Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Carlos
2013
VINÍCIUS ORSI VALENTE
São Carlos
2013
Resumo
This completion of course work aims at investigating how the power quality is affected
by the anti-islanding protection of distributed generators. For this, simulations of a power
distribution system will be carried out by using SimPowerSystems – a toolbox of the Matlab
software. After the simulations and discussions of the results, the best settings of network
equipment can be defined, and a potential solution to mitigate the impacts of anti-islanding
protection on power quality is analyzed. New analyses were performed with the insertion of
capacitor banks on each distributed generator busbar for different load conditions, confirming
that the procedure is a potential solution for reducing the problems found.
Figura 1.1 – Perspectiva de crescimento do consumo de energia elétrica brasileiro para diferentes
cenários.......................................................................................................................................... 14
Figura 2.3 – Sistema elétrico contendo transformador com comutação de taps e regulador de
tensão.............................................................................................................................................. 23
Figura 5.3 - Tensão de linha na barra 12 para condição de carga máxima com o banco de
capacitores de 2,1 MVAr................................................................................................................. 47
Figura 5.4 - Tensão de linha na barra 12 para condição de carga média com o banco de
capacitores de 2,1 MVAr................................................................................................................. 48
Figura 5.5 - Tensão de linha na barra 12 para condição de carga leve com o banco de
capacitores de 2,1 MVAr................................................................................................................. 49
Sumário
1. Introdução................................................................................................. 13
2. Contextualização...................................................................................... 19
2.4 Ilhamento.................................................................................................... 26
3. Metodologia.............................................................................................. 31
3.2 Tempos...................................................................................................... 33
5. Proposta de solução................................................................................ 45
6. Conclusão................................................................................................. 51
Referências bibliográficas.................................................................................... 53
Apêndice................................................................................................................. 55
1. Introdução
Embora nos dias atuais o governo brasileiro garanta que não há risco de novos
apagões, a situação energética no país deve ser encarada com cautela. De acordo com o
Plano Nacional de Energia – 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisas Energéticas
(EPE), pode-se observar pelas projeções baseadas nos últimos índices de crescimento do
país que a população brasileira deverá ultrapassar o número de 238 milhões de habitantes
13
até 2030 [4]. A tabela 1.1 representa uma estimativa, realizada pelo IBGE, do crescimento
populacional brasileiro para o período.
Ainda de acordo com o estudo, os cenários mais otimistas para os próximos anos
conduzem as perspectivas para um crescimento de consumo preocupante, visto que uma
população em crescimento muito provavelmente acarretará na elevação de consumo de
energia elétrica [4]. A figura 1.1 representa a estimativa da evolução do consumo de energia
elétrica, até 2030, para vários cenários econômicos nacionais e mundiais.
Figura 1.1 – Perspectiva de crescimento do consumo de energia elétrica brasileiro para diferentes
cenários [4]
14
Entre as várias previsões de crescimento econômico para o Brasil, considerando o
“Cenário A” como o cenário nacional e internacional mais favorável para o desenvolvimento
do país, o “Cenário C” como o menos favorável e os cenários B1 e B2 como intermediários,
pode-se observar um aumento no consumo de energia elétrica variando de 137,29% a
243,92% entre 2005 e 2030 [4].
A ocorrência do ilhamento deve ser evitada pois pode acarretar em problemas para o
fornecimento de energia elétrica. Dessa forma, as concessionárias determinam que os
responsáveis pelos geradores distribuídos conectados em uma rede elétrica utilizem
esquemas de proteção anti-ilhamento para deconectar esses geradores assim que a
situação de ilhamento for detectada. Porém, a desconexão dos geradores pode resultar em
variações de tensão de curta duração que afetam a qualidade de energia entregue aos
consumidores e, portanto, deve ser amplamente estudada.
15
1.1. Objetivos do trabalho
16
No capítulo 5, propõe-se uma solução através do uso de bancos de capacitores para o
problema constatado. São feitas novas simulações com o chaveamento dos bancos no
momento da desconexão dos geradores para diferentes condições de cargas. Os índices
referentes aos afundamentos são calculados para as diferentes cargas e é feita uma
comparação do comportamento de tensão simulada com a variação da tensão de
fornecimento permitida pelas normas da ANEEL.
17
18
2. Contextualização
A grosso modo, geração distribuída pode ser definida como a geração de energia junto
ou próxima dos centros consumidores, em contrapartida àquela visão clássica de grandes
centrais produtoras interligadas por longas linhas até as cargas. É por estar perto dos
consumidores que a geração distribuída se diz tão promissora: economizam-se
investimentos em transmissão de energia e as perdas no sistema elétrico podem ser
reduzidas. Nesse cenário se destacam, ainda, o uso de co-geradores, painéis fotovoltaicos,
pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), entre outros e todos os equipamentos de medida,
controle e comando responsáveis por articular a operação desses geradores [5].
Apesar dos altos custos associados à instalação dos geradores distribuídos [6], a
inserção desse tipo de gerador em uma rede pode acarretar muitos benefícios ao sistema
elétrico. Entre os motivos pelos quais a instalação desses geradores deve ser incentivada,
pode-se destacar [7]:
O sistema elétrico torna-se mais robusto, visto que não depende mais unicamente de
uma fonte de alimentação;
O custo da energia elétrica advinda da produção por geração distribuída vem caindo,
ao ponto de se tornar competitiva com a energia elétrica que é fornecida pela rede de
distribuição;
Em períodos em que a tarifa da energia elétrica fornecida pela rede esteja elevada,
os autoprodutores podem ser beneficiados utilizando sua geração interna, economizando,
assim, na fatura da energia elétrica;
19
Caso haja excesso de energia produzida pela geração interna, esta poderá ser
comercializada diretamente com a concessionária, gerando lucro ao produtor.
Tabela 2.1 – Limites de tensão em regime permanente admissíveis para redes de distribuição com
tensões nominais entre 1kV e 69kV [8]
20
Para que os níveis de tensão de fornecimento mantenham-se nos patamares
adequados, são usados dispositivos reguladores de tensão ao longo das redes de
distribuição de energia elétrica. Tais dispositivos são, basicamente, responsáveis por manter
a tensão de saída em níveis pré-estabelecidos, atenuando possíveis variações ocorridas na
tensão de entrada. Esta regulação é frequentemente realizada por transformadores com
comutação de taps (de forma automática ou manual) nos sistemas elétricos de potência [9].
Para analisar os impactos da regulação de tensão entre uma subestação e uma rede
secundária, foi considerado um alimentador contendo um transformador com regulação de
taps, representado na figura 2.1. Na mesma figura, é apresentada uma ilustraçãp do perfil
de tensão ao longo do alimentador. Para o caso de nenhuma comutação de taps, a tensão
diminui gradativamente com as perdas associadas ao longo da linha e a regulagem do
transformador permanece em TAP1.
21
Figura 2.2 – Sistema elétrico contendo transformador com comutação de taps.
22
Figura 2.3 – Sistema elétrico contendo transformador com comutação de taps e regulador de
tensão.
Caso o sistema opere, neste ponto, em uma faixa de tensão efetiva (valor eficaz) fora
dos valores permitidos por determinado período de tempo, o sistema de proteção deve atuar
desconectando os geradores distribuídos do sistema elétrico de potência. Os tempos entre a
detecção da operação do sistema elétrico fora da faixa de tensão permitida e a desconexão
dos geradores distribuídos devem seguir os valores apresentados na tabela 2.2.
24
Faixa de tensão Tempo para desconexão
V < 50 0,16
50 ≤ V < 88 2,00
V ≥ 120 0,16
25
Depois de desconectados, o sistema de proteção deve aguardar que as faixas de
tensão e frequência voltem aos níveis aceitáveis de fornecimento por determinados períodos
de tempo pré-estabelecidos antes de reconectar os geradores distribuídos ao sistema
elétrico. Esses períodos de tempo podem variar de acordo com as concessionárias locais
responsáveis pela distribuição da energia elétrica e podem chegar a até 60 minutos [5].
2.4 Ilhamento
26
Esse tipo de ocorrência é altamente indesejável e deve ser evitada, pois pode
ocasionar distúrbios no fornecimento da energia, como afundamentos e elevações de
tensão, que violam os parâmetros de qualidade aceitáveis para a distribuição de eletricidade
até as cargas consumidoras. Além disso, esta configuração pode oferecer sérios riscos às
equipes de manutenção, assim como aos consumidores em geral, pois certas áreas
continuam energizadas sem o conhecimento da concessionária. Para que este efeito seja
mitigado, as concessionárias responsáveis pela distribuição de energia na região
determinam que esses geradores devam ser desconectados o mais rápido possível assim
que o sistema de proteção atuar e resultar em uma ilha energizada. As concessionárias não
permitem que produtores independentes operem sob a condição de Ilhamento, pois a
concessionária continua sendo a responsável legal pela qualidade da energia elétrica
fornecida. Dessa forma, os produtores independentes devem se conectar ao sistema elétrico
respeitando as normas de conexão e por meio de esquemas de proteção para evitar o
Ilhamento.
Supondo, agora, que ocorra uma falta no sistema elétrico e, como orientado pelas
concessionárias, a proteção anti-ilhamento desconecta os geradores distribuídos presentes
na rede e, após a eliminação da falta e o restabelecimento do sistema elétrico, o fluxo de
potência para essa situação é mostrado na figura 2.7. Nessa situação, as cargas totais do
sistema demandarão uma potência de 5MW que, agora, é fornecida exclusivamente pela
alimentação da subestação, e tap do regulador de tensão se manterá inalterado por alguns
28
segundos. Como a demanda de potência ativa pelas cargas continua a mesma (5MW),
porém sem os geradores distribuídos injetando potência, o valor da tensão medida pelo
regulador de tensão se reduzirá inicialmente. E como a ação dos reguladores tensão é
relativamente lenta, após a desconexão dos geradores distribuídos haverá certo período de
tempo entre a extinção da falta e a atuação dos reguladores em que a tensão ficará
reduzida, até que os taps sejam comutados na tentativa de elevar o perfil da tensão.
29
O problema descrito anteriormente é uma consequência indesejada da atuação da
proteção anti-ilhamento de geradores distribuídos, e pode resultar em afundamentos de
tensão severos a depender da potência injetada pela geração distribuída e do nível de
carregamento do sistema de distribuição de energia [5]. Logo, trata-se de um novo problema
associado à qualidade da energia elétrica que merece ser analisado detalhadamente para
que soluções eficazes possam ser propostas.
30
3. Metodologia
Como modelo inicial, denominado Caso Base, foi utilizada uma modelagem em blocos
para o aplicativo SimPowerSystems, contido no programa Matlab. O modelo escolhido foi o
mesmo estudado como Sistema-teste 02 em [5] com uma pequena alteração: foram
utilizados seis geradores distribuídos de 1,7 MW e 0,7 MVAr cada, ao invés de dois
geradores originais. Dessa forma, pode-se analisar melhor a geração distribuída e seus
efeitos no sistema elétrico.
A figura 3.1 representa o diagrama do modelo a ser analisado, sendo que os dados
completos desse sistema são apresentados no apêndice.
31
Figura 3.1 – Diagrama unifilar da rede elétrica modelada.
32
O estudo do sistema elétrico consistiu em simular uma falta trifásica franca na barra
167, seguida da abertura do religador automático, a desconexão dos geradores distribuídos
e o posterior religamento automático. Após o religamento, o sistema apresenta tensões
nodais com valores menores em comparação aos valores de tensão antes da incidência da
falta, caracterizando um afundamento de tensão. Este fenômeno se justifica devido ao fato
de que foram desconectados os geradores distribuídos, que antes injetavam potência ativa e
reativa na rede.
3.2 Tempos
33
Foi admitido um tempo de 3 segundos para cada alteração de tap do regulador de
tensão. Tal valor se justifica pelo fato de que este trabalho se baseia em um regulador
eletromecânico com o intuito de gerar resultados mais conservadores. Apesar de existirem
reguladores de tensão mais modernos, assistidos eletronicamente ou totalmente eletrônicos,
com menores tempos de atuação [11], os resultados e conclusões aqui obtidos podem ser
generalizados para os mesmos.
Para descobrir qual o ajuste ideal, que pode variar discretamente entre -8 e +8, foram
realizadas três simulações com tap inicial zero, uma para cada condição de carga. As
simulações utilizam o modelo descrito anteriormente, porém a falta trifásica não é simulada
com o objetivo de analisar o comportamente da tensão na barra de referência em regime
permanente. Dessa forma, verifica-se que, em cada caso, o valor de tap do regulador de
tensão, inicialmente em zero, é alterado até permanecer constante em um valor até o final
da simulação. Neste valor, é suposto que o sistema atinge a estabilidade em regime
permanente e, portanto, é considerado o melhor valor de tap para o ínicio de novas
simulações, agora com a ocorrência da falta trifásica.
Os gráficos referentes às variações dos taps nos casos de carga máxima, média e
leve, são apresentados, respetivamente, nas figuras 3.2, 3.3 e 3.4.
34
Carga Máxima
4
1
TAP
-1
-2
-3
-4
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Carga Média
5
3
TAP
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
35
Carga Leve
7
4
TAP
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Máxima 0
Média 5
Leve 7
36
4. Análise dos resultados
Uma vez determinados os valores de taps iniciais, foram realizadas simulações com a
ocorrência da falta trifásica para as três condições de cargas. Para cada caso, foram
analisadas as alterações nos valores dos taps do transformador e das tensões da barra 12.
Os resultados obtidos serão expostos neste capítulo sob a forma de gráficos e discutidos na
seção 4.4.
Para carga total do sistema elétrico (carga máxima), foi realizada uma simulação e
obteve-se o gráfico da figura 4.1, referente à variação dos valores de taps do transformador
para tal condição de carga.
Carga Máxima
0
-1
-2
-3
TAP
-4
-5
-6
-7
-8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Carga Máxima
1
0.98
0.96 X: 10
Y: 0.9652
X: 34.54
0.94 Y: 0.9529
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
0.92
0.9
0.88
X: 11.47
0.86 Y: 0.873
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Com apenas metade da carga conectada à rede elétrica modelada (Carga Média), foi
realizada uma nova simulação para analisar o comportamento dos valores de taps neste
caso e como a tensão de linha na barra 12 variou ao longo do tempo da simulação. Os
resultados para a variação do tap e da tensão na barra 12 são apresentados,
respectivamente, nas figuras 4.3 e 4.4 a seguir.
38
Carga Média
5
2
TAP
-1
-2
-3
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Carga Média
1
0.98
0.96 X: 10 X: 34.54
Y: 0.9673 Y: 0.9669
0.94
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
0.92
0.9
0.88
X: 11.44
Y: 0.8825
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Carga Leve
7
4
TAP
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
40
Carga Leve
1
0.98
X: 10
Y: 0.9757
0.96 X: 31.47
Y: 0.9645
0.94
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
0.92
0.9
X: 11.36
0.88
Y: 0.8897
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Pela simples observação dos gráficos dos gráficos apresentados anteriormente nas
seções 4.1 a 4.3, nota-se que o comportamento da tensão é semelhante para as três
condições de carga. No início da simulação, o sistema elétrico apresenta uma pequena
oscilação referente aos processamentos e cálculos de todas as condições iniciais pelo
programa. As oscilações cessam e os valores de tensão são mantidos na condição de
regime permanente até que a falta é simulada (no instante de tempo de 10 segundos),
quando o fornecimento de tensão é interrompido e os geradores distribuídos são
desconetados. A tensão é, então, restabelecida sem a presença dos geradores distribuídos
na rede elétrica. Nota-se, também, uma pequena oscilação da tensão quando o
fornecimento de tensão é restabelecido pois neste momento, todo o sistema elétrico é
alimentado novamente. A partir deste ponto, o regulador de tensão tenta corrigir os
41
afundamentos de tensão resultantes com a comutação dos taps, até que o sistema se
estabilize em um novo valor de tensão de regime permanente.
Pela figura 4.7, pode-se observar que quanto maior o afundamento de tensão
representado por ΔV1, mais afetada será a distribuição de energia até as cargas
consumidoras finais. Dessa forma, o índice ΔV1 permite analisar a severidade dos
afundamentos de tensão nas três condições de cargas descritas anteriormente. Com o
índice ΔTtap é possível observar quanto tempo demora para ocorrer a primeira alteração de
tap do regulador de tensão, e o tempo até a tensão se estabilizar em um novo valor de
regime permanente é denotado, na figura 4.7, por ΔTR. Este último reflete o tempo total de
42
duração do afundamento de tensão. Como descrito na seção 3.2, o índice ΔTtap referente ao
tempo de espera para a atuação do regulador é adotado neste trabalho como 3 segundos.
Os marcadores numéricos presentes nas figuras 4.2, 4.4 e 4.6 possibilitam calcular os
valores de ΔV1 (valores em p.u.) e ΔTR para os afundamentos em cada condição de carga.
O cálculo de ΔV1 consiste na diferença entre o valor da tensão de linha na barra 12 logo
após o fornecimento de energia ser restabelecido (sem a presença dos geradores
distribuídos), descrito como V1 na figura 4.7, e antes da ocorrência da falta (com os
geradores distribuídos conectados), representado por V0 na mesma figura. O valor de ΔV1
também pode ser expresso em porcentagem, que representa o desvio em relação a 1 p.u..
Já o índice ΔTR é calculado através da diferença entre o instante de tempo que o sistema se
estabiliza após o chaveamento dos taps do transformador em relação ao instante da
ocorrência da falta.
Os resultados de ΔV1 e ΔTR para cada condição de carga são apresentados a seguir.
Carga Máxima:
Carga Média:
Carga Leve:
43
Com esses índices calculados, é possível observar que o afundamento de tensão mais
severo ocorre para o caso da carga máxima, com o valor absoluto de 9,22%, e o mais leve
ocorre no caso da carga média, com 8,48%.
44
5. Proposta de solução
Uma vez que os geradores distribuídos são desconectados, o sistema elétrico deixa
de receber a potência ativa e reativa que estava sendo gerado por eles, o que explica o
afundamento de tensão já que as cargas continuam conectadas e demandando a mesma
potência. Dessa forma, justifica-se a inserção de dispositivos elétricos capazes de injetar
mais potência na rede na tentativa de atenuar o problema retratado no capítulo 4.
45
constatado que o valor não foi suficiente para elevar os níveis de tensão até que atingissem
os limites aceitáveis de fornecimento propostos em [8]. A figura 5.2, a seguir, ilustra a
variação da tensão com o banco de capacitores de 0,7 MVAr.
0.98
X: 31.85
0.96 X: 9.886 Y: 0.9719
Y: 0.9652
0.94
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
0.92
0.9
X: 11.36
Y: 0.8979
0.88
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Figura 5.2 – Tensão de linha na barra 12 para condição de carga máxima com o banco de
capacitores de 0,7 MVAr.
Através dos marcadores presentes na figura 5.2, pode-se observar que o afundamento
de tensão para este valor de banco de capacitores ultrapassa o limite inferior permitido pela
ANEEL de 93% [8]. O valor foi, então, aumentado gradativamente e novas simulações foram
realizadas até que se chegasse a um valor de potência reativa que satisfizesse os requisitos
necessários: 2,1 MVAr.
Além de ratificar que a tensão de linha na barra não ultrapasse os limites desejáveis,
as simulações são capazes de identificar se ocorre uma possível sobretensão resultante da
injeção de potência reativa na rede pelos bancos de capacitores. Para analisar se a técnica
escolhida pode atenuar o problema dos afundamentos de tensão teve a eficiência desejada,
46
foram realizadas simulações para as três condições de cargas do sistema e considerando
as respectivas regulagens de taps iniciais, apresentadas na tabela 3.1. Após a simulação,
foram traçados os gráficos das tensões de linha na barra 12 para cada caso e os resultados
obtidos são apresentados nas figuras 5.3 a 5.5.
Carga Máxima
0.98 X: 9.358
Y: 0.9652
0.96
X: 14.5
Y: 0.9629
X: 11.59
0.94
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
Y: 0.9516
0.92
0.9
0.88
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Figura 5.3 – Tensão de linha na barra 12 para condição de carga máxima com o banco de
capacitores de 2,1 MVAr.
Com a figura 5.3, é possível calcular um novo índice ΔV1, referente ao afundamento
de tensão no caso da carga máxima com o banco de capacitores:
47
Pode-se, ainda, calcular um novo índice ΔV1’ relacionando a tensão de linha na barra
com o banco de capacitores após a ocorrência da falta e a tensão sem o banco de
capacitores. Este novo índice representa o ganho de tensão ocorrido na barra devido à
entrada do banco de capacitores na rede elétrica.
Carga Média
0.98
X: 9.168 X: 17.9
0.96
Y: 0.9673 Y: 0.9697
0.94 X: 11.51
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
Y: 0.9465
0.92
0.9
0.88
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Figura 5.4 - Tensão de linha na barra 12 para condição de carga média com o banco de capacitores
de 2,1 MVAr.
48
Carga Leve
0.98
0.94
Tensão de linha na barra 12 (p.u.)
0.92
0.9
0.88
0.86
0.84
0.82
0.8
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Figura 5.5 - Tensão de linha na barra 12 para condição de carga leve com o banco de capacitores de
2,1 MVAr.
49
tensão permitida pela ANEEL [8], a solução aqui apresentada utilizando o banco de
capacitores mostra-se válida para a correção do problema apresentado, quando aplicada no
sistema elétrico sob análise. Para outros sistemas elétricos, os procedimentos aplicados
neste trabalho devem ser utilizados para determinar a capacidade ideal dos bancos de
capacitores para atender às condições de carregamento do sistema elétrico sem causar
problemas de qualidade de energia elétrica.
50
6. Conclusão
51
Para a solução, foi proposta a inserção de bancos de capacitores na rede elétrica
assim que os geradores distribuídos fossem desconectados. O chaveamento desses bancos
na rede elétrica funciona como um suporte de potência reativa com a saída dos geradores
distribuídos e poderiam reduzir ou até mesmo extinguir os afundamentos de tensão.
52
Referências bibliográficas
[1] ELETROBRAS; PROCEL. Relatório de resultados do Procel 2012 – ano base 2011.
Rio de Janeiro, 2012.
[3] GOLDENBERG, José; PRADO, Luiz Tadeu Siqueira. Reforma e crise no setor elétrico
no período FHC. In Tempo Social – USP. p. 219-235. Instituto de Eletrotécnica e Energia
(IEE), Universidade de São Paulo, 2003.
[9] PEREIRA, P. R. S. Métodos para otimização dos ajustes dos reguladores de tensão
e zonas de tap em sistemas de distribuição. 2009. 149 f. Dissertação de Mestrado –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria. 2009.
53
[10] IEEE 1547 – IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with Electric
Power Systems, 2003
54
Apêndice
Impedância: 9%;
55
Localização do comutador de taps: no primário do regulador;
56