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ELÉTRICOS
Ruahn Fuser
Introdução à eletrônica
de potência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Por muito tempo, foram utilizadas máquinas de corrente alternada (CA)
para atividades com velocidade fixa, em geral trabalhando em frequências
como 50 Hz ou 60 Hz. Com a necessidade de variar a velocidade em
algumas aplicações, passaram a ser utilizados motores CC, com maior
complexidade e manutenção em comparação aos motores CA. Com os
avanços da eletrônica, surgiram maneiras de modular a tensão, a corrente
e a frequência em motores de corrente contínua (CC), possibilitando o
controle da velocidade sem prejudicar o seu conjugado e mantendo
altos desempenhos. Pelo fato de a eletrônica de potência estar presente
no controle de motores de variadas maneiras, iniciaremos este capítulo
tratando sobre dispositivos de chaveamento de estado sólido, também
conhecidos como chaves comutadoras eletrônicas, como diodos, IGBT
(do inglês insulated gate bipolar transistor), MOSFET (do inglês metal oxide
semiconductor field effect transistor), TRIAC (do inglês triode for alternating
current) e SCR (do inglês silicon controlled rectifier). Veremos que esses
componentes são a alma da eletrônica de potência, cuja análise simpli-
ficada será feita a partir de uma representação desses dispositivos como
chaves ideais. Prosseguiremos mostrando algumas aplicações desses
componentes como retificadores de tensão e, por fim, descreveremos
como os circuitos inversores de frequência são construídos. Ao término
deste capítulo, você entenderá como é realizada a modulação por largura
2 Introdução à eletrônica de potência
Diodo
Iniciaremos pelo dispositivo mais simples e mais utilizado: o diodo, que
opera como chave eletrônica não controlada. As características ideais desse
dispositivo podem ser analisadas pela análise da corrente e da tensão presentes
nele. Para identificar seu modo de funcionamento, trabalharemos com o diodo
como uma chave que possibilita um fluxo de elétrons positivo e bloqueia o
fluxo de elétrons contrário. Para entender melhor, na Figura 1 está apresentada
a sua representação gráfica.
Ânodo Cátodo
+ v –
Figura 1. Representação simbólica do diodo.
Fonte: Adaptada de Fitzgerald, Kingsley e Umans (2006).
Introdução à eletrônica de potência 3
i
i
Tensão zero
(Diodo condução)
Corrente zero
(Diodo em corte) VRB
v VF v
(a) (b)
Tiristores
Entre a família dos tiristores, podemos citar dois mais utilizados em circuitos
de potência: o diodo controlado de silício (do inglês, silicon controlled rectifier
ou SCR); e o triodo para corrente alternada (do inglês, triode for alternating
current, ou TRIAC). Segundo Hart (2012), os tiristores são conhecidos por
quase sempre apresentar três terminais, pela capacidade de condução elevada
de corrente e por bloquear valores elevados de tensão, podendo, assim, ser
utilizados em circuitos de potências elevadas. Contudo, compreendem dis-
positivos que trabalham em frequências baixas.
As características de um SCR não diferem muito dos diodos, adicionando-
-se mais um terminal conhecido como gate (do inglês “porta” ou “gatilho”).
Portanto, é formado por três terminais: ânodo, cátodo e gate, como mostra
a Figura 3.
Ânodo Cátodo
+ v –
i Gate
iG
Figura 3. Representação simbólica do SCR.
Fonte: Adaptada de Fitzgerald, Kingsley e Umans (2006).
i
i Ligado Desligado
VRB
v VF VFB v
(a)
(b)
i + v –
Gate
iG
Figura 5. Representação simbólica do TRIAC.
Fonte: Adaptada de Fitzgerald, Kingsley e Umans (2006).
6 Introdução à eletrônica de potência
Para entrar em condução, basta que o TRIAC ideal apresente uma tensão
diferente de 0 e que seja aplicado um pulso no gatilho. Após entrar em condução,
para voltar a ficar em bloqueio, o TRIAC precisa atingir uma corrente menor
que os valores de corrente de manutenção, assim como acontece no SCR, porém
de forma bidirecional, uma característica que pode ser visualizada na Figura 6.
i
TRIAC
conduzindo
TRIAC
em corte
Transistores
Segundo Ahmed (2000), um transistor é um dispositivo semicondutor PNP
ou NPN de dois tipos básicos quando classificados quanto à sua aplicação:
transistor de amplificação e de potência. Aqui, vamos trabalhar com os tran-
sistores de potência, comumente usados para controlar corrente e tensão pelo
Introdução à eletrônica de potência 7
Gate Gate
Os MOSFET são polarizados por uma tensão induzindo um campo elétrico no polo da
porta, o que forma um canal de condução entre o dreno e a fonte. Para formar e eliminar
esse canal, é necessário um tempo, que, por menor que seja, cria um transitório de
chaveamento, consequentemente dissipando potência por chaveamento. Para reduzir
esses efeitos, são criados circuitos de polarização na porta do MOSFET, aumentando a
resistência entre porta e terra, o que faz com que o canal de condução seja eliminado
com maior velocidade.
Por sua vez, o IGBT destaca-se por ter alta eficiência e rápido chaveamento.
Constituído por três terminais, caracteriza-se por apresentar baixa tensão de
saturação e alta capacidade de corrente, além de dispor de alta impedância de
porta tal como os MOSFET. Na Figura 9, é possível visualizar os terminais
de coletor, emissor e porta do IGBT.
Circuitos retificadores
Os circuitos retificadores têm a finalidade de converter tensão ou corrente
alternada em contínua. Existem várias topologias de retificadores, como reti-
ficadores de meia onda, retificadores de ponte monofásica de onda completa,
retificadores de ponte monofásica de onda completa e fase controlada, etc.
Ainda, é possível analisar o comportamento de cada uma dessas configurações
Introdução à eletrônica de potência 11
A forma de tensão da saída passou a ser contínua e o seu valor médio pode
ser obtido pelas Equações (1) e (2).
(1)
(2)
(3)
O livro Eletrônica de potência, de Ivo Barbi, publicado pelo próprio autor em 2006, traz
uma análise completa de cada topologia de retificadores. Além disso, mostra como
projetar e como escolher componentes comerciais para cada aplicação. Vale a pena
dar uma conferida!
Circuitos inversores
Há inúmeras topologias de circuitos inversores, utilizados para converter um
sinal contínuo de corrente ou tensão em uma saída alternada, podendo assumir
formas de inversores de fonte de corrente ou inversores de fonte de tensão, de
acordo com a fonte acoplada à sua entrada. A utilização de circuitos inversores
para o controle de motores é bastante interessante, pois permite a modulação de
velocidade sem prejuízo no seu conjugado. Isso acontece pela possibilidade de
modular tensão e frequência ao mesmo tempo. Nesta seção, veremos que, em
algumas topologias, é utilizada a modulação por largura de pulso, conhecida
como PWM (do inglês pulse width modulation), para modulação de valores
de tensão para a saída do inversor. Além disso, os inversores permitem o
controle de frequência da onda de saída, possibilitando, assim, o controle da
velocidade de motores variando V/f, com a manutenção do conjugado ao passo
que se modula a velocidade.
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(4)
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(5)
Figura 15. Forma de onda típica da saída de um inversor monofásico em ponte H com
modulação por largura de pulso, (a) tensão e (b) corrente.
Fonte: Adaptada de Fitzgerald, Kingsley e Umans (2006).
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Com essa topologia, a tensão média aplicada na carga será dada como na
Equação (6).
(6)
(7)
Leitura recomendada
BARBI, I. Eletrônica de potência. 5. ed. Florianópolis: Edição do Autor, 2005. 328 p.