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Instituto de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Belém-PA
2012
Apresentação
A tendência atual é de crescimento constante desses sistemas, tanto pela ampliação das redes
existentes e pela criação de novos circuitos para o suprimento da crescente demanda por energia
elétrica, como também devido às interligações de sistemas elétricos regionais isolados, formando
grandes sistemas interligados a nível nacional e muitas vezes a nível internacional, envolvendo
redes de vários países.
Entre os estudos de grande interesse aplicados aos sistemas de energia elétrica destaca-se o
problema do fluxo de carga (ou fluxo de potência), e seu objetivo fundamental consiste em
determinar pontos de operação para o sistema de potência, a partir dos seus parâmetros elétricos, e
do conjunto de restrições operacionais e de segurança que devem ser atendidas pela operação do
sistema. A formulação matemática do problema é feita com base nos princípios dos circuitos
elétricos e nas restrições pré-estabelecidas, de onde surgem equações e inequações algébricas.
Embora os estudos de fluxo de carga não envolvam equações diferenciais, as equações algébricas
são em grande número e, a não ser que se usem aproximações, são não lineares.
Utilizam-se, então, técnicas numéricas iterativas, algumas delas (as mais utilizadas) tão
elaboradas e trabalhosas (principalmente quando se trata de sistemas de grande porte, com milhares
de nós elétricos, o que geralmente é o caso), que exigem laborioso esforço computacional,
praticamente impossível de se resolver sem o auxílio de um computador digital dotado de poderosa
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e eficiente programação. Ainda com relação aos estudos de fluxo de carga serão abordados tópicos
complementares de grande importância para estes estudos, como a obtenção de equivalentes
externos para as redes elétricas, os ajustes e controles automáticos praticados na operação dos
sistemas de potência, bem como a avaliação da segurança estática do sistema de potência, via o
emprego de técnicas de análise de contingências. Também serão abordadas algumas variantes da
formulação padrão do estudo de fluxo de carga, como: fluxo de carga dc, fluxo de carga trifásico,
fluxo de carga ótimo, fluxo de carga harmônico, e fluxo de carga estocástico.
O outro estudo de grande interesse para o planejamento dos sistemas elétricos, o qual será
abordado neste curso, corresponde aos estudos de curto circuito. Estudos de curto circuito são
realizados rotineiramente, e são essenciais no planejamento dos sistemas elétricos, como ferramenta
para a especificação, implantação e verificação de desempenho operacional dos dispositivos de
proteção, como fusíveis, chaves, disjuntores, entre outros.
Assim, a finalidade principal do presente curso é oferecer ao leitor um conteúdo técnico que o
habilite a entender melhor a estrutura dos sistemas elétricos de potência, os modelos utilizados nos
estudos de planejamento da expansão e da operação desses sistemas, as técnicas numéricas e
computacionais empregadas para a solução dos estudos de fluxo de carga e curto circuito.
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Conteúdo
Fluxo de Carga
em Sistemas de Energia Elétrica
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6
Capítulo 1
O Problema do Fluxo de Carga
1.1 INTRODUÇÃO AO PROBLEMA DO FLUXO DE CARGA
O cálculo do fluxo de carga (ou fluxo de potência) de uma rede de energia elétrica consiste
essencialmente na determinação do estado elétrico da rede, ou seja, valores de tensão nos nós e, a
partir daí, a distribuição dos fluxos de potência nos ramos, dadas certas restrições de geração,
condições de carga e configuração topológica da rede.
Neste tipo de problema, a modelagem do sistema é estática, ou seja, a rede é representada por
um conjunto de equações e inequações algébricas. Esse tipo de representação é utilizado em
situações nas quais as variações com o tempo são suficientemente lentas para que se possam ignorar
os efeitos transitórios. Considera-se, também, que o sistema é equilibrado, ou seja, que os valores de
grandezas elétricas são idênticos para todas as fases (exceto, é claro, pelo defasamento entre as
tensões de cada fase). Isto permite representar o sistema em seu modelo unifilar. Além disso,
assume-se que os elementos passivos do sistema são representados por parâmetros concentrados.
A formulação mais comumente encontrada para o fluxo de carga é feita em termos de
potências ativa e reativa que fluem no sistema. Pode-se também encontrar as equações do fluxo de
carga escritas em função das correntes, em vez das potências, ou ainda formulações mistas de
potências e correntes. Em todos os casos, o resultado obtido para as tensões nas barras do sistema é
o mesmo.
Pelo fato de a rede de transmissão ser aproximadamente linear, pode-se, à primeira vista,
pensar que o problema do fluxo de carga é linear. Entretanto, como a potência é o produto da tensão
pela corrente, o problema se torna não linear mesmo para uma rede linear.
A presença de não linearidades na formulação do problema, inseridas pela descrição em
termos de potência, torna difícil encontrar soluções analíticas. Por isso, faz-se uso de técnicas de
cálculo numérico iterativo. Esta estratégia transforma o problema não linear em um conjunto de
problemas lineares que, resolvidos iterativamente levam à solução do problema não linear.
A solução, com o necessário grau de precisão, das equações não lineares do fluxo de carga só
passou a ser comum com o surgimento dos computadores digitais. Antes, quando os cálculos
tinham de ser feitos à mão ou mesmo pelos analisadores de redes, eram necessárias muitas
simplificações, o que tornava imprecisas as soluções obtidas. A tudo isso se deve somar o tempo
que se levava para efetuar os cálculos, que se faziam numerosos mesmo para sistemas pequenos.
Os computadores digitais vieram facilitar a solução do problema, mas não resolvê-lo
definitivamente. As características não lineares do fluxo de carga provocam dificuldades de
convergência ou mesmo divergências em muitas aplicações.
Por isso, apesar de já se dispor de métodos eficientes, a investigação e a pesquisa continuam,
sempre em busca de métodos de solução ainda mais poderosos, rápidos e confiáveis.
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1.2 APLICAÇÕES DO FLUXO DE CARGA
Os três problemas mais frequentes encontrados em análise de sistemas de potência estão
englobados nos estudos de fluxo de carga, curto circuito, e estabilidade. Cada uma destas análises
engloba uma classe de problemas encontrados em sistemas elétricos de potência. A divisão destes
problemas em classes pode ser feita adotando-se como critério a janela de tempo de interesse para a
aplicação dos resultados dos estudos. Assim, pode-se estabelecer as seguintes classes de
estudos/fenômenos, e as respectivas janelas de tempo:
9
S Gi = S Ci + S Ti (1.1)
onde:
Já que S = P + jQ (1.2)
Nota-se pela figura 1.2 que a potência transmitida da barra i para a barra k é dada por:
*
S ik = Pik + jQ ik = E i I ik (1.4)
Onde E i = V i ∠δi .
Aplicando-se a Lei de Kirchhoff das correntes, para a barra i, tem-se:
I ik = I S + I P (1.5)
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Onde: I S = (E i −E k ) / z ik (1.6)
I P =Ei y (1.7)
Substituindo-se as equações (1.6) e (1.7) na equação (1.5), tem-se:
Ei − Ek
I ik = + Ei y (1.8)
z ik
Substituindo-se a equação (1.8) na equação (1.4), obtém-se, por fim, a expressão para a
potência transmitida da barra i para a barra k. Esta expressão é dada já separada em parte real
(potência ativa) e parte imaginária (potência reativa) nas equações (1.9) a seguir.
Pik = Vi2gik − ViVk [gik cos δik − bik sen δik] (1.9a)
Qik = − Vi2 (bik + b) − ViVk [gik sen δik − bik cos δik] (1.9b)
Pik = (aVi)2gik − aViVk [gik cos (δik + φ) − bik sen (δik + φ)] (1.10a)
Qik = − (aVi)2 bik − ViVk [gik sen (δik + φ) − bik cos (δik + φ)] (1.10b)
Pik = (aVi)2gik − aViVk [gik cos (δik + φ) − bik sen (δik + φ)] (1.11a)
Qik = − (aVi)2 (bik + b) − ViVk [gik sen (δik + φ) − bik cos (δik + φ)] (1.11b)
As equações (1.11) são as equações gerais para o fluxo de carga entre duas barras genéricas i
e k. Para linhas de transmissão, deve-se fazer a = 1 e φ = 0. Para transformadores em fase, deve-se
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fazer b = 0 e φ = 0. Para os transformadores defasadores puros, a = 1 e b = 0. Finalmente, para os
transformadores defasadores, b = 0.
De posse da expressão para o fluxo de potência entre duas barras adjacentes, pode-se
generalizar para o caso de várias barras ligadas a barra i.
n
PTi = ∑ Pik (1.12a)
k =1
k ≠i
n
QTi = ∑ Qik (1.12b)
k =1
k ≠i
Com isto, obtém-se a potência total transmitida da barra i, em função dos valores de tensão
nas barras e dos parâmetros de admitância dos ramos de ligação.
1.3.3 Formulação Matricial
Ι = [Y] E (1.13)
E = vetor coluna (n x 1) das tensões nas barras, cujo elemento geral é E i = V i ∠δi .
Daí, obtêm-se as seguintes relações entre os elementos da matriz [Y] e os parâmetros físicos
n
da rede: Gii = ∑ g ik (1.15a)
k =1
n
Bii = ∑ bik (1.15b)
k =1
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Comparando as equações (1.15) com as equações (1.12), observa-se que é possível uma
formulação para a potência transmitida em função dos elementos da matriz [Y] .
As equações resultantes são mostradas abaixo:
n
PTi = Vi ∑ Vk (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) (1.16a)
k =1
n
QTi = Vi ∑ Vk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) (1.16b)
k =1
n
QGi − QCi − Vi ∑ Vk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) =0 (1.17b)
k =1
Conforme será visto mais adiante, a formulação em termos dos elementos da matriz de
admitâncias nodais traz muitas vantagens para a solução do fluxo de carga.
A análise das equações de balanço de potências ativa e reativa (1.17a) e 1.17b) demonstra que
cada nó elétrico é representado por 6 variáveis ou sejam: potência ativa gerada (PGi ), potência
reativa gerada (QGi), potência ativa consumida (PCi), potência reativa consumida (QCi), módulo da
tensão (Vi ), e fase da tensão (δi). Desta forma, em principio o problema de fluxo de carga é de
solução indeterminada, pois, tem-se 2 equações de balanço de potências ativa e reativa por cada nó
elétrico, e 6 variáveis a serem determinadas.
1.3.4 Tornando Determinado o Problema Indeterminado do Fluxo de Carga
As equações (1.17) podem ser consideradas as equações básicas do fluxo de carga. A
observação destas equações permite afirmar que, conhecidas as cargas dos nós elétricos, tem-se em
mãos um problema com 2n equações a 4n incógnitas. O problema ainda é indeterminado, por
enquanto.
Para tornar determinado o problema de fluxo de carga a ser resolvido, é necessário especificar
duas das quatro variáveis em cada barra:
- Para as barras que tem geração, onde se localizam as usinas geradoras, ou também para
barras de interligação entre sistemas, é razoável especificar-se PG e V, uma vez que essas
variáveis são controladas nessas barras, podendo-se especificar e manter os valores
apropriados para essas grandezas. As barras em que são especificadas PG e V são chamadas
barras de geração ou, o que é mais usual, barras tipo PV.
- Para as barras de cargas especificam-se as potências ativa PG e reativa QG . Este tipo de
barra é chamado barra de carga ou, mais comumente, barra PQ.
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- Como não se conhece a priori as perdas no sistema de transmissão e estas perdas não serão
conhecidas antes de ser obtida a solução do fluxo de carga, é necessário que em uma das
barras de geração (ou de interligação) não sejam especificadas PG e QG. Assim, consegue-se
fechar o balanço de potência do sistema através das equações (1.18) abaixo.
Essa barra é denominada barra de balanço (alguns autores utilizam o termo barra oscilante
ou mesmo a denominação original em inglês, swing bus). Nela são especificadas V e δ. Note
que, como δ é especificado na barra de balanço, esta barra cumpre uma segunda função, a de
ser referência angular do sistema, também sendo, às vezes, chamada de barra de referência.
É importante notar nas equações (1.17) que os fluxos de potência não dependem dos valores
absolutos dos ângulos das tensões nas barras, mas sim da diferença entre os ângulos; esta
característica é de grande importância, pois torna o problema indeterminado na variável δ,
deixando livre a escolha de uma referência angular (geralmente, δ = 0o), o que facilita
bastante a resolução do problema.
A tabela 1.1 resume as especificações de variáveis para os três tipos de barras citados.
Variáveis especificadas
Tipo de Barra
P Q V δ
PV X X
PQ X X
Barra de
X X
Referência
Estes três tipos de barras são os mais freqüentes e também os mais importantes. Entretanto,
existem algumas situações particulares, como, por exemplo, o controle de intercâmbio de uma área
e o controle da magnitude da tensão de uma barra remota, nas quais aparecem outros tipos de
barras, como PQV, P e V.
Conforme será possível perceber mais adiante, a determinação dos tipos de barra, além de
tornar determinado o problema do fluxo de carga, provoca a diminuição do número de equações a
serem resolvidas iterativamente.
Isto ocorre porque o objetivo fundamental dos estudos de fluxo de carga é a determinação das
tensões E i = Vi∠δi em todas as barras. Assim, se já são fornecidos valores de Vi e δi para algumas
barras logo de início, o esforço de cálculo diminui.
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A tarefa de determinar Vi e δi é o que consome grande esforço computacional, uma vez que a
tensão numa barra depende das tensões em todas as outras barras. A determinação da geração em
cada barra e dos fluxos de potência ativa e reativa nos ramos pode ser feita por simples balanço de
potência, o que significa não mais do que simples adições.
O número de equações do problema cai de 2n para 2nPQ + nPV , em que nPQ é o número de
barras PQ e nPV é o número de barras PV. Para cada problema de fluxo de carga existe uma única
barra de referência.
1.3.5 Considerações Práticas Acerca da Formulação de Fluxo de Carga
As equações (1.17) mostram claramente a complexidade do problema de fluxo de carga, em
que a tensão de uma barra sofre influência não linear da tensão de todas as demais barras; tais
equações compõem um problema indeterminado. A tipificação das barras do sistema permite
eliminar a indeterminação, transformando o problema num sistema em que o número de equações
iguala o número de incógnitas.
Entretanto, como se sabe, mesmo um sistema com igual número de equações e incógnitas
pode resultar em dificuldades ou até mesmo em impossibilidade de solução. Além do mais, mesmo
que tenha solução, o que garante que a solução matemática encontrada será fisicamente possível ou
adequada?
Com vistas a estas indagações, o problema do fluxo de carga não se restringe apenas ao
conjunto das equações (1.17). A fim de associar ao problema matemático os limites do sistema,
impõem-se, juntamente às equações, um conjunto de inequações. Estas inequações estabelecem os
limites inferior e superior para as variáveis elétricas em cada barra.
Nos casos práticos, um gerador tem uma curva bem definida de potência, chamada
usualmente de curva de capacidade, e não pode fornecer qualquer valor de potência reativa como
seria necessário para manter constante a tensão da barra terminal em qualquer condição. Também, a
tensão em determinadas barras de carga devem ser mantidas próximas a um valor predeterminado,
sob pena de causar prejuízos ao consumidor.
Em geral, estabelece-se que a tensão em cada barra deve estar dentro de uma tolerância:
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de carga se encarregue, automaticamente, de efetuar as modificações necessárias para que se
atinjam os valores desejados.
Estas modificações consistem em alterações nos tipos de barras. Por exemplo, suponha que,
após a solução de um fluxo de carga, obteve-se para uma barra PQ uma tensão de valor 0,85 pu,
valor muito abaixo do mínimo estabelecido. A atitude comumente adotada nesta situação é mudar a
tipificação da barra.
Deste modo, a barra em questão passaria a ser do tipo PV, sendo para ela estabelecido, por
exemplo, uma tensão igual a V = 1 pu. A solução de outro fluxo de carga para esta nova condição
daria origem a um novo valor de Q para a barra em questão, a partir do qual seria possível, por
exemplo, saber o valor da potência nominal de um banco de capacitores a ser ligado à barra ou a
posição do tap de um transformador para que se atinja o valor de tensão desejado.
16
Capítulo 2
x2 − 2x − ln (x) = 0 (2.1)
Esta equação pode ser escrita na forma:
1 2
x= [x − ln (x)] (2.2)
2
a qual permite que se proponha um processo iterativo:
1 (k) 2
x(k+1) = [(x ) − ln (x(k))] (2.3)
2
onde os sobrescritos (k+1) e (k) se referem a iterações consecutivas. A partir da estimativa de x na
iteração (k), obtém-se o novo valor de x por meio da equação (2.3). Procede-se assim até que a
diferença x(k+1) − x(k) seja menor que uma tolerância pré-estabelecida.
A tabela 2.1 ilustra a aplicação do algoritmo de Gauss na obtenção da resposta da equação
(2.1). O resultado correto, com precisão superior a 10−5, é 0,48140.
17
Tabela 2.1 Solução iterativa da equação (2.1) pelo método de Gauss.
1 (k) 2
Iteração x(k) [(x ) − ln (x(k))]
2
1 2,0 1,6543
2 1,6543 1,11548
3 1,11548 0,56751
… … …
21 0,48140 0,48140
0.5[x2 + ln (x)]
Fig. 2.1 Ilustração do processo de
convergência do método de Gauss.
O método de Gauss pode ser estendido para um sistema de n equações lineares ou não. Assim,
seja o sistema de equações:
F1 ( x1, x2 ,..., xn ) = 0
F2 ( x1 , x2 ,..., xn ) = 0
(2.4)
...
Fn ( x1 , x2 ,..., xn ) = 0
18
As equações (2.5) podem ser resolvidas pelo processo iterativo até que todos os
(k +1) (k )
∆xi = x i − xi sejam menores que uma determinada tolerância.
I = [Y] E (2.6)
1 n
Ei = I i − ∑ Y ik E k (2.8)
Y ii k =1
k ≠i
*
Da relação S i = Pi + jQ i = E i I i , obtém-se:
Pi − jQi
Ii = *
(2.9)
Ei
Substituindo a equação (2.9) na equação (2.8), obtém-se:
1 Pi − jQi n
Ei = *
− ∑ Y ik E k (2.10)
Y ii k =1
Ei
k ≠i
( k +1) 1 Pi − jQi n
(k )
Ei = − ∑ Y ik E k (2.11)
Y ii E *i ( k ) k =1
k ≠i
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- Barra de referência:
Nas barras tipo PQ, E é desconhecido. As grandezas especificadas são as potências ativa e
reativa geradas. Portanto, é valida a seguinte relação:
Pi esp − jQiesp
Ii = *
(2.12)
Ei
esp
onde: Pi = PGi − PCi
esp
Qi = QGi − QCi
esp
1 Pi − jQi
esp n
( k +1) (k )
Ei = − ∑ Y ik E k (2.13)
Y ii *( k )
Ei k =1
k ≠i
- Barras PV:
Para as barras do tipo PV, o módulo da tensão é especificado e somente o ângulo de fase é
desconhecido. Do mesmo modo, apenas a potência ativa gerada é especificada, devendo a potência
reativa gerada ser calculada.
Inicialmente, estima-se a potência reativa líquida injetada na barra i, dada por:
*
Q icalc = Im [ E i I i ] (2.14a)
*
ou ainda Q icalc = −Im [ E i I i ] (2.14b)
*( k ) n (k )
Qicalc( k +1) = −Im E i ∑ Y ik E k (2.15)
k =1
esp
1 Pi − jQi
calc( k ) n
( k +1) (k )
Ei = − ∑ Y ik E k (2.16)
Y ii *( k )
Ei k =1
k ≠i
Observe-se que o valor de E i = Vi∠δi calculado em cada iteração de (2.16) não satisfará,
esp
necessariamente, a restrição E i = V i para a barra PV. Por isso, a cada iteração, racionaliza-se
20
esp
o valor de E i calculado, de tal forma que se mantenha E i = V i sem que se altere o valor de δi
calculado.
2.1.3- Método de Gauss-Siedel
No método de Gauss, em cada iteração, os valores de tensão que aparecem no lado direito das
equações (2.13), (2.15) e (2.16) são valores da iteração anterior. Os valores de tensão só são
atualizados ao final de cada iteração, ocorrendo o que se chama de substituição simultânea.
No método de Gauss-Siedel, utiliza-se a substituição sucessiva, ou seja, assim que um valor
de tensão é calculado, ele substitui o da iteração anterior.
As equações (2.13), (2.15) e (2.16), do método de Gauss, quando adaptadas ao método de
Gauss-Siedel, tomam a seguinte forma, respectivamente:
1 Pi − jQi i −1
(k )
esp esp n
( k +1) ( k +1)
Ei =
Y ii *( k )
− ∑ Y ik E k − ∑ Y ik E k (2.17)
Ei k =1 k =i +1
*( k ) i −1 ( k +1)
n
(k )
Qicalc( k +1) = −Im E i ∑ Y ik E k + E i ∑ Y ik E k
*( k )
(2.18)
k =1 i +1
1 Pi − jQi i −1
(k )
esp calc( k ) n
( k +1) ( k +1)
Ei =
Y ii *( k )
− ∑ Y ik E k − ∑ Y ik E k (2.19)
Ei k =1 k =i +1
21
(k +1) (k )
máx ( E i − E i ) ≤ ε (2.20)
onde ε é a tolerância.
Critérios de parada como o da inequação (2.20) têm a vantagem de serem de simples
programação, mas não dão certeza quanto à real proximidade de uma solução. Isto de deve ao fato
de que o fluxo de potência reativa numa linha é fortemente dependente da diferença entre as
magnitudes das tensões nodais das barras nos extremos da linha. O mesmo raciocínio se aplica à
potência ativa, mas relacionado à diferença entre os ângulos de fase, e não às magnitudes. Com isso,
vê-se que mesmo pequenos desvios em V e δ podem causar erros consideráveis no cálculo dos
fluxos, provocando conseqüências inaceitáveis.
Outro critério de parada, este muito aplicado em todos os métodos iterativos para
determinação do fluxo de carga, consiste na minimização dos erros (mismatches) de balanço de
potência em cada barra. Como se sabe, para cada barra, é válido a relação:
S Gi − S Ci − S Ti = 0 (2.21)
Por ser o cálculo do fluxo de carga iterativo, dificilmente a identidade (2.21) será alcançada
com erro nulo. Assim, definindo-se o resíduo no balanço de potência da barra i, S i , como:
∆ S i = S Gi − S Ci − S Ti (2.22)
máx ( ∆ S i ) ≤ ε (2.23)
onde ε é uma tolerância, que assume valores típicos da ordem de 10−4 a 10−2 pu.
Outro modo de expressar o critério de (2.23) é em função das partes real e imaginária, como:
A grande vantagem do critério de parada pelo resíduo no balanço de potência está na relação
existente entre o erro na potência e a proximidade de uma solução. Se os erros nos balanços de
potência em cada barra são minimizados, haverá também menores erros nos cálculos dos fluxos de
potência no sistema.
Outros critérios de parada que podem ser utilizados junto com o do resíduo no balanço de
potência são:
- número máximo de iterações que se deseja realizar: às vezes, o processo divergiu ou demora
muito para convergir; neste caso, o processo é truncado em um número máximo de iterações.
22
- valor máximo permitido para uma grandeza: se alguma tensão (módulo e/ou ângulo) atingir
valores maiores que alguns limites preestabelecidos, é sinal de que o processo poder ter divergido;
neste caso, o processo é interrompido.
Note-se que estes critério podem ser utilizados juntos, prevalecendo o qual ocorrer primeiro.
2.1.6- Número de iterações, convergência e esforço de computação dos métodos
O número de iterações necessário para a convergência dos métodos de Gauss e Gauss-Siedel
depende do sistema, de seu carregamento e do critério de parada adotado.
Valores do número de iterações para sistemas típicos são da ordem de 80 (Gauss) e 40
(Gauss-Siedel), adotando-se o critério de parada de máx ( ∆ S i ) ≤ 0,01 pu. A utilização de outros
critérios de parada, como a comparação entre as tensões para iterações consecutivas, pode fazer
diminuir o número de iterações necessário, às custas, no entanto, de menor precisão na solução.
A convergência dos métodos é lenta e duvidosa devido, principalmente, ao fraco acoplamento
entre os nós do sistema quando o mesmo é modelado através da matriz de admitâncias nodais. Em
sistemas com muitas barras, a atualização nos valores de tensões nodais pode levar muitas iterações
para propagar-se ao longo de todo o sistema.
De forma que se pode escrever o processo iterativo de atualização do valor da tensão como
(k +1) (k ) ( k +1)
Ei = E i + ∆E i (2.26)
Se for desejado acelerar (ou desacelerar) o passo de atualização, pode-se empregar um fator
de aceleração α.
(k +1) (k ) ( k +1)
Ei = E i + α ∆E i (2.27)
23
0,7 ≤ α ≤ 1,5. (2.28)
O método da matriz [Z] , também chamado método direto, apresenta alta confiabilidade na
convergência devido ao alto acoplamento matemático entre os nós do sistema (ao contrário de [Y] ,
a matriz [Z] não é esparsa).
24
2.2 Método de Newton-Raphson
O método de Newton-Raphson é um método geral para a determinação de raízes reais de
equações não-lineares. Na essência, o método trabalha utilizando a série de Taylor para, a partir de
uma aproximação inicial, iniciar e levar a cabo um processo iterativo robusto e de fortes
características de convergência.
2.2.1- Introdução ao método de Newton-Raphson
Para entender o método, suponha a equação não linear generalizada:
f (x) = 0 (2.29)
Considere-se agora sua expansão em série de Taylor em torno de um valor conhecido x(k)
1 df 1 d 2f
f (x) = f (x(k)) + (x − x(k)) + (x − x(k))2 + … (2.30)
1! dx x =x (k ) 2! dx 2 (k )
x =x
df
f (x) ≅ f (x(k)) + (x − x(k)) (2.31)
dx x =x (k )
f (x ( k ) )
x − x (k) ≅ − (2.32)
df
dx x = x ( k )
Observe que o valor x não é raiz de f (x) = 0 devido ao erro introduzido ao serem desprezados
os termos de ordem maior da expansão em série de Taylor; no entanto, x geralmente representa uma
estimativa mais próxima do valor da raiz do que representava x(k). Assim, pode-se definir:
f (x ( k ) )
∆x(k) = − (2.32)
df
dx x = x ( k )
e utilizar ∆x para obter uma melhor estimativa da raiz por meio da relação
A fim de comparar este método com o de Gauss, pode-se aplicá-lo ao mesmo problema.
Assim, tem-se:
f (x ( k ) ) f (x ' ( k ) )
x (k+1)
=x (k)
− x' (k+1)
= x' (k)
−
Iteração x(k) df x' (k) df
dx x = x ( k ) dx x = x '( k )
A figura 2.3 ilustra o processo de convergência do método para dois valores iniciais
diferentes, x(0) e x' (0).
f (x) = x2 − 2x − ln (x)
26
Se x(k) estiver próximo de um ponto de máximo ou de mínimo (derivada quase nula), ∆x pode
ficar muito grande, deslocando x(k+1) para longe da solução e aumentando o número de iterações
para que se volte à região da solução. A figura 2.4 ilustra a sensibilidade do método à escolha do
valor inicial.
f (x)
F1 ( x1 , x 2 ,..., x n ) = 0
F ( x , x ,..., x ) = 0
2 1 2 n
(2.36)
...
Fn ( x1 , x 2 ,..., x n ) = 0
As funções F1, F2, ..., Fn das variáveis x1, x2, ..., xn podem ser expandidas individualmente em
série de Taylor em torno de um ponto x(k) = (x1(k), x2(k), ..., xn(k)), resultando em um sistema de n
séries de Taylor. Cada expansão em série de Taylor representa a expansão de uma das funções Fi(x)
em torno de x(k).
Mais uma vez, assim como se fez no caso unidimensional, desprezando os termos de ordem
superior a primeira ordem, surge um sistema de n séries de Taylor truncadas no termo de primeira
ordem.
D = − [ J] ∆ x (2.37)
Onde:
27
F1 ( x ( k ) )
(k )
F2 ( x )
D=
M
Fn ( x ( k ) )
∆x1
∆x
∆x = 2 ; ∆xi = xi – xi(k)
M
∆x n
O processo iterativo se inicia a partir de uma solução estimada x(k) = (x1(k), x2(k), ..., xn(k)), que
permite o cálculo da matriz [J] e do vetor D. A seguir, calcula-se o vetor ∆x através de:
∆x = − [J]−1 D (2.38)
A seguir, calcula-se o novo vetor D, a nova matriz [J] e recalcula-se o vetor ∆x. Prossegue-se
iterando até que o vetor D apresente todos os seus valores inferiores a uma tolerância
preestabelecida. Assim, o método iterativo de Newton-Raphson fica descrito como apresentado na
equação (2.40):
28
n
QGi − QCi − Vi ∑ Vk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) =0 (2.41b)
k =1
para as barras PQ. Observa-se que há, então, 2nPQ + nPV equações a serem resolvidas. Para tanto,
utilizar-se-á o método de Newton-Raphson.
Para melhor entendimento da aplicação do método ao problema específico, pode-se rescrever
as equações (2.43) como
Onde os subscritos k indicam que as funções Pi e Qi dependem das tensões em todas as barras do
sistema, não só da barra i.
∆P
D= (2.46)
∆Q
Definindo-se o vetor x das incógnitas como
δ 2
δ
3
M
δ nPV + nPQ δ
x= = V (2.47)
V2
V3
M
Vn
PQ
(na suposição de que a barra 1 é a barra de referência), pode-se empregar o método iterativo de
Newton-Raphson, resultando em
( k +1) (k ) (k )
δ δ ∆δ
V = + (2.48)
V ∆V
onde:
(k ) (k )
∆δ −1 ∆P
∆V = −[J ' (k )
] (2.49)
∆Q
e, portanto, tem-se:
( k +1) (k ) (k )
δ δ ( k ) −1 ∆P
V = − [J ' ] (2.50)
V ∆Q
A matriz [J’(k)] é a matriz jacobiana das equações (2.44), calculada em cada iteração.
Explicitamente, tem-se:
∂∆P ∂∆P
∂δ ∂V
J' = (2.51)
∂∆Q ∂∆Q
∂δ ∂V
30
Para facilitar a notação, é usual utilizar:
∂P ∂P
∂δ ∂V
J' = (2.52)
∂Q ∂Q
∂δ ∂V
∂P ∂P
∂δ V ∂V [J 1 ] [J 2 ]
J = = (2.54)
∂Q ∂Q [J 3 ] [J 4 ]
V
∂δ ∂V
O motivo pelo qual se torna menos trabalhoso obter [J] com a notação alternativa ficará
evidente agora. Observe-se pela equação (2.50) que a matriz jacobiana é composta de quatro
submatrizes, a saber:
∂P
(1) Submatriz [J 1 ] =
∂δ
∂Pi ∂ ∂P
J 1 (i, k ) = = [ PGi − PCi − PTi ] = − Ti = −ViVk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) (2.55)
∂δ k ∂δ k ∂δ k
∂Pi ∂ ∂P n
J 1 (i, i ) = = [ PGi − PCi − PTi ] = − Ti = −Vi ∑ Vk (−Gik sen δ ik + Bik cos δ ik ) (2.56a)
∂δ i ∂δ i ∂δ i k =1
k ≠i
n
J 1 (i, i ) = Vi ∑ Vk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) + Vi 2 Bii (2.56b)
k =1
∂P
(2) Submatriz [J 2 ] = V
∂V
31
∂Pi ∂ ∂P
J 2 (i, k ) = Vk = Vk [ PGi − PCi − PTi ] = −Vk Ti = −ViVk (Gik cos δ ik − Bik sen δ ik ) (2.57)
∂Vk ∂Vk ∂Vk
∂Pi ∂ ∂P
J 2 (i, i ) = Vi = Vi [ PGi − PCi − PTi ] = −Vi Ti (2.58a)
∂Vi ∂Vi ∂Vi
n
J 2 (i, i ) = −Vi ∑ Vk (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) − Vi 2 Gii (2.58b)
k =1
∂Q
(3) Submatriz [J 3 ] =
∂δ
∂Qi ∂ ∂Q
J 3 (i, k ) = = [QGi − QCi − QTi ] = − Ti = ViVk (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) (2.59)
∂δ k ∂δ k ∂δ k
∂Qi ∂ ∂Q n
J 3 (i, i ) = = [QGi − QCi − QTi ] = − Ti = −Vi ∑ Vk (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) (2.60a)
∂δ i ∂δ i ∂δ i k =1
k ≠i
n
J 3 (i, i ) = −Vi ∑ Vk (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) + Vi 2 Gii (2.60b)
k =1
∂Q
(4) Submatriz [J 2 ] = V
∂V
∂Qi ∂ ∂QTi
J 4 (i, k ) = Vk = Vk [QGi − QCi − QTi ] = −Vk = −ViVk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) (2.61)
∂Vk ∂Vk ∂Vk
∂Qi ∂ ∂QTi
J 4 (i, i ) = Vi = Vi [QGi − QCi − QTi ] = −Vi (2.62a)
∂Vi ∂Vi ∂Vi
n
J 4 (i, i ) = −Vi ∑ Vk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) + Vi 2 Bii (2.62b)
k =1
32
Concluído o cálculo dos elementos da matriz jacobiana, pode-se perceber a obtenção de uma
simplificação muito importante, expressa nas equações (2.63 a) e 2.63 b).
J1 (i, k) = J4 (i, k) (2.63a)
máx ( ∆ S i ) ≤ ε (2.65)
33
Onde ε é uma tolerância, que assume valores típicos da ordem de 10−4 a 10−2 pu.
Onde 0,7 ≤ α ≤ 1,4. A utilização de α < 1 desacelera a convergência e costuma ser feita em estudos
com grandes cargas ativas e/ou reativas.
34
2.2.6- Considerações sobre as técnicas de programação
Computadores digitais apresentam limitações de memória impostas pelo hardware existente.
Em algumas aplicações, computadores com pouca memória podem não são adequados para a
solução de problemas de fluxo de carga. Nestas situações, é comum a utilização de técnicas de
programação em que se faz um compromisso entre os gastos com memória e o tempo de
processamento. Há ainda técnicas que permitem economias de tempo e memória simultaneamente.
Há algumas técnicas gerais, bastante conhecidas e empregadas para armazenamento compacto
de informação e resolução de grandes sistemas de equações lineares. Aqui serão vistas duas destas
técnicas: a programação esparsa e a fatoração triangular de matrizes.
Programação esparsa é uma técnica de programação digital com a qual matrizes esparsas são
armazenadas de forma compacta. Isto é muito importante especialmente em estudos de sistemas de
potência, onde as matrizes [Y] e, consequentemente, [J], costumam apresentar esparsidades
maiores que 99%.
A idéia básica da programação esparsa consiste em armazenar somente os elementos não
nulos da matriz. Há diversas técnicas para este tipo de programação, e o desempenho de cada uma
depende de fatores como simetria da matriz, percentagem de esparsidade, ocorrência de blocos de
elementos nulos, etc.
Uma técnica muito usual em programação esparsa consiste em tabelar os elementos não
nulos, conferindo-lhes índices que permitam saber sua localização na matriz. Por exemplo, a matriz,
0 0 1 0 VAL IL IC
3 1 0 0
1 1 3
A= seria armazenada como 3 2 1
0 0 3 0 1 2 2
3 3 3
0 0 0 0
35
O método clássico para solução de (2.67) é
x = A−1 B (2.68)
Este problema é análogo ao freqüentemente encontrado para sistemas de potência
Ι = [Y] E (2.69)
D = − [J] ∆x (2.70)
Observe-se que para n ≈ 10.000, realidade comum para muitos sistemas de energia
interligados, o número de operações aritméticas necessárias para a obtenção da inversa A−1 é
relativamente grande.
Suponha-se então que a matriz A seja fatorada em duas matrizes:
A = LU (2.71)
Onde L é a matriz triangular inferior e U é a matriz triangular superior. Então:
LU x = B (2.72)
Criando uma nova variável w = U x, tem-se:
Lw=B (2.73)
A equação (2.73) pode ser resolvida de forma trivial, já que L tem uma forma especial:
l 11 0 0 K
l l 22 0
21 w =B (2.74)
l 31 l 32 l 33
L
Assim, de imediato:
B1
w1 = (2.75)
l 11
l 21 w1 + l 22 w2 = B2 (2.76)
B2 − l 21 w1
Logo: w2 = (2.77)
l 22
Como w1 é conhecido de (2.75), w2 pode ser calculado. Este processo continua até que todos
os wi tenham sido determinados. A fórmula recursiva geral para o cálculo de w é:
r −1
Br − ∑ l rq wq
q =1
wr = (2.78)
l rr
36
De posse do vetor w, pode-se encontrar o vetor solução do problema x. De (2.73), tem-se:
wn
xn = (2.80)
u nn
wn −1 − u n −1 n x n
x n −1 = (2.81)
u n −1 n −1
Este processo de substituição de trás para frente é repetido até que todos os xi sejam
encontrados. A fórmula recursiva geral para calcular x é:
n
wr − ∑ u rq wq
q = r +1
xr = (2.82)
u rr
Como se vê, através da fatoração triangular da matriz A e substituição de trás para frente com
os elementos das matrizes resultantes L e U, a solução de A x = B é encontrada sem necessidade de
calcular a inversa de A.
O processo de fatoração de A em L e U pode ser feito da várias maneiras. Uma das mais
simples é a partir da suposição de que L tem a diagonal principal unitária, ou seja:
1 0 0 L
l 1 0
L = 21 (2.83)
l 31 l 32 1
L
A matriz U continua como foi apresentada:
37
1 0 0 L u11 u12 u13 K
l 1 0 0 u 22 u 23
21 =Α (2.85)
l 31 l 32 1 0 0 u 33
L L
Observando-se a equação (2.85), tem-se logo de imediato:
l 21u11 = A21
l 21u12 + u 22 = A22
l 21u13 + u 23 = A23
M
e assim por diante. Destas equações extrai-se:
A21
l 21 =
u11
u 22 = A22 − l 21u12
u 23 = A23 − l 21u13
M
A generalização para a expansão da linha r de A é:
c −1
Arc − ∑ l rq u qc
q =1
l rc = ; c = 1, 2, K , r − 1 (2.87a)
u cc
r −1
u rc = Arc − ∑ l rq u qc ; c = r , r + 1, K , n (2.87b)
q =1
As matrizes triangulares, inferior e superior não mantém o mesmo grau de esparsidade que a
matriz original [ Y ]. A diferença é que, em L, aparecem alguns novos elementos em posições que
estavam originalmente vagas. Considerando que o número de operações e as necessidades de
armazenamento dependem basicamente do número de elementos não nulos das matrizes L e U, é
desejável que o aparecimento de novos elementos seja minimizado. Isto pode ser conseguido por
meio do que se chama ordenação ótima.
A ordenação ótima consiste em renumerar os nós da rede, visando uma ordem mais favorável
para as substituições. A fatoração triangular da matriz jacobiana já representa por si só um processo
de ordenação dos nós, mas não se constitui em ordenação ótima, pois apenas ordena segundo a
numeração já existente.
38
A idéia básica dos métodos mais usuais de renumeração consiste em se eliminar primeiro os
nós que tenham o menor número de ligações. Algoritmos mais avançados podem ser utilizados na
ordenação, como a redução dos circuitos por meio da eliminação de Gauss para posterior
eliminação pelo critério do menor número de ligações.
39
Capítulo 3
∆δ = −[J 1 ] −1 ∆P (3.2)
∆V
= −[J 4 ] −1 ∆Q (3.3)
V
Note-se que as equações ainda estão acopladas, já que [J1] depende de Vi e [J4] depende de δi.
Entretanto, um desacoplamento matemático é conseguido no algoritmo de solução, em que se
divide o problema em dois sub-problemas, resolvidos alternadamente. No sub-problema Pδ são
usados os valores atualizados de V; no sub-problema QV são utilizados os valores atualizados de δ.
Em sistemas com predominância de barras PQ, o tempo de processamento para solução do
fluxo de carga reduz-se para um quarto do tempo que seria requerido para a matriz jacobiana
completa.
Apesar do erro introduzido pela simplificação da matriz, a robustez do método de Newton-
Raphson garante a obtenção de uma solução utilizando não mais que uma ou duas iterações
adicionais. Isto acontece porque a introdução de aproximações na matriz jacobiana altera o processo
40
de convergência, isto é, muda o caminho percorrido entre o ponto inicial e a solução, mas não altera
o resultado, pois o problema resolvido permanece o mesmo.
Para ilustrar este ponto, observe-se a figura 2.5, que mostra um exemplo de método
desacoplado que mantém as derivadas constantes.
f (x)
f (x)
(a) (b)
(a) método de Newton-Raphson convencional; (b) método de Newton-Raphson com jacobiano constante.
Note-se que no caso de 2.5(b), em que as derivadas são mantidas constantes, a convergência é
um pouco mais lenta (exige maior número de iterações), mas conduz ao mesmo resultado.
Assim, de modo geral, pode-se dizer que os métodos desacoplados aproximam o cálculo das
derivadas mas mantém a integridade do modelo da rede e, por isso, não a afetam a solução final do
fluxo de carga.
δ ( k +1) = δ ( k ) + ∆δ ( k ) (3.4c)
V ( k +1) = V ( k ) + ∆V ( k ) (3.4d)
41
Devido ao desacoplamento Pδ-QV , os termos [J 2 ] ∆V e [J 3 ] ∆δ são numericamente muito
pequenos em relação a [J 1 ] ∆δ e [J 4 ] ∆V , respectivamente. Pode-se, então, por aproximação,
desprezar os termos menores, trabalhando apenas com [J1] e [J4].
Esta aproximação transforma o problema, que passa agora a ser:
∆P ( k ) = −[J 1 ] ( k ) ∆δ ( k ) (3.5a)
(k )
∆V
∆Q (k )
= −[J 4 ] (k )
(3.5b)
V
δ ( k +1) = δ ( k ) + ∆δ ( k ) (3.5c)
V ( k +1) = V ( k ) + ∆V ( k ) (3.5d)
A recorrência dada pelas equações (3.5) ainda está na forma simultânea, isto é, δ e V são
atualizados ao mesmo tempo. A Segunda etapa da obtenção do método desacoplado consiste em se
aplicar o esquema de resolução alternado, resultando em:
∆P ( k ) = −[J 1 ] ( k ) ∆δ ( k ) (3.6a)
δ ( k +1) = δ ( k ) + ∆δ ( k ) (3.6b)
(k )
∆V
∆Q ( k ) = −[J 4 ] ( k ) (3.6c)
V
V ( k +1) = V ( k ) + ∆V ( k ) (3.6d)
Note-se que, colocando-se o algoritmo na forma alternada dada pelas equações (3.6), as
aproximações introduzidas na matriz jacobiana são parcialmente compensadas pelo fato de as
variavéis δ e V serem atualizadas a cada meia iteração.
Existem situações em que o sub-problema Pδ, por exemplo, pode convergir antes do sub-
problema QV. Nestes casos, podem-se obter algumas vantagens computacionais iterando-se apenas
o sub-problema ainda não resolvido.
3.3- O Método Desacoplado Rápido
O método desacoplado rápido tem o mesmo algoritmo básico que o método de Newton
desacoplado. A diferença fundamental entre estes dois métodos desacoplados é que no desacoplado
rápido, são feitas ainda mais simplificações, baseadas nas propriedades físicas dos sistemas de
potência, propriedades estas bem caracterizadas pelos elementos da matriz susceptância de barra.
Tomando-se as equações (3.5a) e (3.5b), do método de Newton desacoplado, mas escrevendo-
as de forma ligeiramente diferente, tem-se:
42
∂P
∆P = − ∆δ (3.7a)
∂δ
∂Q
∆Q = − V ∆V / V (3.7b)
∂V
Das equações (2.56c), e (2.62c) tem-se que:
∂Pi
= QTi + Vi 2 Bii (3.8)
∂δ i
∂Qi
Vi = −QTi + Vi 2 Bii (3.9)
∂Vi
| Vi
2
Bii | >> QTi (3.10)
Portanto:
∂Pi
= Vi 2 Bii (3.11)
∂δ i
∂Qi
Vi = +Vi 2 Bii (3.12)
∂Vi
∂Pi
= −ViVk (Gik senδ ik − Bik cos δ ik ) (3.13)
∂δ k
∂Qi
Vk = −ViVk (Gik sen δ ik − Bik cos δ ik ) (3.14)
∂Vk
Considerando que:
δik ≅ 0 (3.15 a)
∂Pi
= ViVk Bik (3.16)
∂δ k
∂Qi
Vk = ViVk Bik (3.17)
∂Vk
Com essas aproximações, as equações (3.7 a) e (3.7 b) podem ser expressas em forma
matricial como:
43
∆P / V = −[B'] ∆δ (3.18)
Onde: [B’] = matriz de susceptâncias [B] sem as linhas e colunas referentes à barra de
referencia;
[B’’] = matriz susceptância [B] sem as linhas e colunas referentes às barras PV e de
referência.
Para se ter idéia da simplificação que estas suposições práticas introduzem, note-se que,
agora, os ∂P/∂δ não são mais funções não-lineares de δ e V, mas sim constantes! Além disso, não é
mais necessário inverter o jacobiano a cada iteração, bastando inverter [B] uma única vez.
Para simplificar ainda mais o método e completar o desacoplamento, são feitas ainda as
seguintes considerações:
- omite-se de [B’] a representação de elementos que afetam predominantemente os fluxos
reativos, tais como reatâncias shunt e tapes em fase de transformadores controladores;
- omite-se de [B’’] a representação de componentes que afetam predominantemente os
fluxos ativos, tais como tapes em quadratura de transformadores defasadores.
Com isto, chega-se ao método desacoplado rápido em sua forma final:
∆P / V = −[B'] ∆δ (3.20a)
δ ( k +1) = δ ( k ) + ∆δ ( k ) (3.20b)
V ( k +1) = V ( k ) + ∆V ( k ) (3.20d)
em que foi utilizada mais uma vez a estratégia de solução alternada de ∆δ e ∆V.
O método desacoplado rápido foi originalmente proposto por Alsac e Stott, em 1974.
44
3.5- Aspectos computacionais dos métodos desacoplados
A convergência dos métodos desacoplados é mais lenta que a do método tradicional, sendo
esta característica, no entanto, compensada pela rapidez das iterações.
A convergência do método desacoplado rápido é geométrica, levando, para sistemas típicos, 4
a 7 iterações para convergir, independentemente do número de barras do sistema. Levando em conta
que o tempo de duração de uma iteração do método desacoplado correponde, em média, a 1/5 do
tempo de uma iteração do método de Newton-Raphson, que os gastos com memória são cerca de
40% menores e que a dificuldade na implementação dos programas diminui sensivelmente, pode-se
concluir que os métodos desacoplados, principalmente o método desacoplado rápido, oferecem boas
vantagens sobre todos os demais até hoje implementados.
Para tornar a solução de Fluxo de Carga a mais real possível, devem-se incluir os efeitos de
equipamentos automáticos de controle e os limites superiores e inferiores de certas variáveis. Os
ajustes mais usuais praticados são:
o Ajustes de tapes em fase de transformadores;
o Ajustes de tapes em quadratura de transformadores defasadores;
o Correção de violação de limites de tensão em barras PQ, podendo ser realizado via
controle local, ou controle remoto;
o Ajustes de limite de geração de potência reativa em barras PV;
o Ajustes de intercâmbio de potência ativa entre áreas.
A implementação dos ajustes automáticos de tapes em fase pode ser realizada como
ilustrado na Figura 3.3, onde :
+ ∆V ∆P
SISTEMA
α
EQUAÇÕES
Figura 3.3 – Representação esquemática do ajuste de tape em fase de transformadores com tape
variável sob carga (OLTC)
Desta forma a nova posição do tape, , pode ser obtida pela relação:
∆P = - = ( - ) (3.22)
Neste ajuste tem-se que o parâmetro controlador é o tape P, e as grandezas controladas são
as tensões ou , respectivamente as tensões primária e secundária do transformador, como
CERTIFICAR SE ATINGIU
CONVERGÊNCIA APROXIMADA
CALCULAR: -
CALCULAR: = + ∆P
Figura 3.5 – Fluxograma para a incorporação do ajuste de tape em fase em transformadores OLTC.
47
transformador são usualmente: tape minimo (tmin); tape máximo (tmax); tape (que corresponde a
posição atual do tape); e o passo.
1: jq ܻ݆݅
Figura 3.6 – Representação de um transformador defasador puro, cujo tape é dado por jq.
=
– ( - ) (3.23)
Onde:
- corresponde a nova posição do tape q;
Como visto anteriormente, barras do tipo PQ têm suas tensões reguladas dentro de uma
faixa, entre um valor mínimo e um valor máximo, os quais são normalmente definidos em
resoluções do agente regulador, para que seja mantida uma boa qualidade de tensão no sistema
elétrico. O controle da tensão pode ser executado de forma local, por meio de injeções de potência
reativa, usualmente a partir de bancos de capacitores, reatores e compensadores síncronos, ou
remotamente, a partir de outras barras do tipo PV, as quais dispõem de mecanismos próprios de
48
injeção de potência reativa no sistema elétrico. Na figura 3.7 estão ilustrados os dois casos de
controle, sendo o controle local exercido na própria barra i com a injeção da potência reativa
requerida (Qi) a partir de um banco de capacitores, e o controle remoto exercido a partir de uma
barra k, do tipo PV, com a injeção da potência reativa requerida, neste caso Qk.
Figura 3.7 – Ilustração de ações de controle para controlar a tensão da barra i (Vi ) dentro de valores
mínimo e máximo especificados .
(3.24)
(3.25)
(3.26)
E, portanto, a quantidade de potência reativa a ser injetada na barra i para corrigir o desvio
de tensão é dada, de forma aproximada por:
49
(3.27)
3.6.5.2 - Algorítmo de Implementação do Ajuste Local
Figura 3.8 – Fluxograma de implementação do ajuste local para a correção de desvios de tensão em
barras PQ.
Esse ajuste é típico de barras PQ, cuja tensão é controlada pela tensão de uma barra PV.
Também é uma situação típica de compensador síncrono conectado no terciário de transformadores
de 3 enrolamentos, com a finalidade de controlar a tensão no primário ou no secundário do
transformador. Na figura 3.9 encontra-se a representação esquemática para a implementação do
50
controle remoto da tensão na barra i do tipo PQ, a partir da tensão da barra n, do tipo PV,
considerando-se a situação genérica de existirem também um conjunto de barras j do tipo PV e um
conjunto de barras k do tipo PQ, também ligadas à barra i.
Figura 3.9 – Representação genérica de implementação do controle remoto de tensão de uma barra
PQ (barra i), a partir de uma barra PV especifica (barra n), considerando também outras barras PQ
(conjunto de barras k), e outras barras PV (conjunto de barras j).
(3.28)
Se for dado um acréscimo , na tensão da barra n, do tipo PV, esta variação irá afetar a tensão da
barra i, e de todas as barras PQ, do conjunto k, ligadas à barra i, mas não alterarão as tensões das
barras PV, do conjunto j. Neste caso pode-se escrever para a potência reativa transmitida a partir da
barra i:
51
(3.29)
Dividindo-se a expressão (3.29) por (Vi + ∆Vi), obtém-se (3.30):
(3.30)
O termo [QiT/(Vi + ∆Vi)] é expandido em série de potência, truncada no segundo termo, obtendo-se:
(3.31)
Definindo-se a expressão:
(3.32)
(3.33)
52
(3.34)
Escrevendo a expressão (3.34) para cada barra do tipo PQ do sistema, obtém-se a equação matricial:
(3.35)
Onde:
K=
(3.36)
Desta forma, a partir de uma regra de três, pode-se calcular a variação necessária na tensão
da barra n, ∆Vnnec, para obter a variação de tensão requerida na barra i, ∆Vireq, de modo a corrigir
a tensão dessa barra. A regra de três pode ser escrita como:
53
produz qualquer.
Para necessita-se de
Logo se obtém:
Figura 3.10 – Fluxograma para o algoritmo de implementação de controle remoto de tensão em uma
barra PQ.
Os valores de potência reativa gerada em barras PV devem ser mantidos sob limites
especificados, por razões de estabilidade e qualidade da tensão nos sistemas elétricos. Para levar em
54
conta, de forma automática, este tipo de ajuste nos cálculos de fluxo de carga, usa-se como variável
de controle o módulo da tensão local da barra PV sob controle, de acordo com os seguintes passos:
1) A potência transferida da barra i (do tipo PV) cuja geração de potência reativa deseja-se
controlar, para o resto do sistema é dada :
(3.37)
(3.38)
(3.39)
Sendo:
(3.40)
De onde se obtém:
55
(3.41)
Ou
(3.42)
(3.43)
Ou
(3.44)
A expressão (3.44) relaciona a variação na potência reativa transferida (ou gerada) com as variações
nas tensões da barra i e das barras PQ ligadas à barra i. Portanto é necessário determinar
as variações para se utilizar a expressão (3.44).
6) Para a determinação das variações provoca-se uma variação = 1,0 pu,
utilizando o procedimento análogo àquele utilizado para o controle remoto de barras PQ,
visto anteriormente, ou seja:
7) Resolver a equação
56
Portanto
57
3.6.7- INTERCÂMBIO DE POTÊNCIA ATIVA ENTRE ÁREAS
1 – Este tipo de controle aparece quando dois ou mais sistemas são interligados, e é necessário
ajustar o intercâmbio de potência ativa de cada sistema dentro de certos limites.
2 – Tendo-se N sistemas interligados precisa-se de N-1 variáveis de controle, que são as gerações
ativas em barras P-V.
58
3.7 Fluxo de carga linearizado ou CC
3.7.1- Linearização do fluxo de carga
O fluxo de carga até agora apresentado constituiu-se num problema não-linear e bastante
complexo do ponto de vista analítico, envolvendo os balanços de potências ativa e reativa. Notou-se
também que o problema altamente complexo poderia ter solução simples se empregados métodos
iterativos adequados para resolvê-lo, como ocorreu com a aplicação do método desacoplado rápido,
cujas suposições simplificadoras levaram em conta características intrínsecas, que normalmente
estão presentes nos sistemas elétricos nos níveis de transmissão em alta e extra-alta tensão.
Em aplicações de planejamento da expansão dos sistemas elétricos, as quais se situam em
horizonte de longo prazo, de poucos anos à alguns anos, muitas outras suposições simplificadoras
podem ser feitas, que simplificam consideravelmente o problema do fluxo de carga. A longo prazo
é perfeitamente razoável que se planeje operar o sistema com tensões nominais, ou sejam, iguais a
1,0 p.u. em todas as barras. Nestas condições é irrelevante considerar-se o balanço de potência
reativa, de forma que para o problema de fluxo de carga, basta a consideração do balanço de
potência ativa, o que constitui o princípio básico do Fluxo de Carga CC. Para a formulação do fluxo
de carga CC pode-se partir da expressão (3.45), que representa o fluxo de potência ativa entre dois
nós genéricos i-k, do sistema:
Pik = Vi2gik − ViVk [gik cos δik − bik sen δik] (3.45)
Vi ≅ Vk ≅ 1 pu (3.46a)
Esta equação tem a mesma forma da Lei de Ohm aplicada a um resistor percorrido por uma
corrente contínua, sendo Pik análogo à intensidade de corrente, δi e δk análogos às tensões terminais
59
e xik análogo à resistência. Por esta razão, o modelo de fluxo de potência ativa baseado na equação
(3.47) é também conhecido como modelo CC.
Seja a injeção de potência na barra i definida por:
Pi = PGi − PCi
(3.48)
n
Ou Pi = ∑ xik−1δ ik (3.49)
k =1
k ≠i
n n
Ou ainda Pi = ( ∑ x ik−1 )δ i + ∑ (− xik−1δ k ) (3.50)
k =1 k =1
k ≠i k ≠i
P = [ B] δ (3.51)
δ = [B’]−1 P (3.53)
Como se vê, trata-se de uma solução trivial de sistema linear, feita por meio da inversão da
matriz [B’]. A condição matemática para que o modelo CC forneça uma solução é que a matriz [B’]
seja não-singular, o que equivale a exigir que a rede seja conexa.
Nos casos em que haja transformadores em fase, é válida a relação:
60
onde aik é a relação de transformação; a expressão (3.54) pode ser demonstrada a partir do mesmo
raciocínio empregado para a equação (3.26). Quando houver transformadores defasadores, pode-se
utilizar a expressão:
para a qual admite-se que a abertura efetiva (δik + φik) entre as barras i e k é da mesma ordem de
grandeza de δik .
onde Pi é a potência ativa injetada na barra i, definida por Pi = PGi − PCi = PTi . Aproximando Vi =
Vk = 1 pu e rearranjando-se o somatório, pode-se escrever:
n
Pi = Gii + ∑ (Gik cos δ ik + Bik sen δ ik ) (3.56)
k =1
k ≠i
Considerando-se que:
Gik = − g ik (3.57a)
n
Gii = ∑ g ik (3.57b)
k =1
Obtém-se:
n n
Pi = ∑ (1 − cos δ ik ) g ik + ∑ ( xik−1 sen δ ik ) (3.58)
k =1 k =1
k ≠i k ≠i
Aproximando-se as funções seno e cosseno por suas séries de Taylor truncadas, tem-se:
61
1 2
cos δ ik ≅ 1 − δ ik (3.59a)
2
sen δ ik ≅ δ ik (3.59b)
Obtém-se, finalmente,
1 n n
Pi − ∑ ik ik ∑ xik−1δ ik
2 k =1
g δ 2
= (3.60)
k =1
k ≠i k ≠i
Para interpretar o significado do termo com g ik δ ik2 na expressão (3.60), pode-se fazer uma
comparação desta expressão com a expressão para cálculo das perdas na linha de transmissão entre
as barras i e k pelo modelo CA:
1 2
Fazendo-se as aproximações Vi = Vk = 1 pu e cos δ ik ≅ 1 − δ ik , obtém-se:
2
1 n
Portanto, o termo ∑ g ik δ ik2 no lado esquerdo na expressão (3.60) pode ser entendido como
2 k =1
k ≠i
a metade das perdas ativas de todas as linhas adjacentes à barra i. Isto significa que o efeito das
perdas pode ser representado como cargas adicionais obtidas pela divisão das perdas de cada linha
do sistema entre suas barras terminais, sendo metade para cada barra.
Com esta representação, o modelo CC passa a assumir a forma:
Observe-se que nesta formulação há uma indeterminação, já que Pperdas depende dos δik e
estes ângulos só serão conhecidos quando o problema for resolvido. Um procedimento que pode ser
adotado para resolver o sistema da equação (3.63) consiste em:
62
A potência reativa e a magnitude das tensões terminais não fazem parte do problema. A
solução apenas fornece valores de ângulos de fase, a partir dos dados de potência ativa injetada em
cada barra e configuração e parâmetros do sistema.
E 3φ = [Z]3φ I 3φ (3.64)
I 3φ = [ Y ] 3φ E 3φ (3.65)
Onde as matrizes [Z]3φ e [Y] 3φ são as versões trifásicas de [Z] e [Y] , sendo as regras de formação
das matrizes impedância e admitância trifásica idênticas às de suas análogas monofásicas (ou
unifilares).
Na formulação do método de Newton-Raphson para o caso trifásico, a diferença básica é na
dimensão dos vetores ∆V e ∆δ, que aumentam de um fator de 3, de modo a representar magnitudes
e ângulos de fase das três tensões de fase. Diversos outros métodos são empregados na formulação
de fluxo de carga trifásico, entre os quais se destacam os métodos somatório de potências e
somatório de correntes, adequados para aplicações em sistemas radiais.
∞
i (t ) = c o + ∑ c h sen (hω o t + θ h ) (3.67)
h =1
64
p(t) = v(t) i(t) (3.68)
Com base na expressão (3.68), pode-se mostrar que a potência ativa (ou média) é dada por:
∞
P = a o c o + ∑ a h c h cos (φ h − θ h ) (3.69)
h =1
S 2 = P2 + Q2 (3.72)
Para o caso não-senoidal, a equação (3.72) não é válida. A discrepância D é uma componente
de distorção, que tem a mesma natureza de Q, e que surge dos produtos de termos de freqüências
harmônicas. Os volt-ampères de distorção são dados por:
D = S 2 − P2 − Q2 (3.73)
Em se tratando de harmônicos, é comum definir uma grandeza para medir o nível de distorção
da forma de onda. Esta grandeza é denominada distorção harmônica total (DHT) ou taxa de
distorção harmônica (TDH), sendo dada por:
∞ 2
a
DHT(%) = 100 ∑ h (3.76)
h = 0 a1
h ≠1
65
3.9.2- Formulação do fluxo de carga harmônico
O fluxo de carga harmônico é executado em casos em que a presença de cargas ou fontes não-
lineares tem potencial de provocar níveis altos de distorção harmônica. Aplicações típicas para o
fluxo de carga harmônico estão no projeto de filtros, determinação de interferências no
funcionamento de relês e em sistemas de comunicações e no dimensionamento de bancos de
capacitores, a fim de evitar fenômenos de ressonância. Outra aplicação muito importante reside no
estudo de sistemas que contêm elos de corrente contínua em alta tensão.
As correntes e tensões não senoidais são descritas por suas séries de Fourier e as influências
mútuas entre estas grandezas são modeladas por uma submatriz de derivadas parciais de cada
corrente harmônica em relação a cada tensão harmônica de barra. Esta submatriz é incorporada ao
jacobiano. Para a montagem destas submatrizes harmônicas, a matriz [ Y ] da rede é modificada de
acordo com a freqüência considerada (sob a consideração de que z n = r + j h x ).
67
3.7.3.3- Restrições de desigualdade
As restrições de desigualdade são inequações representando limites físicos relacionados com
a capacidade térmica de transmissão de potência dos componentes da rede ou limites operacionais
relacionados com aspectos de segurança da operação do sistema.
No problema de FPO é comum haver limites para as seguintes variáveis:
- Módulo da tensão:
Vimin ≤ Vi ≤ ViMax (3.80)
onde: Vimin valor mínimo permitido para a tensão na barra i;
Vimax valor máximo permitido para a tensão na barra i
- Tap de transformador:
aij min ≤ aij ≤ aij Max (3.81)
onde: aij min valor mínimo permitido para o tap do transformador no circuito i-j
aij max valor máximo permitido para o tap do transformador no circuito i-j
- Ângulo de defasamento:
onde: ᵠij min valor mínimo permitido para o ângulo de defasamento no circuito i-j
ᵠij max valor máximo permitido para o ângulo de defasamento no circuito i-j
- Potência ativa gerada:
PGi min ≤ PGi ≤ PGi max; (3.83)
onde: PGi min valor mínimo permitido para geração de potência ativa no gerador i
PGi max valor máximo permitido para geração de potência ativa no gerador i
- Potência reativa gerada:
QGi min ≤ QGi ≤ QGi max (3.84)
onde: QGi min valor mínimo permitido para geração de potência reativa no gerador i
QGi max valor máximo permitido para geração de potência reativa no gerador i
68
onde: QIi max valor máximo permitido para alocação de potência reativa indutiva na barra i
- Rejeição de Carga:
Existem algumas situações, como, por exemplo, a de sistemas com problemas de tensão ou
carregamento nos circuitos, onde pode ser necessário diminuir a carga em determinadas barras de forma
a viabilizar a operação do sistema. Estes cortes de carga são modelados matematicamente através do
fator FCi presente nas equações de balanço ativo e reativo e o qual apresenta os limites:
0 ≤ FCi ≤ 1 (3.90)
Observar que FCi = 1 significa que a carga total da barra é considerada enquanto FCi = 0 anula o valor
de sua carga.
- Intercâmbio entre áreas:
ITi min ≤ ITi ≤ ITi max (3.91)
Onde: ITi min limite inferior para o intercâmbio líquido na área i
ITi max limite superior para o intercâmbio líquido na área i
Mínimas perdas ativas - Visa diminuir o valor total das perdas no sistema. Essa função pode ser
representada de duas maneiras:
f = Pg swing (3.92)
f= ∑ (Pji + Pij)
(t,f)eΩ
(3.93)
Onde:
Pij – fluxo de potencia ativa da barra i para a barra j.
Pji – fluxo de potência ativa da barra j para a barra i.
69
Ω – É o conjunto de circuito na região a ser otimizada.
Mínimo custo de geração de potência ativa – Visa representar o despacho econômico da rede. O
custo de geração de potência ativa é normalmente representado como uma função linear em relação
à potência ativa gerada em cada máquina.
f= ∑C
i∈IG
pi PGi (3.94)
Onde:
IG – Conjunto de geradores de potência ativa controláveis.
Cpi – é o custo de geração de potência ativa no gerador i.
PGi – Geração de potência ativa no gerador i.
Mínimo desvio de potência ativa – É utilizada quando se deseja encontrar uma solução em que
todas as restrições sejam atendidas, porém sem se distanciar do despacho de geração pré-
especificado.
1
f = ∑ ρ ( PGi − PGi0 )2 (3.95)
2 i∈IG
Onde:
IG – Conjunto de geradores de potência ativa controláveis,
ρ - peso associado ao desvio de potência ativa,
PGi – Geração de potência ativa no gerador i.
PG0i – É o valor pré-especificado de geração de potência ativa no gerador i.
Mínimo Corte de Carga – Tem por objetivo encontrar uma solução para o problema em casos de
emergência aliviando a carga do sistema, se necessário, para restabelecer limites operativos como o
carregamento de linhas e tensões nas barras. A função é representada pelo somatório dos custos das
cargas cortadas em cada barra, ou seja:
Onde:
IC – conjunto de barras candidatas ao corte de carga,
Cfci - custo de corte de carga na barra i,
FCi – Fração de carga efetiva na barra i,
PLi – Carga original da barra i.
Onde:
IQ – conjunto de barras candidatas a injeção de potência reativa,
cqci – custo de injeção de potência reativa capacitiva,
cqii – custo de injeção de potência reativa indutiva,
QCi – montante de injeção de potência reativa capacitiva,
QIi – montante de injeção de potência reativa indutiva.
70
Neste caso, nota-se que na solução do problema, quando a função objetivo for igual a zero, significa
que a rede não precisa de novas fontes de suporte de reativo para manter as tensões nas barras
dentro de seus limites.
Máximo Carregamento - Esta função objetivo pode ser utilizada no contexto de colapso de tensão
ou em estudos econômicos na determinação da máxima capacidade de atendimento de carga de um
sistema de potência. O objetivo desta função é maximizar a carga, mantendo o mesmo fator de
potência, de um conjunto de barras da rede a pré-especificado.
f = ∑ PLi (3.98)
i∈Ω
Onde:
Ω - conjunto de barras que devem ter suas cargas maximizadas,
PLi – carga na barra i.
Máxima transferência de Potência Ativa – Maximiza a transferência de potência ativa entre áreas
vizinhas ou em um conjunto de circuitos pré-especificados.
f = ∑
( i , j )∈Ω
Pij (3.99)
Onde:
Ω - conjunto de circuitos para o qual deve-se maximizar o somatório dos fluxos,
Pij – fluxo de potência ativa no circuito (i,j).
g '( z 0 + ∆z ) = 0 (3.101)
h '( z 0 + ∆z ) ≤ 0 (3.102)
71
Onde:
z0 é o valor inicial de z,
∆z é a variação em relação ao ponto inicial,
f’, g’ e h’ são aproximações lineares das funções não lineares originais.
Cada linearização calcula a direção do ponto ótimo ∆z através da linearização da função objetivo e
das restrições. Entretanto, a solução iterativa do problema linear, equações (3.100 a 3.102), não
garante a solução do problema não linear original, equações (3.77 a 3.79). Portanto, deve-se
executar um fluxo de potência convencional entre cada linearização.
As equações representativas do FPO são não lineares e em alguns casos, difíceis de serem
aproximadas por funções lineares. Por conta disto, têm-se optado por resolver diretamente o
problema não linear de FPO através de técnicas de Programação Não Linear. Neste caso, tem-se a
característica de modelar mais precisamente o problema. No entanto, há uma perda em termos
computacionais nesses métodos, pois a solução é mais lenta.
Alguns dos métodos de programação não linear utilizados na solução do FPO são o de
Programação Quadrática Sequencial, Método do Gradiente Reduzido e Método de Newton. Estes
métodos têm sua importância dentro do contexto histórico de desenvolvimento do FPO com
formulação não linear. No entanto, o Método dos Pontos Interiores trouxe ganho significativo de
desempenho, principalmente em se tratando de problemas de grande porte. Em especial, o algoritmo
primal-dual tem apresentado excelentes resultados tanto em aplicações computacionais, quanto em
desenvolvimento teórico.
72
3.10.4.3. Método de Pontos Interiores Primal-Dual
No método de pontos interiores, o problema inicial apresentado nas equações (3.77 a 3.79) é
transformado em um problema contendo apenas restrições de igualdade. As restrições de
desigualdade são incorporadas à função objetivo através de barreiras logarítmicas.
Capítulo 4
O objetivo de um equivalente externo é permitir que uma rede elétrica reduzida seja
utilizada para a realização de estudos em determinada área ou região de interesse do sistema, sendo
as regiões externas representadas de maneira aproximada. No geral a utilização de equivalentes
externos está associada a estudos de planejamento da expansão e da operação de sistemas de
potência. O estudo de equivalente está associado aos seguintes aspectos:
Sistema Interno (SI) – É a área de interesse de estudo ou controle, que pode ser a parte monitorada
da rede elétrica de uma determinada empresa;
Sistema Externo (SE) – É formado pelas partes não essenciais para o estudo, podendo ser
substituídas por equivalentes.
73
Desta forma, uma adequada representação do SE em estudos de análise de segurança
permite que seja determinado, com razoável precisão, a reação externa a contingências simuladas
no SI. Os equivalentes externos podem a ser entendidos como modelos reduzidos do SE, conectado
às barras da fronteira entre o SI e o SE, onde a modelagem do SE conectado ao sistema em estudo
(SI) passa a ter caráter importantíssimo em análise de segurança, pois um equivalente externo deve
ser capaz de representar, convenientemente, as reações do SE à contingências no SI.
Neste método clássico desenvolvido por J.B.Ward, considera-se inicialmente uma rede
representada por um modelo linear, utilizando um modelo formado pelo SI, SE e as barras de
fronteira, conforme representado na figura 4.1 a seguir:
Figura 4.1 – Partição do sistema de potência em Sistema Interno (SI), Sistema Externo (SE) e Fronteira.
Pode-se representá-lo de acordo com a formulação nodal das equações da rede elétrica por:
YE = J (4.1)
Onde:
A Eq. (4.1) pode ser expandida para representar as partições interna, fronteira e externa,
como:
(4.2)
74
Da Eq. (4.2), relativo ao SE, tem-se:
De onde:
(4.3)
Ou ainda,
Definindo-se as relações:
(4.4)
(4.5)
Onde a Eq. (4.4) representa o circuito equivalente da rede externa e a Eq.(4.5) representa as injeções
de corretes equivalentes na fronteira.
(4.6)
Observa-se que os elementos que surgem da redução do sistema externo representados pelos
elementos YFEYEE-1 distribui as injeções originais do SE sobre as barras da fronteira acoplada ao
SI. Das Eq's. (4.4) e (4.5), observa-se que somente as barras de fronteira são afetadas pelo
equivalente. Geralmente estas barras tornam-se totalmente interconectadas quando o SE é
substituído por seu equivalente. As injeções de corrente nas barras de fronteira serão modificadas
75
para refletir o efeito das injeções nas barras do SE, que deixam de ser representadas com o uso do
equivalente.
A figura 4.2 ilustra topologicamente o equivalente obtido, onde o circuito equivalente representa a
parte passiva do sistema externo, e é formado por ligações serie entre as barras de fronteira e
ligações “shunt” para a terra.
Por vezes para a realização dos cálculos dos equivalentes, utiliza-se o método da eliminação
de Gauss, que utiliza operações básicas de eliminação de linhas e colunas.
76
Capítulo 5
g( x , y ) = 0 (5.1)
h( x , y ) ≤ 0 (5.2)
77
permite que os componentes do sistema tenham um bom funcionamento e não comprometa a sua
vida útil. Assim tem-se que a restrição de carga tem relação com o equilíbrio de potência, enquanto
que as restrições de operação estão relacionadas com o funcionamento dos componentes do sistema.
A seguir são analisadas as equações para um melhor entendimento do significado destas restrições
operacionais.
PG - PC - PT = 0 (5.3)
QG - QC - QT = 0 (5.4)
Onde:
As restrições de operação podem ser do tipo rígido e flexível. O tipo rígido são
aquelas que são definidas e especificadas, tais como, a faixa de variação de um comutador de tap de
um transformador operando sob carga, enquanto que as do tipo flexível são aquelas que tem uma
flexibilidade associada, tais como as tensões na barra e os ângulos de fase entre as tensões de barra
que obedecem a uma faixa de variação.
Para melhor caracterizar as restrições de operação, são descritos a seguir como elas
se apresentam nos principais componentes de um sistema elétrico.
Onde:
78
PG - potência ativa (MW).
Considerando que, esta potência não poderá exceder um valor definido S G max . Esta é
uma restrição do tipo rígida e dada por:
Estas restrições são do tipo rígido, pois um gerador não pode suprir mais potência do
que permite sua capacidade, assim também para sua mínima geração, devido a questões de desgaste
e redução da vida útil e de estabilidade, conforme ilustrado na Figura 5.1 onde está representada a
curva de capacidade de um gerador síncrono de pólos lisos com todos os seus limites operacionais.
Figura 5.1 – Curva de capacidade de um gerador síncrono, com seus limites operacionais.
79
b) Restrições de Linhas de transmissão – O fluxo de potência ativa e reativa de uma
linha de transmissão é limitado pela capacidade térmica, relacionada ao fluxo de corrente, e é dado
por:
C LT ≤ C LT max (5.9)
ou ainda,
PLT2 + Q LT
2
≤ S LT
2
(5.10)
Onde:
C T ≤ C T max (5.11)
ou ainda,
Onde:
Onde:
80
Esta restrição é do tipo flexível, pois, definida uma faixa de variação, como por
exemplo, ±5% de variação para o módulo de tensão, esta pode ser modificada somente para casos
de extrema necessidade de operação do sistema.
1. Estado Normal;
2. Estado de Alerta;
3. Estado de Emergência;
4. Estado Extremo;
5. Estado Restaurativo.
Estes estados de operação são caracterizados pelo atendimento ou não das restrições
de igualdade e das restrições de desigualdade que descrevem o funcionamento do sistema em seu
aspecto estático, ou seja, estes estados são identificados através da observação do cumprimento ou
não das equações e inequações que governam os sistemas elétricos de potência.
Na Figura 5.2 estão definidos os principais estados do sistema elétrico, bem como as
transições possíveis entre eles.
81
Figura 5.2 – Estados de operação de um Sistema de Potência e suas transições.
Este estado é caracterizado por ser a condição operativa em que os valores de todas
as variáveis do sistema estão dentro de uma faixa normal de operação e nenhum equipamento do
sistema encontra-se sobrecarregado, ou seja, o sistema está intacto, suprindo totalmente a demanda
de carga, e nenhuma violação dos limites de operação. Neste estado, existe margem de reserva de
capacidade associada à geração, transmissão, etc. suficiente para proporcionar um nível adequado
de segurança, mesmo havendo ocorrência das contingências ou perturbações como perda de
geração, variações de carga, entre outras, que frequentemente ocorrem no sistema.
5.3.3- Estado de Alerta
82
5.3.4- Estado de Emergência
O estado restaurativo se caracteriza pela execução das ações de controle em que são
conectados novamente os componentes que se encontram fora de serviço como unidades geradoras,
linhas de transmissão, transformadores, restabelecimento das cargas desligadas durante o estado
extremo.
Diante do que foi descrito no item anterior, pode-se conceituar segurança como
sendo a habilidade de um sistema de potência, em operação, de suportar perturbações, devido a
contingências, sem passar para o estado de emergência. Este conceito refere-se à operação, tanto
sob o aspecto estático quanto dinâmico. No aspecto estático, ou de pequenas oscilações, os modelos
são lineares e poderão ser solucionados a partir de várias técnicas disponíveis na literatura, como
por exemplo, álgebra matricial, método de perturbação, análise de sensibilidade, análise nodal entre
outras. Quando o caso envolve a análise do comportamento do sistema frente às grandes
perturbações como, curto-circuito, perda de geração, perda de equipamentos, etc, os modelos são
não lineares e representados por equações algébricas e diferenciais.
84
Bibliografia
[1] KUSIC, G. L – Computer-Aided Power System Analysis. Editora Prentice- Hall, 1986.
[2] ARRILAGA, J.; C. P. Arnold – Computer Modelling of Electric Power Systems. John
Wiley, 1983.
[3] GROSS, Charles A. Power System Analysis. Second Edition. New York: John Wiley &
Sons Inc., 1986.
[4] HEYDT, G. T. Computer Analysis Methods for Power Systems. New York: Macmillan
Publishing Company, 1986.
[5] MONTICELLI, Alcir & GARCIA, Ariovaldo. Introdução a Sistemas de Energia Elétrica.
Campinas: Editora da Unicamp, 2000.
[6] MONTICELLI, Alcir. Fluxo de carga em redes de energia elétrica. São Paulo: Edgard
Blücher, 1983.
[7] MOHAN. Ned; UNDELAN, Tore M.; ROBBINS, William P. Power Electronics:
converters, applications, and design. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1995.
[8] RAMOS, Dorel Soares & DIAS, Eduardo Mário. Sistemas Elétricos de Potência Regime
Permanente Volume 2. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1983.
85
Anexo A
EXEMPLO DE ESTADOS DE OPERAÇÃO DOS SEE
É exemplificado o estado de operação normal, alerta, emergência, extremo e
restaurativo, através do sistema de nove barras que possui as seguintes características de operação.
Com este sistema será representado os estados de operação aplicando contingências em que
caracterize cada ponto de operação.
1. Estado Normal
86
BARRA 4 BARRA 5 BARRA 6 BARRA 3
4 5 6 3
67.8 -67.0 -23.0 23.2 -85.0 85.0 85.0
G
-2.9j -8.4j -21.6j -12.7j 3.9j 0.3j 0.3
0.984 1.000 7
BARRA
61.8 -61.3 7
90.0
BARRA 1 8.8j -25.0j
1 1.001
144.2 144.2 -144.2
G
9.5 9.5j 2.5j BARRA 8
1.000 8 38.8 -38.7
0.976
-3.1j -10.0j
BARRA 9 BARRA 2
9 2
76.4 -75.8 -4.2 4.2 -163.0 163.0 163.0
G
0.4j -12.6j -12.4j -17.1j -19.7j 37.2j 37.2
0.998 0.985 0.982 1.000
80.0 120.0
2. Estado de Alerta
O sistema se torna inseguro com a redução das margens de reserva ou com o
desligamento de algum equipamento. Neste caso, todas as restrições de desigualdade ainda são
atendidas, porém, se ocorrer outro defeito o sistema poderá atingir o modo de operação de
emergência. Nesse exemplo a usina 3 esta fora de operação e houve um aumento de carga, levando
o sistema a operar próximo do seu limite.
87
BARRA 4 BARRA 5 BARRA 6 BARRA 3
4 5 6 3
130.5 -127.5 7.5 -7.4 0.0 0.0
4.0j -2.4j -27.6j -5.3j 0.0j 0.0j
0.955 0.972 7
BARRA
7.4 -7.3 7
120.0
BARRA 1 5.3j -24.5j
1 0.972
240.3 240.3 -240.3
G
49.6 49.6j -14.9j BARRA 8
1.000 8 93.5 -92.7
0.956
3.5j -10.5j
BARRA 9 BARRA 2
9 2
109.8 -108.5 -11.5 11.5 -240.0 240.0 240.0
G
10.9j -16.5j -18.5j -9.6j -28.9j 67.7j 67.7
0.981 0.958 0.969 1.000
120.0 135.0
3. Estado de Emergência
Possui toda sua carga atendida, porém, com violação do limite de operação do
sistema com uma linha ou barra fora da sua faixa segura de operação. Na figura 3 pode se visualizar
as tensões nas barras 5, 7, 8 e 9, fora do limite de operação que é de ±5% da tensão base e o fluxo
de potência na linha 6-7 acima do permitido. Através da tabela 6 se observa que a linha 6-7 esta
operando a 141.3%.
88
BARRA 4 BARRA 5 BARRA 6 BARRA 3
4 5 6 3
218.1 -209.5 119.5 -112.9 -85.0 85.0 85.0
G
23.6j 8.7j -38.7j 35.9j -75.6j 84.0j 84.0
0.932 1.000 7
BARRA
197.9 -192.4 7
90.0
BARRA 1 39.7j -11.4j
1 0.952
218.2 218.2 -218.2
G
52.6 52.6j -23.6j BARRA 8
1.000 8 -91.5 92.4
0.899
19.3j -23.6j
BARRA 9 BARRA 2
0.755 9 2
-67.8
0.0 -124.9 134.4 -163.0 163.0 163.0
G
-9.9j -40.0j 66.4j -125.7j 157.9j 157.9
0.978 0.750 0.907 1.000
125.0 120.0
4. Estado Extremo
89
BARRA 4 BARRA 5 BARRA 6 BARRA 3
4 5 6 3
108.5 -106.4 16.4 -16.3 -120.0 120.0 120.0
G
1.0j -5.4j -24.6j -9.2j -24.3j 33.4j 33.4
0.976 1.000 7
BARRA
136.3 -133.8 7
90.0
BARRA 1 33.5j -31.3j
1 0.983
108.5 108.5 -108.5
G
7.8 7.8j -1.0j BARRA 8
1.000 8 -33.7 33.8
0.932
-8.2j -3.7j
BARRA 9 BARRA 2
0.787 9 2
-36.6
0.0 -125.0 133.7 -220.0 220.0 220.0
G
-10.8j -39.2j 60.4j -92.2j 133.7j 133.7
0.997 0.781 0.927 1.000
125.0 120.0
Figura 4 – Diagrama Unifilar do SEP Operando sob Condições Extremas tendo Ajuste de
Geração.
O próximo passo para restabelecer o sistema levando para dentro das restrições de
igualdade e desigualdade, foi cortar a carga na barra 9 de 125 MW. Esta carga é a principal
consumidora de potência reativa e leva as tensões na barra 9 e adjacentes para abaixo do limite
inferior de operação. Com sua retirada, como mostra a figura 5, o sistema volta a operar dentro dos
limites, respeitando as restrições de igualdade e desigualdade.
120.0
Figura 5 – Diagrama Unifilar do SEP Operando sob Condições Extremas tendo Corte de Carga.
90
5. Estado Restaurativo
Neste estado toda ou parte da carga não esta sendo atendida, em que tal estado se
caracteriza pela execução de ações de controle que conecta novamente os componentes que se
encontram fora de serviço, como: unidades geradoras, linhas de transmissão, transformadores,
restabelecimento de cargas desligadas durante o estado extremo. Na figura 6, o processo de
restabelecimento se inicia com o religamento da linha 4-9, o que permite posteriormente o
religamento da carga.
120.0
Na tabela 7 se verifica que com o religamento da linha 4-9 sem a carga de 125MW
na barra 9, o fluxo de potência nesta linha volta a operar com uma margem de folga. O próximo
passo será restabelecer a carga.
91
Segundo passo após o restabelecimento dos equipamentos do sistema, que nesse caso
foi a linha 4-9, por ordem de prioridade se tem o restabelecimento da carga na barra 9 que levará o
SEP ao estado de operação normal com todas as restrições de igualdades e desigualdades sendo
atendidas, como mostra a figura 7.
BARRA 4 BARRA 5 BARRA 6 BARRA 3
4 5 6 3
74.0 -73.1 -16.9 17.1 -85.0 85.0 85.0
G
-6.3j -3.7j -26.3j -7.7j -3.3j 7.6j 7.6
0.973 1.000 7
BARRA
67.9 -67.3 7
90.0
BARRA 1 11.1j -26.1j
1 0.997
190.4 190.4 -190.4
G
36.9 36.9j -15.2j BARRA 8
1.000 8 32.8 -32.7
0.969
-4.4j -8.9j
BARRA 9 BARRA 2
9 2
116.3 -114.8 -10.1 10.2 -163.0 163.0 163.0
G
21.5j -25.4j -24.6j -3.4j -32.3j 50.5j 50.5
0.985 0.952 0.974 1.000
125.0 120.0
Na tabela 8 se observa que o fluxo de potência permanece dentro dos limites de operação
com uma margem de folga de no mínimo 22.4%, o que caracteriza o sistema elétrico operando em
estado normal com uma margem de folga na geração.
92
ANEXO B
CENTRO DE SISTEMA DE
SUPERVISÃO E ALIMENTAÇÃO (UPS)
CONTROLE
BANCO DE BATERIAS
DE
MODEM TELECOMUNICAÇÃO
BANCO DE BATERIAS
MEIOS DE DA SUBESTAÇÃO E
COMUNICAÇÃO REMOTA
Linhas físicas
Microodas
Carrier (OPLAT)
Fibra Óptica
Satélite
MODEM PROCESSO
ELÉTRICO
Disjuntores
RELÉS Transformadores
UNIDADE DE AUX. Proteção
AQUISIÇÃO DE Chaves seccionadoras
DADOS E
COMANADOS TRANSDUTOR
93
estimação de estado, análise de contingências, controle automático de geração e
outros.
2.1 - SCADA
Os atuadores são dispositivos que atuam sobre o processo a ser controlado, ligando
ou desligando equipamentos, tais como disjuntores, chaves seccionadoras e geradores.
• InTouch da Wonderware;
96
• Elipse SCADA da Elipse;
O sistema de supervisão apresentado pode ser dividido em: processo físico, hardware
de controle, rede de comunicação e software de supervisão. Este deve apresentar telas que permitam
ao operador monitorar o processo e realizar ações adequadas baseadas nos dados mostrados.
Rede de Comunicação
SCADA
RT RT RT RT RT
U U U U U
Dispositivos
Figura 4.4 Monitorados no Sistema
– Configuração Subestação
do Sistema EMS/SCADA.
97
• Configurador de Rede: determina a configuração atual da rede elétrica a partir
das informações obtidas em tempo real sobre a condição de aberto/fechado de
chaves e disjuntores.
O segundo grupo possui funções de análise de rede que apresenta um subgrupo maior
de ferramentas computacionais, onde são apresentadas as principais funções de análise de rede
quem compõem o sistema EMS:
98
Figura 5 – Arquitetura de Sistemas EMS/SCADA.
99