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Série CONSTRUÇÃO CIVIL

Materiais
e ensaios
tecnológicos
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

MATERIAIS
E ENSAIOS
TECNOLÓGICOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

MATERIAIS
E ENSAIOS
TECNOLÓGICOS
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos
os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação à Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491m

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Materiais e ensaios tecnológicos / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Departamento
Regional da Bahia. – Brasília: SENAI/DN, 2013.
130 p.: il. - (Série Construção Civil, 1).
ISBN 978-85-7519-686-1
1. Materiais e ensaios tecnológicos. 2. Construção civil.
l. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da
Bahia. II. Título. III. Série Construção Civil, v. 1.

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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Construções em argila, madeira e pedra..............................................................................................19
Figura 2 - Colunas do templo de Karnac e esquema do rompimento da trave de pedra......................20
Figura 3 - Argila expandida...........................................................................................................................................22
Figura 4 - Mina de ferro...................................................................................................................................................28
Figura 5 - Mina subterrânea..........................................................................................................................................29
Figura 6 - Máquina triturando o minério..................................................................................................................29
Figura 7 - Máquina de classificação de minérios...................................................................................................30
Figura 8 - Extração de ouro por levigação...............................................................................................................30
Figura 9 - Flotação de minérios....................................................................................................................................31
Figura 10 - Máquina de separação magnética de minérios..............................................................................31
Figura 11 - Máquina de lavagem de minério..........................................................................................................32
Figura 12 - Forno de calcinação...................................................................................................................................32
Figura 13 - Aço-carbono.................................................................................................................................................33
Figura 14 - Aço inoxidável..............................................................................................................................................34
Figura 15 - Aço liga...........................................................................................................................................................34
Figura 16 - Exemplos de chapas galvanizadas.......................................................................................................35
Figura 17 - Folhas de flandres.......................................................................................................................................35
Figura 18 - Perfis de aço e estrutura metálica.........................................................................................................36
Figura 19 - Barras redondas...........................................................................................................................................36
Figura 20 - Barras de aço redondas encruadas.......................................................................................................36
Figura 21 - Pregos, arame recozido e parafusos....................................................................................................37
Figura 22 - Barra de metal reaquecida para tratamento.....................................................................................37
Figura 23 - Corpo de prova submetido a ensaio de tração................................................................................39
Figura 24 - Corpo de prova submetido a ensaio de dureza...............................................................................39
Figura 25 - Corpo de prova submetido a ensaio de torção...............................................................................40
Figura 26 - Corpo de prova submetido a ensaio de flexão................................................................................40
Figura 27 - Materiais plásticos......................................................................................................................................41
Figura 28 - Eletroduto rígido e flexível......................................................................................................................42
Figura 29 - Materiais termoplásticos na construção civil...................................................................................43
Figura 30 - Materiais termofixos..................................................................................................................................44
Figura 31 - Mantas para impermeabilização...........................................................................................................44
Figura 32 - Exemplos de cerâmicas............................................................................................................................48
Figura 33 - Aplicação da cerâmica com caulin.......................................................................................................49
Figura 34 - Exemplos de materiais cerâmicos.........................................................................................................49
Figura 35 - Telha com eflorescência...........................................................................................................................50
Figura 36 - Extração de argila.......................................................................................................................................51
Figura 37 - Argila pronta para ser moldada.............................................................................................................52
Figura 38 - Blocos cerâmicos moldados...................................................................................................................52
Figura 39 - Forno artesanal para queima de blocos.............................................................................................53
Figura 40 - Fabricação de tijolos de adobe adicionando fibras vegetais......................................................54
Figura 41 - Tijolo maciço comum................................................................................................................................55
Figura 42 - Bloco cerâmico............................................................................................................................................55
Figura 43 - Telhas cerâmicas..........................................................................................................................................56
Figura 44 - Tijoleiras cerâmicas....................................................................................................................................56
Figura 45 - Vaso sanitário...............................................................................................................................................56
Figura 46 - Azulejos..........................................................................................................................................................57
Figura 47 - Vidro sendo inflado....................................................................................................................................58
Figura 48 - Vidros...............................................................................................................................................................59
Figura 49 - Aplicação de gesso como reboco.........................................................................................................62
Figura 50 - Placas de gesso para forro de gesso e sancas de gesso para decoração................................62
Figura 51 - Placas de gesso acartonado e estrutura metálica de fixação das placas................................63
Figura 52 - Clinker..............................................................................................................................................................64
Figura 53 - Representação do processo de fabricação do cimento Portland.............................................68
Figura 54 - Armazenamento de sacos de cimento...............................................................................................69
Figura 55 - Britas para a construção civil..................................................................................................................70
Figura 56 - Agregados naturais e industrializados................................................................................................71
Figura 57 - Dimensões dos agregados......................................................................................................................72
Figura 58 - Componentes do concreto.....................................................................................................................73
Figura 59 - Brita fazendo lastro para trilhos.............................................................................................................73
Figura 60 - Lastro para rodovias..................................................................................................................................74
Figura 61 - Quebra mar com rochas...........................................................................................................................74
Figura 62 - Argamassa sendo aplicada......................................................................................................................75
Figura 63 - Reboco em argamassa..............................................................................................................................76
Figura 64 - Assentamento de blocos e cerâmicas.................................................................................................77
Figura 65 - Chapisco.........................................................................................................................................................77
Figura 66 - Contrapiso.....................................................................................................................................................78
Figura 67 - Aplicação manual de argamassa...........................................................................................................79
Figura 68 - Aplicação de argamassa projetada......................................................................................................80
Figura 69 - Concreto sendo despejado.....................................................................................................................81
Figura 70 - Madeira sendo transportada..................................................................................................................90
Figura 71 - Variedades de madeiras...........................................................................................................................92
Figura 72 - Madeira atacada por cupim....................................................................................................................93
Figura 73 - Madeiras reconstruídas............................................................................................................................94
Figura 74 - Estrutura do telhado..................................................................................................................................96
Figura 75 - Forro de madeira.........................................................................................................................................96
Figura 76 - Pisos de madeira.........................................................................................................................................97
Figura 77 - Pergolado de madeira...............................................................................................................................97
Figura 78 - Uso de rochas...............................................................................................................................................98
Figura 79 - Magma formando rocha..........................................................................................................................99
Figura 80 - Exemplos de aplicação de pedra....................................................................................................... 100
Figura 81 - Tintas............................................................................................................................................................ 102
Figura 82 - Pintura com rolo de lã............................................................................................................................ 105
Figura 83 - Passo a passo do ensaio de slump test............................................................................................. 113

Tabela 1 - Traços de argamassa.....................................................................................................................................81


Tabela 2 - Subdivisões da NBR 15. 575: 2013......................................................................................................... 111
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Materiais, componentes e sistemas construtivos...............................................................................................19


2.1 Introdução à ciência dos materiais........................................................................................................20
2.2 Classificação dos materiais.......................................................................................................................21
2.2.1 Classificação quanto à origem..............................................................................................21
2.2.2 Classificação quanto à função...............................................................................................22
2.2.3 Classificação quanto à composição....................................................................................22
2.2.4 Classificação quanto à composição química...................................................................22

3 Características e propriedades dos materiais.......................................................................................................27


3.1 Materiais metálicos e suas ligas .............................................................................................................28
3.1.1 Obtenção......................................................................................................................................28
3.1.2 Classificação dos metais
(segundo Cecília A. C. Zavaglia e André G. S. Galdino).................................................33
3.1.3 Aplicações.....................................................................................................................................34
3.1.4 Tratamentos térmicos...............................................................................................................37
3.1.5 Principais ensaios mecânicos................................................................................................38
3.2 Materiais poliméricos..................................................................................................................................41
3.2.1 Obtenção......................................................................................................................................42
3.2.2 Classificação.................................................................................................................................43
3.2.3 Comportamento térmico e mecânico................................................................................45
3.2.4 Aplicações.....................................................................................................................................46
3.2.5 Principais ensaios de caracterização...................................................................................47
3.3 Materiais cerâmicos ....................................................................................................................................47
3.3.1 Matérias-primas..........................................................................................................................48
3.3.2 Classificação.................................................................................................................................50
3.3.3 Processo de fabricação............................................................................................................50
3.3.4 Aplicações.....................................................................................................................................54
3.3.5 Principais ensaios de caracterização...................................................................................57
3.4 Vidros................................................................................................................................................................58
3.5 Aglomerantes................................................................................................................................................60
3.5.1 Materiais aglomerantes...........................................................................................................60
3.6 Agregados.......................................................................................................................................................70
3.6.1 Classificação dos agregados quanto a sua origem:.......................................................70
3.7 Argamassas.....................................................................................................................................................75
3.8 Concreto..........................................................................................................................................................81
3.8.1 Traço do concreto......................................................................................................................83
3.8.2 Critérios de dosagem...............................................................................................................84
4 Outros materiais..............................................................................................................................................................89
4.1 Madeira............................................................................................................................................................90
4.2 Pétreos..............................................................................................................................................................98
4.3 Tintas e vernizes......................................................................................................................................... 101

5 Controle tecnológico dos materiais...................................................................................................................... 109


5.1 Principais ensaios tecnológicos aplicados ao concreto.............................................................. 111

Referências

Minicurrículo do autor

Índice
Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) promo-
ve o Curso Técnico em Edificações.
A unidade curricular Materiais e ensaios tecnológicos tem como objetivo desenvolver
competências para a supervisão técnica do processo de construção de edificações, atendendo
aos critérios estabelecidos nas normas.
Para adquirir as competências necessárias à compreensão dos processos de construção de
edifícios, não só aprenderemos fundamentos técnicos e científicos, mas também aprendere-
mos a identificar os materiais construtivos, realizar dimensionamentos estruturais, coordenar
logísticas de canteiros e gestão de obras e pessoas, além de conhecer as principais leis de ges-
tão ambiental.
Durante nosso estudo, abordaremos assuntos que lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS:


a) planejar e organizar o próprio trabalho;
b) atuar de forma ética;
c) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e segurança ambiental;
d) avaliar o trabalho realizado sob a perspectiva de melhoria contínua;
e) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita.

CAPACIDADES TÉCNICAS:
a) identificar as características e propriedades dos materiais empregados na construção de
edificações;
b) identificar componentes construtivos;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
16

c) interpretar resultados de ensaios tecnológicos, conforme normas específi-


cas para inspeções e ensaios.

Neste livro, iniciaremos os nossos estudos sobre materiais, componentes e


sistemas construtivos mais utilizados na indústria da construção civil. Conhece-
remos suas propriedades, características físicas, sua ciência e classificação, além
de interpretarmos os resultados de ensaios tecnológicos, pois a utilização de
materiais é bastante específica, e precisamos garantir uma melhor eficiência da
obra e também da qualidade do produto final que será entregue.
Veremos as características dos materiais mais usados no processo produtivo,
tais como: os metais, os polímeros, os cerâmicos, os aglomerantes, a argamassa e
o concreto. Em todos esses materiais, iremos ver as classificações, as aplicações, o
processo de fabricação e os ensaios tecnológicos.
Embora as madeiras, as pedras, os vernizes e as tintas sejam muito usados na
construção civil como forma de acabamento da obra, como elementos estéticos,
esses materiais são utilizados também como elementos construtivos e apresen-
tam grande importância no processo produtivo.
Você verá que, para a formação do técnico em edificações, é fundamental que
o profissional tenha conhecimento dos materiais utilizados na obra e que respeite
as propriedades e as características físicas desses materiais. Portanto, você deve
ter dedicação no aprendizado deste conteúdo.
Agora, vamos entrar no universo dos materiais construtivos?

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
17

Anotações:
Materiais, componentes e sistemas
construtivos

De certa maneira, você deve conhecer a maioria dos materiais usados na construção ci-
vil; aliás, sem eles não seria possível construirmos nada. Já imaginou construir uma casa sem
blocos cerâmicos, telhas cerâmicas, madeiras, cerâmica para pisos e revestimentos, cimento e
argamassa?
Seria impossível, não é mesmo?
Pois bem, os materiais são elementos fundamentais na construção civil porque é a partir da
união deles que teremos uma obra civil pronta.
Muitos dos materiais usados hoje na construção civil são conhecidos desde os tempos da
antiguidade como a pedra, a madeira e até a argila. No entanto, para que possamos usá-los,
devemos antes conhecê-los e para isso vamos analisá-los a fim de melhor utilizá-los.

Figura 1 - Construções em argila, madeira e pedra


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
20

2.1 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Muitos dos materiais que usamos na construção civil são conhecidos e utiliza-
dos desde as primeiras construções do homem. Alguns deles eram utilizados da
mesma forma que eram encontrados na natureza, sem nenhum trabalho para dar
forma ou modificar a sua propriedade, a exemplo das pedras. Mas na antiguidade,
principalmente na Mesopotâmia e no Egito, os homens começaram a transformar
esses materiais para que se adequassem às necessidades de sua construção.
É lógico que essas transformações eram feitas sem um estudo elaborado, ou
seja, à medida que transformavam o material, testavam na construção para ver se
era eficiente. Os egípcios, por exemplo, usavam a pedra como material para suas
construções, mas esta não suportava vãos muito grandes. Observe a figura para
melhor compreender.

Figura 2 - Colunas do templo de Karnac e esquema do rompimento da trave de pedra.


Fonte: SENAI, 2013.

É a partir da necessidade de conhecer o material que será usado na constru-


ção civil e de entender a sua composição e as suas propriedades – como solidez,
durabilidade, resistência a cisalhamento e acabamento de qualidade – que surge
a ciência dos materiais.
Hoje, além do conhecimento adquirido pelo uso constante, temos também
os ensaios tecnológicos, nos quais os materiais são submetidos a testes para que
sejam conhecidas suas características e propriedades. Esses testes são fundamen-
tais, pois um material especificado deve atender ao propósito desejado na cons-
trução.
Alguns fatores são considerados para a aplicabilidade do material na constru-
ção civil, como qualidade, resistência e custo.
É fundamental que o profissional Técnico em Edificações se mantenha atuali-
zado, pois novos materiais aparecem, assim como novas tecnologias de aplicação
e propriedades.
2 MATERIAIS, COMPONENTES E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
21

As feiras de negócios e de materiais são um excelente


VOCÊ meio para se ter acesso a novos produtos lançados no
mercado. Além de conhecer o material, você poderá
SABIA? também tirar dúvidas sobre as propriedades e aplicabi-
lidades.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

A classificação é fundamental para obtermos mais informações sobre o mate-


rial que será utilizado na construção e com isso, podermos verificar se a especifi-
cação está correta. Conheceremos a origem, função, composição e outras classi-
ficações.

2.2.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM

a) naturais: são todos os materiais que encontramos na natureza e que não


foi necessário tratamento para o uso na construção. Exemplo: areia, pedra,
madeira natural etc;
b) artificiais: são os materiais industrializados. Exemplo: blocos cerâmicos, te-
lhas etc;
c) combinados: materiais que são obtidos pela mistura de materiais naturais
e industrializados. Exemplo: o concreto e a argamassa – feitos com areia e
cimento – etc.

FIQUE Para evitar acidentes e uso inadequado de materiais, é


importante que se conheça bem os materiais e sua devida
ALERTA aplicação.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
22

1 PRODUTOS 2.2.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FUNÇÃO


SIDERÚRGICOS:
Esta classificação analisa o material em relação a sua aplicação na construção
Que são fabricados em
siderurgias, fábrica de aço. civil.
a) vedação: são todos os materiais que não possuem a função estrutural, mas
apenas de vedação. Exemplo: vidros, madeira em esquadrias, blocos em que
a alvenaria não seja estrutural;
b) proteção: todos aqueles materiais que protegem os outros materiais. Exem-
plo: as tintas e os vernizes etc;
c) estrutural: são os materiais que resistem aos esforços estruturais e fazem
parte da estrutura da construção. Exemplo: as peças de madeira, o aço, o
concreto etc.

2.2.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À COMPOSIÇÃO

a) simples ou básicos: aqueles materiais que são utilizados isoladamente.


Exemplo: os tijolos, as telhas etc;
b) produzidos ou compostos: são materiais que são utilizados juntamente
com outros materiais. Exemplos: concreto, argamassa etc.

2.2.4 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À COMPOSIÇÃO QUÍMICA

a) Minerais: os minerais se dividem em duas categorias: pétreos e metálicos;


- Os pétreos podem ser naturais (pedras) e artificias (argilas);

Figura 3 - Argila expandida.


Fonte: SENAI, 2013.
2 MATERIAIS, COMPONENTES E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
23

- Os metálicos podem ser produtos siderúrgicos1 (aço e ligas), metais (alu-


mínio, chumbo, cobre) e mistos (ligas não-ferrosas).
b) Orgânicos.
- Lenhosos, que podem ser primitivos (madeira e palha) e derivados (papel
e papelão);
- Têxteis, que podem ser fibrosos (tecidos) e plásticos (fórmica);
- Betuminosos, que podem ser naturais (asfaltos) e artificiais (alcatrões);
- Mistos, que podem ser de constituição química mais complexa (pinturas).

Conhecer as características dos materiais é tão importante


SAIBA que seria interessante buscar catálogos de materiais nas lo-
MAIS jas ou com representantes. Neles podemos encontrar infor-
mações técnicas para sua utilização.

CASOS E RELATOS

Material aplicado erroneamente na construção civil


É comum encontrarmos em construções materiais que foram aplicados in-
devidamente, principalmente os materiais de acabamento como cerâmicas
ou pedras. Outro material que é comum a sua aplicação ser inadequada é
o ferro–estruturas metálicas ou até mesmo elementos metálicos, em local
de proximidade com o mar, não devem ser utilizados. O ferro é um material
resistente à tração e por isso muito empregado, mas tem uma grande des-
vantagem que é o processo de corrosão que sofre na presença de água e
de maresia. Sabemos que a maresia tem elevada concentração de sal, o que
acelera o processo da ferrugem, ou seja, da corrosão do ferro, chegando até
a deterioração do elemento.
A alternativa seria aplicar outro material mais resistente ao sal, como o alu-
mínio ou a madeira. Ou então fazer constante manutenção e proteção do
ferro com pintura e, assim, diminuir ou retardar o processo de corrosão.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
24

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu os materiais e viu que eles sempre estiveram
presentes na história da humanidade. Pode ver que conhecer os materiais
para empregá-los adequadamente é importante e que desde a antiguida-
de o homem vem os aprimorando e definindo suas propriedades.
Aprendeu a reconhecer os materiais através de suas classificações, que po-
dem ser quanto a sua origem, sua função ou sua composição.
2 MATERIAIS, COMPONENTES E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
25

Anotações:
Características e propriedades
dos materiais

Sabemos que os materiais construtivos sempre fizeram parte da história do homem. Este
os utilizava da mesma forma como encontrava na natureza e, com o passar dos anos, foi apri-
morando esses materiais de acordo com suas necessidades, dando a eles a funcionalidade ne-
cessária.
Pois bem, a partir de agora veremos que esses materiais têm características e propriedades
distintas, as quais os classificam tanto em relação à forma de obtenção quanto às suas aplica-
ções na construção civil, conforme veremos a seguir.
Conhecer as características e as propriedades dos materiais auxiliará o profissional da cons-
trução civil na identificação da melhor forma de especificá-los nas construções. E então, está
preparado? Vamos lá!
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
28

1 JAZIDA: 3.1 MATERIAIS METÁLICOS E SUAS LIGAS


Área onde temos uma Materiais metálicos são os materiais que têm na sua composição elementos
grande concentração do
metal, também conhecida como ferro, cobre, chumbo, bronze, entre outros. Quando utilizamos um metal
como mina de minério.
que se originou da mistura entre dois ou mais metais chamamos de ligas metáli-
cas.

3.1.1 OBTENÇÃO

Os metais são minerais encontrados na natureza em estado livre – quando


não estão misturados a outras substâncias – ou em estado composto – quando se
apresentam misturados a outras substâncias – e são conhecidos como minério.
Geralmente os metais não são encontrados puros na natureza, e essas impure-
zas denominamos de ganga. Os metais geralmente são retirados das jazidas1, que
podem ser superficiais ou profundas no interior da terra.
A obtenção do metal acontece através da mineração, que é a fase de extração
do minério nas jazidas.
Porém, a exploração da jazida só acontece quando ela é economicamente viá-
vel, ou seja, quando a retirada do metal e a venda desse material compensam os
investimentos que geralmente são grandiosos em equipamentos e mão de obra
especializada.
A atividade de exploração do minério, também conhecida por mineração, pos-
sui duas fases distintas.
a) Colheita a céu aberto: quando a jazida está próxima da superfície da Terra,
conforme a figura a seguir;

Figura 4 - Mina de ferro


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
29

Neste tipo de exploração, o solo é escavado por máquinas pesadas que reti-
ram o solo junto com o minério para depois ser separado.
b) Colheita subterrânea: quando a jazida está em camadas mais profundas
do solo, conforme vemos na próxima figura.

Figura 5 - Mina subterrânea


Fonte: SENAI, 2013.

Após a retirada do material bruto, este passa por um processo de concentra-


ção, que é uma fase de separação dos minérios úteis, das gangas e dos minérios
pobres. Este procedimento serve para purificar o minério e pode ser feito por pro-
cesso mecânico ou químico.
No processo mecânico, o minério passa por várias etapas em diferentes má-
quinas. É organizado da seguinte maneira:
1º Trituração: neste processo, o minério é quebrado em pedaços menores e
separado das impurezas.

Figura 6 - Máquina triturando o minério.


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
30

2 INSUFLAÇÃO:

Injeção de ar. SAIBA Pela internet, utilize a palavra-chave mineração e faça uma
pesquisa sobre o assunto. Será enriquecedor para o seu
MAIS aprendizado.

2º Classificação: é o processo no qual são separadas as rochas que não são


adequadas.

Figura 7 - Máquina de classificação de minérios.


Fonte: SENAI, 2013.

3º Levigação: nesta etapa, o minério é colocado em água corrente, geralmen-


te em esteiras ou batéis, e o movimento da água faz a separação das impurezas
que flutuam por serem mais leves que o metal; um exemplo de utilização é na
exploração do ouro.

Figura 8 - Extração de ouro por levigação.


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
31

4º Flotação: a ganga é mais pesada que o metal, e neste processo o material


é misturado com óleo e água. Em seguida, recebem uma insuflação2 de ar para
formar uma espuma com os metais, que são recolhidos na superfície.

Figura 9 - Flotação de minérios


Fonte: SENAI, 2013.

5º Separação magnética: nesta fase, o metal é separado por um ímã que o


atrai e deixa apenas as impurezas.

Figura 10 - Máquina de separação magnética de minérios


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
32

3 CARBONO: 6º Lavagem: por fim, o minério passa por uma lavagem, a partir da qual é
separado das impurezas.
Elemento químico.

Figura 11 - Máquina de lavagem de minério


Fonte: SENAI, 2013.

Já no processo químico são utilizados a ustulação e a calcinação.


a) Ustulação: o minério é aquecido por um jato de ar superaquecido e assim,
separado das impurezas;
b) Calcinação: os metais são separados do minério sob fogo direto.

Figura 12 - Forno de calcinação


Fonte: SENAI, 2013.

Agora que já sabemos como é obtido um dos materiais mais antigos da huma-
nidade, o metal, veremos como eles estão classificados.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
33

3.1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS METAIS (SEGUNDO CECÍLIA A. C. ZAVAGLIA


E ANDRÉ G. S. GALDINO)

a) Ligas ferrosas
Ligas ferrosas são os metais que têm na sua composição o carbono como ele-
mento diferencial, melhorando as suas propriedades.
Nas ligas ferrosas, o ferro é o elemento em maior quantidade. As ligas ferrosas
são os materiais mais produzidos e muito utilizados nas construções.
Existem dois tipos de ligas ferrosas, as quais se diferem de acordo com a quan-
tidade de carbono na sua composição. Denominamos aço o material que possui
teor de carbono3 menor que 2,11% e, ferro fundido o material que possui o teor
de carbono maior que 2,11%. A seguir, veja como eles estão classificados:
- aço com baixo carbono: com no máximo 0,30% de carbono;
- aço com médio carbono: com 0,30 a 0,60% carbono;
- aço com alto carbono: com 0,60 a 1,00% carbono.

Figura 13 - Aço-carbono
Fonte: SENAI, 2013.

VOCÊ Ferro puro só é encontrado nas siderúrgicas para a fabri-


cação das ligas ferrosas. Qualquer ferro que encontra-
SABIA? mos no nosso cotidiano é, na verdade, uma liga ferrosa.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
34

4 CROMO: b) Aços inoxidáveis (liga de cromo)

Elemento químico. São as ligas ferrosas que possuem o cromo4 na sua composição. Estes aços
possuem um óxido protetor que impede o contato com a atmosfera. Por isso, eles
não oxidam em ambientes normais.
Podem possuir mais de 30% de cromo ou menos de 50% de Ferro.

5 ELETRÓLISE:

Grupo de reações químicas


provocadas pela passagem
de corrente elétrica numa
solução condutora.

6 CORROSÃO:
Figura 14 - Aço inoxidável
Desgaste do ferro ou do Fonte: SENAI, 2013.
metal por oxidação.

c) Aços-liga
São os aços que possuem outros elementos de liga diferentes daqueles geral-
mente utilizados na fabricação dos aços comuns. Esses elementos têm o objetivo
de alterar as propriedades mecânicas e físicas do aço, tornando-o adequado para
usos específicos.

Figura 15 - Aço liga


Fonte: SENAI, 2013.

3.1.3 APLICAÇÕES

Os metais e as ligas metálicas têm ampla aplicação na indústria da construção


civil, desde a utilização das barras de aço nas vigas e nos pilares, como armação,
até em perfis de aço usados em estruturas metálicas.
Mas não são apenas estes os exemplos de utilização dos metais na engenharia.
No processo construtivo, os metais ou as ligas podem ser usados como elemen-
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
35

tos construtivos auxiliares, como arame recozido, pregos, parafusos, chapas me-
tálicas para formas de concretagem, além dos metais que são empregados como
elementos utilitários, como ferragens, fechaduras, gradis de proteção, escadas.
Os metais são utilizados na construção como:
a) chapas galvanizadas: chapas finas de aço com revestimento de zinco. Essa
galvanização é feita através de eletrólise5 ou por banho de zinco fundido.
Elas são muito resistentes à corrosão. Podem ser chapas lisas e também cha-
pas onduladas, essas usadas como telhas;

Figura 16 - Exemplos de chapas galvanizadas


Fonte: SENAI, 2013.

b) folhas de flandres: chapas de aço com as faces revestidas por uma camada
de estanho. Essa camada serve para proteger da oxidação;

Figura 17 - Folhas de flandres


Fonte: SENAI, 2013.

c) aço inoxidável: ligas que recebem o cromo para dar maior resistência à cor-
rosão6;
São usados para diversos fins, mas em geral como elementos de acabamento,
como guarda corpo, corrimões de escada e esquadria;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
36

7 BITOLA: d) perfis metálicos: barras de aço carbono em formato de I, H, U, T , L , usados


como elementos estruturais em obras de estrutura metálica;
Medidas padronizadas de
diâmetros, larguras.

Figura 18 - Perfis de aço e estrutura metálica


Fonte: SENAI, 2013.

e) barra redonda para concreto armado: são as barras metálicas com com-
primento de 12m. Existem em vários modelos e bitolas7e são usadas junta-
mente com o concreto armado;

Figura 19 - Barras redondas.


Fonte: SENAI, 2013.

f) barras de aço redondas encruadas: são as barras redondas que possuem


saliências na superfície, tornando-as mais resistentes à tração;

Figura 20 - Barras de aço redondas encruadas


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
37

g) pregos, arames recozidos e parafusos: são os elementos metálicos que


estão presentes na produção da construção civil como materiais que auxi-
liam os elementos construtivos principais, a exemplo dos arames usados
para segurar barras do concreto armado, pregos e parafusos para execução
e formas de madeira.

Figura 21 - Pregos, arame recozido e parafusos


Fonte: SENAI, 2013.

3.1.4 TRATAMENTOS TÉRMICOS

O tratamento térmico no aço tem como finalidade aumentar a sua dureza e


resistência.
A depender do processo de fabricação, podemos ter vários tipos de aço, que
podem ser macios ou duros.
A quantidade de calor fornecida ao aço e a velocidade de resfriamento desse
podem interferir na composição e na estrutura das moléculas do aço para torná-
-lo mais duro
Existem vários tipos de aço cujas características são definidas pelo tipo de es-
trutura molecular resultante do tratamento térmico, mas não focaremos nosso
trabalho neste aspecto. Veremos alguns dos processos de tratamentos ao qual o
aço é submetido.

Figura 22 - Barra de metal reaquecida para tratamento.


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
38

8 RESFRIAMENTO BRUSCO: a) normalização: tem como finalidade eliminar as tensões internas. Este tra-
tamento torna o aço mais macio e é feito com a elevação da temperatura
Muito rápido.
crítica seguido de resfriamento ao ar livre e de maneira lenta;
b) recozimento: neste tratamento térmico, o metal é reaquecido até uma
temperatura determinada, geralmente próxima da temperatura crítica, que
é mantida por determinado tempo. Em seguida, começa o processo de res-
friamento lento. Este tratamento traz ao metal um aumento da sua qualida-
9 SALMOURA: de, tornando-o mais resistente e duro;
Salgado. c) têmpera: este processo consiste em reaquecer o metal a alta temperatura
durante um tempo variável, a depender da dureza que o aço necessite, e de-
pois submetê-lo a um resfriamento brusco8. Geralmente esse resfriamento é
com azeite, água ou salmoura9. Isto muda as estruturas moleculares do me-
tal, dando origem a cristais que serão diferentes, dependendo da velocidade
do resfriamento;
d) revenido: este é um processo semelhante ao do recozimento, no entanto a
elevação da temperatura fica menor do que a temperatura crítica. É utilizado
para corrigir defeitos que surgiram no processo da têmpera, como diminuir
a dureza excessiva resultante desse processo.

3.1.5 PRINCIPAIS ENSAIOS MECÂNICOS

Os ensaios mecânicos são procedimentos de laboratório que têm a finalidade


de identificar no material qual a sua melhor qualidade para ser aproveitada na
construção civil. Os ensaios também nos informam sobre as propriedades mecâ-
nicas dos metais: até quando determinado metal pode suportar sendo submeti-
do às forças de tração, compressão, flexão e torção.
Os engenheiros de estrutura utilizam os resultados dos ensaios para aplicar
aos materiais a carga adequada para que estes consigam suportar os esforços. Já
os engenheiros de materiais fazem os ensaios para garantir a produção do mate-
rial com as propriedades necessárias para a sua aplicação.
Veremos os ensaios mais utilizados para se conhecer as propriedades dos me-
tais.
a) ensaios de tração: para esse ensaio é usada uma barra metálica conheci-
da por corpo de prova. Esse corpo de prova tem as dimensões determina-
das pela norma NBR 6892 e deve respeitar as seções para então analisar a
sua deformação. A deformação acontece à medida que o corpo de prova
é tracionado, ou seja, esticado por uma máquina a uma velocidade lenta e
constante. A máquina, na qual se faz o ensaio, já possui um dispositivo que
informa a carga do esforço ao qual o corpo de prova está sendo submetido;
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
39

Figura 23 - Corpo de prova submetido a ensaio de tração


Fonte: SENAI, 2013.

b) ensaios de dureza: alguns materiais podem ser moles ou duros. Neste en-
saio, o corpo de prova é colocado numa prensa que possui uma esfera de
aço temperado de alta resistência. A máquina aplica uma força empurrando
essa esfera contra a barra metálica, e à medida que é forçada, a esfera impri-
me uma marca na barra. O diâmetro dessa marca feita pela esfera informa a
dureza do metal;

Figura 24 - Corpo de prova submetido a ensaio de dureza


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
40

c) ensaios de torção: neste ensaio, uma barra metálica, corpo de prova, é sub-
metida à torção por uma máquina que gira suas extremidades em sentidos
contrários, forçando-a;

Figura 25 - Corpo de prova submetido a ensaio de torção


Fonte: SENAI, 2013.

d) ensaios de flexão: neste ensaio, uma barra metálica, corpo de prova, será
apoiada apenas pelas suas extremidades. Em seguida, uma máquina aplicará
força no vão central da barra, livre de apoio, empurrando-a para baixo. O
ensaio analisará o limite de flexão que a barra suporta.

Figura 26 - Corpo de prova submetido a ensaio de flexão.


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
41

3.2 MATERIAIS POLIMÉRICOS

Você sabe o que é um polimérico?


O nome é complicado e o seu conceito é um pouco complexo, pois envolve
conceitos de química. No entanto, podemos analisar pela origem grega da pala-
vra em que poli significa muito e mero significa partes.
É comum relacionarmos os polímeros com plástico. Realmente, alguns plásti-
cos são de origem polimérica. Mas devemos ter cuidado com essa terminologia
porque plástico também se refere a todo material que pode ser moldado. Por
exemplo: a argila que faz as telhas e o bloco cerâmico – quando é maleável, mole,
tem sua característica de material plástico, porque é moldável; mas quando ela
vai ao forno para ser cozida, ela endurece e deixa de ser um material plástico e
fica com a forma definida.
Alguns materiais poliméricos têm a característica de ser moldado, assim como
o plástico, quando ainda estão no processo de fabricação expostos à alta tempe-
ratura e pressão, mas ao esfriarem não.

Cientistas de vários países no século XIX começaram a


pesquisar um novo material que substituísse a seda do
VOCÊ oriente; descobriram então o nylon. Essa descoberta,
SABIA? juntamente com o avanço tecnológico possibilitou a
exploração de vários plásticos que são usados hoje no
nosso cotidiano.

Na construção civil, materiais poliméricos são utilizados para diversos fins. Te-
mos materiais como tubos de PVC, reservatórios de água, eletrodutos, acessórios
elétricos como caixas de passagem, caixas de tomadas, forros, revestimentos, te-
lhas, esquadrias etc.

Figura 27 - Materiais plásticos.


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
42

Algum tempo atrás, os materiais plásticos eram considerados frágeis, sem du-
rabilidade ou sem resistência, sobretudo porque não suportaria o fogo. Porém
hoje, com o avanço da tecnologia, temos materiais com características aprimora-
das, altamente resistente ao fogo, adequado para um uso específico; como exem-
plo, os eletrodutos.

Figura 28 - Eletroduto rígido e flexível


Fonte: SENAI, 2013.

3.2.1 OBTENÇÃO

A obtenção dos poliméricos será sempre por processo químico e industrial, ou


seja, fabricado em uma indústria.
Pela grande diversidade de produtos poliméricos que surgem a partir dos pro-
cessos químicos de fabricação, abordaremos de forma simplificada este tópico,
uma vez que os processos químicos não trazem importância para o produto final
obtido.
Para a fabricação dos poliméricos, usa-se matérias-primas de origem animal,
vegetal ou mineral, porém a maioria são de origem mineral, obtidos através do
petróleo. Vamos entender este processo.
O petróleo bruto é extraído do subsolo e levado até a refinaria. Na refinaria,
esse petróleo bruto é aquecido, e à medida que a temperatura é elevada, é ex-
traído do forno algumas substâncias como lubrificantes, óleos, ceras, óleo diesel,
gasolina, até nafta. Para a obtenção da nafta, a temperatura do forno tem que ser
a mais elevada, ou seja, a nafta é obtida com a temperatura mais alta de ebulição
do petróleo.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
43

3.2.2 CLASSIFICAÇÃO

Esta classificação é apresentada de acordo com o processo de fabricação do


polimérico e como ele reage quando aquecido.
Na construção civil temos três formas de classificação dos materiais poliméri-
cos. São elas:
a) termoplásticos: são todos os materiais plásticos que sofrem deformação
quando aquecidos, ou seja, amolecem ao entrar em contato com alta tem-
peratura. Depois são moldados em formas para assumir a forma definitiva
assim que forem resfriados;
Os termoplásticos possuem a característica marcante de não perderem suas
propriedades neste processo, e podem ser aquecidos, moldados e resfriados no-
vamente para adquirirem uma nova forma;

Figura 29 - Materiais termoplásticos na construção civil


Fonte: SENAI, 2013.

b) termofixos: são materiais que passam por um processo de modificação, no


qual é aquecido e misturado a substâncias químicas que reagem e alteram a
sua estrutura molecular. Com isso, eles passam a ficar rígidos e moldados na
forma desejada. Geralmente, ficam quebradiços e não aceitam mais serem
reaquecidos e remoldados;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
44

Figura 30 - Materiais termofixos


Fonte: SENAI, 2013.

c) elastômeros: esses materiais são especiais, pois a sua característica princi-


pal é a elasticidade. São materiais que sofrem deformações e depois retor-
nam a sua forma original.
Nesta categoria temos como exemplo as borrachas sintéticas.

Figura 31 - Mantas para impermeabilização


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
45

3.2.3 COMPORTAMENTO TÉRMICO E MECÂNICO

a) Comportamento térmico: é a propriedade dos poliméricos quan-


do submetidos à variação de temperatura, principalmente calor.
O comportamento térmico pode ser:
-- termoplástico: são poliméricos que se tornam maleáveis e moldáveis
quando aquecidos e, em seguida, quando são resfriados, completam o
ciclo, tornando-se endurecidos e estáveis. Este processo pode ser reiniciado
caso o polimérico receba calor novamente. Nessa categoria encontramos:
polietileno, poliestirenos, PVC, entre outros;
-- termoestável: podem se chamados também de termofixos ou termor-
rígidos. São os poliméricos que, quando aquecidos, se tornam maleáveis
para serem moldados; se resfriado em seguida, ficam endurecidos na forma
estável. Depois desse estágio, o polimérico não poderá mais ser aquecido
para ser moldado. Se esse polimérico for reaquecido, ele se desintegra, e
não se torna maleável.

O assunto de poliméricos é muito interessante e muito vas-


SAIBA to, aumente seus conhecimentos pesquisando em sites de
MAIS busca utilizando a palavra-chave poliméricos ou polímeros e
verá várias aplicações destes materiais.

b) Comportamento mecânico: para definirmos o comportamento mecânico


dos poliméricos devemos saber que há três tipos de categorias:
-- elastômeros: são os materiais que chamamos de borracha e que, no meio-
ambiente, apresentam a característica de grande elasticidade, ou seja,
quando submetidos a alguma força que os deforme, ainda conseguem vol-
tar à sua forma original sem perder as suas propriedades;
-- plásticos: são os poliméricos que possuem a propriedade de se moldarem
quando fluidos em determinada fase de processamento e também quando
são aquecidos. Quando resfriados, assumem a sua forma estável. Os plásti-
cos podem ser rígidos ou flexíveis. Os rígidos são os plásticos que ao rece-
ber tensão logo se rompem sem muita deformação. Já os plásticos flexíveis
conseguem suportar uma tensão e, ao invés de se romperem, se deformam;
-- fibras: são poliméricos que possuem fibras alinhadas no sentido longitu-
dinal, o que lhes garante uma grande capacidade de resistir à tensão. No
entanto, não têm resistência à compressão.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
46

3.2.4 APLICAÇÕES

Muitos materiais poliméricos são utilizados na construção civil. Vamos ver al-
guns desses materiais.
a) materiais hidráulicos: o material utilizado na confecção de tubos para
distribuir água fria nas edificações é o PVC (Poli Cloreto de Vinila); o mais
indicado para tubulação para água quente, por ser mais resistente a altas
temperaturas é o CPVC (Poli Cloreto de Vinila Clorado). Esses materiais são
os mais indicados para a confecção de tubos e conexões;
b) materiais elétricos: os produtos fabricados com esses poliméricos são:
- eletrodutos corrugados flexíveis e eletrodutos rígidos;
- caixas de tomadas e de passagem;
- caixas de distribuição;
- materiais elétricos com conjunto de tomadas e de interruptores;
- revestimentos de cabos e fios elétricos.
Em todos esses materiais há a presença de PVC, mas além dele ainda existem
outros poliméricos como PS (poliestireno), PE (polietileno), PPO (polióxifenileno),
PP (polipropileno) e o PCTFE (politrifluorcloroetileno).
c) materiais de acabamento: nos materiais de acabamento podemos ter
esquadrias de PVC, hoje muito usadas por terem vantagens em relação às
confeccionadas com outros materiais. O PVC é um material de grande resis-
tência às intempéries, à oxidação por salinidade e pela sua praticidade de
instalação.
Outras aplicações de poliméricos são encontradas em revestimentos, pisos e
coberturas de PC (policarbonato) e são muito empregadas para proteção de áreas
externas, pela sua resistência a impactos e à alta temperatura. Os pisos em PVC
são bem utilizados principalmente quando há a necessidade de aplicação com
agilidade, além de serem bastante resistentes ao tráfego.
Ainda temos os forros em PVC, cuja aplicação é mais frequente e possui uma
variedade de opções no mercado, sendo usado para dar acabamento aos telha-
dos para esconder as instalações elétricas ou mesmo para isolamento acústico.

Os poliméricos que são utilizados em instalações elétricas


FIQUE devem ser de excelente qualidade, preferencialmente an-
ALERTA tichamas, pois a eletricidade pode gerar curto-circuito e
provocar incêndio.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
47

3.2.5 PRINCIPAIS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Os ensaios são procedimentos realizados com os materiais e têm a finalidade


de testar e conhecer as propriedades mais importantes para a sua utilização. Com
isso, é possível saber se determinado material terá resistência à tração ou com-
pressão e se terá resistência ao fogo.
Alguns ensaios para caracterização dos poliméricos são mais importantes. Ve-
jamos alguns deles.
a) absorção de água: pode verificar tanto a capacidade do polimérico de ab-
sorver água, como a quantidade de água por ele absorvida;
b) resistência à flexão: a partir desse ensaio é determinado o esforço máximo
de flexão ao qual o polimérico é submetido sem se romper;
c) resistência à compressão: nesse ensaio pretende-se determinar a inten-
sidade máxima de compressão a qual um polimérico é submetido sem se
romper;
d) densidade: é o ensaio que observa a característica relacionada à densidade
do plástico, principalmente para assegurar as propriedades desse poliméri-
co;
e) dureza: neste ensaio é verificada a capacidade do polimérico de resistir a
esforços de pressão, medindo o quanto o plástico ficou marcado com a pres-
são do equipamento de ensaio.

3.3 MATERIAIS CERÂMICOS

A cerâmica é um dos materiais mais utilizados pela construção civil. Hoje, a ce-
râmica é usada para fazer o fechamento ou a vedação da construção em forma de
paredes, com os tijolos e blocos, como coberturas, com as telhas cerâmicas, como
material de acabamento com os revestimentos e pisos ou, ainda, na fabricação de
louças sanitárias.
A matéria-prima mais comum na formação da cerâmica é a argila, que é um
material formado a partir da decomposição de rochas argilominerais e a união
com outros elementos. A variação nessa composição, como quantidade ou mes-
mo tipo de argila, pode interferir nas características físicas da cerâmica. Basta
observarmos as variações de cores que possuem as telhas cerâmicas – podemos
encontrar desde a cor bege até o vermelho.
A fabricação da cerâmica é muito antiga. Desde a antiguidade o homem usa
a argila: inicialmente apenas a umedecia com água e criava uma massa moldável
que ao secar endurecia e podia ser utilizada como tijolos de adobe. No entanto,
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
48

10 CAULINITA: foi com a descoberta de que a argila moldada, ao ser cozida, endurecia e se torna-
va muito mais resistente e impermeável que se pode usá-la como utensílio para
Argila com teor de
alumínio muito elevado e uso cotidiano, como potes e pratos e ainda nas construções, como telhas e tijolos.
apresentando coloração
branca. Segundo fontes historiográficas, a primeira civilização a utilizar a cerâmica foi
a Mesopotâmia. Eles utilizaram tanto os tijolos em adobe, ou seja, cerâmica ape-
nas seca ao sol, como a cerâmica cozida – esta mais utilizada para confecção de
utensílios domésticos.
11 ROCHAS ÍGNEAS:

Capacidade de resistir à
altas temperaturas.

12 CAPACIDADE
REFRATÁRIA:
Figura 32 - Exemplos de cerâmicas
Fonte: SENAI, 2013.
Capacidade de resistir à
altas temperaturas.

3.3.1 MATÉRIAS-PRIMAS

A matéria-prima das cerâmicas é a argila. No entanto, as argilas possuem dife-


rentes substâncias em sua composição. A substância que estiver em maior quan-
tidade será responsável pelo tipo de cerâmica que será produzida.
As cerâmicas mais utilizadas na construção civil passam pelo processo de co-
zimento e nesse processo, por reação química, algumas substâncias se transfor-
mam, fornecendo propriedades ao material como resistência e impermeabilida-
de.
A substância mais presente na argila é o caulin, formada por caulinita10, que
tem a aparência clara com partículas muito finas que deixam a argila muito plás-
tica.

O nome caulin vem da China, Kao Liang, que significa


VOCÊ colina alta. O caulin, pelas suas propriedades, fornece à
cerâmica uma característica de dureza e por isso é mui-
SABIA? to usado para a fabricação de porcelanas, refratários e
azulejos.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
49

Figura 33 - Aplicação da cerâmica com caulin


Fonte: SENAI, 2013.

Outra substância que está presente na argila é o óxido de ferro, muito encon-
trado nas rochas ígneas11, também chamadas de rochas vulcânicas. O óxido de
ferro presente nas argilas dá uma coloração mais avermelhada ou de cor amare-
lada. No entanto, o óxido de ferro diminui a capacidade refratária12 da cerâmica.
Esse tipo de argila avermelhada é a mias comum, principalmente em materiais
como blocos, tijolos e telhas.

Figura 34 - Exemplos de materiais cerâmicos


Fonte: SENAI, 2013.

Na composição da argila também encontramos a sílica. Essa substância é a res-


ponsável pela formação do vidro quando a argila é aquecida. No entanto, a sílica
diminui a refração do produto, diminui a plasticidade e também o trincamento,
que é aquela rachadura na peça.
Outros elementos fazem parte da constituição da argila, como cálcio, alumina
e sais. Estes, inclusive, são os responsáveis pelo surgimento da eflorescência que
deixa aquela mancha branca, geralmente mais visível nas telhas.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
50

13 CERÂMICA POROSA:

Com muitos poros.

Figura 35 - Telha com eflorescência


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2003.

3.3.2 CLASSIFICAÇÃO

A classificação dos materiais cerâmicos é feita a partir de suas características


de fabricação, e podem ser:
a) material cerâmico seco ao ar e cozido: a argila, depois de adicionada
água, é moldada e deixada ao ar para ir secando lentamente – geralmente
essa secagem acontece ao abrigo do sol – para em seguida ir ao forno e ser
cozida. No entanto, os tijolos de adobe são colocados ao sol para secagem;
b) material cerâmico de baixa vitrificação: a argila é moldada depois de adi-
cionada água, deixando secar lentamente à sombra; no processo de cozi-
mento são adicionados alguns sais que dão à cerâmica uma característica
vitrificada;
c) material cerâmico de alta vitrificação: a cerâmica que possui alta quanti-
dade caulin é moldada com adição de água e, em seguida, colocada para se-
cagem em fornos. Essa cerâmica possui a coloração mais clara, quase branca.
É conhecida também como grês e usada para fabricação de louças e azulejos;
d) material refratário: a cerâmica que possui também grande quantidade de
caulin e o processo de fabricação é o mesmo que o citado anteriormente,
porém este material possui alta resistência ao calor, além de ser isolante elé-
trico.

3.3.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO

A cerâmica é conhecida como “pedra artificial” que, portanto, precisa passar


por um processo de fabricação. De uma forma geral, os processos são quase os
mesmos para todo tipo de material cerâmico, e vão desde a extração do material,
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
51

passando pelos processos de preparação da matéria-prima, modelagem, seca-


gem, até o cozimento, que é a etapa final. A seguir, veremos cada uma dessas
etapas.
1º Extração: este é o primeiro processo, quando se retira a argila do solo. Exis-
tem diferentes tipos de argila e essas diferenças acontecem por causa da compo-
sição de minerais nela existentes. Assim, cada tipo de argila possuirá uma proprie-
dade diferente e por isso é importante fazer uma análise da jazida qual a argila foi
extraída para conhecer a composição química que melhor atenderá ao tipo de
cerâmica.

Figura 36 - Extração de argila


Fonte: SENAI, 2013.

A qualidade da argila interfere diretamente no resultado final da cerâmica de-


pois do processo de cozimento, pois alguns elementos que podem estar na argila
como cálcio e compostos sulfurosos, alteram a qualidade da cerâmica, deixando-
-a muito trincada. Algumas cerâmicas depois de cozidas ainda podem conter pe-
quenos torrões de cal, e essa cal, ao entrar em contato com água, reage quimi-
camente e estoura, quebrando a cerâmica. Além da cal, a cerâmica pode conter
também matéria orgânica. Essa matéria orgânica deixa a cerâmica muito porosa13
depois do processo do cozimento, tornando-a muito frágil.
2º Preparo da matéria-prima: depois de extrair a argila, o primeiro passo é
deixar a argila em descanso, principalmente ao ar livre, e sempre misturando-a
para que as matérias orgânicas entrem em processo de fermentação. Este proce-
dimento é chamado de apodrecimento da argila.
Em seguida, começa o processo de maceração, que serve para diminuir os
grãos da argila e torná-la mais plástica. Esse processo geralmente é rudimentar e
feito por homens ou por moinhos com tração animal. Nesse processo também se
faz a correção, que consiste na limpeza da argila e retirada de material orgânico
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
52

14 MALEÁVEL: como raízes e galhos. Pode-se também adicionar areia para melhorar as proprie-
dades da cerâmica.
Fácil de manusear, moldar.

Figura 37 - Argila pronta para ser moldada


Fonte: SENAI, 2013.

3º Moldagem: neste processo a argila é remexida e é adicionado água para


dar forma a uma massa moldável e plástica.
Existem algumas proporções de água que devem ser adicionadas à argila para
se conseguir um determinado tipo de cerâmica. Para a fabricação de louças sa-
nitárias e peças para instalação elétrica, por exemplo, o ideal é que se adicione
muita água, tornando-a mais fluida.
A argila moldada e misturada com uma quantidade de água até 35% torna-se
uma massa muito maleável14 que pode ser moldada com as mãos e em formas pra
se obter um objeto. É excelente para produzir vasos e artefatos de artesanato ou
ainda na fabricação artesanal de tijolos.
A argila com pouca quantidade de água na sua mistura é ideal para a fabrica-
ção de blocos e telhas, assim como ladrilhos ou pisos. Esse tipo de massa de argila
é usado em máquinas industriais para a produção por extrusão, que consiste em
prensar a massa numa máquina, saindo no formato da peça.

Figura 38 - Blocos cerâmicos moldados


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
53

4º Secagem: este processo é muito importante porque quando adicionada


água à argila, esta se expande, aumentando o seu volume. Então é necessário,
antes de levar o produto moldado ao forno, deixá-lo ao ar livre para ir perdendo o
excesso de umidade. Se o produto for ao forno muito úmido, durante o processo
de cozimento, a parte externa começa a queimar e reter a água no interior. Essa
água tende a forçar a saída, causando trincas ou até mesmo o rompimento, dani-
ficando o produto final.
Além da secagem natural, também existe a secagem por ar quente-úmido, por
secadores de túnel e secadores por radiação infravermelha.
5º Cozimento: é o processo mais importante de fabricação dos materiais ce-
râmicos. Neste processo, o calor ao qual a argila já moldada é submetida provo-
ca algumas reações químicas. Essas reações podem ser logo no início, durante a
queima ou no final. Cada uma dessas reações dá ao material cerâmico diferentes
propriedades.
O mais importante no processo de cozimento é manter a mesma temperatura
de cozimento, assim, garantindo que a queima seja uniforme para obter um ma-
terial de melhor qualidade.
Desde a antiguidade, quando se descobriu que a argila, ao ser queimada, ad-
quiria mais resistência, até os dias atuais, vários tipos de fornos foram inventados
– dos artesanais, quando os objetos moldados são cobertos por palha e barro
para depois ser queimado, até os atuais fornos, que podem ser de vários modelos,
como o forno de túnel.

Figura 39 - Forno artesanal para queima de blocos


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
54

3.3.4 APLICAÇÕES

Os materiais cerâmicos têm diversas aplicações na construção. Neste capítulo,


você já viu alguns exemplos, mas vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre
as aplicações desses materiais.
a) tijolo de adobe: são tijolos feitos de argila sem cozimento. Eles são secos ao
ar livre e geralmente são adicionadas fibras vegetais para dar mais resistên-
cia a eles. Como não são cozidos, eles não apresentam a mesma resistência,
principalmente com relação às intempéries. São muito frágeis ao contato
com a água. Muitas edificações no Brasil foram construídas com esses tijolos,
mas com o surgimento dos tijolos cozidos seu uso foi diminuindo;

Figura 40 - Fabricação de tijolos de adobe adicionando fibras vegetais


Fonte: SENAI, 2013.

Os tijolos de adobe são péssimos condutores de calor.


VOCÊ Se a técnica fosse de novo ensinada à população do ser-
SABIA? tão, poderíamos ter residências com conforto térmico e
com o custo menor do que as feitas em blocos.

b) tijolos cerâmicos comuns: são os tijolos feitos em argila, geralmente argila


com alto teor de óxido de ferro que dão a eles a cor avermelhada. Essa argila
não é de alta qualidade, mas isto não compromete as propriedades mecâni-
cas dos tijolos. O processo de fabricação é o mesmo para qualquer material
cerâmico, e é no processo de cozimento que acontecem as reações químicas
que fazem o tijolo ter a coloração avermelhada. Os tijolos são usados prin-
cipalmente para vedação de alvenaria e também como elemento estrutural,
pois podem suportar a compressão;
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
55

Figura 41 - Tijolo maciço comum


Fonte: SENAI, 2013.

c) bloco cerâmico: é talvez o material mais usado na construção civil. Tem a


função de vedação de alvenaria e até mesmo de alvenaria estrutural. Seu
processo de fabricação é o mesmo que o do tijolo, passando por todas as
etapas de fabricação. Assim como nos tijolos, a argila dos blocos cerâmicos
têm alta concentração de óxido ferroso, o que lhes dá a cor avermelhada.
Uma característica física própria dos blocos é que sua estrutura não é maciça:
ela é oca, possui galerias e, por isso, esses blocos são chamados de blocos de
furos. Existem algumas dimensões no mercado, mas todas elas são determi-
nadas pela norma da ABNT. Os blocos de cerâmica possuem uma caracterís-
tica mais vítrea, sendo a sua superfície mais lisa que a dos tijolos;

Figura 42 - Bloco cerâmico


Fonte: SENAI, 2013.

d) telhas cerâmicas: as telhas também são um dos materiais mais presentes nas
construções, principalmente nas de pequeno porte, como residências. Desde
a antiguidade, se utiliza a telha como material para proteção de sol e chuva.
Existem vários modelos de telhas cerâmicas no mercado. Temos as telhas
coloniais, as paulistas, as francesas e as romanas;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
56

Figura 43 - Telhas cerâmicas


Fonte: SENAI, 2013.

e) tijoleiras e ladrilhos: são as cerâmicas usadas em pavimentação. Elas têm


uma característica física própria por ter pouca espessura. Seu aspecto exter-
no é bastante rugoso, embora algumas apresentem uma aparência mais lisa
por serem moldadas por prensagem. De maneira geral, seguem o mesmo
processo de fabricação dos tijolos maciços;

Figura 44 - Tijoleiras cerâmicas


Fonte: SENAI, 2013.

f) louças sanitárias: são cerâmicas de alta vitrificação, também chamadas de


faiança. Sua coloração é quase branca por ter alto teor de caulin. A caracterís-
tica dessa louça é apresentar a parte externa vitrificada, acabamento quase
liso e textura bem compacta;

Figura 45 - Vaso sanitário


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
57

Os vasos sanitários são feitos em cerâmica e não foram


FIQUE feitos para subir. Eles suportam o peso de uma pessoa sen-
tada porque distribui o peso, mas subir em uma lateral do
ALERTA vaso pode quebrar o vaso e o acidente fica grave quando a
louça corta a perna. Esses cortes são sempre profundos.

g) Azulejos: assim como as louças, os azulejos são feitos com cerâmica caulin.
São cerâmicas de alta vitrificação, com uma característica externa lisa e com-
pacta, enquanto o interior apresenta uma textura porosa.

Figura 46 - Azulejos
Fonte: SENAI, 2013.

3.3.5 PRINCIPAIS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Existem alguns ensaios para materiais cerâmicos que podem ser feitos em vá-
rias etapas de fabricação, até mesmo depois de pronto o material.
De maneira geral, os ensaios de materiais cerâmicos podem ser divididos em
físicos e mecânicos.
Os ensaios físicos são:
a) ensaio de porosidade: analisa o índice de poros na cerâmica;
b) ensaio de permeabilidade: analisa a impermeabilidade do material;
c) dilatação térmica: neste ensaio se analisa o coeficiente de dilatação da cerâ-
mica.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
58

15 CISALHAMENTO: Os ensaios Mecânicos são:

É a quebra, fratura do a) tração: verifica-se a capacidade de o material cerâmico resistir à tração;


material.
b) compressão: verifica-se a capacidade máxima de a cerâmica resistir à com-
pressão, principalmente nos blocos cerâmicos para paredes estruturais;
c) flexão: verifica-se o limite de flexão dos materiais cerâmicos;
d) cisalhamento: verifica-se o limite máximo de os produtos cerâmicos resisti-
rem ao cisalhamento15.

3.4 VIDROS

O vidro é um material muito antigo que foi descoberto pelos Fenícios ou pelos
egípcios. Ainda hoje o vidro é utilizado em nossas construções e no nosso cotidia-
no. No início, ele era usado apenas para adornos, mas com o tempo sua utilização
foi ampliada. Hoje em dia o vidro é utilizado como vedações de esquadrias, como
blocos de vidros para iluminação, entre outras aplicações.
A sua composição é basicamente de soda-cal e sílica, obtidos facilmente na
natureza.
Para sua fabricação, aquece-se a sílica e a soda-cal, e quando ambas estiverem
incandescentes e em forma de pasta, começa o processo de manuseio através de
ar para inflar e esticar.

Figura 47 - Vidro sendo inflado


Fonte: SENAI, 2013.

Para a fabricação de vasos, copos ou adornos com vidro, o processo é feito


manualmente. O operário coleta a pasta com um tubo e ao soprar pela extremi-
dade cria uma bolha; neste momento, começa a moldagem para atingir a forma
desejada.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
59

O vidro está presente na construção civil como vedação de esquadrias ou de


fachadas, como elementos no interior das residências, como box de sanitários,
espelhos, entre outros usos.
A tecnologia possibilitou a criação de vários tipos de vidro. Alguns resistem
mais a impactos, outros podem refletir parte da radiação solar.
Vridro
Assim como qualquer material, o vidro deve ser escolhido de acordo com as
funções para qual foi destinado.

Figura 48 - Vidros
Fonte: SENAI, 2013.

Em locais de segurança são utilizados vidros à prova de balas. Esses vidros são
feitos com várias lâminas intercaladas por uma lâmina de acrílico que absorve o
impacto da bala e não permite que ela o ultrapasse.
Existe também o vidro temperado. Estes são submetidos a tensões para torná-
-los mais resistentes, no entanto, quando se rompem, tendem a quebrar em pe-
daços bem pequenos. Os vidros temperados existem nas cores marrom, verde e
transparente.

Todo vidro merece um cuidado na sua utilização pois são


FIQUE frágeis; não permitem impactos e nem flexões. Os vidros
ALERTA temperados se quebram em pedaço pequenos em torno
de 1,0 cm e parecem menos perigosos, mas não são.

Aplicação dos vidros na construção civil:


a) vedação: usado em esquadrias para ter visibilidade e vedação;
b) ornamentos: vidros coloridos que servem para vedação e ornamentos em
vitrais e janelas;
c) proteção: vidros que suportam impactos, como os vidros à prova de bala;
d) fachada: vidros utilizados para se formar uma fachada envidraçada.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
60

3.5 AGLOMERANTES

Você sabe o que significa um aglomerante?


Com certeza você já viu ser usado na construção civil, mas não sabia o que
realmente era e qual a sua função.
Pois bem, o aglomerante é um material geralmente usado para dar liga a ou-
tros materiais. Um bom exemplo disso é a cal adicionada no concreto. Os aglo-
merantes são utilizados para formar uma pasta ou uma mistura mais homogênea.
Alguns aglomerantes reagem apenas na presença do ar, outros reagem quan-
do em contato com água, como é o exemplo do cimento e da cal.
Antes de aprofundarmos o nosso conhecimento nos aglomerantes, vamos fa-
lar sobre o efeito da pega.
Pega é a reação que ocorre quando o aglomerante entra em contato com a
água. A partir da mistura com a água começam as reações químicas que fazem a
massa perder a fluidez e começar a endurecer. Neste processo, é comum a libera-
ção de calor, mostrando que está ocorrendo a pega.

3.5.1 MATERIAIS AGLOMERANTES

a) cal
É o material aglomerante formado a partir da calcinação de rochas calcárias
em fornos com altas temperaturas.
Existem três tipos de cal:
-- cal virgem: toda cal se origina da queima de rochas calcárias a altas tem-
peraturas, no entanto, a cal virgem acontece à temperaturas menores
que a temperatura de fusão do material, que varia entre 850º a 950ºC. A
cal virgem ainda não é o material aglomerante que é usado na construção
civil. Quando adicionada água, ela vai formar a cal extinta ou queimada.
A cal virgem deve ser colocada num tanque e misturada com água
no próprio canteiro de obras para começar o processo de hidrata-
ção. Nesse processo, muito calor é liberado. Em seguida, é deixada
para descansar durante 48 h para então ser usada na construção civil.
Essa cal serve para fazer argamassa com característica fluida, mas quando
exposta ao ar perde sua fluidez e começa a endurecer, por isso é chamada
de cal aérea.
-- cal hidratada: este aglomerante é formado pela cal que foi hi-
dratada e depois triturada até formar um pó seco muito fino.
É muito usada na construção civil e geralmente é comercializada em sacos
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
61

de 20kg. A cal hidratada é muito usada no traço das argamassas e até no


concreto. Ela melhora a fluidez da massa porque seus grãos finos preen-
chem os espaços vazios, deixando as partículas da massa mais deslizante.
Assim, a massa fica mais maleável e mais fácil de moldar, além de reduzir as
fissuras do revestimento.
Aplicação da cal:
A cal virgem é usada como aglomerante na produção de argamassas e até do
concreto e serve para deixar mais maleável e melhorar as propriedades mecâni-
cas das argamassas. Porém ela possui uma grande desvantagem na sua utiliza-
ção, que é a necessidade de ter no canteiro de obra um tanque para fazer a sua hi-
dratação, sendo utilizado somente após 48 h nos traços de argamassa e concreto.
A cal hidratada, diferente da cal virgem, é hoje muito mais utilizada devido as
suas facilidades de manuseio, pois já vem pronta da fábrica e em sacos de 20 kg,
facilitando o armazenamento e o transporte, que são pré-requisitos necessários
para se ter uma obra mais econômica e funcional, ou seja, mais racionalizada.
Assim como a cal virgem, a hidratada é usada na mistura de argamassas para
reboco e concreto. A aplicação da cal faz com que a massa seja mais plástica, mais
fácil de trabalhar. Outra característica é a redução de fissuras no reboco.
A cal hidrata também pode ser utilizada misturada com água para pinturas de
paredes.
b) gesso:
O gesso é outro material aglomerante usado na construção civil. Hoje, usamos
o gesso para fazer o acabamento de paredes, substituindo o reboco de argamas-
sa e para rebaixamento de teto com placas.
Mesmo sendo um material de custo baixo, ele não tem grande variedade de
usos.
A obtenção do gesso se dá a partir da desidratação total ou parcial da gipsita.
Gipsita é uma rocha que passa pelo processo de trituração e depois queimada em
fornos.
O gesso tem o seu endurecimento, ou seja, sua pega, de forma muito rápida.
Tem uma massa bastante fluida e, quando endurecido, a sua superfície tem o as-
pecto bastante liso, facilitando o acabamento final antes da pintura.
Pelo fato de o gesso ter o endurecimento muito rápido, é comum ser adicio-
nado argamassa quando o tempo de endurecimento precisa ser reduzido. Neste
caso, o gesso funciona como um aditivo que acelera o processo de pega da arga-
massa.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
62

Aplicação do gesso:
a) o gesso pode ser utilizado na construção civil como aglomerante na arga-
massa para acelerar a pega da massa;
b) pode ser usado como reboco. Este procedimento está sendo muito utili-
zado pelas construtoras por facilitar o acabamento, reduzindo as etapas e
também a quantidade de materiais para o reboco. Outra vantagem do gesso
como reboco é o acabamento muito liso ao final do processo, diminuindo a
quantidade de massa corrida para a pintura;

Figura 49 - Aplicação de gesso como reboco


Fonte: SENAI, 2013.

c) O gesso como rebaixamento de teto: esta é talvez a aplicação mais conhe-


cida, já que há muito tempo se utiliza o gesso para diminuir o pé-direito dos
ambientes, ou seja, medida entre o piso e o teto. O gesso vem em placas na
dimensão de 60x60cm com encaixes macho e fêmea, sustentado por ara-
mes fixados na laje ou estrutura dos telhados. Quando esses rebaixamentos
possuem motivos decorativos, como sancas e molduras, estas também são
confeccionadas em gesso.

Figura 50 - Placas de gesso para forro de gesso e sancas de gesso para decoração.
Fonte: SENAI, 2013.

Hoje temos o gesso acartonado, que são placas de gesso revestidas por uma
espécie de cartolina para dar maior resistência à placa, uma vez que as placas
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
63

são maiores que as placas de gesso comum. Essas placas são fixadas em tirantes
metálicos por parafusos e depois podem receber massa corrida e em seguida a
pintura.
Os tirantes metálicos são os perfis metálicos que servem de apoio para a fixa-
ção das placas de gesso acartonado. Observe na figura a seguir.
Este é o sistema drywall e serve para fazer paredes e divisórias, assim como
forros para rebaixamento de pé direito. Esse sistema drywall vem sendo muito
usado na construção civil pela praticidade e rapidez, sem contar a economia den-
tro da obra. Mas, a maior desvantagem do gesso é falta de resistência à umidade
e a impactos.

Figura 51 - Placas de gesso acartonado e estrutura metálica de fixação das placas.


Fonte: SENAI, 2013.

CASOS E RELATOS

Gesso Acartonado
Rodrigo resolveu comprar um apartamento. Foi buscando informações e
visitando apartamentos decorados que um dia encontrou um empreendi-
mento que estava sendo lançado com um custo muito bom em relação aos
apartamentos com mesma área que este.
Ficou curioso, então, para saber o porquê deste custo. Desconfiado, imagi-
nou logo que a obra seria de péssima qualidade. Mas ao consultar o corre-
tor do stand, descobriu que o apartamento seria entregue com as paredes
internas em drywall, e que poderia fazer qualquer modificação no aparta-
mento. Como Rodrigo não conhecia o drywall, achou melhor não comprar
o apartamento.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
64

16 AGREGADO: Mas curioso como sempre, resolveu pesquisar e, buscando na internet, des-
cobriu que o drywall, apesar de parecer frágil, é muito resistente e reduz os
Material ou componente
que se mistura a outro. custos da obra, e por isso houve a redução do custo do apartamento.
Agora Rodrigo entende que a falta de informação muitas vezes impede de
fazermos bons negócios.

17 POZOLANA:

Rocha de origem vulcânica.

c) cimento Portland
O Cimento Portland é o aglomerante mais importante da construção civil.
Com o cimento é possível fazer o concreto que está presente em quase todas as
18 ESCÓRIA: obras de construção civil. O cimento é um pó muito fino de cor acinzentada que
em contato com água reage e endurece. Depois de endurecido, apresenta uma
Resíduo de queima em
fornos com aspecto de característica muito dura, semelhante a uma pedra, e não se decompõe. Mesmo
grãos. triturado ele não serve para ser reutilizado, a não ser como agregados16. É bastan-
te resistente à compressão, no entanto, não resiste muito à tração e flexão.
Encontramos o cimento nas obras em alvenaria de tijolos ou em construções
mistas com madeira e alvenaria e aço e alvenaria. Com exceção de construções
feitas unicamente de madeira ou de aço; nestas o cimento não é utilizado.

Composição do cimento Portland:


O Cimento Portland é formado a partir do clinker, que é uma substância ori-
ginária a partir da mistura do calcário e da argila. Estas são trituradas, moídas e
misturadas em proporções que variam de acordo com a propriedade que se de-
seja alcançar. Depois de misturadas, as duas substâncias são levadas a um forno
giratório e, então, aquecidas a uma temperatura média de 1450ºC. Quando chega
a essa temperatura, o clinker fica incandescente, e em seguida é resfriado brusca-
mente.

Figura 52 - Clinker
Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
65

O clinker é o elemento que dá ao cimento a capacidade de se transformar


numa pasta fluida em contato com a água, desencadeando uma reação química.
Em seguida, dá-se o processo de endurecimento, que uma vez iniciado não tem
como parar e é irreversível.
Temos alguns tipos de cimento, cada um deles têm suas funções específicas
que devem corresponder aos resultados desejados.
Vamos ver alguns dos principais tipos de Cimento Portland utilizados na cons-
trução civil.

Cimento Portland Comum:


a) CP I – Cimento Portland comum: este é o mais usado em várias situações
na construção civil. São os cimentos que não precisam ter nenhum tipo de
propriedade especial além das que já são próprias;
b) CP I – S – Cimento Portland comum com adição: este cimento é o mesmo
cimento comum com adição de pequena quantidade de pozolana17, de 1% a
5%, deixando-o menos permeável.

Cimento Portland Composto:


a) CP II – E – Cimento Portland composto com escória: este cimento contém
em sua composição escória18 de fornos de alta temperatura, o que diminui o
calor desprendido no processo de pega do cimento. Geralmente é utilizado
em concretagem, processo em que não pode haver um calor excessivo
no momento da pega;
b) CP II – Z – Cimento Portland composto com pozolana: neste cimento é
adicionado uma quantidade de 6% a 10% de pozolana. Esse cimento é usa-
do em obras subterrâneas, principalmente em ambientes com presença de
água, devido a sua baixa permeabilidade. Ou seja, não deixa passar a água;
c) CP II – F – Cimento Portland composto com filer: também apresenta na
sua composição a presença de pozolana, mas é utilizado na confecção de
argamassa para revestimentos.

Cimento Portland de alto-forno:


-- CP III: este cimento contém a adição de escória de 35% a 70%, dando baixa
liberação de calor no processo de hidratação. Adequado para obras de
grande porte como barragens, fundações de esgotos, pistas de aeroportos.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
66

Cimento Portland pozolânico:


-- CP IV: este cimento contém muita quantidade de pozolana, entre 15% e
50%. Assim como nos outros cimentos que possuem pozolana, ele apre-
senta alta impermeabilidade e alta resistência mecânica.

Cimento Portland de alta resistência inicial:


-- CP V – ARI: este cimento não possui adições, mas apresenta uma eficiente
resistência e isso ocorre apenas pela proporção diferenciada de calcário e
argila em relação ao Cimento Portland comum. É muito usado em obras nas
quais a desforma das peças concretadas tem de ser muito rápida.

Cimento Portland resistente à sulfatos (RS):


São designados pela sigla original de seu tipo acrescida de RS. Este tipo de ci-
mento pode ser qualquer um dos anteriores, a diferença é a adição de elementos
que os tornem mais resistentes a sulfatos. São usados principalmente em redes
de esgotos, em obras marítimas e industriais.

Cimento Portland branco:


-- CPB - Cimento Portland (estrutural e não estrutural): na fabricação do
clinker deste cimento utiliza-se o caulin ao invés da argila e menos mate-
rial com presença de óxido de ferro. Assim, a sua coloração fica branca. Ele
pode ser estrutural, mas é muito usado para rejunte de revestimentos.

Propriedades físicas do Cimento Portland:


Já sabemos da importância do Cimento Portland na composição do concreto,
um dos componentes mais usados na indústria da construção civil.
Mas vejamos agora como suas propriedades físicas contribuem no processo
de construções.
a) finura: os grãos muito finos do cimento facilitam na mistura com a água,
tornando uma pasta maleável e consistente, o que também facilita o proces-
so de hidratação do cimento, ou seja, o processo da pega, além de garantir
uma melhor impermeabilidade do concreto quando este estiver endurecido;
b) densidade: a densidade do cimento é de 3,15. Este valor pode ter peque-
nas variações, mas nada significante na qualidade do produto. Depois de
misturado com a água e da ocorrência da hidratação, essa densidade au-
menta, mas em seguida diminui. O engenheiro deve conhecer a densidade
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
67

do cimento porque é importante no cálculo do dimensionamento das estru-


turas de concreto;
c) tempo de pega: consiste em determinar o tempo do endurecimento da
massa. Existem dois tempos bem distintos: o tempo inicial, quando a mistu-
ra é feita e o cimento começa o processo de hidratação, deixando a massa
menos trabalhável; e o final, quando o cimento já entrou no processo de
hidratação e começa a endurecer, o que impede que seja trabalhado para
fazer nova mistura;
d) pasta de cimento: é quando, no processo de pega do concreto, antes de
começar a hidratação, se adiciona ao cimento componentes de retardo ou
aceleração do endurecimento, inclusive para o transporte e até o lançamen-
to do concreto em lajes por caminhões betoneira;
e) resistência: o cimento já é bem resistente por si só, mas quando adiciona-
dos outros componentes na mistura do concreto, como a areia e a brita, se
observa a resistência do concreto ao esforço de compressão;
f) exsudação: acontece quando os grãos de cimento, misturados com a água,
se separam da mistura e depositam-se no fundo da pasta. Isto geralmente
ocorre porque o cimento tem um peso maior. A água que fica na parte supe-
rior da pasta é chamada de exsudação.

Processo de fabricação do cimento Portland


A fabricação do cimento é feita por grandes indústrias e geralmente elas estão
localizadas próximos das jazidas e dos locais onde ele será distribuído, evitando
gastos excessivos com transporte. A produção tem algumas fases bem distintas.
a) extração da matéria-prima: neste processo, grandes máquinas fazem a es-
cavação do terreno, colhendo a argila e as rochas de calcário;
b) britagem: as rochas extraídas são trituradas em pedaços menores. Neste
processo, ocorre também a secagem das rochas de calcário que serão leva-
das a moinhos;
c) moedura e mistura: nesta etapa, as rochas de calcário devidamente secas e
de tamanhos menores são colocadas em moinhos que trituram em pedaços
e grãos cada vez menores, ao mesmo tempo em que peneiram e misturam
à argila, tornando uma mistura homogênea pelo tamanho do grão. Depois
desse processo, será armazenada em silos para em seguida ser levada aos
fornos;
d) queima: este é o processo no qual o clinker é formado, dentro dos fornos de
altíssima temperatura. Nesses, formam-se pedaços de clinker que saem dos
fornos ainda incandescentes e são resfriados ao ar ou com água;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
68

e) moedura do clinker: o clinker formado no forno vai ser levado a moinhos


que o trituram, transformando-o em um pó muito fino, que é o cimento.
Neste processo é adicionada a gipsita para criar o retardo na pega do cimen-
to. Assim, é formado o Cimento Portland;
f) expedição: é a fase na qual o Cimento Portland é ensacado e enviado para
o mercado, em sacos ou a granel.

Figura 53 - Representação do processo de fabricação do cimento Portland


Fonte: SENAI, 2013.

Transporte e armazenamento do Cimento:


O Cimento Portland é condicionado em sacos de papel com capacidade de 50
kg e é transportado em caminhões. Este é o mais frequente nas obras e no merca-
do, mas pode ocorrer de o cimento ser transportado diretamente em caminhões,
o qual é chamado de transporte a granel. Pode ser também transportado a granel
em vagões conduzidos por ferrovias.
No transporte, é fundamental que o cimento fique longe de água ou mesmo
da umidade. Como sabemos, a água faz a reação do cimento, a começar pela hi-
dratação, seguido do endurecimento – e uma vez endurecido, o cimento não ser-
ve mais para ser utilizado.
O armazenamento dos sacos de cimento deve ser rigorosamente respeitado
para que as suas propriedades sejam garantidas.
Os sacos de papel são usados por serem economicamente viáveis e também
por serem resistentes ao ensacamento do cimento ainda aquecido. Esses sacos
são formados por várias camadas de papel kraft.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
69

Quando armazenar o cimento, tanto nos depósitos de distribuição quanto nos


canteiros de obra, devemos seguir estes procedimentos:
a) não colocar diretamente no chão. Sempre em estrados de madeira com 30
cm de altura em relação ao chão, evitando assim que o saco entre em conta-
to com a umidade e com a água;
b) o local deve ser fechado e protegido da chuva;
c) os sacos devem ser empilhados e não ultrapassar 10 sacos para que o peso
não comprima o saco inferior, tornando o cimento endurecido;
d) as pilhas devem estar afastadas da parede, cerca de 30 cm, evitando que os
sacos possam receber qualquer umidade, como pode ser visto na figura a
seguir.

Figura 54 - Armazenamento de sacos de cimento.


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
70

3.6 AGREGADOS

Você conhece algum agregado que é usado na construção civil?


Com certeza sim. Pelo menos você já viu, embora não soubesse que a brita e a
areia são conhecidos como agregados.
Mas não são somente a brita e a areia, existem vários materiais que cumprem
a função de agregado numa mistura do concreto.

Figura 55 - Britas para a construção civil


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

É bom saber que o termo agregado é tecnicamente usado na confecção do


concreto, que é a mistura do cimento, dos agregados (brita e areia) e da água. Por-
tanto, só iremos chamar a brita e a areia como agregados quando esses estiverem
na composição do concreto.
Existem agregados de vários tamanhos, agregados naturais e industrializados
e veremos cada condição dessas.

3.6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGREGADOS QUANTO A SUA ORIGEM:

a) naturais: são os agregados que encontramos na natureza como a areia, a


brita ou até mesmo o cascalho;
b) industrializados: são agregados que passaram por um processo de indus-
trialização ou que foram formados a partir de processos industriais. Temos
a argila expandida, a escória e outros. Veja na próxima figura a brita como
agregado natural e a argila expandida como agregado industrializado.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
71

Figura 56 - Agregados naturais e industrializados


Fonte: SENAI, 2013.

Classificação quanto a sua dimensão:


a) graúdo: aqueles que possuem dimensões maiores que 0,5cm, como as bri-
tas e os cascalhos;
b) miúdo: aqueles que têm dimensões inferiores a 0,5cm, como as areias.
Vamos conhecer alguns dos agregados mais usados na construção civil e que
passaram por processo industrializado:
a) brita: são os agregados formados a partir de rochas como o granito e que
foram triturados para obter a dimensão pequena o suficiente para ser usada
no concreto;

A brita é utilizada em pavimentação, principalmente de


VOCÊ estacionamento, apenas jogada e espalhada no chão
para melhorar a condição de trafegabilidade dos carros.
SABIA? Mas nestes casos a brita deixa de ser um agregado e
passa a ser somente brita.

b) pedra britada: são britas que possuem uma graduação de tamanho bem
definida para ser utilizada em concretos e cada tamanho tem a indicação
adequada;
c) pó de pedra: é a brita mais fina do processo de trituração. Não chega a ser
fina como o grão de areia, mas é considerada pó de pedra por ter pequena
dimensão;
d) areia de brita: é o resultado da trituração das britas. A fração menor que
não pode ser usada como brita e nem como pó de brita. Tem dimensões
menores que 0,15 mm;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
72

19 ROCHAS VULCÂNICAS: e) rachão: é a brita que tem tamanho maior que 76 mm. É conhecida como
pedra de mão pelo seu tamanho.
Rochas originadas a partir
do magma que aflora na
superfície e resfria.

20 DORMENTES:

Peças de madeira para


apoiar os trilhos.

Figura 57 - Dimensões dos agregados


Fonte: SENAI, 2013.

Matéria-prima dos agregados


Como matéria-prima da fabricação dos agregados, geralmente, temos as ro-
chas, conhecidas como granitos, basaltos, gnaisse, calcário e arenito.
Granitos são as rochas plutônicas de cor, geralmente, cinza.
Basaltos são as rochas vulcânicas19 básicas de cor cinza escuro.
Gnaisse são as rochas metamórficas.
Calcário são as rochas sedimentares com 50% de carbonato de sódio.
Também podemos ter as escórias que não são rochas. São os resíduos que
ficam nos fornos de alta temperatura na produção do ferro-gusa.

Processo de fabricação das britas


As britas são extraídas das jazidas de granito também chamadas de pedreiras.
Os equipamentos fazem as escavações, que podem ser até por explosivos, nas
quais pedaços de grandes dimensões são soltos da rocha matriz. Em seguida, são
levados ao britador para então começar o processo de trituração. Logo depois,
com dimensões já menores, a rocha passa pela rebritagem para reduzir ainda
mais o seu tamanho.
Em seguida, a rocha passa pela lavagem e, neste processo, é separado o pó de
brita e a areia de brita.

O agregado no concreto
Os agregados fazem parte da composição do concreto, sendo responsáveis
por cerca de 80% do seu peso. Uma das características dos agregados é de não
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
73

reagirem com os demais componentes do concreto, ou seja, o agregado está no


concreto, mas sem atividade química. Outra característica do agregado é que
deve ser material resistente, proveniente de rocha dura. Jamais usar uma rocha
macia, porque uma das características do agregado é resistir à compressão.
Na composição do concreto, os agregados têm a função de somar às proprie-
dades mecânicas do concreto fatores como resistência à compressão ou tração.

Figura 58 - Componentes do concreto


Fonte: SENAI, 2013.

Outras utilizações dos agregados na construção civil:

a) ferroviário: é usado como lastro para os dormentes20 que apoiam os trilhos


das ferrovias. Estes agregados têm a função de absorver o impacto provoca-
do pela passagem dos trens e também de drenar as águas das chuvas para
não danificar os dormentes;

Figura 59 - Brita fazendo lastro para trilhos


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
74

b) rodoviário: é usado na formação do subleito e da base; serve como camada


reguladora da superfície e prepara o solo para receber a carga dos transpor-
tes;

Figura 60 - Lastro para rodovias


Fonte: SENAI, 2013.

c) quebra-mar: é usada como quebra-mar para diminuir os efeitos das marés.


As rochas quedeservem
Imagem de agregados devem ter dimensões bem maiores que
um quebra-mar

as britas. Geralmente são os primeiros pedaços que foram desagregados da


rocha matriz.

Figura 61 - Quebra mar com rochas


Fonte: SENAI, 2013.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
75

3.7 ARGAMASSAS

Material tão antigo que é usado desde a antiguidade. Naquela época, os gre-
gos, os romanos e os egípcios usaram muito a argamassa formada por cal e gesso,
uma vez que o cimento como conhecemos hoje ainda não tinha sido descoberto.
Inicialmente era usado como material aglomerante que tinha a função de
assentamento, unindo rochas ou tijolos de adobe para a formação de alvenaria.
Com o tempo, a argamassa passou a ser utilizada como material de revestimento
por criar uma camada protetora que cobre as pedras ou os tijolos e confere um
acabamento mais liso, ao mesmo tempo que protege os materiais das intempé-
ries.

Nas fotos de ruínas antigas notamos que não existe ar-


VOCÊ gamassa nas construções, somente tijolos. Porém, todas
as edificações da antiguidade tinham revestimento em
SABIA? argamassa, mas por ser o material mais frágil às intem-
péries, ele se decompôs mais rapidamente.

Hoje nas construções civis sempre teremos as argamassas, seja para as alvena-
rias de blocos, para os rebocos, emboços e chapiscos como para o assentamen-
to de pisos e revestimentos. A tecnologia entra como um aliado na indústria da
construção, pois cria argamassas com propriedades específicas para cada tipo de
material e de condição.

Figura 62 - Argamassa sendo aplicada


Fonte: SENAI, 2013.

A argamassa é um material com a característica física de uma pasta formada


com cimento e agregados miúdos. Pode ter aditivos para melhorar a eficiência do
produto e o endurecimento depois do processo de pega. Sua maior propriedade
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
76

é de garantir a aderência dos materiais quando utilizada como argamassa colante


ou a aderência dessa argamassa nos tijolos ou blocos quando usada como embo-
ço e reboco. A argamassa tem de ser uma pasta mole enquanto está sendo traba-
lhada e aplicada, mas em seguida ela tem que endurecer para fazer o seu papel.
Algumas das principais funções das argamassas na construção civil:
a) revestimento: usada nos emboços e rebocos, fazendo a regularização das
paredes de alvenaria e cobrindo os blocos com uma camada de aproxima-
damente 3 a 4 cm;
Essa camada de argamassa tem a finalidade de deixar a superfície uniforme,
proteger os blocos das intempéries das chuvas e preparar a parede para a pintura
ou aplicação de revestimentos;

Figura 63 - Reboco em argamassa.


Fonte: SENAI, 2013.

b) assentamento: tem a finalidade de unir um bloco ao outro, colando nas


alvenarias de parede. A argamassa tem de ter a capacidade de realmente
colar um bloco ao outro.
A argamassa também pode ser usada para assentamentos de pisos e revesti-
mentos. Neste processo, muito comum hoje na construção civil, utiliza-se a arga-
massa industrializada, que vem para obra ensacada, sobre a qual deve-se adicio-
nar a água para torná-la uma pasta fluida e trabalhável;
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
77

Figura 64 - Assentamento de blocos e cerâmicas


Fonte: SENAI, 2013.

c) ponte de aderência (chapisco): é usada como chapisco nas paredes para


criar uma camada fina e bastante irregular com textura apropriada para o
emboço segurar na alvenaria com mais facilidade;

Figura 65 - Chapisco
Fonte: SENAI, 2013.

d) regularização: a argamassa é usada como contrapiso para regularizar a su-


perfície das lajes e também para fazer o nivelamento do piso antes de ser
aplicado o piso de cerâmica ou de qualquer outro material;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
78

Figura 66 - Contrapiso
Fonte: SENAI, 2013.

e) rejuntamento: é a argamassa usada para fazer o fechamento entre as pla-


cas de pisos e revestimentos. Hoje, essa argamassa tem propriedades não só
de fechamento, mas de garantir a trabalhabilidade das cerâmicas quando se
dilatam ou retraem com a incidência do sol.

Componentes da argamassa:
a) aglomerantes: entre os aglomerantes que já vimos anteriormente, temos o
cimento Portland, a cal hidratada ou a cal virgem e o gesso;
b) agregados: os agregados que entram na composição das argamassas são
sempre os miúdos, ou seja, a areia. No entanto, temos dimensões variadas
de grãos de areias. Essa variação do grão interfere nas propriedades das ar-
gamassas e por isso elas são empregadas em situações específicas para cada
material;
c) aditivos: estes aditivos geralmente são substâncias químicas que têm a fi-
nalidade de melhorar o desempenho das argamassas para, entre outras pro-
priedades, atribuir a ela mais flexibilidade, mais elasticidade, mais rapidez
ou até mesmo mais poder de cola e mais impermeabilidade;
d) água: a água tem a finalidade de misturar os componentes, iniciar o proces-
so de pega da argamassa e torná-la mais fluida e trabalhável.

Algumas funções dos componentes da argamassa:


a) aglomerantes:
-- dar mais elasticidade à argamassa;
-- garantir mais resistência mecânica para a argamassa, principalmente à
compressão.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
79

b) agregados:
-- dar o poder de retração, ou seja, permitir que a argamassa diminua sem
interferir nas suas funções;
-- diminuir o custo da argamassa, uma vez que os agregados preenchem tam-
bém os espaços vazios.
c) aditivos:
-- retenção da água;
-- estanqueidade à água, ou seja, tornar a argamassa mais impermeável;
-- tornar a argamassa coesa, ou seja, mais uniforme e sem muitos espaços
vazios.

Aplicação das argamassas:


A aplicação da argamassa pode ser manual ou mecânica. Veja a seguir cada
uma delas:
a) manual: é o processo mais usual de aplicação, quando a argamassa é apli-
cada pelo operário com auxílio de uma colher de pedreiro. Esse trabalho é
usado para assentamento de blocos e tijolos, utilizado para fazer o emboço
e o reboco;
No reboco, a argamassa é inicialmente aplicada com a colher de pedreiro e na
alvenaria, segue a essa etapa o processo de alisamento desse reboco com uma
régua;
Ainda na forma manual, há também a aplicação da argamassa de assentamen-
to de pisos e revestimento em que o operário espalha a argamassa com uma de-
sempenadeira dentada. Esse método cria sulcos na argamassa e permite que a
cerâmica cole na argamassa com maior facilidade;

Figura 67 - Aplicação manual de argamassa


Fonte: SENAI, 2013.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
80

b) mecânica: é o processo usado hoje pelas construtoras, principalmente para


rebocos. A argamassa é projetada por uma máquina que a lança. Essa ar-
gamassa deve ser bastante fluida para a máquina conseguir lançá-la. Esse
processo é mais usado nas aplicações de reboco de gesso.

Figura 68 - Aplicação de argamassa projetada


Fonte: SENAI, 2013.

Preparo das argamassas:


a) na obra: as argamassas podem ser preparadas na obra, no próprio cantei-
ro, principalmente nas alvenarias, para levantar as paredes, nos emboços e
rebocos e também no contrapiso. Essas argamassas são misturadas na obra
com traços específicos para cada uso. É o traço que dá a proporção dos com-
ponentes da argamassa e melhora o desempenho para um uso específico;
b) industrializada: são as argamassas produzidas nas fábricas com o traço de-
finido para cada utilização; a diferença é que essa argamassa não vem com
água. Os componentes devem ser misturados e secos. Geralmente são uti-
lizadas para assentamento de pisos e revestimentos. No entanto, algumas
empresas estão produzindo argamassas ensacadas para assentamento de
blocos e também para rebocos.
Vejam na tabela, a seguir, exemplos de traços de argamassa utilizados na cons-
trução civil. O traço é a relação entre os componentes para a mistura de uma ar-
gamassa.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
81

Tabela 1 - Traços de argamassa


Fonte: SENAI, 2013.

3.8 CONCRETO

Como já vimos anteriormente, o concreto é formado pela mistura de aglome-


rantes, agregados e água.
Em resumo, podemos dizer que o concreto é a mistura de cimento, brita, areia
e água. A adição de agregados como brita e areia ao cimento faz com que esta
pasta tenha algumas propriedades mecânicas, além de tornar o concreto mais
econômico e evitar o gasto excessivo de cimento.
Sem os agregados, o cimento e a água se tornam apenas uma pasta fluida que
é utilizada para reparos em estruturas de concreto.

Figura 69 - Concreto sendo despejado


Fonte: SENAI, 2013.

A água oferece ao concreto a capacidade de torná-lo mais fluido e, portanto,


adequado para se trabalhar e fazer uma mistura mais homogênea. Outros aditi-
vos podem ser misturados à massa como a cal hidratada, que torna a pasta ainda
mais maleável.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
82

A proporção dos aglomerantes, agregados e água, é o que chamamos de tra-


ço. Mais adiante veremos os traços do concreto.

Propriedades do concreto fresco


Primeiro vamos entender o que é o concreto fresco.
Até 8 horas depois de adicionado água à mistura de cimento e agregados,
esse concreto é considerado fresco. Com poucas horas depois de adicionar água,
o concreto começa a endurecer, isso porque está ocorrendo a pega do cimento;
mas dizemos que a pega realmente finalizou quando atinge 8 horas.
Nesta fase, verificamos algumas propriedades do concreto fresco:
a) consistência: é a propriedade que verifica o grau de mobilidade da massa
e mantém a sua homogeneidade e coesão entre os componentes da massa.
Essa mobilidade está ligada à quantidade de água presente na mistura. Pode
ser seca, plástica e fluida;
Além da quantidade da água no concreto, a mobilidade também vai ser in-
fluenciada pelo formato dos agregados que, por serem mais arredondados, apre-
sentam maior mobilidade.
b) trabalhabilidade: a trabalhabilidade do concreto é observada quando a
mistura de água aos componentes do concreto os mantém coesos para que
a mistura seja homogênea. Quando o concreto apresenta separação dos
componentes, ele não estará mais em condições de trabalhabilidade. Como
exemplo: os agregados graúdos, como as britas que se depositam no fundo
da pasta, deixando-a sem homogeneidade;
c) segregação: é o oposto da trabalhabilidade, ou seja, os agregados estão
segregados sem estarem distribuídos uniformemente no concreto, gerando
uma dificuldade para trabalhar esse concreto. A segregação acontece quan-
do os agregados possuem tamanhos variados e os pesos desses agregados
interferem na segregação;
d) exsudação: é quando a água que está no concreto acaba subindo e deixa
a superfície muito fluida, geralmente causado por excesso de água no con-
creto. Quando a água sobe até a superfície, ela vai criando canais minúscu-
los, mas suficiente para deixar o concreto poroso e consequentemente mais
permeável.

Propriedades do concreto endurecido


Quando finalizado o processo da pega, temos o concreto endurecido com as
seguintes propriedades:
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
83

a) mecânica: o concreto possui uma boa resistência à compressão e pouca


resistência à tração. A quantidade de água no concreto pode interferir nas
propriedades de compressão e tração, principalmente quando tem a exsu-
dação da água e cria espaços no interior do concreto, tornando-o mais frágil;
b) durabilidade: assim como a mecânica, a relação água/cimento interfere na
durabilidade do concreto;
c) permeabilidade: essa propriedade depende muito dos componentes do
concreto e principalmente de aditivos que são adicionados ao concreto para
garantir a permeabilidade.

3.8.1 TRAÇO DO CONCRETO

Como já foi falado no capítulo sobre argamassa, o traço é a relação entre os


seus componentes.
O engenheiro que faz o projeto estrutural vai determinar o tipo de concreto
que tem de ser produzido para atender as especificações de carga que a estrutura
ou laje vai receber.
Nesses cálculos, leva-se em consideração a massa específica dos agregados: a
percentagem de cimento e de água que vai ser utilizada no concreto.
Para calcular o traço do concreto, precisamos de critério para fixação da resis-
tência de dosagem.
Devemos fixar a condição característica da obra pela resistência do concreto
Fck, estipulado no concreto, na idade “f” dias, definida na formula abaixo:

Fcj = Fck + 1,65 Sd

Em que Sd é o desvio padrão definido da seguinte forma:


Fck 10 à 80MPa = Sd 4,0 Mpa
Fck 10 à 20MPa = Sd 5,5 Mpa
Fck 10 à 15MPa = Sd 7,0 Mpa
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
84

A composição do traço é obtida com a seguinte fórmula:

1:X:A:B
1 – cimento
X – água
A – areia
B – brita

3.8.2 CRITÉRIOS DE DOSAGEM

Para termos os critérios de dosagem do concreto devemos determinar os se-


guintes itens:
- Cálculo da resistência de projeto fcdj;
- Determinação das britas a serem usadas.
Geralmente usamos no concreto armado as britas: “brita 2” (Dmáx. = 25mm) e
“brita 1” (Dmáx. = 19mm).
A depender da situação, é possível usar a brita 2. Usa-se uma mistura das duas
britas com a finalidade de obter a máxima compacidade (menor quantidade de
vazios), diminuindo o custo do concreto. A metodologia para esse uso é descrita
a seguir.
A ABNT NBR NM 45:2006 prevê para determinação da Massa Unitária no esta-
do compactado seco testar diversas misturas entre os dois tamanhos de britas até
se encontrar a proporção de maior densidade.
Para isso, é separado 30 Kg de “brita 2” em um recipiente predeterminado,
obtendo-se a massa unitária no estado compactado. A seguir, faz-se as “intera-
ções” com o aumento em cada uma delas de 10% de “brita 1”, conseguindo as
proporções 90/10, 80/20, 70/30, e assim por diante.
A proporção da “brita 1” vai aumentando e a massa unitária compactada deve
aumentar até a estabilização (ponto que significa que não adianta mais aumentar
a quantidade de brita 1), com isso consegue-se a proporção ideal de mistura entre
as duas graduações de brita.
A fase experimental parte do princípio de que são necessários três pontos para
poder montar o diagrama de dosagem, que relacionam a resistência à compres-
são, relação a/c, traço e consumo de cimento.
Para determinar esse diagrama, inicia-se o estudo usando 3 traços bem repre-
sentativos:
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
85

Traço base = 1:5 (1 Kg de cimento para cada 5 Kg de agregados secos)


Traço rico = 1: 3,5
Traço pobre = 1:6,5
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
86

RECAPITULANDO

Neste capítulo, podemos ver sobre as classificações dos materiais e sua im-
portância para o entendimento dos materiais, como podemos obter os ma-
teriais na natureza ou produzidos em fábricas, as suas aplicações no mundo
das construções, e sobre os ensaios que os materiais devem passar para
verificar as características deles e a sua eficiência. Vimos os materiais mais
usados na construção civil, que são os materiais metálicos; os poliméricos,
conhecidos como plásticos; os cerâmicos, que são bastante utilizados nas
obras; os vidros, que servem como material de vedação; os aglomerantes,
usados como reboco e como material de liga; os agregados, que servem
para compor outros materiais como o concreto; e a importância do concre-
to na construção civil.
3 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
87

Anotações:
Outros Materiais

Além dos materiais vistos anteriormente, ainda temos materiais que não deixam de ter a
sua importância na construção civil. A exemplo disso, temos a madeira, as pedras e as tintas.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
90

4.1 MADEIRA

A madeira é um material encontrado com facilidade na natureza, mas no Brasil


o seu uso não é muito valorizado. Uma questão muito importante com relação à
utilização da madeira na construção civil é em relação ao desmatamento de flo-
restas tropicais sem um manejo apropriado na extração das madeiras ditas de lei.
Com a grande devastação das nossas florestas e com a crescente conscienti-
zação da necessidade de preservação do meio ambiente, a retirada de árvores
começou a ter uma atenção especial por parte dos órgãos que têm a finalidade
de organizar a utilização desse recurso natural.

Muitas das madeiras de lei do Brasil já estão em processo


FIQUE de extinção por causa do desmatamento. É necessário
ALERTA pensar e agir para evitarmos um desastre ambiental com o
desmatamento de nossas florestas.

Figura 70 - Madeira sendo transportada


Fonte: SENAI, 2013.

Uma forma de controle e exploração racional é o uso de madeira de reflores-


tamento. No entanto, para se reflorestar uma área é necessário um estudo com-
plexo da região para que o reflorestamento não venha a prejudicar o ecossistema
local.
Há ainda a ideia de que a madeira adequada para a construção civil é a madei-
ra de lei; madeiras de árvores como ipês, jatobá, jacarandá, pau d’arco, peroba,
entre outros.
4 OUTROS MATERIAIS
91

Isso não é verdade. Madeira tipo eucalipto e pinho, que são madeiras utiliza-
das para a extração de celulose para produzir o papel, se forem tratadas servem
perfeitamente para serem usadas na construção civil.
Vantagens da madeira
A madeira apresenta uma boa resistência à tração e à compressão. Pela pró-
pria constituição de suas fibras, também possue uma grande flexibilidade, o que
pode ser uma vantagem e também desvantagem, a depender do seu emprego.
É um bom isolante elétrico e possui uma baixa condutibilidade térmica.
Desvantagens da madeira
É um material bastante inflamável. Possui uma facilidade de absorver água e
de transferir a água. Com a absorção de água, a madeira tem um aumento do seu
volume, e quando seca tem uma grande retração. Este processo denominamos
de higroscopicidade.
Suas dimensões são sempre determinadas pelo tamanho da árvore e pela se-
ção da peça, uma vez que a madeira pode flexionar e não resistir ao esforço a que
foi submetida.
Outra desvantagem da madeira é a facilidade de deterioração, isso porque a
madeira é um material orgânico.

Algumas propriedades físicas da madeira


a) retratilidade: é a diminuição do volume quando a madeira começa a per-
der a sua umidade interior;
b) condutibilidade térmica: a madeira é má condutora de calor, o que a torna
um excelente material de isolamento térmico;
c) condutibilidade elétrica: neste caso, a madeira, se estiver seca, será uma
péssima condutora de eletricidade; no entanto, estando ela bastante úmida,
pode ser uma condutora de eletricidade;
d) dureza: será a resistência que a madeira apresenta à penetração de outro
corpo. Esta propriedade vai variar muito de acordo com a espécie da árvore.

Propriedades mecânicas:
a) compressão: a madeira não tem uma boa resistência à compressão. Quan-
do submetida a este esforço, as fibras tendem a se separar e flambar;
b) tração: quanto ao esforço de tração, a madeira tem uma boa resistência;
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
92

c) flexão: para este esforço, a madeira não tem uma boa resistência. Quando
uma peça de madeira é submetida a uma força na região central, ela tende a
flambar, fazendo uma curva.

Características das madeiras


As madeiras apresentam cores variadas e essas cores são originadas por di-
versos fatores, sendo o principal as substâncias que se concentram no cerne da
árvore, ou seja, no interior do tronco.

Figura 71 - Variedades de madeiras


Fonte: SENAI, 2013.

Outra característica é o odor. Cada espécie de árvore apresenta o seu odor e as


madeiras oriundas de diferentes árvores terão odores próprios.

Existem vários tipos de madeira no Brasil, e cada região tem


SAIBA as árvores típicas do seu ecossistema. Procure ver o nome e
MAIS a característica de cada espécie para adequar suas proprie-
dades a desejada finalidade.

Como preservar a madeira?


A madeira, por ser um material orgânico, tem a desvantagem de sofrer com
alguns fungos, além de insetos, como os cupins, que a atacam.
4 OUTROS MATERIAIS
93

Figura 72 - Madeira atacada por cupim


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2013.

Outro elemento que pode vir a danificar a madeira é a água. A umidade pro-
picia os ataques de fungos que digerem a madeira.
Podemos preservar as madeiras utilizadas como materiais de construção atra-
vés da aplicação de produtos químicos que mantenham afastados qualquer tipo
de organismo que as deteriore.
Estes agentes químicos de preservação são nocivos aos organismos e insetos,
mas também podem ser nocivos ao homem. Por isso, a aplicação desses produtos
deve acontecer com bastante cuidado.

Os venenos para matar os cupins são extremamente tóxi-


FIQUE cos. Quando aplicá-los, devemos ter o cuidado de não ter
ALERTA pessoas ou animais por perto. As madeiras devem ser tra-
tadas antes de ser utilizadas.

Madeira industrializada
Nos canteiros de obra da construção civil, ainda é comum o uso de madeira
no processo de construção. Geralmente usamos madeira para fazer formas de
concretagem, tapumes, escoras de lajes, entre outras.
Alguns elementos de madeira como os compensados são bastante utilizados
para formas de lajes e fechamento com tapumes. Esses compensados são feitos
de madeira, mas é o que chamamos de madeira transformada.
Transformada por quê? Porque são feitos nas indústrias a partir de restos de
madeiras que não foram aproveitadas nas serrarias onde as árvores foram corta-
das em peças menores e comercializadas.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
94

As madeiras industrializadas, que na sua composição


VOCÊ apresentam um alto teor de resina, são resistentes às
SABIA? pragas como o cupim, porque eles não conseguem di-
gerir a resina.

a) Madeira laminada compensada: é a madeira vendida em chapas, formada


por camadas de lâminas de madeira e sempre em número ímpar. Cada camada
de lâmina é colocada num sentido de suas fibras, sendo que a camada que so-
brepõe é colada com a fibra no sentido transversal, ficando a 90º da outra lâmina.
Essas madeiras têm uma grande vantagem, que é a resistência à flexão. No
entanto, para serem resistentes à umidade precisam passar por um trata-
mento impermeabilizante;
b) Madeira reconstruída: são as madeiras formadas a partir da colagem de
pequenas fibras de madeira. Essas madeiras são coladas por uma resina. En-
tão, além de fibras, temos resina dando o formato.

Figura 73 - Madeiras reconstruídas


Fonte: SENAI, 2013.

Existem três tipos: aglomerado, MDF ( Medium Density Fiberboard) e OSB (


Oriented Strand Board):
4 OUTROS MATERIAIS
95

a) aglomerados: é de fácil identificação por serem visíveis as fibras de madei-


ra que são coladas com resinas e prensadas à altas temperaturas;
b) MDF: é feita com pó de madeira e reunidos com resina, fabricados a partir
de alta temperatura e pressão. Essas madeiras possuem grandes desvanta-
gens, como a fragilidade para a flexão e para a umidade;
c) OSB: é a madeira, também em forma de painel, cujas fibras são bem maiores
que o aglomerado. Também são coladas com resinas e prensadas para atin-
girem o formato de painéis.

Principais aplicações das madeiras


-- Na indústria da construção civil:
Utilizada sob a forma de tábuas, estacas, compensados. É muito utilizada nas
obras para confecções de formas de concretagem, para escoras, construções de
barracões de apoio à construção etc. Essas madeiras, por serem de árvores de es-
pécies não nobres, não têm valor comercial alto. Ultimamente vem sendo bastan-
te usado madeira de reflorestamento como eucaliptos e pinhos na composição
das edificações.
-- Telhados:
As estruturas que recebem as telhas cerâmicas ou de fibrocimento são de ma-
deira. O tipo de madeira usada nos telhados depende muito de região. Podem
estar associadas a tradição local ou a facilidade de se encontrar determinada ma-
deira na região.
Nos telhados de telhas cerâmicas, que têm um peso maior e por isso requer
uma estrutura mais pesada de madeiramento, vamos ter algumas peças de ma-
deira que chamamos de:
a) terça : são peças de madeira, geralmente na dimensão de 16 x 8 cm;
b) ripões: são as peças de madeira de dimensões menores, com aproximada-
mente 8 x 5 cm;
c) ripas: são as peças de madeira em que as telhas cerâmicas são apoiadas di-
retamente. As ripas ficam apoiadas nos ripões. Têm a dimensão de 3 x 5 cm;
d) tesouras: a depender do tipo de telhado e sua complexidade, temos um
elemento estrutural formado em madeira que chamamos de tesoura. Essa
tesoura é construída com peças de 16 x 8, ou até mais, dependendo do peso
que ela tenha de sustentar.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
96

Figura 74 - Estrutura do telhado


Fonte: SENAI, 2013.

Esquadrias:
Nas esquadrias, a madeira está presente nas seguintes peças:
a) caixões ou caixilhos de porta: são as peças de madeira em que as folhas de
porta estão presas e que também seguram a porta na hora em que se fecha
essa passagem. Também encontramos esquadrias nas janelas, nas quais te-
mos os caixões ou caixilhos e as folhas das janelas.

Forros:
Réguas de madeira de 15 a 20 cm de largura são utilizadas como forros de
teto.

Figura 75 - Forro de madeira


Fonte: SENAI, 2013.

Pisos:
As madeiras são usadas como assoalho de tábuas corridas ou como tacos, que
são peças de madeiras de 8 x 15 cm.
4 OUTROS MATERIAIS
97

Figura 76 - Pisos de madeira.


Fonte: SENAI, 2013.

Artefatos de decoração:
Para criação de pergolados, ou seja, de peças de madeiras posicionadas com
distância igual entre elas.

Figura 77 - Pergolado de madeira


Fonte: SENAI, 2013.

Utilização da madeira de forma consciente


Com a preocupação ambiental, muitos profissionais utilizam madeiras de de-
molição e associam à estética de uma madeira já envelhecida e desgastada com
o tempo um tratamento químico para eliminar qualquer propagação de fungos
e cupins.
Utilizar as madeiras de reflorestamento ou madeiras certificadas é outra pre-
ocupação crescente. Essas madeiras recebem um selo garantindo que o seu ma-
nejo e extração é feito de forma estudada, agredindo o mínimo possível o meio-
-ambiente.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
98

Existem, no mercado, vários revestimentos feitos em


VOCÊ madeira industrializada com acabamento que imita per-
SABIA? feitamente o aspecto de uma madeira. Mas alguns são
poliméricos.

4.2 PÉTREOS

Materiais pétreos são as rochas. Sabemos que as rochas fazem parte da cros-
ta terrestre e que cobrem toda a superfície da terra, mesmo abaixo dos mares e
oceanos.
Essas rochas são formadas pela solidificação do magma expelido pelos vul-
cões.
Sabemos, pelo que foi estudado nos capítulos anteriores, que as rochas for-
mam os agregados que entram na composição de argamassa e concreto.
Na construção civil, podemos usar as rochas em seu estado bruto sem ter
passado por processo de trituração. Desde a antiguidade as rochas são usadas
como elementos construtivos para levantar paredes, muros e templos. Um bom
exemplo disto são as pirâmides do Egito ou a cidade de Machu-Picchu nos Andes
peruanos.

Figura 78 - Uso de rochas


Fonte: SENAI, 2013.

Com a tecnologia e o surgimento de novas formas de construção como as


estruturas metálicas e o próprio concreto, o uso da rocha como um elemento
estrutural diminuiu bastante, embora o seu emprego como material agregado
continua em uso.
No entanto, em alguns casos, as rochas ainda são aproveitadas como elemen-
to estrutural, como na construção de barragens, de muros de arrimo e de quebra-
-mar.
4 OUTROS MATERIAIS
99

As rochas podem ser classificadas de acordo com a sua formação:


a) rochas eruptivas, magmáticas ou ígneas: que são as rochas formadas a
partir do resfriamento do magma;
- intrusivas: rochas que se formaram à grande profundidade, como os gra
nitos, dioritos etc.;
- efusivas: são as que solidificaram na superfície do solo, como basalto,
diábase etc.

Figura 79 - Magma formando rocha


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 1998.

b) rochas sedimentares: são as rochas que se depositam debaixo da água ou


acumulam-se durante anos pela ação de ventos e do gelo;
- clásticas ou detríticas: quando se originam da deterioração das rochas já
existentes;
- precipitação química: originária da reação química na água;
- origem orgânica: são as rochas formadas a partir da ação direta ou indire-
ta de alguns organismos.
c) rochas metamórficas: são as rochas magmáticas que passaram por trans-
formação das suas características abaixo da superfície terrestre, como textu-
ra e composição mineralógica.

SAIBA O Brasil possui muitas rochas que são utilizadas na constru-


ção civil. Aproveite e faça uma pesquisa em sites de busca
MAIS usando a palavra-chave rochas do Brasil.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
100

Características das rochas na construção civil:


a) dureza: capacidade da rocha de resistir a impactos e choques;
b) durabilidade: as rochas geralmente são elementos bastante resistentes;
c) resistência à compressão: sua resistência à compressão é que favorece o
seu uso como agregado no concreto;
d) textura compacta: as rochas possuem uma textura basicamente lisa.

Propriedades das rochas:


a) resistência mecânica: as rochas, de certa forma, são bastante resistentes a
quase todos os esforços, principalmente quando estão em sua forma mais
original, ou seja, assim que são extraídas;
b) compressão: boa resistência;
c) tração: as rochas não são resistentes a esforços de tração;
d) cisalhamento: algumas rochas apresentam boa resistência ao cisalhamen-
to;
e) durabilidade: capacidade das rochas de resistirem a elementos agressivos
tanto físicos quanto químicos;
f) trabalhabilidade: capacidade das rochas de serem trabalhadas para cortes,
trituração e extração;
g) estética: as rochas podem ser utilizadas para uso em acabamentos e a tex-
tura e coloração das rochas são importantes.

Figura 80 - Exemplos de aplicação de pedra


Fonte: SENAI, 2013.

Processo de extração das rochas


As rochas são extraídas das jazidas, também conhecida como pedreiras. Mui-
tas extrações de rochas acontecem através de explosivos e são essenciais os cui-
dados com segurança no seu manuseio, tanto para os operários quanto para o
entorno próximo.
4 OUTROS MATERIAIS
101

As máquinas que também trabalham na extração são grandes e retiram ou es-


cavam as rochas para serem levadas ao triturador. Com isso, reduzem o tamanho
das rochas, pois para cada uso da rocha teremos dimensões e formatos diferen-
ciados.
Rochas que são utilizadas como material agregado são fornecidas em tama-
nhos reduzidos para serem misturadas no concreto; rochas para uso em muros de
arrimo possuem tamanhos maiores.
As jazidas geralmente estão em locais afastados dos centros urbanos e em
uma localização que facilite o transporte entre os centros de distribuição.

Aplicação de rochas:
a) as rochas são usadas, como dito anteriormente, como material construtivo
pesado em alicerces, muros de arrimo e quebra-mar;
b) podem ser usadas como agregados em argamassa e concreto;
c) algumas rochas podem ser usadas como material de revestimento e, em de-
terminados casos, as rochas são perfeitas quando se sabe aproveitar as suas
características;
d) rochas ornamentais, como os granitos, são utilizadas para confecção de ban-
cadas de cozinha e sanitário;
e) são usadas também como calçamento para ruas e como estrado para rodo-
vias e ferrovias.

4.3 TINTAS E VERNIZES

O que são as tintas e os vernizes?


São todos os materiais que se apresentam na forma líquida ou pastosa e que
servem para cobrir uma determinada superfície.
As tintas têm a finalidade de proteção, mas também têm o fator de estética
muito marcante.
Geralmente, denominamos tintas aquelas que possuem coloração e vernizes
os que são transparentes.
As tintas e os vernizes são aplicados na sua forma líquida na superfície e com o
tempo secam e criam uma camada protetora com aspecto de um filme. Por isso,
dizemos que as tintas e os vernizes possuem a capacidade de preservar ao man-
terem uma superfície contra as intempéries.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
102

Figura 81 - Tintas
Fonte: SENAI, 2013.

As tintas e os vernizes podem ser:


a) de fácil aplicação: é preciso que a tinta seja um produto de fácil aplicação
para garantir o seu perfeito funcionamento;
b) rápida secagem: é interessante que as tintas possam ter uma grande rapi-
dez de secagem. As áreas de superfícies maiores são as que mais precisam
de uma tinta de secagem rápida;
c) boa aderência: é fundamental que as tintas possam aderir com facilidade e
garantir a formação do filme protetor;
d) resistência e durabilidade: as tintas devem ter uma grande durabilidade,
principalmente depois de seca.

As funções da tinta e do verniz são:


a) proteção da base: são as tintas usadas para proteger o material metálico;
b) proteção do interior da edificação: as tintas têm a função de proteger a
fachada das edificações contra as intempéries;
c) estética: utilizada em locais onde se possa valorizar o efeito da cor no am-
biente interno ou externo;
d) higiene: quando são utilizadas em ambientes que precisam ser constante-
mente limpos, como hospitais e clínicas.

Tintas:
A aplicação de uma tinta, ou então de um verniz, com a finalidade estética
ou de proteção, cria um filme que impede o ataque de agentes externos à uma
superfície. A aplicação consiste em mais de uma demão de tinta e cada demão
4 OUTROS MATERIAIS
103

significa que a superfície foi pintada em toda a sua extensão sem deixar nenhuma
parte sem tinta.
A quantidade de demãos é determinada:
Pela superfície que deverá ser protegida.
Pelo tipo de tinta que está sendo aplicada.
Pela necessidade dos agentes externos ao qual a superfície está exposta.

Tintas para a construção civil:


As tintas utilizadas na construção civil têm de oferecer proteção do substra-
to com facilidade de aplicação, uma toxidade muito fraca para não prejudicar a
saúde do operário e dos usuários, de secagem rápida, resistente à lavagem e que
ofereça uma boa estética decorativa.

Pintura de paredes interiores:


A tinta tem de ter uma boa aderência, manter a mesma cor sempre, mesmo
quando exposta à radiação solar; a química da tinta não pode reagir com a super-
fície; e deve resistir a impactos e a agentes químicos.

Pintura exterior:
Por estar em ambiente externo, a resistência às intempéries é o mais importan-
te. Tem de ter também uma boa aderência, manter sempre a cor, mesmo quando
exposta à radiação solar e não reagir quimicamente com a superfície.

Pintura para metais:


Principal fator para esta tinta é a de proteção à corrosão a qual o metal fica
submetido, então a tinta tem de ser resistente às intempéries, tem de ter boa
aderência e ser de alta durabilidade.

FIQUE As tintas são fabricadas a partir de substâncias químicas


que podem causar danos à nossa saúde. Utilizar os equi-
ALERTA pamentos de segurança é fundamental para não adoecer.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
104

Preparação de superfícies para pintura:


Toda superfície, antes de receber a primeira demão, deverá ser preparada com
bastante cuidado. É exatamente este preparo que vai garantir que a primeira de-
mão seja a mais perfeita possível e assim garantir a qualidade da pintura. Essa
garantia começa com uma boa aderência da pintura inicial.
a) paredes com reboco:
-- a parede deve estar seca, sem nenhum tipo de umidade;
-- as impurezas, como areias que ficam nas paredes como resíduo do processo
do reboco, devem ser retiradas;
-- em seguida, aplica-se uma demão de selador, uma tinta de qualidade infe-
rior que tem a função de diminuir a absorção da tinta pelo reboco e também
de segurar restos de areia que ficaram na parede;
-- a seguir, começa o emassamento com massa corrida. Uma espécie de massa
que deixa a superfície da parede lisa e pronta para receber a tinta;
-- depois de emassado, é necessário lixar a parede para dar uniformidade à su-
perfície. E logo a seguir, retirar o resíduo de massa corrida depois de passar
a lixa;
-- para finalizar o processo de pintura é preciso ter o cuidado de cada demão
tenha sido bem feita.
b) madeira:
Para a madeira o processo é o mesmo. É necessário limpar a superfície, aplicar
o selador, emassar para uniformizar a superfície e em seguida aplicar a tinta a
óleo, que é a mais indicada para a madeira.
c) metais:
Limpe a superfície do metal retirando qualquer presença de material oxidado
(enferrujado); prepare a superfície com uma demão de zarcão, e em seguida apli-
que a tinta a óleo.

Métodos de aplicação de tintas:


a) aplicação a pincel ou rolo:
Você provavelmente já viu uma pintura sendo feita e já deve ter observado
que o pintor utiliza tanto o rolo como o pincel.
A pintura com pincel não é tão empregada porque com o pincel demora-se
muito para cobrir uma superfície e a demão fica sem muita uniformidade.
O rolo, usado como instrumento de pintura, agiliza o processo de cobrimento
da superfície e facilita manter a uniformidade da demão.
4 OUTROS MATERIAIS
105

Figura 82 - Pintura com rolo de lã


Fonte: SENAI, 2013.

Geralmente, os pintores utilizam rolos de lã para pinturas. Uma vantagem do


rolo é que para alcançar superfícies altas basta prolongar o cabo do rolo para se
alcançar a altura desejada.
Porém, o rolo não consegue atingir os cantos sem sujar as outras paredes ou o
teto. Nesse caso, é necessário fazer o acabamento com pincel.
b) nebulização a ar comprimido:
Nesse caso, a tinta é aplicada por pulverização nas superfícies; é também co-
nhecida como pintura por pistola de ar comprimido.
Nesse tipo de pintura, o pintor tem que ter experiência, pois a tinta precisa ter
a diluição certa para não entupir a pistola e não escorrer na parede por excesso
de diluição.
Quando bem feito, o acabamento é muito superior ao da pintura com rolo.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
106

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você pode conhecer mais sobre a madeira como material
de construção, suas características e propriedades e a importância da sua
aplicação na construção civil em estruturas de telhados, em esquadrias,
acabamento de forros. Além disso, verificou a importância da utilização de
madeiras com certificação para defesa do meio ambiente. Conheceu sobre
as pedras, que são um material utilizado desde a Antiguidade pelo homem
e ainda hoje usado como material para fundação e acabamento. Outro
material estudado foram as tintas e os vernizes, que são utilizados como
material de acabamento, ou seja, para finalizar a obra dando proteção e
acabamento estético – vimos suas características e propriedades.
4 OUTROS MATERIAIS
107

Anotações:
Controle tecnológico dos materiais

Para a execução de uma obra é necessário escolher os materiais adequados para a função
desejada. E como identificar o mais adequado?
Todos os materiais aplicados na construção civil têm que atender à sua finalidade. Atender
com qualidade e com o melhor desempenho que ele pode oferecer. No entanto, para que a
sua aplicação seja eficiente é necessário respeitar as suas propriedades.
Para isto temos as normas que determinam quais os ensaios realizados para se conhecer o
material e assim descobrir as propriedades desses materiais. Conhecendo as propriedades dos
materiais, especificá-los passa a ser uma tarefa mais fácil.
As normas são um grande aliado para termos o controle tecnológico dos materiais, porque
ela assegura de maneira técnica e científica que os ensaios realizados estão todos parametra-
dos, garantindo a qualidade do material ensaiado.
Essa garantia é a certeza da qualidade, mesmo que algum fabricante, por negligência, ve-
nha produzir determinado material fora das especificações estabelecidas pelas normas e de
repente houver a necessidade de verificar se o material utilizado está adequado, basta realizar
os ensaios, e se obtiverem os mesmos parâmetros então está correto, caso contrário, será ates-
tado material inadequado fora da norma vigente.

Boa parte das obras realizadas no País são realizadas


VOCÊ sem nenhum tipo de controle de qualidade atestado em
ensaios, principalmente na execução de concreto para
SABIA? as estruturas. Estas obras são realizadas por operários
que se garantem apenas na experiência.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
110

Para cada material teremos normas específicas determinando como o ensaio


deve ser feito para atestar as diversas propriedades dos materiais. Vamos ver al-
guns exemplos de normas diferentes para ensaios diferentes do concreto:
-- NBR 5738: 2003 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura (pega)
de corpos de prova;
-- NBR 5739: 2007 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova
cilíndricos;
-- NBR 12655: 2006 – Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e re-
cebimento – Procedimento.

SAIBA Verifiquem as normas sobre ensaios, elas orientam como


proceder e você ainda poderá ver quantos tipos de ensaios
MAIS podem ser feitos para um único material.

A tecnologia vem avançando e introduzindo no mercado das construções no-


vos materiais. Esses novos materiais só começam a ser utilizados depois de ter
passado por ensaios tecnológicos que determinam as propriedades desses ma-
teriais. Esse é um processo fundamental do controle da tecnologia dos materiais
para garantir se realmente esse material atende ao que foi projetado.
Algumas das propriedades mais importantes vistas nos ensaios:
a) resistência: verifica-se a resistência do material a fatores externos, naturais,
tração, compressão, flexão, torção;
b) durabilidade: são ensaios que verificam o material com relação ao tempo
que o material pode durar ou sem perder suas propriedades;
c) trabalhabilidade: é verificada a capacidade do material de ser trabalhado,
manuseado na obra com facilidade, com relação a equipamentos necessá-
rios para o manuseio e também com relação à limpeza na obra;
d) segurança: nesse ensaio é verificado se o material apresenta segurança ao
ser manuseado, com relação à saúde do operário e ao meio ambiente.

É fundamental, no momento dos ensaios, o operário ser


FIQUE acompanhado por um técnico ou responsável que saiba o
ALERTA procedimento correto para garantir a qualidade do ensaio
ou ser feito por empresas sérias.
5 CONTROLE TECNOLÓGICO DOS MATERIAIS
111

5.1 PRINCIPAIS ENSAIOS TECNOLÓGICOS DO CONCRETO

Nas obras, alguns ensaios podem ser realizados para controle da qualidade e
verificação se o material está respeitando o que foi especificado. A exemplo disto
temos os ensaio realizados com o concreto usinado que chega na obra:
O concreto é um dos principais materiais utilizados na obra, e por isso, um con-
trole rigoroso de sua qualidade é sempre necessário. Atualmente temos normas
que regulamentam o critério de desempenho das estruturas e sistemas constru-
tivos de uma edificação, e é muito importante conhecê-las. Uma dessas normas é
a NBR 15.575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho. Ela é subdividida
conforme a tabela abaixo:

NORMA

ABNT NBR 15575-1:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 1: Requisitos gerais

ABNT NBR 15575-2:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais

ABNT NBR 15575-3:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 3: Requisitos para os sistemas de piso

ABNT NBR 15575-4:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações internas e externas - SVVIE

ABNT NBR 15575-5:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas

ABNT NBR 15575-6:2013


Edificações Habitacionais - desempenho
Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários

Tabela 2 - Subdivisões da NBR 15.575:2013


Fonte: ABNT, 2013.

Nas obras, alguns ensaios podem ser realizados para controle da qualidade e
verificação do desempenho do matéria,l quanto à norma supracitada. A exemplo
disto, temos os ensaio realizados com o concreto usinado - aquele que chega na
obra, pronto para utilização. O passo a passo desse ensaio é encontrado na ABNT
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
112

NBR NM 67:1998 – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de


cone. Também conhecido como Slump Test, os itens abordados nessa norma são
os seguintes:
a) quanto ao objetivo e campo de aplicação:
A norma especifica um método para determinação da consistência do concre-
to fresco a partir da avaliação do seu assentamento. Esse método não se aplica
aos concretos que possuam agregado graúdo em sua constituição com dimensão
nominal máxima superior a 37,5mm.
b) quanto à amostragem:
A amostra de concreto ensaiada deve ser representativa de todo o lote, e sua
obtenção é regulamentada de acordo com a ABNT NBR NM 33: 1998.
c) quanto a Aparelhagem:
-- Molde:
O molde utilizado para obtenção do corpo de prova do ensaio deve possuir
forma de um tronco cone oco, constituído de metal resistente ao ataque da pasta
de cimento, com espessura igual ou superior a 1,5mm, acoplado a duas alças na
parte superior e suporte na parte inferior. O interior do molde deve ser liso e livre
de imperfeições originadas de rebites, parafusos, dobraduras ou soldas. O diâme-
tro da base inferior deve ter 200mm e o da base superior 100mm, com altura total
de 300mm.
-- Haste de compactação:
A haste deve ser constituída de aço ou material adequado, com seção circular
de 16mm de diâmetro, sendo o seu comprimento de 600mm, com extremidades
arredondas.
-- Placa de base:
Essa placa é utilizada para o apoio do molde, deve possuir lados com dimen-
são total superior a 500mm e espessura igual ou superior a 3mm. Sua constituição
deve ser metálica, retangular ou quadrada e plana.
d) quanto aos procedimentos:\
-- umedecer o molde e a placa de base, colocando o molde sobre a placa
de base;
-- o operador deve se posicionar com os pés sobre os suportes para man-
ter o equipamento estável;
-- preencher o molde com o concreto de ensaio, em três camadas de um
terço da capacidade do molde;
-- cada camada deve ser compactada com 25 golpes com a haste de com-
pactação;
5 CONTROLE TECNOLÓGICO DOS MATERIAIS
113

-- se ao final da compactação, a superfície de concreto ficar abaixo da bor-


da do molde, deve-se adicionar mais concreto para atingir o excesso
-- ao final de todo o processo, rasar o excesso do concreto com uma de-
sempenadeira;
-- limpar então a placa de base, e retirar o molde do concreto com cui-
dado, sempre na direção vertical;
-- logo após a retirada do molde, deve-se aferir o abatimento do concreto,
determinando-se a diferença entre a altura do molde e a altura do eixo
do corpo de prova.

Se ao final do processo, a massa de concreto deslizar ou desmoronar, impedin-


do a aferição do assentamento, o ensaio deve ser desconsiderado e deve haver
uma nova determinação com outra porção do mesmo concreto. Caso o deslize
ou desmoronamento ocorra novamente, o concreto deve ser descartado e o seu
traço corrigido.
Observe na Figura 83 a visualização desses procedimentos.

Figura 83 - Passo a passo do ensaio de slump test


Fonte: SENAI, 2013.

Na NBR 12.655: 2006 Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e re-


cebimento – Procedimento, você encontrará referências sobre o Ensaio de Con-
sistência e Resistência à Compressão. Dentre outros detalhes, os seguintes são
muito importantes de serem conhecidos a partir da norma:
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
114

a) ensaio de consistência:
Para o concreto elaborado pelo próprio executor da obra, devem ser realiza-
dos ensaios de consistência, conforme ABNT NBR NM 67: 1998 toda vez que fo-
rem observadas as seguintes condições:
-- ocorrerem alterações na umidade dos agregados;
-- na primeira amassada do dia;
-- ao reiniciar o preparo após interrupção da concretagem por pelo menos 2hs;
-- quando houver troca de operários;
-- toda vez que forem moldados corpos de prova.

Para o concreto usinado, devem ser realizados ensaios de consistência a cada


betonada.
b) ensaio de resistência à compressão:
Consideram-se dois tipos de controle de resistência do concreto:
-- controle estatístico do concreto por amostragem parcial;
-- controle do concreto por amostragem total.

As amostras para esses ensaios devem ser retiradas aleatoriamente durante a


concretagem, seguindo a ABNT NBR NM 33: 1998, e cada exemplar deve ser cons-
tituído conforme ABNT NBR 5738: 2003.
É importante destacar que o concreto só pode ser recebido em obra e utiliza-
do na mesma, desde que atenda a todos os critérios preestabelecidos pela ABNT
NBR 12.655: 2006. No caso da existência de não conformidades, devem ser obe-
decidos os critérios da ABNT NBR 6118: 2014 - Projeto de estrutura de concreto
- Procedimento.
5 CONTROLE TECNOLÓGICO DOS MATERIAIS
115

CASOS E RELATOS

Material novo
Novos materiais surgem a cada dia e são utilizados na construção civil, mas
sabe-se que todo material novo é necessário ser testado para verificar se é
eficiente a sua aplicação e se é seguro para não causar nenhum tipo de pro-
blema relacionado a acidentes ou problemas de saúde nos operários ou no
consumidor. Sabendo disso, a técnica em edificações Marina, trabalhando
numa construtora, precisou ter um relatório dos ensaios dos materiais que
foram especificados no projeto principalmente do concreto.
Em muitas obras, os ensaios de concreto são realizados no próprio cantei-
ro, mas alguns ensaios também foram realizados no laboratório contratado
pela construtora para garantir que o concreto fosse produzido obedecen-
do às exigências do projeto com relação à resistência.
Marina ficou tranquila quanto à execução dos ensaios, sabendo que as em-
presas são obrigadas a fazê-los seguindo os critérios determinados pela
norma. Então, os relatórios chegaram e Marina analisou se todos os ensaios
estavam dentro do padrão da Norma e constatou que estavam.
Assim, Marina pode observar que o concreto pedido pela construtora es-
tava dentro das especificações do projeto e então garantia a qualidade do
concreto utilizado na obra.
O Supervisor de Marina ficou satisfeito com o seu trabalho e com a preo-
cupação de Marina em verificar se os ensaios estavam seguindo as orienta-
ções da norma.

No entanto, existem empresas que fazem os ensaios em seus laboratórios para


verificar se as propriedades dos materiais empregados estão atendendo ao so-
licitado. Todos esses ensaios são regulamentos pelas normas. Os serviços mais
realizados são de dosagem do concreto e argamassas, acompanhamento dos ser-
viços de concretagem, moldagem de corpos de prova, extração de testemunhos,
realização de ensaios, entre outros.
Para cada tipo de material e propriedade existe um ensaio diferente que deter-
mina a qualidade do material aplicado na construção civil.
MATERIAIS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS
116

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos a importância dos ensaios para controle tecnológico


dos materiais e a necessidade desses ensaios seguirem as determinações
vigentes nas normas. Vimos que todos os novos materiais, antes de serem
utilizados no mercado da construção, devem passar por ensaios para veri-
ficar as propriedades dos materiais e assim poder ser especificados de ma-
neira correta, tendo a garantia da sua eficiência.
5 CONTROLE TECNOLÓGICO DOS MATERIAIS
117

Anotações:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM33: Concreto - Amostragem de concreto
fresco. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
________. NBR NM 45: Agregados – Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de
Janeiro: ABNT, 2006.
________. NBR 67: Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone.
Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
________. NBR 5738: Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de
Janeiro: ABNT, 2003.
________. NBR 5739: Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2007.
________. NBR 5738: Concreto: procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de
Janeiro: ABNT, 2003.
________. NBR 5739: Concreto: ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2007.
________. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto — Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
2014.
________. NBR 12655: Concreto de cimento Portland: preparo, controle e recebimento:
procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
________. NBR 15.575: Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013
SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -- Brasília: Departamento Regional da
Bahia. SENAI/ DN, 2013.
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pt/pic-116792863/stock-photo-details-of-gravel-for-construction.html?src=EMhdcGbNjOSsjIcUfK6
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WIKIMEDIA COMMONS. Telha com eflorescência. Disponível em: http://commons.wikimedia.org/
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WIKIMEDIA COMMONS. Madeira atacada por cupim. 2013 Disponível em: http://commons.
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WIKIMEDIA COMMONS. Magma formando rocha. 1998. Disponível em: http://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Aa_large.jpg. . Acesso em: 02 fev. 2013
ZAVAGLIA , Cecília A.C.; GALDINO André G. S. EM833- Seleção de- Seleção de Materiais. 2004
Disponível em: http://www.scribd.com/doc/151596332/EM-833-selecao-de-ligas-ferrosas. Acesso
em 10 jan 2013.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

SÉRGIO BRITO ROLEMBERG


Sérgio Brito Rolemberg é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da
Bahia e Pós-graduando no Curso de Especialização em Tecnologia e Gerenciamento de Obras.
Desde 2000 atua com Projetos de Arquitetura e Interiores e Gerenciamento de Obras. Foi fundador
e sócio gerente da Academia de Arte & Design e do Curso Técnico de Design de Interiores. Atuou
como coordenador e docente das disciplinas de desenho, história da arte e projetos de interiores e
como supervisor de projetos de instalações de sistemas de refrigeração.Atualmente ministra as dis-
ciplinas Desenho de croqui e Princípios de mecânica dos solos e fundações e é membro do grupo
de Pesquisa do CNPq/SENAI.
ÍNDICE

A
Agregados 64, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 78, 79, 81, 82, 83, 85, 86

B
Bitolas 36

C
Capacidade refratária 49
Carbono 33
Caulinita 48
Cerâmica porosa 51
Cisalhamento 58
Corrosão 35
Cromo 34, 35

D
Dormentes 73

E
Eletrólise 35
Escória 65, 70

I
Insuflação 31

J
Jazidas 28, 67, 72

M
Maleável 41, 45, 52, 61, 66, 81

P
Pozolana 65, 66
Produtos siderúrgicos 23

R
Resfriamento brusco 38
Rochas ígneas 49
Rochas vulcânicas 49, 72
S
Salmoura 38
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Sérgio Brito Rolemberg


Elaboração

Carla Carvalho Simões


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

FabriCO
Design Educacional
Iranildes Cerqueira
Tatiane Carvalho
Revisão Ortográfica e Gramatical

Antonio Ivo Lima


Fabio dos Santos Passos
Leonardo Silveira
Diagramação e Fechamento de Arquivo

Pollyanna Farias
Revisão de Diagramação e Padronização

Débora Sampaio Leitão


Normalização

Antonio Ivo Lima


FabriCO
Ilustrações

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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