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SÉRIE AUTOMOTIVA

DIAGNÓSTICOS
EM SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
SÉRIE AUTOMOTIVA

DIAGNÓSTICOS
EM SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


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DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

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Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


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SÉRIE AUTOMOTIVA

DIAGNÓSTICOS
EM SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
© 2015. SENAI – Departamento Nacional

© 2015. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI
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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

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Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

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FICHA CATALOGRÁFICA

S491s

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Diagnósticos em sistemas automotivos / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2015.
108 p. il. (Série Automotiva).

ISBN 978-85-7519-853-7
1. Automóveis - Peças 2. Automóveis - Diagnóstico I. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III.
Série

CDU: 629.3314

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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Ilustrações
Figura 1 - Ferramentas para testes de sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos..................................12
Figura 2 - Reparador utilizando um estetoscópio..................................................................................................13
Figura 3 - Reparador analisando valores de trabalho do sistema através de um
scanner automotivo..........................................................................................................................................................14
Figura 4 - Reparadores analisando valores apresentados pelos equipamentos de diagnósticos........15
Figura 5 - Profissional automotivo com preocupações sobre inconvenientes............................................16
Figura 6 - Consultor técnico mostrando ao cliente uma peça de reposição de qualidade.....................17
Figura 7 - Reparador fazendo uma nova reposição de peça..............................................................................18
Figura 8 - Reparador técnico fazendo uma entrevista com o cliente referente a falha apresentada..19
Figura 9 - Agendamento de veículo............................................................................................................................20
Figura 10 - Reparador técnico dando detalhes ao cliente sobre a falta de peça na reposição..............21
Figura 11 - Análise dos valores de regulagem de válvulas do manual de serviço em
relação ao apresentado no veículo..............................................................................................................................22
Figura 12 - Componentes sobre uma bancada que foram condenados sem estarem com falha........23
Figura 13 - Catalisador danificado por combustível adulterado.......................................................................24
Figura 14 - Relatório sobre resultado de serviços e procedimentos executados
durante a reparação..........................................................................................................................................................25
Figura 15 - Formas de arquivar dados de estoque, clientes e veículos, em formato antigo...................26
Figura 16 - Imagem de um sistema de gerenciamento geral de uma oficina mecânica.........................27
Figura 17 - Checklist simples do que foi verificado no veículo ao entrar na oficina mecânica...............27
Figura 18 - Coletores para coleta seletiva..................................................................................................................32
Figura 19 - Um chefe de oficina mostrando aos reparadores técnicos de que forma deve se iniciar o
diagnóstico...........................................................................................................................................................................36
Figura 20 - Catálogo de aplicação de cores para pintura do veículo...............................................................37
Figura 21 - Teste de acionamento da bomba elétrica de combustível direto pela bateria.....................39
Figura 22 - Forma de instalação do manômetro na linha de alimentação de combustível ...................44
Figura 23 - Reparador utilizando um scanner para acionamento da ventoinha.........................................50
Figura 24 - Utilização da mangueira própria para eliminação dos gases de escapamento
do ambiente de trabalho.................................................................................................................................................51
Figura 25 - Acionamento da ventoinha pelo aparelho scanner (tela do scanner)......................................52
Figura 26 - Cliente explicando ao reparador o tipo de falha apresentada durante a condução...........53
Figura 27 - Técnico automotivo fazendo uma solda com equipamentos de segurança..........................54
Figura 28 - Tipos de ferramentas e equipamentos para o diagnóstico automotivo..................................55
Figura 29 - Scanner automotivo....................................................................................................................................56
Figura 30 - Leitura de códigos de falhas no sistema de gerenciamento de injeção feita
pelo scanner.........................................................................................................................................................................57
Figura 31 - Ferramenta de vazão de cilindro............................................................................................................59
Figura 32 - Utilização do medidor de vazão de cilindro no motor...................................................................60
Figura 33 - Ferramenta de compressão do cilindro...............................................................................................61
Figura 34 - Relógio comparador...................................................................................................................................62
Figura 35 - Verificação do sincronismo do motor com a utilização do relógio comparador..................63
Figura 36 - Verificação do empenamento do disco de freio...............................................................................63
Figura 37 - Caneta de testes/polaridade....................................................................................................................64
Figura 38 - Verificação do polo negativo no circuito.............................................................................................65
Figura 39 - Verificação do controle da central para o acionamento das bobinas de ignição ................66
Figura 40 - Década resistiva............................................................................................................................................67
Figura 41 - Acionamento do eletroventilador com a década resistiva conectada no lugar do
sensor de temperatura do veículo...............................................................................................................................68
Figura 42 - Ferramentas para teste de pressão e vazão da linha de combustível,
manômetro e um rotâmetro..........................................................................................................................................69
Figura 43 - Indicação para instalação do manômetro para medir pressão e vazão da linha
de combustível....................................................................................................................................................................70
Figura 44 - Osciloscópio automotivo..........................................................................................................................71
Figura 45 - Osciloscópio de bancada..........................................................................................................................72
Figura 46 - Multímetro automotivo.............................................................................................................................73
Figura 47 - Multímetro analógico e multímetro digital........................................................................................74
Figura 48 - Vacuômetro....................................................................................................................................................75
Figura 49 - Técnico mecânico com dúvidas de aplicação da ferramenta.......................................................76
Figura 50 - Reparador automotivo fazendo a leitura do manual de instruções de uso
do equipamento.................................................................................................................................................................77
Figura 51 - Instruções de segurança para utilização de equipamentos.........................................................78
Figura 52 - Reparador automotivo fazendo uso de EPIs para manutenção da bateria como
orienta o manual da fabricante.....................................................................................................................................79
Figura 53 - Taxímetro corretamente aferido e com lacre de segurança.........................................................80
Figura 54 - Lacre de segurança......................................................................................................................................80
Figura 55 - Organizando o estoque da oficina e armazenando equipamentos corretamente..............82
Figura 56 - Armazenagem de alguns tipos de ferramentas e equipamentos..............................................83
Figura 57 - Equipamento para simulações de sinais.............................................................................................84
Figura 58 - Consultor e reparador técnico fazendo a entrega do veículo na revisão................................90
Figura 59 - Termo e regras de garantia de um rolamento de roda...................................................................93
Figura 60 - Certificado de garantia de prestação de serviços............................................................................94
Figura 61 - Ampulheta relacionando a garantia estendida................................................................................96

Quadro 1 - Modelo de checklist para inspeção de veículos................................................................................29


Quadro 2 - Normas e descrições voltadas ao meio automotivo.......................................................................41
Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Planejamento do Diagnóstico a ser Realizado.....................................................................................................11


2.1 Ferramentas do diagnóstico....................................................................................................................12
2.2 Interpretação de inconvenientes...........................................................................................................16
2.3 Análise de resultados..................................................................................................................................21
2.4 Ferramentas de registro.............................................................................................................................25
2.5 Qualidade ambiental..................................................................................................................................30
2.5.1 Resíduos........................................................................................................................................31

3 Metodologia do Diagnóstico......................................................................................................................................35
3.1 Catálogos e manuais...................................................................................................................................36
3.2 Normas técnicas...........................................................................................................................................38
3.3 Procedimentos técnicos.............................................................................................................................42

4 Testes, Ferramentas, Instrumentos e Equipamentos para Diagnósticos....................................................49


4.1 Tipos de testes...............................................................................................................................................50
4.2 Tipos e características.................................................................................................................................55
4.2.1 Scanner automotivo.................................................................................................................56
4.2.2 Ferramenta para medir vazão do cilindro.........................................................................58
4.2.3 Relógio comparador.................................................................................................................61
4.2.4 Caneta de polaridade...............................................................................................................64
4.2.5 Década resistiva..........................................................................................................................67
4.2.6 Manômetro de vazão e pressão de combustível............................................................69
4.2.7 Osciloscópio automotivo........................................................................................................71
4.2.8 Multímetros..................................................................................................................................73
4.2.9 Vacuômetro..................................................................................................................................75
4.3 Normas de aplicação...................................................................................................................................76
4.4 Normas de segurança.................................................................................................................................78
4.5 Calibração ......................................................................................................................................................79
4.6 Limpeza e armazenagem..........................................................................................................................82
4.7 Simulação da falha.......................................................................................................................................84

5 Coberturas de Garantias..............................................................................................................................................89
5.1 Do veículo.......................................................................................................................................................90
5.2 De peças substituídas.................................................................................................................................92
5.3 De serviços realizados................................................................................................................................94
5.4 Tipos de garantias (normal ou estendida)...........................................................................................95

Referências......................................................................................................................................................................... 101

Minicurrículo Do Autor.................................................................................................................................................. 103

Índice................................................................................................................................................................................... 105
Introdução

Seja bem-vindo à Unidade Curricular Diagnósticos em sistemas automotivos. Esta uni-


dade curricular embasa e favorece, a partir de conhecimentos ligados ao planejamento básico
para dar início a um determinado diagnóstico dentro de qualquer meio automotivo, o desen-
volvimento de capacidades técnicas, sociais, organizativas e metodológicas. Tal diagnóstico
pode ser mecânico, elétrico ou eletrônico seguindo a mesma linha de pensamento indiferente
do tipo de falha que o veículo apresente.
O diagnóstico em sistemas automotivos é muito importante, porque agiliza a reparação
e faz com que o reparador técnico se diferencie, no mercado de trabalho, pois para realizar o
diagnóstico correto ele deverá ter conhecimentos e habilidades para colher resultados pre-
cisos e consertar qualquer tipo de falha ou avaria. Tendo em vista que a maioria dos veículos
desenvolvidos a partir dos anos 1990 já estão dispostos de controle eletrônico de injeção de
combustível, por isso, devem receber uma atenção maior, conhecimento e equipamentos es-
pecíficos para o correto diagnóstico.
A presente unidade curricular está dividida em 3 capítulos. Inicialmente, você aprenderá a
interpretar cada tipo de diagnóstico, podendo, em seguida, realizar o planejamento a ser apli-
cado. O capítulo seguinte está relacionado à metodologia do diagnóstico e nele você conhe-
cerá métodos de diagnósticos, procedimentos e normas aplicadas. No quarto capítulo você es-
tudará algumas das principais ferramentas, instrumentos e equipamentos para o diagnóstico
automotivo. E, em seguida entenderá como funciona a cobertura de garantias gerais.
Bons estudos!
Planejamento do
Diagnóstico a ser Realizado

Você já deve ter se perguntado de que forma um reparador do meio automotivo chega até
determinada falha no diagnóstico dos veículos em geral, seja ele mecânico, elétrico ou eletrô-
nico. Pois bem, é a partir deste questionamento que você estudará as principais características
da interpretação de falhas no diagnóstico automotivo e no processo de entrada do veículo na
oficina. Logo, diante de toda a tecnologia existente na área industrial é, cada vez mais impres-
cindível ter um planejamento amplo para abordar todas as variantes que podem influenciar no
diagnóstico final do veículo que o reparador avaliará.
Você, também, estudará algumas ferramentas de excelência no quesito organização opera-
cional do trabalho. Esse conhecimento é muito importante para que você tenha um histórico de
procedimento realizado detalhado, incluindo registros dos mais variados processos. São exem-
plos de tais registros o tempo de mão de obra, as peças e os resultados da execução de serviço.
Assim, ao finalizar este capítulo, você estará apto a:
a) reconhecer as ferramentas de diagnóstico automotivo;
b) interpretar os inconvenientes apresentados pelos sistemas automotivos;
c) analisar os resultados obtidos durante os testes e diagnósticos realizados;
d) aplicar as ferramentas de registro empregados no processo de planejamento e diagnós-
tico em sistemas automotivos.
Siga em frente!
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
12

2.1 FERRAMENTAS DO DIAGNÓSTICO

Neste setor do meio automotivo, o conhecimento técnico e prático do reparador e as mais variadas
ferramentas de diagnóstico, nas áreas mecânica, elétrica ou eletrônica, facilitam o diagnóstico da falha
apresentada pelo veículo.

Bao (2015)
Figura 1 - Ferramentas para testes de sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos
Fonte: Bao (2015)

A partir dos anos 1990, para facilitar as torções da carroceria e uma série de modificações nos sistemas e
tornar os projetos mais baratos para os consumidores, os veículos vêm se tornando mais leves e com peças
de reposição cada vez mais fragmentadas. Tais fatores contribuem para que o próprio veículo tenha uma
estrutura segura, além disso, a eletrônica embarcada é cada vez mais presente nos veículos.
Foi-se aquele tempo em que um estetoscópio1 fazia grande parte do diagnóstico automotivo. Nos anos
1980, esse equipamento era altamente valorizado e quem o utilizava, nos veículos com injeção mecânica
de combustível nos carburadores, era considerado mestre para o diagnóstico automotivo, pois o estetos-
cópio era um equipamento difícil de ser encontrado nas oficinas. Já por volta do início dos 1990, com o
estetoscópio o reparador tinha maior facilidade de condenar2 determinadas peças no veículo, consideran-
do o som produzido por elas.

1 Ferramenta para se ouvir o movimento interno de trabalhos mecânicos.


2 Ato em que o reparador tira a conclusão de que determinado componente não está mais apto para funcionar perfeitamente
no veículo.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
13

Figura 2 - Reparador utilizando um estetoscópio Joe Belanger ([20--?])


Fonte: Thinkstock (2015)

Entretanto, para utilizar o estetoscópio para diagnosticar algum problema mecânico, era necessário
que o profissional conhecesse bem o som produzido pelo motor. Pois, caso o reparador confundisse algum
som, ou até mesmo por alguma interferência de ruídos do próprio motor, poderia cometer falhas no diag-
nóstico. Assim, o uso do estetoscópio poderia provocar problemas como o desperdício de tempo e a troca
de peças que estavam funcionando perfeitamente. E isso gerava despesas desnecessárias para a empresa
e para o cliente que pagava por peças que não precisavam ser trocadas.
No entanto, o estetoscópio ainda é utilizado para diagnósticos de falhas de veículos, porém, hoje, é
usado com outras ferramentas de precisão. Tais ferramentas, você conhecerá no decorrer desta unidade
curricular. As indústrias que desenvolvem equipamentos e ferramentas voltadas ao meio automotivo de-
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
14

senvolveram e, ainda, desenvolvem uma grande variedade desses equipamentos e ferramentas para apli-
cação em diagnósticos de falhas. Assim, a escolha do que será utilizado e a avaliação da qualidade e con-
fiabilidade do equipamento ou ferramenta, fica a critério do reparador. Atualmente, há várias ferramentas
para realizar testes em um veículo com avaria mecânica em sua câmara de combustão. Alguns exemplos
são a videoscopia/endoscopia mecânica, para testar a compressão do motor e a vazão de cilindro, e o scan-
ner automotivo para verificar a depressão do coletor, do fluxo de ar e o tempo de injeção. Essas e outras
ferramentas você conhecerá nos próximos capítulos.

kadmy ([20--?])

Figura 3 - Reparador analisando valores de trabalho do sistema através de um scanner automotivo


Fonte: Thinkstock (2015)

É importante salientar que, em nenhum caso de diagnóstico automotivo, alguma ferramenta ou


equipamento fará todo o trabalho de diagnóstico sozinho, pois sempre será necessário que um reparador
automotivo, com capacitação técnica para manusear as ferramentas e equipamentos, interprete as infor-
mações mostradas pelo equipamento ou ferramenta. Ele também, deverá, a partir do seu conhecimento,
traduzir de modo claro para o cliente o resultado do teste feito e os motivos que possam ocasionar deter-
minada falha e apresentar a melhor solução para o problema.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
15

Tyler Olson ([20--?])


Figura 4 - Reparadores analisando valores apresentados pelos equipamentos de diagnósticos
Fonte: Thinkstock (2015)

Além do mais, para fazer a aplicação da ferramenta de diagnóstico correta, é de extrema importância
que o profissional conheça todos os problemas que o veículo apresenta. Pois, assim, ao aplicar uma ferra-
menta poderá esperar maior precisão na identificação da causa da falha apresentada pelo veículo.

FIQUE Para evitar um diagnóstico incorreto e impedir que a falha continue no veículo o re-
parador técnico deve ficar muito atento durante a análise dos resultados apresenta-
ALERTA dos pelos aparelhos de diagnóstico.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
16

Cabe ressaltar, ainda, que parte das oficinas mecânicas se afiliam à empresas de renome, conhecidas
mundialmente na produção de sistemas e produtos automotivos. Essa afiliação permite que as oficinas
usem em suas fachadas o nome e as cores padrões dessas grandes empresas. Além disso, as grandes em-
presas, visando aprimorar cada vez mais a qualidade do diagnóstico e o conhecimento dos reparadores au-
tomotivos, oferecem às oficinas afiliadas diversos equipamentos para diagnóstico automotivo nas partes
mecânicas, elétricas e eletrônicas. Elas também promovem vários cursos de autodiagnóstico e diagnóstico.

2.2 INTERPRETAÇÃO DE INCONVENIENTES

Nas mais diversas indústrias, montadoras, instituições privadas, empresas de pequeno e médio porte,
há uma preocupação generalizada em conhecer a necessidade do cliente com relação a determinados pro-
dutos. Cabe a elas entender tal necessidade para poder elaborar um produto específico para satisfazer os
desejos do cliente. Além de agregar valor sobre o produto oferecido e gerar mais lucros, novos negócios,
qualidade e empregabilidade no mercado.

Wavebreakmedia Ltd ([20--?])

Figura 5 - Profissional automotivo com preocupações sobre inconvenientes


Fonte: Thinkstock (2015)

Segundo Guimarães (2007, p. 227), podemos classificar as falhas em duas categorias, sendo as possíveis
de serem identificadas pelo motorista e as identificadas somente com o auxílio de ferramentas especiais.
Assim, com foco no meio automotivo, toda metodologia funciona da mesma forma, desde a entrada do
cliente na oficina, ao modo que é abordado para identificar determinadas falhas que acontecem com o
veículo. E, até mesmo na hora de oferecer produtos de qualidade para que, não somente o processo de
manutenção, revisão e outros serviços mais, possam sair com alta qualidade no resultado final.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
17

kzenon ([20--?])

Figura 6 - Consultor técnico mostrando ao cliente uma peça de reposição de qualidade


Fonte: Thinkstock (2015)

Assim, para que o veículo tenha um uso contínuo dentro das quilometragens específicas em prazos
determinados pelo fabricante com qualidade no serviço executado, é de vital importância o uso de mate-
riais, equipamentos e peças de qualidade no processo completo. Isso deve começar com o registro de uma
ordem de serviço (popularmente conhecida como O.S.), continuar com o diagnóstico e se estender até a
entrega do veículo ao cliente. Pois para fazer parte da manutenção e diagnóstico automotivo o reparador
técnico precisa ter conhecimento para averiguar e diagnosticar falhas com precisão. Esse técnico já deve
ter em mente o planejamento correto para sanar o problema do veículo, bem como todas as qualidades
no processo a ser seguido. É importante ressaltar que, se não forem utilizados componentes de qualidade,
não será possível garantir um bom resultado no trabalho.
Imagine que você tenha atendido um cliente e conseguiu transmitir ao mesmo segurança e ter conhe-
cimento suficiente para resolver o problema de seu veículo. Mas, ao realizar seu trabalho, você utilizou uma
peça de péssima qualidade, ao final, na entrega do veículo, todo o processo de diagnóstico e manutenção
sai conforme o esperado e o cliente sai satisfeito. Entretanto, dois dias depois o cliente volta reclamando
do mesmo defeito e, agora, analisando o que poderia ser, você é constata defeito na peça de reposição.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
18

kzenon ([20--?])
Figura 7 - Reparador fazendo uma nova reposição de peça
Fonte: Thinkstock (2015)

Por isso, os processos de registros, assim como todo o processo a ser utilizado para o diagnóstico de
falhas, fazem parte da interpretação de inconvenientes.
Existem alguns sistemas próprios para registros de O.S. e você os conhecerá no decorrer do capítulo. A
interpretação de inconvenientes deve estar voltada para a relação com o cliente e para processo de manu-
tenção e mão de obra dentro da oficina, solicitação de peças, materiais e equipamentos que também estão
diretamente ligados ao processo como um todo.

Sistemas de gerenciamento da oficina podem fazer o trabalho completo desde


registros dos clientes, registro de veículos, orçamentos, ordens de produção e
CURIOSIDADE até o fluxo de caixa da empresa, fazendo um controle geral e muito organizado
de todo procedimento.

Para que um diagnóstico seja bem executado, é necessário que o técnico realize uma pequena entrevis-
ta com o cliente, pois ele, mais do que ninguém sabe o que realmente acontece com o veículo, em quais
situações determinada falha é apresentada. Para ficar mais claro, pense na seguinte situação: determinado
veículo corta a aceleração ao passar sobre um quebra-molas, depois ela volta ao normal. Com esta informa-
ção, o reparador técnico já sabe que para iniciar um diagnóstico, deverá sair com o veículo para verificar se o
mesmo apresenta a falha somente ao passar sobre quebra-molas. Ao fazer o teste, você percebe que a falha
era um ponto de aterramento mal fixado ao motor, pois quando o veículo passava por rua esburacada ou
sobre um quebra-molas, o torque do motor e as vibrações ocasionavam o mau contato, fazendo o veículo
perder aterramento em determinados componentes, o que gerava a falha.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
19

michaeljung ([20--?])
Figura 8 - Reparador técnico fazendo uma entrevista com o cliente referente a falha apresentada
Fonte: Thinkstock (2015)

FIQUE Os veículos, em geral, costumam apresentar falhas em aterramentos causados por


problemas como zinabres (oxidações) e pontos de aterramentos mal fixados, o que
ALERTA acaba ocasionando falhas graves nos sistemas dos veículos.

Um exemplo clássico do dia a dia é aquela falha que acontece com o veículo do cliente em determinado
trecho, já com o reparador não, dessa forma há a necessidade do reparador e do cliente percorrerem juntos
esse trecho da rodovia ou estrada. Por exemplo, um barulho de estalo na suspensão dianteira esquerda,
somente no trecho de uma curva acentuada antes do cliente chegar ao seu trabalho, era causada por uma
trinca na bandeja dianteira esquerda, quase imperceptível visualmente. A trinca somente foi vista na des-
montagem completa do sistema de suspensão dianteira.
Outro fator importante e que acaba esclarecendo muito o diagnóstico para o reparador técnico é le-
vantar, junto ao cliente, um histórico completo do veículo, pois ele pode ter vindo de outras oficinas com
defeitos como a desmontagem e montagem errada de algum componente. Por isso, é importante que
você, como profissional da área, fique sempre atento ao que outro reparador ou mesmo o cliente diz ter
feito em outra oficina mecânica. Por exemplo, em uma troca completa do sistema de ignição é importante
analisar se o sistema realmente foi trocado, se é por uma marca de confiança, do contrário, o reparador
pode avançar no diagnóstico e tais componentes podem, na verdade, não terem sido trocados ou ainda,
terem sido instalados de forma errada.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
20

Os exemplos citados, anteriormente, ressaltam a importância da interação com o cliente no momento


da pré-avaliação do veículo. Momento no qual você deve procurar demonstrar interesse na solução do
problema e conhecimento técnico para um diagnóstico preciso. Além dessa interpretação de inconve-
niente de falha junto ao cliente, existem outros procedimentos a serem seguidos, por exemplo, no caso de
agendamento dos veículos para fazer uma reparação na oficina é necessário analisar corretamente o tem-
po necessário para a execução de mão da obra, verificar se a peça do veículo a ser trocada está à disposição
no estoque da oficina e caso não esteja, qual será é o tempo hábil para que ela chegue à sua oficina. Além
disso deve haver tempo hábil para a realização de processos finais aplicados em algumas oficinas mecâ-
nicas, como testes no veículo e lavação. Pois, isso evitará transtornos durante o tempo em que o veículo
permanecer na oficina e atrasos na entrega. E, vale ressaltar que respeitar o prazo de entrega combinado
com o cliente é essencial.

inxti ([20--?])

Figura 9 - Agendamento de veículo


Fonte: Thinkstock (2015)

Desta forma, o trabalho no veículo é feito com qualidade, sem problemas de inconvenientes relacionados ao
tempo de estada na oficina e em relação a falta de peças.
Além do mais, ao aprimorar o processo de entrada de cada veículo na oficina, evita-se uma série de
inconvenientes gerados, desde o recebimento do veículo, até a mão de obra a ser realizada, peças em
estoque, prazo limite de entrega do veículo para o cliente e até mesmo relacionado ao histórico de falha
dado pelo cliente, e, ainda, se chega mais rápido ao diagnóstico.
É importante salientar, tendo em vista o que você estudou até aqui, que mesmo com todo o processo
planejado, imprevistos podem acontecer e esses também devem ser analisados sempre que algum serviço
for executado. Por exemplo, pode haver a falta de um colaborador, o atraso na entrega de determinada
peça, ou até a falta de energia elétrica na região da oficina.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
21

Para evitar que ocorra a falta de uma peça em estoque, que constava como existente no sistema de
controle, é importante fazer um inventário mensal de estoque e realizar uma análise estratégica para que
o processo completo saia de modo que o cliente fique satisfeito. Além disso, comunique o cliente sempre
que ocorrer algum contratempo que faça com que a manutenção do veículo não saia dentro do prazo
planejado, pois isso evita transtornos e, sabendo do atraso, o cliente poderá se programar em relação ao
uso do veículo.

jinga80 ([20--?])

Figura 10 - Reparador técnico dando detalhes ao cliente sobre a falta de peça na reposição
Fonte: Thinkstock (2015)

Os resultados obtidos por oficinas mecânicas que seguem essa metodologia nos processos de interpre-
tação de inconvenientes, comprovam que o método é excelente para o correto processo de diagnóstico e
manutenção do veículo indiferente da falha apresentada em relação ao tempo estipulado e informado ao
cliente, estando todo o processo finalizado dentro do prazo e com 100% de satisfação pelo cliente.
Esse processo completo contempla o orçamento inicial, agendamento do veículo, entrada na oficina,
diagnóstico, levantamento de orçamento final, encomenda de peças ou solicitação das mesmas ao esto-
que, tempo de mão de obra, testes finais, lavação e entrega.

2.3 ANÁLISE DE RESULTADOS

Tanto no início quanto ao final de um diagnóstico realizado, o reparador técnico deve fazer uma análise
dos resultados obtidos, comparando com o que o fabricante indica para cada tipo de resultado colhido.
Deve, também, analisar o tipo de teste feito, verificar se está sendo aplicado de forma correta, com a ferra-
menta correta e se o valor colhido confere com o que deveria estar sendo apresentado.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
22

Caso um determinado componente apresente uma incoerência de valor ou tipo de trabalho em algum
teste, não será possível determinar que a falha esteja no componente sem antes fazer uma análise geral
da situação.

koo_mikko ([20--?])

Figura 11 - Análise dos valores de regulagem de válvulas do manual de serviço em relação ao apresentado no veículo
Fonte: Thinkstock (2015)

O reparador técnico deve fazer uma investigação do porquê de tal componente apresentar valores
incoerentes com o que a fabricante indica, pois, em grande parte dos casos, certos componentes são con-
denados e trocados sem necessidade, ou seja, a troca ocorre com 100% da integridade da peça. Também
pode ocorrer de o componente apresentar o defeito, mas a falha ser decorrente de outra avaria no sistema,
como a interferência eletromagnética do motor de partida durante uma partida para o circuito do sensor
de rotação. Assim, a falha estaria no circuito ou no motor de partida e não no circuito ou sensor de rotação.

SAIBA Para mais informações sobre análise dos resultados obtidos durante o diagnóstico
acesse: <http://www.oficinabrasil.com.br> e vá ao fórum do site, faça o cadastro e fi-
MAIS que por dentro de defeitos e soluções de diversos sistemas.

Contudo, é importante estar atento ao tipo de valor apresentado ao final de um teste, se o equipamen-
to está bem aferido e se o reparador técnico tem domínio sobre o equipamento que está utilizando. Pois,
se um teste for interpretado de forma incorreta, o técnico pode condenar um componente em perfeito
estado de funcionamento.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
23

Figura 12 - Componentes sobre uma bancada que foram condenados sem estarem com falha
Fonte: Bao (2015)

Esses são os principais detalhes que o reparador técnico deve observar quando fizer uma análise dos
resultados obtidos. Ele deverá relatar não somente onde estava a falha do veículo, como também porque
tal falha aconteceu. Esta última informação é de extrema importância.
Um exemplo disso, recorrente no dia a dia das oficinas mecânicas, são os veículos que utilizam uma son-
da lambda depois do catalisador, esta sonda tem a função de fazer uma leitura de como o catalisador está se
comportando, caso ela esteja com seu valor incorreto, o reparador pode condenar tanto o catalisador quan-
to o componente em questão, ou seja, a sonda lambda. Mas é aí que vem a questão: por que está ocorrendo
a falha na sonda ou no catalisador? O que gerou isso? Você saberia como chegar a resposta para estas per-
guntas? É esse tipo de investigação que o reparador precisa realizar para obter a conclusão do diagnóstico.
Caso a sonda lambda esteja funcionando corretamente após alguns testes e o catalisador for condenado,
após realizar a troca do componente falho, o veículo voltará a ter o funcionamento dentro do esperado.
Então, retome a pergunta, por que ocorreu a falha no catalisador? Depois de analisar os resultados, o
reparador poderá chegar à conclusão de que a causa do dano no catalizador foi que o tipo de combustível
utilizado no veículo estava adulterado. Pois, conforme informado pelo cliente, o veículo era abastecido
sempre no mesmo posto e foi isso que danificou o componente. Esse exemplo mostra o quão importante
é analisar o histórico do veículo e o que foi executado nele, para chegar a uma conclusão efetiva.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
24

Figura 13 - Catalisador danificado por combustível adulterado


Fonte: Bao (2015)

Para que você tenha resultados positivos dentro dos processos realizados no meio automotivo, sempre
deve estar atento aos resultados obtidos em cada processo realizado para manutenção ou reparação de
algum veículo, mesmo que esse tenha saído dentro do esperado. Pois, é importante verificar possíveis mu-
danças no processo para se ter uma nova perspectiva de como determinado processo poderia melhorar.
Você pode tomar como exemplo, um auxiliar técnico que faz somente um serviço, sua responsabilidade é
a execução de um checklist verificando nível de óleo do motor, água no sistema de arrefecimento, fluído
do freio, combustível no tanque, entre outros. Ele poderia fazer a conexão do aparelho de diagnóstico ao
veículo para comunicação com o sistema, colher dados gerais do sistema e passar as informações para um
relatório. O relatório seria analisado pelo reparador para diagnosticar a falha no veículo, otimizando assim,
o processo e ganhando tempo.
Você viu que um simples detalhe pode adiantar muito o serviço a ser realizado no veículo. Por isso, algu-
mas concessionárias retiraram o consultor técnico e puseram o próprio reparador como ouvinte do cliente,
assim aproximaram cliente e reparador e otimizaram o processo. Pois, a mesma pessoa faz o relatório dos
defeitos do veículo e das peças a serem encomendadas.
Agora imagine no último exemplo sobre as concessionárias, se uma pessoa fizesse o relatório/checklist,
outra entrevistasse o cliente e oferecesse os produtos e peças, por fim, tudo teria que ser analisado pelo
reparador técnico para prosseguir no diagnóstico e executar o trabalho.
Para uma melhor análise dos resultados obtidos, uma das ferramentas mais indicadas que a empresa
pode ter em mãos, ainda é a conhecida tabela de valores, que deve estar em diversos pontos da oficina,
desde a recepção até a entrega final do veículo. Pois, ela deve demonstrar os mais diversos números e
dados técnicos, para que esses sejam analisados pelos gestores e reparadores técnicos da empresa e os
mesmos possam colher os resultados e verificar possíveis mudanças que forem necessárias.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
25

Boris_N ([20--?])

Figura 14 - Relatório sobre resultado de serviços e procedimentos executados durante a reparação


Fonte: Thinkstock (2015)

Outro fator importante é a análise da dificuldade, ou da possível melhoria do processo realizado pelo
reparador ao executar a manutenção ou reparação de algum veículo. Pois, objetivando a melhoria de re-
sultados, o reparador pode promover novas ideias de processo.
Visando 100% de qualidade do serviço executado, esse tipo de relatório base ou tabela de valores pode
estar nos mais diferentes setores da oficina. Como exemplos pode-se citar a seção da produção e do prazo
desde a entrada do veículo até a saída do mesmo e o setor de vendas de peças entre outros.

2.4 FERRAMENTAS DE REGISTRO

Nos anos 1980 e 1990, aproximadamente, era comum se ver os reparadores automotivos com planilhas
e com fichas de cadastros de clientes em um bloquinho de papel para realizar o orçamento e repassar ao
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
26

cliente. Nessas fichas o reparador tinha o endereço, o telefone e alguns dados do veículo e até histórico do
que foi feito.
O estoque mal era contabilizado, era registrado em folhas, somente as peças que entravam e saiam e
outros materiais mais, sem um controle exato do que acontecia. No sistema de fluxo de caixa da empresa,
também, não havia controle correto dos custos e lucros gerados pela oficina.

Dimitris Kolyris ([20--?])

Figura 15 - Formas de arquivar dados de estoque, clientes e veículos, em formato antigo


Fonte: Thinkstock (2015)

A pesquisa, a análise e a tecnologia da informação foram primordiais para o desenvolvimento de siste-


mas digitais de monitoramento geral dos processos realizados nesse nicho de mercado.
Nos anos de 2000, passaram a existir sistemas capazes de produzir diversas operações desenvolvidos
diretamente para o gerenciamento de oficina e conforme a utilização e cargo do operador do sistema.
Por exemplo, o reparador mecânico alimenta o sistema informando dados sobre o reparo dos veículos, o
responsável financeiro emite documentos referentes ao seu setor e o gerente tem acesso e controla todo
o sistema.
Esse tipo de sistema procura aperfeiçoar todo o processo e fazer a combinação dos dados de um mesmo
cliente e veículo. Pois, nele, há várias informações, desde um checklist até o orçamento feito, peças a serem
trocadas, informações contábeis como valores de custo das peças e mão de obra, valor líquido a receber,
entre várias outras informações disponibilizadas, conforme a necessidade da oficina.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
27

vladru ([20--?])
Figura 16 - Imagem de um sistema de gerenciamento geral de uma oficina mecânica
Fonte: Thinkstock (2015)

O checklist, também, é uma ferramenta de grande importância ao setor automotivo de reparação. Ele
pode estar dentro do sistema digital de gerenciamento geral citado, anteriormente, ou pode ser feito por
meio de uma folha de registros.
O checklist, geralmente, é aplicado na entrada do veículo na oficina e visa deixar todas as informações
do veículo registradas. Nele você encontrará informações como os danos na carroceria, lâmpadas queima-
das, quilometragem total e o nível de combustível.
AndreyPopov ([20--?])

Figura 17 - Checklist simples do que foi verificado no veículo ao entrar na oficina mecânica
Fonte: Thinkstock (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
28

Esse documento de registro de informações é assinado pelo cliente, garantindo, assim, que a manu-
tenção ou reparo do mesmo aconteça de forma correta e evitando transtornos na entrega do veículo ao
cliente. Pois, assim, ele não poderá alegar, por exemplo, que a quilometragem está alterada ou que o nível
de combustível está diferente do momento em que o veículo entrou na oficina.
O checklist também pode ser aplicado para o desenvolvimento de processos no momento da repara-
ção, facilitando a mão de obra a ser executada e diminuindo o tempo total do processo.
Um checklist, aplicado dessa forma, pode conter informações inseridas pelo próprio reparador mecâ-
nico, como os tipos de ferramentas que ele utilizou em determinado processo, os valores dos resultados
colhidos de acordo com o teste realizado, o histórico do que foi planejado/executado, o resultado obtido
em um diagnóstico, o tipo de reparação e a manutenção executada.

CASOS E RELATOS

Contar para não faltar


João, proprietário de uma oficina mecânica, está com grandes problemas relacionados à falta de
produtos no estoque, pois sempre que pega um veículo para fazer determinado serviço, precisa
sair correndo para buscar em uma revenda alguma peça que faltou. Mas a referida peça consta nos
registros de estoque da oficina.
Tal transtorno faz com que João atrase muitas entregas de veículos deixando clientes insatisfeitos
e comprometendo a própria mão de obra pela falta de tempo para efetuar o reparo.
Ele decidiu, então, fazer uma análise minuciosa do processo de entrada e saída de peças do esto-
que. Observando o procedimento de saída de uma peça, ele notou que o funcionário do balcão de
peças, por estar sobrecarregado de trabalho, deixava de anotar a saída de algumas peças. E isso
fazia com que a peça saísse sem ser registrada, ou seja, sem baixa no estoque.
Após identificar o problema, João implantou um sistema de gerenciamento digital, que controla
todo o processo de entrada e saída de peças, deixando o estoque sempre atualizado e evitando
transtornos como a falta de peças.

Outra importante ferramenta de processos de qualidade, utilizada por poucos, é a folha de verificação.
Ela é um tipo de checklist. Veja um exemplo de lista de verificação a seguir.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
29

CHECKLIST DE INSPEÇÃO DE VEÍCULOS

Data: Horário:
Veículo: Placa:
Condutor:
ITENS INSPECIONADOS SITUAÇÃO OBSERVAÇÃO
Nível do óleo do motor
Nível do óleo hidráulico (freio e direção)
Nível de água de arrefecimento do motor
Nível de água para limpeza de para-brisa
PARTE INTERNA DO VEÍCULO

Palas contra o sol


Habilitação – CNH
Banco/assento
Assoalho
Buzina
Cinto de segurança
Espelho retrovisor
Extintor de incêndio
Macaco/triângulo
Freio de estacionamento
Para-brisas/vidros
Portas – abrir por dentro
Condições pedais
Baú/carroceria
PARTE EXTERNA DO VEÍCULO

Pneus/estepe
Farol/farolete
Limpador de para-brisa
Setas
Alarme de ré/Luz de ré
Luz de freio
Pisca de alerta
Travamento do capô
Recomendações:

Quadro 1 - Modelo de checklist para inspeção de veículos


Fonte: do Autor (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
30

A folha de verificação pode ser utilizada na revisão de entrega dos veículos, pois registra informações
dos resultados obtidos ao final do processo de reparação do veículo. E, ainda, indica o grau de satisfação
em relação a manutenção realizada e porcentagem ou grau de solução do problema. Pode ser aplicada a
vários veículos em uma mesma ficha de verificação, permitindo, assim, avaliar o resultado final entre uma
quantidade pré-estabelecida de veículos.

2.5 QUALIDADE AMBIENTAL

É cada vez maior a preocupação com o meio ambiente, e esta preocupação também está inserida no con-
texto das oficinas mecânicas, que visam à coleta e destinação correta dos resíduos. Você está ciente de que
há normas e legislação que regulamentam as questões ambientais relacionadas às oficinas? Saberia dizer o
que é certo ou errado, segundo essas leis? Então, conheça, a seguir, os principais órgãos regulamentadores.

Legislação Municipal
As leis, normas e decretos municipais são elaborados pela administração pública de cada município,
e as leis ambientais estão inclusas nelas. Geralmente essas leis são desenvolvidas por órgãos ambientais
pertencentes à prefeitura, como as secretarias de meio ambiente, e tem como objetivo promover a preser-
vação do meio ambiente, fiscalizando, penalizando e estabelecendo diretrizes para: a utilização de recur-
sos naturais; a emissão de poluentes líquidos, sólidos e gasosos; a definição de limites de tolerância para a
presença de elementos químicos em sedimentos, águas superficiais e subterrâneas.
Estas leis são subordinadas às leis estaduais e federais, sendo que suas diretrizes não podem ser menos
restritivas que as leis estaduais e federais.

Legislação Estadual
As leis, decretos e normas estaduais, assim como as leis municipais, são elaboradas pela administração
pública do estado, sendo desenvolvidas por fundações ou conselhos ligados ao governo do estado, e tem
como objetivo promover a preservação do meio ambiente, fiscalizando, penalizando e estabelecendo di-
retrizes para itens sobre os quais os órgãos municipais não atuam. Além disso, ainda é possível que um ór-
gão ambiental estadual fiscalize e penalize um órgão municipal que venha a descumprir qualquer lei. Estas
leis são superiores às leis municipais e subordinadas às leis federais, sendo que suas diretrizes não podem
ser menos restritivas que as leis federais.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
31

Legislação Federal
As normas, leis e decretos federais servem de base para a elaboração das leis estaduais e municipais,
sendo que estas nunca podem ser menos restritivas que as leis federais. Assim como as leis estaduais e
municipais, as federais têm como objetivo promover a preservação do meio ambiente, fiscalizando, pena-
lizando e estabelecendo diretrizes para as mesmas questões que os órgãos estaduais e municipais.
Você já pensou qual é a ligação existente entre uma oficina mecânica e uma lei ambiental? Como você
leu nos parágrafos anteriores, as leis ambientais objetivam a preservação ambiental, definindo padrões a
serem seguidos por todas as empresas quanto à emissão de poluentes. Como você pode imaginar, uma
oficina mecânica que trabalha com a manutenção de sistemas de freios por exemplo, possui um grande
potencial contaminante, pois todo e qualquer componente extraído de um veículo (como discos de freio
usados, pastilhas de freio desgastadas, fluido de freio já utilizado) deve ser descartado de maneira adequa-
da uma vez que, se forem armazenados inapropriadamente, podem causar a contaminação do solo e, em
alguns casos, até mesmo a contaminação do lençol freático.

2.5.1 RESÍDUOS

Os resíduos automotivos mais prejudiciais, ao meio ambiente e à saúde pública, gerados em uma oficina são:

a) óleo lubrificante e fluido de freio usado;


b) emissões de gases;
c) panos, papelões e peças usadas;
d) sólidos embebidos em óleo;
e) produtos minerais e ferrosos;
f) plásticos;
g) baterias.

Os resíduos sólidos provenientes da atividade de manutenção automotiva são classificados, segundo a


NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, de acordo com as características de periculosidade
apresentadas, em: Classe I (perigosos) ou Classe II (não-perigosos); Classe II A – Inertes e Classe II B – Não-
-inertes. A classificação de resíduos só pode ser realizada através de processo de análise em laboratório.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
32

Coleta Seletiva de resíduos


Em muitas cidades existe, além da coleta normal de resíduos, a coleta seletiva, que recolhe resíduos
recicláveis para a destinação correta. No caso das oficinas mecânicas, isto se torna uma regra, pois como
você viu, as leis determinam que as oficinas devem dar o destino correto aos resíduos.
Diversos materiais são recicláveis, como o papel, o plástico, o vidro, o metal, entre tantos outros. As ofi-
cinas precisam ter em seu ambiente de trabalho tambores com identificações de separação dos resíduos.
Essas identificações dos tambores devem ser escritas e coloridas, pois cada resíduo possui uma cor pa-
drão na coleta seletiva. A adoção dos padrões da coleta seletiva permite uma maior agilidade na segrega-
ção e no descarte dos materiais, além de deixar sua oficina com um aspecto mais organizado, o que auxilia
a conquistar novos clientes e também manter os clientes atuais.
Veja, a seguir, alguns exemplos de representação das cores da coleta seletiva.

Bao (2015)

Figura 18 - Coletores para coleta seletiva


Fonte: Bao (2015)

Repare que todos os tipos de resíduos possuem uma cor padrão de coletor para realizar a sua coleta
seletiva. É importante que você tenha o habito de separar os resíduos corretamente. Além disso, mantenha
sempre seu local de trabalho limpo e organizado.
2 PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO A SER REALIZADO
33

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você iniciou os estudos sobre o planejamento de diagnóstico a ser realizado pelo
reparador e percebeu a importância de sempre verificar junto ao cliente quais falhas e inconve-
nientes são causados pelo veículo, podendo traçar, assim, um início de diagnóstico no automóvel
com a falha determinada, sendo ela elétrica, eletrônica ou mecânica.
Também pôde ver que a entrevista com o cliente é de fundamental importância para chegar a
um diagnóstico preciso, pois ela diminui o tempo de mão de obra e permite que se chegue mais
facilmente à falha.
Detalhes relacionados à interpretação de inconvenientes como falhas no veículo e de processos
na oficina foram mostrados como meios de registros para melhor análise dos resultados e diag-
nósticos, em geral.
Com essas informações, você aprendeu como deve iniciar um processo de diagnóstico no veículo,
para que ao longo de todo o processo, você possa ter informações gerais do veículo de forma a
realizar um diagnóstico melhor e mais rápido, evitar inconvenientes gerais e resultar em um pro-
cesso de manutenção e/ou reparação positiva.
Ao final do capítulo, você conheceu sobre a legislação ambiental, os tipos de resíduos gerados por
uma oficina mecânica e formas adequadas de segregação e descarte destes resíduos.
Metodologia do Diagnóstico

Você já parou para pensar como o reparador automotivo pode saber tantas informações no
momento de um diagnóstico? E como pode estar tão atento a detalhes e procedimentos em
específico? Esses questionamentos irão auxiliá-lo ao longo do capítulo. Nele você verá onde
estão dispostas determinadas informações, como procedimentos para diagnóstico, reparação
e aplicação de peças específicas de acordo com o veículo para o reparador automotivo.
Procedimentos esses, que fazem o reparador automotivo ganhar pontos no momento do
diagnóstico, aplicando o correto procedimento para diagnosticar determinada falha, ou para
saber como chegar a ela. O domínio de tais conhecimentos farão de você um profissional pre-
parado para identificar falhas e aplicar o correto procedimento, ferramentas e peças em cada
manutenção ou reparação do veículo automotor.
Para que você se torne referência na área estude com muita atenção, pois ao finalizar este
capítulo você estará apto à:
a) selecionar e aplicar, nos sistemas, as normas e os métodos de diagnóstico conforme ma-
nuais de reparação;
b) identificar a fonte de consulta, tendo em vista a manutenção a ser realizada nos sistemas;
c) reconhecer as diferentes fontes de pesquisa de conteúdos técnicos relacionados à
reparação de sistemas automotivos.
Siga em frente!
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
36

3.1 CATÁLOGOS E MANUAIS

Nos anos 2010, no mercado de veículos, sejam eles de ciclo Otto (movidos a etanol, gasolina, flex e GNV)
ou de ciclo Diesel, para executar alguns tipos de reparos elétricos, eletrônicos ou a troca parcial dos com-
ponentes mecânicos do motor, como pistões, anéis, bielas, válvulas entre outros, há a necessidade de o
reparador ter em mãos o manual técnico de reparação e manutenção daquele veículo.
Ao se fazer um diagnóstico da parte mecânica, por exemplo, de um veículo que apresenta baixa potên-
cia e fumaça azul vinda do escapamento, sintomas característicos de um motor consumindo boa parte do
óleo de lubrificação das partes móveis do motor no momento da combustão, queimando esse óleo com
a mistura ar/combustível existente na câmara de combustão, é necessário ter em mãos o manual técnico
para verificações do sistema.

tyler olson ([20--?])

Figura 19 - Um chefe de oficina mostrando aos reparadores técnicos de que forma deve se iniciar o diagnóstico
Fonte: Thinkstock (2015)

Para que o reparador possa fazer os testes específicos e analisar os valores padrão de trabalho do siste-
ma mecânico, deverá ter em mãos valores de medidas de folgas de anéis do pistão, folga entre o pistão e
a camisa do pistão, folgas axiais e radiais do virabrequim e outras.
Ele terá, ainda, que conferir medidas padrões aplicadas a determinados veículos. Tais medidas podem
ser encontradas em diversos manuais de reparação. Esses valores indicarão se o componente está ou não
comprometido por desgaste e se ele realmente precisa ser trocado.
O reparador também utiliza o manual de serviço, que é de fundamental importância não somente para
diagnosticar e avaliar componentes, mas também, para realizar a correta montagem e disposição das pe-
ças no motor durante todo o procedimento. Este manual indica formas de encaixe, medidas, posições e
cuidados, em geral, durante a execução da manutenção e reparo.
Você pode estar se perguntando se existem manuais somente para reparação mecânica, não é mesmo?
A resposta é não. Há manuais para qualquer outra parte do veículo, desde a retirada de um estofamento do
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
37

banco, retirada de um para-lama, torque de aperto de parafusos das partes móveis e fixas do motor e chassi em
geral, até um correto procedimento de emenda de condutor elétrico no chicote do veículo.

FIQUE Evite problemas! Sempre procure manuais técnicos para fazer manutenções e repa-
ros, pois determinados sistemas exigem procedimentos e ajustes específicos para o
ALERTA perfeito funcionamento.

Contudo, os manuais originais, nem sempre são facilmente acessíveis para reparadores automotivos.
Então é necessário adquirir manuais técnicos de empresas terceirizadas, especializadas no desenvolvimen-
to deste tipo de material, para a devida manutenção ou reparação.
Empresas que fabricam peças de reposição, por exemplo, também possuem catálogos de produtos,
como as que produzem velas automotivas. Cada veículo possui uma vela com características específicas
de acordo com o projeto do motor. Essa vela é desenvolvida de acordo com a necessidade da câmara de
combustão, com o tamanho da centelha para melhor queima da mistura, resistividade da vela, dissipação
de calor entre outros. O reparador não tem como saber qual vela aplicar corretamente e, mesmo tendo em
mãos a vela retirada do veículo, não há como confirmar se aquela é a original, ou se ela já foi substituída. Por
isso, as empresas que produzem essas peças de reposição, criam catálogos de aplicações dos seus produtos,
indicando o tipo de veículo em que tal produto deve ser aplicado.
severija ([20--?])

Figura 20 - Catálogo de aplicação de cores para pintura do veículo


Fonte: Thinkstock (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
38

SAIBA Adquira este tipo de tabelas e informativos, gratuitamente, solicitando nas lojas de au-
topeças ou em contato direto com as fabricantes. Assim, você terá a informação especí-
MAIS fica da peça em relação ao veículo.

Os catálogos de aplicação e descrição de produtos para cada tipo de veículo, apresentam informações
como eletroválvulas injetoras de combustível, bomba de combustível, filtros em geral, amortecedores,
pneus, lâmpadas, entre vários outros componentes. Por isso, é tão importante fazer uso deles no dia a dia
da oficina, pois, usando como base as informações padrões para diagnóstico em geral, se evita a troca de
um componente que não é o de aplicação do veículo e se assegura a correta manutenção e reparação.

3.2 NORMAS TÉCNICAS

As normas técnicas também interferem no momento de realizar um diagnóstico, pois são aplicadas des-
de a fabricação de peças até determinados procedimentos de diagnóstico e reparação. Você já imaginou a
quantidade de peças produzidas somente no meio automotivo? Há muitos anos existe uma área específica
da indústria voltada ao meio automotivo, para a criação e desenvolvimento da tecnologia aplicada aos veí-
culos, não somente no que diz respeito a veículos automotores, mas também para produções e desenvolvi-
mentos gerais, diagnósticos e projetos.
Tendo em vista esse contexto, explica-se a necessidade de padronizar a execução de certos processos,
garantindo um resultado final padrão. E para isso existe a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
fundada em 1940 com o intuito da padronização e desenvolvimento na tecnologia brasileira.
Dentre os mais variados processos de fabricação e utilização de produtos, as normas técnicas sempre
estão presentes, até mesmo em processos de testes de componentes e procedimentos de autodiagnós-
tico, como testes de sonda Lambda (sensor de oxigênio dos gases de escapamento), bomba elétrica de
combustível e outros.
Essa padronização foi elaborada e desenvolvida, para auxiliar o reparador mecânico a testar determina-
do componente. Assim, com esta padronização descrita, o técnico em reparação mecânica pode ler o pro-
cedimento e efetuar o teste corretamente, seguindo, assim, um padrão de teste técnico. Essa necessidade
surgiu da falta de informação no meio automotivo para fazer determinados procedimentos. E, também,
por alguns terem sido feitos de modo errado o que não permitiu um resultado final preciso.
Dessa forma, com a descrição detalhada de um teste, de determinado componente e seguindo as especifi-
cações e dicas do processo de diagnóstico padrão determinado pela ABNT, o reparador automotivo soma co-
nhecimento técnico suficiente para condenar o componente, caso ele esteja com defeito elétrico ou mecânico.
Esse tipo de procedimento, levando em consideração o conhecimento técnico do reparador e a descri-
ção do procedimento técnico pela ABNT, ajuda no diagnóstico de uma bomba elétrica de combustível, por
exemplo. Com os testes, o reparador poderá desenvolver um relatório técnico para apresentar ao cliente,
mostrando quais foram os testes efetuados e qual é a falha do componente.
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
39

Baseando-se em tais procedimentos, acompanhe um diagnóstico utilizando a bomba elétrica de com-


bustível, como exemplo, após realizar diversos testes como corrente de acionamento da bomba, pressão,
estanqueidade, vazão etc. Você poderá apresentar ao cliente a falha elétrica, tendo em vista que a diferen-
ça de potencial de 12 volts aplicado no terminal de alimentação elétrica da bomba, simultaneamente, nos
polos positivo e negativo, deveria acionar a bomba elétrica. Caso isso não tenha ocorrido, pode-se dizer
que a bomba está com uma falha elétrica do componente.

Do Autor

Figura 21 - Teste de acionamento da bomba elétrica de combustível direto pela bateria


Fonte: Bao (2015)

A falha mecânica do componente pode ser vista em testes de pressão e vazão. Esses testes mostram
o que a bomba pode gerar e a estanqueidade que ela pode assegurar. Lembre-se de que os valores in-
dicados nos testes terão que estar de acordo com o que mostra na aplicação da bomba informada pelo
fabricante. Então é necessário que a bomba de combustível não gere a pressão, vazão e estanqueidade
suficientes. Caso gere, seu defeito é mecânico, o que sugere a troca do componente.
Veja no quadro a seguir algumas das normas técnicas existentes para o desenvolvimento de procedi-
mentos padrões para o correto diagnóstico e teste de componentes e sistemas. Algumas destas normas
são disponibilizadas gratuitamente, informe-se junto ao Conselho Nacional de Retíficas de Motores (http://
www.conarem.com.br/).
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
40

NORMAS AUTOMOTIVAS ABNT

CÓDIGO TÍTULO DATA

Veículos rodoviários automotores - Remoção e reinstalação de


ABNT NBR 15831:2010 07/05/2010
motores

ABNT NBR 13032:2008 Veículos rodoviários automotores Retífica de motores alternativos


03/11/2008
Versão Corrigida:2009 de combustão interna

Veículos rodoviários - Carroçaria - Reparação e pintura dos


ABNT NBR 14284:1999 28/02/1999
componentes

ABNT NBR 14335:1999 Radiadores - Características de desempenho - Termos técnicos 30/06/1999

Veículos rodoviários automotores - Diagnóstico e manutenção em


ABNT NBR 14481:2008 01/02/2008
motores ciclo Otto

Veículos rodoviários do ciclo Otto - Substituição de bateria de


ABNT NBR 14482:2000 30/03/2000
partida

Veículos rodoviários automotores - Bomba elétrica de combustível -


ABNT NBR 14752:2001 30/10/2001
Ensaios de manutenção

ABNT NBR 14753:2001 Veículos rodoviários - Válvula injetora - Ensaios de manutenção 30/10/2001

Veículos rodoviários automotores - Sensor de oxigênio - Ensaios de


ABNT NBR 14754:2001 30/10/2001
manutenção

Veículos rodoviários automotores - Sensor de massa de ar - Ensaios


ABNT NBR 14755:2001 30/10/2001
de manutenção

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Remoção e


ABNT NBR 14777:2001 30/11/2001
instalação de vidros

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Inspeção,


ABNT NBR 14778:2001 30/11/2001
diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de freios

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Inspeção, diag-


ABNT NBR 14779:2001 30/11/2001
nóstico, reparação e/ou substituição em sistema de direção

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Inspeção, diag-


ABNT NBR 14780:2001 30/11/2001
nóstico, reparação e/ou substituição em sistema de suspensão

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Inspeção, diag-


ABNT NBR 14781:2001 30/11/2001
nóstico, reparação e/ou substituição em sistema de exaustão
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
41

NORMAS AUTOMOTIVAS ABNT

CÓDIGO TÍTULO DATA


Veículos rodoviários automotores - Procedimentos de segurança
ABNT NBR 14828:2002 para manutenção em veículos equipados com bolsa inflável (air 30/03/2002
bag)
Veículos rodoviários automotores - Regulador de pressão de com-
ABNT NBR 14843:2002 30/04/2002
bustível - Ensaio

ABNT NBR 14845:2002 Veículos rodoviários automotores - Motor de partida - Ensaio 30/04/2002

Veículos rodoviários automotores - Alternador e regulador de


ABNT NBR 14846:2002 30/04/2002
tensão - Ensaio

Veículos rodoviários automotores em manutenção - Inspeção, diag-


ABNT NBR 14889:2002
nóstico, reparação e/ou substituição em regulagem de motores 30/09/2002
Versão Corrigida:2003
ciclo Diesel

Veículos rodoviários automotores - Sistema de arrefecimento do


ABNT NBR 15563:2008 01/02/2008
motor - Diagnóstico e manutenção

Veículos rodoviários automotores - Manutenção em sistemas de


ABNT NBR 15629:2008 29/09/2008
climatização

Veículos rodoviários automotores - Qualificação de mecânico de


ABNT NBR 15681:2009 13/02/2009
manutenção

ABNT NBR 15745:2009 Baterias chumbo - Ácido para veículos automotores - Terminologia 06/08/2009

Veículos rodoviários automotores - Procedimentos de inspeção e/


ABNT NBR 15759:2009 ou substituição de correias de sincronismo e acessórios em moto- 04/09/2009
res de combustão interna ciclos Otto e Diesel

ABNT NBR 12603:1992 Geometria da suspensão de veículos rodoviários automotores. 30/04/1992

Veículos rodoviários automotores - Sistema elétrico, eletrônico e


ABNT NBR 6071:1980 30/07/1980
iluminação - Alterador

ABNT NBR 6071:1980 Veículos rodoviários automotores - Sistema elétrico, eletrônico e


30/08/1998
Errata 1:1998 iluminação - Alterador

Veículos rodoviários automotores - Sistema elétrico eletrônico e


ABNT NBR 6082:1980 30/07/1980
iluminação - Limpador do pára-brisa

ABNT NBR 7023:1981 Direção - Veículos rodoviários automotores 30/12/1981

Quadro 2 - Normas e descrições voltadas ao meio automotivo


Fonte: ABNT (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
42

Alguns veículos disponibilizam um módulo de controle específico da bom-


ba, como alguns modelos de Focus, Captiva, Ecosport com variação da
CURIOSIDADE pressão da linha conforme solicitação de carga. Sendo que não é o controle
simples através de um relé como na grande maioria dos veículos que é con-
trolado pela central de injeção.

3.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Cada vez mais reparadores automotivos trocam informações técnicas entre si, melhorando assim, a bi-
blioteca de informações técnicas automotivas, tipos de procedimentos e diagnósticos característicos de
cada veículo. Isso favorece o conhecimento e aprendizagem técnica de cada reparador, mas, para que isso
se torne um procedimento formal, é necessário que o reparador saiba como determinado sistema ou com-
ponente funciona para que possa fazer os testes adequados para chegar a um diagnóstico preciso e correto.
A partir da necessidade de padronização dos procedimentos técnicos é que o mercado automobilísti-
co em conjunto com a ABNT e instituições de ensino, planejarem procedimentos e normas padrões para
testes de determinados componentes, diagnósticos de falhas etc., viabilizando uma melhor performance
em testes e diagnósticos automotivos e visando o desenvolvimento do mercado de serviços automotivos.
Com isso em mente, você poderá acompanhar o correto diagnóstico no sistema de alimentação de
combustível, especificamente da bomba elétrica de combustível, como fazer o teste de pressão, vazão e
estanqueidade para garantir o funcionamento correto no sistema. E, também, para fazer um diagnóstico
preciso do componente aplicado ao veículo, o que é de vital importância para o sistema.
Dessa forma, evita problemas em outros componentes do sistema por excesso ou falta de combustível,
como no regulador de pressão de combustível, filtro, bomba, injetores entre outros. O que pode acarretar
em alteração no consumo de combustível.
Segundo a norma NBR 14752 – Veículos rodoviários automotores - Bomba elétrica de combustível - En-
saios de manutenção – (ABNT, 2001), pode-se iniciar o teste de pressão junto com o teste de vazão de
combustível. Esse teste se faz necessário sempre que o cliente entrar na oficina fazendo queixas sobre o
consumo de combustível em excesso. Também se deve realizar esse teste diante da falta de desempenho,
ou outras falhas relacionadas ao consumo de combustível. Vale lembrar que tal consumo pode variar de
acordo com a forma de condução do veículo. Para esse teste deve-se usar um manômetro3, sobre o qual
você estudará no próximo capítulo, pois este equipamento tem a característica de fazer a medição da pres-
são e vazão da linha de combustível.

3 Instrumento de medição para medidas de pressão, consiste em um relógio calibrado que é ligado em série ou paralelo à um
sistema para indicar a pressão de trabalho desse sistema.
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
43

Para testar especificamente a bomba elétrica, conecte o manômetro na linha de combustível, logo na
saída de combustível no copo que acopla a bomba, pois nesse local, em veículos que tem retorno de com-
bustível da linha ao copo da bomba, é possível testar a pressão e vazão da linha,
Você deve instalar a mangueira da saída da bomba em uma das extremidades do manômetro e, na ou-
tra extremidade, conectar a mangueira que alimentará a flauta e vai para a frente do veículo, consequen-
temente, alimentando de combustível as eletroválvulas injetoras de combustível.

Dependendo do tipo de manômetro, este já vem com ponteiras de engate rá-


CURIOSIDADE pido e vários adaptadores para medições rápidas e precisas.

Estando o manômetro instalado, ligue o veículo e analise a pressão gerada pela bomba elétrica, cada
veículo deve trabalhar entre um valor mínimo e um máximo. Outro fator de extrema importância e que, em
parte, não é analisado pelos reparadores, é a vazão da linha, que em veículos de 4 cilindros e em alguns de
6 cilindros é de pelo menos 1,5 litros por minuto, sendo que pode ter modelos com, excepcionalmente, 1
litro por minuto, estando tal vazão abaixo do especificado, pode levar o veículo a ter sérios problemas com
rendimento e consumo.
Também é importante levar em consideração a pressão máxima que a bomba pode gerar, esse teste se
faz “estrangulando” a bomba, ou seja, fechando o registro do manômetro situado na linha de combustível e
verificando a pressão máxima gerada pela bomba. A pressão deve aumentar, o valor da pressão deve subir
em pelo menos 30%, mostrando, assim, que ela está conseguindo gerar pressão suficiente, o que exclui a
possibilidade de problema mecânico da bomba para gerar pressão. Para concluir o teste, também deve ser
testada a estanqueidade da bomba, que nada mais é do que, ao desligar o veículo com o manômetro posicio-
nado no mesmo lugar, analisar a pressão de combustível residual. Essa pressão não pode cair a zero, ela terá
que manter no sistema uma pressão suficiente para dar a partida após longo tempo com o motor parado.
Caso a pressão caia a zero, pode ser um indicativo de problemas mecânicos na bomba, na vedação
mecânica interna, pois ela não consegue assegurar uma pressão residual do sistema. Lembre-se de que o
teste é especificamente da bomba, os outros componentes já foram testados. Observe na figura a seguir a
forma de instalação do manômetro na linha de alimentação de combustível.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
44

3
2 4
Manômetro 1 5
Tubo distribuidor
0 6
BAR

Regulador
de pressão Tomada de vácuo

Válvula
de passagem

Do tanque
Para o tanque de combustível de combustível

Válvula
injetora

Mangueira de entrada de combustível

Mangueira de

Do Autor
retorno do combustível

Figura 22 - Forma de instalação do manômetro na linha de alimentação de combustível


Fonte: do Autor (2015)

Com esse exemplo de procedimento técnico, você pode ver o quanto alguns detalhes podem fazer
uma grande diferença no momento de diagnosticar uma falha ou de testar um componente. A análise do
funcionamento do sistema de alimentação de combustível não somente é válida para a bomba elétrica
de combustível, mas sim, para todo o restante do sistema do veículo, como uma suspensão com barulho,
motor gerando fumaça azul, preta ou branca, problemas elétricos e eletrônicos, em geral.
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
45

CASOS E RELATOS

Troca troca
Certo dia, Pedro levou seu veículo de motor 1.6 à oficina do Sr. João, pois ele apresentava um de-
sempenho aquém do normal ao subir por um aclive da autoestrada, ou mesmo todas as vezes em
que era exigido torque pelo condutor. O gerente da oficina não fez qualquer teste e orçou a troca
do filtro de combustível, limpeza em máquina das eletroválvulas injetoras de combustível, teste de
pressão da linha de combustível e outros itens que compõem uma revisão completa.
Ao final dos testes e da troca dos componentes, o veículo não melhorou em nada seu desempenho,
a partir do que o gerente decidiu trocar a bomba mesmo ela gerando pressão suficiente. Essa troca
também nada resolveu.
O Sr. João não estava conformado com a continuidade do problema no veículo de Pedro e foi tro-
car ideias com um amigo de outra oficina, que o orientou a testar a estanqueidade e vazão da linha
de combustível conforme pede a norma ABNT para o referido sistema. Não deu outra, ao testar o
sistema, o único resultado que ficou fora do especificado pela norma foi a vazão de combustível.
Analisando toda a linha até a chegada do combustível aos bicos injetores, o senhor João encontrou
a falha dentro do cofre do motor, a mangueira que levava o combustível estava dobrada, o que
fazia com que o sistema gerasse a pressão especificada. Mas com a vazão abaixo do que o sistema
precisava. Então, trocou a parte dobrada da linha por uma nova e o sistema voltou a operar normal-
mente. Depois dessa experiência ele orientou todos os funcionários da oficina a primeiro fazerem
todos os testes de acordo com as normas técnicas específicas para só então, dar o diagnóstico e o
orçamento ao cliente.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
46

As normas técnicas não são importantes apenas para executar determinado trabalho, com qualidade,
para que seja reconhecido pelo cliente, mas também para diagnosticar adequadamente falha no veículo.
Além de auxiliarem a garantir o histórico técnico do teste realizado para apresentar o motivo da falha,
como e porque ela acontece e valorizar ainda mais o diagnóstico realizado com embasamento em proce-
dimentos técnicos já estabelecidos.

RECAPITULANDO

Durante os estudos desse capítulo você pode verificar o quanto os métodos e padrões aplicados
para o diagnóstico e procedimentos de reparação e manutenção são importantes na execução do
serviço.
Pode perceber, também, que com a informação técnica de manuais de manutenção é possível
fazer os reparos e a manutenção correta do sistema. Pois, sem as informações dos manuais, não
se teria valores e tabelas de aplicações para se trocar determinado componente por outro ou até
mesmo para um torque exato de uma peça do motor.
A partir da necessidade que os reparadores tiveram de centralizar ideias e criar procedimentos
para serem aplicados aos sistemas dos veículos, eis que surge a criação e desenvolvimento de nor-
mas padrões pela ABNT, dando qualidade ao resultado final dos procedimentos feitos dentro das
oficinas mecânicas e outras empresas da área.
Por fim, você compreendeu que, a partir da aplicação destes conhecimentos e padrões, pode-se
fazer qualquer serviço no meio automotivo com o máximo de qualidade e objetividade. O que
demonstra ao cliente, conhecimento técnico e padronização nos procedimentos realizados. No
próximo capítulo você conhecerá ferramentas, equipamentos e instrumentos para a realização de
diagnósticos.
3 METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO
47

Anotações:
Testes, Ferramentas, Instrumentos e
Equipamentos para Diagnósticos

De que forma um reparador automotivo pode fazer um diagnóstico de problema mecânico


no motor do veículo sem nem mesmo abri-lo para verificar? A resposta para esta pergunta você
encontrará ao longo deste capítulo. Nele você estudará mais alguns testes, ferramentas, equi-
pamentos e instrumentos importantes para o diagnóstico automotivo.
Como há diversas ferramentas, instrumentos e equipamentos voltados para o diagnóstico
automotivo, você verá somente alguns deles aplicados ao veículo, aprenderá assim a diagnos-
ticar as falhas que o veículo apresenta e a forma que o instrumento deve ser utilizado.
Este capítulo ressalta novamente como a organização para o diagnóstico ou aferição de deter-
minado equipamento pode fazer diferença no resultado final da investigação, sendo que um diag-
nóstico mal feito pode até mesmo condenar um componente que está em perfeito estado de uso.
Para que você entenda ainda mais o diagnóstico automotivo e compreenda informações
importantes para o dia a dia da oficina estude atentamente este capítulo. Ao finalizar seus es-
tudos, você estará apto a:
a) selecionar corretamente o tipo de teste a ser realizado durante o processo de diagnóstico
de sistemas automotivos;
b) definir para fins de diagnóstico de sistemas automotivos as ferramentas, equipamentos e
instrumentos necessários;
c) compreender a importância do segmento de normas técnicas e da correta calibração de
ferramentas, equipamentos e instrumentos;
d) aplicar métodos de limpeza e conservação de ferramentas, equipamentos e instrumentos.
Siga em frente!
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
50

4.1 TIPOS DE TESTES

Certamente, não é uma tarefa fácil definir qual a ferramenta mais adequada para cada tipo de teste de
falha que um veículo possa apresentar, assim como não é tão simples definir o procedimento de diagnós-
tico a ser aplicado.
Somando tudo o que já foi visto por você dentro dos conhecimentos técnicos de cada competência, este
procedimento dos tipos de testes é o que você mais utilizará em qualquer tipo de oficina mecânica veicular,
desde o mais simples diagnóstico como um cabo da bateria frouxo até o mais complexo, como um veículo
esquentar muito e não ocorrer o acionamento da ventoinha pela central de injeção.

BHFoton ([20--?])

Figura 23 - Reparador utilizando um scanner para acionamento da ventoinha


Fonte: Thinkstock (2015)

Antes de iniciar um teste seja ele qual for, fique atento para todos os procedimentos relacionados ao
teste a ser feito, pois muitas vezes é necessário usar EPIs para sua própria proteção, como luvas, protetores
auriculares e sapatos, além dos EPCs para garantir a segurança do grupo. Por exemplo, ao fazer um diag-
nóstico com o veículo em funcionamento dentro da oficina, coloque, no escapamento do veículo, uma
mangueira própria para fazer com que os gases de escapamento não sejam inalados pelos reparadores
que estão na oficina mecânica. Outro exemplo, ao utilizar um compressor, cubra-o com uma estrutura que
melhor absorva o som emitido por ele, para que as pessoas que estão próximas não fiquem constantemen-
te em contato com este barulho.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
51

Do Autor
Figura 24 - Utilização da mangueira própria para eliminação dos gases de escapamento do ambiente de trabalho
Fonte: do Autor (2015)

Para todo tipo de teste, o reparador deve traçar uma linha de pensamento única, começando pelo que
o veículo precisa de básico para entrar em funcionamento, como o ar, o combustível e o calor. E, assim,
ramificar para cada tipo de falha que o veículo apresentar. Compreenda melhor por meio do exemplo,
anteriormente, citado o veículo esquenta sem que o sistema de injeção acione a ventoinha, de início o
reparador deve se certificar do funcionamento do sensor de temperatura do motor, testando-o parale-
lamente e verificando se o mesmo está de acordo com os valores pré-dispostos pelo fabricante. Se tudo
estiver normal, você deve partir para o sistema elétrico para conferir se o chicote do sensor até a unidade
de gerenciamento eletrônico do motor está funcionando normalmente. Ao fazer uso do equipamento de
diagnóstico, verifique se o valor de temperatura do motor está sendo lido pela central e se a temperatura
está variando de acordo com a temperatura do motor. Por fim, com o diagrama elétrico do veículo em
mãos, teste o acionamento do eletroventilador do sistema de arrefecimento, fusíveis e relés, caso todo o
sistema esteja com o funcionamento perfeito, teste as alimentações negativas e positivas da central eletrô-
nica, pois a falha poderá ainda estar na central eletrônica ou nas alimentações dela.
Você ainda consegue fazer o acionamento do eletroventilador com o auxílio do equipamento de scan-
ner, que você conhecerá no decorrer deste capítulo. É por meio dele que você pode fazer a comunicação
com o sistema de injeção eletrônica do veículo e fazer o acionamento assistido do sistema, fazendo o ele-
troventilador funcionar por meio de um comando do equipamento.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
52

Do Autor

Figura 25 - Acionamento da ventoinha pelo aparelho scanner (tela do scanner)


Fonte: do Autor (2015)

Você estudou que para realizar um teste de acionamento do eletroventilador do sistema de arrefecimen-
to do veículo, foram testados vários outros sistemas e componentes paralelos de grande importância para o
perfeito funcionamento do sistema. Também percebeu que, se tudo estiver funcionando perfeitamente, de
acordo com os resultados, deve-se dar atenção a parte mecânica do sistema. Tais como a circulação da água
pelo sistema, sangria, entre vários outros já salientados no sistema de arrefecimento do veículo.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
53

Seguindo em frente, há ainda certos testes que podem ou não ser executados com o veículo andan-
do (teste dinâmico) ou parado (teste estático), por exemplo, para um teste em que o cliente reclama de
barulhos em certos regimes de funcionamento do veículo e o reparador necessite ouvir os barulhos da
suspensão, freio ou no próprio motor, é necessário rodar com o veículo (teste dinâmico) para que se inicie
um diagnóstico correto a partir do barulho apresentado.
Veja outro exemplo para teste estático, o reparador nota que o valor da depressão do coletor está fora
dos padrões, geralmente relacionada a falhas mecânicas, como entradas falsas de ar no coletor de admis-
são, sincronismo incorreto do motor, regulagem de válvulas, entre outros motivos. Há a necessidade de
fazer leituras e testes mecânicos com o veículo parado.

Pekic ([20--?])

Figura 26 - Cliente explicando ao reparador o tipo de falha apresentada durante a condução


Fonte: Thinkstock (2015)

Para fazer testes e verificações com o veículo no elevador automotivo, utilize óculos de proteção e lu-
vas, pois para uma melhor análise dos sistemas, o reparador terá que tocar no veículo e mexer em determi-
nados componentes, usando os EPIs citados, ele poderá fazer um diagnóstico seguro e evitará acidentes.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
54

SAIBA Para mais informações sobre os tipos de testes empregados no diagnóstico de incon-
venientes nos sistemas automotivos acesse o site <http://www.omecanico.com.br/>, e
MAIS pesquise sobre o assunto.

vittavat-a ([20--?])

Figura 27 - Técnico automotivo fazendo uma solda com equipamentos de segurança


Fonte: Thinkstock (2015)

A partir do conhecimento adquirido até aqui, você pode fazer qualquer tipo de diagnóstico. E de posse
da informação de como deve ser o correto funcionamento do veículo e, de acordo com os manuais de
serviço da fabricante, fazer as devidas verificações no sistema em que o veículo apresentar alguma falha.
Lembre-se de que, os manuais de serviço das fabricantes, auxiliam o reparador técnico a aplicar o diagnós-
tico de acordo com a falha do veículo e ajudam a mostrar ao reparador, detalhadamente, os testes a serem
feitos no veículo.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
55

4.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS

Você já parou para pensar que há mais de mil tipos de instrumentos, equipamentos e ferramentas para
o diagnóstico automotivo? A partir disso você já pode ter uma ideia de que para cada sintoma, seja elétrico,
eletrônico ou mecânico, pode-se ter não somente uma, mas vários tipos de ferramentas ou equipamentos
para a mesma aplicação. Porém, todas objetivam o diagnóstico correto para que o reparador possa encon-
trar a falha do veículo.

Figura 28 - Tipos de ferramentas e equipamentos para o diagnóstico automotivo


Fonte: Bao (2015)

Alguns destes equipamentos são mais precisos, outros menos. Por isso, para chegar à falha é necessário
fazer a escolha de acordo com a necessidade de aplicação do veículo, resultando, enfim, no diagnóstico.
Tais equipamentos e ferramentas se tornam muito importantes no dia a dia, pois auxiliam o reparador
automotivo no correto e rápido diagnóstico da falha apresentada pelo veículo.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
56

Os instrumentos para o diagnóstico automotivo vão desde uma caneta de testes, conhecida também
como caneta de polaridade, até um equipamento de diagnóstico eletrônico (scanner automotivo) ou fer-
ramenta para se checar folgas e valores de trabalho específico do motor.
A seguir, você verá exemplos de aplicação de equipamentos e instrumentos possíveis de serem aplica-
dos para diagnóstico no veículo.

4.2.1 SCANNER AUTOMOTIVO

Segundo Bosch (2005, p. 1146),

sistemas complexos controlam o motor, a ignição e a preparação da mistura. Procedi-


mentos universais, automatizados, livres de influências subjetivas são, portanto, compo-
nentes essenciais da tecnologia de teste computadorizado na fábrica automobilística.

Não somente no processo de fabricação, mas também no de diagnóstico e manutenção automotiva, é


necessário o emprego de tecnologias que automatizem e garantam diagnósticos mais precisos. Com base
nisso, foi desenvolvida uma das melhores ferramentas de auto diagnóstico veicular que pôde já ser criada,
é um instrumento eletrônico que tem a característica de se comunicar por meio de sinais digitais com as
diversas centrais eletrônicas do veículo que possuem protocolo de comunicação com os aparelhos de
diagnóstico. Pois podem existir centrais de gerenciamento eletrônico de alguns componentes do veículo
que não possuem sistema para fazer um auto diagnóstico com o aparelho scanner, como por exemplo,
uma central de alarme ou sistema de rádio e navegação.

Figura 29 - Scanner automotivo


Fonte: Bao (2015)
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
57

Algumas centrais de gerenciamento eletrônico, mais antigas como as LE Jetronic (central de gerencia-
mento analógica), não tinham a capacidade de se comunicar digitalmente com este aparelho de diagnóstico.
Como a eletrônica embarcada vem aumentando de modo proporcional à necessidade de segurança
nos veículos, todos os veículos a partir de 2014 saíram de fábrica com o sistema de antitravamento das
rodas conhecido como ABS (Antilock Brake System) e as bolsas infláveis de proteção perante uma colisão,
denominadas de sistema Airbag, portanto, desde o veículo mais básico, haverá, por assim dizer, uma “con-
versa” entre as centrais de gerenciamento eletrônico do ABS, Airbag e central de injeção do motor com o
aparelho de diagnóstico.
Esse aparelho permite que você possa visualizar no display, códigos de falha armazenados pela central
de gerenciamento eletrônico. Permite, também, que você consiga verificar valores de trabalho do sistema
parametrizado, ou seja, ao se comunicar com o sistema de gerenciamento do veículo, o scanner mostra na
tela do aparelho o valor mínimo e máximo em que determinado componente deveria trabalhar e em que
valor tal componente está trabalhando naquele momento.
O sensor de pressão do coletor, por exemplo, com o veículo quente deveria se ter um valor de pressão
entre 350 à 500 milímetros de mercúrio (mmHg) e o veículo apresenta o valor de trabalho de 480 mmHg,
mostrando assim que o valor de trabalho do sensor de pressão do coletor do veículo está operando nor-
malmente dentro da faixa. Há a possibilidade de se verificar as mais diversas leituras por meio desse apa-
relho de diagnóstico.

Figura 30 - Leitura de códigos de falhas no sistema de gerenciamento de injeção feita pelo scanner
Fonte: do Autor (2015)

Você sabia que há no mercado um aparelho leitor de Códigos padrões OBD2


(códigos de falhas padronizados genéricos) de custo baixo, destinado apenas
CURIOSIDADE para leituras e verificações de códigos padrões, no qual a comunicação entre
o aparelho e o sistema do veículo pode ser visualizada via celular com blue-
tooth? Procure por leitor OBD2 na web e veja os detalhes.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
58

Seu manuseio é realizado de forma simples, cada aparelho possui um manual de utilização indican-
do que tipos de cabos e acessórios devem ser utilizados no momento do diagnóstico para cada tipo de
veículo. Em alguns aparelhos, a própria tela de verificação dos dados dá ao reparador as informações de
navegação e utilização do aparelho. E, alguns deles vêm com o passo a passo de como se deve proceder
com o diagnóstico no veículo.
Com ele você também consegue fazer atuações no sistema, como testar um determinado atuador, além
disso, o equipamento permite atuar relés em geral, eletroválvulas de combustível, luzes (quando o sistema
do veículo possui central para determinada atuação dos componentes de iluminação e conforto) etc.
Com tudo isso, o aparelho é capaz de mostrar algumas falhas de ordem mecânica como, uma falha em
câmara de combustão ou veículo fora de sincronismo correto. Tal falha pode ser vista por meio de códigos
de avaria na memória da central eletrônica que são identificados pelo aparelho ou por leitura dos sensores,
como tempo de injeção e sensor de pressão do coletor com valores alterados. O que indica um possível
problema mecânico que deve ser checado pelo reparador.
Fator importante somado a este aparelho é de que você consegue trafegar com o veículo e verificar
todas as leituras de funcionamento do sistema e checar o momento em que o veículo apresenta uma falha
específica. Se alguma leitura fica muito fora da faixa de funcionamento e se parar de marcar o valor de tra-
balho no aparelho ou até mesmo se o aparelho perder a comunicação com o sistema de injeção. Por exem-
plo, caracterizando uma possível falha de alimentação do sistema de gerenciamento eletrônico do veículo.
Há inúmeros benefícios que esse aparelho de auto diagnóstico e eles podem agilizar o diagnóstico e a
manutenção do veículo. O que possibilita ao reparador verificar o histórico do veículo e, fazer o reset das
lâmpadas de manutenção e troca de óleo presentes no painel do veículo, configurações de som, alarmes e
travas dentre outros trabalhos mais.
Usando esse equipamento para uma verificação detalhada no sistema, somado aos conhecimentos
técnicos do reparador, certamente haverá grande diferença no resultado final e aumentará a confiança do
cliente pelo estabelecimento que se utiliza a tecnologia para o diagnóstico automotivo.

4.2.2 FERRAMENTA PARA MEDIR VAZÃO DO CILINDRO

Essa é uma ferramenta indispensável para o reparador técnico automotivo, pois com ela o reparador conse-
gue fazer uma análise detalhada de como está a integridade da câmara de combustão, sem a necessidade de
retirar o cabeçote do veículo para fazer o diagnóstico visual de problema com a câmara de combustão, anéis do
pistão, camisa do cilindro, válvulas com assentamento incorreto, junta, entre outros componentes.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
59

Figura 31 - Ferramenta de vazão de cilindro


Fonte: Bao (2015)

Ao suspeitar de uma avaria mecânica no motor, imagine qual seria o tempo utilizado pelo reparador
automotivo para fazer determinada análise.
Foi com o objetivo de agilizar tal análise que a ferramenta de vazão de cilindro foi desenvolvida. Diferen-
temente da ferramenta de compressão do cilindro, que mostra ao reparador o valor da compressão gerada
pelo motor, a tabela de compressão de cada veículo é desenvolvida pela própria fabricante da ferramenta e
em alguns casos, disponibilizada no manual de reparação do veículo pela fabricante.
O teste de compressão do cilindro é o teste mais grosseiro do sistema, pois essa ferramenta pode não
mostrar, ao reparador, algumas pequenas falhas que a ferramenta de teste de vazão consegue passar. Por
exemplo, uma junta danificada e vedação de válvula incorreta. Se a falha for pequena e ainda estiver no
início de seu desgaste ou deformação, o teste de compressão não irá pegar esta falha, já o de vazão conse-
guirá. Essa diferença você verá mais adiante.
Imagine que um veículo apresenta falta de força ao subir um morro, sistemas de ignição e alimentação
de combustível já foram verificados e os mesmos estão funcionando normalmente, resta ao reparador ve-
rificar se há algum problema mecânico. É aí que entra a ferramenta de vazão de cilindro para retirar a vela
de ignição e utilizar um relógio comparador.
Deve-se verificar o correto momento em que o pistão está em ponto morto superior, ou seja, no mo-
mento em que o pistão está em seu curso máximo superior no momento da fase de combustão, em que
suas válvulas de admissão e de escape encontram-se fechadas. Se isso funcionando corretamente, o repa-
rador deve instalar a ferramenta de vazão no lugar da vela e aplicar uma pressão de ar conforme o fabri-
cante da ferramenta indica para cada tipo e o modelo do motor que, geralmente, é em torno de 100PSI.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
60

De acordo com o tipo e modelo do motor, pode haver uma variação, para esta pressão e o sistema mecânico
terá um pequeno vazamento que é normal Contudo, o mesmo não pode passar de 25%, ou seja, dos 100PSI
aplicados, se esse valor estiver abaixo de 75PSI indica um motor com problema na câmara de combustão.

Figura 32 - Utilização do medidor de vazão de cilindro no motor


Fonte: Bao (2015)

A ferramenta de vazão e cilindro é composta por dois manômetros, um deles indica a pressão aplicada
na câmara de combustão e o outro relógio indicará os valores mínimos e máximos de vazamento de ar que
o sistema mecânico do veículo permite.
Como será aplicado ar sobre pressão na câmara de combustão, o reparador conseguirá obter um diag-
nóstico melhor do sistema e saberá se o problema em determinado cilindro está nas válvulas de admissão,
válvulas de escape, anéis do pistão ou camisa ovalizada e junta do motor ou bloco trincado.
O barulho do ar vazando pode até ser percebido no reservatório de expansão do sistema de arrefeci-
mento o que mostrará um problema em bloco ou junta, também pode ser observado no coletor de admis-
são junto ao corpo de borboleta o que identificará falha na vedação da válvula de admissão e no escapa-
mento o que mostrará falta de vedação na válvula de escape e, por fim, na vareta de óleo ou na tampa de
reabastecimento do óleo e isso indicará falha na vedação dos anéis no pistão.
Lembre-se de que há uma faixa de tolerância para a vazão de cilindro quando se aplica determinado
teste. E, por ser um teste em que o ar é deixado um tempo sob pressão na câmara, o mesmo é
mais preciso para se testar uma falha mecânica em relação a um teste de compressão do cilindro.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
61

Local em que é instalado um manômetro de pressão no lugar da vela e é dada a partida. Mas sem o veículo
entrar em funcionamento, apenas girando o motor, nas fases de compressão do veículo, a pressão gerada
pelo cilindro é mostrada no manômetro. Como é um teste rápido, se houver alguma falha pequena, ela
pode não aparecer na ferramenta de compressão de cilindro.

Figura 33 - Ferramenta de compressão do cilindro


Fonte: Bao (2015)

É muito importante usar as ferramentas e equipamentos específicos para determinados sintomas do


veículo, pois isso adiantará o diagnóstico do veículo para que a reparação, ou manutenção do mesmo, saia
de forma mais rápida e com qualidade. O que valorizará ainda mais o trabalho do reparador e permitirá que
o mesmo realize o seu trabalho mais rápido. Assim ele ganhará tempo em mão de obra e poderá iniciar o
diagnóstico em outro veículo e gerar ainda mais lucratividade para a oficina. E, ainda, garantirá a satisfação
do cliente no diagnóstico correto e rápido, com valores e testes concretos para demonstração o mesmo.

4.2.3 RELÓGIO COMPARADOR

Outra ferramenta que é muito usada no dia a dia é o relógio comparador, por ser muito versátil ele pode
ser usado nos mais diversos serviços para diagnóstico automotivo. Cada vez mais, o reparador automotivo
necessita de conhecimento técnico e ferramentas específicas para chegar a um correto diagnóstico, tendo
assim precisão e certeza no resultado obtido para realizar a manutenção.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
62

Figura 34 - Relógio comparador


Fonte: Bao (2015)

O relógio comparador é utilizado, por exemplo, para verificar o correto sincronismo de um veículo, que
é a posição correta entre o virabrequim e o comando de válvulas. Caso este sincronismo esteja um pouco
fora do padrão, por mínima que seja esta diferença, terá influência direta no funcionamento do veículo.
Alguns veículos possuem ferramentas específicas para colocar o veículo no sincronismo correto ou no ponto,
como os reparadores automotivos costumam chamar. Já para outros veículos, há a necessidade do reparador
encontrar o ponto morto superior de um cilindro. Para isso é utilizado o relógio comparador, pois ele indicará
esse ponto em um relógio, utilizando marcações em milímetros de zero a cem.
Estas marcações irão indicar ao reparador automotivo o correto momento em que o pistão está em ponto
morto superior e o momento de subida do pistão no cilindro e, ainda, o momento exato de limite de curso
superior e o momento em que ele começa a descer.
Com esta informação precisa, o reparador automotivo poderá fazer determinado diagnóstico ou procedi-
mento de reparação.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
63

Figura 35 - Verificação do sincronismo do motor com a utilização do relógio comparador


Fonte: Bao (2015)

Essa ferramenta tem sua aplicação muito variada e pode ser utilizada em diversas partes do veículo.
Além da verificação do ponto morto superior para sincronismo, é utilizada, também, para checar o empe-
namento de partes móveis circulares com diâmetros e larguras diferentes. Pois, consegue fazer a verifica-
ção através de variação em mm no seu relógio marcador.
Essa indicação no relógio informa se há, ou não, uma avaria no formato da peça por problema de fabri-
cação ou excesso de calor ao componente que sofreu deformação do seu material. Por exemplo, o eixo do
comando de válvulas, eixo da árvore de manivelas ou eixo virabrequim, cubos de roda, tambores de freio,
discos de freio, folgas axiais e radiais, entre outras aplicações.

Figura 36 - Verificação do empenamento do disco de freio


Fonte: do Autor (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
64

Voltada para a parte mecânica do veículo, o relógio comparador se tornou uma ferramenta muito im-
portante para os procedimentos de verificações gerais de medidas, folgas e posições de componentes,
para um correto diagnóstico automotivo. Com o passar do tempo, foi se tornando uma aplicação cada vez
mais usual pelo reparador automotivo, deixando o cliente seguro do diagnóstico realizado. Pois o repa-
rador técnico pode, por meio de valores verificados em campo, mostrar se o componente está realmente
com falha, confirmar a necessidade, ou não, da troca. Entretanto, para que se torne uma ferramenta precisa
no diagnóstico, deve trabalhar lado a lado com o reparador e as informações técnicas disponibilizadas
pelos manuais de reparação. Pois esse indicarão, ao reparador, se a peça realmente está, ou não, fora das
especificações máximas de trabalho.

4.2.4 CANETA DE POLARIDADE

Essa é mais uma das ferramentas que não deve faltar em uma oficina mecânica. A caneta de polaridade
é uma ferramenta ou equipamento de diagnóstico, conhecida como caneta de testes, ponta de prova ou
caneta de polaridade auxilia o reparador automotivo em detalhes no diagnóstico automotivo no dia a dia.

Figura 37 - Caneta de testes/polaridade


Fonte: Bao (2015)

Em alguns caos, essa caneta é usada de forma errada por falta de orientação do próprio manual de
utilização da caneta de polaridade, o que pode levar o reparador automotivo a diagnosticar de modo
equivocado a falha presente no veículo. Por isso, no decorrer deste item, você aprenderá a forma correta
de utilizar este equipamento, em que tipos de diagnóstico ela é mais usada, e em quais momentos você
deve evitar usá-la.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
65

A principal característica desta ferramenta de diagnóstico é a verificação de polaridade do circuito elétri-


co e eletrônico. Ela é constituída de dois ou três LEDs: um vermelho (indicando ponto positivo); um amarelo
(indicando ponto neutro, sem polarização) e outro verde (indicando ponto massa/negativo). Caso o repara-
dor automotivo queira encontrar algum ponto de massa no veículo, ou algum ponto positivo, pode usá-la
para fazer as verificações e testes necessários no sistema.
O seu uso se dá de forma mais abrangente em casos em que o veículo não entra em funcionamento ou
para testar pulsos digitais, de acordo com a frequência gerada, pelo atuador ou pelo sensor.

Figura 38 - Verificação do polo negativo no circuito


Fonte: Bao (2015)

A caneta de polaridade pode ser usada para testar pulsos de controle das ele-
troválvulas injetoras de combustível e verificar se estão ou não, sendo contro-
CURIOSIDADE ladas pela central de gerenciamento eletrônico, agilizando assim, o tempo de
mão de obra para a realização do serviço.

Acompanhe o exemplo: o motor do veículo dá a partida corretamente, mas não entra em funcionamen-
to. O primeiro teste rápido para que você possa iniciar o diagnóstico e planejar uma linha de raciocínio para
solucionar o problema, é verificar se durante a partida há os pulsos digitais de controle de acionamento da
eletroválvula de combustível e a bobina de ignição, comandadas pela central de gerenciamento eletrônico
de combustível do veículo.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
66

Como a caneta de polaridade pode pegar estes pulsos positivos e negativos, se tivermos estes pulsos de
controle enviados pela central ou sensor, os LEDs irão acender alternando piscadas entre o LED vermelho
indicando um retorno de tensão positiva e pulsando o LED verde, indicando o controle da central de geren-
ciamento eletrônico para as eletroválvulas de combustível. Vale lembrar que o tipo de controle que a central
de gerenciamento envia pode ser tanto positivo quanto negativo e isso vai variar de sistema para sistema.

Figura 39 - Verificação do controle da central para o acionamento das bobinas de ignição


Fonte: do Autor (2015)

Caso o reparador perceba, durante a partida, os LEDs alternando piscadas entre verde e vermelho, indi-
cará que o sensor de rotação está funcionando perfeitamente e que a central de gerenciamento eletrônico
está “viva”, ou seja, recebendo o sinal de rotação e emitindo o controle de injetor de combustível e bobina
de ignição. E isso irá afunilar o a falha presente no veículo, podendo indicar algum problema mecânico por
sincronismo incorreto entre o virabrequim e o comando de válvulas, na câmara de combustão por anéis
ou assentamento de válvulas, linha de alimentação de combustível, entre outros, não descartando falhas
de alimentações positivas e negativas da central de injeção eletrônica do motor.
A caneta de polaridade é muito utilizada para os testes de acionamento dos relés e testes de sensores de
rotação HALL, por exemplo, para acionamento de um relé. Em um dos terminais de acionamento da bobina
do relé o comando vem da central ou acionamento de algum interruptor. Vale lembrar que a polarização de
acionamento pode mudar de sistema para sistema, enquanto o relé está desativado, na caneta de polaridade
há tensão positiva, essa que vem do outro terminal da bobina e é chamado como retorno de tensão.
Assim que a central controla o relé a polaridade fica negativa. Isso ajuda muito no dia a dia, pois, às ve-
zes o relé pode não estar acionando e o reparador acaba trocando relé ou fusível, mas não sabe se a central
está, ou não, mandando o controle para acionamento do relé ou se o mesmo está recebendo corretamente
a alimentação em um dos terminais da sua bobina de acionamento.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
67

Com tais exemplos você pode perceber como a caneta de polaridade funciona e onde geralmente é
utilizada. Mas atenção para um detalhe importante e que deve ser levado em consideração: nunca utilize
a caneta de prova como principal equipamento para checar pontos de aterramentos e alimentações posi-
tivas no sistema geral do veículo. Pois qualquer retorno de tensão que houver irá confundir gerando, em
alguns casos, uma verificação incorreta de alimentação positiva ou negativa da central de gerenciamento.
Pois se você verificar que há 1, 2, 3, ou 12 volts, o LED vermelho ficará aceso, não lhe dando uma referência
conclusiva da tensão do sistema.

4.2.5 DÉCADA RESISTIVA

Esse instrumento é pouco utilizado em oficinas mecânicas, mas é muito eficaz para o diagnóstico preci-
so no acionamento de eletro ventiladores, marcadores de combustível e temperatura no painel. A década
resistiva dá ao reparador automotivo, autonomia para fazer testes de simulações da quantidade de com-
bustível no tanque e simulação da temperatura no motor. E permitirá a ele verificar se há algum problema
no acionamento do componente por falha no processamento das informações pela central do painel, cen-
tral de injeção eletrônica de combustível ou até mesmo falha no chicote do veículo.

Figura 40 - Década resistiva


Fonte: Bao (2015)

Todos os dias na oficina mecânica é um novo desafio no quesito diagnóstico automotivo, como a eletrô-
nica embarcada vem aumentando, é necessário utilizar as ferramentas corretas melhorando o desempenho
e reduzindo o tempo no diagnóstico automotivo.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
68

A década resistiva é formada por um conjunto de resistores, que ficam em uma caixa e são interligados
por sessões. Você pode alterar os valores de resistência desse equipamento. É como se fosse um resistor
variável onde você escolhe a resistência que quer usar.
Um exemplo prático é a simulação da temperatura do veículo para acionamento do eletroventilador.
Imagine que um cliente reclame que a temperatura do motor do veículo chega a quase 100C° e não aciona
o eletroventilador do sistema de arrefecimento do veículo e, com medo do carro chegar a ferver, leva o veí-
culo à oficina mecânica para fazer um diagnóstico de que tipo de falha pode existir.
Para tal teste, o reparador automotivo não precisa ligar o veículo e ver com que temperatura a ventoinha
aciona, ele pode desconectar o conector do sensor de temperatura, nos terminais do conector do lado do chi-
cote, plugar os dois fios da década resistiva e ir alternando a resistência da década para checar com que tem-
peratura exatamente o veículo liga o eletroventilador e já testar se o mesmo está funcionando perfeitamente.

Figura 41 - Acionamento do eletroventilador com a década resistiva conectada no lugar do sensor de temperatura do veículo
Fonte: do Autor (2015)

Com a década resistiva, o reparador consegue ter um parâmetro correto de verificação do sistema, por
exemplo, o de acionamento do eletroventilador. E consegue simular uma resistência baixa e fazer a cen-
tral de gerenciamento eletrônico entender que há uma temperatura alta no motor para acionamento do
eletroventilador.
Como, possivelmente, você já saiba, o sensor de temperatura do motor é um termistor que varia sua
resistência conforme a temperatura do motor. E, assim, muda a resistência com uma década resistiva e
pode-se simular a temperatura para o sistema de injeção.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
69

Outros tipos de testes feitos com a década resistiva para auxiliar no diagnóstico rápido de alguns acio-
namentos e marcadores são o sensor de nível de combustível para checar se o marcador no painel está
funcionando perfeitamente, verificando, assim, se há algum tipo de falha no próprio marcador no painel
ou no chicote do copo da bomba até o painel e para o acionamento do sistema de partida a frio. Assim, se
verificará se o mesmo está com o acionamento da eletroválvula e eletrobomba de partida a frio em perfei-
to funcionamento, simulando temperatura fria e veículo com 100% de etanol no tanque.
Com esse componente você pode testar de forma rápida e eficaz alguns componentes do veículo, para
verificar como está a interpretação de sinais pela central ou para diagnosticar falhas em componentes, chi-
cotes ou no processamento de determinadas centrais como a do painel e a de gerenciamento eletrônico
especificamente a parte de arrefecimento do veículo.

4.2.6 MANÔMETRO DE VAZÃO E PRESSÃO DE COMBUSTÍVEL

Esse equipamento é fundamental e deve estar presente em toda oficina de reparação automotiva, pois
é um equipamento básico para teste da linha de combustível do veículo. Local em que ocorre grande parte
dos defeitos e diagnósticos voltados para esta parte. Por isso, o equipamento é de grande importância e
deve fazer parte do dia a dia do reparador automotivo em sua oficina mecânica.

Figura 42 - Ferramentas para teste de pressão e vazão da linha de combustível, manômetro e um rotâmetro
Fonte: Bao (2015)

Ele é formado por um relógio que mede a pressão e por outro relógio ou rotâmetro que mede a vazão
do combustível. Sempre que um veículo apresentar baixo desempenho, aparentando falta de combustível
com um som característico grave vindo do coletor de admissão e demora para entrar em funcionamento na
primeira partida pela manhã, há a necessidade do reparador automotivo fazer uma verificação do sistema de
alimentação de combustível. E isso deve ser feito tanto na pressão quanto na vazão do combustível, pois em
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
70

alguns casos como você já estudou neste livro didático, pode ter a pressão correta do sistema de alimentação
de combustível. Entretanto com vazão insuficiente, ou vice e versa, em função de problemas em filtros, tubu-
lações, regulador de pressão, eletrobomba ou injetores.

Cuidado com o tipo de ferramenta aplicada ao veículo para o diagnóstico auto-


FIQUE motivo, ferramentas de precisão em verificações de pressão, podem trazer valores
ALERTA errados se não estiverem corretamente aferidas ou ainda apresentar vazamentos em
mangueiras e conexões.

Esse equipamento é aplicado na linha de combustível, como parte dos veículos possuem ligações di-
ferentes do sistema de combustível, para se medir a correta vazão e pressão da linha, medindo especifi-
camente a bomba de combustível e regulador. Deve-se medir logo na saída do combustível do copo da
bomba, pois se for instalar o manômetro à frente do veículo logo na entrada do combustível na flauta, você
conseguirá somente o valor de pressão da linha em alguns tipos de ligações de instalação do manômetro.
Lembre-se de que para usar esta ferramenta é de grande importância que o reparador faça uso de equi-
pamentos de segurança, como óculos de proteção, luva química e de borracha adequada para o tipo de
uso, evitando contato das mãos e olhos com o combustível.

Figura 43 - Indicação para instalação do manômetro para medir pressão e vazão da linha de combustível
Fonte: do Autor (2015)
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
71

Certamente, na relação de ferramentas de uma oficina mecânica, não pode faltar o equipamento para
medir a pressão e vazão da linha de combustível. Pois ele deixa o reparador automotivo cada vez mais
especializado no diagnóstico automotivo e com conhecimento mais técnico e aprimorado para realizar o
diagnóstico e obter precisão e objetividade no diagnóstico automotivo.
Vale lembrar de que procedimentos de reparação como o que você estudou anteriormente podem re-
sultar em contato de combustíveis, óleos e graxas, com as mãos do reparador. E a maneira mais usual de
limpeza é utilizar produtos detergentes ou desengraxantes, pois, dessa forma, todos os resíduos são escoa-
dos para o sistema pluvial da oficina, no momento que o reparador limpa suas mãos. Agir dessa maneira é
importante para evitar a contaminação do solo, bem como os corpos hídricos. A oficina deve possuir uma
caixa separadora de água e óleo, este sistema visa realizar a separação da água e do óleo por decantação e
filtragem, dessa forma retém o óleo em seu interior e permite a fluidez e descarte da água.

4.2.7 OSCILOSCÓPIO AUTOMOTIVO

É um equipamento ainda pouco difundido e utilizado pelo reparador automotivo, pelo fato de alguns ainda
necessitarem certa prática no manuseio em relação a sua instalação no veículo para colher determinados
sinais. Pois, há sinais que somente o osciloscópio tem a capacidade de colher. Na figura a seguir, você poderá
visualizar um osciloscópio comumente usados pelos reparadores automotivos.

Figura 44 - Osciloscópio automotivo


Fonte: Bao (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
72

O osciloscópio é muito utilizado para aplicações da eletrônica, pois se tratam de sinais minuciosos que
o multímetro, não poderia captar. Osciloscópios aplicados em bancada para verificações específicas em
circuitos eletrônicos de placas híbridas, necessitam ser bastante precisos e, para isso, devem ser aferidos
anualmente, segue detalhe de um osciloscópio de bancada para laboratório eletrônico.

Figura 45 - Osciloscópio de bancada


Fonte: Bao (2015)

Tendo em vista o sistema automotivo, o osciloscópio pode ser aplicado a diversas operações de diag-
nóstico, pesquisa e verificações. Um defeito difícil de ocorrer, mas não impossível, é o empenamento ou
problema em algum, ou alguns, dente da roda fônica do motor do veículo, responsável por transmitir a
velocidade de giro do virabrequim do motor.
A roda fônica aplicada à grande parte dos veículos é de 60 dentes menos 2, sendo que estes dois dentes
indicam o momento em que o pistão do primeiro cilindro se encontra em ponto morto superior.
Se a central de injeção eletrônica do motor perder esse sinal de rotação ou tiver interferência no mo-
mento da leitura, fará com que o veículo apresente falhas no seu funcionamento e, em outros momentos,
nem pegue durante a partida. Há casos em que uma trinca em um dos dentes da roda fônica gera falhas de
cortes de aceleração e dificuldades na partida.
Existe a possibilidade de se colher o sinal do sensor de rotação com multímetro por meio de frequência
e tensão de corrente alternada caso o sensor seja indutivo. Mas será uma verificação grosseira, sem preci-
são e, se houver falha na roda fônica, o reparador não a encontrará e poderá realizar trocas de componen-
tes sem a necessidade real.
Com o auxílio do osciloscópio, o reparador consegue ter uma leitura minuciosa de como está a integrida-
de da roda fônica do veículo e se o sensor está colhendo o sinal normalmente.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
73

O osciloscópio não é somente aplicado no teste de sensores de giro. Também é usado em sensores de
posição do pedal de aceleração, MAP, sonda lambda, ou ainda, simultaneamente, em equipamentos que
possuem mais de dois canais de testes. Por exemplo, para verificar o funcionamento de uma válvula ele-
troinjetora e da bobina de ignição do mesmo cilindro do motor simultaneamente.
Um grande detalhe somado às verificações com os osciloscópios é a utilização de um banco de dados
que o próprio reparador cria, por exemplo, antes de devolver o veículo ao dono, o reparador faz uma re-
lação entre os sensores de rotação, de fase, de posição da borboleta de aceleração, MAP e sonda lambda.
Com essa relação em seu banco de dados devidamente numerado e demarcado, o reparador, antes
mesmo de iniciar o diagnóstico no veículo, pode comparar os sinais do veículo com certa anomalia e che-
car em relação ao seu banco de dados. E, assim, poderá pré-estabelecer um diagnóstico, como se o veículo
está com a adaptação de combustível correto ou se o veículo possui algum tipo de avaria mecânica por
sincronismo, assentamento de válvulas, regulagem de válvulas.
No mercado são oferecidos diferentes tipos de osciloscópios com um, dois e até oito canais de verifica-
ções de sinais simultaneamente.
Conheça a seguir o multímetro.

4.2.8 MULTÍMETROS

O multímetro é responsável pela maioria dos diagnósticos automotivos relacionados com a eletricida-
de e eletrônica. Com a capacidade de verificar as grandezas elétricas como tensão, corrente e resistência.
Alguns multímetros automotivos possuem características específicas para a verificação de frequência e até
temperatura e rotação do motor.

Figura 46 - Multímetro automotivo


Fonte: Bao (2015)
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
74

Dentre tais características, alguns multímetros ainda fazem verificações de componentes eletrônicos
como diodos, capacitores, resistores, entre outros. Por isso, vale lembrar ao reparador, que se, esta ferra-
menta for utilizada no dia a dia, é preciso o domínio de seu uso. Pois, caso haja uma interpretação errada
de sinal ou valores colhidos, acabará condenando algum componente ou circuito sem que o mesmo esteja
realmente com falha.
Dentre os multímetros automotivos, existem os digitais que apresentam os valores colhidos em uma tela
e os analógicos em que os valores são dados através de um ponteiro. Nos casos em que usar um multímetro
analógico, o reparador deve ter muito cuidado com a leitura, pois dependendo do ângulo de visão no mos-
trador, pode interpretar o valor de forma errada, chamado de erro de paralaxe.
No caso dos digitais, há ainda mais uma variação, ou seja, o reparador pode fazer a troca de escala a ser
medida, por exemplo, no multímetro existe a opção de fazer a verificação de resistência em um multímetro
dividido em várias escalas. Mas o reparador precisa selecionar através do seletor principal do multímetro a
melhor escala a ser medida para colher o sinal correto. Já no multímetro digital automático, caso o repara-
dor selecione a opção de resistência, o multímetro é quem irá procurar a melhor escala automaticamente
para passar o valor correto ao reparador, sendo assim muito mais prático para uso diário.

Figura 47 - Multímetro analógico e multímetro digital


Fonte: Bao (2015)
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
75

Há multímetros de vários valores no mercado e esta diferença de valores está diretamente relacionada a
boa aferição do instrumento. Mas o detalhe de maior importância no que diz respeito à utilização do multí-
metro é que o reparador precisa dominar o seu funcionamento, pois, dessa forma, até com o mais simples
dos multímetros, será possível fazer um diagnóstico correto.

4.2.9 VACUÔMETRO

É uma ferramenta bastante importante no meio automotivo, o próprio nome já descreve qual é a
característica da ferramenta. Seu uso se dá tanto em caminhões quanto em veículos de pequeno e médio
porte, principalmente naqueles veículos que fazem uso de sistemas específicos que necessitam de vácuo
para o funcionamento. Como o sistema de coletor variável que utiliza o vácuo do motor para movimentar
a haste interligada a uma cápsula com diafragma, que, por sua vez, movimenta borboletas internas ao co-
letor de admissão do veículo. Assim como sistemas de controle da pressão do turbo compressor, tanto os
que usam válvula West Gate quanto os que usam controle por geometria variável, sistema de controle da
pressão e vazão de combustível por regulador a vácuo, entre outros.

Figura 48 - Vacuômetro
Fonte: Bao (2015)

O vacuômetro possui o formato parecido com uma de uma seringa. Ele cria vácuo simulando o vácuo
gerado no coletor de admissão ou nos casos de veículos com turbo compressor um gerador de vácuo.
Também verifica a integridade das membranas internas da cápsula de vácuo, ao aplicar o vácuo o sistema
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
76

deve se comportar estancado, ou seja, não pode ocorrer perda de vácuo no relógio mostrador do equi-
pamento. Mostrado geralmente em mmHg (milímetros de mercúrio) para que o reparador possa fazer as
devidas verificações.
Mas a maior aplicação dessa ferramenta ocorre quando o reparador faz a verificação do MAP (sensor
de pressão) no coletor do veículo, onde aplica vácuo no orifício do MAP, simula a depressão no coletor e
verifica se o sinal do sensor de pressão varia de acordo com o vácuo aplicado.
É uma excelente ferramenta e que deveria fazer parte da caixa de ferramentas do reparador automotivo,
pois quanto maior as opções, de verificação de um sistema por meio de equipamentos de teste, maior é a
certeza e clareza de se concluir um diagnóstico no veículo indiferente de que segmento for, Diesel ou Otto.

4.3 NORMAS DE APLICAÇÃO

Várias ferramentas para o diagnóstico automotivo são criadas e desenvolvidas para a melhor aplicação
nos veículos automotores. Ferramentas essas que possuem aplicação tanto para diagnósticos na parte
eletrônica, elétrica ou mecânica.

Andreas_Krone ([20--?])

Figura 49 - Técnico mecânico com dúvidas de aplicação da ferramenta


Fonte: Thinkstock (2015)

Toda ferramenta desenvolvida que necessite de alguma configuração ou algum tipo de manuseio que
altere o formato ou tipo de aplicação da ferramenta em determinado veículo, tais como extrator de engate
rápido, cinta para colocação de pistão, manômetro de pressão e vazão, multímetro, alicate amperímetro,
entre vários outros, necessitam de um manual de orientação ao usuário.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
77

As empresas fabricantes desses equipamentos e ferramentas são as principais responsáveis por desen-
volver um manual de aplicação desses produtos. Pois, são responsáveis por mostrar ao cliente, o reparador
que adquiriu determinado equipamento, de que forma o equipamento deve ser utilizado no veículo e
como deve ser realizada a aplicação para os veículos que a ferramenta atende. Pois uma ferramenta de
teste de injetor de combustível, que possui um manual de utilização e operação do equipamento e uma
tabela que mostra a correta vazão para cada tipo de injetor de combustível gera, um padrão de utilização,
operação e resultado específico.

Tommaso Altamura ([20--?])

Figura 50 - Reparador automotivo fazendo a leitura do manual de instruções de uso do equipamento


Fonte: Thinkstock (2015)

Ao adquirir um equipamento como um manômetro para verificar pressão e vazão da linha de com-
bustível, o reparador receberá um manual de utilização que indicará em que tipo de veículos poderá ser
utilizado e os valores de pressão máxima medida pelo equipamento. Pois isso ajuda a evitar a quebra do
mesmo e aplicação onde não deveria ser executando o teste, por exemplo, testar a linha de baixa pressão
de alimentação de combustível de um veículo diesel sendo que a ferramenta foi desenvolvida para um
veículo a gasolina.
Equipamentos como scanners automotivos, máquinas de testes, em geral como alinhamento das ro-
das, máquina de teste de bateria, osciloscópios, entre inúmeras outras, possuem manual de aplicação e
instruções de uso. E a leitura destes manuais por parte do reparador é de grande importância para que ele
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
78

utilize a ferramenta ou equipamento da forma correta, evite a quebra do mesmo e possa realizar oo diag-
nóstico rápido e preciso, além de aumentar da vida útil do equipamento ou ferramenta.

4.4 NORMAS DE SEGURANÇA

Uma oficina mecânica com trabalhos na área elétrica, eletrônica ou mecânica, pode se tornar um local
perigoso e insalubre se não forem tomados os devidos cuidados com manuseio de determinados equipa-
mentos e ferramentas. E, assim, poderá colocar em risco a saúde e a vida do profissional que está operando
determinados equipamentos e dos colaboradores e clientes.

Mendes (2015)

Figura 51 - Instruções de segurança para utilização de equipamentos


Fonte: Mendes (2015)

Por isso, cabe a empresa fabricante da ferramenta ou equipamento de diagnóstico realizar a reparação
e manutenção junto aos órgãos do setor e instituições de padronizações e fazer com que o reparador fique
por dentro da utilização de determinados equipamentos e ferramentas. Pois, assim, evitará acidentes que
acabam prejudicando a saúde a curto, médio e longo prazo.
Catálogos resumidos e ilustrados mostram ao reparador, por exemplo, que ao utilizar um equipamento
para teste de bateria, seja feita uma verificação preliminar verificando o estado físico da bateria e seu ele-
trólito. Além disso, eles mostram os EPIs que o reparador deve utilizar para evitar ao máximo qualquer tipo
de acidente por utilização de forma incorreta do equipamento ou ferramenta.
Máquinas de testes de bicos injetores de veículos diesel, por exemplo, que trabalham a uma alta pressão,
vem com ilustrações impressas no próprio equipamento de testes. E isso é muito importante, pois mostra
ao usuário de que forma deve usar a máquina para fazer determinado teste e evitando possíveis acidentes.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
79

Figura 52 - Reparador automotivo fazendo uso de EPIs para manutenção da bateria como orienta o manual da fabricante
Fonte: Bao (2015)

Várias designações para ferramentas e equipamentos de diagnóstico da parte mecânica ou elétrica são
orientadas pelo fabricante informando a correta e segura forma de utilização de equipamentos como de
elevadores, máquinas de geometria e balanceamento, torquímetros, manômetrose vários outros.
Portanto, com todas essas informações sobre a segurança do reparador, você aprendeu que deve ler o
manual para o correto manuseio da ferramenta ou equipamento a ser utilizado no diagnóstico de falhas,
manutenção e reparação.

4.5 CALIBRAÇÃO

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO dispõe de norma-


tizações e valores aplicados a mínimas variações de medida, peso ou volume de determinada ferramenta,
componente, produto dos mais variados. Para isso, realiza testes aplicados aos componentes para verificar
sua real qualidade e precisão, onde, o mesmo está disposto a executar determinado trabalho como uma
balança, em que o teste é feito com vários pesos diferentes para a verificação da aferição da balança.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
80

O lacre amarelo revela eventual acesso


não autorizado ao mecanismo
do instrumento.

O selo holográ co do Inmetro


informa o ano da

Do Autor
validade.

Figura 53 - Taxímetro corretamente aferido e com lacre de segurança


Fonte: IPEM-SP [2010]

Assim aplicados ao meio automotivo, o reparador automotivo tem a real necessidade de fazer uso destas
normas e obedecê-las, pois de tempos em tempos, e de acordo com o uso e data de vencimento da checa-
gem da aferição da ferramenta ou componente, como a de uma máquina de análise de gases, precisa de
aferição e calibração para o seu correto funcionamento. Geralmente esse lacre vem disposto no componente
pela própria fabricante com validade de seis em seis meses, mas, conforme o uso do reparador, poderá neces-
sitar de uma visita do técnico do Inmetro para aferição do componente antes do prazo de validade.
Do Autor

Figura 54 - Lacre de segurança


Fonte: do Autor (2015)
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
81

Outra ferramenta de grande importância para o diagnóstico automotivo, reparação e manutenção dos
veículos em geral, é a máquina para se fazer balanceamento das rodas, também homologada pelo Inmetro.
Ela dispõe de calibração da máquina para o correto balanceamento das rodas. O que evita a incoerência de
balanceamento durante um procedimento e consequentemente um possível problema quando essa mesma
roda for aplicada ao veículo. Pois pode causar trepidação ao volante durante a condução, desgaste incorreto
dos pneus, entre outros problemas no sistema de suspensão e direção do veículo. Por isso, é de extrema
importância a correta calibração do equipamento, pois isso evita a incoerência de valores.

SAIBA Conheça mais sobre o INMETRO acessando o site: <http://www.inmetro.gov.br/>.


MAIS

Imagine-se, pegando um taxi e fazendo um trajeto de 20 quilômetros, se o taxímetro estiver com seu
lacre vencido, pode apresentar diferença em seus cálculos de quilometragem. Assim você poderia pagar a
mais ou a menos do que o valor correto a ser cobrado. Isso também ocorre com equipamentos e ferramen-
tas para o diagnóstico automotivo.
Conheça outro exemplo, a diferença em um torque de aperto preciso pode causar sérios transtornos,
se em determinada peça o torquímetro aplicar o torque incoerente ao que a peça ou componente deveria
receber, por estar descalibrado ou com falha em sua medição, pode quebrar parafusos, peças e danificar a
rosca dos mais variados componentes.
Lembre-se de que diversas outras ferramentas podem receber o lacre do Inmetro ou uma revisão de
aferição, sempre que tiver algum valor de precisão e que necessite de calibração para segurança e padro-
nização. Isso vale desde uma simples balança até bombas de abastecimento, que você vê em postos de
combustíveis.
Com esse tipo de normas, regulamentação e padronização de calibragem e aferição de determinadas
ferramentas e componentes no meio automotivo, ainda há as ferramentas com a identificação do Inmetro
em sua embalagem, mostrando que determinada ferramenta ou componente passou por testes específi-
cos para aplicação da mesma no meio automotivo, como alicates isolantes, chaves em geral, manômetros,
equipamentos de segurança, entre vários outros. Por isso é importante lembrar-se de utilizar tais ferramen-
tas dentro dos seus limites, evitando danificá-las ou tirá-las da sua correta aferição.
Tudo isso resulta em mais segurança para você, no trabalho realizado e satisfação para o cliente, em sa-
ber que os testes para diagnóstico e manutenção automotiva foram realizados em equipamentos aferidos
e homologados por algum órgão regulamentador, como o Inmetro.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
82

4.6 LIMPEZA E ARMAZENAGEM

Todos os tipos de ferramentas e equipamentos, não somente os relacionados a diagnósticos automo-


tivos, mas também as ferramentas de manutenção e reparação necessitam de determinado tipo de lim-
peza e acomodação. Pois alguns equipamentos têm contato direto com lubrificantes, aditivos, corrosivos
e necessitam de uma limpeza específica. Geralmente o fabricante informa como e quando deve ser feita e
como se deve manter a vida útil dos equipamentos ou ferramentas utilizadas.

Jupiterimages ([20--?])
Figura 55 - Organizando o estoque da oficina e armazenando equipamentos corretamente
Fonte: Thinkstock (2015)

Ao utilizar uma ferramenta simples como um torquímetro que tiver contato com graxa, combustível e
até mesmo o suor da pessoa que a estiver usando, deve-se passar uma estopa para tirar o excesso de sujei-
ra, lavar com querosene, secar e aplicar um desengripante4 ou uma fina camada de vaselina líquida, evitan-
do oxidação do equipamento e quebra pela falta de limpeza e armazenagem. Essas ferramentas, geral-
mente, vêm em caixas específicas para serem guardadas, evitando choques mecânicos como mostra a
figura a seguir.

4 Óleo usado para tirar ferrugem das dobradiças.


4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
83

moodboard ([20--?])
Figura 56 - Armazenagem de alguns tipos de ferramentas e equipamentos
Fonte: Thinkstock (2015)

Da mesma forma, ao utilizar um scanner automotivo, no dia a dia da oficina, é raro mexer em um motor
e já partir para um diagnóstico eletrônico, deve-se lavar as mãos antes de manusear o aparelho. Pois isso,
evitará contato do aparelho com a graxa e sujeira em excesso. Mesmo com esses cuidados, o aparelho
recebe contaminação diária e, por isso, deve ser limpo com uma estopa ou pano sem fiapos, pois os fiapos
podem ficar na tela do scanner e atrapalhar a leitura. O pano deve estar úmido em solução de água e sa-
bão neutro e deve agir apenas para se retirar o excesso de sujeira. Esse equipamento vem dentro de uma
maleta, na qual deve ser acomodado para proteger o aparelho e os cabos corretamente e evitar choques
mecânicos, quedas e contado com poeira.
A correta limpeza, muitas vezes, descrita pela própria fabricante da ferramenta de diagnóstico ou equi-
pamento, é muito importante para a vida útil do equipamento. Bem como o seu armazenamento em locais
apropriados, em maletas com capa de proteção para equipamentos e máquinas grandes. Além disso, pro-
cessos de autolimpeza do equipamento, quando esta função estiver disponível, devem ser executados de
acordo com a orientação do fabricante.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
84

4.7 SIMULAÇÃO DA FALHA

Uma prática de grande importância, mas não comum entre os reparadores automotivos é a simulação
de falha de sistema para verificação de leituras, consequências e resultados focados ao diagnóstico a ser
concluído. Pois o reparador técnico pode simular certos tipos de falhas em determinados componentes
para fazer um teste e checar se determinada falha tem influência direta com o que o veículo apresenta.

Figura 57 - Equipamento para simulações de sinais


Fonte: do Autor (2015)

Um exemplo prático é que um veículo que apresenta falha na aceleração também tem baixo ganho de
potência. Os sistemas mecânicos como câmara de combustão, sincronismo, linha de combustível, catalisa-
dor etc., já foram revisados, mas a dificuldade na aceleração continua. O reparador, então, inicia a verifica-
ção do sensor de posição da borboleta de aceleração e percebe que, ao desconectar o chicote do veículo
houve uma melhora de pelo menos 70% no funcionamento, pois a unidade de gerenciamento do motor
adota valores de recovery5.
O veículo então começa a trabalhar com um valor estabelecido pela central, conforme a leitura de ou-
tros parâmetros do veículo, temperatura do ar, depressão do coletor, valores de sinal da sonda, valor de
rotação do motor, desta forma, o reparador descobriu a possível falha do sistema. E, poderá fazer simula-
ções, a partir dos valores especificados pelo fabricante, fazer simulações da borboleta de aceleração aber-
ta, fechada, entreaberta, sempre através da alteração de sinal de tensão. Pois, assim, ele estabelecerá um
diagnóstico simulado e saberá em que parte a falha se encontra, se é no chicote do veículo, no corpo de
borboleta ou no sensor de posição de borboleta. E poderá fazer isso com segurança, pois já foram vistas
todas as outras possibilidades.

5 Valores emergenciais padronizados aplicados pela unidade de comando eletrônico em caso de perda de sinal de componen-
tes de sistemas gerenciados eletronicamente.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
85

Para tirar uma prova real do sistema, o reparador precisa ter outro veículo que utilize o mesmo compo-
nente, pois, assim, poderá aplicar tal peça ao outro veículo e analisar os resultados e fazer uma verificação
se o outro veículo irá ou não se comportar de acordo com a falha do primeiro veículo.
Há ainda a possibilidade de prova real ser feita por meio da simulação da falha, simulando um valor de
sinal errado para a central de gerenciamento eletrônico para fazer as verificações necessárias e tirar um
correto e conclusivo diagnóstico, sabendo a correta causa e efeito da falha já com a solução estabelecida
para execução do serviço, evitando retrabalhos e custos sem necessidade.

CASOS E RELATOS

O sistema não mente


Lucas começou a trabalhar na área de retífica fazendo pequenos reparos e manutenções preventi-
vas nos veículos, além de fazer a retífica dos motores, mas como ainda não tinha muita experiência,
não possuía todas as ferramentas adequadas.
Certo dia, chegou na sua oficina, um veículo 1.0 para trocar a correia dentada, mas como ela não
possuía mais as marcações do sincronismo nas capas de proteção, ele fez a sincronização de forma
manual procurando a correta posição do primeiro pistão no seu ponto morto superior.
Para isso, Lucas colocou o quarto cilindro no cruzamento de válvulas, ficando então o primeiro em
ponto morto superior no momento da combustão com as válvulas fechadas. Fez todo o procedi-
mento, mas o motor ficou com uma pequena falha dando uns estouros quase imperceptíveis no
coletor de admissão e com os valores de trabalho do MAP alterados, indicando problema mecânico.
Por não saber ao certo como resolver o problema, solicitou ajuda a um amigo da área, que deduziu
ser algum problema mecânico. Lucas então, pediu emprestado de seu amigo, o relógio compara-
dor e foi conferir a correta posição do primeiro pistão em seu ponto morto superior, pois ele havia
mexido somente no sincronismo.
Utilizando a ferramenta de diagnóstico, Lucas pode já ver uma diferença, mínima, mas que gerava
a falha no funcionamento do veículo. Mesmo com o cruzamento de válvulas, o motor ficou mini-
mamente fora do sincronismo correto, o que Lucas somente percebeu ao passar o scanner e ver
que os valores de funcionamento do veículo estavam incoerentes.
A partir disso, ele utilizou o relógio comparador e pode ver a perfeita posição do pistão no seu
ponto máximo superior e sincronizou o veículo resolvendo o problema.

Assim, usando ferramentas específicas, o reparador técnico faz de forma conclusiva e sem perdas de
tempo, qualquer tipo de diagnóstico no veículo.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
86

RECAPITULANDO

Ao longo deste capítulo você pode ver o quanto algumas ferramentas e equipamentos são de vital im-
portância para o correto diagnóstico automotivo e que ao usar algumas delas, não há a necessidade de
abrir o capô ou o motor para diagnosticar uma falha, pois os parâmetros de funcionamento do veículo
são apresentados na tela do scanner automotivo, por exemplo.
Você teve a oportunidade, também, de compreender que sempre é muito importante verificar a cor-
reta aplicação do equipamento ou ferramenta para um diagnóstico e durabilidade do equipamento
ou ferramenta, assim como a qualidade no serviço executado. Visando a segurança do reparador,
você verificou que as próprias fabricantes disponibilizam manuais e guias de utilização, limpeza e
armazenagem dos equipamentos e ferramentas por meio de tabelas de aplicações específicas que
acompanham o equipamento adquirido.
Por fim, você aprendeu que para cada tipo de falha do veículo pode-se ter ferramentas e equipa-
mentos especiais. E cada um possui suas características específicas de aplicação para chegar a um
correto e rápido diagnóstico. No próximo capítulo, você conhecerá mais sobre as garantias.
4 TESTES, FERRAMENTAS, INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA DIAGNÓSTICOS
87

Anotações:
Coberturas de Garantias

Você já se perguntou qual é o tipo de segurança que você pode ter, de que o problema de
fato foi solucionado, ao realizar uma reparação em seu veículo? Esta, possivelmente, é a per-
gunta que ocorre com várias pessoas estando ou não no meio automotivo. Para todo tipo de
serviço realizado em uma oficina mecânica, seja uma concessionária ou oficina independente,
há sempre a obrigatoriedade de aplicar uma garantia, tanto para a segurança do cliente quanto
para a do reparador. Outro detalhe importante é que não é somente o serviço que deve ter
garantia, as peças também, precisam ter garantias para utilização por um tempo limite ou qui-
lômetros rodados no veículo.
Esse é o tema principal deste capítulo. Por isso, você verá que alguns tipos de garantias são
aplicadas à peças para manutenção e reparação dos veículos, outros tipos são aplicadas a ve-
ículos automotores que saem direto de fábrica. Você Também aprenderá como solicitar estes
tipos de garantia no caso de falha na execução de uma mão de obra realizada ou peça com
defeito em sua fabricação.
Ao finalizar este capítulo, você estará apto a:
a) reconhecer os tipos de garantias de veículo, peças e serviços prestados;
b) compreender os tipos de garantias empregadas no segmento automotivo;
c) dialogar com cliente sobre os termos legais da garantia de veículo, peças e serviços.
Bons estudos!
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
90

5.1 DO VEÍCULO

Já foi o tempo em que veículos fabricados aqui no Brasil e mesmo os importados eram vendidos com
a garantia de seis meses a até um ano em relação ao conjunto motriz (motor e câmbio), chegando até
dois ou três anos para alguns poucos sistemas e componentes, como latoaria, amortecedor, caixa de
direção entre outros. Você pode comprovar que as coisas mudaram, não é mesmo? Se observar notará
há fabricantes oferecendo três anos de garantia de motor e câmbio. E algumas montadoras têm tanta
confiança em seus veículos que disponibilizam até cinco ou seis anos para esses sistemas e são os mesmos
cinco e seis anos para lataria. Já no quesito câmbio e motor alguns fabricantes adotam com ou sem limite
de quilometragem a garantia do veículo.

Diego Cervo ([20--?])

Figura 58 - Consultor e reparador técnico fazendo a entrega do veículo na revisão


Fonte: Thinkstock (2015)

Segundo o código de defesa do consumidor, que pode ser verificado junto ao PROCON ou biblioteca da
sua cidade, o cliente que adquirir um veículo zero quilômetro tem o direito legal de receber 90 dias de garan-
tia total para qualquer tipo de problema que possa vir a ocorrer com o veículo, desde o mínimo defeito ou
falha até a mais perceptível. Dentro deste período de 90 dias, caso o cliente fique insatisfeito com o veículo,
pode até mesmo solicitar a troca por outro veículo igual e zero quilômetro, junto ao PROCON e a justiça. O
prazo estabelecido para a solução do problema é de até 30 dias, no máximo. Caso este prazo ultrapasse, o
cliente pode procurar os seus direitos de consumidor junto ao Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor.
Há ainda a garantia que continua após os 90 dias estabelecidos em lei. Garantia essa disposta pela
marca do veículo, conhecida como garantia contratual e para que o cliente tenha direito de solicitar essa
garantia algumas regras precisam ser seguidas, como fazer todo e qualquer tipo de revisão, reparação e
5 COBERTURAS DE GARANTIAS
91

manutenção do veículo dentro das redes de concessionárias da fabricante. Pois, se o cliente vir a efetuar
alguns desses trabalhos em oficinas paralelas, pode perder o direito da garantia contratual estabelecido
no dia da aquisição do veículo.
Um fator importante e que, muitas vezes, não é muito bem esclarecido na aquisição de um veículo é o
tipo de garantia que ele recebe em relação a motor, câmbio, acessórios e de lataria. Essa garantia não cobre
qualquer tipo de falha que aparecer, ela cobre falhas e defeitos do projeto do veículo, como no caso de um
lote de motores sair de fábrica com alguma falha no seu projeto ou montagem. E assim que identificada a
falha será feito um recall6 para corrigir o problema. O mesmo vale para os demais sistemas do veículo. Já
em casos em que uma peça ou sistema apresentar uma falha no funcionamento e o mesmo não foi identi-
ficado naquele lote, pode ser considerada uma falha por uso contínuo, desgaste natural ou mau uso, por
exemplo, no caso de apresentar falha em pneu, amortecedor, botões de acionamento dos sistemas, entre
outros. Mas, lembre-se de que o recall é feito em sistemas que envolvem somente a segurança dos passa-
geiros e condutor do veículo.
É certo que a interpretação da garantia pode variar nos mais diversos sistemas, de marca para marca, sendo
que algumas marcas, possuem até valores máximos de garantias aceitas mensalmente, fazendo com que a
concessionária encaminhe o problema para o setor de engenharia fazer a análise detalhada do sistema que
apresenta a falha. Isso não significa que, se a concessionária possa ultrapassar o limite máximo de garantias
mensais, o cliente ficará sem garantia Existe apenas para haver maior controle interno. Caso a meta máxima
de garantias mensais seja ultrapassada, os colaboradores de concessionárias e montadoras perdem prêmios, o
que visa estimulá-los cada vez mais a fazer o trabalho visando o melhor resultado final.
Jirsak ([20--?])

6 Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (2015), Recall, ou chamamento, é o mecanismo que obriga o fornecedor
a alertar nos jornais, rádios e TVs os consumidores que adquiriram produtos defeituosos com potencial risco para a saúde e seguran-
ça, além de informar sobre os procedimentos a serem adotados para a solução do problema – o conserto ou troca, por exemplo.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
92

FIQUE Ao comprar um veículo zero Km, fique muito atento para a quilometragem e datas
máximas de fazer a revisão, pois se você ultrapassar a quilometragem máxima da re-
ALERTA visão ou o prazo, poderá vir a perder a garantia.

A partir do que você estudou neste capítulo, pôde ver como é importante uma análise detalhada dos
tipos de garantias existentes para os sistemas de veículos novos, serviços, peças e veículos, deixando assim
os consumidores mais tranquilos em relação à compra de algum destes itens. Além de que, com o veículo
ainda em garantia, o reparador deve informar ao cliente que caso o mesmo tenha intenção de fazer manu-
tenção, reparação, adaptação ou revisão em oficina paralela, o veículo virá a perder a garantia conforme
termos explanados no contrato de compra e venda do veículo.

5.2 DE PEÇAS SUBSTITUÍDAS

No mercado de reposição, há muitas peças para serem repostas em veículos automotores, dos mais va-
riados sistemas, como elétricos, eletrônicos e mecânicos, para itens de segurança, conforto, funcionamen-
to básico, acessórios, entre outros. Existem empresas que fornecem peças para a montagem do veículo
nas montadoras as mesmas fornecem peças para o mercado de peças para substituição, trata-se de peças
originais, idênticas às que já vem instaladas no veículo.
Nesse mercado, há empresas que desenvolvem o mesmo produto com a mesma aplicação, porém uti-
lizando meios, materiais e padrões de qualidade diferentes. Por isso você pode encontrar diferença de
valores entre um componente e outro, diferenciado pela qualidade do material usado e pela etiqueta da
marca, por exemplo, para a aplicação de uma bobina de ignição no veículo. Existem dezenas de empresas
que produzem a mesma peça, portanto, é importante que você fique atento e utilize sempre peças de
qualidade garantida.
A qualidade da peça de reposição está diretamente ligada ao resultado final do reparo, ou seja, ao fun-
cionamento do veículo. No caso do exemplo da bobina, uma de qualidade durará muito mais, já outras,
com poucos meses de uso apresentarão falhas na ignição e problemas de interferência eletromagnética
para o sistema de gerenciamento do motor.

As empresas que fabricam peças para aplicação em veículos alteram cores


e códigos de um mesmo produto para identificá-los internamente em sua
CURIOSIDADE linha de produção e para os representantes da empresa, essa alteração serve
para diferenciar as peças que são para montagem do veículo em montadoras
e das que são para o mercado de peças de reposição.
5 COBERTURAS DE GARANTIAS
93

As peças de reposição recebem garantia legal de 90 dias e mais a garantia disponibilizada pela empresa
totalizando uma garantia de um, dois, ou três anos, dependendo do tipo de peça aplicada. Por exemplo,
um amortecedor recebe uma garantia de três anos ou 60 mil quilômetros, o que vencer primeiro, entrando
na parte de garantia, somente após uma verificação detalhada, para garantir que o defeito na peça não foi
por mau uso, uso excessivo, mau manuseio durante a instalação e armazenagem ou instalação incorreta.

Figura 59 - Termo e regras de garantia de um rolamento de roda


Fonte: Ávila (2015)

Todos os detalhes mostrados na figura anterior são verificados na solicitação de garantia de uma peça
de reposição. Pois a fabricante, para dar a garantia da peça, precisa analisar o que ocorreu com ela, para
chegar a uma conclusão sobre o que pôde, de fato, ter ocorrido, para só então, assumir a falha e repassar ao
reparador uma nova peça. Ou ainda, não acatar a solicitação da garantia e passar ao reparador um relatório
técnico mostrando-lhe o porquê da solicitação de garantia da peça não ser concedida.
Se ao instalar uma nova peça no veículo você perceber que ela está com defeito, é sua responsabilida-
de, como reparador automotivo, entrar em contato com a fabricante da peça e solicitar uma nova para a
reposição, pois foi você quem efetuou o serviço. Dessa forma, você terá a garantia de efetuar um serviço
de qualidade, usando seu conhecimento técnico para a reposição de determinada peça, sabendo que a
mesma possui garantia. E, caso venha a apresentar alguma falha, o cliente poderá ficar tranquilo, pois sabe
que o serviço foi feito com qualidade e tem a garantia da mão de obra realizada e da peça utilizada.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
94

SAIBA Para conhecer mais sobre cobertura de garantias relacionadas ao setor automotivo,
MAIS acesse o site: <http://www.correiomecanico.com.br/>.

Conheça a seguir as garantias relacionadas aos serviços realizados.

5.3 DE SERVIÇOS REALIZADOS

Todo veículo automotor deve passar por uma revisão após determinada quilometragem ou por tempo
de uso, para verificar e realizar troca de filtro, óleo do motor, alguns kits, como o de correia dentada, quan-
do esta fizer parte do veículo, esticadores e correias auxiliares, entre outros. Para que esse serviço possa
ocorrer de forma correta e para que o cliente possa ter segurança do que foi realizado, é dada uma garantia
do serviço de, cerca de, 3 (três) a 6 (seis) meses em oficinas mecânicas. Mas, se o veículo tiver garantia de
alguma concessionária, é esta que prevalecerá em relação ao serviço realizado.

ABC Certi cado


Indústrias
de garantia
Proprietário:_____________________________________________

Veículo:_______________________Placa/Chassis:______________

Revisado em:____/____/____ Concessionária:_________________

5
Ana Fleck (2015)

Anos

Figura 60 - Certificado de garantia de prestação de serviços


Fonte: do Autor (2015)

A garantia de serviço realizado é o tempo estipulado para que apareça algum tipo de problema relacio-
nado ao serviço feito, tal falha tende a aparecer dentro deste período de três a seis meses de uso do veículo.
Já, se o veículo apresentar problemas ou falhas em outro componente do mesmo sistema, que estava em
perfeito funcionamento no momento do serviço realizado, a garantia de serviço realizado não cobrirá este
serviço atual. Pois, o problema foi em um componente que não fazia parte do problema inicial. Assim, haverá
uma nova garantia sobre esse serviço.
5 COBERTURAS DE GARANTIAS
95

Veja o exemplo para compreender essa questão da garantia: um veículo entra na oficina mecânica para
fazer uma reparação no sistema de suspensão, o diagnóstico do reparador foi de problemas em buchas e
pivôs, os mesmos foram trocados e um mês depois barulhos surgem novamente. O cliente leva o veículo à
oficina e o reparador nota que agora há um vazamento no amortecedor e que é necessário fazer a troca do
mesmo e cobrar novamente a mão de obra. O que gerará um novo prazo de garantia do serviço, pois não
fazia parte do serviço realizado há um mês sendo que o amortecedor estava em perfeito estado de funcio-
namento anteriormente. Esse é um exemplo de mão de obra e serviço realizado a determinado sistema
que não se encaixa na garantia, pois o sistema apresentou falha em outro componente.
Já se o barulho fosse proveniente de algum componente reparado ou substituído pelo reparador, por
exemplo, como ao montar o sistema e não aplicar o torque de aperto correto e ter liberado o veículo tendo
componentes com folgas, ou aplicação errada do componente, teria de reavaliar o serviço feito e acolher
as regras da garantia, trocar o componente que foi posto de forma incorreta desobedecendo as normas
e padrões técnicos, se necessário, ou reavaliar o sistema sem cobrar nada a mais do que o cliente que já
pagou pelo serviço, iniciando assim uma nova data de garantia do serviço a partir da liberação do veículo.
Essa garantia deve ser solicitada por meio da nota de serviço realizado na época em que o cliente fez
o serviço no veículo, acompanhado da nota fiscal de valores de mão de obra e das peças trocadas. Caso o
cliente encontre dificuldades de ter a devida atenção pelo reparador, pode procurar o PROCON (Órgão de
Proteção e Defesa do Consumidor) de sua cidade e relatar o caso.
Além das garantias de componentes de veículos e de serviços realizados, o reparador automotivo pode
solicitar garantias de serviços realizados por fornecedores de equipamentos dentro da oficina mecânica,
como elevador automotivo, máquinas de limpeza e diagnósticos em eletroinjetores de combustível, equipa-
mentos eletrônicos como scanners entre outros. O reparador também pode fazer registros dessas garantias.
Isso dá ao cliente segurança ao fazer o serviço na oficina mecânica que assegura um trabalho bem
feito e com garantia do que foi executado, garantindo assim um serviço de mão de obra de qualidade e
sem problemas futuros em relação ao que foi executado no veículo, garantindo ao reparador automotivo
segurança na mão de obra geral.

5.4 TIPOS DE GARANTIAS (NORMAL OU ESTENDIDA)

Cada vez mais, o plano de formas e tipos de garantias vem se estendendo e fazendo com que alguns
produtos saiam na frente em relação a outros não somente pela qualidade, marca ou aplicação. Mas, tam-
bém, pela garantia que o cliente recebe ao adquirir tal componente, veículo, serviço entre outros. Para boa
parte da população, a escolha de determinado produto, veículo, tipo de prestação de serviço é influencia-
do pelo fator da garantia.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
96

SilverV ([20--?])

Figura 61 - Ampulheta relacionando a garantia estendida


Fonte: Thinkstock (2015)

Há algum tempo vem ganhando destaque as chamadas garantias estendidas, que o cliente consegue
adicionar a determinados produtos e componentes por meio de um acréscimo no valor. Conforme você já
estudou, cabe ao fabricante do componente, veículo, ou produto, dar a garantia legal que rege o código de
defesa do consumidor, que é de 90 dias, mais um prazo de garantia da fábrica, entre 90 e 270 dias a mais da
garantia legal, fechando uma garantia de seis a doze meses, somando a garantia legal da garantia de fábrica.
5 COBERTURAS DE GARANTIAS
97

As garantias chamadas “estendidas”, vem sendo cada vez mais usuais em


equipamentos e eletrodomésticos em geral. E, aos poucos, vem sendo divul-
CURIOSIDADE gadas e difundidas em sistemas automotivos, mais presente ainda, em com-
ponentes eletroeletrônicos como aparelhos de som, alarmes e acessórios em
geral.

E você sabe o que é garantia estendida? Já comprou algum produto para o qual lhe foi oferecida a
garantia estendida? Quando um determinado produto ou componente sai de fábrica tem a garantia legal
mais a garantia contratual de fábrica, que é de um ano, por exemplo. Porém, ao adquirir o produto, o con-
sumidor pode optar em pagar um determinado valor e comprar um adicional de garantia, somando mais
um ano ao tempo que ele já ganhou de garantia pelo produto, totalizando dois anos de garantia ou mais,
sendo então três meses de garantia legal, nove meses de garantia contratual e mais um ano de garantia
entendida contratual. Por exemplo, o reparador compra um elevador automotivo para a oficina, paga um
valor de R$ 4.500,00 reais com um ano de garantia das peças móveis e dois anos do motor, mas ele pode
pagar R$ 500,00 a mais para ganhar um ano adicional na garantia do motor e um ano a mais na garantia
das peças móveis.
Para solicitar uma garantia de determinado produto, peça, ou qualquer outro tipo de item, o cliente
deverá comparecer ao local onde o componente ou produto foi adquirido, para que a empresa dê entrada
no pedido de solicitação de garantia. A partir disso, o produto é encaminhado à empresa para que ela faça
análises e veja se o cliente receberá o conserto do mesmo sem custo algum fazendo parte da garantia ou
se por mal uso, o componente veio a apresentar defeito, nesse caso, não é contabilizado como garantia e o
cliente terá que arcar com os custos do conserto. Em casos em que o contrato solicite o encaminhamento
do produto por transportadora, o cliente é quem terá que arcar com o envio do produto e a fábrica terá um
prazo hábil de trinta dias para solucionar o problema.
Em casos de garantia pela fábrica e garantia legal, a solicitação de garantias deve ser feita para a fábrica
por meio de telefone disposto no contrato de garantia. O produto pode ser encaminhado para a fábrica ou
em autorizadas da marca para fazer os procedimentos.
Já no caso da garantia estendida, quando passar a garantia legal da fábrica quem é a responsável por
fazer os trâmites da garantia é a loja que vendeu o componente ou produto. Por exemplo, se uma loja de
acessórios lhe vendeu um rádio, você pode adquirir a garantia estendida e se ele vir a dar defeito em me-
nos de um ano. Você pode solicitar garantia através de uma autorizada, pois a loja de acessórios onde você
comprou o produto é responsável pela garantia da instalação e mão de obra, caso o produto apresente
falha por erro na instalação, quem terá que arcar com a reposição da peça ou produto, é o reparador, caso
tal defeito fosse diagnosticado pela fabricante.
DIAGNÓSTICOS EM SISTEMAS AUTOMOTIVOS
98

CASOS E RELATOS

Em busca da falha
Certo dia, o Sr. Anderson recebeu, em sua oficina, um veículo que estava com a bomba d’água que
costuma dar problema mesmo quando o líquido de arrefecimento não é trocado no tempo descri-
to pela fabricante. O Sr. Anderson investigou o problema na bomba d’agua e viu que suas palhetas
internas haviam danificado e não conseguiam mais fazer com que o líquido circulasse nas galerias.
Ele, então, trocou a bomba d’agua e aproveitou para trocar a válvula termostática fazendo uma
revisão geral no sistema de arrefecimento.
No dia seguinte, seu cliente notou que havia água no chão de sua garagem, embaixo do veículo,
mas, pensou que era da condensação do suor do evaporador do sistema de ar condicionado e
não fez nada a respeito. No caminho para o trabalho, a luz de temperatura acendeu no painel
do veículo. Ele estacionou o carro no acostamento a e verificou que o reservatório de expansão
estava quase vazio. Buscou um local em que pudesse comprar água, repôs a água no reservatório
e se dirigiu, novamente, à oficina do Sr. Anderson, que diagnosticou um problema na vedação do
rolamento da bomba d’água.
O Sr. Anderson trocou a bomba d’água do veículo do cliente que estava na garantia, refez o serviço
e, após liberar a entrega do veículo ao cliente mandou a peça para análise da fábrica que admitiu
a falha na bomba, e repôs a peça ao estoque da oficina.
O reparador automotivo teve que refazer o serviço no veículo, mas o cliente não arcou com ne-
nhum valor, pois, o dono da oficina ficou responsável por refazer o trabalho sem custos adicionais
ao cliente, visto que o componente estava com defeito, não foi um problema de mau uso ou des-
gaste natural.
Isso mostra o quanto os registros dentro de uma oficina mecânica são importantes para os pro-
cessos de solicitações de garantia, pois o Sr. Anderson não arcou com o custo da peça e acabou
passando confiança e segurança ao seu cliente, visto que ele tinha conhecimento técnico para
explicar ao cliente o que aconteceu e de que forma a troca iria acontecer.
5 COBERTURAS DE GARANTIAS
99

De modo geral, é importante ficar sempre atento aos tipos de garantia e ao que elas contemplam, pois
boa parte do que se mostra em garantia são componentes de procedência e que são difíceis de gerar de-
feito e outra parte são peças móveis e de desgaste. Mas há exceções, pois as peças que entram em garantia
por serem peças de desgaste natural e de mau uso, a não ser que a compra tenha sido muito recente e
apresente, realmente, uma falha em seu projeto ou montagem. Pode-se citar como exemplo um rolamen-
to de roda ou rolamento do garfo de acionamento da embreagem.

RECAPITULANDO

Durante os estudos deste capítulo, você pôde analisar os tipos diferentes de garantias que podem
existir, e o quanto cada uma delas está ligada diretamente ao seu dia, até mesmo com eletrodo-
mésticos e eletrônicos em casa e outros milhares de produtos comercializados.
No ramo de veículos automotores, você pôde ver que tipos de garantias o consumidor, fornecedor
de peças, e reparador possuem, de que forma essas garantias são solicitadas e quais direitos o con-
sumidor possui em fazer a solicitação de garantia.
Este capítulo, em especial demonstra o quanto a garantia de um produto ou serviço é importante
para a segurança do cliente. Tanto que, algumas fabricantes apostam tanto na qualidade do seu
produto que acabam dando o dobro da garantia do que outras fabricantes.
REFERÊNCIAS
BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 4. ed. São Paulo
(SP): Atlas, 2011. 378 p.
BOSCH, Robert. Manual de tecnologia automotiva. São Paulo (SP): Edgard Blücher, c2005. 1232 p.
BRASIL Ministério do Meio Ambiente. Avaliação de impacto ambiental: agentes sociais,
procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA, 1995. 134 p.
GUIMARÃES, Alexandre. Eletrônica embarcada automotiva. São Paulo (SP): Érica, c2007. 326 p.
LANDULFO, Fernando. Saúde e segurança na oficina. Disponível em: <http://www.omecanico.
com.br/modules/revista.php?recid=974&edid=74> Acesso em: 04 fev. 2015.
MANAVELLA, Humberto José. Controle Integrado do Motor. Artigo, Edição 229. Disponível em:
<http://www.idec.org.br/consultas/recalls-e-produtos-inseguros> Acesso em: 03 fev. 2015.
MARUM, Denis. Entenda Como Funciona a Garantia. Disponível em: <http://g1.globo.com/carros/
oficina-do-g1/noticia/2014/07/vai-comprar-carro-novo-entenda-como-funciona-garantia.html>  
Acesso em: 05 fev. 2015.
SENAI Departamento Regional de Santa Catarina. Manual do atendente técnico. Jaraguá do Sul:
SENAI/SC DR, [19--]. [S.n.]
WILTGEN, Julia. Saiba como Funciona a Garantia de Veículos Novos e Usados. Disponível em:
<http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/saiba-como-funciona-garantia-veiculos-novos-
usados-562028> Acesso em: 02 fev. 2015.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Maicon de Oliveira Pereira é graduado pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSEL-
VI), em 2007, técnico em Manutenção Automotiva pelo SENAI, em 2013. Atua como consultor
técnico da empresa Doutor-ie Tecnologia Automotiva, desde 2009, no departamento de aten-
dimento técnico a reparadores automotivos para soluções e desenvolvimento de tecnologia da
informação para diagnóstico automotivo.
ÍNDICE

A
ABNT, 38, 40, 41, 42, 45, 46, 105
Aferição, 49, 75, 79, 80, 81, 105
Agendamento, 5, 20, 21, 105
Análise, 5, 7, 15, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 31, 33, 44, 53, 58, 59, 80, 91, 92, 98, 105

C
Calibração, 7, 49, 79, 80, 81, 105
Catálogo, 5, 37, 105
Checklist, 5, 6, 24, 26, 27, 28, 29, 105

D
Diagnóstico, 5, 7, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 28, 33, 35, 36, 38, 39, 40, 41,
42, 45, 46, 49, 50, 51, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 60, 61, 62, 64, 65, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 75, 76, 78,
79, 81, 83, 84, 85, 86, 95, 103, 105

E
EPI, 105

F
Ferramenta, 5, 6, 7, 14, 15, 21, 27, 28, 50, 56, 58, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 70, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80,
81, 82, 83, 85, 86, 105

G
Garantia, 6, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 101, 105

I
Inconveniente, 20, 105
INMETRO, 79, 80, 81, 105
Instrumentos, 7, 9, 46, 49, 55, 56, 67, 75, 105

M
Manômetro, 5, 6, 7, 42, 43, 44, 61, 69, 70, 76, 77, 105
Manual de Reparação, 59, 105
Manual Técnico, 36, 105
Manutenção, 6, 16, 17, 18, 21, 24, 25, 28, 30, 31, 33, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 42, 46, 56, 58, 61, 78, 79,
81, 82, 89, 91, 92, 103, 105
Metodologia, 7, 9, 16, 21, 35, 105
Multímetro, 6, 72, 73, 74, 75, 76, 106
O
Osciloscópio, 6, 7, 71, 72, 73, 106

P
Planejamento, 7, 9, 11, 17, 33, 106
PROCON, 90, 95, 106

Q
Qualidade, 5, 14, 16, 17, 20, 25, 28, 30, 46, 61, 79, 86, 92, 93, 95, 99, 106

R
Registro, 7, 11, 17, 18, 25, 28, 43, 106
Relatório, 5, 24, 25, 38, 93, 106

T
Teste, 5, 6, 14, 18, 21, 22, 28, 38, 39, 42, 43, 45, 46, 49, 50, 51, 52, 53, 56, 59, 60, 61, 65, 68, 69, 73,
76, 77, 78, 79, 84, 106
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Waldemir Amaro
Gerente

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor Técnico

Cleberson Silva
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Maicon de Oliveira Pereira


Elaboração

Mateus Henrique Mendes


Revisão Técnica

Karine Marie Arasaki


Coordenação do Projeto

Magrit Dorotea Döding


Design Educacional

Marileia Backes
Revisão Ortográfica e Gramatical

Alexandre de Ávila
Evelin Lediani Bao
Maicon de Oliveira Pereira
Matheus Henrique Mendes
Fotografias
Ana Fleck
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Thinkstock
Freeimages
Banco de imagens

Edison Bonifácio
Edilson de Oliveira Caldas
Agenor Gomes de Almeida Filho
Comitê Técnico de Avaliação

Tatiana Daou Segalin


Diagramação

Marileia Backes
Normalização

Taciana dos Santos Rocha Zacchi


CRB – 14.1230
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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