geração de energia na rede básica (sistema de


transmissão) é regida pela ONS através dos procedimento de rede módulo 3 (ONS,
2017). Para a conexão à rede de distribuição, o regimento é estabelecido pela ANEEL
com o documento do PRODIST módulo 3 (ANEEL, 2017). Galdino e Pinho (2014)
destacam que na Seção 3.7 do PRODIST refere-se ao acesso à rede por micro e
minigeração distribuída e deve ser levada em conta nos projetos de sistemas
conectados à rede dessa modalidade. Uma das considerações que é feita pelos
autores são os requisitos mínimos de equipamentos de segurança do sistema, onde
a obrigatoriedade de utilização está condicionada a potência instalada. Outra
consideração importante de ser pontuada é referente as normativas de instalações
43

fotovoltaicas, fazendo destaque a ABNT NBR 16274 que estabelece as informações


e documentações mínimas que devem ser compiladas após uma instalação de um
sistema fotovoltaico conectado à rede, restringindo-se apenas a parte em baixa
tensão, e a ABNT NBR 16690 que estabelece os requisitos de projeto das instalações
elétricas de arranjos fotovoltaicos.
O Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos de Galdino e Pinho
(2014), destaca no capítulo 6.4.1 o equacionamento para o dimensionamento de um
gerador fotovoltaico conectado à rede na modalidade de compensação. Nessa
modalidade há um cuidado em relação a coleta dos dados de consumo, que será ao
final a energia gerada pelo sistema.
Sabendo dos valores de energia a ser gerada obtêm-se, pela equação 4, a
potência de pico do painel fotovoltaico (GALDINO; PINHO, 2014).

𝐸
(𝑇𝐷)
𝑃𝐹𝑉 [𝑊𝑝] = (4)
𝐻𝑆𝑃𝑀𝐴
Onde:
𝑃𝐹𝑉 é a potência de pico do painel FV [Wp];
𝐸 é o consumo diário médio anual [Wh/dia];
𝑇𝐷 é a taxa de desempenho [adimensional];
𝐻𝑆𝑃𝑀𝐴 é a média diária das HSP incidente no plano do painel FV [h].

O valor de 𝑇𝐷 é calculado com uma relação do desempenho real do sistema


sobre o desempenho máximo teórico. O valor utilizado em projetos no Brasil,
principalmente em sistemas bem ventilados sem sombreamento, é entre 70 e 80%.
Esse fator é influenciado pela temperatura do local, por esse motivo, é comum que
para projetos de usina o uso de softwares de simulação (GALDINO; PINHO, 2014).
Para o dimensionamento do inversor deve-se considerar o valor da potência de
pico encontrada pela equação 4, tendo a escolha da tecnologia de inversor a critério
do projetista, com base nas premissas de orçamento, local e necessidades. É possível
que o inversor seja da mesma potência do painel fotovoltaico, contudo há também a
possibilidade de o inversor trabalhar abaixo da mesma, esse fator se dá pelo fato da
potência dos módulos fotovoltaicos serem menores devido ao coeficiente de
44

temperatura negativo, quanto maior a temperatura menor a potência de geração


(GALDINO; PINHO, 2014).
Para a configuração do layout dos módulos (arranjos série e paralelo) em
relação a entrada do inversor, deve se respeitar as entradas máximas e mínimas de
tensão e corrente. Esses valores, principalmente os de tensão, variam em relação a
temperatura dos módulos. Além da máxima entrada do inversor, os próprios módulos
possuem limitações de tensão máxima e mínima e corrente máxima para as suas
conexões série e paralelo, essas informações são dadas pelo fabricante e geralmente
se encontram na folha de dados dos equipamentos (GALDINO; PINHO, 2014).
Para a determinação do número máximo de módulos em série deve se respeitar
a equação 5 (GALDINO; PINHO, 2014).

𝑁º 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜_𝑠é𝑟𝑖𝑒. 𝑉𝑜𝑐𝑇𝑚𝑖𝑛 < 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 (5)


Onde:
𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 é a máxima tensão de entrada do inversor [V];
𝑉𝑜𝑐𝑇𝑚𝑖𝑛 é a tensão em circuito aberto de um módulo fotovoltaico na menor
temperatura de operação [V]

Além da tensão máxima o inversor possui uma tensão mínima de trabalho


(tensão que o equipamento começa a operar) e também uma tensão mínima de SPPM
(Seguimento do Ponto de Potência Máxima), sendo essa a tensão de melhor
performance no sistema que, em um caso de tensão abaixo da SPPM, o inversor pode
se desconectar da rede. Sabendo que o valor da tensão varia de acordo com a
temperatura é importante que o dimensionamento da quantidade de módulos em série
esteja dentro da faixa de SPPM, estando precavido de qualquer interferência de
temperaturas mais altas ou mais baixas. A equação 6 demonstra a faixa de módulos
em série relativo à sua tensão que deve ser respeitada (GALDINO; PINHO, 2014).

𝑉𝑖𝑆𝑆𝑃𝑀𝑚𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑆𝑃𝑃𝑀𝑚𝑎𝑥
< 𝑁º 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜_𝑠é𝑟𝑖𝑒 < (6)
𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑖𝑛
Onde:
𝑉𝑖𝑆𝑆𝑃𝑀𝑚𝑖𝑛 é a tensão mínima de operação do SPPM do inversor [V];
𝑉𝑖𝑆𝑃𝑃𝑀𝑚𝑎𝑥 é a tensão máxima de operação do SPPM do inversor [V];
45

𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑖𝑛 é a tensão de potência máxima de um módulo FV na menor


temperatura de operação prevista [V];
𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑎𝑥 é a tensão de potência máxima de um módulo FV na maior
temperatura de operação prevista [V].

Para a determinação do número máximo de módulos em paralelo deve se


respeitar a equação 7 (GALDINO; PINHO, 2014).

𝐼𝑖𝑚𝑎𝑥
𝑁º 𝑆𝑒𝑟𝑖𝑒𝑠𝐹𝑉𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 =
𝐼𝑠𝑐 (7)
Onde:
𝑁º 𝑆𝑒𝑟𝑖𝑒𝑠𝐹𝑉𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 é o número de fileiras de módulos em paralelo
[adimensional];
𝐼𝑖𝑚𝑎𝑥 é a corrente máxima admitida no inversor [A];
𝐼𝑠𝑐 é a corrente de curto circuito do módulo FV nas STC. [A].

Para os cálculos relativos a condutores e dimensionamento/especificação de


dispositivos de proteção para conexões em baixa tensão devem respeitar a norma
NBR 5410 – Instalações elétricas de Baixa Tensão (GALDINO; PINHO, 2014).

2.1.5 Energia elétrica a partir de biomassa

A geração de energia elétrica a partir de biomassa pode ser resultado de


diversas rotas de conversão, sendo possível através do uso de diversas fontes e
processos que podem ainda ser combinados entre si (ANEEL, 2005). A Figura 15
apresenta fontes, processos e resultados energéticos da conversão.
46

Figura 15 - Diagrama esquemático dos processos de conversão energética da


biomassa

Fonte: ANEEL (2005)

Apesar da variedade de possibilidades do biogás, o presente tópico se


desenvolve procurando fontes, processos e produtos energéticos de maior potencial
em geração de energia elétrica.
No Brasil, o segmento sucroenergético se destaca aproveitando a
configuração das indústrias para cogeração, diminuindo resíduos para descarte e
aumentando a eficiência do processo de produção de açúcar. Apesar de usar a
biomassa para geração de calor, as plantas de cogeração aumentam também a
relevância da bioeletricidade a partir do ano 2000 quando diferentes programas de
incentivo, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de energia Elétrica
(PROINFA), foram introduzidos (TOLMASQUIM, 2016).
A disponibilidade da biomassa é vinculada à atividade urbana e rural sendo
então renovável e próxima ao consumidor. O transporte do material para a planta de
geração, no entanto, pode corresponder ao maior custo vinculado a produção. O
mesmo pode ser mitigado ao utilizar a geração como forma de descarte consciente
de resíduos (TOLMASQUIM, 2016).
47

2.1.5.1 Fontes de biomassa

A geração de energia a partir de biomassa ocorre com o processamento de


materiais ricos em carbono. Esse carbono pode ser retirado da atmosfera e fixado por
seres clorofilados (plantas, algas e cianobactérias) através da fotossíntese, podendo
ser então consumido por animais que liberam resíduos disponibilizando novamente o
carbono ou decompostos, também gerando material aproveitável (KLASS, 1998).
A utilização de biomassa vegetal não lenhosa tem como maior desafio
encontrar plantas de geração energética eficiente o suficiente para justificar sua
ocupação de terra. O material compete com plantios alimentícios e de produção de
tecidos e ração. Esse tipo de biomassa, em especial o milho e a cana-de-açúcar
energética, se destaca na produção de biocombustíveis, alternativa renovável para
uso em meios de transporte (KLASS, 1998).
A biomassa lenhosa, obtida do cultivo de florestas, tem 53% de seu volume
destinado às indústrias de papel e celulose. O restante é utilizado principalmente na
para fabricação de móveis e utilização em construção civil. O uso energético é
normalmente adotado de forma associada à essas indústrias aproveitando eventuais
resíduos, não sendo comum o cultivo dedicado à geração de energia (EPE, 2007).
A utilização de substrato residual para geração de energia elétrica se diferente
das fontes já apresentadas visto que apresenta uma solução para o descarte do
material, sendo que sua utilização irá diminuir o volume de resíduos. Um dos maiores
desafios do aproveitamento de resíduos urbanos é a variedade do material. Mesmo
separando orgânicos e recicláveis, o material orgânico apresenta características muito
variadas para aproveitamento eficiente por rotas bioquímicas sem pré-tratamento do
material. Ainda assim, a diminuição do volume dos resíduos e a facilitação de seu
descarte podem tornar os processos de aproveitamento de material orgânico urbano,
independente da rota, viáveis (SCHNEIDER, 2016).
Diferente dos resíduos urbanos que tendem a ser disponibilizado com certa
regularidade, resíduos agrícolas dependem da disponibilização local de material.
Tolmasquim (2016) informa que a intensa produção agropecuária do Brasil torna o
aproveitamento de seus resíduos atraente economicamente. O autor afirma que o
aproveitamento dos resíduos da produção de açúcar, milho e soja já é adotado visto
grande disponibilidade de material, enquanto na pecuária o aproveitamento está
limitado principalmente devido à dificuldade da coleta de esterco em situações de
48

criação extensiva dos animais. A facilidade de metanização do material associada ao


menor custo de destinação de resíduos (este devido a diminuição de peso e volume
do material após o aproveitamento por rotas bioquímicas) fazem o autor acreditar que
a viabilidade de plantas de aproveitamento energético a partir de resíduos
agropecuários tende a aumentar.
A geração a partir de resíduos agrícolas depende ainda da sazonalidade do
material. Como Pierri et al (2016) ressalta, a análise de sazonalidade tem grande
importância na geração de energia elétrica a partir de biomassa residual agrícola, mas
os resultados podem variar radicalmente de acordo com a cidade analisada, podendo
sozinha ser a causa de viabilidade ou inviabilidade de uma usina. Lemes et al (2017),
sobre sazonalidade da pecuária de corte no Mato Grosso do Sul, traz informações
sobre variação da produção animal sendo que ela se mantém relativamente estável
durante o ano. A análise da sazonalidade deve então ser feita para cada material
avaliado considerando não só a produção, mas também a destinação do material.

2.1.5.2 Tecnologias de conversão

Os processos de conversão da biomassa são responsáveis por traduzir a


energia química contida no material em calor, hidrogênio ou biocombustíveis
(TOLMASQUIM, 2016). A Figura 16 destaca rotas de transformação de biomassa em
calor, eletricidade e combustíveis.
49

Figura 16 - Principais rotas de aproveitamento energético da biomassa

Fonte: Tolmasquim (2016)

Associando o que apresentam as Figuras 15 e 16, podemos localizar as


fontes, rotas e produtos energéticos que podem resultar em eletricidade.
A utilização de vapor para geração de energia elétrica a partir de biomassa se
dá principalmente em ciclo Rankine. Para essa forma de geração, um líquido,
normalmente água, é aquecido com a queima biomassa para que se torne vapor. A
movimentação causada pela pressurização do fluido, resulta na expansão do vapor
em uma turbina convertendo a energia. O uso dessa tecnologia recebe destaque
especial em plantas onde pode-se aproveitar a energia do vapor para atividades
mecânicas, como observado em usinas de cana-de-açúcar que contam com a
tecnologia para acionamento de moendas. A forma de conversão, no entanto, não
tende a gerar excedentes de bioeletricidade, sendo quase completamente aproveitada
no próprio ciclo de produção do insumo (TOLMASQUIM, 2016).
Outra forma de conversão de destaque é o uso da rota bioquímica de
biodigestão. Nessa, o material orgânico é digerido por bactérias em condição
anaeróbia se tornando biogás. Depois de purificado, o gás é aproveitado com o uso
de conjuntos motogeradores para obtenção de energia elétrica ou queimado para
obtenção de calor. A produtividade da conversão depende de sua origem, seu
tratamento e condições externas como temperatura (TOLMASQUIM, 2016).
50

Tolmasquim (2016) apresenta o uso de biodigestão para geração de


eletricidade a partir de biomassa como rota mais eficiente chegando à rendimentos de
37,2% quando utiliza resíduos pecuários.

2.1.5.3 Dimensionamento de estruturas de geração de bioeletricidade

O dimensionamento de plantas de bioeletricidade se dá inicialmente com o


levantamento dos recursos disponíveis próximos ao local de implantação. Caso a
biomassa utilizada seja de produção dedicada, ou seja, toda a cadeia energética da
produção do material está associada à geração, pode-se escolher dentre as diversas
fontes já apresentadas. A biomassa residual não inclui o cultivo do material, mas sua
coleta e redirecionamento, sendo que pode ser classificada como dispersa,
concentrada ou distribuída. Com exceção da forma concentrada, o transporte da
obtenção desse material deve ser levado em conta para sua análise de viabilidade
técnico-econômica (TOLMASQUIM, 2016).
Após o levantamento dos materiais disponíveis, deve-se caracterizá-los para
decisão de qual rota de conversão seguir sendo que cada uma implica em
tratamentos, maquinários e custos variados. Para aproveitamento por rotas
termoquímicas é importante a caracterização desse material para conhecer seu poder
calorífico, enquanto para biodigestão e fermentação importa a taxa de metanização
do material (TOLMASQUIM, 2016).
Para Deublein e Steinhauser (2008) a caracterização do material para
geração de bioeletricidade é um dos fatores mais importantes para determinação da
tecnologia de conversão a ser utilizada. O alto custo de uma análise detalhada, no
entanto faz com que seja permitido o dimensionamento com aproximações desde que
o projeto foque na segurança da operação da planta.
O dimensionamento do tamanho dos componentes da usina recebe atenção
especial quando tratamos da limitação física que será importa à instalação. Para isso
determinação da área utilizada pela usina pode-se pré-dimensionar os componentes.
Deublein e Steinhauser (2008) apresentam o cálculo de dimensionamento de tanques
de pré-tratamento, silos, biorreatores e gasômetros da usina expostos a seguir.
Os materiais líquido e seco devem ser armazenados temporariamente em um
tanque de preparação e silo, respectivamente. O volume do tanque segue a equação
8.
51

𝑉𝑇𝑃 = 𝑉𝑀𝐿 ∙ 𝑡𝑟 ∙ 𝑓𝑣 ∙ 𝜌𝑀𝐿 (8)

Onde:
𝑉𝑇𝑃 é o volume do tanque de pré-tratamento em m³;
𝑉𝑀𝐿 é o volume disponibilizado diariamente de material líquido em kg/dia;
𝑡𝑟 é o tempo de retenção para manutenção e limpeza do biorreator em dias;
𝑓𝑣 é o fator de correção do volume;
𝜌𝑀𝐿 é a densidade do material em kg/m³.

O silo para armazenamento do material seco é calculado de forma similar ao


tanque, sendo representado pela equação 9.

𝑉𝑆 = 𝑃𝑀𝑆 ∙ 𝑡𝑟 ∙ 𝜌𝑀𝑆 (9)

Onde:
𝑉𝑆 é o volume do silo em m³;
𝑃𝑀𝑆 é a produção de material seco em kg/dia;
𝑡𝑟 é o tempo de retenção para manutenção e limpeza do biorreator em dias;
𝜌𝑀𝑆 é a densidade do material seco em kg/m³.
Seguindo o fluxo do substrato, a partir do tanque de preparação e do silo ele
é encaminhado para o biorreator. A equação para o dimensionamento do biorreator é
apresentada como equação 10.

𝑉𝑀 ∙ 𝑡𝐵𝑅 ∙ 𝑓𝑣
𝑉𝐵𝑅 = (10)
𝜌𝑀𝐿

Onde:
𝑉𝐵𝑅 é o volume do biorreator em m³;
𝑉𝑀 é o volume de material disponibilizado diariamente;
𝑡𝐵𝑅 é o tempo de retenção do material no biorreator;
𝜌𝑀𝐿 a densidade do material em kg/m³.

O tempo de retenção do material adotado é de 30 dias conforme


recomendação de Deublein e Steinhauser (2008) para materiais de biodigestão
mesofílica.
52

A partir da disponibilidade de material, pode-se estimar o potencial de geração


de biogás e subsequente geração de eletricidade. A geração de biogás depende do
potencial de metanização do substrato avaliado enquanto o potencial de geração
elétrica pode ser encontrado com a equação 11.

𝑃𝑒𝑙 = 𝑉𝐵𝐺 ∙ 𝑓𝐵𝐺𝑒𝑙 ∙ 𝜂𝑔 (11)

Onde:
𝑃𝑒𝑙 é a potência elétrica em kW;
𝑉𝐵𝐺 é o volume de biogás produzido em m³/h;
𝑓𝐵𝐺𝑒𝑙 é o fator de conversão do poder calorífico do biogás em eletricidade;
𝜂𝑔 é o rendimento do gerador.

Para 𝑓𝐵𝐺𝑒𝑙 é adotado o valor apresentado por Deublein e Steinhauser (2008,


p. 50) de 6 kWh/m³ de biogás sem remoção de dióxido de carbono. Os autores ainda
trazem informações de rendimento de geradores de eletricidade a partir do uso de
biogás, com equipamentos convencionais chegando a 40%.

2.1.5.4 Determinação dos custos de uma planta de biodigestão

De acordo com Deublein e Steinhauser (2008) a estimativa de custos de uma


planta de biodigestão para geração de eletricidade variam de acordo com o substrato
utilizado, temperatura de operação, forma de alimentação do biorreator, entre outros
fatores. Os autores apresentam gráficos para estimativa de custos que adotam valores
de plantas diversas já em operação, sendo que os valores de OPEX incluem manejo
do material, salário de funcionários para operação da planta e manutenções. A partir
dos gráficos pode-se adotar a técnica estatística de regressão para encontrar
equações que se ajustam aos pontos apresentados pelos autores fornecendo um
valor base para a análise de viabilidade. A técnica é aqui aplicada com a ferramenta
Office Excel escolhendo-se a curva de tendência que melhor comporta os dados
apresentados.
Os valores de despesas de capital (CAPEX) e OPEX de um biorreator podem
ser obtidos através das equações apresentadas nos gráficos da Figura 17
acompanhadas dos valores utilizados para sua obtenção.
53

Figura 17 - CAPEX e OPEX de biorreatores

Fonte: Adaptado de Deublein, Steinhauser (2008)

São adotadas as equações 12 e 13 para estimativa dos custos do biorreator


conforme regressão dos dados da Figura 17.
𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋 𝑑𝑜 𝑏𝑖𝑜𝑟𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 [1000𝑈𝑆$/𝑘𝑊] = 11,626 ∙ 𝑃𝑒𝑙 −0,297 (12)

𝑂𝑃𝐸𝑋 𝑑𝑜 𝑏𝑖𝑜𝑟𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 [1000𝑈𝑆$/𝑘𝑊/𝑎𝑛𝑜] = 0,994 ∙ 𝑃𝑒𝑙 −0,313 (13)

Onde 𝑃𝑒𝑙 é a potência elétrica da planta em kW.

Deublein e Steinhauser trazem gráficos também para a estimativa dos custos


de investimento e operação do gerador como apresenta a Figura 18.
54

Figura 18 - CAPEX e OPEX de geradores elétricos compatíveis com biogás

Fonte: Adaptado de Deublein, Steinhauser (2008)

As equações obtidas da regressão dos dados apresentados na Figura 18 são


apresentada como Equações 14 e 15.
𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋 𝑑𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 [1000𝑈𝑆$/𝑘𝑊] = −0,0001 ∙ 𝑃𝑒𝑙 2 + 0,623 ∙ 𝑃𝑒𝑙 + 23,585 (14)
𝑂𝑃𝐸𝑋 𝑑𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 [1000𝑈𝑆$/𝑘𝑊/𝑎𝑛𝑜] = 0,09 ∙ 𝑃𝑒𝑙 (15)
Onde 𝑃𝑒𝑙 é a potência elétrica da planta em kW.

A purificação do biogás é de extrema necessidade visto a presença do sulfeto


de hidrogênio, gás corrosivo. Os custos envolvidos no projeto incluem apenas valores
para operação visto que o processo consiste na mistura de substâncias químicas para
captura do enxofre. Deublein e Steinhauser (2008) adotam o valor de
aproximadamente US$ 0,013 por metro de biogás produzido na planta.
55

Além do sulfeto de hidrogênio, componentes como o dióxido de carbono


também são prejudiciais tanto à eficiência da geração elétrica quando à segurança da
planta, no entanto o tratamento para retirada do gás é apenas comum para plantas
que buscam inserir o gás produzido nas redes de distribuição de gás natural
(DEUBLEIN, STEINHAUSER, 2008).
Os custos de uma planta de geração de eletricidade a partir da biodigestão de
biomassa podem aumentar ainda dependendo da forma de obtenção do material,
transporte do material, necessidade de tratamento do substrato, aditivos necessários
para viabilizar a biodigestão, tratamento do biogás, pressurização do gás, entre outros
fatores. Para estimativas precisas dos custos de operação de uma planta, deve-se
caracterizar o substrato, o biogás gerado por ele e estudar aspectos geográficos e
sociais da disponibilidade do material (DEUBLEIN, STEINHAUSER, 2008).

2.1.5.5 Impacto ambiental de termelétricas à biomassa

A EPE (2017) informa que dentre os impactos ambientais de uma planta de


geração elétrica a partir da biomassa estão na emissão de poluentes atmosféricos,
uso do solo e consumo de água.
A emissão de poluentes deve receber destaque especialmente quando a
planta está localizada em áreas urbanas e industriais visto o risco de saturação de
bacias aéreas. Em áreas rurais a saturação raramente ocorre. O impacto do uso solo
se refere principalmente à produção de colheitas energéticas para geração de
eletricidade. Caso o investimento utilize novas áreas para plantio, um novo EIA deve
ser desenvolvido. No caso de uso de biomassa residual não há necessidade visto que
irá apenas recolher resíduos de produtores já estabelecidos. O consumo de água deve
ser avaliado conforme necessidade e disponibilidade, visto que não é essencial para
geração elétrica, podendo ser adotada apenas para aumentar a eficiência do processo
(EPE, 2017).
O resíduo disponibilizado ao final do processo de biodigestão pode causar
impactos ambientais se descartado incorretamente. Deublein e Steinhauser (2008)
sugerem a utilização do material como fertilizante, sendo necessária a avaliação em
laboratório para determinar a viabilidade desse uso. A incineração do material também
é sugerida pelos autores como forma de descarte visto que, apesar da emissão de
56

gases, a produção do resíduo é resultado da captura de carbono atmosférico. O


balanço de carbono da queima seria então considerado zero.

2.1.6 Energia eólica

A energia eólica pode ser definida como a conversão de energia proveniente


da movimentação dos ventos em energia elétrica. O aproveitamento desse recurso é
um fenômeno presente no início do desenvolvimento da humanidade, onde o seu uso
se dá para conversão da energia contida nele em algo útil, como a navegação,
moagem de grãos ou elevação de água. O seu uso para fins elétrico é mais recente e
data do fim do século XIX na Dinamarca e Estados Unidos (TOLMASQUIM, 2016).
O início da adaptação dos cata-ventos, utilizados em moinhos ou elevação de
água, para geração de energia elétrica teve início no final do século XIX. O primeiro
protótipo de aerogerador foi um cata-vento de moinho acoplado a um gerador que
fornecia 12 kW em corrente contínua, que por sua vez carregava baterias fornecendo
energia para 350 lâmpadas incandescentes. A roda principal do cata-vento, contava
com 144 pás, 17 m de diâmetro em uma torre de 18 m de altura (DUTRA, 2008).
Segundo o BEN (EPE, 2019a), o Brasil produziu 48.475 GWh em 2018 a partir
da fonte eólica, equivalente a um aumento de 14,4% em relação a 2017. Segundo os
dados do Sistema de Informação de Geração da ANEEL (SIGA), o Brasil possui
24,164 GW de potência instalada de usinas eólicas, correspondendo a 11,94% de
nossa matriz elétrica (ANEEL, 2020e).

2.1.6.1 Tipos de aerogeradores

Em geral os aerogeradores (geradores eólicos) se dividem em duas principais


classes: Geradores de eixo vertical e geradores de eixo horizontal. Os geradores de
eixo vertical levam vantagem por não precisarem de mecanismos de
acompanhamento para variações da direção do vento, o que reduz a complexidade
de sua construção. Os principais tipos de rotores de eixo vertical são os Darrieus,
Savonius e turbinas com torre de vórtices (DUTRA, 2008).
A Figura 19 demonstra um aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus.
57

Figura 19 - Aerogerador de eixo vertical

Fonte: Caser; Paiva (2016)

Os aerogeradores de eixo horizontal são mais comuns, sendo o tipo mais


utilizado em usinas do mundo. São predominantemente movidos por forças de
sustentação (lift), o que permite uma liberação muito maior de potência do que aqueles
que atuam por forças de arrasto (drag). Esses aerogeradores são, em sua maioria,
compostos de 3 pás ou, em alguns casos, quando as velocidades médias são muito
altas e não há preocupação com ruído, pode ser composto por 1 ou 2 pás (DUTRA,
2008).

2.1.6.2 Componentes de um sistema eólico

O aproveitamento eólico para a conversão em eletricidade provém de um


conjunto de componentes mecânicos, elétricos e eletrônicos. Sua composição básica
se dá pelas pás, gerador, conversor eletrônico e o sistema de controle. Existem
diferentes opções baseadas em máquinas assíncronas e síncronas e sistemas
reguladores por estolagem ou controle de inclinação. O objetivo de todos esses
sistemas é de converter energia cinética do vento em eletricidade e inserir essa
energia em uma rede elétrica (SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).
A Figura 20 demonstra a representação simplificada em blocos dos
componentes de um sistema eólico de eixo horizontal.
58

Figura 20 - Diagramação em blocos de um sistema de geração de energia eólica

Fonte: adaptado de Sumathi; Ashok Kumar; Surekha (2015)

Segundo Dutra (2008) as principais configurações de um aerogerador de eixo


horizontal são diferenciadas pelo tamanho e formato da nacele, pela presença ou não
de uma caixa multiplicadora e pelo tipo de gerador utilizado (convencional ou múltiplo).
A Figura 21 demonstra as configurações de um aerogerador de eixo horizontal
e seus principais componentes.

Figura 21 - Componentes de um aerogerador de eixo horizontal

Fonte: Dutra (2008)


59

2.1.6.3 Nacele

Nacele é o componente que acomoda a transmissão mecânica e o gerador


(HEIER, 2014). Ela é montada sobre a torre e pode abrigar também todo o sistema de
controle, medição do vento e motores para rotação do sistema (DUTRA, 2008).

2.1.6.4 Torre

As torres são os elementos necessários para sustentar e posicionar o rotor a


uma altura conveniente de trabalho. Inicialmente, as turbinas utilizavam torres de
metal treliçado, dado o peso cada vez maior dos geradores e das naceles, tem-se
utilizado torres de metal tubular ou de concreto que podem ou não ser sustentadas
por cabos tensores (DUTRA, 2008).
O nível máximo da torre é opcional em muitos casos, exceto nos casos em que
as restrições de zoneamento se aplicam. O uso de torres mais altas traz um custo
maior ao sistema, por essa razão, a opção por elevar as torres deve ser baseado
efetivamente pela quantidade de aumento na geração de energia. Estudos
estabeleceram que o custo adicional associado ao aumento da altura da torre eólica
é muitas vezes justificado através da energia adicional gerada nas rajadas de vento
mais fortes (SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).

2.1.6.5 Pás, cubo e eixo

As pás de um rotor de turbina são perfis aerodinâmicos responsáveis pela


interação com o vento, extraindo parte da energia do fluxo do ar em movimento e
convertendo energia rotacional em energia elétrica através de uma unidade de
acionamento mecânico (eixos, embreagens e engrenagens) (DUTRA, 2008; HEIER,
2014).
Em máquinas reguladas por estol, as pás do rotor são fixadas diretamente no
cubo, sendo esse cubo a estrutura metálica a frente do aerogerador. Em turbinas de
passo variável as pás são montadas em flanges, que então se interligam ao cubo. Nos
dois sistemas todas as forças, momentos e vibrações são transmitidas diretamente
para torre pelo cubo (DUTRA, 2008; HEIER, 2014).
60

Já o eixo é responsável pelo acoplamento do cubo ao gerador, fazendo a


transferência da energia mecânica da turbina. Esse elemento é construído em aço ou
liga metálica (DUTRA, 2008).

2.1.6.6 Transmissão e caixa multiplicadora

A rotação do rotor de turbinas eólicas comuns varia entre 45 e 400 rpm


(rotações por minuto), variando pela velocidade do vento e modelo da turbina. Por sua
vez, os geradores elétricos (principalmente os síncronos) possuem uma rotação entre
1.200 a pelo menos 1.800 rpm. Consequentemente, a maioria das turbinas
necessitam de um sistema de transmissão, sendo que dentro desse sistema existe
uma caixa multiplicadora, para a elevação da velocidade do gerador. Nesse sistema
de transmissão há outros componentes como engrenagens, eixos e acoplamentos
(DUTRA, 2008; SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).
Algumas turbinas eólicas não fazem o uso de um sistema de transmissão. Em
vez disso, eles possuem uma conexão direta entre o rotor e o gerador. Estes são
geralmente conhecidos como sistemas de impulso direto. Enquanto a transmissão não
é realizada, a complexidade da turbina eólica e as especificações de manutenção
diminuem (SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).

2.1.6.7 Gerador

O gerador é o elemento necessário para a conversão de energia mecânica em


energia elétrica. Esse equipamento é amplamente conhecido no setor elétrico,
podendo encontrar uma alta gama de fabricantes conhecidos no mercado. Entretanto,
na questão de geração eólica, os geradores possuem alguns desafios: Variação da
velocidade, variações no torque de entrada, exigências de frequência e tensão
constantes na energia final produzida e dificuldades na instalação, operação e
manutenção devido ao isolamento geográfico dos sistemas (DUTRA, 2008).
Atualmente existem inúmeras alternativas de conjuntos de geradores, entre os
principais estão: geradores CC (Corrente Contínua), geradores síncronos, geradores
assíncronos e geradores de comutador de corrente alternada (DUTRA, 2008). Vale
ressaltar que além dos geradores em si, há a necessidade de outros equipamentos
61

para a conexão à rede elétrica, como: transformador elevador, disjuntores e


seccionadoras.

2.1.6.8 Potencial de geração eólica

O potencial de geração eólica irá variar de acordo com a geografia e variação


da temperatura da atmosfera. O aquecimento diferenciado de regiões cria pontos de
pressão movimentando massas de ar, sendo essa movimentação o vento. O relevo
altera o direcionamento do vento, sendo que as medições de velocidade devem ser
feitas em diversas altitudes para melhor compreender o potencial eólico de uma região
(TOLMASQUIM, 2016).
O potencial eólico do Brasil é demonstrado pelo Atlas do Potencial Eólico
Brasileiro (AMARANTE et al., 2001), segundo os autores, o documento abrange todo
o território brasileiro e tem como objetivo fornecer informações relativas a ventos, na
resolução adequada, para capacitar tomadores de decisão na identificação de áreas
para aproveitamento eólico-elétricos. Os autores também destacam que o Atlas foi
desenvolvido graças ao desenvolvimento do software de modelamento numérico dos
ventos de superfície chamado MesoMap. O programa traz simulações com base em
dados confiáveis, tendo como resultado um mapa temático por escala de cores,
representando os regimes de vento e fluxos de potência eólica na altura de 50 metros,
na resolução horizontal de 1 km por 1 km. A consulta do potencial eólico também pode
ser feita pelo site do CRESESB por coordenadas geográficas (CRESESB, 2015).
Outra base de dados de potencial eólico confiável é o documento Atlas do
Potencial Eólico do Estado do Paraná desenvolvido Amarante et al. (2007). O atlas foi
desenvolvido com parcerias entre a Companhia Paranaense de Energia (COPEL),
LACTEC e a empresa de engenharia Camargo Schubert. Esse atlas é o que traz um
panorama mais recentes do potencial do estado Paraná e será utilizado em conjunto
com os dados do CRESESB como referencias básicas para cálculos neste trabalho.
A Figura 22 demonstra o mapa do potencial eólico brasileiro com escala de cor
para a velocidade do vento variando de 3,5 a 9 m/s.
62

Figura 22 - Mapa do potencial eólico brasileiro com escala de cor

Fonte: Amarante et al. (2001, pg. 27)

2.1.6.9 Dimensionamento de um sistema eólico

O princípio do funcionamento das turbinas eólicas na geração de energia


elétrica é basicamente a transformação cinética do ar em potência mecânica rotativa
das pás do rotor da turbina. A turbina eólica com eixo horizontal de 2 ou 3 pás e
montadas no topo de uma torre é o modelo mais comum. Mesmo o sistema com 3 pás
ser mais caro com 2 pás, o modelo de eixo horizontal é mais utilizado, principalmente
pelo fato de os geradores com 2 pás precisarem funcionar com velocidades maiores
(SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).
Sabendo que o modelo de eixo horizontal de 3 pás é o mais usual, aqui será
abordado o equacionamento básico para o dimensionamento de um sistema eólico.
A formulação básica para determinar a potência do vento em um local
específico, perpendicular à direção do vento, é dada pela equação 16 (SUMATHI;
ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).
63

1
𝑃= . 𝜌. 𝐴. 𝐶𝑝 𝑣³ (16)
2
Onde:
𝑃 é a potência disponível do vento [W];
𝐴 é a área de varredura das pás [m²]
𝜌 é densidade do ar [kg/m³];
𝑣 é a velocidade do ar [m/s].

Para a determinação da potência mecânica no eixo do rotor temos a equação


17 (DUTRA, 2008).

1
𝑃𝑚𝑒𝑐 = . 𝜌. 𝐴. 𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽). 𝑣𝑤 ³ (17)
2
Onde:
𝑃𝑚𝑒𝑐 é a potência mecânica no eixo [W];
𝑣𝑤 é a velocidade do vento incidente no rotor [m/s];
𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽) é o coeficiente de potência [adimensional]

Na equação anterior o 𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽) depende das características do aerogerador,


sendo função da razão de velocidade 𝜆 e do ângulo de passo 𝛽 das pás (pitch) do
aerogerador. O 𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽) é expresso como adimensional (DUTRA, 2008). Segundo a
lei de Betz, o valor do coeficiente de potência apresenta um limite teórico conectado
a 59,7% (SUMATHI; ASHOK KUMAR; SUREKHA, 2015).
Para a determinação do coeficiente 𝜆 utiliza-se a equação 18 (DUTRA, 2008).

𝑅𝜛𝑊𝑡
𝜆 = (18)
𝑣𝑤
Onde:
𝜆 é a razão entre a velocidade tangencial da ponta da pá e a velocidade do
vento incidente [adimensional]
𝑅 é o raio do rotor [m];
𝜛𝑊𝑡 é a velocidade angular do rotor [rad/s]
64

Segundo Amarante et al (2007), a distribuição de Weibull apresenta melhor


aderência às estatísticas de velocidade de vento e caracteriza-se por dois parâmetros:
um de escala (C, em m/s) e outro de forma (k, adimensional). Através dessa
distribuição estatística é possível encontrar a densidade de potência de um certo local
em W/m².
O cálculo de densidade de potência dada em W/m² é relacionado a equação
19, que leva em consideração a distribuição de Weibull.

1 3
𝐸̅ = . 𝜌. 𝑣 3 . Γ (1 + ) (19)
2 𝑘
Onde:
𝐸̅ é a potência disponível do vento [W/m²];
𝑘 fator de k ou fator de Weibull [adimensional].

A equação 19 é utilizada em simulações computadorizadas que variam os


3
valores de 𝑘 dentro da Função Gama, dada por Γ (1 + 𝑘).

Os resultados dessa variação podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 - Função Gama para diferentes valores de k


𝟏 𝟏
k 𝜞 (𝟏 + ) k 𝜞 (𝟏 + )
𝒌 𝒌
1.6 0.896587 2.5 0.887264

1.7 0.892245 2.6 0.888210


1.8 0.889287 2.7 0.889283
1.9 0.887363 2.8 0.890451
2.0 0.886227 2.9 0.891690
2.1 0.885694 3.0 0.892980
2.2 0.885625 3.5 0.899747
2.3 0.885915 4.0 0.906402
2.4 0.886482 5.0 0.918169
Fonte: Amarante et al. (2007)

Mesmo sendo possível os cálculos de médias mensais de velocidade de vento


ou de frequência, para o dimensionamento de usina eólica em situações reais, é
importante que se faça o monitoramento das variáveis in loco em um período de no
mínimo um ano.
65

2.1.7 Metodologia para análise de viabilidade econômica

Segundo Melek (2013), existem diversos indicadores e ferramentas a fim de


fundamentar o comparativo de análise econômica em projetos de geração de energia
elétrica. Entre eles estão o fluxo de caixa, valor presente do dinheiro, taxa interna de
retorno, payback e o índice de benefício/custo. Para essas avaliações, também
existem softwares de avaliação de viabilidade financeira de projetos de energia
renovável, eficiência energética ou de cogeração, como é o caso do RETScreen,
desenvolvido pelo órgão Natural Resources Canada do governo do Canadá com
parceria da Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA) do governo
dos Estados Unidos da América.

2.1.7.1 Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é representado geralmente como um diagrama de fluxo de


caixa, onde este demonstra, de forma ordenada e objetiva, todas as receitas e
despesas de cada uma das opções consideradas na análise econômica. O eixo
horizontal de um diagrama representa o tempo, as setas para cima representam as
receitas e as setas para baixo as despesas (PINHO et al., 2008).
A Figura 23 demonstra um exemplo de diagrama de fluxo de caixa.

Figura 23 - Diagrama de Fluxo de Caixa

Fonte: Melek (2013)


66

2.1.7.2 Valor Presente do Dinheiro

Baseado nas vantagens e desvantagens da antecipação de pagamentos ou


de recebimentos de uma quantidade de dinheiro durante um período, surge a
necessidade de criação de uma relação de equivalência entre um valor monetário
presente e um valor monetário futuro. Essa relação traz o valor envolvido, o intervalo
de tempo associado ao valor e uma taxa percentual de retorno esperada. A relação
pode ser expressa em valor futuro e valor presente (PINHO et al., 2008).
A equação 20 demonstra a relação para o valor futuro e o valor presente,
enquanto as equações 21 e 22 demonstram a relação associada ao pagamentos de
anuidades, quando estes forem aplicáveis (PINHO et al., 2008).

1
𝑉𝑃 = 𝑉𝐹. (20)
(1 + 𝑖)𝑛
Onde:
𝑉𝑃 é o valor presente [R$];
𝑉𝐹 é o valor futuro [R$];
𝑖 é a taxa de juros ou taxa de desconto [%];
𝑛 é o intervalo de tempo [meses]

(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑉𝑃𝑎 = 𝑎. (21)
𝑖. (1 + 𝑖)𝑛
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑉𝐹𝑎 = 𝑎. (22)
𝑖
Onde:
𝑉𝑃𝑎 é o valor presente associado a anuidade [R$];
𝑉𝐹𝑎 é o valor futuro associado a anuidade [R$];
𝑎 é o valor da anuidade [R$]

2.1.7.3 Valor Presente Líquido

Esse indicador é um dos mais difundidos dentre todos os indicadores


financeiros, tendo como objetivo valorar o dinheiro no tempo e os investimentos
realizados. Essa técnica de análise de fluxos de caixa que consiste em calcular o valor
67

presente de uma série de pagamentos (ou recebimentos) iguais ou diferentes a uma


taxa mínima de atratividade (MELEK, 2013; PINHO et al., 2008).
A equação 23 demonstra o cálculo desse indicador (PINHO et al., 2008).
𝑛

𝑉𝑃𝐿 = 𝐼 + 𝐶𝑁𝑈 + ∑ 𝑉𝑃𝑎 (23)


𝑗=1

Onde:
𝑉𝑃𝐿 é o Valor Presente Líquido [R$];
𝐼 é o investimento inicial [R$];
𝐶𝑁𝑈 são os custos não uniformes trazidos ao presente [R$]

2.1.7.4 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Por definição esse indicador faz com que o Valor Presente Líquido se iguale
a zero. A TIR significa a taxa de retorno esperada por um investidor. A aceitação se
dá pela TIR ser maior que zero e seu risco de investimento quanto mais próximo da
Taxa Mínima de Atratividade (TMA) (MELEK, 2013; PINHO et al., 2008).
O cálculo da TIR pode ser observado na equação 24 (PINHO et al., 2008).
𝑛
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛 − 1
0 = 𝐼 + 𝐶𝑁𝑈 + ∑(𝑎. ) (24)
𝑖. (1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛
𝑗=1

Onde:
𝑇𝐼𝑅 é a taxa interna de retorno do investimento [adimensional].

2.1.7.5 Payback

O payback pode ser definido como o tempo de retorno do investimento, sendo


o tempo necessário para que os benefícios resultantes do negócio retornem o
investimento inicial realizado. É visto como um bom indicador de risco, sendo que a
medida que o payback se aproxima do final do horizonte do planejamento, mais
arriscado é o investimento (PINHO et al., 2008).
Segundo PINHO et al. (2008) existem duas formas de calcular um payback,
sendo um conhecido como payback simples e outro conhecido como payback
descontado, sendo o segundo envolvendo a consideração do valor financeiro com o
tempo (juros).
68

É demonstrado na equação 24 como é obtido o valor de payback simples


(MELEK, 2013).

𝐼
𝑃𝐴𝑌𝐵𝐴𝐶𝐾 = (24)
𝐹𝐶
Onde:
𝑃𝐴𝑌𝐵𝐴𝐶𝐾 é o tempo de retorno do investimento [meses];
𝐹𝐶 é o fluxo de caixa [R$].

2.1.7.6 Índice de Benefício/Custo (IBC)

Esse indicador demonstra quanto se pode ganhar por unidade de capital


investido em um negócio. É a relação entre o VPL das receitas pelo das despesas. O
valor de IBC (Índice de Benefício/Custo) deve ter valor maior que um, caso o contrário,
não há rentabilidade do projeto (PINHO et al., 2008).
A equação 25 demonstra como pode ser obtido esse índice (PINHO et al.,
2008).

𝑉𝑃𝐿(𝑅)
𝐼𝐵𝐶 = | | (25)
𝑉𝑃𝐿(𝐷)
Onde:
𝐼𝐵𝐶 é o Índice de Benefício/Custo [adimensional]
𝑉𝑃𝐿(𝑅) é o Valor Presente Líquido referente as receitas [R$];
𝑉𝑃𝐿(𝐷) é o Valor Presente Líquido referente as despesas [R$]

2.2 TRABALHOS RELACIONADOS

No presente tópico serão apresentados trabalhos que se correlacionam com


o aqui proposto. A pesquisa procurou utilizar as plataformas Emerald Insight, IEEE
Xplore, Science Direct e Periódicos da CAPES para encontrar os trabalhos e estudar
suas propostas e delimitações. Para as pesquisas foram utilizados os termos “geração
híbrida de energia”, “hybrid power generation” e “usinas híbridas”.
A análise dos trabalhos relacionados foi feita de forma manual pelos autores
excluindo publicações tratando sobre fontes não abordadas no presente trabalho e de
disponibilidade parcial do texto.
69

O artigo de Albiero et al. (2017) procura dimensionar uma usina híbrida


associando as fontes solar, eólico e biomassa, na região semiárida. Com isso pode-
se observar a metodologia de dimensionamento das fontes para o nordeste brasileiro,
porém com maiores liberdades de implantação se comparado com o trabalho que será
aqui desenvolvido. O autor conclui que a associação de fontes em usinas híbridas
fornece melhor manejo operacional das usinas visto que aproveita a sazonalidade de
geração energética oferecidas na região semiárida e produz durante todo o ano. O
estudo considera o custo das usinas por kWh gerado como relativamente baixo.
Alencar (2018) em sua dissertação de mestrado avalia a viabilidade de usinas
híbridas tendo como base a UHE Irapé associando a ela geração fotovoltaica. O autor
defende que com isso a disponibilidade de água no reservatório será maior. É
realizado o estudo de viabilidade econômica do empreendimento mostrando que a
complementariedade das fontes torna viável o investimento. A limitação do autor
avaliando a fonte solar sem considerar eólica e biomassa se difere do trabalho aqui
proposto. O autor conclui que a hibridização de usinas hidrelétricas pode auxiliar
processos de reestabelecimento de volume útil de reservatório, beneficiando não
apenas a geração como o fornecimento de água para outras finalidades. O autor ainda
confirma a viabilidade do investimento em hibridização, prevendo crescimento da
hibridização com a crescente preocupação ambiental e diminuição do preço da
geração fotovoltaica.
Weigert (2018) apresenta a avaliação do aumento do fator de potência de uma
usina hidrelétrica reversível com a associação de sistemas fotovoltaicos na
alimentação das bombas. O trabalho busca determinar a viabilidade técnica do
empreendimento, sendo a viabilidade econômica não abordada. A limitação de
agregação apenas da fonte solar também faz com que o trabalho de diferencia do aqui
proposto. A autora evidencia a dificuldade de elevação de fator de potência em usinas
reversíveis, porém, informa que a adição de geração solar não associada à
alimentação das bombas traria resultados mais relevantes, apesar de não atender o
que propôs em seu trabalho.
Medeiros (2016) traz a análise financeira da geração híbrida solar e
hidrelétrica. O autor traz diversas informações técnicas da análise de viabilidade sem
incluir outras fontes renováveis, não realizando o dimensionamento da planta em
detalhes. O autor conclui que a importância ambiental da hibridização das fontes tende
a aumentar à medida que mudanças climáticas tenham ainda mais impacto na
70

geração de energia elétrica. A dissertação comenta ainda que a geração fotovoltaica-


hidrelétrica tem sua viabilidade aumentada ao levar em conta a diminuição de emissão
gases de efeito estufa da operação. O autor apresenta os fatores impeditivos à maior
viabilidade desses empreendimentos, sendo alguns deles a falta de liquidez e a
desvalorização dos créditos de carbono no mercado.
Vasconcellos (2018) foca na geração híbrida a partir de PCHs procurando
avaliar os impactos técnico-econômicos da inserção das fontes fotovoltaica e eólica.
O estudo avalia 24 usinas hidrelétricas e procura verificar quais viabilizam outros tipos
de geração. Não é feito o dimensionamento de uma usina de fonte auxiliar, sendo que
os dados utilizados para a determinação da viabilidade se baseiam em equipamentos
de geração pré-definidos disponíveis no mercado. O autor conclui que a adição de
geração solar considerando o custo por kWh fotovoltaico em 2018 não é viável, no
entanto, informa que a IEA prevê a diminuição desse valor em até 4 vezes até o ano
de 2025, o que viabilizaria a implementação em todas as usinas avaliadas no estudo.
A geração eólica se demonstrou viável em 8 das 24 usinas estudadas, sendo que
novamente o estudo do IEA prevê condições resultados ainda mais favoráveis. O
autor afirma as soluções de hibridização aumentam a confiabilidade na garantia física
das usinas.
71

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para o desenvolvimento do trabalho foram identificadas as referências


bibliográficas mais relevantes sobre as fontes de geração avaliadas, usinas híbridas
e metodologias de análise de viabilidade econômica, além da separação de normas
pertinentes à operação da usina proposta. Foram obtidos dados de geração e
comercialização de energia e outros dados técnicos sobre as instalações, diretamente
com a empresa administradora da usina PCH Itaguaçu, objeto de estudo da pesquisa.
Estes dados são estes explicados com detalhes mais adiante neste capítulo e
disponibilizados em sua integra nos anexos. O diagrama da Figura 24 apresenta um
resumo da metodologia adotada para elaboração do trabalho.

Figura 24 – Etapas da metodologia aplicada no trabalho


• Obtenção de dados:
• As built da usina e As built subestação
• Histórico de geração e venda de energia
1 • De recursos energéticos disponíveis

• Análise de dados
2

• Dimensionamento ótimo das fontes auxiliares


3

• Análise técnica
4

• Análise financeira
5

• Análise ambiental
6

Fonte: Os autores (2020)


72

3.1 TIPO E OBJETO DE PESQUISA

O tipo de pesquisa para alcançar o objetivo de avaliar a viabilidade técnica,


econômica e ambiental da hibridização da geração elétrica da PCH Itaguaçu foi
determinado como estudo de caso tendo a citada usina como objeto. Para Gil (2002,
p. 54), um estudo de caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. O autor afirma
ainda que o estudo de caso apresenta diferentes propósitos incluindo a formulação de
hipóteses, indo de encontro com o que o presente trabalho propõe.

3.2 AMOSTRA DE ESTUDO

O objeto de estudo deste trabalho se limita as dependências da PCH Itaguaçu,


contemplando toda a extensão do seu terreno e partes construídas sobre ele (lago
formado antes da barragem, barragem, tomada d’água, canal adutor, tubulação
forçada, casa de máquinas, canal de fuga e subestação). Será considerado também
a extensão da linha de média tensão que faz a conexão da subestação da PCH
Itaguaçu com a subestação SE Pitanga, onde serão considerados os limites da rede
elétrica e suas demais características pertinentes ao trabalho. Não será considerado
qualquer área ao redor da usina que não faça parte dos limites de operação da usina
ou não esteja dentro da concessão da empresa gestora pelo empreendimento, exceto
para o estudo de recursos energéticos de biomassa onde é limitado apenas a
avaliação de potencial.
No âmbito econômico, serão analisadas as operações de comercialização dos
anos de 2018 e 2019 com a limitação dos dados em valores brutos por mês sem
qualquer outro detalhamento financeiro.
No que se diz respeito a análise do impacto ambiental será considerado, em
termos de localização, apenas as áreas dentro do empreendimento e, quando
necessário, ampliado até ao ponto mínimo considerável condizentes com a legislação
vigente do local.
73

3.3 COLETA DE INFORMAÇÕES

Todos os dados da usina PCH Itaguaçu, pertinentes aos objetivos específicos


deste trabalho, como a localização exata da usina, área disponível para
implementação de hibridização, geografia geral do local, equipamentos elétricos,
conexões elétricas, histórico de geração de energia e comercialização de energia,
entre outros, foram obtidas através dos documentos de As Built geral da usina, As
Built da subestação anexada a usina, RIMA e relatórios de geração e comercialização.
Os documentos foram disponibilizados pela empresa que gerencia a PCH e estão aqui
apresentados como Anexo A. Parte dos dados foram obtidos com a realização de
visita técnica dos autores do trabalho à usina objeto de estudo, sendo confirmadas
localmente informações do As Built fornecido.
Para a obtenção dos dados de irradiação do local da usina, será utilizado o
banco de dados disponível no Atlas Solarimétrico do Paraná (Tiepolo et al, 2017) e
para base de comparação de dados o Atlas Solarimétrico do Brasil (CRESESB, 2000).
O dimensionamento da geração de eletricidade a partir de biomassa se inicia
com a coleta de informações de produção de substrato passível de biodigestão. Visto
a localização do objeto de estudo aqui avaliado, serão apenas considerados resíduos
agroindustriais de ambos os municípios Pitanga e Boa Ventura de São Roque visto a
localização da PCH que se encontra no limite entre ambos os municípios. A plataforma
IPARDES é utilizada para obtenção desses dados sendo as variáveis escolhidas:
produção extrativa vegetal, efetivo de rebanho de diferentes animais e produção
agrícola. Foram considerados os valores mais recentes apresentados entre os anos
de 2014 e 2018.
Para o dimensionamento de geração eólica foram utilizados o Atlas do
Potencial Eólico do Estado do Paraná (AMARANTE et al, 2007) e o Atlas do Potencial
Eólico Brasileiro (AMARANTE et al., 2001).

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Utilizando os dados pertinentes aos recursos energéticos do local foi


elaborado o dimensionamento de 3 fontes de energia, sendo elas: usina fotovoltaica,
eólica e de biomassa. O dimensionamento dessas fontes foi elaborado a fim de trazer
um desempenho ótimo de geração de energia, elevando o FC da usina e da
74

subestação acima de 0,80 em relação aos valores mensais. Para tal, foram adotadas
as seguintes configurações de hibridização da planta: PCH + Solar, PCH + Eólica e
PCH + Biomassa.
Para a análise e dimensionamento da usina fotovoltaica, foi utilizado como
base teórica o equacionamento apresentado na subseção 2.1.4.4 sobre o
dimensionamento de um sistema fotovoltaico, assim como os dados pertinentes ao
mesmo como irradiação do local e área disponível. Foi dimensionado e orçado o
sistema na configuração sob solo no terreno disponível na usina que não possua
proteção ambiental vigente e sobre o lago da usina formado pela barragem.
A análise dos dados para geração de energia a partir de biomassa, se inicia
com sua limpeza, retirando informações de produção de resíduos de complexo
tratamento ou baixa metanização conforme apresenta Deublein, Steinhauser (2008,
p. 62). Os substratos agrícolas foram ainda avaliados apenas considerando a
utilização dos resíduos produzidos no cultivo adotando taxas apresentadas por
Einarsson e Persson (2017) e Deublein e Steinhaurser (2008). Eiarsson e Persson
(2017) ressalta que durante sua pesquisa com fornecedores europeus de resíduos
agrícolas, apenas 30 a 60% dos resíduos de produção podem ser alocados para
geração visto sua importância para a manutenção da qualidade do solo. Para dados
de produção animal foram desconsiderados animais com difícil coleta de resíduos
para biodigestão como equinos e bovinos criado em cultura extensiva, considerando
ainda o fornecimento de material líquido quando disponível.
Para a análise e dimensionamento da usina eólica, foi utilizado como base
teórica o equacionamento apresentado na subseção 2.1.6.9 sobre o dimensionamento
de um sistema eólico, assim como os dados pertinentes ao mesmo como o potencial
de geração eólico do local e área disponível.

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Apesar da hibridização permitir tal configuração, foi adotado como critério de


exclusão a utilização de fontes não-renováveis de energia associadas à hidrelétrica.
Enquanto disponível de diversas formas, a geração de energia não-renovável requer
estudos e licenças ambientais complexas, além de contradizer o intuito da geração de
pequenas centrais hidrelétricas de geração de baixo impacto. O material selecionado
inclui trabalhos sobre as fontes renováveis fotovoltaica, biogás e eólica.
75

Apesar do trabalho tratar de hibridização, foi selecionado material bibliográfico


para tratar de cada fonte de forma individual. A avaliação de viabilidade da
hibridização será apenas considerando a configuração de hidroelétrica adicionada de
uma forma de geração, sendo então a tratativa individual suficiente para a avaliação.
As diferentes fontes de energia avaliadas e seu diferente avanço tecnológico
fazem com que os critérios de inclusão variem, sendo aceitos livros e artigos com 20
ou menos, dependendo dos dados utilizados, da fonte e de sua importância no
dimensionamento.
76

4 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo é apresentado todo o desenvolvimento técnico do trabalho,


dividido em três seções: visita técnica, análise dos dados, dimensionamento das
fontes.

4.1 VISITA TÉCNICA

Na data de 23 de fevereiro de 2020 foi realizada uma visita técnica as


instalações da Usina PCH Itaguaçu. A visita foi guiada pela diretoria administrativa e
pela equipe técnica que opera diariamente a usina. A intenção dessa visita foi de
avaliar as instalações, coletar dados de campo pertinentes ao trabalho, capturar fotos
dos possíveis locais a serem utilizados e tirar dúvidas a respeito da operação da usina.
A seguir é detalhado as partes visitadas na usina pertinentes ao trabalho.
Segundo os dados obtidos no RIMA e no As Built, a usina possui duas
Unidades Geradoras (UG), sendo cada uma composta por duas turbinas do tipo
Francis Horizontal, com 7,0 MW de potência unitária e rotação síncrona de 450 RPM.
Acoplado as turbinas estão os dois geradores do tipo Síncrono de polos Salientes,
com potência nominal de 7,25 MVA, frequência de 60 Hz, excitação tipo Brushless,
rendimento de 97,5% e tensão nominal de 6,9 kV.
Na Figura 25, é possível identificar na Casa de Força (CF) o local das duas
UG, além dos demais equipamentos.

Figura 25 - Unidades Geradoras na Casa de Força

Fonte: Os autores (2020)


77

A usina também conta com 24 baterias que alimentam as proteções elétricas


em CC, pré-excitação dos geradores, telecomunicação, iluminação de emergência e
outros serviços essenciais da usina. Vale ressaltar que a usina tem a partida de suas
UG realizada pela mesma rede de alimentação da subestação, porém, em caso de
falta de abastecimento, há um gerador de emergência movido a óleo diesel.
Na Figura 26, é possível identificar o conjunto de baterias da PCH.

Figura 26 - Conjunto de baterias da PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Atualmente, a usina PCH Itaguaçu é operada remotamente por uma empresa


tercerizada. Entretanto, há um operador contratado da usina que atua de forma
presencial, sendo responsável pelo cumprimento dos serviços de manutenção e
checagem da operação remota. O operador da usina também efetua os acionamentos
e desacionamentos das UG quando há algum empecilho por parte do operador remoto
ou por eventual necessiade de desligamento envolvendo condições climáticas ou
operacionais.
A Figura 27 e Figura 28 demonstram respectivamente o software de
supervisão da planta onde é realizado a operação das UG e o disjuntor que faz a
conexão entre o barramento das UG e do barramento de alimentação da substação
da usina.
78

Figura 27 - Software supervisório da PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Figura 28 - Disjuntor trifásico principal da usina PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

A subestação da PCH Itaguaçu está localizada à 58 metros da CF da usina e


faz conexão com a subestação Pitanga de propriedade da COPEL, localizada no
município de Pitanga. A linha de transmissão entre as duas subestações é do tipo
simples, com tensão de 34,5 kV e extensão aproximada de 28,0 km. A subestação da
usina possui 2 transformadores elevadores de 6,9 kV / 34,5 kV, do tipo mergulhado
em óleo mineral, trifásico, com potência nominal de 7,88 MVA e comutador de
derivações sem carga.
As Figuras 29 e 30 demonstram respectivamente a entrada da subestação
com vista da CF ao fundo e um dos transformadores elevadores de 7,88 MVA.
79

Figura 29 - Entrada da subestação da PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Figura 30 - Transformador de 34,5 kV da subestação da PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Mesmo sendo uma PCH com vazão regularizada fio d’água, a PCH Itaguaçu
possui um pequeno reservatório para estocagem e regularização do fornecimento de
água para os condutos forçados da usina. O represamento da água é feito por uma
barragem do tipo vertedouro soleira livre em concreto ciclópico de 116,5 metros de
comprimento e altura de 8,5 metros. Segundo o RIMA e o As Built, o reservatório
possui 34 hectares (0,34 km²), sendo 10,78 somente a calha do rio. Vale ressaltar que
a barragem permite uma vazão sanitária mínima de 0,57 m³/s.
80

As Figuras 31, 32 e 33 demonstram a barragem e o reservatório da usina,


ressaltando que as Figuras 32 e 33 foram retiradas do site da usina pois demonstram
com mais detalhes o local visitado.

Figura 31 - Barragem do reservatório da PCH Itaguaçu

Fonte: Os autores (2020)

Figura 32 - Reservatório da PCH Itaguaçu

Fonte: Itaguaçu Energia (2018)

Figura 33 - Vista aérea, reservatório PCH Itaguaçu

Fonte: Itaguaçu Energia (2018)


81

4.2 ANÁLISE DOS DADOS DA GERAÇÃO HÍDRICA DA PCH ITAGUAÇU

A análise dos dados de geração da PCH Itaguaçu busca verificar o FC da


usina, gerar informações visuais sobre sua operação habitual e identificar padrões de
geração.

4.2.1 Dados mensais de energia gerada e comercializada

Os dados de geração em escala mensal foram obtidos para todo o período


entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019, assim como os valores comercializados.
Os valores são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Geração e comercialização mensal de energia nos anos de 2018 e 2019.


Comercializado
Mês/ano Geração [MWh]
[MWh]
janeiro, 2018 9.001,56 5.580,00
fevereiro, 2018 7.210,91 5.580,00
março, 2018 4.605,26 5.580,00
abril, 2018 8.187,17 5.580,00
maio, 2018 3.823,34 5.580,00
junho, 2018 3.938,00 5.580,00
julho, 2018 2.271,11 5.580,00
agosto, 2018 2.133,31 5.580,00
setembro, 2018 2.559,11 5.580,00
outubro, 2018 6.276,57 5.580,00
novembro, 2018 6.652,74 5.580,00
dezembro, 2018 3.918,95 5.580,00
janeiro, 2019 3.918,25 5.580,00
fevereiro, 2019 3.826,01 5.580,00
março, 2019 8.392,93 5.580,00
abril, 2019 4.462,13 5.580,00
maio, 2019 4.876,43 5.220,00
junho, 2019 9.123,70 5.220,00
julho, 2019 4.828,01 5.220,00
agosto, 2019 2.490,86 5.220,00
setembro, 2019 1.996,71 5.220,00
outubro, 2019 1.995,28 5.580,00
novembro, 2019 3.946,43 5.580,00
dezembro, 2019 7.142,49 5.580,00
TOTAL 117.577,25 132.120,00
Fonte: os autores (2020).
82

Para melhor visualização, os dados da Tabela 2 foram transformadas no


gráfico da Figura 34 apresentando a energia gerada mensalmente assim como a
energia comercializada.

Figura 34 - Geração e comercialização mensal de energia nos anos de 2018 e 2019

Fonte: Os autores (2020)

Pode-se observar na área hachurada em verde os momentos em que a


quantidade de energia gerada superou a energia contratada, enquanto a área
hachurada em vermelho representa os meses em que a geração foi inferior ao
montante de energia contratado.
Durante o período de dois anos, em apenas 8 meses a quantidade de energia
gerada foi superior à energia comercializada, resultando no déficit de 14.542,75 MWh
para o período. Essa variação negativa decorre do menor fluxo de água, podendo
ocorrer de forma natural ou devido interferência humana. É importante ressaltar que
o déficit de geração não é linearmente correlacionado com déficit financeiro da usina.
A energia gerada é vendida no Mercado de Curto Prazo (MCP) de acordo com o Preço
de Liquidação das Diferenças (PLD), valor que varia semanalmente calculado pela
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) visando melhor manejo de
reservatórios para geração hidrelétrica e despacho de termelétricas. Valores
diferentes do PLD nos momentos de venda e compra de energia podem fazer com
que os prejuízos do déficit de geração variem não linearmente com a variação da
83

geração, podendo atenuar ou potencializar ambos perdas e ganhos na


comercialização.
O gráfico da Figura 35 compara a variação da geração de acordo com os
meses nos dois anos.

Figura 35 - Comparação entre geração mensal dos anos de 2018 e 2019

Comparação da geração mensal 2018 vs. 2019


10.000,00
9.000,00
8.000,00
7.000,00
Energia [MWh]

6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00

2018 2019

Fonte: os autores (2020)

Pode-se observar que há fraca correlação entre os ciclos de geração de 2018


e 2019. O coeficiente de correlação fornecido pela ferramenta Excel é de -0,11, sendo
que coeficiente igual a 1 ou menos 1 significa correlação perfeita. O valor obtido,
próximo de zero, demonstra a fraca correlação linear entre os dados. A fraca
correlação demonstra que o comportamento do rio não é constante, sendo que o
déficit visto nos anos avaliados pode ser compensado em anos de maior vazão,
porém, não estão disponíveis dados para tal análise.
Os valores de geração mensal, conhecendo a capacidade instalada de 14 MW
da PCH Itaguaçu, permitem o cálculo do FC mensal da usina, sendo apresentada no
gráfico da Figura 36.
84

Figura 36 - Histórico do FC da PCH Itaguaçu


1,00

0,90

Fator de capacidade 0,80

0,70

0,60

0,50

0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
mai, 2018

mai, 2019
jan, 2018
fev, 2018

jun, 2018
jul, 2018

set, 2018

nov, 2018
dez, 2018
jan, 2019
fev, 2019

jun, 2019
jul, 2019

set, 2019

nov, 2019
dez, 2019
mar, 2018

ago, 2018

out, 2018

mar, 2019

ago, 2019

out, 2019
abr, 2018

abr, 2019
Mês, ano
Fonte: Os autores (2020)

A partir do FC mensal, obtêm-se o FC médio para os anos de 2018 e 2019,


sendo esse de 0,486. A associação de novas formas de geração deve resultar em FC
maior do que o apresentado.

4.2.2 Dados diários de operação

Diariamente são coletados dados de vazão turbinada média e acumulada para


cada turbina, montante da tomada d’água, vazão sanitária média e acumulada,
defluência média e acumulada, vazão vertida e precipitação de chuvas. A planilha que
apresenta os dados para o período entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019 é
apresentada no Anexo A, onde pode-se observar também a falta de informações para
os meses de outubro, novembro e dezembro de 2018. A administração da empresa
então forneceu os dados do medidor de energia elétrica instalado na usina, sendo
esses apresentados no Anexo A. As informações fornecidas para o período
apresentam medições horárias de energia ativa (geração e consumo), energia reativa
(capacitiva e indutiva), tensão e corrente por fase, fator de potência e FC da geração.
Além disso são apresentadas as demandas em ponta e fora de ponta no período. Com
isso foi possível preencher as informações faltantes na planilha de informações diárias
para posterior análise.
85

Os dados diários, mesmo com a correção dos meses de outubro, novembro e


dezembro de 2018, não são apresentados completamente. Considerando como
população os 720 dias do período avaliado, a amostra utilizada conta com 680 valores,
resultando em erro amostral de 1%.

4.3 DIMENSIONAMENTO DAS FONTES

O dimensionamento das fontes segue metodologia apresentada no item 3 do


presente trabalho baseada da revisão apresentada no capítulo 2. As análises técnica,
financeira e ambiental são apresentadas para cada fonte visto as diferentes
considerações necessárias para cada tecnologia.

4.3.1 Geração de eletricidade a partir da energia solar

Para o dimensionamento da fonte de geração de energia solar fotovoltaica,


os autores se basearam em duas premissas básicas: nas equações de
dimensionamento expressas no capítulo 2 item 2.1.4.4, sobre dimensionamento de
um sistema solar, do livro Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, e
também nos dados de geração da PCH Itaguaçu analisados no capítulo 4 item 4.2
deste trabalho, que demonstram os pontos críticos de geração em MWmed (Megawatt
Médio) durante os dois anos de análise.
Para facilitar o processo de dimensionamento foi selecionado um módulo
fotovoltaico como padrão para todo o cálculo. O módulo será o Q-Peak Duo L-G5.2
de 400 W, da fabricante Q-Cells, sendo escolhido por estar entre os módulos de maior
qualidade no setor, inclusive categorizado como Tier 1 pela Bloomberg. Os
parâmetros principais do módulo serão mencionados durante as próximas subseções
e podem ser conferidos em seu datasheet no anexo B deste trabalho.

4.3.1.1 Análise do recurso solar

Para a obtenção dos dados do recurso solar, foi utilizado o Atlas Solarimétrico
do Paraná que mantém os dados mais atualizados a respeito da irradiação no local
de estudo. Sendo assim, utilizou-se as coordenadas da usina contidas em seu As Built
86

(Lat. 24º41’37,03‖S e Long. 51º31’08,76‖O) e a equação 3 para a determinação do


HSP mensal.
Na Tabela 3 é possível verificar os dados de irradiação no local da PCH, sendo
a estação de medição da mesorregião Centro-Sul Paranaense, de Pitanga, nas
coordenadas (Lat. -24,694º e Long. -51.518º).

Tabela 3 - HSP médio e Produtividade média mensal irradiados na PCH Itaguaçu


Média
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Anual
HSP (horas) 5,28 5,37 5,35 5,13 4,29 3,91 4,28 5,2 4,86 5,04 5,48 5,43 4,97
Produtividade
3,96 4,03 4,01 3,85 3,21 2,93 3,21 3,90 3,65 3,78 4,11 4,07 3,73
(kWh/kWhp.dia)
Fonte: Adaptado de Atlas Solarimétrico do Paraná (2007)

4.3.1.2 Área disponível para geração

Antes de determinar a potência ideal para o gerador fotovoltaico, é importante


que se saiba qual o potencial total disponível para geração de energia solar, baseado
na área disponível do empreendimento da PCH. Para a obtenção dessa informação
foi consultado o As Built da usina, o documento destaca que o empreendimento ocupa
uma área de 125 ha, considerando reservatório, florestas protetoras, a central
hidrelétrica e demais áreas administrativas. Sendo assim, é necessário que se faça
uma escolha pontual das áreas pertencentes ao empreendimento possíveis para a
alocação de uma possível outra fonte de geração.
A Figura 37 demonstra a área total do empreendimento demarcada antes de
sua construção. A Figura 38 demonstra a área total atual após a construção da usina.
87

Figura 37 - Área total do empreendimento PCH Itaguaçu

Fonte: Energie Engenharia (2012)

Figura 38 - Área total do empreendimento PCH Itaguaçu – pós construção

Fonte: Google Earth (2020)

Dentre as áreas hoje disponíveis para a inserção de uma usina fotovoltaica


estão três possíveis: área “A” sobre o lago do reservatório (32.791 m²), área “B” sobre
o solo ao lado do almoxarifado da usina (4.646 m²), e área “C” sobre o telhado da
casa de força (252 m²).
A Figura 39 demonstra as áreas demarcadas como A, B e C demarcadas
como disponíveis para a instalação de um sistema fotovoltaico.
88

Figura 39 - Áreas disponíveis no empreendimento para a usina solar

Fonte: Adaptado de Google Earth (2020)

4.3.1.3 Potencial de geração

Após a obtenção dos dados de recurso solar e área disponível, foi possível
calcular qual seria a potência instalada de cada área demarcada. Para isso utilizou-se
dois métodos diferentes para o cálculo, o primeiro para as áreas A e B, onde existe
um espaçamento ideal entre as placas para que não provoquem sombra entre si, e o
segundo método para a área C, onde se calculou sem espaçamentos entre as placas,
a fim de aproveitar toda a área disponível sobre o telhado.
Considerou-se também dois ângulos diferentes no cálculo, o primeiro sendo
o ângulo do telhado da casa de força sendo 20º e o segundo sendo o ângulo ideal
conforme a latitude, demonstrado pelo manual da Bosh na Tabela 4.

Tabela 4 - Ângulo Inclinação dos módulos


Latitude geográfica Ângulo de inclinação
do local recomendado
0º a 10º α = 10º
11º a 20º α = latitude
21º a 30º α = latitude + 5º
31º a 40º α = latitude + 10º
41º ou mais α = latitude + 15º
Fonte: Adaptado de Bosch Solar Energy Corp (2011)

No caso da PCH Itaguaçu, com latitude de -24,69º, a angulação correta dos


módulos seria de 29º em relação ao solo.
Sabendo da angulação dos painéis, é possível encontrar o espaçamento ideal
entre as fileiras horizontais para o sistema sobre o solo e sobre a água. O cálculo
utilizado é baseado na semelhança de triângulos, tendo como ângulo α a incidência
89

radial direta dos raios solares o mesmo ângulo referente a latitude do local, as
dimensões dos módulos referentes ao modelo escolhido (2015 mm x 1000 mm), o
ângulo β o mesmo ângulo de inclinação do módulo (29º) e a distância d a distância
horizontal entre o começo do primeiro e o final do segundo módulo.
A Figura 40 ilustra fielmente a descrição elaborada no parágrafo anterior.

Figura 40 - Ilustração distância entre módulos em solo

Fonte: Adaptado de Souza e Tapia (2018)

É importante ressaltar que para a configuração dos módulos adotou-se dois


módulos por estrutura fixados na horizontal, obtendo assim um valor de b igual a 2
metros. Outra consideração é que o método de cálculo aqui proposto é um método
simplificado, onde, em caso de um projeto de usina real, deve-se utilizar como auxílio
um software de cálculo que simula os solstícios e o impacto do sombreamento entre
estruturas para o obter o valor ótimo de aplicação.
Para o cálculo da distância d primeiro calculou-se a altura h do painel e a
distância da base e, dados pela equação 26 e equação 27:

ℎ = 𝑏 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝛽)
(26)

𝑒 = 𝑏 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝛽)
(27)

Utilizando os valores descritos anteriormente, determinamos que a altura h é


igual a 0,969 m e a distância da base e é igual a 1,749 m.
Por fim, é possível calcular a distância entre os módulos pela equação 28:

𝑑 = (3,5 ∙ ℎ) − 𝐷
(28)
90

Sendo assim, a distância d mínima entre os módulos é de 1,64 m. Que será


arredondada e considerada neste trabalho como 1,70 m.
Tendo conhecimento das distâncias mínimas entre as fileiras dos módulos é
possível encontrar a o potência máxima possível em todas as áreas definidas
anteriormente. A razão que se utilizará será a área total pela área ocupada pelos
módulos, com resultante na quantidade de módulos e por fim na potência pico máxima
para cada área.
Na Tabela 5 está detalhado a potência máxima por área, considerando que
no sistema sobre o telhado não há espaçamento entre os módulos e o distanciamento
entre módulos no sistema sobre a água é o mesmo que o sobre o solo.

Tabela 5 - Potência máxima por área da usina


Área ocupada por
Local Área (m²) N° de Módulos Potência max. (kWp)
Módulo (m²/mod)
A 32.791 3,475 9.436 3.774,40
B 4.646 3,475 1.336 534,40
C 252 2,012 125 50,01
Total 37.689 8.962 10.897 4.358,85
Fonte: Os autores (2020)

4.3.1.4 Análise financeira da geração solar

Para a análise financeira da geração solar fotovoltaica foi utilizado a


metodologia e os índices apresentados no capítulo 2 item 2.1.7 sobre a viabilidade
econômica.
O objetivo da análise realizada para a fonte de energia solar e demais fontes,
é de demonstrar a viabilidade econômica do empreendimento com base nos índices
econômicos e técnicos da planta. A avaliação como um todo tem como dados de saída
os valores de potência de operação máxima no modelo híbrido, geração de energia
máxima da fonte, receita baseada nos valores de contrato, fluxo de caixa, VPL, TIR,
payback, IBC e demais valores que possam servir de comparação para o presente
trabalho.
Para a facilitação da automação dos cálculos realizados e simulação dos
quesitos técnicos e financeiros, os autores desenvolveram uma planilha no software
Excel. A planilha em questão é utilizada e apresentada no presente trabalho.
A primeira parte dos cálculos se baseia na obtenção dos dados de potência
instalada máxima e geração de energia. Esses valores tiveram como correspondência
91

os dados obtidos da PCH Itaguaçu nos anos de 2018 e 2019, onde se conhece os
valores de potência média, geração em MWh e o PLD.
Para toda a simulação variou-se os valores de potência máxima, conforme os
valores encontrados na Tabela 5 que tem sua variação conforme a área disponível da
usina. A variação para a simulação deu-se da potência máxima 4,359 MW até 0,5
MW, diminuindo em um fator de 500 kW. Sendo assim, para encontrar os valores de
potência máxima da usina (PCH + Solar), obteve-se os valores médios de potência
(MWmed) por mês conforme dados analisados anteriormente. Por fim, a potência no
modelo híbrido da usina deu-se pela soma das variações de potência de energia solar
(0,5 MW até 4,359 MW) e da potência média da PCH Itaguaçu no mês
correspondente. Nos casos onde a soma das potências ultrapassou a potência
máxima da subestação (14 MW), utilizou-se apenas o seu valor máximo,
desconsiderando o excedente.
Para obtenção dos valores de energia foi utilizado a equação 4 deste trabalho,
onde tratou-se da incógnita 𝐸 como a energia máxima a ser gerada pela planta solar,
a potência 𝑃𝐹𝑉 como valor em variação de 0,5 a 4,359 MW, a 𝑇𝐷 como valor fixo de
0,85 e, por fim, o 𝐻𝑆𝑃𝑀𝐴 sendo os valores encontrados de irradiação na Tabela 3. A
energia 𝐸 encontrada é a energia máxima gerada na configuração híbrida (PCH +
Solar).
A segunda parte da análise, tem como premissa a obtenção dos valores de
receita com a venda de energia via contrato no MCP, investimento inicial, valores de
saídas definidos principalmente como despesas operacionais (OPEX) e por fim o fluxo
de caixa mensal.
Para as receitas da usina solar foi utilizado como parâmetro de comparação
o modelo de receitas da PCH Itaguaçu nos anos de 2018 e 2019. No caso da PCH, o
contrato existente é do tipo FLAT e tem sua remuneração baseada na venda do MWh
referente ao PLD médio do mês, somado a uma remuneração extra de R$ 48,00 por
MWh gerado. Sendo assim, utilizou-se os mesmos valores de comercialização a fim
de traçar um comparativo, tendo como premissa a atuação da usina solar também no
MCP nas mesmas condições.
Na questão do valor do investimento para usina solar utilizou-se o material
bibliográfico “Estudo Estratégico de Geração Distribuída – Mercado Fotovoltaico – 1º
Semestre 2020”, produzido pela empresa Greener (2020). O estudo é referência no
setor fotovoltaico, é elaborado semestralmente e, na edição consultada, teve 2.104
92

empresas entrevistadas. O estudo traz inúmeras informações sobre o setor, inclusive


os preços em R$/Wp instalados de energia solar fotovoltaica, do qual será utilizado
neste trabalho como valor referência. O valor em R$/Wp instalados correspondem ao
valor total de investimento para a construção de uma usina solar fotovoltaica,
contabilizando mão de obra, equipamentos e demais custos inerentes a engenharia.
Na Figura 41 é possível ver os valores referentes ao mês de junho em R$/Wp.

Figura 41 - Custo para o cliente final usina solar em R$/Wp

Fonte: Greener (2020)

O estudo prevê os custos de instalação em uma instalação sobre o telhado e


sobre o solo. Mesmo que para nossa configuração tenha variações entre solo, telhado
e o lago, para este trabalho será considerado apenas os valores sobre o solo.
Os custos referentes as estruturas flutuantes para fixação dos painéis na
usina sobre o lago foram consideradas neste trabalho pelo mesmo valor que as
estruturas de fixação sobre o solo, mesmo que os materiais e construção sejam
diferentes entre si. O estudo de caso de Medeiros e Ferreira (2018) do sistema
fotovoltaico sobre o reservatório da UHE Sobradinho, demonstra detalhadamente os
custos envolvendo a construção da usina fotovoltaica, inclusive os custos com a
estrutura flutuante. No trabalho dos autores, o custo para as estruturas flutuantes foi
estimado em R$ 0,7394 por Wp instalado, o que resulta em um total final de R$ 3,216
por Wp. Custo que comparado ao estudo da Greener (2020), se mantém próximo das
estruturas sobre o solo.
A Figura 42 demonstra o detalhamento do investimento necessário para usina
flutuante estudada por Medeiros e Ferreira (2018).
93

Figura 42 - Custo detalhado UFV sobre o reservatório UHE Sobradinho

Fonte: Medeiros, Ferreira (2018)

Para as saídas mensais, considerou-se um valor fixo mensal baseado nos


valores de OPEX de uma usina fotovoltaica. Segundo Shimura et al. (2016), os valores
de OPEX de uma usina solar variam entre 3 valores principais: para usinas
centralizadas o valor de OPEX anual é de 0,64% do CAPEX, para usina com até 4
inversores o OPEX anual é de 0,72% do CAPEX e, por fim, para usinas com
inversores distribuídos o valor de OPEX é de 1,08% do CAPEX.
Para este trabalho, sabendo que na configuração de potência máxima os
inversores serão distribuídos, utilizou-se os valores de OPEX anual sendo 1,08% do
CAPEX. Sendo assim, os valores de OPEX encontrados, serão designados como os
valores referentes as despesas da usina, computadas como operação, treinamentos
e demais custos com manutenção.
Sabendo os valores de receitas e despesas, foi possível definir os valores
referentes ao fluxo de caixa da usina solar.
Tendo conhecimento sobre os valores até aqui calculados em uma extensão
de tempo de dois anos, referente aos dados reais obtidos da PCH Itaguaçu, foi
possível elaborar uma estimativa destes mesmos valores em um período de 25 anos
de operação da usina solar. A escolha dos 25 anos se dá pelo tempo de vida útil dos
módulos fotovoltaicos garantido pelo fabricante com uma potência mínima de 85%.
Para o período simulado foi considerado nos cálculos um índice de inflação
de 5%a.a. sobre o valor do PLD, uma diminuição da eficiência dos módulos de
0,56%a.a. e uma TMA de 4,12%, este último referente a taxa mínima do tesouro direto
prefixado 2023.
94

Os valores simulados para a potência máxima na configuração híbrida (PCH


+ Solar) de 4,359 MW, nos anos de 2018 e 2019, podem ser observados nas Tabelas
6 e 7. Já os valores referentes a projeção em um período de 25 anos podem ser
observados nas Tabelas 8 e 9 subsequentes.
95

Tabela 6 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 2018


Data dados
mês 0 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18
PCH
Data projeção
mês 0 jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20 out/20 nov/20 dez/20
Solar
Potência Média
Usina PCH
- 11,694 8,414 5,047 10,314 4,084 5,233 2,986 2,784 2,485 9,160 9,402 6,696
2018/2019
(MWmed)
Energia
Gerada PCH - 9001,559 7210,905 4605,263 8187,171 3823,342 3938,004 2271,109 2133,312 2559,105 6276,572 6652,739 3918,945
(MWH)
PLD Médio no R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
-
mês (R$/MWh) 177,82 188,54 219,23 109,71 325,46 472,87 505,18 505,18 472,75 271,83 123,92 78,96
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA SOLAR (4,359 MW)
Potência (MW) - 16,051 12,771 9,404 14,671 8,441 9,590 7,343 7,141 6,842 13,517 13,759 11,053
Potência Max.
- 14,000 12,771 9,404 14,000 8,441 9,590 7,343 7,141 6,842 13,517 13,759 11,053
Hibrida (MW)
HSP (h) - 5,28 5,37 5,35 5,13 4,29 3,91 4,28 5,20 4,86 5,04 5,48 5,43
Energia UFV
- 310,470 596,622 594,399 482,140 476,631 434,412 475,520 577,734 539,959 559,958 608,843 603,288
Gerada (MWh)
Energia UFV
Desperdiçada - 276,152 0,000 0,000 87,817 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
(MWh)
Venda por PLD R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) - 70.110,36 141.124,85 158.841,37 76.038,28 178.002,46 226.271,96 263.047,92 319.590,93 281.183,72 179.091,25 104.672,26 76.593,40
Investimento
-R$
Necessário - - - - - - - - - - - -
16.128.300,00
(R$)
Saídas -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
mensais (R$) 16.128.300,00 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47
Fluxo de caixa -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) 16.128.300,00 55.594,89 126.609,38 144.325,90 61.522,81 163.486,99 211.756,49 248.532,45 305.075,46 266.668,25 164.575,78 90.156,79 62.077,93
Fonte: Os autores (2020)
96
Tabela 7 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 2019
Data dados PCH jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19
Data projeção Solar jan/21 fev/21 mar/21 abr/21 mai/21 jun/21 jul/21 ago/21 set/21 out/21 nov/21 dez/21
Potência Média Usina
PCH 2018/2019 5,209 5,556 11,378 6,104 5,726 13,023 6,310 2,954 2,445 2,198 3,219 9,210
(MWmed)
Energia Gerada PCH
3918,251 3826,007 8392,929 4462,127 4876,431 9123,703 4828,006 2490,86 1996,71 1995,278 3946,433 7142,486
(MWH)
PLD Médio no mês R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$/MWh) 192,10 443,67 234,49 180,41 135,17 78,52 185,52 237,29 219,57 237,89 317,28 227,30
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA SOLAR (4,359 MW)
Potência (MW) 9,566 9,913 15,735 10,461 10,083 17,380 10,667 7,311 6,802 6,555 7,576 13,567
Potência Max. Hibrida
9,566 9,913 14,000 10,461 10,083 14,000 10,667 7,311 6,802 6,555 7,576 13,567
(MW)
HSP (h) 5,28 5,37 5,35 5,13 4,29 3,91 4,28 5,20 4,86 5,04 5,48 5,43
Energia UFV Gerada
586,622 596,622 357,742 569,957 476,631 97,435 475,520 577,734 539,959 559,958 608,843 603,288
(MWh)
Energia UFV
0,000 0,000 236,658 0,000 0,000 336,977 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Desperdiçada (MWh)
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Venda por PLD (R$)
140.848,01 293.340,90 101.058,40 130.183,85 87.304,43 12.327,48 111.043,33 164.821,75 144.476,87 160.086,29 222.398,10 166.085,10
Investimento
- - - - - - - - - - - -
Necessário (R$)
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
Saídas mensais (R$)
14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47 14.515,47
R$ R$ R$ R$ R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fluxo de caixa (R$)
126.332,54 278.825,43 86.542,93 115.668,38 72.788,96 2.187,99 96.527,86 150.306,28 129.961,40 145.570,82 207.882,63 151.569,63
Fonte: Os autores (2020)
97
Tabela 8 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 0 até ano 12
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Potência
Média
- 6,525 6,111 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
PCH
(MWmed)
PLD méd R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
-
(R$/MWh) 287,621 224,10 268,65 282,09 296,19 311,00 326,55 342,88 360,02 378,02 396,92 416,77
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA SOLAR (4,359 MW)
- 10,882 10,468 10,628 10,604 10,579 10,555 10,530 10,506 10,482 10,457 10,433 10,408
Pot. Max
Hibrida - 10,882 10,468 10,628 10,604 10,579 10,555 10,530 10,506 10,482 10,457 10,433 10,408
(MWmed)
HSP - 4,968 4,968 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97
Energia
Gerada
- 6259,974 6050,309 6643,737 6606,069 6568,401 6530,733 6493,065 6455,397 6417,729 6380,061 6342,393 6304,725
UFV
(MWh)
Receita
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
via PLD +
- 2.074.568,76 1.733.974,51 2.103.765,17 2.180.574,76 2.260.783,94 2.344.536,13 2.431.980,60 2.523.272,68 2.618.573,98 2.718.052,69 2.821.883,76 2.930.249,23
taxa
Investime -R$
- - - - - - - - - - - -
nto Inicial 16.128.300,00
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
Despesas
16.128.300,00 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64
Fluxo de -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Caixa 16.128.300,00 1.900.383,12 1.559.788,87 1.929.579,53 2.006.389,12 2.086.598,30 2.170.350,49 2.257.794,96 2.349.087,04 2.444.388,34 2.543.867,05 2.647.698,12 2.756.063,59
-R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP
16.128.300,00 1.825.185,48 1.438.790,29 1.709.464,97 1.707.176,90 1.705.171,44 1.703.432,46 1.701.944,46 1.700.692,64 1.699.662,80 1.698.841,32 1.698.215,16 1.697.771,82
VP
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ R$ R$
Acumulad -R$ 16.128.300,00
14.303.114,52 12.864.324,24 11.154.859,27 9.447.682,37 7.742.510,92 6.039.078,47 4.337.134,00 2.636.441,36
-R$ 936.778,57 R$ 762.062,75
2.460.277,91 4.158.049,73
o
Fonte: Os autores (2020)
98
Tabela 9 - Planilha Simulação Solar em 4,359 MW ano 13 até ano 25
Ano 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Potência
Média PCH 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
(MWmed)
PLD méd R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$/MWh) 437,61 459,49 482,46 506,59 531,92 558,51 586,44 615,76 646,55 678,87 712,82 748,46 785,88
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA SOLAR (4,359 MW)
10,384 10,359 10,335 10,310 10,286 10,262 10,262 10,213 10,188 10,164 10,139 10,115 10,091
Pot. Max
Hibrida 10,384 10,359 10,335 10,310 10,286 10,262 10,262 10,213 10,188 10,164 10,139 10,115 10,091
(MWmed)
HSP 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97 4,97
Energia
Gerada UFV 6267,057 6229,389 6191,721 6154,053 6116,385 6078,717 6078,717 6003,381 5965,713 5928,045 5890,377 5852,709 5815,041
(MWh)
Receita via R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
PLD + taxa 3.043.338,42 3.161.348,29 3.284.483,65 3.412.957,50 3.546.991,35 3.686.815,48 3.856.567,34 3.984.801,76 4.143.471,50 4.308.947,42 4.481.508,94 4.661.446,43 4.849.061,54
Investimento
- - - - - - - - - - - - -
Inicial
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
Despesas
174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64 174.185,64
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fluxo de Caixa
2.869.152,78 2.987.162,65 3.110.298,01 3.238.771,86 3.372.805,71 3.512.629,84 3.682.381,70 3.810.616,12 3.969.285,86 4.134.761,78 4.307.323,30 4.487.260,79 4.674.875,90
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP
1.697.499,29 1.697.386,09 1.697.421,15 1.697.593,90 1.697.894,16 1.698.312,15 1.709.935,68 1.699.464,16 1.700.180,49 1.700.979,13 1.701.852,06 1.702.791,54 1.703.790,14

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP Acumulado 5.855.549,02 7.552.935,11 9.250.356,26 10.947.950,16 12.645.844,32 14.344.156,47 16.054.092,15 17.753.556,31 19.453.736,80 21.154.715,93 22.856.567,99 24.559.359,53 26.263.149,67

Fonte: Os autores (2020)


99

As Tabelas 6, 7, 8 e 9 representam apenas a simulação para em


potência máxima da usina solar de 4,359 MW. Como comentado anteriormente,
para a análise financeira completa, simulou-se também a variação da potência
de 0,5 MW até 4,359 MW.
O objetivo da simulação é observar os índices de viabilidade financeira
VPL, TIR, IBC e payback, além de seus investimentos iniciais e sua comparação
ao aumento do FC da usina Itaguaçu.
O gráfico da Figura 43 demonstra os resultados obtidos na simulação
comparando a variação do FC e o payback da usina.

Figura 43 - Comparação FC e payback UFV


Comparação FC e Payback
55,00% 9,75

54,00% 9,7
Fator de Capacidade (%)

53,00% 9,65

52,00% 9,6

Payback (anos)
51,00% 9,55

50,00% 9,5

49,00% 9,45

48,00% 9,4

47,00% 9,35

46,00% 9,3
0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,359
Potência (MW) FC Payback

Fonte: Os autores (2020)

Em todas as simulações o payback da usina ficou acima de 9 anos, o


que demonstra um tempo alto de retorno para investimentos deste porte. Para
potências menores que 1,5 MW há um aumento de 3 meses em relação ao
menor valor, 9 anos e 5 meses.
O Figura 44 demonstra os resultados obtidos na simulação comparando
a variação do FC e TIR da usina.
100

Figura 44 - Comparação FC e TIR UFV

Comparação FC e TIR
55,00% 14,10%
54,00%
14,00%
53,00%
Fator de carga (%)

13,90%
52,00%
13,80%

TIR (%)
51,00%
50,00% 13,70%
49,00%
13,60%
48,00%
13,50%
47,00%
46,00% 13,40%
0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,359
Potência (MW) FC TIR
Fonte: Os autores (2020).

Em relação a Taxa Interna de Retorno, os valores ficaram todos acima


de 13%, o que demonstra ser um investimento interessante quando comparado
a Taxa Mínima de Atratividade prefixada anteriormente em 4,12%.
O Figura 45 demonstra os resultados obtidos na simulação comparando
a variação do FC e TIR da usina.

Figura 45 - Comparação FC e TIR UFV

Comparação FC e Investimento
55,00% R$18,00 Investimento (em milhões de R$)
54,00% R$16,00
53,00% R$14,00
52,00% R$12,00
Fator de Carga

51,00% R$10,00
50,00% R$8,00
49,00% R$6,00
48,00% R$4,00
47,00% R$2,00
46,00% R$-
0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,359
Potência (MW) FC Investimento

Fonte: Os autores (2020)

Na maior potência possível o investimento inicial necessário é estimado


em R$ 16.128.300,00, enquanto na menor potência avaliada o investimento ficou
próximo a R$ 6 milhões. Nota-se também que quando comparado ao FC, o
101

investimento tende a ter um aumento menor em relação ao incremento de


potência, o que pode resultar em um investimento interessante quando
executado em potências maiores.
Em relação ao índice IBC, os valores calculados ficaram entre 2,57 para
menor potência e 2,63 para a maior. O índice demonstra que para cada R$ 1,00
investido na usina, pelo menos R$ 2,57 são retornados ao investidor.

4.3.1.5 Análise ambiental energia solar

Para uma análise de impacto ambiental de uma usina em um caso real,


deve-se fazer um levantamento técnico denominado como Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), já comentado anteriormente. Nesse estudo avalia-se os
diversos impactos que a implementação de um projeto pode oferecer, além de
indicar medidas mitigatórias. Levando essa premissa em consideração, para
este trabalho, será apresentado apenas alguns pontos, baseado em estudos
bibliográficos de projetos semelhantes, que possam servir como observações ou
indicadores prévios para um estudo mais completo.
McKay (2013) menciona que a instalação de sistemas fotovoltaicos
flutuantes traz inúmeros benefícios, entre ele o aumento 10% de eficiência
elétrica comparado a instalação sobre o solo. Esse aumento é devido
principalmente ao sistema trabalhar em uma temperatura menor por estar perto
da água e pelo acúmulo de poeira ser menor. O autor também menciona que os
sistemas fotovoltaicos flutuantes levam vantagem por não ter problemas com
espaços ou sombreamento, possuírem uma superfície perfeitamente horizontal
(diminuindo os problemas com angulação) e um impacto ambiental
consideravelmente menor que outros sistemas.
McKay (2013) ainda conclui que a parte das fazendas solares que
cobrem a água podem reduzir cerca de 85% da evaporação da água e os
indicadores de qualidade da água tendem a aumentar. A diminuição de luz solar
direta na água de um reservatório, faz com que exista uma diminuição na coluna
da água logo abaixo do plano do sistema fotovoltaico, o que por sua vez diminui
a proliferação de algas. A diminuição de algas é a responsável pelo aumento dos
indicadores de qualidade da água.
102

Sahu et al. (2016) traz em suas considerações de impacto ambiental de


usinas flutuantes, que tais construções podem trazer riscos de acidentes
elétricos com a biodiversidade do local (peixes e demais animais subaquáticos),
no caso de estruturas de Polietileno de Alta Densidade (DHPE) podem afetar a
qualidade da água e a pesca ou atividades de transporte em corpos d’água
também podem ser afetados.
No caso de sistemas sobre o solo, Barbosa Filho (2015) afirma que a
implementação desse tipo de sistema pode acarretar modificações dos ciclos de
desenvolvimento da fauna e da flora, tanto durante a fase de construção quanto
durante a permanência do empreendimento. Entre as consequências estão:
perda da cobertura vegetal, alteração da dinâmica dos ecossistemas locais,
afugentamento e fuga da fauna local, diminuição de potencial ecológico, entre
outros. O autor conclui que o maior impacto dos sistemas fotovoltaico (seja sobre
solo ou telhado) é referente a fabricação e montagem dos módulos fotovoltaicos.
Conclusão que corrobora com a pesquisa de Choi et al (2012), que apresenta o
impacto da fabricação de módulos fotovoltaicos demonstrados em termos de
ciclo de vida, onde é apresentado que para a produção de módulos é possível
um impacto de 40 kg de 𝐶𝑂2/módulo.

4.3.2 Geração de eletricidade a partir de biomassa

A unidade de geração de eletricidade a partir de biomassa busca


primeiramente avaliar o material passível de aproveitamento. Visto a já
mencionada recomendação de Tolmasquim (2016) de utilização da rota de
biodigestão para geração de eletricidade, esse é o tipo de equipamento
dimensionado no presente tópico. O fluxograma da Figura 46 apresenta a
estrutura do dimensionamento da planta.
103

Figura 46 - Diagrama do dimensionamento da planta de geração elétrica a


partir de biomassa

Fonte: Os autores (2020)

Podemos observar que o processo se inicia com a determinação do


material disponível, sendo essa informação necessária para o dimensionamento
dos equipamentos da planta e para a estimativa dos custos de investimento
inicial e operação da usina. Em seguida são feitas as análises financeira e
ambiental da implementação da planta.

4.3.2.1 Disponibilidade de substrato

O dimensionamento do biodigestor se inicia com a obtenção de dados.


A plataforma do IPARDES fornece dados de efetivo pecuário e produção agrícola
em toneladas. Os valores são a quantidade produzida nos municípios de Pitanga
e Boa Ventura do São Roque visto a localização da usina no limite municipal
dessas cidades. O banco de dados, no entanto, não fornece informações sobre
104

os ciclos de produção dos materiais e impossibilitando a análise da sazonalidade


no potencial energético do material. Os valores obtidos foram selecionados para
análise conforme disponibilidade de estudos sobre o material, sendo que a
produção adotada para o estudo é exposta na Tabela 10.

Tabela 10 - Produção agropecuária dos municípios de Boa Ventura do São


Roque e Pitanga
Variável Produção 2018
Efetivo de Galináceos - Total 104.500,00
Efetivo do Rebanho de Suínos - Total 39.399,00
Efetivo do Rebanho de Bovinos - Total 121.640,00
Produção Agrícola - Aveia (em grão) - Quantidade Produzida [t] 280,00
Produção Agrícola - Cevada (em grão) - Quantidade Produzida [t] 2.184,00
Produção Agrícola - Milho (em grão) - Quantidade Produzida [t] 26.340,00
Produção Agrícola - Trigo (em grão) - Quantidade Produzida [t] 45.575,00
Fonte: adaptado de IPARDES (2018)

Para a estimativa de produção de biogás, foram avaliados o potencial de


geração de resíduo tanto dos animais como da produção agrícola. Para o
primeiro caso considera-se ainda a razão de captação desse resíduo, sendo que
animais como bovinos, criados normalmente de forma extensiva, chegam a ter
apenas 7% do resíduo coletado. Adota-se também que a coleta é feita durante
a limpeza do local de criação dos animais, já garantindo a liquidez necessária
para biodigestão. Essas aproximações são necessárias visto a indisponibilidade
de maiores informações sobre metodologias de criação dos pecuaristas das
cidades selecionadas. Os valores utilizados e o resultado do cálculo de
quantidade de material e potencial de geração de biogás para o resíduo pecuário
são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 - Produção de biogás de resíduos pecuários de Boa Ventura do São


Roque e Pitanga.
Porcentagem GVE
Produção de Quantidade Produção de Produção
Produção de material (unidade
Variável resíduo de resíduos gás de gás
2018 disponível animal de
[kg/animal/dia] [kg/dia] [m³/GVE/dia] [m³/dia]
para coleta 500 kg)

Galináceos 104.500 - 0,01 836,00 0,0023 3,50 841,23

Suínos 39.399 0,73 0,40 11.504,51 0,14 0,60 2.415,95

Bovinos 121.640 0,07 5,10 43.425,48 1,20 0,56 5.721,95


Fonte: Einarsson, Persson (2017); Deublein, Steinhauser (2008); Nogueira (2012); Guimarães
et al. (2017)
105

A geração a partir de resíduo agrícola é calculada levando em conta a


coleta de apenas 30% do substrato gerado durante a produção. Einarsson e
Persson (2017) trazem a necessidade dessa correção devido a prática da não
coleta de resíduos para enriquecimento do solo após colheitas além do
fornecimento do material para forragem em criadouros e até adição na ração
animal. Os valores utilizados e o resultado do cálculo de quantidade de material
e potencial de geração de biogás a partir do resíduo agrícola são apresentados
na Tabela 12.

Tabela 12 - Produção de biogás de resíduos agrícolas de Boa Ventura do São


Roque e Pitanga.
Razão da Porcentagem de Quantidade de Produção de
Produção Produção de
Variável produção de material disponível resíduos gás [m³/kg/dia
2018 gás [m³/dia]
resíduo para coleta [kg/dia] de retenção]

Aveia [t] 280 0,80 0,3 184,11 0,20 36,82

Cevada [t] 2.184 0,70 0,3 1.256,55 0,20 251,31

Milho [t] 26.340 1,00 0,3 21.649,32 0,40 8.659,73

Trigo [t] 45.575 0,90 0,3 33.713,01 0,20 6.742,60


Fonte: Einarsson, Persson (2017); Deublein, Steinhauser (2008)

Para Deublein e Steinhauser (2008, p. 53), a mistura de diferentes


substratos para biodigestão não é fator impeditivo para a operação, sendo por
vezes necessário para materiais residuais agrícolas de umidade baixa, como as
palhas aqui apresentadas. Deve-se, no entanto, avaliar a composição dos
substratos utilizados para garantir níveis seguros de nitrogênio e enxofre, o
último especialmente para o resíduo de galináceos. Com isso, o
dimensionamento da planta de biodigestão de máxima capacidade assume a
mistura dos resíduos agrícolas e pecuários aqui apresentados totalizando 112,57
toneladas de substrato disponibilizado por dia e 24.670 m³ de biogás por dia de
retenção do material.
Os valores apresentados representam a quantia total de substrato
disponível nas cidades avaliadas, porém espera-se que o material se encontre
distribuído dentro dos limites municipais. Visto a dificuldade de coleta total do
substrato, no presente estudo adota-se que a coleta é feita atendendo um raio
de 15 km ao redor da usina com 4 caminhões partindo e voltando para usina
atendendo os produtores das direções norte, sul, leste e oeste. O fator de
limitação do material é obtido com a divisão da área de um círculo com 15 km de
raio (706,86 km²) pela área total de ambos os municípios avaliados (2.286,2
106

km²), resultando em 0,309. Com isso, os valores adotados para os cálculos aqui
apresentados são então de 34,8 toneladas de substrato por dia e 7.627 m³ de
biogás por dia.
Conhecendo o potencial de geração de gás e a quantidade de material
disponibilizado, pode-se seguir para o dimensionamento das partes integrantes
da usina.

4.3.2.2 Dimensionamento da planta

O dimensionamento das partes da usina busca verificar se há espaço


físico compatível com a operação. Foi avaliada a implantação da usina na Região
B apresentada na Figura 39.
A utilização de material líquido e seco exige a previsão de um tanque de
pré-tratamento para o primeiro, e um silo para o segundo tipo de material. Com
os dados aqui apresentados e substituindo-os nas equações 8 e 9, temos os
volumes dos equipamentos. O valor de 𝑡𝑟 adotado para dimensionamento do
tanque e do silo segue a recomendação de Deublein e Steinhauser (2008) de 10
dias para materiais de biodigestão mesófila. O fator de correção de volume (𝑓𝑣 )
de 1,25 também é adotado conforme recomendação dos autores buscando
maior segurança na operação da planta, permitindo menores riscos de
pressurização inesperada do material enquanto armazenado. Para a densidade
do material líquido adota-se o mesmo valor da água visto sua alta liquidez, sendo
de 1000 kg/m³, enquanto para o material seco adota-se 700 kg/m³, conforme
recomendação dos autores. Substituindo valores, chega-se ao volume do tanque
de preparação de 215,52 m³. Determinando que o diâmetro da construção se
iguala à duas vezes a altura chegamos à área de 83,57 m². O valor encontrado
para o volume do silo é de 811,47 m³, sendo que novamente adotando o
diâmetro do silo como duas vezes sua altura temos a área ocupada pela
construção igual à 50,57 m².
Substituindo as informações de produção de substrato na equação 10
pode-se estimar o volume do biorreator. O valor encontrado é de 1305,17 m³,
sendo que adotando o diâmetro do biorreator como duas vezes a altura, temos
a área ocupada pela construção igual à 277,66 m². O gasômetro armazena o
mesmo volume que o biorreator ocupando a mesma área.
107

Os resultados dos cálculos de área ocupada pelos equipamentos e seus


respectivos volumes são resumidos na Tabela 13.

Tabela 13 - Área necessária para planta de biogás


Equipamentos Volume [m³] Área [m²]
Tanque de pré-tratamento 215,52 83,57
Silo 77,57 10,57
Biorreator 1.305,17 277,66
Gasômetro 1.305,17 277,66
Total 1.447,85
Fonte: Os autores (2020)

A área ocupada pelo gerador varia conforme a potência adotada, sendo


que mesmo adotando o maior valor possível para a planta aqui representa
menos que 1% da área necessária para demais componentes.

4.3.2.3 Potencial de geração

A potência elétrica máxima da planta que será adotada como capacidade


instalada é obtida com a utilização da equação 11. A máxima capacidade
instalada da usina em kW avaliando toda a produção de substrato dos municípios
avaliados encontrada pela substituição dos valores apresentados na equação é
de 762,75 MW.

4.3.2.4 Análise financeira da geração a partir da biomassa

A análise financeira se inicia estimando os custos de investimentos e de


operação e manutenção máximos da planta, considerando a capacidade
instalada de 762,75 kW. Os custos de transporte consideram o atendimento de
uma área de 15 km de raio ao redor da usina com 4 caminhões diariamente.
Devido a rugosidade do terreno, no entanto, o raio da área considerada
representa distâncias de 31,4 a 71,3 km, sendo que para os cálculos aqui
efetuados adota-se a média de 51,35 km. Demais equações utilizadas são
apresentadas no tópico 2.1.5.4, sendo que a Tabela 14 apresenta o resultado da
substituição do valor encontrado para capacidade instalada máxima.
108

Tabela 14 - CAPEX e OPES da planta de biodigestão


CAPEX [R$] OPEX [R$/ano]
Biorreator R$ 6.224.105,73 R$ 478.536,37
Gerador R$ 2.220.116,06 R$ 345.904,31
Purificação - R$ 182.368,44
Transporte - R$ 1.754.463,05
TOTAL R$ 8.444.221,79 R$ 1.884.040,65
Fonte: Os autores (2020)

Com os valores aqui apresentados utilizou-se a planilha de análise


financeira já apresentada na avaliação da geração solar, sendo a análise
seguindo a metodologia e índices apresentados no capítulo 2, item 2.1.7. Os
valores de PLD mensal, índice de inflação de 5,5%a.a., TMA de 4,12%a.a. e
informações de geração da PCH Itaguaçu seguem inalteradas. O período
avaliado é de 25 anos sendo utilizados os dados da PCH Itaguaçu para os anos
de 2018 e 2019.
As Tabelas 15, 16, 17 e 18 demonstram o cálculo da viabilidade
financeira da planta de biomassa aqui dimensionada adotando capacidade
instalada de 762,75 kW.
109

Tabela 15 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW para o ano 2018


Data dados
mês 0 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18
PCH
Potência
Média
Usina PCH - 11,694 8,414 5,047 10,314 4,084 5,233 2,986 2,784 2,485 9,160 9,402 6,696
2018/2019
(MWmed)
Energia
Gerada - 9001,559 7210,905 4605,263 8187,171 3823,342 3938,004 2271,109 2133,312 2559,105 6276,572 6652,739 3918,945
PCH (MWh)
PLD Médio
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
no mês -
177,82 188,54 219,23 109,71 325,46 472,87 505,18 505,18 472,75 271,83 123,92 78,96
(R$/MWh)
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA BIOMASSA (0,76275 MW)
Potência
- 12,457 9,177 5,810 11,077 4,847 5,996 3,749 3,547 3,247 9,923 10,164 7,459
(MW)
Potência
Max.
- 12,457 9,177 5,810 11,077 4,847 5,996 3,749 3,547 3,247 9,923 10,164 7,459
Hibrida
(MW)
Energia
Gerada
- 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177
Biomassa(
MWh)
Venda por R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
PLD (R$) - 124.015,16 129.902,34 146.756,58 86.610,71 205.095,66 286.049,85 303.793,76 303.793,76 285.983,95 175.643,30 94.414,52 69.723,52
Investimen
to -R$
Necessário 8.444.221,79
(R$)
Saidas
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
mensais
8.444.221,79 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39
(R$)
Fluxo de -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ -R$ -R$
caixa (R$) 8.444.221,79 32.988,23 27.101,05 10.246,80 70.392,67 48.092,27 129.046,46 146.790,37 146.790,37 128.980,56 18.639,91 62.588,87 87.279,87
Fonte: Os autores (2020)
110

Tabela 16 - - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW para o ano 2019


Data dados PCH jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19
Potência Média Usina PCH
5,209 5,556 11,378 6,104 5,726 13,023 6,310 2,954 2,445 2,198 3,219 9,210
2018/2019 (MWmed)
Energia Gerada PCH (MWh) 3918,251 3826,007 8392,929 4462,127 4876,431 9123,703 4828,006 2490,86 1996,71 1995,278 3946,433 7142,486
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
PLD Médio no mês (R$/MWh)
192,10 443,67 234,49 180,41 135,17 78,52 185,52 237,29 219,57 237,89 317,28 227,30
PROJEÇÃO PCH 14 MW + MAX POTÊNCIA BIOMASSA (0,76275 MW)

Potência (MW) 5,971 6,319 12,140 6,867 6,489 13,786 7,073 3,717 3,207 2,960 3,982 9,973

Potência Max. Hibrida (MW) 5,971 6,319 12,140 6,867 6,489 13,786 7,073 3,717 3,207 2,960 3,982 9,973
Energia Gerada Biomassa
549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177 549,177
(MWh)
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Venda por PLD (R$)
131.857,41 270.013,88 155.137,02 125.437,53 100.592,76 69.481,88 128.243,82 156.674,72 146.943,30 157.004,23 200.603,39 151.188,44
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
Saidas mensais (R$)
157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39 157.003,39
-R$ R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ R$
Fluxo de caixa (R$) -R$ 1.866,36 -R$ 328,67 R$ 0,84 -R$ 5.814,95
25.145,98 11.3010,49 31.565,86 56.410,63 87.521,51 28.759,56 10.060,08 43.600,01
Fonte: Os autores (2020)
111

Tabela 17 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW ano 0 até ano 12


Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Potência
Média Usina - 6,525 6,111 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
PCH 2018/2019
PLD Médio no R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
- 287,621
mês (R$/MWh) 224,10 268,65 282,09 296,19 311,00 326,55 342,88 360,02 378,02 396,92 416,77
Potência (MW) - 7,288 6,874 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081
Potência Max.
- 7,288 6,874 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081
Hibrida (MW)
Energia
Gerada
- 6590,125 6590,125 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654
biomassa
(MWh)
Venda por PLD R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) - 2.211.783,11 1.793.178,39 2.115.771,66 2.205.524,28 2.299.764,52 2.398.716,78 2.502.616,65 2.611.711,51 2.726.261,11 2.846.538,20 2.972.829,14 3.105.434,63
Investimento
-R$
Necessário - - - - - - - - - - - -
8.444.221,79
(R$)
Saidas -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
mensais (R$) 8.444.221,79 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65
Fluxo de caixa -R$ R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) 8.444.221,79 327.742,46 90.862,25 231.731,02 321.483,63 415.723,87 514.676,13 618.576,00 727.670,86 842.220,47 962.497,55 1.088.788,49 1.221.393,98
-R$ R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP
8.444.221,79 314.773,78 83.813,73 205.296,57 273.540,87 339.730,21 403.951,36 466.287,69 526.819,34 585.623,31 642.773,61 698.341,37 752.394,93
-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
VP Acumulado
8.444.221,79 8.129.448,01 8.213.261,74 8.007.965,17 7.734.424,30 7.394.694,09 6.990.742,73 6.524.455,05 5.997.635,71 5.412.012,40 4.769.238,78 4.070.897,42 3.318.502,48
Fonte: Os autores (2020)
112

Tabela 18 - Planilha de simulação da planta de biomassa de 762,75 kW ano 13 até ano 25


Ano 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Potência Média
Usina PCH 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
2018/2019

PLD Médio no R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
mês (R$/MWh) 437,61 459,49 482,46 506,59 531,92 558,51 586,44 615,76 646,55 678,87 712,82 748,46 785,88

Potência (MW) 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081

Potência Max.
7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081 7,081
Hibrida (MW)

Energia Gerada
6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654 6681,654
biomassa (MWh)

Venda por PLD R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$


(R$) 3.244.670,39 3.390.867,94 3.544.375,36 3.705.558,16 3.874.800,10 4.052.504,14 4.239.093,37 4.435.012,07 4.640.726,71 4.856.727,07 5.083.527,45 5.321.667,86 5.571.715,28

Saidas mensais -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
(R$) 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65 1.884.040,65

Fluxo de caixa R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) 1.360.629,74 1.506.827,29 1.660.334,72 1.821.517,52 1.990.759,45 2.168.463,49 2.355.052,73 2.550.971,43 2.756.686,06 2.972.686,42 3.199.486,81 3.437.627,21 3.687.674,63

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP
805.000,01 856.219,76 906.114,87 954.743,70 1.002.162,34 1.048.424,70 1.093.582,64 1.137.685,98 1.180.782,65 1.222.918,72 1.264.138,50 1.304.484,59 1.343.997,96

R$
-R$ -R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
VP Acumulado 10.801.753,9
2.513.502,47 1.657.282,71 751.167,84 203.575,85 1.205.738,19 2.254.162,89 3.347.745,53 4.485.431,50 5.666.214,15 6.889.132,87 8.153.271,36 9.457.755,95
1

Fonte: Os autores (2020)


113

Para a capacidade instalada de 762,75 kW espera-se payback do


investimento em 15,79 anos. O TIR de 9,811% e o IBC de 2,279. O FC médio aumenta
de 48,6% (apenas geração hídrica) para 54,05% se associada à geração a partir da
biomassa.

4.3.2.5 Análise ambiental da planta de biodigestão

A utilização de resíduos faz com que não se faça necessária uma atualização
dos estudos ambientais da planta. É necessário, no entanto, avaliar o resíduo da
biodigestão para verificar a possibilidade de utilização do material como biofertilizante.
A área ocupada pela usina na região B apresentada na figura 39 não é
impeditivo para sua implementação, visto ser área ociosa em que a recuperação
ambiental não foi possível.

4.3.3 Geração de eletricidade a partir da energia eólica

O dimensionamento da fonte de geração de energia eólica foi baseado em


duas premissas básicas: nas equações de dimensionamento expressas no capítulo 2
item 2.1.6.9 e nos dados de geração da PCH Itaguaçu analisados no capítulo 4 item
4.2 deste trabalho, que demonstram os pontos críticos de geração em MWmed
(Megawatt Médio) durante os dois anos de análise

4.3.3.1 Análise do recurso eólico

Para a determinação dos valores para o recurso eólico disponível, foram


consultadas duas fontes de dados diferentes. O primeiro, que será utilizado neste
trabalho, é o CRESESB que tem como banco de dados o Atlas do Potencial Eólico
Brasileiro de 2001 em conjunto com o banco de dados do SWERA. O segundo, é o
Atlas do Potencial Eólico do Paraná de 2007, que foi utilizado como comparação.
A escolha da utilização dos dados do CRESESB foi feita a fim de facilitar a
obtenção dos dados com mais exatidão, já que a mesma trabalha com um banco
interativo por coordenadas. Sendo assim, para a determinação do potencial eólico do
local analisado neste trabalho, utilizou-se as coordenadas apresentadas no As Built
da PCH Itaguaçu. O Atlas do Potencial Eólico do Paraná também foi utilizado, porém,
114

para a comparação dos dados obtidos pelo CRESEB. Os mesmos quando


comparados se mostraram coerentes e muito próximos aos obtidos pelo CRESESB.
Em consulta manual no Atlas obteve-se os valores de fator k igual a 2,4, velocidade
do vento de 4,1 m/s e densidade média do ar de 1,13 kg/m³.
Os valores obtidos pelo mapa interativo do CRESESB podem ser observados
na Tabela 19 a seguir.

Tabela 19 - Grandezas para o cálculo de potencial eólico


Média
Grandeza Dez-Fev Mar-Mai Jun-Ago Set-Nov
Anual
Velocidade média do vento (m/s) 3,48 4,37 4,73 4,22 4,2
Fator C 3,93 4,93 5,32 4,76 4,74
Fator k 2,27 2,19 2,73 2,19 2,28
Densidade de potência (W/m²) 44 90 96 81 78
Fonte: CRESESB (2020).

A variável de velocidade do vento apresentada na Tabela 19, foi obtida por


uma média sazonal de uma estação de medição com altura de captura de 50 m de
altura. O cálculo de densidade de potência dada em W/m² é relacionado à equação
16 no capítulo 2 sobre dimensionamento da fonte eólica, que para este trabalho foram
utilizados os dados fornecidos direto pela ferramenta do CRESESB.
Tendo conhecimento dos valores sobre o potencial eólico do local foi possível
calcular a potência máxima de um sistema eólico. Para isso pesquisou-se um modelo
de gerador eólico que trabalhe dentro dos valores de velocidade de vento
apresentados anteriormente próximo a sua potência nominal. Contudo, houve
dificuldade na obtenção de um gerador que atendesse uma velocidade mínima de
3,48 m/s como é o caso do período de dezembro a fevereiro do local.
Mesmo em casos do aproveitamento ideal do vento, desconsiderando perdas
pela rugosidade do terreno ou obstáculos, tecnicamente a utilização de geradores
eólicos tornasse inviável. No caso de geradores verticais, mesmo trabalhando em
velocidades mais baixas, a potência máxima de geração é em média inferior a 1 kWp.
No caso de geradores de eixo horizontal a velocidade de partida tende a ser mais alta
do que a vertical e sua potência nominal acima das velocidades encontradas no local,
o que traz ineficiência ao sistema. Por exemplo, o gerador E-53 de 800 kW da
ENERCON, sendo o menor modelo possível fabricado pela empresa, trabalha com
velocidade nominal de 13 m/s. Sua velocidade mínima de operação (Cut-In Wind
115

Speed) é de 3 m/s com potência máxima de 14 kW. Em uma velocidade de 4 m/s o


gerador atinge uma potência máxima de 38 kW, o que seria 4,75% de sua capacidade
máxima.
Ciente das considerações apontadas, para este trabalho, considerou-se a
utilização do gerador E-53 para a obtenção dos valores de potência e geração de
energia referente a performance do estudo eólico, mesmo que o gerador demonstre
evidente inviabilidade técnica na parte de eficiência.

4.3.3.2 Área disponível para geração eólica

A região de Pitanga onde a PCH está instalada é uma região de relevo


mamelonar ou, por outra definição geográfica, mar de morros, sendo um local não
adequado para instalação de sistemas de geração eólico em um primeiro momento
(considerando que quanto mais montanhoso é um local mais atrito o ar terá).
Entretanto, dado as limitações deste projeto, determinou-se que o local de instalação
do gerador eólico estivesse no local mais apropriado, sendo este a margem do
reservatório da PCH Itaguaçu, sendo o ponto mais alto do empreendimento.
Levando em consideração o espaçamento mínimo entre os geradores, que
para o modelo E-53 é de 200 metros, torna-se inviável a utilização de mais de 1
gerador, fixando assim o máximo de 1 gerador para todo o sistema.
Na Figura 47 é possível identificar onde seria instalado a turbina eólica. A
imagem foi capturada pela ferramenta Google Earth e demonstra um pouco do relevo
ao redor do local onde seria a geração eólica.
116

Figura 47 - Área disponível para o gerador eólico

Fonte: Adaptado de Google Earth (2020)

4.3.3.3 Potencial de geração eólica

Através dos dados técnicos do recurso eólico disponível, dados técnicos do


gerador e da área disponível para implementação, foi possível calcular o potencial
eólico máximo possível do empreendimento.
Para o cálculo utilizou-se das equações definidas anteriormente no capítulo 2
item 2.1.6.9, com uma adição de um rendimento máximo de 93% dado pelo fabricante.
É importante fazer uma consideração sobre os dados de velocidade do vento da
região analisada: tendo em vista que não se obteve os dados de medição horários
durante o dia em um período de um ano (período mínimo considerado na estimativa
de potencial eólico de grandes parques), os valores de geração de energia calculado
trata-se de uma estimativa referente a velocidade média dos períodos apresentados
na Tabela 19, o que não seria ideal em uma abordagem real de dimensionamento.
Corroborando com a análise dos dados de recurso energético obtidos pela
plataforma CRESESB, foi consultado o banco de dados do SWERA que utiliza a
plataforma Global Winds Atlas. Essa plataforma é um banco de dados gratuito
utilizado globalmente para ajudar formuladores de políticas públicas, planejadores e
investidores a identificar potenciais eólicos em muitas regiões do planeta. O banco de
dados é atualizado anualmente e recebe dados de estações meteorológicas
espalhadas por diversos países, inclusive o Brasil. A plataforma utiliza o método de
117

análise de redução de escala com raios de 30 km e mesoescala com espaçamento


de grade de 3 km, seus dados climáticos são obtidos pelo Centro Europeu de Previsão
de Tempo de Médio Prazo (ECMWF). Foram utilizados os dados da Global Winds
Atlas como método de comparação para aumentar a confiabilidade dos cálculos
elaborados, para isso consultou-se a plataforma informando os dados de
geolocalização do local estudado, selecionando a altura de 50 m.
O gráfico da Figura 48 a seguir demonstra a frequência da velocidade do vento
na região apontada obtida na plataforma Global Winds Atlas.

Figura 48 - Frequência da velocidade do vento Pitanga - PR

Frequência velocidade do vento região de Pitanga -


PR
5
4,8
Velocidade vento (m/s)

4,6
4,4
4,2
4
3,8
3,6
3,4
3,2
3
2 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ocorrência do evento (%)

Fonte: Adaptado de GWA Energy Data et al. (2020)

O gráfico demonstra que a pouca variação da velocidade no local da PCH


Itaguaçu, tendo sua mínima em 3,41 m/s, com aproximadamente 100% de ocorrência,
e máxima de 4,81 m/s, com aproximadamente 2% de ocorrência. A plataforma
também apontou que uma densidade média de potência de 144 W/m² e velocidade
média de 4,49 m/s para os dados com 10% de ocorrência, o que corrobora com os
dados obtidos do CRESESB.
Ainda na mesma plataforma é possível identificar a frequência de velocidade
do vento em relação a sua direção de incidência. A Figura 49 a seguir demonstra esse
parâmetro para o local de análise.
118

Figura 49 - Rosa dos ventos da frequência de velocidade na PCH Itaguaçu

Fonte: GWA Energy Data et al. (2020)

A figura anterior demonstra que para a localidade estudada, há uma


frequência maior nos ventos com direção entre 90º e 135º (Leste e Sudeste).
Tendo conhecimento dos valores apresentados até aqui e utilizando a
equação 16 do capítulo 2 item 2.1.6.9, pode-se estimar a potência média por período
apresentado na Tabela 20, com seus respectivos valores de velocidade média.
Acrescentou-se um rendimento máximo de 0,93, referente ao rendimento do conjunto
gerador da turbina eólica e uma densidade do ar de 1,13 kg/m³ encontrado no Atlas
Solarimétrico do Paraná para a região da PCH. Para a área utilizou-se a área de
varredura das pás com diâmetro de 52,9 m. Para o Cp, considerou-se os valores
obtidos pelo manual do fabricante da turbina eólica relacionada a velocidade do vento.

Tabela 20 - Potência média de geração por período


Velocidade Fator Fator Área de varredura Potência Energia Periodo
Período Cp
média (m/s) C k da pá (m²) (kW) (MWh)
dez-fev 3,48 3,93 2,27 2.198 0,39 18,98 41,003
mar-mai 4,37 4,93 2,19 2.198 0,44 42,41 91,603
jun-ago 4,73 5,32 2,73 2.198 0,44 53,78 116,158
set-nov 4,22 4,76 2,19 2.198 0,44 38,19 82,49
Fonte: Os autores (2020)

Nota-se que os valores de potência média de operação do gerador eólico são


muito inferiores aos valores médios de potência instalada máxima para a usina
fotovoltaica e de biomassa calculadas anteriormente.
119

4.3.3.4 Análise financeira geração eólica

Para a análise financeira da geração eólica, assim como para as outras fontes,
também foi utilizado a metodologia e os índices apresentados no capítulo 2 item 2.1.7
sobre a viabilidade econômica. Algumas das informações se mantiveram as mesmas
que na análise de energia solar e de biomassa, sendo elas os valores de PLD mensais
e de contrato de venda de energia, o índice de inflação de 5%a.a., o índice de TMA
de 4,12%a.a. e demais informações sobre a geração de energia da PCH Itaguaçu.
Para os valores de investimento inicial, operação e manutenção, em termos
de R$/MW, utilizou-se dos valores explícitos no trabalho de Macedo et al. (2017). Os
autores destacam que o investimento de uma usina eólica é de aproximadamente R$
3,7 milhões por MW instalado. Para os valores de OPEX, utilizou-se o trabalho de
Garbe et al. (2011), que determina os valores de mão de obra e manutenção
(considerados aqui como manutenção e operação) em respectivamente 1% do
investimento inicial cada ano.
Diferente da análise para a usinas de energia solar que apresenta potência
da ordem de MW e possibilidade de alternância para comparativo, para a usina eólica
será avaliado apenas os valores para as potências médias de operações nos períodos
apresentados na Tabela 20. A não comparação entre variações de potências também
se dá devido a utilização de apenas um gerador eólico na planta.
Assim como na planta de energia solar, o tempo de simulação será de um
período de 25 anos, sendo uma avaliação preliminar de 2 anos em comparação com
os dados reais da PCH Itaguaçu nos anos de 2018 e 2019.
Nas Tabelas 21, 22, 23 e 24 é possível observar respectivamente a avaliação
para os anos de 2018, 2019 e para a projeção em 25 anos divididas em parte 1 parte
2.
120

Tabela 21 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 2018


Data dados PCH mês 0 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18
Data projeção
mês 0 jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20 out/20 nov/20 dez/20
Solar
Potência Média
Usina PCH - 11,694 8,414 5,047 10,314 4,084 5,233 2,986 2,784 2,485 9,160 9,402 6,696
2018/2019 (MW)
Energia Gerada
9001,559 7210,905 4605,263 8187,171 3823,342 3938,004 2271,109 2133,312 2559,105 6276,572 6652,739 3918,945
PCH (MWh)

PLD Médio no R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
-
mês (R$/MWh) 177,82 188,54 219,23 109,71 325,46 472,87 505,18 505,18 472,75 271,83 123,92 78,96

Potência (MW) - 11,713 8,433 5,090 10,357 4,126 5,287 3,040 2,838 2,523 9,199 9,440 6,715
Potência Max.
- 11,713 8,433 5,090 10,357 4,126 5,287 3,040 2,838 2,523 9,199 9,440 6,715
Hibrida (MW)
Potência Média
- 0,01898 0,01898 0,04241 0,04241 0,04241 0,05378 0,05378 0,05378 0,03819 0,03819 0,03819 0,01898
EOL (MW)
Energia EOL
- 13,666 13,666 30,535 30,535 30,535 38,722 38,722 38,722 27,497 27,497 27,497 13,666
Gerada (MWh)

Energia EOL
Disperdiçada - 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
(MWh)
Venda por PLD R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
(R$) - 3.085,97 3.232,46 8.159,92 4.815,71 11.403,68 20.168,92 21.420,01 21.420,01 14.318,96 8.794,30 4.727,25 1.734,98
Investimento -R$
Necessário (R$) 2.960.000,00
Saidas mensais -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
(R$) 2.960.000,00 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33
Fluxo de caixa -R$ -R$ -R$ R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ -R$ -R$
(R$) 2.960.000,00 1.847,37 1.700,87 3.226,59 117,63 6.470,34 15.235,59 16.486,68 16.486,68 9.385,63 3.860,97 206,08 3.198,35
Fonte: Os autores (2020)
121
Tabela 22 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 2019
Data dados PCH jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19
Data projeção Solar jan/21 fev/21 mar/21 abr/21 mai/21 jun/21 jul/21 ago/21 set/21 out/21 nov/21 dez/21

Potência Média Usina


5,209 5,556 11,378 6,104 5,726 13,023 6,310 2,954 2,445 2,198 3,219 9,210
PCH 2018/2019 (MW)

Energia Gerada PCH


3918,251 3826,007 8392,929 4462,127 4876,431 9123,703 4828,006 2490,86 1996,71 1995,278 3946,433 7142,486
(MWh)

PLD Médio no mês R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$


(R$/MWh) 192,10 443,67 234,49 180,41 135,17 78,52 185,52 237,29 219,57 237,89 317,28 227,30

Potência (MW) 5,228 5,575 11,420 6,147 5,768 13,077 6,364 3,008 2,483 2,236 3,257 9,229
Potência Max. Hibrida
5,228 5,575 11,420 6,147 5,768 13,077 6,364 3,008 2,483 2,236 3,257 9,229
(MW)
Potência Média EOL
0,01898 0,01898 0,04241 0,04241 0,04241 0,05378 0,05378 0,05378 0,03819 0,03819 0,03819 0,01898
(MW)
Energia EOL Gerada
13,666 13,666 30,535 30,535 30,535 38,722 38,722 38,722 27,497 27,497 27,497 13,666
(MWh)

Energia EOL
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Desperdiçada (MWh)

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Venda por PLD (R$)
3.281,11 6.718,97 8.625,89 6.974,55 5.593,13 4.899,06 9.042,27 11.046,89 7.357,32 7.861,06 10.044,03 3.762,14

Investimento
- - - - - - -
Necessário (R$)

-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
Saídas mensais (R$)
4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33 4.933,33
-R$ R$ R$ R$ R$ -R$ R$ R$ R$ R$ R$ -R$
Fluxo de caixa (R$)
1.652,22 1.785,63 3.692,56 2.041,21 659,80 34,28 4.108,93 6.113,55 2.423,99 2.927,73 5.110,70 1.171,19
Fonte: Os autores (2020)
122
Tabela 23 - Planilha Simulação Eólica em 0,8 MW ano 0 até ano 12
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Potência Média
Usina PCH - 6,525 6,111 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
2018/2019 (MW)

PLD Médio no R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
- 287,621
ano (R$/MWh) 224,10 268,65 282,09 296,19 311,00 326,55 342,88 360,02 378,02 396,92 416,77

Potência (MW) - 7,325 6,911 7,109 7,105 7,100 7,096 7,091 7,087 7,082 7,078 7,073 7,069
Potência Max.
- 7,325 6,911 7,109 7,105 7,100 7,096 7,091 7,087 7,082 7,078 7,073 7,069
Hibrida (MW)
Potência Média
- 0,038 0,038 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383
EOL (MW)
Energia EOL
- 331,258 331,258 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858
Gerada (MWh)
Energia EOL
Desperdiçada - 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
(MWh)

Venda por PLD R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$


(R$) - 123.282,17 85.206,40 106.350,86 110.862,35 115.599,40 120.573,31 125.795,92 131.279,66 137.037,58 143.083,40 149.431,51 156.097,02

Investimento -R$
Necessário (R$) 2.960.000,00

Saídas mensais -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
(R$) 2.960.000,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00

Fluxo de caixa -R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$


(R$) 2.960.000,00 91.314,17 53.238,40 74.382,86 78.894,35 83.631,40 88.605,31 93.827,92 99.311,66 105.069,58 111.115,40 117.463,51 124.129,02

-R$
VP R$ 87.700,90 R$ 49.108,50 R$ 65.897,72 R$ 67.128,86 R$ 68.343,72 R$ 69.543,22 R$ 70.728,26 R$ 71.899,68 R$ 73.058,30 R$ 74.204,91 R$ 75.340,28 R$ 76.465,13
2.960.000,00

-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
VP Acumulado
2.960.000,00 2.872.299,10 2.823.190,60 2.757.292,88 2.690.164,02 2.621.820,30 2.552.277,08 2.481.548,82 2.409.649,14 2.336.590,84 2.262.385,93 2.187.045,66 2.110.580,53

Fonte: Os autores (2020)


123
Tabela 24 - Planilha Simulação Eólica em 0,800 MW ano 13 até ano 25
Ano 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Potência Média
Usina PCH 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318 6,318
2018/2019 (MW)

PLD Médio no mês R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$


(R$/MWh) 437,61 459,49 482,46 506,59 531,92 558,51 586,44 615,76 646,55 678,87 712,82 748,46 785,88

Potência (MW) 7,064 7,060 7,055 7,051 7,046 7,042 7,042 7,033 7,028 7,024 7,019 7,015 7,010
Potência Max.
7,064 7,060 7,055 7,051 7,046 7,042 7,042 7,033 7,028 7,024 7,019 7,015 7,010
Hibrida (MW)
Potência Média
0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383 0,0383
EOL (MW)
Energia EOL
335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858 335,858
Gerada (MWh)
Energia EOL
Desperdiçada 0,000 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(MWh)
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Venda por PLD (R$)
163.095,81 170.444,54 178.160,71 186.262,69 194.769,76 203.702,19 213.081,24 222.929,24 233.269,64 244.127,06 255.527,35 267.497,66 280.066,49
Investimento
- - - - - - - - - - - -
Necessário (R$)
Saídas mensais -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
(R$) 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00 31.968,00

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fluxo de caixa (R$)
131.127,81 138.476,54 146.192,71 154.294,69 162.801,76 171.734,19 181.113,24 190.961,24 201.301,64 212.159,06 223.559,35 235.529,66 248.098,49

VP R$ 77.580,17 R$ 78.686,09 R$ 79.783,54 R$ 80.873,16 R$ 81.955,55 R$ 83.031,31 R$ 84.101,00 R$ 85.165,17 R$ 86.224,36 R$ 87.279,06 R$ 88.329,79 R$ 89.377,00 R$ 90.421,17

-R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$
VP Acumulado
2.033.000,36 1.954.314,26 1.874.530,72 1.793.657,56 1.711.702,01 1.628.670,70 1.544.569,70 1.459.404,52 1.373.180,17 1.285.901,10 1.197.571,32 1.108.194,31 1.017.773,14

Fonte: Os Autores (2020)


124

Os resultados obtidos apresentados nas Tabelas 23 e 24 na análise


financeira, demonstram uma inviabilidade do projeto. Trazendo valores de Vp
acumulados negativos, onde o payback é inexistente. O IBC calculado é de 0,65 o que
enfatiza a inviabilidade do sistema. Em termos técnicos, o aumento de FC foi de
0,28%, valor abaixo dos encontrados para solar e biomassa.

4.3.3.5 Análise ambiental usina eólica

Assim como comentado na análise de impacto ambiental da usina solar, se


tratando de um caso real, deve-se fazer um levantamento técnico denominado como
EIA. Nesse estudo avalia-se os diversos impactos que a implementação de um projeto
pode oferecer, além de indicar medidas mitigatórias. Levando essa premissa em
consideração, para este trabalho, será apresentado apenas alguns pontos, baseado
em estudos bibliográficos de projetos semelhantes, que possam servir como
observações ou indicadores prévios para um estudo mais completo.
Por ser uma energia proveniente de um recurso renovável, assim como a
energia solar, a energia eólica traz inúmeros benefícios ambientais. O principal
benefício é a não-emissão de dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, outros
benefícios também chamam a atenção como: redução da dependência de
combustíveis fosseis, ocupação de um pequeno espaço físico, melhora na economia
local, contribui para a diversidade energética, entre outros (TERCIOTE, 2002).
Terciote (2020) afirma que uma das maiores preocupações com a energia
eólica relativa à fauna é com os pássaros, havendo a possibilidade dos mesmos
colidirem com as estruturas de sustentação ou com as pás em movimento. Essa
colisão se dá pela dificuldade de visualização das aves com as turbinas. Entretanto,
Savacool (2012) afirma que as usinas eólicas são responsáveis por 0,3 a 0,4 do total
de fatalidades por GWh de eletricidade gerada, enquanto usinas com combustíveis
fosseis respondem por cerca de 5,2 das fatalidades. O autor ainda conclui que só em
2009 as usinas eólicas mataram mais de 20 mil pássaros enquanto as nucleares cerca
de 330 mil.
Saidur et al. (2011) apresenta alguns impactos ambientais de usinas eólicas
em suas proximidades, entre seus apontamentos está o ruído produzido pelo conjunto
de rotação do gerador (pá, rotor e gerador). Segundo o autor, o nível do ruído está
diretamente relacionado a velocidade de vento no rotor e tem maior valor na parte
125

inferior da turbina situada com a direção do vendo da planta em direção ao ponto de


recepção. O autor ainda apresenta alguns dados, sendo que para velocidades de 4
m/s o ruído apresentado foi de 45 dBA e para 10 m/s 51 dBA, para termos de
comparação esses valores correspondem ao mesmo ruído emitido por uma chuva
moderada ou uma máquina de lavar roupa.
Um outro impacto apresentado por Saidur et al. (2011) é o impacto visual, que
pode variar de acordo com a tecnologia de energia eólica, cor, contraste, tamanho,
distância das residências, tremulação das sombras, tempo em que a turbina está em
movimento ou estacionária e histórico local da turbina. O autor ainda menciona que a
maior parte da avaliação de impacto visual pode ser baseada em um Sistema de
Informação Geográfica (SIG).
126

5 RESULTADOS

O presente capítulo tem como objetivo apresentar os resultados das análises


realizadas durante o desenvolvimento do trabalho alinhando seu conteúdo à realidade
energética brasileira.

5.1 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DE ENERGIA SOLAR

A planta de geração fotovoltaica de melhor IBC tem capacidade de 4,359 MW,


e é também a usina híbrida de melhor custo-benefício. Com tal capacidade, a usina
aumentaria o FC de 0,486 para 0,5369, ainda não alcançando o valor previsto na
operação da PCH de 0,61.
Apesar da expectativa de custos elevados na estrutura para geração flutuante,
a usina apresenta payback relativamente rápido como pode-se observar da Figura 50.

Figura 50 - Fluxo de caixa da usina solar de 4,359 MW


R$30.000.000,00
R$25.000.000,00
R$20.000.000,00
R$15.000.000,00
Fluxo de caixa

R$10.000.000,00
R$5.000.000,00
R$0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
(R$5.000.000,00)
(R$10.000.000,00)
(R$15.000.000,00)
(R$20.000.000,00)
Ano

Fonte: Os autores (2020)

As simulações informam payback do empreendimento em 9,55 anos, sendo a


forma de geração que mais se destaca nesse quesito.
A quantidade de energia adicionada à geração da usina é apresentada no
gráfico da Figura 51.
127

Figura 51 - Geração da usina híbrida PCH Itaguaçu + solar


10.000

8.000
Geração [MWh]

6.000

4.000

2.000

0
jan/18
fev/18
mar/18

jun/18
jul/18
ago/18
set/18

jan/19
fev/19
mar/19

jun/19
jul/19
ago/19
set/19
out/18

out/19
abr/18

abr/19
mai/18

nov/18
dez/18

mai/19

nov/19
dez/19
Data
Energia gerada híbrida (MWh) Energia gerada PCH (MWh)

Fonte: Os autores (2020)

Como observado nas Tabelas 6 e 7, em diversos momentos a hibridização


resulta em potência maior do que a possibilitada pela subestação da usina. O gráfico
da Figura 51 demonstra isso nos locais onde a geração solar é praticamente
inexistente já que nessa situação foi considerada que a geração hídrica tem prioridade
de atuação.

5.2 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DE BIOMASSA

A geração de eletricidade a partir de biomassa se deu no dimensionamento


de uma usina de biodigestão para aproveitamento do material residual agropecuário
da região dos municípios de Pitanga e Boa Ventura do São Roque. Os dados de saída
do dimensionamento foram seu tamanho, capacidade máxima e diferentes variáveis
para análise da viabilidade econômica.
Dentre as informações fornecidas pela análise financeira é apresentado o
payback do empreendimento, exibido na figura 52.
128

Figura 52 - Fluxo de caixa da planta de geração de biogás


R$15.000.000,00

R$10.000.000,00
VPL acumulado

R$5.000.000,00

R$0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

(R$5.000.000,00)

(R$10.000.000,00)
Ano

Fonte: Os autores (2020)

O payback da planta de geração a partir de biomassa é de 15,79 anos


aumentando o FC de 0,486 para 0,5405. Apesar do aumento, o FC segue 0,0695
abaixo do FC apresentado da RIMA.
A confiabilidade do dimensionamento da planta de geração a partir de
biomassa é prejudicada visto a necessidade de adotarmos diferentes premissas, ou
seja, considerarmos como verdade diversos fatores visto a falta de disponibilidade de
tempo e recursos da equipe para levantamento mais detalhado. Algumas dessas
premissas são que o material será disponibilizado pelos produtores e de forma gratuita
para uso dos resíduos na usina, além de permitir a coleta diária do material. As rotinas
de produção do resíduo variam de acordo com o produtor e suas necessidades, tendo
que ser levantadas individualmente. Outra premissa é o baixo impacto da
sazonalidade para a produção, em especial a animal, informação apresentada por
Lemes et al (2017), fator que também deve ser levantado de forma individual para
cada criador.
A energia gerada pela usina híbrida hidrelétrica e biomassa é comparada com
a energia gerada pela PCH sem hibridismo no gráfico da Figura 53.
129

Figura 53 - Geração da usina híbrida PCH Itaguaçu + biomassa


10.000,00

8.000,00
Geração (MWh)

6.000,00

4.000,00

2.000,00

-
jul/18

set/18

jul/19

set/19
mar/18

jun/18

ago/18

mar/19

mai/19
jun/19

ago/19
fev/18

mai/18

out/18
nov/18

fev/19

out/19
nov/19
jan/18

dez/18
jan/19

dez/19
abr/18

abr/19
Data
Energia gerada híbrida (MWh) Energia gerada PCH (MWh)

Fonte: Os autores (2020)

O gráfico da Figura 53 mostra similaridade com os valores de geração solar


mesmo com a baixa capacidade instalada visto a não limitação de funcionamento
apenas em horas de sol pleno.

5.3 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE A PARTIR DA ENERGIA EÓLICA

A planta de geração eólica dimensionada não trouxe viabilidade econômica


de implantação visto a pequena velocidade média do vento e a dificuldade em
encontrar turbinas para atender essa demanda. O principal fator limitante é a distância
mínima entre geradores fazendo com que apenas uma turbina possa ser instalada na
área da usina, sendo outro fator a geografia do local que impede que seja posicionada
em outros pontos da usina. A geração pode ser avaliada com maiores detalhes após
a instalação de um anemômetro na usina para obter dados mais confiáveis de
velocidade de vento no local.
A geração eólica da planta dimensionada de 0,8 MW traz aumento do FC de
0,486 para 0,4888, aumento de 0,0028.
130

5.4 IMPACTO DO HIBRIDISMO NA ESTRUTURA ELÉTRICA EXISTENTE

Considerando as questões envolvendo a operação das usinas em hibridismo,


é necessário avaliar a conexão das usinas no sistema elétrico de transmissão. Dentro
da vertente de hibridização existem dois modelos interessantes para o estudo até o
momento: a conexão das usinas solar, eólica e biomassa no mesmo transformador da
subestação da PCH ou conectando com um transformador em paralelo com o
transformador da PCH.
No caso da utilização do mesmo transformador, a potência de geração da
usina estará limitada a potência máxima do transformador, que no caso da PCH
Itaguaçu é de 14 MVA.
A seguir os gráficos das Figuras 54 e 55 demonstram a atuação das usinas
com suas potências médias individuais para os anos de 2018 e 2019.

Figura 54 - Potência média das usinas (2018)


14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0,000

Potência PCH (Mwmed) Potência UFV (MWmed)


Potência BIO (Mwmed) Potência EOL (Mwmed)

Fonte: Os autores (2020)


131

Figura 55 - Potência média das usinas (2019)


14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0,000

Potência PCH (Mwmed) Potência UFV (MWmed)


Potência BIO (Mwmed) Potência EOL (Mwmed)

Fonte: Os autores (2020)

É possível identificar que as maiores potências de geração são efetivamente


os das usinas solar e biomassa. Outro ponto a ser destacado é que em alguns meses,
a potência média da usina solar ultrapassa a potência média da PCH, sendo um
elemento de grande ajuda para a geração de energia em épocas de estiagem.
Nos gráficos das Figuras 56 e 57 a seguir é possível verificar como seria essa
configuração de hibridização tendo como limitante os 14 MVA do transformador,
novamente com a comparação para os anos de 2018 e 2019.

Figura 56 - Potência média do hibridismo ano 2018


14,000

12,000

10,000

8,000

6,000

4,000

2,000

0,000

Potência PCH (Mwmed) Potência UFV + PCH (MWmed)


Potência BIO + PCH (Mwmed) Potência EOL + PCH (Mwmed)

Fonte: Os autores (2020)


132

Figura 57 - Potência média do hibridismo ano 2019


14,000

12,000

10,000

8,000

6,000

4,000

2,000

0,000

Potência PCH (Mwmed) Potência UFV + PCH (MWmed)


Potência BIO + PCH (Mwmed) Potência EOL + PCH (Mwmed)

Fonte: Os autores (2020)

Nesses dois gráficos é possível verificar que em alguns meses,


especificamente abril de 2018, março e junho de 2019, houve uma ultrapassagem da
potência média suportada pelo transformador. Essa ultrapassagem pode ocasionar
curtailment1, o que traz um possível desperdício para usina se ela não operar de forma
a otimizar a geração. Uma possível intervenção é de controlar a geração com base na
regularização do reservatório, essa intervenção pode acontecer durante o dia,
diminuindo a água turbinada na turbina durante a geração solar e aumentando no
período da noite. Entretanto, dado a construção da usina no tipo de barragem de
soleira livre, em certos momentos, há uma quantidade muito superior de água a ser
vertida que não pode ser estocada, sendo assim, a não geração da PCH durante o
dia pode ocasionar em uma perda de energia desnecessária.
Outros pontos importantes a serem destacados sobre o uso do mesmo
transformador são os estudos em relação ao recomissionamento do transformador e
das demais proteções da subestação. Sendo que as atuações em curto-circuito, sub
ou sobre tensão, sub ou sobre frequência ou até mesmo a equipotencialização do
aterramento, devem suportar a operação das duas fontes que possuem
características elétricas distintas.

1Curtailment é um termo utilizado para representar o montante de energia gerada e não aproveitada
por limitações do sistema elétrico no escoamento de energia (EPE,2018).
133

No caso do uso do transformador em regime de paralelismo, a situação em


relação a geração muda. Nesse caso, sabendo que a linha de transmissão da
subestação possui capacidade para aportar mais 20 MVA (conforme os dados de uma
possível ampliação mencionado no EIA), não há limitante de potência das usinas que
entrariam em hibridismo, sendo assim, sem perda de geração ou necessidade de
controle do reservatório.
Entretanto, da mesma forma como apontado no caso do uso do mesmo
transformador, é necessário que as proteções a jusante do transformador sejam
recomissionadas para trabalharem nas novas características elétricas de hibridismo.

5.5 VIABILIDADE DA HIBRIDIZAÇÃO

As usinas avaliadas apresentam diferentes potências, diferentes condições


operacionais e diferentes impactos na estrutura já existente. Um resumo do resultado
de cada fonte dimensionada segue na Tabela 25 a seguir.

Tabela 25 - Resultados das análises de viabilidade técnica das fontes avaliadas para
hibridização
Potência da usina de maior Aumento de Energia gerada (2018 e 2019)
Geração
viabilidade [MW] FC [MWh]
Fotovoltaica 4,359 5,09% 11.372,679
Biomassa 0,763 5,45% 13.180,250
Eólica 0,800 0,28% 662,515
Fonte: Os autores (2020)

A Tabela 25 permite observar que apesar de potências muito diferentes,


ambas as fontes de geração fotovoltaica e a partir da biomassa aumentam o FC e
geram energia de forma similar e significativa. Ao mesmo tempo, apesar de potência
similar das fontes biomassa e eólica, a segunda não apresenta viabilidade visto a
intermitência da geração. Considerando o déficit de geração dos anos 2018 e 2019
de 14.542,75 MWh, as plantas de geração fotovoltaica e biomassa apresentam
viabilidade técnica, sendo necessária a análise da viabilidade econômica para escolha
da melhor solução.
Sob a ótica de análise da viabilidade econômica é importante ressaltar que o
investimento em hibridização de uma usina pode ir além do seu IBC, TIR e payback.
O portfólio dos acionistas da usina pode contar com diversas usinas que negociam
energia de forma dedicada, evitando os impactos negativos que a geração instável de
134

uma usina possa apresentar. O presente trabalho, no entanto, está limitado a avaliar
a questão econômica considerando a usina como única no portfólio sem opção de
negociações especiais. O resumo dos resultados da simulação financeira das
diferentes usinas é apresentado na Tabela 26.

Tabela 26 - Resultados das análises de viabilidade econômica das fontes avaliadas


para hibridização
Geração CAPEX OPEX [anual] Payback [anos]
Fotovoltaica -R$ 16.128.300,00 -R$ 14.515,47 9,550
Biomassa -R$ 8.444.221,79 -R$ 157.003,39 15,787
Eólica -R$ 2.960.000,00 -R$ 4.933,33 -
Fonte: Os autores (2020)

Novamente as fontes de geração elétrica fotovoltaica e biomassa se


destacam, sendo a primeira ainda mais atraente visto o menor tempo de payback e
baixo custo operacional. Considerando ainda as informações da Tabela 27, a fonte
fotovoltaica foi observada como a melhor solução para hibridização da PCH Itaguaçu.
Nos gráficos das Figuras 58 e 59 é possível verificar o comparativo entre as
fontes em relação a produção de energia e o montante vendido e comprado no MCP.

Figura 58 - Comparação da energia gerada e exposição no MCP por fonte

Fonte: Os autores (2020)

No gráfico da figura 58 é demonstrado os montantes de geração de energia


efetivamente gerado pela PCH Itaguaçu e as projeções para as usinas estudadas,
135

além também da exposição negativa da PCH ocorrida durante o período analisado.


Em questões de energia gerada pelas usinas projetadas, a biomassa produz um
montante relativo à 90,63% da exposição negativa da geração hídrica, enquanto solar
produz 84,65%. Ambas produzem mais do que 75% do total de energia liquidada no
MCP pela PCH, o que demonstra um ponto positivo para hibridização.

Figura 59 - Comparação de venda e compra de energia no MCP por fonte

Fonte: Os autores (2020)

No gráfico da Figura 59 é demonstrado os montantes comercializados,


valorados em R$ ao preço de contrato e PLD nas exposições positivas e negativas. O
que se pode verificar é que mesmo que a energia gerada das fontes solar e biomassa
sejam próximas aos montantes de exposição da PCH, os valores em R$ liquidados
no MCP pela PCH se mostraram superiores quando comparados com as fontes solar
e biomassa. Essa superioridade nos preços é devido aos altos valores de PLD nos
meses de exposição negativas, em alguns meses ultrapassando 500 R$/MWh.
Entretanto, mesmo que o valor monetário seja maior, levando em consideração que a
energia gerada pelas fontes é liquidada em contrato com o valor maior do que o PLD,
o montante gerado pelas fontes solar e biomassa pode trazer um alívio econômico
interessante na configuração de hibridismo. Esse alívio econômico pode refletir no
tempo de retorno do investimento, principalmente quando o projeto híbrido for
idealizado em conjunto desde sua concepção, o que não se reflete na análise deste
estudo.
136

Diferente das análises técnica e econômica, a análise ambiental para as


fontes avaliadas não apresentou caráter impeditivo para implementação de nenhuma
das usinas aqui dimensionadas. Para a fonte fotovoltaica, a escassez de estudos e
formalização de normas ambientais para geração fotovoltaica flutuante sugere que a
implantação desse tipo de sistema pode exigir maiores estudos antes da
implementação. As plantas de geração a partir de biomassa e eólica apresentam
maiores previsões sobre impacto ambiental sendo a primeira apresentada como
maneira sustentável de tratar resíduos, característica positiva e incentivada para
prevenção de poluição e descarte incorreto de materiais poluentes.
Considerando as alternativas avaliadas no presente trabalho, as limitações de
cada uma das fontes e da estrutura já disponível na PCH Itaguaçu e as análises de
viabilidade técnica, econômica e ambiental, a hibridização com geração fotovoltaica
foi observada como a de maior viabilidade, se destacando ao aumentar o FC em
5,09% com payback de 9,5 anos. A configuração prevista para a hibridização de uma
usina com duas formas distintas de geração compartilhando estrutura de conexão e
distribuição é a de usina híbrida associada.
137

6 CONCLUSÕES

A imprevisibilidade crescente dos rios revela a maior fragilidade das matrizes


altamente dependentes da geração hidrelétrica, trazendo a necessidade de
diversificar a matriz e procurar soluções de manutenção e controle de reservatórios.
A geração híbrida é então apresentada como uma ferramenta que atende ambas as
funções sem exigir ocupação e desmatamento de novas áreas. Além disso, a
hibridização se torna opção mais econômica do que a implantação de novas usinas
ao se aproveitar da estrutura local de transmissão de energia e conexão com a rede.
Usinas de baixo FC deixam de aproveitar o potencial de sua estrutura ao
tornar linhas ociosas em momento de não geração. Mesmo com baixa capacidade, a
parte híbrida dessas usinas aproveita o potencial desperdiçado para recuperar o fator
de utilização, também chamado de FC, das linhas e subestações ociosas.
Nesse contexto, o objetivo do atual trabalho de avaliar a viabilidade técnica,
econômico e ambiental da hibridização da geração de energia elétrica da PCH
Itaguaçu foi realizado sendo selecionadas e dimensionadas as fontes de geração
fotovoltaica, biomassa pela rota de biodigestão e eólica. Para as análises foram
adotadas metodologias que buscam avaliar o potencial máximo de geração da fonte,
potencial máximo da geração associada a PCH e limitada à capacidade da
subestação, payback da hibridização e aumento de FC encontrado, sendo as
gerações fotovoltaica e biomassa as de maior viabilidade técnico-econômicas.
Analisando os resultados sob o ponto de vista de aumento do FC, a
hibridização com geração solar aumenta o fator em 5,09%, biomassa em 5,45% e
eólica em 0,28%. As fontes solar e biomassa então aproximam o FC do previsto no
RIMA da usina de 0,61, chegando em 0,5369 e 0,5405 respectivamente. A
hibridização com fonte de biomassa ainda se destaca por trazer a possibilidade de
manejo do reservatório da PCH e estocagem de material para biodigestão, podendo
trazer benefícios para maior aproveitamento da estrutura elétrica (aumento de FC das
estruturas).
Sob o ponto de vista econômico a geração fotovoltaica se destaca por
apresentar o menor valor de payback, com solar apresentando retorno financeiro em
9,55 anos, biomassa em 15,79, e eólica sem retorno previsto. Associando essa
vantagem a vantagem técnica, a fonte se torna a de maior viabilidade para
hibridização da usina.
138

As análises financeiras realizadas no presente trabalho consideraram os


valores de PLD com a configuração semanal. No entanto, a adoção do sistema de
PLD horário, as fontes intermitentes ganham novas configurações contratuais
podendo intensificar os benefícios de uma hibridização. As fontes solar e eólica podem
ser comercializadas considerando melhor seus momentos de melhor geração,
enquanto a geração hídrica e biomassa, fontes estocáveis, podem escolher o
momento de gerar para maximizar lucros. A análise do controle de geração e
potenciais vantagens contratuais em usinas híbridas deve ser avaliada com maior
cuidado para conhecer melhor as oportunidades que surgem com a mudança de
determinação do PLD. A hibridização com geração fotovoltaica pode então ser ainda
melhor aproveitada com a nova metodologia, exigindo estudo dedicado para melhor
compreender suas possibilidades.
A análise ambiental da hibridização deve ser avaliada de forma mais
aprofundada visto que os estudos de impacto ambiental são documentos complexos
que devem ser desenvolvidos novamente para cada modificação da usina. Para a
hibridização seria necessário estudos mais completos sobre fauna, flora e geologia
local, porém não foram identificadores fatores completamente impeditivos para a
adição das fontes aqui avaliadas.
O estudo sobre hibridização de fontes renováveis merece ser ampliado e
aprofundado para melhor compreensão das diferentes faces desses tipos de
empreendimentos. Sugere-se então para novos trabalhos:
• Buscar tecnologias mais eficientes de geração para todas as fontes
apresentadas além de estudar diferentes formas de geração não
contempladas no presente trabalho;
• Desenvolver estudos de hibridização hídrico-biomassa com maior
ênfase na possibilidade de controle de reservatório e armazenamento
de biomassa;
• Estudar a viabilidade de hibridização considerando áreas fora da usina
adicionados de custos de locação ou compra de terrenos com
características mais viáveis para geração eólica ou solar.
• Avaliar a possibilidade de hibridização utilizando outras ferramentas de
análise econômica considerando a adoção do PLD Horário.
139

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144

ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS E DADOS


FORNECIDOS PELA ITAGUAÇU S/A
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ANEXO B – DATASHEET MÓDULO FOTOVOLTAICO Q-PEAK DUO L-5.2


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