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MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS
© 2013. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI - São
Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491g
ISBN 9788575196915
CDU: 005.95
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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras, quadros e tabelas
Figura 1 - Estrutura curricular do Curso Técnico de Eletroeletrônica.............................................................14
Figura 2 - Diagrama em blocos de uma fonte linear............................................................................................21
Figura 3 - Representação gráfica da tensão antes e depois do transformador..........................................21
Figura 4 - Representação gráfica da tensão contínua pulsante.......................................................................22
Figura 5 - Representação gráfica da tensão contínua com oscilações..........................................................22
Figura 6 - Representação gráfica da tensão contínua estabilizada.................................................................23
Figura 7 - Esquema elétrico de uma fonte de tensão linear..............................................................................23
Figura 8 - Primário de bobina simples.......................................................................................................................25
Figura 9 - Primário com derivação central...............................................................................................................25
Figura 10 - Primário com duas bobinas independentes (bobina dupla)......................................................26
Figura 11 - Secundário simples....................................................................................................................................27
Figura 12 - Secundário com derivação central.......................................................................................................27
Figura 13 - Exemplos de transformadores que encontramos na prática......................................................28
Figura 14 - Retificador de meia onda.........................................................................................................................29
Figura 15 - Retificador de onda completa center tape.........................................................................................29
Figura 16 - Retificador em ponte.................................................................................................................................30
Figura 17 - Representação gráfica da atuação de um filtro capacitivo..........................................................30
Figura 18 - Oscilação com filtros de diferentes capacitâncias..........................................................................31
Figura 19 - Diagrama de um circuito de interface com transistor bipolar...................................................38
Figura 20 - Representação do transistor (Q1) saturado.......................................................................................40
Figura 21 - Representação do transistor (Q1) no corte.......................................................................................40
Figura 22 - Representação do resistor (R1)..............................................................................................................41
Figura 23 - Transistor (Q1) no estado de saturação..............................................................................................42
Figura 24 - Transistor (Q1) no estado de corte.......................................................................................................43
Figura 25 - Diodo polarizado diretamente (A) e diodo polarizado reversamente (B)..............................44
Figura 26 - Diodo (D1) conduzindo a corrente reversa IR...................................................................................44
Figura 27 - Em destaque, representação do relé (K1)..........................................................................................45
Figura 28 - Diagrama de um circuito de interface de potência AC.................................................................50
Figura 29 - Representação do TRIAC no circuito eletrônico e aparência física desse componente....51
Figura 30 - Formas de onda do sinal em um circuito que utiliza o TRIAC.....................................................52
Figura 31 - Procedimento de teste do TRIAC..........................................................................................................53
Figura 32 - Aparência física do optoacoplador MOC3020.................................................................................54
Figura 33 - Teste de um optoacoplador....................................................................................................................55
Figura 34 - Resistores R1 e R2 em destaque nesta representação..................................................................56
Figura 35 - Teste de diodo com multímetro analógico.......................................................................................57
Figura 36 - Gráficos das formas de onda de dois PWM ajustados com velocidades diferentes...........65
Figura 37 - Circuito de interface de potência DC..................................................................................................67
Figura 38 - Funcionamento do circuito de interface de potência DC............................................................68
Figura 39 - Procedimento de teste do optoacoplador........................................................................................69
Figura 40 - Modelos de optoacopladores................................................................................................................70
Figura 41 - Comparador de tensão com interface de potência com relé.....................................................77
Figura 42 - Representação dos terminais de um amplificador operacional................................................78
Figura 43 - Comparação de fontes assimétrica e simétrica...............................................................................79
Figura 44 - Exemplos de divisores de tensão com LDR.......................................................................................80
Figura 45 - Tensão de referência com resistores fixos..........................................................................................81
Figura 46 - Tensão de referência com diodo zener..............................................................................................81
Figura 47 - Exemplo de tensão de referência com resistor ajustável.............................................................82
Figura 48 - Variações de tensão de um sinal elétrico senoidal.........................................................................88
Figura 49 - Variação de tensão de um sinal elétrico digital...............................................................................89
Figura 50 - Exemplo de ruído elétrico em sinais analógicos e digitais..........................................................90
Figura 51 - Representação dos níveis lógicos.........................................................................................................91
Figura 52 - Combinações possíveis em relação à quantidade de bits............................................................92
Figura 53 - Representação de números que extrapolam a capacidade
dos algarismos decimais..........................................................................................................................93
Figura 54 - Outra representação de números que extrapolam a capacidade
dos algarismos decimais..........................................................................................................................94
Figura 55 - Contagem no sistema numérico binário............................................................................................94
Figura 56 - Equivalência entre números decimais e binários............................................................................95
Figura 57 - Conversão de um número decimal para binário por meio de uma calculadora.................96
Figura 58 - Relação entre sistemas numéricos decimal, hexadecimal e binário........................................98
Figura 59 - Contagem no sistema numérico hexadecimal................................................................................98
Figura 60 - Conversão de um número hexadecimal em binário com o uso
de uma calculadora disponível em alguns computadores.........................................................99
Figura 61 - Símbolo da porta lógica OU................................................................................................................. 101
Figura 62 - Símbolo da porta lógica E..................................................................................................................... 102
Figura 63 - Símbolo da porta lógica INVERSORA................................................................................................ 103
Figura 64 - Símbolo da porta lógica NOU............................................................................................................. 104
Figura 65 - Símbolo da porta lógica NE................................................................................................................. 105
Figura 66 - Símbolo da porta lógica OU EXCLUSIVO......................................................................................... 106
Figura 67 - Símbolo da porta lógica NOU EXCLUSIVO ou COINCIDENCIA................................................ 106
Figura 68 - Circuito de um flip-flop do tipo RS assíncrono.............................................................................. 108
Figura 69 - Exemplos de circuitos integrados da série 74............................................................................... 110
Figura 70 - Diferentes tipos de cristais de quartzo............................................................................................ 120
Figura 71 - Arquitetura interna de um microcontrolador do modelo AT89C2051................................. 121
Figura 72 - Tecla atuando como entrada digital de um microcontrolador............................................... 122
Figura 73 - LDR atuando como sensor analógico de um microcontrolador............................................ 123
Figura 74 - Saída digital ativando uma lâmpada................................................................................................ 123
Figura 75 - Funcionamento de um alto-falante.................................................................................................. 124
Figura 76 - Dissipação de calor no regulador de tensão da fonte linear................................................... 132
Figura 77 - Esquema demonstrativo do transistor MOSFET quando saturado....................................... 133
Figura 78 - Esquema demonstrativo do transistor MOSFET no estado de corte.................................... 134
Figura 79 - Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação chaveada............................................... 134
Figura 80 - Exemplo de filtro de linha para fonte de alimentação chaveada........................................... 135
Figura 81 - Componentes do bloco de retificação primária........................................................................... 136
Figura 82 - Dois tipos de transistor MOSFET e simbologia desse componente...................................... 137
Figura 83 - Transformador isolador de alta frequência.................................................................................... 138
Figura 84 - Optoacoplador......................................................................................................................................... 139
Figura 85 - Alguns modelos de circuitos integrados utilizados em fontes chaveadas......................... 141
Figura 86 - O técnico da área de Manutenção trabalha como um detetive
para investigar falhas e defeitos......................................................................................................... 147
Figura 87 - Ficha de acompanhamento de manutenção de uma máquina industrial......................... 149
Figura 88 - Capacitor estourado e PCI com solda fria....................................................................................... 151
Figura 89 - Interligação das placas internas em um computador................................................................ 155
Figura 90 - Esteira transportadora de materiais para o forno........................................................................ 156
Figura 91 - Exemplo de orçamento do serviço de manutenção................................................................... 163
Figura 92 - O alto custo da manutenção pode inviabilizá-la.......................................................................... 165
Figura 93 - Ajuste de parâmetros e configurações............................................................................................ 167
Figura 94 - Estudo de melhorias para o equipamento..................................................................................... 169
Figura 95 - A aceitação, por parte do cliente, do serviço realizado é essencial....................................... 170
2.1 Finalidade.......................................................................................................................................................20
2.2 Funcionamento............................................................................................................................................20
2.2.1 Transformador.............................................................................................................................24
2.2.2 Retificador....................................................................................................................................28
2.2.3 Filtro................................................................................................................................................30
2.2.4 Regulador de tensão.................................................................................................................32
2.3 Possíveis falhas..............................................................................................................................................33
3.1 Finalidade.......................................................................................................................................................38
3.2 Funcionamento............................................................................................................................................39
3.2.1 Resistor (R1) ................................................................................................................................41
3.2.2 Transistor (Q1) ............................................................................................................................42
3.2.3 Diodo (D1) ...................................................................................................................................43
3.2.4 Relé (K1) ........................................................................................................................................45
3.3 Possíveis falhas..............................................................................................................................................46
4.1 Finalidade.......................................................................................................................................................50
4.2 Funcionamento............................................................................................................................................50
4.2.1 TRIAC .............................................................................................................................................51
4.2.2 Optoacoplador............................................................................................................................53
4.2.3 Resistores R1 e R2......................................................................................................................56
4.3 Teste com multímetro analógico............................................................................................................56
4.4 Possíveis falhas..............................................................................................................................................58
5.1 Finalidade.......................................................................................................................................................64
5.2 Funcionamento............................................................................................................................................66
5.2.1 Circuito de controle...................................................................................................................68
5.2.2 Optoacoplador............................................................................................................................69
5.2.3 Transistor MOSFET.....................................................................................................................70
5.3 Possíveis falhas..............................................................................................................................................71
6 Comparador de tensão.................................................................................................................................................75
6.1 Finalidade.......................................................................................................................................................76
6.2 Funcionamento............................................................................................................................................76
6.2.1 Amplificador operacional.......................................................................................................78
6.2.2 LDR..................................................................................................................................................80
6.2.3 Tensão de referência.................................................................................................................81
6.3 Possíveis falhas..............................................................................................................................................82
8 Microcontrolador......................................................................................................................................................... 117
Referências......................................................................................................................................................................... 175
Índice................................................................................................................................................................................... 179
Introdução
Entrada
Anotações:
Fonte de tensão linear
Como você já viu em Instalação de Sistemas Eletrônicos, uma fonte de tensão é de extrema
importância na eletrônica, pois ela fornece energia elétrica adequada e necessária para o fun-
cionamento dos equipamentos.
Neste capítulo, estudaremos o funcionamento de um tipo de fonte bastante comum: a fon-
te de tensão linear - um circuito eletrônico que converte a tensão alternada das tomadas para
tensão contínua e reduz a tensão para valores compatíveis com o equipamento que o circuito
irá alimentar. Vamos analisar como isso ocorre e entender o que fazer para realizar a manuten-
ção nesse tipo de circuito.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) analisar o funcionamento de uma fonte de tensão linear;
b) diagnosticar a causa de falhas e defeitos nesse tipo de fonte;
c) reparar falhas e defeitos em fontes de tensão lineares.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
20
2.1 FINALIDADE
2.2 FUNCIONAMENTO
tensão alternada tensão alternada tensão contínua tensão contínua tensão contínua
reduzida pulsante com oscilações estabilizada
v v v v v
220 VAC
9 VDC 6,7 VDC 11,3 VDC 5 VDC
t t t t t
1 2 3 4
transformador retificador filtro regulador
entrada saída
(220 VAC) (5 VDC)
antes do depois do
transformador transformador
v v
t t
tensão pulsante
v
t
Figura 4 - Representação gráfica da tensão contínua pulsante
Fonte: SENAI-SP (2013)
Embora a tensão seja contínua, ela precisa ser melhorada, pois a saída de
uma fonte de qualidade deve fornecer uma tensão estável, sem oscilações,
o que, graficamente, seria representado por uma reta.
3) Filtro: reduz de forma significativa as oscilações causadas pelo comporta-
mento pulsante. O resultado é uma tensão contínua de qualidade satisfató-
ria para a saída de uma fonte, conforme indicado na figura 5.
oscilações
t
Figura 5 - Representação gráfica da tensão contínua com oscilações
Fonte: SENAI-SP (2013)
t
Figura 6 - Representação gráfica da tensão contínua estabilizada
Fonte: SENAI-SP (2013)
Você notou que, nesse esquema, existem dois componentes que não fazem
parte dos blocos? Se sim, diga quais são. Se não, acompanhe a explicação a seguir.
O primeiro componente, identificado como F1, é um fusível de proteção. Se
houver qualquer problema com a fonte, o fusível irá se romper, interrompendo,
assim, o funcionamento do circuito. Ao substituir um fusível interrompido, po-
pularmente conhecido como fusível queimado, você deverá utilizar um fusível
com a mesma especificação do original. Trocar por um de menor corrente fará
com que ele se rompa indevidamente, antes mesmo de a fonte atingir seu limite
de corrente. Substituir por outro de maior corrente pode ser perigoso, pois ele
poderá não proteger a fonte em caso de sobrecarga. Se, imediatamente após a
substituição, um fusível se romper novamente, é sinal de que existe alguma falha
ou algum defeito na fonte que precisará ser reparado antes da troca do fusível.
O segundo componente fora dos blocos, identificado como C3, é um capacitor
que serve para eliminar ruídos elétricos. A fonte é capaz de funcionar sem ele, po-
rém, como a maioria dos fabricantes de reguladores de tensão indica o uso desse
capacitor, você encontrará um na maioria das fontes.
Agora, vamos estudar os componentes eletrônicos que constituem os blocos
de um diagrama.
2.2.1 TRANSFORMADOR
Primário do transformador
• Primário simples: é composto de uma única bobina, com dois fios: um para
cada extremidade. Nessa configuração, o transformador só pode funcionar
com uma tensão de entrada, ou seja, existem modelos específicos para cada
tensão de entrada.
A próxima figura ilustra exemplos da configuração de um primário de bobina
simples no primário.
110 VAC
220 VAC
derivação
central
110 VAC
220 VAC
110 VAC
A seleção da tensão também é feita por meio de uma chave, que configura as
bobinas de acordo com a tensão da tomada. Note, na figura 10, que para tomada
de 110 VAC as duas bobinas são alimentadas em paralelo. Já para a configuração
de 220 VAC, as bobinas são configuradas em série.
Secundário do transformador
9 VAC
primário simples e secundário primário e secundário com primário com bobina dupla e
com derivação derivação central secundário simples
Por fim, saiba que a configuração do primário está relacionada à tensão da to-
mada em que o transformador será ligado. Já a escolha do secundário tem relação
com o tipo de retificador que será utilizado, como veremos a seguir.
2.2.2 RETIFICADOR
tensão contínua
v pulsante
lacuna
T1 D1
+
-
t
retificador de meia onda gráfico de tensão resultante
composto de dois diodos, é mais eficiente que o retificador de meia onda, já que
não possui lacuna entre um ciclo e outro. Isso ocorre porque, enquanto um diodo
conduz, o outro bloqueia. Assim, os dois diodos intercalam a operação, fazendo
com que haja um pulso de saída em todos os ciclos da senoide. Daí o nome “retifi-
cador de onda completa center tape”. É importante citar que esse tipo de retificador
só funciona ligado a um transformador com derivação central no secundário.
A figura 15 ilustra um retificador de onda completa e o gráfico da tensão resul-
tante. Observe que não há lacuna entre um pulso e outro.
tensão contínua
pulsante
D1
+
T1
v
-
D2
t
retificador de onda completa gráfico de tensão resultante
Retificador em ponte
Formado por quatro diodos, produz a mesma forma de onda pulsante que o
retificador de onda completa center tape, porém não requer um transformador
com derivação central no secundário. Além disso, os quatro diodos podem ser
substituídos por um único componente: a ponte retificadora, que na verdade
contém quatro diodos em um único encapsulamento, como vimos em Instalação
de Sistemas Eletrônicos.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
30
tensão contínua
pulsante
T1
D2 D1 v
+
D3 D4
- t
retificador em ponte gráfico de tensão resultante
2.2.3 FILTRO
2
v o capacitor supre o momento que a tensão
1 pulsante tende a zero. A inclinação indica o
o capacitor se capacitor se descarregando lentamente
carrega com o
valor máximo da
tensão pulsante
t
3
o processo se repete a cada
ciclo, indefinidamente
A forma de onda resultante possui uma pequena oscilação, que pode ser me-
dida entre o valor mínimo e o máximo de tensão. Essa tensão representa a osci-
lação, conhecida como ripple, do inglês. Quanto maior a capacitância do filtro,
maior sua capacidade de armazenar cargas elétricas. Assim, o capacitor consegue
permanecer carregado por mais tempo, reduzindo a inclinação do gráfico de des-
carga. Resumindo, quanto maior a capacitância do filtro, menor será a oscilação.
Observe os gráficos da figura 18 e compare as oscilações com filtros de capa-
citâncias diferentes.
v v
maior oscilação menor oscilação
t t
Portanto, teoricamente, quanto maior a capacitância, melhor. Mas por que não
colocar em todas as fontes filtros com a maior capacitância possível? Existem vá-
rias razões para isso, como:
• custo do capacitor: quanto maior a capacitância, mais caro ele custa;
• tamanho do capacitor: a capacitância aumenta significativamente o tama-
nho do componente;
• preservação do retificador: capacitâncias altas exigem diodos retificadores
mais robustos, já que a primeira carga do capacitor pede uma corrente mais
alta, conhecida como corrente de surto. Assim, os diodos retificadores pre-
cisam estar preparados para isso. Consequentemente, além de aumentar o
custo, o circuito fica mais vulnerável a danos no retificador.
Por essas razões, os capacitores são calculados de acordo com a necessidade
de cada fonte. Caso seja necessário substituir um capacitor, você deve utilizar ou-
tro com a mesma capacitância do original. Fique atento também à tensão máxima
do capacitor, pois, como você já sabe, utilizar um capacitor com tensão menor
pode causar a explosão do componente.
Por fim, você precisa saber que algumas fontes possuem mais de um capacitor.
Além de reduzir a oscilação, um conjunto de capacitores pode auxiliar na remo-
ção de ruídos elétricos provenientes da tomada.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
32
Capacitor
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Neste capítulo, nós vimos que a fonte de tensão linear serve para fornecer
energia elétrica para os equipamentos eletrônicos. O funcionamento desse
tipo de fonte é dividido em quatro blocos: transformador, retificador, filtro
e regulador.
O transformador reduz a tensão alternada da tomada para níveis de tensão
menores, mais próximos aos valores da saída da fonte.
O retificador, cuja função é exercida por diodos, transforma a tensão alter-
nada em tensão contínua pulsante.
O filtro, que tem a função exercida por capacitores, reduz significativamen-
te as oscilações da tensão pulsante e a deixa com qualidade satisfatória
para alimentar muitos equipamentos eletrônicos.
O regulador de tensão garante que a tensão de saída da fonte seja fixa,
mesmo que haja variações de tensão na rede elétrica. Na maioria dos casos,
essa função é exercida por circuitos integrados específicos para esse fim.
Por fim, vimos que a principal causa de falhas/defeitos em equipamentos
eletrônicos está na fonte de alimentação e, por isso, ela deve ser sempre
verificada quando o equipamento não ligar.
Transistor como chave
Como você já viu em Instalação de Sistemas Eletrônicos, o transistor pode ser utilizado
como amplificador para controlar correntes elevadas a partir de baixos valores de tensão e de
corrente.
Neste capítulo, aprenderemos como utilizar o transistor em sua função mais comum, a de
chave eletrônica. Conheceremos também um circuito de interface que utiliza o transistor como
chave, o resistor de polarização do transistor, o diodo de proteção contra correntes reversas e
o relé. E, por fim, estudaremos o que fazer ao detectar uma possível falha com um desses com-
ponentes.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) analisar o funcionamento de um transistor como chave;
b) conhecer os componentes de um circuito eletrônico com transistor bipolar atuando
como chave eletrônica;
c) entender a finalidade, o funcionamento e as possíveis falhas que um circuito de interface
que usa um transistor como chave pode apresentar.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
38
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
127 VAC
microcontrolador
R1
Q1
Nesse diagrama, veja que o microcontrolador, que trabalha com uma tensão
de 5 VCC, deve ligar e desligar a lâmpada, que funciona com uma tensão alter-
nada de 127 VAC. Para que isso ocorra, é necessário o emprego de um relé e de
um transistor, permitindo, assim, ao microcontrolador ligar e desligar a lâmpada.
O transistor Q1, o resistor R1, o relé K1 e o diodo D1 são os componentes que
constituem o nosso circuito de interface.
3.2 FUNCIONAMENTO
2 SATURAÇÃO +5 VCC
Situação de um transistor lâmpada
que conduz plenamente
a corrente da carga. Essa
condição é equivalente a K1
uma chave ligada. D1
127 VAC
5V
microcontrolador
R1
3 CORTE
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
127 VAC
0V
microcontrolador
R1
IB = 0 mA Q1 coletor-emissor do transistor
se comportando como
uma chave aberta
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
127 VAC
microcontrolador
R1
Q1
K1
D1
127 VAC
5V
microcontrolador
R1
VCE ~
= 0V
corrente de base Q1
Observe que, quando o microcontrolador leva a saída para 5 V, surge uma cor-
rente de base no transistor, levando-o a saturação. Nesse instante, a tensão VCE do
transistor é próxima de 0 V, o que faz o relé energizar-se e ligar, assim, a lâmpada.
Quando não houver corrente aplicada à base do transistor, a tensão VCC está
toda aplicada ao VCE do transistor e o relé não tem energia para ligar.
A figura 24 mostra o comportamento do transistor quando a tensão de saída
do microcontrolador não é ativada.
3 TRANSISTOR COMO CHAVE
43
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
127 VAC
0V
microcontrolador
R1
VCE = VCC
corrente de base Q1
IB = 0 mA
+ lâmpada + lâmpada
12 V 12 V
A B
Figura 25 - Diodo polarizado diretamente (A) e diodo polarizado reversamente (B)
Fonte: SENAI-SP (2013)
O diodo (D1) protege o transistor contra picos de tensão que surgem quando
o relé é desligado. O diodo fornece um caminho para que as correntes induzidas
circulem, evitando que o pico de tensão seja aplicado ao transistor. Sem o diodo,
o transistor queimaria facilmente.
Observe, na figura 26, o caminho que a corrente elétrica induzida IR faz.
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
IR 127 VAC
0V
microcontrolador
R1
VCE = VCC
corrente de base Q1
IB = 0 mA
Ao desligarmos o relé, surge no circuito uma corrente elétrica induzida pela bo-
bina e que possui o mesmo sentido da corrente elétrica fornecida pela fonte de ali-
mentação. Essa corrente induzida (IR) provoca a inversão do sentido da tensão sobre
o relé, a qual se soma à tensão da fonte, podendo provocar a queima do transistor.
É justamente o diodo (D1) que fornece um caminho para o escoamento dessa
corrente de retorno, evitando a queima do transistor.
3 TRANSISTOR COMO CHAVE
45
+5 VCC
lâmpada
K1
D1
127 VAC
microcontrolador
R1
Q1
Contatos desgastados
Relé (K1) A lâmpada não acende.
ou oxidados
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
4.1 FINALIDADE
4.2 FUNCIONAMENTO
+ Vcc
Interface de potência AC
R2
microcontrolador
R1 CI 1 6 L1
1
2 5 127 V/60Hz
T1
3 4
4.2.1 TRIAC
MT2
gatilho
MT1
MT1
MT2
gatilho
Figura 29 - Representação do TRIAC no circuito eletrônico e aparência física desse componente
Fonte: SENAI-SP (2013)
VCA
t
VE
t
VRL
t
1 2 3 4 5 6 7 8
Figura 30 - Formas de onda do sinal em um circuito que utiliza o TRIAC
Fonte: SENAI-SP (2013)
Para verificar se o TRIAC está em boas condições de uso, devemos medir a re-
sistência dos terminais com um multímetro analógico na escala de resistências.
Entre os terminais MT1 e MT2, devemos encontrar um valor infinito de resistência,
indicando que não há curto-circuito entre esses terminais. Mantendo a polarização
entre MT1 e MT2 e aplicando um pulso ao gatilho, vamos encontrar uma pequena
resistência ôhmica, que não pode ser próxima de 0 Ω, pois isso caracteriza curto-
circuito entre os terminais e deve se manter após a retirada do pulso de gatilho.
A figura abaixo ilustra esse procedimento:
30 20 30 20
10 10
50 50
5 5
100 100
200 10 0 150 2 200 10 0 150 2
1k 00 1 1k 00 1
2k 5 20 30 2k 5 20 30
50 200 0 50 200 0
4 6 4 6
10 40 10 40
Ω 8 Ω Ω Ω
2 2 8
Com o gatilho
0 200 25 25
100 0 200
Com o gatilho
0 500 5 0 100 500 5
50
0
DCV A 10 1000 AC V 50
0
5 10 DCV A 10 1000 10 AC V
0 0 5
0
0
AC 10V AC 10V AC 10V AC 10V
0 2 1 15 0 1 15
hFE 0 IC/IB hFE 0 2 IC/IB
acionado há uma
D D
ICEO BA ? LI(μA mA) BA
ICEO ? LI(μA mA)
desligado a
GO 0 GO 0
+15 OD +15 OD
LV +20 LV +20
+10 LV(V) +10 LV(V)
dB 0 +2 BATTERY dB BATTERY
0 0 +2
0
20KΩ / V DC 9KΩ / V AC 20KΩ / V DC 9KΩ / V AC
2
-
2
-
pequena resistência
FUSE & DIODE FUSE & DIODE
PROTECTION PROTECTION
resistência é infinita.
DCV 1000 OFF 1000
ACV DCV 1000 OFF 1000
ACV
250 250 250 250
50 50 50 50
10 10 10 10
MT1 MT1
MT2 MT2
gatilho gatilho
(desligado) (após o uso)
4.2.2 OPTOACOPLADOR
É importante saber ainda que, pelo fato de a tensão de isolamento desse com-
ponente estar acima de 5000 V, o optoacoplador é muito indicado em aplicações
que envolvam circuitos sensíveis a descargas elétricas, tais como aqueles que uti-
lizam microcontroladores.
U
R=—
I
4 INTERFACE DE POTÊNCIA AC
55
Em que:
a) R é o resistor necessário para acionamento do LED;
b) U é a tensão aplicada pela fonte VCC;
c) I é a corrente do LED, que deve ser consultada no datasheet do componen-
te fornecido pelo fabricante.
Verifique, a seguir, como fazer o teste de um optoacoplador com uma fonte de
alimentação e um multímetro analógico
0
DCV A 10 1000 10 AC V
0 5
0
MASTER AC 10V AC 10V
CH1 0 2 1 15
hFE 0 D IC/IB
MASTER BA
V A ICEO
LV
+15 +20
?
GO 0
OD
LI(μA mA)
+10 LV(V)
TRACKING dB BATTERY
INDEP SERIES PARALLEL 0
0 +2
20KΩ / V DC 9KΩ / V AC
2
-
VOLTAGE CURRENT FUSE & DIODE
PROTECTION
VOLTAGE CH2 CURRENT
CH2
SLAVE
CV
ON/OFF
V A CC
OUTPUT
SLAVE
resistor a ser
15mA
25m X1
150mA hFE
0.25
10 1.5V 9V
DCA BATT
Ω
calculado
optoacoplador
Figura 33 - Teste de um optoacoplador
Fonte: SENAI-SP (2013)
R2
microcontrolador
R1 1 CI 1
6 L1
2 5 127 V/60Hz
T1
3 4
corrente de
gatilho
Figura 34 - Resistores R1 e R2 em destaque nesta representação
Fonte: SENAI-SP (2013)
O resistor R1 tem a função de limitar a corrente que circula pelo LED. Como o
valor da corrente do LED varia em função das características do optoacoplador, é
preciso consultar sempre o datasheet fornecido pelo fabricante para saber o valor
correto desse resistor. Isso deve ser feito também no caso de ele queimar e o valor
ficar ilegível. Sem o R1 ou com o uso de um resistor com valor inadequado, pode
ocorrer a queima do optoacoplador.
O resistor R2 limita a corrente máxima que pode circular pelo optoacoplador.
Um valor abaixo do especificado pelo fabricante provoca a queima do componente.
30 20 30 20
10 10
50 50
5 5
100 100
200 10 0 150 2 200 10 0 150 2
1k 00 1 1k 00 1
2k 5 20 30 2k 5 20 30
50 200 0 50 200 0
4 6 4 6
10 40 10 40
Ω 8 Ω Ω 8 Ω
2 2
0 200 25 0 200 25
0 100 500 5 0 100 500 5
50 50
0
2
-
25m X1 25m X1
150mA hFE 150mA hFE
0.25 0.25
10 1.5V 9V 10 1.5V 9V
DCA BATT
Ω DCA BATT
Ω
Resitores R1 e R2
Pode danificar o optoacoplador,
Valor ôhmico abaixo do valor real prejudicando o funcionamento do
circuito da interface.
Além das falhas provocadas pelos componentes, podem ocorrer defeitos cau-
sados por conexões elétricas mal feitas ou curto-circuito nas trilhas da placa de
circuito impresso.
Uma inspeção visual à procura de componentes chamuscados, quebrados ou
com solda fria, antes de testar ou retirar um componente eletrônico, é uma prática
muito utilizada por profissionais para reduzir o tempo de manutenção dos equi-
pamentos que estão sendo reparados.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Nos capítulos anteriores, vimos alguns circuitos utilizados para acionar dispositivos de
maior potência a partir de sinais de controle de menor intensidade, provenientes de sistemas
microcontrolados ou similares.
Neste capítulo, abordaremos mais um circuito que parte do mesmo princípio, porém que
tem a finalidade de acionar dispositivos de corrente contínua de potências mais elevadas,
como grandes motores elétricos.
Além disso, conheceremos os optoacopladores utilizados para esse fim, os quais têm algu-
mas diferenças em relação ao modelo apresentado no capítulo anterior, este utilizado apenas
em corrente alternada.
Assim, ao final deste capítulo você terá subsídios para:
a) analisar o funcionamento de um circuito para controle de potências em corrente contínua;
b) avaliar as características de um circuito de controle, de um optoacoplador e um transis-
tor MOSFET para corrente contínua;
c) identificar e reparar as principais causas de falhas e defeitos nesse tipo de circuito.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
64
5.1 FINALIDADE
v
10,0
o tempo ativado
8,0 equivalente a 20% velocidade=20%
período: 5 ms
do período
6,0
4,0
2,0
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 t(ms)
v
10,0
o tempo ativado
8,0 equivalente a 80% velocidade=80%
período: 5 ms
do período
6,0
4,0
2,0
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 t(ms)
Figura 36 - Gráficos das formas de onda de dois PWM ajustados com velocidades diferentes
Fonte: SENAI-SP (2013)
Além de controle de velocidade, essa técnica também pode ser empregada para
controlar o brilho de um LED ou de uma lâmpada incandescente, por exemplo.
5.2 FUNCIONAMENTO
12 VCC
RL 12 VCC
circuito de controle
R1
MOSFET
R2
optoacoplador
R3
12 VCC
1 - O circuito de
controle ativa o
RL led do
12 VCC optacoplador
circuito de controle
R1
3 - O MOSFET
satura e MOSFET
aciona
a carga
R2
optoacoplador
2 - O fototransistor
satura e libera
R3 corrente para a
porta do MOSFET
Para iniciar os testes de manutenção, uma boa ideia é começar pelo circuito de
controle. É necessário verificar se ele está enviando o sinal de acionamento para o
optoacoplador. O próximo passo é verificar se o optoacoplador está funcionando
para, então, testar o MOSFET.
Acompanhe, a seguir, as explicações sobre esses componentes e testes que
podem ser realizados com eles.
Tenha em mente que o sinal de controle é muito pequeno e serve apenas para
acender o LED do optoacoplador. Tipicamente, os circuitos de controle trabalham
com 5 V, mas há casos que utilizam tensões diferentes, como 3 V ou 12 V.
5.2.2 OPTOACOPLADOR
470
0
5V
2 - A resistência
será zero ou
próxima de zero
470
5V
2 - A resistência
será infinita
TLP521-4
1 16
4N25
2 15
1 6 3 14
2 5 4 13
3 4 5 12
6 11
1optoacoplador em um
encapsulamento DIP 6 7 10
8 9
4 optoacopladores em um
encapsulamento DIP 16
Figura 40 - Modelos de optoacopladores
Fonte: SENAI-SP (2013)
Por fim, você precisa saber que, além das configurações que vimos nessa ima-
gem, podemos nos deparar com outras, dependendo do modelo do optoacoplador.
Caso você não detecte uma falha com essa medição, ainda assim é muito pos-
sível que o MOSFET esteja com algum tipo de problema, já que os testes ante-
riores verificaram o funcionamento do circuito de controle e do optoacoplador.
Desse modo, a chance de haver uma falha no MOSFET é bastante grande. Por isso,
convém substituí-lo e verificar se o circuito funciona.
Vale dizer, também, que um problema comum em transistores faz com que eles
funcionem de forma parcial. Nesse caso, dizemos que o transistor está com fuga de
corrente ou apenas com fuga. Nessa condição, mesmo quando não é acionado,
parte da corrente consegue circular por ele, e a carga é acionada indevidamente.
CASOS E RELATOS
Assim, a lição que podemos extrair desse caso é que, mesmo não sendo pos-
sível fazer os testes adequados no MOSFET, os testes anteriores serviram para
eliminar hipóteses. Por eliminação, foi possível chegar à causa do problema.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, vimos que a interface de potência DC serve para acionar dis-
positivos de corrente contínua de potências elevadas, a partir de circuitos
de controle que não possuem níveis de tensão e corrente suficientes para
fazer o acionamento diretamente.
Verificamos que, ao contrário do relé, a interface de potência DC permite
altas velocidades de chaveamento e possui vida útil mais longa devido à
ausência de contatos mecânicos.
Conhecemos também a arquitetura interna desse tipo de circuito e como é
feito o acionamento dos optoacopladores utilizados em corrente contínua,
por meio do LED emissor e do fototransistor receptor.
Vimos, ainda, que não é possível fazer todos os testes em um MOSFET com
o multímetro, mas podemos, pelo menos, verificar se esse componente
está em curto-circuito.
Por fim, conhecemos as falhas mais comuns de um circuito de interface de
potência DC e as principais causas.
Comparador de tensão
Neste capítulo, vamos conhecer mais um circuito eletrônico presente em vários equipa-
mentos, por exemplo, em centrais de alarme e acendimento automático de lâmpadas notur-
nas. Trata-se de um circuito que ativa e desativa sua saída com base na comparação de duas ou
mais tensões presentes em sua entrada.
Diferentes circuitos são capazes de desempenhar essa função. Nosso estudo terá como base
um circuito que utiliza um componente eletrônico chamado de amplificador operacional.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) analisar o funcionamento de um circuito comparador de tensão;
b) reconhecer as características de um amplificador operacional e de um LDR;
c) identificar e reparar as principais causas de falhas e defeitos nesse tipo de circuito.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
76
6.1 FINALIDADE
6.2 FUNCIONAMENTO
R3 RL1
R1 1K
R5
9V + 10K
tomada +
- Q1
amplificador operacional L1
IC1 127 V/60 Hz
R2 R4
100K 1K
alimentação
positiva(+Vcc)
alimentação
negativa (-Vcc)
Figura 42 - Representação dos terminais de um amplificador operacional
Fonte: SENAI-SP (2013)
fonte simétrica
fonte convencional +9 V
(assimétrica)
+9 V 9V
0 V (GND)
9V
9V
0 V (GND)
tensão
-9 V negativa
6.2.2 LDR
LDR é uma sigla do inglês que significa Light Dependent Resistor, ou resistor
dependente de luz, em português. A resistência do LDR varia, portanto, em razão
da quantidade de luz a que é exposto. Quanto maior a incidência de luz sobre ele,
menor é sua resistência.
Por isso, o LDR pode ser utilizado como sensor de luminosidade. Se ele for
ligado em um divisor de tensão, ocorre uma mudança na tensão à medida que
sua resistência varia.
Veja um exemplo: vamos considerar o LDR com uma resistência de 400 Ω,
quando submetido à luz intensa, e de 1 MΩ, quando no escuro. O cálculo da ten-
são sobre R1 é feito com a seguinte equação:
V R1 =VCC ×
R1
R1+R2
Em que:
a) VCC é a tensão da fonte;
b) R1 é a resistência de R1;
c) R2 é a resistência do LDR em cada situação.
R2 400 Ω R2 1 MΩ
9V 9V
+ +
R1 R1
100K 8,96 V 100K 0,81 V
Por fim, vale saber que o tamanho e a resistência do LDR podem variar em fun-
ção do modelo, mas o princípio de funcionamento é sempre o mesmo.
6 COMPARADOR DE TENSÃO
81
R1 R3
1K
R3 tensão de
1K 9V +
referência com
-
amplificador operacional resistores fixos
9V IC1
+
R4 R2
1K R4
100K 1K
R1 R1
400
R1 tensão de
400 9V +
referência com
-
amplificador operacional diodo zener
9V IC1
+
D1 R2
100K D1
de. Isso pode ser feito variando a tensão de referência. Para tanto, utilizaremos um
divisor de tensão com resistor ajustável, quase sempre, um trimpot.
Veja um exemplo.
R1 R1
400
R1 tensão de
400 9V +
-
referência com
amplificador operacional resistores ajustável
9V IC1
+
VR1 R2
1K VR1
100K 1K
CASOS E RELATOS
Efeito em cascata
O Sr. Euclides tinha em sua residência uma central de alarme com sensor de
presença ultrassônico. Certo dia, uma falha na central fez com que a sirene
ficasse ativada continuamente, mesmo sem a presença de nenhum objeto
ou nenhuma pessoa por perto. Por isso, resolveu chamar um técnico.
Internamente, na central, um comparador de tensão controlava o aciona-
mento de uma sirene por meio de uma interface de potência DC, com MOS-
FET. O técnico mediu as tensões de entrada no amplificador operacional e
logo percebeu que a saída deveria estar desligada. Assim, facilmente diag-
nosticou a falha e substituiu o amplificador operacional.
6 COMPARADOR DE TENSÃO
85
Horas depois, o Sr. Euclides telefonou novamente para o técnico, pois a cen-
tral estava com a mesma falha. Chegando ao local, o técnico fez os mesmos
testes e, mais uma vez, o amplificador operacional estava com problema.
Ao substituí-lo, o técnico resolveu observar o funcionamento do circuito.
Minutos depois, ao colocar a mão no amplificador operacional, percebeu
que este estava quente. Diagnosticou, depois, que havia um problema no
circuito de interface de potência, fazendo com que o amplificador opera-
cional trabalhasse com uma corrente muito superior. Com o tempo, o am-
plificador operacional aquecia e queimava.
A lição que podemos tirar desse caso é que, muitas vezes, a causa primária
de uma falha não é aparente. O problema encontrado no amplificador ope-
racional deve-se a um efeito em cascata, originado em outra parte do cir-
cuito. Assim, sempre que solucionar uma falha ou um defeito, é importante
fazer uma inspeção em outras partes do circuito.
RECAPITULANDO
Não é de hoje que a palavra “digital” é comumente empregada quando falamos sobre al-
gum equipamento eletrônico. De fato, isso não é à toa. A maioria dos equipamentos eletrôni-
cos que nos rodeiam é digital.
Neste capítulo, vamos conhecer as principais características que envolvem a tecnologia di-
gital e entender o que a diferencia da tecnologia analógica.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar as diferenças entre circuitos digitais e analógicos;
b) conhecer os sistemas de numeração utilizados na eletrônica digital;
c) analisar o funcionamento das principais portas lógicas e dos circuitos flip-flop;
d) identificar as diferenças das famílias lógicas TTL e CMOS;
e) localizar e reparar falhas e defeitos em circuitos digitais básicos.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
88
tensão
+10 V
tempo
-10 V
aumento
gradativo
Figura 48 - Variações de tensão de um sinal elétrico senoidal
Fonte: SENAI-SP (2013)
tensão
transição instantânea
+10 V
0V tempo
O valor mínimo da tensão é uma condição conhecida como nível lógico zero
(0) ou nível lógico baixo. Já a tensão máxima varia de um circuito para outro.
Independentemente do valor, essa condição é conhecida como nível lógico um
(1) ou nível lógico alto.
À primeira vista, com base nesses conceitos, a diferença entre os equipamen-
tos analógicos e digitais pode parecer insignificante, mas, na verdade, traz enor-
mes ganhos. Conheça as principais vantagens.
a) Tratamento de informações: é muito mais simples trabalhar com apenas
dois níveis de tensão do que com uma infinidade deles. Assim, os equipa-
mentos digitais precisam apenas distinguir os níveis lógicos zero e um, en-
quanto os analógicos precisam estar preparados para sinais elétricos mais
complexos, com várias tensões diferentes. Por isso, os equipamentos digi-
tais são capazes de realizar funções mais complexas com circuitos eletrô-
nicos mais simples. Veja: um multímetro digital possui muitas funções que
não são encontradas no multímetro analógico, como a seleção automática
de escala. Para realizar essa e outras funções, o multímetro analógico pre-
cisa de um circuito eletrônico bem mais sofisticado e, consequentemente,
mais caro.
b) Armazenamento de informações: é mais vantajoso armazenar informa-
ções no formato digital do que no analógico, pois o primeiro possibilita que
um dado seja facilmente localizado.
Como exemplo, podemos comparar um sistema de áudio em fita cassete
(analógico) e em CD (digital). No CD, as músicas podem ser facilmente sele-
cionadas, pois o leitor consegue localizar as informações. Na fita cassete, o
aparelho reprodutor não consegue detectar a mudança entre uma música
e outra. Por isso, não é possível selecionar a faixa desejada.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
90
tensão tensão
sinal elétrico analógico com ruídos sinal elétrico digital com ruídos
tempo tempo
FIOS: A B FIOS: A B C D
A B C D
0 0 0 0
0 0 0 1
0 0 1 0
0 0 1 1
A B 0 1 0 0
0 0 0 1 0 1
0 1 0 1 1 0
1 0 0 1 1 1
1 1 1 0 0 0
1 0 0 1
4 combinações diferentes 1 0 1 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 0 1
1 1 1 1
1 1 1 1
16 combinações diferentes
Figura 51 - Representação dos níveis lógicos
Fonte: SENAI-SP (2013)
A B C D
bit A bit B =2 bits 0 0 0 0
0 0 0 1
0 0 1 0
0 0 1 1
A B 0 1 0 0
0 0 0 1 0 1
0 1 0 1 1 0
1 0 0 1 1 1
1 1 1 0 0 0
1 0 0 1
4 combinações diferentes 1 0 1 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 0 1
1 1 1 1
1 1 1 1
16 combinações diferentes
Os números estão presentes em quase tudo que fazemos, seja para quantificar
alguma coisa, seja fazer operações matemáticas.
Na eletrônica digital, eles também têm sua importância. As operações mate-
máticas em equipamentos digitais estão presentes desde a calculadora mais sim-
ples até os computadores mais sofisticados.
Mas será que esses números são iguais aos que usamos no dia a dia? Veremos
a seguir que existem diferentes sistemas de numeração empregados na área da
eletrônica. Por isso, estudaremos, a partir de agora, os principais: decimal, binário
e hexadecimal.
..
.
7
8
9
Um novo dígito é adicionado 10 O dígito reinicia em zero
11
..
.
Figura 53 - Representação de números que extrapolam a capacidade dos algarismos decimais
Fonte: SENAI-SP (2013)
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
94
.. ..
. .
17 97
18 98
Os dois dígitos
19 99
O dígito Estoura a O novo digito é estouram a
20 100
aumenta capacidade acrescentado capacidade
21 101
e reiniciam em
22 102 zero
.. ..
. .
Figura 54 - Outra representação de números que extrapolam a capacidade dos algarismos decimais
Fonte: SENAI-SP (2013)
Esse conceito parece banal, mas nos ajuda a entender os sistemas de numera-
ção binário e hexadecimal, que veremos a seguir.
Já vimos que, na eletrônica digital, existem apenas dois níveis lógicos: zero e
um. Assim, os equipamentos eletrônicos digitais trocam informações ou realizam
operações matemáticas sempre com base nesses números.
O sistema numérico utilizado nesse caso é conhecido como binário, pois pos-
sui apenas dois algarismos: 0 e 1. A contagem é feita de forma semelhante ao
sistema decimal, ou seja, quando um dígito estoura a capacidade dos algarismos,
a contagem reinicia em zero e um novo dígito é acrescentado à esquerda.
Podemos observar um exemplo de contagem binária na figura 54.
0
À medida que
1 estoura a
10 capacidade,
11 novos dígitos
100 são adicionados
101 à esquerda
110
111
1000
..
.
número número
decimal binário
0 0
1 1
2 10
3 11
4 100
5 101
6 110
7 111
8 1000
9 1001
10 1010
Figura 56 - Equivalência entre números decimais e binários
Fonte: SENAI-SP (2013)
número 5,
em decimal
indicação
de número
decimal
número 101
em binário,
que vale 5
ao clicar na
indicação de
número binário,
o número
exibido na
calculadora é
automaticamente
convertido
Figura 57 - Conversão de um número decimal para binário por meio de uma calculadora
Fonte: SENAI-SP (2013)
Agora, observe um fato curioso: o número 100 em decimal vale 100, e o núme-
ro 100 em binário equivale ao número quatro em decimal. Embora sejam escritos
da mesma forma, os números podem representar valores completamente dife-
rentes, conforme o sistema de numeração. Como saber, então, se o número 100 é
binário ou decimal? Nesse caso, os números são acompanhados por um pequeno
número à sua direita, um pouco descolocado para baixo. Esse número indica a
7 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS DIGITAIS
97
base do sistema de numeração a que se refere. Assim, o número dois (2) indica
um número binário; e o número dez (10), um número decimal. Temos, portanto:
10010 = número decimal, que vale 100.
1002 = número binário, que vale quatro.
Sempre que o indicador de base for omitido, podemos considerar nosso siste-
ma de numeração padrão, que é o decimal. Nesse caso, ficaria assim:
100 = número decimal, que vale 100.
1002= número binário, que vale quatro.
Finalmente, vale citar que, no sistema de numeração binário, é comum a uti-
lização de zeros à esquerda. Embora matematicamente eles não tenham valor,
em eletrônica costumam ser representados de acordo com a quantidade de bits.
Dessa maneira, se um número tem quatro bits, todos os quatro serão indicados,
mesmo que valham zero. Veja alguns exemplos:
4 bits: 00002=0
8 bits: 001011012=45
16 bits: 00000111110101012 = 2.005
..
.
7
8
9 A partir do 9, as
A letras representam
B os números
C
D
E
A letra F estoura
F
Novo dígito é a capacidade.
10 A contagem é
acrescentado
11 reiniciada em 0
..
.
Figura 59 - Contagem no sistema numérico hexadecimal
Fonte: SENAI-SP (2013)
7 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS DIGITAIS
99
número
hexadecimal
indica o
sistema
numérico
hexadecimal
número
binário
convertido
ao clicar
no sistema
numérico
desejado, o
número é
automaticamente
convertido
Até este tópico falamos sobre as diferenças entre os sinais elétricos analógicos
e digitais. Vimos que os equipamentos eletrônicos digitais comunicam-se apenas
por meio de zeros e uns, e conhecemos os principais sistemas de numeração uti-
lizados na área.
A partir de agora, vamos conhecer a base, a origem dos sistemas eletrônicos
digitais: as portas lógicas. Tudo o que conhecemos hoje em eletrônica digital, de
alguma forma, se deve ao principio lógico que essas portas realizam. São opera-
ções que, baseadas nos níveis lógicos aplicados nas entradas, decidem qual será
o nível lógico da saída. Essa decisão depende do tipo de porta. Estudaremos as
seguintes portas lógicas: OU, E, INVERSORA, NOU, NE, OU EXLUSIVO e NOU EX-
CLUSIVO ou COINCIDÊNCIA.
Os primeiros circuitos eletrônicos digitais eram constituídos apenas por portas
lógicas. Atualmente, circuitos integrados mais sofisticados realizam a maior parte
das funções, como é o caso dos microcontroladores. Mesmo assim, as portas lógi-
cas ainda são utilizadas em alguns circuitos.
É importante que você conheça o princípio de funcionamento das portas lógi-
cas, pois, assim, é possível fazer testes e diagnosticar falhas/defeitos em circuitos
integrados com bases em portas lógicas. Falaremos um pouco mais sobre esses
circuitos integrados mais à frente, ainda neste capítulo.
7 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS DIGITAIS
101
Para facilitar o estudo, a relação entre os níveis lógicos de entrada e saída são
disponibilizados em forma de tabela, conhecida como tabela verdade. Essa ta-
bela indica o resultado ou a saída de um circuito digital qualquer em função das
entradas. Assim, a tabela verdade pode representar uma porta lógica ou qualquer
circuito digital que tenha sua saída alterada em decorrência das entradas.
A porta lógica OU (OR, em inglês) faz com que sua saída seja colocada em nível
lógico 1, quando qualquer uma das entradas estiver em nível lógico 1.
Veja o símbolo da porta OU.
Símbolo Norma
IEEE Std 91
>1
IEC 60617
A porta lógica E (AND, em inglês) tem sua saída em nível lógico 1 apenas quan-
do todas as entradas estiverem em nível lógico 1.
Veja o símbolo da porta lógica E.
Símbolo Norma
IEEE Std 91
&
IEC 60617
Símbolo Norma
IEEE Std 91
1
IEC 60617
O objetivo dessa porta lógica, como o nome sugere, é inverter o sinal de entra-
da. Assim, se a entrada estiver com nível lógico 0, a saída é 1. Caso a entrada esteja
em nível lógico 1, a saída é 0. A lógica de funcionamento pode ser observada na
tabela verdade, a seguir.
A porta lógica NOU (NOR ou NOT OR, em inglês) é a junção de uma porta OU e
uma porta INVERSORA na saída, ou seja, temos o funcionamento de uma porta OU
com a saída invertida. Veja a seguir o símbolo de uma porta lógica NOU. Observe o
pequeno círculo existente na saída da porta. Ele representa a porta inversora.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
104
Símbolo Norma
IEEE Std 91
>1
IEC 60617
Símbolo Norma
IEEE Std 91
&
IEC 60617
A porta lógica OU EXCLUSIVO (XOR ou eXclusive OR, em inglês) tem sua saída
em nível lógico 1 quando as entradas estiverem com valores diferentes entre si.
Assim, se as entradas forem iguais, a saída é 0.
Veja o símbolo da porta lógica OU EXCLUSIVO.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
106
2 ASSÍNCRONO
Símbolo Norma
É o que não ocorre ou não
se efetiva ao mesmo tempo.
Para o caso dos flip-flop,
significa dizer que os sinais IEEE Std 91
de entrada e saída não
dependem de nenhum
outro tipo de sinal para
funcionar.
=1
IEC 60617
3 SÍNCRONO
Símbolo Norma
IEEE Std 91
=1
IEC 60617
7.4 FLIP-FLOP
Os flip-flop são circuitos que servem de base para vários dispositivos digitais,
principalmente em memórias e contadores. Possuem duas saídas que se comple-
mentam, ou seja, uma é sempre o inverso da outra, as quais são conhecidas como
Q e Q (lemos “Q barra”).
S
Q
Q
R
VCC B4 A4 Y4 B3 A3 Y3 VCC B4 A4 Y4 B3 A3 Y3
14 13 12 11 10 9 8 14 13 12 11 10 9 8
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
B1 B1 Y1 A2 B2 Y2 GND B1 B1 Y1 A2 A2 Y2 GND
circuito integrado 7408: TTL com 4 portas lógicas E circuito integrado 7432: TTL com 4 portas lógicas OU
Altíssima veloci-
Schottky 54S/74S 3 ns 19 mW 125 mHz
dade
Altíssima velo-
Advanced
54AS/74AS 1,5 ns 8,5 mW 200 mHz cidade e baixo
Schottky
consumo
Low power Baixíssimo con-
54LS/74LS 10 ns 2 mW 45 mHz
Schottky sumo
Advanced Altíssima veloci-
low power 54ALS/74ALS 4 ns 1 mW 70 mHz dade e baixíssimo
Schottky consumo
Fonte: IDOETA; VALEIJE; CAPUANO, 1998, p. 455.
7 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS DIGITAIS
111
CASOS E RELATOS
Circuitos equivalentes
Ao realizar a manutenção em um circuito eletrônico digital, o técnico perce-
beu que o circuito integrado que gerenciava o acionamento de um peque-
no motor estava danificado. Tratava-se de um circuito integrado 74LS00.
Para detectar o defeito, o técnico consultou o datasheet e, ao verificar que
o circuito integrado era formado por portas lógicas NE, mediu as entradas
e logo percebeu que o nível lógico da saída era incompatível com os níveis
lógicos aplicados na entrada.
Ao procurar um substituto, porém, encontrou apenas o modelo 74L00. A
dúvida foi muito grande: será que é compatível? Resolveu, então, consul-
tar novamente o datasheet para comparar as diferenças entre o 74LS00 e
o 74L00. Percebeu que esse último consumia menos energia, mas era bem
mais lento que o original.
Para decidir se realizaria a troca pelo similar, observou o funcionamento do
circuito. No caso, o pequeno motor controlado pela porta lógica era acio-
nado em intervalos de 5 s. Como a velocidade do motor era sempre fixa,
percebeu que não havia PWM.
Com essa análise, chegou à conclusão de que a velocidade da porta lógica
não era importante nesse caso, pois o intervalo de 5 s era longo se compa-
rado com o tempo de atraso ocasionado pela velocidade da porta. Além
disso, a ausência de um PWM mostra que o motor não é acionado por pul-
sos, o que poderia precisar de velocidade no acionamento. Portanto, fez a
substituição e tudo funcionou perfeitamente.
Nesse caso, podemos concluir que analisar o funcionamento de um circui-
to pode ser determinante na manutenção. Se o técnico não fizesse isso, o
equipamento iria permanecer inoperante até a chegada da nova peça. Mas
vale citar que é muito importante analisar com cuidado e fazer testes após
o reparo, para ter certeza de que tudo esteja funcionando perfeitamente.
Além disso, o tipo de equipamento também deve ser considerado, afinal,
jamais podemos correr riscos, ao substituir um componente de um equi-
pamento, que pode comprometer a saúde ou a segurança de uma pessoa,
por exemplo.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
114
RECAPITULANDO
Anotações:
Microcontrolador
Neste capítulo, estudaremos um circuito integrado muito comum nos equipamentos ele-
trônicos modernos, conhecido como microcontrolador. Veremos que os microcontroladores
estão presentes nos mais variados tipos de equipamentos, desde brinquedos inteligentes até
centrais de alarme.
Você constatará que a inteligência e as funções realizadas por esses equipamentos se de-
vem justamente aos microcontroladores.
Por isso, nos dias de hoje é muito provável que, ao fazer a manutenção em um equipamento
eletrônico, você se depare com um circuito integrado desse tipo.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer o princípio básico de funcionamento dos microcontroladores;
b) identificar as portas de entrada e de saída de um microcontrolador;
c) localizar e reparar falhas e defeitos em circuitos eletrônicos microcontrolados.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
118
8.1 FINALIDADE
8.2 FUNCIONAMENTO
Cristal de 12 Mhz.
Observe a inscrição
no encapsulamento
VCC
RAM ADDR.
RAM FLASH
GND REGISTER
8 STACK PROGRAM
REGISTER ACC ADDRESS
POINTER REGISTER
BUFFER
TMP2 TMP1
PC
ALU INCREMENTER
PROGRAM
PSW COUNTER
TIMING INSTRUCTION
RST AND DPTR
REGISTER
CONTROL
PORT 1 PORT 3
ANALOG LATCH LATCH
COMPARATOR
OSC
PORT 1 DRIVERS PORT 3 DRIVERS
Até aqui, nós vimos que os microcontroladores são capazes de executar inú-
meras funções, graças à quantidade de recursos incorporados em um único circui-
to integrado e ao modo de funcionamento programável, definido pelo software.
Você já parou para pensar em como as informações entram e saem dos micro-
controladores? Para isso, eles possuem portas de entrada e de saída conhecidas
como ports, em inglês, ou ainda I/O (Input/Output, em inglês, que significa “entra-
da/saída”, em português). Essas portas são disponibilizadas em vários terminais
do microcontrolador, e a quantidade varia conforme o modelo. As portas podem
exercer as seguintes funções.
a) Entrada digital: é uma porta por onde um microcontrolador recebe um
sinal elétrico digital, externo, proveniente de um sensor, uma tecla etc. Veja
um exemplo na figura 71, em que uma tecla é usada para enviar um sinal
digital ao microcontrolador.
5V
A2 A1
A3 A0
CH1 A4 A7
R A5
PIC - 18
V- +V
B0 B7
B1 B6
2 - Ao pressionar a B2 B5
B3 B4
tecla CH1, nível lógico
0 é aplicado à porta A2
CI1
Figura 72 - Tecla atuando como entrada digital de um microcontrolador
Fonte: SENAI-SP (2013)
5V
A2 A1
A3 A0
A4 A7
R A6
PIC - 18
V- +V
R2 B0 B7
10K B1 B6
B2 B5
B3 B4
CI1
O microcontrolador
envia um sinal para
a interface de potência interface de
acender a lâmpada potência AC
A2 A1
A3 A0
A4 A7
R A6
+
PIC - 18
V- +V V1
B0
B1
B7
B6 BL1 220 V/60 Hz
B2 B5
B3 B4
CI1
Figura 74 - Saída digital ativando uma lâmpada
Fonte: SENAI-SP (2013)
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
124
V- +V alto-falante
B0 B7
B1 B6
B2 B5
B3 B4
CI1
Figura 75 - Funcionamento de um alto-falante.
Fonte: SENAI-SP (2013)
Vale dizer que a maioria dos microcontroladores não possui saídas analógicas.
Para realizar essa função, circuitos eletrônicos externos ao microcontrolador cos-
tumam ser utilizados.
Uma única porta pode exercer qualquer uma das quatro funções, de acordo
com o modelo do microcontrolador e a configuração informada no software.
Por fim, vale citar que os microcontroladores possuem um recurso de reset,
que serve para reiniciar as operações. Embora seja opcional, muitos equipamen-
tos eletrônicos têm um botão para essa função. Ao pressioná-lo, o microcontro-
lador interrompe as atividades e reinicia as operações, como se o equipamento
fosse ligado naquele momento. O reset serve para recuperar o funcionamento
em caso de falhas/defeitos, ou como auxílio em testes, em que se faz necessário
observar o funcionamento em determinado momento de execução.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Anotações:
Fonte chaveada
Aprendemos, neste livro, que a fonte de alimentação linear é um circuito eletrônico que
converte a tensão alternada da rede elétrica para tensão contínua e, ainda, que reduz a tensão
para valores compatíveis com o equipamento que irá alimentar.
Neste capítulo, conheceremos a fonte de tensão chaveada, uma fonte de alimentação não
linear que é capaz de fornecer uma potência de saída bem maior, com tamanho físico bem
menor em relação às fontes lineares.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) saber as diferenças entre uma fonte linear e uma fonte chaveada;
b) compreender o princípio de funcionamento de uma fonte chaveada;
c) identificar e solucionar as falhas em uma fonte chaveada.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
132
9.2 FUNCIONAMENTO
Para entendermos como uma fonte chaveada é capaz de gerar menos calor,
vamos fazer uma comparação com a fonte linear, que estudamos no capítulo 2
deste livro.
A fonte de alimentação linear tem como componente ativo um regulador de
tensão, por exemplo, o LM7805, que tem a finalidade de manter a tensão de saída
constante. Nesse regulador, a tensão de entrada deve ser maior do que a de saída
para que o circuito possa funcionar corretamente. A diferença entre essas tensões
está retida sobre esse regulador. Como a corrente elétrica da carga circula através
do LM7805, a dissipação de potência é alta e isso contribui para uma baixa efi-
ciência e confiabilidade da fonte linear.
Observe, na figura 75, que a tensão no ponto A (entrada do regulador) é de 9
V e a tensão no ponto B (saída do regulador) é de apenas 5 V. A diferença entre os
pontos A e B é de 4 V e, ao circular uma corrente elétrica de 1,5 A, a dissipação de
calor no LM7805 é de 6 W.
9V 5V
F1 T1 I - 1,5 A
D3 D1 LM7805
entrada A B
C1 C2 + C3
AC carga
D2 D4
VAB= VA − VB
VAB = 9 − 5
VAB = 4 V
P VAB × I
=
P= 4 ×1,5
P = 6W
12 VCC
3 - A tensão
entre dreno 1 - O sinal de
IRL = 10 A controle ativa o
e fonte se
torna nula fototransistor
12 VCC
circuito de controle
R1
MOSFET
R2
VDS = 0 V
optoaclopador
R3 2 - O sinal enviado
pelo fototransistor
ativa o MOSFET
levando ele à
saturação
P VDS × I RL
=
P= 0 ×10
P = 0W
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
134
2 FILTRO Quando o transistor não recebe um sinal de disparo, ele se comporta como
uma chave aberta e faz com que a tensão VDS seja igual ao valor da fonte de ali-
Circuito elétrico cuja
finalidade é deixar passar os mentação VCC. Assim, não circula corrente elétrica para a carga (IRL = 0 A), não
sinais de uma determinada havendo, desse modo, dissipação de calor pelo transistor.
faixa de frequência e
impedir a passagem dos
sinais das demais faixas de Observe, na figura 77, que a tensão VDS é de 12 V, indicando que o transistor
frequência. Por exemplo: em está no modo de corte.
uma antena receptora de
rádio chegam os sinais de
todas as frequências, mas
12 VCC
você só ouve aquela que foi
3 - Com o MOSFET desligado
sintonizada pelo filtro do a corrente da carga é 1 -O controle não envia
circuito de seu rádio. IRL = 0 A sinal ao fototransistor
nula e a tensão está toda
sobre o transistor
12 VCC
circuito de controle
R1
MOSFET
R2
VDS = 12 V
optoaclopador
1 2 3 4 5 tensão
tensão de
de entrada filtro transformador retificação
retificação circuito saída
de isolador de e filtro de
primária chaveador alta frequência
entrada saída
8 7 6
tensão de
referência
C1 C2
entrada saída
VDR C3
Esse circuito tem como componente principal um transistor MOSFET que fun-
ciona como chave eletrônica. O transistor MOSFET recebe um sinal de disparo
fornecido pelo controle de alta frequência (bloco 8) e isso faz com que o transistor
fique mais tempo ligado ou mais tempo desligado, controlando, assim, a tensão
que é aplicada ao transformador do bloco seguinte (bloco 4).
A figura 81 mostra um transistor MOSFET em dois encapsulamentos diferen-
tes, TO-220 e TO-220FP, usados em fontes chaveadas, e sua simbologia.
G(1)
3 3
1 2 1 2 S(3)
transformador isolador
de alta frequência
optoacoplador
Figura 84 - Optoacoplador
Fonte: SENAI-SP (2013)
Esse bloco faz com que a tensão de saída fornecida pela fonte tenha sempre
um valor constante, independentemente das variações da tensão de entrada VCA
ou da carga aplicada à fonte de alimentação.
O componente principal desse circuito é um amplificador operacional, que faz
a comparação entre uma tensão de referência e a tensão fornecida pela fonte de
alimentação. Se essas tensões forem diferentes, o amplificador operacional gera
uma tensão proporcional ao erro e modifica o ponto de trabalho do bloco 8 (con-
trole de alta frequência), que monitora o chaveamento do transistor MOSFET.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
140
Veja, a seguir, como o circuito comparador atua para manter a tensão de saída
constante.
Se a tensão de saída (VCC) diminuir, o circuito comparador faz o circuito de
controle de alta frequência aumentar a largura dos pulsos gerados. Assim, o tran-
sistor MOSFET permanece mais tempo ligado e a tensão induzida pelo transfor-
mador isolador se eleva, o que faz a tensão de saída da fonte voltar ao seu valor
correto. Agora, se a tensão de saída se elevar, o comparador diminui a largura
dos pulsos gerados e o transistor chaveador permanece menos tempo ligado, di-
minuindo a tensão induzida pelo transformador isolador. Com isso, a tensão de
saída da fonte de alimentação tem seu valor de saída corrigido. O quadro a seguir
exemplifica a ação do circuito comparador.
Mais tempo
Diminui Aumenta
ligado
Pulsos mais largos
Menos tempo
Aumenta Diminui
ligado
Pulsos mais estreitos
O último circuito da nossa fonte é tal que gera um sinal PWM para controlar o
tempo em que o transistor chaveador MOSFET permanece ligado e desligado. O
controle de alta frequência, como foi explicado anteriormente, recebe um sinal de
controle do circuito comparador.
9 FONTE CHAVEADA
141
Uma boa dica, caso precise reparar uma fonte chaveada, é consultar o manual
técnico do fabricante do aparelho eletrônico que você está consertando. Esses
manuais trazem informações importantes sobre as falhas que possam ocorrer e
quais os componentes que causam a falha apresentada, bem como informações
sobre segurança no manuseio desse tipo de fonte.
É importante lembrar que, quando um aparelho eletrônico não funciona, a fa-
lha pode não estar na fonte de alimentação. Portanto, se o aparelho não ligar, ve-
rifique se não falta energia elétrica e, se não for o caso, desligue a fonte do circuito
que ela alimenta, porque um curto-circuito na saída da fonte faz o circuito PWM
parar de funcionar como medida de proteção.
Mesmo assim, se a fonte ainda não fornecer energia, a causa pode ser um
problema em qualquer circuito visto anteriormente. Comece com uma inspeção
visual à procura de solda fria nas trilhas do circuito impresso, de componentes
soltos ou chamuscados, de capacitores estufados ou com vazamentos. Verifique
também se o fusível de entrada e o varistor não estão queimados.
O quadro a seguir ajudará você na investigação, quando a fonte não estiver
funcionando corretamente.
Amplificador operacional
Tensão de saída acima ou
Circuito comparador Tensão de referência (diodo zener)
abaixo do valor nominal
Circuito integrado
Varistor
Filtro de entrada
Capacitores
Diodos retificadores
Retificação primária
Capacitores de filtro
Fusível queima constan-
temente
Circuito chaveador Transistor MOSFET
Diodos retificadores
Retificação e filtros de saída
Capacitores de filtro
9 FONTE CHAVEADA
143
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Anotações:
Diagnóstico de falhas e de defeitos
em sistemas eletrônicos
10
Nos capítulos anteriores conhecemos alguns circuitos que fazem parte de um sistema ele-
trônico, vimos seus princípios de funcionamento e as possíveis falhas que esses circuitos po-
dem apresentar.
Agora, vamos aprender como diagnosticar os defeitos e as falhas que um sistema eletrônico
pode apresentar.
Investigar e solucionar os motivos pelos quais um sistema eletrônico não funciona correta-
mente é uma das tarefas mais estimulantes para o técnico da área de manutenção. Para isso,
como todo bom detetive, você deve seguir algumas regras simples, mas eficientes, que o le-
varão a um diagnóstico rápido e eficiente, minimizando o tempo de parada dos sistemas ele-
trônicos e garantindo que o equipamento volte a operar corretamente dentro dos padrões de
qualidade preestabelecidos.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) diagnosticar uma falha ou um defeito de um sistema eletrônico;
b) fazer o levantamento de hipóteses que possam estar causando a falha ou o defeito;
c) comprovar as hipóteses que causam o mau funcionamento em um sistema eletrônico.
Figura 86 - O técnico da área de Manutenção trabalha como um detetive para investigar falhas e defeitos
Fonte: SENAI-SP (2013)
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
148
Alguns circuitos são mais fáceis de consertar, por serem mais simples. Outros
são um pouco mais difíceis, porque têm uma quantidade maior de componentes.
Mas, nesses dois casos, a identificação de uma falha e/ou um defeito se inicia com
uma inspeção visual, ou seja, com a observação do estado ou do comportamento
dos componentes eletrônicos.
Assim, verifique se há resistores escurecidos, um indício de aquecimento exces-
sivo do circuito; capacitores estufados, que indicam uma sobretensão no compo-
nente; transistores ou circuitos integrados quebrados, que sugerem curto-circuito.
10 DIAGNÓSTICO DE FALHAS E DE DEFEITOS EM SISTEMAS ELETRÔNICOS
151
Como você já sabe, o aspecto da solda nos componentes deve ser na forma de
gota e brilhante, assim, soldas com aspecto irregular, trincadas e opacas, conheci-
das como solda fria, apresentam conexões irregulares entre as trilhas do circuito
impresso e o terminal do componente.
Também não podemos nos esquecer das ligações externas à placa de PCI, tais
como fios soltos de sensores, lâmpadas de sinalização e botões de controle, que
causam defeitos facilmente diagnosticados apenas com a inspeção visual.
Observe, na figura 87, dois exemplos do que podemos localizar com a inspe-
ção visual. Na imagem da direita, o terminal do componente está com solda fria,
sinalizada em vermelho, e, na imagem da esquerda, há um capacitor estourado,
também indicado em vermelho.
Como vimos até aqui, o diagnóstico das falhas e dos defeitos em um sistema
eletrônico inclui, além das informações fornecidas pelo usuário, o levantamento
das possíveis hipóteses e a inspeção visual. O que precisamos acrescentar a essa
lista é a medição da tensão em pontos chaves do circuito. Esses pontos chaves
estão descritos nos esquemas eletrônicos que fazem parte da documentação téc-
nica e incluem os valores de tensão: na saída da fonte de alimentação; na base e
no coletor dos transistores; nos terminais dos circuitos integrados; e em pontos es-
tratégicos que determinam o funcionamento de cada etapa do sistema eletrônico.
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
152
Em alguns circuitos, medir a tensão pode nos levar a valores errôneos devido
às características do circuito. Assim, o uso do osciloscópio se faz necessário, pois
além do valor do sinal elétrico, temos o formato desse sinal.
Tomemos como exemplo uma fonte chaveada, vista no capítulo 9. Lá apren-
demos que o circuito integrado gera um sinal PWM para o chaveamento do tran-
sistor MOSFET. Além disso, vimos que medir esse sinal com o multímetro não nos
fornece a indicação de que o sinal está correto.
Medir a corrente elétrica não é um procedimento comum, porque esse tipo
de medição requer que o circuito seja interrompido e o amperímetro ligado em
série ao circuito. Além disso, o valor da corrente elétrica nem sempre é fornecido.
Então o que fazer para confirmar as hipóteses levantadas? É o que veremos a
seguir.
O que fazer se os dados obtidos com a medição dos sinais usando um mul-
tímetro ou um osciloscópio e a análise do funcionamento do circuito não nos
derem a certeza de que a troca do componente irá resolver a falha ou o defeito
do circuito?
10 DIAGNÓSTICO DE FALHAS E DE DEFEITOS EM SISTEMAS ELETRÔNICOS
153
conectores
monitor
paralela
placa de
vídeo
serial
teclado
conector fonte
mídia
externa
disco
rígido
placa-mãe
mola parafuso
forno 450oC
Figura 90 - Esteira transportadora de materiais para o forno
Fonte: SENAI-SP (2013)
O operador da máquina, ou seja, o usuário, diz a você que a máquina está com
defeito, pois ela para de funcionar sozinha de vez em quando.
Nesse momento, você já saberia dizer por que a mola e o parafuso estão no
equipamento? Acompanhe a análise de funcionamento da esteira para entender
o porquê disso. A mola, ao tocar no parafuso, aciona o circuito elétrico e envia um
comando para a parte eletrônica, informando que a esteira está em movimento.
Se não houver esse contato, a parte eletrônica desliga o aquecimento para que o
material dentro do forno não derreta e comprometa o funcionamento da esteira.
Isso acontece porque ela pode ficar travada se o material que transporta cair e
ficar preso em alguma parte do equipamento.
Com a análise de funcionamento e o descritivo da falha pelo operador, você,
como técnico, possui uma pista da provável causa do defeito, ou seja, sabe que o
aquecimento foi desligado porque houve um mau contato entre a mola e o parafuso.
10 DIAGNÓSTICO DE FALHAS E DE DEFEITOS EM SISTEMAS ELETRÔNICOS
157
“Injeção eletrônica”, “freio ABS”, “direção assistida” são termos que provavel-
mente você já ouviu falar, pois são cada dia mais veiculados nos meios de comu-
nicação.
É a eletrônica embarcada que faz funcionar esses e os outros itens de seguran-
ça e de conforto em um carro. Essa eletrônica não é diferente da que aprendemos
até agora. A distinção está nos recursos disponíveis para os diagnósticos dos de-
feitos e das falhas apresentadas pela parte eletrônica dos carros.
Como a eletrônica embarcada depende não só do funcionamento do carro,
mas do seu movimento e dos sensores posicionados em diferentes localidades no
automóvel, para diagnosticarmos ou identificarmos a causa de um mau funciona-
mento é necessário o uso de instrumentos específicos com um software dedica-
do. Esse software simula o funcionamento do carro em diversas condições de uso,
indicando ao técnico qual componente deve se verificado.
O diagnóstico de problemas em placas de computadores também é um exem-
plo da aplicação desse tipo de software. Eles fornecem informações sobre o fun-
cionamento e as características do equipamento em teste, orientando o técnico
na solução do problema.
O mesmo que alugado. d) converse e troque informações a respeito dos circuitos eletrônicos com ou-
tros profissionais da área, pois isso nos faz crescer profissionalmente, am-
pliando os nossos conhecimentos.
4 COMODATO
Precisamos também ressaltar duas orientações com relação às informações
sobre os tipos de defeitos e sua manutenção, pois são vitais para os processos de
Regime em que o gestão da manutenção.
equipamento é cedido
para uso de um parceiro,
sem a transferência de a) Se o equipamento estiver sob o regime de locação ou comodato, a ma-
propriedade e cobrança de nutenção é de responsabilidade de quem está cedendo o equipamento.
aluguel.
Porém, as falhas ou os defeitos podem estar sendo causados por uso incor-
reto do equipamento, gerando tanto custos adicionais como insatisfação
dos clientes. Esses fatos certamente comprometerão a imagem e a vida útil
do produto. A questão fundamental é que essa situação só pode ser confir-
mada mediante a comparação dos dados de manutenção do equipamento
com os resultados previstos ou encontrados em outros clientes.
b) Qualquer que seja o tipo de sistema de gestão da manutenção adotado, ele
só é eficaz se dispuser de dados a serem analisados. Caso contrário, não é
possível gerenciar de forma adequada os processos de manutenção.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
11
Até aqui, tudo o que conhecemos nos capítulos anteriores nos deu subsídios
para diagnosticar a causa de falhas e defeitos em vários circuitos eletrônicos. As-
sim, após conversar com o cliente, analisar o equipamento e descobrir a causa do
defeito, podemos rapidamente solucioná-lo, certo? Na verdade, veremos que não
é bem assim. Entre a identificação e a solução do problema, é necessário tomar
algumas providências. É sobre isso que vamos falar agora.
As ações que ocorrem entre o diagnóstico e a manutenção dependem muito
da empresa em que você irá trabalhar. Por isso, vamos analisar as providências
que antecedem a manutenção sob diferentes pontos de vista.
Vamos imaginar uma empresa que presta serviços de manutenção. Nesse ce-
nário, você faz a manutenção em equipamentos de terceiros, ou seja, o equipa-
mento é de propriedade do cliente, e não da empresa em que você trabalha.
Antes de realizar a manutenção, você deve fazer um orçamento no qual deve
discriminar:
a) dados pessoais do cliente;
b) marca, modelo e número de série do equipamento;
c) falha ou defeito informado pelo cliente;
d) lista das peças que precisam ser substituídas, com os respectivos custos ao
cliente;
e) valor da manutenção, algumas vezes chamada de mão de obra;
f ) prazo para execução do serviço, que deve considerar o tempo para enco-
mendar as peças, se for o caso, mais o tempo necessário para realizar a ma-
nutenção;
g) período e condições de garantia do serviço.
Lembre-se de que é importante fazer uma inspeção em outras áreas do equi-
pamento, pois você pode detectar algum problema iminente, ou seja, algum
componente pode estar prestes a apresentar defeito. É possível, ainda, que exis-
tam componentes para serem substituídos de acordo com a recomendação do
manual do fabricante. Tudo isso deve estar incluído no orçamento. O cliente pre-
cisa saber que a substituição desses componentes não está relacionada com a
falha ou o defeito, mas é aconselhável fazer a troca por orientação do fabricante.
11 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
163
FALHA / DEFEITO
cliente
FONTE DE ALIMENTAÇÃO - DEFEITO NO PRIMÁRIO DO TRANSFORMADOR
CONSTATADO
falha/defeito
constatado pelo
VALOR VALOR
ITEM QUANT. DECRIÇÃO
UNITÁRIO TOTAL
1 1 TRANSFORMADOR 110/220 9+9 500mA R$ 15,00 R$ 15,00
2 1 MÃO DE OBRA - MANUTENÇÃO R$ 90,00 R$ 90,00 técnico
1 ÁLCOOL ISOPROPÍLICO Por fim, a manutenção pode ser considerada definitivamente inviável quando
determinado componente não é encontrado no mercado. Você deve estudar a
Tipo de álcool praticamente
isento de água. Essa possibilidade de substituí-lo por um equivalente e, quando isso não for possível,
característica o torna o equipamento não poderá ser consertado. Existem componentes eletrônicos
adequado para a limpeza
de PCI e componentes que são criados especificamente para um equipamento, e, por isso, encontrar um
eletrônicos, já que a
ausência de água evita a substituto nem sempre é possível. Informe ao cliente ou à empresa sobre os mo-
oxidação. tivos que impossibilitam a manutenção, indicando que você esgotou várias alter-
nativas antes de condenar o equipamento.
A forma como essas informações são registradas varia de uma empresa para
outra. Cada empresa pode criar o seu próprio padrão de formulário para coletar
dados de manutenção.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
3-TERMINAL adjustable regulator: check for samples: LM317. Texas Instruments. Disponível em:
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TRIAC, UJT e PUT. São Paulo: Érica, 2009.
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
Carlos José Pereira Ferreira é técnico em Eletrônica e tecnólogo em Elétrica, com pós-graduação
em Administração de Marketing e em Educação a Distância. Atuou como técnico em Eletrônica
na Xerox durante seis anos, e foi supervisor técnico interino durante um ano na mesma empresa.
Na Kria Tecnologia, desenvolveu a integração de equipamentos eletroeletrônicos e softwares de
gestão e controle, visando à comunicação de equipamentos das áreas de automação comercial,
industrial e de equipamentos de inteligência para rodovias (ITS) com os softwares para operação e
gestão das informações disponibilizadas por esses equipamentos. Desde 2011, atua como docente
na área de Eletrônica no SENAI-SP. Integra a equipe de Eletroeletrônica no desenvolvimento de
cursos do Programa Nacional de Oferta de Educação Profissional na Modalidade a Distância (PN-
EAD SENAI).
A
Álcool isopropílico 166
Assíncrono 106, 107, 108, 114
C
Chuviscos 90
Circuito de interface 37, 38, 39, 42, 45, 49, 50, 59, 64, 66, 67, 68, 73, 82, 84
Clock 106, 107, 110, 119
Comodato 158
Corte 39, 40, 43, 133, 134, 141
E
Eletrônica embarcada 156, 157, 159
Erro de paralaxe 56
F
Filtro 22, 30, 31, 32, 35, 79, 126, 135, 136, 138, 142, 143, 154
Filtro de linha 124, 135, 154
H
Hipótese 72, 73, 127, 147, 150, 151, 152, 159
L
Locação 158
S
Saturação 39, 40, 42, 133
Síncrono 106, 107
V
VCC 38, 39, 42, 43, 54, 59, 78, 80, 133, 134, 140
VCE 42, 43
Vds 132, 133, 134
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros
Cleber de Paula
Revisão Técnica
i-Comunicação
Projeto Gráfico