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Série automotiva

Manutenção
de Sistemas
Eletroeletrônicos
de Motocicletas
Série automotiva

Manutenção
de Sistemas
Eletroeletrônicos
de Motocicletas
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

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Robson Braga de Andrade


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Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


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Diretor de Operações
Série automotiva

Manutenção
de Sistemas
Eletroeletrônicos
de Motocicletas
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Manutenção de sistemas eletroeletrônicos de motocicletas /
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2012.
114 p. : il. (Série Automotiva).

ISBN 978-85-7519-619-9

1. Motocicletas – Eletroeletrônica. 2. Motocicletas – Manutenção


e reparos. 3. Saúde e trabalho. 4. Segurança do trabalho. I. Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de
Santa Catarina. II. Título. III. Série.

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Ilustrações
Figura 1 - Diferença de potencial..................................................................................................................................18
Figura 2 - Seção transversal............................................................................................................................................21
Figura 3 - Fórmulas de potência...................................................................................................................................22
Figura 4 - Fórmulas elétricas...........................................................................................................................................24
Figura 5 - Multímetro digital..........................................................................................................................................25
Figura 6 - Multímetro ligado em paralelo..................................................................................................................26
Figura 7 - Tensão alternada.............................................................................................................................................27
Figura 8 - Tensão contínua..............................................................................................................................................27
Figura 9 - Corrente elétrica.............................................................................................................................................28
Figura 10 - Ligação em série do multímetro ............................................................................................................29
Figura 11 - Ligação em série do multímetro.............................................................................................................29
Figura 12 - Bobina elétrica..............................................................................................................................................34
Figura 13 - Estator..............................................................................................................................................................35
Figura 14 - Regulador retificador de tensão.............................................................................................................36
Figura 15 - Motor de partida..........................................................................................................................................37
Figura 16 - Comutador do induzido............................................................................................................................37
Figura 17 - Interruptor magnético...............................................................................................................................38
Figura 18 - Eletromagnetismo.......................................................................................................................................39
Figura 19 - Polaridade das bobinas..............................................................................................................................40
Figura 20 - Movimento de rotação do motor de partida.....................................................................................40
Figura 21 - Diagrama do alternador............................................................................................................................42
Figura 22 - Diagrama do motor de partida...............................................................................................................43
Figura 23 - Sistema de iluminação...............................................................................................................................50
Figura 24 - Componentes do farol...............................................................................................................................51
Figura 25 - Lanterna traseira...........................................................................................................................................52
Figura 26 - Diagrama elétrico do pisca.......................................................................................................................55
Figura 27 - Diagrama do farol e sinaleira...................................................................................................................56
Figura 28 - Diagrama elétrico da luz de freio ..........................................................................................................57
Figura 29 - Diagrama elétrico da buzina....................................................................................................................58
Figura 30 - Multímetro......................................................................................................................................................59
Figura 31 - Motoalarme....................................................................................................................................................67
Figura 32 - Bomba de combustível .............................................................................................................................73
Figura 33 - Central telefônica, módulo de controle ou ECU................................................................................75
Figura 34 - Regulador de pressão.................................................................................................................................76
Figura 35 - Sensor de posição da borboleta.............................................................................................................76
Figura 36 - Sensor de pressão absoluta (MAP)........................................................................................................77
Figura 37 - Sensores de correção..................................................................................................................................78
Figura 38 - Circuito by-pass............................................................................................................................................79
Figura 39 - Componentes da injeção eletrônica.....................................................................................................81
Figura 40 - Esquema elétrico da bomba de combustível....................................................................................81
Figura 41 - Esquemas elétricos da ECU.......................................................................................................................82
Figura 42 -  Scanner para motocicletas........................................................................................................................83
Figura 43 - Teste e limpeza de bicos............................................................................................................................84
Figura 44 - Óculos de proteção.....................................................................................................................................90
Figura 45 - Protetor auricular.........................................................................................................................................91
Figura 46 - Ergonomia......................................................................................................................................................92
Figura 47 - Cores da coleta seletiva.............................................................................................................................98

Quadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................14

Tabela 1 - Descarte de resíduos.................................................................................................................................. 100


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas.........................................................................................................17


2.1 Definição.........................................................................................................................................................18
2.1.1 Tensão elétrica............................................................................................................................18
2.1.2 Corrente elétrica.........................................................................................................................19
2.1.3 Resistência elétrica....................................................................................................................20
2.1.4 Potência elétrica.........................................................................................................................21
2.2 Leis de Ohm....................................................................................................................................................23
2.3 Instrumentos de medição.........................................................................................................................24

3 Carga e Partida.................................................................................................................................................................33
3.1 Função..............................................................................................................................................................34
3.2 Componentes................................................................................................................................................34
3.2.1 Componentes do sistema de carga.....................................................................................34
3.2.2 Componentes do sistema de partida.................................................................................36
3.3 Funcionamento.............................................................................................................................................38
3.4 Equipamentos de teste..............................................................................................................................41
3.5 Circuitos e diagramas elétricos................................................................................................................42
3.6 Manutenção e diagnóstico de falhas....................................................................................................44

4 Sinalização e Iluminação..............................................................................................................................................49
4.1 Função..............................................................................................................................................................50
4.2 Componentes................................................................................................................................................51
4.3 Funcionamento.............................................................................................................................................54
4.3.1 Circuitos e diagramas...............................................................................................................55
4.4 Equipamentos de testes............................................................................................................................59
4.5 Manutenção e diagnósticos de falhas..................................................................................................60

5 Sistema de Alarme e Antifurto...................................................................................................................................63


5.1 Sensores e central de comando..............................................................................................................64
5.2 Manutenção e diagnóstico de falhas....................................................................................................66

6 Sistema de Injeção Eletrônica....................................................................................................................................71


6.1 Função..............................................................................................................................................................72
6.2 Componentes................................................................................................................................................72
6.2.1 Bomba de combustível............................................................................................................73
6.2.2 Bico injetor...................................................................................................................................74
6.2.3 Central eletrônica.......................................................................................................................74
6.2.4 Regulador de pressão...............................................................................................................75
6.2.5 Sensor de posição da borboleta...........................................................................................76
6.2.6 Sensor de Pressão Absoluta (MAP)......................................................................................77
6.2.7 Sensores de correção................................................................................................................77
6.2.8 Controlador de marcha lenta................................................................................................78
6.2.9 Sensor de inclinação.................................................................................................................79
6.3 Funcionamento.............................................................................................................................................80
6.4 Circuitos e diagramas elétricos................................................................................................................81
6.5 Equipamentos de testes............................................................................................................................82
6.6 Manutenção e diagnóstico de falhas....................................................................................................84

7 Saúde e Segurança no Trabalho................................................................................................................................89


7.1 Normas Regulamentadora – NR ............................................................................................................90
7.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA .........................................................................90
7.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPI.......................................................................................90
7.4 Equipamentos de Proteção coletiva – EPC.........................................................................................91
7.5 Ergonomia......................................................................................................................................................92

8 Segregação e Descarte de Materiais e Componentes.......................................................................................97


8.1 Legislação........................................................................................................................................................98
8.2 Normas técnicas...........................................................................................................................................99
8.3 Procedimentos específicos ................................................................................................................... 100

Referências......................................................................................................................................................................... 105

Minicurrículo do Autor.................................................................................................................................................. 107

Índice................................................................................................................................................................................... 109
Introdução

Nesta unidade curricular serão apresentados alguns fundamentos de funcionamento e cir-


cuitos dos sistemas eletroeletrônicos das motocicletas. Além disso, você conhecerá equipa-
mentos específicos que podem ajudar na manutenção e diagnóstico desses sistemas.
Você estudará, também, sobre os componentes que integram esses sistemas, de modo que
você esteja apto a realizar o diagnóstico de falhas seguindo os padrões de qualidade exigidos
pelos fabricantes das motocicletas e das peças.
Também conhecerá exemplos de como de como cuidar da sua saúde, assim como a das
pessoas envolvidas na manutenção das motocicletas. Você terá contato, ainda, com as normas
e procedimentos para o descarte correto dos resíduos gerados por uma oficina de motocicleta.
Portanto, bom trabalho!
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
14

Mecânico de Manutenção em Motocicletas

Unidades Carga Carga horária


Módulos Denominação
curriculares horária do módulo
• Organização do
30h
Ambiente de Trabalho
Básico Básico 60h
• Fundamentos da
30h
Tecnologia Automotiva

• Fundamentos de
20h
Mecânica de Motocicletas

Introdutório de • Sistemas Mecânicos


Introdutório 40h 100h
Motocicletas de Motocicletas

• Eletroeletrônica
40h
de Motocicletas

• Manutenção de Sistemas
80h
Mecânicos de Motocicletas
Mecânico de
Específico I • Manutenção de Sistemas 120h
Motocicletas
Eletroeletrônicos 40h
de Motocicletas

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI/DN

Agora, você está convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça des-


te processo um momento de construção de novos saberes, em que teoria e práti-
ca estejam alinhadas para construir o seu desenvolvimento profissional.
Bons estudos!
1 Introdução
15

Anotações:
Sistemas Eletroeletrônicos
de Motocicletas

Você sabe quais são os conceitos físicos envolvidos nos circuitos elétricos? Saberia identi-
ficar de que forma isso está relacionado ao funcionamento de um sistema de iluminação, por
exemplo? A respostas para essas perguntas você saberá nesta primeira parte do seu estudo.
Neste capítulo você aprenderá sobre os conceitos da eletroeletrônica de motocicletas. Para
facilitar seu aprendizado, serão revisados alguns conceitos físicos, aplicados aos sistemas ele-
troeletrônicos das motocicletas. É provável que você já tenha aprendido estes conceitos, mas,
ainda assim, leia com atenção, pois é necessário relembra-los.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido diversos conhecimentos que lhe servirão de base
para:
a) reconhecer os princípios físicos relacionados aos sistemas eletroeletrônicos das motoci-
cletas;
b) interpretar e aplicar os conceitos de tensão, corrente e resistência elétrica;
c) identificar os tipos e características dos condutores e suas aplicações.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
18

1 fluxo 2.1 Definição


É a passagem livre de um Veja as definições dos principais conceitos físicos aplicados aos sistemas elé-
líquido, gás ou qualquer
outra substância. Por tricos de uma motocicleta.
exemplo, a água saindo
de uma torneira aberta
é um fluxo de água, bem
como essa mesma água
percorrendo pelo cano até 2.1.1 Tensão elétrica
chegar à torneira.

A tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico (DDP) existente entre dois


pontos, como por exemplo, a bateria de uma motocicleta, que possui um polo
positivo e um polo negativo. Você bem sabe que os elétrons são cargas negativas,
assim o polo negativo está carregado eletricamente, enquanto o polo positivo
está descarregado. Ao unir esses dois pontos (polos) por meio de um condutor,
os elétrons irão se deslocar do polo negativo para o positivo, com a finalidade de
igualar as cargas. Essa diferença de potencial elétrico é a tensão elétrica. Vejamos
outro exemplo.
Imagine uma caixa d’água cheia e ligada por um cano a uma caixa d’água que
está vazia. Se este cano for instalado na parte de cima das caixas, não acontecerá
nada, mas se ele for instalado na parte de baixo, ligando uma caixa à outra, o que
poderia acontecer? Com a união entre as caixas d’água, na parte inferior delas, a
água da caixa que está cheia percorrerá o cano e entrará naquela que está vazia,
mas não a encherá. Essa passagem de água de uma caixa para a outra permitirá
que ambas fiquem no mesmo nível, conforme é representado na figura a seguir.
Esse fenômeno é chamado de Diferença de Potencial (DDP), pois em uma
caixa tem-se a potência da água e na outra não.
Diego Fernandes (2012)

Figura 1 - Diferença de potencial

Na eletricidade de motocicletas ocorre algo muito semelhante. Por acaso você


já experimentou colocar duas pilhas, uma carregada e outra não, em um aparelho
elétrico? Se sim, deve ter percebido que a carregada se descarregou rápido e a
outra criou um pouco de carga. Isto ocorre por causa da DDP.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
19

Essa mesma diferença também pode ser percebida entre os polos das pilhas,
pois um polo é carregado e outro não. Essa diferença de potencial é chamada de
Tensão Elétrica.
Na tensão elétrica, a eletricidade percorre um condutor elétrico do polo nega-
tivo ao positivo, e quando há na motocicleta um condutor com 12V de tensão e
um condutor ligado ao polo negativo da bateria, há uma diferença de potencial
entre os polos da bateria, fazendo com que esta tensão percorra os condutores.
A tensão elétrica pode ser representada pelas letras E, U ou V, que é mais co-
mum. A unidade de medida que a representa é o Volt, por causa do físico italiano
Alexandre Volta, que a descobriu.

A tensão elétrica de uma motocicleta não causa choque


FIQUE elétrico, principalmente por se tratar de uma baixa tensão
ALERTA contínua. Porém, isso não possibilita encostar um fio no
outro, pois mesmo assim haverá um curto-circuito.

Após entender o significado de diferença de potencial, e saber como a tensão


elétrica ocorre, entenda o conceito e o que acontece com a corrente elétrica.

2.1.2 Corrente elétrica

Antes de falar de corrente elétrica, é necessário lembrar alguns conceitos de


física.

VOCÊ Tudo que está ao nosso redor é feito de molécula e es-


SABIA? sas moléculas são feitas de átomos.

Os átomos são compostos de um núcleo com prótons e nêutrons, e uma ele-


trosfera que é composta por elétrons. Essa eletrosfera é um montante de cama-
das de elétrons que ficam girando ao redor do núcleo, como se o núcleo fosse
o sol e os elétrons fossem os planetas. Na última camada de elétrons, chamada
Camada de Valência, podem existir até oito elétrons.
A corrente elétrica é o fluxo1 desses elétrons por um condutor elétrico (fio ou
cabo elétrico). No entanto, isso só ocorre quando o circuito está fechado, conceito
que você irá conhecer mais adiante neste material didático. São os elétrons que
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
20

2 seção transversal transportam a eletricidade. Sendo assim, alguns átomos, quando possuem pou-
cos elétrons na camada de Valência, tendem a expulsar seus elétrons, e aqueles
É o diâmetro do fio em
mm². que os têm em maior quantidade tendem a receber mais, pois todo átomo quer
ter sua última camada completa de elétrons.
Utilizando o mesmo pensamento do exemplo na teoria da tensão elétrica,
lembre-se de que no exemplo com as duas caixas com diferença de potencial - e
ligadas por um cano - aquela que estava cheia esvaziou parcialmente enquanto a
vazia encheu parcialmente, nivelando as duas caixas. Como você pôde perceber,
isso foi possível porque dentro do cano de ligação ocorreu um fluxo de água. É
dessa forma que funciona a corrente elétrica, pois quando há diferença de poten-
cial entre dois polos de bateria, e ao serem ligados por um condutor, a corrente
elétrica flui por esse condutor. Contudo, sem tensão elétrica, a corrente não existe.
Resumidamente, corrente elétrica é o fluxo de elétrons por um condutor em
um circuito fechado. O símbolo da corrente elétrica é o I e sua unidade de medida
é o Ampère. Para que você possa compreender melhor, vinte e cinco ampères é
o mesmo que 25A.
Para dar continuidade ao estudo da eletricidade, conheça, a seguir, a resistên-
cia elétrica.

2.1.3 Resistência elétrica

Você aprendeu que tensão elétrica é a diferença de potencial entre cargas elé-
tricas, e que a corrente elétrica é a passagem de elétrons por um condutor em um
circuito fechado. Dessa maneira, é possível afirmar que a resistência elétrica se
opõe ao fluxo, ou seja, é uma barreira.
Associando ao exemplo das caixas com água, é possível pensar na resistência
elétrica como se houvesse uma sujeira no cano, e essa sujeira trancasse parcial ou
totalmente a água que passa por ele. Assim, o fluxo no cano diminuiria ou impe-
diria totalmente a passagem de água.
A resistência é a propriedade de oposição à corrente elétrica, então você deve
pensar que é uma propriedade ruim, já que atrapalha a corrente elétrica, mas, na
verdade, auxilia muito. Isso porque com ela é possível dosar a corrente. Um exem-
plo desse acontecimento são as televisões ou rádios antigos, que tinham botões
redondos que, quando girados, aumentavam ou diminuíam o volume. Por trás
desses botões haviam resistências. Então, toda vez que se aumentava o volume, a
resistência diminuía, e vice-versa.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
21

Cada componente elétrico possui uma determinada resistência elétrica cha-


mada resistividade. Essa resistividade então é a resistência específica do com-
ponente, e ela pode variar de acordo com alguns fatores, como por exemplo, a
temperatura. Entretanto, se verificarmos a resistência específica de condutores
elétricos de diferentes metais, observaremos que sob mesma temperatura, com-
primento e seção transversal², cada um apresentará uma resistividade diferente.
Assim, a resistência pode variar de acordo com os fatores mencionados.
Para você entender melhor, imagine que, a pé, você tenha que percorrer um
túnel de 10km. Será cansativo efetuar o trajeto, principalmente se a altura desse
túnel for muito menor que a sua, o que dificultará ainda mais sua passagem, mes-
mo que o túnel seja de comprimento curto. Assim funciona com os elétrons, pois
se o fio for muito fino, a resistência será maior, dificultando a passagem desses
elétrons. E se houver um fio muito comprido, a resistência também será maior
devido à dificuldade que os elétrons têm para percorrer aquela distância.
Diego Fernandes (2012)

Figura 2 - Seção transversal


Fonte: Adaptado de Portal São Francisco (2012)

Quando um determinado material possui muitos elétrons na camada de Va-


lência, ele se torna um isolante elétrico.
Se o átomo de um material elétrico possui de 1 a 3 elétrons na camada de Va-
lência, significa que ele é um bom condutor. Se tiver 4 ou 5 elétrons, esse átomo é
considerado um semicondutor, e de 6 a 8, trata-se de um isolante elétrico, ou seja,
um mau condutor, como o plástico, a borracha, entre outros.
Nesta etapa do conteúdo, você conheceu a dificuldade que a corrente elétrica
enfrenta ao passar por condutores elétricos finos ou muito longos. Com isso, é
possível avaliar se o tempo também causará interferência na locomoção dos elé-
trons. Para realizar tal avaliação, você estudará, a seguir, Potência Elétrica.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
22

3 inversamente 2.1.4 Potência elétrica


proporcional
A Potência Elétrica pode ser definida como a velocidade com que se produz
Quando alguém diz que
algo é inversamente trabalho, ou com que se gasta energia. Assim, cada componente de um circuito
proporcional, está
querendo dizer que é o tem uma potência específica.
oposto, mas na mesma
proporção. Para que você possa entender melhor, imagine ligar dois aquecedores de
água. O aquecedor A ferve um litro de água em 1 hora, enquanto que o aquece-
dor B ferve 2 litros de água a cada 1 hora. Nesse caso, perceba que o aquecedor
B é mais potente que o aquecedor A, pois realiza mais trabalho que o outro no
mesmo tempo, ou seja, B é mais potente que A.
Você deve estar curioso para saber o que fazer para saber a potência elétrica
de um componente. Pois para conhecer essa potência, basta realizar um cálculo
simples, utilizando a fórmula a seguir, que pode ser retirada do triângulo de fór-
mulas de potência, considerando as informações existentes. Sendo assim, você
deve identificar quais as informações que possui para determinar qual é a fórmula
mais adequada.
O triângulo de fórmulas é a representação da formação das fórmulas utilizadas
para realizar um cálculo. Dentro deste triângulo estão os símbolos das grandezas
elétricas e, ao isolar uma das grandezas, você pode identificar o cálculo a ser re-
alizado. Conforme figura que você verá a seguir, na parte superior do triângulo
está o P, que representa a potência elétrica. Logo abaixo, estão os símbolos I, que
representa a corrente elétrica, e o U, que representa a tensão elétrica. A tensão
elétrica também pode ser representada pelas letras E e V. Repare que o símbolo
de cima do triângulo se divide pelos dois de baixo, que se multiplicam entre si.

P P P
Diego Fernandes (2012)

P P P

Figura 3 - Fórmulas de potência


Fonte: Adaptado de Electriauto (2012)
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
23

Para entender como utilizar a fórmula que você acabou de ver, acompanhe
o seguinte exemplo: Como saber a potência de um circuito alimentado por uma
fonte de 12v e corrente de 0,02A?

P=VxI
P = 12v . 0,02A
P = 0,24W

Note que a fórmula foi extraída do triângulo, separando o P e utilizando as


demais informações.

2.2 Leis de Ohm

O físico e matemático alemão George Simon Ohm estudou, no século XVIII, a


relação da diferença de potencial e da corrente elétrica e, com isso, criou uma lei
física que é muito simples e bastante utilizada nos projetos elétricos até hoje: a
lei de Ohm.
A lei de Ohm diz que a corrente elétrica é diretamente proporcional à tensão,
e inversamente proporcional3 à resistência elétrica. Essa teoria pode ser represen-
tada pela seguinte fórmula:

V
I=
R

Conforme esta fórmula, I representa a corrente elétrica, enquanto V represen-


ta a tensão elétrica e R representa a resistência elétrica.
Mas a lei de Ohm também possui um triângulo de fórmulas devido às suas
variações, conforme figura seguinte. Você terá uma roda de fórmulas que contém
todas as fórmulas aplicadas à eletricidade automotiva. Veja!
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
24

Diego Fernandes (2012)


Figura 4 - Fórmulas elétricas
Fonte: Adaptado de Engenharia Agrícola Ambiental (2010)

O uso dessas fórmulas é bem simples. Para calcular a tensão, por exemplo, bas-
ta saber quais as informações da fórmula estão disponíveis e, em seguida, selecio-
nar a fórmula mais adequada. Então, para calcular a tensão, se você souber que
um circuito tem 10Ω, e que por ele percorre uma corrente de 15A, basta aplicar a
fórmula V = R x I para encontrar o valor da tensão, que nesse caso será de 150V.
Você utilizará bastante estas fórmulas durante este curso, por isso memorize
bem esta parte do conteúdo.

2.3 Instrumentos de medição

Conforme conteúdo recém visto, você já sabe como calcular os valores de re-
sistência, potência, corrente e tensão, mas saiba que nem sempre é necessário
calcular, já que existem instrumentos para realizar estas medições.
Um dos principais instrumentos que você precisa conhecer é o multímetro,
capaz de realizar diversas medições elétricas. Se você souber utilizá-lo correta-
mente, ele será um grande aliado em seu dia a dia, no momento de reparar uma
motocicleta. Então, que tal conhecê-lo melhor? Primeiramente, conheça o apare-
lho e seus componentes, representado na figura a seguir.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
25

Visor digital
Posição desligado
Escala ACV (volt)
Escala de medida
de corrente
(Ampère)

Escala DCV (volt) Conector para


medidas de
Escala de medida de corrente elétrica
resistência elétrica (cabo vermelho)
(Ohm) Conector para
medidas de tensão,
Conector para teste resistência e
de transistores miliamperes
(cabo vermelho)

Diego Fernandes (2012).


Conector terra
(cabo preto)
Escala para teste de Escala para teste
diodos de transistores
Figura 5 - Multímetro digital

O multímetro possui diversas escalas, que podem ser ajustadas por um seletor,
conforme a necessidade. Por isso possui este nome, já que não mede apenas uma
unidade de medida.
Quando se pretende saber qual é a tensão de um circuito, e utilizar o multí-
metro para ter esse retorno, deve-se selecionar a escala de tensão no multímetro
e ligá-lo em paralelo ao circuito, conforme figura a seguir. Mas se você ligar de
forma errada poderá danificar o aparelho.
Então, antes de ligar o aparelho ao circuito, é preciso conectar as pontas de
prova corretamente: sendo a ponta de prova preta no borne indicado por COM,
que representa o negativo; e a ponta de prova vermelha no borne que tiver o
símbolo V.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
26

iStockphoto ([20-?])
Diego Fernandes (2012)

Figura 6 - Multímetro ligado em paralelo


Fonte: Verteck (2011)

No seletor do aparelho é possível selecionar a unidade decimal, como por


exemplo, 200v ou 200mv.

Quando você não tiver noção do valor de medida a ser en-


FIQUE contrado, então coloque no valor mais alto do multímetro
e vá baixando até encontrá-lo. Por exemplo, se eu não sei
ALERTA o valor de tensão da bateria, vou colocar em 200v e baixo
até encontrar o valor de 12v na tela do aparelho.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
27

Na escala do multímetro é preciso, ainda, selecionar se desejamos medir ten-


são contínua ou alternada. O mesmo ocorre com a corrente elétrica, pois saiba
que a eletricidade de todas as motocicletas e veículos é contínua, sendo corrente
ou tensão alternada somente em residências.

Cristiane de Abreu (2012)

Figura 7 - Tensão contínua


Cristiane de Abreu (2012)

Figura 8 - Tensão alternada


Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
28

Para medir a corrente elétrica, você deve selecionar se ela é contínua ou al-
ternada, e sempre ligar em série com o circuito, como se cortasse o fio e em cada
ponta cortada colocasse uma ponta de prova. Mas tome cuidado, pois se não ligar
em série, pode danificar o aparelho.

Cristiane de Abreu (2012)


Figura 9 - Corrente elétrica

Ao utilizar o multímetro para medir a corrente elétrica, os cuidados devem ser


maiores e, como sempre, deve-se observar qual o valor de medida será encontra-
do. Para isso, você precisa ter uma ideia do valor que irá encontrar, caso contrário,
o valor encontrado pode passar da capacidade do multímetro e danificar o apa-
relho.
Sempre que realizar uma medição de corrente elétrica, preste atenção para
não exceder mais de 30 segundos com o circuito ligado. E entre uma medição e
outra é recomendável aguardar 5 minutos, para que os componentes do multí-
metro possam resfriar, evitando assim, danos ao aparelho.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
29

Diego Fernandes (2012)


Figura 10 - Ligação em série do multímetro
Fonte: Verteck (2011)

Para medir a resistência de um componente, é necessário removê-lo do cir-


cuito, pois todo componente elétrico tem uma resistência, inclusive os condu-
tores. A escala de resistência também nos permite verificar se um condutor está
rompido, uma vez que se conectar as pontas de provas nas pontas do condutor e
nenhum valor aparecer, mesmo mudando o valor da escala do aparelho, significa
que não passa energia por ele.
Cristiane de Abreu (2012)

Figura 11 - Ligação em série do multímetro


Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
30

4 Pulso das Bobinas Essa dica também vale para verificar se dois condutores estão encostados ou
em curto entre si. Para isso, é necessário colocar uma ponta de prova em cada con-
É um pulso elétrico enviado
das Bobinas de Ignição para dutor, o qual não deverá apresentar nenhum valor, já que eles devem estar isola-
as velas do motor. dos um do outro. Se aparecer algum valor, é por que a isolação está danificada.

SAIBA Você pode saber um pouco mais sobre multímetros e outros


instrumentos de medições elétricas no site: <http://www.
MAIS eletronica24h.com.br/>.

Você vai conseguir utilizar um multímetro com praticidade, após adquirir prá-
tica com ele, claro que no início será um pouco difícil, mas, com o tempo, você
será muito bom nisso, é só não desistir e utilizar bastante. Você pode comprar,
inicialmente, esses multímetros importados da Ásia, que são muito baratos e têm
as principais funções.
Existe também o multímetro automotivo, que é bastante prático para quem
trabalha com manutenção de automóveis, pois é possível medir, inclusive, o pul-
so das bobinas4, entre outras vantagens.

CASOS E RELATOS

O chicote elétrico da lâmpada


Antônio possui uma motocicleta de 125cc e sempre cuida muito dela,
procurando, assim, manter seus sistemas em perfeito funcionamento.
Por esse motivo, tenta realizar semanalmente uma revisão da parte elé-
trica de sua motocicleta. Entretanto, no mês passado, começou a perce-
ber que uma lâmpada, que já havia trocado diversas vezes, continuava
queimada.
Então ele estudou um pouco mais sobre os sistemas elétricos das moto-
cicletas, especialmente o modelo da sua, e percebeu que a lâmpada es-
tava mal dimensionada, ou seja, o circuito em que ela estava trabalhando
sobrecarregava. Essa sobrecarga ocorre devido ao fato dos condutores
elétricos possuírem um diâmetro inferior ao indicado.
2 Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
31

Acontece que Antonio comprou uma motocicleta usada, a qual já havia


passado por uma reforma e, provavelmente nessa reforma, o eletricista
cometera um equívoco, motivo este que o levou a um dimensionamen-
to de condutores inadequado. Antônio precisou refazer o chicote para
que parasse de queimar a lâmpada e, assim, o defeito pôde ser sanado
eficientemente. É claro que este é um caso raro, mas, muitas vezes, você
precisará refazer um chicote, por isso é importante saber estes conceitos,
para poder identificar defeitos que possam aparecer em sua vida profis-
sional.

Recapitulando

Neste primeiro capítulo, você estudou os principais conceitos da física,


os quais estão relacionados aos sistemas elétricos. Consequentemente,
aprendeu sobre as grandezas elétricas e ainda sobre as leis da física, que
estudam essas grandezas. Por fim, você aprendeu a calcular estas gran-
dezas e como utilizar o multímetro, instrumento este que lhe será muito
útil durante sua vida profissional.
O multímetro, conforme visto, é um instrumento bastante utilizado pelos
eletricistas em diversas funções, por isso, se você ainda ficou com algu-
ma dúvida, releia o conteúdo deste capítulo. Uma vez que, quanto mais
você ler, mais você memoriza o que aprende, compreendendo melhor as
informações transmitidas.
Carga e Partida

Para que você possa andar com sua motocicleta, é preciso primeiramente dar a partida no
motor, para isso, existe o sistema de partida, certo? Mas para que a motocicleta permaneça
funcionando, é necessário um sistema que mantenha a bateria carregada e mandando energia
elétrica para os sistemas elétricos da motocicleta. Este sistema é o sistema de carga. Então, você
conhecerá melhor esses dois sistemas a seguir.
Neste capítulo, você aprenderá o funcionamento dos sistemas de carga e partida, bem como
seus componentes, diagramas e como realizar testes e reparações. Bons estudos!
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer a função e o funcionamento dos sistemas de carga e partida das motocicletas;
b) identificar os componentes dos sistemas de carga e partida;
c) reconhecer as técnicas de diagnóstico e manutenção dos sistemas de carga e partida;
d) correlacionar defeitos dos sistemas de carga e partida com seus funcionamentos.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
34

3.1 Função

Os sistemas de Carga e Partida têm por função possibilitar a partida do mo-


tor - sem um esforço muito grande por parte do condutor - e, ainda, manter a
bateria carregada, mandando energia elétrica ao sistema elétrico da motocicleta,
durante o funcionamento do motor. Nas próximas páginas você irá conhecer os
principais componentes dos sistemas de carga e partida.

3.2 Componentes

Para que você entenda perfeitamente o funcionamento do sistema de carga e


o sistema de partida, primeiramente é necessário conhecer os componentes que
integram estes sistemas. Então, leia com muita atenção cada um deles, que você
verá a seguir.

3.2.1 Componentes do sistema de carga

Bobina elétrica: É um componente composto de vários condutores elétricos,


dispostos em circunferência ao redor de um eixo. Quanto maior for o número de
espiras da bobina, maior o número de voltas do condutor e maior será sua potên-
cia de dissipação. A bobina tem a capacidade de produzir um campo magnético
forte o suficiente para girar um eixo ou girar-se sobre um eixo.

Diego Fernandes (2012)

Figura 12 - Bobina elétrica


Fonte: Adaptado de E-fisica (2007)
3 Carga e Partida
35

Estator: É composto por várias bobinas elétricas, para alimentar o sistema de


carga da motocicleta. Normalmente é instalado de forma a ficar fixo ao motor,
enquanto o rotor gira ao seu redor.

Diego Fernandes (2012)


Figura 13 - Estator
Fonte: Adaptado de Wing Moto Peças (2012)

Rotor: É um componente que gira ao redor do Estator, cuja finalidade é gerar


eletricidade, através de um campo magnético. Pode ser dotado de ímãs perma-
nentes, os quais são fixos às paredes do rotor, ou dotados de bobinas de campo,
as quais magnetizam o rotor e o tornam um eletroímã. Pode ser ainda excitado
com escovas ou sem escovas.
Escovas: São componentes construídos com uma espécie de carvão, que con-
duz a eletricidade, diminuindo o desgaste de sua área de contato. Desta forma,
mantém a sua vida útil e em funcionamento perfeito.

Que os componentes dos sistemas de carga e partida


VOCÊ permitem sua substituição? A maioria dos fabricantes
disponibiliza essas peças de reparação no mercado, para
SABIA? que os profissionais da área possam reparar os compo-
nentes, em vez de simplesmente substituí-los.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
36

Regulador Retificador de tensão: É um conjunto de diodos que tem por fina-


lidade retificar a eletricidade produzida. O alternador produz eletricidade na for-
ma de tensão e corrente elétrica alternada. Sendo assim, o regulador retificador
transforma essa energia alternada em corrente e tensão contínua, que é utilizada
nas motocicletas. O regulador realiza este trabalho através dos diodos retificado-
res. Portanto, é correto dizer que se trata de um componente eletrônico, indis-
pensável ao circuito de carga da motocicleta. O regulador retificador, portanto,
tem a função de retificar a tensão e corrente elétrica e ainda regular a tensão de
saída do alternador.

Moto Zen ([20--?])

Figura 14 - Regulador retificador de tensão

3.2.2 Componentes do sistema de partida

Componentes do sistema de partida

Funciona como o rotor do alternador, pois se trata de um eixo com espiras de


condutores que formam uma bobina.
Bobina de campo: É a bobina que é fixa à carcaça do motor de partida, a qual
fica ao redor do induzido.
Tampa: Existe a tampa traseira e a tampa dianteira, as quais fixam o induzido
por meio de buchas.
Porta escovas: É um conjunto de escovas, fabricadas com um tipo de carvão,
as quais são fixas em um suporte, e possuem a função de transmitir a energia para
o comutador.
3 Carga e Partida
37

Volvo Penta ([20--?])


Figura 15 - Motor de partida

Comutador: É responsável por receber a energia elétrica proveniente da es-


cova e, em seguida, transmitir à bobina do induzido, gerando polaridades e um
campo magnético.
Tortelli ([20--?])

Figura 16 - Comutador do induzido

Pinhão: É uma engrenagem instalada na ponta dianteira do induzido, com a


função de acoplar o motor de partida ao motor, no momento em que é acionado.
Também é conhecido como bendix.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
38

Automático: É um componente elétrico, que tem por função acoplar o bendix


ao volante do motor da motocicleta. Este automático também é conhecido por
chave ou interruptor magnético, pois possui duas bobinas internas, uma de cha-
mada e uma de retenção.

Calito Motos ([20--?])


Figura 17 - Interruptor magnético

Os componentes dos sistemas de carga e partida devem


FIQUE ser substituídos respeitando os padrões de qualidade dos
ALERTA fabricantes, para preservar a vida útil dos componentes e
seu perfeito funcionamento.

3.3 Funcionamento

Para que você possa compreender melhor o funcionamento dos sistemas


de carga e partida, será explicado cada um separadamente, o que facilitará seu
aprendizado.
3 Carga e Partida
39

Sempre que um condutor elétrico, exposto a um campo magnético, for per-


corrido por uma corrente elétrica, atuará sobre ele uma força magnética com sen-
tido determinado, que será proporcional à intensidade do campo magnético e
também à corrente que está fluindo através da espira.
Se você colocar uma barra de ferro no meio da bobina, será produzido um ímã.

Diego Fernandes (2012)

Figura 18 - Eletromagnetismo
Fonte: Senai/PE ([20--?], p. 38)

No Motor de Partida ocorre algo muito semelhante. Considere que o ferro do


exemplo seja instalado por fora da bobina. Assim, é chamado de sapatas polares
ou bobina de campo, pois estas sapatas serão enroladas com espiras para formar
uma bobina eletromagnética.
O induzido possui um enrolamento de espiras longitudinal, criando um cam-
po magnético em um sentido específico. Cada conjunto de espiras é conectado
a um filete do comutador, sendo assim, cada conjunto de espiras possui uma po-
laridade diferente do conjunto oposto. Desta forma, cada lado do induzido terá
uma polaridade diferente.
As bobinas de campo recebem cargas diferentes também, fazendo, desta for-
ma, com que suas polaridades sejam opostas ao induzido e, assim, o induzido cria
seu movimento.
O campo magnético das bobinas de campo é fixo, mas como você viu, a pola-
ridade do induzido muda e, desta forma, o comutador possui diversos coletores,
que ficam em contato com as escovas.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
40

1 Imperícia

É a falta de habilidade,
ou seja, quando um
profissional comete uma
imperícia, quer dizer que
cometeu um erro por falta
de habilidade técnica ou
manual no assunto.

Diego Fernandes (2012)


Figura 19 - Polaridade das bobinas
Fonte: Adaptado de Senai/PE ([20--?], p. 39)

Como você viu, cada lado das bobinas possui uma polaridade diferente, deste
modo, quando os polos iguais se encontram, ocorre a ação de repulsão, ou seja,
eles se afastam e, quando isso acontece, os polos iguais se atraem, mas quan-
do chegam um próximo ao outro, a polaridade do induzido muda, fazendo com
que os polos tornem-se iguais novamente, repelindo outra vez. Estas ações é que
criam o movimento de rotação do induzido.
Diego Fernandes (2012)

Figura 20 - Movimento de rotação do motor de partida


Fonte: Adaptado de Senai/PE ([20--?], p. 39)
3 Carga e Partida
41

Para ficar mais claro, quando a partida é acionada, o motor de partida recebe
um positivo da bateria, o qual polariza as bobinas, fazendo com que o motor de
partida entre em rotação e acople-se ao motor, fazendo com que ele entre em
funcionamento.
No caso do alternador, o funcionamento é parecido, a diferença principal é
que o motor de partida cria um campo magnético para o movimento de rotação.
Já no caso do alternador, seu movimento de rotação é que cria o campo magné-
tico, gerando assim, a eletricidade na forma alternada.
Quando o rotor do alternador gira, ele cria um campo magnético em conjunto
com a bobina de campo. Este campo magnético transforma-se em eletricidade,
a qual é enviada ao regulador retificador de tensão, o qual a regula entre 13,6V e
14,5V e também a transforma em corrente contínua.
É importante salientar que o alternador da motocicleta não carrega a bateria
perfeitamente quando o motor está funcionando em baixas rotações.

Que o funcionamento dos sistemas de carga e partida


VOCÊ são praticamente os mesmos em todas as motocicletas?
SABIA? O que muda são pequenas particularidades que os fa-
bricantes elaboram durante o projeto dos sistemas.

3.4 Equipamentos de teste

Sempre que você realizar um reparo no sistema de carga e partida de uma


motocicleta, é indispensável que sejam realizados testes de verificação de funcio-
namento, os quais têm como objetivo comprovar a qualidade do serviço apresen-
tado. Uma vez que o serviço realizado deve atender aos padrões de qualidade do
fabricante, é importante que você verifique esta qualidade, pois é desagradável
ao cliente se, por algum defeito de peça ou imperícia1, a motocicleta vir a apresen-
tar defeito durante um determinado trajeto.
Para verificar se um reparo, no sistema de carga, foi realizado de forma ade-
quada, você deve primeiro testar, por pelo menos cinco vezes, a ação de partida
do motor da motocicleta, executando a partida do motor de maneira comum ao
dia a dia. Quando o motor entrar em funcionamento, você deve desligá-lo depois
de aproximadamente trinta segundos (ou mais). Em seguida, repita o acionamen-
to da partida do motor por mias quatro vezes ou mais.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
42

Para verificar se a tensão de chegada ao motor de partida está adequada, você de-
verá utilizar o multímetro, selecionando a escala de tensão contínua, no valor de 20V.
Coloque as pontas de prova em paralelo aos bornes do motor de partida e verifique
o valor de tensão no momento da partida do motor, a qual deverá atender a tensão
mínima especificada pelo fabricante.
Para testar o sistema de carga, você utilizará, principalmente, o multímetro, na
escala de tensão contínua, pois os equipamentos de testes específicos são muito
caros. Assim, dificilmente você verá um equipamento específico para teste de al-
ternador de motocicletas. Desta forma, o multímetro permite realizar estes testes
de maneira rápida e confiável. Para isso, você deverá ligar o motor da motocicleta
e aumentar sua rotação até aproximadamente 5.000 RPM. Colocando as pontas
de prova na bateria em paralelo com seus bornes, você visualizará o valor de ten-
são elétrica que chega à bateria.

3.5 Circuitos e diagramas elétricos

No circuito de carga, o alternador é representado pelo seu conjunto de bobi-


nas da bobina de campo, por isso, é comum visualizar, em um diagrama elétrico,
três delas formando um triângulo. Isso se deve ao fato de as bobinas existentes
estarem dispostas em triângulo umas das outras.

Diego Fernandes (2012)

Figura 21 - Diagrama do alternador


3 Carga e Partida
43

No diagrama elétrico acima, o alternador possui apenas duas bobinas na bobi-


na de campo, por isso aparecem apenas estas duas.
No esquema de carga, é possível você reparar que a bateria é um componente
fundamental, pois sua função é acumular energia para a partida e funcionar como
um estabilizador de tensão durante o funcionamento do motor. A bateria requer
cuidados com seu líquido, chamado de eletrólito, o qual é composto de 36% de
ácido sulfúrico e 64% de água destilada.
No caso do motor de partida, é comum existir um relé auxiliar, evitando, assim,
danos ao interruptor de partida. Em algumas motocicletas, o sensor de neutro
corta a alimentação do relé de partida, para que o condutor não possa dar a par-
tida se a motocicleta estiver com alguma marcha engatada.

Diego Fernandes (2012)

Figura 22 - Diagrama do motor de partida


Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
44

SAIBA Pesquise na internet sobre os sistemas de carga e partida,


MAIS utilizando como palvras chave “sistema de partida de motos”.

3.6 Manutenção e diagnóstico de falhas

Para a realização dos sistemas de carga e partida, você contará, principalmen-


te, com o conhecimento do funcionamento destes sistemas, bem como a sua
capacidade de interpretar esquemas elétricos. Por isso, você aprendeu anterior-
mente estes princípios, para que então possa elaborar um diagnóstico confiável
da falha do sistema, bem como realizar a manutenção do sistema de acordo com
os padrões de qualidade dos fabricantes.
Para você elaborar um diagnóstico confiável e preciso, o primeiro passo a ser
tomado é obter o maior número possível de informações que o cliente possa for-
necer. Em seguida, com base nessas informações, você deverá determinar qual o
primeiro componente a ser analisado.
O correto é que você sempre inicie seu diagnóstico testando o componente
mais provável e de melhor acesso. Sempre determine quais as prováveis causas
do defeito em questão e, então, comece a verificar estas prováveis causas, elimi-
nando cada componente em bom estado.
O diagnóstico deve ser elaborado com base em valores determinados pelo
fabricante. Para isso, você deverá basear-se nos padrões de qualidade descritos
nos manuais de manutenção.
Antes de condenar um motor de partida, ou ainda, um alternador, você deverá
verificar suas alimentações, seus cabos elétricos, seus bornes de ligação e demais
componentes ligados aos sistemas de carga e partida. É muito comum um mecâ-
nico condenar um motor de partida e, no momento da reparação, verificar que o
problema está nos cabos e não na peça em questão. Com isso, sua credibilidade
diminui e seu diagnóstico é considerado impreciso, o que afasta os clientes da
oficina.
Acompanhe a seguir o caso de Júlio, que teve problemas no sistema de parti-
da de sua moto.
3 Carga e Partida
45

CASOS E RELATOS

Problemas no sistema de partida


Certo dia, Júlio estava andando com sua motocicleta e precisou parar em
um posto de gasolina para abastecer. Obviamente, desligou a motoci-
cleta enquanto o frentista do posto de combustível abastecia o tanque
de gasolina. Após o abastecimento, Júlio tentou ligar a moto, mas não
conseguiu, e percebeu que quando acionava o interruptor de partida, a
moto apenas emitia um tipo de “estalo”.
Sendo assim, foi necessário conduzir a motocicleta até uma oficina me-
cânica, onde o chefe de oficina encaminhou para um técnico analisar o
defeito ocorrido. Foi então que o mecânico percebeu que o motor da
motocicleta não girava quando acionava o arranque. Deste modo, con-
cluiu que o problema não era no motor de partida, e sim, no interruptor
magnético.
A elaboração deste diagnóstico foi possível porque o técnico da oficina
utilizou o multímetro para testar a tensão elétrica de chegada ao inter-
ruptor magnético, além de sua posterior saída de tensão para o motor de
partida. Assim, ele observou que a tensão chegava ao interruptor, mas o
mesmo não a enviava ao motor de partida. Após a substituição da peça, o
motor da motocicleta passou a entrar em funcionamento normalmente.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
46

Recapitulando

Neste capítulo, você conheceu o funcionamento do sistema de carga e


partida, principalmente o funcionamento do motor de partida e alterna-
dor. Com isso, você pôde aprender como realizar as manutenções e diag-
nósticos corretamente, devido ao fato de conhecer os componentes dos
sistemas e seus princípios de funcionamento.
Com este conhecimento, você está cada vez mais perto de tornar-se um
profissional qualificado na área de reparação de motocicletas, por isso,
continue os estudos com este livro, o qual ainda lhe trará outros conheci-
mentos. As informações aqui encontradas lhe servirão por toda sua vida
profissional, assim, cuide muito bem dele e, se achar necessário, você po-
derá reler quantas vezes lhe interessar.
3 Carga e Partida
47

Anotações:
Sinalização e Iluminação

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, todo motociclista deve conduzir a motocicleta com
o farol ligado e, sempre que for necessário realizar uma curva, ou a troca de faixa de rodagem,
o condutor deverá acionar o pisca, para indicar sua intenção. Esses e outros dispositivos de
segurança, e ainda conforto, pertencem ao sistema de sinalização e iluminação. Sendo assim,
é indispensável que esse sistema esteja em perfeito funcionamento, para que o motociclista
possa rodar tranquilamente pelas estradas do país.
Para que você possa reparar esses sistemas, será abordado neste livro um pouco mais sobre
este assunto. Você verá como é fácil e simples diagnosticar um defeito nesses sistemas, apenas
sabendo o funcionamento do mesmo.
Após concluir os estudos neste capítulo, você terá conhecimentos que lhe servirão de base
para:
a) identificar o princípio de funcionamento do sistema de sinalização e iluminação;
b) reconhecer falhas e anomalias nos sistemas de sinalização e iluminação;
c) ler e interpretar o diagrama elétrico dos sistemas elétricos.
Portanto, neste capítulo, você aprenderá sobre o sistema de iluminação, aprendendo sua
função, seus componentes, seu funcionamento, seus circuitos e diagramas, além de conhecer
os equipamentos de testes, as manutenções e diagnósticos de falhas. Para isso, leia com aten-
ção este livro e, se achar necessário, releia e tire dúvidas com seu professor.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
50

4.1 Função

O sistema de sinalização e iluminação é o mais utilizado em toda motocicleta,


pois ele comporta o sistema de iluminação do farol e a lanterna traseira, os quais
têm por função iluminar a estrada para melhor visibilidade do condutor e sinalizar
a existência de um veículo, quando outro condutor o vê por trás.
O sistema de pisca tem por função indicar a intenção de manobra do condu-
tor, bem como sinalizar a moto quando para no acostamento de uma rodovia. O
sistema de buzina objetiva indicar ou auxiliar a outros condutores, sinalizando a
existência do veículo, bem como sinalizar a pedestres, por diversos motivos.
O sistema de iluminação do freio tem por objetivo indicar aos condutores, que
se encontram atrás da motocicleta, que a mesma está diminuindo a velocidade,
ou ainda, parando totalmente.

Diego Fernandes (2012)

Figura 23 - Sistema de iluminação

Que a maioria das motocicletas possui o mesmo sistema


VOCÊ de iluminação? Este sistema pouco se diferencia de uma
motocicleta pra outra, desta forma, estes princípios que
SABIA? você está aprendendo poderão ser aplicados em qual-
quer motocicleta.
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
51

4.2 Componentes

Antes de você conhecer o funcionamento dos sistemas de iluminação e sina-


lização, você aprenderá os componentes que constituem os sistemas e, assim,
poderá compreender melhor o funcionamento e a função de cada um no sistema
elétrico da motocicleta. Acompanhe!

Farol

É o componente responsável por iluminar a estrada e as placas de sinalização


de trânsito. Sua construção pode ser de plástico ou metal, e sua lente pode ser de
vidro ou plástico.
O aro do farol é responsável por fixar a lente dentro da carcaça, a qual possui
a função de servir de suporte para a lente, bem como acondicionar parte do chi-
cote elétrico da motocicleta em seu interior. A lente, por sua vez, tem por função
direcionar o foco da luz para a estrada e para as placas de sinalização de trânsito.
A lâmpada é a responsável pela iluminação propriamente dita, e pode ser ins-
talada de diversos modelos, conforme o projeto do fabricante.
O chicote elétrico do farol acondiciona um conector que permite seu engate
com a lâmpada, o qual fixa o chicote para que trepidações e oscilações não inter-
firam em seu funcionamento.
Diego Fernandes (2012)

Figura 24 - Componentes do farol


Fonte: Adaptado de Moto Lab Motos (2012)
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
52

1 Intermitente Pisca Alerta


É a ação de piscar e apagar É o dispositivo responsável por indicar a intenção de manobra do condutor.
que a lâmpada executa,
uma vez que o pisca deve Para isso, conta com um sistema elétrico individual, composto de chicotes, lâm-
chamar a atenção dos
demais constituintes do padas, suportes e um relé para realizar a ação intermitente1 da lâmpada. Também
trânsito. é conhecido como luz indicadora de direção.

2 Filamentos Lanterna
São os condutores
existentes dentro das A lanterna traseira é a responsável por servir de suporte para as lâmpadas de
lâmpadas. Estes condutores freio e sinalização e, em muitos casos, as lâmpadas de pisca também. Seu formato
são instalados na forma
de espiral, como se fosse é normalmente projetado visando o design e o acabamento da motocicleta, mas
uma mola, e quando a sempre deve ser levado em consideração o lado funcional, pois esta é a única
eletricidade passa por ele,
o mesmo se incandesce e sinalização na traseira da moto. Se a sinaleira ficar muito escondida, ou as luzes
ilumina, fazendo a ação de
iluminação da lâmpada. de pisca forem dispostas em pontos cegos, o condutor pode sofrer um acidente
de trânsito.
Na sinaleira (ou lanterna) existe, ainda, uma lente inferior transparente, a qual
serve para iluminar a placa da motocicleta. Por este motivo, chama-se luz de pla-
ca. Não são todas as sinaleiras que possuem a luz de placa, já que, em algumas
motocicletas, existe uma lanterna separada, somente para a luz de placa.

Diego Fernandes (2012)

Figura 25 - Lanterna traseira


Fonte: Adaptado de Moto Braz Honda (2012)
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
53

Lâmpada de dois pólos

A lâmpada da sinaleira acende no mesmo momento em que o condutor liga


o farol, para sinalizar a outros condutores, que venham por trás da motocicleta, a
sua existência. Deste modo, quando o condutor aciona o freio, seja ele dianteiro
ou traseiro, é preciso sinalizar que ele está parando. Para isso, existe a luz de freio,
mas como a luz da sinaleira está ligada, é necessário que a luz de freio seja mais
forte, para que, assim, se destaque e chame a atenção do condutor atrás da mo-
tocicleta.
As lâmpadas de freio, portanto, possuem uma potência dissipada maior que
a das lâmpadas de sinaleira. Sendo assim, seria necessário que a sinaleira tivesse
duas lâmpadas, mas isso se tornaria um custo elevado para uma montadora. Por
este motivo, foi criada uma lâmpada que contém dois filamentos2, os quais pos-
suem diferentes potências e, assim, fazem a ação de luz de sinaleira e luz de freio.

Interruptor do freio

É o interruptor responsável por acionar a luz de freio. Normalmente existem


dois interruptores na motocicleta, sendo um deles instalado no manete do freio
dianteiro e o outro instalado no pedal de freio traseiro. Sua função é permitir a
passagem da corrente elétrica no momento do acionamento.

Os componentes dos sistemas são projetados pelos fabri-


FIQUE cantes, atendendo a padrões rigorosos de qualidade para
que o funcionamento e a vida útil deles seja de acordo
ALERTA com seu projeto. Por este motivo, você deve preocupar-se
em utilizar peças genuínas ou originais.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
54

4.3 Funcionamento

Agora que você já viu os principais componentes dos sistemas de sinalização e


iluminação, veja como é o princípio de funcionamento destes sistemas.
O sistema de iluminação do farol começa quando acionado o comando no
manete. Neste interruptor de luzes existe um cabo positivo proveniente da igni-
ção, ligado à linha 15 da motocicleta. Quando é dado o comando no interruptor,
o mesmo permite que a corrente elétrica percorra os condutores e conectores,
chegando à lâmpada do farol e retornando pelo negativo.
Algumas motocicletas possuem um relé auxiliar do farol, para que a corrente
mais elevada não precise passar pelo interruptor. Além disso, muitas motocicletas
de baixa cilindrada possuem o farol ligado diretamente na saída do alternador.
Com isso, o farol liga automaticamente quando o motor da motocicleta entra em
funcionamento.
O sistema de freio é ainda mais simples, pois um positivo alimenta o interrup-
tor do freio, e quando o mesmo é acionado, envia este positivo à lâmpada, fazen-
do com que o sistema de sinalização de freio funcione. O mesmo ocorre com a
buzina, a qual possui um positivo alimentando seu interruptor.
O pisca alerta tem seu funcionamento muito simples, pois o interruptor man-
da o positivo ao relé, e este o envia às lâmpadas. O pisca é o responsável por indi-
car a direção em que o condutor deseja seguir, pois no caso de realizar uma curva,
ele deve sinalisar com o pisca. Este, por sua vez, recebe uma corrente elétrica no
seu relé, proveniente da chave de ignição. Em seguida, envia esta energia ao in-
terruptor das sinaleiras, que envia aos piscas conforme selecionado e, ao mesmo
tempo em que envia energia ao pisca, manda uma corrente para a lâmpada do
painel, para que o condutor saiba qual lado foi acionado.
Conheça a seguir os circuitos elétricos dos sistemas que você acabou de co-
nhecer.
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
55

4.3.1 Circuitos e diagramas

Pisca Alerta

Diego Fernandes (2012)

Figura 26 - Diagrama elétrico do pisca


Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
56

Farol e Sinaleira

O interruptor do farol recebe um positivo do alternador quando acionado e


envia este positivo ao interruptor comutador (este troca de farol baixo para o
alto), que envia o mesmo para a lâmpada do farol, para a lâmpada do painel e
para a lâmpada da sinaleira.

Diego Fernandes (2012)


Figura 27 - Diagrama do farol e sinaleira
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
57

Luz de Freio

É responsável por indicar aos condutores atrás do motociclista que ele preten-
de parar, ou somente diminuir a velocidade, e já está acionando o freio.

Diego Fernandes (2012)

Figura 28 - Diagrama elétrico da luz de freio


Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
58

Buzina

A buzina tem por finalidade avisar (quando necessário) a presença do motoci-


clista em uma determinada situação. Como por exemplo, quando um carro não o
enxerga e realiza uma manobra, colocando a vida do motociclista em risco.

Diego Fernandes (2012)


Figura 29 - Diagrama elétrico da buzina
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
59

4.4 Equipamentos de testes

Para realizar os testes nos sistemas de sinalização e iluminação, você precisará


saber utilizar o multímetro, o qual você já aprendeu anteriormente, mas, mesmo
assim, relembre os princípios deste equipamento.

Tensão Contínua (DCV) Tensão Alternada (ACV)


Faixa Resolução Faixa Resolução
2V 1mV 200V 0.1V
20V 10mV 750V 1V
200V 100mV Leitura de Frequências = 50 a 500Hz
1000C 1V Impedância de entrada= 4.5MΩ
Impedância de entrada= 10MΩ Proteção Sobrecarga= 1000V DC 750V AC RMS
Proteção Sobrecarga= 1000V DC 750V AC RMS
Resistência (Ω)
Corrente (DCA) Faixa Resolução
Faixa Resolução 2KΩ 1Ω
2mA 1µA 20kΩ 10Ω
20mA 10µA 200kΩ 100Ω
200mA 100µA 2MΩ 1KΩ
20A 10mA 20MΩ 10KΩ
Proteção sobrecarga= Fusível ação rápida 0.8A/250V Tensão Circuito Aberto= 0.3V DC (máximo)
para entrada mA. Proteção Sobrecarga = 500V DC 500V AC RMS

Sem fusível para entrada 20A


Diodo
• Indicação: Queda de tensão direta aproximada
Continuidade
sobre o diodo.
• Indicação: Sonora
• Tensão de teste: 3V DC (máximo).
• Limiar: Um sinal sonoro é emitido quando a resis-
• Corrente de teste: 1.0mA±0.6 mA.
tência medida estiver abaixo de 50Ω.
• Proteção de sobrecarga: 500V DC/ 500 AC RMS.
• Tensão de circuito aberto: 0.3V DC (típico).
• Proteção de sobrecarga: 500V DC/ 500V AC RMS.

Figura 30 - Multímetro
Fonte: Adaptado de Fundamental de Serviço Mercedes-Benz ([20--?], pág. 239)

SAIBA Sobre os esquemas elétricos de algumas motocicletas, para


isso, você pode pesquisar manuais de manutenção no site
MAIS <www.manuaisdemoto.com.br>.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
60

4.5 Manutenção e diagnósticos de falhas

Para realizar o diagnóstico desses sistemas, você deve criar uma sequência ló-
gica de testes. Desta forma, você não perderá sua linha de raciocínio.
Ao verificar o funcionamento do farol, primeiro verifique o fusível. Em seguida,
verifique se a lâmpada não está queimada. Se tudo estiver correto, verifique, com
o multímetro, se a lâmpada chega a 12V de tensão. Se estiver chegando, você
deve pensar da seguinte forma: se a lâmpada está boa, o que é preciso para ela
funcionar? É preciso um positivo e um negativo, o positivo você já verificou que
está correto, então só resta testar o negativo.
Se não estiver chegando positivo na lâmpada, você deve percorrer o circuito
elétrico até descobrir qual componente não está enviando o positivo.
Esta linha de raciocínio serve para todos os sistemas de sinalização e ilumina-
ção, uma vez que, tendo em mãos o diagrama elétrico, é possível saber quem en-
via e quem recebe o positivo, ou ainda, que componente está conectado em qual.
Todo e qualquer diagnóstico realizado no sistema elétrico da motocicleta deve
ser realizado com o auxílio do multímetro, caso contrário, você não vai encontrar
a verdadeira causa do defeito. Para exemplificar, em uma situação, acompanhe o
caso do Thiago.

CASOS E RELATOS

A luz de freio não funciona


Thiago tem uma Yamaha YBR 125cc e, certo dia, ele estava lavando sua
motocicleta em casa e resolveu checar as luzes da motocicleta, como cos-
tuma fazer, uma vez por semana. Durante a verificação, notou que a luz
de freio não acendia, então pegou, em sua estante, uma lâmpada dois
polos - pois Thiago costuma ter em casa algumas peças de substituição
simples.
Assim, ele trocou a lâmpada, mas o problema não se resolveu e, então,
foi necessário levar a motocicleta para um eletricista. Já na oficina, Seu
Lucas, o proprietário da oficina de motos, pediu para que um de seus
técnicos verificasse a causa do defeito.
Primeiramente, ele verificou o fusível e percebeu que estava em boas
condições, desta forma, colocou o multímetro na escala de tensão contí-
nua e verificou se estava chegando tensão elétrica na lâmpada, mas esta
não chegava.
4 SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
61

Em seguida, verificou se saía 12V do interruptor do manete do freio e,


para sua surpresa, isto não estava acontecendo. Ele verificou então, se
chegava 12v no mesmo interruptor, o que se apresentou satisfatório, ou
seja, o positivo estava chegando no interruptor, mas não saía.
Sendo assim, o técnico selecionou a escala de resistência elétrica no mul-
tímetro e verificou o funcionamento do interruptor, o qual se apresentou
defeituoso. Neste caso, foi necessário substituir o interruptor de freio do
manete, mas o problema não se resolveu, pois a luz de freio continuava
sem acender.
Foi então que o técnico percebeu que o conector da sinaleira estava com
mau contato, impedindo que a tensão elétrica chegasse à lâmpada. Nes-
te caso, foi constatado que havia dois problemas: o interruptor defeituo-
so e o mau contato do conector do chicote elétrico.

Recapitulando

Neste capítulo, você aprendeu a função do sistema de iluminação e sina-


lização, bem como alguns detalhes técnicos dos seus principais compo-
nentes, como o farol, a lanterna, a buzina, entre outros. Conheceu, ainda,
seu funcionamento, o equipamento de teste e algumas dicas de como
realizar o diagnóstico e a manutenção desses sistemas, baseando-se, é
claro, nos diagramas elétricos, aqui também aprendidos.
Com este conhecimento, você está mais perto de tornar-se um eletricista
de motocicletas, pois você já aprendeu sobre os sistemas de carga, parti-
da, sinalização e iluminação. Então continue estudando e entenda cada
vez mais sobre o fantástico mundo da eletricidade de motocicletas.
Sistema de Alarme e Antifurto

Certamente, todo motociclista cuida de sua moto e procura mantê-la sempre em boas con-
dições e, mesmo que um determinado proprietário não tenha por costume cuidar da mesma,
ele obviamente não irá querer perdê-la por roubo ou furto. Para minimizar a ação de bandidos,
o mercado disponibiliza sistemas de alarmes e antifurto, para que, assim, as possibilidades de
furto sejam minimizadas o máximo possível. Inicialmente, você deve conhecer os sensores exis-
tentes nesse sistema, para depois compreender melhor sua instalação e manutenção.
Neste capítulo, você aprenderá sobre o funcionamento e instalação do sistema de alarme e
antifurto de motocicletas. Com isso, você conhecerá os sensores dos alarmes, estudará sobre
a central de comando e suas funções, além de alguns detalhes a mais sobre a manutenção e o
diagnóstico de falhas deste sistema de segurança das motocicletas.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido conhecimentos específicos, que lhe permitirão:
a) reconhecer e interpretar os esquemas elétricos dos sistemas antifurto;
b) identificar anomalias e falhas nos sistemas de antifurto;
c) realizar o diagnóstico preciso e eficiente do sistema antifurto de uma motocicleta;
d) reparar o sistema de antifurto com qualidade, eficiência e ética.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
64

5.1 Sensores e central de comando

VOCÊ Que a instalação de um alarme evita o furto da motoci-


cleta na maioria dos casos? É claro que algumas quadri-
SABIA? lhas estão especializadas neste tipo de ação.

Como todo sistema eletroeletrônico, o sistema de alarme e antifurto precisa


de uma central de comando para que suas funções sejam coordenadas e todo o
sistema funcione perfeitamente.
A central de comando determina o momento exato em que o alarme irá dispa-
rar, para isso, ela verifica constantemente a situação do alarme. Quando o alarme
é disparado, a central faz uma leitura para verificar a situação e, se o problema for
eliminado, o disparo é cessado.
Para que o alarme entre em disparo, a central necessita realizar a leitura da si-
tuação pelo sensor de movimento, para isso existe um sensor de movimento den-
tro da central de comando. Este sensor já vem disposto dentro da central e, desta
forma, se a motocicleta estiver com o alarme acionado e for movida de qualquer
jeito, o alarme dispara e indica esta movimentação.
Este sensor de movimento é sensível, de modo que, se a motocicleta for co-
locada na posição vertical, ou alguém subir na moto, o sensor reconhece este
movimento e envia um sinal para a central de comando e, assim, a central dispara
o alarme.
Dentro de um minuto, a central faz uma nova leitura da situação da posição
da motocicleta e, se identificar que ela continua na mesma posição, o disparo é
desativado e o alarme permanece em posição de monitoramento.
A central de comando é um equipamento composto de diversos componen-
tes eletrônicos, os quais fazem suas funções conforme suas construções. Como
toda central de comando, seja de alarme, injeção eletrônica ou qualquer outra,
ela permite a realização de alguns reparos simples, mas se o defeito for um pouco
mais complexo, é necessária sua substituição por completo.
Todo fabricante disponibiliza, em seu kit de alarme, um manual de instruções
de uso e instalação. Sendo assim, a instalação é simples e prática, mas deve ser
levado em consideração que se deve dificultar a ação de bandidos, por isso o aca-
bamento do serviço deve ser adequado.
5 SISTEMA DE ALARME E ANTIFURTO
65

A má instalação do alarme, bem como o mau acabamento


FIQUE do serviço realizado pode facilitar a ação de criminosos,
ou ainda, prejudicar outros sistemas elétricos da motoci-
ALERTA cleta. Por isso, você deve sempre se preocupar com a qua-
lidade do serviço.

Veja o exemplo de Luis, que por medida de segurança evitou que sua moto
fosse furtada.

CASOS E RELATOS

Mensagem da motocicleta
Luis tinha uma motocicleta de 450cc, a qual ganhou de seu avô logo que
completou 18 anos de idade e fez a carteira de habilitação. Como ele ado-
rava muito sua motocicleta, resolveu instalar um alarme, para evitar que
bandidos tentassem roubá-la. Desse modo, levou-a até uma loja de ins-
talação de acessórios, onde foi instalado um alarme que tem a função de
aviso de sinistro por mensagem GSM para o celular.
Certo dia, Luis estava almoçando com sua namorada em um restaurante
quando recebeu, em seu celular, uma mensagem avisando que o alarme
de sua motocicleta havia disparado. Esta mensagem foi enviada pela cen-
tral de comando da motocicleta, através de um dispositivo de cartão SIM
existente em sua central.
Com isso, Luis correu até sua motocicleta e pôde evitar que ela fosse fur-
tada. Este dispositivo é existente em alguns modelos de alarme para mo-
tocicletas e automóveis, e tem sua instalação muito simples.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
66

1 Baixa Complexidade 5.2 Manutenção e diagnóstico de falhas


Significa que o sistema é A realização de manutenção deve ser efetuada sempre por um profissional
muito simples, por isso não
é nada difícil trabalhar com qualificado e de confiança. Isto por que se trata de um equipamento de seguran-
a manutenção dele.
ça, e não deve ter seu acesso muito fácil.
Você estará habilitado a trabalhar neste tipo de sistema, após a conclusão des-
te curso. Por este motivo, você já deve começar a preocupar-se em sempre reali-
zar um serviço de qualidade em sua oficina, ou na oficina em que você trabalha.
A manutenção do sistema de alarme é relativamente simples, pois se trata de
um sistema com poucos componentes. Veja os principais componentes desse sis-
tema:
a) sensor de movimento, o qual pode ser instalado dentro da central ou em
uma peça separada;
b) sensor de presença, no qual o condutor fica com um dispositivo no chaveiro
e, quando se afasta da motocicleta, a central reconhece e aciona o alarme;
c) central de comando, a qual controla todo o funcionamento do alarme;
d) controles remotos, com os quais o condutor pode acionar e desligar o alar-
me, além de realizar configurações.
A maioria dos sistemas de alarmes permite que sejam instalados até cinco con-
troles, isto por que algumas pessoas preferem ter mais de um controle remoto
reserva, ou por qualquer outro motivo.
Para realizar a instalação do alarme em uma motocicleta, você deve seguir as
recomendações do manual de instruções, observando as cores de fios e posições
de instalação. Acompanhe na figura a determinação de instalação de um modelo
de motoalarme.
5 SISTEMA DE ALARME E ANTIFURTO
67

Diego Fernandes (2012)

Figura 31 - Motoalarme
Fonte: Adaptado de Manual de Instruções FKB 255 (2012)

Quando o alarme possui o sensor de movimento, não é necessário deixar a


moto em uma determinada posição, sendo assim, você pode trabalhar tranquila-
mente na motocicleta.
Os defeitos decorrentes de mau funcionamento do sistema de alarme são sim-
ples, principalmente por se tratar de um sistema de baixa complexidade1. Deste
modo, o técnico que precisa trabalhar em um sistema de alarme deverá conhecer
sua instalação e funcionamento, apenas.
Um dos defeitos mais comuns é que o alarme não dispara e, ao analisá-lo, o
técnico identifica que o defeito é na central de comando. Muitas vezes, a vida
útil da central de comando é reduzida devido ao ponto de instalação, como por
exemplo, se for instalada embaixo do banco, a central pode não receber ar para
refrigeração e aquecer seus componentes, bem como a instalação em local que
pegue água pode causar danos à central em dias de chuva.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
68

Para solucionar qualquer tipo de defeito no sistema de alarme, você deve uti-
lizar os mesmos procedimentos de análise de qualquer sistema elétrico de uma
motocicleta. Sendo assim, você utilizará, principalmente, o multímetro para solu-
cionar os defeitos.
É importante que, quando você resolver um defeito nesse tipo de sistema,
você se preocupe em descobrir a causa do defeito, caso contrário, o defeito pode-
rá surgir novamente, comprometendo a qualidade do seu serviço e diminuindo
sua credibilidade com os clientes.

SAIBA Sobre os procedimentos de instalação, ou ainda, baixe al-


guns manuais de instrução gratuitamente no site do fabri-
MAIS cante de alarmes FKS: <www.fks.com.br>.

Sempre que for identificado que a falha de um determinado componente


ocorreu por meios externos, como chuva, quedas, vento, entre outros, você de-
verá solucionar o defeito. E, para evitar que aconteça novamente, você deverá
reposicionar o componente, analisando se o novo local de instalação oferece con-
dições adequadas ao seu funcionamento.
De forma geral, todo serviço realizado por você, neste ou em outro sistema
elétrico da motocicleta, deve ser realizado de acordo com os padrões de qualida-
de do fabricante. Para isso, você deve observar, com atenção, suas ações, procu-
rando sempre realizar um serviço de qualidade.

Recapitulando

Neste capítulo, você aprendeu o funcionamento elementar dos sistemas


de alarme e antifurto, bem como sobre os sensores e central de comando.
Aprendeu, ainda, dicas sobre a manutenção e o diagnóstico desses siste-
mas de proteção e segurança. Com este conhecimento, você está cada
vez mais próximo de tornar-se um eletricista de motocicletas qualificado.
Continue estudando os próximos capítulos e aprenda cada vez mais.
5 SISTEMA DE ALARME E ANTIFURTO
69

Anotações:
Sistema de Injeção Eletrônica

Você já ouviu falar sobre o sistema de injeção eletrônica, certo? Mas saberia dar uma defi-
nição? Saberia identificar os princípios da injeção eletrônica das motocicletas? Caso negativo,
prepare-se, pois neste capítulo você aprenderá como realizar uma manutenção neste sistema
de alimentação de combustível, considerando: função, componentes, funcionamento, circuitos
e diagramas elétricos, equipamentos de testes e manutenção, e diagnósticos de falhas.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido conhecimentos específicos, que lhe permitirão:
a) reconhecer e interpretar os esquemas elétricos dos sistemas de injeção eletrônica;
b) identificar anomalias e falhas nos sistemas de injeção eletrônica;
c) realizar o diagnóstico preciso e eficiente do sistema de injeção eletrônica das motocicle-
tas;
d) reparar o sistema de injeção eletrônica com qualidade, eficiência e ética;
e) realizar testes de funcionamento de acordo com o padrão de qualidade do fabricante.
Aproveite este livro para aprender o maior número de informações possível e, se precisar,
fique à vontade para ler mais de uma vez e tirar dúvidas com seu professor. Você também po-
derá realizar pesquisas dos estudos realizados até aqui, de forma a enriquecer ainda mais seu
repertório de conhecimento sobre os termos abordados neste livro didático.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
72

1 Estequiométrica 6.1 Função


É o índice de mistura Após muitos anos, os órgãos ambientais passaram a preocupar-se com os ga-
ideal, ou seja, mistura
estequiométrica é ses emitidos pelos escapamentos dos automóveis, exigindo que os fabricantes
quando a mistura está em
proporções adequadas, diminuíssem a emissão de poluentes. Para isso, foram criadas normas ambientais,
com a quantidade exata que, de tempos em tempos, são atualizadas obrigando as montadoras a reduzi-
de combustível para a
quantidade de ar existente. rem ainda mais a emissão de poluentes.
Atualmente, a Europa atende a legislação Euro V, que corresponde à quinta
alteração de diminuição de emissão de poluentes em seu território. Com isso, as
montadoras precisam produzir seus veículos de acordo com essas normas am-
bientais.
No Brasil, o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos)
está entrando na sétima versão, que corresponde ao Euro V. Com isso, nosso país
se iguala aos países da Europa em relação à emissão de poluentes. No caso das
motocicletas, o programa é chamado de “Promot 03”.
Para que essa redução de emissão de poluentes seja possível, é necessário
que a combustão do motor seja adequada e ideal, queimando todo o combus-
tível existente dentro da câmara de combustão. Dessa forma, é necessário dosar
o combustível corretamente em relação à quantidade de ar que entra no motor.
Essa dosagem é praticamente impossível com a utilização de carburadores, então
foi criado o sistema de injeção eletrônica.
A injeção eletrônica tem por função interpretar a quantidade de ar que entra
no motor, verificar a situação da emissão de poluentes no escapamento e dosar
o combustível na quantidade exata para que a mistura seja estequiométrica1; e a
combustão, uniforme.
Para realizar a manutenção no sistema de injeção eletrônica, o qual é um siste-
ma mais complexo, primeiro você precisa conhecer os componentes do sistema,
para depois conhecer o seu funcionamento.

6.2 Componentes

Para que você entenda perfeitamente o funcionamento do sistema de injeção,


primeiro você conhecerá alguns componentes deste sistema. Sendo assim, veja, a
seguir, cada um desses componentes.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
73

Os componentes do sistema de injeção eletrônica são de-


FIQUE licados em relação aos componentes do sistema de carbu-
ração, por isso você deve tomar cuidado quando trabalhar
ALERTA com defeitos elétricos, pois um curto-circuito pode danifi-
car gravemente a ECU ou outro componente.

6.2.1 Bomba de combustível

A bomba de combustível possui um pequeno motor elétrico que impulsiona


um rotor, o qual puxa o combustível do tanque e envia para a linha de alimenta-
ção de combustível do motor, criando uma pressão de 3,0Kg/cm².
A bomba de combustível geralmente possui uma válvula de retenção que
abre quando ela está enviando combustível para a linha, e fecha quando a bom-
ba fica em repouso. Possui, ainda, uma válvula de descarga que normalmente fica
fechada, abrindo somente quando a passagem de combustível ficar obstruída,
permitindo, assim, o fluxo de combustível para a linha. Desta forma, a válvula evi-
ta que ocorra uma sobrecarga na pressão de combustível.
Diego Fernandes (2012)

Figura 32 - Bomba de combustível


Fonte: Adaptado de Bosch (2012)
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
74

2 solenóide 6.2.2 Bico injetor


É composto por uma O bico injetor recebe a pressão de combustível e a mantém até o momento
bobina e um metal em seu
interior. Quando a bobina de sua abertura, a qual é controlada pelo módulo de controle. Os bicos injetores
é energizada, ela cria um
campo magnético, com normalmente trabalham com um solenóide2 em sua extremidade superior, e uma
isso, ela atrai o metal para válvula de agulha na ponta onde o combustível sai. Em alguns injetores existe um
seu interior, o que funciona
como uma válvula que abre filtro na entrada do combustível, para que o mesmo seja preservado.
e fecha, de acordo com o
comando elétrico recebido. No solenoide do bico injetor é ligada uma fonte de alimentação de 12V, prove-
niente da linha 15 da motocicleta, e seu negativo é ligado no módulo de controle
– ECU. Sendo assim, o módulo controla a abertura dos bicos e, consequentemen-
te, a injeção, pelo sinal negativo do injetor.
O momento de abertura e, ainda, o tempo em que o bico injetor permanece
aberto é determinado pela ECU, com base na leitura dos sensores existentes no
sistema de injeção.
Existem bicos injetores Monoponto que são aqueles instalados unicamente
no sistema de alimentação, ou seja, existe apenas um bico injetor. Nesse caso, a
alimentação de combustível do bico é realizada por uma galeria; e o retorno, por
outra. A abertura do bico injetor ocorre quando o módulo manda o sinal negativo
para o solenoide, fazendo com que a agulha se abra e libere a pressão existente
em sua extremidade.
No caso do Multipoint, a alimentação se dá diretamente no filtro do bico
inje¬tor, e seu retorno é realizado internamente no injetor. Nesse caso, existe um
bico injetor para cada cilindro do motor, alimentados através de uma tubulação
metálica, conhecida popularmente como flauta.

6.2.3 Central eletrônica

Para que exista um sincronismo entre a injeção de combustível e o tempo de


combustão, é necessário que a central eletrônica, que também é conhecida como
módulo de controle ou ECU, interprete os sinais enviados a ela pelos sensores,
e atue sobre os bicos injetores de forma ordenada. Nesse módulo de controle,
estão gravadas (em sua memória) as informações de mistura de combustível e ar,
bem como seus parâmetros de injeção e análise do sistema.
O módulo de controle é um componente eletrônico, por este motivo, você não
poderá realizar a manutenção nesta peça. Se for necessária a manutenção nesse
componente, esta deverá ser realizada por um profissional da área de eletrônica
automotiva. Entretanto, não é recomendável a recuperação dos módulos de con-
trole, sendo mais indicada sua substituição.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
75

Moto Honda da Amazônia (1999, p. 7)


Figura 33 - Central telefônica, módulo de controle ou ECU

Que a central de comando é fabricada e programada es-


VOCÊ pecificamente para cada motocicleta? Por isso, é correto
dizer que a central é intransferível de uma motocicleta
SABIA? para outra, pois esta pode afetar o funcionamento do
motor devido às suas configurações.

6.2.4 Regulador de pressão

O regulador de pressão é um componente muito importante para o sistema


de injeção, pois é o responsável por manter a pressão na linha de alimentação de
combustível, uma vez que o injetor varia o tempo de abertura. Esta pressão deve
ter um valor especificado pelo fabricante, como por exemplo, pode ser de 3,0Kg/
cm² acima da pressão existente no coletor de admissão. Seguindo esse exemplo,
se o coletor estiver com uma pressão negativa de -0,8Kg/cm², a pressão na linha
de alimentação deverá ser de 2,2Kg/cm².
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
76

Diego Fernandes (2012)


Figura 34 - Regulador de pressão
Fonte: Adaptado de Moto Honda da Amazônia (1999, p. 11)

6.2.5 Sensor de posição da borboleta

Este sensor monitora a posição do acelerador da motocicleta, com base nessa


informação, o módulo interpreta se é necessário injetar mais combustível para
aumentar a aceleração, ou ainda, cortar a injeção, no caso de a borboleta estar
fechada. Com isso, ocorre uma economia de combustível durante uma descida
de ladeira. Moto Honda da Amazônia (1999, p. 24)

Figura 35 - Sensor de posição da borboleta


6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
77

6.2.6 Sensor de Pressão Absoluta (MAP)

Esse sensor é responsável por monitorar a pressão de ar no coletor de admis-


são. Para enviar esta informação, este sensor envia um sinal de 0,5V a 4,5V, confor-
me a pressão do coletor. Com este sensor, o ECU pode saber a pressão do coletor
conforme a pressão atmosférica e, com isso, determinar o tempo de injeção nas
baixas rotações do motor, como a marcha lenta, por exemplo.

Diego Fernandes (2012)

Figura 36 - Sensor de pressão absoluta (MAP)


Fonte: Adaptado de Moto Honda da Amazônia (1999, p. 23)

6.2.7 SENSORES DE INFORMAÇÃO E MONITORAMENTO

São os sensores responsáveis por enviar as informações sobre as condições do


motor para a ECU. Com base nessas informações, a ECU determina suas correções
e mantém o motor em perfeito funcionamento.
São eles:
a) sensor de pressão atmosférica: responsável por indicar a pressão atmosféri-
ca em que a motocicleta se encontra;
b) sensor de temperatura do líquido de arrefecimento: informa ao módulo de
comando a temperatura do motor. Com isso, se o motor estiver frio, a ECU
injeta mais combustível para compensar a perda de potência;
c) sensor de temperatura do ar de admissão: informa a temperatura do ar que
entra no motor para a ECU. Esta informação é importante devido à variação
de densidade do ar em relação à temperatura;
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
78

d) sensor de detonação: é montado geralmente na traseira do terceiro ou


quarto cilindro, e tem por função captar o ruído específico da batida de pino
do pistão do motor, durante uma detonação. A ECU utiliza esse sinal para
ajustar o ponto de ignição até que não sejam mais notadas detonações nos
cilindros;

Figura 37 - Sensores de correção


Fonte: Moto Honda da Amazônia (1999, p. 28)

e) sensor de velocidade da motocicleta: determina a velocidade da roda en-


viando um sinal para a ECU, que, por sua vez, alimenta o velocímetro da mo-
tocicleta. Este sensor é geralmente do tipo Hall.

6.2.8 Controlador de marcha lenta

Quando a motocicleta está com o motor ligado em marcha lenta, as borbole-


tas encontram-se fechadas, por isso existe outro circuito para dar passagem ao
ar de admissão durante a marcha lenta. Esse circuito é chamado de By-Pass e é
totalmente independente do acelerador, existindo um circuito para cada cilindro.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
79

Entrada de ar

Diego Fernandes (2012)


circuito by-pass

Figura 38 - Circuito by-pass


Fonte: Adaptado de Moto Honda da Amazônia (1999, p. 14)

Para que o motor funcione de maneira uniforme e aspire a quantidade ideal


e adequada nos cilindros, é necessário um sincronismo entre eles, o que é feito
através do ajuste e sincronização das válvulas de partida do circuito By-Pass.

SAIBA Pesquise na internet vídeos sobe injeção eletrônica de mo-


tocicletas e manutenção. Tem uma variedade muito grande
MAIS para que você possa acompanhar.

6.2.9 Sensor de inclinação

Infelizmente, caso ocorra qualquer tipo de acidente, a motocicleta poderá cair


e, para evitar que o acidente seja ainda mais grave, o motor deverá se desligar,
pois se ela estiver com uma marcha engatada, podem ocorrer movimentações
bruscas e, com isso, acabar machucando alguém.
Para evitar essas movimentações após uma queda, a motocicleta com injeção
eletrônica dispõe de um sensor de inclinação, que identifica quando a motocicle-
ta estiver com uma inclinação superior a 60º e, com isso, envia um sinal à ECU, que
corta a injeção de combustível, desligando o motor da motocicleta.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
80

Esse sensor é alimentado pela bateria. Quando o sensor atinge a inclinação


máxima, o magneto existente dentro do sensor - e envolto em óleo de silicone
- permanece afastado do interruptor de palhetas, com isso, o transistor permite
o fluxo da corrente elétrica proveniente do relé de parada do motor para o “mas-
sa” (negativo). Dessa forma, a bobina do relé de parada é energizada e desliga o
motor.

6.3 Funcionamento

Quando o motor está em funcionamento, a ação de descida dos pistões do


motor cria um fluxo de depressão de ar, ou seja, eles puxam o ar para dentro do
motor. Essa depressão, ao passar por dentro do carburador, puxa o combustível
pela agulha, que passa pelo Venturi e sai de forma atomizada, como um Spray.
Dessa forma, não é a quantidade de ar que determina a quantidade de combustí-
vel, e sim, o fluxo de ar que passa pelo carburador.
No caso das motocicletas com injeção convencional, que utilizam um carbu-
rador, a bomba de combustível envia a gasolina para a cuba do carburador. Em
alguns casos, a gravidade faz com que o combustível desça do tanque até a cuba
do carburador, que tem seu nível controlado por uma bóia que aciona uma agu-
lha na galeria de entrada da cuba.
No caso do sistema de injeção eletrônica, o combustível sai do tanque através
de uma bomba de combustível de alta pressão, a qual pressuriza esse combustí-
vel para a linha de alimentação. A linha de alimentação envia o combustível até
os injetores, no caso do sistema ser multiponto; ou para o único injetor, no caso
do sistema monoponto. Nos injetores existem tubulações de retorno, ou ainda,
na flauta, que é quem envia o combustível para os bicos. O módulo de comando
controla os injetores conforme as informações que obtêm dos sensores existen-
tes no motor, controlando o volume de injeção em relação à quantidade de ar
que está entrando e à posição das borboletas.
Outra informação muito importante para a ECU é a posição do virabrequim e
da árvore de comando de válvulas, para que a injeção ocorra no momento ade-
quado, garantindo uma boa combustão dentro dos cilindros.
O injetor faz a atomização do combustível antes da válvula de admissão, des-
sa forma, sua construção e sua posição de instalação contribuem para a perfeita
mistura do combustível com o ar da admissão, formando uma mistura estequio-
métrica.
Veja, na figura seguinte, a posição dos principais componentes do sistema de
injeção eletrônica de motocicletas.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
81

Honda ([20--?])
Figura 39 - Componentes da injeção eletrônica
Fonte: Adaptado de Moto Honda da Amazônia (1999, p. 36)

6.4 Circuitos e diagramas elétricos

No caso das bombas de combustível, sua ligação elétrica é relativamente sim-


ples, pois elas contêm apenas um negativo ligado à massa da motocicleta, e um
positivo proveniente do relé de corte de combustível, o qual é controlado pelo
relé de parada do motor.
Diego Fernandes (2012)

Figura 40 - Esquema elétrico da bomba de combustível


Fonte: Moto Honda da Amazônia (1999, p. 9)

VOCÊ Que os diagramas elétricos podem ser criados por você?


Basta prestar atenção na construção do circuito elétrico
SABIA? na primeira vez em que você trabalhar nele.

Veja, na figura seguinte, um aspecto geral dos esquemas elétricos do sistema


de injeção eletrônica de uma motocicleta. Note que todos os principais compo-
nentes estão ligados à central de comando ECU.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
82

Diego Fernandes (2012)

Figura 41 - Esquemas elétricos da ECU


Fonte: Moto Honda da Amazônia (1999, p. 36)

6.5 Equipamentos de testes

Como você já deve ter aprendido em um livro de eletroeletrônica de motoci-


cletas, para realizar a manutenção do sistema de injeção eletrônica é necessária a
utilização de um Scanner. Este aparelho permite que você acesse vários dados do
módulo de controle e, com isso, verifique a situação de trabalho dos sensores e
atuadores existentes no sistema de injeção da motocicleta.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
83

Central ([20-?])
Figura 42 -  Scanner para motocicletas

As informações que são disponibilizadas nos Scanners não dependem do fa-


bricante do aparelho, e sim, da configuração da ECU pela montadora da moto-
cicleta, uma vez que cada montadora determina o número de informações que
estarão disponíveis através do acesso pela ECU. Essa liberação de informação é
igual tanto para concessionários como para equipamentos de outros fabricantes.
A diferença de utilização das informações ocorre quando um fabricante de
Scanner não consegue interpretar uma determinada informação ou realizar um
determinado teste disponível na ECU. Nesse caso, o equipamento de diagnóstico
da montadora é mais eficiente por apresentar facilidade de manuseio e acesso
livre a todas as informações disponibilizadas na ECU, bem como testes de funcio-
namentos e simulações.

A utilização dos equipamentos de diagnóstico requer o co-


FIQUE nhecimento no sistema de injeção, caso contrário, se o pro-
ALERTA fissional não souber o que faz, ele poderá queimar o apare-
lho, o que acarretará em um custo elevado para a oficina.

E ainda existe a máquina de Limpeza de Bicos, que é um equipamento utiliza-


do para a limpeza dos eletroinjetores dos sistemas de injeção eletrônicas das mo-
tocicletas e automóveis. O reparo dos eletroinjetores fica por conta do reparador,
uma vez que com este equipamento é possível testar e verificar as condições de
funcionamento dos eletroinjetores. Assim, é possível identificar possíveis necessi-
dades de reparos e testar os eletroinjetores depois desses reparos.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
84

Zamper Ferramentas e Cursos ([20-?])


Figura 43 - Teste e limpeza de bicos

6.6 Manutenção e diagnóstico de falhas

A injeção eletrônica das motocicletas, de modo geral, não possui uma manu-
tenção periódica a ser realizada, por esse motivo, o maior cuidado que o proprie-
tário da motocicleta deve ter é o de utilizar combustível de qualidade e procedên-
cia comprovada. Sendo assim, as manutenções a serem realizadas no sistema de
injeção eletrônica serão normalmente corretivas.
No caso dos bicos injetores, é possível, na maioria dos casos, realizar uma lim-
peza dos bicos com a utilização da máquina de limpeza de bicos, ou ainda, rea-
lizar ajustes e reparos nos bicos. Mas nem todo bico injetor permite a realização
de reparos, pois alguns fabricantes utilizam injetores blindados, o que impede a
intervenção por meios externos.
Para diagnosticar se a bobina do injetor está funcionando corretamente, basta
verificar sua resistência, que deve estar entre 13,0 e 14,4KΩ. É possível, ainda, ve-
rificar se o módulo de controle está enviando o sinal negativo para o injetor e se
o mesmo recebe também o positivo da linha 15.
Se a motocicleta estiver apresentando marcha lenta irregular, ou seja, estiver
falhando, você deve analisar as velas de ignição, o circuito de marcha lenta, ou
ainda, o sensor de posição da borboleta, pois se este estiver danificado, a ECU
não conseguirá identificar corretamente sua posição e, com isso, a injeção de
combustível será afetada. Isto pode ocorrer também com o sistema de afogador
automático, que consiste em um sistema de partida automática que identifica a
temperatura do motor e injeta a quantidade suficiente para a marcha lenta fun-
cionar perfeitamente, mas nem toda motocicleta possui este recurso.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
85

De modo geral, para realizar a manutenção ou o diagnóstico de um sistema


de injeção eletrônica, você deverá utilizar um aparelho de diagnóstico adequado
para o sistema em questão, e seguir rigorosamente os padrões de qualidade do
fabricante da motocicleta e do aparelho de diagnóstico.
Veja, no caso a seguir, como manutenção e o diagnóstico são importante para
que uma moto esteja sempre em bom estado.

CASOS E RELATOS

A motocicleta está falhando


Certo dia, Cristiane estava trabalhando em sua oficina quando chegou
um cliente reclamando que sua motocicleta estava falhando. Ele relatou
que o defeito acontecia principalmente em baixas rotações, mas, em al-
guns momentos, aconteceu em rotações mais elevadas. Cristiane lhe per-
guntou se ele costuma abastecer em qualquer posto de combustíveis e o
cliente disse que não, que ele sempre abastece no mesmo local e utiliza
sempre gasolina aditivada.
Cristiane encaminhou a motocicleta para dentro da oficina e colocou-a
na rampa para iniciar a análise do defeito. Conectou o Scanner e começou
a verificar a memória de falhas armazenadas e atuais. Ligou a motocicleta
e acelerou, para imitar o defeito. Foi quando a motocicleta começou a
falhar e apareceu no aparelho de diagnóstico que um dos bicos injetores
não estava funcionando corretamente.
Assim, Cristiane retirou os bicos injetores e realizou uma limpeza com-
pleta com o auxílio da máquina de limpeza de bicos. Antes de instalar os
injetores, ela examinou as velas, que estavam muito carbonizadas devido
à má detonação por causa da falha do motor, e limpou o coletor de ad-
missão para evitar pré-detonação.
Após a instalação dos injetores, ela fez a equalização dos bicos através do
Scanner e apagou a memória de falhas, para que, se acontecesse um novo
defeito, as falhas corrigidas não interferissem no diagnóstico posterior.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
86

Recapitulando

Neste capítulo, você aprendeu sobre a função do sistema de injeção ele-


trônica. Conheceu os principais componentes desse sistema, bem como
seu funcionamento. Aprendeu, ainda, sobre esquemas elétricos, equipa-
mentos de análise de falhas e dicas sobre manutenção e diagnósticos do
sistema de injeção eletrônica.
Com esse conhecimento, você se torna um profissional qualificado a re-
parar este tipo de sistema, conhecendo os padrões de qualidade e tendo
um senso crítico, o que faz com que você procure fazer o melhor serviço
e busque melhorar sempre a qualidade dos seus serviços.
6 SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA
87

Anotações:
Saúde e Segurança no Trabalho

Você viu que, por diversas vezes, foi mencionada a importância em trabalhar de forma ade-
quada, em manter a postura, além de ter cuidados para você não sofrer um acidente de traba-
lho, ou ainda, desenvolver uma doença decorrente do trabalho. Isso acontece com frequência
e o exemplo mais comum, atualmente, são as pessoas que passam o dia digitando textos no
computador, pois elas podem desenvolver uma tendinite por causa do esforço repetitivo. Por
isso, os exercícios físicos são muito importantes!
Neste capítulo, você aprenderá a importância do uso de equipamentos de proteção, bem
como a necessidade de uma postura correta no local de trabalho. Esta preocupação com a
saúde dos funcionários e trabalhadores tem crescido muito, pois existem muitos casos de apo-
sentadoria por causa de doenças do trabalho.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido conhecimentos específicos, que lhe servirão de
base para:
a) reconhecer e interpretar as determinações de segurança das empresas e oficinas mecâni-
cas e elétricas;
b) identificar os EPIs a serem utilizados, de acordo com o serviço a ser realizado;
c) realizar o correto armazenamento e conservação dos equipamentos de proteção;
d) reparar os sistemas elétricos das motocicletas, mantendo uma postura corporal adequa-
da;
e) prevenir doenças e/ou acidentes do trabalho, mantendo sua saúde em dia.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
90

1 vaqueta 7.1 Normas Regulamentadora – NR


É o material utilizado As normas regulamentadoras foram criadas para que exista, acima de tudo,
para fabricar a luva, cuja
composição é muito um padrão, quando se trata de saúde e segurança do trabalho, existindo uma
resistente, permitindo,
assim, realizar serviços de norma para cada tipo de situação, ou condição do trabalho. Por exemplo, a norma
maior esforço. NR 21 estabelece as condições para trabalho em céu aberto, discriminando os de-
veres do trabalhador e da empresa, indicando quais equipamentos de proteção e
a que condições o trabalhador pode ser submetido e, ainda, seus ressarcimentos,
tudo para que a saúde do trabalhador seja prejudicada o menos possível.
2 Esmeril

É um equipamento elétrico
que tem por função
desbastar, ou seja, remover 7.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA
partes de metal através de
duas pedras chamadas de
rebolo. Esta norma estabelece que toda empresa realize um estudo dos riscos am-
bientais, aos quais o trabalhador pode acabar se submetendo, bem como meios
de preservação do meio ambiente em que trabalha e preservação dos recursos
naturais disponíveis no local de trabalho. Na área da manutenção de motocicleta,
representa o cuidado que as empresas têm em relação ao descarte e armazena-
gem de resíduos, como graxas e óleo lubrificante.

7.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPI

Para que o mecânico de motocicletas esteja protegido de acidentes, que po-


dem ocorrer durante a execução de um serviço, existem os equipamentos de pro-
teção individual, que são muito importantes para sua saúde. Os principais EPIs
são: luva de pano para proteger as mãos durante o trabalho; luva de vaqueta1,
para quando é preciso carregar algo um pouco mais pesado; óculos de proteção,
que devem ser utilizados o tempo todo em que o mecânico estiver dentro da
oficina, para que seus olhos fiquem protegidos; protetor auricular, que deve ser
usado sempre que houver ruídos, ou barulhos muito altos, no ambiente de tra-
balho; jaleco e calça comprida que protegem pois têm determinada resistência,
bem como o uso de sapatos fechados e apropriados para a oficina, que evitam
escorregamentos e, ainda, acidentes com os pés.
Comstock (2012)

Figura 44 - Óculos de proteção


7 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
91

Joe Belanger (2012)


Figura 45 - Protetor auricular

A maioria destes EPIs são relativamente baratos, quando em comparação com


o risco que você corre se não utilizá-los, sendo assim, eles podem ser considera-
dos um investimento em sua saúde.

A utilização diária e correta dos EPIs reduz em 92% o risco


FIQUE de morte em acidentes de trabalho, por esse motivo, você
ALERTA deve sempre utilizar os EPIs dentro da oficina ou durante a
realização de qualquer tipo de trabalho.

7.4 Equipamentos de Proteção coletiva – EPC

Existem alguns equipamentos de proteção que são usados por todos da ofici-
na e tornam-se indispensáveis, pois sua falta pode pôr cada indivíduo em risco ou
toda a equipe simultaneamente. Um exemplo de equipamento de proteção co-
letiva são as proteções existentes nos discos do esmeril2 que, se forem retiradas,
dão condições a possíveis acidentes. Ou ainda, as máscaras de proteção, as quais
ficam à disposição de quem for utilizar o esmeril ou a lixadeira.
É importante que, através deste conhecimento adquirido, você espalhe estes
conceitos aos seus colegas de profissão e se preocupe com a utilização dos EPIs e
EPCs, pois mesmo que os outros achem que seja bobagem, você não pode arris-
car sua vida por causa de preconceitos.

VOCÊ Que se você não conseguir adaptar-se ao uso de um de-


terminado EPI, ou EPC, existem diversos outros modelos
SABIA? os quais você pode se adaptar?
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
92

7.5 Ergonomia

A ergonomia estuda a postura dos trabalhadores, quando em seu ambiente


de trabalho, principalmente quando executam algum serviço. Imagine que você
precisa erguer o motor de uma motocicleta, do chão até uma bancada, depen-
dendo da sua força, você consegue sozinho, caso contrário, é necessário pedir
ajuda. Independentemente de levantar sozinho ou não, a maneira que você se
posiciona, agarra e levanta seu corpo durante a ação de erguer o motor do chão,
pode lhe causar uma doença, como uma doença de coluna, por exemplo.
A ergonomia trata, principalmente, em ter uma boa postura para executar os
serviços, pois nessas horas, facilmente, pode-se estender um músculo, causando
uma atrofia. Por isso, você deve sempre procurar a melhor posição para executar
um serviço, basta reparar em seu corpo e se sentir qualquer leve desconforto, na
posição em que está, você deve mudar de posição.
Sempre que for necessário fazer força, você deve dar muita atenção à sua colu-
na, reparando se sua posição não está forçando-a. As doenças de coluna geradas
por mau posicionamento no trabalho são a maior causa de doença no trabalho,
levando algumas pessoas a se aposentarem antes do tempo previsto, justamente
por não ter mais condições de trabalhar. E, muitas vezes, estas pessoas convivem
com a dor para o resto de suas vidas, então, o cuidado com sua saúde é impor-
tantíssimo.

Getty Image (2012)

Figura 46 - Ergonomia
7 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
93

Sobre como cuidar da sua saúde durante o trabalho, para


SAIBA isso, você só precisa pesquisar sobre ergonomia no site
MAIS www.ergonomia.com.br e aprender como se cuidar e, ainda,
ajudar os outros.

No caso de esforço por levantar algo pesado, o que é comum em uma oficina,
as dicas mais adequadas são:
a) não dobre a coluna, usando-a para levantar o peso;
b) mantenha o tronco do corpo próximo à carga que está carregando;
c) não mantenha o que está carregando abaixo da linha da cintura;
d) evite torcer o corpo para erguer a carga;
e) evite girar o tronco enquanto segura a carga, vire o corpo todo;
f) evite usar a perna ou o joelho para escorar a carga.
Na situação a seguir você verá quais são as consequências que a falta de uso
dos equipamentos de proteção podem acarretar.

CASOS E RELATOS

O que pode causar a falta de um EPI


Júlio trabalhava em uma retífica de motores, a qual era muito conceitua-
da em sua região; por isso, era um orgulho trabalhar naquela equipe. Esta
retífica de motores realizava diversos serviços de usinagem nos motores
de combustão interna, e de todos os tamanhos. Como em toda empresa,
existia um controle e regulamentação quanto ao uso dos equipamentos
de proteção individual e coletivo, mas Júlio não costumava utilizar os
equipamentos de proteção, mesmo com a cobrança de seus superiores.
Certo dia, Julio estava retificando um cabeçote - este serviço consiste em
uma ferramenta de corte trabalhar sob a superfície da face do cabeçote,
ou seja, o rebolo (ou pedra) da retífica gira e desbasta a face do cabeçote.
No momento em que Julio realizava este serviço, saltou uma lasca de me-
tal em seu olho esquerdo. Essa lasca de metal, também chamada de cava-
co, era de pequeno tamanho e aparentemente inofensiva, mas devido ao
seu tamanho somado à velocidade de corte da ferramenta, o cavaco foi
projetado com força e velocidade. Então ele foi levado ao hospital com
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
94

urgência, e os médicos fizeram o possível para salvar o olho esquerdo


de Julio, mas todo o serviço prestado pelos médicos não adiantou e Jú-
lio acabou perdendo a visão do olho esquerdo para sempre. Isso não o
impede de trabalhar, mas este acontecimento criou algumas limitações
devido ao fato de enxergar somente com um olho, pois atualmente, Júlio
possui dificuldades de assimilar profundidade com apenas um olho.
Esta história surgiu de um fato verídico e este profissional até hoje con-
tinua trabalhando, mas com limitações devido à sua redução de visão.

Recapitulando

Neste capítulo, você aprendeu a importância com o cuidado da sua saú-


de, principalmente no local de trabalho. Em uma oficina de motocicletas,
infelizmente, é comum a ocorrência de pequenos acidentes de trabalho,
que, em geral, são de pequenas proporções e não impedem o trabalha-
dor de continuar suas atividades. Entretanto, alguns acidentes de traba-
lho podem causar danos permanentes, e isso afeta totalmente a vida do
trabalhador e, ainda, em alguns casos, afeta também os familiares do tra-
balhador.
Para evitar que você sofra um acidente grave, é necessário o uso diário
dos EPIs e EPCs, por isso, faça o uso destes equipamentos e incentive seus
colegas de trabalho a utilizarem também.
7 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
95

Anotações:
Segregação e Descarte
de Materiais e Componentes

Você já deve saber que não é aconselhável jogar o lixo por aí e que existem alguns resídu-
os que podem ser reciclados. No caso das oficinas mecânicas, isto se torna regra e o lixo a ser
descartado deve tomar o devido destino, caso contrário, a oficina pode até pagar multa para os
órgãos ambientais de sua região.
Neste capítulo, você verá a importância do descarte correto dos resíduos, de seu armaze-
namento e de seus impactos ambientais, além de conhecer também o que a legislação diz a
respeito do descarte dos materiais.
Ao final deste capítulo, você terá adquirido conhecimentos específicos, que lhe permitirão:
a) reconhecer os tipos de resíduos e sua destinação correta;
b) identificar o destino correto dos resíduos e componentes;
c) realizar o armazenamento correto dos resíduos, evitando a contaminação do solo ou de
afluentes;
d) separar os resíduos recicláveis de acordo com os padrões da coleta seletiva.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
98

1 lençol freático 8.1 Legislação


É uma camada do solo por Para que o descarte dos resíduos seja feito de forma ordenada, controlada e
onde passa água, e esta
água vai para as nascentes segura, foram criadas leis e decretos, que regulamentam estas atividades exer-
de rios. Logo, ao contaminar
o lençol freático, os rios cidas pelas empresas. Por isso, elas não podem jogar em qualquer lugar, ou de
serão afetados. qualquer jeito, o lixo gerado pelas suas atividades.
Estas leis relacionam cada atividade ligada ao descarte de materiais, como as
cores dos tambores para a coleta seletiva. Também existe uma lei que determina
que não possa haver descarte dos resíduos de lavagem de peças direto à rede
fluvial, sendo necessário um filtro, ou decantador, para evitar a contaminação das
águas. Da mesma forma, não se pode derramar estes resíduos no solo, para não
contaminar o lençol freático1.

Que os resíduos que podem ser reciclados podem ser


VOCÊ vendidos, aumentando a receita da empresa? Com isso,
SABIA? o custo da oficina reduz e você pode investir mais em
sua empresa.

Diego Fernandes (2012)

Figura 47 - Cores da coleta seletiva


Fonte: Adaptado de Tekplast (2012)
8 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
99

Os óleos lubrificantes usados, restos de graxa, panos sujos ou outros materiais


contaminados de óleo ou graxa, devem ter um destino especificado e serem reco-
lhidos por empresas especializadas, pois a lei determina que os mesmos não po-
dem ser jogados no lixo comum. Caso isso ocorra, os órgãos ambientais podem
aplicar uma multa severa na oficina que praticar o delito.
Essas leis servem para evitar a poluição do planeta, pois, nos dias atuais, é ge-
rada uma enorme quantidade de lixo e, se todos forem para o mesmo local, po-
derão provocar uma poluição muito grande. Por isso, estes devem ser separados
e o que for possível reaproveitar, deve ser feito; e o que for muito perigoso para a
natureza, deve ser destinado a outro fim.

SAIBA Sobre o descarte correto dos resíduos no site: <www.lixo.


MAIS com.br>.

8.2 Normas técnicas

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - determina que os coleto-


res de lixo devam ter um padrão de fabricação, visando o correto armazenamento
e evitando a contaminação do ambiente, por meio de vazamentos. Foram cria-
das, portanto, as Normas Brasileiras de Regulamentação – NBRs, que servem para
orientar um padrão na execução de atividades de descarte de resíduos e detritos,
como por exemplo:
NBR 12.235 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Esta NBR visa
orientar e determinar os processos, deveres e obrigações de uma oficina quando
armazena resíduos sólidos perigosos, como panos sujos de óleo, que podem pe-
gar fogo ou contaminar o solo.
Desta forma, existem diversas NBRs para que uma oficina possa orientar-se e
seguir os procedimentos padrões no momento de armazenar e descartar seus
resíduos.

Cada resíduo gerado dentro de uma empresa é de respon-


FIQUE sabilidade da mesma, portanto, se um cliente pede para
levar o óleo velho e depois derramá-lo no meio ambiente,
ALERTA a responsável será a empresa, que permitiu que ele levas-
se este óleo.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
100

8.3 Procedimentos específicos

Para que todas estas leis e normas possam ser seguidas de forma adequada,
foram determinados procedimentos referentes ao descarte e armazenamento
dos resíduos. Como você pode ver na tabela 01, cada tipo de resíduo tem um
impacto no meio ambiente, por isso, tem seu destino determinado através dos
procedimentos de descarte.

Tabela 1 - Descarte de resíduos

Principais tipos
Impacto Como tratar o
de materiais de Objeto principal
ambiental problema
descarte

Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Chumbo/plástico/áci- Enviar para reciclador
Baterias afetando a vida de
do sulfúrico diluído autorizado
micro-organismos,
peixes e pessoas.

Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Descarte em postos de
Metais pesados Pilhas afetando a vida de
coleta apropriados.
micro-organismos,
peixes e pessoas.

Risco de contamina-
Enviar para reciclador
Óleo de motor/trans- ção de solos e águas,
autorizado e manter
Óleos/Combustíveis missão/filtro de óleo e afetando a vida de
o correto armazena-
combustível micro-organismos,
mento
peixes e pessoas.

Não é biodegradável
Separar o material para
Plásticos Capô e gera gases tóxicos
reciclagem
quando queimado
Bloco/Virabrequim/ Separar o material para
Alumínio/Aço Redução de recursos
bielas reciclagem
Eliminar o gás e separar
Solvente/gases de alta
Lata de spray Perigo de explosão o material para recicla-
pressão
gem
Separar o material para
Borrachas Correias/rotores Redução de recursos
reciclagem
Alguns materiais
Madeira, papel, po-
não-biodegradáveis e Separar o material para
liestireno expandido Embalagens
geração gases tóxicos reciclagem
(isopor)
quando queimados
8 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
101

Principais tipos
Impacto Como tratar o
de materiais de Objeto principal
ambiental problema
descarte
Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Óleo no tanque de Solicitar ações de pes-
Borra afetando a vida de
água soal especializado
micro-organismos,
peixes e pessoas.
Risco de contamina-
ção de solos e águas,
Lâmpadas fluorescen- Enviar para reciclador
Vidro/gases tóxicos afetando a vida de
tes autorizado
micro-organismos,
peixes e pessoas.
Substâncias químicas/ Risco de explosão pela Solicitar ações de pes-
Extintores de incêndio
gases de alta pressão alta pressão soal especializado
Não é biodegradável Descarte apropriado,
Peças elétricas e ele-
Sistema de injeção e gera gases tóxicos de acordo com as leis
trônicas
quando queimado vigentes.
Odores ruins, gases Descarte apropriado,
Descartes generalizados tóxicos e contaminação de acordo com as leis
de solo e águas vigentes.
Fonte: Adaptado de Yamaha Motor da Amazônia (2001)

CASOS E RELATOS

O cuidado com o descarte de materiais


Lucia havia aberto sua oficina há três anos e, a cada mês, sua clientela
crescia um pouco mais, aumentando seus lucros e vendas. Mas, ela nunca
se preocupou com o descarte dos resíduos, pois acreditava que o impor-
tante era manter sua oficina organizada e nada mais. Então jogava tudo
junto no lixo comum, até que, um dia, um representante do CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente) visitou a oficina e identificou di-
versas irregularidades no descarte e armazenamento dos resíduos. Ele
aplicou uma multa na oficina e determinou um prazo para Lucia resolver
a situação, caso contrário, ele fecharia a empresa.
Manutenção de Sistemas Eletroeletrônicos de Motocicletas
102

Lucia então resolveu tudo e conscientizou seus funcionários da impor-


tância do descarte correto. Ela entendeu que isto deve ser feito não so-
mente porque alguém está fiscalizando, mas por que é necessário cui-
dar do meio ambiente e do ambiente em que vivemos. Assim, realizou
campanhas e passou a recolher óleo de cozinha usado da comunidade
perto de sua oficina. Com isso, muitos clientes acharam a ideia bacana e
começaram a colaborar com a campanha, mantendo todo o bairro lim-
po, transformando-o em um lugar muito mais atraente e prazeroso de se
viver. Isto fez com que aumentassem, até mesmo, as vendas do comércio
ao redor da oficina, e todos aprenderam a cuidar do meio ambiente.

Recapitulando

Neste capítulo, você aprendeu a importância do descarte correto das ma-


térias, e viu que é passível de multa, toda e qualquer empresa, que não
descartar corretamente os resíduos. Com este conhecimento, você pode-
rá descartar corretamente todos os resíduos, não somente da oficina em
que você trabalha, mas da sua casa também.
Você concluiu os estudos com o auxílio deste livro. Sendo assim, você
agora está apto a executar reparações nos sistemas elétricos das moto-
cicletas, utilizando ferramentas e equipamentos de forma adequada, e
com cuidado para não danificá-las. Poderá analisar e dar diagnósticos
dos sistemas, bem como executar suas devidas reparações.
O mais importante é que, além do conhecimento técnico, você aprendeu
sobre ética profissional, e tenho certeza de que você fará um serviço de
qualidade, com transparência e responsabilidade.
8 SEGREGAÇÃO E DESCARTE DE MATERIAIS E COMPONENTES
103

Anotações:
Referências
AZEVEDO, T. C. M. de. Eletricista do Automóvel. Escola Conde José Vicente de Azevedo. São Paulo:
Senai/SP, 2004.
BIT NOTÍCIAS. Bicos injetores. Disponível em: <http://bitnoticias.com/wp-content/
uploads/2012/03/0780e__a076.jpg>. Acesso em: 12 fev. 2012.
BONJORNO, J. R. Tema de física 3: Eletricidade. São Paulo: FTD, 1997.
FIAT. Apostila Eletroeletrônica: Fundamentos de Eletroeletrônica.
Física. Disponível em: < www.fisica.com.br>. Acesso em: 23 ago. 2012.
Física. Disponível em: <www.fisica.net>. Acesso em: 23 ago. 2012.
FONSECA, Janaína Conrado Lyra da. Manual para Gerenciamento de Resíduos Perigosos. UNESP.
Disponível em:<http://www.unesp.br/pgr/manuais/residuos.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2012.
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J TOLEDO SUZUKI MOTOS DO BRASIL. Manual de Manutenção Suzuki Intruder 125cc. Manaus:
[s.n], 2006.
MERCEDES-BENZ. Apostila Fundamental de Serviço Mercedes-Benz. 3. ed. 2008.
MOTO BRAZ HONDA. Lanterna traseira. Disponível em: <http://www.motobraz.com.br/imagens/
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MOTO HONDA DA AMAZÔNIA LTDA. Manual de Manutenção Honda CG 125cc KS/ES/ESD.
Manaus: Setor de Publicações Técnicas, [200-]. 297 p.
MOTO HONDA DA AMAZÔNIA. ProgramedFuelInjection. Departamento de Serviços Pós-Vendas,
PGM-FI. Manaus: Centro de Treinamento, 1999.
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SENAI. Eletricidade de Automóveis. Sistemas de carga e Partida, SENAI PE Recife, pág. 38 e 39.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI/SC. Apostila Eletrônica. Santa
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YAMAHA MOTOR DA AMAZÔNIA LTDA. Manual de Manutenção Yamaha YBR 125cc. [Brasil]: [s.n.],
2001. 268 p.
Minicurrículo do Autor
Roberto Fernando Dusik é especialista em motores Diesel e estudou mecânica industrial no SE-
NAI Canoas/RS, em 2007. Posteriormente, estudou diversos assuntos dentro da área da mecâni-
ca automotiva, tornando-se especialista em diagnóstico de anomalias em motores a Diesel. Em
2009, concluiu o curso técnico em Automobilística. Atualmente, ministra aulas de mecânica e
eletricidade automotiva no SENAI São José/Palhoça, atuando na educação de jovens e adultos,
desde o ensino de qualificação profissional até o ensino técnico. Também está cursando a gradu-
ação em logística na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
Índice

A
Alternador 36, 41, 42, 43, 44, 46, 54, 56
Automático 38, 84

B
Bendix 37, 38
Bobina 34, 36, 37, 39, 41, 42, 43, 74, 80, 84
Buzina 50, 54, 58, 61
By-Pass 78, 79

C
Carga 9, 14, 18, 33, 34, 35, 36, 38, 41, 42, 43, 44, 46, 61, 93, 105
Central 9, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 74, 75, 81, 83
Comutador 36, 37, 39, 56
Condutor 18, 19, 20, 21, 29, 30, 34, 39, 43, 49, 50, 52, 53, 54, 66
Corrente 9, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 36, 39, 41, 53, 54, 59, 80

D
Diagramas 9, 10, 33, 42, 43, 49, 55, 56, 57, 58, 60, 61, 71, 81

E
ECU 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84
EPC 10, 91
EPI 10, 90, 91, 93
Ergonomia 10, 92, 93
Escovas 35, 36, 37, 39
Estator 35

F
Farol 49, 50, 51, 53, 54, 56, 60, 61, 105
Fusível 59, 60

H
Hall 78
I
Induzido 36, 37, 39, 40
Injetor 9, 74, 75, 80, 84
Interruptor 38, 43, 45, 53, 54, 56, 61, 80

L
Lanterna 50, 52, 61, 105
Lei de Ohm 23
Lente 51, 52

M
MAP 9, 59, 77
Motor de partida 36, 37, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46
Multímetro 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 42, 45, 59, 60, 61, 68, 105

O
Ohm 9, 23

P
Partida 9, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 61, 79, 84, 105
Porta escovas 36
Potência elétrica 9, 21, 22

Q
Qualidade 13, 38, 41, 44, 53, 63, 65, 66, 68, 71, 84, 85, 86, 102

R
Relé 43, 52, 54, 80, 81
Resistência elétrica 9, 17, 20, 23, 61
Retificador de tensão 36, 41
Rotor 35, 36, 41, 73

S
Seção transversal 20, 21
Sensor 9, 10, 43, 64, 66, 67, 76, 77, 78, 79, 80, 84, 86
Sinaleira 52, 53, 56, 61
Sinalização 9, 49, 50, 51, 52, 54, 59, 60, 61
T
Tensão elétrica 9, 18, 19, 20, 22, 23, 42, 45, 60, 61
Teste 9, 41, 42, 59, 61, 83, 84
V
Vaqueta 90, 111
SENAI - DN
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - Departamento Regional de Santa Catarina

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Roberto Fernando Dusik


Elaboração

Priscila Pavlacke
Revisão Técnica

Adriana Ferreira dos Santos


Design Educacional

Diego Fernandes
Ilustrações, Tratamento de Imagens

Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni


Diagramação
Juliana Vieira de Lima
Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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