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Análise de Redes
Versão 1.1
Jorge L. Jardim
2016
Modelos
Conteúdo
1 Modelos ........................................................................ 5
1.1 Modelo de Ramo ........................................................... 6
1.1.1 Linha de transmissão .................................................... 6
1.1.2 Transformadores ........................................................... 7
1.1.3 Transformador em Fase ................................................ 8
1.1.4 Transformador Defasador ........................................... 10
1.2 Fluxos de Potência Ativa e Reativa ............................. 11
1.2.1 Linha de Transmissão ................................................. 11
1.2.2 Transformador em Fase .............................................. 12
1.2.3 Phase-Shifting Transformer with akm=1 ....................... 12
1.2.4 Modelo Geral para um Componente de Rede ............. 13
1.3 Transformadores de 3 Enrolamentos .......................... 13
1.4 Acoplamento Mútuo em Linhas de Transmissão ......... 14
1.5 Representação de Carga ............................................ 15
1.6 Representação de Geradores ..................................... 16
1.7 Leitura Adicional .......................................................... 16
4 Esparsidade ............................................................... 27
4.1 Princípios dos Grafos .................................................. 27
4.2 Ordenação................................................................... 30
4.3 Armazenamento de Matrizes Esparsas ....................... 31
4.3.1 Esquema de Coordenadas .......................................... 32
4.3.2 Esquema de Lista Adjunta........................................... 32
4.3.3 Esquema de Lista Encadeada..................................... 33
7 Elos CC....................................................................... 79
7.1 Modos de Solução das Equações de Elos CC ............ 83
13 Bibiografia................................................................ 113
1 Modelos
O modelo adequado para um estudo depende evidentemente do tipo de estudo. Grosso modo,
podemos classificar os estudos de análise de sistemas, conforme a seguinte tabela.
Para Análise I, a rede elétrica é representada de forma estática (equações algébricas) e a frequência
fundamental. Os componentes que exercem algum controle tais como transformadores com tap
controlado, geradores, compensadores estáticos, etc. são representados de forma simplificada e
também por equações algébricas.
Este curso trata da modelagem e principais métodos numéricos para solução de problemas de fluxo
de potência e curto-circuito.
k m
O modelo equivalente de uma linha de transmissão mostrada na Figura 1-1 é definido por
sh sh
parâmetros complexos: impedância série z km ; e admitâncias shunt y km e y mk . Estes parâmetros são
definidos como:
z km rkm jxkm (1.1)
1
y km z km g km jbkm (1.2)
Onde a condutância série gkm e susceptância série bkm são:
rkm
g km (1.3)
r x km
2
km
2
x km
bkm (1.4)
r x km
2
km
2
I mk y km E m E k y mk
sh
Em (1.7)
Onde as tensões complexas são dadas por:
Ek Vk e j k (1.8)
Em Vme j m (1.9)
1.1.2 Transformadores
A Figura 1-2 mostra um modelo equivalente de um transformador formado por um transformador
ideal no lado primário com relação de espiras (tap) tkm e impedância série zkm que representa as
perdas resistivas e reatância de dispersão. Dados de rede são normalmente formatados como em
(b), e embora as duas representações sejam equivalentes, (a) leva a expressões de fluxo de potência
mais simples, e consequentemente é adotada na sequência deste curso. A conversão dos dados para
este formato é trivialmente feita por (relação de transformação) akm 1 / t km .
p
k m
(a)
p
k m
(b)
Figura 1-2 – Modelo de transformador com relação de transformação
t km akm e j km (t km akm
1 j km
e )
p
k m
I km I km
a km (1.13)
I mk I mk
i.e., as correntes Ikm e Imk estão defasadas de 180o.
A Figura 1-4 representa o modelo equivalente para o transformador em fase na Figura 1-3.
k m
I mk y km ( Em E p ) (akm y km ) Ek ( y km ) Em (1.15)
I mk ( A) Ek ( A C ) Em (1.17)
Identificando os coeficientes Ek e Em das expressões (1.14-1.17) resulta
A akm ykm
B akm (akm 1) ykm
C (1 akm ) ykm
I km 𝑎𝑘𝑚 𝑦𝑘𝑚 I mk
m
k
𝑎𝑘𝑚 (𝑎𝑘𝑚 − 1)𝑦𝑘𝑚 (1 − 𝑎𝑘𝑚 )𝑦𝑘𝑚
Observações:
• Transformadores em fase podem ter tap fixo ou variável. Neste caso, a variação do tampo
pode ser manual ou automática. No caso de serem manual, o tap pode ser alterado pelos
operadores a fim de seguirem uma instrução operativa. No caso de serem automáticos, o
controle pode ser exercido com o objetivo de controlar a tensão em uma barra (situação mais
comum) ou o fluxo de potência reativa através do transformador (menos comum).
• Os taps podem variar dentro de limites e em geral em pequenos degraus discretos. Por exemplo,
um transformador pode ter o tap variando de 0.9 p.u./p.u. a 1.1 p.u./p.u., e em 33 degraus
incrementais de aproximadamente 0.0061 p.u./p.u. Como estes degraus são pequenos, muitas
vezes se considera o controle como sendo contínuo, sem que se tenham perdas significativas de
precisão.
• A impedância do transformador, mais precisamente 𝑧𝑘𝑚 , varia com o tap, mas pouco.
Muitos estudos não consideram esta variação. Quando consideram, utilizam uma tabela de
correção fornecido pelo fabricante do equipamento.
• A resistência em geral é pequena e muitas vezes desprezada em estudos de regime.
p
k m
Um transformador defasador afeta a fase e a magnitude das tensões complexas Ek e Ep, via a
seguinte relação,
Ep
t km a km e j km (1.18)
Ek
Assim, p k km e Vp=akmVk, , o que leva, usando Eq. (1.13) e (1.18), a
I km
t km
*
a km e j km (1.19)
I mk
Assim como no transformador em fase, as correntes complexas Ikm e Imk podem ser expressas em
termos das tensões complexas nos terminais do transformador:
I km t km
*
y km ( E m E p ) ( y km ) E k (t km
*
y km ) E m (1.20)
I mk y km ( E m E p ) (t km y km ) E k ( y km ) E m (1.21)
Não há como se determinar os parâmetros A, B e C para o modelo equivalente para estas equações,
já que o coeficiente t km
*
y km de Em na equação de Ikm, difere do coeficiente t km y km de Ek na
equação de Imk, contanto que a defasagem não seja nula. Isto pode ser inconveniente para alguns
cálculos com o modelo.
Observações:
Assim como os transformadores em fase, os defasadores podem ter defasagem fixa ou variável.
Neste caso, a defasagem pode ser manual ou automática. As automáticas são em geral
implementadas para controle do fluxo de potência ativa através do transformador. Outras filosofias
de controle podem ser adotadas, mas são menos comuns.
Também o controle automático nem sempre é possível, o que deve ser considerado no projeto de
alguns algoritmos de análise de sistemas de potência.
Considere a corrente complexa Ikm na linha de transmissão (2.6) e considere ykm jbkm . Então,
sh sh
I km y km Ek Em jbkm
sh
Ek (1.22)
*
O conjugado do fluxo de potência complex ( S km Pkm jQkm ) é
*
S km
Ek* I km y kmVk e j k Vk e j k Vm e j m jbkm
sh 2
Vk (1.23)
As expressões para Pkm e Qkm podem ser determinadas identificando-se os coeficientes
correspondentes as partes real e imaginária (1.23). Isto resulta em
Pkm Vk2 g km Vk Vm g km cos km Vk Vm bkm sin km (1.24)
Observação:
Um exame da Eq. (1.29) mostra que quando não há circulação de potência, isto é 𝜃𝑘𝑚 = 0, e
𝑠ℎ
considerando as tensões próximas a um, as perdas reativas são dadas aproximadamente por −𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ
(note que 𝑏𝑘𝑚 é positiva, ou seja, as perdas são negativas, ou, em outras palavras, a linha de
transmissão gera potência reativa. A medida que a corrente aumenta em um dos sentidos, o termo
𝑏𝑘𝑚 (𝑉𝑘2 + 𝑉𝑚2 − 𝑉𝑘 𝑉𝑚 cos 𝜃𝑘𝑚 ) contribui com o aumento de perda reativa (note que 𝑏𝑘𝑚 é
negativo). Quando os dois termos se igualam, se diz que a linha está transmitindo a sua potência
natural. Aumentos adicionais de potência fazem com que a linha de transmissão passe a consumir
potência reativa e consequente redução de tensão nos seus terminais. Para manter o nível de tensão
do sistema em níveis adequados pode ser necessário o suprimento de potência reativa por outras
fontes (geradores, bancos de capacitores, etc.).
Qkm (a kmVk ) 2 bkm a kmVk Vm bkm cos km a kmVk Vm g km sin km (1.33)
Estas mesmas expressões podem ser obtidas comparando-se as Eqs (1.31) e (1.23); na Eq. (1.31) o
sh 2
termo jbkm Vk não está presente, e Vk é substituído por akmVk. Assim, a expressão para os fluxos de
potência ativa e reativa do transformador em fase são as mesmas derivadas para a linha de
sh
transmissão, exceto por duas modificações: bkm é ignorado, e Vk substituído por akmVk.
Os fluxos de potência na direção oposta, Pmk e Qmk, podem ser obtidos da mesma forma, resultando
em:
Pmk Vk2 g km a kmVk Vm g km cos km akmVk Vm bkm sin km (1.34)
transformadores defasadores são as mesmas derivadas pra a linha de transmissão, exceto por duas
sh
modificações: ignora-se bkm e substitui-se k com k+km.
Os fluxo de potência ativa e reativa em sentido posto, Pmk e Qmk, podem ser obtidos da mesma
forma, resultando em:
Pmk Vk2 g km Vk Vm g km cos( km km ) Vk Vm bkm sin( km km ) (1.40)
Qkm akm
2
Vk2 (bkm bkm
sh
) akmVk Vm (bkm cos( km km ) g km sin( km km )) (1.43)
j
𝑧𝑗
𝑧𝑘
k o
𝑧𝑚
m
Para representação de tap no enrolamento j, por exemplo, pode-se seguir o esquema da Figura 1-8.
j
1:a 𝑧𝑗
𝑧𝑘
k o
p
𝑧𝑚
m
Onde 𝑧𝑘𝑚 é a impedância própria da linha km, 𝑧𝑗𝑙 é a impedância própria da linha jl, e 𝑧𝑘𝑚𝑗𝑙 é a
impedância mútua entre as duas linhas. Note que a alteração simultânea do sentido da corrente e o
da diferença de tensão não altera a matriz de impedâncias, denominada normalmente de matriz de
impedâncias primitivas. As correntes podem então ser determinadas por
𝐼𝑘𝑚 𝑧𝑘𝑚 𝑧𝑘𝑚𝑗𝑙 −1 𝑉𝑘 − 𝑉𝑚
[ 𝐼 ] = [𝑧 𝑧𝑗𝑙 ] [ 𝑉𝑗 − 𝑉𝑙 ] (1.53)
𝑗𝑙 𝑘𝑚𝑗𝑙
Ou
𝐼𝑘𝑚 𝑦𝑘𝑚 𝑦𝑘𝑚𝑗𝑙 𝑉𝑘 − 𝑉𝑚
[ 𝐼 ] = [𝑦 𝑦𝑗𝑙 ] [ 𝑉𝑗 − 𝑉𝑙 ] (1.54)
𝑗𝑙 𝑘𝑚𝑗𝑙
𝐼𝑘𝑚
𝑧𝑘𝑚
k m
𝑧𝑘𝑚−𝑗𝑙
𝑧𝑗𝑙
j l
𝐼𝑗𝑙
Figura 1-9 – Acoplamento mútuo entre a linha ligando as barras k e m, e a linha ligando a barra j
e l.
Observação:
Não havendo acoplamento mútuo, a matriz de impedâncias é diagonal e se volta a condição trivial
na qual, por exemplo, 𝐼𝑘𝑚 depende só de 𝑉𝑘 e 𝑉𝑚 .
Qp k Qi k Qz k 100%
onde Ppk (Qpk), Pik (Qpk) e Pzk (Qpk) são os percentuais da carga ativa (reativa) da barra k
representados por potência constante, corrente constante e impedância constante respectivamente.
Plok é a potência ativa da barra para uma tensão Vk de 1 pu.
Observação: Os algoritmos de solução de redes devem tomar cuidado com o tratamento de cargas
modeladas como potência constante, pois neste caso, o fluxo de corrente tende aumentar muito com
a diminuição de tensão na barra, o que na maioria das vezes resulta em dificuldades de
convergência. Então, é comum se adotar um mecanismo de proteção que transforma a carga de
potência constante para impedância constante (ou corrente constante) para valores de tensão abaixo
de um nível especificado.
Qg kmin Qg k Qg kmax
Sempre que os limites são violados, Qgk é fixado no respectivo limite. Normalmente Qg kmax é
definido pelo limite térmico da armadura ou rotor para a tensão e fator de potência nominal do
gerador. Qkmin é definida como o limite de subexcitação do gerador na potência e tensão nominal do
gerador.
Como este modelo representa a região de capabilidade como sendo retangular, a análise pode ser
conservativa. Em outras palavras, partes da região de capabilidade são ignoradas. Alguns autores
sugerem um modelo mais fidedigno da região de capabilidade.
2 Matrizes de Rede
Um modelo matemático de redes elétricas em sistemas de grande porte contém muitas equações e,
sempre que possível, são descritos em forma matricial. Pode-se chegar a tais descrições utilizando-
se matrizes de incidência, como normalmente visto em teoria de circuitos. Todavia, a forma mais
prática e usual de descrever sistemas elétricos é via leis de Kirchhoff. A lei de Kirchhoff das
correntes é mais comumente usada, resultando em matrizes referidas às barras, e será a forma
explorada neste curso. As formas matriciais deduzidas a partir da lei de Kirchhoff das tensões
resultam em matrizes referidas aos laços e serão somente mencionadas.
∑ 𝐼𝑖𝑗 = 𝐼𝑖 (2.1)
𝑗=1
Onde 𝐼𝑖 é a corrente complexa injetada no nó i por uma fonte externa.
𝐼𝑖𝑗 é a corrente deixando o nó i para o nó j via um ramo de ligação entre os dois nós.
Sabemos que
Exemplo 1:
𝐼1 𝑦12 𝐼2
𝑦13 𝑦23
𝐼3
Ou
𝐼1 = (𝑦12 + 𝑦13 )𝑉1 − 𝑦12 𝑉2 − 𝑦13 𝑉3
𝐼2 = −𝑦12 𝑉1 + (𝑦12 + 𝑦23 )𝑉2 − 𝑦23 𝑉3
Na forma matricial:
Generalizando
𝑛
Em forma compacta
𝐼 = 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝑉 (2.5)
Com ((2.5), pode-se obter I a partir de V. Para se obter V a partir de I temos que resolver
−1
𝑉 = 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐼 = 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐼 (2.6)
Onde, 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é comumente chamada de matriz de impedâncias de barra.
Note que ((2.6) depende da existência de 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . Se 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é singular (linhas ou colunas
linearmente dependentes), 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 não existe.
No Exemplo 1 pode-se calcular I a partir de V, mas não temos como calcular V a partir de I, pois
se observarmos com cuidado, verificamos que, por exemplo, a terceira linha da matriz de
admitâncias de barra é idêntica a soma da primeira com a segunda linha. Em outras palavras, as
linhas de 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 são linearmente dependentes neste caso, e, portanto, esta matriz é singular.
𝐼 𝑦 +𝑦 −𝑦12 𝑉1
[ 1 ] [ 12−𝑦 13 𝑦12 + 𝑦23 ] [𝑉2 ]
𝐼2 12
Note que se as ligações para o nó 3 (terra) são eliminadas, 𝑦13 e 𝑦23 se anulam e a matriz volta a
ser singular. Então, em sistemas de potência, uma rede sem ramo para a terra resulta em 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
singular.
Uma vez formada, 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 pode ser modificada usando-se a mesma regra de sua formação. Assim,
para remover um circuito ligando os nós i e j e cuja admitância é 𝑦𝑖𝑗 .
• Subtrai-se 𝑦𝑖𝑗 dos elementos 𝑌𝑖𝑖 e 𝑌𝑗𝑗 .
• Adiciona-se 𝑦𝑖𝑗 aos elementos 𝑌𝑖𝑗 e 𝑌𝑗𝑖 .
As vezes é mais conveniente definir 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 como os coeficientes de injeção de correntes na lei de
Kirchhoff das correntes, resolvida para as tensões de barra
𝜕𝑉𝑖
𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑖𝑗 = ; 𝑖 = 1,2, … , 𝑛; 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (2.7)
𝜕𝐼𝑗
Para que (2.7 se aplique é necessário haver uma caminho entre a corrente injetada 𝐼𝑗 e a barra i.
É possível que 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 seja singular se não há como existir uma tensão diferente de zero em alguma
parte do sistema. Isto acontece se, por exemplo, uma barra está curto-circuitada para terra. Neste
caso a tensão da barra é nula e consequentemente, por ((2.7), tem-se uma linha da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
nula, e esta matriz é singular. Nestas condições, a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 não existe.
Dito de forma simples, quando nenhuma barra está conectada à referência (terra), a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
existe, mas é singular (𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 não existe), e quando qualquer barra está curto-circuitada para a
referência (terra), 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 existe, mas é singular (𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 não existe).
Observação: Há algoritmos para construção de 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 a partir dos valores das impedâncias
primitivas. Estes métodos tinham um apelo no passado, quando a capacidade computacional era
muito mais limitada e havia alguma vantagem em termos de menor necessidade de memória, e os
modelos de rede eram de dimensão muito inferior aos atuais. Atualmente, os cálculos envolvendo
𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 usam somente uma partição relativamente pequena desta matriz. Com isto, e considerando
a capacidade computacional muito superior, tais partições são obtivas via inversão parcial da matriz
𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 .
𝐼𝑖 𝐼𝑗 𝐼𝑘
𝑧𝑖𝑘 𝑧𝑗𝑘
A Figura 2-1 ilustra várias correntes de laço. A lei de Kirchhoff das tensões aplicada ao laço i é
Onde 𝐼𝑖 é a corrente do laço para o qual a lei é aplicada, ∑𝑞 denota a soma de todos os laços que
tocam o laço i, e 𝑧𝑖𝑗 denota a impedância do ramo entre os laços i e j. Se o laço i não toca o laço j,
𝑧 é zero. Também, n é o número total de laços e 𝐸𝑖 é a soma complexa de todas as fontes de tensão
no laço i. Na forma matricial ((2.8) é
𝐴𝑥 = 𝑏 3.1
Para se resolver (3.1), por exemplo, pode-se computar a matriz inversa usando-se um dos métodos
numéricos para isto. Mas a inversão explícita não é feita na prática porque, tendo em vista que no
caso de sistemas de potência A é tipicamente densa e de grande dimensão, seria extremamente
ineficiente, e demandaria uma grande quantidade de memória desnecessariamente.
Métodos mais eficientes de solução direta de sistemas lineares são o de eliminação de Gauss e
decomposição LU, que exploram de forma eficiente a esparsidade das equações. Estes métodos se
baseiam no conceito de que sistemas de equações triangulares são ‘fáceis’ de resolver. Estes têm a
forma
𝑈𝑥 = 𝑐 3.2
Onde 𝑈 tem a forma triangular superior (todos os elementos sob a diagonal principal são zero), ou
a forma
𝐿𝑥 = 𝑏 3.3
Onde 𝐿 tem a forma triangular inferior (todos os elementos sobre a diagonal principal são zero).
𝑥3 = 𝑐3 /𝑢33
𝑥2 = (𝑐2 − 𝑢23 𝑥3 )/𝑢22
𝑥1 = (𝑐1 − 𝑢12 𝑥2 − 𝑢13 𝑥3 )/𝑢11
𝑥𝑛 = 𝑐𝑛 /𝑢𝑛𝑛
𝑥𝑘 = (𝑐𝑘 − ∑𝑛𝑗=𝑘+1 𝑢𝑘𝑗 𝑥𝑗 )/𝑢𝑘𝑘 ; 𝑘 = 𝑛 − 1, 𝑛 − 2, … ,1 3.5
Este processo é conhecido como substituição para trás (‘back-substitution’). De forma similar, (3.3)
pode ser resolvida pelos seguintes passos.
𝑐1 = 𝑏1 /𝑙11 3.6
𝑐𝑘 = (𝑏𝑘 − ∑𝑘−1
𝑗=1 𝑙𝑘𝑗 𝑐𝑗 ) /𝑙𝑘𝑘 ; 𝑘 = 2, 3, … , 𝑛
Multiplicando a primeira equação por 𝑎21 /𝑎11 e subtraindo da segunda produz o sistema
equivalente
Este processo pode ser generalizado para dimensão n, com as seguintes fórmulas.
(𝑘)
(𝑘+1) (𝑘) 𝑎𝑖𝑘 (𝑘)
𝑎𝑖𝑗 = 𝑎𝑖𝑗 − ( (𝑘) ) 𝑎𝑘𝑗 𝑖, 𝑗 > 𝑘 3.11
𝑎𝑘𝑘
e
(𝑘)
(𝑘+1) (𝑘) 𝑎𝑖𝑘 (𝑘)
𝑏𝑖 = 𝑏𝑖 −((𝑘) ) 𝑏𝑘𝑗 𝑖>𝑘 3.12
𝑎𝑘𝑘
Observação: assume-se nas equações acima que os elementos 𝑎𝑘𝑘 são diferentes de zero. Isto em
geral é verdadeiro nas matrizes do tipo 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 que têm os elementos da diagonal principal maior
que os fora da diagonal, diz-se assim que são diagonal dominante. De qualquer forma, caso um
mais destes elementos sejam zero, pode-se fazer uma troca de colunas e linhas de tal forma a
eliminar o problema, considerando novamente que a matriz não seja singular.
3.2 Transformação LU
Com referência a (3.11), percebe-se que este valor é exatamente o que está multiplicando a k-ésima
(pivô) linha e que subsequentemente subtrai da i-ésima linha na construção da nova i-ésima linha.
Assim, 𝑙𝑖𝑘 é chamado de multiplicador.
1
.
1
𝐿(𝑘) = −𝑙𝑘+1,𝑘 . 3.14
⋮ .
[ −𝑙𝑛,𝑘 1]
Que difere da matriz identidade, I, somente na k-ésima coluna abaixo da diagonal principal, onde
aparece os negativos dos multiplicadores 𝑙𝑖𝑘 . Matrizes da forma (3.14) são frequentemente
chamadas de matrizes triangular inferior elementares. Esta matriz permite que a relação (3.11) seja
expressa em notação matricial como a relação
1
.
−1 1
(𝐿(𝑘) ) = 𝑙𝑘+1,𝑘 . 3.17
⋮ .
[ 𝑙𝑛,𝑘 1]
Como pode ser verificado multiplicando-se (3.14) por (3.17). Então, multiplicando-se (3.16)
−1 −1
sucessivamente por (𝐿(𝑛−1) ) … (𝐿(1) ) resulta na equação.
−1 −1 −1
𝐴 = (𝐿(1) ) (𝐿(2) ) . . . (𝐿(𝑛−1) ) 𝑈 3.18
1
𝑙21 .
−1 −1 −1 𝑙31 1
(𝐿(1) ) (𝐿(2) ) . . . (𝐿(𝑛−1) ) = 3.19
. 𝑙𝑘+1,𝑘 .
. ⋮ .
𝑙
[ 𝑛1 𝑙𝑛,𝑘 1]
A equação (3.16) pode então ser escrita como uma fatoração triangular.
𝐴 = 𝐿𝑈 3.20
A fatoração LU facilita na solução das equações lineares da seguinte forma. Substituindo-se A por
LU em (3.1) tem-se
𝐿𝑈𝑥 = 𝑏 3.21
Se c é dado por
𝑐 = 𝑈𝑥 3.22
𝐿𝑐 = 𝑏 3.23
Via substituição para frente (3.6). Então, x pode ser computado por substituição para trás (3.5).
Como será visto na abordagem de esparsidade de matrizes, há como se manter a esparsidade dos
fatores L e U utilizando-se ordenação das equações (linhas e colunas da matriz), o que também
influencia positivamente o desempenho computacional em função da requerer muito menos
operações numéricas.
min(𝑖,𝑗)
Rearranjando, temos
𝑗−1
Algoritmo Doolittle
Neste algoritmo, a sequência computacional envolve a linhas da matriz em ordem crescente, ou
seja, no k-ésimo estágio computa-se na ordem 𝑙𝑘1 , 𝑙𝑘2 , … , 𝑙𝑘,𝑘−1 , 𝑢𝑘𝑘 , … , 𝑢𝑘𝑛 .
Algoritmo Crout
Assumindo que U em vez de L tem elementos da diagonal iguais a um, resulta na seguinte
sequência.
𝑗−1
4 Esparsidade
Como vimos na aula sobre matrizes, as matrizes mais utilizadas em análise de sistemas de potência
são tipicamente esparsas, ou seja, contém apenas uns poucos elementos por linha ou coluna. Este
é o caso da matriz Ybus e da matriz Jacobiano utilizada na solução de curto-circuitos e do problema
de fluxo de potência, respectivamente. Estes métodos requerem a computação da inversa destas
matrizes. Todavia, as respectivas matrizes inversas são densas. Para sistemas de médio e grande
porte trabalhar com matrizes densas não é desejável devido ao alto requisito de memória necessário
e baixíssimo desempenho computacional.
A solução para este problema é fatorar a matriz de tal forma que os seus fatores também sejam
esparsos. Também como vimos, a fatoração LU ou similar, é utilizada neste caso. Entretanto, a
ordem das linhas e colunas da matriz é crucial para que se mantenha os fatores L e U esparsos.
De forma resumida, o tratamento de matrizes esparsas requer os três principais aspectos, como
segue.
- Escolher um esquema de armazenamento somente para os elementos não nulos da matriz.
- Determinar a ordem de linhas e colunas para fatoração da matriz.
- Adaptar o algoritmo de fatoração para a forma de armazenamento escolhida.
- Adaptar o algoritmo de solução das equações para a forma de armazenamento escolhida.
1 2 3
× × ⬚ ⬚
[⬚ × × ⬚]
⬚ × × ×
× ⬚ ⬚ ×
Para uma matriz simétrica, uma conexão entre os nós i e j implica em também haver uma conexão
do nó j para o nó i; assim a seta pode ser desconsiderada e obtemos um grafo não orientado ou
simplesmente grafo, como ilustrado abaixo. Formalmente, G(A), o grafo associado com a matriz
Z, não é uma figura, mas um conjunto X de nós e um conjunto E (do inglês ‘Edge’) de ramos. Um
ramo é um par ordenado de nós (𝑥𝑖 , 𝑥𝑗 ) e está associado com os elementos 𝑎𝑖𝑗 e 𝑎𝑗𝑖 da matriz, que
neste caso é simétrica.
1 2 3
× × ⬚ ×
[× × × ⬚]
⬚ × × ×
× ⬚ × ×
Uma operação fundamental no processo de fatoração (ou eliminação de Gauss) de uma matriz é o
de adicionar um múltiplo de uma linha da matriz, digamos a primeira, às outras linhas para fazer
todos os elementos na primeira coluna, abaixo da diagonal, iguais a zero. Por exemplo, na figura
acima, adicionando-se a primeira linha à quarta cria-se um novo elemento na posição (4,2).
A teoria dos gráficos ajuda a visualizar o padrão de mudança de elementos à medida que a
eliminação acontece. Relativo ao grafo 𝐺, o grafo 𝐺𝑦 é obtido removendo-se o nó 𝑦 e adicionando-
se um novo ramo (𝑥, 𝑧) sempre que (𝑥, 𝑦) e (𝑦, 𝑧) sejam ramos de 𝐺 e (𝑥, 𝑧) não seja. Em outras
palavras, a remoção de um nó cria ligação entre os nós aos quais o nó removido está conectado, se
tais ligações não existirem. Por exemplo, 𝐺1 para o gráfico da figura acima teria a representação
da figura abaixo, com o novo ramo (4,2) adicionado. Observe que este é precisamente o grafo
correspondente à submatriz 3x3 que resulta da eliminação do elemento (4,1) no processo de
eliminação de Gauss. Sempre que um elemento novo é adicionado a matriz, o que corresponde no
exemplo ao ramo entre os nós 2 e 4, diz-se que ocorreu um preenchimento (‘fill-in’) na matriz.
2 3
× × ⬚ ×
[⬚ × × ×]
⬚ × × ×
⬚ × × ×
3
× × × × ×
× × ⬚ ⬚ ⬚
× ⬚ × ⬚ ⬚ 4 1 2
× ⬚ ⬚ × ⬚
[× ⬚ ⬚ ⬚ ×]
5
Figura 4-4 – Exemplo de matriz esparsa.
O nó 1 está ‘ligado’ aos demais nós. A eliminação dos elementos da coluna 1 no processo de
eliminação de Gauss resultará na soma da primeira linha da matriz multiplicada por fatores
apropriados às demais linhas resultando no seguinte grafo/matriz.
3
× × × × ×
⬚ × × × ×
⬚ × × × × 4 2
⬚ × × × ×
[⬚ × × × ×]
5
Figura 4-5 – Máximo preenchimento devido a uma má ordenação de linhas e colunas.
A eliminação do nó 1 do grafo resultou no aparecimento de ramos entre todos os demais nós, que
originalmente não existiam. O efeito equivalente na matriz foi o preenchimento de todos os
elementos que eram originalmente nulos. Agora, para ilustrar o efeito da ordenação de linhas e
colunas, consideremos a ordenação da figura abaixo. O processo de eliminação de Gauss, ou
equivalentemente a remoção de nós, não gera nenhum preenchimento na matriz. Por exemplo, para
eliminação do elemento (5,1) adiciona-se a primeira linha multiplicada por um fator à quinta linha.
Com isto somente o elemento (5,5) que já é não nulo, é alterado, não havendo preenchimento. O
mesmo acontece com a eliminação dos demais elementos da quinta linha da matriz.
3
× ⬚ ⬚ ⬚ ×
⬚ × ⬚ ⬚ ×
⬚ ⬚ × ⬚ × 4 5 2
⬚ ⬚ ⬚ × ×
[× × × × ×]
1
Figura 4-6 - Ausência de preenchimentos devido a uma boa ordenação de linhas e colunas.
Portanto, podemos ver que a determinação de uma ‘boa’ ordem das linhas da matriz é crucial para
a diminuição do número de operações numéricas necessárias à fatoração e do espaço necessário
para armazenamento dos fatores.
4.2 Ordenação
Como visto, a preservação da esparsidade depende de uma ordenação apropriada das equações e
variáveis do problema. As equações correspondem às linhas da matriz e as variáveis às suas
colunas.
Todos as estratégias de ordenação têm como objetivo, pelo menos parcial, o de controlar os
preenchimentos. Estas estratégias podem ser classificadas em duas categorias básicas: aquelas que
em cada passo da fatoração minimiza um objetivo para este passo sem levar em consideração os
efeitos nos passos seguintes (estratégias locais) e aqueles que confinam os preenchimentos a uma
forma desejada (por exemplo, dentro de uma banda ou dentro de em pequeno número de colunas).
A simetria ou não da matriz a ser ordenada tem efeito nos detalhes de implementação da estratégia.
Para os problemas de sistemas de potência, as matrizes são estruturalmente simétricas ou quase
simétricas. Neste caso, pode-se forçosamente faze-las simétricas. Outra característica importante
destas matrizes é que também são tipicamente dominantes na diagonal, ou seja, o valor absoluto da
magnitude dos elementos da diagonal é bem maior que os de fora da diagonal. Isto tem um efeito
positivo na precisão numérica dos cálculos, pois utilizar valores pequenos como pivô em uma
fatoração aumenta o acúmulo de erros numéricos.
Assim, sendo as matrizes simétricas e com dominância diagonal, como no caso de sistemas de
potência, é suficiente utilizar os elementos da diagonal como pivô no processo de fatoração, o que
significa que as linhas e colunas da matriz podem ser ordenadas conjuntamente.
Em 1967 Tinney & Walker propuseram três esquemas de ordenação que ficaram conhecidos como
Esquemas 1, 2 e 3.
Esquema 1: Ordene os nós (linha-coluna) na ordem dos respectivos graus (número de elementos a
que estão conectados) antes da eliminação. Este esquema às vezes é referido como ordenação
estática.
Esquema 2: Ordene os nós na ordem dos respectivos graus no ponto que são escolhidos para
eliminação. Isto requer a manutenção da informação das eliminações e preenchimentos dos nós já
ordenados. Este esquema é frequentemente denominado de grau mínimo (‘minimum degree’).
Esquema 3: Ordene os nós na ordem do número de preenchimentos que seriam produzidos pela
sucessivas eliminações. Isto requer a manutenção não somente das variações dos graus, mas
também a simulação do efeito da eliminação nos demais nós ainda não ordenados.
O Esquema 2 é o mais usado na prática e é efetivo para uma vasta gama de problemas. Para redes,
é sempre superior a ordenação na forma de ‘banda’ e outros esquemas utilizados para outros tipos
de problemas. Entretanto, nem sempre produz uma ordenação que minimize a quantidade de
preenchimentos. Isto pode ser demonstrado pelo exemplo simples da figura abaixo. O esquema
ordena o nó 5 como o primeiro, introduzindo uma ligação (preenchimento) entre os nós 4 e 6. A
ordem mostrada no gráfico não produz preenchimentos.
× × × × ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚
× × × × ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ 2 7
× × × × ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚
× × × × × ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ 4 5 6
1 8
⬚ ⬚ ⬚ × × × ⬚ ⬚ ⬚
⬚ ⬚ ⬚ ⬚ × × × × × 3 9
⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ × × × ×
⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ × × × ×
[⬚ ⬚ ⬚ ⬚ ⬚ × × × ×]
Figura 4-7 – Exemplo em que o Esquema 2 não é ótimo.
Há várias formas de se armazenar uma matriz esparsa, a melhor forma depende dos tipos de
operação a que a matriz estará sujeita. Uma importante distinção é feita entre estruturas estáticas
que permanecerão fixas e dinâmicas que serão ajustadas para acomodar preenchimentos à medida
com que venham ocorrer. Naturalmente, o sobre custo computacional de ajuste de uma estrutura
dinâmica pode ser significativo. Adicionalmente, o espaço de memória requerido por uma estrutura
estática é conhecido de antemão, ao passo que isto não ocorre no caso de uma estrutura dinâmica.
Os dois tipos são usados em fatoração de matrizes esparsas.
Normalmente o que se quer é uma representação muito compacta que permita fácil manipulação.
Não há uma estrutura melhor, a maioria dos programas usam padrões diferentes de armazenamento
com finalidades diferentes.
1 0 0 −1 0
2 0 −2 0 3
𝐴= 0 −3 0 0 0
0 4 0 −4 0
[5 0 −5 0 6]
O maior problema com este esquema está na inconveniência de acesso por linha ou por coluna. Ele
pode ser usado sem problemas se se deseja multiplica-la por um vetor cheio. Entretanto, a solução
direta de um conjunto de equações lineares, por exemplo, envolve uma sequência de operações com
linhas (ou colunas) da matriz. Há dois esquemas de armazenamento principais que proporcionam
pronto acesso a esta informação: uma coleção de vetores esparsos e uma lista encadeada.
Note que não há uma sexta linha. Entretanto, neste esquema, há necessidade de se ter alguma
informação de onde a última linha (quinta, neste caso) termina.
Observa-se que este esquema requer um pouco menos necessidade de armazenamento em relação
ao esquema de coordenadas. Mas o mais importante aspecto desta forma de armazenamento é que
ele facilita o acesso às linhas (ou colunas) da matriz. Isto tem muita importância do ponto de vista
computacional, pois o aproveitamento dos dados trazidos da memória para a unidade de
processamento é maior e consequentemente há menos acesso a memória, aumentando muito a
eficiência.
O acesso a todos os elementos de uma linha (i) pode ser feito com o seguinte código exemplificado
em Fortran.
Do k = inicio(i), inicio(i+1) – 1
Col = Coluna(k)
Val = Valor(k)
:
End Do
O problema com este esquema é no caso da estrutura de dados não ser estática, ou seja, quando há
necessidade de introduzir novos elementos, por exemplo, preenchimentos, nas linhas (ou colunas).
Neste caso, seria necessário deslocar vários elementos nos 3 vetores, o que acarreta um sobre custo
computacional. As listas encadeadas tratam melhor esta situação.
Tabela 4.3 –
Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Inicio 1 3 6 7 9
Elo 2 0 4 5 0 0 8 0 10 11 0
Coluna 1 4 1 3 5 2 2 4 1 3 5
Valor 1. -1. 2. -2. 3. -3. 4. -4. 5. -5. 6.
Nota-se uma necessidade maior de armazenamento neste esquema do que no de lista adjunta, mas
ganha-se muito em flexibilidade e eficiência quando há necessidade de alterações frequentes na
matriz. Por exemplo, no caso de se querer inserir um elemento na terceira linha, quarta coluna desta
matriz, adiciona-se este elemento com índice de armazenamento 12, ou seja, na última posição livre
do vetor, e altera-se os elos, da mesma linha. A tabela abaixo ilustra esta operação com o valor do
elemento sendo 3.5. O primeiro elemento na linha 3 (-3.) tem um elo para a posição 12 onde se
encontra o segundo elemento desta mesma linha (3.5) na coluna 4. O elo deste elemento é nulo (0),
indicando que não há mais elementos nesta linha. Assim, para inserção de um valor, a necessidade
de alterações no armazenamento existente foi mínima e, portanto, de baixíssimo custo
computacional.
Tabela 4.4 –
Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Inicio 1 3 6 7 9
Elo 2 0 4 5 0 12 8 0 10 11 0 0
Coluna 1 4 1 3 5 2 2 4 1 3 5 4
Valor 1. -1. 2. -2. 3. -3. 4. -4. 5. -5. 6. 3.5
Cabe notar, entretanto, que o acesso aos elementos de uma linha neste esquema requer um acesso
indireto da memória, ou seja, para acessar os elementos de uma linha (ou coluna) há necessidade
de primeiro ‘descobrir’ sua posição via o apontador elo. Isto, do ponto de vista computacional não
é eficiente.
A principal consequência de um curto-circuito é a elevação dos valores das correntes que circulam
no circuito. Isto ocorre devido à diminuição da impedância entre os dois pontos afetados,
facilitando a circulação de correntes mais elevadas, e podendo ocasionar danos aos equipamentos
elétricos.
• Trifásico
• Trifásico-terra
• Bifásico
• Bifásico-terra
• Monofásico
Os sistemas elétricos representados por fontes de tensão e elementos passivos de rede (impedâncias
na frequência fundamental) são sistemas lineares. Nestas condições, o princípio de superposição
pode ser aplicado à análise destes sistemas. O princípio, para circuitos elétricos, afirma que uma
resposta em um circuito alimentado por mais de uma fonte independente é igual à soma das
respostas para cada fonte agindo individualmente.
Considere o circuito monofásico de três barras, quatro impedâncias e duas fontes de tensão
alternada, conforme mostrado na Figura 5-1.
Suponha que, em determinado momento, ocorra um curto entre a barra 1 e a barra de referência. O
novo circuito é exibido na Figura 5-2, onde 𝐼𝑓 é a corrente de falta.
Figura 5-2 - Circuito da Figura 5-1 após ocorrência de curto entre a barra 1 e a barra de referência
Suponha agora que se deseja calcular a tensão na barra 1 após a ocorrência do curto (𝑉1) e que o
valores de 𝐼𝑓 e tensão na barra 1 antes da falta (𝑉10 ) sejam conhecidos. Ao somar 𝑉10 com o valor
de tensão na barra 1 (𝑉1′ ) do circuito da Figura 5-2 com o efeito das fontes de tensão anulado
(circuito correspondente ao da Figura 5-3), teremos, pelo princípio da superposição, o valor de 𝑉1.
Figura 5-3 Circuito da Figura 5-2 com efeito da das fontes de tensão anulado
De acordo com o significado de cada termo da equação (5.1), pode-se reescrevê-la da seguinte
maneira:
Por conseguinte, para o cálculo do valor de tensão em determinada barra de um circuito após a
ocorrência de um curto, basta calcular o valor de ∆𝑉 e somar este valor com o valor de tensão pré-
falta.
Obviamente, a análise feita para a barra 1 do circuito da Figura 5-1 pode ser igualmente estendida
a todas as barras de um sistema arbitrário de número de fases também arbitrário. Para o cálculo do
estado (os valores de tensão de todas as barras) de um sistema no qual houve um curto-circuito e
para o qual é válido o princípio da superposição basta utilizar a expressão:
Onde:
A representação do sistema via matriz de admitância de barra ajustada para o cálculo do vetor de
variações de tensão fornece:
Desta forma, supondo a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 conhecida, as variações de tensão das barras em decorrência
de um curto podem ser obtidas através do cálculo das correntes de falta e da resolução de um sistema
linear.
O teorema de Thévenin estabelece que, sob o ponto de vista de um número arbitrário de terminais
(chamados de terminais ou pontos de interesse), qualquer circuito que contém somente elementos
lineares pode ser substituído por uma fonte de tensão e uma impedância em série. Na Figura 5-4
temos uma ilustração desta equivalência para dois terminais de interesse e um circuito monofásico:
Figura 5-4 - Equivalência entre circuito de elementos lineares e circuito de Thévenin entre dois
pontos.
Primeiramente, será verificado como é feita a extração da impedância de Thévenin entre dois pontos
da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . Em seguida, será verificado o processo de obtenção dos parâmetros de Thévenin
quando houver mais de dois pontos de interesse, situação na qual temos uma matriz de impedância
de Thévenin.
Presuma que se deseja representar o circuito da Figura 5-1, visto pelas barras 1 e de referência, pelo
seu circuito equivalente de Thévenin. Para fazê-lo, deve-se encontrar os parâmetros 𝑉𝑡ℎ e 𝑍𝑡ℎ .
Pelas expressões (5.2)e (5.4), verifica-se que o vetor 𝑉 (valores de tensão) após a inserção da fonte
de corrente 𝐼𝑓 na barra 1 (circuito da Figura 5-2) é dado pela expressão matricial:
Portanto, o valor da tensão na barra 1 após a inserção da fonte de corrente é dado pela expressão:
Levando em consideração que a fonte de corrente foi conectada entre a barra 1 e a de referência, a
expressão acima é equivalente ao da Figura 5-5.
Figura 5-5 - Circuito equivalente de Thévenin do circuito da Figura 5-1 visto das barras 1 e de
referência com uma fonte de corrente
Através da comparação entre o circuito da Figura 5-5 e o circuito equivalente de Thévenin da Figura
5-4, conclui-se que a impedância de Thévenin entre a barra de referência e a barra 1 do circuito da
Figura 5-1 é igual ao valor do elemento da primeira linha e primeira coluna da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 e a
tensão de Thévenin é igual ao valor de tensão da barra 1. Logo:
Note que os valores de 𝑍𝑡ℎ e 𝑉𝑡ℎ são invariantes, ou seja, independentes do valor da corrente 𝐼𝑓 .
Agora, será verificado o processo de obtenção do parâmetro de impedância nos casos em que há
mais de dois pontos de interesse. Considere o circuito da Figura 5-1 com a inserção de duas fontes
de corrente: fonte 𝐼𝑓 entre a barra 1 e a barra de referência; e fonte 𝐼𝑓′ entre a barra 3 e a barra de
referência (faltas simultâneas). O vetor de tensões após a inclusão das fontes é dado pela expressão
matricial:
Portanto:
𝑉 𝑉0 𝑍1,1 𝑍1,3 𝐼𝑓
[ 1 ] = [ 10 ] + [ ][ ] (5.13)
𝑉3 𝑉3 𝑍3,1 𝑍3,3 𝐼𝑓′
Adicionando e subtraindo 𝑍1,3 𝐼𝑓 na primeira linha e adicionando e subtraindo 𝑍3,1 𝐼𝑓′ na segunda
linha, temos:
Figura 5-6 - Circuito equivalente de Thévenin sob o ponto de vista de três terminais com duas
fontes de corrente
A parte envolvida por linhas tracejadas na Figura 5-6 corresponde ao circuito equivalente de
Thévenin do circuito da Figura 5-1 sob a ótica de três pontos. Por conseguinte:
𝑍1,1 𝑍1,3
[𝑍𝑡ℎ𝑣 ] = [ ] (5.15)
𝑍3,1 𝑍3,3
𝑉0
[𝑉𝑡ℎ𝑣 ] = [ 10 ] (5.16)
𝑉3
A expressão (5.15) mostra que a matriz de impedâncias de Thévenin pode ser construída extraindo-
se da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 apenas os elementos associados aos pontos de interesse, conforme propriedade
desta matriz vista em Matrizes de Representação de Redes.
O procedimento para obtenção dos parâmetros de Thévenin é igual para circuitos trifásicos, com a
exceção do fato de que os pontos de interesse deixam de ser barras (as quais em circuitos
monofásicos coincidem com nós) e passam a ser os nós das fases das barras de interesse.
O teorema de Norton afirma que sob o ponto de vista de um número arbitrário de terminais de
interesse, qualquer circuito contendo somente elementos lineares pode ser substituído por uma fonte
de corrente e uma impedância em paralelo.
Figura 5-7 - Equivalência entre circuito de elementos lineares e circuito de Norton entre dois
pontos
Se um circuito genérico de elementos lineares pode ser representando tanto por um circuito de
Thévenin quanto por um de Norton, então os parâmetros destes dois últimos devem possuir uma
relação. Através da Figura 5-5 e da Figura 5-7, é fácil verificar que:
−1
𝑍𝑡ℎ𝑣 = 𝑍𝑛𝑜𝑟 = 𝑌𝑛𝑜𝑟 (5.17)
𝑉𝑡ℎ𝑣 = 𝑍𝑡ℎ𝑣 . 𝐼𝑛𝑜𝑟 (5.18)
Para os casos de mais de duas barras de interesse, têm-se as seguintes expressões matriciais:
Logo, para obter a matriz admitância de Norton, basta adotar os mesmos critérios utilizados para a
obtenção da matriz impedância de Thévenin e invertê-la.
Em um trabalho de 1918, Charles LeGeyt Fortescue demonstrou que cada fasor de um conjunto de
𝑛 fasores desiquilibrados poderia ser expresso pela soma de 𝑛 fasores, cada qual pertencente a um
de 𝑛 sistemas de fasores equilibrados de sequências de fase distintas e simétricas.
A importância do teorema, para o cálculo de curto-circuito, reside no fato de que grandezas elétricas
de um circuito elétrico linear desiquilibrado de 𝑛 fases podem ser obtidas, alternativamente, através
de um conjunto de 𝑛 circuitos monofásicos, simplificando consideravelmente as operações.
Figura 5-8 – Tensões trifásicas desbalanceadas e suas componentes simétricas: (a) tensões
desbalanceadas instantâneas e os respectivos fasores; (b) fasores de sequ. Positiva balanceados;
(c) fasores de sequeência negativa balanceados e (d) fasores de sequência zero.
Em circuitos elétricos de três fases, pelo método das componentes simétricas, as tensões de fase de
uma barra 𝑉𝑎 , 𝑉𝑏 e 𝑉𝑐 podem ser decompostas em três sistemas (sequências) de fasores equilibrados,
conforme é mostrado abaixo:
Os fasores com sobrescrito 0, 1 e 2 são, respectivamente, os fasores de sequência zero (em fase),
positiva (2𝜋/3 → 120𝑜 ) e negativa (4𝜋/3 → 240𝑜 ).
Considere um operador a, o qual defasa um fasor em 120° no sentido anti-horário. Temos que:
Através das expressões (5.23) a (5.29), podemos reescrever o sistema (5.22) da seguinte maneira:
(0)
𝑉𝑎 1 1 1 𝑉𝑎
[𝑉𝑏 ] = [1 𝑎2 𝑎 ] [𝑉𝑎(1) ] (5.31)
𝑉𝑐 1 𝑎 𝑎2 𝑉 (2)
𝑎
A matriz que permite o cálculo direto (apenas multiplicação entre matrizes) dos fasores de fase a
partir dos fasores de sequência é chamada de 𝑇. Portanto:
1 1 1
[𝑇] = [1 𝑎2 𝑎] (5.32)
1 𝑎 𝑎2
O vetor de tensões de uma barra no domínio das fases será referido como 𝑉 (𝑎𝑏𝑐) , enquanto o vetor
de tensões no domínio das sequência será referido como 𝑉 (012) . Logo, a expressão (5.31) pode ser
reescrita da seguinte maneira:
A inversa de 𝑇, a qual permite o cálculo direto dos fasores de sequência a partir dos fasores de fase,
é dada pela expressão:
−1
1 1 1 1
[𝑇 ] = [1 𝑎 𝑎2 ] (5.34)
3
1 𝑎2 𝑎
Por fim, é importante ressaltar que as relações estabelecidas para as tensões de fase também podem
ser utilizadas para as correntes de fase, ou seja,
Em todos os casos de curtos-circuitos, com exceções dos trifásicos, as correntes e tensões são
assimétricas, o que torna o uso das componentes simétricas (Seção 5.2) atraente, pois o cálculo de
um sistema trifásico assimétrico pode ser desmembrado em três sistemas simétricos.
[𝑉 (𝑎𝑏𝑐) ] = [𝑇][𝑉 (012) ] = [𝑍 (𝑎𝑏𝑐) ][𝐼 (𝑎𝑏𝑐) ] = [𝑍 (𝑎𝑏𝑐) ][𝑇][𝐼 (012) ] (5.36)
ou
[𝑉 (012) ] = [𝑇]−1 [𝑍 (𝑎𝑏𝑐) ][𝑇][𝐼 (012) ] = [𝑍 (012) ][𝐼 (012) ] (5.37)
Podemos obter também a matriz de admitâncias de barra no domínio de sequência a partir da matriz
de impedância de barra neste domínio via inversão.
−1
[𝑌 (012) ] = [𝑍 (012) ] (5.39)
O interesse nesta formulação vem do fato de que, na prática, estas duas matrizes são diagonais, o
que facilita muito a análise do sistema, pois podem ser dividias em três matrizes menores e
(0) (1) (2)
independentes, por exemplo, 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 , 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 e 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 .
(012)
As matrizes 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 de um sistema de 𝑛 barras podem ser construídas através da formação de três
matrizes de ordem 𝑛, uma para cada sequência, com todos os seus elementos inicialmente nulos.
Entretanto, para a montagem das matrizes 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 e 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 , é necessário o conhecimento sobre
modelagem básica dos componentes elétricos no domínio de sequência, o que será visto a seguir.
5.3.1 Geradores
Considere geradores conectados em estrela aterrado e acoplados à barra genérica 𝑖, conforme Figura
5-9.
𝑉𝑎 𝐸𝑎 𝑧 0 0 𝐼𝑎 𝑧𝑛
[𝑉𝑏 ] = [𝐸𝑏 ] − [0 𝑧 0] [𝐼𝑏 ] − [𝑧𝑛 ] 𝐼𝑛 (5.40)
𝑉𝑐 𝐸𝑐 0 0 𝑧 𝐼𝑐 𝑧𝑛
Daí:
𝐸𝑎 𝑧𝑛
[𝑇][𝑉 (012)
] = [𝐸𝑏 ] − 𝑍. [𝑇][𝐼 (012)
] − [𝑧𝑛 ] 𝐼𝑛
𝐸𝑐 𝑧𝑛
𝐸𝑎 𝑧𝑛
[𝑇 −1 ][𝑇][𝑉 (012) ] = [𝑇 −1 ] [𝐸𝑏 ] − [𝑇 −1 ]. 𝑍. [𝑇][𝐼 (012) ] − [𝑇 −1 ] [𝑧𝑛 ] 𝐼𝑛
𝐸𝑐 𝑧𝑛
0 𝑧𝑛
[𝑉 (012) ] = [𝐸𝑎 ] − 𝑍. [𝑇 −1 ]. [𝑇][𝐼 (012) ] − [ 0 ] 𝐼𝑛
0 0
𝐼𝑛 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 3𝐼 (0) (5.41)
Logo:
0 𝑧 + 3𝑧𝑛 0 0
(012)
[𝑉 ] = [𝐸𝑎 ] − [ 0 𝑧 0] [𝐼 (012) ] (5.42)
0 0 0 𝑧
Onde:
𝑍 (0) = 𝑧 + 3𝑧𝑛
{ 𝑍 (1) = 𝑧 (5.43)
𝑍 (2) = 𝑧
Portanto, para incluir na rede um gerador conectado à barra, as seguintes operações devem ser
realizadas nas matrizes 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 :
(0) −1
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (0) + 𝑍 (0)
(1) −1
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (1) + 𝑍 (1) (5.44)
(2) (2) (2) −1
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 +𝑍
Para geradores conectados em Estrela não aterrada ou em Delta, os circuitos de sequência positiva
e negativa são iguais, enquanto que o de sequência zero é um ramo aberto. Portanto, para as ligações
(0)
dos tipos Estrela não aterrada ou Delta, não há alteração dos elementos da matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 .
Considere uma linha de transmissão curta idealmente transposta conectada a barras genéricas 𝑖 e 𝑗,
de impedância própria (para cada fase) 𝑍𝑝 e impedância mútua entre as fases 𝑍𝑚 , cuja representação
é exibida na Figura 5-11:
𝑉𝑎 − 𝑉𝑎′ 𝑉𝑎𝑎′ 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝐼𝑎
[𝑉𝑏 − 𝑉𝑏′ ] = [𝑉𝑏𝑏′ ] = [𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑚 ] [𝐼𝑏 ] (5.45)
𝑉𝑐 − 𝑉𝑐′ 𝑉𝑐𝑐′ 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝐼𝑐
Ou:
Assim:
1 1 1 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝑍𝑚
1 1 1 1
(012)
[𝑍 ] = [1 𝑎 2 𝑎 ] [𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑚 ] [1 𝑎 𝑎2 ] (5.47)
3
1 𝑎 𝑎2 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝑍𝑝 1 𝑎2 𝑎
Do qual resulta:
𝑍𝑝 + 2𝑍𝑚 0 0
(012) 0 𝑍𝑝 − 𝑍𝑚 0 ] [𝐼 (012) ]
[𝑉 ]=[ (5.48)
0 0 𝑍𝑝 − 𝑍𝑚
Figura 5-12 - Circuitos de sequência positiva, negativa e zero de uma linha de transmissão curta
idealmente transposta.
Onde:
𝑍 (0) = 𝑍𝑝 + 2𝑍𝑚
{ 𝑍 (1) = 𝑍𝑝 − 𝑍𝑚 (5.49)
𝑍 (2) = 𝑍𝑝 − 𝑍𝑚
(0)
Para a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 , têm-se as seguintes operações:
(0) −1
′
𝑌𝑖,𝑗 = 𝑌𝑖,𝑗 (0) − 𝑍 (0)
(0) −1
𝑌𝑗,𝑖′ = 𝑌𝑗,𝑖 (0) − 𝑍 (0)
(0) −1 (5.50)
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (0) + 𝑍 (0)
(0) −1
′
𝑌𝑗,𝑗 = 𝑌𝑗,𝑗 (0) + 𝑍 (0)
(1) (2)
O procedimento é análogo para as matrizes 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 e 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 .
5.3.3 Transformadores
As impedâncias de sequência positiva e negativa de um transformador podem ser iguais à sua
impedância de dispersão. Então, as representações nos circuitos de sequência positiva e negativa
de um transformador de dois enrolamentos cujas barras terminais são as barras genéricas 𝑖 e 𝑗 são
exibidas na Figura 5-13. A relação de tap em geral é desprezada nas análises de curto-circuito.
Portanto, para inclusão do transformador, devem ser realizadas as seguintes operações na matriz de
sequência positiva:
(1) −1
′
𝑌𝑖,𝑗 = 𝑌𝑖,𝑗 (1) − 𝑍 (1)
(1) −1
𝑌𝑗,𝑖′ = 𝑌𝑗,𝑖 (1) − 𝑍 (1)
(1) −1 (5.51)
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (1) + 𝑍 (1)
(1) −1
′
𝑌𝑗,𝑗 = 𝑌𝑗,𝑗 (1) + 𝑍 (1)
Para a impedância de sequência zero, entretanto, varia de circuito aberto a um valor pequeno
dependendo das conexões dos enrolamentos do transformador, método de aterramento e construção
do transformador, ou seja, os tipos de núcleo. O tipo de núcleo afeta a magnitude da impedância,
mas a forma de aterramento e conexão dos enrolamentos alteram dramaticamente o circuito
equivalente de sequência zero do transformador.
Figura 5-14 - Circuitos de sequência zero de um gerador de acordo com o tipo de conexão dos
enrolamentos
Inspecionando-se a Figura 5-14, verifica-se que apenas as ligações Estrela aterrada – Estrela
aterrada e Estrela aterrada – Delta necessitam de representação no circuito de sequência zero. Nas
demais configurações, temos ramos abertos, os quais não alteram o circuito.
(0) −1
′
𝑌𝑖,𝑗 = 𝑌𝑖,𝑗 (0) − 𝑍 (0)
(0) −1
𝑌𝑗,𝑖′ = 𝑌𝑗,𝑖 (0) − 𝑍 (0)
(0) −1 (5.52)
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (0) + 𝑍 (0)
(0) −1
′
𝑌𝑗,𝑗 = 𝑌𝑗,𝑗 (0) + 𝑍 (0)
(0) −1
𝑌𝑖,𝑖′ = 𝑌𝑖,𝑖 (0) + 𝑍 (0) (5.53)
5.3.4 Cargas
Os circuitos de sequência de cargas de impedância constante são iguais aos do gerador, com exceção
do circuito de sequência positiva, no qual não temos uma fonte de tensão. Ademais, assim como o
gerador, as cargas não possuem ramos no circuito zero em ligações Delta e Estrela não aterrada.
A partir dos circuitos equivalentes em sequência, pode-se facilmente derivar as expressões para
cálculo de correntes e tensões de faltas simples, usando-se o princípio da superposição, como segue.
• 𝐼𝑓𝑎 , 𝐼𝑓𝑎 e 𝐼𝑓𝑎 são as correntes que saem do sistema durante a falta através das fases a, b e c
respectivamente;
(0) (1) (2)
• 𝐼𝑓𝑎 , 𝐼𝑓𝑎 e 𝐼𝑓𝑎 são, respectivamente, as componentes zero, positiva e negativa das correntes
de falta;
(0) (1) (2)
• 𝑉𝑘𝑎 , 𝑉𝑘𝑎 e 𝑉𝑘𝑎 são, respectivamente, as componentes zero, positiva e negativa das tensões
na barra k durante a falta;
• 𝑉𝑓 é a tensão na fase a da barra k antes da falta.
Pelo princípio da superposição e pelo teorema de Thévenin (Equação (5.7)), valem as seguintes
expressões paras as componentes de tensão da barra k:
(0)
𝐼𝑓𝑎
1 1 1 1 𝐼𝑓𝑎
(1)
𝐼𝑓𝑎 = [1 𝑎 𝑎2 ] [𝐼𝑓𝑏 ] (5.55)
3
(2) 1 𝑎2 𝑎 𝐼𝑓𝑐
[𝐼𝑓𝑎 ]
(0)
𝐼𝑓𝑎 𝐼
1 1 1 𝑓𝑎
(1)
𝐼
[ 𝑓𝑏 ] = [1 𝑎2 𝑎 ] 𝐼𝑓𝑎 (5.56)
𝐼𝑓𝑐 1 𝑎 𝑎2 (2)
[𝐼𝑓𝑎 ]
(0)
𝑉𝑘𝑎 1 𝑉𝑘𝑎
(1) 1 1 1
[𝑉𝑘𝑎 ] = [1 𝑎 𝑎2 ] [𝑉𝑘𝑏 ] (5.57)
3
(2) 1 𝑎2 𝑎 𝑉𝑘𝑐
𝑉𝑘𝑎
(0)
𝑉𝑘𝑎 1 1 1 𝑉𝑘𝑎
(1)
[𝑉𝑘𝑏 ] = [1 𝑎2 𝑎 ] [𝑉𝑘𝑎 ] (5.58)
𝑉𝑘𝑐 1 𝑎 𝑎2 (2)
𝑉𝑘𝑎
Os valores das variáveis de falta são obtidos através da combinação das Equações (5.54) a (5.58)
com as condições do tipo de falta analisado.
Além das Equações (5.54) a (5.58), temos as seguintes condições para esta falta em particular:
(0)
Resolvendo para 𝐼𝑓𝑎 , temos:
(0)
Com o valor de 𝐼𝑓𝑎 , é possível calcular facilmente as demais variáveis.
Através da análise das Equações (5.54) e (5.64), nota-se que o circuito da Figura (5.56) satisfaz tais
equações, portanto elas podem ser obtidas através dos circuitos de sequência conectados em série.
Neste caso, faz-se 𝐼𝑓𝑎 = 0, 𝐼𝑓𝑏 = −𝐼𝑓𝑐 , e 𝑉𝑘𝑏 − 𝑉𝑘𝑐 = 𝐼𝑓𝑏 𝑍𝑓 , o que resulta na seguinte corrente de
falta.
De (5.55)
(0)
𝐼𝑓𝑎 0
(1) 1 1 1 1
2 ] [−𝐼𝑓𝑐 ]
𝐼𝑓𝑎 = [1 𝑎 𝑎
3
(2) 1 𝑎2 𝑎 𝐼𝑓𝑐
[𝐼𝑓𝑎 ]
(0)
𝐼𝑓𝑎 = 0
(1) (2) 1
𝐼𝑓𝑎 = −𝐼𝑓𝑎 = 𝐼𝑓𝑏
√3
De (5.4)
(0)
𝑉𝑘𝑎 = 0
(1) (1) (1)
𝑉𝑘𝑎 = 𝑉𝑓 − 𝑍𝑘𝑘 𝐼𝑓𝑎
(2) (2) (1)
{ 𝑉𝑘𝑎 = 𝑍𝑘𝑘 𝐼𝑓𝑎
(1) (2) 𝑉𝑓
𝐼𝑓𝑎 = −𝐼𝑓𝑎 = (1) (2) (5.65)
𝑍𝑘𝑘 + 𝑍𝑘𝑘 + 𝑍𝑓
Para os demais tipos de falta também existem associações dos circuitos de sequência que permitem
a obtenção rápida das equações desejadas:
Figura 5-19 Tipos de faltas e suas respectivas associações dos circuitos de sequência.
A dedução de fórmulas fechadas por tipo de falta é mais difícil e não flexível no caso faltas mais
complexas como, por exemplo, as que envolvem mais de uma barra. Nestes casos, em geral se
utiliza métodos computacionais genéricos, que não requerem uma fórmula específica para cada tipo
de falta. O princípio geral é o acoplamento de um circuito genérico de falta ao ponto, ou pontos,
de falta. Este princípio é descrito a seguir.
Como se supõe que os circuitos originais são equilibrados, os três circuitos de sequência são
desacoplados. Uma falta pode ser representada por um circuito como o da Figura 5-20 que é
acoplado as três fases em um ponto do sistema. Então, dependendo dos valores de 𝑍𝑓𝑙𝑡𝑎 , 𝑍𝑓𝑙𝑡𝑏 , 𝑍𝑓𝑙𝑡𝑐
e 𝑍𝑓𝑙𝑡𝑔 , as impedâncias de sequência do circuito de falta podem não ser desacopladas. Então através
do circuito de falta, as três sequências podem interagir.
Os circuitos equivalentes de Thévenin podem ser facilmente calculados a partir das matrizes de
sequência. Suponha que k seja o índice de uma sequência arbitrária (positiva, negativa ou zero) e
que a barra onde a falta ocorre é a barra i, que corresponda à linha 𝑖 nas matrizes 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . O cálculo
(𝑘)
da 𝑖-ésima coluna da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é expresso pela fórmula:
−1
(𝑘) (𝑘)
[𝑧𝑖 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 ] = [𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 ] . [𝑒𝑖 ] (5.66)
Onde 𝑒𝑖 é o vetor com 1 na sua 𝑖-ésima linha e 0 nas demais linhas. A impedância de Thévenin
vista por esta barra é o elemento na linha i deste vetor, ou seja, o elemento 𝑧𝑖𝑖 da matriz 𝑍𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 .
1
𝑍𝑡ℎ𝑣
1
𝑉𝑡ℎ𝑣 ~ 2
𝑍𝑡ℎ𝑣
Circuito
de
Falta em
0 Sequência
𝑍𝑡ℎ𝑣
Ref
𝑉𝑎 𝑧𝑔 + 𝑧𝑎 𝑧𝑔 𝑧𝑔 𝐼𝑎
[𝑉𝑏 ] = [ 𝑧𝑔 𝑧𝑔 + 𝑧𝑏 𝑧𝑔 ] [𝐼𝑏 ] (5.68)
𝑉𝑐 𝑧𝑔 𝑧𝑔 𝑧𝑔 + 𝑧𝑐 𝐼𝑐
𝑧𝑔 + 𝑧𝑎 𝑧𝑔 𝑧𝑔
(𝑎𝑏𝑐)
𝑍𝑓𝑙𝑡 = [ 𝑧𝑔 𝑧𝑔 + 𝑧𝑏 𝑧𝑔 ] (5.69)
𝑧𝑔 𝑧𝑔 𝑧𝑔 + 𝑧𝑐
Por exemplo, para representar uma falta monofásica para terra, fazemos 𝑧𝑎 = 0, 𝑧𝑔 = 0, 𝑧𝑏 = ∞,
𝑧𝑐 = ∞. De forma similar, representamos um curto-circuito entre duas fases (a e b) fazendo 𝑧𝑎 =
0, 𝑧𝑔 = ∞, 𝑧𝑏 = 0, 𝑧𝑐 = ∞.
Entretanto, como visto, para este modelo algumas impedâncias podem ser infinitas para algumas
(012)
condições de falta e o resultado é que 𝑍𝑓𝑙𝑡 se torna indefinida. Este problema pode ser resolvido
(012)
invertendo-se 𝑍𝑓𝑙𝑡 para obter a matriz de admitância de falta em sequência, como segue.
𝑦𝑔 𝑦𝑡 𝑦𝑔 𝑦𝑙 𝑦𝑔 𝑦𝑘
(012) 1
𝑌𝑓𝑙𝑡 = [𝑦𝑔 𝑦𝑘 𝑦𝑔 𝑦𝑡 + 3𝑦𝑚 𝑦𝑔 𝑦𝑙 − 3𝑦𝑛 ] (5.72)
3(𝑦𝑡 + 𝑦𝑔 ) 𝑦 𝑦 𝑦𝑔 𝑦𝑘 − 3𝑦𝑝 𝑦𝑔 𝑦𝑡 + 3𝑦𝑚
𝑔 𝑙
Onde
𝑦𝑡 = 𝑦𝑎 + 𝑦𝑏 + 𝑦𝑐
𝑦𝑙 = 𝑦𝑎 + 𝑎2 𝑦𝑏 + 𝑎𝑦𝑐
𝑦𝑘 = 𝑦𝑎 + 𝑎𝑦𝑏 + 𝑎2 𝑦𝑐
𝑦𝑚 = 𝑦𝑎 𝑦𝑏 + 𝑦𝑏 𝑦𝑐 + 𝑦𝑎 𝑦𝑐
𝑦𝑛 = 𝑦𝑏 𝑦𝑐 + 𝑎𝑦𝑎 𝑦𝑏 + 𝑎2 𝑦𝑎 𝑦𝑐
𝑦𝑝 = 𝑦𝑏 𝑦𝑐 + 𝑎2 𝑦𝑎 𝑦𝑏 + 𝑎𝑦𝑎 𝑦𝑐
1
𝑦𝑎 = 𝑍
𝑎
1
𝑦𝑏 = 𝑍
𝑏
1
𝑦𝑐 = 𝑍
𝑐
1
𝑦𝑔 = 𝑍
𝑔
Pode-se então determinar está matriz para as condições específicas para cada tipo de falta.
𝑦𝑔 𝑦 0 0
(012) 1
𝑌𝑓𝑙𝑡 = [ 0 𝑦𝑔 𝑦 + 3𝑦 2 0 ] (5.73)
3𝑦 + 𝑦𝑔 2
0 0 𝑦𝑔 𝑦 + 3𝑦
Como o circuito de falta em sequência é desacoplado os três circuitos em sequência são resolvidos
separadamente. Ainda, como as tensões de Thévenin nos circuitos de sequência zero e negativa são
nulas, as correntes nestes circuitos também são nulas e somente a sequência positiva é de interesse,
como esperado.
(012) 1 1 1 1
𝑌𝑓𝑙𝑡 = [1 1 1] (5.74)
3𝑧𝑓
1 1 1
(012) 1 0 0 0
𝑌𝑓𝑙𝑡 = [0 1 −1] (5.75)
𝑧𝑓
0 −1 1
Curto-circuito entre fases para terra através de uma impedância entre fases e para terra: faz-se 𝑧𝑏 =
𝑧𝑐 = 𝑧𝑓 ou 𝑦𝑏 = 𝑦𝑐 =/𝑧𝑓 , 𝑧𝑔 = 0 ou 𝑦𝑔 = ∞ e 𝑧𝑎 = ∞ ou 𝑦𝑎 = 0, resultando em
(012) 1 2 −1 −1
𝑌𝑓𝑙𝑡 = [−1 2 −1] (5.76)
3𝑧𝑓
−1 −1 2
Dos teoremas de Norton e Thévenin, temos as seguintes equivalências (vistas através dos nós A e
R) antes da falta:
Novamente generalizando para as matrizes de sequência, a Equação (5.79), durante a falta, passa a
ter a seguinte forma:
(012) (012) (012) (012)
𝐼𝑛𝑜𝑟 = (𝑌𝑛𝑜𝑟 + 𝑌𝑓𝑙𝑡 )𝑉𝑓𝑙𝑡 (5.80)
(012) (012) (012)
Como 𝑌𝑛𝑜𝑟 e 𝑌𝑓𝑙𝑡 são conhecidas e supondo que 𝐼𝑛𝑜𝑟 também seja (por exemplo, pela
condição de fluxo de potência antes da falta), é possível obter através da Equação (5.80) as tensões
(012)
em sequência no ponto de falta (𝑉𝑓𝑙𝑡 ). Finalmente, pode-se calcular a corrente de falta:
(012) (012) (012)
𝐼𝑓𝑙𝑡 = 𝑌𝑓𝑙𝑡 ∙ 𝑉𝑓𝑙𝑡 (5.81)
Pelo princípio da superposição, pode-se obter uma maneira alternativa de cálculo da corrente de
falta:
(012) (012) (012) (012)
𝐼𝑓𝑙𝑡 = 𝑌𝑛𝑜𝑟 ∙ (𝑉𝑡ℎ𝑣 − 𝑉𝑓𝑙𝑡 ) (5.82)
Um resumo das instruções fornecidas anteriormente para cálculo de curto-circuito é fornecido a
seguir:
• Cálculo das propriedades do circuito equivalente de Thévenin (𝑉𝑡ℎ𝑣 , 𝑍𝑡ℎ𝑣 );
• Cálculo das correntes injetadas de Norton (𝐼𝑛𝑜𝑟 ) através da Equação (5.78);
• Inserção do circuito de falta nos pontos de falta, alterando a matriz de admitância de Y𝑛𝑜𝑟
para Y𝑛𝑜𝑟 + Y𝑓𝑙𝑡 ;
• Cálculo das tensões nos pontos de falta (𝑉𝑓𝑙𝑡 ) com o auxílio de (5.80);
• Cálculo das correntes de falta (𝐼𝑓𝑙𝑡 ) com o auxílio de (5.82).
(0) (0)
𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . ∆𝑉 (0) = −𝐼𝑓𝑙𝑡 (5.83)
(1) (1)
𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . ∆𝑉 (1) = −𝐼𝑓𝑙𝑡 (5.84)
(2) (2)
𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . ∆𝑉 (2) = −𝐼𝑓𝑙𝑡 (5.85)
(𝑘)
Onde −𝐼𝑓𝑙𝑡 é o vetor de injeções de corrente de falta. O elemento deste vetor na barra de falta é
calculado pela equação (5.81) ou (5.82) e os demais elementos são nulos.
As tensões de fase de uma barra 𝑖 após a ocorrência de um curto podem ser calculadas com o auxílio
do princípio da superposição:
(𝑎𝑏𝑐) ∗ (𝑎𝑏𝑐) (012)
𝑉𝑖 = 𝑉𝑖 + 𝑇. ∆𝑉𝑖 (5.86)
Defina um grupo isolado de barras como sendo um conjunto de barras no qual há ao menos um
caminho entre duas barras arbitrárias desse conjunto (ou seja, a impedância equivalente entre duas
barras quaisquer do grupo possui valor finito) e não há caminho entre as barras do conjunto e a
barra de referência ou outra barra do sistema.
Figura 5-24 - Circuito zero com um grupo isolado, que consiste nas barras 4 e 5
(0)
Para a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 ser singular, é condição suficiente haver uma só barra sem caminho para a
(0)
barra de referência. No caso de um grupo isolado de uma só barra, temos uma linha na matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
com apenas elementos nulos. Já nos casos em que há um grupo isolado de mais de uma barra, temos
linhas dependentes (as barras 4 e 5 da figura anterior consistem em um grupo isolado).
Como visto em Matrizes de Representação de Redes, para o grupo isolado de barras, dado um vetor
de injeção de correntes, temos infinitos conjuntos possíveis de vetores de tensão para as barras do
(0)
grupo. Logo, 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 deve ser uma matriz singular.
(0)
O problema de singularidade da matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 pode ser facilmente contornado através da conexão
de uma impedância fictícia de módulo alto (por exemplo, |𝑍| = 107 Ω) entre a barra de referência
e uma barra de cada grupo isolado. Desta forma, o número mínimo de impedâncias fictícias
necessárias é igual ao número de grupos isolados.
A inserção das impedâncias fictícias pode ser realizada logo após o término de construção da matriz
(0)
𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 , momento no qual é possível inspecionar quais as barras que não possuem caminho para a
terra. A busca pelos grupos isolados pode ser realizada por algoritmos de teoria de grafos, tais como
a “busca em largura”.
6 Fluxo de Potência
O cálculo de fluxos de potência é basicamente o de satisfazer a lei de Kirchhoff de Correntes para
todos os nós (barras) do sistema elétrico. Em termos das equações de potência, isto significa que a
potência gerada menos a carga em cada barra tem que ser igual à potência fluindo pelos ramos
conectados à barra.
Considere uma barra da rede conforme mostrado na Figura 6-1. A injeção líquida na barra, 𝐼𝑘 , está
relacionada à corrente fluindo nos ramos incidentes na barra, conforme a lei de Kirchhoff.
De forma similar, a potência conjugada injetada na barra é dada por 𝑆𝑘∗ = 𝑃𝑘 − 𝑗𝑄𝑘 = 𝐸𝑘∗ 𝐼𝑘 ou
(6.2)
𝑃𝑘 = 𝑃𝑘𝑠ℎ + ∑ 𝑃𝑘𝑚
𝑚∈Ω
𝑄𝑘 = 𝑄𝑘𝑠ℎ + ∑ 𝑄𝑘𝑚 (6.3)
𝑚∈Ω
Na prática, ((6.2) e ((6.3), são expressas em termos da geração e carga conectadas à barra, ou seja,
0 = −𝑃𝑔𝑘 + 𝑃𝑙𝑘 + ∑ 𝑃𝑘𝑚 = −𝑃𝑔𝑘 + 𝑃𝑙𝑘 + 𝑃𝑒𝑘 (6.4)
𝑚∈Ω
0 = −𝑄𝑔𝑘 + 𝑄𝑙𝑘 + ∑ 𝑄𝑘𝑚 = −𝑄𝑔𝑘 + 𝑄𝑙𝑘 + 𝑄𝑒𝑘 (6.5)
𝑚∈Ω
Onde 𝑃𝑔𝑘 (𝑄𝑔𝑘 ) e 𝑃𝑙𝑘 (𝑄𝑙𝑘 ) são respectivamente a geração e carga ativa (reativa) na barra k, e 𝑃𝑒𝑘
(𝑄𝑒𝑘 ) é a soma dos fluxos ativos (reativos) para as barras adjacentes.
Estas equações são funções não-lineares das seguintes variáveis: magnitude (𝑉𝑖 ) e ângulo (Θ𝑖 ) de
todas as barras do sistema, taps (𝑎𝑖𝑗 ) e ângulos de defasamento (𝜑𝑖𝑗 ) de transformadores, geração
das barras (𝑃𝑔 , 𝑄𝑔𝑖 ) e cargas das barras (𝑃𝑙𝑖 , 𝑄𝑙𝑖 ). Isto pode ser visto substituindo-se 𝑃𝑒𝑘 e 𝑄𝑒𝑘 pelo
𝑖
somatório de fluxos em um ramo genérico. Conforme visto na aula de Modelos de Componentes
de Redes, estes fluxos são expressos da seguinte forma.
2
𝑃𝑘𝑚 = 𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘2 𝑔𝑘𝑚 − 𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘 𝑉𝑚 (𝑔𝑘𝑚 cos(θ𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ) + 𝑏𝑘𝑚 sin(𝜃𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 )) (6.6)
2 𝑠ℎ
𝑄𝑘𝑚 = −𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘2 (𝑏𝑘𝑚 + 𝑏𝑘𝑚 )
(6.7)
+ 𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘 𝑉𝑚 (𝑏𝑘𝑚 cos(θ𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ) − 𝑔𝑘𝑚 sin(𝜃𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ))
𝑃𝑚𝑘 = 𝑉𝑘2 𝑔𝑘𝑚 − 𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘 𝑉𝑚 (𝑔𝑘𝑚 cos(θ𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ) − 𝑏𝑘𝑚 sin(𝜃𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 )) (6.8)
𝑠ℎ
𝑄𝑚𝑘 = −𝑉𝑘2 (𝑏𝑘𝑚 + 𝑏𝑘𝑚 )
(6.9)
+ 𝑎𝑘𝑚 𝑉𝑘 𝑉𝑚 (𝑏𝑘𝑚 cos(θ𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ) + 𝑔𝑘𝑚 sin(𝜃𝑘𝑚 + 𝜑𝑘𝑚 ))
As cargas podem ser representadas como uma combinação de potência, corrente e impedância
constante, como segue.
𝑃𝑙𝑘 = 𝑃𝑙0𝑘 (𝑃𝑃𝑘 + 𝑃𝐼 𝑘 𝑉𝑘 + 𝑃𝑍𝑘 𝑉𝑘2 )/100, onde 𝑃𝑃𝑘 + 𝑃𝐼 𝑘 + 𝑃𝑍𝑘 = 100 (6.10)
𝑄𝑙𝑘 = 𝑄𝑙0𝑘 (𝑄𝑄𝑘 + 𝑄𝐼 𝑘 𝑉𝑘 + 𝑄𝑍𝑘 𝑉𝑘2 )/100, onde 𝑄𝑄𝑘 + 𝑄𝐼 𝑘 + 𝑄𝑍𝑘 =
(6.11)
100
Onde 𝑃𝑃𝑘 (𝑄𝑄𝑘 ), 𝑃𝐼𝑘 (𝑄𝐼𝑘 ), e 𝑃𝑍𝑘 (𝑄𝑍𝑘 ) são respectivamente os percentuais de potência constante,
corrente constante, e impedância constante da carga ativa (reativa) da barra k. 𝑃𝑙0𝑘 (𝑄𝑙0𝑘 ) é a carga
ativa (reativa) com a tensão 𝑉𝑘 em 1 pu.
Os geradores são representados como uma fonte de potência ativa constante, 𝑃𝑔 , e potência reativa
𝑘
variável, 𝑄𝑔𝑘 . A potência reativa de saída varia de forma a manter uma tensão especificada para a
barra k.
A potência reativa do gerador é permitida variar dentro dos limites de capabilidade do gerador. Na
realidade, estes limites dependem da potência ativa gerada, mas é comum representar estes limites
por valores máximo e mínimo em programas de fluxo de potência. Assim, tem-se que
𝑄𝑔𝑚𝑖𝑛
𝑘
≤ 𝑄𝑔 ≤ 𝑄𝑔𝑚𝑎𝑥
𝑘 (6.12)
𝑘
Ocorrendo uma violação dos limites, 𝑄𝑔 é fixado no limite violado e a tensão da barra passa a
𝑘
variar.
defasagens em transformadores que satisfazem (6.2)e (6.3). A potência reativa dos geradores, 𝑄𝑔 ,
𝑘
é tratada como uma variável dependente, pois tendo-se as tensões complexas em todas barras do
sistema, a potência reativa injetada nas barras de geração é calculada diretamente. Note que para
barras que não são de geração esta potência é nula.
Outro requisito básico é que o perfil de tensão ao longo do sistema seja mantido dentro de limites
específicos. Isto é obtido fixando-se a tensão, V, que sejam controladas por geradores, componentes
shunt controláveis e tap de transformadores.
Portanto, os ângulos não são completamente determinados. A solução para este problema é
especificar um dos ângulos como ângulo de referência (normalmente 0o). Em princípio, o ângulo
de qualquer barra pode ser especificado como referência. Na prática, é conveniente especificar o
ângulo de uma barra de geração. Neste caso, denomina-se esta barra como barra Swing (ou de
balanço), ou VΘ. Com isto a barra Swing tem a sua tensão e ângulo especificados.
Consequentemente, não contribui com nenhuma equação para o problema. As potências ativa e
reativa da barra Swing são calculadas após a solução ser encontrada. Assim, a potência ativa e
reativa gerada nesta barra são variáveis dependentes.
Especificar o ângulo de referência em uma barra de geração tem uma segunda vantagem importante,
que é a alocação das perdas residuais na rede. Como 𝑃𝑔 não é especificado para este tipo de barra,
a diferença entre geração e carga ativa totais da rede será alocada na barra Swing. Isto é mais
realista do que se esta diferença fosse alocada em uma barra de carga. Note, entretanto, que se a
geração ativa nos demais geradores não é corretamente especificada, o desbalanço de carga e
geração pode ser muito alto e consequentemente forçar a geração na barra swing para valores muito
além da capacidade da mesma, o que não é realista. Então, dependendo do nível de desbalanço,
pode não se encontrar uma solução ou, caso encontre, pode ser necessário fazer correções para
eliminar a sobrecarga do gerador na barra swing.
Então, considerando que os taps e defasagens são constantes, o problema é totalmente determinado.
O número de equações e variáveis independentes fica balanceado. Considerando um sistema com
n barras, sendo m barras de geração, tem-se um total de 2n-m-1 variáveis e equações.
0 = 𝑓(𝑥) (6.13)
1
𝑥𝑛 = (𝑏 − 𝑎𝑛1 𝑥1 − 𝑎𝑛2 𝑥𝑛 − ⋯ − 𝑎𝑛𝑛−1 𝑥𝑛−1 )
𝑎𝑛𝑛 𝑛
O processo se repete até que não ocorram variações significativas nos valores das variáveis.
𝑛
(𝑙+1) 1 𝑃𝑘 − 𝑗𝑄𝑘
𝑉𝑘 = [ (𝑙)
− ∑ 𝑌𝑘𝑖 𝑉𝑖 ] (6.14)
𝑌𝑘𝑘 𝑉 𝑣 𝑖=1
𝑖≠𝑘
Onde l é o número da iteração.
As principais vantagens deste método são o baixo custo computacional e baixo requisitos de
memória. Por outro lado, é um método com baixa taxa de convergência (requer muitas iterações)
e com altos índices de insucesso, principalmente para redes com mau condicionamento
(impedâncias com magnitudes muito diferentes) e impedâncias negativas. Adicionalmente, o
método sofre com o tratamento de alguns tipos de controle, como por exemplo, controle de tap.
Devido às vantagens computacionais, este método foi muito utilizado no passado quando o poder
computacional era extremamente limitado comparado ao atual. Alguns programas comerciais ainda
utilizam este método como forma de estabelecer uma condição inicial para métodos mais
avançados.
O método resolve (6.13) iterativamente aproximando estas equações por uma série de Taylor
truncada, ou seja,
0 = 𝑓𝑝 (𝑉, 𝜃)
(6.18)
0 = 𝑓𝑞 (𝑉, 𝜃)
𝜕𝑓𝑝 𝜕𝑓𝑝 −1
∆𝑉 𝑣 𝑓𝑝 (𝑉 𝑣 , 𝜃 𝑣 )
[ 𝑣 ] = − [ 𝜕𝑉 𝜕𝜃 ] [ ] (6.19)
∆𝜃 𝜕𝑓𝑞 𝜕𝑓𝑞 𝑓𝑞 (𝑉 𝑣 , 𝜃 𝑣 )
𝜕𝑉 𝜕𝜃
𝑉 𝑣+1 𝑉𝑣 ∆𝑉 𝑣
[ 𝑣+1 ] = [ 𝑣 ] + [ 𝑣 ] (6.20)
𝜃 𝜃 ∆𝜃
Os elementos da matriz Jacobiano são as derivadas parciais das equações (6.2) e (6.3) com relação
às variáveis independentes (𝑉 𝑒 𝜃). Considerando a geração e a carga como constantes, o problema
é então calcular as derivadas parciais de 𝑃𝑒 e 𝑄𝑒 , ou seja,
Como 𝑃𝑘𝑚 ≠ 𝑃𝑚𝑘 e 𝑄𝑘𝑚 ≠ 𝑄𝑚𝑘 para modelos de transformadores, as derivadas dependem da
orientação com respeito ao lado do tap do transformador. Então, considerando que k é a barra no
lado do tap e m no lado da impedância, que podem ser facilmente obtidas a partir das expressões
(6.6) a (6.9) ,as derivadas são as seguintes.
Potência Ativa
Pkm
akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.21)
m
Pmk
akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.22)
k
Pkm
akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.23)
m
Pmk
akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.24)
m
P
Vk km 2akm 2
Vk2 g km akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.25)
Vk
P
Vk mk akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.26)
Vk
Pkm
Vm akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.27)
Vm
P
Vm mk 2Vk2 g km akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.28)
Vm
Potência Reativa
Qkm
akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.29)
k
Qmk
akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.30)
k
Qkm
akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.31)
m
Qmk
akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.32)
m
Qkm
Vk 2akm
2
Vk2 (bkm bkm
sh
) akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.33)
Vk
Qmk
Vk akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.34)
Vk
Q
Vm km akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.35)
Vm
Q
Vm mk 2Vk2 (bkm bkm sh
) akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.36)
Vm
As equações acima são suficientes para a montagem da matriz Jacobiano considerando que taps e
defasagens de transformadores são constantes. Entretanto, é possível verificar que os termos na
diagonal se somarão resultando em:
Pei P
Vi Vi im Pei Vi 2 Gii (6.37)
Vi m k Vi
Pei P
im Qei Vi 2 Bii (6.38)
i m k i
Qei Qim
Vi Vi Qei Vi 2 Bii (6.39)
Vi m k Vi
Qei Qim
Pei Vi 2 Gii (6.40)
i m k i
Onde Gii g
m k
im e Bii b
m k
im
Os elementos fora da diagonal são então retirados do conjunto (6.21) a (6.36), ou seja,
Pk P
km akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.41)
m m
P P
Vm k Vm km akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.42)
Vm Vm
Potência Reativa
Qk Q
km akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.43)
m m
Qk Qkm
Vm Vm akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.44)
Vm Vm
No caso das cargas serem função da tensão, (6.10) e (6.11), as derivadas parciais das cargas com
relação a magnitude de tensão da barra devem ser adicionadas ao elemento da diagonal da matriz
correspondente a barra da carga.
Exemplo 2: Para o sistema do Exemplo 1 (2 barras de geração e duas barras de carga) temos as
seguintes equações e respectivo Jacobiano.
0 = 𝑃1 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑙 1 − 𝑃1𝑠ℎ − ∑ 𝑃1𝑚
1 𝑚∈Ω1
0 = 𝑃2 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑙 2 − 𝑃2𝑠ℎ − ∑ 𝑃2𝑚
2 𝑚∈Ω2
0 = 𝑃3 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑙 3 − 𝑃3𝑠ℎ − ∑ 𝑃3𝑚
3 𝑚∈Ω3
0 = 𝑄2 = 𝑄𝑔 − 𝑄𝑙 2 − 𝑄2𝑠ℎ − ∑ 𝑄2𝑚
2
𝑚∈Ω2
0 = 𝑄3 = 𝑄𝑔 − 𝑄𝑙 3 − 𝑄3𝑠ℎ − ∑ 𝑄3𝑚
3
𝑚∈Ω3
As derivadas das equações de fluxo de potência com relação à relação de transformação são
facilmente obtidas a partir de (6.6) - (6.9), ou seja,
Pkm
akm 2akm
2
Vk2 g km akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.45)
akm
P
akm mk akmVkVm g km cos km bkm sin km (6.46)
akm
Q
a km 2akm 2
Vk2 (bkm bkm
sh
) akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.47)
a
Q
a mk akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.48)
a
Supondo, por exemplo, que no sistema do Exemplo 1 haja um transformador entre as barras 2 e 3,
então teríamos uma equação adicional para o ramo do transformador
0 = 𝑃𝑠𝑝𝑒𝑐 23 − 𝑝23
Outro exemplo é o controle de intercâmbio, no qual se pretende que a soma de fluxos em ramos
que interconectam uma área do sistema com outras seja igual ou próxima a um valor estabelecido.
Para implementá-lo, é necessário que as áreas cujos intercâmbios são controlados tenham margem
de regulação de potência disponível. Este tipo de controle é mais utilizado quando se tem áreas de
concessão contendo transmissão e geração sobre a qual se tem controle e os contratos de
intercâmbio, em geral de longo termo, com outras áreas são bem estabelecidos. Esta costumava ser
a estrutura tradicional dos sistemas elétricos de potência, e ainda é em muitos países e sistemas
interligados. Recentemente, a estrutura econômica e financeira dos sistemas elétricos tem mudado
muito e as concessões de transmissão e geração são espalhadas e não contiguas. Neste caso, o
controle de intercâmbios também pode ser feito, por exemplo, entre regiões, mas seria necessário
ter uma classificação nos dados indicando que região os equipamentos pertencem. Em função disto,
o conceito de área que antes estava atrelado a área de concessão de uma empresa, é usado
atualmente para definir regiões e empresas recebem a classificação de ‘proprietário’.
máximo de suas capacidades. Quando isto acontece, o gerador passa a fornecer uma quantidade
fixa de Mvar (máxima ou mínima). Isto se traduz na modelagem através da seguinte expressão.
Quando esta limitação ocorre durante a solução do problema de fluxo de potência, a potência reativa
do gerador deixa de ser uma variável dependente e passa a ser um valor especificado.
Consequentemente, a tensão que estava sendo controlada em um valor especificado passa a flutuar,
ou seja, se torna uma variável do problema. Então, neste momento, a barra com tensão controlada
passa do tipo PV para o tipo PQ e a respectiva equação de balanço de carga reativa para a barra é
adicionada ao problema. Assim, tem-se uma equação e uma variável a mais.
É importante observar que este efeito pode ocorrer transitoriamente no processo iterativo. Ou seja,
em uma iteração o gerador é forçado a ficar no limite de Mvar, mas na iteração seguinte as condições
que o forçaram a isto podem deixar de existir. Então, é importante que se verifique esta
possibilidade de retornar a barra ao controle, tipo PV.
O mesmo efeito pode ocorrer com os controles de tap e defasadores, que estão limitados a valores
máximo e mínimo.
Então, os termos correspondentes às derivadas de fluxos de potência ativa com relação aos módulos
das tensões são desprezados nesta abordagem.
De forma análoga, os fluxos de potência reativa são muito mais sensíveis a variações nos módulos
das tensões do que nos ângulos, ou seja,
Assim, despreza-se também às derivadas de fluxo de potência reativa com relação aos ângulos das
tensões. Com tais simplificações, a iteração, que no método de Newton é definida em (6.19), passa
a ter a seguinte forma.
𝜕𝑓𝑝 −1
0 𝑣 𝑣
[
∆𝑉 𝑣
] = − [ 𝜕𝜃 ] [𝑓𝑝 (𝑉 , 𝜃 )] (6.51)
∆𝜃 𝑣 𝜕𝑓𝑞 𝑓𝑞 (𝑉 𝑣 , 𝜃 𝑣 )
0
𝜕𝑉
Ou
𝜕𝑓𝑝 −1
[∆𝜃 𝑣 ] = [ ] [𝑓𝑝 (𝑉 𝑣 , 𝜃 𝑣 )] (6.52)
𝜕𝜃
−1
𝜕𝑓𝑞
[∆𝑉 𝑣 ] = [ ] [𝑓𝑞 (𝑉 𝑣 , 𝜃 𝑣 )] (6.53)
𝜕𝑉
Assim, desprezando-se as variações do fluxo de potência ativa com a tensão e do reativa com o
ângulo, do conjunto de derivadas (6.37) - (6.40) usadas no método de Newton, são usadas as
seguintes expressões.
Potência Ativa
Pei P
im Qei Vi 2 Bii (6.54)
i mk i
Pk P
km akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.55)
m m
Potência Reativa
Qei Qim
Vi Vi Qei Vi 2 Bii (6.56)
Vi m k Vi
Qk Qkm
Vm Vm akmVkVm bkm cos km g km sin km (6.57)
Vm Vm
Onde Gii g
m k
im e Bii b
m k
im
Há estratégias alternativas para a solução do fluxo de potência desacoplado. Por exemplo, se pode
iteragir somente utilizando (6.52) até que as mudanças no vetor de correção de ângulos sejam
menores que uma tolerância e em seguida iteragir somente com (6.53) até que as correções nos
módulos das tensões sejam menores que uma tolerância. Repete-se então este processo até que
todas as correções ou funções sejam menores que a tolerância.
Outra alternativa seria resolver (6.52) e (6.53) de forma alternada até que as variações sejam
menores que a tolerância estabelecida.
Com este método, a necessidade de armazenamento para a matriz é de um quarto do necessário para
o método de Newton e o esforço computacional na fatorização tem aproximadamente o mesmo
ganho.
Atualmente, este método não oferece atrativos tendo em vista que o problema de fluxo de potência
pelo método de Newton não representa uma carga computacional elevada, mesmo para sistemas de
grande porte. No caso de aplicativos que tenham que resolver milhares de soluções de fluxo de
potência, pode haver ainda alguma vantagem em adotá-lo.
Uma possível deficiência deste método é que para condições de estresse no sistema, caracterizadas
por grandes transferências de potência relativas às capacidades dos sistemas de transmissão, as
sensibilidades de potência ativa em relação a variações de tensão e de potência reativa em relação
Potência Ativa
Pei P
im Qei Bii (6.58)
i mk i
Pk P
km bkm (6.59)
m m
Potência Reativa
Qei Qim
Vi Vi Qei Bii (6.60)
Vi m k Vi
Qk Qkm
Vm Vm bkm (6.61)
Vm Vm
Onde Gii g
m k
im e Bii b
m k
im
Pei P
im Bii (6.62)
i mk i
Pk P
km bkm (6.63)
m m
Potência Reativa
Qei Qim
Vi Vi Bii (6.64)
Vi m k Vi
Qk Qkm
Vm Vm bkm (6.65)
Vm Vm
Assim como no método Desacoplado, estratégia para a solução com o método Desacoplado Rápido
pode ser alternada com uma iteração 𝑃𝜃 e uma 𝑄𝑉 ou repetir cada uma destas por n vezes antes de
passar a outra.
Resistências desprezadas.
𝑃 = 𝐵𝜃 (6.72)
Onde P é o vetor de injeções líquidas de potência ativa (geração menos carga), 𝜃 é o vetor de ângulos
de barra, e B é a matriz de coeficientes nodais tal que
𝐵𝑘𝑚 = 𝑏𝑘𝑚
𝐵𝑘𝑘 = −𝐵𝑘𝑘
Da mesma forma que na solução do fluxo de potência não linear, é necessário que se tenha uma
referência angular fixada, para que B não seja singular. As equações da barra cujo ângulo tenha
sido escolhido como referência são removidas, ou seja, a linha e coluna relacionadas com esta barra
são removidas da matriz B.
7 Elos CC
Elos de corrente contínua são tipicamente usados para transmissões a longas distâncias, transmissão
por cabos submarinos e interconexão de sistemas com frequências diferentes. Em geral a
transmissão é feita ponto a ponto, ou seja, um terminal recebe energia e o outro fornece energia.
Sistemas com múltiplos terminais foram tentados no passado sem muito sucesso.
Um elo ponto a ponto consiste de dois terminais conversores e uma linha de transmissão. Um
conversor converte a tensão alternada em contínua. O conversor que recebe energia é denominado
de retificador e o que fornece energia é chamado de inversor. A figura abaixo ilustra um conversor,
onde Id e Vd são respectivamente a corrente e tensão contínuas.
Er+jEi
1:T
Id
P+jQ
Vd
HT LT
Ir+jI
i
Uma ponte conversora de seis pulsos é mostrada na figura a seguir. Os tiristores são disparados em
sequência de tal forma que a tensão no polo positivo para o negativa seja sempre positiva.
chaveamento zero e zero para um ângulo de chaveamento de 180 graus. A figura a seguir ilustra a
forma de onda retificada para alguns valores do ângulo de disparo (alfa). Para ângulos de disparo
superiores a 90 graus, a tensão CC se torna negativa. Esta é a condição de operação de um inversor.
O chaveamento é tal que há sempre um par de tiristores conduzindo a corrente. Entretanto, transição
de um para de tiristores para outro não ocorre instantaneamente. Por um curto período de tempo
dois pares conduzem simultaneamente. Este período é representado pelo ângulo de comutação, 𝜇.
A figura abaixo ilustra o processo.
Para efeito de cálculo de fluxo de potência os conversores representam uma injeção, positiva ou
negativa, de potência. Esta injeção é basicamente uma função da tensão CA no terminal do
conversor e das especificações de controle do elo.
Equações do Retificador
A equação que relaciona a tensão contínua com a corrente e a tensão CA no retificador é a seguinte.
Vd r Vdor cos r Rc r Id 7.1
Onde
Vd r é a tensão CC no retificador;
Id é a corrente CC na linha de transmissão do elo;
r é o ângulo de disparo do retificador;
Vdor (3 2 / ) Ncr Tapr Er KdTapr Er
Ncr é o número de pontes conversoras em série;
Qr Pr tan r 7.3
Onde Qr é a potência reativa entrando no conversor;
r é o ângulo de fator de potência do conversor.
cos r V d r / Vdor cos r Rc r Id / Vdor 7.4
Equações do Inversor
Modos de Controle
Os elos podem ser especificados para controlar o fluxo de potência ou a corrente CC. Este controle
é efetuado por um dos conversores, ficando o outro conversor com o controle da tensão CC. Desta
forma, quatro controles possíveis são os seguintes.
I. Controle de Pd no retificador e Vd no inversor;
II. Controle de Id no retificador e Vd no inversor;
III. Controle de Pd no inversor e Vd no retificador;
IV. Controle de Id no inversor e Vd no retificador.
O ângulo de disparo (alfa) e de extinção (gama) também devem ser especificados para todos os
modos de controle. Com isto os taps dos conversores variam para que a tensão especificada seja
obtida. Caso um tap atinja o limite máximo de regulação, o ângulo de disparo (extinsão) passa a
variar.
Solução Alternada
A forma mais simples é intercalar a solução das equações do elo com a solução das equações CA
pelo método de Newton, por exemplo. Neste caso, antes de cada iteração do método de Newton,
calcula-se as injeções de potência nos dois terminais como função das tensões CA nos dois
terminais. Resolve-se então, a iteração do método de Newton considerando estas injeções
constantes. Repete-se o processo até a convergência de todas as equações.
Este método é de simples implementação, mas ter convergência lenta caso pelo menos uma das
tensões CA varie muito através das iterações.
Solução Simultânea
Uma alternativa que oferece melhor convergência é resolver simultaneamente as equações do elo
com as equações do sistema CA. Com isto, o número de equações e variáveis do problema é
aumentado com a inclusão das equações e variáveis do elo. As variáveis a serem incluídas
dependem do modo de controle, ou seja, quais grandezas são especificadas e quais variam.
8 Elos CC-VSC
A transmissão em corrente contínua convencional utiliza elementos semicondutores, tiristores, que
permitem a passagem de corrente por meio de um comando de disparo aplicado ao terminal ‘gate’,
Figura 8-1. A extinção da condução ocorre pela reversão da tensão sobre o tiristor e consequente
passagem da corrente por zero.
Catodo
Gate
Anodo
Semicondutores com capacidade tanto de iniciar a condução quanto interrompe-la são ditos
completamente controláveis. Estes podem ser do tipo GTO (Gate Turn-off Thyristor) ou IGBT
(Insulated Gate Bipolar Transistor), Figura 8-2.
GTO IGBT
Coletor
Catodo
Gate
Gate
Anodo Emissor
O GTO é uma versão mais avançada do tiristor convencional, com uma característica similar de
acionamento da condução, mas com a habilidade de interromper a condução em um tempo diferente
do da passagem da corrente por zero. Este tipo de funcionalidade tem possibilitado o
desenvolvimento de novos equipamentos para a indústria e para a transmissão em sistemas de
potência com grande capacidade em MW. Uma desvantagem do GTO é que requer muita energia,
pulsos negativos, para interromper a corrente.
O IGBT é o dispositivo mais usado atualmente na indústria e aplicações de alta potência devido a
sua capacidade de corrente e baixas perdas.
Nos conversores CC-AC que usam semicondutores totalmente controlados a entrada CC pode ser
uma fonte de tensão (tipicamente um capacitor) ou uma fonte de corrente (tipicamente uma fonte
de tensão em série com um indutor). Então, com referência ao princípio operacional básico, os
conversores podem ser classificados como Conversores de Fonte de Tensão (Voltage Source
Converters – VSC) ou conversores de fonte de corrente. Por razões econômicas e de desempenho,
a maioria dos conversores é baseada na tecnologia VSC.
Há várias topologias de VSC atualmente em uso. As mais usadas são a convencional trifásica de
dois níveis, e a de múltiplos níveis. A topologia do VSC de dois níveis está ilustrada na Figura 8-3.
a
Vcc b Vca
c
Conversor
+
Transformador
Reator de Fase
Vdc
Vs
Filtro
_
Devido às suas características, os conversores podem ser modelados como fontes de tensão sobre
as quais se pode controlar tanto o módulo quanto a fase. Então, o circuito equivalente representativo
do VSC para fins de cálculo de fluxo de potência pode ser o mostrado na Figura 8-5.
𝑆𝑐ҧ 𝑆𝑠ҧ
𝑉̅𝑐 𝑍ҧ𝑐 𝑉̅𝑓 𝑍ҧ𝑡 𝑉̅𝑠
𝑄𝑓 𝐵𝑓
A relação entre as tensões CA e CC para uma ponte de IGBTs de seis pulsos é dada por
√3
𝑉𝑐 = 2√2 𝑚𝑎 𝑉𝑑𝑐 𝑒 𝑗𝛿𝑐
Para modulação linear de pulso ou, para onda quadrada (supermodulação),
√6
𝑉𝑐 = 𝜋 𝑚𝑎 𝑉𝑑𝑐 𝑒 𝑗𝛿𝑐
Onde 𝑉𝑑𝑐 é a tensão entre polos, 𝑚𝑎 é o fator de modulação de amplitude da tensão, é igual a 1 para
operação com onda quadrada e menor que 1 para um nível de modulação via PWM ou com o uso
de uma topologia da ponte em múltiplos níveis. Através de 𝛿𝑐 se controla o ângulo de fase da tensão
CA.
Do circuito da Figura 8-5, são extraídas as seguintes relações.
𝑆𝑠 = 𝑃𝑠 + 𝑗𝑄𝑠
𝑄𝑓 = −𝑉𝑓2 𝐵𝑓 8.5
Os controles do módulo e do ângulo da tensão Vc podem ser efetuados de forma independente.
Consequentemente, pode-se controlar tanto a potência ativa quanto a reativa do conversor. Assim,
pode-se controlar a potência ativa num valor fixo de referência ou fazê-la variar para que a tensão
CC seja controlada em um valor especificado. Em outras palavras, podemos definir um controle
de potência constante ou controle de tensão CC constante para um conversor. Com relação à
potência reativa, pode-se mantê-la em um valor constante ou fazê-la variar para controlar o módulo
da tensão terminal Vs.
8.1.1 Controles
Na prática, se tem pelo menos um conversor controlando a tensão CC e os demais controlando
potência ativa, e em geral os conversores controlam o módulo da tensão terminal. Então, sob o
ponto de vista do cálculo de fluxo de potência, um conversor controlando a potência ativa e a tensão
terminal se comporta como uma barra de geração, ou seja, é uma barra do tipo PV.
Similarmente a um gerador, o conversor VSC pode atingir um limite de potência reativa, de corrente
ou de tensão. Nestes casos, pode haver a perda da capacidade de controle de tensão e
consequentemente passar para uma operação com potência reativa constante. Então, no cálculo de
fluxo de potência a barra terminal do conversor passa a ser do tipo PQ.
8.1.2 Perdas
A potência CC difere da CA do conversor devido às perdas nos transistores. O modelo sugerido
para o cálculo destas perdas é o seguinte.
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑎 + 𝑏. 𝐼𝑐 + 𝑐. 𝐼𝑐2 8.6
Onde Ic é a corrente no conversor, dada por
√𝑃𝑐2 + 𝑄𝑐2
𝐼𝑐 = 8.7
√3𝑉𝑐
𝑍𝑡 𝑍𝑐 +𝑍𝑐 𝑍𝑓 +𝑍𝑓 𝑍𝑡
𝑍3 = 𝑍𝑡
𝑆𝑐ҧ 𝑍ҧ2
𝑉̅𝑐 𝑆𝑠ҧ 𝑉̅𝑠
𝑍ҧ3 𝑍1ҧ
Conv 1 Conv 2
.00033+j.0033 j.01 j.01 j.01 j.01 .00033+j.0033
1 4
2 3
j.1 j.1 .5.+j.1
.Vdc1=1.
3 4
j.1 .5.+j.1
Conv 1
.00033+j.0033 j.01 j.01
1
2
j.1
.Vdc1=1.
3 4
j.1 .5.+j.1
Conv 2
iii. Verifica-se se o conversor está operando fora dos limites, e em caso positivo, ajustam-se as
potências ativa e reativa seguindo um critério pré-estabelecido.
iv. Resolve-se a rede CC considerando pelo menos uma das barras CC como slack. Para este
tipo de barra a tensão CC, em vez da potência, é especificada.
v. Sabendo-se o valor das tensões em todas as barras CC e das correntes nos circuitos,
determina-se a potência das barras CC do tipo slack.
vi. Determina-se as variáveis CA do conversor relativo à barra slack CC.
Tensão e Corrente na Conversora
𝑉𝑐 = 𝑉𝑓 + 𝑍𝑐 𝐼𝑐 8.20
onde
𝑉𝑠 𝑆𝑠∗ 𝑍𝑓 + 𝑍𝑡
𝐼𝑐 = + ( ∗ ) 8.21
𝑍𝑓 𝑉𝑠 𝑍𝑓
𝑆𝑠∗
𝑉𝑓 = 𝑉𝑠 + 𝑍𝑡 ( ∗ ) 8.22
𝑉𝑠
Verificação dos Limites
A potência terminal do conversor deve ser interior ao círculo definido por
𝑟 2 = √(𝑃𝑠 − 𝑃𝑜 )2 + (𝑄𝑠 − 𝑄𝑜 )2 8.23
onde
1
𝑃𝑜 + 𝐽𝑄𝑜 = −𝑉𝑠2 ( ∗ ) 8.24
𝑍𝑓 + 𝑍𝑡∗
𝑍𝑓∗
𝑟 = 𝑉𝑠 𝐼𝑐𝑚𝑎𝑥 | ∗ | 8.25
𝑍𝑓 + 𝑍𝑡∗
Os limites de tensão também devem ser interiores aos círculos com raio e centro definidos como
segue
𝑃𝑜 + 𝐽𝑄𝑜 = −𝑉𝑠2 (𝑌̅1∗ + 𝑌̅2∗ ) 8.26
𝑟 = 𝑉𝑠 𝑉𝑐𝑚 𝑌2 8.27
Substituindo 𝑉𝑐𝑚 com 𝑉𝑐𝑚𝑖𝑛 ou 𝑉𝑐𝑚𝑎𝑥 em (8.27) fornece as expressões analíticas para os limites de
reativo para tensão inferior e superior, respectivamente. Somente a solução de sinal positivo é de
interesse, pois a outra solução se refere ao ponto de cruzamento com a parte inferior do círculo de
limite de tensão.
Os limites de reativo são verificados para todos os conversores (Ps ou Vdc especificados).
Adicionalmente, o conversor com Vdc especificado deve ter o limite de potência ativa também
verificado.
𝑑𝑓1
= 𝑄𝑐𝑓 + 𝐵𝑐 𝑉𝑐2 8.39
𝑑𝛿𝑓
𝑑𝑓1
𝑉𝑐 = 𝑃𝑐𝑓 + 𝐺𝑐 𝑉𝑐2 8.40
𝑑𝑉𝑐
𝑑𝑓1
𝑉𝑓 = 𝑃𝑐𝑓 − 𝐺𝑐 𝑉𝑐2 8.41
𝑑𝑉𝑓
𝑑𝑓2
= −𝑃𝑠𝑓 − 𝐺𝑡 𝑉𝑠2 8.42
𝑑𝛿𝑓
𝑑𝑓2
𝑉𝑓 = 𝑄𝑠𝑓 − 𝐵𝑡 𝑉𝑠2 8.43
𝑑𝑉𝑓
𝑑𝑓3
= 𝑄𝑐𝑓 − 𝐵𝑐 𝑉𝑓2 8.44
𝑑𝛿𝑐
𝑑𝑓3
= 𝑄𝑓𝑐 − 𝑄𝑓𝑠 − (−𝐵𝑐 + 𝐵𝑡 )𝑉𝑓2 8.45
𝑑𝛿𝑓
𝑑𝑓3
𝑉𝑐 = 𝑃𝑐𝑓 + 𝐺𝑐 𝑉𝑓2 8.46
𝑑𝑉𝑐
𝑑𝑓3
𝑉𝑓 = 𝑃𝑐𝑓 − 𝑃𝑠𝑓 + (𝐺𝑐 − 𝐺𝑡 )𝑉𝑓2 8.47
𝑑𝑉𝑓
𝑑𝑓4
= −𝑃𝑐𝑓 − 𝐺𝑐 𝑉𝑓2 8.48
𝑑𝛿𝑐
𝑑𝑓4
= 𝑃𝑐𝑓 − 𝑃𝑠𝑓 + (𝐺𝑐 − 𝐺𝑡 )𝑉𝑓2 8.49
𝑑𝛿𝑓
𝑑𝑓4
𝑉𝑐 = −𝑄𝑐𝑓 − 𝐵𝑐 𝑉𝑓2 8.50
𝑑𝑉𝑐
𝑑𝑓4
𝑉𝑓 = −𝑄𝑐𝑓 + 𝑄𝑠𝑓 + 𝑉𝑓2 (𝐵𝑐 − 𝐵𝑡 + 2𝐵𝑓 ) 8.51
𝑑𝑉𝑓
Solução da Rede CC
A solução de uma rede CC monopolar aterrada em todos os polos, basicamente consiste em resolver
pelo método Newton-Raphson o conjunto de equações (8.19). Entretanto, para redes bipolares com
retorno metálico, pode ser necessário representar matematicamente os circuitos dos polos positivos
e negativos e de retorno.
Aplicando igualmente a lei de Kirchhoff, tem-se a equação fundamental para cada nó, Eq. (8.15)
que por conveniência é repetida a seguir.
𝑛
8.4.1 Fluxogramas
Os conversores VSC são resolvidos no início de cada iteração do cálculo de fluxo de potência pelo
método de Newton. As potências injetadas pelos conversores na rede CA são atualizadas no início
de cada iteração. O fluxograma da Figura 8-9 ilustra o processo de cálculo destas injeções.
Resolve conversores
com potência
especificada
Resolve a rede CC
Resolve conversores
com tensão
especificada
Tanto a solução dos conversores que têm a potências CC especificada, quando a dos que têm a
tensão CC especificada é ilustrada no fluxograma da na Figura 8-10.
Verificação de
Limites
Sim
Limite
aplicado
?
Não
Figura 8-10 – Cálculo das tensões CA dos conversores.
9 Análise de Sensibilidade
Análises de sensibilidade são úteis quando se quer corrigir tensões e fluxos em um caso de fluxo de
potência e há vários controles disponíveis. Então, procura-se identificar, via análise de
sensibilidade quais controles são mais efetivos para tais correções.
A análise de sensibilidade é obtida a partir da matriz Jacobiano, como segue. O problema de fluxo
de potência convencional, que é o problema de balanço de potência ativa e reativa em todos dos
nós, é definido pelas seguintes equações.
0 Pg Pl Pe
9.1
0 Qg Qcap Qrea Ql Qe
Que podem ser generalizadas como,
f ( x, u ) 0 9.2
Onde 𝑥 é o conjunto de variáveis dependentes (ex., módulos e ângulos das tensões), e 𝑢 é o conjunto
de variáveis de controle (ex., geração de MW).
A relação entre estes dois conjuntos de variáveis podem ser definidas como
1
f f f f
0 x u x u 9.3
x u x u
f
Onde é a matriz Jacobiano do fluxo de potência pelo método de Newton.
x
Assim, para definir a sensibilidade de uma variável que seja função de variáveis dependentes g (x)
(ex., fluxo de MW da barra 𝑘 para a barra 𝑚, ou seja, 𝑃𝑘𝑚 ) com relação a um conjunto de variáveis
de controle, 𝑢, escreve-se:
T T 1
g g f f
Pkm g ( x) Pkm x Pkm u 9.4
x x x u
Com isto, é possível dizer que o vetor de índices de sensibilidade é definido como
u1
u
Pkm s1 s2 ... sn 2 9.5
:
u n
T 1
g f f
Onde s
x x u
É importante notar que para qualquer injeção ∆𝑃 no sistema há uma variação correspondente de
−∆𝑃 na barra de balanço de cargas (swing). Então, a análise de sensibilidade envolvendo injeções
de potência é dependente da localização da barra.
O único problema com o método da continuação é que assume-se que o sistema é contínuo. Isto
não é verdadeiro no caso das equações de fluxo de potência devido, por exemplo, às limitações de
MW/Mvar, e controles discretos (tap e shunts). Os limites não são os maiores problemas porque as
equações podem ser consideradas contínuas por partes durante o processo de solução. Já os
controles discretos têm que ser considerados contínuos em parte da solução e discretos em outros,
podendo causar alguma dificuldade na aplicação do método.
Uma das formas de implementação do método da continuação é com o método do vetor tangente,
que consiste em dois passos principais, ligados via o parâmetro de continuação. O primeiro passo
é chamado de Previsor, e o segundo de Corretor. No passo previsor, as variáveis dependentes são
estimadas no próximo ponto de operação. No passo corretor, basicamente se processa um fluxo de
potência similar ao convencional a partir da aproximação obtida no passo previsor, mas mantendo
uma variável constante. Está variável é chamada de Parâmetro de Continuação. O ciclo previsor-
corretor é repetido até que a solução (patamar de carga, máximo carregamento, etc.) seja obtida.
Onde lambda, 𝜆, é o fator de incremento de carga/geração aplicados às barras do sistema, Pg0, Pl0,
Qg0 e Ql0 são os valores iniciais de geração e carga, e KPg, KPl, KQg, KQl são os fatores de
variação de geração e carga, definidos para cada barra do sistema.
O parâmetro de continuação pode ser o fator de incremento, lambda, ou a tensão em uma das barras.
A decisão de qual usar é baseada em qual tem a maior derivada, computada no passo Previsor. A
Figura abaixo mostra como o processo funciona.
Vetor tangent #2
Figura 10-1 – Exemplo de dois ciclos previsor-corretor com parâmetros de continuação diferentes.
A primeira tarefa no passo previsor é calcular o vetor tangente. Este cálculo é obtido via matriz
Jacobiano aumentada, que tem uma coluna extra, associada com a variável adicional lambda. Para
balancear o número de equações e variáveis, uma equação adicional deve ser incluída ao problema.
Isto pode ser feito escolhendo-se uma magnitude diferente de zero (digamos, um) para um dos
componentes do vetor tangente. Em outras palavras, se t é usada para denotar o vetor tangente:
x
t t k 1 10.7
Isto resulta em:
f x, x 0
10.8
e k 1
Onde 𝑒𝑘 é um vetor vetor com todos elementos iguais a zero exceto na posição k-ésima, que é igual
a um. Se o índice k é escolhido corretamente, escolhendo-se t k 1 uma norma diferente de zero
é imposta ao vetor tangente e garante que o Jacobiano aumentado é não-singular no ponto de
máximo carregamento. Usa-se +1 ou -1 dependendo de como a variável está mudando. Uma vez
que o vetor tangente tenha sido encontrado, o tamanho do passo na direção deste vetor deve ser
ajustado de tal forma que a previsão do ponto de operação esteja no raio de convergência do
corretor. Uma boa estimativa para este passo é o inverso da norma do vetor tangente, ou seja,
x 1 x
t 10.9
11 Equivalentes de Rede
Modelos de redes reduzidas de sistemas de potência são usadas tipicamente para avaliações de
segurança online, planejamento de redes de grandes dimensões e simulações em tempo real. Para
avaliações de segurança online, a representação de partes não observadas (sem medições) via
equivalentes reduzidos melhora o desempenho computacional, que é a um dos principais requisitos
para aplicativos online, e é necessária quando não se dispõe de informações sobre o estado da rede
não observada. No caso de simulação em tempo real, não se tem como representar, pelo menos a
custo razoável, sistemas de grande porte devido a limitações de hardware e consequentemente a
redução da rede se faz necessária. Para estudos de planejamento, as reduções de rede fazem sentido
se o modelo completo é muito grande e o foco da análise está restrita a uma parte relativamente
pequena do sistema. Em particular, para estudos que demandam uma grande quantidade de
simulações (por exemplo, análise repetida de muitas contingências), o uso de equivalentes pode
economizar uma muito tempo.
Barras de
Fronteira
Sistema Sistema
Interno Externo
Também se reconhece que às vezes é necessário ou conveniente reter partes do sistema externo.
Tais partes tipicamente exercem um efeito não desprezível no sistema interno. Exemplos típicos
são fontes que colaboram significativamente para o controle de tensão do sistema interno e ramos
cujo status influencia os fluxos no sistema interno. Normalmente denomina-se estas partes do
sistema externo que são retidas de zona de acomodação.
c) Deve preservar, com boa acurácia, as sensibilidades do sistema externo original para
variações no sistema interno.
Os Itens (b) e (c) estão relacionados e, em termos práticos, implicam, na análise de regime
permanente, os fluxos através da rede externa devam ser equivalentes àqueles do sistema original e
que as respostas de MW e Mvar do sistema externo para alterações no sistema interno também
devam ser próximas àquelas no sistema original.
Obviamente, a medida que a dimensão do sistema é reduzida, parte dos efeitos da rede externa é
removida e a resposta global não é exatamente a mesma do sistema original. Mas é possível se
encontrar modelos reduzidos cujas respostas sejam muito próximas do sistema original.
Não existe uma solução exata para o problema de redução de redes, mas soluções satisfatórias. Na
prática, o processo de redução de redes requer tentativas e ajustes repetidos até que se obtenha um
modelo satisfatório.
No passo (i) pode-se remover, por exemplo, ilhas elétricas que não fazem parte do sistema interno,
barras de baixa tensão em regiões distantes da área de interesse, etc.
A especificação das partes do sistema externo a serem retidas pode ser feita com base na experiência
do analista ou determinada por análise de sensibilidade.
Para a redução da rede externa, a literatura propõe duas abordagens. Uma é baseada no método
REI e a outra no método Ward. A literatura também oferece algumas variantes para cada um destes
métodos. Dependendo da variante e detalhes de implementação, ambas podem oferecer bons
resultados. Entretanto, o método Ward tem sido mais utilizado e implementado com sucesso em
programas comerciais.
Onde
𝑒𝑞 −1
𝑌𝑏𝑏 = 𝑌𝑏𝑏 − 𝑌𝑏𝑒 𝑌𝑒𝑒 𝑌𝑏𝑒 11.3
𝑒𝑞 −1
𝐼𝑏 = 𝐼𝑏 − 𝑌𝑏𝑏 𝑌𝑒𝑒 𝐼𝑒 11.4
O efeito do sistema externo no interno é representado por (2.2) via injeções de corrente nas barras
de fronteira e novas conexões entre estas barras, como mostrado na figura abaixo. Rigorosamente,
o ponto de operação do sistema reduzido é o mesmo que o do sistema original. Idealmente, o
sistema reduzido deveria responder a variações como o sistema original. Esta é a parte desafiadora
do problema. Note que embora a redução em (2.2) seja exata no ponto de operação, ela não garante
que respostas a variações sejam as mesmas do sistema original. Isto se deve em parte devido a
natureza não linear do problema de fluxo de potência e em parte devido a supressão de elementos
ativos no processo de redução.
Barras de
Fronteira
𝐼𝑏𝑒𝑞𝑖
Sistema Externo
𝐼𝑏𝑒𝑞𝑗
Reduzido a injeções
Sistema e ramos
Interno equivalentes
𝐼𝑏𝑒𝑞𝑘
Uma alternativa para computação das injeções de corrente (10.4) que pode ser derivada de (10.2),
quando as injeções nas barras externas Ie não são conhecidas, é a seguinte.
𝐼𝑏𝑒𝑞 = 𝑌𝑏𝑏
𝑒𝑞
𝑉𝑏 + 𝑌𝑏𝑖 𝑉𝑖 11.5
Nesta equação Vb e Vi pertencem ao sistema interno somente.
Um aspecto crítico deste método é a forma de se levar em conta as cargas e os elementos shunt.
Eles podem ser convertidos em admitância constante e adicionados à matriz de admitâncias (10.1).
Esta variante é denominada de Ward-Admitância. Alternativamente, estes elementos podem ser
convertidos em injeções de corrente e adicionados às injeções das barras, ou simplesmente
ignorados, ou seja, não incluídos na Equação (10.1). De fato, as duas últimas alternativas conduzem
à mesma matriz de admitâncias, e uma vez que as tensões nas barras de fronteira sejam conhecidas,
as injeções nestas barras podem ser calculadas por (10.5).
Outra consideração importante é que a computação em (10.3) tipicamente resulta em uma submatriz
𝑒𝑞
𝑌𝑏𝑏 densa, se não se tomar cuidado em evitar a adição de pequenas admitâncias nesta submatriz,
−1
como um resultado da computação de 𝑌𝑒𝑒 pelo método de Eliminação de Gauss. Então, durante o
processo de fatoração, preenchimentos com admitâncias que tenham valor inferior a um
determinado valor não devem ser efetuados, ou seja, são desprezados.
11.2 Ward PV
Uma das consequências da redução de (10.2) é que as fontes de controle de tensão no sistema
externo são perdidas. Assim, embora o ponto de operação do sistema interno seja exatamente o
mesmo que no sistema original, a resposta global do sistema para variações de tensão no sistema
interno pode ser bastante diferente, o que afeta negativamente a acurácia de uma análise de
contingências, por exemplo.
Uma forma de eliminar esta deficiência é reter todas as barras PV no sistema externo ou pelo menos
aquelas que têm influência no controle de tensão da área interna. Uma forma de se terminar tal
influência é via análise de sensibilidade.
Duas análises de sensibilidade podem ser muito úteis. Uma relaciona os ramos na rede externa cuja
mudança de status causa variações de fluxo na rede interna superiores a um determinado nível
preestabelecido. A outra identifica quais fontes de controle de tensão na rede externa influenciam
o controle de tensão na área interna.
Na solução do problema de fluxo de potência, os limites acima podem ser classificados em dois
tipos, os rígidos e os flexíveis. Os limites de geração são ditos limites rígidos porque em regime
não se tem como operar fora deles. Já para os limites térmicos de circuitos e os limites de tensão
pode-se admitir alguma violação sem grandes consequências para a operação. Adicionalmente, os
limites flexíveis admitem pequenas violações por poderem ser corrigidos via ação dos operadores
em tempos suficientemente curtos de forma a não causarem consequência indesejadas.
A Figura 12-1 detalha os outros estados operativos (seguro com correção, alerta, emergência, etc.).
Assumindo que o sistema esteja operando em estado seguro, a transição para um estado mais
deteriorado (ex., seguro para seguro com correção) ocorre em função de um distúrbio
(contingência), que pode ser uma perda de um ou mais circuitos ou geradores. A transição de volta
para um estado seguro se dá através de ações dos operadores do sistema. Estas ações podem ser
preventivas ou corretivas.
Evidentemente que nenhum sistema pode ser dito seguro para qualquer contingência. Então, diz-
se que um sistema é seguro para um conjunto de contingências com grau de severidade estabelecido.
Este grau é estabelecido no critério de projeto do sistema elétrico. Sistemas que são projetados para
suportar contingência com alto grau de severidade evidentemente que deverão operar com maior
PUC-RJ - DEE - 104 - Análise de Sistemas Elétricos I
Avaliação de Segurança Estática
No caso de problemas mais complexos, como por exemplo, os envolvendo os limites operacionais,
a ação deve ser baseada em análises da rede. Estas análises podem ser feitas previamente (off-line)
ou online. Quando feitas previamente são denominadas de análises do planejamento da operação.
O sistema é avaliado em situações extremas e as limitações operacionais são estabelecidas em
instruções, tabelas e gráficos (ábacos ou nomogramas) e disponibilizadas no sistema de supervisão
e controle para os operadores. As situações extremas partem de casos representando condições
operativas extremas, ou seja, cargas máxima e mínima, despachos variados de geração e diversas
configurações topológicas da rede.
Quando realizadas em ambiente de operação, ou seja, online, as análises partem de casos obtidos
via estimação de estado. Ou seja, medidas de tensão e fluxo de potência ou corrente são coletadas
da rede e enviadas para o sistema de supervisão e controle via unidades de terminais remotas. Estas
medidas contêm erros e para se conhecer o estado operativo mais provável da rede é necessários
processá-los via o estimador de estado. Tipicamente, o estimador é um método de regressão que
ajusta as medidas ao modelo da rede. A Figura 12-2, ilustra o processo típico de análise de sistemas
de potência em ambiente de operação. Quando aplicativos de análise de redes são incorporados a
um sistema de supervisão e controle (SCADA), o sistema é mais frequentemente denominado de
Sistema de Gerência de Energia (EMS – Energy Management System).
Em geral, o modelo de rede no sistema consiste em uma parte da qual se tem medidas (observada)
e uma parte externa da qual não se tem medidas, mas deve ser representada por influenciar de
A análise de contingências detecta possíveis limitações na rede. Esta análise é feita com um
programa de fluxo de potência. Partindo da condição inicial que representa o estado operativo atual,
aplica-se a perturbação, normalmente desligando um (N-1) ou dois (N-2) circuitos, e calcula-se
novamente o fluxo de potência para verificar a ocorrência de violações nesta condição. Havendo
violações, o analista pode determinar as medidas de correção com base na sua experiência e/ou
recorrer a análises de sensibilidade ou método de fluxo de potência ótimo – FPO para sugerir
automaticamente as medidas necessárias. Embora os FPO sejam ferramentas muito poderosas, o
seu uso não é simples em função da dificuldade de se manter as ações preventivas/corretivas
restritas a um conjunto pequeno de ‘ações práticas’.
simples, mas para situações mais complexas devem recorrer as instruções operativas estabelecidas
no planejamento da operação ou a ferramentas mais avançadas.
A função objetivo pode ter diversas formas, mas uma forma comumente usada para medidas
preventivas ou corretivas é o mínimo desvio do ponto de operação. Ou seja, se deseja mover o
ponto de operação para um ponto seguro com o menor esforço possível, ou seja, movendo ponto de
operação o mínimo possível. Isto também tem implicações práticas no sentido que muito
provavelmente o ponto de operação atual já está otimizado por um critério econômico e, portanto,
não se deseja afastar muito deste ponto.
As equações de limites (rígidos ou flexíveis), ℎ(𝑥, 𝑢), garantem que a solução proposta não viola
os limites dos equipamentos. Mas o que diferencia substancialmente um problema de fluxo de
potência ótimo de um fluxo de potência com restrições de segurança é que no último estas restrições
devem ser satisfeitas para o ponto base e para todas os estados pós-contingência. Ou seja, o
conjunto destas restrições é n vezes o conjunto de equações do ponto de operação pré-contingência,
onde n é o número de contingências. Este é um problema complexo do ponto de vista
computacional. Com isto o problema pode ser reformulado como segue.
min 𝑓(𝑢)
𝑠. 𝑎 𝑔(𝑥, 𝑢) = 0 12.2
ℎ𝑘 (𝑥, 𝑢) ≤ 0 𝑘 = 1,2, … , 𝑛
A Figura 12-3 ilustra o problema do fluxo de potência ótimo com restrições de segurança. O ponto
de operação ótimo com segurança pertence a interseção das regiões definidas pelas restrições
impostas por todas as contingências. O resultado do processamento do SCOPF são as ações de
controle necessárias para mover o ponto de operação para a região segura.
Vários métodos têm sido propostos para a solução de fluxos de potência ótimo. Estes métodos
podem tanto ser de programação linear (Simplex ou Pontos Interiores Linear) quanto não linear
(Quadrático, Pontos Interiores, etc.). Entretanto, para o problema de SCOPF, somente o método de
programação linear sequencial se provou efetivo, principalmente por tratar de forma eficiente a
dimensão elevada do problema. O algoritmo básico deste método é o seguinte.
i. Calcula-se as contingência no ponto de operação. Não havendo violação de restrições e
sendo o ponto de operação ótimo, termina-se o processo, tendo o ponto de operação como
seguro.
ii. As restrições violadas nas contingências são resolvidas, na forma linearizada, em conjunto
com a função objetivo, também linearizada, pelo método de programação linear.
iii. As alterações nas variáveis de controle (ex., despacho de geração) são efetivadas e um fluxo
de potência com estas alterações é calculado. Então, retorna-se ao passo (i).
Figura 12-3 – Ilustração gráfica do problema de fluxo de potência ótimo com restrições de
segurança.
Quando feito em ambiente de planejamento, utiliza-se condições operativas extremas (ex., carga
leve e carga pesada) e às vezes condições intermediárias (ex., carga média), de forma a cobrir várias
possibilidades operativas. Adicionalmente, o estudo deve ser repetido para diferentes despachos de
geração e condições topológicas.
Quando feito online, a geração, carga e condições topológicas são conhecidas, o que elimina grande
parte das incertezas. Então pode-se calcular uma região de segurança considerando a variação de
algumas destas condições. Tipicamente, varia-se a geração, pois mudanças no despacho de geração
são ações muito efetivas para resolver problemas de segurança, principalmente com relação às
correções de limites térmicos em circuitos e carregamento máximo.
Uma região de segurança simples é a que define a capacidade de transferência nos dois sentidos
entre dois subsistemas, Figura 12-4. A exportação de um subsistema para outro implica em aumento
de geração em um e diminuição em outro. A equação que define o espaço de busca dos limites é a
seguinte.
Assumindo-se que a condição inicial seja segura, ou seja, esteja entre os limites de geração máximo
dos dois subsistemas, a busca pelos limites consiste em tomar uma direção, por exemplo, aumentar
G2 e diminuir G1 na mesma proporção e processar as contingências neste novo ponto de operação.
Não havendo violação, repete-se o processo (aumento de G2 e diminuição de G1) até que pelo
menos uma contingência viole um dos critérios de segurança e, por conseguinte, caracterize o ponto
de operação como inseguro. O limite esta entre os dois pontos calculados (o seguro e o inseguro).
Caso se deseje encontrar o limite com grande precisão, pode-se proceder a uma busca binária entre
estes dois pontos. Em seguida, calcula-se o limite na direção oposta, com usando o mesmo
procedimento.
A região neste caso pertence ao plano definido por (1.4). Os limites (ou contorno) da região de
segurança é traçado conectando-se os limites encontrados nas direções de busca. Um limite pode
ser de geração, ou seja, não há como aumentar mais a geração em uma determinada área, ou de
segurança, o ponto a partir do qual uma ou mais contingências deixam de convergir.
Adicionalmente outros contornos correspondentes a outros critérios de segurança, como limites de
tensão ou carregamento de circuitos, também são calculados e os respectivos contornos mostrados
de forma sobreposta. A Figura 12-7 ilustra uma região de segurança. Note que os três diagramas
correspondem a uma mesma região. Como a região está contida em um plano, o que se mostra é a
projeção nos planos ortogonais (G1xG2, G1xG2, G2xG3). A região vermelha é a região insegura,
a verde é a segura, e a amarela é a que ocorre violação de limite térmico. Adicionalmente, observa-
se um contorno laranja que corresponde a um limite a partir do qual ocorre violação de tensão.
A rigor, para o cálculo de uma região de segurança estática, pode-se usar somente o método de
fluxo de potência. A movimentação no espaço de busca é realizada por redespacho de geração e
cálculo do fluxo de potência para tais condições, e o processamento de contingência também é feito
por cálculo de fluxo de potência.
Como visto em aula anterior, o método de fluxo de potência continuado pode ser útil para deslocar
o ponto de operação. Por isso, pode trazer benefícios para o cálculo de regiões de segurança.
Um dos aspectos de interesse nas regiões de segurança é que ela mostra de forma visual as ações
preventivas e corretivas para violações de segurança e de limites térmicos. Tendo informações
sobre a contingência que causa violação de tensão e o local da violação, o operador pode utilizar
recursos de controle de tensão próximos (reatores, capacitores, taps, etc.) para tentar prevenir ou
corrigir o problema.
Regiões de segurança podem ser calculadas para diversas partes da rede e utilizando variáveis de
controle (grupos de geração) diferentes.
13 Bibiografia
• Monticelli, Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica, Editora Edgard Blücher Ltda.,
1983;
• I.S. Duff, A.M. Erisman, J.K. Reid, Direct Methods for Sparse Matrices, Oxford University
Press, 1989.
• S.A. Soman, S.A. Khaparde, S. Pandit, Computational Methods for Large Sparse Power
Systems Analysis: An Object Oriented Approach, Kluwer Academic Publishers, 2002.
• P.M. Anderson, Analysis of Faulted Power Systems, IEEE Press, 1995.
• M. Morozowski Filho, Matrizes Esparsas em Redes de Potência, Livros Técnicos e
Científicos, 1981.