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INSTITUTO POLITÉCNICO INDUSTRIAL DE LUANDA

ÁREA DE FORMAÇÃO MECÂNICA − ELECTROMECÂNICA

SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA UMA RESIDÊNCIA


RURAL COM BAMBA DE ÁGUA

Autor: Nélio Evandro Dirmani de Lemos


Turma: ME13A
Grupo nº: 3
Orientador: Profº. Engenheiro Moisés Agostinho

Luanda, 2023.
INSTITUTO POLITÉCNICO INDUSTRIAL DE LUANDA
ÁREA DE FORMAÇÃO MECÂNICA − ELECTROMECÂNICA

SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA UMA RESIDÊNCIA


RURAL COM BAMBA DE ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do grau de Técnico Médio em
Engenharia Mecânica – Electemecânica.

Autor: Nélio Evandro Dirmani de Lemos


Turma: ME13A
Grupo nº: 3
Orientador: Profº. Engenheiro Moisés Agostinho

Luanda, 2023
DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Técnico médio
em Engenharia Electromecânica a minha mãe Isabel Maria João Dirmani, que não mede
esforços para investir na minha formação académica, e à minha família que sempre me
apoiaram incondicionalmente ao longo desta época académica.

III
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que a cada dia nos dá sabedoria e vigor, para avançar sempre vencendo
todas as barreiras que se interpõem no nosso caminho.

Gostaria também de agradecer ao meu orientador, professor Eng.º Moisés Agostinho,


por ter efectuado uma orientação exemplar, indo para além da obrigatoriedade profissional, com
a simples e nobre intenção de me ver acabar o trabalho de forma correcta e em tempo certo.

Agradeço a todos os professores do Instituto Politécnico Industrial de Luanda do curso


de Mecânica – Electromecânica, especialmente aos professores: Adriano Escoval, Pambani
Freitas e Natacha Agostinho. O meu obrigado, pelos conhecimentos transmitidos.

Não esqueceria de agradecer também ao meu mentor e amigo Professor Doutor Nsanga
Tito, pelas sugestões e por se ter mostrado – incondicionalmente – disponível perante as
solicitações que lhe dirigi.

E por fim agradecer a todos os que directa ou indirectamente contribuíram para a


conclusão deste Trabalho.

IV
RESUMO

Uma das tecnologias mais viáveis para aproveitar o recurso solar em Angola é a
produção de electricidade através de sistemas FV, que podem variar desde sistemas individuais
de pequena escala fora da rede, normalmente associados a baterias, a aplicações de média e
grande escala ligadas à rede. É a tecnologia de mais rápida instalação e de menor custo de
manutenção. Nestes sistemas por meio de painéis é possível fazer a captação da energia solar
do Sol e transformá-la em energia eléctrica, além de possuir banco de baterias para garantir a
continuidade do abastecimento.

A eletrificação rural permite que as ações sejam quantificadas e repensadas de forma a


reforçar o carácter sustentável do planeamento e na própria característica inclusiva que a
energia pode assumir perante os outros aspetos envolvidos na melhoria da qualidade de vida da
população.

O objetivo principal deste estudo é o dimensionamento de um sistema/instalação


fotovoltaico isolado para a cidade/comuna de Xangongo. Para se alcançar este objetivo, surgiu
a necessidade de pesquisar e analisar os dados de temperatura e irradiação do local em estudo,
uma vez que o desempenho dos sistemas FV depende da temperatura e da intensidade da
radiação incidente sobre os painéis FV.
Para o dimensionamento de um sistema isolado é imprescindível que se conheça o perfil
de carga da zona de implementação da instalação, para que a partir desse perfil se determine os
restantes elementos da instalação tais como: número de painéis a instalar, capacidade do banco
de baterias, número de reguladores de carga, potência máxima do inversor (no uso de cargas
CA) e, se possível, as secções dos condutores para os circuitos da instalação FV.

Palavras-chave

Energia eléctrica, sistemas fotovoltaicos, painéis FV, Angola.

V
ABSTRACT

One of the most viable technologies to take advantage of the solar resource in Angola
is the production of electricity through PV systems, which can vary from individual small-scale
off-grid systems, usually associated with batteries, to médium and large-scale aplications
connected to the grid. In these systems, using panels, i tis possible to capture solar energy from
the Sun and transform i tinto electrical energy. In addition to having a battery bank to ensure
continuity of supply.

Rural electrification allows actions to be quantified and rethought in order to reinforce


the sustainable nature of the system and the very inclusive characteristic that energy can assume
in relation to other aspects, like improving the quality of life of the population.

The objective of this study is the design of an isolated photovoltaic system/installation


for the municipality of Cazombo. In order to achieve this objective, it was necessary to collect
and analyze temperature and irradiance data of the location under study, since PV systems
performance depends on the temperature and intensity of the radiation incident on the PV
panels. These data were presented in extreme and quartile graphs, in which it is possible to
observe the variation of temperature and irradiance for each hour.

For sizing na isolated system, it is essential to know the load profile of the área where
the installation will be implemented, such as: number of panels to be installed, battery bank
capacity, number of charge regulators, maximum power of the inverter (in use of AC loads)
and, if possible, the cross-sections of the conductors for the circuits of the PV installation.

Keywords

Electric power, photovoltaic systems, photovoltaic panels, Angola.

VI
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA............................................................................................................................ III
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. IV
RESUMO ....................................................................................................................................... V
ABSTRACT .................................................................................................................................. VI
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS................................................................. XIII
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 - MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................... 15
1.2 – PROBLEMA DE PESQUISA E OBJECTIVOS ................................................................................ 16
1.2.1 – A Justificativa e Problemática ........................................................................................... 16
1.2.2 – Objectivo Geral ................................................................................................................. 16
1.2.2.1 – Objectivos específicos .................................................................................................... 16
CAPÍTULO 2 – APROVEITAMENTO SOLAR ......................................................................... 17
2.1 - ENERGIA SOLAR ..................................................................................................................... 17
2.1.1 - Produção da Energia Solar ................................................................................................. 17
2.2 - A RADIAÇÃO SOLAR NA SUPERFÍCIE TERRESTRE ................................................................... 18
2.2.1. Distribuição da Radiação Solar ........................................................................................... 18
CAPÍTULO 3 – BANCO DE BATERIAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ......................... 19
3.1 – BANCO DE BATERIAS ............................................................................................................. 19
3.1.1 - Funções do Banco de Baterias ........................................................................................... 20
3.1.2 - Baterias para Sistemas Fotovoltaicos................................................................................. 20
3.1.2.1 - Constituição e Funcionamento de uma Bateria de Chumbo-Ácido ................................ 20
3.1.2.2 - Tipos de Baterias de Chumbo-Ácido .............................................................................. 22
3.1.3 – Desempenho e Características das Baterias de Chumbo-Ácido........................................ 24
3.2 – MÓDULOS E CÉLULAS FOTOVOLTAICAS (GENERALIDADE) ................................................... 25
3.2.1 – Efeito Fotovoltaico ............................................................................................................ 25
3.2.2 - Tipos de Células Fotovoltaicas .......................................................................................... 26
3.2.2.1 - Silício Monocristalino ..................................................................................................... 26
3.2.2.2 - Silício Policristalino ........................................................................................................ 27
3.2.2.3 - Silício Amorfo ................................................................................................................ 27
3.2.3 – Características Elétricas dos Módulos/Painéis FV ............................................................ 28
3.2.4 – União/Ligação dos Módulos Fotovoltaicos....................................................................... 29
3.2.5 – Proteção dos Módulos Fotovoltaicos ................................................................................ 30
3.2.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras .......................................................................... 30
3.2.5.2 – Díodos de Bloqueio ........................................................................................................ 32
3.2.5.2.1 – Díodos de Bloqueio para Evitar Descargas Noturnas das Baterias ............................. 32
CAPÍTULO 4 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ....................................................................... 33
4.1 – SISTEMAS ISOLADOS .............................................................................................................. 33
4.2 – SISTEMAS HÍBRIDOS .............................................................................................................. 34
VII
4.3 – SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA ................................................................................ 35
4.3.1 - Classificação dos Sistemas de Bombeamento ................................................................... 35
4.3.2 - Bombas Hidráulicas ........................................................................................................... 36
4.3.2.1 - Bombas Centrífugas ........................................................................................................ 36
4.3.2.2 - Bombas Volumétricas ..................................................................................................... 37
4.3.3 - Motores Eclétricos ............................................................................................................. 38
4.4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ................................................. 38
CAPÍTULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS ................ 40
5.1 – DIMENSIONAMENTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA ........................................... 40
5.1.1 – Escolha do Painel/Módulo Fotovoltaico ........................................................................... 40
5.1.2 – Regulador de Carga ........................................................................................................... 41
5.1.2.1 - Tipos de Reguladores ...................................................................................................... 42
5.1.2.1.1 - Regulador Série ............................................................................................................ 43
5.1.2.1.2 - Regulador Paralelo ou Shunt ....................................................................................... 43
5.1.2.1.3 - Regulador MPPT ......................................................................................................... 44
5.1.3 - Inversores ........................................................................................................................... 45
5.1.3.1 - Inversores DC-AC para Sistemas Autónomos ................................................................ 46
5.1.3.2 - Classificação dos Inversores Autónomos ....................................................................... 46
5.1.4 – Dispositivos de Protecção ................................................................................................. 47
5.1.4.1.1 - Fusível Cartucho .......................................................................................................... 48
5.1.5 - Disjuntor ............................................................................................................................ 51
5.1.5.1 - Factores de Influência na Selecção do Disjuntor Adequado .......................................... 51
5.1.5.1.1 - Factores de Influência Gerais ....................................................................................... 51
5.1.5.1.2 – Factores de Influência Específicos dos Sistemas Fotovoltaicos ................................. 52
5.1.6 – DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) ................................................................... 53
5.1.6.1 - Definições ....................................................................................................................... 53
CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM S.F.I. NA COMUNA DO
XANGONGO ................................................................................................................................ 54
6.1- PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO ...................................... 54
6.1.1 - Estimativa de Consumo de Água ....................................................................................... 54
6.1.2 – Dimensionamento do Sistema de Geração ........................................................................ 55
6.2. – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA .................................. 58
6.2.1 – Seleção do Local do Projecto ............................................................................................ 59
6.2.2 – Estimativa do Perfil de Carga de Consumo ...................................................................... 60
6.2.3 – Escolha do Inversor ........................................................................................................... 60
6.2.4 – Cálculo da Capacidade dos Acumuladores das Baterias ................................................... 63
6.2.4.1 - Aplicação do Método de Cálculo .................................................................................... 64
6.2.5 – Influência da Disponibilidade Solar no Local ................................................................... 65
6.2.5.1 - Tempo de Exposição ou Hora de Sol pico (HSP) ........................................................... 66
6.2.5.1.1 - Cálculo do HSP ............................................................................................................ 66
6.2.6 – Cálculo da Demanda de Energia ....................................................................................... 67
6.2.7 – Determinação do Número de Módulos FV ....................................................................... 67
6.2.8 – Dimensionamento da Protecção ........................................................................................ 68
6.2.8.1 - Escolha do fusível ........................................................................................................... 69

VIII
6.2.8.2 - Escolha do Disjuntor ....................................................................................................... 69
6.2.8.3 - Escolha do DPS............................................................................................................... 70
6.3 - CUSTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA ................................................................. 70
CAPÍTULO 7- ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOTAICA ISOLADA .. 71
CAPÍTULO 8 – PLANO DE MANUTENÇÃO ........................................................................... 73
8.1 - MANUTENÇÃO CORRETIVA ..................................................................................................... 73
8.2 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA ................................................................................................... 74
8.3 - MANUTENÇÃO PREDITIVA ...................................................................................................... 74
8.4 - EQUIPAMENTOS E TIPOS DE MANUTENÇÕES NECESSÁRIAS ...................................................... 74
8.4.1 – Gerador fotovoltaico ......................................................................................................... 75
8.4.1.1– Aspectos físicos ............................................................................................................... 75
8.4.2 – Baterias .............................................................................................................................. 76
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO .................................................................................................... 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 78
ANEXOS ....................................................................................................................................... 80
ANEXO A – DOCUMENTAÇÃO DA SIMULAÇÃO NO GLOBAL SOLAR ATLAS ............. 80

IX
LISTA DE FIGURAS

Figura 2. 1: Componentes da radiação solar............................................................................. 18

Figura 3. 1: Circuito eléctrico equivalente de uma bateria ....................................................... 19


Figura 3. 2: Bateria de Chumbo-Ácido .................................................................................... 21
Figura 3. 3: Expetativa de vida útil de uma bateria pela profundidade de descarga ................ 21
Figura 3.4: Eletrodos positivos de uma bateria OPzS .............................................................. 23
Figura 3. 5: Vaso de 2 V e bateria monobloco de 12 V ........................................................... 23
Figura 3. 6: Célula fotovoltaica sob radiação solar .................................................................. 25
Figura 3. 7: Ilustração de uma célula, módulo e instalação FV. .............................................. 26
Figura 3.8: Tipos de células fotovoltaicas num módulo FV de silício, monocristalinas
(esquerda) e policristalinas (direita). ........................................................................................ 28
Figura 3.9: Representação esquemática da associação de n módulos em série. ....................... 29
Figura 3.10: Representação esquemática da associação n módulos em paralelo ..................... 29
Figura 3.11: Representação esquemática da associação mista de n x m módulos fotovoltaicos
.................................................................................................................................................. 30
Figura 3. 12: Configuração típica de um painel com duas caixas de ligação, uma para o
terminal positivo e outra para o negativo ................................................................................. 31
Figura 3. 13: Representação de díodos de fileiras e bypass. .................................................... 31
Figura 3.14: Díodo de bloqueio num módulo FV. ................................................................... 32
Figura 3. 15: Curvas de iluminação e de escuridão de um geragor fotovoltaico, indicando
sentidos de circulação de corrente durante o dia e a noite........................................................ 32

Figura 4. 1: Perfis da radiação solar diária ............................................................................... 33


Figura 4. 2: Sistema fotovoltaico isolado ................................................................................. 34
Figura 4. 3: Sistema Híbrido .................................................................................................... 34
Figura 4. 4: Sistema fotovoltaico de bombeamento de água .................................................... 35
Figura 4.5: Configurações utilizadas em SFVB ....................................................................... 35
Figura 4. 6: Vista em corte de uma bomba centrífuga.............................................................. 36
Figura 4.7: Princípio de funcionamento de diferentes tipos de bomba de deslocamento
positivo: (a) bomba de parafuso, (b) bomba de engrenagns, (c) bomba de lóbulos, (d) bomba
de palhetas e (e) bomba de pistão. ............................................................................................ 37

Figura 5. 1: Esquema típico de uma instalação fotovoltaica isolada ........................................ 40


Figura 5. 2: Regulador de carga................................................................................................ 42
Figura 5. 3: Regulador série ..................................................................................................... 43
Figura 5.4: Regulador paralelo ou shunt .................................................................................. 44
Figura 5. 5: Regulador MPPT................................................................................................... 44
Figura 5. 6: Exemplo de um esquema de ligações de um regulador num sistema FV com
cargas ........................................................................................................................................ 45
Figura 5.7: Simbologia elétrica de um inversor ....................................................................... 45

X
Figura 5.8: Inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado. .............................. 46
Figura 5. 9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas..... 46
Figura 5. 10: Formas de onda de inversores fotovoltaicos autónomos. ................................... 47
Figura 5. 11: Fusível 10x10 gPV para protecção fotovoltaica ................................................. 49
Figura 5. 12: Base/Chave tipo BCF5238 para Fusível 10x38 .................................................. 49
Figura 5.13: Fusíveis - gPV - Para protecção de módulos fotovoltaicos ................................. 50
Figura 5. 14: Base/Cahve tipo BCF5237 .................................................................................. 50
Figura 5. 15: Linha de disjuntores Schneider Easy9 ................................................................ 51
Figura 5.16: DPSs. .................................................................................................................... 53

Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus
acessórios. ................................................................................................................................. 55
Figura 6. 2: Imagem via satélite do local em estudo (adaptado). ............................................. 59
Figura 6. 3: Inversor Híbrido MPPT SPC III-3000-24 Outback power ................................... 61
Figura 6. 4: Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPZS ....................................................................... 63
Figura 6. 5: Mapa da Irradiação Solar no Local em Estudo ..................................................... 65
Figura 6.6: Célula policristalina ............................................................................................... 68

Figura 7. 1: Diagrama do Sistema Híbrido Off-grid 2D........................................................... 71


Figura 7. 2: Diagrama Eléctrico do Sistema Híbrido Off-grid 3D. .......................................... 72

Figura 8.1:Inclinômetro ............................................................................................................ 75

Figura A.1:Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (1) ............ 80


Figura A. 2: Ilustração de pesquisa/colheita de irradiância e temperatura (2) ......................... 81
Figura A.3: Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (3) ........... 81

XI
LISTA DE TABELAS

Tabela 3. 1: Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais ............................ 22

Tabela 4. 1: Vantagens e desvantagens de cada tipo de motor................................................. 38

Tabela 5.1: Principais caracteristicas do módulo FV SHARP ND-R250 A5 em STC (Standard


Test Conditios). ........................................................................................................................ 41
Tabela 5.2: Principais caracteristicas eléctricas do módulo FV SHARP ND-R250 A5 em
NOCT (Nominal Operating Cell Temperature)........................................................................ 41
Tabela 5. 3: Características Eléctricas - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6,
NFC 63210 ............................................................................................................................... 49
Tabela 5. 4: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL 2579, DIN 43620 ............. 49
Tabela 5. 5: Características Eléctricas Fus. 10/14x85 - Conforme Norma DIN VDE 0636-6,
IEC 60269-6, NFC 63210......................................................................................................... 50
Tabela 5. 6: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL269-6, UL 3579, DIN 43620
.................................................................................................................................................. 50

Tabela 6.1: Estimativa diária do consumo de água para diversas utilizações .......................... 54
Tabela 6.2: Perda de carga em tubulações de PV ..................................................................... 56
Tabela 6.3: Estimativa de consumo diário de energia (média mensal) .................................... 60
Tabela 6.4: Estimativa do consumo médio mensal de alguns aparelhos eléctricos ................. 60
Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-3000-24
Outback Power ......................................................................................................................... 62
Tabela 6.6: Características da Bateria Solar 24V 720 Ah SOPZS ........................................... 63
Tabela 6.7: Dados de Parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em
estudo ........................................................................................................................................ 65
Tabela 6.8: Características Eléctricas ....................................................................................... 68
Tabela 6.9: Características Físicas............................................................................................ 68
Tabela 6.10: Custo estimado da instalação FV isolada ............................................................ 70

Tabela 8.1: Equipamentos e tipos de manutenção necessárias ................................................. 74

XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS

FV Fotovoltaico
SFVI Sistema Fotovoltaico Isolado
SBFV Sistema de bombeamento fotovoltaico
He Hélio
H2 Hidrogénio
Ed Radiação solar directa
Er Radiação solar reflectida
Eu Radiação solar difusa
MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
MPPT Maximum Power Point Tracking
NOTC Nominal Operating Temperature Conditions
GHI Global Horizontal Irradiance
UA Unidade Astronómica
GNOCT Irradiância em NOCT [W/m2 ]
GSTC Irradiância em STC [W/m2 ]
GT Irradiância retirada a partir dos dados meteorológicos [W/m2 ]
TNOCT Temperatura em NOCT [℃]
TSTC Temperatura em STC [℃]
CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
ID Corrente do díodo
Id1 Corrente do díodo 1 [A]
Id2 Corrente do díodo 2 [A]
Pb-ácido Chumbo ácido
p-Si Poli-crystaline Silicon
OPzS Ortsfest Panzerplatte Spezial (Bateria Estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólico Fluido e separadores Especiais)
OPzV Ortsfest Panzerplatte Verschossen (Bateria estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólito em Gel e Válvula de Segurança)
V Volt
kV Kilovolt
kW Kilowatt
XIII
kWh Kilowatt-hora
kWp Kilowatt-pico
Si Silício
Cd Cádmio
CdS sulfito de cádmio
FF Fator de forma
P Potência
PFV Potência eléctrica produzida pelo gerador FV
IS Corrente da resistência em série
VDC Tensão em corrente contínua
VOC Tensão em circuito aberto
ηFV Eficiência fotovoltaica
ηI Eficiência do inversor
A Ampère
Ah Ampère-hora
NB Número de Baterias
BS Baterias em série (para alcançar a tensão de projeto)
BP Baterias em paralelo (para alcançar a capacidade de
acumulação necessária)
Vi Tensão de operação do sistema [V]
VB Tensão nominal da bateria/elemento [V]
CR Capacidade Real do Banco de Baterias [Ah]
CN Capacidade Nominal da Bateria/elemento [Ah]
CU Capacidade úil do Banco de Baterias [Ah]
Pd Profundidade de descarga das baterias/elementos no fim da
autonomia (40% = 0,4)
ER Energia Real diária (já computadas as perdas)
R Rendimento Global da Instalação em decimal (89% = 0,89)
Nm Número total de módulos fotovoltaicos
mS Módulos em série (para alcançar a tensão de projeto)
mP Módulos em paralelo (para alcançar a corrente de projeto)
Si3 N4 Nitreto de silício
SiO Óxido de silício (sílica metalúrgica)
SiO2 Dióxido de silício (sílica industrial)
XIV
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO

A energia eléctrica nas áreas rurais residenciais é de grande importância para prover
iluminação, aquecimento e refrigeração às propriedades. Através da energia eléctrica os
produtores e moradores conseguem realizar suas actividades de trabalho rural e ter acesso a
iluminação segura a noite, à rádio e televisão e a conservação dos alimentos em geladeiras,
entre outos benefícios que garantem a dignidade social.
Em Angola, a maior produção de energia eléctrica vem através das centrais
hidroeléctricas. Contudo trata-se de um país com uma vasta extensão (1.247.000 km2 ) e com
uma população muito dispersa e pouco investimento em infraestruturas, faz com que muitas
regiões rurais não tenham acesso à energia eléctrica ou de qualidade. O que se torna
imprescindível a adopção de técnicas muitas vezes não convencionais para a geração de energia.
Uma das técnicas mais utilizadas actualmente é através da energia solar. Ela pode ser
dividida em dois tipos: a energia solar fotovoltaica e a energia solar térmica. A energia
fotovoltaica é usada essencialmente para gerar energia eléctrica directamente dos raios solares
através de placas feitas de cristal de silício. Já a energia solar térmica é utilizada para gerar
através do calor do Sol aquecimento para líquidos, como por exemplo, a água para banho
quente.
Os sistemas fotovoltaicos podem ser implantados em qualquer localidade que tenha
radiação solar suficiente. O sistema fotovoltaico, durante o seu funcionamento não produzem
ruído acústico ou eletromagnético, e não emitem gases tóxicos ou outro tipo de poluição
ambiental.

1.1 - Motivação
As principais motivações deste projecto são:

 Colaborar no sentido de melhorar as taxas de electrificação de Angola, nomeadamente


nas zonas rurais com baixa densidade populacional, onde os investimentos em mini-
redes solares não seriam justificados, de forma mais eficiente e económica, para
satisfazer a crescente procura energética do país e aumentar a segurança energética, ao
mesmo tempo que contribui para a redução das emissões de carbono associadas com a
crescente electrificação;
 E solucionar a problemática do fornecimento de água as populações rurais, contribuindo
desta forma para o desenvolvimento do país. Com a instalação de sistemas de
bombeamento de água potável para o consumo humano e também quando necessário,
para a agricultura, podem ser minimizados os problemas de carência de água.

15
INTRODUÇÃO

1.2 – Problema de Pesquisa e Objectivos

1.2.1 – A Justificativa e Problemática

As áreas rurais de Angola carecem de infraestrutura de rede eléctrica que seja capaz de
cobrir todas as regiões. Isso acarreta a privação do desenvolvimento social e humano, uma vez
que não terá acesso a comida sendo conservada em geladeiras, acesso à noticiais e meios de
comunicação como rádios, televisão, celular e internet. Além de geração de desgastes físicos
em razão da execução de trabalhos manuais que poderiam ser feitos por máquinas eléctricas.
Para dar soluções a esses problemas, existem alternativas de adoptar o sistema de
electrificação rural por meio de energia solar que permite gerar energia eléctrica e térmica
dentro dessas regiões.
Comparando aos imóveis urbanos, as propriedades rurais têm uma boa vantagem na
produção de energia eléctrica. Sabe por quê?
Na cidade um dos únicos espaços para colocar as placas solares são em telhados.
Dependendo dos imóveis ao redor, eles nem sempre recebem uma boa insolação. Já as
propriedades rurais tem espaço livre para instalação dos painéis solares na posição ideal para
que o sol incida o ano inteiro.
Motivos para investir na instalação de sistemas fotovoltaicos:
 Você nunca vai gastar nada com combustível para produzir energia;
 Sistemas de energia solar são extremamente duráveis;
 Você vai colaborar com a perseveração do meio ambiente.

1.2.2 – Objectivo Geral

O presente estudo tem como objetivos principais, apresentar a implementação de um


sistema fotovoltaico para uma residência rural com bomba de água.

1.2.2.1 – Objectivos específicos

 Apresentar a descrição detalhada dos dispositivos e equipamentos que compõem um


Sistema Fotovoltaico;
 Compreender o funcionamento de Sistemas Fotovoltaicos, suas principais
características e a diferença entre eles;
 Fazer o levantamento das principais cargas eléctricas de uso diário na casa, o tempo de
utilização e a potência consumida por cada equipamento eléctrico.
 O estudo e análise do Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica Isolada e do Sistema
de Bombeamento Solar;
 Apresentar a proposta de Instalação de um Sistema de produção Fotovoltaica Isolada na
comuna do Xangongo como fonte de eletricidade, garantindo assim um crescimento
socio-económico-tecnológico da região e catapultar o padrão de vida dos habitantes.

16
APROVEITAMRNTO SOLAR

CAPÍTULO 2 – APROVEITAMENTO SOLAR

O aproveitamento solar refere-se a montagem de sistemas energéticos, que têm como


fonte energética primária o sol.

2.1 - Energia Solar

É a energia emitida pelo sol e que chega à superfície terrestre sob a forma de ondas
electromagnéticas (radiação), que se propagam transversalmente no espaço.

O sol é o centro do sistema solar terrestre. A energia que o Sol liberta aquece o planeta
terra e dá vida a todos os seus elementos, ou seja, a importância que sol tem para o planeta terra
em termos energéticos é quase imensurável, pois, com excepção da energia nuclear, todos os
recursos energéticos utilizados para a produção de energia dependem directa ou indirectamente
da acção do sol.
Acção directa do Sol:
 Sistemas energéticos solares térmicos: aproveita-se a energia térmica da radiação
solar para a produção de energia térmica;
 Sistemas energéticos solares fotovoltaicos: utiliza-se a energia luminosa da radiação
solar para a produção de energia eléctrica.

Acção indirecta do Sol:

 O vento – fonte energética da energia eólica: é produzido através da diferença de


densidades do ar, que também só existe devido às variações de temperaturas, isto é,
variações de intensidade da radiação solar;
 Os extractos de terra – fonte energética da energia geotérmica: apenas possuem tais
quantidades massivas de energia porque absorvem a energia solar;
 A biomassa: através da energia que os elementos agrícolas absorvem do sol;
 A hidroeléctrica: em que as águas dos rios só entram em movimento devido às
variações existentes nas suas densidades ou intensidades da radiação solar;
 Os combustíveis fósseis: que são hidrocarbonetos, só existem devido à acção indirecta
da energia solar.

2.1.1 - Produção da Energia Solar

O Sol pode ser imaginado como sendo um objecto enorme e massivo composto por um
aglomerado de gases suportados pela acção das forças gravitacionais.
A existência destes elevados níveis de temperatura e pressão – no seu centro – provoca
a ocorrência de processos de fusão nuclear, que basicamente são processos reactivos fortes de
junção de núcleos que ocorrem no núcleo solar e provocam a transformação de átomos de
hidrogénio (H2 ) em hélio (He), de forma maneira contínua e sucessiva, libertando grandes
quantidades de energia.
A energia solar, que chega a superfície terrestre, recebe o nome de radiação/irradiação
solar ou insolação solar, e é referenciada em W/m2 . Na prática, a UA não tem um valor

17
APROVEITAMRNTO SOLAR

constante, devido aos movimentos de translação e rotação que a terra efectua em torno do sol e
do seu eixo; logo, o valor da radiação solar também não é constante.
2.2 - A Radiação Solar na Superfície Terrestre

Estima-se que apenas dois milionésimos (2/1×106 ) da radiação solar chegam


anualmente até à superfície exterior da terra. Esta quantidade corresponde a uma quantidade
energética anual de aproximadamente 1 × 108 kWh ou 1 ZWh; equivalentes a uma potência
eléctrica anual de aproximadamente 1,14 × 105 TW TW ou 0,114 EW.
2.2.1. Distribuição da Radiação Solar

A radiação solar que atinge a superfície terrestre varia desde zero, ao nascer do sol, até
um valor máximo que se verifica mais ou menos ao meio-dia, pressupondo-se ausência de
nebulosidade. Como pode-se observar na figura 2.1, a radiação solar global subdivide-se nas
seguintes três parcelas:
 Radiação directa (𝐄𝐝 ): corresponde à fracção da radiação solar global que atinge a
superfície terrestre num percurso unidirecional, apresenta direção de incidência na linha
imaginária entre a superfície e o Sol e representa a parcela que não sofreu os processos
radiativos de absorção e espalhamento que ocorrem na atmosfera;
 Radiação difusa (𝐄𝐮 ): corresponde à fracção sujeita ao fenómeno de difusão, que
mantém as características da energia radiante global, engloba a radiação proveniente de
todas as demais direções que são decorrentes dos processos de espalhamento pelos gases
e particulados presentes na atmosfera;
 Radiação reflectida/albedo (𝐄𝐫 ): corresponde à parcela da radiação solar global sujeita
às reflexões na superfície terrestre.

Figura 2. 1: Componentes da radiação solar


Irradiância representa o fluxo de energia radiante instantâneo que incide sobre uma
superfície, real ou imaginária por unidade de área. Sua unidade de medida é W/m2 . Já a
Irradiação é a quantidade de energia radiante que incide uma superfície durante um certo
intervalo de tempo, por unidade de área desta. Sua unidade de medida é kWh/m2 .

Unidades de potência e consumo da radiação solar

A potência da radiação/irradiação solar é expressa pela intensidade de radiação solar


(E), e a sua unidade – no sistema SI – é o W/m2 , ou seja, (J/s)/m2 . A unidade de referência do
consumo energético da radiação solar, no sistema SI, é o kWh/m2 (1000 W × 3600 s/m2 ),
porém pode-se utilizar em alternativa as seguintes unidades: J/m2 ; MJ/m2 , Langley/85,93,
cal/cm2 ×min., BTU/ft 2 .
18
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

CAPÍTULO 3 – BANCO DE BATERIAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS

A bateria é um dispositivo que converte a energia química contida em materiais ativos


diretamente em energia elétrica, através de reações eletroquímicas de oxirredução (redox).

As baterias ou acumuladores de carga são dispositivos presentes no nosso quotidiano,


que fornecem energia a todo o tipo de dispositivos eletrónicos, tais como telefones móveis,
computadores portáteis, sensores sem fios, veículos elétricos, entre outros. As baterias, segundo
o seu princípio de funcionamento, podem ser classificadas em:
 Primárias (não-recarregáveis): uma vez que esta quantidade é consumida (em
descarga completa), uma bateria primária não pode ser carregada novamente;
 Bateria de múltiplos ciclos (secundárias ou recarregáveis): Em descarga completa,
a bateria pode ser recarregada através da passagem de uma corrente elétrica forçada
através de uma direção oposta; isto irá regenerar reagentes originais do produto de
reação;
 Células de combustível (Fuel cells) – neste tipo de armazenamento de energia, os
reagentes estão continuamente a alimentar as células, enquanto que os produtos de
reação estão continuamente a serem removidos. As fuel cell são o tipo de
armazenamento de energia menos utilizado.

O modelo elétrico de uma bateria ilustra-se na Figura 3.1.

Figura 3. 1: Circuito eléctrico equivalente de uma bateria

O modelo elétrico da bateria é composto por uma fonte de tensão ideal (Vi ) e por uma
resistência interna (R i ). Esta resistência possui um comportamento dinâmico ao longo dos
processos de carga e descarga; assim, a tensão medida nos terminais de uma bateria é
influenciada pelo sentido da corrente da bateria.

3.1 – Banco de Baterias

Um banco de baterias é constituído por uma quantidade calculada de elementos


conectados em série e/ou em paralelo, que forneceram a potência demandada pelas cargas, no
período de autonomia em que devem funcionar sem receber recarga do arranjo fotovoltaicos
nos períodos sem insolação.

19
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.1.1 - Funções do Banco de Baterias

Em sistemas isolados, as baterias têm seguintes funções:

 Autonomia: está é a função mais importante, que é suprir a energia para os consumos,
quando o painel não é capaz de gerar energia suficiente. Isto acontece todas as noites e
nos períodos chuvosos ou nublados, que podem variar durante o dia.

 Estabilizar a tensão: os módulos fotovoltaicos têm uma grande variação de tensão, de


acordo a irradiância recebida. A conexão de cargas de consumo directamente aos
módulos pode expô-los a tensões muito altas ou muito baixas para o seu funcionamento.
A bateria possui uma faixa te tensões muito estreita que os módulos fotovoltaicos, e
garantirão uma faixa de conexão mais uniforme para as cargas.

 Fornecer elevadas correntes: a bateria funciona com um buffer, fornecendo correntes


de partida elevadas. Alguns dispositivos (como motores) requerem altas correntes (de 4
até 9 vezes a corrente nominal) para iniciar o seu funcionamento, estabilizando e
utilizando correntes mais baixas depois de alguns segundos.

3.1.2 - Baterias para Sistemas Fotovoltaicos

As baterias para sistemas fotovoltaicos costumam ser as de chumbo-ácido ou níquel-


cádmio, as baterias de níquel-cadmio suportam descargas maiores e tem maior vida-útil, mas
seu alto custo e baixa disponibilidade as tornaram viáveis em sistemas muito específico que
necessitam de alta confiabilidade.

Outros tipos de baterias como Íons de Lítio, não são viáveis para sistemas fotovoltaicos,
devido a capacidade dos bancos de baterias para essa aplicação. É a relação custo-benefício que
faz com que as baterias de chumbo-ácido sejam escolhidas para a maioria dos sistemas
fotovoltaicos.

3.1.2.1 - Constituição e Funcionamento de uma Bateria de Chumbo-Ácido

Baterias de chumbo ácido são constituídas de células individuas que - também chamadas
de pilhas – com tensão nominal de 2 V cada uma, que nas baterias monoblocos são ligas em
série para alcançar a tensão nominal (6 células constituem uma bateria de 12 V).

Cada célula é constituída por duas placas de metais diferentes (uma negativa outra
positiva) isoladas por separadores e imersas em uma solução aquosa de ácido sulfúrico
(H2 SO4 ), as placas são elétrodos de chumbo em formato de grade com função de segurar a
matéria activa e conduzir a corrente eléctrica.

20
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 3. 2: Bateria de Chumbo-Ácido


Ao se fechar o circuito os eletrões fluem do polo negativo para o polo positivo,
provocando uma reação química entre as placas e o ácido sulfúrico, que leva a formação de
sulfato de chumbo (PbSO4 ) nas duas placas – reação chamada de dupla sulfatação – que
consome o ácido, tornando o eletrólito mais aquoso, processo que pode ser medido com um
densímetro.

Quando o sistema FV recarrega a bateria os electrões fluem em sentido contrário – do


polo positivo para o polo negativo – revertendo a reação química. O processo não é totalmente
reversível, pois pequenas quantidades de sulfato de chumbo não se dissolvem, processo
chamado de sulfatação que aumenta à medida que os ciclos de carga e descarga acontecem,
diminuindo a capacidade da bateria. Quanto maior for a profundidade de descarga – o nível de
reação química que acontece durante a descarga, antes que a bateria volte a ser carregada –
maior será a perda de capacidade. Com profundidade de descargas menores, mais ciclos de
carga e descarga a bateria suportará.

Figura 3. 3: Expetativa de vida útil de uma bateria pela profundidade de descarga


A resistência interna de uma bateria de cumbo-ácido varia de acordo à carga, sendo
maior quando a bateria está descarregada devida a menor concentração de ácido no eletrólito e
a presença do sulfato de chumbo nas placas. À medida que a bateria vai sendo carregada a sua
resistência interna diminui, fazendo com que a bateria aceite melhor a carga. Por isso uma
bateria com menor profundidade de descarga durante o ciclo é recarregada mais rápida.
21
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Quando atinge a tensão final de carga nas células, a bateria deve ser desconectada do
carregador, pois se inicia um processo de eletrólise de água presente no eletrólito que leva a
dois inconvenientes:

Perda de água, que faz o ácido se concentrar mais, se tornando nocivo as placas até a
secagem total que determina o fim da bateria.

Liberação do oxigênio e hidrogênio. Esse último, mesmo em pequenas proporções torna


o ambiente potencialmente explosivo, o que faz com que os bancos de baterias devem ser
instalados em locais ventilados. O hidrogênio é 14 vezes mais leve que o ar e pode se acumular
em frestas.

Tabela 3. 1: Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais

Estado de carga Tensão em circuito aberto


100% (plena carga) 12,72 V
90% 12,48 V
80% 12,42 V
70% 12,30 V
60% 12,18 V
50% 12,06 V
40% 11,88 V
30% 11,76 V
20% 11,58 V
10% 11,34 V
0% (descarga total) 10,50V

3.1.2.2 - Tipos de Baterias de Chumbo-Ácido

De acordo ao tipo de eletrólito e a tecnologia de construção das placas, as baterias de


chumbo ácido podem ser classificadas em: Baterias de eletrólito líquido, Baterias de
eletrólito imobilizado, Baterias estacionárias de placa tubular (OPzS e OPzV), Baterias
de bloco com placas positivas planas (Blocos OGi).

Baterias estacionárias: é o tipo de baterias mais adequado para instalações


fotovoltaicas, tendo sido concebido para operações intermitentes; raramente descarregam. As
baterias de uso fotovoltaico distinguem-se das outras pela sua capacidade de aguentar os ciclos
de descarga, sendo que a sua duração depende da profundidade do ciclo.

 Baterias estacionárias de placa tubular (OPzS e OPzV): são as baterias certas


para sistemas robustos, de uso permanente em períodos entre 10 a 20 anos.
Podem ser do tipo OPzS, sigla em alemão (Ortsfeste Panzerplatte Spezial) que
significa placa tubular estacionária especial, com eletrólito líquido e separadores
especiais; do tipo OPzV (Ortsfeste Panzeplatte Verschlossen) que significa
placa tubular estacionária selada, que tem eletrólito em gel e reguladas por
válvulas.

22
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A diferença entre essas duas baterias e as anteriores está na forma dos elétrodos
positivos, que são tubulares, com tubos permeáveis em torno das varetas, através do qual circula
o eletrólito. Estas baterias também tem vida útil muito superior às baterias comuns, mais não
são volumosas, mais pesadas e tem maior custo de instalação, inclusive nos preços comerciais
muito superiores a outros tipos de baterias.

As baterias OPzS necessitam de manutenção em períodos de 6 meses a 3 anos, enquanto


as baterias OPzV não requerem manutenção durante a sua vida útil.

Figura 3.4: Eletrodos positivos de uma bateria OPzS

 Baterias de Bloco com Placas Positivas PlanaS (OGi): As baterias OGi (do alemão:
Ortsfeste Ghitterplatten, que significa: Placas Estacionárias Radias) são do tipo
estaciónaria com os elétrodos positivos em formato de placa plana com uma
configuração que está entre a das baterias de grade e as baterias de elétrodo tubular. As
varetas encaixadas em um protetor comum, que possibilita a fabricação de placas planas
mais baratas que as tubulares, mas com vida útil muito maior. Os elétrodos negativos
de uma bateria de bloco são em formato de grade.

As baterias OGi alcançam 1300 ciclos com profundidade de descarga de 75% e 4500
ciclos com 30% de Pd. Devido à grande reserva de ácido no vaso, a manutenção será necessária
em períodos entre 3 e 5 anos. São muito utilizadas em sistemas autónomos na Europa, pois
conseguem ser carregadas mesmo com baixas correntes.

As baterias estacionárias podem ser disponibilizadas em monobloco (quando os vasos


que compõem a bateria estão dentro de uma carcaça única) ou em vasos independentes (quando
temos, vários vasos transparentes que devem ser ligados em série para alcançar a tensão
nominal). As baterias especiais para sistemas fotovoltaicos (OPzS, OPzV e OGi) são
disponibilizadas, geralmente em formato de vasos transparente.

Figura 3. 5: Vaso de 2 V e bateria monobloco de 12 V


23
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.1.3 – Desempenho e Características das Baterias de Chumbo-Ácido

Vejamos alguns termos relacionados às baterias que devemos considerar, no momento


de projectar um banco de baterias.

 Carga/Descarga: processo de conversão da energia eléctrica em energia química e


vice-versa. Durante o processo de carga a tensão da bateria aumenta gradativamente e,
depois de certo valor, inicia-se o processo de gaseificação (eletrólise e liberação dos
gases). Próximo da tensão de gaseificação, o fabricante determina o valor máximo de
tensão para a carga da bateria, depois do qual o processo de carga é interrompido. Essa
é a função do Regulador de carga, que aplica ainda a tensão correcta de acordo a
temperatura ambiente.

À medida que a bateria se descarrega a tensão diminui. Cai rapidamente no inicio devido
as perdas ôhmicas, depois cai continuamente até o fim de carga, quando cai rapidamente e
atinge o valor limite a partir do qual a concentração do ácido diminui muito começam os efeitos
nocivos da sulfatação (citado abaixo).

 Capacidade: é a quantidade de carga eléctrica que a bateria pode fornecer até ficar
totalmente descarregada. A capacidade é o produto da descarga constante (𝐈𝐧 ) pelo
tempo de descarga (𝐈𝐧 ):

𝐂𝐧 = 𝐈𝐧 × 𝐭 𝐧

É a forma e o número de pilhas ligado em paralelo que determinam a capacidade da


bateria. Esse valor depende da temperatura de operação, da tensão final e principalmente da
corrente de descarga. Com correntes de descargas menores, a deposição de sulfato nas placas
acontece vagarosamente, o que permite maior penetração do sulfato. Com maiores correntes de
descarga a deposição de sulfato acontece mais rapidamente, as moléculas se depositam no
começo das placas e atrapalham as moléculas seguintes. Ou seja, é possível tirar a energia da
bateria quando é feita uma descarga lenta, do que quando é feito uma descarga rápida. É por
isso que a capacidade nominal (𝐂𝐧 ) da bateria tem que ser especificada de acorda a corrente de
descarga, ou de acordo o tempo de descarga.

o Capacidade nominal (Cn ): quantidade de carga extraível de uma bateria (ou elemento)
em n horas, em uma temperatura média de 25℃, e determinada corrente, até que a tensão
bateria caia para 1,8 V/elemento (10,5 V numa bateria monobloco de 12 V nominais).
Se a capacidade total de uma bateria for utilizada em 10 horas, será drenada uma
corrente muito maior do que se a descarga for feita em um período de 100 horas. Uma
bateria de 𝐂𝟏𝟎𝟎 = 𝟏𝟎𝟎 𝐀𝐡 pode ser descarregada em 100 horas com uma corrente 1 A.
Se dessa bateria for drenada 8 A, ela atingdcvfb nirá a tensão final em 10 horas. Sua
capacidade em C10 será 80 Ah (𝐂𝟏𝟎 = 𝟖𝟎 𝐀𝐡).

o Capacidade útil: capacidade utilizável da bateria. É o produto da capacidade nominal


pela profundidade de descarga.

24
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Profundidade de descarga: quociente entre acarga extraída e a capacidade nominal de


uma bateria, expressa em percentagem. A máxima profundidade de descarga, em uma
bateria de chumbo-ácido, deve ser de 80%. Acima disso a bateria pode não se recuperar
e ser recarregada novamente.

 Autodescarga: perda de carga da bateria quando esta está em circuitio aberto. É


provocada pela constante reação química no interior da bateria. Geralmente é expressa
em percentagem, medida por mês. A autodescarga é maior ou menor, segundo a
temperatura no ambiente das baterias. Devido à essa perda energética, baterias não
podem ser armazenadas, ou deixadas sem recarga, em sistemas fotovoltaicos.

 Ciclo: sequência completa de carga e descarga da bateria em determinada profundidade


de descarga. Quanto menor a profundidade de descarga, mais ciclos a bateria suporta.
Um ciclo é aberto quando a bateria começa a se descarregar, e é fechado quando a
bateria é completamente recarregada. Em um sistema fotovoltaico que não recebeu
suficiente radiação solar, o banco de baterias não será completamente carregado e o
ciclo continua, com profundidade de descarga maior.

 Corrente: assim como a capacidade, é determinada baseando-se no período


descarga/descarga da bateria: 𝐈𝟐𝟎 = 𝐂𝟐𝟎 ⁄𝟐𝟎 𝐡 ou 𝐈𝟏𝟎𝟎 = 𝐂𝟏𝟎𝟎 ⁄𝟏𝟎𝟎 𝐡

3.2 – Módulos e Células Fotovoltaicas (Generalidade)

A função de uma célula solar consiste em converter diretamente a energia solar em


eletricidade. A forma mais comum das células solares o fazerem é através do efeito fotovoltaico.
A célula fotovoltaica funciona quando a luz incide sobre certas substâncias e desloca eletrões
que, circulando livremente de átomo para átomo, formam corrente elétrica; são os fotões com
uma faixa de luz visível que fazem com que exista a agitação e que os eletrões da banda de
valência passem para a banda de condução, Figura 3.6.

Figura 3. 6: Célula fotovoltaica sob radiação solar

3.2.1 – Efeito Fotovoltaico

O efeito fotovoltaico é um fenómeno que transforma a energia luminosa em energia


elétrica recorrendo a células fotovoltaicas, sendo que o material nelas usado deve ter um grau
de pureza o mais elevado possível; para o conseguir é necessário realizar sucessivas etapas na
produção química.
25
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Para favorecer o efeito fotovoltaico, introduzem-se elementos químicos no material


semicondutor para ajudar a produzir um excesso de eletrões ou de lacunas. Este processo é
chamado de dopagem. Os elementos químicos que ajudam a realizar este processo são
denominados de dopantes. Um bom dopante para o silício (Si) é o boro, já que tem um eletrão
de valência a menos que o silício, pelo que cada átomo de boro, ao unir-se com um de silício,
deixará uma lacuna no lugar onde teria de existir outro eletrão. Esta estrutura é denominada de
semicondutor do tipo P, semicondutor positivo. Outro dopante para o silício pode ser o fósforo.
Como tem um eletrão de valência a mais que o silício, ao substituir um átomo de silício por
outro de fósforo na rede cristalina, o eletrão excedente fica livre e o semicondutor é denominado
de tipo N, semicondutor negativo.
Ao incidir luz sobre a célula fotovoltaica, os fotões (fluxo de ínfimas partículas de
energia) que a integram chocam com os eletrões da estrutura do Si, dando-lhes energia e,
consequentemente, transformando-os em condutores. Devido ao campo elétrico gerado na
união P-N, os eletrões são orientados e fluem da camada P para a camada N. Através de um
condutor externo, liga-se a camada negativa à positiva, gerando-se assim um fluxo de eletrões
(corrente elétrica).
Os módulos ou painéis FV, Figura 3.7, são constituídos por várias células FV ligadas
em série ou/e em paralelo, dependendo dos níveis de tensão e corrente adotados. Ligações de
células FV em série aumentam a tensão disponibilizada, enquanto as ligações em paralelo
aumentam a corrente disponibilizada. As células FV convertem a luz solar incidente em
eletricidade através do efeito fotovoltaico.

Figura 3. 7: Ilustração de uma célula, módulo e instalação FV.

3.2.2 - Tipos de Células Fotovoltaicas

As células fotovoltaicas são fabricadas, na sua grande maioria, usando o silício (Si) e
podendo ser constituida de cristais monocristalinos, policristalinos ou de silício amorfo.

3.2.2.1 - Silício Monocristalino

A célula de silício monocristalino é historicamente as mais usadas e comercializada


como conversor direto de energia solar em eletricidade e a tecnologia para sua fabricação é um
processo básico muito bem constituído. A fabricação da célula de silício começa com a extração
do cristal de dióxido de silício. Este material é desoxidado em grandes fornos, purificado e
solidificado.
26
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Este processo atinge um grau de pureza em 98 e 99% o que é razoavelmente eficiente


sob o ponto de vista energético e custo. Este silício para funcionar como células fotovoltaicas
necessida de outros dispositivos semicondutores e de um grau de pureza maior devendo chegar
na faixa de 99,9999%.

Para se utilizar o silício na indústria eletrônica além do alto grau de pureza, o material
deve ter a estrutura monocristalina e baixa densidade de defeitos na rede. O processo mais
utilizado para se chegar as qualificações desejadas é chamado “processo Czochralski”. O
silício é fundido juntamente com uma pequena quantidade de dopante, normalmente o boro que
é do tipo p. Com um fragmento do cristal devidamente orientada e sob rígido controle de
temperatura, vaise extraindo do material fundido um grande cilindro de silício monocristalino
levemente dopado. Este cilindro obtido é cortado em fatias finas de aproximadamente 300µm.

Após o corte e limpezas de impurezas das fatias, deve-se introduzir impurezas do tipo
N de forma a obter a junção. Este processo é feito através da difusão controlada onde as fatias
de silício são expostas a vapor de fósforo em um forno onde a temperatura varia entre 800 a
1000 ℃. Dentre as células fotovoltaicas que utilizam o silício como material base, as
monocristalinas são, em geral, as que apresentam as maiores eficiências. As fotocélulas
comerciais obtidas com o processo descrito atingem uma eficiência de até 15% podendo chegar
em 18% em células feitas em laboratórios.

3.2.2.2 - Silício Policristalino


As células de silício policristalino são mais baratas que as de silício monocristalino por
exigirem um processo de preparação das células menos rigoroso. A eficiência, no entanto, cai
um pouco em comparação as células de silício monocristalino.

O processo de pureza do silício utilizada na produção das células de silício


policristalino é similar ao processo do Si monocristalino, o que permite obtenção de níveis de
eficiência compatíveis. Basicamente, as técnicas de fabricação de células policristalinas são
as mesmas na fabricação das células monocristalinas, porém com menores rigores de controle.
Podem ser preparadas pelo corte de um lingote, de fitas ou depositando um filme num substrato,
tanto por transporte de vapor como por imersão. Nestes dois últimos casos só o silício
policristalino pode ser obtido.

Cada técnica produz cristais com características específicas, incluindo tamanho,


morfologia e concentração de impurezas. Ao longo dos anos, o processo de fabricação tem
alcançado eficiência máxima de 12,5% em escalas industriais.

3.2.2.3 - Silício Amorfo

As célula de silício amorfo diferem das demais estruturas cristalinas por apresentar alto
grau de desordem na estrutura dos átomos. A utilização de silício amorfo para uso em
fotocélulas tem mostrado grandes vantagens tanto nas propriedades elétricas quanto no
processo de fabricação.

27
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Por apresentar uma absorção da radiação solar na faixa do visível e podendo ser
fabricado mediante deposição de diversos tipos de substratos, o silício amorfo vem se
mostrando uma forte tecnologia para sistemas fotovoltaicos de baixo custo. Mesmo
apresentando um custo reduzido na produção, o uso de silício amorfo apresenta duas
desvantagens: a primeira é a baixa eficiência de conversão comparada às células mono e
policristalinas de silício; em segundo, as células são afetadas por um processo de degradação
logo nos primeiros meses de operação, reduzindo assim a eficiência ao longo da vida útil.

Por outro lado, o silício amorfo apresenta vantagens que compensam as deficiências
acima citados, são elas:

 Processo de fabricação relativamente simples e barato;


 Possibilidade de fabricação de células com grandes áreas.

Figura 3.8: Tipos de células fotovoltaicas num módulo FV de silício, monocristalinas


(esquerda) e policristalinas (direita).

3.2.3 – Características Elétricas dos Módulos/Painéis FV

O comportamento de um módulo fotovoltaico, face à radiação solar incidente, é


determinado pelas células que o formam e pode ser descrito por intermédio de uma série de
parâmetros característicos, que definimos em seguida:

 Corrente de curto-circuito (𝐈𝐒𝐂 ): É a corrente obtida entre os contactos de um painel,


medida com um amperímetro, se se provocar um curto-circuito;
 Tensão de circuito aberto (𝐕𝐎𝐂 ): É a tensão máxima que se poderá medir com um
voltímetro, sem deixar passar corrente entre os terminais de um painel solar, ou seja, em
circuito aberto. Neste caso, a resistência entre os parafusos é infinita;
 Corrente (I) a uma determinada tensão (𝑉): É a corrente elétrica que circula através
do circuito externo que une os terminais do painel quando há diferença de tensão entre
estes;
 Potência máxima (𝐏𝐌á𝐱): A corrente que o painel gerará terá um valor que poderá
variar entre 0 eISC , correspondendo-lhe uma tensão V entre terminais do painel que
variará entre 0 e VOC , dependendo de algumas condições. Como a potência é produto da
tensão e da corrente, esta será máxima apenas para uma única combinação de valores 𝐼
e 𝑉;
 Eficácia total do painel: É o quociente entre a potência elétrica produzida e a potência
da radiação que incide no painel;

28
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Fator de forma (FF): Conceito teórico que serve para medir a forma da curva, definida
pelas variáveis 𝐼 e 𝑉.

3.2.4 – União/Ligação dos Módulos Fotovoltaicos

A maioria das instalações FV precisa de vários painéis interligados para satisfazer as


necessidades energéticas das mesmas, portanto os painéis FV são interligados em série, em
paralelo e de forma mista de modo a obter-se a potência desejada.
Os módulos fotovoltaicos interligados em série constituem o que normalmente se
denomina por fileiras. É importante realçar que na associação de módulos fotovoltaicos devem-
se, sempre que possível, utilizar módulos do mesmo tipo, de forma a minimizar as perdas de
potência no sistema.

Figura 3.9: Representação esquemática da associação de n módulos em série.


Para a configuração da figura anterior, têm-se as seguintes equações:
VT = V1 + V2 + ⋯ + Vn (3.1)
IT = I1 = I2 = I3 = ⋯ = In (3.2)
Em que VT é a tensão aos terminais da associação de módulos, Vi a tensão aos terminais
de cada módulo 𝑖, IT a corrente que circula na associação e Ii a corrente que circula em cada
módulo 𝑖. A ligação de dois ou mais painéis em série produzirá uma tensão igual à soma das
tensões individuais de cada painel, sendo que a corrente fornecida por um painel será a mesma
de todos os painéis. Com efeito, a associação em série de módulos fotovoltaicos permite obter
tensões mais elevadas mantendo a corrente estipulada do módulo.
A ligação em paralelo entre módulos individuais é realizada quando se pretende obter
correntes elevadas e manter o nível de tensão estipulada do módulo, Figura 3.10.

Figura 3.10: Representação esquemática da associação n módulos em paralelo


Analisando a figura anterior têm-se as seguintes equações:
VT = V1 = V2 = ⋯ = Vn (3.3)
IT = I1 + I2 + I3 + ⋯ + In = n × I (3.4)

29
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Na ligação mista entre módulos fotovoltaicos são obtidas as características das duas
associações referidas acima, série e paralelo.
Assim, conseguem-se obter valores mais elevados de corrente e de tensão.

Figura 3.11: Representação esquemática da associação mista de n x m módulos fotovoltaicos


Analisando a Figura 3.11 tem-se o seguinte:
I = I1 = I2 = ⋯ = In (3.5)
ITotal = I1 + I2 + ⋯ + In = n × I (3.6)
V = V1 = V2 = ⋯ = Vn (3.7)
VTotal = V1 + V2 + ⋯ + Vn = m × V (3.8)
Onde:
 𝑛 - Número de fileiras de módulos associados em paralelo;
 𝑚 - Número de módulos associados em série.

3.2.5 – Proteção dos Módulos Fotovoltaicos

Normalmente, nos módulos FV, são instalados díodos para a proteção dos mesmos
contra diversos fenómenos que podem comprometer o funcionamento do campo fotovoltaico
(conjunto de módulos/painéis que constituem o sistema de geração) ou da instalação em geral.
3.2.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras

Para evitar os problemas que uma iluminação solar irregular poderá causar, a presença
de sombras ou outros fatores que fazem com que uma parte das células de um painel trabalhe
em condições diferentes das restantes, recorre-se à utilização de proteções. Os díodos de desvio
(bypass) ligam-se em paralelo com associações de células ligadas em série, para impedir que
todos os elementos da série se descarreguem sobre a célula que estiver coberta ou sombreada.

Através da ligação em série de módulo FV, a célula solar com sombra aquece, podendo
danificar-se; os díodos de bypass têm a função de proteger as células sombreadas, podendo o
painel dispor de um a três díodos de bypass, consoante o número de células. Estes díodos são
instalados nos módulos FV com a polaridade inversa/oposta das células, para que se estas
trabalharem corretamente o díodo não interfere no seu funcionamento. Se um grupo de células
não estiver exposta ao sol, a polaridade é invertida e oferece o caminho mais fácil à passagem
da corrente gerada pelos restantes grupos de células.
30
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Quando há sombreamento de uma célula, o efeito fotovoltaico cessa, fazendo com que
o único caminho para a corrente gerada pelas outras células seja a junção da célula afetada; a
tensão a que a junção da célula afetada fica submetida leva o díodo a operar na região de
polarização inversa, permitindo a circulação de uma corrente igual à corrente de geração das
outras células, dissipando uma grande quantidade de energia. A potência dissipada na junção
inversamente polarizada é dada pelo produto da corrente de geração das outras células e da
tensão inversa negativa.
A seguir, apresenta-se o exemplo de uma configuração típica de um painel com díodos
de bypass; estes díodos são incorporados nas tomadas de caixa de ligações dos módulos FV
pelos fabricantes, Figura 3.12.

Figura 3. 12: Configuração típica de um painel com duas caixas de ligação, uma para o
terminal positivo e outra para o negativo
Na configuração ilustrada na Figura 3.1,2 instala-se um díodo em cada uma das caixas
de ligação. Caso exista sombreamento severo, a corrente circula por um grupo de 1/3 de células
e depois através do díodo, ou seja, 2/3 do painel é interposto no caso de existirem sombras.

Quando existem módulos ligados em paralelo, são utilizados díodos de fileira para evitar
curto-circuitos e correntes inversas entre fileiras, no caso de aparecer qualquer avaria em
alguma das fileiras do sistema FV. Os díodos mais utilizados são do tipo Schottky, no entanto,
se forem utilizados módulos do mesmo tipo, também é comum não serem utilizados os díodos
de fileira; nesta situação, procedesse à colocação de fusíveis de proteção nos dois lados da fileira
de modo a garantir a proteção contra sobreintensidades.
Na Figura 3.13, pode-se observar a configuração dos díodos de fileira de um campo
gerador fotovoltaico.

Figura 3. 13: Representação de díodos de fileiras e bypass.


31
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.2.5.2 – Díodos de Bloqueio

Os díodos de bloqueio são utlizados nas instalações FV para realizar duas funções:
 Evitar que a bateria se descarregue sobre o campo fotovoltaico, durante a noite;
 Bloquear a circulação de correntes inversas de ramos paralelos sombreados durante o
dia.

Na Figura 3.14 ilustra-se a implementação de um díodo de bloqueio, que é ligado entre


o módulo FV e a bateria.

Figura 3.14: Díodo de bloqueio num módulo FV.

3.2.5.2.1 – Díodos de Bloqueio para Evitar Descargas Noturnas das Baterias

Nos sistemas fotovoltaicos com baterias, se não se utilizarem proteções, a bateria poderá
descarregar-se durante toda a noite através dos módulos. Este efeito não seria perigoso para os
módulos, mas originaria uma perda de energia no sistema de armazenamento.

Para evitar estas perdas, colocam-se díodos de bloqueio ligados em série entre o gerador
fotovoltaico e a bateria. Estes díodos permitem a circulação de corrente do campo fotovoltaico
até à bateria durante o dia, mas bloqueiam a circulação no sentido inverso de corrente da bateria
ao campo fotovoltaico.
A Figura 3.15 mostra as curvas de iluminação e de escuridão de um gerador fotovoltaico,
indicando os sentidos de circulação da corrente. Durante a noite, a bateria mantém a sua tensão
de operação e a corrente que passa pelo módulo circulará em sentido oposto.

Figura 3. 15: Curvas de iluminação e de escuridão de um geragor fotovoltaico, indicando


sentidos de circulação de corrente durante o dia e a noite
Para evitar estas perdas, colocam-se díodos de bloqueio ligados em série entre o gerador
fotovoltaico e a bateria. Estes díodos permitem a circulação de corrente do campo fotovoltaico
até à bateria durante o dia, mas bloqueiam a circulação no sentido inverso de corrente da bateria
ao campo fotovoltaico.
32
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

CAPÍTULO 4 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Ao se iniciar os estudos sobre sistemas fotovoltaicos (SFV) é de suma importância o


entendimento básico de fatores climáticos envolvidos neste processo de conversão. As
variações climáticas são decisivas na produção de energia elétrica por sistemas fotovoltaicos, a
exemplo disso, em dias nublados, a conversão de energia é menor devido a menor luminosidade
natural disponível no local de aplicação. A Figura 4.1 exemplifica a relação direta entre as
condições climáticas e a geração fotovoltaica.

Figura 4. 1: Perfis da radiação solar diária


Os sistemas solares fotovoltaicos podem classificar-se em sistemas ligados à rede de
distribuição (On-grid), sistemas isolados (Off-grid) e sistemas híbridos.
Os sistemas fotovoltaicos (FVs) são sistemas energéticos solares que convertem
directamente a energia contida na radiação solar em electricidade; isto é, não existe nenhum
processo intermédio: basicamente os módulos solares captam a energia luminosa – proveniente
da radiação solar – e transformam-na directamente em electricidade. A electricidade produzida
pelos sistemas FVs depende – fundamentalmente – da intensidade da radiação solar (W/m2 ), e
não da temperatura.

O principal componente deste sistema é o módulo fotovoltaico/FV, formado por células


capazes de transformar a energia luminosa incidente em energia eléctrica de corrente contínua.
Os restantes equipamentos incluídos num sistema fotovoltaico dependem em grande medida da
aplicação a que se destinam.

4.1 – Sistemas Isolados

Sistemas isolados ou autónomos são sistemas de produção e de consumo de energia


elétrica sem ligação à rede elétrica pública. Os sistemas autónomos constituíram um dos
primeiros campos de operação da tecnologia fotovoltaica. A utilização deste tipo de sistemas
autônomos é geralmente observada em locais onde não existe fornecimento de energia através
da rede pública de distribuição de energia elétrica por razões técnicas e/ou económicas. Nestes
casos, os sistemas fotovoltaicos autónomos podem constituir alternativas com uma vertente
económica de elevado interesse.

33
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Este cenário vem ao encontro do grande potencial para a implementação dos sistemas
autónomos nos países em vias de desenvolvimento, onde grandes áreas permanecem sem
fornecimento de energia elétrica. Os sucessivos avanços tecnológicos e a redução dos custos de
produção em países industrializados poderão contribuir para a generalização deste tipo de
aplicação.

Figura 4. 2: Sistema fotovoltaico isolado

Estes sistemas além dos painéis e inversores que têm os sistemas ligados à rede,
possuem, dadas as suas especificidades, os seguintes equipamentos:
 Regulador de Carga: Equipamento eletrónico que regula a carga da bateria com a
energia proporcionada pelo módulo fotovoltaico e depois a sua descarga através dos
dispositivos a alimentar;
 Bateria: Equipamento de acumulação da energia elétrica excedente do consumo no
momento da sua produção pelo módulo fotovoltaico.

4.2 – Sistemas Híbridos

Os sistemas híbridos são combinações de sistemas fotovoltaicos com outras fontes de


energia para garantir a carga das baterias na ausência de radiação solar. As fontes de energia
auxiliares podem ser a Diesel, gás ou geradores eólicos. No caso de sistemas de FV/Diesel, o
gerador deverá funcionar quando as baterias atingem a sua carga mínima, deixando de funcionar
quando atingirem um nível aceitável de carga.

Figura 4. 3: Sistema Híbrido


34
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4.3 – Sistemas de Bombeamento de Água

São sistemas projetados especificamente para bombeamento de água de poços, lagos e


rios. O sistema de bombeamento solar dispensa a rede elétrica e o motor Diesel, produzindo
sua própria eletricidade. É eficiente, confiável, necessita de pouca manutenção e resolve o
problema de bombeamento de água com um custo relativamente baixo. Uma característica
favorável ao uso dessa tecnologia refere-se ao casamento perfeito entre a fonte energética, a
radiação solar, e a necessidade de água.

Figura 4. 4: Sistema fotovoltaico de bombeamento de água

4.3.1 - Classificação dos Sistemas de Bombeamento

Quanto à classificação dos sistemas de bombeamento, os sistemas de bombeamento


dividem-se em dois grupos: sistema direto e sistema indireto.

A constituição dos dois tipos difere apenas no uso de baterias pelo sistema indireto,
contudo, com vistas ao menor custo total do sistema, o sistema direto é mais usual, reservando-
se a aplicação indireta apenas quando é necessário realizar o bombeamento em horário sem
insolação. Além disso, o sistema direto pode usar ou não um conversor de potência. A Figura
4.5 apresenta as configurações em ambientes de bombeamento fotovoltaico, as linhas mais
espessas destacam a modalidade mais utilizada.

Figura 4.5: Configurações utilizadas em SFVB


35
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Posso usar o gerador solar com a minha motobomba? O gerador solar gera em corrente
contínua. Para acionar uma motobomba de corrente alternada é preciso instalar adicionalmente
um inversor de frequência variável, pois a motobomba vai trabalhar com maior ou menor
rotação dependendo da quantidade de radiação solar disponível. Existem motobombas que já
vem com este inversor de frequência embutido o que facilita a instalação.

4.3.2 - Bombas Hidráulicas

Define-se bomba como o equipamento responsável pelo deslocamento de fluídos


através do acionamento do motor. É por meio dela que se transfere a energia cinética do eixo
de interligação com o motor para o fluido, aumentando sua pressão e/ou velocidade.
4.3.2.1 - Bombas Centrífugas

Em geral, as bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes
volumes de água (elevadas vazões) e pequenas alturas manométricas (reservatórios superficiais
ou cisternas). Possuem pás ou rotores que giram em alta velocidade, criando pressão e forçando
o fluxo de água.
As características de operação das bombas centrífugas acionadas por motores c.c.
adequam-se razoavelmente bem à saída do gerador fotovoltaico. Assim, pelo fato de partirem
gradualmente e sua vazão aumentar com a corrente elétrica (maiores níveis de irradiância), elas
podem ser conectadas diretamente ao gerador fotovoltaico, sem necessidade de inclusão de
bateria.
Entretanto, um bom casamento entre a bomba e o gerador fotovoltaico é necessário para
um eficiente funcionamento, o que exige um profundo conhecimento das características de
ambos.
O desempenho de uma bomba centrífuga c.c. conectada diretamente ao gerador
fotovoltaico é muito sensível ao valor da radiação solar. Assim, quando o nível de irradiância
se reduz, a corrente do gerador cai e o motor gira mais lentamente. Pequenas mudanças no nível
de irradiância resultam em grandes mudanças na vazão da bomba, podendo também levá-la a
não superar a altura manométrica necessária. Em alguns casos, o bombeamento pode ser
interrompido, até o retorno de níveis de irradiância mais elevados.
Existem duas classes principais de bombas centrífugas: as submersíveis, ou submersas,
e as de superfície.

Figura 4. 6: Vista em corte de uma bomba centrífuga


36
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4.3.2.2 - Bombas Volumétricas

Em geral, as bombas volumétricas, também denominadas de deslocamento positivo, são


adequadas quando se deseja atingir grandes alturas manométricas com pequenos ou moderados
volumes de água. A eficiência das bombas volumétricas aumenta com o aumento da altura
manométrica.

A vazão de água bombeada pelas bombas volumétricas apresenta menor dependência com
a altura manométrica, se comparada com a das bombas centrífugas. Nas bombas volumétricas
a água é bombeada a partir de um mecanismo, em geral um êmbolo, que, com movimentos
sucessivos, força o deslocamento do fluido no sentido do próprio êmbolo. A concordância dos
sentidos dos dois movimentos, água e êmbolo, permitem que estas bombas também sejam
chamadas de bombas de deslocamento positivo.

Controladores eletrônicos (inversores ou conversores c.c.-c.c.): são recomendados


para os outros tipos de bombas; porém, tornam-se mandatórios para as bombas volumétricas.
São eles que ajustam o ponto de operação do gerador fotovoltaico, de modo a fornecer a máxima
corrente para a partida do motor. Estes controladores possuem um dispositivo eletrônico
responsável pela melhor adaptação da potência de saída do gerador com a de entrada da bomba.
Eles permitem a operação para uma extensa faixa de níveis de irradiância, alturas manométricas
e vazões de água, e, além disso, solucionam o problema de partida das bombas volumétricas.
Baterias também podem ser usadas entre a bomba volumétrica e o gerador fotovoltaico,
para fornecer uma tensão estável para partida e operação da bomba. Além disso, permitem a
partida do motor, mesmo quando os níveis de irradiância estiverem baixos. Na maioria das
vezes, os controladores e as baterias não são dimensionados para permitir o bombeamento de
água durante a noite, mas somente para dar estabilidade à operação do sistema.
As bombas volumétricas são geralmente instaladas quando se necessitam vazões na
faixa de 0,3 a 40 m3 /dia e alturas manométricas de 10 a 500 metros.

Figura 4.7: Princípio de funcionamento de diferentes tipos de bomba de deslocamento


positivo: (a) bomba de parafuso, (b) bomba de engrenagns, (c) bomba de lóbulos, (d) bomba
de palhetas e (e) bomba de pistão.

37
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4.3.3 - Motores Eclétricos

Motores elétricos são máquinas destinadas à conversão de energia elétrica em energia


mecânica. São divididos em dois tipos: motores de corrente alternada (c.a.) e motores de
corrente contínua (c.c.).
Tanto os motores c.c. quantos os motores c.a. são indicados para o uso em SFVB. A
descrição sobre as particularidades de cada um esclarece em que condições cada um deles é
melhor aplicado.

 Motores c.c.: as máquinas elétricas classificadas nesta categoria podem possuir escovas
ou não. Motores com escovas necessitam de manutenção mais frequente devido ao
desgaste natural das escovas de grafite, por outro lado, os motores sem escova usam
circuitos eletrônicos que controlam eletroímãs, por isso sua taxa de manutenção é
menor, contudo esses circuitos são mais sujeitos às falhas. São mais eficientes em
comparação os motores de corrente alternada;
 Motores c.a.: são os mais utilizados em todas as aplicações devido ao baixo preço e
facilidade de ser encontrado no mercado, entretanto, precisam necessariamente de um
inversor quando alimentados por módulos fotovoltaicos, isso pode tornar o sistema mais
caro. O tipo mais utilizado é de indução, nesse caso o inversor é projetado para dar a
partida nele e variar a frequência de modo que a tensão de saída do gerador seja
adequada à carga.

Tabela 4. 1: Vantagens e desvantagens de cada tipo de motor


Tipo Motor Vantagens Desvantagens
• Ampla aplicação, • Inversor aumenta custo do
principalmente grades sistema e ricos de falhas
Corrente Alternada potências • Menos eficiente do que motores
• Mais barato do que os CC
motores CC.
• Simples e eficiente, • Trocas periódicas das escovas
Corrente Contínua principalmente para
com escovas pequenas potências
Corrente Contínua • Mais eficiente • Mecanismo eletrónico aumenta
sem escovas • Pouca manutenção custo e os riscos de falha

4.4 – Vantagens e Desvantagens Sistemas Fotovoltaicos

As principais vantagens que caracterizam os sistemas fotovoltaicos quando comparados


com os sistemas de produção de eletricidade convencionais, são:
 Fiabilidade: mesmo em condições severas os sistemas fotovoltaicos apresentam grande
fiabilidade;
 Duração: A maioria dos fabricantes garante pelo menos 25 anos como vida útil dos
módulos fotovoltaicos;
38
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Baixo custo de manutenção: os sistemas fotovoltaicos apenas requerem inspeções


periódicas e manutenção ocasional, portanto os custos são mais baixos se comparados
aos sistemas convencionais;
 Ausência de custos com o combustível: como estes sistemas utilizam a energia
proveniente da radiação solar, não existem custos associados a combustível;
 Poluição sonora reduzida: os sistemas fotovoltaicos não produzem ruído, mesmo no
caso dos sistemas com seguidores solares;
 Modularidade: pode-se aumentar a produção de eletricidade adicionando módulos
fotovoltaicos ao sistema instalado;
 Segurança: os sistemas fotovoltaicos não utilizam combustíveis fosseis e são seguros
quando dimensionados e instalados de forma adequada.

As principais desvantagens que caracterizam os sistemas fotovoltaicos são:


 Custo inicial: o custo inicial dos sistemas fotovoltaicos é elevado, logo cada solução
fotovoltaica deve ser corretamente avaliada e comparada com alternativas existentes;
 Disponibilidade da radiação solar: As condições climatéricas afetam o desempenho dos
sistemas fotovoltaicos condicionando assim a escolha de qualquer solução a
implementar;
 Armazenamento de energia: alguns sistemas fotovoltaicos necessitam de baterias para
armazenar energia, aumentando deste modo a dimensão, o custo e a complexidade do
sistema;
 Eficiência: quando se necessita de um sistema fotovoltaico com custo de produção de
energia elétrica otimizado, exige a utilização de equipamentos com eficiências elevadas.
Esta condição impõe muitas vezes que seja necessário substituir equipamentos
existentes por outros mais eficientes;
 Informação: os sistemas fotovoltaicos são ainda uma tecnologia nova em países em vias
de desenvolvimento onde poucas pessoas conhecem o seu potencial de aplicação.

39
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

CAPÍTULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS

5.1 – Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica Isolada

O rigoroso dimensionamento de uma instalação FV será a base fundamental para o bom


funcionamento da mesma, e também para a garantia da sua longevidade; os sistemas FV
isolados/autónomos utilizam baterias, e as mesmas sofrem grandes perdas devido ao processo
de carga/descarga.

Um dos aspetos mais importantes no dimensionamento de instalações FV isoladas é


conhecermos a carga ou o perfil de carga de consumo que irá beneficiar da instalação FV
isolada/autónoma; portanto, neste caso de estudo devido à ausência de dados de perfil de carga
do local, mas conhecendo as suas necessidades energéticas, fez-se uma pesquisa rigorosa de
dados reais de perfil de carga de habitações exemplificadas em, ajustados consoante o perfil ou
as necessidades do local em estudo.

Os componentes ou elementos que constituem uma instalação fotovoltaica


isolada/autónoma representam-se na Figura 5.1.

Figura 5. 1: Esquema típico de uma instalação fotovoltaica isolada


Na representação da figura 5.1 é esquematizada a constituição de uma instalação
fotovoltaica isolada. Relativamente ao bloco de carga de corrente contínua (DC), dever-se-á
referir que nem sempre este estará presente na instalação, pelo que somente em alguns casos
teremos que incluir a ligação do regulador de carga para a carga DC. Já no que diz respeito ao
bloco do inversor, na maioria dos casos este estará presente, já que normalmente as cargas
existentes são de corrente alternada (CA). Assim sendo, iremos escolher os componentes da
nossa instalação para alimentar a carga.

5.1.1 – Escolha do Painel/Módulo Fotovoltaico

No capítulo 3, já se abordou a generalidade dos painéis/módulos fotovoltaicos (PFV);


nesta subsecção iremos focar-nos na escolha ou seleção do PFV que irá ser considerado para a
nossa instalação.

40
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Para este estudo escolheu-se o PFV da marca SHARP modelo ND-R250 A5, por
oferecer preço acessível no mercado, por oferecer garantia de produto de 10 anos, garantia de
desempenho linear de 25 anos, mínimo de 96 % da saída da energia mínima especificada
durante o primeiro ano e pela redução anual máxima de 0,667 % da produção de energia para
os 24 anos seguintes. A Tabela 5.1 ilustra as principais características elétricas do módulo FV
SHARP ND R-250 A5, em condições STC. A Tabela 5.2 ilustra as principais características
elétricas do mesmo módulo, em condições NOTC.

Tabela 5.1: Principais caracteristicas do módulo FV SHARP ND-R250 A5 em STC (Standard


Test Conditios).
Parâmetros Símbolos Unidades Valores
Potência máxima Pmáx Watt pico [Wp] 250
Tensão em máxima potência Vmp Volt [V] 30.9
Corrente em máxima potência Imp Ampère [A] 8.10
Tensão de circuito-aberto V Volt [V] 37.6
Corrente de curto-circuito Isc Ampère [A] 8.68
Eficiência do módulo FV ղ % 15.2

Tabela 5.2: Principais caracteristicas eléctricas do módulo FV SHARP ND-R250 A5 em


NOCT (Nominal Operating Cell Temperature).
Parâmetros Símbolos Unidades Valores

Potência máxima Pmáx Watt pico [Wp] 182.2


Tensão máxima Vmáx Volt [V] 27.7
Tensão de circuito-aberto Voc Volt [V] 36.7
Corrente de curto-circuito Isc Ampère [A] 7.0
Nominal Operating Cell NOTC Graus Celsius [ᵒC] 47.5
Temperature

5.1.2 – Regulador de Carga

O regulador de carga monitora constantemente a tensão acumulada na bateria. Quando


a bateria atinge o valor de saturação o regulador de energia interrompe o carregamento. Este
processo é feito ao abrir um circuito entre o módulo FV e a bateria. Assim que a bateria comece
a descarregar, o regulador reconecta o gerador à bateria e recomeça o ciclo; este dispositivo tem
a função de proteger as baterias contra descargas profundas e sobrecargas.

O regulador de carga também impede que a bateria continue a receber carga do campo
gerador fotovoltaico uma vez este tenha alcançado a sua carga máxima, o que previne que a
bateria se venha a deteriorar por meio da gaseificação ou aquecimento, o que encurta a sua vida
útil. A maioria dos reguladores permite inicialmente que toda a corrente produzida, pelo campo
gerador fotovoltaico, passe para a bateria. Assim, quando a bateria se aproxima do seu estado
final de carga, fornecem-se correntes intermitentes para manter a bateria num estado de
“flutuação”.

41
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Além disso, alguns reguladores sobrecarregam a bateria periodicamente (cargas de


compensação) para homogeneizar todas as células ou elementos e diminuir a estratificação do
eletrólito.

Numa instalação FV, o regulador é selecionado em função da tensão do sistema e da


corrente de curto-circuito do campo gerador fotovoltaico em condições normais de operação,
aplicando-se um fator de segurança, normalmente de 1.25, já que em algumas circunstâncias a
irradiância pode ultrapassar os 1000 W/m2 . Além disso, o regulador também tem a função de
interromper o fornecimento de energia às cargas externas sempre que é atingida a profundidade
de descarga máxima da bateria.

A maior parte dos reguladores de carga permite o ajuste das tensões de regulação para
adequar os níveis de corte ao tipo de bateria utilizado na instalação fotovoltaica, estes ajustes
devem ser realizados por pessoal qualificado e não deverão estar acessíveis ao utilizador.

Todos os reguladores de carga modernos dispõem de um amperímetro, de um voltímetro


e de um sensor de temperatura que regula automaticamente o valor máximo da tensão de carga,
possuindo ainda um díodo de bloqueio, que impede que a corrente saia da bateria no sentido
dos módulos FV. Como durante a noite a tensão na bateria pode ser superior à do campo gerador
fotovoltaico, o díodo evita assim a circulação de correntes inversas.

A Figura 5.2 mostra um regulador de carga típico.

Figura 5. 2: Regulador de carga.


Os reguladores de carga utilizam uma tecnologia chamada de PWM (Pulse Width
Modulation), para manter a bateria na carga máxima e minimizar a sulfatação de baterias,
através da aplicação de pulsos de tensão de alta frequência; ainda, podem incluir tecnologias de
MPPT (Maximum Power Point Tracking), para extrair a máxima energia possível de um
módulo solar, através da alteração de sua tensão de operação para maximizar a potência de
saída, de modo que a bateria possa ser carregada até atingir a sua capacidade máxima.

5.1.2.1 - Tipos de Reguladores

Em função do sistema fotovoltaico e mediante os propósitos da instalação, os


reguladores podem ser:

 Regulador série;
 Regulador paralelo ou shunt;
 Regulador MPPT.
42
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.2.1.1 - Regulador Série

Na Figura 5.3 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador série.

Este regulador tem esta designação pelo facto de o interruptor de controlo eletrónico S1
ficar em série como gerador fotovoltaico, Figura 5.3. Quando atingida a tensão máxima, o
controlador interrompe a entrega da potência por parte dos módulos FV através do controlo S1,
que pode ser um relé ou um semicondutor, evitando desta forma a sobrecarga, voltando a ligar-
se quando a tensão da bateria diminui.

Este regulador também inclui outro interruptor entre a bateria e a carga, S2, que evita a
descarga da mesma, cortando o abastecimento de energia quando se alcança a tensão de corte
por descarga profunda. Este é utilizado em instalações onde se aplicam intensidades mais
elevadas.

As tensões de operação são normalmente na ordem dos 12, 24 e 48 V. A sua principal


vantagem reside no facto de ser muito utilizado em sistemas de grandes potências.

Figura 5. 3: Regulador série

5.1.2.1.2 - Regulador Paralelo ou Shunt

Na Figura 5.4 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador paralelo ou shunt.

O regulador paralelo funciona por dissipação do excesso de energia através de um


transístor ou de um MOSFET, colocado em paralelo com o sistema de baterias. Normalmente,
este tipo de reguladores traz um bom dissipador térmico, possuindo um díodo de bloqueio para
evitar as correntes inversas. É utilizado em sistemas autónomos de pequenas potências, pois na
presença de valores elevados de potência ter-se-ia que recorrer a dissipadores térmicos maiores,
obrigando a instalar sistemas de refrigeração, levando assim à diminuição da fiabilidade dos
equipamentos e aumentando os custos da instalação.

Analisando a Figura 5.4, verifica-se que este regulador fica com o interruptor de
controlo S1 em paralelo com o gerador FV, e daí a designação de paralelo. Quando a tensão
aos terminais da bateria atinge o valor de tensão de sobrecarga Vsc , o regulador desvia parte da
corrente que chega à bateria ao invés de a interromper, deixando passar apenas uma quantidade
de corrente que evita a auto-descarga.

43
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

A tensão da bateria mantém-se num valor equivalente à carga de flutuação, permitindo


uma carga mais completa das baterias e um melhor aproveitamento da energia que o campo
gerador FV produz. Neste regulador e no anterior, o interruptor S2 vai preservar a bateria, isto
é, vai controlar a corrente que se dirige para a carga.

Quando anoitece, o regulador shunt permite que os módulos FV fiquem em curto-


circuito, evitando correntes inversas vindas do mesmo. Uma vez alcançada a tensão de corte
por sobrecarga, o gerador fotovoltaico entra em curto-circuito através do dispositivo de
dissipação, e o resto da corrente consome-se como corrente de curto-circuito no campo gerador
FV, transformando-se em calor.

Figura 5.4: Regulador paralelo ou shunt

5.1.2.1.3 - Regulador MPPT

Na Figura 5.5 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador MPPT.

Quando a radiação solar diminui nos módulos FV, a tensão nos módulos também baixa.
Os reguladores estudados até agora não permitiam aproveitar a energia produzida pelos
módulos FV (embora em pouca quantidade) e, sendo assim, o ponto de máxima potência (MPP,
visto atrás), não seria alcançado. Este regulador permite aproveitar a energia produzida do
gerador FV, situando o ponto de funcionamento na máxima potência, mantendo um valor de
tensão superior ao da bateria que, desta forma, irá carregar. Trata-se de um regulador que não
desperdiça energia. Por outro lado, e de modo a efetuar esta operação, o regulador necessita
também de um conversor DC/DC que ajuste o valor da tensão e procure o MPP.

Conversores DC/DC: consistem em um dispositivo electrónico que converte a potência


de entrada a tensão contínua, em potência de saída a tensão contínua mas diferente. Esta pode
ser uma tensão maior ou menor do que a de entrada. Existem três topografias de conversores
DC/DC que são: Conversor redutor, o conversor elevador de tensão e conversor redutor-
elavador.

Figura 5. 5: Regulador MPPT


44
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

A regulação é efetuada pelo regulador MPPT no conversor que, a intervalos de tempo


especificados, percorre a curva característica I-V do gerador fotovoltaico e determina qual o
ponto de máxima potência.

O conversor DC/DC é então regulado para a máxima potência disponível do gerador


FV, ajustando por outro lado o sinal de saída em função da tensão de carga da bateria. Este tipo
de conversores já vem incluído no interior do próprio regulador. Este regulador só é utilizado
para potências superiores a 200 W.

Figura 5. 6: Exemplo de um esquema de ligações de um regulador num sistema FV com


cargas

5.1.3 - Inversores

Os módulos FV transformam a radiação solar incidente sobre a sua superfície em


energia elétrica de corrente continua (DC), a qual pode alimentar diretamente cargas DC, por
exemplo motores de corrente continua, iluminações a corrente contínua, etc. A maior parte das
cargas a alimentar ou cargas de consumo são de corrente alternada (AC), portanto, a produção
de energia através de módulos FV na sua maioria tem como objetivo alimentar ou suprir cargas
AC, para isso precisamos de um dispositivo importantíssimo nos sistemas FV, o inversor que
converte a corrente contínua em corrente alternada e ajusta a tensão e a frequência à carga que
desejamos satisfazer. O símbolo do inversor está mostrado na Figura 5.7 e a ilustração das
ligações de um inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado pode ser
encontrada na Figura 5.8.

Figura 5.7: Simbologia elétrica de um inversor

45
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Figura 5.8: Inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado.


Nas instalações fotovoltaicas autónomas, o inversor liga-se diretamente aos terminais
da bateria. Estes inversores são geralmente monofásicos a 50 Hz, com tensões nominais de
entrada de 12 ou 24 V e com um leque amplo de potências disponíveis, desde alguns watts até
vários quilowatts.

5.1.3.1 - Inversores DC-AC para Sistemas Autónomos

O inversor, Figura 35, liga-se diretamente aos terminais da bateria, uma vez que as
correntes solicitadas são geralmente demasiado elevadas para o regulador de carga
(especialmente no arranque de uma carga de 230 V). A ligação direta com a bateria implica que
o inversor possua um sistema integrado de controlo de profundidade de descarga.

Figura 5. 9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas
Os inversores deverão estar obrigatoriamente identificados com a seguinte informação:

 Potência nominal [VA] ou [W];


 Tensão nominal de entrada [V];
 Tensão Frequência nominal de saída [Hz];
 Fabricante e número de série;
 Polaridade e terminais.

5.1.3.2 - Classificação dos Inversores Autónomos

Os inversores autónomos podem classificar-se em função da forma de onda da tensão


de saída:

46
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

 De onda quadrada: São os mais baratos, sendo que a onda de saída tem um grande
conteúdo harmónico indesejado que gera ruídos e perdas da potência. Não regulam bem
tensão de saída. De referir que este inversor não deve ser utlizado em sistemas FV
isolados, onde possam existir cargas que não são puramente resistivas;

 De onda modificada ou semi-sinusoidal: A sua utilização está bastante generalizada,


dado que são os que oferecem melhor relação qualidade-preço. Embora a sua saída não
seja uma onda sinusoidal pura, aproxima-se bastante da mesma. Podem alimentar quase
todos os tipos de cargas, embora não se recomende a sua utilização para aparelhos
eletrónicos delicados. Apresentam uma distorção harmónica em torno dos 20% e os seus
rendimentos são superiores a 90%;

 De onda sinusoidal (semelhante à onda da rede elétrica): São os que utilizam à saída
uma forma de onda sinusoidal pura. São indicados para trabalhar com aparelhos
eletrónicos sensíveis e atualmente estão a impor-se sobre o resto dos inversores,
incluindo para aplicações mais simples. Não apresentam problemas em relação à
distorção harmónica ou estabilidade de tensão e o seu custo é maior que o dos inversores
de onda quadrada ou de onda modificada.

A Figura 5.10 ilustra as diferentes formas de onda de tensão de saída dos inversores
aqui descritos.

Figura 5. 10: Formas de onda de inversores fotovoltaicos autónomos.

5.1.4 – Dispositivos de Protecção

5.1.4.1 - Fusíveis
Fusíveis são dispositivos de proteção, utilizados para proteger contra sobrecorrentes
(curto-circuito) e sobrecarga de longa duração. São constituidos por um conductor de secção
reduzida (elo fusível) em relação aos conductores da instalação, montados numa base de
material isolante.

47
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Funcionamento
O fusível é um elo de ligação por onde passa a corrente, ele aquece se a variação da
corrente for acima do padrão para o qual foi projectado. Quando ocorre sobrecorrente, o elo
fusível aquece devido a sobrecorrente e o mesmo se funde, interrompendo a passagem de
corrente eléctrica, evitando assim danos à instalação e aos equipamentos.

Por esta razão é sempre muito importante que a capacidade dos fusíveis seja sempre
bem dimensionada. Porque se ele não queimar por excesso de carga, poderá queimar a fiação
do circuito, ou os aparelhos ligados a ele, com risco de provocar incêncio.

Nas residências, ainda existem algumas instalações em que os fusíveis estão localizados
no quadro de distribuição ou junto ao padrão, também conhecido como relógio medidor. No
quadro de distribuição existem outros dispositivos de proteção como por exemplo, o DPS e o
IDR. Instalados antes destes dispositivos, os fusíveois também conseguem fazer a proteção
deles, assegurando que funcionem de maneira correcta.
Características:

 Corrente nominal: Valor de corrente que o circuito deve suportar continuamente sem
se fundir. Essa corrente geralmente vem expressa no corpo do fusível.
 Corrente de ruptura: Valor máximo de corrente que o fusível consegue interromper.
 Corrente convencional de atuação: Valor específico de corrente que provoca a
atuação do dispositivo de proteção dentro de um tempo determinado.
 Curva caracteristica: Apresenta a relação entre o tempo necessário para interrupção
em função de corrente.

De acordo com o tempo de actuação, podem ser classificados como rápidos ou


retardados. Os fusíveis retardados são usados na proteção de motores, devido ao pico de
corrente na partida.

 Elo fusível: O tempo que o mesmo leva para fundir é proporcional ao quadrado da
corrente aplicada e da inércia térmica do material empregado ao elo. Por isto, a variação
do material utilizado interfere na velocidade de ação do fusível. Ele pode ser muito
rápido, rápido, média, lenta ou muito lenta.

5.1.4.1.1 - Fusível Cartucho

São componentes destinados à proteção de circuitos eléctricos. O fusível tipo cartucho


possui baixo calor aquisitivo, a sua base possui a caracteristica de se adequar à fusíveis com
várias capacidades de corrente nominal, o que coloca a instalação em risco caso esta
substituição seja feita de forma incorrecta.

48
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Fusível do tipo gPV


São componentes amplamente utilizados em Strings de módulos fotovoltaicos fornecendo
proteção contra curto-circuitos ou correntes reversas. Portanto são componentes capazes de
realizar à proteção de circuitos eléctricos.

Figura 5. 11: Fusível 10x10 gPV para protecção fotovoltaica

Tabela 5. 3: Características Eléctricas - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6,
NFC 63210
Corrente Nominal 1 a 32 A
Tensão Máxima 1000 Vcc
Capacidade de interrupção 30 KA

Figura 5. 12: Base/Chave tipo BCF5238 para Fusível 10x38

Tabela 5. 4: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL 2579, DIN 43620


Corrente Nominal (In) 1 a 32 A
Tensão Máxima 1000 Vcc
Fusível categoria gPV (Sistemas fotovoltaicos) Utilizado para
atuação contra sobrecargas
Conductor de Conexão 4 – 18 mm2
Dimensões 10×38
Perda 5W
Categoria de utilização DC-20B

49
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Figura 5.13: Fusíveis - gPV - Para protecção de módulos fotovoltaicos

Tabela 5. 5: Características Eléctricas Fus. 10/14x85 - Conforme Norma DIN VDE 0636-6,
IEC 60269-6, NFC 63210
Corrente Nominal 1 a 32 A / 40A 45A 50A
Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Capacidade de Interrrupção 30 KA

Figura 5. 14: Base/Cahve tipo BCF5237


Para Fusível 10×85 Para Fusível 10/14×85

Tabela 5. 6: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL269-6, UL 3579, DIN 43620
Corrente Nominal 1 a 60 A
Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Fusível Categoria gPV
Conductor de Conexão 4 - 18 mm2
Perda 8W
Classe de Utilização DC - 20B

50
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.5 - Disjuntor

O disjuntor é um dispositivo eletromecânico que tem a função de proteger a instalação


eléctrica de danos que se originam de curtos circuitos e ou descargas.

Figura 5. 15: Linha de disjuntores Schneider Easy9

5.1.5.1 - Factores de Influência na Selecção do Disjuntor Adequado

5.1.5.1.1 - Factores de Influência Gerais

Os pré-requisitos gerais para a selecção de um disjuntor são estabelecidos por normas e


por disposições nacionais específicas. Em seguida são identificados os factores de influência
gerais que têm de ser tidos em conta quando da selecção de um disjuntor adequado.

Influências sobre a capacidade do cabo em termos de transporte de corrente:

 Tipo de cabo utilizado: A capacidade do cabo utilizado em termos transporte de


corrente depende da selecção, do material e do tipo de cabo (isolamento, número de
condutores, etc). Por isso, o disjuntor tem de limitar a corrente para que esta não seja
excedida.
 Temperatura ambiente do cabo: Uma temperatura ambiente elevada no cabo origina
uma diminuição da capacidade de transporte de corrente.
 Tipo de assentamento do cabo: Se o cabo for assentado, por exemplo, em material
isolante, a sua capacidade de transporte de corrente diminui. Quanto pior for a
dissipação de calor do cabo, menor é a sua capacidade de transporte de corrente.
 Acumulação de cabos: Se os cabos forem assentados muito juntos, aquecem-se
mutuamente. O aquecimento dos cabos reduz a sua capacidade de transporte de corrente.

Outras influências sobre o dimensionamento:

 Aquecimento mútuo de disjuntores: Se os disjuntores forem alinhados demasiado


juntos, aquecem-se mutuamente. Se o aquecimento for demasiado, eles disparam
mesmo abaixo da sua corrente nominal.
51
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

 Temperatura ambiente do disjuntor: Um aumento da temperatura ambiente do


disjuntor limita a dissipação de calor. Por conseguinte o disjuntor dispara a uma corrente
inferior à sua corrente nominal.
 Selectividade: Fusíveis/disjuntores seguidos têm de estar conjugados de forma a evitar
disparos inadvertidos de dispositivos de proteção localizados a montante.
 Tipo de aparelho ligado: Conforme o comportamento de arranque do aparelho ligado,
as características têm de ser diferentes para evitar disparos desnecessários.

5.1.5.1.2 – Factores de Influência Específicos dos Sistemas Fotovoltaicos

Em Sistemas Fotovoltaicos, alguns factores de influência acima mencionados podem ter


mais importância na selecção de disjuntores do que em instalações comuns. Em seguida são
referidos alguns factores de influência específicos de sistemas fotovoltaicos que tem de ser
considerado na selecção de um didjuntor adequado:

 Temperatura ambiente do cabo

Em sistemas fotovoltaicos é frequente o assentamento de cabos no exterior (sistemas


em terrenos abertos, sistemas em telhados planos, etc.). Nesses locais, presume-se que a
temperatura ambiente seja mais elevada do que dentro de edifícios. O aumento da temperatura
ambiente reduz a capacidade de transporte de corrente.

 Temperatura ambiente do disjuntor

O distribuidor em que está instalado o disjuntor pode aquecer mais do que é habitual em
instalações comuns. Uma vez que as distribuições eléctricas em sistemas fotovoltaicos são
frequentemente estabelecidos fora de edifícios, é necessário contar com a temperatura mais
elevadas no distribuidor.

Os dados relativos ao factor de redução desta influência são indicados nos dados
técnicos do disjuntor.

 Tipo de aparelho ligado

A característica aplicável ao respectivo inversor deve ser consultada no manual de


instalação. As propriedades d selecionamento de carga de um disjuntor podem ser utilizados
para separar o inversor sob carga da rede.

Um fusível roscado, poer exemplo, Diazed (sistema D) ou Neozed (sistema D0), não é
seccionador de carga e, portanto, pode ser usado como protecção de cabo, mas não como
dispositivo seccionador de carga. O fusível pode danificar-se durante a separação sob carga ou
a sua função pode ser prejudicada em devido o desgaste dos contactos.

Não é permitido ligar qualquer equipamento consumidor adicional entre o disjuntor e o


inversor.

52
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.6 – DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos)

O DPS é um dispositivo destinado a limitar as sobretensões transitórias (chamado


alternador de tensão ou supressor de surto) ou a desviar corrente de surto (chamado comutador
de tensão ou curto-circuitante).
5.1.6.1 - Definições

Função

Os Dispositivos de Protecção de Surto (DPSs) foram desenvolvidos para proteger o


sistema eléctrico e aplicações contra sobretensões e impulsos de corrente, assim como contra
descargas atmosféricas e chaveamentos.

O transiente de tensão é um pico de tensão transitória (menor que um milissegundo)


cuja amplitude pode ser de algumas dezenas de vezes maior que a nominal.

Equipamentos eléctricos e electrónicos são capazes de trabalhar até um determinado


valor de sobretensão, de acordo com o nível de isolação dielétrica que o equipamento foi
projectado. Esta isolação pode variar de algumas centenas de volts para motores eléctricos. Se
a tensão ultrapassar o valor que este equipamento pode trabalhar, a isolação é rompida e uma
corrente

O DPS é instalado entre a linha e o terra (sistema TN) e, assim, limita a diferença de
potencial durante em transiente de tensão. Os Dispositivos de Protecção de Surto possuem pelo
menos um componente não linear. Durante a operação normal do sistema (ausência de surtos),
o DPS não influência no sistema, pois actua como um circuito aberto, porém quando ocorre
um surto, em alguns nanossegundos, o DPS reduz a sua impedância interna e conduz o surto
de corrente limitando a tensão máxima a um valor admissível aos equipamentos a jusante. Após
o surto se extinguir o DPS recompõe o valor de impedância inicial e se comporta como um
circuito aberto.

Figura 5.16: DPSs.

53
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO


XANGONGO

6.1- Proposta do Dimensionamento do Sistema de Bombeamento

6.1.1 - Estimativa de Consumo de Água

A primeira etapa em um projeto de SBFV é a estimativa do consumo diário de água,


sendo equivalente ao consumo de energia elétrica em um projeto para eletrificação. Essa etapa
é imprescindível para o correto dimensionamento do sistema de geração, especificação da
bomba,reservatórios e tubulações.

O bombeamento pode ser utilizado para diversos fins, como o fornecimento de água
paraconsumo humano ou irrigação para cultivos. Cada finalidade, assim como as características
de uso próprias de cada local, apresenta necessidades variadas. Quando não se dispõe de um
valor exato de consumo de água, uma alternativa que fornece bons resultados é a utilização de
informações de consumo por atividade, como mostrado na Tabela 6.1. Vale ressaltar que a
necessidade de água para cultivo pode variar bem mais que as necessidades humana e animal,
em função do clima, tipo de solo, etc. Sugere-se maior cuidado na utilização dos dados para
cultivo disponíveis em tabelas, recomendando-se um estudo criterioso anterior à etapa de
projeto.

Tabela 6.1: Estimativa diária do consumo de água para diversas utilizações


Consumo humano litros/(pessoa.dia)
Consumo 15
Higiene 55
Consumo animal litros/(cabeça.dia)
Gado Bovino 40
Caprinos 5
Suínos 15
Cultivo litros/(10m2.dia)
Milho 50
Feijão 48
Cana-de-Açucar 30

Supondo a necessidade de um sistema para suprir o consumo de uma residência rural


composta por 4 pessoas, além de uma criação de 20 animais (dentre os quais 10 Bovinos, 4
Caprinos e 6 Suínos) e ainda 3 hortas (Milho, Feijão e Cana-de-Açucar) com cada 10m2 de área,
a demanda diária total (Q) seria, então, de:

Q = C. Humano + C. Animal + Cultivo


Q = (4x70 L / dia) + [(10x40 L / dia)+(4x5 L / dia)+(6x15 L / dia)] + [(50+48+30) L / dia]
Q = (280 + 510 + 128) L / dia
Q = 918 L / dia

54
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Sabendo-se que 1.000 L de água correspondem a 1 m3 , a vazão calculada acima pode


também ser expressa como 0,918 𝐦𝟑 /dia.

A capacidade de armazenamento do sistema, ou o tamanho do reservatório, deve ser


proporcional ao número de dias de autonomia solicitado pelo usuário, de forma análoga aos
sistemas para eletrificação.

Considerando dois dias de autonomia, a capacidade mínima do reservatório seria de


2.000 L. Vale ressaltar que no mercado os reservatórios disponíveis encontram- se normalmente
em faixas de capacidade de 250, 500, 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 L etc.

Dados

V = 2000 L = 2m3
T = 30 min = 0,5 h = 1800 s

V 2000 L 2 𝑚3 𝟑
Q= → Q= = 𝟒𝟎𝟎𝟎 𝑳⁄𝒉 𝐨𝐮 Q= = 𝟎, 𝟎𝟎𝟏 𝒎 ⁄𝒔
T 0,5 h 1800 𝑠

6.1.2 – Dimensionamento do Sistema de Geração

Para uma melhor compreensão das etapas de dimensionamento descritas a seguir, a


Figura 6.1 apresenta um esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de
superfície, sendo em seguida definidos os conceitos relacionados aos parâmetros de interesse.

Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus
acessórios.
Sabendo-se a vazão necessária para encher o reservatório, podemos assim determinar o
diâmetro de tubagem. A formula mais utilizada para chegar-se as diâmetros de tubo é a fórmula
de Bresse, expressa por:
Dados
Q = 0,001 m3 /s
k = 1,0
55
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

D = k√Q → 𝐷 = 1,0 . √0,001 → 𝐷 = 0,032 𝑚 → 𝑫 = 𝟑𝟐 𝒎𝒎

Está equação calcula o diâmetro da tubulação de recalque, na prática, para a tubulação de


sucção adopta-se um diâmetro comercial superior. Isto é: 𝐃𝐬𝐮𝐜 > 𝐃𝐫𝐞𝐜

Sabendo que o diâmetro da tubulação de sucção é superior ao de recalque. Portanto, para o


diâmetro de tubulação de sucção adoptou-se: 𝐃𝐬𝐮𝐜 = 𝟑𝟖 𝐦𝐦.

Definição das alturas citadas na Figura 6.1:

 Nível estático (A): distância entre o nível do solo e o nível da água em repouso (nível
estático). Afogamento = A – 0,30 𝐦 = (𝟎, 𝟕𝟎 − 𝟎, 𝟑𝟎) 𝐦 = 𝟎, 𝟒𝟎 𝐦;

 Altura geométrica de sucção (S): é medida em metros, e se trata da distância entre a


ponto do tubo de sucção até o bocal da motobomba. 𝐒 = (𝟐, 𝟒𝟎 − 𝟎, 𝟒𝟎) 𝐦 = 𝟐, 𝟎𝟎 𝐦;

 Altura geométrica de recalque (𝐇𝐫 ): é medida em metros, e se trata da distância entre


o local de secção da bomba de água até a saída da tubulação de descarga. 𝐇𝐫 =
(𝟏, 𝟎𝟎 + 𝟓, 𝟎𝟎) 𝐦 = 𝟔, 𝟎𝟎 𝐦;

 Altura geométrica total (H): soma da altura geométrica de sucção e de recalque. H =


𝐒 + 𝐇𝐫 = (𝟐, 𝟎𝟎 + 𝟔, 𝟎𝟎) 𝐦 = 𝟖, 𝟎𝟎 𝐦.

A etapa seguinte é a definição da altura manométrica (𝐇𝐦 ), dada em metros, que


corresponde à altura geométrica total somada à perda de carga nas tubulações (𝐇𝐭 ), dada em
metro. Tal perda varia em função da vazão requerida, do material de fabricação e dos diâmetros
das tubulações e são normalmente fornecidos pelos fabricantes dos tubos e conexões. Valores
típicos podem ser encontrados na Tabelas 6.2.

Hm = H + Ht

Tabela 6.2: Perda de carga em tubulações de PV


Perdas de carga (perda equivalente em metros de altura manométrica para
cada 100 m de tubulação)
Vazão Diâmetro interno da tubulação (mm)
(L/h) 19 26 32 38 50 63 75
500 1,15
1.000 4,65 1,15 0,23
2.000 22,40 5,30 1,43 0,55
3.000 9,90 2,50 1.00 0,50 0,18
4.000 16,25 4,55 2,00 0,83 0,38 0,14
5.000 6,45 2,60 1,15 0,48 0,17
6.000 9,25 4,30 1,55 0,58 0,20
7.000 12,85 5,45 2,00 0,68 0,25
8.000 16,60 7,50 2,50 0,90 0,30
9.000 9,45 3,05 1,13 0,40
10.000 12,50 4,25 1,40 0,58
56
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Para determinar à perda de carga nas tubulações, utilizou-se a seguinte equação:

Lts . Pts + Ltr . Ptr


Ht =
100

Dados

 𝐋𝐭𝐬 : Comprimento da tubulação de sucção (m). 𝐋𝐭𝐬 = (𝟐, 𝟎𝟎 + 𝟐, 𝟎𝟎) 𝐦 = 𝟒, 𝟎𝟎 𝐦;

 𝐏𝐭𝐬 : Perda na tubulação de sucção em função do diâmetro e da vazão (m). 𝐏𝐭𝐬 = 𝟐, 𝟎𝟎;

 𝐋𝐭𝐫 : Comprimento da tubulação de recalque (m). 𝐋𝐭𝐫 = (𝟏, 𝟎 + 𝟐𝟎, 𝟎𝟎 + 𝟓, 𝟎𝟎) 𝐦 =


𝟐𝟔, 𝟎𝟎 𝐦;

 𝐏𝐭𝐫 : Perda na tubulação de recalque em função do diâmetro e da vazão (m). 𝐏𝐭𝐫 = 𝟒, 𝟓𝟓.

4,00 . 2,00 + 26,00 . 4,55 8,00 + 118,3


Ht = → Ht =
100 100

126,3
Ht = → 𝐇𝐭 = 𝟏, 𝟐𝟔 𝐦
100

Sendo o valor da altura geométrica total (H) igual a 6,10 m, e a perda de carga nas
tubulações (Ht ) igual a 0,342 m, tem-se:

Hm = (8,00 + 1,26) m → 𝐇𝐭 = 𝟗, 𝟐𝟔 𝐦

Potência da Bomba
A potência recebida pela bomba, potência esta fornecida pelo motor que aciona a
bomba, é dada pela seguinte expressão:
Dados
 P-?
 𝛄: Peso específico do líquido a ser elevado (H2 O − 1000 kgf/m3 )
 Q = 0,001 m3 /s
 Hm = 7,25 m
 ηb = 0,5 (É o coeficiente de rendimento global da bomba que depende basicamente
do porte e características do equipamento)

γ . Q . Hm 1000 . 0,001 .9,26 9,26


PCV = → PCV = → PCV = → 𝐏𝐂𝐕 = 𝟏⁄𝟒 𝐜𝐯
75 . ηb 75 .0,5 37,5

57
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Para este sistema convém trabalhar com potências acima do valor estipulado. Para este
caso, usaremos a bomba de 𝟏 𝐜𝐯.

A energia hidráulica mínima necessária pode, então, ser calculada, resultando em:

Dados

 𝑬𝒉 - ?
 𝒈 = 9,81 m/s 2
 𝝆 = 1.000 kg/m3 (massa específica da água)
 Hm = 9,26 m
 Q = 2 m³

𝑬𝒉 = 𝝆.𝒈.Hm .Q

Eh = 1000 . 9,81 . 9,26 . 0,001 → 𝐄𝐡 = 𝟗𝟎, 𝟖𝟒 𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚

6.2. – Proposta do Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica

A primeira análise e mais importante num dimensionamento de uma instalação


fotovoltaica isolada é conhecer e definir as necessidades energéticas a satisfazer, portanto deve-
se ter em conta a estimativa do perfil carga de consumo ou da potência máxima diária
consumida pelas cargas.
Para o dimensionamento de uma instalação FV isolada deve-se executar
escrupulosamente os seguintes passos:
 Seleção do Local do Projecto;
 Estimativa do Perfil de Carga de Consumo;
 Escolha do Inversor;
 Cálculo da Capacidade dos Acumuladores de Baterias;
 Influência da Disponibilidade Solar no Local;
 Cálculo da Demanda de Energia;
 Determinação do número de Módulos FV;
 Escolha do Fusível, DPS e Disjuntor.

58
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6.2.1 – Seleção do Local do Projecto

O presente capítulo foca-se na implementação de um Sistema Fotovoltaico numa das


zonas mais isoladas de Angola, na província do Cunene, concretamente no município de
Ombadja na cidade ou comuna do Xangongo.

Cunene
No Sul, alonga-se por 87.342 km, entre o Namibe (oeste) e o Cuando-Cubango (leste),
a Huíla a norte e a Namíbia a sul. São 6 os municípios: Cuanhama, Ombadja, Cuvelai,
Curoca, Cahma, Namacunde; e a sua capital, Ondjiva está separada de Luanda por uma
distância de 1.424 km. O INAMET realça que Cunene é a província mais quente.

Tem clima tropical seco com temperatura média situada nos 20 ℃. Com sócios pouco
propíocios, encontra-se uma actividade agricola pouco desenvolvida, sendo as principais
produções: milho, massango, massambala, trigo, tabaco, cana-de-açúcar e videiras.

A pecuária é grande actividade económica, com predominância dos bovinos e dos


caprinos. A exploração da madeira é a única indústria digna de realce, à parte a infra-estrutura
relacionada com a pecuária. No tocante aos recursos minerais, são predominantes o ouro e a
mica.

Figura 6. 2: Imagem via satélite do local em estudo (adaptado).


59
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6.2.2 – Estimativa do Perfil de Carga de Consumo

A base do dimensionamento no caso de SFIs é entender que o sistema deve gerar mais
eletricidade do que o limite estabelecido para consumo. Deve-se definir um período de tempo
e a produção de eletricidade neste período deve ser maior do que a demanda elétrica a ser
atendida. Isto deve se repetir nos períodos subsequentes.
A maneira mais tradicional para determinar a demanda de uma unidade consumidora é
somar as energias consumidas por cada equipamento. Isto é geralmente feito em uma planilha,
onde estão listados os equipamentos, sua potência elétrica, o tempo diário de funcionamento e
os dias de utilização por semana, para que se disponha de dados diários de energia consumida,
em Wh/dia.
Tabela 6.3: Estimativa de consumo diário de energia (média mensal)
Carga Potência (W) Horas de Dias estimados Consumo
utilização por dia de uso diário (kWh)
(dias/mês)
Lâmpada florescente (x3) 40 x 3 X 10 h X 30 ÷ 30 = 1.2
Lâmpada florescente (x2) 15 x 2 X 1 h 30 min X 30 ÷ 30 = 0.045
Lâmpada florescente (x4) 20 x 4 X 10 h X 30 ÷ 30 = 0.8
Bomba de água 1 cv 750 X 30 min X 30 ÷ 30 = 0,375
TV 110 X 18 h X 30 ÷ 30 = 1,98
Ventilador grande 250 X 18 h X 30 ÷ 30 = 4,5
Computador 45 X 12 h X 20 ÷ 30 = 0.36
Ferro eléctrico simples 390 X 27 min X 30 ÷ 30 = 0,175
Freezer vertical Pequeno 300 X 19 h X 30 ÷ 30 = 5,7
Potência total 2.075 = 15,135

Tabela 6.4: Estimativa do consumo médio mensal de alguns aparelhos eléctricos


Carga Potência (W) Utilização Dias estimados Consumo
média (h/dia) de uso médio mensal
(dias/mês) (kWh/mês)
Lâmpada florescente (x3) 40 x 3 X 10 h X 30 = 36
Lâmpada florescente (x2) 15 x 2 X 1 h 30 min X 30 = 1,33
Lâmpada florescente (x4) 20 x 4 X 10 h X 30 = 24
Bomba de água 1 cv 750 X 30 min X 30 = 11,25
TV 110 X 18 h X 30 = 59,4
Ventilador grande 250 X 18 h X 30 = 135
Computador 45 X 12 h X 20 = 10,8
Ferro eléctrico simples 390 X 27 min X 30 = 5,27
Freezer vertical Pequeno 300 X 19 h X 30 = 171
Potência total 2.075 = 454,05

6.2.3 – Escolha do Inversor

Todos os aparelhos citados acima são de uso comum e funcionam em corrente alternada
(CA) em 230 Volts. Portanto deverão ser instalados em uma bateria por intermédio de um
Inversor de corrente Autónomo com saída de 230 Volts. Antes de verificar nos catálogos de
fornecedores, precisamos saber a potência de tal inversor.
60
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Para isto verificamos a potência instantânea que o inversor deverá controlar, somando a
potência dos aparelhos que serão ligados simultaneamente.
A potência que o inversor deverá controlar é de 2275 W de maneira permanente. Como
os conversores de corrente têm sua máxima eficiência ao trabalho na faixa entre 50% e 70% da
sua capacidade, devemos considerar uma folga ao dimensionar o inversor. No caso apresentado
gora teremos o seguinte caso:
2.075
𝟐. 𝟎𝟕𝟓 𝐖 → = 2.964,3 W
0,7
Inversor com folga de 30% ou seja utilização de 70% de sua capacidade.
2.075
𝟐. 𝟎𝟕𝟓 𝐖 → = 4150 W
0,5
Inversor com folga de 50% ou seja com utilização de 50% de sua capacidade.
Podemos escolher um inversor com potência contínua entre 2964,3 W e 4150 W, com saída
para 230 Volts.

Figura 6. 3: Inversor Híbrido MPPT SPC III-3000-24 Outback power

Para a nossa instalação, selecionou-se um inversor híbrido em vez de


reguladores/controladores de carga, uma vez que os inversores híbridos já incluem o
regulador/controlador de carga; sendo assim, reduzem-se os custos da instalação e economiza-
se espaço. Ainda, e no caso de haver necessidade de fazer um upgrade na instalação, seja por
adicionamos um grupo de geradores diesel ou por a rede pública de eletricidade chegar à zona
isolada, poder-se-á ligar à entrada AC do inversor híbrido o grupo gerador diesel ou a rede
pública de eletricidade.

Este é um inversor multifuncional, combinando funções de um inversor, carregador


solar e carregador de bateria para oferecer energia eléctrica sem interrupções. Seu display LCD
abrangente oferece operação de botão configurável e de fácil acesso pelo usuário, como
carregamento de bateria, carregamento CA/solar e tensão de entrada aceitável com base em
diferentes aplicações.

61
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-3000-24
Outback Power
Modelo PPC III-3000-24
Potência nominal 3000VA/3000W
Entrada
Tensão 230VAC
Faixa de tensão selecionável 90 − 280VAC
Faixa de frequência 50 Hz⁄60 Hz (Auto sensing)
Saída
Relação de tensão AC (modo de bateria) 230VAC ± 5%
Potência da onda 6000VA
Eficiência (pico) 93%
Tempo de transferência 15 ms (UPS): 20 ms (Appliances)
Onda Onda sinusoidal pura
Bateria
Tensão da bateria 24 VDC ou 48 VDC
Tensão de flutuação 23 VDC
Faixa de tensão personalizada 33 VDC
Carregador solar e carregador de AC
Tipo de carregador solar MPPT
Potência máxima da matriz fotovoltaica 4000 WP
MPPT faixa de tensão de operação 120 − 450 VDC
Tensão Máxima de circuito aberto da matriz FV 500 VDC
Corrente de carga solar máxima 80 ADC
Corrente máxima de carga AC 60 ADC
Corrente máxima de carga 80 ADC

Note que o fabricante não cita a faixa da máxima eficiência penas o o seu valor: 93%.
Esse inversor autónomo de surto/pico de 6000 W e a saída é em onda sinusoidal modificada,
não sendo adequado para a partida de motores. Recomenda-se a tensão de entrada de 48 V.
Devido ao facto de inversor autónomo ter eficiência máxima de 93%, deve-se considerar
um novo valor para energia eléctrica a ser gerada diariamente pelo sistema fotovoltaico (E),
que leve em conta o autoconsumo do inversor. Para isso, dividimos o valor encontrado
anteriormente (15,135kWh) pelo valor da eficiência do inversor em decimal (0,93):
15,135
E= → 𝐄 = 𝟏𝟔, 𝟐𝟕 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
0,93
O valor mostrado acima é o que deve chegar até os terminais do inversor, em corrente
alternada, e que será convertido em corrente contínua para a alimentação das descargas
anteriormente.
Devido a perda em todos os elementos que compõem o sistema fotovoltaico, devemos
considerar um potencial acima do estipulado acima, no qual seja computado o Rendimento
Global do SFIs. O valor médio do rendimento global é de 89% (0,9) que é calculado mediante
os factores de perdas possíveis que envolvem desde a perda por conversão eletroquímica no
interior das baterias até um factor adimensional que leva em consideração a possibilidade de
mau uso. Esse coeficiente de perdas adimensional é ensinado nas faculdades de engenharia e é
jocosamente chamado de FC, sendo que aqui o nomeamos de coeficiente de perdas por
verificação (𝐊 𝐕 ).
𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗
62
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

A tensão da parte CCd (corrente contínua) do SFIs será de 48 Volts, devido ao inversor
autónomo escolhido conforme dita anteriormente.

𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
Autonomia varia de acordo ao nível de insolação da localidade onde será instalado o
sistema fotovoltaico e o nível de segurança, ao custo de mais baterias. Suponhamos que
realizaremos esta raramente temos dois dias sem insolação directa. Portanto podemos escolher
uma autonomia de 3 dias.

𝐍=𝟑

6.2.4 – Cálculo da Capacidade dos Acumuladores das Baterias

O banco de bateria será composto por baterias de SOPZS 24V 720 Ah é uma solução
avançada e económica, ideal para armazenamento de energia em instalações solares
residenciais, estações de telecomunicações ou outras infraestruturas que exigem um ciclo de
vida longo e com pouca manutenção. A tecnologia de placa tubular está especialmente
desenhada para aplicações de energias renováveis, com critérios de fabrico segundo as normas
ISO 9001,ISO 14001, BS OHSAS 18001.

Figura 6. 4: Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPZS

Tabela 6.6: Características da Bateria Solar 24V 720 Ah SOPZS


Parâmetro Descrição
Ciclo de vida Funcionamento cíclico até uma DoD de 60 % com uma vida útil
de 2000 ciclos a 20 ºC
Rendimento e fiabilidade Estrutura robusta e fabrico em modernas instalações europeias
de produção garantem um rendimento, eficiência e fiabilidade
excelentes.
Fácil manutenção O maior volume de eletrólito nos grandes contentores
translúcidos e as ligas especiais baixas em antimónio garantem
poucas e simples tarefas de reenchimento.
Segurança operacional Exaustivos testes de conformidade realizados segundo as
normas europeias e globais verificadas por agências
independentes de certificação de terceiros.
Solução de armazenamento de Fornecimento rápido de sistemas de baterias modulares com
energia completa e flexível todos os acessórios necessários para uma instalação segura em
suportes.
Custo total de aquisição (TCO) Benefícios significativos em termos de custo por ciclo e
ótimo maximização do valor da vida útil.
63
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Seguindo com os cálculos usaremos, as seguintes características para este modelo de bateria:

𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕

𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡

𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔

6.2.4.1 - Aplicação do Método de Cálculo

Já temos dados suficientes para calcular as características do banco de baterias para


suprir as necessidades da residência.

𝐄 = 𝟏𝟔, 𝟐𝟕 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
𝐍=𝟑
𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗
𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕
𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡
𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔

Vamos calcular a Energia Real a ser fornecida pela instalação, que é a Energia Diária
somadas as perdas;
E 16,27
ER = → ER = → 𝐄𝐑 = 𝟏𝟖, 𝟐𝟖 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
R 0,89
Sabendo a Energia Real, podemos calcular a Capacidade útil do banco de baterias para
3 dias de autonomia:

ER × N 18,28 × 3 54,84
CU = → CU = = → 𝐂𝐔 = 𝟏, 𝟏𝟒 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
Vi 48 48

As baterias não podem se descarregar totalmente, pois ocasionaria a fim da sua vida útil.
Podemos aproveitar apenas uma parte da energia acumulada nas baterias, o que equivale a
profundidade de descarga. Por isso a Capacidade Real do banco de baterias deverá ser maior
que a Capacidade Útil: para que ``sobre´´ carga acumulada nas baterias. Como já vimos, quanto
menor a profundidade de descarga, mais ciclos de carga e descarga a bateria suporta. Só que
uma menor profundidade de descarga demanda uma maior Capacidade Real, o que encarece o
banco de baterias.
Vamos ao cálculo:
CU 1140
CR = → CU = → 𝐂𝐔 = 𝟏𝟗𝟎𝟎 𝐀𝐡
Pd 0,6

Calcularemos a quantidade, e o modo associação das baterias SOPZS 24V 720 Ah para
montarmos esse banco de baterias.
64
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Primeiro o número de baterias em paralelo:


CR 1900
BP = → BP = → 𝐁𝐏 = 𝟑
CN 720

Teremos por tanto 3 baterias em paralelo

Vejamos a quantidade de baterias em série:


Vi 48
BS = → BS = → 𝐁𝐒 = 𝟐
Vb 24
Usaremos então 2 baterias em série
Já sabemos então o número total de baterias:

NB = BP × BS → NB = 3 × 2 → 𝐍𝐁 = 𝟔

6.2.5 – Influência da Disponibilidade Solar no Local

Para saber o potencial solar do local em estudo (Xangongo),Fez-se o uso do banco de


dados de Radiação Solar do Atlas Solar Global.

Figura 6. 5: Mapa da Irradiação Solar no Local em Estudo

Tabela 6.7: Dados de Parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em
estudo
Município: Ombadja
Sede e comuna: Xangongo
Latitude: -16,744264°
Longitude: 14,976369°
Ângulo Inclinação Simbologia Média mensal
Irradiação horizontal global 0° GHI 6,47 kWh/m2 /dia
Inclinação ideal dos módulos 21/0 ° OPTA
fotovoltaicos
Irradiação inclinada global no 21 ° GTIOPT 6,860 kWh/m2 /dia
ângulo ideal
65
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Geralmente a melhor inclinação para um painel fotovoltaico é dado pela seguinte fórmula:
α = lat + 25% . lat
lat
α = lat +
4
Onde:

 𝛼: Inclinação do painel fotovoltaico em graus, em relação ao plano horizontal;


 Lat: Latitude do local em graus.

Como a sede/comuna do Xangongo está localizada na latitude 16,744264 ° a melhor


inclinação para um painel fotovoltaico de sistema autónomo é:

16,744°
𝛼 = 16,744° + → 𝛼 = 16,744° + 4,186° → 𝜶 = 𝟐𝟎, 𝟗𝟑° ≈ 𝟐𝟏°
4

6.2.5.1 - Tempo de Exposição ou Hora de Sol pico (HSP)

Os painéis solares fotovoltaicos não são capazes de produzir o seu potêncial máximo
em qualquer condição. Os factores que podem alterar a referida potência são de natureza
climatológica, inclinação, orientação e dependerão das horas de radiação solar que possuem
em função do local instalado.

A radiação é um conjunto de radiações eletromagnéticas emitidas pelo Sol. Como é


lógico, em um sistema de captação solar fotovoltaica não precisamos de todo o espectro dessa
radiação, que vai do ultravioleta ao infravermelho.
A magnitude que mede a radiação solar que atinge a terra é irradiância, que mede a
energia que, por unidade de tempo e área, chega à terra. Sua unidade é W⁄m2 .
A hora solar de pico (HSP), poderíamos defini-la como uma unidade encarregada de
medir a irradiação solar e defini-la como o tempo (em horas) de uma hipotética irradiância solar
constante de 1.000 W⁄m2 .
Em todas as fichas técnicas dos painéis fotovoltaicos, as características eléctricas do
painel (Pmáx , Uoc , Umpp , Isc e Impp ) devem (ou deveriam) constar em condições de medição
padronizadas conhecidas como STC (Standard Test Conditions) ou condições de teste padrão.
Justamente nessas condições, além de outros parâmetros, é indicado que a irradiância
seja de 1.000 W⁄m2 , ou seja uma hora solar de pico mesmo. A essa altura já poderíamos intuir
que a irradiância não é a mesma ao longo do tempo, ou melhor, ao longo dia ou do ano.
6.2.5.1.1 - Cálculo do HSP

É importante saber calcular o HSP pois disso depende o sucesso do projecto de


instalação, pois como você verá a irradiância não será a mesma em nenhum mês do ano, e para
instalações onde seu uso é anual é impossível obter um resultado de cálculo satisfatório nos
meses de maior irradiância, pois assim, nos meses de menor irradiância, a instalação não
ccobriria as reais necessidades.

66
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

O número de Horas de Sol Pleno (HSP) é uma grandeza que reflete o número de horas
em que a irradiância solar deve permanecer igual a 1 kW/m², de modo que a energiza acumulada
ao longo do dia seja equivalente à disponibilizada pelo Sol naquele determinado local. A partir
da equação abaixo é possível encontrar o valor de HSP.

Irradiância do local[kWh/m2 ]
HSP =
1[kWh/m2 ]

Considerando uma irradiância média anual de 6,47 kWh/m² na comuna/vila de


Xangongo, a partir da equação abaixo, têm-se que o número de horas em sol pleno na vila ou
comuna é igual a 6,47 horas, ou seja, aproximadamente igual a 6 horas e 28 minutos de energia
acumulada, conforme indica a seguinte equação:

𝟔, 𝟒𝟕
𝐇𝐒𝐏 = → 𝐇𝐒𝐏 = 𝟔, 𝟒𝟕 [𝐡]
𝟏

6.2.6 – Cálculo da Demanda de Energia

Para o sistema deste projeto será considerado o consumo diário que foi estimado, de
aproximadamente 15,135 kWh/dia (tabela 6.3). A partir da abaixo é possível calcular a potência
de pico dos painéis fotovoltaicos (PFV), em kWp (quilo Watt-pico).
E⁄
PFV = R [kWp]
HSP

Pela equação abaixo tem-se E (kWh/dia) como sendo o consumo diário do sistema, R
(Rendimento Global do SFIs) e HSP (h) a média diária anual das horas de sol pleno incidentes
no painel fotovoltaico. O valor de horas de sol pleno adotado será de 6,47 horas e o Rendimento
Global é de 89% (0,89).
15,135⁄
0,89 17
PFV = → PFV = → 𝐏𝐅𝐕 = 𝟐, 𝟔𝟑 𝐤𝐖𝐩
6,47 6,47

6.2.7 – Determinação do Número de Módulos FV

Para este estudo escolheu-se o PFV da marca SHARP modelo ND-R250 A5, por
oferecer preço acessível no mercado, por oferecer garantia de produto de 10 anos, garantia de
desempenho linear de 25 anos, mínimo de 96 % da saída da energia mínima especificada
durante o primeiro ano e pela redução anual máxima de 0,667 % da produção de energia para
os 24 anos seguintes. A Tabela 7 ilustra as principais características elétricas do módulo FV
SHARP ND R-250 A5, em condições STC.

67
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Figura 6.6: Célula policristalina


Tabela 6.8: Características Eléctricas
Características eléctricas
Parâmetros Símbolos Unidades Valores
Potência máxima/pico Pmáx Watt pico [Wp] 250
Tensão em máxima potência Vmp Volt [V] 30.9
Corrente em máxima potência Imp Ampère [A] 8.10
Tensão de circuito-aberto Voc Volt [V] 37.6
Corrente de curto-circuito Isc Ampère [A] 8.68
Eficiência do módulo FV ղ % 15.2

Tabela 6.9: Características Físicas


Características físicas
Tipo de terminal de saída Conector de múltiplo contacto
Cor da moldura Claro
Comprimento 1.652 mm
Largura 994 mm
Profundidade 46 mm
Peso 19 kg

Dados importantes a serem comentados: eficiência do módulo de 15,2 %, potência


máxima nominal de 250 Wp e tensão de circuito aberto igual a 37,6 V (em corrente contínua).

𝐏𝐅𝐕 𝟐, 𝟔𝟑
𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = → 𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = → 𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = 𝟏𝟏 𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬
𝐏𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨 𝟎, 𝟐𝟓

Para o dimensionamento dos módulos fotovoltaicos, eles devem ser agrupados 2 módulos por
cada fileira. Então neste caso será necessário 12 módulos FV.
6.2.8 – Dimensionamento da Protecção

O dimensionamento dos dispositivos de protecção pode ser dividido em duas partes: o


referente a corrente contínua e o outro em alternada. O primeiro visa a protecção da parte do
circuito contendo os módulos fotovoltaicos até o inversor e o segundo do inversor até as
cargas da microgeração.
68
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

São possíveis equipamentos de protecção do lado CC: fusível, disjuntor e DPS. Estes
são normalmente acondicionados dentro de caixas conhecidas como string box ou dentro do
próprio inversor. Dentre os dispositivos de protecção CA: estão incluídos o DPS e o disjuntor.
6.2.8.1 - Escolha do fusível

Escolher correctamente que fusível deve usar é muito importante, pois se for
dimensionado da maneira errada poderá causar grandes danos. Para definir o fusível, é muito
importante avaliar as condições operacionais do circuito a ser protegido, a fim de adequar a
resposta deste dispositivo caso seja solicitado numa situação de sobrecorrente.

No dimensionamento do fusível, são instalados são instalados no polo positivo e negativo de


cada string. Devem proteger contra curto-circuito e sobrecarga.
Cabeamento CC:

Ifusível = Isc × Nmódulos


Onde:
 Isc = 8,68 A
 N = 6 em paralelo

Ifusível = 8,68 × 6 A → 𝐈𝐟𝐮𝐬í𝐯𝐞𝐥 = 𝟓𝟐, 𝟎𝟖 𝐀 → 𝐈𝐟𝐮𝐬í𝐯𝐞𝐥 = 𝟓𝟎 𝐀

6.2.8.2 - Escolha do Disjuntor

A selecção do disjuntor correcto depende de diversos factores. Especialmente em


sistemas fotovoltaicos, os efeitos resultantes de alguns factores são mais acentuados do que em
instalações eléctricas normais. Se esses factores não forem tidos em conta, aumenta o risco de
disjuntor disparar em condições de operações normais. Por este motivo, é importante dar
especial atenção a estas influências. Só assim é possível garantir um funcionamento fiável do
sistema fotovoltaico.
No capítulo 5, já se abordou os factores que devem ser tidos em conta ao seleccionar
um disjuntor e as influências especiais em sistemas fotovoltaicos; nesta subsecção iremos focar-
nos no dimensionamento e selecção do disjuntor que irá ser considerado para a instalação.
Cabeamento CC:
Idisjuntor = Ifusísel → 𝐈𝐝𝐢𝐬𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐫 = 𝟓𝟎 𝐕

Cabeamento CA:
S
Idisjuntor =
U
Onde:
S (potência de saída do inversor) = 6000 VA
U = 220 V
69
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6000 VA
Idisjuntor = → Idisjuntor = 27 A → 𝐈𝐝𝐢𝐬𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐫 ≅ 𝟑𝟐 𝐀
220 V

6.2.8.3 - Escolha do DPS

Quando uma tempestade aparece você fica com medo de que haja uma descarga
eléctrica em sua residência? Tomar precaução para que isso não aconteça é de suma
importância, pois essa descarga é um dos motivos que resultam em um surto eléctrico que pode
queimar equipamentos eléctricos e electrónicos, além de oferecer um alto risco para quem está
perto.

Cabeamento CC:

UC2 + USC
2
Un2 =
2
Onde:
 Un (tensão nominal)− ?
 UC (tensão máxima de entrada do inversor) = 450VDC
 UOC (tensão de circuito aberto) = 75,2 V

√(4502 + 75,22 )
|Un | = → Un = 384 V → 𝐔𝐧 ≅ 𝟓𝟎𝟎 𝐕
√2

Cabeamento CA:
Quando a tensão eléctrica é de 220 V pode ser usado apenas o DPS de 275 V.

6.3 - Custo da Instalação Fotovoltaica Isolada

Nesta seção pretende-se apresentar uma estimativa de custos da instalação FV isolada


proposta anteriormente. A Tabela 6.10 lista os custos dos principais componentes adotados.
Nela, não se incluem os custos das proteções, cabos de ligação, isolamentos, aparelhos de
medida, bem como os custos de mão-de-obra de instalação, tendo-se optado por somente referir
os equipamentos que envolvem maiores contribuições de custos.

Tabela 6.10: Custo estimado da instalação FV isolada

Material Unidade Preço unitário Preço total


Painel FV
Inversor híbrido MPPT
Bateria Solar
Bomba de água 1 cv
Custo total
70
ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA

CAPÍTULO 7- ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOTAICA ISOLADA

Figura 7. 1: Diagrama do Sistema Híbrido Off-grid 2D


71
ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA

Figura 7. 2: Diagrama Eléctrico do Sistema Híbrido Off-grid 3D.


72
PLANO DE MANUTENÇÃO

CAPÍTULO 8 – PLANO DE MANUTENÇÃO

Um sistema de engenharia é criado para cumprir uma série de requisitos e objetivos, por
meio da execução de ações de seus subsistemas e/ou componentes. Nesse contexto, o conjunto
de atividades que se destinam a manter a operação e/ou reparar componentes, para que o sistema
de engenharia possa continuar a desempenhar sua função se define como manutenção.

O conjunto de atividades de manutenção são executados para evitar ou identificar


quando o subsistema/equipamento irá apresentar defeito ou falha durante seu ciclo de vida.
Alguns fatores devem ser levados em consideração para a definição da melhor estratégia de
manutenção, são eles:

 Recomendações do fabricante: informações sobre ajustes, calibrações, periodicidade


de manutenção, procedimentos para correção de falhas e reparos, etc.
 Segurança do trabalho e meio ambiente: observações de exigências legais e normas
a fim de obter a integração perfeita entre homem/máquina/meio ambiente.
 Características do equipamento (falha e reparo): observar o tempo médio entre
falhas, a vida útil mínima, o tempo médio de reparo,etc.
 Fator econômico: custos de manutenção com materiais, recursos humanos,
interferência em outros ciclos produtivos e perdas no processo.
Observados estes itens, pode-se caracterizar três estratégias de básicas de manutenção:
corretiva, preventiva e preditiva.

8.1 - Manutenção corretiva


A manutenção corretiva é realizada após a falha de um componente do sistema. Isto
significa que, após um equipamento parar de desempenhar uma função pré-estabelecida, houve
uma ação de manutenção que o colocou novamente em operação. Quando adotado este tipo de
manutenção, sabe-se que as ações de reparo acontecerão quando o equipamento chegar ao fim
de sua vida útil e parar de funcionar definitivamente. A partir desta premissa, pode ser
programada a troca por um equipamento idêntico em forma de reparo rápido.

Por sua característica reativa, realizada apenas com o registro de ocorrências, este tipo
de manutenção é emergencial, inesperada e possui maior custo historicamente. Pode-se
caracterizar esta metodologia de manutenção em dois tipos:

 Manutenção corretiva planejada: Ao definir-se como estratégia a operação de um


equipamento até a sua falha, pode-se adotar medidas para evitar maiores custos quando
houver a parada do mesmo. Este tipo de estratégia pode ser escolhida quando há
simplicidade na substituição do equipamento e maior prejuízo para a inatividade. Esta
estratégia de manutenção pode ser aplicada conjuntamente à manutenção preditiva, uma
vez que há o acompanhamento de parâmetros interno ao equipamento e uma ação de
manutenção é justificada pela condição atual.

73
PLANO DE MANUTENÇÃO

 Manutenção corretiva não-planejada: Se caracteriza como a correção da falha de


maneira aleatória, isso quer dizer, pela atuação da manutenção em fato já ocorrido, seja
este uma falha ou um desempenho menor do que o esperado, sendo assim, não há tempo
para preparação do serviço. Em geral, implica em maior custo.

8.2 - Manutenção preventiva


A manutenção preventiva está relacionada com a realização de atividades antes da falha
do sistema, de forma a evitar a ocorrência de falhas nos equipamentos por meio da antecipação
de intervenções. Em uma manutenção preventiva, define-se uma periodicidade para a execução
das ações sobre o sistema ou componentes, sendo que o momento de realização da atividade
preventiva é definido por meio das informações do fabricante do equipamento ou a partir dos
dados de operação do sistema.

8.3 - Manutenção preditiva


A manutenção preditiva é realizada a partir do acompanhamento, em tempo real, das
partes e peças internas do equipamento por meio de sensores ou outros dispositivos. Pode ser
acompanhado, por exemplo, o nível de ruído, vibração e temperatura das partes internas, uma
vez que a alteração dos valores informados pelos fabricantes destas variáveis já indica queda
de eficiência ou operação indevida do equipamento, indicando a necessidade de troca ou
intervenção. Nesta metodologia, há um prolongamento da troca do equipamento para que seja
realizada apenas no fim de sua vida útil, priorizando disponibilidade e redução de custos.

8.4 - Equipamentos e tipos de manutenções necessárias


A minimização dos custos relativos às ações de manutenção é obtida através da
identificação da melhor estratégica para cada componente do SFV. Para equipamentos em que
o custo da inatividade são equiparáveis ao valor de aquisição e custo de mão-de-obra para
reparo, recomenda-se uma manutenção corretiva planejada. A Tabela 8.1 apresenta os
componentes da USF e suas respectivas estratégias.

Tabela 8.1: Equipamentos e tipos de manutenção necessárias

Equipamento Estratégia
Moódulos fotovoltaicos Preditiva/Preventiva
Conectores Preventiva
Cabos eléctricos CC Preventiva
String box Preventiva/Corretiva planejada
Inversor fotovoltaico Preditiva/Preventiva
Estrutura de fixação Preventiva

74
PLANO DE MANUTENÇÃO

8.4.1 – Gerador fotovoltaico

Os módulos FV têm geralmente uma garantia contra defeitos de fabricação de 3 a 5


anos, e garantia de rendimento mínimo durante 25 anos. Os módulos fotovoltaicos não são a
principal causa de problemas nos SFVs.

8.4.1.1 – Aspectos físicos

Na inspeção visual devem ser verificadas as condições físicas de cada módulo


fotovoltaico, certificando-se de que a superfície frontal está íntegra e limpa, as células não
apresentam sinais de rachadura e descoloração, a estrutura de fixação do painel fotovoltaico
está fixa, sem pontos de corrosão e devidamente aterrada.

Nos dias em que o tempo estiver claro e com poucas nuvens, os módulos deverão ser
limpos preferencialmente no início da manhã ou no final da tarde, de forma a evitar que
possíveis choques térmicos, resultantes de água fria sobre um módulo muito quente, danifiquem
o vidro de cobertura do módulo.

Se os módulos estiverem instalados em ambiente muito empoeirado, recomenda-se


limpá-los mais frequentemente, pois períodos muito longos sem limpeza podem prejudicar
significativamente o desempenho do sistema.

O ângulo de inclinação dos módulos, com tolerância de 5º daquele especificado no


dimensionamento do sistema, pode ser verificado com o uso de um inclinômetro (Figura 8.1)
ou, na falta deste, de um transferidor.

Figura 8.1:Inclinômetro

Com o uso de uma bússola, pode-se verificar também, o ângulo azimutal dos módulos.
Geralmente, o painel aponta para o Norte Verdadeiro, quando situado no hemisfério Sul, e para
o Sul Verdadeiro, quando no hemisfério Norte. Entretanto, ângulos diferentes podem ser
utilizados. A correção necessária às leituras provenientes da bússola deve ser realizada de
acordo com a Declinação Magnética do local.

75
PLANO DE MANUTENÇÃO

8.4.2 – Baterias

Em SFVIs, deve-se ter especial atenção ao banco de baterias, o componente de menor


vida útil e de maiores necessidades de manutenção no sistema. A experiência mostra que as
baterias geralmente são a principal causa dos problemas ocorridos em SFVIs.

As baterias sem manutenção em monoblocos de 12V, normalmente usadas em SFVIs


individuais, não precisam de reposição de água e, por isso, a manutenção a ser realizada é mais
simples. O mesmo vale para as baterias seladas, como, por exemplo, as do tipo OPzV.
Entretanto, aqueles tipos que necessitam de reposição de água (baterias abertas, OPzS etc.)
exigem maiores cuidados. Nestes casos, deve-se verificar o nível e a densidade do eletrólito
periodicamente, a fim de evitar danos à bateria, com consequente redução de sua vida útil. O
intervalo de verificação irá depender de:

 Condições climáticas: em lugares mais quentes pode haver maior perda de água (maior
evaporação);
 Condições de uso: quando maior a profundidade de descarga, maior a perda de água do
eletrólito;
 “Saúde” da bateria: células em curto aceleram a evaporação de água do eletrólito.

Um intervalo típico de verificação e reposição de água é de seis meses. Entretanto, em


locais remotos e de difícil acesso, pode ser mais viável a verificação anual, neste caso deve ser
combinado com o fabricante um volume de vaso e de eletrólito adequados para essa condição.

A manutenção dos bancos de baterias inclui: limpeza, aperto de conectores, adição de


água (se for o caso), verificação das condições e do desempenho.

76
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO

Antes de mais, pode-se aqui discutir o local de escolha para a instalação do SFVI,
escolha essa sustentada pela circunstância desta cidade/comuna (Xangongo) se encontrar
próxima do rio (Cunene). De facto, devido à natureza dos acessos para a interligação com a
comuna, sem estradas asfaltadas, e a falta de eletrificação do local em estudo, por outro lado,
justifica essa escolha. Para além disso, a análise rigorosa das condições meteorológicas do local,
as radiações e as temperaturas, permitiu concluir que este seria um bom local para a instalação
do SFVI. Este local tem um elevado potencial de recurso solar, com uma média anual de
irradiação global em plano horizontal de 2364,5 kWh/m2 /ano.
Angola tem um elevado potencial energético em energia renováveis, especificamente
energia solar, recebendo diariamente no seu território irradiação solar durante 10 horas, com
80% de dias ensolarados por ano, o que equivale a 292 dias de radiação por ano. Os dados de
irradiação e de temperatura do local em estudo foram representados em tabelas, tendo-se
conseguido analisar estatisticamente as variações de irradiação e de temperatura por hora.
Com o desenvolvimento contínuo do ramo de energia solar e de novas tecnologias a
microgeração de energia eléctrica pessoal a base de células solares tornou-se uma das mais
promissoras oportunidades de geração de eléctricidade nas áreas rurais, o que promove o
desenvolvimento do ramo solar e o acesso a energia em residências isoladas em regiões não
cobertas por redes eléctricas convencionais.
Através do sistema de banco de baterias é possível ter um acúmulo de carga em um local
isolado e assim ter energia eléctrica em periódos de clima desfavorável e no período de baixa
geração.
O sistema fotovoltaico tem como vantagens a não poluição, é renovável, limpo,
silencioso necessita de pouca manutenção e é de fácil instalação. Suas desvantagens são o alto
custo de aquisição, principalmente por não gerar energia à noite e necessário a construção de
um de baterias que encarecem o sistema.

77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Energia Fotovoltaica Manual sobre Tecnologias, Projecto e Instalação, manual desenvolvido


no projecto GREENPRO entre Fevereiro de 2002 e Janeiro de 2004.

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MINEA-Ministério da Energia e Águas. Disponível em: http://www.minea.gv.ao/.com

EDEL – Empresa de Distribuição de Electricidade. Disponível em http://www.edel.co.ao/.com

PVGIS: Photovoltaic Geographical Information System. Disponível em: http: //re.jrc.ec.


europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php.

ENE-Empresa Nacional de Electricidade E.P. Disponível em: http://194.79.83.194:


9091/Pages/Home.aspx.

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C. P. de E. R. da MasterD. Introdução às instalações fotovoltaicas.

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Edição.

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Island, New Society Publishers (NSP).

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Ramlow, Bob; Nusz, Benjamim – Solar Water Heating, A comprehensive Guide To Solar
Water and Space Heating Systems, Gabriola Island, New Society Publishers.

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Engineers, Berlin, The German Energy Society (Deutsche Gesellshaft fur Sonnenenergie (DGS
LV).

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dimensionamento. Porto: Quântica Editora.

Painel fotovoltaico - Sharp ND-R250 A5. [Online]. Available: https: //www. euromed.
company/products-reel/photovoltaic/sharp-nd-r250a5/.

Manual do curso de Energias Renováveis da MasterD. Dimensionamento de instalações


fotovoltaicas.

M. Matem and U. Regional, Aplicação de Modelos Elétricos de Bateria na Predição do Tempo


de Vida de Dispositivos Móveis Cleber Mateus Duarte Porciuncula Aplicação de Modelos
Elétricos de Bateria na Predição do Tempo de Vida de Dispositivos Móveis Cleber Mateus
Duarte Porciuncula.

78
S. S. A. Freitas, Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos Engenharia Industrial Engenharia
Electrotécnica.

P. GreenPro, Energia Fotovoltaica. Manual sobre tecnologia, projeto e instalações.

Manual do curso de Energias Renováveis da MasterD, in Dimensionamento de uma instalação


Fv autónoma para uma vivenda familiar.

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GAMEK- Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza. Disponível em:


http://www.gamek.co.ao/.

Quiçama, Ernesto (2012). Soluções Técnicas para um Projeto de Habitação com Produção
Própria de Energia em Angola. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia
Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.

Castro, Rui (2002).Energias Renováveis e Produção Descentralizada: Introdução à Energia


Fotovoltaica. Disponível em: http: //www. troquedeenergia. com/Produtos/Logos Documentos/
Introducao a Energia_Fotovoltaica.pdf

Planning and Installing Photovoltaic Systems (2013), third edition , German Solar Energy
Society.

ThiagoMirandaDeSouza_tcc.pdf

79
ANEXOS

ANEXO A – DOCUMENTAÇÃO DA SIMULAÇÃO NO GLOBAL SOLAR ATLAS

Figura A.1:Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (1)

80
Figura A. 2: Ilustração de pesquisa/colheita de irradiância e temperatura (2)

Figura A.3: Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (3)


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