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Companhia Siderúrgica de Tubarão

PCO
PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO
OPERACIONAL CST

TÉCNICAS DE INSPEÇÃO E
PROCEDIMENTOS DE TESTES

Janeiro de 2005
Companhia Siderúrgica de Tubarão

SUMÁRIO
SUMÁRIO ...................................................................................................................II
1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................ XI
2 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
3 MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS ................................................... 13
3.1 Fontes de Alimentação ...................................................................................... 13
3.2 Proteção de Motores de Corrente Alternada. .................................................... 15
3.2.1 Proteção Contra Surtos de Tensão .......................................................... 15
3.2.2 Proteção Contra Sobrecargas. .................................................................17
3.2.3 Proteção Contra Curtos-Circuitos ........................................................... 22
3.3 Proteção Contra Falta e Desequilíbrio de Fases ...............................................24
3.4 Interação Motor e Máquina Acionada .............................................................. 25
3.5 Inspeção de Motores Elétricos ..........................................................................27
3.5.1 Instalação do Motor Elétrico. ..................................................................27
3.5.1.1 Aterramento ................................................................................27
3.5.1.2 Dispositivos de Bloqueio e Calços .............................................28
3.5.1.3 Medição da Resistência de Isolamento ......................................28
3.5.1.4 Conexão de Força do Motor ....................................................... 29
3.5.1.5 Conexões dos Condutores dos Circuitos de Proteção e Controle29
3.5.1.6 Fixação do Motor à Base ............................................................ 29
3.5.1.7 Proteções do Motor ....................................................................29
3.5.2 Operação com o Motor Desacoplado ...................................................... 29
3.5.3 Acoplamento Motor – Máquina Acionada ..............................................31
3.5.4 Operação com o Motor Acoplado ........................................................... 32
3.5.4.1 Indicadores e Proteção de Vibração ...........................................33
3.5.4.2 Indicadores e Proteção Térmica dos Mancais ............................ 33
3.5.4.3 Indicadores e Proteção Térmica dos Enrolamentos ................... 35
3.5.4.4 Dispositivos Auxiliares .............................................................. 35
3.5.5 Inspeção Sistemática ...............................................................................36
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3.5.5.1 Sistema de Alimentação ............................................................. 36


3.5.5.2 Motor .......................................................................................... 36
3.6 Inspeção em Máquinas com Escovas de Carvão ..............................................36
3.6.1 Porta Escovas e Escovas..........................................................................41
3.6.2 Comutadores e Anéis Coletores .............................................................. 47
3.6.3 Interpolos e Linha Neutra ........................................................................49
3.7 Principais Causas de Falhas de Máquinas Rotativas DE Corrente Alternada ..50
3.7.1 Introdução ................................................................................................ 50
3.7.2 Rolamentos (Mancais) .............................................................................51
3.7.3 Contaminação por Agentes Agressivos................................................... 51
3.7.4 Degradação Térmica................................................................................52
3.7.4.1 Falta de Fase (Operação em Duas Fases) ...................................53
3.7.4.2 Sobrecarga Mecânica .................................................................54
3.7.4.3 Rotor Travado ............................................................................55
3.7.4.4 Temperatura Ambiente Acima de 40 OC ....................................56
3.7.4.5 Partidas Sucessivas .....................................................................57
3.7.4.6 Roçamento Rotor-Estator ........................................................... 57
3.7.4.7 Tensões Anormais ......................................................................57
3.7.5 Abrasão Mecânica ................................................................................... 58
4 TRANSFORMADORES DE FORÇA .......................................................... 60
4.1 Análise Físico-química do Óleo Isolante .......................................................... 61
4.2 Cromatografia dos Gases Dissolvidos no Óleo Isolante ...................................66
4.3 Relação de Transformação ................................................................................69
4.4 Fator de Potência do Isolamento .......................................................................71
4.5 Resistência Ôhmica dos Enrolamentos ............................................................. 72
4.6 Acessórios Para Indicação e Proteção............................................................... 73
4.6.1 Relé Buchholz (Trafoscópio) ..................................................................73
4.6.1.1 Características Gerais .................................................................73
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4.6.1.2 Teste de Funcionabilidade do Relé Buchholz ............................ 75


4.6.1.3 Teste de Inflamabilidade ............................................................ 76
4.6.1.4 Teste de Acetileno ......................................................................76
4.6.1.5 Verificações na Operação do Relé Buchholz ............................. 76
4.6.2 Relé de Fluxo de Óleo e Gás ...................................................................77
4.6.3 Relé de Pressão Súbita ............................................................................77
4.6.3.1 Relé de Pressão de Gás............................................................... 78
4.6.3.2 Relé de Pressão de Óleo ............................................................. 79
4.6.4 Dispositivo de Alívio de Pressão ............................................................ 80
4.6.4.1 Tubo com Diafragma .................................................................80
4.6.4.2 Tubo com Mola Espiral .............................................................. 81
4.6.4.3 Alavanca Articulada ...................................................................81
4.6.5 Termômetros Tipo Mostrador .................................................................82
4.6.5.1 Termômetro para Líquido Isolante .............................................82
4.6.5.2 Termômetro para Enrolamento (Imagem Térmica) ................... 83
4.7 Plano de Inspeção de Transformadores de Força .............................................84
4.8 Coleta do Óleo para Análise .............................................................................85
4.8.1 Coleta para Ensaio Físico-Químico ......................................................... 85
4.8.2 Coleta para Cromatografia de Gases Dissolvidos ...................................86
5 CABOS ISOLADOS....................................................................................... 87
5.1 Introdução .........................................................................................................87
5.2 Tipos de Isolação de Cabos de Potência ........................................................... 88
5.3 O Fenômeno da Arborescência (TREEING) .................................................... 88
5.4 Temperatura ......................................................................................................89
5.5 Descargas Parciais ............................................................................................ 89
5.6 Erros de Instalação ............................................................................................ 90
5.7 Erros na Especificação da Tensão de Isolamento do Cabo .............................. 90
5.8 Terminais e Emendas ........................................................................................ 91
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5.9 Testes de Cabos Elétricos no Campo ................................................................ 91


5.10 Inspeção de Cabos Isolados ............................................................................91
5.11 Ensaio de Tensão Elétrica (NBR 6881) ......................................................... 91
5.12 Ensaio de Tensão Elétrica Alternativo ............................................................ 94
6 CAPACITORES DE POTÊNCIA ................................................................ 96
6.1 A inspeção de um capacitor ..............................................................................97
6.1.1 Limpeza ...................................................................................................97
6.1.2 Oxidação da Carcaça e Estruturas de Suporte. ........................................97
6.1.3 Aterramento ............................................................................................. 97
6.1.4 Proteção Contra Curto-circuito ............................................................... 97
6.1.5 Deformação da Carcaça...........................................................................97
6.1.6 Isolamento ............................................................................................... 97
6.1.7 Teste da Integridade do Módulo Capacitor .............................................97
7 PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS E
ATERRAMENTO .....................................................................................................99
7.1 Inspeção do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) ....99
7.1.1 Captores ...................................................................................................99
7.1.2 Cabos de Descida ..................................................................................100
7.1.3 Eletrodutos de Proteção .........................................................................101
7.1.4 Conexões Elétricas ................................................................................101
8 SISTEMAS DE ATERRAMENTO E MALHA DE TERRA ..................103
8.1 Inspeção do Sistema de Aterramento ..............................................................105
8.1.1 Estruturas Metálicas ..............................................................................105
8.1.2 Carcaça dos Equipamentos Elétricos ....................................................105
8.1.3 Cubículos e Painéis Elétricos ................................................................105
8.1.4 Transformadores e Geradores ...............................................................105
8.1.5 Resistência e Reatância de Aterramento ...............................................106
8.1.6 Malha de Aterramento ...........................................................................106
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9 BATERIAS....................................................................................................108
9.1 Inspeção de Bancos de Baterias e Carregador ................................................110
9.1.1 Limpeza .................................................................................................110
9.1.2 Elementos ..............................................................................................110
9.1.3 Conexões ...............................................................................................111
9.1.4 Oxidação ................................................................................................111
9.1.5 Pintura ...................................................................................................111
9.1.6 Nível do Eletrólito .................................................................................111
9.1.7 Medição de Tensão ................................................................................112
9.1.8 Densidade ..............................................................................................112
9.1.9 Análise do Eletrólito ..............................................................................112
9.1.10 Descarga da Bateria .............................................................................112
9.1.11 Painel do Carregador ...........................................................................113
9.1.12 Retificadores ........................................................................................114
9.1.13 Indicadores de Tensão e Corrente .......................................................114
10 EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM
ATMOSFERAS EXPLOSIVAS. ............................................................................115
10.1 Introdução .....................................................................................................115
10.2 Tipos de Inspeção .........................................................................................115
10.3 Tipo de Proteção ...........................................................................................116
10.4 Formulário de Inspeção.................................................................................116
11 REOSTATOS E RESISTORES ..................................................................121
11.1 Inspeção de Banco de Resistores Fixos ........................................................121
11.1.1 Inspeção Visual ...................................................................................121
11.1.2 Resistência de Isolamento ...................................................................121
11.1.3 Alteração nas Característica de Aceleração do Motor ........................122
11.2 Inspeção de Reostatos Líquidos ....................................................................122
11.2.1 Tanque .................................................................................................123
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11.2.2 Eletrólito ..............................................................................................123


11.2.3 Eletrodos ..............................................................................................123
11.2.4 Alteração nas Características de Aceleração do Motor .......................123
11.2.5 Mecanismo de Curto-circuitamento e Levantamento das Escovas .....123
11.2.6 Contator de Curto-circuito do Reostato ..............................................124
12 GALERIAS, ROTAS DE CABOS, ELETRODUTOS E ACESSÓRIOS125
12.1 Inspeção em Galerias, Rotas de Cabos, Eletrodutos e Acessórios ...............125
12.1.1 Circuito de Iluminação ........................................................................125
12.1.2 Sistema de Drenagem de Água ...........................................................125
12.1.3 Limpeza da Galeria .............................................................................125
12.1.4 Bandejamento e Cabos Elétricos .........................................................126
12.1.5 Eletrodutos ...........................................................................................127
12.1.6 Proteção Passiva ..................................................................................127
13 SISTEMA DE ALARME E INCÊNDIO ...................................................129
13.1 Sensores ........................................................................................................129
13.2 Painel Local...................................................................................................129
13.3 Painel Central ................................................................................................130
13.4 Teste Simulado de Incêndio ..........................................................................130
14 SISTEMA DE ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE FORÇA ....................131
14.1 Segurança e Meio Ambiente .........................................................................131
14.2 A inspeção nos Circuitos de Iluminação .......................................................132
14.2.1 Painéis de Distribuição e Controle ......................................................132
14.2.2 Eletrodutos e Linhas Elétricas Inclusive Condutores ..........................132
14.2.3 Luminárias e Acessórios .....................................................................132
14.2.4 Torres de Iluminação – Escada de Acesso e Plataforma .....................133
14.3 Inspeção em Tomadas de Força ....................................................................133
14.3.1 Painéis de Distribuição ........................................................................134
14.3.2 Tomadas ..............................................................................................134
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15 FREIOS ELETRO-HIDRÁULICOS .........................................................135


16 FREIOS ELETROMAGNÉTICOS............................................................136
17 DETECTORES DE METAL E SEPARADORES MAGNÉTICOS. ......137
17.1 Técnicas de Inspeção ....................................................................................137
18 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E COMANDO DE CAMPO ............138
19 INVERSORES DE FREQÜÊNCIA ...........................................................139
19.1 Princípio Operacional ...................................................................................139
19.2 Potência do Inversor e do Motor Acionado ..................................................142
19.3 Reatância de Rede .........................................................................................144
19.4 Reatância de Carga .......................................................................................144
19.5 Instalação Elétrica .........................................................................................144
19.6 Grau de Proteção e Ventilação ......................................................................145
19.7 Interferência Eletromagnética .......................................................................145
19.8 Inspeção ........................................................................................................146
19.8.1 Roteiro Para Inspeção ..........................................................................146
20 DISJUNTORES ............................................................................................148
20.1 Geral ..............................................................................................................148
20.2 Inspeção de Disjuntores ................................................................................149
20.3 Principais Causas de Falhas ..........................................................................149
21 CONTATORES ............................................................................................153
22 CHAVES SECCIONADORAS DE MÉDIA TENSÃO ............................154
23 CUBÍCULOS E PAINÉIS ELÉTRICOS ...................................................155
23.1 Arco voltaico .................................................................................................159
23.2 Inspeção Detalhada .......................................................................................161
24 AVALIAÇÃO DO ISOLAMENTO ELÉTRICO UTILIZANDO
TENSÕES DE CORRENTE CONTÍNUA ............................................................162
24.1 Introdução .....................................................................................................162
24.2 Isolamento Elétrico .......................................................................................162
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24.3 Aplicando Tensão Contínua no Isolamento ..................................................162


24.3.1 Corrente de Carga Capacitiva .............................................................163
24.3.2 Corrente de Absorção Dielétrica .........................................................163
24.3.3 Corrente de Condução (Corrente de Fuga) .........................................163
24.4 Fatores que Afetam a Resistência de Isolamento .........................................164
24.4.1 Efeito das Condições da Superfície .....................................................164
24.4.2 Efeito da Umidade ...............................................................................164
24.4.3 Efeito da Temperatura .........................................................................164
24.4.4 Efeito do Valor do Potencial de Teste .................................................165
24.4.5 Efeito da Duração do Teste .................................................................165
24.4.6 Efeito da Carga Residual .....................................................................166
24.5 Tensão Nominal e Máxima Tensão de Teste ................................................166
24.6 Testes de Avaliação do Isolamento...............................................................167
24.6.1 Resistência de Isolamento a 1 Minuto.................................................167
24.6.2 Método Resistência - Tempo. Índice de Polarização (IP) ...................168
24.6.3 Teste de Multitensão ...........................................................................170
24.6.4 Teste com Tensões Acima do Valor Nominal do Equipamento .........171
24.7 Práticas Básicas para Operação do Megôhmetro ..........................................173
24.7.1 Calibração ............................................................................................173
24.7.2 Indicação do Zero ................................................................................173
24.7.3 Indicação de Final de Escala ...............................................................174
24.7.4 Terminais do Instrumento ...................................................................174
24.7.5 Pontas de Prova ...................................................................................174
24.8 Práticas para Teste de Isolamento com Tensão de Corrente Contínua .........174
24.9 Testes de Isolamento em Máquinas Elétricas Rotativas ...............................176
24.9.1 Geral ....................................................................................................176
24.9.2 Posições de Ligações para Teste .........................................................176
24.9.2.1 Estator e Rotor CA com Três Cabos de Saída .......................176
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24.9.2.2 Estator de Motor de CA com Seis ou Mais Terminais. .........177


24.9.2.3 Máquinas de Corrente Contínua .............................................181
24.9.2.4 Geradores de Corrente Alternada ...........................................183
24.9.3 Avaliação dos Valores Medidos ..........................................................184
24.10 Testes de Resistência de Isolamento em Transformadores ........................184
24.10.1 Geral ..................................................................................................184
24.10.2 Posições de Teste – Transformadores de 2 Enrolamentos ................184
24.10.3 Avaliação dos Valores Medidos ........................................................187
24.11 Teste de Resistência de Isolamento em Cabos Elétricos ............................189
24.11.1 Geral ..................................................................................................189
24.11.2 Posição de Teste ................................................................................189
24.11.2.1 Cabo Unipolar com Blindagem Metálica. ............................189
24.11.2.2 Cabo Multipolar com Blindagem Metálica Envolvendo Cada
Condutor. ..............................................................................................190
24.11.2.3 Cabo Multipolar sem Blindagem. ........................................190
24.11.2.4 Cabo Unipolar (de um Circuito Tripolar) sem Blindagem ..191
24.11.3 Avaliação dos Valores Medidos ........................................................191
24.12 Testes de Resistência de Isolamento em Disjuntores e Contatores ............194
24.12.1 Geral ..................................................................................................194
24.12.2 Posições de Teste...............................................................................194
24.12.3 Avaliação dos Resultados dos Testes ................................................195
25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................196
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1 APRESENTAÇÃO

As atividades de inspeção compreendem uma fatia importante das ações


empreendidas por uma equipe de manutenção. Pode-se dizer, sem medo de errar, que uma
inspeção bem implementada é um fator de sucesso da manutenção.

As ações de manutenção podem ser divididas em ações com o equipamento em


operação e aquelas que só podem ser executadas com o equipamento parado. É óbvio que
devemos privilegiar as atividades de inspeção que podem ser executadas com o equipamento
operando. A manutenção existe para que os equipamentos operem o maior tempo possível,
com a máxima confiabilidade.

O plano e as ações de inspeção devem ser norteados para o acompanhamento do


estado do equipamento e instalação, acionando o órgão de planejamento e programação,
sempre que as ações de manutenção preventiva (intervenções) se tornem necessárias para
restaurar as condições operacionais.

Para que um inspetor possa executar sua função com sucesso, é necessário uma
sólida formação profissional, aliado a um profundo conhecimento do processo de degradação
das diversas partes dos equipamentos e das técnicas de inspeção e procedimentos de testes.

Esta apostila reúne a experiência adquirida ao longo de vários anos de manutenção


industrial e uma vasta literatura técnica existente, porém dispersa.
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2 INTRODUÇÃO

Muitas pessoas que lidam com a manutenção têm a opinião que equipamentos
elétricos são diferentes das outras máquinas e operarão em quaisquer condições.

O oposto é verdadeiro. Equipamentos elétricos podem ser deteriorados mais


rapidamente devido às condições operacionais que qualquer outro equipamento.

Água, poeira, calor, frio, umidade, atmosfera corrosiva, resíduos químicos, vibrações
e inúmeras outras condições podem afetar a confiabilidade operacional e a vida útil de
equipamentos elétricos. Estas condições desfavoráveis, combinadas com negligência e
descuido na manutenção do equipamento resultam em falha prematura desnecessária e, em
muitos casos, na sua completa destruição.

Custos de reparos podem ser evitados implantando-se as recomendações de


manutenção fornecidas pelo fabricante.

De maneira geral, devemos praticar algumas ações muito simples, mas de


fundamental importância para todo equipamento elétrico:

Mantenha-o limpo
Sujeira é a principal causa de falhas elétricas. Sujeira é a acumulação diária de
partículas atmosféricas, fiapos, partículas metálicas ou químicas, vapores e neblinas de óleo.
Estes depósitos, se acumulados, contaminarão o equipamento elétrico, provocando sua falha.
Roçando com alta energia pode causar abrasão e a destruição do isolamento. Depositado em
enrolamentos e isoladores e combinado com umidade ou óleo pode causar a redução da tensão
disruptiva, provocando descargas com conseqüente falha. Acumulado sobre carcaças reduz a
transferência de calor, forçando a operação em temperaturas superiores à de projeto,
reduzindo a sua vida útil.

Mantenha-o seco
Equipamentos elétricos operam melhor em uma atmosfera seca por muitas razões.
Uma é que a umidade pode causar a oxidação do cobre, alumínio, ferro e ligas metálicas,
afetando a resistência de conexões e contatos elétricos. Alta umidade pode causar sua
condensação no interior do equipamento, causando curto circuito e falha prematura. Umidade
e sujeira potencializam a degradação do material isolante.

Mantenha as conexões torqueadas


Os parafusos das conexões elétricas tendem a afrouxar em função da dilatação e da
vibração. Conexões frouxas são fontes de calor provocando danos nos materiais isolantes
próximos. Mantenha todas as conexões torqueadas conforme instruções do fabricante.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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3 MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS

3.1 FONTES DE ALIMENTAÇÃO

Uma longa vida útil de um motor de indução trifásico depende fundamentalmente


das boas condições da fonte de alimentação, ou seja, da qualidade da energia fornecida, aí
incluído o sistema de proteção.

A tensão e freqüência nos terminais do motor devem ser muito próximas à nominal.
O fluxo magnético do entreferro é dado por:

 KE
f

Onde:
= fluxo de magnetização (Wb)
E= tensão no terminal do motor (V)
f= freqüência da tensão estatórica (Hz)
K= constante, função da geometria do pacote magnético e da construção do
enrolamento.

Os efeitos das variações da tensão e freqüência serão mais danosos ao motor, quanto
mais próximo estiver operando da potência nominal.

Fig 1 Centro de controle de motores (CCM)

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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A NBR 7094 estabelece as variações permissíveis de tensão e freqüência em relação


ao nominal, conforme figura 2.

Fig 2 Gráfico de variação de tensão e freqüência conforme norma NBR 7094

Geralmente a freqüência é firme, muito próxima de 60Hz, ocorrendo variação na


tensão da concessionária e quedas de tensões nos elementos internos da industria,
transformadores e cabos, principalmente.

As oscilações da tensão da concessionária podem ser minimizadas através de


transformadores equipados com comutador de tapes sob carga (Load Tape Changer).

O transformador alimentador do Centro de Controle de Motores deve ser


especificado com tensão secundária 5% (cinco por cento) acima da tensão nominal dos
motores, por exemplo 460V para motores de 440V e 480V para motores de 460V.

Os condutores de alimentação dos motores são calculados para que a tensão no


terminal dos motores, nas condições de partida e de regime, mantenha-se próximo da nominal
(lembre-se que os conjugados de partida e nominal são proporcionais ao quadrado da tensão.

A zona A da figura 2 estipula as variações de tensão e freqüência permitidas, dentro


das quais o motor deve ser capaz de desempenhar sua função principal continuamente,

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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podendo não atender completamente suas características de desempenho em


condições nominais, apresentando alguns desvios.

Nesta zona a tensão pode variar em mais ou menos 5% e a freqüência em mais ou


menos 2%.

Na zona B o motor ainda deve ser capaz de desempenhar sua função principal,
apresentando desvios superiores àquelas da zona A.

Os valores máximos de desvio da tensão e freqüência são de 50%.

Os efeitos das variações da tensão e freqüência se anulam quando tem o mesmo


sentido. Por exemplo, um motor com tensão e freqüência nominal de 440V e 60Hz opera
muito bem em um sistema com tensão de 380V (-14%) e freqüência de 50Hz (-17%).

Quando as variações são de sinal contrário, os efeitos sobre as características do


motor são cumulativos, reduzindo seu desempenho.

Tensões e correntes desequilibradas provocam aquecimento no interior do motor que


podem levar à degradação térmica e a conseqüente falha do material isolante.

Correntes harmônicas aumentam as perdas do motor, elevando a temperatura média


nos enrolamentos, reduzindo a vida útil do material isolante por degradação térmica.

3.2 PROTEÇÃO DE MOTORES DE CORRENTE ALTERNADA.

3.2.1 Proteção Contra Surtos de Tensão

O nível de isolamento de máquinas rotativas é muito menor do que de outros tipos de


equipamentos elétricos, como por exemplo, os transformadores, sendo portanto mais
suscetíveis a danos por surtos de tensão.

As fontes comuns de surtos de tensão em motores são as operações de manobras e as


descargas atmosféricas. O chaveamento de pequenas cargas indutivas e bancos de capacitores
através de disjuntores a vácuo, são fontes de surtos.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Fig 3 Caracterização da onda de um surto de tensão

A forma de onda tem uma frente escarpada e uma cauda longa, conforme 0.

A proteção do isolamento de máquinas rotativas compreende a limitação da tensão


de impulso e a redução da inclinação da frente de onda da tensão, denominado “achatamento
de onda”. O circuito de proteção compreende a instalação de pára-raios e capacitores
adequadamente calculados, instalados entre os terminais da máquina e a malha de
aterramento, conforme Fig 4.

Surtos de tensão podem levar o isolamento ao stress, ocasionando a falha do


isolamento nas primeiras espiras do enrolamento.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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PARA-RAIOS

CAPACITORES

Fig 4 Esquemas de ligação de motores de indução para proteção contra surtos utilizando
capacitores e para-raios..

3.2.2 Proteção Contra Sobrecargas.

O funcionamento do motor acima de sua potência nominal acarreta uma corrente


acima da nominal circulando nos enrolamentos e um aumento na temperatura da máquina,
podendo superar a temperatura máxima admitida pelo material isolante. A operação nesta
condição levará a degradação térmica do material isolante e queima da máquina.

Os motores de baixa tensão são normalmente protegidos por um relé térmico,


percorrido pelas correntes das três fases, provocando o aquecimento de lâminas bimetálicas,
que em condições de sobrecarga, desligará o contator, desenergizando o motor.

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18
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Fig 5 Relé de sobrecarga

A curva de operação do relé térmico deverá ser compatível com a curva térmica da
máquina protegida, conforme mostrado na Fig 6.

Fig 6 Curvas de um relé térmico de sobrecarga, um relé de sobrecorrente a tempo inverso e de


integridade térmica de um motor

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O relé térmico deve ser regulado para o valor da corrente nominal do motor
protegido, mesmo em máquinas com fator de serviço.

Nos casos em que o motor tem sobra térmica (Fator de Serviço – FS>1) e está
acontecendo a operação do relé térmico, é possível regular o térmico para um valor até
I N  FS . Neste caso recomenda-se verificar a temperatura no interior do enrolamento após a
nova regulagem do relé térmico.

Procedimento para verificação da temperatura do enrolamento.

1. Regule o relé térmico para até I N  FS (corrente nominal vezes o fator de


serviço do motor)
2. Com o motor à temperatura ambiente, meça a resistência ôhmica dos
enrolamentos R1. Meça a temperatura ambiente t1.
3. Opere o motor com a carga na condição que estava provocando a operação do
relé térmico por um tempo suficiente para que seja alcançado o equilíbrio
térmico.
4. Desligue o motor e meça rapidamente a resistência ôhmica dos enrolamentos
R2, e a temperatura do ar de refrigeração ta,
5. Calcule a elevação de temperatura do enrolamento através da formula abaixo:

R2  R1
t2  ta  235  t1   t1  ta
R1
6. Calcule a temperatura do ponto mais quente considerando a temperatura
ambiente de 40ºC.

T=(t2-ta)+40ºC+K

onde:
K=5ºC para máquinas com T de 60ºC e 75ºC
K=10ºC para máquinas com T de 80ºC
K=15ºC para máquinas com T de 100ºC e 125ºC
T=elevação de temperatura de projeto da máquina

A temperatura do ponto mais quente não deve ser superior a:

100ºC- para máquinas com materiais de classe térmica “A”


120ºC- para máquinas com matérias de classe térmica “E”
130ºC- para máquinas com matérias de classe térmica “B”
155ºC- para máquinas com matérias de classe térmica “F”
180ºC- para máquinas com matérias de classe térmica “H”

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Nos motores de maior porte, de média tensão, a proteção contra sobrecargas é


confiada a relés de sobrecorrente associados a detectores de temperatura instalados no
interior do enrolamento do motor. A curva de proteção do relé deve ser compatível com a
curva térmica do motor de forma que o relé opere antes que o material isolante seja
comprometido.

Os detectores de temperatura mais utilizados em motores de grande porte são os


“RTD” - Resistence Temperature Dependent ou “resistência calibrada”, tendo como
característica uma relação linear com a temperatura, propiciando uma indicação da
temperatura no interior dos enrolamentos.

Os RTDs mais comuns são os de platina e cobre que têm, respectivamente, suas
resistências a 0ºC de 100 e 10.

Tabela 1 Conversão de resistência x temperatura para RTD PT-


100

Os RTDs são instalados nas ranhuras dos motores, em contato com as bobinas,
dispostos nas três fases, propiciando alarme e desligamento.

Devido à inércia térmica, os detectores de temperatura não podem, na grande maioria


das situações, atuar de forma suficientemente rápida para defeitos que ocasionam elevações
abruptas de corrente.

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São muitos eficazes para motores sujeitos a regime intermitentes ou contínuos com
carga intermitente e em casos em que ocorrem sobretemperaturas sem a correspondente
sobrecorrente, como na obstrução no sistema de refrigeração ou perda de ventilação.

Os resistores são normalmente fornecidos com três terminais, permitindo, quando


ligados em ponte, eliminar o efeito da resistência dos condutores entre o resistor e o relé
supervisor.

Outros dispositivos podem operar como detectores de temperatura, tais como os


bimetálicos e os termistores.

Os termostatos são dispositivos bimetálicos que comutam um contato quando a


temperatura se aproxima de um valor estabelecido (fixo). Instalados nas cabeças de bobinas
do lado oposto ao ventilador (individual, ou por fase), são ligados em série com a bobina do
contator, desligando o circuito quando da abertura do contato.

Os termistores (Fig 7b) são dispositivos semicondutores instalados dentro das


cabeças das bobinas, do lado oposto à ventilação, podendo ser instalados em uma única fase,
mas preferencialmente nas três. O termistor exige um relé que irá sentir a variação abrupta do
valor da resistência, próxima à temperatura de operação, comutando um contato que irá
provocar o desligamento do motor.

O termistor mais comumente usado na proteção de motores é o PTC que tem um


coeficiente de temperatura positivo (resistência aumenta com o aumento da temperatura).

(a) (b)

Fig 7 Características típicas de um RTD de platina (a) e de um termistor tipo PTC (b)

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O desligamento da proteção por detectores de temperatura deve ser ajustada para o


limite da classe de isolação

Tabela 2 Limites de temperatura para cada classe de isolação

Classe de Isolação A E B F H

Desligamento 105ºC 120ºC 130ºC 155ºC 180ºC

O alarme deve ser ajustado para o valor da temperatura média do enrolamento em


condições nominais (T+40ºC).

3.2.3 Proteção Contra Curtos-Circuitos

As correntes elevadas de curto-circuito podem ocasionar danos permanentes ao


motor (fusão de cobre e colocação das lâminas do pacote magnético em curto-circuito e até a
fusão das lâminas de aço) e aos outros elementos do circuito tais como cabos, dispositivos de
comando, CCM, etc, devendo ser interrompidas muito rapidamente.

Os motores de baixa tensão são protegidos através de disjuntores com unidades


magnéticas ajustáveis ou fusíveis do tipo Diazed e NH. Nos motores de média tensão a
proteção contra curtos-circuitos é confiada a um relé com atuação instantânea ajustados para
um valor acima da corrente de rotor bloqueado, conjugado com uma função temporizada.

Fig 8 Relé tipo MV Microprocessado - Westinghouse

A proteção contra falta para terra (corrente de seqüência zero) é normalmente ligada
a um TC toroidal que abraça as três fases, conforme Fig 9

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Disjuntor

Relé de proteção de
falta fase para terra

Transformador de 50G
corrente

Motor
3~

Fig 9 Esquema de proteção de falta fase terra

Em máquinas de grande porte é comum a utilização de proteção diferencial dos


enrolamentos. Um esquema de ligação possível é mostrado na Fig 10. As vantagens desta
proteção são a alta confiabilidade, alta velocidade e pelo fato de operar somente para faltas
internas ao motor.

3 transformadores de

3 transformadores de corrente na linha

corrente no fechamento da
estrela

Relé diferencial em cada


fase (somente mostrado
em uma fase)

Fig 10 Circuito típico de um sistema de proteção diferencial

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Fig 11 Proteção diferencial de motor de média tensão

3.3 PROTEÇÃO CONTRA FALTA E DESEQUILÍBRIO DE FASES

Correntes desequilibradas provocam aquecimentos nos enrolamentos, capazes de


levar o sistema isolante à falha por degradação térmica. Para a proteção de motores de média
tensão são utilizadas unidades que filtram as correntes de seqüência negativa, desligando o
motor.

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3.4 INTERAÇÃO MOTOR E MÁQUINA ACIONADA


A transmissão consiste no conjunto responsável pela transferência da potência
mecânica à carga acionada. Quando vista pelo motor, a transmissão é uma fonte de esforços
externos, devendo-se garantir a compatibilidade entre o motor e a transmissão.

As transmissões diretas devem ser preferidas pelo fato de exercerem menores


esforços sobre a ponta do eixo do motor.

Os motores padronizados pelos fabricantes nem sempre são adequados às aplicações


com transmissões não-diretas, aí incluídas polias e correias, rodas dentadas, engrenagens, etc,
isso quando montadas diretamente sobre o eixo do motor.

A força transferida ao eixo será tanto maior quanto menor for a polia motora
montado no eixo do motor. As tabelas a seguir indicam o diâmetro primitivo mínimo de
polias motoras em correspondência à carcaça e a metade do comprimento da polia (fonte
WEG).

Tabela 3 Diâmetro primitivo mínimo de polias

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A polia deve ser montada o mais próximo possível do mancal do motor conforme Fig
12.

Fig 12 Exemplo de instalação de polias

As polias motoras e movidas devem estar perfeitamente alinhadas, reduzindo os


esforços radiais desnecessários nos mancais.

Fig 13 Alinhamento de polias

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A tensão na correia deverá ser suficiente para evitar o escorregamento durante o


funcionamento. Tensões excessivas aumentam o esforço na ponta do eixo e mancal, causando
fadiga, com reflexo na redução da vida útil do rolamento e eventual cisalhamento do eixo.

Fig 14 Instalação de correias

Mesmo quando todos os requisitos citados estão atendidos, pode acontecer falha
prematura de rolamentos. Neste caso o fabricante deve ser consultado com respeito à
compatibilidade do motor para acionamento por correia.

3.5 INSPEÇÃO DE MOTORES ELÉTRICOS

3.5.1 Instalação do Motor Elétrico.

Na atividade de instalação de um motor, o inspetor deve verificar os seguintes


pontos:

3.5.1.1 Aterramento
A carcaça do motor deve estar firmemente conectada ao potencial de terra através do
quarto condutor ou diretamente à malha de terra, conforme Fig 15.

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Ponto de
aterramento

Fig 15 Aterramento da carcaça

3.5.1.2 Dispositivos de Bloqueio e Calços

Os dispositivos de bloqueio e calços instalados para transporte, devem ser removidos


permitindo a livre movimentação do rotor.

3.5.1.3 Medição da Resistência de Isolamento


Para que um motor seja energizado é necessário que a resistência do isolamento para
a massa e entre fases tenha um valor mínimo que permita sua energização.

O valor mínimo é definido pela equação:

Rm  KV  1
Onde,

Rm = resistência 1 minuto a 40ºC em megohms, na posição RST x massa


KV = classe de tensão do motor em kV

Para maiores informações consulte o capítulo 24 – “Avaliação de Isolamento


Elétrico Utilizando Tensões de Corrente Contínua”.

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3.5.1.4 Conexão de Força do Motor


O inspetor deverá verificar se a conexão do motor foi realizada de acordo com a
tensão da rede. Deverá ser verificado se a isolação dos cabos de conexão do motor está feita
com um volume de fita isolante capaz de garantir tanto a resistência elétrica quanto a
mecânica exigida pelos esforços contra paredes da caixa de ligações.

3.5.1.5 Conexões dos Condutores dos Circuitos de Proteção e Controle


Certificar-se da correta ligação dos resistores de aquecimento, dispositivos
indicadores e de proteção (termostatos, termistores, termo-resistências , sensores de vibração,
etc) e controle (solenóides, etc).

3.5.1.6 Fixação do Motor à Base


O motor deverá estar firmemente fixado à base, com todos os parafusos torqueados.

3.5.1.7 Proteções do Motor


Certificar se os dispositivos de proteção (relés térmicos, fusíveis, disjuntores, relés
de sobrecorrente, diferencial e outros) estão ajustados corretamente para efetiva proteção do
motor.

3.5.2 Operação com o Motor Desacoplado

Na operação com o motor desacoplado são verificados o sentido de giro do motor e


ruídos que possam caracterizar algum problema de mancal e a correta operação do resistor de
aquecimento (space heater).

A medição de vibração com o motor desacoplado tem como objetivo detectar


principalmente desbalanceamento, danos em rolamentos, desalinhamento entre furos das
tampas, empeno de eixo e problemas magnéticos.

A medição normalmente é realizada com um medidor de velocidade de vibração em


seis pontos da carcaça, posições axial, vertical e horizontal, mancal lado acoplado (LA) e
oposto ao lado acoplado (LOA), conforme Fig 16.

O maior valor medido deve ser comparado com a Tabela 4, obtida com base na
Norma ISO 10816 – 1, editada em 1995

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Fig 16 Pontos de medida de vibração

Tabela 4 Limites de vibração de acordo com a faixa de potência do motor

LIMITE DE VIBRAÇÃO
POTÊNCIA DO MOTOR
(mm/s) VALOR RMS
Menor que 20 cv 1,8 mm/s
20 cv até 100 cv 2,8 mm/ s

100 cv até 500 cv 4,5 mm/s

Caso algum valor medido supere o valor de tabela, recomenda-se uma análise de
vibração para definição da causa do problema.

Durante a operação com o motor desacoplado é importante fazer a medição da


corrente nas três fases.

Caso as correntes estejam desequilibradas, calcular o desequilíbrio:

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DMD
DI   100%
MTF

onde:
DI = Desequilíbrio de corrente em percentagem.
DMD = Maior desvio de corrente de fase em relação à media das três fases.
MTF = Média das três fases.

O limite do desequilíbrio de corrente recomendado pela WEG é:

10 % - para motores de 4, 6 e 8 pólos.


20 % - para motores de 2 pólos.

O desequilíbrio pode ter como causa o próprio desequilíbrio da tensão de


alimentação ou da impedância dos enrolamentos do motor.

Desequilíbrio de corrente ocasiona um sobreaquecimento nos enrolamentos e


redução da vida útil do isolamento por degradação térmica.

3.5.3 Acoplamento Motor – Máquina Acionada

O processo de acoplamento exige um criterioso procedimento de alinhamento


executado com relógio comparador ou equipamento a laser. O motor deve estar firmemente
fixado à base.

O acoplamento deve ser flexível o bastante para compensar o desalinhamento


residual.

As partes do acoplamento devem ser montadas de tal forma que deixe uma folga
mínima de 3 mm e que permita o deslocamento (passeio) magnético do eixo, permitindo que
o motor trabalhe no centro magnético.

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Fig 17 Alinhamento motor - máquina acionada

Fig 18 Carcaça do mancal e folga axial

3.5.4 Operação com o Motor Acoplado


O motor acoplado deve ser girado preferencialmente com carga máxima, quando
serão novamente verificados os níveis de vibração, as correntes nas três fases e a existência de

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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ruídos anormais. Em máquinas de grande porte, pode ser importante uma análise das
vibrações no espectro de freqüência.

Para máquinas acopladas valem os seguintes limites de vibração global (Veff em


mm/s).
Tabela 5 Valores de vibração para motores com carga
ACEITÁVE AINDA NÃO
GRUPO DE MÁQUINAS BOM
L ACEITÁVEL ACEITÁVEL
GRUPO K
Máquinas pequenas. 0 a 0,7 0,7 a 1,8 1,8 a 4,5
> 4,5 mm/s
Motores até 15 kW fixadas mm/s mm/s mm/s
rigidamente com a fundação.
GRUPO M
Máquinas médias.
0 a 1,1 1,1 a 2,8 2,8 a 7,1
Motores com potência entre 15 e 75 > 7,1 mm/s
mm/s mm/s mm/s
kW fixadas rigidamente com a
fundação.
GRUPO G
Máquinas maiores. 0 a 1,8 1,8 a 4,5 4,5 a 11,0
> 11,0 mm/s
Motores com potência acima de 75 mm/s mm/s mm/s
kW sobre fundações rígidas.
GRUPO T
Máquinas montadas sobre fundações 0 a 2,8 2,8 a 7,0 7,0 a 18,0
> 18,0 mm/s
de freqüência manual baixa (apoiadas mm/s mm/s mm/s
elasticamente).

Nas máquinas de grande porte devem ser verificadas todas as proteções,


instrumentos indicadores e dispositivos de controle.

3.5.4.1 Indicadores e Proteção de Vibração


Observar se os valores de vibração com carga estão dentro dos limites de controle, e
se estão compatíveis com os níveis operacionais normais da máquina.

3.5.4.2 Indicadores e Proteção Térmica dos Mancais


A temperatura dos mancais, com o motor operando com carga e após atingir o
equilíbrio térmico não deve ser superior a 80 ° C. Temperatura superior deve ser investigada.

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Fig 19 Sensores de vibração e temperatura de mancal de motor de média tensão

Fig 20 Indicador de temperatura do mancal de motor de média tensão

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3.5.4.3 Indicadores e Proteção Térmica dos Enrolamentos


Após o motor atingir o equilíbrio térmico, operando com carga, a temperatura dos
enrolamentos não deve ser superior à temperatura de alarme, igual a T+40ºC. Indicação de
temperatura superior deve ser investigada.

3.5.4.4 Dispositivos Auxiliares


Observar a correta operação dos dispositivos de lubrificação forçada dos mancais,
refrigeração à água do motor e outro circuitos periféricos.

Fig 21 Indicador e pressostatos do sistema de lubrificação dos mancais de motor de média


tensão

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3.5.5 Inspeção Sistemática

3.5.5.1 Sistema de Alimentação


 Verificar se o valor da tensão está compatível com a nominal (10%).
 Verificar se as tensões estão equilibradas nas três fases.
 As correntes nas três fases estão equilibradas e são inferiores à corrente
nominal?
 O painel de alimentação e componentes (inclusive proteção) estão
plenamente operativos?
 A linha elétrica e cabo de alimentação estão em perfeitas condições?

3.5.5.2 Motor
 O motor está rigidamente fixado à base?
 O aterramento da carcaça está efetivo? Os cabos no interior da caixa de
ligações estão bem isolados, sem sinais de aquecimento e com o isolamento
preservado?
 O interior da caixa de ligações está isento de contaminantes ?
 A carcaça está limpa, sem acúmulo de materiais que comprometam a troca de
calor?
 O sistema de ventilação (ventilador, dutos, etc) está funcionando
adequadamente?
 Os sensores e indicadores de vibração e temperatura estão instalados
corretamente, limpos e os condutores e prensa cabos em boas condições?
 A vibração total do motor está dentro dos valores aceitáveis por normas e os
valores estão de acordo com as medições anteriores?
 Os valores das medições de isolamento estão de acordo com as medições
anteriores? Os valores garantem uma operação segura?
 Os valores das medições de resistência ôhmica indicam enrolamentos
equilibrados?

3.6 INSPEÇÃO EM MÁQUINAS COM ESCOVAS DE CARVÃO

Motores de CA de rotor bobinado, motores de corrente contínua e geradores elétricos


utilizam escovas de carvão para transferir energia entre partes móveis e fixas.

As máquinas que utilizam escovas exigem da manutenção um cuidado especial por


dois motivos básicos:
 Máquinas com escovas exigem da manutenção um esforço muito grande para
manter a comutação em boas condições e o motor com uma grande
confiabilidade.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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 O pó de escova é um contaminante que, associado com a umidade e óleo,


principalmente, reduz muito significativamente a resistência de isolamento
dos enrolamentos.

Para que haja uma boa comutação, ou seja, para que o trabalho das escovas sobre o
comutador ou anel coletor seja perfeito, é necessário que haja um depósito de grafite sobre
sua superfície, denominado filme ou patina.

A formação de um bom filme exige que a escova seja adequada às características


operacionais da máquina. Além disto são necessárias condições específicas de umidade,
temperatura e rugosidade do comutador ou anel coletor.

A patina é uma camada semicondutora, imprescindível a uma boa comutação que,


reduzindo o atrito, reduz o desgaste e geração de pó de escova. Patinas normais tem uma
coloração uniforme e uma espessura ideal de 0,3 mm.

Patinas de aparência normal

P2, P4 e P6 - são exemplos de patinas com aparência normal, indicando


bom funcionamento.

A patina apresenta-se lisa, ligeiramente brilhante, coloração uniforme desde o


bronzeamento, o marron claro (P2), até o marron escuro, podendo ainda
conter tonalidade cinza (P6) azuladas, avermelhadas ou outras.

IMPORTANTE É A REGULARIDADE, NÃO A TONALIDADE.

Patinas Anormais

P12 - aspecto: Patina raiada com pistas mais ou menos largas. A cor é
alternadamente clara ou escura. Não há desgaste no comutador.
Causas: Alta umidade, vapores de óleo ou de gases agressivos ambientais,
baixa densidade de correntes nas escovas.

P14 - aspecto: Patina rasgada, de modo geral como P12, com pistas mais
estreitas e ataque ao comutador.
Causas: Como P12, porém, a danificação perdura há tempo.

P16 - aspecto: Patina gordurosa com manchas aperiódicas, forma e cor


desuniforme.
Causas: Comutador deformado ou muito sujo.

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Patina com manchas de origem mecânica

P22 - aspecto: Manchas isoladas ou com espaçamento regular, apresentando-


se em uma ou várias zonas do comutador.
Causas: Ovalização do comutador, vibração da máquina, oriundas do
desbalanceamento do rotor ou de mancais defeituosos.

P24 - aspecto: Manchas escuras com bordas definidas, vide também T12 e T14.
Causas: Lâmina ou grupo de lâminas defeituosos que provocam o erguimento
das escovas e a conseqüente perda de contato.

P26 e P28 - aspecto: Lâminas manchadas nas beiradas ou no centro. Causas:


Freqüentes dificuldades de comutação ou também comutador mal retificado.

Patina com manchas de origem elétrica

P42 - aspecto: Lâminas alternadamente claras e escuras.


Causas: Desuniformidade na distribuição de corrente em dois bobinamentos
paralelos de laço duplo ou, também, diferença de indutância em caso de duas
bobinas por ranhura.

P46 - aspecto: Manchas foscas em intervalo duplo - polares.


Causas: Geralmente soldagens defeituosas das conexões auxiliares ou nas
asas das lâminas.

B2, B6 e B8 - aspecto: Queimaduras no centro ou nas bordas lâminas. Causas: Faíscamento


proveniente de dificuldades de comutação.

B10 - aspecto: Patina perfurada, formação de pontos claros como densidade e distribuição
variados.
Causas: Perfuração da patina com conseqüência de excessiva resistência elétrica da
mesma.

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Manchas no comutador

T10 - Manchas escuras reproduzindo à área de contato das escovas.


Causas: Prolongadas paradas desenergizadas ou curtas paradas sobre
carga.

T12 - aspecto: Queimaduras nas bordas de saída e na entrada da lâmina


subseqüente.
Causas: Indica a existência de lâminas salientes (vide L2).

T14 - aspecto: Manchas escuras.


Causas: Indica a existência de lâminas em nível mais baixo (L4), ou de
zonas planas no comutador.

T16 - aspecto: Marcas escuras claramente delimitadas conjuntamente com


queimaduras nas bordas das lâminas.
Causas: Isolação entre lâminas, mica saliente (vide L6).

T18 - aspecto: Manchas escuras.


Causas: arestas das lâminas mal ou não chanfradas (vide L8).

Desgaste do comutador

R2 - Desgaste Normal: Aspecto de um comutador mostrando o desgaste do


metal, pista por pista, com montagem correta, conseqüente de um desgaste
normal após um longo período de funcionamento.

R4 - Desgaste Anormal: Aspecto de um comutador, mostrando desgaste


anormal do metal conseqüente da montagem incorreta das escovas (nº de
escovas positivas diferentes do número de escovas negativas sobre a
pista), ou qualidade inadequada ou ainda poluições diversas.

Fig 22 Defeitos nas lâminas

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Uma operação adequada da comutação em máquinas de corrente contínua está


intimamente ligada às condições dos interpolos e ao funcionamento da comutação com a linha
neutra ajustada.

Fig 23 Níveis de faiscamento

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Exercem influência na comutação também a pressão das escovas (molas), o nível de


assentamento (superfície específica da escova em contato com o comutador) das escovas, a
carga aplicada ao eixo (porcentagem do conjugado nominal da máquina) e condições
ambientais (vapores químicos).

Uma operação ideal de uma máquina com escovas acontece quando:


1. A patina tem aspecto normal.
2. Não existe faiscamento ou existe faiscamento pouco perceptível em situações
de sobrecarga.
3. As escovas têm vida longa e a taxa de formação de pó é mínima.
4. Não existe desgaste perceptível no comutador ou anéis coletores.

3.6.1 Porta Escovas e Escovas

Nem sempre as escovas originais fornecidas pelos fabricantes são as mais indicadas
para uma operação confiável.

Os primeiros dias e semanas de operação de uma máquina com anéis devem ser
acompanhados pelo inspetor. Se qualquer uma das quatro condições listadas não estiverem
atendidas é necessário atuar rapidamente no desenvolvimento de uma outra qualidade de
escova.

Esta ação é realizada em conjunto com um técnico da empresa fabricante de escovas


de carvão, que de posse de informações de velocidade periférica, densidade de corrente na
escova, regime de trabalho e condições ambientais, definirá uma qualidade de escova.

A troca de escovas deve ser precedida da remoção da patina formada pela escova
anterior, antes que a nova seja instalada.

Após instalada, o desempenho da nova escova deve ser acompanhado intensamente


até a certeza de que a comutação tem um desempenho que propicie uma operação confiável e
duradoura da máquina.

Após a instalação de um jogo de escovas é sempre necessário que a superfície das


escovas em contato com o comutador ou anéis coletores tenham a mesma curvatura,
garantindo, pelo menos, 80% de área de contato.

Um dos métodos mais utilizados para o assentamento de escovas consiste na


instalação de uma fita de lixa sobre o comutador ou anel coletor, com o dorso abrasivo
voltado para o lado externo em contato com as escovas, montadas no interior do porta-
escovas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


42
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O rotor com lixa é posto a girar manualmente, atritando a superfície das escovas
contra o abrasivo, até que se atinja o mínimo de 80% de área de contato em cada uma das
escovas.

A lixa recomendada deve ter uma granulação em torno de 150. Após o processo o pó
de carvão gerado deve ser totalmente aspirado e a limpeza complementada com pano seco.

As escovas devem trabalhar livremente no interior da bainha do conjunto porta-


escovas. Para isto é necessário que as medidas interiores das superfícies das bainhas e as
medidas das faces das escovas estejam dentro das tolerâncias permitidas.

Tabela 6 Tolerâncias para “t” e “a” em micrômetros e para “r” em milímetros para escovas de grafite
natural e metal-grafite

VALORES PORTA-ESCOVA (1) ESCOVA ELÉTRICA (2) FOLGA ESCOVA


NOMINAIS
t a t a
r
mm Máx. Mín. Dif. Máx. Mín. Dif. Máx. Mín.
1,6
2 + 54 + 14 40 - 120 - 60 60 174 74  0,3
2,5
3,2
4 + 68 + 20 48 -150 - 70 80 218 90  0,3
5
6,3
8 + 83 + 25 58 - 170 - 80 90 253 105  0,3
10
12,5
+ 102 + 32 70 - 260 - 150 110 362 182  0,5
16
20
+ 124 + 40 84 - 290 - 160 130 414 200  0,5
25
32
+ 150 + 50 100 - 330 - 170 160 480 220  0,8
40
50 + 150 + 50 100 - 340 - 180 160 490 230  0,8
64 + 180 + 60 120 - 380 - 190 190 560 250  0,8
80 + 180 + 60 120 - 390 - 200 190 570 260  0,8
100
 1,0
125

(1) – As tolerâncias para os porta-escovas são conforme a tolerância E10 da ISO. A verificação
dimensional dos porta-escovas é efetuada com o calibrador “passa”, “não passa”.
(2) – As tolerâncias para as escovas são conforme a tolerância b11 da ISO para dimensões > 12,5 mm e c11
da ISO para dimensões < 12,5 mm.
* Tabela extraída da norma ABNT.

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Fig 24 Dimensões de escovas elétricas

t = Dimensão da escova em sentido tangencial.


a = Dimensão da escova em sentido axial.
r = Dimensão da escova em sentido radial.

Escovas e bainhas com dimensões fora das tolerâncias permitidas devem ser
eliminadas.

As escovas devem trabalhar com pressões dentro das tolerâncias recomendadas.


Todas as escovas devem ter pressões aproximadamente iguais.

Tabela 7 Recomendações de pressão nas escovas para cada tipo de máquina

TIPOS DE MÁQUINAS PRESSÃO NA ESCOVA

Máquinas estacionárias livres de vibração e ruído 150 a 200 g/cm2


Anéis deslizantes 170 a 250 g/cm2
Motores de tração 250 a 570 g/cm2
Máquinas com alta vibração até 350 g/cm2
Motores fracionários até 450 g/cm2

A medição da pressão das escovas é realizada com um dinamômetro que mede a


força aplicada na escova para se contrapor à força exercida pela mola. Introduz-se uma tira de

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papel entre a escova e o comutador, ou anel coletor, para determinar o momento da leitura no
instante em que o papel é arrastado, com leve tração exercida pela mão.

Fazer a leitura da balança


quando a tira de papel
puder ser puxada de entre a
escova e o coletor

Fig 25 Medição de pressão na escova

Todas as escovas instaladas em um comutador ou anéis coletores devem ter a mesma


qualidade (granulometria).

O comprimento das escovas é um item de inspeção e controle da qualidade da


comutação e da confiabilidade operacional da máquina. Medir o comprimento das escovas,
registrar as medições, trocar as escovas quando o comprimento atingir valores mínimos
garantidos para a operação e controlar o desgaste das escovas em mm/mês, é importante para
garantir uma vida longa com confiabilidade para a máquina. Um aumento do desgaste das
escovas sem uma correspondente alteração operacional que o justifique, deve ser motivo de
averiguações e de ações para que a qualidade da comutação seja reconstituída.

É muito comum a operação de motores elétricos com carga reduzida e conseqüente


baixa densidade de corrente nas escovas. Na maioria das vezes uma máquina nestas condições
não consegue produzir uma boa patina e a má comutação conduz a um filetamento
(raiamento) do comutador com comprometimento de sua vida útil, devido à necessidade de
usinagens freqüentes.

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Uma das soluções, normalmente adotada, para aumentar a densidade de corrente para
melhorar a comutação, é a redução do número de escovas.

Toda pista deverá ser percorrida por escovas positivas e negativas, sempre em igual
número. Pista é a faixa que uma escova determina sobre o comutador quando este está em
movimento, tendo a largura igual à largura da escova.

Fig 26 Disposições corretas e incorretas de escovas ao longo do comutador

Os porta-escovas devem ficar dispostos paralelamente às lâminas do comutador. A


distância entre a face inferior do porta-escova e o comutador deve estar compreendida entre
1,5 e 2,0 mm.

Fig 27 Distância da bainha ao comutador ou anel coletor

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3.6.2 Comutadores e Anéis Coletores

Fig 28 Vista interna de um motor de corrente contínua com comutador em primeiro plano

A inspeção de comutadores e anéis coletores deve compreender:

A excentricidade total não deve superar os 20m e a diferença entre lâminas


adjacentes deve ser inferior a 2m.

A alta excentricidade ocasiona uma dificuldade da mola em manter a escova em


contato com o comutador, conduzindo ao centelhamento e à baixa qualidade da comutação. A
solução passa pela usinagem do comutador ou anel coletor.

O controle da altura da mica e seu rebaixamento é um item importante de inspeção.


Quando a mica está alta ou após usinagem, deve-se proceder o rebaixamento da mica com
uma ferramenta cortante a uma profundidade de cerca de 1mm a 1,5 mm.

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Fig 29 Rebaixamento da mica do comutador

As lâminas de cobre do comutador não podem operar com quinas vivas (ângulo de
90º). As quinas devem ser chanfradas com ângulos variáveis entre 60º e 90º, Fig 31.

Fig 30 Ferramenta para desgaste de cantos

Fig 31 Valores limites do ângulo de chanfro dos cantos

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A comutação é influenciada pela vibração da máquina. Altos valores de vibração


provocam o trepidamento das escovas, prejudicando a qualidade da comutação.

3.6.3 Interpolos e Linha Neutra

A má qualidade na comutação pode estar associada aos defeitos no circuito dos


interpolos e a operação fora da linha neutra.

Defeitos nos interpolos podem estar associados a curto-circuito nas bobinas ou erro
de ligação.

A verificação do ajuste da linha neutra pode ser realizada da seguinte maneira


(recomendações WEG).

Ajuste grosso

 Afrouxar os parafusos que fixam o anel do porta-escovas


 Energizar a armadura (50 a 80% da corrente nominal por no máximo 30s),
com o campo desligado. Se a zona neutra estiver desajustada, o rotor irá girar.
Gira-se o anel dos porta escovas em sentido contrário ao sentido de giro do
rotor.
 A zona neutra estará ajustada, quando o rotor ficar parado.

Ajuste Fino

Energizar o campo e a armadura com tensão nominal e corrente nominal nos dois
sentidos de rotação. A diferença de rotação não poderá ser maior que 1%.

IMPORTANTE:

Se ao girar o anel do porta-escovas para a direita o rotor girar ao contrário, os cabos


dos pólos de comutação que são ligados aos porta-escovas estão invertidos. Ligar
corretamente os cabos e proceder ajuste grosso da zona neutra novamente.

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3.7 PRINCIPAIS CAUSAS DE FALHAS DE MÁQUINAS ROTATIVAS DE


CORRENTE ALTERNADA

Fig 32 Motor de média tensão de 13,2 kV

3.7.1 Introdução

As falhas em máquinas elétricas rotativas têm como conseqüência, danos aos


enrolamentos.

Os principais fatores de falha são os seguintes:


 Especificação incorreta da máquina para as condições reais de operação.
 Falhas de fabricação e de reparação das máquinas, tais como na fabricação de
materiais, processos e falhas de mão de obra.
 Inexistência, erros de calibração e de especificação dos dispositivos de
proteção.
 Falhas ou exageros de operação.
 Manutenção inadequada ou inexistente

Os fatores acima estão, em maior ou menor intensidade, presentes na quase


totalidade das instalações com máquinas elétricas.

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Estes fatores conduzem à condição de falha através de quatro causas principais:


 Rolamentos (mancais)
 Contaminação por agentes agressivos
 Degradação térmica do material isolante
 Abrasão mecânica

3.7.2 Rolamentos (Mancais)

Desgaste acentuado nos mancais das máquinas elétricas rotativas pode ocasionar a
fricção entre rotor e estator e sobreaquecimento devido ao atrito.

As partes atritadas se apresentarão com aspecto polido ou, em casos extremos


azulados, devido ao aquecimento. A isolação se apresentará danificada pelo calor na área de
roçamento, freqüentemente com curto entre espiras e para a massa. Com freqüência, este tipo
de defeito provoca, além da queima do enrolamento, danos ao eixo, tampas e pacote
magnético, levando muitas vezes ao sucateamento da máquina.

3.7.3 Contaminação por Agentes Agressivos

Nenhuma máquina, por mais estanque que seja, está livre de contaminantes em seu
interior.

Óleo, poeira, umidade, vapores químicos, etc, penetram no interior da máquina


através de lubrificações mal conduzidas, fendas na carcaça, ou simplesmente através do ar
ambiente, no processo de contração e dilatação do ar, em função das variações de temperatura
e pressão no interior da máquina.

Em geral a atmosfera industrial está carregada destes contaminantes, em especial na


faixa litorânea, onde a umidade relativa do ar é muito elevada.

Estes contaminantes penetram no sistema isolante, agredindo física e quimicamente o


material, formando caminhos de menor resistência de isolamento, elevando as correntes de
fuga e as perdas dielétricas, até a falha do isolamento e da máquina.

Várias medidas podem ser adotadas para impedir ou retardar este processo de
degradação do isolamento:
 Utilização de máquinas totalmente fechadas.
 Especificação detalhada dos contaminantes presentes, de forma que o
fabricante ou reparador possa desenvolver uma impregnação que resista a estes
contaminantes.
 Acompanhamento da evolução da contaminação do isolamento através das
medições sistemáticas de resistência de isolamento. O índice de polarização (IP) é de

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valor inestimável e rejuvenescimento dos enrolamentos quando a contaminação


atingir níveis que possam comprometer o isolamento do motor.

3.7.4 Degradação Térmica

Os materiais isolantes são agrupados em classes térmicas estabelecidas em norma,


que são basicamente, as seguintes:

CLASSE A – 105OC
CLASSE E - 120 OC
CLASSE B - 130 OC
CLASSE F - 155 OC
CLASSE H - 180 OC
CLASSE C - 220 OC

A quase totalidade das máquinas modernas utiliza materiais isolantes das classes
“B”, “F” e “H”.

Um material isolante, classificado dentro de uma classe térmica, é capaz de suportar


a temperatura limite da classe, por um tempo definido, sem que as suas propriedades isolantes
fiquem prejudicadas.

Quando este isolante é submetido a temperaturas superiores a de sua classe térmica,


os efeitos da deterioração de suas propriedades dielétricas e mecânicas far-se-ão sentir num
período de tempo menor.

Os efeitos da temperatura sobre os isolantes são função do tempo de exposição ao


calor.

A figura abaixo mostra o tempo de vida de um isolante em função da temperatura.

Vida Útil (horas)

Temperatura (Cº)
Fig 33 Redução da vida útil do isolante em função da temperatura

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Em geral, a cada 10 graus de sobre-temperatura a vida útil do isolante fica reduzida à


metade.

Durante o funcionamento, as máquinas elétricas liberam calor que é transferido para


o meio ambiente através da carcaça.

Os motores são projetados para, em condições normais, terem uma elevação de


temperatura, no ponto mais quente, de um certo valor acima da temperatura ambiente (40 OC
pela ABNT), conhecido como variação de temperatura da máquina.

Escolhe-se então a classe térmica do material, igual ou superior à temperatura do


ponto mais quente da máquina.

Em condições normais de operação os materiais isolantes vão ficar submetidos a uma


temperatura inferior à de sua classe térmica, de forma que a deterioração térmica se dará em
período de tempo muito longo, da ordem de anos e até décadas.

Entretanto, algumas condições anormais de operação dão origem a um aumento das


perdas da máquina ou à redução da dissipação do calor gerado, aumentando a temperatura no
enrolamento e a redução de sua vida útil.

A manutenção elétrica deve conhecer estas condições, identificá-las através de ações


preventivas, corrigindo-as antes que levem as máquinas a falhas de isolamento.

3.7.4.1 Falta de Fase (Operação em Duas Fases)

Se uma fase de um motor elétrico trifásico, em funcionamento, for interrompida, o


motor tentará manter-se em funcionamento, mesmo com torque reduzido, em função da
alimentação monofásica.

Se o conjugado máximo do motor for superior ao conjugado resistente da carga, o


motor continuará funcionando, caso contrário, irá parar.

Se o motor estiver parado e for energizado com duas fases, não rodará, por falta de
conjugado de partida.

Em todas estas condições, o motor estará submetido a condições de sobretemperatura


em função das altas correntes circulando nos enrolamentos, salvo casos especiais em que o
conjugado da carga é tão baixo que as correntes absorvidas pelo motor permanecem inferiores
às correntes nominais.

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Os motores deverão estar protegidos por relés térmicos com características de


proteção contra falta de fase ou dispositivos sensores de temperatura no enrolamento do motor
(termistores ou protetores térmicos), ou ainda relés de seqüência negativa.

A identificação de um isolamento queimado por sobretemperatura em função de falta


de fase é muito fácil:

 Motores ligados em estrela: dois grupos queimados, seguidos de um em bom


estado e assim sucessivamente.

 Motores ligados em triângulo: um grupo queimado, seguido de dois outros


em bom estado e assim sucessivamente.

Fig 34 Danos causados ao enrolamento

3.7.4.2 Sobrecarga Mecânica

É uma condição anormal em que o conjugado resistente da carga é maior que o


conjugado nominal do motor, continuamente, ou em ciclos, de forma que as temperaturas do
enrolamento excedem aquelas estabelecidas em projeto.

Para evitar que essas sobrecargas levem à redução da vida útil e à queima prematura
do motor, os relés térmicos (ou os protetores no enrolamento) devem estar bem ajustados e
aferidos.

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Toda operação dos dispositivos de proteção deve ser acompanhada através de


medições de correntes absorvidas pelo motor e comparadas com a corrente nominal. Corrente
de operação acima da nominal pode ser uma evidência de sobrecarga mecânica.

A operação de motores com tensões inferiores à nominal pode ocasionar


sobrecorrentes capazes de provocar sobretemperaturas no motor.

A queima por sobretemperatura é característica e o enrolamento se apresenta com os


condutores uniformemente enegrecidos e a isolação quebradiça, podendo ter evoluído para
curto entre espiras, fase-terra ou fase-fase em função da falha de isolamento, Fig 35.

Fig 35 Queima por sobrecarga

3.7.4.3 Rotor Travado

É um caso particular de sobretemperatura que acontece quando da partida de um


motor, por um tempo prolongado, em razão do travamento da máquina acionada, do próprio
motor ou ainda em condições de falta de fase ou tensões reduzidas, etc.

A partida de um motor de indução, rotor de gaiola, é muito delicada em função da


alta corrente – as perdas são proporcionais ao quadrado da corrente (I2R) – e da precariedade
da ventilação, em função das baixas velocidades.

Os tempos máximos permissíveis de rotor travado não passam de 20 segundos para


os motores mais modernos.

Em caso de rotor travado, o relé térmico e os protetores de temperatura no


enrolamento devem desligar o motor antes que o isolamento venha a falhar.

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Os dispositivos de proteção devem estar aferidos e ajustados para operar antes da


degradação e falha do isolamento.

O aspecto visual de um enrolamento de um motor queimado por rotor travado é


similar ao da queima por sobrecarga, Fig 36.

Fig 36 Queima por rotor travado

3.7.4.4 Temperatura Ambiente Acima de 40 OC

Motores operando com carga próxima à nominal, em locais com temperatura


ambiente superiores a 40 OC, podem estar com o isolamento submetido a sobretemperatura.

Entretanto, nestes casos, o relé térmico não será capaz de proteger adequadamente o
motor.

O aspecto do enrolamento queimado assemelha-se ao dos casos anteriores.

Os motores não especificados para esta condição devem ter o seu sistema isolante
trocado para uma classe de maior temperatura.

Os motores novos devem ser adquiridos com informações de que a temperatura


ambiente excede os 40 OC.

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3.7.4.5 Partidas Sucessivas

Partidas sucessivas podem levar os enrolamentos a temperaturas muito altas,


comprometendo a vida dos materiais isolantes.

Os intervalos entre partidas devem ser suficientemente longos para permitir a


dissipação do calor gerado durante a aceleração do motor.

A norma NBR 7094 determina um regime de partida mínimo que os motores devem
suportar:
 A frio, duas partidas sucessivas, com retorno ao repouso entre as partidas.
 A quente, uma partida após ter funcionado nas condições nominais.
 Uma partida suplementar será permitida somente se a temperatura do motor,
antes da mesma, não exceder à temperatura de equilíbrio térmico sob carga
nominal.

O número máximo de partidas permissível para um motor, por unidade de tempo, é


difícil de ser calculado, em função do número de variáveis envolvidas: conjugado líquido de
aceleração, potência requerida do motor e momento de inércia do motor e da carga.

Na especificação de motores para acionamento de cargas que requeiram um número


elevado de partidas, reversões, com ou sem frenagem, etc, deve ser indicado a seqüência de
funcionamento do motor e as potências exigidas pela carga ao longo do ciclo de trabalho.

3.7.4.6 Roçamento Rotor-Estator

Desgastes acentuados nos rolamentos podem ocasionar a fricção entre rotor e estator
e sobreaquecimento, devido ao atrito.

As partes atritadas se apresentarão com aspecto polido ou, em casos extremos,


azulados, devido ao aquecimento. A isolação se apresentará danificada pelo calor na área de
fricção, freqüentemente com curto entre espiras e para a massa.

A audição sistemática do ruído dos rolamentos com estetoscópio ou a medição de


vibrações nos mancais das máquinas podem reduzir a zero a ocorrência deste tipo de falha.

3.7.4.7 Tensões Anormais

Os motores de indução devem funcionar satisfatoriamente bem, dentro das condições


de potência nominal, se as tensões elétricas em seus terminais não diferirem da tensão
nominal, em mais ou menos 10%, com freqüência nominal.

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Um motor operando próximo a potência nominal, com tensões fora do limite de 10%,
pode estar com o seu isolamento submetido à sobretemperatura.

Em geral, as tensões nos terminais dos motores são inferiores às nominais. Na


maioria dos casos isto se deve à especificação de transformadores com tensão secundária
igual à nominal dos motores. As quedas de tensões no próprio transformador e nos cabos
condutores reduzem a tensão a valores substancialmente inferiores às tensões de placa dos
motores.

As tensões desbalanceadas provocam a circulação de correntes desiguais nos


enrolamentos.

O efeito da tensão desbalanceada em motores trifásicos de indução é equivalente ao


aparecimento de uma tensão de seqüência negativa com sentido de rotação oposto ao da
tensão balanceada. Esta tensão de seqüência negativa produz um fluxo rotativo contrário à
rotação do motor, acarretando altas temperaturas nos enrolamentos.

O percentual de desbalanceamento da tensão é calculado pela fórmula:

Desvio máx. da tensão da rede


%
Tensão média

A percentagem de desbalanceamento não deve ser superior a 1% durante períodos


prolongados, ou 1,5% durante curtos períodos.

Um desbalanceamento de tensão de 2% ocasionará uma elevação de temperatura na


fase de maior corrente em torno de 8%. Em geral, a elevação de temperatura média do
enrolamento, percentualmente, é um pouco menor que duas vezes o quadrado do
desbalanceamento percentual.

A manutenção deve mapear, através de medições e registros, as tensões em todos os


barramentos dos Centros de Controle de Motores e nos terminais dos motores mais próximos
e distantes destes CCM’s, corrigindo os desbalanceamentos e os níveis de tensões muito
diferentes do nominal.

3.7.5 Abrasão Mecânica

A abrasão mecânica ou vibração do enrolamento é causada pela movimentação


relativa entre espiras de uma bobina, entre bobinas, entre bobinas e núcleo, bobinas e estecas
e bobinas e amarrações.

As forças envolvidas são de natureza eletrodinâmica e proporcionais ao quadrado da


corrente.

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A vibração tem uma freqüência igual ao dobro da freqüência da rede, ou seja, 120
hertz.

Durante a partida dos motores, quando a intensidade da corrente é algumas vezes


superior à corrente nominal, a intensidade das forças pode superar em 60 vezes a força em
condições de regime.

Nos motores que operam com partidas freqüentes, deve-se tomar cuidados especiais
com a rigidez do enrolamento.

Quando um motor em que os condutores estão soltos, entra em funcionamento, as


bobinas e os condutores, individualmente, vibram no interior e nas cabeças de bobinas,
desenvolvendo-se uma abrasão, por fricção mecânica, do material isolante.

À medida que ocorre a movimentação e a abrasão, as folgas aumentam, permitindo


um maior grau de liberdade dos condutores, aumentando a amplitude de vibração. A abrasão
provoca a fadiga do material isolante dos condutores, do isolamento das ranhuras e das
cabeças de bobinas, nas regiões das amarrações.

Este tipo de falha ocorre tanto em motores de fio redondo, como nos de fio
retangular.

Para evitar falhas deste tipo, deve-se tomar muito cuidado com a amarração das
bobinas, enchimento das ranhuras e estecagem, escolha do verniz a ser empregado e do
processo de cura do impregnante.

As falhas produzidas por abrasão podem conduzir a curto circuitos entre espiras,
fase-fase e fase à massa.

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4 TRANSFORMADORES DE FORÇA

A vida útil de um transformador é a vida do isolamento sólido, normalmente papel


kraft, de natureza celulósica. Os três grandes inimigos do sistema de isolação de um
transformador são a temperatura, a água e o oxigênio.

O tanque de um transformador imerso em óleo mineral isolante é um lugar onde


reações químicas são iniciadas tão logo o transformador é cheio com óleo.

O processo de oxidação do óleo tem início quando o oxigênio entra em combinação


com os hidrocarbonetos instáveis, na presença dos catalizadores existentes no transformador
(cobre, ferro, água, etc). O oxigênio existe livre no ar presente no interior do transformador e
dissolvido no óleo isolante.

A degradação da celulose é fonte de oxigênio e as reações no interior do


transformador tem como subproduto a água.

O óleo possui inibidores naturais, compostos orgânicos de enxofre, termicamente


estáveis. Além disto são acrescentados inibidores sintéticos, tais como o diterciário-
butilparacresol (DBCT). O calor é o principal acelerador das reações de oxidação, sendo um
fator determinante no tempo de vida útil e nos cuidados de manutenção que se fazem
necessários.

Fig 37 Transformador de potência

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4.1 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO ISOLANTE

O óleo isolante é o meio refrigerante com características isolantes do transformador e


imerge todo o enrolamento sólido, núcleo magnético e outras partes internas do
transformador.

Os produtos das reações químicas e da deterioração do óleo isolante e do isolamento


sólido estão total ou parcialmente diluídos no fluido isolante.

A análise físico-química do óleo isolante é um conjunto de testes recomendados para


o acompanhamento das condições dos materiais isolantes do transformador:

Os testes mais comumente utilizados para a avaliação do estado operacional de um


transformador são os seguintes:

Rigidez dielétrica – ABNT/IBPM-530, ASTM(D877)80 e ASTM(D1816)79


Umidade – ASTM(D1535)79
Fator de potência – ASTM(D924)81
Número de neutralização – ABNT/IBP MB-101, ASTM(D974) e ASTM(D1534)78
Tensão interfacial – ABNT/IBP MB320 e ASTM(D-971)77

As análises físico-química, normalmente são realizadas com um intervalo variável de


1 a 2 anos.

A observação criteriosa dos valores dos testes físico-químicos indica a contaminação


do óleo e do isolamento sólido com a umidade e a deterioração do óleo mineral isolante.

A água pode existir no óleo sob a forma dissolvida, não dissolvida (em suspensão) ou
livre (depositada).

A quantidade de água em solução no óleo é função da temperatura e do grau de


refinação do óleo.

Quando o conteúdo de umidade no interior do transformador é reduzido, as pequenas


quantidades de umidade ficam impregnando o papel isolante e dissolvidas no óleo mineral
isolante.

Quando o conteúdo de umidade aumenta, o excedente é absorvido pelo papel isolante


e se dissolve no óleo isolante até atingir o limite de solubilidade no óleo (função de
temperatura). A umidade excedente passará para a forma livre, sendo retido pelo papel
isolante.

Rigidez dielétrica – A água livre em suspensão no óleo e as partículas sólidas em


suspensão (fibras celulósicas, carvão, poeira, etc) diminuem acentuadamente sua rigidez
dielétrica. A água dissolvida no óleo afeta muito pouco sua rigidez dielétrica. O método D-

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877 da ASTM, eletrodos de disco de 1 polegada, afastadas de 0,1 polegada é menos sensível
que o método ASTM D-1816 que usa eletrodos esféricos.

A rigidez dielétrica determina a capacidade de uma amostra de óleo resistir à tensão


elétrica sob condições especificadas expressa em kV.

Conteúdo de umidade – A quantidade de umidade contida no óleo isolante é um


fator importante para se inferir a quantidade de água presente no interior do transformador.

A determinação do conteúdo de umidade no óleo isolante é realizada através da


titulação de uma amostra do líquido com o reagente Karl Fisher.

O método ASTM D-1533 é utilizado para a determinação do conteúdo de umidade,


expresso em ppm (partes por milhão). A água contida no interior do transformador pode ser
proveniente de:
 Resíduo da secagem do papel isolante e do óleo nos processos de fabricação e
manutenção.
 Admissão de ar úmido através da sílica-gel do desidratador de ar.
 Perda de estanqueidade através das borrachas de vedação e micro-fissuras na
carcaça.
 Subproduto da deterioração do isolamento sólido e das reações de oxidação
do óleo isolante.

Portanto, parte da água existente no transformador é gerada no interior do próprio


tanque.

Os valores limites sugeridos para resultados de testes de óleo envelhecido em


serviço, por classe de tensão para os ensaios de rigidez dielétrica, conteúdo de umidade e
perdas dielétricas são expressos na Tabela 8:

Tabela 8 Limites de rigidez dielétrica

69kV e Entre 69kV 345 kV e Método ASTM


Classe de tensão
menor e 288kV acima de testes
Rigidez dielétrica 60Hz kV mínimo 26 26 26 D-877
Rigidez dielétrica kV mínimo separação 23 26 26 D-1816
de eletrodos 10,16mm(0,40”)
Teor de água ppm máximo 35 25 20 D-1533
Perdas dielétricas 60Hz, 25oC máximo 0,65 0,39 0,31 D-924

Transformadores cujos óleos apresentam valores fora dos limites recomendados


devem ser tratados através da desidratação do óleo isolante e, caso necessário, da secagem da
parte ativa.

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A desidratação do óleo isolante é processada através de unidade termovácuo. Quando


o papel isolante contiver umidade em quantidade apreciável, deverá ser procedida a secagem
da parte ativa.

A decisão da secagem da parte ativa pode ser realizada através da determinação da


umidade relativa sobre o isolamento (URSI).

Outros parâmetros indicativos da necessidade de secagem da parte ativa:


-Teor de umidade de 50 ppm no óleo recolhido no topo do transformador.
- Rigidez dielétrica (ASTM D-877) de 22kV ou menor.

Após o tratamento de secagem do óleo isolante e/ou isolamento sólido e após uma
semana, para a uniformização das condições, deve ser recolhida amostra de óleo para análise
e os valores devem atender a Tabela 9:

Tabela 9 Condições limites para óleo isolante tratado


Ensaio Norma Valores limites
Teor de umidade ASTM D-1533 Menor que 10 ppm
Rigidez dielétrica ASTM D-877 Maior que 45kV
Perdas dielétricas ASTM D-924 Menor que 0,1%

Perdas dielétricas – Um óleo novo, em boas condições, deve ter um fator de


potência igual a 0,05% ou menor a 20oC.

Em operação o fator de potência aumenta, podendo chegar a 0,5% à temperatura de


o
20 C, sem ser uma indicação de que uma investigação ou tratamento seja necessário.

O fator de potência é expresso em “%” e o teste ASTM D-924 é adequado para testes
de rotina.

O óleo mineral isolante é constituído de uma mistura de hidrocarbonetos em sua


maioria, e de não hidrocarbonetos em pequenas proporções.

O processo de oxidação do óleo tem início quando o oxigênio entra em combinação


com os hidrocarbonetos instáveis, na presença dos catalizadores existentes no transformador
(cobre, ferro, etc).

A oxidação do óleo tem como principal catalizador a água e é acelerado pelo calor.

O processo de oxidação do óleo se desenvolve em dois ciclos:


 Formação de produtos solúveis da deterioração do óleo, principalmente ácidos;

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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 Transformação dos produtos solúveis em produtos insolúveis, que compõem o sedimento.

O sedimento se deposita sobre a isolação sólida, núcleo e paredes do tanque e obstrui


as passagens de óleo.

A dissipação de calor é prejudicada, aumentando a temperatura de operação do


transformador, acelerando as reações de oxidação.

Tensão interfacial – A tensão interfacial mede a força necessária para que um anel
plano, de fio de platina, possa vencer a tensão existente entre a superfície da amostra de óleo e
água. Uma diminuição da tensão superficial é o primeiro indicador do início da deterioração
do óleo.

O método de ensaio para a determinação da tensão interfacial é o ASTM/D-971 e a


unidade utilizada é dina/cm

Número de neutralização – ou acidez de um óleo, mede a quantidade de produto


básico, hidróxido de potássio (KOH), necessário para neutralizar uma amostra de óleo,
expresso em mgKOH/g.

Tabela 10 Valores limites para os resultados dos testes de acidez e tensão interfacial
Entre 69kV e Acima de Método ASTM de
Classe de tensão 69kV e menor
288kV 345kV testes

Tensão interfacial 24 26 30 D-971


mínimo(dina/cm)

Acidez 0,20 0,20 0,10 D-974


máximo(mgKOH/g)

Tabela 11 Classificação do óleo isolante

Classificação Acidez Tensão interfacial Tensão interfacial / Cor


do óleo (mgKOH/g) (dina/cm) Acidez
Bom 0,03 – 0,10 30 – 45 300 – 1500 Amarelo pálido
Regular 0,05 – 0,10 27 – 30 270 – 600 Amarelo
Duvidoso 0,11 – 0,15 24 – 27 160 – 245 Amarelo brilhante
Ruim 0,16 – 0,40 18 – 24 45 – 150 Âmbar
Muito ruim 0,41 – 0,65 14 – 18 22 – 44 Marrom
Desastroso 0,65 – 1,5 9 – 13,9 6 - 21 Marrom escuro

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Tabela 12 Dados históricos obtidos pela ASTM durante onze anos de testes em 500 transformadores e
que estabelecem a correlação entre o número de neutralização, a tensão interfacial e a formação de
sedimento em transformadores com óleo mineral isolante.
Número de neutralização e formação de sedimento
Número de neutralização Percentagem de 500 Número de unidades nas
quais houve formação de
(mgKOH/g)
sedimentos
De 0,00 a 0,10 0 0
De 0,11 a 0,20 38 190
De 0,21 a 0,60 72 360
De 0,60 para cima 100 500
Tensão interfacial e formação de sedimento
Abaixo de 14 100 500
De 14 a 16 85 425
De 16 a 18 69 345
De 18 a 20 35 175
De 20 a 22 33 165
De 22 a 24 30 150
Acima de 24 0 0

O óleo deteriorado deve ser regenerado ou trocado por óleo novo. Na regeneração, o
óleo é tratado quimicamente, passando depois em unidade termovácuo.

Nesses casos o núcleo e o tanque do transformador devem ser lavados para remoção
dos produtos ácidos.

O óleo regenerado deve apresentar pelo menos, as seguintes características, após


repouso e estabilização.

Tabela 13 Limites para óleo regenerado


Ensaio Norma Valores limites
Teor de umidade ASTM D-1533 Menor que 10 ppm
Rigidez dielétrica ASTM D-877 Maior que 45 kV
Acidez ASTM D-974 Menor que 0,05mgKOH/g
Tensão interfacial ASTM D-971 Maior que 40 dina/cm
Perdas dielétricas ASTM D-924 Menor que 0,05%

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66
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4.2 CROMATOGRAFIA DOS GASES DISSOLVIDOS NO ÓLEO ISOLANTE

O óleo contém gases dissolvidos, entre eles, monóxido de carbono (CO), hidrogênio
(H2), metano (CH4), etano (C2H6), etileno (C2H4) e acetileno (C2H2), que são combustíveis.
Os não combustíveis são o oxigênio (O2), nitrogênio (N2) e dióxido de carbono (CO2).

Os gases oxigênio e nitrogênio provêm do ar em contato com o óleo. A deterioração


normal da isolação sólida forma principalmente o dióxido e o monóxido de carbono.

O sobreaquecimento do óleo isolante origina os gases metano, etano, etileno e CO2.


À temperaturas mais elevadas, forma principalmente hidrogênio e acetileno.

A cromatografia dos gases dissolvidos no óleo é a técnica destinada a detectar falhas


incipientes no transformador, através da determinação da concentração dos gases na amostra.

As normas NBR 7070 – Guia para amostragem de gases e óleo em transformadores


e análise dos gases livres e dissolvidos e NBR 7274 – Interpretação da análise dos gases de
transformadores em serviço, são referência sobre o assunto.

A análise das concentrações de gases são referenciadas aos valores limites de cada
gás, relações características das concentrações e à taxa de geração do gás.

A avaliação da taxa de formação dos gases no transformador é um valioso meio para


acompanhar a evolução de uma falha.

A taxa de geração de um gás é a quantidade de gás em volume gerado ao longo do


dia.

Nos transformadores selados, sem colchão de gás, os gases gerados ficam dissolvidos
no óleo.

Nos transformadores selados com colchão de gás, parte dos gases gerados fica
dissolvido no óleo e a outra parte irá para o colchão de gás.

Nos transformadores com conservador de óleo, parte dos gases gerados se perde para
a atmosfera. A maior dificuldade para a determinação da taxa de geração é a avaliação da taxa
de perdas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


Amostragem de rotina
Análise dos gases. Comparação com
limites de sensibilidade 67 Diagrama de blocos – NBR 7274/1982

Concentração do gás ultrapassa os limites. Concentração de gás inferior ao


Comparar com o ponto de referência e limite.
calcular as relações Armazenar os dados

Falha elétrica indicando os casos Falha térmica indicando os casos Todas as relações são
B,C,D,E. F,G,H,I. normais. Caso A
Comparar com valores normais Comparar com os valores normais

Todos os gases inferiores aos


valores normais
Todos os gases inferiores aos
valores normais

Um ou mais gases acima dos valores Um ou mais gases acima dos valores
normais: normais
1) Comparar com amostra anterior 1) Comparar com amostra anterior
2) Amostragem de confirmação 2) Amostragem de confirmação

Produção rápida de gás (incremento Produção rápida de gás (incremento Produção rápida de gás (incremento Produção rápida de gás (incremento
médio > 10% ao mês) crítico médio < 10% ao mês) sério médio > 10% ao mês) sério médio < 10% ao mês) insatisfatório
Ação imediata (inclusive outros Efetuar amostragens freqüentes, avaliar Efetuar amostragens freqüentes, avaliar Efetuar amostragens freqüentes,
métodos físicos para investigar a o tempo para saturar o óleo. Efetuar o tempo para saturar o óleo. Efetuar avaliar o tempo para saturar o óleo.
localização da falha) amostragens localizadas para amostragens localizadas para Efetuar amostragens localizadas para
identificação do local da falha. identificação do local da falha. identificação do local da falha.

Considerar

Inspeção e reparo Falha no comutador Falha no tanque Avisar os serviços


Inspeção e reparo Avaliar os serviços de de inspeção e reparo
Desgaseificar Limitação Inspeção
inspeção e reparo
regularmente de carga e reparo
68

Tabela 14 Falhas características - NBR-7274/82

Relações
Caso Nº Falha característica C2 H 2 CH 4 C2 H 4 Exemplos típicos
C2 H 4 H2 C2 H 6
A Sem falha 0 0 0 Envelhecimento normal
Descargas nas bolhas de gás resultantes de
Descargas parciais de
B 0 1 0 impregnação incompleta, de supersaturação ou de alta
pequena densidade de energia
umidade
Descargas parciais de alta Como acima, porém provocando arvorejamento ou
C 1 1 0
densidade de energia perfuração da isolação sólida
Centelhamento contínuo no óleo devido a más
Descargas de energia conexões de diferentes potenciais ou potenciais
D 1-2 0 1-2
reduzida flutuantes. Ruptura dielétrica do óleo entre materiais
sólidos
Descargas de potência. Arco. Ruptura dielétrica do
E Descargas de alta energia 1 0 2 óleo entre espiras ou entre espiras e massa. Corrente de
interrupção no seletor
Falha térmica de baixa
F 0 0 1 Aquecimento generalizado de condutor isolado
temperatura < 150 ºC
Falha térmica de baixa
G 0 2 0 Sobreaquecimento local do núcleo devido à
temperatura 150 ºC – 300 ºC
concentrações de fluxo. Pontos quentes de temperatura
crescente, desde pequenos pontos no núcleo,
Falha térmica de média
H 0 2 1 sobreaquecimento no cobre devido a correntes de
temperatura 300 ºC – 700ºC
Foucault, maus contatos (formação de carbono por
Falha térmica de alta pirólise) até pontos quentes devido a correntes de
I 0 2 2 circulação entre núcleo e carcaça.
temperatura > 700ºC
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Tabela 15 Relações entre os gases (NBR-7274/82)

Código
Relação entre os gases
C2 H 2 CH 4 C2 H 4
característicos (R)
C2 H 4 H2 C2 H 6
0,1 > R 0 1 0
0,1 < R < 1 1 0 0
1< R <3 1 2 1
3<R 2 2 2

Para efeito de codificação, as relações com denominador igual a zero são


consideradas iguais a zero.

Tabela 16 Valores normais e anormais de gases dissolvidos no óleo – California State University -
Sacramento
Gás Gases dissolvidos ppm (vol/vol) Interpretação
Normal Anormal
H2 <150 >1.000 Arco,corona
CH4 <25 >80 Centelhamento
C2H6 <10 >35 Sobreaquecimento local
C2H4 <20 >100 Sobreaquecimento severo
CO <500 >100 Sobrecarga severa
CO2 <10.000 >15.000 Sobrecarga severa

4.3 RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO

O teste de relação de transformação é um recurso valioso para verificação de espiras


em curto-circuito, de falhas em comutadores de derivações, em carga e em vazio. A variação
dos valores medidos em relação aos da placa de identificação do transformador não deve ser
maior que 0,5%. Para a medição da relação, utiliza-se equipamento TTR (Transformer Turn-
Ratio).

A figura abaixo identifica as ligações do TTR para medição da relação de


transformação para as várias ligações do transformador.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Fig 38 Esquemas de ligações para teste de relação de transformação

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Fig 39 TTR (Transformer Turn Ratio)

4.4 FATOR DE POTÊNCIA DO ISOLAMENTO

Um dielétrico pode ser representado simplificadamente por um circuito formado por


um capacitor e um resistor em paralelo ou em série.

Fig 40 Modelo esquemático de um dielétrico ou isolante

O fator de potência da isolação é igual à relação entre a potência em Watt (W)


dissipada no material e o produto da tensão eficaz (V) e da corrente (I) em volt-ampére (VA).

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As perdas dielétricas se dissipam sob a forma de calor que, em conjunto com outros
fatores, tais como umidade, produtos de deterioração do óleo, causam a deterioração da
isolação sólida.

Os valores do ensaio de fator de potência são muito sensíveis à presença de umidade


na isolação devido ao alto fator de potência da água, comparado com o de outros materiais. O
fator de potência máximo admissível para um transformador novo com óleo e
adequadamente seco é 0,5%. Para um transformador com óleo e em operação, um fator
de potência maior que 2,0% é considerado excessivo. Um transformador novo, com óleo,
com fator de potência maior que 1,0% não deve ser colocado em operação.

Todos os valores acima estão referenciados a 20oC.

O aparelho comumente utilizado para o teste do fator de potência é o medidor de


fator de potência, fabricado nas tensões de 2.500 e 10.000 Volts.

As perdas da isolação sólida variam aproximadamente com o quadrado da tensão


aplicada. Porém se existir ionização na isolação, as perdas variarão com a tensão aplicada
elevada a uma potência maior que 2.

O teste do fator de potência com várias tensões permite concluir a existência ou não
de ionização. Devido a variação do fator de potência com a temperatura, os valores medidos
devem ser convertidos a 20oC.

4.5 RESISTÊNCIA ÔHMICA DOS ENROLAMENTOS

A resistência ôhmica dos enrolamentos no campo é realizada, normalmente, com um


micro-ohmímetro ou ponte de Kelvin.

Como o valor da resistência varia com a temperatura, os valores medidos devem ser
corrigidos à temperatura de 20oC, através da seguinte fórmula:

Rm  254,5
R20 
Tm  234,5

onde:
R20 = Valor da resistência ôhmica à temperatura de 20oC
Rm = Valor medido da resistência ôhmica à temperatura Tm
Tm = Temperatura do enrolamento sob teste

Os valores medidos devem ser comparados com os valores de fábrica.

O desequilíbrio entre os três valores medidos deve ser calculado:

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R1  R2  R3
Resistência média =
3

R1  Rm
Desequilíbrio 1 = 100%
Rm

R2  Rm
Desequilíbrio 2 = 100%
Rm

R3  Rm
Desequilíbrio 3 = 100%
Rm

O desequilíbrio não deve exceder 1%

Fig 41 Microohmímetro tipo ODI 100 – Nansen (medidor de resistência ôhmica dos
enrolamentos)

4.6 ACESSÓRIOS PARA INDICAÇÃO E PROTEÇÃO


Para operar com confiabilidade são instalados nos transformadores de médio e
grande porte acessórios para proteção e indicação, alguns deles tratados a seguir:

4.6.1 Relé Buchholz (Trafoscópio)

4.6.1.1 Características Gerais

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Defeitos no interior do tanque geram gases. Quando a formação de gases é


importante, o volume de gases se desloca até o relé buchholz provocando o alarme ou
desligamento do trafo.

Toda sinalização ou alarme através do relé buchholz deve ser motivo de cuidadosa
investigação pois pode significar sérios problemas no transformador.

Existem dois modelos:


o O constituído de uma caixa metálica que tem em seu interior dois flutuadores
dispostos verticalmente. Cada flutuador tem preso um interruptor do tipo
ampola de vidro com mercúrio;

o Com um flutuador e uma placa que é deslocada pelo fluxo do óleo.

Fig 42 Relé Buchholz

O relé Buchholz deve ser adequado à potência do transformador para manter a


sensibilidade adequada. Ele é montado entre a tampa do tanque do transformador e o
conservador ou tanque de expansão.

Ao ser instalado a seta que existe na caixa, Fig 42, deve apontar para a direção do
fluxo de óleo do tanque do transformador para o conservador. A tubulação de admissão para o
relé deve estar localizada na parte mais alta da tampa, que deve ser constatado com a ajuda de
um nível.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


75
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4.6.1.2 Teste de Funcionabilidade do Relé Buchholz

É aconselhável testar o protetor Buchholz pelo menos uma vez por ano.

Para o teste pode ser utilizada uma bomba tipo de bicicleta ligada a uma mangueira.
A extremidade da mangueira ligada à bomba deve ter uma válvula de retenção e a
extremidade ligada ao trafoscópio deve ter uma torneira, Fig 43.

Fig 43 Dispositivo para teste do Relé Buchholz

Procedimento:
1 - Teste do sistema de sinalização e alarme
Com a torneira da mangueira fechada, afrouxar a porca (f) de uma volta. Abrir a
torneira (a) e fazer entrar, lentamente, ar no trafoscópio. Se o circuito de sinalização e alarme
estiver em boas condições, sua operação se verificará quando o volume de ar que entrar no
relé tiver abaixado o nível do óleo o suficiente para liberar a bóia superior.

2 - Teste de desligamento dos disjuntores.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


76
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Manter a torneira (a) fechada. Afrouxar a porca (f) de uma volta. Comprimir ar na
mangueira até uma pressão aproximada de 2 daN/cm2.. Abrir rapidamente a torneira (a). o
fluxo brusco de ar para o Buchholz deve atuar o circuito de desligamento dos disjuntores.

(Fonte: Milan Milasch – Manutenção de Transformadores em Líquido Isolante)

4.6.1.3 Teste de Inflamabilidade

É a verificação se os gases contidos no relé são combustíveis, e deve ser feito antes
do envio da amostra para o laboratório.

O método é o seguinte:

 retirar com uma seringa uma pequena quantidade dos gases acumulados no
trafoscópio, pelo bujão de purga;

 adaptar à seringa uma agulha do tipo injeção, que será aproximada de uma
chama;

 pressionar o êmbolo da seringa;

 se os gases forem combustíveis, surgirá uma chama no orifício de saída que


só apagará quando a seringa estiver completamente vazia;

 coletar a amostra conforme instruções anteriores e enviar ao laboratório.

4.6.1.4 Teste de Acetileno

É feita esta verificação passando-se uma corrente dos gases através de uma solução
de nitrato de prata, que no caso dos gases conterem acetileno, fará com que surja uma
precipitação branca.

4.6.1.5 Verificações na Operação do Relé Buchholz

Após a operação do relé Buchholz, devem ser feitas as seguintes verificações:

 existência de gases e se os mesmos são inflamáveis;

 se não forem inflamáveis, é possível que seja ar atmosférico retido no


transformador ou penetrado por alguma abertura, ou ainda, ter penetrado
pelo tanque de expansão, quando o nível do óleo estiver abaixo do nível do
trafoscópio

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


77
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 se não existir gases, verificar os circuitos elétricos de sinalização e alarme, e


se houve penetração de óleo nos flutuadores; para isso, desenergizar o
transformador, retirar os flutuadores e verificar se há existência de óleo em
seus interiores;

 a operação do trafoscópio pode, também ter ocorrido em decorrência de um


aumento brusco de temperatura do óleo, causado por uma corrente de curto-
circuito, que provoca um fluxo brusco de óleo pelo trafoscópio.

4.6.2 Relé de Fluxo de Óleo e Gás

Este relé fica situado entre o reservatório da chave comutadora sob carga e o
respectivo tanque de expansão. As falhas da chave comutadora levam à formação, em
quantidade bastante considerável, de gases com superaquecimento do óleo, provocada pelo
arco produzido nestas condições.

Como a tendência dos gases e do óleo é de ir para a parte superior do tanque do


comutador, passam pelo relé acionando a proteção.

Este relé é similar ao tipo Buchholz, exceto que o mesmo não tem flutuadores; ao
invés disto, existe uma placa móvel articulada e situada em posição vertical frontal à
passagem do fluxo dos gases e do óleo.

Na parte superior do mesmo existem dois botões, sendo um deles para rearmar o relé
e o outro para testá-lo .

4.6.3 Relé de Pressão Súbita


É um equipamento de proteção para transformador tipo selado. Normalmente é
instalado acima do nível máximo do líquido isolante.

Fig 44 Relé de pressão súbita

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Existem dois tipos de reles de pressão, o de gás e o de óleo.

4.6.3.1 Relé de Pressão de Gás

Quando ocorrem variações pequenas de pressão causadas por variações de


temperatura do transformador, a diferença de pressão entre o gás do tanque e da caixa do relé
é imediatamente anulada através da passagem do gás pelo orifício de equalização.

Na formação de um arco elétrico no interior do transformador, haverá uma elevação


repentina da pressão do gás do colchão, devido a abundante formação de gases; com isto o
fole do relé se expande, atuando uma micro-chave.

Fig 45 Esquemático do relé de pressão de gás

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79
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Para remover o relé em caso de manutenção ou substituição, deve-se reduzir a


pressão do gás do colchão para a pressão atmosférica

4.6.3.2 Relé de Pressão de Óleo

É instalado em transformadores selados, abaixo do nível do óleo conforme indicado


na Fig 46:

Fig 46 Esquemático do relé de pressão de óleo montado no transformador

O relé é formado por recipiente metálico dividido em duas câmaras. A câmara


inferior é banhada pelo óleo do tanque do transformador, além de ter um fole metálico cheio
de silicone líquido, que está diretamente em contato com um pistão.

A câmara superior tem um microswitch que é acionado pelo pistão.

Na ocorrência de um surto de pressão do óleo, o fole se contrai, o pistão se desloca e


o microswitch é acionado.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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4.6.4 Dispositivo de Alívio de Pressão

Este dispositivo é utilizado para aliviar a pressão interna do tanque do transformador


quando a formação de gases em seu interior é intensa, podendo a pressão atingir valores
perigosos para a segurança do tanque. Os tipos mais comuns são os seguintes:

4.6.4.1 Tubo com Diafragma

Um diafragma calibrado para rompimento a uma pressão inferior à suportável pelo


tanque. No caso de uma elevação da pressão interna a um nível perigoso o diafragma se
rompe, aliviando a sobre-pressão interna.

Fig 47 Sistema de alívio de pressão com tubo de explosão (a membrana do diafragma é, em


geral, de vidro)

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4.6.4.2 Tubo com Mola Espiral

A mola espiral pressiona um diafragma metálico, que fecha a abertura de saída dos
gases. O dispositivo abre quando a força da pressão dos gases é maior que a exercida pela
mola, fechando em seguida, quando a pressão estiver aliviada.

Indicador de operação
(posição aberta)
Tampa de proteção
Molas de compressão

Dispositivo de alarme

Diafragma

Apertar para rearmar

Alavanca de rearmar a
chave

Fig 48 Dispositivo de alívio da pressão do tanque do transformador (Westinghouse Electric


Corp.)

4.6.4.3 Alavanca Articulada

Tampa na posição de teste do tanque com pressão


acima do ajustado no dispositivo

Isolador de lã de vidro Mola de


acionamento
Tampa na posição ajustada na fábrica
normal

Fole Sinalização

Trinco
Alavanca
articulada

Amortecedor de Anel de pressão


choque
Parafuso de ajuste

Fig 49 Dispositivo de alívio da pressão do tanque na posição fechada (Westinghouse Electric


Corp)

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Uma alavanca, ligada a uma haste vertical, pressionada por uma mola, mantém o
dispositivo na posição aberta ou fechada. Este dispositivo deverá ser colocado na posição
fechada depois de abrir, do contrário, permanece naquela posição. A manutenção destes
dispositivos se resume em eventual troca de gaxeta.

4.6.5 Termômetros Tipo Mostrador

A temperatura do ponto mais quente do enrolamento de um transformador é


considerado igual à sua temperatura média, medida pelo método da resistência, acrescida de
10° C. Em geral, os grandes transformadores são equipados com termômetros que medem a
temperatura do óleo e do enrolamento, acionam alarme e desligam o equipamento.

4.6.5.1 Termômetro para Líquido Isolante

É constituído de uma ampola ou bulbo, ligado por um tubo capilar ao instrumento


indicador. Enche-se o conjunto com um líquido e as variações de seu volume com a
temperatura são transmitidas ao ponteiro indicador, numa escala graduada em graus Celsius.

O bulbo é colocado numa câmara estanque com óleo isolante, soldada à tampa do
tanque do transformador. A indicação é local.

Tubo capilar

Câmara estanque com


óleo isolante
Tampa do tanque do
tranformador

Bulbo

Fig 50 Medidor de temperatura de bulbo

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


83
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4.6.5.2 Termômetro para Enrolamento (Imagem Térmica)


A temperatura do enrolamento varia mais rapidamente que a temperatura do óleo. Na
prática verifica-se que a diferença entre estas duas temperaturas cresce aproximadamente com
o quadrado da carga do transformador. Como não é possível medir diretamente a temperatura
do enrolamento, o dispositivo de imagem térmica é o meio indireto mais adequado para
realizar esta medição.
O primário de um TC é ligado ao enrolamento cuja temperatura de deseja medir. A
corrente secundária deste TC alimenta uma resistência de aquecimento enrolada em um tubo
isolante perfurado no interior do qual é instalado um dispositivo sensor de temperatura, que
pode ser o bulbo de um termômetro. Este conjunto é montado em um recipiente estanque
cheio de óleo, montado na parte superior do transformador.
Com o dimensionamento adequado de todo o conjunto (TC, resistência de
aquecimento, volume de óleo, etc), o termômetro indicará a temperatura do enrolamento para
as diferentes condições de carga no transformador. Os dados para o dimensionamento do
conjunto são obtidos normalmente no ensaio de aquecimento realizado na fábrica.

a Bulbo

TC
Imagem térmica

Fig 51 Dispositivo de imagem térmica com bulbo metálico e transformador de corrente (TC) de
ajuste

IT

R1 a Bulbo

b R2
TC

Fig 52 Dispositivo de imagem térmica com bulbo metálico e resistor de ajuste

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Fig 53 Indicador de temperatura com imagem térmica.

4.7 PLANO DE INSPEÇÃO DE TRANSFORMADORES DE FORÇA

Os itens do plano de inspeção são relativos à diversidade dos acessórios,


proporcional à dimensão do equipamento. A freqüência das inspeções pode ser relacionada à
temperatura do óleo isolante, proporcional à percentagem da carga nominal com que o
transformador opera.

 Registrar os valores de tensão, corrente, temperatura do óleo e do enrolamento,


temperatura da água de admissão e saída do sistema de refrigeração forçado.
 Registrar a pressão do gás do colchão de gás.
 Verificar a existência de ruídos anormais.
 Verificar se os aquecedores dos painéis e outros estão operacionais.
 Verificar vazamento de óleo.
 Observar nível de óleo no conservador, tanque e buchas.
 Inspecionar trocadores de calor do óleo.

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 Estado da sílica-gel.
 Testar relé buchholz , termostatos de óleo e imagem térmica, dispositivo de nível de
óleo e outras proteções. Testar alarme e desligamento.
 Retirar amostra de óleo para análise físico-química e cromatografia dos gases
dissolvidos no óleo.
 Efetuar testes de resistência de isolamento, resistência ôhmica dos enrolamentos,
relação de transformação e fator de potência da isolação.
 Verificar aterramento de carcaça e da estrela.
 Verificar operação da ventilação forçada.
 Inspecionar integridade da pintura e pontos de oxidação.

4.8 COLETA DO ÓLEO PARA ANÁLISE

4.8.1 Coleta para Ensaio Físico-Químico

A coleta deve ser realizada entre 9:00 e 15:00h em dia seco, com umidade relativa do
ar inferior a 75%. O frasco de coleta deverá conter um volume aproximado de 1000ml e deve
estar perfeitamente limpo e seco.

O processo consiste na limpeza com solvente, detergente, água e posterior


desidratação em estufa.

A coleta do óleo deve ser processada através de um tubo de plástico resistente ao


óleo, com uma válvula conectada ao adaptador através de uma válvula de duas vias e do outro
lado um adaptador à boca do frasco, de forma que não haja contato do óleo com o ar
atmosférico. Deixar escoar de 500 a 1000ml de óleo para um vasilhame de descarte.

Permitir uma pequena quantidade de óleo para o frasco, interromper o fluxo, tampar
e girar o frasco até que o óleo molhe toda a parede do frasco, inclusive a tampa. Descartar o
óleo de lavagem. Coletar cerca de 1000ml de óleo, identificar o frasco, enviado-o para análise
o mais rápido possível.

Dados mínimos para identificação da amostra.

Empresa:
Subestação / Sala Elétrica:
Tipo de Equipamento:
Ano de Fabricação:
Tempo de Operação:
Nº de Série:
Fabricante:
Tensão:

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Potência:
Transformador Selado ou com Conservador – Cobertura de N2 ou Ar?
Temperatura Ambiente:
Temperatura do Óleo:
Umidade Relativa do Ar:
Ponto de Amostragem:
Data da Amostragem:
Amostrador:

4.8.2 Coleta para Cromatografia de Gases Dissolvidos

O óleo deve ser coletado em uma seringa apropriada, a prova de gás, com volume da
ordem de 50 cm3, equipada com torneira, de forma que possa ser fechada hermeticamente.
Previamente limpa.

Um tubo impermeável, resistente ao óleo, com uma torneira de três vias deve ser
conectada à válvula de amostragem do trafo e à seringa. A amostra deve ser retirada com o
equipamento na condição normal de funcionamento, através da válvula inferior de
amostragem do trafo.

Eliminar 1000 a 2000ml de óleo antes da coleta. Deixar penetrar óleo na seringa até
que toda a superfície interna seja coberta pelo óleo. Descartar este óleo.

Repetir a operação, fechar a torneira da seringa, embalando-a para envio ao


laboratório, após etiquetagem.

Informar se o óleo já foi desgaseificado ou recondicionado e quando ocorreu.

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5 CABOS ISOLADOS

5.1 INTRODUÇÃO

A confiabilidade e a vida útil de cabos de potência são influenciados pela qualidade


de fabricação, fatores de serviço como tensão e umidade e o tipo de material isolante e de
cobertura. Esses fatores podem causar não somente a redução da vida útil dos cabos mas
também a ocorrência de falhas durante o serviço.

Os testes de cabos de potência na fábrica, tem por finalidade garantir a qualidade do


produto.

Durante o lançamento e preparação dos cabos, podem ocorrer danos mais ou menos
graves, capazes de inutilizar ou reduzir a vida útil, tais como esforços excessivos, raios de
curvatura reduzidos, perfurações ou rasgos no isolamento e falhas na montagem de emendas e
terminações. Testes de alto potencial podem ser capazes de detectar estes tipos de
anormalidades.

Durante a operação podem acontecer avarias no isolamento com redução de sua vida
útil, conseqüência de contaminantes e sobretemperatura aliado a sobretensões. Testes de
rotina podem detectar estas degradações, permitindo ação preventiva e evitando paradas
intempestivas do processo produtivo.

Fig 54 Cabos lançados em leitos

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5.2 TIPOS DE ISOLAÇÃO DE CABOS DE POTÊNCIA

Os mecanismos de avaria em cabos estão intimamente ligados ao material isolante


utilizado.

O material isolante dos cabos de potência pode ser constituído por materiais sólidos e
podem ser do tipo estratificado. Os materiais sólidos podem ser termoplásticos (cloreto de
polivinila e polietileno) e termofixos (borracha etileno-propileno e polietileno reticulado). As
isolações estratificadas são as que utilizam papel impregnado.

O gradiente de perfuração do dielétrico, ou rigidez dielétrica é um dos parâmetros


mais importantes na escolha do material isolante, pois sua redução pode causar falhas. Essa
rigidez é proporcional ao número de vazios ou impurezas localizadas no material isolante.

Sabe-se que a dispersão dos valores de rigidez é muito menor nos dielétricos
estratificados (ou laminados) do que nos sólidos (extrudados). Explica-se isto pelo fato que o
método de aplicação do isolamento estratificado e subseqüente impregnação evita a presença
de vazios localizados na isolação, enquanto o processo de preparação e aplicação dos
dielétricos sólidos torna quase impossível garantir a total ausência destes vazios. Por este
motivo, os mecanismos de degradação de cabos são observáveis em maior freqüência nos
modelos com isolante sólido.

Os isolantes sólidos mais utilizados nos cabos de potência são PVC, PE EPR e
XLPE.

5.3 O FENÔMENO DA ARBORESCÊNCIA (TREEING)

A degradação por arborescência tem se mostrado um dos principais fatores que


podem levar à falha de cabos isolados, com conseqüente interrupção de serviço. A
arborescência é uma estrutura difusa, no formato de um leque, que se forma em isolantes
extrudados (principalmente em XLPE) e é causada pela ação combinada de água e campo
elétrico aplicado.

Uma arborescência pode-se transformar numa árvore elétrica, ou atravessar o


isolamento e após a ocorrência de qualquer um desses eventos, a ruptura dielétrica é iminente.
Esta redução na rigidez dielétrica em muitos casos é suficiente para causar uma falha mesmo
sob tensão nominal de operação.

Enfim, este fenômeno causa modificações nas características isolantes do cabo como
o aumento no fator de dissipação, aumento na corrente de fuga e das descargas parciais o que
o torna identificável através de testes adequados. Veja na Fig 55 um exemplo.

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Fig 55 Exemplo do fenômeno da Arborescência

5.4 TEMPERATURA

A temperatura de operação é outro fator de degradação do isolamento do cabo. A


degradação pode decorrer de uma fonte pontual de calor, tal como em uma conexão com mau
contato ou através da elevação de temperatura provocada pela circulação da corrente de
operação e da limitação da troca de calor com o ambiente.

Cabos bem projetados normalmente trabalham com temperaturas que não levam à
degradação prematura do isolamento.

É comum lançar novos condutores sobre leitos de cabos e eletrocalhas sem a


verificação do correspondente acréscimo de temperatura em razão de um maior número de
condutores carregados. Este procedimento pode resultar em temperaturas de operação
superiores às de projeto dos cabos.

Quando são lançados condutores de seções muito diferentes (3 ou mais seções) em


uma mesma linha elétrica, os condutores de menor seção devem ser superdimensionados por
questões de aquecimento (NBR-5410/97).

5.5 DESCARGAS PARCIAIS

Como já foi mencionado anteriormente, o processo de fabricação deve evitar a


presença de vazios no isolante. A presença destes vazios podem ocasionar o surgimento de
descargas parciais (corona) que, se não forem controladas, aumentam os vazios até romper
definitivamente o dielétrico. Este fenômeno é causado por sobretensão e defeitos de
fabricação.

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5.6 ERROS DE INSTALAÇÃO

Falta de cuidado ao se manusear e lançar os cabos em eletrodutos ou outras linhas


elétricas, pode causar danos que, se não causarem falhas quando o sistema for colocado em
funcionamento, provavelmente falharão com um tempo reduzido de operação. Durante a
instalação podem ocorrer defeitos no material isolante tais como fissuras e perfurações do
isolamento. Estes defeitos levarão à formação de arborescência e descargas parciais que
podem causar o rompimento total do dielétrico.

5.7 ERROS NA ESPECIFICAÇÃO DA TENSÃO DE ISOLAMENTO DO CABO


É importante lembrar que, em sistemas com o neutro completamente isolado da terra
ou ligado à terra através de impedância, uma falta à terra provoca uma elevação na tensão das
fases não afetadas, podendo chegar a assumir um valor 1,73 vezes superior àquele de regime
normal. A isolação dos cabos fica, portanto, submetida a uma tensão muito superior ao valor
nominal, podendo ser danificada. A classe de isolamento do cabo deve ser escolhida de
acordo com o tipo de aterramento funcional do sistema elétrico.

Fig 56 Condutor de cobre triplex 20/35kV- isolamento em borracha etileno propileno (EPR)

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5.8 TERMINAIS E EMENDAS

Estatísticas mostram que um grande percentual de faltas ocorrem nos terminais e


emendas de cabos de potência. Portanto, estes componentes devem ser instalados de maneira
correta e especificados de acordo com os níveis de tensão e dimensões dos cabos.

5.9 TESTES DE CABOS ELÉTRICOS NO CAMPO

Tradicionalmente os testes elétricos executados após o lançamento e execução das


terminações e emendas é o teste de alto potencial em corrente contínua e posterior teste de
resistência de isolamento.

Vários autores desaconselham a utilização do teste de alto potencial para


acompanhamento, pela manutenção, da degradação do isolamento, sob a argumentação de que
tais testes aceleram a degradação do isolamento, principalmente em condutores que
apresentam o fenômeno da arborescência.

A tendência atual são os testes com tensão alternada com freqüência muito baixa (0,1
a 1Hz), com o acompanhamento da evolução do fator de potência do isolamento e a medição
das descargas parciais.

5.10 INSPEÇÃO DE CABOS ISOLADOS

A inspeção de cabos isolados se resume a:

 Teste de resistência de isolamento.


 Teste de acompanhamento da degradação do isolamento.
 Eliminação de água, causadora da arborescência.
 Inspeção visual em emendas e terminações.
 Eliminação de cupins e roedores.

5.11 ENSAIO DE TENSÃO ELÉTRICA (NBR 6881)

Estes ensaios são destinados a demonstrar a integridade dos cabos e seus acessórios,
durante e após sua instalação.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Os ensaios podem ser classificados como:


A – Ensaios em qualquer ocasião, durante a instalação.
B – Ensaios após a conclusão da instalação do cabo e seus acessórios, e antes destes
serem colocados em operação.
C – Após o cabo e seus acessórios terem sido colocados em operação, em qualquer
ocasião, dentro do período de garantia.
D – Cabos em operação, fora do período de garantia.

Os ensaios podem ser realizados com tensão alternada ou contínua. Por facilidade,
dimensões, peso e custo inferiores dos equipamentos de tensão contínua, esta será a tensão a
ser utilizada nestes ensaios.

A Tabela 17 define os valores de tensão elétrica e os tempos de aplicação da tensão


para os vários tipos de ensaios. A tensão elétrica contínua deve ser fornecida por meio de uma
bateria, gerador eletrostático ou transformador com circuito retificador.

O aparelho tem que possuir um dispositivo capaz de controlar a taxa de variação de


tensão.

Tabela 17 Valor da tensão CC e tempo de teste em função da classe de tensão do cabo.


Tipos de ensaio
Tensão A B C D
Vo / V do
Cabo Tensão Tensão
Tensão Tensão Tempo Tempo Tempo
Tempo
(kV) (kV) (kV) (kV)
0,6 / 1 6,3 6,8 5,5 1,4
1,8 / 3 11,6 12,4 10 4,3
3,6 / 6 19,8 21,2 17,2 8,6
6 / 10 27 5 min 28,8 15 min 23,4 5 min 14,4 5 min
8,7 / 15 39,7 42,4 34,4 20,8
12 / 20 54 57,6 46,8 28,8
15 / 25 67,5 72 58,5 36
20 / 35 90 96 78 48

O ensaio em tensão contínua deve ter um fator de ondulação inferior a 5%, salvo
determinação diferente da norma específica do equipamento.

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Cabos singelos ou múltiplos, com veias blindadas individualmente, com ou sem


blindagem ou armações metálicas sobre o conjunto das mesmas, aplicar tensão de ensaio entre
condutor e blindagem.

Cabos com duas a quatro veias, sem blindagem individual e sem blindagem ou
armações metálicas sobre o conjunto das mesmas, aplicar tensão de ensaio entre cada
condutor e todos os outros condutores.

Cabos com duas a quatro veias, sem blindagem individual e com blindagem ou
armações metálicas sobre o conjunto das mesmas, aplicar tensão de ensaio entre cada
condutor e todos os outros condutores e também entre cada condutor e blindagem ou
armações metálicas.

A tensão a ser aplicada deve ser elevada a partir de um valor inicial, o menor
possível, mas não superior a 20% da tensão nominal do cabo submetido ao ensaio.

A taxa de elevação da tensão deve ser aproximadamente uniforme, de tal maneira


que a tensão especificada de ensaio seja atingida em não menos do que 10 segundos e nem
mais que 60 segundos.

Ao atingir o valor da tensão de ensaio, o mesmo deve ser mantido durante o tempo
especificado.

O valor da tensão e o tempo de aplicação estão especificados na Tabela 17.

Decorrido o tempo de ensaio especificado, a tensão deve ser reduzida com taxa de
variação aproximadamente uniforme, até um valor menor possível, mas não superior a 20%
da tensão nominal do cabo e em seguida, desligar o equipamento.

Caso durante a execução do ensaio houver uma ou mais interrupções por qualquer
anomalia no equipamento, conexões ou terminações do cabo, o ensaio pode ser continuado,
acrescentando-se para cada interrupção, 20% do tempo total de aplicação de tensão ao tempo
que resta para finalizar o ensaio.

O valor da tensão contínua de ensaio é definido pelo seu valor médio aritmético.

Não ocorrendo perfuração total ou parcial do dielétrico submetido ao ensaio, o


condutor é considerado aprovado.

Este ensaio não é universalmente recomendado para testes de manutenção por ser
destrutivo, podendo contribuir para o envelhecimento prematuro do isolamento e por não
fornecer informações de evolução da degradação do material isolante.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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5.12 ENSAIO DE TENSÃO ELÉTRICA ALTERNATIVO

O ensaio de tensão elétrica realizado com a aplicação de degraus de tensão e registro


das correntes de fuga tem algumas vantagens com relação ao ensaio recomendado pela NBR
6881.
O método alternativo permite um controle da intensidade da corrente de fuga,
refletindo em maior segurança, garantindo que o teste seja não destrutivo.

O método alternativo propicia ainda uma maior gama de informações para um


acompanhamento do estado do isolamento do cabo e sua confiabilidade operacional, sendo
muito útil para controle preditivo por parte da manutenção.

O equipamento de ensaio e a ligação do cabo a ser testado são os mesmos da NBR


6881.

O valor da tensão aplicada no último degrau é o valor constante na Tabela 17.

O valor da tensão deve ser dividido em degraus, no mínimo 5 e no máximo 10.

Preparar um gráfico para plotagem dos valores medidos, em papel milimetrado,


conforme Fig 57.

Aplicar o primeiro degrau de tensão, lendo a corrente de fuga 1 minuto após a


aplicação da tensão, plotando-a no gráfico.

Aplicar o segundo degrau, plotando a corrente de fuga lida 1 minuto após. Ligar os
dois pontos através de uma linha.

Aplicar os outros degraus de tensão até o último, plotando as correntes de fuga lidas
e traçando a linha, unindo todos os pontos.

O teste deve ser continuado enquanto a linha traçada for uma reta ou uma curva com
pequena inclinação.

Após a aplicação do último degrau de tensão e da plotagem da corrente de fuga com


1 minuto, a tensão deve continuar imposta ao condutor sob ensaio pelo tempo definido na
tabela e as correntes de fuga lidas e plotadas de 1 em 1 minuto.

Caso a corrente de fuga cresça rapidamente, formando um joelho, como mostrado no


gráfico, o ensaio deve ser interrompido. Isto indica um forte possibilidade de ruptura do
dielétrico.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Corrente de Fuga (uA)

Joelho

A
B

Kv Minutos

Fig 57 Comportamento da corrente de fuga durante o ensaio

A - Ensaio típico de um cabo com isolamento em boas condições .


B - Ensaio interrompido. Isolamento com indicação de ruptura do dielétrico para
novos incrementos de tensão.

Um linha reta ou uma curva com pequena inclinação no ensaio corrente de fuga
versus degraus de tensão e valores decrescentes de correntes de fuga no ensaio corrente de
fuga versus tempo, indicam cabo em bom estado.

Corrente de fuga com valores estáveis ou crescentes com o tempo, indicam


isolamento com polarização pobre (índice de polarização  1).

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6 CAPACITORES DE POTÊNCIA

Cada módulo capacitor é composto por um grupo de elementos capacitivos


conectados em série e paralelo, para se obter a capacitância e a potência reativa desejada.

Na maioria dos casos as unidades capacitivas são montadas em caixas metálicas,


impregnadas com um líquido isolante e vedadas.

Nos capacitores mais antigos um dos líquidos isolantes mais utilizados era o ascarel.
Os capacitores com ascarel não devem ser manipulados caso estejam com vazamento. Neste
caso consultar as equipes de segurança e meio ambiente sobre o melhor tratamento a ser
empregado.

Os capacitores, mesmo depois de desligados, permanecem carregados e pode causar


acidentes decorrentes do choque elétrico. Antes de tocar os terminais de um capacitor tenha
certeza que a tensão entre seu terminal e terra não é superior a 50 volts. Em caso de dúvida
aterre o terminal.

Fig 58 Capacitores de potência

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6.1 A INSPEÇÃO DE UM CAPACITOR

6.1.1 Limpeza
 Manter a carcaça e os isoladores limpos

6.1.2 Oxidação da Carcaça e Estruturas de Suporte.


 Remover pontos de oxidação e fazer tratamento anticorrosivo.

6.1.3 Aterramento

A carcaça dos capacitores e a estrutura metálica devem ser rigidamente ligadas à


malha de terra.

Chave de desligamento e aterramento do banco. Verificar operação e efetivo


aterramento do banco para a terra.

6.1.4 Proteção Contra Curto-circuito

Fusíveis devem proteger a caixa contra rompimento em caso de curto-circuito


interno.

6.1.5 Deformação da Carcaça

Deformação pode ser conseqüência de sobrecorrente provocada por curto-circuito em


elementos unitários, sobretensão ou tensões harmônicas.

6.1.6 Isolamento

Meça o valor da resistência de isolamento entre terminais e carcaça com um


megômetro de 500V durante 1 min. Meça a temperatura externa no topo da carcaça e a
umidade relativa do ar. Compare o valor medido com as medições anteriores do mesmo
módulo. Compare o valor com os dos outros módulos similares. Unidades com valores
decrescentes ou inferiores aos de módulos similares devem ser investigadas.

6.1.7 Teste da Integridade do Módulo Capacitor


Aplicar tensão reduzida nos terminais do capacitor, medindo a corrente drenada.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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A potência fornecida pelo capacitor monofásico é calculado pela fórmula:

IT
PN  VN
2

VT

onde:

PN = Potência nominal
IT = Corrente medida no teste
VT = Tensão reduzida de teste
VN = Tensão nominal

Para capacitor trifásico, aplicar os valores medidos na fórmula:

IT
PN  3  VN
2

VT

Comparar a potência calculada com a potência da placa. Diferenças superiores a 5%


devem ser investigadas. Maiores que 10% indicam problemas internos no capacitor.

Atenção: em caso de queima freqüente de capacitores verificar:


 Tensão de alimentação superior à tensão nominal;
 Distorção da tensão harmônica no barramento alimentador.

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7 PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS E


ATERRAMENTO

O sistema de proteção contra descargas atmosféricas compreende os captores, os


condutores ou rabichos de descida e a malha de aterramento.

Todo este sistema deve estar de acordo com a NBR 5419 (Proteção de Estruturas
contra Descargas Atmosféricas) em sua ultima revisão.

7.1 INSPEÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS (SPDA)

7.1.1 Captores

Nenhuma estrutura metálica (luminária, antena) deve estar acima dos captores
(pontas ou cabos). Em caso de dúvida solicite apoio junto à engenharia.

Fig 59 Luminárias atuando erradamente como captores

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Estruturas metálicas só podem ser consideradas autoprotegidas (ser captoras e


descida da descarga) se cumprirem os requisitos exigidos pela norma.

7.1.2 Cabos de Descida

O número e a bitola dos cabos de descida são itens de projeto. Em caso de dúvida
consulte a engenharia.

Os condutores devem ser fixados à estrutura do prédio e não isolados com suportes e
roldanas. Os condutores devem estar o mais esticado possível.

Os cabos de descida ou rabichos não devem ser compartilhados, como por exemplo,
rabichos de aterramento e carcaça de motores, painéis, etc. Cada rabicho deve ser conectado
diretamente à malha de terra.

Rabichos
compartilhados

Fig 60 Rabichos de SPDA e aterramento compartilhados

Os raios de curvatura dos rabichos e cabos do SPDA e malha de terra devem ser
superiores a 200mm.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Fig 61 Condutores com raio de curvatura inferior a 200mm

7.1.3 Eletrodutos de Proteção

Os eletrodutos de proteção devem ser de PVC. A utilização de eletroduto de ferro


exige a instalação de jumper entre o rabicho e o eletroduto na entrada e saída.

Jumper

Rabicho

Eletroduto de
ferro

Fig 62 Exemplo de ligação em instalações com eletroduto de ferro

7.1.4 Conexões Elétricas

As conexões elétricas devem ser preferencialmente com solda exotérmica em lugar


de conectores. Conexões com conectores devem ser revisadas e limpas de contaminantes e
oxidações.

Cuidado! Ao abrir uma conexão de aterramento, a corrente circulante pode atravessar


o corpo e ter conseqüências fatais. Trabalhe com luvas isolantes e com curto-circuitamento
provisório antes de abrir algum circuito de terra.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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O sistema de aterramento funcional e de segurança de um sistema elétrico de


potência compreende:
 A ligação do sistema elétrico à malha de terra (normalmente o centro da estrela
de transformadores e dos geradores) solidamente ou através de resistências e
reatâncias.
 A conexão de todas as partes metálicas não condutoras de energia à malha de
terra.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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8 SISTEMAS DE ATERRAMENTO E MALHA DE TERRA

Nos sistemas elétricos solidamente aterrados, as massas (partes metálicas não


condutoras de energia) podem ser aterradas diretamente à malha de terra. Este sistema é
designado com TT (Fig 63).

Fig 63 Sistema de aterramento TT

As massas podem também ser aterradas via condutores de proteção (PE),


preferencialmente, ou via condutores de proteção e neutro (PEN), conectados a barramentos
de terra existentes nos painéis e destes a malha de terra, próximo ao ponto em que a estrela do
transformador (terminal Xo) é conectado a malha. Este sistema é designado como TN (Fig
64).

Sistema TN-S – Condutores de proteção (PE) e neutro (N) são independentes a partir
da fonte de energia.

Sistema TN-C – Condutores de proteção e neutro (PEN) são comuns ao longo de


toda a instalação.

Sistema TN-CS – Condutores de proteção (PE) e Neutro (N) são comuns durante um
trecho da instalação, tornando-se independentes a partir de um ponto.

OBS: Após tornarem-se independentes, os condutores não podem vir a ser tornarem
comuns novamente.

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Fig 64 Sistemas de aterramento TN

No sistema isolado IT (Fig 65), o sistema elétrico não é conectado ao terra ou é


conectado através de resistor ou reatância.

Fig 65 Sistemas de aterramento IT

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Neste sistema, quando uma fase é acidentalmente colocada no potencial de terra, a


corrente de curto circuito é tão reduzida que o dispositivo de proteção não é sensibilizado, não
desligando o circuito.

Nestes casos é importantes dotar o sistema de um circuito que sinalize a existência de


uma fase para a terra, de forma que a falha seja localizada e o circuito reparado. Caso isto não
aconteça e uma segunda fase seja colocada para a terra, estabelece-se um curto-circuito fase-
fase com alta intensidade de corrente, atuando a proteção. Nestes casos a localização das falta
pode ser demorada e o circuito pode ficar interrompido por um longo período de tempo.

Em um sistema de aterramento é importante que a malha de terra e os rabichos de


aterramento sejam preservados, garantindo que as tensões de passo e toque sejam mantidas
dentro de valores seguros, nos casos de elevadas correntes de descarga atmosférica e de curto-
circuito.

8.1 INSPEÇÃO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO

8.1.1 Estruturas Metálicas

Inspecione os rabichos de aterramento, se estão conectados ou soldados à estrutura


metálica e que o raio de curvatura não seja inferior a 200mm. Reaperte as conexões com
conectores.

8.1.2 Carcaça dos Equipamentos Elétricos

Inspecione se as carcaças dos equipamentos elétricos estão solidamente aterradas.

8.1.3 Cubículos e Painéis Elétricos

Inspecione se os condutores de proteção estão firmemente conectados a barra de


terra. A estrutura metálica e as portas devem estar aterradas.

8.1.4 Transformadores e Geradores

Verifique se os condutores de aterramento do centro da estrela estão firmemente


conectados e se estão íntegros, sem danos.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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8.1.5 Resistência e Reatância de Aterramento

 Inspecione se os isoladores estão em boa situação, sem trincas, sinais de


descargas superficiais ou com a pintura queimada.
 Inspecione se os elementos resistivos e reativos estão com algum sinal de
deterioração.
 Efetue um teste de resistência de isolamento com megômetro 500V durante 1
min do elemento ativo para a massa e anote os valores de resistência de
isolamento, temperatura e umidade do ar. Compare com as medições anteriores.
Redução dos valores deve ser investigado.

Fig 66 Resistor de aterramento do centro da estrela do transformador

8.1.6 Malha de Aterramento

O valor da medição da resistência ôhmica da malha de terra, via de regra, não é uma
indicação segura de sua eficácia, pelos seguintes motivos:

 A dificuldade de medir a resistência ôhmica (IEEE std80 – Guide for Safety in


Substation Grounding).

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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 O valor ôhmico da malha de terra não é garantia de segurança para as pessoas e


os equipamentos.

Em casos de dúvidas sobre a eficiência de uma malha de terra, pode-se adotar o


seguinte roteiro:

 De posse do projeto da malha, verifique se as tensões de passo e de toque estão


dentro dos limites seguros para as correntes de curto-circuito para a terra e de
descarga atmosférica.
 Caso exista dúvida de que a malha possa ter sido rompida por alguma escavação,
confirme a integridade dos condutores através de injeção de corrente e cálculo da
resistência ôhmica nominal do condutor.
 Se não ficar garantida a integridade da malha, instale uma nova, interligando a
nova malha à malha antiga.

Atenção:
 Uma malha ineficaz pode ser pior do que sua inexistência.
 Utilize solda exotérmica ao invés de conectores, sempre que possível, em todo
sistema de aterramento.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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9 BATERIAS

Uma bateria é uma célula eletroquímica que armazena energia química,


transformando-a em energia elétrica quando necessário.

Os elementos de um banco de baterias são dispostos em estantes ou cubículos e


interligados, formando um banco adequado ao valor da tensão e da capacidade em ampéres-
hora (Ah), requeridos pela carga.

Os Ah representam o produto da corrente, em ampéres, por um período de tempo, em


horas, que as baterias podem fornecer, respeitando a corrente nominal.

Segurança!

Durante a carga o acumulador libera uma mistura de gases explosivos. A sala de


baterias deve possuir um sistema de exaustão de modo a manter a concentração de gases em
baixo nível.

Só permaneça na sala de baterias com o sistema de exaustão ligado.

Não é permitida a instalação de equipamentos que provoquem faíscas na sala de


baterias.

Utilize roupas resistentes ao eletrólito da bateria ao executar inspeções que possam


mantê-lo exposto a um possível vazamento. Tenha em mãos produtos capazes de neutralizar o
eletrólito. Em caso de contato com o olho, lave abundantemente com água e procure apoio
especializado do médico do trabalho.

Cuidado! Nunca inverta água sobre ácido sulfúrico (H2SO4). A reação é muito
violenta, podendo produzir explosão de graves conseqüências.

O plano de inspeção contendo os itens de verificação deve ser preparado de acordo


com as instruções do fabricante.

O banco de baterias é alimentado por um carregador projetado para fornecer as


tensões de flutuação e para carga de equalização e carga profunda.

O banco é mantido em carga de flutuação, responsável por compensar a auto-


descarga. A tensão de flutuação, normalmente, é de 1,38V a 1,42V, por elemento, para a
bateria alcalina e de 2,20V a 2,25V para a chumbo-ácido.

Pode ser necessário submeter a bateria chumbo-ácido à carga, em tensões mais


elevadas, denominadas carga de equalização e carga profunda.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


109
Companhia Siderúrgica de Tubarão

A carga de equalização é uma sobrecarga controlada que se destina a igualar as


cargas dos elementos. Os elementos estarão equalizados quando suas densidades e tensões
forem aproximadamente iguais. A tensão de equalização é da ordem de 2,30V a 2,45V por
elemento.

A carga profunda é necessária quando da ativação de baterias carregadas, na


preparação antes da colocação em serviço ou após uma descarga profunda.

A carga profunda é dada com corrente constante, com intensidades entre 0,05C e
0,25C, onde C é a capacidade do banco em ampéres-hora (A.h).

Para a bateria alcalina a carga de equalização substitui a carga profunda da bateria


chumbo-ácido e deve ser aplicada:

 quando houver uma diferença de tensão entre seus elementos igual ou superior a
0,03V.
 quando a tensão de flutuação da bateria estiver abaixo do valor recomendado;
 depois de uma descarga da bateria, de qualquer natureza;
 durante as manutenções preventivas mensais;
 para homogeneizar a solução da bateria, principalmente as de maior capacidade.

Fig 67 Banco de baterias

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


110
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As baterias devem ser descarregadas de forma controlada, para verificação de sua


capacidade. O intervalo médio recomendado é de 12 meses, mas as instruções do fabricante
devem ser seguidas.

As tensões mínimas de descarga, por elemento, salvo recomendações diferentes do


fabricante, deve ser de 1,75V para a bateria de chumbo-ácido e 1,0V para a bateria alcalina.

9.1 INSPEÇÃO DE BANCOS DE BATERIAS E CARREGADOR

9.1.1 Limpeza

Manter a sala, estantes e os elementos completamente limpos.

O elemento chumbo-ácido deve ser limpo com um pano. Resíduos de eletrólito


devem ser limpos com um pano embebido com solução a 10% de bicarbonato de sódio e
posteriormente com pano seco.

O elemento alcalino pode ser limpo com detergente neutro e pano limpo.

9.1.2 Elementos

Fazer limpeza e procurar causa do vazamento. Caso não seja possível reparo, o
elemento deverá ser reposto.

Fig 68 Elementos e conexões

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


111
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9.1.3 Conexões

Medir a temperatura das conexões elétricas dos elementos com termômetro


infravermelho com mira a laser. Retorquear as conexões com temperatura superior,
utilizando instruções do fabricante.

Verificar conexões das peças metálicas da estante e a fixação dos elementos do


banco.

9.1.4 Oxidação

Verificar oxidação das peças da estante e dos elementos. As conexões dos elementos
devem ser protegidas com graxa própria ou conforme recomendação do fabricante.

9.1.5 Pintura

Manter a estante e a sala de baterias com pintura em bom estado.

9.1.6 Nível do Eletrólito

Manter o nível do eletrólito entre as marcações de mínimo e máximo. Se o nível


estiver abaixo, avalie:

 houve vazamento do eletrólito?

A - acrescente solução de ácido sulfúrico com densidade de 1,210g/cm3 a 25 ºC, se a


bateria for chumbo-ácido.

Cuidado!
A1 – Não prepare a solução se não tiver um padrão para isto e se não tiver
experiência no trato de produtos químicos. Inverter água sobre ácido sulfúrico pode produzir
uma explosão de graves conseqüências.

A2 – A solução de ácido sulfúrico é corrosiva, podendo provocar graves lesões na


pele, olho, etc.

B- Se a bateria for alcalina, completar o nível com uma solução de hidróxido de


potássio (KOH) com densidade aproximada de 1,180 g/cm3.

Cuidado!
B1-A solução de hidróxido de potássio é altamente corrosiva, devendo ser preparada
e manipulada por pessoal experiente, em local ventilado, de posse de um padrão técnico.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


112
Companhia Siderúrgica de Tubarão

 Não houve vazamento de eletrólito?

Completar com água destilada.

9.1.7 Medição de Tensão

A tensão e a corrente fornecida pelo carregador devem ser medidas e anotadas e a


tensão regulada para o valor sugerido pelo fabricante. Medir e anotar a tensão dos elementos,
com o banco em flutuação. Os elementos com tensões abaixo da tensão crítica devem ser
submetidos à carga de equalização (seguir instruções do fabricante).

9.1.8 Densidade

Medir a densidade do eletrólito de todos os elementos das baterias chumbo-ácido e


dos elementos pilotos das baterias alcalinas. A densidade deve ser referida à temperatura de
25ºC.

A densidade da bateria chumbo-ácido varia com nível de carga do elemento.


Elementos com baixa densidade podem exigir uma carga de equalização.

9.1.9 Análise do Eletrólito

O eletrólito da bateria alcalina se contamina e deve ser substituído sempre que


atingir o conteúdo de impurezas.

Tabela 18 Conteúdo de impurezas máximo permitido no eletrólito alcalino

Contaminante Eletrólito usado Eletrólito novo


Carbonato de potássio(K2CO3) 75,0 g/l 7,5 g/l

Sulfato de potássio (K2SO3) 4,0 g/l 0,15 g/l

Cloreto de potássio (KCl) 0,2 g/l 0,10 g/l

9.1.10 Descarga da Bateria

Periodicamente deve-se proceder a um processo de descarga controlada do banco de


baterias para testar sua capacidade.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


113
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9.1.11 Painel do Carregador

 Verificar limpeza, trancas, dobradiças e borrachas de vedação.


 Verificar aterramento do painel.
 Observar funcionamento da iluminação e ventilação.
 Inspecionar fixação, oxidação e identificação externa do painel, observar
anomalias dos fios e tampas das canaletas.

Fig 69 Painel do carregador

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


114
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9.1.12 Retificadores

Medir temperatura das conexões com termômetro infravermelho. Solicitar


termografia caso haja alguma dúvida.

Verificar visualmente os cartões eletrônicos

9.1.13 Indicadores de Tensão e Corrente

 Confirmar que a chave seletora está posicionada para flutuação.


 Medir e anotar os valores de tensão e corrente.
 Confirmar, com instrumentos portáteis previamente calibrados, a exatidão dos
valores indicados.
 Comparar os valores medidos com valores nominais e registros anteriores.
 Testar o zero dos instrumentos.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


115
Companhia Siderúrgica de Tubarão

10 EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM


ATMOSFERAS EXPLOSIVAS.

10.1 INTRODUÇÃO
A inspeção e manutenção de equipamentos elétricos em atmosferas explosivas são
definidos na norma internacional IEC-79.17 – Recommendations For Inspections and
Maintenance of Electrical Installations In Hazardous Áreas (Other than Mines 1990). Três
graus definem o nível de profundidade com que a inspeção é realizada:

Inspeção visual (V) – são observados defeitos que são evidentes visualmente.

Inspeção apurada (A) – é a inspeção que cobre a inspeção visual e vai além,
utilizando-se ferramentas e equipamento de apoio, como escadas, não requerendo
desernergização nem abertura de invólucro.

Inspeção detalhada (D) – inspeção completa com o equipamento desenergizado,


cobrindo as inspeções anteriores, com a abertura do equipamento e a utilização de ferramentas
e instrumentos de testes.

As atividades de inspeção devem ser executadas por pessoal qualificado, instruído


sobre os vários tipos de proteção e práticas de instalação e que tenham noções sobre os
princípios de classificação de áreas.

A inspeção deve estar amparada em documentação técnica referente à classificação


de áreas, classe de temperatura e grupo do equipamento, entre outros.

10.2 TIPOS DE INSPEÇÃO

Inspeção inicial – são inspeções realizadas em toda a instalação e equipamentos,


antes da colocação em operação, com o objetivo de verificar sua conformidade com o projeto
e as normas aplicáveis. As inspeções devem ser do grau “detalhada” e os resultados devem ser
registrados.

Inspeção periódica – são as inspeções realizadas em todos os equipamentos de forma


periódica, ou seja, em intervalos pré-definidos, e os resultados registrados. O intervalo entre
inspeções periódicas deve ser determinado em função da instrução do fabricante, experiência
anterior e a zona de uso, não devendo exceder a três anos, a menos que esteja continuamente
sob a supervisão de pessoal qualificado.

Inspeção por amostragem – são inspeções realizadas em um percentual dos


equipamentos instalados. Fornecem informações para validar ou alterar o intervalo das
inspeções periódicas e o grau de inspeção determinado. As inspeções por amostragem devem
ser registradas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


116
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10.3 TIPO DE PROTEÇÃO


Os equipamentos e dispositivos elétricos capazes de operar em atmosferas
explosivas devem possuir características específicas que evitem a ignição de uma atmosfera
inflamável no seu entorno. Uma simbologia própria, composta da sigla Ex, seguida de uma
letra minúscula define o tipo de proteção. Estaremos descrevendo os tipos constantes nos
formulários de inspeção do parágrafo seguinte:

Ex d – Equipamento a prova de explosão.


São os equipamentos encerrados em um invólucro capaz de resistir à pressão de
explosão interna, não permitindo que a explosão se propague para o meio externo.

Ex e – Equipamento de segurança aumentada.


Tipo de proteção aplicável a equipamentos elétricos que por natureza própria não
produzem arcos, centelhas ou alta temperatura em condições normais de operação. Mesmo
assim, para ser considerado como de segurança aumentada, são incorporadas medidas
construtivas adicionais, diminuindo sensivelmente a probabilidade que o equipamento cause
altas temperaturas, arcos ou centelhas.

Por definição os equipamentos que podem ser desenvolvidos como de segurança


aumentada são limitados. Podemos citar os motores de indução com rotor em curto-circuito,
as luminárias, caixas de passagem, entre outros.

Ex ê – Equipamento imerso em óleo.


São os equipamentos em que as partes que podem produzir centelhamento ou alta
temperatura estão imersas em óleo, de forma que a atmosfera explosiva que possa existir
acima da superfície do óleo, ou externamente ao invólucro, não seja inflamada pelo
equipamento.

Ex n – Equipamento não acendível.


São equipamentos elétricos que em condições normais de operação são incapazes de
provocar a ignição de uma atmosfera explosiva de gás, bem como é improvável que ocorra
algum defeito capaz de causar a inflamação desta atmosfera.

Ex p – Equipamento pressurizado.
São os equipamentos em que é mantida uma pressão superior à atmosférica no
interior do invólucro de forma que, caso haja uma mistura inflamável em seu redor, esta não
entre em contato com partes que possam causar uma ignição.

Ex i – Equipamento de segurança intrínseca.

10.4 FORMULÁRIO DE INSPEÇÃO


Os formulários de inspeção apresentados foram retirados do livro “Manual de
Instalações Elétricas em Indústrias Químicas, Petroquímicas e de Petróleo” de Dácio de
Miranda Jordão, Qualitymark, 2ª ed, que recomendamos como fonte de consulta.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


117
FORMULÁRIO 1 – APLICÁVEL A EQUIPAMENTOS Ex i

GRAU DA
VERIFICAR
INSPEÇÃO
A EQUIPAMENTO D A V
A documentação do circuito e/ou equipamento mostra que o
1
mesmo é adequado à classificação da área
  
O equipamento instalado é o especificado na documentação
2
(instalação fixa apenas)
 
A categoria e o grupo do circuito e/ou equipamento estão
3
corretos
 
4 A classe de temperatura do equipamento está correta  
5 A instalação está claramente marcada  
6 Não há modificações não autorizadas 
7 Não há modificações não autorizadas visíveis  
Barreiras de segurança, relés e outros dispositivos
limitadores de energia são do tipo aprovado, instalados de
8
acordo com os requisitos de certificação e seguramente
  
aterrados onde necessário.
9 As conexões elétricas estão apertadas 
10 As placas de circuito impresso estão limpas e sem danos 
B INSTALAÇÃO
1 Os cabos estão instalados de acordo com a documentação 
As blindagens dos cabos estão aterradas conforme
2
documentação

3 Não há dano evidente no cabo   
A selagem de dutos, tubos, e/ou eletrodutos estão
4
satisfatórias
  
5 As conexões ponto-a-ponto estão todas corretas 
A continuidade do aterramento está satisfatória (i.e. as
6 conexões estão apertadas e os condutores possuem suficiente 
seção reta)
As conexões de aterramento mantêm a integridade do tipo de
7
proteção
  
O circuito de segurança intrínseca está isolado da terra, ou
8
aterrado em apenas um ponto (referir-se à documentação)

A separação entre circuitos de segurança intrínseca e não de
9 segurança intrínseca em caixas de distribuição comuns ou 
cubículos de relés está mantida
Se aplicável, a proteção de curto circuito da fonte de
10
alimentação está conforme a documentação.

11 Condições especiais de uso (se aplicável) estão conforme... 
C AMBIENTE
O equipamento está adequadamente protegido contra
1
intempérie, corrosão, vibração, etc.
  
2 Não há acúmulo externo de poeira e sujeira   
118
FORMULÁRIO 2 – APLICÁVEL A INSTALAÇÕES E EQUPAMENTOS Ex p

GRAU DA
VERIFICAR
INSPEÇÃO
A EQUIPAMENTO D A V
1 O equipamento é adequado à classificação de áreas   
2 O grupo do equipamento está correto  
3 A classe de temperatura do equipamento está correta  
4 A identificação do circuito está correta 
5 A identificação do circuito está disponível   
Invólucro, vidro e selagem vidro-metal (gaxeta e/ou massa)
6
estão satisfatórios
  
7 Não há modificações não autorizadas 
8 Não há modificações não autorizadas visíveis  
9 Tipo, valor nominal e posição de lâmpadas estão corretos 
B INSTALAÇÃO
1 O tipo de cabo é adequado 
2 Não há dano visível nos cabos   
As conexões de aterramento, incluindo qualquer
aterramento suplementar estão satisfatórias, por exemplo as
3 conexões estão apertadas e os condutores possuem seção
suficiente
-verificação física 
-verificação visual  
Impedância de falta (sistema TN) ou resistência de terra
4
(sistema IT) está satisfatória

Os dispositivos de proteção elétrica automáticos operam
5
dentro dos limites permitidos

Os dispositivos de proteção elétrica automáticos estão
6
calibrados corretamente

A temperatura do gás de proteção está abaixo da máxima
7
permitida

8 Os tubos, dutos e invólucros estão em boas condições   
O gás de proteção está substancialmente livre de
9
contaminantes
  
10 A pressão e a vazão do gás de proteção são adequadas   
Os indicadores de pressão e/ou vazão, alarmes e
11
intertravamentos funcionam corretamente

12 O período de purga para pré-energização é adequado 
13 As condições especiais de uso (se aplicáveis) estão conforme 
C AMBIENTE
O equipamento está adequadamente protegido contra
1
intempérie, corrosão, vibração, etc.
  
2 Não há acúmulo externo de poeira e sujeira   
119
FORMULÁRIO 3 – APLICÁVEL A EQUPAMENTOS Ex d, Ex e, Ex n
VERIFICAR Ex d Ex e Ex n
GRAU DA INSPEÇÃO
A EQUIPAMENTO D A V D A V D A V
1 O equipamento é adequado à classificação de áreas         
2 O grupo do equipamento está correto      
3 A classe de temperatura do equipamento está correta      
4 A identificação do circuito do equipamento está correta   
5 A identificação do circuito do equipamento está disponível         
Invólucro, vidro e gaxeta de vedação vidro-metal e/ou massa selagem
6
estão satisfatórios
        
7 Não há modificações não autorizadas   
8 Não há modificações não autorizadas visíveis      
Os parafusos, dispositivos de entrada de cabos (direta e indireta) e
elementos de fechamento são do tipo correto e estão completos e
9
apertados
-verificação física      
-verificação visual   
As faces dos flanges estão limpas e não danificadas e as gaxetas, se
10 
existirem, estão satisfatórias
11 Os interstícios dos flanges estão dentro dos valores máximos permitidos  
12 Tipo de lâmpada, potência e posição estão corretos   
13 As conexões elétricas estão apertadas  
14 As condições das gaxetas dos invólucros estão satisfatórias  
Os dispositivos de desligamento em invólucro vedados e dispositivos
15 
hermeticamente selados não estão danificados
16 O invólucro com restrição gás-vapor está satisfatório 
Os ventiladores de motores tem afastamento suficiente em relação ao
17   
invólucro e à tampa
B INSTALAÇÃO
1 O tipo de cabo é adequado   
2 Não há dano visível nos cabos         
3 A selagem de passagens, dutos, tubos e/ou eletrodutos é satisfatória         
As unidades seladoras e a selagem de cabos estão corretamente
4 
preenchidas
A integridade do sistema de eletrodutos e a interface com o sistema
5   
misto estão mantidos
As conexões de aterramento, inclusive ligações à terra suplementares
estão satisfatórias, isto é, as conexões estão apertadas e os condutores
6
possuem seção suficiente
-verificação física   
-verificação visual      
Impedância de falta (sistema TN) ou resistência de aterramento
7   
(sistema IT) está satisfatória
8 A resistência de isolamento é satisfatória   
Os dispositivos de proteção elétrica automáticos operam dentro dos
9   
limites permitidos
Os dispositivos de proteção elétrica automáticos estão calibrados
10   
corretamente (não é permitido rearme automático em zona 1)
11 As condições especiais de uso (se aplicáveis) estão conforme   
C AMBIENTE
O equipamento está devidamente protegido contra intempérie,
1
corrosão, vibração e outros fatores adversos
        
2 Não há acúmulo externo de poeira e sujeira         
3 O isolamento elétrico está limpo e seco  
120

FORMULÁRIO 4 – APLICÁVEL A EQUPAMENTOS Ex o

GRAU DA
VERIFICAR
INSPEÇÃO
A EQUIPAMENTO D A V
1 O equipamento é adequado à classificação da área   
2 O grupo do equipamento está correto  
3 A classe de temperatura do equipamento está correta  
4 A identificação do circuito do equipamento está correta 
A identificação do circuito do equipamento está
5   
disponível
Invólucro, vidro e gaxetas seladoras vidro -metal e/ou
6
massa seladora estão satisfatórios
  
7 O nível de óleo está satisfatório  
8 O indicador do nível de óleo está em bom estado   
9 Não há modificações não autorizadas 
10 Não há modificações não autorizadas visíveis  
B INSTALAÇÃO
1 O tipo de cabo é adequado 
2 Não há dano visível nos cabos   
As conexões de aterramento estão adequadas, isto é,
estão apertadas e os condutores possuem seção
3
suficiente
-verificação física 
-verificação visual  
Impedância de falta (sistema TN) ou resistência de
4
aterramento (sistema IT) está satisfatória

Os dispositivos automáticos de proteção elétrica
5
operam dentro dos limites permitidos

Os dispositivos automáticos de proteção elétrica
6
automáticos estão ajustados corretamente

7 Os dutos, tubos e invólucros estão em boas condições   
8 O óleo está substancialmente livre de contaminantes   
As condições especiais de uso (se aplicáveis) estão
9
conforme...

C AMBIENTE
O equipamento está adequadamente protegido contra
1
intempérie, corrosão, vibração, etc.
  
2 Não há acúmulo externo de poeira e sujeira   
121
Companhia Siderúrgica de Tubarão

11 REOSTATOS E RESISTORES

O reostato tem larga aplicação no acionamento de motores de rotor bobinado.

Através da inserção de resistores no circuito rotórico, reduz-se a corrente de partida


do motor, aumentando o conjugado.

Em acionamentos que exigem alto conjugado de partida, o reostato é calculado para


que o motor forneça conjugado de partida próximo do conjugado máximo durante a
aceleração.

Os bancos de resistências para partida de motores de menor potência são do tipo


banco de resistores sólidos.

Na partida de grandes motores elétricos, geralmente de média tensão, são utilizados


reostatos com resistência líquida. Nestes reostatos a variação da resistência normalmente é
processada pela alteração do nível do eletrólito (através de uma bomba) ou da movimentação
dos eletrodos em relação à massa do eletrólito (movimento dos eletrodos)

11.1 INSPEÇÃO DE BANCO DE RESISTORES FIXOS

11.1.1 Inspeção Visual

Verificar limpeza, estado dos isoladores e elementos resistores, indicação de


sobreaquecimento das conexões, aterramento da estante metálica, corrosão, pintura.

11.1.2 Resistência de Isolamento

Medir e anotar o valor da resistência de isolamento com megôhmetro 500V durante


1 minuto na posição RST x massa. Se o valor medido estiver muito inferior aos valores
medidos anteriormente, pode-se fazer um teste com os condutores motor-resistor abertos,
medindo-se as resistências de isolamento do resistor e motor separadamente. Confirmado que
a queda na resistência de isolamento é devido ao resistor, abrir o fechamento da estrela do
resistor e medir a resistência de isolamento nas posições R x STM, S x RTM e T x RSM.
Através deste teste pode-se identificar o isolador ou grupo de isoladores com problema.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


122
Companhia Siderúrgica de Tubarão

11.1.3 Alteração nas Característica de Aceleração do Motor

Efetuar medição dos valores ôhmicos da resistência dos elementos, registrando e


comparando com os valores medidos na fábrica, convertidas as medidas para a mesma
temperatura.

11.2 INSPEÇÃO DE REOSTATOS LÍQUIDOS

Fig 70 Reostato líquido para partida de um motor de 7000 kW, 13,2kV

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


123
Companhia Siderúrgica de Tubarão

A inspeção dos reostatos líquidos deve compreender as seguintes ações (não deixe de
consultar o manual do fabricante):

11.2.1 Tanque

 Verificar limpeza, pontos de oxidação, estado da pintura e pontos de desgaste.


 Observar existência de vazamentos
 Inspecionar se os materiais isolantes estão em boas condições, medir isolamento
em caso de dúvida.

11.2.2 Eletrólito

 Verificar nível
 Observar e anotar a temperatura. Valor limite deve ser tirado do manual do
fabricante.
 Colher amostra e medir densidade e a condutividade ou resistividade,
comparando com dados do fabricante.

11.2.3 Eletrodos

 Verificar limpeza, pontos de corrosão e desgaste.

11.2.4 Alteração nas Características de Aceleração do Motor

 Verificar densidade e resistividade ou condutividade do eletrólito


 Verificar vazão das bombas de recalque do eletrólito
 Verificar movimentação dos eletrodos.

11.2.5 Mecanismo de Curto-circuitamento e Levantamento das Escovas


Efetuar uma simulação do funcionamento deste mecanismo:
Com o motor em posição de repouso as escovas devem estar apoiadas nos anéis
coletores e os limites de escovas apoiadas devem estar sinalizando e permitindo a partida do
motor. Atingindo a rotação nominal, a bucha de curto-circuitamento é acionada, curto-
circuitando os anéis coletores e acionando o levantamento das escovas. Os limites de escovas
totalmente levantadas acionam o desligamento do dispositivo.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


124
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Fig 71 Mecanismo de curto-circuitamento e levantamento de escovas de motor em operação

11.2.6 Contator de Curto-circuito do Reostato

 Inspecionar contatos e câmaras de arco.


 Operar sistema em posição de teste, observando a operação do contator.
 Efetuar teste de resistência de isolamento para a massa e entre fases com
megômetro 500V durante 1 min.
 Efetuar teste de resistência dos contatos do contator com um micro-ohmímetro.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


125
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12 GALERIAS, ROTAS DE CABOS, ELETRODUTOS E


ACESSÓRIOS

A inspeção em galerias de cabos requer uma série de procedimentos de segurança


próprios:

 A inspeção deve ser executada por pelo menos duas pessoas.


 O inspetor deverá portar uma planta baixa mostrando a galeria e as possíveis
rotas de fuga em caso de um acidente.
 Utilizar pelo menos um rádio de comunicação.
 Não tocar em cabos energizados.
 Portar lanternas para o caso de falta de energia de iluminação.
 Utilizar detector de CO e oxímetro.

12.1 INSPEÇÃO EM GALERIAS, ROTAS DE CABOS, ELETRODUTOS E


ACESSÓRIOS

Os itens a seguir destacam os pontos onde o inspetor deverá estar atento:

12.1.1 Circuito de Iluminação

Anotar anormalidades tipo pontos apagados, circuitos com defeito, limpeza das
luminárias.

12.1.2 Sistema de Drenagem de Água

Observar perfeito funcionamento do sistema de drenagem, moto-bombas, bóias de


controle de nível, painéis de controle.

Verificar se existe acúmulo de água no interior da galeria

12.1.3 Limpeza da Galeria

Verificar se o trânsito está prejudicado devido à existência de sujeira ou obstáculo.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


126
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12.1.4 Bandejamento e Cabos Elétricos

Verificar se:

 Os cabos estão organizados e amarrados ao leito de cabos.

 Existe material sólido sobre os condutores. Material sólido reduz a transmissão


de calor fazendo com que os cabos trabalhem a uma maior temperatura,
reduzindo sua vida útil.

 Existem condutores de bitolas muito diferentes, próximos uns dos outros. Os


condutores de menor seção devem ser super-dimensionados para trabalharem do
lado de outros de seção muito maior (diferença de três bitolas).

 Os condutores de níveis de tensão diferentes e de funções distintas (força e


controle, por exemplo) estão dispostos em leitos de cabos diferentes. Cabos de
média e baixa tensão e de controle devem ser lançados em leitos de cabos
distintos.

 Aterramento dos leitos de cabos e eletrodutos metálicos.

1. As linhas elétricas (leitos de cabos, eletrodutos, etc) devem garantir um caminho


de baixa impedância para o retorno das correntes de falta à terra.
2. Verificar integridade dos cabos de aterramento.
3. Não pode haver interrupção da continuidade de eletrodutos e leitos de cabos em
nenhum ponto do circuito.

 Existem vestígios de roedores, cupins e outros insetos. Roedores e cupins podem


danificar os condutores.

 As emendas estão com bom aspecto visual. Observe sinais de aquecimento e de


fuga de corrente superficial.

 Existem condutores comprimidos contra bordas. Observe se a compressão pode


ocasionar lesão no material isolante.

 Leitos de cabos e suportes:

Se existe ponto de oxidação, esse os parafusos das emendas e suportes estão


apertados.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


127
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Fig 72 Leito de cabos

12.1.5 Eletrodutos

Verificar se:

 Existem sinais de corrosão.


 Há amassamento que pode comprometer o condutor.
 O eletroduto tem continuidade elétrica desde a caixa terminal do equipamento
elétrico até o leito de cabos ou até o painel alimentador. Caso haja interrupção,
deverá ser mantida a continuidade com um condutor de aterramento.

12.1.6 Proteção Passiva

Observar se a proteção passiva está efetiva, em boas condições, protegendo todas as


passagens entre salas e entrada de painéis.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


128
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Fig 73 Proteção passiva na entrada de cabos – parte inferior dos painéis

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


129
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13 SISTEMA DE ALARME E INCÊNDIO

A inspeção do sistema de alarme e incêndio compreende os sensores, painéis locais e


painel central.

13.1 SENSORES

 Verificar se a fixação e limpeza estão em bom estado.

Fig 74 Sensores de fumaça

13.2 PAINEL LOCAL


Observar se:
 A fixação, a pintura e a limpeza do painel estão em bom estado. Caso exista
contaminante no interior do painel deverá ser observado a causa.
 A sinalização do painel está totalmente operativa.
 O vidro de proteção do botão de alarme esta íntegro.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


130
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13.3 PAINEL CENTRAL


Verificar se:
 A fixação, a pintura e a limpeza estão em bom estado.
 A sinalização do painel está totalmente operativa.
 As sirenes estão funcionando corretamente.

13.4 TESTE SIMULADO DE INCÊNDIO

 Efetuar teste de todas as funções, simulando um incêndio.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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14 SISTEMA DE ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE FORÇA

A inspeção em sistemas de iluminação inclui os painéis de distribuição e controle, a


distribuição (linhas elétricas e condutores), suportes (braços, postes, torres) e as luminárias,
lâmpadas e acessórios.

Fig 75 Iluminação de um galpão industrial

14.1 SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

As lâmpadas de descarga contêm mercúrio, elemento danoso ao meio ambiente e


prejudicial à saúde humana.

Evite a quebra da lâmpada. Embale a lâmpada removida preferencialmente na


embalagem original, depositando em local apropriado para coleta e destinação para
reciclagem.

Em caso de quebra, remova todos os resíduos, utilizando luva apropriada, destinando


os resíduos para o setor responsável.

 Nos terminais de saída dos reatores e ignitores estão disponíveis elevadas tensões
que podem ocasionar danos à saúde e aos instrumentos portáteis de medição.
Utilize preferencialmente instrumentos de teste categoria III (1000V). Nos
circuitos aéreos externos utilize instrumentos categoria IV em razão da
possibilidade de descargas atmosféricas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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 Atenção para inspeção em altura. Utilize cinto de segurança e obedeça


rigorosamente os padrões de segurança. Faça um exame médico clínico antes de
acessar postes e torres.

14.2 A INSPEÇÃO NOS CIRCUITOS DE ILUMINAÇÃO

14.2.1 Painéis de Distribuição e Controle

 Não deve haver poeira ou umidade no interior do painel. Qualquer vestígio deve
ser relatado para reparo ou troca do painel, que garanta o grau de proteção
necessário. Em áreas industriais o painel deve ser preferencialmente IP65, no
mínimo IP55.
 Medir temperatura das conexões com termômetro infravermelho. A elevação de
temperatura não pode ser superior a 30ºC. Observar sinais de aquecimento.
 O Painel deve estar aterrado. A fiação deve estar arrumada e os componentes
fixados.
 O Painel deve estar com pintura em bom estado e sem pontos de oxidação.
 Observar se os circuitos estão identificados.
 Testar se o circuito está operando em manual e automático.
 Meça a tensão e compare com a tensão nominal. A tensão na lâmpada não deve
variar da nominal em +5% ou -10%.

14.2.2 Eletrodutos e Linhas Elétricas Inclusive Condutores

 Observar se existem eletrodutos amassados ou quebrados, soltos, com


continuidade comprometida, com conduletes abertos ou com vedação
comprometida.
 Inspecionar conexões com isolamento deficiente e cabos com isolamento
danificado.

14.2.3 Luminárias e Acessórios


Verificar se:
 A vedação da luminária e caixa de acessórios está íntegra.
 Não existe contaminante presente no interior.
 O vidro está limpo, de forma a não impedir a passagem da luz.
 A luminária está fixada firmemente com todos os elementos de fixação.
 A luminária está numa boa posição ou poderia ser relocada com ganhos na
redução dos casos de manutenção.
 A entrada dos cabos na luminária e caixa de acessórios está em boas condições.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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 A luminária está exposta a um nível de vibração que possa comprometer a vida


útil da lâmpada.
 A carcaça da luminária e acessórios estão aterrados.

14.2.4 Torres de Iluminação – Escada de Acesso e Plataforma

 Verificar fixação.
 Verificar pintura e pontos de oxidação
 Verificar se estão aterradas. Caso existam condutores de descida de SPDA
(Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas), devem estar firmemente
conectados à estrutura metálica, garantindo a equipotencialidade.

14.3 INSPEÇÃO EM TOMADAS DE FORÇA

Circuitos de tomadas de força podem representar um risco potencial de choque para


o usuário se o projeto não estiver de acordo com as normas técnicas ou se as instalações
estiverem degradadas por descuido da manutenção.

De acordo com a NBR-5410 (1997), devem ser protegidas por dispositivos


diferenciais residuais com sensibilidade para operarem com correntes da ordem de 30mA:
 As tomadas externas;
 As tomadas internas que possam vir a alimentarem equipamentos externos;
 As tomadas localizadas em áreas em que se usa água para limpeza.

OBS: não estão relacionadas acima outras aplicações inerentes às instalações


prediais.

Do exposto, observa-se que a maioria das tomadas de força industriais devem ser
protegidas por dispositivos DR de 30mA.

Outro fator de risco importante é a possibilidade de conexão do plugue de um


equipamento em curto-circuito em uma tomada energizada, ou a remoção do plugue com
equipamento em operação com carga.

Estas ações podem ocasionar arcos elétricos de altas temperaturas, podendo provocar
queimaduras sérias no operador e pessoas próximas. As tomadas de força devem ser
equipadas com dispositivos de bloqueio que impeçam estas ações.

A inspeção de circuitos de tomadas de força deve compreender:

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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14.3.1 Painéis de Distribuição

 Teste de operação dos dispositivos DR 30mA.


 Estanqueidade do painel.
 Arranjo dos componentes e identificação dos circuitos.
 Integridade da pintura e pontos de oxidação.

14.3.2 Tomadas

 Limpeza e estanqueidade.
 Medição de tensões entre fases e para terra.
 Garantia da continuidade do terra da tomada com a barra de terra do painel de
distribuição.
 Teste dos dispositivos de bloqueio para inserção e remoção de plugue com a
tomada energizada.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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15 FREIOS ELETRO-HIDRÁULICOS

A inspeção deve observar os aspectos de limpeza, fixação, corrosão e


comprometimento dos eletrodutos e condutores e a entrada do cabo na caixa de ligação.

 Verificar ruídos anormais e vazamentos de óleo.

 Observar sinais de abrasão no eixo de acionamento.

 Efetuar teste de frenagem observando o desempenho do equipamento.

 Efetuar teste de resistência de isolamento do motor.

Fig 76 Freio Eletro-hidráulico (ELDRO)

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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16 FREIOS ELETROMAGNÉTICOS

o Inspeção visual observando limpeza, fixação, corrosão, estado do eletrodutos e


cabos de alimentação e entradas na caixa de ligações.

o Observar se existe vibração em nível elevado.

o Efetuar teste de frenagem, observando o desempenho do equipamento.

o Efetuar teste de resistência de isolamento.

o Observar sinais de aquecimento anormal do resistor de economia, se houver.

o Medir tensão de alimentação no conjunto freio e resistência de economia e


somente no freio. Verificar se a tensão corresponde à faixa permissível para a
operação do freio.

o Medir o valor da resistência ôhmica do resistor de economia e comparar com


valor nominal.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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17 DETECTORES DE METAL E SEPARADORES MAGNÉTICOS.

Peças metálicas abandonadas em pátios podem se recuperadas e lançadas sobre


transportadores, provocando rasgos em correias transportadoras, com graves perdas.

Em numerosos processos industriais, a presença de material metálico pode provocar


danos ao processo, devendo ser detectadas e removidas prontamente através de detectores de
metal e separadores magnéticos.

17.1 TÉCNICAS DE INSPEÇÃO

Os painéis de alimentação e controle devem estar completamente operacionais,


limpos, com pintura preservada, sem sinais de corrosão, lâmpadas de sinalização operativas,
instrumentos de medição em ótimo estado com indicação confiável e componentes internos
limpos e preservados. Verificar aterramento da carcaça.

Os elementos de detecção e de separação devem estar aterrados, firmemente fixados


e limpos, pintura preservada, sem pontos de oxidação. Quando refrigerados a óleo,
inspecionar nível, temperatura e sinal de vazamento. Retirar amostra de óleo para análise
físico-químico no máximo a cada dois anos. Efetuar teste de resistência de isolamento,
comparando com os valores anteriores.

Efetuar teste com uma peça metálica (ver especificação do projeto e instruções do
fabricante) observando a correta identificação e remoção da peça. Fazer ajustes se necessário,
até que esteja garantida a perfeita operação.

Fig 77 Separador Magnético instalado em correia transportadora

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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18 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E COMANDO DE CAMPO

Neste item estão englobadas as chaves de velocidade, sondas de nível, calha cheia,
proteção de polia de cauda, desalinhamento de correia, chaves de emergência, chaves de
comando local, limite de fim de curso, sensores indutivos de aproximação e de velocidade,
entre outros.

Estes componentes estão localizados no campo, expostos à agressão ambiental


(poeira, umidade, gases, etc) e danos por pancadas.

Como ação comum de inspeção para todos estes componentes, estão:


 Fixação na base com todos os parafusos.
 Limpeza e pintura preservada.
 Eletrodutos, condutores e vedação na entrada do componente.
 Preservação do grau de proteção contra entrada de poeira e umidade.
 Preservação de proteção contra pancadas, quando existirem
 Aterramento da carcaça

Todos os componentes devem ser testados quando a sua funcionabilidade,


individualmente, em períodos predeterminados.

Fig 78 Chaves indicadoras de desalinhamento e de emergência de correias transportadoras

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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19 INVERSORES DE FREQÜÊNCIA

19.1 PRINCÍPIO OPERACIONAL

Inversores de freqüência são equipamentos que variam a freqüência da tensão


senoidal fornecida a um motor de indução para permitir a operação com velocidade variável.

Para manter o fluxo magnético e conseqüentemente o conjugado do motor constante,


V
o inversor varia também o valor eficaz da tensão, de forma que a relação não se altere.
f

A Fig 79 apresenta um diagrama esquemático com as principais características de um


inversor.

Variando a freqüência da tensão, a velocidade (rpm) do motor irá variar conforme as


relações:

 s% 
n  ns  1  
 100 

120 f
ns 
2p
Onde:

n= rotação nominal (rpm)

ns = rotação síncrona (rpm)

f = freqüência (Hz)

2p = número de pólos do motor

s = escorregamento (%)

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Fig 79 Bloco diagrama de um inversor CFW09-WEG

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Entretanto a variação V/f só é linear até a freqüência nominal do motor. A variação


da freqüência acima da nominal não é acompanhada pela variação da tensão, que permanece
constante.

Fig 80 Curva representativa da variação da tensão na saída do inversor

A curva característica conjugado x velocidade de um motor operando com inversor


mostra que o conjugado na ponta do eixo do motor será constante até a freqüência nominal,
caindo para freqüências superiores, chamada zona de enfraquecimento de campo.

Fig 81 Diminuição do torque devido ao aumento da velocidade

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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19.2 POTÊNCIA DO INVERSOR E DO MOTOR ACIONADO


É preciso considerar alguns fatores que acarretam uma elevação na temperatura de
operação do motor e, por conseguinte, reduz o conjugado e potências admissíveis no motor.

 A operação de um motor auto-ventilado com freqüência e velocidade inferior à


nominal provoca uma redução na eficiência da ventilação.

Fig 82 Curva de torque x freqüência para motores fechados, autoventilados, com carcaça de
ferro fundido

 A corrente de saída dos conversores não é perfeitamente senoidal e as


componentes de ordem superior provocam um aumento nas perdas e elevação de
temperatura no motor.

Fig 83 Torque do motor alimentado por inversor de freqüência em função do fator de harmônicos de
tensão

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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A potência máxima que um inversor de freqüência pode fornecer, impressa em placa,


está relacionada à temperatura do ar de refrigeração e à altitude de instalação.

De acordo com a norma NBR-7094 as condições usuais de serviço são:


 Altitude não superior a 1000m acima do nível do mar.
 Ar ambiente (admissão) não superior a 40ºC.

Para condições diferentes das indicadas, é necessário utilizar fatores de redução para
a potência e a corrente nominal que podem ser fornecidas continuamente por um inversor.

Fig 84 Curva de redução da potência em função da temperatura do ar de refrigeração

Fig 85 Curva de redução da potência em função da altitude

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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19.3 REATÂNCIA DE REDE

Os inversores, como todo equipamento eletrônico, são altamente susceptíveis às


sobretensões. As sobretensões provocam a queima dos diodos e capacitores de entrada,
danificando o equipamento. Os supressores de surto montados no inversor não são capazes de
proteger os inversores de todas as ocorrências de sobretensão.

A reatância de rede, instalada na entrada do inversor, é capaz de reduzir os


transientes de sobretensão, auxiliando na proteção do equipamento.

A reatância reduz também as harmônicas introduzidas na rede pelo inversor,


proporcionando as seguintes vantagens:
 Aumento do fator de potência;
 Redução da corrente eficaz de entrada;
 Aumento da vida útil dos capacitores do circuito intermediário;
 Diminuição da distorção harmônica na rede de alimentação.

19.4 REATÂNCIA DE CARGA

A reatância na saída do inversor é utilizada quando a tensão do motor é superior a


460V e quando a distância entre o inversor e o motor for superior a 50m.

Com a utilização de reatância de carga , a taxa de variação da tensão (dv/dt) dos


pulsos gerados pelo inversor será menor, reduzindo os picos de sobretensão impostos ao
isolamento, reduzindo o stress e aumentando a vida útil do isolamento.

A utilização da reatância reduz as correntes para a terra através da capacitância dos


cabos longos, evitando a atuação da proteção de fuga à terra.

19.5 INSTALAÇÃO ELÉTRICA

Apesar de não exigida por alguns fabricantes, é recomendável para a confiabilidade


operacional do equipamento a instalação de fusíveis ultra-rápidos para a proteção dos
dispositivos semicondutores contra sobrecorrentes. Os fusíveis devem ter qualidade
comprovada e devem ter o I2t igual ou inferior ao sugerido pelo fabricante do inversor.

O inversor e a carcaça do motor elétrico devem ser conectados à malha de terra


dimensionada para intensidades das correntes de curto-circuito fase-terra e de descarga
atmosférica.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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O inversor e motor devem ser aterrados à mesma malha de terra ou através de um


condutor de seção compatível com o valor da corrente de defeito fase-terra que interligue a
carcaça do motor ao inversor e ao potencial de terra (condutor de proteção “PE”).

As linhas elétricas metálicas (eletrodutos, leito de cabos, eletrocalhas, etc) utilizadas


para os condutores de força, controle e sinal devem estar solidamente aterradas.

19.6 GRAU DE PROTEÇÃO E VENTILAÇÃO

Os inversores são equipamentos geralmente com grau de proteção IP20 e devem,


portanto, serem montados em painéis e locais abrigados que ofereçam proteção contra
exposição direta a raios solares, chuva, umidade, ambientes salinos, poeira e outros
contaminantes.

Quando montados em painéis, os inversores devem ter espaços livres e um aporte


suficiente de ar à temperatura inferior a 40ºC para que a troca de calor seja efetiva a ponto de
manter os componentes operando dentro de temperaturas adequadas.

19.7 INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA

O funcionamento normal de um inversor pode ser afetado por interferência


eletromagnética de motores, cabos de potência e outras fontes eletromagnéticas.

O inversor pode criar interferências em equipamentos ou componentes próximos.

Para evitar estes inconvenientes é necessário seguir as instruções do fabricante do


inversor, entre elas:

Os equipamentos sensíveis tais com CLP, controlador de temperatura, cabos de


termopar, etc, devem estar afastados do inversor, reatâncias e cabo de alimentação do motor
em pelo menos 250mm.

O painel elétrico onde o inversor está montado deve ter calhas independentes para a
separação física dos condutores de sinal, de controle e potência.

Os cabos do motor devem ser separados dos demais cabos e devem estar contidos,
preferencialmente, em eletrodutos metálicos aterrados.

Os cabos de controle e sinal devem ser blindados e a blindagem aterrada no lado do


inversor e isolada no outro lado. Caso o cruzamento destes cabos com os demais seja
inevitável, deve ser feito na perpendicular, mantendo-se um afastamento mínimo de 50mm.
Os cabos de interligação entre o inversor e a HMI externa devem estar separados dos demais
cabos em, pelo menos, 100mm.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Para que não interfiram no circuito de controle, utilizar supressores RC (alimentação


CA) e diodos de roda livre (alimentação CC) em paralelo com as bobinas de relés, contatores,
solenóides e freios eletromecânicos instalados próximos aos inversores.

O cabo do encoder deve ser blindado, preferencialmente dentro de eletroduto


metálico, aterrados dos dois lados e mantidos afastados em, no mínimo, 250mm dos demais
cabos.

19.8 INSPEÇÃO

Cuidado! Segurança
 Antes de atuar no inversor desligue a fonte de energia elétrica.
 Após desligar a energia aguarde pelo menos 10 minutos antes de tocar em
alguma parte viva do inversor. Os capacitores do link DC demoram a
descarregar.
 Só após 10 min teste a inexistência de tensão com um multímetro , no mínimo
categoria III – 600V
 Os cartões eletrônicos possuem componentes sensíveis a descargas eletrostáticas.
Não toque diretamente sobre os componentes ou conectores. Caso necessário,
toque antes na carcaça metálica aterrada ou utilize pulseira de aterramento
adequada.
 Não execute ensaio de resistência de isolamento ou tensão aplicada CA ou CC
no inversor sem consultar o fabricante.

19.8.1 Roteiro Para Inspeção

Limpeza – o inversor deve estar completamente livre de poeira, óleo ou qualquer


outro contaminante.

Ventilação – verifique a distância entre inversores e outros componentes. Observe se


o inversor montado acima de outro não está recebendo o ar quente do de baixo.

Certifique-se que o ar de admissão tenha temperatura inferior a 40ºC e que o


ventilador do inversor esteja funcionando adequadamente.

Os ventiladores devem ser substituídos após 40.000 horas de operação


(aproximadamente 5 anos em operação contínua).

Terminais – checar o aperto

Capacitores do link DC – observar vazamento de eletrólito, válvula de segurança


expandida e carcaça deformada. Os capacitores devem ser substituídos após 5 anos em
operação.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Aterramento - observar aterramento do inversor e motor.

Resistores e reatâncias – testar resistências de isolamento e observar danos ao


isolamento, sujeira e aperto das conexões.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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20 DISJUNTORES

20.1 GERAL
Os disjuntores são equipamentos altamente exigidos quando são solicitados a
operarem e abrirem correntes de defeito de altíssimas intensidades.

Nestes casos altas temperaturas e grandes esforços eletrodinâmicos são impostos aos
elementos condutores e as partes isolantes do equipamento.

As partes mecânicas do disjuntor necessitam de movimentação para que possam


operar adequadamente quando solicitado. Em várias aplicações o disjuntor pode permanecer
inativo durante longos períodos, podendo não corresponder quando solicitado a operar.

Fig 86 Disjuntor extraível em cubículo

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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20.2 INSPEÇÃO DE DISJUNTORES


O plano de inspeção de disjuntores deve ser estabelecido para atender às seguintes
ações:
 Manobrar (ligar e desligar) os disjuntores que, no período de 12 meses, não
foram operados.
 Efetuar ensaios preditivos nos disjuntores que operam abrindo correntes de
curto- circuito com valores próximos da capacidade de interrupção.
 Cumprir o plano de inspeção para os demais disjuntores.

O plano de inspeção deve conter as seguintes ações:

 Limpeza- o acúmulo de sujeira, junto com a umidade provoca a redução da


resistência de isolamento, a oxidação das partes metálicas e o travamento de
rolamentos e êmbolos.
 Pintura- sinais de oxidação e falhas de pintura devem ser relatados para que
sejam reparados.
 Manobra do mecanismo de abertura e fechamento – efetuar, no mínimo, três
operações liga/desliga, para atuação das partes móveis.

20.3 PRINCIPAIS CAUSAS DE FALHAS

As causas de falhas em disjuntores estão relacionadas aos pólos de acionamento e ao


mecanismo de operação.

As falhas nos pólos de acionamento são devidas a:

 Disjuntor não tem capacidade de interrupção compatível com o nível de curto-


circuito da barra.

Os níveis de curto circuito em uma barra podem aumentar com a entrada de novas
unidades geradoras, entrada de novas linhas de transmissão ou com entrada de novos motores
de grandes potências próximos à barra.

É necessário que a cada cinco ou dez anos seja rodado um estudo de curto circuito
para verificação da capacidade dos disjuntores em operar com segurança para os novos níveis.

 Disjuntor operar uma ou mais vezes abrindo correntes de curto-circuito com


intensidade de 70% ou maior da capacidade de interrupção.

É importante que, toda vez que um disjuntor interrompa correntes de curto-circuito


próximas de sua capacidade de interrupção, que sejam executados testes de resistência de
contato e de resistência de isolamento, para controle das condições mínimas de operação.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Constatado aumento da resistência de contato ou redução da resistência de


isolamento, pode ser necessário uma manutenção para restabelecer as boas condições de
operação.

 Deterioração das características do meio de extinção do arco.

O óleo mineral isolante e o hexafluoreto de enxofre (SF6), principalmente, podem se


degradar, impedindo que a extinção do arco se proceda de forma adequada, ocasionando
danos ao disjuntor.

Danos à ampola de vácuo e ao mecanismo de sopro pneumático e magnético e


câmara de extinção dos disjuntores a ar, podem provocar sérios danos ao disjuntor.

 Controle das condições do óleo isolante

Nos disjuntores com grande volume de óleo recomenda-se efetuar, pelo menos, os
testes de rigidez dielétrica e acidez do óleo isolante.

A rigidez dielétrica não deve cair para valores abaixo de 25kV. A acidez não deve
ser superior a 0,4mg KOH/g. Neste ponto o óleo está oxidado suficientemente para produzir
produtos ácidos insolúveis (borra), apresentando riscos operacionais. A cor do óleo (amarelo
forte, tendendo para marrom) é indicador de alta acidez.

Nos disjuntores a pequeno volume de óleo o líquido isolante deve ser trocado e o
pólo lavado com a passagem de uma pequena quantidade (cerca de 1 litro) de óleo novo,
preferencialmente aquecido à 80ºC (ponto de anilina).

Manter o nível de óleo dentro da faixa de controle.

 Controle da pressão de gás SF6

Controlar a pressão e demais parâmetros de acordo com as instruções do fabricante.

 Aterramento da carcaça

Verificar se o aterramento está adequado.

 Inspeção do sistema de inserção e operação dos limites

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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O disjuntor deve ser inserido e removido sem exigir esforços, indicativo de que o
sistema mecânico está em boas condições. Testar a sinalização e bloqueios nas posições
inserido e teste.

 Teste do sistema de proteção.

Simule a operação das proteções e o efetivo desligamento do disjuntor .

 Teste da proteção antibombeamento (antipumping)

Com um sinal de acionamento (por exemplo o botão liga comprimido), mantenha um


sinal de desligamento. O disjuntor não deve ficar abrindo e fechando.

 Termovisão

Verificar possíveis pontos quentes. Comparar com termografias anteriores.

Fig 87 Exemplo de termografia de um disjuntor

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 Ensaios elétricos

Efetuar os testes de:


1. Resistência de contatos
2. Resistência de isolamento
3. Tempo de abertura e fechamento dos contatos
4. Simultaneidade dos contatos
5. Fator de potência do isolamento

Consultar a apostila Dispositivos de Seccionamento e Comutação desta série e o


capítulo 24 desta apostila.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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21 CONTATORES

Contatores são dispositivos destinados a comandar circuitos, acionados


eletromagneticamente, capazes de suportar um número muito elevado de operações.

Na maioria das aplicações o contator é utilizado no acionamento de motores


elétricos. Comparando com os disjuntores, o contator tem uma capacidade muito maior de
operações, porém no quesito capacidade de interrupção, o contator só é capaz de interromper
correntes de pequena intensidade.

Em razão da pequena capacidade de interromper correntes elevadas, o contator deve


ser coordenado com a proteção de curto-circuito (fusíveis e disjuntores). Quando os elementos
de proteção contra curto-circuito são sobre-dimensionados, os contatores são levados a
abrirem correntes elevadas e se danificam, podendo chegar a colar os contatos.

A inspeção de contatores de baixa tensão se resume à verificações de limpeza,


operação sem vibrações caracterizadas pela alta relutância do circuito magnético, termografia
quando possível, observação de descolorações e sinais de desgastes e testes de resistência de
isolamento e de resistência de contatos para as unidades de maior porte.

Para os contatores de média tensão extraíveis, deverá ser inspecionado o dispositivo


de inserção/extração, guias e limites. Efetuar testes operacionais observando a correta
operação de todos os dispositivos de alarme e proteção.

Fig 88 Contator de média tensão

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22 CHAVES SECCIONADORAS DE MÉDIA TENSÃO

Chaves seccionadoras são dispositivos destinados a seccionar e isolar um circuito


elétrico.

As seccionadoras para operação sem carga são capazes de interromper ou estabelecer


correntes de magnetização de transformadores.

As seccionadoras para ação sob carga são capazes de estabelecer e seccionar


circuitos sob condições de cargas limitadas.

A inspeção de chaves seccionadoras deve compreender, pelo menos:


1. Limpeza;
2. Pontos quentes através de termografia;
3. Oxidação e pintura;
4. Teste de resistência do isolamento;
5. Teste de resistência de contatos (na impossibilidade da termovisão).

Fig 89 Chave seccionadora tipo CSC com fusível limitador de corrente - Marini Daminelli

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23 CUBÍCULOS E PAINÉIS ELÉTRICOS

É grande e diversificado o tipo, modelo, aplicação, custo e importância de cubículos


e painéis elétricos em uma instalação industrial.

Os cubículos de potência (metal enclosed power switchgear) englobam os cubículos


de média e baixa tensão, blindados, completamente fechados em todos os lados e no topo,
com chapas de aço, com dispositivos de interrupção e seccionamento, barramento e conexões,
associados com dispositivos para controle, medição, proteção e auxiliares, com acesso às
partes interiores através de portas ou coberturas removíveis.

Fig 90 Cubículo de média tensão

Por estes cubículos transitam potências de até dezenas de MVA em baixa e média
tensão, sendo o coração do sistema elétrico de potência. Uma pane que paralise um destes
cubículos pode provocar a parada de toda uma unidade industrial com prejuízos enormes.

Os Centros de Controle de Motores (CCM) em baixa e média tensão são cubículos


com gavetas contendo contatores e proteção (disjuntores, fusíveis e relés), além de acessórios
para medição comando e controle. Com a finalidade de comandar e proteger motores
elétricos.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Fig 91 Centro de Controle de Motores de Média Tensão

Os CCMs são também vitais para a operação de uma plana industrial e uma falha
pode comprometer a produção, com grandes prejuízos.

Os painéis de iluminação e tomadas, comando local, mesas de comando e auxiliares


têm importância limitada e uma falha provoca geralmente prejuízos de pequena monta, com
raras perdas de produção.

O grande desafio da manutenção é manter os painéis isentos de contaminantes.


Contaminantes sólidos (poeira) e umidade são as maiores fontes ou causas de falhas. Os
painéis externos devem ter grau de proteção adequado ao nível e tipo de contaminantes
presentes (normalmente IP65) e as entradas de cabos, portas e carcaça devem estar em
perfeitas condições para que o grau de proteção seja preservado.

A inspeção destes painéis se resume às seguintes atividades:


1. Verificação da estanqueidade.
2. Verificação da proteção anticorrosiva.
3. Limpeza interna.
4. Reaperto das conexões.
5. Manutenção do arranjo dos componentes.
6. Inspeção de pontos quentes com termômetro infravermelho.
7. Identificação de defeitos incipientes.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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A inspeção dos cubículos de potência e dos CCMs de baixa e média tensão exige
outras ações, além daquelas recomendadas para painéis elétricos:

 Termografia

O levantamento da temperatura das conexões elétricas e do corpo de componentes


(pólos de disjuntores, câmaras de contatores, lâminas de chaves seccionadoras,
transformadores de corrente e potencial) é capaz de identificar pontos com temperaturas
elevadas, sinal de defeitos incipientes que podem evoluir para falhas operacionais.

Tabela 19 Limite de temperatura máxima para conexões internas e barramentos (ANSI C37.20-1969)

Limite de pontos quentes


Tipo de barra ou conexão
Elevação máxima [ºC] Temperatura máxima [ºC]
Barras de cobre e conexões de
30 70
cobre com cobre
Barras e conexões com superfícies
65 103
prateadas
Conexões de cabos isolados, cobre
30 70
com cobre
Conexões de cabos isolados com
superfícies prateadas ou 45 85
equivalente

Fig 92 Exemplo de termografia

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


158
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 Avaliação das condições de isolamento

O sistema de isolamento dos cubículos e CCMs é projetado e especificado para


suportar as tensões de operação por 20 ou 30 anos. Durante este período o isolamento será
submetido a condições que degradam a capacidade de suportar as tensões que tinha quando
novo.

Umidade, junto com sujeira, é o grande fator de deterioração. Esta combinação


resulta em fugas superficiais no material isolante e possíveis arcos voltaicos.

É muito importante para a manutenção conhecer as condições do material isolante


submetido às médias tensões. Isto é fundamental em instalações que estão operando por
muitos anos e naquelas em que as condições de degradação são mais severas.

O método de teste do isolamento como parte do processo de manutenção é


importante. Os testes de isolamento mais comuns são:

1. Teste de resistência de isolamento com tensões reduzidas (500 a 5.000 Vcc),


utilizando megôhmetro.
2. Teste de alto potencial com corrente contínua.
3. Teste de alto potencial com corrente alternada.
4. Teste do fator de potência.

O teste com megôhmetro realizado com tensões abaixo da nominal pode fornecer
informações importantes sobre a degradação dos materiais isolantes. Valores continuamente
decrescentes indicam a degradação total ou parcial do isolamento.

O teste do fator de potência mede a potência em watt dissipada no isolamento pelo


produto da tensão e corrente (VA) aplicadas. Os valores medidos neste teste tal como no teste
de resistência de isolamento são influenciados fortemente pela temperatura e umidade relativa
do ar.

Os valores obtidos no teste do fator de potência devem ser comparados com os


anteriores depois de corrigidos para uma temperatura padrão. Valores continuamente
crescentes do fator de potência indicam degradação do isolamento.

Os testes com alto potencial de corrente contínua não são recomendados para
acompanhamento da degradação do isolamento, podendo ser um fator de aceleração desta
degradação.

Os testes devem ser realizados com os disjuntores, fusíveis e seccionadoras


conectadas. Todos os outros equipamentos (TC’s, TP’s, reatores, capacitores, etc) deverão ser
desconectados e testados separadamente. Equipamentos eletrônicos só devem ser testados se
recomendado pelo fabricante.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


159
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 Mecanismo e limites de inserção/extração.

O mecanismo de inserção, as guias metálicas e os limites de inserção/extração são de


fundamental importância para a correta e segura operação dos disjuntores e contatores.

O mecanismo de inserção/extração e as guias são responsáveis pela inserção/extração


alinhada destes equipamentos e o correto acoplamento dos contatos (tulipas) fixos e móveis.
Nas posições inseridas e de teste, o equipamento deve ser travado e os limites devem estar
acionados, permitindo a operação.

A permissão para um disjuntor ser extraído com os contatos na posição fechado ou a


possibilidade de ser inserido desalinhado, sem um perfeito acoplamento dos contatos fixos e
móveis, e uma posterior energização, são capazes de provocar um grave acidente com perdas
materiais e humanas.

A observação, regulagem e ajustes das condições operacionais destes dispositivos


são itens importantes da inspeção elétrica.

23.1 ARCO VOLTAICO

A energia desenvolvida em um arco voltaico é expressa por I2t, produto do quadrado


da intensidade da corrente pelo tempo decorrido desde o estabelecimento do arco até sua
extinção, decorrente da abertura do dispositivo de proteção.

A Fig 93 mostra que à medida que o fenômeno se mantém, a energia resultante funde
os metais presentes, cobre, alumínio e aço, transformando tudo em plasma, à altíssimas
temperaturas, 10.000ºC ou mais, liberando gases tóxicos a pressões consideráveis.

2
Fig 93 A energia do arco voltaico é proporcional a i t

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


160
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Os danos às pessoas e equipamentos e função direta da intensidade da corrente e do


tempo de permanência do arco, conforme Fig 94.

Fig 94 Os danos causados pelo arco voltaico dependem da corrente de arco e do tempo

Devido ao seu alto poder de destruição, o arco voltaico deve ser evitado através de
um trabalho eficaz das equipes de inspeção e manutenção.

Fig 95 Danos causados em um cubículo devido ao arco voltaico

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


161
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23.2 INSPEÇÃO DETALHADA


Verifique minuciosamente cada ponto do isolamento. Verifique a existência de
odores característicos (ozônio), descargas superficiais (tracking) e descoloração característica
de degradação térmica de materiais isolantes.

Verifique a correta operação de todos os resistores de aquecimento para que não


ocorra condensação de umidade.

Observe a estanqueidade das portas e tampas.

Fig 96 Disjuntor extraível em posição inserido

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


162
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24 AVALIAÇÃO DO ISOLAMENTO ELÉTRICO UTILIZANDO


TENSÕES DE CORRENTE CONTÍNUA

24.1 INTRODUÇÃO

A utilização de tensões de corrente contínua na avaliação do estado do isolamento de


uma máquina elétrica é uma das técnicas mais usadas e mais úteis na manutenção elétrica.

Curiosamente, o pessoal de manutenção, mesmo nos níveis técnicos e de engenharia,


não tem um conhecimento profundo sobre o assunto.

Muitos são os fatores que interferem nas medições da resistência de isolamento. É


importante conhecê-los para minimizá-los.

Os ensaios apresentados podem ser utilizados em manutenção preventiva e também


como ensaio único para se determinar as condições do isolamento. Entretanto eles são muito
mais úteis quando utilizados no controle preventivo preditivo.

24.2 ISOLAMENTO ELÉTRICO

O isolamento tem a finalidade de evitar que a corrente elétrica percorra caminhos


indesejáveis em um equipamento.

Desta forma um isolamento ideal seria aquele que, quando submetido a um potencial
elétrico adequado, não fosse percorrido por nenhuma corrente elétrica, ou seja, tivesse uma
resistência infinita.

O isolante real, entretanto, tem uma resistência finita e, quando submetido a um


potencial elétrico, é percorrido por uma corrente.

Durante a sua vida útil, um isolamento é submetido a uma série de fenômenos físicos
e químicos - danos mecânicos, vibração, aquecimento, poeira, óleo, vapores corrosivos,
umidade - capazes de reduzir a sua resistência à corrente de fuga.

Geralmente, a queda da resistência de isolamento se dá de uma forma lenta,


permitindo controle, se testado periodicamente.

24.3 APLICANDO TENSÃO CONTÍNUA NO ISOLAMENTO


Quando se aplica uma tensão de corrente contínua em um isolante, como já vimos,
flui sobre a superfície e através do isolante uma corrente elétrica. Esta corrente é uma
resultante de três componentes, conforme Fig 97.

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100-
Corrente em microamperes Corrente Total

Corrente de Corrente de Absorção


Carga Dielétrica
10-
Capacitiva

Corrente de Condução ou
Dispersão

1-
0,1 1,0 10,0
Minutos

Fig 97 Componentes de corrente em um teste de isolamento com corrente contínua.

24.3.1 Corrente de Carga Capacitiva

É a corrente necessária para carregar a capacitância natural do material em teste. Esta


capacitância depende do tamanho, forma e material isolante a ser ensaiado.

Esta componente inicia-se num valor máximo, decrescendo a um valor desprezível


num tempo muito curto.

24.3.2 Corrente de Absorção Dielétrica

Esta corrente circula através do corpo do isolante e seu valor é variável com o tempo.
Porém esta variação é mais lenta que a componente anterior, podendo requerer várias horas
para atingir um valor desprezível.

24.3.3 Corrente de Condução (Corrente de Fuga)

É a corrente que flui sobre ou através do isolante, sendo invariável com o tempo.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


164
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24.4 FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO

24.4.1 Efeito das Condições da Superfície

Materiais estranhos tais como pó de carvão nas superfícies do isolamento fazem


diminuir a resistência de isolamento, principalmente quando em presença de umidade.

Este fato é particularmente sensível no caso de máquinas de corrente contínua que


tem grandes superfícies de dielétricos expostos. É importante fazer uma limpeza nos terminais
dos equipamentos antes de se fazer um teste.

24.4.2 Efeito da Umidade

O grau de umidade do isolamento tem um grande efeito sobre o valor da resistência


de isolamento, principalmente se a superfície está contaminada.

Se a temperatura do isolamento está abaixo do ponto de condensação do ar ambiente,


haverá a formação de uma película de umidade na superfície que pode diminuir a resistência
de isolamento.

Para evitar a condensação da umidade os testes devem, sempre que possível, serem
executados quando o isolamento do equipamento estiver acima da temperatura ambiente.

24.4.3 Efeito da Temperatura

A resistência de isolamento da maioria dos materiais varia inversamente com a


temperatura.

Para minimizar o efeito da temperatura, quando comparando testes de resistência de


isolamento entre si ou, quando aplicando o valor mínimo recomendado de resistência de
isolamento, é importante que o valor medido no teste seja corrigido para uma temperatura
padrão.

É importante frisar que os valores de correção são diferentes para equipamentos


diversos tais como motores, transformadores, cabos elétricos, como também diferentes
quando se trata de cabos com materiais isolantes diversos - cabos isolados em PVC, EPR,
XLPE, etc.

Os coeficientes de correção (Kt) e as temperaturas padrões serão discutidas ainda


neste capítulo.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


165
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100
50

Coeficiente Kt
10
5

1,0
0,5

0,1
0,05
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Temperatura

Fig 98 Coeficiente de correção da resistência de isolamento para máquinas elétricas em função


da temperatura

24.4.4 Efeito do Valor do Potencial de Teste


Os valores de resistência de isolamentos secos e em boas condições devem variar
muito pouco em função do valor da tensão de teste. Se a resistência de isolamento cai
significativamente com um aumento da tensão aplicada, pode ser uma indicação de
imperfeições ou fraturas do isolamento, agravado pela presença de sujeira e/ou umidade, ou
pode ser devido apenas aos efeitos da sujeira e umidade.

Entretanto, quando se aplica tensões de teste acima da tensão nominal do


equipamento, a variação do valor da resistência de isolamento pode ser mais pronunciada.

24.4.5 Efeito da Duração do Teste


A resistência de isolamento medida num enrolamento aumentará com o tempo de
aplicação da tensão de corrente contínua. O aumento será rápido assim que a tensão for
aplicada, aproximando-se de um valor constante enquanto o tempo decorre.

A resistência de isolamento de um enrolamento seco e em boas condições pode


continuar a aumentar por horas. Contudo, um valor estável é usualmente alcançado em 10 ou
15 minutos. Se o enrolamento está úmido ou sujo, o valor estável será geralmente alcançado
em 1 ou 2 minutos, após a aplicação da tensão de teste.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Isolamento em boas condições

Megohms
Isolamento com contaminantes

1min Tempo 10min

Fig 99 Variação dos valores de resistência de isolamento com o tempo de aplicação da tensão
para enrolamentos contaminados e não contaminados.

24.4.6 Efeito da Carga Residual


Os valores de resistência de isolamento serão afetados se existirem cargas residuais
no enrolamento. O equipamento a ser ensaiado deve ser completamente descarregado, através
do aterramento de seus terminais por um tempo suficiente. Normalmente este tempo não deve
ser inferior a quatro vezes o tempo decorrido no teste anterior.

24.5 TENSÃO NOMINAL E MÁXIMA TENSÃO DE TESTE


Os testes para avaliação das condições do isolamento utilizando tensões contínuas de
valor abaixo do valor nominal de teste, só verifica as condições de contaminação do
isolamento.

Considera-se tensão nominal de teste o valor da tensão em volts, corrente contínua,


compatível com a classe de tensão da máquina ensaiada.

A menos de outra recomendação estabelecido por norma ou pelo fabricante, a tensão


nominal de teste é igual a:

TNT  1,7 VN

onde,

VN = classe de tensão do equipamento ou enrolamento.


TNT= Tensão nominal de teste

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


167
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Por exemplo, a tensão nominal de teste para um motor de baixa tensão cuja classe de
tensão é 600V é igual a 600  1,7  1020V . Para o enrolamento secundário de um
transformador 13800/440V cuja classe de tensão é de 1200V, a tensão nominal de teste é
1200 1,7  2040V .

Os testes com corrente contínua realizados com tensão acima da tensão nominal de
teste são capazes de verificar falhas ou imperfeições do dielétrico, tais como fissuras,
imperfeições ou bolhas no isolamento.

Os testes chamados de alto potencial (Hypot) devem ser limitados a uma tensão
máxima, acima da qual o isolamento pode não ser capaz de suportar. A menos de
recomendações de normas ou do fabricante, as tensões máximas em corrente contínua que
podem ser aplicadas a um isolamento são:

 Para equipamentos novos, na fábrica: (2KV + 1) x 1,7.

 Para equipamentos novos, antes de operar, fora da fábrica: (2KV + 1) x 1,7 x


0,8.

 Para equipamentos em uso: 1,25 a 1,5 x KV x 1,7

Onde KV é a classe de tensão do isolamento sob teste em kV.

O fator 1,7 é usado para converter tensão de corrente alternada em contínua.

24.6 TESTES DE AVALIAÇÃO DO ISOLAMENTO

24.6.1 Resistência de Isolamento a 1 Minuto

É o teste mais comum. Liga-se o instrumento de medição no isolamento a ser testado


deixando-o ligado por um período curto, porém definido, normalmente 1 minuto, fazendo
então a leitura.

Este ensaio é muito importante quando existem registros anteriores, para que os
valores possam ser comparados. Valores decrescentes devem ser investigados e o
equipamento deve sofrer manutenção para que os valores de resistência de isolamento sejam
restabelecidos. Fig 100.

O valor de medição isolada pode ser somente uma referência grosseira para se
concluir se o isolamento está bom ou ruim, apesar de existir, para cada tipo de equipamento,
valores estabelecidos como mínimos aceitáveis.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Máquinas maiores, por terem mais material isolante, apresentam valores de


resistência de isolamento menores que as máquinas de menor potência, similares.

Para obtenção de bons resultados é imprescindível, entre outros, os cuidados:


 Os valores devem ser lidos sempre no mesmo tempo após a aplicação da
tensão de teste - 60 segundos.
 Os valores devem ser convertidos para a mesma temperatura.
 Fazer medição sempre na mesma posição de teste, utilizando a mesma tensão.

100
Máquina A
Máquina A
Falhou aqui
Megohms

10
Máquina B

0 12 24 36 (meses)

Fig 100 A máquina A falhou primeiro que a B. A tendência dos valores é muito mais importante
que o próprio valor.

24.6.2 Método Resistência - Tempo. Índice de Polarização (IP)


Este método é completamente independente da temperatura. Ele é baseado no efeito
de absorção do bom isolamento, comparado com o isolamento úmido ou contaminado.

Este ensaio é executado ligando-se o megôhmetro aos terminais do equipamento a


ser ensaiado, medindo-se os valores da resistência de isolamento em função do tempo de
aplicação da tensão, registrando num gráfico Megohms x Minutos. Normalmente usa-se os
tempos de 15, 30, 45 e 60 segundos e de minuto a minuto até 10, ou somente 1 e 10 minutos.

Observe através da Fig 101 que o bom isolamento apresenta um aumento contínuo da
resistência com o tempo praticamente durante todo o período de teste. No caso de um
enrolamento úmido ou contaminado, o valor da resistência de isolamento aumenta muito
pouco ou nada, a partir dos 30 ou 60 segundos de aplicação da tensão.

O teste resistência versus tempo é muito valioso também porque ele é independente
do tamanho do equipamento. Por exemplo, o aumento da resistência de isolamento de
enrolamentos limpos e secos ocorre da mesma maneira, quer os motores sejam pequenos ou
grandes. Pode-se, então, comparar vários motores e estabelecer padrões para os outros,
independente de suas potências nominais.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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100-

Isolamento
provavelmente bom
Megohms

10-

Isolamento Contaminado

1-
1,0 10,0
Tempo em minutos
Fig 101 Curvas típicas mostrando o efeito da absorção dielétrica em teste resistência-tempo.

O teste de resistência x tempo em equipamentos elétricos com isolamento em boas


condições, requer instrumento com fundo de escala de alto valor (normalmente da ordem de
50.000 a 100.000 Megohms ou mais).

A relação das leituras de resistências de isolamento obtidas com 10 e 1 minuto é


chamada de Índice de Polarização e pode ser comparado com valores da Tabela 20. Estes
valores são tentativos e relativos - sujeitos à experiência, válidos para motores elétricos.

É possível encontrar enrolamentos com valores de índice de Polarização iguais ou


maiores que 5, secos e quebradiços, sujeitos a falharem em condições de sobretensões, por
exemplo, durante a energização. Estes enrolamentos devem ser tratados com vernizes
apropriados para que tenham suas boas condições restabelecidas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


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Tabela 20 Condição do isolamento em função do Índice de Polarização (IP).


Condições do Isolamento Índice de Polarização
(10/1 minuto)
Péssimo Menor que 1,0
Duvidoso 1,0 a 2,0
Bom 2,0 a 4,0
Excelente Acima de 4,0

24.6.3 Teste de Multitensão

Neste teste o isolamento elétrico é submetido a duas tensões de ensaios,


descarregando-se o isolamento entre os ensaios.

As tensões devem estar numa relação de 1:5, por exemplo, 500 e 2500 Volts e a
tensão mais alta não deve ser maior que a tensão nominal do isolamento.

Nos isolamentos em bom estado, obtém-se valores de resistência de isolamento


próximos nas duas tensões.

100-
Curva 2
Megohms

Curva 1
10-

1-
1 2,5 5,0
Tensão aplicada em KV

Fig 102 Teste de Multitensão - curva 1 mostra queda sensível da resistência com o aumento da
tensão. Curva 2 mostra o mesmo enrolamento após limpeza, secagem e reimpregnação.

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Quando os valores apresentam uma diferença da ordem de 25%, ou maior, é sinal


que o isolamento contém umidade e/ou outros contaminantes.

Este ensaio, como os outros, tem o seu valor aumentado quando realizado
periodicamente e seus valores comparados entre si, por exemplo, através de um gráfico..

24.6.4 Teste com Tensões Acima do Valor Nominal do Equipamento

Todos os testes descritos anteriormente utilizam uma tensão igual ou inferior à


tensão nominal de teste do equipamento ensaiado. Não se pode garantir, com base nos testes
anteriores, que um equipamento não vá falhar, quando submetido à tensão nominal de
funcionamento e às sobretensões de chaveamento normais.

Em outras palavras, é necessário realizar outros ensaios para avaliar a capacidade do


isolamento em suportar as tensões normais de operação.

Todos os ensaios anteriores, além disto, não são suficientes para se avaliar os
isolamentos secos e quebradiços, em mal estado, encontrados em máquinas com muitos anos
de uso, operando em regimes severos, ou que tenham sofrido danos físicos, nem tão pouco o
isolamento de máquinas novas ou recondicionadas.

O ensaio com tensão acima da nominal do equipamento deve ser realizado por
pessoal especializado sendo, desta forma, perfeitamente seguro, confiável e não destrutivo.

Neste ensaio o valor da tensão nominal é dividida em degraus (quanto mais degraus,
mais seguro será o ensaio, porém mais demorado).

Aplica-se o primeiro degrau de tensão e lê-se a corrente de fuga, em microampéres,


60 segundos após aplicação da tensão. Plota-se o valor no gráfico, Fig 103.

Aplica-se a tensão correspondente ao segundo degrau, plota-se a corrente de fuga no


gráfico e assim sucessivamente. Enquanto não houver o aparecimento de um joelho o teste
deve continuar, até alcançar a tensão final estabelecida. Se houver a formação de um joelho, o
teste deve ser paralisado para evitar falha do isolamento.

Curvas suaves ou retas indicam isolamento em bom estado.

Após a aplicação da tensão final, esta deve ser mantida por 10 minutos e as correntes
de fuga, lidas e plotadas no gráfico a cada minuto.

Valores decrescentes indicam isolamento em bom estado, enquanto valores estáveis


ou crescentes, isolamento com problema, Fig 103.

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Corrente de fuga em microamperes

C B A

1 5 10 1 5 10
Tensão em KV

Fig 103 Curvas típicas mostrando o efeito da absorção dielétrica em um teste de resistência x
tempo.

As curvas A e B indicam isolamento em condições de suportar os esforços de


operação. O isolamento B não está polarizando. O isolamento da máquina A não suporta as
tensões finais do ensaio.

O teste foi interrompido para não provocar o colapso do isolamento.

Este ensaio só pode ser iniciado se o valor da resistência de isolamento com 1 min ou
o Índice de Polarização, apresentarem valores acima do mínimo recomendado.

Utilizando-se convenientemente as técnicas de isolamento com corrente contínua é


possível controlar com grande precisão o estado do isolamento de um equipamento elétrico,
estabelecendo os exatos instantes de manutenção.

Entretanto, este controle só é possível, através de ensaios periódicos, onde o último


valor é comparado com os anteriores, de forma a se estabelecer uma tendência.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


173
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24.7 PRÁTICAS BÁSICAS PARA OPERAÇÃO DO MEGÔHMETRO

Terminal
Terminais de
Terra
Terminal Linha
Guard

Escalas de
Medição

Fig 104 Megôhmetro tipo MI-5500 - Megabrás

24.7.1 Calibração

O instrumento de teste deve estar calibrado, garantindo confiança nos valores


medidos.

24.7.2 Indicação do Zero

O operador deve testar o zero do instrumento, curto-circuitando os terminais de linha


e de terra, energizando o instrumento através das escalas de leitura e tensão mais baixas. O
instrumento deve indicar leitura zero. Testar para todos os outros valores de tensão.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


174
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24.7.3 Indicação de Final de Escala

Escolher a menor tensão de teste. Manter os terminais de linha e de terra abertos e


pontas de prova conectadas. Ligar o instrumento para menor escala de leitura e mudar até a
última progressivamente. A leitura obtida na escala mais alta deverá corresponder ao fim de
escala do instrumento.

24.7.4 Terminais do Instrumento

Um bom instrumento de testes tem três terminais:

“L”- Terminal de linha, normalmente com potencial (-), deve ser ligado ao terminal
do isolamento sob teste.

“R” ou “E” – Terminal de terra, normalmente com potencial (+), deve ser ligado ao
potencial de terra ou a um terminal de referência de teste.

“G”- Terminal de guard deve ser ligado a terminais cujos isolamentos se quer que
não interfiram na medição.

24.7.5 Pontas de Prova

As pontas de prova devem ser apropriadas e originais do fabricante do instrumento.


A ponta de prova a ser ligada ao terminal terra (E) normalmente é blindada e a blindagem
deve ser conectada ao terminal de guard (G).

24.8 PRÁTICAS PARA TESTE DE ISOLAMENTO COM TENSÃO DE


CORRENTE CONTÍNUA

 Tensão de Teste - Utilize sempre a mesma tensão de teste.

 Faça teste seguindo sempre a mesma ligação do instrumento. Lembre-se que


a ligação determina a parte do isolamento que está sendo testada.

 Faça o teste sempre com a mesma duração (1 min, 10 min). Lembre-se que o
valor da resistência de isolamento varia com o tempo de aplicação da tensão.
Não se esqueça que Índice de Polarização (IP) é ótimo indicador do grau de
contaminação do isolamento e que ele independe da temperatura e da
quantidade de isolamento que se está testando.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


175
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 Meça sempre a temperatura do enrolamento sob teste e a umidade relativa do


ar no instante na medição. Se não for possível medir a temperatura do
enrolamento meça alguma temperatura próxima, por exemplo, temperatura do
óleo do transformador.

No caso de uma máquina rotativa fechada, com o enrolamento aquecido, procure um


ponto no interior da caixa de ligação próximo do pacote magnético. Se não for possível meça
a temperatura da carcaça. Se o enrolamento está na temperatura ambiente, este é o valor que
deve se medido.

Para que o erro seja o menor possível, utilize sempre o mesmo critério para que os
valores medidos em tempos diferentes possam ser comparados.

Converta os valores medidos para uma temperatura de referência. Estas tabelas


estarão disponíveis nos capítulos específicos de cada equipamento.

Evite efetuar testes em dias nublados e chuvosos, com alta umidade relativa do ar. Os
valores medidos serão afetados pela umidade condensada.

 As cargas residuais presentes nos enrolamentos afetam a medição da


resistência de isolamento que se vai fazer. Faz-se necessário garantir que as
cargas residuais foram descarregadas antes de se proceder o teste.

Como regra geral aterre um enrolamento por um tempo não inferior a quatro vezes o
tempo gasto no teste anterior.

Por exemplo:
Concluído um teste na posição RxSTM, ou seja, fase “R” contra “S” e “T” ligadas à
massa, com duração de 1min, devemos aterrar todos os enrolamento para a massa por, no
mínimo, 4 min, antes de iniciar o teste na posição SxRTM.

Se fizermos o primeiro teste com duração de 10 min, o tempo mínimo de aterramento


deverá ser de 40 min.

 Limpe a superfície das buchas e terminais do enrolamento sob teste. Sujeira e


umidade provocam descargas superficiais que interferem no resultado dos
testes.

 Compare os valores medidos com os anteriores. Valores de resistência de


isolamento baixos, porém estáveis, ao longo do tempo, são melhores
indicadores do que altos valores de resistência de isolamento, declinantes
com o tempo.

 Compare os valores de resistência de isolamento de uma fase com as outras


duas, de um equipamento. Diferença superior a um para três, por exemplo 50

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


176
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e 180MΩ, pode ser indicador de algum problema de isolamento, ainda


incipiente.

Não faça teste de resistência de isolamento em equipamentos com circuitos


eletrônicos (soft-starter, inversores de freqüência, conversores AC-DC, PLC, Nobreak etc) a
menos que recomendado pelo fabricante.

24.9 TESTES DE ISOLAMENTO EM MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS

24.9.1 Geral

Os testes, preferencialmente, devem ser executados com a máquina desconectada dos


cabos de alimentação. Nestas condições é possível fazer uma melhor avaliação do estado dos
isolamentos.

Para reduzir o tempo gasto no teste e o trabalho de desconexão e reconexão, muitas


equipes de manutenção tem como padrão efetuar o teste do motor com o cabo conectado,
diretamente na saída do alimentador da gaveta do Centro de Controle de Motores (CCM).

Com este procedimento só é possível avaliar o isolamento para a massa, perdendo-se


a oportunidade de avaliar o isolamento entre fases para motores de seis ou mais pontas.

Muitas são as possibilidades permitidas para avaliação dos valores de resistência de


isolamento de uma máquina rotativa utilizando-se um instrumento de teste megôhmetro de
boa qualidade.

24.9.2 Posições de Ligações para Teste

Vamos descrever as ligações usualmente executadas para a medição.

24.9.2.1 Estator e Rotor CA com Três Cabos de Saída

Neste caso o teste só pode ser executado entre enrolamento e massa. Algum
problema no isolamento entre fases não será detectado.

Nesta posição estão sendo medidas as resistências RRM, RSM e RTM, respectivamente,
resistências de isolamento entre as fases R e massa, S e massa e T e massa, em paralelo.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


177
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RTM
RSM

T S

R
G E L
RRM

Fig 105 Resistência de isolamento entre fases e massa

24.9.2.2 Estator de Motor de CA com Seis ou Mais Terminais.

Neste caso é possível medir as resistências de isolamento entre enrolamentos e entre


enrolamentos e massa.

Varias são as possibilidades de ligação, mas só estarão sendo apresentadas as mais


usuais.
 Procedimento com seis testes, com o uso do terminal guard.

T S

R
G E L
RRM

Fig 106 Resistência de isolamento da fase “R” para a massa

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


178
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RSM

T S

R
G E L

Fig 107 Resistência de isolamento da fase “S” para a massa

RTM

T S

R
G E L

Fig 108 Resistência de isolamento da fase “T” para a massa

T S
RRS

R
G E L

Fig 109 Resistência de isolamento entre fases “R” e “S”

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


179
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T S

RRT

R
G E L

Fig 110 Resistência de isolamento entre fases “R” e “T”

RST
T S

R
G E L

Fig 111 Resistência de isolamento entre fases “S” e “T”

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


180
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 Procedimento com três testes, sem uso o uso do terminal guard.

T S

RRT RRS

R
G E L

RRM

Fig 112 Resistência de isolamento da fase “R” para a massa e entre fases “R” e “S” e entre “R” e
“T” (R x STM)

RSM

RST
T S

RRS

R
G E L

Fig 113 Resistência de isolamento da fase “S” para a massa e entre fases “S” e “R” e entre “S” e
“T” (SxRTM)

RTM

RST
T S

RRT

R
G E L

Fig 114 Resistência de isolamento da fase “T” para a massa e entre fases “T” e “R” e entre “T” e
“S” (TxRSM)

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


181
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24.9.2.3 Máquinas de Corrente Contínua


 Armadura x Massa

G E L

Comutador Eixo

Fig 115 Resistência de isolamento da armadura para a massa

Levanta-se as escovas de carvão deixando a armadura separada, enlaça-se o


comutador com um cabo de cobre nu flexível ou uma cordoalha fina e aplica-se o potencial de
teste entre o comutador e o eixo. Mede-se a resistência de isolamento da armadura para a
massa.

 Interpolo x Massa

Com as escovas levantadas mede-se a resistência de isolamento dos enrolamentos de


comutação ou interpolos para a massa. Se a máquina tem enrolamentos de campo série,
desligá-los dos interpolos.

CARCAÇA

G E L

ENROLAMENTOS DOS
INTERPÓLOS
B2

Fig 116 Resistência de isolamento dos interpolos para a massa

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


182
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O terminal de terra (E) do megôhmetro deve ser ligado à carcaça do estator da


máquina.

Neste teste estamos medindo a resistência de isolamento de todas as bobinas de


interpolo para a massa, em paralelo.

Caso seja necessário observar ou comparar os valores individuais da resistência, é


necessário abrir o fechamento, efetuando-se tantos testes quantas forem as bobinas.

 Campo shunt e campo série para a massa.

Na medição do campo série estes enrolamentos devem ser desligados dos


enrolamentos de interpolos.

Mede-se a resistência de isolamento das bobinas de campo em paralelo para a massa.


Para a medição das resistências de isolamento individuais os circuitos devem ser abertos.

CARCAÇA

G E L

F1 (D1)
F2 (D2)

Fig 117 Resistência de isolamento do campo shunt e série para a massa

F1-F2 – Campo Shunt (paralelo)


D1-D2 – Campo Série

 Campo shunt x campo série

Em máquinas de excitação composta, é recomendável controlar o valor da resistência


de isolamento entre os campos shunt e série, montados uns sobre os outros na sapata polar.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


183
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F1
F2
CARCAÇA

G E L

D1
D2

Fig 118 Resistência de isolamento dos campos paralelos para os campos séries

24.9.2.4 Geradores de Corrente Alternada


 Enrolamento estatórico (principal)

Os testes de resistência de isolamento obedecem exatamente às mesmas ligações dos


motores de CA.

 Enrolamento de campo

O teste é executado entre enrolamento e massa. O terminal de terra (E) deve ser
ligado ao eixo do rotor.

G E L

F - F +

Fig 119 Resistência de isolamento do campo para a massa

 Excitatriz auxiliar

As ligações para teste são as mostradas para máquinas de corrente contínua.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


184
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24.9.3 Avaliação dos Valores Medidos

O Índice de Polarização medido é uma indicação da contaminação do isolamento

Tabela 21 Condição do isolamento em função do índice de polarização


IP Contaminação do Isolamento
<1 Enrolamento altamente contaminado, retirar máquina para rejuvenescimento
1  IP < 2 Enrolamento contaminado, programar remoção da máquina para rejuvenescimento
2  IP < 4 Enrolamento em boas condições quanto a contaminação
IP  4 Enrolamento sem sinais de contaminação

Os valores medidos com 1 min devem ser convertidos para 40ºC, utilizando-se o
fator de conversão da Tabela 22.

São considerados seguros para operação os enrolamentos com valores de resistência


de isolamento estáveis, sem redução substancial dos valores com o tempo e superiores ao
valor mínimo

Rm  kV  1
onde,
Rm = Resistência de isolamento (M) mínimo a 40ºC, medido na posição RST x
massa
kV= Classe de tensão do enrolamento em kV

Utilize a Tabela 22 para correção dos valores de resistência de isolamento de


máquinas rotativas para 40ºC.

24.10 TESTES DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO EM TRANSFORMADORES

24.10.1 Geral
Os testes devem ser realizados, preferencialmente, com todos os condutores
desconectados dos terminais.

A temperatura do enrolamento pode se considerada a indicada pelo termômetro do


óleo

24.10.2 Posições de Teste – Transformadores de 2 Enrolamentos


Os testes devem ser realizados nas seguintes posições, para transformadores de 2
enrolamentos, Fig 120.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


185
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Tabela 22 Tabela de conversão dos valores medidos para 40ºC.


Temp ºC KT Temp ºC KT Temp ºC KT Temp ºC KT
10 0.12 39 0.93 68 7.00 97 52.00
11 0.13 40 1.00 69 7.50 98 56.00
12 0.14 41 1.07 70 8.00 99 60.00
13 0.15 42 1.15 71 8.60 100 64.00
14 0.16 43 1.23 72 9.20 101 69.00
15 0.18 44 1.32 73 9.90 102 74.00
16 0.19 45 1.41 74 10.60 103 79.00
17 0.20 46 1.52 75 11.30 104 84.00
18 0.22 47 1.62 76 12.10 105 91.00
19 0.23 48 1.74 77 13.00 106 97.00
20 0.25 49 1.87 78 13.90 107 104.00
21 0.27 50 2.00 79 14.90 108 111.00
22 0.29 51 2.14 80 16.00 109 119.00
23 0.31 52 2.30 81 17.20 110 128.00
24 0.33 53 2.46 82 18.40 111 137.00
25 0.35 54 2.64 83 19.70 112 147.00
26 0.38 55 2.83 84 21.10 113 158.00
27 0.41 56 3.03 85 22.60 114 169.00
28 0.43 57 3.25 86 24.30 115 181.00
29 0.47 58 3.48 87 26.00 116 193.00
30 0.50 59 3.73 88 27.90 117 207.00
31 0.53 60 4.00 89 29.90 118 221.00
32 0.57 61 4.29 90 32.00 119 238.00
33 0.62 62 4.59 91 34.30 120 256.00
34 0.66 63 4.92 92 36.80 121 274.00
35 0.71 64 5.30 93 39.40 122 294.00
36 0.76 65 5.70 94 42.20 123 316.00
37 0.81 66 6.10 95 45.30 124 338.00
38 0.87 67 6.50 96 48.50 125 362.00

* Valor corrigido para 40°C = (Valor medido à temperatura T) x (KT)

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186
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BT AT Resistência de isolamento do
enrolamento de alta tensão
(AT) para a massa

G L E

RAM

Resistência de isolamento do
enrolamento de alta tensão
(AT) para o enrolamento de
BT AT
baixa tensão (BT)

RAB
G L E

Resistência de isolamento do
BT AT enrolamento de baixa tensão
(BT) para a massa

G L E

RBT
BM

Fig 120 Esquemas de ligações para teste de resistência de isolamento

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


187
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24.10.3 Avaliação dos Valores Medidos


Os valores medidos devem ser convertidos para 75ºC conforme Tabela 23:

O teste deve ser realizado com um megôhmetro, utilizando-se as seguintes tensões de


teste: 500V ou 1.000V para enrolamentos de classe de tensão 1,2 kV; 2.500V para
enrolamentos de classe de tensão até 15 kV e 5.000V para enrolamentos de classe de tensão
superior a 15 kV.

Tabela 23 Tabela de correção de temperatura para 75ºC

Temperatura Fator de Temperatura Fator de Temperatura Fator de


(oC) correção (oC) correção (oC) correção
6 119 32 19,7 58 3,25
7 111 33 18,4 59 3,03
8 104 34 17,2 60 2,83
9 97 35 16,0 61 2,64
10 91 36 14,9 62 2,46
11 84 37 13,9 63 2,30
12 79 38 13,0 64 2,14
13 74 39 12,1 65 2,00
14 69 40 11,3 66 1,87
15 64 41 10,6 67 1,74
16 60 42 9,9 68 1,62
17 56 43 9,2 69 1,52
18 52 44 8,6 70 1,41
19 48,5 45 8,0 71 1,32
20 45,3 46 7,5 72 1,25
21 42,2 47 7,0 73 1,15
22 39,4 48 6,5 74 1,07
23 36,8 49 6,1 75 1,00
24 34,3 50 5,7 76 0,93
25 32,0 51 5,3 77 0,87
26 29,9 52 4,92 78 0,81
27 27,9 53 4,59 79 0,76
28 26,0 54 4,29 80 0,71
29 24,3 55 4,00 - -
30 22,6 56 3,73 - -
31 21,1 57 3,48 - -

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188
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Exemplo:

Um valor medido de 500MΩ a uma temperatura de óleo de 45ºC deve ser convertido
para 75ºC da seguinte forma:

Rm 500
R75ºC    62,5M
FC 8,0

Onde:
R75ºC = Resistência de isolamento convertida à temperatura de 75ºC.
Rm= Resistência de isolamento medida com o enrolamento a uma temperatura t ºC.
FC = Fator de correção para t ºC, indicado na Tabela 23.

Existem procedimentos que exigem a medição dos valores de isolamento com 15, 30,
45 e 60 segundos e de 1 em 1 minuto até 10 minutos.

Valores mínimos:

 Transformador a óleo trifásico

2,65 E
Rm 
P
f

onde,
Rm = Resistência mínima a 75ºC
E = Classe de tensão do enrolamento em kV
P = Potência do trafo em kVA
f = freqüência em Hz.

Os valores mínimos não representam limite absoluto, mas somente ordem de


grandeza. Valores inferiores ao limite, mas estáveis, com pouca variação, não indicam
necessariamente irregularidades no isolamento, embora seja aconselhável tentar elevar a
resistência através da secagem do transformador. Da mesma forma, valores superiores ao
limite não representam garantia do isolamento, se os mesmos forem inferiores aos obtidos em
medições anteriores, em condições idênticas.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


189
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24.11 TESTE DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO EM CABOS ELÉTRICOS

24.11.1 Geral

Os testes devem ser realizados com os cabos desconectados dos dois lados.

A NBR 6813 estipula tensão de teste entre 300V e 500V e tempo entre 1min e 5min.
Sugerimos a adoção de 500V e 1min.

O teste de resistência de isolamento é executado para acompanhamento da


deterioração do isolamento com o tempo e após o teste de alto potencial, para detectar alguma
avaria durante o teste.

24.11.2 Posição de Teste

As posições detalhadas se referem a condutores lançados em linhas elétricas.

24.11.2.1 Cabo Unipolar com Blindagem Metálica.

Blindagem

G E L

Fig 121 Posição de teste para cabo unipolar com blindagem

OBS: existindo armação metálica, deverá ser ligada ao terminal guard “G”.

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


190
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24.11.2.2 Cabo Multipolar com Blindagem Metálica Envolvendo Cada Condutor.

Blindagem

G E L

Fig 122 Posição de teste para cabo tripolar com blindagem

Todas as partes metálicas dos condutores não envolvidas no teste devem ser
conectadas ao terminal guard (G) do megôhmetro. Repetir o teste para os condutores
restantes.

24.11.2.3 Cabo Multipolar sem Blindagem.

Ligar ao terminal de terra o


eletroduto e leito de cabos
que estiver contendo o cabo
sob teste

G E L

Fig 123 Posição de teste para cabo tripolar sem blindagem

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191
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Todos os condutores não ligados ao terminal linha (L) (eletroduto, leito de cabos)
devem ser ligados ao terminal de terra (E) do megger, que deve ser ligado ao potencial de
terra.

Repetir o teste para os demais condutores.

24.11.2.4 Cabo Unipolar (de um Circuito Tripolar) sem Blindagem

O teste deverá ser realizado como se o cabo fosse multipolar, sem blindagem
(5.11.2.3).

24.11.3 Avaliação dos Valores Medidos

Para a avaliação dos valores medidos é necessário a obtenção de alguns dados:


 l –comprimento do condutor em km
 D – diâmetro externo do isolamento do condutor em mm.
 d – diâmetro interno do isolamento do condutor em mm
 coeficiente de correção de temperatura do condutor ( a ser obtido junto ao
fabricante do cabo)
 material do isolamento (EPR, XLPE, PE, PVC)

Os valores obtidos na medição devem ser convertidos a 20ºC utilizando-se a tabela


de conversão em função do coeficiente / ºC, Tabela 24.

Para entrar na Tabela 24 é necessário obter do fabricante do cabo seu coeficiente/°C.


Como exemplo, vamos converter o valor de resistência de isolamento de um cabo com
coeficiente/ºC de 1,15, em cuja medição a 30ºC obtivemos um valor de 5.000 M, sabendo-
se que o cabo tem um comprimento de 200m.

Da Tabela 24, para temperatura de 30ºC e coeficiente de 1,15/ºC obtemos um fator


de correção de 4,05. O valor da resistência de isolamento convertido para 20°C será:

R20C  5.000  4,05  20.250M

Esta é a resistência de isolamento para 200m de cabo. Para 1000m (1 km), o valor da
resistência será:

200
R( 20ºC e 1km)  20.250  4.050M
1000

Técnicas de Inspeção e Procedimentos de Testes


192
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Este é o valor a se comparado com “Rm”, valor mínimo da resistência de isolamento,


em MΩ por Km a 20°C, calculado pela fórmula a seguir:

Tabela 24 Coeficiente para correção da Resistência de Isolamento de cabos elétricos


Temperatura Coeficiente / °C
(°C) 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 1,15 1,16 1,17 1,18 1,19 1,20 1,21 1,22 1,23
5 0,42 0,36 0,32 0,27 0,24 0,21 0,18 0,16 0,14 0,12 0,11 0,09 0,08 0,07 0,06 0,06 0,05 0,04
6 0,44 0,39 0,34 0,30 0,26 0,23 0,20 0,18 0,16 0,14 0,13 0,11 0,10 0,09 0,08 0,07 0,06 0,06
7 0,47 0,41 0,37 0,33 0,29 0,26 0,23 0,20 0,18 0,16 0,15 0,13 0,12 0,10 0,09 0,08 0,08 0,07
8 0,50 0,44 0,40 0,36 0,32 0,29 0,26 0,23 0,21 0,19 0,17 0,15 0,14 0,12 0,11 0,10 0,09 0,08
9 0,53 0,48 0,43 0,39 0,35 0,32 0,29 0,26 0,24 0,21 0,20 0,18 0,16 0,15 0,13 0,12 0,11 0,10
10 0,56 0,51 0,46 0,42 0,39 0,35 0,32 0,29 0,27 0,25 0,23 0,21 0,19 0,18 0,16 0,15 0,14 0,13
11 0,59 0,54 0,50 0,46 0,42 0,39 0,36 0,33 0,31 0,28 0,26 0,24 0,23 0,21 0,19 0,18 0,17 0,16
12 0,63 0,58 0,54 0,50 0,47 0,43 0,40 0,38 0,35 0,33 0,31 0,28 0,27 0,25 0,23 0,22 0,20 0,19
13 0,67 0,62 0,58 0,55 0,51 0,48 0,45 0,43 0,40 0,38 0,35 0,33 0,31 0,30 0,28 0,26 0,25 0,23
14 0,70 0,67 0,63 0,60 0,56 0,53 0,51 0,48 0,46 0,43 0,41 0,39 0,37 0,35 0,33 0,32 0,30 0,29
15 0,75 0,71 0,68 0,65 0,62 0,59 0,57 0,54 0,52 0,50 0,48 0,46 0,44 0,42 0,40 0,39 0,37 0,36
16 0,79 0,76 0,74 0,71 0,68 0,66 0,64 0,61 0,59 0,57 0,55 0,53 0,52 0,50 0,48 0,47 0,45 0,44
17 0,84 0,82 0,79 0,77 0,75 0,73 0,71 0,69 0,67 0,66 0,64 0,62 0,61 0,59 0,58 0,56 0,55 0,54
18 0,89 0,87 0,86 0,84 0,83 0,81 0,80 0,78 0,77 0,76 0,74 0,73 0,72 0,71 0,69 0,68 0,67 0,66
19 0,94 0,93 0,93 0,92 0,91 0,90 0,89 0,88 0,88 0,87 0,86 0,85 0,85 0,84 0,83 0,83 0,82 0,81
20 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
21 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 1,15 1,16 1,17 1,18 1,19 1,20 1,21 1,22 1,23
22 1,12 1,14 1,17 1,19 1,21 1,23 1,25 1,28 1,30 1,32 1,35 1,37 1,39 1,42 1,44 1,46 1,49 1,51
23 1,19 1,23 1,26 1,30 1,33 1,37 1,40 1,44 1,48 1,52 1,56 1,60 1,64 1,69 1,73 1,77 1,82 1,86
24 1,26 1,31 1,36 1,41 1,46 1,52 1,57 1,63 1,69 1,75 1,81 1,87 1,94 2,01 2,07 2,14 2,22 2,29
25 1,34 1,40 1,47 1,54 1,61 1,69 1,76 1,84 1,93 2,01 2,10 2,19 2,29 2,39 2,49 2,59 2,70 2,82
26 1,42 1,50 1,59 1,68 1,77 1,87 1,97 2,08 2,19 2,31 2,44 2,57 2,70 2,84 2,99 3,14 3,30 3,46
27 1,50 1,61 1,71 1,83 1,95 2,08 2,21 2,35 2,50 2,66 2,83 3,00 3,19 3,38 3,58 3,80 4,02 4,26
28 1,59 1,72 1,85 1,99 2,14 2,30 2,48 2,66 2,85 3,06 3,28 3,51 3,76 4,02 4,30 4,59 4,91 5,24
29 1,69 1,84 2,00 2,17 2,36 2,56 2,77 3,00 3,25 3,52 3,80 4,11 4,44 4,79 5,16 5,56 5,99 6,44
30 1,79 1,97 2,16 2,37 2,59 2,84 3,11 3,39 3,71 4,05 4,41 4,81 5,23 5,69 6,19 6,73 7,30 7,93
31 1,90 2,10 2,33 2,58 2,85 3,15 3,48 3,84 4,23 4,65 5,12 5,62 6,18 6,78 7,43 8,14 8,91 9,75
32 2,01 2,25 2,52 2,81 3,14 3,50 3,90 4,33 4,82 5,35 5,94 6,58 7,29 8,06 8,92 9,85 10,87 11,99
33 2,13 2,41 2,72 3,07 3,45 3,88 4,36 4,90 5,49 6,15 6,89 7,70 8,60 9,60 10,70 11,92 13,26 14,75
34 2,26 2,58 2,94 3,34 3,80 4,31 4,89 5,53 6,26 7,08 7,99 9,01 10,15 11,42 12,84 14,42 16,18 18,14
10,5
35 2.,40 2,76 3,17 3,64 4,18 4,78 5,47 6,25 7,14 8,14 9,27 11,97 13,59 15,41 17,45 19,74 22,31
4
10,7 12,3
36 2,54 2,95 3,43 3,97 4,59 5,31 6,13 7,07 8,14 9,36 14,13 16,17 18,49 21,11 24,09 27,45
5 3
10,7 12,4 14,4
37 2,69 3,16 3,70 4,33 5,05 5,90 6,87 7,99 9,28 16,67 19,24 22,19 25,55 29,38 33,76
6 7 3
10,5 12,3 14,4 16,8
38 2,85 3,38 4,00 4,72 5,56 6,54 7,69 9,02 13,67 22,90 26,62 30,91 35,85 41,52
8 8 6 8

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10,2 12,0 14,2 16,7 19,7


39 3,03 3,62 4,32 5,14 6,12 7,26 8,61 23,21 27,25 31,95 37,40 43,74 51,07
0 6 3 8 5
11,5 13,7 16,3 19,4 23,1
40 3,21 3,87 4,66 5,60 6,73 8,06 9,65 27,39 32,43 38,34 45,26 53,36 62,82
2 4 7 6 1

 D
Rm  k  log  , onde:
d

Rm = Valor mínimo da Resistência de Isolamento em megohms por km a 20ºC


k = Constante, função do material isolante:

 Para cabo com isolação de polietileno reticulado (XLPE) = 3.700 M x km


 Para cabo com isolação de borracha etileno (EPR) = 3.700 M x km
 Para cabo com isolação de polietileno termoplástico (PE) = 12.000 M x km
 Para cabo com isolação de cloreto de polivinila (PVC/A) = 185 M x km

Se os valores de resistência de isolamento mostrarem-se decrescentes com o tempo é


uma indicação segura da degradação do isolamento, pontual ou distribuída ao longo de todo o
isolamento.

Deverão ser comparados os valores de cabos similares, mesmo fabricante, tipo,


comprimento e circuito. Valores diferentes da ordem de 3:1 devem ser investigados.

Considere por exemplo a medição da Resistência de Isolamento das três fases de dois
circuitos.

Resistência de Isolamento 20ºC/km


Circuito Descrição
Fase “R” Fase “S” Fase “T”
Cabo #70mm2, isolamento EPR, 200m,
1 2.000M 1.800M 2.100M
0,6/1kV, energizado em 1985.
Cabo #95mm2, isolamento EPR, 180m,
2 10.000M 12.000M 3.800M
0,6/1kV, energizado em 2002

Apesar dos valores individuais de resistência de isolamento dos cabos do circuito 2


estarem superiores aos do circuito 1, o cabo da fase “T” deve ser investigado sobre o porque
de estar com a resistência de isolamento tão inferior aos cabos das fases ”R” e “S” do mesmo
circuito, energizados na mesma época e absolutamente similares. A comparação entre os

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194
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valores dos circuitos 1 e 2 fica prejudicada em razão do longo período entre a energização dos
cabos.

24.12 TESTES DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO EM DISJUNTORES E


CONTATORES

24.12.1 Geral

Os testes devem ser realizados com todos os alimentadores desconectados. As


tensões normalmente utilizadas são 500V ou 1000V para os equipamentos de baixa tensão e
2500V para os equipamentos de classe de tensão 5kV ou maior.

Efetuar uma limpeza nas buchas isolantes antes dos testes.

Os testes são realizados com o tempo de 1 min. Não é significativo medir o índice de
polarização de disjuntores.

24.12.2 Posições de Teste

 Com disjuntor aberto

R S T

R’ S’ T’ G E L

Fig 124 Posição de teste para disjuntor aberto

Neste teste estamos medindo a resistência de isolamento entre os contatos abertos da


fase “T”. Os contatos das outras duas fases são ligados ao terminal de guard. Repetir o teste
para as outras duas fases.

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 Com o disjuntor fechado

Este teste mede a resistência de isolamento da fase “S” contra as outras duas fases e a
massa. Repetir o teste para as outras duas fases.

Para descarregar as cargas residuais deve-se aterrar os terminais do disjuntor para a


massa, entre os testes, por um período não inferior à quatro vezes o tempo gasto no teste
anterior.

R S T

G E L

Fig 125 Posição de teste para disjuntor fechado

24.12.3 Avaliação dos Resultados dos Testes

Os valores medidos em cada posição, devem ser comparados com os valores dos
testes anteriores, nas mesmas condições. Resistências de isolamento decrescentes são
indicadores de contaminação por umidade, poeira ou outros contaminantes. Efetuar limpeza e
secagem e verificar contaminação do meio de interrupção, no caso de óleo isolante.

Comparar as medições das três fases entre si. Diferenças da ordem de 3:1 devem ser
vistas com preocupação.

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25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Apostilas do Programa de Certificação Operacional CST- Inspetor de


Eletricidade, WEG Industrias LTDA.

 Apostila do Programa de Certificação Operacional CST- Inspetor de


Eletricidade, “Dispositivos de Seccionamento e Comutação” – W-SERVICE.

 Manual de Escovas de Carvão CARBOMEC.

 Manual de Escovas de Carvão SEERCIL RINGS DORF.

 Jordão, D. M., Manual de Instalações Elétricas em Indústrias Químicas,


Petroquímicas e de Petróleo. ATMOSFERAS EXPLOSIVAS – Qualitymark - 2ª
ed – 1998.

 KITAGUCHI, T., Apostila Manutenção de Transformadores Imersos em


Líquidos Isolantes.

 Lobosco, O. S. e Dias, J. L. P C., Seleção e Aplicação de Motores Elétricos,


SIEMENS, Ed. McGRAW HILL- 1988.

 Lopes, P. T. F., Notas de Aula do curso de Pós Graduação em Engenharia de


Manutenção – ABRAMAN/UNIVIX.

 Manual de Cabos Elétricos PIRELLI.

 Manual de Cabos de Média Tensão – ALCOA.

 Manual de Motores CC WEG.

 Manual de Motores Elétricos WEG.

 Milasch, M., Manutenção de Transformadores em Líquido Isolante , Ed. Edgard


Blucher- 1984.

 Moran, A. V., Manutenção elétrica industrial, ED. Ícone – 1996.

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