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INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS
INDUSTRIAIS
VOLUME 2
i
INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS
INDUSTRIAIS
VOLUME 2
CONFEDERA ÇÃO NACIONAL DA IND ÚSTRIA - CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Conselho Nacional
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INSTALAÇÕES
ELETRICAS
INDUSTRIAIS
*
VOLUME 2
.
© 2018 SENAI - Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publica çã o por quaisquer meios, seja eletrónico, me -
c ânico, fotoc ópia, de grava çã o ou outros, somente será permitida com pr é via autorizaçã o,
por escrito, do SENAI.
Esta publica çã o foi elaborada pela Equipe de Inova ção e Tecnologias Educacionais do
SENAI da Bahia, com a coordena çã o do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a dist â ncia.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491i
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nadonal.
Instalações elétricas industriais / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Departamento Nadonal, Departamento Regional da Bahia. -
Braslí ia: SENAI /DN, 2018 .
126 p.: il. - (Série Energia - Geração , Transmissão e Distribuição, v. 2).
ISBN 978-855050299-1
CDU: 621.32
SENAI Sede
Servi ço Nacional de Setor Banc á rio Norte •Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040 -903 •Brasília - DF •Tel.: (0xx61 ) 3317 -9001
Departamento Nacional Fax: (Oxx ól ) 3317- 9190 •http:// www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Partes de um motor CC 18
Figura 2 - Exemplo de diagrama de circuito com motor CC 20
Figura 3 - Partes de um motor CC de imã permanente 22
Figura 4 - Simbologia de um motor CCde imã permanente 23
Figura 5 - Motor de corrente contí nua de estator bobinado 25
Figura 6 - Simbologia do motor CC com estator bobinado 26
Figura 7 - Simbologia do motor CC de campo série 28
Figura 8 - Simbologia do motor universal 29
Figura 9 - Simbologia do motor CC de campo paralelo 31
Figura 10 - Simbologia do motor CC de campo composto em derivaçã o. 32
Figura 11 - Simbologia de motor CC de campo paralelo independente.... 34
Figura 12 - Simbologia do motor CC de campo composto independente 35
Figura 13 - Gerador elementar 40
Figura 14 - Diferentes tipos de geradores industriais 41
Figura 15 - Gerador CA acionado por turbina 42
Figura 16 - Estator 44
Figura 17 - Rotor com comutador e porta-escovas 45
Figura 18 - Escovas 45
Figura 19 - Simbologia elétrica para geradores 46
Figura 20 - Curva caracter í stica de geradores operando em vazio 49
Figura 21 - Liga ções típicas de indutor e induzido de gerador CA 51
Figura 22 - Liga ções dos estatores dos geradores CA trifá sicos 51
Figura 23 - Liga çã o para excita ção independente 52
Figura 24 - Liga ções do indutor ( formas de excitaçã o) 52
Figura 25 - Onda senoidal monofásica 53
Figura 26 - Posicionamento da bobina do rotor dentro do estator 54
Figura 27 - Ondas senoidais trifásicas 54
Figura 28 - Motor trifásico .59
Figura 29 - Anéis coletores 61
Figura 30 - Escovas 61
Figura 31 - Rotor bobinado 63
Figura 32 - Transformador 67
Figura 33 - Formato dos núcleos dos transformadores 69
Figura 34 - Detalhes do bobinado do transformador 69
Figura 35 - Simbologias dos transformadores 70
Figura 36 - Plaqueta de identifica çã o de transformador 71
Figura 37 - Transformador de núcleo de ferro, indutivamente acoplado, com os símbolos definidos
em vazio 73
Figura 38 - Transformador de núcleo de ferro, indutivamente acoplado, com os símbolos definidos
comcarga 74
Figura 39 - Simbologia e normas de um transformador monofásico 75
Figura 40 - Transformador monofá sico com tr ês fios e chave 110 V/ 220 V 76
Figura 41 - Ligação de transformador monofá sico com primário com 4 fios 77
Figura 42 - Instalaçã o de chave HH em transformador monofásico com primá rio com 4 fios 78
Figura 43 - Simbologia e norma de um transformador trifá sico 79
Figura 44 - Fechamentos do transformador trifásico 80
Figura 45 - Ligação de transformador trifásico em triâ ngulo (A ) - estrela ( Y ) 81
Figura 46 - Ligação de transformador trifásico em estrela ( Y ) - triângulo ( A) 82
Figura 47 - Parte da infraestrutura de um sistema elétrico industrial 85
Figura 48 - Centro de controle e distribuiçã o de subestaçã o de média tensão 88
Figura 49 - Estrutura elétrica de sistema elétrico de potência (SEP) 89
Figura 50 - Estrutura elétrica de sistemas de transmissão de energia elétrica 91
Figura 51 - Estrutura elétrica de sistemas de mediçã o de energia elétrica 92
Figura 52 - Perfilado/detalhe de perfilado sustentando luminária 95
Figura 53 - Estruturas com eletrocalhas convencionais e armadas 96
Figura 54 - Estruturas com leitos para cabos elétricos 97
Figura 55 - Acessórios para perfilados, leitos e eletrocalhas 97
Figura 56 - Barramento elétrico 98
Figura 57 - Acessórios para barramentos elétricos 99
Figura 58 - Tipos de canaletas 99
Figura 59 - Tipos de acabamento das canaletas plásticas 100
Figura 60 - Painel de comando 101
Figura 61 - Caixa para quadro elétrico 102
Figura 62 - Tipos de portas ou tampas 103
Figura 63 - Placas de montagem metalizada e com a cor laranja no interior 104
Figura 64 - Cabo de aterramento utilizado em porta de painel elétrico 106
Figura 65 - Prensa -cabos 107
Figura óó - Resíduo inerte 112
Figura 67 - Fontes de contaminaçã o para o meio ambiente 114
3 Gerador elétrico 39
3.1 Caracterí sticas 40
3.2 Simbologia 46
3.3 Identificaçã o 47
3.4 Dimensionamento 48
3.5 Funcionamento: em vazio e com carga 49
3.6 Liga ções 50
3.7 Tipos de geradores 53
4 Motores síncronos 59
4.1 Funcionamento 60
4.2 Caracterí sticas e componentes 60
4.3 Dimensionamento 62
5 Transformador 67
5.1 Características 68
5.2 Simbologia 70
5.3 Identificação 71
5.4 Dimensionamento 72
5.5 Funcionamento em vazio e com carga 72
5.6 Tipos de transformadores 74
5.7 Ligações de transformadores 75
Referências 119
índice 123
Prezado aluno,
O Serviç o Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o livro didá tico de Instalaçõ es
Elétricas Industriais, volume 2.
Apó s estudo do volume 1, que abordou sobre condutores, dispositivos diversos dos circui-
tos elétricos, formas e técnicas de acionamentos elétricos, t écnica de seguranç a dos sistemas
de aterramentos e sobre os motores de induçã o, no volume 2 iremos conhecer um pouco mais
sobre os geradores, bem como os motores de corrente contínua e síncronos, que s ão m áqui-
nas elétricas rotativas que fornecem energia elétrica e "for ç a" produtiva para equipamentos di-
versos. Também falaremos sobre os transformadores, que sã o importantes má quinas elétricas
est áticas que modificam os ní veis de tensã o elétrica; e ainda, trataremos também das técnicas
para a organizaçã o estrutural dos painéis elétricos, da forma adequada para o descarte de re-
sí duos sólidos decorrentes da montagem, manutençã o e reparos em painéis, componentes,
equipamentos e estruturas elétricas.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver fundamentos técnicos dentro das
aplica ções das instalações elétricas industriais fundamentais, por constituir elementos que fa-
zem as má quinas produzirem os diversos itens e bens de consumo, alimentos, medicamentos
e produtos variados que compõem o conjunto de necessidades, utilidades e desejos para a
sociedade; assim como, desenvolver capacidades sociais, organizativas e metodológicas, de
acordo com a atua çã o do técnico no mundo do trabalho.
Neste segundo volume iniciaremos o estudo conhecendo os motores de corrente contínua,
que s ão má quinas rotativas de caracterí sticas extremamente interessantes, e uso apropriado
para situa ções especí ficas. Em diversos capítulos dessa obra, veremos as orientações, defini-
ções e exigências advindas das normas técnicas, aplicadas à s instalações elétricas de baixa
tensão regulamentadas pela ABNT e desenvolvimento de atividades e procedimentos, consti-
tuindo a á rea prá tica e técnica na sua aplicação. Conheceremos a funcionalidade de algumas
má quinas elétricas, preparando as competências especí ficas para formaçã o do t écnico em ele-
trot écnica, uma vez que as ações de um profissional não qualificado poder ão gerar impactos
negativos e danos relacionados à sua pr ópria sa úde e seguranç a, como também a de outros
envolvidos que est ã o diretamente ou indiretamente ligados aos negócios da empresa. De ma-
INSTALAÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
neira geral, você ir á aprender sobre algumas má quinas que se configuram como cargas para os diversos
sistemas elétricos, bem como as simbologias e diagramas especí ficos desses elementos supracitados, que
ressaltam a import â ncia do conhecimento e técnicas mais utilizadas pelos eletrot écnicos industriais.
Apó s a finaliza ção do segundo volume desta unidade, esperamos que você seja capaz de executar ade-
quadamente a montagem da infraestrutura dos painéis elétricos de comando utilizando as ferramentas, os
componentes e as técnicas adequadas para essa atividade. Também, que seja capaz de reconhecer, dife-
renciar e trabalhar com transformadores, que s ão importantes má quinas elétricas est áticas que utilizam o
princ ípio da induçã o magnética para seu funcionamento. Ainda, e de uma forma especial, esperamos que
voc ê, caro aluno, obtenha os conhecimentos necessá rios para o trabalho com motores de caracterí sticas
diferentes, como os motores de induçã o assíncronos vistos no volume 1, como os motores síncronos, que
utilizam técnicas e recursos adicionais diferenciados para a sua utiliza çã o.
Por fim, esta unidade curricular servirá para você desenvolver as habilidades necessárias para tornar-se
apto a enfrentar os desafios que sã o encontrados no dia a dia de quem trabalha na área industrial. Que-
remos que você se preocupe com sua qualidade de vida e com os resultados que uma perfeita instala ção
elétrica possa trazer para a funcionalidade das máquinas, iluminaçã o e outros fatores técnicos agregados
ao seu conhecimento profissional.
a ) Ter proatividade;
b) Ter responsabilidade;
c ) Trabalhar em equipe;
d) Aplicar procedimentos t écnicos;
e) Demonstrar organizaçã o;
f) Estabelecer prioridades;
CAPACIDADES TÉCNICAS
b) Descartar resí duos em conformidade com as normas ambientais vigentes, considerando as esfe-
ras Municipal, Estadual e Federal;
c ) Identificar e aplicar métodos e técnicas de instalaçã o;
Lembre-se de que você é o principal responsá vel por sua forma ção e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor -tutor sempre que tiver dúvida;
b) Nã o deixar as dúvidas para depois;
Bons estudos!
Motores de corrente cont í nua ?
Realizar a transformaçã o da energia elétrica em energia mec ânica rotativa é a funçã o dos
motores elétricos. De uma forma geral, essa mudanç a, que proporciona movimento em um
eixo, é devido à presença de corrente elétrica, seja ela uma corrente contínua ou alternada.
Um fator que influencia a forma de aproveitamento dessa for ç a rotacional é o tipo de mo-
tor. Em função do tipo da fonte de alimentação, ou seja, se essa fonte de alimentaçã o é de
corrente cont ínua (CC) ou deCorrente alternada (CA), é que temos a divisão e os diversos tipos
de motores elétricos.
1 Torque: quando um motor de corrente contí nua é aplicado, uma tensã o o seu eixo adquire uma rotação ou
simplesmente é o momento de alavanca saindo da inércia e começando a rodar seu eixo.
2 VCC: sigla utilizada em projetos elétricos para representara tensão de corrente cont ínua.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
Rotor bobinado
Terminal de ligação
Estator-,
-
7
Coletor ou
comutador
5^ Escovas
deslizantes
Porta -escovas
Sapata polar
I— Bobina de
campo
Os motores de corrente contínua (CC), independentemente do seu tipo, sã o constituí dos por partes
distintas. Vale enfatizar que, basicamente, temos a mesma estrutura para todos os tipos de motores CC. A
diferenç a principal é que existem motores com bobinas no estator, ao invés de imãs permanentes.
a ) Estator ( que pode ser bobinado ou com imã permanente): local na estrutura do motor (cha-
mada de carca ç a), onde as bobinas de campo ou o imã permanente fica montado sobre as sapa-
ta s polares;
b) Rotor bobinado: peç a cilíndrica dotada de bobinas, também conhecido por armadura ou indu-
zido. Nas extremidades do corpo do rotor bobinado encontram-se as pontas do eixo do motor;
c) Tampas: abrigam os rolamentos que suportam o rotor e o eixo do motor. Existem duas e ficam
montadas em lados opostos, chamadas de tampa dianteira e tampa traseira;
d) Coletor ou comutador: conjunto metá lico instalado no eixo do rotor e dotado de laminadas de
cobre ou lat ã o isoladas entre si, conectadas às bobinas do rotor;
e) Escovas deslizantes: peç as fabricadas de materiais condutores sintetizados, tais como grafite
ou carvao, e servem para transmitir a corrente elétrica que circula entre o coletor e o bobinado
do rotor;
f) Porta-escovas: peç a que aloja as escovas e as posiciona em um alinhamento perpendicular ao
coletor;
g) Terminal de liga ção: terminais metá licos conectados em cada porta -escovas para a ligaçã o da
tens ão cont í nua.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
Apesar dos inúmeros avanç os tecnológicos na área industrial, os motores do tipo corrente contínua,
mais conhecidos pela sigla CC, ainda sá o muito usados para fazer funcionar diversos aparelhos do nosso
cotidiano. Mas, afinal, quais as caracterí sticas e como ocorre o funcionamento desse motor? é O que vere-
mos a seguir.
Os motores elétricos alimentados por corrente contínua podem ser do tipo imã permanente ou esta-
tor bobinado, e sempre ir ão possuir o rotor bobinado em sua estrutura. Independentemente do tipo do
motor CC, as partes construtivas s ão basicamente as mesmas, as quais ser ão descritas na sequência desse
capítulo.
Para entender o princípio de funcionamento desses motores, faz-se necessário entender que a pro-
duçã o de fluxo magnético se dá devido à passagem da corrente elétrica através do bobinado, também
chamado de enrolamentos, o que determina a primeira condiçã o de operaçã o de um motor CC. Este fluxo
magnético é gerado quando circula corrente contínua nas bobinas do estator, que proporcionaram polos
magnéticos determinando polaridades fixas, passando a ser eletroímã s.
A corrente contínua vinda de uma fonte externa vai circular através das escovas, comutador e bobinas
do rotor, surgindo os polos magnéticos no rotor que ser ão atraídos pelos polos do estator, para ent ã o de-
terminar a for ç a magnética.
Devido a essa açã o da forç a entre os polos do estator e do rotor, este último sempre procura estabelecer
um equilíbrio deslocando-se em ângulo.
As bobinas do rotor sã o alimentadas eletricamente atrav és do coletor e das escovas, o resultado desta
for ça magnética atuando sobre o rotor no seu movimento rotacional é chamado de conjugado.
DIMENSIONAMENTO
A atividade de dimensionar motores elétricos, seja de corrente contínua (CC) ou de corrente alternada
(CA), é na verdade a realização de uma aná lise ou estudo das necessidades e caracter ísticas de uma apli-
ca ção especí fica, para se determinar o motor mais adequado para a mesma. As caracterí sticas da carga a
ser imposta ao motor, somadas a detalhes inerentes ao local da aplicação (como temperatura, umidade e
altitude), e aos detalhes construtivos dos motores, são os elementos a serem usados para esse dimensio-
namento.
INSTALAÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
Os motores CC, especificamente, possuem diversas configura ções construtivas possí veis, em função
dos tipos de ligações, conforme veremos no decorrer deste capítulo. Genericamente, os fatores a serem
levados em conta para se realizar o dimensionamento dos motores CC sã o o tipo da carga e a potência
requerida pela mesma; o nível de tensã o de alimentação disponí vel, o regime de trabalho da carga, e os
recursos de controle de velocidade possíveis e disponí veis.
No decorrer deste capítulo, ao estudarmos os tipos de motores CC, poderemos ter um entendimento
mais claro de situa ções envolvendo essas variá veis.
DIAGRAMAS
Falando-se de motores, nã o podemos dizer que os mesmos possuem diagramas. Na verdade, os dia -
gramas sã o das instala ções ou circuitos onde os motores estã o instalados. Em geral, os diagramas elétricos
com motores CC sã o mais enxutos e menos complexos que os diagramas dos circuitos de motores CA.
©
©
S1
K
RA
£
7 RC
Esses diagramas com motores CC, normalmente, apresentam apenas detalhes da alimentaçã o, tipo de
ligaçã o do motor e elementos para controle de velocidade.
Caracterí stica inerente aos motores elétricos, as perdas de rendimento podem ocorrer devido a perdas
por aquecimento no bobinado (chamadas de perda no cobre) e no núcleo (chamadas de perdas no ferro),
ocasionada pela variaçã o do campo magnético; e podem ser percebidas, sobretudo, nas partidas e mo-
mentos de variaçã o de carga. Ainda, existem também as perdas ocasionadas por fatores mec ânicos, como
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
atrito entre as partes rotativas (como rolamentos) e atrito com o ar (referente à refrigeraçã o). Quanto aos
motores elétricos de CC, devemos fazer algumas considerações importantes:
- Acontece nos motores CC, a chamada reaçã o de armadura, que se refere aos efeitos do campo mag-
nético criado pela circulação de corrente na armadura;
- As perdas mec â nicas, tratadas também por perdas rotacionais, sã o consideradas quando o motor
opera em vazio, ou seja, sem cargas impostas ao seu eixo.
Quando é requerida potência do motor para acionar cargas, dizemos que o motor est á operando com
carga. É aí que se manifestam perdas devido à reação de armadura, que cria distorção no campo magné-
tico; instabilidade na rota ção; e queda de tensão no coletor, podendo gerar centelhamento 3 e também as
perdas no cobre e no ferro se manifestam mais intensa mente.
Os motores elétricos de corrente contínua, com imã permanente, são também conhecidos como mo-
tores com campo fixo e são empregados em má quinas e equipamentos industriais que necessitam de
controle de velocidade com precisão e forç a mec ânica.
A grande vantagem desse tipo de motor é não apresentar quase nenhuma perda joule4 no rotor, e as-
sim assegurar um rendimento muito maior, por ter suas dimensões reduzidas apresentando também um
menor custo. Este motor não pode ser ligado diretamente à rede de energia, por esse motivo é necessá rio
o uso de um inversor com software específico.
Terminal de
ligação
Rotor
bobinado
Coletor
Tampa
Estator com'
imã permanente
Esses tipos de motores sã o constituídos fisicamente por: estator com imã permanente, rotor bobinado,
tampas, coletor ou comutador, escovas deslizantes, porta-escovas e terminais de liga ção.
SIMBOLOGIA
Compreendera simbologia é extremamente importante, pois cada componente elétrico possui símbo-
los grá ficos próprios, que sã o usados em diagramas e manuais. Para motores, será sempre usada a repre-
sentaçã o atrav és de um círculo, contendo na parte interna a letra "M", e uma indica çã o do tipo de alimen-
ta çã o que o mesmo ir á receber.
Para motores de corrente contínua, ser ã o indicadas, também, caracterí sticas relativas ao tipo construtivo.
AI A2
O o
Na imagem anterior, vimos a representa ção do motor de corrente contínua com rotor bobinado, onde
o círculo representa o motor com seu tipo de alimentaçã o. Temos, também, a representa ção de uma "fer-
radura" logo acima do círculo maior, indicando que se trata de um imã permanente; dois pequenos retâ n-
gulos posicionados ao lado do círculo representando as escovas; e as indica ções A 1 e A 2 representando os
terminais de alimenta ção do motor .
LIGAÇAO
Esse tipo de motor tem dois terminais com uma ligaçã o, sua fonte de tensão é contínua e o sentido de
giro depende exclusivamente da polaridade que se liga a esses terminais.
Para inverter a rotaçã o, basta inverter a polaridade dos terminais que, consequentemente, a rota ção
ficar á contrá ria.
IDENTIFICA ÇÃO
Os motores de corrente contí nua com imã permanente também funcionam como gerador de corrente
contínua ( ou gerador de tensã o contínua). Para que ele funcione como gerador, deve-se acoplar o eixo do
motor a uma fonte de movimento capaz de girar e manter a rotaçã o constante.
CASOS E RELATOS
Em uma determinada empresa de manutençã o de equipamentos ferroviá rios, os mec â nicos Ro-
berval e Raimundo realizavam a montagem de um motor diesel. No galpã o havia uma pequena
ponte rolante para elevaçã o de peç as, que tinha passado por recente manutenção, executada por
um eletricista novato e pouco experiente. Nela existia um motor CC para o movimento lateral da
ponte. Ao tentar usar o equipamento, eles perceberam que esse movimento lateral não ocorria. En-
t ão, acionaram o experiente eletricista Paulo, que verificou que não houveram testes adequados do
equipamento ao t érmino da manutenção. Ao fazer a inspeçã o da falha do equipamento, detectou
que tinham sido colocadas escovas novas no motor; porém, a montagem estava incorreta, e uma
das escovas estava mal posicionada no porta-escovas, por isso, nã o fazia contato com o coletor,
impedindo a circula ção da corrente o consequente funcionamento do motor. Paulo corrigiu o posi-
cionamento da escova, testou o equipamento e constatou que este estava pronto para uso; ent ã o,
procedeu com a libera ção do mesmo.
Portanto, após manutenção em motores, e em equipamentos elétricos diversos, faz-se necessá rio a
realizaçã o de testes adequados antes da colocação em operaçã o, para evitar retrabalhos e paradas
desnecessárias do equipamento.
Por meio do Casos e Relatos apresentado, voc ê pôde observar a import ância de realizar, com bastante
cuidado e atenção, a manutençã o de motores de corrente contínua e da montagem de suas partes cons-
trutivas, para evitar transtornos com retrabalhos, paradas não programadas, quebras ou empenosem par-
tes relativamente fr ágeis como escovas e porta-escovas.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
Caracterizadopor possuir bobinas ao invés de imãs permanentes no seu estator, estes tipos de motores
de corrente contínua s ão utilizados em má quinas e equipamentos industriais onde existe a necessidade de
um melhor controle da velocidade desenvolvida pelo motor, como também do torque.
Esse tipo de motor permite atingir velocidades maiores que as atingidas pelos motores de imã perma -
nente, além de ter um controle maior do campo magnético da armadura e também do campo magnético
no estator.
As má quinas que utilizam esse tipo de motor possuem conversores de corrente alternada e corrente
cont ínua (CA/CC), para controlar a velocidade do torque e do sentido de giro do motor CC.
Os motores de estator bobinado, como apresentado anteriormente, possuem as mesmas partes cons-
trutivas dos motores de imã s permanentes; com a diferenç a de que estes ( os imã s permanentes) são subs-
tituí dos por bobinas.
Bobinas do estator
Nos motores de corrente cont ínua com estator bobinado, o rotor é chamado de armadura e as bobinas
do estator são chamadas de bobinas de campo.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
SIMBOLOGIA
Na simbologia especí fica para os motores CC de estator bobinado, temos letras e números identifican-
do as ligações da armadura e do campo.
SI S2
F1 nr^r\ F2
AI M A2
É importante salientar que devido ao fato de termos vá rios tipos de ligações que podem ser feitas nes-
ses motores, os mesmos podem possuir grupos diferentes de bobinas. Essas bobinas podem ser represen-
tadas por S1 e S 2, simbolizadas por um traço mais grosso; e por bobinas representadas por F1 e F2. Esse
traç o mais grosso indica exatamente que o fio utilizado para fazer as bobinas também possui essas carac -
terí sticas, quanto à diferenç a de espessura, chamada de seção transversal do fio.
Os terminais de ligação do motor de corrente contínua de estator bobinado têm sua armadura e suas
bobinas de identificaçã o por letras e números:
- SI e S2 representam uma ou duas bobinas (ou grupo de bobinas) de campo, que devem ser ligadas
em série com a armadura. Esse grupo de bobinas possui fio de maior espessura para suportar a cor-
rente do induzido;
- F 1 e F2 representam a bobina (ou grupo de bobinas que possuem o fio mais fino), que deve ser ligada
à armadura do motor. Essas bobinas n ão conduzem correntes elevadas;
IDENTIFICA ÇÃO
Os motores de estator bobinado são muito semelhantes aos motores CC de imã permanente; e as suas
bobinas do estator têm caracterí sticas semelhantes às dos motores de corrente alternada.
Para esses motores, existe também a possibilidade de funcionarem como geradores de corrente contí-
nua ( ou gerador de tensã o contínua).
A seguir conheceremos os tipos de motores de corrente contínua de estatores bobinados. Esses moto-
res apresentam caracterí sticas de funcionamento especí ficas para cada forma de ligaçã o e essas liga ções
definem a classifica ção dos mesmos.
Nesse tipo de liga ção as bobinas de campo no estator ficam em série com o enrolamento do rotor e
ambas possuem poucas espirass, que determinam uma caracterí stica de forte conjugado de partida. A cor-
rente é a mesma percorrendo o estator e a armadura, o que proporciona um campo magnético no estator
alto; e em razã o disso, a intensidade do campo magn ético é alta, proporcionando um giro mais r á pido do
rotor, fornecendo assim mais velocidade.
LIGAÇ AO
A ligação do motor CC de campo série recebe o nome de motor CC de excitaçã o em série. Esse tipo
de motor CC apresenta um alto conjugado na partida, ou seja, o motor é capaz de iniciar sua partida com
plena carga e, devido a isso, são usados em equipamentos de movimenta ção de cargas de alta inércia, tais
como trens elétricos, guindastes e pontes rolantes.
Esse motor nã o deve ser acionado sem carga mec ânica, ou em vazio, pois vai chegar a uma velocidade
t ã o elevada que causar á danos irreversí veis ao mesmo se n ão for imediatamente desligado.
5 Espiras: cada uma das "voltas" de fio que compõe uma bobina.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
SIMBOLOGIA
Vejamos a seguir a simbologia do motor de corrente contínua, utilizada nos projetos elétricos.
A1 S1
S2
M A2
A configura ção de liga ção desse motor apresenta a liga ção da( s) bobina( s) de campo em série com o
rotor ( armadura ). Os terminais A 2 e S 2 sã o interligados, e a alimentação é feita em A 1 e S1.
IDENTIFICAÇÃ O
A corrente de armadura passa pelo bobinado de campo, gerando o fluxo magnético. Enquanto a satu-
ração magnética6 nã o for atingida, o motor terá sua velocidade diminuí da, de forma inversamente propor-
cional à intensidade de corrente que circula na armadura.
Essa importante característica permite que o motor série possa trabalhar em regimes de sobrecarga;
e mesmo nessas condições, o aumento do consumo de corrente que ele apresentará será relativamente
moderado.
MOTOR UNIVERSAL
Existe, no universo dos motores, uma caracterí stica especial para os motores CC de rotor bobinado com
excitaçã o série, é a possibilidade de funcionar tanto com alimenta ção em corrente contínua (CC) como
com corrente alternada (CA ). Essa caracterí stica lhes confere a denominaçã o de motores universais.
Uma característica funcional de destaque dos motores universais é o alto conjugado que os mesmos
apresentam na partida. E em opera ção, conseguem desenvolver velocidade relativamente alta.
6 Saturação magnética: é o estado alcanç ado quando um aumento na aplica çã o externa de um campo magné tico nã o pode
aumentar a magnetizaçã o do material, o campo magnético total fica limitado.
2 MOTORES DECORRENTE CONTÍNUA
Normalmente, os motores universais sã o fabricados para trabalhar com tensões de 110 V e também de
220 V CC ou CA, com pot ências de no má ximo 300 W.
LIGAÇAO
Seu princípio de funcionamento é o mesmo que o dos motores CC de rotor bobinado com liga ção em
série; acrescentando-se que, quando no caso da alimentaçã o com corrente alternada, ocorrem as constan-
tes inversões da polaridade da tensã o na fonte ( fonte CA); ent ão, invertem-se simultaneamente a polarida-
de do campo magnético no estator e o sentido da corrente no rotor, continuando a ser produzido torque
no mesmo sentido.
SIMB0L0GIA
Na imagem a seguir vemos a configuraçã o de liga ção do motor universal; nela, temos a ligaçã o do bo-
binado de campo em série com o rotor (armadura).
Alimentação
em
CA ou CC
S S
Observe que os terminais da armadura ( A) s ã o ligados a um terminal de cada uma das bobinas do cam-
po (S); e a alimenta ção é feita nos outros terminais das bobinas de campo.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
IDENTIFICAÇÃO
Tanto no ambiente industrial, como no residencial, é muito comum encontrarmos este tipo de motor,
pois o mesmo é bastante utilizado em eletrodomésticos (liquidificadores, batedeiras, secadores de cabelo,
etc.) e em algumas máquinas port áteis usadas na indústria, como lixadeiras manuais e sopradores térmicos.
LIGAÇ AO
As bobinas de campo no estator ficam em paralelo com as bobinas do rotor e sã o constituídas por um
grande número de espiras, possuindo fios finos. Isso dá uma caracterí stica de obter velocidade constante
com ampla variaçã o de carga, isso pelo fato de as tensões serem as mesmas, tanto no rotor como no es-
tator, o que proporciona um campo magnético no estator baixo. Sendo assim, o giro do rotor não é t ão
intenso e isso determina uma velocidade mais controlada e constante.
O motor CC com ligaçã o em paralelo tem como velocidade básica aquela apresentada com carga má-
xima. O ajuste de velocidade desses motores é feito utilizando-se uma resist ência variável ligada ao seu
campo; e normalmente se faz isso usando um reostato ' de campo.
Com o recurso do reostato, consegue- se velocidade praticamente constante no motor, para todas as
cargas.
SIMBOLOGIA
A simbologia especí fica para esse tipo de motor mostra, com bastante clareza, a forma de ligaçã o do
mesmo. Vejamos:
7 Reostato: resistência utilizada para minimizar picos de energia elevados em motores CC, proporcionando sua partida gradativa.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
AI A2
F1 F2
Na imagem anterior, vemos a ligação em paralelo, que é definida com base na alimentaçã o, feita nas
interconexões de A 1 com F 1 e de A 2 com F 2. Esses motores também sã o conhecidos por motores de exci-
ta çã o paralela ou em derivaçã o.
IDENTIFICAÇÃO
Como dito anteriormente, nas aplicações com motores CC, as que apresentam esse tipo de ligaçã o são
as mais comuns. Em opera ção, eles apresentam um aumento linear no torque, acompanhado de um gra -
dual aumento na corrente da armadura.
O motor de campo composto em derivaçã o incorpora as vantagens dos motores de campo série e dos
motores de campo paralelo. Oferecem um alto torque na partida com velocidade est ável, mesmo com
variações no conjugado da carga.
Importante dizer que esse tipo de motor trabalha com seguranç a, sem carga imposta a ele. Quando se
vai adicionando carga, acontece uma diminuiçã o na sua velocidade, e o torque é maior em compara ção
com o do motor paralelo.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
LIGAÇ AO
Neste motor existem dois enrolamentos, um em s érie e outro em paralelo. Comumente, faz-se um aco-
plamento entre esses dois enrolamentos, de forma que os fluxos magnéticos se adicionem, compondo
uma excitaçã o mista.
Essa configuraçã o consiste em ligar uma das bobinas de campo em série com a armadura e outra bo-
bina em paralelo com a armadura, permite alto torque na partida com velocidade está vel, mesmo com
variações no conjugado da carga.
Por isso, essa liga ção é usada para máquinas que partem com carga e precisam de estabilidade de ve-
locidade.
SIMBOLOGIA
Na simbologia aplicada para esse tipo de motor percebe-se claramente a distinçã o da forma como são
ligados ao grupo de bobinas representado por S, e o grupo de bobinas representado por F.
AI S2
M \ A2
S1
F1 F2
Nas liga ções em quest ão, F 1 e F 2, sã o ligados diretamente na alimenta ção; enquanto é feita uma série
entre a armadura e o grupo S de bobinas, com uma interliga çã o de A 2 com SI ; e A 1 e S2 s ã o ligados à ali-
menta ção.
IDENTIFICA ÇÃO
O motor de campo composto em derivaçã o incorpora as vantagens dos motores de campo série e dos
motores de campo paralelo.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
A título de compara ção, o enrolamento shunt é formado por bobinas contendo muitas espiras, feitas de
fio de mais fino, enquanto o enrolamento série é formado por bobinas com poucas espiras feitas com fio
de maior seção, ou mais grosso.
É um tipo de motor ideal para acionamento de sistemas, má quinas ou equipamentos que apresentam
variações bruscas de carga e que, por isso, requerem estabilidade.
LIGAÇ AO
Essa liga ção é bastante utilizada em má quinas, tais como os rolos de fabricaçã o de papel, extrusoras e
laminadores, ou ainda, naquelas em que se deseja a variaçã o e o controle da velocidade de rotaçã o, uti-
lizando conversores CA/CC, como acontece com as chamadas CNC (Máquinas com Comando Numérico
Computadorizado).
Nessa configuraçã o, a bobina de campo é conectada de forma independente da ligaçã o da armadura.
Dessa forma, pode-se controlar a tensã o e a corrente no campo e na armadura, separadamente.
SIMBOLOGIA
A liga ção Compound tem o intuito de combinar o melhor da ligaçã o paralelo ( ou shunt ), com o melhor
da ligaçã o série.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
AI A2
F1 F2
Na imagem anterior vimos que, embora a armadura e campo sejam ligados à mesma fonte, não temos
interconexões entre eles. Com isso, pode-se inserir um reostato e fazer o controle dos mesmos, de uma
forma independente.
IDENTIFICAÇÃO
Para obtermos a inversã o do sentido de rota çã o em um motor de corrente contínua em deriva ção, de-
vemos mudar a polaridade magnética do campo do rotor em relaçã o ao estator, invertendo a polaridade
elétrica de um desses campos. Por exemplo, se inverter a polaridade da armadura, é necessá rio manter a
polaridade do estator.
O diferencial do motor de campo composto independente é associar as caracterí sticas e vantagens dos
motores de campo paralelo independente, à s dos motores de campo série; por isso, esse motor propor-
ciona um controle da velocidade e permite um torque constante para grandes varia ções da carga, além de
oferecer elevado torque na partida, o que permite partir a plena carga.
LIGA Ç AO
Os motores de corrente contí nua de campo composto, que possuem estator bobinado, também têm a
capacidade de gerar eletricidade, funcionando como um gerador CC. Para isso, é necessá rio alimentar as
bobinas de campo do estator com tensã o contínua fixa e fornecer rotaçã o constante para girar o eixo. A
energia gerada é disponibilizada nos terminais da armadura, A 1 e A 2.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
A tensã o e a corrente geradas dependem da tensã o e da pot ência do motor; já a polaridade da tensão
depende do sentido de giro do eixo.
SIMBOLOGIA
Pela simbologia deste tipo de motor, podemos entender facilmente, e com clareza, a liga ção de campo
composto independente.
AI SI
S2
M A2
F1 F2
Figura 12 - Simbologia do motor CC de campo composto independente
Fonte: SENAI DR BA 2018.
Na imagem anterior, pudemos ver a combinaçã o da ligação do campo paralelo tendo F 1 e F 2 ligados
à fonte, independente da liga ção série que é configurada pela interconex ã o entre A 2 e S 2, tendo A 1 e S 1
também ligados à rede.
IDENTIFICAÇÃ O
Quando o motor tiver a função de gerador e o seu eixo for movimentado, haverá rota ção constante;
ent ão, poderemos coletar uma tens ã o contínua fixa, que surgir á nos terminais de campo S 1 e S 2 ou F1 eF 2.
Para ter acesso a mais informa ções sobre qualquer tipo de motor elé trico, acesse por
SAIBA meio de sites de busca da internet pelas palavras- chave: "motores el étricos" ou " ma-
MAIS nual de instalaçã o". Os fabricantes de motores disponibilizam cat álogos e fichas técni-
cas dos produtos.
Chegamos ao final de nosso capítulo. Espero que tenha aprendido bastante, mas, nã o pare por aqui
não, continue estudando e se atualizando.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
RECAPITULANDO
Neste capí tulo, você pôde conhecer os motores de corrente contínua e ver que eles nos oferecem a
possibilidade de controle de velocidade mantendo o torque do motor. Foi visto também que todos
os motores CC possuem o rotor bobinado; porém, no estator pode ou não ter bobinas, o que nos
permite a possibilidade de varia ções do campo; e também, podem ser de campo fixo (também de-
nominados de imã permanente).
Vimos que motores de imã permanente sã o empregados em má quinas e equipamentos industriais
que necessitam de controle de velocidade com precisã o e forç a mec ânica. Conhecemos também
.
suas partes, caracterí sticas, simbologia, liga çã o e identificaçã o Em seguida, vimos que os motores
de estator bobinado podem realizar diferentes formas de ligações, o que vêm a defini-los, e lhes con-
ferir diferentes caracter ísticas funcionais e de uso, podendo ser: motor de campo série; de campo
paralelo; de campo composto em deriva çã o ou excitaçã o misto; de campo paralelo independente; e
de campo composto independente.
Vimos a importante caracter í stica do motor CC de estator bobinado com campo em série, de funcio-
nar também com corrente alternada (CA), o que lhe d á a classificaçã o de motor universal.
Aprendemos que o motor de corrente contínua também pode gerar eletricidade se fornecemos
movimento ao seu eixo. Por fim, foi mostrado que a identifica çã o quanto à instalação dos motores
industriais é imprescindí vel; e que os motores elétricos ( sejam de CC ou de CA) estã o presentes em
praticamente todos os tipos de má quinas e equipamentos utilizados nas indústrias.
2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
Gerador elétrico
Você já parou para pensar como a energia elétrica é gerada ? Que caminhos ela percorre até
chegar à tomada da TV ? Ou ainda, esta energia pode ser armazenada ? Pior ainda, já imaginou
hospitais sem energia elétrica ? Comunicaçã o global sem satélites? Estes e outros questiona -
mentos est ão ligados ao processo de geraçã o de energia elétrica.
O gerador elétrico é um dispositivo que transforma a energia mec â nica de rotaçã o em ener-
gia elétrica. Geralmente, a energia cinética é dada por energia potencial da á gua, queima de
combustí veis para gera ção de vapores, rota ção de hélices, luminosidade ou até mesmo por um
motor elétrico.
A energia mec â nica usada para acionamento dos geradores pode ter origem natural ou
artificial e podem ser renová veis ou nã o. A escolha daquela que será utilizada leva em conta o
seu potencial motriz, custo de implanta ção, disponibilidade, etc.
Ao longo deste capítulo falaremos dessas importantes máquinas, funda mentais na produti-
vidade, seguranç a, saúde, conforto, comodidade e todos os aspectos da vida moderna, sobre-
tudo, em situa ções e setores onde não pode haver interrupções: os geradores.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
O gerador elétrico tem caracterí sticas que o assemelham a um motor elétrico. Na verdade, o princípio
de funcionamento é basicamente o mesmo. Ambos utilizam o princípio de que quando um fio condutor
corta as linhas de forç a de um campo magnético, surge uma tensã o elétrica nas suas extremidades.
Bobina giratória
Aneis
deslizantes
(comutador)
\
Escovas
de carvã o
Corrente alternada
induzida
A diferenç a é que no princípio do gerador, condutores que s ão movidos dentro de um campo magné-
tico geram energia; e no princípio do motor, condutores que sã o percorridos por uma corrente elétrica
geram um campo magnético que produz movimento.
Os geradores sã o constituídos por duas partes fundamentais: o estator, que é a parte fixa de um gera-
dor, conhecida funcionalmente como induzido; e também a parte móvel do gerador, que recebe o nome
de rotor e é tratado funcionalmente por indutor.
No universo da eletricidade, podemos ter geradores que produzem corrente alternada (CA ), que são
chamados de "alternadores"; e tamb ém podemos ter os geradores que produzem corrente contínua (CC),
também chamados de "dínamos", e ambos possuem o mesmo princípio de funcionamento.
A energia elétrica que consumimos em nossas casas, escolas, empresas, etc., normalmente é em cor-
rente alternada, e é produzida em grandes geradores das usinas hidrelétricas. Nessas usinas hidrelétricas
faz-se o represa mento da água, liberando-a atravé s de canais direcionados para turbinas, fazendo com que
elas girem. Tratando de uma forma bem sintetizada, sã o colocadas bobinas, condutores e imã s nessas tur-
binas, onde ocorre a conversã o da energia mec ânica de rota ção em energia elétrica, através do princípio
da indução eletromagnética.
Nos geradores utilizados para alimentar locais onde a energia elétrica das concessionárias nã o chega,
ou est á em falta, as energias mec â nicas rotativas para girar o eixo do gerador normalmente vêm de mo-
tores semelhantes aos dos automóveis, que usam gasolina ou óleo diesel como combust ível, e produzem
energia elétrica, em ní veis de tensã o que normalmente atende aos usuá rios finais (indústria, comércio,
3 GERADOR ELÉTRICO
.
zonas rurais e residências) com pot ências variadas, de acordo com o modelo e tamanho Esses geradores
podem ter desde pequeno porte, conhecidos como portá teis; até grandes e pesadas má quinas, conheci-
das como grupos geradores, que normalmente s ã o transportadas em caminhões.
Para os geradores CA, o rotor é o indutor, que recebe excita ção vinda de uma fonte de corrente con-
tínua (CC ), para que possa criar um campo magnético polarizado no seu bobinado. Ao receber um mo-
vimento de rotaçã o contínuo em seu eixo, esse indutor gira no interior do estator, que tem uma tensão
elétrica surgindo em seus terminais.
Por ém, os rotores possuem algumas caracterí sticas quanto aos seus polos indutores, que os diferen-
ciam; e essas caracterí sticas definem seus dois tipos, conforme veremos a seguir:
a ) Geradores CA de polos indutores salientes; acionados por uma for ça rotativa de baixa velo-
.
cidade, possuem peç as polares com bobinas, fixadas na superfície do rotor A liga ção dessas bo-
binas é em série, com suas extremidades conectadas aos anéis coletores, que possuem lâminas
isoladas entre si. Podem receber excita çã o atrav és desses anéis, vindas de uma fonte de corrente
cont ínua. Nos geradores de CA precisamos de velocidade de rotaçã o constante para poder man-
ter a frequência também constante; e será necessá ria a variação da intensidade do campo de
excitaçã o, para se obter o controle da tensão de saí da;
b) Geradores CA de polos indutores nã o salientes: neles, ao invé s de peç as polares, temos "ras-
gos" ou aberturas que formam canais ao longo da face externa do rotor, onde são colocadas e
devida mente fixadas as bobinas. Neles, teremos de 4 a 12 polos. Esses rotores possuem diâ metros
relativamente pequenos e comprimento grande. Sã o acionados através de forç a cinética que pro-
porcionem giros de alta velocidade (normalmente turbinas).
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
Independentemente do tipo de gerador CA, a geraçã o de energia elétrica se dar á pela interaçã o entre
o rotor que trabalha como indutor; do estator, que trabalha como induzido e por onde será retirada a ten-
s ão produzida; a excitaçã o, vinda de uma fonte que pode ser externa, ou aproveitando a autoexcita ção;
e do movimento giratório imposto ao eixo do indutor. O seu funcionamento se dá na medida em que o
movimento de rotaçã o no eixo faz girar o rotor (indutor ), fazendo com que seu campo magnético "corte" o
bobinado do estator (induzido). Como o campo magnético de cada bobina do induzido tem polo Norte (N)
e polo Sul (S), o giro do rotor faz com que o campo induzido seja ora em um sentido, ora em outro; ent ão,
a tensã o também inverte a polaridade, faz surgir uma corrente elétrica alternada (na qual a polaridade se
inverte frequentemente), que pode ser monofásica, ou trif ásica, em funçã o da construçã o do alternador. A
velocidade da inversã o de sentido é o que chamamos de frequência, sendo determinada pelo número de
pares de polos e pela velocidade angular do giro.
Os geradores CA possuem caracterí sticas distintas quanto à sua produção. Seu campo magnético pode
ser:
a ) Gerador sí ncrono: recebe este nome por ter duas de suas partes trabalhando em sincronia: o
campo do estator e do rotor. Neles, a frequência da corrente elétrica produzida está sincronizada
com a rotaçã o do motor que o aciona. Nesse tipo de gerador a frequência da corrente alternada
produzida permanece fixa, mesmo em situa ções de variaçã o da carga que o mesmo esteja ali-
mentando;
b) Gerador de indução ou gerador assíncrono: só converte energia mec ânica em elétrica a partir
da chamada "frequência de sincronismo", que é uma velocidade bá sica de rota ção para que a
geraçã o aconteç a. Por conta disso, neles, o rotor precisa girar mais rá pido que essa frequência de
sincronismo. Outra caracterí stica importante deles é que se uma carga que esteja alimentando
vier a exceder sua capacidade, a produção de energia do gerador ir á parar de imediato; e para
reiniciar a gera ção, toda a carga ter á que ser removida. Este equipamento não possui contatos
3 GERADOR ELÉTRICO
mec ânicos no rotor, que nos revela uma de suas vantagens, reduçã o na manutençã o por desgas-
te de peç as. Uma desvantagem é a necessidade de utiliza ção de bancos de capacitores para suprir
a demanda de energia reativa8, uma vez que o mesmo precisa girar mais rá pido que a frequência
de sincronismo para gerar energia ativa9.
Contudo, independentemente das caracterí sticas anteriormente citadas, teremos o valor da tensão
produzida e da corrente, dependente da intensidade do campo magnético, do número de espiras das
bobinas e da seção transversal (espessura) do fio usado na sua construção. Quanto à frequência da tensão
senoidal produzida, ir á depender da velocidade do giro a que forem submetidas as bobinas.
Os geradores de corrente contínua sã o má quinas que produzem energia elétrica com caracterí sticas
lineares, ou seja, sem inversã o de polaridade, a partir de energia mec ânica rotativa. Normalmente, os gera-
dores CC s ã o acionados por motores a combustível ou por motores assíncronos.
Existem dois tipos de geradores de corrente contínua, os de estator bobinado ou de imã permanente;
mas, os dois tipos possuem o rotor bobinado e o princípio de funcionamento é o mesmo.
Em um gerador elétrico, para obter um perfeito funcionamento, é preciso haver uma quantidade de
for ça para girar seu rotor interno em determinada frequência, gerando um campo magnético entre seus
polos positivos e negativos, que ir á gerar uma diferenç a de potencial surgindo uma corrente elétrica.
Os geradores de corrente contínua são compostos por um indutor, que nesse caso é o estator com suas
bobinas de campo montadas em peç as polares ou em ranhuras, sempre em número par; e pelo induzido
(nesse caso, o rotor ), com bobinas alojadas em ranhuras, tendo seus terminais ligados ao coletor. Possuem
um porta -escovas fixado e isolado em uma das tampas, com suas escovas em contato com o coletor. Essas
má quinas também produzem corrente alternada em sua essência; porém, o arranjo de montagem das lâ-
minas de cobre do coletor, isoladas entre si, permite que a tensã o alternada produzida no induzido tenha
a determinaçã o de seus polos positivo (+) e negativo (-), e a devida separa ção e distinçã o dos mesmos.
8 Energia reativa: é aquela que é produzida através do fluxo magnético das bobinas dos equipamentos, para que os eixos dos
motores possam ser girados.
9 Energia ativa: é a energia que realmente executa trabalho esua medida é expressa em kWh.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
Tratando da funçã o espec ífica das principais partes integrantes dos geradores, temos:
ESTATOR
Esse componente faz parte de um gerador, se mantém fixado à carcaç a tendo a funçã o de conduzir o
fluxo magnético.
Quando o rotor gira por consequência de uma for ç a cinética externa, proveniente de alguma forma de
energia cinética, a ddp gerada no estator é ent ão ligada a um circuito externo, por exemplo, a uma rede de
transmissão de energia elétrica.
Figura 16 - Estator
Fonte: SH UTTERSTOCK, 2018.
ROTOR
Também chamado de armadura, o rotor é composto por bobinas e comutador com segmentos de co-
bre. Para cada enrolamento ou bobina existente no estator, tem- se um par desses segmentos, chamados
de lâ minas, no rotor; e existe uma isolaçã o feita através de lâminas de mica ' 0 para cada um. Os segmentos
s ã o instalados ao redor do eixo do rotor e isolados do ferro do eixo.
Esses segmentos sã o as bobinas do rotor, que criam e induzem o campo magnético no estator. Este
campo magnético (quando o rotor est á em movimento) é responsá vel pela produção do fluxo intercepta-
do pelo estator.
ESCOVAS
As escovas, com sua composiçã o em grafite, sã o conectores fixos, instalados sobre molas permitindo o
deslizar sobre o rotor no eixo do estator. As escovas fazem a liga ção entre a carga externa e os enrolamen-
tos do estator.
Figura 18 - Escwas
Fonte: SH UTTERSTOCK, 2018.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
—P \ FIQUE U m g e r a d o r elé trico tem grande valia nas organizaçõ es, pois na falta da energia elé -
trica fornecida pela concessionária de distribuiçã o, tem - se como manter em funcio -
•J ALERTA namento equipamentos essenciais para o funcionamento do neg ócio; por é m, preci-
samos ficar alertas ao correto dimensionamento dos mesmos.
3.2 SIMBOLOGIA
Como todo componente elétrico, eles possuem símbolos específicos, que s ã o usados em diagramas e
manuais. Para simbolizar os geradores, faz-se a utilizaçã o de um círculo, contendo na parte interna, a letra
"G", euma indica ção do tipo de tensã o que produz. Sendo corrente alternada, teremos somente a letra "G";
se for corrente contínua, apresenta um tra ço reto.
Gerador, símbolo
geral © © © © ©
Gerador de corrente
contínua © ® («N) © ©
Gerador síncrono
trif á sico ligado em
estrela
Gerador síncrono
trif ásico de im ã
permanente % ê s § a
Gerador síncrono
monofásico de im ã
permanente
LI
© a S §
Gerador de corrente
contí nua com
enrolamentos de
compensação e
©
Lí
Pj
I O
invers ão polar
3.3 IDENTIFICAÇÃO
A identificaçã o dos geradores se dá atravé s da verifica ção das informações comunicadas pelo fabrican-
te, atrav és da utiliza ção de dados padronizados por normas técnicas. Aqui no Brasil, seguem- se as deter-
minações ABNT, apontando para as caracterí sticas da carga a ser alimentada e as condições de opera ção
que o gerador ter á.
Para os geradores de corrente contínua (ou dínamos), temos como dados de placa:
- Potência nominal de saí da (em Watts);
- Tensão nominal de sa ída (em Volts);
- Corrente nominal má xima que a carga pode consumir (em Ampères ou múltiplos);
3.4 DIMENSIONAMENTO
O dimensionamento de um gerador, ou motor elétrico, deve ser bastante assertivo em instalações elé-
tricas e alguns itens devem ser respeitados conforme normas e capacidade técnica do eletricista respon-
sá vel, sendo: a fonte de alimentaçã o, a frequência de rede, o tipo de carga a ser utilizado, o regime de
funcionamento (contínuo ou intermitente), a temperatura e as caracter ísticas do ambiente, presentes no
local da instalaçã o, etc.
Todos esses fatores sã o conhecidos nos geradores e motores atrav és de suas respectivas placas de iden-
tificaçã o e vale ressaltar ainda que, durante a partida de um motor, a energia consumida é muito superior
ao seu valor de consumo durante a marcha; sendo assim, o gerador e o motor deve ser dimensionado
corretamente para atender à demanda naquele momento.
Ter um gerador para utiliza ção na realizaçã o de atividades bá sicas diminui a defasagem no fator de
potência, pelo fato de gerar maior energia ativa em uma instalaçã o.
Para isso, precisaremos definir qual a potência a ser utilizada (consumo em Watts), contamos com o
c á lculo de necessidade utilizando a seguinte fórmula:
Pot ência ( Watts) = Tensã o (Volts) x Corrente (Ampère), além disso, podemos assumir para fins comer-
ciais ou de apresenta ção de projeto que 1CV = 750W e 1000W = 1KVA.
No momento em que sã o feitos os c á lculos de dimensionamento do gerador, é preciso atentar-se ao
pico inicial no acionamento de motores elétricos, pois os mesmos em relaçã o ao funcionamento normal,
podem consumir at é 4 vezes ma is, por este motivo, é preciso aferir esses valores ao dimensionar o gerador.
De modo geral, o correto dimensionamento de um gerador significa a escolha correta e adequada de
uma dessas máquinas para determinada situaçã o, na certeza de que ser á obtido desta o má ximo rendi-
mento, durabilidade e desempenho.
Para sermos assertivos nessa indicaçã o ou escolha do gerador adequado a uma aplica ção, precisamos
considerar alguns pontos e fatores que influenciar ão no correto e má ximo funcionamento do gerador;
como:
- Os chamados fatores geográficos, que se referem à temperatura e altitude do ambiente onde o gerador
será instalado;
- O tipo de regime de operação do gerador ( se o grupo gerador em questã o será a única fonte de energia
do local);
- O tempo em que o gerador ser á mantido em opera ção cont ínua;
- O tempo de consumo das cargas, durante a opera ção do gerador;
- E vários outros fatores que possam influenciar no desempenho do gerador.
3 GERADOR ELÉTRICO
Você conhece o funcionamento em vazio e com carga? A seguir poderá aprender uma pouco sobre
esse tema.
FUNCIONAMENTO EM VAZIO
Quando operando em vazio, ou seja, sem alimentar cargas, os geradores t êm sua produçã o de tensão
se comportando da seguinte forma: a tensão produzida vai crescendo a partir de "zero"; e à medida que a
excitaçã o vai aumentando, a tensã o gerada também aumenta, at é chegar ao ponto de saturação magné-
tica, que é quando o campo magnético para de crescer. A tensã o de saída deixa de ser linear e apresenta
uma curva, mesmo aumentando-se a excitaçã o.
V
( Tensão /
gerada ) /
Tensão nominal
Regiá ode
satura çã o do
campo magn ético
IEX
Quando um gerador opera com carga ligada à sua sa ída, a sua geraçã o de tensão apresenta caracterís-
ticas diferenciadas para cada tipo de carga. Vejamos:
a ) Uma carga resistiva vai consumir toda a potência entregue pelo gerador, provocando queda
na tensão de saída. Para manter a tensã o no mesmo ní vel de vazio, é necessário um gradual au-
mento na excitaçã o;
b) Cargas capacitivas têm a capacidade de acumular energia. Quando uma carga com essas carac -
terí sticas é ligada à saí da de um gerador, a energia nã o é consumida, e é devolvida para as corren-
tes (chamada de energia reativa ) de carga ao gerador, somando-se à de excitaçã o, resultando em
uma "excita ção a mais". Quando alimentando esse tipo de carga, o gerador deve ter sua excitação
reduzida;
c ) No caso de cargas indutivas, que são aquelas relativas a circuitos com elementos eletromag-
néticos como eletroímã s, motores, bobinas, etc., que não consomem energia e a armazena no
seu campo magnético e também " devolvem " a corrente ao gerador (energia reativa); por ém, se
opondo à corrente de excita ção, de maneira contrá ria à s cargas capacitivas, acarretando uma
desmagnetizaçáo. Com esse tipo de carga na saída do gerador, para termos tensã o constante nos
terminais de saída, faz-se necessá rio um grande aumento na corrente de excitaçã o.
3.6 LIGA ÇÕ ES
As liga ções dos geradores guardam caracterí sticas diferenciadas, em funçã o do tipo de energia a ser
produzida (tensã o contínua ou alternada), e tamb ém com rela çã o à forma de excita ção que recebe.
Nos geradores de corrente alternada (alternadores), as bobinas do indutor são ligadas em série, com o
início de uma bobina ligado ao final de outra bobina de forma alternada, o que faz surgir um polo Norte (N)
e um polo Sul (S), e os terminais de cada uma dessas conex ões sã o ligados ao coletor, por onde receber á
a excita ção. Um detalhe importante é que em todos os geradores sempre teremos pares de polos sendo
formados.
Outra característica importante dos geradores CA é que podemos ter o induzido rotativo com indutor
estacionário; ou induzido estacioná rio com indutor rotativo.
Em pequenos geradores CA, normalmente, temos induzidos rotativos e indutores estacionários, com
potências baixas. Enquanto que nos de indutor rotativo e induzido estacionário, o campo rotativo é excita-
do atrav és das escovas e coletor. Ent ã o, pode- se ligar a carga atravé s das bobinas da armadura estacionária
sem ser necessá rio nenhum contato móvel no circuito (coletor e escova); e na saí da, que se dá pelo estator,
podemos ter altas tensões, que podem chegar a 20.000 Volts.
3 GERADOR ELÉTRICO
Bobinas do
Bobinas do estator I
estator Bobinas
Bobinas
do rotor do rotor
Comutador p Comutador
O O
i
Sa ída em
Fonte CCde i
Sa ída em corrente
excita çã o corrente 1 Fonte CC de alternada
alternada excita çã o
A saí da de tensã o que se dá no induzido pode ser monof ásica ou trif ásica. Nos geradores trif ásicos po-
demos ter as bobinas ligadas em estrela (Y), onde temos a união de um terminal de cada um dos tr ês siste-
mas monofá sicos, que formam um ponto neutro, podendo ainda ser em triângulo (A ), onde tr ê s sistemas
monofásicos s ã o interligados. Para os sistemas trifá sicos, temos uma separaçã o das "fases" (cada um dos
três terminais de saída) em 120° .
F1
F1 F2
O
F2
O
Neutro
F3
OF 3 O
Os geradores de corrente contínua t êm, na verdade, sua produção também em corrente alternada; isso
se explica pelo simples fato de que quando uma bobina gira no interior de um campo magnético, aconte-
cer ão varia ções de fluxo dos polos Norte e Sul, em sucessã o, durante a rotaçã o, e isso far á surgir na bobina
uma tensão alternada senoidal. Ent ão, para termos uma corrente contínua na saída, utiliza -se o artifício de
INSTALAÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
ligar as bobinas do induzido adequadamente nas ranhuras do coletor, de forma a permitir a separaçã o dos
terminais negativo e positivo.
A forma como se faz as liga ções do indutor dã o aos geradores as seguintes classificações:
a ) Excita çã o em separado (Independente): nos geradores com excita ção separada, a excitaçã o do
indutor é proveniente da corrente circulante, vinda de uma fonte externa.
Indutor
Para carga
Fonte de
excita ção
Para carga
b) Autoexcitaçã o: essas m áquinas excitam a si mesmo. Isso decorre de algumas liga ções, que po-
dem ser em série, em paralelo ou mista. Para que a autoexcitaçã o aconteç a, faz-se necessário a
presenç a do magnetismo residual, que é a permanência de magnetismo (relativamente "fraco")
em um material que esteve exposto a um campo magnético. Com o induzido girando dentro des-
se pequeno campo, surge uma corrente induzida, por ém de fraca intensidade. Essa corrente fraca
vai se intensificando gradativamente ao circular pelo rotor, aumentando cada vez mais, até che-
gar ao ponto de conseguir excitar a má quina para que essa produza sua tensão nominal de sa ída.
Indutor Indutor
Para carga
Para carga Para carga
G G
Indutor Indutor
Para falar dos tipos de geradores, é importante refor ç ar o que já foi mostrado Que a produção de ten- .
sã o dos geradores é fruto da induçã o magnética, utilizando o giro de bobinas. A tensã o produzida pode
ser coletada pelo estator (caso dos alternadores), ou ainda pelo rotor (caso dos dínamos). Também vimos
que a forma de onda produzida é sempre senoidal; e que para a produção de corrente contínua (CC), os
geradores possuem uma distribuiçã o especial das lâ minas do coletor, que faz com que os polos, positivo
(+) e negativo (-), sejam devidamente separados.
Quanto às sa ídas de tensã o produzida, os geradores CA podem ser monofá sicos ou trifásicos.
Normalmente, os geradores trifásicos são mais compactos e mais leves que os monof ásicos, devido ao
fato de que a chamada "distribuição espacial" do seu bobinado lhes deixam mais eficientes.
O formato e o posicionamento das peç as polares s ã o definidos de modo que se tem uma concentra ção
maior do campo magnético no centro do polo (que é o ponto de induçã o má xima ), sendo menor em suas
extremidades; e isso explica, inclusive, o porquê da forma da onda produzida ser senoidal. Para cada giro
completo de uma bobina, teremos na saída uma onda completa, o que significa que a tensão atingiu todos
os valores possí veis entre o mínimo e o má ximo, atingindo seu pico ou valor mais alto positivo e negativo,
passando pelo "zero". Como aqui no Brasil a nossa frequência é de 60 hertz, fazemos o c á lculo usando a
seguinte fórmula:
f=
n p .
60
Onde: "f" é a frequência de saí da; "n" é a velocidade do giro do eixo; "p" é o número de pares de polos;
e, 60, é uma constante que representa o número de ciclos da frequência requerida.
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0 90 180 270 360°
Figura 25 - Onda senoidal monofá sica
Fonte: SH UTTERSTOCK, 2018.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
Assim sendo, para o padrã o brasileiro, temos 60 ciclos completos da onda, por segundo; o que significa
que são necessá rias 3.600 rotações por minuto (rpm) no eixo. Sabendo-se que uma bobina representa
um par de polos, logo, se tivermos dois pares de polos, a velocidade necessá ria será de 1800 rotações por
minuto e ir á produzir dois ciclos.
A
SUL
l( II SUL
NORTE
Entã o, ao construir uma máquina com um número maior de pares de polos, distribuídos de forma alter-
nada (um Norte e um Sul), daí ser á um ciclo a cada par de polos, em cada giro.
Essas sã o as chamadas "velocidades síncronas", que s ã o usadas normalmente.
Para um sistema trifá sico, teremos a associa ção de trê s sistemas monofá sicos. E, agora, observando a fi-
gura "Posicionamento da bobina do rotor dentro do estator ", vemos que o bobinado desse tipo de gerador
é constituí do por três conjuntos de bobinas iguais interligadas, distanciadas simetricamente no espaç o,
em uma separa çã o em â ngulos de 120°, sabendo-se que estas ligações podem ser em estrela ou triângulo,
conforme visto anteriormente.
CASOS E RELATOS
Em uma cidade baiana, no período entre os anos 2008 e 2010, verificou-se uma crescente demanda
na solicitação para instalação de geradores de energia elétrica em postos de combustí veis, pois nes-
se per íodo os apagões eram constantes.
No entanto, um caso chamou atenção, pois mesmo com o sistema de geraçã o de energia elétrica
instalado, em dezembro de 2010, quando ocorreu mais um apagã o, as atividades desse estabele-
cimento pararam, ou seja, o gerador que deveria suprir as necessidades do posto nã o respondeu à
demanda solicitada pelos motores das bombas de abastecimento e dos equipamentos de escrit ório.
Foi identificado que o dimensionamento dos geradores para posto de gasolina não estava adequa-
do e, com isso, a empresa precisou lidar com prejuízos além do esperado em caso de apagã o.
Assim sendo, podemos afirmar que é de suma import â ncia o bom dimensionamento de geradores,
tanto em casos onde eles s ão peç a chave do sistema ou em casos onde eles são utilizados como vál-
vula de escape para manter o sistema em funcionamento por determinado per íodo de tempo, a fim
de evitar paradas e distúrbios em sistemas, que podem acarretar em diferentes perdas materiais e
financeiras; e, principalmente, complicações ou interrupções de serviç os essenciais, como o cuidado
à saúde, que pode vir a culminar com perdas de vidas.
Os geradores s ão de vital importâ ncia para o andamento da vida moderna. Desde as grandes usinas, até
os geradores port áteis que fornecem energia em áreas rurais, montanhosas ou retiradas. Suas aplicações
garantem a continuidade ou não interrupção de serviç os e atividades essenciais, e podem ser permanen-
tes como em hospitais e prédios públicos e comerciais; ou temporá rias, como eventos e frentes de serviço
diversas, como pontes, minas, construções, etc.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
RECAPITULANDO
Neste capítulo, vimos que o gerador elétrico é um dispositivo que transforma a energia cinética
( energia mec â nica ) de rotaçã o em energia elétrica.
Vimos que o gerador elétrico tem caracterí sticas que o assemelha a um motor elétrico, na verdade,
o princípio de funcionamento é basicamente o mesmo.
Aprendemos uma metodologia para dimensionamento de gerador elétrico, com o intuito de evitar
risco no atendimento da demanda.
Estes conhecimentos ajudar ã o você a desenvolver habilidades e compet ências para realizar ativida-
des profissionais com geradores elétricos, como especifica çã o, manutençã o e instala ção dos mes-
mos.
3 GERADOR ELÉTRICO
Motores síncronos s ã o máquinas que transformam energia elétrica em mec ânica atravé s do
eletromagnetismo. Essas má quinas trabalham com velocidade constante, além de que sua ve-
locidade guarda proporcionalidade em rela ção à frequência de alimentaçã o. Eles são utilizados
quando há a necessidade de trabalho com velocidades está veis sob a a ção de cargas variantes.
Além disso, podem ser utilizados quando é necessá rio trabalhar com alta potência e torque
constante.
Estator Rotor
Caixa de liga çõ es
Ventilador
Tampas do rolamentos
Os motores elétricos trifá sicos em corrente alternada são, sem dúvida, a maior fonte de
energia de movimento utilizada nas indústrias. Sua import ância é enorme, por isso, neste capí-
tulo os abordaremos com detalhes.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
4.1 FUNCIONAMENTO
Os motores síncronos possuem detalhes construtivos diferentes dos motores assíncronos, sobretudo,
quanto ao método de magnetizaçã o do estator, cuja alimenta ção, ao inv és de ser diretamente na rede de
corrente alternada, se dá através de uma magnetizaçã o especí fica usando uma fonte de corrente contínua,
chamada de excitaçã o.
E é justamente esse recurso que faz com que exista uma proximidade entre os valores da corrente de
magnetização do estator e do rotor. Assim, quando o motor estiver trabalhando em vazio, a corrente do
estator ser á praticamente idêntica à corrente utilizada na magnetizaçã o do sistema; quando aplicada uma
carga, a corrente absorvida pelo estator aumenta, com isso, temos um sistema apto para vencer a resistên-
cia imposta pela carga.
Existem algumas dificuldades operacionais prá ticas na utilizaçã o de motores síncronos, por exemplo,
a necessidade de uma fonte de excitaçã o separada, especí fica para o campo do estator, o que requer alto
investimento em manutençã o.
O sincronismo entre os campos do estator e do rotor permitem ao motor um alto torque e pouca varia-
çã o de velocidade com variações na carga.
Veremos na sequência detalhes caracterí sticos dessas má quinas.
As má quinas síncronas trabalham com a aplicaçã o de uma ddp alternada nos terminais do estator e que
precisam ter o seu campo girat ório excitado, atrav és de uma fonte de corrente contínua. Essa fonte de CC
pode ser adquirida de um grupo retificador ou de uma excitatriz que dever á estar acoplada diretamente
ao eixo do motor, geralmente chamada de dínamo.
O dínamo, por estar acoplado ao eixo do motor, gira assim que o mesmo é acionado, constituindo,
dessa forma, a fonte de CC que irá excitar o motor. A tensão produzida pelo dínamo é levada ao motor por
meio da utilização de anéis coletores, fazendo com que aconteç a a excita ção do campo.
4 MOTORES SÍNCRONOS
É preciso realizar manutençã o peri ódica nos an éis coletores utilizados para partida
FIQUE dos motores s íncronos, pois, caso os mesmos estejam desgastados, podem causar
ALERTA danos ao equipamento, por exemplo, a produ çã o de faiscamento e a quebra das es-
covas.
O motor síncrono do tipo rotor bobinado, geralmente, utiliza os seguintes componentes para o seu de-
vido funcionamento: o estator, que possui as bobinas de campo nele montadas; rotor bobinado; anéis co-
letores, que são responsáveis por levar alimenta ção da excitatriz até o bobinado de campo; e a resist ência.
Utilizam-se tr ês anéis coletores para o auxílio na partida. Eles se acoplam na resist ência externa do reos-
tato, enquanto dois anéis coletores sã o utilizados na excitação do campo.
Figura 30 - Escovas
Fonte: SH UTTERSTOCK, 2018.
INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
Um motor síncrono opera com velocidade de sincronismo e depende muito da frequência da rede que
proporciona a velocidade de rotaçã o.
Quando superexcitadas as máquinas síncronas, fazem com que a corrente avance em rela çã o à diferen-
ç a de potencial ddp entre seus polos, atingindo assim, por analogia, o capacitor e isto faz com que o fator
de potência de uma instalaçã o melhore.
SAIBA Para saber mais sobre motores síncronos, acesse o site Motores S íncronos WEG, uma
MAIS das empresas especializadas na fabricação de motores elétricos.
Os motores síncronos possuem alto rendimento, se adaptam facilmente a qualquer ambiente e são
utilizados em qualquer situaçã o em um ambiente industrial.
4.3 DIMENSIONAMENTO
Como já vimos, o sincronismo entre a frequência e a rota ção do eixo dá aos motores síncronos o seu
nome.
A velocidade síncrona, também denominada rotação por minuto rpm, é definida pela velocidade de
rota ção do campo girante, que, por sua vez, depende do número de polos (p) e da frequência da rede (f).
rpm = (120*f) /p
Sendo que:
rpm: velocidade síncrona (rpm);
Esse tipo de c á lculo funciona para entender como os motores trabalham em velocidade constante de-
terminada pela frequência.
4 MOTORES SÍNCRONOS
Rolamento de -
esfera ( mancai)
Enrolamentos do
rotor
Anéis deslizantes
0
Ventilador de -J
resfriamento V
N úcleo do
rotor Rolamento de
esfera
O rotor pode ser fabricado contendo polos lisos ou salientes, dependendo das caracter ísticas constru-
tivas do motor e da aplica çã o.
Ele consiste nas partes ativas girat órias que são compostas da coroa do rotor, do enrolamento de cam-
po e do enrolamento amortecedor.
CASOS E RELATOS
Em uma aula de comandos elétricos, os alunos estavam aprendendo a instalar um motor síncrono
de rotor bobinado. Ricardo, um dos alunos, esqueceu- se de conectar os terminais do dínamo aos
terminais do rotor e, depois de fazer uma r á pida revisã o, mas sem se dar conta do esquecimento,
energizou o circuito.
Nada aconteceu depois da energiza ção do circuito, apesar de o motor ter sido posto em contato e
recebido tensão e corrente. Ricardo, ent ã o, perguntou ao professor o que estava acontecendo. O
professor lhe explicou que, como o dínamo não havia sido conectado, nã o havia possibilidade de a
corrente elétrica induzida no rotor passar, pois não existia um circuito fechado.
Para que o motor possa funcionar é preciso que o sistema de auxílio de partida, composto pelo esta-
tor e enrolamentos, esteja devidamente conectado, garantindo o bom funcionamento do dispositi-
vo, lembrando que, conforme se reduz a resistência do circuito de amortecimento, o motor tenderá
a se aproximar da velocidade síncrona.
INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
Para um correto dimensionamento e melhor aplica ção dos motores síncronos, recomenda-se seguir as
especificações presentes no pr óprio motor, atravé s da placa de identificação e que sejam fornecidas todas
as informações necessá rias sobre onde ser á a sua aplica ção.
RECAPITULANDO
Neste cap ítulo, vimos que o motor síncrono é uma máquina que trabalha com velocidade constante,
além de ter sua velocidade proporcional à frequência de alimentaçã o.
Vimos também que essas má quinas síncronas têm o seu funcionamento baseado na aplica ção de
uma ddp alternada nos terminais do estator (que é a parte est ática, ou que não gira). E que, além
disso, é preciso excitar o campo giratório atravé s de uma fonte de corrente contínua, essa fonte CC
pode ser adquirida de um grupo retificador.
Esses motores têm aplicaçã o ampla na indústria, porém, para aplicações bem especí ficas, como
guindastes.
4 MOTORES SÍNCRONOS
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Transformador ?
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*
Figura 32 - Transformador
Fonte: SHUTTERSTOCK , 2018.
Os transformadores t êm a função de elevar, reduzir ou isolar a tensã o de saí da, podendo ser:
a) Transformador redutor ou abaixador: fornece na saí da uma tensão menor que a da entrada;
c) Transformador isolador: não eleva e nem reduz tensã o, ou seja, ele mant ém a tensã o de saída
no mesmo valor da tensã o de entrada.
O transformador isolador é utilizado em situa ções especí ficas, tais como isolaçã o galvâ nica 11 do circuito
alimentado pela saí da do transformador. Também é utilizado para limitar a corrente em caso de curto-
-circuito .
A refrigeraçã o dos transformadores é feita com óleo isolante, utilizado em transmissã o e distribuição
elétrica; e a seco, sendo realizada pelo pr óprio ar ambiente, geralmente utilizado em equipamentos eletró-
nicos, instrumentos de mediçã o e máquinas industriais.
Esses transformadores são compostos por núcleo e bobinas, os quais estudaremos a seguir.
NÚCLEO
O núcleo é fabricado com chapas laminadas de a ç o silício, montadas aos pares até chegar a sua largura
especificada total.
A finalidade do núcleo é conduzir as linhas magnéticas geradas pelo transformador, formando um cir-
cuito magnético.
111solação galvânica: é um principio de isolaçã o de seções funcionais de sistemas elétricos, para evitar o fluxo de corrente.
5 TRANSFORMADOR
Chapas E, I
Chapas C, I
Chapas C, C
Os formatos dos transformadores s ão definidos pelo formato dos núcleos, representados por letras,
conforme figura anterior.
BOBINAS
Também denominadas de indutor, têm a função de gerar o campo eletromagnético dos transformado-
res e são feitas a partir de fios com isolaçã o a verniz, conhecidos por fios magnéticos.
A bobina é formada por diversas espirais, ou seja, s ão fios enrolados em um carretel com vá rias voltas,
sendo chamado de enrolamento, como também são conhecidas as bobinas.
A bobina prim á ria é eletricamente isolada da bobina secundá ria, ou seja, nã o tem nenhuma liga ção
elétrica com a bobina secundá ria do transformador.
5.2 SIMBOLOGIA
A simbologia para transformadores pode ter diferentes formas, de acordo com a norma utilizada (ABNT,
IEC, DIN, etc.) e com a finalidade ou com a funcionalidade do equipamento em questã o.
TRANSFORMADORES
Autotransformador
( ASA)
( ABNT)
i
i
i
i
5.3 IDENTIFICAÇÃO
Os transformadores possuem núcleos feitos com chapas de aç o-silício, podendo ser monof ásicos, com
o núcleo primá rio possuindo tr ês ou quatro fios; ou trif ásicos, que possuem tr ês pares de enrolamentos.
Na instala ção de um transformador, caso haja necessidade de saber qual é o bobinado de maior e o de
menor tensão, podemos chegar a essa conclusã o realizando testes de resist ência Ôhmica nos mesmos.
Nesse teste, teremos essa identifica ção considerando o bobinado com a resist ência mais alta como sendo
aquele de maior tensã o; e o de menor tensã o ser á aquele que apresentar menor resist ência.
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o
7 4- 25 5 - 26 6 - 27 220 / 127 V
Y
Os dados elétricos do transformador sã o inseridos na plaqueta de identifica ção. Essa plaqueta é confec -
cionada em alumínio ou aço inox e nela estã o todas as informa ções construtivas resumidas e normatizadas
do equipamento, conforme exemplo anterior.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
5.4 DIMENSIONAMENTO
^ SAIBA
MAIS
Para mais informaçõ es acerca da produçã o, distribuição, tarifaçã o e consumo de ener -
gia elétrica aqui no Brasil, visite o site da ANEEL ( Agê ncia Nacional de Energia El é trica).
No dimensionamento s ão considerados itens como potência instalada; demanda (que é a energia con-
sumida em um determinado espa ço de tempo determinado); o levantamento de cargas; o fator de de-
manda (que é a relaçã o entre demanda má xima em um intervalo de tempo e carga que a instala çã o possui
(nominal); o fator de potência, etc.
O transformador opera segundo o princ ípio da indução mútua entre duas ( ou mais) bobinas indutiva-
mente acopladas, ou seja, os circuitos nã o são ligados fisicamente.
Para poder ser facilmente entendido, seu princípio de funcionamento se dá atravé s de aná lises, consi-
derando o seu funcionamento em vazio (ligado, mas sem alimentar nenhuma carga) e depois em carga
( alimentando alguma carga). É sobre eles que estudaremos a seguir.
Para analisar o comportamento de um transformador em vazio, ou seja, sem nenhuma carga ligada
à sua saída, consideremos um transformador ideal, aquele que não possui perdas. Essas perdas, quando
acontecem, manifestam-se na forma de aquecimento do núcleo ou do bobinado.
Tendo, ent ão, um acoplamento perfeito entre suas bobinas, esse transformador tem a tensã o V1 apli-
cada nos extremos do enrolamento primário de N1 espiras; assim, a permeabilidade magnética do núcleo
é bastante alta, já que não há dispersão de fluxo (perdas). Possuindo um fluxo total por se tratar de um
transformador ideal, este absorverá, portanto, uma corrente Ip (corrente de magnetização), fazendo com
que o fluxo total apareç a em ambas as bobinas.
A tensã o V1 far á surgir uma forç a eletromotriz (E) que, através do fluxo magnético, irá transferir ou refle-
tir as tensões de um lado para o outro. A tensã o que surgirá (V2) ter á um valor proporcional ao número de
espiras N2. Para efeito de c álculos de transformaçã o, utilizamos a seguinte fórmula:
5 TRANSFORMADOR
V1/V2 = N1 /N2
Sendo que:
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ri . li em vazio
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Ei
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Figura 37 - Transformador de núcleo de ferro, indutivamenteacoplado com os sí mbolos definidos em vazio
Fonte: SENAI DR BA. 2018.
Nesse caso, conforme vimos na figura anterior, aplica- se ao enrolamento primá rio uma tensã o V1, dei-
xando o secundá rio aberto.
Analisando o comportamento do transformador com uma carga acoplada, mesmo sendo um trans-
formador ideal (onde nã o existe perda por aquecimento das bobinas ou do núcleo), surge uma corrente
de carga ligada aos terminais do secund ário, que sã o os pontos de ligaçã o na saí da, e isso produz uma
corrente I2.
A corrente I2 produz sobre o núcleo uma for ç a eletromotriz N2/I2, a qual tende a conservar o fluxo pro-
duzido pelas V1 = EI, dessa forma, o fluxo não tem variaçã o.
Como não acontecem perdas no transformador ideal, o núcleo nã o absorve corrente e, consequente-
mente, não ocorre fluxo. Quando tratamos de transformador ideal, as pot ências no enrolamento primário
s ã o iguais às potências no enrolamento secundá rio.
Para se obter a rela ção das correntes do primário e secund ário, utilizamos a razã o entre as mesmas. Essa
rela çã o é inversa mente proporcional à rela ção entre as tensões do primário e do secund ário e o número de
espiras do primário e do secundário. A fórmula para isto é:
INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
V1 A/2 = 12/11
Sendo que:
M Aná lise
l2 em carga
l2 I
jf
*\
I
Vi V 2 ^ Icargal
© L1 L21 02
J 1
1
.J I2
0m
Figura 38 - Transformador de núcleo de ferro, indutivamente acoplado, com os símbolos definidos com carga
Fonte: SENAI DR BA. 2018.
No caso em questã o, conforme vimos na figura anterior, observamos o enrolamento secundá rio quan-
do é efetivamente utilizado para alimentar uma carga.
Os transformadores t êm suas formas de aplica ção definidas em função da sua utilizaçã o, podendo ser
empregados como transformadores de for ç a (para envio da energia produzida nas usinas de gera ção e
"condicionamento" nas subestações); transformadores de distribuiçã o ( quando as concessionárias os utili-
zam para levarem energia até os consumidores);como transformadores de potencial ( quando o uso é para
uma máquina ou equipamento espec ífico); ou transformador de corrente (quando sua aplica çã o serve
para medir e monitorar a corrente que circula em alguns condutores de um painel ou instalaçã o).
Seus tipos sã o definidos com base no número de fases com que operam e podem ser do tipo:
b) Trifá sicos: utilizados para condicionar as tensões vindas das subestações distribuidoras (normal-
mente da ordem de milhares de volts) a um nível que possam ser distribuí das nas ruas, pr édios
residenciais e comerciais e em setores específicos de instala ções industriais;
c) Polifá sicos: é uma varia ção dos transformadores trifásicos, porém, de uso mais restrito. Sã o usa-
dos em sistemas alimentados por redes trif ásicas que tenham a necessidade de um número maior
de fases, para permitir, quando houver necessidade, uma retificação mais efetiva da onda com-
pleta.
Como visto no item anterior, as liga ções dos transformadores podem ser feitas de vá rias formas. Essas
ligações têm relaçã o total com o sistema de alimenta ção do transformador.
Os transformadores monofá sicos e trifá sicos têm suas particularidades no que diz respeito às liga ções.
É o que veremos a seguir.
SIMBOLOGIA
E de suma import ância reconhecer os símbolos empregados para representar os transformadores, bem
como todo e qualquer equipamento elétrico, para a correta interpretação e uso na realiza ção de serviços
de instala ção, reparos e manutenção dos mesmos.
n
Figura 39 - Simbologia e normas de um transformador monofá sico
Fonte: SENAI DR BA. 2018.
Na imagem anterior temos a simbologia usada para transformadores monofásicos com a identifica ção
da respectiva norma que o define.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
MONOFÁSICOS
A alimenta ção dos transformadores monof á sicos é composta por uma ou duas fases Eles sã o muito .
utilizados em circuitos de pot ência, no comando de máquinas e nos equipamentos eletrónicos.
Também é importante frisar que existem transformadores monof á sicos que podem possuir mais de
uma bobina no primá rio, e também no secundá rio, que sâ o chamadas de transformadores de entradas e/
ou sa í das múltiplas.
Este tipo de transformador possui tr ês fios no primá rio. Tamb ém chamado de transformador com deri-
vaçã o central, é constituí do por uma bobina para 220 V com uma derivaçã o central ( centertap ) que permite
dividir o primário em duas partes, de modo que temos a opçã o de aliment á-lo com a metade da tensã o,110
V, desde que se utilize a derivação central e uma das extremidades da bobina.
Atualmente, o normal é encontrarmos aparelhos e equipamentos elétricos que possuem seleçã o au-
tomá tica de tensão. Porém, equipamentos mais antigos possuem um transformador bivolt para sua ali-
menta ção, que usa uma chave para seleção da tensão de alimentaçã o, em 110 V ou 220 V. Podemos ver
na imagem a seguir a representa ção de um transformador com tr ês fios no primário, contendo uma chave
para seleção de tensã o de alimenta ção.
O
220 V 110V
o
o o
Entrada
220 V
110 V
0V
Figura 40 - Transformador monofá sico com trê s fios e chave 110 V/220 V
Fonte: SENAJ DR BA. 2018.
A chave de seleçã o de tensã o é um dispositivo de acionamento manual que possui contatos deslizantes
(chamada normalmente de chave HH). Essa chave comuta os contatos centrais com os da esquerda, para
uma tensã o, e do centro para a direita, para a outra tensão.
5 TRANSFORMADOR
Em muitos casos, o terminal central não fica exatamente no meio do bobinado, para compensar o fato
de que a tensã o não é exatamente 110 V, e sim 127 V.
Transformador monofásico é um tipo de transformador alimentado em 110 V e 220 V, que possui pri-
m á rio com quatro fios e é constituído de dois enrolamentos de 110 V isolados entre si, conforme mostrado
a seguir.
o o o
I1 1
110 V o 110 V o
Fi Fi
Ô
Entrada
110 V
O
o Saída Entrada
220 V i=S Sa ída
110 V 110 V
o o
F2 F2
o o o
Figura 41 - Liga çào de transformador monofásico com primá rio com 4 fios
Fonte: SENAJ DR BA. 2018.
A ordem de início e fim de cada um desses enrolamentos deve ser respeitada para evitar danos ao se
energizar o equipamento. É importante observar nesse tipo de arranjo de ligaçã o, ilustrado a seguir, que
os iní cios e os fins das bobinas (ou enrolamentos), indicados como II e 12, e F 1 e F2, respectivamente, são
alimentados paralelamente (em 110 V), e em sequência (para 220 V).
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
O
Rede Ii
F1
Secund ário
110 220
AT
Rede F,
O
O
Rede Ii
F1
110
V Secund ário
A
Rede
O
Figura 42 - Instala ção de chave HH em transformador monof á sico com primário com 4 fios
.
Fonte: SENAI DR BA 2018.
Por possuir mais fios, esse tipo de transformador requer mais cuidado na instalaçã o para que nã o ocorra
inversão dessa chave.
CASOS E RELATOS
Ao instalar uma chave de seleçã o de tensã o na entrada do transformador monofá sico de uma má-
quina, para possibilitar sua liga ção nas tensões 110 V ou 220 V, Pedro, um instalador de sistemas
eletroeletrônicos industriais, nã o observou a indica ção impressa na chave e inverteu as liga ções.
Ao energizar com 220 V da rede elétrica, estando a chave na posição 220 V devido à inversã o, a saí da
do transformador forneceu o dobro do valor de tensão esperado, danificando o circuito eletrónico
da má quina.
Se antes de energizar ele tivesse realizado os testes com o ohmímetro, teria evitado o erro, pois na
posição 110 V o instrumento indicaria um pequeno valor de resist ência õhmica, uma vez que as duas
5 TRANSFORMADOR
bobinas estariam em paralelo e, na posição 220 V, indicaria um valor maior de resist ência devido à s
duas bobinas estarem ligadas em série.
Portanto, antes de fazer as confer ências necessárias para evitar danos e garantir o bom funciona-
mento da máquina, nunca energize um equipamento rec ém-instalado, modificado ou reparado.
A seguir estudaremos sobre os transformadores trifá sicos, sua simbologia e seu funcionamento.
TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
Facilmente, em nossas cidades, visualizamos transformadores trifásicos nas ruas no alto de alguns pos-
tes, utilizados para transmissã o e distribuiçã o de energia em redes aéreas.
Nos ambientes industriais sáo capazes de funcionar com tensões em circuitos de potência. Por exem-
plo, se existir um transformador trifá sico de 380 V para 220 V, poderá alimentar uma máquina trif ásica de
220 V, desde que tenha potência suficiente para tal.
Os transformadores em geral, sejam trif á sicos ou monofá sicos, possuem núcleos feitos com chapas de
aç o silício e o bobinado é feito com fios de cobre.
SIMBOLOGIA
É necessá rio que se faç a a interpretaçã o correta dessa simbologia para que nos serviç os de instala ção,
reparos e manutenção, nã o se cometam erros que resultem em acidentes, mau funcionamento ou danos
a equipamentos e materiais.
Na imagem mostrada na sequência temos a simbologia usada para transformadores trif á sicos pela
ABNT NBR 5444 (Símbolos elétricos para instalações elétricas prediais) e IEC 60617 -6 (Graphical symbols
for diagrams, que significa símbolos grá ficos para diagramas). Entretanto, cabe destacar que a norma da
ABNT NBR 5444 apesar de ter sido cancelada e nã o possuir substituta, continua a ser utilizada pela área.
NBR 5444
Esses tipos de transformadores est ão sujeitos a vibra ções durante o funcionamento, por isso, devem ser
bem fixados nos locais onde serã o instalados, bem como seus terminais elétricos.
Assim como acontece com os motores, os transformadores trifá sicos industriais possuem alguns tipos
de fechamento que utilizam os fios ou pontas de liga ção e que são identificados por números.
DIAGRAMA DIAGRAMA
SÍ MBOLO E SÍ MBOLO E
DENOMINAÇÃ O ENROLAMENTO DE ENROLAMENTO DE DENOMINAÇÃO ENROLAMENTO DE ENROLAMENTO DE
ENTRADA DE TENS ÃO SAÍDA DE TENS ÃO ENTRADA DE TENS ÃO SAÍ DA DE TENS ÃO
A/Y
Triângulo - estrela Triângulo - triângulo
Y/A Y/Y
Estrela - triângulo Estrela - estrela
Como mostrado na imagem anterior, as interligações entre as bobinas podem ter várias combinações,
em função da aplica ção desejada e das cargas a serem alimentadas, conforme estudaremos a seguir.
A conexã o triâ ngulo-estrela é mais empregada como transformador elevador em subestações de gera-
çã o. Vejamos um exemplo:
Em um transformador hipot ético, representado na imagem anterior, por exemplo, cada bobina pode
ser considerada contendo uma tensã o nominal de 220 V. Qual fechamento preciso fazer neste transforma-
dor trif ásico para alimentar com 220 V a entrada e retirar 380 V na sa í da?
5 TRANSFORMADOR
Fase R 1 1 Fase R
O
220 V 380 V
Fase S
£ 2-0 Fase S
220 V 380 V
5
FaseT
£ -
2 0 FaseT
220 V 380 V
6 6
Quando temos a ligaçã o estrela triâ ngulo, as tr ê s bobinas primárias são ligadas em paralelo, onde ob-
temos, entã o, a liga çã o triâ ngulo. As sa í das das tr ês bobinas do secundário são interligadas, em uma con-
figura ção estrela.
Dessa forma, na entrada temos 220 V da liga ção triâ ngulo e na saída estrela, 380 V.
Os transformadores abaixadores das subestações industriais possuem ligação no padr ão estrela-triâ ngulo.
Fase R 1 1 Fase R
O
380 V 220 V
4
Fase S
O1 3 Fase S
380 V 220 V
3
5
FaseT FaseT
o-1
380 V 220 V
6 6
Analisando a imagem, vemos que nessa ligaçã o ocorre o inverso da anterior: na entrada, a ligaçã o estre-
la suporta 380 V e, na saí da, temos 220 V da liga çã o triâ ngulo.
Assim, para q uaisquer fechamentos que voc ê for realizar, deve seguir as indica ções da placa de ligações
do transformador e/ou consultar o catá logo do fabricante.
5 TRANSFORMADOR
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você conheceu os transformadores, equipamentos que tornam possí veis as modifi-
.
cações nas tensões Abordamos o princípio de funcionamento, sua utilizaçã o, caracterí sticas cons-
trutivas, tipos e ligações, e aspectos referentes à sua instala ção.
Todas essas variáveis são agregadas e podem ser desenvolvidas paralelamente a serviç os
de engenharia de montagem e construçã o civil, serviç os metalúrgicos e de caldeiraria, entre
outros.
Neste capítulo, iremos apresentar a infraestrutura dos sistemas elétricos industriais, tratando das suas
caracter ísticas, tipos, funcionalidades, materiais e acessórios. Vamos conhecer também os detalhes téc -
nicos dos principais elementos da infraestrutura de sistemas elétricos industriais; bem como, aprender a
diferenciar esses sistemas e suas peculiaridades. E ainda teremos informa ções norteadoras para uma atu-
a ção segura e correta, quanto à realizaçã o de montagens e serviç os diversos de natureza elétrica, dentro
dessas infraestruturas.
As diversas normas e orientações acerca da montagem e instalaçã o de sistemas elétricos est ão presen-
tes desde a geração de energia, passando pelas concessioná rias até chegar ao ponto de carga, que são os
pontos de consumo (normalmente em baixa tensão).
Por tratar especificamente de situa ções com tensão elétrica em valores que contemplam a faixa utili-
zada no setor industrial, a norma da ABNT NBR 5410 constitui-se como a principal norma a ser seguida no
setor. E isso fica bastante claro nos objetivos estabelecidos:
1.1 Esta norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instala ções elétricas
de baixa tensão, a fim de garantir a seguranç a de pessoas e animais, o funcionamento
adequado da instala çã o e a conserva çã o dos bens.
c ) Norma da ABNT NBR 7195 (1995), da Associaçã o Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT), que trata
do estudo de Cores na Seguranç a do Trabalho, menciona que a cor alaranjada é empregada para
indicar perigo.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
. ...
No item 3.1.2 (p 1-2) desta norma define-se que " a cor alaranjada deve ser empregada para identifi-
car":
É importante deixar claro que a ABNT NBR 5410 não se aplica a algumas instala ções elétricas de baixa
tensão, diferenciadas, como veículos automotores, embarcações e aeronaves, veículos e instalações de
tra ção elétrica, redes públicas de distribuição de energia e ilumina ção, entre outras instalações. Entã o, o
profissional da á rea de elétrica precisa se informar se a sua área de atuaçã o é contemplada pela ABNT NBR
5410, para orientar na conduçã o do seu trabalho.
Embora tenhamos nas normas as principais orientações e exig ências para a realiza -
| \ FIQUE çâ o das atividades té cnicas, algumas delas s ã o modificadas ou canceladas. Portanto,
•J
ALERTA
—^
busque sempre mais informa çõ es sobre o tema visitando o site do Minist é rio do Tra -
balho e Emprego.
Conforme a ABNT NBR 5410, as caracterí sticas dos circuitos elétricos classificam as instalações e siste-
mas elétricos da seguinte forma:
a ) Instalaçõ es em tensã o reduzida ou extra- baixa tensão: os sistemas elétricos das instala ções
de tensão reduzida sã o aqueles onde se opera com tensã o elétrica de valor menor ou igual a 75
V quando em corrente contínua (CC); ou de valor menor ou igual a 50 V para corrente alternada
(CA). Nesse contexto, temos principalmente os circuitos de tr áfego de dados e comunicaçã o, a
instrumenta çã o industrial e a automação;
b) Instala ções em baixa tensão (BT): s ão sistemas elétricos compostos por instalações, onde te-
mos um ní vel de tensã o com um valor nominal superior a 75 V, e igual ou inferior a 1500 V em
corrente contínua (CC), ou ainda, superior a 50 V e igual ou inferior a 1000 V em corrente alterna-
da (CA). Esses sistemas se referem aos circuitos de alimenta çã o, distribuição, comando, controle,
alarmes, sinaliza çã o e ilumina ção de aparelhos, máquinas e equipamentos, podendo ser no âm-
bito residencial, comercial e, principalmente, industrial;
c ) Instalaçõ es em média tensão MT e alta tensã o ( AT): sã o definidos como sistemas elétricos de
instalaçã o em alta tensã o, aqueles onde o valor da tensão elétrica presente seja superior aos va-
lores definidos para baixa tensão. Nesses sistemas, a tensã o pode chegar, inclusive, a valores até
36.000 volts (MT); at é a vá rias centenas de milhares de volts (AT), e muito alta tensão (MAT), cujo
ní vel de tensão está entre 15.000 e 400.000 volts. Os sistemas em q uest ã o sã o relacionados, so-
INSTALAÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
bretudo, à geraçã o, transmissã o e distribuiçã o de energia elétrica. Trata-se dos elementos ineren-
tes à s estações geradoras e suas linhas de transmiss ã o, subestações elevadoras e abaixadoras de
tensão; distribuiçã o urbana e rural de energia elétrica; e algumas instala ções industriais. (ABNT
NBR 5410, 2004, 2008).
As características das instalações e sistemas elétricos nos mostram a razão pela qual o setor industrial é
onde a ABNT NBR 5410 mais se aplica, devido ao ní vel de tensão que normalmente é usado no setor que
é considerado Baixa Tens ão (BT). Contudo, é importante frisar que mesmo cobertas pela ABNT NBR 5410,
essas instalações e sistema também est ã o sujeitos, nos aspectos que forem pertinentes, à s regras e à s nor-
mas estabelecidas pelas autoridades reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade locais e
regionais, para fornecimento de energia.
É necessá rio estar sempre atento à s NR e NBR, porque sã o as norteadoras do nosso trabalho.
6.1.2 DIMENSIONAMENTO
Para sintetizar, dimensionar sistemas elétricos envolve as atividades que desenvolvem e realizam os
c á lculos das pot ências, as tensões e correntes que irã o estar presentes ou circular nesse sistema, a deter-
minaçã o dos condutores e dos equipamentos e dispositivos de controle, sinaliza ção, proteção e alarmes
envolvidos; levando em conta seu funcionamento em condições normais (respeitando as situa ções de
opera çã o sem carga e também com carga, determinando o comportamento dinâ mico desse sistema), e
também considerando as condições anormais e transit órias, as situa ções de falta, falhas e defeitos, as ins-
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
Evidentemente, quanto maior e mais complexo for o sistema em questã o, o seu dimensionamento ser á
de maior complexidade e mais cara ser á a sua implanta ção. Para contextualizar, citamos enormes diferen-
ç as entre os sistemas, s ão eles:
a ) Sistemas residenciais: onde temos principalmente iluminação, climatizadores, computadores,
eletrodomésticos, aquecedores, torneiras e chuveiros elétricos, dentre outros;
b) Sistemas comerciais: guardam caracterí sticas semelhantes aos sistemas residenciais; por ém,
leva em conta algumas má quinas e aparelhos mais sofisticados e robustos, como copiadoras,
aparelhos de fax, centrais de telefonia e computadores, pequenos geradores, dentre outros;
c) Sistemas industriais: apesar de possuírem algumas das caracter í sticas citadas anteriormente,
s ã o sistemas de complexidade alta, que agregam características de condicionamento, distribui-
çã o, controle e monitora ção de energia elétrica, que é aplicada para o funcionamento de máqui-
nas e equipamentos que compõem o meio produtivo;
d) Sistemas elétricos de potência ( SEP): sã o os sistemas elétricos que englobam as atividades de
geração, transmissão e distribuiçã o de energia elétrica. Nesse contexto, temos as interligações
entre as centrais elétricas de geraçã o, as subestações de transformaçã o e de condicionamento, e
as linhas de distribuição e recepção.
A metodologia e a utiliza çã o correta dos critérios para dimensionamento de sistemas elétricos s ão de-
finidas por normas (especialmente, destacamos a ABNTNBR 5410). Essas normas s ã o criteriosamente utili-
zadas atravé s de estudos, por empresas e profissionais da área de engenharia e projetos, que sã o responsa-
INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
veis por esse dimensionamento. A execuçã o e montagem desses sistemas dever ão ser realizadas somente
por empresas e profissionais qualificados e habilitados.
6.1.3 SIMBOLOGIA
Como visto em capítulos anteriores, a simbologia elétrica objetiva definir símbolos gr á ficos únicos
para a utiliza ção na elaboraçã o, dimensionamento, desenvolvimento e modifica ções de projetos de sis-
temas elétricos e seus circuitos; bem como, para o entendimento, montagem, manutenções e reparos
dos mesmos. Sua utilização se d á através de desenhos técnicos ou diagramas dos diversos circuitos elétri-
cos, eletroeletrônicos ou eletromec ânicos, independentemente da sua natureza ou complexidade. Nesses
projetos, diagramas e desenhos elétricos, temos as inter -rela ções, interligações e interdependências dos
diversos componentes, condutores e dispositivos desses sistemas.
De uma forma geral, seja com objetivo didá tico, para desenvolvimento, para projeto, montagem, mo-
difica çã o, manutenção ou reparos, a nível residencial, comercial, industrial ou de geração e distribuição,
a simbologia tem a funçã o de representar e esquematizar, graficamente, os sistemas e circuitos elétricos.
Para a identificaçã o literal da simbologia dos elementos dos sistemas e circuitos elétricos, é amplamen-
te utilizada a norma da ABNT NBR 5280.
Muito importante, porém, é informar que essa norma foi cancelada pela ABNT, sem substituição, em 14
de junho de 2011; mas continua sendo usada, sem restrições, no meio elétrico industrial.
Existem normas nacionais e internacionais que padronizam as simbologias utilizadas nos principais
componentes e dispositivos de sistemas elétricos, sã o elas: ABNT - Associaçã o Brasileira de Normas Técni-
cas; DIN - Deutsches Institut fur Normung (Alemanha); ANSI - American National Standards Institut (EUA);
JIS - Japanese Industrial Standards Comiteé (Japão) e IEC - International Electrotechnical Comission (Eu-
ropa).
A simbologia é única para cada componente ou dispositivo e, com isso, evita dúvidas ou interpretações
erradas; e são complementadas por uma simbologia literal, que utiliza letras e números.
6.1.4 IDENTIFICAÇÃO
Um sistema elétrico tem como finalidade disponibilizar a energia elétrica ao consumidor, de modo que
possa ser utilizada adequada e corretamente pelos usuários finais ou receptores. Portanto, podemos tratar
como sistema elétrico as instala ções de aparelhos, ou até mesmo das máquinas elétricas.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
A identificação dos sistemas elétricos é feita de forma diferente, de acordo com a necessidade ou linhas
de aná lise.
Como dito anteriormente, essa funcionalidade est á relacionada à responsabilidade pela geraçã o, distri-
buiçã o, ou ainda, a utilizaçã o da energia elétrica; e é tratada por alguns autores como sendo a "representa-
çã o material de ideias" na á rea elétrica.
Fazendo uma abordagem mais espec í fica das funções dos sistemas elétricos, somos levados a tratar das
chamadas subdivisões desses sistemas. As principais subdivisões ou subsistemas são: gera ção, transmis-
s ão, distribuiçã o, mediçã o e proteçã o.
a ) Sistemas de gera ção: é como s ã o chamados os sistemas responsá veis pela produçã o de energia
elétrica, em alta tensão ( AT); sua infraestrutura contempla as usinas hidrelétricas, eólicas e terme-
létricas;
b) Sistemas de transmissã o: também chamados de sistemas de transporte, é referente à s vias ou
cabos de condução da energia elétrica, desde as centrais geradoras até os pontos de utiliza çã o, ou
usuá rios finais. A transmissão é feita em muito alta tensão (MAT), alta tensão ( AT), normalmente
utiliza torres bastante altas, e centenas de milhares de quilómetros de cabo, como infraestrutura.
c) Sistemas de distribuiçã o: sã o responsá veis pelo abastecimento aos usuários finais de energia
elétrica. Esse subsistema é responsá vel pelo condicionamento da energia elétrica, de modo a
deix á-la no ní vel de tensã o adequado para cada consumidor. Normalmente, esses sistemas est ão
localizados próximos aos centros ou pontos de consumo. São responsáveis também por fazer
a adequa ção da tensã o para os ní veis necessários, que pode ser para média tensã o (MT), nor-
malmente para utilizaçã o por consumidores industriais; ou baixa tensã o (BT), para utilizaçã o por
consumidores industriais, comerciais ou domésticos. A importante infraestrutura desses subsis-
temas agrega as subesta ções abaixadoras (que reduzem o ní vel de tensão) e, dependendo do
INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
caso, elevadoras ( que elevam o ní vel de tensã o); com seus respectivos dispositivos para proteção,
seccionamento (ou corte) e direcionamento das linhas que seguir ão at é os pontos de consumo
industrial e doméstico.
A sua infraestrutura pode ter desde simples voltímetros, amper ímetros, wattímetros e outros instru-
mentos dedicados, passando por analisadores de rede, at é complexos equipamentos microprocessados,
com altíssima velocidade e capacidade de processamento e informa çã o.
Tratar dos sistemas de proteçã o exige aná lises específicas de situa ções, necessidades e possibilidades.
Dessa forma, podemos dizer que sua infraestrutura é composta basicamente por fusíveis, disjuntores, re-
lês, chaves, seccionadores, religadores e dispositivos inteligentes. Outro ponto importante quanto aos sis-
temas elétricos de proteção é o que trata da seletividade e da coordena ção na atua ção desses sistemas .
A seletividade faz refer ência à garantia que os dispositivos (disjuntores, fusíveis, relés) devem oferecer,
de que, se vierem a atuar, promovendo o desligamento, que seja de maneira r ápida e precisa, de modo a
eliminar as falhas e faltas, promovendo o desligamento apenas dos circuitos onde o defeito acontece, ou
que estejam sendo alimentados por ele, de uma forma que não influencie ou interrompa o fornecimento
para outros circuitos onde não exista problema.
Já a coordenaçã o se refere à s consequências da atuação desses sistemas, levando em conta os riscos
para pessoas, instala ções e equipamentos. Existe a coordenaçã o do tipo 1, onde o desligamento deve ser
seguro e eficaz para as pessoas e instala ções, mas pode ocorrer danos a alguns componentes; e a coorde-
nação do tipo 2, onde o desligamento deve ser seguro e eficaz para as pessoas e instalações, sem danos
severos para os componentes, sendo aceito apenas uma leve fusã o de alguns contatos, sem deformação
dos mesmos.
Ainda, há que se considerar os chamados ní veis de atua ção, que pode ser principal (aquele que dever á
atuar primeiro), de retaguarda (tratada como nível de socorro, atua na ocorr ência de falha da proteção
principal) e auxiliar ( servem de auxílio para as proteções principal e de retaguarda, trabalhando na sinaliza-
çã o, alarme, temporiza ção, intertravamento e outros).
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
6.2 TIPOS
Existem v ários tipos de infraestruturas que são utilizados para os diversos sistemas elétricos existentes
nas instalações elétricas prediais, comerciais e industriais. As principais diferenç as entre elas s ão a comple-
xidade das instalações e a potência a ser instalada.
O setor industrial é um grande consumidor de energia elétrica; ent ão, após a geraçã o e transmissã o a
partir das grandes usinas geradoras, ao chegar nas indústrias, esses sistemas podem ser tipificados como
de distribuição, controle, monitoraçã o, proteção, comunica ção, trá fego de dados e outros. De modo geral,
s ão as estruturas e painéis elétricos de média e baixa tensã o, das instala ções elétricas industriais, que de-
vem ter adequa ção com as normas de seguranç a, como: NR 10 (Seguranç a em Instala ções e Serviç os em
Eletricidade); NR 26 (Sinalização de Seguranç a); NR 12 (Máquinas e Equipamentos); NR 35 (Trabalhos em
Altura); dentre outras.
Os sistemas elétricos industriais possuem elementos especí ficos para cada função; mas a infraestrutura
é basicamente as mesmas para as instalações físicas de pr édios, galpões e salas. A infraestrutura possui
elementos como equipamentos, materiais, dispositivos e acessórios, distribuí dos em estruturas abertas ou
abrigadas, podendo ser no piso (máquinas, motores, transformadores, aterramentos, etc.); aéreos (eletro-
calhas, leitos, cabeamento, racks , etc.); em paredes (perfilados, painéis, alarmes, sinalizadores, eletrodutos,
etc.); subterr â neos ( galerias e tubula ções); ou em painéis (trilhos, canaletas, prensa- cabos, dentre outros).
Aqui falaremos sobre os principais tipos de acessórios que integram essa estrutura.
Quando falamos do setor industrial, estamos fazendo referência ao meio produtivo dos bens e pro-
dutos de consumo; e os sistemas elétricos sã o uma das mais importantes das partes integrantes do meio
produtivo. Logo, a infraestrutura desses sistemas elétricos tem import ância e relevâ ncia proporcional.
Vejamos a seguir os principais elementos e acessórios que compõem a infraestrutura dos sistemas elé-
tricos industriais.
PERFILADOS
Os perfilados sã o utilizados, sobretudo, para a distribuiçã o de fios e cabos, e sustentar tomadas, luminá-
rias e refletores. Sua fixaçã o é aparente, o que facilita muito sua manutenção e inspeçã o periódica; e ainda,
possibilita praticidade e facilidade, na necessidade de ampliação do sistema.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
São versáteis, seus perfis sã o fabricados em aço-carbono galvanizado 12, padronizados em dimensões
de largura x altura (L x A). Sã o comercialmente encontrados com medidas de 38 x 19 mm, 38 x 38 mm ou
38 x 76 mm em comprimentos de 6 metros. Sã o intercambiáveis entre si, independentemente de suas
dimensões, para utilizaçã o em instala ções elétricas de pequeno e médio porte, onde constituem um sis-
tema completo e organizado. Normalmente, sã o aplicadas em instala ções suspensas ou aéreas, no teto e
também em forros.
Os perfilados podem ser denominados lisos, com dois furos nas pontas para encaixe de outros perfila -
dos ou acessórios; e também perfurados, com furos em formato oblongo 1J para fixa ção e ventila ção dos
fios e cabos, distribuí dos em toda a extensão do perfilado .
São facilmente encontrados em galpões industriais, em lojas, estacionamentos de pr édios, shopping
centers e grandes escritórios.
ELETROCALHAS
Também tratadas como bandejas, as eletrocalhas sã o utilizadas para a conduçã o de fios e cabos, e para
distribuição de energia elétrica, dados, comunicaçã o e telefonia, sinais de voz ou imagem. Sua aplicaçã o se
dá em instala ções aéreas, aparentes ou sob o piso elevado.
Normalmente são fabricadas em chapas de aço SAE141008/1010, podendo ser pr é-galvanizadas (PG) ou
galvanizadas a fogo (GF) com formato de "U" ou "C".
Podem ser convencionais ou aramadas. E a especificação do tipo a ser utilizado é determinada pelo uso
previsto, ou por determina ções técnicas.
12 Galvanizaçã o: processo que recobre materiais com uma camada de zinco metálico, para protegê -las contra a oxidaçã o.
130blongo: é uma forma geométrica que possui mais comprimento que largura, como um furo alongado.
14 SAE: código da SAE ( Societyof Automotive Engineers - EUA), para classificar a ços e suas ligas, baseado na sua composição
quí mica.
INSTALAÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
As convencionais s ão fabricadas totalmente perfuradas, para proporcionar ventila ção aos cabos nelas
acomodados, atrav és de furos oblongos em todo o seu corpo; ou lisas, com furos oblongos somente nas
extremidades, para serem usados na uniã o das fixa ções e emendas. Já as eletrocalhas aramadas sã o fa-
bricadas com varões soldados. Permitem maior visibilidade, são mais leves e permitem acesso mais fácil.
Nelas, o aquecimento do cabeamento e a deposição de sujeiras e impurezas sã o menores.
Além disso, as eletrocalhas são produzidas com dimensões padronizadas, com alturas que v ã o de 25 a
300 mm; e larguras de 50 a 800 mm, podendo ter tampas ou não. Independentementedo tipo, podem ser
aplicadas nas instalações industriais, prediais, comerciais, shopping centers, em galpões, etc.
LEITOS
Conhecidos também comoeletroleitos, os leitos servem de suporte e via de conduçã o, dos diversos fios
e cabos, com seções transversais variadas, ou seja, fios e cabos leves ou pesados de um ponto para outro
da instala ção. Sã o estruturas feitas com aç o-carbono geralmente parecidos com escadas, com longarinas ^
unidas por travessas.
Normalmente sã o encontrados comercial mente, em vã os de 3 metros, que podem ser facilmente am-
pliados com a junçã o entre mais vã os. Oferecem alguns benefícios para a estrutura, como excelente ven-
tila ção dos cabos e fios; facilidade para manutenções e inspeções da rede; facilidade para ampliaçã o ou
expansã o das linhas; suportar cabos pesados, entre outros.
ACESSÓRIOS
De uma forma geral, podemos dizer que os acessórios para perfilados, eletrocalhas e leitos, são os mes-
mos, respeitando as devidas propor ções. Sã o peç as e recursos destinados à intercambialidade' 6, sustenta-
çã o, junção e direcionamento dos mesmos.
VwJ 1
J
Os acessórios em quest ão são curvas (internas, externas, laterais, frontais e traseiras), tirantes, mãos
francesas, porcas com e sem mola, suportes, sapatas, juntas em formatos L, T ou X, grampos, cantoneiras.
É importante destacar que quanto aos perfilados, existem acessórios bem específicos, como caixas para
tomadas, ganchos de suporte para luminá rias e refletores, caixas de derivaçã o e outros.
Quando tratamos de sistemas e circuitos de instalações elétricas, ao falar de barramentos, estamos nos
referindo a condutores maciç os e sólidos com área transversal de formato retangular, muito utilizados para
distribuição de energia elétrica em estruturas mais robustas. Os acessórios relacionados aos barramentos
sã o basicamente para sua fixa ção e isolaçã o.
Figura 56 - Barramentoelétrico
Fonte: SENAJ DR BA. 2018.
Na utiliza çã o de barramentos, quando não se precisar utilizar o barramento completo, corta-se as barras
no tamanho adequado e deve-se tampar as pontas que sobrarem (laterais) ou isolar as mesmas com fita
isolante.
ACESSÓRIOS
17 Forquilha: é uma forma bifurcada, onde uma haste se divide, tomando forma de U .
18 Bornes: são peças metálicas, com ou sem revestimento isolante, onde chega ou passa, e se fixa um fio ou cabo.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
As canaletas servem para organizar os condutores elétricos de forma adequada no painel de comando.
Sã o feitas de plá stico PVC (cloreto de polivinila) com propriedades antichamas, ou seja, para não propagar
as chamas em casos de incêndio.
As canaletas podem ser fabricadas com as laterais fechadas e também com rasgos ou perfura ções la-
terais transversais, para dar passagem aos cabos e condutores dos circuitos elétricos. Elas podem ser dos
seguintes tipos:
a ) Fechadas: sem nenhuma abertura lateral (usadas normalmente onde nã o sã o planejadas altera-
ções na fia ção);
b) Abertas: com as aberturas laterais abertas no encaixe da tampa (facilitam ao má ximo as modifi-
cações e altera ções com colocação e retirada de cabos);
Na utiliza çã o das canaletas podemos realizar a montagem, fazendo o acabamento de duas maneiras,
colocando as tampas com acabamento em â ngulo reto (â ngulo de 90°) ou em â ngulos de 45° nos cantos
externos. Essas duas formas de montagem sã o definidas pelo padr ã o est ético escolhido pelo montador,
nã o tendo influência funcional.
As canaletas s ão fixadas na placa de montagem da mesma forma que os trilhos: por rebites ou por pa-
rafusos, e ainda (em casos de painéis de menor porte) por fitas adesivas de dupla face, com alto poder de
ader ência. Canaletas conferem est ética, organizaçã o e seguranç a ( já que acomodam os cabos, isolando-os
do ambiente externo às canaletas) ao painel elétrico.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
101
ACESSÓRIOS
Como as canaletas sã o fixadas diretamente nas placas dos painéis elétricos ou paredes, são elementos
que normalmente não necessitam de acessórios. Quando necessá rio, normalmente no ambiente indus-
trial são feitos suportes de sustentaçã o, utilizando perfilados. Nos ambientes comerciais e residenciais, os
sistemas el étricos que possuem canaletas em sua infraestrutura utilizam redutores e caixas de passagem e
distribuição como acessórios.
Cada equipamento, ou má quina presente no ambiente industrial, possui um painel elétrico que é res-
ponsá vel por conter os dispositivos eletroeletrônicos que ir ã o fazer o controle dos comandos, como tam-
bém o funcionamento da máquina. Assim como os outros elementos apresentados anteriormente, o pai-
nel de comando faz parte da infraestrutura de um sistema elétrico.
Vejamos na imagem a seguir a infraestrutura de um painel de comando elétrico.
Caixa
Porta ou
Trilho Tampa
Acessório
Canaleta
Esses itens que fazem parte da infraestrutura dos painéis servem de suporte para os dispositivos da ins-
tala ção elétrica, tais como: fusí veis, disjuntores, contatores (relé eletromagnético industrial), relés t érmicos,
disjuntores, motor, temporizadores, transformadores de comando, conectores, botões ou chaves de
comando e sinalizadores luminosos.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os itens que fazem parte da infraestrutura de um painel elétrico.
INSTALA ÇÕ ES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II I
102
CAIXA
As caixas que servem de abrigo para a parte elétrica (ou circuitos) dos painéis de comando possuem
formatos retangulares ou quadrados, contendo furos destinados à fixa ção da placa de montagem que ser á
instalada na parte interior do painel.
Estas caixas podem ser feitas ou produzidas de diversos materiais, sendo os mais comuns os metais
( a ço, em alumínio ou em inox), podendo ser também feitas de plá sticos e fibras de vidro.
Essa estrutura acomoda os circuitos aos quais denominamos circuito de for ç a e de circuito de comando.
A estrutura total pode ser denominada como quadro de comando ou armá rio elétrico.
PORTA OU TAMPA
As portas (ou tampas) possuem a funçã o de fechar ou abrir a caixa ou painel elétrico, sendo essa uma
opera çã o realizada pelo usuário habilitado e autorizado para isso. A outra funçã o especí fica das portas
é de acomodar a instalaçã o de botões, chaves, sinalizadores e a IHM (Interface Homem Máquina), que
s ã o equipamentos com a funçã o de permitir a visualizaçã o do estado moment âneo de uma má quina ou
equipamentos, variá veis, ou partes especí ficas delas, normalmente através de telas ou visores, permitindo
assim uma "comunica ção" entre as máquinas e as pessoas.
No mercado existem diferentes tipos de portas ou tampas, de acordo coma necessidade do trabalho,
com diferentes formas de abertura (para cima, para baixo, ou para os lados), que pode ser frontal ou tra-
seira.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
103
As portas ou tampas, assim como as caixas, obedecem a recomenda ções de normas de padrões inter-
nacionais de cores RAL e MUNSELL.
O padr ão RAL é um sistema de definição de cores que foi criado e desenvolvido a partir de uma tabela
de 40 tonalidades. Surgiu em 1927 na Alemanha. J á o padr ã o Munsell é muito utilizado pela engenharia
elétrica e é composto por centenas de tabelas de cores foscas e brilhantes.
Como exemplos de cores determinados por esses padr ões, e muito utilizados em caixas elétricas no
Brasil, é o Cinza RAL 7032 e Munsell N65. Além das portas e tampas, as caixas que abrigam os circuitos
elétricos possuem uma placa de montagem que tem como objetivo dar suporte para a instala ção dos ele-
mentos de comando. A placa possui quatro furos ou mais a depender do formato ou tamanho para fixa ção,
cada furo localizado em cada extremidade.
A placa de montagem é realmente onde os dispositivos s ão colocados e, sendo assim, pode ser en-
contrada em dois tipos de padr ões de acabamento, com pintura na cor laranja ou metalizado ao fundo na
parte interior, como visto na imagem a seguir.
â INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
104
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As placas de montagem com acabamento metalizado sã o aquelas que possuem tratamentos do tipo
.
galvanizado ou zincado Os acabamentos metalizados sã o os mais utilizados por possuírem maior capaci-
dade de dissipação térmica e por serem mais eficientes contra interferências eletromagnéticas - EMI. O aca-
bamento de tipo metalizado atende a normas internacionais, por isso, é um padr ão utilizado por empresas
estrangeiras ou que produzem para exportaçã o.
Alguns fabricantes nacionais de má quinas e equipamentos eletroeletrônicos produzem máquinas con-
tendo placa de montagem com acabamento metalizado, e as laterais internas do painel pintadas de ala-
ranjado, visando atender tanto as normas nacionais quanto as internacionais.
SAIBA Para saber mais sobre os padr ões de cores utilizadas nos painéis elétricos, pesquise em sites
,T MAIS
' de busca digitando como palavra-chave os nomes: Padrão Munsell ou Padrã o Ral.
TRILHOS
Os trilhos usados em painéis elétricos servem para fixar e manter os dispositivos elétricos alinhados,
mantendo-os na mesma posiçã o. Sã o fabricados em material metá lico (a ço bicromatizado ou at é mesmo
galvanizado, alumínio ou cobre) e normalmente já sã o perfurados para facilitar a instala ção elétrica; co-
mercializados com 2 metros de extensão, mas também existe a opçã o de nã o serem perfurados, nos quais
o usuá rio determina os diâ metros e dist ância dos furos e os executa.
Independentemente da possibilidade de fixa çã o desses dispositivos através de parafusos e outros
meios, existe atualmente um tipo de trilho que é referência para esse fim, sã o os populares trilhos DIN,
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
105
que sã o estruturas utilizadas para fixaçã o direta dos componentes e dispositivos elétricos e eletr ónicos,
sobretudo nos painéis elétricos. Essa nomenclatura é devido a um padr ão estabelecido pela DIN (German
Institute for Standardization), uma organizaçã o alemã para padronização, que determinou e estabeleceu
suas especifica ções, dimensões e medidas, tornando-os populares e utilizados mundialmente. A DIN equi-
vale a Organiza ção Internacional de Padronizaçã o (ISO) no Brasil.
Podemos encontrar, basicamente, quatro padr ões DIN de trilhos de fixa çã o, para a montagem de pai-
néis, são eles: o padrã o DIN 35, o DIN 32, o DIN 15 eo DIN 35 /15 .
Destinado
DIN 32 32 mm (largura) essencialmente à fixação
de bornes .
Empregado na fixação de
dispositivos
eletroeletr ônicos,
especialmente
equipamentos que
35 mm (largura)
demandem um trilho
DIN 35 /15 x 15 mm (altura) mais alto que o
convencional, como é o
caso de alguns
Controladores
Program á veis (CP)
compactos .
Realizar montagens de pain éis el é tricos requer paci ência, bom senso, atençã o e cui-
dado, pois necessita a utilizaçã o de ferramentas e má quinas el étricas ou manuais.
Portanto, use sempre os EPI e EPC necess ários.
ACESSÓRIOS
São muitos os acessórios existentes em um painel de comandos. Por isso, vamos nos ater aos de maior
import ância, e q ue sã o usados com maior freq uência, s ão eles: os fechos para portas, cabo de aterramento
elétrico e prensa-cabos. Acompanhe as explicações acerca de cada um deles.
Cabôíie Aterramento
b) Prensa- cabos: acessório imprescindí vel para a seguranç a dos circuitos acomodados nos painéis.
Fabricado em plástico ou metal (normalmente alumí nio), é instalado nas aberturas destinadas
à passagem dos cabos, fixados através de sua porca. Possui uma borracha que reveste o cabo e
se molda ao mesmo, proporcionando vedação. Sua função é proteger os cabos contra danos ou
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
107
rompimento da sua isola ção, que possam causar curto- circuito;e também protege contra a entra-
da de lí quidos e pó atravé s dessas aberturas destinadas aos cabos;
Piensa- tabos
Figura 65 - Prensa-cabos
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
c) Fechos de painéis: os fechos são usualmente instalados nas portas para abertura e fechamento
dos painéis de comando elétrico. Existem dois tipos: os de sobrepor e os de embutir.
II
Ainda podemos citar elementos e acessórios importantes dos painéis elétricos industriais, como borra-
chas de vedaçã o, olhais (alç as) para iç amento, ventoinhas e filtros para refrigeraçã o, soleiras (para manter
o painel afastado do chã o), cremonas'9, calhas de escoamento e outros.
CASOS E RELATOS
Em uma empresa de produçã o de peç as plásticas para automóveis havia um equipamento chamado
secadora, que retirava a umidade da resina que servia de matéria-prima. Devido a um curto-circuito,
houve um incêndio, que destruiu o painel elétrico dessa má quina. Como era uma má quina estrat é-
gica e muito utilizada na área, havia urgência no reparo da mesma.
O eletricista Fábio foi encarregado de realizar o serviço e solicitou ao almoxarifado os materiais ne-
cessários para a tarefa. Foi-lhe comunicado, entã o, que nâ o havia canaletas abertas no estoque, ha-
vendo apenas o modelo que é fechada. Devido à urgência de realizar o reparo, ele decidiu usar as
canaletas fechadas que tinha em estoque.
Observando que Fá bio iria utilizar as canaletas fechadas no serviço, o seu experiente eletricista Le-
andro o orientou a solicitar uma compra emergencial das canaletas abertas, no comércio local. Fá bio
respondeu-lhe que o tipo da canaleta não iria ter influência no serviç o e executou a primeira parte
do reparo trabalhando na infraestrutura do painel, fixando trilhos e canaletas, utilizando as fechadas.
Acontece que ele seguiu o diagrama elétrico original da máquina, sem se dar conta de que alguns
componentes adquiridos para o seu serviç o eram mais modernos e tecnológicos, e possuíam algu-
mas diferenç as quanto a recursos. Durante a construção da fia ção, ele percebeu que o percurso de
alguns cabos teria que ser modificado com rela ção ao original, pois devido à s diferenç as dos com-
ponentes, não teve jeito; ele teve que retirar toda fiaçã o já instalada, para realizar algumas aberturas
em pontos nã o previstos das canaletas.
Devido ao ocorrido, houve um atraso de dois dias na conclusã o dos serviç os para a libera ção do equi-
pamento, gerando atraso de produção, perdas financeiras e problemas nas entregas aos clientes.
Observe, no relato anterior, que a falta de conhecimento sobre os elementos da infraestrutura do pai-
nel de comando, aliado a despreparo para a realizaçã o do serviço da narrativa supracitada, causaram al-
guns problemas para a empresa e para o técnico. Portanto, é de extrema import â ncia que o técnico seja
preparado e procure ter conhecimento sobre os elementos diversos do seu ramo de trabalho. Embora nem
sempre sejam lembrados, sobretudo por serem normalmente materiais de montagem, os acessórios t êm
papel de relevâ ncia na infraestrutura dos diversos sistemas elétricos, sendo funda mentais e indispensáveis
para a sua seguranç a e funcionalidade.
19 Cremonas: sã o alças giratórias que acionam hastes e varões verticais, para travar a porta em cima e embaixo.
6 INFRAESTRUTURA DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
109
RECAPITULANDO
Neste capítulo, estudamos o que são sistemas elétricos, seus tipos, de que s ão compostos, seus ob-
jetivos e funcionalidades, e as normas que os regulamentam e orientam para o seu uso.
Pudemos perceber também que a infraestrutura necessá ria para a implanta ção dos variados siste-
mas elétricos tem grande relevância para seu pleno funcionamento.
Além disso, vimos que cada tipo de sistema elétrico requer uma infraestrutura com características
peculiares e distintas, sobretudo, quando se leva em conta a complexidade do sistema em quest ã o.
&
Quando o descarte de resí duo é realizado de forma inadequada, o meio ambiente pode
sofrer danos que, consequentemente, ir ão afetar a vida de nosso planeta. Por isso, é impor-
tante conhecer as formas adequadas de descarte dos resíduos, principalmente quando perce-
bemos que os impactos causados na natureza t êm reflexo direto nas empresas, uma vez que,
na comprovação pelos órgã os e entidades competentes, a exist ência de erros, falhas ou uso
de t écnicas incorretas ou inadequadas no descarte desses resí duos, são passíveis de multas,
embargos e sanções comerciais, terem sua imagem desgastada, podendo até chegar mesmo
serem interditadas ou fechadas.
Mas, afinal, o que é resí duo?
Resí duo é todo e qualquer material que se obtém de sobras após a realiza ção de alguma
atividade em um processo ou meio produtivo, por exemplo, a construçã o de uma casa, que
sempre deixa ao seu final, resíduos como sobras de madeira, pedaç os de blocos ou tijolos, em-
balagens de produtos como cimento, porcelanas e metais sanitá rios, entre outros.
Existem dois tipos considerados de resíduos, que sã o classificados em:
a ) Resí duo reativo: é aquele considerado inst á vel ou capaz de gerar misturas perigosas
quando em contato com á gua ou outra subst â ncia comum ao meio empregado;
b) Resí duo patogênico: s ã o aqueles considerados capazes de contaminar pessoas,
com sérios riscos de epidemias de doenç as.
Existem normas que classificam esses resí duos, orientam quanto à forma de trat á- los e des-
cart á-los. Esse é o foco do nosso presente capítulo.
â INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
112
No Brasil, temos a norma ABNT NBR 10004, que nos fornece as definições e padr ões necessários à orien-
ta çã o quanto ao trato desses resíduos. Os resíduos sã o classificados em duas formas:
a ) Segundo seu estado fí sico: Resíduos sólidos (componentes danificados); efluentes líquidos ( áci-
dos de baterias); emissões atmosféricas (gases e vapores);
b) Segundo sua periculosidade: Resí duos perigosos ( óleo e lâmpadas fluorescentes); não perigo-
sos (restos de plá stico, papel e metais). ( ABNT NBR, 10004, 2004).
Os resíduos perigosos (classe I) sã o os inflamá veis, corrosivos, reativos, tóxicos ou patogênicos. Os resí-
duos n ão perigosos (classe II) se subdividem em nã o inertes (classe II A), e inertes (classe II B).
Um exemplo de resí duo inerte é o entulho gerado nos processos de construção, reforma e demoliçã o;
outro exemplo é o alumínio. Eles somente ocupam espaç o, nã o reagindo com o meio ambiente.
Os resí duos nã o inertes, mesmos nã o sendo considerados perigosos, podem ocasionar rea ção com o
meio ambiente, tornando-se combustí veis biodegrad áveis ou at é mesmo solúveis na á gua.
Sendo assim, estes resíduos devem ser tratados de forma especial, como por exemplo, realizar a coleta
seletiva, para não gerar impactos ambientais.
Embora ultimamente tenhamos acompanhado avanços importantes nas políticas de controle de pro-
duçã o, tratamento, reutilização e descarte de resíduos, a nossa consciência enquanto cidadã os é funda -
mental para a causa.
CASOS E RELATOS
Em 2006, alguns incentivos ecológicos foram criados nos centros urbanos, resultando em várias
a ções para o tratamento de resíduos. Podemos citar, por exemplo, o resultado de um pequeno pro-
jeto de coleta seletiva destinada ao descarte de óleo de cozinha, pilhas, baterias de celulares, etc.
Essa ação visa evitar o descarte em lugares que possam contaminar o meio ambiente.
Dentre as ações decorrentes desse projeto, destacamos aquela relacionada ao tratamento do óleo
de cozinha.
O óleo coletado é utilizado na fabricaçã o de sabã o, gerando renda para a comunidade e evitando a
contamina ção de algo em torno de 800 milhões de litros de água.
A maioria das unidades do SENAI-SP também adotou essa pr ática, incentivando os alunos a levarem
o óleo comestí vel utilizado em suas casas aos postos de coleta da empresa. O óleo coletado é envia-
do para as empresas que tratam esse resíduo, gerando renda e benefícios a todos da comunidade.
Esse tipo de iniciativa tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento sustent ável, mobili-
zando comunidade e empresa para mudanç as de há bitos e, assim, contribuir com uma sociedade e
meio ambiente mais saudá vel.
A conscientiza ção é fundamental para o entendimento, o engajamento, e para a tomada de ações que
promovam a sustentabilidade e o desenvolvimento de a ções para o cuidado com o meio ambiente; inclu-
sive no ambiente profissional.
Se descartarmos no esgoto uma simples colher de sopa contendo ó leo, estaremos con-
taminando um volume de á gua equivalente a 1000 litros.
nv SAIBA Portanto, vamos descartar corretamente os resí duos sem prejudicar o meio ambiente
MAIS
.
em que vivemos. Vale a pena pesquisara grandiosidade dessas a ções Uma fonte muito
rica para isso é o site do Greenpeace.
â INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
114
Os produtos eletroeletrônicos podem nos oferecer uma série de experiências, estando presentes em
atividades de lazer, aumentando a produtividade nas empresas, trazendo benefícios à sa úde e tantos ou-
tros aspectos.
Na sua fabrica çã o s ão usadas subst âncias que lhes conferem durabilidade, desempenho, proteçã o, mas,
quando descartadas de forma errada, podem gerar grandes impactos ao meio ambiente.
Ocorre que, quando chega o final da vida útil desses produtos, é preciso descartar adequadamente
seus elementos, caso contr ário, eles podem apresentar sérios riscos à sa úde da natureza e do homem. São
alguns desses elementos: merc úrio, chumbo, fósforo e cá dmio.
Mas, qual seria a solução? A solução é a reciclagem. Inicialmente, serã o reaproveitados todos os mate-
riais que possam retornar ã o processo produtivo, reduzindo a necessidade de se extrair mais elementos da
natureza.
Esse processo, ainda que caro, traz benefí cios na equa ção ambiental. O que nã o puder ser reaprovei-
tado tem de ser descartado com seguranç a, em lugares pr óprios, preparados e autorizados, evitando a
contaminaçã o das fontes de vida, como manguezais e recifes de corais.
O descarte de resí duo perigoso junto com lixo comum pode provocar
uma s érie de consequê ncias, tanto para o meio ambiente como també m
para empresas.
CURIOSIDADES O descarte desses resíduos deve ser feito corretamente, para nã o haver
prejuízos ambientais e impactos judiciais pelos ó rgã os competentes de
fiscaliza ção. Uma ótima fonte de informaçõ es dessas atividades é o site
do Ministério do Meio Ambiente.
7 DESCARTE ADEQUADO DE RESÍDUOS
115
A seguir são apresentados os principais resíduos gerados pelos componentes eletroeletr ônicos, com
rela çã o ao seu uso e consequências pelo descarte inadequado:
a ) Chumbo: presente na soldagem das placas de circuitos impressos, em eletrónica; em vidros dos
tubos de raios cat ódicos; solda e vidros das lâ mpadas elétricas e fluorescentes. Quando descarta-
do incorretamente, pode afetar a sa úde humana, atingindo os sistemas venoso central e periféri-
co, endocrinológico e circulat ório, provocando efeitos negativos nos rins;
b) Mercúrio: usado em termostatos, sensores, relés e interruptores; nas placas de circuitos impres-
sos; equipamentos de mediçã o e lâ mpadas de descarga; equipamentos médicos; equipamentos
de transmissã o de dados; telecomunica ções e telefones celulares. Para o organismo humano, o
contato indevido causa inúmeros malefícios à sa úde. Quando disperso na á gua, é transformado
em metil merc úrio, que se acumula nos sedimentos depositados nos fundos dos rios, mares e
lagos. É um subproduto facilmente absorvido pelos organismos vivos e se propaga atrav és da
cadeia alimentar pelos peixes, provoca efeitos cr ónicos, causando danos no cérebro;
c ) Cádmio: presente nas placas de circuito impressos, em componentes como resist ências e chips
SMDs; nos semicondutores e detectores infravermelhos; como estabilizador no PVC; e nos tubos
de raios cat ódicos ma is antigos. É uma subst â ncia cujos compostos sã o classificados como tóxicos
devido aos riscos de efeitos irreversíveis à sa úde humana. O c ádmio e seus compostos se acumu-
lam no corpo humano, especialmente nos rins, podendo vir a deteriorá-los com o tempo. É absor-
vido também através da respira ção e ingerido nos alimentos. Em caso de exposiçã o prolongada,
o cloreto de c á dmio pode causar câ ncer;
Os profissionais das diversas á reas e vertentes técnicas precisam estar atentos à s normas e determina -
ções quanto ao tratamento e descarte dos resíduos decorrentes das suas atividades profissionais.
O desenvolvimento tecnológico, que resultou em t écnicas, má quinas e equipamentos de produção, os
avanç os sociais e a globaliza ção, s ão exemplos e mostras de pleno desenvolvimento, bem como a consci-
ência eco ambiental dentro das atividades profissionais.
4 INSTALA ÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS VOLUME II
116
RECAPITULANDO
Neste capí tulo, abordamos os principais conceitos ligados ao meio ambiente e definimos aspectos
e impactos ambientais e a import ância no conhecimento de sua respectiva atividade para reduzir o
descarte inadequado dos resíduos.
Apresentamos os tipos de resí duos gerados, como estã o classificados e como s ão os resí duos gera-
dos pela área de eletroeletrônicos e seus impactos.
A importâ ncia desse tema é especialmente voltada ao cidad ão preocupado com as questões de
degrada ção ambiental e suas consequências.
7 DESCARTE ADEQUADO DE RESÍ DUOS
117
REFERÊNCIAS
Marcelo Macêdo Matos é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Pio Décimo (PIOX),
em Aracaju - SE, possui Especializaçã o em Automaçã o, Controle e Robótica pelo SENAI CIMATEC
Salvador - BA e técnico em Eletrónica. É especialista em Lean Seis Sigma Green Belt com up grade
em Black Belt. Atua como supervisor de produção desde 2002 na área industrial, trabalhando em
grandes empresas nacionais como Santista Têxtil, Maratá Alimentos, AmBev e Borrachas Vipal e
com experiências internacionais em empresas, sendo FATE Pneus em Buenos Aires ARG e visita
técnica na empresa McEroy Manufacturing, Tulsa Oklahoma EUA.
ÍNDICE
B
Bornes 98
C
Centelhamento 21
Cremonas 108
E
Energia ativa 43, 48
Energia reativa 43, 50
Espiras 27, 30, 33
F
Forquilha 98
I
Intercambialidade 97
Isola ção galvâ nica 68
J
Joule 22
L
L âminas de mica 44
Longarinas 96
Oblongo 95
R
Reostato 30, 34
S
SAE 95
Saturaçã o magnética 28
T
V
VCC 17
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCA ÇÃ O PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA - UNIEP
Marcelle Minho
Coordena çã o Educacional
i-Comunicaçáo
Projeto Grá fico
Iniciativa da CNI - Confederação
Nacional da Indústria
ISBN 978-855050299-1
9 788550 502991