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SÉRIE AUTOMOTIVA

ELETROELETRÔNICA
DE MOTOCICLETAS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE AUTOMOTIVA

ELETROELETRÔNICA
DE MOTOCICLETAS
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_________________________________________________________________________
S491e
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Eletroeletrônica de motocicletas / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina.
Brasília : SENAI/DN, 2012.
114 p. : il. (Série Automotiva).

ISBN

1. Motocicletas – Equipamento eletrônico. 2. Motocicletas –


Equipamento elétrico. 3. Circuitos elétricos. 4. Segurança do trabalho.
I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 629.326
_____________________________________________________________________________

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Lista de Ilustrações
Figura 1 -  Diferença de Potencial.................................................................................................................................18
Figura 2 -  Representação da eletrosfera...................................................................................................................20
Figura 3 -  Seção transversal...........................................................................................................................................21
Figura 4 -  Fórmulas de Potência..................................................................................................................................23
Figura 5 -  Fórmulas elétricas.........................................................................................................................................24
Figura 6 -  Multímetro digital.........................................................................................................................................25
Figura 7 -  Pontas de prova do multímetro...............................................................................................................26
Figura 8 -  Multímetro ligado em paralelo................................................................................................................26
Figura 9 -  Tensão alternada...........................................................................................................................................27
Figura 10 -  Tensão contínua..........................................................................................................................................27
Figura 11 -  Corrente elétrica..........................................................................................................................................28
Figura 12 -  Ligação em série do multímetro...........................................................................................................28
Figura 13 -  Ligação em série do multímetro...........................................................................................................29
Figura 14 -  Resistor fixo...................................................................................................................................................34
Figura 15 -  Resistor variável...........................................................................................................................................34
Figura 16 -  Símbolo de resistor....................................................................................................................................34
Figura 17 -  Identificação da resistência de um resistor.......................................................................................35
Figura 18 -  Capacitor........................................................................................................................................................36
Figura 19 -  Fusível tipo “Faca”........................................................................................................................................38
Figura 20 -  Representação do relé..............................................................................................................................40
Figura 21 -  Relé universal...............................................................................................................................................41
Figura 22 -  Relé de pisca.................................................................................................................................................41
Figura 23 -  Principais diodos e seus símbolos........................................................................................................43
Figura 24 -  Chave fenda e Philips................................................................................................................................49
Figura 25 -  Chave de boca.............................................................................................................................................50
Figura 26 -  Alicate universal..........................................................................................................................................50
Figura 27 -  Extrator de rolamentos.............................................................................................................................51
Figura 28 -  Calibre de válvulas......................................................................................................................................51
Figura 29 -  Exemplo de oficina organizada.............................................................................................................53
Figura 30 -  Multímetro....................................................................................................................................................58
Figura 31 -  Solda estanho..............................................................................................................................................60
Figura 32 -  Teste de bico.................................................................................................................................................60
Figura 33 -  Carregador de bateria...............................................................................................................................61
Figura 34 -  Scanner.......................................................................................................................................................62
Figura 35 -  Página de manual de reparação............................................................................................................72
Figura 36 -  Símbolos de componentes.....................................................................................................................78
Figura 37 -  Circuito em série.........................................................................................................................................79
Figura 38 -  Circuito em paralelo...................................................................................................................................80
Figura 39 -  Circuito misto...............................................................................................................................................80
Figura 40 -  Diagrama elétrico do pisca......................................................................................................................84
Figura 41 -  Diagrama elétrico do farol.......................................................................................................................85
Figura 42 -  Diagrama elétrico do freio.......................................................................................................................86
Figura 43 -  Diagrama elétrico da buzina...................................................................................................................87
Figura 44 -  Diagrama elétrico do alternador...........................................................................................................88
Figura 45 -  Diagrama de Partida..................................................................................................................................89
Figura 46 -  Óculos de proteção....................................................................................................................................95
Figura 47 -  Protetor auricular........................................................................................................................................95
Figura 48 -  Cores da coleta seletiva......................................................................................................................... 102

Quadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................14


Quadro 2 - Descarte de resíduos............................................................................................................................... 105

Tabela 1 - Testes do scanner Motodiag.......................................................................................................................63


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Grandezas e Unidades Elétricas.................................................................................................................................17


2.1 Tensão elétrica...............................................................................................................................................18
2.2 Corrente Elétrica...........................................................................................................................................19
2.3 Resistência Elétrica.......................................................................................................................................21
2.4 Potência elétrica...........................................................................................................................................22
2.5 Leis de Ohm....................................................................................................................................................23
2.6 Instrumentos de medição.........................................................................................................................25

3 Componentes Elétricos e Eletrônicos......................................................................................................................33


3.1 Resistor.............................................................................................................................................................34
3.2 Capacitor.........................................................................................................................................................36
3.3 Indutor..............................................................................................................................................................37
3.4 Fusível...............................................................................................................................................................37
3.5 Condutores.....................................................................................................................................................39
3.6 Relé....................................................................................................................................................................39
3.7 Diodos..............................................................................................................................................................43

4 Ferramentas......................................................................................................................................................................47
4.1 Definição.........................................................................................................................................................48
4.2 Tipos de ferramentas...................................................................................................................................48
4.2.1 Ferramentas universais e suas funções..............................................................................49
4.2.2 Ferramentas especiais e suas funções................................................................................50
4.2.3 Ferramentas específicas e suas funções............................................................................52
4.3 Organização e conservação......................................................................................................................52
4.4 Aspectos de segurança e manuseio......................................................................................................53

5 Equipamentos e Instrumentos..................................................................................................................................57
5.1 Definições.......................................................................................................................................................58
5.1.1 Tipos de instrumentos .............................................................................................................58
5.2 Manuseio e Calibração...............................................................................................................................65
5.3 Organização e conservação......................................................................................................................66

6 Documentação Técnica................................................................................................................................................69
6.1 Manuais do Proprietário............................................................................................................................70
6.2 Plano de Manutenção.................................................................................................................................70
6.3 Manuais de Reparação...............................................................................................................................71
6.4 Normas Técnicas...........................................................................................................................................72
6.5 Procedimentos Específicos.......................................................................................................................73
7 Circuitos Elétricos...........................................................................................................................................................77
7.1 Simbologia......................................................................................................................................................78
7.2 Circuitos em série.........................................................................................................................................79
7.3 Circuito em paralelo....................................................................................................................................80
7.4 Desenho de circuitos..................................................................................................................................82
7.5 Circuitos de sinalização e iluminação...................................................................................................84
7.5.1 Pisca Alerta...................................................................................................................................84
7.5.2 Farol e sinaleira...........................................................................................................................85
7.5.3 Luz de Freio..................................................................................................................................86
7.5.4 Buzina.............................................................................................................................................87
7.6 Circuito de carga...........................................................................................................................................88
7.7 Circuito de partida.......................................................................................................................................89

8 Saúde e Segurança no Trabalho................................................................................................................................93


8.1 Norma Regulamentadora – NR ..............................................................................................................94
8.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA .........................................................................94
8.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPI.......................................................................................94
8.4 Equipamentos de Proteção coletiva – EPC.........................................................................................96
8.5 Ergonomia......................................................................................................................................................97
8.6 Aspectos de segurança para o manuseio de ferramentas e equipamentos...........................98

9 Segregação e Descarte de Materiais e Componentes................................................................................... 101


9.1 Legislação..................................................................................................................................................... 102
9.2 Normas técnicas........................................................................................................................................ 103
9.3 Procedimentos........................................................................................................................................... 104

Referências......................................................................................................................................................................... 109

Minicurrículo do Autor.................................................................................................................................................. 111

Índice................................................................................................................................................................................... 113
Introdução

Caro aluno, bem-vindo a unidade curricular de Eletroeletrônica de Motocicletas. Neste ma-


terial, você aprenderá a realizar reparos e diagnósticos em sistemas eletroeletrônicos, assunto
este que é abordado com frequência, devido ao avanço da tecnologia.
No capítulo 2, você estudará as grandezas elétricas e suas unidades de medida. Esse con-
teúdo lhe permitirá conhecer melhor os sistemas elétricos da motocicleta e, assim, repará-los
com qualidade e precisão.
No capítulo seguinte, você conhecerá os componentes elétricos e eletrônicos das motoci-
cletas. Com tal aprendizado, você compreenderá melhor a formação eletrônica dos compo-
nentes e os circuitos elétricos das motocicletas.
Na sequência, no capítulo 4, você aprenderá sobre as ferramentas, suas definições, além de
conhecer os três tipos existentes: universais, especiais e específicas. O capítulo 5 apresentará
os equipamentos e instrumentos utilizados nos reparos de motocicletas, conhecendo, assim,
suas definições, tipos, funções, manuseio e calibração.
Para compreender melhor os circuitos elétricos, você conhecerá, no capítulo 6, as docu-
mentações técnicas, os manuais do proprietário e os planos de manutenção. No capítulo 7,
você aprenderá sobre os circuitos elétricos das motocicletas, bem como suas características,
componentes e interpretação.
E por fim, nos capítulos 8 e 9, você aprenderá sobre saúde e segurança no trabalho, estu-
dando normas regulamentadoras e equipamentos de proteção. Além disso, aprenderá sobre a
segregação e o descarte de materiais, e também sobre a legislação e normas.
Ao fim da leitura deste livro, você estará habilitado a reparar e diagnosticar defeitos nos sis-
temas eletroeletrônicos das motocicletas, tendo a capacidade de realizar um serviço de quali-
dade e confiança, de acordo com os padrões de qualidade dos fabricantes.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
14

Mecânico de Manutenção em Motocicletas

UNIDADES CARGA CARGA HORÁRIA


MÓDULOS DENOMINAÇÃO
CURRICULARES HORÁRIA MÓDULO

Fundamentos de Tecnolo-
30h
gia Automotiva
Básico Básico 60h
Organização do Ambien-
30h
te de Trabalho
Fundamentos de Mecâni-
20h
ca de Motocicletas
Introdutório de Sistemas Mecânicos de
Introdutório 40h 100h
Motocicletas Motocicletas
• Eletroeletrônica de
40h
Motocicletas
Manutenção de Sistemas
Mecânicos de Motoci- 80h
Mecânico de Moto- cletas
Específico I 120h
cicletas Manutenção de Sistemas
Eletroeletrônicos de 40h
Motocicletas

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI DN

Agora, você está convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça des-


te processo um momento de construção de novos saberes, em que teoria e prá-
tica estejam alinhadas para construir o seu desenvolvimento profissional. Bons
estudos!
1 INTRODUÇÃO
15

Anotações:
Grandezas e Unidades Elétricas

Você está pronto para começar seus estudos? Neste momento, será apresentada uma breve
recapitulação de alguns conceitos físicos e também de termos da parte elétrica.
Para que você possa compreender o funcionamento dos sistemas elétricos e ainda entender
como os fenômenos elétricos ocorrem, é necessário que você compreenda alguns conceitos
físicos relacionados à eletricidade. Esses conceitos são base para todo o conhecimento de ele-
tricidade que você terá, e são fundamentais para que você possa diagnosticar as causas dos
defeitos nas motocicletas.
Portanto, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender as grandezas elétricas;
b) distinguir as unidades elétricas;
c) aplicar os conceitos da lei de Ohm;
d) operar instrumentos de medição e interpretar os resultados obtidos com os mesmos.
Aproveite essa oportunidade de estudo para tirar dúvidas, trocar informações, mas princi-
palmente para ampliar seus conhecimentos e fazer deste aprendizado uma oportunidade enri-
quecedora para sua profissão.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
18

2.1 TENSÃO ELÉTRICA

Imagine uma caixa d’água cheia e ligada por um cano a uma caixa d’água que
está vazia. Se este cano for instalado na parte de cima das caixas, não acontecerá
nada, mas se ele for instalado na parte de baixo, ligando uma caixa à outra, o que
poderia acontecer? Com a união entre as caixas d’água, na parte inferior delas, a
água da caixa que está cheia percorrerá o cano e entrará naquela que está vazia,
mas não a encherá. Essa passagem de água de uma caixa para a outra permitirá
que ambas fiquem no mesmo nível, conforme é representado na figura a seguir.
Esse fenômeno é chamado de Diferença de Potencial (DDP), pois em uma
caixa tem-se a potência da água e na outra não.

Diego Fernandes (2012)


Figura 1 -  Diferença de Potencial

Na eletricidade de motocicletas ocorre algo muito semelhante. Por acaso você


já experimentou colocar duas pilhas, uma carregada e outra não, em um aparelho
elétrico? Se sim, deve ter percebido que a carregada se descarregou rápido e a
outra criou um pouco de carga. Isto ocorre por causa da DDP.
Essa mesma diferença também pode ser percebida entre os polos das pilhas,
pois um polo é carregado e outro não. Essa diferença de potencial é chamada de
Tensão Elétrica.
Na tensão elétrica, a eletricidade percorre um condutor elétrico do polo nega-
tivo ao positivo, e quando há na motocicleta um condutor com 12V de tensão e
um condutor ligado ao polo negativo da bateria, há uma diferença de potencial
entre os polos da bateria, fazendo com que esta tensão percorra os condutores.
A tensão elétrica pode ser representada pelas letras E, U ou V, que é mais co-
mum. A unidade de medida que a representa é o Volt, por causa do físico italiano
Alexandre Volta, que a descobriu.
2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
19

Para você compreender melhor, a bateria da motocicleta tem 12V (12 Volts),
isso significa que a diferença entre o polo negativo e o positivo é de 12V, pois o
polo negativo tem cargas elétricas, enquanto o polo positivo não as possui.

A tensão elétrica de uma motocicleta não causa choque


FIQUE elétrico, principalmente por se tratar de uma baixa tensão
ALERTA contínua. Porém, isso não possibilita encostar um fio no
outro, pois mesmo assim haverá um curto-circuito.

Após entender o significado de diferença de potencial, e saber como a tensão


elétrica ocorre, entenda o conceito e o que acontece com a corrente elétrica.

2.2 CORRENTE ELÉTRICA

Antes de falar de corrente elétrica, é necessário lembrar alguns conceitos de


física.

VOCÊ Tudo que está ao nosso redor é feito de molécula e es-


SABIA? sas moléculas são feitas de átomos.

Os átomos são compostos de um núcleo com prótons e nêutrons, e uma ele-


trosfera é composta por elétrons. Essa eletrosfera é um montante de camadas de
elétrons que ficam girando ao redor do núcleo, como se o núcleo fosse o sol e os
elétrons fossem os planetas. Na última camada de elétrons, chamada Camada de
Valência, podem existir até oito elétrons.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
20

1 FLUXO

É a passagem livre de um
líquido, gás ou qualquer
outra substância. Por
exemplo, a água saindo
de uma torneira aberta
é um fluxo de água, bem
como essa mesma água
percorrendo pelo cano até
chegar à torneira.

Diego Fernandes (2012)


2 SEÇÃO TRANSVERSAL

É o diâmetro do fio em
mm2.

Figura 2 -  Representação da eletrosfera


Fonte: Adaptado de Saber Elétrico ([200-])

A corrente elétrica é o fluxo1 desses elétrons por um condutor elétrico (fio ou


cabo elétrico). No entanto, isso só ocorre quando o circuito está fechado, conceito
que você irá conhecer mais adiante neste material didático. São os elétrons que
transportam a eletricidade. Sendo assim, alguns átomos, quando possuem pou-
cos elétrons na camada de Valência, tendem a expulsar seus elétrons, e aqueles
que os têm em maior quantidade tendem a receber mais, pois todo átomo quer
ter sua última camada completa de elétrons.
Utilizando o mesmo pensamento do exemplo na teoria da tensão elétrica,
lembre-se de que no exemplo com as duas caixas com diferença de potencial - e
ligadas por um cano - aquela que estava cheia esvaziou parcialmente enquanto a
vazia encheu parcialmente, nivelando as duas caixas. Como você pôde perceber,
isso foi possível porque dentro do cano de ligação ocorreu um fluxo de água. É
dessa forma que funciona a corrente elétrica, pois quando há diferença de poten-
cial entre dois polos de bateria, e ao serem ligados por um condutor, a corrente
elétrica flui por esse condutor. Contudo, sem tensão elétrica, a corrente não exis-
te.
Resumidamente, corrente elétrica é o fluxo de elétrons por um condutor em
um circuito fechado. O símbolo da corrente elétrica é o I e sua unidade de medida
é o Ampère. Para que você possa entender um pouco melhor, vinte e cinco am-
pères é o mesmo que 25A, ou ainda 25W.
Para dar continuidade ao estudo da eletricidade, conheça, a seguir, a resistên-
cia elétrica.
2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
21

2.3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Você aprendeu que tensão elétrica é a diferença de potencial entre cargas elé-
tricas, e que a corrente elétrica é a passagem de elétrons por um condutor em um
circuito fechado. Dessa maneira, é possível afirmar que a resistência elétrica se
opõe ao fluxo, ou seja, é uma barreira.
Associando ao exemplo das caixas com água, é possível pensar na resistência
elétrica como se houvesse uma sujeira no cano, e essa sujeira trancasse parcial ou
totalmente a água que passa por ele. Assim, o fluxo no cano diminuiria ou impe-
diria totalmente a passagem de água.
A resistência é a propriedade de oposição à corrente elétrica, então você deve
pensar que é uma propriedade ruim, já que atrapalha a corrente elétrica, mas, na
verdade, auxilia muito. Isso porque com ela é possível dosar a corrente. Um exem-
plo desse acontecimento são as televisões ou rádios antigos, que tinham botões
redondos que, quando girados, aumentavam ou diminuíam o volume. Por trás
desses botões existiam resistências. Então, toda vez que se aumentava o volume,
a resistência diminuía, e vice-versa.
Cada componente elétrico possui uma determinada resistência chamada Re-
sistividade, então, cada condutor já possui uma resistência. Mas ela pode ainda
variar conforme a seção transversal2 do fio e seu comprimento, podendo relacio-
nar-se da seguinte maneira: quanto mais comprido for o fio, maior será a resistên-
cia, e quanto maior a seção transversal, menor a resistência.
Para você entender melhor, imagine que, a pé, você tenha que percorrer um
túnel de 10km. Será cansativo efetuar o trajeto, principalmente se a altura desse
túnel for muito menor que a sua, o que dificultará ainda mais sua passagem, mes-
mo que o túnel seja de comprimento curto. Assim funciona com os elétrons, pois
se o fio for muito fino, a resistência será maior, dificultando a passagem desses
elétrons. E se houver um fio muito comprido, a resistência também será maior
devido à dificuldade que os elétrons têm para percorrer aquela distância.
Diego Fernandes (2012)

Figura 3 -  Seção transversal


Fonte: Adaptado de Portal São Francisco ([200-])

Quando um determinado material possui muitos elétrons na camada de Va-


lência, ele se torna um isolante elétrico.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
22

Se o átomo de um material elétrico possui de 1 a 3 elétrons na camada de Va-


lência, significa que ele é um bom condutor. Se tiver 4 ou 5 elétrons, esse átomo é
considerado um semicondutor, e de 6 a 8, trata-se de um isolante elétrico, ou seja,
um mau condutor, como o plástico, a borracha, entre outros.

Os livros de física do 3º ano do ensino médio explicam


VOCÊ sobre a eletricidade. Isso pode ser um facilitador para a
sua compreensão. Caso queira conhecer o assunto mais
SABIA? a fundo, basta ir a uma biblioteca e pedir um livro de
física do terceiro ano.

Nesta etapa do conteúdo, você conheceu a dificuldade que a corrente elétrica


enfrenta ao passar por condutores elétricos finos ou muito longos. Com isso, é
possível avaliar se o tempo também causará interferência na locomoção dos elé-
trons. Para realizar tal avaliação, você estudará, a seguir, Potência Elétrica.

2.4 POTÊNCIA ELÉTRICA

A Potência Elétrica pode ser definida como a velocidade com que se produz
trabalho, ou com que se gasta energia. Assim, cada componente de um circuito
tem uma potência específica.
Para que você possa entender melhor, imagine ligar dois aquecedores de
água. O aquecedor A ferve um litro de água em 1 hora, enquanto que o aquece-
dor B ferve 2 litros de água a cada 1 hora. Nesse caso, perceba que o aquecedor
B é mais potente que o aquecedor A, pois realiza mais trabalho que o outro no
mesmo tempo, ou seja, B é mais potente que A.
Você deve estar curioso para saber o que fazer para saber a potência elétrica
de um componente. Pois para conhecer essa potência, basta realizar um cálculo
simples, utilizando a fórmula a seguir, que pode ser retirada do triângulo de fór-
mulas de potência, considerando as informações existentes. Sendo assim, você
deve identificar quais as informações que possui para determinar qual é a fórmula
mais adequada.
O triângulo de fórmulas é a representação da formação das fórmulas utilizadas
para realizar um cálculo. Dentro deste triângulo estão os símbolos das grandezas
elétricas e, ao isolar uma das grandezas, você pode identificar o cálculo a ser re-
alizado. Conforme figura que você verá a seguir, na parte superior do triângulo
está o W, que representa a potência elétrica. Logo abaixo, estão os símbolos I, que
2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
23

representa a corrente elétrica, e o U, que representa a tensão elétrica. A tensão


elétrica também pode ser representada pelas letras E e V. Repare que o símbolo
de cima do triângulo se divide pelos dois de baixo, que se multiplicam entre si.

Diego Fernandes (2012)

Figura 4 -  Fórmulas de Potência


Fonte: Adaptado de Electriauto ([200-])

Para entender como utilizar a fórmula que você acabou de ver, acompanhe
o seguinte exemplo: Como saber a potência de um circuito alimentado por uma
fonte de 12v e corrente de 0,02A?

W=VxI
W = 12v . 0,02A
W = 0,24W

Note que a fórmula foi extraída do triângulo, separando o W e utilizando as


demais informações.

2.5 LEIS DE OHM

O físico e matemático alemão George Simon Ohm estudou, no século XVIII, a


relação da diferença de potencial e da corrente elétrica e, com isso, criou uma lei
física que é muito simples e bastante utilizada nos projetos elétricos até hoje: a
Lei de Ohm.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
24

3 INVERSAMENTE A Lei de Ohm diz que a corrente elétrica é diretamente proporcional à tensão,
e inversamente3 proporcional à resistência elétrica. Essa teoria pode ser represen-
Quando alguém diz que
algo é inversamente tada pela seguinte fórmula:
proporcional, está
querendo dizer que ele
é o contrário, ou seja, no
caso de uma fórmula, algo I= V
diretamente proporcional
é igual, e inversamente R
proporcional é algo que
divide o que é diretamente
proporcional.
Conforme esta fórmula, I representa a corrente elétrica, enquanto V represen-
ta a tensão elétrica e R representa a resistência elétrica.
Mas a Lei de Ohm também possui um triângulo de fórmulas devido às suas
variações, conforme figura seguinte. Você terá uma roda de fórmulas que contém
todas as fórmulas aplicadas à eletricidade automotiva. Veja!

Diego Fernandes (2012)

Figura 5 -  Fórmulas elétricas


Fonte: Adaptado de Engenharia Agrícola Ambiental (2010)

O uso dessas fórmulas é bem simples. Para calcular a tensão, por exemplo, bas-
ta saber quais as informações da fórmula estão disponíveis e, em seguida, sele-
cionar a fórmula mais adequada. Então, para calcular a tensão, se você souber que
um circuito tem 10Ω, e que por ele percorre uma corrente de 15A, basta aplicar a
fórmula V = R x I para encontrar o valor da tensão, que nesse caso será de 150V.
Você utilizará bastante estas fórmulas durante este curso, por isso memorize
bem esta parte do conteúdo.
2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
25

2.6 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Conforme conteúdo recém visto, você já sabe como calcular os valores de re-
sistência, potência, corrente e tensão, mas saiba que nem sempre é necessário
calcular, já que existem instrumentos para realizar estas medições.
Um dos principais instrumentos que você precisa conhecer é o multímetro,
capaz de realizar diversas medições elétricas. Se você souber utilizá-lo correta-
mente, ele será um grande aliado em seu dia a dia, no momento de reparar uma
motocicleta. Então, que tal conhecê-lo melhor? Primeiramente, conheça o apare-
lho e seus componentes, representado na figura a seguir.

Diego Fernandes (2012).

Figura 6 -  Multímetro Digital

O multímetro possui diversas escalas, que podem ser ajustadas por um seletor,
conforme a necessidade. Por isso possui este nome, já que não mede apenas uma
unidade de medida.
Quando se pretende saber qual é a tensão de um circuito, e utilizar o multí-
metro para ter esse retorno, deve-se selecionar a escala de tensão no multímetro
e ligá-lo em paralelo ao circuito, conforme figura a seguir. Mas se você ligar de
forma errada poderá danificar o aparelho.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
26

Então, antes de ligar o aparelho ao circuito, é preciso conectar as pontas de


prova corretamente: sendo a ponta de prova preta no borne indicado por COM,
que representa o negativo; e a ponta de prova vermelha no borne que tiver o
símbolo V.

iStockphoto ([20-?])
Figura 7 -  Pontas de prova do multímetro

Diego Fernandes (2012)

Figura 8 -  Multímetro ligado em paralelo


2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
27

No seletor do aparelho é possível selecionar a unidade decimal, como por


exemplo, 200v ou 200mv.

Quando você não tiver noção do valor de medida a ser en-


FIQUE contrado, então coloque no valor mais alto do multímetro
e vá baixando até encontrá-lo. Por exemplo, se eu não sei
ALERTA o valor de tensão da bateria, vou colocar em 200v e baixo
até encontrar o valor de 12v na tela do aparelho.

Na escala do multímetro é preciso, ainda, optar pela medição da tensão contí-


nua ou alternada. O mesmo ocorre com a corrente elétrica, pois saiba que a eletri-
cidade de todas as motocicletas e veículos é contínua, sendo corrente ou tensão
alternada somente em residências.
Roberto Dusik (2012)

Figura 9 -  Tensão alternada


Fonte: Adaptado de Mercedes-Benz (2008)
Roberto Dusik (2012)

Figura 10 -  Tensão contínua


Fonte: Adaptado de Mercedes-Benz (2008)
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
28

Para medir a corrente elétrica, você deve selecionar se ela é contínua ou al-
ternada, e sempre ligar em série com o circuito, como se cortasse o fio e em cada
ponta cortada colocasse uma ponta de prova. Mas tome cuidado, pois se não ligar
em série, pode danificar o aparelho.

Roberto Dusik (2012)


Figura 11 -  Corrente elétrica
Fonte: Adaptado de Mercedes-Benz (2008).

Ao utilizar o multímetro para medir a corrente elétrica, os cuidados devem ser


maiores e, como sempre, deve-se observar qual o valor de medida será encontra-
do. Para isso, você precisa ter uma ideia do valor que irá encontrar, caso contrário,
o valor encontrado pode passar da capacidade do multímetro e danificar o apa-
relho.
Sempre que realizar uma medição de corrente elétrica, preste atenção para
não exceder mais de 30 segundos com o circuito ligado. E entre uma medição e
outra é recomendável aguardar 5 minutos, para que os componentes do multí-
metro possam resfriar, evitando assim, danos ao aparelho.
Diego Fernandes (2012)

Figura 12 -  Ligação em série do multímetro


2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
29

Para medir a resistência de um componente, é necessário removê-lo do circui-


to, pois todo componente elétrico tem uma resistência, inclusive os condutores.
A escala de resistência também nos permite verificar se um condutor está rom-
pido, uma vez que ao conectar as pontas de provas nas pontas do condutor e
nenhum valor aparecer, mesmo mudando o valor da escala do aparelho, significa
que não passa energia por ele.

Roberto Dusik (2012)

Figura 13 -  Ligação em série do multímetro


Fonte: Adaptado de Mercedes-Benz (2008)

Essa dica também vale para verificar se dois condutores estão encostados ou
em curto entre si. Para isso, é necessário colocar uma ponta de prova em cada
condutor, o qual não deverá apresentar nenhum valor, já que eles devem estar
isolados um do outro. Se aparecer algum valor, é por que a isolação está danifi-
cada.

SAIBA Você pode saber um pouco mais sobre multímetros e outros


instrumentos de medições elétricas no site <http://www.ele-
MAIS tronica24h.com.br>.

Você vai conseguir utilizar um multímetro com praticidade após estar familia-
rizado com ele. Claro que o início requer um pouco mais de esforço, mas, com o
tempo, você conseguirá utilizá-lo com bastante familiaridade. Caso seja do seu
interesse, você poderá adquirir um multímetro importado da Ásia, pois estes são
muito baratos e têm as principais funções. E, futuramente, você poderá adquirir
um mais profissional, para o seu dia a dia no trabalho.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
30

4 PULSO DAS BOBINAS Além do multímetro há outros instrumentos de medição para cada unidade
de medida, como é o caso do Amperímetro, que mede somente a corrente elétri-
É um pulso elétrico enviado
das Bobinas de Ignição para ca. Mas foi para evitar altos custos com ferramentas diversas que foi criada uma
as velas do motor. única para atender mais de uma medição.
Existe também o multímetro automotivo, que é bastante prático para quem
trabalha com manutenção de automóveis, pois é possível medir, inclusive, o pul-
so das bobinas4, entre outras vantagens.

CASOS E RELATOS

O problema da lâmpada
Antônio da Costa, morador da cidade de São Paulo, comprou uma moto
há dois anos para poder se locomover com mais rapidez de casa até o
trabalho. Há cerca de um mês, percebeu que havia algo errado com a
parte elétrica da sua motocicleta, pois notou que uma lâmpada, a qual já
havia trocado diversas vezes, queimava constantemente. Então ele pes-
quisou um pouco mais sobre a parte elétrica da moto e percebeu que a
lâmpada estava mal dimensionada, ou seja, o circuito em que ela estava
trabalhando sobrecarregava. Antônio precisou refazer o chicote para que
a lâmpada parasse de queimar. Esse dimensionamento do chicote elé-
trico somente foi possível porque Antônio conhecia a corrente elétrica
percorrida pelos condutores e também a tensão elétrica que o circuito
trabalhava.
Antônio percebeu que sempre que precisar refazer um chicote, ou repa-
rar um defeito no sistema elétrico de uma motocicleta, é preciso fazer
dentro dos padrões de qualidade do fabricante, para que o funcionamen-
to e a vida útil dos componentes sejam preservados e correspondam ao
que foi projetado.
É claro que este é um caso raro, mas, muitas vezes, será necessário refazer
um chicote. Por isso, é importante saber estes conceitos, para poder iden-
tificar defeitos que possam aparecer ao longo de sua vida profissional.
2 GRANDEZAS E UNIDADES ELÉTRICAS
31

RECAPITULANDO

Neste primeiro capítulo, você estudou os principais conceitos da física,


os quais estão relacionados aos sistemas elétricos. Consequentemente,
aprendeu sobre as grandezas elétricas e ainda sobre as leis da física, que
estudam essas grandezas. Por fim, você aprendeu a calcular estas gran-
dezas e como utilizar o multímetro, instrumento este que lhe será muito
útil durante sua vida profissional.
O multímetro, conforme visto, é um instrumento bastante utilizado pelos
eletricistas em diversas funções, por isso, se você ainda ficou com algu-
ma dúvida, releia o conteúdo deste capítulo. Uma vez que, quanto mais
você ler, mais você memoriza o que aprende, compreendendo melhor as
informações transmitidas.
Componentes Elétricos e Eletrônicos

Conforme conteúdo do capítulo anterior, você aprendeu alguns conceitos da eletricidade


veicular, além de conhecer algumas unidades de medidas que passam pelos componentes de
um circuito elétrico. Desta forma, será dada continuidade aos estudos sobre a eletricidade, em
que serão abordados alguns componentes elétricos que estão presentes nas motocicletas.
Você certamente já deve ter ouvido falar em módulo de controle, em relé da luz indicadora
de direção (ou seta) e em outros componentes semelhantes, certo? Pois dentro destes compo-
nentes existem outros eletroeletrônicos que irão realizar o funcionamento da moto. É o que
você irá conhecer.
Ao encerrar este capítulo que se inicia, você estará apto para:
a) identificar os mais diversos componentes de um sistema eletroeletrônico;
b) compreender as diferenças e o funcionamento de componentes, como resistor, capaci-
tor, indutor, fusível, condutores, relés e diodos.
Preparado para mais um aprendizado aprofundado? Lembre-se de tirar dúvidas com seu
professor, caso elas ocorram. Você também poderá realizar uma boa troca de informações com
seus colegas. Um bom diálogo pode, muitas vezes, realçar o que você acabou de conhecer.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
34

1 TUBO DE BAQUELITE 3.1 RESISTOR


É um tubo feito com um Você sabe qual é a utilidade um resistor? Os resistores, componentes cons-
material plástico muito
resistente (principalmente truídos com um determinado valor de resistência, são utilizados nos circuitos
ao calor e à eletricidade). O
Baquelite é uma variação eletrônicos, de forma a oferecer maior resistência à corrente elétrica e, com isso,
de polímero, que são diminuir ou dividir as tensões elétricas. São dois os tipos de resistores: os de re-
composições plásticas.
sistência fixa e os que variam sua resistência. São construídos de pó de carbono e
prensados em um tubo de baquelite1.
Nas figuras seguintes, conheça os dois modelos de resistores, bem como, os
símbolos que os representam.

Thales (2011), Matheus (2011)


Figura 14 -  Resistor Fixo
Fonte: Thales e Matheus (2011)

Manuel (2011)

Figura 15 -  Resistor Variável


Fonte: Manuel Andrade (2011)
Diego Fernandes (2012)

Figura 16 -  Símbolo de Resistor


3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
35

Como os resistores fixos possuem uma resistência fixa e determinada, então


existe uma classificação por cores, para identificar os tipos de resistores empre-
gados em um esquema elétrico. Cada anel do resistor equivale a um valor de re-
sistência, e o anel mais afastado equivale à tolerância de resistência, conforme é
mostrado na figura a seguir.
Para identificar o valor é necessário seguir a tabela da seguinte maneira:
a) multiplique o número 5 da 1ª faixa, de cor verde, pela 2ª;
b) adicione os zeros da 3ª faixa.
Assim, de acordo com a figura, e analisando o componente da imagem, é de-
terminado o seguinte:
5 x 6 + 00 = 3.000Ω +- 5%

Diego Fernandes (2012)

Figura 17 -  Identificação da resistência de um resistor


Fonte: Adaptado de Burgos Eletrônica ([200‑])

Considerando as faixas da esquerda para direita, o valor 5 corresponde à pri-


meira cor do resistor. O valor 6 corresponde à segunda cor do resistor. A quanti-
dade de zeros é correspondente à terceira cor, que neste caso é vermelha, e assim
é inserido dois zeros à conta. Por fim, a quarta cor representa a tolerância do resis-
tor, que neste caso é a cor dourada, representando o valor de 5%.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
36

2 SOBRECARGA

SAIBA Você pode saber mais sobre este e outros componentes ele-
É o que acontece quando troeletrônicos no endereço: <www.eletronicadidatica.com.
a tensão enviada é alta MAIS br>.
demais ou, ainda, quando
a tensão ou corrente é
superior ao que o condutor
suporta.

3.2 CAPACITOR

O capacitor é um componente elétrico que armazena cargas elétricas na forma


de campo magnético, sua função é armazenar energia. Ele é composto por duas
placas condutoras e um isolante chamado Dielétrico.
Quando o capacitor está instalado em um circuito elétrico, ao energizar este
circuito, ele se carrega e permanece carregado até que algum comando o des-
carregue, como o flash das máquinas fotográficas, por exemplo. Mas o capacitor
também é utilizado como um estabilizador de tensão para evitar oscilações de
energia no circuito e ainda funciona como um bloqueio em casos de sobrecarga2,
pois não permite a passagem da corrente quando já está carregado.
Os capacitores variam conforme o material que foi construído. Podem ser
constituídos de alumínio com folha de plástico, de material cerâmico ou, ainda,
de óxido de alumínio ou tântalo.
Diego Fernandes (2012)

Figura 18 -  Capacitor
Fonte: Adaptado de Eletrônica Didática ([200_])
3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
37

3.3 INDUTOR

O indutor, também conhecido como solenoide ou bobina, tem função pa-


recida com a do capacitor, pois também armazena energia em forma de campo
magnético. É muito utilizado como filtro para eliminar os ruídos nos circuitos ele-
trônicos, como nos rádios, por exemplo.
Os indutores podem ser instalados em conjunto, formando, assim, transfor-
madores, sendo que quando estão em conjunto com capacitores, eles podem
diminuir ou aumentar frequências específicas.
Nas motocicletas, os indutores são muito usados para evitar interferências nos
componentes eletrônicos, como os módulos de injeção, pois podem atrapalhar o
funcionamento do módulo.

3.4 FUSÍVEL

O fusível é um componente que normalmente é fabricado em alumínio. Sua


principal função é proteger um circuito de curtos ou sobrecargas. Existem dois
tipos de fusível: o de tipo “faca” e o de tipo “vidro”.
Como cada condutor tem uma resistência específica, a dos fusíveis é deter-
minada conforme a corrente que passa por ele, dando uma tolerância para as
oscilações.
Para você ter uma ideia, imagine que em um circuito que passa 8A é necessá-
rio adicionar 50% a este valor de corrente elétrica para determinar o fusível. Como
não existe fusível de 12A, utiliza-se o fusível de 15A, pois o de 10A queimaria fa-
cilmente. Portanto, para determinar qual fusível deve ser utilizado no circuito, é
preciso saber qual a corrente que passa por ele, e então somar 50% do seu valor.
Por este motivo, você precisa ter em mente as fórmulas e processos de cálculos
de resistência, tensão e corrente.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
38

iStockphoto ([20-?])
Figura 19 -  Fusível tipo “Faca”

Pauloqg (2012)

Fonte: Brasil Escola (2012)

O fusível é a proteção do sistema elétrico. Portanto, se um


determinado fusível estiver queimando constantemente,
FIQUE o motivo deve ser verificado. Nesses casos, jamais deve
ser colocado um fusível de maior capacidade sem realizar
ALERTA o cálculo de consumo de corrente elétrica, pois esta ação
pode causar um superaquecimento nos condutores e o
veículo (ou motocicleta) pode pegar fogo.
3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
39

3.5 CONDUTORES

Condutores elétricos são os responsáveis por criar condições de passagem da


corrente elétrica. Os cabos elétricos mais usados são fabricados em cobre, pois
este material apresenta baixa resistência e um valor de fabricação mais em conta.
O metal com maior capacidade condutora é o ouro, mas devido ao seu alto valor,
ficaria inviável fabricar condutores elétricos com este material.
Os condutores possuem uma resistência determinada, como todo componen-
te elétrico, sendo que esta resistência pode variar conforme o comprimento e a
seção transversal, como visto no capítulo anterior. Quanto ao isolamento, este é
projetado conforme a temperatura que o respectivo condutor é especificado a
suportar.
A realização de emendas nos condutores também aumenta sua resistência,
além de possibilitar um mau contato, por isso, o melhor é evitar o corte dos con-
dutores.
Quando realizada uma emenda, é necessário realizar um novo isolamento,
com fita isolante. Esta deve ser enrolada com firmeza para se adaptar ao condu-
tor. Também pode ser utilizado um isolante termo retrátil, que encolhe quando
aquecido.

3.6 RELÉ

O relé é um componente muito usado nas motocicletas, capaz de evitar supe-


raquecimentos e ações mais rápidas nos circuitos. É um componente que coman-
da uma corrente alta com um sistema que consome uma corrente baixa.
É constituído de uma bobina que, quando recebe uma corrente elétrica, gera
um campo magnético que atrai uma armadura de metal, fechando o circuito e
permitindo a passagem da corrente elétrica. Acompanhe, na figura seguinte, uma
representação do relé e de seus componentes.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
40

Diego Fernandes (2012)


Figura 20 -  Representação do Relé
Fonte: Adaptado de Saber Eletrônica (2008)

Para melhor entender a figura, nos terminais da bobina são conectadas uma
alimentação negativa da bateria e uma positiva, que vem do interruptor de co-
mando. No terminal C, chega um positivo direto da bateria e quando a bobina
atrai a armadura, esta energia positiva passa para o terminal NA.
Quanto aos termos técnicos, têm-se os seguintes terminais:
Terminal 0, que é um positivo direto da bateria, portanto está sempre energi-
zado positivamente, mesmo com a moto desligada.
Terminal 31, que é ligado da bobina ao negativo da bateria.
Terminal 86, que é ligado da bobina ao interruptor de comando. Quando
acionado o interruptor de comando, a bobina irá gerar o campo magnético por
causa do terminal 31, que está no negativo da bateria.
Terminal 87, que é a saída principal.
Terminal 87a, que é um terminal de saída auxiliar.

Que os relés universais podem ser usados no lugar dos


VOCÊ relés de farol? Analisando a construção do farol, você
SABIA? pode utilizar dois relés universais para substituir um relé
auxiliar do farol. Mas só faça isso em último caso!
3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
41

Diego Fernandes (2012)


Figura 21 -  Relé universal
Fonte: Adaptado de Fundamental de Serviço Mercedes-Benz (2012)

No caso dos piscas, também há relés, mas com terminais diferentes, pois cada
linha tem uma numeração para evitar confusões. Neste caso, o relé do pisca pos-
sui apenas três terminais: o 31, que é negativo; o 49, que é o positivo e que vem
da chave de seta; e o 49ª, que é a saída que vai para a lâmpada do pisca. Conforme
você poderá ver, na figura a seguir. Esta, por sua vez, deve ser ligada a um nega-
tivo também.
Diego Fernandes (2012)

Figura 22 -  Relé de Pisca

Acompanhe, a seguir, um caso ocorrido com Thiago, que teve problemas com
o pisca da sua moto enquanto circulava com ela.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
42

3 RETIFICAR

Afirmar que um diodo CASOS E RELATOS


retifica uma tensão significa
informar que ele transforma
uma tensão alternada - que
como o nome diz, oscila O relé do pisca
suas ondas - em tensão
contínua, a qual é utilizada Thiago, aluno do curso técnico em Segurança do trabalho, no SENAI de
nas motocicletas.
Ponta Grossa, teve problemas com sua motocicleta ao se encaminhar à
unidade, pois ela não dava mais pisca. Então, ele a levou para a oficina
mecânica mais próxima da escola.
Chegando lá, o técnico Silvinho examinou a moto com atenção e chegou
à conclusão de que o defeito era no relé do pisca.
Foi quando Thiago perguntou como ele tinha chegado a essa conclusão,
e Silvinho respondeu:
- Primeiro verifiquei se o fusível estava bom, nada tinha de errado com
ele. Em seguida, verifiquei as lâmpadas, que também estavam funcionan-
do perfeitamente. Restou, então, verificar se o relé tinha negativo e se
estava tudo certo com a ligação negativa.
- Verifiquei também se a chave de comando estava enviando positivo ao
relé e se estava em boas condições. Depois, se este positivo chegava ao
relé e se estava normal.
- Ao conferir se saía positivo pelo terminal 49a do relé, notei que não es-
tava saindo. Concluí, então, que o defeito era no relé.
Silvinho explicou para Thiago que quando o relé começa a apresentar
problemas ou entra em curto é sinal de que a vida útil dele está no fim,
ou então, pode se tratar de um problema de fabricação.
Depois de substituir o relé defeituoso, o pisca da motocicleta de Thia-
go passou a funcionar perfeitamente. O mecânico ainda esclareceu para
Thiago que todos esses testes foram realizados utilizando o multímetro
na escala de tensão elétrica contínua, selecionado na escala de 20V.
3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
43

3.7 DIODOS

Os diodos são componentes eletrônicos semicondutores de vários tipos, os


quais têm por função principal retificar3 a corrente elétrica.
Conheça, a seguir, os tipos e funções dos diodos.
a) Diodo Zenner é um diodo que pode determinar a tensão de corte em seus
terminais. É utilizado, portanto, em circuitos eletrônicos, quando não pode
passar de uma determinada tensão de trabalho.
b) O diodo retificador retifica a tensão e a corrente que passa por ele, sendo
muito usado nos alternadores de automóveis.
c) O Diodo emissor de Luz, conhecido como LED, emite luz, variando de cor
conforme sua construção.
d) O Foto Diodo é acionado quando recebe luz, como a fotocélula que acende
a luz do poste da rua.

Que os componentes eletrônicos estão presentes em


VOCÊ todas as motocicletas, mas sua reparação é realizada
por eletrônicos? Nesse caso, a solução é substituir o
SABIA? componente por inteiro, como um módulo de ignição,
por exemplo.

O ponto em comum entre todos estes diodos é, sem dúvida alguma, que a
corrente passa por ele somente em um sentido. Por isso, ele é muito usado quan-
do se quer direcionar a corrente, permitindo a entrada da corrente no Anodo e a
saída, no Catodo.
Veja o símbolo dos principais diodos.
Diego Fernandes (2012)

Figura 23 -  Principais Diodos e seus símbolos


Fonte: Adaptado de Fundamental de Serviço Mercedes-Benz (2012).
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
44

RECAPITULANDO

Neste interessante capítulo, foi possível conhecer os componentes ele-


trônicos presentes nas motocicletas, bem como seu funcionamento e
suas principais aplicações. Com este aprendizado, você poderá interpre-
tar melhor os esquemas elétricos e, consequentemente, saber mais so-
bre o funcionamento de módulos de controle, além de sistemas elétricos
mais complexos.
Sendo assim, você acaba de dar mais um passo rumo ao conhecimento,
pois cada capítulo concluído é um passo mais próximo da qualificação
profissional.
3 COMPONENTES ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS
45

Anotações:
Ferramentas

Até este momento você aprendeu sobre alguns conceitos básicos, porém fundamentais,
para seguir adiante com seus estudos. Em seguida, você poderá entender definitivamente
como funciona a eletricidade em motocicletas. Mas, até lá, será necessário que você conheça
alguns princípios sobre as ferramentas de trabalho.
Ao término deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer os diversos tipos de ferramentas e suas aplicações;
b) aplicar procedimentos que visam a organização e conservação das ferramentas empre-
gadas durante a manutenção dos sistemas eletroeletrônicos e também da própria oficina;
c) introduzir, em seu local de trabalho, técnicas que objetivam a segurança no manuseio das
ferramentas.
Portanto, o conteúdo deste capítulo também merece atenção, pois algumas ferramentas
exigirão atenção especial durante o seu manuseio, além da segurança na execução dos traba-
lhos - sendo esta uma atitude que todo profissional deve lembrar, de forma a evitar acidentes.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
48

1 REPARADOR 4.1 DEFINIÇÃO


Reparador é o termo Ferramentas são utensílios empregados em trabalhos manuais ou mecânicos,
técnico do mecânico,
utilizado por praticar um portanto, existem diversos tipos de ferramentas, da mesma forma que existem
ato de reparação em uma
motocicleta. vários tipos e formas de parafusos. Às vezes, é preciso de uma ferramenta especí-
fica, devido à dificuldade de acesso a um determinado local da motocicleta.
Você, como reparador1 de motocicletas, provavelmente irá confeccionar al-
2 ESTOCAGEM gumas ferramentas que facilitem certas ações decorrentes do dia a dia de uma
oficina. Esta é uma atitude bastante comum no ramo automotivo, pois é comum
É o ato de armazenar
qualquer produto ou pensar de que forma é possível executar os serviços com qualidade, agilidade e
ferramenta. Deve ser honestidade. Às vezes, a falta de uma ferramenta apropriada impede que seja
feito com atenção para
minimizar o espaço realizado determinado serviço da forma mais correta. Se for preciso apertar um
utilizado e permitir
segurança no manuseio.
parafuso que fica dentro da tampa do motor, por exemplo, e o acesso for muito
estreito, não havendo uma ferramenta que facilite este acesso, corre-se o risco de
este parafuso ficar mal apertado e, futuramente, vir a afrouxar e soltar, provocan-
do danos graves ao motor.
Portanto, é importante usar a ferramenta correta, principalmente no momen-
to da reparação em uma moto. Pense nisso antes de iniciar os reparos, e também
se você ou a oficina em que trabalha - ou irá trabalhar - possui as ferramentas
necessárias. Caso contrário, será preciso providenciar tais ferramentas antes do
reparo a ser feito, afinal, você precisará delas para realizar seu trabalho correta-
mente, e por representarem um investimento na oficina, estas possibilitarão à
oficina obter lucro.

4.2 TIPOS DE FERRAMENTAS

Existem diversos modelos, tamanhos, formas e aplicações das ferramentas.


Desta forma, foi criada uma classificação para facilitar a estocagem2, a venda, o
manuseio e o diálogo entre profissionais do ramo. Existe ainda uma preocupa-
ção quanto à armazenagem das ferramentas, pois, ao classificá-las, é possível
definir as mais usadas no dia a dia e deixá-las em um local de fácil acesso. Ao
mesmo tempo, as ferramentas que são usadas semanalmente, ou seja, uma ou
duas vezes por semana, não precisam, necessariamente, estar no carrinho ou na
caixa de ferramentas, evitando assim, um peso desnecessário. Portanto, convém
armazená-las conforme o tipo, com o objetivo de facilitar o acesso no momento
de utilizá-las.
Mas você deve estar se perguntando: “Que tipos de ferramentas são essas?”
Conheça, a seguir.
4 FERRAMENTAS
49

4.2.1 FERRAMENTAS UNIVERSAIS E SUAS FUNÇÕES

Ferramentas universais são as ferramentas comuns utilizadas, por exemplo,


para apertar ou afrouxar parafusos ou porcas comuns, além de serem, também,
ferramentas de uso geral, tal como um alicate.
Em geral, são usadas no dia a dia de uma oficina mecânica. São guardadas em
caixas de ferramentas, armários ou painéis, ou seja, estão sempre ao alcance do
reparador, pois são as ferramentas mais usadas e, normalmente, não possuem
um uso específico. Em outras palavras, elas podem ser usadas em diversos tipos
de aplicação.
Conheça alguns exemplos de ferramentas universais e suas funções.
Alicate universal – serve para segurar, agarrar, cortar, girar, dentre outras fun-
ções que você achar possível, desde que não o danifiquem.
Alicate de bico curvo – tem a mesma função do alicate universal, com a di-
ferença de ter seu bico mais afinado, o que permite o acesso a lugares menores.
Chave de boca e chave estrela – são ferramentas usadas no dia a dia da ofici-
na para apertar e afrouxar tipos comuns de parafusos e porcas.
Chave de fenda e Philips – são ferramentas alongadas que servem para aper-
tar e afrouxar parafusos com cabeça fenda e Philips.
Martelo ou marreta – possuem diversos modelos, no entanto, sua função é a
mesma: a de macetar ou bater peças para sua instalação ou remoção.
Estas ferramentas são alguns exemplos da categoria universal, sendo que cada
uma delas possui variações de modelos e tipos, como, por exemplo, o martelo,
que pode ser do tipo bola, pena, de carpinteiro e de chapeador - no entanto, to-
dos têm a mesma função, o que muda é a aplicação.
Brand X Pictures ([20-?]), iStockphoto ([20-?])

Figura 24 -  Chave fenda e Philips


ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
50

iStockphoto ([20-?])
Figura 25 -  Chave de boca

iStockphoto ([20-?])
Figura 26 -  Alicate Universal

VOCÊ Que existem diversas lojas de vendas de ferramentas e


praticamente todas elas possuem ferramentas para a
SABIA? manutenção de motos?

4.2.2 FERRAMENTAS ESPECIAIS E SUAS FUNÇÕES

Ferramentas especiais são aquelas que não possuem um uso generalizado, ou


seja, não podem ser usadas em qualquer parafuso ou peça. Como exemplo, é pos-
sível citar uma ferramenta utilizada para a remoção de um rolamento de um eixo.
Para tanto, é necessário o uso das ferramentas universais para desmontar o eixo
e, depois, removê-lo da motocicleta. Já para extrair o rolamento, é preciso ou-
tra ferramenta, chamada Extrator de Rolamentos. Este extrator é uma ferramenta
especial, pois serve somente para extrair aquele tipo de rolamento (interno ou
externo), variando somente de tamanho.
4 FERRAMENTAS
51

Existe também uma ferramenta para regular válvulas de motocicletas, conhe-


cida como Calibre de Válvulas , que também é considerada especial, pois é utili-
zada somente para este fim, mas não somente para esta peça, ou seja, pode ser
usada para regular as válvulas de qualquer motocicleta que a necessite - como é
o caso do extrator de rolamentos, que pode ser usado para extrair o rolamento de
qualquer componente que permita sua aplicação.

Zamper Ferramentas e Cursos ([20-?])

Figura 27 -  Extrator de Rolamentos


Fonte: Zamper (2012)
Diego Fernandes (2012)

Figura 28 -  Calibre de válvulas


Fonte: Adaptado de Manual de serviço Yamaha (2000)
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
52

4.2.3 FERRAMENTAS ESPECÍFICAS E SUAS FUNÇÕES

As ferramentas específicas também são ferramentas especiais, no entanto, as


ferramentas especiais podem ser usadas em um único propósito, mas em vários
veículos ou componentes. Já as ferramentas específicas, só podem ser usadas em
um determinado componente ou veículo, não sendo possível, assim, aplicar em
outra motocicleta, pois pode danificar a moto ou a ferramenta.
Suas funções são as mesmas das ferramentas especiais, ou seja, permitir o
ajuste, a remoção ou a instalação de determinados componentes.
Para que você possa entender melhor, imagine que chegou em sua oficina
uma motocicleta de alta cilindrada. Esta moto possui um motor de quatro cilin-
dros em linha, e o cliente está reclamando que a mesma está falhando. Ao ana-
lisar, você percebeu que o problema é que ela está fora do ponto. Então, como
ajustá-la?
Para realizar este serviço você precisará de ferramentas universais para des-
montar as tampas e carenagens, além de alguns componentes agregados ao mo-
tor. Precisará, também, de uma ferramenta especial para remover o volante, caso
seja necessário trocar a correia. Talvez você precise, ainda, de um conjunto de
ferramentas específicas para colocar este motor no ponto.
Como você pode perceber, todas essas ferramentas servem somente para este
serviço e para este tipo de motor.

SAIBA Sobre ferramentas pesquisando no site da Oficina


Brasil, através do link: <arquivo.oficinabrasil.com.br/
MAIS noticias/?COD=3019>.

4.3 ORGANIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO

Você deve saber que o bom funcionamento e a durabilidade das ferramen-


tas depende do estado de conservação de ambos. Por esse motivo, todas devem
ser guardadas limpas e sem resíduos de óleo ou graxa, acondicionadas em locais
apropriados e arejados, e longe de umidade e sol. Estes cuidados são imprescin-
díveis para que a vida útil das ferramentas seja a maior possível. Mas saiba que
somente o devido armazenamento não garante isto, é necessário utilizá-las cor-
retamente, observando se a ferramenta aplicada é a apropriada para o serviço em
questão, e se a forma a ser utilizada não causará danos a ela.
4 FERRAMENTAS
53

Além do cuidado com a limpeza, a organização é muito importante. Guardar


as ferramentas em local apropriado e em espaço destinado somente para elas
evitará possíveis danos e extravios, além de todos os funcionários saberem onde
elas se encontram, sempre que for preciso. Outra vantagem é que qualquer clien-
te que entre em sua oficina terá uma boa impressão ao ver que a oficina é mui-
to organizada e limpa e, consequentemente, este fator ajudará no aumento das
vendas e dos serviços que a oficina oferece.
Na figura seguinte, veja um exemplo de organização de uma oficina.

Manual de serviço Yamaha (2000)

Figura 29 -  Exemplo de oficina organizada

4.4 ASPECTOS DE SEGURANÇA E MANUSEIO

Você percebeu que o assunto sobre a utilização correta das ferramentas foi um
dos mais abordados até o momento? Isto porque é preciso ter bastante cuidado
para não danificar as peças ou, até mesmo, a própria ferramenta. Contudo, existe
outro fator muito relevante, que é a segurança no trabalho, segurança esta que
envolve você e seus colegas. Se você utilizar uma ferramenta inadequada, danifi-
cada, suja de graxa ou óleo, pode colocar sua saúde em risco, pois a mesma pode
escapar e você vir a sofrer um acidente de trabalho. É importante, também, que
você utilize óculos de proteção o tempo todo, pois, às vezes, pode escapar algo
de suas mãos ou pode espirrar algum líquido em você, e isto, em contato com os
olhos, pode causar sérios danos à visão. Já ocorreram casos do reparador perder a
visão de um dos olhos ao utilizar a marreta para bater em uma peça, pois, ao exe-
cutar a função, a peça pode soltar uma lasca de ferro e atingir o olho do mesmo.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
54

3 PAINEL
Ao adquirir ferramentas, é importante verificar se são de
É o local onde são marcas confiáveis, se foram fabricadas de acordo com os
demonstradas as principais FIQUE padrões de qualidade estabelecidos pela Associação Brasi-
situações da motocicleta, leira de Normas Técnicas (ABNT) e se podem causar danos
contendo: o velocímetro, o
ALERTA à sua saúde ou danificar algum componente . Lembre-se
conta-giros, as lâmpadas- de que comprar ferramentas de excelente qualidade é um
piloto e o marcador de investimento para a oficina.
combustível.

Agora que você adquiriu estes conhecimentos, já sabe como trabalhar corre-
tamente e utilizar, de maneira eficaz, as ferramentas. No próximo capítulo, você
avançará seus estudos sobre o assunto ‘equipamentos’. Então, bons estudos!
Veja, a seguir, o exemplo de Alberto, que alertou seus funcionários sobre a im-
portância com o cuidado, a manutenção e o manuseio das ferramentas na oficina
mecânica.

CASOS E RELATOS

Ferramenta: custo ou investimento?


Alberto era um jovem empreendedor e de grandes ambições. Como gos-
taria de abrir uma oficina de motocicletas, começou a pesquisar quais
ferramentas deveria comprar. Ele decidiu que era mais vantajoso gastar
um pouco mais e comprar ferramentas e equipamentos de qualidade,
pois sabia que este era um investimento valioso para seu negócio. Pra
manter uma boa organização no ambiente da oficina, preocupou-se em
adquirir armários, para poder guardas suas ferramentas e equipamentos,
e aproveitou, também, para confeccionar um painel3 para disponibilizar
as ferramentas.
A organização das ferramentas e equipamentos contribui para que os
mecânicos consigam encontrar as ferramentas mais rapidamente e, com
isso, o serviço pode ser executado de maneira mais eficiente. A organi-
zação deve ser realizada por todos os integrantes da oficina. Tendo essa
preocupação, ao contratar os funcionários da oficina, Alberto aproveitou
para ensinar seus mecânicos e reparadores, como e por que eles devem
ter uma dedicação maior com as ferramentas de trabalho, incentivando
a todos para que sejam organizados e cuidadosos, de forma a poderem
realizar um serviço cada vez melhor, limpo e com a segurança necessária.
4 FERRAMENTAS
55

A oficina de Alberto ficou impecável, com uma organização de dar inveja


à concorrência. A aparência, que transmite higiene e organização, lhe
permitiu grandes vantagens, dentre elas, a satisfação e a confiança dos
clientes.
Alberto, que hoje está com três oficinas abertas e uma loja de vendas de
motocicletas, percebeu a importância de dividir os conhecimentos com
seus funcionários e, principalmente, que todo mecânico deve ter um cui-
dado especial antes, durante e depois de utilizar as ferramentas.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você adquiriu conhecimentos importantes, uma vez que


eles lhe permitirão utilizar as ferramentas de maneira adequada, obser-
vando sua conservação e manuseio. Com isso, você está cada vez mais
perto de se tornar um profissional qualificado, pois não adianta ter o
conhecimento de eletricidade e não saber utilizar corretamente as fer-
ramentas.
Continue seus estudos e logo estará habilitado a realizar um reparo nos
sistemas elétricos de uma motocicleta. E lembre-se: este livro é seu alia-
do, então cuide dele e fique à vontade para ler quantas vezes desejar.
Equipamentos e Instrumentos

Toda oficina deve contar com ferramentas de ótima qualidade, conforme apontado no ca-
pítulo anterior. Mas, além de ferramentas, toda oficina mecânica deverá ser composta por téc-
nicos capacitados e um bom - e adequado - ambiente de trabalho. Mas não é somente isto que
se exige para o bom funcionamento de uma oficina. É necessário possuir equipamentos úteis
no dia a dia, equipamentos estes que são indispensáveis em alguns casos. Que tal conhecer um
pouco mais sobre eles?
E após conhecer o estudo deste capítulo, você estará apto a:
a) definir os equipamentos e instrumentos utilizados para diagnóstico e manutenção de sis-
temas eletroeletrônicos de motocicletas;
b) identificar tipos e funções dos equipamentos e instrumentos;
c) aplicar o correto manuseio dos equipamentos e instrumentos;
d) compreender a importância de realizar corretamente a calibração dos instrumentos;
e) reconhecer os métodos de organização, conservação e segurança para o manuseio dos
equipamentos e instrumentos.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
58

5.1 DEFINIÇÕES

Os equipamentos em oficina são aqueles que nos auxiliam na execução das ta-
refas, somando-se às ferramentas e instrumentos. Eles facilitam o trabalho do me-
cânico e reparador por oferecerem maior comodidade na execução dos reparos
e, com isso, melhoram a qualidade e diminuem o tempo de execução do serviço.
Conheça, a seguir, os diversos tipos de equipamentos e instrumentos utiliza-
dos na reparação eletroeletrônica de uma motocicleta.

5.1.1 TIPOS DE INSTRUMENTOS

Existem praticamente duas categorias de instrumentos elétricos: os portáteis


ou manuais, que são menores e mais leves; e os fixos, que são maiores e mais pe-
sados. A seguir, conheça os mais utilizados em uma oficina.
a) Multímetro: Conforme visto no seu estudo, trata-se de um instrumento de
medição. Veja, na figura seguinte, mais detalhes que o aparelho pode forne-
cer de informações.

TENSÃO CONTÍNUA (DCV)

FAIXA RESOLUÇÃO

2V 1mV

20V 10mV

200V 100mV

1000C 1V

Impedância de entrada= 10MΩ

Proteção Sobrecarga= 1000V DC 750V AC RMS

CORRENTE (DCA)

FAIXA RESOLUÇÃO

2mA 1µA

20mA 10µA

200mA 100µA

20A 10mA

Proteção sobrecarga = Fusível ação rápida 0.8A/250V para entrada mA.


Sem fusível para entrada 20A

Continuidade
Indicação: Sonora
Limiar: Um sinal sonoro é emitido quando a resistência medida estiver abaixo de 50Ω.
Tensão de circuito aberto: 0.3V DC (típico).
Proteção de sobrecarga: 500V DC/ 500V AC RMS.
5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
59

Diego Fernandes (2012)


Figura 30 -  Multímetro
Fonte: Adaptado de Fundamental de Serviço Mercedes-Benz (2012)

TENSÃO ALTERNADA (ACV)

FAIXA RESOLUÇÃO

200V 0.1V

750V 1V

Leitura de Frequências = 50 a 500Hz

Impedância de entrada= 4.5MΩ

Proteção Sobrecarga= 1000V DC 750V AC RMS

RESISTÊNCIA (Ω)

FAIXA RESOLUÇÃO

2KΩ 1Ω

20kΩ 10Ω

200kΩ 100Ω

2MΩ 1KΩ

20MΩ 10KΩ

Tensão Circuito Aberto= 0.3V DC (máximo)

Proteção Sobrecarga= 500V DC 500V AC RMS

Diodo
Indicação: Queda de tensão direta aproximada sobre o diodo.
Tensão de teste: 3V DC (máximo).
Corrente de teste: 1.0mA±0.6 mA.
Proteção de sobrecarga: 500V DC/ 500 AC RMS.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
60

1 ESTANHO

É uma matéria-prima da SAIBA Sobre a utilização do multímetro acessando o endereço:


natureza, a qual é utilizada MAIS <www.eletronicadiadatica.com.br>
para fabricar varetas de
solda para a eletrônica,
entre outras funções.

b) Ferro de solda estanho1: É um instrumento utilizado para soldar, com aju-


da de uma vareta de estanho, as emendas realizadas nos condutores elétri-
2 DIAGNÓSTICO cos, com o intuito de deixá-las firmes.
É como chamamos o
resultado encontrado
após uma análise, ou seja,

Telhanorte ([20--?])
quando descobrimos qual
a causa do defeito, estamos
dando o diagnóstico do
problema existente na
motocicleta.
Figura 31 -  Solda Estanho
Fonte: E-voo ([200_])

c) Limpador de bicos: Esse instrumento é utilizado para realizar a limpeza e


os testes dos bicos injetores dotados de injeção eletrônica, mas o reparo é
por conta do reparador, pois é este que indica a situação do funcionamento.
Caso seja necessário trocar o reparo do bico, o reparador deve executar o
reparo e depois refazer os testes.
Zamper Ferramentas e Cursos ([20-?])

Figura 32 -  Teste de Bico


5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
61

d) Carregador de Baterias: Como o próprio nome diz, esse equipamento ser-


ve para recarregar baterias. Isso normalmente se torna necessário quando
a motocicleta fica bastante tempo sem uso; ou se ela não pega por causa
de uma falha; ou mesmo, quando acaba a carga da bateria em função das
tentativas de fazê-la pegar.
De qualquer forma, quando a bateria acaba, o correto é recarregá-la e, em se-
guida, tentar ligá-la, pois se você fizer uma partida auxiliar, apenas a carga da
moto pode não ser suficiente para recarregá-la, e isto fará com que a vida útil dela
diminua.

BM Ferramentas ([20-?])

Figura 33 -  Carregador de Bateria


Fonte: BM Ferramentas (2012)

e) Equipamento de diagnóstico2: É um equipamento eletrônico usado no


diagnóstico de falhas no sistema de injeção eletrônica das motocicletas, também
conhecido como scanner. Existem diversos modelos e marcas, e as informações
disponíveis no instrumento são determinadas pelo fabricante da moto e pelo fa-
bricante do equipamento. É muito útil em oficinas que trabalham com motocicle-
tas com injeção eletrônica, por facilitar o diagnóstico.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
62

3 RPM

Significa rotações por


minuto. É uma medida da
rotação do motor.

Central ([20--?])
Figura 34 -  Scanner
Fonte: Central Ferramentas (2012)

FIQUE A utilização do Scanner requer cuidados para não danifi-


car o aparelho, portanto, informe-se quanto ao manuseio
ALERTA desse equipamento antes de usá-lo.

Na tabela a seguir, veja o que o scanner, do modelo Motodiag, permite realizar


em termos de teste e análise:
5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
63

Tabela 1 - Testes do scanner Motodiag

TABELA DE APLICAÇÕES MOTODIAG

MONTADORA MODELO ANO FUNÇÕES CABO

Ajuste de CO (Mistura ar/combustível).


Indicação de falhas presentes e
passadas.
Apaga falhas passadas.
Indicação de RPM3 em tempo real.
Indicação de temperatura do motor
em tempo real.
Fazer 250 07-11 MD-
Yamaha Indicação de diagnóstico dos senso-
Lander 250 08-11 -KL0401
res de Tensão de Bateria, Posição do
Acelerador,
Inclinação, Temperatura e Pressão do
Ar de Admissão em tempo real.
Teste dos atuadores de Bobina de
Ignição, Injetor de Combustível e
Atuador de Marcha Lenta.

Leitura instantânea dos códigos de


erros presentes.
Fornece ao usuário os sintomas e as
causas prováveis dos erros presentes
Biz 125 01-11
diagnosticados.
Broz 150 CG 08-09
Honda Leitura dos erros passados (erros MD-
150 08-11
Piscada gravados na memória da moto). -KL0401
CB300R 09-11
Fornece ao usuário os sintomas e as
XRE 300R 09-11
causas prováveis dos erros passados
diagnosticados.
Apaga os erros passados registrados
na memória interna.

Bandit 650
Leitura instantânea de parâmetros.
Bandit 650S
08-09 Leitura instantânea dos códigos de
V-Strom650
08-09 erros presentes.
GSX-R750
08-09 Fornece ao usuário os sintomas e as
GSX-R1000
06-09 causas prováveis dos erros presentes
V-
Suzuki 06-09 diagnosticados.
Strom1000
06-08 Leitura dos erros passados (erros
Bandit1250
08-09 gravados na memória da moto).
Ban-
08-09 Apaga os erros passados registrados
dit1250S
08-09 na memória interna.
Hayabu-
Teste de atuadores.
sa1300
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
64

No caso a seguir, acompanhe uma situação em que a escolha do equipamento


adequado e o profissionalismo do técnico foram fundamentais para resolver o
problema da motocicleta do cliente.

CASOS E RELATOS

Utilizando os equipamentos certos


A oficina do seu Juca é muito popular na cidade, e dezenas de clientes
são atendidos todos os dias. No dia anterior ao feriado do mês passado,
Pedro, proprietário de uma Boulevar 800 da Suzuki, vai até oficina de seu
Juca para uma revisão da sua moto.
Pedro relatou a Seu Juca que sua motocicleta estava falhando e não apre-
sentava bom desempenho, parecendo estar fraca. Então Seu Juca passou
o serviço a um de seus técnicos, que começou a analisar o defeito. O téc-
nico percebeu, através de testes com o multímetro e com o Scanner, que
o problema era nos bicos injetores. Removeu-os e colocou na máquina
de testes de bicos, a qual demonstrou seriam necessários apenas ajustes
e uma boa limpeza. Esse equipamento lhe permitiu realizar um diagnós-
tico preciso e confiável, evitando, assim, desperdícios de material e de
mão de obra.
Após o término do serviço, o técnico testou a motocicleta e afirmou que
ela estava funcionando perfeitamente. Pedro então agradeceu dizendo
que foi realizado um trabalho excelente e rápido, um serviço diferencia-
do e profissional se comparado a outras oficinas da cidade.
Neste caso, a utilização de instrumentos adequados para a identificação
do problema da moto de Pedro foi fundamental para que o serviço fosse
realizado com sucesso. O reconhecimento pelo excelente trabalho pres-
tado na oficina de Juca justifica-se pelo fato de serem utilizados equipa-
mentos e instrumentos de qualidade. Desta maneira, Juca consegue a
confiança de seus fiéis clientes.
5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
65

5.2 MANUSEIO E CALIBRAÇÃO

De forma geral, todo equipamento deve ser usado corretamente, buscando


sempre ter o cuidado para não danificá-lo. Entretanto, é possível que, eventual-
mente, ocorra um defeito no equipamento, devido ao mau uso, e, com isso, seja
ocasionado um reparo de forma inadequada, afetando a qualidade do serviço.
Os instrumentos e equipamentos de um eletricista de motocicletas são ainda
mais delicados. Se o mecânico não for cuidadoso e deixar cair um multímetro, por
exemplo, ou ainda sujar de óleo um scanner, estes equipamentos podem não fun-
cionar mais, sendo necessária a substituição, o que gera um custo para a oficina e
um desconforto aos clientes, que precisarão esperar até que tudo seja resolvido.
Além disso, equipamentos como o scanner precisam ser atualizados anual-
mente, pois a cada dia chegam ao mercado novas informações, além de muitas
motocicletas serem modificadas ou lançadas com as mais diversas tecnologias.
Sendo assim, sua oficina ou a oficina em que você trabalha, precisa estar atuali-
zada com o mercado de motocicletas e com a atualização dos equipamentos. No
caso do scanner, a atualização é paga, portanto, todo ano deve-se desembolsar
um valor para atualizá-lo. Por este motivo, é comum algumas oficinas cobrarem
dos clientes a utilização do aparelho, já que este gera um custo elevado para a
oficina.
A máquina de limpeza de bicos também deve ser checada conforme suas re-
comendações no manual de instruções, pois cada fabricante determina um prazo
para realizar a manutenção preventiva, inclusive a troca periódica do combustível
utilizado nela.

Que os equipamentos adquiridos para a oficina acabam


VOCÊ se pagando devido à agilidade de serviço que eles nos
SABIA? permitem e que muitos deles são mais baratos do que
pensamos?
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
66

5.3 ORGANIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO

Assim como as ferramentas, todos os equipamentos que você conheceu de-


vem ser muito bem cuidados, conforme vem sendo apontado e reforçado, pois
de que adianta investir em um componente novo e não ter o devido zelo e aten-
ção? Nesse sentido, é bom salientar a importância de manter os equipamentos
limpos, organizados e bem acondicionados, ou seja, em um lugar sem umidade
ou mofo. Mesmo os equipamentos pouco utilizados, como o suporte de motor,
podem acabar oxidando com facilidade. Portanto, é bom passar uma película fina
de óleo sobre as partes metálicas que ficam expostas ao ar livre, pois, dessa forma,
é possível conservar o equipamento por mais tempo. E atenção: os equipamentos
e instrumentos utilizados pelo eletricista devem ser armazenados desligados, fora
da tomada, limpos e secos. Equipamentos que necessitem de lubrificação e áreas
físicas que necessitem de pintura uma vez por semana ou a cada 15 dias. Desta
maneira, aumentará a vida útil dos equipamentos e da infraestrutura da oficina.

Jamais deixe de realizar um serviço de qualidade por que


você não tem um equipamento. Mesmo sem o equipa-
FIQUE mento adequado para o serviço, verifique o que deve ser
feito para resolver o problema. Se não for possível resolver
ALERTA sem o equipamento ou instrumento, comunique e indique
outra oficina, mas não execute um serviço de má qualida-
de apenas para não perder o cliente.

RECAPITULANDO

Neste capítulo que você acabou de acompanhar, pôde aprender a uti-


lizar os equipamentos, além de ter recebido orientações sobre a orga-
nização e acomodação dos mesmos, de forma a conservá-los. Todos os
conhecimentos adquiridos o levam a realizar um trabalho de qualidade.
Saiba que a maior propaganda de sua qualidade é feita pelos clientes,
quando estes comentam com outras pessoas. Por este motivo, mantenha
sua oficina sempre organizada, mesmo que você não seja o dono, pois os
clientes notarão e você se destacará. Honestidade e profissionalismo são
características marcantes que garantem um retorno positivo por parte
dos clientes.
5 EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS
67

Anotações:
Documentação Técnica

Para você ter condições de realizar um reparo, é fundamental conhecer todas as informa-
ções necessárias, contidas na documentação dos proprietários e manuais técnicos para ofici-
nas. Após conhecer que documentações são essas, você terá condições de:
a) distinguir os tipos de manuais técnicos que envolvem uma motocicleta;
b) utilizar de maneira apropriada as informações contidas no manual do proprietário das
motocicletas;
c) atender as predefinições existentes no plano de manutenção de motos, sempre focado na
correta execução dos procedimentos de manutenção;
d) interpretar e aplicar os procedimentos descritos nos manuais de reparação, visando à
qualidade e segurança do serviço prestado;
e) analisar e compreender as normas técnicas e procedimentos específicos, a fim de não
proceder incorretamente durante a manutenção dos sistemas mecânicos de motocicletas.
Com dedicação e interesse você aprende com maior facilidade e, conversando com seu pro-
fessor e colegas, ficará mais fácil compreender assuntos que possivelmente possam gerar dú-
vida.
Portanto, o diálogo é bem importante para seu aprendizado. Lembre-se também de ir além
do que é apresentado neste livro. Quanto maior o interesse em pesquisar os temas abordados,
mais capacitado você estará para exercer o seu trabalho. Portanto, seja curioso e bons estudos!
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
70

6.1 MANUAIS DO PROPRIETÁRIO

Toda motocicleta possui um manual de instruções, o qual demonstra alguns


detalhes e dicas de pilotagem e ainda deixa claro como deve ser a manutenção
do veículo. Em muitos casos, ainda ensina como realizar algumas manutenções:
como regular a corrente de transmissão; calibrar os pneus; fazer a troca ou limpe-
za dos filtros ou a troca das lâmpadas; entre outras informações. Podem, ainda,
apresentar quais os tipos de óleos usados na motocicleta e quais são as suas prin-
cipais partes, bem como suas utilizações, os cuidados a serem tomados e suas
manutenções.

iStockphoto ([20-?])

6.2 PLANO DE MANUTENÇÃO

Você estudou, neste livro didático, os tipos de manutenção e como deve pro-
ceder, certo? E você está lembrado de quem determina o tempo de cada reparo
ou verificação, no caso de uma revisão ou manutenção preventiva? Quem deter-
mina esse período é o fabricante da motocicleta. Ao adquirir uma motocicleta
nova, o comprador recebe a documentação e os demais manuais dela, incluin-
do o manual de manutenção. É no manual de manutenção que a concessionária
anota as revisões realizadas e ainda especifica o que foi ou deve ser realizado
durante uma revisão.
No manual do proprietário consta uma tabela descrevendo todos os itens a
serem inspecionados durante uma revisão, e este é o plano de manutenção da
motocicleta.
6 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
71

Após a compra de uma motocicleta, o proprietário precisa fazer as revisões


que estão especificadas nesta tabela. Por exemplo: alguns serviços são realizados
a cada 1.000km, como a troca de óleo; outros a cada 3.000km, como a limpeza do
filtro de ar; e outros a cada 6.000km, como a troca da vela de ignição.
Portanto, é necessário ainda realizar a troca de alguns itens conforme o tempo
estimado de validade, como é o caso do fluido de freio, que deve ser substituído
a cada dois anos, pois independentemente de ser usado ou não, o fluido de freio
envelhece e perde propriedades importantes para seu funcionamento correto.
É por estas razões que você deve obedecer aos planos de manutenção apon-
tados nos manuais das motocicletas, pois, desta forma, você garante a vida útil de
todos os componentes.

6.3 MANUAIS DE REPARAÇÃO

Se você trabalhar ou trabalha em uma concessionária de motocicletas, você


deve ter acesso aos manuais de manutenção das motocicletas, já que todo fabri-
cante elabora um ou mais manuais de reparação para cada moto. Nestes mate-
riais constam informações técnicas muito importantes para a realização de um
reparo. A maioria destas informações não consta no manual do proprietário, pois
a montadora tenta fidelizar o cliente, fazendo com que ele leve sua motocicleta
para realizar reparos na concessionária.
Por isso, as montadoras não disponibilizam estes manuais de reparação livre-
mente ao público. Então, se você precisa de informações mais técnicas, fica difícil
de conseguir, porque apenas as concessionárias têm posse desse documento.

A utilização das informações técnicas é indispensável, pois


FIQUE todo profissional da área de reparação automotiva deve
ALERTA ter ética e responsabilidade com seu serviço, executando-
-o com qualidade e confiança.

Estes manuais de reparação descrevem cada detalhe técnico da motocicleta,


suas características e informações precisas. Em alguns casos, é descrito o passo
a passo da reparação de um motor. No caso da eletricidade da motocicleta, são
descritos os esquemas elétricos, que indicam quais são os componentes e onde
são ligados.
No exemplo da figura a seguir, você poderá visualizar uma página do manual
de manutenção que descreve o procedimento para a remoção da carcaça do fa-
rol.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
72

Bosch ([2012])
Figura 35 -  Página de manual de reparação
Fonte: Manual de Manutenção Honda (2004)

SAIBA Sobre as documentações técnicas através do site www.mo-


MAIS toonline.com.br.

Você reparou como o trabalho do mecânico poderá ficar mais fácil já que o fa-
bricante descreve os procedimentos de manutenção das motos? Por isso, mesmo
que você não trabalhe em uma concessionária, é importante que tente buscar
estas informações para realizar os serviços de forma correta.

A execução de reparos fora dos padrões de qualidade do


FIQUE fabricante compromete, consideravelmente, a vida útil do
ALERTA sistema reparado, bem como acarreta a perda da garantia
das peças, sejam originais, genuínas ou paralelas.

6.4 NORMAS TÉCNICAS

Além de informações técnicas das motocicletas e procedimentos de repara-


ção, os fabricantes descrevem algumas normas de reparação em seus manuais,
pois garantem que o serviço seja realizado da melhor maneira possível, visando à
qualidade do serviço e à segurança do reparador.
6 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
73

Estas normas não são tão vedadas aos concessionários, pois acabaram se dis-
seminando pelas oficinas. Apesar de se tratarem de normas, elas podem muito
bem ser aprendidas no dia a dia de uma oficina de reparação de motocicletas,
como por exemplo: a ordem de aperto dos parafusos do cabeçote ou o aperto
específico dos parafusos da tampa do motor.
São dados que você aprenderá no dia a dia, mas procure ficar atento e buscar
cada vez mais conhecimento, pois com a rapidez com que as novidades circulam,
não há como ficar parado esperando as informações chegarem até você. Para se
destacar na sua profissão, é necessário estar sempre atualizado.
Além dos detalhes informados pelos fabricantes, os manuais técnicos obede-
cem também às normas técnicas, então, conhecendo um manual técnico, facil-
mente você poderá interpretar outro, seja ele impresso ou eletrônico.

6.5 PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Como cada componente é projetado pelo fabricante, ele também determi-


na seus procedimentos de reparação. Entretanto, na maioria dos componentes
e sistemas, os procedimentos são os mesmos, apenas em alguns casos é que o
procedimento muda, e estes são chamados de Procedimentos Específicos.
Para que você entenda melhor, para regular as válvulas do motor você deve
colocar o motor no ponto, remover as tampas das válvulas e regular sua folga,
certo? Em algumas motos de alta cilindrada, o fabricante determina que o ponto
deva ser verificado por outro componente e as válvulas devam ser reguladas em
etapas. Este procedimento torna-se específico àquela motocicleta.
Por isso, antes de iniciar um reparo em uma moto que você não conhece per-
feitamente, verifique os sistemas, veja quais informações são do seu conhecimen-
to e, depois, realize uma análise criteriosa do procedimento a ser executado. Des-
ta forma, você evitará erros durante a reparação, evitando colocar todo o serviço
em risco. Muitas vezes um reparador despreparado age sem calcular os riscos,
fazendo com que a motocicleta volte a apresentar defeito. A oficina que contar
com técnicos que agem dessa maneira só tende a diminuir a credibilidade peran-
te os clientes.

Nos dias atuais, a procura por informação técnica é mui-


VOCÊ to grande, por isso, algumas empresas (como o SENAI,
por exemplo) se especializaram em treinamentos e em
SABIA? produção de videoaulas e manuais de reparação. Estas
informações auxiliam bastante um reparador.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
74

Veja, a seguir, uma situação que só foi possível ser resolvida com ajuda do
manual do fabricante.

CASOS E RELATOS

Onde está o que preciso?


Luciana trabalhava em uma oficina autorizada da Honda Motos do Brasil,
em Campos do Jordão. Ela era consultora técnica da oficina e realizava o
trabalho de recebimento do cliente. Desde o início, ela sempre observava
os técnicos trabalhando e ficava curiosa para saber como é que eles po-
diam guardar tanta informação na memória deles, e como poderiam sa-
ber tanto, pois conheciam mecanismos que pareciam ser de difícil com-
preensão, além, é claro, de ajustarem diversos componentes diferentes.
Um belo dia, Luciana resolveu conversar com um dos eletricistas, Marcos,
e ele lhe explicou que os técnicos não gravam ou simplesmente decoram
tudo que aprendem, pois o fundamental para os principais procedimen-
tos mecânicos está nos manuais de reparação. Sendo assim, sempre que
um dos técnicos necessita de uma informação, ele deve recorrer a estes
manuais.
Neste momento, ela entendeu que sempre que um dos reparadores pre-
cisa de uma informação técnica ou específica, ele recorre aos manuais de
reparação, seja para reparar um sistema mecânico ou elétrico.
Marcos ainda salientou que eles devem evitar tirar dúvidas com outro
reparador, pois existe a possibilidade do profissional que irá passar a in-
formação se confundir e transmitir a informação errada, mesmo queren-
do ajudar. Isso ocorre principalmente pelo fato de os técnicos possuírem
tanto conhecimento que podem, em alguns momentos, repassar um va-
lor ou procedimento equivocados. Além disso, as montadoras revisam
os manuais constantemente e, dessa maneira as informações precisam
estar atualizadas. O mais indicado é que, em caso de dúvidas técnicas, o
reparador recorra aos manuais. Neles estão todas as informações neces-
sárias para as reparações a serem realizadas, uma vez que cada fabricante
determina os valores de ajustes e regulagens, para que, assim, a quali-
dade do reparo seja garantida e a durabilidade dos componentes seja
preservada.
6 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
75

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a importância dos manuais utilizados no


reparo de motocicletas, bem como interpretá-los e utilizá-los. Entretanto,
se ainda assim ficou um pouco de dúvida, não deixe de ler o livro nova-
mente ou de entrar em contato com seu professor para esclarecer algu-
ma parte do conteúdo.
Os manuais, em geral, são mais simples do que aparentam, basta fazer
uma análise com bastante atenção. Quanto aos manuais do proprietá-
rio, é provável que você os conheça. Eles lhe permitirão saber a situação
da moto quanto aos reparos e manutenção realizados, pois neles existe
um campo específico para este tipo de registro. Além disso, o manual
do proprietário traz informações úteis ao mecânico e ao condutor, como
posição de relés e fusíveis.
Além do manual do proprietário, você aprendeu a reconhecer e analisar
o plano de manutenção das motocicletas e viu que este documento é
fundamental para a vida útil da motocicleta, pois nele constam as infor-
mações de periodicidade e intervalo de troca de componentes.
Em seguida, você aprendeu sobre os manuais de reparação e viu que es-
tes são o seu maior aliado na oficina, já que eles trazem as informações
técnicas necessárias para realizar os ajustes nos sistemas elétricos das
motocicletas, além de descrever os circuitos dos diversos sistemas elétri-
cos existentes.
Por fim, você conheceu algumas normas técnicas e procedimentos es-
pecíficos para a reparação do sistema elétrico, os quais são descritos nos
manuais de reparação. Com esse conhecimento, você está cada vez mais
próximo de se tornar um eletricista de motocicletas capacitado a diag-
nosticar e reparar os mais diversos sistemas eletroeletrônicos das moto-
cicletas.
Circuitos Elétricos

Até agora, você aprendeu a reconhecer as unidades de medida nos sistemas elétricos, apren-
deu a utilizar instrumentos de medição, a fazer diagnósticos e realizar reparos com as especi-
ficações contidas nos manuais. Mas, ainda, falta saber como interpretar um esquema elétrico
e os diferentes tipos de circuitos, pois o esquema elétrico funciona como a representação ou
planta do circuito que foi construído. Para você entender melhor, imagine a planta de uma casa.
Nessa planta são descritas as ligações das paredes, espessura, e diversas outras informações.
Sendo assim, os circuitos elétricos são a representação de como os condutores estão ligados e
quais informações são relevantes, como espessura de fios, cores, tipos de linha de alimentação
e outros.
Sendo assim, ao término deste capítulo, você estará apto para:
a) interpretar o desenho e simbologia dos circuitos elétricos;
b) identificar circuitos em série e em paralelo;
c) reconhecer circuitos de sinalização e iluminação das motocicletas;
d) compreender circuitos de carga e partida de motocicletas; e
e) ler e interpretar diagramas elétricos.
O conteúdo deste capítulo é de grande importância na função de técnico elétrico, portan-
to, compreendendo o circuito elétrico, você saberá o funcionamento do sistema em questão.
Lembre-se: caso necessário, releia este capítulo e, se possível, converse com seu professor para
uma melhor compreensão do que estudou.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
78

7.1 SIMBOLOGIA

Para que qualquer eletricista possa realizar reparos em uma motocicleta, não
importando sua localidade ou o tipo da motocicleta, foi criado um sistema padrão
de simbologia para os diagramas elétricos (esquemas elétricos). Acompanhe a
figura seguinte e conheça os principais componentes e símbolos utilizados nos
circuitos elétricos das motocicletas.

Diego Fernandes (2012)


Figura 36 -  Símbolos de componentes
Fonte: Adaptado de SENAI/SP (2004)

É possível que você encontre algumas pequenas variações e reduções de sím-


bolos, pois os fabricantes às vezes mudam um determinado componente, já que
é necessário respeitar o padrão criado para as representações nos diagramas.

Sobre símbolos e interpretações de diagramas elétricos, pes-


SAIBA quise no site <www.sabereletronica.com.br>, ou ainda assis-
ta a um vídeo no site do Youtube, procurando por Circuitos
MAIS Elétricos de Motos ou sobre Sistemas Elétricos de Partida e
Carga.
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
79

7.2 CIRCUITOS EM SÉRIE

Você vai ver, agora, que existem dois tipos de circuito elétrico. É isso que pos-
sibilita criar as diversas construções elétricas.
O circuito em série consiste em um componente ficar ligado ao circuito logo
após o outro, fazendo com que a corrente elétrica passe por um e depois por ou-
tro, como por exemplo, o fusível da moto. Neste caso, o condutor vem da bateria
e é ligado no fusível e, em seguida, nos demais componentes da motocicleta. En-
tão, qualquer componente que você ligue na moto, a corrente passará primeiro
pelo fusível. Entenda com mais clareza observando a figura, a seguir.

Diego Fernandes (2012)

Figura 37 -  Circuito em série


Fonte: Adaptado de SENAI/SP (2004)

Repare que, seguindo o conceito convencional da corrente elétrica, fica claro


que a corrente elétrica sai do positivo da bateria, passa pelo resistor Um (R1), se-
gue pelo condutor e passa pelo resistor Dois (R2). Em seguida, chega ao negativo,
seguindo pelo condutor.
Você percebeu que, ao retirar um componente, o circuito todo se desliga? Se,
neste caso, os resistores fossem duas lâmpadas e, se por acaso, uma delas quei-
mar, a outra também não acenderá, pois o circuito ficará aberto e a corrente elé-
trica não passará para a lâmpada que está boa.
Este circuito é pouco utilizado, quando se trata de ligar duas lâmpadas ou
mais. No entanto, é muito utilizado nas motocicletas, quando empregamos um
fusível, simplesmente colocando-o em série com uma lâmpada. Ou seja, se no
lugar de duas lâmpadas fossem colocados uma lâmpada e um fusível, caso ocorra
um curto circuito, o fusível queimará e protegerá o circuito, evitando que a lâm-
pada queime ou que os condutores aqueçam demais e peguem fogo.
Perceba que a corrente que passa pelos resistores em série permanece a mes-
ma, enquanto a tensão elétrica se divide pelos resistores.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
80

7.3 CIRCUITO EM PARALELO

Num circuito em paralelo, tendo como exemplo também duas lâmpadas ou,
até mesmo resistores, devem ser ligados um a um em paralelo com o outro. Isto
permitirá que a corrente passe separadamente por cada lâmpada ou resistor, ou
seja, a corrente se divide entre eles e a tensão continua a mesma.
Entenda melhor, observando a figura seguinte.

Diego Fernandes (2012)


Figura 38 -  Circuito em paralelo
Fonte: Adaptado de SENAI/SP (2004)

Repare que a corrente elétrica se dividiu: foi uma parte para o resistor R1 e
outra se destinou ao resistor R2. Neste caso, se um resistor ou uma lâmpada quei-
mar, a outra permanecerá acesa, pois a corrente está se dividindo e passando
separadamente por cada um.
É possível também ter os dois tipos de circuito em um único circuito, o qual é
chamado de circuito misto, conforme você poderá visualizar, na figura a seguir.
Este é o caso mais comum em motocicletas, em que é colocado o fusível em série
e os demais componentes, em paralelo entre si.
Diego Fernandes (2012)

Figura 39 -  Circuito misto


Fonte: Adaptado de SENAI/SP (2004)
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
81

Note que, caso o resistor R2 queimar, o circuito continuará funcionando, e o


resistor R3 permanecerá em funcionamento. Se ocorrer o inverso, acontecerá a
mesma coisa, e o resistor R2 continuará funcionando. Mas, se o resistor R1 quei-
mar, todo o circuito desligará, pois ele está instalado em série com os demais.
Assim é instalado o fusível de uma motocicleta.

Que cada fabricante determina o tipo de bateria a ser


VOCÊ usado na motocicleta? A bateria é definida de acordo
com a construção do sistema elétrico da moto. Por isso,
SABIA? ao trocar a bateria , é importante substituir por outra
que atenda as especificações do fabricante.

No caso a seguir, você entenderá por que o farol da moto do cliente da oficina
de Silvano não acende, e como o técnico percebeu de que maneira poderia resol-
ver esta situação.

CASOS E RELATOS

O farol não acende, mas a lâmpada está boa


Silvano recebeu em sua oficina uma motocicleta que, segundo o proprie-
tário, não acendia o farol. A princípio, pensou que poderia ser a lâmpada,
mas antes de trocá-la resolveu testar o funcionamento. Foi quando per-
cebeu que ela estava boa. Em seguida, Silvano verificou o interruptor, re-
alizando o teste com o multímetro, e percebeu que funcionava perfeita-
mente. Verificou, ainda, com o recurso do multímetro, se chegava tensão
na lâmpada e, de fato não chegava. Posteriormente, verificou se a tensão
elétrica chegava e saia do interruptor, e isso também não acontecia.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
82

Seguindo o diagrama elétrico da motocicleta descrito no manual de re-


paração do fabricante, Silvano percebeu que o positivo que deveria che-
gar ao interruptor do farol vem do alternador. Então verificou na saída
do alternador se, no fio amarelo, estava saindo a tensão correta de 12V
e, para sua surpresa, estava. Com essa confirmação, chega à seguinte
conclusão: do alternador sai 12V, mas não chega ao interruptor do farol.
Portanto, o problema só pode estar no condutor de cor amarela. Sendo
assim, selecionou o multímetro na escala de continuidade e, colocando
uma ponta de prova no início do condutor e a outra na outra ponta do
condutor. Verificou que o mesmo não tinha continuidade, consequente-
mente, estava rompido.
Silvano chegou a essa conclusão devido ao fato do multímetro não apre-
sentar valor algum, sendo que, se o condutor estivesse em boas condi-
ções, o multímetro apresentaria um valor de resistência, uma vez que
todo condutor elétrico possui uma resistência elétrica. Como solução, foi
necessário substituir o condutor rompido e, assim, o farol voltou a funcio-
nar perfeitamente.

7.4 DESENHO DE CIRCUITOS

Para entender o desenho dos circuitos, também chamada de diagrama elétri-


co, é necessário você saber que os circuitos não são apresentados somente com
resistores. Por isso, conforme já visto, são representados por símbolos usados em
um circuito elétrico. Assim sendo, conheça alguns circuitos elétricos, para que
haja uma melhor compreensão de como analisar um diagrama elétrico.
Para compreender um diagrama basta seguir as linhas que representam os
condutores, para assim saber onde um determinado componente é ligado. O im-
portante é você saber que, quando duas linhas se cruzam, não representa uma
emenda nos condutores, pois a emenda sempre será representada com o cruza-
mento das linhas e um ponto no meio.
Os diagramas elétricos, às vezes, expressam a seção transversal do condutor
escrevendo sobre ele, por exemplo. Se for um condutor de 1,5mm, aparecerá 1,5
logo acima. Os diagramas também descrevem a cor do condutor, no entanto, so-
mente a sigla e, normalmente, em inglês.
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
83

Pode aparecer somente uma sigla, como Bl, que significa Azul, ou duas siglas
como “Br/Bl”, isto significa que a primeira sigla é a cor principal e a segunda a cor
secundária. Neste caso, o condutor é Marrom com uma listra Azul.

Você deve respeitar as ligações originais e seguir com


FIQUE responsabilidade os diagramas elétricos, pois se em uma
instalação elétrica você emendar um positivo em outro, do
ALERTA qual você desconhece a origem, pode futuramente causar
uma sobrecarga e a motocicleta incendiar.

Veja a seguir a legenda e tradução das principais siglas das cores:

CÓDIGO DE CORES

B Preto G/Bi Verde com traço Azul


Bi Azul G/W Verde com traço branco
Br Marrom O/R Laranja com traço vermelho
G Verde O/W Laranja com traço branco
Gr Cinza R/B Vermelho com traço preto
Lbl Azul Claro R/W Vermelho com traço branco
LG Verde Claro W/G Branco com traço verde
O Laranja W/R Branco com traço vermelho
R Vermelho W/Y Branco com traço amarelo
W Branco Y/Bi Amarelo com traço azul
Y Amarelo Y/G Amarelo com traço verde
B/W Preto com traço branco Y/R Amarelo com traço vermelho
B/Y Preto com traço amarelo Y/W Amarelo com traço branco
Br/R Marrom com traço vermelho P Rosa
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
84

7.5 CIRCUITOS DE SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO

Nesta parte do conteúdo, você conhecerá os diagramas elétricos dos sistemas


de iluminação e sinalização de uma motocicleta. Acompanhe!

7.5.1 PISCA ALERTA

O pisca é o responsável por indicar a direção em que o condutor deseja seguir.


Você sabe como funciona esse mecanismo? Veja, a seguir.
a) O piloto sinaliza com o pisca.
b) O pisca recebe uma corrente elétrica no relé, proveniente da chave de ig-
nição.
c) Em seguida, envia esta energia ao interruptor das sinaleiras, que envia aos
piscas, conforme selecionado.
d) Ao mesmo tempo em que envia a energia ao pisca, manda uma corrente
para a lâmpada do painel, para que o condutor saiba qual lado foi acionado.
Repare que o cabo verde G é o negativo, por isso é comum em todas as lâm-
padas.

Roberto Dusik (2012)

Figura 40 -  Diagrama Elétrico do Pisca


7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
85

Que os piscas emitem um sinal quando a lâmpada está


queimada? Esta ação é executada por um componente
eletrônico localizado dentro do relé do pisca, o qual faz
VOCÊ com que a lâmpada que está boa pisque rapidamente,
SABIA? avisando ao condutor que existe uma anomalia no siste-
ma. Isto ocorre por que este componente, chamado de
CI – Central Integrada – calcula a resistência e, ao perce-
ber que esta diminuiu, acelera o pulso do relé.

7.5.2 FAROL E SINALEIRA

É responsável por iluminar a estrada, para melhor visibilidade do condutor,


bem como avisar e demonstrar a outros condutores a presença da motocicleta,
por exemplo. Quer entender como funciona esse mecanismo que o aciona? Veja!
a) O interruptor do farol recebe um positivo do alternador.
b) Quando acionado, o interruptor do farol envia este positivo ao interruptor
comutador (este troca de farol baixo para o alto).
c) O interruptor comutador envia o positivo para a lâmpada do farol, para a
lâmpada do painel e para a lâmpada da sinaleira.
Roberto Dusik (2012)

Figura 41 -  Diagrama Elétrico do Farol


ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
86

7.5.3 LUZ DE FREIO

É responsável por indicar aos condutores, que estão atrás do motociclista, que
o freio está sendo acionado, seja porque pretende parar ou somente diminuir a
velocidade.

Roberto Dusik (2012)


Figura 42 -  Diagrama Elétrico do Freio

O sensor do pedal do freio ou do manete de freio é, constantemente, alimen-


tado com um positivo. Acompanhe o procedimento de funcionamento.
1. Quando o freio é acionado, fecha o contato entre duas placas internas, o que
faz com que este positivo seja enviado à lâmpada traseira.
2. O positivo é proveniente do alternador e passa pela luz piloto do ponto mor-
to, mas isso não quer dizer que se esta lâmpada queimar o circuito não funciona-
rá, porque, na realidade, apenas aproveita o positivo.
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
87

3. Como este positivo provém do alternador, é correto dizer que ele funciona
com a moto ligada, pois mesmo sem o motor estar ligado, ele executa esta ação,
puxando o positivo da bateria, o qual deve ser chamado de linha 30, ou seja, todo
positivo direto da bateria é chamado de linha 30 ou L30. E, quando o positivo vem
da chave de ignição, funcionando somente quando a chave está ligada, deves
chamar de linha 15 ou L15.

7.5.4 BUZINA

A buzina tem por finalidade avisar, quando necessário, a presença do moto-


ciclista em uma determinada situação, como quando um carro não o enxerga e
realiza uma manobra, ultrapassando.

Roberto Dusik (2012)

Figura 43 -  Diagrama Elétrico da Buzina

O funcionamento da buzina é ainda mais simples, pois se trata de um positivo


L15 que vem da chave de ignição e alimenta o interruptor da buzina. Este inter-
ruptor, como no caso do freio, é um interruptor NA, que significa Normalmente
Aberto, ou seja, seus contatos não se encostam e, quando pressionados, fecham
o circuito com seus contatos, encostando-se. Após receber este positivo L15, ao
pressionar o interruptor, enviamos o positivo direto à buzina.
Em alguns casos, o sistema da buzina é dotado de um relé universal, geralmen-
te quando a buzina é mais forte.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
88

7.6 CIRCUITO DE CARGA

Para que a motocicleta funcione bem, como todo seu sistema elétrico, é indis-
pensável que a bateria permaneça com carga. Para isso existe o alternador, cuja
função é carregar a bateria e alimentar o sistema elétrico da motocicleta.
O Alternador funciona por meio de uma bobina de campo, fixada ao volante
do motor e um magneto, os quais juntos geram eletricidade, por meio de um
campo magnético, conforme é ilustrado, na figura a seguir.

Roberto Dusik (2012)

Figura 44 -  Diagrama Elétrico do Alternador

O regulador de tensão também tem a função de retificador de tensão. Utilizan-


do dois dos retificadores, ele transforma a tensão alternada, gerada pelo alterna-
dor, em tensão contínua e, ainda, regula esta tensão para não passar do máximo
permitido ou ficar abaixo do necessário.
O alternador da motocicleta deve carregar entre 13,4V e 14,6V. Se o valor en-
contrado for diferente, seja acima ou abaixo, deve ser analisada qual a causa do
defeito.
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
89

Para medir o valor de carga do alternador é muito simples: basta ligar o motor
da motocicleta e deixar funcionando e, depois, selecionar o multímetro na escala
de tensão contínua, no valor de 20V. Em seguida, coloque as pontas de prova no
multímetro e conecte a ponta de prova vermelha no positivo da bateria e a ponta
de prova preta no negativo. Então basta verificar RO valor que aparecerá no dis-
play do aparelho.

7.7 CIRCUITO DE PARTIDA

E, para encerrar os tipos de circuitos, você conhecerá o circuito de funciona-


mento da partida de uma moto simples. É provável que a função deste sistema
já seja de seu conhecimento, pois, como o nome indica, a principal função é dar
a partida na motocicleta. Trabalha ainda com o sistema de ignição em conjunto.
Entenda um pouco do mecanismo do circuito de partida na figura seguinte.

Roberto Dusik (2012)

Figura 45 -  Diagrama de Partida

Com os conhecimentos que você adquiriu, facilmente poderá analisar este e


outros circuitos elétricos. e então, bom trabalho!
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
90

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a interpretar os esquemas elétricos de


uma motocicleta. Estes esquemas elétricos representam, sobretudo, o
funcionamento e a instalação dos componentes elétricos. Com isso, você
pode identificar o funcionamento e, ao testar o circuito, é possível identi-
ficar também possíveis falhas no sistema.
De início, pode parecer um pouco difícil esta interpretação, mas é preciso
persistir e praticar bastante este conhecimento, pois você vai perceber
que em pouco tempo interpretará facilmente os esquemas elétricos. De
fato, os defeitos elétricos são mais difíceis de resolver, uma vez que não
vemos o defeito. Sendo assim, é preciso criar uma linha de raciocínio e
testes, para, assim, identificarmos o circuito do sistema em questão.
Você verá, nos próximos capítulos, alguns detalhes sobre segurança no
trabalho e descarte de resíduos. Este conhecimento é importante para a
formação da sua ética profissional.
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
91

Anotações:
Saúde e Segurança no Trabalho

Em capítulos anteriores, você viu a importância quando o assunto é saúde e segurança no


ambiente de trabalho. Pois bem, manter a postura correta é um exemplo, além dos cuidados
para evitar acidentes. Também foi abordado, neste material, as principais doenças decorrentes,
como a tendinite, doença que atinge principalmente pessoas que passam diversas horas do dia
digitando textos, em virtude do esforço repetitivo1. Estas e outras questões estão relacionadas
às normas regulamentadoras que tratam da saúde e segurança no trabalho.
Após concluir o estudo deste capítulo, você terá subsídios para:
a) adequar seu local de trabalho às normas de segurança e planos de prevenção de riscos
ambientais;
b) promover a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva, e técnicas de
ergonomia, visando à segurança e o bem-estar de todos os envolvidos nos processos de
manutenção de sistemas eletroeletrônicos de motocicletas.
A preocupação com a saúde de funcionários e colegas de trabalho é uma característica cada
vez mais presente, na maioria das empresas, pois existem muitos casos de aposentadoria cau-
sada por doenças ou acidente de trabalho. Com o conhecimento que você irá adquirir sobre
saúde e segurança no trabalho, ao visitar uma oficina, procure observar se os funcionários estão
utilizando os equipamentos básicos de segurança.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
94

1 ESFORÇO REPETITIVO 8.1 NORMA REGULAMENTADORA – NR


É quando se realiza o As normas regulamentadoras foram criadas para que exista, acima de tudo,
mesmo movimento por
diversas vezes, como digitar um padrão, quando se trata de saúde e segurança do trabalho. Para cada tipo de
algo no computador, onde
os dedos fazem o mesmo situação existe uma norma específica ou condição do trabalho. A norma NR21,
movimento de subir e de por exemplo, estabelece as condições para trabalho em céu aberto, discriminan-
descer diversas vezes.
do os deveres do trabalhador e da empresa, indicando quais equipamentos de
proteção e a que condições o trabalhador pode ser submetido.

2 VAQUETA

É o material utilizado 8.2 PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA


para fabricar a luva, cuja
composição é muito
resistente, permitindo assim
A NR9 estabelece que toda empresa realize um estudo dos riscos ambientais,
realizar serviços de maior no qual o trabalhador pode acabar se submetendo, bem como meios de preser-
esforço.
vação do meio ambiente em que trabalha e preservação dos recursos naturais
disponíveis no local de trabalho. Na área da manutenção de motocicleta, repre-
senta o cuidado que as empresas têm em relação ao descarte e armazenagem de
resíduos, como graxas e óleo lubrificante.

8.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

VOCÊ Que a utilização diária e correta dos EPIs, reduz em 92%


SABIA? o risco de morte em acidentes de trabalho?

Para que o mecânico de motocicletas esteja protegido de acidentes, que po-


dem ocorrer durante a execução de um serviço, existem os equipamentos de pro-
teção individual, que são muito importantes para sua saúde. Os principais EPIs
são: luva de pano para proteger as mãos durante o trabalho; luva de vaqueta2,
para quando é preciso carregar algo um pouco mais pesado; óculos de proteção
deverá ser usado o tempo todo em que o mecânico ou reparador estiver dentro
da oficina, para que seus olhos fiquem protegidos; protetor auricular, que deve
ser usado sempre que houver ruídos ou barulhos muito altos, no ambiente de tra-
balho; jaleco e calça comprida que protegem pois têm determinada resistência,
bem como o uso de sapatos fechados e apropriados para a oficina, que evitam
escorregamentos e, ainda, acidentes com os pés.
8 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
95

Comstock ([20--?])
Figura 46 -  Óculos de Proteção

Joe Belanger ([20--?])

Figura 47 -  Protetor Auricular

A maioria destes EPIs é de custo baixo quando comparado com o risco que
você correrá ao não utilizá-los.
Se você tem dúvidas quanto ao uso de equipamentos individuais, então acom-
panhe a história verídica, a seguir, ocorrida com um profissional que, mesmo inca-
pacitado até hoje, continua trabalhando.

CASOS E RELATOS

EPI não é opcional é uma exigência legal


Júlio trabalhava em uma retífica de motores, muito conceituada em sua
região, no Norte do Paraná; para ele era um orgulho trabalhar naquela
equipe. Mas Júlio não costumava utilizar os equipamentos de proteção,
tanto individuais como coletivos, mesmo sendo cobrado constantemen-
te por seus superiores.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
96

3 ESMERIL

É um equipamento elétrico Certo dia, quando estava retificando um cabeçote, uma lasca de metal
que tem por função
desbastar, ou seja, remover salta do cabeçote em direção ao olho esquerdo de Júlio. Essa lasca, co-
partes de metal por meio
de duas pedras chamadas
nhecida como limalha, penetrou na retina e gerou um ferimento grave.
de rebolo. Então, Júlio foi levado ao hospital com urgência, mas todo o serviço pres-
tado pelos médicos não adiantou e Júlio perdeu a visão do olho esquer-
do.
Se ele estivesse utilizando os óculos de proteção, equipamento de fun-
damental importância para um mecânico, esse acidente de trabalho não
teria consequências tão graves, e Júlio continuaria tendo uma vida nor-
mal. Infelizmente agora ele possui limitações por causa da falta da visão
de um olho. O caso podia ainda ter sido mais grave, pois no momento do
acidente a máquina estava ligada, e com o susto Júlio poderia ter esbar-
rado e mutilado algum membro de seu corpo.

8.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC

Existem alguns equipamentos de proteção que são indispensáveis e usados


por todos da oficina, pois sua falta pode colocar cada individuo em risco ou toda
a equipe simultaneamente. Um exemplo de equipamento de proteção coletiva
são as proteções existentes nos discos do esmeril3 que, se forem retiradas, dão
condições a possíveis acidentes. Ou ainda máscaras de proteção, as quais ficam à
disposição de quem for utilizar o esmeril ou a lixadeira.
É importante que, através deste conhecimento adquirido, você divulgue estes
conceitos aos seus colegas de profissão e se preocupe com a utilização dos EPIs e
EPCs, pois, mesmo que os outros achem que seja bobagem, você não pode arris-
car sua vida por causa de preconceitos.

VOCÊ Que consiste em falta grave a não utilização do EPI ou


EPC e pode ser motivo de advertência, suspensão e, até,
SABIA? a demissão do funcionário que se negar a utilizá-lo.
8 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
97

8.5 ERGONOMIA

A ergonomia estuda basicamente a questão postural, que observa, dentre


outras questões, a postura dos trabalhadores durante o período de trabalho, ao
executar o serviço. Imagine que você precise erguer o motor de uma motocicleta,
do chão até uma bancada. Dependendo da força que você realizar, conseguirá
fazer esse trabalho sozinho. Caso contrário, precisará contar com o apoio de um
colega. Independentemente de levantar sozinho ou não, a maneira como você
se posiciona para realizar a tarefa, de segurar e levantar seu corpo durante a ação
de erguer o motor do chão, se for de forma incorreta, poderá lhe causar doenças,
como uma lesão de coluna.
Como você pode perceber, a ergonomia está diretamente relacionada à pos-
tura correta, durante a execução dos serviços, pois, nesses momentos, facilmente
pode-se estender um músculo, causando uma atrofia. Por isso você deve saber
qual é a melhor posição para executar um serviço. Para isso, basta reparar em seu
corpo e, ao sentir qualquer desconforto na posição em que está, deve mudar de
posição.
Sempre que for necessário fazer força, você deve dar muita atenção à sua co-
luna, reparando se não está sendo forçada. As doenças de coluna, geradas pela
postura incorreta no trabalho, são uma das maiores causas de afastamentos do
trabalho, levando algumas pessoas a se aposentarem, antes do tempo previsto e,
muitas vezes, fazendo com que o trabalhador conviva com a doença para o resto
da vida. Por isso, procure cuidar da sua saúde, a começar pela postura, tanto no
trabalho quanto fora dele.
Veja o exemplo da figura seguinte.
Getty Image ([20--?])
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
98

FIQUE A exigência do uso dos equipamentos de proteção não


é para incomodar ou impor regras, mas, principalmente,
ALERTA para que você cuide de sua saúde, acima de tudo.

Em oficinas mecânicas, é comum os trabalhadores realizarem esforço para le-


vantar algo pesado. De forma a auxiliar aqueles que fazem esforço, com certa
frequência e afim de evitar que sejam prejudicados, seguem algumas dicas ade-
quadas para exercer essa atividade:
a) evite dobrar a coluna, não a use para levantar o peso;
b) mantenha o tronco do corpo próximo à carga que está carregando;
c) mantenha abaixo da linha da cintura o que você pretende carregar;
d) evite torcer o corpo para erguer a carga;
e) evite girar o tronco enquanto segura a carga; se necessário virar-se, gire o
corpo todo;
f) evite usar a perna ou o joelho para escorar a carga.

Para cuidar da sua saúde, durante o trabalho, você precisa


SAIBA pesquisar sobre ergonomia no site: <www.ergonomia.com.
MAIS br> e aprender como se cuidar da sua saúde, além de poder
transmitir o conhecimento para outras pessoas.

8.6 ASPECTOS DE SEGURANÇA PARA O MANUSEIO DE FERRAMENTAS E


EQUIPAMENTOS

Como recentemente visto, todo cuidado é pouco com relação às ferramentas


de trabalho e com relação à sua saúde. Ao utilizar uma ferramenta de forma ina-
dequada, mesmo que ela não esteja danificada ou suja, ela poderá colocar sua
saúde em risco. Um acidente de trabalho simples, mas que poderá causar um
acidente sério, é quando um equipamento está sujo de óleo e pode fazer com
que sua mão escorregue ao manuseá-lo. Nesse caso, o correto é manter a limpeza
dos equipamentos e ferramentas, para evitar esse tipo de acidente. Tendo, como
exemplo, o ferro de solda, é necessário que o mecânico, operador dessa ferra-
menta, tenha bastante cuidado para evitar queimaduras com a alta temperatura.
8 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
99

Outra forma de proteção à sua saúde é o uso de óculos de proteção, conforme


visto, que deverá ser o tempo todo em que você estiver na oficina. Procure utili-
zar, com frequência, os equipamentos de proteção individual (EPIs), pois eles são
projetados para evitar e prevenir acidentes.

Office ([20-?])

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a importância com o cuidado da sua saú-


de, principalmente no local de trabalho. Em uma oficina de motocicletas,
infelizmente, é comum a ocorrência de pequenos acidentes de trabalho.
Em geral, são de pequenas proporções e não impedem o trabalhador de
continuar suas atividades. Entretanto, alguns acidentes podem causar
danos permanentes, e isso afeta não somente a vida do trabalhador, mas,
em alguns casos, também os familiares.
Para evitar que você sofra um acidente grave, é necessário o uso diário
dos EPIs e EPCs. Portanto, faça o uso destes equipamentos e, ainda, in-
centive seus colegas de trabalho a utilizarem também. Com a utilização
correta dos equipamentos, é possível realizar um serviço de qualidade,
não prejudicando sua saúde, uma vez que você evita realizar esforços
desnecessários. Desse modo, a utilização de equipamentos, de forma
adequada, proporciona melhores condições de trabalho, aumentando a
segurança do trabalhador.
Segregação e Descarte
de Materiais e Componentes

Você já deve saber que não se pode descartar o lixo em qualquer lugar; e que existem alguns
resíduos que podem ser reciclados e outros que, até, podem causar danos à saúde humana. No
caso das oficinas mecânicas, o descarte do lixo se torna regra e, por isso, deve ser descartado
no devido destino. Caso contrário, a oficina pode até ser multada pelos órgãos ambientais de
sua região.
Ao concluir este estudo, você estará apto à:
a) interpretar e disseminar normas técnicas e legislações voltadas à correta segregação e
descarte dos resíduos provenientes dos processos de manutenção de motocicletas;
b) armazenar, de maneira responsável, todos os resíduos gerados até o momento do des-
carte;
c) compreender a importância do correto descarte dos resíduos, visando à minimização dos
impactos ambientais.
Este é o último estudo da unidade curricular de eletroeletrônica, portanto, caso você ache
necessário, releia o material e, se houver necessidade, tire as possíveis dúvidas com seu profes-
sor. E, para enfatizar o aprendizado, procure trocar informações sobre o conteúdo abordado
com seus colegas. É dialogando que se aprende cada vez mais.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
102

1 LENÇOL FREÁTICO 9.1 LEGISLAÇÃO


É uma camada do solo Para que o descarte dos resíduos seja feito de forma ordenada, controlada e
por onde passa água.
Esta água vai para as segura, foram criados leis e decretos que regulamentam estas atividades exer-
nascentes de rios. Logo, se
contaminarmos o lençol cidas pelas empresas. Por tal motivo, não é permitido jogar o lixo em qualquer
freático, os rios serão lugar ou de qualquer jeito.
afetados.
Essas leis relacionam cores com cada atividade ligada ao descarte de materiais,
como, por exemplo, as cores dos tambores para a coleta seletiva do lixo, confor-
me você poderá conferir, na figura a seguir. Também existe a lei que determina,
2 DETRITO
ou seja, que não permite descarte dos resíduos de lavagem de peças direto à rede
São resíduos mais triturados fluvial, uma vez que é necessário realizar a filtragem ou decantação, para evitar
ou, ainda, fragmentados,
por qualquer razão. a contaminação das águas. Além disso, não se pode derramar estes resíduos no
solo, para não contaminar o lençol freático1.

Diego Fernandes (2012)

Figura 48 -  Cores da coleta seletiva


Fonte: Adaptado de Ecologia Online (2008)

SAIBA Sobre a separação dos resíduos, através de livros sobre o


meio ambiente ou, ainda, pesquisando em jornais e revistas
MAIS sobre o assunto.
9 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
103

Os óleos lubrificantes usados, restos de graxa, panos sujos ou outros materiais


contaminados de óleo ou graxa, devem ter um destino especificado e serem re-
colhidos por empresas especializadas, pois a lei determina que os mesmos não
podem ser depositados no lixo comum. Caso isso ocorra, os órgãos ambientais
podem aplicar uma multa severa para a oficina que praticar o delito.
Essas leis são elaboradas por órgãos ambientais, pois visam evitar a poluição
no planeta. Atualmente é gerada uma enorme quantidade de lixo e, se todos fo-
rem depositados no mesmo local, poderão provocar uma poluição muito grande.
Por isso, deve-se reaproveitar o que puder ser reciclado e descartar, no devido
local, o lixo que for prejudicial para a natureza.

O descarte correto é responsabilidade de todos, pois, mes-


FIQUE mo que não exista fiscalização, não se deve depositar os
ALERTA resíduos em qualquer local, uma vez que a qualidade do
meio ambiente é de responsabilidade do ser humano.

9.2 NORMAS TÉCNICAS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – determina que os coleto-


res de lixo devam ter um padrão de fabricação, visando o correto armazenamento
e evitando a contaminação do ambiente, por meio de vazamentos. Pensando as-
sim, foram criadas as Normas Brasileiras de Regulamentação – NBRs – que servem
para orientar um padrão na execução de atividades de descarte de resíduos e
detritos2, como a NBR 12.235, que responde pelo armazenamento de resíduos
sólidos perigosos.
Esta NBR visa orientar e determinar os processos, deveres e obrigações de uma
oficina quando armazena resíduos sólidos perigosos, como panos sujos de óleo,
que podem acarretar o princípio de um incêndio ou contaminar o solo.
Desta forma, existem diversas NBRs para que uma oficina possa se orientar e
seguir os procedimentos padrões no momento de armazenar e descartar seus
resíduos.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
104

9.3 PROCEDIMENTOS

Para que todas as leis e normas possam ser seguidas de forma adequada, fo-
ram determinados, recentemente, alguns procedimentos, referentes ao descarte
e armazenamento dos resíduos, como você pode ver, a seguir. Assim como cada
tipo de resíduo tem um impacto no meio ambiente, cada um terá seu destino
determinado por meio dos procedimentos de descarte. Acompanhe, no quadro
seguinte, como deve ser o descarte e o impacto ambiental provocado por alguns
tipos de materiais.

PRINCIPAIS TIPOS
OBJETO COMO TRATAR O
DE MATERIAIS DE IMPACTO AMBIENTAL
PRINCIPAL PROBLEMA
DESCARTE

Risco de contaminação
Chumbo/plástico/ácido de solos e águas, afetan- Enviar para reciclador
Baterias
sulfúrico diluído do a vida de micro-orga- autorizado
nismos, peixes e pessoas.

Risco de contaminação
de solos e águas, afetan- Descarte em postos
Metais pesados Pilhas
do a vida de micro-orga- de coleta apropriados.
nismos, peixes e pessoas.

Óleo de motor/ Risco de contaminação Enviar para reciclador


transmissão/filtro de solos e águas, afetan- autorizado e manter
Óleos/Combustíveis
de óleo e combus- do a vida de micro-orga- o correto armazena-
tível nismos, peixes e pessoas. mento

Não é biodegradável e
Separar o material
Plásticos Capô gera gases tóxicos quan-
para reciclagem
do queimado

Bloco/Virabre- Separar o material


Alumínio/Aço Redução de recursos
quim/bielas para reciclagem

Eliminar o gás e se-


Solvente/gases de alta
Lata de spray Perigo de explosão parar o material para
pressão
reciclagem

Separar o material
Borrachas Correias/rotores Redução de recursos
para reciclagem

Alguns materiais não


Madeira, papel, po-
biodegradáveis e geração Separar o material
liestireno expandido Embalagens
gases tóxicos quando para reciclagem
(isopor)
queimados
9 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
105

Risco de contaminação
Óleo no tanque de de solos e águas, afetan- Solicitar ações de pes-
Borra
água do a vida de micro-orga- soal especializado
nismos, peixes e pessoas.

Risco de contaminação
Lâmpadas fluores- de solos e águas, afetan- Enviar para reciclador
Vidro/gases tóxicos
centes do a vida de micro-orga- autorizado
nismos, peixes e pessoas.

Substâncias químicas/ Extintores de Risco de explosão pela Solicitar ações de pes-


gases de alta pressão incêndio alta pressão soal especializado

Não é biodegradável e Descarte apropriado,


Peças elétricas e eletrô-
Sistema de injeção gera gases tóxicos quan- de acordo com as leis
nicas
do queimado vigentes.

Odores ruins, gases Descarte apropriado,


Descartes generalizados tóxicos e contaminação de acordo com as leis
de solo e águas vigentes.

Quadro 2 - Descarte de resíduos


Fonte: Adaptado de Yamaha Motor da Amazônia (2000)

Que os resíduos que podem ser reciclados podem ser


VOCÊ vendidos, e aumentar a receita da empresa. Com isso, o
SABIA? custo da oficina reduz e você pode investir mais em sua
empresa.

CASOS E RELATOS

Separação dos resíduos


Lucia é sócia de uma oficina bem conceituada da cidade de São Paulo,
mas apesar de estar sempre bem informada com tudo que está relacio-
nado a área mecânica, Lúcia nunca se preocupou com o descarte dos re-
síduos, pois acreditava que o importante era manter sua oficina organiza-
da e o atendimento impecável.
ELETROELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS
106

Diariamente, Lúcia jogava todo lixo da oficina no lixo comum, até que um
dia um representante do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONA-
MA – visitou a oficina e identificou diversas irregularidades no descarte e
armazenamento dos resíduos. O representante aplicou uma multa na ofi-
cina e determinou um prazo para que Lucia pudesse reparar a situação,
caso contrário, ele fecharia a empresa.
Lucia, então, resolveu o que precisava e conscientizou seus funcionários
da importância do descarte correto, pois entendeu que essa tarefa deve
ser feita, não somente, porque alguém está fiscalizando, mas por que to-
dos devem cuidar do meio ambiente e do ambiente em que vivem.
Assim, realizou campanhas e passou a recolher óleo de cozinha usado
na comunidade perto de sua oficina. Com isso, muitos clientes acharam
interessante e começaram a colaborar com a campanha, mantendo todo
o bairro limpo e transformando-o em um lugar muito mais atraente e
prazeroso de viver. Isto fez com que aumentassem, até mesmo, as vendas
do comércio ao redor da oficina, e todos aprenderam a cuidar do meio
ambiente.

RECAPITULANDO

Neste capítulo que encerra o estudo sobre eletroeletrônica de motocicle-


tas, você aprendeu sobre a importância do descarte correto das matérias
e viu que toda e qualquer empresa é passível de multa, se não descartar
corretamente os resíduos. Com este conhecimento, você poderá descar-
tar corretamente todos os resíduos, não somente da oficina em que você
trabalha, mas da sua casa também.
9 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
107

Você concluiu os estudos com o auxílio deste livro. Sendo assim, você
está apto a executar reparações nos sistemas elétricos das motocicletas,
utilizando ferramentas e equipamentos de forma adequada e, com cui-
dado, para não danificá-los. Poderá analisar e dar diagnósticos dos siste-
mas, bem como executar suas devidas reparações.
O mais importante é que, além do conhecimento técnico, você aprendeu
sobre ética profissional e, certamente, fará um serviço de qualidade, com
transparência e responsabilidade.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, T. C. M. de. Eletricista do Automóvel. Escola Conde José Vicente de Azevedo. São Paulo:
Senai/SP, 2004.
BONJORNO, J. Tema de física 3: Eletricidade. São Paulo: FTD, 1997.
COMISSÃO DE SEGURANÇA E ÉTICA AMBIENTAL. Normas de gerenciamento de resíduos
químicos do instituto de química da UNICAMP. Disponível em: <http://www.iqm.unicamp.br/
csea/docs/normas/normasResiduos.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2012.
FONSECA, J. C. L. da. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2009. 105 p.
J TOLEDO SUZUKI MOTOS DO BRASIL. Manual de Manutenção Suzuki Intruder 125cc. Manaus:
[s.n], 2006. 194 p.
MOTO HONDA DA AMAZÔNIA LTDA. Manual de Manutenção Honda CG Titan 125 KS/ES/ESD.
Manaus: [s.n.], 2004. 26 p.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI/SC. Apostila Eletrônica. Santa
Catarina: Senai/SC, 2003.
YAMAHA MOTOR DA AMAZÔNIA LTDA. Manual de Manutenção Yamaha YBR 125cc. [Brasil]: [s.n.],
2000. 227 p.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Roberto Fernando Dusik é especialista em motores Diesel e estudou mecânica industrial no SE-
NAI Canoas/RS, em 2007. Posteriormente, estudou diversos assuntos dentro da área da mecâni-
ca automotiva, tornando-se especialista em diagnóstico de anomalias em motores a Diesel. Em
2009, concluiu o curso técnico em Automobilística. Atualmente, ministra aulas de mecânica e
eletricidade automotiva no SENAI São José/Palhoça, atuando na educação de jovens e adultos,
desde o ensino de qualificação profissional até o ensino técnico. Também está cursando a gradu-
ação em logística na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
ÍNDICE

A
Alicate, 5, 49, 50

B
Bateria, 5, 18, 19, 20, 27, 40, 61, 63, 79, 81, 87, 88, 89
Buzina, 6, 10, 87

C
Capacitor, 5, 9, 33, 36, 37
Carga, 10, 14, 18, 61, 77, 78, 88, 89, 98
Carregador de baterias, 5, 61
Circuito, 5, 10, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 29, 30, 33, 36, 37, 39, 59, 77, 79, 80, 81, 82, 86, 87, 88,
89, 90
Condutor elétrico, 18, 20, 82
Corrente elétrica, 5, 9, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 30, 34, 37, 38, 39, 43, 79, 80, 84

D
Descarte, 6, 10, 13, 90, 94, 101, 102, 103, 104, 105, 106
Diodo, 42, 43, 59

E
Eletricidade, 17, 18, 20, 22, 24, 27, 33, 34, 47, 55, 71, 88, 109, 111
EPC, 10, 96
EPI, 10, 94, 95, 96
Ergonomia, 10, 93, 97, 98
Escala, 25, 27, 29, 42, 82, 89
Extrator, 5, 50, 51

F
Ferramentas, 9, 10, 13, 30, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 57, 58, 60, 61, 62, 66, 98, 107
Ferro de Solda, 60, 98
Fluxo, 20, 21
Fusível, 5, 9, 33, 37, 38, 42, 59, 79, 80, 81
I
Indutor, 9, 33, 37
Instrumentos, 9, 13, 17, 25, 29, 30, 31, 57, 58, 60, 61, 64, 65, 66, 77
Isolamento, 39

L
Led, 43
Lei de Ohm, 17, 23, 24
Limpeza, 53, 60, 64, 65, 70, 71, 98

M
Manuais, 9, 13, 48, 58, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 77
Manuseio, 9, 10, 13, 47, 48, 53, 54, 55, 57, 62, 65, 98
Martelo, 49
Medição, 9, 17, 25, 27, 28, 30, 58, 77
Multímetro, 5, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 42, 58, 60, 64, 65, 81, 82, 89

N
Normas, 9, 10, 13, 54, 69, 72, 73, 75, 93, 94, 101, 103, 104, 109

O
Organização, 9, 14, 47, 52, 53, 54, 55, 57, 66

P
Painel, 54, 84, 85
Partida, 10, 61, 77, 78, 89
Plano de manutenção, 9, 69, 70, 75
Potência, 5, 9, 18, 22, 23, 25

T
Reciclagem, 104
Relé, 5, 9, 33, 39, 40, 41, 42, 84, 85, 87
Resíduos, 6, 52, 90, 94, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 109
Resistor, 5, 9, 33, 34, 35, 79, 80, 81

S
Scanner, 5, 6, 61, 62, 63, 64, 65
Segurança, 9, 10, 13, 42, 47, 48, 53, 54, 57, 69, 72, 90, 93, 94, 98, 99, 109
Sinalização e iluminação, 10, 77, 84
SENAI - DN
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Roberto Fernando Dusik


Elaboração

Cristiane de Abreu
Denise de Mesquita Corrêa
Colaboração

Priscila Pavlacke
Revisão Técnica

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Adriana Ferreira dos Santos


Design Educacional
D’imitre Camargo Martins
Paulo Lisboa Cordeiro
Ilustrações, Tratamento de Imagens

Daniela de Oliveira Costa


Diagramação

Juliana Vieira de Lima


Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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