Você está na página 1de 28

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA

Edelvam Matos Ferreira

Quais os impactos da utilização das fontes de microgeração fotovoltaicas na regulação


de tensão das redes de distribuição

Salvador – BA
2023
Edelvam Matos Ferreira

Quais os impactos da utilização das fontes de microgeração fotovoltaicas na regulação


de tensão das redes de distribuição

Trabalho de Formatura apresentado ao Departamento de


Engenharia Industrial Elétrica do IFBA-Campus Salva-
dor para obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Industrial Elétrica.

Salvador – BA

2023
Edelvam Matos Ferreira

Quais os impactos da utilização das fontes de microgeração fotovoltaicas na regulação


de tensão das redes de distribuição

Trabalho de Formatura apresentado ao Departamento de


Engenharia Industrial Elétrica do IFBA-Campus Salva-
dor para obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Industrial Elétrica.

Área de concentração: Eletrotécnica

Orientador: Nelson Dantas

Salvador – BA
2023
Dedico este trabalho aos meus pais Florisvaldo F.
Gomes e Maria do Carmo. M. Gomes (in memorian),
.
por todo zelo e suporte à minha educação.
Agradecimento

Agradeço a Deus, pela graça da vida. Aos meus pais, por entenderem desde cedo que o me-
lhor caminho para os filhos passa pela educação. Agradeço, em especial, a minha mãe, Maria
do Carmo (in memorian), por ter lutado arduamente para que eu viesse a alcançar esta vitória.
Agradeço aos meus irmãos pelo suporte, paciência e incentivo. Aos meus primos, que tam-
bém foram grandes incentivadores nessa caminhada. Agradeço aos meus amigos pelas pala-
vras de encorajamento e todos os momentos de descontração que aliviaram o estresse dessa
jornada. Enfim, agradeço a todos que, em maior ou menor grau, fizeram parte dessa conquis-
ta.
Resumo
Este trabalho analisa o impacto dos elevados níveis de penetração da microgeração solar fo-
tovoltaica distribuída nas redes elétricas de baixa tensão do sistema de distribuição de energia
elétrica, no ponto de conexão. É analisado também o comportamento dos reguladores de ten-
são, quando o sistema opera sem inserção da geração solar fotovoltaica, e posteriormente,
com a inserção. O circuito padrão utilizado é o IEE 13 Bus, comumente empregado para tes-
tes no meio acadêmico. No estudo proposto foram realizadas simulações computacionais
através do software Open DSS, de código aberto, e obtidos resultados experimentais.
Palavras – Chaves: Microgeração, Painel Fotovoltaico, Regulação de Tensão, Geração Dis-
tribuída.
Abstract
This work analyzes the impact of high levels of penetration of distributed photovoltaic solar
microgeneration in the low voltage electrical networks of the electrical energy distribution
system, at the point of connection. The behavior of voltage regulators is also analyzed when
the system operates without insertion of photovoltaic solar generation, and later, with inser-
tion. The standard circuit used is the IEE 13 Bus, commonly used for testing in academia. In
the proposed study, computational simulations were carried out using the open source Open
DSS software, and experimental results were obtained.
Keywords: Microgeneration, Photovoltaic Panel, Voltage Regulation, Distributed Genera-
tion.
Lista de ilustrações

Fig. 1 - Diagrama esquemático do modelo de simulação de sistema fotovoltaico. ................. 15


Fig. 2 - Tap´s do enrolamento controlado na configuração default. ....................................... 19
Fig. 3 - Sistema teste IEEE 13 Barras. .................................................................................. 20
Fig. 4- Nível de tensão nas barras, por fase, sem inserção dos geradores FV. ........................ 24
Fig. 5 – Comportamento dos reguladores de tensão sem sistema PV conectado. ................... 24
Fig. 6 - Nível de tensão nas barras com inserção dos geradores FV. ..................................... 25
Fig. 7 - Nível de tensão nas barras com ajuste de parâmetros do regulador de tensão. ........... 26
Fig. 8 – Comportamento dos reguladores de tensão com sistema PV conectado. .................. 26
Lista de tabelas

Tabela 1 - Parâmetros básicos para modelagem do elemento transformador. ........................ 18


Tabela 2 - Parâmetros básicos para modelagem do elemento RegControl. ............................ 19
Tabela 3 - Relação de transformadores. ................................................................................ 20
Tabela 4 - Relação dos reguladores de tensão. ...................................................................... 21
Tabela 5 - Relação dos capacitores do circuito. .................................................................... 21
Tabela 6 - Relação das cargas do circuito. ............................................................................ 21
Tabela 7 - Relação dos inversores. ....................................................................................... 22
Tabela 8 – Relação dos transformadores .............................................................................. 22
Lista de siglas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

CPFL Companhia Paulista de Força e Luz

EPRI Electric Power Research Institute

FV Fotovoltaico

GD Geração Distribuída

IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

INEE Instituto Nacional de Eficiência Energética

LDC Line Drop Compensator

LTC Load Tap Changer

OpenDSS Open Distribution System Simulator

Pmp Potência nominal do painel no ponto de máxima potência

PRODIST Procedimentos de Distribuição

TP Transformador de Potencial
Sumário

1. Introdução ...................................................................................................... 12
2. Geração distribuída ......................................................................................... 13
2.1. Micro e minigeração distribuída ...................................................................... 13
3. Sistema fotovoltaico ....................................................................................... 14
3.1. Modelo do sistema fotovoltaico – OpenDSS ................................................... 15
3.1.1. Propriedades do array fotovoltaico ........................................................... 15
3.1.2. Propriedades do inversor fotovoltaico ...................................................... 16
4. Metodologia.................................................................................................... 17
4.1. Modelo do transformador ................................................................................ 17
4.2. Modelo do regulador de tensão ....................................................................... 18
4.3. Sistema teste IEEE 13 Bus .............................................................................. 19
4.4. Sistema fotovoltaico ....................................................................................... 22
4.5. Descrição dos cenários .................................................................................... 22
4.5.1. Cenário 1 – Sistema de distribuição sem geração distribuída FV .............. 22
4.5.2. Cenário 2 – Sistema com inserção de geração distribuída FV ................... 23
4.5.3. Cenário 3 – Reconfiguração dos parâmetros do regulador de tensão. ........ 23
5. Resultados ...................................................................................................... 24
6. Conclusão ....................................................................................................... 27
7. Referências ..................................................................................................... 28
12

1. Introdução

O período de escassez hídrica vivido no início do novo milênio fez com que o país des-
pertasse para a necessidade de diversificação da sua matriz energética.

Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL


nº 482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir
de fontes renováveis ou cogeração qualificada. Pode até mesmo fornecer o exceden-
te para a rede de distribuição de sua localidade, para posterior compensação do con-
sumo de energia verificado (ANEEL, 2023).

Desde então, a geração distribuída vem experimentando um período de crescimento ex-


pressivo, em especial a solar fotovoltaica.
Segundo ANEEL (2023), em 2012, havia duas conexões de geradores fotovoltaicos em
unidade consumidoras de baixa tensão, classe residencial (subgrupo B1) no país. Em
2022, esse número atingiu um patamar de 636.435 conexões.
A inserção massiva de sistemas FV distribuídos ou de um único sistema grande em
um ponto da rede, pode provocar distúrbios e variações aos níveis de tensão do sis-
tema distribuidor, e quando exacerbada acaba ultrapassando os limites pré-
estabelecidos em normas, ocasionando problemas na qualidade do fornecimento de
energia elétrica (DE NEGREIROS, Gustavo Fernandes et al., 2022 ).

Conforme SOUZA, V. C. et al.(2017) , os impactos indesejáveis gerados pela operação


exacerbada de geradores fotovoltaicos distribuídos, devem ser motivo de preocupação pa-
ra as concessionárias de energia elétrica brasileiras.
Este trabalho apresenta, por meio de simulação através do software OpenDsSS, o impacto
da geração solar fotovoltaica distribuída no comportamento da tensão e no funcionamento
dos reguladores de tensão. Nesse sentido, regular a tensão, mantendo dentro dos padrões
exigidos pelo PRODIST (Procedimentos de Distribuição) é de fundamental relevância
para a manutenção qualidade da energia. Seguindo essa introdução, a Seção 2 conceitua a
geração distribuída, a Seção 3 descreve o modelo do sistema fotovoltaico utilizado, a Se-
ção 4 descreve a metodologia utilizada. A Seção 5 expõe os resultados da simulação, e a
seção 6 apresenta a conclusão do trabalho.
13

2. Geração distribuída

Segundo CASTRO et al.(2018), o setor de energia elétrica cresceu e firmou suas raízes
baseado na geração centralizada, o fluxo de energia possui uma única direção, e os con-
sumidores têm um comportamento “passivo”. No entanto, atualmente, percebe-se uma
tendência de descentralização dos sistemas elétricos, com a viabilidade de técnico-
econômica de novas tecnologias, criando ambiente favorável ao crescimento de recursos
energéticos distribuídos.
O termo Geração Distribuída (GD) é utilizado para designar a geração elétrica que
se realiza junto ou nas proximidades dos consumidores, e independe da potência,
tecnologia e fonte geradora. Entre os vários tipos de fontes geradoras que compõem
os GD´s, podemos citar: co-geradores, geradores de emergência, geradores para ope-
ração de ponta, painéis fotovoltaicos, pequenas centrais hidrelétricas. O conjunto de
equipamentos de medida, controle e comando, que coordenam a operação dos gera-
dores e o eventual controle de cargas para que estes se adaptem a demanda de ener-
gia também estão incluídos no conceito de GD (INEE, 2023).

O Brasil tem experimentado um grande crescimento de sistemas de geração distribuída,


que em sua grande maioria, são acionados por fontes de energia renováveis.

2.1. Micro e minigeração distribuída

Um conjunto de normativas foi criado para regular a geração distribuída no país, e são
atualizadas, sempre que necessário, para atender as demandas geradas por esse tipo de
geração.
Conforme disposto nesses regulamentos, a micro e a minigeração distribuída con-
sistem na produção de energia elétrica a partir de pequenas centrais geradoras que
utilizam fontes renováveis de energia elétrica ou cogeração qualificada, conectadas à
rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. (ANEEL,
2016 apud CPFL, 2023).

Conforme a legislação, a microgeração distribuída refere-se a uma central geradora de


energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 quilowatts (kW). A mini-
geração distribuída classifica as centrais de geração com potência instalada superior a
75 kW e menor ou igual a 3 megawatt (MW) para fonte hídrica, ou 5 MW para as de-
mais fontes.
14

3. Sistema fotovoltaico

Segundo Solanki (2013), os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em duas catego-
rias:
 Sistema fotovoltaico on-grid: são sistemas conectados a rede elétrica para apli-
cação de pequenas potências, a exemplo de residências, e grandes potências,
como plantas de geração solar. Esse tipo de sistema é composto por módulos
solares fotovoltaicos, unidade de condicionamento de energia ou inversor, e
carga ou rede. A rede é utilizada como meio de armazenamento de energia, pa-
ra que o uso de baterias possa ser evitado. No caso de um sistema doméstico de
pequena potência, o objetivo é fornecer o excesso de energia gerada à rede, ou
retirar energia da mesma, se houver alguma escassez. O inversor desempenha
um papel importante nos sistemas de pequena potência, pois deve possuir faci-
lidade para permitir o fluxo em ambas as direções: do sistema FV para a rede e
vice-versa. É possível que alguns inversores sejam projetados para controlar o
fluxo em apenas uma direção, principalmente da rede para o sistema FV. Neste
último caso, a rede torna-se uma fonte adicional de energia, e o excesso de
energia gerado pelo sistema FV não pode ser fornecida a mesma.
 Sistema fotovoltaico off-grid: são conhecidos como sistemas fotovoltaicos au-
tônomos, não dependem da rede ou de qualquer outra fonte de energia elétrica.
As baterias são uma forma de armazenamento importante para esses sistemas,
visto que a geração só ocorre no período noturno não há geração de energia.
Estes sistemas são adequados para suprimento de pequenas cargas elétricas,
presentes em locais remotos, onde a rede elétrica não está disponível. O siste-
ma pode ser composto de quatro diferentes formas:
1. Módulos solares e carga dc;
2. Módulos solares, carga dc e circuito eletrônico de controle;
3. Módulos solares, carga dc, circuito eletrônico de controle e bateria;
4. Módulos solares, carga dc/ac, circuito eletrônico de controle e bateria.
 Sistema fotovoltaico híbrido: Com a indisponibilidade de geração no período
noturno, significativo custo de um banco de baterias e a necessidade de suprir a
carga, esta configuração combina mais de uma fonte geradora. Desta forma, o
15

sistema terá uma segunda forma de geração, que pode ser eólica ,gerador diesel
e etc.

3.1. Modelo do sistema fotovoltaico – OpenDSS

O gerador fotovoltaico modelado pelo OpenDSS, e utilizado na simulação, é o que


segue na Fig. 1 abaixo.

Fig. 1 - Diagrama esquemático do modelo de simulação de sistema fotovoltaico.

Fonte: (RADATZ et al., 2020)

Segundo Radatz et al. (2020), o modelo combina o módulo FV e o inversor. É assumi-


do que o inversor é capaz de rastrear o ponto de máxima potência do painel (Pmp) de
forma rápida, o que facilita, de forma considerável, a modelagem fotovoltaica e confi-
gura uma suposição adequada para a maioria dos estudos de impacto de interconexão.

As propriedades do arranjo fotovoltaico que precisam ser definidas no modelo são:

3.1.1. Propriedades do array fotovoltaico

 Pmpp: A potência nominal máxima do arranjo fotovoltaico, em kW, para irra-


diância de 1 kW/m2 e uma temperatura definida pelo usuário.
 P-TCurve: Curva do fator de correção do arranjo fotovoltaico por unidade de
Pmpp em função da temperatura (oC) do arranjo fotovoltaico. O fator de cor-
16

reção deve ser 1.0 para a temperatura na qual Pmpp é definido. O arranjo fo-
tovoltaico gera sua potência máxima nominal, Pmpp, quando operando naque-
la temperatura, e com irradiância de 1 kW/m2.

3.1.2. Propriedades do inversor fotovoltaico

 kVA: Classe do inversor em kVA;


 kV: Classe nominal,(1.0 pu) de tensão, em kV, para o sistema fotovoltaico;
 Se for um sistema fotovoltaico trifásico, especificar tensão fase- fase,
em kV;
 Se for monofásico em estrela (estrela ou LN), especificar tensão fase-
terra, em kV;
 Se for monofásico em delta ou fase-fase, especificar tensão fase-fase,
em kV.
 Fases: Número de fases do elemento PVSystem;
 bus1: Barramento ao qual o elemento PVSystem está conectado. Pode incluir
definição de nós;
 conn: Conexão do elemento PVSystem;
 PF: Fator de potência para a potência de saída (alimentação CA). Definir esta
propriedade forçará o inversor para operar no modo fator de potência constan-
te;
 kvar: Potência reativa de saída. Definir esta propriedade força o inversor a
operar em CONSTANT MODO kvar.
 EffCurve: Curva de eficiência do inversor. Esta curva caracteriza a variação da
eficiência do inversor em função da potência do arranjo fotovoltaico, Pdc, por
unidade de kVA nominal do inversor.
17

4. Metodologia

Neste trabalho, foi utilizado o software OpenDSS (Open Distribution System Simula-
tor), desenvolvido pelo Eletric Power Research Institute (EPRI).
O programa suporta quase todas as análises RMS de estado estacionário (ou seja,
domínio de frequência) comumente realizadas para planejamento e análise de siste-
mas de distribuição de serviços públicos. Além disso, suporta muitos novos tipos de
análises concebidas para satisfazer necessidades futuras, muitas das quais estão a ser
ditadas pela desregulamentação dos serviços públicos em todo o mundo e pelo ad-
vento da “rede inteligente” (DUGAN et al., 2020).
O sistema simulado foi IEEE 13 barras. A este circuito foram acoplados geradores fo-
tovoltaicos em barras específicas. Para os geradores fotovoltaicos, foi definida uma curva
de irradiância. Foi definida também uma curva de carga residencial para análise do fluxo
de potência. As simulações têm duração de 12h, privilegiando o período de funcionamen-
to dos geradores distribuídos fotovoltaicos.
Abaixo temos a descrição da modelagem dos equipamentos no OpenDSS.

4.1. Modelo do transformador

O modelo do transformador no OpenDSS, é apresentado como um elemento fornece-


dor de energia elétrica, classificados como equipamento monofásico e/ou multifásico.
Segundo NEGREIROS et al. (2022), o OpenDss permite modelar diversos tipos de
conexão, como estrela-triângulo, estrela-estrela, zigue-zague.
Os sistemas de geração distribuída são acoplados ao circuito através de transformado-
res, que, no geral, têm a função de elevar a tensão gerada para o nível de tensão do cir-
cuito de distribuição.
Para simular o transformador, é necessário definir, pelo menos, alguns parâmetros bá-
sicos como vemos a seguir na Tabela 1.
18

Tabela 1 - Parâmetros básicos para modelagem do elemento transformador.

Parâmetro Descrição
Phases Número de fases (o default é 3)
Windings Número de enrolamentos (o default é 2)
XLH Reatância série por unidade (pu)
%Loadloss Porcentagem da perda total com base na carga nominal
%noLoadloss Porcentagem da perda em vazio com base na carga nominal
Wdg Enrolamento que receberá os parâmetros a seguir
bus Nome da barra à qual o terminal do elemento é conectado
conn Ligação dos enrolamentos (estrela ou triângulo)
kV Tensão de linha nominal do terminal (enrolamento) em k V
kVA Potência nominal do terminal em k VA
TAP Tensão por unidade (pu) do TAP utilizado
Fonte: (DUGAN et al., 2020)

4.2. Modelo do regulador de tensão

Transformadores que proporcionam um pequeno ajuste da magnitude da tensão, ge-


ralmente na faixa de ± 10%, e outros que alteram o ângulo de fase das tensões da linha
são componentes importantes de um sistema de potência. Alguns transformadores re-
gulam a magnitude e o ângulo de fase (STEVENSON et al., 1994).
No OpenDSS, o regulador de tensão é definido como um elemento de controle cha-
mado de RegControl.
Este controle foi projetado para emular um regulador de tensão de rede elétrica padrão
ou controle LTC. Ele é conectado a um enrolamento específico de um transformador
como enrolamento a ser monitorado. (DUGAN et al., 2020)
O controle possui modelagem de compensador de queda de linha, mas também pode
monitorar a tensão em um barramento remoto para emular vários dispositivos Smart-
Grid.
Os parâmetros básicos do elemento estão descritos na Tabela 2.
19

Tabela 2 - Parâmetros básicos para modelagem do elemento RegControl.

Parâmetro Descrição
Transformer Nome do transformador controlado
Winding Enrolamento controlado
Vreg Tensão de referência
Ptratio Relação de transformação do transformador de potencial
band Valor da tensão que define a banda em torno do valor de ref.

Fonte: (DUGAN et al., 2020)

No OpenDss, por default, a quantidade de tap’s do transformador a ser controlado é igual a


32, isto é, 16 tap’s acima e 16 abaixo da posição neutra (NEGREIROS, G. et al., 2022).

Fig. 2 - Tap´s do enrolamento controlado na configuração default.

Fonte: (NEGREIROS, G. et al., 2022)

4.3. Sistema teste IEEE 13 Bus

A Fig. 5 mostra o esquema elétrico unifilar, juntamente com os geradores fotovoltai-


cos inseridos nos nós.
Conforme o IEEE (2023), este é um modelo de circuito utilizado para testar recursos
comuns de softwares de análise de distribuição, que opera em 4.16 kV. O alimentador
é caracterizado por ser curto, com carga relativamente alta, possui um único regulador
de tensão na subestação, linhas aéreas e subterrâneas, capacitores shunt, um transfor-
mador em linha e carregamento desequilibrado.
Foram acoplados ao sistema geradores fotovoltaicos trifásicos e bifásicos, que serão
modelados através do OpenDss.
20

Fig. 3 - Sistema teste IEEE 13 Barras.

Fonte: (IEEE, 1991)

O sistema é composto por cinco transformadores, dispostos ao longo do circuito. Na


Tabela 3 temos as características básicas dos transformadores, bem como sua localiza-
ção no circuito.

Tabela 3 - Relação de transformadores.

Identificação Número Tensão do Tensão do Se- Localização


dos Transforma- de Fases Primário cundário (kV)
dores (kV)
Sub 3 115 4.160 SourceBus-
650
Xfm1 3 4.160 0.480 633-634
reg1 1 2.400 2.400 650-RG60
reg2 1 2.400 2.400 650-RG60
reg3 1 2.400 2.400 650-RG60
Fonte: (IEEE, 1991)

Os reguladores de tensão têm característica técnicas de compensação de tensão de li-


nha (Line Drop Compensation-LDC) e acompanha TP com relação de transformação
20:1. A relação dos reguladores juntamente com suas configurações é vista na Tabela
4.
21

Tabela 4 - Relação dos reguladores de tensão.

Identificação N°. Ref. ten- CT Fase


dos Regula- de são secun- R X primá- monitor.
Banda
dores fases dário linha linha rio
(V)
Reg1 1 120 2 3 9 700 1
Reg2 1 120 2 3 9 700 2
Reg3 1 120 2 3 9 700 3
Fonte: (IEEE, 1991)

O Sistema ainda possui dois capacitores shunt, e suas características elétricas básicas
são descritas na Tabela 5.

Tabela 5 - Relação dos capacitores do circuito.

Identificação do N°. de fa- Tensão (kV) Potência (kvar) Localização


Capacitor ses
Cap1 3 4.160 600 675
Cap2 1 2.400 100 611
Fonte: (IEEE, 1991)

O sistema possui cargas distribuídas em vários pontos. As referidas cargas possuem


naturezas distintas, o que o torna complexo e carregado. Na Tabela 6 temos a relação
das cargas, natureza, localização, e etc.

Tabela 6 - Relação das cargas do circuito.

Identificação Tensão
das Cargas N°. de fases (kV) Natureza Localização

671a 3 4.160 Pot. Constante 671


634a 1 0.277 Pot. Constante 634
634b 1 0.277 Pot. Constante 634
634c 1 0.277 Pot. Constante 634
645 1 2.400 Pot. Constante 645
646 1 4.160 Z Constante 646
692 1 4.160 Corrente Const. 692
675a 1 2.400 Pot. Constante 675
675b 1 2.400 Pot. Constante 6750
675c 1 2.400 Pot. Constante 675
611 1 2.400 Corrente Const. 611
652 1 2.400 Z Constante 652
670a 1 2.400 Pot. Constante 670
670b 1 2.400 Pot. Constante 670
670c 1 2.400 Pot. Constante 670
Fonte: (IEEE, 1991)
22

4.4. Sistema fotovoltaico

O sistema fotovoltaico foi definido de modo a simular uma concentração de microge-


radores em algumas barras do circuito. As características básicas dos sistemas são des-
critas na Tabela 7 e Tabela 8.

Tabela 7 - Relação dos inversores.

Identificação Tensão (kV) Potência (kW) Localização


N°. de fases
do Inversor
PV 3 0.48 500 trafo_pv
PV1 2 0.48 1600 trafo_pv1
PV2 3 0.48 500 trafo_pv2
PV3 3, 0.48 500 trafo_pv3
Fonte: (Autoria própria)

Tabela 8 – Relação dos transformadores

Identificação Número de Tensão do Tensão de Localização


dos Transforma- Fases Primário Secundário
dores (kV) (kV)
pv_up 3 0.48 4.16 trafo_pv-
671
pv_up1 2 0.48 4.16 trafo_pv1-
692
pv_up2 3 0.48 4.160 trafo_pv2-
632
pv_up3 3 0.48 4.160 trafo_pv3-
680
Fonte: (Autoria própria)

4.5. Descrição dos cenários

A simulação está dividida em três cenários para melhor análise dos resultados a serem eluci-
dados.

4.5.1. Cenário 1 – Sistema de distribuição sem geração distribuída FV

Neste cenário o sistema teste foi simulado sem a presença de potência oriunda dos ge-
radores fotovoltaicos, logo, com ausência de conexão de geradores distribuídos. No
23

cenário em questão, e no demais, foram instalados, em posições estratégicas, analisa-


dores de energia (monitores) com a finalidade de registrar o comportamento do fluxo
de potência nas linhas, níveis de desbalanceamento de tensão e variação das posições
do tap do regulador de tensão, além de demais parâmetros técnicos que embasam a
análise do sistema.

4.5.2. Cenário 2 – Sistema com inserção de geração distribuída FV

Neste cenário, houve a conexão dos geradores fotovoltaicos nas barras 633, 671, 680
e 692 do sistema. Foi considerada a inserção simultânea dos geradores. Os geradores
fotovoltaicos injetam apenas potência ativa no circuito.

4.5.3. Cenário 3 – Reconfiguração dos parâmetros do regulador de tensão.

Neste cenário, faz-se correção de parâmetros do regulador de tensão, para que os ní-
veis de tensão nas barras possam responder ao módulo 3 do PRODIST..
24

5. Resultados

A Fig. 4 expõe as características do caso base (sem gerador distribuído), e apresentam


dados gráficos dos níveis de tensão nas barras em análise, vistos pela subestação.
Por se tratar de um circuito desequilibrado, foi esperado o desequilíbrio entre as tensões
no gráfico do perfil de tensão diário.

Fig. 4- Nível de tensão nas barras, por fase, sem inserção dos geradores FV.

Fonte: (Autoria própria)

As tensões apresentam-se dentro do estabelecido pelo PRODIST – Módulo 3, entre 0.95


pu e 1.05 pu em todas as barras, exceto nas fases B e C da barra 692.

Na Fig.5 temos o comportamento do tap do banco de reguladores de tensão monofásicos.

Fig. 5 – Comportamento dos reguladores de tensão sem sistema PV conectado.

1,08000
1,07000
1,06000
Tap [ pu ]

1,05000
1,04000 REG.1
1,03000 REG.2
1,02000
REG.3
1,01000
12:00
10:00
11:00

13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
17:30
18:00
6:00
7:00
8:00
9:00

t[h]

Fonte: (Autoria própria)


25

A Fig. 6 expõe as características do segundo cenário, onde os geradores distribuídos são


conectados simultaneamente, e apresentam dados dos níveis de tensão das barras em aná-
lise, vistos pela subestação. A contribuição da geração fotovoltaica foi considerada das 6h
às 18h, totalizando um período de 12h.

Fig. 6 - Nível de tensão nas barras com inserção dos geradores FV.

Fonte: Autoria própria

Com a conexão da geração distribuída fotovoltaica, foi verificada a violação dos níveis de
tensão nas fases B e C das barras 671, 680 e 692.

A barra 633 não apresentou violação de tensão, mesmo com a inserção dos geradores dis-
tribuídos fotovoltaicos.

Nas Fig. 7 temos as características do terceiro cenário, onde o banco de reguladores mo-
nofásicos é ajustado para enquadrar os níveis de tensão dentro do padrão estabelecido pe-
la ANEEL.
26

Fig. 7 - Nível de tensão nas barras com ajuste de parâmetros do regulador de tensão.

Fonte: Autoria própria

Na Fig. 8 temos o comportamento do tap dos reguladores de tensão.

Fig. 8 – Comportamento dos reguladores de tensão com sistema PV conectado.

1,10000

1,08000

1,06000
Tap [ pu ]

1,04000

1,02000 REG.1
REG.2
1,00000 REG.3

0,98000

0,96000
13:00

16:00
10:00
11:00
12:00

13:30
14:00
14:40
15:00

17:10
17:20
17:30
18:00
6:00
7:00
8:00
9:00

t[h]

Fonte: (Autoria própria)

Neste terceiro cenário, com a reconfiguração dos parâmetros veg, band, mintap e maxtap,
do banco de reguladores de tensão monofásicos, todas as fases das barras em estudo apre-
sentaram suas tensões entre 0.95 pu e 1.05 pu.
27

6. Conclusão

A injeção de potência ativa por parte dos geradores distribuídos fotovoltaicos causa ele-
vação das tensões nos pontos de conexão. Tais constatações podem ser observadas nos re-
sultados apresentados neste trabalho. A característica de rede desequilibrada, apresentada
pelo alimentador em estudo, nos aproxima da realidade de sistemas de distribuição reais.

Houve um maior número de atuações dos reguladores de tensão, dentro do período anali-
sado, quando conectados os geradores fotovoltaicos distribuídos, se comparado com o ce-
nário 1. Tal fato está relacionado às variações de tensão dento do período analisado, e po-
de ser um fator de redução de vida útil do equipamento, devendo ser observado pela con-
cessionária de distribuição de energia.

Destaca-se a importância dos reguladores de tensão, frente a redes com alta penetração de
geradores distribuídos, bem como o seu ajuste para responder as variações no perfil de
carga a que está submetido.

.
28

7. Referências

MICRO E MINIGERAÇÃO DISTRIBUÍDA. DISPONÍVEL EM: https://www.gov.br/aneel/pt-


br/assuntos/geracao-distribuida. ACESSADO EM : 01 out. 2023.

DE NEGREIROS, Gustavo Fernandes et al. IMPACTOS NA REGULAÇÃO DE TENSÃO DE-


CORRENTES DE GERADORES FOTOVOLTAICOS CONECTADOS A REDE ELÉTRICA DE
MÉDIA TENSÃO E BAIXA TENSÃO. In: Congresso Brasileiro de Energia Solar-CBENS.
2022. p. 1-10.

O QUE É GERAÇÃO DISTRIBUÍDA. DISPONÍVEL EM:


http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp. ACESSADO EM: 22 out. 2023.

CADERNO TEMÁTICO ANEEL-MICRO E MINI GERAÇÃO DISTRIBUÍDA. DISPONÍVEL EM:


https://www.cpfl.com.br/sites/cpfl/files/2022-
07/Caderno%20tematico%20Micro%20e%20Minigeração%20Distribuida%20-
%202%20edicao.pdf. ACESSADO EM: 22 out. 2023.

SOLANKI, Chetan Singh. Solar photovoltaic technology and systems: a manual for tech-
nicians, trainers and engineers. PHI Learning Pvt. Ltd., 2013.

RADATZ, Pea et al. Opendss pvsystem and invcontrol element models. EPRI, OpenDSS: Pa-
lo Alto, CA, USA, 2020.

DUGAN, R. C.; MONTENEGRO, D. OpenDSS Manual Reference Guide the Open Distribution
System Simulator (OpenDSS). Electric Power Research Institute: Palo Alto, CA, USA,
2020.

GRAINGER, John J.; STEVENSON JR, WUliam D. Power system analysis. McGraw-Hill se-
ries in electrical and computer engineering, 1994. p. 76

IEEE PES TEST FEEDER. DISPONÍVEL EM: https://cmte.ieee.org/pes-


testfeeders/resources/. Acessado em: 24 out. 2023.

FEEDERS, Radial Distribution Test. Ieee distribution planning working group report. IEEE
Trans. Power Syst, v. 6, n. 3, p. 975-985, 1991. DISPONÍVEL EM: chrome-
extensi-
on://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://www.egr.unlv.edu/~eebag/Radial%20Distribution
%20Test%20Feeders%20-%2013%20node.pdf. ACESSADO EM: 24 out. 2023.

Você também pode gostar