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Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica
Prof. R. S. Salgado
Florianópolis - SC
2019.
Sumário
1 Fundamentos 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Diagrama unifilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Máquinas sı́ncronas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3.1 Modos de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3.2 Curva de capabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Sistemas trifásicos balanceados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4.1 Carga conectada em Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4.2 Carga conectada em ∆ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Sistema por unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.5.1 Seleção dos valores base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5.2 Base em termos de valores trifásicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5.3 Mudança de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
i
ii SUMÁRIO
4 Fluxo de Potência 89
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.3 Equações estáticas da rede elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.4 Formulação do problema de fluxo de potência . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.5 Métodos de solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.6 Ajustes e controles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
ii
Capı́tulo 1
Fundamentos
1.1 Introdução
Este capı́tulo apresenta os fundamentos preliminares dos estudos de operação em regime
permanente nas redes de energia elétrica. Inicialmente, mostra-se a representação da rede
elétrica através do diagrama unifilar, o qual fornece uma idéia sobre a estrutura e a conexão
dos componentes do sistema, e à partir do qual é possı́vel determinar o diagrama de
impedâncias. Considerando que a transmissão de energia elétrica no sistema de potência é
essencialmente trifásica, apresenta-se a representação e os modos de operação da máquina
sı́ncrona em regime permanente, com ênfase no funcionamento da mesma como gerador
sı́ncrono. A seguir, é feita uma revisão dos principais conceitos dos circuitos trifásicos
equilibrados. O capı́tulo é concluı́do com a introdução da representação no sistema por
unidade.
1
2 Capı́tulo 1: Fundamentos
Transformador de Disjuntor a ar
dois enrolamentos
Transformador de Conexão Delta
três enrolamentos
Disjuntor Conexão Y
sem aterramento
Transformador de
corrente Conexão Y
Zn aterrado com Zn
ou Transformador de
potencial
A Amperı́metro Conexao Y
solidamente aterrado
Voltı́metro
V
1 2
Zng1 Zng3
G1 T1 T2 G3
Zng2 G2 LT
Carga 1 Carga 2
2
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 3
• potência aparente nominal (Snom , Volt-Ampére), tensão nominal (Vnom , Volt, com
o tipo de conexão das bobinas da armadura (Y ou ∆)); corrente nominal √ (Inom ,
Ampére). A máquina sı́ncrona trifásica é balanceada, e portanto Snom = 3Vnom Inom .
• frequência nominal (f , Hz) e velocidade angular nominal (ω, rpm), as quais são
pω
estabelecidas de acordo com a equação f = , onde p denota o número de pólos
2 60
da máquina sı́ncrona;
• corrente (contı́nua) de campo (If em A), cujo valor não deve ser ultrapassado, sob
risco da ocorrência de sobreaquecimento do enrolamento de campo.
Observe que:
• a corrente de campo indica uma faixa de operação viável e pode ser interpretada
como um limite superior recomendado;
3
4 Capı́tulo 1: Fundamentos
+ + + +
- - - -
Eg = Vg + jXg.Ig Em = Vm - jXm.Im
onde δg é denominado ângulo de carga (ou potência) da máquina sı́ncrona. Desde que Eg >
0, Vg > 0 e Xg > 0, o sentido (sinal) da potência gerada, e portanto o modo de operação
como gerador ou motor, depende do ângulo de carga ou, em termos fı́sicos, da injeção de
potência mecânica no eixo da máquina. Ou seja, se δg > 0, a máquina opera como gerador,
e se δg < 0 a máquina opera como motor. Por outro lado, o fornecimento e a absorção
de potência reativa dependem do termo (Eg cos δg − Vg ); isto é, se (Eg cos δg − Vg ) > 0
4
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 5
a máquina opera sobre-excitada (Qg > 0), e se (Eg cos δg − Vg ) < 0, a máquina opera
subexcitada (Qg < 0).
No circuito equivalente mostrado na figura 1.4(b), observe que o sentido da corrente
é invertido, pois a máquina sı́ncrona opera como motor. Desta forma, as potências ativa
e reativa absorvidas pelo motor sı́ncrono possuem a mesmo sentido que a corrente na
armadura e são dadas por,
Ig Im
Xg Xm
+ + + +
- - - -
No primeiro caso, supõe-se que o motor opera com fator de potência atrasado; ou seja,
o gerador sı́ncrono fornece potência ativa e reativa a uma carga de natureza indutiva, tal
que a corrente Ig = Im nos seus terminais está atrasada (pelo ângulo φ) com relação a
tensão terminal Vg = Vm . As equações que modelam esses equipamentos são mostradas
a seguir.
Eg = Xg Ig + Vg
(1.3)
Em = − Xm Im + Vm
As Eqs. (1.3) são representadas simultaneamente no diagrama da figura 1.6, onde
podem ser observadas as relações:
Eg cos δg > Vg
(1.4)
Em cos δm < Vm
5
6 Capı́tulo 1: Fundamentos
• o gerador sı́ncrono opera sobre-excitado; isto é, fornece potência reativa com fator
de potência em atraso nos seua terminais;
• o motor sı́ncrono opera sub-excitado; isto é, absorve potência reativa com fator de
potência em atraso nos seua terminais.
Observe que ambos, gerador e motor, operam com FATOR DE POTÊNCIA EM ATRASO.
Eg
−Ig
Xg Ig
δg
δm V g = Vm
Ig
−Xm Im
Em
Em cos δm
V g = Vm
Eg cos δg
O caso em que o motor sı́ncrono opera com fator de potência em avanço é representado
na figura 1.7. Com base nas Eqs. (1.3), e considerando que a corrente Ig = Im nos
terminais dos equipamentos está adiantada (pelo ângulo φ) com relação a tensão terminal
Vg = Vm , a análise do diagrama fasorial indica que,
• Eg cos δg < Vg , tal que o gerador sı́ncrono opera sub-excitado; isto é, absorve
potência reativa com fator de potência em avanço nos seua terminais;
• Em cos δm > Vm , e portanto o motor sı́ncrono opera sobre-excitado; isto é, fornece
potência reativa com fator de potência em avanço nos seua terminais.
Observe que neste caso, gerador e motor operam com FATOR DE POTÊNCIA EM AVANÇO.
6
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Eg
Ig = Im Xg Ig
δg Vg = V m
δm −Xm Im
−Im
Em
Eg cos δg
Vg = V m
Em cos δm
Sg = Pg + jQg
= Vg I∗g
= Vg Ig (cos φ + j sin φ)
onde φ é o ângulo do fator de potência da carga conectada ao gerador sı́ncrono, tal que,
Pg = Vg Ig cos φ
(1.5)
Qg = Vg Ig sin φ
Ex. 1.1 Considere um gerador sı́ncrono com valores nominais 635 MVA, fator de potência
0,90 atrasado, 60 Hz, 3600 rpm, 24 kV e reatância sı́ncrona 1,5639 Ω conectado a uma
barra infinita. Se esta máquina supre uma corrente de 12,221 kA com fator de potência
0,9 atrasado, determine:
8
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 9
Gerador sı́ncrono
Governador
de velocidade Campo P ref
P mec ω +
Máquina
Primária Excitatriz Ef
Eixo
-
V ref
Armadura
Regulador Retificador
de tensão Filtro
Transformador
de potencial
Compensadores sı́ncronos
Vm
Pm = 0 Qm = (Vm − Em ) (1.6)
Xm
9
10 Capı́tulo 1: Fundamentos
tal que, (Vm > Em ) indica a absorção (subexcitação) e (Vm < Em ) indica o fornecimento
(sobre-excitação) de potência reativa pela máquina sı́ncrona.
Os diagramas fasoriais da máquina sı́ncrona operando como compensador são mos-
trados na figura 1.9. Nos dois casos as tensões Vg = Vm , Eg e Em estão alinhadas por
causa do valor do ângulo de carga. A corrente I está defasada de 900 da tensão terminal
do compensador.
−Im Ig
Em Vg = V m Eg φ Eg Vg = Vm Em
Ig −Im
10
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 11
Neste caso, a corrente complexa nos terminais do gerador é Ig = Ig ∠φ, tal que o mo-
delo analı́tico deste equipamento é dado pela Eq. (1.3). A representação geométrica
desta equação é mostrada na figura 1.10, onde é ressaltada a decomposição em
quadratura da queda de tensão Xg Ig .
Volts
Eg
Xg Ig
φ Xg Ig cos φ
δg Vg
Volts
φ Xg Ig sin φ
Ig
11
12 Capı́tulo 1: Fundamentos
kW
3Eg Vg
Xg
3Vg Ig
φ P = 3Vg Ig cos φ
3Vg2
Xg
kVAr
φ Q = 3Vg Ig sin φ
12
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3Eg Vt
Semi-cı́rculo, raio =
Xg
kW
3Vg2
−
Xg kVAr
Figura 1.12: Curva de capabilidade - lugar geométrico dos limites do gerador sı́ncrono
13
14 Capı́tulo 1: Fundamentos
Vg2
reta entre o ponto − ; 0 e o ponto de intercessão dos dois semi-cı́rculos relativos
Xg
as operações com a corrente de excitação constante (passo 2) e com a corrente de
armadura constante (passo 3) representa o limite de subexcitação da máquina.
Ex. 1.2 Determine a curva de capabilidade de um gerador sı́ncrono trifásico com valores
nominais 635 MVA, 24 kV (Y), fator de potência 0,9 e reatância sı́ncrona 1,5639 Ω/f ase,
3600 rpm (dados da referência [1]).
4. (Passo 4) O cı́rculo centrado na origem e com raio igual a 635 MVA representa os
pontos de operação do gerador sı́ncrono com magnitude da corrente da armadura
constante. Este cı́rculo e o do passo anterior se interceptam nos pontos (571.50
MW; ± 276.79 MVAr), correspondente a figura 1.12, os quais representam os valores
limites simultâneos relativos a corrente de armadura nominal e a força eletromotriz
interna do gerador sı́ncrono, para o fator de potência nominal. A magnitude do
ângulo de carga correspondente é ±48, 460 .
5. Não são considerados o limite imposto pela máquina primária e os pontos de operação
com geração de potência reativa constante, e portanto os passos 5 e 6 não são exe-
cutados.
14
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500
300
200
φg
100 Limite devido a Eg
δg
0
−800 −600 −400 −200 0 200 400 600 800
Potência Reativa (MVAr)
Eg Vg
A potência expressa pela grandeza permite calcular o valor da tensão interna
Xg
da máquina (no caso para a tensão nominal de 24 kV) multiplicando este valor pelo fator
Xg
de escalonamento . A curva de capabilidade é determinada segundo a condição de
3Vg
operação nominal, e portanto a análise de diferentes condições de operação requer o cálculo
dos valores correspondentes da tensão de excitação. Se a tensão terminal da máquina é
Vg2 Vs2
diferente da tensão nominal, então o valor deve ser corrigido para (onde Vs é a
Xg Xg
magnitude da tensão de operação). Esta mudança altera o escalonamento da figura 1.13,
de tal forma que as quantidades obtidas através do diagrama devem ser re-escalonadas,
de modo a fornecer os valores efetivos de potência ativa e reativa da operação.
Ex. 1.3 Se o gerador do exemplo 1.2 está conectado a uma barra infinita e fornecendo
458,47 MW e 114,62 MVAr na tensão de 22,8 kV, calcule a tensão interna da máquina
utilizando o diagrama de capabilidade.
A figura 1.14 mostra a localização do ponto (114,62 MVAr, 458,47 MW) no diagrama
de capabilidade, cuja distância até o ponto limite de subexcitação (-368,31; 0) é a hipote-
nusa do triângulo retângulo indicado na figura: isto é,
Vg Eg p
= (458, 47 M )2 + ((114, 62 + 368.30) M )2 = 665, 88 M
Xg
15
16 Capı́tulo 1: Fundamentos
tal que,
665, 88 M 1, 5639
Eg = × = 25, 05 kV (tensão fase-neutro)
3 13, 85 k
ou alternativamente,
1, 5639
Eg = 665, 88 M × = 43, 39 kV (tensão de linha)
24 k
ou alternativamente,
800
600
Potência Ativa (MW)
300
200
100
0
−800 −600 −400 −200 0 200 400 600 800
Potência Reativa (MVAr)
16
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a
Ia
b
Ib
Zy Zy
Van Vbn
In
Zy Vcn
Ic
c ?
17
18 Capı́tulo 1: Fundamentos
Vf
onde IL = é a magnitude da corrente de linha. Essas correntes são iguais em magni-
ZY
tude e defasadas de 1200 , tal que,
In = Ia + Ib + Ic = 0
Sa = Van I∗a = Vf IL ∠θ
Sb = Vbn I∗b = Vf ∠ − 1200 IL ∠1200 + θ = Vf IL ∠θ
Sc = Vcn I∗c = Vf ∠ + 1200 IL ∠ − 1200 + θ = Vf IL ∠θ
ou, alternativamente,
√
Ia = 3Iab ∠ − 300
√
Ib = 3Ibc ∠ − 300 (1.10)
√ 0
Ic = 3Ica ∠ − 30
Portanto, para uma carga balanceada conectada em ∆ e suprida com tensões trifásicas
balanceadas em seqüência de fase positiva, a magnitude das correntes de linha é igual a
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Ia
Vab
b
Iab Z∆ Ibc
Ib
Z∆ Z∆
Vca
Vbc
Ica
Ic
c
√
3 vezes a magnitude das correntes nos ramos da conexão ∆, e os fasores correntes de
linha estão atrasados de 300 em relação aos fasores correspondentes às correntes nas fases
do ∆.
No caso da carga equilibrada conectada em ∆, a potência complexa em cada fase é
dada por
19
20 Capı́tulo 1: Fundamentos
Na solução de circuitos trifásicos balanceados, apenas uma fase precisa ser analisada.
As conexões ∆ são convertidas em Y , com o neutro das cargas e dos geradores aterrados
por um condutor de impedância infinita. Com este artifı́cio, o circuito correspondente a
uma fase é resolvido e as correntes e tensões nas outras fases são iguais em magnitude a
da fase em análise e defasadas de 1200 .
Ex. 1.4 Num sistema trifásico balanceado, dois geradores conectados a barramentos dis-
tintos suprem uma carga através de duas linhas de transmissão, cada uma com impedância
igual a 0,1+j1,0 Ω/fase. A carga absorve 30 kW, com fator de potência 0,8 atrasado. Su-
ponha que o gerador G1 supre 15 kW, com fator de potência 0,8 atrasado, na tensão de
380 V. Adotando a seqüência positiva de fases e o fasor Van como referência, determine:
1. os fasores tensão de linha nos terminais da carga e nos terminais do gerador G2 ;
2. a potência complexa suprida pelo gerador G2 e o fator de potência com que opera o
gerador G2 ;
3. as perdas de potência ativa e reativa nas linhas de transmissão;
4. o rendimento do sistema de transmissão;
5. a compensação reativa necessária para a correção do fator de potência da carga para
0,95 atrasado e as impedâncias equivalentes a esta compensação, supondo que as
mesmas estão conectadas em ∆ e sujeitas a tensão da carga calculada no item (1);
6. a magnitude da corrente fornecida pela compensação reativa, supondo que a magni-
tude da tensão calculada no item (1) é mantida constante.
20
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1. dois valores base (entre tensão, corrente, impedância e potência) são arbitrariamente
selecionados num determinado ponto do sistema;
2. os outros dois valores base são calculados utilizando-se as relações entre tensão, cor-
rente, impedância e potência num circuito monofásico. Por exemplo, em sistemas de
energia elétrica geralmente a tensão (Vb ) e a potência são escolhidas como grandezas
base (Sb ). Então os valores de corrente base (Ib ) e impedância base (Zb ) são dados
por, por
Sb Vb V2
Ib = Zb = ou Zb = b
Vb Ib Sb
Isto permite interpretar a impedância base Zb como um elemento de circuito mo-
nofásico, o qual submetido a uma tensão base de valor Vb fornecerá uma corrente base de
valor Ib e uma potência base igual a Sb .
É importante ressaltar que a quantidade adotada como base para o cálculo da potência
ativa e da potência reativa no sistema por unidade é a potência aparente base, isto é,
Pb = Qb = Sb
Rb = Xb = Zb
21
22 Capı́tulo 1: Fundamentos
2. a relação entre as tensões de linha base nos lados do transformador é igual aquela
entre os valores nominais da tensão do transformador, ou seja, a tensão de linha base
passa através do transformador trifásico segundo a sua relação nominal de tensões
de linha.
Ex. 1.5 Considere o sistema trifásico representado no diagrama unifilar da figura 1.17.
Os dados dos geradores e das cargas são mostrados nas tabelas 1.1 e 1.2.
1 2 3
C1 G2
C2 C3
G1 LT1 LT2
Figura 1.17: Diagrama unifilar do exemplo 1.5
Assuma que;
• A impedância da linha de transmissão entre o gerador 1 e a carga é 0,5 +j0,7 Ω/fase,
e da linha de transmissão entre o gerador 2 e a carga é 0,6 +j0,8 Ω/fase.
22
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 23
Z real Sb antiga
Zbpuantiga = = Z real 2
Zb antiga Vb antiga
e que é necessário referir este valor a uma nova base, tal que
Sb nova
Zbpunova = Z real
Vb2 nova
23
24 Capı́tulo 1: Fundamentos
Ex. 1.6 A placa de um gerador sı́ncrono apresenta os seguintes valores: 50 MVA; 13,8
kV; 20 %. Calcular:
1. a reatância deste equipamento no sistema por unidade na base 100 MVA, 12 kV;
1.6 Exercı́cios
1.1 Um gerador sı́ncrono trifásico, com as bobinas da armadura conectadas em ∆ e
valores de placa 30 kVA, 500 V, fator de potência 0,8, e reatância sı́ncrona de 24%, supre
um motor sı́ncrono com as bobinas de armadura conectadas em ∆ e valores nominais 20
kVA, 460 V, 20%, fator de potência 0,9, através de um circuito com reatância 2Ω/f ase.
O motor consome 18 kVA com fator de potência 0,85 em atraso, operando sob tensão
nominal e sequência positiva de fases. Adotando a tensão de linha nos terminais do
motor como referência e utilizando grandezas reais:
1. calcule a potência complexa trifásica fornecida pelo gerador e o seu fator de potência;
1.2 Considere um motor sı́ncrono trifásico sendo suprido por um gerador sı́ncrono através
de uma linha de transmissão com perdas desprezı́veis. Os valores nominais do gerador,
do motor e da linha de transmissão são mostrados na tabela 1.3. Suponha que o motor
opera com tensão nominal, absorvendo 60 kW, com tensão de excitação 1,7 kV/fase por
fase. Adote os valores nominais de potência aparente e tensão do gerador como base, e
determine (em pu e em unidades reais):
1.3 Considere o diagrama unifilar da figura 1.18. Os valores nominais dos componentes
deste sistema são apresentados na tabela 1.4.
A condição de operação destes equipamentos é a seguinte:
24
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1 2 3
Carga
Gerador 1
25
26 Capı́tulo 1: Fundamentos
1.4 Os valores nominais de um gerador sı́ncrono trifásico são 50 kVA, 480 V (Y), fator
de potência 0,8 atrasado; 60 Hz, 6 polos, reatância sı́ncrona 1,0 Ω/f ase. Suponha que o
gerador está conectado a uma turbina a vapor capaz de suprir até 45 MW. As perdas por
atrito e ventilação totalizam 1,5 kW e as perdas no cobre valem 1,0 kW.
2. Verifique se este gerador pode suprir uma corrente de linha de 56 A com fator de
potência 0,70 atrasado.
3. Qual a máxima quantidade de potência reativa que este gerador pode produzir?
4. Se o GS fornece 30 kW, qual a máxima quantidade de potência reativa que pode ser
suprida simultaneamente?
1.5 Num sistema trifásico, uma fonte supre uma carga trifásica de 100 MVA com fator
de potência 0,8 em avanço, na tensão 16 kV, através de um sistema de transmissão
de impedância desprezı́vel. Adotando a seqüência de fases positiva, o fasor Van como
referência, e a base 200 MVA, 16 kV, calcule em pu e em unidades reais:
1.6 Um gerador sı́ncrono trifásico supre uma carga de 25 kW, 360 V, fator de potência
0,9 atrasado, através de um sistema de transmissão com impedância de 0,1 + j0,4 Ω/
fase. Adote a seqüência de fases positiva e o fasor tensão de linha entre as fases a e b da
carga como referência.
26
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1.7 Uma fonte trifásica operando na tensão de 380 V supre duas cargas trifásicas balan-
ceadas cujas caracterı́sticas são:
1.8 Determine a corrente fornecida por uma linha de transmissão trifásica, com im-
pedância igual a 0,3+j1,0 Ω/fase, a um motor de 15 HP operando a plena carga, com
rendimento de 90%, fator de potência de 0,80 em atraso e tensão de 440 V. Calcule
a magnitude da tensão e a potência complexa na entrada da linha de transmissão, e a
potência complexa absorvida pela mesma. Adote os valores de operação do motor como
base. (1 HP(Horse Power) = 745,7 watts.)
1.9 Uma carga trifásica absorve 250 kW com um fator de potência de 0,707 em atraso
através de uma linha de transmissão trifásica de 400 V. Esta carga está conectada em
paralelo com um banco trifásico de capacitores de 60 kVAr. Determinar a corrente total
fornecida pela fonte e o fator de potência resultante. Repita estes cálculos excluindo o
banco de capacitores e mantendo a tensão na carga, e compare os valores da corrente
fornecida pela fonte. Adote a base de 250 kVA, 400 V
1.10 Um gerador supre duas cargas trifásicas conectadas em paralelo através de uma
linha de transmissão de impedância igual a 0,1+j1,0 Ω/fase. A primeira carga é um motor
de 7,5 kW, operando com potência nominal na tensão de 440 V, com rendimento de 90%
e fator de potência 0,8 em atraso. A segunda carga é representada por três impedâncias
de 20,0+j50,0 Ω/fase, conectadas em ∆. Adote a base 10 kVA, 440 V, e calcule (em pu
e valores reais):
27
28 Capı́tulo 1: Fundamentos
1.11 Um gerador trifásico operando na tensão de 380 volts supre, através de uma linha
de transmissão com impedância 0,1 + j1,0 Ω/fase, uma carga trifásica que absorve uma
corrente de 50 Ampéres com fator de potência 0,8 em atraso. Supondo seqüência de
fases positiva e tomando o fasor tensão fase-neutro na fase a da carga como referência,
determinar em pu (na base 10 kVA, 380 V) e em valores reais:
3. a impedância por fase de uma conexão ∆, que associada em paralelo com a carga
torna unitário o fator de potência desta;
1.12 Deseja-se supir uma carga trifásica através de uma linha de transmissão de im-
pedância de 0,1 +j 0,05 Ω/fase. A tensão de entrada na linha de transmissão é 380 V e
a corrente absorvida pela carga é 250 A, com fator de potência 0,7 indutivo. Adotando os
valores base de 165 kVA e 380 V, determine
28
Capı́tulo 2
2.1 Introdução
Em estudos de redes elétricas em regime permanente, os sistemas trifásicos equilibrados
são modelados analiticamente pelo diagrama de impedâncias de uma fase do circuito Y
equivalente. Cada elemento constituinte do diagrama unifilar é representado por um cir-
cuito monofásico de seqüência positiva, com os parâmetros e variáveis da rede elétrica
expressos no sistema por unidade. Este capı́tulo mostra como este circuito é determi-
nado. Para esta finalidade, dois aspectos fundamentais são apresentados. O primeiro é a
representação dos diversos tipos de transformadores no sistema por unidade, o que visa
facilitar os cálculos de correntes e tensões no circuito elétrico. O segundo é a modela-
gem analı́tica de outros componentes básicos da rede elétrica em termos de elementos de
circuitos. Isto permite obter um modelo do sistema de potência em termos de equações
obtidas aplicando-se as leis de circuitos elétricos, cuja solução fornece os subsı́dios para a
análise da rede elétrica.
2.2 Transformadores
29
30 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
0 0
I1 R1 jX1 jX2 R2 I2
0
+ +
V1 Rc jXm V2
0
− −
0
I1 I2
Req Xeq
+ +
0
V1 V2
− −
(VbAT )2 (VbBT )2
ZbAT = ZbBT =
Sb Sb
30
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 31
tal que
ZbAT (VbAT )2
=
ZbBT (VbBT )2
tal que a impedância do transformador expressa em pu não se modifica quando
referida aos lados de alta tensão ou de baixa tensão, evitando-se desta forma os
erros de cálculos provenientes de se referir as grandezas a um lado ou ao outro do
transformador
• a corrente fornecida pelo gerador e pela compensação reativa, supondo que a tensão
na carga é mantida;
I1 I2
+ +
V1 V2
− −
a:1
31
32 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
I1
+ +
V1
I1 + I2
− V1 + V2
I2 V2
− −
I1
− +
V1
I1 − I2
+ −V1 + V2
I2 V2
− −
32
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 33
nominais.
A impedância de um transformador convencional em unidades reais conectado como
autotransformador não se modifica por efeito desta conexão. Porém, desde que os va-
lores nominais do autotransformador e do transformador convencional são distintos, as
impedâncias destes equipamentos expressas em por unidade também serão diferentes. O
valor da impedância de dispersão (em unidades reais) a ser dividido pelo valor base deve
ser o mesmo em ambos os casos, ou seja, aquele que seria determinado no ensaio de curto
circuito em ambos os transformadores. No caso do autotransformador, este ensaio pode
ser feito apenas através de um lado do equipamento, aquele que fornece o mesmo valor
de impedância que o ensaio do transformador convencional.
Ex. 2.2 No ensaio de curto circuito do transformador monofásico do exemplo 2.1 foram
medidas as seguintes grandezas: 402,721 watts, 29,442 V e 65,789 A.
1. Determine os valores de placa de um autotransformador com relação de trans-
formação 220/600 V, construı́do à partir deste transformador monofásico.
2. Mostre o circuito monofásico equivalente do transformador e do autotransformador
no sistema por unidade, adotando como base os valores nominais desses equipamen-
tos.
3. Calcule a tensão, a corrente, a potência aparente na entrada e as perdas de potência
ativa e reativa (em pu e em unidades reais) quando cada um deste equipamentos
supre uma carga nominal com fator de potência 0,8 atrasado, na tensão nominal
nos respectivos lados de alta tensão.
33
34 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
A a
A al
B b
B bl
C c
C cl
1. Uma potência aparente trifásica base é selecionada para ambos os lados (alta tensão
e baixa tensão) do transformador;
Ex. 2.3 Três transformadores monofásicos de 2 enrolamentos, cada um com valores no-
minais 25 kVA, 380/220 V, 60 Hz e impedância equivalente de 0,031+j0,146 Ω referida
ao lado de baixa tensão (ver o exemplo 2.1) devem ser conectados para formar um banco
trifásico. Mostre as possı́veis conexões trifásicas e determine o circuito equivalente de
cada alternativa de banco trifásico no sistema por unidade.
34
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 35
A a
A al
B b
B bl
C c
C cl
AT BT 0
I1 j300
I2
Req Xeq e : 1, 0
+ +
0
V1 V2
− −
0
Req = R1 + R2 Transformador
Xeq = X1 + X2
0 Defasador
de tensão na sua saı́da. Em geral, os valores nominais deste tipo de transformador são
dados individualmente para cada bobina; isto é,
N1 I1 = N2 I2 + N3 I3
V1 V2 V3
= =
N1 N2 N3
35
36 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
I2
I1
+
N2 V2
+
−
N1 I3
V1
+
N3
− V3
−
0 0
R2 jX2
R1 jX1 +
0 0
R3 jX3
+
0
+ V2
V1 Rc jXm
0
V3
−
− −
Z12 = Z1 + Z2
Z13 = Z1 + Z3
Z23 = Z2 + Z3
36
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 37
Z2
Z1
+
Z3
+
+ V2
V1
V3
− − −
37
38 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
• média tensão: carga nominal com fator de potência 0,85 atrasado, e tensão 5%
abaixo da nominal;
• baixa tensão: 3 impedâncias de 1, 936∠ − 25, 840 Ω/f ase, conectadas em Y.
38
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 39
equipamento deste tipo, com relação nominal de tensões 220 V/380 V. Os taps estão no
lado de 380 V, para ajustar a magnitude da tensão em ±10% do valor nominal, em passos
de 5%.
1,1
1,05
1,00 Taps
0,95
0,90
Os Transformadores com Comutação sob Carga (Load Tap Changing (LTC) ou Tap
Changing Under Load (TCUL)) permitem o ajuste do tape enquanto o transformador está
energizado. Este ajuste é operado por servo-motores comandados por relés ajustados de
forma a manter a tensão num determinado nı́vel. Circuitos eletrônicos especiais permitem
esta mudança sem interrupção de corrente.
A representação de um transformador monofásico com tape variável é mostrada na
figura 2.13. O transformador com relação de transformação a : 1 é ideal, tendo como
finalidade refletir a relação variável entre os fasores tensão. O parâmetro a pode ser um
número real ou complexo. Se apenas a magnitude da tensão é ajustada o parâmetro a
é um número real. Se o equipamento opera com valores nominais de tensão, a = 1 e o
circuito mostrado na figura 2.13 se reduz ao circuito monofásico equivalente convencional.
Zt3=j0,096pu
Yeq=-j10,42pu =j10,42pu
Ii Yeq 1:a Ij
a=v2/v1
a=0,9718 + + + que o contrário do a que
Vi
Vj
Vj nós usamos
a=1,0289 -
a
- -
ou seja, a=v1/v2
Transformador
ideal
39
40 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
tal que os componentes da matriz de coeficientes do sistema linear da Eq. (2.1) são,
Ex. 2.5 Um transformador trifásico possui os seguintes dados de placa: 75 kVA, 220
V(∆)/658,179 V(Y), reatância de dispersão igual a 0,093+j0.437 Ω/f ase referida ao lado
de alta tensão. As bobinas de baixa tensão do transformador possuem taps com variação
± 20 %.
40
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 41
• Resistência série: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela corrente
que flui através do condutor;
• Indutância série: que representa o campo magnético criado pela corrente que per-
corre o condutor;
• Condutância shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela dife-
rença de potencial no meio que circunda os condutores;
Ie Z = zl Ir
+ +
Y yl Y yl
Ve = = Vr
2 2 2 2
- -
• Linhas curtas (l ≤ 80 km): apenas os parâmetros série da linha são levados em conta,
com a impedância série da linha de transmissão sendo expressa por Z = R + jX.
Os parâmetros shunt da linha são desprezados.
• Linhas médias (80 km < l ≤ 240 km): neste caso, a linha de transmissão é repre-
sentada por um circuito denominado π-nominal, no qual
Z = R + jX Ω
Y = jB S
41
42 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
• Linhas longas (l > 240 km): neste caso, a linha é representada por um circuito
denominado π-equivalente , no qual são aplicados fatores de correção nos valores da
impedância série e da admitância shunt, baseados nas caracterı́sticas de propagação
das ondas eletromagnéticas da linha de transmissão.
2.4 Cargas
Os estudos da operação do sistemas de potência em regime permanente requerem uma mo-
delagem adequada da carga, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos.
Numa barra tı́pica, alguns dos componentes da demanda geralmente são:
• motores de indução;
• aquecimento e iluminação;
• motores sı́ncronos.
Sd = Pd + Qd
42
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 43
Corrente constante
α(β) = 0,0
Potência constante
α(β) = 1,0
α(β) = 2,0
Tensão V
nominal
O texto que segue apresenta os dois modelos de carga variante com a tensão mais
freqüentemente utilizados nos estudos de fluxo de potência.
43
44 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
A tabela 2.3 apresenta valores tı́picos dos expoentes α e β de algumas cargas carac-
terı́sticas. No caso de cargas compostas, a especificação do expoente α é geralmente feita
na faixa entre 0,5 e 1,8 enquanto que o valor de β assume valores na faixa entre 1,5 e 6,0.
Devido à saturação magnética dos transformadores de distribuição e à carga composta de
motores, o expoente β varia como função não linear da tensão.
Componentes da carga α β
Lâmpadas incandecentes 1,54 -
Condicionadores de ar 0,50 2,50
Ventiladores de forno 0,08 1,60
Carregadores de bateria 2,59 4,06
Fluorescentes compactas eletrônicas 0,95 - 1,03 0,31 - 0,46
Fluorescentes convencionais 2,07 3,21
44
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 45
" 2 #
V V
Q = Q0 aq + b q + c q (2.6)
V0 V0
onde P e Q são as potências absorvidas pela carga na tensão V e P0 e Q0 são os valores
nominais de potência ativa e reativa, respectivamente, para a tensão nominal V0 (geral-
mente 1,0 pu). Os ı́ndices ap , bp , cp , aq , bq e cq representam as parcelas de injeção de
potência, injeção de corrente e impedância constante, respectivamente, e satisfazem as
seguintes condições:
ap + bp + cp = 1, 0
aq + bq + cq = 1, 0
De maneira análoga ao caso anterior, o ajuste conveniente dos coeficientes a, b e c
deste modelo permite representar a demanda de diferentes formas. Por exemplo,
• se a carga for representada como injeção de potência constante, os coeficientes bp ,
cp , bq e cq são selecionados iguais a zero e ap e aq assumem valores unitários;
• se a carga for representada como injeção de corrente constante, os coeficientes ap ,
cp , aq e cq são selecionados iguais a zero e bp e bq assumem valores unitários;
• se a carga for representada como impedância constante, os coeficientes ap , bp , aq e
bq são selecionados iguais a zero e cp e cq assumem valores unitários;
Ex. 2.6 Analise a representação de uma carga constituı́da por um chuveiro elétrico, cujos
valores nominais são 2400 W, 220 V, submetido a uma tensão de 240 V através de um
condutor com reatância indutiva igual a 1 Ω.
2.5 Exercı́cios
2.1 Os valores nominais de um transformador trifásico de três enrolamentos são: primário
(1), 66kV (Y ), 20M V A; secundário (2), 13, 2kV (Y ), 15M V A; terciário (3), 2, 3kV (∆),
5M V A. As reatâncias de dispersão são: X12 = 8% (na base 15M V A, 66kV ), X13 = 10%
(na base 15M V A, 66kV ) e X23 =9% (na base 10M V A, 13, 2kV ). Determine o circuito
equivalente deste transformador em pu, na base 15 MVA, 66 kV nos terminais primários.
2.2 Um alimentador conectado ao primário do transformador do exercı́cio 2.1 supre
cargas puramente resistivas de 7,5 MW a 13,2 kV e 5 MW a 2,3 kV conectadas nos
terminais secundário e terciário. Mostre o diagrama de impedâncias em pu, na base
15 MVA, 66 kV nos terminais primários. Determine a potência aparente e a corrente
fornecidas pelo alimentador. Calcule as perdas de potência no transformador.
2.3 Um transformador trifásico de três enrolamentos 132 kV/33 kV/6,6 kV, 50 Hz, 30
MVA possui os seguintes valores de impedância medidos num ensaio de curto-circuito:
Z12 = j0, 15pu, Z13 = j0, 09 pu, Z23 = j0, 08pu. A bobina de 6,6 kV supre uma carga
trifásica balanceada, com uma corrente de 2000 A a um fator de potência 0,8 atrasado. A
bobina de 33 kV alimenta uma carga trifásica balanceada, conectada em Y de j50 Ω/fase.
Determine a tensão da fonte nos terminais de 132kV , para manter 6, 6kV nos terminais
do terciário. Calcule a potência ativa fornecida pela fonte.
45
46 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
2.4 Dois transformadores trifásicos com valores de placa 20 MVA, 115 kV(Y)/13,2
kV(∆), 9% e 15 MVA, 115 kV(Y)/13,2 kV(∆), 7 %, operam em paralelo para suprir
uma carga de 35 MVA, com fator de potência 0,8 atrasado, a uma tensão de 13,2 kV.
Determine a magnitude da a tensão na entrada dos transformadores e a potência apa-
rente fornecida ao conjunto transformadores-carga em pu e em unidades reais. Calcule a
corrente fornecida por cada transformador à carga. Verifique como o balanço de potência
é satisfeito nessa condição.
2.5 Um transformador com valores de placa 15 kVA, 220/380 V, reatância de dispersão
igual a 20 % e com o tap variável no lado de alta tensão ajustado em 1,05 conecta um
gerador com tensão 230 V a uma carga de 12,62 + j 9,46 Ω (no lado de alta tensão).
Tomando como base os valores 10 kVA e 230 V nos terminais do gerador, determine:
1. o circuito monofásico equivalente no sistema por unidade;
2.6 Considere o diagrama do sistema trifásico da figura 2.17, para o qual são fornecidos
os seguintes dados:
• gerador G1 : 150 MVA, 13,8(Y) kV, Xg1 = 30%;
YY Y∆
46
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 47
Ha Hb Hc
220 V
Xa Xb Xc
−
110 V
47
48 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
Através deste transformador, uma fonte de tensão constante supre uma carga de fator
de potência unitário, de 5 MW, 2,3 kV nominais e um motor sı́ncrono de 7,5 MVA, 13,2
kV, com reatância sı́ncrona de 20%. Tomando a base trifásica de 66 kV, 15 MVA no
primário do transformador, a) determinar o circuito equivalente no sistema por unidade
e b) o valor da resistência da carga em pu.
Y∆ Y∆
LT14 Transformador 2 Carga L5
Gerador 2
∆Y
Carga L1
48
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 49
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
2.13 Um transformador trifásico com valores de placa 200 MVA, 345(∆)/34,5(Y ) kV,
8 %, opera como um elo, conectando um sistema de transmissão de 345 kV e um sistema
de distribuição de 34,5 kV.
49
50 Capı́tulo 2: Representação dos Sistemas de Potência
2. Supondo que uma carga uma carga trifásica de valor 180 MVA, na tensão 33 kV e
fator de potência 0,8 atrasado, é suprida por este transformador. Calcule os valores
de tensão corrente, potência aparente e fator de potência nos terminais de entrada
do transformador em pu e em unidades reais.
2.14 No sistema trifásico da figura abaixo, os parâmetros das duas linhas de transmissão
são 0,163 (LT1 ) e 0,327 (LT2 ) Ω/km por fase, com respectivos comprimentos de 220 km
(LT1 ) e 150 km (LT2 ).
3 Trafo 2 4 MS
2
1 2
M S1 Trafo 1 LT1
5 Trafo 3 6
LT2
Adotando como valores base a tensão 13,2 kV e a potência de 2000 MVA na barra 1,
determinar:
50
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
Este capı́tulo apresenta a modelagem analı́tica das linhas de transmissão para o estudo
da operação em regime permanente. Primeiramente, representa-se a linha de transmissão
por um quadripolo, definido por quatro constantes calculadas com base nos parâmetros da
linha. A seguir, estuda-se o problema do máximo carregamento que a linha pode suprir,
com enfoque na construção e na análise das curvas PV e QV. Posteriormente, mostra-
se como os parâmetros da linha podem ser utilizados em cálculos rápidos, com nı́vel
de precisão satisfatório apesar das aproximações adotadas em alguns casos. O capı́tulo é
finalizado enfocando aspectos relacionados aos fluxos de potência e a compensação reativa
das linhas de transmissão.
Ie Ir
+ +
Ve Quadripolo Vr
- -
51
52 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
As relações entre as variáveis tensão e corrente nos terminais do quadripolo são ex-
pressas pela equação
Ve = AVr + BIr
(3.1)
Ie = CVr + DIr
ou na forma matricial pela expressão
Ve A B Vr
=
Ie C D Ir
onde, A, B, C e D são parâmetros que dependem das constantes das linhas de trans-
missão. No caso de circuitos lineares passivos e bilaterais, como o da linha de transmissão,
a relação
AD − BC = 1
é satisfeita. Esses parâmetros são números complexos, com A e D adimensionais, B
expresso em ohms (Ω) e C expresso em siemens (S).
+ +
- -
x + ∆x x
Tensão e corrente Tensão e corrente
na posição x + ∆x na posição x
(terminal emissor) (terminal receptor)
Figura 3.2: Modelo incremental da linha de transmissão
52
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 53
ou, alternativamente,
V(x + ∆x) − V(x)
zI(x) =
∆x (3.2)
I(x + ∆x) − I(x)
yV(x + ∆x) =
∆x
Se ∆x → 0, as Eqs. (3.2) são re-escritas como
dV(x)
zI(x) =
dx (3.3)
dI(x)
yV(x) =
dx
As Eqs. (3.3) são diferenciais de primeira ordem e homogêneas. Elas possuem duas
incógnitas, sendo a sua solução dada por
V(x) = A1 e+γx + A2 e−γx
A1 e+γx − A2 e−γx (3.4)
I(x) =
Zc
√
onde γ = zy, denominada constante de propagação, pode ser expressa em termos da
constante de atenuação α (néper/metro ou decibéis/metro) e da constante de fase (radi-
anos/metro) por
γ = α + jβ
O termo Zc , denominado impedância caracterı́stica da linha de transmissão, é expresso
como r
z
Zc = (Ω)
y
As constantes A1 e A2 são calculadas observando-se que no terminal receptor (x = 0)
Vr = V(0) Ir = I(0)
tal que
V r = A1 + A 2
A 1 − A2
Ir =
Zc
o que fornece
Vr + Zc Ir
A1 =
2 (3.5)
Vr − Zc Ir
A2 =
2
Agrupando-se convenientemente os termos das Eqs. (3.4) e (3.5), obtêm-se as ex-
pressões que fornecem a tensão e a corrente em qualquer ponto x da linha de transmissão;
isto é,
V(x) = cosh(γx)Vr + Zc sinh(γx)Ir
1 (3.6)
I(x) = sinh(γx)Vr + cosh(γx)Ir
Zc
53
54 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
onde
expγx + exp−γx
cosh(γx) =
2
expγx − exp−γx
sinh(γx) =
2
A forma matricial das equações do quadripolo que representa uma linha de transmissão
de comprimento l, com parâmetros série e shunt distribuı́dos z(Ω/m) e y(S/m) é
Ve (x) A(x) B(x) Vr (x)
= (3.7)
Ie (x) C(x) D(x) Ir (x)
onde, Ve (x) e Ie (x) são a tensão e a corrente no terminal emissor (de entrada) e Vr (x)
e Ir (x) são a tensão e a corrente no terminal receptor (de saı́da), expressos em função
da distância x, medida de um ponto qualquer da linha de transmissão até o terminal
receptor. Da comparação das Eqs. (3.6) e (3.7), obtém-se
A(x) = D(x) = cosh(γx) (pu)
B(x) = Zc sinh(γx) (Ω)
(3.8)
1
C(x) = sinh(γx) (S)
Zc
Ie 0
Z Ir
+ +
0 0
Y Y
Ve Vr
2 2
- -
54
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 55
0 0
onde Z e Y são os parâmetros série e shunt que compõem o circuito π-equivalente da
linha de transmissão da figura 3.3.
A combinação dessas equações fornece
0 0
YZ 0
Ve = 1 + Vr + Z Ir
2
0 0 0 0
0 YZ YZ
Ie = Y 1 + Vr + 1 + Ir
4 2
e portanto
0 0
ZY
A(x) = D(x) = cosh(γx) = 1 +
2
0
B(x) = Zc sinh(γx) = Z (3.10)
0 0
1 0 ZY
C(x) = sinh(γx) = Y 1 +
Zc 4
resultando
0 sinh(γl)
Z =Z (3.11)
γl
De forma semelhante, a primeira das Eqs. (3.10) fornece
0
Y cosh(γx) − 1
=
2 Z0
tal que,
0
Y Y tanh(γl/2)
= (3.12)
2 2 (γl/2)
sinh(γl) tanh(γl/2)
Os termos e , denominados fatores de correção, são utilizados
γl (γl/2)
para converter a impedância série e a admitância shunt (Z e Y) do circuito π-nominal
0 0
nos correspondentes parâmetros (Z e Y ) do circuito π-equivalente. As Eqs. (3.10),
(3.11) e (3.12) representam uma linha de transmissão de qualquer comprimento. Nas
linhas longas, os efeitos de propagação de onda são consideráveis, tal que a impedância e
a admitância são submetidas a correção indicada pelas Eqs. (3.11) e (3.12) e este tipo de
linha é representado pelo circuito da figura 3.3.
No caso das linhas médias, a perda na condutância shunt é desprezı́vel porém o efeito
capacitivo é levado em conta. Por esta razão, estas linhas são representadas pelo circuito
π-nominal, no qual a impedância série e a admitância shunt são calculados com base nos
parâmetros distribuı́dos fornecidos pelo fabricante e no comprimento da linha. O modelo
analı́tico das linhas médias é mostrado na figura 3.4.
55
56 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Ie Z = zl Ir
+ +
Y yl Y yl
Ve = = Vr
2 2 2 2
- -
Ie Z = zl Ir
+ +
Ve Vr
- -
56
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 57
e portanto
A = D = 1 pu
B= Z Ω
C= 0 S
Ex. 3.1 Para exemplificar o uso dos modelos de linha definidos com base no comprimento
da mesma, seja uma linha de transmissão trifásica, composta de condutores ACSR 127000
CMil 54/3, com espaçamento assimétrico, transposta, com impedância série e admitância
shunt respectivamente iguais a 0, 0165 + j0, 3306 Ω/km e j4, 674 × 10−6 S/km. A tabela
3.1 mostra os parâmetros que representam linhas de transmissão com estas caracterı́sticas
e com comprimentos iguais a 300 km, 160 km e 50 km.
l 300 km 160 km 50 km
Z(Ω) 4,95 + j99,18 2,64 + j52,89 0,82 + j16,53
0
Z (Ω) 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
Y(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
0
Y (S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Zc (Ω) 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63
γ(km−1 ) j0,0012 j0,0012 j0,0012
A(pu) 0,9313 + j0,0034 0,9803 + j0,001 0,9981 + j0,0001
B(Ω) 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
C(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Observa-se nesta tabela, que o efeito dos fatores de correção sobre determinados parâ-
metros é reduzido à medida que o comprimento da linha diminui. Por exemplo, a diferença
entre os valores nominais e equivalente da reatância indutiva da linha de 300 km (99,18 Ω
e 96,9 Ω) é de 2,28 Ω (2,30%). Conseqüentemente, se os parâmetros série desta linha de
transmissão longa não fossem corrigido, o cálculo da queda de tensão ao longo da linha
apresentaria um erro de aproximadamente 2%. No caso das linhas de 160 e 50 km, a
diferença entre os valores nominais e corrigidos é insignificante, indicando que não há
necessidade de se utilizar o circuito π-equivalente da linha. Com relação à admitância
shunt, no caso especı́fico desta linha o fator de correção não tem efeito considerável, tal que
os valores nominais e corrigidos são iguais, independentemente do comprimento da linha.
Nota-se ainda, que tanto a impedância caracterı́stica como a constante de propagação não
variam com o comprimento da linha de transmissão, pois estas constantes são definidas
com base nos parâmetros distribuı́dos da linha.
57
58 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Ie = CVr + DIr
Ve − AVr
= CVr + D
B
AVe ej(θa +δ−θz ) − A2 Vr ej(2θa −θz )
= CVr ejθc +
Z0
Se = (Ve ∠δ)I∗e
∗
AVe ej(θa +δ−θz ) − A2 Vr ej(2θa −θz )
jθc
= Ve ∠δ CVr e +
Z0
∗
AVe2 ej(θa −θz ) − A2 Ve Vr ej(2θa −θz −δ)
j(θc −δ)
= CVe Vr e +
Z0
Sr = Vr I∗r
jδ ∗
Ve e − AVr ejθa
= Vr
Z 0 ejθz
58
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 59
Vi ∠δi Vj ∠δj
0 0
i Pij Pji j
Pij Z = R + jX Pji
Qij ? ? - ? ?Qji
-
Qshi ? Q0ij ?Qshj
0
Qji
Y
2
= j B2 Y
2
= j B2
59
60 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
A potência aparente que flui no ramo shunt relativo a barra i é dada por
∗
V 2B
∗ Vi Y
Sshi = Vi Ishi = Vi = −j i
2 2
e então
Vi2 B
Qshi = −
2
Portanto, os fluxos de potência ativa e reativa numa linha de transmissão são expressos
como
1
Pij = (RVi2 − RVi Vj cos δij + XVi Vj sin δij )
R2
+ X2
(3.16)
V 2B 1
Qij = − i + 2 (XVi2 − XVi Vj cos δij − RVi Vj sin δij )
2 R + X2
De maneira análoga, como sen δij = −sen δji e cos δij = cos δji , os fluxos de potência
ativa e reativa da barra j para a barra i são
1
Pji = (RVj2 − RVi Vj cos δij − XVi Vj sin δij )
R2
+ X2
(3.17)
Vj2 B 1
Qji = − + 2 (XVj2 − XVi Vj cos δij + RVi Vj sin δij )
2 R + X2
60
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 61
∂(−Pji )
= −RVi Vj sin δij + XVi Vj cos δij = 0
∂δji
o que fornece
X
tan(δij ) =
R
e portanto δ = θz , conforme observado no final da subseção 3.4.1.
As perdas de potência ativa e reativa são dadas respectivamente por
PL = Pij + Pji
QL = Qij + Qji
R
(Vi2 + Vj2 ) − 2Vi Vj cos δij
Pij + Pji =
R + X2
2
ou seja,
R
Pij + Pji = |Vi − Vj |2
R2 + X 2
onde o termo |Vi − Vj | representa a magnitude da queda de tensão no elemento série da
linha de transmissão, e portanto a soma dos fluxos de potência em sentidos opostos pode
ser identificada como a perda ôhmica de potência na LT.
De maneira análoga a soma dos fluxos de potência reativa fornece
B 2 2 X
Qij + Qji = − (Vi + Vj ) + (Vi2 + Vj2 − 2Vi Vj cos δij )
2 R2 + X 2
ou seja,
B X
Qij + Qji = − (Vi2 + Vj2 ) + |Vi − Vj |2
2 R + X2
2
O primeiro termo desta equação pode ser identificado como a geração de potência
reativa nos elementos shunt, enquanto que o segundo pode ser interpretado como a perda
de potência reativa no elemento série da linha de transmissão.
Ex. 3.2 Para ilustrar o comportamento dos fluxos de potência, considere a linha de trans-
missão longa da tabela 3.1 conectando as barras e e r. Os fluxos de potência ativa e reativa
em ambos os sentidos são calculados com auxı́lio das Eqs. (3.16), mantendo-se a mag-
nitude das tensões nos terminais constante em 1,0 pu e variando-se a abertura angular
da linha de −π a π. A soma algébrica dos fluxos de potência ativa Per e Pre fornece o
valor da perda de potência ativa na transmissão Pl . Observa-se ainda que, fluxos positivos
de potência reativa Qer e Qre saem respectivamente das barras e e r, indicando que para
manter o nı́vel de tensão plano em 1,0 pu ambas as barras devem operar de forma a suprir
a reatância da linha de transmissão.
61
62 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Qer x Delta
4
Qre x Delta
Per x Delta
Pl (perda)
−2
Pre x Delta
−4
−6
−150 −100 −50 0 50 100 150
Ângulo da Tensão (graus)
Ex. 3.3 Seja a linha de transmissão longa da tabela 3.1, operando na tensão de 765 kV.
0
Os parâmetros do circuito π-equivalente que representa esta linha são Z = 97, 0∠87, 20 Ω
0 0
e Y = 0, 0014∠89, 990 S e do quadripolo são A = 0, 9313∠0, 2090 pu, B = Z e C =
0, 0014∠90, 060 S. Adotando a tensão nominal da linha e a potência aparente de 2199
0 0
MVA como valores base, obtém-se Z = 0, 0177 + j0, 3641 pu, Y = 0, 0002 + j0, 3772 pu,
A = 0, 9313∠0, 2090 pu, C = −0, 0004 + j0, 3643 pu. A impedância caracterı́stica vale
Zc = 266, 15 − j6, 6376 Ω ou 1,00-j0,024 pu e a SIL é igual a 2199 MW ou 1,0 pu.
Quando a abertura angular é nula, não há transferência de potência ativa para o ter-
minal receptor, apenas a perda de potência ativa da linha (igual a 0,0002 ou 0,4398 MW)
é suprida. Nesta condição, a tensão de 1,0 pu aplicada no terminal emissor faz com que a
diferença entre as potências reativas gerada pela capacitância e consumida pela indutância
da linha seja igual a 0,1886 pu ou 414,73 Mvar. Em δ = 18, 760 , a potência reativa de-
cresce a zero, com correspondente valor de 0,8837 pu para a potência ativa. Como esta
é uma linha com perdas, o limite de estabilidade ocorre quando a abertura angular vale
87, 20 , com a transferência de 2,610 pu (MW) -2,555 pu (Mvar). A partir deste ponto,
a linha de transmissão opera na região considerada instável, tal que na abertura angular
de 174, 750 a potência ativa se anula enquanto a potência reativa alcança o valor -5,2905
pu. Em 1800 , a potência ativa vale -0.2690 pu e a potência reativa é igual a -5,2909 pu.
62
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 63
2 P x Delta
−1 Q x Delta
−2
−3
−4
−5
−6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Ângulo da Tensão (graus)
3.5 Curvas PV e QV
A magnitude da tensão no terminal receptor é determinada re-escrevendo-se a Eq. (3.14)
como
Vr Ve AVr2
cos(δ − θz ) = P r + cos(θz − θa )
Z0 Z0
(3.18)
Vr Ve AVr2
sin(δ − θz ) = Qr + sin(θz − θa )
Z0 Z0
A2 Vr4 + 2AZ [Pr cos(θz − θa ) + Qr sin(θz − θa )] − Ve2 Vr2 + Pr2 + Q2r Z 02 = 0 (3.19)
Fazendo-se y = Vr2 e
a = A2
Pr2 + Q2r Z 02
c=
a Eq. (3.19) pode ser re-escrita como uma equação de segundo grau em y, tendo como
63
64 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
1.2
fp unitário fp capacitivo
1
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potência Ativa (pu)
raı́zes
√
s −b + b2 − 4ac
y =
2a
(3.20)
√
−b − b2 − 4ac
yi =
2a
√ p
tal que duas magnitudes da tensão com significado fı́sico são Vrs = y s e Vri = y i .
A curva PV de uma barra é obtida fixando-se a tensão no terminal emissor, variando-se
a demanda no terminal receptor sem alterar o fator de potência da mesma, e resolvendo-se
a Eq. (3.19) para cada valor da demanda (caso mais simples). Nos casos práticos, esta
curva é traçada com base em sucessivas soluções do fluxo de potência correspondentes à
variação gradativa da demanda do sistema com o fator de potência mantido constante.
Para cada nı́vel de potência ativa demandada existem duas soluções de magnitude de
tensão, o que torna possı́vel uma analogia com a curva Pδ da estabilidade transitória do
ângulo do rotor em regime permanente. Ambas as curvas apresentam regiões de operação
estável e instável.
Ex. 3.4 A figura 3.9 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores de
potência, com a tensão no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmissão referida anteriormente.
Desta figura, observa-se que:
• para cada fator de potência, existe uma potência máxima que pode ser transmitida;
• para cada demanda especificada abaixo do valor máximo, existem duas possı́veis
soluções para Vr (duas raı́zes da Eq. (3.19));
64
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 65
• o perfil plano de tensão ocorre para a carga de fator de potência unitário, caso no
qual P < 1, 0 pu e Vr = Ve = 1, 0 pu.
Ex. 3.5 Curvas QV correspondentes a diferentes nı́veis de potência ativa demandada são
mostradas na figura 3.10 para a linha de transmissão apresentada anteriormente.
A magnitude da tensão no terminal receptor é obtida variando-se a potência reativa
demandada e fixando-se a tensão no terminal emissor no valor nominal e a potência ativa
no terminal receptor em valores fracionários da potência máxima que pode ser transmitida
através da referida linha de transmissão. Essas curvas fornecem informações sobre a
compensação reativa necessária na barra para manter a tensão num nı́vel especificado.
Por exemplo, se a demanda de potência ativa é 0, 25Pmax , o nı́vel de magnitude da tensão
no terminal receptor igual a 1,0038 pu corresponde a uma demanda de potência reativa
igual a 0,0927 pu (indutiva). Se a demanda de potência ativa aumenta para 0, 50Pmax , a
magnitude da tensão correspondente a 0,0927 pu é 0,7668 pu. Para que a magnitude de
tensão de 1,0041 pu seja alcançado, é necessário que a demanda de potência reativa seja
-0,1873 pu (capacitiva), o que requer uma compensação reativa de -0,0946 pu (capacitiva).
O efeito do comprimento no carregamento da linha de transmissão pode ser deter-
minado traçando-se curvas semelhantes às da figura 3.9. Neste caso, a Eq. (3.25) é
resolvida mantendo-se a carga (injeções de potência ativa (P ) e reativa (Q)) constantes e
variando-se o comprimento da LT.
65
66 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
1.2
1 Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
0.4 Pr = 0,50Prmax
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1
Potência Reativa (pu)
Ex. 3.6 As figuras 3.11, 3.12 e 3.13 mostram linhas de transmissão com comprimentos
variando entre 50 km e 300 km, para cargas com fatores de potência iguais a 0,70 atrasado,
unitário e 0,90 adiantado. Nestas figuras observa-se que:
l = 300 km
1.2
l = 150 km
1
Modulo da Tensão (pu)
l = 75 km
0.8
l = 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Potência Ativa (pu)
66
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 67
0.8
Modulo da Tensão (pu)
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Potência Ativa (pu)
0.8
Modulo da Tensão
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Potência Ativa
• linhas de transmissão com comprimento entre 150 km e 300 km podem operar com
nı́vel de tensão normal, desde que o fator de potência da carga seja elevado;
67
68 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
• mesmo quando a linha de transmissão longa supre uma demanda igual a SIL,
condição em que as magnitudes das tensões nos terminais emissor e receptor ten-
dem a se igualar, quando o comprimento da linha é 300 km a tensão no terminal
receptor é extremamente sensı́vel a qualquer variação na potência ativa da carga;
+ +
0 0
B B
Vs = Vs ∠δ Vr = Vr ∠00
2 2
- -
A figura 3.14 mostra a representação de uma linha com a resistência série e a con-
dutância shunt desprezadas (R = G = 0). Os parâmetros relativos à propagação das
ondas de tensão e corrente na linha são apresentados a seguir.
• Impedância caracterı́stica: r
L
Zc = Ω
C
• Constante de propagação:
√
γ = jβ = jω LC m−1
68
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 69
1
O termo √ representa a velocidade de propagação das ondas de tensão e corrente
LC
1
ao longo da linha de transmissão sem perda. Em linhas aéreas √ ≈ 3×108 m/s,
LC
e na freqüência de 60 Hz, λ ≈ 5 × 106 m; ou seja, comprimentos tı́picos de linhas
de transmissão são apenas uma fração de λ = 5000 km (lembrar que µ0 = 4π ×
10−7 H/m e 0 = 8, 85 × 10−12 F/m).
69
70 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
A análise das Eqs. (3.21) indica que, desde que k cos(βx) + j sin(βx)k = 1, as mag-
nitudes da tensão e da corrente no terminal receptor (x = 0) e ao longo da linha de
transmissão são respectivamente,
Vr
|V(x)| = |Vr | e |I(x)| =
Zc
Portanto, se a carga é igual à SIL, o perfil de tensão é horizontal, isto é, a magnitude da
tensão e da corrente em qualquer ponto da linha sem perda é constante. Por esta razão, a
potência real suprida à carga também permanece constante ao longo da linha. A potência
reativa que flui do terminal emissor ao terminal receptor é nula, como conseqüência de
que os Mvar gerados pela capacitância shunt são iguais aqueles consumidos pela reatância
indutiva série.
Na tensão nominal, a potência real liberada é dada por
2
Vnom
SIL =
Zc
onde Vnom é a tensão nominal da linha de transmissão (de fase ou de linha, dependendo
do valor de potência desejado). A tabela 3.2 apresenta valores tı́picos da impedância
caracterı́stica e da potência natural (SIL) para linhas de transmissão aéreas operando na
freqüência de 60 Hz.
r
2
L Vnom
Vnom (kV) Zc = (Ω) SIL = (MW)
C Zc
69 366-400 12-13
138 366-405 47-52
230 365-395 134-145
345 280-366 325-425
500 233-294 850-1075
750 254-266 2200-2300
Ex. 3.7 A figura 3.15 mostra o perfil de tensão na linha de transmissão da seção anterior,
desprezando as perdas, para diferentes tipos de carga conectadas ao terminal receptor,
com a tensão no terminal emissor mantida constante no valor nominal. A impedância
série e a susceptância shunt da linha valem respectivamente z = 0, 3306 Ω/km e y =
4, 674 µS/km. A impedância caracterı́stica, a SIL e a constante de propagação desta
70
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 71
Curva V x Comprimento
circuito aberto
SIL
1
carga indutiva 1
0.8
Modulo da Tensão (pu)
0.6
carga indutiva 2
0.4
0.2
carga indutiva 3
0
0 50 100 150 200 250 300
Distância (km)
Figura 3.15: Perfil de tensão da linha de transmissão para diferentes tipos de carga
• na condição à vazio, a corrente que supre o terminal receptor é nula, isto é, Ir0 = 0,
tal que a tensão ao longo da linha aumenta de 1,0 pu (no terminal emissor) até
1,0733 pu (no terminal receptor), segundo a expressão Ve0 (x) = cos(βx)Vr0 ;
• Variando-se a impedância da carga de (1, 0+j1, 0)Zc a (0, 01+j0, 01)Zc , a magnitude
da tensão decresce ao longo da linha, de 0,8865 pu até 0,0380 pu.
• se a impedância da carga é nula (curto circuito), Vrcc = 0 e Vcc (x) = (Zc sin(βx)) Ircc ;
isto é, a tensão decresce de Vs = (Zc sin(βl)) Ircc no terminal emissor até Vrcc = 0
no terminal receptor;
Com relação à potência liberada no terminal receptor de uma linha sem perda, con-
siderando que A possui apenas a componente real (e portanto θa = 0 grau) e Z e Y
possuem apenas as componentes imaginárias (e portanto θz = θy = 90 graus), as Eqs.
71
72 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
(3.14) se tornam
Vr Ve
Pr = sin δ
X0
(3.22)
Vr Ve AVr2
Qr = cos δ −
X0 X0
0 0
XB
e, desde que A = D = 1 − ,
2
0
Vr2 Vr Ve
B 2
Qr = V − − cos δ (3.23)
2 r X0 X0
onde a primeira parcela representa a potência reativa gerada pela suceptância shunt e a
segunda parcela é o fluxo de potência reativa na reatância série. Estas expressões podem
ser obtidas através das Eqs. (3.17), com R = G = 0.
A máxima potência que pode ser transferida ao terminal receptor sem perda de esta-
bilidade em regime permanente ocorre quando δ = 900 e vale
Vr Ve
Prmax =
X0
com a correspondente potência reativa igual a
0
B 1
Qr (Prmax ) = Vr2 − 0
2 X
0 2π
e, desde que X = Zc sin(βl) e β = , o limite de estabilidade em termos da SIL é dado
λ
por
V pu V pu SIL
Prmax = e r
2πl
sin
λ
onde as tensões terminais da linha são expressas em por unidade, adotando a tensão
nominal como base.
Ex. 3.8 Considerando a linha de transmissão da seção anterior, com as perdas despreza-
das, a qual tem reatância série e susceptância shunt nominais iguais a 99,18 Ω e 0,0014
S, respectivamente, reatância série e susceptância shunt equivalentes iguais a 96,90 Ω
e 0,0014 S, impedância caracterı́stica igual a 266,1 Ω, constante de propagação igual a
j0,0012 m−1 e comprimento de onda igual a 5000 km. Supondo que a magnitude das
tensões terminais são fixas no valor nominal, o ângulo de fase δ aumenta de 00 a 900 ,
conforme a potência ativa liberada pela linha aumenta. Quando a abertura angular da
linha é zero, a potência ativa suprida ao terminal receptor é zero, porém uma pequena
quantidade de potência ativa é gerada pela capacitância da linha, conforme pode ser ve-
rificado com auxı́lio da Eq. (3.23). A máxima potência que a linha pode liberar é dada
72
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 73
por
Vr Ve V pu V pu SIL
Prmax = 0 = e r
X 2πl
sin
λ
(765k)(765k) (1, 0)(1, 0)2199, 3
= ⇔
96, 89 2π × 300
sin
5000
= 6040, 1 M W ⇔ 2, 7165SIL = 5974.4 M W
a qual representa o limite teórico de estabilidade em regime permanente para uma linha
sem perdas, com a correspondente potência reativa igual a -2,5579 pu. Note que a tensão
nominal da linha e a SIL foram adotados como valores base nestes cálculos.
A figura 3.16 mostra a representação geométrica da potência ativa transmitida em
função da variação da diferença angular entre as tensões terminais da linha. Note que,
neste caso a potência máxima transmitida ao terminal receptor através da linha de trans-
missão sem perdas ocorre quando a abertura angular entre as tensões terminais da linha
é 900 . Quando a abertura angular da linha é zero, não há fluxo de potência através do
P x Delta
2
1
Potência Ativa (Reativa) (pu)
Q x Delta
−1
−2
−3
−4
−5
−6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Ângulo da Tensão (graus)
73
74 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
• o sentido do fluxo de potência ativa varia com a abertura angular da linha de trans-
missão e portanto é determinado pelo fasor tensão que está em avanço;
Com relação às curvas PV e QV no caso da linha de transmissão sem perdas, a equação
do quadripolo relativa à tensão é dada por
Supondo que a tensão no terminal emissor é mantida constante, a Eq. (3.24) pode ser
re-escrita como
Vr∗ Ve = Vr∗ Vr cos(βl) + jZc sin(βl) (P − jQ)
= Vr2 cos(βl) + Zc Q sin(βl) + jZc P sin(βl)
Vr4 cos2 (βl) + Vr2 2Zc Q cos(βl) sin(βl) − Ve2 + Zc2 Q2 + P 2 sin2 (βl) = 0
74
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 75
ay 2 + by + c = 0 (3.25)
onde a = cos2 (βl), b = (2Zc Q cos(βl) sin(βl) − Ve2 ) e c = Zc2 (Q2 + P 2 ) sin2 (βl).
Da mesma forma que no caso da Eq. (3.19), a magnitude da tensão no terminal
receptor é obtida resolvendo-se a Eq. (3.25), a qual a rigor possui quatro soluções, duas
das quais com significado fı́sico.
Ex. 3.9 A figura 3.17 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores
de potência, com a tensão no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmissão da seção anterior. No caso da linha sem perdas, observa-se que quando a
carga é igual à potência natural (SIL) com fator de potência unitário, o perfil de tensão
é plano em 1,0 pu. Observe que neste caso a potência ativa máxima correspondente à
demanda crı́tica é superior àquela correspondente ao caso das linhas de transmissão com
perdas. As curvas QV correspondentes à linha sem perda são apresentadas na figura 3.18.
fp capacitivo
1.2
fp unitário
1
Modulo da Tensão (pu)
fp indutivo
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potência Ativa (pu)
75
76 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
1.2
1 Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
Pr = 0,50Prmax
0.4
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
−2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1
Potência Reativa (pu)
X Nc X Nc
Terminal −j( 2 )( 100 ) Z = R + jX −j( )( ) Terminal
2 100
receptor emissor
Y Y
2 2
76
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 77
são bastante efetivos. A desvantagem deste tipo de equipamento é que dispositivos au-
tomáticos de proteção têm que ser instalados para desviar as altas correntes durante a
ocorrência de faltas e re-inserir o banco de capacitores após a falta. O uso do banco de
capacitores série pode provocar o aparecimento de oscilações de baixa freqüência, origi-
nando o fenômeno chamado ressonância subsı́ncrona. Estas oscilações podem danificar o
eixo da turbina e do gerador. A despeito disso, estudos têm mostrado que a compensação
série pode aumentar a capacidade de carregamento das linhas de transmissão longas a
uma pequena fração do custo de um sistema de transmissão novo.
Terminal Z = R + jX Terminal
receptor emissor
Y Y
2 2
B Nl B Nl
−j( )( ) −j( )( )
2 100 2 100
77
78 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
+ Ic
+
Eth G Capacitor C
Vt
- -
Vt = Eth
O diagrama fasorial mostrado na figura 3.22 ilustra como a magnitude da tensão au-
Ic jXth
Eth
Ic Ic Rth
Vth
Vt
menta na barra onde o capacitor foi instalado. Supondo que a tensão Eth é constante,
78
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 79
A1 = A3 = 1
X Nc
B1 = B3 = −j( )( )
2 100 (3.26)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = 0
B Nl (3.27)
C1 = C3 = −j( )( )
2 100
D1 = D3 = A 1
Ie I1 I2 Ir
79
80 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
e portanto
Ve A1 B1 A2 B2 A3 B3 Vr
= (3.28)
Ie C1 D1 C 2 D2 C 3 D3 Ir
Ex. 3.10 O efeito da compensação da linha de transmissão é ilustrado, tomando-se a
linha de transmissão longa da tabela 3.1. Uma compensação shunt de 75% resulta no valor
j0,000354 S para a admitância shunt, não havendo modificação no valor da impedância
série da linha. A figura 3.24 mostra as curvas PV com e sem compensação, para cargas
de fator de potência unitário e 0,8 indutivo. A compensação shunt causa uma redução
no nı́vel de tensão do terminal emissor e no valor máximo da potência ativa que pode
ser transmitida através da linha. Esta última modificação não é tão significativa porque
a transferência de potência depende fundamentalmente dos parâmetros série da linha.
Variações mais acentuadas ocorrem no nı́vel da magnitude de tensão no terminal emissor.
Por exemplo, na ausência de compensação as cargas de 0,5 pu(MW) com fator de potência
unitário e 0,1 pu com fator de potência 0,8 indutivo operam respectivamente nos nı́veis
de tensão de 1,0476 pu e 1,0411 pu. Com os 75% dee compensação essas tensões atingem
os valores 0,9909 pu e 0,9849 pu, respectivamente.
Curvas P x V − compensação shunt de LT com perdas
0.8
Modulo da Tensão (pu)
0.4
(1): fp unitário (s/comp)
Por outro lado, a compensação série resulta numa modificação na impedância série
da linha de transmissão e na conseqüente variação no valor da potência máxima a ser
transferida ao longo da linha. Assim, supondo uma compensação série de 30% (metade
instalada em cada extremo), os parâmetros dos quadripolos referidos na Eq. (3.28) são
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = −j14, 53 S (0, 0546 pu)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A 1
80
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 81
e
Aeq = 1, 0
Beq = 0.0177 + j0.2549 (pu)
Ceq = C3 = 0
Deq = D3 = A1
o que resulta num aumento do limite de estabilidade estática para 3,642 pu (sem a com-
pensação série este limite é 2,610 pu), para o qual corresponde uma potência reativa de
-3,89 pu (o valor sem compensação é -2,551 pu). Portanto a compensação série resultou
num aumento de aproximadamente 39% da potência ativa que pode ser transferida man-
tendo a linha plana em 1,0 pu de tensão. Entretanto, isto requer que uma quantidade
maior de potência reativa seja suprida pelo terminal receptor ao sistema de transmissão.
A figura 3.25 mostra as curvas P δ e Qδ da linha com e sem compensação reativa.
(2)
2 (1)
Potência Ativa (Reativa) (pu)
−2
(3)
−4
(1): P−Delta (s/comp) (4)
(2): P−Delta (c/comp)
(3): Q−Delta (s/comp)
−6 (4): Q−Delta (c/comp)
−8
−150 −100 −50 0 50 100 150
Ângulo da Tensão (graus)
• regulação de tensão;
• rendimento;
• nı́vel de carregamento.
81
82 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
Vrpc jXIrpc
RIrpc
Irpc
V s = Vr 0
jXIrpc
Irpc
RIrpc
Vrpc
Nas figuras 3.26 e 3.27, observa-se que a regulação mais elevada tende a ocorrer no
caso do fator de potência em atraso. Um valor mais reduzido da regulação (as vezes até
82
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 83
negativo) pode ser obtido no caso de fator de potência em avanço. A regulação de tensão
é uma figura de mérito relativamente fácil de se calcular e fornece uma medida escalar
da queda de tensão ao longo da linha. O valor exato desta queda de tensão é obtido
através da diferença entre os fasores tensão nos terminais emissor e receptor da linha de
transmissão.
O rendimento de uma linha de transmissão é definido como:
Pr Pe − Pl
η(%) = = × 100
Pe Pe
onde, Pr é a potência ativa de saı́da, Pe é a potência ativa de entrada e Pl é o valor das
perdas de potência ativa na linha de transmissão. Estas perdas compreendem basicamente
as perdas Joule nas resistências série das linhas de transmissão.
O nı́vel de carregamento das linhas de transmissão pode ser caracterizado de três
formas:
O limite térmico está relacionado à máxima temperatura que o condutor pode supor-
tar, a qual afeta o arco formado no seu vão (entre as torres de sustentação) e a sua rigidez
térmica. A temperatura do condutor depende:
• da temperatura ambiente;
• da velocidade do vento;
83
84 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
também é considerado adequado para linhas de transmissão com nı́veis de tensão mais
baixos (incluindo transformadores).
O carregamento de linhas de transmissão com comprimento maior do que 300 km
é estabelecido com base nos estudos de estabilidade em regime permanente (habilidade
das máquinas sı́ncronas do sistema permanecerem em sincronismo), os quais fornecem
os limites para as aberturas angulares das linhas de transmissão, necessários (mas não
suficientes) para que o sistema de potência permaneça estável.
3.9 Exercı́cios
3.1 Considere uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 300 km, 765 kV, transposta,
composta de quatro condutores ACSR 1272000 CMil 54/3, cada um destes com com z =
0, 0165 + j0, 3306 = 03310∠87, 140 Ω/km e y = j4, 674 × 10−6 S/km por fase. A tensão
no terminal emissor é constante e igual à tensão nominal da linha. Determine:
1. o carregamento da linha em termos de fluxo de potência, supondo que a tensão no
terminal receptor é 0,95 pu e que a abertura angular da linha é 350 ;
3.2 Reatores shunt idênticos são conectados de cada fase ao neutro em ambos os termi-
nais da linha de transmissão do problema 3.1. Durante as condições de carga leve, eles
fornecem uma compensação reativa de 75 %. Os reatores são removidos durante o perı́odo
de plena carga. A plena carga é 1,90 kA a 730 kV e fator de potência unitário. Supondo
que a tensão no terminal transmissor é mantida constante, determine:
1. a regulação percentual da linha não compensada;
3.3 Capacitores série idênticos são instalados em cada fase de ambos os extremos da LT
do problema 3.1, fornecendo 30 % de compensação. Supondo que a tensão nos extremos
da LT é 765 kV, determine a potência ativa máxima que a linha compensada pode liberar
e compará-lo com aquele da LT não compensada.
3.4 Deseja-se transmitir 9000 MW de uma usina hidrelétrica até uma carga localizada a
500 km. Determine o número de linhas trifásicas, 60 Hz, requeridas para transmitir esta
potência supondo a necessidade de uma linha de transmissão de reserva (a qual estará
sempre fora de serviço) nos seguintes casos:
• LT de 345 kV, com Zc = 297Ω;
84
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 85
Considere que as perdas de potência ativa na linha são desprezı́veis, a magnitude da tensão
nos terminais emissor e receptor são respectivamente 1,00 e 0,95 pu, e a abertura angular
da linha é 350 . Verifique se é possı́vel transmitir a potência requerida no exemplo anterior
com 5 ao invés de 6 condutores, se existem duas subestações intermediárias que dividem
cada linha em três seções de 167 km, e se uma seção de um dos condutores da linha está
fora de serviço.
3.5 Seja uma linha de transmissão com uma reatância série de 30 Ω/fase. Com o
objetivo de aumentar a sua capacidade de transmissão, deseja-se reduzir a sua impedância
por fase em 40 %, inserindo-se compensação série em cada fase. A corrente de maior
intensidade que pode fluir na linha é 1,0 kA. Considerando que a freqüência do sistema é
60 Hz,
1. calcule a capacitância que deve ser instalada em cada fase, a fim de que seja feita a
compensação série desejada;
3. se a corrente que flui na linha atinge o seu valor máximo, qual a potência produzida
por cada unidade? Qual a potência reativa total produzida pela compensação da LT?
3.6 Considere uma linha de transmissão trifásica, de 130 km, com resistência e in-
dutância séries e e capacitância shunt de 0,036 Ω/km, 0,8 mH/km e 0,0112 µF/km por
fase, respectivamente. Determine a impedência série e a admitância shunt do circuito
π-nominal que representa esta linha, e os parâmetros E, F, G e H da equação matricial
Vr E F Ve
=
Ir G H Ie
3.7 As constantes de uma linha de transmissão trifásica, 230 kV, 370 km de compri-
mento, em 60 Hz são: A = D = 0, 8904∠1, 340 pu, B = 186, 78∠79, 460 Ω e C =
0, 001131∠900 S.
3. Calcule a tensão no terminal receptor quando esta linha opera em circuito aberto,
com 230 kV no terminal emissor.
85
86 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
3.8 Uma linha de transmissão trifásica de 480 km supre uma carga de 300 MVA, na
tensão de 500 kV, com fator de potência 0,8 atrasado. Os parâmetros de quadripolo desta
linha são: A = D = 0,8180 ∠1, 30 pu; B = 62,2 ∠84, 20 Ω e C = 0.0054 ∠90, 50 S.
3.9 Considere uma linha de transmissão trifásica sem perdas, 60 Hz, 500 kV, 300 km,
com parâmetros 0,97 mH/km e 0,0115 µF/km.
Interprete os resultados.
3.11 Considere uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 280 km, impedância série
igual a 35 + j140 Ω e admitância shunt igual a 930 ×10−6 ∠900 S. Supondo que esta linha
está suprindo 40 MW, na tensão de 220 kV, com fator de potência 0,90 atrasado,
86
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 87
3. Qual o valor da compensação reativa que fará com que esta linha se comporte como
uma linha curta?
3.12 A tensão no terminal emissor de uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, 400
km, é 220 kV. Os parâmetros da linha são: resistência série igual a 0,125 Ω/km, reatância
série igual a 0,500 Ω/km e susceptância shunt igual a 3,312 µS/km.
1. determine a corrente no terminal emissor quando o terminal receptor está operando
à vazio;
3.13 Considere uma linha de transmissão trifásica com as seguintes caracterı́sticas: 100
km, 230 kV e 60 Hz, com resistência série de 0,088 Ω/km, reatância série de 0,4654
Ω/km por fase, susceptância shunt igual a 3.524 µS/km e corrente em regime normal de
operação igual a 900 A. Tomando como base a potência de 100 MVA e a tensão nominal
da linha, determine:
1. a potência da linha de transmissão em MVA, em regime normal de operação;
87
88 Capı́tulo 3: Operação das Linhas de Transmissão
2. Qual a compensação shunt nos dois extremos da linha, necessária para manter a
tensão de 1,0 pu no gerador e na carga.
3.16 Considere uma linha de transmissão trifásica com as seguintes caracterı́sticas: 300
km, 230 kV e 60 Hz, com perdas desprezı́veis, reatância série de 0,48 Ω/km por fase,
susceptância shunt igual a 2,25 µS/km. Determine:
3. no caso anterior, qual a potência reativa produzida pelos parâmetros série e shunt
da linha?
3.17 Considere uma linha de transmissão trifásica, 345 kV, comprimento de 320 km,
dois condutores 795000 CMil por fase, 60 Hz, resistência, reatância e susceptância res-
pectivamente de 0,0369 Ω/km, 0,3675 Ω/km e 4,5×10−6 S/km. Despreze as perdas de
potência ativa e determine:
3. a magnitude da tensão no terminal receptor, quando a linha supre uma carga igual
a SIL, com tensão nominal aplicada no terminal emissor. Justifique.
88
Capı́tulo 4
Fluxo de Potência
4.1 Introdução
Este capı́tulo aborda o problema de fluxo de potência, com ênfase em três aspectos.
O primeiro é a representação analı́tica da operação do sistema de potência em regime
permanente por um conjunto de equações algébricas não lineares. Para a determinação
deste modelo, assume-se que o sistema trifásico é balanceado e a rede de transmissão é
representada pelas correspondentes impedâncias de seqüência positiva. O segundo aspecto
enfocado diz respeito a descrição dos métodos básicos de solução para determinar as
tensões complexas ao longo da rede elétrica, e a partir destas calcular outras grandezas de
interesse tais como a corrente e os fluxos de potência nas linhas de transmissão, as injeções
de potência etc. O terceiro aspecto mostra como as soluções do fluxo de potência devem
ser ajustadas visando servir de referência a operação do sistema em regime permanente
sob o ponto de vista prático.
S∗gi Pg − jQgi
Igi = ∗
= i
Vi Vi ∠ − δi
S∗di Pd − jQdi
Idi = ∗ = i
Vi V i ∠ − δi
89
90 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Sgi Sdi
(Jgi ) (Jdi )
Barra i Vi
e portanto
S∗i
Ii =
Vi∗
O balanço de potência aparente na barra i pode ser estabelecido observando-se na
figura 4.1
Sgi = Sdi + Sij + Sik + Sil
ou seja
Pgi + jQgi = Pdi + jQdi + Pij + jQij + Pik + jQik + Pil + jQil
90
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 91
1 V1 = 1, 0∠00 pu 2 V2 = 1, 0∠δ2 pu
Sd1 Sd2
Z12 = j0, 05 pu
3 V3 = 1, 0∠δ3 pu
Sd3
Sg3
G3
91
92 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
tal que δ12 = 3, 430 e, adotando o ângulo da barra 1 como referência, δ2 = −3, 430 . Os
fluxos de potência reativa na linha 1-2 são Q12 = Q21 = 0,036 pu. De maneira análoga,
δ32 = 0, 570 , δ3 = −2, 860 , Q32 = Q23 = 0,002 pu, P31 = -0,249 pu, Q13 = Q31 = 0,006
pu. O balanço de potência em cada barra fornece: Pg1 = 1,769 pu, Qg1 = 0,282 pu, Pg2 =
0,0 pu, Qg2 = 1,238 pu, Pg3 = 0,321 pu e Qg3 = 0,113 pu.
1 V1 V2 2
Sd1 Sd2
LT1
Id1 Id2
LT2 LT3
V3 3
Sd3
Id3
92
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 93
y5
1 y4 2 y6 3
S1 S2 S3
I1 y1 I2 y2 I3 y3
A aplicação da lei dos nós de Kirchhoff ao circuito mostrado na figura 4.4 resulta nas
seguintes equações:
I1 (y1 + y4 + y5 ) −y4 −y5 V1
I2 = −y4 (y2 + y4 + y6 ) −y6 V2 (4.2)
I3 −y5 −y6 (y3 + y5 + y6 ) V3
ou, na forma compacta,
Ibarra = Ybarra Vbarra
Vbarra = Zbarra Ibarra
onde, Ibarra é o vetor das injeções de correntes nas barras; Ybarra é a matriz admitância
de barra e Vbarra é o vetor das tensões de barra.
Os termos da matriz admitância de barra da Eq. (4.2) são genericamente expressos
como
Xn
Yii = yij
j=0 (4.3)
Yij = −yij
93
94 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
a qual é usada para calcular as injeções de potência ativa e reativa em função das tensões
complexas nodais. Um sistema genérico de n barras possui 6n variáveis e n equações não
lineares e complexas, semelhantes a Eq. (4.5), ou alternativamente 2n equações reais e
não lineares.
As Eqs. (4.5) representam o modelo estático do sistema de potência de 3 barras
mostrado na figura 4.3. Estas equações são algébricas e não lineares, e a sua solução
requer o uso de métodos numéricos iterativos. Note que a freqüência aparece implicita-
mente através dos parâmetros da rede elétrica. Estas equações relacionam um total de 18
variáveis e podem ser decompostas em 6 equações reais. Desde que o número de equações
é menor do que o de incógnitas, 12 variáveis devem ter o seu valor especificado, o que é
feito observando-se que:
94
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 95
• as demandas de potência ativa e reativa são conhecidas e portanto podem ser con-
sideradas variáveis especificadas;
• um ângulo é adotado como referência, de forma que todos os outros são expressos
em relação a este ângulo;
• as perdas de potência nas linhas de transmissão não são conhecidas e portanto não
é possı́vel especificar a priori a potência de todos geradores simultaneamente. Uma
geração deve permanecer em aberto para completar o balanço total de potência do
sistema após conhecidas as perdas.
Para ilustrar como a Eq. (4.5) é usada para estabelecer as equações que representam
a operação do sistema de potência em regime permanente, considere o sistema mostrado
na figura 4.5, o qual representa uma máquina sı́ncrona suprindo uma carga expressa em
termos de potência constante por 0,36 + j0,20 pu(MVA) (na base 100 MVA), através de
uma linha de transmissão com perdas e admitância shunt desprezı́veis e reatância de 0,25
pu(Ω). O objetivo é determinar como deve operar a máquina de forma a suprir a carga,
num nı́vel de tensão satisfazendo os limites de 0,95 a 1,05 pu(kV), respeitando os limites
de capacidade do gerador sı́ncrono.
Sg1
V1 V2
Barra 1 Barra 2
(referência)
LT
Sd1 = 0, 36 + j0, 20 pu
Uma análise preliminar deste problema, permite observar que 12 variáveis estão as-
sociadas a estas duas barras, 6 das quais com o valor automaticamente especificado
(Pd1 = Qd1 = 0, Pg2 = Qg2 = 0, Pd2 = 0, 36 pu, Qd2 = 0, 20 pu). As variáveis
fisicamente controláveis na máquina sı́ncrona são a potência ativa gerada (através do tor-
que mecânico da máquina primária) e a magnitude da tensão (através da corrente de
excitação). O ângulo da barra 1 é adotado como referência e a magnitude da tensão na
barra 1 é especificada em 1,0 pu, isto é V1 = 1, 0∠00 pu. Com isto, obtém-se 2 equações
95
96 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
complexas da forma da Eq. (4.5) e 4 incógnitas (V2 , δ2 , Pg2 , Qg2 ), dadas por
2
X
P1 − jQ1 = V1∗ Y1j Vj
j=1
2
(4.6)
X
∗
P2 − jQ2 = V2 Y2j Vj
j=1
∗
= V2 Y21 V1 + V2∗ Y22 V2
O sistema não linear da Eq. (4.10) pode ser resolvido através de métodos iterativos,
tais como Newton-Raphson, Gauss-Seidel etc. No nı́vel especificado para a tensão da
barra 1, a solução deste sistema é
V2 = 0, 942 pu(kV ) δ2 = −5, 480
P1 = 0, 36 pu(M W ) Q1 = 0, 2477 pu(M var)
96
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 97
V2 δ2 P1 Q1
(pu) (graus) (pu) (pu)
V1 =1,02 pu 0,964 -5,25 0,36 0,2456
V1 =1,05 pu 0,996 -4,94 0,36 0,2427
a qual apresenta a magnitude de tensão na barra 2 abaixo do limite mı́nimo de 0,95 pu.
Para corrigir o nı́vel da tensão na barra 2, é necessário re-especificar a magnitude da
tensão na barra 1, através do ajuste da corrente de excitação da máquina sı́ncrona.
A tabela 4.1 apresenta soluções correspondentes a duas especificações de tensão na
barra 1. A análise das 3 soluções obtidas mostra que a magnitude da tensão na barra
2 é indiretamente controlada pela magnitude da tensão na barra 1. Conforme o nı́vel
de tensão aumenta, menores aberturas angulares da linha de transmissão são necessárias
para suprir potência ativa da carga e menores quantidades de potência reativa circulam
na linha.
Desde que
n
X
S∗i = (Vi ∠ − δi ) Yij (Vj ∠δj )
j=1
então n
X
S∗i = Vi Yij (Vj ∠δji )
j=1
onde δji = δj − δi , tal que separando esta equação em partes real e imaginária, obtém-se
as expressões das injeções de potência ativa e reativa em função do ângulo e da magnitude
das tensões nodais, isto é,
n
X
Pi (V, δ) = Vi (Gij cos δij + Bij sin δij )Vj
j=1
n (4.11)
X
Qi (V, δ) = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )Vj
j=1
97
98 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde ∆Pi e ∆Qi são denominados discordâncias (desbalanços, resı́duos, desvios) de potência,
e representam a diferença entre a injeção de potência oriunda da geração e da carga e a
potência que flui nas linhas de transmissão que incidem na barra i. No processo itera-
tivo do fluxo de potência, a tensão complexa de cada barra é calculada de forma que a
magnitude das diferenças ∆Pi e ∆Qi tenda a zero. Geralmente o critério de convergência
utilizado é
• |∆Pi | ≤ para todas as barras P V e P Q;
98
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 99
Pi = Pgiesp − Pdiesp
Vi = Viesp
δi = δiesp
Vi = Viesp
Observe que para completar o balanço de potência um gerador deve estar instalado
na barra de folga.
4
Gb4
Pd4 + jQd4
Figura 4.6: Diagrama do sistema de 4 barras
99
100 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Ysh
Linha Zser Yser
2
(pu) (pu) (pu)
1-2 0,02 + j 0,06 5,0 - j 15,0 j0,03
2-3 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
2-4 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
3-4 0,01 + j0,03 10,0 - j30,0 j 0,01
A análise do sistema mostrado na figura 4.6 indica que as barras 1 e 2 podem ser
especificadas apenas como barras PQ enquanto que as barras 3 e 4 podem ser de
folga, PV ou PQ.
Para estabelecer as equações a serem resolvidas, suponha que as barras 3 e 4 sejam
especificadas como folga e PV, respectivamente, com V3 = 1, 03 pu, δ3 = 0, 00 ,
Pg4 = 0, 40 pu, V4 = 1, 02 pu. Note que as tensões nas barras de geração devem ser
especificadas entre os limites 0,95 pu(V) e 1,05 pu(V).
As variáveis a serem determinadas como solução do problema de fluxo de potência
são: δ1 , δ2 , δ4 , V1 , V2 , P3 , Q3 e Q4 . Observe que as três últimas variáveis são deter-
minadas à partir do conhecimento do módulo e ângulo da tensão complexa em todas
as barras do sistema. Isto significa que numa primeira etapa, é necessário resolver
apenas as equações necessárias para a determinação do ângulo e da magnitude da
tensão nas barras (5 incógnitas e portanto 5 equações). No estágio subseqüente,
as injeções de potência ativa e reativa na barra de folga e as injeções de potência
reativa das barras PV são calculadas.
• Matriz Admitância
De acordo com a Eq. (4.3), a matriz admitância de barra é dada por
+5, 00 − j14, 97 −5, 00 + j15, 0
−5, 00 + j15, 00 +8, 32 − j24, 9 −1, 66 + j5, 00 −1, 66 + j5, 00
Ybarra =
−1, 66 + j5, 0 +11, 6 − j34, 97 −10, 0 + j30, 0
−1, 66 + j5, 0 −10, 0 + j30, 0 +11, 6 − j34, 97
100
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 101
P1 − jQ1
= Y11 V1 + Y12 V2
V1∗
P2 − jQ2
= Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 + Y24 V4
V2∗
P3 − jQ3
= Y32 V2 + Y33 V3 + Y34 V4
V3∗
P4 − jQ4
= Y42 V2 + Y43 V3 + Y44 V4
V4∗
101
102 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde
P1esp = Pg1 − Pd1 = −0, 80
Qesp
1 = Qg1 − Qd1 = −0, 20
P2esp = Pg2 − Pd2 = −0, 00
Qesp
2 = Qg2 − Qd2 = −0, 00
P4esp = Pg4 − Pd4 = +0, 20
e os termos Pi (V, δ) e Qi (V, δ) são dados pela Eq. (4.13).
102
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 103
onde cada variável do vetor x é expressa em função das outras variáveis (e da própria
variável, se for necessário); o método iterativo de Gauss consiste em executar os
seguintes passos:
|x(k) − x(k−1) | ≤
103
104 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
n
!
(k) 1 Piesp − jQesp
i
X
Vi = (k−1)∗
− Yij Vjat (4.18)
Yii Vi j=1, j6=i
n
!
(k) 1 Piesp − jQcalc
i
X
Vi = (k−1)∗
− Yik Vkat , i = 1, 2, . . . , n (4.19)
Yii Vi k=1, k6=i
1 P1 − jQ1
V1 = − Y12 V2
Y11 V1∗
1 P2 − jQ2
V2 = − Y21 V1 − Y23 V3 − Y24 V4
Y22 V2∗
1 P4 − jQ4
V4 = − Y42 V2 − Y43 V3
Y44 V4∗
104
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 105
ou em termos numéricos,
1 −0, 80 + j0, 20
V1 ∠δ1 = − (−5, 0 + j15, 0)V2 ∠δ2
5, 0 − j14, 97 V1 ∠ − δ 1
1 0, 0 − j0, 0
V2 ∠δ2 = − (−5, 0 + j15, 0)V1 ∠δ1 −
8, 32 − 24, 9 V2 ∠ − δ 2
(−1, 66 + j5, 0)1, 03∠δ3 − (−1, 66 + j5, 0)1, 02∠δ4 )
1 0, 20 − jQ4
1, 02∠δ4 = − (−1, 66 + j5, 0)V2 ∠δ2 − (−10, 0 + j30, 0)(1, 03∠00 )
11, 6 − j34, 9 1, 02∠ − δ4
(4.21)
Para representar a capacidade fı́sica dos geradores, limites de potência reativa são estabe-
lecidos para cada nı́vel de potência ativa especificada. Esses limites, os quais são obtidos
com auxı́lio da curva de capabilidade dos geradores sı́ncronos, podem ser representados
através da inequação
Qmin
gi ≤ Qgi ≤ Qgi
max
onde Qmin
gi e Qmaxgi são os limites mı́nimo e máximo de geração de potência reativa. De-
pendendo do nı́vel de carregamento do sistema de potência, a especificação da magnitude
da tensão (valores demasiadamente altos ou baixos) pode levar à violações desta restrição
de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste
tipo de restrição de potência consiste no seguinte:
– caso durante o processo iterativo o limite de potência reativa gerada for violado, a
barra correspondente é convertida em barra de carga. Isto é, a injeção de potência
reativa é fixada no limite e a magnitude da tensão passa a ser uma variável adicional
calculada ao longo das iterações.
Teste de convergência
|Viv − Viv−1 | ≤ V
105
106 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde V é uma tolerância pré-especificada para a tensão complexa, para todas as barras
de carga (P Q) e de tensão controlada (P V ) envolvidas no processo. Caso este teste seja
satisfeito, um teste semelhante é efetuado para os resı́duos de potência ativa e reativa, isto
é
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ Q (barras P Q)
onde P e Q são as tolerâncias pré-especificadas para os resı́duos de potência ativa e
reativa.
A verificação da convergência é feita tomando-se inicialmente uma tolerância relativamen-
te elevada para as tensões. Quando esta for satisfeita, efetua-se o teste de convergência nos
resı́duos de potência ativa e reativa. Caso estes não satisfaçam as tolerâncias de potência, o
processo iterativo é reinicializado com uma tolerância reduzida para as tensões. Procede-se
desta forma até que ambos os testes sejam satisfeitos.
Existem muitos esquemas alternativos para a aplicação do método de Gauss-Seidel ao
problema do fluxo de potência, cada um com um número de vantagens e desvantagens
associadas. Em geral, a maior vantagem do método de Gauss-Seidel reside no fato de
que o número de elementos no termo relativo correspondente à somatória é pequeno e
corresponde ao número de linhas de transmissão do sistema de potência. Portanto, ambos,
os requisitos de memória e os cálculos envolvidos nas iterações são reduzidos. Por outro
lado, a maior desvantagem inerente a este método é a sua convergência lenta, o que
pode ser atribuı́do ao fraco acoplamento (sob o ponto de vista matemático) entre as
barras. A taxa de convergência é também dependente dos valores relativos dos termos
diagonais da matriz admitância de barra e da seleção da barra de referência. Para sistemas
numericamente bem condicionados a solução pode ser obtida em torno de 50 iterações.
No caso de sistemas com mal condicionamento numérico (por exemplo, sistemas com alto
nı́vel de compensação série), a solução pode requerer várias centenas de iterações, e em
alguns casos não ser obtida.
Algoritmo
106
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 107
supondo que uma estimativa inicial x(k) é conhecida, uma nova aproximação da solução é
dada por
x(k+1) = x(k) + ∆x
ou −1
∂f (x)
∆x = − f (x(k) ) = −J(x(k) )−1 f (x(k) ) (4.23)
∂x x=x(k)
107
108 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
onde
∂Ppv,pq ∂Ppv,pq
H= N=
∂δ pv,pq ∂Vpq
∂Qpq ∂Qpq
M= L=
∂δ pv,pq ∂Vpq
o que resulta em
n
X
Hii = −Vi (−Gik sen δik + Bik cos δik )Vk
k=1, k6=i
(4.27)
= −Qcalc
i − Vi2 Bii
Hik = Vi (Gik sen δik − Bik cos δik )Vk
∂∆Qi
Mii =
∂δi
n
X
= −Vi (Gik cos δik + Bik sen δik )Vk (4.28)
k=1, k6=i
108
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 109
n
X
Lii = (Gik sen δik − Bik cos δik )Vk − Vi Bii
k=1, k6=i
Algoritmo
1. Faça k = k + 1;
2. Calcule os desbalanços de potência ativa e reativa utilizando as Eqs. (4.24) e (4.25);
3. Verifique a convergência do processo iterativo: se
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ Q (barras P Q)
109
110 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
tal que na forma explı́cita o conjunto de equações não lineares a ser resolvido é expresso
por
Adotando o perfil plano de tensões como solução inicial, na primeira iteração o vetor
dos desbalanços de potência é dado por
∆P1 −0, 8000
∆P2 0, 0833
∆P4 = 0, 0455
∆Q1 −0, 1700
∆Q2 0, 3200
110
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 111
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 PQ 0,955 -6,91 0,00 0,00 80,00 20,00
2 PQ 0,984 -4,19 0,00 0,00 0,00 0,00
3 folga 1,020 0,00 63,81 -36,42 0,00 0,00
4 PV 1,030 -0,56 40,00 62,02 20,00 10,00
111
112 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
∆P = H∆δ
∆Q = L∆V
O procedimento para obter a solução das equações da rede aplicando estas aproximações
consiste em resolver alternadamente os sistemas lineares resultantes, isto é, separar o problema
principal em subproblemas P δ e QV . Isto resulta num número maior de iterações para a
convergência, porém com menor esforço computacional.
Baseando-se nas suposições mencionadas anteriormente, outras aproximações podem ser fei-
tas na matriz Jacobiana. Assim, considerando que
• cos δij ≈ 1, 0;
a expressão
Hij = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )Vj
se transforma em
Hij = Vi (Gij δij − Bij )Vj
Hij = −Bij
2 + X 2 ) é constante.
onde Bij = −Xij /(Rij ij
De maneira análoga,
Lij = Vi (Gij sin δij − Bij cos δij )
Lij = −Bij
O método Desacoplado Rápido é formulado com base nestas aproximações. Dois sistemas
0 00
lineares independentes são resolvidos, cujas matrizes de coeficientes, denotadas B e B , são
112
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 113
(4.31)
00 Xij 00
X 1
Lij ⇒ Bij = − 2 + X 2 ) = −Bij Lii ⇒ Bii = = −Bii
(Rij ij Xij
jΩi
Algoritmo
0 00
As aproximações vistas na seção anterior resultam em matrizes B e B reais, simétricas esparsas
e constantes. Elas são constantes e portanto necessitam ser fatoradas apenas uma única vez no
processo iterativo. Os passos para a solução das equações da rede elétrica via método desacoplado
rápido são sumarizados a seguir.
1. Faça k = 0;
|Pesp
i − Pcalc
i | ≤ P (barras P V e P Q)
|Qesp
i − Qcalc
i | ≤ Q (barras P Q)
9. Calcule as injeções de potência ativa e reativa nas barras. Para as barras P V , verifique
os limites de geração de potência reativa:
• se a geração de potência reativa da barra i está fora dos limites, fixar Qgi no limite
violado e converter a barra PV para barra PQ. A partir deste ponto a magnitude e
o ângulo da tensão na barra i são calculados através do processo iterativo;
113
114 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
– cos δij ≈ 1, 0;
– sin δij ≈ δij (em radianos).
• a relação X/R das linhas de transmissão é alta (Xij Rij ), de forma que a resistência
série (e portanto as perdas de potência ativa) nas linhas de transmissão são desprezadas.
Com estas aproximações, o fluxo de potência ativa numa linha sem perda é dado por
δi − δj
Pij = (4.32)
Xij
e a injeção de potência na barra i é dada por
n
X n
X
Pi = Pij = (1/Xij )(δi − δj )
j=1 j=1
n
X n
X
Pi = − Bij δi + Bij δj
j=1 j=1
n
X n
X
Pi = −δi Bij + Bij δj
j=1 j=1
A Eq. (4.33) considera todas as barras da rede elétrica e, desde que as perdas de potência
ativa nas linhas de transmissão são desprezadas, é possı́vel expressar a injeção de potência ativa
114
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 115
de uma barra como combinação linear das injeções de potência nas outras barras. Isto implica em
que a matriz B é singular e o sistema linear representado pela Eq. (4.33) não tem solução. Isto
também indica que o conjunto de equações lineares é redundante, de forma que se o ângulo de
uma barra for selecionado como referência, a equação correspondente pode ser excluı́da daquele
conjunto de equações. Utilizando este procedimento, obtém-se um novo sistema linear dado por
0
P=Bδ (4.35)
0
onde B é resultante da eliminação da linha e da coluna correspondentes a barra de referência
na matriz B.
Desprezando-se as resistência das linhas de transmissão do sistema mostrado na figura 4.6,
a matriz de coeficientes do sistema linear da Eq. (4.35) é expressa por
16, 67 −16, 67 0, 00 0, 00
−16, 67 27, 77 −5, 55 −5, 55
B=
0, 00 −5, 55 38, 88 −33, 33
0, 00 −5, 55 −33, 33 38, 88
e os fluxos nas linhas de transmissão, calculados com a Eq. (4.32), são dados por
P12 −0, 8000
P23 −0, 4154
P24 = −0, 3846 pu
P34 0, 1846
115
116 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
GS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Pd5 + jQd5 Pd2 + jQd2
Por ser a barra com maior capacidade de geração de potência ativa, a barra 1 foi selecionada
como barra de folga do sistema. A demanda total de potência ativa é 135 MW, os quais devem
ser supridos pelos geradores das barras 1 e 2. Visando manter uma certa margem (reserva)
com relação ao limite máximo de geração, a potência gerada na barra 2 foi especificada em
50 MW. A magnitude da tensão nas barras 1 e 2 foi especificada em 1,0 pu. As reatâncias
dos elementos de transmissão conectando as barras 3-4 e 5-6 correspondem a transformadores
com tap variável, cuja finalidade é controlar a magnitude da tensão nessas barras. A faixa de
variação da magnitude da tensão nas barras e dos taps é 0,90 a 1,10 pu, tendo sido ambos os taps
selecionados inicialmente em 1,0 pu. Com estas especificações, a solução do fluxo de potência
através do método de Newton-Raphson é mostrada na tabela 4.6.
116
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 117
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,000 0,0000 97,44 49,35 - -
2 PV 1,000 -3,87 50,0 21,15 - -
3 PQ 0,844 -15,27 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,867 -11,20 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,814 -14,69 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,847 -14,16 - - 50,0 5,00
A análise da solução mostrada na tabela 4.6 indica que a magnitude da tensão nas barras
de carga está fora da faixa de variação permitida. As perdas totais de potência ativa nas linhas
de transmissão são de 12,44 MW, correspondendo a 8,44 % da geração total de potência ativa.
Os controles disponı́veis para corrigir este baixo nı́vel de tensão são os taps dos transformadores
e a magnitude da tensão gerada nas barras 1 e 2. Ajustando-se o tap do transformador T56
para 1,05 e a magnitude da tensão na barra 1 para 1,1, a nova solução do fluxo de potência é
apresentada na tabela 4.7.
117
118 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,100 0,0000 96,14 63,29 - -
2 PV 1,000 -0,90 50,0 2,72 - -
3 PQ 0,921 -12,26 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,951 -8,84 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,896 -11,27 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,921 -11,03 - - 50,0 5,00
Na tabela 4.7, observa-se uma melhoria considerável no nı́vel da magnitude da tensão das
barras de carga, apesar de que ajustes adicionais precisam ser realizados para que a magnitude
da tensão de todas as barras se situe dentro da faixa recomendável. Nota-se ainda que com o
aumento no nı́vel de magnitude da tensão, as perdas de potência ativa nas linhas de transmissão
foram reduzidas a 11.1437 MW, o que corresponde a 7,62 % da geração total de potência ativa.
4.7 Exercı́cios
4.1 A tabela 4.8 apresenta os dados do sistema mostrado na figura 4.8. Os valores das
reatâncias estão na base 100 MVA e correspondentes tensões nominais. Um gerador e dois
compensadores sı́ncronos estão instalados respectivamente nas barras 1, 3 e 5.
CS1
1 2 3 4 5
j0, 2pu j0, 04pu j0, 1pu
j0, 2pu
230 kV 138 kV 69 kV
CS2
118
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 119
4.2 Uma linha de transmissão com perdas de potência ativa desprezı́veis, possui uma reatância
série de 0,03 pu(Ω) e susceptância capacitiva shunt total de 1,8 pu(S). Ela interliga um gerador
a uma carga de 5,0 + j2,0 pu(MVA). Foram instalados dois reatores iguais em paralelo, um em
cada extremidade da linha. Para manter a tensão na barra de carga em 1,0 pu(kV) é necessário
regular a tensão do gerador em 1,05 pu(kV). Mostre o balanço de potência deste sistema.
4.3 Para a rede de transmissão cujos dados são apresentados na tabela 4.9, determinar a
matriz admitância de barra em por unidade utilizando a análise nodal, adotando a base 100
MVA, 120kV.
4.4 Considere um sistema de potência de 4 barras, cujos dados são apresentados na tabela
4.10. Suponha que entre as barras 2 e 3 há um transformador com reatância de dispersão 0,75
pu(Ω) e tap ajustado em 0,98 no lado da barra 3.
119
120 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
4.5 Considere o sistema de três barras e três linhas de transmissão cujos dados (no sistema
por unidade) são mostrados na talela 4.11.
4. calcule os fluxos de potência ativa e reativa e as perdas de potência ativa e reativa nas
linhas de transmissão;
5. se a barra de tensão controlada for convertida em barra de carga, com uma injeção de
potência reativa especificada em −0, 016 pu de Mvar, com a mesma injeção de potência
ativa, qual será a nova solução das equações da rede (utilize o programa computacional
de fluxo de potência)?
6. determine a solução das equações da rede através do método de fluxo de potência lineari-
zado e compare a mesma com aquela obtida para o modelo não linear da rede elétrica.
1. especifique o tipo de cada barra e mostre a lista de variáveis a serem calculadas diretamente
na solução do fluxo de potência;
120
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 121
GS CS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Banco de Capacitores Pd2 + jQd2
4.7 Para o sistema da figura 4.10, adote 100 MVA como a base de potência, e suponha que
as impedâncias das linhas de transmissão estão expressas em pu numa base comum. Os dados
das barras são os seguintes: (barra 1, V1 = 1, 05∠00 pu), (barra 2, Potência ativa gerada = 25
MW, Potência ativa consumida = 50 MW, Potência reativa consumida = 25 Mvar, Magnitude
da tensão = 1,02 pu, limites de potência reativa: -10 e 30 Mvar), (barra 3, Potência ativa gerada
= 0,0 MW, Potência reativa gerada = 0,0 Mvar, Potência ativa consumida = 60 MW, Potência
reativa consumida = 30 MW). Determine as injeções de potência ativa e reativa envolvidas no
modelo não linear do fluxo de potência.
2. Comente, utilizando ilustração gráfica se necessário, sobre as formas como são obtidas as
convergências dos métodos Desacoplado Rápido e Newton-Raphson.
5. Considere uma barra com demandas de potência ativa e reativa nulas e onde esteja insta-
lado um Compensador Estático de potência reativa. Na formulação do problema de fluxo
de potência, esta barra pode ser classificada como uma barra PQ? Esta barra pode ser
classificada como uma barra PV?
121
122 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
1 V1 2 V2
Sd2
Z12 = j0, 25 pu
3 V3
Sd3
4.9 Uma concessionária dispõe de duas subestações de 130 kV supridas por uma barra de
geração através de um sistema de transmissão. A rede elétrica equivalente possui três barras e
três linhas de transmissão, com configuração em triângulo. As impedâncias série de cada linha e
os respectivos comprimentos são dadas na tabela 4.12, sendo desprezado o seu efeito capacitivo.
O resultado de um estudo de fluxo de potência, também mostrado na tabela 4.12, indicou a
necessidade de compensação reativa na barra 3 para manter a tensão nesta barra no nı́vel de
magnitude desejado (1,00 pu). Tomando como base trifásica 100 MVA e 130 kV,
5. mostre (e justifique) uma possı́vel classificação para as barras deste sistema, considerando
a instalação de um compensador sı́ncrono na barra 3 para a compensação desejada;
122
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 123
4.10 A tabela 4.13 mostra os dados de um sistema de três barras e o correspondente resultado
do fluxo de potência. Despreze o efeito capacitivo das linhas de transmissão e considere a
existência de um gerador na barra 1 e de um compensador sı́ncrono na barra 3.
1. determine a potência do compensador sı́ncrono instalado na barra 3;
2. determine a potência aparente gerada na barra de folga;
3. calcule as perdas de potência ativa e reativa do sistema de transmissão;
4. na formulação do problema de fluxo de potência, a barra 3 poderia ser classificada como
uma barra PV? Justifique a sua resposta;
5. determine a matriz admitância de barra deste sistema.
4.11 Seja um sistema de potência de três barras, conectadas em anel através de três linhas de
transmissão de resistências desprezı́veis e reatâncias X12 = 0, 33 pu, X13 = 0, 50 pu e X23 = 0, 50
pu. As demandas de potência ativa nas barras 2 e 3 são respectivamente 0,5 pu(MW) e 1,0
pu(MW). Considerando a barra 1 como referência angular e utilizando o modelo de fluxo de
potência linearizado,
1. determine os fluxos de potência nas linhas de transmissão, supondo uma compensação
reativa série de 30 % na linha de transmissão;
2. calcule o valor da compensação reativa série que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potência ativa na linha 1-2 não ultrapasse 0,5 pu(MW);
3. calcule o valor da compensação reativa série que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potência ativa na linha 2-3 seja 0,5 pu(MW);
4.12 Considere um sistema de quatro barras, conectadas em anel por linhas de transmissão
com reatâncias X12 = X13 = X24 = X34 = 0, 01 pu (Ω). Suponha que unidades geradoras estão
instaladas nas barras 1 e 3 e que as cargas das barras 2, 3 e 4 são respectivamente Sd2 = 1,0 +
j0,0 pu(MVA), Sd3 = 0,25 + j0,0 pu(MVA) e Sd4 = 1,0 + j0,0 pu(MVA). Adotando a barra 1
como referência angular,
1. Determine a matriz admitância nodal e as equações do modelo de fluxo de potência line-
arizado.
2. Usando as equações não lineares do fluxo de potência, calcule as potências aparentes ge-
radas nas barras 1 e 3, supondo que as tensões complexas nessas barras são V1 = V3 =
1, 0∠00 pu.
3. Determine as perdas reativas nas linhas de transmissão para as condições do item anterior.
123
124 Capı́tulo 4: Fluxo de Potência
124
Capı́tulo 5
5.1 Introdução
Este capı́tulo apresenta a base teórica do estudo do curto-circuito em sistemas de energia elétrica.
Inicialmente, descreve-se o fundamento analı́tico da análise de faltas simétricas, ou seja, daque-
las cuja ocorrência não causa desbalanço entre as fases do sistema trifásico. Este tipo de curto
circuito envolve simultaneamente as três fases do sistema elétrico e a sua formulação analı́tica
é de grande auxı́lio para a compreensão do estudo de curto circuito. Posteriormente, enfoca-se
a análise do curto circuito desbalanceado. Para esta finalidade, utiliza-se o conceito de decom-
posição em componentes simétricos. Um dos principais aspectos enfocados é a análise do gerador
sı́ncrono operando em vazio submetido a faltas assimétricas, e a sua correlação com os circuitos
equivalentes de Thévenin das redes de seqüência. Isto forma a base do procedimento tradicional
do estudo de faltas em sistemas de potência.
2. falta fase-fase;
3. falta fase-fase-terra;
4. falta trifásica.
As faltas podem ainda ser permanentes ou transitórias. As primeiras são irreversı́veis, de
tal modo que mesmo após a atuação da proteção o fornecimento de energia elétrica não é
restabelecido sem que sejam efetuados os devidos reparos na rede defeituosa. Esse tipo de falta
pode ocorrer, por exemplo, devido ao rompimento dos condutores. As faltas transitórias são
aquelas que ocorrem sem danos fı́sicos ao sistema de potência, e portanto a operação normal da
rede elétrica pode ser restabelecida sem maiores dificuldades após a atuação da proteção, cujo
estudo envolve basicamente:
125
126 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
• a capacidade dos equipamentos que devem modificar o fluxo de corrente na linha com
defeito (disjuntores, religadores automáticos, chaves fusı́veis etc);
• a corrente de falta;
R L
i(t)
+
e(t) Chave fecha
em (t = 0)
-
e(t) = Vm sin(ωt + α)
é
Rt
Vm −
sin(ωt + α − θ) − sin(α − θ) exp L
i(t) =
Z
√ ωL
onde Z = R2 + ω 2 L2 e θ = arctan( ).
R
1
O texto a seguir é baseado nas referências [1, 3, 6].
126
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 127
Vm Vm Rt
onde iac (t) = sin(ωt + α − θ) e icc (t) = − sin(α − θ) exp− L são denominadas respectiva-
Z Z
mente componente alternada e componente contı́nua da corrente de curto circuito. Em geral a
componente contı́nua existe em t = 0 e sua magnitude pode ser tão grande quanto a da corrente
de regime permanente.
O valor da corrente de curto circuito i(t) depende do ângulo α, da onda de tensão. Como
o instante em que ocorre a falta não é previsto, α não é conhecido a priori. Além disso, desde
que as tensões trifásicas do gerador sı́ncrono estão defasadas de 1200 , cada fase terá um valor
diferente da componente de corrente contı́nua. Esta componente decresce rapidamente, em geral
dentro de 8 a 10 ciclos.
A forma da corrente de falta, que pode ser registrada por um oscilógrafo, representação na
qual freqüentemente a componente contı́nua da corrente é removida. Nesses registros, pode ser
verificado que a amplitude da forma senoidal decresce de um valor inicial alto até um valor de
regime permanente mais baixo. Observa-se que o fluxo magnético associado às correntes de curto
circuito na armadura (ou pela fmm resultante na armadura) inicialmente percorre os caminhos
de alta relutância que não enlaçam o enrolamento de campo ou os circuitos amortecedores
da máquina. Segundo o Teorema dos Fluxos de Dispersão Constante, o enlace de fluxo num
caminho fechado não pode variar instantaneamente. A indutância da armadura é inversamente
proporcional a relutância, e portanto seu valor é inicialmente baixo. Na medida em que o fluxo
percorre os caminhos de relutância mais baixa, a indutância da armadura aumenta.
Uma interpretação alternativa indica que o fluxo magnético através do entreferro da máquina
possui valor elevado no instante de tempo em que a falta ocorre, após o qual começa a decrescer.
Quando a falta ocorre nos terminais da máquina sı́ncrona, algum tempo é necessário até a
redução do fluxo através do entreferro. Desde que a tensão produzida pelo fluxo no entreferro
regula a corrente, enquanto o fluxo decresce a corrente da armadura também decresce.
A componente alternada da corrente de falta iac (t) pode ser modelada como a resposta de
um circuito RL série com indutância ou reatância variantes no tempo L(t) ou X(t) = ωL(t),
conforme mostra a figura 5.2.
127
128 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Figura 5.2: Curto circuito trifásico na máquina sı́ncrona - corrente e reatância da máquina
sı́ncrona
128
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 129
Apesar da sua variação inicial, valores constantes de reatância são utilizados nos diferentes tipos
00
de modelagem. Assim, a reatância subtransitória Xd é usada na análise de curto circuito, a
0
reatância transitória Xd é usada em estudos de estabilidade transitória e a reatância sı́ncrona
Xd é utilizada em estudos de regime permanente.
Na máquina de pólos salientes, o ı́ndice d se refere a uma posição do rotor em que o eixo das
bobinas do rotor coincide com o eixo das bobinas do estator, tal que o fluxo magnético passa
diretamente através da face polar, razão pela qual este eixo é denominado eixo direto. Por outro
lado, o eixo em quadratura está defasado 900 elétricos do eixo direto adjacente, sendo associado
00 0
às grandezas Xq , Xq e Xq . Porém, se a resistência da armadura é pequena as reatâncias do
eixo em quadratura não afetam significativamente a corrente de curto circuito e portanto não
são relevantes para o cálculo da corrente de falta. Nas máquinas de rotor cilı́ndrico, os valores
de Xd e Xq são aproximadamente iguais, e portanto não há necessidade da diferenciação. As
10
5
ia, A
−5
−10
−15
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
figuras 5.3, 5.4 e 5.5 ilustram a variação da corrente nas fases de uma máquina sı́ncrona de pólos
salientes, com valores nominais 500 MVA, 30 kV, 60 Hz, sujeita a um curto circuito trifásico
sólido nos terminais da armadura (ver referência [7], página 327, para maiores detalhes sobre a
obtenção dessas curvas).
129
130 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
20
15
ib, A
10
−5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
−5
ic, A
−10
−15
−20
−25
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
Observa-se nestas figuras, que a magnitude da corrente é alta no instante imediato após a
ocorrência da falta e tende a se manter constante após um determinado intervalo de tempo. Os
diferentes valores da reatância da máquina sı́ncrona durante o curto circuito trifásico são dados
por
00 Emax 0 Emax Emax
Xd = 00 Xd = 0 Xd =
Imax Imax Imax
130
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 131
Vi
00
Zgi = jXd
Vi +
Ef i
G -
Sgi = Pgi + jQgi
131
132 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
jXt
Vi Vj
Geralmente todas as cargas não rotativas são desprezadas. Porém, cargas significativas
podem ser representadas por uma admitância em derivação, conforme mostrado na figura 5.8.
Vi Vi
Idi
Idi
Pdi − jQdi
Yd i =
Sdi = Pdi + jQdi Vi2
A simplificação resultante dessas suposições não é válida para todos os casos da análise de
faltas. Por exemplo, as linhas de distribuição primária e secundária possuem valor de resistência
série que pode reduzir significativamente a magnitude das correntes de falta e portanto não
devem ser desprezadas no cálculo das correntes de curto circuito.
132
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 133
1 T1 2 3 T2 4
G LT1 M
100 MVA
T3
23(∆)/230(Y) kV
1 2 3 4
jXLT1
jXg jXT1 jXT2 jXm
jXLT2 jXLT3
+ +
Eg Em
5
- -
jXT3
são equivalentes, a fonte de tensão conectada entre a barra 2 e o nó de referência não exerce
nenhum efeito sobre o sistema em termos de corrente; isto é, a contribuição à corrente de falta
IF1 é nula. As tensões internas das máquinas Eg e Em , são consideradas constantes mesmo após
a ocorrência da falta.
O segundo circuito, mostrado na figura 5.13, fornece a resposta a quarta fonte de tensão, Ig2 ,
2
IF e Im 2 . Observe que sob o ponto de vista do cálculo da corrente de falta, este circuito pode
ser interpretado como o equivalente de Thévenin visto da barra onde ocorre a falta.
A corrente subtransitória de falta é simplesmente
IF = IF2
e as contribuições do gerador e do motor à corrente de falta são respectivamente
Ig = Ig1 + Ig2
1 2
Im = Im + Im
133
134 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
1 2 3 4
jXLT1
jXg jXT1 jXT2 jXm
jXLT2 jXLT3
+ +
Eg + Em
V21 5
- -
-
jXT3
-
V21
6
+
1 2 3 4
jXLT1
jXg jXT1 jXT2 jXm
jXLT2 jXLT3
+ +
+
Eg Em
V21 IF1 5
- -
- jXT3
onde o cálculo de Ig1 e Im1 é baseado no circuito da figura 5.12, e para a determinação de I 2 e
g
2
Im é utilizado o circuito da figura 5.13.
Ex. 5.1 Considere o diagrama unifilar da figura 5.9. Suponha que o motor está operando sob
condições nominais, com fator de potência 0,8 atrasado. Os dados para a análise de faltas na
base 100 MVA e 23 kV na barra 1, são os seguintes:
• Gerador 1: Xg = 0,20 pu;
• Motor: Xm = 0,20 pu;
• Transformadores: Xt1 = Xt2 = Xt3 = 0,05 pu;
• Linhas de transmissão: Xlt1 = Xlt2 = Xlt3 = 0,10 pu.
Considere a ocorrência de uma falta trifásica sólida na barra 2. Calcule os valores no sistema
por unidade e em unidades reais,
134
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 135
1 2 3 4
jXLT1
jXg jXT1 jXT2 jXm
jXLT2 jXLT3
- jXT3
I2F
V21
6
+
onde Zeq
23 representa as associações série-paralelo das imped[ancias das linhas de transmissão,
cujo valor é 0,0667 pu. As tensões V51 e V61 são iguais e valem 1, 052∠3, 630 pu.
A impedância equivalente vista do ponto onde ocorre a falta é (ver figura 5.13)
As correntes pré-falta no gerador e no motor são iguais e valem I1g = I1m = 1, 0∠ − 36, 860
pu, tal que as contribuições do gerador e do motor à corrente de falta são respectivamente,
135
136 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
136
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 137
e a variação da tensão em cada barra devida ao curto circuito na barra j é dada por,
−Z1j I2Fj
2
V1
V2
2 −Z2j I2Fj
.. ..
. .
2 =
V −Zjj I 2
j Fj
.. ..
. .
Vn2 −Znj I2Fj
ou seja, apenas a j-ésima coluna da matriz Zbarra é necessária para se calcular a variação da
magnitude da tensão em cada barra quando ocorre um curto circuito trifásico sólido na barra j.
Em termos genéricos, a queda de tensão induzida na barra k por efeito da corrente I2Fj é dada
por,
2 Zkj
Zkj IFj = Vj1
Zjj
Se a corrente pré-falta é desprezada, a tensão pós-falta na barra k é dada por,
Zkj
Vkpf = 1 − Vj1 (5.5)
Zjj
A figura 5.14 mostra a representação do curto circuito trifásico na barra j, quando o mesmo
ocorre através de uma impedância de falta ZF .
Vj j
IFj
ZF
e
Vj1
I2Fj =
(ZF + Zjj )
tal que,
−Zkj
Vk2 = V1 k = 1, 2, . . . , n
(ZF + Zjj ) j
137
138 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
e, desde que
Vkpf = Vk1 + Vk2
então
Zkj
Vkpf = Vk1 − V1
(ZF + Zjj ) k
ou seja,
Zkj
Vkpf = 1− Vj1
ZF + Zjj
e, no caso particular da barra j,
ZF
Vkpf = Vj1
ZF + Zjj
Após o cálculo da tensão pós-falta em cada barra, é possı́vel determinar a corrente pós-falta
em todos os componentes da rede elétrica. Por exemplo, a corrente na linha de transmissão que
interliga as barras i e j é dada por
Vipf − Vjpf
Ipf
ij =
Zserij
Capacidade de curto-circuito
Considere a seção genérica de um sistema de potência mostrada na figura 5.15, e suponha que em
um dado instante ocorre um curto-circuito trifásico sólido na barra k. A corrente subtransitória
Gi Gj
i j
00 00
IFik IFjk
Dk1 Dk2
k
Carga
138
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 139
A magnitude da tensão nesta barra, que antes da falta era Vk1 pu, será reduzida instantane-
amente a zero. As barras i e j, contendo fontes ativas, imediatamente começarão a alimentar a
falta com as correntes IFik e IFjk , através das linhas i − k e j − k, respectivamente. A magnitude
dessas correntes depende do valor da impedância das respectivas linhas de transmissão, atingindo
geralmente valores superiores aos valores nominais da corrente de operação. Os disjuntores Dk1
e Dk2 são controlados pelos respectivos relés para isolar a barra sujeita à falta. A magnitude da
tensão em todas as barras da rede será reduzida durante a ocorrência do curto-circuito. O valor
dessa queda de tensão é uma indicação da força da barra. Quanto menos for reduzida a tensão
quando ocorrer um curto-circuito em outra barra, mais forte é a barra considerada. A medida
dessa força é feita através da grandeza denominada Capacidade de Curto Circuito (CCC), a
qual é usada na especificação dos disjuntores e definida como o produto da tensão antes da falta
(Vk1 ) pela corrente de falta (IFk ), quando o curto circuito ocorre na barra k, ou seja,
Vk1
IFk =
Zjj
e
1
CCC =
Zjj
Ex. 5.2 Considere o sistema do exemplo 5.1, onde a tensão pré-falta na barra 2 é 1, 074∠4, 980
pu. As matrizes admitância e impedância de barra são respectivamente
−25, 00 +20, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00
20, 00 −40, 00 10, 00 0, 00 10, 00 0, 00
0, 00 +10, 00 −40, 00 20, 00 10, 00 0, 00
Ybarra =
0, 00 0, 00 20, 00 −25, 00 0, 00 0, 00
0, 00 10, 00 10, 00 0, 00 −40, 00 20, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 20, 00 −20, 00
0, 1294 0, 1118 0, 0882 0, 0706 0, 1000 0, 1000
0, 1118 0, 1397 0, 1103 0, 0882 0, 1250 0, 1250
0, 0882 0, 1103 0, 1397 0, 1118 0, 1250 0, 1250
Zbarra =
0, 0706 0, 0882 0, 1118 0, 1294 0, 1000 0, 1000
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 1750
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 2250
A corrente subtransitória de falta é dada por
V21
IF = = 7, 688∠ − 85, 010 pu
Z22
a as tensões nas barras são dadas por,
Vpf = Vbarra
1
+ Zbarra I2barra
139
140 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
onde,
1, 108∠6, 910
1, 074∠4, 980
1, 030∠2, 220
1
Vbarra =
1, 000∠00
1, 052∠3, 630
1, 052∠3, 630
0, 1294 0, 1118 0, 0882 0, 0706 0, 1000 0, 1000 0
0, 1118 0, 1397 0, 1103 0, 0882 0, 1250 0, 1250
−7, 688∠ − 85, 010
0, 0882 0, 1103 0, 1397 0, 1118 0, 1250 0, 1250 0
Zbarra I2barra
=
0, 0706 0, 0882 0, 1118 0, 1294 0, 1000 0, 1000
0
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 1750 0
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 2250 0
tal que,
0, 251∠13, 510
0, 0
0.188∠ − 10, 300
Vpf
=
0.329∠ − 10, 300
0.094∠ − 10, 300
0.094∠ − 10, 300
V1pf − V2pf
I12 = = 5, 01∠ − 76, 480 pu
j0.050
V2pf − V3pf
I23 = = 1, 88∠79, 690 pu (LT1 )
j0.067
V2pf − V5pf
I25 = = 0, 94∠79, 690 pu (LT2 )
j0.100
V3pf − V4pf
I34 = = 2, 82∠79, 690 pu
j0.050
Ig = I12
Im = −I34
1
Desprezando as correntes pré-falta, e considerando as tensões pré-falta Vbarra mostradas
140
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 141
141
142 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Vc1
Vc0
Vc2 Vb2
Va0
Va1
Vb0
Va2
Vb1
Vb2 Vc
Vb
Va1 Vc1
Vb0
Va Vc0
Va0 Vc2
Va2 Vb1
Sistema desbalanceado
onde os fasores Ia , Ib e Ic pertencem ao domı́nio de fase e os fasores Ia0 , Ia1 , Ia2 , Ib0 , Ib1 , Ib2 ,
Ic0 , Ic1 e Ic2 pertencem ao domı́nio de seqüência. Observe que conhecendo-se as componentes
de seqüência de uma fase, as componentes de seqüência das outras fases são automaticamente
determinadas com base no Teorema de Fortescue.
Visando simplificar a Eq. (5.6), seja o operador a definido como
a = 1∠1200
= cos 1200 + j sin 1200
√
1 3
= − +j
2 2
o qual aplicado a um fasor gira o mesmo de 1200 sem alterar o seu módulo. As componentes de
seqüência podem ser expressas em função das grandezas correspondentes à fase a, tal que a Eq.
(5.6) é re-escrita como
Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2
Ib = Ia0 + a2 Ia1 + aIa2 (5.7)
2
Ic = Ia0 + aIa1 + a Ia2
ou em forma matricial,
Ia 1 1 1 Ia0
Ib = 1 a2 a Ia1 (5.8)
Ic 1 a a2 Ia2
142
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 143
e na forma compacta,
If = AIs (5.9)
onde If e Is são vetores coluna de ordem 3 × 1, cujos componentes são os fasores corrente dos
domı́nios de fase e seqüência, respectivamente; e A é uma matriz de ordem 3 × 3 expressa por
1 1 1
A = 1 a2 a
1 a a2
1. das tensões trifásicas fase-neutro de magnitude 380 V, tomando o fasor Van como re-
ferência e seqüência de fases positiva;
143
144 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Cargas estáticas
Seja uma carga constituı́da de três impedâncias Zy , conectadas em Y , aterrada através da
impedância Zn , conforme mostra a figura 5.17.
a
Ia
b
Ib
Za Zb
Zc
Zn
In
Ic
c
t - nó de terra
144
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 145
e portanto
Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc
Va0 Za + Zb + Zc + 9Zn Ia0
Va1 = 1 Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Za + a2 Zb + aZc Ia1 (5.18)
3
Va2 Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Ia2
As Eqs. (5.15) e (5.18) representam analiticamente o sistema da figura 5.17 nos domı́nios de
fase e seqüência, respectivamente. Se a carga é balanceada,
Za = Zb = Zc = Zy
A Eq. (5.19) consiste de três equações desacopladas, que podem ser representadas em termos
de circuitos monofásicos de seqüência positiva, negativa e zero, conforme mostra a figura 5.17.
+ + +
- - -
No domı́nio de fase, a corrente que flui no neutro do sistema trifásico é dada por
In = Ia + Ib + Ic
e desde que
então
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e portanto
In = 3Ia0
As cargas conectadas em Y solidamente aterrado, Y sem aterramento e ∆ são casos parti-
culares da carga conectada em Y -aterrado. Nos dois primeiros casos, as impedâncias do neutro
145
146 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Ia + Ib + Ic = 0
o que implica em
Ia0 = 0
Portanto, as correntes de seqüência zero existem apenas em sistemas trifásicos desequilibra-
dos e com neutro aterrado.
Zlt
a ā
Zlt
b b̄
Zlt
c c̄
ou na forma compacta
Vf − Vf¯ = Zf If
De forma análoga ao caso da carga estática,
Vf = AVs
Vf¯ = AVs̄
If = AIs
tal que
Vs − Vs̄ = A−1 Zf AIs
e portanto
Va0 − Vā0 Z0 0 0 Ia0
Va1 − Vā1 = 0 Z1 0 Ia1 (5.21)
Va2 − Vā2 0 0 Z2 Ia2
146
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 147
onde Va0 , Vā0 , Va1 , Vā1 , Va2 e Vā2 são as componentes de seqüência das tensões complexas
na entrada e na saı́da da linha de transmissão, respectivamente; Z0 , Z1 e Z2 são as impedâncias
de seqüência da linha de transmissão (em geral fornecidas pelos fabricantes ou determinadas
através de ensaios apropriados), e Ia0 , Ia1 e Ia2 são as componentes de seqüência das correntes
de linha. As componentes da Eq. (5.21) são desacopladas e podem ser representadas pelos
circuitos da figura 5.20.
+ + + + + +
- - - - - -
Máquina sı́ncronas
A figura 5.21 mostra um gerador sı́ncrono, com as bobinas da armadura conectadas em Y -
aterrado. Cada fase é composta por uma fonte de tensão independente, representando a tensão
interna do gerador Ef e a impedância da bobina da armadura Zg .
Neste caso, o fasor tensão da fase a ao nó de terra é dado por
In = Ia + Ib + Ic
e portanto
Vat = −(Zg + Zn )Ia + Efa − Zn Ib − Zn Ic (5.22)
147
148 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
a
Ia
b
Zg Zg Ib
+ +
E fa E fb
- -
In +
E fc
Zn
-
Zg
Ic
t: nó de terra c
Expressões semelhantes à Eq. (5.22) podem ser estabelecidas para as fases b e c, tal que a
seguinte equação matricial é obtida:
Vat (Zg + Zn ) Zn Zn Ia Ef a
Vbt = − Zn (Zg + Zn ) Zn Ib + E fb (5.23)
Vct Zn Zn (Zg + Zn ) Ic E fc
a qual representa analiticamente o gerador sı́ncrono da figura 5.21 e pode ser expressa na forma
compacta no domı́nio de fase como
Vf = −Zf If + Ef (5.24)
onde Zg1 , Zg2 e Zg0 são as impedâncias se seqüência positiva, negativa e zero, respectivamente,
do gerador sı́ncrono. Essas impedâncias são determinadas em ensaios baseados na relação tensão-
corrente da máquina sı́ncrona. Por exemplo, a impedância de seqüência positiva é determinada
através do ensaio de curto circuito no gerador sı́ncrono. De maneira análoga, as impedâncias de
seqüência negativa e zero são determinadas submetendo-se este equipamento às tensões trifásicas
de seqüência negativa e zero, respectivamente. Esses valores são geralmente fornecidos pelos
fabricantes.
A Eq. (5.25) representa analiticamente o gerador sı́ncrono da figura 5.21 no domı́nio de
seqüência. É fácil observar que as equações correspondentes às componentes de seqüência posi-
tiva, negativa e zero são desacopladas, podendo cada uma ser representada por um circuito de
seqüência, conforme mostra a figura 5.22.
Observe que estes circuitos são simplificados, sendo desprezados os efeitos de saliência de
pólos, saturação e outros fenômenos transitórios mais complexos. Os circuitos de seqüência
148
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 149
+ + + +
- - - -
do motor sı́ncrono são semelhantes aos do gerador, exceto pelo sentido das componentes de
seqüência da corrente em cada circuito. No caso do motor de indução, desde que o enrolamento
de campo (rotor) destes equipamentos não é excitado por corrente contı́nua, a fonte independente
que representa a força eletromotriz interna é removida (substituı́da por uma impedância nula
ou curtocircuitada).
Ex. 5.4 Considere um sistema trifásico onde as seguintes três cargas conectadas em paralelo
são supridas por um a alimentador operando na tensão de 380 V:
• carga 1: conectada em ∆ e constituı́da por três impedâncias iguais a 24 + j18 Ω/f ase;
3. as potências complexas absorvida pela carga total e fornecida pela fonte, a perda de
potência ativa e reativa no sistema de transmissão;
Transformadores
Um modelo simplificado consistindo apenas de uma reatância é adotado para representar o
transformador. Desde que os transformadores são equipamentos estáticos, a impedância de
dispersão não variará se a seqüência de fase for alterada. Por esta razão, a impedância de
seqüência positiva deste equipamento é igual à sua impedância de dispersão, a qual é obtida
através do ensaio de curto-circuito, isto é,
Z1 = Z2 = jXt
149
150 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
3ZN Z0 3Zn
150
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 151
3ZN Z0
Z0
jXp jXs
P
S
T
jXt
151
152 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
de seqüência positiva, negativa e zero. De acordo com a modelagem dos componentes dos sis-
temas de potência mostrada na seção 5.6, apenas as redes de seqüência positiva possuem fontes
independentes e portanto o correspondente circuito equivalente de Thévenin possui uma fonte
ativa, sendo os outros dois circuitos constituı́dos apenas de uma impedância equivalente. Assim,
esses circuitos se assemelham aos da figura 5.22, o que possibilita analisar as faltas assimétricas
a partir do gerador sı́ncrono. Para esta finalidade, o seguinte procedimento é adotado:
Va a
Ic
Vb b
Zy Zy
Ia
IN = 0
Ia + Ib + Ic
Zy ZN
Ib
Vc c
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.27, é caracterizado pelas seguintes equações:
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
152
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 153
1 1 1 0
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Va0 = Va1 = Va2 = 0 (5.26)
Por outro lado
Ia0 1 1 1 Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2 1 a2 a Ic
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 a2 Ia
3
1 a2 a aIa
fornecendo
Ia 1 + a2 + a
Ia0 0
Ia1 = 1 Ia 1 + a3 + a3 = Ia
3
Ia 1 + a4 + a2
Ia2 0
e portanto
Ia0 = 0
Ia1 = Ia (5.27)
Ia2 = 0
De 5.26 e 5.27, observa-se que a condição estabelecida pela equação 5.26 implica em que
todas as redes de seqüência estão em curto, conforme representado na figura 5.28.
- - - -
Figura 5.28: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta trifásica
Se o curto trifásico não envolve a terra, então as condições do defeito são ainda,
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
153
154 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Note que, desde que Ia0 = 0, o circuito de seqüência zero também pode ser deixado em
aberto.
Curto-circuito fase-terra
Considere a figura 5.29, a qual representa um gerador sı́ncrono sujeito a um curto circuito sólido
fase-terra na fase a. As equações que modelam este tipo de curto circuito no domı́nio de fase
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF
Zy ZN
Ic
Vc c
são,
Va = 0
Ib = Ic = 0
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Ia0 Ia
Ia1 = 1 Ia
3
Ia2 Ia
154
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 155
ou seja,
Ia0 = Ia1 = Ia2 (5.28)
IF = Ia = 3Ia0
Para que as equações 5.28 e 5.29 sejam simultaneamente satisfeitas, as redes de seqüência
do gerador sı́ncrono devem ser conectados em série, conforme mostra a figura 5.30. As conexões
+ + + +
- - - -
Figura 5.30: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-terra
das redes de seqüência na forma apresentada na figura 5.30 constituem um modo conveniente de
estabelecer as equações para a solução do problema do curto-circuito fase-terra. Por exemplo,
pode-se calcular a componente de seqüência da corrente no circuito da figura 5.30 e então
determinar a corrente de falta IF = Ia = 3I0 . Se o neutro do gerador não estiver aterrado
ZN = ∞ e IF = 0, e portanto não circula corrente na linha a. Isto pode ser visto também pela
simples inspeção do circuito trifásico, pois não existe caminho de retorno para a corrente de
defeito, a menos que o neutro de gerador seja aterrado.
Curto-circuito fase-fase
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.31, é caracterizado pelas seguintes equações no domı́nio
de fase:
Vb = Vc
Ia = 0
Ic = −Ib
155
156 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF = Ib = −Ic
IN = 0
Zy ZN
Ic
Vc c
Ia0 1 1 1 Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2 1 a2 a Ic
1 1 1 0
1
= 1 a a2 Ib
3
1 a2 a −Ib
o que fornece
Ia0 (0 + Ib − Ib)
Ia1 = 1 aIb − a2 Ib
3
a2 Ib − aIb
Ia2
ou seja,
Ia0 = 0 (5.30)
e
Ia2 = −Ia1 (5.31)
156
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 157
1 1 1 Va
1
= 1 a a2 Vb
3
1 a2 a Vb
resultando
Va0 (Va + Vb + Vb )
1
Va1 = Va + aVb + a2 Vb
3
Va + aVb + a2 Vb
Va2
e portanto
Va1 = Va2 (5.32)
Do circuito de seqüência zero,
jX0 Ia0
- - - -
Figura 5.32: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-fase
Curto-circuito fase-fase-terra
Este tipo de curto é representado na figura 5.33. e as condições que descrevem analiticamente a
falta fase-fase-terra no domı́nio de fase são
Vb = Vc = 0
Ia = 0
157
158 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Va a
Ia
Va b
Zy Zy
Ib
IF = Ib + Ic
Zy ZN
Ic
Vc c
1 1 1 Va
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Va0 Va
Va1 = 1 Va
3
Va2 Va
ou seja,
Va
Va0 = Va1 = Va2 = (5.34)
3
e
Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2 = 0 (5.35)
Para que as equações 5.34 e 5.35 sejam satisfeitas, as redes de seqüência do gerador sı́ncrono
devem ser ligadas em paralelo, conforme mostra a figura 5.27.
Observe que,
IF = Ib + Ic
porém,
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
158
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 159
- - - -
Figura 5.34: Conexão dos circuitos de seqüência do gerador sı́ncrono na falta fase-fase-
terra
IF = Ib + Ic = 3Ia0
1. Considera-se que as tensões nas barras são iguais (em geral a 1,0 pu ou a um valor
fornecido) e despreza-se todas as correntes pré-falta nas linhas do sistemas.
4. Para se calcular a corrente que flui para o defeito utiliza-se um procedimento análogo
aquele adotado no caso de curto-circuito nos terminais de geradores sı́ncronos funcionando
a vazio; isto é, os circuitos equivalentes de Thévenin das redes de seqüência positiva,
negativa e zero são conectados de acordo com o tipo de falta.
159
160 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
5. As correntes nos elementos do sistema que fluem para o ponto do onde ocorre o curto
circuito são calculadas desprezando-se as cargas. Estas correntes são portanto devidas
exclusivamente a falta.
7. Se a corrente pré-falta for considerada, as correntes pós-falta nas linhas são obtidas
aplicando-se o Teorema da Superposição.
8. Obtidas as correntes nas linhas pode-se então determinar a capacidade de interrupção dos
diversos disjuntores e os ajustes dos relés de proteção.
Ex. 5.5 Considere o sistema do exemplo 5.1, com os seguintes dados adicionais, adotando a
base de 100 MVA e 23 kV na barra 1:
• Gerador 1: X1 = X2 = 0, 20 pu, X0 = 0, 05 pu, Xn = 0;
• Transformadores 1, 2 e 3: XT = 0, 05 pu;
• Os circuitos de sequência positiva, negativa e zer são mostrados nas figuras 5.35, 5.36 e
5.37.
1 2 1 3 4
jXLT 1
+ +
Eg Em
5
- -
jXT13
160
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 161
1 2 2 3 4
jXLT1
jXT23
1 2 0 3 4
jXLT 1
jXT03
−25, 00 +20, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00
20, 00 −40, 00 10, 00 0, 00 10, 00 0, 00
1
0, 00 +10, 00 −40, 00 20, 00 10, 00 0, 00
Ybarra =
0, 00 0, 00 20, 00 −25, 00 0, 00 0, 00
0, 00 10, 00 10, 00 0, 00 −40, 00 20, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 20, 00 −20, 00
0, 1294 0, 1118 0, 0882 0, 0706 0, 1000 0, 1000
0, 1118 0, 1397 0, 1103 0, 0882 0, 1250 0, 1250
0, 0882 0, 1103 0, 1397 0, 1118 0, 1250 0, 1250
Z1barra
=
0, 0706 0, 0882 0, 1118 0, 1294 0, 1000 0, 1000
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 1750
0, 1000 0, 1250 0, 1250 0, 1000 0, 1750 0, 2250
161
162 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
1 2 3 4
j0,05 pu j0,05 pu j0,083 pu j0,083 pu j0,05 pu j0,14 pu
G M
T1 T2
j0,083 pu
j0,05 pu T3
• As matrizes admitância de barra e impedância de barra de seqüência zero são dadas por:
−20, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 0, 00
0, 00 −28, 00 4, 00 0, 00 4, 00 0, 00
0
0, 00 4, 00 −28, 00 0, 00 4, 00 0, 00
Ybarra =
0, 00 0, 00 0, 00 −7, 14 0, 00 0, 00
0, 00 4, 00 4, 00 0, 00 −28, 00 0, 00
0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 0, 00
0, 00 ∞
0, 05 0, 00 0, 00 0, 00
0, 00 0, 0375 0, 0063 0, 00 0, 0062 ∞
0
0, 00 0, 0063 0, 0375 0, 00 0, 0062 ∞
Zbarra =
0, 00 0, 00 0, 00 0, 14 0, 00 ∞
0, 00 0, 0062 0, 0062 0, 00 0, 0375 ∞
∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
1. Curto circuito fase-terra sólido;
– Corrente subtransitória de falta:
1, 00∠00
I0F = I1F = I2F = = −j3, 1556 pu
j(0, 1397 + 0, 1397 + 0, 0375)
IaF
1 1 1 −j3, 1556 −j9, 4667
Ib = 1 a2 a −j3, 1556 = 0, 0 pu
F
IcF 1 a a 2 −j3, 1556 0, 0
– Corrente nos elementos de transmissão:
Com base nos circuitos de seqência das figuras 5.35, 5.36 e 5.38,
0 0 0, 15
I12 = IF = −j2, 3667
0, 20
Ia12
−j5, 8931
0, 3167
1
I12 = IF 1 = −j1, 7635 Ib12 = −j0, 6032 pu
0, 5667
Ic12 −j0, 6032
0, 3167
I212 = I2F = −j1, 7635
0, 5667
onde 3 × I012 = Ia12 + Ib12 + Ic12 é a corrente que percorre a impedância do neutro
do transformador T1 .
162
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 163
0, 05
I032 = I0F = −j0, 7889
0, 20
Ia32
−j3, 5731
0, 25 Ib32 = j0, 6032 pu
I132 = I1F = −j1, 3921
0, 5667
Ic32 j0, 6032
0, 25
I232 = I2F = −j1, 3921
0, 5667
Observe que,
IaF
a a
I12 I32
Ib = Ib12 + Ib32
F
IcF Ic12 Ic32
– Tensões pós-falta via redução de circuitos:
V10 = 0
a
0, 2946∠00
V1
V11 = 1, 00 − I112 (j0, 20) = 0, 6473 V1b = 0, 8785∠ − 99, 650 pu
2 2
V1 = −I12 (j0, 20) = −0, 3527
V1c 0, 8785∠99, 650
V40 = 0
a
V4 0
V41 = 1, 00 − I132 (j0, 20) = 0, 7216 V4b = 0, 8840∠ − 101, 580 pu
V42 = −I232 (j0, 20) = −0, 2784 V4c 0, 8840∠101, 580
1 pf
Vbarra = Vbarra + Z1barra I1barra
2
Vbarra = Z2barra I2barra (5.36)
0
Vbarra = Z0barra I0barra
pf
onde Vbarra é o vetor das tensões nas barras na condição pré-falta. Note que
o circuito de sequência positiva é o único que possui fontes ativas. Os vetores
das injeções de corrente I1barra , I2barra e I0barra possuem apenas um elemento não
163
164 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
0
V1s V2s V3s V4s V5s V6s
Vbarra
0 −0.1183 −0.0197 0 −0.0197 0
1
Vbarra
2 0.6473 0.5591 0.6520 0.7216 0.6056 0.6056
Vbarra
−0.3527 −0.4409 −0.3480 −0.2784 −0.3944 −0.3944
0.0375
I2F = −I1F = j1, 2503 pu
0.1397 + 0.0375
0.1397
I0F = −I1F = j4, 6577 pu
0.1397 + 0.0375
IaF
1 1 1 −j5, 9079 0
Ib = 1 a2 a j1, 2503 = 9, 3403∠131, 580 pu
F
IcF 1 a a2 j4, 6577 9, 3403∠48, 410
164
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 165
Observe que IbF + IcF = j13, 9730 pu é a corrente que flui para a terra no ponto
onde ocorre o curto circuito fase-fase-terra.
– Corrente nos elementos de transmissão:
0, 15
I012 = I0F = j3, 4932
0, 20
Ia12 0, 8903∠90, 00
0, 3167 Ib12 = 5, 9154∠125, 840 pu
I112 = I1F = −j3, 3016
0, 5667
Ic12 5, 9154∠54, 150
0, 3167
I212 = I2F = j0, 6987
0, 5667
0 0 0, 05
I32 = IF = j1, 1644
0, 20
a
0, 8903∠ − 90, 00
I32
0, 25
Ib32 = 3, 5047∠141, 280 pu
I132 = I1F = −j2, 6063
0, 5667
Ic32 3, 5047∠ − 38, 710
2 2 0, 25
I32 = IF = j0, 5516
0, 5667
0
V1s V2s V3s V4s V5s V6s
Vbarra
0 0.1747 0.0291 0 0.0291 0
1
Vbarra
2 0.3397 0.1746 0.3484 0.4787 0.2615 0.2615
Vbarra
0.1397 0.1747 0.1379 0.1103 0.1563 0.1563
onde as variáveis foram definidas anteriormente.
165
166 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
V20
InT1 = 3
j0, 05
−j10, 47
0
V3
InT2 = 3 = −j1, 74 pu
j0, 05 −j1, 74
V50
InT3 = 3
j0, 05
onde InT1 + InT2 + InT3 = j13, 9730 pu é a corrente total que flui para a terra
no ponto onde ocorre a falta.
1, 00∠00
I1F = = −j3, 5791 pu
j(0.1397 + 0.1397)
I0F = 0
IaF
1 1 1 0 0
Ib = 1 a2 a −j3, 5791 = 6, 1992∠1800 pu
F
IcF 1 a a2 j3, 5791 6, 1992∠00
166
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 167
V30 = 0
a
1, 0000∠00
V3
V31 = 1, 00 − I132 (j0, 25) = 0, 6052 V3b = 0.5322∠ − 159.960 pu
2 2
V3 = −I32 (j0, 25) = 0, 3948
V3c 0.5322∠159.960
V40 = 0
a
1, 0000∠00
V4
V41 = 1, 00 − I132 (j0, 20) = 0.6842 V4b = 0.5931∠ − 147.450 pu
2 2
V4 = −I32 (j0, 20) = 0.3158
V4c 0.5931∠147.450
V50 = 0
a
1, 0000∠00
1 1 1 0, 10 V5
V5 = V3 − I32 (j0, 10) = 0.5526 V5b = 0, 5082∠ − 169.670 pu
0, 30
0, 10 Vc
0, 5082∠169.670
V52 = V32 − I232 (j0, 10) = 0.4474 5
0, 30
V60 = 0
a
1, 0000∠00
V6
V61 = V51 = 0.5526 V6b = 0, 5082∠ − 169.670 pu
2 2
V6 = −V5 = 0.4474
V6c 0, 5082∠169.670
– Tensões pós-falta via matriz Zbarra
Com base nas Eqs. (5.36), as componentes de sequência da tensão nas barras são,
0
V1s V2s V3s V4s V5s V6s
Vbarra
0 0 0 0 0 0
1
Vbarra
2 0.6000 0.5000 0.6052 0.6842 0.5526 0.5526
Vbarra
0.4000 0.5000 0.3948 0.3158 0.4474 0.4474
tal que,
0
IT1 + ILT1 + ILT2 = 6, 1992∠1800 pu
6, 1992∠00
que é a corrente de falta calculada anteriormente.
5.9 Exercı́cios
5.1 Considere o sistema trifásico cujo diagrama unifilar é mostrado na figura 5.39.
As tensões pré-falta são todas iguais a 1, 0∠00 pu. Tomando como base os valores nominais
do gerador 1,
167
168 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
Gerador 1 1 3
j0,76 Ω
50 MVA
13,8 kV
00
Xg1 = 0, 76Ω
j01,90 Ω
Gerador 2
30 MVA 2 j1,52 Ω
13,8 kV
00
Xg2 = 0, 95Ω
• calcular a corrente subtransitória de falta para um curto circuito trifásico sólido na barra
2 em pu e em Ampéres;
5.2 Uma fonte conectada em Y -solidamente aterrado opera com tensões fase-terra iguais a
Vat = 277∠00 V, Vbt = 260∠ − 1200 V e Vct = 295∠1150 V, suprindo uma carga trifásica
representada pela matriz de impedâncias
10 + j30 5 + j20 5 + j20
Zf = 5 + j20 10 + j30 5 + j20 Ω
5 + j20 5 + j20 10 + j30
168
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 169
5.3 Uma fase de um gerador trifásico opera em aberto enquanto as outras duas fases são
curto circuitadas à terra, circulando nas mesmas as correntes fasoriais Ib = 1000∠1500 A e
Ic = 1000∠300 A. Determinar os componentes simétricos destas correntes e a corrente que flui
através do neutro do gerador.
5.4 Dadas as tensões fase-terra Vat = 280∠00 V, Vbt = 250∠ − 1100 V e Vct = 290∠1300 V:
3. verifique a relação entre as tensões de fase e de linha dos componentes de seqüência das
tensões.
5.5 As correntes fasoriais numa carga conectada em ∆ são: Iab = 10∠00 A, Ibc = 15∠ − 900
A e e Ica = 20∠900 A. Determine:
3. verifique a relação entre as correntes de fase e de linha dos componentes de seqüência das
correntes.
5.6 Num sistema trifásico, tensões fase-terra iguais a Vat = 280∠00 V, Vbt = 250∠ − 1100
V e Vct = 290∠1300 V suprem uma carga balanceada conectada em Y solidamente aterrado,
composta de impedâncias iguais a 12 + j16 Ω/fase. Determine os circuitos de seqüência do
sistema e calcule as correntes de linha e suas correspondentes componentes de seqüência.
1. supondo que a fonte e a carga são conectadas por uma linha de transmissão de impedância
3 + j4 Ω/fase;
4. supondo que a carga consiste de uma conexão Y composta de impedâncias de 3+j4 Ω/fase,
com neutro aterrado por uma reatância indutiva de 2 Ω. Considere que a carga é compen-
sada por um banco de capacitores conectado em ∆, composto de reatâncias de 30 Ω/fase.
5.8 Num sistema trifásico, um gerador sı́ncrono supre um motor através de uma linha de
transmissão com impedância 0.5∠800 Ω/fase. O motor absorve 5 kW, na tensão de 200 V, com
fator de potência 0,8 adiantado. As bobinas da armadura do gerador e do motor são conectadas
em Y aterrado, com impedâncias indutivas de 5 Ω. As impedâncias de seqüência das máquinas
são iguais a Z0 = j5, Z1 = j15 e Z2 = j10 Ω. Determine os circuitos de seqüência do sistema
trifásico e calcule as tensões de linha nos terminais do gerador. Considere o motor uma carga
balanceada.
169
170 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
5.9 Seja um gerador sı́ncrono de 30 MVA, 13,8 kV, reatância subtransitória de eixo direto igual
a 10% e reatâncias de seqüência negativa e zero iguais respectivamente a 13% e 4%. O neutro
do gerador é aterrado através de uma reatância de 0,2 Ω. O gerador está operando em vazio
com tensão nominal nos seus terminais. Determinar a corrente subtransitória (em Ampéres)
que passa pela reatância de aterramento do neutro, quando nos terminais do gerador ocorre um
curto-circuito sólido:
1. monofásico à terra;
3. bifásico à terra;
4. trifásico à terra.
5.10 Suponha que o o gerador do sistema cujo diagrama unificar é mostrado na figura 5.40,
opera com tensão nominal quando ocorre uma falta. Considere ainda que os transformadores
são do tipo núcleo envolvente e os dados do sistema são os seguintes:
00 00
• gerador: 25 MVA, 10 kV, X1 = X2 = 0,125 pu,X0 = 0,05 pu, X1 = 1,15 pu;
• A corrente que flui para o defeito e as correntes pós-falta na linha de transmissão (am
Ampères), se ocorre um curto circuito bifásico sólido (sem envolver a terra) na barra de
alta tensão do transformador T2 .
170
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 171
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
• Determinar os circuitos equivalentes de Thévenin das redes de seqüência para defeitos que
ocorram no meio da linha de transmissão.
– a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito sólido no meio da linha
de transmissão.
– a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito fase-fase-terra sólido no
meio da linha de transmissão.
– as tensões pós-falta em cada caso.
5.12 Considere o sistema mostrado na figura 5.42. As impedâncias dos componentes são:
1 2
G1 T1 LT1 T2 G2
LT2
13,8 kV 69 kV 13,8 kV
171
172 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
• Transformador T1 : X1 = X2 = X0 = 0, 10 pu;
• Transformador T2 : X1 = X2 = X0 = 0, 15 pu;
3 G2
1 2 D
G1
A TR B C
LT
G3
172
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 173
• transformador: 100 MVA, 13,8 (∆) kV / 138 (Y -solidamente aterrado) kV, Xt = 0,10
pu;
5.14 No sistema trifásico da figura 5.44, suponha que as correntes pré-falta são desprezı́veis
e que as barras operam na tensão nominal antes da ocorrência da falta. As duas linhas de
3 Trafo 2 4 Gerador 2
1 2
Gerador 1 Trafo 1 LT 1
5 Trafo 3 6
LT 2
00
Componente Snom Vnom X
(MVA) (kV) (%)
Gerador 1 2000 13,8 (Y aterrado) 20
Gerador 2 2000 230 (Y aterrado) 20
Trafo 1 2200 13,8(∆):500(Y aterrado) 10
Trafo 2 500 500(Y aterrado):230(Y aterrado) 10
Trafo 3 1000 500(Y aterrado):138(Y aterrado) 12
transmissão possuem reatâncias série de 0,163 (LT1) e 0,327 (LT2) Ω/km por fase e compri-
mentos de 220 km (LT1) e 150 km (LT 2). Adotando como valores base as tensões nominais
dos equipamentos e a potência de 1000 MVA, determinar (em valores p.u. e em unidades reais):
• a corrente de curto circuito trifásico sólido num ponto F da linha de transmissão 1, situado
a 30 km da barra 2;
• a corrente que flui nos geradores 1 e 2, conectados às barras 1 e 4, sob as condições de
falta do item anterior;
173
174 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
• a corrente que flui no lado de AT do trafo 2, sob as condições de falta do item anterior;
5.15 Considere o sistema mostrado na figura 5.45, cujos dados são mostrados na tabela 5.1.
Supondo que as correntes pré-falta são nulas e que a tensão na barra 2 é 1,0 pu.
1. determine o circuito monofásico equivalente no sistema por unidade, tomando como base
os valores nominais do transformador 1;
Gerador Motor
LT1 - 220 kV
Trafo T1 2 3 Trafo T2
174
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 175
5.16 A figura 5.46 mostra um gerador sı́ncrono de 625 kVA, 2,4 kV e reatância subtransitória
de 20%, operando na tensão nominal, suprindo uma carga constituı́da de três motores. Cada
motor possui valores nominais 250 HP, 2,4 kV, fator de potência unitário, rendimento de 90% e
reatância subtransitória de 20%. Supondo que os motores operam todos sob as mesmas condições,
adotando os valores nominais do gerador como base e desprezando as correntes pré-falta,
• repita o item anterior para uma falta trifásica no ponto R. Observação: 1 HP = 746 W.
D
M1
R A C
G M2
B P
M3
Q
5.17 A matriz impedância de barra do sistema mostrado na figura 5.47 é dada por
0, 0793 0, 0558 0, 0382 0, 0511 0, 0608
0, 0558 0, 1338 0, 0664 0, 0630 0, 0605
Zbarra =j
0, 0382 0, 0664 0, 0875 0, 0720 0, 0603
0, 0511 0, 0630 0, 0720 0, 2321 0, 1002
0, 0608 0, 0605 0, 0603 0, 1002 0, 1301
5.18 Os dados do sistema do diagrama unifilar da figura 5.48 são mostrados na tabela 5.2.
Todas as quantidades estão em pu na base 1000 MVA e 500 kV referida a barra 1. Desprezando
as correntes pré-falta e supondo que o gerador 1 opera com 1,0 pu de tensão nos seus terminais,
• Calcule as tensões nas barras na condição de corrente de curto circuito fase-terra sólido
na barra 4.
175
176 Capı́tulo 5: Análise de Curto Circuito
1 3
2
j0, 168 pu j0, 126 pu
1, 0∠00 pu
1, 0∠00 pu j0, 1333 pu + −
− + j0, 1111 pu
5 j0, 210 pu
j0, 126 pu
176
R.S.Salgado UFSC-EEL-Labspot 177
T1 1 2 3 T3
G1 G3
LT1 LT3
T2
G2
Zng2
177
Referências Bibliográficas
[3] J. D. Glover, M. Sarma, Power System Analysis and Design, PWS Publishers - Boston,
1994.
[4] R. D. Shultz, R. A. Smith, Introduction to Electric Power Engineering, John Wiley and
Sons, 1987.