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Série CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO DE
INSTALAÇÕES
HIDRAÚLICAS,
INCÊNDIO E GÁS
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO DE
INSTALAÇÕES
HIDRAÚLICAS,
INCÊNDIO E GÁS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO DE
INSTALAÇÕES
HIDRAÚLICAS,
INCÊNDIO E GÁS
© 2014. SENAI – Departamento Nacional

© 2014. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos
os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação a Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Projeto de instalações hidráulicas, incêndio e gás / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, Departamento Regional da Bahia. - Brasília:
SENAI/DN, 2014.
182 p.: il. - (Série Construção Civil)
ISBN 978-85-7519-683-0

1. Projeto de instalações hidráulicas, incêndio e gás. 2. Construção


Civil. 3. Técnico em edificações I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. II. Departamento Regional da Bahia. III. Projeto de Instalações
Hidráulicas, Incêndio e Gás. VI. Série Construção Civil.

CDU349.2(81)

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Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 -  Recipientes preenchidos com fluidos....................................................................................................19
Figura 2 -  Experimento de Pascal................................................................................................................................20
Figura 3 -  Fórmula de pressão......................................................................................................................................21
Figura 4 -  Pressão atmosférica......................................................................................................................................21
Figura 5 -  Vazão..................................................................................................................................................................22
Figura 6 -  Vazão..................................................................................................................................................................23
Figura 7 -  Quedas de vazão...........................................................................................................................................23
Figura 8 -  Peso aparente.................................................................................................................................................26
Figura 9 -  Corpo descendo............................................................................................................................................26
Figura 10 -  Corpo subindo.............................................................................................................................................27
Figura 11 -  Corpo em equilíbrio...................................................................................................................................27
Figura 12 -  Instalação de tubulações.........................................................................................................................32
Figura 13 -  Quadro para armazenar mangueira de incêndio............................................................................34
Figura 14 -  Botijões de gás GLP....................................................................................................................................36
Figura 15 -  Distribuição com tanques de gás natural e distribuição por tubulação de gás natural...37
Figura 16 -  Distribuição direta......................................................................................................................................42
Figura 17 -  Distribuição indireta..................................................................................................................................43
Figura 18 -  Dimensionamento de reservatórios....................................................................................................46
Figura 19 -  Ventilação da coluna..................................................................................................................................47
Figura 20 -  Esquema de distribuição de tubulações hidráulicas.....................................................................50
Figura 21 -  Junta soldada...............................................................................................................................................57
Figura 22 -  Junta rosqueada..........................................................................................................................................57
Figura 23 -  Junta Elástica................................................................................................................................................58
Figura 24 -  Junta flangeada...........................................................................................................................................58
Figura 25 -  Conexões.......................................................................................................................................................59
Figura 26 -  Conexão.........................................................................................................................................................59
Figura 27 -  Corte de um vaso sanitário mostrando o sifão................................................................................61
Figura 28 -  Funcionamento de torneira....................................................................................................................61
Figura 29 -  Registro de gaveta......................................................................................................................................62
Figura 30 -  Registro de pressão....................................................................................................................................62
Figura 31 -  Instalação respiro........................................................................................................................................68
Figura 32 -  Instalação sifão............................................................................................................................................69
Figura 33 -  Instalação água quente............................................................................................................................70
Figura 34 -  Instalação do misturador.........................................................................................................................71
Figura 35 -  Isométrico de instalação hidráulica com água quente.................................................................77
Figura 36 -  Junta de dilatação......................................................................................................................................78
Figura 37 -  Instalações de lira.......................................................................................................................................80
Figura 38 -  Exemplo de lira............................................................................................................................................80
Figura 39 -  Conexões para água quente...................................................................................................................84
Figura 40 -  Sifão de lavatório........................................................................................................................................91
Figura 41 -  Sifões...............................................................................................................................................................92
Figura 42 -  Caixa de gordura.........................................................................................................................................93
Figura 43 -  Tubo de ventilação no tubo de esgoto...............................................................................................96
Figura 44 -  Fossa séptica.............................................................................................................................................. 101
Figura 45 -  Conexões para água quente................................................................................................................ 104
Figura 46 -  Desenho de um telhado e suas medidas........................................................................................ 110
Figura 47 -  Conexões e peças para calhas em PVC............................................................................................ 119
Figura 48 -  Reúso indireto não planejado............................................................................................................. 123
Figura 49 -  Reúso indireto planejado...................................................................................................................... 123
Figura 50 -  Esquema de reúso de água da chuva para o vaso....................................................................... 124
Figura 51 -  Residência com reúso de água pluvial............................................................................................. 125
Figura 52 -  Computador doméstico da primeira geração............................................................................... 130
Figura 53 -  Computador doméstico da segunda geração.............................................................................. 131
Figura 54 -  Computador da terceira geração....................................................................................................... 131
Figura 55 -  Legenda para tubulação....................................................................................................................... 138
Figura 56 -  Planta baixa da residência.................................................................................................................... 139
Figura 57 -  Detalhes de planta.................................................................................................................................. 140
Figura 58 -  Fachadas detalhando calhas e tubos de descida......................................................................... 141
Figura 59 -  Planta de cobertura com detalhe do tubo de descida............................................................... 141
Figura 60 -  Projeto hidráulico.................................................................................................................................... 143
Figura 61 -  Detalhe da instalação do reservatório............................................................................................. 143
Figura 62 -  Hidrômetro................................................................................................................................................. 144
Figura 63 -  Projeto hidráulico isométrico.............................................................................................................. 144
Figura 64 -  Isométrico do sanitário da suíte e do sanitário social................................................................. 145
Figura 65 -  Isométrico da cozinha............................................................................................................................ 146
Figura 66 -  Detalhes dos isométricos...................................................................................................................... 147
Figura 67 -  Projeto de esgoto sanitário.................................................................................................................. 149
Figura 68 -  Sanitário casal, sanitário social e cozinha ...................................................................................... 149
Figura 69 -  Sanitário de serviço e área de serviço.............................................................................................. 150
Figura 70 -  Projeto de esgoto sanitário ................................................................................................................. 151
Figura 71 -  Sprinkler para combate a incêndio.................................................................................................... 156
Figura 72 -  Extintores.................................................................................................................................................... 160
Figura 73 -  Botijão de gás 13 kg................................................................................................................................ 163
Figura 74 -  Abastecimento de gás GLP.................................................................................................................. 164

Quadro 1 - Consumo de água potável..................................................................................................................... 122


Quadro 2 - Tipos de extintores................................................................................................................................... 159
Quadro 3 - Quadro de utilização de extintores.................................................................................................... 159
Tabela 1 - Consumo médio predial diário.................................................................................................................44
Tabela 2 - Vazões de projeto e pesos relativos dos pontos de utilização.......................................................49
Tabela 3 - Ábaco luneta....................................................................................................................................................49
Tabela 4 - Vazão por peça de utilização......................................................................................................................72
Tabela 5 - Quantidade de pessoas...............................................................................................................................73
Tabela 6 - Estimativa do consumo diário...................................................................................................................73
Tabela 7 - Estimativa do consumo por tipo de aquecedor..................................................................................73
Tabela 8 - Volume do coletor..........................................................................................................................................74
Tabela 9 - Peso relativo.....................................................................................................................................................76
Tabela 10 - Ábaco luneta para água quente.............................................................................................................76
Tabela 11 - Dimensões das liras....................................................................................................................................79
Tabela 12 - Módulo de elasticidade e tensão admissível.....................................................................................81
Tabela 13 - Diâmetros mínimos dos ramais de descarga.....................................................................................95
Tabela 14 - Diâmetros mínimos dos ramais de esgoto.........................................................................................96
Tabela 15 - Unidade Hunter de contribuição dos aparelhos..............................................................................97
Tabela 16 - Diâmetros das tubulações........................................................................................................................98
Tabela 17 - Dimensões das fossas sépticas............................................................................................................ 102
Tabela 18 - Área de telhado......................................................................................................................................... 112
Tabela 19 - Tabela de intensidade pluviométrica................................................................................................ 114
Tabela 20 - Vazão dos tubos........................................................................................................................................ 115
Tabela 21 - Tabela vazão das calhas em relação com a declividade............................................................. 116
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Noções de mecânica dos fluidos e hidrostática..................................................................................................19


2.1 Pressão e vazão.............................................................................................................................................20
2.2 Princípio dos vasos comunicantes.........................................................................................................23
2.3 Empuxo e equilíbrio de corpos flutuantes..........................................................................................24

3 Exigências regulamentares e normativas aplicáveis..........................................................................................31


3.1 Projetos de instalações hidráulica e sanitária....................................................................................31
3.1.1 Normas..........................................................................................................................................32
3.2 Combate a incêndio....................................................................................................................................34
3.2.1 Normas..........................................................................................................................................35
3.3 Gás predial......................................................................................................................................................36
3.3.1 Norma............................................................................................................................................37

4 Instalações prediais de água fria...............................................................................................................................41


4.1 Determinação do consumo......................................................................................................................43
4.1.1 Dimensionamento de caixas d’água ou reservatórios.................................................45
4.1.2 Ventilação da coluna.................................................................................................................47
4.2 Dimensionamento hidráulico das tubulações de água fria..........................................................48
4.2.1 Dimensionamento dos ramais..............................................................................................50
4.2.2 Dimensionamento dos sub-ramais.....................................................................................52
4.2.3 Dimensionamento das colunas e barriletes.....................................................................54
4.2.4 Dimensionamento instalação de combate a incêndio................................................54
4.2.5 Dimensionamento da potência de bombas....................................................................55
4.3 Materiais e componentes..........................................................................................................................56
4.3.1 Tubos..............................................................................................................................................56
4.3.2 Conexões.......................................................................................................................................58
4.3.3 Louças sanitárias........................................................................................................................60
4.3.4 Metais.............................................................................................................................................61

5 Instalações prediais de água quente.......................................................................................................................65


5.1 Sistemas de aquecimentos.......................................................................................................................66
5.2 Elementos constituintes............................................................................................................................67
5.3 Dimensionamento de aquecedores......................................................................................................71
5.4 Dimensionamento das tubulações........................................................................................................75
5.5 Dimensionamento das juntas de dilatação e das liras....................................................................78
5.6 Materiais e componentes..........................................................................................................................83

6 Instalações prediais de esgoto...................................................................................................................................89


6.1 Sistemas de esgotamento.........................................................................................................................90
6.1.1 Sistema unitário ou combinado...........................................................................................90
6.1.2 Sistema separador.....................................................................................................................90
6.2 Elementos constituintes do esgoto.......................................................................................................91
6.3 Dimensionamento das tubulações de esgoto...................................................................................94
6.4 Dimensionamento dos ramais de esgoto...........................................................................................95
6.5 Dimensionamento de caixas de inspeção, caixas de passagem e de gordura................... 100
6.6 Dimensionamento das fossas sépticas e sumidouros................................................................. 100
6.7 Materiais e componentes....................................................................................................................... 102
6.7.1 Tubos........................................................................................................................................... 102
6.7.2 Conexões.................................................................................................................................... 104

7 Instalações de águas pluviais.................................................................................................................................. 107


7.1 Elementos constituintes de instalações de águas pluviais........................................................ 108
7.2 Dimensionamento das tubulações de águas pluviais................................................................. 109
7.2.1 Dimensionamento de calhas de telhado....................................................................... 109
7.3 Dimensionamento de calhas de piso................................................................................................. 113
7.4 Materiais e componentes....................................................................................................................... 117
7.4.1 Tubos........................................................................................................................................... 117
7.4.2 Conexões.................................................................................................................................... 118

8 Sistemas de captação e reúso de água................................................................................................................ 121


8.1 Sistemas de captação para água de chuva...................................................................................... 124
8.1.1 Por que reutilizar a água?..................................................................................................... 126

9 Aplicativos computacionais para projetos de instalações hidráulicas e a gás predial....................... 129

10 Desenhos de instalações hidrossanitárias........................................................................................................ 137


10.1 Simbologias.............................................................................................................................................. 138
10.2 Planta baixa............................................................................................................................................... 139
10.3 Cortes.......................................................................................................................................................... 140
10.4 Detalhes..................................................................................................................................................... 142
10.5 Isométrico.................................................................................................................................................. 144

11 Instalações para combate a incêndio................................................................................................................ 155

12 Instalações prediais de gás.................................................................................................................................... 163


12.1 Propriedades físico-químicas............................................................................................................. 165
12.2 Legislação.................................................................................................................................................. 165
12.3 Projeto de gás.......................................................................................................................................... 166

Referências

Minicurrículo do autor

Índice
Introdução

Bem-vindo ao universo das edificações!


Estamos iniciando uma caminhada pelo processo de formação técnica industrial na área
da Construção Civil. Este livro tem como objetivo geral proporcionar o desenvolvimento de
competências para desenvolver projetos de edificações, considerando as normas técnicas, de
segurança e saúde do trabalho e legislações específicas.
Para dar conta de tantas competências, nós aprenderemos fundamentos técnicos e cien-
tíficos que nos capacitarão a compreender os processos de construção de edifícios, além de
identificar tipologias arquitetônicas e as principais funções das instituições, sindicatos e as-
sociações do setor. Os temas aqui abordados também ajudarão a desenvolver importantes
competências para o curso Técnico em Edificações, como:
a) planejar e organizar o próprio trabalho;
b) atuar de forma ética;
c) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais;
d) avaliar o trabalho realizado na perspectiva de melhoria contínua;
e) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita;
f) atuar com efetividade nas relações com o cliente;
g) projetar e analisar resultados;
h) apoiar as decisões organizacionais, buscando a participação dos demais membros da
equipe.
Neste livro, entraremos em contato com o universo das Instalações Hidráulicas. Vamos ini-
ciar nossos estudos, no segundo capítulo, com alguns conceitos de Hidráulica, falando sobre
fluidos, hidrostática e os conceitos de pressão, vazão, princípios de vasos comunicantes, além
de conhecermos sobre as exigências regulamentares e as normas.
Em seguida, começaremos a falar sobre as instalações de água fria, água quente e de incên-
dio. Aprenderemos a dimensionar as tubulações, a fazer levantamentos de tubos e conexões
e teremos um item falando somente sobre as louças sanitárias e os metais para compor a rede
de hidráulica.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
16

Depois, veremos como dimensionar tubulações para o esgotamento predial e


seus componentes, tubulações e conexões. Além disso, faremos levantamentos
de todos os materiais necessários para dimensionamento, tanto sanitário, quanto
águas pluviais (águas da chuva).
Ainda conheceremos sobre os sistemas de reutilização de águas como forma
sustentável e, também, falaremos sobre os aplicativos computacionais para o
desenvolvimento dos projetos de hidráulicas nos prédios e residências. Por fim,
aprenderemos como projetar os sistemas hidráulicos prediais, vendo as plantas
baixas, cortes, perspectivas isométricas e como fazer as representações gráficas
num projeto.
Então, vamos começar o nosso trabalho.
Bons estudos e sucesso!
1 INTRODUÇÃO
17

Anotações:
Noções de mecânica
dos fluidos e hidrostática

Conheceremos neste capítulo os conceitos mais importantes sobre hidrostática que servi-
rão para o aprendizado no dimensionamento do projeto hidráulico. Assim fica mais fácil enten-
der como um dimensionamento é concebido aproveitando as propriedades da hidrostática.
Você sabe o que significa fluido?
Fluido é toda substância que se deforma toda vez que se aplica uma tensão1, ou seja, quan-
do se aplica uma força. Ele é capaz de se adequar ao recipiente ocupando os espaços vazios.
Nesse universo, temos os líquidos e os gases. Como exemplo, observe a Figura 1, em que po-
demos notar que a mesma quantidade do líquido pode encher dois recipientes de formatos
diferentes, ocupando todos os espaços vazios.

2 recipientes A e B de forma
diferente mas preenchido pelo
mesmo volume líquido.

A B

Figura 1 -  Recipientes preenchidos com fluidos


Fonte: SENAI, 2013.

Mecânica dos fluidos é toda ciência que estuda como os fluidos se comportam fisicamente
e as leis que explicam esses comportamentos, por exemplo, os estudos das forças exercidas
sob os fluidos.
O estudo das forças exercidas nos fluidos em repouso recebe o nome de Hidrostática. No
início, o primeiro fluido a ser estudado pelos cientistas foi a água. Daí a origem do nome HI-
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
20

1 TENSÃO: DROESTÁTICA que vem das palavras gregas hidro, que significa água, e estática,
que significa repouso, ou seja, água em repouso. Do seu estudo se originaram
Força aplicada a algum
corpo. alguns conceitos como pressão e vazão da água, lei do vaso comunicante e em-
puxo dos corpos flutuantes.
Blaise Pascal, grande estudioso, deu sua contribuição para a hidrostática, estu-
dando o comportamento dos fluidos quando estes recebiam pressão.
2 EMBOLO:

Peça cilíndrica que se move


dentro de outro cilindro.
Amplie os seus conhecimentos fazendo uma pesquisa sobre
SAIBA Pascal. Você pode até descobrir muita coisa sobre ele na in-
MAIS ternet ou em livros. E você verá como ele foi importante para
nossos conhecimentos hoje.

2.1 PRESSÃO E VAZÃO

Pascal, em seus estudos, realizou um experimento. Num recipiente esférico


com vários furos em sua superfície e com um embolo2 móvel na entrada, ele in-
troduziu água. Ele fez pressão pelo embolo e a água espirrou pelos furos, sempre
no sentido perpendicular ao da superfície da esfera como na Figura 2.

Recipiente com Recipiente com


água sem pressão pressão no embolo

Figura 2 -  Experimento de Pascal


Fonte: SENAI, 2013.

Pascal, a partir de suas observações, chegou à seguinte fórmula:


Pressão é a força aplicada perpendicularmente a um objeto, dividida pela área
na qual a força é aplicada. Onde:
P = pressão
F = força aplicada
A = área onde a força é aplicada
2 NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS E HIDROSTÁTICA
21

A A unidade de grandeza de
P= F pressão é Pascoal
A P = Pa

Figura 3 -  Fórmula de pressão


Fonte: SENAI, 2013.

Algumas medidas já são utilizadas como padrão, como a pressão atmosféri-


ca. A pressão atmosférica é a força na qual o ar que está no espaço, em volta da
terra, exerce sobre todos os objetos na superfície da terra. A pressão exercida em
um fluido tem intensidade igual em todas as direções.

Pressão atmosférica no nível do mar = 1,013x105 Pa


Ou seja, a atmosfera exerce uma pressão de 1,0x105 N
por cada metro quadrado da terra.

Figura 4 -  Pressão atmosférica


Fonte: SENAI, 2013.

O fluido em movimento produz uma corrente de fluxo, ou seja, o fluido fica


em contínuo movimento. Essa corrente pode ser conduzida por tubos ou calhas
e pode ser forçada ou livre. Forçada quando algum evento, como um vazamento
num recipiente, provoca esse movimento do fluido, e livre quando esse fluido se
movimenta apenas pela ação do seu peso e da pressão atmosférica.
Disso temos a vazão, que é a medição do volume do fluido ao passar por se-
ção de um tubo. Essa velocidade é variável a depender do tamanho da seção e
das forças que atuam no líquido.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
22

Observe a Figura 5 e depois compare-a com as conclusões dos volumes A e B:

Calha sem inclinação

Volume A

Volume B
Calha com inclinação

Figura 5 -  Vazão
Fonte: SENAI, 2013.

Volume A:
A saída de água da caixa d’água por um tubo tem a sua velocidade diminuída
com o tempo porque o volume de água dentro da caixa reduz. Conclui-se, com
isso, que o peso do volume de água vai diminuindo e, em consequência, tem me-
nos força para empurrar a saída da água pelo tubo. E se aumentarmos o diâmetro
do tubo, a velocidade da água aumenta para escoar.
Volume B:
No segundo exemplo, é a velocidade de escoamento da água por uma calha.
Se essa calha estiver com pouca inclinação, ou seja, quase em nível, o peso da
água e a força da atmosfera serão menores, o que irá fazer essa água escoar com
menor velocidade. Agora, se dermos uma inclinação para a calha, veremos que a
água escoará em maior velocidade.
Como observamos nos exemplos, o peso da coluna d’água e a inclinação in-
fluenciam na velocidade da vazão. Existem também outros fatores que influen-
ciam na velocidade da vazão, como o atrito do fluido nas paredes da tubulação.
Observe na Figura 6 que sai um tubo do reservatório com fluido correndo li-
vre e, no percurso, há quatro tubos verticais. A coluna d’água vai diminuindo à
medida que o tubo se distancia do reservatório, indicando que o atrito diminui
a velocidade. A este fenômeno denominamos de queda de vazão ou queda de
velocidade.
2 NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS E HIDROSTÁTICA
23

A
B C
D

RESERVATÓRIO

Figura 6 -  Vazão
Fonte: SENAI, 2013.

2.2 PRINCÍPIO DOS VASOS COMUNICANTES

Depois de você ter aprendido sobre pressão e vazão, agora vai conhecer um
dos princípios da hidrostática que está no nosso dia a dia e nem percebemos: o
princípio dos vasos comunicantes. Vasos comunicantes são dois ou mais vasos
que se ligam um a outro através de tubos ou passagens e que, ao encher um vaso,
todos terão o mesmo nível de coluna d’água, independente do tamanho ou for-
mato do vaso. Observe, na Figura 7, um exemplo de vasos comunicantes.

Vaso A Vaso B Vaso C

Figura 7 -  Quedas de vazão


Fonte: SENAI, 2013.

Um exemplo do cotidiano é quando existem dois reservatórios em nossas re-


sidências, em que um reservatório é entrada da água e o outro é a saída da tubu-
lação que distribui a água na instalação hidráulica.
Outro bom exemplo de vaso comunicante é o sistema público de distribuição
de água nas cidades, pois este se baseia no princípio dos vasos comunicantes. O
reservatório principal fica num ponto mais alto da região, e quando isso não é
possível, existe uma torre com reservatório, chamada de estação elevatória, para
elevar o nível da água e assim distribuir para pontos mais altos.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
24

3 EMPUXO:

Ação ou resultado de
Em algumas obras, os pedreiros marcam o nível com
impulsionar com força. VOCÊ uma mangueira transparente e com água. Isso é um
princípio dos vasos comunicantes servindo como nível,
SABIA? pois o nível da água será igual nos dois extremos da
mangueira.

4 GRAVIDADE:

É a força que o objeto 2.3 EMPUXO E EQUILÍBRIO DE CORPOS FLUTUANTES


recebe em direção ao solo.

Outro conceito de hidrostática é o empuxo. Ele é presente no cotidiano, quan-


do, por exemplo, o barco consegue flutuar no mar ou boiamos numa piscina. Nes-
ses casos há uma força exercida pela água, ou seja, o empuxo3.
5 SUBMERSO:
O estudo desse fenômeno é um legado de Arquimedes. Ele descobriu a reação
Dentro da água. obtida quando o corpo é imerso no fluido, concluindo que empuxo é:

Todo corpo imerso num fluido em repouso recebe uma força vertical de baixo para
cima de intensidade igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo.

Segundo a teoria de Arquimedes, o empuxo será igual ao peso do volume de


fluido deslocado, então:
E = Pliq. desl.
Onde:
E = empuxo
P.liq.desl. = peso do volume de líquido deslocado

Se considerarmos que peso de um corpo é igual à massa multiplicada pela


força da gravidade4, teremos a seguinte fórmula:

Pliq. desl.= mliq. desl. • g


Substituindo temos:

E = mliq. desl. • g
Onde:
2 NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS E HIDROSTÁTICA
25

E = empuxo
m = massa do líquido deslocado
g = gravidade

Como massa do fluido é definida pela densidade do fluido multiplicada pelo


volume do fluido deslocado, temos:
m liq. Desl. = dliq.• Vliq. desl.
Onde:
m = massa do líquido deslocado
d = densidade do líquido
V = volume do líquido deslocado

Substituindo na fórmula, teremos:


E =dliq.• Vliq. desl. • g
Onde:
E = empuxo
d = densidade do líquido
V = volume do líquido deslocado
g = gravidade
Concluímos, segundo o Teorema de Arquimedes, que o empuxo será igual ao
volume do líquido deslocado quando ele recebe uma força para baixo impulsio-
nado pela gravidade.

Aproveitando nosso estudo sobre a lei do empuxo desco-


SAIBA berta por Arquimedes, pensador grego da antiguidade, faça
MAIS uma pesquisa sobre os seus estudos e veja como ele contri-
buiu para a ciência atual.

Vimos anteriormente que um corpo sofre uma força de baixo para cima quan-
do imerso num fluido, o empuxo. Agora veremos quando um corpo está parcial-
mente ou totalmente submerso5. Neste caso, o seu peso sofre uma diminuição. A
esse novo peso, chamamos de peso aparente (Pap). Veja na Figura 8:
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
26

6 INVERSO:

Aquilo que é contrário,


oposto.
P
P
Pap= P - E
E
7 DESTILADA:

Livre de impurezas.
Figura 8 -  Peso aparente
Fonte: SENAI, 2013.

A partir do conceito de corpos flutuantes, temos três princípios:


a) quando o peso do corpo é maior do que a força de empuxo: nesta situ-
ação o corpo desce porque a força do empuxo exercida no corpo é menor
que a força exercida pelo peso, isto é, a densidade do corpo é maior que a
densidade do fluido;
P>E dc > d fl

Corpo descendo porque


seu peso é maior
que o empuxo

Figura 9 -  Corpo descendo


Fonte: SENAI, 2013.

b) quando o peso do corpo é menor que a força do empuxo: nesta situação


teremos o inverso 6, porque o peso do corpo é menor que a força do empu-
xo, isto é, a densidade do corpo é menor do que a densidade do fluido;
P<E dc< d fl
2 NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS E HIDROSTÁTICA
27

Corpo subindo porque


o seu peso é menor
do que o empuxo

Figura 10 -  Corpo subindo


Fonte: SENAI, 2013.

À medida que o corpo vai subindo até a superfície, o empuxo começa a di-
minuir porque a parte submersa e o volume deslocado diminuem também. Por-
tanto, o corpo sobe até o empuxo se igualar ao peso do corpo, ficando então em
equilíbrio flutuando na superfície do fluido.
c) quando o peso do corpo é igual à força de empuxo: nesta situação o cor-
po fica em equilíbrio porque o peso do corpo e a força do empuxo são iguais
e constantes.
P=E dc = d fl

Corpo em equilíbrio
nem sobe e nem desce.
O peso é igual ao empuxo.

Figura 11 -  Corpo em equilíbrio


Fonte: SENAI, 2013.

Cada elemento da natureza tem a sua própria densidade (grandeza que repre-
senta a relação entre massa e volume). A água pura ou destilada7 é considerada
como padrão de densidade, pois a sua densidade é de 1g/cm3. Se a água tiver
alguma mistura, como a água salgada do mar, a sua densidade aumenta.
Por isso conseguimos boiar mais facilmente na água salgada, visto que a den-
sidade do nosso corpo é menor que a densidade da água salgada. Veja que esta-
mos falando de densidade e não de peso.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
28

Existe um imenso lago no Oriente Médio chamado Mar


VOCÊ Morto, e sua água é muito salgada com densidade mui-
SABIA? to alta. Devido a essas características, praticamente nin-
guém faz força para ficar boiando na superfície.

CASOS E RELATOS

A descoberta de Arquimedes
Conta a história que Arquimedes, nascido no período da antiguidade, por
volta do ano 3 a.C., recebeu uma missão do rei Hierão II. Este queria con-
ferir se o ouro entregue a um artesão, para confeccionar uma coroa, seria
totalmente utilizado. No entanto, ele não teria como saber, afinal, a coroa
já estaria pronta. Foi nesse momento que ele pensou em Arquimedes para
resolver o problema.
Arquimedes, assumindo a missão, pensou em várias formas de solução,
mas não obteve êxito. Até que um dia, quando foi tomar banho em uma
banheira, observou que ao entrar nela, saiu uma quantidade de água e que
esse volume transbordado possuía o peso igual ao valor do empuxo sofrido
pelo corpo.
Feliz com a descoberta, Arquimedes, sem perceber que estava despido,
saiu correndo pela cidade gritando “eureka, eureka...”, que significa “encon-
trei” em grego, referindo-se à solução que descobriu para mensurar o ouro
da coroa. E confirmou a suspeita do rei Hierão II, pois o artesão usou uma
quantidade menor de ouro, completando o material com prata.
2 NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS E HIDROSTÁTICA
29

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu os conceitos de pressão, vazão e vasos co-


municantes. Pressão, uma força perpendicular que todos os objetos que es-
tão na superfície da Terra sofrem; vazão, uma característica do fluido quan-
do está em movimento devido a alguma força aplicada ou pelo próprio
peso; e vasos comunicantes, uma característica dos fluidos de se expandir
pelos recipientes ocupando o espaço, mas sempre ficando em mesmo ní-
vel. Além disso, estudou os conceitos e fórmulas de empuxo e equilíbrio
dos corpos flutuantes, um teorema descoberto por Arquimedes ainda na
antiguidade, antes do nascimento de Cristo. Assim, com esses conheci-
mentos básicos, você estará preparado para entender o dimensionamento
de tubulação hidráulica.
Exigências regulamentares
e normativas aplicáveis

3.1 PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICA E SANITÁRIA

Todo projeto de instalação hidráulica deve seguir as determinações exigidas pelas normas.
A partir das normas, o profissional faz o projeto de acordo com as necessidades do uso da
edificação.
O projeto hidrossanitário envolve o abastecimento de água potável1, o despejo de esgoto
sanitário e captação de águas pluviais2. Hoje em dia, com os projetos de edificações sustentá-
veis, está ficando cada vez mais comum o projeto de reúso de água pluvial.
Para cada tipo de uso (residencial, predial ou comercial) haverá um parâmetro3 a ser se-
guido. Por exemplo, um projeto para uma residência é diferente do projeto para um edifício,
onde, além da grande quantidade de usuários, existe também um grande desafio a vencer: a
altura do prédio.
No básico de todo projeto, o profissional deverá observar as regras e leis da utilização da
água e despejo do esgoto de cada município.

Um dos grandes problemas da humanidade no futuro será


FIQUE a escassez de água potável. Portanto, use-a de maneira
ALERTA correta e responsável evitando os desperdícios, pois a
água é um bem precioso!

O ideal seria que todas as cidades e todas as ruas fossem dotadas de rede de distribuição
de água potável e de uma rede de captação de esgotos, mas infelizmente, em algumas regiões
das cidades, ainda faltam esses serviços básicos ou eles são precários, principalmente com re-
lação à rede de esgotos.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
32

1 ÁGUA POTÁVEL:

Água que pode ser


consumida pela população.

2 ÁGUAS PLUVIAIS:

Água proveniente da chuva.

3 PARÂMETRO:
Figura 12 -  Instalação de tubulações
Regra, norma. Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2010.

Cada município tem um órgão que é responsável pela distribuição e captação


de esgotos e eles têm suas próprias determinações. Por isso, é necessário, antes
de começar o projeto, verificar as regras para depois começar a dimensionar a
tubulação hidráulica.
4 ÁGUA ENCANADA:

Dentro de canos, de
tubulações.
3.1.1 NORMAS

As normas da ABNT que envolvem o universo de instalações hidráulicas tra-


tam sobre projeto, execução, instalações das tubulações, materiais e equipamen-
tos previstos. Seguem normas:
a) NBR 5626/98 - estabelece as condições para a instalação predial de água
fria e garante, principalmente, que a água consumida seja potável;
b) NBR 7198/93 - estabelece as diretrizes para o projeto e execução de instala-
ções prediais de água quente;
c) NBR 10844/89 - fornece todos os parâmetros para as instalações de águas
pluviais, como projeto e dimensionamento, sistemas de escoamento e cap-
tação de água;
d) NBR 8160/99 - traz todos os dados para projetar e executar o sistema de
esgoto sanitário predial, orientando quanto à instalação, manuseio para
garantir as condições básicas de higiene, saúde, segurança e conforto para
os usuários.
3 EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES E NORMATIVAS APLICÁVEIS
33

SAIBA É aconselhável que você leia sobre as normas para ter co-
nhecimento mais apropriado sobre as orientações que cada
MAIS uma determina.

CASOS E RELATOS

O descuido na construção de uma residência


O Sr. Marcos resolveu que estava na hora de realizar um dos seus maio-
res sonhos: construir sua casa própria. Decidido, começou a procurar um
bom terreno e optou por um bem localizado, em um bairro desenvolvido
de classe média.
Seus próximos passos foram: localizar um profissional e, em seguida, ini-
ciar o projeto de sua casa para então concretizar o seu sonho. No entanto,
faltou ao senhor Marcos e seu projetista uma investigação prévia sobre sa-
neamento básico: verificar como era e se já existia na vizinhança, serviços
como água, esgoto e gás.
Com a finalização da obra, o senhor Marcos se mudou para sua nova resi-
dência e logo começou a perceber que os sistemas de esgoto sanitário das
casas adjacentes eram diferentes. Os seus vizinhos utilizavam a rede de es-
goto pública, enquanto na sua residência o esgoto era despejado em fossas
sépticas. Além disso, observou que a vizinhança, diferente dele, usava o gás
natural distribuído pela rede pública.
Senhor Marcos viu que não ter conhecimento sobre o sistema de esgoto
da região pode causar um prejuízo e um retrabalho, porém, qualquer pro-
fissional da área sabe a importância em coletar todas as informações com
os órgãos competentes do município antes de iniciar as obras, prevenindo
riscos e falhas no projeto e, sobretudo, prejuízos aos clientes.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
34

5 EMBUTIDO: 3.2 COMBATE A INCÊNDIO


Que está dentro de algo. As regulamentações para projetos de segurança e combate a incêndios se-
guem parâmetros determinados por leis que são aprovadas por cada município.
Apesar de cada município ter o seu código de obras e ter seu próprio código do
corpo de bombeiros, as principais determinações e obrigações são as mesmas, in-
dependente da região no Brasil. De maneira geral, o projeto de segurança contra
6 HIDRANTES:
incêndio tem que atender a necessidade da edificação.
Válvula ou torneira de
grande calibre na qual se
conecta a mangueira para
extinguir incêndios.
A eficiência do projeto de combate a incêndio está asso-
FIQUE ciada ao ato de seguir as determinações de dimensiona-
ALERTA mento e conservar e manusear corretamente os equipa-
mentos, como mangueiras e mangotes.

O desenvolvimento do projeto tem que atender às normas orientadas pela


ABNT e seguir o código de obra do próprio município. No desenvolvimento deste
livro, em outro capítulo, você verá o dimensionamento para calcular as tubula-
ções para combate a incêndio.
Em edificações de médio e grande porte, em que o trabalho do corpo de bom-
beiros é mais dificultado pelo acesso e pelo dimensionamento da edificação, o
projeto já será elaborado com a reserva de água no reservatório apenas para o
combate ao incêndio, que utiliza dos sistemas de mangueiras como os represen-
tados na Figura 13, geralmente localizados nos pavimentos dos prédios residen-
ciais e comerciais.

Figura 13 -  Quadro para armazenar mangueira de incêndio


Fonte: SENAI, 2013.
3 EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES E NORMATIVAS APLICÁVEIS
35

Você pode ter visto em muitos prédios um quadro embutido5 na parede com
uma mangueira enrolada. Essa mangueira é para ser utilizada apenas em casos de
incêndio, sendo abastecida pela reserva de água armazenada no reservatório su-
perior, conforme previsão do dimensionamento no projeto do reservatório. Essa
quantidade significa que mesmo que os usuários do prédio consumam toda a
água do reservatório, ainda existirá a reserva de combate a incêndio para garantir
os primeiros combates antes do corpo de bombeiros chegar ao local.

3.2.1 NORMAS

A NBR 13714/2000 determina os procedimentos para o projeto de hidráulica


levando em consideração o dimensionamento das tubulações para incêndio, ins-
talações e materiais previstos e o manuseio dos equipamentos e hidrantes6.
A mesma norma orienta com relação ao projeto e dimensionamento que deve
ser realizado por empresas ou técnicos especializados. Informa que o menor diâ-
metro das tubulações é de 2 1/2”, independente do projeto, e este será o menor
diâmetro. Informa também a localização mais adequada para ficar os equipamen-
tos, como as mangueiras e mangotes.

Em edifícios não residenciais é importante ter uma


VOCÊ brigada de incêndio com pessoal treinado apenas para
casos de combate a incêndio para facilitar o trabalho
SABIA? e também combater o fogo até a chegada do corpo de
bombeiros.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
36

7 ESTÁVEL: 3.3 GÁS PREDIAL


Sem estar agitado. Hoje em dia, as cidades estão começando a utilizar o sistema de distribuição
de gás natural. Esse é feito por uma rede de distribuição pública através de tubu-
lações, sempre enterradas, que chega à unidade predial para então ser distribuída
em ramais a cada unidade residencial.

8 DISSIPA-SE:

Desmancha, dissolve.

9 COMBUSTÃO:

Ação de queimar, pegar


fogo.

10 MANUSEIO: Figura 14 -  Botijões de gás GLP


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011.
Forma de pegar, de
trabalhar.
Esse sistema vem substituir o botijão de gás que ainda é muito comum em
grande parte das residências do Brasil. A diferença basicamente está na tubula-
ção: enquanto o botijão de gás é ligado diretamente ao fogão por mangueiras
especiais, atendendo às exigências da norma relativas à segurança, o sistema de
distribuição de gás é vinculado a uma rede de tubulação de cobre com dimen-
sões específicas que seguem o dimensionamento do projeto.
Uma vantagem do gás natural é que a sua chama é mais estável7 e ele é mais
leve, por conseguinte, dissipa-se8 mais facilmente no ar.

Como o gás é um componente de combustão9, o seu ma-


FIQUE nuseio e as instalações das tubulações devem ser com cri-
ALERTA térios de segurança bem rigorosos garantindo a segurança
de todos os usuários.
3 EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES E NORMATIVAS APLICÁVEIS
37

Figura 15 -  Distribuição com tanques de gás natural e distribuição por tubulação de gás natural
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2009; SENAI, 2013.

Assim como os projetos de incêndio, os projetos de instalação de gás também


devem ser analisados e fiscalizados pelo corpo de bombeiros.

O gás utilizado como combustível em nossas residên-


VOCÊ cias não possui odor. Por isso, adiciona-se uma substân-
SABIA? cia que permite sentirmos o cheiro para detectarmos
mais fácil um vazamento de gás.

3.3.1 NORMA

A norma da ABNT que fala sobre a instalação de gás é a NBR 13932/97. Ela
orienta quanto ao dimensionamento das tubulações, ao manuseio10 e instalações
dessas tubulações. Determina quais os procedimentos adequados para armaze-
nagem de reservatórios de gás quando o projeto for para instalações com tan-
ques de gás, os quais são abastecidos por empresas de gás.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
38

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu as normas aplicáveis para projetos de insta-


lação hidráulica e de esgoto e os seus objetivos. A consonância entre elas
é a função principal de garantir o correto procedimento para cada um dos
projetos com a finalidade de manter a segurança dos usuários. Além disso,
aprendeu que cada município tem a sua legislação referente aos projetos
de instalação hidráulica, de esgoto e de gás e que o corpo de bombeiros é o
órgão responsável por regulamentar os procedimentos e dimensionamen-
to dos projetos contra incêndio.
3 EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES E NORMATIVAS APLICÁVEIS
39

Anotações:
Instalações prediais de água fria

No capítulo anterior você estudou sobre as regulamentações e normas que envolvem o


processo para uma instalação hidrossanitária, incêndio e gás. Agora você vai aprender com
mais detalhes como fazer o dimensionamento para a instalação hidráulica predial, seja de uma
residência ou de um edifício de vários pavimentos.
O projeto de instalação hidráulica prioriza o usuário, oferecendo: saúde, garantindo uma
distribuição da água com higiene; conforto, assegurando o transporte da água até a residên-
cia; e facilidade, permitindo acesso rápido à água dentro da sua residência.
O dimensionamento hidráulico que iremos ver neste capítulo deve atender às exigências
descritas na norma técnica NBR 5626/98 definindo as pressões e velocidades da água dentro
das tubulações, evitando problemas com ruídos e desgastes com as tubulações e os equipa-
mentos, por exemplo, válvulas de descargas e torneiras.
Como todo projeto, o de instalação hidráulica começa com a concepção. É a fase que define
pontos importantes como: tipo de edificação (residência ou edifício residencial ou comercial);
tipo de distribuição de abastecimento, ou seja, capacidade que será dimensionada; posiciona-
mento dos reservatórios; e equipamentos da rede de tubulação.
Depois, começam os cálculos para dimensionar as vazões e pressões dessa tubulação de
acordo com a norma. Dimensionamos, inicialmente, as capacidades de armazenamento de
água seguindo os critérios da quantidade de usuários e a sua necessidade, tanto em condições
de uso atuais, quanto em condições futuras e, principalmente, a capacidade necessária para a
reserva técnica de combate ao incêndio.
E por último, depois de ter conferido o tipo de uso (residencial ou comercial) e as pressões
necessárias, define-se o dimensionamento das tubulações garantindo a eficiência do projeto.
Para entender o sistema de instalação hidráulica, precisamos saber inicialmente que a água
é distribuída para as residências e temos dois tipos de sistemas distribuição:
a) distribuição direta: as tubulações da edificação estão diretamente ligadas à rede públi-
ca de alimentação de água. Nesse sistema não se utiliza o reservatório ou caixa d’água.
Esse tipo de distribuição apresenta algumas características que podem ser vantajosas ou
não. Quando há falta de água, por exemplo, a edificação terá seu abastecimento paralisa-
do por falta de reservatório e a tubulação fica sujeita a receber toda a impureza da água
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
42

1 RESÍDUOS: como resíduos1 de terra. Outra desvantagem são os golpes de aríetes nas tu-
bulações, ou seja, os golpes fortes do fluxo da água dentro da tubulação. Por
O que sobra.
outro lado, a distribuição terá menor custo de instalação, no entanto, terá
aumento de consumo pela pressão elevada. No decorrer do dia, terá altera-
ção na pressão devido aos momentos de maior consumo de água da rede
pública. Na Figura 16 temos um exemplo de distribuição direta;
2 PÊNDULO:

Objeto suspenso por fio,


corda ou haste metálica que O aríete era uma arma medieval usada para golpear os
oscila livremente.
VOCÊ portões dos castelos ou até mesmo os muros de pedra.
Ele era feito com um tronco de árvore na horizontal,
SABIA? suspenso por cordas, que, ao balançar como pêndulo2,
golpeava o obstáculo.

3 DIFERE:

Que é diferente.

chuveiro

descarga
lavabo

pia

hidrômetro

DISTRIBUIÇÃO DIRETA

Figura 16 -  Distribuição direta


Fonte: SENAI, 2013.

b) distribuição indireta: difere3 da direta por possuir na edificação um reser-


vatório que recebe água da rede de abastecimento, a qual fica armazenada.
Depois a tubulação será dimensionada a partir da pressão necessária para
cada aparelho sanitário. Uma grande vantagem desse sistema é a possibi-
lidade de armazenamento da água para casos de interrupção do abaste-
cimento e ainda ter a possibilidade de manter os aparelhos hidráulicos da
edificação funcionando. Outra vantagem é o controle constante da pressão
e velocidade da água, evitando barulhos inconvenientes e golpes de aríetes.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
43

chuveiro

descarga
lavabo

pia

hidrômetro

DISTRIBUIÇÃO INDIRETA

Figura 17 -  Distribuição indireta


Fonte: SENAI, 2013.

4.1 DETERMINAÇÃO DO CONSUMO

O consumo de uma pessoa é variável de acordo com o uso, tipo de edificação


e ambientes.
Pela Tabela 1, você terá uma noção do consumo médio por pessoa.

TIPO DE CONSTRUÇÃO CONSUMO MÉDIO (LITROS/DIA)

Alojamentos provisórios 80 por pessoa

Casas populares ou rurais 120 por pessoa

Residências 150 por pessoa

Apartamentos 200 por pessoa

Hotéis (s/cozinha e s/lavanderia) 120 por hóspede

Escolas – internatos 150 por pessoa

Escolas – semi-internatos 100 por pessoa

Escolas – externatos 50 por pessoa

Quartéis 150 por pessoa

Edifícios públicos ou comerciais 50 por pessoa


PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
44

TIPO DE CONSTRUÇÃO CONSUMO MÉDIO (LITROS/DIA)

Escritórios 50 por pessoa

Cinemas e teatros 2 por lugar

Templos 2 por lugar

Restaurantes e bares 25 por refeição

Garagens 50 por automóvel

Lavanderias 30 por kg de roupa seca

Mercados 5 por m² de área

Matadouros – animais de grande porte 300 por cabeça abatida

Matadouros – animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida

Postos de serviço p/ automóveis 150 por veículo

Cavalariças 100 por cavalo

Jardins 1,5 por m²

Orfanato, asilo, berçário 150 por pessoa

Ambulatórios 25 por pessoa

Creches 50 por pessoa

Oficinas de costura 50 por pessoa

Tabela 1 - Consumo médio predial diário


Fonte: CREDER, 2012.

Pesquise em sites de busca o termo “água potável” e analise


SAIBA o consumo racional de água, uma vez que hoje a água potá-
MAIS vel é um bem de consumo caro e grande parte da população
ainda não tem acesso.

Caso não saibamos o número de pessoas que irá habitar a residência, devemos
considerar um número médio, considerando que em um dormitório temos 2 pes-
soas e, em dormitório de empregado, temos apenas uma pessoa. Exemplo: em
uma residência com quatro quartos, três da família e um da empregada, teremos
um total de 7 pessoas.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
45

Qual será o consumo de água nessa residência?


Você já viu na tabela anterior que uma pessoa em uma residência consome
150 litros por dia e nessa residência residem sete pessoas. Multiplicaremos, então,
150 por 7 e teremos 1050 litros.
Outro exemplo:
Residência com quatro quartos:
4 x 2 = 8 pessoas
Possui dois quartos de empregada
2 x 1 = 2 pessoas
O total será10 pessoas

10 pessoas x 150 litros por pessoa = 1500 litros para essa residência

Depois que determinamos o consumo de água numa residência ou prédio,


podemos logo dimensionar as caixas d’água ou reservatórios e, em seguida, defi-
nir a ventilação para as tubulações funcionarem perfeitamente.

4.1.1 DIMENSIONAMENTO DE CAIXAS D’ÁGUA OU RESERVATÓRIOS

É sempre bom em uma residência termos dois reservatórios, um superior para


fazer a pressão e outro inferior para garantir a quantidade de água necessária
para o consumo, segundo a norma NBR 5626/98. O dimensionamento para os
dois reservatórios segue o seguinte esquema:
a) os reservatórios têm que abastecer dois dias de consumo da casa;
b) o reservatório inferior precisa ter o volume de 3/5 do consumo total
de 2 dias;
c) o reservatório superior precisa de volume com 2/5 do consumo total
de 2 dias.
Seguindo essas determinações com base no exemplo anterior, temos:
Para uma quantidade de água de 1500 L calculamos a quantidade de 3/5 para
o reservatório inferior que terá 900 L e o 2/5 para o reservatório superior que terá
600 L.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
46

4 RETROSIFONAGEM:

Acontece quando na
tubulação não existe uma 600 l
2 DIAS
saída de ar, e a pressão
fica negativa impedindo o TOTAL=1500 l
funcionamento do sifão.

RESERVATÓRIO 1500 l = 300 l


SUPERIOR 2/5 5

300 l x 2 = 600 l

1500 l = 300 l
5
RESERVATÓRIO 300 l x 3 = 900 l
INFERIOR 3/5
900 l

Figura 18 -  Dimensionamento de reservatórios


Fonte: SENAI, 2013.

No mercado existem vários tamanhos de caixas d’água ou reservatórios, mas


eles têm as medidas padronizadas e, nesse caso, será preciso um reservatório que
seja o mais próximo da quantidade calculada, sendo sempre para uma capacida-
de maior.
No exemplo da Figura 18, o valor calculado para o reservatório superior foi de
600 litros, então, será necessário um reservatório de 750 litros, e o inferior com
1500 litros.

Os reservatórios recebem água diretamente da rede pú-


blica, e por mais que seja tratada, sempre acumula sujeira.
FIQUE Por isso, é essencial fazer uma limpeza periódica com
ALERTA intervalo de três meses, além de permanecer os reserva-
tórios sempre tampados para não proliferar mosquitos da
dengue.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
47

4.1.2 VENTILAÇÃO DA COLUNA

É um tubo com diâmetro igual ao da coluna ou maior, que fica instalado logo
depois do registro de passagem. A NBR 5626/98 diz que o tubo de ventilação da
coluna deve ser instalado na coluna que alimenta o vaso sanitário com válvula de
descarga.
Qual a função da ventilação da coluna?
a) facilitar a retirada de bolhas de ar que ficam dentro da tubulação. Quando
há falta de água, a tubulação fica vazia, entrando ar, o que acaba atrapalhan-
do o fluxo da água;
b) evitar a contaminação da instalação por germes pela retrosifonagem4, que
é causada pela pressão negativa. Isso ocorre geralmente nos sub-ramais de
vasos sanitários, bidês ou banheiras.

Como deve ser instalada a ventilação da coluna?


a) a instalação deve ser feita logo após o registro de passagem próximo ao
reservatório na coluna que alimenta o vaso sanitário;
b) o diâmetro deve ser igual ou maior que o diâmetro da coluna;
c) o tubo tem que estar na vertical com a saída aberta apenas com uma cone-
xão tipo joelho de 90º;
d) a saída do tubo tem que estar acima da tampa do reservatório para evitar o
vazamento por causa do efeito vaso comunicante.
Veja o esquema na Figura 19

Reservatório superior
(caixa d’água)
Ventilação

Conexões Registro de passagem

Figura 19 -  Ventilação da coluna


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
48

5 GALVANIZADO: 4.2 DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DAS TUBULAÇÕES DE ÁGUA FRIA


Tipo de ferro que recebe As tubulações são os caminhos da água que saem dos reservatórios para abas-
tratamento para evitar
corrosão. tecer as peças de utilização ou aparelhos. As tubulações podem ser de PVC, cobre
ou ferro galvanizado5, mas geralmente se utiliza as de PVC, pela resistência e pra-
ticidade de instalação. Aparelhos ou peças são as louças como lavatórios, vasos
sanitários, chuveiros, torneiras, tanques, máquinas de lavar etc.
Para dimensionar as tubulações, devemos ter os números de peças de utili-
zação que terão que ser abastecidas e a quantidade de água ou vazão para cada
peça de acordo com a sua necessidade para funcionar corretamente.
Outro parâmetro que vamos usar para o cálculo de dimensionamento de tu-
bulações é o “peso das peças de utilização”, que é a relação da quantidade de
água necessária para cada peça de utilização. E os pesos têm relação com o diâ-
metro mínimo necessário para funcionar as peças de utilização. Para isso, temos a
seguinte tabela que nos diz os pesos das peças:

VAZÃO DE PESO
APARELHO SANITÁRIO PEÇA DE UTILIZAÇÃO
PROJETO l/s RELATIVO

Caixa de descarga 0,15 0,30


Bacia sanitária
Válvula de descarga 1,70 32

Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,0

Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,1

Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,1

Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 0,4

Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,1

Lavadora de pratos ou de
Registro de pressão 0,30 1,0
roupas

Torneira ou misturador
Lavatório 0,15 0,3
(água fria)

Com sifão
Válvula de descarga 0,50 2,8
integrado

Mictório Caixa de descarga,


cerâmico Sem sifão registro de pressão ou
0,15 0,3
integrado válvula de descarga p/
mictório
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
49

VAZÃO DE PESO
APARELHO SANITÁRIO PEÇA DE UTILIZAÇÃO
PROJETO l/s RELATIVO

0,15 por
Caixa de descarga ou
Mictório de calha Metro de 0,3
registro de pressão
calha

Torneira ou misturador
0,25 0,7
Pia (água fria)

Torneira elétrica 0,10 0,1

Tanque Torneira 0,25 0,7

Torneira de jardim ou lava-


Torneira 0,20 0,4
gem em geral

Tabela 2 - Vazões de projeto e pesos relativos dos pontos de utilização


Fonte: CREDER, 2012.

Para calcularmos o dimensionamento das tubulações, devemos primeiro de-


terminar o trecho da tubulação e a quantidade de peças de utilização nesse ramal
ou trecho.
Depois de determinar as peças de utilização e a quantidade delas, calcula-se
o somatório de todas e verifica-se o valor correspondente desse resultado com o
ábaco luneta (Tabela 3), que nos informa o diâmetro da tubulação. O nome luneta
vem da associação com o formato de uma luneta, aparelho com lente de aumen-
to usado para ampliar a visualização de um objeto que está distante.

0 1,1 3,5 18 44 100 SOMA DE PESOS

20 mm 25 mm 32 mm 40 mm 50 mm O SOLDÁVEL (mm)
1/2’’ 3/4’’ 1’’ 1.1/4’’ 1.1/2’’ O ROSCÁVEL (mm)

Tabela 3 - Ábaco luneta


Fonte: Manual técnico tigre, 2007.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
50

4.2.1 DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS

Vamos calcular as dimensões das tubulações separadamente por trechos. Ob-


serve que só iremos dimensionar os ramais que são as tubulações principais. Os
sub-ramais que fazem as ligações das peças utilizadas até os ramais serão calcu-
lados depois.

reservatório
superior

E
F
A barilete
barilete
B J
coluna 2
coluna 1 G chuveiro

chuveiro
P = 0,1
chuveiro P = 0,1 vaso
sanitário
vaso
lavatório
P = 0,1 sanitário lavatório
tanque ducha
vaso
lavatório
maq. sanitário M
lavar L P = 0,3
I
pia P = 0,3
H P = 0,3
D
P = 0,4 barilete
P = 0,3 P = 0,3
C P = 0,3 coluna
P = 0,7 ramal
P = 1,0
P = 0,7 sub-ramal

Figura 20 -  Esquema de distribuição de tubulações hidráulicas


Fonte: SENAI, 2013.

Trecho A-B
Observe que, para começar o dimensionamento, primeiro temos que fazer o
levantamento de todas as peças utilizadas neste ramal. Mesmo que tenham pe-
ças em outros ambientes como nesse exemplo, em que o ramal abastece a cozi-
nha, a área de serviço e o sanitário de empregado.
Agora, depois de conhecer as peças, verifique na Tabela 2 os pesos relativos e
faça a soma deles. Você achará o valor de 3,1.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
51

Com este valor de 3,1, veja no ábaco luneta em que trecho ele se encaixa e
verá que está entre 1,1 e 3,5, portanto, o diâmetro da tubulação é de 25 mm para
tubos soldáveis ou ¾ para tubos roscáveis.
Conclusão: o trecho A-B terá o diâmetro de 25 mm. Esse trecho A-B é denomi-
nado de barrilete.
Trecho B-C
Este trecho possui ainda a mesma quantidade de peças do anterior, portanto,
você achará o mesmo valor de 3,1, o que corresponde ao mesmo diâmetro de 25
mm. Este trecho é denominado de coluna.
Trecho C-D
Como este trecho é apenas a continuação do trecho A-B e B-C você ainda terá
a mesma quantidade de peças e ainda achará o mesmo valor de peso de 3,1 e
consequentemente o mesmo valor de diâmetro que é 25 mm. Este trecho vai ser
denominado de ramal.
Conseguiu entender? Fácil, não é? Basta ter atenção e usar a tabela e o ábaco.
Trecho E-F
Da mesma maneira que o trecho A-B, deve-se fazer o somatório dos pesos
relativos de todas as peças de utilização. Veja que este ramal alimenta dois outros
ramais, então você deve somar todas as peças. Neste ramal temos dois chuveiros,
uma ducha, dois vasos sanitários de caixa de descarga e dois lavatórios que con-
ferindo os pesos, na Tabela 2, encontrará 1,1 para um sanitário e 0,7 para o outro,
somando os dois valores terá 1,8. Ao localizar este valor no ábaco luneta, obser-
vará o intervalo entre 1,1 e 3,5, sendo então uma tubulação com diâmetro de
25 mm para tubos PVC soldáveis e ¾” para tubos roscáveis.
Este trecho que vai abastecer a outra coluna é um barrilete.
Trecho G-H
Este trecho terá o mesmo valor de somatório de pesos, portanto, será de 25
mm.
Denominamos este trecho de coluna.
Trecho H-I
Este trecho tem o valor da somatória dos pesos das peças de utilização que é
de 1,1 e observando no ábaco luneta verá que a tubulação vai ser de 25 mm ou
¾”.
Este trecho da tubulação é um ramal.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
52

Trecho G-J
Este trecho, se você já observou antes, tem um valor de peso de 0,7. E ao con-
sultar o ábaco luneta, localizará o diâmetro da tubulação de 20 mm para tubos
soldáveis, e ½” para tubos roscáveis.
Observe que houve uma redução no diâmetro da tubulação neste trecho. Este
passa a ser outro ramal.
Trecho J-L
Este trecho, assim como o anterior, continua com o mesmo valor da somatória
dos pesos de peças de utilização. Portanto, terá o mesmo diâmetro de 20 mm.
Este trecho é também um ramal.
Trecho L-M
Este trecho final que abastece os sub-ramais continua com o diâmetro de
20 mm. Este trecho ainda é um ramal.

4.2.2 DIMENSIONAMENTO DOS SUB-RAMAIS

O procedimento é o mesmo dos ramais sendo que o cálculo será individual


para cada peça de utilização.
Trecho C-D
Começamos pela última peça que é o chuveiro. O peso relativo do chuveiro na
Tabela 2 é de 0,1. Então, verificando no ábaco luneta, teremos que o diâmetro da
tubulação será de 20 mm para soldável ou ½” para roscável.
Do mesmo modo, teremos:

Chuveiro elétrico 0,1 20 mm

Vaso sanitário (caixa de descarga) 0,3 20 mm

Lavatório 0,3 20 mm

Tanque 0,7 20 mm

Máquina de lavar 1,0 20 mm

Pia 0,7 20 mm

Trecho J-L
Da mesma maneira, o cálculo é feito individualmente para cada peça, verifi-
cando o seu peso relativo e achando o diâmetro no ábaco luneta.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
53

Chuveiro elétrico 0,1 20 mm

Vaso sanitário (caixa de descarga) 0,3 20 mm

Ducha 0,4 20 mm

Lavatório 0,3 20 mm

Trecho H-I

Chuveiro elétrico 0,1 20 mm

Vaso sanitário (caixa de descarga) 0,3 20 mm

Lavatório 0,3 20 mm

CASOS E RELATOS

O pedreiro sabe-tudo
Uma residência necessita de um abastecimento de água, afinal todos nós
sabemos da sua importância para a vida.
O senhor Marcos, no período da construção da sua residência, já com o
orçamento apertado para finalizar a obra, resolveu ouvir a conversa do seu
pedreiro. Dizia ele que entendia de instalação hidráulica e conseguiria fazer
o “encanamento”, como é comum ser chamado em algumas regiões do
Brasil, e dessa forma economizaria com o projeto.
Assim foi feito, sem projeto, e apenas o pedreiro fazendo as instalações, em
que ele mesmo foi pedindo o material ao Sr. Marcos até concluir o serviço.
No entanto, alguns problemas foram aparecendo no cotidiano, como: ba-
rulho dentro das paredes, toda vez que fechava uma torneira; manchas de
umidade em algumas paredes e algumas vezes falta d’água mesmo tendo
água na rua.
Então, já impaciente com essa situação, o Sr. Marcos chama um técnico em
hidráulica para explicar o que vinha acontecendo. Rapidamente o diagnós-
tico do técnico apontou os erros como: tubulação maldimensionada com
excesso de pressão, por isso os barulhos dentro da parede que eram os
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
54

6 DIÂMETRO: golpes de aríetes; conexões mal encaixadas provocando vazamentos, tra-


zendo umidade para a parede; e a inexistência do tubo de ventilação que
Medida igual a 2 vezes o
raio de uma circunferência acumulou ar, o qual não saia da tubulação, gerando bloqueio do fluxo. A
ou raio. situação do Sr. Marcos demonstra a importância de sempre contratar um
profissional qualificado, pois o conserto pode, e geralmente sai mais caro.

7 VANDALISMO:

Desordem e destruição de
bens públicos.
4.2.3 DIMENSIONAMENTO DAS COLUNAS E BARRILETES

Colunas e barriletes fazem parte do sistema de tubulação de água fria e água


quente. São geralmente as tubulações de maiores diâmetros ou as tubulações
que saem do reservatório para os ramais.
a) colunas: denomina-se coluna a tubulação principal que distribui os ramais,
Em prédios de porte pequeno, como residências térreas ou de dois pavimen-
tos, as colunas e os ramais praticamente são a mesma tubulação, tendo inclusive
o mesmo diâmetro. No entanto, se dessa tubulação principal se ramifica em ou-
tra tubulação de diâmetro menor que vai abastecer algumas peças de utilização,
como exemplo, um sanitário, a tubulação principal passa a ser chamada de ramal;
Em prédios de médio porte, as colunas muitas vezes precisam sofrer reduções
para manter a mesma pressão até a peça de utilização. Já em prédios muito altos,
a pressão da água dentro da tubulação é tão forte que é necessário instalar válvu-
las redutoras de pressão;
b) barriletes: é toda tubulação que sai do reservatório até chegar a uma colu-
na de alimentação.
Às vezes, o diâmetro6 do barrilete é maior do que o da coluna, mas não é uma
regra, geralmente o diâmetro é o mesmo. Nos barriletes são instalados os regis-
tros, que são válvulas para abrir e fechar a saída da água. Os registros são impor-
tantes para fazer manutenção na rede e limpeza. Para residências onde a rede de
tubulação é mais simples, existe uma peça chamada adaptador para caixa d’água
com registro. O adaptador serve para fazer o encaixe do barrilete na parede dos
reservatórios, além de facilitar a instalação e reduzir o gasto com materiais.

4.2.4 DIMENSIONAMENTO INSTALAÇÃO DE COMBATE A INCÊNDIO

A tubulação destinada à rede de alimentação para combate a incêndio tem


que ser feita por meio de uma coluna exclusiva para as caixas de incêndio onde
haja válvulas e mangueiras. O dimensionamento dessa coluna segue rigorosa-
mente ao estabelecido pela norma e pelo corpo de bombeiros. O diâmetro mí-
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
55

nimo da tubulação é de 2 ½”. Quanto ao barrilete de incêndio, é separado de


qualquer outro barrilete que abastece as colunas de água. A coluna deverá estar
ligada diretamente às caixas de incêndio existentes em todos os andares.
Em cada caixa de incêndio, há os seguintes componentes:
a) um registro de gaveta de 2 ½”;
b) uma junta de 2 ½” para adaptar à mangueira dos bombeiros;
c) uma redução de 2 ½” para ser adaptado ao mangote de 1 ½” (manejado
pelos moradores);
d) mangote de 2 ½”, com juntas e esguicho e requinte de ½”.
A quantidade de caixas por andar será de acordo com o tamanho do prédio.
As colunas de incêndio que descem para fazer o abastecimento de água são uni-
ficadas no pavimento térreo e terminam no hidrante de passeio. Esse hidrante de
passeio é usado somente pelo corpo de bombeiros, que conecta a mangueira ao
hidrante para extinguir o incêndio.
Não há necessidade de ter um reservatório exclusivo para armazenar água
para incêndio. No entanto, os reservatórios são dimensionados com uma porcen-
tagem maior do que o necessário para 20% do consumo, entendendo-se que o
reservatório na hora do incêndio não terá apenas o volume de 20% da sua capaci-
dade. Ele, com certeza, terá ainda quase a totalidade da água no seu interior uma
vez que à medida que vai sendo consumida a água do reservatório, o sistema de
bombas d’água continua abastecendo o reservatório, mantendo-o sempre cheio.

As mangueiras de incêndio muitas vezes são danificadas


FIQUE por atos de vandalismo7. Por isso, a fiscalização e manu-
ALERTA tenção devem ser constantes, garantindo que numa situa-
ção de incêndio o sistema funcione direito e salve vidas.

4.2.5 DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA DE BOMBAS

As bombas hidráulicas são equipamentos mecânicos com a função de elevar a


água para reservatórios elevados ou apenas para níveis mais elevados. Podem ser
de motor elétrico, a diesel, ou manual.
Existem vários tipos de bomba hidráulica que podem ser: bombas volumétri-
cas de êmbolos ou bombas volumétricas rotativas, bombas de escoamento de
centrífugas e axiais, bombas injetoras, bomba a ar comprimido e bomba carneiro
hidráulico.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
56

8 OXIDAÇÃO: A bomba mais usada para elevar a água nos projetos de hidráulica em prédios
é a bomba centrífuga, geralmente são bombas de motores elétricos.
Processo de desgaste
provocado pela reação do Para o dimensionamento de uma bomba, devemos levar em consideração a
oxigênio.
potência, a quantidade de consumo de água por dia e a necessidade de vazão
em litros por segundo, além disso, consideramos a altura manométrica, ou seja, a
altura estática mais a altura relativa às perdas.

4.3 MATERIAIS E COMPONENTES

4.3.1 TUBOS

Hoje, o material mais usado em instalação é o PVC (cloreto de polivinila). O seu


uso vem sendo amplamente divulgado por ser mais leve, pela sua facilidade de
instalação e por ter um custo menor em relação aos tubos de aço galvanizado.
O tubo rígido de PVC tem uma grande vantagem em comparação aos tubos
galvanizados por não sofrer oxidação8.
Existem vários tipos de diâmetro do tubo PVC atendendo a norma da ABNT.
Existem também tubos especiais para água quente, que possuem um revesti-
mento a mais para suportar as altas temperaturas. Eles são bastante resistentes ao
sol, mas o ideal é ser utilizado embutido na alvenaria para não sofrer o desgaste
provocado pelos raios solares.

Em edifícios com mais de 30 anos, as tubulações ainda


VOCÊ são de aço galvanizado, porque nesse período o uso
do PVC ainda era restrito. Porém, pelo tempo útil do
SABIA? galvanizado ser curto, alguns prédios vêm trocando por
tubulações de PVC.

As tubulações não devem ser embutidas em elementos estruturais como as vi-


gas, pilares e lajes. Se os tubos de PVC estiverem embutidos, eles podem romper
ou danificar quando a estrutura sofrer uma dilatação ou receber muito calor. Se
houver a necessidade de passar uma tubulação por um desses elementos, deve-
mos deixar um furo de diâmetro maior para possibilitar a sua passagem e facilitar
a instalação.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
57

Quando as tubulações forem enterradas, devem obedecer a uma profundida-


de padrão de 0,80 cm, se for área de trafego, e 0,60 m para as demais áreas. Antes
de enterrar, deverá conhecer o tipo de solo para evitar danos.
Devemos sempre fazer o projeto das tubulações evitando o máximo de cortes
e desvios de direção. Quanto mais desvio, mais perda de carga terá no fluido.
Todo desvio, ou emenda, é sempre feito por meio de junções, ou seja, com peças
de tubulações que permitem alterar a direção da tubulação ou emendá-la.
As junções podem ser:
a) junta soldada: essa junção é feita apenas encaixando o tubo na bolsa da ex-
tremidade do outro tubo ou da conexão e aplicando uma cola adesiva, facil-
mente encontrada no mercado, para fazer a solda. A bolsa é o alargamento
de uma extremidade do tubo para entrar a outra extremidade do tubo; Para
o encaixe perfeito, é necessário lixar a extremidade do tubo, passar o adesivo
para PVC e em seguida encaixar na bolsa do outro tubo numa conexão como
na figura a seguir:

JUNTA SOLDADA
JUNTA DE TUBOS JUNTA DE TUBO E CONEXÃO

ADESIVO

BOLSA BOLSA TUBO ENCAIXADO

Figura 21 -  Junta soldada


Fonte: SENAI, 2013.

b) junta rosqueada: as junções rosqueadas são feitas com aberturas de roscas


com equipamento chamado de tarraxa. Nessa junta, podem ser rosqueados
tubos de PVC com tubos ou conexões metálicas;

JUNTA ROSQUEADA
JUNTA DE TUBOS JUNTA DE TUBO E CONEXÃO

ROSCA ROSCA

BOLSA BOLSA TUBO ROSQUEADO

Figura 22 -  Junta rosqueada


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
58

c) junta elástica: são as junções que têm um anel de borracha que faz a vedação
sem a necessidade de usar um adesivo como nas juntas soldadas. O anel de
borracha fica num sulco da bolsa do tubo ou em um sulco nas conexões.
Veja a figura a seguir:

JUNTA ELÁSTICA
JUNTA DE TUBOS JUNTA DE TUBO E CONEXÃO
ANEL
SULCO ANEL
SULCO

BOLSA BOLSA TUBO ENCAIXADO

Figura 23 -  Junta elástica


Fonte: SENAI, 2013.

d) junta flangeada: são as juntas que possuem uma luva livre que gira dentro
de um flange, em alguns casos com furos de fixação. Além disso, as juntas
flangeladas possuem a vantagem de fazer a conexão de tubos de PVC com
tubos metálicos.

FLANGE
TUBO
FLANGE

TUBO

LUVA LUVA

Figura 24 -  Junta flangeada


Fonte: SENAI, 2013.

4.3.2 CONEXÕES

Você conhece alguma conexão para tubos PVC?


É provável que sim. Geralmente é mais conhecido como joelho, mas é uma co-
nexão e verá que ele é um acessório importante na instalação hidráulica porque
permite fazer as junções dos tubos, os desvios e as ligações de outras redes. Assim
como os tubos, as conexões possuem vários diâmetros determinados pela ABNT.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
59

Veja, na figura 25, os principais modelos. Mas vale lembrar que existem outros
e cada um tem a sua função.

LUVA JOELHO 90º TÊ

CAP CURVA 90º

BUCHA DE REDUÇÃO CURVA 45º JOELHO 45º

Figura 25 -  Conexões
Fonte: SENAI, 2013.

Existem conexões lisas para tubos soldáveis e com roscas para tubos rosque-
áveis.
Você também vai poder notar que existem conexões para ligar tubos soldáveis
e com roscas numa mesma conexão, como na figura 26.

Figura 26 -  Conexão
Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
60

4.3.3 LOUÇAS SANITÁRIAS

A louça faz parte do conjunto que forma uma peça utilitária. É bem provável
que você já tenha visto uma louça e, até mesmo, já a tenha utilizado no seu dia
a dia. Geralmente, quando você lava as suas mãos, você usa a pia do sanitário. A
pia do sanitário é justamente um exemplo de louça. A louça nada mais é do que
um acessório que compõe um sanitário, uma cozinha, um lavabo, uma área de
serviço.
As louças são fabricadas com cerâmica e o seu processo começa com uma
massa moldável chamada de barbotina. Ela é feita com duas ou mais matérias-pri-
mas, aditivos e água moldável. Ainda maleável e úmida, é colocada num molde
de gesso e fica durante um tempo até perder parte da água da massa. Em segui-
da, a peça recebe um pré-aquecimento para então receber o banho de esmalte
e cozinhar, formando a peça. O esmalte, além de dar o acabamento, favorece a
higiene, pois cria uma superfície impermeável.

SAIBA Pesquise em sites de busca ou mesmo em lojas de materiais


de construção os vários modelos de louças e veja que existe
MAIS uma variedade de modelos e designs diferentes.

Na área de serviço, existem os tanques, que são as louças utilizadas para lavar
as roupas.
Nos sanitários, as louças são a pia ou lavatório, bacia sanitária ou vaso sanitá-
rio, os bidês e as bacias mictório ou, simplesmente, mictório. Este último é usado
apenas em sanitários masculino de uso público ou coletivo. Já o bidê, ultimamen-
te, não é mais usado porque foi substituído pela ducha higiênica.
Os vasos sanitários possuem um sifão que sempre está cheio de água. Essa
água impede o retorno do odor do esgoto sanitário.
O sifão também é responsável pelo mecanismo de limpeza. Ele funciona quan-
do a água é despejada no vaso numa quantidade aproximadamente de 7,5 litros
de uma única vez. Então, toda a água é liberada para o esgoto; e quando o vaso
enche novamente e devagar, ele completa o sifão fechando a passagem do odor.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
61

Sifão

Nível d’água

Figura 27 -  Corte de um vaso sanitário mostrando o sifão


Fonte: SENAI, 2013.

Os vasos sanitários, por serem feitos de cerâmica, possuem


FIQUE um limite com relação ao peso que podem suportar e o
fabricante sempre informa este limite. E nunca se deve
ALERTA subir na borda do vaso, pois ele pode quebrar e provocar
alguma lesão grave.

4.3.4 METAIS

Metais são os equipamentos que funcionam para liberar o fluxo da água ou


interromper esse fluxo. São exemplos, as torneiras e os registros.
a) torneiras: são peças que podem ser metálicas ou de PVC. Sua finalidade é
controlar o fluxo da água, fechando ou abrindo. É constituída por um ob-
turador, ou seja, uma peça que veda a passagem da água e que é acionado
externamente por um manípulo (peça que gira e movimenta o obturador)
ao ser rosqueado;

Manípulo Manípulo

Obturador Obturador

TORNEIRA TORNEIRA
ABERTA FECHADA

Figura 28 -  Funcionamento de torneira


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
62

Hoje em dia, você encontra torneiras com válvulas que têm sua abertura acio-
nada ao apertar o cabeçote da torneira e, que se fecha depois de alguns segun-
dos. Outras torneiras têm a sua abertura acionada por um sensor de movimento,
que abre a válvula diante da proximidade de mãos ao sensor, e esta se fecha au-
tomaticamente depois de alguns segundos. Esses dois modelos de torneiras têm
sido uma grande contribuição para a economia de água potável, uma vez que
evita desperdício de água;
b) registros: eles têm a mesma finalidade da torneira, ou seja, a de controlar e
parar o fluxo de água. A diferença do registro para a torneira é que o registro
libera o fluxo para dentro da própria tubulação; diferente da torneira que
sempre está no fim da linha de uma tubulação e libera a água para o exte-
rior da tubulação.
Existe o registro de gaveta que é usado para parar o fluxo da água, geralmente
usado nas tubulações de entrada e saída do reservatório ou em barriletes. Em
situações de manutenção, ele é fechado para interromper o fluxo da água.

Figura 29 -  Registro de gaveta


Fonte: SENAI, 2013.

O registro de pressão é usado nos ramais, no interior da residência, também


para controlar e interromper o fluxo de água. Esses registros podem ter o mesmo
acabamento das torneiras dos lavatórios e chuveiros.

Figura 30 -  Registro de pressão


Fonte: SENAI, 2013.
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
63

RECAPITULANDO

Neste capítulo você estudou instalação de água fria em prédios e residên-


cias. Aprendeu como se deve calcular o consumo de água para um dimen-
sionamento funcional de uma residência fazendo relação com a quantida-
de de consumo por pessoa. A partir disso, você teve condições de começar
a dimensionar as tubulações usando as tabelas de valores para peças uti-
litárias; e coeficientes para diâmetro de tubulações e assim encontrar o
dimensionamento correto. Estudou também a diferença entre colunas,
barriletes e ramais. Você pôde identificar os tipos de bombas mais usados
para se fazer a elevação de água para reservatórios superiores e também o
dimensionamento para combate a incêndio. Conheceu todos os tipos de
junções para fazer as conexões dos tubos, além de identificar as conexões
mais utilizadas na instalação hidráulica. Conheceu também um pouco so-
bre os equipamentos usados numa instalação hidráulica, como as louças e
os metais.
Instalações prediais
de água quente

O sistema de instalação de água quente é semelhante ao de água fria, porém, alguns com-
ponentes alteram e o principal deles é a tubulação, que para receber a água em uma tempera-
tura aproximada de 70 ºC tem que ser reforçada e resistente. Existem no mercado alguns tubos
de material diferente do PVC comum.
Outros componentes importantes nos sistemas de água quente são os reservatórios com
sistema de isolamento térmico para receber a água aquecida e sistemas de aquecimento,
como as placas solares e os aquecedores a gás ou elétrico.
Hoje, com a tendência da arquitetura sustentável, o sistema de aquecimento solar é o mais
procurado, apesar do custo ainda elevado, e já existe no mercado um número significativo de
modelos e marcas.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
66

1 SERPENTINA: 5.1 SISTEMAS DE AQUECIMENTOS


Tubos em curvas por onde O sistema de aquecimento é utilizado nas edificações para aquecer a água. Os
passa água.
principais modelos são:
a) aquecedor instantâneo ou elétrico: modelo de aquecedor em que a água
é armazenada dentro de um reservatório em contato com uma resistência
aquecida eletricamente. Dessa forma, a água é aquecida. Este modelo não é
muito utilizado pelo seu alto consumo de energia;
b) aquecedor instantâneo ou a gás: neste modelo, a água passa por um
tubo geralmente de cobre ou ferro em forma de serpentina1 e é aquecida
diretamente por uma chama provocada por um queimador a gás. Em algu-
mas cidades, o sistema de aquecimento de água era feito por um aquecedor
que ficava em locais como a área de serviço ou dentro dos sanitários e, preci-
sando da água quente, acendia-se o queimador a gás. Mas esse sistema vem
sendo trocado por algum mais seguro e mais econômico;
c) aquecedor de acumulação elétrico: o sistema é semelhante ao do aque-
cedor a gás. A diferença é que o reservatório é bem maior do que o aquece-
dor instantâneo, mas é também aquecido por uma resistência. Além disso, é
também um sistema de aquecimento com o custo ainda elevado;
d) aquecedor de acumulação a gás: este sistema é semelhante ao instantâ-
neo a gás, diferente pelo fator da presença de um reservatório, chamado de
boiler (reservatório com isolante térmico evitando o resfriamento da água),
em que a água fica armazenada depois de aquecida pela chama do gás até
o seu consumo;
e) aquecedor solar: este é o modelo mais usado ultimamente pelos benefí-
cios ecológicos, pois o aquecimento da água é feito por sistemas de placas
de captação do calor solar. E existe ainda um reservatório de água fria para
abastecer o reservatório de água aquecida. Funciona com um sistema de
placas captadoras de calor posicionadas acima do telhado e de um boiler, o
qual acumula a água aquecida pelas placas. Essa água fica circulando pelas
placas e pelo reservatório até a hora de seu uso nas tarefas domésticas nos
sanitários e lavatórios. Embora seja ainda um sistema caro, seu custo tem
diminuído cada vez mais devido a sua crescente utilização.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
67

5.2 ELEMENTOS CONSTITUINTES

São todos os componentes de uma instalação hidráulica. No caso da água


quente, teremos, a depender do tipo de aquecimento, boiler, misturador, aque-
cedor ou tubulação apropriada para suportar a temperatura da quente.
a) tubulação de água fria: a água fria também faz parte do sistema de água
quente e o sistema de água quente funciona com o misturador que faz a
união da água fria com a água quente. Assim, há possibilidade de regular
a temperatura da água que sai da peça utilitária, ou seja, de uma torneira
ou chuveiro. A união do tubo de água fria com água quente é feita por uma
conexão própria;
b) tubulação de água quente: da mesma forma que a água fria, na distri-
buição da água quente os barriletes são as tubulações por onde sai a água
quente do reservatório do aquecedor até os ramais. A distribuição de água
quente tem que ser feita com tubulação apropriada e resistente a alta tem-
peratura. Geralmente, o material usado para a confecção dos tubos é o CPVC
(cloreto e polivinila clorado). As conexões também devem ser apropriadas
para o uso de água quente feitas em CPVC;
c) aquecedores: o sistema de água quente precisa ter um aquecedor para ele-
var a temperatura da água. Como já estudamos, existem vários tipos de sis-
temas de aquecimento e para cada um utilizam-se equipamentos diferentes.
Na prática, o aquecedor será o equipamento que aumentará a temperatura
da água. Ele pode ser elétrico, a gás, solar e, até mesmo, um equipamento
artesanal para queimar lenhas;

Nas residências da classe alta e principalmente nas


grandes fazendas, existia um forno a lenha que tinha
VOCÊ uma serpentina ou mesmo um reservatório para água,
que enquanto o forno era usado para a preparação das
SABIA? refeições, a água era aquecida para ser utilizada nos
banhos. Em algumas regiões rurais, ainda encontramos
esse sistema de aquecimento.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
68

2 PISTÃO: d) dispositivos de segurança: são equipamentos ou comandos que


funcionam para ligar ou desligar o sistema de aquecimento para cortar o
Peça metálica que
fica dentro de um superaquecimento, evitando acidentes graves, como queimaduras. Eles po-
compartimento livre para
subir e descer.
dem ser:
- controladores de temperatura, termostato de segurança que funciona
como uma chave de “liga” e “desliga” acionado pelo aumento excessivo da
temperatura;
- dispositivo automático hidrodinâmico, que funciona com o fluxo da água
nas torneiras. Quando a torneira é fechada, totalmente ou parcialmente,
ele aciona desligando o aquecimento; e quando abre a torneira, aciona o
dispositivo iniciando o aquecimento da água no reservatório;
- controladores de pressão, que são dispositivos com a função de evitar que
a pressão elevada danifique a tubulação.

e) respiro: funciona quando a pressão sobe mais do que o devido. Ele é um


tubo simples, posicionado na vertical, logo após a saída do aquecedor de
acumulação. Sua função é aliviar a pressão na tubulação de água quente. É
necessário que ele tenha uma altura superior a 30 cm do nível da água do
reservatório de água fria;

RESERVATÓRIO SUPERIOR

30 cm
NÍVEL DA ÁGUA

RESPIRO

CONEXÕES

AQUECEDOR DE ACUMULAÇÃO
BOILER
ALIMENTAÇÃO DO
RESERVATÓRIO

REGISTRO DE PASSAGEM

Figura 31 -  Instalação respiro


Fonte: SENAI, 2013.

f) válvula de alívio de pressão: a função é a mesma do respiro, sendo que é


feita por meio de uma válvula que faz liberar a pressão de vapor com o des-
locamento do pistão2 dentro da válvula, ocorrendo a diminuição da pressão
dentro da tubulação.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
69

REGISTRO
DE GAVETA
ALIMENTAÇÃO
ÁGUA QUENTE

VÁLVULA
DE PRESSÃO

ÁGUA FRIA

AQUECEDOR DE ACUMULÇÃO
BOILER

SIFÃO

Figura 32 -  Instalação sifão


Fonte: SENAI, 2013.

Você sabe como funciona o aquecedor solar?


Então veja como esse sistema tão simples pode contribuir para um futuro
onde não precisaremos mais estar degradando o nosso meio ambiente com a
construção de hidroelétricas, ou utilizando de energias não renováveis como o
petróleo. Como o nome já diz, seu funcionamento consiste na utilização da ener-
gia do sol, ou seja, a produção do calor.
Para um sistema de aquecimento solar, teremos um equipamento que é um
painel formado por um engradado de alumínio contendo no seu interior uma
serpentina de cobre por onde circula a água. Teremos também uma chapa me-
tálica pintada de preto para maior absorção do calor. Todos esses elementos são
isolados com material isolante como a lã de vidro e uma placa de vidro liso na
superfície para receber o calor do sol.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
70

RESERVATÓRIO
ÁGUA FRIA

DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA QUENTE
BOILER

TERMOFISSÃO

ÁGUA FRIA
ÁGUA QUENTE

VIDRO

SERPENTINAS

CONJUNTO COM PLACA SOLAR

Figura 33 -  Instalação água quente


Fonte: SENAI, 2013.

A água fria entra na placa solar e, por ser fria, ela é mais densa. Ao circular
pela serpentina de cobre, ela vai aquecendo e se tornando menos densa e é em-
purrada pela água fria para fora da placa. A este mecanismo damos o nome de
termofissão. A água quente então vai sendo depositada no reservatório de água
quente chamado de boiler e fica ali até a hora do seu consumo.
Ao chegar às peças sanitárias, como chuveiros e banheiras, e às peças de uti-
lização, como as torneiras, a água quente pode ser misturada com a água fria e
para isso existe uma conexão apropriada chamada de misturador.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
71

Chuveiro

Tubo PVC

Misturador

Água quente Água fria

Tubo CPVC Tubo PVC

Figura 34 -  Instalação do misturador


Fonte: SENAI, 2013.

A temperatura da água você equilibra abrindo a água quente e, em seguida, a


água fria. Assim, mistura as duas e aos poucos atinge uma temperatura agradável.

A água quente usada para abastecer as tubulações não


FIQUE deve estar numa temperatura maior que 70 ºC, porque,
além de respeitar o limite suportável das tubulações, tam-
ALERTA bém evita acidentes de queimadura, principalmente em
crianças.

5.3 DIMENSIONAMENTO DE AQUECEDORES

Para ter água quente é necessário ter o equipamento, neste caso, é o aquece-
dor.
Então, temos que dimensionar o aquecedor, mas você viu que existem mode-
los diferentes, certo?
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
72

No primeiro momento, você precisa saber quais as peças de utilização que


você quer que tenha água quente, depois determinar a vazão de cada peça que
vai ser alimentada por aquele ramal e após, somar a vazão de cada uma.
A vazão você encontra pela Tabela 4, fornecida pela norma brasileira NBR
5626/98.

APARELHO VAZÃO
PEÇA DE UTILIZAÇÃO
SANITÁRIO (L/MIN)

Ducha Misturador 12

Chuveiro elétrico Registro de pressão 6

Lavatório Torneira ou misturador 9

Pia Torneira ou misturador 15

Tabela 4 - Vazão por peça de utilização


Fonte: CREDER, 2012.

Vamos dimensionar um aquecedor de passagem a gás. Exemplo: o aquecedor


abastecerá uma casa com quatro duchas, cinco lavatórios e uma pia.
Primeiro calculamos a vazão multiplicando a vazão das peças que encontra-
mos na tabela com a quantidade de peças.

1º PASSO: CALCULAR A VAZÃO DAS PEÇAS UNITÁRIAS (Qt) Qt = Nº PEÇAS x Q


VAZÃO DA DUCHA = 12 l/min MULTIPLICA A VAZÃO (Q) Qt = 12 x 4 (duchas) = 46l /min
VAZÃO DO LAVATÓRIO = 9 l/min PELO NÚMERO DE PEÇAS Qt = 9 x 5 (lavatórios) = 45 l/min
VAZÃO DA PIA = 15 l/min Qt = 15 x 1 (pia) = 15 l/min

2º PASSO: ENCONTRAR O RESULTADO DA RAZÃO TOTAL (Qt)


SOMA DE TODAS AS VAZÕES DAS PEÇAS DE UTILIZAÇÃO.

Qt = 46 + 45 + 15 = 108 l/min Qt = 108 l/min

3º PASSO: ENCONTRAR A VAZÃO NECESSÁRIA (Qnec)


COMO A ÁGUA QUENTE É MISTURADA COM A ÁGUA FRIA, USAMOS A METADE.

Qnec = Qt = 108 = 54 l/min Qnec = 54 l/min


2 2

4º PASSO: CALCULAR O Nº DE AQUECEDORES


VAMOS CALCULAR PARA UM AQUECEDOR A GÁS DE VAZÃO (Q) DE 16 l/min.

Nº DE AQUECEDORES = Qnec = 54 = 3,375 aquecedores Nº DE AQUECEDORES


Qaq 16 3,375 = 4 aquecedores a gás

Já para dimensionar um aquecedor de acumulação, temos que ter ciência da


necessidade de um reservatório ou boiler para acumular a água aquecida.
E qual a dimensão desse reservatório para uma residência?
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
73

No entanto, o primeiro passo é saber quantas pessoas existem na residência e


para isso usamos a tabela de quantidade de pessoas, conforme a Tabela 5.

AMBIENTE NÚMERO DE PESSOAS

Dormitório 2

Quarto de empregada 1

Tabela 5 - Quantidade de pessoas


Fonte: CREDER, 2012.

A seguir, precisamos identificar quais pontos ou peças sanitárias terão água


quente para consultar a estimativa de consumo. As estimativas podem ser encon-
tradas na Tabela a seguir:

PEÇA VOLUME (LITROS)

Banheira Volume/2

Pia de cozinha 50

Máquina de lavar roupa 150

Tabela 6 - Estimativa do consumo diário


Fonte: CREDER, 2012.

É importante ressaltar que o volume da banheira deve ser dividido por dois,
uma vez que a água quente é misturada com a água fria. Esse volume da banheira
é fornecido pelo fabricante. Existem no mercado vários modelos com volumes
diferentes.
Assim que obtivermos a estimativa do consumo das peças sanitárias, devemos
verificar o consumo médio por tipo de aquecedor. Veja a Tabela 7.

Aquecedor a gás 40 l/dia

Aquecedor elétrico 45 l/dia

Aquecedor solar 50 l/dia

Tabela 7 - Estimativa do consumo por tipo de aquecedor


Fonte: CREDER, 2012.

Os fabricantes de aquecedores já fornecem alguns aquecedores com volumes


predefinidos. Então, para esses casos, escolhemos o aquecedor com o volume
mais aproximado.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
74

Vejamos um exemplo para o cálculo de um aquecedor de acumulação a gás e


elétrico de uma residência com três dormitórios, um quarto de empregada e uma
banheira.

Dimensionamento de aquecedor acumulação a gás e elétrico

1) Encontrar o número de pessoas: (tabela de quantidade de pessoas)


3 dormitórios = 2 pessoas x 3 dormitórios = 6 pessoas
1 dormitório de empregada = 1 pessoa Total = 7 pessoas

Dimensionamento de aquecedor acumulação a gás e elétrico


2) Consumo médio de água quente:
(tabela de consumo médio por tipo de aquecedor)
aquecedor a gás = 40 l/dia 7 pess. x 40l/dia = 280 l/dia aquecedor a gás = 280 l/dia
aquecedor elétrico = 45 l/dia 7 pess. x 45l/dia = 315 l/dia aquecedor elétrico = 315 l/dia

Dimensionamento de aquecedor acumulação a gás e elétrico

3) Consumo da banheira
volume da banheira = 180 = 90 litros
2 2

Dimensionamento de aquecedor acumulação a gás e elétrico


4) O consumo total será de: A PARTIR DO CÁLCULO DO CONSUMO APROXIMAMOS
O VOLUME DO RESERVATÓRIO PARA A RESIDÊNCIA.
- aq. gás 280 litros + 90 litros = 315 litros
um reservatório = 400 litros aq. gás
- aq. elétrico 315 litros + 90 litros = 405 litros
um reservatório = 400 litros aq. elétrico

Para um aquecedor solar, considerando o mesmo exemplo de residência, o


processo é o mesmo. Apenas é preciso calcular a quantidade de coletores solares
para aquecer a água. O cálculo é feito depois de acharmos o volume do boiler.
Os coletores possuem duas dimensões, as quais estão especificadas na Tabela 8.

VOLUME DE ÁGUA
ÁREA DO COLETOR
QUENTE QUE ATENDE

1,42 m² 103 litros/dia

1,95 m² 104 litros/dia

Tabela 8 - Volume do coletor


Fonte: CREDER, 2012.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
75

Vejamos o cálculo agora:

Dimensionamento de aquecedor acumulação solar

1) Encontrar o número de pessoas: (tabela de quantidade de pessoas)


3 dormitórios = 2 pessoas x 3 dormitórios = 6 pessoas
1 dormitório de empregada = 1 pessoa Total = 7 pessoas

Dimensionamento de aquecedor acumulação solar


2) Consumo médio de água quente:
(tabela de consumo médio por tipo de aquecedor)

aquecedor solar = 50 l/dia 7 pess. x 50 l/dia = 350 l/dia

Dimensionamento de aquecedor acumulação solar

3) Consumo da banheira
volume da banheira = 180 = 90 litros
2 2 Consumo da pia = 50 litros

Dimensionamento de aquecedor acumulação solar


4) O consumo total será de 350 litros + 90 litros + 50 litros = 490 litros

Neste caso precisamos de: um reservatório de 500 litros

Dimensionamento de aquecedor acumulação solar


5) Número de coletores:

volume do boiler = 500 = 4,85 coletores TOTAL = 5 coletores


volume diário por coletor 103

Aproveite esses conhecimentos sobre cálculo de dimensio-


SAIBA namento de aquecedores e estude um pouco mais do assun-
MAIS to pelo livro “Instalações Hidráulicas e Sanitárias”, de Hélio
Creder. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

5.4 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES

Para dimensionar as tubulações de água quente, seguimos os mesmos passos


das tubulações de água fria, como vimos no capítulo quatro.
O primeiro passo é achar a soma dos pesos das peças de utilização que vão
compor os trechos dos ramais das instalações.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
76

Veja na Tabela 9 a relação dos pesos das peças de utilização.

APARELHO PESO
PEÇA DE UTILIZAÇÃO
SANITÁRIO RELATIVO

Banheira Misturador (água quente) 1,0

Bidê Misturador (água quente) 0,1

Chuveiro ou ducha Misturador (água quente) 0,4

Torneira ou misturador
Lavatório 0,3
(água quente)

Torneira ou misturador
Pia de cozinha 0,7
(água quente)

Tabela 9 - Peso relativo


Fonte: CREDER, 2012.

Depois de encontrarmos os pesos para cada trecho de água quente, locali-


zamos, no ábaco luneta para água quente, o diâmetro da tubulação, tanto em
milímetros (mm) quanto em polegadas.

0 0,6 2,9 8,2 18 35 SOMA DE PESOS

15 mm 22 mm 28 mm 35 mm 42 mm CPVC
1/2’’ 3/4’’ 1’’ 1.1/4’’ 1.1/2’’

Tabela 10 - Ábaco luneta para água quente


Fonte: MANUAL TÉCNICO TIGRE, 2007.

Vamos calcular agora o dimensionamento para uma tubulação de água quen-


te de uma residência, onde os pontos abastecidos são: um lavatório, um chuveiro,
uma banheira e uma pia da cozinha.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
77

reservatório boiler
superior
F E
A
barrilete J
barrilete
B
coluna 2
chuveiro
G
P=0,4
coluna 1 chuveiro
lavatório banheira

chuveiro
P=0,1
lavatório
vaso
sanitário
vaso M
P=0,1 ducha P=1,0
P=0,3
P=0,3
tanque vaso
pia sanitário I L
maq. lavatório P=0,3 barrilete
lavar P=0,4
P=0,3 coluna
H
D ramal
P=0,3
P=0,3
P=0,7 sub-ramal
P=1,0
P=0,7 água quente
C

Figura 35 -  Isométrico de instalação hidráulica com água quente


Fonte: SENAI, 2013.

Para começarmos, devemos primeiro buscar os pesos das peças de utilização


pela tabela de pesos relativos nos pontos de utilização:
Lavatório = 0,3
Chuveiro = 0,4
Banheira = 1,0
Pia de cozinha = 0,7

Soma dos pesos = 2,4

Depois de somar o peso, nesse caso 2,4, verificamos no ábaco luneta o diâme-
tro da tubulação de água quente.
Teremos o diâmetro de 22 mm ou ¾”, pois o valor de 2,4 está entre os valores
do ábaco de 0,6 e 2,9.
Resultado: diâmetro de 22 mm para as tubulações de água quente.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
78

5.5 DIMENSIONAMENTO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO E DAS LIRAS

As juntas de dilatação ou as liras são mecanismos que utilizamos nas instala-


ções de água quente devido à expansão das tubulações quando são aquecidas
pela água quente. Todo o fluido aquecido também se expande e com isso au-
menta a sua pressão. As juntas e as liras servem para anular qualquer excesso de
pressão ou suavizar a dilatação das tubulações.
a) juntas de dilatação ou de expansão: são dispositivos feitos na tubulação
permitindo que ela se dilate sem danificá-la quando receber o aumento da
temperatura;

Figura 36 -  Junta de dilatação


Fonte: SENAI, 2013.

Para calcularmos a junta de dilatação, utilizaremos a seguinte fórmula:

FÓRMULA DA VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DE TUBULAÇÃO


onde:
e = 0,06 x ΔT x L e = expansão térmica (descolamento axial mm)
ΔT = diferença entre a maior e a menor temperatura da tabulação (oC)
L = comprimento da tabulaçào (m)

Utilizamos o coeficiente 0,06 como padrão para a fórmula de variação de com-


primento de tubulação.
Vejamos um exemplo em que calcularemos a junta de dilatação para uma tu-
bulação de um prédio com altura de 45 m, abastecido por um sistema de aqueci-
mento central e com uma tubulação com diâmetro de 28 mm.
Considerando a temperatura ambiente na instalação de 28 ºC e a temperatura
máxima e mínima da tubulação de 67 ºC e 21 ºC, respectivamente, precisaremos
encontrar a quantidade de juntas e a posição de montagem do pistão.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
79

1) Expansão térmica

ΔT= 67 oC - 21oC = 46 oC e = 0,06 x ΔT x L


L = 45 m e = 0,06 x 46 x 45 = 124,20 m 12, 42 cm

2) Número de juntas de expansão


N=e N = 124,20
90 90
N = número de juntas N = 1,38 juntas de expansão
e = expansão térmica (deslocamento axial em mm) N = 2 juntas
90 = comprimento máximo do pistão em mm

3) Posição de montagem do pistão


Tmáx.: 67 oC
P = posição inicial de montagem do pistão da junta de expansão em mm Tmín.: 21 oC
Tmáx.: temperatura máxima que a tubulação atingirá (oC) Tamb.: 28 oC
Tamb.: temperatura ambiente durante instalação (oC)

P = Tmáx. - Tamb. x 90 P = 67 - 28 x 90 P = 76,50 mm P = 76 mm


Tmáx. - Tmin. 67 - 21

b) liras: para calcularmos as liras de uma tubulação, temos a tabela a seguir


com as dimensões, em DN, que é a sigla que identifica o diâmetro interno
do tubo;

COMPRIMENTO DO TRECHO (M)

DN 6,0 12,0 18,0 24,0 30,0

Comprimento total da lira “L” (m)

15 0,56 0,79 0,97 1,12 1,30

22 0,66 0,94 1,17 1,32 1,48

28 0,76 1,07 1,32 1,52 1,78

35 0,84 1,19 1,45 1,68 1,88

42 0,91 1,30 1,57 1,84 2,05

54 1,04 1,47 1,80 2,10 2,31

73 1,11 1,56 1,92 2,21 2,47

89 1,22 1,73 2,12 2,44 2,73

114 1,38 1,95 2,39 2,76 3,09

Tabela 11 - Dimensões das liras


Fonte: MANUAL TÉCNICO TIGRE, 2007.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
80

Como existem dois tipos de lira, para cada trecho da lira tem uma proporção,
como podemos observar na Figura 36.

LIRA TIPO U LIRA TIPO S


L/5 L/5 L/4
L/5

L/5 x 2

L/2
L/4

Figura 37 -  Instalações de lira


Fonte: SENAI, 2013.

Vejamos um exemplo para calcular os comprimentos dos trechos de uma lira


com diâmetro de 22 e com o comprimento total de 18 metros.
Vamos verificar na tabela de dimensões de liras o comprimento L. Com essas
dimensões, o comprimento será de 1,17 m.

PELA TABELA
COMPRIMENTO = 18 m
DN = 22 L= 1,17 M

L/5 L/5 0,24 m 0,24 m


L/5 0,24 m

L 1,17
= = 0,24 m
L/5 x 2

5 5
0,48 m

L x 2 = 0,24 x 2 = 0,48 m
5

Figura 38 -  Exemplo de lira


Fonte: SENAI, 2013.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
81

Para calcularmos liras em tubulações acima de 30 metros, utilizamos fórmulas


que levam em consideração a expansão térmica para tubos CPVC.
Primeiro calculamos a expansão térmica com a fórmula:

FÓRMULA PARA EXPANSÃO TÉRMICA


onde:
e = Lp x C x ΔT e = expansão térmica (deslocamento axial em mm)
ΔT = diferença entre a maior e a menor temperatura da tubulação (oC)
C = coeficiente de expansão térmica (m/m x oC) C = 6,12 x 10-5/oC
Lp = comprimento da tubulação

Em seguida, vamos calcular o comprimento da lira com a fórmula:

FÓRMULA PARA COMPRIMENTO DA LIRA


onde:

)
L=
) 3 x E x DE x e E = módulo de elasticidade (Pa) da tabela
S DE = diâmetro externo do tubo (m)
e = expansão térmica deslocamento axial em (mm)
S = tensão admissível (Pa) da tabela de elasticidade e tensão admissível

Para calcularmos o comprimento da lira, precisamos de dados como o módulo


de elasticidade e a tensão admissível do CPVC que pode ser conseguido por meio
da Tabela 12.

MÓDULO DE TENSÃO
TEMPERATURA (ºC)
ELASTICIDADE (PA) ADMISSÍVEL (PA)

20 2.982.238.410 14.352.920

30 2.796.931.910 12.564.127

40 2.611.625.410 10.775.333

50 2.426.318.910 8.986.540

60 2.241.012.409 7.197.746

70 2.055.705.909 5.408.953

80 1.870.399.409 3.620.159

Tabela 12 - Módulo de elasticidade e tensão admissível


Fonte: CREDER, 2012.

Agora vamos calcular o tamanho de uma lira para uma tubulação com tama-
nho de 47 m e diâmetro de 28 mm, que sofre uma variação de temperatura de
26 ºC para 70 ºC. Para achar o módulo de elasticidade na tabela, utilize a tempe-
ratura máxima.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
82

1) CÁLCULO DA EXPANSÃO TÉRMICA:

e = Lp x C x AT
C = 6,12 x 10-5/ oC = 0,0000612/ oC
e = 47 x 0,0000612 x 44 = 0,126 m
AT = 70 - 26 = 44 oC
Lp = 47 m

2) CÁLCULO DO COMPRIMENTO DA LIRA:

)
L=
)3 x 2.055.705.909 x 0,028 x 0,126
E = 2.055.705.909
5.408.953
DE = 28 mm = 0,028 m
e = 0,126 m
)
L=
)21757591,340856
S = 5.408.953
5.408.953

L= 3 x E x DE x e
S L= 4,0225144

L = 2,00 metros

3) CÁLCULO DOS TRECHOS DA LIRA:

L = 0,4 m 2 x L = 2 x 0,4 = 0,8 m


5 5
0,4 m 0,4 m
0,4 m

L = 0,40 m
5
0,8 m

0,40 m x 2 = 0,80 m
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
83

CASOS E RELATOS

Instalações baratas que saem caras


O Sr. Marcos realmente não fez uma boa economia quando pensou que uti-
lizando os serviços do pedreiro Pedro iria diminuir os custos na instalação
hidrossanitária.
Do mesmo jeito que o Sr. Marcos quis economizar com o projeto hidráulico,
resolveu fazer o mesmo com a compra dos tubos de água quente. Como
ele sabia que a tubulação de água quente é mais cara do que a de água
fria, resolveu utilizar material de qualidade duvidosa. O resultado foi um
desastre, pois a tubulação de PVC, apesar de ser vendida como adequa-
da para água quente, não suportou a temperatura e causou uma série de
problemas como: rachaduras e descolamento nas conexões por sofrerem
dilatações maiores do que podiam suportar.
Como consequência, o Sr. Marcos teve que substituir as tubulações por um
material que tivesse credibilidade e garantia no mercado para que os tubos
e conexões fossem utilizados.
O Sr. Marcos percebeu que na construção civil não se pode comprar e apli-
car material de qualidade duvidosa, porque sempre o reparo será mais one-
roso.

5.6 MATERIAIS E COMPONENTES

a) tubos:
Como já estudamos, a tubulação de água quente deve ser sempre de tubos de
CPVC, os quais são feitos com materiais que resistem as altas temperaturas sem
sofrer nenhum tipo de deformação ou de rompimento.
Geralmente, esses tubos são diferentes dos tubos de água fria. Os de água
quente são identificados no mercado com cores diferentes como branco, azul ou
verde. Por se tratar de um material mais resistente, é ofertado no mercado com
um preço mais elevado do que o de água fria.
Além dos tubos, temos que usar as conexões com o mesmo material para ofe-
recer a mesma qualidade de resistência em toda a rede de água quente.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
84

b) conexões:
As conexões de água quente são as mesmas da água fria com a diferença de
possuírem mais resistência por suportar altas temperaturas. É aconselhável utili-
zar as conexões do mesmo fabricante da tubulação para garantir que o material é
o mesmo e assim ter a mesma dilatação.
Veja alguns exemplos dessas conexões na Figura 39.

CONECTOR DE TRANSIÇÃO JOELHO 45º LUVA DE CORRER

JOELHO 90º TÊ MISTURADOR TÊ

CURVA DE TRANSPOSIÇÃO LUVA DE TRANSIÇÃO CURVA SOLDÁVEL

Figura 39 -  Conexões para água quente


Fonte: SENAI, 2013.

c) metais:
Os metais para água quente são os mesmos usados para água fria. As torneiras
e registros de uma forma geral são os mesmos, com a diferença apenas na quan-
tidade de torneiras. Ao invés de possuir apenas uma, existem duas torneiras: uma
para a água fria e a outra para água quente, ambas são conectadas à tubulação,
permitindo assim controlar a temperatura da água com sua abertura.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
85

Hoje em dia, já existem alguns metais em que apenas uma peça controla a
temperatura, misturando água quente e fria.
d) louças sanitárias:
Quanto às louças, não existe nenhuma variação para uso exclusivo de água
quente. As que existem no mercado funcionam tanto para água quente quanto
para água fria.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
86

RECAPITULANDO

Neste capítulo você estudou instalações prediais de água quente, conhe-


cendo os tipos de sistemas de aquecedores e os elementos constituintes
para a rede de água quente. Além disso, percebeu a importância dos dis-
positivos de segurança, como o respiro, para evitar a elevação de pressão
na rede.
Aprendeu a dimensionar os aquecedores, as tubulações da rede de água
quente para abastecer uma residência, as juntas de dilatação e liras para
evitar o rompimento das tubulações quando forem aquecidas pela água
quente em circulação nos tubos.
Estudou também algumas conexões de água quente, as quais diferem das
tubulações de água fria pelo seu material mais resistente à temperatura.
Conheceu também as louças e metais que praticamente são os mesmos
do sistema de água fria, exceto pela diferença nos metais, em que existe o
misturador que acresce uma torneira para misturar água quente e água fria.
5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE
87

Anotações:
Instalações prediais de esgoto

Vimos nos capítulos anteriores como distribuir água em um prédio.


Fica então a pergunta: qual o destino dessas águas, após o consumo dos usuários, ou seja,
as águas residuais?
Para coletar as águas, existem os sistemas de esgotos prediais, que são importantes para
a nossa saúde. Os principais objetivos do projeto de esgoto são coletar e direcionar as águas
residuais e servir para um sistema de tratamento.
É fundamental a instalação de esgoto para não haver a contaminação da água potável para
consumo, com as águas residuais do esgoto.
Os sistemas são independentes. Primeiro temos o sistema predial, o qual consiste nas tubu-
lações que coletam os esgotos da residência, tantos os dos vasos sanitários, chamados de água
imunda; quanto de lavatórios, ralos, pias e máquinas de lavar, chamados de água servida.
Essas águas são então direcionadas para as tubulações de esgoto urbano, e após isso, são con-
duzidas para uma estação de tratamento, onde passam por vários processos até serem descon-
taminadas e despejadas nos rios.

A importância do sistema de esgoto eficiente para a po-


FIQUE pulação é para eliminar ou diminuir, ao máximo, o risco
de contaminação provocado por doenças provenientes
ALERTA da sujeira dos esgotos. Canalizar o esgoto e não deixá-lo a
céu aberto é essencial para esse controle.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
90

1 OCIOSA: 6.1 SISTEMAS DE ESGOTAMENTO


Sem função.

6.1.1 SISTEMA UNITÁRIO OU COMBINADO

Consiste numa rede de tubulação que recebe os esgotos residuais dos prédios
e o esgoto pluvial. Os dois tipos de esgoto são canalizados por uma única tubula-
ção até o sistema de tratamento.
Esse tipo de sistema apresenta algumas desvantagens como:
a) grande dimensão da tubulação;
b) maior tempo e custo para sua execução;
c) maior estação de tratamento;
d) capacidade ociosa1 da tubulação, em períodos de ausência de chuva;
e) refluxo para os prédios sem períodos de enchentes;

Esse tipo de sistema não é adotado no Brasil.

6.1.2 SISTEMA SEPARADOR

Esse sistema adota duas tubulações diferenciadas: uma para as águas residu-
ais e outra para águas pluviais. No Brasil é adotado esse sistema pela sua pratici-
dade na execução.
Assim como no sistema unitário, o esgoto é coletado e direcionado até uma
estação de tratamento, onde passa por várias etapas de descontaminação para
então ser despejado em algum rio. Esse sistema é mais utilizado pelas grandes
vantagens:
a) facilidade de execução e possibilidade de ampliação;
b) separação das águas residuais, facilitando o seu tratamento;
c) redução dos custos de execução e de tratamento;
d) não ocorre o refluxo para as residências em períodos de enchentes.
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
91

Que em muitos locais do Brasil e, até mesmo, do mundo,


ainda não existem sistemas de captação e esgotamento
VOCÊ sanitário, e que por causa disso muitas doenças infecto-
SABIA? contagiosas ocorrem entre as pessoas de baixa renda:
parcela da população mais afetada com o esgoto precá-
rio.

6.2 ELEMENTOS CONSTITUINTES DO ESGOTO

A tubulação de esgotos precisa coletar os dejetos e as águas servidas e desti-


ná-los para a rede de esgoto ou para sistema de tratamento individual, as fossas
sépticas. Mas para essa coleta acontecer e o sistema de esgoto funcionar, pre-
cisamos ter os equipamentos como vasos sanitários, pias, tubulações, caixas de
passagem e caixas de gordura. Vejamos agora esses elementos constituintes.
a) aparelhos sanitários: são as louças de lavatórios, vasos sanitários, banheiras
e pias utilizadas para a higiene;
b) sifões ou desconectores: são as peças que recebem as águas servidas e
as conduzem para os ramais de descarga. Sua característica é o acúmulo de
água na tubulação, formando o “fecho hídrico”, ou seja, que impede o retor-
no dos gases com mau-cheiro vindo das tubulações;

SIFÃO OU
DESCONECTOR

FECHO HÍDRICO

Figura 40 -  Sifão de lavatório


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
92

2 PAVIMENTOS: c) ralos e ralos sifonados: são as peças instaladas no chão que servem para
receber as águas do chuveiro e lavagem dos pisos. Possuem uma grelha na
Piso do edifício.
parte superior permitindo apenas a passagem da água. Podem ser simples
ou sifonado;

3 DECLIVIDADE Grelha Inspeção Grelha

Inclinação, desnível.

Fecho hídrico

Ralo sifonado Ralo simples

Figura 41 -  Sifões
Fonte: SENAI, 2013.

d) caixas sifonadas: são peças semelhantes aos ralos, diferente por possuir
maior profundidade e possibilidade de receber vários tubos de descarga. As
caixas são sifonadas para evitar o retorno dos gases das tubulações do esgo-
to. Geralmente usadas para chuveiros, lavatórios e banheiras;
e) ramal de descarga: é a tubulação que irá receber as águas residuais direta-
mente dos aparelhos sanitários;
f) ramal de esgoto: é a tubulação que recebe as águas dos ramais de descar-
gas ou das caixas sifonadas;
g) tubo de queda: é a tubulação vertical que recebe as águas do ramal de
esgoto geralmente em prédios de dois ou mais pavimentos2;
h) instalação primária de esgoto: são as tubulações que possuem os gases
que são originados do coletor público ou fossas;
i) instalação secundária de esgoto: são as tubulações em que os gases são
gerados por outras fontes diferente dos esgotos. Geralmente são tubulações
com dispositivos de sifões com fecho hídrico impedindo a passagem dos
gases;
j) subcoletor: é toda tubulação horizontal que recebe as águas do tubo de
queda ou então dos ramais de esgoto;
k) dispositivos de inspeção:
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
93

- caixa de inspeção: como o nome já diz, é uma caixa que permite fazer ins
peção e manutenção para limpeza e desentupimentos, além de servir para
mudança de declividade3 e de direção. A distância máxima para uma caixa
da outra é de 25 m. Como recebe o esgoto primário, deve ser vedada para
não liberar os gases do esgoto;
- caixa de gordura: esta caixa recebe diretamente o esgoto que sai do ra-
mal da pia da cozinha. Sua função é reter a gordura que vem misturada à
água, através de um sifão, e a gordura mais leve flutua na primeira câmara,
evitando o acúmulo nas tubulações, permitindo uma limpeza periódica.
Veja a Figura 42;

Tampa Entrada da água servida

Saída
Gordura

Figura 42 -  Caixa de gordura


Fonte: SENAI, 2013.

- caixa de passagem: ela tem as funções de ligar dois ramais e mudar a


direção da linha de tubulação;
l) coletor predial: é a tubulação ao final. Ela conduz as águas servidas até a
rede pública ou para um sistema individual de esgoto, como as fossas;
m) válvula de retenção: são conexões usadas em ramais prediais para evitar
o retorno das águas servidas, principalmente, em períodos de enchentes, ou
quando a vazão for muito grande, geralmente em prédios.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
94

É interessante ter mais conhecimentos sobre sistemas de es-


SAIBA gotos e você pode fazer isso consultando o livro “Instalações
MAIS Hidráulicas e Sanitárias” de Hélio Creder. 6. ed. Rio de Janeiro
– LTC, 2012.

6.3 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES DE ESGOTO

Para melhor entendermos, vamos dimensionar as tubulações para uma resi-


dência com dois sanitários, sendo um com banheira, uma cozinha e área de ser-
viço.
Teremos como aparelhos por cômodos:
No sanitário 1:
a) lavatório;
b) vaso sanitário;
c) chuveiro;
d) banheira.

No sanitário 2:
a) lavatório;
b) vaso sanitário;
c) chuveiro.

Cozinha:
a) pia.

Área de serviço:
a) tanque;
b) máquina de lavar.
Por que conhecer os diâmetros dos ramais de descarga? Para que o sistema
funcione perfeitamente podendo ter a vazão suficiente evitando entupimentos
na rede. Lembre que o fluido do esgoto não tem a pressão como na água fria ou
quente. Esses diâmetros dos ramais de descarga podem ser obtidos pela Tabela
13
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
95

DIÂMETRO DO
APARELHO
RAMAL (DN)

Banheira residencial 40

Bidê 40

Chuveiro 40

Lavatório 40

Vaso sanitário 100

Pia de cozinha 50

Tanque de lavar roupa ( por cuba ) 40

Máquina de lavar roupas 50

Tabela 13 - Diâmetros mínimos dos ramais de descarga


Fonte: CREDER, 2012.

6.4 DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE ESGOTO

O ramal de esgoto é formado quando dois ou mais ramais de descarga se jun-


tam. Para esse caso, teremos a junção dos ramais de descarga do chuveiro e do
lavatório, que se encontra em uma caixa sifonada para depois seguir pelo ramal
de esgoto. Já o vaso sanitário não pode ser conectado à caixa sifonada.
Para calcularmos o diâmetro do ramal de esgoto, usamos os dados que cons-
tam na Tabela 14.

QUANTIDADE DE APARELHOS DIÂMETRO (DN)

Sanitários

Com 2 aparelhos sem banheira 40

Com 3 aparelhos sem banheira 50

Com banheira mais aparelhos 75

Cozinha (do sifão até a caixa de gordura)

Com pia de 1 cuba 50

Com pia de 2 cubas 50

Lavanderias
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
96

QUANTIDADE DE APARELHOS DIÂMETRO (DN)

Com 1 tanque 40

Com tanque e 2 cubas 50

Com máquina de lavar roupas 75

Com máquina de lavar roupas e tanque 75

Tabela 14 - Diâmetros mínimos dos ramais de esgoto


Fonte: CREDER, 2012.

Para máquinas de lavar e banheiras é aconselhável usarmos tubos com diâ-


metro de 75 mm para evitar que a espuma produzida nesses aparelhos fique na
caixa sifonada.
O sistema de ventilação tem muita importância para o perfeito funcionamen-
to do fecho hídrico, pois impede o seu rompimento e evita a liberação dos gases
para o ambiente. Lembre que o fecho hídrico é o acúmulo constante de água nos
desconectores e sifões, como visto anteriormente.

Tubo de ventilação
Tubulação de água

Tubo de esgoto

Figura 43 -  Tubo de ventilação no tubo de esgoto


Fonte: SENAI, 2013.

Para calcularmos o diâmetro do tubo de ventilação, temos que usar a tabela


fornecida pela NBR 8160/99 de Unidade Hunter de Contribuição – UHC dos Apa-
relhos (veja a Tabela 15). UHC é um número que indica a contribuição de esgoto
dos aparelhos sanitários em função da utilização habitual.
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
97

DIÂMETRO
Nº DE UNIDADES NOMINAL
APARELHO HUNTER DE MÍNIMO DO
SANITÁRIO CONTRIBUIÇÃO RAMAL DE
(UHC) DESCARGA
(DN)

Bacia sanitária 6 100

Banheira de
2 40
residência

Bebedouro 0,5 40

Bidê 1 40

Residencial 2 40
Chuveiro
Coletivo 4 40

Residencial 1 40
Lavatório
Coletivo 2 40

Válvula de descarga 6 75

Caixa de descarga 5 50

Mictório Descarga automá-


2 40
tica

De calha 2 50

Pia cozinha
3 50
residencial

Pia cozinha indus- Preparação 3 50

trial Lavagem de panelas 4 50

Tanque de lavar
3 40
roupas

Máquina de lavar
2 50
louças

Máquina de lavar
3 50
roupas

Tabela 15 - Unidade Hunter de contribuição dos aparelhos


Fonte: CREDER, 2012.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
98

Depois de acharmos os somatórios de UHC, verificamos o diâmetro dos ramais


de ventilação na tabela de dimensionamento de ramais de ventilação fornecida
pela NBR 8160/99, conforme Tabela 16:

GRUPO DE APARELHOS SEM BACIAS GRUPO DE APARELHOS COM


SANITÁRIAS BACIAS SANITÁRIAS

Número de
Diâmetro nominal Número de uni- Diâmetro nomi-
unidades
do ramal de dades Hunter de nal do ramal de
Hunter de
ventilação contribuição ventilação
contribuição

Até 12 40 Até 17 50

13 a 18 50 18 a 60 75

19 a 36 75 - -

Tabela 16 - Diâmetros das tubulações


Fonte: CREDER, 2012.
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
99

Veja agora o cálculo para achar os diâmetros das tubulações de esgoto:

DIMENSIONAMENTO TUBULAÇÃO DE ESGOTO

1. DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE DESCARGA

SANITÁRIO 1 SANITÁRIO 2 ÁREA DE SERV. COZINHA

Lavatório - 40 Lavatório - 40 Tanque - 40 Pia - 50


Chuveiro - 40 Chuveiro - 40 Máq. de lavar - 50
Banheira - 40 Vaso sanitário - 100
Vaso sanitário - 100

2. DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE ESGOTO

Sanitário 1: banheira mais aparelhos DN = 75


Sanitário 2: banheiro com 3 aparelhos sem banheira DN = 50
Área de serviço: com máquina de lavar e tanque DN = 75
Cozinha: com pia de 1 cuba DN = 50

3. DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE VENTILAÇÃO


UHC
SANITÁRIO 1 SANITÁRIO 2 ÁREA DE SERV. COZINHA

Lavatório - 1 Lavatório - 1 Tanque - 3 Pia - 3


Chuveiro - 2 Chuveiro - 2 Máq. de lavar - 3
Banheira - 2 Vaso sanitário - 6
Vaso sanitário - 6

TOTAL 11 TOTAL 9 TOTAL 6 TOTAL 3

Sanitário 1: com bacia sanitária até 17 UHC temos = 50 DN


Sanitário 2: com bacia sanitária até 17 UHC temos = 50 DN
Área de serviço: sem bacia sanitária até 12 UHC temos = 40 DN
Cozinha: sem bacia sanitária até 12 UHC temos = 40 DN

Após acharmos os tubos de ventilação, precisamos dimensionar também os


subcoletores.
Os subcoletores fazem as ligações dos ramais até a fossa séptica e usamos o di-
âmetro de 100 mm, no mínimo, nos sistemas de tratamento individual e de rede
pública de esgoto. Para os subcoletores, devemos usar tubos com diâmetro de
100 mm, no mínimo. Os ramais com diâmetro de 100 mm chegam até a caixa de
passagem que são ligadas pelos subcoletores também com diâmetro 100 mm até
as fossas sépticas quando é o caso de tratamento individual ou até a rede pública
de esgoto.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
100

4 OBSTRUÇÃO: 6.5 DIMENSIONAMENTO DE CAIXAS DE INSPEÇÃO, CAIXAS DE


Entupimento, barreira.
PASSAGEM E DE GORDURA

Todo sistema de esgoto para funcionar adequadamente é necessário ter as


caixas de passagem, de gordura e de inspeção. Elas fazem parte do sistema como
elemento constituinte e tem também uma função importante na própria manu-
tenção e de limpeza do sistema de esgoto.
5 SUMIDOURO:
a) caixas de inspeção: as caixas de inspeção devem ter no mínimo 0,60 m de
Reservatório enterrado
sem fundo e com paredes largura e comprimento e uma profundidade de no máximo 1 m para esgotos
vazadas para escoar líquido prediais acima de 5 pavimentos. Para residências, essas caixas podem ser
das fossas.
menores, com no mínimo de 0,30 m de largura e comprimento e a profun-
didade dependerá do declive das tubulações para facilitar o fluxo das águas
servidas;
b) caixas de passagem: o dimensionamento dessas caixas de passagem pode
ser de no mínimo de 0,20 m de largura e de comprimento e a sua profundi-
dade vai depender do nível da tubulação. Como são utilizadas geralmente
para mudança de direção do percurso da tubulação, servem também de cai-
xa de inspeção, caso haja alguma obstrução4 da tubulação;
c) caixas de gordura: as caixas de gordura quando fabricadas no local devem
ter a dimensão de 0,30 m por 0,50 m e dois compartimentos para acumular a
gordura, evitando a sua passagem para o esgoto público como na Figura 52.

As caixas de gordura são muito importantes no sistema de


esgoto porque a sua função é separar a gordura ou qual-
FIQUE quer óleo que venha junto com a água. A gordura não se
ALERTA mistura na água e nem deve ir para o sistema de tratamen-
to, pois ela não consegue ser eliminada; e se for para os
rios e oceano, será prejudicial para a natureza.

6.6 DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS E SUMIDOUROS

Você sabe o que é uma fossa séptica?


A fossa séptica é uma caixa construída em alvenaria, que recebe o esgoto da
residência com a função de separar o material sólido do líquido e transformá-lo
em águas servidas para que depois o líquido residual seja despejado no terreno.
Essa fossa tem a finalidade também de tratar o esgoto por meio de bactérias
anaeróbicas. As bactérias anaeróbicas são microorganismos que sobrevivem em
ambientes onde não há circulação de ar. Elas transformam a parte sólida do esgo-
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
101

to em gases, tornando-as substâncias solúveis, estas serão dissolvidas no líquido


residual, o qual será lançado no terreno por meio de infiltração. O líquido residual
será direcionado para o sumidouro5 que pode ser uma caixa feita em alvenaria
com paredes vazadas ou tubos dispostos nas paredes, permitindo que o líquido
passe pelos tubos e se infiltre no terreno. Veja na Figura 43.
Já as substâncias que as bactérias não conseguem transformar em solúveis,
como exemplo, os minerais, continuam em estado sólido e se depositam no fun-
do da fossa, formando o lodo.
Segundo a NBR 7229/93, devemos seguir algumas distâncias mínimas para ins-
talações de fossas sépticas a fim de oferecer segurança aos usuários. Por exemplo:
a) manter uma distância de 1,5 m de construções, limites de terrenos e de ra-
mais prediais de água potável;
b) manter uma distância de 3 m de árvores e de rede pública de abastecimen-
to de água;
c) manter um distância de 15 m de poços freáticos (artesianos) e de corpos de
água (rios, riachos e lagos).

Fossa séptica Sumidouro

Tampa fechada Tampa fechada

Entrada Saída
Lodo
1,50m

Parede Parede
vazada vazada
Brita

detalhe parede vazada


CORTE

Fossa séptica Sumidouro

infiltração
0,90m

infiltração

1,80m PLANTA BAIXA

Figura 44 -  Fossa séptica


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
102

DIMENSÕES DAS FOSSAS SÉPTICAS

Dimensões internas
Número de Capacidade
pessoas Comprimento (litros)
Largura (m) Altura (m)
(m)

Até 7 1,60 0,80 1,50 1.535

Até 9 1,80 0,90 1,50 1.945

Até 12 2,10 1,05 1,50 2.645

Até 15 2,35 1,15 1,50 3240

Até 20 3,00 1,20 1,50 4.320

Tabela 17 - Dimensões das fossas sépticas


Fonte: CREDER, 2012.

As fossas sépticas devem ser instaladas longe de qual-


VOCÊ quer poço artesiano ou fonte natural de água, evitando
que as águas residuais das fossas contaminem a água
SABIA? potável dessas fontes. Por isso a fossa deve ser projeta-
da por um profissional qualificado.

6.7 MATERIAIS E COMPONENTES

6.7.1 TUBOS

Os tubos para esgotos têm a função de coletar os dejetos e águas servidas e


conduzi-las de maneira segura até o esgoto público ou até as fossas, evitando
contaminar a rede de água potável. Também são feitos com PVC, assim como os
tubos para instalação de água fria, e eles possuem os seguintes diâmetros: 40 mm,
50 mm, 75 mm, 100 mm e 150 mm. Os tubos de PVC, apesar de terem resistência
aos efeitos da radiação solar, devem estar embutidos no piso e ou nas paredes.
O projeto de sanitário deve atender as recomendações em normas, seguindo
os dimensionamentos definidos para o seu perfeito funcionamento. Além disso,
deve seguir pelo menor trajeto, porque o sistema funciona por meio de gravida-
de com inclinações pequenas, no máximo 2%, para manter o fluxo dos dejetos.
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
103

CASOS E RELATOS

Esgoto a céu aberto


Em uma comunidade na periferia de uma cidade, era comum encontrar os
esgotos passando a céu aberto pelas ruas e sendo jogados no córrego que
passava próximo das casas.
Como outras comunidades da periferia, a presença de crianças brincando
na rua é muito grande e infelizmente o contato, direto ou indireto, com a
poluição advinda desses esgotos é muito maior. Sem considerar também
que, em períodos de chuvas, o esgoto junto com o córrego transborda e
as crianças dessa comunidade são as primeiras a sofrerem com as doenças
mais comuns como: micoses, difteria, leptospirose, entre outras.
A comunidade, então cansada desses problemas, une-se e resolve pedir
aos órgãos da prefeitura para fazer o saneamento básico e despejar o esgo-
to no sistema de tratamento livrando o córrego das águas poluídas.
O importante, como no caso dessa comunidade, é que a própria população
percebeu a importância de um sistema de esgoto apropriado para evitar as
doenças, principalmente, para as crianças.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
104

6.7.2 CONEXÕES

Todas as conexões utilizadas nas instalações de esgotos são de PVC, assim


como os tubos. Existem conexões para fazer a união dos tubos, para desviar ou
mudar a direção da tubulação e conexões para redução de diâmetro da tubula-
ção. Como os esgotos não recebem materiais em temperatura elevada, não ne-
cessita ser em material resistente como o CPVC.
As conexões mais usadas nas tubulações de esgotos são:

CRUZETA TÊ REDUÇÃO REDUÇÃO

TERMINAL DE VENTILAÇÃO CURVA 45º FLEXÍVEL CAP

CURVA DE 90º CURVA LONGA DE 90º CURVA E 45º

Figura 45 -  Conexões para água quente


Fonte: SENAI, 2013.
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
105

RECAPITULANDO

Neste capítulo de instalações prediais de esgoto, você conheceu os dois


tipos de sistemas de esgotos: o sistema combinado, que não é utilizado
no Brasil pelo seu custo elevado; e o sistema separado que utilizamos aqui,
que além do seu baixo custo, é vantajoso pela praticidade na sua execução.
Conheceu, também, os elementos constituintes, como tubulação, caixas de
passagens e caixas de gordura e a importância de todos esses elementos
para o sistema de esgoto predial.
Aprendeu a fazer dimensionamento das tubulações de esgoto utilizando
os ábacos para determinar o diâmetro correto dos tubos. Aprendeu tam-
bém como dimensionar uma fossa séptica e como localizar a fossa para não
contaminar o lençol freático e os poços artesianos.
Instalações de águas pluviais

Vamos conhecer mais sobre águas pluviais?


Como já vimos, as águas pluviais são todas as águas referentes às chuvas, pois a origem do
nome pluvial vem do latim “pluvium”, que significa “chuva”.
E para que serve uma instalação de águas pluviais?
A chuva faz parte do nosso dia a dia. No Brasil, temos chuvas praticamente o ano todo, com
períodos de chuvas mais constantes no inverno e mais intensas, geralmente, no verão.
Toda essa chuva deve ser captada e conduzida para um local apropriado. As instalações
visam somente captar e conduzir para a rede de esgoto macro. As águas das chuvas podem
ser utilizadas para reaproveitamento nas instalações das residências como água para limpeza
de chão ou para uso em vasos sanitários. No entanto, independente do uso, o destino final das
águas das chuvas são as estações de tratamento.

Quando for feito o reaproveitamento da água da chuva,


FIQUE sempre terá que fazer o tratamento dessa água, caso ve-
nha a ser utilizada como água potável. Mas o custo deste
ALERTA tratamento é caro, então, o seu reúso é mais fácil para va-
sos sanitários e serviços de limpeza.

Quando for feito o reaproveitamento da água da chuva, deve-se realizar o tratamento an-
tes. Geralmente, o reúso é feito para vasos sanitários e serviços de limpeza, mas caso o interes-
se seja em utilizar como água potável, o custo desse tratamento é caro.
A chuva hoje em dia é um grande problema para as cidades, uma vez que a grande con-
centração de edificações e de espaços pavimentados impossibilita o escoamento natural das
águas pluviais.
Nas edificações, as águas da chuva que caem no telhado são direcionadas para a rede de
esgoto pública, mesmo se elas não forem coletadas em calhas e conduzidas por tubos para os
esgotos.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
108

1 MURETA: Apesar de chamado de rede pluvial, as instalações de águas pluviais também


captam água proveniente de limpeza de chão.
Parede com pouca altura.

7.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES DE INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS

2 PERMEÁVEL:
A instalação pluvial será importante para coletarmos as águas da chuva que
cai no telhado e direcioná-las para os esgotos, mas é preciso alguns elementos
Que permite passar a água para o seu perfeito funcionamento, como as calhas, os tubos de descidas e a pró-
da chuva.
pria tubulação para direcionar a água.
a) telhado: os telhados serão os planos inclinados acima da edificação que
visam proteger a edificação das chuvas, que chamamos de água. O telhado
pode ser com beiral quando parte do telhado fica exposto, e com platibanda
que é o telhado escondido atrás de uma mureta1;
b) calhas de beiral: são os tubos que coletam as águas que caem no telhado
conduzindo até as tubulações de drenagem. Esses tubos não são cilindros
completos, são em formato de semicilindro para permitir a entrada da água
do telhado;
c) tubo de descida: são os tubos que fazem a ligação da calha descendo até
uma caixa de passagem ou a outra tubulação;
d) calha de piso: é uma calha como a do telhado, sendo fechada na parte su-
perior por uma grade. E tem a finalidade de receber a água do piso e direcio-
ná-la para uma caixa coletora;
e) caixa de passagem: caixa que fica no chão e recebe as tubulações de águas
pluviais e também serve de inspeção para eventual manutenção ou limpeza;
f) tubos de drenagem: são tubos com furos que ficam enterrados no chão,
geralmente embaixo de área permeável2, ou seja, enterrados no chão e ge-
ralmente em áreas de jardim para captar as águas que penetram no solo;
g) área de contribuição: é a soma das áreas que recebem as águas da chuva e
que depois são conduzidas por calhas até o local de despejo.
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
109

7.2 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS

O dimensionamento das tubulações de águas pluviais será importante para


garantir que a água da chuva seja direcionada corretamente para o esgoto.

7.2.1 DIMENSIONAMENTO DE CALHAS DE TELHADO

Você já viu aquela mancha na base de uma parede de fachada? Pois bem, a
mancha é provocada pela umidade intensa na parede por causa da falta de uma
calha que capte a água e direcione para um esgoto. Vamos aprender a dimensio-
nar uma calha para evitar essas manchas na parede?
Começamos com o cálculo da área de contribuição do telhado, que é a área do
telhado que receberá a chuva para em seguida vermos o cálculo da vazão dessa
água da chuva que cai no telhado e assim podermos dimensionar as calhas.
Cálculo da área de contribuição:

Ac =
( a+h
2 ( xb

Sendo:
Ac: área de contribuição (m²)
a: largura da água (plano do telhado) (m)
h: altura do telhado (m)
b: comprimento do telhado (m)
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
110

Para melhor compreensão, observe a Figura 46 e veja o que se refere às letras


a, h e b.

a
h
b

h
a

Figura 46 -  Desenho de um telhado e suas medidas


Fonte: SENAI, 2013.

Cálculo da vazão de contribuição do telhado:

Q = i×Ac
Sendo:
Q = vazão de escoamento
i = intensidade de chuva na região para período de retorno de 5 anos
Ac = área de contribuição m²

Cálculo do número de tubos de descida:


A quantidade de tubos de descida você conseguirá facilmente.
Nc = Ac
At
Sendo:
Nc: número de tubos de descida
Ac: área de contribuição m²
At: área de telhado m²
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
111

Cálculo da distância entre os tubos de descidas:


d= b
(Nc - 1)
Sendo:
d: distância entre tubos de descida (m)
b: comprimento total do plano do telhado (m)
Nc: Número de tubos de descida

AT – ÁREA DE TELHADO QUE AT – ÁREA DE TELHADO QUE


LOCALIDADES UM BOCAL RETANGULAR UM BOCAL CIRCULAR
PODE ESCOAR (M²) PODE ESCOAR (M²)

Aracaju - SE 137,7 175,8

Belém - PA 107,01 136,61

Belo Horizonte -
74,01 94,49
MG

Cuiabá – MT 88,42 112,89

Curitiba – PR 82,35 105,14

Florianópolis – SC 140,0 178,74

Fortaleza – CE 107,69 137,49

Goiânia – GO 94,38 120,50

João Pessoa – PB 120,0 153,20

Maceió – AL 137,7 175,80

Manaus – AM 93,33 119,16

Natal – RN 140,0 178,74

Porto Alegre – RS 115,07 146,91

Porto Velho - RO 100,60 128,43

Rio Branco – AC 120,86 154,3

Rio de Janeiro – RJ 96,55 123,27

Salvador – BA 137,7 178,8

São Luis – MA 133,33 170,22


PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
112

3 PLUVIOMÉTRICA:
AT – ÁREA DE TELHADO QUE AT – ÁREA DE TELHADO QUE
LOCALIDADES UM BOCAL RETANGULAR UM BOCAL CIRCULAR
Relacionado à chuva. PODE ESCOAR (M²) PODE ESCOAR (M²)

São Paulo – SP 97,67 124,70

Teresina – PI 70,0 89,37

Vitória – ES 107,69 137,49

Tabela 18 - Área de telhado


Fonte: CREDER, 2012.

Vamos aplicar esses conceitos em um exemplo prático para maior fixação?


Então, imaginemos calcular a quantidade de tubos de descida para um telha-
do de uma residência de quatro águas, sendo que são pares de águas iguais, um
par com 4,55 m de comprimento e 10,55 m de largura e o outro par de água com
5,5 m e 9,10 m de largura, para uma residência em Belo Horizonte.

1o CÁLCULO DE ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO

( ( ( (
Ac = a + h x b Ac = a + h x b
2 2

( ( ( (
Ac = 4,55 + 1,6 x 10,47 Ac = 5,24 + 1,6 x 9,10
2 2

Ac = 5,35 x 10,47 Ac = 6,04 x 9,10

Ac = 56,01m2 Ac = 54,96m2

2o CÁLCULO DO NÚMERO DE TUBOS DE DESCIDA

Np = Ac Np = Ac
At At

Np = 56,01 Np = 54,96
74,01 74,01

Np = 0,75 Np = 0,74

Np = 1 tubo de descida Np = 1 tubo de descida

3o CÁLCULO DA DISTÂNCIA ENTRE OS TUBOS DE DESCIDA

Como só vai precisar de um único tubo de descida por água do


telhado não precisa fazer o cálculo da distância entre os tubos.
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
113

7.3 DIMENSIONAMENTO DE CALHAS DE PISO

As águas da chuva tanto caem no telhado como no chão, então, o que faze-
mos com essa água que cai no chão? Temos que coletá-la e direcioná-la para um
esgoto, assim não ficam as poças d’água paradas.
Para se dimensionar as calhas de piso para captar as águas das chuvas ou de
lavagem de pisos, deve-se ter primeiro o índice de intensidade pluviométrica3, ou
seja, a quantidade de chuva da região, calculada em milímetros por hora.
Esse índice de intensidade pluviométrica, você consegue na NBR 10844/89.

INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)


PERÍODO DE RETORNO (ANOS)

LOCAL 1 5 25

Aracaju – SE 116 122 126

Belém – PA 138 157 185 (20)

Belo Horizonte - MG 132 227 230 (12)

Cuiabá – MT 144 190 230 (12)

Curitiba – PR 132 204 228

Florianópolis – SC 114 120 144

Fortaleza – CE 120 156 180 (21)

Goiânia – GO 120 178 192 (17)

João Pessoa – PB 115 140 163 (23)

Maceió – AL 102 122 174

Manaus – AM 138 180 198

Natal - RN 113 120 143 (19)

Porto Alegre – RS 118 146 167 (21)

Porto Velho 130 167 184 (10)

Rio Branco – AC 126 139 (2) X

Rio de Janeiro - RJ 122 156 174 (20)

Salvador – BA 108 122 145 (24)

São Luiz – MA 120 126 152 (21)


PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
114

4 EMPOÇAMENTOS:
INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)
PERÍODO DE RETORNO (ANOS)
Poças d’águas.
LOCAL 1 5 25

São Paulo – SP 122 132 X

Teresina – PI 154 240 262 (23)

Vitória – ES 102 156 210

Período de retorno de 1 ano será utilizado para áreas pavimentadas onde possam ter
alguns empoçamentos . Período de retorno de 5 anos, para ser utilizados em terraços.
Período de 25 anos, para ser utilizados em coberturas e áreas que não possam ter empo-
çamentos4.

Tabela 19 - Tabela de intensidade pluviométrica


Fonte: CREDER, 2012.

Cálculo da vazão total


Depois de termos verificado o índice de intensidade pluviométrico, calcula-
mos a vazão total pela fórmula:
V= (H xS)
3600
Sendo:
V: vazão total (litros/segundo)
H: índice pluviométrico (mm/hora)
S: área da superfície a ser drenada (m²)

Cálculo do número de tubos de saídas


Tubos de saídas são os tubos que saem das calhas para o escoamento das
águas.
Após encontrar a vazão total, temos que descobrir o número de tubos de saí-
das, que podemos determinar por meio da fórmula:
N= V
Vtubo
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
115

Sendo:
N: número de tubos de saídas
V: vazão total (litros/segundo) da equação da vazão
Vtubo: vazão de cada tubo de drenagem (litros/segundo)

A Vtubo pode ser encontrada na Tabela 20 que contém a vazão dos tubos de
drenagem para diferentes declividades.

DECLIVIDADE %
DIÂMETRO
DO TUBO 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 3,0% 5,0% 10,0%
DE PVC (DN)
Vazão (l /s)

100 2,76 3,9 4,78 5,51 6,76 8,72 12,33

75 1,19 1,61 2,07 2,39 2,93 3,78 5,34

50 0,35 0,5 0,61 0,71 0,87 1,12 1,58

40 0,17 0,24 0,29 0,34 0,41 0,54 0,76

Tabela 20 - Vazão dos tubos


Fonte: CREDER, 2012.

Cálculo do diâmetro para calhas


Após calcularmos o número de tubos de saídas, vamos encontrar qual será o
melhor diâmetro para escoar a água na área desejada.
Depois de encontrada a vazão do trecho, localizamos na tabela de vazão das
calhas e declividade, o tipo de calha adequado. Para isso, utilizamos a seguinte
fórmula:
Vtrecho = V
N
Sendo:
V trecho: vazão em cada trecho de calha entre duas saídas para tubos de dre-
nagem
V: vazão total (litros/segundos)
N: número de tubos de saídas de drenagem
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
116

DECLIVIDADE %

TIPO DE 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 3,0% 5,0% 10,0%


CALHA

Vazão (l /s)

Calha de piso
8,98 127 15,55 17,96 21,99 28,4 40,16
normal DN 130

Calha de piso
17,37 24,57 30,09 34,77 42,55 54,94 77,69
normal DN 200

Calha de piso
reforçada 1,27 1,8 2,2 2,54 3,12 4,02 5,69
130x75

Calha de piso
reforçada 8,98 12,7 15,55 17,96 21,99 28,4 40,16
130x148

Tabela 21 - Tabela vazão das calhas em relação com a declividade


Fonte: CREDER, 2012.

Para aumentar a quantidade de absorção de água pelo


VOCÊ solo e manter o ciclo da água, atualmente é mais inte-
SABIA? ressante evitar grandes áreas externas pavimentadas.
Além de diminuir o calor em área urbana.

Vamos aprender a fazer os cálculos com um exemplo. Nele, iremos dimensio-


nar o sistema de drenagem de um terreno com 17 m de frente e 28 m de pro-
fundidade, localizado na cidade de Porto Alegre. Considerando um período de
retorno de 5 anos.
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
117

DIMENSIONAMENTO DE CALHAS DE PISO

1o Área do terreno 2o

S = 17 x 28 = 478 m2 V = (H x S)
S = 478 m2 3600

Pela tabela de índice pluviométrico V = (167 x 478)


3600
H = índice pluviométrico de Porto Alegre = 167 mm/h V = 79826
H = 167 mm/h 3600

Pela tabela de vazão dos tubos de drenagem para diferentes V = 22,17 l/s
declividades consideraremos DN de 100 com declividade de 1%
V tubo = 3,9%

3o Cálculo para o número de saída de calha 4o Cálculo da vazão por trecho de calha

N= V V = 22,17
trecho
Vtubo 6

N = 22,17 V = 3,89 l/s


trecho
3,9
28 m
N = 5,68 saídas

N = 6 saídas
17 m

7.4 MATERIAIS E COMPONENTES

7.4.1 TUBOS

Os tubos para águas pluviais têm a função de coletar as águas das chuvas e
conduzi-las para a rede pública, separadamente da rede de esgoto. As águas plu-
viais são despejadas em rios, lagoas ou no mar. Não existe um sistema de trata-
mento para água pluvial. Os tubos são feitos com PVC e eles devem ter diâmetro
interno de, no mínimo, 70 mm, como determina a NBR 10844/89.
Os tubos de PVC, apesar da sua resistência aos efeitos da radiação solar, devem
estar embutidos no piso e/ou paredes, porém, nos casos de condutores verticais,
ou até mesmo das calhas em PVC, pode ser que não haja condição de deixá-los
embutidos, portanto, deve-se sempre fazer manutenção periódica da rede de
águas pluviais.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
118

Nos casos de tubos para condutores horizontais no piso, estes devem estar sim
embutidos no piso para evitar danificação.

CASOS E RELATOS

Uma calha mal-instalada


Em uma certa obra, o proprietário resolveu colocar calha no beiral do telha-
do, antes mesmo de terminar a obra. Isso por que, no dia a dia, percebeu
que o volume de água que caía do telhado era muito grande e deixava a
parede externa da casa muito úmida.
Conversando com o técnico responsável pela obra, decidiram por colocar
calha em toda a extensão do telhado, assim a calha receberia a água da chu-
va e direcionava para outro local, longe da parede da casa. O pensamento
foi pertinente, exceto por um simples problema: eles não dimensionaram
a quantidade de água do telhado. E no momento da chuva, a calha não
deu vazão para a quantidade de água e o problema inicial continuou, pois
a calha encheu e transbordou, continuando a umedecer a parede da casa.
A solução foi bem simples, bastou acrescentar mais um tubo de descida e a
calha funcionou perfeitamente, evitando a umidade da parede.

7.4.2 CONEXÕES

Em casos de calhas de PVC temos, no mercado, dois tipos. A depender da for-


ma da sua seção, podem ser com formato circular e retangular.
Para a instalação das calhas em PVC, existem suportes apropriados para fixa-
ção das peças de madeira no telhado, junto ao beiral e das peças que fazem as
conexões e encaixes, assim como o fechamento lateral com saída, para o tubo de
descida.
Existem também as calhas feitas com outros materiais, como zinco, alumínio e
alvenaria. Essas calhas, geralmente, são feitas por encomenda, de acordo com o
tamanho necessário, ou então, como nos casos de alvenaria, são feitas no próprio
local. Para essa situação, elas devem ser impermeabilizadas para evitar infiltração
e não danificar a construção.
7 INSTALAÇÕES DE ÁGUAS PLUVIAIS
119

Figura 47 -  Conexões e peças para calhas em PVC


Fonte: SENAI, 2013.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos sobre instalações de águas pluviais que tratam


sobre a captação de água da chuva, além disso, conhecemos os elementos
constituintes do telhado, item essencial das instalações das águas pluviais.
Aprendemos, também, a calcular o dimensionamento do volume da água
da chuva no telhado e o dimensionamento das tubulações. Além disso, ob-
servamos que água da chuva pode ser reutilizada em serviços de limpeza
e em vasos sanitários. Por fim, calculamos a quantidade de água prevista
para cair sobre o piso e dimensionamos a quantidade e capacidade da va-
zão das calhas de piso a fim de evitar o acúmulo de água, que por sua vez,
formariam poças d´águas.
Sistemas de captação
e reúso de água

Você já ouviu falar em reúso de água?


Reúso é quando utilizamos novamente a água do chuveiro em um vaso sanitário, ou a água
da máquina de lavar para outra finalidade.
Ultimamente, fala-se muito em reutilização da água para consumo nas residências.
As cidades são abastecidas por sistemas de distribuição de água potável. Essas águas são
usadas em nossas residências para banhos, vasos sanitários, pias de cozinha e áreas de servi-
ços. No entanto, usamos essa água potável de maneira descontrolada usando para lavagem de
calçadas, para irrigar jardins e lavagens de carros.
É provável que a sua resposta seja positiva. Ultimamente, fala-se muito em reutilização da
água para consumo em residências. Vamos analisar esse reúso nas residências?
Já sabemos que as cidades são abastecidas por sistemas de distribuição de água potável e
ela é destinada em nossas residências, geralmente, para banhos, vasos sanitários, pias de cozi-
nha e áreas de serviços. No entanto, o uso da água potável é descontrolado quando utilizamos
para lavar calçadas, irrigar jardim e lavar carros, tendo em vista que para essa finalidade o reúso
de água é o mais adequado.
A água potável do mundo está sendo consumida sem controle. Mesmo no Brasil, onde te-
mos certa abundância1, já sentimos a necessidade de nos reeducarmos com relação ao consu-
mo e começarmos a nos sacrificarmos para utilizar a água de maneira mais racional.

VOCÊ De toda água do mundo, a água potável representa me-


nos de 1%, apenas, de toda água existente no mundo.
SABIA? Assustador, não é mesmo?

Então, é importante ter consciência da importância do uso racional da água, principalmen-


te, em nossas residências.
Vamos aprender como podemos fazer o reúso da água consumida?
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
122

1 ABUNDÂNCIA: Os estudos mostram que uma pessoa utiliza diariamente 200 l de água por
dia. Essa quantidade de água pode ser usada para o nosso uso, mas seria muito
Em grande quantidade.
melhor se parte desses 200 l viesse de um reúso de água. Diminuiríamos a ne-
cessidade de usarmos 200 l de água potável. Segundo o livro de Hélio Creder,
encontramos os percentuais de consumo de água apontados no Quadro 1, nas
nossas residências:
2 DILUIÇÃO:

Menos denso, dissolvido. PERCENTUAL CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL

33% vaso sanitário

27% cozinhar, beber água

25% banho, escovar os dentes

3 AUTODEPURAÇÃO 12% lavagem de roupa

Autolimpeza. 3% lavagem de carros, calçadas

Quadro 1 - Consumo de água potável


Fonte: CREDER, 2012.

Por este quadro com os percentuais de consumo, vemos que 200 l de água
potável vai ser utilizada para limpar o vaso. Mas se ao invés de água potável uti-
lizássemos a água do chuveiro que iria para o esgoto, poderia ir para um vaso
sanitário.
Atualmente, várias instituições, pelo Brasil e pelo mundo, vêm investindo em
novas tecnologias e estudos para criar um sistema eficiente de reúso de água
cinza, as águas provenientes de banhos, lavagem de roupa e pias de sanitários.
Todo esse investimento serve para trazer benefícios à natureza uma vez que pre-
cisaremos de menos água potável para o nosso consumo.
Temos três tipos de reúso de água, sendo que dois são para atender a popula-
ção inteira de uma cidade e um que atende apenas a residência:
a) reúso indireto não planejado: ocorre quando a água utilizada pelo con-
sumo humano é despejada nos corpos de água, como rios, e é usada mais
adiante sem ter passado por nenhum tipo de tratamento, apenas o natural
como diluição2 e autodepuração3;
8 SISTEMAS DE CAPTAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA
123

CIDADE B

CORPO DE ÁGUA (RIO)

CIDADE A

Figura 48 -  Reúso indireto não planejado


Fonte: SENAI, 2013.

b) reúso indireto planejado: ocorre quando a água consumida é despejada


em alguma estação de tratamento e em seguida elas são derramadas, de
forma controlada, nos corpos de água, como os rios. Esse é o processo que
ocorre nas estações de tratamento de esgotos;

CIDADE B

CORPO DE ÁGUA (RIO)

CIDADE A

Figura 49 -  Reúso indireto planejado


Fonte: SENAI, 2013.

c) reúso direto: ocorre quando a água consumida, após receber tratamento, é


enviada diretamente da descarga para o local do reúso sem descarregar no
meio ambiente, por exemplo, o método utilizado em área urbana, como nos
prédios e nas residências, em que utiliza as águas pluviais.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
124

CHUVA

VASO
SANITÁRIO

RESERVATÓRIO

Figura 50 -  Esquema de reúso de água da chuva para o vaso


Fonte: SENAI, 2013.

8.1 SISTEMAS DE CAPTAÇÃO PARA ÁGUA DE CHUVA

Uma forma atual e barata de reúso são as águas de chuva captadas, que po-
dem ser reutilizadas como tecnologia sustentável para reduzir o consumo de
água potável em edificações.
O sistema consiste em captar a água da chuva para conduzi-la a um reser-
vatório que é denominado de cisterna, construída, geralmente, abaixo do solo.
A cisterna, abaixo do solo, mantém a temperatura da água resfriada evitando a
proliferação de bactérias e algas, conservando a água armazenada em melhores
condições de uso.
O reúso da água pode diminuir, em 30%, o custo de uma conta de água, ape-
nas com a reutilização em vasos sanitários. Isso se deve ao custo, ainda baixo para
o sistema de reúso em relação ao de água potável, em que o tratamento da água
é mais alto.
Toda água, independente da origem, chuva ou esgoto, deve ser tratada, ade-
quadamente, seguindo as orientações da NBR 15527/2007.
8 SISTEMAS DE CAPTAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA
125

O uso da água da chuva será para:


a) vaso sanitário;
b) lavagem de pisos e calçadas;
c) lavagem de carros;
d) reservas de incêndio;
e) umedecimento de jardins e praças públicas;
f) resfriamento de caldeiras, nas indústrias.

Apesar da água ser da chuva, e não do esgoto, o seu uso


jamais deve ser para consumo potável, como para beber,
FIQUE banhos e cozinhar alimentos. As águas das chuvas, geral-
ALERTA mente, estão contaminadas por substâncias provenientes
da poluição do ar e por fezes de animais depositadas nos
telhados.

Veja, na figura 51, como funciona um sistema de reúso de água da chuva. A


água da chuva que cai no telhado é captada pelas calhas, conduzidas por tubos
de descida até um filtro para purificar e eliminar partículas sólidas. Em seguida,
é armazenada em uma cisterna ou reservatório submerso onde, por meio de
bomba, esta água é impulsionada para outro reservatório superior que distribui a
água de reúso para o vaso sanitário e torneira externa. Observe que o reservatório
de água potável não pode ser ligado ao reservatório de reúso.

RESERVATÓRIO
POTÁVEL

TELHADO

RESERVATÓRIO
REUSO
CAPTAÇÃO DE CHUVA

CALHA

VASO
TUBULAÇÃO SANTÁRIO

FILTRO

BOMBA ELEVATÓRIA

RESERVATÓRIO

Figura 51 -  Residência com reúso de água pluvial


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
126

4 ONEROSO: O reaproveitamento de água pluvial é indicado para:

Muito gasto, muito custo. a) residências de um ou dois pavimentos;


b) prédios residenciais e comerciais;
c) indústrias;
d) uso agrícola.
5 DESCONTAMINAÇÃO:
O uso agrícola é o sistema mais econômico de reaproveitamento, porque o
Retirada de impurezas, de sistema ainda é menos oneroso4 que o aproveitamento de água de esgoto, o qual
microorganismos.
o processo de descontaminação5 é muito mais caro e complexo.

8.1.1 POR QUE REUTILIZAR A ÁGUA?

Um dos pontos mais fortes no reúso da água está em racionalizar os recursos


hídricos para fins mais importantes como o consumo humano e com mais quali-
dade.
Outro aspecto importante é visar a saúde pública, nesse caso, de competência
maior dos órgãos públicos, os quais cuidam das estações de tratamento de esgo-
tos e meio ambiente, ponto final de todo o processo de reúso.
Em breve, a escassez de água potável será tão grande, que a água será um dos
bens mais valiosos que irá existir na humanidade. Países com grandes reservas de
água, talvez, tenham certa folga, mas, mesmo esses países, terão, também, que
racionalizar o uso, e partir para o reúso.
8 SISTEMAS DE CAPTAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA
127

RECAPITULANDO

Vimos que a reutilização da água é atualmente um dos meios mais corretos


para diminuir o consumo desnecessário de água potável. O reúso da água
pode ajudar a economizar a conta de água em até 30% do valor, se a água
for utilizada racionalmente, por exemplo, a água do chuveiro ou da chuva
ser reutilizada nos vasos sanitários. E aprendemos a importância da reu-
tilização na preservação do meio ambiente, evitando a escassez de água
potável.
Aplicativos computacionais para
projetos de instalações hidráulicas e
a gás predial

Você sabe o que são os aplicativos computacionais?


Os aplicativos computacionais são programas de computadores. Hoje, com a tecnologia, os
computadores fazem parte do nosso dia a dia, ajudando-nos em nossas tarefas.
Se fizermos uma breve história da humanidade, veremos o quanto estamos em evolução.
Imaginemos os construtores do Egito antigo, em que os cálculos eram simples e geralmente
feitos no local da obra. Claro que era outro tipo de construção, de trabalho, e nada comparável
ao que temos hoje.

Antigamente os cálculos eram feitos com instrumentos


manuais com esferas que corriam de um lado para ou-
VOCÊ tro, agilizando um cálculo matemático mais complexo.
SABIA? Foram os indianos os responsáveis pela nossa matemá-
tica moderna e ainda hoje eles são considerados os me-
lhores matemáticos.

Com o passar dos anos, fomos evoluindo, tornando nossos cálculos cada vez mais comple-
xos diante de uma necessidade de transformação dos costumes.
Vemos, por exemplo, os cálculos para um projeto, no qual temos cálculo estrutural, cálculo
hidráulico e elétrico. São muitos dimensionamentos existentes em um único projeto. Quanto
mais complexo o projeto, maior a demanda de cálculos e maior o tempo gasto para a execução
dessa tarefa.
Imaginemos também que toda essa complexidade exige uma atenção e cuidado para evitar
erros. Um projeto não deve ser iniciado se apresenta um erro, por menor que ele seja. O erro
pode representar um gasto a mais do que o previsto, sem falar na perda de tempo.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
130

Apesar de a informática ser uma grande ferramenta para


aperfeiçoar os cálculos e os projetos, devemos ficar sem-
FIQUE pre atentos às inovações que acontecem rapidamente e ao
ALERTA cuidado na execução do projeto, uma vez que somos nós
que manuseamos os computadores e somos responsáveis
pelos erros.

Em nossa evolução, passamos dos cálculos feitos à mão para a máquina de cal-
cular. Como a tecnologia facilita a nossa vida, facilita também os serviços dos pro-
fissionais da engenharia. Assim que surgiu o personal computer (PC), que significa
computador pessoal, surgiram também os sistemas operacionais. Esses sistemas,
denominados softwares, dão suporte para os programas operarem.
Confira na Figura 52 um exemplo de um computador doméstico da primeira
geração, em que podemos observar uma CPU ligada a uma televisão comum e a
um gravador antigo de fita cassete para armazenar os dados, ao invés de um CD.

PRIMEIRA GERAÇÃO DE COMPUTADORES PESSOAIS


UTILIZAVAM A TV PARA SERVIR DE MONITOR E
GRAVADORES DE FITA CASSETE PARA ARQUIVAR OS DADOS

Figura 52 -  Computador doméstico da primeira geração


Fonte: SENAI, 2013.

Os sistemas operacionais também já possuem vários recursos que agilizam


nossas tarefas. Sabendo utilizar os recursos, poderemos agilizar funções de agen-
damento, digitalização de cálculos, tarefas, orçamentos e contabilidade. Pratica-
mente, temos um funcionário administrativo virtual descomplicando nossas tare-
fas, executando cálculos ou mesmo serviços com maior agilidade e menos tempo
de serviço.
Na figura 53 já temos um computador da segunda geração. Esse modelo ainda
é utilizado. Ele é composto por uma CPU ligada a um monitor, a um teclado para
digitarmos e a um mouse.
9 APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E A GÁS PREDIAL
131

SEGUNDA GERAÇÃO DE COMPUTADORES PESSOAIS


CONJUNTO FORMADO POR TECLADO, MONITOR, MOUSE E CPU.

Figura 53 -  Computador doméstico da segunda geração


Fonte: SENAI, 2013.

Vários softwares foram desenvolvidos para a engenharia, seja para cálculos


estruturais, hidrossanitário ou elétrico. Com esses softwares, além dos cálculos
de dimensionamento, o serviço pode ser finalizado, inclusive com representação
gráfica.
Os computadores de terceira geração são mais compactos, não precisam de
uma CPU externa. Eles são CPU e monitor ao mesmo tempo, são portáteis poden-
do ser levados a qualquer lugar.

NOTEBOOK
COMPUTADOR PESSOAL
COMPACTO E PORTÁTIL

Figura 54 -  Computador da terceira geração


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
132

Hoje em dia, os softwares específicos para projetos de hidráulica são cada vez
mais utilizados pelos profissionais e pelos escritórios, porque facilitam a execução
dos projetos, otimizando os cálculos para dimensionamento de tubulações.
Anteriormente, os cálculos eram feitos manualmente e se perdia muito tempo
para dimensionar o projeto por meio dos recursos dos ábacos e fórmulas. E mui-
tas vezes, no próprio processo do cálculo, era necessário refazer até chegar a um
resultado que viabilizasse o projeto.
Agora, a vantagem dos softwares sobressai, porque basta alimentá-los com os
dados do projeto, que o próprio programa já vai produzindo o dimensionamento
rapidamente e com uma garantia de acerto muito maior, aumentando a produ-
tividade.
Geralmente, esses programas se utilizam de representação gráfica 3D, a qual
possibilita um resultado bem concreto, facilitando o entendimento para todos
os envolvidos com o projeto. Essa vantagem substitui os desenhos manuais das
perspectivas isométricas.
Além disso, a automatização dos cálculos já é baseada nas orientações das
normas da ABNT e as tubulações e conexões são lançadas diretamente na pers-
pectiva isométrica virtual e fornecendo as quantidades de tubos e conexões.

CASOS E RELATOS

A falta de interação dos projetos


Em um escritório de engenharia que executa vários projetos complementa-
res, como projeto de hidrossanitário, elétrica, telefonia, lógica e estrutura, é
necessário ter uma equipe trabalhando em sintonia.
Essa sintonia é chamada de compatibilização de projetos, que serve para
estudar todos os projetos de uma única vez para ver se todos se encaixam.
Mas, infelizmente, um técnico desenvolveu o projeto de hidráulica, sem sa-
ber que houve uma mudança da estrutura, alterando assim algumas medi-
das, pois esqueceram de avisá-lo.
A falta de comunicação gerou um problema tão complicado para ser resol-
vido que o proprietário do escritório resolveu investir no sistema BIM, que
é uma nova forma de trabalhar os projetos com um software que integra
todos os projetos, permitindo uma visualização rápida e possibilitando de-
tectar possíveis alterações antes dos projetos serem liberados para a execu-
ção na obra. O retorno foi excelente para todo o escritório.
9 APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E A GÁS PREDIAL
133

Existem no mercado vários modelos de softwares para projeto de hidráulica e


de gás predial, mas as especificações são sempre as listadas a seguir:
a) compatibiliza os dados fornecidos por outros softwares de CAD para o
software de hidráulica;
b) converte os blocos de CAD para peças virtuais como vasos sanitários, chu-
veiros, pias e lavatórios;
c) simula os encaixes adequados com as conexões e tubos com as dimensões
já calculadas;
d) cria legenda automaticamente com informações sobre as peças hidráulicas
utilizadas no projeto, usando a simbologia determinada em norma da ABNT;
e) facilita o dimensionamento das tubulações para edificações de vários pa-
vimentos, levando-se em considerações cálculo de perdas e recalques das
tubulações;
f) dimensiona o cálculo de bombas para o abastecimento das redes de água
fria das edificações;
g) dimensiona as tubulações de esgoto, os ramais de ventilação e tubos de
queda para água pluvial, baseado no índice pluviométrico da região;
h) dimensiona as fossas sépticas e sumidouros.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
134

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos que a informatização entrou no mundo dos escritó-


rios de projetos para a construção civil, facilitando e agilizando a produção.
Estudamos que a era da informática é recente e que a sua utilização e seu
avanço, apesar do tempo, são rápidos. Hoje temos softwares que auxiliam
na execução de projetos que antes levavam semanas para ficar prontos,
mas agora são resolvidos em dias e com eficiência, desde que tenha profis-
sionais bem treinados.
9 APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E A GÁS PREDIAL
135

Anotações:
Desenhos de instalações
hidrossanitárias

10

Você agora aprenderá sobre o projeto de hidráulica, conhecido como projeto hidrossani-
tário.
Nos capítulos anteriores, aprendemos os cálculos para um projeto de uma residência de 2
quartos, com 3 sanitários, sala, cozinha e área de serviço. No mesmo exemplo de edificação, co-
nhecemos, também, a instalação de água quente com aquecedor solar, e este projeto hidros-
sanitário também mostrará a instalação de água quente com seus elementos constituintes,
como vimos no capítulo 5.
O projeto hidráulico só deve ser começado depois que o profissional tiver em suas mãos
o projeto arquitetônico com as definições de corte, representando as alturas de telhado e de
pé-direito.
Como você pôde ver nos cálculos anteriores, todas as medidas da edificação são importan-
tes como dados para a realização dos cálculos. É importante obter os jogos completos de plan-
tas da edificação como planta baixa, cortes e fachadas para o caso das instalações de calhas e
drenos de água pluvial do telhado.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
138

10.1 SIMBOLOGIAS

Todo projeto deve ser representado graficamente, seguindo as normas téc-


nicas da ABNT. Para o projeto hidrossanitário, temos algumas simbologias que
facilitam a leitura do projeto gráfico, como podemos ver na figura 55.

SIMBOLOGIA PARA PROJETOS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS

ÁGUA FRIA TÊ 90º JOELHO COM SAÍDA P/ CIMA


RALO SIFONADO
ÁGUA QUENTE TÊ 45º
JOELHO COM SAÍDA P/ BAIXO PONTO DE ÁGUA
INCÊNDIO
CRUZETA COLUNA DE ÁGUA QUENTE
FOSSA
JOELHO 90º COLUNA DE ÁGUA FRIA
REDUÇÃO CAIXA DE GORDURA
JOELHO 45º CAIXA DE INSPEÇÃO
VÁLVULA DE PÉ COM CRIVO
UNIÃO
JOELHO 90º
REGISTRO DE GAVETA AF-2 TUBO QUE SOBE COLUNA
LUVA 50
DE ÁGUA FRIA Nº2
JOELHO 45º
DIÂMETRO DE 50 mm
HIDRÔMETRO
CURVA 90º TÊ COM SAÍDA P/ CIMA AQ-2
TUBO QUE DESCE COLUNA
1/2” DE ÁGUA QUENTE FRIA Nº1
CURVA 45º TÊ COM SAÍDA P/ BAIXO VÁLVULA DE RETENÇÃO DIÂMETRO DE 20 mm

Figura 55 -  Legenda para tubulação


Fonte: SENAI, 2013.

Apesar de a norma estabelecer a simbologia dos proje-


tos de hidrossanitário, algumas regiões utilizam símbo-
VOCÊ los próprios de acordo o costume da região. Nesse caso,
SABIA? é bom sempre conhecer a simbologia adotada em sua
cidade para evitar uma interpretação errônea do proje-
to.

Assim, com o conhecimento da simbologia para projeto hidrossanitário fica


mais fácil a compreensão da planta baixa pelos profissionais envolvidos na obra.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
139

10.2 PLANTA BAIXA

Na planta baixa, teremos as distâncias, a localização das peças sanitárias, como


vasos sanitários, lavatórios, chuveiros e pias, além das áreas livres para instalação
de fossas sépticas e sumidouro. Essas distâncias são fornecidas pelas cotas.

9.10
0.15 3.00 0.15 1.50 0.15 1.25 1.50 1.25 0.15
Proj. cobertura
0.50x0.50 1.50x1.20
h=1.80 h=90
0.15
0.15

.15 1.05 .15


1.50x1.20
h=90 Banhe.
3.20m2
2.75
1.50x1.20

Cozinha Quarto
h=90
3.50

10.65m2 14.20m2
0.80x2.10

0.60x2.10
Hall
1.20x2.10 1.50m2 78.10 .15
1.95
0.15

Proj. cobertura

A A
1.50x1.20

150

Sala
3.50

h=90

30.80m2 Resp. Técnico


Projeto
0.15 1.00

1.50x1.20 1.50x1.20 EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR


h=90 h=90
PROJETO ARQUITETÔNICO
0.15

0.80x2.10
Proprietário
0.75 1.50 3.40 1.50 0.75 0.80 0.25
Local

Planta Folha
PLANTA BAIXA 1/7
Data Escala Desenho

Figura 56 -  Planta baixa da residência


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
140

10.3 CORTES

Nas pranchas, ou seja, nos papéis onde está desenhado o projeto, que repre-
sentam os cortes, teremos as definições das alturas da edificação, importante
para cálculos de vazão de água pluvial e definição do posicionamento de placas
solares do aquecimento e a posição da caixa d’água.

1,14
.46
.15
solar
Placa

Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
CORTES 2/7
Data Escala Desenho

Figura 57 -  Detalhes de planta


Fonte: SENAI, 2013.

Nas pranchas, em que estão as representações gráficas das fachadas, podemos


obter as informações sobre o posicionamento das calhas e dos tubos de descida
das calhas. É interessante observar a planta da fachada com a planta de cobertura.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
141

Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
FACHADA 1 1/7
Data Escala Desenho

Figura 58 -  Fachadas detalhando calhas e tubos de descida


Fonte: SENAI, 2013.

Analise a planta da cobertura na Figura 59 e veja a representação gráfica que


mostra o posicionamento dos tubos de descida.

CORTE B-B

Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
PROJETO HIDRÁULICO 7/7
Data Escala 1/50 Desenho

Figura 59 -  Planta de cobertura com detalhe do tubo de descida


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
142

Depois de ter feito todos os cálculos a partir das informações obtidas no proje-
to da residência, é necessário fazer o projeto hidrossanitário para orientar na ins-
talação das tubulações. Geralmente, a instalação segue exatamente o que manda
o projeto. Pequenas alterações de posições podem acontecer, desde que não ve-
nham a interferir na eficiência do projeto.

Além de estudar, com cuidado, os projetos arquitetônicos,


FIQUE verifique na sua região como deve proceder com relação
à ligação de água ao esgotamento sanitário pela empresa
ALERTA de abastecimento. A legislação de cada região determina
como proceder.

10.4 DETALHES

Na planta baixa do hidrossanitário deve constar o posicionamento dos pontos


de água, o caminho das tubulações, a localização do hidrômetro e o reservatório
superior.
Vejamos uma planta gráfica do projeto hidrossanitário, na figura 60. Nesse
exemplo, é representado o projeto da residência já em evidência o caminho das
tubulações, a localização do hidrômetro no muro da frente da residência, o posi-
cionamento do reservatório, do boiler e da placa solar que está acima do telhado.
Observe, também, que temos dois quadros que mostram como é a montagem da
tubulação no reservatório com a finalidade de auxiliar o profissional de instala-
ção hidráulica como proceder. No outro quadro, temos também a representação
da instalação do hidrômetro no muro da frente servindo também de informação
para o profissional.
Observe, também, um detalhe ampliado da representação da tubulação na
suíte do casal.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
143

Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
PROJETO HIDRÁULICO 4/7
Data Escala Desenho

Figura 60 -  Projeto hidráulico


Fonte: SENAI, 2013.

Agora, vejamos o detalhe ampliado referente à instalação do reservatório.

INSTALAÇÃO DO RESERVATÓRIO
Tampa
EXTRAVASOR
ALIMENTAÇÃO DA RUA

Torneira Bóia Nível D’Água VENTILAÇÃO

BARRILETES
ÁGUA QUENTE
Abastece Abastece
BARRILETES
ÁGUA FRIA
REGISTRO DE GAVETA Limpeza REGISTRO DE GAVETA

Figura 61 -  Detalhe da instalação do reservatório


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
144

Detalhe da instalação do hidrômetro no muro:

LIGAÇÃO EM MURO
REGISTRO ESFERA HIDRÔMETRO
COTOVELO COTOVELO

CONJUNTO VIROLA

COTOVELO
COTOVELO

Figura 62 -  Hidrômetro
Fonte: SENAI, 2013.

10.5 ISOMÉTRICO

No projeto hidráulico, para melhor compreensão visual do caminho das tu-


bulações e atender às peças sanitárias, é comum representar as tubulações em
perspectiva isométrica, gerando um esquema simplificado do posicionamento
das tubulações e dos pontos de água.
Vejamos primeiro o projeto inteiro e, em seguida, as perspectivas de cada tre-
cho hidráulico dos sanitários, cozinha e área de serviço.

SUÍTE CASAL SUÍTE CASAL SANITÁRIO SOCIAL

BOILER RESERVATÓRIO
SANITÁRIO
SOCIAL

SANITÁRIO COZINHA
SERVIÇO

SANITÁRIO

SANITÁRIO SERVIÇO ÁREA SERVIÇO COZINHA


Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
PROJETO ISOMÉTRICO 1/7
Data Escala Desenho

Figura 63 -  Projeto hidráulico isométrico


Fonte: SENAI, 2013.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
145

Vamos observar a perspectiva isométrica da suíte. Verificamos que além da


água fria temos a tubulação para água quente. Observamos que para a tubulação
de água quente chegar até o lavatório, será necessário usar uma curva de trans-
posição para passar pela tubulação de água fria.

É sempre interessante, ao adquirir os equipamentos de


SAIBA aquecedores solares para água, verificar com o representan-
MAIS te quais as formas de instalação porque podem ter pequenas
alterações que interferem na eficiência do equipamento.

m
SUÍTE CASAL 20
m SANITÁRIO SOCIAL
TUB. PVC ÁGUA FRIA
TUB. PVC ÁGUA QUENTE
VASO SANITÁRIO
CH
CHUVEIRO
20 mm

CH
L LAVATÓRIO
D DUCHA HIGIÊNICA
20 mm

P PIA
TUB. PVC ÁGUA FRIA T TANQUE
TUB. PVC ÁGUA QUENTE ML MAQ. DE LAVAR
VASO SANITÁRIO
mm

CH CHUVEIRO
20

20 mm

L LAVATÓRIO
m
m

D DUCHA HIGIÊNICA
20 mm

20

CH
P PIA
20 mm

T TANQUE
MAQ. DE LAVAR
m

ML
m

20 mm
20

m
m
20
L
20 mm

20 mm
20 mm

L
20 mm
20 mm

D
CH
20 mm

D
m
m

20 mm
20

20 mm

Figura 64 -  Isométrico do sanitário da suíte e do sanitário social


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
146

COZINHA

m
m
25
25 mm

TUB. PVC ÁGUA FRIA


TUB. PVC ÁGUA QUENTE
VASO SANITÁRIO
20 mm

CH CHUVEIRO
L LAVATÓRIO
D DUCHA HIGIÊNICA
20 mm

P PIA
P T TANQUE
ML MAQ. DE LAVAR

Figura 65 -  Isométrico da cozinha


Fonte: SENAI, 2013.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
147

ÁREA DE SERVIÇO SANITÁRIO SERVIÇO

m
m
25

m
m
m

25
m
25

TUB. PVC ÁGUA FRIA


CH
TUB. PVC ÁGUA QUENTE
VASO SANITÁRIO

CHUVEIRO
20 mm

CH
L LAVATÓRIO
D DUCHA HIGIÊNICA L

P PIA TUB. PVC ÁGUA FRIA


20 mm

T TANQUE TUB. PVC ÁGUA QUENTE


20 mm
25 mm

ML MAQ. DE LAVAR D VASO SANITÁRIO

CH CHUVEIRO
20 mm

L LAVATÓRIO
D DUCHA HIGIÊNICA
P PIA
m
m

T TANQUE
20

ML
T ML MAQ. DE LAVAR

20 mm

Figura 66 -  Detalhes dos isométricos


Fonte: SENAI, 2013.

No projeto de esgoto sanitário, é importante observar bem o posicionamento


das peças sanitárias e principalmente do vaso sanitário para posicionar correta-
mente a tubulação que irá receber o esgoto.
No caso de tubulação de esgoto, as tubulações são posicionadas a partir de
dois procedimentos:
a) primeiro, posicionar a caixa sifonada e verificar em qual saída ficará mais
adequada encaixar a tubulação;
b) segundo, encaixar as conexões 45º para realizar a mudança de direção.
Para o projeto de esgoto sanitário, além das tubulações, temos que fazer o
projeto das fossas sépticas e do sumidouro, isso se na localidade não houver rede
de sistema de esgotamento sanitário. Se houver rede pública de esgotamento, o
esgoto deve ser interligado diretamente sem a necessidade de fossas sépticas e
sumidouro.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
148

CASOS E RELATOS

Um projeto bem feito


Um técnico de edificações recebeu um projeto para ser executado na obra
e ficou encarregado de interpretar e orientar o pedreiro na instalação do
projeto. Assim que recebeu o projeto, começaram a discutir sobre ele e de-
finir a instalação da tubulação e das caixas de passagem da localização e
dimensão da fossa. No entanto, se esqueceram de analisar com mais cui-
dado a parte da instalação do sistema de aquecedor solar para água e não
observaram que deveria ter um local reservado para a colocação do boiler.
Quando a instalação foi finalizada, perceberam que o sistema de água
quente não iria funcionar, pois a instalação incorreta do boiler não permitia
que o equipamento funcionasse adequadamente.
A solução foi refazer toda a instalação, seguindo corretamente o que deter-
minava o projeto. Assim, tanto o técnico quanto o pedreiro perceberam a
importância de um projeto bem feito e a necessidade de seguir exatamen-
te o que ele determina.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
149

Veja a planta do projeto de esgoto sanitário.

C.I. C.I.

C.I. C.I.

CRS
CRS

VENTILAÇÃO
VENTILAÇÃO

CR

CR
CRS
CR
VENTILAÇÃO

CR
CRS C.I.
VENTILAÇÃO

C.I.

A = 10,50m2
COZINHA
C.C.
A = 10,50m 2

COZINHA
C.C.

Resp. Técnico
Projeto CRS
CR
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
VENTILAÇÃO

PROJETO ARQUITETÔNICO C.I.

Proprietário A = 10,50m 2

COZINHA
Local C.C.

Planta Folha
FACHADA 1 1/7
Data Escala Desenho

Figura 67 -  Projeto de esgoto sanitário


Fonte: SENAI, 2013.

Observe, separadamente, as distribuições das tubulações do sanitário do ca-


sal, sanitário social e cozinha.

C.I.

CRS

VENTILAÇÃO CRS
CR
VENTILAÇÃO

C.I.
CR
A = 10,50m2
COZINHA
C.C.

Figura 68 -  Sanitário casal, sanitário social e cozinha


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
150

Observe a distribuição das tubulações do sanitário de serviço e da área de ser-


viço.

2
A=3,72 m

A SERV

C. I.

VENTILAÇÃO

Figura 69 -  Sanitário de serviço e área de serviço


Fonte: SENAI, 2013.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
151

Vejamos agora a prancha com a representação gráfica, detalhando a constru-


ção da fossa, do sumidouro e das caixas de inspeção e de gordura que servem
para auxiliar ao profissional a sua execução.

CAIXA DE INSPEÇÃO CAIXA DE INSPEÇÃO CAIXA DE GORDURA

PLANTA BAIXA
CORTE CORTE
PLANTA BAIXA PLANTA BAIXA

FOSSA SÉPTICA

CORTE

CORTE

CORTE

PLANTA BAIXA

PLANTA BAIXA

Resp. Técnico
Projeto
EDIFÍCIO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
PROJETO ARQUITETÔNICO
Proprietário
Local

Planta Folha
PROJETO SANITÁRIO 6/7
Data Escala Desenho

Figura 70 -  Projeto de esgoto sanitário


Fonte: SENAI, 2013
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
152

RECAPITULANDO

Com este capítulo, conhecemos como é feito um projeto gráfico hidrossa-


nitário e de águas pluviais. Aprendemos que o projeto começa a partir de
uma análise bem feita do projeto arquitetônico para então começar a rea-
lizar os cálculos estudados nos capítulos anteriores. Além disso, estudamos
que todo projeto para ser bem entendido, deve conter uma legenda expli-
cando a simbologia da representação gráfica da planta. E, por fim, apren-
demos que o profissional que irá executar a instalação segue um passo a
passo para chegar ao entendimento do projeto e que todo o projeto pode
ser feito em aplicativos de CAD, excelentes para representação gráfica.
10 DESENHOS DE INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS
153

Anotações:
Instalações para combate
a incêndio

11

Atualmente, uma das grandes preocupações necessárias no projeto de uma edificação é o


combate a incêndio. Em prédios residenciais ou mesmo em prédios comerciais, o projeto para
instalações de combate a incêndio é feito com o máximo de cuidado seguindo as determina-
ções em lei e norma, tendo em vista a quantidade de pessoas que usam a edificação.
É preciso também analisar para qual finalidade será destinado o prédio e quais os materiais
que serão utilizados ou armazenados no seu interior. Como exemplo, edificações que forem
destinadas para venda ou depósito de materiais inflamáveis.

Antes de executar um projeto, verifique com os órgãos


responsáveis no município, inclusive o corpo de bombei-
FIQUE ros, como proceder segundo a legislação. A melhor forma
ALERTA de combate é sempre a prevenção. Todo projeto de com-
bate a incêndio deve ser aprovado pelo corpo de bombei-
ro do estado.

Alguns critérios devem ser bem observados e estudados para a elaboração do projeto de
um edifício:
a) a previsão de água no reservatório para a extinção do incêndio por meio do uso das man-
gueiras localizadas nos quadros de incêndio;
b) a instalação do sistema sprinklers (combate de incêndio por sistema automático) exis-
tente em algumas edificações de uso comercial. Esse sistema consiste de equipamentos
instalados no teto dos ambientes que com o aumento da temperatura dispara o jato de
água com a finalidade de debelar o fogo;
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
156

1 EVACUAÇÃO:

Saída de um espaço,
ambiente.

Figura 71 -  Sprinkler para combate a incêndio


Fonte: SENAI, 2013.

c) o planejamento destinado para área de evacuação1 vertical por escadas


com porta corta-fogo e anticâmara, além de saídas de emergência bem sina-
lizadas e de fácil acesso;
d) o planejamento para a existência de caixas de incêndio por pavimento com
o número de caixas suficientes para atingir toda a área do pavimento. Geral-
mente, a mangueira de água tem 30 m e o jato atinge 7 m; assim temos 37
m de mangueira no total;
e) a precaução com as especificações dos materiais altamente combustíveis na
edificação, evitando o crescimento do fogo;
f) a sinalização e a orientação aos usuários, informando e treinando-os para
situações de ocorrência de incêndio;
g) a previsão do uso de equipamentos portáteis de combate a incêndio, como
extintores, sempre de fácil acesso pelos usuários e de diversos tipos, pois
para cada tipo de incêndio existe um extintor próprio;
h) conscientização dos usuários quanto a melhor maneira de combater um in-
cêndio, que é não criar situações que possam dar início ao fogo.
11 INSTALAÇÕES PARA COMBATE A INCÊNDIO
157

CASOS E RELATOS

Equipamentos de combate a incêndio


Uma escola com grande número de crianças e adolescentes investiu em
equipamentos de combate a incêndio, alguns desses equipamentos eram
os extintores de incêndio. Esses extintores, por norma, devem ficar em local
de fácil acesso para, em caso de incêndio, ser facilmente localizado e utiliza-
do para combater o foco ainda no início.
Sábia a decisão da direção ao se precaver de um acidente de grandes pro-
porções. No entanto, a escola esqueceu um grande detalhe: antes de qual-
quer outra ação, a primeira forma de combate é a informação ao usuário a
fim de evitar situações que provoquem o incêndio; e a segunda é informar
aos alunos que os equipamentos devem ser utilizados para o combate e
nunca para diversão. Porém, o que ocorria era brincadeira com os extinto-
res, descarregando os equipamentos.
Isso é um grande perigo, pois se realmente houvesse um incêndio, de nada
adiantaria o investimento com os equipamentos, haja vista que eles esta-
riam sem carga para poder acabar com os focos de incêndio.

Vamos entender como é o processo do incêndio?


Estudos bem realizados mostram que o incêndio possui três fases, as quais
serão explicadas a seguir:
a) fase inicial e elevação de temperatura:
Esta fase começa com a ignição de um combustível, ou seja, quando algum
material combustível começa a pegar fogo, ainda com a temperatura baixa, pelo
pouco material em combustão, sendo elevada aos poucos. É importante, nesta
etapa, acabar logo com o incêndio.
Neste caso, geralmente, as janelas estão fechadas e o oxigênio do ambiente
é que mantém o fogo acesso, mas logo em seguida a temperatura eleva muito,
as janelas de vidros estouram e entra uma grande massa de ar que alimenta as
chamas. Neste momento, os gases combustíveis se acumulam em determinadas
áreas, começando então o incêndio generalizado e aumentando a temperatura.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
158

b) fase de inflamação súbita generalizada:


Esta fase é também é conhecida como flash-over e depende muito dos mate-
riais combustíveis no incêndio, ventilação e tamanho do ambiente. É nesta fase
que ocorrem os colapsos na estrutura do prédio, geralmente com 5 a 20 minutos
após o início do incêndio.
c) fase de extinção do incêndio:
É nesta fase que o incêndio começa a perder força, os gases combustíveis já
foram consumidos e não tem material combustível suficiente para manter o fogo.
É bom lembrar que quanto mais rápido agirmos para extinguir o fogo, melhor.
Os incêndios possuem 4 classes:
- classe A: são materiais de fácil combustão e que deixam resíduos, como ma-
deira, tecido, papel etc;
- classe B: são os produtos inflamáveis, como óleos, gordura, gasolina, quero-
sene, tintas etc;
- classe C: acontecem com equipamentos elétricos e que estejam energizados;
- classe D: são os materiais pirofóricos formados por metais leves, como mag-
nésio, alumínio, zircônio etc.

Os extintores são periodicamente carregados com as


VOCÊ substâncias próprias de cada tipo, geralmente com
SABIA? pressurização, mesmo não sendo utilizado, para poder
funcionar adequadamente.

Equipamentos para combate a incêndio:

EXTINTOR CONTEÚDO CLASSE

areia
SÓLIDOS
pó químico seco B e C e alguns D

água em jato A

água em neblina A
LÍQUIDOS
água super nebulizada ou water mist A

espuma A ou B
11 INSTALAÇÕES PARA COMBATE A INCÊNDIO
159

EXTINTOR CONTEÚDO CLASSE

dióxido de carbono B ou C e início do A

nitrogênio
GASOSOS
hidrocarbonetos halogenados

gases especiais – FM 200, Energen

Quadro 2 - Tipos de extintores


Fonte: SENAI, 2013.

Veja o Quadro 3 com o resumo da utilização dos extintores de acordo com a


classe do fogo.

GÁS
TIPO DE AGENTE PÓ QUÍMICO ÁGUA
CARBÔNICO

CLASSE A
Não
- MADEIRA; Não recomendável Excelente
- PAPEL; recomendável
- TECIDO.

CLASSE B

- GASOLINA; Excelente Excelente Não recomendável


- ÓLEOS;
- GORDURA.

CLASSE C

- EQUIP. ELÉTRICOS; Excelente Excelente Não recomendável


- QUADRO DE ENERGIA;
- MOTORES.

Quadro 3 - Quadro de utilização de extintores


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
160

Veja na figura 72, que os extintores possuem etiquetas instruindo quanto ao


uso, indicando para qual tipo de fogo pode ser usado. E observe que sempre os
extintores possuem um mostrador indicando se o extintor ainda tem pressão ou
se está cheio. Verificar sempre o mostrador é importante para na hora de utilizar
não termos surpresas como o extintor vazio.

Extintor gás carbônico Extintor de jato de água Extintor pó químico


Figura 72 -  Extintores
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011.
11 INSTALAÇÕES PARA COMBATE A INCÊNDIO
161

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, a instalação de combate a incêndio e a sua importân-


cia para acabar com o foco de incêndio o mais rápido possível, antes que
ele se alastre. Conhecemos também os tipos de instalações, que podem ser
automáticas, com o uso de sprinklers, os quais são instalados no teto e libe-
ram água ao sinal de aquecimento. Esta água vem da reserva de incêndio
e combate a propagação do fogo. Vimos, ainda, quanto é importante para
a elaboração do projeto de um edifício. Aprendemos também que pode
ser por meio de sistemas de mangueiras e mangotes instalados em cada
pavimento e respeitando um raio de 37 m que cada mangueira consegue
atingir. E por fim, distinguimos as fases e classes do incêndio, conhecendo
os extintores conforme o tipo de agente.
Instalações prediais de gás

12

Você agora conhecerá uma instalação predial de gás.


É provável que você já viu pelo menos um botijão de gás ligado ao fogão da cozinha.
Nas residências, o uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) é mais comum por meio de boti-
jões transportáveis de 13 kg, em que cada botijão abastece um único equipamento, geralmen-
te, o fogão da casa.

Figura 73 -  Botijão de gás 13 kg


Fonte: SENAI, 2013.

Pois bem, além desse sistema de instalação de gás ainda temos dois tipos de instalação
predial de gás: gás GLP e gás GN.
a) Gás GLP
Neste sistema, a instalação de gás predial consiste de botijões no térreo em local arejado e
protegido, seguindo as normas rigorosas de segurança por se tratar de gás combustível e in-
flamável. Esses botijões de tamanhos consideráveis são abastecidos por caminhões, contendo
em seu interior gás armazenado com pressão.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
164

O abastecimento também deve ser feito com pessoal bem qualificado e trei-
nado para casos que ocorram acidentes. Todas as regras são orientadas segundo
as normas de segurança, transporte e armazenamento de gás combustível.

Figura 74 -  Abastecimento de gás GLP


Fonte: SENAI, 2013.

A partir dos botijões, o gás é distribuído para as unidades do prédio. A tubula-


ção de distribuição é em cobre até chegar aos equipamentos residenciais, como
fogões. Em algumas cidades fornecem gás, também, para churrasqueiras e aque-
cedores de água a gás. O GLP é o gás mais utilizado no Brasil pela sua facilidade
de se conseguir o gás juntamente nas refinarias de petróleo. Ele tem em sua com-
posição propano e butano em maior quantidade, entre outros gases, como etano
e metano.
b) Gás GN
O gás natural é originado dos fósseis a partir da decomposição de material
orgânico gerando o metano. O sistema funciona por meio do fornecimento do
gás através de tubulação principal de grande diâmetro chamado de gasoduto. A
tubulação que vem enterrada pela via pública se conecta a um quadro de distri-
buição na edificação e segue diretamente, através de tubulação de cobre rígido,
até as unidades. E assim, como no gás GLP, vai fornecer gás a um equipamento,
como fogão, ou a outros, como aquecedores e churrasqueiras e até lareiras, a de-
pender da região onde será a edificação.
Também as regras de segurança e instalação devem ser seguidas e previstas
em projeto de gás de acordo com as normas vigentes pela ABNT.
O gás natural é considerado uma fonte de energia ecológica, porque da sua
queima não sobra nenhum resíduo tóxico. Sobra apenas o gás carbônico e água
que se dissipa na atmosfera.
12 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE GÁS
165

12.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

a) Gás GLP
Este gás é inodoro e incolor, ou seja, não apresenta cheiro e nem cor, respecti-
vamente. É mais denso que o ar atmosférico, e quando vaza dos recipientes ten-
dem a ficar na camada mais próxima ao chão.
Seu poder calorífico é muito bom, de 11.500 Kcal/m² apresentando uma cha-
ma azulada. Não é um gás tóxico, no entanto, quando ingerido em grande quan-
tidade pode anestesiar o indivíduo.
b) Gás Natural
Como características, o GN é inodoro e incolor e, como dito antes, não é um
produto tóxico. É um gás mais leve que o ar, significando que tem uma densidade
menor que a do ar atmosférico.
Para a sua distribuição é necessário que esteja a uma pressão de 200mca/se-
gundo, como determina a norma.
A sua chama é de coloração azul, tem uma característica uniforme, firme e tem
um bom poder calorífico de 9.400Kcal/m².

Os gases que utilizamos não possuem cheiro, mas


VOCÊ mesmo assim sentimos o cheiro quando ele vaza. Esse
cheiro é devido a uma substância que é inserida nos bo-
SABIA? tijões exatamente para nos alertar de que há vazamento
naquele local.

12.2 LEGISLAÇÃO

NBR 13932/1997 - Instalações internas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) –


projeto e execução.
Esta norma fala sobre as condições mínimas de projeto e execução das ins-
talações internas e para os aparelhos que utilizam o GLP através de sistemas de
tubulações de cobre. Não atende a instalações onde apenas um equipamento
use o GLP para instalações industriais.
NBR 13523/1995 - Central predial de gás liquefeito de petróleo.
Esta norma fixa as condições mínimas exigíveis para montagem, localização
e segurança das centrais de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), para instalações
prediais comerciais ou residenciais.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
166

1 RATEADO: NBR 14024/1997 - Centrais prediais e industriais de Gás Liquefeito de Petró-


leo (GLP) – sistema de abastecimento a granel.
Distribuído, dividido.
Esta norma é aplicada para o abastecimento de recipientes de gás fixos ou
transportáveis nos consumidores, a partir de locais públicos ou não. Aplicada
também para instalações de centrais de GLP constituídas por recipientes fixos ou
transportáveis e para o abastecimento realizado por meio de veículo abastecedor
2 AREJADO: específico com sistema próprio de transferência de GLP.
Muito ventilado, aberto. NBR 13103/2000 - Adequação de ambientes residenciais para instalação de
aparelhos que utilizam gás combustível.
Esta norma é aplicada para projetos em que exista a necessidade de adequa-
ção dos ambientes para a utilização de gás GLP ou GN.
NBR 13933/1997 – Instalações internas de gás natural (GN) – Projeto e exe-
cução.
Esta norma tem como objetivo orientar quanto ao projeto e execução de ins-
talação predial de gás.
NBR 14570/2000 – Instalações internas para uso alternativo dos gases GN e
GLP – Projeto e execução.
Esta norma se aplica tanto para instalação de gás com canalização de rua
quanto por recipientes portáteis.

12.3 PROJETO DE GÁS

Assim como qualquer projeto predial, o primeiro elemento que devemos ter
é a quantidade necessária de gás para abastecer os equipamentos a gás de um
prédio.
A partir do volume necessário, determina-se a quantidade de reservatórios,
isso se for para gás GLP. Determinando a quantidade, verifica-se o melhor local
para instalação dos recipientes, verificando a facilidade para o abastecimento, a
segurança e o acesso à manutenção que é muito pouca, mas às vezes necessária.
Depois de determinado o local dos recipientes, o próximo passo é fazer as
linhas de tubulações que irão subir até os pavimentos, e de cada pavimento dis-
tribuir às unidades residenciais abastecendo cada equipamento a gás.
Assim que a tubulação chega a uma residência, ela passa por um quadro de
medição que contabiliza o consumo individual de cada apartamento. Em alguns
casos, não existe esse quadro individual. A medição é feita de uma forma geral
para o prédio e o custo do consumo é rateado1 para o condomínio inteiro.
12 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE GÁS
167

As tubulações são sempre em tubos rígidos de cobre, garantindo assim uma


segurança maior para a tubulação.
Para instalação de gás GN não é necessário ter os recipientes para serem abas-
tecidos. A tubulação de gasoduto ramifica até um quadro no prédio (quando o
prédio não tiver individualização de gás) e deste quadro saem as linhas de dis-
tribuição até as unidades em cada pavimento. Quando o prédio tem individuali-
zação, esse quadro inicial faz apenas um controle e uma distribuição do gás sem
fazer o controle do consumo para o cálculo do custo.
Para residências simples e individuais, o uso mais comum é do botijão portátil
de 13 kg e para este caso não se faz um projeto, apenas se determina um local
adequado para armazenar o botijão e a indicação por onde passará uma tubu-
lação de cobre, geralmente embutida no piso ou na parede, sendo o piso o mais
adequado pela segurança, evitando assim de ter a tubulação perfurada acidental-
mente, principalmente na instalação de armários suspensos.
Adequação de ambientes
Como estamos tratando de instalação de gás combustível, ou seja, gás infla-
mável, consideraremos primeiro que o ambiente deve sempre ser bastante are-
jado2 para facilitar a dissipação do gás caso haja algum vazamento. Apesar de ser
sem cheiro, ao gás é adicionado uma substância que é perceptível e assim somos
alertados de qualquer vazamento.

O gás combustível é altamente inflamável, e não basta


FIQUE apenas armazená-lo em local seguro. A equipe de funcio-
ALERTA nários e os usuários devem receber orientações e treina-
mento para a sua utilização.

Mesmo o local sendo arejado, ele deve ser protegido para evitar que cigarros
e fósforos atinjam os recipientes.
O GLP é mais denso que o ar, então ele tende a descer e se acumular próximo
ao chão. Neste caso, quando há necessidade, de criar um espaço isolado e fecha-
do para os recipientes de gás, é aconselhável ter uma ventilação o mais próximo
do chão, assim o gás vai sendo liberado e dissipado na atmosfera.
Já no caso do GN, ele é mais leve que o ar, por isso a ventilação deve ser sem-
pre na parede superior e assim facilita a sua dispersão na atmosfera.
PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRAÚLICAS, INCÊNDIO E GÁS
168

RECAPITULANDO

Os projetos de instalações prediais de gás são importantes, e neste capítulo


conhecemos os dois tipos de sistema de abastecimento de gás diferentes.
Aprendemos que existe o gás GLP, que é o mais usado ainda no Brasil pela
sua grande oferta e pelo seu custo; e o gás GN, que é pouco utilizado no
país, mas que sua utilização vem sendo cada vez maior e que é de origem
fóssil, portanto, também temos uma grande reserva desse gás no nosso
subsolo.
12 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE GÁS
169

Anotações:
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13103: adequação de ambientes


residenciais para instalação de aparelhos que utilizam gás combustível. Rio de Janeiro, 2000. 7 p.
______. NBR 15527: água de chuva – aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins
não potáveis – requisitos. Rio de Janeiro, 2007. 8 p.
______. NBR 14024: centrais prediais e industriais de gás liquefeito de petróleo (GLP) – sistema de
abastecimento a granel. Rio de Janeiro, 1997. 7 p.
______. NBR 13523: central predial de gás liquefeito de petróleo. Rio de Janeiro, 1995. 7 p.
______. NBR 5626: instalação predial de água fria. Rio de Janeiro, 1998. 41 p.
______. NBR 13932: instalações internas de gás liquefeito de petróleo (GLP) - projeto e execução.
Rio de Janeiro, 1997. 26 p.
______. NBR 13933: instalações internas de gás natural (GN) – projeto e execução. Rio de Janeiro,
1997. 18 p.
______NBR 14570: instalações internas para uso alternativo dos gases GN e GLP – projeto e
execução. Rio de Janeiro, 2000. 23 p.
______. NBR 10844: instalações prediais de águas pluviais. Rio de Janeiro, 1989. 13 p.
______. NBR 7229: projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro,
1993. 15 p.
______. NBR 7198: projeto e execução de instalações prediais de água quente. Rio de Janeiro,
1993. 6 p.
______. NBR 13714: sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. Rio de
Janeiro, 2000. 25 p.
______. NBR 8160: sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999.
74 p.
CREDER, Hélio. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2006.
MELO, Vanderley de Oliveira. Instalações prediais hidráulico-sanitárias. São Paulo: Edgar Blucher,
2000.
TIGRE. Manual técnico tigre: orientações técnicas sobre instalações hidraúlicas prediais. Joinville:
Tigre, 2007. 201 p.
TUFI, Mamed Assy. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
WIKIMEDIA Commons. Extintor con cártel. 2006. Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Extintor_con_c%C3%A1rtel.jpg>. Acesso em: 06 Ago. 2013.
WIKIMEDIA Commons. Extintor de incêndio. 2006. Disponível em: < http://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Extintor_de_inc%C3%AAndio.jpg>. Acesso em: 06 Ago. 2013.
______. Extintor del suburbano 2. 2013. Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Extintor_del_suburbano_2.JPG>. Acesso em: 07 Ago. 2013.
______. GasflaschenbatterienCologne 0983. 2009. Disponível em: < http://commons.wikimedia.
org/wiki/File:GasflaschenbatterienCologne_0983.jpg >. Acesso em: 06 Ago. 2013.
______. Inch pipe installation.jpg. 2010. Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:66_inch_pipe_installation.jpg>. Acesso em: 07 Ago. 2013.
______. LP gas cilinder. 2011. Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:LP_gas_
cilinder.jpg>. Acesso em: 07 Ago. 2013.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

SÉRGIO BRITO ROLEMBERG


Sérgio Brito Rolemberg é Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da
Bahia. Pós-graduando no curso de Especialização em Tecnologia e Gerenciamento de Obras. Desde
2000, atua com Projetos de Arquitetura e Interiores e Gerenciamento de Obras. Foi fundador e
sócio-gerente da Academia de Arte & Design e do Curso Técnico de Design de Interiores. Atuou
como coordenador e docente das disciplinas de desenho, história da arte e projetos de interiores e
como supervisor de projetos de instalações de sistemas de refrigeração. Atualmente ministra as dis-
ciplinas Desenho de croqui e Princípios de mecânica dos solos e fundações e é membro do grupo
de Pesquisa do CNPq/SENAI.
ÍNDICE

A
Abundância 121
Água encanada 33
Água potável 31
Águas pluviais 31, 32
Arejado 161, 165
Autodepuração 122

C
Combustão 36

D
Declividade 93
Descontaminação 126
Destilada 27
Diâmetro 47, 48, 49, 51, 52, 54, 56, 63
Difere 42
Diluição 122
Dissipa-se 36

E
Embolo 20
Embutido 35
Empoçamentos 114
Empuxo 20, 24, 25, 26, 27, 28, 29
Estável 36
Evacuação 156

F
Força da gravidade 24

G
Galvanizado 48, 56
Gravidade 24, 25

H
Hidrantes 35
I
Inverso 26

M
Manuseio 32, 35, 36, 37
Mureta 108

O
Obstrução 100
Ociosa 90
Oneroso 126
Oxidação 56

P
Parâmetro 31
Pavimentos 92, 100
Pêndulo 42
Permeável 108
Pistão 68, 78
Pluviométrica 113

R
Rateado 166
Resíduos 42
Retrosifonagem 47

S
Serpentina 66, 69, 70
Submerso 25
Sumidouro 101

T
Tensão 19

V
Vandalismo 55
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Sergio Brito Rolemberg


Elaboração

Júlio Leonardo Melo da Anunciação


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Vanessa de Souza Lemos


Design Educacional

FabricO
Revisão Ortográfica e Gramatical
Vanessa de Souza Lemos
Revisão de Padronização e Diagramação

Leonardo Silveira
Diagramação e Fechamento de Arquivo

FabricO
Normalização

Alex Romano Lima


Karina Lima Soares
Leonardo Silveira
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal
Ilustrações

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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