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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MANUEL JOÃO CARNEIRO

ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMINCA DA INSERÇÃO DA


MICROGERAÇÃO FOTOVOLTAICA

Luanda

2019
MANUEL JOÃO CARNEIRO

ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA DA INSERÇÃO DA


MICROGERAÇÃO FOTOVOLTÁICA

Trabalho de Conclusão do Curso


apresentado ao curso de Engenharia
Elétrica, do Departamento de Engenharias e
Tecnologias (DET), do Instituto Superior
Politécnico de Tecnologias e Ciências
(ISPTEC), como requisito parcial à obtenção
do grau de licenciado em Engenharia
Elétrica.

Orientador: Prof. Msc Eng. Debs Sandão


Tavares
Co-orientador: Prof. Msc Eng. António
Delgado

Luanda
2019
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos


pais que sempre incentivaram e
depositaram em mim a confiança
necessária para que isto fosse possível.
AGRADECIMENTO

Agradeço em primeira instância a Deus por durante esta longa e linda


caminhada me ter dado saúde e força nos inúmeros momentos de superação;

Agradeço aos meus pais Manuel Carneiro e Ana Carneiro, as minhas


queridas irmãs, meus amigos e minha namorada, que sempre me incentivam e me
impulsionam a crescer tanto pessoalmente como profissionalmente;

Aos meus colegas de turma, os quais hoje considero irmãos que a vida me
deu, irmãos de batalha, que sempre me ajudaram em todos os momentos desta
linda etapa da minha vida;

Aos meus queridos professores que ao longo desta caminhada sempre se


mostraram dispostos a ajudar e contribuir para um melhor aprendizado, em especial
ao Professor Rogério Apolinário que sempre foi um mestre, um guia, um espelho
para todos os estudantes do curso de Engenharia Elétrica;

Aos meus prezados orientadores Professor António Delgado e Professor


Debs Tavares, pela compreenção, paciência, disponibilidade, amizade que durante
os últimos meses incansávelmente acompanharam-me pontualmente dando toda a
ajuda possível para a bem-sucedida elaboração deste projecto.
IV
RESUMO
Nos dias de hoje a energia eléctrica, vem se tornando num recurso
indispensável para o desenvolvimento das sociedades, contudo aumenta também a
preocupação em função a subida de preços e escassez dos combustíveis fósseis.
Portanto, o estudo da microgeração fotovoltaica e tecnologias associadas é de
grande importância devido a necessidade de se utilizar novas fontes alternativas de
energia. As alterações climáticas notáveis em todo mundo, levam os governos e a
população em geral a uma profunda reflexão sobre os actuais problemas
ambientais.

Tendo em vista que em função ao actual cenário do sector elétrico Angolano,


existem ainda muitas zonas fora dos grandes centros urbanos que não se
beneficiam do abastecimento de corrente elétrica por intermédio da rede pública
nacional, o que resulta em altos custos operacionais para muitas empresas, devido a
utilização de grupos geradores à Diesel. Portanto pretende-se explorar uma análise
técnico-económica da implementação da microgeração fotovoltaica, na medida em
que este tipo de sistemas constituem uma boa alternativa para o fornecimento de
corrente elétrica em regiões remotas. Julga-se relevante, compreender-se as
características energéticas e geográficas da região em estudo, e posteriormente
fazer-se uma análise económica sobre a viabilidade do projecto.

Realiza-se então, uma pesquisa hipotética-dedutiva, fazendo uma avaliação


sobre a aprovação ou desaprovação da hipótese adoptada. Em função ao
decrescente preço dos componentes deste tipo de sistemas, nomeadamente os
painéis fotovoltaicos e também devido ao tempo de vida útil do sistema que permite
a recuperação do investimento do projecto, impõe a constatação de que a
implementação deste tipo de sistemas traz uma diversidade em termos de ganhos
económicos e ambientais.

Palavras chave: Microgeração, Fotovoltaica, Energia, Solar, Viabilidade.


V

ABSTRACT

Nowadays, eletricity has become an indispensable resource for a


development of societies, but there is also a growing concern about rising prices and
the scarcity of fossil fuels Therefore, the study of energy microgeneration and
associated technologies is of great importance due to the need to use new
alternative sources of energy. Remarkable climate change around the world has led
governments and the general public to reflect deeply on the current environmental
problems. Angola has an excellent solar resource, meeting all the favorable
requirements to use this technology constantly growing.

Considering that due to the current scenario of the Angolan eletricity sector,
there are still many areas outside the big urban centers that do not benefit from
energy supply through the national public network, which results in high operational
costs for many companies. Therefore, research is being carried out on photovoltaic
microgeneration, in order to carry out a study concerning the implementation of the
same in these places. To do so, it is necessary to understand the energy
characteristics of the institution, to make the sizing calculations of the photovoltaic
plant to be installed and to make an economic analysis on the viability of the project.

A hypotetical-deductive research is carried out, making an evaluation on the


approval or disapproval of the adopted hypothesis. In view of this, it is verified that
the project is technically feasible, due to the good weather conditions and good solar
resource of the region. Economically the project is also feasible, due mainly to the
decreasing winding of the components of the type of systems, namely the
photovoltaic panels and also due to the life time of the system that allows the
recovery of the investment of the project, which requires that the implementation of
this type of systems brings a diversity in terms of economics and environmental
gains.

Key-words: Microgeneration, Photovoltaic, Solar, Energy, Viability.


VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Tendência de redução do uso dos combustíveis fósseis a nível global.......6


Figura 2:Evolução da taxa de eletrificação prespectiva 2025......................................8
Figura 3:Evolução da carga do sistema Norte nos últimos 6 anos............................12
Figura 4:Demanda da região Norte...........................................................................12
Figura 5:Indicadores de qualidade de energia no ano de 2018. SAIFI (Frequência
Média de Interrupção), SAIDI(Duração Média de Interrupções), SARI(Tempo Médio
de Reposição)............................................................................................................12
Figura 6:Distribuição das Novas Renováveis (Previsão)...........................................14
Figura 7:Mapa da irradiação global horizontal anual média......................................16
Figura 8:Decréscimo do preço dos paineis fotovoltaicos ao longo dos anos............17
Figura 9:Irradiação global horizontal anual média [Kw/m2/ano]................................17
Figura 10:(a) Coletores Planos; (b) Coletores Concentradores.................................18
Figura 11:Evolução temporal das células fotovoltaicas.............................................19
Figura 12:Evolução da produção mundial de células fotovoltaicas...........................20
Figura 13:Desenvolvimento das células fotovoltaicas...............................................22
Figura 14: Distribuição das tecnologias usadas no fabrico industrial de células
fotovoltaicas...............................................................................................................22
Figura 15:Estrutura do Sol.........................................................................................26
Figura 16:Fluxo de potência global (em W/m2). O valor da irradiância solar incidente
no topo da atmosfera apresentado é um fluxo médio anual recebido ao longo das 24
horas de um dia (341,3 W/m2), no topo da atmosfera...............................................27
Figura 17:Componentes da Radiação solar..............................................................28
Figura 18:Bandas de energia para materiais metálicos, semicondutores e isolantes.
................................................................................................................................... 29
Figura 19:Geração de pares elétron-lacuna pela incidência de fotóns no material
semicondutor, denominado efeito fotocondutivo.......................................................29
Figura 20:Níveis de energia em materiais do tipon e p: Ea- eletróns falantes dos
átomos de impurezas aceitadotras; Ed – nível de energia nos eletróns não
emparelhados dos átomos de impurezas doadoras..................................................31
Figura 21:Junção pn em equilíbrio térmico, mostrando a barreira de potencial,
correntes de difusão e de deriva................................................................................32
Figura 22:Estrutura básica de uma célula fotovoltaica de Silício destacando as
regiões, tipo n, tipo p, zona de carga especial, geração de par elétron-lacuna, filme
antirreflexivo e contactos metálicos...........................................................................32
Figura 23:Curva característica de uma célula fotovoltaica........................................33
Figura 24:Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica.........................................34
Figura 25:Simbologia de um módulo fotovoltaico......................................................34
Figura 26:Hierarquia Fotovoltaica..............................................................................34
Figura 27:Curvas caraterísticas de duas células fotovoltaicas de Silício em série....36
Figura 28:Curvas caraterísticas de duas células fotovoltaicas de silício cristalino em
paralelo...................................................................................................................... 37
Figura 29:Condições meterológicas médias de Luanda............................................40
Figura 30: Estação de Sangano da empresa Angola Cables....................................44
Figura 31: Área de implementação dos painéis fotovoltaicos....................................44
Figura 32:Diagrama proposto para o sistema de alimentação da estação de
Sangano.................................................................................................................... 45
Figura 33:Módulo fotovoltaico....................................................................................46
Figura 34:Ligação de díodos de desvio nos módulos fotovoltaicos...........................46
Figura 35: Paineis fotovoltaicos parcialmente sombreados.......................................47

VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:Eficiência das melhores células fotovoltaicas fabricadas em laboratórios até
2012...........................................................................................................................23
Tabela 2-Vantagens e Desvantagens da implementação da Microgeração..............25
Tabela 3:Valores de Albeldo para diferentes tipos de superfícies.............................28
Tabela 4-Propriedades do silício à temperatura de 300K e baixas concentrações de
dopantes.................................................................................................................... 30
Tabela 5-. Níveis de energia de ionização para impurezas utilizadas como dopantes
tipo p e n em silício – Ev é a energia correspondente ao topo da banda de valência;
Ec é a energia correspondente ao fundo da banda de condução.............................31
Tabela 6:Médias de radiação solar mensal na região de Sangano...........................41
Tabela 7- Consumo elétrico mensal da estação de Sangano...................................49
Tabela 8:Tabela do balanço mensal das Horas de Sol Pleno na região de Sangano.
................................................................................................................................... 50
Tabela 9:Levantamento do consumo diário dos equipamentos presentes na estação.
................................................................................................................................... 51
Tabela 10:Balanço da potência total instalada na estação energia total consumida
mensalmente............................................................................................................. 52
Tabela 11:Tabela dos valores referentes a energia consumida por equipamentos
alimentados por corrente contínua e por corrente alternada.....................................52
Tabela 12:Cálculo da potência requerida mensalmente, dos paineis fotovoltaicos...54
Tabela 13:Especificações técnicas do módulo fotovoltaico selecionado...................55
Tabela 14:Especificações técnicas da bateria selecionada.......................................57
Tabela 15:Especificações técnicas do controlador de carga selecionado.................58
Tabela 16:Especificações técnicas do Inversor selecionado.....................................59
Tabela 17:Cálculo do Valor Actual Líquido (VAL)......................................................65
Tabela 18:Fluxo de Caixa num intervalo do 5° ao 6° ano de operação do sistema de
geração......................................................................................................................66
Tabela 19:Tabela do total de custos na implementação do projecto.........................67
Tabela 20:Parámetros de análise de viabilidade económica do projecto..................68

IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVAC Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado


CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CFL Caminhos de Ferro de Luanda
DNER Direcção Nacional de Energias Renováveis
FC Fluxo de Caixa
FMI Fundo Monetário Internacional
FV Fotovoltaico
GW Giga Watt
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
INEL Instituto Nacional de Eletrificação Rural
IRSE Instituto Regulador do Sector Eléctrico
IXP Internet Exchange Point
MINEA Ministério de Energia e Águas
MG Microgeração
MW Mega Watt
OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PIB Produto Interno Bruto
PRODEL Empresa Pública de Produção de Eletricidade
RNT Rede Nacional de Transporte de Eletricidade
SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
UNFCCC Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança
do Clima
USD Moeda Dólar dos Estados Unidos
VAL Valor Actual Líquido
WRDC World Radiation Data Center
X
LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem
℃ Graus Celsius
Ah Ampére- Hora
a-Si Silício Amorfo
CdTe Telureto de Cádmio
CIS Disseleneto de Cobre e Índio
cm2 Centímetro quadrado
CO2 Dióxido de Carbono
Ec Energia da banda de condução
Efe Nível de energia de Fermi
Eg Energia da banda proibida
Ev Eletrón- Volt
GWp GigaWatt Pico
Km Kilómetro
KWh/m2/ano KiloWatt-Hora por metro quadrado ano
m2 metro quadrado
m-Si Silício Monocristalino
mW MiliWatt
MWp/ano MegaWatt pico por ano
p-Si Silício Policristalino
TW Terawatt
Wp Watt-pico
W/m2 Watt por metro quadrado

XI
SUMÁRIO

Resumo………………………………………………………………………………………........... V

Abstract………………………………………………………………………………………...........VI

Lista de figuras…………………………………………………………………………….............VII

Lista de tabelas…………………………………………………………………………….............IX

Lista de abreviaturas e siglas………………………………………………………………..........X

Lista de símbolos……………………………………………………………………………..........XI

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

1.1 Enquadramento da dissertação.................................................................................2

1.1.1 Problema de Pesquisa........................................................................................2

1.2 Objectivos Gerais e específicos.................................................................................3

1.2.1 Objectivo Geral.......................................................................................................3

1.2.2 Objectivos específicos.........................................................................................3

1.3 Justificativa.................................................................................................................3

1.4 Hipóteses....................................................................................................................4

1.5 Metodologia de pesquisa............................................................................................4

1.6 Estrutura do trabalho..................................................................................................5

2. Energias renováveis e o Mundo........................................................................................6

2.1 Situação energética angolana....................................................................................7

2.1.1 Matriz energética angolana.....................................................................................8

2.2 Angola e as Energias Renováveis.............................................................................9

2.2.1 Produção...........................................................................................................10

2.2.2 À rede................................................................................................................14

2.2.3 Contexto Nacional.............................................................................................14

2.2.3.1 Contexto Energético e problemas a resolver................................................15

2.2.4 Barreiras à implementação das Novas Renováveis.........................................15

2.3 Potencial Solar angolano..........................................................................................15

3. Energia Solar...................................................................................................................18
3.1 Formas de utilização da energia solar.....................................................................18

3.1.1 Energia Solar Térmica.......................................................................................18

3.1.2 Energia Solar Fotovoltaica................................................................................19

3.1.3 Tecnologias da Energia Solar Fotovoltaica.......................................................21

3.1.4 Microgeração............................................................................................................23

3.1.4.1 Tecnologias aplicáveis......................................................................................24

3.1.4.2 Legislação......................................................................................................24

3.1.5 Recurso Solar....................................................................................................26

3.1.6 Sol e suas caraterísticas...................................................................................26

3.1.6.1 Geometria Sol-Terra......................................................................................26

3.1.6.2 Radiação solar sobre a terra.........................................................................27

3.1.6.3 Princípio de funcionamento das células fotovoltaicas...................................28

3.1.6.4 Características elétricas das células fotovoltaicas........................................33

3.1.6.5 Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica............................................34

3.1.6.6 Hierarquia Fotovoltaica..................................................................................34

3.1.6.7 Parâmetros elétricos......................................................................................34

3.1.6.8 Associações de células e módulos fotovoltaicos...........................................36

3.1.6.8.1 Associação em série......................................................................................36

3.1.6.8.2 Associação em paralelo................................................................................36

3.2 Sistema fotovoltáico.................................................................................................37

3.2.1 Sistema conectado (On-Grid)...........................................................................37

3.2.2 Sistema isolado (Off-Grid).................................................................................37

3.2.3 Sistema híbrido.................................................................................................37

4. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO................................................49

4.1 Cálculo do consumo de energia elétrica mensal......................................................49

4.2 Levantamento da demanda e consumo energético da estação...............................50

4.3 Dimensionamento dos módulos fotovoltaicos..........................................................52

4.4 Dimensionamento do banco de baterias..................................................................56

4.5 Dimensionamento do controlador de cargas............................................................57


4.6 Dimensionamento do Inversor.................................................................................58

4.7 Dimensionamento dos cabos...................................................................................59

4.8 Dimensionamento das protecções...............................................................................61

4.8.1 Protecção contra Sobrecargas (Fusíveis).........................................................61

4.8.2 Protecção contra curto-circuito.............................................................................61

4.8.3 Protecção contra sobrecargas (Disjuntor)............................................................61

4.8.4 Protecção contra curto circuito (Disjuntor)............................................................61

5. RESULTADOS................................................................................................................67

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES......................................................71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................74

ANEXOS.................................................................................................................................76
1

1. INTRODUÇÃO

No decorrer dos tempos, na história da humanidade, o Homem sempre


procurou distintas formas de energia, com vista a satisfazer as suas necessidades
básicas. Começando pelo uso de animais como instrumento de auxílio na
agricultura, bem como posteriormente na utilização do petróleo como fonte de
energia de maneira massiva nas últimas décadas, levando a um cenário claro de
insustentabilidade económico-social e ambiental.

Fisicamente falando, a energia consiste na capacidade de um sistema


modificar o estado de uma partícula, produzindo trabalho que levará a um
movimento ou produção de calor. O termo energia possui bastante abragência, por
estar associado a diversos campos de actuação.

Os diferentes recursos energéticos existentes podem ser divididos em dois


grupos, nomeadamente: os recursos energéticos renováveis e os não-renováveis.

As energias não renováveis são os combustíveis fósseis, onde podem-se


destacar o carvão, o gás e o petróleo, assim como a energia nuclear. Em função a
alta procura e as incertezas referentes as reservas, o preço destas energias é
inflacionado. Este ponto negativo é associado também as altas taxas de poluição,
em termos de gases de efeito estufa GEE emitidos para a atmosfera.

As energias renováveis consistem em recursos inesgotáveis, com reduzidos


impactos ambientais comparando com os combustíveis fósseis. Os principais tipos
de energias renováveis são: energia solar, eólica, Hídrica, Geotérmica, Ondomotriz e
a Biomassa. Estas energias possuem um poder significativo em termos energéticos,
mas com um aproveitamento insuficiente. O Sol, a água e o vento, são fontes de
energia inesgotáveis, representando assim um futuro sustentável.
2

1.1 Enquadramento da dissertação

Em função da crescente subida de preços dos combustíveis, relacionados a


escassez dos mesmos ao longo dos tempos, faz surgir uma grande preocupação
tanto no cidadão comum, como nas instituições do sector empresarial e também nos
próprios governos, somando a própria degradação do meio ambiente causada por
estes elementos, em todo planeta.

Uma das soluções a tal problemática consiste na implementação da


diversificação da matriz energética do nosso país. Durante muitos anos, a energia
solar fotovoltaica tivera recebido muito poucos investimentos e incentivos, devido ao
elevado custo de produção, regulamentação pouco estimuladora, e também a
própria desorganização económica das concessionárias de eletricidade.

Em função do desenvolvimento tecnológico e da redução dos custos dos


painéis solares fotovoltaicos, esta tecnologia vem ganhando muito espaço naquilo
que são os projetos de eletrificação a se instalar em zonas fora das grandes áreas
urbanas.

1.1.1 Problema de Pesquisa

As questões relacionadas a crescente expansão populacional associada a


forte dependência energética, segurança de abastecimento e as alterações
climáticas, conduzem a profundas reflexões, dúvidas e preocupações, pois por um
lado é de capital importância a redução do consumo dos combustíveis fósseis, por
outro lado a sociedade é cada vez mais dependente da energia elétrica. Por forma a
dar-se resposta a esta crescente necessidade energética tem-se vindo a fazer
estudos e a implementar-se novas e diferentes formas de produção de energia mais
limpas e eficientes.

A empresa Angola Cables AC é uma empresa angolana do sector das


telecomunicações, possuindo uma estação de recepção de cabos submarinos de
fibra óptica, localizada na zona de Sangano-Luanda. Devido a inexistência da rede
elétrica na região, esta empresa tem custos operacionais elevados devido a
utilização de Diesel para a alimentação dos seus grupos geradores, para a produção
de energia elétrica, bem como na manutenção dos mesmos. Assim este projecto
prevê a utilização de um parque solar, com vista a trabalhar de forma sincronizada
3

com os grupos geradores já existentes, contribuindo então para a redução do


consumo do Diesel e as emissões de dióxido de carbono CO2 na atmosfera.

1.2 Objectivos Gerais e específicos


1.2.1 Objectivo Geral

Explorar uma análise técnico-económica de uma instalação de microgeração


fotovoltaica, a ser aplicada na estação de recepção de cabos submarinos da
empresa Angola Cables.

1.2.2 Objectivos específicos


 conhecer as caraterísticas energéticas das instalações;
 descrever os critérios para justificar a implementação da microgeração
no local;
 dimensionar a central fotovoltaica a ser instalada;
 analisar as condições de funcionamento simulando os principais
parâmetros neste tipo de geração de energia;
 realizar uma análise económica sobre a viabilidade do projecto.

1.3 Justificativa

O desenvolvimento sustentável das nossas sociedades não é possível sem


um fornecimento de energia eficiente. O acesso aos serviços de energia é crucial
para o desenvolvimento humano e é um investimento para o nosso futuro.

Em países industrializados, os grandes problemas associados a energia estão


directamente ligados ao desperdício e a poluição, e não ao abastecimento. O uso
ineficiente da energia elétrica prejudica a produtividade económica e as emissões de
GEE que surgem devido a esta energia, contribuem de forma significativa para o
aquecimento global, resultando assim em mudanças climáticas, colocando em risco
a vida humana.

A alta dependência do Diesel para a produção de energia, implica custos


altíssimos de produção, que resultam numa situação de défice para as empresas
públicas de eletricidade. Situação esta que torna o crescimento do acesso à
eletricidade altamente dependente do Orçamento de Estado, cujos recursos têm
4

origem das receitas de petróleo, prejudicando cada vez mais a escassa participação
do sector privado.

1.4 Hipóteses

 Dimensionameto de uma central fotovoltáica FV por formas a suprimir


as necessidades de energia durante o periodo diurno na estação, o
que traria ganhos na redução dos custos operacionais bem como as
emissões de CO2 e outros gases GEE.
 Substituição do diesel pelo Gás, o que teria custos de transporte,
armazenamento e construção de instalações especializadas a
operação.
 Energia eólica seria uma alternativa para se substituir o Diesel no
periodo nocturno, tornando o sistema totalmente independente.

1.5 Metodologia de pesquisa

Para a elaboração do presente projecto realiza-se uma pesquisa de finalidade


básica-estratégica, sendo que os conceitos desenvolvidos servirão de base a uma
posterior aplicação prática. Quanto aos objectivos elabora-se uma pesquisa
descritiva e exploratória visto que se teve como fontes bibliográficas livros e outras
dissertações que anteriormente abordaram sobre o assunto.

O projecto tem uma abordagem quantitativa visto que os resultados são


obtidos por meio de expressões matemáticas e dados estatísticos, alinhando a um
método hipotético-dedutivo, sendo que o estudo se centra na possibilidade de tal
caminho ser correto ou errado, dependendo dos resultados obtidos.

Os procedimentos usados foram o bibliográfico, documental, e o estudo de


caso em diversas visitas a estação a quando do meu periodo de estágio na mesma
organização.
5

1.6 Estrutura do trabalho

O trabalho possui uma estrutura sequencial composta por 6 capítulos que


descrevem de forma detalhada as etapas de confeccionamento do projecto de
microgeração fotovoltaica, a ser aplicado no Data Center da empresa Angola
Cables.

Capítulo 1: Este capítulo é formado pelo conteúdo introdutório, descrição dos


objectivos (geral e específicos), pela justificativa, as hipóteses cogitadas e a
metodologia de pesquisa utilizada.

Capítulo 2: Este capítulo demonstra e faz uma análise ao sector elétrico


Angolano, bem como o contributo das energias renováveis na produção de energia
elétrica a nível nacional.

Capítulo 3: Faz uma abordagem sobre a energia solar, bem como as suas
formas de utilização e tecnologias associadas, a microgeração fotovoltaica,
vantagens e desvantagens, aborda também sobre o caso de estudo, sendo descritas
as principais carateísticas do local de implementação do sistema.

Capítulo 4: É onde são apresentados os cálculos de dimensionamento do


sistema de microgeração FV proposto, bem como a análise de viabilidade
económica do projecto.

Capítulo 5: Neste capítulo são apresentados os resultados da análise técnica


e da análise económica obtidos no capítulo anterior.

Capítulo 6: Neste último capítulo são apresentadas as principais conclusões


da pesquisa e recomendações para projectos futuros.
6

2. Energias renováveis e o Mundo

Muito em função das visíveis mudanças climáticas ao longo dos últimos


anos, deu-se uma Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas UNFCCC. O objectivo fundamental da UNFCCC é reduzir a emissão de
gases GGE para a atmosfera, prevenindo as perigosas interferências ou alterações
antropogénicas no sistema climático. Angola associou-se a UNFCCC no ano de
2000.

O protocolo Quioto (1997), regulamenta que os países industrializados


reduzam as suas emissões combinadas de gases GEE pelo menos em 5%. O
protocolo entrou em vigor após a ratificação de 55 países da UNFCCC, que são os
responsáveis por cerca de 55% do total das emissões de GEE no grupo dos países
industrializados. Angola ratificou o Protocolo Quioto a 8 de Maio de 2007. (citar)

Em Angola existem diversas fontes de GEE de origem humana, sendo que


muitas delas estão na base da satisfação das necessidades energéticas da
população. Estas necessidades estão ligadas à produção de eletricidade a partir de
combustíveis fósseis e ao uso insustentável da biomassa, ambas geradoras de
Gases de Efeito Estufa.

A figura 1 apresenta a tendência que se vem notando a nível mundial, sobre a


redução do uso dos combustíveis fósseis, sendo então substituídos pelas fontes de
energia limpa.
7

Figura 1- Tendência de redução do uso dos combustíveis fósseis a nível global.

Fonte: Bloomberg New Energy (2018).

2.1 Situação energética angolana.

Em momentos de uma conturbada situação económica-financeira mundial,


Angola vem sendo directamente afectada, muito em função da queda brusca do
preço do petróleo, o seu principal produto de exportação. O que dificulta de forma
considerável a acção do governo para recuperar muitas das infra-estruturas
destruídas pela guerra civíl, desenvolvendo o país. O Governo tem de fazer frente a
recursos reduzidos, a importantes desafios em áreas como: a alimentação, a saúde,
a educação, entre outras de primordial importância para a população angolana.

Anteriormente, no período pós-guerra a geração de energia do sistema


elétrico angolano era maioritariamente feita através das fontes térmicas. O menor
investimento em comparação as grandes hidroelétricas, permitira responder, embora
de forma insuficiente, o crescimento do consumo. Entretanto, a compra dos
combustíveis fósseis para o abastecimento destas centrais reflete-se em
elevadíssimos custos de operação sem reflexo algum nas tarifas cobradas aos
clientes finais.

No final do ano 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas, declarou de


forma unânime, que a década de 2014-2024 como a Década da Energia Sustentável
para Todos, reconhecendo desta forma a relação entre às energias limpas e os
processos de desenvolvimento sustentável. Neste contexto Angola aderiu à iniciativa
global sobre “Energia Sustentável para Todos”. Iniciativa esta que dá origem a
8

muitas oportunidades para a captação de novos investimentos que se destinam a


aumentar o acesso as energias limpas, contribuir para a eliminação da pobreza e
consequentemente acelerar o desenvolvimento socioeconómico (PNUD 2015,
MINEA).

As metas da iniciativa “Energia Sustentável para Todos”, estão em sintonia


com os objectivos da “Estratégia de Longo Prazo Angola 2025”, pois ambas têm o
objectivo de aumentar o acesso universal aos serviços de energia, melhorar a
eficiência energética e incentivar o uso das energias renováveis (Angola 2025,
MIEA).

A situação energética de Angola é bem diferente dos outros países da África


Subsaariana, com um histórico de crescimento do consumo energético liderado pelo
sector residencial, e de serviços, pensando-se já em muitos projetos que visem a
reindustrializar o país construindo indústrias de utilização intensiva de energia.

Sendo Angola o segundo maior produtor de petróleo no continente africano,


com grande dotação orçamental para construções de infraestruturas no sector da
energia, a dinâmica de crescimento do consumo tende a ser diferente da de outros
países em desenvolvimento (PNUD 2015, MINEA).

A intensidade de consumo final no PIB do sector de energia (KWh por


unidade do PIB), aumentou nos últimos anos. Prevê-se que continue a crescer até
2025 principalmente devido aos esforços que têm sido feitos, por forma a aumentar-
se a taxa de eletrificação de 30% para 60%, a melhoria das condições de vida e do
esforço de industrialização em curso, estimando-se uma potência instalada na
ordem dos 7,2 GW de carga. Estima-se também que o consumo de eletricidade por
habitante tende a triplicar de 375 KWh à 1250 KWh em 2025 (Angola 2025, MINEA).

A figura 4 demonstra um comparativo do que se prevê em termos da taxa de


eletrificação, em Angola, África e no mundo. Sendo de grande relevância salientar
que a taxa de eletrificação de Angola irá duplicar até 2025, a quando da conclusão
dos projectos do MINEA (Angola 2025, MINEA).
9

Figura 2:Evolução da taxa de eletrificação prespectiva 2025

Taxa de eletrificação

74%
60%
41%
30%

Mundo África Angola Angola 2025

Fonte: Angola 2025, MINEA.

2.1.1 Matriz energética angolana.

Os gráficos 1 e 2 ilustram um comparativo sobre o balanço da


distribuição dos recursos energéticos feito com dados referentes ao ano 2011
e o que é previsto para o ano de 2025. Notando-se de forma clara que o uso
da Biomassa reduzirá em mais de 50%, isto devido ao aparecimento de novas
tecnologias e a consciencialização sobre a preservação do meio ambiente.
Registar-se-á também um crescimento do Petróleo e Gás, isto em função a
descoberta de novos poços para a exploração do mesmo. E a eletricidade vai
quintiplicar, devido aos esforços do governo, com a implementação de novos
projectos de restruturação da rede elétrica Nacional.

Gráfico 1: - Balanço energético Angolano 2011.

Balanço 2011

EletricidadePetról
3% eo e
Gás Eletricidade
33%
Biomassa Petróleo e
64% Gás
Biomassa

Fonte: Pinheiro, (2015).


10

Gráfico 2: Balanço energético Angolano previsto para 2025.

Balanço em 2025
Eletri-
cidade
15% Eletricidade
Biomassa Petróleo e Gás
30% Biomassa

Petróleo e
Gás
55%

Fonte: Pinheiro, (2015).

2.2 Angola e as Energias Renováveis

As energias renováveis são aquelas obtidas através de fontes naturais como


a água, o vento, a biomassa, o sol, capazes de se regenerar, por isso consideradas
inesgotáveis. Neste leque podemos incluir a Energia Hídrica, a Energia Geotérmica,
a Energia Eólica, a Energia Solar, entre outras (Portal Energia, 2019).

Actualmente com a crescente incontrolável dos preços dos combustíveis


fósseis e a enorme preocupação a volta dos possíveis cenários catastróficos que o
planeta pode vir a sofrer, caso não sejam reforçadas as medidas de conservação a
sustentabilidade ambiental, têm sido os principais factores na implementação de
novas tecnologias energéticas. Portanto a produção de energia elétrica através de
instalações de pequena e grande escala, com base nas fontes de energias
renováveis podem contribuir para a alteração deste cenário.

A utilização e implementação de instalações de produção de energia de


pequena escala utilizando energias renováveis contribuem bastante para a
independência energética, bem como reduzir as perdas associadas ao transporte na
rede elétrica, aumentando a eficiência energética e a fiabilidade do sistema.

Neste capítulo se fará uma abordagem sucinta e generalizada sobre aquilo


que é a importância das energias renováveis, a situação atual energética angolana,
metas a curto e longo prazo, descrevendo o sistema elétrico nacional.
11

Angola depende de recursos hídricos e dos derivados do petróleo para a


produção de energia eléctrica. Em zonas rurais a produção de energia através da
biomassa constitui um dos principais combustíveis.

A procura reprimida, o excesso registado na utilização do gasóleo subsidiado,


a concentração geográfica e os longos tempos de construção das grandes centrais
hidroelétricas, a falta de acesso a fontes de energia modernas e a utilização
insustentável da biomassa nas zonas rurais, constituem problemas que as novas
energias renováveis ajudarão a resolver.

2.2.1 Produção

Os dados apresentados no gráfico 3 ilustra os dados do atendimento das


principais unidades geradoras, em função a região de exploração.

Gráfico 3: Dados referentes ao atendimento no mês de janeiro das principais unidades


geradoras em função a região de exploração.

Atendimento Janeiro 2019


180,000 170,985
160,000 143,592
140,000
Potência(MW)

120,000
100,000
80,000
60,000 53,055
40,000 19,658
20,000 11,946
-
Norte Centro Sul Luanda Leste
Região de exploração

Fonte: (RNT, 2019).

Os dados do gráfico 3, evidenciam uma potência dominante na região norte a


volta dos 170.985 MW, sendo que é onde consta a capital luanda onde se verifica o
maior foco de concentração a nível populacional.
12

Em seguida o gráfico 4 ilustrado a baixo demonstra o comparativo sobre a


potência injectada na rede nacional, pelos principais centros produtores da
PRODEL.

Gráfico 4: Produção nos principais centros produtorres da empresa PRODEL.

Principais centros produtores da PRODEL


Matala
26.0
Quileva
68.0
Central de Produção

22.6
Gove
Cazenga
29.6
41.1
CFL
Cambambe 771.0
Lauca 741.5
Capanda 346.0
- 200.0 400.0 600.0 800.0 1,000.0
Ponta Máx. Produção(MW)

Fonte:(RNT, 2019).

A figura 3 ilustra a curva da evolução da carga no sistema da região do Norte


de Angola, ao longo dos últimos 6 anos.

Figura 3:Evolução da carga do sistema Norte nos últimos 6 anos.

Fonte:RNT (2019).

A figura 4 demonstra um comparativo, da demanda, atendimento e défices,


num periodo de 2014 à 2016.
13

Figura 4:Demanda da região Norte.

Fonte:RNT (2019).

A figura 5 ilustra um gráfico com alguns indicadores de qualidade de energia


do sistema elétrico angolano.

Figura 5:Indicadores de qualidade de energia no ano de 2018. SAIFI (Frequência Média de


Interrupção), SAIDI(Duração Média de Interrupções), SARI(Tempo Médio de Reposição).

Fonte: RNT (2018).

Para o abastecimento seguro e fiável, por forma a ir de encontro a demanda


prevista, mesmo em anos de baixa afluência hídrica, Angola terá à volta de 9,9 GW
de potência instalada em 2025, com uma forte aposta no gás natural e nas centrais
hídricas. No gráfico 5 pode-se observar o que se prevê em termos de potência
instalada por fonte no sistema elétrico angolano.

Gráfico 5: Potência instalada por fonte em 2025.


14

11 9.9 GW
9
7,2 GW
7 66%

Potência (GW)
3 19%
8% 7%
1
Hídrica Novas Gás Natu- Outras Produção Consumo
Ren- ral Térmicas
ováveis
Series1 6.5 0.8 1.9 0.700000 9.9 7.2
00000000
1

Fonte:(Angola 2025, MINEA).

A produção de energia a partir das fontes hídricas atingirá uma potência


instalada de aproximadamente 6,5 GW, ou seja, 66% do total, fazendo-se uma forte
aposta em novos rios e bacias hidrográficas como, Rio Keve, Rio Catumbela, entre
outros.

O Gás Natural atingirá uma potência instalada de 1,9 GW, correspondente a


19% do total, com a duplicação do Soyo e a conversão para gás de várias turbinas e
pequenos ciclos combinados.

As Novas Renováveis acrescem-se a estes valores, com 800 MW de


capacidade instalada prevista, contribuindo com 8% da capacidade total instalada. E
de produção a partir de fontes térmicas na ordem dos 700 MW, o que se traduz num
percentual de 7% da capacidade instalada.
15

A figura 6 ilustra a distribuição a nível territorial, prevista das Novas Renováveis em


2025.

Figura 6:Distribuição das Novas Renováveis (Previsão).

Fonte: Angola 2025, MINEA.

2.2.2 À rede

As energias renováveis têm um grande papel na eletrificação rural e na


provisão de serviços básicos, essenciais para o desenvolvimento socioeconómico de
regiões isoladas. Uma vez definidas as zonas que beneficiarão da extensão da rede
nacional, importa identificar as soluções mais adequadas para as populações não
abrangidas. A energia solar surge como a fonte renovável mais abrangente e
ajustável para o abastecimento de pequenas redes locais – com baterias ou
articulação com pequenos geradores.

2.2.3 Contexto Nacional

A constituição angolana estabelece que o Estado exerce jurisdição e direitos


de soberania em matéria de conservação, exploração e aproveitamento de recursos
naturais, biológicos e não biológicos.

As linhas gerais de orientação estabelecem a política do Executivo


relativamente ao fornecimento e consumo de energia nas próximas décadas,
designadamente a Lei 256/11 de 29 de setembro que aprovou a política e Estratégia
de Segurança Energética Nacional (MINEA, 2001).
16

Um dos princípios orientadores da Lei 256/11 para o subsector eléctrico é a


promoção do desenvolvimento equilibrado da sociedade e da economia angolana,
desenvolvendo-se opções que visem diminuir as assimetrias sociais e geográficas, e
construir um mix energético diversificado que privilegie as energias endógenas, a
segurança energética e a sustentabilidade ambiental (MINEA, 2001).

2.2.3.1 Contexto Energético e problemas a resolver

As novas renováveis não têm ainda grande expressão, representando menos


de 1% da energia consumida no país. A procura reprimida, o excesso de utilização
de gasóleo subsidiado, a concentração geográfica os longos períodos de construção
de algumas centrais, constituem problemas que as Novas Renováveis podem vir a
solucionar. Apesar dos grandiosos investimentos, a situação actual do sector elétrico
continua a caraterizar-se por uma procura reprimida, tanto pelas constantes falhas
no fornecimento, como pela fraca penetração da eletricidade em zonas rurais
(Angola 2025, MINEA).

2.2.4 Barreiras à implementação das Novas Renováveis

Muitas tecnologias de energias renováveis continuam com custos altíssimos,


na aquisição das mesmas ou custos de investimento, quando comparadas com a
energia convencional para o fornecimento às áreas urbanas ou às indústrias.
Acrescendo ao facto de que o nível de subsídio ao gasóleo e a gasolina tornam a
diferença superior tornando o investimento as energias renováveis bem menos
atrativo.

A falta de um enquadramento legal e institucional, estável, claro e favorável. A


falta de capacidade técnica quer a nível de instalação como de planeamento e
manutenção. O reduzido conhecimento por parte do público consumidor, sobre os
benefícios e oportunidades.

2.3 Potencial Solar angolano

Energia Solar Fotovoltaica consiste na energia que provém da conversão


directa da luz solar em eletricidade, através do efeito fotovoltaico (SolarBrasil
energia solar; 2016).

Angola tem um elevado potencial de recurso solar, com uma irradiação global
num plano horizontal anual média numa faixa de 1370 aos 2100 kWh/m 2/ano. Sendo
17

o maior e mais uniformemente distribuído recurso renovável do país com variações


numa escala de dezenas a centenas de quilómetros não assinaláveis, excepto
algumas situações pontuais como locais junto a costa ou rios onde haja a eminência
de nevoeiro frequente, ou locais altos em que haja sombreamentos significativos.

A variação regional do recurso solar também é bem conhecida, como por


exemplo as províncias do centro e sul de Angola tendo uma maior irradiação solar,
como ilustrado na figura 7.

Figura 7:Mapa da irradiação global horizontal anual média.

Fonte: Angola 2025, MINEA.

O recurso solar é a fonte renovável mais uniformemente distribuída em


Angola. É também o recurso mais fiável e constante em termos de entrega, ao longo
do ano, permitindo assim um dimensionamento estável dos sistemas de baterias
associados.

O mapeamento deste recurso com base em dados obtidos através de satélite,


calibrados e aferidos por várias estações meteorológicas no terreno, constitui uma
ferramenta para a previsão de pequenos dimensionamentos de sistemas
18

fotovoltaicos, o que permitirá medir o potencial de eletrificação e a estimativa do


custo de geração descentralizada.

As soluções 100% renováveis com baterias serão apropriadas para sistemas


individuais. No caso de redes locais, nalguns casos pode vir a compensar a redução
a capacidade das baterias introduzindo soluções de geração com gasóleo – para
compensar os períodos longos de menor irradiação solar, sendo necessário realizar
uma análise custo-benefício para cada caso.

Figura 8:Decréscimo do preço dos paineis fotovoltaicos ao longo dos anos.

Fonte:Bloomberg New Energy Finance, World Economic Forum.

A irradiação solar a uma escala global varia em função da atmosfera,


parâmetros geométricos e o movimento do planeta em relação ao sol, sendo que
numa prespectiva local a variação da irradiação varia de acordo à morfologia do
terreno, isto é, declives, variações de elevação, exposição e sombreamento. A figura
9 ilustra a variação da irradiação global Horizontal anual média em toda extensão
territorial.
19

Figura 9:Irradiação global horizontal anual média [Kw/m2/ano].

Fonte: Angola 2025, MINEA.

3. Energia Solar

Quando se fala em energia devemos ter em conta de que o sol está na base
da origem de praticamente todas as outras fontes de energia na Terra, ou seja, as
fontes de energia são derivadas da energia solar.

3.1 Formas de utilização da energia solar

3.1.1 Energia Solar Térmica

Neste caso o grande interesse foca-se na quantidade de energia que


determinado corpo é capaz de absorver sob forma de calor, a partir da radiação
solar incidente no mesmo.

A utilização desta forma de energia não implica apenas saber captá-la, mas
também em como armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objetivo
específico de se utilizar a energia solar térmica são conhecidos como coletores
solares, que consistem em aquecedores de fluidos líquidos ou gasosos classificados
como coletores planos ou coletores concentradores em função da existência ou não
de dispositivos de radiação solar.
20

Figura 10:(a) Coletores Planos; (b) Coletores Concentradores.

Fonte: La Capital, (2019).

Os coletores concentradores estão associados a aplicações de temperaturas


na ordem dos 100℃ podendo atingir temperaturas de até 400℃ para o
accionamento de turbinas à vapor e posterior geração de eletricidade.

Já os coletores planos são usados em aplicações residenciais e comerciais


de baixa temperatura na ordem dos 60℃ como: aquecimento de água em
residências, hotéis, hospitais, entre outros, com vista à redução do consumo de
energia elétrica ou de gás.

3.1.2 Energia Solar Fotovoltaica

O efeito fotovoltaico, tivera sido descoberto por Edmond Becquerel no ano de


1839, que singe-se no aparecimento de uma diferença de potencial nos terminais de
uma célula eletroquímica causada pela absorção de luz. Em 1876 foi concebido o
primeiro aparato fotovoltaico advindo de estudos da física do estado sólido e,
apenas em 1956 iniciou-se a produção industrial, seguindo o crescimento da
eletrônica.

As primeiras células fotovoltáicas baseadas nos avanços tecnológicos na área


de dispositivos semicondutores, foram fabricadas a partir de lâminas de silício
cristalino e atingiam uma eficiência de conversão de energia solar em elétrica
relativamente alta para a época de 6%, com uma potência de 5 mW e área de 2 cm 2.
A figura 11 demostra as etapas de evolução das células fotovoltaicas de 1800 à
2012.
21

Figura 11:Evolução temporal das células fotovoltaicas.

Fonte: Pinho, (2014).

A figura 12 demonstra a evolução da produção de células fotovoltaicas a nível


mundial tendo sido produzidos em 2012 cerca de 36,2 GWp, potência esta
equivalente a mais de duas vezes e meia a potência da usina hidroelétrica de Itaipu
situada no Brasil. O crescimento anual da indústria de células e módulos
fotovoltaicos foi de 54,2%.

Figura 12:Evolução da produção mundial de células fotovoltaicas.

Fonte: (Pinho, 2014).

Outros mercados têm surgido, principalmente no continente Asiático, países


como a China a Índia devido a políticas favoráveis, preços baixos de módulos
fotovoltaicos e programas de eletrificação rural em larga escala. O gráfico 7
demonstra a distribuição em termos percentuais a produção mundial de células
mediante o país ou região, em 2012.
22

Gráfico 7: Distribuição da produção mundial de células fotovoltaicas em 2012.

Potência Produzida(MWp)
EUA
Japão 3%, 953 MWp Outros Países
5%, 1941 MWp 1%, 445 MWp
Europa
11%, 3743 MWp

Outros Países
Asiáticos
16%, 5858 MWp China
64%, 23005 MWp

China Outros Países Asiáticos Europa


Japão EUA Outros Países

Fonte: (GTM RESEARCH, 2013).

Os custos das células fotovoltaicas ainda é hoje um grande desafio para a


indústria e o principal problema para a difusão dos sistemas fotovoltaicos em larga
escala. Por outro lado, esta tecnologia vem se tornando cada vez mais competitiva,
em razão, tanto dos seus custos decrescentes quanto dos custos crescentes das
demais formas de produção de energia, inclusive a questão dos impactos
ambientais.

3.1.3 Tecnologias da Energia Solar Fotovoltaica

A energia Solar Fotovoltáica é obtida através da conversão da luz em


eletricidade (efeito Fotovoltáico), sendo a célula fotovoltáica, um dispositivo
fabricado com material semicondutor, a unidade fundamental deste processo de
conversão.

As principais tecnologias aplicadas na produção de células e módulos


fotovoltáicos são classifiicadas em 3 gerações.

A primeira geração, possui duas cadeias produtivas:

• Silício Monocristalino(m-Si);

• Silício Policristalino (p-Si), representando 85% do mercado,


sendo uma tecnologia confiável e por possuir a melhor eficiência
comercialmente disponível.
23

A segunda geração (filmes finos), está dividida em três cadeias produtivas:

• Silício Amorfo (a-Si);

• Disseleneto de Cobre e índio (CIS);

• Telureto de Cádmio (CdTe);

Esta geração apresenta uma menor eficiência em relação a primeira com


modesta participação no mercado, devido a dificuldades relacionadas a
disponibilidade dos materiais, vida útil, rendimento das células, toxicidade, etc.

A terceira geração, ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D), é


dividida em três cadeias produtivas:

• Célula fotovoltáica multijunção e Célula fotovoltáica para


concentração (CPV- Concentrated Photovoltaics);

• Células sensibilizadas por corante (DSSC – Dye-Sensitized


Solar Cell);

• Células orgânicas ou Poliméricas (OPV – Organic


Photovoltaics);

A tecnologia CPV demonstrou grande potencial para a produção de módulos


com altas eficiências, embora o custo não seja competitivo com as tecnologias que
atualmente dominam o mercado.

Figura 13:Desenvolvimento das células fotovoltaicas.

Fonte:Adaptada de (GREEN et al, 2011).


24

A figura 14 demonstra a distribuição das tecnologias utilizadas no fabrico de


células fotovoltaicas.

Figura 14: Distribuição das tecnologias usadas no fabrico industrial de células fotovoltaicas.

Fonte: Hering, (2012a).

A tabela 1 apresenta a eficiência das melhores células fotovoltaicas


fabricadas com diferentes materiais e tecnologias. A máxima eficiência fora obtida
com as células fotovoltaicas de multijunção, atingindo o valor de 37,7%. Para células
de uma única junção o limite teórico é da ordem de 30% (limite de Schokley-
Queiser) e as melhores células fotovoltaicas de silício fabricadas em laboratório
atingiram uma eficiência de 25%.

Tabela 1:Eficiência das melhores células fotovoltaicas fabricadas em laboratórios até 2012.

Tecnologia Eficiência
Silício Monocristalino 25,0±0,5
Policristalino 20,4±0,5
Filmes finos 20,1±0,4
transferidos
Compostos III GaAs (filme fino) 28,8±0,9
A-VA (ou 13-15) GaAs (policristalino) 18,4±0,5
InP (monocristalino) 22,1±0,7
Calcogênios CIGS (CuInxGa(1- 19,6±0,6
Compostos x)Se2)
II B-VI A (ou 12- (filme fino)
16) CdTe (filme fino) 18,3±0,5

Silício amorfo/ Amorfo (a-Si) 10,1±0,3


nanocristalino (Filme fino)
Nanocristalino (nc- 10,1±0,2
Si)
Células Sensibilizadas por Corantes 11,9±0,4
25

(DSSC)
Células Orgânicas (filme fino) 10,7±0,3
Multijunção InGaP/GaAs/ 37,7±1,2
InGaAs
a-Si/nc-Si/nc-Si 13,4±0,4
(filme fino)
Fonte: [GREEN et al, 2013].

3.1.4 Microgeração

O conceito de microgeração localizada não é um conceito propriamente novo.


Já em 1882 Thomas Edison imaginou um mundo baseado na microgeração. Edison
julgava que a melhor forma de satisfazer as necessidades energéticas dos seus
clientes seria através de redes de pequenas unidades de geração descentralizada,
localizadas perto das casas ou dos escritórios onde existissem tais necessidades
(Moreira, 2010).

A consciencialização de um ambiente sustentável e a garantia dessa mesma


sustentabilidade para as gerações vindouras, associadas aos problemas dos
combustíveis fósseis, quer sejam de carácter ambiental, económico ou físico,
levaram a que nos últimos anos, nomeadamente com a assinatura do Protocolo de
Quioto, vários países tenham feito esforços no sentido de se reduzirem as emissões
de dióxido de carbono CO2 e de aumentar a potência instalada em fontes de energia
renovável.

A MG microgeração de energia é a produção de electricidade ou de calor por


intermédio de instalações de pequena potência, sendo esta energia produzida por
aparelhos milhares de vezes menores do que as grandes centrais de produção de
energia centralizada (Moreira, 2010). Com a microgeração pretende-se aproveitar
melhor os recursos renováveis distribuídos, permitindo assim diversificar as fontes
de energia, aumentar a exploração das energias renováveis e aumentar a eficiência
no uso da eletricidade.

3.1.4.1 Tecnologias aplicáveis

Para o processo de produção de eletricidade ou calor no próprio local de


consumo, existem diversas tecnologias no mercado, optando-se pelas mesmas em
função da eficiência energética desejada.
26

Dentre as tecnologias existentes para os mais variados sectores, destacam-


se:

 Energia Solar
o painéis solares fotovoltaicos e térmicos;
 Energia Eólica
o micro-turbinas;
 Cogeração
o Turbina a vapor, turbina a gás;
 Energia Hídrica
o Mini-Hídricas;

3.1.4.2 Legislação

Segundo o decreto 47/01 de 20 de julho, considerando que a Lei n.° 14A/96,


de 31 de maio Lei Geral de Eletricidade, estabeleceu os princípios gerais do regime
do exercício das atividades de produção, transporte, distribuição e utilização de
energia elétrica.

O Governo decreta que a microgeração ou também denominada auto-


produção, para o consumo próprio, é permitida desde que se cumpram os requisitos
relacionados a segurança da implementação e funcionamento das instalações
elétricas, segundo capítulo 1, Artigo 1 do Regulamento da Produção de Energia
Elétrica (MINEA, 2001).

3.1.4.3 Vantagens e Desvantagens da Microgeração


Fotovoltaica.

A microgeração FV oferece muitas vantagens e desvantagens, embora as


vantagens sejam bem mais apelativas, sendo que se trata de uma tecnologia
renovável, que leva a impactos economicos significativos e impactos ambientais
reduzidos, em comparação as energias provenientes dos combustíveis fósseis.

Na tabela 2 estão espelhadas as principais vantagens e desvantagens que possuem


estes tipos de sistemas.

Tabela 2-Vantagens e Desvantagens da implementação da Microgeração.

Vantagens Desvantagens
27

Energética/ Ambiental  Processo industrial e


 Redução das emissões de impactos ambientais
CO2. associados (produção de
 Redução a dependência substâncias tóxicas no
energética nacional. fabrico e tratamento em fim
 Poucas perdas no de vida).
transporte.  Elevado custo de
 Maior segurança no instalação.
abastecimento
 Redução na fatura
energética dos
consumidores
 Manutenção do sistema
com custos muito
reduzidos.
 Sem cheiros e ruídos
associados.

Sócio-económica
 Desenvolvimento de uma
indústria especializada.
 Geração de postos de
emprego.
 Redução na importação de
energia.
 Redução no pagamento
aos créditos de CO2.

Fonte: Do Autor.

3.1.5 Recurso Solar

O sol é o elemento que constitui a maior fonte de energia para a Terra, sendo
o responsável também pela manutenção da vida no planeta, portanto a radiação
solar constitui-se numa fonte inesgotável fonte de energia, havendo um grande
potencial de uso por meio dos sistemas de captação e conversão em outra forma de
energia.

3.1.6 Sol e suas caraterísticas

“O Sol consiste numa enorme esfera de gás incandescente, em que no seu


núcleo acontece a geração de energia através de reações termonucleares. O estudo
do Sol serve de base para o conhecimento e percepção das outras estrelas, que de
tão distantes aparecem para nós como meros pontos de luz.
28

Apesar de parecer tão grande e brilhante (seu brilho aparente é 200 bilhões
de vezes o brilho de Sírius, a estrela mais brilhante do céu noturno), na verdade o
Sol é uma estrela bastante comum.

Figura 15:Estrutura do Sol.

Fonte: (Lgado Digital, Estrutura Solar).

3.1.6.1 Geometria Sol-Terra

O planeta Terra em sua movimentação anual em sua movimentação a volta


do Sol descreve uma trajetória com uma pequena excentricidade, seu eixo, em
relação ao plano normal à elipse, apresenta uma inclinação de aproximadamente
23,45°, tal inclinação associada ao movimento, dá origem as estações do ano.

O termo Radiação Solar é usado de forma genérica e pode ser referenciado


em termos de fluxo de potência quando denominado irradiância solar ou ainda em
termos de energia por unidade de área denominado então irradiação solar.

3.1.6.2 Radiação solar sobre a terra

A densidade média anual do fluxo energético proveniente da radiação solar


(irradiância solar), quando medida num plano perpendicular à direcção de
propagação dos raios solares no topo da atmosfera, passa a denominar-se
“Constante Solar”, que corresponde a um valor de 1367 W/m2.

Tendo em consideração o raio médio da Terra de 6371 Km e considerando


também o valor de irradiância de 1367 W/m2 incidindo sobre a área projetada da
Terra, nota-se então que a potência total disponibilizada pelo Sol a Terra é de
aproximadamente 174 TW. A figura 18 ilustra o fluxo de potência global em W/m 2.
29

Figura 16:Fluxo de potência global (em W/m2). O valor da irradiância solar incidente no topo da
atmosfera apresentado é um fluxo médio anual recebido ao longo das 24 horas de um dia
(341,3 W/m2), no topo da atmosfera.

Fonte: (Trenberth et al., 2009).

(Conceito.de Radiação, 2013) “Radiação é a acção ou efeito de irradiar


(propagar raios de luz, calor ou de outra energia)”.

A radiação directa é aquela que provêm diretamente da direcção do sol e tem


a tendência de produzir sombras nítidas.

A radiação difusa é aquela proveniente de todas a direcções e que atinge a


superfície depois de espalhar-se pela atmosfera terrestre. Mesmo num dia
totalmente sem nuvens pelo menos 20% da radiação que atinge a superfície é
difusa. Já em um dia totalmente nublado, não há radiação direta, ou seja 100% da
radiação é difusa.

Se a superfície estiver inclinada em relação a horizontal, haverá uma terceira


componente refletida pelo ambiente do entorno (solo, vegetação, etc.). O coeficiente
de reflexão destas superfícies é denominado “Albedo”. A tabela 4 apresenta valores
típicos de albedo para os mais diversos tipos de superfícies.

Tabela 3:Valores de Albeldo para diferentes tipos de superfícies.

Superfície Albedo
Relvado 0,18-0,23
Relva seca 0,28-0,32
Solo descampado 0,17
Asfalto 0,15
Concreto novo (sem 0,55
acção de intempéries)
30

Concreto (em construção 0,2


urbana)
Neve Fresca 0,8-0,9
Água, para diferentes
valores de altura solar.

∝>45 ° 0,05
∝=30 ° 0,08
∝=20 ° 0,12
∝=10 ° 0,22
Fonte: (MARKVART e CASTANER,2004).

A figura 17 apresenta as três componentes citadas da radiação solar sobre


uma superfície receptora, sendo que a quantidade resultante da soma das parcelas
direta, difusa e devida ao albedo (quanto a superfície é inclinada) é denominada de
radiação global.

Figura 17:Componentes da Radiação solar.

Fonte: (PINHO et al., 2008).

3.1.6.3 Princípio de funcionamento das células fotovoltaicas.

Existem na natureza materiais semicondutores que caraterizam-se por


possuírem uma banda de valência preenchida de eletróns e uma banda de
condução vazia, numa temperatura de 0 graus Kelvin absoluto. A figura 18
apresenta a estrutura das bandas de energia para condutores, semicondutores e
isolantes.
31

Figura 18:Bandas de energia para materiais metálicos, semicondutores e isolantes.

Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16334/16334_3.PDF

Os eletróns preenchem os níveis de energia vagos a partir do fundo da banda


de condução para cima. As lacunas por sua vez ocupam os níveis a partir do topo da
banda de valência para baixo. A propriedade fundamental que permite o fabrico de
células fotovoltaicas é a possibilidade de fótons incidentes no material, com energia
superior a Eg do “gap”, também gerarem pares elétron-lacuna, como mostrado na
figura 19.

Figura 19:Geração de pares elétron-lacuna pela incidência de fotóns no material semicondutor,


denominado efeito fotocondutivo.

Fonte: adaptado de OLDENBURG, (1994).

Onde Ec traduz o nível inferior de energia da banda de condução; Ev


corresponde ao nível máximo de energia na banda de valência; Efe é o nível de
Fermi ou nível médio de energia do material e Eg é o valor de energia no gap (Eg= Ec-
Ev). A absorção de fotóns com energia superior ao Eg resulta na dissipação da
energia em excesso como calor no material, no fenômeno chamado termalização,
ilustrado também na figura 19.
32

Os eletróns e lacunas fotogerados movendo-se no interior do material


aumentam a sua condutividade elétrica, o que é denominado “efeito condutivo”.

Tal efeito que é aproveitado no fabrico de componentes eletrônicos


denominados fotocélulas ou fotorresistores, no qual a resistência elétrica varia em
função da luminosidade incidente. Contudo, com o aproveitamento de corrente e
tensão elétricas é necessário aplicar um campo elétrico, a fim de separar os
portadores, o que se consegue através da chamada junção pn. Para realiza-la é
necessário introduzir impurezas de forma controlada ao semicondutor, ou seja,
realizar dopagem que consiste na introdução de pequenas quantidades de outros
elementos conhecidos por impurezas, que mudam drasticamente as propriedades
elétricas do material intrínseco (material sem dopagem de tipo i).

Para a melhor compreensão de alguns conceitos básicos eis a descrição na


tabela 5 de uma célula fotovoltaica monojunção de Silício (Si) cristalino, que é o
material semicondutor mais utilizado no fabrico de células.

Tabela 4-Propriedades do silício à temperatura de 300K e baixas concentrações de dopantes.

Propriedades do Silício (Si)


Número atômico(Z) 14
Configuração eletrónica 1 s 2 s 2 p6 3 s2 3 p2
2 2

Valência 4
Estrutura cristalina CFC
Bandgap (Eg) 1,12 eV
Distância interatómica (a) 5,4 Å
Ponto de fusão 1.420 ℃
Constante dielétrica (ε /ε 0) 11,8
Concentração intrínseca 1,5 x 1010 / cm3
de portadores (ni)
Mobilidade dos eletróns ( 1.350 cm2/ V.s
μn )
Mobilidade das lacunas ( 480 cm2/ V.s
μ p)
Coeficiente de difusão de 35 cm2/s
eletróns ( D n )
Coeficiente de difusão de 12,5 cm2/s
lacunas ( D p)
Fonte: Pinho, (2014).

Os átomos de Siício são tetravalentes o que traduz que possuem 4 eletróns


de valência que formam ligações covalentes ou de partilha com dois átomos
vizinhos, resultando assim em 8 eletróns compartilhados por cada átomo
constituindo assim uma rede cristalina. Ao introduzir-se nesta estrutura um átomo
33

pentavalente, como por exemplo o fósforo (P), haverá então um elétron em excesso
fracamente ligado a seu átomo de origem, uma vez que ocupa um nível de energia
no interior da banda proibida apenas 0,044 eV abaixo do limite inferior da
banda de condução. Como a sua energia de ligação é muito baixa, na temperatura
ambiente a energia térmica é suficiente para libertar este elétron fazendo assim com
que o mesmo salte para a banda de condução, deixando o seu átomo de origem
como uma carga fixa positiva. Elementos com tais caraterísticas são chamados de
impurezas doadoras de elétrons, ou dopantes do tipo n. O nível de Fermi para o
semicondutor tipo n localiza-se acima do ponto médio da banda proibida, próximo à
banda de condução.

Se por outro lado, na rede cristalina for introduzido um átomo trivalente, como
o Boro (B), haverá a falta de um elétron para completar as ligações com os átomos
de Si da rede. Esta ausência do elétron é denominada lacuna ou buraco e ocupa um
nível de energia no interior da banda proibida apenas 0,045 eV acima do
limite superior da banda de valência (nível Ea) ilustrado na figura 20.

Figura 20:Níveis de energia em materiais do tipon e p: Ea- eletróns falantes dos átomos de
impurezas aceitadotras; Ed – nível de energia nos eletróns não emparelhados dos átomos de
impurezas doadoras.

Fonte: adaptado de OLDENBURG, (1994).

Tabela 5-. Níveis de energia de ionização para impurezas utilizadas como dopantes tipo p e n
em silício – Ev é a energia correspondente ao topo da banda de valência; Ec é a energia
correspondente ao fundo da banda de condução.

Elemento Energia (eV) Elemento Energia


tipo p tipo n (eV)
B Ev + 0,045 Li Ec -
0,033
Al Ev + 0,067 Sb Ec -
0,039
Ga Ev + 0,072 P Ec -
0,045
In Ev + 0,16 As Ec -
0,054
Tl Ev + 0,3 Bi Ec -
0,069
Fonte: SZE, (1981).
34

A diferença de potencial entre as regiões p e n pode ser entendida como


resultado das diferenças no Nível de Fermi (E fe) nos dois materiais. Quando estes
materiais entram em contacto, a situação de equilíbrio é alcançada quando os níveis
de Fermi se igualam, o que acontece devido ao fluxo inicial de portadores e pelo
estabelecimento do campo elétrico e da diferença de potencial, que é responsável
por impelir a corrente fotogerada.

Figura 21:Junção pn em equilíbrio térmico, mostrando a barreira de potencial, correntes de


difusão e de deriva.

Fonte: adaptado de (OLDENBURG).

A figura 22 mostra a estrutura física de uma junção pn de uma célula


fotovoltaica.
Figura 22:Estrutura básica de uma célula fotovoltaica de Silício destacando as regiões, tipo n,
tipo p, zona de carga especial, geração de par elétron-lacuna, filme antirreflexivo e contactos
metálicos.

Fonte: Adaptada de (MOEHLECKE e ZANESCO, 2005).

Os factores que limitam a eficiência de conversão das células fotovoltaicas são:

 Reflexão na superfície frontal;


 Sombra proporcionada pela área da malha metálica na face frontal;
35

 Absorção nula de fotóns de energia menores que a energia do ap (Ef¿ Eg);


 Baixa probabilidade de coleta, pela junção pn, dos portadores de carga
gerados fora da zona de carga especial;
 Recombinação de portadores de carga;
 Resistência elétrica no dispositivo e nos contactos metal-semicondutor bem
como os possíveis caminhos de fuga da corrente elétrica.

3.1.6.4 Características elétricas das células fotovoltaicas.

Curva I-V

A corrente elétrica numa célula fotovoltaica considera-se a soma de uma


corrente de junção pn no escuro (díodo semicondutor), com corrente gerada pelos
fotóns absorvidos através da radiação solar. Esta corrente em função da tensão no
dispositivo, denomina-se curva caraterística ou curva I-V. Na figura 23 apresenta-se
a curva I-V ou curva caraterística típica de uma célula fotovoltaica de Silício (Si).
Deve-se salientar que geralmente a curva é observada no primeiro quadrante,
embora fisicamente na realidade a curva encontre-se no quarto quadrante, por se
tratar de um gerador, a corrente tem sentido inverso (é negativa).

Figura 23:Curva característica de uma célula fotovoltaica.

Fonte:(I-V Characteristic curve, ResearchGate.net).

Principais parâmetros elétricos destacados: ISC corrente elétrica de curto


circuito, VOC tensão de circuito aberto, P MP potência máxima ou de pico e I MP e VMP,
respectivamente, a corrente e a tensão no ponto de máxima potência.
36

3.1.6.5 Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica


Figura 24:Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica.

Fonte: (Photovoltaic Cell, ResearchGate.net).

Segundo a norma NBR10899, o módulo fotovoltaico é uma unidade básica


formada por um conjunto de células fotovoltaicas, interligadas eletricamente e
encapsuladas, com o objectivo de gerar energia elétrica.

Figura 25:Simbologia de um módulo fotovoltaico.

Fonte:(SolarBrasil, Módulo Solar).

3.1.6.6 Hierarquia Fotovoltaica.


Figura 26:Hierarquia Fotovoltaica.

Fonte:Cunha, (2014).

3.1.6.7 Parâmetros elétricos

A partir da curva caraterística podem ser determinados diversos parâmetros


elétricos que caraterizam as células ou módulos fotovoltaicos: tensão de circuito
aberto, corrente de curto-circuito, factor de forma e a eficiência, descritos a seguir:
37

- Tensão de circuito aberto (V OC): é a tensão presente entre os terminais de


uma célula fotovoltaica sem que haja corrente circulando, sendo também a máxima
tensão produzida pela célula. A mesma pode ser medida através de um voltímetro e
depende da corrente de saturação (I0), da corrente elétrica fotogerada (Il), e da
temperatura, como descrito na equação a baixo:

( )
k ×T IL (1)
V OC = × ln +1
q I0

- Corrente de curto-circuito (ISC): é máxima corrente que se pode obter e é


medida na célula fotovoltaica quando a tensão dos terminais é igual a zero. Pode ser
medida com um amperímetro curto-circuitando os terminais do módulo. A mesma
depende da irradiância solar e de sua distribuição espectral, das propriedades óticas
e da probabilidade de coleta dos pares elétron-lacuna formados.

- Factor de forma (FF): consiste na razão entre a máxima potência da célula e


o produto da corrente de curto circuito com a tensão de circuito aberto. E é definido
pela seguinte equação:

V MP × I MP (2)
FF=
V OC × I SC

- Eficiência (η ): é o parâmetro que define o quão efectivo é o processo de


conversão de energia solar em energia elétrica. Traduz a relação que existe entre a
potência elétrica produzida pela célula e a potência da energia solar incidente e
pode ser definida como se segue:

I SC ×V OC × FF PMP (3)
η= × 100 %= ×100 %
A ×G A×G

Onde A - área da célula (m2) e G é a irradiância solar incidente (W/m2).

A unidade da célula e do módulo fotovoltaico é o W p (watt-pico), que é


associada às condições padrão de ensaio.
38

3.1.6.8 Associações de células e módulos fotovoltaicos

Dispositivos fotovoltaicos podem ser associados em série ou em paralelo de


forma a se obter os níveis de tensão e correntes desejados. Dispositivos este que
podem ser células, módulos ou arranjos fotovoltaicos. Os arranjos são formados por
um conjunto de módulos associados eletricamente em série ou em paralelo, de
forma a fornecer uma única saída de tensão e corrente.

3.1.6.8.1 Associação em série

Nestes casos o terminal positivo de um dispositivo fotovoltaico é conectado ao


terminal negativo do outro dispositivo, e assim por diante. Para dispositivos de
caraterísticas idênticas e submetidos a mesma irradiância, quando conectados neste
tipo de ligação, as tensões são somadas e as correntes não são afectadas.

V =V 1+V 2 …+V n

I =I 1=I 2 …=I n
Figura 27:Curvas caraterísticas de duas células fotovoltaicas de Silício em série.

Fonte: Pinho, (2014).

3.1.6.8.2 Associação em paralelo

Neste tipo de associação os terminais positivos dos dispositivos são conectados


entre si, assim como os terminais negativos. A figura a baixo demonstra o resultado
da soma das correntes elétricas em células ideais conectadas em paralelo. As
correntes elétricas são somadas, permanecendo inalterada a tensão. Portanto:

I =I 1+ I 2 …+ I n
39

V =V 1=V 2 …=V n

Figura 28:Curvas caraterísticas de duas células fotovoltaicas de silício cristalino em paralelo.

Fonte: Pinho, (2014).

3.2 Sistema fotovoltáico

Os sistemas fotovoltaicos podem ser conectados a rede On-Grid, sistemas


isolados Off-Grid e ainda sistemas Híbridos.

3.2.1 Sistema conectado (On-Grid)

Neste tipo de sistemas a energia é enviada para a rede quando a geração é


superior ao consumo, e retira da rede quando o consumo for superior a geração.
Neste tipo de sistemas encontram-se componentes como: painel solar, inversor de
frequência, medidor bidireccional.

3.2.2 Sistema isolado (Off-Grid)

Os sistemas isolados caraterizam-se por não estarem conectados a rede


elétrica, abastecendo directamente os dispositivos que façam o uso de energia,
geralmente implementados em instalações presentes em zonas remotas. Os
componentes encontrados neste tipo de sistemas são: Painel solar, inversor de
frequência, controlador de carga e banco de baterias.

3.2.3 Sistema híbrido

São sistemas que possuem duas ou mais fontes de energia utilizadas


simultâneamente, com vista a proporcionar maior eficiência no sistema, assim como
o equilíbrio no fornecimento energético.
40

3.3 Estudo de caso

A empresa Angola Cables é uma empresa multinacional com uma grande


margem de crescimento no ramo das telecomunicações, em função do uso de
tecnologias de ponta (cabos submarinos de fibra ótica), fazendo a conexão direta
entre vários continentes, com baixíssima latência no seu robusto sistema de
transmissão de dados.

A empresa possui um Backhaul1 na praia de Sangano localizado no Sul de


Luanda, onde é feita a receção dos cabos submarinos interligando assim Angola aos
maiores IXP’s e provedores de conteúdo a nível mundial.

As instalações de Sangano em função da ausência, da extensão da rede


elétrica nacional, até aos dias de hoje, naquelas localidades, tem como única
alternativa para a alimentação de suas instalações, 2 geradores de 275 KVA com
um consumo semanal de combustível de aproximadamente 7.500 litros, agredindo
assim também o meio ambiente circundante. O abastecimento energético para este
POP2 da Angola Cables é de crucial importância pois é daí que as grandes
empresas de Telecomunicações a nível nacional compram e têm acesso aos
serviços de telefonia e internet da melhor qualidade oferecida no mercado.

Feito de forma sustentável, ou seja, através de energias limpas traria muitos


ganhos, não só economicamente falando, mas também em termos de preservação
do meio ambiente, da zona em questão.

3.3.1 Localização geográfica e características do local

O Data Center de Sangano da empresa Angola Cables, local de


implementação do projecto e no qual é feita a recepção dos cabos submarinos de
fibra óptica (WACS, SACS e MONET), que fazem a interligação de três continentes
nomeadamente África, América (do Sul e do Norte) e Europa, criando assim uma
rede altamente conectada. Está situado no Noroeste de Angola, na província de
Luanda junto a costa (praia de Sangano), nas seguintes coordenadas geográficas: “
-9.559332 (Latitude: N); 13.205562 (Longitude:O)”.
1
Porção de uma rede hierárquica de telecomunicações responsável por fazer a ligação entre o núcleo de uma
rede e as sub-redes periféricas.
2
POP: Point of presence/ponto de presença.
41

O Data center é alimentado por 2 grupos geradores de 200 KVA de marca


PRAMAC, que funcionam 24/24 horas, em regime de contínuo com arranque
automático, um por cada linha de alimentação, consumindo 30.000 litros cada
mensalmente, o que resulta em altíssimos custos na compra de combustível.

Os dois grupos geradores comunicam-se por intermédio dos seus quadros de


comando e controle, como se estes estivessem em paralelo, mas não funcionando
ao mesmo tempo e sim em regime de prioridade.

Em caso de falha ou manutenção de um dos grupos, apenas um deles irá


funcionar o grupo prioritário. Caso seu número de horas limite for atingido ou se
verificar um alarme ou avaria o outro grupo entrará em funcionamento de forma
automática, sincronizando-se de froma ininterrupta alimentando as instalações.

O modo de funcionamento tem a capacidade de prevêr a alternância entre os


grupos, por formas a equilibrar no decorrer do tempo, o número total de horas de
funcionamento de cada um deles.

O fornecimento de eletricidade nestas localidades através da rede pública é


inexistente até aos dias de hoje, sendo a actual e única alternativa, os grupos
geradores.

Para vizualizar a área geral da instalação, recorreu-se a ferramenta Google


Maps, onde foi possível notar-se que o Data Center possui uma vasta área para a
implementação de painéis fotovoltáicos, embora numa fase inicial em função a
demanda, serão instalados no telhado ou cobertura do bloco principal (bloco 2).

3.3.2 Caracterízação geográfica

A província de Luanda carateriza-se por ter um verão longo, muito quente,


abafado e de céu encoberto. Já o inverno é curto, humido, agradável, seco e de céu
quase sem nuvens.

A temperatura em média varia entre os 19 ℃ à 30 ℃ , raramente é inferior a


18 ℃ e superior a 32 ℃ .

Na figura 29 é apresentado o gráfico com os dados da variação de


temperatura em função ao mês do ano, na província de Luanda.
42

Figura 29:Condições meterológicas médias de Luanda.

Fonte: Weather Park, Luanda Temperature.

Para a análise e implementação de um sistema fotovoltaico, é fundamental de


que se caracterizem os parâmetros relativos ao local da instalação como a carga,
equipamentos presentes, a demanda máxima das instalações entre outros
elementos, é necessário também conhecer o total diário, mensal e anual incidente
de energia solar de ondas curtas que chega à superfície do solo ao longo de
determinada área ampla, levando em consideração as variações sazonais na
duração do dia, na elevação do sol acima do horizonte e na absorção por nuvens e
outros elementos atmosféricos. A radiação das ondas curtas inclui a luz visível e as
radiações ultravioleta.

A energia solar de ondas curtas incidente diária média passa por variações
sazonais diárias no decorrer do ano.

O periodo mais radiante do ano ocorre entre 11 de Setembro à 31 de outubro


com média diária de enegia de ondas curtas incidentes por m 2 acima de 6,1 KWh.
Odia mais radiante do ano é o dia 7 de outubro, com média 6,5 KWh.

O periodo mais escuro do ano dura 1,3 meses de 18 de março à 29 de abril,


com média diária de energia em ondas curtas incidentes por m 2 abaixo de 4,9 KWh,
sendo o dia mais escuro 14 de abril, com média de 4,5 KWh.
43

As médias diárias de energia solar na província de Luanda são indicadas no


gráfico 9:

Gráfico 9: Média diária de energia solar na província de Luanda.

Fonte: Weather Park, Luanda Temperature.

A partir da ferramenta PVGIS foi possível obter-se os dados referentes a


radiação solar mensal no local de implementação do sistema fotovoltaico tal como
ilustra a tabela 7.

Tabela 6:Médias de radiação solar mensal na região de Sangano.

Mês Hh Hopt H(12) DNI


Janeiro 6370 5960 5910 5770
Fevereiro 6190 5970 5940 5330
Março 6340 6350 6340 5220
Abril 5450 5690 5710 5070
Maio 5610 6130 6170 6460
Junho 5180 5760 5810 5910
Julho 4910 5380 5420 5120
Agosto 5240 5560 5580 4900
Setembro 5680 5770 5780 4770
Outubro 5930 5800 5780 4740
Novembr 5940 5620 5580 5000
o
Dezembro 6150 5710 5660 5370
Anual 5750 5810 5810 5310
Fonte: PVGIS

Onde:

Hh – Irradiação no plano horizontal (Wh/m2/dia)

Hopt – Irradiação no plano idealmente inclinado (Wh/m2/dia)

H(12) – Irradiação no plano em ângulo: 12° (Wh/m2/dia)


44

DNI – Irradiação normal directa (Wh/m2/dia)

Gráfico 11: Radiação Solar mensal região de Sangano.

Radiação mensal de Sangano


6340
6370 6340 5930
6190 6170 6150
5910 5940 5810 5940
5710 5780
5680 5780 5660
5610 5580 5580
5450 5420
5180 5240
4910

ro ro ço ri l ai
o
nh
o
lh
o t o
br
o ro br
o
br
o
ei ei ar Ab Ju os ub
an er M M Ju Ag em t
ve
m em
J ev Se
t Ou z
F No De

irradiação no plano horizontal (Wh/m2/dia) Irradiação no plano em ângulo: 12° (Wh/m2/dia)

Fonte: PVGIS

No gráfico 11 são ilustrados os valores referentes a radiação mensal na parte


sul da província de Luanda, dando assim a conhecer informações sobre o nível de
aproveitamento ou captação dos raios solares, por parte dos painéis fotovoltaicos.

É importante salientar que para o dimensionamento do sistema fotovoltaico


tenha a capacidade de suprir ou de satisfazer a demanda existente nas instalações,
portanto, a fim de se evitar erros de sobredimensionamento, fez-se os cálculos
considerando a radiação solar do mês de menor incidência.

3.3.3 Características do local

As instalações da estação de recepção de cabos submarinos de Sangano da


empresa Angola Cables, situada na região de Cabo Ledo província do Bengo em
Angola, é composta por 4 edifícios, a saber:

 Bloco 1 - Zona técnica (Geradores e quadros gerais).


45

 Bloco 2 -Edifício de funcionalidades (onde se situam os


equipamentos de potência e de comunicações).
 Bloco 3 - Zona de convívio e residência.
 Bloco 4 – Portaria.

No Bloco 1 é o local onde se encontram os 2 grupos geradores de 200 KVA,


230V/400V- 50 Hz, a sala dos quadros gerais que fazem a distribuição da energia
aos demais blocos e a sala média tensão que fora construída na eventualidade de
se vir a instalar um posto de transformação. Adjacentemente encontramos também a
zona dos 2 reservatórios de combustível cada um deles com uma capacidade de
30.000 litros, abastecidos mensalmente.

O Bloco 2 é o coração das instalações, pois o mesmo possui os


equipamentos de potência presentes nas duas salas de Power, nomeadmente os
bancos de baterias compostos cada com 24 baterias de 3000Ah/10h, 2V, da
CHINASHOTO modelo GFM-3000, que com uma autonomia de 8 horas em caso de
falha abastecem os equipamentos de corrente contínua (DC). Os retificadores que
fazem a conversão de corrente alternada para corrente contínua 48 VDC. Além dos
retificadores encontramos as UPS´s que instaladas com os seus respecticos
quadros, fazem a alimentação das Racks e equipamentos de corrente alternada
(AC).

Encontramos também os robustos equipamentos de recepção de fibra óptica


vinda das caixas de derivação (backhaul), piso técnico onde é possível ver-se as
calhas de caminhos de cabos separados por cabos de elétricos, cabos UTP e cabos
de fibra óptica.

No bloco 3 ou zona de convivência encontramos compartimentos para


questões auxiliares, como dormitórios, salas de reuniões e a copa para fazer-se as
refeições.

No Bloco 4 encontramos a portaria, onde se faz o controle de acesso de


trabalhadores e visitantes.

Existem dois ramais de alimentação distintos, partindo do Quadro de


Distribuição de energia, culminando em dois quadros designados, Quadros de
Controle de Energia (QCE´s), por formas a garantir-se a redundância na alimentação
46

da instalação no geral, bem como dos equipamentos que de forma alguma podem
estar inativos, devido a forte dependência que muitas das grandes organizações de
telecomunicações a nível nacional, que fazem uso dos serviços da empresa Angola
Cables têm nestas instalações.

A partir destes quadros são alimentados os sectores vitais do Bloco 2


nomeadamente os transformadores, retificadores e as UPS´s, e a partir destes os
equipamentos específicos das salas de Telecomunicações e de Potência, e ainda o
Quadro de AVAC por se tratar de um equipamento complementar, mas de
funcionamento contínuo indispensável, por forma a garantir-se o bom funcionamento
e o prolongamento da vida útil dos robustos equipamentos, que produzem enormes
quantidades de calor (energia dissipada), nas instalações.

Figura 30: Estação de Sangano da empresa Angola Cables.

Fonte: Do Autor.

Figura 31: Área de implementação dos painéis fotovoltaicos.

Fonte: Do Autor.

Com vista a reduzir-se os custos associados a compra de combustíveis e os


impactos ambientais dos mesmos nesta zona, elaborou-se assim este projecto de
dimensionamento de uma central de microgeração fotovoltaica isolada.
47

Figura 32:Diagrama proposto para o sistema de alimentação da estação de Sangano.

Fonte: O Autor.

O diagrama a cima exposto na figura 35, demonstra de forma esquemática o


princípio de funcionamento do sistema a ser instalado na estação de Sangano.
Aproveitando já a estrutura existente nomeadamente os grupos geradores, será
inserido o sistema de geração fotovoltaico. O sistema fotovoltaico terá a função de
alimentar as instalações no periodo diurno das 6 horas às 18 horas, e no periodo
subsequente, das 18 horas às 6 horas os grupos geradores de forma automática
entrarão alimentando a estação.

3.3.4 Componentes do sistema fotovoltaico

Os sistemas fotovoltaicos são constituídos por 3 blocos, que são:

 Um bloco gerador: constituído nomeadamente pelos módulos


fotovoltaicos em diferentes associações, os arranjos fotovoltaicos e o
cabeamento elétrico que os interliga a estrutura de suporte;

 Um bloco de condicionamento de potência: onde constam os


inversores cc-cc, seguidor de ponto de potência máxima, inversores,
controladores de carga e outros dispositivos de proteção controle e
supervisão;
 Um bloco de armazenamento: é formado por acumuladores elétricos,
baterias ou ainda outras formas de armazenamento.
3.3.4.1 Módulo fotovoltaico

Os módulos fotovoltaicos são constituídos por células fotovoltaicas


conectadas em arranjos com o objetivo de produzir tensões e correntes suficientes
48

para a utilização prática da energia, associando simultaneamente o factor protecção


das células. As células de silício possuem tensões muito baixas na ordem de 0,5 à
0,8v. Sendo assim para se obter níveis de tensão adequados, as células são
conectadas em série, produzindo assim uma tensão resultante equivalente à soma
das tensões individuais de cada célula. Por sua vez estas células são muito frágeis e
seu encapsulamento em placas rígidas ou flexíveis traz uma importante proteção
mecânica e contra intempéries.

Figura 33:Módulo fotovoltaico.

Fonte: Archiproducts, modulo fotovoltaico.

Os módulos fotovoltaicos possuem um elemento denominado díodo de desvio


ou de “bypass”, que serve para a evitar a ocorrência de “pontos quentes”,
fornecendo um caminho alternativo a corrente, limitando assim a dissipação de
potência nos conjuntos de células sombreadas, reduzindo assim também a perda de
energia e o risco de dano irreversível das células afetadas, o que inutilizaria módulo.
A figura 34 demonstra como são conectados estes díodos em um módulo com 36
células em série e um díodo de desvio a cada 18 células.

Figura 34:Ligação de díodos de desvio nos módulos fotovoltaicos.

Fonte: Pinho, (2014).

3.3.4.1.1 Efeitos de Sombreamento

Como já referenciado, os módulos de c-Si possuem células fotovoltaicas


associadas em série. Quando uma ou mais destas células recebe menos radiação
solar do que as outras da mesma associação, sua corrente vai limitar a corrente de
49

todo o conjunto série. Esta redução de radiação incidente pode ocorrer por um
sombreamento parcial do módulo, por consequência de um depósito de sujeira
sobre o vidro, ou algo que tenha caído sobre o módulo, dentre outras possibilidades.
O efeito de redução de corrente no conjunto de células do módulo acaba sendo
propagado para todos os módulos conectados em série.

Figura 35: Paineis fotovoltaicos parcialmente sombreados.

Fonte:(Paineis Sombreados, SolarBrasil).

Além da perda de potência no gerador fotovoltaico, há risco de danos ao


próprio módulo parcialmente sombreado, uma vez que a potência elétrica gerada
que não está sendo entregue ao consumo é dissipada no módulo afetado, por vezes
apenas sobre uma das células. Podendo assim ocorrer um fenómeno denominado
“Ponto Quente ou “hotspot”, que produz um intenso calor sobre a célula afectada,
com ruptura do vidro e fusão dos metais e polímeros.

3.3.4.2 Baterias

O uso de baterias tanto em localidades isoladas da rede elétricas quanto em


localidades abastecidas pela rede elétrica pública, é de capital importância devido a
possibilidade de se fazer o armazenamento de energia produzida durante o dia,
podendo usa-la naqueles períodos nos quais a geração é nula ou insuficiente (à
noite, dias nublados e chuvosos).

3.3.4.3 Controlador de carga

Controladores de carga são elementos geralmente implementados em


sistemas fotovoltaicos, com o objectivo de proteger a bateria ou banco de baterias
contra cargas ou descargas excessivas, aumentando assim a sua vida útil. O
controlador de cargas tem grande importância neste tipo de instalações devido ao
facto que em caso de falha, a bateria pode vir a sofrer danos irreversíveis. Portanto
50

os mesmos devem ser projectados considerando as especificações da bateria em


uso.

3.3.4.4 Inversor

O inversor consiste num dispositivo eletrônico que fornece energia elétrica em


corrente alternada (CA) a partir de uma fonte de energia elétrica em corrente
contínua (CC). A energia contínua provém de baterias, células a combustível ou
módulos fotovoltaicos. A tensão alternada (CA) de saída deve ter uma amplitude,
uma frequência e conteúdo harmônico adequados às cargas a serem alimentadas.
Em sistemas conectados a rede elétrica local a tensão de saída do inversor deve ser
sincronizada com a tensão da rede.

Os inversores podem ser:

 Comutados pela rede (comutação natural);


 Autocomutados (comutação forçada);
51

4. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO


4.1 Cálculo do consumo de energia elétrica mensal
Neste capítulo são ilustrados os dados referentes ao consumo energético
mensal da estação de Sangano da empresa Angola Cables.
Tabela 7- Consumo elétrico mensal da estação de Sangano.

Sector Consumo
mensal (Wh)
Consumo CA 2.112.000,00
Consumo DC 450.000,00
AVAC 1.008.000,00
Infraestruturas 1.138.101,60
Fonte: O Autor.

No gráfico 8 são apresentados os valores referentes ao consumo energético


mensal da estação de Sangano.
Gráfico 8: Comparativo do consumo energético da estação de Sangano.

Consumo energético mensal


Infraestruturas 1,138,101.60
Consumo DC 450,000.00

Consumo CA 2,112,000.00
AVAC 1,008,000.00

Wh

Fonte: O Autor.

A partir da equação 4, calculou-se as Horas de Sol Pleno do mês de janeiro, apresentando-


se o resultado dos outros meses na tabela 10.

Radiação Solar Incidente na Região [W /m2] (4)


HSP=
1000 W /m 2

Radiação Solar Incidente na Região [W /m2] 5960[W / m 2]


HSP= =
1000 W /m 2 1000 W / m 2

HSP=5 , 96 horas
52

Tabela 8:Tabela do balanço mensal das Horas de Sol Pleno na região de Sangano.

Meses Irradiação na HSP (Horas)


inclinação Ótima 12
graus Wh/m2/dia
Janeiro 5960 5,96
Fevereiro 5970 5,97
Março 6350 6,35
Abril 5690 5,69
Maio 6130 6,13
Junho 5760 5,76
Julho 5380 5,38
Agosto 5560 5,56
Setembro 5770 5,77
Outubro 5800 5,8
Novembro 5620 5,62
Dezembro 5710 5,71
Fonte: O autor.

4.2 Levantamento da demanda e consumo energético da estação

Para se dimensionar corretamente um Sistema Fotovoltaico Isolado SFI é


importante salientar que o sistema deve gerar mais eletricidade do que o limite
estabelecido para consumo. Deve-se ainda assim definir-se um periodo de tempo de
operação e a produção neste periodo deve ser maior do que a demanda elétrica a
ser atendida, repetindo-se assim nos periodos subsequentes.

Foi feita uma planilha, somando-se as energias consumidas por cada


equipamento a fim de se fazer um levantamento mais preciso sobre as
necessidades energéticas da estação. Nesta planilha constam elementos como: a
potência elétrica dos equipamentos, o tempo diário de funcionamento (tendo já em
conta as horas de funcionamento do sistema em implementação), os dias de
utilização por semana, para que então se disponha de dados diários de energia
consumida, em Wh/dia.

Utilizando a equação 5, foi possível obter-se valores mais precisos referentes


ao consumo diário energético de cada equipamento presente na estação.

P Equipamento ×Quantidade × H Uso diário × D UsoSemanal (5)


Consumo Diário=
7

Onde:
53

P Equipamento: corresponde a potência do referido equipamento em Watt;

H Uso diário : corresponde as horas de uso diário do equipamento;

DUso Semanal : corresponde aos dias de uso de cada equipamento semanalmente.

Em seguida prosseguiu-se então com o cálculo do consumo diário do sistema


de Ar Ventilação e Ar Codicionado AVAC, apresentando na tabela a baixo os
resultados referentes aos equipamentos restantes, presentes nas instalações.

84.000 [ W ] ×1 ×12 [ h ] × 7[dias]


Consumo Diário=
7
Consumo Diário=1.008.000 Wh
Tabela 9:Levantamento do consumo diário dos equipamentos presentes na estação.

Equipamento/Carga Consum Quantidad Potênci Horas Dias de Consum


o e a (W) de uso uso o diário
p/dia(h p/seman (Wh)
) a (dia)
AVAC CA 1 84.000 12 7 1.008.00
0
Computadores CA 13 756 12 7 9.072
Sala de CC 1 9.500 12 7 114.000
telecomunicações
Sala de power CA 1 3.000 12 7 36.000
TV LCD 37" CA 3 540 12 7 6.480
Bebedouro de 160 w CA 7 1.120 12 7 13.440
Projector CA 1 344 12 7 4.128
Microondas CA 1 1.400 12 7 16.800
Máquina de café CA 1 219 12 7 2.628
Geleira CA 2 520 12 7 6.240
Lâmpada CA 40 720 12 7 8.640
Fluorescente
Compacta 18 W
Lâmpada CA 340 6.120 12 7 73.440
Fluorescente
Tubular 18 W (IP 20)
Lâmpada CA 216 3.888 12 7 46.656
Fluorescente
Tubular 18 W (IK8)
Inversor AC/DC CA 2 36.000 12 7 432.000
Bastidores DC CC 1 28.000 12 7 336.000
Bastidores AC CA 1 18.000 12 7 216.000
Luminária p/a CA 100 500 12 7 6.000
exterior em alumínio
com lâmpada Power
LED 5W
Luminária p/a CA 29 34,8 12 7 417,6
exterior em alumínio
54

com lâmpada Power


LED 1,2W
UPS 1 CA 1 16.000 12 7 192.000
UPS 2 CA 1 16.000 12 7 192.000
Fonte: O Autor.

Totalizando assim fazendo o somatório das potências dos equipamentos


presentes nas instalações, uma demanda máxima de 392,3 KW, e um consumo
energético diário total de 4708101,6 Wh.
Tabela 10:Balanço da potência total instalada na estação energia total consumida
mensalmente.

Potência Total Energia Total


[W] consumida [Wh]
392.341,8 4.708.101,6
Fonte: O Autor.

Na tabela 12, são demonstrados os valores de energia consumida pelos


equipamentos, alimentados em corrente contínua e os equipamentos alimentados
em corrente alternada.
Tabela 11:Tabela dos valores referentes a energia consumida por equipamentos alimentados
por corrente contínua e por corrente alternada.

Energia consumida em Energia Total


corrente Contínua consumida em
[Wh/dia] corrente alternada
[Wh/dia]
2.830.800 1.877.301,6 4.708.101,6
Fonte: O Autor.

4.3 Dimensionamento dos módulos fotovoltaicos

Para se calcular a energia ativa necessária diáriamente (L), levou-se em


consideração o tipo de carga do sistema em corrente alternada e em corrente
contínua, e a eficiência de alguns dos elementos do processo de armazenamento e
condicionamento de potência, como demonstra a equação 6.

( )( )
LCC L ca (6)
L= +
ηbat η bat × ηinv

Onde:

LCC : é a quantidade de energia consumida diariamente em corrente contínua em


Wh/dia;

Lca : quantidade de energia consumida diáriamente em corrente alternada em


Wh/dia;
55

ηbat : é a eficiência global da bateria (%)

ηinv : corresponde a eficiência do inversor (%).

Considerando ηbat =86 % e ηinv =98 %

L= ( 2.830.800
0 ,86 ) +(
0 , 86 ×0 , 98 )
1.877 .301 , 6

L=3.291 .628 , 36 Wh/dia


Com base na equação a cima descrita, deve ser calculado o valor médio
diário de energia requerido para cada um dos meses do ano, e a potência
necessária para o painél fotovoltaico, por sua vez deve ser obtida como mostra a
seguinte equação da potência do painel fotovoltaico no mês i.

Pm=máxi=112 ( HSP × RedL × Red )


i 1 2
(7)

Onde:

Pm : é potência do painel fotovoltaico em Watt-pico

L : corresponde a quantidade de energia consumida diariamente no mês i em


Wh/dia

HSP i : traduz as Horas de Sol Pleno no plano do painel fotovoltaico no mês i em


h/dia.

Red 1 é o factor de redução da potência dos módulos fotovoltaicos em relação ao seu


valor nominal, englobando efeitos como: acúmulo de sujeira na superfície ao longo
do tempo de uso, degradação física ao longo do tempo de uso. A este factors atribui-
se por “default” o valor de 0,75 para módulos fotovoltaicos de c-Si.

Red 2 corresponde ao factor de redução da potência devido as perdas no sistema,


incluindo a fiação, controlador, díodos, etc. A este valor recomenda-se por “default” o
valor de 0,9.

No caso geral, o mês crítico, corresponde à potência Pm é definido pela equação a


cima descrita por uma combinação entre o consumo mensal ( L) e a radiação mensal
(HSP i).
56

Tabela 12:Cálculo da potência requerida mensalmente, dos paineis fotovoltaicos.

Meses HSP Potência do painel


(Horas) fotovoltáico p/mês
(Pm) Wp
Janeiro 5,96 818.202,43
Fevereiro 5,97 816.831,90
Março 6,35 767.950,62
Abril 5,69 857.027,50
Maio 6,13 795.511,66
Junho 5,76 846.612,23
Julho 5,38 906.410,12
Agosto 5,56 877.065,91
Setembro 5,77 845.144,97
Outubro 5,8 840.773,53
Novembro 5,62 867.702,22
Dezembro 5,71 854.025,65
Fonte: O Autor.

Neste caso o mês crítico ou o mês de menor aproveitamento dos módulos


fotovoltaicos é o mês de março. A partir da equação 8 descrita a baixo, foi possível
determinar-se o número de módulos agrupados em série.

o 1 , 2 ×V Sist (8)
N módulo s série=
V mpTmáx

Sendo que:

V mpTmáx - Corresponde a tensão de máxima potência dos painéis operando na


temperatura mais elevada prevista para o módulo em uma dada localidade. Na
temperatura máxima da região que ronda os 35 °C:

V mpTmáx T=30 ℃=V STC à 25℃ −0 ,35 × ( T f −25 ℃ ) (9)

V mpTmáx T=30 ℃=37 , 5−0 ,35 × (35 ℃−25 ℃ ) =34 v

o 1 , 2 ×48
N módulo s série= =1, 69 ≈ 2
34
57

O coeficiente 1,2 considera que um módulo fotovoltaico tem que carregar uma
bateria até uma tensão 20% acima da nominal, considerando ainda alguma perda
ôhmica.

Para o cálculo do número de fileiras em paralelo, deve-se considerar a


potência total do gerador (Pm) e a potência de cada fileira, conforme a equação 10.

o Pm (10)
N módulo s Paralelo = o
N módulo s série × Pmod

o 7 67.950 ,62
N módulo s Paralelo =
2 ×340

o
N módulo s Paralelo =1129módulos

Onde:
Pmod - Potência nominal do módulo adoptado (W).

Para o cálculo do número total de módulos fotovoltaicos na central de geração


utilizou-se a equação 11:
o o o
N Total demódulos =N módulo s Paralelo × N módulo s série (11)

o
N Total demódulos =1129 ×2
o
N Total demódulos =2258 módulos

Tabela 13:Especificações técnicas do módulo fotovoltaico selecionado.

Características do Módulo Fotovoltaico


Modelo AE Solar Hot Spot
Free
Fabricante MS Energia Solar
Potência nominal máxima 340 W
(Pmáx)
Tensão nominal (U) 48 V
Tensão no ponto de máxima 37,5 V
potência (Vmp)
Corrente no ponto de máxima 9,07 A
potência (Imp)
Tensão de circuito aberto 46,1 V
(Voc)
Corrente de curto circuito 9,50 A
(Isc)
Eficiência 17,52 %
Tipo de célula 72 células (6 x 12)
58

Arranjo das células Silício


Monocristalino
Dimensão 195 cm x 99 x 4 cm
Peso 23 Kg
Fonte:MS Energia Solar.

Em seguida calculou-se então através da equação 12 a corrente do painel


(Im), a fim de se verificar a compatibilidade da adequação do painel com o
controlador.
o
I m=N módulo s Paralelo × I mp=1129×9 , 5 (12)

I m=10.725 , 5 A

Onde:

I mp- Corresponde a corrente do módulo no ponto de máxima potência, nas


condições padrão de ensaio.

4.4 Dimensionamento do banco de baterias

Tendo os dados referentes a energia requerida mensalmente, foi possível


efectuar-se o cálculo da capacidade do sistema de acumulação mediante as
seguintes equações:

Energia Total Consumida=4.708 .101 ,6 Wh

Calculou-se a capacidade do banco de baterias em Wh para o regime de


descarga em 20 horas (CBC20), e a respectiva capacidade em Ah.

EnergiaTotal Consumida× N (13)


CB C 20 ( Wh )=
Pd
EnergiaTotal Consumida× N 4.708 .101 ,6 × 0 ,5
CB C 20 ( Wh )= = =4.280 .092Wh
Pd 0 ,55

Onde:

N – Corresponde ao número de dias de autonomia, o qual varia em função da


região onde se instala o sistema. Sendo que o número de dias de autonomia para
regiões tropicais como Angola é de 5/6 dias. Mas em função ao princípio de
funcionamento sendo o sistema híbrido adoptou-se o valor de 0,5 que corresponde a
meio dia.

Pd – Corresponde a máxima profundidade de descarga da bateria.


59

CB C 20 4.280.092 (14)
CBI C 20 ( Ah )= = =89.168 ,59 Ah
V Sist 48

Após o cálculo da capacidade de acumulação, a determinação do número de


baterias em paralelo realiza-se pela seguinte 15.

o CBI 89.168 , 59 Ah (15)


N baterias paralelo= = =22 baterias
CBI 20 4000

Já a combinação em série de baterias depende da tensão nominal do


sistema, pode ser obtida através da equação 16.

o V Sist 48 (16)
N baterias serie= = =1 bateria
V bat 48

Onde:
V bat - Corresponde a tensão nominal da bateria selecionada, em volts.
Para o cálculo do número total de baterias no sistema de acumulação, utilizou-se a
equação 17:
o o o (17)
N Total debaterias =N Baterias Paralelo × N Baterias série
o
N Total demódulos =22 ×1
o
N Total demódulos =22 baterias
Tabela 14:Especificações técnicas da bateria selecionada.

Características da Bateria
Modelo BAE SECURA PPOL
Tubular Plate batteries
Fabricante BAE SECURA
Capacidade (Ah) 4000 (C20)
Tensão nominal 48
(V)
Tipo de bateria Bateria Acidificada ao
Chumbo
Tempo de Vida 3 anos
Útil
Dimensão 215 x 580 x 815 mm
Peso (Kg) 250
Manutenção Num periodo de 6
meses
Fonte: BAE SECURA, Batteries.

4.5 Dimensionamento do controlador de cargas


60

O dimensionamento do controlador de carga deve levar em conta os limites


máximos do controlador, com relação a tensão cc do sistema e aos níveis de
corrente elétrica, tanto na entrada do painel quanto na saída para as baterias, além
do tipo de bateria.

Para o dimensionamento da corrente máxima do controlador de carga (I c), é


considerada a corrente de curto circuito do painel fotovoltaico, acrescendo-se o valor
mínimo de segurança de 25%, assumindo-se que o painel pode receber uma
radiação de até 1250 W/m2. A corrente de curto circuito do painel é descrita pela
equação 18:

o
I c =1 ,25 × N módulo s Paralelo × I SC (18)
o
I c =1 ,25 × N módulo s Paralelo × I SC =1 , 25× 1128× 9 ,5=13.395 A

Onde:
I SC - Corrente de curto circuito do módulo selecionado.

Existem modelos de controladores que permitem a operação de em paralelo.


Sendo isto necessário visto que a corrente I c é muito elevada para apenas um
controlador. Sendo assim a equação 19 permite obter o número necessário de
controladores em paralelo, considerando a corrente máxima do controlador Iclt.

o I C 13.395 (19)
N controladore s paralelo = = =134
I clt 100

A máxima tensão de operação do controlador de carga (Vc máx) deve sempre


ser maior do que a tensão máxima de saída do painel fotovoltaico.

o
N módulos série ×V ocTmin< Vcmax (20)

2 × 46 ,1<187
V ocTmin - Corresponde a tensão de circuito aberto do módulo, na menor temperatura
de operação prevista.
Tabela 15:Especificações técnicas do controlador de carga selecionado.

Características do controlador de
carga
Modelo PT-100 Charge
Controller
Fabricante Magnum Energy
Tensão da 48
61

Bateria (V)
Corrente 100
nominal de
Carga
Eficiência (%) 99
Peso (Kg) 6,2
Fonte: Magnum Energy, Charge Controller.

4.6 Dimensionamento do Inversor

Como já tivera sido salientado, os módulos irão fornecer uma corrente


contínua CC, contudo nas instalações existem equipamentos alimentados em
corrente alternada, mas também equipamentos alimentados em corrente contínua.
Os equipamentos alimentados em corrente contínua serão diretamente alimentados
a partir da energia proveniente dos módulos fotovoltaicos, respeitando os
parâmetros elétricos a fim de não se danificar os equipamentos. Para que os
equipamentos alimentados por corrente alternada instalar-se-a um inversor, para
efectuar a conversão da corrente contínua dos módulos, para uma corrente
alternada, para o qual os dispositivos foram concebidos.

P Saída do inversor (21)


ηinversor =
PEntrada do inversor

P Saída do inversor 392.341, 8 W


P Entradado inversor = = =400.348 ,7 W
ηinversor 0 , 98

o PSaída do inversor 400.348 , 7 W W


N de inversores= = =10 Inversores
Pinv 37.250W
Tabela 16:Especificações técnicas do Inversor selecionado.

Inversor
Nome Three Phase
Inverter
Modelo SE27.6K
Fabricante SolarEdge
Potência nominal 37.250 W
Tensão de Saída 220 Vac
Tensão nominal 48 Vdc
Eficiência 98%
Fonte: SolarEdge, Inverters.

4.7 Dimensionamento dos cabos

Após terem sido selecionados os principais equipamentos dos


geradores fotovoltaicos, partiu-se então para o dimensionamento das
62

cablagens do sistema, tanto no lado DC quanto no lado AC. Para evitarem-se


acidentes por intermédio de sobreaquecimento, é importante escolherem-se
cabos ajustados as grandezas elétricas e térmicas do sistema projectado.

Lado CC
L× I cc × 0 ,04 (22)
Espessura do Cabo=
U Sistema
20

Onde:
L: comprimento do cabo [m].
Icc: Corrente contínua no cabo [A].
U Sistema : tensão contínua do sistema [v].

Sc : Secção do cabo [mm2].

 Dos paineis ao controlador de carga:


P Inversor 37.250 w (23)
Icc= = =776,042 A
U Sistema 48

L × I cc ×0 , 04 7 × 776,042× 0 ,04
Expessura do Cabo❑= =
U Sistema 48
20 20

2 2
Expessura do Cabo=90 , 5 mm → 95 mm

 Do controlador de carga as baterias:

L× I ×0 , 04 2 ×776,042 ×0 ,04
Expessura do Cabo= =
U Sistema 48
20 20

2 2
Expessura do Cabo=25 , 86 mm →35 mm

 Do controlador de carga ao Inversor

L× I ×0 , 04 0 ,5 ×8340 ,7 × 0 ,04
Expessura do Cabo= =
U Sistema 48
20 20

2 2
Expessura do Cabo=6 , 46 mm → 10 mm
63

Lado CA
PSaída do Inversor (24)
cos φ
I B=
U Sistema × √ 3
PSaída do Inversor 37.250
cos φ 0 ,8
I B= = =70 ,7 A
U Sistema × √ 3 380 × √ 3

Onde: IB é a corrente de serviço;


Segundo a tabela de condutores, cabos e calibre, a corrente máxima é:
I Bmáx =95 A

Segundo a tabela de condutores, tem-se que:


Secção: 10 × 25 mm2
Nomeação do cabo: Cabos do tipo VV-NP-919 (1972)

4.8 Dimensionamento das protecções

4.8.1 Protecção contra Sobrecargas (Fusíveis)


Inf ≤ 1,15× IBMÁX (25)

Inf ≤ 1,15× 95 A
Inf ≤ 109,25 A

A partir da tabela em anexos G, buscando valor mínimo mais próximo obtivemos


a seguinte corrente de não funcionamento.
Inf = 104 A
In= 80 A

Sendo que I z =I Bm á x

IB≤ In ≤ I z

70 , 7 A ≤ 80 A ≤ 95 A
4.8.2 Protecção contra curto-circuito
Incc ≤ 2,5× In (26)

Incc ≤ 2,5× 80 A
Incc ≤ 200 A
64

4.8.3 Protecção contra sobrecargas (Disjuntor)


Inf ≤ 1,15× IBMÁX
Inf ≤ 1,15× 120 A
Inf ≤ 138 A

A partir da tabela em anexos G, buscando valor mínimo mais próximo


obtivemos a seguinte corrente de nao funcionamento.
Inf = 131 A
In=125 A
IB≤ In ≤ Imáx

70 , 7 A ≤ 125 A ≤125 A
4.8.4 Protecção contra curto circuito (Disjuntor)

Incc ≤ 2,5× In
Incc ≤ 2,5× 125 A
Incc ≤ 312 A

Onde:

Inf – Corresponde a corrente de não funcionamento [A].


In – Corresponde a corrente nominal [A].
Incc – Corresponde a corrente nominal de curto-circuito [A].

4.8.5 Análise de Viabilidade económica


O investimento para instalações de sistemas fotovoltaicos de grande porte é
elevado, porém apresenta um grande atrativo que é o custo evitado para a compra
de energia elétrica de forma convencional. Visto que o projecto trata de um sistema
que irá suprir a necessidade energética antes proveniente apenas dos grupos
geradores, associando a um sistema de microgeração fotovoltaica, a análise de
viabilidade económica deste projecto será baseada na análise de variáveis
macroeconómicas tais como: Valor Actual Líquido (VAL) e o Periodo de Retorno de
Capitais (Payback Period ou Tempo de Retorno de Capital), que permitirá tomar-se
uma decisão sobre o referido investimento.

4.8.5.1 Valor Actual Líquido (VAL)

Considera-se como a sofisticada técnica de análise de investimentos devido


ao facto de que a mesma tem em conta o valor do dinheiro no tempo.
65

Segundo Marchetti (1995), o VAL representa o uma expectativa de ganho de


capital a cima ou a baixo do retorno mínimo esperado, considerado na taxa de juro
do fluxo de caixa.

O critério utilizado para a aprovação ou desprovação de determinado projecto


é que se o VAL for maior do que zero, a organização virá a obter um retorno maior
do que o seu custo de capital aplicado e aceita-se o projecto. Portanto se:

VAL > 0, o projecto é viável.


VAL= 0, o projecto é crítico (não se sabe se pode investir ou não).
VAL< 0 o projecto é inviável.
Utiliza-se a seguinte expressão para o cálculo do VAL:
n
FC i (27)
VAL=∑ i
i=0 (1+t )

Onde:

FC i : corresponde ao fluxo de caixa no ano i .

t : a taxa de juro.

i : corresponde ao ano i

Foi feita uma estimativa de custos, por forma a fazer-se uma análise
económica do projecto em execução.

O Data Center de Sangano da empresa Angola Cables é alimentado por 2


geradores de 275 KVA de marca PRAMAC, funcionando 24/24 horas em regime
contínuo com arranque automático, um por cada linha de alimentação, consumindo
30.000 litros mensalmente, o que resulta em altos custos na compra de combustível.

Consumo mensal de Diesel=15.000 litros ×2=30.000 litros


Assumindo-se que os grupos geradores com a implementação do sistema
fotovoltaico, irão operar apenas no periodo nocturno, isto é, das 18 horas às 6 horas,
o que equivale a 12 horas diárias. Assim sendo, serão consumidos mensalmente 15
mil litros de diesel.

Em Angola o custo do gasóleo é de 135 Kz/litro, portanto serão poupados o


equivalente à: 135 ×30.000=4.050 .000 Kz (quatro milhões e cinquenta mil kwanzas
66

mês), o equivalente a 12.872,7 (doze mil e oitocentos e setenta e dois dólares por
mês), o que anualmente traduz-se em 154.472,06 usd/ano.

Investimento Total do Projecto = 985.540,90 usd

Sendo:

i: Taxa de juros = 10%

t: tempo de vida útil do projecto = 23 anos

L: Lucro (valor poupado anualmente) = 154.472,06 usd

 Custos operacionais:

Assume-se que os custos operacionais aumentam em 0.01% do lucro ao


longo dos anos devido a redução em termos de eficiência dos equipamentos o que
implica maior esforço de manutenção. Assim no primeiro ano definiu-se um custo
operacional na ordem dos 10% dos lucros gerados ou seja:

Ano 1: Custo operacional= 0,1 x Lucro = 0,1 x 154.472,06 = 15.447,2 usd

Ano 2: Custo operacional= 0,11 x Lucro= 0,11 x 154.472,06 = 16.991,9 usd

Os valores referentes aos anos seguintes são apresentados na tabela 17.

 Fluxo de caixa FC:

Consiste nas s contribuições monetárias (entradas e saídas de capital), ao


longo do tempo. E é dado pela equação 28:

FC =Lucro−Custo Operacional (28)

Já o Fluxo de Caixa acumulado representa a soma dos fluxos de caixa ao


longo do tempo.

23
FC Acumulado=∑ FC i
i=1

Os valores referentes aos 23 anos, são apresentados na tabela 17.

 Desconto:
67

Corresponde ao valor descontado anualmente pela unidade bancária, e é


dado pela seguinte expressão:

Desconto anual= ( Emprétimo


23
Bancário
×0,1 + ) ( Empréstimo
23 )
Bancário
(29)

Desconto anual= ( 689.815


23
,5
×0 , 1 )+ (
689.815 , 5
23 )=32.991 , 17 usd
Sendo que o Desconto acumulado correspode ao somatório dos descontos
anuais.

23
Desconto Acumulado=∑ FC i
i=1

Os valores referentes aos 23 anos, são apresentados na tabela 17.

Tabela 17:Cálculo do Valor Actual Líquido (VAL).

Ano Lucro Custo FC FC acumulado VAL Descont Desc. Acum

op. o
1 154472, 15447,21 139024,89 139024,89 15526,04 32991,17 32991,17
1
2 154472, 18536,65 135935,448 274960,338 15181,02 32991,17 65982,35
1
3 154472, 20081,37 134390,727 409351,065 15008,51 32991,17 98973,52
1
4 154472, 21626,09 132846,006 542197,071 14836 32991,17 131964,7
1
5 154472, 23170,82 131301,285 673498,356 14663,49 32991,17 164955,9
1
6 154472, 24715,54 129756,564 803254,92 14490,97 32991,17 197947
1
7 154472, 26260,26 128211,843 931466,763 14318,46 32991,17 230938,2
1
8 154472, 27804,98 126667,122 1058133,885 14145,95 32991,17 263929,4
1
9 154472, 29349,7 125122,401 1183256,286 13973,44 32991,17 296920,6
1
10 154472, 30894,42 123577,68 1306833,966 13800,93 32991,17 329911,7
1
11 154472, 32439,14 122032,959 1428866,925 13628,42 32991,17 362902,9
1
68

12 154472, 33983,86 120488,238 1549355,163 13455,9 32991,17 395894,1


1
13 154472, 35528,58 118943,517 1668298,68 13283,39 32991,17 428885,3
1
14 154472, 37073,3 117398,796 1785697,476 13110,88 32991,17 461876,4
1
15 154472, 38618,03 115854,075 1901551,551 12938,37 32991,17 494867,6
1
16 154472, 40162,75 114309,354 2015860,905 12765,86 32991,17 527858,8
1
17 154472, 43252,19 111219,912 2127080,817 12420,83 32991,17 560850
1
18 154472, 44796,91 109675,191 2236756,008 12248,32 32991,17 593841,1
1
19 154472, 46341,63 108130,47 2344886,478 12075,81 32991,17 626832,3
1
20 154472, 47886,35 106585,749 2451472,227 11903,3 32991,17 659823,5
1
21 154472, 49431,07 105041,028 2556513,255 11730,79 32991,17 692814,7
1
22 154472, 50975,79 103496,307 2660009,562 11558,28 32991,17 725805,8
1
23 154472, 52520,51 101951,586 2761961,148 11385,77 32991,17 758797
1
TOTAL 2761961,148 308450,7
Fonte: O Autor.

Ao final de 23 anos estima-se que o fluxo de caixa FC e o Valor Actual


Líquido em dólares são de :
FC 2.761.960,43
VA 308.450,653
L

Portanto, VAL= 308.450,65 usd > 0 o que implica que o projecto é exequível.
4.8.5.2 Periodo de Retorno do Capital Payback
O Payback ou também conhecido como periodo de retorno de capitais,
consiste no custo do investimento dividido pelo fluxo de caixa anual. Quanto mais
curto for o Payback, mais desejável será o investimento.
Para este projecto, fazendo uma análise num cenário em que a empresa
Angola Cables assuma 100% do investimento no projecto, e sem tomar em
consideração os custos operacionais e aplicação de taxas de juros:
InvestimentoTotal do Projecto 985.540 , 90 (30)
Payback= =
Lucro Anual 154.472, 06

Payback=6 ,38 → 6 anos


69

Em função a actual realidade do país, este torna-se num cenário não tão
realístico, portanto analisou-se na seguinte prespectiva:
O valor do desconto total ou valor poupado, acumulado no final dos 23 anos,
está num intervalo entre os periodos de 5 a 6 anos. Entretanto fazendo uma
interpolação foi possível por intermédio da equação a baixo descrita, obter-se com
maior rigor o número de anos em que se verificaria o retorno do capital, quando
saldada então a dívida com o Banco, a uma taxa de juros de 10% ao ano.
Sendo que:
Tabela 18:Fluxo de Caixa num intervalo do 5° ao 6° ano de operação do sistema de geração.

Ano Fluxo de Caixa


Acumulado (usd)
5 673.498,35
X 758.797,00
6 803.254,92
Fonte: O Autor.

5−X 673.478 , 35−758.797


=
5−6 673.498 , 35−803.254 , 92

X −5=0,657→ X =5,657 ≅ 6 anos


A empresa assumindo um capital próprio na ordem dos 30% implica dizer que
os restantes 70% (0,7 x 985.540,90 = 689.815,5 usd), 689.815,5 usd serão obtidos
por via empréstimo bancário a uma taxa de juro de 10% ao ano. Entretanto no final
do periodo de 23 anos espera-se amortizar ao banco o valor de 758.797,00 usd que
pode ser recuperado ao final de 6 anos.

Este cenário é o mais provável tendo em conta que o Banco financia 70% do
investimento e aplica a uma taxa de juro de 10%. Esta prespectiva também leva em
conta os custos operacionais em cada ano de operação do sistema de geração,
tendo em conta que tais custos tendem a aumentar, à medida que os equipamentos
se degradam.

5. RESULTADOS
A tabela 19 demonstra os resultados referentes aos custos de implementação do
projecto.
70

Tabela 19:Tabela do total de custos na implementação do projecto.

Equipamento Modelo Fabricante Quantidade Preço Preço Total


unitário USD
USD
Painel AE Solar MS Energia
Fotovoltaico Hot Spot Solar 2256 188,50 425.256,60
Free
Bateria BAE BAE
SECURA SECURA
PPOL 22 22.545,00 518.535,00
Tubular
Plate
batteries
Controlador PT-100 Magnum
de Carga Charge Energy 134 130,00 17.420,00
Controller
Inversor Three SolarEdge
Phase 10 2.109,00 21.090,00
Inverter
Disjuntor Cm1-400I- SIBRATEC 10 215,00 2150,00
350ª
Fusível LNEG Fuzivel- 10 38,41 384,10
FACA-200ª
Cabo elétrico Cabo
flexível-10 - 1 58,00 58,00
mm2
Cabo elétrico Cabo
elétrico de - 5 97,81 489,05
Alumínio
Triplex- 25
mm2
Cabo elétrico Cabo
flexível-95 - 1 153,37 153,37
mm2
Cabo elétrico Cabo
flexível azul- - 1 5,38 5,38
35 mm2
Total 985.540,90
TOTAL (Kz) 312.669.2
56,54

Fonte : O Autor.

Na tabela 19 a cima descrita são apresentados os componentes escolhidos, seus


respectivos preços e o custo total do projecto a ser implementado.
A tabela 20 demonstra os resultados referentes a análise económica e financeira
do projecto.

Tabela 20:Parámetros de análise de viabilidade económica do projecto.

Parámetro Valor
71

FC 2.761.961,14 usd
VAL 308.450,73 usd
Dinheiro a ser 758.797,00 usd
amortizado
Lucro do Banco 68.981,54 usd
Empréstimo 689.815,5 usd
Bancário
Desconto/ano 32.991,17 usd
Payback 6 anos
Fonte: O Autor.
5.1 DISCUSSÃO DE RESULTADOS
No presente capítulo foi feita uma análise a volta dos resultados obtidos no
estudo de caso. Para a projecção e dimensionamento do sistema, em função a sua
dimensão, bem como a complexidade operacional, se opta pela escolha de
componentes eficientes por forma a suprir a demanda requerida, sem altos custos
iniciais.

Antes de se ter partido para o levantamento da demanda energética da


estação de Sangano, com ajuda da ferramenta PVGIS, foi possível obter-se dados
climáticos atualizados referentes aos níveis de radiação incidentes na zona de
sangano. Nesta ordem, observou-se que os meses de menor incidência em termos
de radiação solar são os meses de março e abril, isto por consequência da alta
nebulosidade tendo em conta que são os meses em que se regista maior número de
precipitações na região. Foi possível também obter-se informações sobre as HSP
médias mensais, observando-se que o mês de agosto, com 5,56 horas é o mês com
o menor número de Horas de exposição solar na região, já o mês de março com
6,35 horas, é o mês com o maior número de horas de exposição solar. A média
anual HSP é de 5,8 horas diárias.

Nesta fase posterior do projecto busca-se quantificar a radiação solar global


incidente sobre os painéis fotovoltáicos, foi importante levar em conta as duas
principais caraterísticas elétricas do qual os mesmos são dependentes,
nomeadamente a radiação e a temperatura.

A influência da radiação solar, é muito mais significativa do que a da


temperatura. A radiação pode variar de forma significativa em curtíssimos intervalos
de tempo, especialmente em dias com nuvens, mas a variação da temperatura é
amortecida pela capacidade térmica dos módulos.
72

Em estimativas de produção de energia elétrica, é útil ignorar os efeitos da


variação da radiação a cada instante e considerar a totalidade da energia elétrica
convertida em intervalos de horários. Portanto, devido a forte linearidade entre a
produção de energia elétrica e a radiação horária, este conceito pode ser facilmente
entendido com o surgimento da grandeza Horas de Sol Pleno HSP, grandeza esta
que reflete o número de horas em que a radiação solar deve permanecer constante
e igual a 1000 W/m2 , de formas a que a energia resultante seja equivalente à
energia disponibilizada pelo sol no local em questão, acumulada ao longo de um
dado dia.

A partir da ferramenta Google Maps, foi possível ter uma melhor noção sobre
o espaço que circunda a estação e as possíveis zonas com a eminência de causar
sombreamento nos paineis fotovoltáicos. Sendo uma área remota em que se regista
a ausência de edifícios e de árvores nas imediações, a probabilidade de haver
sombreamento, devido a influências externas é muito baixa, sendo um bom
indicador de viabilidade técnica do projecto.

No levantamento da demanda e consumo energético da estação, fez-se o


somatório das potências de todos os dispositivos presentes na instalação,
totalizando uma potência de 392 KW e um consumo total a volta de 4.708,1 KWh de
energia.Um importante factor a ser observado é o tipo de alimentação das cargas,
se em corrente contínua (CC), ou em corrente alternada (CA). Nas instalações da
estação de Sangano encontramos equipamentos alimentados tanto por corrente
alternada, como também equipamentos alimentados por corrente contínua
(nomeadamente os equipamentos de telecomunicações).

Para a escolha dos módulos FV opta-se por se escolher módulos FV


policristalinos de 340 Watt devido a maior oferta no mercado e também ao reduzido
custo comparativamente aos monocristalinos que embora mais eficientes são mais
caros.

Opta-se por trabalhar com uma tensão contínua de 48 Vcc, devido a


existência de equipamentos na estação que operam com esta gama de tensão, além
de que devido a dimensão do sistema utilizando este nível de tensão tornou-se
benéfico em termos económicos no que concerne a compra dum menor número de
componentes no sistema de geração.
73

As baterias presentes no sistema de armazenamento foram escolhidas em


função a tensão de operação e a sua alta capacidade de 4000 ampere-hora Ah.
Inicialmente pensou-se em projectar um sistema totalmente composto por uma
geração através de energia limpa, porém em função aos altos custos dos materiais,
tendo em conta a dimensão do sistema em questão economicamente deixaria de ser
viável, pois o número de baterias para fazer a substituição da geração dos paineis
FV no periodo nocturno, seria de aproximadamente 70 baterias, perfazendo um
custo só em baterias de 1.500.000,00 usd. Portanto decidiu-se então projectar um
sistema fotovoltaico Híbrido, no qual no periodo diurno das 06 horas às 18 horas, a
estação será alimentada pelos paineis fotovoltaicos e no periodo nocturno, pelo
grupo de geradores já existente. Trazendo ganhos como a diminuição das horas de
funcionamento do grupo de geradores, aumentando o seu tempo de vida útil e
diminuindo em 50% os níveis de poluição sonora na região.

Feita a escolha dos componentes do sistema, obteve-se um total em termos


de custo de projecto de 985.540,9 (novecentos e oitenta e cinco mil quinhentos e
quarenta dólares) usd. Feita uma análise economica do projecto notou-se que no
final de 23 anos, tempo de vida útil do sistema em implementação, o projecto é
executável com um VAL de 308.450,73 usd gerando uma redução em 50% dos
custos de transporte e abastecimento na estação da empresa.

Recuperando-se o valor de um eventual investimento via empréstimo por


parte de uma instituição bancária, a uma taxa de juros de 10% ao ano, será possível
ter-se um período de retorno “Payback” do capital investido de 6 anos, sendo mais
um indicador de que o investimento tem um custo/benefício bastante satisfatório.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES


74

Quando se iniciou o trabalho de pesquisa constatou-se que a grande


dependência do Diesel para a produção de energia em zonas remotas ou sem
acesso a extensão da rede elétrica pública, resulta em custos elevados de
produção, o que causa consequentemente um grande défice para as
empresas públicas e privadas. Por esta razão tornou-se relevante fazer um
estudo de Análise Técnico-Económica da inserção da Microgeração
Fotovoltaica neste tipo de instalações.

Diante disto a pesquisa teve como objectivo geral a realização de um


estudo analítico, concernete a implementação da microgeração fotovoltaica, a
aplicar-se no Data Center da empresa angolana Angola Cables. Constatando-
se que o objectivo tivera sido cumprido, visto que efectivamente o trabalho
conseguiu demonstrar bons indicadores de uma análise de viabilidade técnica
e económica, de inserção deste tipo de sistemas no Data Center.

A pesquisa em análise tinha como objectivo específico inicial,


compreender e conhecer de maneira geral as caraterísticas energéticas das
instalações. Objectivo este que tivera sido cumprido por intermédio de uma
visita ao Data Center de Sangano no dia 24 de outubro de 2018, sendo
acompanhado por dois engenheiros da empresa, fazendo uma clara e
detalhada apresentação e posteriormente me fora disponibilizado os ficheiros
com as plantas desenhadas das instalações e os projectos (memória
Descritiva e Justificativa) da mesma.

O segundo objectivo específico era o de fazer-se uma descrição dos


critérios que justificassem a implementação da Microgeração fotovoltaica no
local. Objectivo este que foi atendido sendo descrito o actual método de
geração e suas consequências, agredindo meio ambiente circundante e
também os altos custos operacionais.

O terceiro objectivo específico era o de dimensionar a central


fotovoltaica a ser instalada. Objectivo que foi atingido tendo sido
demonstrados os cálculos e a descrição de critérios na escolha dos
componentes do sistema, de forma clara. Tinha-se também como meta a
análise das condições de funcionamento simulando-se os principais
parámetros da geração de energia. Sendo este objectivo bem conseguido
75

pois, por intermédio de testes e simulações com as variáveis como a tensão


do sistema, foi possível ter uma melhor prespectiva sobre o dimensionamento
e o custo do sistema de geração.

O úlitmo objectivo específico era de fazer-se uma análise económica


sobre a viabilidade do projecto, feito este que tivera sido cumprido fazendo-se
uma análise positiva e entusiasmante comprovando-se a viabilidade do
projecto através do cálculo do VAL e o Payback period.

A pesquisa partiu da hipótese de se dimensionar uma central


fotovoltaica no terreno adjacente da estação de Sangano, por formas a suprir
as necessidades de energia no periodo diurno, trazendo uma redução de
custos e emissões de GEE. Isto porque por intermédio de estudos
meterológicos feitos na região, concluiu-se que a mesma reunia um leque de
vantagens em detrimento as outras hipóteses cogitadas. Durante o trabalho
identificou-se que a região possui um recurso solar uniforme, com grande
potencial e bons indicadores de viabilidade técnica na implementação deste
tipo de sistemas, sendo assim a hipótese confirmada.

O problema foi respondido, mas não como se prespectivava


inicialmente. Pensava-se em construir um sistema totalmente alimentado por
energia limpa, mas devido a complexidade, projectou-se então um sistema
Híbrido Diesel-Fotovoltaico reduzindo-se em 50% os custos na compra e
transporte de combustível, assim como as emissões de GEE e a poluição
sonora nas zonas adjacentes.

Para a elaboração do projecto foi feita uma pesquisa descritiva-


exploratória, com uma abordagem quantitativa, alinhada a um método
hipotético-dedutivo. No decorrer da realização do projecto de pesquisa, teve-
se como fontes bibliográfiacas livros e outras dissertações, relacionadas ao
assunto em questão. Foi possível em minha temporária estadia na empresa,
através de um estágio curricular, coletar dados de: projectos energéticos,
plantas, dados estatísticos sobre o consumo energético da estação, dados
sobre o consumo de Diesel mensal, custos associados ao abastecimento e
manutenção dos grupos geradores existentes. Em uma visita com um dos
engenheiros da organização pude ter um contacto directo com o real cenário
76

actual das instalações, constatando assim as desvantagens a nível técnico,


operacional e ambiental deste tipo de sistemas. Com os dados coletados
partiu-se então para a análise das variáveis do sistema.

Recomenda-se que futuramente quem vir a abordar sobre este lindo


tema, que recorra aos órgãos reguladores e a instituições que possam
fornecer dados fiáveis e mais atualizados sobre as variáveis metereológicas
da região em estudo.

Recomenda-se também que se faça um estudo sobre a implementação


de um sistema substituindo o Diesel por microturbinas eólicas, custo
benefício, viabilidade técnica entre outros parámetros na análise de projectos.
77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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implementação de sistema fotovoltaico em um condomínio residencial com
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78

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Freitas, Susana. Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. – 104f.
Dissertação de Mestrado – Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, 2008
79

ANEXOS
Anexo A : Estimativa de valores médios de radiação mensal na região de Sangano.
80

Anexo B : Catálogo de especificações técnicas do módulo fotovoltaico.


81

Anexo C : Ficha técnica das baterias do sistema de armazenamento.


82

Anexo D: Tabela de condutores isolados.


83

Anexo E: Especificações técnicas do inversor.


84

Anexo F: Especificações técnicas do controlador de carga.


85

Anexo G: Tabela de especificações técnicas e escolha do calibre do disjuntor.

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