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SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

LOGÍSTICA
DE CANTEIRO
E GESTÃO
AMBIENTAL NA
CONSTRUÇÃO
CIVIL
VOLUME 2
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

LOGÍSTICA DE
CANTEIRO E
GESTÃO
AMBIENTAL NA
CONSTRUÇÃO
CIVIL
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

LOGÍSTICA DE
CANTEIRO E
GESTÃO
AMBIENTAL NA
CONSTRUÇÃO
CIVIL
VOLUME 2
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pelo Núcleo de Educação a Distância do SENAI Bahia, com a
coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departa-
mentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação a Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491l

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Logística de canteiro e gestão ambiental na construção civil /
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Departamento Regional da Bahia. – Brasília : SENAI/DN, 2013.
78 p. il. - (Série Construção Civil v. 2).
ISBN 978-85-7519-812-4
1. Logística de Canteiro. 2. Gestão Ambiental na Construção.
3. Construção Civil. I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. II. Departamento Regional da Bahia III. Título
IV. Série.

CDU: 504

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (061) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (061) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Logomarca CONAMA...................................................................................................................................13
Figura 2 - O ser humano e o meio ambiente..........................................................................................................14
Figura 3 - Uso racional do solo.....................................................................................................................................15
Figura 4 - Uso racional da água....................................................................................................................................15
Figura 5 - As queimadas e a repercussão da nuvem de fumaça na atmosfera...........................................16
Figura 6 - A área construída supera a área com árvores e elementos naturais..........................................17
Figura 7 - Rio Negro, Floresta Amazônica................................................................................................................18
Figura 8 - Fiscalização de recursos naturais.............................................................................................................19
Figura 9 - Área degradada e posterior recuperação das características naturais......................................20
Figura 10 - Educação ambiental..................................................................................................................................21
Figura 11 - Apoio às leis ambientais...........................................................................................................................22
Figura 12 - Logomarca da ISO 14000.........................................................................................................................25
Figura 13 - Exemplo de política ambiental..............................................................................................................26
Figura 14 - Exemplo de comprometimento ambiental.......................................................................................27
Figura 15 - A primeira-ministra Gro Harlem Brundtland....................................................................................31
Figura 16 - Desenvolvimento sustentável................................................................................................................32
Figura 17 - Grande volume de lixo depositado na Baía de Guanabara.........................................................34
Figura 18 - Pegada ecológica........................................................................................................................................34
Figura 19 - Desmatamento para construção civil..................................................................................................37
Figura 20 - Substituição dos elementos naturais pela infraestrutura urbana.............................................38
Figura 21 - Forno para queima de blocos de barro em fábrica no sertão baiano.....................................38
Figura 22 - Extração de areia.........................................................................................................................................39
Figura 23 - Mina de extração de gipsita....................................................................................................................40
Figura 24 - As árvores e os nossos pulmões............................................................................................................41
Figura 25 - Descarte de entulho em via pública....................................................................................................45
Figura 26 - Resíduos de construção civil descartados indevidamente.........................................................46
Figura 27 - Transporte de material da empresa com cuidado e responsabilidade...................................47
Figura 28 - Coleta seletiva de materiais de construção.......................................................................................49
Figura 29 - Rede brasileira de produção mais limpa............................................................................................51
Figura 30 - Preservação da natureza e economia no orçamento....................................................................52
Figura 31 - Economia de energia.................................................................................................................................53
Figura 32 - Sol fornecendo energia............................................................................................................................57
Figura 33 - Pequenas turbinas eólicas de fachadas de edifícios......................................................................58
Figura 34 - Módulos fotovoltaicos acoplados na cobertura de uma residência........................................58
Figura 35 - Esquema geral de um sistema FV residencial com armazenamento de bateria.................59
Figura 36 - De pai para filho..........................................................................................................................................63
Figura 37 - Os 3Rs (três Rs): reutilizar, reciclar e reduzir.......................................................................................64
Figura 38 - Ecodesenvolvimento.................................................................................................................................65
Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Legislação, resolução e normas ambientais..........................................................................................................13

3 Noções de sistemas de gestão ambiental.............................................................................................................25

4 Desenvolvimento sustentável....................................................................................................................................31

5 Aspectos e impactos ambientais causados pela construção de edifício....................................................37

6 Gestão de resíduos na construção civil..................................................................................................................45

7 Noções de produção mais limpa...............................................................................................................................51

8 Utilização eficiente de recursos passivos...............................................................................................................57

9 Ações mitigadoras..........................................................................................................................................................63

Referências

Minicurrículos dos autores

Índice
Introdução

Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) promo-
ve o Curso Técnico em Edificações.
A unidade curricular Gestão Ambiental na Construção tem como objetivo geral desenvol-
ver competências para o reúso e a reciclagem dos resíduos através da segregação e destinação
ambientalmente adequada dos resíduos gerados nas obras. Para tanto, seguem-se normas e
procedimentos tendo em vista o planejamento e gestão da produção, tão necessários ao de-
senvolvimento das competências específicas para formação do técnico em edificações, uma
vez que a edificação gera impactos nocivos ao meio ambiente já a partir do momento de pre-
paração do terreno para sua construção.
Nos capítulos a seguir, você vai se deparar com assuntos que ressaltam a importância do
planejamento comprometido com a preservação dos recursos ambientais. Planejamento está
relacionado com a gestão e esta unidade curricular vai se deter em ofertar métodos para inicia-
tivas eficientes, tanto em fase de obra como em fase da edificação concluída e entregue. Por
fim, esta unidade curricular servirá para despertar atitudes mais preocupadas com a própria
qualidade de vida que a área da construção civil e as demais indústrias de produção oferecem
às populações.
Durante nosso estudo, abordaremos assuntos que lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS:


a) planejar e organizar o próprio trabalho;
b) atuar de forma ética;
c) aplicar princípios de qualidade, de saúde, de segurança do trabalho e ambientais;
d) avaliar o trabalho realizado, na perspectiva de melhoria contínua;
e) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
10

CAPACIDADES TÉCNICAS:
a) analisar as variáveis técnicas e ambientais para execução dos serviços;
b) aplicar as normas técnicas, ambientais e de segurança e higiene no trabalho;
c) aplicar princípios de inovação tecnológica e construção sustentável;
d) supervisionar a segregação de resíduos em função de sua destinação (reci-
clagem ou descarte), considerando os procedimentos, as normas técnicas,
ambientais, de saúde e segurança;
e) supervisionar o descarte de resíduos em conformidade com as normas am-
bientais vigentes, considerando as esferas municipal, estadual e federal.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui
ações proativas, como:
a) consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida;
b) não deixar as dúvidas para depois;
c) estabelecer e cumprir um cronograma de estudo que você cumpra real-
mente;
d) reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
11

Anotações:
Legislação, resolução e
normas ambientais

Nosso estudo referente à gestão ambiental na construção se inicia com uma reflexão acerca
dos dez princípios da Lei Federal nº 6.938/81, que trata sobre a Política Nacional do Meio Am-
biente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Essa lei foi escolhida por se tratar
de uma lei ambiental de abrangência nacional e por fazer parte das leis do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama). As leis federais servem de referência para a elaboração de leis
estaduais e municipais.

CONAMA
Figura 1 - Logomarca CONAMA
Fonte: CONAMA,2012.

A Lei Federal nº 6.938/81 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 2 de setembro de
1981 e tem por objetivo “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimentosocioeconô-
mico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.
Percebemos que, em verdade, preservar o meio ambiente é uma questão de cidadania. A
referida lei se apoia em dez princípios para atender esse objetivo. Conheça-os a seguir e reflita
a respeito do significado de cada um deles:
I. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o
meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
14

O primeiro princípio institui ser de responsabilidade governamental a manu-


tenção do equilíbrio ecológico. Considera e reconhece o meio ambiente como
um patrimônio de todos, onde sua conservação e proteção são necessárias para
atender ao uso da coletividade. A Figura 2 ilustra o respeito que devemos ter em
relação às árvores, bem como a todos os elementos da natureza, pois promovem
o equilíbrio ecológico e garantem o bem-estar para todos igualmente, sem dis-
tinção.

Figura 2 - O ser humano e o meio ambiente


Fonte: SENAI, 2013.

II. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.


Racionalizar, segundo o dicionário Aulete (2008), entre outros significados
quer dizer tornar (algo) mais lógico, mais simples ou mais eficiente. Nesse sen-
tido, podemos considerar que a lei estabelece racionalizar ou usar eficientemente
e da forma mais simples possível o solo, o subsolo, as águas e o ar.
Podemos considerar que esse princípio recomenda medidas que controlem
o uso para tornar possível e garantida a convivência humana com os recursos
naturais, já que o homem se beneficia desses recursos diariamente. Por exemplo:
quanto à racionalização do uso do solo, quanto maior for a área de solo natural
preservada no ambiente urbano (construído), mais preservadas estarão as carac-
terísticas do ar junto ao solo (a camada de ar equivalente à altura humana), e
quanto mais pavimentada ou asfaltada for a área, mais alteradas estarão as carac-
terísticas dessa camada de ar. As alterações das características do ar junto ao solo
acontecem porque o nosso planeta se beneficia com mais de 1.500 quatrilhões
(1,5 x 1.018) de quilowatts-hora de potência de energia emitida pelo sol por ano.
Essa energia atinge nossas superfícies (solo natural ou superfície construída)
e parte dela é transformada em calor. Portanto, podemos perceber que quanto
2 LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS
15

mais o solo natural for preservado, mais natural ou preservada estará a camada de
ar em que desenvolvemos nossas atividades cotidianas.

Figura 3 - Uso racional do solo


Fonte: SENAI, 2013.

Para comentarmos a necessidade de se racionalizar o subsolo, a lógica pode


ser entendida a partir de uma consideração simples: quanto mais o subsolo for
preservado e protegido, ou seja, não for esgotado em sua capacidade de forne-
cer equilíbrio de suas potencialidades, mais nossas águas subterrâneas estarão
limpas, longe de contaminação. Não podemos nos esquecer de que o subsolo
reserva os lençóis freáticos, que contribuem para alimentação e manutenção dos
mangues, rios e mares (de onde vêm nossos peixes e crustáceos).
Quanto à necessidade de se racionalizar o uso da água, podemos considerar o
papel importante que o poder público tem de promover campanhas educativas
para que todos utilizem as águas (reservas naturais) conscientemente, a fim de
evitar a poluição e a matança em massa de seres marinhos. A necessidade de
racionalização do uso da água também se aplica em relação ao consumo de água
potável. Para o atendimento desse aspecto, vemos o poder público trabalhando
também em campanhas educativas, de modo que a informação chegue à popu-
lação em geral.

Figura 4 - Uso racional da água


Fonte: SENAI, 2013.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
16

Uma forma eficaz de se conseguir a utilização racional da água potável está


sendo providenciada em forma de lei. Já se percebe os órgãos estaduais respon-
sáveis pelos recursos hídricos demandando esforços para que o consumo de
água potável seja contabilizado individualmente, para cada unidade, nos casos
de edificações com mais de um proprietário. Essa iniciativa se concretizando na
base de lei tornará a utilização da água potável tão racional quanto a energia elé-
trica, não é verdade? Cada indivíduo pensará melhor quando for tomar banho ou
escovar os dentes, ou até mesmo lavar a louça ou lavar seu automóvel.
Quanto à racionalização do ar, podemos considerar as queimadas realizadas
para, inclusive, a realização das construções. Entendemos as medidas que o po-
der público aplica quanto a penalizar aqueles que se utilizam das queimadas para
construir, pois estas funcionam como fonte de poluição atmosférica. A lei sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente refere-se ao uso racional dos elementos
naturais passíveis de serem poluídos pela construção civil. Você percebe como a
área da construção civil pode causar impactos negativos para o meio ambiente e
para a nossa própria saúde e bem-estar? A Figura 5 ilustra muito bem queimadas
pontuais, que repercutem em um volume grande de fumaça e gases nocivos libe-
rados na atmosfera.

Figura 5 - As queimadas e a repercussão da nuvem de fumaça na atmosfera


Fonte: SENAI, 2013.

III. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais.


Esse princípio é uma recomendação para o atendimento ao princípio anterior,
que se refere à racionalização da utilização do solo, do subsolo, da água e do ar,
pois planejar o uso dos recursos ambientais é prever métodos conscientes para
preservar a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuá-
rios, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora,
na medida em que fiscalizar a utilização desses recursos é trabalhar em prol da
manutenção de todas as ações realizadas a partir do que foi decidido no plane-
jamento.
É importante que as leis federais determinem as práticas corretas nesse sen-
tido, a fim de que os municípios e estados preservem seus recursos ambientais,
2 LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS
17

que pertencem a todos. O que é mais importante ainda é que os representantes


municipais e estaduais priorizem as ações devidas para atender a essas leis am-
bientais. O que vemos, na prática, são os recursos ambientais sendo exauridos e
destruídos, sem que as leis em vigor sejam atendidas.
Na Figura 6 podemos verificar o quanto a área construída supera a área com
elementos naturais, sobretudo em relação às árvores.

Figura 6 - A área construída supera a área com árvores e elementos naturais


Fonte: GOOGLE MAPS, 2013.

CASOS E RELATOS

O Plano diretor de desenvolvimento urbano de uma cidade


O bairro onde Bruno mora está em crescimento constante. Como ainda
existem várias áreas desocupadas, novos moradores estão constantemen-
te chegando e construindo seus empreendimentos, sejam residencial ou
comercial. O bairro quase todo está em obra. Bruno é técnico em edifica-
ções e aluno do curso de Engenharia Civil e sempre é procurado para con-
tribuir com informações técnicas sobre o crescimento do bairro.
Na última reunião da associação do bairro, Bruno levou uma importante
informação sobre a legislação, resolução e normas ambientais, entre elas o
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), que estabelece, entre
outras normas, as medidas de proteção e conservação dos recursos am-
bientais. Todos ficaram surpresos quando Bruno contou que ouviu do pro-
fessor de Gestão Ambiental do curso técnico que existem lugares em que
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
18

1 HABITATS: havia cerca de 20 milhões de hectares de Mata Atlântica na década de 1970


e que hoje são apenas cinco milhões.
Lugar onde vive
habitualmente uma espécie É muito importante lembrar que toda obra nova ou de reforma, na cidade
animal ou vegetal.
ou na área rural, deve ter autorização dos órgãos de fiscalização e princi-
palmente a licença ambiental, quando se trata de área verde. Precisamos
sempre estudar a melhor maneira de construir de forma sustentável, pre-
2 ECOSSISTEMA:
servando o meio ambiente.

Conjunto das relações


de interdependência dos
seres vivos com seu meio
ambiente. Dando continuidade à análise em relação aos princípios da Lei Federal nº
6.938/81, segue a apresentação do quarto princípio.
IV. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representati-
vas.
3 RESILIÊNCIA:
Estabelece a preservação dos habitats1 específicos de todos os ecossistemas2
É a capacidade que os
ecossistemas possuem existentes no meio ambiente. Como o termo inicial se refere à ação de proteger
quanto à recuperação de os ecossistemas, podemos entender que esse princípio admite a intervenção hu-
suas características originais
após serem utilizados mana construtiva em habitats diversificados, tanto da fauna como da flora. Na
pelos seres humanos ou
predadores. Figura 7, podemos admirar a beleza inconfundível do Rio Negro, no Estado do
Amazonas. Não deixemos nunca de acreditar na necessidade de preservação da
fauna, flora e de todos os ecossistemas que existem.

Figura 7 - Rio Negro, Floresta Amazônica


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012.
2 LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS
19

V. Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente po-


luidoras.
Prevê o controle das atividades de negócios que promovem poluição dos re-
cursos ambientais e faz o zoneamento das áreas correspondentes para essas ati-
vidades.

Algumas enfermidades, como asma, bronquite, palpitações


cardíacas e pressão alta, entre outras, estão sendo atribuídas
SAIBA aos desequilíbrios ambientais urbanos. Pesquise sobre o
MAIS tema enfermidades nas cidades na internet digitando as
palavras-chave: doença, desequilíbrio ambiental, vida urba-
na, poluição, ar atmosférico.

VI. Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o


uso racional e a proteção dos recursos ambientais.
Promove incentivos, provavelmente de recurso financeiro, para estimular es-
tudos e pesquisas científicas. Estas são importantes para colaborar na conscienti-
zação popular quanto à importância de se utilizar os recursos ambientais de for-
ma moderada. Essa ação, por sua vez, colabora para evitar que a fauna e a flora
sejam exauridas de um determinado local, ou seja, que se esgote a capacidade de
resiliência3 que os recursos naturais possuem.
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental.
Prevê o acompanhamento do estado da qualidade ambiental, no sentido de
se referir ao monitoramento do estado dos recursos naturais que refletem a qua-
lidade ambiental de um lugar.

IBAMA
FISCA
LIZAÇÃ
O
AL
FEDER

IBAMA
FISCALIZAÇÃO
FEDERAL

Figura 8 - Fiscalização de recursos naturais


Fonte: SENAI, 2013.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
20

VIII. Recuperação de áreas degradadas.


Para esse princípio, podemos constatar o estabelecimento de iniciativas públi-
cas quanto à recuperação de áreas ambientais que, por ventura, estejam degra-
dadas, ou seja, com suas características alteradas, apresentando perdas de seus
recursos. Geralmente, são perdas das características ambientais originadas pelas
atividades humanas. A Figura 9 retrata uma realidade de degradação ambiental e
posterior recuperação das suas características.

Figura 9 - Área degradada e posterior recuperação das características naturais


Fonte: DEFLOR, 2013.

IX. Proteção de áreas ameaçadas de degradação.


Remete ao princípio anterior e determina ao poder público proteger as áreas
que sejam ameaçadas de degradação.

A revitalização de rios urbanos já é uma realidade em


VOCÊ várias cidades do mundo e também no Brasil. Paga mul-
SABIA? ta quem despeja detritos de qualquer espécie em vias
públicas, em rios e córregos.

X. Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação


da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na
defesa do meio ambiente (Lei n° 6.938/81).
Estabelece a implementação da educação ambiental para todos os níveis de
ensino a fim de agregar para a sociedade o interesse pela defesa dos recursos
ambientais. Para cuidar da natureza, é preciso aproximação e comprometimento
com a causa, que precisam ser estimulados.
2 LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS
21

Figura 10 - Educação ambiental


Fonte: SENAI, 2013.

Como podemos entender o objetivo e a importância de leis ambientais?


Quando pensamos no processo de construção da edificação comumente reali-
zada e em todo o ciclo de estadia humana nessa edificação, começamos a refletir
nos impactos nocivos ou prejudiciais ao meio ambiente que o homem e sua habi-
tação podem causar. Direta ou indiretamente, uma construção causa a degrada-
ção do estado natural e da qualidade ambiental do meio e afeta o ar, o solo e as
águas subterrâneas que, por sua vez, refletirão nos mananciais adjacentes.

É muito importante que os projetos atendam as leis am-


FIQUE bientais. Não estamos nos referindo apenas ao atendimen-
to à legislação, mas à necessidade de preservação do meio
ALERTA como um recurso para a manutenção da saúde e do
bem-estar do ser humano.

Os mananciais podem hidratar aves e gado e, em algum momento, as carnes


desses animais poderão servir de alimento. Os peixes e crustáceos desses manan-
ciais também podem alimentar o homem.
Considere o fluxo da poluição em cadeia com uma única edificação. E quan-
do temos algumas centenas de edificações em alguns quilômetros quadrados de
espaço territorial? Você percebe como é importante que nossa área profissional
conheça e respeite os limites estabelecidos pelas leis em relação à proteção e
preservação dos recursos ambientais? A Figura 11 mostra simbolicamente o que
a natureza sinaliza quando respeitamos o solo, os aquíferos, a fauna e a flora.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
22

Figura 11 - Apoio às leis ambientais


Fonte: SENAI, 2013.

CASOS E RELATOS

Quem preserva o meio ambiente vive melhor


Guilherme e Paulo são pedreiros e trabalham juntos há muitos anos. Os
dois são funcionários de uma construtora que está erguendo um prédio de
40 andares no centro de uma grande cidade. Logo no começo da obra, os
dois foram treinados em gestão de resíduos pelo técnico em edificações
responsável pela coordenação das equipes desse empreendimento.
Durante o intervalo de almoço, os dois estavam conversando sobre o com-
portamento de alguns colegas e concluíram que nem todos realmente en-
tenderam a importância da gestão dos resíduos dentro de um canteiro de
obras. Viram que alguns ainda deixam sacos de cimento e outras embala-
gens de material, pedaços de madeira e pontas de cigarro, entre outros, de
qualquer jeito, o que deixa a impressão de muita desorganização.
– Tal coisa não deveria acontecer mais, já que todos foram orientados a
descartar os dejetos em locais apropriados para facilitar a coleta e até a
reciclagem - disse Paulo.
– Concordo - complementou Guilherme. Além disso, proporciona um am-
biente limpo, com menos riscos de acidente e com mais conforto visual e
estético.
No final da conversa, os dois concluíram que preservar o ambiente, seja o
de trabalho, de casa ou até mesmo da cidade toda, contribui muito para a
melhoria da qualidade de vida de seus usuários.
2 LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS
23

RECAPITULANDO

Neste capítulo, não só conhecemos os dez princípios da Lei Federal nº


6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, como promo-
vemos comentário para cada princípio, no intuito de tentarmos entender,
um pouco que fosse, a importância de cada um deles. Escolhemos essa lei
porque é uma lei federal, que se aplica a todos os estados do Brasil.
Os princípios estabelecem desde a ação governamental para preservar
e manter os recursos ambientais e todos os ecossistemas, bem como a
manutenção e a fiscalização desses recursos. Estabelece também o aces-
so à educação ambiental para todos os níveis da sociedade, no intuito de
conscientizar a população enquanto agente colaboradora e participativa
no processo de preservar e fiscalizar também a preservação dos recursos
ambientais.
Noções de sistemas de
gestão ambiental

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) abrange o estabelecimento de princípios e práticas


a serem desenvolvidas e adotadas por empresas que se preocupam com suas atividades pro-
dutivas e, em especial, com que sua existência cause o mínimo de impacto possível ao meio
ambiente. As práticas concorrem para a melhoria da qualidade, sendo muito importante e in-
dispensável para empresas que pretendem adquirir a certificação ambiental.
Para a aquisição do certificado ambiental, a empresa precisa estar em conformidade com
as recomendações estabelecidas pelas normas da série ISO 14000. E para adequar as práticas
às recomendações, geralmente a empresa providencia a elaboração de um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA).

Figura 12 - Logomarca da ISO 14000


Fonte: SENAI, 2013.

Um SGA bem produzido e incorporado de fato nos


VOCÊ segmentos da empresa ou instituição aumenta o grau
SABIA? de importância no panorama empresarial ou institucio-
nal, tanto nacional como internacionalmente.

O SGA transforma toda a dinâmica de uma empresa. Chega a ser considerado um impacto
positivo, pois disciplina e torna comum a prática de atividades mais conscientes em relação à
preservação dos recursos ambientais.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
26

Na internet existem diversas fontes de consulta sobre proce-


SAIBA dimentos de implantação do SGA além de exemplos de em-
presas que utilizam o sistema. Pesquise mais sobre o assunto
MAIS consultando também a bibliografia de referência utilizada
neste livro.

Na adequação, a empresa se compromete com metas e desenvolve um plano


de atividades para alcançá-las. Existem seis recomendações para o SGA, que são:
a) elaboração de uma política ambiental, onde a empresa vai decidir sobre
práticas e compromissos com o seu desempenho diante dos recursos am-
bientais, colaborando para a sua manutenção e preservação;

POLÍTICA
AMBIENTAL
Figura 13 - Exemplo de política ambiental
Fonte: SENAI, 2013.

b) desenvolvimento de planejamento ambiental, no sentido de a empresa


avaliar o quanto as suas atividades causam impacto ao meio ambiente;

FIQUE A implementação correta do SGA em uma empresa auxilia


na diminuição do impacto ao meio ambiente além de
ALERTA melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores.

c) implementação e operação das ações necessárias de todos os indivíduos,


componentes da empresa, para que haja comprometimento de todos no
sentido de que sejam atingidas as metas para a conquista da manutenção e
preservação dos recursos ambientais;
d) verificação e ações corretivas, no sentido de promover o monitoramento
do avanço das metas conquistadas para a manutenção e preservação dos
recursos ambientais;
3 NOÇÕES DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL
27

e) revisão da gerência ao SGA para que todo o planejamento seja aprovado


e oficializado, no intuito de que o sistema esteja assegurado por meio de
melhorias ao longo do tempo;
f) comprometimento com melhorias contínuas, no sentido de que todos da
empresa se aprimorarem nas atribuições e responsabilidades acordadas
com a preservação dos recursos ambientais.

DOCE
CAL

Figura 14 - Exemplo de comprometimento ambiental


Fonte: SENAI, 2013.

Percebemos que o SGA é composto por práticas adotadas por todos em uma
empresa e o seu sucesso dependerá muito do gerenciamento. Caso contrário,
todas as ações que foram acertadas podem ser desprezadas, esquecidas ou negli-
genciadas com o passar do tempo.

CASOS E RELATOS

Profissionais que enxergam o futuro


Dois sócios, em uma cidade do Nordeste, prestam serviço de manutenção,
limpeza e jardinagem para uma multinacional. Na verdade, eles represen-
tam apenas uma empresa entre outras que também prestam serviço para
essa mesma multinacional. Em 2005, durante uma reunião para estabelecer
metas de trabalho, eles projetaram um cenário de como gostariam que a
empresa estivesse no mercado em 2010, ou seja, depois de dez anos de tra-
balho. Dentro do planejamento, estipularam metas intermediárias, e uma
delas seria obter a certificação ISO 14000 em cinco anos.
Pois bem, eles contrataram um profissional que os auxiliou na montagem
de um SGA e em menos de quatro anos estavam conquistando a certifi-
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
28

cação. Foi uma grande conquista, pois não foi fácil fazer uma reforma na
maioria dos segmentos da empresa.
Valeu a pena. Hoje, os sócios são muito respeitados em sua área de atuação,
principalmente porque estiveram entre os primeiros a obter certificação de
empresa de médio porte da cidade, provocando também que outras em-
presas que prestam serviço para a multinacional, e até mesmo a própria
mantenedora, repensassem sua missão e visão de atuação no mercado e
fossem também buscar melhorias nos seus processos.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos a importância de um SGA e quais são os princípios e


práticas a serem implementados, em especial nas empresas que querem
ou precisam ser certificadas pela norma ISO 14000.
3 NOÇÕES DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL
29

Anotações:
Desenvolvimento sustentável

Quando falamos em desenvolvimento sustentável, logo vem à mente o Relatório Brun-


dtland, ou Nosso Futuro Comum (1988), que foi apresentado em 1987 pela Comissão Mun-
dial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas. A comissão foi criada em 1983
e chefiada pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, indicada pelas Nações
Unidas para essa atribuição.

Figura 15 - A primeira-ministra Gro Harlem Brundtland


Fonte: VISIANDAVEFUR, 2013.

O relatório apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável, que significa “aquele


que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem as suas necessidades” (APRH, 2007).
O desenvolvimento sustentável é uma proposta de desenvolvimento baseada em mudança
de atitude, para ser entendido e incorporado por todos os povos. A Figura16 ilustra bem o cui-
dado que todos nós precisamos ter com o nosso planeta e os recursos naturais, que são finitos.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
32

Figura 16 - Desenvolvimento sustentável.


Fonte: SENAI, 2013.

A proposta de desenvolvimento sustentável surge em uma época estratégica,


de intenso crescimento populacional. Como consequência, há maior consumo de
energia e recursos naturais, além do aumento da geração de resíduos despejados
no meio ambiente por insuficiência de gestão.

VOCÊ O resíduo de construção civil pode inutilizar um solo


SABIA? para a plantação e poluir seriamente o lençol freático.

Você percebe que nós, cidadãos comuns, somos tão responsáveis quanto o
poder público ou poder privado ou o poder de economia mista, quando se trata
de preservação do meio ambiente?
Fazemos parte do mesmo mundo, compartilhamos o mesmo ar, a mesma
água potável para nos hidratar e garantir a estabilidade da saúde. Precisamos es-
tar convictos da mesma verdade e sermos unidos, cada um fazendo sua parte,
mesmo que seja pequena. Do contrário, o resultado poderá ser insuficiente e o
esforço de alguns pode ser inútil, já que as cidades geralmente são populosas e
potencialmente nocivas à preservação dos recursos naturais.
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
33

CASOS E RELATOS

Mudança de hábito familiar


Um pai vivia preocupado com o alto consumo de energia elétrica em casa,
por conta do uso rotineiro de três aparelhos de ar-condicionado. Na ver-
dade, ele nunca teve coragem de pedir para seus filhos reduzirem o con-
sumo, porque não gostaria que eles dormissem com calor. Um belo dia, a
televisão começou a anunciar umas propagandas em benefício do meio
ambiente. Entre os assuntos, estava o racionamento de energia elétrica! O
pai muito se interessou pelas informações, que iriam colaborar para uma
economia significativa dos gastos familiares.
Em uma reunião com a esposa e os filhos, o pai expôs a situação e alegou
que a cidade não era tão quente a ponto de serem desconfortáveis as noi-
tes de sono. Lembrou que nem sempre tiveram ar-condicionado e alertou
o quanto seria gratificante aderir à causa, não pelo apelo da mídia, mas pela
consciência de que é possível se adaptar a novos hábitos de vida mais natu-
rais. Além da economia de gastos, ainda ajudariam o planeta.
Pois bem, a conversa de conscientização e reeducação ambiental rendeu
boas reduções na conta de energia elétrica da casa dessa família. Cada mês
que chegava o total consumido de energia elétrica, a família sentia-se mo-
tivada a continuar promovendo mais mudanças de hábito. Isso foi apenas
o início de toda uma série de transformações de atitudes, pois os filhos se
empenharam em reduzir o consumo de água, aprenderam a separar o lixo
por tipo de natureza do material. (material plástico, vidro, papel, metal e
material orgânico) e se engajaram no esclarecimento da comunidade em
que viviam.

Podemos ver, na Figura 17, a enorme quantidade de lixo depositada na Baía de


Guanabara, no Rio de Janeiro. Perceba a diversidade de lixo exposto ao ar livre e
em contato direto com o solo e a água. Essa reserva de materiais logicamente se
encontra em processo de decomposição e, com isso, podemos admitir que o solo,
a água e o lençol freático estejam poluídos, o que representa risco para a saúde
dos habitantes dessa localidade.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
34

Figura 17 - Grande volume de lixo depositado na Baía de Guanabara


Fonte: PUBLIC DOMAIN PICTURES, 2013b. (adaptado)

FIQUE O depósito de lixo na natureza não só prejudica a saúde


das pessoas como também contamina o solo e afeta o
ALERTA equilíbrio do ecossistema.

Como reflexo da discussão acerca do conceito de ser sustentável, o novo mo-


delo para desenvolvimento adota um parâmetro que quantifica os recursos na-
turais existentes disponíveis para cada indivíduo residente em um determinado
local do planeta para se sustentar de forma natural (amparado pelos recursos
naturais). Esse quantitativo é denominado pegada ecológica e representa um
indicador que dimensiona os recursos naturais (em hectares – ha) existentes para
cada pessoa.

Figura 18 - Pegada ecológica.


Fonte: SENAI, 2013.
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
35

A pegada ecológica representa um indicador para estimar a qualidade am-


biental e a qualidade de vida em um determinado local habitado por uma so-
ciedade. Pode traduzir também o quanto o indivíduo necessita para viver bem,
considerando a qualidade do solo, do ar e das águas.
A pegada ecológica ideal por indivíduo está compatível com a uma pessoa
que se alimenta basicamente de alimentos naturais fornecidos pelo seu próprio
país, acrescentando o hábito de evitar consumir carne bovina e alimentos indus-
trializados derivados do leite, por causa da área territorial que a criação de gado
necessita para se manter. Também colaboram para a pegada ecológica ideal as
moradias que utilizam energia elétrica através de fontes renováveis, como o ven-
to e a luz solar, e as pessoas que separam lixo reciclável e encaminham para reci-
clagem.

SAIBA Calcule sua pegada ecológica. Existem sites que disponibi-


lizam calculadoras que mensuram a pegada ecológica de
MAIS cada pessoa por país de moradia.

Percebemos o quanto é abrangente a proposta de desenvolvimento susten-


tável e que, realmente, o apelo maior está na mudança de atitude de cada um de
nós. Quando mudamos o nosso estilo de vida e algum processo construtivo se
torna possível, consequentemente estamos contribuindo para o desenvolvimen-
to sustentável.

RECAPITULANDO

Iniciamos o capítulo nos reportando ao Relatório Brundtland, ou Nosso


Futuro Comum, que teve e ainda tem um significado muito grande para
todos os povos, pois trouxe, oficialmente, o conceito de desenvolvimento
sustentável, que provocou o início de estudos e a conscientização indivi-
dual acerca de como cada um pode agir para melhor atender as limitações
dos recursos naturais.
Vimos o conceito de pegada ecológica, que funciona como um alerta so-
bre o quanto cada indivíduo do planeta precisa de recursos naturais para
sobreviver. É um conceito que possibilita a reflexão sobre o nosso compor-
tamento para com o planeta e como utilizamos seus recursos naturais.
Aspectos e impactos ambientais
causados pela construção de edifício

Inicialmente, pergunto a você: qual a dimensão do impacto que a construção de edifícios


causa ao meio ambiente?

Figura 19 - Desmatamento para construção civil


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012b.

Dependendo da extensão territorial e do volume construtivo, que será proporcional ao


contingente populacional, o conjunto construtivo promoverá toda uma transformação do am-
biente. Não estamos considerando apenas a construção, mas também o impacto demandado
quando em funcionamento – necessidade de energia elétrica, água potável, descarte de resí-
duos sólidos e orgânicos etc.
Na Figura 20, vemos como exemplo, um trecho de cidade com altos prédios residenciais
próximos uns aos outros em substituição ao ambiente natural que existia. Os prédios suprem a
necessidade de habitat devido ao alto adensamento populacional humano, mas o alto volume
de construções verticais e a grande pavimentação das superfícies descaracterizam o ambiente
e todos os ecossistemas existentes.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
38

Figura 20 - Substituição dos elementos naturais pela infraestrutura urbana


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011c.

Imagine você que, para construir uma edificação, nem sempre há materiais
disponíveis nas adjacências da obra e, por essa razão, são necessários veículos
motorizados para sua aquisição e transporte. Pois é, a construção de edificações
causa impactos nocivos ao meio ambiente, do transporte dos materiais constru-
tivos até o canteiro de obras.
Os impactos são causados ao meio ambiente com a extração da matéria-pri-
ma, continua no processo de fabricação dos materiais e segue durante o período
de construção e nos anos de uso da edificação, até a fase de desconstrução.

Figura 21 - Forno para queima de blocos de barro em fábrica no sertão baiano


Fonte: SENAI, 2013.
5 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO
39

A área da construção civil tem sido responsável pelo desmatamento de gran-


des áreas para construção de bairros e cidades inteiras. A perda gradativa das
matas pode acarretar desequilíbrio ecológico ou até mesmo danos irreparáveis
em alguns ecossistemas.

Existem construtoras que contratam clandestinamente


FIQUE pessoas para abater a fauna de algumas matas para desca-
racterizar a presença de animais silvestres, com o objetivo
ALERTA de conseguir licença ambiental para construção de condo-
mínios de luxo.

A Figura 22 demonstra a exploração de uma grande área em Guarulhos, São


Paulo, para extração de areia para ser utilizada na construção civil.

Figura 22 - Extração de areia


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011b.

Os impactos podem ser corrigidos através da própria natureza, mas, depen-


dendo do nível de extração e do dano causado, a reconstituição total pode demo-
rar muitos anos. A alternativa mais rápida pode ser através da iniciativa humana,
tomando-se os cuidados para a recomposição ser de acordo com os elementos
semelhantes aos destruídos.
Percebemos que os impactos nocivos da construção civil ao meio ambien-
te e para a saúde humana podem acontecer desde a extração exploratória de
matéria-prima para fabricação de materiais construtivos e de acabamento até o
despejo de entulho de construção civil.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
40

O lucro com a construção civil tem feito do ser humano


SAIBA predador cruel da natureza. Para saber mais sobre o assun-
to, pesquise em sites de busca digitando as palavras-chave
MAIS meio ambiente, degradação, Mata Atlântica, bioma, cobertu-
ra vegetal e paralela.

Um exemplo de extração de recurso natural para material utilizado na constru-


ção de edifícios é a gipsita, que é a matéria-prima do gesso. Podemos mencionar
o caso do polo gesseiro do Araripe, em Pernambuco, que possui 84% da produ-
ção nacional de gesso e provoca a liberação de poeiras de gesso que se espalham
por todo o ar atmosférico da cidade de Araripina e adjacências e se depositam no
solo e em mananciais.

Figura 23 - Mina de extração de gipsita


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2010a.

Em relação à saúde de quem vive na região gesseira, estudos contataram que


30% dos moradores entrevistados se queixam de anomalias na saúde. A tosse
constante foi a principal delas, com 28% dos entrevistados, 43% se queixaram de
irritação na conjuntiva ocular e 37% se queixaram de sangramento nasal. Quanto
às doenças atingindo os pulmões, 27% se queixaram de pneumonia,14% se quei-
xaram de bronquite e 10% de asma.

VOCÊ O gesso, material comumente utilizado na construção


civil prejudica seriamente o meio ambiente por alterar a
SABIA? alcalinidade do solo e contaminar os lençóis freáticos.
5 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO
41

A Figura 24 mostra a representação criativa de uma árvore em forma de pul-


mões, no intuito de simbolizar as mesmas funções que a árvore e os nossos pul-
mões possuem, que são de filtrar o ar atmosférico. Ou seja, se existirem partículas
de substâncias químicas prejudiciais à saúde em suspensão no ar atmosférico,
as árvores e os nossos pulmões irão retê-las e promover a purificação do ar. Se
houver a ausência de árvores no meio ambiente, nossos pulmões irão reter as par-
tículas da mesma forma. Se respirarmos ar atmosférico poluído por anos, nossos
pulmões irão reter particulados químicos por anos, até apresentarem sintomas de
anomalias ou doenças provenientes da má qualidade do ar.

Figura 24 - As árvores e os nossos pulmões


Fonte: SENAI, 2013.

Em relação aos impactos nocivos ao meio ambiente, o gesso utilizado nas


construções e descartado sem os devidos cuidados representa a toxidade do
solo, pois o sulfato de cálcio (substância do gesso) provoca a alteração da alcali-
nidade do solo, contaminando os lençóis freáticos. Quando nos atentamos para
as leis, vamos encontrar na resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) de nº 307 a classificação do resíduo como C. Portanto, a reciclagem do
gesso é economicamente inviável – inviabilizando também o seu reúso, o que o
torna vilão para o meio ambiente.
Com o exemplo acima, percebemos que os impactos nocivos ao meio ambien-
te refletem, inevitavelmente, em nossas vidas.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
42

CASOS E RELATOS

Um exemplo de desastre ou degradação ambiental?


O rio Cachoeira passa em grande extensão do município de Itabuna, no
interior da Bahia. Em decorrência do excesso de chuva, em alguns episó-
dios ao longo desses anos, Itabuna sofreu inundações. Entre elas, as mais
preocupantes foram aquelas que ocorreram nos anos de 1967, 2002 e 2005.
Pelas informações obtidas, na enchente de 2005, 850 pessoas ficaram desa-
brigadas, pontes foram derrubadas, moradores ficaram sem água potável,
pois as tubulações que alimentam a cidade foram destruídas, as casas fica-
ram inundadas, árvores foram derrubadas e a praia de Ilhéus ficou suja pelo
acúmulo de lixo trazido pelo rio.
Não podemos atribuir esses eventos apenas a desastres ambientais, mas
também à degradação ambiental causada pelo ser humano.
Se antes de construir, a população de Itabuna procurasse a consultaria de
especialistas da área da construção civil, tais como técnicos de edificações,
arquiteto e engenheiros, e respeitasse as margens dos rios, não construin-
do suas moradias ao longo dessas margens, o aumento do volume de água
poderia ser suprido. Se a cidade não tivesse grande parte de sua superfície
pavimentada, o grande volume de chuva também poderia ser absorvido
pelo solo natural.
5 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO
43

RECAPITULANDO

Neste capítulo, pudemos ver o quanto a área da construção civil pode ser
impactante e nociva ao meio ambiente e, consequentemente, à nossa pró-
pria saúde, considerando esse modelo de ocupação maciça do território e
exploração dos recursos naturais para a obtenção dos materiais tradicio-
nais de construção.
A Figura 20 mostrou o trecho de um bairro densamente construído, com
edifícios altos.
No decorrer deste capítulo, nos surpreendemos com um exemplo de danos
à saúde pública causados pelos canteiros de extração de gipsita para a ob-
tenção do gesso, que é largamente utilizado nas edificações.
Gestão de resíduos na
construção civil

O crescente número populacional, os avanços tecnológicos e, consequentemente, a evolu-


ção dos meios de produção, trouxeram aumento na oferta de emprego. Isso ocasionou uma
grande concentração populacional nas cidades e arredores. Já imaginou a quantidade de re-
síduos gerados diariamente por uma cidade muito populosa? Se não houver uma gestão de
resíduos eficiente, é possível que ocorra contaminação no solo e nos lençóis freáticos desses
locais e nas localidades adjacentes.

O
ENT
CIM

kg
- 20
UIDO
LIQ
PESO

Figura 25 - Descarte de entulho em via pública


Fonte: SENAI, 2013.

Esse exemplo de excesso de resíduos gerado pela população e mal gerenciado pode ser
transferido para a área da construção civil e, em ambos os casos, a solução mais adequada
ainda é a redução do consumo. Se consumíssemos menos, geraríamos menos resíduos, não
parece lógico? Então, vamos reduzir nosso consumo! Para quê esse consumo em demasia?

VOCÊ As sobras de pedras cerâmicas e de PVC podem ser rea-


SABIA? proveitadas em lindos mosaicos, como obras de arte.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
46

O ideal seria que, na construção civil, não houvesse resíduos, mas isso parece
ser inevitável, pelo menos neste início de século. Por menor que seja o percentual
de resíduos de construção civil, sempre haverá. A Figura 26 demonstra a infeliz
realidade de resíduos de construção descartados indevidamente na natureza por
algumas construtoras.

Figura 26 - Resíduos de construção civil descartados indevidamente


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012b.

É inevitável originar resíduos porque precisamos sobreviver e a área da cons-


trução civil precisa gerar produto para abrigar pessoas e para dar condições de
saneamento e infraestrutura urbana. É importante procurar substituir nossos pro-
dutos de consumo, especificando materiais menos agressivos ao meio ambiente,
além de dimensionar quantidades menores para compra, próximas ao que será
utilizado. Em associação, vamos conscientizar os funcionários da obra a serem
cuidadosos e pacientes com o manuseio e transporte interno do material. Porém,
tenha certeza de que sempre haverá um percentual de resíduo. Mas que, pelo
menos, seja de material mais adequado para a reciclagem e de menor impacto
ao meio ambiente.

FIQUE Em muitas ocasiões, por deficiência de métodos e maqui-


nários adequados, o processo da reciclagem de materiais
ALERTA pode resultar em poluição para o meio ambiente.

Para o atendimento máximo em relação à conservação do material, seria de


fundamental importância que todos raciocinassem assim: “o que eu não quero
para mim, não quero para a empresa que eu trabalho também”.
6 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
47

Figura 27 - Transporte de material da empresa com cuidado e responsabilidade


Fonte: SENAI 2013.

A internet disponibiliza boas fontes de pesquisa a respeito


SAIBA de gestão de resíduos na construção civil. Recomendamos a
MAIS você visitar o site Google Acadêmico e digitar as palavras-
chave gestão, resíduos, construção civil e meio ambiente.

Todos deveriam ter o cuidado de não quebrar os itens dos materiais de cons-
trução, como tijolos, pedras cerâmicas e vasos sanitários. As perdas são grandes
e, além disso, os materiais necessitam ser cortados e as sobras são jogadas no lixo.

CASOS E RELATOS

Uma construtora consciente


Uma construtora de Recife (PE), após ter os esclarecimentos acerca dos im-
pactos nocivos dos resíduos da construção civil no meio ambiente, decidiu
rever suas atitudes e mensurar o volume de resíduos que iria retornar ao
meio ambiente. Ainda na metade do cronograma de construção de um edi-
fício, após acompanhamento rotineiro sobre a geração de resíduos, se deu
conta do grande volume que a construtora estava destinando ao meio am-
biente. De repente, os profissionais envolvidos na obra sentiram vergonha
de não planejar essa gestão, pensando em minimizar os impactos nocivos
dos materiais de construção e de acabamento no meio ambiente.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
48

A empresa iniciou suas mudanças com o acondicionamento de lixo por


classificação: todo material de PVC, ferragens e madeiras eram descartados
em depósitos separados e coletados por uma empresa especializada em
reciclagem. A construtora passou a comprar apenas tintas a base de água,
para minimizar os impactos nocivos à natureza, além de organizar os mate-
riais em seus canteiros com a finalidade de minimizar ao máximo as perdas
de materiais cerâmicos por quebra. As pedras cerâmicas quebradas seriam
direcionadas para utilização em obras de arte na própria obra ou encami-
nhadas para doação a artistas plásticos locais.
Logo, essa mudança envolveu a todos e trouxe resultados muito positivos,
sobretudo na consciência de todos os profissionais, que passaram a ter or-
gulho de afirmar que trabalham em uma empresa que desenvolve continu-
amente uma eficaz gestão de resíduos.

Precisamos ser conscientes não somente pelo meio ambiente (e esse motivo é
muito importante para nossa própria sobrevivência), mas, sobretudo, pelo gasto
de tempo e dinheiro que as perdas de materiais construtivos representam, pois
o material inutilizado para a obra possivelmente será descartado em lixões e de-
mandará tempo para o recolhimento e o acondicionamento de todo o volume a
ser encaminhado para o descarte.
Quanto mais cuidado tivermos com os materiais de construção, menor é a pro-
babilidade de gerarmos resíduos.
Boas práticas já estão presentes em canteiros de obra, como é o caso da coleta
seletiva. Nossos profissionais também estão cada vez mais conscientes e a ini-
ciativa de palestras e treinamentos proporcionados por construtoras, sindicatos
e conselhos profissionais tem colaborado muito para essas conquistas. A coleta
seletiva de material de construção já é uma realidade, demonstrando um passo
importante na gestão de resíduos na construção. Cada vez mais precisam ser utili-
zados materiais “sustentáveis”, ou seja, que possuem maior potencial para serem
reaproveitados ou reciclados, agredindo menos o meio ambiente.
6 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
49

PAPEL VIDRO METAL PLÁSTICO

Figura 28 - Coleta seletiva de materiais de construção


Fonte: SENAI, 2013.

RECAPITULANDO

Este capítulo nos mostrou a importância da boa gestão de resíduos na


construção civil, no sentido de minimizar o volume de resíduos das obras
no meio ambiente. Para a conquista de um bom resultado, é importante
que a empresa ou construtora invista em um bom planejamento.
No planejamento, é fundamental que todos se sintam comprometidos em
respeitar os procedimentos que forem estabelecidos, senão o resultado
não será o ideal ou o esperado.
Vimos, também, que uma iniciativa pode ser o descarte de resíduos por
tipo de material ou classificação, em conjunto com uma empresa de reci-
clagem, pois quase todo o resíduo pode ser reciclado sem necessariamente
ser depositado no meio ambiente.
Noções de produção mais limpa

Para falarmos de produção mais limpa, ou simplesmente P+L, é necessário que iniciemos
uma reflexão do que significa essa proposta.

mais

Rede Brasileira de Produção Mais Limpa


Figura 29 - Rede brasileira de produção mais limpa
Fonte: 2020 SUSTENTÁVEL, 2011.

Podemos admitir que a P+L representa uma continuidade na prática profissional em que se
integram, ao mesmo tempo, soluções econômicas, ambientais e tecnológicas. Começamos
a perceber que se trata de uma proposta muito interessante e que pode agregar muitos valo-
res ao nosso conhecimento e a nossas propostas de trabalho na área da construção civil.

VOCÊ A P+L é um método de produção que colabora para a


SABIA? sustentabilidade.

Como podemos aproveitar a proposta da P+L? Inicialmente, já podemos pensar em incluir


todos os procedimentos da obra que economizem energia elétrica e água. Outra atitude que
pode ser incorporada à construção civil é o aproveitamento de materiais reciclados. A P+L pro-
porciona preservação dos recursos naturais e economia, no sentido de redução dos custos or-
çamentários. A Figura 30 ilustra a relação existente entre preservação da natureza e economia.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
52

Figura 30 - Preservação da natureza e economia no orçamento


Fonte: SENAI, 2013.

O ideal é que ocorra a concordância e envolvimento dos administradores e


dos que estão executando a obra, pois a maior dificuldade para a implementação
de medidas de P+L é o envolvimento dos executores. Precisamos estar cientes de
que os novos conceitos demoram a ser valorizados por aqueles que estão acostu-
mados com processos e procedimentos antigos e cotidianos.

CASOS E RELATOS

A teoria é diferente da prática


Os trabalhadores de uma obra, ao conhecerem o sistema de P+L, demons-
traram interesse e aceitação na implantação de atitudes de trabalho mais
ecológicas em relação à economia de água e energia. O prédio comercial
que estavam construindo teria sistema de captação e armazenamento de
água de chuva para ser reaproveitada na lavagem do prédio e aguamento
das plantas, o que acarretaria uma economia no consumo de água, além
de prateleiras de luz nas janelas dos escritórios para iluminar melhor e por
mais tempo os ambientes de trabalho, o que acarretaria uma economia no
consumo de energia elétrica.
Muito bem! Teoria toda entendida e aceita, chegou o momento dos tra-
balhadores serem instruídos para iniciarem, de fato, as novas recomenda-
ções de racionamento de energia elétrica e água durante a obra. Durante
o período de treinamento, os trabalhadores demostraram claramente que
não estavam gostando das novidades. Os dois instrutores não gostaram
da receptividade da turma, mas já estavam acostumados com esse tipo de
reação ao curso, pois quando os trabalhadores entendiam as novas práticas
e viam que a mudança daria mais trabalho do haviam pensado antes, sen-
7 NOÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA
53

tiam vontade de voltar atrás e a ideia de mudar de atitude ficava fragilizada


e distanciada de virar realidade.
Não podemos concordar com uma mudança de atitude para agradar a al-
guém. Precisamos ter a vontade real, baseada na consciência da necessi-
dade de mudança de atitude, em prol de uma causa nobre, que é o meio
ambiente e o nosso próprio bem-estar.

A P+L exige mudanças, tanto de processos construtivos como de atitude. Aca-


ba por envolver a todos em uma obra, porque não basta fazer o que se está acos-
tumado a fazer, mas fazer diferente e sem consumos desnecessários de energia
elétrica e água, por exemplo.

É importante que reaproveitemos as águas pluviais (água


FIQUE da chuva) para limpeza da casa, áreas externas e para
ALERTA aguar as plantas, como medida para preservar o meio am-
biente.

Em verdade, precisamos enxergar a realidade da construção civil de forma


mais ampla e percebermos a quantidade de construções ao nosso redor. Estamos
vivendo uma nova era, a da sustentabilidade, não é mesmo? E como a construção
civil pode se considerar sustentável se não incorporar medidas de P+L?
A redução de energia elétrica em todos os setores de produção tem sido um
assunto discutido no mundo todo e a construção civil tem sido considerada tão
insustentável nesse sentido quanto a área dos transportes e da indústria. Precisa-
mos considerar que o consumo de água e energia elétrica não acontece apenas
na etapa de canteiro de obra, mas também durante o uso do edifício.

Figura 31 - Economia de energia


Fonte: SENAI, 2013.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
54

A etapa de projeto é considerada essencial para a eficiente


SAIBA utilização da água e energia elétrica nos edifícios. Conheça
MAIS mais sobre a eficiência da produção mais limpa na constru-
ção na internet, em sites de busca.

Em relação ao consumo de energia elétrica, o percentual que está atribuído


para o funcionamento de edifícios é de cerca de 40%. Reduzir esse percentual
já começou a ser um objetivo de muitos, mas as novas tecnologias ainda não
possuem custos acessíveis. E como se pode reduzir o uso de energia elétrica nos
edifícios? Algumas opções são os módulos fotovoltaicos (FV), as turbinas eólicas
ou as miniturbinas hidráulicas – qualquer um desses sistemas acoplado ao edifí-
cio. Por sinal, falaremos mais um pouco sobre esses sistemas no próximo capítulo,
pois eles fazem parte de sistemas eficientes de recursos passivos.

RECAPITULANDO

Este capítulo nos mostrou a importância de atitudes mais conscientes em


relação à preservação da energia elétrica e água potável. Essa preocupação
pode ser entendida como necessidade de desenvolvimento e implantação
de P+L tanto em canteiros de obras como em edifícios na fase de projeto,
fundamental para a implantação definitiva de atitudes mais conscientes
quanto à utilização de água e energia elétrica.
7 NOÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA
55

Anotações:
Utilização eficiente de
recursos passivos

Enquanto no capítulo anterior vimos noções de produção mais limpa, neste capítulo iremos
ver como podem ser utilizados, de forma eficiente, os recursos passivos para captação e gera-
ção de energia que colaboram para a proposta de P+L em edifícios.
Há inúmeras soluções ecológicas para a captação e acondicionamento de água de chuva
que colaboram para a redução do consumo de água potável que vem da empresa de abaste-
cimento de água, bem como existem outras soluções para a redução do consumo de energia
elétrica gerada a partir de hidrelétricas. Água e energia elétrica são duas condicionantes im-
portantes para inserir a edificação em um contexto ecológico. Vamos ver algumas das possi-
bilidades.
Vamos nos deter nos sistemas que funcionam a partir da captação de vento (energia eólica)
e de energia solar para geração de energia elétrica no edifício.

Figura 32 - Sol fornecendo energia


Fonte: SENAI, 2013.

Existem pequenas turbinas eólicas que são acopladas às fachadas de edifícios e são efi-
cientes para a geração de energia elétrica. Essa alternativa não resulta em impactos nocivos
ao meio ambiente e as turbinas estão cada vez mais silenciosas, o que demonstra um avanço
na tecnologia e evita incômodos às pessoas devido aos ruídos. O equipamento possui telas de
proteção, evitando também acidentes com as aves. Na Figura 33, podemos ver um dos mode-
los de pequenas turbinas eólicas para fachadas de edifícios.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
58

Figura 33 - Pequenas turbinas eólicas de fachadas de edifícios


Fonte: SENAI, 2013.

As turbinas funcionam captando os ventos para a geração de energia elétri-


ca. Os ventos estão disponíveis livremente e em abundância na atmosfera e são
100% renováveis.

FIQUE Existem fontes alternativas de geração de energia como as


turbinas eólicas, por exemplo, que causam um baixo im-
ALERTA pacto no meio ambiente.

Outra alternativa 100% renovável são os módulos fotovoltaicos (FV), que po-
dem ser acoplados na cobertura, nas janelas, nas fachadas dos prédios ou no
chão. Na Figura 34, vemos uma ilustração dos módulos FV acoplados na cobertu-
ra de uma residência.

Figura 34 - Módulos fotovoltaicos acoplados na cobertura de uma residência


Fonte: SENAI, 2013.
8 UTILIZAÇÃO EFICIENTE DE RECURSOS PASSIVOS
59

VOCÊ Em Israel, o governo subsidia o kit fotovoltaico para as


famílias e a energia elétrica excedente na bateria do kit
SABIA? FV é vendida para a concessionária.

Quanto ao funcionamento do sistema solar fotovoltaico, podemos entendê-lo


como um sistema simples, iniciado a partir da captação da energia radiante pelas
células FV, que preenche toda a área do módulo FV. A energia elétrica é produ-
zida a partir da energia captada e conduzida por fios e cabos até o controlador
de carga. A partir daí, os equipamentos que forem de mesma tensão podem ser
alimentados, como lâmpadas de 12 V. Seguindo o fluxo do sistema, a tensão da
energia armazenada na bateria é transformada no inversor para 110 V, por exem-
plo, e disponibilizada para uso nos equipamentos nessa tensão. A energia exce-
dente fica armazenada na bateria e o proprietário pode vender o excesso para a
concessionária, como acontece em Israel, anteriormente mencionado. Na Figura
35, podemos ver de forma esquemática o fluxograma de funcionamento do sis-
tema fotovoltaico.

Figura 35 - Esquema geral de um sistema FV residencial com armazenamento de bateria


Fonte: SENAI, 2013.

Quanto à melhor orientação dos módulos, cabe a cada local seguir a recomen-
dação do fabricante, pois potencial de horas de sol nosso país possui largamente
de Norte a Sul, cabendo evitar as orientações extremas, como Leste e Oeste, para
os módulos não ficarem sujeitos ao funcionamento ótimo até meio período do
dia ou a partir de meio período no dia. No caso da cidade de Recife, por exemplo,
a recomendação está em orientar os módulos com uma leve inclinação de 13° ao
Norte.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
60

CASOS E RELATOS

Erros na instalação de sistema solar FV


Um fazendeiro decidiu comprar um sistema solar FV para a casa principal
de sua fazenda. Com o kit em mãos, decidiu ele mesmo instalar, pois conhe-
cia bem o funcionamento de uma instalação elétrica. Seguiu as orientações
do fabricante, tudo como deveria ser, mas em vez de acoplar o módulo FV
na cobertura da casa, preferiu acoplá-lo a um poste.
Parecia estar tudo controlado, pois, pelos poucos equipamentos que pos-
suía em sua casa, o sistema lhe renderia, inclusive, lucro. Porém, percebeu
que seu sistema não gerava energia elétrica o suficiente para a duração
de 24 horas. Logo, fez uma reclamação que o sistema não funcionava sa-
tisfatoriamente. O fabricante enviou-lhe dois técnicos para elaboração de
um relatório técnico. Chegando lá, os técnicos nem tiveram muito trabalho
para detectar o problema, pois o fazendeiro instalou corretamente o siste-
ma, mas não seguiu a recomendação de acoplar os módulos FV na cobertu-
ra da casa, optando por acoplá-los a um poste, e esqueceu-se de atentar-se
que uma frondosa árvore lhe fazia sombra justamente no período de maior
intensidade de energia radiante do sol, entre 10h30 e 15h30. Por isso o sis-
tema não estava funcionando adequadamente.
Moral da história: o fazendeiro até entendia de sistema elétrico, mas de sis-
tema elétrico que dependia da intensidade dos raios solares para funcionar
satisfatoriamente, não!

O sistema solar FV é muito viável para comunidades que ficam em locais mais
afastados do sistema de fornecimento tradicional de eletricidade – as comunida-
des rurais, por exemplo. No interior de Pernambuco existem comunidades que
foram beneficiadas com esse sistema, recebendo orientações de como preservar
e manter a limpeza dos módulos. A maior dificuldade encontrada da equipe que
promoveu o treinamento técnico foi conscientizar as crianças de que não podiam
jogar pedras no telhado e nos postes para não quebrar ou danificar o sistema.
Em relação ao rendimento energético, o eólico ainda possui uma capacida-
de de abrangência maior, se comparado ao sistema solar FV, que, embora já te-
nha avançado muito em tecnologia, ainda é mais restrito que o sistema eólico.
Enquanto que uma turbina eólica pode gerar energia elétrica para toda uma co-
munidade, um módulo FV gera energia para uma família com equipamentos elé-
tricos básicos dentro de casa.
8 UTILIZAÇÃO EFICIENTE DE RECURSOS PASSIVOS
61

Sistemas renováveis de produção de energia são eficientes


e estão cada vez mais avançando em tecnologia. Existem
SAIBA selos ambientais nacionais e internacionais específicos para
MAIS edifícios que adotam sistemas ecológicos para o seu funcio-
namento. Invista em conhecimento! Procure sobre o assunto
na internet.

Os sistemas eólico e de energia solar, totalmente renováveis, são indicados


para o Brasil pelo potencial que o país possui, tanto na oferta de sol como de
ventos.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos duas fontes renováveis e totalmente limpas de gera-


ção de energia elétrica, que não causam impactos nocivos ao meio ambien-
te e que o Brasil possui em abundância, que é a energia solar e a energia
eólica.
Vimos que existem pequenas turbinas eólicas que podem ser acopladas
às fachadas dos prédios e que produzem menos ruído e podem suprir a
demanda energética.
Vimos também que o sistema solar fotovoltaico é capaz de suprir as ne-
cessidades de consumo de energia, mas que o sistema eólico ainda é mais
potente e capaz de suprir a necessidade energética de um número maior
de pessoas.
Ações mitigadoras

Nos capítulos anteriores, falamos de alguns assuntos relacionados à sustentabilidade na


construção civil, no sentido de tornar clara a evidência do quanto à construção civil pode ser
danosa aos recursos naturais. Vimos também sistemas renováveis de produção de energia elé-
trica e o quanto estes podem ser eficientes. Na verdade, quando tratamos de gestão ambiental
na construção e mencionamos sistemas de produção limpa de energia elétrica, já começamos
a tratar de algumas ações mitigadoras ou redutoras de impactos nocivos ao meio ambiente,
não é mesmo? Afinal, essa é a intenção deste nosso último capítulo.

VOCÊ O simples encaminhamento de cacos de pedra cerâmica


para reaproveitamento em obras de arte é uma ação
SABIA? mitigadora de impactos ambientais.

Em verdade, algumas pequenas atitudes podem colaborar muito para a preservação dos
recursos naturais. Elas podem iniciar na nossa vida pessoal, inclusive, e daí repercutir extensi-
vamente para o nosso cotidiano no trabalho, onde quer que estejamos ou trabalhemos. Pen-
sando assim e agindo de acordo com esse objetivo, seremos exemplos aos próximos e, em
especial, aos nossos sucessores.

Figura 36 - De pai para filho


Fonte: SENAI, 2013.
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
64

FIQUE É através de ações mitigadoras que podemos proteger o


meio ambiente e consequentemente preservar a qualida-
ALERTA de de vida em nosso planeta.

Uma das recomendações que podem ser aderidas tanto na vida pessoal como
empresarial e industrial são os três Rs, que significam reutilizar, reciclar e redu-
zir. Vamos falar um pouco sobre esses três verbos, que em muito podem cola-
borar para a preservação da natureza? O primeiro “R”, “reutilizar”, nos convida à
reflexão quanto à importância de reutilizarmos os produtos de consumo. Esse é o
primeiro impacto que a população, unida, pode provocar no mecanismo desen-
freado de produção das indústrias. O segundo “R”, “reciclar”, nos mostra o quan-
to é importante que reciclemos o que já adquirimos, já compramos e temos em
nossa casa ou em nossa obra, o que irá, consequentemente, resultar no terceiro
“R”, “reduzir”, que sugere a redução do consumo. Na Figura 37, podemos ver uma
imagem que representa o ciclo sustentável dos três Rs.

Reduzir Reutilizar

Reciclar
Figura 37 - Os 3Rs (três Rs): reutilizar, reciclar e reduzir
Fonte: SENAI, 2013.

Existem muitas técnicas construtivas que usam recursos e


SAIBA materiais não convencionais e que alcançam resultados sur-
preendentes. Conheça um pouco mais sobre essas técnicas
MAIS consultado o livro “Manual do Arquiteto Descalço” que foi
escrito por Johan Van Lengen.

Percebam que o sistema solar FV e o sistema eólico reutilizam os potenciais


naturais oferecidos livremente na natureza (sol e vento) e reciclam esses poten-
ciais quando os captam para geração de energia elétrica, o que colabora para a
redução da demanda de uso da energia elétrica por hidrelétricas. Essa proposta
de mitigar os impactos nocivos ao meio ambiente deve continuar sendo a meta
da área da construção civil.
9 AÇÕES MITIGADORAS
65

A boa gestão ambiental na construção civil é possível, tanto em fase de obra


como após a construção, seja de um edifício ou equipamento no espaço urba-
no. Bastam vontade e planejamento para a implementação de construções mais
sustentáveis. Um ambiente mais sustentável pode não ser mais uma utopia, visto
que a tecnologia avança a passos largos e o tema sustentabilidade está emergin-
do como meta mundial. Cada setor de produção almeja alcançar metas a partir de
percentuais desafiadores a serem alcançados.

Social

Suportável Equitável

Sustentável

Ambiental Viável
Econômico

Figura 38 - Ecodesenvolvimento
Fonte: ECOD, 2010.

CASOS E RELATOS

Pequenas atitudes em benefício da natureza podem se transformar


em grandes atitudes
Uma mãe gostava muito de ir às lojas da cidade para comprar bolsas, sapa-
tos e roupas novas. Suas três filhas cresceram vendo o consumo desenfrea-
do de tantos produtos lindos e diferentes em casa. Elas gostavam também
e adquiriram um gosto especial por escolher e comprar produtos novos e
diferentes.
Um dia, o colégio das meninas abordou assuntos importantes de educação
ambiental e um deles foi os três Rs. As meninas refletiram muito sobre o
assunto e decidiram mudar a forma de agir da mãe. A mãe pensou e consi-
derou que a época em que ela foi orientada no colégio não havia essa pre-
ocupação com o meio ambiente, quanto ao retorno do produto em forma
de lixo. Ponderou, ponderou e, finalmente, decidiu mudar. A partir daquele
GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO
66

momento elas saíam para passear, mas iam ao cinema, aos parques, à praia,
à casa de familiares e, em último caso, iam às compras.
A mãe gostou muito dessa nova forma de viver, pois, além de colaborar
para a redução de lixo ao meio ambiente, ela estava economizando muito,
financeiramente falando.

Até a próxima unidade curricular e um ótimo aprendizado para ser praticado


na sua vida profissional!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, entendemos que, embora tenhamos tratado de assuntos


relacionados aos impactos nocivos que a área da construção civil pode
causar aos recursos naturais, através das ações conscientes de reutilizar,
reciclar e reduzir produtos de consumo, seja na vida pessoal de cada um
ou em obras, é possível mitigar os impactos nocivos do homem ao meio
ambiente.
9 AÇÕES MITIGADORAS
67

Anotações:
REFERÊNCIAS
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of Integrated Coastal Zone Management. Disponível em: <http://www.aprh.pt/rgci/glossario/
desenvolvimento-sustentavel.html>. Acesso em: 18 mar. 2013.
AULETE, Caldas. Dicionário Caldas Aulete da Língua Portuguesa: edição de bolso. Rio de Janeiro:
Lexikon Editora Digital, 2008; Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.
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______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em: <http://www.
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______. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial
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2020 SUSTENTÁVEL. Produção Mais Limpa. 2011. Disponível em: <http://2020sustentavelcapitalna
turalepmaisl.blogspot.com.br/2010/05/rede-brasileira-de-producao-mais-limpa.html>. Acesso em:
10 abr. 2013.
MINICURRÍCULOS DOS AUTORES

SANDRA HELENA MIRANDA DE SOUZA


Sandra Helena Miranda de Souza é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade
Federal de Pernambuco e mestre em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Fede-
ral da Bahia. Integrante do projeto de cooperação bilateral entre Brasil e Alemanha (Edital CNPq
04/2007) denominado Clima Urbano, Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas (Urban Climate,
Urban Design and Global Climate Changes), que tem como instituições participantes UFBA, UFMG,
Universität Kassel e Universität Freiburg (Alemanha). Pesquisadora dos Grupos de Pesquisa do
CNPq: LACAM/ FAUFBA. Professora da disciplina Conforto Ambiental da Faculdade Ruy Barbosa,
Salvador - Bahia.
ÍNDICE
E
Ecossistemas 18, 23

H
Habitats 18

R
Resiliência 19
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Sandra Helena Miranda de Souza


Elaboração

Carla Carvalho Simões


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Antonio Ivo Ferreira Lima


Alex Ricardo de Lima Romano
Fabio dos Santos Passos
Karina Lima Soares Santos
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações
Antonio Ivo Ferreira Lima
Fabio dos Santos Passos
Diagramação e Fechamento de Arquivo

FabriCO
Design Educacional

Joseane Maytê Sousa Santos Sousa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Débora Sampaio Leitão


Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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