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Luanda, 2023.
INSTITUTO POLITÉCNICO INDUSTRIAL DE LUANDA
ÁREA DE FORMAÇÃO MECÂNICA − ELECTROMECÂNICA
Luanda, 2023
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Técnico médio
em Engenharia Electromecânica a minha mãe Isabel Maria João Dirmani, que não mede
esforços para investir na minha formação académica, e à minha família que sempre me
apoiaram incondicionalmente ao longo desta época académica.
III
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que a cada dia nos dá sabedoria e vigor, para avançar sempre vencendo
todas as barreiras que se interpõem no nosso caminho.
Não esqueceria de agradecer também ao meu mentor e amigo Professor Doutor Nsanga
Tito, pelas sugestões e por se ter mostrado – incondicionalmente – disponível perante as
solicitações que lhe dirigi.
IV
RESUMO
Uma das tecnologias mais viáveis para aproveitar o recurso solar em Angola é a
produção de electricidade através de sistemas FV, que podem variar desde sistemas individuais
de pequena escala fora da rede, normalmente associados a baterias, a aplicações de média e
grande escala ligadas à rede. É a tecnologia de mais rápida instalação e de menor custo de
manutenção. Nestes sistemas por meio de painéis é possível fazer a captação da energia solar
do Sol e transformá-la em energia eléctrica, além de possuir banco de baterias para garantir a
continuidade do abastecimento.
Palavras-chave
V
ABSTRACT
One of the most viable technologies to take advantage of the solar resource in Angola
is the production of electricity through PV systems, which can vary from individual small-scale
off-grid systems, usually associated with batteries, to médium and large-scale aplications
connected to the grid. In these systems, using panels, i tis possible to capture solar energy from
the Sun and transform i tinto electrical energy. In addition to having a battery bank to ensure
continuity of supply.
For sizing na isolated system, it is essential to know the load profile of the área where
the installation will be implemented, such as: number of panels to be installed, battery bank
capacity, number of charge regulators, maximum power of the inverter (in use of AC loads)
and, if possible, the cross-sections of the conductors for the circuits of the PV installation.
Keywords
VI
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA............................................................................................................................ III
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. IV
RESUMO ....................................................................................................................................... V
ABSTRACT .................................................................................................................................. VI
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS................................................................. XIII
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 - MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................... 15
1.2 – PROBLEMA DE PESQUISA E OBJECTIVOS ................................................................................ 16
1.2.1 – A Justificativa e Problemática ........................................................................................... 16
1.2.2 – Objectivo Geral ................................................................................................................. 16
1.2.2.1 – Objectivos específicos .................................................................................................... 16
CAPÍTULO 2 – APROVEITAMENTO SOLAR ......................................................................... 17
2.1 - ENERGIA SOLAR ..................................................................................................................... 17
2.1.1 - Produção da Energia Solar ................................................................................................. 17
2.2 - A RADIAÇÃO SOLAR NA SUPERFÍCIE TERRESTRE ................................................................... 18
2.2.1. Distribuição da Radiação Solar ........................................................................................... 18
CAPÍTULO 3 – BANCO DE BATERIAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ......................... 19
3.1 – BANCO DE BATERIAS ............................................................................................................. 19
3.1.1 - Funções do Banco de Baterias ........................................................................................... 20
3.1.2 - Baterias para Sistemas Fotovoltaicos................................................................................. 20
3.1.2.1 - Constituição e Funcionamento de uma Bateria de Chumbo-Ácido ................................ 20
3.1.2.2 - Tipos de Baterias de Chumbo-Ácido .............................................................................. 22
3.1.3 – Desempenho e Características das Baterias de Chumbo-Ácido........................................ 24
3.2 – MÓDULOS E CÉLULAS FOTOVOLTAICAS (GENERALIDADE) ................................................... 25
3.2.1 – Efeito Fotovoltaico ............................................................................................................ 25
3.2.2 - Tipos de Células Fotovoltaicas .......................................................................................... 26
3.2.2.1 - Silício Monocristalino ..................................................................................................... 26
3.2.2.2 - Silício Policristalino ........................................................................................................ 27
3.2.2.3 - Silício Amorfo ................................................................................................................ 27
3.2.3 – Características Elétricas dos Módulos/Painéis FV ............................................................ 28
3.2.4 – União/Ligação dos Módulos Fotovoltaicos....................................................................... 29
3.2.5 – Proteção dos Módulos Fotovoltaicos ................................................................................ 30
3.2.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras .......................................................................... 30
3.2.5.2 – Díodos de Bloqueio ........................................................................................................ 32
3.2.5.2.1 – Díodos de Bloqueio para Evitar Descargas Noturnas das Baterias ............................. 32
CAPÍTULO 4 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ....................................................................... 33
4.1 – SISTEMAS ISOLADOS .............................................................................................................. 33
4.2 – SISTEMAS HÍBRIDOS .............................................................................................................. 34
VII
4.3 – SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA ................................................................................ 35
4.3.1 - Classificação dos Sistemas de Bombeamento ................................................................... 35
4.3.2 - Bombas Hidráulicas ........................................................................................................... 36
4.3.2.1 - Bombas Centrífugas ........................................................................................................ 36
4.3.2.2 - Bombas Volumétricas ..................................................................................................... 37
4.3.3 - Motores Eclétricos ............................................................................................................. 38
4.4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ................................................. 38
CAPÍTULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS ................ 40
5.1 – DIMENSIONAMENTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA ........................................... 40
5.1.1 – Escolha do Painel/Módulo Fotovoltaico ........................................................................... 40
5.1.2 – Regulador de Carga ........................................................................................................... 41
5.1.2.1 - Tipos de Reguladores ...................................................................................................... 42
5.1.2.1.1 - Regulador Série ............................................................................................................ 43
5.1.2.1.2 - Regulador Paralelo ou Shunt ....................................................................................... 43
5.1.2.1.3 - Regulador MPPT ......................................................................................................... 44
5.1.3 - Inversores ........................................................................................................................... 45
5.1.3.1 - Inversores DC-AC para Sistemas Autónomos ................................................................ 46
5.1.3.2 - Classificação dos Inversores Autónomos ....................................................................... 46
5.1.4 – Dispositivos de Protecção ................................................................................................. 47
5.1.4.1.1 - Fusível Cartucho .......................................................................................................... 48
5.1.5 - Disjuntor ............................................................................................................................ 51
5.1.5.1 - Factores de Influência na Selecção do Disjuntor Adequado .......................................... 51
5.1.5.1.1 - Factores de Influência Gerais ....................................................................................... 51
5.1.5.1.2 – Factores de Influência Específicos dos Sistemas Fotovoltaicos ................................. 52
5.1.6 – DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) ................................................................... 53
5.1.6.1 - Definições ....................................................................................................................... 53
CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM S.F.I. NA COMUNA DO
XANGONGO ................................................................................................................................ 54
6.1- PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO ...................................... 54
6.1.1 - Estimativa de Consumo de Água ....................................................................................... 54
6.1.2 – Dimensionamento do Sistema de Geração ........................................................................ 55
6.2. – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA .................................. 58
6.2.1 – Seleção do Local do Projecto ............................................................................................ 59
6.2.2 – Estimativa do Perfil de Carga de Consumo ...................................................................... 60
6.2.3 – Escolha do Inversor ........................................................................................................... 60
6.2.4 – Cálculo da Capacidade dos Acumuladores das Baterias ................................................... 63
6.2.4.1 - Aplicação do Método de Cálculo .................................................................................... 64
6.2.5 – Influência da Disponibilidade Solar no Local ................................................................... 65
6.2.5.1 - Tempo de Exposição ou Hora de Sol pico (HSP) ........................................................... 66
6.2.5.1.1 - Cálculo do HSP ............................................................................................................ 66
6.2.6 – Cálculo da Demanda de Energia ....................................................................................... 67
6.2.7 – Determinação do Número de Módulos FV ....................................................................... 67
6.2.8 – Dimensionamento da Protecção ........................................................................................ 68
6.2.8.1 - Escolha do fusível ........................................................................................................... 69
VIII
6.2.8.2 - Escolha do Disjuntor ....................................................................................................... 69
6.2.8.3 - Escolha do DPS............................................................................................................... 70
6.3 - CUSTO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA ................................................................. 70
CAPÍTULO 7- ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOTAICA ISOLADA .. 71
CAPÍTULO 8 – PLANO DE MANUTENÇÃO ........................................................................... 73
8.1 - MANUTENÇÃO CORRETIVA ..................................................................................................... 73
8.2 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA ................................................................................................... 74
8.3 - MANUTENÇÃO PREDITIVA ...................................................................................................... 74
8.4 - EQUIPAMENTOS E TIPOS DE MANUTENÇÕES NECESSÁRIAS ...................................................... 74
8.4.1 – Gerador fotovoltaico ......................................................................................................... 75
8.4.1.1– Aspectos físicos ............................................................................................................... 75
8.4.2 – Baterias .............................................................................................................................. 76
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO .................................................................................................... 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 78
ANEXOS ....................................................................................................................................... 80
ANEXO A – DOCUMENTAÇÃO DA SIMULAÇÃO NO GLOBAL SOLAR ATLAS ............. 80
IX
LISTA DE FIGURAS
X
Figura 5.8: Inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado. .............................. 46
Figura 5. 9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas..... 46
Figura 5. 10: Formas de onda de inversores fotovoltaicos autónomos. ................................... 47
Figura 5. 11: Fusível 10x10 gPV para protecção fotovoltaica ................................................. 49
Figura 5. 12: Base/Chave tipo BCF5238 para Fusível 10x38 .................................................. 49
Figura 5.13: Fusíveis - gPV - Para protecção de módulos fotovoltaicos ................................. 50
Figura 5. 14: Base/Cahve tipo BCF5237 .................................................................................. 50
Figura 5. 15: Linha de disjuntores Schneider Easy9 ................................................................ 51
Figura 5.16: DPSs. .................................................................................................................... 53
Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus
acessórios. ................................................................................................................................. 55
Figura 6. 2: Imagem via satélite do local em estudo (adaptado). ............................................. 59
Figura 6. 3: Inversor Híbrido MPPT SPC III-3000-24 Outback power ................................... 61
Figura 6. 4: Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPZS ....................................................................... 63
Figura 6. 5: Mapa da Irradiação Solar no Local em Estudo ..................................................... 65
Figura 6.6: Célula policristalina ............................................................................................... 68
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 3. 1: Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais ............................ 22
Tabela 6.1: Estimativa diária do consumo de água para diversas utilizações .......................... 54
Tabela 6.2: Perda de carga em tubulações de PV ..................................................................... 56
Tabela 6.3: Estimativa de consumo diário de energia (média mensal) .................................... 60
Tabela 6.4: Estimativa do consumo médio mensal de alguns aparelhos eléctricos ................. 60
Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-3000-24
Outback Power ......................................................................................................................... 62
Tabela 6.6: Características da Bateria Solar 24V 720 Ah SOPZS ........................................... 63
Tabela 6.7: Dados de Parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em
estudo ........................................................................................................................................ 65
Tabela 6.8: Características Eléctricas ....................................................................................... 68
Tabela 6.9: Características Físicas............................................................................................ 68
Tabela 6.10: Custo estimado da instalação FV isolada ............................................................ 70
XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS
FV Fotovoltaico
SFVI Sistema Fotovoltaico Isolado
SBFV Sistema de bombeamento fotovoltaico
He Hélio
H2 Hidrogénio
Ed Radiação solar directa
Er Radiação solar reflectida
Eu Radiação solar difusa
MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
MPPT Maximum Power Point Tracking
NOTC Nominal Operating Temperature Conditions
GHI Global Horizontal Irradiance
UA Unidade Astronómica
GNOCT Irradiância em NOCT [W/m2 ]
GSTC Irradiância em STC [W/m2 ]
GT Irradiância retirada a partir dos dados meteorológicos [W/m2 ]
TNOCT Temperatura em NOCT [℃]
TSTC Temperatura em STC [℃]
CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
ID Corrente do díodo
Id1 Corrente do díodo 1 [A]
Id2 Corrente do díodo 2 [A]
Pb-ácido Chumbo ácido
p-Si Poli-crystaline Silicon
OPzS Ortsfest Panzerplatte Spezial (Bateria Estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólico Fluido e separadores Especiais)
OPzV Ortsfest Panzerplatte Verschossen (Bateria estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólito em Gel e Válvula de Segurança)
V Volt
kV Kilovolt
kW Kilowatt
XIII
kWh Kilowatt-hora
kWp Kilowatt-pico
Si Silício
Cd Cádmio
CdS sulfito de cádmio
FF Fator de forma
P Potência
PFV Potência eléctrica produzida pelo gerador FV
IS Corrente da resistência em série
VDC Tensão em corrente contínua
VOC Tensão em circuito aberto
ηFV Eficiência fotovoltaica
ηI Eficiência do inversor
A Ampère
Ah Ampère-hora
NB Número de Baterias
BS Baterias em série (para alcançar a tensão de projeto)
BP Baterias em paralelo (para alcançar a capacidade de
acumulação necessária)
Vi Tensão de operação do sistema [V]
VB Tensão nominal da bateria/elemento [V]
CR Capacidade Real do Banco de Baterias [Ah]
CN Capacidade Nominal da Bateria/elemento [Ah]
CU Capacidade úil do Banco de Baterias [Ah]
Pd Profundidade de descarga das baterias/elementos no fim da
autonomia (40% = 0,4)
ER Energia Real diária (já computadas as perdas)
R Rendimento Global da Instalação em decimal (89% = 0,89)
Nm Número total de módulos fotovoltaicos
mS Módulos em série (para alcançar a tensão de projeto)
mP Módulos em paralelo (para alcançar a corrente de projeto)
Si3 N4 Nitreto de silício
SiO Óxido de silício (sílica metalúrgica)
SiO2 Dióxido de silício (sílica industrial)
XIV
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO
A energia eléctrica nas áreas rurais residenciais é de grande importância para prover
iluminação, aquecimento e refrigeração às propriedades. Através da energia eléctrica os
produtores e moradores conseguem realizar suas actividades de trabalho rural e ter acesso a
iluminação segura a noite, à rádio e televisão e a conservação dos alimentos em geladeiras,
entre outos benefícios que garantem a dignidade social.
Em Angola, a maior produção de energia eléctrica vem através das centrais
hidroeléctricas. Contudo trata-se de um país com uma vasta extensão (1.247.000 km2 ) e com
uma população muito dispersa e pouco investimento em infraestruturas, faz com que muitas
regiões rurais não tenham acesso à energia eléctrica ou de qualidade. O que se torna
imprescindível a adopção de técnicas muitas vezes não convencionais para a geração de energia.
Uma das técnicas mais utilizadas actualmente é através da energia solar. Ela pode ser
dividida em dois tipos: a energia solar fotovoltaica e a energia solar térmica. A energia
fotovoltaica é usada essencialmente para gerar energia eléctrica directamente dos raios solares
através de placas feitas de cristal de silício. Já a energia solar térmica é utilizada para gerar
através do calor do Sol aquecimento para líquidos, como por exemplo, a água para banho
quente.
Os sistemas fotovoltaicos podem ser implantados em qualquer localidade que tenha
radiação solar suficiente. O sistema fotovoltaico, durante o seu funcionamento não produzem
ruído acústico ou eletromagnético, e não emitem gases tóxicos ou outro tipo de poluição
ambiental.
1.1 - Motivação
As principais motivações deste projecto são:
15
INTRODUÇÃO
As áreas rurais de Angola carecem de infraestrutura de rede eléctrica que seja capaz de
cobrir todas as regiões. Isso acarreta a privação do desenvolvimento social e humano, uma vez
que não terá acesso a comida sendo conservada em geladeiras, acesso à noticiais e meios de
comunicação como rádios, televisão, celular e internet. Além de geração de desgastes físicos
em razão da execução de trabalhos manuais que poderiam ser feitos por máquinas eléctricas.
Para dar soluções a esses problemas, existem alternativas de adoptar o sistema de
electrificação rural por meio de energia solar que permite gerar energia eléctrica e térmica
dentro dessas regiões.
Comparando aos imóveis urbanos, as propriedades rurais têm uma boa vantagem na
produção de energia eléctrica. Sabe por quê?
Na cidade um dos únicos espaços para colocar as placas solares são em telhados.
Dependendo dos imóveis ao redor, eles nem sempre recebem uma boa insolação. Já as
propriedades rurais tem espaço livre para instalação dos painéis solares na posição ideal para
que o sol incida o ano inteiro.
Motivos para investir na instalação de sistemas fotovoltaicos:
Você nunca vai gastar nada com combustível para produzir energia;
Sistemas de energia solar são extremamente duráveis;
Você vai colaborar com a perseveração do meio ambiente.
16
APROVEITAMRNTO SOLAR
É a energia emitida pelo sol e que chega à superfície terrestre sob a forma de ondas
electromagnéticas (radiação), que se propagam transversalmente no espaço.
O sol é o centro do sistema solar terrestre. A energia que o Sol liberta aquece o planeta
terra e dá vida a todos os seus elementos, ou seja, a importância que sol tem para o planeta terra
em termos energéticos é quase imensurável, pois, com excepção da energia nuclear, todos os
recursos energéticos utilizados para a produção de energia dependem directa ou indirectamente
da acção do sol.
Acção directa do Sol:
Sistemas energéticos solares térmicos: aproveita-se a energia térmica da radiação
solar para a produção de energia térmica;
Sistemas energéticos solares fotovoltaicos: utiliza-se a energia luminosa da radiação
solar para a produção de energia eléctrica.
O Sol pode ser imaginado como sendo um objecto enorme e massivo composto por um
aglomerado de gases suportados pela acção das forças gravitacionais.
A existência destes elevados níveis de temperatura e pressão – no seu centro – provoca
a ocorrência de processos de fusão nuclear, que basicamente são processos reactivos fortes de
junção de núcleos que ocorrem no núcleo solar e provocam a transformação de átomos de
hidrogénio (H2 ) em hélio (He), de forma maneira contínua e sucessiva, libertando grandes
quantidades de energia.
A energia solar, que chega a superfície terrestre, recebe o nome de radiação/irradiação
solar ou insolação solar, e é referenciada em W/m2 . Na prática, a UA não tem um valor
17
APROVEITAMRNTO SOLAR
constante, devido aos movimentos de translação e rotação que a terra efectua em torno do sol e
do seu eixo; logo, o valor da radiação solar também não é constante.
2.2 - A Radiação Solar na Superfície Terrestre
A radiação solar que atinge a superfície terrestre varia desde zero, ao nascer do sol, até
um valor máximo que se verifica mais ou menos ao meio-dia, pressupondo-se ausência de
nebulosidade. Como pode-se observar na figura 2.1, a radiação solar global subdivide-se nas
seguintes três parcelas:
Radiação directa (𝐄𝐝 ): corresponde à fracção da radiação solar global que atinge a
superfície terrestre num percurso unidirecional, apresenta direção de incidência na linha
imaginária entre a superfície e o Sol e representa a parcela que não sofreu os processos
radiativos de absorção e espalhamento que ocorrem na atmosfera;
Radiação difusa (𝐄𝐮 ): corresponde à fracção sujeita ao fenómeno de difusão, que
mantém as características da energia radiante global, engloba a radiação proveniente de
todas as demais direções que são decorrentes dos processos de espalhamento pelos gases
e particulados presentes na atmosfera;
Radiação reflectida/albedo (𝐄𝐫 ): corresponde à parcela da radiação solar global sujeita
às reflexões na superfície terrestre.
O modelo elétrico da bateria é composto por uma fonte de tensão ideal (Vi ) e por uma
resistência interna (R i ). Esta resistência possui um comportamento dinâmico ao longo dos
processos de carga e descarga; assim, a tensão medida nos terminais de uma bateria é
influenciada pelo sentido da corrente da bateria.
19
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Autonomia: está é a função mais importante, que é suprir a energia para os consumos,
quando o painel não é capaz de gerar energia suficiente. Isto acontece todas as noites e
nos períodos chuvosos ou nublados, que podem variar durante o dia.
Outros tipos de baterias como Íons de Lítio, não são viáveis para sistemas fotovoltaicos,
devido a capacidade dos bancos de baterias para essa aplicação. É a relação custo-benefício que
faz com que as baterias de chumbo-ácido sejam escolhidas para a maioria dos sistemas
fotovoltaicos.
Baterias de chumbo ácido são constituídas de células individuas que - também chamadas
de pilhas – com tensão nominal de 2 V cada uma, que nas baterias monoblocos são ligas em
série para alcançar a tensão nominal (6 células constituem uma bateria de 12 V).
Cada célula é constituída por duas placas de metais diferentes (uma negativa outra
positiva) isoladas por separadores e imersas em uma solução aquosa de ácido sulfúrico
(H2 SO4 ), as placas são elétrodos de chumbo em formato de grade com função de segurar a
matéria activa e conduzir a corrente eléctrica.
20
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Quando atinge a tensão final de carga nas células, a bateria deve ser desconectada do
carregador, pois se inicia um processo de eletrólise de água presente no eletrólito que leva a
dois inconvenientes:
Perda de água, que faz o ácido se concentrar mais, se tornando nocivo as placas até a
secagem total que determina o fim da bateria.
22
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
A diferença entre essas duas baterias e as anteriores está na forma dos elétrodos
positivos, que são tubulares, com tubos permeáveis em torno das varetas, através do qual circula
o eletrólito. Estas baterias também tem vida útil muito superior às baterias comuns, mais não
são volumosas, mais pesadas e tem maior custo de instalação, inclusive nos preços comerciais
muito superiores a outros tipos de baterias.
Baterias de Bloco com Placas Positivas PlanaS (OGi): As baterias OGi (do alemão:
Ortsfeste Ghitterplatten, que significa: Placas Estacionárias Radias) são do tipo
estaciónaria com os elétrodos positivos em formato de placa plana com uma
configuração que está entre a das baterias de grade e as baterias de elétrodo tubular. As
varetas encaixadas em um protetor comum, que possibilita a fabricação de placas planas
mais baratas que as tubulares, mas com vida útil muito maior. Os elétrodos negativos
de uma bateria de bloco são em formato de grade.
As baterias OGi alcançam 1300 ciclos com profundidade de descarga de 75% e 4500
ciclos com 30% de Pd. Devido à grande reserva de ácido no vaso, a manutenção será necessária
em períodos entre 3 e 5 anos. São muito utilizadas em sistemas autónomos na Europa, pois
conseguem ser carregadas mesmo com baixas correntes.
À medida que a bateria se descarrega a tensão diminui. Cai rapidamente no inicio devido
as perdas ôhmicas, depois cai continuamente até o fim de carga, quando cai rapidamente e
atinge o valor limite a partir do qual a concentração do ácido diminui muito começam os efeitos
nocivos da sulfatação (citado abaixo).
Capacidade: é a quantidade de carga eléctrica que a bateria pode fornecer até ficar
totalmente descarregada. A capacidade é o produto da descarga constante (𝐈𝐧 ) pelo
tempo de descarga (𝐈𝐧 ):
𝐂𝐧 = 𝐈𝐧 × 𝐭 𝐧
o Capacidade nominal (Cn ): quantidade de carga extraível de uma bateria (ou elemento)
em n horas, em uma temperatura média de 25℃, e determinada corrente, até que a tensão
bateria caia para 1,8 V/elemento (10,5 V numa bateria monobloco de 12 V nominais).
Se a capacidade total de uma bateria for utilizada em 10 horas, será drenada uma
corrente muito maior do que se a descarga for feita em um período de 100 horas. Uma
bateria de 𝐂𝟏𝟎𝟎 = 𝟏𝟎𝟎 𝐀𝐡 pode ser descarregada em 100 horas com uma corrente 1 A.
Se dessa bateria for drenada 8 A, ela atingdcvfb nirá a tensão final em 10 horas. Sua
capacidade em C10 será 80 Ah (𝐂𝟏𝟎 = 𝟖𝟎 𝐀𝐡).
24
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
As células fotovoltaicas são fabricadas, na sua grande maioria, usando o silício (Si) e
podendo ser constituida de cristais monocristalinos, policristalinos ou de silício amorfo.
Para se utilizar o silício na indústria eletrônica além do alto grau de pureza, o material
deve ter a estrutura monocristalina e baixa densidade de defeitos na rede. O processo mais
utilizado para se chegar as qualificações desejadas é chamado “processo Czochralski”. O
silício é fundido juntamente com uma pequena quantidade de dopante, normalmente o boro que
é do tipo p. Com um fragmento do cristal devidamente orientada e sob rígido controle de
temperatura, vaise extraindo do material fundido um grande cilindro de silício monocristalino
levemente dopado. Este cilindro obtido é cortado em fatias finas de aproximadamente 300µm.
Após o corte e limpezas de impurezas das fatias, deve-se introduzir impurezas do tipo
N de forma a obter a junção. Este processo é feito através da difusão controlada onde as fatias
de silício são expostas a vapor de fósforo em um forno onde a temperatura varia entre 800 a
1000 ℃. Dentre as células fotovoltaicas que utilizam o silício como material base, as
monocristalinas são, em geral, as que apresentam as maiores eficiências. As fotocélulas
comerciais obtidas com o processo descrito atingem uma eficiência de até 15% podendo chegar
em 18% em células feitas em laboratórios.
As célula de silício amorfo diferem das demais estruturas cristalinas por apresentar alto
grau de desordem na estrutura dos átomos. A utilização de silício amorfo para uso em
fotocélulas tem mostrado grandes vantagens tanto nas propriedades elétricas quanto no
processo de fabricação.
27
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Por apresentar uma absorção da radiação solar na faixa do visível e podendo ser
fabricado mediante deposição de diversos tipos de substratos, o silício amorfo vem se
mostrando uma forte tecnologia para sistemas fotovoltaicos de baixo custo. Mesmo
apresentando um custo reduzido na produção, o uso de silício amorfo apresenta duas
desvantagens: a primeira é a baixa eficiência de conversão comparada às células mono e
policristalinas de silício; em segundo, as células são afetadas por um processo de degradação
logo nos primeiros meses de operação, reduzindo assim a eficiência ao longo da vida útil.
Por outro lado, o silício amorfo apresenta vantagens que compensam as deficiências
acima citados, são elas:
28
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Fator de forma (FF): Conceito teórico que serve para medir a forma da curva, definida
pelas variáveis 𝐼 e 𝑉.
29
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Na ligação mista entre módulos fotovoltaicos são obtidas as características das duas
associações referidas acima, série e paralelo.
Assim, conseguem-se obter valores mais elevados de corrente e de tensão.
Normalmente, nos módulos FV, são instalados díodos para a proteção dos mesmos
contra diversos fenómenos que podem comprometer o funcionamento do campo fotovoltaico
(conjunto de módulos/painéis que constituem o sistema de geração) ou da instalação em geral.
3.2.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras
Para evitar os problemas que uma iluminação solar irregular poderá causar, a presença
de sombras ou outros fatores que fazem com que uma parte das células de um painel trabalhe
em condições diferentes das restantes, recorre-se à utilização de proteções. Os díodos de desvio
(bypass) ligam-se em paralelo com associações de células ligadas em série, para impedir que
todos os elementos da série se descarreguem sobre a célula que estiver coberta ou sombreada.
Através da ligação em série de módulo FV, a célula solar com sombra aquece, podendo
danificar-se; os díodos de bypass têm a função de proteger as células sombreadas, podendo o
painel dispor de um a três díodos de bypass, consoante o número de células. Estes díodos são
instalados nos módulos FV com a polaridade inversa/oposta das células, para que se estas
trabalharem corretamente o díodo não interfere no seu funcionamento. Se um grupo de células
não estiver exposta ao sol, a polaridade é invertida e oferece o caminho mais fácil à passagem
da corrente gerada pelos restantes grupos de células.
30
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Quando há sombreamento de uma célula, o efeito fotovoltaico cessa, fazendo com que
o único caminho para a corrente gerada pelas outras células seja a junção da célula afetada; a
tensão a que a junção da célula afetada fica submetida leva o díodo a operar na região de
polarização inversa, permitindo a circulação de uma corrente igual à corrente de geração das
outras células, dissipando uma grande quantidade de energia. A potência dissipada na junção
inversamente polarizada é dada pelo produto da corrente de geração das outras células e da
tensão inversa negativa.
A seguir, apresenta-se o exemplo de uma configuração típica de um painel com díodos
de bypass; estes díodos são incorporados nas tomadas de caixa de ligações dos módulos FV
pelos fabricantes, Figura 3.12.
Figura 3. 12: Configuração típica de um painel com duas caixas de ligação, uma para o
terminal positivo e outra para o negativo
Na configuração ilustrada na Figura 3.1,2 instala-se um díodo em cada uma das caixas
de ligação. Caso exista sombreamento severo, a corrente circula por um grupo de 1/3 de células
e depois através do díodo, ou seja, 2/3 do painel é interposto no caso de existirem sombras.
Quando existem módulos ligados em paralelo, são utilizados díodos de fileira para evitar
curto-circuitos e correntes inversas entre fileiras, no caso de aparecer qualquer avaria em
alguma das fileiras do sistema FV. Os díodos mais utilizados são do tipo Schottky, no entanto,
se forem utilizados módulos do mesmo tipo, também é comum não serem utilizados os díodos
de fileira; nesta situação, procedesse à colocação de fusíveis de proteção nos dois lados da fileira
de modo a garantir a proteção contra sobreintensidades.
Na Figura 3.13, pode-se observar a configuração dos díodos de fileira de um campo
gerador fotovoltaico.
Os díodos de bloqueio são utlizados nas instalações FV para realizar duas funções:
Evitar que a bateria se descarregue sobre o campo fotovoltaico, durante a noite;
Bloquear a circulação de correntes inversas de ramos paralelos sombreados durante o
dia.
Nos sistemas fotovoltaicos com baterias, se não se utilizarem proteções, a bateria poderá
descarregar-se durante toda a noite através dos módulos. Este efeito não seria perigoso para os
módulos, mas originaria uma perda de energia no sistema de armazenamento.
Para evitar estas perdas, colocam-se díodos de bloqueio ligados em série entre o gerador
fotovoltaico e a bateria. Estes díodos permitem a circulação de corrente do campo fotovoltaico
até à bateria durante o dia, mas bloqueiam a circulação no sentido inverso de corrente da bateria
ao campo fotovoltaico.
A Figura 3.15 mostra as curvas de iluminação e de escuridão de um gerador fotovoltaico,
indicando os sentidos de circulação da corrente. Durante a noite, a bateria mantém a sua tensão
de operação e a corrente que passa pelo módulo circulará em sentido oposto.
33
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Este cenário vem ao encontro do grande potencial para a implementação dos sistemas
autónomos nos países em vias de desenvolvimento, onde grandes áreas permanecem sem
fornecimento de energia elétrica. Os sucessivos avanços tecnológicos e a redução dos custos de
produção em países industrializados poderão contribuir para a generalização deste tipo de
aplicação.
Estes sistemas além dos painéis e inversores que têm os sistemas ligados à rede,
possuem, dadas as suas especificidades, os seguintes equipamentos:
Regulador de Carga: Equipamento eletrónico que regula a carga da bateria com a
energia proporcionada pelo módulo fotovoltaico e depois a sua descarga através dos
dispositivos a alimentar;
Bateria: Equipamento de acumulação da energia elétrica excedente do consumo no
momento da sua produção pelo módulo fotovoltaico.
A constituição dos dois tipos difere apenas no uso de baterias pelo sistema indireto,
contudo, com vistas ao menor custo total do sistema, o sistema direto é mais usual, reservando-
se a aplicação indireta apenas quando é necessário realizar o bombeamento em horário sem
insolação. Além disso, o sistema direto pode usar ou não um conversor de potência. A Figura
4.5 apresenta as configurações em ambientes de bombeamento fotovoltaico, as linhas mais
espessas destacam a modalidade mais utilizada.
Posso usar o gerador solar com a minha motobomba? O gerador solar gera em corrente
contínua. Para acionar uma motobomba de corrente alternada é preciso instalar adicionalmente
um inversor de frequência variável, pois a motobomba vai trabalhar com maior ou menor
rotação dependendo da quantidade de radiação solar disponível. Existem motobombas que já
vem com este inversor de frequência embutido o que facilita a instalação.
Em geral, as bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes
volumes de água (elevadas vazões) e pequenas alturas manométricas (reservatórios superficiais
ou cisternas). Possuem pás ou rotores que giram em alta velocidade, criando pressão e forçando
o fluxo de água.
As características de operação das bombas centrífugas acionadas por motores c.c.
adequam-se razoavelmente bem à saída do gerador fotovoltaico. Assim, pelo fato de partirem
gradualmente e sua vazão aumentar com a corrente elétrica (maiores níveis de irradiância), elas
podem ser conectadas diretamente ao gerador fotovoltaico, sem necessidade de inclusão de
bateria.
Entretanto, um bom casamento entre a bomba e o gerador fotovoltaico é necessário para
um eficiente funcionamento, o que exige um profundo conhecimento das características de
ambos.
O desempenho de uma bomba centrífuga c.c. conectada diretamente ao gerador
fotovoltaico é muito sensível ao valor da radiação solar. Assim, quando o nível de irradiância
se reduz, a corrente do gerador cai e o motor gira mais lentamente. Pequenas mudanças no nível
de irradiância resultam em grandes mudanças na vazão da bomba, podendo também levá-la a
não superar a altura manométrica necessária. Em alguns casos, o bombeamento pode ser
interrompido, até o retorno de níveis de irradiância mais elevados.
Existem duas classes principais de bombas centrífugas: as submersíveis, ou submersas,
e as de superfície.
A vazão de água bombeada pelas bombas volumétricas apresenta menor dependência com
a altura manométrica, se comparada com a das bombas centrífugas. Nas bombas volumétricas
a água é bombeada a partir de um mecanismo, em geral um êmbolo, que, com movimentos
sucessivos, força o deslocamento do fluido no sentido do próprio êmbolo. A concordância dos
sentidos dos dois movimentos, água e êmbolo, permitem que estas bombas também sejam
chamadas de bombas de deslocamento positivo.
37
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Motores c.c.: as máquinas elétricas classificadas nesta categoria podem possuir escovas
ou não. Motores com escovas necessitam de manutenção mais frequente devido ao
desgaste natural das escovas de grafite, por outro lado, os motores sem escova usam
circuitos eletrônicos que controlam eletroímãs, por isso sua taxa de manutenção é
menor, contudo esses circuitos são mais sujeitos às falhas. São mais eficientes em
comparação os motores de corrente alternada;
Motores c.a.: são os mais utilizados em todas as aplicações devido ao baixo preço e
facilidade de ser encontrado no mercado, entretanto, precisam necessariamente de um
inversor quando alimentados por módulos fotovoltaicos, isso pode tornar o sistema mais
caro. O tipo mais utilizado é de indução, nesse caso o inversor é projetado para dar a
partida nele e variar a frequência de modo que a tensão de saída do gerador seja
adequada à carga.
39
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
40
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Para este estudo escolheu-se o PFV da marca SHARP modelo ND-R250 A5, por
oferecer preço acessível no mercado, por oferecer garantia de produto de 10 anos, garantia de
desempenho linear de 25 anos, mínimo de 96 % da saída da energia mínima especificada
durante o primeiro ano e pela redução anual máxima de 0,667 % da produção de energia para
os 24 anos seguintes. A Tabela 5.1 ilustra as principais características elétricas do módulo FV
SHARP ND R-250 A5, em condições STC. A Tabela 5.2 ilustra as principais características
elétricas do mesmo módulo, em condições NOTC.
O regulador de carga também impede que a bateria continue a receber carga do campo
gerador fotovoltaico uma vez este tenha alcançado a sua carga máxima, o que previne que a
bateria se venha a deteriorar por meio da gaseificação ou aquecimento, o que encurta a sua vida
útil. A maioria dos reguladores permite inicialmente que toda a corrente produzida, pelo campo
gerador fotovoltaico, passe para a bateria. Assim, quando a bateria se aproxima do seu estado
final de carga, fornecem-se correntes intermitentes para manter a bateria num estado de
“flutuação”.
41
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
A maior parte dos reguladores de carga permite o ajuste das tensões de regulação para
adequar os níveis de corte ao tipo de bateria utilizado na instalação fotovoltaica, estes ajustes
devem ser realizados por pessoal qualificado e não deverão estar acessíveis ao utilizador.
Regulador série;
Regulador paralelo ou shunt;
Regulador MPPT.
42
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Este regulador tem esta designação pelo facto de o interruptor de controlo eletrónico S1
ficar em série como gerador fotovoltaico, Figura 5.3. Quando atingida a tensão máxima, o
controlador interrompe a entrega da potência por parte dos módulos FV através do controlo S1,
que pode ser um relé ou um semicondutor, evitando desta forma a sobrecarga, voltando a ligar-
se quando a tensão da bateria diminui.
Este regulador também inclui outro interruptor entre a bateria e a carga, S2, que evita a
descarga da mesma, cortando o abastecimento de energia quando se alcança a tensão de corte
por descarga profunda. Este é utilizado em instalações onde se aplicam intensidades mais
elevadas.
Analisando a Figura 5.4, verifica-se que este regulador fica com o interruptor de
controlo S1 em paralelo com o gerador FV, e daí a designação de paralelo. Quando a tensão
aos terminais da bateria atinge o valor de tensão de sobrecarga Vsc , o regulador desvia parte da
corrente que chega à bateria ao invés de a interromper, deixando passar apenas uma quantidade
de corrente que evita a auto-descarga.
43
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Quando a radiação solar diminui nos módulos FV, a tensão nos módulos também baixa.
Os reguladores estudados até agora não permitiam aproveitar a energia produzida pelos
módulos FV (embora em pouca quantidade) e, sendo assim, o ponto de máxima potência (MPP,
visto atrás), não seria alcançado. Este regulador permite aproveitar a energia produzida do
gerador FV, situando o ponto de funcionamento na máxima potência, mantendo um valor de
tensão superior ao da bateria que, desta forma, irá carregar. Trata-se de um regulador que não
desperdiça energia. Por outro lado, e de modo a efetuar esta operação, o regulador necessita
também de um conversor DC/DC que ajuste o valor da tensão e procure o MPP.
5.1.3 - Inversores
45
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
O inversor, Figura 35, liga-se diretamente aos terminais da bateria, uma vez que as
correntes solicitadas são geralmente demasiado elevadas para o regulador de carga
(especialmente no arranque de uma carga de 230 V). A ligação direta com a bateria implica que
o inversor possua um sistema integrado de controlo de profundidade de descarga.
Figura 5. 9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas
Os inversores deverão estar obrigatoriamente identificados com a seguinte informação:
46
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
De onda quadrada: São os mais baratos, sendo que a onda de saída tem um grande
conteúdo harmónico indesejado que gera ruídos e perdas da potência. Não regulam bem
tensão de saída. De referir que este inversor não deve ser utlizado em sistemas FV
isolados, onde possam existir cargas que não são puramente resistivas;
De onda sinusoidal (semelhante à onda da rede elétrica): São os que utilizam à saída
uma forma de onda sinusoidal pura. São indicados para trabalhar com aparelhos
eletrónicos sensíveis e atualmente estão a impor-se sobre o resto dos inversores,
incluindo para aplicações mais simples. Não apresentam problemas em relação à
distorção harmónica ou estabilidade de tensão e o seu custo é maior que o dos inversores
de onda quadrada ou de onda modificada.
A Figura 5.10 ilustra as diferentes formas de onda de tensão de saída dos inversores
aqui descritos.
5.1.4.1 - Fusíveis
Fusíveis são dispositivos de proteção, utilizados para proteger contra sobrecorrentes
(curto-circuito) e sobrecarga de longa duração. São constituidos por um conductor de secção
reduzida (elo fusível) em relação aos conductores da instalação, montados numa base de
material isolante.
47
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Funcionamento
O fusível é um elo de ligação por onde passa a corrente, ele aquece se a variação da
corrente for acima do padrão para o qual foi projectado. Quando ocorre sobrecorrente, o elo
fusível aquece devido a sobrecorrente e o mesmo se funde, interrompendo a passagem de
corrente eléctrica, evitando assim danos à instalação e aos equipamentos.
Por esta razão é sempre muito importante que a capacidade dos fusíveis seja sempre
bem dimensionada. Porque se ele não queimar por excesso de carga, poderá queimar a fiação
do circuito, ou os aparelhos ligados a ele, com risco de provocar incêncio.
Nas residências, ainda existem algumas instalações em que os fusíveis estão localizados
no quadro de distribuição ou junto ao padrão, também conhecido como relógio medidor. No
quadro de distribuição existem outros dispositivos de proteção como por exemplo, o DPS e o
IDR. Instalados antes destes dispositivos, os fusíveois também conseguem fazer a proteção
deles, assegurando que funcionem de maneira correcta.
Características:
Corrente nominal: Valor de corrente que o circuito deve suportar continuamente sem
se fundir. Essa corrente geralmente vem expressa no corpo do fusível.
Corrente de ruptura: Valor máximo de corrente que o fusível consegue interromper.
Corrente convencional de atuação: Valor específico de corrente que provoca a
atuação do dispositivo de proteção dentro de um tempo determinado.
Curva caracteristica: Apresenta a relação entre o tempo necessário para interrupção
em função de corrente.
Elo fusível: O tempo que o mesmo leva para fundir é proporcional ao quadrado da
corrente aplicada e da inércia térmica do material empregado ao elo. Por isto, a variação
do material utilizado interfere na velocidade de ação do fusível. Ele pode ser muito
rápido, rápido, média, lenta ou muito lenta.
48
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Tabela 5. 3: Características Eléctricas - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6,
NFC 63210
Corrente Nominal 1 a 32 A
Tensão Máxima 1000 Vcc
Capacidade de interrupção 30 KA
49
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Tabela 5. 5: Características Eléctricas Fus. 10/14x85 - Conforme Norma DIN VDE 0636-6,
IEC 60269-6, NFC 63210
Corrente Nominal 1 a 32 A / 40A 45A 50A
Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Capacidade de Interrrupção 30 KA
Tabela 5. 6: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL269-6, UL 3579, DIN 43620
Corrente Nominal 1 a 60 A
Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Fusível Categoria gPV
Conductor de Conexão 4 - 18 mm2
Perda 8W
Classe de Utilização DC - 20B
50
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
5.1.5 - Disjuntor
O distribuidor em que está instalado o disjuntor pode aquecer mais do que é habitual em
instalações comuns. Uma vez que as distribuições eléctricas em sistemas fotovoltaicos são
frequentemente estabelecidos fora de edifícios, é necessário contar com a temperatura mais
elevadas no distribuidor.
Os dados relativos ao factor de redução desta influência são indicados nos dados
técnicos do disjuntor.
Um fusível roscado, poer exemplo, Diazed (sistema D) ou Neozed (sistema D0), não é
seccionador de carga e, portanto, pode ser usado como protecção de cabo, mas não como
dispositivo seccionador de carga. O fusível pode danificar-se durante a separação sob carga ou
a sua função pode ser prejudicada em devido o desgaste dos contactos.
52
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS
Função
O DPS é instalado entre a linha e o terra (sistema TN) e, assim, limita a diferença de
potencial durante em transiente de tensão. Os Dispositivos de Protecção de Surto possuem pelo
menos um componente não linear. Durante a operação normal do sistema (ausência de surtos),
o DPS não influência no sistema, pois actua como um circuito aberto, porém quando ocorre
um surto, em alguns nanossegundos, o DPS reduz a sua impedância interna e conduz o surto
de corrente limitando a tensão máxima a um valor admissível aos equipamentos a jusante. Após
o surto se extinguir o DPS recompõe o valor de impedância inicial e se comporta como um
circuito aberto.
53
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
O bombeamento pode ser utilizado para diversos fins, como o fornecimento de água
paraconsumo humano ou irrigação para cultivos. Cada finalidade, assim como as características
de uso próprias de cada local, apresenta necessidades variadas. Quando não se dispõe de um
valor exato de consumo de água, uma alternativa que fornece bons resultados é a utilização de
informações de consumo por atividade, como mostrado na Tabela 6.1. Vale ressaltar que a
necessidade de água para cultivo pode variar bem mais que as necessidades humana e animal,
em função do clima, tipo de solo, etc. Sugere-se maior cuidado na utilização dos dados para
cultivo disponíveis em tabelas, recomendando-se um estudo criterioso anterior à etapa de
projeto.
54
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Dados
V = 2000 L = 2m3
T = 30 min = 0,5 h = 1800 s
V 2000 L 2 𝑚3 𝟑
Q= → Q= = 𝟒𝟎𝟎𝟎 𝑳⁄𝒉 𝐨𝐮 Q= = 𝟎, 𝟎𝟎𝟏 𝒎 ⁄𝒔
T 0,5 h 1800 𝑠
Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus
acessórios.
Sabendo-se a vazão necessária para encher o reservatório, podemos assim determinar o
diâmetro de tubagem. A formula mais utilizada para chegar-se as diâmetros de tubo é a fórmula
de Bresse, expressa por:
Dados
Q = 0,001 m3 /s
k = 1,0
55
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Nível estático (A): distância entre o nível do solo e o nível da água em repouso (nível
estático). Afogamento = A – 0,30 𝐦 = (𝟎, 𝟕𝟎 − 𝟎, 𝟑𝟎) 𝐦 = 𝟎, 𝟒𝟎 𝐦;
Hm = H + Ht
Dados
𝐏𝐭𝐬 : Perda na tubulação de sucção em função do diâmetro e da vazão (m). 𝐏𝐭𝐬 = 𝟐, 𝟎𝟎;
𝐏𝐭𝐫 : Perda na tubulação de recalque em função do diâmetro e da vazão (m). 𝐏𝐭𝐫 = 𝟒, 𝟓𝟓.
126,3
Ht = → 𝐇𝐭 = 𝟏, 𝟐𝟔 𝐦
100
Sendo o valor da altura geométrica total (H) igual a 6,10 m, e a perda de carga nas
tubulações (Ht ) igual a 0,342 m, tem-se:
Hm = (8,00 + 1,26) m → 𝐇𝐭 = 𝟗, 𝟐𝟔 𝐦
Potência da Bomba
A potência recebida pela bomba, potência esta fornecida pelo motor que aciona a
bomba, é dada pela seguinte expressão:
Dados
P-?
𝛄: Peso específico do líquido a ser elevado (H2 O − 1000 kgf/m3 )
Q = 0,001 m3 /s
Hm = 7,25 m
ηb = 0,5 (É o coeficiente de rendimento global da bomba que depende basicamente
do porte e características do equipamento)
57
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Para este sistema convém trabalhar com potências acima do valor estipulado. Para este
caso, usaremos a bomba de 𝟏 𝐜𝐯.
A energia hidráulica mínima necessária pode, então, ser calculada, resultando em:
Dados
𝑬𝒉 - ?
𝒈 = 9,81 m/s 2
𝝆 = 1.000 kg/m3 (massa específica da água)
Hm = 9,26 m
Q = 2 m³
𝑬𝒉 = 𝝆.𝒈.Hm .Q
58
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Cunene
No Sul, alonga-se por 87.342 km, entre o Namibe (oeste) e o Cuando-Cubango (leste),
a Huíla a norte e a Namíbia a sul. São 6 os municípios: Cuanhama, Ombadja, Cuvelai,
Curoca, Cahma, Namacunde; e a sua capital, Ondjiva está separada de Luanda por uma
distância de 1.424 km. O INAMET realça que Cunene é a província mais quente.
Tem clima tropical seco com temperatura média situada nos 20 ℃. Com sócios pouco
propíocios, encontra-se uma actividade agricola pouco desenvolvida, sendo as principais
produções: milho, massango, massambala, trigo, tabaco, cana-de-açúcar e videiras.
A base do dimensionamento no caso de SFIs é entender que o sistema deve gerar mais
eletricidade do que o limite estabelecido para consumo. Deve-se definir um período de tempo
e a produção de eletricidade neste período deve ser maior do que a demanda elétrica a ser
atendida. Isto deve se repetir nos períodos subsequentes.
A maneira mais tradicional para determinar a demanda de uma unidade consumidora é
somar as energias consumidas por cada equipamento. Isto é geralmente feito em uma planilha,
onde estão listados os equipamentos, sua potência elétrica, o tempo diário de funcionamento e
os dias de utilização por semana, para que se disponha de dados diários de energia consumida,
em Wh/dia.
Tabela 6.3: Estimativa de consumo diário de energia (média mensal)
Carga Potência (W) Horas de Dias estimados Consumo
utilização por dia de uso diário (kWh)
(dias/mês)
Lâmpada florescente (x3) 40 x 3 X 10 h X 30 ÷ 30 = 1.2
Lâmpada florescente (x2) 15 x 2 X 1 h 30 min X 30 ÷ 30 = 0.045
Lâmpada florescente (x4) 20 x 4 X 10 h X 30 ÷ 30 = 0.8
Bomba de água 1 cv 750 X 30 min X 30 ÷ 30 = 0,375
TV 110 X 18 h X 30 ÷ 30 = 1,98
Ventilador grande 250 X 18 h X 30 ÷ 30 = 4,5
Computador 45 X 12 h X 20 ÷ 30 = 0.36
Ferro eléctrico simples 390 X 27 min X 30 ÷ 30 = 0,175
Freezer vertical Pequeno 300 X 19 h X 30 ÷ 30 = 5,7
Potência total 2.075 = 15,135
Todos os aparelhos citados acima são de uso comum e funcionam em corrente alternada
(CA) em 230 Volts. Portanto deverão ser instalados em uma bateria por intermédio de um
Inversor de corrente Autónomo com saída de 230 Volts. Antes de verificar nos catálogos de
fornecedores, precisamos saber a potência de tal inversor.
60
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Para isto verificamos a potência instantânea que o inversor deverá controlar, somando a
potência dos aparelhos que serão ligados simultaneamente.
A potência que o inversor deverá controlar é de 2275 W de maneira permanente. Como
os conversores de corrente têm sua máxima eficiência ao trabalho na faixa entre 50% e 70% da
sua capacidade, devemos considerar uma folga ao dimensionar o inversor. No caso apresentado
gora teremos o seguinte caso:
2.075
𝟐. 𝟎𝟕𝟓 𝐖 → = 2.964,3 W
0,7
Inversor com folga de 30% ou seja utilização de 70% de sua capacidade.
2.075
𝟐. 𝟎𝟕𝟓 𝐖 → = 4150 W
0,5
Inversor com folga de 50% ou seja com utilização de 50% de sua capacidade.
Podemos escolher um inversor com potência contínua entre 2964,3 W e 4150 W, com saída
para 230 Volts.
61
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-3000-24
Outback Power
Modelo PPC III-3000-24
Potência nominal 3000VA/3000W
Entrada
Tensão 230VAC
Faixa de tensão selecionável 90 − 280VAC
Faixa de frequência 50 Hz⁄60 Hz (Auto sensing)
Saída
Relação de tensão AC (modo de bateria) 230VAC ± 5%
Potência da onda 6000VA
Eficiência (pico) 93%
Tempo de transferência 15 ms (UPS): 20 ms (Appliances)
Onda Onda sinusoidal pura
Bateria
Tensão da bateria 24 VDC ou 48 VDC
Tensão de flutuação 23 VDC
Faixa de tensão personalizada 33 VDC
Carregador solar e carregador de AC
Tipo de carregador solar MPPT
Potência máxima da matriz fotovoltaica 4000 WP
MPPT faixa de tensão de operação 120 − 450 VDC
Tensão Máxima de circuito aberto da matriz FV 500 VDC
Corrente de carga solar máxima 80 ADC
Corrente máxima de carga AC 60 ADC
Corrente máxima de carga 80 ADC
Note que o fabricante não cita a faixa da máxima eficiência penas o o seu valor: 93%.
Esse inversor autónomo de surto/pico de 6000 W e a saída é em onda sinusoidal modificada,
não sendo adequado para a partida de motores. Recomenda-se a tensão de entrada de 48 V.
Devido ao facto de inversor autónomo ter eficiência máxima de 93%, deve-se considerar
um novo valor para energia eléctrica a ser gerada diariamente pelo sistema fotovoltaico (E),
que leve em conta o autoconsumo do inversor. Para isso, dividimos o valor encontrado
anteriormente (15,135kWh) pelo valor da eficiência do inversor em decimal (0,93):
15,135
E= → 𝐄 = 𝟏𝟔, 𝟐𝟕 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
0,93
O valor mostrado acima é o que deve chegar até os terminais do inversor, em corrente
alternada, e que será convertido em corrente contínua para a alimentação das descargas
anteriormente.
Devido a perda em todos os elementos que compõem o sistema fotovoltaico, devemos
considerar um potencial acima do estipulado acima, no qual seja computado o Rendimento
Global do SFIs. O valor médio do rendimento global é de 89% (0,9) que é calculado mediante
os factores de perdas possíveis que envolvem desde a perda por conversão eletroquímica no
interior das baterias até um factor adimensional que leva em consideração a possibilidade de
mau uso. Esse coeficiente de perdas adimensional é ensinado nas faculdades de engenharia e é
jocosamente chamado de FC, sendo que aqui o nomeamos de coeficiente de perdas por
verificação (𝐊 𝐕 ).
𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗
62
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
A tensão da parte CCd (corrente contínua) do SFIs será de 48 Volts, devido ao inversor
autónomo escolhido conforme dita anteriormente.
𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
Autonomia varia de acordo ao nível de insolação da localidade onde será instalado o
sistema fotovoltaico e o nível de segurança, ao custo de mais baterias. Suponhamos que
realizaremos esta raramente temos dois dias sem insolação directa. Portanto podemos escolher
uma autonomia de 3 dias.
𝐍=𝟑
O banco de bateria será composto por baterias de SOPZS 24V 720 Ah é uma solução
avançada e económica, ideal para armazenamento de energia em instalações solares
residenciais, estações de telecomunicações ou outras infraestruturas que exigem um ciclo de
vida longo e com pouca manutenção. A tecnologia de placa tubular está especialmente
desenhada para aplicações de energias renováveis, com critérios de fabrico segundo as normas
ISO 9001,ISO 14001, BS OHSAS 18001.
Seguindo com os cálculos usaremos, as seguintes características para este modelo de bateria:
𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕
𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡
𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔
𝐄 = 𝟏𝟔, 𝟐𝟕 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
𝐍=𝟑
𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗
𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕
𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡
𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔
Vamos calcular a Energia Real a ser fornecida pela instalação, que é a Energia Diária
somadas as perdas;
E 16,27
ER = → ER = → 𝐄𝐑 = 𝟏𝟖, 𝟐𝟖 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
R 0,89
Sabendo a Energia Real, podemos calcular a Capacidade útil do banco de baterias para
3 dias de autonomia:
ER × N 18,28 × 3 54,84
CU = → CU = = → 𝐂𝐔 = 𝟏, 𝟏𝟒 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
Vi 48 48
As baterias não podem se descarregar totalmente, pois ocasionaria a fim da sua vida útil.
Podemos aproveitar apenas uma parte da energia acumulada nas baterias, o que equivale a
profundidade de descarga. Por isso a Capacidade Real do banco de baterias deverá ser maior
que a Capacidade Útil: para que ``sobre´´ carga acumulada nas baterias. Como já vimos, quanto
menor a profundidade de descarga, mais ciclos de carga e descarga a bateria suporta. Só que
uma menor profundidade de descarga demanda uma maior Capacidade Real, o que encarece o
banco de baterias.
Vamos ao cálculo:
CU 1140
CR = → CU = → 𝐂𝐔 = 𝟏𝟗𝟎𝟎 𝐀𝐡
Pd 0,6
Calcularemos a quantidade, e o modo associação das baterias SOPZS 24V 720 Ah para
montarmos esse banco de baterias.
64
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
NB = BP × BS → NB = 3 × 2 → 𝐍𝐁 = 𝟔
Tabela 6.7: Dados de Parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em
estudo
Município: Ombadja
Sede e comuna: Xangongo
Latitude: -16,744264°
Longitude: 14,976369°
Ângulo Inclinação Simbologia Média mensal
Irradiação horizontal global 0° GHI 6,47 kWh/m2 /dia
Inclinação ideal dos módulos 21/0 ° OPTA
fotovoltaicos
Irradiação inclinada global no 21 ° GTIOPT 6,860 kWh/m2 /dia
ângulo ideal
65
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
Geralmente a melhor inclinação para um painel fotovoltaico é dado pela seguinte fórmula:
α = lat + 25% . lat
lat
α = lat +
4
Onde:
16,744°
𝛼 = 16,744° + → 𝛼 = 16,744° + 4,186° → 𝜶 = 𝟐𝟎, 𝟗𝟑° ≈ 𝟐𝟏°
4
Os painéis solares fotovoltaicos não são capazes de produzir o seu potêncial máximo
em qualquer condição. Os factores que podem alterar a referida potência são de natureza
climatológica, inclinação, orientação e dependerão das horas de radiação solar que possuem
em função do local instalado.
66
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
O número de Horas de Sol Pleno (HSP) é uma grandeza que reflete o número de horas
em que a irradiância solar deve permanecer igual a 1 kW/m², de modo que a energiza acumulada
ao longo do dia seja equivalente à disponibilizada pelo Sol naquele determinado local. A partir
da equação abaixo é possível encontrar o valor de HSP.
Irradiância do local[kWh/m2 ]
HSP =
1[kWh/m2 ]
𝟔, 𝟒𝟕
𝐇𝐒𝐏 = → 𝐇𝐒𝐏 = 𝟔, 𝟒𝟕 [𝐡]
𝟏
Para o sistema deste projeto será considerado o consumo diário que foi estimado, de
aproximadamente 15,135 kWh/dia (tabela 6.3). A partir da abaixo é possível calcular a potência
de pico dos painéis fotovoltaicos (PFV), em kWp (quilo Watt-pico).
E⁄
PFV = R [kWp]
HSP
Pela equação abaixo tem-se E (kWh/dia) como sendo o consumo diário do sistema, R
(Rendimento Global do SFIs) e HSP (h) a média diária anual das horas de sol pleno incidentes
no painel fotovoltaico. O valor de horas de sol pleno adotado será de 6,47 horas e o Rendimento
Global é de 89% (0,89).
15,135⁄
0,89 17
PFV = → PFV = → 𝐏𝐅𝐕 = 𝟐, 𝟔𝟑 𝐤𝐖𝐩
6,47 6,47
Para este estudo escolheu-se o PFV da marca SHARP modelo ND-R250 A5, por
oferecer preço acessível no mercado, por oferecer garantia de produto de 10 anos, garantia de
desempenho linear de 25 anos, mínimo de 96 % da saída da energia mínima especificada
durante o primeiro ano e pela redução anual máxima de 0,667 % da produção de energia para
os 24 anos seguintes. A Tabela 7 ilustra as principais características elétricas do módulo FV
SHARP ND R-250 A5, em condições STC.
67
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
𝐏𝐅𝐕 𝟐, 𝟔𝟑
𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = → 𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = → 𝐧𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬 = 𝟏𝟏 𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨𝐬
𝐏𝐦ó𝐝𝐮𝐥𝐨 𝟎, 𝟐𝟓
Para o dimensionamento dos módulos fotovoltaicos, eles devem ser agrupados 2 módulos por
cada fileira. Então neste caso será necessário 12 módulos FV.
6.2.8 – Dimensionamento da Protecção
São possíveis equipamentos de protecção do lado CC: fusível, disjuntor e DPS. Estes
são normalmente acondicionados dentro de caixas conhecidas como string box ou dentro do
próprio inversor. Dentre os dispositivos de protecção CA: estão incluídos o DPS e o disjuntor.
6.2.8.1 - Escolha do fusível
Escolher correctamente que fusível deve usar é muito importante, pois se for
dimensionado da maneira errada poderá causar grandes danos. Para definir o fusível, é muito
importante avaliar as condições operacionais do circuito a ser protegido, a fim de adequar a
resposta deste dispositivo caso seja solicitado numa situação de sobrecorrente.
Cabeamento CA:
S
Idisjuntor =
U
Onde:
S (potência de saída do inversor) = 6000 VA
U = 220 V
69
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO
6000 VA
Idisjuntor = → Idisjuntor = 27 A → 𝐈𝐝𝐢𝐬𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐫 ≅ 𝟑𝟐 𝐀
220 V
Quando uma tempestade aparece você fica com medo de que haja uma descarga
eléctrica em sua residência? Tomar precaução para que isso não aconteça é de suma
importância, pois essa descarga é um dos motivos que resultam em um surto eléctrico que pode
queimar equipamentos eléctricos e electrónicos, além de oferecer um alto risco para quem está
perto.
Cabeamento CC:
UC2 + USC
2
Un2 =
2
Onde:
Un (tensão nominal)− ?
UC (tensão máxima de entrada do inversor) = 450VDC
UOC (tensão de circuito aberto) = 75,2 V
√(4502 + 75,22 )
|Un | = → Un = 384 V → 𝐔𝐧 ≅ 𝟓𝟎𝟎 𝐕
√2
Cabeamento CA:
Quando a tensão eléctrica é de 220 V pode ser usado apenas o DPS de 275 V.
Um sistema de engenharia é criado para cumprir uma série de requisitos e objetivos, por
meio da execução de ações de seus subsistemas e/ou componentes. Nesse contexto, o conjunto
de atividades que se destinam a manter a operação e/ou reparar componentes, para que o sistema
de engenharia possa continuar a desempenhar sua função se define como manutenção.
Por sua característica reativa, realizada apenas com o registro de ocorrências, este tipo
de manutenção é emergencial, inesperada e possui maior custo historicamente. Pode-se
caracterizar esta metodologia de manutenção em dois tipos:
73
PLANO DE MANUTENÇÃO
Equipamento Estratégia
Moódulos fotovoltaicos Preditiva/Preventiva
Conectores Preventiva
Cabos eléctricos CC Preventiva
String box Preventiva/Corretiva planejada
Inversor fotovoltaico Preditiva/Preventiva
Estrutura de fixação Preventiva
74
PLANO DE MANUTENÇÃO
Nos dias em que o tempo estiver claro e com poucas nuvens, os módulos deverão ser
limpos preferencialmente no início da manhã ou no final da tarde, de forma a evitar que
possíveis choques térmicos, resultantes de água fria sobre um módulo muito quente, danifiquem
o vidro de cobertura do módulo.
Figura 8.1:Inclinômetro
Com o uso de uma bússola, pode-se verificar também, o ângulo azimutal dos módulos.
Geralmente, o painel aponta para o Norte Verdadeiro, quando situado no hemisfério Sul, e para
o Sul Verdadeiro, quando no hemisfério Norte. Entretanto, ângulos diferentes podem ser
utilizados. A correção necessária às leituras provenientes da bússola deve ser realizada de
acordo com a Declinação Magnética do local.
75
PLANO DE MANUTENÇÃO
8.4.2 – Baterias
Condições climáticas: em lugares mais quentes pode haver maior perda de água (maior
evaporação);
Condições de uso: quando maior a profundidade de descarga, maior a perda de água do
eletrólito;
“Saúde” da bateria: células em curto aceleram a evaporação de água do eletrólito.
76
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO
Antes de mais, pode-se aqui discutir o local de escolha para a instalação do SFVI,
escolha essa sustentada pela circunstância desta cidade/comuna (Xangongo) se encontrar
próxima do rio (Cunene). De facto, devido à natureza dos acessos para a interligação com a
comuna, sem estradas asfaltadas, e a falta de eletrificação do local em estudo, por outro lado,
justifica essa escolha. Para além disso, a análise rigorosa das condições meteorológicas do local,
as radiações e as temperaturas, permitiu concluir que este seria um bom local para a instalação
do SFVI. Este local tem um elevado potencial de recurso solar, com uma média anual de
irradiação global em plano horizontal de 2364,5 kWh/m2 /ano.
Angola tem um elevado potencial energético em energia renováveis, especificamente
energia solar, recebendo diariamente no seu território irradiação solar durante 10 horas, com
80% de dias ensolarados por ano, o que equivale a 292 dias de radiação por ano. Os dados de
irradiação e de temperatura do local em estudo foram representados em tabelas, tendo-se
conseguido analisar estatisticamente as variações de irradiação e de temperatura por hora.
Com o desenvolvimento contínuo do ramo de energia solar e de novas tecnologias a
microgeração de energia eléctrica pessoal a base de células solares tornou-se uma das mais
promissoras oportunidades de geração de eléctricidade nas áreas rurais, o que promove o
desenvolvimento do ramo solar e o acesso a energia em residências isoladas em regiões não
cobertas por redes eléctricas convencionais.
Através do sistema de banco de baterias é possível ter um acúmulo de carga em um local
isolado e assim ter energia eléctrica em periódos de clima desfavorável e no período de baixa
geração.
O sistema fotovoltaico tem como vantagens a não poluição, é renovável, limpo,
silencioso necessita de pouca manutenção e é de fácil instalação. Suas desvantagens são o alto
custo de aquisição, principalmente por não gerar energia à noite e necessário a construção de
um de baterias que encarecem o sistema.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Solar Energy International (SEI) – Photovoltaics, Design and Installation Manual, Gabriola
Island, New Society Publishers (NSP).
Solar Energy International (SEI) – Photovoltaics, Design and Installation Manual, Gabriola
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Ramlow, Bob; Nusz, Benjamim – Solar Water Heating, A comprehensive Guide To Solar
Water and Space Heating Systems, Gabriola Island, New Society Publishers.
Earthscan – Photovoltaic Systems, Planning & Installing, A guide for Installers, Architects and
Engineers, Berlin, The German Energy Society (Deutsche Gesellshaft fur Sonnenenergie (DGS
LV).
Painel fotovoltaico - Sharp ND-R250 A5. [Online]. Available: https: //www. euromed.
company/products-reel/photovoltaic/sharp-nd-r250a5/.
78
S. S. A. Freitas, Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos Engenharia Industrial Engenharia
Electrotécnica.
Quiçama, Ernesto (2012). Soluções Técnicas para um Projeto de Habitação com Produção
Própria de Energia em Angola. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia
Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
Planning and Installing Photovoltaic Systems (2013), third edition , German Solar Energy
Society.
ThiagoMirandaDeSouza_tcc.pdf
79
ANEXOS
80
Figura A. 2: Ilustração de pesquisa/colheita de irradiância e temperatura (2)