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SÉRIE AUTOMOTIVA

SISTEMAS
MECÂNICOS DE
MOTOCICLETAS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE AUTOMOTIVA

SISTEMAS
MECÂNICOS DE
MOTOCICLETAS
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_________________________________________________________________________
S491s
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Sistemas mecânicos de motocicletas / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina.
Brasília : SENAI/DN, 2012.
84 p. : il. (Série Automotiva).

ISBN

1. Motocicletas - Mecânica. 2. Termodinâmica. 3. Termômetros e


termometria. 4. Segurança do trabalho. I. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina.
II. Título. III. Série.

CDU: 629.326
_____________________________________________________________________________

SENAI Sede

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Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Ilustrações
Figura 1 - Comparação das Escalas..............................................................................................................................25
Figura 2 - Termômetro a laser ......................................................................................................................................27
Figura 3 - Componentes do motor..............................................................................................................................32
Figura 4 - Componentes do motor..............................................................................................................................33
Figura 5 - Componentes do motor..............................................................................................................................34
Figura 6 - Componentes do motor..............................................................................................................................34
Figura 7 - Componentes do motor..............................................................................................................................35
Figura 8 - Componentes do motor..............................................................................................................................37
Figura 9 - Motor de Dois Tempos..................................................................................................................................37
Figura 10 - Suspensão estilingue..................................................................................................................................44
Figura 11 - Suspensão telescópica...............................................................................................................................44
Figura 12 - Suspensão pró-link......................................................................................................................................45
Figura 13 - Garfo subindo................................................................................................................................................46
Figura 14 - Garfo descendo............................................................................................................................................46
Figura 15 - Cáster e Trail................................................................................................................................................ 47
Figura 16 - Suspensão Traseira......................................................................................................................................48
Figura 17 - Mesa superior................................................................................................................................................49
Figura 18 - Mesa inferior..................................................................................................................................................49
Figura 19 - Regulagem de folga do freio...................................................................................................................52
Figura 20 - Freio a disco...................................................................................................................................................53
Figura 21 - Pinça de freio.................................................................................................................................................53
Figura 22 - Completar o nível do fluido......................................................................................................................55
Figura 23 - Bombear de 05 a 08 vezes manter pressionado...............................................................................55
Figura 24 - Abrir o sangrador.........................................................................................................................................55
Figura 25 - Completar o nível e fechar o reservatório...........................................................................................56
Figura 26 - Motor OHV......................................................................................................................................................57
Figura 27 - Motor com comando no cabeçote – OHC..........................................................................................58
Figura 28 - Motor em linha..............................................................................................................................................58
Figura 29 - Motor de moto em linha...........................................................................................................................59
Figura 30 - Motor de cilindros opostos ......................................................................................................................59
Figura 31 - Motor em “V”..................................................................................................................................................60
Figura 32 - Moto com motor em “V”............................................................................................................................60
Figura 33 - Virabrequim ...................................................................................................................................................61
Figura 34 - Camisa do motor .........................................................................................................................................61
Figura 35 - tAnéis do pistão do motor........................................................................................................................62
Figura 36 - Componentes do retentor........................................................................................................................63
Figura 37 - Bomba de óleo por palhetas ...................................................................................................................64
Figura 38 - Distância entre eletrodos da vela de ignição.....................................................................................64
Figura 39 - Dissipação de calor......................................................................................................................................65
Figura 40 - Construção da vela de ignição................................................................................................................66
Figura 41 - Projeção das velas de ignição..................................................................................................................67
Figura 42 - Sistema de lubrificação..............................................................................................................................68
Figura 43 - Filtro úmido....................................................................................................................................................69
Figura 44 - Filtro seco........................................................................................................................................................69
Figura 45 - Cruzamento de válvulas............................................................................................................................70
Figura 46 - Cilindrada do motor....................................................................................................................................72
Figura 47 - Taxa ou razão de compressão do motor..............................................................................................72
Figura 48 - Taxa de compressão....................................................................................................................................73
Figura 49 - Transmissão....................................................................................................................................................74
Figura 50 - Transmissão por corrente..........................................................................................................................75
Figura 51 - Transmissão por correia.............................................................................................................................76
Figura 52 - Transmissão por cardan.............................................................................................................................76
Figura 53 - Folga da corrente.........................................................................................................................................77
Figura 54 - Regulagem da corrente.............................................................................................................................78
Figura 55 - Medição da corrente de transmissão....................................................................................................79
Figura 56 - Óculos de proteção ....................................................................................................................................85
Figura 57 - Protetor Auricular.........................................................................................................................................86
Figura 58 - Ergonomia......................................................................................................................................................87
Figura 59 - Cores da coleta..............................................................................................................................................89
Figura 60 - Manual de reparação..................................................................................................................................94

Quadro 1 - Matriz curricular...........................................................................................................................................14


Quadro 2 - Descarte de resíduos .................................................................................................................................92
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Princípios da Termodinâmica.....................................................................................................................................17
2.1 Definições da termodinâmica..................................................................................................................18
2.1.1 Calor................................................................................................................................................18
2.1.2 Temperatura.................................................................................................................................19
2.1.3 Energia...........................................................................................................................................20

3 Termometria.....................................................................................................................................................................23
3.1 Definição de Termometria.........................................................................................................................24

4 Ciclos Termodinâmicos.................................................................................................................................................31
4.1 Ciclos Termodinâmicos..............................................................................................................................32
4.1.1 Ciclo Otto de 4 Tempos............................................................................................................32
4.1.2 Ciclo Otto de 2 Tempos............................................................................................................36

5 Sistemas Mecânicos de Motocicleta........................................................................................................................41


5.1 Definição de Sistemas Mecânicos de Motocicleta...........................................................................42
5.1.1 Suspensão e Direção.................................................................................................................42
5.1.2 Suspensão Dianteira.................................................................................................................43
5.1.3 Suspensão Traseira....................................................................................................................44
5.2 Funcionamento e Componentes............................................................................................................45
5.2.1 1Cáster e Trail...............................................................................................................................47
5.2.2 Suspensão Traseira....................................................................................................................47
5.2.3 Direção...........................................................................................................................................48
5.3 Freios.................................................................................................................................................................50
5.3.1 Tipos e Função............................................................................................................................50
5.3.2 Componentes e Funcionamento.........................................................................................50
5.4 Motor................................................................................................................................................................56
5.4.1 Função...........................................................................................................................................56
5.4.2 Componentes e Funcionamento........................................................................................60
5.5 Transmissão ...................................................................................................................................................73
5.5.1 Função...........................................................................................................................................73
5.5.2 Componentes e Funcionamento.........................................................................................74
5.5.3 Relação de Transmissão...........................................................................................................77

6 Aspectos Ambientais e de Segurança no Local de Trabalho..........................................................................83


6.1 Saúde e Segurança no trabalho.............................................................................................................84
6.1.1 Norma Regulamentadora – NR ............................................................................................84
6.1.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA .......................................................84
6.1.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPI....................................................................85
6.1.4 Equipamentos de Proteção coletiva – EPC.......................................................................86
6.1.5 Ergonomia....................................................................................................................................87
6.2 Segregação e Descarte de Materiais e Componentes....................................................................88
6.2.1 Legislação.....................................................................................................................................89
6.2.2 Normas Técnicas.........................................................................................................................90
6.2.3 Procedimentos............................................................................................................................90
6.3 Documentação Técnica..............................................................................................................................92
6.3.1 Manuais do Proprietário..........................................................................................................93
6.3.2 Plano de Manutenção..............................................................................................................93
6.3.3 Manuais de Reparação.............................................................................................................94
6.3.4 Normas Técnicas.........................................................................................................................95
6.3.5 Procedimentos Específicos.....................................................................................................96

Referências......................................................................................................................................................................... 101

Minicurrículo Do Autor.................................................................................................................................................. 103

Índice................................................................................................................................................................................... 105
Introdução

Caro aluno,
Seja bem vindo à Unidade Curricular de Sistemas Mecânicos de Motocicleta. Neste livro,
você aprenderá sobre os sistemas mecânicos existentes em uma motocicleta. Este aprendi-
zado o capacitará a diagnosticar e reparar os sistemas mecânicos de uma motocicleta de forma
segura e correta, atendendo aos padrões de qualidade requisitados.
Neste material didático, você aprenderá sobre os princípios mecânicos que servem como
base para todos os conhecimentos na área de reparação de motocicletas. Com isso, você es-
tudará sobre os principais sistemas mecânicos das motocicletas, aprendendo sobre os tipos e
componentes dos sistemas de freio, bem como seus princípios de funcionamento.
Você conhecerá, também, as principais características dos sistemas de suspensão, além
de seus componentes, tipos e princípios de funcionamento. Com esse conhecimento, você
poderá identificar anomalias nos sistemas de suspensão.
Em seguida, você conhecerá os principais componentes que fazem parte da construção
dos motores de combustão interna ciclo Otto e que são empregados nas motocicletas nos dias
atuais. Desta maneira, você conhecerá os principais componentes do motor, bem como seu
princípio de funcionamento, e poderá identificar anomalias decorrentes de mau uso ou outros
fatores.
Na sequência da leitura do livro, você aprenderá sobre o sistema de transmissão, conhecen-
do suas características, componentes, funcionamento e algumas regulagens do sistema de
transmissão secundária.
Para que você se torne um reparador competente, com responsabilidade social e ética
profissional, você conhecerá alguns aspectos sobre saúde e segurança no trabalho, bem como
aspectos de segregação e descartes de materiais. Todo esse conteúdo habilitará você a iden-
tificar os principais sistemas mecânicos de motocicletas e seus componentes. Desta maneira,
você poderá realizar serviços de qualidade e confiança, com ética e respeito pelos seus clientes
e colegas de trabalho.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
14

Mecânico de Manutenção em Motocicletas

UNIDADES CARGA CARGA HORÁRIA


MÓDULOS DENOMINAÇÃO
CURRICULARES HORÁRIA DO MÓDULO
• Fundamentos de
30h
Tecnologia Automotiva
Básico Básico 60h
• Organização do
30h
Ambiente de Trabalho
• Fundamentos de
20h
Mecânica de Motocicletas
Introdutório de • Sistemas Mecânicos de
Introdutório 40h 100h
Motocicletas Motocicletas
• Eletroeletrônica de Mo-
40h
tocicletas
• Manutenção de Sistemas
Mecânicos de Motoci- 80h
Mecânico de cletas
Específico I 120h
Motocicletas • Manutenção de Sistemas
Eletroeletrônicos de Mo- 40h
tocicletas

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI DN

Agora você é convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça


deste processo um momento de construção de novos saberes, onde teo-
ria e prática devem estar alinhadas para o seu desenvolvimento profissional.

Bom estudos!
1 INTRODUÇÃO
15

Anotações:
Princípios da Termodinâmica

Para entender o funcionamento dos sistemas, faz-se necessário ter um conhecimento bási-
co, não somente de mecânica, mas de princípios básicos de física. Por isso, neste capítulo, você
aprenderá sobre a termodinâmica, seu conceito, sua aplicação e sua relação com a mecânica.
Para que você possa entender a termodinâmica, primeiro serão tratadas as definições. Em
seguida, você aprenderá sobre outros conceitos, que são pré-requisitos para você poder acom-
panhar nossa explicação.
E, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) saber identificar as definições dos princípios da termodinâmica;
b) compreender a importância do calor na geração de energia;
c) entender a ação da termodinâmica no funcionamento do motor.
Aproveite os momentos de leitura para fazer anotações e resumos do conteúdo estudado.
Desta forma, você reforçará os conceitos e tornará o aprendizado mais eficiente.
18 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS

2.1 DEFINIÇÕES DA TERMODINÂMICA

A termodinâmica é uma área da física que estuda as reações e efeitos do calor,


da temperatura e da energia, onde podemos verificar o que cada um pode fazer,
separadamente, e o que é possível criar, quando utilizamos seus conceitos em
conjunto. Por isso, serão abordados melhor cada um desses conceitos e também
a relação com a mecânica de motocicletas.

2.1.1 CALOR

O calor é uma forma de energia relacionada à temperatura. Essa grandeza é


capaz de proporcionar diversas reações, tanto físicas como químicas, sendo que
todo corpo quando aquecido sofre uma dilatação e, consequentemente, uma re-
ação que pode ser química ou física. É necessário lembrar que todo corpo possui
átomos, e esses átomos, quando aquecidos, se agitam e se dilatam. Portanto, to-
dos os corpos possuem um coeficiente de dilatação, isto em relação ao calor.
Ao tratar do assunto mecânica de motocicletas, deve-se atentar ao tema “ca-
lor”, pois, se uma peça aquece acima do que pode suportar, poderá sofrer graves
danos e, ainda, causar acidentes. É o caso das pastilhas de freio, que, ao sofrerem
um superaquecimento, têm sua ação reduzida, podendo tornar-se ineficazes.
Creatas ([20--?])
2 PRINCÍPIOS DA TERMODINÂMICA
19

Para você entender melhor, analise da seguinte forma: o motor da moto pre-
cisa trabalhar aquecido, assim terá seu desempenho conforme foi projetado e
funcionará perfeitamente. Entretanto, se ele superaquecer, o óleo lubrificante
também aquecerá e, como consequência, ele se tornará mais fino, resultando na
danificação de alguns aditivos, se o calor for excessivo. Ocorrido isso, o óleo não
lubrificará corretamente, e o motor terá um desgaste prematuro com consequen-
te redução de sua vida útil.

Cada tipo de metal tem um coeficiente de dilatação,


VOCÊ pois cada um deles dilata de uma maneira diferente dos
outros; e cada metal possui um coeficiente de dissipa-
SABIA? ção de calor, portanto alguns esfriam mais rápido que
outros.

Como você pode perceber, a termodinâmica possui vários campos de estudo.


Você viu também a importância de controlar o calor. Mas calor não é o mesmo
que temperatura, por isso você aprenderá, a seguir, o conceito de temperatura e
seus aspectos, bem como conhecerá os principais conceitos das áreas da termodi-
nâmica empregados no funcionamento dos sistemas mecânicos da motocicleta.

2.1.2 TEMPERATURA

A temperatura é um fator importante em uma motocicleta, porque todos os


componentes devem trabalhar dentro de um regime ideal. Ela não pode ser baixa
e nem alta, ou seja, deve estar em um regime de proporção. É claro que nem to-
dos os componentes trabalham na mesma temperatura, este fator é determinado
conforme o projeto da motocicleta, e ainda, suas aplicações. Portanto, quando
os fabricantes a projetam, pensam em quais serão as condições de uso, e o que a
motocicleta deverá suportar.
Por isso, quando utilizada de forma inadequada, a motocicleta é forçada, pro-
vocando superaquecimento nos sistemas. Isto faz com que os componentes tra-
balhem em condições extremas, reduzindo gradativamente sua vida útil.

FIQUE Todo aquecimento gera uma dilatação e, se for em exces-


so, aumentará o atrito entre componentes, o que provoca
ALERTA desgaste e diminui a vida útil das peças.
20 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS

1 COMBUSTÃO

Muitos confundem com CASOS E RELATOS


explosão, mas você precisa
saber que explosão é uma
queima sem controle
e, no caso dos motores, Superaquecimento da motocicleta
esta queima é controlada
pelo cilindro e pela Bruna é uma estudante que trabalha durante o dia. Ela comprou uma mo-
ignição, portanto, é uma
combustão. tocicleta pensando em facilitar seu deslocamento entre o trabalho e a
faculdade. Porém, ela andava preocupada com algumas funções de sua
motocicleta. Além disso, tinha dúvidas sobre a forma como estava pilo-
tando sua moto.
Então, Bruna perguntou a um mecânico, que foi indicado por um ami-
go, se ele podia lhe dar algumas dicas, para que ela pudesse conduzir de
forma adequada sua motocicleta. O mecânico explicou a importância do
uso correto para evitar superaquecimentos, e lhe disse que ao sair com a
motocicleta, ela não deve forçar o motor da mesma. Ele quis dizer que ela
deveria evitar pilotar com rotação excessiva, porque provocaria o aque-
cimento do sistema, já que a motocicleta estava fria antes de sair. Então,
Bruna começou a pilotar de forma mais adequada, evitando, assim, pro-
blemas futuros.

2.1.3 ENERGIA

Ao falar de calor, se está falando também de uma forma de energia, mas, con-
forme os conceitos da física, a energia não pode ser criada ou destruída, somente
transformada em outra forma de energia. O calor, no entanto, possui uma energia
e, ao trabalhar com este calor, é possível utilizá-la. Por exemplo: internamente em
um motor, existe um cilindro onde trabalha o pistão e, em cima do pistão, ocor-
re uma combustão1, a qual gera um calor enorme. Por sua vez, este calor possui
muita energia de expansão, e é esta energia que empurra o pistão para baixo,
fazendo com que o motor entre em funcionamento.
Mais adiante você estudará sobre o funcionamento do motor, e poderá com-
preender melhor suas reações e transformações, mas o importante agora, é que
você saiba que a energia está em transformação constante, e pode ser utilizada
para diversos fins.
2 PRINCÍPIOS DA TERMODINÂMICA
21

SAIBA Você pode saber mais sobre termodinâmica, entre outros


MAIS assuntos de física, pesquisando no site: <www.fisica.net>.

A maior causa de danificações em motores de motocicle-


tas é o superaquecimento, gerado pela utilização incorreta
FIQUE da moto. Muitas pessoas acham bonito acelerar o motor
ALERTA até seu limite de rotação, mas esta ação superaquece to-
dos os sistemas do motor e prejudica seu funcionamento,
o que reduz gravemente sua vida útil.

RECAPITULANDO

Agora você sabe a relação do calor, temperatura e energia, e o mais inte-


ressante, é que você também aprendeu a relação destes conceitos aplica-
dos na mecânica de motocicletas. Neste capítulo, você aprendeu as defi-
nições desses conceitos, o que possibilitou compreender, de forma clara,
a relação da física com a mecânica de motocicletas. Agora é só continuar
seus estudos e, durante a leitura deste livro, você verá mais exemplos
de aplicação prática, assim como, ouvirá falar muito sobre temperatura
e atrito.
Termometria

Neste capítulo, você aprenderá mais alguns conceitos de física, relacionados às temperatu-
ras e suas escalas. Então leia com bastante atenção, pois este conhecimento será útil para você
em sua futura carreira profissional.
Recentemente, você aprendeu os princípios da termodinâmica que estudam a relação das
temperaturas com os movimentos. Para complementar seu aprendizado, desta vez, você apren-
derá como realizar conversões, medições e interpretar escalas dessas temperaturas.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido conhecimentos para:
a) analisar escalas de temperatura;
b) realizar conversões de temperatura;
c) executar medições de temperatura, utilizando instrumentos específicos.
Ao longo do seu estudo, procure dialogar com seus colegas e com o professor sobre os te-
mas abordados neste livro. A troca de informações é uma atividade importante para seu apren-
dizado, pois permite reforçar o conteúdo aprendido. Portanto, encontrando dúvidas, ou não,
procure entrar em contato com os colegas de turma.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
24

1 AÇÕES SENSORIAIS 3.1 DEFINIÇÃO DE TERMOMETRIA


Ocorrem quando nosso A termometria é uma área da física que estuda e analisa as temperaturas e seus
corpo percebe o calor,
funcionam, então, como um conceitos, a forma como agem e de que maneira se dissipam. Além disto, estuda
sensor.
e desenvolve escalas e sistemas de conversões, sobre os quais, você aprenderá
mais adiante, portanto, é necessário lembrar que a termometria está diretamente
relacionada à temperatura e seus efeitos.

3.1.1 ESCALAS

Você já percebeu que algumas pessoas sentem mais frio que outras? Isto ocor-
re porque possuímos um sistema nervoso, que por sua vez, controla os sensores
da pele. Assim, cada pessoa tem uma percepção sensorial em relação à tempe-
ratura. E como cada pessoa possui um tipo de sensação térmica, foi necessário
desenvolver um sistema de medição da temperatura que não fosse afetado com
essas ações sensoriais1. Desta forma, físicos renomados desenvolveram escalas de
temperatura, sendo três as principais utilizadas hoje em dia: o Kelvin, o Celsius e
o Fahrenheit.
As três escalas possuem um zero como referência, mas nenhuma possui o zero
na mesma condição em relação à outra, portanto, só é possível compará-las colo-
cando-se uma escala, com uma ao lado da outra. Conheça cada uma das escalas,
a seguir.
Escala Kelvin (ºK): É utilizada somente em laboratórios e admite o zero como
sendo o ponto mais frio, fazendo com que os átomos parem de se mexer. Por este
motivo, chamam-no de zero absoluto.
Escala Celsius (ºC): É a escala mais branda e utilizada na maior parte do mun-
do.
Escala Fahrenheit (ºF): É utilizada principalmente nos países da América do
Norte.

Você pode conhecer mais detalhes destes e de outros con-


SAIBA ceitos das escalas de temperatura, além de outros assuntos
MAIS da física. Basta pesquisar no seguinte endereço: <www.brasi-
lescola.com/física>.

Na figura a seguir, veja as comparações entre as escalas.


3 TERMOMETRIA
25

Comparação das escalas


Água
ferve 1 Variantes regionais

212 ºF 100 ºC 373 K


PERCEPÇÃO

Água
congela 32 ºF 0 ºC 273 K
fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
Zero C48 M 18 Y 88 K 17
absoluto -459 ºF -273 ºC 0K

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Fahrenheit Celsius Kelvin


Figura 1 - Comparação das Escalas
Fonte: Adaptado de Mundo educação (2012)

Repare, na figura, que o zero da escala Celsius representa 32º na escala


Fahrenheit. Isto quer dizer que sentimos mais frio por chegar abaixo de zero em
alguns lugares do país? Não, o frio é o mesmo em qualquer lugar. O que acontece,
neste caso, é que os países que utilizam a escala Fahrenheit têm uma cultura e um
clima diferente, sendo mais fácil utilizar uma escala ligeiramente mais alta.

3.1.2 CONVERSÕES

Você já deve ter ouvido falar em temperaturas diferentes de Celsius, como


você estudou anteriormente, mas como fazemos para converter estas unidades
de medidas? Existe uma fórmula para realizar esta conversão, mas é possível utili-
zar a regra de três, como no exemplo:

TC = TF-32 = TK-273
5 9 5
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
26

2 MULTÍMETRO Para entender melhor como aplicar a fórmula que você acabou de conhecer,
veja o exemplo a seguir:
Instrumento elétrico usado
para verificar medidas Você deseja saber quantos graus, em Fahrenheit, correspondem a 60ºC. Você
elétricas.
tem a informação de que 100ºC corresponde a 212ºF, então, basta utilizar a regra
de três da seguinte maneira:

100ºC = 212ºF
60ºC = XºF

XºF = 60ºC x 212ºF = 127,2ºF


100ºC

Perceba que X corresponde ao valor que ainda não foi encontrado. Para se
chegar a esse valor foi necessário multiplicar 60 por 212, e dividir o resultado en-
contrado por 100.

Quando você realizar um serviço que envolva a troca de


FIQUE graxa ou de vedadores, faça-o com muita atenção, pois
se ocorrer vazamento, os componentes poderão ser da-
ALERTA nificados, além de causar acidentes e prejudicar o meio
ambiente.

3.1.3 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Como seria possível saber a temperatura de um ambiente ou a do motor de


uma motocicleta sem um instrumento capaz de realizar a função de medição?
Para isso, existem os instrumentos de medição, que agem de modo que seja pos-
sível ter um parâmetro da temperatura do meio ambiente. Esses instrumentos
são os conhecidos termômetros. Alguns desses instrumentos podem ser adqui-
ridos nas mais variadas lojas de departamento. São instrumentos comuns, muito
parecidos com os termômetros médicos que utilizamos para verificar a tempera-
tura corporal de uma pessoa que esteja doente e com febre.
3 TERMOMETRIA
27

Instrumentos de medição são baratos, além de muito


VOCÊ úteis em uma oficina de motocicletas, pois diversos
SABIA? serviços requerem o conhecimento da temperatura da
motocicleta.

Para medir a temperatura do motor, ou de qualquer outro sistema da motoci-


cleta, existem duas maneiras:
a) a primeira é quando a motocicleta já vem equipada com sensores de tem-
peratura, então ela mesma indica a temperatura em seu painel;
b) a segunda, no caso das motos mais populares que não possuem este dis-
positivo, é possível ao se utilizar o termômetro que vem instalado no multí-
metro2. Também há o recurso da pistola de temperatura, que mede a tem-
peratura por meio de um laser, que indica a medida encontrada. Conforme é
mostrado, na figura a seguir.

-
Bigolin Rolamentos ([20--?])

Figura 2 - Termômetro a laser


Fonte: Adaptado de Bigolin (2012)

Observe, no relato a seguir, qual era a causa do problema que Luiz encontrava
quando passava por uma rodovia cheia de imperfeições.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
28

CASOS E RELATOS

A moto de Luiz
Certo dia, como de costume, Luiz estava indo trabalhar com sua moto,
mas durante o percurso, sofreu um acidente: a roda traseira da moto tra-
vou e Luiz caiu no chão. Muito preocupado, Luiz a levou imediatamente
para a oficina Moto&Cia, e descreveu o problema para Sr. Augusto, chefe
de oficina.
Augusto fez uma análise e descobriu que o rolamento da roda havia tra-
vado. Com isso, trocou o rolamento e entregou a moto para Luiz. Uma
semana depois, Luiz estava passando pelo mesmo trecho e quase sofreu
um acidente novamente. Ele retornou à oficina, o que deixou o Sr. Augus-
to espantado, pois o rolamento novo também travou.
O chefe de oficina primeiro investigou a causa do travamento do rolamen-
to, mas não encontrou nada que justificasse aquele defeito. Em seguida,
conversou com Luiz e perguntou como ocorria o problema. Luiz relatou
que acontecia quando ele necessitava passar por uma estrada que tinha
uma elevação, como se fosse uma lombada, porém muito maior. Disse
que o local era pouco iluminado e, por isso, não via a imperfeição na pis-
ta; e depois de um ou dois dias o defeito aparecia.
Augusto chegou à conclusão de que quando Luiz passava por esse lugar, a
moto pulava e a roda girava muito mais rápido do que foi projetado para esse
sistema. Assim, a graxa do rolamento era aquecida, aumentando sua flui-
dez e propiciando seu vazamento através da estrutura do rolamento. Des-
te modo, o rolamento perdia a lubrificação e acabava fundindo com o eixo.
O chefe de oficina sugeriu a Luiz duas soluções preventivas para o pro-
blema: escolher um trajeto diferente que não tivesse aquele tipo de im-
perfeição no asfalto, ou reduzir a velocidade de sua moto quando passas-
se pelo caminho usual.
3 TERMOMETRIA
29

RECAPITULANDO

Neste primeiro capítulo, você conheceu os principais conceitos de física,


fundamentais para o entendimento da mecânica de motocicletas. Mas o
importante é que agora você está capacitado a identificar, com precisão e
análise, o motivo pelo qual um determinado componente pode ter apre-
sentado defeito, pois você sabe, sobretudo, a importância do controle da
temperatura nos componentes mecânicos.
Ciclos Termodinâmicos

Neste capítulo, você aprenderá sobre os sistemas mecânicos e os ciclos termodinâmicos dos
motores de motocicletas. Basicamente você estudará sobre os tempos do motor, e seu funcio-
namento em relação a esses tempos de trabalho.
E, ao final dos estudos deste capítulo, você estará apto a:
a) reconhecer os componentes do motor ciclo Otto de 4 tempos;
b) descrever as funções de cada um de seus tempos;
c) reconhecer os componentes do motor ciclo Otto de 2 tempos;
d) identificar as etapas de funcionamento do motor ciclo Otto de 2 tempos.
A partir de agora, você começa a conhecer mais profundamente os sistemas mecânicos das
motocicletas. De início, você conhecerá os ciclos termodinâmicos dos motores ciclo Otto. Você
deve ter ficado empolgado, não é mesmo? Então continue seus estudos e aprenda um pouco
mais do mundo da reparação!
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
32

1 CENTELHA 4.1 CICLOS TERMODINÂMICOS


Partícula incandescente
que é gerada pela vela de
Você sabia que todo motor movido a gasolina, álcool ou GNV é chamado de
ignição dentro da câmara de motor Ciclo Otto? Este motor leva tal nome por ter sido criado por Nikolaus Otto,
combustão.
que desenvolveu o projeto de um motor de combustão interna de ignição por
centelha1. A partir de então, este passou a ser o motor mais utilizado no mundo,
possuindo duas classificações quanto ao seu tempo de funcionamento, as quais
2 VIRABREQUIM você conhecerá, a seguir.

Termo coloquial para


designar a árvore de
manivelas de um motor
de combustão interna, 4.1.1 CICLO OTTO DE 4 TEMPOS
trata-se de um eixo de
excêntricos, geralmente
confeccionado em aço
Os motores de quatro tempos são assim chamados por possuírem quatro tem-
usinado, mas também pode pos de funcionamento. São os motores mais tradicionais e utilizados atualmente.
ser produzido através de
processo de forja. Conheça, em detalhes, um pouco mais do funcionamento desse tipo de motor,
analisando as peças que compõe a figura seguinte.

3 HERMETICAMENTE

Algo hermeticamente
Cabeçote
fechado é um espaço
totalmente fechado que Válvula de
1 Variantes regionais

não permite vazamentos ou admissão


infiltrações. Válvula de PERCEPÇÃO

escape
fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
Camisa/Cilindro 1.Novidade
1.Novidade
Pistão 1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K
Biela
C48 M 18 Y 88 K 17
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 3 - Componentes do motor


Fonte: Adaptado SENAI (2003)

Após conhecer os componentes do motor de quatro tempos, entenda como


funciona a mecânica.
As válvulas de Admissão e de Escape permitem a entrada e saída dos gases
para a combustão. Em seguida, o Cabeçote fecha o Cilindro para permitir uma
boa vedação. É quando o Pistão recebe a energia da combustão e empurra a
Biela, que tem por função girar o virabrequim2 .
4 CICLOS TERMODINÂMICOS
33

Mas você deve estar se perguntando: por que este motor Otto tem quatro
Cabeçote
tempos e o que acontece em cada um deles? As respostas para esse questiona-
Válvula de mento você terá a seguir.
admissão
1º Tempo – Admissão: Nesta etapa, a Válvula de Admissão se abre. Então,
Válvula de
escape
o Pistão é puxado para baixo pela Biela, forçando a entrada da mistura ar/com-
bustível. Quando o Pistão força a entrada de ar é por que esta ação de descida
Camisa/Cilindro provoca uma depressão de ar, que funciona como se fosse uma sucção desse ar.
Pistão
Neste primeiro tempo, o motor gira ½ volta ou 180º. Veja um exemplo, na fi-
gura a seguir.
Biela

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
C48 M 18 Y 88 K 17
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 4 - Componentes do motor


Fonte: Adaptado SENAI (2003)

2º Tempo – Compressão: Esta é a etapa em que as Válvulas se fecham e o


Cilindro todo fica fechado hermeticamente3. Então, o Pistão começa a subir e se
desloca do Ponto Morto Inferior (PMI), que é o ponto mais baixo em que o pistão
desce, até o Ponto Morto Superior (PMS), o ponto mais alto que o pistão sobe,
quase encostando ao cabeçote.
Este movimento faz com que o Pistão comprima a mistura, e esta compressão
faz com que a mistura aqueça aproximadamente 400ºC. Na compressão, o motor
gira mais ½ volta, realizando uma volta completa. Conforme é demonstrado na
figura seguinte.
escape

Camisa/Cilindro
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
34 Pistão

Biela

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K
C48 M 18 Y 88 K 17

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 5 - Componentes do motor


Cabeçote Fonte: Adaptado SENAI (2003)

Válvula de
admissão
3º Tempo – Combustão
Válvula deou Trabalho: Neste tempo, as válvulas permanecem
escape deslocando-se do PMS ao PMI, por força da combustão.
fechadas e o Pistão desce,
A vela de ignição libera uma faísca, que faz com que a mistura ar/combustível,
Camisa/Cilindro comprimida e aquecida, entre em combustão. Conforme é ilustrado na figura a
Pistão
seguir.
Nessa etapa, o motor gira mais ½ volta, completando uma volta e meia.
Biela

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K
C48 M 18 Y 88 K 17
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 6 - Componentes do motor


Fonte: Adaptado SENAI (2003)
4 CICLOS TERMODINÂMICOS
35

Cabeçote
Válvula de
admissão
4º Tempo – Exaustão
Válvula ou
de Escape: Neste último tempo, a válvula de escapa-
escape
mento se abre, e o pistão desloca-se de PMI a PMS, empurrando os gases gerados
pela combustão para fora do cilindro. Como você poderá verificar, na figura a
Camisa/Cilindro seguir.
Pistão
O motor gira mais ½ volta, completando duas voltas e finalizando os quatro
tempos, iniciando tudo novamente.
Biela

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
C48 M 18 Y 88 K 17
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 7 - Componentes do motor


Fonte: Adaptado SENAI (2003)

Muito bem, você acaba de conhecer os quatro tempos dos motores Ciclo Otto,
que são: admissão, compressão, combustão e escape. Que tal conhecermos, en-
tão, os tempos dos motores dois tempos?
É importante ressaltar que, para a combustão acontecer, a camisa (ou cilindro)
deve estar vedada corretamente.

Os quatro tempos do motor Ciclo Otto devem funcionar


FIQUE corretamente, caso contrário, todo o motor pode ser dani-
ALERTA ficado. Por isso, se a motocicleta estiver falhando, procure
consertá-la o mais cedo possível.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
36

4 CÁRTER
Para conhecer mais sobre este e outros assuntos relaciona-
Local onde trabalha a SAIBA dos aos tempos dos motores de combustão, você pode aces-
árvore de manivelas e a MAIS sar o link: <http://www.omecanico.com.br/modules/revista.
biela. O conceito e a função php?recid=718&edid=58&topicid=2>.
do Cárter você conhecerá,
no próximo capítulo.

Para que os motores de quatro tempos tenham seu funcionamento de manei-


ra adequada, é necessário que exista um sincronismo entre o virabrequim e o co-
mando de válvulas, uma vez que a abertura e o fechamento das válvulas devem
ocorrer no momento exato de seu funcionamento.
Muito bem, você acaba de conhecer os quatro tempos dos motores Ciclo Otto,
que são admissão, compressão, combustão e escape. No decorrer do seu livro
didático, você conhecerá o conceito e as funções de cada um dos componentes
citados neste capítulo. Que tal conhecer, então, os tempos dos motores ‘dois tem-
pos’?

4.1.2 CICLO OTTO DE 2 TEMPOS

Os motores dois tempos foram muito utilizados nas motocicletas, principal-


mente pela Yamaha, que prolongou ao máximo sua utilização. Esses motores, em
geral, são mais potentes que os de quatro tempos, porém, poluem muito mais
e emitem muito mais ruídos. Desta forma, eles foram retirados do mercado de
motocicletas no mundo inteiro.
Você viu que, durante os quatro tempos, o motor gira duas vezes para comple-
tar o ciclo, e que o Pistão recebe combustão, uma vez que sobe e outra não. Nos
motores de dois tempos é diferente, pois cada vez que sobe, o Pistão recebe uma
combustão, tornando-o mais potente.
Esses motores não possuem Cárter4 com óleo, por isso, o óleo dos motores de
dois tempos precisa ser misturado com a gasolina, para lubrificar o motor.

Os motores de dois tempos ainda são utilizados em


VOCÊ competições de Karte e na fabricação de motores marí-
SABIA? timos. Porém, sua produção está com os dias contados,
por causa da emissão de poluentes.

Você verá como funciona o motor de dois tempos. Mas antes, procure obser-
var a diferença de componentes em relação ao motor de quatro tempos.
4 CICLOS TERMODINÂMICOS
37

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
C48 M 18 Y 88 K 17

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 8 - Componentes do motor


Fonte: Adaptado SENAI (2003)

Você conhecerá, a seguir, o que acontece em cada tempo deste tipo de motor.
Acompanhe!
No primeiro tempo deste motor o Pistão sobe, criando uma depressão no Cár-
ter, admitindo a mistura ar/+combustível/+lubrificante, por meio da janela de
admissão, conforme pode ser visto na figura a seguir. Ao mesmo tempo em que
é executada esta ação, o motor comprime a mistura que está na câmara de com-
bustão. Repare, em outra figura, que a janela de escape e a janela de transferência
permanecem fechadas.

câmara de combustão vela de ignição


1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO
janela de
transferência janela de
escape fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

janela de 1.Novidade
1.Novidade

admissão

C95 M 5 Y 85 K 65
biela
C48 M 18 Y 88 K 17
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

árvore de
manivelas
Figura 9 - Motor de Dois Tempos
Fonte: Adaptado SENAI (2003)
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
38

Quando o Pistão chega a PMS, a vela de ignição libera uma Centelha e faz
com que a mistura, comprimida e aquecida, entre em combustão, empurrando
o Pistão para baixo. Nesta ação, os gases da combustão são expelidos pela janela
de escape e a mistura entra no cilindro pela janela de admissão (que estava no
Cárter), sendo então transferida para a câmara de combustão, através da janela
de transferência existente no bloco do motor e no pistão.
O movimento de entrada da mistura pela janela de transferência ajuda a em-
purrar o restante dos gases de escapamento para fora. Por isso, é comum sair um
pouco de combustível não-queimado e de óleo queimado do escapamento. Nes-
ses motores também é comum a emissão de fumaça azulada, devido à queima do
óleo adicionado ao combustível.
No Casos e Relatos a seguir, veja a situação que Arnaldo passou ao comprar
uma moto usada de dois tempos.

CASOS E RELATOS

A moto adaptada de Arnaldo


Arnaldo é um rapaz muito aventureiro, e seu sonho é ter uma moto de
trilha. Como não tem muito dinheiro, comprou uma motocicleta antiga
e a adaptou-a para trilha. Arnaldo foi para Santo Amaro da Imperatriz,
Santa Catarina, em sua primeira viagem com a moto adaptada. Logo no
início de sua jornada, notou que saía muita fumaça azul do escapamento.
Preocupado com esse fenômeno, Arnaldo levou sua motocicleta à ofici-
na mais próxima, pensando que o motor havia danificado. Foi aí que lhe
explicaram que sua motocicleta tinha um motor de dois tempos, e que
esse tipo de motor leva óleo no combustível. Esse óleo é utilizado para
lubrificar o motor e, por essa razão, é normal apresentar a coloração.
Arnaldo ficou mais tranquilo, mas decidiu vender sua moto adaptada e
economizar dinheiro para comprar uma moto com motor quatro tempos
preparada para trilhas.
4 CICLOS TERMODINÂMICOS
39

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou os princípios de funcionamento quanto aos


tempos de trabalhos dos motores de quatro tempos e de dois tempos.
Com isso, foi possível aprender que cada volta do motor, seja quatro ou
dois tempos, possui uma importante função, e se um desses tempos não
funcionar corretamente, todos os outros tempos sofrerão, uma vez que
é um sistema contínuo, ou seja, um tempo depende do funcionamento
do outro.
Com este conhecimento, você terá condições de compreender melhor o
funcionamento dos motores, o qual será explicado, no próximo capítulo.
Sistemas Mecânicos de Motocicleta

Até este momento, você aprendeu alguns conceitos iniciais e fundamentais para seu apren-
dizado. A partir de agora, você conhecerá todos os sistemas mecânicos de uma motocicleta.
Neste capítulo, serão tratados sistemas como: motor, transmissão, freios, suspensão e direção,
bem como os funcionamentos e componentes desses sistemas.
E, ao final dos estudos deste capítulo, você terá subsídios para:
a) diferenciar os tipos de sistema de suspensão e direção;
b) reconhecer as funções do sistema de suspensão traseira e dianteira;
c) descrever os componentes e o funcionamento do sistema de freio a tambor e freio a disco;
d) reconhecer os tipos de motor, seu funcionamento e componentes;
e) diferenciar os tipos de transmissão e conhecer sua importância no funcionamento da mo-
tocicleta.
Continue seu aprendizado com dedicação e interesse, pois daqui pra frente você estará cada
vez mais perto de tornar-se um técnico em mecânica de motocicletas. Por isso, é importante
que você conheça bem o conteúdo que será abordado a seguir. Uma boa forma de aprofundar
conhecimentos é tirando dúvidas e trocando informações com seu tutor e colegas de curso.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
42

5.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA

Trata-se de sistemas que funcionam de forma mecânica, independentemente


de uso de eletricidade, pois alguns sistemas mecânicos dependem de eletricida-
de. De modo geral, os sistemas mecânicos são aqueles que produzem ou trans-
mitem força, permitindo o deslocamento da motocicleta, além de possibilitar sua
parada quando desejado.
Os sistemas mecânicos são projetados com base nos conceitos físicos que
você aprendeu no capítulo anterior e, ainda, nos conceitos de resistência de ma-
teriais. Isto ocorre porque os sistemas mecânicos devem apresentar uma deter-
minada resistência mecânica para que sua vida útil seja prolongada ao máximo,
garantindo a utilização da motocicleta por muito tempo.

5.1.1 SUSPENSÃO E DIREÇÃO

Você sabia que a suspensão é responsável por fornecer conforto para o piloto
durante um percurso, por menor que seja? Se não houvesse suspensão, cada im-
perfeição na estrada faria com que a moto saísse do solo, e este é um risco muito
grande, pois o piloto precisaria frear toda vez que encontrasse uma imperfeição.
A suspensão auxilia no momento em que a moto é freada, pois uma vez acio-
nados os freios, tanto o peso da motocicleta quanto o do piloto fazem com que
ambos sejam projetados para frente, permitindo que a traseira da motocicleta
levante. Ao mesmo tempo, se não houvesse a suspensão dianteira, a queda seria
inevitável. Por isso, é correto dizer que a principal função da suspensão é manter
a estabilidade da motocicleta e deixá-la firme ao solo.
O sistema de suspensão é aquele que permite rodar mesmo em vias esburaca-
das. Se as motos não tivessem suspensão, a vibração e o desconforto seriam tão
grandes que seria muito difícil conduzi-las.

Não basta apenas a suspensão ter seu funcionamento cor-


FIQUE reto se os pneus estiverem sem condições de uso. Isto fará
ALERTA com que o piloto perca o controle facilmente, principal-
mente em dias de chuva.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
43

Já a função da direção é simples, pois consiste em permitir realizar manobras e


dirigibilidade com conforto e segurança ao piloto e aos demais no trânsito.
Você deve saber que o sistema de direção é que permite manobrar a motoci-
cleta. É esse sistema que, muitas vezes, é ignorado e deixado de lado por muitos
condutores, que deixam por fazer sua manutenção quando não há mais como
rodar. O que muita gente não sabe é que os sistemas de direção e suspensão tra-
balham juntos e são responsáveis pela segurança da motocicleta. O fato é que a
principal função da suspensão é manter as rodas e pneus firmes ao solo. Se uma
suspensão não funciona corretamente, sua ação será ineficaz e, com isso, o pneu
não ficará firme no asfalto. Se isto ocorrer, o pneu terá menos aderência, o que
dificultará a realização de uma manobra mais complexa, assim como o freio será
menos atuante, pois a roda possuirá um atrito menor com o solo.
Conheça, a seguir, os tipos de suspensão, seguidos de alguns exemplos que
lhe ajudarão a compreender melhor o conteúdo apresentado.
Antes de aprofundar o estudo sobre cada tipo de suspensão, é necessário
apresentar os dois tipos de suspensão: a suspensão dianteira, que tem como
função firmar a dianteira da motocicleta no solo, evitando que o condutor perca o
controle da mesma; e a suspensão traseira, que é responsável por dar aderência
na traseira da moto em relação ao solo, além de gerar mais conforto ao condutor
e ao passageiro.
Essas suspensões, por sua vez, possuem diferentes tipos, os quais você verá, a
partir de agora.

5.1.2 SUSPENSÃO DIANTEIRA

Nas motocicletas mais antigas era usada a suspensão do tipo Garfo Estilingue
ou Tradicional. Atualmente, a suspensão mais utilizada é a do Tipo Ceriani – mais
conhecida como Garfo Telescópio. Esta última é constituída de dois cilindros fi-
xados na mesa da suspensão, possui válvulas, vedadores e molas em seu interior
para fazer a ação de subir e descer suavemente, utilizando, para tal, um óleo lubri-
ficante específico para este tipo de suspensão.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
44

iStockphotos ([20--?])
Figura 10 - Suspensão estilingue

Steve Mann ([20--?])

Figura 11 - Suspensão telescópica

5.1.3 SUSPENSÃO TRASEIRA

No caso da suspensão traseira, é possível encontrar motocicletas antigas que


utilizavam a suspensão estilingue na traseira também. Entretanto, os tipos mais
comuns, nos dias de hoje, são dois: o do tipo convencional – que possui dois
amortecedores ligando a balança ao chassi da motocicleta, sendo um amortece-
dor de cada lado da balança; ou, ainda, o do tipo pró-link, o qual possui apenas
um amortecedor instalado no meio da balança e ligado ao chassi. O pró-link é
muito comum em motos de trilha e esportivas.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
45

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade

B
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

A
C95 M 5 Y 85 K 65

Paulo Cordeiro (2012)


C48 M 18 Y 88 K 17

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 12 - Suspensão pró-link


Fonte: Adaptado de Amazona WS (2012)

5.2 FUNCIONAMENTO E COMPONENTES

A suspensão de uma motocicleta funciona de maneira muito simples. Primei-


ro, os amortecedores fazem a ligação das rodas com o chassi da moto e, des-
ta forma, quem mais trabalha são os amortecedores, que no caso da suspensão
dianteira, como você viu, são chamados de garfos telescópios.
Estes garfos são a única ligação e o único componente da suspensão dianteira,
mas não pense que, por ser o único componente, ele não é importante. A suspen-
são dianteira é a que mais trabalha, já que suporta o peso do motor, da motocicle-
ta e do piloto quando este aciona o freio. O garfo telescópio serve como estrutura
para o chassi. Ligado à roda dianteira, executa um trabalho telescópico, fazendo
com que o cilindro interno adentre ao cilindro externo e retornando, posterior-
mente, de forma contínua e suave.
Quer saber como isto funciona?
Quando a ação telescópica ocorre, gerando uma compressão, o óleo da câ-
mara A flui por um orifício de fluxo de óleo para a câmara B; enquanto que este
mesmo óleo da câmara A empurra a válvula da câmara C. Quando o garfo chega
próximo ao final do curso, o vedador cônico entra em ação, impedindo, hidrauli-
camente, que o garfo chegue em sua totalidade ao fim de curso.
Para uma melhor compreensão, acompanhe a figura a seguir.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
46

Cilindro interno
1 Variantes regionais

Mola batente Tubo inferior PERCEPÇÃO

interno
Orifícios
fatores no alvo:
controladores Cilindro externo
1.Novidade
1.Novidade

do fluxo de óleo 1.Novidade


1.Novidade
1.Novidade

Câmara C 1.Novidade

Válvula de
sentido único Câmara B
C
Orifícios de Câmara A C48 M 18 Y 88
passagem de óleo

Paulo Cordeiro (2012)


Vedador PERCEPÇÃO
Percepção
inferior

Figura 13 - Garfo subindo


Fonte: Adaptado de SENAI (2003)

Quando o garfo começa a subir, novamente o óleo da câmara C atravessa o


orifício superior do pistão para a câmara B. Com isso, a resistência que ocorre gera
uma força de amortecimento que controla a subida do garfo, fazendo com que
ele suba suavemente, sem dar trancos. A mola batente absorve os impactos dos
cilindros externos. Então, o óleo da câmara B passa pelos orifícios inferiores do
pistão para a câmara A. Conforme você pode observar na figura seguinte.

Cilindro interno
1 Variantes regionais

Mola batente Tubo inferior PERCEPÇÃO

interno
Orifícios
fatores no alvo:
controladores Cilindro externo
1.Novidade
1.Novidade

do fluxo de óleo 1.Novidade


1.Novidade
1.Novidade

Câmara C 1.Novidade

Válvula de
sentido único Câmara B
C
Orifícios de Câmara A C48 M 18 Y 88
passagem de óleo
Paulo Cordeiro (2012)

Vedador PERCEPÇÃO
Percepção
inferior

Figura 14 - Garfo descendo


Fonte: Adaptado de SENAI (2003)
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
47

5.2.1 CÁSTER E TRAIL

Cáster é o ângulo formado pela extensão da coluna de direção e o solo. É res-


ponsável por manter a estabilidade da direção.Trail é a distância desta extensão
do eixo da coluna de direção em relação ao solo e o eixo da roda dianteira. O trail
influencia no peso da direção e em sua estabilidade.
O cáster mantém a estabilidade direcional; e o trail, a direção, quando em ter-
reno acidentado.

Ângulo de inclinação Cáster

Paulo Cordeiro (2012)

Cáster

Trail
Figura 15 - Cáster e Trail
Fonte: Adaptado de Portal Auto (2012)

5.2.2 SUSPENSÃO TRASEIRA

A suspensão traseira de uma motocicleta é composta por uma balança, na qual


uma das pontas é fixa no chassi e na outra é instalada a roda traseira. Os amorte-
cedores podem ser instalados na traseira da balança, perto da roda, ou na parte
frontal, perto do chassi, conforme você aprendeu nos tipos de suspensão traseira.
Na suspensão traseira, os amortecedores absorvem os impactos da estrada e,
associados a uma mola, fazem com que estes trancos transformem-se em movi-
mentos mais suaves e uniformes. A suspensão traseira suporta o peso traseiro da
motocicleta, do piloto e de um possível passageiro.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
48

CRF230 ([20--?])
Figura 16 - Suspensão Traseira

SAIBA Pesquise sobre suspensão e outros assuntos no site: <http://


MAIS www.motonline.com.br>.

5.2.3 DIREÇÃO

O sistema de direção de uma motocicleta funciona de maneira muito simples,


pois os garfos da suspensão dianteira são fixos em duas “mesas”. Na mesa supe-
rior, é fixado também o guidão da motocicleta. A mesa inferior possui um eixo
que passa por dentro do chassi. Neste eixo, são colocados rolamentos que possi-
bilitam o movimento das mesas para os lados, o que faz o movimento do sistema
de direção, tendo um fim de curso nas próprias mesas.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
49

Brasil racing ([20--?])


Figura 17 - Mesa superior
Paulo Cordeiro (2012)

Figura 18 - Mesa inferior


SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
50

5.3 FREIOS

Você já deve ter reparado que as motocicletas estão cada vez mais potentes
e ágeis, mas a força é nada sem o controle. Por isso, é necessário um sistema que
permita controlar toda essa força. O principal sistema que nos possibilita este
controle é o sistema de freios, que tem por função frear a motocicleta, para que
se possa diminuir a velocidade ou parar no ponto desejado.
Conheça, a seguir, as principais características dos freios.

5.3.1 TIPOS E FUNÇÃO

As motocicletas apresentam dois tipos de freios, que se diferenciam, principal-


mente, pelo modo de acionamento e seus componentes. Um deles é o sistema de
freio a tambor, que trabalha com acionamento por cabos, ou seja, é totalmente
mecânico. Já o outro, é o sistema de freios a disco, que trabalha com acionamento
hidráulico, o que traz mais conforto e segurança para o condutor da motocicleta.
Ambos os sistemas têm por finalidade diminuir a velocidade da motocicleta até
sua parada completa. Veja, na figura a seguir, onde estão localizados esses freios.

5.3.2 COMPONENTES E FUNCIONAMENTO

Como você pode ver, existem dois tipos de sistema de freio. As características
de cada um, você conhece a seguir.

FREIO A TAMBOR

O sistema de freio a tambor é composto por:


a) tambor de freio;
b) lonas de freio;
c) cabo de freio;
d) manete;
e) molas de lona de freio; e
f) acionador de lona de freio.
Quando o manete ou pedal do freio é pressionado, o cabo é puxado, e este,
por sua vez, gira o eixo excêntrico no tambor de freio. Com isso, o excêntrico
afasta as lonas ou sapatas de freio, fazendo com que elas encostem-se ao tambor,
freando a motocicleta.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
51

Ao soltar o freio, as molas de retorno encarregam-se de fazer com que todo o


conjunto volte à sua posição original.
Este sistema de freio requer uma manutenção um pouco maior, por não se
tratar de um sistema que se regula sozinho. Assim, conforme as lonas de freio e
o tambor sofrem desgaste, eles necessitam ser regulados, para que o freio atue
corretamente. Além deste ajuste, o sistema de freio a tambor requer algumas lu-
brificações, bem como, o cabo do freio. Ambos devem ser lubrificados com spray
desengripante a cada 5.000km, para evitar seu emperramento.
O eixo excêntrico também deve ser lubrificado, mas neste caso deve ser usa-
do o lubrificante em pó à base de grafite, para evitar que escorra e contamine as
sapatas e lonas de freio. Vale lembrar que se ambas forem contaminadas com
qualquer tipo de lubrificante, terão sua eficiência prejudicada, pois o lubrificante
tem por função diminuir o atrito, sendo que no caso das lonas, precisamos de
atrito para frear.

FIQUE Falta de manutenção do sistema de freio a tambor pode


prejudicar seu funcionamento, podendo, inclusive, travar a
ALERTA roda freada e o condutor perder o controle e o equilíbrio.

A última manutenção que deve ser realizada no sistema de freio a tambor é


a regulagem do cabo, tanto no manete, como no pedal de freio. Ambos aciona-
dores devem ter uma folga limitada, ou seja, não podem ser muito grandes, pois
isso afeta no tempo de resposta quando o condutor necessita frear para evitar um
acidente, ou mesmo, parar a motocicleta.
No caso dos manetes de freio, a folga deve ficar entre 8mm e 12mm. E no caso
do pedal de freio, esta folga deve ficar entre 20mm e 30mm.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
52

Folga: 8 a 12mm Folga: 20 a 30mm


1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95
C48 M 18 Y 88 K 1

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 19 - Regulagem de folga do freio


Fonte: Adaptado de Grupo Mael Motos (2012)

FREIO A DISCO

Antes de explicar a você o funcionamento do sistema de freio a disco, é neces-


sário saber que este sistema trabalha com um sistema hidráulico. Conforme os
princípios hidráulicos, é correto afirmar que a pressão do fluido atua em todas as
direções, conforme a lei de Pascal.
Os líquidos são incompressíveis, ou seja, não podem ser comprimidos. Por este
motivo, quando o freio é acionado, a força aplicada é transmitida através do flui-
do de freio, que atua freando a motocicleta.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
53

Freio acionado
Pastilha de freio

Paulo Cordeiro (2012)


Disco rotativo solidário com a roda
Figura 20 - Freio a disco
Fonte: Adaptado de Ford Gerais (2012)

O sistema de freio a disco, como você deve saber, utiliza acionamento hidráu-
lico em seu funcionamento. Seu funcionamento é simples: no guidão é instalado
o manete de acionamento e nele existem um reservatório e um cilindro mestre.
Do cilindro mestre até a pinça de freio é instalada uma tubulação ou mangueira
de freio.
A pinça de freio, conhecida também como cáliper de freio, é fixada em um dos
garfos da suspensão; e o disco de freio, na roda da motocicleta.
Paulo Cordeiro (2012)

Figura 21 - Pinça de freio


SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
54

Dentro do sistema existe o fluido de freio, que deve ser trocado conforme re-
comendação do fabricante, ou a cada dois anos. Os fluidos de freio possuem uma
classificação quanto ao seu pon to de ebulição, ou seja, referente à temperatura
em que fervem. Assim, os fluidos de freio são classificados como DOT 03, DOT 04
e DOT05. Quanto maior o número de DOT, maior o ponto de ebulição.
O ponto de ebulição influencia na durabilidade do freio, pois quando freamos,
o atrito entre disco e pastilhas gera um calor enorme. Quando este calor se ex-
cede e aquece demais o fluido de freio, faz com que se percam propriedades de
resistência. Por este motivo, foram desenvolvidos tipos de freio mais resistentes
ao aquecimento do sistema de freio.
Há o alerta de que os fluidos de freio de classificação diferente jamais devem
ser misturados, pois devido ao seu projeto de fabricação, a mistura causa reações
químicas que destroem alguns aditivos adicionados ao fluido de freio para au-
mentar sua resistência. O mesmo ocorre se misturarmos fluidos de freio de mar-
cas diferentes, mesmo com a mesma classificação, isto por que cada fabricante
produz seu fluido de freio conforme sua própria fórmula, logo, cada um fabrica o
fluido de freio com uma composição diferente da outra.
Uma característica muito grave do fluido de freio é que ele é higroscópico.
Você sabe o que isso significa? Significa que o fluido de freio absorve a umidade
do ar, por isso ele deve ser substituído periodicamente, como recomendado an-
teriormente.
Quer saber como o sistema de freio hidráulico funciona? Acompanhe!
Quando acionamos o manete de freio para parar a moto, pressionamos o cilin-
dro mestre de freio, este, por sua vez, empurra o fluido de freio, que não pode ser
comprimido. O fluido de freio empurra a pinça de freio que, por sua vez, empurra
as pastilhas de freio, as quais entram em contato com o disco de freio e fazem
com que a moto pare por completo.
O fluido de freio deve estar livre de bolhas de ar. Para esse procedimento, deve
ser realizada a sangria do sistema, que é bastante simples. Veja!

Na parte superior da pinça de freio existe um sangrador.


Você deve abrir o reservatório do fluido de freio e com-
pletar até o nível máximo. É preciso bombear o mane-
te de cinco a oito vezes e segurar pressionado. Então, o
sangrador é aberto e o ar sairá junto do fluido de freio.

É preciso realizar esta operação até ter certeza de que o


sistema não possui mais nenhuma bolha de ar.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
55

Paulo Cordeiro (2012)


Figura 22 - Completar o nível do fluido
Fonte: Moto Honda da Amazônia (2012)

Paulo Cordeiro (2012)

Figura 23 - Bombear de 05 a 08 vezes manter pressionado


Fonte: Moto Honda da Amazônia (2012)
Paulo Cordeiro (2012)

Figura 24 - Abrir o sangrador


Fonte: Moto Honda da Amazônia (2003)
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
56

Paulo Cordeiro (2012)


Figura 25 - Completar o nível e fechar o reservatório
Fonte: Moto Honda da Amazônia (2003)

FIQUE A motocicleta depende da troca correta e periódica dos


óleos e fluidos, conforme especifica o fabricante, para
ALERTA manter sua vida útil.

5.4 MOTOR

É possível afirmar que este é o componente mais importante, pois, sem ele,
a motocicleta torna-se uma bicicleta sem pedais. O motor possibilita o desloca-
mento de um ponto a outro sem fazer muito esforço.

5.4.1 FUNÇÃO

A função principal do motor resume-se em gerar energia e força, capazes de


movimentar o sistema de transmissão e fazer com que a motocicleta entre em
funcionamento. Deve ser suave e funcionar sem falhas, evitando, ainda, a emissão
excessiva de gases poluentes para o meio ambiente.
Conheça, agora, alguns tipos e características específicas deste componente.
Acompanhe!
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
57

TIPOS

Como você viu recentemente, os motores podem ser classificados quanto a


seus tempos de funcionamento, como dois tempos e quatro tempos. Em geral, os
motores ciclo Otto de quatro tempos são muito parecidos, o que os diferenciam
são pequenas características.
Para fazer o acionamento das válvulas de admissão e escape, o motor conta
com o comando de válvulas, que é um eixo com ressaltos chamados Cames, os
quais fazem a abertura e fechamento das válvulas. Este comando pode ser insta-
lado no bloco do motor ou no cabeçote e esta é uma das principais diferenças nos
motores. Ressalta-se que os motores são chamados de OHC, quando possuem o
comando no cabeçote; e de OHV, quando o comando é instalado no bloco do
motor. Sempre que um motor tiver o comando de válvulas instalado no cabeçote,
precisará de uma corrente de comando para ser acionado, fazendo sua ligação
com o virabrequim.
Na sequência deste conteúdo, você conhecerá mais detalhes sobre os moto-
res OHC e OHV.
Paulo Cordeiro (2012)

Figura 26 - Motor OHV


Fonte: Adaptado de Azevedo (2002)
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
58

Moto Esporte ([20--?])


Figura 27 - Motor com comando no cabeçote – OHC
Fonte: Adaptado de Azevedo (2002)

Os motores das motocicletas podem ser classificados, ainda, conforme a cons-


trução do seu bloco, ou seja, conforme a disposição dos cilindros do motor. Veja
os principais tipos de motores, de acordo com a disposição dos cilindros, repre-
sentados nas figuras a seguir.
O motor de cilindros em linha é o mais comum, pois seus cilindros são dis-
postos um seguido do outro. Assim, esse motor é o mais usado nos carros e nas
motos.
Static ([20--?])

Figura 28 - Motor em linha


5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
59

Paulo Cordeiro
Figura 29 - Motor de moto em linha

O motor pode, ainda, ser de cilindros opostos, o qual é conhecido também


como motor Boxer, devido a um fabricante de motores que o nomeou assim. Esse
motor consiste em quatro ou seis cilindros, uns opostos aos outros. É o motor uti-
lizado em Fuscas (da Volkswagen), em seus derivados e também no Porsche. Nas
motocicletas foi muito utilizado naquelas de modelo amazonas.

Mateus Henrique Mendes ([20--?])

Figura 30 - Motor de cilindros opostos


Fonte: Fazer Fácil (2012)

Existem ainda os motores em “V”, que consistem em dois ou mais cilindros


dispostos no formato de V. Este tipo de motor é muito utilizado em automóveis
de alta potência ou força. Nas motocicletas são bastante utilizados nos modelos
Custom e Chopper, devido ao seu ronco característico.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
60

1 ALETAS

São pequenas barras


chatas de metal, as quais
são forjadas ao lado do
cilindro, com a intenção de
forçar o ar passar por entre
elas e, consequentemente,
refrigerar o motor da
motocicleta.

Yamaha ([20--?])
Figura 31 - Motor em “V”

iStockphotos ([20--?])

Figura 32 - Moto com motor em “V”

5.4.2 COMPONENTES E FUNCIONAMENTO

Antes de saber o funcionamento do motor, você precisa conhecer alguns


componentes.
a) Virabrequim
É um eixo excêntrico em ferro fundido, nele são instaladas as bielas, o volante
do motor com estator do alternador e a embreagem. A parte do virabrequim em
que são instaladas as bielas chama-se ‘moentes’; e os ‘munhões’ são onde o vira-
brequim se apoia ao bloco do motor.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
61

Mega Motos ([20--?])


Figura 33 - Virabrequim

b) Camisa ou Cilindro
É o local onde ocorre a combustão. Possui aletas1 laterais para auxiliar na re-
frigeração. Isto porque, nas motocicletas, mesmo que equipadas com sistema de
refrigeração líquida, o calor é muito grande e é preciso auxílio do deslocamento
do ar, gerado pelo movimento da motocicleta.
Mateus Henrique Mendes ([20--?])

Figura 34 - Camisa do motor


Fonte: Adaptado de Moto Honda da Amazônia (2012)
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
62

c) Cabeçote
Tem a função de fechar a camisa, deixando o ar entrar e os gases saírem atra-
vés das válvulas. Ao realizar um reparo no cabeçote, observe se o serviço ficou
bem feito e, ao montar, aperte os parafusos sempre em X. Utilize o torquímetro
para dar o aperto exato nos parafusos do cabeçote.
d) Cárter
É o reservatório de óleo que, além de armazená-lo, também o resfria. Em al-
gumas motos que possuem um motor com mais de um cilindro, é utilizado um
radiador de óleo para auxiliar no resfriamento do óleo do motor.
e) Anéis
São anéis de aço instalados no pistão para fazer a vedação do pistão e a ca-
misa. Os anéis são classificados em três tipos: o Anel de Fogo é o primeiro anel,
assim é conhecido por ser o único a entrar em contato com a combustão, mas
também pode ser chamado de anel de compressão. O segundo anel é conhecido
como Anel Raspador, pois tem como função raspar o excesso de óleo da camisa.
O terceiro anel é o Anel de Óleo, que tem por função lubrificar a lateral do cilin-
dro e do pistão. Todos os três têm uma posição exata de montagem, que consiste
em montar sua marca para cima e suas pontas uma longe da outra, dispostas a
120º uma da outra.
Veja uma representação dos anéis, na figura seguinte.

Primeiro anel
(marca “R”)
R

120°
Segundo anel
120° 120° Primeiro anel
(marca “RN”)
RN

Segundo anel

Espaçador A Anéis laterais

A A: 20mm ou mais
D´Imitre Camargo (2012)

N1
Primeiro anel
Segundo anel
Anel de óleo

Figura 35 - Anéis do pistão do motor


Fonte: Adaptado de Honda (2012)
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
63

f) Retentores
São anéis de borracha responsáveis por fazer a vedação de eixos. Esses veda-
dores são importantes para a vedação do sistema de lubrificação, uma vez que
o virabrequim, por exemplo, precisa ser lubrificado por completo e o óleo não
pode sair do motor. Por esse motivo, é necessária a utilização de anéis de vedação
especiais.

Diâmetro externo

Diâmetro interno

Altura
D´Imitre Camargo (2012)

Lábio de vedação

Guarda-pó Mola
Carcaça metálica

Figura 36 - Componentes do retentor


Fonte: Adaptado de General Seal (2012)

g) Juntas
As juntas são responsáveis por fazer a vedação entre as peças. A junta do ca-
beçote é uma das juntas mais importantes do motor, uma vez que, se ela vazar, o
motor perderá rendimento, o que pode danificar por completo o motor. Esta jun-
ta é instalada entre o cabeçote e o cilindro, sendo obrigatória a sua substituição,
sempre que for removida.
h) Bomba de óleo
É responsável por enviar o óleo do motor sob pressão para o sistema de lubri-
ficação. A bomba de óleo pode ser construída por palhetas: o que consiste em
um eixo com ranhuras onde são instaladas palhetas e, ao girá-las, a força da cen-
trífuga faz com que as palhetas sejam projetadas contra a parede da bomba de
óleo. Com isso, o óleo é empurrado para um orifício de saída, criando pressão no
momento em que o diâmetro da bomba de óleo diminui.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
64

2 ELETRODOS

Fazem parte da vela de


ignição, e é pelos eletrodos
que a eletricidade percorre,
sendo um eletrodo positivo
e outro negativo. Com
isso, quando a eletricidade
chega ao final de um
eletrodo, tende a passar
para o outro, criando a

D´Imitre Camargo (2012)


centelha desejada para a
ignição.

Figura 37 - Bomba de óleo por palhetas


3 PONTA IGNÍFERA Fonte: Adaptado de PUCRS (2012)

É a ponta da vela de ignição,


logo, possui este nome por
que é nesta ponta onde i) Vela de ignição
ocorre a ignição da vela, ou
seja, o centelhamento que Responsável por produzir centelha para que a mistura entre em combustão.
permitirá o funcionamento
do motor da motocicleta. As velas de ignição possuem uma classificação quanto à sua temperatura de tra-
balho. Por este motivo, quando for necessário substituir a vela de uma motoci-
cleta, isto deve ser feito trocando-a por uma nova e de especificação igual à ori-
ginal. Para determinar se uma vela de ignição está boa ou não, você deve testar
se está saindo faísca e, principalmente, verificar a folga entre os eletrodos2. Se a
vela como um todo estiver em bom estado, apenas ajuste a folga, utilizando um
cálibre de folgas.
D´Imitre Camargo (2012)

Figura 38 - Distância entre eletrodos da vela de ignição


Fonte: Adaptado de Disk Peças (2012)
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
65

Quanto às velas, devido à sua temperatura de aquecimento, é possível classi-


ficá-las como quentes ou frias. Isto é influenciado pelo seu modo de dissipação
do calor.

D´Imitre Camargo (2012)

Figura 39 - Dissipação de calor


Fonte: Adaptado de Renault Clube (2012)

As velas de ignição são constituídas por: uma porca terminal, onde o cabo de
vela é conectado; um isolador de cerâmica, com corrugações que evitam a des-
carga elétrica; eletrodos e vedações. A ponta da vela é conhecida como ponta
ignífera3 e possui este nome porque é nesta ponta onde ocorre a ignição da vela,
ou seja, o centelhamento, o qual permitirá o funcionamento do motor da moto-
cicleta.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
66

4 NGK
Porca terminal Isolador
Na realidade, a NGK é um Corrugações Fabricado com cerâmica de alumina
fabricante muito conhecido Os cincos corrugações de alta pureza, proporciona um 1 Variantes regionais

e respeitado no ramo das aumentam a distância de isolamento superior, a resistência


velas de ignição. isolamento e evita a ao calor e a condutividade térmica PERCEPÇÃO
descarga elétrica que se requerem numa vela
Marca e código da peça
O código da pela depende NGK Vedação por anel de talco
Proporciona uma boa
fatores no alvo:
1.Novidade

5 IMPUREZAS do tipo do motor estanqueidade ao gás e


1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
construção robusta 1.Novidade

São sujeiras que se Castelo metálico 1.Novidade

acumulam, ou seja, toda Galvanizada e cromada Gaxeta de Vedação


e qualquer poeira que para resistir a corrosão A sua configuração especial
possa entrar no motor e, evita vazamentos dos gases C
posteriormente, prejudicar Núcleo de Cobre de combustão
Dissipa rapidamente uma C48 M 18 Y 88
seu funcionamento.

Paulo Cordeiro (2012)


grande quantidade de calor,
proporcionando, assim, uma Eletrodos central e lateral PERCEPÇÃO
vela de "ampla gama térmica" A liga especial de níquel garante Percepção

de rendimento superior tanto uma resistência superior à


em alta quanto em baixa rotação Ponta ignífera temperatura e durabilidade
Figura 40 - Construção da vela de ignição
Fonte: Adaptado de Scooter Clube (2012)

Nas velas de ignição estão gravadas uma série de números e letras, os quais
representam seu modelo e classificação. Desta forma, é possível identificar qual
a vela de ignição correta a ser usada. Acompanhe, na figura a seguir, a tabela de
classificação da NGK4.
A instalação de velas de ignição inadequadas no motor pode causar sérios da-
nos de funcionamento no mesmo, conforme as características que você conhe-
ceu. Uma última característica é o tamanho da rosca da vela, que, quando não
observada, pode prejudicar seu funcionamento.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
67

Curta Certa Comprida


1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
C48 M 18 Y 88 K 17

Paulo Cordeiro (2012)


Eletrodo lateral
Sedimentação superaquece ou PERCEPÇÃO

de resíduos encosta no pistão Percepção

ou na válvula
Figura 41 - Projeção das velas de ignição
Fonte: Adaptado de Renault Clube (2012)

Durante o funcionamento dos quatro tempos do motor, diversas ações pre-


cisam ocorrer. Para que as válvulas de admissão e escape possam abrir e fechar,
é necessário que o comando de válvulas esteja girando uniformemente, pois as
válvulas não podem abrir a qualquer momento e, sim, no tempo exato. Por isso,
existe um sincronismo entre o virabrequim e o comando de válvulas. A cada duas
voltas do virabrequim, o comando de válvulas completa uma volta, conforme es-
tudado. Este sincronismo pode ser realizado por meio de engrenagens ou por
meio de uma corrente de comando, o que é mais comum.
Mas, para este sistema funcionar, é preciso que ele esteja lubrificado, por isso
existe o sistema de lubrificação, que consiste em galerias para escoamento do
óleo, válvula de pressão para controlar a pressão do óleo, filtro do óleo e bomba
do óleo. A bomba do óleo puxa o óleo do cárter e envia ao filtro, que após filtrar
todas as impurezas5, envia ao sistema de lubrificação e, assim, todo o motor é
lubrificado, garantindo seu funcionamento correto e prolongando sua vida útil.
Acompanhe, na figura a seguir, uma representação esquemática do sistema
de lubrificação.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
68

6 OBSTRUÍDO
Face do ressalto e Cabeça da Biela
É quando o acúmulo de mancal da árvore
impurezas e sujeira torna-
se muito cheio, com isso, de comando
dificulta a passagem de
fluidos ou do ar e, por isso,
dizemos que está obstruído.
Parede do Cilindro
Corrente de
Eixo do Balancim
Comando

Rolamento do
Colo da Biela
1 Variantes regionais

Cames de Acionamento PERCEPÇÃO

da embreagem

Rolamento da
árvore secundária
Rolamento da Filtro de óleo
árvore primária C
Árvore secundária
e engrenagens C48 M 18 Y 88
Bomba de óleo
PERCEPÇÃO
Árvore primária Percepção

Rolamento da e engrenagens
árvore primária Filtro de coletor
Discos e separadores
de engrenagens

Paulo Cordeiro (2012)


Carter

Figura 42 - Sistema de lubrificação


Fonte: Adaptado de SENAI (2003)

Que cada fabricante especifica o tipo de lubrificante a


ser usado em seus sistemas mecânicos? Isso ocorre por-
VOCÊ que no momento em que o motor é projetado, utiliza-
-se, para fins de teste, um determinado óleo lubrifican-
SABIA? te. Sendo assim, o óleo recomendado normalmente é
aquele que foi utilizado como base para o projeto do
sistema de lubrificação.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
69

Repare que, paralela ao filtro de óleo, existe uma válvula, que funciona como
válvula de alívio e segurança, pois se o filtro de óleo estiver obstruído6, o óleo não
circulará para o motor. Neste caso, a válvula se abre e libera o óleo para o motor,
mesmo sem ser filtrado, afinal, é preferível que vá óleo não-filtrado a não ir óleo
algum para o motor.
Para que a vela de ignição libere uma centelha no momento certo, contamos
com sistemas elétricos e bobinas de ignição.
O sistema de alimentação de ar conta com um filtro de ar dimensionado con-
forme o projeto do motor e sua aplicação, por isso é imprescindível que esteja
sempre limpo e bem encaixado. Caso contrário, as impurezas podem entrar no
motor e danificar o cilindro e pistão.
O filtro de ar pode ser seco, construído de papel, que necessita ser trocado
sempre que estiver obstruído; ou pode ser do tipo úmido, construído de um ma-
terial parecido com uma esponja, umedecido em óleo e que necessita ser limpo
de tempos em tempos.

Roberto Disik (2012)

Figura 43 - Filtro úmido


Fonte: Adaptado de SENAI (2003)
Roberto Disik (2012)

Figura 44 - Filtro seco


SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
70

Depois que o ar passa pelo filtro, ele se encontra com a gasolina no carbura-
dor, que é responsável por fazer a mistura do ar com o combustível. O volante do
motor tem por função permitir o acoplamento da transmissão e seu peso auxilia a
fazer com que o motor continue girando, pois ele compensa os tempos em que o
motor não produz trabalho - o que ocorre somente no momento da combustão.
Isto quer dizer que o motor é produtivo somente no tempo de combustão, sendo
que, nos outros tempos, ele não produz força, apenas gasta, e o volante auxilia a
manter o motor girando, devido a seu peso projetado e à força da inércia.
Na prática, as válvulas permanecem, por um período, abertas ao mesmo tem-
po. Isto ocorre quando termina o tempo de escape e começa o tempo de admis-
são. O cruzamento das válvulas, como é chamado, tem o objetivo de realizar a
limpeza do cilindro do motor, uma vez que, estando as duas válvulas abertas,
a mistura ar/combustível, que entra pela válvula de admissão, auxilia a empur-
rar os gases de escapamento para fora do cilindro do motor. Se este cruzamento
de válvulas não ocorrer corretamente, a motocicleta perde força, além de poluir
mais do que deveria. Por isso, a folga das válvulas é muito importante e deve ser
regulada, periodicamente, quando for realizada uma manutenção preventiva, ou
ainda, corretiva, no motor.

1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C9
C48 M 18 Y 88 K
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 45 - Cruzamento de válvulas


Fonte: Adaptado de SENAI (2003)

E por falar em cilindro, você sabe o que é uma cilindrada do motor de uma
motocicleta? Normalmente, as pessoas associam a cilindrada à potência do mo-
tor, mas na verdade, é a capacidade volumétrica do cilindro do motor, ou seja, a
capacidade de ar que cabe dentro do cilindro com todos os componentes. Por
isso, é errado pensar que a cilindrada está relacionada à potência. É claro que
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
71

uma motocicleta com baixa cilindrada jamais terá a mesma potência de uma de
alta cilindrada, mas isso não é somente por culpa da cilindrada, existindo muitos
outros fatores.
Para calcular a cilindrada do motor, é preciso aplicar a seguinte fórmula, para
um motor de um cilindro:

D2 . 3,14 . C
VC= ou VC = R2 . 3,14 .C
4

Se o motor tiver mais de um cilindro, deve ser aplicada a fórmula seguinte:

D2 . π .C .Nº
CT=
4

Ao transpor os dados para a fórmula, você deve considerar os seguintes fa-


tores:
VC = Volume do Cilindro
P ou π = 3,14
R ou r = Raio em cmm
h = Curso do Êmbolo
Nº = Número de cilindros do motor
D ou d = Diâmetro dos cilindros
C = Curso do êmbolo
CT = Cilindrada Total
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
72

7 MANÔMETRO j)
1 Variantes regionais
Trata-se de um tipo de
relógio indicador. Cada
manômetro tem uma PERCEPÇÃO
função específica, nas d
motocicletas geralmente h = r
são utilizados para medir 2 fatores no alvo:
1.Novidade
a pressão de combustível, 1.Novidade
1.Novidade
pressão de óleo e 1.Novidade
1.Novidade
compressão do cilindro. 1.Novidade

C95

Paulo Cordeiro (2012)


C48 M 18 Y 88 K

PERCEPÇÃO
Percepção

d
Figura 46 - Cilindrada do motor
Fonte: Adaptado de SENAI (2003)

Para saber quantas vezes o motor consegue comprimir o ar dentro de seu ci-
lindro é usada a taxa de compressão. Não é possível medir este valor, apenas
calculá-lo, mas para verificar se o cilindro está vazando pelos anéis, é possível me-
dir a pressão da compressão. Para isso, basta utilizar um manômetro7 específico
para motores de motocicletas.

Volume aspirado Volume comprimido


1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO
PMS

fatores no alvo:
V+v 1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
PMI 1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

C9
C48 M 18 Y 88 K
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Volume do cilindro Volume comprimido


Figura 47 - Taxa ou razão de compressão do motor
Fonte: Adaptado de SENAI (2003)
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
73

Volume da Junta do Cabeçote Volume da Câmara (v)


1 Variantes regionais

PMS PERCEPÇÃO

7,2
fatores no alvo:
V= Volume Espaços
1.Novidade
Curso 1.Novidade

do Cilindro 1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

PMI
C95 M 5 Y 85 K 65
Volume Morto C48 M 18 Y 88 K 17

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 48 - Taxa de compressão


Fonte: Adaptado de Azevedo (2002)

Onde:
V+v vc + vcc RC = razão de compressão
RC = ou RC =
v vcc V= volume de cilindro
v = volume da câmara de combustão

VOCÊ Torque é a força aplicada ao virabrequim da moto. E po-


SABIA? tência é a velocidade que um trabalho é realizado.

5.5 TRANSMISSÃO

5.5.1 FUNÇÃO

Para que a motocicleta possa rodar pelas estradas, é preciso que o motor este-
ja em ótimo estado de funcionamento, os freios funcionando bem, a bateria car-
regada, a suspensão ajustada e todo o resto funcionando. Mas somente isto não é
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
74

o suficiente, é preciso contar com a transmissão, a qual tem por função transmitir
a força do motor para a roda traseira, permitindo e realizando seu acoplamento
sempre que for necessário.
De modo geral, as motocicletas possuem dois tipos de transmissão: uma é a
manual, a qual cada marcha deve ser trocada separadamente pelo condutor; e a
outra é a automática, em que o condutor precisa apenas acelerar e frear a moto-
cicleta.
Podemos, ainda, dizer que existem caixas de câmbio acopladas diretamente
ao motor, que é o caso das motocicletas de 125cc; e existem caixas de câmbio
acopladas fora do motor, que é o caso das motocicletas custom de alta cilindrada.
Quando a caixa de câmbio é instalada separada do motor, é feita uma transmis-
são de força por meio de uma correia ligada no motor e na caixa de câmbio.

5.5.2 COMPONENTES E FUNCIONAMENTO

A motocicleta possui uma caixa de câmbio chamada de transmissão primá-


ria. Esta, por sua vez, é composta por engrenagens, eixos, luva deslizante, garfos
de acionamento e rolamentos. Para que você compreenda melhor seu funciona-
mento, analise a figura seguinte.

1 Variantes regionais

Garfo de câmbio
PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
Do motor Para o diferencial 1.Novidade

C
C48 M 18 Y 88
Paulo Cordeiro (2012)

PERCEPÇÃO
Percepção

Eixo secundário

Figura 49 - Transmissão
Fonte: Adaptado de UOL (2012)
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
75

SAIBA Sobre os sistemas de transmissão, entre tantas outras curio-


sidades do mundo das duas rodas, acessando o site: <http://
MAIS sobremotos.solupress.com>

O motor envia o torque, por meio de um eixo, para a caixa de câmbio. Neste
eixo, é instalada uma engrenagem que transmite a força para o eixo secundário.
No eixo de saída são instaladas as engrenagens de marcha, que ficam em contato
com as engrenagens do eixo secundário, as quais são fixas a este eixo, enquanto
que as engrenagens de marcha giram livres no eixo de saída, devido a um rola-
mento interno. Para que as marchas da motocicleta funcionem, o garfo de câm-
bio empurra o anel (que é fixo ao eixo de saída através de dentes e ranhuras) para
o lado, e este engata na engrenagem da marcha selecionada, fazendo com que
ela gire o eixo de saída e permitindo que a motocicleta rode.
Ainda existe a transmissão secundária, que é composta por uma engrenagem
na saída da caixa de câmbio (conhecida como pinhão), uma coroa instalada na
roda traseira e uma corrente, correia ou cardan para impulsionar este sistema. O
câmbio transmite sua força através do pinhão, que, com o auxílio de uma corren-
te ou correia o envia para a roda traseira, impulsionando a coroa, como é mostra-
do nas duas figuras seguintes.
Open4 ([20--?])

Figura 50 - Transmissão por corrente


SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
76

DIASL9386 ([20--?])
Figura 51 - Transmissão por correia

A transmissão por cardan, cujo componente consiste em um eixo que liga di-
retamente a saída do câmbio à roda traseira, possui uma engrenagem chamada
coroa.

parrotheadjeff ([20--?])

Figura 52 - Transmissão por cardan


5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
77

5.5.3 RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO

Para maior durabilidade do sistema de transmissão secundário, é necessário


ter alguns cuidados, como manter a sua regulagem em dia. A folga da corrente
de transmissão é facilmente ajustada, pois na roda traseira existem dois parafusos
ligados ao eixo da roda, que, quando apertados, puxam a roda para trás, fazendo
com que ela estique a corrente. Neste dispositivo, existe uma marca de referên-
cia, para facilitar o ajuste e permitir que a roda fique alinhada. A folga da corrente
deve ficar entre 20 e 30mm (2 – 3 cm). É importante confirmar esta informação
no manual do proprietário, ou no manual de reparação da motocicleta, pois algu-
mas montadoras modificam estes valores de ajuste. Para medir esta folga, basta
colocar uma régua ao lado da corrente, empurrar para baixo e depois para cima,
e verificar o quanto ela se desloca.

Paulo Cordeiro (2012)

Figura 53 - Folga da corrente


Fonte: Adaptado de XRE Online (2012)
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
78

Porca de ajuste
1 Variantes regionais

PERCEPÇÃO

fatores no alvo:
Marca de referência Contra porca 1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

Ajustador

C
C48 M 18 Y 88

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Pino

Figura 54 - Regulagem da corrente


Fonte: Adaptado de Fazer Fácil (2012)

Além da regulagem, é imprescindível que a corrente esteja sempre limpa e


lubrificada. Você deve limpá-la sempre após ter rodado em dia de chuva, já que
com a água do chão vêm grãos de areia na corrente de comando. Após a limpe-
za, esta deve ser lubrificada com óleo para motor ou graxa branca. Para limpar
não é necessário remover a corrente, basta colocar a moto no cavalete central ou
erguê-la com um cavalete para motocicleta e, em seguida, efetuar a limpeza, com
o auxílio de um pincel e um solvente de graxa.
São dois os fatores determinantes para definir se é necessário substituir a cor-
rente de transmissão: primeiro, o estado da coroa de transmissão, que não pode
estar com os dentes afiados ou avariados; segundo, a distância entre os elos da
corrente, ou seja, o tamanho da corrente.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
79

DESGASTE DA CORRENTE
Conte 21 pinos na corrente e meça a distância
entre 20 passos. Se a distância for maior que 1 Variantes regionais

259,4mm, a corrente deverá ser substituída.


PERCEPÇÃO

Limite de uso
Comprimento de 20 passos 259,4mm
fatores no alvo:
1.Novidade
1.Novidade
da corrente de transmissão 1.Novidade
1.Novidade
1.Novidade

1 2 3 19 20 21 1.Novidade

C95 M 5 Y 85 K 65
C48 M 18 Y 88 K 17

Paulo Cordeiro (2012)


PERCEPÇÃO
Percepção

Figura 55 - Medição da corrente de transmissão


Fonte: Suzuki (2012)

Conheça, agora, uma situação bastante comum que pode acontecer quando
uma motocicleta fica em desuso por bastante tempo.

CASOS E RELATOS

A moto usada
Depois de alguns meses guardando dinheiro, Ricardo finalmente com-
prou sua primeira motocicleta. O modelo era uma Yamaha YBR 125 usa-
da, que ficou guardada dentro de uma garagem por três anos e meio. Por
ter ficado tanto tempo parada, Ricardo precisou levar a motocicleta até
uma oficina para ser totalmente revisada antes de ser colocada em uso.
Os mecânicos executaram os seguintes serviços:
a) trocaram os garfos telescópios, pois estavam oxidados. Para isso, foi ne-
cessário desmontar o sistema e trocar também os retentores e o óleo dos
garfos;
b) trocaram o fluido de freio e limparam todo o sistema de freios;
c) desmontaram o motor e o câmbio, pois este último estava oxidado devido
ao tempo parado;
d) trocaram algumas engrenagens, retentores, anéis de vedação, anéis do
pistão e regularam as válvulas;
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
80

e) trocaram a corrente de transmissão;


f) calibraram os pneus;
g) limparam o tanque de combustível e o carburador.
Depois de todas essas etapas, a motocicleta de Ricardo ficou com seu
funcionamento pleno e ele pode, enfim, pilotá-la com segurança e con-
forto.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você deve ter percebido um pouco mais de dificuldade,


pois foram tratados assuntos mais técnicos. Por outro lado, acredito que
foi o capítulo que mais lhe chamou a atenção, uma vez que abordou as
particularidades e o funcionamento do sistema de suspensão e direção.
Com isto, você pôde notar a importância desses dois sistemas, principal-
mente em relação à segurança do condutor ou passageiro.
Você aprendeu também sobre o sistema de freio, e viu como este sistema
tem uma importância muito grande para o funcionamento da motocicle-
ta, uma vez que, se não for possível parar a moto com segurança, torna-se
arriscado e mortal pilotá-la.
Mas não foram apenas estes sistemas que você aprendeu. Provavelmen-
te, os itens que mais lhe chamaram a atenção foram: o motor e as expli-
cações de seu funcionamento, a importância do sistema de lubrificação,
o funcionamento das velas de ignição e tantos outros componentes. Em
seguida, foram explicados o funcionamento e as particularidades do sis-
tema de transmissão, momento em que foi possível aprender várias dicas
de como realizar uma reparação segura, além de alertar sobre a quali-
dade do serviço. Os tipos de transmissão e suas funções também foram
assuntos estudados, dentre outros.
Com todo este aprendizado, você está cada vez mais perto de tornar-
-se um reparador qualificado, assumindo, assim, a responsabilidade de
realizar um serviço de qualidade. É claro que muitas dúvidas irão surgir
em sua vida profissional, por isso você deve sempre buscar mais conhe-
cimento técnico.
5 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETA
81

Mas, se ainda assim, no momento de realizar uma reparação, surgir al-


guma dúvida, lembre-se de uma única coisa: mantenha calma e analise
criteriosamente o funcionamento do sistema em questão. Este procedi-
mento facilitará seu trabalho, uma vez que, sabendo o funcionamento, é
possível identificar o que não está de acordo..
Aspectos Ambientais e de Segurança no
Local de Trabalho

Neste capítulo, você verá alguns aspectos ambientais, e aprenderá sobre segurança no tra-
balho, além de algumas normas que regulamentam este setor. Vale lembrar que a regulamen-
tação de normas é um assunto muito importante em qualquer empresa, pois a questão da
saúde de qualquer funcionário é mais importante que o serviço executado.
Portanto, sempre tome cuidado ao executar um serviço, analisando quais os riscos de aci-
dentes possíveis de ocorrerem.
No âmbito da mecânica de motos, ao final do estudo deste último capítulo, você terá subsí-
dios para:
a) saber a importância da saúde e segurança no trabalho;
b) conhecer as normas regulamentadoras de segurança;
c) utilizar os equipamentos de segurança pessoais (EPIs) e coletivos (EPCs) no ambiente de
trabalho;
d) adquirir consciência corporal através dos fundamentos de ergonomia;
e) descartar materiais de maneira correta, de acordo com as normas técnicas.
Por mais que o assunto abordado neste capítulo não esteja relacionado totalmente com
a mecânica - no sentido de permitir aprofundar conhecimentos sobre peças, equipamentos
mecânicos de moto, elétrica, dentre outros - ele é tão fundamental como qualquer outro tema
estudado até aqui. Portanto, concentre-se e bons estudos!
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
84

1 ESFORÇO REPETITIVO 6.1 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO


É quando se realiza o Você deve ter reparado, por diversas vezes, que foi comentado sobre trabalhar
mesmo movimento por
diversas vezes, como digitar de forma adequada, em manter a postura e ter cuidados para você não sofrer um
algo no computador, onde
os dedos fazem o mesmo acidente de trabalho. O debate também tratou a questão de desenvolver uma
movimento, de subir e doença decorrente do trabalho. Uma pessoa que passa o dia digitando textos no
descer, diversas vezes.
computador, por exemplo, pode desenvolver uma tendinite por causa do esforço
repetitivo1. Em função disso tudo, é possível afirmar que a prática de exercícios
físicos é muito importante.
2 RESÍDUOS
Este tema trata também de uma série de assuntos que complementam um
É tudo aquilo que deve ser programa de saúde no ambiente de trabalho, os quais você passa a conhecer, a
jogado fora.
seguir.

3 VAQUETA 6.1.1 NORMA REGULAMENTADORA – NR

É o material utilizado As normas regulamentadoras foram criadas para que exista um padrão, prin-
para fabricar a luva, cuja
composição é muito cipalmente quando se trata de saúde e segurança do trabalho. Existe uma norma
resistente, permitindo, para cada tipo de situação, ou condição do trabalho, como a norma NR 21, que
assim, realizar serviços de
maior esforço. estabelece as condições para trabalho em céu aberto, discriminando, assim, os
deveres do trabalhador e da empresa, indicando quais equipamentos de prote-
ção devem ser utilizados e quais as condições a que o trabalhador pode ser sub-
metido. Ela também esclarece sobre o ressarcimento dos trabalhadores. Enfim,
tudo isso é debatido para que a saúde do trabalhador seja prejudicada o menos
possível.

6.1.2 PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA

O PPRA foi estabelecido pela norma regulamentadora NR 9, e dentre as meto-


dologias definidas para garantir a segurança do trabalhador, também considera
os fatores de riscos ambientais. Na área de manutenção de motocicletas, o PPRA
leva em conta os fatores de risco que possam estar presentes nesse meio. Espera-
-se que o trabalhador preze pela sua própria segurança e pela preservação dos re-
cursos naturais disponíveis no local de trabalho, seguindo as normas de descarte
e armazenagem de resíduos2, como graxas e óleo lubrificante.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
85

6.1.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

Para que o mecânico de motocicletas esteja protegido de acidentes, que po-


dem ocorrer durante a execução de um serviço, foram criados os equipamentos
de proteção individual, que são muito importantes para a saúde.
Os EPIs mais utilizados pelos mecânicos são:
a) luva de pano;
b) luva de vaqueta3, para quando é preciso carregar algo um pouco mais pe-
sado;
c) óculos de proteção, que devem ser utilizados o tempo todo em que o me-
cânico estiver dentro da oficina;
d) protetor auricular, que deve ser usado sempre que houver ruídos ou baru-
lhos muito altos no ambiente de trabalho;
e) jaleco e calça comprida, que protegem e dão resistência;
f) sapatos fechados e apropriados para a oficina, que evitem escorregamentos
e acidentes com os pés.
Comstock ([20--?])

Figura 56 - Óculos de proteção


SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
86

4 ESMERIL

É um equipamento elétrico
que tem por função
desbastar, ou seja, remover
partes de metal através de
duas pedras, chamadas de
rebolo.

iStockphotos ([20--?])
Figura 57 - Protetor Auricular

Muitos desses EPIs são relativamente baratos, se comparados com o risco que
você corre ao não utilizá-los. Por isso, podem ser considerados um investimento
para a segurança da sua saúde.

VOCÊ Que a utilização diária e correta dos EPIs reduz em 92%


SABIA? o risco de morte em acidentes de trabalho?

6.1.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC

Além dos equipamentos de proteção individual (EPIs), existem os equipa-


mentos de proteção coletiva (EPCs). Estes, por sua vez, têm como papel principal
proteger todos dentro da oficina e são indispensáveis para a segurança de uma
equipe. Um exemplo de EPC são as proteções existentes nos discos do esmeril4,
que, ao serem removidas, proporcionam condições a possíveis acidentes. Outro
exemplo são as máscaras de proteção, que ficam à disposição de qualquer pessoa
que venha a utilizar o esmeril ou a lixadeira.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
87

Tão importante quanto fazer uso dos EPCs e EPIs é divulgar sua relevância en-
tre todos seus colegas de profissão. Algumas pessoas podem não dar a devida
importância a esses equipamentos, mas você deve sempre lembrar que a não
utilização ou sua utilização incorreta pode resultar em danos à sua saúde ou em
acidentes graves.

6.1.5 ERGONOMIA

A ergonomia estuda a postura dos trabalhadores no seu ambiente de trabalho,


principalmente quando executa algum serviço. Imagine que você precisa erguer
o motor de uma motocicleta do chão até uma bancada. Dependendo da força
exercida por você, será possível levantá-lo sozinho, caso contrário, será necessá-
rio pedir ajuda. Independentemente de levantar sozinho ou não, a maneira que
você se posiciona, segura e levanta seu corpo durante a ação de erguer o motor
do chão pode lhe causar uma doença, como uma doença de coluna, por exemplo.
Getty Image ([20--])

Figura 58 - Ergonomia

A ergonomia trata, principalmente, em ter uma boa postura para executar os


serviços, pois nessas horas facilmente pode-se estender um músculo, causando
uma atrofia. Por isso, você deve sempre procurar a melhor posição para executar
um serviço. Basta reparar em seu corpo. Se sentir qualquer leve desconforto na
posição em que está, você deve mudar de posição.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
88

Sempre que for necessário fazer força, você deve dar muita atenção à sua colu-
na, reparando se sua posição não está forçando-a. As doenças de coluna geradas
por mau posicionamento são a maior causa de doença no trabalho, levando algu-
mas pessoas a se aposentarem antes do tempo previsto, justamente por não te-
rem mais condições de trabalhar. Sendo que, muitas vezes, elas convivem com a
dor para o resto de suas vidas, então, o cuidado com sua saúde é importantíssimo.
Em caso de esforço por levantar peso, o que é comum em uma oficina, as dicas
mais adequadas são as seguintes:
a) evite dobrar a coluna, usando-a para levantar o peso;
b) mantenha o tronco do corpo próximo à carga que está carregando;
c) evite manter o peso carregado abaixo da linha da cintura;
d) evite torcer o corpo para erguer a carga;
e) evite girar o tronco enquanto segura a carga, vire o corpo todo;
f) evite usar a perna ou o joelho para escorar a carga.

SAIBA Para saber como cuidar da sua saúde durante o trabalho,


pesquise sobre ergonomia no site: <www.ergonomia.com.
MAIS br>. Aprenda como se cuidar e, ainda, ajudar os outros.

6.2 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES

Você já deve saber que não se deve jogar o lixo por aí, ou seja, fora da lixeira, e
que existem alguns resíduos que podem ser reciclados. No caso das oficinas me-
cânicas, isto torna-se regra, e o lixo a ser descartado deve tomar o devido destino.
Caso contrário, a oficina pode até pagar multa para os órgãos ambientais de sua
região.
Portanto, na área mecânica a questão ambiental também é um tema que re-
quer atenção para alguns assuntos, os quais você conhecerá, a seguir.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
89

6.2.1 LEGISLAÇÃO

Para que o descarte dos resíduos seja feito de forma ordenada, controlada e
segura, foram criadas leis e decretos que regulamentam estas atividades exerci-
das pelas empresas. Por tal motivo, todo funcionário deve ter cuidado e evitar
lançar o lixo em qualquer outro lugar que não seja o local adequado para o que
se pretende descartar.
As leis elaboradas relacionam cada atividade ligada ao descarte de materiais,
como as cores dos tambores para a coleta seletiva, conforme simulado na figu-
ra que você verá a seguir. Também existe uma lei que determina que não pode
haver descarte dos resíduos de lavagem de peças direto à rede fluvial. Para esse
descarte, é necessário que haja um filtro ou decantador, a fim de evitar a contami-
nação das águas. Também não é permitido derramar estes resíduos no solo, para
não contaminar o lençol freático.

Diego Fernandes (2012)

Figura 59 - Cores da coleta


Fonte: Adaptado de Tekplast (2012)

Os óleos lubrificantes usados, os restos de graxa, os panos sujos e outros mate-


riais contaminados com óleo ou graxa devem ter um destino especificado e pre-
cisam ser recolhidos por empresas especializadas, pois a lei determina que não é
permitido que os mesmos sejam jogados no lixo comum. Caso isso ocorra, os ór-
gãos ambientais podem aplicar uma multa severa na oficina que praticar o delito.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
90

5 DETRITOS
Essas leis foram criadas para evitar a poluição do planeta, pois, nos dias atuais,
São resíduos mais uma enorme quantidade de lixo é produzida. Se todo o tipo de lixo for para o
triturados, ou ainda,
fragmentados, por qualquer mesmo local, será gerada muita poluição, por isso, os resíduos devem ser separa-
razão dos e reaproveitados, quando possível. O que for muito perigoso para a natureza
deve ser destinado a outro fim.

6.2.2 NORMAS TÉCNICAS

A Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) determina que os coletores


de lixo devam ter um padrão de fabricação, visando o correto armazenamento
e evitando a contaminação do ambiente, por meio de vazamentos. Foram cria-
das, portanto, as Normas Brasileiras de Regulamentação (NBRs), que servem para
orientar um padrão nacional na execução de atividades de descarte de resíduos e
detritos5. Veja o exemplo da NBR 12.235:

NBR 12.235 – Armazenamento de resíduos sólidos


perigosos. Esta NBR visa orientar e determinar os pro-
cessos, deveres e obrigações de uma oficina quando
armazena resíduos sólidos perigosos, como panos sujos
de óleo, que podem pegar fogo ou contaminar o solo.

Assim como a NBR 12.235, existem diversas NBRs para


que uma oficina possa orientar-se e seguir os procedi-
mentos padrões no momento de armazenar e descartar
seus resíduos.

6.2.3 PROCEDIMENTOS

Para que todas estas leis e normas possam ser seguidas de forma adequada,
foram determinados procedimentos referentes ao descarte e armazenamento
dos resíduos, conforme você pode acompanhar no quadro seguinte. Observe que
cada tipo de resíduo tem um impacto no meio ambiente e que, por tal motivo,
tem seu destino determinado por meio dos procedimentos de descarte.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
91

PRINCIPAIS TIPOS
OBJETO IMPACTO COMO TRATAR O
DE MATERIAIS DE
PRINCIPAL AMBIENTAL PROBLEMA
DESCARTE

Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Chumbo/plástico/ácido Enviar para reciclador
Baterias afetando a vida de
sulfúrico diluído autorizado
micro-organismos,
peixes e pessoas.
Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Descarte em postos de
Metais pesados Pilhas afetando a vida de
coleta apropriados.
micro-organismos,
peixes e pessoas.

Risco de contamina-
Óleo de motor/
ção de solos e águas, Enviar para reciclador
transmissão/filtro
Óleos/Combustíveis afetando a vida de autorizado e manter o
de óleo e combus-
micro-organismos, correto armazenamento
tível
peixes e pessoas.

Não é biodegradável
Separar o material para
Plásticos Capô e gera gases tóxicos
reciclagem
quando queimado

Bloco/Virabre- Separar o material para


Alumínio/Aço Redução de recursos
quim/bielas reciclagem

Solvente/gases de alta Eliminar o gás e separar o


Lata de spray Perigo de explosão
pressão material para reciclagem

Separar o material para


Borrachas Correias/rotores Redução de recursos
reciclagem

Alguns materiais
Madeira, papel, poliesti- não-biodegradáveis e Separar o material para
Embalagens
reno expandido (isopor) geração gases tóxicos reciclagem
quando queimados
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
92

PRINCIPAIS TIPOS
OBJETO IMPACTO COMO TRATAR O
DE MATERIAIS DE
PRINCIPAL AMBIENTAL PROBLEMA
DESCARTE

Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Óleo no tanque de Solicitar ações de pessoal
Borra afetando a vida de
água especializado
micro-organismos,
peixes e pessoas.

Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Lâmpadas fluores- Enviar para reciclador
Vidro/gases tóxicos afetando a vida de
centes autorizado
micro-organismos,
peixes e pessoas.

Substâncias químicas/ Extintores de Risco de explosão pela Solicitar ações de pessoal


gases de alta pressão incêndio alta pressão especializado

Não é biodegradável Descarte apropriado,


Peças elétricas e eletrô-
Sistema de injeção e gera gases tóxicos de acordo com as leis
nicas
quando queimado vigentes.

Odores ruins, gases Descarte apropriado,


Descartes generalizados tóxicos e contamina- de acordo com as leis
ção de solo e águas vigentes.

Quadro 2 - Descarte de resíduos


Fonte: Yamaha (2012)

Cada resíduo gerado dentro de uma empresa é respon-


FIQUE sabilidade da mesma. Portanto, se um cliente pede para
levar o óleo velho e depois derramá-lo no meio ambiente,
ALERTA a responsável será a empresa, que permitiu a ele que le-
vasse tal óleo.

6.3 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

Para você ter condições de realizar um reparo utilizando todas as informações


necessárias, é importante que conheça alguns documentos utilizados nas moto-
cicletas. Entre esses documentos, alguns são usados pelos proprietários e, outros,
somente pela oficina.
Acompanhe, a seguir, algumas dessas documentações.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
93

6.3.1 MANUAIS DO PROPRIETÁRIO

Toda motocicleta possui um manual de instruções, o qual demonstra alguns


detalhes e dicas de pilotagem, e ainda deixa claro como deve ser cuidada a manu-
tenção da motocicleta. Em muitos casos, o manual ainda ensina como realizar al-
gumas manutenções, como regular a corrente de transmissão, calibrar os pneus,
fazer a troca ou limpeza dos filtros, entre outras informações.
O manual também explica quais os tipos de óleos usados na motocicleta, os
principais componentes, utilizações, manutenções e cuidados a serem tomados.

6.3.2 PLANO DE MANUTENÇÃO

Ao adquirir uma moto, além da documentação, o comprador recebe os ma-


nuais, dentre eles, o manual de manutenção. Esse manual especifica o que deve
ser realizado durante uma revisão de manutenção, e é nele também que a con-
cessionária irá anotar as revisões realizadas. O manual de manutenção elaborado
pelo fabricante, é que especifica o tempo entre cada reparo ou verificação, nas
situações de revisão ou manutenção preventiva.
Dentro do manual do proprietário consta uma tabela descrevendo todos os
itens a serem inspecionados durante uma revisão, e este é o plano de manuten-
ção da motocicleta.

Após a compra de uma motocicleta, o proprietário pre-


cisa fazer as revisões, que estão especificadas conforme
esta tabela. Por exemplo, se a moto estiver com 3.000km
rodados, serão realizados diversos serviços, conforme a
tabela, em que alguns itens serão inspecionados, outros
ajustados e alguns trocados. Quando ela estiver com
6.000km terá alguns novos itens a serem substituídos.
Portanto, alguns serviços são realizados a cada 1.000km,
como a troca de óleo; outros a cada 3.000km, como a
limpeza do filtro de ar; e outros a cada 6.000km, como a
troca da vela de ignição.

Ainda há alguns itens que são trocados por tempo, como é o caso do fluido de
freio, que deve ser substituído a cada dois anos, pois, independentemente de ser
usado ou não, o fluido de freio envelhece e perde propriedades importantes para
seu funcionamento correto. É por estas razões, que você deve obedecer ao plano
de manutenção existente nos manuais das motocicletas, pois fazendo isso, você
garante a vida útil de todos os componentes.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
94

6.3.3 MANUAIS DE REPARAÇÃO

Se você trabalha ou vier a trabalhar em uma concessionária de motocicletas,


você terá acesso aos manuais de manutenção das motocicletas, pois cada fabri-
cante confecciona um ou mais manuais de reparação de cada motocicleta, onde
constam informações técnicas muito importantes para a realização de um reparo.
A maioria destas informações não está presente no manual do proprietário, pois
a montadora tenta fidelizar o cliente, fazendo com que ele leve sua motocicleta
para realizar os reparos na própria concessionária. Por isso, as montadoras não
disponibilizam estes manuais de reparação, livremente ao público. Nesse caso,
você precisa de informações mais técnicas, pois ficará difícil conseguir trabalhar
fora de uma concessionária. Estes manuais de reparação descrevem cada detalhe
técnico da motocicleta, suas características e informações preciosas, como em al-
guns casos, em que são descritos, passo a passo, os procedimentos para repara-
ção de um motor.
Acompanhe um exemplo na figura a seguir, a qual descreve o procedimento
para verificação da compressão do cilindro do motor.

Honda ([20--])

Figura 60 - Manual de reparação


Fonte: Adaptado de Manual de reparação Honda (2012)

Você reparou como fica mais fácil quando o fabricante nos descreve os pro-
cedimentos? Por isso, mesmo que você não trabalhe em uma concessionária, é
importante que tente buscar estas informações para realizar os serviços de forma
correta.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
95

A execução de reparos fora dos padrões de qualidade do


FIQUE fabricante compromete, consideravelmente, a vida útil do
ALERTA sistema reparado, bem como acarreta a perda da garantia
das peças, sejam originais, genuínas ou paralelas.

6.3.4 NORMAS TÉCNICAS

Além de informações técnicas das motocicletas e procedimentos de repara-


ção, os fabricantes descrevem algumas normas técnicas de reparação em seus
manuais, pois elas garantem que o serviço seja realizado da melhor maneira pos-
sível, visando à qualidade do serviço e à segurança do reparador.
Estas normas não são tão vedadas aos concessionários, pois acabaram disse-
minando-se pelas oficinas. Elas são tão simples, que é possível aprender no dia
a dia de uma oficina de reparação de motocicletas. Como exemplo: a ordem de
aperto dos parafusos do cabeçote ou o aperto específico dos parafusos da tampa
do motor.
São informações que você aprenderá no dia a dia, mas você deve ficar atento
e buscar cada vez aprender mais. Caso contrário, se ficar esperando a informação
chegar até você, poderá não aprender como trabalhar corretamente.
Além destes detalhes dos fabricantes, os manuais técnicos obedecem também
a normas técnicas, para realizar sua construção. Sendo assim, você conhecendo
um manual técnico, facilmente poderá interpretar outro. Com o conhecimento
adquirido, você poderá interpretar qualquer tipo de manual técnico, seja ele im-
presso ou eletrônico.

A utilização das informações técnicas é indispensável, pois


FIQUE todo profissional da área de reparação automotiva deve
ALERTA ter ética e responsabilidade com seu serviço, executando-
-o com qualidade e confiança.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
96

6.3.5 PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Como cada componente é projetado pelo fabricante da motocicleta, ele tam-


bém determina seus procedimentos de reparação. É claro que, na maioria dos
componentes e sistemas, os procedimentos são os mesmos, mas, em alguns ca-
sos, o procedimento muda. Logo, estes são chamados de ‘procedimentos espe-
cíficos’.
Para que você entenda melhor, imagine que para regular as válvulas do motor
você deve colocar o motor no ponto, remover as tampas das válvulas e regular
sua folga. Em algumas motos de alta cilindrada, o fabricante determina que o
ponto deva ser verificado através de outro componente, e as válvulas devam ser
reguladas em etapas. Nesse caso, este procedimento torna-se específico àquela
motocicleta.
Por isso, antes de iniciar um reparo em uma motocicleta, a qual você não co-
nhece perfeitamente, verifique os sistemas, veja quais informações são de seu
conhecimento e, depois, realize uma análise criteriosa do procedimento a ser to-
mado. Fazendo desta forma, você evitará erros durante a reparação, o que pode-
ria colocar todo o serviço em risco. Muitas vezes, um reparador despreparado age
sem calcular os riscos e o serviço até é concluído, mas a vida útil torna-se muito
baixa, o que faz com que a motocicleta volte a dar defeito, diminuindo a credibi-
lidade da oficina mecânica.
Acompanhe, No Casos e relatos a seguir, uma situação que envolve a educa-
ção ambiental que se deve ter num ambiente de trabalho.

CASOS E RELATOS

A lição de Lucia
Fazia pouco tempo que Lucia havia aberto sua oficina, cerca de três anos
e, a cada mês, desde a inauguração, a clientela crescia, permitindo que
fossem aumentados os lucros e as vendas. Mas Lucia tinha um grande
descuido com relação ao descarte dos resíduos, pois acreditava que o
importante era manter sua oficina organizada e nada mais. Por não se
preocupar tanto com o meio ambiente, permitia que seus funcionários
descartassem os lixos todos na mesma lixeira - de lixo comum. Até que,
um dia, um representante do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Am-
biente) passou na oficina de Lucia para uma vistoria. Foi quando identifi-
cou diversas irregularidades no descarte e armazenamento dos resíduos.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
97

Por conta dessa irregularidade, o funcionário da CONAMA aplicou uma


multa na oficina e determinou um prazo para que Lucia resolvesse a situ-
ação. Caso contrário, a entidade fecharia a empresa.
Lucia, então, resolveu todas as pendências e conscientizou seus funcio-
nários da importância do descarte correto. Ela entendeu que isto deve ser
feito não somente por que alguém está fiscalizando, mas por que deve-
mos cuidar do ambiente de trabalho e do meio ambiente como um todo.
Lucia ainda foi mais longe: realizou campanhas e passou a recolher da
comunidade o óleo de cozinha utilizado nas residências.
Com essa iniciativa, muitos clientes passaram a encarar como positivas as
atividades da oficina de Lucia e começaram a colaborar com a campanha
começada por ela, mantendo todo o bairro limpo. Esse empenho todo
fez do lugar uma região muito mais atraente e prazerosa de viver, permi-
tindo o aumento das vendas do comércio da região.

Que os resíduos que podem ser reciclados podem ser


VOCÊ vendidos, aumentando assim a receita da empresa?
SABIA? Com isso, o custo da oficina reduz e você pode investir
mais em sua empresa.
SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS
98

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu a importância da reciclagem, bem como a


correta separação dos resíduos. Aprendeu, ainda, sobre saúde e seguran-
ça no trabalho, os quais são fundamentais para que você possa trabalhar
sem que sua saúde seja afetada pelo trabalho.
A partir de agora, você pode se considerar um reparador qualificado, pois
todos esses conhecimentos adquiridos neste livro contribuem para sua
formação. Com todo este conhecimento, você poderá reparar todo e
qualquer tipo de sistema mecânico, executando um serviço de qualida-
de, cultivando sempre responsabilidade e ética profissional.
Mantenha a honra em seu trabalho, pois nada melhor que realizar um
serviço bem feito e, ao final do dia, ter a certeza de que você fez a diferen-
ça na vida das pessoas, uma vez que elas terão confiança em seu serviço,
e poderão utilizar suas motocicletas no dia a dia.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS E DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO
99

Anotações:
REFERÊNCIAS
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Visconde de Mauá. São Paulo: SENAI/SP, 2002.
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Paulo: FTD, 1998.
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químicos do instituto de química da UNICAMP. Disponível em: <http://www.iqm.unicamp.br/
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FONSECA, J. C. L. da. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. São Paulo: Cultura
acadêmica, 2009. Disponível em: <http://www.unesp.br/pgr/manuais/residuos.pdf>. Acesso em: 26
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contemporânea do Rio de Janeiro. Universidade do Brasil: COPPE – UFRJ. Disponível em: <http://
www.ergonomia.ufpr.br/Introducao%20a%20Ergonomia%20Vidal%20CESERG.pdf>. Acesso em: 26
jan. 2012.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Roberto Fernando Dusik finalizou seus estudos de mecânica a Diesel, fez especialização em
motores Diesel e estudou mecânica industrial no SENAI Canoas-RS, em 2007. Posteriormente,
estudou diversos assuntos dentro da área da mecânica automotiva, tornando-se especialista
em diagnóstico de anomalias em motores a Diesel. Em 2009, concluiu o curso técnico em
Automobilística. Atualmente, ministra aulas de mecânica e eletricidade automotiva no SENAI São
José/Palhoça, atuando na educação de jovens e adultos, desde o ensino de qualificação profissional
até o ensino técnico. Também está cursando a graduação em Logística na Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL).
ÍNDICE

A
Anéis, 5, 62-63, 72, 80, 105
Aquecimento, 19-20, 54, 65, 105

B
Biela, 32-33, 36, 46, 105

C
Cabeçote, 5, 32-33, 57-58, 62-63, 95, 105
Cáliper, 53, 105
Cáster, 5, 9, 47, 105
Cilindrada, 6, 70-72, 74, 96, 105
Compressão, 6, 33, 35-36, 45, 62, 72-73, 94, 105
Corrente, 6, 57, 67, 75, 77-80, 92, 105

D
Desgaste, 19, 51, 105
Detrito, 105

E
EPC, 9, 86, 105
EPI, 9, 85, 105
Ergonomia, 6, 9, 83, 87-88, 102, 105
Esmeril, 86, 105

F
Filtro, 6, 67, 69-70, 89, 91, 93, 105
Folga, 5-6, 51-52, 64, 70, 77, 96, 105
Freio, 5, 13, 18, 41, 43, 45, 50-54, 80-81, 93, 105

G
Garfo, 5, 43, 45-46, 75, 105

H
Hermeticamente, 32-33, 105
Hidráulica, 105
Higroscópico, 54, 105
I
Ignição, 5, 20, 32, 34, 38, 64-67, 69, 81, 93, 101, 106

J
Junta, 63, 106

L
Lubrificação, 6, 28, 63, 67-68, 81, 106

M
Medição, 6, 24, 26-27, 79, 106
Mola, 46-47, 106

N
NGK, 66, 101, 106

O
Óleo, 5, 19, 36, 38, 43, 45-46, 62-64, 67-69, 72, 78, 80, 84, 89-93, 97, 106
Orifício, 45-46, 63, 106
Otto, 9, 13, 31-33, 35-36, 57, 101, 106

P
Pistão, 5, 20, 32-38, 46, 62, 69, 80, 106
PMI, 33-35, 106
PMS, 33-35, 38, 106

R
Resíduos, 6, 84, 88-90, 92, 97-98, 101, 106
Retentor, 5, 63, 106
Rolamento, 28, 75, 106

S
Sapata, 106
Sensorial, 24, 106
Suspensão, 5-6, 9, 13, 41-45, 47-48, 53, 73, 81, 106

T
Telescópica, 6, 44-45, 106
Temperatura, 18-19, 21, 23-24, 26-27, 29, 54, 64-65, 106
Termometria, 9, 23-24, 106
Trail, 5, 9, 47, 106
Trava, 107
V
Válvulas, 6, 32-36, 43, 45, 57, 62, 67, 69-70, 80, 96, 107
Vedadores, 26, 43, 63, 107
Vela, 5, 32, 34, 38, 64-66, 69, 93, 107
Virabrequim, 5, 32, 36, 57, 60-61, 63, 67, 73, 91, 107

Z
Zero, 24-25, 107
SENAI - DN
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Roberto Fernando Dusik


Elaboração

Denise de Mesquita Corrêa


Cristiane de Abreu
Aline Faria da Fonseca
Mateus Henrique Mendes
Colaboração

Priscila Pavlacke
Revisão Técnica

Adriana Ferreira dos Santos


Design Educacional
Paulo Cordeiro
D’Imitre Camargo
Ilustrações, Tratamento de Imagens

Israel Brandão Maurício


Diagramação

Juliana Vieira de Lima


Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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