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Processos
Produtivos
Série meio ambiente
Processos
Produtivos
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Processos
Produtivos
© 2018. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Área de Meio Ambiente em parceria com a
Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do SENAI da Bahia, com a coordenação do
SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do
SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491p
ISBN 978-855050273-1
CDU: 62
SENAI Sede
2 Processos produtivos....................................................................................................................................................17
2.1 Principais conceitos aplicados aos processos produtivos.............................................................18
2.2 Introdução às operações unitárias.........................................................................................................19
Referências......................................................................................................................................................................... 127
Índice................................................................................................................................................................................... 131
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Processos Produtivos.
O objetivo desta Unidade Curricular é levar o aluno a identificar os diferentes processos
produtivos utilizados pela indústria, analisando os possíveis aspectos e impactos ambientais.
Nos capítulos a seguir, estudaremos sobre os principais conceitos dos Processos Produtivos
e veremos os mapeamentos dos aspectos e impactos ambientais relacionados aos processos
produtivos, os tipos de operações unitárias.
Você vai se deparar com assuntos que ressaltam a importância de analisar as operações
unitárias, identificar os principais processos produtivos, diferenciar no processo industrial, os
insumos, matérias-primas, subprodutos e resíduos, elaborar fluxogramas de identificação de
aspectos e impactos ambientais.
Esperamos que você compreenda como sua atuação profissional é importante para a trans-
formação de realidades, especificamente no que se refere a um mundo mais consciente dos
aspectos relativos à sustentabilidade, tema esse a ser tratado durante sua formação.
Processos produtivos
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Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar o desenvolvimento das seguintes capacidades:
CAPACIDADES TÉCNICAS
Esperamos que você obtenha êxito na construção do seu conhecimento. E lembre-se de que você é o
principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
1 Introdução
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Processos produtivos
Indústria: é uma atividade econômica que surgiu na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII,
durante a Revolução Industrial. Tem por finalidade transformar matéria-prima em produtos comercializáveis,
utilizando, para isto, força humana, máquinas e energia.
Processos produtivos: é um conjunto integrado de equipamentos, tubulações, instrumentos e insu-
mos, que se agrupam em diversas operações unitárias, como transferência, troca térmica, separação, mis-
tura, armazenamento, etc., que se adequam para a manufatura de produtos comercializáveis.
Insumos: é todo o material que entra no processo (‘input’) em contraposição ao produto (‘output’) que
sai dele. Os insumos dos processos industriais (matérias-primas, solventes, água, ar, etc.) entram nos equi-
pamentos, são processados e se transformam em produtos, que saem do processo para serem comercia-
lizados.
Matéria-prima: é o insumo principal dos processos produtivos, que é transformado física ou química-
mente em produtos.
Utilidades industriais: são insumos utilizados para auxiliar os processos produtivos, nas operações de
resfriamento, aquecimento, controle de processo, etc., tais como: água clarificada, água desmineralizada,
vapor de baixa pressão, vapor de média pressão, vapor de alta pressão, ar de serviço, ar de instrumento,
entre outros.
Produtos: é o resultado das transformações físicas ou químicas das matérias-primas nos processos
produtivos. Os produtos podem ser classificados como: produtos finais e produtos semiacabados. Os
produtos finais já estão prontos para serem comercializados e os produtos semiacabados são produtos
parcialmente industrializados, que ainda precisam passar por outras etapas do processo até chegarem a
sua forma final.
Subprodutos: são materiais gerados de forma não desejada nos processos produtivos, por reações
químicas ou alterações físicas das matérias-primas. Os subprodutos não possuem o mesmo valor comercial
dos produtos, mas ainda assim podem ser comercializados com um preço mais baixo.
Resíduos: resultantes dos processos produtivos, são as perdas em geral, que podem ser líquidas, ga-
sosas ou sólidas. Quando a perda é líquida e esta pode ser tratada, reusada ou lançada em corpo d’água,
o resíduo é chamado de efluente. Quando a perda é gasosa e é tratada e/ou eliminada para a atmosfera, o
resíduo é chamado de emissão atmosférica. Já os resíduos sólidos são perdas em estado sólido ou semissó-
2 Processos produtivos
19
lido, que devem ser gerenciadas para reúso, reciclagem ou tratamento; nesse caso, se os resíduos líquidos
não são passíveis de tratamento por tecnologias disponíveis, devem ser considerados resíduos sólidos e
tratados de acordo com as tecnologias de tratamento específico, a exemplo da incineração. Existem, ainda,
os resíduos que não podem ser reutilizados, reciclados nem submetidos a tratamento, cabendo somente a
alternativa de disposição final ambientalmente correta, sendo denominados rejeitos.
Nos processos produtivos, cada etapa a ser utilizada, seja de reações químicas ou modificações físicas,
deve ser analisada individualmente. Estas etapas, na produção de qualquer produto, podem ser esquema-
tizadas conforme o diagrama de bloco apresentado na figura a seguir.
Antes de entrar no reator, a matéria-prima passa através de vários equipamentos, onde a pressão, tem-
peratura, composição e estado físico são ajustados para que sejam alcançadas as condições ótimas em que
ocorrem as reações químicas. Estes ajustes são necessários porque as condições operacionais do armaze-
namento e da reação química são diferentes. Após os ajustes, os reagentes contidos nas matérias-primas
são transformados em produtos na etapa seguinte, ou seja, na etapa da reação química.
Em geral, na saída do reator, pode ocorrer uma mistura de produtos, contaminantes e reagentes não
reagidos, que devem ser separados em equipamentos apropriados para se obter os produtos na pureza
adequada para serem colocados no mercado - os reagentes não reagidos separados dos produtos são
reciclados para o início do processo. Entretanto, antes de sofrer a separação, a mistura reacional prove-
niente do reator deve passar também através de vários equipamentos, onde a pressão, a temperatura, a
composição e estado físico são ajustados para que sejam alcançadas as condições ideais em que ocorre a
separação.
Como também as condições do armazenamento dos produtos são geralmente diferentes das condi-
ções da etapa de separação, antes que os produtos sejam enviados para a área de tancagem, devem ser
ajustadas a pressão e a temperatura ideais para o seu armazenamento seguro.
Processos produtivos
20
Armazenamento de
Matérias-primas
Reação
Química
Separação
Armazenamento de
Produtos
Em geral, em todos os equipamentos utilizados, antes e após o reator, ocorrem apenas mudanças físicas
no material, independentemente do que está sendo processado, tais como: elevação ou redução da pres-
são, aquecimento, resfriamento ou refrigeração, mistura, separação, etc. No quadro a seguir são apresen-
tados os principais equipamentos industriais e suas aplicações nos processos químicos.
2 Processos produtivos
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Aplicações Equipamentos
Bombas (líquidos)
Aumento de pressão
Compressores (gases)
Válvulas
Redução de pressão até a pressão atmosférica Orifícios de restrição (OR)
Bocais
Ejetores
Redução de pressão abaixo da pressão atmosférica
Bombas de vácuo
Trocadores de calor
Aumento da temperatura Fornos
Caldeiras (geração de vapor)
Trocadores de calor
Redução de temperatura até a temperatura
Torres de quench
ambiente
Torres de resfriamento (água)
Redução de temperatura abaixo da temperatura
Sistemas de refrigeração
ambiente
Turbinas a vapor
Acionamento primário de equipamentos rotativos
Motores elétricos
Vasos de pressão (acumuladores)
Tanques atmosféricos
Armazenamento Tanques pressurizados
Esferas
Bacias
Reação química Reatores
Misturadores em linha
Homogeneização da composição de mistura
Vasos ou tanques com agitador
Colunas de destilação
Colunas de absorção
Colunas de adsorção
Colunas de extração
Separação de misturas homogêneas
Permeadores com membrana
Vasos de “flash”
Evaporadores
Cristalizadores
Decantadores
Filtros
Peneiras
Separação de misturas heterogêneas
Centrifugadores
Precipitadores eletrostáticos
Clicones
Redução da granulometria Moinhos
Nos próximos capítulos, serão apresentadas algumas das principais Operações Unitárias para Transfe-
rência de Fluidos, de Armazenamento de Fluidos, de Troca Térmica, de Separação, bem como conceitos,
tipos e princípios de funcionamento de alguns dos principais equipamentos industriais.
CASOS E RELATOS
C6H5C2H5 → C6H5C2H3 + H2
etilbenzeno estireno hidrogênio
Para o projeto do processo produtivo dessa fábrica, os engenheiros conceberam a seguinte sequên-
cia de operações unitárias:
a) Armazenamento da matéria-prima → tanque TQ-1;
b) Ajustes das condições operacionais para a reação química → aumento de pressão pela bomba B-1 e
aumento de temperatura pelo trocador de calor TC-1 e pelo forno F-1;
c) Reação química → reator R-1;
d) Reciclo da matéria-prima não reagida → é reciclada para o início do processo pela bomba B-2, após
ser separada do hidrogênio no vaso de processo V-1;
e) Ajustes das condições operacionais para a separação → aumento da pressão pela bomba B-3 e au-
mento de temperatura pelo trocador de calor TC-2;
f) Separação → o estireno separa-se do tolueno através da coluna de destilação T-1 e de seus equipa-
mentos auxiliares - condensador TC-5, vaso de refluxo V-2, bomba de refluxo B-5 e reboiler TC-3;
g) Ajustes das condições operacionais para o armazenamento do estireno → aumento de pressão pela
bomba B-4 e resfriamento pelo trocador de calor TC-4;
h) Ajustes das condições operacionais para o armazenamento do tolueno → aumento de pressão pela
bomba B-6 e resfriamento pelo trocador de calor TC-6;
2 Processos produtivos
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TQ-2
Hidrogênio
TC-4
R-1
TQ-1
TC-1 V-1 TC-5
F-1
V-2
TQ-3
B-1
T-1
TC-3
B-4
Para saber mais detalhes sobre os processos produtivos, você pode consultar: HIM-
SAIBA MELBLAU, David M.; RIGGS, James B. Engenharia química: princípios e cálculos. 8. ed.
MAIS Rio de Janeiro: LTC, 2014. Consulte também: SHREVE, Randolph Norris; BRINK, Joseph
A. Indústrias de processos químicos. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
Recapitulando
Neste capítulo, aprofundamos os estudos sobre os processos produtivos, entendemos que consti-
tuem um ramo de atividade da cadeia econômica que utiliza um conjunto de conversões químicas
e operações unitárias sequenciais, com a finalidade de transformar matérias-primas em produtos in-
dustriais de interesse econômico, social ou militar. Vimos os principais tipos de indústrias e os princi-
pais conceitos aplicados a esses processos. Compreendemos que cada etapa utilizada no processo
produtivo deve ser analisada individualmente. Fizemos uma breve apresentação sobre as operações
unitárias, identificamos os principais equipamentos utilizados nos processos industriais e identifica-
mos que essas operações podem produzir impactos ambientais. Nesse contexto é importante conhe-
cer as operações unitárias, para melhor controlar, prevenir ou minimizar os seus impactos.
2 Processos produtivos
25
Mapeamento de processos produtivos:
fluxogramas de entradas e saídas;
aspectos e impactos ambientais
dos processos produtivos
Uma compreensão real, útil e com bons resultados de um processo produtivo demanda
compreensão de seu funcionamento, etapa por etapa, de forma a examiná-lo e melhorá-lo.
Portanto, mapear cada processo produtivo torna-se uma ação necessária para que seja possí-
vel conhecer e gerir esses processos.
Realizar o mapeamento, ajuda a conhecer melhor os processos com mais detalhes de tudo
que ocorre durante as etapas de produção ou o fluxo de produção de algum serviço ou pro-
duto, sendo possível então controlar passo a passo o funcionamento da empresa ou indústria,
sendo, portanto, possível a melhoria contínua dos processos já existentes ou a implantação de
novas estratégias/tecnologias direcionadas a cada etapa ou várias etapas dos processos.
Os mapas de processos são diagramas que mostram em diferentes níveis de detalhe o que
uma indústria/empresa, desde as pequenas até as de grande porte, faz ou como ela presta
algum serviço. O mapeamento pode mostrar as principais atividades, ou parte das atividades/
setores, que compõem cada processo.
É fundamental que se entendam todos os processos e cada uma de suas etapas, subproces-
sos, macroprocessos e atividades para que se possa realizar um mapeamento eficaz. Normal-
mente, o mapeamento de processos exige um esboço do fluxo de atividades/procedimentos
executados.
Uma das ferramentas mais eficientes para expressão de um processo é o fluxograma, onde
nele são mostradas ou expressadas as atividades ou procedimentos realizados por etapa ou
em um contexto geral. Nele são mostradas para cada atividade, tecnologia ou procedimento
suas entradas e saídas. A este fluxo damos o nome de cadeia produtiva. Assim, possibilita-se
uma visão ampliada do processo, auxiliando no entendimento do mesmo por todos os envol-
vidos, além de ter um baixo custo e alto impacto.
Comumente se expressa o fluxo de um processo por meio de um gráfico onde é expresso o
todo ou parte do sistema produtivo em um ou mais diagramas, como mostra a figura a seguir.
As setas direcionam e demonstram o fluxo de entradas e saídas e cada caixa representa uma
etapa, atividade, procedimento ou microprocesso.
Processos produtivos
28
Recursos Processos
+ Produto
naturais Energias
Resíduos
Meio ambiente
g) Questões que respondam por que o processo existe e qual sua funcionalidade.
Demais questões devem ser elaboradas e levantadas em campo para atingir eficiência na coleta de
dados e partir para execução do fluxograma de entradas e saídas.
Processos
Entradas Saídas
Tecnologia de Produtos
Matérias-primas processamento ou subprodutos e
Insumos Procedimento não produtos:
e auxiliares operacional resíduos
ou serviços e consumos
Na figura anterior, visualizamos o modelo de um fluxo de entradas e saídas de uma etapa produtiva.
2 Montante: pontos de referência de um curso de água através de um observador parado; é a direção da foz à nascente, ou seja,
fluxo oposto.
3 Jusante: pontos de referência de um curso de água através de um observador parado. É o fluxo da nascente à foz, fluxo natural
do rio.
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 31
que são os produtos, subprodutos e seus resíduos. Os processos, através do uso dos recursos do em-
preendimento, geram resultados concretos;
f) Processo produtivo: é qualquer atividade de transformação ou de escoamento em que haja fluxo
direto com o produto ou serviço que será fornecido a um cliente externo, até o ponto em que este
produto chega ao consumidor final. Neste caso, pode-se incluir os processos de transporte e distribui-
ção, apesar de suas atividades não gerarem transformação física do produto, porém há escoamento;
g) Etapas de processos: é a sequência ou fluxo de atividades que transforma matérias-primas e insu-
mos em produto final, cujo objetivo seja obter a máxima eficiência, pois a ausência da mesma sempre
gerará os resíduos. A maioria dos processos são formados por uma ou mais etapas onde sempre há
entradas e saídas específicas para cada uma delas, em que as mesmas estão sempre vinculadas à tec-
nologia ou procedimento;
h) Produtos: o objetivo de um processo produtivo é gerar uma saída, ou seja, um produto final de valor
agregado. Cada processo pode ter um ou mais produtos como resultado que são as saídas na forma
de bens ou serviços da atividade produtiva;
i) Resíduos: as atividades produtivas, em decorrência de impurezas nos insumos ou matérias-primas,
somadas às imperfeições dos processos tecnológicos, provocam gerações de emissões nas formas
gasosas, líquidas ou sólidas. Essas emissões são perdas ou sobras que também se denominam de
resíduos. Os resíduos juntamente com o produto representam as saídas de cada etapa de um pro-
cesso produtivo. De um modo geral, resíduos são quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor
se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer. Os resíduos podem ser sólidos, líquidos ou
gasosos.
A elaboração do fluxograma de processo, ou etapa de um processo, exige que se conheça com pro-
priedade cada etapa e suas alternativas para o fluxo das entradas e saídas que representam a atividade
produtiva mapeada, possibilitando que seja apresentado graficamente, de maneira simplificada, a cadeia
produtiva.
Em um fluxograma de processo devem estar contidas todas as variáveis necessárias para se compreen-
der a atividade mapeada, informando todas as entradas da cadeia produtiva em análise, etapa por etapa,
os componentes do processamento, tecnologia ou práticas operacionais, as alternativas em casos especí-
ficos e suas saídas.
O processo produtivo requer uma série de “etapas de processo”, através da cadeia produtiva ou de
outros procedimentos para ter sua continuidade. O fluxograma deve representar cada uma das etapas da
cadeia produtiva ou destacar apenas parte de uma “etapa do processo” mapeado como está apresentado
na figura a seguir.
Processo
Entradas Saída
Tecidos cortados
Tecidos
Energia elétrica
Tesoura
Corte Retalhos
Consumo de
energia
Fabricação de
chapas automotivas
Corte
Usinagem
Pintura
Acabamento
A figura a seguir apresenta o fluxograma completo do processo com suas entradas e saídas mapeadas
qualitativamente.
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 35
Chapa usinada
Chapa pintada
Compressor
Borra de tinta
Tinta
Solvente
Pintura (resíduo sólido)
Solvente usado
Energia elétrica
Energia elétrica
EPIs
(consumo)
EPIs descartados
Observe no fluxograma completo que a matéria-prima de cada etapa está em destaque e é o produto
final (em destaque) da etapa anterior. São considerados neste fluxograma os resíduos produzidos e/ou
consumidos. Esse é um modelo de fluxograma de processo linear.
Pesagem
Mistura
Laminação 1 Laminação 2
Corte
Moldagem 1 Moldagem 2
Prensagem
Desmoldagem
Acabamento
Para ilustrar de forma gráfica um processo, deve-se representar a realidade do fluxo produtivo, lem-
brando que um fluxograma de processo deve identificar as etapas para possibilitar menor quantidade de
falhas, alcançando os resultados que a empresa exige.
Ao escolher o modelo de fluxograma, deve-se levar em consideração o processo que será desenhado,
sendo fundamental o estudo prévio de todos os processos que serão explorados.
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 37
Art. 1º - Para efeitos desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
III - a biota;
II - Ferrovias;
IV - Aeroportos, conforme definido pelo inciso I, artigo 48, do Decreto-lei no 32, de 18.11.66;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins
hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para
navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e emboca-
duras, transposição de bacias, diques;
XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a forma de energia primária, acima
de 10 MW;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou meno-
res, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de
vista ambiental;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, derivados ou produtos similares em quanti-
dade superior a dez toneladas por dia. (BRASIL, 1986).
Mais tarde, no início da década de 1990, o International Organization for Standardization (ISO) percebeu
a necessidade de desenvolverem normas que tratassem da questão ambiental e objetivassem a padroni-
zação dos processos de empresas que utilizassem recursos extraídos da natureza e/ou causassem algum
dano ambiental decorrente de suas atividades.
Com esse novo olhar do mundo voltado às questões ambientais, foi criada a norma ISO 14001 que
estabeleceu as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental dentro da
empresa. Essa é a mais conhecida entre todas as normas da série 14000.
Um dos requisitos das normas ISO 14001 é estabelecer, implementar e manter procedimentos para
identificar os aspectos e impactos ambientais decorrentes das atividades de uma organização.
Já o impacto ambiental é, também segundo a NBR ISO 14001, qualquer mudança no Meio Ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, total ou parcialmente, das atividades, produtos e serviços de uma orga-
nização.
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 39
De acordo com a NBR ISO 14001, os elemento das atividades são produtos ou serviços de uma organi-
zação que podem interagir com o meio ambiente. Esta interação causa, ou pode causar, impactos ambien-
tais, positivos ou negativos, por exemplo: geração de papel nos escritórios da empresa; geração de lodo
nas ETEs (Estação de Tratamento de Efluentes); uso da água, etc.
CASOS E RELATOS
Essas modificações do meio ambiente, positivas ou negativas, podem ser, e normalmente são, resultan-
tes dos aspectos ambientais da organização, por exemplo: poluição do solo, poluição hídrica e diminuição
dos recursos naturais.
Em síntese, o aspecto ambiental é a causa, e o impacto ambiental é o efeito. Veja o quadro a seguir:
A identificação de aspectos e impactos ambientais de uma organização é umas das etapas mais impor-
tantes da implementação do sistema de gestão ambiental.
Como foi visto anteriormente, o conceito de impacto ambiental, juridicamente, refere-se exclusivamen-
te aos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos naturais, como: tempestades,
enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos e outros, apesar de poderem provocar as
alterações ressaltadas, não se caracterizam como impacto ambiental.
FIQUE Para identificar aspectos e impactos, deve-se ler atentamente as políticas nacionais
de Resíduos sólidos, de saneamento e ambientais e as municipais, ou estaduais. Bus-
ALERTA que no site do Ministério do Meio Ambiente as Políticas Nacionais.
A partir do fluxograma de processo detalhado, com entradas e saídas, pode-se identificar os aspectos e
impactos ambientais. Esta ferramenta auxilia também na classificação e determinação de sua significância.
Devem-se ter detalhadas e listadas algumas perguntas chaves para elaboração de um quadro com as-
pectos e impactos para cada etapa do processo produtivo. A seguir, estão destacadas algumas destas per-
guntas chaves:
a) Quantas matérias-primas, auxiliares de processo e energia são usadas?
b) Quantos resíduos e emissões são produzidos?
c) De qual/quais parte(s) do processo eles vêm?
d) Que resíduos são prejudiciais/precisam ser controlados e por quê?
e) Que porção das matérias-primas e auxiliares de processo se torna resíduo?
f) Que porção das matérias-primas e auxiliares de processo se perde na forma de emissões voláteis?
g) Quais são os custos incorridos devido à disposição de resíduos e a perda de matérias-primas?
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 41
Figura 11 - Fluxograma de processo de chapas automotivas com identificação dos aspectos e impactos das etapas
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Processos produtivos
42
A seguir, veja outros exemplos clássicos de aspectos e impactos dentro de atividades de pequeno porte.
ASPECTOS
PROCESSO IMPACTOS AMBIENTAIS
AMBIENTAIS
Jornal contaminado
Geração de resíduo (lixo -
com tinta contaminação do solo) ou
contaminação proveniente
da queima
Máscara descartável Geração de resíduo (lixo -
contaminação do solo)
Luvas de borracha Geração de resíduo (lixo –
Pintura automotiva contaminação do solo)
Protetor auricular Geração de resíduo (lixo –
contaminação do solo)
Partícula de tinta Contaminação do ar,
no ar possibilidade de intoxicação
Barulho Proveniente do uso do
equipamento, provocando
incômodo, irritabilidade
Consumo de Alteração da qualidade do
Transporte de
combustíveis ar (geração de emissões
passageiros
atmosféricas)
Geração de efluentes Alteração na qualidade da
líquidos com água
carga orgânica e
Refeitório inorgânica
Resíduos sólidos Geração de resíduo (lixo –
orgânicos e contaminação do solo)
inorgânicos
Por meio do quadro, observa-se que qualquer atividade produtiva, mesmo de pequeno porte, pode ser
representada em fluxo e avaliados seus aspectos e impactos.
A avaliação das consequências ou interações das atividades de determinada empresa ou indústria sobre
o meio ambiente é uma forma de evitar que acidentes ambientais ocorram e de se buscar a melhoria do
processo de forma a minimizar os impactos sobre o meio ambiente, além de constituir um item fundamen-
tal para as empresas que buscam a certificação da série ISO14001 para seu sistema de gestão ambiental.
O licenciamento ambiental no Brasil é atualmente regulado, em nível federal, por duas Resoluções do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), quais sejam, a Resolução nº 001/86 e a Resolução nº
237/97. Ambas se propõem a traçar normas gerais acerca do procedimento de licenciamento ambiental,
bem como sobre os estudos exigíveis para sua realização, com atenção especial ao Estudo Prévio de Im-
pacto Ambiental (EIA). Para que uma empresa enquadrada na Resolução CONAMA 001/86 esteja operando
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 43
em condições legais, ela precisa atender a estas resoluções, a Política Nacional, Estadual e Municipal de
Meio Ambiente. Portanto, para a elaboração de um fluxograma de processo com suas respectivas identifi-
cações de entradas e saídas, aspectos e impactos é de fundamental importância para manutenção legal de
uma empresa que ela contenha uma manufatura de matéria-prima.
No site do Ministério do Meio Ambiente, pode-se encontrar as leis, resoluções e decretos mais atuais
acerca das políticas ambientais. É importante que se consulte regularmente suas atualizações para enqua-
dramento legal dos processos produtivos.
Processos produtivos
44
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você aprendeu como mapear um processo produtivo através de uma matriz grá-
fica. O fluxograma de processo, que é uma sequência de etapas, em forma de diagrama de bloco,
é a ferramenta mais comum de apresentação gráfica. Nele estão contidos todos os conjuntos de
componentes para se compreender a atividade mapeada, informando todas as entradas, da cadeia
produtiva em análise, etapa por etapa, os componentes do processamento, as alternativas em casos
específicos e suas saídas.
O processo produtivo requer uma série de etapas de processo através da cadeia produtiva ou de ou-
tros procedimentos para ter sua continuidade. O fluxograma deve representar cada uma das etapas
da cadeia produtiva, ou destacar apenas parte de uma etapa do processo mapeado.
É necessário identificar as matérias-primas das etapas, seus insumos, sua tecnologia de processa-
mento ou procedimentos operacionais, seus produtos, subprodutos e resíduos.
A partir de um fluxograma de processo, são identificadas as saídas de cada etapa deste processo,
considerando resíduos e consumos de bens naturais e/ou geração de resíduos. Com este fluxo de
informação, facilmente identificam-se os aspectos e os impactos daquela etapa do processo.
O conceito de aspecto (causa) e impacto (efeito) é advindo de legislação ambiental e pelo sistema
de gestão ambiental através da ISO 14001. Portanto, a identificação dos aspectos e impactos de cada
atividade produtiva é passível de auditoria e pode ser considerado crime ambiental.
Destaca-se então que é imprescindível uma pesquisa e investigação criteriosa de cada etapa, seus
impactos, para que o processo de melhoria contínua e eficiência de produção e qualidade ambiental
seja garantido.
3 MAPEAMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS: FLUXOGRAMAS DE ENTRADAS E SAÍDAS;
ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 45
Operações unitárias de
transferência de fluidos
Neste capítulo serão apresentados os principais equipamentos que participam das opera-
ções unitárias de transferência de fluidos: bombas, compressores, ventiladores e turbinas.
Processo produtivo
48
4.1 Bombas
Bombas são máquinas de fluxo que conferem energia a um líquido, com a finalidade de transportá-lo
de um ponto para outro do processo. Elas recebem energia de um equipamento de acionamento primá-
rio (motor elétrico ou turbina a vapor) e cedem parte desta energia ao fluido sob a forma de energia de
pressão, cinética ou ambas. Portanto, as bombas aumentam a pressão, a velocidade do líquido ou ambas
as grandezas.
A energia necessária depende da altura que o fluido deve ser elevado, da vazão, do comprimento, diâ-
metro, perdas por atrito e acidentes da tubulação, do comportamento da bomba nestas condições, além
das propriedades do fluido, como a viscosidade4 e densidade5.
Os principais tipos de bombas industriais disponíveis no mercado são: dinâmicas (centrífugas e axiais),
alternativas (pistão, êmbolo6 e diafragma) e rotativas (engrenagens, parafusos, palhetas e lóbulos).
A bomba centrífuga é o tipo de bomba mais empregada na indústria devido à sua simplicidade, ao bai-
xo custo, à facilidade de operação nas mais variadas condições de vazão, à pressão e temperatura, ao baixo
custo de manutenção, ao fluxo uniforme (sem pulsações), ao pequeno espaço para instalação, à operação
silenciosa e à possibilidade de ser acionada por motor ou turbina. Ver as fotos de bombas centrífugas apre-
sentadas na figura a seguir (A e B).
As bombas centrífugas constam de uma parte móvel - o rotor ou impelidor e o eixo, e uma parte fixa - cor-
po ou carcaça, vedação e mancal. Estas são as partes principais das bombas centrífugas. O líquido, ao entrar
no corpo da bomba, segue para o centro do rotor; as palhetas do rotor, ao girarem (força centrífuga7), impul-
sionam o líquido contra a parte interna do corpo, de onde este segue para a saída da bomba. O líquido acele-
rado pelo rotor precisa perder velocidade (energia cinética) para que o fluxo permaneça contínuo, porque a
área de escoamento no corpo é maior que a área de escoamento no rotor. Dessa forma, parte da velocidade
se transforma em pressão, o que possibilita o transporte do líquido até o seu destino.
4 Viscosidade: é a propriedade dos fluidos correspondente ao transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão
molecular. Ou seja, quanto maior a viscosidade, menor será a velocidade em que o fluido se movimenta.
5 Densidade: define-se como o quociente entre a massa e o volume de um material.
6 Êmbolo: dispositivo que desliza num e noutro sentido no interior de um cilindro. O êmbolo é usado em bombas, compressores
e motores.
7 Força centrífuga: é a força que aparece quando um corpo se encontra em movimento em uma linha curva.
4 Operações unitárias de transferência de fluidos
49
De modo geral, as bombas alternativas são usadas, com vantagem, para o transporte de fluidos com al-
tas pressões e baixas capacidades, servindo como bombas dosadoras onde a vazão pulsante seja tolerada.
As desvantagens são o alto custo inicial e de manutenção (figura a seguir).
Pistão
Tampa
Biela articulada
Coroa dentada
Árvore de arraste
Pressionador
Anel intermediário
Caixa
Rotor
Caixa
Coroa dentada
Cabeça da biela
Já as bombas rotativas são utilizadas para fluidos viscosos, dentre eles óleos (minerais, vegetais e ani-
mais), gorduras, glicose, polímeros, alcoóis, ketchup, maionese, sabões, etc., e para fluidos com grandes
partículas sólidas. Os principais tipos de bombas rotativas são: palhetas, engrenagens, parafusos e lóbulos,
representados pelas figuras seguintes, respectivamente.
1 2 3
Figura 15 - Bomba rotativa tipo engrenagens
Fonte: SENAI DR BA, 2012.
1 2 3
Figura 17 - Bomba rotativa tipo lóbulos
Fonte: SENAI DR BA, 2012.
4.2 Compressores
A compressão é utilizada para aumentar a pressão de gases e vapores visando ao ajuste da condição
operacional para reações químicas, ou para que uma operação unitária, como absorção, adsorção, destila-
ção, etc., aconteça em uma condição operacional mais eficiente, ou para efetuar uma mudança de fase de
um fluido. Também é utilizada para permitir a armazenagem de grandes massas em vasos, por liquefação
de vapores ou por redução de volume de gás. Além dessas aplicações, os compressores podem ser utiliza-
dos para:
a) Pressurização de ar (jateamento, pintura, ar de serviço e de instrumento);
b) Sistemas de refrigeração;
c) Serviços de vácuo.
O compressor está para os gases assim como a bomba está para os líquidos. Bombas e compressores
são construídos utilizando-se os mesmos princípios de funcionamento. As diferenças estão nas dimensões,
sistemas de vedação e velocidade de operação, e estas ocorrem devido à menor densidade, compressibili-
dade, expansibilidade e difusão dos gases.
A compressão de um gás ou vapor pode ser efetuada através de três classes de compressores: volumé-
tricos, dinâmicos e térmicos.
Nos compressores volumétricos, o aumento de pressão de certa massa de gás é conseguido pela redu-
ção do volume que o gás ocupava. A essa classe pertencem os compressores alternativos e rotativos, que
se diferenciam pelo movimento fundamental das partes que efetuam a redução do volume.
Nos compressores dinâmicos, o fluxo de gás recebe, inicialmente, um trabalho mecânico, efetuado
por rotor provido de palhetas, adquirindo energia cinética e, em seguida, esta energia é transformada em
energia de pressão pela passagem do gás em canais cuja área transversal aumenta progressivamente no
sentido do fluxo, fazendo com que o gás vá perdendo velocidade e aumentando a pressão. De acordo com
a trajetória do fluxo em relação ao rotor da máquina, esses compressores podem ser subdivididos em dois
grupos com sensíveis diferenças de projeto e desempenho: centrífugos (o fluido entra no rotor no sentido
horizontal e sai no sentido vertical) e axiais (o fluido entra no rotor no sentido horizontal e sai no sentido
horizontal). Veja nas figuras seguintes detalhes construtivos de compressores dinâmicos.
Processo produtivo
52
Os compressores térmicos, mais conhecidos como ejetores, são usados para manter e criar vácuo em
um sistema. Os dois tipos de ejetores mais comuns são operados por água (ou líquido de processo), vapor
ou gás comprimido.
4 Operações unitárias de transferência de fluidos
53
CURIOSIDADES Você sabia que os compressores são um dos equipamentos mais caros da in-
dústria, normalmente com custo superior a um milhão de dólares?
Os ejetores de líquidos são usados para criar um vácuo leve ou para misturas de líquidos e, normalmen-
te, são denominados edutores.
Os ejetores não têm partes móveis e operam pela ação de uma corrente de gás que entra à alta pressão
e outra de vapor (ou líquido) à pressão mais baixa que entra na corrente móvel e que, assim, é removida do
sistema a uma pressão intermediária. A figura a seguir mostra os detalhes internos de um ejetor.
y
Região de mistura
VAPOR
SECUNDÁRIO
Região do bocal Região área cte Região do difusor
Pode-se ver que o fluido motriz entra pela esquerda através do bocal que lhe confere elevada velocida-
de. Este jato arrasta o fluido de processo, diminuindo a quantidade deste fluido no recipiente conectado
ao ejetor. Ao reduzir a massa do fluido, a pressão cai, criando vácuo no recipiente.
CURIOSIDADES Você sabia que para produzir vácuo, podem-se utilizar também as bombas de
vácuo no lugar de ejetores?
4.3 Ventiladores
Os ventiladores são usados para baixas pressões (inferiores a 0,5 lb/in2 man), cujas principais aplicações
são:
a) Trabalho de ventilação;
b) Transporte de ar de combustão para caldeiras e fornos;
c) Ar de secagem;
Processo produtivo
54
Os ventiladores podem ser de dois tipos: axiais e centrífugos (figuras seguintes). Os ventiladores cen-
trífugos variam muito quanto ao tamanho do rotor, tipo, tamanho e número de palhetas que combinados
permitem uma larga faixa de usos.
Os ventiladores axiais podem ser dotados de disco e hélice. Os de disco têm palhetas planas ou curvas,
como os ventiladores domésticos. Os de hélice têm palhetas como os aviões. O princípio de funcionamen-
to de um ventilador centrífugo é semelhante ao das bombas centrífugas. Assim, a pressão é gerada pela
força centrífuga, devido à rotação de um volume fechado de ar ou de gás, e pela conversão de velocidade
em pressão na carcaça no ventilador.
Você sabia que o ventilador foi inventado nos Estados Unidos da América,
CURIOSIDADES em 1882, por Schuyler S. Wheelersão?
4.4 Turbinas
As turbinas se classificam de acordo com o tipo de acionamento: hidráulicas, eólicas, a vapor ou a gás,
sendo que as turbinas a vapor são as mais utilizadas na indústria.
As turbinas a vapor operam como acionador primário para os seguintes equipamentos dinâmicos:
bombas, compressores, ventiladores, geradores elétricos, desfibradores, moendas e picadores.
As turbinas a vapor são equipamentos acionadores cuja função é a de transformar energia térmica em
energia mecânica. O processo ocorre em duas etapas, sendo que, na primeira etapa, o vapor, ao passar
por bocais expansores, forma um jato de alta velocidade, aumentando a sua energia cinética. Na segunda
etapa, a energia cinética do vapor é transformada em energia mecânica de rotação ao passar pelas pa-
lhetas das rodas. As rodas estão ligadas a um eixo que, por sua vez, está ligado ao equipamento que será
acionado pela turbina. Na figura a seguir, é mostrado o conjunto rotativo de uma turbina, composto pelas
rodas e eixo.
Quanto ao princípio de funcionamento, existem dois tipos de turbinas: turbinas de ação e turbinas de
reação. Na turbina de ação, a expansão do vapor, nos expansores, provoca alta velocidade, produzindo
força nas palhetas montadas na periferia da roda. Já na turbina de reação, além da expansão do vapor nos
expansores, este também sofre expansão nas palhetas, causando força de reação.
Processo produtivo
56
Você sabia que as turbinas a gás são utilizadas nos aviões porque são máqui-
CURIOSIDADES nas mais leves do que os motores de combustão interna, acarretando maior
eficiência e capacidade de carga das aeronaves?
SAIBA Para aprender mais detalhes sobre os equipamentos de transferência de fluidos, leia:
LUDWIG, Ernest E. Applied process design for chemical and petrochemical plants.
MAIS Houston: Gulf, c1999. v. 1 e 3.
CASOS E RELATOS
8 Ruído: é tudo aquilo que interfere na comunicação e impede que seus elementos interajam com fluência.
4 Operações unitárias de transferência de fluidos
57
RECAPITULANDO
As bombas são equipamentos utilizados para transportar líquidos de um ponto a outro do processo,
e os compressores transportam vapores e gases. Os ejetores são usados para produzir vácuo nos proces-
sos. Para serviços com baixas pressões, como ventilação e transporte de ar de combustão, utilizam-se os
ventiladores. As turbinas a vapor operam como acionador primário para equipamentos dinâmicos, como
bombas, compressores, ventiladores, etc.
Operações unitárias de
armazenamento de fluidos
Os vasos costumam ser classificados também de acordo com o serviço a que se destinam. Dentro dos
serviços encontrados em plantas de processo, a classificação mais abrangente é a seguinte:
a) Vasos de amortecimento: destinam-se a eliminar ou amortecer variações de pressão em linha de
gases;
b) Vasos-pulmão: são utilizados para estocagem de produtos. Se utilizados para o armazenamento
de matéria-prima ou para acúmulo intermediário entre fases de processo, são chamados de vasos de
carga. Se utilizados para estocagem de rejeitos ou produtos fora de especificação, são chamados de
vasos “slope”;
c) Acumuladores ou vasos de refluxo: são utilizados quando o produto de entrada é bifásico, cons-
tituído principalmente de fase líquida e, por razões de processo, deve-se manter um determinado
volume de líquido. Se a principal retirada for para estocagem ou continuidade do processo, são cha-
mados de vasos de acúmulo; caso a maior corrente se destine ao refluxo da coluna, são conhecidos
como vasos de refluxo;
d) Separadores líquido-vapor: são utilizados quando a finalidade é promover uma separação de fases
de uma mistura líquido-vapor, extraindo-se a corrente de vapor pelo topo do vaso. Se a quantidade
de líquido na carga é muito pequena, retirando-se vapor ou gás com o mínimo de gotículas de líquido
arrastadas, são conhecidos como vasos “Flash”.
9 Espaço confinado: é todo lugar que possui entradas ou saídas limitadas ou restritas, como por exemplo: vasos, colunas, tanques
fixos, containers, silos, caixas subterrâneas, etc., que não está designado para uso ou ocupação contínua, ou ainda que contém
ou conteve potencial de risco na atmosfera, possui atmosfera com deficiência de O2 (menos de 19,5%) ou excessos de O2 (mais
de 22%), possui configuração interna tal que possa provocar asfixia, claustrofobia, e até mesmo medo ou insegurança e possui
agentes contaminantes agressivos à segurança ou à saúde.
Processos produtivos
62
SAIBA Para obter mais informações sobre os vasos de processo e os tanques de armazena-
mento, leia: PETERS, Max S.; TIMMERHAUS, Klaus D. Plant design and economics for
MAIS chemical engineers. New York: McGraw-Hill, 1991.
De forma a conter eventuais derrames em caso de vazamentos ou ruptura, os tanques são instalados
dentro de bacias de contenção, cujo volume é superior ou igual ao volume do tanque.
CASOS E RELATOS
Devido à corrosão atmosférica, ocorreu um furo no costado do tanque de óleo combustível de uma
empresa existente no Polo Petroquímico de Camaçari. Entretanto, o líquido que vazou ficou retido
na bacia de contenção, que era pavimentada com concreto, por isso, o solo não foi contaminado. O
líquido do interior da bacia foi transferido através de um edutor para um caminhão apropriado para
transporte de resíduos. Logo em seguida, este caminhão descarregou o líquido na estação de trata-
mento de efluentes líquidos da fábrica. Devido a rápida tomada de ação pelo corpo técnico da em-
presa, o impacto ambiental10 provocado por este evento foi mínimo. Porém, as perdas econômicas
foram consideráveis, já que foram perdidas 50 toneladas de óleo combustível.
10 Impacto ambiental: de acordo com a Resolução nº. 001/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), impacto
ambiental é definido como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, que, direta
ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota (flora e
fauna); as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 1986).
Processos produtivos
64
RECAPITULANDO
Os trocadores de calor são equipamentos utilizados nos processos industriais onde dois ou mais fluidos,
com temperaturas diferentes, trocam calor através de uma interface, normalmente metálica, na ausência
de chama, visando atender às necessidades do processo ou economizar a energia que seria perdida para
o ambiente.
No processo de troca térmica pode haver ou não mudança de fase (condensação ou evaporação) dos
fluidos envolvidos.
Existem três processos diferentes nos quais o calor pode ser transferido de uma fonte quente para um
meio receptor: condução, convecção e radiação. Normalmente, na maioria das aplicações, a transferên-
cia de calor ocorre através de dois ou três processos concomitantemente.
A condução é um processo de transferência de calor através de um material sólido (exemplo: o aque-
cimento do cabo da colher dentro de uma xícara de café quente). Na convecção, ocorre a transmissão de
calor entre uma porção quente e uma quantidade fria de um fluido através do processo de mistura (exem-
plo: colocar a xícara de café quente na janela para esfriar ou assoprar). A radiação envolve a transmissão
da energia radiante de uma fonte para um receptor, e ocorre de forma mais expressiva para grandes di-
ferenças de temperatura (exemplo: um forno a 1200°C e o exterior a 30°C). A transmissão de calor através
de radiação em trocadores de calor é desprezível quando comparada aos mecanismos de convecção e
condução.
Os principais tipos de trocadores de calor são:
a) Trocador casco e tubos
São os trocadores de calor mais encontrados na indústria. Eles são constituídos, basicamente, de um
feixe de tubos envolvido por um casco cilíndrico. Um dos fluidos circula através do feixe, contido pelo
casco e orientado por chicanas11, e o outro pelo interior dos tubos;
Tf,e
Carcaça
Tq,e
Tq,e
Tubo
Tf,e
11 Chicanas: São placas colocadas transversalmente ao feixe tubular com função de evitar a flexão dos tubos, aumentar a
turbulência do fluido do casco por diminuição de área de escoamento e evitar a formação de caminhos preferenciais.
6 Operações unitárias de troca térmica
69
Em função da construção do feixe de tubos, eles podem apresentar características muito diversas.
Pode-se dividi-los em três grupos: espelho fixo (temperatura máxima igual a 150ºC), espelho flutuan-
te (temperatura acima de 150ºC e fluido sujo) e tubos em “U” (temperatura acima de 150ºC e fluido
limpo). Na figura seguinte é mostrado um trocador de calor tipo Tubo em “U”;
Trocador bitubular
São equipamentos muito simples e consistem na montagem de dois tubos concêntricos12. Um flui-
do passa pelo tubo interno e o outro pelo anel formado entre os dois tubos. Os tubos internos são
montados em sequências de trechos retos em série, unidos por curva em U. Eles são adequados
para utilização a pressões elevadas, são economicamente competitivos quando a carga térmica
envolvida é pequena (baixas vazões). A limpeza mecânica interna dos tubos é relativamente fácil, são
adquiridos na forma de módulos, podendo-se ajustar a área de troca com relativa facilidade. A Figura
20 apresenta uma foto de um trocador de calor bitubular;
12 Tubos Concêntricos: dois tubos com o mesmo centro, sendo que o tubo com diâmetro menor fica dentro do tubo de diâmetro
maior.
Processos produtivos
70
c) Trocador de placas
São construídos de diversas placas corrugadas13 em série, colocadas entre duas molduras em um
pedestal e mantidas em posição por meio de parafusos de aperto. Os fluidos trocam calor, passando
em contracorrente, alternadamente, pela sequência de placas (Figura 22).
As placas muito finas são construídas de materiais nobres (aço inox, Ti, Ni e ligas etc.) e dotadas de
corrugações, que têm por finalidade provocar a turbulência dos fluidos e suportar as placas. Nas pla-
cas, existem gaxetas14 que impedem vazamentos para o exterior e mistura dos dois fluidos.
As principais vantagens dos trocadores de placas são: ocupam menos espaço para montar e desmon-
tar, facilidade para limpeza e flexibilidade devido à possibilidade de inclusão ou remoção de placas.
E as principais desvantagens são: apresentam limitações de pressão e temperatura, grande número
de pontos de possíveis vazamentos, não trabalham com mudanças de fase nem com fluidos muito
viscosos;
Orifício Orifício
Quente Gaxeta Fechado Aberto
1 2 3 4 5 6 7 8
Frio
Existem outros tipos de trocadores de calor, como por exemplo: trocador plate-fin, pré-aquecedor
de ar tipo Ljungstrom, trocador de placas espirais, trocador de tubos espirais, aquecedor de tanque,
trocador baioneta, trocador de superfície raspada, trocador tipo painéis, trocador de teflon, trocador
de grafite, trocador de vidro, aquecedor elétrico, vasos agitados, serpentinas, trocador de cascata e
trocador de lamela.
Processos produtivos
72
Você sabia que os trocadores de calor tipo casco e tubos são fabricados de
CURIOSIDADES acordo com a Norma da Associação Americana de Fabricantes de Trocadores
de Calor (Tubular Exchangers Manufactures Association - TEMA)?
6.2 Fornos
Em diversas etapas dos processos industriais, o produto que está sendo processado precisa ser aqueci-
do antes de entrar em um sistema de reação ou de separação. Para prover este aquecimento, são utilizados
os fornos, que utilizam o calor gerado pela queima de combustíveis.
Há três tipos principais de fornos, classificados segundo a posição dos tubos de serpentina de aqueci-
mento:
a) horizontais: são considerados os fornos em que os tubos da serpentina, para o aquecimento da car-
ga, tanto da seção de radiação como da seção de convecção, são distribuídos horizontalmente;
b) verticais: são aqueles em que os tubos da serpentina de aquecimento, tanto da seção de radiação
como da seção de convecção, são dispostos verticalmente;
c) misto: são aqueles em que os tubos da serpentina de aquecimento da seção de radiação são verti-
cais, e os da seção de convecção são horizontais.
Os fornos consistem de uma serpentina de tubos que é colocada dentro de uma caixa ou câmara onde
há combustão, a fim de aquecer o produto, que passa internamente nos tubos. A serpentina poderá ser
constituída de um tubo contínuo ou de uma série de tubos interligados entre si, na sua extremidade, por
meio de cabeçotes, curvas de retorno ou coletores.
Os tubos poderão estar dispostos internamente na fornalha, em forma helicoidal, vertical ou horizontal.
Em qualquer caso, deverão estar convenientemente suportados em função da sua disposição, comprimen-
to, diâmetro e condições operacionais15.
A caixa onde há a combustão ou simplesmente fornalha deverá ser adequada para altas temperaturas,
pois nela haverá o desenvolvimento de calor proporcionado pela queima do combustível. Assim sendo, as
paredes da fornalha deverão ter alta resistência ao calor, sendo normalmente construídas em tijolos refra-
tários16 ou isoladas com mantas refratárias contidas por uma estrutura metálica.
O calor desenvolvido na câmara de combustão é proveniente de queimadores, que poderão ser alimen-
tados por óleo ou gás combustível.
A quantidade de calor fornecida pelos queimadores e a vazão do produto internamente nos tubos são
rigidamente controlados através de instrumentos, tendo em vista as condições operacionais de pressão e
temperatura.
15 Operacionais: Uma definição operacional é um procedimento que atribui um significado comunicável a um conceito através
da especificação de como o conceito é aplicado dentro de um conjunto específico de circunstâncias.
16 Refratários: Materiais capazes de suportar altas temperaturas e que possuem baixa condutividade térmica (isolante térmico).
6 Operações unitárias de troca térmica
73
A câmara de combustão está normalmente conectada à chaminé, por onde se faz a exaustão dos gases.
Esta conexão poderá ser feita através do próprio corpo do forno ou por meio de dutos aéreos ou enterra-
dos. Veja os detalhes construtivos na Figura 23.
Chaminé
BASE DE CHAMINÉ
Tubos de Convecção
Tubos de Radiação
Parede Refratária
Câmara de Combustão
QUEIMADORES
6.3 Caldeiras
Caldeira é todo equipamento destinado a produzir vapor sob pressão superior a atmosférica. Existem
diversas formas para se classificar as caldeiras:
a) Quanto à localização da água: flamotubulares (água externa aos tubos) e aquotubulares (água
dentro dos tubos);
b) Quanto à energia empregada para o aquecimento: combustíveis, elétricas, caldeiras de recupera-
ção, nuclear;
c) Quanto à montagem: caldeiras pré-montadas (compactas) e caldeiras montadas na área de produ-
ção ou na planta;
d) Quanto à circulação de água: circulação natural, circulação forçada e combinada;
e) Quanto ao sistema de tiragem: tiragem natural, tiragem forçada e tiragem induzida;
f) Quanto à pressão de operação:
-- Caldeiras de baixa pressão: 6 a 16 kgf/cm2 man17;
-- Caldeiras de média pressão: 22 a 39 kgf/cm2 man;
-- Caldeiras de alta pressão: acima de 60 kgf/cm2 man.
Entre as aplicações mais comuns do vapor nos processos industriais, podem-se destacar as seguintes:
a) Aquecimento de fluidos de processo em refervedores de torres de destilação e pré-aquecedores de
carga;
b) Acionamento de turbina a vapor para funcionamento de equipamentos rotativos (bombas, compres-
sores e turbogeradores de energia elétrica);
c) Redução de pressão parcial de compostos leves para evitar degradação e auxiliar na destilação;
d) Selagem de equipamentos rotativos;
e) Sopragem de fuligem em fornos e caldeiras;
f) Atomização de combustíveis líquidos em fornos e caldeiras.
corrente de convecção. Ao chegar ao tubulão superior, a água quente se transforma em vapor, que depois
recebe mais calor dentro da caldeira, transformando-se em vapor superaquecido.
Gases de
Tubulão Vapor Saturado
Combustão Vapor Super
Vapor Sup.
Água Superaquecedor
Fornalha
Condensador
Economizador Feixe
Chaminé Tubular
O resfriamento das correntes quentes dos processos industriais normalmente é realizado com água fria
tratada, denominada água de resfriamento (AGR). Ao resfriar estas correntes, a AGR se aquece e, para que
esta possa ser reutilizada como fluido frio para resfriamento das correntes de processo, é necessário resfriá-
-la à temperatura original em um processo realizado utilizando o ar atmosférico. A troca térmica entre a AGR
quente e o ar atmosférico se dá em um equipamento denominado torre de resfriamento.
A torre de resfriamento pode ser considerada um trocador de calor, no qual há um contato direto en-
tre o ar e a água. No processo, cerca de 80% da transferência de calor da água para o ar é feita através da
evaporação de uma pequena parte da água circulante, sendo os 20% restantes transferidos como calor
sensível18.
Existem duas formas principais para caracterizar as torres de resfriamento:
a) Tipo de tiragem: natural e mecânica, que pode ser induzida ou forçada;
b) Direções dos fluxos de ar e água: contracorrente e correntes cruzadas.
Nas torres de tiragem natural, a movimentação do ar é proporcionada pela diferença das densidades
do ar úmido no interior da torre e do ar ambiente. As figuras seguintes mostram, esquematicamente, uma
torre de contracorrente (o ar sobe e a água desce de forma paralela) e outra de correntes cruzadas (o ar
atravessa a torre perpendicularmente ao caminho da água). Também pode-se ver a seguir a foto de uma
torre de corrente cruzada.
Ar quente Ar quente
Água Água
Água Água quente quente
quente quente
Ar frio Ar frio
Ar frio Ar frio
18 Calor sensível: É a quantidade de calor necessária para variar a temperatura de um corpo sem que haja variação do seu estado
físico.
6 Operações unitárias de troca térmica
77
Você sabia que a eficiência das torres de resfriamento depende muito das
condições climáticas (umidade e temperatura do ar) e, por isso, a tempera-
CURIOSIDADES tura da AGR não fica constante, varia ao longo do dia (manhã e noite) e ao
longo do ano (verão e inverno)?
CASOS E RELATOS
Na Petrozuki, refinaria de petróleo do Japão, foi realizado um projeto de otimização energética com
objetivo de reduzir os custos operacionais e os impactos ambientais. Algumas das ações tomadas
foram as seguintes: 1) substituição de vários trocadores de calor por outros mais eficientes; 2) subs-
tituição do combustível dos fornos e da caldeira de óleo por gás natural; 3) instalação de trocadores
de calor para pré-aquecer o ar de combustão dos fornos e da caldeira; e 4) substituição dos recheios
da torre de resfriamento. O consumo total de combustível caiu de 8,5 para 6,8 t/h (20% a menos) e a
quantidade de dióxido de carbono (gás de efeito estufa) lançada na atmosfera reduziu cerca de 40%
(devido a substituição do combustível e menor consumo deste).
RECAPITULANDO
Os trocadores de calor são equipamentos utilizados nos processos industriais nos quais dois ou mais
fluidos com temperaturas diferentes trocam calor através de uma interface, sem se misturar e na
ausência de chama. Os fornos utilizam o calor gerado pela queima de combustíveis para aquecer ou
vaporizar os fluidos dos processos. A caldeira também utiliza combustível, porém o objetivo é gerar
vapor d´água. A torre de resfriamento pode ser considerada como um trocador de calor, no qual há
um contato direto entre o ar atmosférico e a água quente utilizada para o resfriamento das correntes
quentes dos processos industriais.
Operações unitárias de separação
Neste capítulo, serão apresentadas algumas das principais operações unitárias de separa-
ção de misturas: destilação, absorção, adsorção, extração, evaporação e secagem.
Processos Produtivos
82
7.1 Destilação
Os processos produtivos lidam frequentemente com correntes de processo que possuem componen-
tes que necessitam ser separados de outros, seja na preparação de uma corrente para posterior reação
química, seja na separação dos produtos de uma reação, ou ainda na purificação de efluentes líquidos ou
gasosos para descarte. A destilação destaca-se como a principal tecnologia de separação pela sua simpli-
cidade e aplicabilidade universal, porém não é um processo eficiente em termos de consumo de energia,
por isso, processos de separação alternativos têm atraído crescente interesse.
A destilação é um processo industrial cujo objetivo é separar duas ou mais substâncias presentes em
uma mistura líquida pela aplicação ou remoção de calor ou pelo abaixamento de pressão. Baseia-se na
diferença de volatilidade e no princípio do equilíbrio entre as fases líquida e vapor dos constituintes.
O sistema de destilação é composto por:
a) Casco ou coluna de destilação: cilindro metálico dentro do qual a destilação ocorre (figura a seguir);
b) Os dispositivos de contato (pratos ou recheios): são usados para propiciar contato íntimo entre as
fases. O vapor e o líquido, que deixam cada estágio, aproximam-se do equilíbrio térmico, de pressão e
de composição, desde que haja um contato eficiente nos pratos. Os principais tipos de pratos (valvu-
lados, perfurados e com borbuladores) estão mostrados nas figuras seguintes, também pode-se ver
alguns tipos de recheio randômicos e recheios estruturados;
7 Operações unitárias de separação
83
c) Condensador: trocador de calor que condensa o vapor que deixa a coluna pelo topo;
d) Vaso de refluxo: vaso de processo que armazena o líquido proveniente do condensador, sendo que
parte deste líquido retorna à coluna e a outra parte sai como produto de topo;
e) Reboiler: trocador de calor que vaporiza parcialmente o líquido formado no fundo que retorna à
coluna fornecendo calor para promover a separação. O líquido remanescente sai como produto de
fundo.
Condensador
Vaso de
Refluxo
Refluxo
Coluna
Destilado
Carga
Reboiler
Vapor
Produto
de Fundo
7.2 Absorção
A absorção de gás é uma operação unitária em que um ou mais de um componente de uma mistura
gasosa é dissolvido em um líquido. A absorção pode ser um fenômeno puramente físico ou pode envolver
a solubilização da substância no líquido, seguida por uma reação com um ou mais de um constituinte do
líquido. A operação inversa, denominada dessorção, é usada para transferir um ou mais componentes vo-
láteis de uma mistura líquida para um gás. O esquema a seguir mostra, de forma simplificada, a diferença
entre estas operações:
Muitas substâncias podem participar do processo de absorção. O quadro seguinte apresenta alguns
exemplos de solutos e solventes não aquosos usados na absorção.
Solutos Solventes
Em geral, o gás e o líquido escoam em contracorrente para que seja maior a diferença de concentração
e, portanto, maior a velocidade de absorção. Ocasionalmente, as operações de absorção são realizadas em
7 Operações unitárias de separação
87
colunas de nebulização ou em colunas com paredes molhadas, em vasos com agitação ou em outros tipos
de equipamento.
Os equipamentos de absorção mais usuais são as torres de prato e as torres recheadas. Na escolha do
equipamento vários fatores devem ser levados em consideração. De uma maneira geral, as torres rechea-
das são recomendadas quando o sistema é corrosivo, viscoso e tende a formar espuma e o projeto exige
pequena perda de carga. As torres de pratos são particularmente recomendadas quando o sistema exige
limpezas constantes, transferência de calor e maior flexibilidade de vazões de líquidos e vapor.
Torres recheadas são colunas verticais cheias com recheios. Alguns dos principais recheios utilizados
nas torres recheadas têm como objetivo aumentar o contato entre a fase líquida e a fase gasosa. O líquido
é distribuído sobre o leito de recheio e escoa tortuosamente para o fundo da torre, e o gás sobe a coluna,
entrando em contato com o líquido na superfície do recheio.
Você sabia que a solubilidade do soluto no solvente deve ser a mais alta pos-
sível de modo a não se manusear quantidades excessivas de solvente? Além
CURIOSIDADES disto, o solvente de absorção deve ter baixa pressão de vapor e baixa viscosi-
dade, e não deve ser muito caro, corrosivo, tóxico ou inflamável, bem como ser
quimicamente estável.
7.3 Adsorção
Gás out
Líquido in
Distribuidor de líquido
Retentor do recheio
Casco
Recheio randômico
Re-distribuidor de líquido
Suporte do recheio
Gás in
Líquido out
Sela Intalox
Anéis Pall
Anéis Rasching
Anel Quartelado
Anel Espiralado
Anel de Lessing
Sela Berl
Os materiais sólidos utilizados no processo de adsorção são denominados adsorventes. São sólidos
altamente seletivos a determinadas espécies moleculares. No quadro seguinte estão listados os principais
adsorventes comerciais, suas aplicações, vantagens e desvantagens.
Dificuldade de regenera-
Remoção de poluentes ção em casos de correntes
Mais barato, carro-chefe
Carvão ativado orgânicos em efluentes sujas; algumas vezes pode
do controle de poluição
gasosos e aquosos incendiar-se durante a
regeneração
Capacidade de adsorção
Peneira molecu- Desidratação, separação
Diversas aplicações menor que a de outros
lar zeolítica de ar e muitas outras
adsorventes
Só é economicamente
Remoção de baixas con- Excelente para a
Adsorventes viável para a remoção de
centrações de H2S e SO2 remoção de traços de
irreversíveis pequenas quantidades
de gases contaminantes
(menor que 100 kg/dia)
Quantidade removida
Remoção de orgânicos de Não é necessária a
Bioadsorventes menor que a de outros
correntes gasosas regeneração
adsorventes
7.4 Extração
Apesar de a extração ser uma técnica de separação utilizada em laboratórios desde a Idade Média, sua
aplicação industrial só foi verificada no início do século passado, principalmente nas indústrias de petróleo
e petroquímica, e mais recentemente no combate à poluição.
A extração é um método indireto de separação, pois exige a introdução de uma nova substância (o
solvente) na separação dos componentes da mistura, levando-a a ser um método, em princípio, mais caro
que outros. A extração sempre é seguida de um sistema de destilação para separar o solvente adicionado.
A destilação, que é um método direto (o agente extrator é o calor), apresenta como vantagem a fácil re-
moção do calor dos produtos. Deste modo, a extração é empregada, até o momento, nos casos em que a
destilação ou outro método direto se apresente antieconômica ou impraticável, como nos casos em que:
a) Os componentes são relativamente não voláteis;
b) Os componentes têm baixa volatilidade relativa;
c) Os componentes são sensíveis à temperatura requerida para separação;
d) O componente desejado é pouco volátil e está presente na solução em pequena quantidade;
e) A separação por cristalização fracionada é antieconômica;
f) Os componentes formam azeotropo (mistura líquida que, quando vaporizada, o vapor possui a mes-
ma composição que o líquido);
g) Os componentes têm pontos de ebulição próximos.
Para a extração funcionar, os componentes devem ter coeficientes de solubilidade19 distintos em rela-
ção ao solvente, nas condições de temperatura e pressão em que o sistema opera.
Em decorrência da ação do solvente sobre os componentes a serem separados, formam-se duas fases:
1) Extrato (solvente e o componente mais solúvel); 2) Rafinado (componente menos solúvel com traços
do solvente e do outro componente). A região existente entre as duas fases formadas é conhecida como
interface.
Os seguintes fatores influenciam no processo de extração:
19 Coeficiente de solubilidade: é a quantidade de soluto necessária para saturar uma quantidade padrão de solvente em
determinadas condições de temperatura e pressão.
7 Operações unitárias de separação
91
a) Relação solvente/carga: quanto maior a relação solvente/carga, melhor a extração, devido ao soluto
ficar mais diluído, aumentando a velocidade da dissolução. Existe uma relação mínima solvente/carga
abaixo da qual não é possível efetuar a extração desejada (saturação do solvente);
b) Pureza do solvente: quando o solvente é recuperado após a extração, quanto mais isento de soluto
ele retornar à etapa de extração, mais eficaz será a extração, pois mais afastado estará da composição
de saturação, consequentemente, maior será a passagem de soluto para ele;
c) Temperatura: o ideal é que o solvente seja insolúvel no componente indesejável. A miscibilidade
aumenta com a temperatura.
No quadro seguinte, alguns dos principais processos são apresentados com os seus respectivos solven-
tes e aplicações.
7.5 Evaporação
A evaporação é uma operação unitária em que se concentra uma solução pela vaporização do solvente,
gerando duas correntes: solução concentrada e solvente evaporado. Usualmente, o produto desejado é a
solução concentrada, mas, às vezes, o solvente evaporado é o produto de interesse. Por exemplo: pode-se
produzir água potável através da evaporação da água do mar. Se a evaporação prossegue até que quase
todo solvente evapore e o soluto precipite, a operação unitária é definida como cristalização.
Na evaporação, primeiro ocorre a transferência de calor do meio de aquecimento para a solução. A
transferência de calor pode ocorrer através de uma superficie sólida ou através de uma transferência direta
entre um fluido quente e a solução evaporante. Em seguida, há uma tranferência simultânea de calor e de
massa do líquido para a fase vapor.
Os sistemas de evaporação são encontrados em diversas indústrias: fabricação de solventes orgânicos,
fertilizantes, alimentos, bebidas, papel e celulose, produtos farmacêuticos, etc.
A evaporação também pode ser utilizada com intuito de reduzir o volume do produto de armazena-
mento e de transporte. Outra aplicação importante é na conservação de alimentos, pois quanto menor o
teor de água, menos suscetíveis à ação de desenvolvimento de microrganismos.
O evaporador é constituído por um trocador de calor, capaz de efetuar a ebulição da solução, e de um
espaço para separar a fase vapor do líquido em ebulição. O fluido de aquecimento pode ser interno ou
externo aos tubos onde ocorre a troca térmica. Na figura seguinte são mostrados dois modelos típicos de
evaporadores industriais.
Vapor Vapor
Vapor
vivo
Vapor Alimentação
vivo Saída de gases Saída de
não condensáveis produto
Condensado
Saída de Alimentação
produto
CURIOSIDADES Você sabia que para evaporar um quilograma de água que se encontra a 30ºC
são necessários 580 kcal?
7 Operações unitárias de separação
93
7.6 Secagem
A secagem é uma das operações unitárias mais encontradas nos diversos processos utilizados em in-
dústrias agrícolas, cerâmicas, químicas, alimentícias, farmacêuticas, de papel e celulose, minerais e de
polímeros.
A remoção de líquido presente em material sólido pode ser realizada mecanicamente através de pren-
sas ou centrífugas, ou ainda por vaporização térmica. A remoção por prensas ou centrífugas é denominada
desidratação mecânica, e a vaporização térmica é conhecida como secagem. A simples evaporação do
solvente, sem o auxílio de uma corrente gasosa para arrastar o líquido, não é considerada secagem, é de-
nominada evaporação.
O termo secagem, apesar de se aplicar também à remoção da umidade de gases, aqui será abordado
como a remoção de uma substância volátil de um produto sólido. Quando a substância líquida presente
no sólido é a água, a mesma é chamada de umidade.
A secagem é uma operação unitária em que acontece, simultaneamente, a transferência de calor e de
massa entre os materiais envolvidos no processo.
Devido a grande variedade de tipos de produtos que devem ser secos por diferentes métodos, existe
também uma variedade de projetos de secadores. Um secador contínuo para papel e produtos têxteis é
mostrado na figura a seguir.
20 Preservação: está relacionada à proteção dos ambientes naturais de forma integral, sem uso destes recursos pela espécie
humana.
Processos Produtivos
94
CASOS E RELATOS
O efluente líquido de uma empresa italiana de produção de nylon tinha a seguinte composição em
2010: 99,20%m de água, 0,50%m de benzeno e 0,30% de sais dissolvidos. Devido ao alto teor de ben-
zeno, o órgão ambiental italiano notificou a empresa e deu um prazo de um ano para resolver o pro-
blema. A diretoria da empresa formou um grupo técnico com intuito de apresentar soluções tecnica-
mente viáveis. Depois de diversos estudos, o grupo propôs a instalação de um sistema de tratamento
composto pelas seguintes operações unitárias: destilação, adsorção com carvão ativado e evapora-
ção. Na destilação do efluente líquido, a concentração de benzeno reduz de 0,50%m (5000 ppm) para
0,01%m (100 ppm) no fundo da coluna. O efluente, ainda com uma pequena quantidade de composto
pelas seguintes operações unitárias: destilação, adsorção com carvão ativado e evaporação. Na desti-
lação do efluente líquido, a concentração de benzeno reduz de 0,50%m (5000 ppm) para 0,01%m (100
ppm) no fundo da coluna. O efluente, ainda com uma pequena quantidade de composto pelas se-
guintes operações unitárias: destilação, adsorção com carvão ativado e evaporação. Na destilação do
efluente líquido, a concentração de benzeno reduz de 0,50%m (5000 ppm) para 0,01%m (100 ppm) no
fundo da coluna. O efluente, ainda com uma pequena quantidade de benzeno, passa por um vaso
cheio de carvão ativado, onde o benzeno é completamente removido por adsorção. Depois, o efluente
isento de benzeno passa por um evaporador, onde a água é evaporada e é reciclada para consumo na
própria empresa. O benzeno obtido quase puro no topo da coluna será comercializado, e os sais remo-
vidos no evaporador serão descartados em aterros sanitários. Desta forma, a empresa resolveu um
problema ambiental e ganhou mais uma fonte de renda: a venda do benzeno (figura seguinte).
Água: 0,01%m
Benzeno: 99,99 %m
Destilação
Água: 99,20%m
Benzeno: 0,50 %m
Sais: 0,30%m
Água: 100%m
Benzeno: < 1 ppm
Adsorção com
Carvão Ativado
Evaporação
Sais: 100%m
Água: 99,59%m Água: 99,60%m
Benzeno: 0,01 %m Sais: 0,40%m
Sais: 0,40%m
SAIBA Você pode obter outras informações sobre as operações unitárias de separação no
livro: PERRY, Robert H.; GREEN, Don W.; MALONEY, James O. Perry’s chemical engine-
MAIS ers’ handbook. USA: McGraw-Hill, 1976.
RECAPITULANDO
A seguir, serão abordados alguns dos principais processos produtivos locais: 1) Produção e
refino de petróleo; 2) Processos petroquímicos e 3) Processos metalúrgicos.
Processos produtivos
98
O petróleo é uma das matérias-primas mais importantes para a vida moderna, sendo responsável pela
produção de milhares de produtos. Dentre tantos produtos oriundos do petróleo, pode-se citar: gasolina,
óleo diesel, gás de cozinha, gasolina de aviação, óleos lubrificantes, plásticos, tintas, etc.
O petróleo é encontrado em diversas profundidades, tanto no subsolo terrestre como no marítimo. Sua
formação é o resultado da decomposição da matéria orgânica21 depositada no fundo de mares e lagos,
que sofreu modificações nas estruturas moleculares, através de pressão e temperaturas altas, baixo teor
de oxigênio e ação de bactérias.
O petróleo é uma mistura líquida inflamável, contendo compostos orgânicos e inorgânicos, de colora-
ção variável entre amarela e preta. Os compostos de carbono e hidrogênio, denominados hidrocarbone-
tos, são os que mais predominam nesta mistura.
A composição elementar média em percentagem mássica (%m) do petróleo é a seguinte:
a) Carbono: 86 %m;
b) Hidrogênio: 12 %m;
c) Enxofre: 0,06 a 9 %m;
d) Nitrogênio: 1 %m;
e) Oxigênio: 0,5 %m;
f) Metais (Fe, Ni, V etc.): 0,3 %m.
A perfuração do poço de petróleo é feita através de uma sonda de perfuração, em cuja extremidade
é colocada uma broca para perfurar as rochas. É injetado um fluido especial no poço, denominado “lama
de perfuração”, com o objetivo de evitar desmoronamentos das paredes. Durante a perfuração, todo o
material triturado pela broca e a lama sobem à superfície. Em seguida, é realizada a completação, que é a
introdução de uma tubulação de aço com uma camada de cimento envolta nela, que tem como objetivo
impedir a penetração de água e a queda das paredes do poço. Em seguida, um canhão especial desce
e provoca perfurações no aço e no cimento, abrindo furos que permitem o escoamento do gás e do
óleo para o interior do poço. Estes fluidos saem para a superfície através de outra tubulação de menor
diâmetro. Na figura seguinte é mostrada a foto de uma sonda de perfuração atuando em um campo de
gás natural.
Em alguns casos, o poço possui pressão suficiente para que o óleo suba à superfície com a própria
energia do fluido. Porém, se esta pressão for baixa, é necessário retirar o óleo através de um equipamento
denominado “cavalo de pau”, como pode ser observado na figura a seguir, montado na cabeça do poço, e
que aciona uma bomba colocada no seu interior.
O petróleo segue então para os vasos trifásicos, onde a fase oleosa é separada da fase gasosa e da fase
aquosa. O óleo é armazenado em tanques para posterior envio às refinarias. Já o gás passa por um pro-
cesso de separação para produzir o gás natural e o gás liquefeito de petróleo (GLP)22 ou gás de cozinha.
Normalmente, a água é injetada no poço.
Após este primeiro tratamento, o óleo é transferido por dutos ou por navios petroleiros para as refina-
rias, onde será transformado em diversos derivados (gasolina, diesel, etc.). A figura seguinte mostra a foto
do oleoduto Alasca, que liga o norte do Alasca (Prudhoe Bay) até os navios petroleiros que ficam no sul do
Alasca, e que tem uma extensão de 1270 km e transporta até 2 milhões de barris por dia.
Petróleo Gasolina
Alto Forno
Querosene
Óleo Diesel
Óleo Combustível
22 Gás Liquefeito de Petróleo (GLP): gás composto principalmente por propano e butano que é liquefeito aumentando a pressão
para cerca de 7 kgf/cm2 man. É utilizado nos fogões e nos veículos.
8 Principais processos produtivos locais
101
O resíduo atmosférico do fundo da torre de fracionamento passa por uma destilação a vácuo, com o
objetivo de produzir gasóleos e o resíduo de vácuo, conhecido como óleo combustível. Estas correntes
são utilizadas como cargas de outros processos de refino que visam à obtenção de produtos de maior
valor agregado. Um destes processos é o craqueamento catalítico de leito fluidizado (FCC), que transfor-
ma os gasóleos em GLP e gasolina a uma temperatura próxima a 500 ºC, através da quebra das moléculas
grandes (gasóleos) em moléculas menores (GLP e gasolina), na presença de partículas sólidas, finamente
divididas, denominadas catalisadores, que auxiliam a reação de craqueamento, aumentando sua eficiência
e sem reagir com as substâncias presentes no reator.
Outro processo importante é o coqueamento de resíduo de vácuo. Sob condições operacionais severas
(480 a 515ºC), as moléculas de cadeia aberta são craqueadas e as moléculas de cadeia fechada são coquea-
das, produzindo GLP, nafta, óleo diesel e coque. O coqueamento é um craqueamento ao extremo, no qual
as moléculas de hidrocarbonetos do resíduo de vácuo vão sendo quebradas até se obter os seus elemen-
tos básicos: carbono (coque) e hidrogênio.
Normalmente, cada refinaria tem uma configuração específica de processos visando à maximização da
produção de determinados derivados de petróleo comercialmente mais atraentes para a região consumi-
dora. Estas configurações recebem o nome de “nível de produção”. Como exemplo, na figura a seguir, é
apresentado esquema de produção nível 4. O petróleo passa pela destilação atmosférica, onde são sepa-
rados diversos derivados: gás combustível, GLP, nafta, querosene e diesel. O produto pesado que sai pelo
fundo da coluna de destilação atmosférica é enviado para a coluna de destilação a vácuo, que tem como
objetivo produzir gasóleos que alimentam a unidade de FCC, onde será produzido mais gás combustível,
GLP e gasolina. O produto de fundo da coluna de destilação a vácuo tem dois destinos: o primeiro é produ-
zir óleo combustível e o segundo é a unidade de coqueamento, que tem a finalidade de produzir mais gás
combustível, GLP e nafta, além de coque.
Processos produtivos
102
Óleo cru
Gás
GLP(1)
Destilação
atmosférica
NAFTA
Querosene
+ diesel
Destilação
FCC(2)
a vácuo Gasolina
Óleo
combustível
Hidrotratamento
Coqueamento
Coque
(1) GLP = Gás Liquefeito de Petróleo
(2) FCC = Craqueamento catalítico em leito fluidizado
Você sabia que até a metade do século 19 não havia ainda a ideia de perfu-
rar poços petrolíferos? Foi no estado da Pensilvânia, Estados Unidos, no dia
27 de agosto de 1859, após dois meses de perfuração, enfrentando inúmeras
CURIOSIDADES dificuldades e usando uma sonda de percussão movida a vapor, que Edwin
Laurentine Drake obteve uma lata de um líquido preto e viscoso que golfava
da terra (conhecido como óleo de pedra). Cerca de cinco anos depois, em
1865, já existiam 543 companhias de petróleo operando nos EUA.
SAIBA Para saber mais sobre o histórico da perfuração dos poços de petróleo entre no site da
MAIS Petrobras e descubra uma infinidade de curiosidades sobre esse assunto.
8 Principais processos produtivos locais
103
A indústria petroquímica, setor industrial que compreende a fabricação de produtos químicos a partir
dos derivados de petróleo ou do gás natural, apresenta características inerentes23 à indústria química clas-
sificada como pesada. Necessita de suprimento abundante, contínuo e regular de matérias-primas com
preços competitivos, em vista da elevada escala de produção e do emprego de processos contínuos e
automatizados. Apresenta, geralmente, expressivo custo operacional, com investimento do tipo capital
intensivo e uma participação relativamente baixa da mão de obra no custo do produto. Requer ainda e
de modo geral elevado apoio de utilidades industriais (água, vapor, energia elétrica etc.) e de facilidades
(armazenamento, manuseio, transporte, etc.).
Cabe ressaltar que a indústria petroquímica utiliza um número reduzido de matérias-primas (nafta, gás
natural, gasóleo, etc.) e que a gama de produtos resultantes (eteno, propeno, butadieno, benzeno, tolue-
no, amônia, metanol, etc.) constituem a base de várias famílias de numerosos produtos do segmento. Há,
ainda, a elevada valorização dos produtos petroquímicos e a exigência contínua da pesquisa científica e
tecnológica necessárias para o aparecimento de novos processos e lançamentos de novos produtos, assim
como o suporte exigido por uma adequada comercialização da produção.
Desta forma, ressaltam-se as seguintes peculiaridades químicas deste tipo de indústria:
a) Porte elevado, decrescendo dos produtos petroquímicos básicos para os finais;
b) Acesso relativamente fácil à tecnologia de produção e de serviços;
c) Pesquisa e desenvolvimento intensivos;
d) Comercialização e assistência técnica especializadas;
e) Dimensionamento, atendendo a uma escala de produção competitiva.
Os produtos petroquímicos são classificados em três categorias: petroquímicos básicos (eteno, pro-
peno, butadieno etc.), resinas (polietileno, poliéster, etc.) e os produtos de consumo (borrachas, garrafas,
etc.).
Os produtos petroquímicos básicos são os que resultam da transformação direta das matérias-primas
oriundas do petróleo e gás natural.
Os produtos petroquímicos finais são aqueles normalmente consumidos por outras indústrias (indús-
tria de transformação ou 3ª geração) e cujos padrões de qualidade devem atender às especificações de
desempenho requeridas pelas mesmas para o processamento de seus produtos.
De forma geral, os produtos petroquímicos podem ser agrupados em algumas famílias, entre as quais
se destacam os:
a) Plásticos;
b) Borrachas sintéticas24 (elastômeros);
c) Fibras sintéticas;
d) Detergentes;
e) Defensivos agrícolas;
f) Fertilizantes nitrogenados.
São produtos de utilização universal, constituindo-se, principalmente, em substitutos de produtos na-
turais: madeira, fibras (algodão, lã, etc.) papel, couro, borracha, etc., crescentemente escassos ou caros, ou
de produtos industriais, como ferro, alumínio, vidro, sabões, etc.
Você sabia que os plásticos têm seu nome originário do grego “plastikos”, que
CURIOSIDADES significa “capaz de ser moldado”, e suas principais aplicações são as embala-
gens: polietileno (81%), PET (80%), polipropileno (72%) e PVC (63%)?
SAIBA Entre nos sites da Braskem e da Associação Brasileira da Indústria de Plásticos (ABIS-
MAIS PLST) e descubra os diferentes tipos de plásticos e suas aplicações.
8 Principais processos produtivos locais
105
Os processos metalúrgicos são responsáveis pela produção dos metais (ferro, aço, cobre, alumínio, etc.)
e seus produtos finais (utensílios domésticos, ferramentas, veículos etc.).
A maioria dos metais encontra-se na natureza combinados com outros elementos químicos sob a forma
de óxidos, sulfetos, sulfatos, nitratos, carbonatos, etc.
O jeito em que os metais encontram-se na natureza é termodinamicamente mais estável do que se eles
estivessem no estado puro. Por isto, para reverter as reações químicas que acontecem naturalmente entre
os metais e os outros elementos da natureza (oxigênio, nitrogênio, enxofre, etc.) é necessário consumir
muita energia. Os processos metalúrgicos consomem muita energia para produzir os metais puros, que
são utilizados para produzir diversos bens de consumo, como as peças metálicas, latas, vergalhões, etc.
Os metais que estão ligados ao oxigênio na forma de óxidos são purificados através do processo de
redução. Os redutores mais utilizados são o carbono (carvão mineral, carvão vegetal de reflorestamento e
coque), monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2).
O gás natural também é utilizado como redutor, pois através de uma reação quí-
mica entre o metano do gás natural e vapor de água, denominada reforma, obtêm-se
o monóxido de carbono e de hidrogênio, equação apresentada a seguir:
As reações químicas de redução para produção de alguns metais que se encontram na natureza na
forma de óxido estão apresentadas a seguir:
Como pode ser observado, estes processos são responsáveis por geração de grandes quantidades de
dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa.
Além do redutor, também se adicionam areia (SiO2) e cal (CaO) aos fornos, com o objetivo de ajudar no
processo de purificação. Estes produtos, que recebem o nome de fundentes, reagem com as impurezas do
minério, produzindo um resíduo denominado escória25.
Normalmente, a concentração do metal no minério é muito baixa. Por isto, antes do minério ser en-
viado para os fornos de redução, passa por uma etapa de beneficiamento, de forma a aumentar a pureza
do minério, que compreende uma série de operações: britamento, peneiramento, moagem, concentra-
ção, classificação e aglomeração (sinterização e pelotização). Inicialmente, o minério passa pelo processo
de britamento para reduzir a sua granulometria. Os pedaços maiores são separados, através de peneiras
apropriadas, e são reciclados para o britamento. Logo em seguida, o minério na granulometria adequada
passa pelo moinho, onde será transformado em pó, seguindo para a etapa de concentração. Nesta etapa,
o minério é purificado, normalmente, através do processo de flotação26. Posteriormente, o minério con-
centrado passa por um tratamento térmico (sinterização) e por um processo de compressão ou moldagem
para formar pelotas ou pellets (pelotização). Estas operações geram grandes quantidades de resíduos de-
nominados ganga.
O ferro produzido pelo processo de redução, denominado ferro gusa ou ferro esponja, é relativamente
dúctil27, mole e maleável. A indústria siderúrgica transforma este ferro em aço, aumentando a resistência
mecânica. Inicialmente, em um forno, é realizada a fusão de uma mistura de sucata de aço e ferro gusa
através de arco voltáico28 que se forma entre três eletrodos de grafite e carga metálica. Após a fusão da
carga, o oxigênio é injetado por uma lança diretamente no banho líquido. Quando o banho líquido atinge
a composição química ideal dos elementos carbono, manganês, silício e fósforo, é transportado para outro
forno, onde a composição química final do aço é acertada. Neste segundo forno (forno panela), os “ferros-
-liga” (Fe-Mn ou Fe-Si) são adicionados.
Para os minérios que se encontram na forma de sulfeto, é necessário primeiro remover o enxofre com ar
ou com oxigênio puro (processo de ustulação) e depois fazer a redução com carbono, conforme as reações
químicas 7, 8 e 9:
25 Escória: subproduto dos processos de produção de metais composto essencialmente de silicatos, que são formados através
de reação química entre a sílica (SiO2) e as impurezas dos minérios.
26 Flotação: é um processo que separa partículas sólidas presentes em um líquido, através de injeção de ar no sistema. As
partículas sólidas aderem à superfície de bolhas de ar, deslocando-se para a superfície, onde se acumulam sob a forma de
espuma.
27 Dúctil: que pode ser batido, comprimido, estirado; flexível; elástico, maleável.
28 Arco voltáico: o arco ocorre em um espaço preenchido de gás entre dois eletrodos, resultando em uma temperatura muito
alta, capaz de fundir a maioria dos materiais.
8 Principais processos produtivos locais
107
Estes processos, além de gerarem grandes quantidades de dióxido de carbono para atmosfera, também
produzem grandes volumes de dióxido de enxofre. Normalmente, o dióxido de enxofre é utilizado como
matéria-prima para produção de ácido sulfúrico, como pode ser observado nas equações químicas 10 e 11:
Quanto ao alumínio, o óxido de alumínio é muito mais estável do que os demais óxidos, dificultando a
redução através de carbono, monóxido de carbono ou hidrogênio. Por isto, utiliza-se outro processo para
produção do alumínio, que é chamado de eletrólise, conforme observado na equação 12:
Neste processo utiliza-se o hexaflúor aluminato de sódio (AlF3.3NaF ou AlF6Na3) como fundente.
Processos produtivos
108
CASOS E RELATOS
FIQUE Lembre-se de que todas as pessoas que trabalham nas indústrias têm a obrigação de
utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados para cada tipo de
ALERTA processo.
8 Principais processos produtivos locais
109
RECAPITULANDO
Neste capítulo, foi apresentado um resumo de três dos principais processos industriais da nossa
cadeia produtiva: petróleo, petroquímicos e metais. Foi visto como obter os derivados do petróleo
(GLP, gasolina, óleo diesel, etc.), desde a exploração do petróleo na natureza até o processamento
nas refinarias. A cadeia petroquímica foi analisada a partir da nafta e do gás natural, onde se produ-
zem os plásticos, as fibras sintéticas, os elastômeros, entre outros. Finalmente, foi mostrado como
a indústria metalúrgica produz os metais, que são utilizados em produtos que necessitam de alta
resistência mecânica, como por exemplo, os veículos, ferramentas, etc.
Aspectos ambientais das operações unitárias
Conforme Mustafa (1998), no sistema de resfriamento, a água com temperatura próxima à ambiente
circula através de trocadores de calor, removendo calor dos fluidos de processo. Ao retornar para a parte
superior da torre de resfriamento, com temperatura mais alta, cai através do enchimento interno, sendo
dividida em pequenas gotículas. Na queda, estas gotas são atravessadas pelo fluxo de ar gerado por ven-
tiladores externos, evaporando uma parte da água e, como consequência, reduzindo a sua temperatura.
Outra parte da água é arrastada pelo fluxo de ar para a atmosfera sob a forma de pequenas gotículas. A
água resfriada chega à bacia inferior da torre, onde é novamente bombeada para os trocadores de calor.
Na troca térmica entre a água e o ar, uma grande quantidade de água evapora para a atmosfera sem
arrastar sólidos dissolvidos, aumentando a sua concentração na água de resfriamento em recirculação. As-
sim, é necessário realizar purga contínua para desconcentrar o sistema e, simultaneamente, repor a água
perdida através da evaporação, arraste e purga.
O vapor d’água é gerado normalmente nas caldeiras, através da vaporização de água desmineralizada.
Apesar de esta água possuir uma excelente qualidade, contém pequenas quantidades de sais dissolvidos
que não evaporam durante o processo de geração de vapor. Portanto, como o aumento de concentração
de sais pode provocar incrustação e corrosão nos tubos da caldeira, é necessário realizar purga contínua
para desconcentrar o sistema e, simultaneamente, suprir água de reposição do sistema para compensar
essas perdas.
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
113
Em alguns sistemas, a água pode ser utilizada em contato direto com as correntes de processo. De for-
ma a não contaminar os produtos finais, ela deve ser drenada, após separação das fases orgânica e aquosa,
em determinados pontos do processo - normalmente, através de decantadores29. Devido ao contato ínti-
mo entre a água e as substâncias do processo, a água solubiliza pequenas quantidades destas substâncias,
contaminando-se.
A drenagem de efluentes líquidos quentes pode provocar elevação de temperatura do corpo receptor
(rios, lagos, oceanos, etc.), reduzindo o teor de oxigênio dissolvido e afetando a vida aquática. O aumento
da temperatura acelera também o crescimento de fungos e plantas indesejáveis no local do despejo, o
que leva a um aumento de consumo de oxigênio justamente no momento em que sua concentração está
baixa.
Outro efeito indesejável é o aumento da volatilização para atmosfera de compostos orgânicos presen-
tes nos efluentes, aumentando o nível de poluição ambiental e o risco de incêndio e explosão na rede de
coleta desses efluentes. Se esta rede for de concreto, a temperatura deve ser suficientemente baixa para
que não haja comprometimento da sua integridade física, o que levaria a uma contaminação do subsolo e
do aquífero subterrâneo.
Durante o transporte do vapor d’água entre o sistema de geração (caldeira) e os equipamentos que
consomem este vapor (turbinas, reboilers, etc.), ocorre condensação nas tubulações. Apesar de as tubula-
ções que transportam o vapor quente possuírem isolantes térmicos, ocorre ainda assim alguma perda de
calor para atmosfera, condensando uma pequena quantidade de vapor na tubulação. Nesse caso, o regime
de fluxo passa a ser bifásico, o que pode provocar golpes de aríete30 prejudiciais à integridade física dessas
tubulações.
Com o objetivo de remover o condensado formado, são instalados purgadores em diversos pontos na
tubulação, que descarregam toda vez que há um determinado acúmulo de condensado no seu interior.
Esta drenagem intermitente é direcionada para o sistema de efluente mais próximo, seja orgânico ou não
contaminado, apesar da sua composição inorgânica.
29 Decantadores: equipamentos utilizados para separar misturas heterogêneas, como areia e água, e óleo e água. É
fundamentado na diferença das densidades dos componentes da mistura, e no tempo de espera pela decantação do
componente mais denso.
30 Golpes de aríete: são variações de pressão produzidas por variações de vazão, causadas por alguma perturbação que se
imponha ao fluxo de líquidos em tubos.
Processos produtivos
114
O filtro é um equipamento utilizado com a finalidade básica de remover material sólido de uma suspen-
são. Assim, após a sua saturação, é necessário remover os sólidos acumulados para que o filtro possa ser
reutilizado.
Essa remoção é realizada através de contralavagem com água, onde é invertido o fluxo da água para
remover a sujeira acumulada. O efluente gerado por esta operação é composto por água e material sólido,
podendo ser enviado para o sistema não contaminado se a concentração de sólidos estiver dentro dos
limites estabelecidos pela legislação ambiental.
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
115
Nos sistemas de água de resfriamento, são adicionados produtos químicos para o controle da corrosão
nos equipamentos de troca térmica e na rede de distribuição de água.
A eficiência do controle químico desses sistemas é mensurada através de monitoramento da taxa de cor-
rosão. Esta medição é realizada em pequenos sistemas em paralelo com o principal, onde são reguladas as
condições operacionais (velocidade e temperatura) semelhantes às do trocador de calor avaliado. Pequenas
tiras metálicas ficam inseridas no seio do fluxo de água e, após certo período, são retiradas para medir a
perda de peso do material, determinando a taxa de corrosão.
Ao final das atividades de manutenção e antes da partida de alguns equipamentos, com trocadores de
calor e tanques devem ser realizados testes hidrostáticos para verificar possíveis vazamentos. O equipa-
mento, que está completamente limpo, é preenchido com água a uma pressão 1,5 vezes superior à pressão
de projeto do equipamento.
Não constatado vazamento ou sanados os eventuais vazamentos, a água é drenada para o sistema de
efluente mais próximo.
Os equipamentos rotativos (bombas, compressores, etc.) necessitam de selagem para evitar vazamen-
to, através da região onde o eixo móvel atravessa o seu corpo. No entanto, durante a operação normal é
esperado um vazamento mínimo pelas faces do selo. Para evitar acúmulo de produto de vazamento no seu
Processos produtivos
116
interior, o que reduziria a eficiência operacional, é injetado água continuamente no sistema de selagem
(figura a seguir).
Por questão de segurança e representabilidade, as amostras quentes devem ser coletadas após res-
friamento. Por isso, os pontos de coleta de amostra normalmente estão localizados após algum trocador
de calor. Quando não é possível coletar a amostra fria, ela é resfriada externamente em um pequeno vaso
atmosférico, onde a amostra passa através de uma serpentina. A água utilizada para o resfriamento banha
a serpentina e é drenada quente para o sistema de efluentes líquidos.
Em um processo industrial, existem vários pontos potenciais para ocorrer vazamento de água, como por
exemplo, gaxetas e flanges de válvulas, flanges e furos em tubulações e válvulas abertas indevidamente.
Durante a operação dos trocadores de calor, é comum acumular sujeiras no seu interior (incrustações
de sais, sólidos depositados, polímeros, microrganismos, etc.), que devem ser removidas durante a parada
de manutenção. Normalmente, para a limpeza dos trocadores de calor, utilizam-se a limpeza hidráulica,
também chamada de hidrojateamento. Este tipo de limpeza é um dos mais eficientes, por isso é o mais
empregado. Caracteriza-se pelo emprego de varetas, com jatos de água saindo pelas suas extremidades
em pressões que podem alcançar até 1.000 psi (lbf/in2).
A limpeza dos tubos é feita conectando-se mangueiras e bicos especiais que são introduzidos nos tu-
bos, ou por meio de pistolas, não havendo necessidade de remoção do trocador. A limpeza do lado do
casco é feita bombeando-se água a altas pressões através de cabeçotes de múltiplos jatos. Estas máquinas
permitem também a rotação do feixe dos tubos sobre cilindros de modo a mudar a posição do feixe sem
interromper o trabalho.
Este efluente líquido é gerado apenas durante a manutenção; é o líquido do interior do equipamento
que é drenado para viabilizar a liberação para a manutenção.
As chuvas que caem nas áreas industriais podem carregar produtos provenientes de vazamentos e,
assim, tornarem-se contaminadas. Por isso, devem ser coletadas pela rede de efluente orgânico.
Já as águas de chuvas coletadas nas áreas administrativas, nas ruas e nos locais que comprovadamente
não sejam poluídos podem ser direcionadas para o sistema de efluente não contaminado.
Os efluentes dos sanitários, banheiros, refeitórios e outros das áreas administrativas devem ser coletados
em um sistema independente das redes de efluentes industriais, caso exista alguma unidade de pré-trata-
mento, antes do tratamento final.
Antes do ponto onde é realizada a medição de vazão dos efluentes industriais e também são coleta-
das as amostras para verificar a qualidade destes efluentes, o esgoto sanitário pode ser misturado com o
efluente orgânico e enviado para o tratamento biológico.
As emissões gasosas podem ser classificadas em: a) pontuais contínuas (por exemplo, os gases de com-
bustão); b) pontuais intermitentes (por exemplo, os gases produzidos na regeneração de catalisadores) e
c) fugitivas (pequenos vazamentos dos equipamentos, tubulações e instrumentos). A seguir, será apresen-
tada uma breve noção sobre os gases de combustão e as emissões fugitivas.
Os equipamentos que operam com queima de combustível (forno, caldeira, secador e flare) geram ga-
ses de combustão, que são lançados na atmosfera através de uma chaminé. Estes gases possuem os se-
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
119
guintes elementos na sua composição: dióxido de carbono, água, nitrogênio, oxigênio, argônio, monóxido
de carbono, óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado. Na figura a seguir
é mostrada uma foto dos gases de combustão de uma caldeira.
São consideradas emissões fugitivas pequenos vazamentos de vapores e gases através do sistema de
selagem dos equipamentos dinâmicos (bombas, compressores, etc.) e dos flanges de conexão entre equi-
pamentos, tubulações e instrumentos.
Alguns pontos de possíveis vazamentos através de flanges e conexões de válvulas e instrumentos po-
dem ser visualizados na figura seguinte.
Resíduos sólidos devem ser definidos de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos:
De acordo com a norma ABNT NBR 10004, resíduos sólidos industriais são classificados da seguinte
forma:
a) Resíduos de Classe I - Perigosos: resíduos que, em função de suas propriedades físico-químicas e
infectocontagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar
ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e
patogenicidade;
b) Resíduos de Classe II A - Não Inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos
classe I ou classe II B. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade, biodegrabilidade ou
solubilidade em água;
c) Resíduos de Classe II B - Inertes: quaisquer resíduos que submetidos a um contato estático ou dinâ-
mico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a concentrações superiores
aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme
anexo G da norma ABNT NBR 10004:2004.
A seguir, serão apresentados alguns dos principais resíduos sólidos gerados pelos processos industriais.
A limpeza de filtros (sucção de bomba, sistema de óleo combustível, linhas de processo, etc.) gera re-
síduos de forma intermitente, cujas quantidade e frequência desta limpeza dependem do tipo de fluido
processado.
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
121
Durante a manutenção dos equipamentos, são gerados diversos resíduos sólidos, como: peças gastas
substituídas, óleo lubrificante usado, materiais de limpeza sujos, depósitos de sais, óxidos de ferro, coque,
areia, polímeros, microrganismos, juntas trocadas, adsorventes gastos, etc. Um exemplo típico deste tipo
de resíduo é a sujeira acumulada durante a operação dos trocadores de calor. A limpeza destes equipa-
mentos acaba gerando resíduo sólido (ver a próxima figura).
Diversos processos industriais geram continuamente resíduos sólidos, sendo que alguns podem ser
parcialmente comercializados, transformando-se em um subproduto do processo. Um exemplo típico é o
sulfato ferroso das fábricas de dióxido de titânio (pigmento para tintas).
Além dos resíduos industriais, as fábricas também geram os resíduos comuns, normais das atividades
humanas, como os resíduos de refeitórios, os resíduos administrativos (papéis, cartucho de tinta usado,
etc.) e os resíduos gerados nos sanitários.
Você sabia que em fornos e caldeiras que queimam óleo combustível, é ne-
cessário misturar o óleo com vapor d´água no queimador, de forma que o
CURIOSIDADES óleo seja nebulizado em pequenas gotículas, aumentando a eficiência da
queima? Porém, se a nebulização não for realizada de forma correta, o óleo
não é queimado totalmente e derrama no chão, gerando resíduo sólido.
Processos produtivos
122
No quadro seguinte são apresentados os principais rejeitos (efluentes líquidos, emissões gasosas e resí-
duos sólidos) gerados pelos equipamentos/sistemas industriais, de forma contínua (C) ou intermitente (I).
São apresentados também os níveis relativos de ruídos produzidos pela operação destes equipamentos/
sistemas. Além disto, os impactos indiretos provocados pelo uso de energia elétrica e de água (no estado
líquido ou no estado vapor) também aparecem neste quadro.
Bomba - C - I C - I I Médio C C
Compressor - - - - C I - I Alto C -
Ventilador - - - - C I - I Médio C -
Turbina - - - - - - - I Alto - C
Vaso de
- - C/I I C I - I Baixo - -
processo
Tanque de
armazena- - - I I C I - I Baixo - -
mento
Trocador de
- - - I C I - I Baixo - -
calor
Forno - - I C I - I Alto - -
Caldeira C - - I - - - I Alto - C
Torre de res-
C - - I - - - I Baixo C C
friamento
Destilação - - - I C I - I Baixo - -
Absorção - - - I C I - I Baixo - -
Adsorção - - - I C I - I Baixo - -
Extração - - - I C I - I Baixo - -
Evaporação - - - I C I - I Baixo - C
Secagem - - - I C I - I Baixo - C
Quadro 7 - Principais impactos ambientais provocados pela operação dos equipamentos / sistemas
Fonte: SENAI DR BA, 2012.
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
123
CASOS E RELATOS
No Polo Petroquímico de Camaçari existem duas plantas de produção de olefinas (eteno, propeno,
butadieno etc.) que possuem tecnologias diferentes e foram projetadas, respectivamente, nas dé-
cadas de 70 e 90. No projeto da segunda planta, foram consideradas as experiências da operação
da primeira planta, o que levou a uma produção mais limpa para a segunda planta. Por exemplo: o
combustível utilizado nos fornos e caldeiras da segunda planta é o gás natural ao invés do óleo com-
bustível da primeira planta, por isto ocorreu uma redução de 25% na geração de resíduos sólidos,
já que as borras de óleo combustível não são mais produzidas. Além disto, a queima de gás natural
gera gases de combustão menos poluentes: menores teores de dióxido de carbono, monóxido de
carbono, óxidos de enxofre, fuligem, etc. Entretanto, o maior ganho ambiental está relacionado com
uma menor geração de efluentes líquidos, que reduziu em 60%. Um dos maiores efluentes desta uni-
dade é a purga do sistema de água de resfriamento e, por isto, teve uma atenção especial no projeto
das tubulações e trocadores de calor deste sistema. Foram consideradas velocidades da água em
uma faixa mais adequada e foram utilizados produtos mais potentes para o controle da corrosão, in-
crustação e deposição, trabalhando com uma concentração dos sais dissolvidos na água 40% maior,
favorecendo a operação da torre de resfriamento com uma purga 30% mais fechada.
Para mais detalhes sobre os efluentes líquidos, emissões gasosas e resíduos sólidos, leia:
TCHOBANOGLUS, G.; BURTON, F. L.; STENSEL, H. D. Wastewater engineering: treatement
and reuse. New York: McGraw-Hill, 2003. Leia também:
SAIBA MUSTAFA, George de Souza. Reutilização de efluentes líquidos em indústria petro-
MAIS química. 1998. 99 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Escola Politécnica,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1998.
Durante a manutenção, todos os equipamentos que são abertos para inspeção de-
FIQUE vem ser suficientemente limpos, eliminando qualquer vestígio dos produtos do seu
ALERTA interior, para não contaminar as pessoas que tiverem contato com estes equipamen-
tos.
Processos produtivos
124
Recapitulando
Neste capítulo, estudamos aspectos ambientais das operações unitárias. Nesse contexto, analisa-
mos alguns dos principais efluentes líquidos, emissões gasosas e resíduos sólidos gerados pelos
processos produtivos e os principais impactos ambientais provocados pela operação dos equi-
pamentos/sistemas. Nos processos produtivos, a diferença entre a quantidade dos insumos con-
sumidos e a massa dos produtos e subprodutos produzidos é chamada de perda de processo e é
descartada no meio ambiente. As perdas de processo são os insumos que não se transformaram
em produtos e, por isso, além de perda material, há também de perda econômica. A depender do
estado físico, estas perdas recebem a seguinte denominação: I) emissões gasosas (estado gasoso);
II) efluentes líquidos (estado líquido) e III) resíduo sólido (estado sólido). E para cada efluente, emis-
são ou resíduo produzido no processo industrial, há um tratamento adequado para seu descarte
ou reutilização. É importante monitorar e avaliar cada etapa do processo com vistas à redução/
minimização das perdas e, consequentemente, dos impactos ambientais gerados pelas operações
unitárias, sendo uma das alternativas a utilização de tecnologias limpas.
9 Aspectos ambientais das operações unitárias
125
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MINICURRÍCULO Dos autores
A
Arco voltaico 106
C
Calor sensível 76
Chicanas 68
Coeficiente de solubilidade 90
Concêntricos 69
Corrugadas 70
D
Decantadores 113
Densidade 70, 48, 51, 76, 113
Dúctil 106
E
Elastômeros 17, 103, 109
Êmbolo 48
Escória 106
Espaço confinado 61
F
Flotação 106
Força centrífuga 48, 54
G
Gás liquefeito de petróleo 100
Gaxetas 70, 117
Golpes de aríete 113
I
Impacto ambiental 63
Inerente 103
J
Jusante 30
M
Matéria orgânica 98
Montante 30
O
Operacionais 19, 22, 101, 115
P
Preservação 93
R
Refratários 72
Ruído 56, 122
S
Sintéticas 17, 103, 109
T
Tubos concêntricos 69
V
Viscosidade 48, 87
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
i-Comunicação
Projeto Gráfico