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SÉriE ELEtroELEtrÔNica

FUNDAMENTOS DA
MANUFATURA DE
EQUIPAMENTOS
ELETROELETRÔNICOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora Associada de Educação Profissional
SÉriE ELEtroELEtrÔNica

FUNDAMENTOS DA
MANUFATURA DE
EQUIPAMENTOS
ELETROELETRÔNICOS
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo

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Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de São Paulo


Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância

FICHA CATALOGRÁFICA

S491g

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional.


Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos / Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo. Brasília :
SENAI/DN, 2013.
204 p. il. (Série Eletroeletrônica).
ISBN 978-85-7519-680-9
1. Eletrônica 2. Componentes eletrônicos 3. Módulos eletrônicos
4. Dispositivos eletrônicos 5. Placas de circuito impresso I. Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo II. Título
III. Série

CDU: 005.95

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Lista de figuras, quadros e tabelas
Figura 1 -  Organização curricular................................................................................................................................15
Figura 2 -  Máquina a vapor exposta na Escuela Técnica Superior de Ingenieros
Industriales de Madri...................................................................................................................................21
Figura 3 -  Linha de montagem do Ford T.................................................................................................................21
Figura 4 -  Primeiro computador digital eletrônico, o Electronic Numerical
Integrator and Computer (ENIAC), em 1946.......................................................................................22
Figura 5 -  Montadores de equipamentos eletrônicos.........................................................................................23
Figura 6 -  Linha de montagem automatizada com robôs..................................................................................23
Figura 7 -  Bolo de fubá....................................................................................................................................................25
Figura 8 -  Vista explodida das peças que compõem o motor...........................................................................25
Figura 9 -  Motor montado.............................................................................................................................................26
Figura 10 -  Senso de utilização.....................................................................................................................................27
Figura 11 -  Senso de organização...............................................................................................................................27
Figura 12 -  Senso de limpeza........................................................................................................................................28
Figura 13 -  Senso de saúde e segurança..................................................................................................................28
Figura 14 -  Senso de autodisciplina...........................................................................................................................29
Figura 15 -  Risco de sobrecarga da rede elétrica e de incêndio.......................................................................31
Figura 16 -  Modelos de alicates ergonômicos........................................................................................................34
Figura 17 -  Exemplos de EPCs.......................................................................................................................................35
Figura 18 -  Exemplos de EPIs........................................................................................................................................36
Figura 19 -  Exemplo de mapa de riscos....................................................................................................................38
Figura 20 -  Legenda dos tipos e graus de riscos existentes nos ambientes de trabalho........................38
Figura 21 -  Exemplo de mapa de risco e rota de fuga.........................................................................................39
Figura 22 -  Sinalização do ponto de encontro.......................................................................................................40
Figura 23 -  Símbolos de advertência relacionados à eletricidade...................................................................40
Figura 24 -  Símbolos de advertência para segurança contra incêndio.........................................................41
Figura 25 -  Símbolos de advertência relacionados a perigos de área industrial.......................................41
Figura 26 -  Fonte de contaminantes para o meio ambiente.............................................................................43
Figura 27 -  Exemplo de lista de verificação.............................................................................................................45
Figura 28 -  Estrutura microscópica da água............................................................................................................50
Figura 29 -  Molécula da água.......................................................................................................................................51
Figura 30 -  Estrutura atômica do oxigênio...............................................................................................................51
Figura 31 -  Deslocamento de elétrons......................................................................................................................52
Figura 32 -  Tensão elétrica.............................................................................................................................................53
Figura 33 -  Tensão elétrica contínua (à esquerda) e alternada (à direita).....................................................55
Figura 34 -  Fonte de tensão contínua........................................................................................................................56
Figura 35 -  Tensão contínua na associação em série............................................................................................56
Figura 36 -  Tensão contínua na associação em paralelo.....................................................................................57
Figura 37 -  Tomada elétrica...........................................................................................................................................57
Figura 38 -  Frequência da tensão alternada............................................................................................................58
Figura 39 -  Corrente elétrica..........................................................................................................................................59
Figura 40 -  Correntes elétricas contínua (à esquerda) e alternada (à direita).............................................60
Figura 41 -  Fonte de corrente contínua com 4,5 A................................................................................................61
Figura 42 -  Corrente contínua em associação em paralelo................................................................................62
Figura 43 -  Corrente contínua em associação em série......................................................................................62
Figura 44 -  Corrente alternada – semicírculos positivos.....................................................................................63
Figura 45 -  Corrente alternada – semicírculos negativos...................................................................................63
Figura 46 -  Resistor elétrico (resistência)..................................................................................................................65
Figura 47 -  Triangulo com potência versus tensão versus corrente.................................................................67
Figura 48 -  Triângulos para determinar equação da potência por efeito joule..........................................68
Figura 49 -  Instrumentos de medidas........................................................................................................................70
Figura 50 -  Multímetros com destaques para medir tensão elétrica..............................................................71
Figura 51 -  Medição de tensão contínua..................................................................................................................72
Figura 52 -  Medição de tensão alternada.................................................................................................................73
Figura 53 -  Circuito elétrico...........................................................................................................................................74
Figura 54 -  Multímetros com destaques para medir corrente elétrica..........................................................74
Figura 55 -  Multímetros com destaques para medir a resistência elétrica...................................................76
Figura 56 -  Calibração do multímetro analógico...................................................................................................77
Figura 57 -  Medição de resistência.............................................................................................................................78
Figura 58 -  Exemplos de componentes eletrônicos.............................................................................................84
Figura 59 -  Diagrama de um circuito eletrônico....................................................................................................85
Figura 60 -  Ilha e trilha em uma PCI............................................................................................................................86
Figura 61 -  PCI com a máscara na cor branca pronta para receber os componentes..............................86
Figura 62 -  Componentes eletrônicos PTH e SMD................................................................................................88
Figura 63 -  Componentes PTH.....................................................................................................................................88
Figura 64 -  Componentes SMD....................................................................................................................................89
Figura 65 -  PCI com identificação dos componentes...........................................................................................90
Figura 66 -  Encapsulamento TO-220 com diferentes códigos impressos,
indicando componentes diferentes.....................................................................................................91
Figura 67 -  Tipos de encapsulamentos......................................................................................................................91
Figura 68 -  Circuito Integrado (CI)...............................................................................................................................92
Figura 69 -  Circuito integrado do tipo DIP...............................................................................................................93
Figura 70 -  Soquetes para CI tipo DIP........................................................................................................................93
Figura 71 -  Carretel de componentes SMD..............................................................................................................94
Figura 72 -  Simbologias dos resistores fixos............................................................................................................96
Figura 73 -  Resistor de filme de carbono..................................................................................................................97
Figura 74 -  Código de cores para resistores.............................................................................................................98
Figura 75 -  Resistores de fio...........................................................................................................................................99
Figura 76 -  Resistor de fio revestido com cerâmica........................................................................................... 100
Figura 77 -  Leitura de resistor de potência........................................................................................................... 101
Figura 78 -  Rede resistiva............................................................................................................................................. 101
Figura 79 -  Resistores SMD......................................................................................................................................... 102
Figura 80 -  Simbologias dos resistores ajustáveis.............................................................................................. 103
Figura 81 -  Resistor ajustável..................................................................................................................................... 104
Figura 82 -  Potenciômetros........................................................................................................................................ 104
Figura 83 -  Trimpots..................................................................................................................................................... 104
Figura 84 -  Simbologias para capacitores polarizados..................................................................................... 106
Figura 85 -  Identificação de polaridade do capacitor na PCI......................................................................... 107
Figura 86 -  Simbologias para capacitores não polarizados............................................................................ 109
Figura 87 -  Simbologias para capacitores ajustáveis......................................................................................... 110
Figura 88 -  Capacitores cerâmicos SMD................................................................................................................. 111
Figura 89 -  Capacitor ajustável SMD....................................................................................................................... 111
Figura 90 -  Simbologias dos indutores................................................................................................................... 112
Figura 91 -  Indutor PTH................................................................................................................................................ 113
Figura 92 -  Indutor SMD.............................................................................................................................................. 113
Figura 93 -  Simbologias de diodo retificador e diodo para pequenos sinais........................................... 114
Figura 94 -  Simbologias do diodo zener................................................................................................................ 115
Figura 95 -  Terminais dos diodos.............................................................................................................................. 115
Figura 96 -  Diodos PTH................................................................................................................................................. 116
Figura 97 -  Diodo retificador SMD........................................................................................................................... 116
Figura 98 -  Simbologias de diodo emissor de luz.............................................................................................. 117
Figura 99 -  Diodo LED PTH.......................................................................................................................................... 117
Figura 100 -  Diodo LED – PTH.................................................................................................................................... 118
Figura 101 -  Simbologias dos transistores bipolares......................................................................................... 119
Figura 102 -  Terminais dos transistores bipolares.............................................................................................. 119
Figura 103 -  Terminais dos transistores bipolares.............................................................................................. 119
Figura 104 -  Encapsulamento SMD para transistores bipolares................................................................... 120
Figura 105 -  Simbologias de pilhas e baterias..................................................................................................... 121
Figura 106 -  Pilhas e baterias tipo moeda............................................................................................................. 123
Figura 107 -  Pilhas de zinco-ar................................................................................................................................... 124
Figura 108 -  Circuito elétrico básico........................................................................................................................ 125
Figura 109 -  Modelos de chaves elétricas............................................................................................................. 126
Figura 110 -  Chaves de posições fixas.................................................................................................................... 126
Figura 111 -  Chaves DIP............................................................................................................................................... 127
Figura 112 -  Chaves push-switch............................................................................................................................... 127
Figura 113 -  Simbologias das chaves push-switch.............................................................................................. 128
Figura 114 -  Circuito com interruptor manual..................................................................................................... 128
Figura 115 -  Circuito com relé.................................................................................................................................... 128
Figura 116 -  Simbologias dos réles.......................................................................................................................... 129
Figura 117 -  Ilustração de um circuito chaveado por relé............................................................................... 129
Figura 118 -  Exemplo de relé..................................................................................................................................... 130
Figura 119 -  Cabo com conectores DB-9............................................................................................................... 131
Figura 120 -  Conector USB.......................................................................................................................................... 131
Figura 121 -  Conector HDMI....................................................................................................................................... 132
Figura 122 -  Borne KRE de 3 vias............................................................................................................................... 132
Figura 123 -  Exemplo de conector de alimentação........................................................................................... 133
Figura 124 -  Montagem automatizada de PCIs................................................................................................... 138
Figura 125 -  Dobra de terminais de componentes eletrônicos..................................................................... 139
Figura 126 -  Como remover um circuito integrado corretamente............................................................... 140
Figura 127 -  Descarga eletrostática ESD................................................................................................................ 141
Figura 128 -  Equipamentos antiestática................................................................................................................ 142
Figura 129 -  Aparelho medidor de ESD.................................................................................................................. 142
Figura 130 -  Localização dos componentes na placa conforme a máscara de componentes........... 144
Figura 131 -  Resistores instalados de forma padronizada............................................................................... 145
Figura 132 -  Soldagem de componente eletrônico na PCI............................................................................. 145
Figura 133 -  Fio de estanho com destaque para o fluxo, que fica dentro do fio..................................... 149
Figura 134 -  Ferro de solda......................................................................................................................................... 150
Figura 135 -  Estação de solda.................................................................................................................................... 151
Figura 136 -  Suporte para soldador......................................................................................................................... 152
Figura 137 -  Sugador de solda manual.................................................................................................................. 153
Figura 138 -  Estação de dessoldagem.................................................................................................................... 154
Figura 139 -  Malha para dessoldar........................................................................................................................... 155
Figura 140 -  Estação de retrabalho SMD............................................................................................................... 155
Figura 141 -  Fonte de alimentação linear.............................................................................................................. 162
Figura 142 -  Fonte de alimentação chaveada de um computador.............................................................. 162
Figura 143 -  Fonte de alimentação da CPU de um computador.................................................................. 163
Figura 144 -  Placa principal ou placa-mãe............................................................................................................ 164
Figura 145 -  Módulos e dispositivos internos da CPU...................................................................................... 165
Figura 146 -  Jumper de configuração..................................................................................................................... 165
Figura 147 -  Fixação de uma fonte no gabinete de uma CPU....................................................................... 167
Figura 148 -  Escolha da chave de fenda................................................................................................................. 168
Figura 149 -  Conexão da fonte com os módulos e dispositivos da CPU.................................................... 168
Figura 150 -  Organização dos chicotes e cabos após a montagem............................................................. 169
Figura 151 -  Exemplo de placa com espaçadores.............................................................................................. 170
Figura 152 -  Fixação da placa principal no equipamento............................................................................... 170
Figura 153 -  Fixação de módulos e dispositivos no gabinete........................................................................ 171
Figura 154 -  Guias mecânicas de conectores de módulos e dispositivos eletrônicos.......................... 173
Figura 155 -  Fixação por travas................................................................................................................................. 174
Figura 156 -  Interconexão de módulos e dispositivos...................................................................................... 174
Figura 157 -  Flat cable do tipo membrana............................................................................................................ 175
Figura 158 -  Etiqueta de advertência para energia eletrostática.................................................................. 179
Figura 159 -  Manuseio de módulos e dispositivos............................................................................................. 179
Figura 160 -  Montagem de módulos e dispositivos eletrônicos................................................................... 181
Figura 161 -  Conectores de módulos e dispositivos SMD............................................................................... 181
Figura 162 -  Papelão ondulado................................................................................................................................. 190
Figura 163 -  Calços de isopor..................................................................................................................................... 191
Figura 164 -  Sachês e cápsulas de sílica gel.......................................................................................................... 191
Figura 165 -  Embalagens plásticas antiestáticas................................................................................................ 192
Figura 166 -  Robôs embaladores.............................................................................................................................. 192
Quadro 1 - Tipos de riscos...............................................................................................................................................30
Quadro 2 - Orientações ergonômicas.........................................................................................................................33
Quadro 3 - Resíduos na área da eletroeletrônica....................................................................................................43
Quadro 4 - Equipamentos elétricos e tipo de energia obtida............................................................................65
Quadro 5 - Tipos de PCIs..................................................................................................................................................87
Quadro 6 - Tipos de encapsulamentos SMD............................................................................................................94
Quadro 7 - Tipos mais comuns de capacitores polarizados............................................................................. 107
Quadro 8 - Tipos mais comuns de capacitores polarizados............................................................................. 110
Quadro 9 - Tamanho das pilhas e baterias de uso geral.................................................................................... 122
Quadro 10 - Exemplo de lista de componentes................................................................................................... 143
Quadro 11 - Etapas de montagem automatizada de placa de circuito impresso.................................... 146
Quadro 12 - Exemplos de módulos e dispositivos de uma CPU.................................................................... 161
Quadro 13 - Características comuns aos módulos e dispositivos.................................................................. 172
Quadro 14 - Características da montagem de produtos por tipo linha...................................................... 187

Tabela 1 – Múltiplos do Volt...........................................................................................................................................54


Tabela 2 – Múltiplos e submúltiplos do Volt.............................................................................................................55
Tabela 3 – Múltiplos e submúltiplos do Ampère....................................................................................................60
Tabela 4 – Múltiplos e submúltiplos do Ohm..........................................................................................................64
Tabela 5 – Múltiplos e submúltiplos do Watt...........................................................................................................67
Tabela 6 – Tolerâncias representadas por letras................................................................................................... 100
Tabela 7 – Tamanho das pilhas e baterias tipo moeda...................................................................................... 123
Tabela 8 – Tamanho das pilhas do tipo botão...................................................................................................... 124
Sumário

1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 princípios da manufatura............................................................................................................................................19
2.1. Evolução histórica.......................................................................................................................................20
2.2. Procedimentos de rotinas no trabalho...............................................................................................24
2.3. Hábitos e atitudes profissionais.............................................................................................................26
2.4. Segurança e normalização......................................................................................................................29
2.4.1. Riscos da atividade...................................................................................................................30
2.4.2. Ergonomia...................................................................................................................................32
2.4.3. Análise preliminar de risco....................................................................................................34
2.4.4. Equipamentos de proteção coletiva e equipamentos de proteção
individual....................................................................................................................................35
2.4.5. Mapa de riscos e rotas de fuga.............................................................................................37
2.4.6. Símbolos de advertência........................................................................................................40
2.5. Descarte de resíduos.................................................................................................................................42
2.6. Ferramentas de qualidade.......................................................................................................................44
2.6.1. Checklist (lista de verificação)...............................................................................................45
2.6.2. Estratificação...............................................................................................................................46

3 Fundamentos de eletricidade....................................................................................................................................49
3.1. Grandezas elétricas....................................................................................................................................50
3.1.1. Tensão elétrica...........................................................................................................................53
3.1.2. Corrente elétrica........................................................................................................................58
3.1.3. Resistência elétrica..................................................................................................................64
3.1.4. Potência elétrica.......................................................................................................................65
3.2. Primeira lei de ohm....................................................................................................................................68
3.3. Instrumentos para medições de grandezas elétricas....................................................................69
3.4. Medições de grandezas elétricas..........................................................................................................70
3.4.1. Medições de tensão elétrica (voltagem)..........................................................................71
3.4.2. Medições de corrente elétrica (amperagem)..................................................................74
3.4.3. Medições de resitências elétrica..........................................................................................76

4 Componentes eletroeletrônicos...............................................................................................................................83
4.1. Definição........................................................................................................................................................84
4.2. Placa de circuito impresso (PCI).............................................................................................................85
4.2.1 Tipos de PCIs................................................................................................................................87
4.3. Tipos de componentes eletrônicos......................................................................................................87
4.3.1. Características dos componentes PTH..............................................................................88
4.3.2. Características dos componentes SMD............................................................................89
4.3.3. Polaridades..................................................................................................................................89
4.4. Encapsulamento.........................................................................................................................................90
4.4.1. Encapsulamentos de componetes PTH............................................................................91
4.4.2. Encapsulamentos de componentes SMD........................................................................93
4.5. Resistor..........................................................................................................................................................96
4.5.1. Resistores fixos...........................................................................................................................96
4.5.2. Resistores ajustáveis............................................................................................................. 102
4.6. Capacitor..................................................................................................................................................... 105
4.6.1. Capacitores polarizados...................................................................................................... 106
4.6.2. Capacitores não polarizados.............................................................................................. 109
4.6.3. Capacitor ajustável................................................................................................................ 110
4.7. Indutor......................................................................................................................................................... 112
4.7.1. Indutor PTH.............................................................................................................................. 112
4.7.2. Indutor SMD............................................................................................................................. 113
4.8. Semicondutores....................................................................................................................................... 113
4.8.1. Diodos PTH............................................................................................................................... 114
4.8.2. Diodos SMD............................................................................................................................. 116
4.8.3. Diodo emissor de luz PTH................................................................................................... 117
4.8.4. Diodo emissor de luz SMD.................................................................................................. 118
4.8.5. Transistor bipolar PTH.......................................................................................................... 118
4.8.6. Transistor bipolar SMD......................................................................................................... 120
4.9. Pilhas e baterias........................................................................................................................................ 121
4.9.1. Tamanho das pilhas e baterias.......................................................................................... 122
4.9.2. Tipos de pilhas e baterias.................................................................................................... 124
4.10. Chaves e botões de comando (micro switch)............................................................................. 125
4.11. Relés........................................................................................................................................................... 128
4.12. Conectores............................................................................................................................................... 130
4.12.1. Conectores de dados......................................................................................................... 131
4.12.2. Bornes...................................................................................................................................... 132
4.12.3. Conectores de alimentação............................................................................................. 132

5 Processo de montagem de placas eletrônicas.................................................................................................. 137


5.1. Montagem de placas de circuito impresso.................................................................................... 138
5.2. Cuidados no manuseio de componentes eletrônicos................................................................ 139
5.2.1. Cuidados mecânicos............................................................................................................. 139
5.2.2. Cuidados com a descarga eletrostática......................................................................... 140
5.3. Processo de montagem manual......................................................................................................... 143
5.4. Processo de montagem automatizado............................................................................................ 146
5.5. Ferramentas e utensílios para soldagem e dessoldagem de
componentes eletrônicos..................................................................................................................... 148
5.5.1. Solda e fluxo............................................................................................................................ 149
5.5.2. Soldador.................................................................................................................................... 150
5.5.3. Sugador de solda................................................................................................................... 152
5.5.4. Malha para dessoldar........................................................................................................... 154
5.5.5. Estação de retrabalho para componentes SMD......................................................... 155
6 Módulos e dispositivos.............................................................................................................................................. 159
6.1. Definição de módulos e dispositivos................................................................................................ 160
6.2. Tipos de módulos e dispositivos ....................................................................................................... 161
6.2.1. Fonte de alimentação........................................................................................................... 161
6.2.2. Placa principal ou placa-mãe (main board ou motherboard)................................. 164
6.2.3. Dispositivos mecânicos....................................................................................................... 166
6.3. Caracteristicas da montagem de módulos e dispositivos ....................................................... 171
6.4. Interconexão dos módulos e dos dispositivos ............................................................................. 172
6.5. Energização dos módulos e dos dispositivos ............................................................................... 175
6.6. Teste dos módulos e dos dispositivos ............................................................................................. 176
6.7. Desenergização dos módulos e dos dispositivos ....................................................................... 177
6.8. Manuseio dos módulos e dos dispositivos .................................................................................... 177
6.8.1. Cuidados mecânicos............................................................................................................. 178
6.8.2. Cuidados com a descarga eletrostática......................................................................... 179
6.9. Processo de montagem dos módulos e dos dispositivos......................................................... 180
6.9.1. Processo de montagem manual....................................................................................... 180
6.9.2. Processo de montagem automatizado.......................................................................... 181

7 Produtos.......................................................................................................................................................................... 185
7.1. Definição de produto............................................................................................................................. 186
7.2. Tipos de produtos.................................................................................................................................... 186
7.3. Características da montagem.............................................................................................................. 186
7.4. Interconexão do produto com seus periféricos............................................................................ 187
7.5. Energização dos produtos.................................................................................................................... 188
7.6. Teste dos produtos.................................................................................................................................. 188
7.7. Desenergização........................................................................................................................................ 188
7.8. Manuseio.................................................................................................................................................... 189
7.9. Processo final da montagem .............................................................................................................. 189
7.10. Embalagem.............................................................................................................................................. 190

Referências......................................................................................................................................................................... 197

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 199

Índice................................................................................................................................................................................... 201
introdução

Na unidade curricular de Fundamentos da Manufatura de Equipamentos Eletroeletrô-


nicos você compreenderá os princípios relativos ao processo de montagem de equipamen-
tos eletroeletrônicos de acordo com as normas e os procedimentos técnicos, de qualidade, de
meio ambiente e de saúde e segurança no trabalho.
Esta unidade curricular inicia o curso de qualificação oferecendo, juntamente com Comuni-
cação Oral e Escrita, subsídios para o desenvolvimento das capacidades técnicas, sociais, orga-
nizativas e metodológicas necessárias à aplicação de técnicas da manufatura de equipamentos
eletroeletrônicos.
Na figura a seguir você pode observar a organização curricular do curso e a posição desta
unidade curricular:

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

• Fundamentos da Manufatura de Equipamentos Eletroeletrônicos (80 h)

• Comunicação Oral e Escrita (20 h)

• Técnicas de Manufatura de Equipamentos Eletroeletrônicos (60 h)

Montador de Equipamentos Eletrônicos (160 h)

Figura 1 - Organização curricular


Fonte: SENAI, 2013.

Os fundamentos técnicos e científicos a serem desenvolvidos nesta unidade visam a


identificar:
a) as características de manuseio e de montagem dos módulos, dos dispositivos e dos com-
ponentes eletrônicos;
b) as estações de testes e os instrumentos de medição;
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
16

c) as ferramentas da qualidade utilizadas pelo montador de equipamentos


eletroeletrônicos na empresa;
d) os materiais, as máquinas, as ferramentas e os equipamentos relacionados ao
processo de montagem e à embalagem dos equipamentos eletroeletrônicos;
e) os elementos e os sistemas de interconexão;
f ) os riscos inerentes às atividades de um montador de equipamentos
eletroeletrônicos;
g) os resíduos gerados no processo de montagem dos equipamentos
eletroeletrônicos;
h) as grandezas elétricas e as respectivas unidades de medidas;
i) as características dos produtos eletroeletrônicos.
As capacidades técnicas, sociais, organizativas e metodológicas descritas a se-
rem desenvolvidas nesta unidade são:
a) cumprir instruções de trabalho e prazos;
b) demonstrar atenção aos detalhes;
c) desenvolver o raciocínio lógico e a habilidade manual;
d) demonstrar capacidade de concentração e organização;
e) demonstrar consciência preventiva em relação à saúde e segurança do
trabalho;
f) manter-se atualizado sobre as modificações feitas nas instruções de trabalho;
g) prever consequências;
h) desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe;
i) zelar pela conservação das ferramentas, dos equipamentos e dos compo-
nentes.
Tendo tais fundamentos e capacidades como foco, este livro didático traz os
princípios da manufatura eletroeletrônicos divididos em sete capítulos, sendo
este, de introdução, o primeiro.
No segundo capítulo são abordados os fundamentos do processo de produ-
ção em massa, algumas das ferramentas do sistema de gestão da qualidade, as
rotinas de trabalho e os riscos da atividade de um montador de equipamentos
eletrônicos.
O terceiro capítulo contempla os fundamentos da eletricidade, as principais
grandezas elétricas e suas respectivas unidades de medidas, bem como os princí-
pios de funcionamento dos circuitos elétricos.
1 Introdução
17

O quarto capítulo, mais extenso, apresenta uma série de componentes utili-


zados nos equipamentos eletroeletrônicos, como resistores, capacitores, diodos,
transistores, dentre outros. São destacadas, ainda, algumas características, como
a polaridade, os tipos de encapsulamentos e as tecnologias de montagem.
O quinto capítulo aborda o processo de fabricação das placas de circuito im-
presso e as técnicas de manuseio e montagem dos componentes eletrônicos.
Para tanto, são apresentadas as máquinas, os utensílios e as ferramentas utilizadas
na montagem dos módulos e dispositivos.
No sexto capítulo estão relacionados os principais módulos e dispositivos ele-
trônicos, destacando as características, as interconexões e os cuidados necessári-
os com o seu manuseio.
O sétimo capítulo trata dos produtos eletroeletrônicos prontos para serem co-
mercializados, abordando as estações de testes, as embalagens, as interconexões
e os cuidados com o manuseio nesse ponto da produção.
Ressaltamos que os conteúdos deste livro têm por objetivo ajudá-lo no desen-
volvimento das suas competências pessoais e profissionais para que você possa
entrar no mundo do trabalho e nele ter desempenhos satisfatórios. No entanto, é
importante lembrar que é imprescindível que você cultive atitudes e valores pró-
prios de um profissional capaz de propor soluções para os problemas que ocor-
rem no dia a dia da empresa.
princípios da manufatura

Neste capítulo abordaremos os fundamentos do processo de produção em massa, as ro-


tinas de trabalho de um montador de equipamentos eletrônicos, os riscos da atividade e a
necessidade de se adotar atitudes relativas à segurança do trabalho, bem como as principais
ferramentas do sistema de gestão da qualidade.
Esperamos que este capítulo contribua para que você desenvolva as seguintes capacidades:
a) cumprir instruções de trabalho;
b) manter-se atualizado quanto às modificações feitas nas instruções de trabalho;
c) demonstrar senso de organização e atenção aos detalhes;
d) identificar os riscos inerentes às atividades;
e) evidenciar consciência preventiva em relação à saúde e segurança do trabalho;
f ) prever consequências;
g) identificar resíduos gerados no processo de trabalho;
h) zelar pela conservação das ferramentas, dos equipamentos e dos componentes;
i) cumprir prazos;
j) trabalhar em equipe.
Como você pode observar, este capítulo vai contribuir para que você desenvolva atitudes
adequadas diante das situações de trabalho relacionadas com a montagem de equipamentos
eletrônicos, além de orientá-lo sobre como manter um ambiente de trabalho mais agradável,
seguro e produtivo.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
20

2.1. Evolução histórica

Para que você compreenda melhor os princípios da manufatura, começare-


mos apresentando o contexto histórico dos principais acontecimentos tecnológi-
cos que revolucionaram a indústria.
No século XVIII, momento em que houve um aumento significativo das popu-
lações nas grandes cidades do Reino Unido, principalmente em Londres, gerou-se
a necessidade de aumentar a produção, pois os pequenos artesãos, que até então
eram os principais fornecedores de produtos de consumo na época, não conse-
guiam mais abastecer as cidades de forma eficiente, visto que seus métodos de
fabricação eram todos manuais. Daí vem o termo manufatura.

Até o século XVIII, cada artesão era responsável pelo


processo completo de fabricação de um produto, ini-
ciando seu trabalho com a matéria-prima. Em seguida,
VOCÊ executava todas as etapas do processo de fabricação,
SABIA? passo a passo, até a finalização do produto. Os novos ar-
tesãos aprendiam a profissão com os mais experientes,
no próprio trabalho, e demoravam muito tempo para
começar a produzir de forma eficiente.

Diante do problema de abastecimento, as pequenas fábricas passaram a in-


vestir em novas tecnologias, em invenções e em processos de fabricação que ace-
lerassem a produção. E, a partir daí, ocorreram diversas revoluções industriais e
tecnológicas. Vamos comentar, a seguir, as principais. Acompanhe!
A primeira revolução ocorreu ainda no século XVIII, por volta de 1760, na Ingla-
terra, com o desenvolvimento da máquina a vapor (motor), utilizada principal-
mente em teares (máquina de fazer tecido). Esse foi um dos grandes marcos na
história e ficou conhecido como a Primeira Revolução Industrial.
Veja, na figura a seguir, uma máquina a vapor utilizada naquela época.
2 Princípios da manufatura
21

Figura 2 -  Máquina a vapor exposta na Escuela Técnica Superior de Ingenieros Industriales de Madri
Fonte: Wikimedia Commons (2013)

Mais tarde, em 1913, Henry Ford, fundador da conhecida montadora de auto-


móveis que levou seu nome, iniciou a produção em série do famoso carro Ford
T. O sistema de produção consistia em vários operários trabalhando simultane-
amente e de forma sequencial, cada um deles desenvolvendo uma função espe-
cífica e repetitiva. Nascia ali o processo de produção por linhas de montagem.
Com a linha de montagem, Henry Ford obteve um aumento significativo na
produção, além de conseguir qualificar rapidamente seus operários, que precisa-
vam conhecer apenas a parte do processo de fabricação pela qual seriam respon-
sáveis. Note que esse modelo de produção é utilizado ainda hoje para a fabrica-
ção em massa de produtos.

Figura 3 -  Linha de montagem do Ford T


Fonte: Wikimedia Commons (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
22

Já em meados de 1950 surgiu o computador, que revolucionou a manipula-


ção de dados, dispondo de memória e capacidade aritmética sobre-humanas.
Dez anos mais tarde, os computadores passaram a ser integrados aos processos
industriais, acelerando ainda mais a produção e propiciando condições para a ele-
vação da qualidade dos produtos.
Veja na figura 4, a seguir, como eram os computadores naquela época.

Figura 4 -  Primeiro computador digital eletrônico, o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), em 1946
Fonte: Wikimedia Commons (2013)

Hoje vivemos na era da Tecnologia da Informação, em que muitos processos


são automatizados. Isso demanda do montador de equipamentos eletrônicos
qualificação técnica e noções de qualidade, saúde e de segurança no trabalho, as
quais você conhecerá neste livro.
Atualmente, trabalhamos com um modelo de produção denominado manu-
fatura integrada, em que são aplicadas conjuntamente as tecnologias (com-
putadores e dispositivos eletrônicos) com as técnicas de produção em série das
linhas de montagem, desenvolvidas ao longo da história da indústria. Observe
esse modelo na figura a seguir.
2 Princípios da manufatura
23

Figura 5 -  Montadores de equipamentos eletrônicos


Fonte: 123RF (2013)

Assim, podemos definir a manufatura moderna como um processo de fabrica-


ção de produtos em grande escala de forma organizada, padronizada, em série e
normalmente automatizada e com poucas intervenções humanas diretas. Veja na
figura a seguir um exemplo desse modelo de manufatura.

Figura 6 -  Linha de montagem automatizada com robôs


Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
24

2.2. PROCEDIMENTOS DE ROTINAS NO TRABALHO

A partir da manufatura integrada, surge a necessidade de padronizar as ativi-


dades, descrevendo a maneira como elas devem ser realizadas na linha de mon-
tagem. Essa necessidade deu origem ao procedimento de rotina no trabalho.
O procedimento de rotina no trabalho nada mais é do que um descritivo da
sequência das atividades de um profissional. Esses procedimentos são estuda-
dos e aprimorados constantemente por especialistas da área, levando em conta
a economia de energia, a diminuição de mão de obra, a qualidade, a segurança e,
principalmente, o aumento de produção.
Você poderá compreender melhor o que são os procedimentos de rotina no
trabalho se pensar em uma receita de bolo. Achou estranho? Então, acompanhe.
Na receita de um bolo estão relacionados os ingredientes necessários e o seu
modo de preparo, que deve ser seguido corretamente para que o resultado fique
bom, certo? Veja, a seguir, a receita de um bolo de fubá e observe o modo de preparo.

Bolo de fubá
Ingredientes (matéria-prima) Modo de preparo (procedimento de rotina no trabalho)

1º Bata as claras em neve acrescentando o açúcar delicadamen-


3 ovos
te enquanto está batendo;
2 xícaras de chá de açúcar
2º Acrescente aos poucos as gemas, a margarina, o leite, a fari-
100g de margarina nha de trigo, o fubá e continue batendo;
1 e 1/2 xícara de leite
3º Coloque, por último, o fermento;
1 xícara de chá de farinha
4º Bata até a massa ficar homogênea;
2 xícaras de chá de fubá
5º Coloque a massa em uma forma untada e deixe assar em for-
1 colher de fermento em pó
no médio pré-aquecido por aproximadamente 30 minutos.

Repare que o modo de preparo nada mais é que um procedimento de rotina


no trabalho! E veja agora, na figura 7, o resultado da receita se executada correta-
mente, conforme o descritivo.
2 Princípios da manufatura
25

Figura 7 -  Bolo de fubá


Fonte: 123RF (2013)

Note que é necessário que todas as etapas da receita sejam executadas na se-
quência descrita no modo de preparo, pois qualquer alteração nos ingredientes
ou na ordem das atividades vai alterar o sabor e/ou a aparência do bolo.
O mesmo princípio deve ser aplicado pelos montadores de equipamentos ele-
trônicos: a sequência das atividades descritas nos procedimentos não pode ser
alterada, pois isso afetará a qualidade e/ou funcionamento do produto.
Vamos ver, agora, um exemplo na área industrial referente à montagem de
um motor elétrico. Essa montagem deverá ser realizada dentro dos padrões es-
pecificados no projeto para que o motor funcione corretamente e não apresente
nenhuma variação de qualidade. E para que isso aconteça, todas as peças apre-
sentadas na figura 8 devem ser unidas sistematicamente, na ordem como são
apresentadas, para a montagem do motor ilustrado na figura 9.

Figura 8 -  Vista explodida das peças que compõem o motor


Fonte: Wikimedia Commons (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
26

Figura 9 -  Motor montado


Fonte: SENAI-SP (2013)

Durante a montagem, o montador deve observar todos os detalhes descritos


no procedimento, como o tipo e o tamanho dos parafusos, a lubrificação dos ro-
lamentos, as etiquetas de identificação e, principalmente, o tipo de ferramenta a
ser utilizada em cada etapa da montagem.
Também não podemos esquecer que muitas das etapas de montagem são
realizadas de forma automatizada. Nesses casos, fica sob responsabilidade do
montador verificar se o que está sendo realizado é realmente aquilo que está pre-
visto no procedimento de fabricação.
Os procedimentos de rotina no trabalho de um montador de equipamentos
eletrônicos variam de acordo com o produto, a forma como este é fabricado, as
ferramentas disponíveis e uma série de outros fatores. Por isso, ao ingressar em
uma empresa a sua primeira atividade provavelmente será passar por uma am-
bientação para que você conheça os procedimentos e as rotinas adotadas por ela.
Mas tão importantes quanto seguir os procedimentos de rotina no trabalho
são os hábitos e as atitudes profissionais que você deve cultivar para garantir a
qualidade do produto ou serviço.

2.3. HÁBITOS E ATITUDES PROFISSIONAIS

A preocupação com os hábitos e as atitudes dos trabalhadores surgiu na déca-


da de 1950, logo após a Segunda Guerra, quando alguns países completamente
destruídos, principalmente o Japão, precisavam produzir muito e de forma efi-
ciente para se reconstruir.
2 Princípios da manufatura
27

Naquela época surgiram diversos métodos relacionados à organização no am-


biente de trabalho que buscavam adequar os hábitos e as atitudes dos trabalha-
dores com o aumento da produção, levando em conta a segurança, a saúde e a
qualidade de vida no trabalho.
Um desses métodos foi o 5S, cujo nome representa cinco palavras japonesas
iniciadas com a letra S, as quais correspondem aos hábitos e às atitudes desejá-
veis em ambientes industriais. Veja, a seguir, quais são essas palavras e o significa-
do de cada uma delas.
a) Seiri – Senso de utilização: retirar do local de trabalho tudo aquilo que não es-
tiver utilizando no momento. Com o ambiente menos tumultuado, não se per-
de tempo para encontrar as ferramentas e os componentes para a montagem.

Ferramentas desnecessárias no posto Somente a ferramenta que será utilizada


de trabalho permanece no posto de trabalho
Figura 10 -  Senso de utilização
Fonte: 123RF (2013)

b) Seiton – Senso de organização: dispor cada coisa no lugar reservado a ela.


Cada ferramenta, ou mesmo um componente, deve ter um lugar específico
para armazenamento, de modo a deixar o ambiente mais organizado para
o trabalho e o bem-estar do profissional.

Ferramentas dispostas de forma Painel de ferramentas organizado


desorganizada
Figura 11 -  Senso de organização
Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
28

c) Seisō – Senso de limpeza: deixar o ambiente de trabalho sempre limpo, reti-


rar o lixo assim que ele for gerado e, se possível, eliminar as causas da sujeira.

Posto de trabalho sujo Posto de trabalho limpo


Figura 12 -  Senso de limpeza
Fonte: 123RF (2013)

d) Seiketsu – Senso de saúde e segurança: desenvolver as atividades no tra-


balho sempre com segurança, mantendo atitudes que não comprometam
a saúde física, mental e ambiental. Refere-se também à ergonomia, ou seja,
manter uma postura corporal correta ao sentar-se no posto de trabalho, ao
carregar um peso, ao manipular objetos ou ao utilizar uma ferramenta.

Trabalhador sem equipamentos de Trabalhador com equipamentos de


proteção individual EPI proteção individual
Figura 13 -  Senso de saúde e segurança
Fonte: 123RF (2013)

e) Shitsuke – Senso de autodisciplina: manter o autoaprimoramento, a ini-


ciativa, o senso crítico sobre suas próprias atitudes. Refere-se à consciência
para realizar os quatro sensos anteriores naturalmente no dia a dia.
2 Princípios da manufatura
29

Conduta sem autodisciplina Autodisciplina


Figura 14 -  Senso de autodisciplina
Fonte: 123RF (2013)

Aplicando o 5S você estará zelando por sua saúde, seu bem-estar e sua segu-
rança durante as atividades na empresa. Ao mesmo tempo, seus gestores ficarão
satisfeitos com a qualidade do seu trabalho, a sua organização e a sua produção.

VOCÊ O programa 5S foi tão eficiente no Japão que passou a


ser usado em todo o mundo e continua sendo aplicado
SABIA? nos dias de hoje.

2.4. SEGURANÇA E NORMALIZAÇÃO

No exercício de qualquer profissão sempre há riscos envolvidos, seja em maior


ou menor grau, tanto para quem desempenha a função como para quem com-
partilha espaços comuns com o trabalhador.
Por isso, neste tópico, apresentaremos os riscos da atividade de um montador
de equipamentos eletrônicos e as questões relativas à ergonomia, saúde e se-
gurança no trabalho. Serão abordados também a necessidade de utilização dos
equipamentos de proteção individual e coletivo, bem como os símbolos de ad-
vertência, os mapas de risco e as rotas de fuga.
Adotar atitudes que objetivem a preservação da saúde e da segurança no traba-
lho é obrigação de todo profissional. Portanto, esperamos que você aproveite bem
os fundamentos apresentados a seguir e passe a incorporá-los no seu dia a dia.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
30

1 Acidente de trabalho 2.4.1. RISCOS DA ATIVIDADE


É aquele que ocorre A maioria das atividades industriais, por mais simples que sejam, oferecem al-
durante o exercício do
trabalho ou em período gum tipo de risco para quem as executa ou para outras pessoas envolvidas no
que o trabalhador está
sob responsabilidade da processo de produção.
empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação O segredo está em prever e minimizar a possibilidade de esses riscos se torna-
funcional. rem acidentes e em agir de modo que, se estes ocorrerem, seus efeitos sejam os
menores possíveis. No entanto, para nos prevenirmos contra esses riscos, é preci-
so, antes, identificá-los, não é mesmo? Assim, leia atentamente as informações a
seguir, elas esclarecerão como você pode realizar essa identificação.

O que são riscos?

Riscos são as circunstâncias ou os comportamentos que, se não controlados,


podem gerar algum tipo de doença ou acidente.
A Norma Regulamentadora 9 (NR 9) do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) define os riscos como agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos
existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, intensida-
de e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
Observe, no quadro a seguir, alguns exemplos referentes a cada um dos tipos
de riscos.

Quadro 1 - Tipos de riscos


Tipos de riscos Exemplos
Ruído, vibrações, temperaturas extremas (calor e frio), pressões anormais,
Físicos radiações ionizantes (raios x, raios alfa, raios beta, raios gama) ou não ionizantes
(infravermelho, ultravioleta), umidade e nível de iluminação.
Químicos Produtos químicos, poeiras, névoas, fumaças, gases e vapores.
Biológicos Vírus, bactérias, parasitas, fungos e bacilos.
Movimentos repetitivos, esforço físico intenso, postura física inadequada,
Ergonômicos
desconforto acústico ou térmico.

Fonte: SENAI-SP (2013)

Como identificar os riscos no local de trabalho?

Devemos sempre ter um olhar atento ao ambiente para percebermos as con-


dições que possam vir a causar algum tipo de acidente de trabalho1 ou colocar em
risco a nossa segurança ou nossa saúde.
2 Princípios da manufatura
31

De acordo com a NBR 14280:2001, as possíveis causas de acidentes de


trabalho são:
a) fator pessoal de insegurança (fator pessoal): causa relativa ao compor-
tamento humano que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do
ato inseguro.
b) ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando o preceito de segurança,
pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente.
c) condição de insegurança do ambiente (condição ambiente): condição do
meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência.
Cabe ressaltar que este último equivale à condição insegura, denominação
ainda presente na maior parte da literatura sobre segurança do trabalho.

Em análises feitas nos ambientes onde ocorreram aci-


VOCÊ dentes de trabalho, estes apresentavam um ou mais
SABIA? fatores que os tornavam inseguros para o exercício das
atividades.

Você deve conhecer, por exemplo, pessoas que têm o hábito de ligar vários
equipamentos em uma única tomada, como ilustra a figura a seguir. Isso pode
causar aquecimento e até iniciar um incêndio. Imagine ainda que, bem próxima
dessa ligação inadequada, haja uma cortina. Isso facilitaria a propagação de cha-
mas. Nesse caso, temos: o ato inseguro da pessoa que fez essas ligações e as con-
dições inseguras de conexão elétrica e proximidade da cortina.

Figura 15 -  Risco de sobrecarga da rede elétrica e de incêndio


Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
32

2 Apoio de pé Quanto aos riscos relacionados com a atividade de um montador de equipa-


mentos eletrônicos, constatamos que os ergonômicos devem receber atenção
É um suporte ergonômico
para os pés utilizado especial. Por isso, dedicamos neste capítulo um tópico específico à ergonomia.
normalmente embaixo das Leia com atenção para que você possa se prevenir, evitando danos à sua saúde!
mesas e bancadas para
deixar pernas e pés em uma
posição mais confortável
durante o trabalho.
2.4.2. ERGONOMIA

Ergonomia é a ciência que estuda e desenvolve soluções para adaptar o corpo


humano ao trabalho com o objetivo de diminuir a incidência de doenças e trau-
mas decorrentes de suas atividades.
Nos estudos anteriores, você pôde observar que o sistema de produção em
série utilizado nas indústrias faz com que os trabalhadores realizem o mesmo mo-
vimento repetidamente durante toda a jornada de trabalho. Esses movimentos
repetitivos podem provocar doenças ocupacionais.
Assim, o Ministério do Trabalho e Emprego, preocupado com essa questão,
elaborou uma Norma Regulamentadora, a NR 17, que estabelece os limites e as
condições mais favoráveis aos trabalhadores, visando minimizar as lesões por tra-
balhos repetitivos, conhecidas pelo nome Lesão por Esforço Repetitivo (LER).

Para saber mais sobre a LER você pode consultar a NR 17


no site do Ministério do Trabalho e Emprego acessando o
link <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E-
SAIBA 6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Anexos dessa Norma le-
gislam sobre o trabalho dos Operadores de Checkouts (como
MAIS caixas de supermercados) e em teleatendimento e telema-
rketing. Para ter acesso a esses anexos basta visitar
<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-
regulamentadoras-1.htm>.

Algumas empresas, preocupadas com o bem-estar de seus funcionários, de-


senvolvem um programa de ginástica laboral, no qual um educador físico mi-
nistra uma agradável e descontraída sessão de alongamento antes do início das
atividades ou em um intervalo do trabalho. A participação não é obrigatória, mas
é aconselhável, pois essa prática ajuda a prevenir as lesões musculares, a melhorar
o humor e as relações entre os funcionários.
2 Princípios da manufatura
33

Mesmo com o empenho das empresas e do Ministério


do Trabalho as doenças e os traumas provocados pela
atividade profissional ainda acontecem e, na maioria
FIQUE dos casos, por indisciplina dos próprios trabalhadores,
ALERTA que não seguem as orientações corretamente. Portanto,
lembre-se de que a aplicação dos sensos de saúde e
de autodisciplina, que voce viu no programa 5S, pode
ajudá-lo a prevenir lesões.

A ergonomia aborda, ainda, qual é a melhor postura do trabalhador diante


das tarefas cotidianas. Devemos observar nossa postura conforme a atividade
que realizamos para diminuir a incidência de lesões e outras doenças funcionais.
Acompanhe, no quadro a seguir, algumas orientações que podem ser úteis para
você no exercício de suas atividades.

Quadro 2 - Orientações ergonômicas


Atividade Orientação Forma incorreta Forma correta

Devemos manter as costas


sempre estendidas, retas, ao
levantar objetos pesados, seja
na empresa, em casa ou em
Levantar peso qualquer outro lugar. Apenas
os joelhos e os quadris devem
ser flexionados e o objeto
deve ser mantido encostado
ao corpo durante o trajeto.

Devemos apoiar corretamen-


te a coluna no encosto da
cadeira, o cotovelo deve ser
mantido junto ao corpo (na
Sentar-se diante
linha dos ombros) e nivelado
de um posto de
com o punho. As coxas de-
trabalho
vem ser apoiadas totalmente
no assento e os pés devem
estar totalmente encostados
no chão ou no apoio de pé2.

Devemos manter o braço ali-


nhado ao corpo quando utili-
zamos ferramentas. Algumas
posturas viciosas são comuns
e provocam o uso indevido da
Utilizar uma força em algumas partes do
ferramenta corpo (pescoço, ombros, coto-
velos, punhos, mãos, lombar, Observe que o opera- Observe que o
entre outras), podendo causar dor está sentado e com operador está em pé,
lesões musculares, popu- o cotovelo erguido e realizando o movimen-
larmente conhecidas como realiza o movimento to correto apenas do
“mau jeito”. indevido do ombro e punho, com o braço
do pescoço. levemente flexionado.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
34

Ainda sobre o uso de ferramentas, é importante destacar que algumas são


produzidas levando em conta os estudos ergonômicos. Elas devem ser preferidas
pelo trabalhador, se disponíveis na empresa, e utilizadas conforme as instruções.
Seguem alguns exemplos.

Alicate de bico com mola para retorno Alicate de corte com cabo curvo para o correto
automático à posição de aberto alinhamento ergonômico do punho
Figura 16 -  Modelos de alicates ergonômicos
Fonte: 123RF (2013)

Agora que você já conhece os riscos (físicos, químicos, biológicos e ergonô-


micos) presentes nos ambientes industriais, sabe que é necessário cultivar uma
consciência preventiva em relação a esses riscos para evitar possíveis acidentes. É
importante, ainda, lembrar-se dos princípios de saúde e de segurança no trabalho
diariamente para que tenha uma vida longa, produtiva e agradável.

2.4.3. Análise preliminar de risco

Como vimos no tópico anterior, os riscos ergonômicos são os principais cau-


sadores de lesões do montador de equipamentos eletrônicos. A essa altura você
deve ter deduzido que identificar quais são esses riscos é importante para preve-
nir a ocorrência dessas lesões e seus impactos, não é mesmo? Vamos ver como?
A verificação dos elementos que possam causar lesões ou acidentes é conhe-
cida como Análise Preliminar de Riscos (APR). A APR é tão importante que, de-
pendendo da tarefa a ser executada, é obrigatória, como ocorre nos trabalhos que
envolvem montagem ou manutenção de linhas de transmissão de energia elétrica.
Para elaborar uma APR, devemos investigar todos os possíveis riscos do local
onde as atividades serão realizadas e também as características da própria ativi-
dade. Portanto, é necessário verificar:
a) os procedimentos e as medidas de segurança que devem ser adotados para
eliminar ou minimizar a possibilidade de ocorrência de danos às pessoas ou
ao patrimônio do local de trabalho;
b) os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e equipamentos de proteção
indiviual (EPIs) que são aplicáveis em cada situação.
2 Princípios da manufatura
35

Você já ouviu falar em equipamentos de proteção coletiva e equipamentos


de proteção individual? Para saber mais sobre o assunto, prossiga seus estudos.

2.4.4. Equipamentos de proteção coletiva e equipamentos de proteção


individual

Os equipamentos de proteção coletiva são dispositivos que eliminam ou mi-


nimizam o risco na sua origem, beneficiando diversas pessoas simultaneamente.
O exemplo mais comum é a placa sinalizadora de piso molhado, utilizada pelo
pessoal de serviços gerais quando o piso de um determinado ambiente está sen-
do lavado. Essa placa alerta o risco de acidente a todas as pessoas que passam
pelo local, daí o nome referir à proteção coletiva.
Veja, na figura a seguir, esse e outros exemplos de EPCs.

Figura 17 -  Exemplos de EPCs


Fonte: 123RF (2013)

Os equipamentos de proteção individual são dispositivos que eliminam ou


minimizam riscos que não puderam ser tratados com os EPCs. Como o próprio
nome já diz, ele é usado individualmente e, por critérios de higiene e saúde, não
devem ser compartilhados.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
36

3 Protetor auricular Como exemplo, imagine uma máquina que produz muito barulho durante
o seu funcionamento. Na impossibilidade de se instalar um EPC de tratamento
É um equipamento de
proteção individual que acústico geral, será obrigatório que a empresa disponibilize um EPI, o protetor
tem a finalidade de atenuar auricular3, para cada trabalhador daquele setor.
ruídos, protegendo os
ouvidos. Encontram-se
disponíveis aos usuários Veja na figura 18, a seguir, esse e outros exemplos de EPIs.
nos modelos "plugs auto-
moldáveis" e "conchas".

4 Planta baixa

É o desenho do prédio
como se ele estivesse sendo
visto de cima, apresentando
as divisões de salas,
laboratórios, banheiros e
outros setores da empresa.

Figura 18 -  Exemplos de EPIs


Fonte: 123RF (2013)

O uso dos equipamentos de proteção individual, além


FIQUE de garantir sua segurança e saúde, pode impedir que,
no caso de um acidente, você sofra consequências mui-
ALERTA to sérias, como mutilações, queimaduras, intoxicações,
lesões ocasionadas por ruídos excessivos etc.

Se um funcionário for flagrado realizando uma atividade


VOCÊ sem o uso do EPI ou descumprindo as determinações
relacionadas à saúde e à segurança da empresa, ele
SABIA? poderá sofrer penalidades, que variam de uma simples
advertência verbal até a demissão por justa causa.
2 Princípios da manufatura
37

Agora que você já conhece alguns EPIs, é muito importante


que busque informações sobre as Normas Regulamentado-
SAIBA ras para a correta utilização deles. Acesse o site do Ministério
MAIS do Trabalho no endereço <http://portal.mte.gov.br/
legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm> e leia sobre
EPIs na Norma Regulamentadora nº 6 (NR6).

Todos os empregadores são obrigados, segundo o item 6.3 da NR 6, a fornecer


gratuitamente, aos funcionários, os equipamentos apropriados às atividades que
serão realizadas. E é dever do funcionário utilizar e manter os equipamentos em
bom estado de conservação.
Tudo que vimos até aqui indica a necessidade da adoção e do cumprimento
das regras e políticas de segurança das empresas. Pois bem, para complementar,
vamos destacar algumas das regras básicas para a manutenção da segurança no
ambiente de trabalho. Acompanhe:
a) Mantenha-se sempre atento à atividade que está realizando. As distrações
causam grande parte dos acidentes.
b) Utilize sempre as roupas, as ferramentas e os equipamentos adequados
para a atividade que está realizando. O improviso pode expor você a um
risco desnecessário.
c) Sempre que possível, desfrute de uma boa noite de sono. O cansaço gera a
distração, que pode causar acidentes.
d) Caso esteja doente, avise a seu supervisor e procure um médico. Você pode
não estar apto a realizar suas tarefas com segurança.

2.4.5. MAPA DE RISCOS E ROTAS DE FUGA

O mapa de riscos é a representação gráfica dos riscos existentes em um deter-


minado ambiente. Eles são identificados por meio de círculos de diferentes tama-
nhos e cores que são desenhados sobre a planta baixa4 do local analisado.
Para que você compreenda como é feito um mapa de riscos, veja um exemplo
na figura a seguir.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
38

5 Brigada de incêndio escritório almoxarifado caldeira


7 - 12
É uma equipe formada por 3 10
funcionários da empresa 5
que são treinados para
auxiliar na evacuação do 4
prédio e, se necessário, a
combater o incêndio.

2 11 - 6
1 7 9

11 8

oficina mecânica usinagem forjaria pintura

Figura 19 -  Exemplo de mapa de riscos


Fonte: SENAI-SP (2013)

O que vemos na figura 19 é uma planta baixa simplificada de uma empresa.


Note que os círculos possuem cores e tamanhos diferentes. As cores representam
o tipo do risco presente no ambiente, enquanto o tamanho do círculo representa
o grau do risco – quanto maior o círculo, maior é o risco. A imagem a seguir traz a
representação desses elementos que compõem o mapa de riscos. Veja!

Grau de risco Tipo de risco


leve riscos físicos
riscos químicos
médio
riscos biológicos
elevado riscos ergonômicos

Figura 20 -  Legenda dos tipos e graus de riscos existentes nos ambientes de trabalho
Fonte: SENAI-SP (2013)

Observando o exemplo do mapa de riscos apresentado anteriormente e com


o auxílio da legenda, podemos afirmar, por exemplo, que no setor Usinagem
existem dois tipos de risco: um de nível leve do tipo ergonômico e outro de nível
médio do tipo físico.
Desse modo, vemos que a partir do mapa de riscos é possível elaborar uma
rota de fuga, que será utilizada para a evacuação do prédio em casos de emer-
gência, como em um incêndio.
2 Princípios da manufatura
39

A rota de fuga deve ser padronizada e conhecida por todos para que não haja
tumultos e desorientações nos momentos de emergência. Além disso, as empre-
sas são obrigadas a fazer simulações de abandono de prédio para praticar e facili-
tar a evacuação no caso necessidade.
A seguir, temos outro exemplo de mapa de riscos, agora com as indicações
(setas) que representam a rota de fuga, ou seja, o caminho a ser percorrido para a
evacuação do prédio em caso de emergência.

Mapa de risco e rota de fuga


sala aula 8

biblioteca copa secret.


arq.
corredor
corredor arq. sala cood.
páteo fechado
sala aula 7

lavand.

sanit. masc arq. sala adm.


sanit. fem
sanit. masc.
sanit. fem.
corredor

sala prof.
sala aula 6

páteo aberto páteo aberto sala mult.

corredor

sala de informática sala aula 5 sala aula 4 sala aula 3 sala aula 2 sala aula 1

Simbologia das cores risco químico leve risco mecânico leve


No mapa de riscos, os riscos são
representados e indicados por risco químico médio risco mecânico médio
círculos coloridos de três tamanhos
diferentes, a saber. risco químico elevado risco mecânico elevado

risco biológico leve risco ergonômico leve risco físico leve

risco biológico médio risco ergonômico médio risco físico médio

risco biológico elevado risco ergonômico elevado risco físico elevado

Figura 21 -  Exemplo de mapa de risco e rota de fuga


Fonte: SENAI-SP (2013)

Nas saídas do prédio (chamadas de final da rota de fuga) estão os pontos de


encontro, os quais são normalmente identificados com a letra E pintada no chão,
conforme mostra a figura 22, a seguir. Em casos de emergência, você deverá se
dirigir até esses pontos e lá aguardar as orientações da Brigada de Incêndio5 ou
do Corpo de Bombeiros.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
40

Figura 22 -  Sinalização do ponto de encontro


Fonte: SENAI-SP (2013)

No seu primeiro dia de trabalho provavelmente serão apresentados a você o


mapa de riscos e as rotas de fuga, que ficam expostos nas dependências do pré-
dio. É importante que as rotas de fuga sejam memorizadas para a utilização no
caso de emergência.
Como você pode ver, a sua conscientização sobre os riscos presentes no am-
biente de trabalho e o seu conhecimento sobre as rotas de fuga são indispensá-
veis para a prevenção de acidentes. Mas isso não é tudo! O perigo costuma ser
sinalizado por símbolos impressos em placas de advertência. Você os conhece?
Sabe o que eles significam? Veja a seguir!

2.4.6. SÍMBOLOS DE ADVERTÊNCIA

Os símbolos de advertência são desenhos padronizados que servem para aler-


tar, orientar e advertir, de forma rápida, alguma situação que possa colocar em
risco a pessoa, a máquina ou o ambiente.
As advertências visuais podem ser classificadas segundo sua finalidade. Você
conhece as categorias mais utilizadas nas empresas? Observe alguns exemplos
a seguir.

PERIGO

ALTA TENSÃO
indicação de quadro de
força e painéis elétricos indicação de alta tensão

Figura 23 -  Símbolos de advertência relacionados à eletricidade


Fonte: SENAI-SP (2013)
2 Princípios da manufatura
41

indicação de indicação de extintor


“não fume” de incêndio

Figura 24 -  Símbolos de advertência para segurança contra incêndio


Fonte: SENAI-SP (2013)

indicação de máquinas
indicação de perigo com partes móveis

Figura 25 -  Símbolos de advertência relacionados a perigos de área industrial


Fonte: SENAI-SP (2013)

CASOS E RELATOS

Não há trabalho tão importante que não possa ser realizado com se-
gurança
Certa vez, a empresa Tec-Cel, uma montadora de aparelhos celulares ne-
gociou com seus funcionários um plano de metas para a participação nos
seus lucros e resultados. Caso as metas de produção fossem atingidas,
cada funcionário receberia dois salários adicionais ao final do ano.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
42

Francisco, que trabalhava na linha de montagem, estava precisando mui-


to dessa bonificação, pois estava endividado. Diante das metas, começou
a correr com o seu trabalho de tal forma que os aspectos de segurança
e qualidade ficaram em segundo plano. Não demorou muito para Fran-
cisco se acidentar. Naquele corre-corre, ele não atentou que a placa sina-
lizando piso escorregadio fora colocada pela moça da limpeza e acabou
escorregando e quebrando o braço.
Afastado do trabalho por dois meses, Francisco não pode, nesse tempo,
contribuir para que as metas fossem atingidas. No entanto, com o empe-
nho dos seus colegas de trabalho, elas foram alcançadas e ele recebeu
os salários de bonificação. Refletindo sobre essa ocorrência, Francisco
chegou à seguinte conclusão: não há trabalho tão importante que não
possa ser realizado com segurança.

2.5. DESCARTE DE RESÍDUOS

Você que optou por trabalhar na área de eletroeletrônica precisará refletir


sobre os impactos das suas atividades no meio ambiente e conhecer as formas
adequadas de descarte dos resíduos gerados pelo seu trabalho. Primeiramente,
devemos saber que se considera resíduo todo e qualquer material que sobra de
uma ação ou um processo produtivo.
Os resíduos são classificados pela NBR 10001 conforme você pode ver a seguir.

Segundo seu estado físico:


a) resíduos sólidos (como componentes danificados);
b) efluentes líquidos (como ácidos de baterias); e
c) emissões atmosféricas (gases e vapores).

É necessário que você, no desempenho de sua função,


FIQUE conheça e assuma as formas corretas de manuseio e
ALERTA separação dos resíduos para evitar possíveis impactos
ambientais e até mesmo problemas à saúde.
2 Princípios da manufatura
43

Veja, no quadro a seguir, os principais resíduos gerados pelos componentes e


equipamentos na área da eletroeletrônica, seus usos e malefícios.

Quadro 3 - Resíduos na área da eletroeletrônica


Resíduos Usos Malefícios
Afeta o sistema nervoso central, peri-
Na soldagem de placas eletrônicas e nas
Chumbo férico, endocrinológico e circulatório,
lâmpadas fluorescentes.
provocando efeitos negativos nos rins.
É facilmente absorvido pelos organis-
Equipamentos elétricos em geral (senso-
Mercúrio mos vivos e provoca efeitos crônicos,
res, relés e lâmpadas).
causando danos ao cérebro.
O cádmio e seus compostos acumulam-
-se no corpo humano, especialmente
nos rins, podendo vir a deteriorá-los
Baterias recarregáveis para equipamentos
com o tempo. É absorvido também
Cádmio eletrônicos (telefone sem fio e brinque-
por meio da respiração e por meio de
dos).
ingestão nos alimentos. Em caso de
exposição prolongada, o cloreto de
cádmio pode causar câncer.
São regularmente incorporados aos
produtos eletroeletrônicos como forma
de assegurar uma proteção contra incên- Sua ingestão é o principal meio de
Retardadores
dio. Estão presentes também nas placas contaminação. São desreguladores
de combustão
eletrônicas, nas coberturas de plástico de endócrinos.
eletrodomésticos e nas capas de fios e
cabos elétricos.

O descarte de resíduos perigosos, como placas eletrônicas, junto com o lixo


comum pode provocar sérias consequências tanto para o meio ambiente quanto
para a empresa e, muitas vezes, para a saúde dos trabalhadores e da população.

Figura 26 -  Fonte de contaminantes para o meio ambiente


Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
44

6 Causa-raiz de um É importante sempre atentarmos para o fato de que a reciclagem de resíduos


problema
de equipamentos elétricos e eletrônicos ou o seu depósito em aterros com ca-
É a ação ou fato que, pacidade de tratá-los de forma ambientalmente correta minimizam os impactos
se corrigido, elimina o ambientais do lixo eletrônico.
problema definitivamente.
Pense em uma planta
nociva que ao se arrancada
pela raiz deixará o ambiente
mais favorável para uma
flora mais rica. Se você observar prática irregular de descarte de resí-
duos perigosos na empresa em que trabalha, alerte os
responsáveis para que verifiquem com o órgão ambien-
FIQUE tal de sua cidade como proceder para que o descarte
ALERTA desses elementos seja feito da forma correta. Dessa for-
ma você contribuirá não apenas com a cidade, mas com
todo o meio ambiente e também com a empresa, que
passará a seguir a legislação.

Como você pode observar, o desafio ambiental é grande, pois depende de mu-
danças de comportamentos profundamente enraizados em nossa cultura e, em
alguns casos, envolvem até questões de ordem social e de saúde pública.
Mas lembre-se: saber mais sobre essas questões possibilita que cada um de
nós faça a sua parte para vivermos em um mundo melhor, mais saudável e sus-
tentável!

2.6. FERRAMENTAS DE QUALIDADE

Muitas empresas têm como prática envolver os funcionários na busca pela so-
lução dos problemas. Algumas delas até dão bônus para as ideias que levam à
economia de recursos, quer sejam físicos ou de tempo.
E para alcançar esse objetivo de solucionar os problemas, as empresas utilizam
ferramentas que permitam o diagnóstico das situações e a busca pela causa-raiz
dos problemas6 encontrados.
São muitas as ferramentas com essa finalidade, e nós veremos o checklist (ter-
mo em inglês que podemos traduzir como lista de verificação) e a estratificação,
que estão relacionadas diretamente com as atividades que você exercerá como
montador de equipamentos eletrônicos. Acompanhe!
2 Princípios da manufatura
45

2.6.1. Checklist (lista de verificação)

Muito utilizada na coleta de dados, o checklist, termo em inglês para lista de


verificação – também conhecida como folha de verificação –, consiste em um
formulário de itens a serem verificados com a finalidade de avaliar o estado de
conformidade de um processo ou produto.
Esses formulários são úteis desde que sejam ferramentas abrangentes e cri-
teriosas para atestar essa conformidade. Frequentemente, a lista de verificação
dispõe de um sistema de critérios, pesos e avaliações que permite ao avaliador
liberar ou não o processo ou produto.
A seguir, veja um exemplo de uma lista de verificação que apresenta a quanti-
dade de defeitos de uma placa de controle de iluminação. Observe como os da-
dos foram registrados.

Produto: Placa de controle da iluminação Turno: Manhã


Processo: Montagem Operador: 156483
Lote: 155464
Máquina: 123558
Linha: Alfa
Defeitos Quantidade Total
Solda fria no conector J1 IIIII IIIII IIIII 15
Curto-circuito no chip U3 IIIII IIIII IIIII IIIII IIII 24
Falha de preenchimento em J8 IIIII II 7
Falha de posicionamento em Q5 IIIII IIIII IIIII IIIII 20
Outros (citar quais)
0

Total de defeitos no lote: 66


Total de peças defeituosas: IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII III 28

IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII


Total de peças produzidas: IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII 120
IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII

Figura 27 -  Exemplo de lista de verificação


Fonte: SENAI-SP (2013)

A partir dos dados coletados, podemos aplicar outras ferramentas da qualida-


de para determinar possíveis desvios de processo e as ações necessárias para sua
correção. A ferramenta mais comum aplicável aos resultados da lista de verifica-
ção é a estratificação, que você verá a seguir.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
46

7 Recall 2.6.2. Estratificação


(Termo inglês que pode ser Estratificar consiste em separar e agrupar os dados com características comuns
traduzido para rechamado).
É o procedimento da de modo a identificar relações ou tendências desses dados. Se identificarmos as
indústria para substituição
de lotes de produtos relações entre os dados, podemos entender como um deles influencia no com-
comercializados com portamento dos demais e, assim, prever seus resultados futuros.
defeito de fabricação.
Para aplicar a estratificação, realize o seguinte:
a) selecione as variáveis a serem monitoradas;
b) estabeleça as categorias;
c) colete os dados;
d) agrupe os dados;
e) analise os resultados seguindo os critérios estabelecidos; e
f ) proponha as ações para correção.
Como exemplos de características de agrupamentos de dados para os itens
produzidos em uma empresa, temos:
a) por lote de matéria-prima;
b) por turno de produção;
c) por linha de produção; e
d) por operador.
Por exemplo, se o problema for de matéria-prima, podemos chegar aos produtos
por meio dos lotes. Esse é o método utilizado pelas montadoras automobilísticas
para identificar quais os veículos que precisam passar por um processo de recall7.
As ferramentas da qualidade são de extrema importância para o processo e o
controle da produção. No entanto, cada empresa adota as ferramentas mais apro-
priadas ao seu sistema de gestão pela qualidade. Cabe ao montador conhecê-las,
apropriar-se delas e utilizá-las corretamente.
2 Princípios da manufatura
47

Recapitulando

Neste capitulo, aprendemos como surgiu a linha de montagem e o sis-


tema de produção em massa. Também verificamos a eficiência do pro-
grama 5S e vimos os hábitos e as atitudes profissionais esperados de um
montador de equipamentos eletrônicos dentro de um ambiente fabril.
Compreendemos que os aspectos de segurança são fatores primordiais
no seu dia a dia na empresa, afinal, sua família espera que você retorne
para casa com a mesma saúde com que saiu dela. Para isso, você não
deve se descuidar dos riscos inerentes a sua atividade, sejam esses riscos
físicos, químicos, biológicos ou ergonômicos. Esteja sempre atento e pre-
parado a eliminá-los, com a utilização de EPIs ou EPCs, conforme o caso.
Aprendemos também que as ferramentas da qualidade contribuem para
a melhoria de processos e produtos e nos ajudam a alcançar o objetivo
maior da empresa, que deve ser o nosso também: a satisfação do cliente.
Por isso, você conheceu o checklist (ou lista de verificação) e a estratifi-
cação, duas ferramentas da qualidade que medem alguns índices que
impactam diretamente nesse objetivo.
Esses conhecimentos sustentarão sua caminhada no decorrer deste cur-
so, pois a partir deles você estará preparado para assuntos mais específi-
cos relativos às atividades de um montador de equipamentos eletrônicos.
Pronto para prosseguir? Então, vamos em frente!
Fundamentos de eletricidade

Neste capítulo, você conhecerá os princípios e fundamentos da eletricidade, as grandezas


elétricas mais comuns e suas respectivas unidades de medidas, bem como o funcionamento
básico de alguns circuitos eletrônicos.
Apresentaremos os fundamentos de eletricidade necessários para que você, como monta-
dor de equipamentos eletrônicos, possa manipular os componentes, fazer medições de gran-
dezas elétricas e realizar montagens eletrônicas.
Assim, ao final do capítulo você terá subsídios para:
a) identificar unidades de medidas;
b) utilizar instrumentos de medição;
c) reconhecer materiais, ferramentas e equipamentos eletroeletrônicos.
Vale lembrar que os conteúdos estão abordados em profundidade condizente com as fun-
ções de um montador de equipamentos eletrônicos, no entanto, existe uma margem grande
para aperfeiçoamento em outros cursos da área da eletroeletrônica.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
50

3.1. GRANDEZAS ELÉTRICAS

Para iniciar os estudos, você necessita saber o que é eletricidade. Então, vamos
a esse conceito!
É importante saber que eletricidade é um fenômeno natural caracterizado
pelo desequilíbrio de cargas elétricas nos átomos dos materiais. Esse desequilí-
brio pode acontecer artificialmente por meio dos geradores de eletricidade, ou
também naturalmente por meio do vento e do atrito.
Quando presenciamos um raio, por exemplo, estamos vendo o deslocamento
de elétrons das nuvens para a terra (ou da terra para as nuvens, dependendo do
caso) na tentativa de equilibrar as cargas elétricas dos átomos. Isso ocorre porque
as nuvens desequilibram suas cargas elétricas naturalmente com o vento.
A eletricidade é estudada a partir da variação de diversos fatores físicos, conhe-
cidos como grandezas elétricas. Mas para melhor compreender as grandezas que
fundamentam a eletricidade (resistência, tensão, corrente e potência elétricas),
você precisa entender a estrutura atômica dos materiais e o principio da matéria.
E o que é matéria? Por definição, matéria é tudo aquilo que tem massa, que ocupa
lugar no espaço, não tem forma definida e pode ser encontrada na natureza nos
estados físicos sólido, líquido ou gasoso.
Tudo ao nosso redor é matéria, seja objeto, animal, vegetal, mineral ou mesmo
o ar que respiramos, pois tudo tem massa e ocupa lugar no espaço. Se, por exem-
plo, analisarmos a neve (água congelada) com um microscópio, conseguiremos
enxergar a sua estrutura formada por cristais imperceptíveis a olho nu. Veja a ilus-
tração na figura 28.

Figura 28 -  Estrutura microscópica da água


Fonte: 123RF (2013)
3 Fundamentos de eletricidade
51

Se pudéssemos aumentar a lente do microscópio em alguns milhões vezes,


deixaríamos de visualizar os cristais de água e passaríamos a visualizar a molécula
da água, que é formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O).

-
átomo de
oxigênio

+ +
átomos de
hidrogênio
Figura 29 -  Molécula da água
Fonte: SENAI-SP (2013)

Os átomos, embora não sejam visualizados por meio de microscópios, possu-


em um modelo representativo criado por Ernest Rutherford que é baseado em
um planetário, contendo um núcleo e uma órbita de elétrons, conforme demons-
tra a figura 30.

elétron
NN
NN N
NN
N

nêutron + próton = núcleo

Figura 30 -  Estrutura atômica do oxigênio


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
52

O núcleo do átomo é composto por prótons (cargas elétricas positivas) e por


nêutrons (cargas elétricas neutras); já a sua órbita, conhecida como eletrosfera,
é composta por elétrons (cargas elétricas negativas).
Para gerar a eletricidade que conhecemos, precisamos desestabilizar a quanti-
dade de cargas elétricas (positivas e negativas) nos átomos, forçando a troca, isto
é, a circulação de elétrons entre eles. Repare que o termo circuito elétrico vem
justamente do fato de haver a circulação de elétrons.
Alguns tipos de materiais fazem a troca de elétrons com mais facilidade que
outros por causa da quantidade de elétrons livres que existe em suas órbitas. Os
elétrons livres têm menos força de atração por estarem mais afastados do núcleo
do átomo, podendo se desprender com maior facilidade. Eles estão presentes nos
materiais condutores, como prata, ouro, alumínio, cobre etc.
Os elétrons presos são aqueles que estão mais próximos do núcleo do átomo,
portanto, sujeitos a uma força de atração maior. Estão presentes nos materiais
isolantes, como vidro, borracha, plástico etc.

Figura 31 -  Deslocamento de elétrons


Fonte: SENAI-SP (2013)

Assim, as grandezas elétricas são fenômenos físicos relacionados ao


deslocamento de elétrons nos materiais, que ocorre com o fim de gerar um
resultado útil, um trabalho. Seguem as principais grandezas elétricas que passa-
remos a analisar:
a) tensão elétrica;
b) corrente elétrica;
c) resistência elétrica; e
d) potência elétrica.
Veremos a seguir a explicação sobre cada uma delas.
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
53

3.1.1. TENSãO ElÉTRICA

Vimos que os elétrons se movimentam de um átomo para outro por meio de


um material condutor. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que uma
força, ou pressão elétrica, seja aplicada nos terminais desse condutor. Essa força,
ou pressão elétrica, é denominada diferença de potencial (ddp) ou tensão elé-
trica, e é uma grandeza elétrica.
Para melhor compreendermos essa grandeza, podemos fazer uma analogia
com uma caixa d’água residencial. Sabemos que a caixa d’água deve ser colocada
em um nível mais alto, sendo normalmente localizada sobre o telhado, para que a
gravidade permita que saia água na torneira.
Quanto mais alta ficar a caixa, maior será a pressão de saída de água, ou seja,
a altura, em razão da gravidade, é a força que empurra a água. Essa pressão pro-
vocada pela altura da caixa d´água, nessa analogia, representa simbolicamente a
tensão elétrica.
Na figura a seguir, você pode observar uma bateria de 9V sendo utilizada como
fonte de tensão elétrica em um circuito. A bateria fornece corrente, fazendo com
que, ao ligar o interruptor, a lâmpada se acenda.

lâmpada acessa
interruptor ligado

bateria como fonte de tensão elétrica,


fornecendo energia para acender a lâmpada

Figura 32 - Tensão elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
54

1 Polaridade A tensão elétrica, por convenção internacional, é representada pelas letras E, V


ou U. Aqui, utilizaremos a letra U. A unidade de medida da tensão é o Volt, que é
É o que define o sentido
de circulação da corrente representada pela letra maiúscula V. Portanto:
elétrica. No sentido
convencional, a corrente
elétrica sai do polo positivo
e vai em direção ao polo
negativo.
U → Volt

2 Curva senoidal

É a representação gráfica
da corrente alternada.
Essa representação Alessandro Volta, físico italiano do século XIX, inventou
gráfica reproduz, em uma a pilha elétrica empilhando discos de cobre e zinco
determinada base de VOCÊ separados por tecido embebido em solução de ácido
tempo, os movimentos SABIA? sulfúrico. A unidade de medida de potencial elétrico
circulares (giratórios) de chama-se Volt (V) em homenagem a esse cientista.
um gerador de corrente
alternada, chamado
alternador.

A unidade de medida Volt tem seus múltiplos e submúltiplos, que mudam


a forma numérica de representar a grandeza para facilitar a leitura, mas não al-
teram o valor efetivamente encontrado no circuito. Seria como trocarmos nosso
dinheiro em reais (R$) pelo valor equivalente em dólar (US$): mudaria a forma de
representá-lo, mas não mudaria o seu poder de compra.
Observe a tabela a seguir:

Tabela 1 – Múltiplos do Volt


Megavolt Quilovolt Milivolt Microvolt
Volt (V)
(MV) (KV) (mV) (uV)
1 1.000 1.000.000 000 000

Nessa representação, temos a seguinte leitura:


1 MV (um megavolt)
significa o mesmo que
1.000 KV (um mil quilovolts),
que significa o mesmo que
1.000.000 V (um milhão de volts)
3 Fundamentos de eletricidade
55

Veja um outro exemplo:

Tabela 2 – Múltiplos e submúltiplos do Volt


Megavolt Quilovolt Milivolt Microvolt
Volt (V)
(MV) (KV) (mV) (μV)
1 000 000

1 V (um Volt)
significa o mesmo que
1.000 mV (um mil milivolt),
que significa o mesmo que
1.000.000 uV (um milhão de microvolt)

Agora que você já viu os múltiplos e submúltiplos da unidade de medida Volt,


verá que as fontes de tensão elétrica podem ser contínuas ou alternadas. Isso
porque pode haver alteração da sua polaridade1.
Na figura 33 você pode observar dois gráficos. No primeiro, perceba que há
uniformidade na tensão, representando a tensão contínua. No segundo, há uma
curva senoidal2, representando a mudança de polaridade da tensão. Observe que
a curva se alterna entre o polo positivo +A até o polo negativo –A, o que caracte-
riza a tensão alternada.

alternada
contínua tensão
tensão +A
+A

tempo

-A

Figura 33 -  Tensão elétrica contínua (à esquerda) e alternada (à direita)


Fonte: SENAI-SP (2013)

Tensão contínua

Mas o que é exatamente a tensão contínua? Dizemos que a tensão é contínua


quando não existe alteração dos polos (positivo e negativo), como acontece com
as baterias ou pilhas, que têm seus terminais identificados.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
56

3,7VCC

Figura 34 - Fonte de tensão contínua


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para identificar a tensão contínua são acrescentadas a letra V (Volts) e as letras


CC (corrente contínua) ou DC (direct current, termo em inglês que significa corren-
te direta). Por exemplo:

12 VCC ou 12 VDC = 12 Volts contínuos

Podemos, ainda, associar as baterias em série para atingir outros valores de


tensão (voltagem). Nesse caso, é como se colocássemos uma caixa d´água em
cima da outra, aumentando a altura final, o que, na nossa analogia, equivaleria a
aumentar o valor da tensão elétrica. No exemplo da figura 35, temos a associação
em série de duas pilhas de 3,7 VCC formando um potencial de 7,4 VCC.

3,7VCC

7,4VCC

3,7V CC

Figura 35 - Tensão contínua na associação em série


Fonte: SENAI-SP (2013)
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
57

Já na figura 36, você pode notar que a associação em paralelo não altera o
valor de tensão (voltagem). Seria como se colocássemos uma caixa d´água ao
lado da outra, não alterando sua altura final, no caso, mantendo o mesmo valor
de tensão elétrica. Neste exemplo, você pode observar a associação em paralelo
de 2 pilhas de 3,7 VCC sem a alteração do valor da voltagem final.

3,7VCC 3,7VCC
3,7V CC

Figura 36 - Tensão contínua na associação em paralelo


Fonte: SENAI-SP (2013)

Tensão alternada

E em relação à tensão alternada? Como ela ocorre? Dizemos que a tensão é


alternada quando existe a alteração dos polos positivo e negativo. Por exemplo,
o ponto de tomada de 127 V que temos em casa é alternado, porque os polos se
alternam 60 vezes no período de um segundo.
Na figura a seguir, você pode observar à esquerda a representação das toma-
das como fonte de tensão alternada contendo a posição correta de ligação para
cada pino, enquanto à direita pode ver os cabos, identificados por cores, que são
conectados a esses pinos.

condutor fase: +127 - 127


neutro fase qualquer cor, menos verde e azul
terra
condutor terra: proteção
cor verde ou verde e amarelo
terra neutro fase condutor neutro: 0V
polarização de cor azul

tomadas elétricas cabo elétrico para alimentação da tomada

Figura 37 - Tomada elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Embora na tomada haja três pinos, o circuito elétrico é formado por apenas
dois deles. No caso da tomada de 127 VAC, usamos a fase e o neutro. O condutor
terra (também chamado de fio terra) serve para proteger o equipamento contra
descargas elétricas e também para a segurança das pessoas, pois reduz o risco de
choque elétrico.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
58

A quantidade de vezes que os polos se alternam em um segundo é chamada


de frequência e a sua unidade de medida é o Hertz, representado pelas letras Hz.

tensão (U)
T
f = 1/T

tempo (ms)
0 16,66 33,32

T= período, que é o tempo de um ciclo da senoide


Para 60Hz, o período é de 16,66 ms
Figura 38 -  Frequência da tensão alternada
Fonte: SENAI-SP (2013)

Para identificar a tensão alternada são acrescentadas as letras V (Volts) e CA


(corrente alternada) ou AC (alternating current, termo do inglês que significa cor-
rente alternada). Por exemplo:

127 VCAou 127 VAC = 127 Volts alternados

3.1.2. CORRENTE ELÉTRICA

No início deste capítulo, verificamos que os materiais condutores são aqueles


que possuem elétrons livres, disponíveis para circulação. No entanto, a circula-
ção só ocorre quando aplicamos uma tensão elétrica (voltagem) no condutor,
situação na qual teremos uma força empurrando esses elétrons livres, fazendo
com que eles se movimentem ordenadamente na mesma direção. O fluxo dos
elétrons livres no condutor é chamado de corrente elétrica.
Para que você compreenda bem os conceitos de corrente e tensão elétricas,
vamos retomar a analogia com a caixa d’água residencial. A corrente elétrica se-
ria, agora, o fluxo de água que sai da caixa e o condutor (fio) seria o cano de água.
Sem a altura necessária, a caixa não consegue mandar água para a torneira, da
mesma forma, sem tensão elétrica não existe circulação de corrente (isto é, dos
elétrons) até o ponto final (tomada, lâmpada etc). Na figura 39, a bateria de 9 V
fornece corrente elétrica ao circuito, da mesma forma que a caixa d’água fornece
água à torneira.
3 Fundamentos de eletricidade
59

lâmpada acesa
interruptor ligado

bateria fornecendo corrente

Figura 39 -  Corrente elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

A corrente elétrica, por convenção internacional, é representada pela letra I. A


unidade de medida da intensidade da corrente elétrica é o Ampère, representa-
do pela letra maiúscula A. Portanto:

I → Ampère

André-Marie Ampère (físico, filósofo, cientista e mate-


mático francês do século XIX), com seus estudos, perce-
VOCÊ beu a ação magnética das correntes elétricas e estabele-
SABIA? ceu as leis do eletromagnetismo. A unidade de medida
da corrente elétrica recebeu o nome de Ampère (A) em
homenagem a ele.

A unidade de medida Ampère também tem seus múltiplos e submúltiplos,


que, assim como no caso do Volt, mudam a forma numérica de representar a
grandeza para facilitar a leitura, mas não alteram o valor efetivamente encontra-
do no circuito.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
60

Veja a representação a seguir:

Tabela 3 – Múltiplos e submúltiplos do Ampère


Mega-ampère Quiloampère Miliampère Microampère
Ampère (A)
(MA) (KA) (mA) (µA)
1 1.000 1.000.000

Nessa representação, temos a seguinte leitura:


1 A (um ampère)
significa o mesmo que
1.000 mA (um mil miliampère),
que significa o mesmo que
1.000.000 µA (um milhão de microampère)

Como os elétrons circulam no mesmo sentido da tensão elétrica, as correntes


podem ser contínuas ou alternadas. Nos gráficos apresentados a seguir você
pode observar as representações de corrente contínua e alternada. A reta vertical
em cada gráfico indica o valor e a polaridade da corrente e a reta horizontal indica
a variação da corrente em função do tempo.

corrente corrente
contínua alternada
+A +A

tempo tempo

-A

Figura 40 -  Correntes elétricas contínua (à esquerda) e alternada (à direita)


Fonte: SENAI-SP (2013)

Corrente contínua

Dizemos que a corrente é contínua quando não existe alteração no sentido de


circulação dos elétrons. Por exemplo, em uma bateria ou pilha, os elétrons saem
do polo positivo e vão em direção ao negativo.
Na figura a seguir, você vê a bateria como fonte de corrente contínua com ca-
pacidade máxima de fornecimento de 4,5 A pelo período de uma hora.
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
61

3,7VCC

Figura 41 - Fonte de corrente contínua com 4,5 A


Fonte: SENAI-SP (2013)

Embora no sentido convencional da corrente os elé-


vocÊ trons circulem do polo positivo para o polo negativo, no
seu sentido real, eles saem do negativo e vão em dire-
SaBia? ção ao polo positivo, porque são portadores das cargas
negativas.

Para identificar a corrente contínua são acrescentadas as letras A (Ampère) e as


letras CC (corrente contínua) ou DC (direct current). Por exemplo:

1ACC ou 1ADC = 1 Ampère em corrente contínua

Podemos, ainda, associar as baterias em paralelo para aumentar a capacidade


de fornecimento de corrente ao circuito (amperagem). Em nossa analogia ante-
rior, isso seria como se colocássemos uma caixa d’água ao lado da outra, aumen-
tando a capacidade de fornecimento de água à torneira.
Veja, a seguir, a representação da associação em paralelo de 2 pilhas de 4,5
Ah, que aumenta a capacidade de fornecimento de corrente contínua para 9 Ah.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
62

3, 7VCC 3, 7VCC
3, 7V CC

Figura 42 - Corrente contínua em associação em paralelo


Fonte: SENAI-SP (2013)

Já a associação em série não altera a capacidade de fornecimento de corrente


(amperagem), conforme podemos observar na figura a seguir.

3, 7VCC

7, 4VCC

3, 7VCC

Figura 43 - Corrente contínua em associação em série


Fonte: SENAI-SP (2013)

Corrente alternada

Dizemos que a corrente é alternada quando existe a alteração no sentido de


circulação de elétrons. Por exemplo, o ponto de tomada que temos em casa de
127 V é de corrente alternada, porque o sentido de circulação dos elétrons muda
60 vezes no período de um segundo. Nas figuras 44 e 45, apresentadas a seguir,
você pode observar o sentido de circulação dos elétrons em semicírculos positi-
vos e negativos, respectivamente. Acompanhe!
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
63

alternada
corrente +127V
+A

proteção

0V
-A

Gráfico senoidal com semiciclos Cabo de alimentação da tomada, destacando


positivos (destacados em vermelho). o sentido de circulação de elétrons, durante
os semiciclos positivos.
Figura 44 - Corrente alternada – semicírculos positivos
Fonte: SENAI-SP (2013)

alternada
corrente +127V
+A

proteção

0V
-A

Gráfico senoidal com semiciclos Desenho do cabo de alimentação da tomada,


negativos (destacados em azul). destacando o sentido de circulação de elétrons,
durante os semiciclos negativos.
Figura 45 - Corrente alternada – semicírculos negativos
Fonte: SENAI-SP (2013)

Para identificar a corrente alternada são acrescentadas as letra A (Àmpere) e


CA (corrente alternada) ou AC (alternating current). Por exemplo:

1 ACA ou 1 AAC = 1 Ampére em corrente alternada

Os circuitos eletrônicos que são ligados na tomada têm,


vocÊ internamente, um conversor de tensão alternada para
SaBia? tensão contínua, pois funcionam com tensão contínua,
ou seja, sem a alteração de polaridade.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
64

3.1.3. RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Resistência elétrica é a dificuldade encontrada pela corrente elétrica quando


esta percorre um determinado material. Cada tipo de material tem uma quanti-
dade diferente de elétrons livres na sua composição. Os materiais condutores
têm mais elétrons livres, por isso, possuem menos resistência à passagem de
corrente; já os isolantes têm menos elétrons livres, portanto, mais resistência à
passagem de corrente.
A resistência elétrica, por convenção internacional, é representada pela letra
R. A unidade de medida da resistência elétrica é o Ohm, representado pela letra
grega Ômega (Ω).

R → Ω (Ohms)

Georg Simon Ohm, físico e matemático alemão do sécu-


VOCÊ lo XIX, desenvolveu teorias de circuitos elétricos, dentre
elas, as Leis de Ohm. A unidade de medida de resistên-
SABIA? cia elétrica é denominada Ohm (Ω) em homenagem a
esse cientista.

Do mesmo modo que o Volt e o Ampère, a unidade de medida Ohm tem seus
múltiplos e submúltiplos, que mudam a forma numérica de representar a gran-
deza para facilitar a leitura, no entanto, não alteram o valor efetivamente encon-
trado no circuito. Veja o exemplo a seguir.

Tabela 4 – Múltiplos e submúltiplos do Ohm


Megaohm (Ω) Quilo-ohm(Ω) Ohm (Ω)
1 1.000 1.000.000

No exemplo da tabela 4, temos a seguinte leitura:


1 MΩ (um megaohm)
significa o mesmo que
1.000kΩ (um mil quilo-ohm),
que significa o mesmo que
1.000.000 Ω (um milhão de ohms)
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
65

É importante sabermos também que todo material resistivo gera calor quan-
do é percorrido por uma corrente elétrica. Esse aquecimento é aproveitado em
muitos equipamentos elétricos. Tomemos como exemplo o chuveiro elétrico, que
possui um resistor, popularmente conhecido como resistência, que é o compo-
nente responsável pelo aquecimento da água. Como isso acontece? A corrente
elétrica passa pela resistência, gerando o calor que esquenta a água para que pos-
samos tomar banho em uma temperatura agradável.

Figura 46 - Resistor elétrico (resistência)


Fonte: SENAI-SP (2013)

3.1.4. pOTÊNCIA ElÉTRICA

A potência elétrica é a capacidade de um equipamento elétrico realizar traba-


lho durante um determinado tempo. Normalmente, os trabalhos realizados pelos
equipamentos ocorrem a partir da transformação de energia elétrica em algum
outro tipo de energia, como podemos verificar no quadro a seguir.

Quadro 4 - Equipamentos elétricos e tipo de energia obtida


EQUIPAMENTO ELÉTRICO ENERGIA OBTIDA

Mecânica

Motor
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
66

Térmica

Ferro de passar roupas

Luminosa

Lâmpada

Fonte: SENAI-SP (2013)

A potência elétrica, por convenção internacional, é representada pela letra P e


a sua unidade de medida é o Watt, representado pela letra W. Assim,

P → W (Watt)

James Watt (matemático e engenheiro escocês) cons-


vocÊ truiu, em 1788, a primeira máquina a vapor, importante
invento impulsionador da Primeira Revolução Industrial.
SaBia? Em sua honra, foi dado o seu nome à unidade de medi-
da da potência elétrica, o Watt (W).

A unidade de medida Watt também tem seus múltiplos e submúltiplos, que


mudam a forma numérica de representar a grandeza para facilitar a leitura, sem
alterar o valor efetivamente encontrado no circuito. Veja o exemplo a seguir.
3 Fundamentos de eletricidade
67

Tabela 5 – Múltiplos e submúltiplos do Watt


Megawatt Quilowatt Miliwatt Microwatt
Watt (W)
(MW) (KW) (mW) (µW)
1 1.000 1.000.000

Nesse exemplo, temos a seguinte leitura:


1W (um watt)
significa o mesmo que
1.000 mW (um mil miliwatt),
que significa o mesmo que
1.000.000 µW (um milhão de microwatt)

Podemos calcular a potência de um equipamento elétrico se soubermos seus


valores de tensão e corrente elétrica. O triângulo apresentado na figura a seguir
mostra a relação entre as grandezas elétricas e nos permite calcular a potência
elétrica dos equipamentos.

V I

P (W) = V (V) × I (A)


Figura 47 -  Triangulo com potência versus tensão versus corrente
Fonte: SENAI-SP (2013)

Veja que, por exemplo, o chuveiro elétrico, se ligado a uma tensão de 220 Vca
com corrente de 20 A, dissipa uma potência de 4400 W (P = V × I). E o ferro de pas-
sar elétrico, se ligado a uma tensão de 127 Vca com corrente de 10 A, dissipa uma
potência de 1270 W(P = V × I).

O consumo de energia elétrica, apresentado em nossa


conta de energia elétrica todo mês, é cobrado em qui-
VOCÊ lowatt/hora (KWh), ou seja, a quantidade de watts que
SABIA? você consome no período de uma hora. Se usarmos
como exemplo o chuveiro, em um banho de 1 hora são
gastos 4,4 KWh.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
68

Os trabalhos e as descobertas feitas por André-Marie Ampère, Alexandre Volta,


James Watt e Georg Simon Ohm sobre as grandezas elétricas possibilitaram que
outros cientistas, como Kirchhoff, Norton, Thevenin e o próprio Ohm desenvol-
vessem teoremas e estabelecessem relações entre essas grandezas.
A Primeira Lei de Ohm, desenvolvida por Georg Simon Ohm, é a base funda-
mental para a análise de circuitos elétricos e você, como montador de equipa-
mentos eletrônicos, deve estar atento a ela. Por isso, acompanhe com atenção a
explicação dessa lei no tópico seguinte.

3.2. PRIMEIRA LEI DE OHM

A Primeira Lei de Ohm é um teorema desenvolvido por Georg Simon Ohm,


físico e matemático alemão que viveu no período da Primeira Revolução Indus-
trial (1789–1854).
Ele estabeleceu uma relação entre as grandezas elétricas tensão, corrente e resis-
tência que diz que a corrente é diretamente proporcional à tensão e inversamen-
te proporcional à resistência, podendo ser representada pela seguinte fórmula:

V P

R I V I

V=RxI P=VxI
R=V V=P
I I
I=V I=P
R V
V tensão (Volts)
I corrente (Ampères)
R resistência (Ohms)
P potência (Watts)

Figura 48 -  Triângulos para determinar equação da potência por efeito joule


Fonte: SENAI-SP (2013)
3 Fundamentos de eletricidade
69

Com base no enunciado da Primeira Lei de Ohm, podemos calcular a resistên-


cia de equipamentos elétricos, como um chuveiro ou um ferro de passar roupa.
Veja como!
a) O chuveiro elétrico, se ligado a uma tensão de 220 V com corrente de 20 A,
tem resistência elétrica interna de 11 Ω, pois R = U ÷ I, ou seja, R = 220 ÷ 20
= 11 Ω.
b) O ferro elétrico de passar, se ligado a uma tensão de 127 V com corrente de
10 A, tem resistência elétrica interna de 12,7 Ω, pois R = U ÷ I, então R = 127
÷ 10 = 12,7 Ω.
Agora que você conhece as grandezas elétricas e compreende a relação entre
elas, é hora de aprender como é feita a medição dessas grandezas e quais são os
instrumentos utilizados para realizá-la. Vamos lá!

3.3. INSTRUMENTOS PARA MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS

Instrumentos para medição de grandezas elétricas são aparelhos eletrônicos


que fazem a leitura e informam os valores medidos por meio de ponteiros ou
displays para que possamos analisar o funcionamento dos circuitos e dos com-
ponentes.

Tipos de instrumentos

Os instrumentos de medição, a exemplo de um relógio, podem ser digitais,


nos quais os números são apresentados diretamente em um display, ou analógi-
cos, nos quais os valores são apresentados pelo deslocamento de um ponteiro.
Dependendo da necessidade, você deve escolher um ou outro modelo. Veja a
seguir.
Os instrumentos digitais são mais modernos, amistosos, precisos e indi-
cam diretamente o valor que está sendo medido. No entanto, os instrumentos
analógicos são mais indicados para medições com alterações bruscas de va-
lores, oscilações e picos, porque o ponteiro permite uma verificação rápida dos
valores máximos e mínimos atingidos.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
70

Figura 49 -  Instrumentos de medidas


Fonte: SENAI-SP (2013)

Todos os instrumentos, sejam digitais ou analógicos, de-


vem ser aferidos e calibrados periodicamente para ga-
FIQUE rantir a qualidade e a precisão das medições realizadas.
ALERTA Como não conseguimos ver a eletricidade, precisamos
ter certeza de que os valores indicados nos aparelhos
são reais.

Os instrumentos analógicos requerem um cuidado especial no seu uso. Ao uti-


lizá-lo, o operador deve posicionar-se exatamente à frente do aparelho, pois a
leitura pode ter seu valor alterado conforme o ângulo de visão. Esse erro de leitura
causado pelo ângulo de visão do leitor é conhecido como erro de paralaxe.

3.4. MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS

Independentemente do instrumento de medida ser digital ou analógico, a for-


ma de se fazer a medição de uma determinada grandeza é sempre a mesma. O
instrumento mais utilizado é o multímetro, porque ele possui várias funcionali-
dades, dentre as quais estão as funções de voltímetro (usado para medir tensão
3 Fundamentos de eletricidade
71

elétrica), amperímetro (usado para medir corrente elétrica) e ohmímetro (usado


para medir resistência elétrica). Vejamos, a seguir, como devemos proceder para
realizar essas medições.

3.4.1. MEDIÇÕES DE TENSÃO ELÉTRICA (VOLTAGEM)

Para medirmos a tensão elétrica, utilizaremos os multímetros representados


a seguir:

Figura 50 -  Multímetros com destaques para medir tensão elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Veja, a seguir, os procedimentos para medir tensões contínuas e alternadas.

Procedimento para medições de tensões contínuas

1o passo: selecione na escala do instrumento a faixa de valor que pretende


medir e o tipo da tensão (CA ou CC). Como exemplo, veja o procedimento para
medir a tensão de uma pilha:
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
72

a) instrumento analógico – escolha na escala (dentro da marcação em verde –


tensão contínua) o primeiro valor superior ao que você pretende medir. Se
a pilha for de 1,5VCC, você deverá escolher a escala de 2,5VCC;
b) instrumento digital – escolha na escala (dentro da marcação em verde –
tensão contínua) o primeiro valor superior ao que você pretende medir. Se
a pilha for de 1,5VCC, você deverá deverá escolher a escala de 2000mVCC.
2o passo: estando a escala posicionada corretamente, conecte as pontas de pro-
va no multímetro, conforme mostra a figura 51:
a) preta no conector comum do aparelho (COM); e
b) vermelha no conector que representa a grandeza (V/mA/Ω).
3o passo: coloque as pontas de prova do multímetro sobre os terminais da pilha
e verifique a tensão medida:
a) a ponta de prova vermelha deve ser ligada ao terminal positivo da pilha; e
b) a ponta de prova preta deve ser ligada ao terminal negativo da pilha.

Figura 51 - Medição de tensão contínua


Fonte: SENAI-SP (2013)

Verifique a posição correta ao usar as pontas de prova,


FiQuE pois caso sejam invertidas (positiva/negativa) nas medi-
ALERTA ções com o multímetro analógico, o instrumento poderá
ser danificado.
3 FuNDaMENtoS DE ELEtriciDaDE
73

procedimento para medições de tensões alternadas

1o passo: selecione, na escala do instrumento, a faixa de valor que pretende


medir e o tipo da tensão (CA ou CC). Como exemplo, veja o procedimento para
medir a tensão de uma tomada 127 VCA:
a) instrumento analógico – escolha na escala (dentro da marcação verde -
tensão alternada ) o primeiro valor superior ao que você pretende medir. Se
a tomada for de 127VCA, você devera escolher a escala de 250VCA.
b) instrumento digital – escolha na escala (dentro da marcação verde - tensão
alternada) o primeiro valor superior ao que você pretende medir. Se a to-
mada for de 127VCA, você deverá escolher a escala de 200VCA.
2o passo: estando a escala posicionada corretamente, conecte as pontas de pro-
va no multímetro, conforme mostra a figura 52:
a) preta no conector comum do aparelho (COM); e
b) vermelha no conector que representa a grandeza (V/mA/Ω).
3o passo: encaixe as pontas de prova na tomada e verifique a tensão medida.
A polaridade das pontas de prova na tomada é indiferente por se tratar de tensão
alternada.

Figura 52 - Medição de tensão alternada


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
74

3.4.2. MEDIÇÕES DE CORRENTE ELÉTRICA (AMPERAGEM)

Para medirmos corrente elétrica, necessitamos de um circuito elétrico for-


mado por uma fonte de energia (tomada/bateria) e um elemento consumidor
(lâmpada/aparelho de som), como você pode observar na representação es-
quemática a seguir, em que as setas vermelhas simbolizam a corrente que passa
pelos fios condutores:

corrente elétrica

fonte de elemento
tensão consumidor
alternada “lâmpada”
“tomada” corrente elétrica

Figura 53 -  Circuito elétrico


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para realizarmos essa medição, utilizaremos os multímetros representados


a seguir.

Figura 54 -  Multímetros com destaques para medir corrente elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)
3 Fundamentos de eletricidade
75

Veja a seguir os procedimentos para medições de correntes contínuas e


alternadas.

Procedimento para medições de correntes contínuas

1o passo: selecione, na escala do instrumento, a faixa de valor que pretende


medir e o tipo da corrente (CA ou CC). Como exemplo, veja o procedimento para
medir a corrente elétrica de uma lanterna do carro de 2 W, que é alimentada por
uma bateria de 12VCC:
a) instrumento analógico – escolha na escala (dentro da marcação verde - cor-
rente contínua) o primeiro valor superior ao que você pretende medir (cal-
cule antes o valor I(A) = P(W)÷ U(V)). Neste exemplo, a corrente esperada é
de 0,16 A, assim, você deverá escolher a escala de 0,25ACC;
b) instrumento digital – escolha na escala (dentro da marcação verde - corren-
te contínua) o primeiro valor superior ao que você pretende medir (calcule
antes o valor I(A) = P(W) ÷ U(V)). No caso deste exemplo, a corrente espera-
da é de 0,16 A, assim, você deverá escolher a escala de 200 mA.
2o passo: estando a escala posicionada corretamente, conecte as pontas de pro-
va no multímetro:
a) preta no conector comum do aparelho (COM); e
b) vermelha no conector que representa a grandeza (V/mA/Ω).
3o passo: coloque o multímetro em série com o circuito, de forma que a corrente
elétrica tenha de passar, obrigatoriamente, por dentro do instrumento, onde ela
será medida. Para isso, você terá de interromper um dos condutores que alimen-
tam a lanterna.

FIQUE A maioria dos danos nos instrumentos acontece durante


as medições de corrente elétrica, portanto, siga rigoro-
ALERTA samente o procedimento de medição.

Procedimento para medições de correntes alternadas

O procedimento para a medição de corrente alternada é muito parecido com


o que fizemos para a medição de corrente contínua. A única diferença está no
fato de que você deverá selecionar, no multímetro, as escalas específicas para a
medição de corrente alternada.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
76

Vale dizer que a medição de corrente alternada não costuma ser realizada com
multímetros, já que muitos modelos não possuem essa função (como é o caso dos
multímetros utilizados em nossos exemplos). Geralmente, esse tipo de medição
é realizado com outros instrumentos (como o alicate amperimétrico), mas você,
como montador de equipamentos eletrônicos, não precisará se preocupar com
esses instrumentos, pois não fazem parte da rotina de trabalho de um montador.

3.4.3. MEDIÇÕES DE RESITÊNCIAS ELÉTRICA

Como vimos, a resistência elétrica possui característica consumidora, trans-


forma energia elétrica em calor e é encontrada nos resistores.

Para medirmos a resistência de um componente ou


FIQUE equipamento elétrico, necessitamos nos certificar de
ALERTA que o circuito esteja desligado. Se isso não acontecer, o
instrumento (ohmímetro) será danificado.

Para medirmos a resistência elétrica, utilizaremos os multímetros represen-


tados a seguir:

Figura 55 -  Multímetros com destaques para medir a resistência elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Veja, a seguir, os procedimentos para medição de resistências elétricas.


3 Fundamentos de eletricidade
77

Procedimento para medições de resistências elétricas

1º passo:
Conecte as pontas de prova no multímetro:
c) preta no conector comum do aparelho (COM); e
d) vermelha no conector que representa a grandeza (V/mA/Ω).
2º passo:
Os multímetros analógicos precisam ser calibrados manualmente antes de re-
alizar a medição de resistência. Isso é necessário para ajustar o ponteiro na marca-
ção Zero, encontrada à direita, no curso final do ponteiro. É importante dizer que
os multímetros digitais não necessitam dessa calibração.
Assim, para calibrar um multímetro analógico, posicione o seletor na escala de
resistência (X1), curto-circuite as pontas de prova e ajuste o botão de calibração
até que o ponteiro atinja a marcação Zero, como mostra a figura a seguir.

ajuste até
o ponteiro
chegar na
marcação
Zero

botão de
calibração

Figura 56 -  Calibração do multímetro analógico


Fonte: SENAI (2013)
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
78

3º passo:
Escolha a menor escala possível:
a) Instrumento analógico: escala x1 – vezes 1.
b) Instrumento digital: escala 200Ω.
4º passo:
Antes de fazer a medição, verifique se o resistor está desenergizado para não
queimar o instrumento.
5º passo:
Encoste a ponta de prova nos terminais do resistor e verifique o valor da resis-
tência elétrica indicada no instrumento. Fique atento para não encostar os dedos
nos terminais do componente para que a leitura não sofra interferência da resis-
tência elétrica do corpo humano. Caso não consiga visualizar o valor, aumente
gradativamente a escala até que ele possa ser lido.
Para o caso dos multímetros analógicos, quanto mais próximo o ponteiro esti-
ver do centro da escala de leitura, melhor a precisão da medição. Assim, selecione
a escala mais adequada para que isso ocorra. Quanto aos multímetros digitais,
quanto menor a escala selecionada, mais precisa será a sua medição.

Figura 57 - Medição de resistência


Fonte: SENAI (2013)

A partir dos conceitos e procedimentos vistos neste capítulo, você será capaz
de realizar medições das grandezas elétricas que irão validar (aprovar) ou não os
equipamentos eletrônicos após a montagem.
3 Fundamentos de eletricidade
79

CASOS E RELATOS

Eletricidade não é brincadeira


Joel ganhou um multímetro de última geração de seu pai como presente
de formatura do curso de montador de equipamentos eletrônicos.
Empolgado com a beleza e com a quantidade de funções que o instru-
mento possuía, Joel resolveu medir a corrente elétrica da tomada para
demonstrar ao seu pai suas novas habilidades.
No entanto, não atentou que a corrente elétrica só existe quanto temos
algum elemento consumidor conectado na tomada, pois a tomada so-
zinha só tem tensão elétrica.
Pois bem, quando ele colocou as pontas de prova nos furos da tomada,
foi aquele estouro e a demonstração de habilidade para o seu pai foi uma
verdadeira frustração, sem falar que o aparelho estragou na primeira uti-
lização. Felizmente, por sorte, Joel e seu pai não se acidentaram.
Refletindo sobre o ocorrido, Joel chegou à seguinte conclusão: eletrici-
dade não é brincadeira, qualquer erro, por menor que seja, tem grandes
chances de causar um acidente.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
80

Recapitulando

Estudamos, neste capitulo, quais são as principais grandezas elétricas.


Vimos que a tensão elétrica é a voltagem que está presente em uma
tomada ou mesmo em uma bateria e que a corrente elétrica é a circu-
lação de elétrons livres por um condutor – daí o nome circuito. Também
verificamos que só existe corrente elétrica quando o circuito está fechado
e nesse circuito, necessariamente, precisamos de um elemento consumi-
dor, como uma lâmpada.
Vimos, ainda, que a resistência elétrica é a grandeza que se opõe à pas-
sagem da corrente elétrica, mas que, em contrapartida, é um fator de-
terminante na produção de trabalho, pois é por meio da resistência que
aquecemos a água do chuveiro, o ferro elétrico, o forno elétrico e outros
aparelhos.
Abordamos, também, os procedimentos (passo a passo) para medir as
grandezas elétricas (tensão, corrente e resistência) com multímetros ana-
lógicos e digitais, observando a relação entre as escalas e os cuidados
necessários nessa atividade.
A partir desses estudos, você tem os fundamentos necessários para com-
preender o funcionamento básico e as características essenciais de um
circuito eletrônico, conhecimentos que servirão de base para os estudos
do nosso próximo capítulo.
Vamos em frente!
3 Fundamentos de eletricidade
81

Anotações:
Componentes eletroeletrônicos

Você já teve oportunidade de observar um equipamento eletrônico aberto? Mesmo que


ainda não tenha visto, deve imaginar que esses equipamentos eletrônicos são compostos por
uma combinação de vários componentes, que estão interligados, conforme o esquema elé-
trico. Certo? E é isso mesmo! Cada um dos componentes possui uma função diferente, com
características próprias e tamanhos variados.
O projetista, seja ele um engenheiro, tecnólogo ou técnico da área, necessita conhecer
profundamente o princípio de funcionamento dos componentes, pois somente assim ele será
capaz de criar um circuito elétrico. Como montador de equipamentos eletrônicos, não será
necessário que você detenha todo esse conhecimento, mas é muito importante que você co-
nheça alguns princípios básicos sobre os componentes de sistemas eletrônicos, pois deverá
distinguir uns dos outros e saber se eles têm polaridade. Afinal, o processo de montagem que
você desempenhará consiste, basicamente, no posicionamento correto e na soldagem dos
componentes nos locais indicados nas placas de circuito impresso.
Por isso, neste capítulo você conhecerá os principais componentes utilizados na produção
de equipamentos eletrônicos e compreenderá as principais características relativas à aparên-
cia física e à polaridade dos terminais. Aprenderá, ainda, a diferença entre as tecnologias pin
through hole (PTH) – termo em inglês que significa pino por meio de furo – e surface-mount
technology (SMD) – que podemos traduzir como tecnologia de montagem de superfície, cujos
componentes são denominados surface-mount devices (SMDs).
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer componentes;
b) identificar as características de manuseio dos componentes;
c) identificar os elementos e sistemas de interconexão.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
84

1 Oxidação 4.1. DEFINIÇÃO


É um processo que Definimos componentes eletroeletrônicos como pequenas peças que formam
ocorre com o cobre e
outros metais quando ele um circuito eletrônico. Esses componentes, embora possam ser semelhantes, têm
entra em contato com o
oxigênio. Inicialmente, o funcionalidades diferentes. Eles são conectados uns nos outros em diversas combi-
cobre oxidado apresenta nações, possibilitando a criação de uma infinidade de produtos, como televisores,
coloração mais escura, que
pode evoluir até uma cor sistemas de som, computadores, celulares, entre outros aparelhos. Veja, na figura a
esverdeada nos casos mais seguir, alguns tipos de componentes encontrados em equipamentos eletrônicos.
avançados. O processo
de oxidação reduz a
condutividade e, em casos
extremos, pode corroer as
trilhas.

Figura 58 -  Exemplos de componentes eletrônicos


Fonte: Wikimedia Commons (2013)

Cada projetista desenvolve seus circuitos conectando os componentes uns nos


outros como se estivesse montando um mosaico, em que, dependendo da combi-
nação escolhida para as peças, são formadas diferentes figuras. Esses circuitos eletrô-
nicos são representados por diagramas construídos a partir de símbolos de compo-
nentes, que são muito diferentes na sua forma física, como você pode ver a seguir:
4 coMPoNENtES ELEtroELEtrÔNicoS
85

L1 - 680UH D10

1N4148
C16 C17 R35 C18 R37
100n 10u 680R 4K7 47u 100k

VPP_FEEDBACK Q7
BC327

R36 R38 R41 GRAV_VPP


VPP_PUMP R29 Q4 2K7 10k
100k
BC337 VPP_FEEDBACK
10k Q6
BC337

VPP_ON R39 Q5 R40


2K
BC337
10k

MCLR_GR

Figura 59 - Diagrama de um circuito eletrônico


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.2. PLaca DE circuito iMPrESSo (Pci)

Para a montagem de circuitos eletrônicos em padrões industriais são utilizadas


as placas de circuito impresso (PCIs), que permitem a interligação dos compo-
nentes de uma forma organizada e compacta, contribuindo para a diminuição do
tamanho dos equipamentos.
Os círculos metalizados ao redor dos furos nas PCIs são chamados de ilhas
e neles são soldados os terminais dos componentes. Já as ramificações de co-
bre que interligam um ponto a outro, fazendo as conexões do circuito, são
chamadas de trilhas.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
86

2 Leiaute (do
inglês layout) de
componentes

É a disposição física, isto


é, o posicionamento dos
componentes na PCI.

Figura 60 -  Ilha e trilha em uma PCI


Fonte: SENAI-SP (2013)

A cor da placa é definida por um verniz que normalmente é verde, mas temos
também em outras cores – vermelha, amarela, azul e outras – e sua função é impe-
dir a oxidação1 do cobre. Esse verniz reveste toda a superfície da placa, deixando
expostos apenas os pontos que receberão a solda para fixação dos componentes.
Depois de aplicado o verniz, um desenho é impresso na placa. Esse desenho,
conhecido por máscara de componentes, identifica o local de cada componen-
te, assim como a sua polaridade, caso exista, facilitando a montagem e a manu-
tenção da placa.

Figura 61 -  PCI com a máscara na cor branca pronta para receber os componentes
Fonte: SENAI-SP (2013)
4 Componentes eletroeletrônicos
87

4.2.1 Tipos de PCIs

Dependendo do tamanho do circuito, o leiaute2 na PCI pode se tornar muito


complicado, por esse motivo, existem três tipos de PCIs: a de face simples, a de
dupla face e a de multicamadas. Todas elas possuem a mesma estrutura, são
constituídas de material isolante feito com fibra de vidro, possuem furos meta-
lizados e ilhas e trilhas de cobre. Observe esses tipos de PCIs no quadro a seguir.

Quadro 5 - Tipos de PCIs


Tipos de PCIs Esquema
trilha de cobre trilha de cobre trilha de cobre

Face simples: possui ilhas e trilhas de cobre em apenas isolante


um dos lados da placa

Dupla face: possui ilhas e trilhas de cobre nos dois lados


da placa, que se complementam formando um único
circuito. A interligação entre um lado e outro é feita por isolante

meio de um furo, que recebe uma camada metalizada, a


qual garante a conexão elétrica entre as faces. Esse furo é trilha de cobre furo de passagem

conhecido como furo metalizado ou furo de passagem.

Multicamadas: utiliza a mesma ideia da PCI de dupla


isolante
face, mas tem várias camadas de trilhas de cobre entre o
material isolante. A placa é montada como um sanduíche, isolante

sendo acrescentadas quantas camadas forem necessárias isolante


para a composição do circuito eletrônico. furo de passagem trilha de cobre

Fonte: SENAI-SP (2013)

4.3. TIPOS DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Os componentes, para efeito de montagem, podem ser classificados como:


a) Pin Through Hole (PTH) – termo em inglês que podemos traduzir para o
português como pino por meio do furo; ou
b) Surface-Mount Devices (SMD) – componentes criados com a surface-mount
technology (SMT), que quer dizer tecnologia de montagem de superfície,
em inglês.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
88

SMD

PTH
Figura 62 - Componentes eletrônicos PTH e SMD
Fonte: SENAI-SP (2013)

Um mesmo componente pode ser encontrado nas duas categorias de tecnolo-


gias. Vamos ver agora as características de cada um desses tipos de componentes.

4.3.1. CARACTERÍSTICAS DOS COMpONENTES pTH

Os componentes PTH são montados por meio de furos. O termo montagem


por meio de furos, como o próprio nome já diz, significa que as fixações dos
componentes são feitas pelos furos na placa, encontrados no centro das ilhas. É
uma tecnologia mais antiga, em que os componentes são maiores e o processo
de fabricação das placas de circuito é mais trabalhoso.
Nessa tecnologia, todos os componentes têm terminais, que são inseridos nos
furos da placa para fixação e soldagem. Por causa dos furos, só conseguimos fixar
componentes em um dos lados da placa, pois os terminas tumultuam a outra
face, resultando em placas maiores.

Figura 63 - Componentes PTH


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 coMPoNENtES ELEtroELEtrÔNicoS
89

4.3.2. CARACTERÍSTICAS DOS COMpONENTES SMD

A tecnologia denominada SMT, por ser mais moderna, traz os componentes


em tamanho reduzido, possibilitando que grandes circuitos sejam miniaturiza-
dos. Com a diminuição dos circuitos, os equipamentos podem ser fabricados em
tamanhos menores e com mais funcionalidades, como ocorre com os celulares,
computadores e outros.
O termo montagem de superfície significa que a fixação do componente é fei-
ta sem a necessidade de furo na placa, possibilitando sua soldagem nas duas faces.

Figura 64 - Componentes SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.3.3. pOlARIDADES

Como já comentamos, toda placa de circuito impresso já vem de fábrica com


os componentes desenhados na posição em que deverão ser soldados. Nesse de-
senho, encontramos o nome dos componentes e as respectivas polaridades. Ob-
serve na figura a seguir uma PCI com as devidas identificações dos componentes
e das suas polaridades.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
90

3 DataSHeet

É o termo em inglês
muito utilizado para folha
de dados. Ela contém

50
v4
70
informações completas

μF
50
v4
sobre os componentes,

70
m
F
como a descrição do
funcionamento, a
identificação dos terminais,
os encapsulamentos
disponíveis, os limites
de temperatura, as
características elétricas e,
em alguns casos, até os
circuitos de exemplo que os
utilizam. Cada componente
possui um datasheet.

Figura 65 - PCI com identificação dos componentes


Fonte: SENAI-SP (2013)

Ao montar uma placa, você deve prestar muita atenção para que os compo-
nentes polarizados – como diodos, capacitores, transistores, entre outros – sejam
afixados na posição correta.

Componentes polarizados, quando colocados invertidos


FiQuE na PCI, serão danificados assim que a placa for ligada. Um
componente ligado de maneira errada queimará e pos-
ALERTA sivelmente também danificará outros componentes no
circuito, ainda que estes estejam ligados corretamente.

4.4. ENcaPSuLaMENto

O encapsulamento é o corpo, a carcaça, do componente eletrônico. É muito im-


portante você saber que componentes com características diferentes podem uti-
lizar o mesmo encapsulamento, que funciona como uma espécie de embalagem.
Dessa forma, é correto dizer que a aparência em si não determina o tipo do
componente. Para diferenciar um componente do outro, é necessário observar
o código que vem impresso no encapsulamento. Veremos, agora, os tipos de en-
capsulamento mais utilizados atualmente. Acompanhe!
4 Componentes eletroeletrônicos
91

4.4.1. ENCAPSULAMENTOS DE COMPONETES PTH

Na tecnologia PTH, a identificação dos componentes é feita, normalmente, por


meio de códigos impressos no corpo do componente. Tomemos como exemplo
dois componentes bastante comuns da tecnologia PTH que utilizam o encapsu-
lamento TO-220. Se o código impresso nesse componente for TIP32C, trata-se de
um transistor, mas se o código for LM317, trata-se de um circuito integrado
regulador de tensão. Observe o exemplo representado na figura a seguir.

OU

Figura 66 -  Encapsulamento TO-220 com diferentes códigos impressos, indicando componentes diferentes
Fonte: SENAI-SP (2013)

O transistor e o circuito integrado regulador de tensão são dois componentes


completamente diferentes, mas utilizam o mesmo encapsulamento! Esse foi só
um exemplo, e além dele existem muitos outros.
Cada tipo de componente pode ser fabricado por diferentes empresas, por
isso os encapsulamentos são padronizados a fim de facilitar os projetos e a sua
eventual substituição em casos de manutenção. Com a padronização, todos os
fabricantes seguem uma regra, mantendo as mesmas características físicas dos
componentes.
Além disso, um mesmo componente pode estar disponível em várias opções
de encapsulamento. A escolha varia em função de como o componente é mon-
tado na PCI. As informações sobre os tipos de encapsulamentos disponíveis e as
características específicas de cada componente devem ser consultadas no manu-
al do fabricante, no datasheet3 (folha de dados). O exemplo a seguir mostra alguns
encapsulamentos disponíveis para o circuito integrado LM317, veja!

encapsulamento TO-3 encapsulamento TO-263 encapsulamento TO-39


Figura 67 -  Tipos de encapsulamentos
Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
92

A padronização dos encapsulamentos é feita por associações


independentes, das quais os fabricantes são membros. Os
padrões são criados por meio do consenso dos membros das
SAIBA associações. O Joint Electron Device Engineering Council
(JEDEC) é uma associação bastante conhecida na área de
MAIS encapsulamentos para componentes eletrônicos por criar
padrões abertos, ou seja, padrões que podem ser utilizados
por qualquer empresa. Consulte o site da JEDEC para saber
mais sobre o assunto acessando <www.jedec.org>.

Quando falamos de encapsulamento, não podemos deixar de mencionar o


circuito integrado (CI), que é uma família de componentes eletrônicos usados
em praticamente todos os equipamentos eletroeletrônicos produzidos atual-
mente. Ele tem esse nome porque internamente possui um circuito com diversos
componentes já interligados. Veja a ilustração a seguir.

Figura 68 -  Circuito Integrado (CI)


Fonte: SENAI-SP (2013)

Com relação aos CIs, o mais comum na tecnologia PTH é o encapsulamento


dual in-line package (DIP) – em português, encapsulamento em linha dupla –, em
que o circuito integrado tem duas fileiras de pinos numerados sequencialmente.
O fabricante identifica o lado do CI, onde está o pino 1, como você pode observar
na figura a seguir.
4 Componentes eletroeletrônicos
93

indicações do
fabricante pino 1
Figura 69 -  Circuito integrado do tipo DIP
Fonte: SENAI-SP (2013)

Para os CIs, é aconselhável a montagem em soquetes que permitam a retirada


para a programação ou a substituição quando for necessário. Os soquetes são sol-
dados diretamente na placa de circuito impresso, enquanto os CIs ficam apenas
encaixados sobre eles.

circuito integrado

orifício para
encaixe dos
terminais do CI
soquete

terminais do
soquete, que serão
soldados na PCI

Figura 70 -  Soquetes para CI tipo DIP


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.4.2. ENCAPSULAMENTOS DE COMPONENTES SMD

Existem muitos tipos de encapsulamentos SMD e alguns deles possuem mais


de um nome, o que causa muita confusão entre os usuários. Além disso, encon-
tramos, em alguns casos, três encapsulamentos diferentes para um mesmo com-
ponente, como acontece com o capacitor de tântalo, o qual é encontrado nos
padrões americano, europeu e japonês.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
94

Uma característica comum à maioria dos componentes SMD é que eles são co-
mercializados em carretéis de plástico ou de papel com 500 a 10.000 peças cada
um. Esses carretéis são conectados diretamente nas máquinas automáticas que
montam as placas de circuito impresso.

Figura 71 - Carretel de componentes SMD


Fonte: 123RF (2013)

Veja, no quadro a seguir, os principais tipos de encapsulamentos SMD utiliza-


dos nas linhas de montagem de equipamentos eletrônicos.

Quadro 6 - Tipos de encapsulamentos SMD


ENCAPSULAMENTOS SMD VISUALIZAÇÃO
Flat chip (chip de superfície)
São pequenos componentes eletrônicos SMD (capacitores e resistores
cerâmicos) cujo tamanho é identificado por quatro dígitos, sendo que os
dois primeiros indicam o comprimento e os dois últimos indicam a largura
do componente. Por exemplo: se temos o código 1508, pelo sistema mé-
trico (mm), teremos um chip de superfície com comprimento de 1,5 mm e
largura de 0,8 mm.

Melf-metal electrode face bounded (eletrodo metálico de face delimi-


tada)
Encapsulamento para pequenos componentes eletrônicos SMD (diodos,
resistores e capacitores) cujo formato cilíndrico dificulta o processo de
montagem manual devido ao risco de rolagem. No entanto, é muito
utilizado na montagem de placas de circuito impresso por máquinas
automáticas.

Small outline transitor (SOT) (transistor de pequenas dimensões)


É uma tecnologia consolidada no mercado para componentes SMD. Tem
forma retangular, o que permite uma fácil montagem, e é encontrado com
os códigos SOT23, SOT89, entre outros. A numeração diferencia a quanti-
dade e o posicionamento dos terminais em relação ao encapsulamento.
encapsulamento SOT-223 encapsulamento SOT-23
4 Componentes eletroeletrônicos
95

Small outline integrated circuit (SOIC) (circuito integrado de pequenas


dimensões)
A família de encapsulamento SOIC é utilizada para circuitos integrados
com as mais variadas finalidades. Ela é dividida em três outras subfamílias,
conforme o tamanho (largura) e o número de terminais do componente.
Temos as seguintes subfamílias:
Small outline (SO) – são pequenos, com 3,97 mm de largura e comprimen-
to variável conforme o número de pinos.
Small outline medium (SOM) – são médios, com 5,6 mm de largura e seu
comprimento varia conforme o número de pinos.
Small outline large (SOL) – são grandes, com 7,62 mm de largura e compri-
mento variável conforme o número de pinos.

Plastic lead chip carrier (PLCC) (chip plástico portador de chumbo)


O modelo PLCC é um circuito integrado que utiliza o chumbo na sua
construção para evitar interferências eletromagnéticas irradiadas. Os chips
são, normalmente, quadrados e com terminais (pinos) nos quatro lados.
A montagem nas placas de circuito integrado pode ser feita com ou sem
soquete.
Embora muito popular, esse modelo contraria convenções internacionais
relativas ao meio ambiente por usar chumbo na sua estruturação.
Fonte: SENAI-SP (2013)

Como montador de equipamentos eletrônicos, você perceberá que há uma


infinidade de outros modelos de encapsulamentos e que a todo o momento sur-
gem outros mais. Você deverá conhecer as características específicas dos mode-
los que utiliza no seu trabalho, buscando informações diretamente nos sites dos
fabricantes.
Outra coisa importante que você logo perceberá é que, devido à preocupação
mundial com o meio ambiente, a tendência é adotar tecnologias lead free, ou seja,
sem chumbo, nos processos de fabricação dos componentes eletrônicos.

Nos países europeus já existe uma regulamentação conhe-


cida como Restriction of Certain Hazardous Substances (RoHs)
(Restrição de Certas Substâncias Perigosas), que restringe o
SAIBA uso de substâncias nocivas ao meio ambiente, incluindo o
MAIS chumbo. Para saber mais sobre a tecnologia lead free e sobre
a RoHS, acesse o site da Associação Brasileira de Circuitos
Impressos (ABRACI) em <http://abraci.org.br/?page=textos_
tecnicos>

Muito bem! A partir de agora, apresentaremos os principais tipos de compo-


nentes eletrônicos utilizados nas linhas de montagem de equipamentos, suas ca-
racterísticas específicas e sua finalidade. Acompanhe com atenção.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
96

4.5. RESISTOR

O resistor é o componente eletrônico mais simples e também o mais utilizado


de todos. Será muito difícil você encontrar um circuito eletrônico que não conte-
nha ao menos um resistor. Podemos defini-lo como um componente eletroele-
trônico passivo (ou seja, consumidor de energia elétrica), que dissipa a energia
consumida em calor.
Os resistores podem ser divididos em dois grandes grupos: os resistores fixos e
os resistores ajustáveis. Vamos abordar, a seguir, cada um deles.

4.5.1. RESISTORES FIXOS

Os resistores fixos recebem esse nome porque o valor ôhmico de sua resis-
tência não pode ser alterado. Os fabricantes disponibilizam esses resistores em
diversos valores comerciais, que são padronizados. Os principais são: 10, 18, 22,
33, 47, 56, 68, 82 e seus múltiplos x10, x100, x1000, x10.000 etc.
Esses resistores não possuem polaridade, ou seja, não existe um lado correto
para o posicionamento na montagem. Conheça, na figura 73, as simbologias do
resistor fixo.

Símbolo Normas

ABNT NBR 12521


IEC60617

ABNT NBR 12521


IEEE Std 315

Figura 72 -  Simbologias dos resistores fixos


Fonte: SENAI-SP (2013)

Os resistores fixos possuem uma característica chamada tolerância. Ela é dada


em porcentagem e representa a diferença que pode haver entre a resistência indi-
cada pelo fabricante (conhecido como valor nominal) e a resistência real medida
no componente (conhecido como valor real). Isso significa que, ao comprar um
resistor de 100Ω com tolerância de 5%, na prática ele poderá ter qualquer valor
entre 95Ω e 105Ω.
Atualmente, os resistores com tolerância maior que 5% são raros por causa das
melhorias nos processos de fabricação. As tolerâncias mais comuns são 5%, 2% e 1%.

Tipos de resistores fixos


4 Componentes eletroeletrônicos
97

Os resistores fixos estão disponíveis em vários tipos de encapsulamento, con-


forme o material em que ele é fabricado, a sua potência, a sua tolerância e a forma
como é montado na PCI. Vamos ver, agora, os tipos mais comuns, que são: resis-
tores de filme de carbono, resistores de filme metálico, resistores de filme óxido-
-metálico, resistores de fio, resistores em rede e resistores SMD.

Resistores fixos de filme de carbono, de filme metálico e de filme óxido-metálico

Embora sejam construídos a partir de materiais diferentes, o aspecto físico dos


resistores de filme de carbono, de filme metálico e de filme óxido-metálico são
iguais, e, muitas vezes, torna-se difícil diferenciá-los.
Conforme o tipo de material utilizado, o resistor pode ter uma tolerância maior
ou menor, mas você não precisará identificar de que material é feito o resistor
para saber a sua tolerância. Tanto os valores de resistência como os de tolerância
estão especificados no corpo do resistor por meio de códigos de cores.

Figura 73 -  Resistor de filme de carbono


Fonte: SENAI-SP (2013)

Assim, é importante que você saiba ler os códigos de cores para escolher o re-
sistor que atenda às especificações descritas no esquema elétrico que você deve
seguir. Vamos ver como isso funciona? Acompanhe a explicação!
Os resistores podem possuir de três a seis faixas coloridas. A forma de leitura
para os resistores de três e quatro faixas é muito semelhante. Neste caso, as três
primeiras faixas representam o valor da resistência, sendo que as duas primeiras
indicam o primeiro e o segundo dígitos do valor, e a terceira faz a função de multi-
plicador. Vejamos a seguir uma tabela de código de cores e um exemplo de leitura
para dois resistores, um com três e outro com quatro faixas.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
98

4 Coeficiente de
temperatura Códigos de Cores
A extremidade com mais faixas deve apontar para a esquerda.
É o indicador de variação
da resistência que o resistor
apresenta em relação à
temperatura.
Resistor de 3 1K Ω
faixas 20% de tolerância

Resistores padrão 560K Ω


possuem 4 faixas 10% de tolerância

Cor 1a Faixa 2a Faixa Multiplicador Tolerância


Preto 0 0 x 1Ω
Marrom 1 1 x 10 Ω +/- 1%
Vermelho 2 2 x 100 Ω +/- 2%
Laranja 3 3 x 1K Ω
Amarelo 4 4 x 10K Ω
Verde 5 5 x 100K Ω +/- 0,5%
Azul 6 6 x 1M Ω +/- 0,25%
Violeta 7 7 x 10M Ω +/- 0,1%
Cinza 8 8 +/- 0,05%
Branco 9 9
Dourado x 0,1Ω +/- 5%
Prateado x 0,01Ω +/- 10%

Figura 74 -  Código de cores para resistores


Fonte: SENAI-SP (2013)

O primeiro resistor, de três faixas, é formado pelas cores marrom, preto e ver-
melho. Pela tabela das cores, temos:
a) marrom na primeira faixa = 1
b) preto na segunda faixa = 0
c) vermelho na terceira faixa (multiplicador) = × 100
Assim, temos: 10 × 100 = 1000Ω ou 1kΩ.
Veja que, nesse exemplo, a ausência da quarta faixa indica que a tolerância é
de 20%.
O segundo resistor, de quatro faixas, é formado pelas cores verde, azul, amare-
lo e prata. De acordo com a tabela das cores, para as três primeiras faixas, temos:
a) verde = 5
b) azul = 6
c) amarelo (multiplicador) = ×10000
4 Componentes eletroeletrônicos
99

Assim temos: 56 × 10000 = 560000Ω ou 560kΩ.


Veja que, neste caso, a presença de uma quarta cor, no caso, a cor prata, indica
a tolerância de 10%.
O valor da potência do resistor não está escrito. Os resistores possuem tama-
nhos diferentes em função da potência, que varia entre 1/8W (0,125W) até cerca
de 3W. Muitas pessoas adquirem prática em saber a potência do resistor apenas
observando o seu tamanho, mas é sempre recomendável que você consulte a
folha de dados (datasheet) do resistor para saber a potência.
A leitura dos resistores com cinco ou seis faixas não é muito distinta, a única di-
ferença é que em vez de haver dois dígitos e um multiplicador, temos três dígitos
e um multiplicador. Com relação ao resistor de seis faixas, a última se refere ao co-
eficiente de temperatura4. Os resistores de 5 ou 6 faixas possuem uma tolerância
menor que os resistores de quatro faixas.

Resistores fixos de fio

Os resistores fixos de fio têm como característica principal a dissipação de po-


tências bem mais elevadas do que os resistores de filme de carbono, filme metáli-
co ou filme óxido-metálico. Por isso, são fisicamente bem maiores.
Os resistores de fio são revestidos de cerâmica ou porcelana, conforme mostra
a figura a seguir:

resistor de fio revestido de porcelana

resistor de fio revestido de cerâmica

Figura 75 -  Resistores de fio


Fonte: SENAI-SP (2013)

Os resistores de fio utilizados na área da eletrônica costumam dissipar potên-


cias de aproximadamente até 30W, mas também existem outras aplicações em
que a potência pode ultrapassar a casa dos 1000W. Na maioria dos casos, os valo-
res são escritos diretamente, por meio de números, e incluem a informação sobre
a potência também. A figura a seguir mostra um resistor de fio no qual é possível
ler o valor impresso no corpo do resistor, veja!
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
100

5W
20K
ΩJ

potência máxima de 5W e
resistência de 20KΩ
Figura 76 -  Resistor de fio revestido com cerâmica
Fonte: SENAI-SP (2013)

Ainda em relação ao resistor apresentado na figura 77, você pode observar a


presença da letra J, que indica tolerância de 5%, conforme tabela a seguir.

Tabela 6 – Tolerâncias representadas por letras


Letra Tolerância Letra Tolerância
B 0,1% H 3%
C 0,25% J 5%
D 0,5% K 10%
F 1% M 20%
G 2%

Existe um detalhe importante referente aos valores quando se utilizam casas


decimais, ou seja, quando se necessita de vírgula. Como a vírgula é muito peque-
na e às vezes se apaga com o manuseio do componente, você poderia ler equi-
vocadamente 33Ω em vez de 3,3Ω, por exemplo. Portanto, como você pode ver,
uma pequena vírgula pode causar um grande erro de leitura, ocasionando uma
montagem errada na placa e o mau funcionamento do circuito. Para evitar esse
problema, os fabricantes utilizam letras no lugar da vírgula. Assim, por exemplo:
a) para um resistor de 3,3Ω, você verá impresso 3R3.
b) para um resistor de 4,7kΩ, você verá impresso 4K7.
c) para um resistor de 1,2MΩ, você verá impresso 1M2.
Veja, na figura a seguir, um exemplo de resistor que utiliza letras no lugar da
vírgula.
4 Componentes eletroeletrônicos
101

7W
2R2
J

Figura 77 -  Leitura de resistor de potência


Fonte: SENAI-SP (2013)

Resistores fixos em rede

Os resistores podem ser encontrados na forma de rede resistiva (resistor ne-


twork), o que significa que vários resistores de um mesmo valor são montados em
um único encapsulamento com objetivo de reduzir o tamanho da placa eletrônica.
Existem redes com 4, 8, 16 e outras quantidades de resistores, que são dispo-
nibilizadas de acordo com o fabricante. Normalmente, a quantidade de resistores
que formam a rede está impressa no corpo do componente por meio de código,
assim como os valores de resistência, tolerância e potência.
A disposição dos terminais varia conforme o modelo e o fabricante. É, portan-
to, importante você consultar o manual do fabricante para obter as informações
específicas sobre a rede que irá utilizar. A figura a seguir mostra um modelo de
rede resistiva de 10KΩ (103 = 10 + 000 = 10000Ω) e o esquema de ligação extraído
do manual do fabricante.

9x - 1 - 103LF
oβ B08255

estee pont
ponto
to
indica o pino 1

1 9

Figura 78 -  Rede resistiva


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
102

De acordo com o manual, a rede resistiva da figura anterior é composta por


nove resistores de 10kΩ, 2% de tolerância e tem potência de 0,2W. Como você
pode perceber, não seria possível determinar os valores sem a consulta ao manual
do fabricante.
Observe na ligação interna da rede, mostrada no esquema de ligação da figura
79, que todos os resistores possuem uma ligação em comum, a qual ocorre por
meio do pino 1.

Resistores fixos SMD

Os resistores SMD possuem basicamente a mesma aparência física, podendo


haver algumas variações de tamanho conforme a sua potência.

Figura 79 -  Resistores SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)

Sua leitura é semelhante àquela que vimos com código de cores para resisto-
res de três faixas, porém, no lugar das cores aparecem os números. Os dois primei-
ros números representam os dois primeiros dígitos do valor, enquanto o terceiro
número representa o multiplicador.
Como exemplo, pense em um resistor SMD com o código 103. Nele, temos os
dígitos 1 e 0 e o fator multiplicador 3 (que é igual a 1000). Portanto: 10 x 1000=
10kΩ.

4.5.2. RESISTORES AJUSTÁVEIS

Como usuário de equipamentos eletrônicos, certamente você já deve ter se


deparado com um resistor ajustável, provavelmente sem se dar conta disso. Eles
estão presentes em muitos equipamentos eletrônicos, e é por meio deles que
você consegue realizar certas funções nos aparelhos, como controlar o volume de
um rádio ou a velocidade de um ventilador de teto.
4 Componentes eletroeletrônicos
103

Ao girar um botão para aumentar o volume de um rádio,


estamos na verdade alterando a resistência de um resis-
VOCÊ tor ajustável. A mudança da resistência altera as carac-
SABIA? terísticas do circuito, proporcionando assim o aumento
no volume do rádio. O mesmo ocorre quando baixamos
o volume.

Veja os símbolos que identificam esses resistores na figura 81.

Símbolo Normas

ABNT NBR 12521


IEC60617

IEEE Std 315

Figura 80 -  Simbologias dos resistores ajustáveis


Fonte: SENAI-SP (2013)

Como vimos, os resistores fixos possuem valores predeterminados de resis-


tência. Um resistor fixo de 100Ω, desconsiderando as tolerâncias e as variações
de temperatura, terá sempre uma resistência de 100Ω. Os resistores ajustáveis, ao
contrário, podem assumir diferentes valores de resistência, desde 0Ω até o valor
máximo, que é especificado conforme o componente. É por meio do valor máxi-
mo que eles são comercializados e, assim como ocorre com os resistores fixos, os
valores são padronizados e conhecidos como valores comerciais.
Portanto, ao adquirir um resistor ajustável de 100Ω, ele poderá assumir qual-
quer valor de resistência entre 0Ω e 100Ω. Ao adquirir um resistor ajustável de
4,7kΩ, ele poderá assumir qualquer resistência entre 0Ω e 4,7kΩ, e assim por dian-
te. O valor máximo do resistor ajustável é o seu valor nominal, que normalmente
vem escrito no corpo do componente.
Observe na figura 82, apresentada a seguir, um resistor com três terminais. O
material resistivo, que determina a resistência máxima do resistor ajustável, en-
contra-se entre os terminais das extremidades. Assim, a resistência entre os ter-
minais das extremidades não varia. O terminal central, denominado cursor, é o
terminal variável.
Imagine que esse resistor ajustável seja de 100Ω e o cursor esteja posicionado
no centro, exatamente à meia volta. Sob essa circunstância, temos um esquema
elétrico conforme mostra a figura a seguir. Note que a resistência entre os termi-
nais da extremidade é de 100Ω. Como o cursor está em meia volta, entre o termi-
nal variável e qualquer uma das extremidades, teremos 50Ω.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
104

material
resistivo cursor em 100
50% da volta

50 50

terminal terminal
terminal terminal terminal
do cursor terminal
do cursor

Figura 81 - Resistor ajustável


Fonte: SENAI-SP (2013)

Existem resistores ajustáveis de diversas formas e tamanhos. A figura a seguir


ilustra um resistor ajustável rotativo e um deslizante, os quais são popularmente
conhecidos como potenciômetros.

Figura 82 - Potenciômetros
Fonte: SENAI-SP (2013)

Além dos potenciômetros, encontramos ainda os trimpots, que são resistores


ajustáveis menores. Por esse motivo, eles são utilizados para calibrações técnicas no
interior dos equipamentos. Veja alguns modelos de trimpot existentes no mercado.

Figura 83 - Trimpots
Fonte: SENAI-SP (2013)

A diferença entre os potenciômetros e os trimpots está apenas no tamanho


físico, por isso, podemos dizer que os trimpots são potenciômetros em miniatura.
4 Componentes eletroeletrônicos
105

4.6. CAPACITOR

O capacitor também é um componente eletrônico muito utilizado nos circui-


tos eletrônicos. Sua principal característica é armazenar pequenas cargas elétri-
cas, como se fosse uma pequena bateria. No entanto, ele pode exercer outras fun-
ções nos circuitos, trabalhando como filtro, temporizador etc. Como montador
de equipamentos eletrônicos, você não necessitará conhecer profundamente o
comportamento de um capacitor em um circuito eletrônico, mas deverá conhe-
cer algumas de suas particularidades. Então, atente para as explicações!
As principais características dos capacitores estão relacionadas com a polari-
dade, a capacitância e a tensão máxima de trabalho. Outras informações como a
tolerância e a temperatura máxima aparecem apenas em casos especiais, isto é,
quando de fato são necessárias. O esquema elétrico irá sinalizar isso para você por
meio das observações.

Alguns tipos de capacitores, como os eletrolíticos e os


FIQUE de tântalo, têm polaridades (positivo/negativo) defini-
ALERTA das e que não podem ser invertidas no circuito, pois,
caso isso aconteça, eles explodirão.

A capacitância é a quantidade de carga elétrica que um capacitor pode arma-


zenar. Como analogia, podemos imaginar um capacitor como uma caixa d'água
– quanto maior o tamanho da caixa, mais água ela pode armazenar; da mesma
forma, quanto maior a capacitância de um capacitor, maior é a sua capacidade
de armazenar cargas elétricas. A unidade de medida da capacitância é o Farad,
simbolizado pela letra F. Por exemplo: capacitor de 10uF (microfarad).

A tensão máxima de trabalho do capacitor deve ser ob-


FIQUE servada, pois se for ultrapassada ele explodirá. Assim,
ALERTA fique atento às especificações do projeto no momento
da montagem do equipamento eletrônico.

Outro detalhe importante para um montador de equipamentos eletrônicos é


o tipo de capacitor utilizado na montagem. Você vai aprender que existem tipos
de capacitores diferentes para atender uma mesma situação, ou seja, para a mes-
ma capacitância e tensão máxima de trabalho indicada no esquema elétrico po-
dem existir vários tipos de capacitores disponíveis no mercado.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
106

Quanto aos valores de capacitância e tensão impressos no corpo do capacitor,


existem várias maneiras diferentes de descrevê-los, que passaremos a conhecer.
No entanto, não esgotaremos o assunto, e em alguns casos você necessitará con-
sultar o manual do fabricante.

4.6.1. CAPACITORES POLARIZADOS

Os capacitores polarizados possuem os terminais positivo e negativo defini-


dos pelo fabricante e eles não podem ser invertidos no circuito. A definição dos
polos se dá conforme o tipo de material de que o capacitor é fabricado.
A simbologia dos capacitores polarizados pode variar de acordo com a norma
utilizada pelo projetista. Veja, a seguir, as simbologias mais utilizadas atualmente.

Símbolo Normas
ABNT NBR 12521
IEC60617
IEE Std 315

ABNT NBR 12521


IEEE Std 315

Símbolo alternativo

Símbolo alternativo

Figura 84 -  Simbologias para capacitores polarizados


Fonte: SENAI-SP (2013)

A polaridade do capacitor, quando existir, é indicada na PCI para facilitar a


montagem, como você pode observar na figura a seguir.
4 Componentes eletroeletrônicos
107

Figura 85 -  Identificação de polaridade do capacitor na PCI


Fonte: SENAI-SP (2013)

Os tipos mais comuns de capacitores polarizados são os capacitores eletro-


líticos e de tântalo, que iremos conhecer com o quadro a seguir, em que você
encontra informações sobre esses tipos de capacitores.

Quadro 7 - Tipos mais comuns de capacitores polarizados

Capacitores polarizados Representação

Capacitor eletrolítico PTH


Traz impresso no corpo a polaridade (negativo), o valor da indica o terminal
negativo
capacitância e a tensão máxima de trabalho. Alguns fabrican-
tes deixam os terminais com tamanhos diferentes, sendo que 50
v4
o maior terminal é o positivo. Seu tamanho varia em função 70
μF
50
tensão máxima v4
de sua capacitância e de sua tensão máxima de trabalho. 50V 70
mF

Quanto maior a capacitância e/ou a tensão máxima, maior o capacitância


470µF
tamanho do capacitor. São encontrados na faixa dos µF (lê-se
microfarads) – desde 0,1µF até mais de 6800µF.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
108

Capacitor eletrolítico SMD


C
Possuem encapsulamento tubular semelhante à sua forma esta faixa 10 S
preta indica 6V 00
PTH. Os valores da capacitância e tensão estão impressos no o terminal
corpo do componente, e quando a unidade da capacitância negativo

não é especificada, significa que está em µf. Além dos valores,


a maioria dos fabricantes indica o terminal negativo por meio
de uma faixa impressa no corpo do componente.

Capacitor de tântalo PTH


Possuem tamanhos menores se comparados aos eletrolíticos
com a mesma capacitância e tensão, por isso estão sendo
cada vez mais utilizados. Além de menores, são mais estáveis,
ou seja, sua capacitância sofre menos interferência da fre-
quência e da temperatura.
Possuem um custo mais elevado que os eletrolíticos, mas
com a melhoria nos processos de fabricação, o custo vem
diminuindo, motivo pelo qual a tendência é que eles substi- 2.2 = 2,2μF
tuam os eletrolíticos ao longo do tempo.
25 = 25V
Podem ser encapsulados de forma tubular, processo seme-
lhante a um capacitor eletrolítico, ou com encapsulamento
na forma de gota, que é bem mais utilizado.
Observe na figura ao lado que este capacitor tem a indicação
do número 2,2, mas sem unidade. Isso significa que a capaci-
tância é de 2,2µF. Já O número 25 indica a tensão máxima de
trabalho, que é de 25V. Além disso, no corpo do capacitor há
o símbolo “+”, que identifica o terminal positivo.

Capacitor de tântalo SMD


Devido ao tamanho reduzido e melhor estabilidade, são
ótimos substitutos dos capacitores eletrolíticos. Embora o
encapsulamento seja bem parecido entre os fabricantes, a
maneira de indicar os valores e a cor do corpo pode variar.
Vamos verificar agora a forma mais comum.
Observe, na figura ao lado, que o valor está codificado por
meio de três dígitos. O valor é apresentado em pF, sendo
que os dois primeiros dígitos são os dois primeiros números
do valor, e o terceiro dígito é o multiplicador (quantidade de
zeros que são acrescentados aos dois primeiros números).
107= 100µF
Com código 107, temos 10 x 10.000.000 ou 10 + 0.000.000 =
16 = 16V
100.000.000 (pF). Convertendo para microfarad, temos 100
uF. A tensão é indicada diretamente no corpo do compo-
nente, no caso, 16V. A faixa do lado esquerdo no corpo do
componente indica o terminal positivo. A cor do corpo pode
variar conforme o fabricante, mas na maioria dos casos é
preta ou amarela.

Fonte: SENAI-SP (2013)


4 Componentes eletroeletrônicos
109

Atualmente, na maioria dos casos os valores da capacitância e tensão estão


escritos no corpo do capacitor sem o uso de códigos e impressos em µF, o que
dispensa que a unidade seja informada.

4.6.2. CAPACITORES NÃO POLARIZADOS

Os capacitores não polarizados também são muito utilizados em equipamen-


tos eletrônicos, estando presentes nos computadores, rádios, televisores etc.
A simbologia dos capacitores não polarizados também pode variar de acordo
com a norma utilizada pelo projetista. Seguem, na figura 87, as simbologias mais
utilizadas atualmente.

Símbolo Normas
ABNT NBR 12521
IEC60617
IEE Std 315

ABNT NBR 12521


IEEE Std 315

Símbolo alternativo

Figura 86 -  Simbologias para capacitores não polarizados


Fonte: SENAI-SP (2013)

Dizer que um capacitor é não polarizado significa que os terminais não pos-
suem um lado específico para montagem na PCI. Os capacitores não polarizados
possuem capacitância inferior à dos capacitores polarizados, mas as tensões de
trabalho são bem maiores, podendo superar 250V. Vamos conhecer agora, no
quadro a seguir, os tipos mais utilizados.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
110

Quadro 8 - Tipos mais comuns de capacitores polarizados

CAPACITORES POLARIZADOS VISUALIZAÇÃO


Capacitor de cerâmica PTh
A forma mais comum de se indicar o valor da capacitância é
por meio do código com três dígitos, em que o valor-padrão
está em pF. Assim como nos resistores, os dois primeiros dígitos
104
33

representam valores da capacitância e o último, o multiplicador.


Observe nas figuras ao lado alguns capacitores não polarizados
de cerâmica. Além dos casos utilizados como exemplo, existem
algumas exceções, em que os valores podem ser impressos de
maneiras diferentes. Caso você se depare com alguma codifica-
ção diferente, consulte o manual do fabricante.

Capacitor de poliéster PTh


Os capacitores de poliéster possuem capacitâncias semelhantes
às dos capacitores de cerâmica, o que significa dizer que para
uma mesma capacitância, muitas vezes, você poderá escolher
entre um capacitor de cerâmica ou de um poliéster.

Capacitor cerâmico e poliéster smD


A maioria dos capacitores SMD não polarizados não possuem
marcações impressas no corpo do componente e são identifica-
dos pelas embalagens (carretéis). Normalmente possuem a cor
marrom ou cinza, como mostra a figura ao lado.
Fonte: SENAI-SP (2013)

4.6.3. CApACITOR AJuSTáVEl

Também conhecidos como capacitor trimmer, os capacitores ajustáveis per-


mitem que a capacitância seja alterada entre um valor mínimo e um máximo por
meio de um parafuso.
A simbologia dos capacitores ajustáveis também pode variar de acordo com
a norma utilizada pelo projetista. Veja, na figura seguinte, as duas simbologias
mais utilizadas.

Símbolo Normas
ABNT NBR 12521
IEC60617
IEE Std 315

ABNT NBR 12521


IEEE Std 315

Figura 87 - Simbologias para capacitores ajustáveis


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 Componentes eletroeletrônicos
111

Embora a maioria dos ajustes nos circuitos eletrônicos seja feita por meio
de resistores ajustáveis, alguns ajustes precisam ser feitos por meio de capa-
citores ajustáveis, como os filtros de frequência. Observe alguns modelos de
capacitores ajustáveis.

Figura 88 -  Capacitores cerâmicos SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)

Os valores da capacitância mínima e máxima normalmente estão impressos


no corpo do componente, mas existem casos em que será necessário consultar o
manual do fabricante.

Para ajustar capacitâncias nunca use chaves de fenda


FIQUE comuns, pois o metal da ferramenta interfere no ajuste.
ALERTA Utilize sempre ferramentas plásticas específicas para
esse tipo de procedimento!

Capacitor ajustável SMD

O capacitor ajustável SMD possui exatamente as mesmas características des-


critas para os capacitores ajustáveis PTH. Veja, a seguir, um capacitor ajustável em
uma versão SMD.

Figura 89 -  Capacitor ajustável SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
112

4.7. INDUTOR

Os indutores são componentes bem menos utilizados se comparados aos re-


sistores ou aos capacitores, e será raro um esquema elétrico que utilize um in-
dutor. Os indutores são mais comuns em circuitos que trabalham com filtros de
frequência ou transmissores de radiofrequência.
A simbologia dos indutores também pode variar de acordo com a norma utili-
zada pelo projetista. Observe as simbologias mais utilizadas atualmente.

Símbolo Normas
ABNT NBR 12521
IEC60617
IEE Std 315

ABNT NBR 12521

IEE Std 315

Figura 90 -  Simbologias dos indutores


Fonte: SENAI-SP (2013)

O indutor é construído a partir de um fio condutor esmaltado que é enrolado


em forma de espiral. A quantidade de espiras (voltas), o diâmetro do fio e o núcleo
(centro da espira) determinam a sua propriedade elétrica, conhecida como indu-
tância, a qual é medida em Henry (H).
Os esquemas elétricos quase sempre identificam os indutores apenas pela in-
dutância, mas há casos em que a corrente máxima também é indicada. Eles não
possuem polaridade.

4.7.1. INDUTOR PTH

A aparência de um indutor pode variar muito conforme o fabricante, a indu-


tância e a corrente máxima, tornando impossível apresentarmos somente neste
livro todos os encapsulamentos existentes.
Quanto aos valores, assim como ocorre com os capacitores, podem estar im-
pressos de formas diferentes, mas vamos conhecer, agora, como os valores são
impressos na maioria dos casos. É sempre importante lembrar que existem exce-
ções e que você necessitará consultar o manual do fabricante em alguns casos.
4 Componentes eletroeletrônicos
113

Observe que no indutor da figura 92, a seguir, aparece a letra R no valor im-
presso. A letra R faz o papel da vírgula e, para esses casos, o valor está impresso
diretamente em µH (micro-henry). Em alguns casos, você poderá encontrar um
ponto no lugar do R. No exemplo a seguir, o valor do indutor é de 2,7µH.

Figura 91 -  Indutor PTH


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.7.2. INDUTOR SMD

Os indutores também estão disponíveis na versão SMD e os valores impressos


seguem as mesmas regras que descrevemos há pouco. Assim como no caso dos
PTH, existem muitas variações no encapsulamento SMD para indutores. Na figura
a seguir, temos um exemplo em que o valor está escrito diretamente em µH e a
letra R indica a vírgula, ou seja, aqui o valor é de 4,7µH.

Figura 92 -  Indutor SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.8. SEMICONDUTORES

Na eletroeletrônica, temos os materiais condutores de corrente elétrica, como


as trilhas de uma placa de circuito impresso ou um fio de cobre; os materiais iso-
lantes, como a fibra de vidro de uma PCI ou o plástico de uma fita isolante; e,
ainda, os materiais semicondutores, formados a partir de cristais de germânio ou
silício, que ora conduzem e ora isolam a passagem da corrente elétrica.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
114

Como montador de equipamentos eletrônicos, você não necessitará conhe-


cer o funcionamento detalhado de todos os componentes semicondutores, mas
necessitará conhecer suas simbologias e suas principais características físicas que
influenciam a montagem, por exemplo, a polaridade.
A família dos semicondutores possui uma variedade muito grande de compo-
nentes. Veremos a partir de agora quais são os principais.

4.8.1. DIODOS PTH

O diodo é o componente mais simples na família dos semicondutores. Existem


diversos tipos, dos quais os mais utilizados são: o diodo retificador, o diodo para
pequenos sinais e o diodo zener. Vejamos agora as principais características de
cada um deles.
a) Diodo retificador e diodo para pequenos sinais: embora os diodos reti-
ficadores e os para pequenos sinais possuam algumas características dife-
rentes, o princípio de funcionamento e a simbologia são as mesmas. Isso
significa que no esquema elétrico não haverá diferença entre um tipo e
outro, apenas os códigos serão diferentes. Sua função básica é conduzir a
corrente elétrica em um sentido e bloqueá-la no sentido oposto.
Os retificadores são muito utilizados nas fontes de alimentação para transfor-
mar a corrente alternada em corrente contínua, enquanto os de pequenos sinais
são bastante utilizados nos circuitos digitais.

Símbolo Normas

IEC60617
IEEE Std 315

Símbolo alternativo

Figura 93 -  Simbologias de diodo retificador e diodo para pequenos sinais


Fonte: SENAI-SP (2013)

b) Diodo zener: sua função básica é estabilizar a tensão de um circuito. São


muito utilizados nas fontes de alimentação para eliminar as variações de
tensão. Veja, a seguir, sua simbologia.
4 Componentes eletroeletrônicos
115

Símbolo Normas

IEC60617
IEEE Std 315

Símbolo alternativo

Figura 94 -  Simbologias do diodo zener


Fonte: SENAI, 2013.

Independentemente do tipo de diodo, todos são formados por dois cristais se-
micondutores diferentes: o do tipo P e o do tipo N. O material do tipo P está ligado
ao terminal conhecido como anodo (positivo), já o material tipo N está ligado ao
terminal conhecido como catodo (negativo). Portanto, todos os diodos possuem
dois terminais: o anodo e o catodo.
A figura a seguir demonstra a disposição dos terminais do diodo conforme o
material semicondutor. Como montador de equipamentos eletrônicos, você de-
verá identificar esses terminais para realizar a montagem dos diodos na PCI.

Anodo (A) Catodo (K)

P N
Anodo (A) Catodo (K)

Anodo (A) Catodo (K)

Figura 95 -  Terminais dos diodos


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para conhecer as características do diodo, é inevitável consultar o manual do


fabricante. Vejamos o exemplo de um diodo retificador bastante comum em cujo
corpo temos impresso o código 1N4007. Entre as várias características encontra-
das no datasheet, podemos destacar a corrente direta máxima que ele pode con-
duzir (IF = 1A), a tensão reversa máxima que ele pode bloquear (VRRV = 1.000V) e
a dissipação de potência máxima (PD = 3W).
Como montador de equipamentos eletrônicos, você não precisará se preocu-
par com as características do diodo, pois o código será indicado no esquema elé-
trico. Basta você utilizar o diodo com o mesmo código informado.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
116

No corpo do diodo, além do código, existe uma faixa indicando o terminal ca-
todo (negativo). Você deverá identificar o catodo antes de montar o diodo na PCI,
pois o diodo tem posição correta para ser instalado. Normalmente, a PCI tem o
símbolo do diodo na máscara dos componentes para facilitar a identificação do
terminal catodo no momento da montagem. Veja a seguir os encapsulamentos
mais comuns.

catodo catodo catodo


diodo de retificador diodo de pequenos sinais diodo zener

Figura 96 - Diodos PTH


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.8.2. DIODOS SMD

Os diodos também estão disponíveis na versão SMD, os quais possuem carac-


terísticas semelhantes às apresentadas até aqui. Também são identificados por
meio de códigos impressos no corpo do componente e possuem uma faixa indi-
cando o terminal catodo. A figura a seguir mostra um diodo SMD.

catodo

Figura 97 - Diodo retificador SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 coMPoNENtES ELEtroELEtrÔNicoS
117

4.8.3. DIODO EMISSOR DE luZ pTH

O termo em inglês light emitting diode é mais conhecido pela sua sigla, LED,
e significa diodo emissor de luz. É muito comum vermos o LED, por exemplo, no
aparelho de televisão – trata-se daquele pequeno ponto de luz que se mantém
acesso quando a deixamos em standby. A simbologia dos LEDs também pode
variar de acordo com a norma utilizada pelo projetista. Observe na figura a seguir
as duas simbologias mais utilizadas atualmente.

Símbolo Normas

IEC60617

IEEE Std 315

Figura 98 - Simbologias de diodo emissor de luz


Fonte: SENAI-SP (2013)

Nos últimos anos a tecnologia aplicada na fabricação do LED avançou bastan-


te, e hoje temos LEDs com cores, formatos e tamanhos diversos.
Por se tratar de um diodo, possui dois terminais identificados: um catodo (ne-
gativo) e um anodo (positivo), sendo que no corpo do LED existe um corte (chan-
fro) indicando o terminal catodo. A figura seguinte ilustra um modelo de LED bas-
tante comum, observe os detalhes.

chanfro

catodo (terminal menor,


ou identificado através
do chanfro)
anodo (terminal maior)

Figura 99 - Diodo LED PTH


Fonte: SENAI-SP (2013)
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
118

4.8.4. DIODO EMISSOR DE luZ SMD

Os LEDs também estão disponíveis na versão SMD, possuindo as mesmas ca-


racterísticas elétricas dos demais. A figura, a seguir, ilustra um modelo bastante
comum.

a faixa verde
indica o catodo

Figura 100 - Diodo LED – PTH


Fonte: SENAI-SP (2013)

A forma de identificação dos terminais pode variar conforme o modelo do LED e


talvez seja necessário consultar o manual do fabricante para obter essa informação.

4.8.5. TRANSISTOR BIpOlAR pTH

O transistor bipolar é um componente eletrônico construído a partir de um ma-


terial semicondutor semelhante ao dos diodos. É chamado de bipolar porque utili-
za, na sua estrutura, os dois tipos de cristais semicondutores – negativo e positivo.
Ele tem como principal função atuar como amplificador de corrente. Com isso,
conseguimos controlar correntes elétricas elevadas a partir de correntes elétricas
bem menores. O transistor veio em substituição às antigas válvulas triodo, que
eram amplificadores bem mais caros, maiores em tamanho físico e com um sério
problema: só funcionavam após atingir certa temperatura, ou seja, após ligar o
equipamento era necessário aguardar algum tempo para ele funcionar.
A simbologia dos transistores bipolares também pode variar de acordo com
a norma utilizada pelo projetista. Veja na figura 102 a simbologia mais utilizada
atualmente.
4 Componentes eletroeletrônicos
119

NPN PNP Norma

IEC60617

IEEE Std 315

Figura 101 -  Simbologias dos transistores bipolares


Fonte: SENAI-SP (2013)

O transistor bipolar é composto por três camadas de material semicondutor e


possui três terminais: emissor, coletor e base. Existem duas configurações básicas
para os transistores bipolares, que são NPN e PNP, como mostra a figura seguinte.

emissor coletor

emissor
P N P coletor
base
transistor PNP

base

emissor coletor
emissor
N P N coletor
base

transistor NPN
base

Figura 102 -  Terminais dos transistores bipolares


Fonte: SENAI-SP (2013)

A identificação dos terminais do transistor quase nunca está impressa no


corpo do componente. Nesses casos, a melhor maneira para fazer a identificação
é consultar o datasheet.
Existem muitos modelos de transistores, que variam, principalmente, confor-
me a corrente que são capazes de conduzir e amplificar. Como você pode imagi-
nar, essas características proporcionam aos transistores os mais diversos tama-
nhos e tipos de encapsulamento. Veja alguns exemplos a seguir.

encapsulamento TO-92 encapsulamento TO-220 encapsulamento TO-3


Figura 103 -  Terminais dos transistores bipolares
Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
120

A identificação do transistor é feita por um código impresso no corpo do


componente, como ocorre com os diodos, de modo que para conhecer todas as
suas características é necessário consultar seu datasheet utilizando esse código.
Como montador de equipamentos eletrônicos você não necessitará se pre-
ocupar tanto com essas informações, pois deverá utilizar exatamente o mesmo
transistor indicado no esquema elétrico. Existem alguns modelos de transistores
com características semelhantes, mas apenas o projetista poderá indicar um tran-
sistor em substituição a outro. Mas vale estar atento para saber se a peça que você
terá em mãos é a mesma indicada no projeto.
Assim, o seu trabalho será selecionar o transistor idêntico ao indicado no es-
quema elétrico e consultar o manual do fabricante sobre a disposição dos termi-
nais para que você possa instalá-lo corretamente na PCI.
Você precisa observar ainda o tipo de encapsulamento correto, pois alguns
modelos de transistor possuem mais de uma opção de encapsulamento, no en-
tanto, a PCI que você receberá para fazer a instalação do transistor já possui o
espaço definido para um encapsulamento específico.

4.8.6. TRANSISTOR BIPOLAR SMD

Assim como ocorre com os transistores PTH, existem diversos encapsulamen-


tos diferentes disponíveis para os transistores SMD. Em alguns casos, você vai en-
contrar transistores SMD com quatro terminais, mas não se assuste, pois na verda-
de eles possuem os mesmos terminais que você já viu – coletor, emissor e base.
O quarto terminal é ligado internamente à carcaça do transistor para eliminar
interferências eletromagnéticas. Veja alguns transistores com encapsulamentos
SMD diferentes.

encapsulamento SOT-223 encapsulamento SOT-23

Figura 104 -  Encapsulamento SMD para transistores bipolares


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 Componentes eletroeletrônicos
121

4.9. PILHAS E BATERIAS

As pilhas e as baterias são fontes temporárias de energia elétrica de corrente


contínua utilizadas, normalmente, para alimentar circuitos eletroeletrônicos em
equipamentos móveis. O termo temporário significa que elas fornecem energia
durante um tempo determinado, sendo necessária a sua substituição ou recarga
periódica.
Você já deve ter trocado a pilha de um controle remoto e também já deve ter
ouvido alguém falar que trocou a bateria do carro. Mas você sabe a diferença en-
tre uma pilha e uma bateria?
O termo pilha vem da invenção de Alexandre Volta, em 1800, em que ele em-
pilhava os discos de cobre e zinco separados por algodão umedecido de ácido
sulfúrico para gerar tensão elétrica. Depois de Volta, surgiram outras formas de se
fazer baterias e por algum tempo os termos pilha e bateria foram usados indiscri-
minadamente como sinônimos.
Passaram-se os anos até que, no início do século XIX, com a fundação da Co-
missão Eletrotécnica Internacional (CEI), as pilhas foram diferenciadas das bate-
rias. Assim, consideramos que pilhas são células eletroquímicas não recarregáveis
e baterias são células eletroquímicas recarregáveis. No entanto, a simbologia é a
mesma para ambos os casos.

Símbolo Normas

IEC60617 de 1996
IEE Std 315 de 1975

Figura 105 -  Simbologias de pilhas e baterias


Fonte: SENAI-SP (2013)

FIQUE Não tente recarregar pilhas não recarregáveis, pois


ALERTA isso poderá causar uma explosão.

Você, como montador de equipamentos eletrônicos, necessitará conhecer os


códigos de tamanhos e alguns tipos de pilhas e baterias utilizadas nos equipa-
mentos eletroeletrônicos. Isso porque, muitas vezes, elas são fornecidas junta-
mente com os aparelhos ao consumidor, como acontece com os controles remo-
tos dos televisores.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
122

4.9.1. TAMANHO DAS PILHAS E BATERIAS

O tamanho da pilha ou da bateria varia de acordo com a tecnologia de fabri-


cação e também com a sua capacidade energética. Por padrão, quanto maior a
bateria, maior será a sua capacidade energética, porém, a tendência para as no-
vas tecnologias de baterias é a redução do tamanho e o aumento da capacidade
energética, o que já pode ser observado nos celulares e computadores portáteis,
que estão cada vez menores.
Para facilitar a utilização das baterias, o tipo do encaixe e os tamanhos foram
padronizados, conforme dispõe-se a seguir.

Tamanho das pilhas e baterias de uso geral

As pilhas e baterias de uso geral, isto é, as usadas em controles remotos, má-


quinas fotográficas e outros aparelhos eletrônicos portáteis, possuem seus tama-
nhos identificados por letras. O código que determina o tamanho independe do
material utilizado na fabricação da pilha ou da bateria.
A seguir, temos um quadro com os principais tamanhos de pilhas e baterias de
uso geral comercializadas. Acompanhe!

Quadro 9 - Tamanho das pilhas e baterias de uso geral

Foto
Código do tamanho
Dimensões (mm)
ilustrativa diâmetro × altura

AAA
10,5 × 44,5
Pilha palito

AA
14,5 × 50,5
Pilha pequena

C
26,2 × 50
Pilha média
4 Componentes eletroeletrônicos
123

D
34,2 × 61,5
Pilha grande

Fonte: SENAI-SP (2013)

Tamanho das pilhas e baterias do tipo moeda

Elas são encontradas em vários tamanhos e, em alguns casos, o código identifi-


ca tanto o tamanho como o material utilizado na fabricação. São encontradas em
computadores, calculadoras, relógios de pulso etc.

Figura 106 -  Pilhas e baterias tipo moeda


Fonte: 123RF (2013)

A tabela a seguir traz os principais tamanhos de pilhas e baterias do tipo moe-


da comercializadas. Acompanhe!

Tabela 7 – Tamanho das pilhas e baterias tipo moeda


Código do tamanho Dimensões (em mm) 
Tipo
segundo a CEI diâmetro x altura
CR927 Lítio 9,5 x 2,7 mm
CR1225 Lítio 12,5 x 2,5 mm
LR1154 Alcalina 11,6 x 5,4 mm
LR932 Alcalina 9,3 x 3,2 mm

Tamanho das pilhas do tipo botão

São pilhas em miniatura, mas de alto rendimento, encontradas normalmente


em aparelhos auditivos. Elas são fabricadas a partir de uma tecnologia relativa-
mente nova chamada de tecnologia zinco-ar.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
124

Esse tipo de pilha vem de fábrica com uma vedação colorida, que impede a en-
trada de ar na célula, devendo ser removida apenas no momento da utilização. Sem
a vedação, a bateria irá se descarregar independentemente de ter sido usada ou
não. A cor da vedação determina o tamanho e a capacidade energética da bateria.
Ao contrário de outros tipos de pilhas que possuem metais pesados (como o
cádmio e o chumbo), as pilhas de zinco-ar não agridem o meio ambiente.

Figura 107 -  Pilhas de zinco-ar


Fonte: SENAI-SP (2013)

A tabela a seguir traz os tamanhos das pilhas de zinco-ar, veja.

Tabela 8 – Tamanho das pilhas do tipo botão


Código do tamanho Dimensões (em mm) 
Modelo/Cor
segundo a CEI diâmetro x altura
PR44 A675 – Azul 11,6 x 5,4 mm
PR48 A312 – Laranja 7,9 x 5,4 mm
PR41 A13 – Marrom 7,9 x 3,6 mm
PR70 A10 – Amarelo 5,8 x 3,6 mm

4.9.2. TIPOS DE PILHAS E BATERIAS

Como estamos vendo, os tipos de pilhas e baterias variam de acordo com o


material de fabricação, sendo que o nome da bateria indica quais foram os mate-
riais utilizados para fabricá-la. Por exemplo, as pilhas do tipo zinco-carbono têm
os materiais dos eletrodos (polos) construídos à base de zinco e de carbono.
As pesquisas por novos materiais e baterias com melhores rendimentos são
constantes. Um fator importante considerado nessas pesquisas é a segurança do
usuário com relação a explosões durante o uso e o descarte. Normalmente, pi-
lhas e baterias são nocivas ao meio ambiente, por isso, ao serem substituídas, não
podem ser descartadas no lixo comum, devem ser entregues ao estabelecimento
comercial em que foram adquiridas ou diretamente ao fabricante.
4 Componentes eletroeletrônicos
125

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica


e Eletrônica (ABINEE), o Brasil foi o primeiro país da América
do Sul a criar uma regulamentação específica para pilhas e
baterias. As Resoluções números 257 e 263, que orientam o
SAIBA descarte apropriado de pilhas e baterias após o uso e limi-
MAIS tam a quantidade de metais potencialmente perigosos (mer-
cúrio, cádmio e chumbo) na composição de tais produtos,
foram publicadas em 1999 pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente. Para saber mais, acesse <http://www.inmetro.gov.
br/consumidor/produtos/pilha.asp>.

4.10. CHAVES E BOTÕES DE COMANDO (MICRO SWITCH)

As chaves eletrônicas são dispositivos que abrem ou fecham o circuito por


manobra mecânica manual. Podem ter a simples função de ligar ou desligar um
equipamento como também de informar, eletricamente, se algum compartimen-
to do equipamento está aberto ou fechado. Normalmente, são conhecidas como
switch, palavra em inglês que indica chave.

consumidor

esquema

chave – +

bateria
interruptor
desligado

consumidor

esquema

chave – +

bateria
interruptor
ligado

Figura 108 -  Circuito elétrico básico


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
126

As chaves, quando abertas, não permitem a circulação de corrente, mantendo


o circuito desligado. Quando ligamos uma lâmpada, por exemplo, fechamos a
chave (interruptor), permitindo a passagem de corrente elétrica.
Elas podem ser simples, como a apresentada na figura anterior; podem ser re-
versíveis, que na mesma manobra desligam um circuito e ligam outro; e podem
ser bipolares, que interrompem condutores diferentes na mesma manobra.

vermelha vermelha

A B B
A
chave C
reversível chave bipolar

verde verde

Figura 109 -  Modelos de chaves elétricas


Fonte: SENAI-SP (2013)

As chaves podem, ainda, ter posições fixas de ligado e desligado (como o in-
terruptor de uma lâmpada) ou ter o retorno automático (como o botão de uma
campainha), esta conhecida como push-switch.

Chaves de posições fixas

As chaves com posições fixas são utilizadas, normalmente, para energizar


o equipamento ou indicar uma determinada configuração de funcionamento
escolhida pelo usuário.

Figura 110 -  Chaves de posições fixas


Fonte: SENAI-SP (2013)

Nas placas eletrônicas são utilizadas chaves conhecidas como DIP switch, ou
chaves DIP, que têm esse nome porque são montadas com encapsulamento DIP
– mesmo padrão de pinagem dos circuitos integrados que vimos anteriormente.
4 Componentes eletroeletrônicos
127

A DIP switch é um conjunto de microchaves individuais em que cada uma pos-


sui duas posições fixas e suas combinações fazem a configuração do equipamen-
to. Veja um exemplo na figura a seguir.

Figura 111 -  Chaves DIP


Fonte: SENAI-SP (2013)

Chaves com retorno automático (push-switch)

Essas chaves possuem uma posição de descanso, quando não estão aciona-
das, que é chamada de posição normal de funcionamento.
Com base nessa posição normal, as chaves podem ser normalmente abertas
(NA), quando impedem a passagem da corrente elétrica no seu estado natural
(sem intervenção externa), ou normalmente fechadas (NF), quando permitem
a passagem da corrente elétrica no seu estado natural (sem intervenção externa).
Por exemplo, o botão de campainha é normalmente aberto (NA) e só fecha o
circuito, ligando a campainha, no momento em que alguém aperta a tecla para aci-
oná-la. Uma mola retorna o contato para a posição original após o acionamento.
As push-switch são muito usadas nas placas eletrônicas, sendo comuns na função
de teclado dos equipamentos. Veja um modelo de push-switch na figura 113.

Figura 112 -  Chaves push-switch


Fonte: SENAI-SP (2013)

Como você pode observar, as chaves eletroeletrônicas são encontradas nos


mais variados tipos e formatos. No entanto, você deve lembrar que, independen-
temente do tipo da chave, as suas configurações elétricas são sempre as mesmas.
Por exemplo, a chave é NA ou NF, tem posição fixa ou é retornável. Veja as simbo-
logias mais utilizadas atualmente.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
128

Símbolos
NA NF Reversível NA retornável NF retornável Normas

IEC60617 de 1996

IEE Std 315 de 1986

Figura 113 -  Simbologias das chaves push-switch


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.11. RELÉS

Os relés são interruptores de corrente elétrica automáticos que servem para


ligar ou desligar alguma carga, como um ventilador. A figura a seguir mostra um
circuito controlado por um interruptor manual igual ao que temos em casa.

neutro

fase retorno

desligado
interruptor
manual

Figura 114 -  Circuito com interruptor manual


Fonte: SENAI-SP (2013)

O relé é instalado exatamente no mesmo ponto do interruptor e com a mesma


finalidade, no entanto, o seu acionamento é automático, ocorrendo por meio de
um sinal elétrico. Veja sua posição na figura a seguir.

neutro

fase retorno

interruptor
relé automático desligado

Figura 115 -  Circuito com relé


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 Componentes eletroeletrônicos
129

A simbologia dos relés também pode variar de acordo com a norma utilizada
pelo projetista. A seguir, veja a simbologia mais utilizada atualmente.

Símbolo Normas

IEC60617

IEEE Std 315

Símbolo alternativo

Figura 116 -  Simbologias dos réles


Fonte: SENAI-SP (2013)

É importante ressaltar que a corrente elétrica do sinal de controle do relé


é muito menor que a corrente do equipamento que está sendo controlado. No
exemplo a seguir, temos uma ilustração do controle de um ventilador, acompanhe!

10A

127 Vac

3 armadura

4
3 e 4 terminais de contatos
100mA
1 bobina
circuito eletrônico 12 Vcc
2
de controle
1 e 2 terminais de bobina

F1 esquema
de um relé

Figura 117 -  Ilustração de um circuito chaveado por relé


Fonte: SENAI-SP (2013)

Observe, na figura anterior, que o relé é composto por duas partes: o contato
de potência, por onde passa a corrente do equipamento; e a bobina de contro-
le, que faz o acionamento do contato.
Seu funcionamento é bastante simples: quando a bobina é energizada, produz
um campo magnético (igual a um imã), que atrai o contato de potência e liga o
circuito. Quando a bobina é desenergizada, a mola puxa o contato de potência e
desliga o circuito.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
130

A localização dos terminais da bobina e do contato normalmente vem dese-


nhada no corpo do componente e no caso de dúvida você deverá consultar o
manual do fabricante. Veja, agora, um modelo de relé.

1 R C2
MB 5VAC res.
- 12 DC res.
0.5A 30V
1A

Figura 118 -  Exemplo de relé


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.12. CONECTORES

Os conectores são dispositivos que possibilitam a interligação elétrica entre


os módulos e os dispositivos eletrônicos (por exemplo, a ligação de um teclado
na unidade central de processamento de um computador) de maneira que eles
trabalhem de forma integrada. Hoje, a maioria dessas conexões é feita manual-
mente por um montador de equipamentos eletrônicos.
As principais características dos conectores estão relacionadas com o número
de vias (condutores) e a corrente máxima de trabalho. É importante ressaltar que
todos eles dispõem de um guia mecânico que permite o encaixe em uma única
posição, evitando que os pinos sejam conectados em posições erradas.

FIQUE Não force o encaixe de um conector sem ter a absoluta


certeza de que ele esteja na posição correta, pois irá
ALERTA danificá-lo.

Existe uma infinidade de tipos de conectores e a cada momento um fabricante


lança um novo modelo. É importante que você saiba que nos conectores em geral
e para cada modelo existe um macho e uma fêmea, que se encaixam um no outro,
e cada pino é identificado por um número ou por uma letra.
4 Componentes eletroeletrônicos
131

4.12.1. CONECTORES DE DADOS

A família de conectores data byte (DB), isto é, conectores de dados, é uma das
mais antigas e é ainda muito utilizada nos dias de hoje. O DB-9, por exemplo,
possui nove pinos numerados sequencialmente e é utilizado principalmente em
cabos para comunicação serial. No modelo que você vê a seguir, o formato trape-
zoidal do conector evita que o encaixe seja feito de forma errada.

Figura 119 -  Cabo com conectores DB-9


Fonte: SENAI-SP (2013)

Atualmente, os conectores mais comuns para a interligação de módulos e disposi-


tivos eletrônicos (como teclados, mouses, modems e câmeras digitais) são os universal
serial bus (USBs) – em português, barramento serial universal. Essa é uma tecnolo-
gia que tornou mais fácil a tarefa de conectar aparelhos, dispositivos e periféricos ao
computador sem a necessidade de desligá-lo. Veja um modelo de conector USB.

Figura 120 -  Conector USB


Fonte: 123RF (2013)

Outro tipo de conector bastante atual é o High Definition Multimidia Interface


(HDMI) – traduzido para o português como interface multimídia de alta definição.
Eles são encontrados nos tamanhos A, C e D e por ser um conector pequeno é nor-
malmente usado em dispositivos portáteis, como câmeras digitais e smartphones,
mas também em monitores. Veja um exemplo de HDMI na figura a seguir.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
132

Figura 121 -  Conector HDMI


Fonte: 123RF (2013)

4.12.2. Bornes

Os bornes são terminais que permitem a ligação de fios a uma placa de circuito
impresso e podem ser utilizados também para junções ou emendas de fios. Qua-
se sempre os fios são fixados por meio de parafusos, mas existem modelos que
permitem a conexão por meio de encaixe, com pressão de molas.
Existem diversos tipos e modelos de bornes, mas como montador de equi-
pamentos eletrônicos quase sempre você irá se deparar com um modelo que é
soldado na placa de circuito impresso. Esses modelos, conhecidos como KRE, são
comercializados em diversas configurações, conforme a quantidade de vias e a
corrente elétrica que suportam.

Figura 122 -  Borne KRE de 3 vias


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.12.3. CONECTORES DE ALIMENTAÇÃO

Os conectores de alimentação são usados para fazer a ligação elétrica entre a


fonte de alimentação e o circuito a ser alimentado. Existem muitos modelos, que
variam de acordo com o tipo de encaixe e o tamanho.
Em geral, são soldados na placa de circuito impresso, mas também podem ser
interligados a ela por meio de fios quando estão fixados no gabinete do equi-
pamento. Um exemplo bastante comum pode ser observado em computadores
portáteis (notebooks): a fonte de alimentação utilizada para carregar a bateria é
encaixada no computador por meio de um conector de alimentação.
4 Componentes eletroeletrônicos
133

Figura 123 -  Exemplo de conector de alimentação


Fonte: SENAI-SP (2013)

Além dos conectores apresentados neste capítulo, você certamente irá se de-
parar com muitos outros modelos. No entanto, a finalidade é sempre a mesma: fa-
zer a conexão elétrica entre circuitos. O importante é manter-se atento ao projeto.

CASOS E RELATOS

O perigo da curiosidade!
Fábio, um jovem que conseguiu seu primeiro emprego, embora não con-
hecesse muito de eletrônica, começou a trabalhar como montador de
equipamentos eletrônicos em uma empresa que fabricava placas para
computadores. Ele ficou maravilhado com a quantidade de componentes
que a empresa tinha em estoque, principalmente com as prateleiras de
LEDs, que eram dos mais variados tipos e cores.
Curioso para ver o LED cor-de-rosa aceso, certo dia ele voltou antes do al-
moço e ligou um deles diretamente na tomada. A explosão foi tão grande
que Fábio chegou a perder a visão por alguns segundos. Como estava
sozinho, já que ainda era horário de almoço, ninguém presenciou o fato,
apenas as câmeras de segurança.
Ao ver posteriormente as imagens, o seu supervisor o chamou, explicou
que os componentes eletrônicos trabalham com baixíssimas tensões e
que não podem ser ligados diretamente na tomada. Relatou outros aci-
dentes ocorridos dentro da empresa e sugeriu que ele fizesse um curso
de qualificação profissional de montador de equipamentos eletrônicos
para conhecer mais sobre o funcionamento dos componentes.
Em casa, refletindo sobre o que aconteceu, Fábio chegou à seguinte con-
clusão: na empresa, devemos sempre consultar profissionais mais experi-
entes para esclarecimentos sobre dúvidas ou curiosidades.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
134

Recapitulando

Neste capitulo, conhecemos diversos tipos de componentes e as varia-


ções dos componentes PTH e SMD. Também aprendemos que um mesmo
tipo de encapsulamento pode ser usado para diferentes componentes,
por isso, devemos atentar aos códigos impressos no encapsulamento, os
quais indicam qual é o tipo de componente que temos em mãos.
Aprendemos, ainda, que para cada componente existe uma simbologia
específica, que é utilizada pelos projetistas nos diagramas eletrônicos
para a elaboração dos circuitos. É importante relembrar que as simbolo-
gias seguem um padrão internacional para que em qualquer país os cir-
cuitos possam ser interpretados a partir dos seus desenhos (diagramas).
Além disso, compreendemos qual é a finalidade da placa de circuito im-
presso (PCI) e verificamos que ela pode ter uma ou várias camadas, for-
mando uma espécie de “sanduíche”. Aprendemos também a diferença
entre uma trilha e uma ilha, e que para os componentes PTH são necessá-
rios furos nas ilhas em que serão fixados, enquanto os componentes SMD
podem ser montados nas duas faces da placa por não necessitarem de
furos para sua fixação.
Com esses conhecimentos, você chega ao final de mais um capítulo do
nosso livro! Preparado para dar continuidade?
Vamos em frente!
4 Componentes eletroeletrônicos
135

Anotações:
processo de montagem de
placas eletrônicas

Neste capítulo, você terá a oportunidade de compreender o processo de montagem das


placas de circuito impresso nas tecnologias SMD e PTH. Conhecerá os cuidados que devem
ser tomados durante o processo de produção e verá, ainda, que o corpo humano armazena
energia naturalmente no dia a dia e que essa energia pode danificar os circuitos eletrônicos.
Ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar a posição de montagem dos componentes eletroeletrônicos;
b) reconhecer as características de manuseio dos componentes eletroeletrônicos;
c) identificar materiais, máquinas e ferramentas utilizadas no processo de montagem de
equipamentos eletrônicos.
Com esses fundamentos você será capaz de identificar as etapas de um processo de monta-
gem de placas eletrônicas a partir de tecnologias atuais e situar-se diante desse processo como
elemento essencial ao seu desenvolvimento.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
138

5.1. MONTAGEM DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO

O processo de montagem das placas de circuito impresso consiste, basica-


mente, no posicionamento correto e na soldagem dos componentes nos locais
indicados nas placas, observando detalhes como a polaridade, a pinagem e o có-
digo do componente. Esse processo pode ser realizado manualmente ou auto-
maticamente.
Nas décadas de 1970 e 1980, as empresas fabricavam suas placas manualmen-
te, o que exigia muito tempo para produzir um equipamento, tornando-o muito
caro. Esse processo foi otimizado ao longo dos anos e atualmente a fabricação
de equipamento acontece em linhas de montagem, nas quais os componentes
são inseridos nas placas por máquinas automatizadas, cabendo ao montador, na
maioria das vezes, apenas o abastecimento dessas máquinas e a verificação do
trabalho realizado por elas.
Veja na figura a seguir algumas máquinas que fazem a montagem automática
das PCIs.

Figura 124 -  Montagem automatizada de PCIs


Fonte: Wikimedia Commons (2013)

Independentemente de o tipo da montagem ser manual ou automático, você,


como montador de equipamentos eletrônicos, necessitará manusear os compo-
nentes eletrônicos ao longo do processo observando alguns cuidados, os quais
estudará a partir de agora. Acompanhe com atenção.
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
139

5.2. CUIDADOS NO MANUSEIO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Agora que você conhece as principais características dos componentes ele-


trônicos, é importante que saiba como manuseá-los de forma correta e tomando
alguns cuidados imprescindíveis, pois o simples toque nos terminais dos compo-
nentes poderá danificá-los. Atente, a seguir, para os cuidados necessários.

5.2.1. CUIDADOS MECÂNICOS

Durante o manuseio dos componentes eletrônicos, principalmente durante a


montagem ou a substituição deles, você precisará tomar alguns cuidados mecâ-
nicos relativos à dobra de terminais e à extração de circuito integrado (CI).
A maioria dos componentes PTH precisa ter seus terminais dobrados para que
possam encaixar corretamente nos furos das placas de circuito impresso. Essas
dobras devem ser feitas com o auxílio de ferramentas adequadas ou de um alicate
de bico, e sempre com muito cuidado para não danificar o componente.

Figura 125 -  Dobra de terminais de componentes eletrônicos


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para remover um CI, você deve utilizar um extrator de chips, a fim de manter a
integridade do componente, do soquete e da placa de circuito impresso. A figura
a seguir ilustra a forma correta de remoção.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
140

Figura 126 -  Como remover um circuito integrado corretamente


Fonte: SENAI-SP (2013)

O extrator de chips é uma espécie de pinça que você deve encaixar nas extre-
midades do CI. Uma vez encaixado, ele deve ser movimentado de um lado para
o outro lentamente e com cuidado até que o CI se solte. Não puxe o extrator de
uma só vez, pois você poderá danificar o soquete e a placa de circuito impresso.

Para remover um CI, nunca utilize apenas as mãos ou


FIQUE qualquer outro instrumento ou ferramenta que não seja
ALERTA apropriada, pois além de isso danificar os terminais,
você também corre o risco de se ferir.

5.2.2. CUIDADOS COM A DESCARGA ELETROSTÁTICA

Um cuidado que devemos tomar durante o manuseio de componentes ele-


trônicos é com as descargas eletrostáticas. O acúmulo de cargas elétricas no cor-
po humano é um fenômeno comum e acontece naturalmente quando caminha-
mos, nos sentamos, vestimos uma blusa ou mesmo quando tocamos um objeto
já carregado.
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
141

O simples contato do nosso corpo carregado, um toque com o dedo, por exem-
plo, em um componente eletrônico, ocasionará uma descarga de energia eletros-
tática que poderá danificá-lo. Essa descarga é conhecida como ESD, sigla que vem
do termo em inglês electrostatic discharge, que significa descarga eletrostática.

A quantidade de energia acumulada no corpo de uma


pessoa depende de diversos fatores, como tipo de pele
e a umidade relativa do ar, e também da maneira como
VOCÊ o corpo foi carregado. Uma pessoa caminhando sobre
um tapete ou sobre vinil pode gerar até 20 kV (20.000
SABIA? Volts). No entanto, essa voltagem não oferece risco, pois
a corrente elétrica da ESD é bastante baixa – na ordem
de nanoamperes. A ESD mais comum é o raio, que é a
descarga da energia acumulada nas nuvens para a terra.

Figura 127 -  Descarga eletrostática ESD


Fonte: 123RF, 2013.

Como montador de equipamentos eletrônicos, você estará em contato dire-


to com diversos componentes eletrônicos, por isso, será necessário tomar alguns
cuidados com o manuseio, o transporte e o armazenamento para prevenir a ESD e
assim preservar a integridade dos componentes. Para isso existem equipamentos
antiestáticos, como mantas, luvas, pulseiras, aventais e sapatos, que minimizam o
acúmulo de cargas elétricas em nosso corpo.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
142

Figura 128 - Equipamentos antiestática


Fonte: SENAI-SP (2013)

Algumas empresas usam normas de qualidade rigorosas nas linhas de mon-


tagem de equipamentos eletrônicos. Por exemplo, pintam o piso da fábrica com
tinta dissipadora de energia estática e exigem que os funcionários utilizem calca-
nheiras que dissipam rapidamente para a terra as cargas eletrostáticas acumula-
das no corpo.
Nessas empresas, qualquer pessoa que for entrar na linha de montagem passa
antes por um aparelho que mede a quantidade de energia estática nela acumula-
da e também testa a eficiência dos equipamentos antiestáticos utilizados por ela.

Figura 129 - Aparelho medidor de ESD


Fonte: SENAI-SP (2013)
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
143

Além do manuseio, a ESD exige outros cuidados. Os componentes eletrôni-


cos devem ser transportados em embalagens específicas, normalmente plásticas,
pois enquanto o componente estiver dentro delas, ele estará protegido. Na au-
sência dessas embalagens, os componentes poderão ter seus terminais imersos
em uma espuma metalizada antiestática.
Agora que você já está ciente dos cuidados necessários para manusear os com-
ponentes eletrônicos, veremos os processos de montagem manual e automatizado.

Para conhecer mais sobre as descargas eletrostáticas e os


SAIBA riscos que elas oferecem aos equipamentos eletrônicos, leia
MAIS o artigo publicado pela revista Saber Eletrônica no endereço
<http://www.sabereletronica.com.br/secoes/leitura/890>.

5.3. PROCESSO DE MONTAGEM MANUAL

Como dito, anteriormente, a montagem manual de placas eletrônicas não é


muito comum, mas acontece, eventualmente, em situações de reparo e na con-
fecção de protótipos. A principal preocupação que se tem na montagem manual
é a colocação do componente correto na posição correta.
Os processos manuais incluem tecnologias de montagem superficial (do in-
glês surface-mount device – SMD) e por meio de furos (também do inglês pin
through hole – PTH), no entanto, são mais comuns na PTH por causa do tamanho
dos componentes SMD, que são muito pequenos.
Para montar uma placa eletrônica, você terá em mãos uma lista contendo a iden-
tificação dos componentes e suas características, tais como as tolerâncias, os valores
ou os códigos. Observe no quadro a seguir o exemplo de uma lista e note que a pri-
meira coluna traz a identificação do componente e as seguintes, suas características.

Quadro 10 - Exemplo de lista de componentes

Referência Componente Valor/Código


U1 Circuito integrado 4093

R1 Resistor 1/4 Watt – 5% 33kΩ

R2 Resistor 1/4 Watt – 5% - SMD 470Ω

R3 Resistor 1/4 Watt – 5% - SMD 560Ω

R4 Resistor 1/4 Watt – 5% - SMD 680Ω

C1 Capacitor eletrolítico 10uF x 16V

C2 Capacitor eletrolítico 100uF x 25V


Fonte: SENAI-SP (2013)
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
144

A partir de uma lista semelhante a essa, você selecionará os componentes e


os encaixará na placa de circuito impresso com o auxílio da máscara de compo-
nentes, que indica o local correto de instalação. Além da localização, a máscara de
componentes também indica a polaridade, quando essa informação for necessá-
ria. Observe na figura a seguir.

Lista de componentes

Item Referência Componente Valor


R1
R3
R6
R14
R19
R21
R23
1 Resistor 1/4 Watt - 5% 10kΩ
R24
R25
R26
R29
R38
R39
R40

R2
R11
2 Resistor 1/4 Watt - 5% 220Ω
R15
R17

Figura 130 - Localização dos componentes na placa conforme a máscara de componentes


Fonte: SENAI-SP (2013)

Selecionado o componente, você deverá fazer a pré-formatação dos seus ter-


minais, ou seja, deverá dobrá-los para que possam ser encaixados na PCI. Para
isso, dobre os terminais do componente utilizando um alicate de bico ou a fer-
ramenta necessária, de forma que eles possam ser encaixados nos furos da PCI,
indicados na máscara de componentes. Veja um exemplo na figura a seguir.
Uma vez pré-formatados os terminais dos componentes, basta encaixá-los nos
furos da PCI observando a posição de encaixe para não inverter as polaridades.
Mesmo os resistores que não possuem polaridade são posicionados com a faixa
de tolerância sempre para a mesma direção, o que não interfere no funcionamen-
to, mas é importante para efeitos estéticos. Por exemplo, na figura 132, temos:
a) resistores horizontais: tolerância à direita;
b) resistores verticais: tolerância para baixo.
5 ProcESSo DE MoNtaGEM DE PLacaS ELEtrÔNicaS
145

Figura 131 - Resistores instalados de forma padronizada


Fonte: 123RF (2013)

Além do posicionamento correto, a montagem manual requer, ainda, a sol-


dagem dos terminais do componente na placa. Para isso, utilizamos um ferro ou
uma estação de solda que aquece e derrete o arame de solda, fundindo-o à placa
e ao terminal do componente, conforme mostra a figura a seguir.

Figura 132 - Soldagem de componente eletrônico na PCI


Fonte: SENAI-SP (2013)

No próximo livro, Técnicas de manufatura de equipamentos eletroeletrônicos,


estudaremos as técnicas de soldagem e os detalhes relativos a esse processo.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
146

5.4. PROCESSO DE MONTAGEM AUTOMATIZADO

O processo de montagem automatizado permite a produção de placas eletrô-


nicas em larga escala e com alta precisão. As placas de circuito impresso já vêm
prontas de fábrica para a montagem de componentes, que é feita integralmente
por máquinas. Nesse processo, o papel do montador é de apenas abastecer essas
máquinas, acompanhar a montagem e realizar os testes finais na bancada.
Os processos automatizados são mais comuns na tecnologia SMD, no entanto,
existem algumas máquinas que operam também com componentes PTH.
Nesses processos automatizados, as máquinas trabalham com alinhamento
óptico de posicionamento que garante a precisão na inserção dos componentes.
Além disso, elas são capazes de fazer soldas minúsculas, como as encontradas
nas PCIs de um computador e, muitas vezes, podem até realizar testes nas placas
depois de prontas para verificação de funcionamento.
Veja no quadro a seguir as etapas de montagem automatizada dos compo-
nentes em uma placa de circuito impresso.

Quadro 11 - Etapas de montagem automatizada de placa de circuito impresso

Etapas Descrição
Uma máquina que funciona como uma impressora do tipo
1ª – Aplicação da pasta de solda jato de tinta aplica a pasta de solda na placa precisamente
nos pontos de fixação dos componentes.

Uma máquina analisa se a espessura e o tamanho da


2ª – Verificação dos pontos de
camada de pasta de solda está dentro dos parâmetros
solda
máximos e mínimos especificados.

Várias máquinas ligadas em série, sendo que cada uma


3ª – Posicionamento dos compo- posiciona determinados componentes. As placas passam
nentes sobre a pasta de solda de uma máquina para a outra por meio de esteiras trans-
portadoras.

Os componentes são afixados na placa quando esta passa


por um forno aquecido, que derrete as partículas de
solda presentes na pasta. O aquecimento não prejudica a
4ª – Soldagem dos componentes
integridade dos componentes, pois a temperatura é con-
trolada, ficando próxima a 200º C, suficiente apenas para
derreter a solda.

Realizado em máquinas com centenas de agulhas, que,


5ª – Teste de verificação das
apoiadas em toda a placa, informam ao computador se
conexões eletrônicas e soldas
existe algum curto-circuito ou uma solda mal feita.

6ª – Colocação manual de Realizada pelo montador, que posiciona os slots e os so-


conectores quetes nos lugares corretos para posterior soldagem.
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
147

A placa é transportada, por meio de uma esteira, para um


forno com um tanque de solda (diferente do forno utili-
7ª – Soldagem dos componentes
zado, inicialmente, para a soldagem SMD), no qual recebe
inseridos manualmente
um banho de solda na parte de baixo, em que estão os
terminas dos componentes inseridos manualmente.

Realizado por máquinas com centenas de agulhas, que são


8ª – Teste das conexões eletrôni-
apoiadas em toda a placa e pelas quais o computador veri-
cas e soldas
fica se existe algum curto-circuito ou uma solda mal feita.

Em uma bancada, um operador instala o BIOS, que é um


9ª – Instalação do sistema opera- programa gravado em um chip de memória flash no qual
cional básico integrado (também estão as configurações básicas da placa. Em seguida, testa
conhecido pela sigla BIOS, do a placa com os periféricos normalmente utilizados pelo
termo em inglês basic input/ou- usuário final (teclado, HD, monitor, entre outros). Esse
tput system) e teste da placa com último teste é feito por um programa de diagnóstico capaz
todos os periféricos de encontrar possíveis defeitos e problemas que podem
causar mau funcionamento.

Fonte: SENAI-SP (2013)

Mesmo que o processo de fabricação seja automático, há situações em que


a soldagem é feita manualmente, por isso, você aprenderá no livro Técnicas de
manufatura de equipamentos eletroeletrônicos os detalhes de como fazer a sol-
dagem em componentes PTH e SMD.

CASOS E RELATOS

Esse projeto não funciona!


Após receber uma ordem de serviço, um jovem montador se preparou
para iniciar o procedimento de montagem de uma PCI: separou os ma-
teriais necessários, verificou cuidadosamente os equipamentos de segu-
rança e tomou todas as precauções necessárias para não ocorrer descarga
eletrostática. Como a quantidade de componentes eletrônicos era muito
grande, levou algum tempo até concluir a montagem.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
148

Ao ligar o equipamento pela primeira vez, ele não funcionou. Após algum
tempo verificando se faltava algum componente, concluiu que havia um
defeito e o encaminhou para o responsável pela manutenção. Partiu, en-
tão, para a montagem da segunda PCI, conforme previsto na ordem de
serviço. Ao finalizar o trabalho, ficou surpreso, pois percebeu que essa
outra placa também não estava funcionando. Imediatamente, fez um
relatório para o responsável pelo projeto reportando o problema.
Após algum tempo, questionado pelo responsável da manutenção, o
montador explicou que conferiu se cada componente estava instalado
em seu lugar e que ainda teve o cuidado de assegurar que todos os circui-
tos integrados estavam encaixados com a polaridade correta. Com tudo
isso, disse que não havia mais nada a fazer.
Nesse momento, o responsável pela manutenção mostrou o equipamen-
to funcionando perfeitamente e entregou ao montador um pequeno
resistor. Explicou-lhe o que ocorreu: ao selecionar o resistor para a mon-
tagem, o jovem leu o código de cores incorretamente e escolheu um
resistor com um valor muito diferente daquele que havia no esquema
elétrico.
Mesmo tomando todas as precauções com os componentes eletrôni-
cos que ele julgava serem os mais complexos ou importantes, como os
circuitos integrados, não imaginou que um único resistor seria capaz de
deixar a placa inoperante. Foi então que ele percebeu que cada compo-
nente eletrônico tem sua função e sua importância no projeto! Desde um
pequeno resistor ou diodo até o mais complexo circuito integrado, todos
devem ser instalados exatamente conforme especificado no projeto.

5.5. FERRAMENTAS E UTENSÍLIOS PARA SOLDAGEM E DESSOLDAGEM DE


COMPONENTES ELETRÔNICOS

Agora que você já conhece alguns componentes eletrônicos e viu como é


o processo de montagem de placas de circuito impresso, chegou o momento
de conhecer as ferramentas, os equipamentos e os materiais utilizados no pro-
cesso manual de soldagem dos componentes. Analisaremos os mais comuns.
Acompanhe!
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
149

5.5.1. SOLDA E FLUXO

A solda é o elemento que garante a fixação dos componentes eletrônicos e sua


conexão elétrica.
Como esses componentes são leves e pequenos, a solda não precisa ser mui-
to resistente. Além disso, não são necessários esforços mecânicos. No entanto,
a temperatura de fusão não pode ser muito alta para não danificar a ilha da PCI
ou qualquer dos seus componentes, uma vez que, no processo de soldagem, o
terminal do componente deve ser aquecido até que a solda derreta e fique em
estado líquido.
Por essas razões, a solda utilizada na área da eletrônica é constituída por 60%
de estanho e 40% de chumbo, com pequenas variações de porcentagem. Ela ge-
ralmente é vendida em fios com diâmetro que variam de 0,8mm a 1,5mm, mas
podem ser encontradas também em barras, que são mais utilizadas em processos
de soldagens industriais.
Quando disponibilizada em fios, a solda possui um componente químico em
seu interior chamado de fluxo.
O fluxo faz uma limpeza química no local em que será aplicada a solda, dis-
solvendo as impurezas e combatendo a oxidação. Devido à sua importância para
uma boa soldagem, foi incorporado ao fio de solda, mas pode também ser encon-
trado separadamente sob a forma líquida ou pastosa.
Observe, na figura a seguir, um fio de estanho enrolado, como é comercial-
mente encontrado. Veja o destaque que foi dado ao fluxo no interior do fio.

fluxo

Figura 133 -  Fio de estanho com destaque para o fluxo, que fica dentro do fio
Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
150

5.5.2. SOLDADOR

A ferramenta mais comum utilizada para fazer a soldagem é o soldador, popu-


larmente conhecido como ferro de solda. Existem alguns tipos diferentes, como
veremos a seguir, mas todos se baseiam no mesmo princípio: fornecem o calor
necessário para fundir a solda no momento da soldagem.
Podemos encontrar essa ferramenta com várias potências no mercado, desde
10W até mais de 200W. A potência está diretamente relacionada à quantidade de
calor produzido pelo soldador, por isso, dependendo da solda ele precisa ser mais
ou menos potente. Os mais utilizados na eletrônica são os de potências entre 20W
e 30W, pois geram o calor necessário para fundir a solda e que é suportado pela
maioria dos componentes eletrônicos.
Basicamente, existem dois tipos de soldadores: os comuns, conhecidos como
ferro de solda, e as estações de solda. Vamos ver as características de cada um deles.

Soldador comum, ou ferro de solda

É o tipo de soldador mais utilizado. Além de seu baixo custo, permite soldas de
boa qualidade. Ele possui uma resistência elétrica responsável por aquecer a sua
ponta, que é a parte utilizada para realizar a soldagem. Um soldador comum de
20W atinge uma temperatura média de 260º C.

Figura 134 -  Ferro de solda


Fonte: SENAI-SP (2013)

Estação de solda

Essa ferramenta tem a aparência de um soldador comum, mas tem um diferen-


cial — sua temperatura pode ser ajustada conforme a necessidade, o que, para a
atividade do montador, é uma excelente vantagem. Isso ocorre porque, em vez de
ser conectada diretamente à tomada, ela é ligada a um aparelho responsável pelo
controle da temperatura.
5 ProcESSo DE MoNtaGEM DE PLacaS ELEtrÔNicaS
151

Observe que, assim como o soldador comum, a estação de solda necessita de


um tempo para atingir a temperatura de trabalho, que varia em função do grau
de calor escolhido.
Dependendo do modelo, pode haver uma luz indicando que ele está na tem-
peratura correta ou ainda um indicador que mostra a temperatura atual da pon-
teira, assim você pode saber se ele está pronto para o uso.
A figura a seguir ilustra essa ferramenta de que estamos falando. Observe que
ela é composta pelo soldador e pelo equipamento de controle de temperatura.

Figura 135 - Estação de solda


Fonte: SENAI-SP (2013)

Suporte para soldador

O suporte para o soldador serve para repousá-lo entre uma soldagem e outra,
evitando acidentes, como queimaduras, possíveis incêndios e problemas no com-
ponente ou equipamento.
Como os soldadores comuns e as estações de solda levam um tempo até que
atinjam a temperatura de trabalho, não seria viável desligá-los entre a soldagem
de um componente e outro. Por isso, eles permanecem ligados até o final do
trabalho, mantendo-se quentes, daí a necessidade de um suporte para repouso
da ferramenta.
Vale dizer, ainda, que alguns modelos contêm uma esponja vegetal, que serve
para limpar a ponta do soldador, como o da figura seguinte.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
152

Figura 136 -  Suporte para soldador


Fonte: SENAI-SP (2013)

5.5.3. SUGADOR DE SOLDA

O sugador de solda, como o nome sugere, serve para removê-la de uma su-
perfície. Embora seja mais utilizado para remoção de componentes, você poderá
necessitar dele na soldagem também, seja para refazer uma solda que não tenha
ficado muito boa ou para remover algum excesso.
Essa ferramenta remove a solda por sucção, mas somente enquanto estiver em
seu estado líquido. Isso significa dizer que ela trabalha em conjunto com o soldador:
o soldador aquece a solda, deixando-a na forma liquida, e o sugador faz a remoção.
No mercado existem basicamente dois tipos de sugadores, que você poderá
escolher de acordo com as suas necessidades: os manuais e as estações de dessol-
dagem. Vejamos cada um deles.

Sugador manual

No sugador manual a sucção é criada de forma mecânica por meio de um pis-


tão e uma mola, que estão montados no seu interior. Para ser utilizado, ele deverá
ser armado, ou seja, o pistão deverá ser pressionado na mola até que ele se trave.
A sucção é gerada ao apertar o botão: isso libera o pistão, que, pela força da
mola, é lançado para cima rapidamente. É o movimento rápido do pistão subindo
que gera a sucção, por isso, dura apenas um instante. Para repetir o processo, você
deverá armar o sugador novamente.
5 ProcESSo DE MoNtaGEM DE PLacaS ELEtrÔNicaS
153

Figura 137 - Sugador de solda manual


Fonte: SENAI-SP (2013)

Estação de dessoldagem

Embora contenha a palavra dessoldagem em seu nome, essa ferramenta pode


ser utilizada como auxílio na soldagem para remover excessos de solda. Ela utiliza
o mesmo conceito da estação de solda que vimos há pouco, a diferença está no
fato de que, em vez do soldador, ela tem uma pistola de dessoldagem.
A pistola tem uma ponteira que é aquecida, e sua temperatura é controlada da
mesma forma que na estação de solda. Outra diferença é que na ponteira dessa
pistola há um furinho conectado a uma bomba de vácuo, a qual faz parte da esta-
ção de dessoldagem e que é responsável por criar a sucção. A ponta aquecida da
pistola funde o estanho que deve ser removido, e, no estado líquido, ele é sugado
pela bomba de vácuo.
Dependendo do modelo, a sucção pode ser contínua ou acionada por meio de
um botão presente na pistola. Como você pode observar, é um método bastante
interessante, pois o aquecimento e a sucção são feitos em uma única ferramenta,
agilizando o processo.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
154

Figura 138 -  Estação de dessoldagem


Fonte: SENAI-SP (2013)

Após conhecer as utilidades de um sugador de solda e saber como ele fun-


ciona, você poderá estar se perguntando: “e para onde vai toda a solda que foi
sugada?”. Já solidificada, a solda vai para um reservatório específico, que deve ser
limpo após o uso para garantir o funcionamento adequado do equipamento. O
procedimento de limpeza e desmontagem varia conforme a marca e o modelo da
estação, para conhecê-lo basta ler o manual do fabricante.

5.5.4. MALHA PARA DESSOLDAR

A malha para dessoldar é uma malha de cobre fabricada de modo que a solda
fundida se infiltre muito facilmente entre suas tranças. Essa propriedade faz com
que ela ajude na remoção da solda. Quando toca em alguma superfície contendo
solda fundida, esta é imediatamente atraída para a malha.
À medida que vai sendo utilizada, ela vai ficando saturada, cheia de solda
em suas tranças e, por isso, vai perdendo a funcionalidade. Quando a saturação
ocorrer, basta cortar o pedaço saturado e continuar utilizando-a. Em geral, é
vendida em pedaço ou em rolo.
A figura a seguir mostra a malha para dessoldar em detalhes. Observe as tran-
ças de cobre que a compõem.
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
155

Figura 139 -  Malha para dessoldar


Fonte: SENAI-SP (2013)

5.5.5. ESTAÇÃO DE RETRABALHO PARA COMPONENTES SMD

A estação de retrabalho SMD une os conceitos da estação de solda com um so-


prador térmico. Este fornece um jato de ar quente com temperatura controlada, as-
sim como a estação de solda controla a temperatura do soldador. O ar quente serve
para derreter a solda, possibilitando a remoção do componente de modo manual.
Ela é utilizada normalmente para substituir componentes SMD, pois pode
ser usada para realizar tanto a tarefa de dessoldagem como de soldagem. Como
montador de equipamentos eletrônicos, você poderá se deparar com alguma si-
tuação em que será necessário dessoldar um componente e, para esse fim, a esta-
ção de retrabalho SMD será útil.

Figura 140 -  Estação de retrabalho SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
156

As estações de retrabalho SMD podem ser encontradas nas versões digital e


analógica. Enquanto as analógicas possuem controles de temperatura e fluxo de
ar mais simples, que funcionam com escalas predefinidas, as digitais permitem
mais exatidão nesse controle, indicando inclusive a temperatura por meio de um
display. Mais detalhes sobre essa técnica de soldagem serão vistos no próximo
módulo.

Recapitulando

Neste capitulo, vimos que o processo de montagem pode ser manual ou


automático. Compreendemos que alguns cuidados relativos à energia
estática e ao manuseio dos componentes são imprescindíveis para não
danificá-los durante a montagem.
Verificamos, ainda, que o processo de montagem manual é realizado com
base em uma lista de componentes e com o auxílio da máscara de com-
ponentes da PCI.
Evidenciamos a importância do papel do montador na montagem au-
tomática, pois ele realiza o abastecimento das máquinas com os compo-
nentes eletrônicos a serem montados. E vimos que essa atividade deve
ser efetuada com o máximo de atenção, porque se os componentes forem
invertidos, um lote inteiro de placas sairá da montagem com defeito.
Todos os conceitos estudados neste capítulo servirão de subsídios para
o próximo, que trata dos módulos eletrônicos. Vamos a ele, então! Siga
em frente!
5 Processo de montagem de placas eletrônicas
157

Anotações:
Módulos e dispositivos

Neste capítulo, você conhecerá as principais características dos módulos e dos dispositivos
utilizados na produção de equipamentos eletrônicos e compreenderá a forma como eles são
interligados para que funcionem de forma integrada com o equipamento. Aprenderá, ainda, a
diferença entre as conexões na tecnologia PTH e as conexões na tecnologia SMD.
Ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os módulos e dispositivos utilizados na montagem de equipamentos eletroe-
letrônicos;
b) reconhecer a posição de montagem dos módulos e dos dispositivos nos equipamentos
eletrônicos;
c) entender as características de manuseio dos módulos e dos dispositivos eletroeletrônicos;
d) identificar os métodos de fixação dos módulos e dos dispositivos nos equipamentos
eletrônicos;
e) distinguir os sistemas e os elementos de interconexão dos módulos e dos dispositivos
nos equipamentos eletrônicos.
A partir desses conhecimentos, você será capaz de saber quais as posições corretas de mon-
tagem dos módulos e dos dispositivos e terá condições de interconectá-los e fixá-los, obser-
vando as guias de direcionamento e as travas mecânicas dos conectores.
Como existe uma infinidade de equipamentos eletrônicos e não é possível prever com
qual deles você irá trabalhar, adotamos como referência a torre de um computador, por este
ser um equipamento rico em detalhes, portanto, abranger a maioria dos conceitos aplicados
a outros equipamentos. Estudando os conceitos e as aplicações que apresentaremos tendo
como base esse equipamento, você poderá utilizá-los nos mais variados aparelhos. Acompa-
nhe com atenção!
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
160

6.1. DEFINIÇÃO DE MÓDULOS E DISPOSITIVOS

Os módulos e os dispositivos podem ter diferentes definições de acordo com


o ponto de vista que tomamos. Se analisarmos, por exemplo, sob o ponto de vista
de uma empresa que produz memórias para computadores, essas memórias são
consideradas produtos. Mas se analisarmos sob o ponto de vista de um empresa
que monta computadores, essas mesmas memórias são consideradas módulos
do computador.
Assim, utilizaremos as definições de acordo com o ponto de vista de um mon-
tador de equipamentos eletrônicos. Para ele, as peças utilizadas na montagem
são chamadas de módulos e de dispositivos, enquanto o produto é o equipamen-
to depois de montado – por exemplo, a CPU de um computador pronta para ser
comercializada.
Para definir os módulos, podemos usar como exemplo um conjunto de sofá,
que é composto por vários módulos semelhantes (mas de tamanhos diferentes,
para 2, 3 ou mais lugares) que formam um conjunto para se sentar na sala de estar.
Por sua vez, a sala de estar é composta pelo conjunto de sofá, pelo televisor e por
outros móveis e se assemelha a dispositivos por abranger vários itens diferentes.
Por fim, a casa contém a sala, a cozinha, o banheiro e os quartos (todos mobiliados),
assemelhando-se ao nosso produto final, no caso, um equipamento eletrônico – a
CPU de um computador.
Podemos, então, definir os módulos eletroeletrônicos como parte do dispo-
sitivo ou do produto. Em regra, possuem uma função específica e são formados
por PCIs com vários componentes eletrônicos soldados, como um módulo de me-
mória RAM para computador, que tem a função de armazenar dados.
A partir dessa definição de módulos, podemos definir os dispositivos como
um conjunto de módulos – sejam eles mecânicos, eletrônicos ou magnéticos –
que interagem para desenvolver uma função específica no equipamento. Por
exemplo, o hard disc (HD) (do inglês disco rígido) reúne módulos das três tecno-
logias – mecânicos, eletrônicos e magnéticos – com o fim de armazenar dados.
6 Módulos e dispositivos
161

6.2. TIPOS DE MÓDULOS E DISPOSITIVOS

Na CPU de um computador, temos vários exemplos de módulos e dispositivos.


Veja alguns no quadro a seguir.

Quadro 12 - Exemplos de módulos e dispositivos de uma CPU

Módulos Dispositivos
Fonte de alimentação; Gabinete da CPU;

Placa-mãe (motherboard); HD (disco rígido);

Memória RAM; Unidade de DVD;

Placa de vídeo; Unidade de disquete.

Placa de rede.
Fonte: SENAI-SP (2013)

Cada um desses módulos e dispositivos tem suas características específicas, que


variam desde conforme o modo como são fixados até como é a sua conexão elétrica
com o conjunto do equipamento. Passaremos, agora, a analisar os principais deles.

6.2.1. FONTE DE ALIMENTAÇÃO

A fonte de alimentação é um elemento comum a todo equipamento eletrô-


nico, visto que, na maioria dos casos, o equipamento é ligado a uma tomada de
127/220VAC e os circuitos eletrônicos funcionam com 5/12VCC.
A principal função da fonte de alimentação é abaixar a tensão elétrica para
5/12V (tensão dos circuitos eletrônicos), e também convertê-la de CA para CC (o
termo técnico é retificar de CA para CC). Vamos ver agora alguns tipos de fontes.
Acompanhe!

Tipos de fontes de alimentação

Existem basicamente duas tecnologias de fabricação de fontes de alimentação:


a) Fontes lineares: são maiores e mais pesadas por utilizarem transformado-
res como elemento abaixador de tensão, e, além disso, usam diodos retifi-
cadores e capacitores na sua composição. São pouco eficientes, mas ainda
utilizadas nas indústrias de equipamentos.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
162

Figura 141 -  Fonte de alimentação linear


Fonte: SENAI-SP (2013)

b) Fontes chaveadas: utilizam circuitos eletrônicos para fazer a adequação


das tensões. Menores, mais leves e mais eficientes, são encontradas nos car-
regadores de baterias de celular, computadores, televisores, entre outros.
Observe, na figura a seguir, que os componentes eletrônicos desse tipo de fon-
te estão embutidos em uma caixa metálica. Isso é para evitar a saída de ondas
eletromagnéticas, que causam interferências nos outros módulos e dispositivos
eletrônicos.

Figura 142 -  Fonte de alimentação chaveada de um computador


Fonte: 123RF (2013)
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
163

Instalação da fonte de alimentação

Como montador de equipamentos eletrônicos, você irá se deparar mais fre-


quentemente com as fontes do tipo chaveada.
Antes de instalar qualquer fonte, você deverá verificar as tensões (entrada e
saída) e, principalmente, a potência máxima da fonte. A potência da fonte deve
ser sempre superior à potência dos equipamentos que ela alimentará, caso con-
trário, poderá ser danificada.
Para melhor compreender, imagine uma caixa d'água: quanto maior o tamanho,
mais água ela consegue armazenar e, portanto, fornecer. O mesmo ocorre com a
fonte: quanto maior a sua potência, mais equipamentos ela consegue alimentar.
Não existe segredo na sua instalação. Basicamente, temos um cabo de força,
que é ligado à tomada, e alguns conectores de saída, que vão interligados aos
módulos e aos dispositivos do equipamento. Todos os conectores têm forma di-
ferenciada e posições direcionadas para o encaixe, ou seja, você não conseguirá
ligar errado.
A caixa metálica da fonte de alimentação é parafusada diretamente na estrutu-
ra do equipamento. No caso de uma CPU, a fixação é feita no gabinete por quatro
parafusos. Veja na figura as conexões de uma fonte chaveada de computador:

Figura 143 - Fonte de alimentação da CPU de um computador


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
164

6.2.2. PLACA PRINCIPAL OU PLACA-MÃE (MAIN BOARD OU MOTHERBOARD)

A maioria dos equipamentos eletroeletrônicos tem uma placa principal de


controle. Podemos encontrá-las, por exemplo, nos computadores, nas máquinas
de lavar roupas, nos fornos de micro-ondas, nos aparelhos de DVD, entre outros
equipamentos.
É comum encontrarmos na informática os termos main board, motherboard ou
placa-mãe que, na verdade, são sinônimos usados para definir a placa principal da
CPU do computador.
A placa principal é interligada eletricamente com todos os módulos, disposi-
tivos e periféricos da CPU do computador, fazendo com que todos eles trabalhem
em conjunto. É o centro de controle do equipamento, ou seja, é ela que comanda
todas as outras placas.
A maioria dos equipamentos eletroeletrônicos utilizam periféricos, como
acessórios ou partes do produto, para otimizar ou possibilitar o correto funciona-
mento do equipamento. A principal característica é que, em geral, eles são com-
ponentes externos ao equipamento. Um video game, por exemplo, tem um peri-
férico bastante conhecido, que é o controle. Sem ele e seus botões de comando,
não conseguiríamos jogar.
Os periféricos são ligados diretamente na placa-mãe por meio dos conectores
localizados na parte traseira da CPU, como mostra a figura a seguir.

Figura 144 -  Placa principal ou placa-mãe


Fonte: 123RF (2013)

No interior da CPU do computador existe, ainda, uma série de módulos e dis-


positivos que também são conectados na placa principal. A figura a seguir ilustra
os principais elementos utilizados, os quais possuem conectores diferenciados e
6 Módulos e dispositivos
165

posições de ligação direcionadas por guias mecânicas que evitam qualquer liga-
ção incorreta. Observe.

Figura 145 -  Módulos e dispositivos internos da CPU


Fonte: 123RF (2013)

Algumas placas principais possuem jumpers (ligação móvel entre dois pontos)
de configuração espalhados pela sua superfície. Esses jumpers são as configura-
ções de funcionamento que variam de modelo para modelo, devendo ser posicio-
nados corretamente pelo montador de equipamentos eletrônicos.
Para conectá-los, você deverá consultar seu procedimento de trabalho ou
o manual do fabricante, observando atentamente a posição de cada um deles.
Veja, no destaque da figura a seguir, o exemplo de jumper.

Figura 146 -  Jumper de configuração


Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
166

6.2.3. DISPOSITIVOS MECÂNICOS

Em um equipamento eletroeletrônico, dificilmente encontraremos um dispo-


sitivo exclusivamente mecânico. O que encontramos com frequência são disposi-
tivos com predominância mecânica, como o caso do gabinete da CPU, que possui
a estrutura metálica para fixação das peças internas, mas já vem equipada com
botões e LEDs, que são componentes eletroeletrônicos.

Além de servir como suporte de fixação, o gabinete de


VOCÊ uma CPU tem outra função importantíssima no funcio-
namento do computador. Ele faz a blindagem, para que
SABIA? as ondas eletromagnéticas irradiadas (ondas de rádio)
não interfiram nos circuitos eletrônicos.

Para facilitar sua compreensão, analisaremos, inicialmente, a fixação da fonte


de alimentação e da placa principal (motherboard), as mesmas analisadas no tópi-
co anterior. No entanto, agora focaremos nossa atenção nos encaixes mecânicos
e na fixação dos parafusos. Acompanhe.

Fixação da fonte de alimentação no gabinete

Para fixar a fonte de alimentação no gabinete da CPU, você deve parafusar a


caixa metálica da fonte de alimentação diretamente no encaixe específico para
ela existente no gabinete. O gabinete dispõe de furos para a fixação de parafusos
e de um recorte na estrutura por onde é feita a ventilação da fonte.
Acompanhe, a seguir, um passo a passo da fixação de uma fonte de alimenta-
ção na CPU de um computador. Mas, lembre-se, é importante que você sempre
consulte o manual do fabricante, pois existem algumas variações conforme o mo-
delo utilizado.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
167

Figura 147 - Fixação de uma fonte no gabinete de uma CPU


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para a montagem de equipamentos eletrônicos você deve usar chaves de fen-


da e chaves Philips. Em qualquer caso, a chave deve preencher no mínimo 75%
da ranhura da cabeça do parafuso. Veja na figura a seguir como escolher a chave
adequada para o trabalho.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
168

Figura 148 -  Escolha da chave de fenda


Fonte: 123RF (2013)

Após fixar a fonte na estrutura do equipamento, você deve iniciar as conexões


elétricas, sempre observando o modelo dos conectores e a correta posição de
encaixe. A fonte alimenta todos os módulos e dispositivos do equipamento, por-
tanto você deve estar atento para não esquecer de alimentar nenhum deles. Caso
esqueça, o equipamento não funcionará.

Figura 149 -  Conexão da fonte com os módulos e dispositivos da CPU


Fonte: SENAI-SP (2013)
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
169

Após alimentar todos os módulos e dispositivos do equipamento, você deve


organizar a fiação para que ela não atrapalhe o funcionamento dos ventiladores
(coolers) internos à CPU. A figura a seguir ilustra como os chicotes de cabos devem
ser organizados dentro do gabinete do computador.
Agora observe, na próxima figura, como deve ficar o gabinete de uma CPU
após a montagem de uma fonte de alimentação. Note a organização interna, em
que o cooler do processador está livre para girar e o dissipador de calor não está
encostando em qualquer fio.

Figura 150 - Organização dos chicotes e cabos após a montagem


Fonte: SENAI-SP (2013)

Fixação da placa principal no gabinete

O gabinete dispõe de uma furação na sua estrutura interna que corresponde


exatamente à mesma furação encontrada na placa principal (motherboard). No
entanto, antes de fixá-la, é necessária a colocação de alguns espaçadores para
manter a placa eletrônica afastada das chapas metálicas e assim evitar o contato
elétrico. A quantidade de espaçadores varia de fabricante para fabricante. Existem
muitos tipos e modelos diferentes de espaçadores, que podem ser de plástico ou
de metal, e fixados por meio de encaixe ou parafuso. No exemplo, a seguir, temos
uma placa com espaçador plástico, que é encaixado na PCI.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
170

Figura 151 -  Exemplo de placa com espaçadores


Fonte: SENAI-SP (2013)

Colocados os espaçadores, você deve encaixar a placa principal cuidadosa-


mente, observando os conectores dos periféricos externos (mouse, teclado, moni-
tor etc), que devem ser encaixados na abertura existente no gabinete exatamente
para essa finalidade. Estando tudo em ordem, parafuse a placa. Os parafusos nor-
malmente são fixados sobre os espaçadores. Veja a ilustração a seguir:

Figura 152 -  Fixação da placa principal no equipamento


Fonte: SENAI-SP (2013)

Outros módulos e dispositivos também são fixados na estrutura mecânica da


CPU (gabinete), que contém compartimentos específicos para cada um deles. A
fixação deles também é feita por parafusos, como ilustra a figura a seguir.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
171

espaçadores

os parafusos serão fixados nos espaçadores


Figura 153 - Fixação de módulos e dispositivos no gabinete
Fonte: SENAI-SP (2013)

6.3. caractEriSticaS Da MoNtaGEM DE MóDuLoS E DiSPoSitivoS

As características dos módulos e dos dispositivos em relação à montagem va-


riam conforme o equipamento que está sendo produzido. Ainda assim, podemos
dividi-las em duas categorias: as características comuns e as específicas. Vamos
conhecê-las?
a) Características comuns: são aquelas relacionadas ao armazenamento,
ao manuseio e à instalação do módulo ou dispositivo. Em geral, estão
relacionadas com a preservação do equipamento, pois evitam avarias e
possíveis defeitos de funcionamento. O quadro a seguir apresenta algu-
mas delas, observe.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
172

Quadro 13 - Características comuns aos módulos e dispositivos

Situação Utilização Características


Embalagens ESD Evita o acúmulo de cargas eletrostáticas.

Elimina a umidade residual, a ox-


Sílica gel
No armazena- idação e a proliferação de fungos.
mento
Aproveita melhor os ambientes de mon-
Empilhamento em magazines tagens e evita que módulos e disposi-
tivos sejam danificados com o peso.

Dispositivos ESD Evitam descargas eletrostáticas.

Evitam avarias mecânicas durante a


No manuseio Ferramentas e supor-
montagem e proporcionam ao operador
tes para montagem
uma posição ergonômica de trabalho.

Interconexão elétrica
(normalmente feita por
Permite a integração do módulo ou
conectores ou slots que
do dispositivo com o equipamento.
possuem uma posição
Na instalação correta de encaixe)

Fixação mecânica (nor- Fixa o módulo ou o dispositivo ao


malmente é feita por meio equipamento, impedindo que se solte
de parafusos ou travas) com os impactos e as vibrações.

Fonte: SENAI-SP (2013)

b) Características específicas: são aquelas relacionadas a um determinado


tipo de produto, por exemplo, os equipamentos à prova de explosão, que
não podem ter seus módulos e dispositivos eletroeletrônicos montados
com componentes que tenham faiscação, como os relés. Como você pode
observar, essas características especificas estão mais relacionadas com o
projeto que com a montagem propriamente dita, dessa forma, você não
necessitará se preocupar tanto com elas neste momento.

6.4. INTERCONEXÃO DOS MÓDULOS E DOS DISPOSITIVOS

Como observamos nas características de montagem dos módulos e dos dispo-


sitivos, a maioria deles possui dois tipos de interconexão (encaixes): uma elétrica
e outra mecânica. Mas como cada uma delas funciona?
a) A interconexão elétrica é responsável pelo funcionamento integrado de
todas as placas. Ela é feita por meio de conectores e soquetes, conhecidos
como slots.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
173

b) A interconexão mecânica é feita por meio de guias, que evitam a monta-


gem incorreta dos módulos e dos dispositivos, pois eles só encaixam em
uma posição.
A figura a seguir destaca as guias mecânicas que evitam o encaixe errado dos
módulos e dos dispositivos na placa principal de um computador. Veja.

Figura 154 - Guias mecânicas de conectores de módulos e dispositivos eletrônicos


Fonte: SENAI-SP (2013)

FiQuE Verifique sempre a posição correta do conector, pois a


tentativa de montagem invertida poderá causar danos
ALERTA nos contatos, na guia mecânica e na PCI.

Para preservar o conector elétrico, faz-se, ainda, uma fixação complementar


por meio de parafusos, grampos ou travas, que prendem o módulo ao conjunto.
A figura a seguir mostra algumas travas mecânicas utilizadas em computadores.
FuNDaMENtoS Da MaNuFatura DE EQuiPaMENtoS ELEtroELEtrÔNicoS
174

travas

Figura 155 - Fixação por travas


Fonte: SENAI-SP (2013)

Observe, a seguir, um conector da fonte de alimentação de um computador,


com destaque para a trava de fixação.

Figura 156 - Interconexão de módulos e dispositivos


Fonte: SENAI-SP (2013)

Muitas vezes, os módulos e dispositivos são interligados por flat cables (cabos
planos), que é um conjunto de condutores flexíveis unidos apenas pela isolação.
Tais condutores facilitam a montagem dos chicotes, organizando e agilizando o
acoplamento dos módulos e dos dispositivos.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
175

Os conectores mais modernos são do tipo membrana. Eles são utilizados em


impressoras, eletrodomésticos e aparelhos de telefone celular. Nesse tipo de co-
nector, é importante que você verifique a trava mecânica antes de manuseá-lo,
ela deve estar aberta, solta, antes de conectar ou desconectar o flat cable, pois a
não observância desse detalhe irá danificá-lo.
Veja a seguir como se remove o conector do módulo.

trava

trava

Figura 157 - Flat cable do tipo membrana


Fonte: SENAI-SP (2013)

6.5. ENErGiZação DoS MóDuLoS E DoS DiSPoSitivoS

A energização, ou alimentação, do módulo e do dispositivo ocorrerá pela pri-


meira vez no momento em que você ligá-lo para efetuar os testes de funciona-
mento. Você deve ter muita atenção nessa fase, pois qualquer falha na montagem
dos componentes será detectada nesse momento. Por exemplo, se houver capa-
citores montados com as polaridades invertidas, eles explodirão.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
176

Assim, é aconselhável que você faça uma rápida inspeção visual dos compo-
nentes nos módulos e nos dispositivos eletroeletrônicos antes de iniciar os testes.
Observe na PCI as informações indicadas na máscara de componentes, pois elas
facilitam a verificação de erro na montagem.
Além disso, atente para o uso de equipamentos de proteção, pois nesse mo-
mento e durante os testes ainda há risco de acidente, como poderia acontecer no
caso da explosão de capacitores montados com as polaridades invertidas.

6.6. TESTE DOS MÓDULOS E DOS DISPOSITIVOS

Assim que saem da produção, os módulos e dispositivos são testados por má-
quinas automáticas conhecidas como giga de testes, que também são chamadas
de estação de testes, banco de provas e unidade de testes.
A giga de testes está preparada para receber o módulo ou o dispositivo com
os seus conectores normais de funcionamento, ou seja, os mesmos conectores
usados no equipamento em que eles serão instalados definitivamente. Assim, o
primeiro cuidado que você deverá tomar é certificar-se de que todos os conecto-
res elétricos estejam corretamente fixados a ela.

Antes de conectar o módulo ou o dispositivo à giga de


FIQUE testes, você deverá certificar-se de que ela esteja desli-
ALERTA gada. Caso esteja ligada, há risco de ocorrerem danos e
acidentes.

A grande vantagem da giga de teste é a agilidade com que realiza os testes nos
módulos e nos dispositivos. É muito comum elas indicarem em um display os va-
lores (tensão, corrente, temperatura, frequência) medidos, cabendo ao montador
determinar se eles estão aprovados ou não.
Nesse caso, você deverá fazer a comparação dos valores medidos (valores re-
ais) com os valores desejáveis (valores ideais), que são fornecidos por uma folha
de verificação (o checklist, que vimos anteriormente).
Se o valor indicado pela giga de testes estiver dentro da tolerância admitida, os
módulos ou os dispositivos são aprovados. E se qualquer valor estiver fora desses
parâmetros, eles são reprovados.
6 Módulos e dispositivos
177

Nas gigas de testes mais modernas, a verificação do checklist é feita


automaticamente e ao final ela retorna uma mensagem de aprovação ou reprova-
ção do módulo ou do dispositivo. No caso de reprovação, ela informa qual foi a falha
encontrada, cabendo a você, montador, relatar o defeito no formulário de ocorrên-
cias e encaminhar o módulo ou o dispositivo ao setor de reparos para avaliação.

6.7. DESENERGIZAÇÃO DOS MÓDULOS E DOS DISPOSITIVOS

A desenergização, ou desligamento, dos módulos e dos dispositivos acontece


pela primeira vez quando você desliga a giga de testes. Alguns equipamentos
possuem circuitos microcontrolados por softwares (programas) que precisam ser
finalizados antes de desligar eletricamente o equipamento, da mesma maneira
como fazemos com um computador. O desligamento do equipamento sem a fi-
nalização do programa poderá causar avarias no seu funcionamento.
Outro detalhe a ser observado pelo montador é o tempo de desenergização
do equipamento, pois alguns componentes eletrônicos, como os capacitores,
permanecem energizados por algum tempo depois de desligado o módulo.
Para que você tenha ideia, nos televisores mais antigos (aqueles que tinham
um grande tubo de imagens), esse era um problema grave, porque existia um
circuito composto por capacitores chamado circuito triplicador de tensão que
permanecia energizado com alta tensão por vários minutos após o aparelho estar
desligado. Com esses aparelhos, era comum que pessoas menos avisadas sofres-
sem choque elétrico.
Nas gigas de testes mais modernas, a desenergização do módulo ou do dis-
positivo é tratada automaticamente pelo aparelho, mas é possível que você se
depare com situações em que tenha que realizar manualmente esse procedimen-
to. No entanto, não se preocupe, pois a forma correta de desligar o equipamento
e o tempo necessário para que ele esteja completamente desenergizado serão
informados a você pelo fabricante e, provavelmente, estará descrito no seu pro-
cedimento de trabalho.

6.8. MANUSEIO DOS MÓDULOS E DOS DISPOSITIVOS

Manusear módulos e dispositivos eletroeletrônicos será uma das atividades


mais comuns que você desenvolverá como montador de equipamentos eletrôni-
cos. Isso porque os equipamentos são compostos por diversos módulos e dispo-
sitivos, que trabalham de forma integrada no interior do equipamento.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
178

O manuseio desses módulos e dispositivos requer alguns cuidados para evitar


que os componentes e a placa não sejam danificados. Esses cuidados estão rela-
cionados com a descarga eletrostática, como aprendemos no capítulo 5, e tam-
bém com outros cuidados mecânicos que conheceremos agora.

6.8.1. CUIDADOS MECÂNICOS

Os cuidados mecânicos com relação aos módulos e aos dispositivos estão rela-
cionados com a movimentação, o armazenamento e a montagem (fixação) deles.
Veja quais são.

Cuidados mecânicos com a movimentação e o armazenamento

Os cuidados mecânicos na movimentação e no armazenamento dos módu-


los e dos dispositivos eletroeletrônicos devem ser observados criteriosamente
por causa da fragilidade dos componentes eletrônicos e da PCI que os compõe.
Algumas ferramentas são utilizadas pelas empresas montadoras para diminuir a
quantidade de módulos e dispositivos danificados principalmente por impacto
e sobreposição irregular no armazenamento. A seguir, temos algumas ferramen-
tas que protegem os módulos e dispositivos até que sejam montados no equipa-
mento. Vamos conhecê-los!
a) Magazines: funcionam como prateleiras que facilitam o manuseio, o con-
trole, a movimentação e a logística dos módulos e dos dispositivos eletrô-
nicos dentro da empresa, proporcionando um armazenamento seguro e
organizado.
Os magazines podem trabalhar acoplados em máquinas automáticas, de
forma que o armazenamento e a utilização dos módulos e dos dispositivos
sejam feitos de forma automática. Um magazine pode armazenar de forma
segura várias centenas de placas, dependendo da sua capacidade e do ta-
manho da placa.
b) Transportadores de magazines: outro dispositivo bastante comum é o
transportador de magazines, que é utilizado tanto para seu deslocamen-
to como para o seu armazenamento. Eles são encontrados com diversas
capacidades para 2 ou 3 magazines, obedecendo critérios de agilidade na
produção e de ergonomia para os trabalhadores.
c) Suporte de placas: trata-se de um dispositivo bastante comum nas linhas
de montagem que, embora se refira a placas, também é utilizado na orga-
nização de módulos e dispositivos eletrônicos já prontos para serem mon-
tados.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
179

6.8.2. CuIDADOS COM A DESCARGA ElETROSTáTICA

No capitulo 5, aprendemos que a energia estática é armazenada em nosso cor-


po durante as atividades cotidianas, e o simples toque de nossa mão carregada
no componente ou módulo eletrônico pode danificá-los.
Aprendemos, ainda, que os equipamentos de proteção antiestáticos devem
ser utilizados sempre que os componentes, os módulos e os dispositivos forem
manuseados. É comum encontramos, nos módulos e nos dispositivos eletrôni-
cos, algumas etiquetas indicando o risco de dano por energia eletrostática, como
mostra a figura a seguir.

Figura 158 - Etiqueta de advertência para energia eletrostática


Fonte: 123RF (2013)

Na montagem de módulos e dispositivos você, como montador, deverá tomar


os cuidados com o manuseio, o transporte e o armazenamento descritos para os
componentes, a fim de prevenir a descarga eletrostática.
Acompanhe, na figura a seguir, a forma correta de manusear as placas eletrô-
nicas.

Figura 159 - Manuseio de módulos e dispositivos


Fonte: SENAI-SP (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
180

6.9. PROCESSO DE MONTAGEM DOS MÓDULOS E DOS DISPOSITIVOS

Podemos dividir o processo de montagem dos módulos e dos dispositivos em


duas etapas:
a) primeira: montagem do módulo ou do dispositivo a partir de componen-
tes eletrônicos (construção); e
b) segunda: instalação do módulo ou do dispositivo no equipamento.
A primeira etapa, como está relacionada predominantemente com o manu-
seio de componentes, já foi tratada nos capítulos 4 e 5 deste livro e será retoma-
da no livro Técnicas de manufatura de equipamentos eletroeletrônicos, quando
abordarmos assuntos relacionados à soldagem de componentes.
Já a segunda etapa, que trata da instalação dos módulos e dos dispositivos no
equipamento, é o objetivo da nossa análise a partir deste momento.
A exemplo da fonte de alimentação e da placa-mãe, as quais vimos no início
deste capítulo, a maioria das instalações dos módulos e dos dispositivos é feita
manualmente por um montador de equipamentos eletrônicos.
Cada tipo de módulo e dispositivo tem uma característica diferente, que você
deverá observar no momento da montagem. Mas não se preocupe, pois a empre-
sa fornecerá instruções específicas de como você deverá realizar o trabalho!
Podemos definir o processo de montagem (instalação) dos módulos e dos
dispositivos eletrônicos como: a interligação das placas eletrônicas por meio de
conectores, slots e flat cables observando os detalhes de acoplamento, como as
travas mecânicas e os parafusos de fixação.
O processo de montagem pode ser manual ou automatizado, e veremos cada
um deles a seguir. Acompanhe!

6.9.1. PROCESSO DE MONTAGEM MANUAL

A montagem manual dos módulos e dos dispositivos eletrônicos consiste no


encaixe feito exclusivamente pelo montador, usando suas mãos e as ferramentas
adequadas, das várias partes que compõem o equipamento, de forma que todas
trabalhem de forma integrada e o produto funcione corretamente. Como exem-
plo, pense na montagem de um computador, que é composto por vários módulos
e dispositivos internos, todos interligados e funcionando conjuntamente.
Observe, na figura a seguir, o encaixe de um módulo de memória em uma placa-
mãe (à esquerda) e a imagem de vários módulos e dispositivos que compõem um
computador (à direita), incluindo o conector da fonte, o processador, entre outros.
6 MóDuLoS E DiSPoSitivoS
181

cooler

placa de
vídeo memórias

encaixando módulo de memória placa principal com vários


na placa principal módulos já encaixados
Figura 160 - Montagem de módulos e dispositivos eletrônicos
Fonte: 123RF (2013)

A montagem é acompanhada por um manual que mostra o procedimento de


trabalho, isto é, o passo a passo de como os módulos e os dispositivos devem
ser interligados. Esses procedimentos costumam ter muitos desenhos ilustrativos
para facilitar a interpretação pelo montador de equipamentos eletrônicos.

6.9.2. pROCESSO DE MONTAGEM AuTOMATIZADO

Atualmente, cada vez mais os módulos e dispositivos eletrônicos são montados


automaticamente por máquinas, similares àquelas que estudamos no capitulo an-
terior. Essa tendência surgiu a partir da produção em grande escala de módulos e
dispositivos SMD, em que a interligação é feita por meio de conectores e flat cables
menores e mais delicados, como podemos observar na ilustração a seguir.

Figura 161 - Conectores de módulos e dispositivos SMD


Fonte: SENAI-SP (2013)

Esse tipo de montagem é muito utilizada na fabricação de equipamentos ele-


trônicos pequenos por causa da dificuldade para fazê-la manualmente, como é o
caso da montagem de aparelhos celulares. A miniaturização dos componentes,
dos módulos, dos dispositivos e dos equipamentos é parte da evolução tecnoló-
gica que vivemos hoje.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
182

CASOS E RELATOS

Ideia premiada
Marcos, montador de equipamentos eletrônicos há mais de 5 anos em
uma empresa multinacional, participou de uma campanha que premiava
com valores em dinheiro as ideias que melhorassem a produção, a qua-
lidade de vida no trabalho ou as relações interpessoais dos funcionários.
Como ele já tinha bastante experiência com o seu trabalho, apresentou
uma ideia de alteração no procedimento de montagem dos equipamen-
tos que aumentaria a produção. A ideia proposta alterava a ordem em
que os módulos e os dispositivos eletrônicos eram inseridos no equipa-
mento, diminuindo o tempo de montagem em três minutos, o que re-
sultaria, ao final do dia, em dez equipamentos a mais por montador. A
empresa premiou Marcos por sua ideia.
Com o prêmio, o montador refletiu e chegou à seguinte conclusão: não
há nada tão bom que não possa ser melhorado a partir de um olhar críti-
co e construtivo.
6 Módulos e dispositivos
183

Recapitulando

Vimos, neste capítulo, que o módulo eletroeletrônico é um conjunto de


componentes montados em uma placa de circuito impresso que compõe
dispositivos. Ele possui uma finalidade específica e é acoplado no equipa-
mento por meio de flat cables ou conectores dos mais diversos modelos.
Observamos também que os dispositivos são conjuntos de módulos me-
cânicos, eletrônicos ou magnéticos, que interagem para desenvolverem
uma função específica no equipamento.
Além disso, verificamos que os conectores que interligam os módulos e
os dispositivos possuem conexões elétricas, em que passam as informa-
ções e os sinais elétricos, e também guias e travas mecânicas, sendo
que as primeiras evitam que os módulos e os dispositivos sejam encaixa-
dos na posição errada e as segundas evitam que eles se soltem durante
a utilização.
Aprendemos, também, que existem maneiras corretas de se manusear
uma placa de circuito impresso, os módulos e os dispositivos, pois deve-
mos sempre evitar o contato direto das mãos com as conexões elétricas
a fim de prevenir danos por descarga de energia eletrostática, que nosso
corpo acumula ao longo do dia.
Com esses conhecimentos, você está apto a prosseguir seus estudos
acessando o próximo capítulo. Bons estudos!
produtos

Neste capítulo, você conhecerá as principais características relativas ao manuseio, ao teste e


à embalagem dos produtos ao final da linha de montagem.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) providenciar a identificação do produto;
b) reconhecer materiais e equipamentos utilizados no processo de embalagem do produto.
A partir desses conhecimentos, esperamos que você seja capaz de testar e embalar os equipa-
mentos eletrônicos já produzidos observando critérios de segurança e de gestão da qualidade.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
186

7.1. DEFINIÇÃO DE PRODUTO

Produto é o equipamento depois de montado, qualquer que seja a sua desti-


nação. Por exemplo, as empresas que fabricam módulos de memória para com-
putadores têm no final da linha de montagem o seu produto, que é a placa de
circuito impresso (PCI), com os componentes eletrônicos soldados. Neste exem-
plo, essa PCI, mesmo sendo considerada um módulo do computador, para aquela
empresa que a fabricou será considerada um produto.

7.2. TIPOS DE PRODUTOS

Os produtos eletroeletrônicos, conforme sua finalidade, podem ser classifica-


dos em várias famílias diferentes, das quais iremos destacar quatro. Cada uma
dessas famílias representa a linha de produtos de um determinado segmento.
São elas:
a) linha de computadores: abrangem os computadores desktops, os notebooks,
os tablets e qualquer outro equipamento que tenha finalidade semelhante.
b) linha de celulares: abrangem os equipamentos portáteis que tenham
como finalidade principal a comunicação telefônica móvel, independente-
mente dos aplicativos e das facilidades que o equipamento possua.
c) linha branca: são os eletrodomésticos como geladeira, fogão, micro-ondas
e freezer, que têm como finalidade principal atender às necessidades bási-
cas de uma residência.
d) linha automotiva: são os equipamentos que vão embarcados nos veícu-
los, como som, alarme, controle de combustível, ignição eletrônica, injeção
eletrônica, computador de bordo, entre outros.
Cada uma dessas famílias de produtos tem suas características específicas, que
variam em razão da arquitetura básica de sua construção e de sua finalidade. No
livro Técnicas de manufatura de equipamentos eletroeletrônicos, analisaremos
mais detalhadamente cada uma dessas famílias de produtos. Por enquanto, fala-
remos apenas de características gerais a todas elas.

7.3. CARACTERÍSTICAS DA MONTAGEM

As características dos produtos, para efeito de montagem, variam em razão da


família a que pertencem. Em geral, elas estão relacionadas à montagem, à emba-
lagem e ao armazenamento, sempre com foco na preservação do equipamento.
O quadro a seguir apresenta algumas dessas características conforme o tipo de
linha e qual é a função do montador, acompanhe!
7 Produtos
187

Quadro 14 - Características da montagem de produtos por tipo linha

Tipo de linhas Características Função do montador

Os equipamentos são monta- Interconexão e fixação


Linha de dos a partir de módulos e dis- desses módulos e disposi-
computadores positivos eletrônicos adquiridos tivos até a montagem final
de várias empresas diferentes. e embalagem do produto.

Os aparelhos são montados a partir


de uma única placa eletrônica que
Fixação/interconexão
trabalha em conjunto com um teclado
Linha de celulares desse conjunto e em-
e um display de cristal liquido (LCD)
balagem do produto.
dedicado, normalmente interligados
por flat cable do tipo membrana.

Os eletrodomésticos em geral têm Interconexão desse con-


uma grande utilização de motores junto, que normalmente
Linha branca
elétricos monofásicos, além das é feita por cabos elétricos
placas eletrônicas de controle. para maiores potências.

É caracterizada por módulos de


funções especiais individualizados,
Montagem das placas
isto é, normalmente para cada função
e manuseio de compo-
Linha automotiva existe um módulo. Esses módulos
nentes eletrônicos que
são mais robustos para supor-
formam os módulos.
tar vibrações, sendo alguns deles
blindados para evitar umidade.

Fonte: SENAI-SP (2013)

As características e funções apresentadas nesse quadro são apenas exemplos,


por isso, podem não corresponder exatamente à realidade da empresa em que
você irá trabalhar ou já trabalha. Ele serve apenas como visão geral das áreas em
que pode trabalhar um montador de equipamentos eletrônicos.

7.4. INTERCONEXÃO DO PRODUTO COM SEUS PERIFÉRICOS

As interconexões dos equipamentos eletrônicos (produtos) com seus perifé-


ricos são feitas normalmente por conectores de fácil utilização e que permitem
uma grande quantidade de manobras (encaixe e desencaixe). Se analisarmos um
carregador de celular, por exemplo, notaremos que a conexão é intuitiva e muitas
vezes não requer a leitura do manual.
As variações dos conectores entre as linhas de equipamentos (automotiva,
branca e celulares) é muito grande, no entanto, as diferenças técnicas (pinagem,
guias e travas mecânicas) são pequenas em comparação aos conectores encon-
trados na linha de computadores que estudamos no capítulo anterior.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
188

Assim, cabe a você, como montador de equipamentos eletrônicos, aplicar os


conceitos estudados anteriormente às situações novas com que possivelmente
vai se deparar.

7.5. ENERGIZAÇÃO DOS PRODUTOS

A energização do equipamento é feita pela primeira vez após a sua montagem


no momento dos testes de funcionamento. As observações são as mesmas que
estudamos no capítulo anterior, quando tratamos da energização dos módulos e
dispositivos eletrônicos.
Você deve ter muita atenção, pois qualquer falha na montagem será detecta-
da nesse momento. É muito comum ocorrer efeito cascata, em que alguns defei-
tos geram outros, podendo comprometer o funcionamento do produto. Assim, é
aconselhável que você faça uma rápida inspeção visual no equipamento antes de
energizá-lo.

7.6. TESTE DOS PRODUTOS

Estando o equipamento pronto (produto), o primeiro passo para efetuar o tes-


te é conectá-lo corretamente à estação de testes. As estações de testes estão
preparadas para receber os produtos com os seus conectores normais de fun-
cionamento. Elas são mais complexas do que as gigas de testes dos módulos/
dispositivos porque simulam a integração do produto com todos os periféricos
externos que eventualmente serão acoplados.
A estação de testes faz todas as verificações de funcionamento no produto
em alguns minutos, exibindo para o montador um relatório de testes, o qual cha-
mamos diagnóstico. Esse relatório exibe detalhadamente a situação de funciona-
mento de cada uma das funcionalidades do produto.
Qualquer irregularidade encontrada nos testes deve ser relatada no formulário
de ocorrências, e o produto deve ser encaminhado ao setor de reparos para ava-
liação e correções.

7.7. DESENERGIZAÇÃO

A desenergização, ou desligamento, do equipamento requer um cuidado es-


pecial, visto que os módulos e dispositivos trabalham integrados uns aos outros e
são gerenciados por programas. Assim, antes de desligá-lo você deverá certificar-
se de que todos os programas em andamento foram finalizados.
7 Produtos
189

7.8. MANUSEIO

Manusear o produto ao final da linha de produção será também uma ativida-


de muito comum na sua vida profissional. Assim, todos os cuidados mecânicos e
eletrostáticos que estudamos até aqui devem ser observados.
Nesse momento, os cuidados para não danificar o acabamento são essenciais,
pois quem compra um produto novo não pode encontrá-lo riscado ou danificado
ao abrir a caixa. Afinal, o objetivo final é sempre a satisfação do cliente. As embala-
gens, como veremos mais adiante, cuidam para que o produto chegue em segu-
rança até o consumidor final. Elas protegem os produtos contra impactos, riscos na
pintura e descargas eletrostáticas. No entanto, até que ele esteja completamente
embalado, devemos ter o máximo de atenção para conservar sua integridade.
Para isso, você precisa deixar seu ambiente de trabalho (a bancada) sempre
limpo e organizado, retirando do local todo e qualquer objeto ou ferramenta que
possa, acidentalmente, danificar o acabamento do produto. Você se recorda das
técnicas do 5S que estudamos no capítulo 2? Nesse momento, elas são extrema-
mente necessárias.
Muitas empresas têm essa etapa do processo automatizada justamente para
evitar o contato humano com o produto acabado e diminuir a incidência de falhas.

7.9. PROCESSO FINAL DA MONTAGEM

Esse é o momento em que serão colocados os acabamentos, as tampas de


fechamento, os pés de borracha, os adesivos e outros componentes relacionados
à aparência final do produto, incluindo a sua embalagem. Qualquer falha nessa
etapa poderá ser percebida pelo consumidor final se não tivermos cautela.
Imagine como você se sentiria ao comprar um produto tão sonhado, que lhe
custou meses e meses de economia e de repente, ao abrir caixa, você se depa-
rasse com um produto riscado, quebrado ou que não funciona. Infelizmente isso
acontece com frequência e normalmente o consumidor que passa por essa situa-
ção dificilmente compra outro produto da mesma marca.
A qualidade do produto, por melhor que seja o projeto, depende da qualidade
do trabalho do montador de equipamentos eletrônicos. A imagem da empresa
(sua marca) acompanha o produto que é fruto do seu trabalho. Assim, é necessário
que você desenvolva a consciência de zelo, profissionalismo e responsabilidade.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
190

Cada equipamento tem sua sequência de montagem definida pela empresa.


Essa sequência nada mais é do que o procedimento de trabalho que estudamos
anteriormente, quando vimos que essa ordem deve ser seguida exatamente, por-
que os módulos e dispositivos são geralmente fixados sobrepostos de tal forma
que, se forem colocados fora de ordem, um pode obstruir o ponto de fixação
(onde se coloca o parafuso) do outro.
A empresa pode optar pelo método manual de montagem ou pelo método
automático (a partir de esteiras e robôs), sendo que em ambos os casos a sequên-
cia de montagem será a mesma.

7.10. EMBALAGEM

A embalagem do produto garante que ele chegará intacto e funcionando até


o consumidor final. Ela deve suportar o empilhamento (para estocagem), os sola-
vancos comuns do sistema de transporte (empilhadeiras/caminhões), a umidade
(dentro de padrões moderados) e outros possíveis inconvenientes, como a ener-
gia estática, muito comum em materiais plásticos.
Em razão disso, as embalagens são cuidadosamente projetadas e normalmen-
te têm um tratamento específico para cada um desses fatores. Veja a seguir pro-
dutos utilizados nas embalagens.
a) Papelão ondulado: é muito utilizado na parte externa da embalagem por-
que possui as seguintes vantagens:
• é leve;
• possui padrões de resistência que suportam empilhamento;
• absorve e minimiza a intensidade de impactos e solavancos externos
durante o transporte; e
• tem um padrão de reaproveitamento (reciclagem) muito alto em com-
paração a outros materiais.

Figura 162 -  Papelão ondulado


Fonte: 123RF (2013)
7 Produtos
191

b) Calços de isopor: são muito comuns dentro das caixas de papelão, servin-
do para apoiar os equipamentos, de forma que eles não se movimentem
durante o transporte. Além de possuir todas as vantagens do papelão on-
dulado, é mais rígido e pode ser adaptado com facilidade ao corpo do equi-
pamento para um encaixe perfeito.

Figura 163 -  Calços de isopor


Fonte: 123RF (2013)

c) Sílica gel: protege o produto contra umidade. É encontrada em sachês ou


cápsulas e assegura a integridade dos equipamentos mantendo-os prote-
gidos da ação nociva da umidade residual, da oxidação e da proliferação de
fungos.

Figura 164 -  Sachês e cápsulas de sílica gel


Fonte: 123RF (2013)
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
192

d) Plásticos antiestáticos: é importante ressaltar que nem todos os plásti-


cos são antiestáticos, pelo contrário, em geral são excelentes acumuladores
de energia estática. Para ficarem com a propriedade antiestática, necessi-
tam de um tratamento especial no processo de fabricação, o que os torna
mais caros. Eles asseguram que os equipamentos eletrônicos não cheguem
queimados (por energia estática) ao consumidor final, visto que todas as
atividades de transporte, por sua própria natureza (movimento e atrito),
são geradoras desse tipo de energia.

Figura 165 -  Embalagens plásticas antiestáticas


Fonte: WIKIMEDIA (2013)

Outra característica interessante no setor de embalagens é que em muitas em-


presas esse processo é automatizado, sendo comum a utilização de robôs para
esse trabalho.

Figura 166 -  Robôs embaladores


Fonte: 123RF (2013)
7 Produtos
193

É importante que você desenvolva todas as etapas da montagem e embala-


gem com o máximo de eficiência e precisão, pois cada uma delas foi pensada e
desenvolvida criteriosamente por engenheiros de produtos e de produção, mas
só terão efeito se você, montador, realmente desempenhar bem seu trabalho.

CASOS E RELATOS

Uma frase resume tudo: satisfação do cliente


Natália trabalhou 30 anos na mesma empresa, uma multinacional do
ramo eletroeletrônico. Iniciou como ajudante geral, depois de algum
tempo foi promovida a montadora e, em seguida, tornou-se supervisora.
Decorrido mais alguns anos, foi a gerente de produção.
Ela relatou que, em todos os cargos que assumiu, o foco sempre foi o
mesmo: a satisfação do cliente. Essa satisfação, segundo ela, está relacio-
nada à expectativa do cliente ao receber o produto, ou seja, ao que ele
espera encontrar quando abrir a embalagem. Uma simples variação de
cor, por exemplo, já é um bom motivo para frustração e insatisfação.
Assim, como montador de equipamentos eletrônicos, você deverá sem-
pre imaginar a reação do cliente ao receber um produto que acabou de
adquirir. Segundo Natália, isso se aplica a todas as etapas da montagem,
desde o início da linha, onde são soldados os componentes, até o final,
onde é feita a embalagem do produto.
Fundamentos da manufatura de equipamentos eletroeletrônicos
194

Recapitulando

Observamos, neste capítulo, a importância do cuidado dispensado ao


produto no final da linha de montagem. Compreendemos que, nesse
momento, o produto é a concepção final de todo o trabalho realizado
e qualquer avaria refletirá em prejuízo, visto que já passou por todas as
etapas da montagem.
Vimos que os produtos são subdivididos em famílias, das quais destaca-
mos as linhas branca, de computadores, de celulares e automotiva. De-
pendendo da linha com que você vai trabalhar, suas atividades poderão
variar, indo desde a soldagem de componentes até a interconexão de
módulos e dispositivos.
Verificamos que a embalagem, embora possa parecer uma etapa de
menor importância, tem finalidade essencial em relação ao transporte
do produto da empresa até o seu consumidor final. Vimos que ela deve
proteger o produto no caso de empilhamento, pequenos impactos, ener-
gia estática, umidade e durante o transporte para que o produto chegue
ao cliente sem avarias e funcionando corretamente, contribuindo para a
imagem da empresa.
Agora, chegamos ao final deste livro! Estudando todo o conteúdo, você
conheceu os fundamentos da manufatura de equipamentos eletrônicos.
Eles são a base para que você prossiga seus estudos e, ao final do curso,
desempenhe com competência a função de montador de equipamentos
eletrônicos.
7 Produtos
195

Anotações:
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Luiz Antunes de. Dispositivos Semicondutores – Tiristores. 1. ed. São Paulo:
Editora Érica, 1996.
ANGLIA. The Resistor Book: Passive Components. v.1. Wisbech, 2009. Disponível em: <http://
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______. The Inductor Book: Passive Components. v. 3. Wisbech, 2009. Disponível em: <http://
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Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/gerenciamento-de-riscos/emergencias-
quimicas/258-manual-de-produtos-quimicos>. Acesso em: 16 fev. 2012.
FREUDENRICH, Craig. Como funcionam os diodos de emissão de luz orgânicos (OLEDs). [S.l.]:
HowStuffWorks, 2012. Disponível em: <http://eletronicos.hsw.uol.com.br/led-organico-oled.htm>.
Acesso em 18 abr. 2012.
MARQUES, Angelo Eduardo B.; CRUZ, Eduardo César Alves; CHOUERI JÚNIOR, Salomão.
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RUDOLF, Strauss. SMT Soldering Handbook. Massachusetts: Newnes, 1998.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Circuito Impresso – Processo Manual –
Prática. São Paulo, 2003. (Série Eletrônica)
______. Circuito Impresso – Processo Manual – Teoria. São Paulo, 2003. (Série Eletrônica)
______. Sistemas de Instalação Eletrônica. Brasília, 2013. (Série Eletroeletrônica)
______. Eletricidade. Brasília, 2012. (Série Eletroeletrônica)
______. Eletroeletrônica. São Paulo, 2001.
______. Embalagem de Papelão Ondulado – Manual de Controle de Qualidade. São Paulo,
1991. (Série Organização e Administração)
______. Embalagem de Papelão Ondulado – Manual de Transporte, Movimentação e
Armazenamento de Materiais. São Paulo, 1993. (Série Organização e Administração)
______. Programador de Produção. São Paulo, 2012. (Série Logística Industrial)
______. Programador de Produção. São Paulo, 2012. (Série Programação da Produção)
______. Racionalização da Produção. São Paulo, 2006.
______. Reparação de Aparelhos Eletrodomésticos. São Paulo, 2003. (Série Eletricidade Básica)
______. Sistemas Flexíveis de Manufatura. São Paulo, 2006. (Série Curso Técnico em Mecatrônica)
______. Sistemas de Produção. São Paulo, 2002. (Série Curso Técnico em Gestão de Processos
Industriais)
______. Semicondutores. São Paulo, 2009. (Série Eletroeletrônica)
SMARTDATA. Disponível em: <www.smartdata.com.br >. Acesso em: 18 maio 2012.
SOLDA BEST. Técnicas de soldagem. Manaus, 2012. Disponível em: <http://www.soldabest.com.
br/tecnicas_soldagem.htm>. Acesso em 1 mar. 2012.
WISWANADHAM, Puligandla; SINGH, Pratap. Failure Modes and Mechanisms in Electronic. Nova
Iorque: Chapman & Hall, 1998.
MINICURRÍCULO Do AUTOR

Marco Antonio Chagas é técnico em Eletroeletrônica com especialização em Mecânica de Ma-


nutenção Aeronáutica, Aviônica e Projetos Microcontrolados. Atuou na empresa Rolls-Royce do
Brasil de 1995 a 2001 desenvolvendo projetos eletroeletrônicos para máquinas de testes de tur-
binas e acessórios aeronáuticos. Em 2001, iniciou como docente no SENAI – SP ministrando aulas
para o Curso Técnico de Eletroeletrônica. Em 2006 e 2007, foi premiado no Programa Inova SENAI,
que visa a incentivar a inovação tecnológica, na categoria Equipamentos Eletrônicos. Em 2012,
integrou a equipe de Eletroeletrônica no desenvolvimento de cursos do Programa Nacional de
Oferta de Educação Profissional na modalidade a distância (PN-EAD SENAI). Atualmente, trabalha
como especialista em educação profissional na Gerência Regional do SENAI – SP.
Índice

A
Acidente de trabalho 30
Apoio de pé 32

B
Brigada de incêndio 38

C
Causa-raiz de um problema 44
Coeficiente de temperatura 98
Curva senoidal 54

D
Datasheet 90

L
Leiaute (do inglês layout) de componentes 86

O
Oxidação 84

P
Planta baixa 36
Polaridade 54
Protetor auricular 36

R
Recall 46
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional de São Paulo

Walter Vicioni Gonçalves


Diretor Regional

Ricardo Figueiredo Terra


Diretor Técnico

João Ricardo Santa Rosa


Gerente de Educação

Airton Almeida de Moraes


Supervisão de Educação a Distância

Cláudia Benages Alcântara


Henrique Tavares de Oliveira Filho
Márcia Sarraf Mercadante
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros

Marco Antonio Chagas


Elaboração

Carlos José Pereira Ferreira


Revisão Técnica

Rosângela de Abreu Amadei Duarte


Design Educacional

Pearson Education
Ilustrações

Pearson Education
Tratamento de imagens
Delinea Tecnologia Educacional
Produção de Material Didático

Andréa Borges Minsky


Giovana Spiller
Revisão Ortográfica e Gramatical

Karina Silveira
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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