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Série automotiva

FUNDAMENTOS De
colorimetria
Série automotiva

fundamentos de
colorimetria
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série automotiva

fundamentos de
colorimetria
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_________________________________________________________________________
S491f
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Fundamentos de colorimetria / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília :
SENAI/DN, 2012.
55 p. : il. (Série Automotiva).

ISBN 978-85-7519-526-0

1. Automóveis – Projetos e construção. 2. Veículos. 3. Pintura -


Técnica. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 629.3.02
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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  A luz incide sobre o objeto e reflete a cor do objeto iluminado..................................................14
Figura 2 -  O círculo cromático......................................................................................................................................14
Figura 3 -  A cor final se move dentro do círculo cromático...............................................................................15
Figura 4 -  Absorção e reflexão da luz.........................................................................................................................16
Figura 5 -  Subtons no círculo cromático...................................................................................................................17
Figura 6 -  Intensidade no círculo cromático............................................................................................................18
Figura 7 -  Pureza das cores............................................................................................................................................18
Figura 8 -  Pigmentos coloridos....................................................................................................................................19
Figura 9 -  Pigmento metálico.......................................................................................................................................19
Figura 10 -  Mica.................................................................................................................................................................20
Figura 11 -  Carro com pintura de cor lisa.................................................................................................................24
Figura 12 -  Carro com pintura metálica....................................................................................................................24
Figura 13 -  Carro com pintura perolizada................................................................................................................25
Figura 14 -  Carro com pintura tricoat.........................................................................................................................25
Figura 15 -  Carro com pintura camaleão..................................................................................................................26
Figura 16 -  Decomposição da luz branca.................................................................................................................30
Figura 17 -  Ângulos de visão.........................................................................................................................................32
Figura 18 -  Imagem de objeto cuja cor varia com a mudança de luz/sombra...........................................33
Figura 19 -  Placas de identificação..............................................................................................................................38
Figura 20 -  Carro com tonalidades diferentes........................................................................................................39
Figura 21 -  Chapas de teste...........................................................................................................................................44
Figura 22 -  Cores frias......................................................................................................................................................47
Figura 23 -  Cores quentes..............................................................................................................................................47
Figura 24 -  Tonalidades no circulo cromático.........................................................................................................48
Figura 25 -  Lixadeira pneumática................................................................................................................................52
Figura 26 -  Lixadeira elétrica.........................................................................................................................................52
Figura 27 -  Politriz pneumática....................................................................................................................................53
Figura 28 -  Politriz Elétrica.............................................................................................................................................53
Figura 29 -  Cabine de pintura.......................................................................................................................................54
Figura 30 -  Pistolas de pintura......................................................................................................................................55
Figura 31 -  Compressor...................................................................................................................................................56

Quadro 1 - Módulo básico de cursos da automotiva...........................................................................................11


Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Teoria das Cores...............................................................................................................................................................13


2.1 Teoria das cores.............................................................................................................................................14
2.2 O círculo cromático......................................................................................................................................14
2.3 As cores............................................................................................................................................................17
2.4 Efeitos de pigmentos na composição de cores.................................................................................18

3 Cores Lisas, Metálicas e Perolizadas.........................................................................................................................23


3.1 Tipos de acabamento..................................................................................................................................24

4 Influência da Iluminação na Percepção de Cores...............................................................................................29


4.1 Fontes de luz..................................................................................................................................................30
4.2 Ângulos de visão de uma cor...................................................................................................................31
4.3 Metamerismo.................................................................................................................................................32
4.4 Definição de colorimetria..........................................................................................................................34

5 Identificação da Cor de Veículos...............................................................................................................................37


5.1 Placas de identificação...............................................................................................................................38
5.2 Catálogos e softwares.................................................................................................................................40

6 Técnicas de Identificação de Cores...........................................................................................................................43


6.1 Teste de corpo de prova.............................................................................................................................44
6.2 Outras técnicas..............................................................................................................................................45
6.3 Influência da luz na identificação de uma cor...................................................................................47
6.4 Fatores que influenciam na tonalidade................................................................................................48

7 Equipamentos e Ferramentas Específicas..............................................................................................................51


7.1 Lixadeiras pneumáticas/elétricas...........................................................................................................52
7.2 Politrizes – pneumáticas/elétricas..........................................................................................................53
7.3 Cabine de pintura.........................................................................................................................................53
7.4 Pistolas de pintura........................................................................................................................................55
7.5 Compressores................................................................................................................................................56

Referências............................................................................................................................................................................59

Minicurrículo dos Autores...............................................................................................................................................62

Índice......................................................................................................................................................................................63
Introdução

Você já percebeu como as cores são importantes na nossa vida? Pense em um semáforo
de uma rua movimentada. O que aconteceria se um motorista não observasse a cor vermelha
e cruzasse a rua? A probabilidade de um acidente seria grande, certo? Dessa forma, podemos
dizer que as cores são parte fundamental da nossa vida, pois elas revelam a nossa percepção
visual do mundo.
E o processo de pintura para carros? Já ouviu falar em como um carro ganha suas camadas
de cor original? Saber como isso acontece é fundamental para trabalhar nesta área. Neste cur-
so você irá conhecer todas as etapas da pintura automotiva, desde o processo da fábrica até a
realização de pequenos reparos.
Veja a seguir a Matriz Curricular com os módulos e unidades curriculares previstas com as
respectivas cargas horárias:

Módulo Básico de Cursos de Automotiva


Carga
Unidades Carga
Módulos Denominação horária do
curriculares horária
módulo
• Fundamentos de Tecnologia Automotiva 30h
Básico Básico 60h
• Organização dos Ambientes de Trabalho 30h

Introdutório de Pintura • Fundamentos de Colorimetria 20h


Introdutório I 60h
Automotiva • Tecnologia da Repintura Automotiva 40h
Preparação de Tintas • Preparação de Tintas para Pintura
Específico I 60h 60h
para Pintura Automotiva Automotiva
Preparação de Superfícies • Preparação de Superfícies para Pintura
Específico II 80h 80h
para Pintura Automotiva Automotiva
Pintura de Veículos Auto-
Específico III • Repintura Automotiva 80h 80h
motivos
Polimento de Veículos
Específico IV • Polimento Automotivo 60h 60h
Automotivos

Quadro 1 - Módulo básico de cursos da automotiva.

Fonte: SENAI DN

Bons estudos!
Teoria das Cores

Você já notou como as cores apresentam efeitos diferentes? Já percebeu que algumas pro-
duzem a impressão de profundidade? Esse e outros efeitos são possíveis através de pigmentos
específicos na formação das tintas. Ao final deste capítulo você terá subsídios para:
a) conhecer as características das cores;
b) identificar as cores no círculo cromático;
c) conhecer as categorias de pigmentos e suas características.
Fundamentos de Colorimetria
14

1 Pigmento 2.1 TEORIA DAS CORES


Substância que dá Você sabe definir o termo ‘cor’?
coloração para superfícies.
De maneira geral, podemos dizer que cor é a percepção do olho humano ao
receber a luz refletida por determinado objeto. Quando um objeto recebe os raios
de luz (natural ou artificial) reflete alguns raios e absorve outros.
2 Absorção
A luz refletida é direcionada para nossos olhos e a informação passa da retina
É o ato ou o efeito de para o nervo ótico fazendo com que nosso cérebro processe a informação visua-
absorver. Aplicando esse
conceito à teoria das cores, lizada. É assim que as cores se formam em nossa visão.
absorção é a interceptação
da onda de luz pelo
objeto no qual estamos
trabalhando ou olhando. Fonte de luz

Observador

3 Reflexão

É o efeito de refletir.

Denis Pacher (2012)


Aplicando esse conceito à
teoria das cores, é o efeito
que a cor sofre diante
da luz, ou seja, alguns Objeto
pigmentos são refletidos e Figura 1 -  A luz incide sobre o objeto e reflete a cor do objeto iluminado.
outros não. Assim temos a
formação das cores.
Entretanto, antes de nos aprofundarmos mais nos conceitos de cores e colori-
metria, é importante conhecermos o círculo cromático.

2.2 O CÍRCULO CROMÁTICO

O círculo cromático é utilizado para que o colorista possa visualizar o resulta-


do desejado antes de executar o trabalho. Por exemplo, para formar a tinta para
a pintura de um carro, é possível realizar testes de combinações e comparar os
resultados no círculo cromático, até se chegar à tonalidade desejada.
Denis Pacher (2012)

Figura 2 -  O círculo cromático


Fonte: Adaptado de LSC
2 teoria das cores
15

Dizemos que a cor se move dentro do círculo cromático com a combinação de


cores próximas. O resultado será apenas uma mudança de tonalidade.

Denis Pacher (2012)


Figura 3 -  A cor final se move dentro do círculo cromático.
Fonte: Adaptado de LSC

Para obter cores e tons diferentes, utiliza-se a combinação de pigmentos1. A


luz do ambiente onde estamos também interfere na visualização das cores. A luz
do sol ou luz natural contém diversas tonalidades que irão influenciar na percep-
ção da cor pelos olhos.
As tonalidades formadas pela irradiação da luz solar são: vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul e violeta, ou seja, as nuances que formam o arco-íris. Ver-
melho, amarelo e azul são as cores primárias e laranja, verde e violeta são as se-
cundárias. Para formar as cores secundárias é necessária a mistura de duas cores
primárias:
a) Vermelho + Amarelo = Laranja
b) Amarelo + Azul = Verde
c) Azul + Vermelho = Violeta

Além desses tons, a luz solar também irradia o infravermelho


SAIBA e o ultravioleta. Saiba mais sobre a radiação ultravioleta em:
MAIS http://educacao.uol.com.br/biologia/radiacao-ultravioleta.
jhtm

Sabemos que as cores são percebidas através da absorção2 e da reflexão3 de


raios de luz. Sendo assim, é importante ressaltar que todos os pigmentos têm a
capacidade de refletir ou absorver luz.
Por exemplo, para formar a cor branca, todas as irradiações são refletidas. Já na
formação da cor preta, todas as irradiações são absorvidas. Por esse motivo, mui-
tos dizem que a cor preta é na verdade ausência de cor, uma vez que, ao absorver
todas as irradiações, não há luz refletida para a formação desta cor.
Fundamentos de Colorimetria
16

Quando usamos roupas pretas em dias ensolarados sen-


VOCÊ timos mais calor. Isso pode ser explicado pela teoria de
reflexão e absorção de raios solares. Como a cor preta
SABIA? absorve todas as irradiações, o calor contido nos raios
solares é absorvido e mantido em nossa roupa.

No caso das outras cores, alguns raios são absorvidos e outros refletidos, não
na totalidade como ocorre nas cores preta e branca. Por exemplo, a formação
da cor azul se dá através da absorção de todas as outras cores e da reflexão da
luz azul. Por ser uma cor chamada primária, apenas uma luz é refletida. Já para
a formação da cor laranja, existe a absorção de todas as luzes exceto vermelho e
amarelo - que constituem esta cor, como vimos nas cores secundárias.

Luz
Branca

Luz Denis Pacher (2012)

Azul
Figura 4 -  Absorção e reflexão da luz.
Fonte: Adaptado de Vestibulando Web

CASOS E RELATOS

Escolhendo a cor certa


A oficina Brilho e Cor que é especializada em repintura automotiva. Sendo
que a mesma possui um bom domínio do processo de colorimetria e en-
tende de cores e suas combinações dentro do círculo cromático.
A oficina recentemente contratou Pedro que possui uma vasta experiência
nos processos de pinturas automotivas o que possibilitou agilidade no at-
endimento aos clientes da Oficina.
Um dia Pedro precisou formular uma cor não saturada, pois era necessário
realizar o ajuste para atingir a tonalidade do carro do cliente. O carro pos-
suía uma cor turquesa, e era necessário deixá-la 2 tons mais “suja”, para que
a tonalidade do veículo fique uniforme. A porta é a única parte danificada.
Para isso, Pedro precisou realizar o seguinte procedimento:
2 teoria das cores
17

a) encontrar a cor turquesa no círculo cromático;


b) acrescentar pigmento cinzento à tinta;
c) pintar uma placa metálica e levá-la até a luz branca do sol para a percepção
exata da cor;
d) repetir o procedimento até encontrar o mesmo tom de turquesa não satu-
rado no restante do veículo.
Com estes procedimentos ele teve sucesso em encontrar a cor certa para
melhor atender o cliente.

2.3 AS CORES

As cores são definidas pelas seguintes características: tom, subtom, intensi-


dade e pureza.
Mas, o que são essas características? Veja a seguir:
Tom: é a cor propriamente dita. Por exemplo: azul, vermelho e amarelo, ou
seja, as cores primárias.
Subtom: são as cores localizadas próximas ou vizinhas a um tom no círculo
cromático. Todas as cores possuem subtons. Para encontrá-lo, compare uma
amostra do subtom com o padrão de cor no círculo. Por exemplo, se o tom for
azul, o círculo cromático indica que os subtons desta cor são turquesa e violeta.
Denis Pacher (2012)

Figura 5 -  Subtons no círculo cromático.


Fonte: Adaptado de LSC

Intensidade: também chamada luminosidade da cor, corresponde à posição


da cor no círculo cromático. Em outras palavras, descreve se a cor está clara ou
escura. Quanto mais distante do centro do círculo cromático, mais intensidade a
cor possui.
Fundamentos de Colorimetria
18

4 Primer

É uma tinta que prepara a


superfície para ser colorida.

Denis Pacher (2012)


Além de preparar para
receber a cor, o primer
uniformiza a superfície.

Figura 6 -  Intensidade no círculo cromático


Fonte: Adaptado de LSC
5 Dióxido de titânio

É um composto usado
Pureza: este conceito está ligado à presença ou ausência do cinzento. Quando
como pigmento branco que ocorre ausência de cinzento, a cor está saturada, ou seja, a cor está limpa, viva. Já,
pode ser misturado com
material de lubrificação. quando temos grande presença de cinzento, a cor não é saturada, ou seja, a cor
Quando isso acontece, o está “suja”, “morta”. Observe a figura:
dióxido de titânio reflete as
cores desse material.

Figura 7 -  Pureza das cores Denis Pacher (2012)


Fonte: Adaptado de Amopintar

Não são apenas essas características que definem as cores!


FIQUE Lembre-se de que além da variação de tons, as cores po-
ALERTA dem produzir diferentes efeitos de acordo com os pigmen-
tos utilizados.

Estudar sobre a teoria das cores e o círculo cromático possibilita a melhor com-
preensão dos princípios da colorimetria e as técnicas para trabalhar com pintura
automotiva que serão apresentadas nos próximos capítulos.

2.4 eFEITOS DE PIGMENTOS NA COMPOSIÇÃO DE CORES

Vamos conhecer agora as quatro categorias, nas quais os pigmentos são divi-
didos: coloridos, inertes, metálicos e perolizados. Acompanhe a seguir o que
representa cada uma dessas definições.
Pigmentos coloridos ou normais: são partículas insolúveis e responsáveis
pela tonalidade das cores. Eles podem ser de origem natural ou sintética, isto é,
2 teoria das cores
19

artificiais. Esses pigmentos dividem-se ainda em pigmentos de cobertura e pig-


mentos transparentes.

Dreamstime (2012)
Figura 8 -  Pigmentos coloridos

Pigmentos inertes: são os pigmentos que dão preenchimento ao primer4,


além de controlar a resistência da cor e reduzir o brilho.
Metálicos: são responsáveis pelo efeito metálico das cores. Esses pigmentos
são partículas de alumínio parecidas com pequenos quadros ou esferas metáli-
cas. Algumas dessas partículas podem conter uma leve camada de pigmentos
coloridos dando cor ao efeito metálico que elas possuem.
Dreamstime (2012)

Figura 9 -  Pigmento metálico

Perolizados: são pigmentos extraídos de um mineral chamado Mica. Para que


fique pronto para utilização, esse mineral é moído e misturado ao dióxido de titânio5.
As partículas de Mica possuem alto nível de refração, variando de acordo com
a camada de dióxido de titânio ou de óxido de ferro que as cobrem.
Fundamentos de Colorimetria
20

Dreamstime (2012)
Figura 10 -  Mica

No Brasil, de acordo com a revista Auto Esporte, as pin-


VOCÊ turas foscas têm tido cada vez mais espaço no mercado,
SABIA? mesmo em carros de luxo. Além de agradar aos clientes,
a pintura fosca é mais rápida de ser realizada.

Existem muitas exposições e competições de veículos. Para competir, os par-


ticipantes precisam se adequar constantemente à moda. Por isso, os donos dos
veículos procuram oficinas especializadas em funilaria e pintura para realizar pin-
turas diferenciadas ou artísticas. Nesse momento, os pigmentos têm participação
importante na vida do colorista. Portanto, além das funções de proteção da cor
e cobertura da superfície, os pigmentos ainda embelezam o veículo, deixando-o
mais atrativo.

RECAPITULANDO

Até agora, você conheceu as possíveis combinações de cores e suas vari-


ações de tons. Compreendeu a definição de cor e sua relação com a luz.
Conheceu também o círculo cromático e as cores primárias e secundárias
e suas características. Viu também os pigmentos e seus efeitos na com-
posição das cores.
2 teoria das cores
21

Anotações:
Cores Lisas, Metálicas e Perolizadas

Quando você vê um carro rodando pelas ruas, nem imagina como o tratamento em sua
pintura teve influência no resultado que o deixa admirado, não é mesmo? O acabamento existe
para dar o toque final no processo de pintura ou repintura automotiva. Vamos saber mais.
Ao final deste capítulo você terá conhecido:
a) tipos de acabamento em pintura automotiva.
Fundamentos de Colorimetria
24

3.1 TIPOS DE ACABAMENTO

Podemos encontrar quatro tipos de acabamentos na pintura automotiva: co-


res lisas, metálicas, perolizadas e tricoalt. Mas qual a diferença exata entre elas?
Acompanhe com atenção.
Cores lisas: nas cores lisas são utilizados pigmentos com alto poder de cober-
tura, evitando a necessidade de várias mãos de tinta. As bases mais comuns nas
cores lisas são azul, vermelho e branco. Além disso, podem ser utilizados diferen-
tes tipos de acabamento, como fosco, acetinado ou brilhoso.

Revista Quatro Rodas (2012)


Figura 11 -  Carro com pintura de cor lisa

Além de deixar a pintura mais agradável aos olhos, o


VOCÊ acabamento possui como função, fornecer maior dura-
SABIA? bilidade, proteger a pintura e mantê-la sem imperfei-
ções.

Cores metálicas: nas cores metálicas há dois efeitos simultâneos: a cor, re-
sultado da mistura dos pigmentos, e o brilho dos alumínios. Grande parte dos
pigmentos utilizados na composição das cores metálicas é translúcida. Existem
três tipos de coberturas metalizadas. Esses tipos possuem espessuras diferentes
e seus nomes foram dados de acordo com a espessura do grão do alumínio. Por
exemplo, o alumínio fino possui grão de alumínio fino, o alumínio médio possui
grãos médios e o alumínio grosso possui grãos grossos.
Revista Quatro Rodas (2012)

Figura 12 -  Carro com pintura metálica


3 CORES LISAS, METÁLICAS E PEROLIZADAS
25

Cores perolizadas: são cores que possuem suave aspecto multicolorido e ace-
tinado, assim como uma pérola verdadeira. A maior parte dos pigmentos que es-
tão nas cores perolizadas também é translúcida. Por este motivo, geralmente es-
sas cores têm baixo poder de cobertura, necessitando de algumas camadas para
cobrir totalmente o carro.
Como as tintas utilizadas para colorir o automóvel já são perolizadas de fábri-
ca, para um melhor acabamento, é adicionada uma camada de base e uma de
verniz. Veja a figura a seguir com um carro vermelho perolizado.

Revista Quatro Rodas (2012)

Figura 13 -  Carro com pintura perolizada

Cores tricoat: neste tipo de acabamento ocorrem duas bases e por fim o ver-
niz. A primeira base é geralmente uma cor sólida, por exemplo, branca. Após esta
camada, começa a segunda base onde são acrescentados pigmentos translúcidos
e perolizados. Esses pigmentos são adicionados ao clear, um pigmento da base
poliéster que não leva adição de cor, ou seja, é transparente.

A coloração tricoat requer maior atenção, pois quanto


FIQUE maior for o número de camadas utilizadas, mais perolizada
ALERTA ficará a cor do carro. Isso acontece devido à mistura do
clear aos pigmentos perolizados.

A terceira camada utilizada nas cores tricoat é o verniz, que além de ser resis-
tente, protege a pintura e ajuda a retardar o tom amarelado no envelhecimento
da cor.
Revista Quatro Rodas (2012)

Figura 14 -  Carro com pintura tricoat


Fundamentos de Colorimetria
26

Alguns coloristas sugerem um teste simples antes de realizar


SAIBA a pintura tricoat: Esse teste consiste em colorir pequenas
chapas metálicas aumentando sucessivamente o número de
MAIS camadas em cada chapa. Com isso, o colorista poderá identi-
ficar os diferentes efeitos da cor antes de colorir o veículo.

Um exemplo bastante popular de tricoat entre os amantes de automóveis é a


tinta conhecida como camaleão. Essa tinta produz efeitos de diferentes tonalida-
des de cor em um mesmo carro. Essas diferenças são percebidas de acordo com
o ângulo de observação. Ou seja, à medida que uma pessoa caminha em volta do
carro, a tonalidade das cores mudam.

Figura 15 -  Carro com pintura camaleão Dreamstime (2012)

CASOS E RELATOS

Pintura camaleão
A oficina Brilho e Cor acaba de receber um cliente que irá participar de uma
mostra de carros, que solicita uma pintura em seu carro que mude de cor
quando vista de ângulos diferentes. Pedro foi chamado para ajudar definir
junto com o cliente qual o tipo de tinta que seria usado neste processo.
Pedro explicou ao cliente que não seria necessário combinar tintas de
várias cores para ter o efeito multicolorido. Pois para isso basta trabalhar no
sistema tricoat, com tintas do tipo camaleão.
Pedro pediu ao cliente para que escolha as cores que gostaria de ver em
seu carro. Em seguida, fez testes em chapas metálicas, até atingir o resul-
tado desejado. Com o processo certo Pedro satisfez seu cliente poderá par-
ticipar da mostra com o veículo conforme desejava.
3 CORES LISAS, METÁLICAS E PEROLIZADAS
27

Como você pode perceber, a pintura e o acabamento são detalhes importan-


tes em um automóvel. Além de personalizar a aparência, também contribuem
para a conservação do veículo.

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu os tipos de acabamentos em pinturas auto-


motivas e suas características. É importante lembrar que a iluminação do
local onde o carro ou moto estão interfere na forma como vemos a cor.
Vamos estudar, a seguir, a influência da iluminação na percepção de cores?
Influência da Iluminação na Percepção de
Cores

Você já notou que quando olha para um objeto em horas diferentes do dia sua cor parece
mudar de tonalidade? Quando você estaciona o carro na sombra, e o sol muda de posição, a
tonalidade do veículo também muda. Isso acontece porque a variação de luz tem influência na
forma como vemos uma cor. Vamos entender melhor esse conceito?
Ao final deste capítulo você terá subsídios para:
a) conhecer os conceitos de luz natural e artificial;
b) entender a influência da iluminação na percepção de cores;
c) conhecer os ângulos de visão de uma cor;
d) conhecer o conceito de metamerismo.
Fundamentos de Colorimetria
30

4.1 FONTES DE LUZ

Fontes de luz são os elementos que possuem luz própria, ou seja, são aqueles
que fornecem luzes com as quais podemos ver objetos e suas cores. As fontes de
luz são dividas em dois tipos: natural e artificial. Vejamos a seguir as caracterís-
ticas de cada tipo.
Luz natural: é a luz do sol, tida como luz padrão. A luz branca solar é consti-
tuída pelas cores primárias (vermelho, amarelo e azul) e pelas cores secundárias
(laranja, verde e violeta). Assim, se a luz branca for decomposta, o resultado são as
cores do arco-íris. Veja na imagem a seguir:

Dreamstime (2012)
Figura 16 -  Decomposição da luz branca

Portanto, se a luz branca possui todas as cores primárias e secundárias, quan-


do essa luz ilumina um objeto, este irá refletir a luz de sua cor e absorver as outras
luzes. Por exemplo, no caso de um objeto vermelho, todas as luzes serão absor-
vidas com exceção da luz vermelha. Essa luz será refletida e o objeto será visto
como vermelho. Se o objeto for branco, todas as luzes serão irradiadas, mostran-
do a cor branca do objeto.
Luz artificial: é a luz produzida por lâmpadas. A luz artificial é usada, geral-
mente, quando a luz natural não está disponível. Como as lâmpadas podem ir-
radiar diversas luzes diferentes, é importante que se verifique sob qual luz está
o objeto que será colorido. Desta forma, é possível ter certeza sobre o resultado
que será obtido na coloração do veículo. A luz que é puramente amarela irradia
apenas a cor amarela. Portanto, se iluminarmos um objeto que não seja amarelo
com luz amarela, a cor vista será apenas a preta. Mas se esse objeto for amarelo
ou branco veremos a cor amarela.

FIQUE Se o local que você trabalha não possui luz natural, é im-
portante testar a cor da tinta a ser utilizada sob a influên-
ALERTA cia de diversas luzes, para evitar erros.
4 Influência da Iluminação na Percepção de Cores
31

Você percebeu como a iluminação pode interferir na cor que enxergamos?


Fique atento para garantir que o cliente receba exatamente a cor escolhida para
seu veículo e saia satisfeito. Além disso, um bom resultado da cor garante tam-
bém um bom acabamento.

CASOS E RELATOS

Luz natural ou artificial?


Pedro recebeu na oficina um carro que deve ser reparado. O carro chegou
ao final do dia, e Pedro tentou fazer uma avaliação preliminar, para dar uma
posição para o cliente de qual os serviços deveriam ser realizados.
Porém o sol está se pondo e a luz está um pouco alterada. O veículo é ver-
melho, mas Pedro estava vendo um vermelho um pouco amarelado, e isso
o estava confundindo.
Porém como Pedro tinha muita experiência logo percebeu que a luz do
fim do dia pode estar alterando o resultado. Devido a isso ele sugeriu que
era melhor levar o carro para dentro da oficina e utilizar uma luz branca
artificial, olhando o carro sob diversos ângulos para ter certeza da cor, da
tonalidade e do tipo de pigmentos que foram utilizados. Pedro explicou
para o cliente a importância da iluminação correta. Apontando que mesmo
na ausência do sol você ainda pode fazer uma avaliação segura e correta a
respeito de cores e pigmentos utilizando a luz branca artificial.
A explicação do Pedro deu segurança ao cliente para contratar o serviço da
oficina Brilho e Cor.

4.2 ÂNGULOS DE VISÃO DE UMA COR

Além da iluminação, outro fator que influencia na percepção correta da cor é


o ângulo de visão. Por isso, é importante estar sempre em local claro e ter conhe-
cimento sobre os efeitos que os ângulos podem causar no resultado de uma cor.

Existem pigmentos que adicionados às tintas fazem com


VOCÊ que a cor ganhe efeitos e tonalidades diferentes depen-
SABIA? dendo do local e do ângulo em que você está olhando o
veículo. Isso é mais comum nas cores metálicas.
Fundamentos de Colorimetria
32

Para a perfeita identificação da cor, você deve estar atento aos seguintes ân-
gulos de visão:
a) de frente (conhecido como flip);
b) em 90 graus (conhecido como flop);
c) ângulo médio de 45 graus.

45º
Flip

Denis Pacher (2012)


Flop
Olho
Figura 17 -  Ângulos de visão
Fonte: Adaptado de HORNER

É possível criar alguns efeitos invertidos de visão acrescentando diferentes ba-


ses de efeito. Por exemplo, o efeito visto através do ângulo flop pode ser visto
no ângulo flip ao adicionar uma base de efeito específica para esse caso. Assim,
teríamos uma inversão de ângulos. As principais bases utilizadas nesses casos são:
a) branco: deixa o flop claro e leitoso, além de escurecer a frente. É possível
acrescentar no máximo 1% por volume de tinta.
b) base metalizante: deixa o flop claro e a frente escura. Aumenta o aspecto
do alumínio ou de pérola. Podem ser acrescentados no máximo 10% por
volume de tinta.
c) branco micronizado: deixa o flop azul e a frente amarela. É possível acres-
centar no máximo 10% por volume de tinta.

4.3 METAMERISMO

Você já esteve numa situação em que ao olhar para um objeto teve certeza
de sua cor, e em outro momento ou lugar quando você olhou novamente para o
mesmo objeto sua cor estava diferente? Essa mudança de percepção é comum e
pode ser explicada pela teoria do metamerismo.
4 Influência da Iluminação na Percepção de Cores
33

Denis Pacher (2012)


Figura 18 -  Imagem de objeto cuja cor varia com a mudança de luz/sombra
Fonte: Adaptado de PROCOLOR

O metamerismo é a variação de tonalidade ocorrida em uma cor quando ela


está submetida à incidência de luzes diferentes, como a luz do sol e a luz incan-
descente. Isso pode acontecer por uso de pigmentação incorreta, mas pode tam-
bém ser feito propositalmente para causar efeito de diferentes tonalidades nos
carros.

CASOS E RELATOS

Metamerismo
Após terminar o trabalho de reparação de dano na pintura do automóvel.
Pedro fez o teste para observar se o veículo estava com a mesma tonalida-
de em toda a superfície. Pedro com sua experiência sabe que é necessário
ter certeza de que a cor está mesmo correta, para isso deve colocar o veícu-
lo sob luz branca como este processo Pedro percebe que há uma diferença
de tons que ele não tinha visto antes. Este é o fenômeno de metamerismo
que está agindo sob o veículo.
Pedro sabe, se ele notou essa diferença de tonalidade, seu cliente e outras
pessoas também notarão sob luz branca e seu serviço não terá cumprido
seu papel. Para resolver esta situação, ele prepara novamente amostras de
tinta, pinta uma chapa metálica que não faz parte do veículo e confere de
diversos ângulos para se certificar do tom. Tendo encontrado a cor, basta
retocar a área onde está ocorrendo metamerismo e entregar o veículo con-
forme seu cliente deseja.
Fundamentos de Colorimetria
34

SAIBA Obtenha mais informações sobre o metamerismo acessando


o endereço: http://www.colorz.com.br/colorimetria-metame-
MAIS rismo/.

4.4 DEFINIÇÃO DE COLORIMETRIA

O termo colorimetria pode ser entendido como uma ciência que permite de-
finir e catalogar as cores. Além disso, a colorimetria identifica três fatores que são
necessários para uma correta observação das cores: Luz, Objeto e Observador.
Sem eles, não será possível a catalogação e a observação das cores.
Hoje em dia, grande parte do processo de produção de tintas é totalmente
automatizada, mas foi preciso muito estudo sobre aspectos físicos e químicos,
além de aprimoramento das técnicas de colorimetria. Para que você recebesse os
catálogos com os quais trabalha, outros profissionais fizeram pesquisas de cores,
combinações e mediram o tempo para aplicação e secagem.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu os conceitos de luz natural e artificial e en-


tendeu como a iluminação e os diferentes ângulos de visão influenciam na
percepção das cores. Além disso, soube o que significa o metamerismo e a
colorimetria.
Agora você já sabe como identificar a cor de um veículo observando a ilu-
minação, mas e se este teve sua cor alterada ou totalmente danificada?
Como é possível determinar sua cor original para realizar a repintura? Vere-
mos como identificar a cor original de um veículo nos próximos capítulos.
Adiante!
4 Influência da Iluminação na Percepção de Cores
35

Anotações:
Identificação da Cor de Veículos

Imagine um carro cuja cor foi danificada por uma batida ou por algum incidente. O pro-
prietário leva o carro a uma oficina para que o colorista possa reparar o dano. O processo seria
agilizado se o colorista soubesse exatamente quais cores e tintas utilizar no serviço, e para isso
ele pode empregar alguns recursos que vamos ver. Mas, o que fazer quando não sabe? Nesse
caso, é possível consultar as placas de identificação ou catálogos e softwares específicos para
esse trabalho.
Neste capítulo você terá subsídios para:
a) identificar a cor original de um veículo através das placas de identificação;
b) usar catálogos e softwares para identificação de cores.
Fundamentos de Colorimetria
38

5.1 PLACAS DE IDENTIFICAÇÃO

As placas de identificação são colocadas por alguns fabricantes aos seus veí-
culos. Nessas placas o colorista pode encontrar informações sobre a cor e pintura
original do veículo. As informações contidas nessas plaquetas são, geralmente,
relacionadas ao código da cor utilizada. Portanto, em caso de repintura ou re-
paros na cor original, o colorista saberá exatamente que cor utilizar através do
código encontrado na placa de identificação.

Denis Pacher (2012)


Figura 19 -  Placas de identificação

A localização das placas de identificação nos veículos depende dos fabrican-


tes. Alguns colocam na parte interior da porta do veículo, enquanto outros as
colocam na parte interior do porta-malas.

Quando não há placa de identificação de cores ao veícu-


VOCÊ lo e o colorista não conseguiu entrar em contato com o
SABIA? fabricante, é possível recorrer a testes para chegar à cor
original do veículo e assim reparar a pintura.

Como um colorista identifica a cor original do veículo quando precisa fazer


um reparo sem a placa de identificação? Não é uma tarefa fácil. Muitos fatores in-
fluenciam na tonalidade da cor. O lote e o armazenamento da tinta, por exemplo,
podem contribuir para que a cor não tenha um bom resultado visivelmente. Além
disso, a má conservação do veículo pode contribuir para a perda da tonalidade
inicial e evidencie as diferenças de tons.
5 IDENTIFICAÇÃO DA COR DE VEÍCULOS
39

Dreamstime (2012)
Figura 20 -  Carro com tonalidades diferentes

Se o colorista perceber que a cor parece desbotada, ele pode entrar em conta-
to com o fabricante e informar o número do chassi do veículo. Lá eles saberão o
código correto da cor original do veículo. Além disso a nota fiscal do veículo tam-
bém apresenta, entre outras informações importantes, o código da cor original
do carro ou moto.

FIQUE Alguns fatores podem afetar a visão das cores, entre eles a
Fadiga da retina, por isso, é importante que o colorista des-
ALERTA canse um pouco ao fazer muitas identificações de cores.

É importante lembrar que, como veremos mais tarde, a luz no local onde se
faz a identificação da cor do veículo interfere diretamente na visão. No caso de o
veículo não possuir placa de identificação de cor e não for possível contato com
o fabricante do veículo, o colorista poderá verificar se o veículo ainda possui par-
tes com a pintura conservada. Ele deve levar o veículo a um local de luz branca e
observar a superfície através dos ângulos de visualização. Pode também utilizar
chapas metálicas para encontrar a cor e a tonalidade correta, ou ainda fazer con-
sulta de cor em catálogos ou softwares.

CASOS E RELATOS

Devido ao grande volume de trabalho a oficina Brilho e Cor resolve ampliar


seu quadro de funcionário, e Pedro fica encarregado de ensinar um novo
funcionário a identificar a cor original de um veículo que não possui placa
de identificação.
Rafael o novo funcionário, já conhece os fundamentos da colorimetria e
sabe como preparar a superfície para o reparo, mas tem algumas dúvidas
sobre que cor utilizar. Pedro explica que ele deve utilizar luz branca (solar
Fundamentos de Colorimetria
40

ou artificial) para fazer a identificação da cor. É importante lembrar ao seu


colega que ele deve olhar o carro de diversos ângulos e que pode ainda
fazer o teste de chapas metálicas para que ele se sinta mais seguro nos
trabalhos que deve realizar na oficina. Lembre-se que, além de agradar o
cliente, você tem uma equipe com a qual deve interagir e trocar experiên-
cias. O colorista pode e deve recorrer aos colegas sempre que tiver dúvidas.
Na troca de experiências, todos ganham.

5.2 CATÁLOGOS E SOFTWARES

Os catálogos e softwares são ferramentas importantes na rotina do colorista.


Eles darão grande ajuda no momento de verificação de cores, tons e efeitos que
se quer causar no veículo. Tanto os catálogos quanto os softwares podem servir
como base de dados para serem consultados na fase de pesquisa pela cor que
será utilizada.
Os catálogos de cores podem ser utilizados para consulta a respeito de códi-
gos e tonalidades. Muitas empresas de tintas possuem seu próprio catálogo, pois
os nomes das cores são particulares, ou seja, o nome encontrado em uma marca
não será o mesmo na marca concorrente. Mas o colorista pode criar seu próprio
catálogo de cores de acordo com as marcas utilizadas em sua oficina, com os no-
mes e códigos das cores. Assim, quando receber veículos sem placas de identifi-
cação, ele poderá recorrer aos seus catálogos a fim de buscar tonalidades mais
próximas àquela que está vendo no veículo. Após diminuir a quantidade de cores
e tonalidades, é possível realizar testes para ter certeza da cor e tonalidade a ser
utilizadas no veículo.

Muitas empresas produtoras de tintas enviam catálogos e


SAIBA cartelas de cores para usuários da marca ou profissionais da
MAIS área. Basta que você entre em contato com a empresa ou se
cadastre em web sites para receber sua amostra.

No caso de softwares, as empresas que fabricam as tintas utilizam programas


específicos de computador para o desenvolvimento e mistura de cores. Dessa for-
ma, outras cores são testadas e desenvolvidas.
Para que o colorista possa usar as amostras obtidas através dos catálogos ou
dos softwares e comparar com a cor original do veículo, ele deve realizar um tes-
te. Este teste diminui os riscos de erros em relação à tonalidade das cores. Vamos
saber como funciona esse teste no próximo capítulo.
5 IDENTIFICAÇÃO DA COR DE VEÍCULOS
41

RECAPITULANDO

Neste capítulo você aprendeu a identificar a cor original de um veículo


através das placas de identificação e também conheceu um pouco sobre
catálogos e softwares disponíveis para esse processo. No próximo capítulo,
vamos apresentar técnicas de identificação de cores que podem auxiliar o
colorista quando não for possível utilizar essas ferramentas.
Avance para saber quais são elas!
Técnicas de Identificação de Cores

Até o momento, você viu técnicas de preparo de tinta, identificação de cor original e co-
nheceu o círculo cromático. Mas, como ter certeza de que a cor que vemos é a cor correta? E a
tonalidade? Como acertar a cor sem cometer erros? Para isso existem algumas técnicas, entre
elas o teste de corpo de prova. Você já ouviu falar neste teste? Vamos adiante, pois, neste capí-
tulo você saberá como:
a) aplicar o teste de corpo de prova e outras técnicas;
b) saber sobre a influência da luz na identificação;
c) entender os fatores que influenciam a tonalidade.
Fundamentos de Colorimetria
44

1 Degradê 6.1 TESTE DE CORPO DE PROVA


É uma sequência limitada Se você ainda está em dúvida em relação à cor, antes de colorir o carro ou a
ou ilimitada de tons onde
duas cores podem ficar moto, é recomendado realizar o teste de corpo de prova. Este teste é semelhante
sobrepostas fazendo com
que aconteça uma transição ao das chapas metálicas, o princípio e a finalidade são os mesmos. O teste das
suave entre elas. chapinhas metálicas informa a quantidade de pigmentos perolizados adequada
para determinado efeito. O teste de corpo e prova busca saber se a cor e o tom
vistos em catálogos ou softwares terão o mesmo resultado aplicado ao veículo.
Esse teste pode ser realizado diretamente no local de trabalho da seguinte ma-
neira:
a) separe algumas chapas metálicas;
b) passe uma demão de tinta no veículo;
c) leve a chapa metálica até a luz branca do sol para refletir a cor como ela
realmente é formada;
d) se for necessário, passe mais demãos de tinta até atingir o tom desejado,
não se esquecendo de levar a chapa metálica ao sol toda vez que repetir o
processo para verificar se a cor e o tom desejados serão alcançados.

Dreamstime (2012)

Figura 21 -  Chapas de teste

Observe algumas dicas valiosas para evitar problemas maiores em relação ao


acerto de cor:
a) ao iniciar o processo de acerto, o colorista deve limpar e polir a área do ve-
ículo que vai ser usada como área padrão para que se obtenha melhor re-
sultado da cor. Essas áreas são, geralmente, a tampa do compartimento de
combustível, ou pedaços de chapa do veículo;
b) é importante que a chapa usada no teste seja completamente coberta pela
tinta;
c) deve ser dado um tempo de intervalo entre as demãos de tinta para que se
chegar a um resultado confiável;
d) como os diferentes tipos de luz podem alterar a cor que visualizamos, é im-
portante que as chapas sejam vistas à luz do dia, e por diversos ângulos.
Lembre-se de que ângulos diferentes provocam efeitos diferentes.
6 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE CORES
45

Para saber a quantidade de concentrado da cor que será usada, pode-se traba-
lhar em degradê1 ou pintando chapas diferentes. Assim o colorista poderá ver o
resultado da cor em diferentes materiais.
a) ao utilizar concentrados de cobertura, como o perolizado e o metálico, de-
ve-se ter cuidado com grandes quantidades. Esse tipo de concentrado atua
no ângulo flop, que deixa a frente do veículo mais escura;
b) ao final do teste de corpo e prova, o colorista deve comparar as chapas me-
tálicas com a cor original do veículo. Essa comparação deve ser feita em luz
direta (solar ou artificial) e não à sombra;
c) se o resultado da comparação ainda não for satisfatório, o colorista deve
repetir o procedimento até que a cor esteja igual à original.
Seguindo os passos do teste de corpo e prova juntamente com as dicas acima,
o colorista economiza tempo e garante que o resultado da cor do veículo seja
exatamente o esperado.

Os testes de corpo de prova também podem ser realizados


SAIBA no processo que elimina a corrosão da superfície metálica
do veículo. Nesse caso, o colorista deve realizar o teste para
MAIS ter certeza de que eliminou toda a corrosão e que ela não
atravessará a camada de tinta.

6.2 OUTRAS TÉCNICAS

Já vimos que acertar a cor e a tonalidade não é uma tarefa muito fácil, mas, com
os recursos disponíveis para o colorista esse acerto é garantido. Um dos recursos
utilizados pelos representantes das tintas é a máquina de mixing. Essa máquina
armazena e faz as misturas necessárias. Dessa forma, resolve-se o problema da
estocagem e armazenamento de tintas, além de facilitar o acerto final das cores.

A máquina de mixing, também conhecida como má-


VOCÊ quina tintométrica, começou a ser utilizada na Europa
SABIA? na década de 1980 chegando ao Brasil somente na dé-
cada de 1990.

É importante ter um colorista sempre verificando o resultado produzido pela


máquina de mixing, pois as tintas podem sofrer alterações de tonalidade. Alguns
dos fatores que podem provocar essas alterações são:
a) lotes diferentes;
b) pintura de fabricação, ou seja, aquela que já veio de fábrica;
Fundamentos de Colorimetria
46

c) estado de conservação do veículo;


d) condições de armazenamento da tinta;
e) desbotamento da tinta original do veículo;
f) pigmentos que não foram misturados corretamente.
Se for notada alguma alteração entre a cor do veículo e a cor da tinta que será
utilizada na repintura, o colorista deve realizar o acerto de tonalidade. Lembrando
que essa avaliação pode ser feita olhando a peça através dos ângulos flip, flop e 45°.
Vale lembrar também que existem três fatores que o colorista deve estar sem-
pre atento:
a) fonte de luz;
b) objeto que essa luz irá iluminar;
c) observador e suas condições psicológicas.
O cansaço de um dia de trabalho ou a fadiga tanto do corpo quanto da mente
podem afetar o resultado do que é observado. Portanto, lembre-se de fazer os
testes sugeridos pela teoria da colorimetria sempre quando você tiver em boas
condições para analisar bem os resultados.

CASOS E RELATOS

A importância do teste
O Oficina Brilho e cor recebe um serviço para o qual pediram urgência. A
oficina aceitou o pedido porque quer aumentar sua clientela e porque con-
fia no trabalho efetuado por seu funcionários e sabe que será de qualidade.
Mas, devido ao pouco tempo disponível, a equipe precisa ser assertivo.
A solução mais indicada é a realização do teste de corpo de prova. Para isso
Pedro deve seguir as etapas do teste, respeitando o intervalo correto en-
tre as demãos de tinta e sendo cuidadoso. Depois da realização correta do
teste, Pedro poderá realizar o reparo e esperar o tempo de secagem para
entregar o veículo ao seu cliente no prazo acordado, e com a qualidade
esperada.

Agora que já vimos algumas dicas e os testes para acerto de cor, é importante
sabermos como a luz pode influenciar na identificação de cores.
6 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE CORES
47

6.3 INFLUÊNCIA DA LUZ NA IDENTIFICAÇÃO DE UMA COR

Já vimos que a cor dos objetos varia conforme a intensidade das luzes que
incidem sobre os objetos. A incidência da luz, o ângulo pelo qual essa luz ilumina
o objeto e os diferentes momentos do dia devem ser considerados no momento
da avaliação da cor para a pintura do veículo.
Sabemos que a luz natural, que é a luz branca solar, é composta pelas cores
do arco-íris e, por isso, a mais indicada na visualização da cor. Portanto, num dia
claro, de sol, as chances de vermos a cor como ela realmente é, são bem maiores.
Por outro lado, é preciso tomar cuidado com sombras ou dias nublados, pois a
luminosidade do dia está mais escura, portanto, poderá haver alteração na visu-
alização da cor.
Os diferentes momentos do dia também influenciam na visualização da cor,
mesmo num dia ensolarado. No começo da manhã, o sol emite mais as cores frias
(tons azulados), portanto veremos as cores influenciadas por esses tons. Já ao en-
tardecer, os tons são quentes, com mais presença de tons amarelados.
Dreamstime (2012)

Figura 22 -  Cores frias


Dreamstime (2012)

Figura 23 -  Cores quentes

Diante dessa informação, qual seria o melhor momento do dia para a visuali-
zação da cor? A resposta é: quando o sol está mais alto. Às 12h é o momento em
Fundamentos de Colorimetria
48

que o sol se encontra em seu ponto mais alto. Momentos próximos a esse horário
também são propícios. Mas, e se não for possível realizar a coloração do veículo
nesses horários? Nesses casos, o teste de corpo de prova e as dicas de visualização
e acerto de cor se tornam a melhor solução.

Lembre-se de que os ângulos de visão também influen-


FIQUE ciam no resultado da cor do veículo. Ou seja, você deve
ALERTA colocar-se em diferentes posições para observar melhor os
efeitos da cor no veículo.

Reafirmamos desta forma, que a luminosidade interfere diretamente na forma


como vemos uma cor e sua tonalidade. E falando nisso, vamos descobrir quais são
os fatores que influenciam na tonalidade das cores?

6.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA TONALIDADE

A verificação da tonalidade da cor é importante para que, no momento da


aplicação no veículo, não aconteça nenhuma diferença entre a parte que a ser
pintada e a parte já colorida. Para que um bom resultado, três fatores devem ser
observados:
a) Luminosidade da cor: se a cor está clara ou escura.
b) Saturação: se a cor está saturada (limpa) ou insaturada (suja).
c) Tonalidade: posição da cor no círculo cromático.
Ao olhar o circulo cromático, veja quais são as cores “vizinhas” umas das ou-
tras. Uma cor pode ter um pouco da sua vizinha e, assim, mudar de tonalidade.
Vejamos a cor azul, por exemplo, ela fica próxima à cor verde, portanto, ao adicio-
narmos verde na cor azul, teremos uma cor azul-esverdeada.
Denis Pacher (2012)

Figura 24 -  Tonalidades no circulo cromático.


Fonte: Adaptado de LSC

Sabendo como as cores se comportam dentro do círculo cromático, fica mais


fácil fazer o preparo da tinta e o acerto de tonalidade. Por exemplo, se a cor do
6 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE CORES
49

veículo for azul-esverdeada insaturada, podemos partir da cor azul-esverdeada e


misturar com sua cor vizinha, nesse caso a cor verde, com a intenção de obter um
tom mais escuro.
O desbotamento também influencia na mudança de tonalidade. Ele pode
acontecer devido à ação do tempo ou do clima. O efeito do sol nos carros que
passam muito tempo descobertos, ou da maresia em cidades litorâneas, contri-
buem para a má conservação da cor, oxidando os pigmentos.

Para mudar a cor original de um carro, o DETRAN deve ser


FIQUE notificado, pois a nova cor deve constar nos documentos
ALERTA do veículo. Fique atento e verifique se seu cliente está
ciente disso.

Pigmentos mal misturados também afetam a tonalidade da cor, por isso, te-
nha cuidado ao trabalhar com partículas de pérola ou alumínio. O intervalo no
número de demãos também pode influenciar na tonalidade final da cor. Desta
forma, espere o tempo necessário entre uma camada e outra, pois a tinta ainda
úmida pode prejudicar a camada superior fazendo com que elas se misturem e
não apresentem o resultado esperado.
Percebemos em capítulos anteriores que a luz é muito importante na colori-
metria, certo? A tonalidade a luz é ingrediente importante, pois, é com ela que
veremos se estamos rumo ao resultado desejado. Portanto, lembre-se: a luz certa,
combinada aos ângulos de visão, garante a segurança no processo de obtenção
de cor e tom desejado.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo você aprendeu a aplicar o teste de corpo de prova e outras


técnicas para identificação de cores, além de conhecer a influência da luz na
identificação e tonalidade da cor. Ao longo de nossos estudos até aqui, você
pode perceber que as técnicas de colorimetria se repetem bastante na rotina
diária do colorista, certo? Portanto, é importante ter essas técnicas sempre
em mente para que a utilização delas torne-se um hábito. Assim, possíveis
erros serão evitados. No próximo capítulo, vamos conhecer os equipamentos
utilizados no serviço de pintura de automóveis. Vamos adiante?
Equipamentos e Ferramentas Específicas

Nesta unidade curricular, você já estudou sobre as técnicas e procedimentos para identifica-
ção de cor e tonalidade, mistura de cores e testes, de acordo com os conceitos da colorimetria.
Viu também, no capítulo anterior, que as máquinas de mixing ajudam muito o colorista na
conservação e mistura de tintas. Então cabe uma pergunta: existem outros equipamentos e
ferramentas que podem auxiliar o colorista? A resposta é sim.
Ao final deste capítulo você terá subsídios para:
a) conhecer os equipamentos e as ferramentas de auxilio ao colorista.
Fundamentos de Colorimetria
52

7.1 LIXADEIRAS PNEUMÁTICAS/ELÉTRICAS

As lixadeiras pneumáticas funcionam por meio de rotações por ar comprimi-


do, por isso o nome pneumática. Já as lixadeiras elétricas têm suas rotações pro-
vocadas por eletricidade.

Dreamstime (2012)
Figura 25 -  Lixadeira pneumática

Dreamstime (2012)

Figura 26 -  Lixadeira elétrica

As lixadeiras são utilizadas na preparação da superfície que será colorida. Elas


garantem a retirada de vestígios de tintas ou produtos que foram usados antes,
garantindo o bom resultado da coloração. Além de preparar a superfície, as lixa-
deiras também podem ser usadas para:
a) lixamento do primer, preparando a superfície para a camada seguinte de
tinta;
b) quebrar o brilho do verniz preparando para polimento posterior.
A fixação das lixas nas lixadeiras é feito, na maioria das vezes, com velcro, mas
existem outros modelos em que a fixação é feita com adesivo. As lixadeiras po-
dem ou não captar o pó do lixamento. Além disso, é importante lembrar que no
lixamento a seco a captação do pó é obrigatória. Essas lixadeiras reduzem bastan-
te o tempo de trabalho, pois produzem o resultado de forma mais rápida do que
o sistema de lixamento manual.
7 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS ESPECÍFICAS
53

7.2 POLITRIZES – PNEUMÁTICAS/ELÉTRICAS

As politrizes possuem o mesmo princípio de funcionamento das lixadeiras. As


pneumáticas funcionam por ar comprimido, enquanto que as elétricas funcio-
nam por eletricidade.

Figura 27 -  Politriz pneumática Dreamstime (2012)


Dreamstime (2012)

Figura 28 -  Politriz Elétrica

Politrizes são equipamentos utilizados para polimento das superfícies e peças


em geral, garantindo um melhor acabamento. Podemos utilizar o mesmo equi-
pamento para lixar e polir, basta trocar as lixas por utensílios que promovem o
polimento das superfícies.

7.3 CABINE DE PINTURA

As cabines de pintura são ambientes limpos e fechados que auxiliam o colo-


rista a manter as impurezas longe de seu trabalho. Se forem utilizadas de forma
correta, além de diminuírem consideravelmente as impurezas, o trabalho nas ca-
bines de pintura melhora a qualidade da coloração e aumenta a produtividade
na oficina.
Fundamentos de Colorimetria
54

Dreamstime (2012)
Figura 29 -  Cabine de pintura

VOCÊ As cabines de pintura podem ser utilizadas em duas fa-


ses do processo: na pintura e na secagem. Nestes casos,
SABIA? as cabines são chamadas de cabine-estufa.

Para a correta utilização da cabine de pintura, o colorista deve seguir alguns


passos para obter o melhor resultado:
a) ao levar o veículo para a cabine, certifique-se de que ele esteja limpo e pre-
parado para ser pintado;
b) evite utilizar jornal, pois as fibras deste material podem contaminar a cabine;
c) conecte a carroceria do veículo à grade da cabine para evitar a formação de
campo eletrostático;
d) antes de iniciar a pintura, ligue a cabine com as portas fechadas, para que as
partículas que ainda estejam no ar desçam para o filtro no piso;
e) evite abrir as portas da cabine durante o funcionamento. Verifique antes se
todo o material necessário está dentro da cabine;
f) use macacão especial, que não solte fiapos e que cubra braços, pernas e ca-
beça. Use também sapatos limpos;
g) verifique os prazos estipulados pelo fabricante para limpeza e troca de fil-
tros. Mantenha as paredes limpas;
h) evite utilizar estopas e panos que soltem fiapos no interior da cabine.
As operações na cabine de pintura devem ser realizadas em ambiente pressu-
rizado que contenha um bom sistema de troca de ar e sem impurezas. Com isso,
a quantidade de sujeira na peça que foi colorida será menor. Com menos sujeira,
o polimento será mais rápido. No melhor dos casos, o veículo nem precisará ser
polido. Então o tempo de trabalho cairá consideravelmente.
7 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS ESPECÍFICAS
55

As cabines de pintura ajudam a diminuir a contaminação do


SAIBA ar que seria provocada pelos produtos utilizados durante o
MAIS processo. Isso acontece por causa dos filtros especiais para
retenção da tinta.

7.4 PISTOLAS DE PINTURA

As pistolas de pintura são utilizadas para pulverizar e direcionar tintas, vernizes,


primers e outros produtos como esses à área que será colorida. Essas pistolas são
acionadas através de um gatilho que libera a saída de ar e do produto utilizado.

Dreamstime (2012)

Figura 30 -  Pistolas de pintura

As pistolas podem ser de diferentes tipos. Algumas possuem um leque para


que aconteça uma distribuição mais uniforme do produto. Quanto ao reservató-
rio do produto, existem três posições possíveis:
a) embaixo da pistola, fazendo com que o funcionamento se dê por sucção;
b) em cima, fazendo com que o funcionamento se dê através da gravidade;
c) sem caneca, funcionando por meio de tanques de pressão.

CASOS E RELATOS

Pedro na oficina, recebeu um carro antigo, que tem grande valor sentimen-
tal para o proprietário, pois foi seu primeiro carro. Esse cliente gostaria de
arrumar a pintura, pois acha que ela está um pouco desbotada e com algu-
mas manchas. Para isso, Pedro realizou os procedimentos padrão, como a
verificação da placa de identificação, chassi ou catálogos.
Após a identificação do código da cor, levou o veículo a um local com luz
branca, ou luz solar, para visualizar a cor da tinta e a cor original.
Fundamentos de Colorimetria
56

Rafael que ainda estava aprendeu o trabalho perguntou:


— O próximo passo é começar a colorir o carro, certo?
Pedro logo esclareceu: — Errado. O correto é começar o teste de corpo de
prova, assim você terá certeza de que usará a cor, pigmentos, e o tom cor-
retos. Lembre-se: o teste de corpo de prova consiste em utilizar chapas me-
tálicas para testar a quantidade de demãos de tinta necessárias para atingir
a tonalidade da cor original do carro.
Vale lembrar também que você poderá fazer uso de softwares e de catál-
ogos, caso observe que não está chegando ao tom original do veículo.
Ao atingir a tonalidade correta, é hora de preparar o carro para a repintura
utilizando equipamentos como lixa, pistola para a pulverização da tinta e
cabine de pintura. Detalhes dessa utilização, bem como a preparação das
superfícies.
— Nossa Pedro tenho muito que estudar para aprender ser um grande pin-
tor, muito obrigado pelas dicas.

7.5 COMPRESSORES

Outro equipamento importante no processo de repintura são os compresso-


res. Essas máquinas são utilizadas para dar maior pressão na saída da tinta duran-
te a utilização das pistolas.

Antes de comprar um compressor ou um equipamento de


FIQUE ar comprimido, é importante que saber a quantidade de ar
ALERTA necessária para o trabalho que irá realizar. Para isso, é pos-
sível solicitar informações a um técnico especializado.
Dreamstime (2012)

Figura 31 -  Compressor
7 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS ESPECÍFICAS
57

RECAPITULANDO

Chegamos ao final dessa unidade e neste capítulo você conheceu os equi-


pamentos que auxiliam o colorista a realizar seu trabalho com eficiência,
garantindo a qualidade e rapidez do serviço. Conheceu os modelos e fun-
cionamento de politrizes e pistolas de pintura. Viu também como é feita
a utilização da cabine de pintura. Agora você já sabe quais são todos os
conhecimentos que estão ligados aos fundamentos da colorimetria.
REFERÊNCIAS

AMOPINTAR. Características ou qualidades das cores. Disponível em: http://www.amopintar.


com/aprender-online/caracteristicas-das-cores.html Acesso em 17 de janeiro de 2012.
BANACH FERRAMENTAS. Lixadeira Elétrica 7” GWS 20-U. Disponível em: http://www.banach.com.
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VENTURA, Paulo. Coord. MANUAL DE REPINTURA AUTOMOTIVA. São Paulo: SITIVESP, ago. 2002.
MINICURRÍCULO Dos autores

Cristiane de Abreu é formada em Letras Língua Inglesa e Literaturas pela UFSC – Universidade
Federal de Santa Catarina em 2007, recebendo o título de Bacharel em Letras. Fez curso de Ca-
pacitação de Professores para EAD pela PUC-RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. A autora trabalhou como professora de inglês e português como língua estrangeira em
cursos extracurriculares oferecidos na UFSC entre agosto de 2006 e junho de 2010. Trabalhou
como bolsista de disciplina na UFSC desenvolvendo atividades de apoio discente e suporte ao
professor tutor no Ambiente Virtual de Aprendizagem em curso de EAD. Atualmente trabalha
como professora de inglês no Centro de Cultura Speak About e no SENAI/São José.

Vagner Luiz Cichaczevski, formação em nível técnico em Mecânica Industrial. Realizou vários cur-
sos na área de pintura, colorimetria, polimento e recuperação automotiva, além de cursos na área
pedagógica. Instrutor do SENAI/SC de São José na área de pintura automotiva de 2004, sendo
professor titular no curso técnico Automotivo na disciplina de Lataria e Pintura. Empresário atu-
ando na área de recuperação e pintura automotiva.
Índice

A
Absorção 15, 16

C
Colorimetria 14, 16, 18, 34, 39, 46, 49, 51, 57

D
Degradê 45
Dióxido de titânio 19

L
Luminosidade 17, 47, 48

M
Metamerismo 29, 32, 33, 34

P
Pigmento 13, 15, 17, 18, 19, 20
Primer 19, 52, 55
Pureza 17, 18

R
Reflexão 15, 16

S
Saturação 48
Subtom 17

T
Tom 17, 25, 33, 44, 49, 56
Tonalidade 14, 15, 16, 18, 26, 29, 31, 33, 38, 39, 40, 43, 45, 46, 48, 49, 51, 56
Translúcida 24, 25
Tricoalt 24
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

Simone Moraes Raszl


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela de Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Cristiane Abreu
Vagner Luiz Cichaczevski
Elaboração

Alcides Aparecido Gonçalves


Revisão Técnica

Luciana Effting
CRB14/937
Ficha Catalográfica

FabriCO

Design Educacional
Revisão Ortográfica, Gramatical e Normativa
Ilustrações
Tratamento de Imagens
Normalização
Diagramação
i-Comunicação
Projeto Gráfico

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