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MANUTENÇÃO
DE MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS
MECÂNICOS
VOLUME 2
SÉRIE METALMECÂNCIA
MANUTENÇÃO
DE MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS
MECÂNICOS
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
MANUTENÇÃO
DE MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS
MECÂNICOS
VOLUME 2
© 2017. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491m
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Manutenção de máquinas e equipamentos mecânicos / Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional
da Bahia. - Brasília: SENAI/DN, 2017.
218 p.: il. - (Série Metalmecânica; v. 2).
ISBN xxx-xx-xxxx-xxx-x
CDU: 621.82
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
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Lista de ilustrações
Figura 1 - Recuperação de eixo com solda a frio...................................................................................................23
Figura 2 - Recuperação de rotor a frio.......................................................................................................................25
Figura 3 - Usinagem de campo de uma flange......................................................................................................25
Figura 4 - Selos mecânicos............................................................................................................................................26
Figura 5 - Ajustes com folga e interferência............................................................................................................27
Figura 6 - Esquema básico de instalação de uma bomba hidráulica.............................................................30
Figura 7 - Macaco hidráulico e saca-polia...............................................................................................................32
Figura 8 - Análise de vibração em equipamentos rotativos..............................................................................42
Figura 9 - Os pilares da TPM..........................................................................................................................................45
Figura 10 - Manutenção corretiva...............................................................................................................................50
Figura 11 - Manutenção preventiva...........................................................................................................................51
Figura 12 - Manuntenção preditiva............................................................................................................................51
Figura 13 - Manutenção preditiva...............................................................................................................................53
Figura 14 - Manutenção preditiva...............................................................................................................................55
Figura 15 - Técnico especializado................................................................................................................................56
Figura 16 - Radiografia industrial................................................................................................................................57
Figura 17 - Equipamento de raios x............................................................................................................................57
Figura 18 - Equipamento de gamagrafia..................................................................................................................58
Figura 19 - Ensaio de ultrassom...................................................................................................................................59
Figura 20 - Ensaio por emissão acústica...................................................................................................................60
Figura 21 - Ensaio por emissão acústica em equipamentos de alta criticidade.........................................60
Figura 22 - Ensaio por partículas magnéticas.........................................................................................................61
Figura 23 - Partículas magnéticas do tipo seca coloridas...................................................................................61
Figura 24 - Partículas magnéticas do tipo úmidas coloridas.............................................................................62
Figura 25 - Partículas magnéticas do tipo úmidas fluorescentes....................................................................62
Figura 26 - Análise de vibrações..................................................................................................................................63
Figura 27 - Mancal de rolamento................................................................................................................................63
Figura 28 - Espectro de ondas......................................................................................................................................64
Figura 29 - Termômetro de contato...........................................................................................................................64
Figura 30 - Radiômetro...................................................................................................................................................65
Figura 31 - Termografia em sistemas mecânicos...................................................................................................66
Figura 32 - Radiômetro...................................................................................................................................................66
Figura 33 - Termovisor.....................................................................................................................................................66
Figura 34 - Termografia em sistemas elétricos.......................................................................................................67
Figura 35 - Titulador Karl Fisher...................................................................................................................................68
Figura 36 - Preparação da amostra para análise no espectrômetro de emissão ótica............................69
Figura 37 - Equipamento utilizado para realização de ferrografia analítica................................................69
Figura 38 - Mini-laboratório para análise de lubrificantes.................................................................................70
Figura 39 - Manutenção produtiva total...................................................................................................................71
Figura 40 - Novo organograma industrial................................................................................................................77
Figura 41 - Equipe administrativa...............................................................................................................................79
Figura 42 - Equipe técnica.............................................................................................................................................79
Figura 43 - Corrosão.........................................................................................................................................................84
Figura 44 - Acidente.........................................................................................................................................................85
Figura 45 - Comunicação entre servidor e dispositivos de aquisição de dados........................................91
Figura 46 - Esquematização de sincronização de palm top...............................................................................92
Figura 47 - Caderneta de manutençãode bomba.................................................................................................96
Figura 48 - Tagueamento sequencial.........................................................................................................................98
Figura 49 - Circulo vicioso das falhas...................................................................................................................... 100
Figura 50 - Fluxograma de sistema de eliminação e tratamento de falhas.............................................. 101
Figura 51 - A importância do cliente para uma corporação........................................................................... 106
Figura 52 - Diagrama de tomada de decisão....................................................................................................... 108
Figura 53 - Anomalia, falha e quebra relacionados a vazão de bomba centrífuga................................ 110
Figura 54 - Processo de evolução de uma falha.................................................................................................. 110
Figura 55 - Esquema de utilização do método dos “porquês” para análise de falhas........................... 111
Figura 56 - Ciclo PDCA.................................................................................................................................................. 116
Figura 57 - Relação entre disponibilidade e tempos de intervenções....................................................... 122
Figura 58 - Tratamento ao cliente............................................................................................................................ 128
Figura 59 - Componentes da qualidade e produtos finais.............................................................................. 130
Figura 60 - Componentes da qualidade e produtos finais.............................................................................. 132
Figura 61 - Plano de ação 5W1H............................................................................................................................... 133
Figura 62 - How much................................................................................................................................................... 133
Figura 63 - Diagrama causa-efeito........................................................................................................................... 135
Figura 64 - O ser humano e o meio ambiente..................................................................................................... 139
Figura 65 - Energia solar.............................................................................................................................................. 140
Figura 66 - Turbinas eólicas de fachadas de edifícios....................................................................................... 140
Figura 67 - Consumo de energia pelo setor industrial..................................................................................... 141
Figura 68 - Reciclagem................................................................................................................................................. 142
Figura 69 - Aterro sanitário......................................................................................................................................... 142
Figura 70 - Apoio às leis ambientais........................................................................................................................ 143
Figura 71 - Coleta seletiva........................................................................................................................................... 144
Figura 72 - Centro de Inovação Tecnológica e Ambiental............................................................................... 145
Figura 73 - Os oito passos para aplicar o MASP.................................................................................................. 146
Figura 74 - Normalização global............................................................................................................................... 151
Figura 75 - Roscas.......................................................................................................................................................... 152
Figura 76 - Sigla ISO...................................................................................................................................................... 153
Figura 77 - Normas técnicas internacionais......................................................................................................... 154
Figura 78 - Representação das imposições ao cumprimento da legislação ambiental....................... 156
Figura 79 - Um dos símbolos utilizados como divulgação na certificação da ISO 14001.................... 158
Figura 80 - Representação da avaliação do passivo ambiental de uma empresa.................................. 161
Figura 81 - Modelo de reportagem......................................................................................................................... 165
Figura 82 - Seleção do tema....................................................................................................................................... 167
Figura 83 - Formulação do problema..................................................................................................................... 167
Figura 84 - Análise de hipóteses............................................................................................................................... 168
Figura 85 - Apresentação............................................................................................................................................ 169
Figura 86 - Recursos multimídias............................................................................................................................. 170
Figura 87 - Apresentação de um trabalho............................................................................................................ 171
Figura 88 - Segurança no trabalho.......................................................................................................................... 175
Figura 89 - Mapa de riscos.......................................................................................................................................... 176
Figura 90 - Tamanho dos círculos............................................................................................................................. 177
Figura 91 - Inspeções de segurança........................................................................................................................ 177
Figura 92 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais............................................................................. 178
Figura 93 - Análise preliminar de risco................................................................................................................... 180
Figura 94 - Trabalho de equipe................................................................................................................................. 185
Figura 95 - Estrutura do trabalho em equipe....................................................................................................... 186
Figura 96 - Indicadores de desempenho............................................................................................................... 187
Figura 97 - Alcance das metas................................................................................................................................... 188
Figura 98 - Definição de papéis e metas................................................................................................................ 189
Figura 99 - Relações interpessoais........................................................................................................................... 189
Figura 100 - Conflito entre trabalhadores............................................................................................................. 190
Figura 101 - Ambiente organizacional................................................................................................................... 193
Figura 102 - O capital humano nas organizações.............................................................................................. 195
Figura 103 - Motivação e satisfação no trabalho ............................................................................................... 196
Figura 104 - A importância do reconhecimento................................................................................................ 196
Figura 105 - Autorrealização no trabalho.............................................................................................................. 199
Figura 106 - Pirâmide de Maslow............................................................................................................................. 200
3 Tipos de manutenção....................................................................................................................................................37
3.1 Manutenção corretiva................................................................................................................................38
3.2 Manutenção preventiva.............................................................................................................................39
3.3 Manutenção preditiva................................................................................................................................42
3.4 TPM....................................................................................................................................................................43
3.4.1 Grandes perdas ..........................................................................................................................44
3.4.2 Os pilares da TPM.......................................................................................................................44
3.5 Novas tecnologias de manutenção.......................................................................................................46
6 Gerenciamento da manuntenção.............................................................................................................................89
6.1 Aplicativos para gerenciamento da manutenção............................................................................90
6.1.1 Softwares de rotas de inspeção e lubrificação................................................................92
6.2 Registros de manutenção.........................................................................................................................93
6.2.1 Ordens de manutenção...........................................................................................................93
6.2.2 Diários de bordo.........................................................................................................................95
6.2.3 Cadernetas de manutenção...................................................................................................95
6.2.4 Check-list.......................................................................................................................................96
6.3 Rastreabilidade de registros de manutenção....................................................................................98
6.4 Eliminação de falhas e defeitos no processo de manutençao.................................................. 100
15 Autorrealização.......................................................................................................................................................... 199
15.1 A Pirâmide de Maslow e as necessidades de autorrealização................................................ 200
Referências......................................................................................................................................................................... 203
Índice................................................................................................................................................................................... 213
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
Livro didático de Manutenção de Máquinas e Equipamentos Mecânicos, volume II.
Este livro tem como objetivo geral favorecer o desenvolvimento das capacidades técnicas,
sociais, organizativas e metodológicas que permitam ao profissional a realização da manu-
tenção de máquinas e equipamentos mecânicos, de acordo com os procedimentos técnicos,
princípios de qualidade, segurança, higiene e preservação ambiental. Ele está dividido em 02
volumes, sendo contemplado neste segundo volume quinze capítulos.
Após esta Introdução, do capítulo dois ao sete você encontrará temáticas voltadas para a
manutenção de máquinas e equipamentos mecânicos, direcionadas as suas práticas futuras
como Técnico em Mecânica de Precisão. Do capítulo oito ao quinze serão abordados temáticas
necessárias para o contexto profissional atual como: Ferramentas da qualidade, Qualidade
Ambiental, Normalização, Disseminação de informações, Segurança do trabalho, Trabalho em
equipe, Qualidade de Vida no Trabalho e Autorrealização.
Contudo, você desenvolverá ao longo do livro competências e consciência importante para
sua vida profissional. Aqui você encontrará o aprendizado necessário para desenvolver a inicia-
tiva, autonomia e qualidade na execução dos processos que lhe for destinado.
Veja a seguir a unidade curricular que estudaremos:
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
14
CAPACIDADES SOCIAIS
a) Integrar a comunicação oral e escrita à terminologia técnica apresentada e identificada através de
pesquisas e leituras;
b) Posicionar-se com embasamento ético em relação a situações e contextos apresentados;
c) Atuar de acordo com o sistema de gestão da qualidade da empresa.
CAPACIDADES ORGANIZATIVAS
a) Definir formas de melhor organizar o ambiente e o desenvolvimento do trabalho.
CAPACIDADES METODOLÓGICAS
a) Participar de grupos de trabalho, identificando problemas, propondo alternativas de solução e possí-
veis melhorias para a situação proposta;
b) Identificar oportunidades de melhor aproveitamento dos recursos colocados à sua disposição;
c) Demonstrar iniciativa e analisar alternativas, no desenvolvimento das atividades sob a sua responsa-
bilidade, considerando as mudanças tecnológicas;
d) Fundamentar tecnicamente alternativas de solução em relação a problemas que interferem nas ati-
vidades sob a sua responsabilidade.
1 INTRODUÇÃO
15
CAPACIDADES TÉCNICAS
Tecnologia da Manutenção Mecânica:
a) Definir insumos necessários para a realização de manutenção;
b) Diagnosticar a necessidade de aquisição de insumos;
c) Avaliar a possibilidade de reaproveitamento de insumos;
d) Identificar os materiais, as ferramentas e os equipamentos, tendo em vista a execução da manuten-
ção de máquinas e equipamentos;
e) Selecionar as ferramentas e os equipamentos para diagnóstico de falhas e defeitos, tendo em vista a
execução da manutenção de máquinas e equipamentos.
GESTÃO DE PESSOAS
a) Selecionar o grupo de manutenção, tendo em vista o tipo de máquina e equipamento envolvido na
execução da manutenção;
b) Identificar necessidade de capacitação dos usuários para a operação de máquinas e equipamento,
tendo em vista as melhorias implementadas;
c) Identificar as características funcionais da máquina e do equipamento (melhorias), tendo em vista a
capacitação do usuário;
d) Expressar características técnicas e de gestão na liderança de equipes de montagem de máquinas e
equipamentos.
SEGURANÇA NO TRABALHO
a) Identificar os equipamentos de proteção pertinentes (EPI, EPC), considerando o tipo de equipamento
em que será realizada a manutenção;
b) Interpretar a legislação de segurança, saúde e meio ambiente aplicada na execução das atividades de
substituição de peças e componentes em máquinas e equipamentos.
GESTÃO DA MANUTENÇÃO
a) Identificar o nível de manutenção considerando aplicativos de gestão da manutenção e plano de
manutenção;
b) Selecionar aplicativos para gestão da manutenção considerando o plano de manutenção;
c) Identificar os sistemas de registros e os resultados das inspeções das máquinas e do equipamento,
considerando registro para manutenções futuras;
d) Expressar, de acordo com o sistema de gestão da empresa, os resultados da execução da manuten-
ção, considerando a rastreabilidade do processo;
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
16
e) Avaliar, através das ferramentas de controle apropriadas, as falhas e os defeitos em máquinas e equi-
pamentos, tendo em vista a implementação de melhorias do processo de manutenção;
f) Selecionar as ferramentas de controle adequadas para a eliminação de falhas e defeitos, consideran-
do a implementação de melhorias do processo de manutenção;
g) Analisar os registros de ocorrência de defeitos e falhas, tendo em vista a melhoria do processo de
execução de manutenção.
NORMALIZAÇÃO
a) Identificar normas técnicas, de qualidade, de saúde, de segurança e ambientais aplicáveis ao proces-
so em que as máquinas e os equipamentos estão inseridos;
b) Avaliar os riscos de saúde, de segurança e ambientais aplicáveis ao processo em que as máquinas e
os equipamentos estão inseridos;
c) Selecionar as normas técnicas, de qualidade, de saúde, de segurança e ambientais aplicáveis ao pro-
cesso em que as máquinas e os equipamentos estão inseridos;
d) Selecionar as normas pertinentes para aplicação na execução da manutenção;
e) Interpretar procedimentos para a identificação das causas de falhas e defeitos, tendo em vista a exe-
cução da manutenção de máquinas e equipamentos;
f) Definir procedimentos e normas técnicas referentes à máquina ou ao equipamento, tendo em vista a
execução da manutenção;
g) Interpretar os procedimentos e as normas técnicas referentes à execução das atividades de repara-
ção de falhas em máquinas e equipamentos;
h) Interpretar as normas de segurança aplicáveis na inspeção periódica das máquinas e dos equipamen-
tos, na execução da manutenção;
i) Analisar procedimentos e normas técnicas referentes à execução de ajustes e regulagens em máqui-
nas e equipamentos;
j) Interpretar instruções contidas no manual do fabricante quanto à execução de start up, ajustes e re-
gulagens em máquinas e equipamentos;
k) Interpretar as normas de segurança pertinentes na execução da manutenção;
l) Normas de movimentação e transporte;
m) Interpretar os resultados da execução da manutenção tendo como referência o plano de manuten-
ção;
n) Identificar junto ao manual do fabricante os dados técnicos referentes às causas dos defeitos e das
falhas de máquinas e equipamentos, tendo em vista a implementação de melhorias.
DESENHO TÉCNICO
1 INTRODUÇÃO
17
PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO
a) Analisar os pontos críticos no funcionamento de máquinas e equipamentos, tendo em vista o desen-
volvimento do plano de manutenção;
b) Reconhecer especificações técnicas do fabricante, para desenvolvimento do plano de manutenção;
c) Analisar as modalidades de manutenção, para desenvolvimento do plano de manutenção;
d) Correlacionar as especificações do fabricante com as máquinas e os equipamentos para desenvolvi-
mento do plano de manutenção;
e) Identificar necessidade da manutenção para desenvolvimento do plano de manutenção;
f) Correlacionar as modalidades de manutenção com a necessidade de cada máquina e equipamento
para desenvolvimento do plano de manutenção;
g) Analisar procedimentos da empresa para desenvolvimento do plano de manutenção;
h) Analisar listas de verificação para manutenção autônoma e manual, específicas de máquinas;
i) Reconhecer itens necessários para elaboração de lista de verificação para manutenção autônoma;
j) Definir ações relativas à execução da manutenção, tendo em vista o plano de manutenção.
CUSTOS INDUSTRIAIS
a) Identificar os custos da execução da manutenção, tendo em vista a relação custo-benefício da ope-
ração;
b) Avaliar as necessidades do cliente, tendo em vista a relação custo-benefício da operação.
EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO
a) Definir as estratégias para a reparação das falhas e dos defeitos identificados, tendo em vista a execu-
ção da manutenção de máquinas e equipamentos;
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
18
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, tais
como:
a) Consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Manuntenção aplicada
Em algumas situações, quando componentes utilizados nos equipamentos sofrem desgaste ou avaria
e, após avaliação técnica e comercial criteriososa, estando passíveis de reaproveitamento, estes são recon-
dicionados para aplicação imediata de manutenção.
A maioria das máquinas enquadram-se nesta condição. Os eixos, engrenagens, volutas de bombas e
ventiladores, flanges, rotores, correias transportadoras, mancais, espelhos de trocadores de calor, polias,
válvulas de segurança, selos mecânicos, tubulações e conexões revestidas, entre outros. Focaremos a se-
guir como alguns desses itens são recuperados.
2.1.1 EIXOS
Entre os elementos de máquinas, os mais comuns e que ficam sujeitos a danos são os eixos. Eles pode-
rão ser reaproveitados, de acordo com a máquina em que são aplicados, de acordo com a complexidade
do processo industrial ou recomendações do fabricante do equipamento. Entre as avarias que estes ele-
mentos poderão sofrer, as mais corriqueiras são:
a) Desgaste ou trinca:
O desgaste ocorre quando há uma diminuição em seu diâmetro ou perdas em regiões localizadas, de-
vido ao atrito metal x metal ou ataque químico. A trinca surge por questões de anomalias na estrutura do
material de construção da peça. Ao aplicar um sobre-esforço na peça, ou seja, um esforço acima do limite
máximo recomendado pelo fabricante, ou até mesmo quando o menor esforço é aplicado em uma peça
comprometida por fissuras, o trabalho pode resultar no rompimento total do objeto em funcionamento.
Podemos facilmente notar isto quando os eixos são submetidos a ensaios de dureza ou ensaios de
resistência à fadiga. A dureza é uma propriedade que determina a resistência de um material a deforma-
ções permanentes. Então, no ensaio de dureza, é verificada a dureza do eixo. Este sofrerá desgaste caso
um outro corpo mais duro seja impactado nele. Já o ensaio de resistência à fadiga diz o quanto o corpo
consegue resistir a cargas inferiores a carga máxima suportada, levando em conta não apenas a dureza do
material, mas principalmente o tempo em que o corpo é submetido aos esforços, ou seja, as solicitações
cíclicas repetidas.
Quando o eixo é levado ao desgaste ou trinca, sua recuperação se dá através da recomposição com
solda a quente, a frio ou por eletrólise, com usinagens anterior e posterior a adição do material conforme
Figura 1.
2 MANUNTENÇÃO APLICADA
23
Atentamos que para cada tipo de eixo e consequentemente do material utilizado, existem tolerâncias
para a recuperação da estrutura, dada em microns;
b) Perda do revestimento:
Em decorrência de ataque químico ou impacto mecânico, os eixos revestidos poderão ser danificados.
Para sua recomposição da especificação original, é recomendado ler o manual da máquina ou o histórico
de manutenção do eixo.De acordo com a especificação do fabricante do equipamento, este poderá ser
com cromo, molibdênio, fosfato de zinco, cobre, hastelloy, entre outros materiais.
2.1.2 VOLUTA
Devido a sua função no processo e estando exposta diretamente ao fluido, a voluta pode sofrer des-
gaste com perda de espessura, ou danos ao revestimento interno. Existem alguns meios usados para re-
cuperá-lo. Entre eles estão o enchimento com solda convencional, a frio com compósitos poliméricos ou
a substituição de revestimento danificado. Em casos extremos, a troca da voluta por uma nova é o mais
recomendado, garantindo assim a confiabilidade de operação da máquina.
2.1.3 ROTOR
Devido à exposição direta ao produto a ser transferido, as paletas dos rotores podem sofrer um ataque
direto em razão da presença de abrasivos ou pH ácido, causando-lhes danos físicos.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
24
CASOS E RELATOS
O treinamento
Em uma cervejaria, a equipe de manutenção estava há anos sem receber treinamentos e atualiza-
ções no que diz respeito às novas práticas de manutenção presentes nas empresas modernas.
Com isto, muitas bombas encontravam-se com o processo de cavitação, levando a falhas precoces e
perda de produtividade. O diretor da empresa decidiu enviar seu gerente de manutenção para um
treinamento na Alemanha, país exemplo em modernas ações industriais.
Ao retornar da Alemanha, o gerente solicitou como primeira ação uma auditoria externa, no qual
foram verificados inúmeros rotores de bomba em dimensões divergentes das dimensões originais
de fabricação, como consta nos manuais das bombas.
Percebeu-se que ao montar a bomba que estava em manutenção, havia um desbalanceamento do
equipamento. O gerente notou que a primeira opção da equipe técnica era “dar um passe no rotor”,
ou seja, levá-lo até o torno e diminuir em milímetros o seu diâmetro. O que a equipe não sabia era
que quando o equipamento entrava em operação, este procedimento levava a bomba a um proces-
so conhecido como cavitação.
O gerente então selecionou um operador, um técnico, um líder de manutenção e o coordenador
para receber treinamento e aperfeiçoamento em manutenção.
Após o tempo do curso, eles se tornaram multiplicadores de conhecimento, e assim, toda a equipe
estava apta a realizar uma correta manutenção das bombas e dos outros equipamentos da empresa.
Em um semestre, a produtividade aumentou em 60% e após nova inspeção apenas uma bomba foi
encontrada com cavitação.
Utilizando dos mesmos critérios da análise para recondicionamento dos eixos e da voluta, o técnico em
mecânica de precisão poderá optar pela recuperação, conforme demonstrado na Figura a seguir:
2 MANUNTENÇÃO APLICADA
25
2.1.4 FLANGES
Em alguns sistemas acoplados em que a substituição das flanges danificadas demandará muito tempo
com perda de produção, devido a se tratarem de peças com grande diâmetro. Um dos recursos disponíveis
para a sua recuperação é a usinagem de campo, que consiste na adaptação para flanges, de uma máquina
operatriz especial que reabrirá as ranhuras, recuperando a área de vedação e refazendo o seu faceamento.
Ao finalizar uma manutenção, uma montagem de equipamento ou conjunto, é comum que a área de
manutenção/engenharia faça a entrega oficial e documentada deste equipamento para a área operacio-
nal, atestando que a máquina está perfeita para uso.
Alguns procedimentos são necessários com o intuito de evitar a operação incorreta da máquina ou
riscos de acidentes de trabalho.
De acordo com a complexidade da máquina ou sistema e conforme as normas internas das organiza-
ções são adotadas a sistemática a seguir, com a presença do preposto da fábrica, para a liberação final do
equipamento:
a) Elaborar um plano de comissionamento e testes;
b) Testar todo sistema elaborando um check list;
c) Treinar os usuários da área operacional e manutenção;
d) Enviar documentação técnica para arquivo técnico/engenharia;
e) Registrar todas alterações ou ajustes que ocorrerem.
Sendo assim, torna-se importante para o acompanhamento das equipes de manutenção ter o moni-
toramento e detalhamento do start-up, dos equipamentos que retornam da manutenção para o campo.
É imprescindível e esperado que a equipe técnica saiba interpretar as instruções contidas no manual do
fabricante, não só quanto a execução do start up da máquina, mas de todos os processos nela existentes.
É comum encontrarmos colaboradores da área técnica sem o conhecimento hábil para interpretar o ma-
nual da própria máquina que opera ou que realiza a manutenção. Neste caso, a empresa é responsável em
fornecer treinamento específico e acompanhamento deste colaborador.
2 MANUNTENÇÃO APLICADA
29
O profissional que atua na área de manutenção rotineiramente necessita realizar pesquisas em fontes
confiáveis tais como manuais e catálogos de fabricantes, desenhos técnicos, sites na Internet, programas
em sistemas informatizados, entre outros. Para que tenha um entendimento correto, o técnico necessitará
desenvolver algumas habilidades e competências. Entre estas necessidades, alguns requisitos mínimos
são necessários:
a) Conhecimento em leitura e interpretação de desenho técnico;
b) Entendimento pleno da língua nacional;
c) Conhecimento mínimo a nível intermediário da língua inglesa;
d) Conhecimentos sólidos de termos técnicos da área de manutenção;
e) Formação profissional específica da área de atuação.
Estes requisitos ajudam no auxílio da identificação dos componentes, materiais de construção do equipa-
mento, esquema de montagem e desmontagem etc.
Nos manuais dos equipamentos devem constar todas as informações necessárias e importantes para o
seu funcionamento ideal (instalação, manutenção e operação). Vamos imaginar a seguinte situação: uma
bomba hidráulica precisa ser instalada e você é o responsável por essa atividade. A primeira ação que você
deve realizar é consultar o manual do fabricante. Este documento deve conter todas as informações para
instalação do equipamento e, se necessário, um esquema básico para a realização dessa atividade.
01 - Válvula de pé
02 - Curva de 90º
06 03 - União
05 04 - Bujão
05 - Registro
06 - Válvula de
07 04 retenção de
coluna
03 07 - “Tê”
Bomba 02
10 cm do fundo da cisterna
20 cm do fundo do poço
01
Para que sejam bem-sucedidas as manutenções preventivas e corretivas que são realizadas nos equi-
pamentos, o modo como são desmontados e posteriormente montados seus componentes devem ser
levados em consideração. Para tal, o técnico de manutenção deve planejar adequadamente as necessida-
des de ferramentas, equipamentos operacionais, esquema de montagem e desmontagem e manuais do
equipamento.
O conhecimento sobre o elemento de máquina que compõe o equipamento é de extrema importância
para proceder adequadamente com a montagem e a desmontagem dos equipamentos, sem ocasionar
danos aos mesmos.
Entre os elementos de máquinas, os mais comuns estão os rolamentos. Estes, devido a sua integração
com as partes rotativas dos equipamentos ficam expostos a danos ou falhas prematuras se não houver
uma operação adequada ou manutenção correta do equipamento.
Algumas técnicas e ferramentas especiais são sugeridas para uma manutenção ideal desses componen-
tes, que são os métodos mecânicos, elétricos e hidráulicos, reduzindo os custos e prolongando a vida útil.
SAIBA Para saber mais sobre o assunto recomendamos o livro: Montagem Ajuste Verificação
MAIS de Peças de Máquinas, de Schrock, lançado pela editora Reverte LTDA.
Entre as ferramentas citadas merecem destaque “macacos hidráulicos” e a “saca-polias” que têm uma
aplicação mais constante.
A regulagem e o ajuste consiste em fazer com que o desempenho do equipamento esteja de acordo
com o requerido. À medida em que os equipamentos trabalham, ocorrem desvios de suas características
originais, necessitando que sejam realizados os ajustes necessários com o intuito de se obter o desempe-
nho esperado. Alguns destes ajustes são realizados durante a manutenção de rotina dos equipamentos.
Outros ajustes exigem que o equipamento esteja parado e são realizados durante a manutenção preven-
tiva ou corretiva.
As perdas de ajuste e eficiência de máquinas e equipamentos são ocasionadas por diversas causas.
Entre elas podemos citar:
2 MANUNTENÇÃO APLICADA
33
RECAPITULANDO
O termo manutenção significa manter algo no estado original, entretanto este conceito não
mais se aplica à dinâmica da indústria moderna. Atualmente o termo manutenção nos remete
a inovação, melhoria, prevenção de falhas e redução de custos com paradas não planejadas.
Visando a excelência, as empresas buscam sempre inovações para alcançar a melhor marca
ou manter sua posição no mercado competitivo. Para tal se faz necessário o gerenciamento de
todos os departamentos que a compõem, um desses departamentos é o setor de manutenção
que está intimamente ligado ao seu desempenho produtivo. Uma boa gestão deste departa-
mento acarretará em bons resultados de qualidade e produtividade.
As instalações industriais e seus ativos requerem máximo de cuidados, neste contexto são
aplicáveis estratégias de manutenção, que consistem de estudo realizado pelo setor de enge-
nharia de manutenção ou um técnico em planejamento de manutenção para decidir qual a
melhor maneira de intervir nos equipamentos, instalações ou sistemas, conferindo-lhes confia-
bilidade e disponibilidade, sem onerar o orçamento com o custo de manutenção.
A caracterização da maneira com a qual se intervém em um ativo denomina um tipo de
manutenção. É imprescindível a compreensão dos conceitos dos tipos de manutenção por
todos os colaboradores ligados a esta atividade para evitar falha na comunicação e consequen-
temente diagnósticos errôneos ou inserção de falhas nos ativos.
Neste capítulo serão detalhados os principais tipos de manutenção, são eles:
a) Manutenção corretiva;
b) Manutenção preventiva;
c) Manutenção preditiva.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
38
CASOS E RELATOS
co João que a causa raiz do acidente foi descoberta: uma bomba operando com um fluido altamente
pirofórico havia apresentado corrosão na parede da voluta e não foi solucionado devido a falta de
tempo e necessidade em recolocar o equipamento em operação.
Neste tipo de manutenção a intervenção corretiva é feita após a geração de uma falha ou anomalia e
visa restabelecer a produtividade de um equipamento ou sistema, que esteja com sua qualidade abaixo
do padrão estabelecido.
Empresas de micro e pequeno porte implementam a manutenção corretiva como premissa devido aos
custos de mão de obra, peças e serviços aparentemente menores, encontrados no início de sua adoção. Fa-
tores como equipe reduzida, má gerenciamento dos sobressalentes ou ausência de uma visão estratégica
definem as empresas a este tipo de estratégia, que aliado, a falta de atividades preventivas no seu quadro
de manutenção, evidenciam esta nota.
Os efeitos negativos da manutenção corretiva completam-se em baixa disponibilidade das máquinas,
consequentemente há perda de produção, acidentes causados pelos improvisos e atitudes emergenciais
ou a danos ao meio-ambiente.
FIQUE A manutenção corretiva deve gerar informações necessárias para a análise da perfor-
ALERTA mance e detecção de prováveis falhas futuras.
Como a própria nomenclatura já induz, este tipo de manutenção procura prevenir a ocorrência da falha.
A intervenção programada é realizada para reduzir ou evitar a queda de desempenho do sistema, equipa-
mento ou instalações.
Tarefas programáveis como inspeções, reformas, lubrificação e trocas de peças são classificadas como
atividades preventivas.
Quando em uma planta instituem-se programas/planos de manutenção preventiva, estes devem ter
caráter obrigatório.
Os serviços preventivos são baseados em unidades preestabelecidas tais como horas de funcionamen-
to, semanas, quilômetros rodados etc.
Com base nos manuais do fabricante, histórico de manutenção do equipamento ou ensaios de des-
gaste é estabelecido o prazo de substituição da peça, equipamento ou sistema antes que estes atinjam o
limite de vida. Quando este prazo é atingido deve acontecer a intervenção não sendo levado em conta se
o componente ainda está em condições de uso. Neste contexto pode-se afirmar que este método de ma-
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
40
nutenção torna-se mais caro, entretanto mais confiável, pois a falha não ocorrerá inesperadamente. Como
estratégia de manutenção, este tipo é atribuído aos equipamentos de alta criticidade. São exemplos de
manutenção preventiva a realização de revisões sistemáticas do equipamento, a realização de lubrifica-
ções periódicas, o cumprimento dos planos de inspeção de equipamentos e o cumprimento dos planos
de calibração e de aferição de instrumentos. A figura a seguir traz um exemplo de tabela com o plano de
inspeção e manutenção de um equipamento mecânico. Repare que cada atividade tem uma periodicidade
de realização que depende de vários fatores como criticidade do componente, padrão de funcionamento
do equipamento e recomendação do fabricante do equipamento.
Reapertar parafusos x
Substituir paletas x
Enquanto na manutenção corretiva não planejada a intervenção no equipamento é feita após a falha,
vimos que na manutenção preventiva através do estudo limite de vida tem-se como prever um tempo em
que ocorre a próxima falha e se antecipar a esta. Entretanto muitos componentes trocados ainda estão em
condições de uso, mas nada garante qual será o momento exato da falha. Então, a premissa da manuten-
ção preventiva nos diz para prevenir a falha, ou seja, substituir o componente ou peça independentemen-
te da sua condição, baseando-se apenas no tempo.
Nesse contexto surge a manutenção preditiva de forma a otimizar, através de técnicas não intrusivas, o
uso do componente ou peça até o estado mais próximo do seu limite de vida.
A manutenção preditiva é o acompanhamento de parâmetros do sistema e a intervenção é programa-
da quando estes parâmetros indicam a aproximação da falha.
Seu objetivo é predizer as condições dos equipamentos com o mesmo produzindo, o que privilegia a
disponibilidade do equipamento para a operação.
Algumas técnicas preditivas:
a) Análise de vibrações: avaliação dos movimentos oscilatórios de corpos e às forças que lhes são asso-
ciadas;
b) Técnicas não intrusivas: são técnicas utilizadas para garantir a integridade estrutural dos equipamen-
tos, sem a necessidade de abri-los. Atualmente, estas técnicas são aplicadas com o equipamento ain-
da em operação.
SAIBA Para saber mais sobre as técnicas utilizadas na manutenção preditiva recomendamos
MAIS ler o livro: Técnicas de Manutenção Preditiva – Vol 1 – Nepomuceno, L.X.
A operação total da fábrica é o lema da manutenção preditiva que elenca o meio para melhorar a pro-
dutividade, a otimização de lucros e a integração global das plantas como etapas alcançadas com a imple-
mentação deste tipo de manutenção.
3.4 TPM
TPM significa Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total, e além de ser derivada,
pode trabalhar conjuntamente aos tipos de manutenção citados. Os benefícios reais alcançados com a
TPM são:
a) Ambiente de trabalho mais seguro;
b) Segurança do trabalho para todos;
c) Melhoria da qualidade;
d) Melhoria da produtividade;
e) Aumento da abrangência das funções;
f) Aumento do conhecimento;
g) Aumento da capacidade;
h) Aumento dos lucros que conduzem à divisão dos ganhos.
A TPM trabalha sobre duas vertentes: a primeira é a do ser humano e a segunda são os ativos das em-
presas em busca de uma eficiência TOTAL. Esta promove mudanças nas linhas de produção com conceitos
como o de “Quebra Zero”, “Defeito zero” e “Zero acidentes” unindo, com isto, a especialização da sua mão
de obra às melhorias nos equipamentos industriais.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
44
O lema desta metodologia é “Da minha máquina cuido eu” que representa exatamente esta junção
de dois processos (operação e manutenção), eventualmente, de objetivos distintos, mas que ganha força
nesta sistemática de mudança organizacional.
As sete grandes perdas nas fábricas definidas pela TPM provocadas pelos projetos de equipamentos
mal dimensionados, montagem incorreta ou manutenção aleatória ou indevida são:
a) Perda por falha ou quebra de equipamentos;
b) Perda por preparação ou ajuste (set-up);
c) Perda por desgastes de ferramentas;
d) Ociosidade e pequenas paradas;
e) Perdas por redução de velocidade;
f) Defeitos de qualidade e retrabalho;
g) Perda por início de produção (start up).
Estas perdas influenciam na diminuição da confiabilidade e disponibilidade operacional do ativo e po-
dem ser decorrentes de falhas intrínsecas, ou seja, ainda no projeto, processo de fabricação ou montagem.
Sendo em alguns casos encontradas no processo de startup( início de operação) ou durante a realização
das manutenções, o que contraria o ideal da TPM pela melhoria do resultado global final.
Implantar a TPM não é tão fácil, em virtude da mudança de cultura que deve partir da alta direção
das empresas. O maior obstáculo, sem dúvida, é iniciar o programa sem o apoio e o envolvimento dos
gerentes, diretores e supervisores. Todavia, outras dificuldades que também influenciam na implan-
tação deste programa, como a ausência de conhecimento prévio da metodologia antes de iniciá-
lo; ausência de profissional dedicado à tarefa de coordenação de TPM e excesso da dependência de con-
sultores externos ou auditorias internas e externas para avaliação da continuidade da implementação.
Perante isto, a TPM apresenta oito pilares que sustentam a metodologia, que é uma casa em busca da
eficiência global produtiva.
3 TIPOS DE MANUTENÇÃO
45
a) Melhoria focada: sistemática que visa reduzir os erros para manter o bom rendimento, focando na
eficácia global do negócio;
b) Manutenção autônoma: um dos pilares mais importantes da TPM. Constitui-se como processo de
capacitação e desenvolvimento de habilidades que aborda algumas atividades de inspeção das má-
quinas e pequenas manutenções realizadas pela equipe de operação devidamente treinada pela área
de manutenção;
c) Manutenção planejada: aplicação do planejamento e controle da manutenção com aplicação da tec-
nologia a seu favor para verificar a acuracidade das informações implantadas;
d) Educação e treinamento: pilar de sustentação e um dos mais importantes da TPM. Internalização
do tema para todos os níveis hierárquicos a partir do uso de padrões que garantem a realização das
atividades e a estabilidade operacional do equipamento;
e) Controle inicial: desenvolvimento de um acompanhamento na fase embrionária de novos projetos
ou equipamentos industriais no intuito de mitigar falhas decorrentes de fabricação, concepção de
projeto e montagem;
f) Manutenção da qualidade: pilar que prioriza a busca do zero defeito,quebra zero, ou seja, a união das
ferramentas da qualidade para atingimento da excelência produtiva de um ativo;
g) TPM Office: escritório de TPM com intuito de elencar as perdas em todos os passos do processo in-
dustrial, desde a produção até a área administrativa. Utiliza o KAIZEN (melhoria individual) como tema
para garantia de sua eficiência;
h) Segurança ou SHE: busca o “zero acidente” e bem-estar do colaborador, observando as leis trabalhis-
tas, estabelecendo normas de gerenciamento de saúde e segurança em todos os processos, além da
busca de atividades que mitiguem o impacto ambiental.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
46
Como sabemos que a missão da manutenção é garantir a disponibilidade em função dos equipamentos
utilizando, a partir disto, os tipos de manutenção citados, entendemos que as empresas devem cada vez
mais apostar em novas tecnologias em prol de um melhor funcionamento.
Uma política ampla de manutenção devem levar em conta quatro tipos de manutenção (manutenção
corretiva, preventiva, preditiva, TPM) aplicando-as a cada equipamento individualmente, considerando
o retorno econômico. Temas como confiabilidade na manutenção, gestão de ativos ou métodos de mo-
nitoramento on-line são cada vez mais presentes e cruciais neste período de extrema concorrência no
mercado.
3 TIPOS DE MANUTENÇÃO
47
RECAPITULANDO
A manutenção pode ser considerada um dos setores industriais que mais sofreu mudanças ao longo
das últimas décadas, consequência da diversificação e aumento da complexidade dos projetos e instala-
ções industriais e do surgimento de novas técnicas de manutenção. A evolução da manutenção é dividida
atualmente em três gerações, que serão apresentadas a seguir.
A Primeira Geração engloba todo o período anterior a Segunda Guerra Mundial. Neste período, o setor
industrial era pouco mecanizado, ou seja, o trabalho manual ainda era abrangente na manufatura. A lubri-
ficação, limpeza e reparo eram os únicos serviços da manutenção. Desta forma, só a manutenção corretiva
existia.
A ideologia dentro da empresa era a de que “quebrou, consertou”, deixando as máquinas e equipamen-
tos a mercê da eficiente manipulação do operador e da sorte. Este foi um período de grandes perdas da
produção por fuga do fluido das máquinas, ocasionadas por falhas nas peças e por lucro cessante, ou seja,
a pausa na produção devido à parada de operação das máquinas.
A Segunda Geração abrange o período desde a Segunda Guerra Mundial até os anos 60, período em
que houve um acréscimo de máquinas dentro da indústria devido à necessidade de aumento e rapidez na
produção. A equipe de manutenção começou a perceber que, quando as máquinas iniciavam a operação,
elas levavam geralmente o mesmo tempo até surgir as primeiras falhas mecânicas. Sendo assim, poderia
ser previsto o período em que as falhas viriam a acontecer e então a manutenção começou a parar perio-
dicamente as máquinas para realizar inspeções e as trocas de peças necessárias. Este período é conhecido
pelo surgimento da manutenção preventiva.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
51
Cada empresa que trabalha com a manutenção preventiva tem um período próprio de parada das má-
quinas para intervenção, então, a preventiva não possui um período padrão estipulado. Cabe a equipe de
manutenção determinar, de acordo com estudos realizados, este período, ou seja, de quanto em quanto
tempo as máquinas irão parar para preventiva. Algumas empresas trabalham com o período para ma-
nutenção preventiva igual para todas as máquinas, enquanto outras preferem trabalhar com períodos
diferentes de parada para cada linha de produção. Este tipo de manutenção é um avanço na postura da
manutenção das empresas modernas e o seu retorno financeiro é facilmente visível.
A Terceira Geração deu início a partir da década de 70, sendo esta geração marcada pela busca cons-
tante por melhoria na qualidade do produto final e o aumento na confiabilidade de operação dos equi-
pamentos. Conhecemos confiabilidade como a soma da disponibilidade com a eficiência de trabalho das
máquinas, onde o primeiro ocorre quando a máquina está em bom estado de trabalho e o segundo quan-
do a máquina trabalha dentro dos parâmetros pré-estabelecidos de operação. Para que a confiabilidade
das máquinas aumente, técnicas de monitoramento são implantadas juntamente com instrumentos de
controle para acompanhar o comportamento de todo o conjunto mecânico industrial. Este controle garan-
te o aumento de vida útil das máquinas e prediz quando elas irão falhar. Por isto, este período tem como
destaque o surgimento da manutenção preditiva.
CASOS E RELATOS
Como já vimos anteriormente, a manutenção preditiva é aquela que faz com que a máquina trabalhe o
maior tempo possível sem apresentar falha, e quando esta falha for inevitável, prevê o seu surgimento. Isto
faz com que a equipe de manutenção se organize para agir de forma rápida e eficiente na resolução da não-
conformidade de operação da máquina. Em outras palavras, o objetivo principal da preditiva é sugar o má-
ximo que a máquina tem a oferecer, fazendo-a trabalhar nas condições que o fabricante exige para levar a
máquina ao tempo máximo de vida útil contida no datasheet3 da mesma.
3 Datasheet: palavra em inglês que significa folha de dados. Documento que apresenta as características técnicas de um
equipamento ou máquina.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
53
No conceito moderno de produção, qualquer que seja o procedimento que impacte direta ou indireta-
mente na produtividade da empresa deve ser revisto, pois qualquer tipo de perda (financeira, de tempo,
de produtividade e/ou humana) é considerada inadmissível em uma gestão de qualidade. Neste contexto,
a manutenção preditiva surge como um avanço na indústria, pois torna o equipamento com maior dispo-
nibilidade de operação e maior rendimento de trabalho, reduzindo ou eliminando as perdas decorrentes
das falhas ou paradas de equipamentos.
A manutenção preditiva é como um check-up4 que fazemos periodicamente com o nosso corpo com
o objetivo de verificar alguma doença inicial antes que ela atinja nossos órgãos vitais e nos leve a morte.
Assim como nosso corpo precisa de uma análise periódica com médicos habilitados, as máquinas e
equipamentos industriais também necessitam. Caso uma máquina não seja acompanhada de perto por
um profissional capacitado, ela corre sérios riscos de parar de uma hora para outra.
E assim como ocorre no corpo humano, as máquinas não param de vez. Elas dão sinais que não andam
bem, e que necessitam de cuidados para voltarem a operar com toda a capacidade requerida. Por exem-
plo, uma máquina que apresenta altas vibrações está fortemente sujeita a parar seu funcionamento. Caso
uma análise de vibrações (método de intervenção da manutenção preditiva) não seja feita, a máquina
certamente irá falhar. Em comparativo com o corpo humano, o coração dificilmente para de funcionar sem
antes dá sinais que está mal. Ele inicialmente faz com que a pressão arterial aumente, causando sintomas
incômodos. Caso não seja cuidado, os sintomas avançam para dores fortes no peito, depois apresenta um
infarto, muitas vezes assintomáticos5 e caso não seja verificado este incidente, o coração pára o seu fun-
cionamento.
Você percebeu como as máquinas são bastante parecidas com o corpo humano? Você notou que para
uma máquina falhar outras pequenas falhas ou maus desempenhos surgiram e não foram tratados? Pois
4 Check up: palavra inglesa que significa a realização de um exame médico completo.
5 Assintomáticos: que não apresenta sintomas ou indícios de que irá ocorrer.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
54
bem, para que isto não ocorra a equipe de manutenção realiza procedimentos e técnicas que acompanha
o funcionamento das principais máquinas dentro da indústria.
Mas você deve estar se perguntando: por que não aplicar a preditiva em todas as máquinas, já que este
tipo de manutenção é valiosa para o desempenho delas? A resposta é simples: a implantação deste tipo de
manutenção é mais cara para a empresa, pois requerer um maior tempo para sistematização dos procedi-
mentos de manutenção, uma mão-de-obra mais qualificada e treinada, além de equipamentos mais caros
para sua realização. Sendo assim, a manutenção preditiva é aplicada em apenas algumas máquinas indis-
pensáveis na produção da empresa. Além disso, nem todas as máquinas permitem a realização da algum
tipo de monitoramento das suas condições de funcionamento e nem todos os tipos de falhas possuem
causas que possam ser monitoradas e acompanhadas por alguma técnica preditiva.
CASOS E RELATOS
A escolha do melhor tipo de manutenção preventiva para os equipamentos não pode ser um jogo de
erros e acertos, ou um jogo de adivinhação, uma vez que uma decisão não-acertiva no campo industrial
pode levar a severas consequências, como a morte de colaboradores.
6 Maltose: junção de duas moléculas de glicose, sendo encontrada em grande quantidade nos cereais, inclusive na matéria-
prima da cerveja, o malte.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
55
A escolha do tipo de manutenção dentro da indústria deve ser elaborada por uma equipe técnica com
experiência em gestão de ativos7 e de pessoas, para que o processo não seja impactado pelo planejamento
financeiro da empresa e vice-versa. Por representar cerca de 30% do custo total da empresa, a manuten-
ção por vezes é vista como um investimento sem retorno, entretanto estudos mostram que as empresas
que mais investem no aperfeiçoamento da manutenção, são as que mais têm retorno na produção geral,
justamente por manterem suas máquinas trabalhando por maior tempo sem apresentarem falhas, e pela
redução nos índices de acidente que impacta no afastamento do colaborador de suas atividades profissio-
nais.
7 Gestão de ativos: relação de um conjunto de boas práticas para gerenciamento de todas as etapas de ciclo de vida de
máquinas e equipamentos, desde sua aquisição até o descarte.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
56
Será que qualquer técnico em manutenção está capacitado a realizar ensaios não destrutivos nos equi-
pamentos? A resposta é: Não. O técnico em manutenção estará capacitado em realizar tais feitos, desde
que participe de treinamento prático em cada uma das técnicas e/ou realize um curso específico na área
como você viu. Não é tão simples verificar uma não-conformidade utilizando as técnicas de monitoramen-
to e diagnose, pois a interpretação dos dados coletados exigem um treinamento especial dos técnicos que
irão analisar os mesmos.
.
De agora em diante você aprenderá um pouco mais sobre as técnicas de monitoramento e diagnose
de falhas.
A radiografia industrial é utilizada para verificar a existência de falhas na estrutura da peça a ser ana-
lisada. Este método consiste na emissão de minúsculas partículas elementares denominadas raios X ou
raios gama em direção perpendicular à peça. Qualquer diferença de densidade, espessura do material ou
composição do material irá gerar diferença na absorção destes raios pela peça. Atrás da peça há um filme
receptor de radiação, um tubo de imagem ou mesmo detectores eletrônicos de radiação que farão o papel
de reconhecer uma trinca ou outro tipo de não-conformidade na estrutura da peça, conforme imagem
dada.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
57
Veja que os feixes de luz na Figura anterior ultrapassaram a peça passando por uma descontinuidade,
ou seja, uma diferença de densidade na estrutura, que foi logo reconhecida pelo filme receptor de radia-
ção. Após esta inspeção com o método de radiografia, cabe à equipe responsável analisar se a desconti-
nuidade está dentro do limite tolerável para tomar as medidas cabíveis, como colocar a peça em operação,
sanar a imperfeição da peça ou descartá-la.
As radiografias industriais com técnicas de raios X e raios Gama (gamagrafia) são bastante utilizadas,
pois ambos os raios possuem a propriedade de penetrar a matéria. Porém, algumas diferenças podem ser
notadas na aplicação dos mesmos, como:
Os raios X: Maior qualidade de imagem e menor tempo de exposição da peça.
Os raios Gama: Não necessitam de energia elétrica, pois são produzidos por transformações nucleares e
permitem acessar espaços limitados devido às fontes de radiação serem menores.
Observe nas Figuras a seguir o esquema dos equipamentos de Raios X e de Gamagrafia.
O equipamento de raios X trabalha com corrente elétrica, enquanto que o equipamento de gamagrafia
trabalha com excitação natural do núcleo dos átomos.
Os ensaios de raios X e raios Gama são considerados procedimentos de alto risco para a equipe técnica
envolvida, pois os instrumentos emitem radiações que, em excesso, pode causar danos enormes a saúde.
A equipe técnica envolvida nas atividades com radiografia industrial requer treinamento prévio fornecido
pela empresa contratante. Os colaboradores também devem ser periodicamente submetidos a exames
médicos para checar se os níveis permitidos de exposição aos raios X e Gama estão aceitáveis. Quando os
instrumentos utilizados em radiografia industrial encerram sua vida útil, devem ser descartados em locais
próprios para esta finalidade, pois mesmo sem está em operação, ele emite radiação.
4.3.2 ULTRASSOM
O ensaio por ultrassom tem como objetivo detectar falhas ou descontinuidades internas na peça seja
em materiais ferrosos8 ou não ferrosos9. Isto permite que em sistemas que exijam grande grau de confiabi-
lidade, as peças sejam controladas periodicamente para não apresentarem falha na operação. Este tipo de
ensaio é muito utilizado em análise de peças de grande espessura, em juntas soldadas e chapas.
O ensaio consiste na emissão de um ultrassom emitido por um transdutor que percorre o material em
inspeção, onde os ecos gerados retornam para o mesmo transdutor ou para outro, para então fazer o reco-
nhecimento da não-conformidade, caso exista.
O ensaio por emissão acústica pode ser realizado sem que a produção pare. Quando uma peça possui
alguma não-conformidade em algum ponto da estrutura, este ponto contém concentração de tensões
que, uma vez estimuladas termicamente ou mecanicamente, se redistribuem. Este fenômeno é captado
colocando transdutores sobre a estrutura, onde irão reconhecer as ondas de tensões formadas.
8 Materiais ferrosos: materiais que possuem o ferro como elemento principal de composição.
9 Materiais não ferrosos: materiais que não possuem o ferro como elemento principal de composição, mas podem possuir o
ferro como elemento secundário.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
60
Assim como qualquer outro ensaio não destrutivo, o ensaio por emissão acústica somente é requisitado
quando o equipamento ou peça exige alta confiabilidade e segurança de operação, pois se investe um
valor considerável em cada aplicação dos ensaios.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
61
b) úmidas coloridas: muito utilizadas em materiais soldados, forjados, entre outros. Neste caso, as partí-
culas em pó ou o concentrado da partícula é levado a uma meio úmido, formando uma suspensão, no
qual é direcionado a um aplicador que molha completamente a superfície em análise;
Observe que os sensores de análise de vibrações (acelerômetros) foram inseridos nos mancais de ro-
lamentos, por serem estes que absorvem as vibrações transmitidas pelo eixo. Os mancais são elementos
estáticos de sustentação do eixo, e possuem um ou mais rolamentos em seu interior, o que permite o mo-
vimento relativo entre eixo e mancal.
São inseridos óleos lubrificantes ou graxas nos mancais, para reduzir o contato metal/metal e refrigerar
o sistema.
Após a verificação das vibrações feita, é necessário que o técnico capacitado realize a interpretação dos
dados coletados, para determinar os níveis de vibração e as possíveis causas.
As vibrações são representadas em espectros de ondas e medida através das frequências geradas.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
64
4.3.6 TERMOMETRIA
Termometria é a parte da termologia que estuda a temperatura ou o calor gerado pelos corpos. Por fa-
zer parte da preditiva, a termometria é uma importante técnica de conservação de peças e equipamentos.
Na termometria utiliza-se de instrumentos para aferir a temperatura dos corpos em operação, sejam eles
sólidos, líquidos ou gasosos. Estes instrumentos são chamados de termômetros e podem ser de contato
ou infravermelho, sendo o primeiro mais eficiente em corpos líquidos e gasosos e o segundo em corpos
sólidos.
Figura 30 - Radiômetro
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2015.
Na Figura 32 observamos o termômetro de contato, bastante utilizado em corpos sólidos, aonde como
o próprio nome diz, o sensor deve estar em contato com o corpo para realizar a aferição da temperatura.
Este sensor é do tipo térmico e, através do princípio de condução térmica, aferi a temperatura do corpo e
indica no display.
Já na Figura 33 podemos ver o termômetro infravermelho, cujo princípio de funcionamento consiste
em direcionar o instrumento sobre a peça a ser aferida e verificar, a partir da frequência infravermelha de
ondas de calor emitida, a temperatura, informando-a no display.
A análise preditiva é feita a partir da Máxima Temperatura Admissível (MTA), aonde se verifica a partir da
termometria, a temperatura de operação de um equipamento e compara com a MTA pré-definida. Sendo
a temperatura de operação do equipamento inferior a MTA, podemos garantir a integridade da máquina
e mantê-la operando, caso contrário, a máquina deve urgentemente ser parada para inspeção do motivo
causador do superaquecimento. Pode-se utilizar a automação para agir na parada da máquina a partir do
reconhecimento da temperatura acima do limite, otimizando o processo e garantindo a integridade da
máquina e eficiência de operação.
3.3.7 TERMOGRAFIA
Observe que a incidência de calor é diferente em algumas partes do conjunto, como podemos notar na
análise das frequências de ondas de calor geradas. As partes que apresentam maior trabalho são também
as que apresentam maiores índices de temperatura, e deve ser os pontos de maior atenção pela equipe
técnica.
Os instrumentos de aferição termográfica são chamados de radiômetros e termovisores. Estes são ca-
pazes de captar a radiação infravermelha emitida pelo calor gerado quando o equipamento está em ope-
ração.
Figura 32 - Radiômetro
Fonte: SENAI, 2015
Figura 33 - Termovisor
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2015.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
67
Quase todos os equipamentos possuem limites de temperatura em operação, devido aos materiais
utilizados na fabricação das peças apresentarem pontos de fundição, pontos de evaporação, pontos de
cristalização, entre outras propriedades térmicas. É por isso que a temperatura deve ser rigorosamente
controlada, pois não existe um equipamento perfeito, que não gere atrito e consequentemente calor.
A termografia é uma técnica bastante utilizada em sistemas elétricos, com o objetivo de verificar o su-
peraquecimento de componentes elétricos e/ou eletrônicos. Observe na Figura anterior que um dos com-
ponentes do sistema elétrico apresenta superaquecimento, como podemos facilmente verificar devido a
cor amarela. Com isto, cabe à equipe técnica identificar o motivo que ocasionou a elevação da temperatura
e corrigi-lo em tempo hábil.
Vale lembrar que qualquer intervenção ou procedimento, seja em sistemas mecânicos ou elétricos,
deve ser realizado por um profissional capacitado e com todos os EPI´s (Equipamentos de Proteção Indivi-
duais) recomendados pela norma que regulamenta tal serviço.
A análise de óleos é uma técnica da manutenção preditiva e vem sendo aplicada desde a década de 50
pelas indústrias em equipamentos mecânicos e elétricos. Neste tópico iremos abordar apenas a análise de
óleos em equipamentos mecânicos.
A grande maioria dos equipamentos mecânicos necessita da lubrificação em seu funcionamento. Po-
rém, é devido a problemas na lubrificação que as causas mais comuns de falha ocorrem, desde a má espe-
cificação do lubrificante na hora da compra até a falta de reposição do óleo. Contudo, a análise de óleo não
é apenas utilizada com a finalidade de identificar a condição do lubrificante isoladamente, mas também
para analisar as condições físicas do equipamento em que ele está trabalhando.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
68
A análise do óleo visa em primeiro plano identificar uma possível degradação das propriedades do
lubrificante, ocasionadas por excesso de temperatura ou por temperaturas muito baixas, fuligens geradas
em processos metalúrgicos ou por contaminação com água.
Em segundo plano e não menos importante, a análise do óleo busca identificar possíveis partículas
ocasionadas pelo desgaste do equipamento, seja devido ao atrito entre peças metálicas ou até mesmo
devido à corrosão.
Em redutores é muito comum encontrarmos partículas do material do equipamento na análise do óleo,
ocasionado pelo processo de abrasão entre a parede interna do redutor com um abrasivo externo, como a
areia. Por isto a equipe de manutenção deve estar sempre atenta ao abrir o equipamento para fazer qual-
quer inspeção e não deixar em hipótese alguma que um elemento externo adentre, contaminando o óleo
e desgastando a estrutura do equipamento.
Existem diversos ensaios que identificam a propriedade do lubrificante e a presença de algum contami-
nante, sendo os principais:
a) Karl Fisher e Destilação: este ensaio é utilizado para verificar a presença de água. Como todos sa-
bem, a água é um dos grandes causadores de corrosão nos equipamentos e formação de borras no
lubrificante. Sendo assim, sempre que for verificada a presença de água acima do estabelecido pelo
fabricante, a equipe de manutenção deve eliminar este óleo ou tratá-lo, para assim retornar ao equi-
pamento.
b) Espectrometria: este ensaio identifica todas as propriedades presentes no lubrificante, desde a pre-
sença de aditivos até a presença de substâncias metálicas, com dados precisos da quantidade de cada
elemento encontrado.
c) Ferrografia: este ensaio visa identificar a presença de partículas sólidas do equipamento no óleo. O
tamanho e a quantidade destas partículas irão informar a severidade do desgaste. É possível também
identificar o tipo de desgaste em análise desta partícula.
Atualmente existem no mercado equipamentos portáteis que podem realizar a análise do óleo em
campo, e são conhecidos como mini-laboratórios. Este instrumento é capaz de realizar ensaios como: vis-
cosidade, ferrografia, partículas de desgaste, microscopia, entre outros.
Lembramos que a análise do óleo deve sempre ser realizada por um técnico capacitado e treinado para
esta tarefa.
Em muitas empresas é comum designar uma equipe específica para realização da manutenção dos
equipamentos e máquinas. Entretanto, com a implantação da Gestão pela Qualidade Total, a alta gestão é
pressionada a atingir metas de qualidade, custo e produção cada vez mais desafiadoras. Uma das formas
de atingir estas metas é aumentando a disponibilidade dos equipamentos com a capacitação dos opera-
dores na detecção de anomalias nos mesmos ainda no estágio inicial. Os operadores atuam com o princí-
pio de que “Da minha máquina, cuido eu”. Este tipo de manutenção denominada autônoma faz parte de
um dos pilares da Manutenção Produtiva Total, um novo sistema criado pelos japoneses que iremos ver
com mais detalhes a seguir.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
71
A Manutenção Produtiva Total (TPM) vem do inglês Total Productive Maintenance e é um sistema criado
e desenvolvido no Japão com a finalidade de eliminar perdas, o que gera uma redução no custo do produ-
to e um aumento da qualidade e da produtividade. Através deste processo o Japão impôs ao mercado uma
nova vertente de qualidade associada a preço baixo.
A aplicação da TPM em uma indústria requer, acima de tudo, uma política de incentivo por parte da
diretoria a esta nova cultura, para que todos os colaboradores contribuam para a permanência deste siste-
ma, e que as técnicas e métodos que alcancem os melhores resultados seja um processo natural. Na etapa
de implantação do TPM o estabelecimento das metas também é indispensável para nortear toda a equipe,
demonstrando o passo-a-passo que sendo seguido leva ao alcance do planejado.
O programa do TPM é composto por oito pilares de sustentação, que são:
a) Manutenção autônoma: na aplicação da TPM todos os colaboradores contribuem para aperfeiçoar
os processos e levar a produção para os maiores índices possíveis de eficiência. É por este motivo que
surgiu o termo Manutenção Autônoma, onde o próprio operador tem o papel de realizar a manuten-
ção da máquina que opera, antes da ocorrência das inspeções periódicas pela equipe de manutenção;
b) Manutenção planejada: na TPM, o planejamento da manutenção compreende as ações de prepara-
ção dos serviços de manutenção preventiva com a definição de quando, como e quem deverá exe-
cutar estas ações. Desta forma, há um dimensionamento mais adequado da utilização dos recursos
necessários para execução da manutenção. Neste pilar, também é almejada a busca da “quebra zero”,
ou seja, nenhuma parada da produção devido à quebra ou falha de equipamento;
c) Melhorias específicas: na aplicação da Manutenção Produtiva Total, a busca pela melhoria dos pro-
cessos é uma constante e está inserida na cultura de todos os funcionários. As melhorias podem ser
simples como uma nova maneira de organizar o estoque até mais complexas como a alteração de
leiaute de toda uma linha de produção. Em relação à manutenção, se deve buscar exaustivamente a
causa fundamental das falhas e eliminá-las antes que estas ocorram. Em relação à operação, é neces-
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
72
sário obter a máxima eficiência dos equipamentos, utilizando plenamente suas funções e capacida-
des;
d) Educação e treinamento: a empresa que possui o programa TPM precisa capacitar seus funcionários
na realização de suas funções. Isso inclui a realização de um programa que contempla a realização de
treinamentos específicos e também a realização de cursos de reciclagem do conhecimento técnico.
Além disso, é necessária a promoção de ações que estimulem a transferência do conhecimento ad-
quirido entre os funcionários;
e) Manutenção da qualidade: este pilar da TPM visa definir parâmetros e métodos para avaliar como as
condições de operação dos equipamentos interferem na qualidade final do produto;
f) Controle Inicial: neste pilar busca-se a redução do tempo de start up11 dos equipamentos, a garantia
de um melhor desempenho inicial dos mesmos com a redução das possíveis falhas iniciais e a implan-
tação de novos projetos sem a ocorrência de perdas nos equipamentos já instalados;
g) TPM administrativo: é necessário avaliar como os processos administrativos interferem na produção.
A partir desta avaliação, melhorias nestes processos devem ser realizadas e mantidas;
h) Segurança, saúde e meio ambiente: este pilar da Manutenção Produtiva Total visa atender as exi-
gências da sociedade referentes às questões de saúde, segurança e meio ambiente. Um exemplo de
programa que visa este pilar é o 5S, que significa: Seiri (Organização), Seiton (Arrumação), Seiso (Lim-
peza), Seiketsu (Padronização), Shitsuke (Disciplina). Com este lema, tudo que for revisto e organizado
dentro da empresa deve ser padronizado e documentado para que todos tenham acesso e pratiquem
as mesmas boas ações.
As empresas têm por dever a realização de treinamento dos seus funcionários, e isto
SAIBA inclui capacitar os operadores na manutenção das máquinas que operam. Somente
MAIS desta forma, elas podem exigir que eles sejam operadores mantenedores, como são
chamados os operadores que realizam a manutenção nas suas máquinas.
As empresas atualmente estão buscando cada vez mais implantar as melhores práticas ocorridas no
mundo, o que é chamado de benchmark. Por exemplo, em uma indústria de cerveja com sede em São Pau-
lo a troca de um selo mecânico de uma bomba centrífuga realizada por 1 técnico em mecânica de precisão
ocorre em 50 minutos. Porém no Rio de Janeiro a outra sede desta cervejaria, realiza a troca do mesmo
selo mecânico em apenas 25 minutos, utilizando a mesma quantidade de mão-de-obra. Sendo assim, de
acordo com o benchmark, a sede de São Paulo deve buscar atingir o melhor tempo encontrado, ou seja,
o tempo de 25 minutos na realização da troca do selo. Para isto, a sede de São Paulo deve buscar todos os
procedimentos, ferramentas e rearranjo do equipamento que se igualem ao da sede no Rio de Janeiro. Isto
irá garantir uma redução de tempo do serviço, como já visto, e consequentemente uma redução da perda
por falta de produtividade.
A busca do ”zero defeito” é atingida através do programa 6-sigma, que visa à eliminação dos defeitos,
garantindo assim a qualidade total do produto. Este programa é muitas vezes comparado ao PDCA12, mas
é mesmo conhecido pela sigla DMAIC, que quer dizer:
a) Defina: esta é a etapa em que as metas são definidas;
b) Mensure: nesta etapa as metas devem ser validadas para que possam ser atingidas;
c) Analise: é necessário analisar o desempenho atual e eliminar as causas que impeçam o alcance do
objetivo traçado;
d) Incremente: é fundamental utilizar a criatividade para achar novas maneiras de realizar o trabalho
dentro da empresa, com foco em melhorar o processo;
e) Controle: implante o novo sistema e acompanhe os resultados, se estão dentro do esperado ou não.
Também é importante reconhecer o trabalho do pessoal envolvido no 6-sigma e recompensá-los,
implantando uma política em que todos estejam contentes com o novo perfil da empresa.
Algumas empresas selecionam os líderes para se tornarem multiplicadores, ou seja, disseminarem a
ideologia de “zero defeito” para toda a equipe técnica, treinando-os com técnicas e métodos que atinjam
tal objetivo.
12 PDCA: método de controle de processos composto por quatro etapas: Plan (planejamento), Do (execução), Check (verificação)
e Action (atuação).
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
74
RECAPITULANDO
Neste capítulo vimos à importância em uma empresa da manutenção preditiva aplicada aos equipa-
mentos, visando à prevenção de falhas dos equipamentos que possam ocasionar a parada da pro-
dução e perdas. Para isso, fizemos uma breve retrospectiva sobre a evolução da manutenção, desde
o período antes da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais.
Nós vimos também que, assim como o corpo humano, é necessária a realização de algumas técni-
cas de monitoramento e diagnose para verificar desempenho dos equipamentos, antes que estes
falhem. Algumas destas técnicas foram apresentadas, dando enfoque aos ensaios não destrutivos.
O conceito de Manutenção Produtiva Total e a sua aplicabilidade dentro das indústrias foi apresen-
tado, além dos oito pilares que a compõe, entre eles a Manutenção Autônoma, onde constatamos
que a manutenção também deve ser realizada pelo operador. Por fim, abordamos a respeito da
busca do “zero defeito” e os passos para atingi-lo.
Com isso, constamos a importância da manutenção como aliada da produção na busca de uma
maior produtividade, melhor qualidade dos produtos e na redução dos custos.
4 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO
75
Planejamento, programação e
controle da manutenção
Diante desta nova realidade conforme organograma, os setores industriais são indepen-
dentes, onde todos se comunicam entre si e com o Departamento Geral, também chamado de
gerência, os processos e tarefas se tornaram mais práticos e rápidos na realização e resolução
dos problemas. Para organização das empresas, é importante determinar as premissas de tem-
po esperado entre a constatação de uma necessidade de manutenção e o início desta. Existem
critérios de prioridade de manutenção a serem seguidos para tomar a melhor decisão diante
de uma ocorrência:
a) Prioridade Máxima Emergência: manutenção que deve ser feita imediatamente após de-
tectada sua necessidade. Ex.: falha em equipamento crítico;
b) Prioridade Média Urgência: manutenção que deve ser feita o mais breve possível, de pre-
ferência na próxima parada programada, após detectada sua necessidade. Ex.: defeito em
estado próximo à falha em equipamento prioritário;
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
78
c) Prioridade Mínima Necessária: manutenção que pode ser adiada por alguns turnos, porém sua execu-
ção não deve ultrapassar a uma semana. Ex.: preventiva em equipamento prioritário de acordo com
o cronograma.
Lembrando que após estes critérios devemos atentar sobre a efetividade do resultado da programação
das manutenções e se esta está intimamente ligada à qualidade do planejamento destes serviços com os
custos envolvidos. Enfim, a qualidade do produto e/ou serviço é atingida a partir da transparência de in-
formações, como: qual o real motivo de intervenção da manutenção? Quais os gargalos da tarefa, ou seja,
os pontos mais frágeis? Quais as máquinas e ferramentas envolvidas no serviço? Qual o tempo necessário
disponível?
Desfrutando de um bom planejamento, programação e controle de uma manutenção de pequeno ou
grande porte, evitaremos efeitos inadequados neste evento como:
a) Atraso na sua duração;
b) Cancelamento de serviços prioritários;
c) Ociosidade da mão-de-obra;
d) Improvisações de ferramentas ou materiais;
e) Elevado número de serviços e horas extras;
f) Altos índices de acidentes humanos ou ambientais.
Estas demandas devem, se possível, serem realizadas com o apoio de ferramentas da qualidade e de
softwares de gestão da manutenção cada vez mais frequente no mercado, como o Máximo Solares, SAP,
Ms Project, Primavera, Sigma etc. Para uma boa seleção do software ou de uma ferramenta da qualidade,
é imprescindível o conhecimento do seu ativo e o controle que se deseja com isto, realizar. O sistema
precisa atender às necessidades da empresa, tanto a sua política financeira quanto a de manutenção. É
preciso, também, que a equipe de aquisição avalie cuidadosamente as apresentações dos fornecedores,
investigando minuciosamente as consequências da aquisição e de como projetar a implantação desta me-
todologia ou software baseado na atual experiência da equipe interna de manutenção e administrativa.
Considerando uma Parada como um projeto, ele precisa ser gerenciado, pois diferentemente de um
processo, é um evento complexo que envolve um investimento alto e de objetivo definido, com seu come-
ço, meio e fim definidos em pauta.
FIQUE Empresas que não gerenciam as paradas de manutenção com precaução e atenção
a todos os processos industriais correm o sério risco de ter uma parada desqualifica-
ALERTA da, comprometendo a operação das máquinas e dos trabalhadores.
Já a equipe técnica tem o papel principal de realizar os serviços de manutenção de maneira eficiente,
ou seja, com o menor tempo possível, sem colocar a confiabilidade das máquinas em risco. As máquinas
devem estar disponíveis e trabalhando dentro dos parâmetros preestabelecidos pela equipe, e é isto que
garante a total confiabilidade de operação das máquinas.
Trabalhando em sintonia entre as suas áreas, a indústria consegue realizar uma parada de manutenção
controlada e pontual. Em contrapartida, uma parada mal planejada pode gerar insucesso e desastre, colo-
cando em risco a saúde financeira da empresa e de todos os colaboradores.
É comumente encontrado na empresa um setor sendo responsável pela alocação dos recursos e outro
setor para o controle destes, chamados respectivamente de compras e almoxarifado. O setor de compras
fica responsável por levantar o melhor preço de serviço e/ou material para o andamento das rotinas diária
da empresa, e assim adquiri-los. Nas empresas públicas este processo é feito através de licitações, nas quais
os fornecedores cadastrados competem entre si pelo menor preço e melhor produto. O almoxarifado, por
sua vez, fica encarregado de armazenar e controlar estes recursos e distribuí-los aos setores corresponden-
tes, conforme necessidade e autorização do responsável.
Em algumas empresas ainda encontramos a alocação e o controle dos recursos direcionado a apenas
um setor, principalmente em indústrias de menor porte.
A seguir segue um exemplo do controle dos recursos elaborado no Excel.
Inspetor de equi-
E Trabalho 100% R$ 30,00/h R$ 60,00/h R$ 0,00/h Rateado Administrativo
pamentos
Hidrojato 10 000
HJ15 Trabalho 100% R$ 80,00/h R$ 100,00/h R$ 0,00/h Rateado Administrativo
Psi
Máquina de carga
MQ50T Trabalho 100% R$ 60,00/h R$ 100,00/h R$ 0,00/h Rateado Administrativo
50T
A previsão de Homem/Hora (H/H) deve ser bem razoável quanto a especialidade do serviço, mecânica
ou elétrica. Vários fatores devem ser levados em consideração, como: arranjo das máquinas, ferramental
disponível, instrumentos de medição devidamente aferidos, entre outros. Uma acertada efetivação destes
5 PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO
81
valores é imprescindível para a base de cálculos de despesas e demais indicadores de gestão da manuten-
ção.
Assim como o planejador tem a incumbência de estipular as atividades por especialidade, o critério
para escolha dos materiais necessários para execução da parada ou serviços menos complexos também
compõe seu escopo de responsabilidades. O processo de compra de materiais deve ser monitorado cons-
tantemente, determinando, assim, um fluxo atualizado entre o planejador, almoxarifado e compras, pro-
vendo uma manutenção realizada por excelência.
O sucesso do evento de manutenção depende muito da permuta de dados entre os vários setores
envolvidos, tendo o planejador papel de representar o interlocutor nesta demanda. É imprescindível uma
habilidade de negociação muito grande com as áreas de Mecânica, Elétrica, Instrumentação, Segurança,
Operação e Engenharia, para alocação dos devidos recursos. Cabe também com apoio explícito da dire-
ção, manter o entusiasmo geral comum de garantir o projeto com sucesso e consequentemente um bom
resultado fabril.
Busca-se o controle dos recursos de forma matricial, com times multifuncionais envolvendo produção,
manutenção, segurança, entre outros, com o objetivo, como já citado, de garantir uma excelência empre-
sarial em atividades de alta complexidade, como numa parada.
Em poucas palavras, estratégia significa planejar o futuro baseado nos dados adquiridos, e é fundamen-
tal que exista em todo planejamento de manutenção. Embora muitas empresas acreditam estar utilizando
de estratégias favoráveis ao bom funcionamento da empresa, muitas delas estão enganadas. Uma boa
estratégia pode levar a índices negativos no início, para depois mostrar resultados extremamente satisfa-
tórios. É o chamado “dá um passo para trás e dois para frente”. Com isto, atenção na seleção dos dados e
elaboração da estratégia financeira e comercial.
Um eficaz gestor de manutenção controla devidamente os custos antes, durante e após a conclusão de
um projeto de manutenção, tentando ao máximo evitar atrasos que tenderiam a aumentar as estimativas
previstas. Como base de conhecimento gerencial, algumas definições básicas de custos devem ser enten-
didas:
a) Custos fixos: valores que independem do volume de produção, da atividade ou dos trabalhos. Exem-
plos: salário, aluguel;
b) Custos variáveis: valores proporcionais ao volume produzido. Exemplos: matéria-prima do projeto,
energia, combustível;
c) Custos diretos: valores que consistem no custo de reposição direto ao produto final, resultado do
somatório dos insumos básicos agregados. Exemplos: mão de obra do serviço;
d) Custos indiretos: valores decorrentes de insumos contribuintes para execução das atividades, mas
que não têm relação com o produto final. Exemplos: custo de energia elétrica, água e pessoal do
almoxarifado.
Subtotal R$ 550.000,00
Subtotal R$ 480.000,00
Total R$1.030.000,00
As ações preventivas nos equipamentos potencializam, cada vez mais, a necessidade de se hierarquizar
as falhas potenciais, analisando-as e solucionando-as. Para isto, o diagnóstico e as ferramentas utilizadas
têm por objetivo aumentar a confiabilidade do projeto de manutenção. As falhas nos projetos ocorrem
quando a equipe não consegue identificar as necessidades do cliente ou quando estas não estão adequa-
damente levantadas e norteadas por ações da engenharia de manutenção, como materiais mal dimensio-
nados ou improvisados.
SAIBA Para mais informações sobre confiabilidade, recomendamos ler o livro Reliability
MAIS Centered Maintenance “Manutenção Centrada na confiabilidade”, de John Moubray.
Alguns instrumentos da engenharia que abordam falhas através de métodos de investigação de aci-
dentes, confiabilidade, pontos vulneráveis e avaliação crítica do processo nos ajudam a elucidar falhas em
equipamentos e máquinas da organização.
Primeiramente, precisamos conceituar o que seria uma falha. A falha é um evento no qual o equipa-
mento se torna improdutivo, total ou parcialmente, de prover suas funções para qual foi projetado ou
construído. As falhas também precisam estar classificadas pelo tipo e gravidade para uma assertiva deter-
minação dos níveis de aceitação de funcionamento do equipamento avaliado.
Usualmente conhecida pela Sigla FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), que significa Análise dos Mo-
dos de Falha e seus e efeitos é uma das metodologias mais usuais na linha de análise de falhas de máquinas
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
84
e equipamentos. Foi primordialmente incorporada nas empresas aeronáuticas, mas atualmente é impres-
cindível em vários setores industriais. A FMEA é uma abordagem subjetiva que documenta de forma siste-
mática todas as falhas potenciais nos sistemas, suas contramedidas visando reduzir a ocorrência danosa.
A FMECA, ou seja, Análise do Modo, Efeito e Criticidade de Falhas é uma ferramenta de análise de falha
similar a FMEA, contudo inclui a importância da criticidade como ponto relevante.
Existem diversos formulários para implementação da FMEA, tanto para FMEA de projeto (análise de
causas em componentes) como para FMEA de processo (análise de processos de fabricação do ativo) e o
seu preenchimento deve ser feito com a maior parte de pessoas envolvidas na análise para um resultado
efetivo da ferramenta.
Data:
Falha funcional 1 - Não lavar
21/05/2010
AÇÕES E MELHORIAS
Sintomas (efeitos Número de
Pontos Modo de falha Causas da falha Tarefas escolhidas Periodicidade Responsável Tempo (min
locais) Técnicos
Figura 43 - Corrosão
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2015.
5 PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO
85
Figura 44 - Acidente
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2015.
c) Causa: circunstância pelas quais ocorreram as falhas percebidas pelo modo de falhas. Exemplos: da-
nos na vedação, folga nos contatos.
Os grupos de discussão devem ser multidisciplinares para levantamento destes itens. Deste modo, as
ações ou tarefas escolhidas para bloquear as causas das falhas podem ser implementadas para evitar pro-
blemas maiores na organização e um plano de manutenção robusto e eficaz.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
86
RECAPITULANDO
Vimos como o departamento de manutenção sofreu diversas mudanças ao longo dos anos, mudan-
ças estas que ajudaram o setor a tomar decisões mais rápidas diante de situações emergenciais. Em
determinadas situações, se organizando com um tempo maior para elaboração de ações estratégi-
cas a partir do uso destas novas tecnologias de conhecimento global na indústria.
Também podemos ver como os profissionais da manutenção aprenderam não só com os acertos,
mas principalmente com as ações erradas, tornando-as exemplos a nunca serem seguidos. Tivemos
ganhos, principalmente na última década, em estoques cada vez mais otimizados, controle dedi-
cado de almoxarifados, enfim uma alocação inteligente dos recursos envolvidos nas atividades de
manutenção.
Parâmetros como risco, custo, tempo de vida útil, segurança e meio ambiente fazem parte da estra-
tégia da atual manutenção das organizações de sucesso no Brasil. O surgimento da Engenharia de
Manutenção e as sucessivas discussões entre os diversos setores da fábrica (Logística, Compras, Pro-
dução, etc) vêm pautando a manutenção e a devida importância que merece. Assim, ainda na fase
de planejamento e programação das manutenções de um determinado equipamento, o retorno
sobre o investimento, os tipos e custos envolvidos e a sua devida alocação nos serviços projetados
incorporam as premissas para o início de uma atividade.
Falamos sobre como os dados obtidos a partir das manutenções precisam ser convertidos em uma
linguagem universal, facilmente entendida e que proponha decisões acertadas diante de uma situa-
ção crítica na produção. Para finalizar o capítulo, vimos que o homem tem reação rápida a mudanças
citadas. Esta mudança reflete o fator de conscientização de como um trabalho sistematizado e con-
trolado pode gerar alta disponibilidade e confiabilidade do meu produto.
5 PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO
87
Gerenciamento da manuntenção
Nos últimos anos, percebe-se uma grande mudança nas atividades e na visão interna que as
corporações têm dela. Tal mudança se tornou visível desde a Segunda Guerra Mundial, e tem
se aprofundado principalmente nos últimos trinta anos, devido ao avanço tecnológico visível
em todos os setores do cotidiano atual.
Considerando a década de 1930 como marco inicial para a “evolução da manutenção”, é
possível definir o período da Segunda Guerra Mundial como a era do superdimensionamento
de equipamentos e sistemas e de intervenções realizadas apenas após a falha do componente.
A ideia de produtividade e de confiabilidade passa a existir no momento em que as cor-
porações percebem que os custos de parada e intervenções inesperadas em uma planta in-
dustrial podem gerar prejuízos aos seus processos devido ao aumento da complexidade dos
equipamentos utilizados nos mesmos.
Com a globalização, que tomou forma com o final da Guerra Fria, e a aceleração do processo
de mudança industrial, as paradas inesperadas assumiram custos cada vez maiores tanto de
perda de produção quanto em custo de manutenção. Entra em cena a metodologia just-in-
time e os acompanhamentos preventivo e preditivo ganham forma fazendo com que a manu-
tenção, antes tachada como fonte de gastos e prejuízos e um mal inevitável - se transforme, na
atualidade, em responsável direta pelo sucesso ou fracasso de uma organização, constituindo
um alicerce determinante na gestão dos custos e na disponibilidade e, consequentemente, na
confiabilidade dos processos que regem a produção das mesmas.
Utilizando-se deste ponto de vista, o capítulo que se segue trata de conceitos cruciais para
um bom gerenciamento dos processos de manutenção visando à otimização1 dos mesmos por
meio da melhoria da coleta precisa de dados de manutenção, da implantação de políticas de
eliminação de falhas, da melhoria de indicadores e da centralização desses fatores em siste-
mas informatizados que avançam junto com as necessidades de gerenciamento das empresas,
sendo capazes de gerir de forma unificada, toda uma unidade fabril, de modo que essa função
torna-se decisiva para o aumento da confiabilidade e da competitividade dos processos pro-
dutivos.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
90
Dados estatísticos comprovam que o número de corporações que utilizam softwares e aplicativos
de gerenciamento de manutenção tem aumentado nos últimos anos devido à crescente complexi-
dade dos processos de manutenção e do aumento da quantidade de dados a analisar. Deste modo, se
torna cada vez maior a procura por sistemas que aperfeiçoem o controle de tais processos, tornando-
os mais eficazes. Sabe-se que controles manuais e planilhas tornam o tratamento dos dados mais com-
plexo e lento, resultando assim em atrasos na tomada de decisão, na ineficiência do planejamento das
intervenções e na consequente perda de confiabilidade dos sistemas produtivos.
Atualmente, existe no mercado um grande leque de softwares de manutenção que podem ser divididos
em três tipos: Computer Maintenance Manangement System (CMMS), Enterprise Asset Management (EAM) e
Enterprise Resource Planning (ERP). Suas funcionalidades são explicitadas no Quadro a seguir.
Palm na base
de sincronismo
Programa para o
computador de mesa
Aperte para sincronizar
as informações
Figura 46 - Esquematização de sincronização de palm top
Fonte: SENAI, 2015.
Nesses aplicativos há plataformas nas quais são programados planos e rotas de inspeção e lubrificação
que são geradas automaticamente na periodicidade indicada. Dessa forma, os integrantes da equipe de
manutenção ficam informados de que intervenções devem ser realizadas e de todos os dados relacionados
a essas atividades.
As ordens de manutenção são instruções escritas, digitais ou em papel que têm o dever de definir o
trabalho a ser executado em determinado equipamento, ou seja, é a autorização para a realização de de-
terminada intervenção a ser executada no equipamento. Os quadros a seguir trazem um modelo básico de
documento com as informações básicas que devem constar em ordens de manutenção eficientes.
ORDEM DE MANUTENÇÃO
Equipamento: TAG:
ORDEM DE MANUTENÇÃO
Equipamento: TAG:
HISTÓRICO DE INTERVENÇÕES
OBSERVAÇÕES
No formulário de uma ordem de manutenção, sempre haverá um espaço para preenchimento pelo
executante da intervenção em que ele descreverá o serviço executado e fará suas observações. Essas
observações serão adicionadas ao histórico do equipamento. É crucial o correto preenchimento de uma
ordem de manutenção, já que os dados inseridos serão utilizados para consultas em posteriores tomadas
de decisões.
As ordens de manutenção devem ser as primeiras a serem utilizadas antes de execuções de interven-
ções de manutenção. Deve ser observada a data inicial e a data de fechamento da ordem, como foi realiza-
da a atividade e todas as sinalizações feitas pelos executantes nos campos destinados a tais fins. A ordem
de manutenção é o ponto de partida para verificação de recursos físicos e financeiros para as atividades a
serem desenvolvidas, pois este documento possui informações sobre mão de obra, equipamentos e ferra-
mentas que deverão ser utilizados no processo de manutenção de um equipamento ou sistema.
6 GERENCIAMENTO DA MANUNTENÇÃO
95
Diários de bordo são livros digitais ou em papel nos quais são registradas as ocorrências e intervenções
realizadas nos turnos pela equipe de manutenção ou pela equipe de operação, tais como ações corretivas,
substituição de componentes, serviços de inspeção e revisão e cumprimento de rotas de lubrificação.
As informações inseridas nos diários de bordo são muito importantes, pois a partir delas podem ser
verificadas e tratadas pequenas anomalias antes que estas se transformem em falhas e comprometam a
disponibilidade e a confiabilidade do equipamento. O quadro a seguir ilustra um modelo de diário de bor-
do utilizado na manutenção de um equipamento.
DIÁRIO DE BORDO
Área Equipamento
Linha Operação
Código
Força Hora inicial Hora final Qtde de peças Rejeito Obs.:
parada
Data da manutenção:
As cadernetas de manutenção servem de referência e guias para atividades nos equipamentos aos
quais estão relacionadas, já que nelas estão contidos os registros de valores encontrados em manutenções
e inspeções, além das impressões dos executantes na ocasião de realização dessas intervenções.
Por ser baseado na experiência que os executantes adquirem ao realizar as atividades de manutenção,
é preciso ficar atento à interpretação de desenhos, figuras ilustrativas e valores de referência. As anotações
dos valores e dimensões encontrados devem ser comparadas aos valores padronizados.
6.2.4 CHECK-LIST
Os check-list ou listas de verificação são formulários de registros de verificação de itens ou tarefas, digi-
tais ou em papel, que devem ser lembrados, seguidos ou verificados em uma determinada atividade, isto
é, é um dispositivo utilizado a fim de garantir que não haja falhas ou prejuízos devido ao esquecimento de
alguma parte dos procedimentos a realizar. O quadro a seguir ilustra um formulário simples de 5S.
6 GERENCIAMENTO DA MANUNTENÇÃO
97
Avaliação
Título Item Fatores de Avaliação
1 2 3 4
Desportivos e
Está no lugar devido?
ferramentas
LIXO
Arranjo adequado
As áreas de estocagem estão corretamente
demarcadas?
Foram instalados de forma fácil de ler?
Quadro de aviso
Existe aviso ou notícias velhas?
Há gases no ambiente?
Fumaça/gases
É designado local para fumantes?
Total da lista
Esses registros são utilizados como garantia de que o serviço foi executado de forma criteriosa, em
conformidade com as especificações estabelecidas. Entretanto, ao utilizar o check-list, a equipe de manu-
tenção deve ter em mente que este documento não substitui o procedimento de manutenção, já que o
mesmo detalha toda a atividade a se realizar, especificando, inclusive a ordem correta de execução das
tarefas e que tipo de ferramentas e EPI’s devem ser utilizados, o que não acontece com o check-list, que, na
maioria das vezes apenas cita o que deve ser verificado ou executado, não importando a ordem de execu-
ção ou como essa atividade deve ser feita.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
98
FIQUE Por não detalhar ordem e modo de execução das etapas das atividades, o check-list
deve ser usado como auxiliar de padrões de manutenção, inspeção ou lubrificação,
ALERTA já que não possui informações suficientes para substitui-los.
Por ser uma lista de verificação, para o check-list não importa a ordem em que as atividades foram feitas
ou o modo como foram feitas, portanto, durante sua interpretação, torna-se necessário utilizar as infor-
mações de outros documentos (padrões de procedimentos, análise de riscos etc.) e registros (cadernetas
de manutenção, diário de bordo, entre outros) para auxiliar no estudo de atividades ou no tratamento
de causas raízes. Entretanto, como o check-list assegura a realização das atividades, as informações nele
contidas devem ser levadas em consideração, já que, como outros registros, este também possui campos
para comentários e interpretação dos problemas encontrados sendo importantes para análise e tomadas
de decisões.
O modo mais simples de rastrear registros de manutenção é a partir do TAG14 do equipamento ao qual
esse registro está associado, isto é, do endereço desse equipamento dentro da planta industrial.
O tagueamento dos equipamentos de uma planta ganha importância na mesma proporção que o au-
mento da necessidade de controle mais específicos de processos de manutenção industrial, tornando-se o
marco inicial de uma boa organização da manutenção e do controle de uma planta industrial, já que sedia
todos os dados relacionados ao histórico dos equipamentos, incluindo dados de construção, localização,
manutenção, lubrificação, substituição de componentes e melhorias realizadas nos mesmos.
HISTÓRICO DE ITENS
DESCRIÇÃO DO ITEM IDENTIFICAÇÃO Nº OS DATA EMISSÃO
OCORRÊNCIAS
SAIBA Para saber mais recomenda-se a leitura do capitulo 04 do livro Administração moder-
MAIS na da manutenção de Lourival Augusto Tavares. Rio de Janeiro: Novo Polo, 1999.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
100
É preciso que esteja claro para toda a equipe de manutenção que o seu objetivo é evitar falhas inespe-
radas e introduzir melhorias nos equipamentos, bloqueando as causas raízes das falhas e tornando os equi-
pamentos mais confiáveis e disponíveis para o processo produtivo. É necessário romper o círculo vicioso
e implantar uma política de tratamento das falhas nos equipamentos a fim de suprimi-las pela eliminação
de suas causas raízes.
Um bom e eficiente sistema de eliminação e tratamento de falhas é composto basicamente de alguns
passos simples que serão listados a seguir:
a) Detecção e relato da falha;
b) Ação corretiva imediata para remover o sintoma;
c) Registro e análise das falhas a fim de identificar suas causas raízes;
d) Planejamento e execução de ações de correção;
e) Acompanhamento da execução das ações planejadas;
6 GERENCIAMENTO DA MANUNTENÇÃO
101
f) Análise periódica dos registros de ocorrências a fim de identificar falhas crônicas e prioritárias nos
equipamentos para tratamento;
g) Implantação do ciclo PDCA, a fim de manter a retroalimentação do sistema.
Um bom aliado no processo de eliminação de falhas é a manutenção autônoma, já que ao treinar o ope-
rador, ele passa a conhecer o equipamento e aprende a detectar anomalias e falhas antes do equipamento
perder a capacidade de realizar sua função e agir ou solicitar uma ação da equipe de manutenção em casos
de intervenções específicas.
A Figura a seguir ilustra um fluxograma de um bom sistema de eliminação e tratamento de falhas. É
interessante analisá-lo relacionando o mesmo com o fluxograma demonstrado na a seguir.
Um bom sistema de eliminação de falhas permite que a equipe de manutenção e os operadores desen-
volvam novas atitudes diante das anomalias e falhas, já que possibilita que esses colaboradores partici-
pem de grande parte das etapas na busca da falha zero, compreendendo que as falhas não são inevitáveis
e não é apenas responsabilidade da equipe de manutenção o tratamento das mesmas. Hoje não sobrou
espaço para a manutenção de um muro entre as áreas e para que o tratamento das falhas seja eficaz é ne-
cessário o engajamento de todos a fim de promover maior compreensão dos problemas e respostas mais
rápidas e eficientes na solução dos problemas.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
102
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Durante o desenvolvimento do conteúdo deste capítulo foi exposta a importância de um bom sis-
tema de gerenciamento de manutenção para garantir que as informações relacionadas aos equipa-
mentos sejam processadas de maneira coesa e eficiente. Um bom software de gestão de manuten-
ção é capaz de:
a) Processar falhas e relacioná-las às atividades cadastradas para eliminação das mesmas;
b) Gerir sobressalentes e recursos disponíveis para a realização das intervenções;
c) Rastrear registros de manutenção através dos códigos de localização dos equipamentos e pro-
cessar informações neles contidas como avaliação de condição e desempenho de um equipa-
mento, disponibilizar relatórios detalhados sobre as intervenções, facilitando a tomada de deci-
sões sobre intervenções;
d) Comunicar-se com outros softwares a fim de transmitir e receber informações sobre rotas de
inspeções e lubrificações de componentes, entre outros.
Também foi explicada a importância de implantação de softwares para gerir rotas de inspeção e lu-
brificação dos equipamentos já que estes são capazes de gerar rotas lógicas de intervenções a partir
de dados obtidos via conexão sem fio com o servidor, não sendo necessário o download de histórico
de equipamento no periférico escolhido, fazendo com que o responsável pelas intervenções fique
informado das atividades que devem ser realizadas e de todos os dados relacionados à execução
dessas atividades, Além de gerar relatórios atualizados das intervenções para o servidor e para o
usuário.
Para gerir a manutenção de uma planta fabril de modo eficaz é necessário ter ao alcance um sistema
eficiente de comunicação e tratamento de falhas que integre a equipe de manutenção à produção,
seu cliente, e facilite a comunicação entre as duas equipes a fim de que anomalias e falhas possam ser
detectadas, informadas e tratadas de forma precoce, evitando paradas desnecessárias e, garantido
a qualidade dos processos produtivos, todavia, para isso é necessário conscientizar todos os setores
da planta de que a manutenção das funções dos equipamentos não é apenas função da equipe de
manutenção, mas também da equipe de operação, já que são os operadores que lidam diariamente
com os equipamentos, e devem conhecer seu funcionamento a ponto de estar preparados para agir
e detectar o menor sinal de anomalia a fim de tratar ou solicitar apoio da equipe de manutenção an-
tes que se tornem problemas maiores. De modo que, o bom relacionamento das equipes produtivas
de uma corporação é vital para a manutenção das funções e da competitividade da mesma.
Avaliação do processo de manutenção
A satisfação do cliente é a melhor forma que as corporações têm de se consolidar no mercado e obter
parceiros comerciais importantes, por esse motivo essa é a busca das corporações e esse tema ganhou
importância considerável no ambiente corporativo.
Em termos práticos, o cliente pode ser definido como o individuo que efetua um pagamento para utili-
zar um serviço, comprar um produto ou consumir um serviço ou produto. Desse modo, pode-se dizer que
a razão de ser de uma corporação, de qualquer segmento a que pertença, é o seu cliente. Assim, quanto
mais feliz o cliente fica com o produto ou serviço, maior a probabilidade de voltar a solicitar o serviço do
mesmo prestador.
Se a razão da existência de uma corporação é o seu cliente, pode-se dizer que a razão de ser da manu-
tenção é a operação, sendo importante estudá-la a fim de conhecer a fundo as suas necessidades e buscar
soluções eficientes e modos de satisfazer essas necessidades e superar suas expectativas.
Estudiosos e profissionais com alto grau de experiência na indústria costumam dar ênfase à necessida-
de de um bom relacionamento, uma parceria, entre as equipes de manutenção e as equipes de operação
de uma corporação e salientam que, na maioria das vezes, as discursões e divergências seriam amenizadas
se houvesse melhores métodos de comunicação ou maior busca pela compreensão das necessidades do
cliente, a operação, assim como nas atribuições do fornecedor de serviços, a manutenção. A parceria entre
manutenção e operação é fundamental e torna possível a formação de equipes multidisciplinares para a
análise e execução de métodos de correção de falhas, melhorias em equipamentos e até programação de
rotinas de manutenção de forma mais eficaz já que estarão do mesmo lado o operador, que lida diariamen-
te com os equipamentos, e o manutencista.
Esses fatores, pouco considerados na prática, são importantíssimos numa relação próspera de cliente
e fornecedor. Para o cliente, interessa o resultado, mas isso não quer dizer que os meios e ferramentas uti-
lizados para se chegar aos resultados não precisem ser discutidos a fim de se chegar ao melhor modo de
obtenção do produto desejado.
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
107
Para classificar os riscos relacionados aos equipamentos deve-se pensar nas consequências de sua ope-
ração e de possíveis falhas e o grau de severidade decorrente da ocorrência de uma anomalia ou falha em
seu funcionamento.
Para determinar a criticidade15 de equipamentos industriais é necessário analisar vários fatores que es-
tão listados a seguir:
a) Segurança;
b) Riscos ao meio ambiente;
c) Custo de produção;
d) Complexidade de resolução de possíveis falhas ou quebras.
FIQUE Falha e quebra possuem conceitos diferentes. A falha é a fase de propagação do pro-
ALERTA blema e a quebra é a fase de ruptura, o estado máximo da falha.
15 Criticidade: qualidade de crítico; o quão critico é o equipamento para a instalação industrial em que opera.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
108
PARCIAL
TOTAL
TAG:
Equipamento:
Criticidade:
QUALIDADE
A falha do equipamento afeta a imagem da empresa junto ao cliente? 0 1 12
A falha do equipamento afeta a qualidade do produto acabado? 0 1 12
A falha do equipamento afeta a qualidade do produto durante o processo? 0 1 3
Pontuação = 2 ____
OPERACIONALIDADE
O equipamento é exigido 24 horas por dia? 0 1 2
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
109
CÁLCULO FINAL
Para determinar a criticidade de equipamentos industriais, normalmente utiliza-se formulários que con-
têm basicamente as questões utilizadas no quadro a seguir.
As informações no quadro estão separadas em três categorias distintas, seguindo os fatores de deter-
minação de criticidade citados anteriormente, tendo cada item, uma pontuação própria. O resultado do
cálculo final será comparado aos parâmetros descritos na última célula, determinando a criticidade do
equipamento.
Os dados contidos na tabela são básicos, o que significa que podem ser acrescentadas informações
de acordo com o processo produtivo, de modo a torná-la mais útil às necessidades da planta e às normas
aplicáveis.
A partir de agora trataremos de análise de falhas em equipamentos, todavia, antes de começarmos va-
mos tratar de um novo conceito importante para a compreensão do conteúdo: a falha.
7.3.1 FALHA
dos conceitos listados você pode analisar o gráfico existente na figura a seguir que ilustra a vazão de uma
bomba centrífuga:
Anomalia
Função
Falha
Quebra
T Falha Tempo
Note que a anomalia não interfere de modo considerável no desempenho do equipamento. Já a falha
interfere, diminui a vazão, mas não causa parada, interrupção de operação do equipamento Isso só acon-
tece depois da quebra.
Cada falha degrada um item mecânico de modo particular, entretanto, a maioria das falha se compor-
tam de acordo com o sistema a seguir:
A qualidade de execução
da manutenção e dos
Melhorar condições de estocagem de
reparos influencia na
itens de borracha no almoxarifado (pro-
A mangueira ficou exposta ao ocorrência de falhas. Além
videnciar câmara escura com controle
calor, luz e umidade durante a disto, houve falha da ins-
de temperatura e umidade.)
estocagem. peção, que não detectou
Revisar procedimentos de estocagem
a instalação incorreta da
de itens de borracha.
mangueira com antece-
dência.
Quadro 10 - Organização de causas fundamentais baseadas no esquema montado utilizando o método dos “cinco porquês”
Fonte: SENAI, 2015.
A partir da aplicação do método dos “porquês” mostrado, que conseguiu chegar às causas fundamen-
tais do problema pode-se montar o Quadro anterior para alocar as ações corretivas.
SAIBA Para que amplie seus conhecimentos sobre falhas e defeitos de equipamentos reco-
menda-se a leitura dos capítulos 4 a 6, do livro Manutenção centrada em confiabilida-
MAIS de, da autora Iony Patriota de Siqueira.
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
113
CASOS E RELATOS
A manutenção é vista atualmente, pelas empresas que têm as melhores práticas, como uma atividade
que deve proporcionar redução nos custos de produção ou serviços. Para isso, a equipe de manutenção
deve estar ciente da importância do seu papel no processo produtivo e do que a empresa necessita dela.
Gerenciar é planejar, acompanhar a execução, verificar existência de desvios e corrigir quando necessá-
rio a fim de manter a melhoria contínua do processo de manutenção, definindo metas para os resultados
por meio da compreensão desses processos.
Para um bom gerenciamento, é necessária a implementação de uma ferramenta de qualidade chamada
ciclo PDCA a fim de conseguir controle dos processos de manutenção. Controlar um processo é estudar
todos os seus aspectos e ter domínio sobre suas causas, na busca de manutenção e melhoria dos seus re-
sultados. É esse o objetivo da aplicação do ciclo PDCA: obtenção de resultados a partir do estabelecimento
de metas preestabelecidas.
O ciclo PDCA é formado por quatro etapas básicas:
a) 1ª etapa: planejar (Plan) – nessa etapa são definidas as metas a serem alcançadas e são elaborados os
planos de ação para alcance dessas metas;
b) 2ª etapa: executar (Do) – é nessa etapa que são executadas as ações programadas no plano de ação
a fim de alcançar as metas estabelecidas na etapa anterior. Essa etapa inclui o treinamento do execu-
tantes a fim de adaptá-los às ações estabelecidas no plano de ação;
c) 3ª etapa: verificação (Check) – nesta etapa é verificado se as ações foram tomadas conforme o plane-
jado;
d) 4ª etapa: correção e padronização (Action) – nessa última etapa são tomadas as medidas corretivas
necessárias para o bom desempenho do processo. Também nessa etapa é realizada a documentação
e padronização dos procedimentos corretos. A Figura abaixo resume o ciclo PDCA.
Como em todo ciclo, é necessário retomar as etapas do início a fim de corrigir possíveis desvios do ca-
minho até a meta.
É importante lembrar que as metas estabelecidas na segunda etapa do ciclo PDCA devem estar alinha-
das com as metas de sobrevivência da empresa. Isto quer dizer que é necessário utilizar os recursos da me-
lhor forma possível, a fim de que a organização de um modo geral possa atingir os seus objetivos globais.
Especialistas alertam que o grande motivo para o fracasso de sistemas de gerenciamento de manuten-
ção é a aplicação apenas das suas primeiras etapas do ciclo PDCA. Se não forem aplicadas as duas últimas
etapas, não haverá verificação precisa dos procedimentos aplicados nem a correção e padronização dos
mesmos, desse modo, perde-se a função da ferramenta.
É importante salientar que para a elaboração de um ciclo PDCA é necessário o uso de outras ferra-
mentas da qualidade para a obtenção e avaliação de dados precisos e confiáveis que serão utilizados na
alimentação do plano de ação a serem elaborados na primeira etapa do ciclo. Se essas ferramentas não
forem utilizadas de modo preciso, não há como garantir a ação nas causas raízes do problema tornando o
ciclo ineficiente.
Apesar de existir muita divulgação e muitas fontes de pesquisa sobre as ferramentas da qualidade, em
muitos casos, elas não usadas por serem consideradas perda de tempo. De modo que o ciclo fica incomple-
to e impreciso, a equipe de execução provavelmente irá tomar ações paliativas que não surtirão nenhum
efeito sobre as causas raízes do problema. Isso, por sua vez também torna o ciclo ineficiente, causando
retrabalho, já que ele terá que ser aplicado novamente.
CASOS E RELATOS
É comum no Brasil, encontrar plantas industriais com áreas de manutenção desorganizadas, de modo
que, ao realizar análise detalhada desses ambientes, verifica-se muitas melhorias a serem implantadas. O
melhor modo de iniciar um programa de melhorias é pela implantação do 5S, que pode alcançar, em um
curto período, melhoria considerável da qualidade dos serviços executados, além de redução de custos
relacionados às atividades realizadas, entre outros. O programa 5S é formado por cinco sensos básicos:
a) 1º senso: utilização (SEIRI): separar e identificar o que é útil no ambiente alvo de tudo aquilo que não
é. O primeiro senso, se bem aplicado, melhora as condições de conservação dos recursos e libera es-
paço para aquisição de novos recursos, o que torna as atividades mais eficientes e seguras;
b) 2º senso: ordenação (SEITON): é necessário que a equipe defina o local de armazenamento de tudo o
que foi considerado útil durante o primeiro senso e o melhor modo para fazer esse armazenamento,
sinalizando e demarcando os locais de armazenamento;
c) 3º senso: limpeza (SEISO): nesse senso, a equipe identifica e busca eliminar as fontes de sujeira ou uma
frequência de limpeza para as fontes de sujeira onde é inviável a eliminação;
d) 4º senso: senso de Higiene e Saúde (SEIKETSU): durante a implantação desse senso, a equipe de
manutenção deve identificar e discutir os problemas de higiene afins da área onde estão instalados
(EPI’s, copas, banheiros, contatos com substâncias químicas, ergonomia etc.) e, a partir daí, planejar,
executar e gerenciar ações de melhoria para os problemas encontrados;
e) 5º senso: disciplina (SHITSUKE): a equipe deve se policiar e se educar para manter os outros sensos
durante suas atividades diárias.
É importante não esquecer o quinto senso. Algumas empresas dão importância apenas aos três primei-
ros sensos e não estimulam a autodisciplina, fazendo com que o 5S seja aplicado de modo superficial e sem
resultados duradouros.
Os principais benefícios da implantação do 5S eficiente são:
a) Melhoria na qualidade dos serviços e no atendimento ao cliente;
b) Diminuição do tempo de execução das atividades de manutenção;
c) Maior controle do estado de conservação dos equipamentos e ferramentas e sobre a qualidade dos
produtos;
d) Constante desenvolvimento pessoal e profissional;
e) Cumprimento dos procedimentos operacionais;
f) Previsibilidade dos resultados das atividades executadas;
g) Melhoria das condições de trabalho dos colaboradores;
h) Aumento da segurança pessoal e das instalações.
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
119
e) Identificação e levantamentos de dados sobre desvios e imprevistos quanto ao que foi planejado
para tais atividades.
A análise do histórico de manutenção de um equipamento pode reduzir, significativamente, os tempos
de paradas e aumentar o tempo entre falhas dos equipamentos, além de indicar os recursos financeiros
necessários para a manutenção das suas condições físicas e operacionais.
Analisar os dados fornecidos pelos equipamentos é de suma importância para definir que ação deve ser
tomada quanto à manutenção dos mesmos. Para garantir a eficiência dos planos de ação de manutenção
é necessário considerar:
a) A capacidade de desempenho do equipamento;
b) Suas condições de operação atuais;
c) Os modos de falha inerentes.
Durante uma análise dos parâmetros de um equipamento pode-se adotar os seguintes passos:
a) 1º passo: verificação de funções e parâmetros de desempenho do equipamento – a fim de obter
informações relacionadas ao desempenho recomendado para o equipamento e seus componentes;
b) 2º passo: verificação dos modos de falha e efeitos inerentes das falhas – para obtenção de como a
falha se apresenta para o mantenedor ou para o operador e de seus efeitos no desempenho do equi-
pamento;
c) 3º passo: determinação das causas das falhas – para determinar ações corretivas diretamente nas
causas raízes das falhas a fim de evitar recorrência das mesmas;
d) 4º passo: determinação da criticidade do equipamento – para identificar a gravidade dos efeitos de
potenciais falhas dos equipamentos (riscos à vida humana, ao meio ambiente, custos de produção e
manutenção), que tipos de ações devem ser tomadas em caso de ocorrência dessas falhas e quando
essas ações devem ser tomadas;
e) 5º passo: execução e gerenciamento de ações corretivas - a fim de eliminar as causas das falhas;
f) 6º passo: estabelecimento de parâmetros de controle – Com a finalidade de descobrir o resultado das
ações corretivas e fazer retroalimentação do processo de análise;
g) 7º passo: criação de procedimentos – a fim de padronizar as ações corretivas bem sucedidas;
h) 8º passo: manutenção do ciclo através do PDCA.
Seguir os passos citados torna possível a verificação de anomalias antes que estas resultem na perda de
desempenho do equipamento e a determinação do tipo de manutenção a ser aplicado ao mesmo, além
do tempo certo de tomada de decisões a fim de manter as funções do equipamento e monitorar seu de-
sempenho.
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
121
Um viajante, para chegar ao seu destino final, precisa se certificar de sua localização real e traçar uma
rota até o local desejado. Isto é, precisa definir uma meta e modos de chegar até ela. Além disso, é reco-
mendável que ele faça um acompanhamento a fim de saber quantos quilômetros ainda restam até o local
de destino. Para a manutenção o raciocínio é semelhante: deve-se definir a situação atual de desempenho
da equipe e traçar metas de melhorias. A partir desse ponto, é necessário definir como será feito o acompa-
nhamento dessas melhorias, o que justifica a inserção dos indicadores de desempenho a fim de monitorar
a performance e eficácia das equipes de manutenção durante esse processo.
Os indicadores de classe mundial são assim denominados por serem utilizados pela maioria das empre-
sas do mundo acidental. Há sete indicadores que serão listados a seguir:
a) MTBF (TMEF):
É o tempo médio entre falhas, ou seja, a relação entre as horas disponíveis para operação, num deter-
minado intervalo de tempo e a quantidade (NC) de intervenções corretivas (HD) realizadas neste mesmo
intervalo de tempo.
Pode ser representado pela equação na a seguir:
O MTBF serve para monitorar a resposta dos equipamentos e componentes às intervenções realizadas
neste intervalo de tempo, isto é, quando há aumento do MTBF, pode-se concluir que as horas disponíveis
de um equipamento aumentaram. Isto é, o número de intervenções necessárias diminuiu. A eficácia da
manutenção aumentou.
b) MTTF (TMPF):
É o tempo médio até a falha. Mede a relação entre o total de horas disponíveis para operação e o núme-
ro de falhas de componentes não reparáveis, num determinado intervalo de tempo.
Pode ser representado pela equação a seguir:
É importante enfatizar a diferença entre o MTBF e o MTTF. O MTTF é utilizado para componentes não
reparáveis, isto é, aqueles que após a falha são substituídos, já o MTBF é indicado para itens reparáveis, ou
seja, aqueles que recebem manutenção e voltam a operar. O MTTF serve para monitorar a quantidade de
vezes em que um equipamento parou para substituição de componentes não reparáveis.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
122
c) MTTR (TMPR):
É o tempo médio por reparo e indica a relação entre a soma de horas (NI) em que o equipamento está
parado e indisponível para a operação pelo número de intervenções corretivas (NC) realizadas num mes-
mo intervalo de tempo.
Pode ser representado pela equação a seguir:
Esse índice serve para medir o impacto das intervenções de manutenção nas operações, já que quanto
maior for o MTTR, maior será a indisponibilidade do equipamento. O MTTR depende diretamente dos se-
guintes fatores:
a) Facilidade do equipamento de ser mantido;
b) Capacitação de quem executa a manutenção;
c) Característica da organização e planejamento da manutenção.
Para um mesmo intervalo de tempo, vamos exemplificar os conceitos de MTTR e MTBF utilizando os
dados abaixo:
T1 t1 T2 t2 T3 t3 T4 t4 T5
200 3 180 5 720 2 640 10 120
DISPONIBILIDADE FÍSICA
Disponibilidade é a capacidade de um item de estar apto a executar sua função num determinado
instante ou durante o intervalo de tempo em que este item é solicitado. Esse indicador é utilizado para
mensurar o desempenho da equipe de manutenção e calcular a probabilidade de um item estar em fun-
cionamento num determinado intervalo de tempo. A figura a seguir ilustra a disponibilidade de um item
num intervalo de tempo.
Disponibilidade física corresponde então ao período em que o equipamento está em condição de pro-
duzir, é a diferença entre o tempo calendário e as paradas para manutenção (preventivas e corretivas).
Com base nisso, podemos representá-la pela equação a seguir:
Representa a relação entre custo total de manutenção (CTMN) e o faturamento da empresa no período
considerado (FTEP).
Um valor aceitável para este indicador é CPMV< 6%, mas isso depende do retorno financeiro do equi-
pamento ou da sua importância na planta. Esses fatores podem justificar um custo de manutenção consi-
derável.
BACKLOG
Backlog é o número de dias que seriam necessários para a execução de todas as ordens pendentes no
Centro de Trabalho, considerando-se o Hh disponível médio deste Centro de Trabalho e sem acrescentar
novos serviços durante execução dessas pendências. Pode ser representado pela equação a seguir:
É importante determinar o HH médio diário, levar em consideração uma certa perda já que nenhum
profissional estará todo o tempo dedicado aos serviços de manutenção. Geralmente estipula-se 20%do
tempo desse profissional para outras atividades, deixando apenas 80% para o HH dedicado à manutenção.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
124
RECAPITULANDO
Nesse capitulo, descobrimos que o grande cliente da manutenção é a operação e que, apesar de
para o cliente importar mais o resultado, é de vital importância a cooperação entre essas duas equi-
pes na busca pela resolução dos problemas.
Também aprendemos como classificar os equipamentos por sua importância para o sistema a quem
atendem. Foi inserido o conceito de falha e de como analisar, utilizando o método dos porquês,
ferramenta que, apesar de sua simplicidade, mostra-se muito eficiente no tratamento de falhas e
defeitos.
Também nos foram apresentadas duas ferramentas importantes para implantação de melhorias na
manutenção: o 5S e ciclo PDCA, o primeiro é uma ferramenta para organização dos ambientes e o se-
gundo para implantação de melhoria e padronização. Em ambos os casos é importante se certificar
do cumprimento de todas as etapas a fim de manter sua utilidade dentro da empresa, outro aspecto
comum às duas ferramentas é a necessidade de reeducar e disciplinar a equipe a fim de que haja
mudança nos métodos utilizados por cada um.
O último conteúdo analisado foi o de indicadores de desempenho de manutenção e de como po-
dem ser utilizados para acompanhamento do processo de manutenção e do desempenho da equi-
pe.
De todos os aspectos considerados no capitulo, o mais importante é a necessidade de comprometi-
mento da equipe de manutenção a fim de que seja mantido um ambiente saudável e seguro para o
trabalho dos executantes e que as falhas no processo sejam descobertas e tratadas do melhor modo
possível, já que a manutenção é peça estratégica do bom funcionamento da planta, na qualidade do
produto final e na consequente opinião do público-alvo de toda empresa: o cliente.
7 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
125
Ferramentas da qualidade
No cenário moderno, a palavra “resultado” tornou-se de uso rotineiro nas organizações de-
vido à ênfase cada vez maior para a competitividade. Para que o técnico em mecânica de pre-
cisão e equipe apresentem resultados excelentes do seu trabalho, contam com a aplicação de
diversas ferramentas da qualidade, que os auxiliarão na tomada de decisões. Essas ferramentas
da qualidade que trataremos neste capítulo fazem parte do contexto do Programa de Qualida-
de Total- TQC, desenvolvido no Japão.
Notará a grande utilidade da aplicação do método Diagrama de Pareto, 5W1H, atualmente
ampliado para 5W2H, além do diagrama Espinha de Peixe. Estas ferramentas possuem meto-
dologias diferentes, mas com o mesmo objetivo, que é a resolução de desvios visando a exce-
lência na qualidade.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
128
A resposta está em descobrir o perfil de cada cliente, e atendê-lo de forma rápida, precisa e gentil, sen-
do precisão a solução exata do problema do cliente. O cliente deseja que seu problema seja resolvido e
dentro do tempo esperado, mas por outro lado estes dois fatores, mesmo que juntos, não são suficientes
para satisfazer o cliente. Ele necessita que seja bem tratado, que seja visto com a importância que merece.
Sendo assim, uma empresa madura e experiente no mercado sabe que todo o cliente é importante e não
devemos jamais subestimá-lo.
Para aprimorar seu conhecimento neste tema, recomendamos ter acesso ao livro Ex-
SAIBA celência em atendimento ao cliente: atendimento e serviço ao cliente como fator es-
MAIS tratégico e diferencial competitivo, de Alexandre Luzzi Las Casas. São Paulo: M. Books,
2011.
Podemos entender o conceito de qualidade na ótica do atendimento ao cliente por parte do profissio-
nal de mecânica como dar os resultados esperados no tempo programado ou negociado, da maneira con-
fiável e acima de tudo com segurança. Você já ouviu a frase: “Tempo é dinheiro”16 de Benjamin Franklin?
Esta frase expressa muito bem a preocupação que o técnico em mecânica de precisão deve ter ao executar
ou gerenciar suas atividades em especial na área industrial, procurando fazê-los dentro dos períodos acor-
16 ˜Tempo é dinheiro”: termo cunhado por Benjamin Franklin, intelectual de sua época (1706-1790), foi jornalista, editor,
cientista, diplomata e inventor nascido em Boston, EUA.
8 FERRAMENTAS DA QUALIDADE
129
dados e programados e, quando possível sua execução em prazos cada vez menores. Vale ressaltar que
estamos associando a todo o momento o tempo em conjunto com a qualidade no serviço prestado.
Em um mundo cada vez mais capitalista e exigente, tempo baixo de produção e qualidade andam jun-
tos, e qualquer ponto fora desta reta perde espaço de mercado. Isto se reforça quando a empresa, além dos
clientes em território nacional, possui clientes em outros países, ou seja, torna-se exportadora de produtos.
As prerrogativas para tornar-se exportador são muito superioesr quando a demanda é apenas interna ao
país de fabricação.
Na preocupação com melhoria dos prazos para execução, o colaborador não poderá desperceber que
o fator retrabalho é um agravante, e para que isso não ocorra, a atenção e os cumprimentos das normas da
empresa são fatores fundamentais para norteá-lo na elaboração e realização da tarefa.
Ao mencionarmos o termo produto, nos vem à mente algo palpável, mas este termo tem um alcan-
ce mais abrangente, sendo também considerado tudo aquilo que supre uma necessidade. Sendo assim,
serviços, pessoas, bens físicos, ideias, locais, entre outros, são considerados produtos. Se um técnico está
realizando a manutenção em uma máquina, ele está oferecendo um produto; ou até mesmo quando este
mesmo técnico levanta a ideia de planejar a parada de uma máquina para manutenção, ele está oferecen-
do um produto.
Para que o produto final apresentado ao cliente lhe agregue valor e satisfaça totalmente aos seus dese-
jos, não deverá apresentar defeitos nem qualquer que seja a anomalia. O produto deverá estar conforme,
sendo conformidade tudo aquilo que atende às necessidades a que ele se destina ou quaisquer desvios
que venham a lhe causar prejuízos.
Para que o produto de fabricação mecânica possa atingir alto nível de desempenho, o profissional de
mecânica juntamente com a organização a que faz parte,deverá ser estruturada e ter um foco. Este foco
deve ser, sem dúvida, satisfazer as necessidades do cliente, superando as suas expectativas, e assim, se
tornar diferenciado no mercado.
Observe que em uma política de qualidade, vários fatores são levados em consideração, como as pesso-
as, processos, inovação, tecnologia, trabalho e sinergia. Uma vez aliados, estes fatores irão fazer com que a
empresa se organize estruturalmente e forneça um produto com a mais alta qualidade.
8.3 CUSTO-BENEFÍCIO
Toda organização, seja ela produtora de bens materiais ou serviços, somente sobrevive se tiver bons
resultados, e estes são frutos de diversos fatores como insumos adequados e processamento (produção)
com qualidade para obtenção do produto final com valor agregado para o cliente. Por exemplo, na fabri-
cação de selo mecânico, é essencial que a empresa fabricante adquira os tarugos dos materiais em fontes
confiáveis, de preferência que possuam o selo de qualidade IS0 9001. Após isto, a garantia do produto final
fica dependente da eficiência do técnico e da qualidade do maquinário.
A utilização das ferramentas da qualidade incidirá diretamente no custo final do produto ou serviço,
apesar de nem todos os problemas poderem ser resolvidos com a utilização dessas ferramentas, ao menos
95% podem ser.
Outro fator favorável para a utilização das ferramentas da qualidade no auxílio da tomada de decisões é
o envolvimento de toda equipe de trabalho, em todos os níveis hierárquicos. O trabalho em equipe resulta
em muitos benefícios, entre eles estão:
a) Valorização do profissional independentemente do seu papel na hierarquia;
b) Produto final com qualidade;
c) Menor índice de quebras;
d) Custos mais baixos.
8 FERRAMENTAS DA QUALIDADE
131
CASOS E RELATOS
Um dos instrumentos que a ferramenta da qualidade fornece, que traduz em custos menores para a
organização, é a aplicação dos cinco sensos ou 5S´s, que abordaremos em seguida.
Esta ferramenta aplicada corretamente possibilita, entre os muitos benefícios, a economia de tempo
no deslocamento das pessoas dentro do local de trabalho, evita a ocorrência de acidentes pessoais com
afastamentos, onerando assim a folha de pagamento. Enfim, podemos dizer que um produto tem uma
ótima relação custo-benefício quando ele possui um custo baixo em relação ao seu alto desempenho e
durabilidade.
FIQUE A crise hídrica que afeta o sul do país sinaliza para o técnico em mecânica de preci-
são a necessidade da aplicação das ferramentas da qualidade na manutenção dos
ALERTA equipamentos com o objetivo de reduzir custos de energia.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
132
Algumas ferramentas usadas como apoio ao desenvolvimento da qualidade foram abraçadas pela área
de planejamento de manutenção. Elas podem ser usadas de forma isolada ou como integrante de um pro-
jeto ou processo de investigação, diagnóstico, estatístico ou melhoria da qualidade.
Para controlar a gestão da manutenção de uma organização é necessário medir seus resultados e efeti-
vidade. Faz se necessário, com isto, estabelecer itens de controle sobre estes resultados. Para alcance deste
sucesso, as ferramentas de planejamento ajudam a exercer controle sobre as causas do processo, isto é,
itens de verificação sobre cada causa raiz para garantir os objetivos desejados para o item de controle.
Ferramenta utilizada para enumerar a importância relativa entre vários problemas ou condições encon-
trados com intuito de:
a) Atribuir pontos de partida para a solução de um problema;
b) Criticar um progresso positivo;
c) Encontrar a causa raiz de um problema.
O gráfico ou diagrama de Pareto organiza os dados por importância priorizando-os para diagnóstico
de um problema ou falha na manutenção de um gerador, por exemplo. Nesta listagem de dados podem
ser elencados as não-conformidades, defeitos, perdas de produção etc). Através deste diagrama podemos
focar os esforços nos problemas mais impactantes para o todo.
Com uma visão mais aprofundada, o plano de ação 5W2H possui ações desenvolvidas com maior clare-
za possível para definição das tarefas. É um método tão simples quanto o 5W1H, mas que agiliza todos os
processos de uma empresa, agregando tempo ao dinheiro, adicionando o questionamento:
Os métodos 5W1H e 5W2H eliminam erros na transmissão de informações que podem ocasionar gran-
des quebras e paradas de manutenção, diante disto é importante implementá-las como estratégia de ação
para identificação e proposição de soluções de determinados problemas na fábrica que queira sanar.
Ferramenta também conhecida como ISHIKAWA, é utilizada para explorar, encontrar e arbitrar todas as
causas possíveis de um problema ou condição específica, geralmente através do brainstorming ou “explo-
são de pensamentos” e outras ações como:
a) Análise de dispersão;
b) Priorização do processo;
c) Classificação e enumeração das causas.
O diagrama de espinha de peixe, também conhecido como diagrama de causa-efeito ou 6M repre-
senta fatores de influência sobre um determinado efeito. Poderíamos considerar como uma ferramenta
de investigação para manutenção, no qual é amplamente utilizada, norteada por parâmetros como meio
ambiente, medida, mão-de-obra, máquina, material e método.
CASOS E RELATOS
Ishikawa que foi o criador do diagrama, que também recebe este nome, imaginou que a partir de um
brainstorming de problemas e causas seria possível analisar o diagrama devidamente preenchido, atacar
as causas raízes e corrigir o problema ou efeito estudado.
Este diagrama de Ishikawa, também chamado de 6M devido aos seis tipos possíveis que a falha se clas-
sificaria (mão de obra, material, método, máquina, medida e meio ambiente), como demonstrado, é uma
das ferramentas mais utilizadas pela equipe técnica industrial.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
136
RECAPITULANDO
As ferramentas da qualidade têm no contexto atual dentro das organizações, quer seja industrial
ou produtora de serviços, um papel fundamental na qualidade, e consequentemente, no custo do
produto.
Conforme vimos, o técnico em mecânica de precisão, de acordo com seu papel exercido no grupo
de trabalho, tem entre seu escopo de atividades o atendimento ao cliente interno ou externo, pro-
curando cumprir os prazos de entregas acordados, materiais e serviços com qualidade.
Para estabelecer o respeito entre os consumidores, a empresa deverá apresentar produtos que tenham
valor agregado, com o desempenho desejado, sem defeito e com custo baixo. Com isso, os benefícios
serão extensivos a todos, com a satisfação do cliente que terá seu produto com baixo custo e qualida-
de superior e a satisfação do próprio técnico em mecânica de precisão juntamente com a equipe que
aplicou as ferramentas da qualidade de maneira eficiente.
8 FERRAMENTAS DA QUALIDADE
137
Qualidade ambiental
17 Consumista: pessoa que é propensa a consumir excessivamente produtos supérfluos, muitas vezes, movida
pela mídia.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
140
Estas perguntas são essenciais para mostrar que a prevenção do meio ambiente começa com você, por
meio de pequenas iniciativas.
A água sempre foi a principal fonte de geração de energia. Contudo, por ser um bem não renovável18,
está atualmente sendo substituída por outras fontes alternativas, como a energia eólica e a solar.
18 Não renovável: recurso que não pode ser renovado ou reutilizado a um intervalo de tempo que consiga sustentar o seu
consumo.
9 QUALIDADE AMBIENTAL
141
O ser humano percebeu que, se não cuidar da natureza, ele irá sofrer graves consequências, como o
superaquecimento e o derretimento das calotas polares. Como as indústrias são as principais consumido-
ras de energia elétrica, elas devem também ser as primeiras a se dedicarem na redução do consumo de
energia, utilizando-a de forma racional e consciente.
Você sabia que em 2007 o setor industrial foi responsável por 46,73% de
CURIOSIDADE toda a energia consumida no Brasil? Já o setor residencial foi responsável
por 22,05% desta energia. Fonte: Balanço Energético Nacional, 2008.
Existem duas questões importantes a avaliar: reduzir o consumo de produtos para frear a produção das
indústrias e consequentemente reduzir o consumo de energia ou criar meios alternativos de geração de
energia.
Vivemos em um mundo cada vez mais capitalista19, alimentado pelo consumo exacerbado da popula-
ção, onde o produto é rapidamente substituído por outro devido à evolução da tecnologia. Desta forma,
reduzir o consumo de produtos sacrificaria a economia. Assim, os países estão investindo em tecnologias
que gerem energias renováveis, como é o caso da energia solar, que transforma os raios solares em energia
elétrica e a energia eólica que utiliza o vento como fonte de geração de energia.
19 Capitalista: relativo à capital ou ao regime capitalista, onde os meios de produção e distribuição são de propriedade privada
e têm fins lucrativos.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
142
Figura 68 - Reciclagem
Fonte: SENAI, 2015.
O produto que é reciclado acaba contribuindo com a redução da poluição do meio ambiente. Por permi-
tir a reutilização, gera redução do consumo de matéria-prima e energia na fabricação de um novo produto.
Além disso, alguns produtos são descartados em aterro sanitário20 e emitem gases nocivos e causadores
do efeito estufa21, como é o caso do gás metano22. A reutilização destes produtos reduz a necessidade de
tratamento convencional do lixo descartado em aterro sanitário e a emissão dos gases geradores do efeito
estufa.
O processo de reciclagem deve ser feito por uma empresa especializada e com o Alvará de Licença para
a Realização de Operações de Gestão de Resíduos.
A natureza agradece as empresas que utilizam a reciclagem, pois cada produto reciclado é um a menos
para poluir o meio ambiente. Devemos ser agentes multiplicadores das boas práticas de gestão ambiental
e denunciar as práticas que colocam em risco a saúde do ambiente em que vivemos.
Os resíduos gerados na indústria são inevitáveis e de diversas composições (metais, resíduos químicos,
resíduos orgânicos etc.) O descarte destes resíduos deve ser feito da maneira adequada, sendo a recicla-
gem uma alternativa para redução do volume destes resíduos. A empresa deve ter uma política forte de
reciclagem e aproveitamento de todo o material gerado, pois este material é energia, e energia perdida é
dinheiro perdido. E nenhuma empresa gosta de perder dinheiro, não é mesmo? Mas, para isto, é também
necessário investir em processos de reciclagem.
CASOS E RELATOS
A empresa consegue reduzir em 40% o valor final de custo de fabricação com a reciclagem se com-
parado com empresas que não utilizam deste processo. Por isto, a Polímeros Campos e Alvaredo é
hoje considerada a maior empresa de polímeros do Brasil, com exportação para diversos países.
Chegamos a um assunto de extrema importância, o descarte de resíduos. Mas por que tamanha aten-
ção para este tema em especial? A resposta está em pesquisas realizadas pelo IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) que demonstra uma geração total de quase 200 mil toneladas de resíduos sólidos por
dia no Brasil. De assustar, concorda?
Os resíduos podem estar no estado semisólido (lodos gerados em equipamentos, alguns resíduos de
processos químicos etc.), líquido (chorume23, mercúrio etc.) ou sólido (vidro, plástico, metal, papel etc.). O
seu manejo deve ser realizado por profissionais capacitados, devido aos possíveis riscos de contaminação
do solo e a saúde pública (alguns resíduos podem representar perigo à saúde humana por serem agentes
transmissores de doenças).
Toda empresa precisa, de acordo com a lei, realizar a separação de todo o lixo tóxico que ela produz.
Isto também vale para toda a população que, separando cada tipo de lixo em suas respectivas lixeiras, está
contribuindo para a reciclagem e o descarte adequado do produto gerado em residências, escritórios, em-
presas e hospitais. Observe a seguir a cor dos coletores de lixo que orienta o usuário ao tipo de material a
ser descartado. Cabe à empresa geradora do lixo o envio desse material a um centro de tratamento.
23 Chorume: resíduo líquido proveniente da dissolução dos materiais sólidos encontrados nos aterros sanitários na água das
chuvas ou proveniente do próprio lixo.
9 QUALIDADE AMBIENTAL
145
De acordo com a legislação, para o descarte de resíduos químicos é necessário um inventário que infor-
me sua periculosidade, composição e quantidade.
Sendo os resíduos industriais um dos grandes problemas ambientais, muitas são as tentativas de em-
prego de tecnologias para tentar reduzir o impacto ambiental deste tipo de resíduo. Como exemplo, po-
demos citar o CITA (Centro de Inovação Tecnológica e Ambiental), inaugurado na Bahia, e que desenvolve
pesquisas aplicadas à transformação de resíduos industriais em produtos sustentáveis. Este Centro repre-
senta um avanço na política de sustentabilidade ambiental na Bahia e no Brasil.
Para conhecer mais sobre o Método de Análise e Soluções de Problemas (MASP) sob a
SAIBA ótica das normas de qualidade e da importância do trabalho em equipe na implanta-
MAIS ção deste método, recomendamos a leitura do livro MASP – Método de Análise e Solu-
ção de Problemas (2010), do autor Sérgio Canossa.
O MASP é uma ferramenta complexa, pois para conseguir bons resultados com este método é necessá-
rio um conhecimento profundo sobre os processos que podem ter gerado o problema, além de requerer
tempo e certo investimento da empresa para realização de todos os oito passos previstos. Por isso, a apli-
cação deste método exige a participação de uma equipe técnica/administrativa que esteja envolvida no
processo da empresa.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
148
RECAPITULANDO
Este capítulo abordou a importância do racionamento, da reciclagem e do descarte correto dos re-
cursos materiais disponíveis para garantir a sustentabilidade ambiental. Iniciamos o capítulo, falan-
do do uso racional da energia disponível e de formas alternativas e mais sustentáveis para geração
deste recurso.
Nós vimos também que a reciclagem dos resíduos não é só importante para preservação do meio
ambiente, mas também representa uma forma de redução dos custos envolvidos na fabricação de
um novo produto.
Destacamos a importância do descarte correto dos resíduos, caso a reciclagem não seja viabilizada
ou impossibilitada pelo tipo de material. Também abordamos o MASP (Método de Análise e Solu-
ções de Problema), uma metodologia para detecção e resolução da causa-raiz de problemas.
Com o que aprendemos neste capítulo, percebemos que a realização de pequenas ações é funda-
mental para preservação do meio em que vivemos, a começar pela separação adequada dos resídu-
os e a reciclagem dos mesmos.
9 QUALIDADE AMBIENTAL
149
Normalização
10
Figura 75 - Roscas
Fonte: SENAI, 2015.
Com o passar dos anos e surgimento das normas da Organização Internacional de Normalização (ISO),
o padrão Whitworth foi substituído. Mas até nos dias atuais vemos empresas utilizando deste padrão para
especificar perfis de roscas.
10 NORMALIZAÇÃO
153
A norma ISO surgiu, em 1946, na Suíça, e posteriormente foi adotada por diversos países, vindo a difun-
dir-se no Brasil na década de 80.
No Brasil temos como organismo regulador das normas técnicas a ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas, utilizada pelas empresas brasileiras em consonância com as normas internacionais. As
normas técnicas regulamentadas pela ABNT podem ser classificadas conforme uma série de aspectos: pro-
cedimentos, especificação, padronização, terminologia, simbologia, métodos de ensaios e classificação.
SAIBA Para saber mais sobre a ABNT, recomendamos acessar o site: http://www.abnt.org.br
MAIS
A maioria dos países possuem associações nacionais de normas técnicas, assim como no Brasil existe a
ABNT , veremos a seguir alguns países e seus respectivos órgãos regulamentadores.
a) Estados Unidos - American National Standards Institute (ANSI) = Organização Internacional de Nor-
malização;
b) Alemanha - Deutsches Institut für Normung (DIN) = Instituto Alemão para Normalização;
c) Japão - Japan Industry Standards (JIS) = Normas Industriais Japonesas;
d) Inglaterra - British Standards Institution (BSI) = Instituto Britânico de Normalização.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
154
Agora que entendemos melhor o que são as normas técnicas, suas origens e necessidades podem en-
tender que as empresas têm um compromisso com a sociedade em estabelecer produtos com qualidade,
com menor impacto sobre o meio ambiente e preservando a integridade do homem. Para honrar com
este compromisso, surgem as normas de saúde e segurança, meio ambiente e da qualidade de processos
e produtos.
As normas de saúde e segurança foram criadas com a finalidade de prevenir a vida e saúde dos traba-
lhadores. Esta norma orienta as empresas a criarem um ambiente de trabalho seguro e agradável aos seus
colaboradores, por outro lado, os colaboradores veem nestas normas as diretrizes que os fazem cobrar os
seus direitos.
Em uma vertente industrial, imagine um operador trabalhando com um esmerilhadeira de alta rotação
sem a capa de proteção. Um risco enorme,concorda? Pois bem, são as normas de saúde e segurança que
impedem que isto ocorra. É também papel da empresa fornecer o manual de manuseio da esmerilhadeira
ao operador, para que quaisquer dúvidas de utilização sejam esclarecidas.
10 NORMALIZAÇÃO
155
NR DESCRIÇÃO
NR8 Edificações
NR14 Fornos
No Brasil, existe uma lei específica que trata da Educação Ambiental. A Lei n.º 9.795 de 27 de abril de
1999, dispõe sobre a educação ambiental, instituindo a política nacional de educação ambiental.
A norma ambiental mais conhecida e aplicada no Brasil é a ISO 14001. A ISO 14001 trata-se de um con-
junto de recomendações que servem para orientar as empresas em ações que minimizem os impactos
ambientas que tanto têm destruído a natureza. Esta norma exige que as empresas se comprometam com
a prevenção ambiental e busquem a melhoria contínua nas ações de combate a poluição.
As empresas devem atuar no mercado em observância a lei 9.795 e o compromisso com a responsabi-
lidade ambiental deve estar cada vez mais presente nas organizações. Para isso, as empresas que querem
ter seus produtos aceitos em novos mercados devem implementar em suas organizações uma politica
ambiental que norteie as suas ações durante o processo produtivo.
Pensem, se as empresas que compõem os polos industriais no país estabelecessem normas particulares
para minimizarem os impactos locais, teríamos uma diversidade de ações que não seria possível escolher
qual parâmetro seria o mais correto e que daria resultados positivos, assim faz necessário selecionar cri-
térios para que as empresas se adequem de maneira uniforme e reconhecida pelos órgãos de controle
nacional.
10 NORMALIZAÇÃO
157
CASOS E RELATOS
Integração responsável
Uma indústria química do ramo de fabricação de fertilizantes, no início de suas atividades, não tinha
preocupações com o destino dos resíduos produzidos, e parte dos seus descartes era jogada no rio,
ao lado da indústria.
Ao longo do tempo, a população ribeirinha, vizinha à empresa, começou a adoecer. Após muito in-
vestigar, os órgãos públicos responsáveis descobriram que a água do rio, que abastecida essa comu-
nidade, apresentava alta concentração de ureia, um produto que, nessas condições, torna-se tóxico
ao meio ambiente e aos humanos.
Foi então que a indústria, frente a essa situação, implementou o Sistema de Gestão Ambiental, com
o objetivo de adaptar-se às normas. Diante disso, a empresa foi certificada pelo ISO 14001.
Hoje, esta indústria é respeitada pela sociedade em decorrência da sua preocupação em preservar
o meio ambiente, com iniciativas que abrangem não só as suas dependências, mas também com
políticas ambientais para a população ribeirinha.
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Não temos como falar de normas de qualidade sem antes abordarmos o assunto qualidade, ou seja,
a qualidade intrínseca aos produtos e serviços. Atualmente, a exigência sobre a qualidade nos produtos
define o posicionamento da empresa no mercado através da preferência do consumidor pelo seu produ-
to. Não são firmadas parcerias entre empresas nem identificados fornecedores sem antes ser atestada a
qualidade dos produtos ou serviços. A qualidade deve ser pensada desde o projeto inicial até a concepção
do produto final. Em todos os processos a qualidade deve ser o alvo a ser buscado, e toda a equipe tem
que estar consciente de que, cada um realizando a sua tarefa com dedicação e entendimento, o resultado
final é, sem dúvida, um produto ou serviço de excelência e consequentemente, aprovação do consumidor.
Nesta relação consideramos três aspectos importantes para atestar a qualidade sobre os produtos das
empresas:
a) gestão da qualidade - é a gestão sobre as ações de forma a atender os requisitos da qualidade. É o
controle da qualidade por meio da estrutura de normas técnicas por via de atividades coordenadas
pelos representantes da qualidade da organização;
b) controle de qualidade - é o controle da qualidade através da estrutura de normas técnicas por via de
atividades coordenadas pelos representantes da qualidade da organização;
c) Norma ISO 9000 - é um conjunto de normas destinadas à fundamentação do sistema de gestão da
qualidade nas empresas, permitindo o atendimento aos padrões de qualidade e o atendimento à
satisfação dos clientes e comercialização em diversos mercados.
Na atividade de manutenção das empresas, as normas da ISO 9000 contribuem com a rastreabilidade
de informações, no controle da não conformidade, nas análises críticas dos setores de manutenção e na
busca da melhoria contínua, entre outras contribuições que a norma exerce sobre a gestão da qualidade
da manutenção nas empresas.
10 NORMALIZAÇÃO
159
Porém sem a aplicação das normas técnicas e normas regulamentadoras implementadas na empresa,
estes aspectos observáveis na operação não revelarão a realidade do nível de controle de qualidade im-
plantada na manutenção.
A avaliação do risco dos processos de manutenção e sua anaálise crítica pela alta administração permite
implementar as seguintes melhorias:
a) identificação da localização de processos e operações perigosas;
b) decisão sobre investimentos nos equipamentos voltados à prevenção de acidentes;
c) projetos de novos processos de fabricação e sistemas de controle;
d) criação de rotinas operacionais e de manutenção mais seguras;
e) registros de documentos de segurança para aplicação de melhoria futura.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
162
RECAPITULANDO
Neste capitulo vimos a importância da normalização nas empresas, a necessidade das normas téc-
nicas para o mercado, a importância de seguirmos as normas regulamentadoras nas empresas e
na sociedade, as normas que auxiliam as empresas quanto à responsabilidade ambiental, fatores
importantes para a composição do mercado de produtos e serviços, bem como para a manutenção
de uma sociedade mais justa.
Vimos o quanto o técnico em mecânica de precisão precisa conhecer sobre as normas técnicas es-
pecificas do seu segmento e a sua responsabilidade com a sua saúde e segurança no trabalho. Esta
consciência permite a redução de acidentes e assegura a qualidade do processo e consequentemen-
te dos produtos em conformidade com legislação do país.
Por fim, vimos sobre a avaliação de riscos no processo de manutenção e da sua importância na pre-
venção de acidentes. Citamos com isso, a documentação gerada em cada avaliação de risco, e das
melhorias praticadas pela empresa em detrimento da segurança e qualidade de vida do trabalhador.
10 NORMALIZAÇÃO
163
Disseminação de informações
11
CASOS E RELATOS
Toda pesquisa deve possuir inicialmente um planejamento prévio de ações que façam com que o obje-
tivo seja alcançado de maneira satisfatória e dentro do prazo determinado. O prazo é um item fundamen-
tal na pesquisa. É o prazo que irá dimensionar a intensidade de cada etapa da pesquisa e quais serão as
técnicas utilizadas em todo o andamento do processo.
De forma geral, é imprescindível que uma pesquisa possua os seguintes itens:
a) tema de interesse, ou seja, o assunto que será pesquisado. Esta etapa definirá o caminho da pesquisa
ao qual você irá seguir. Muitas vezes o tema da pesquisa já se encontra definido, seja a partir de um
problema ainda não resolvido e que se deseja obter uma explicação para tal ou devido a uma orienta-
ção de pesquisa por outra pessoa, geralmente um orientador24. Porém, o pesquisador pode ainda não
ter certeza do tema da pesquisa, e necessita ainda de tempo para definir. O tema deve ser algo bem
elaborado, pois uma vez determinado, ele norteará todo o projeto;
É original?
b) a problemática, ou seja, o problema que se deseja elucidar através da pesquisa. Para Einstein, for-
mular o problema é mais importante que desvendar a solução. O problema é algo que ainda não foi
resolvido no qual se busca uma resposta cabível e fundamentada em dados práticos e reais;
PROBLEMATIZAÇÃO!
24 Orientador: pessoa responsável por orientar o pesquisador sobre as etapas e procedimentos a serem realizados durante o
desenvolvimento da pesquisa.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
168
c) as hipóteses, ou seja, suposições daquilo que se busca validar. São feitas para justificar uma determi-
nada problemática e podem ser no final da pesquisa, a partir de dados e informações, consideradas
falsas ou verdadeiras. Caso verdadeiras, as hipóteses serão então defendidas. Caso falsas, serão com-
batidas e dado lugares a novas verdades;
d) o estudo de caso é a etapa onde a pesquisa realmente inicia. Esta pesquisa pode ser teórica, prática
ou teórico-prática e será determinada pelo pesquisador. As fontes de pesquisa deverão ser confiáveis,
para que reduza ao máximo a possibilidade de se disseminar uma informação falsa;
e) a etapa da conclusão, como o próprio nome diz, é a última fase, onde ocorre a confirmação ou não
das hipóteses levantadas inicialmente.
Conteúdos de documentos que possuem direitos autorais não podem ser copiados
FIQUE sem as devidas referências, como determinam as normas técnicas da ABNT para cita-
ALERTA ções e referências. Caso estas normas não sejam respeitadas, esta ação está sujeita a
multas e a processos criminais.
A preparação de materiais e recursos é uma tarefa que deve ser elaborada com cuidado, pois o objetivo
desta é criar uma apresentação dos dados coletados ou de uma informação que se deseje distribuir para
outras pessoas. Para o cumprimento desta etapa, o conhecimento do público alvo é fundamental, pois irá
direcionar o tipo de material que será exposto e auxiliará na seleção do método de apresentação. Todos
os locutores25 devem sentir segurança e interesse no que está sendo apresentado, e isto só se consegue
primeiramente com informações captadas de fonte segura ou coletadas por intermédio de experiências
práticas, de uma preparação e organização eficiente das informações e do domínio de todo o conteúdo a
ser apresentado.
Uma das formas de apresentar uma informação é através da escrita. Escrever é uma atividade temida
por muitas pessoas. A redação é um empecilho difícil de ser superado por aqueles que não foram esti-
mulados na escrita, ainda mais quando isso é feito de forma obrigatória. Em muitas situações cotidianas
do trabalho, é necessário pôr em prática a escrita para elaboração de textos técnicos, relatórios e outros
documentos. Há diversas estratégias que ajudam na elaboração de um bom texto. Uma delas é anotar
todas as ideias que serão abordadas sobre o tema. Para isso, é necessário definir a finalidade do texto e
as formas de abordar o assunto. Após a definição do tema e das ideias que serão abordadas na redação,
alguns especialistas recomendam fazer um esboço da sequência em que estas serão inseridas no texto,
tomando cuidado com a coesão26 dos parágrafos e com a clareza das informações. Para facilitar o processo
de escrita, não tem jeito: a melhor maneira é praticar constantemente com temas diversos e que o escritor
tenha mais proximidade.
As pessoas que leem livros têm maior facilidade em escrever do que aque-
las que não possuem este hábito. Isto se explica pelo fato de que, quando
a pessoa inicia o processo de escrever, ela já adquiriu, inconscientemente,
CURIOSIDADE as técnicas básicas de escrita com os livros que leu, mesmo que não tenha
conhecimento da gramática. É claro que é recomendado que, tanto no pro-
cesso de escrita como no processo da fala, seja conhecida gramaticalmente
a língua portuguesa.
Em uma indústria, como em qualquer empresa, o profissional é muitas vezes colocado em situações
em que precisa apresentar pessoalmente informações e dados aos seus superiores. Esta apresentação tem
que estar bem elaborada e de fácil entendimento e visualização, para que até mesmo um leigo no assunto
compreenda aquilo que está sendo exposto.
- Metas
- Objetivos
Figura 85 - Apresentação
Fonte: SENAI, 2012.
Apenas preparando o seu material de apresentação, é que você obterá sucesso no exposto ao público.
Existem no mercado diversos softwares que auxiliam na preparação de conteúdos, sendo os mais difun-
didos: PowerPoint, Corel Draw, Word, Excel, entre outras ferramentas capazes de organizar dados, criar
figuras, tabelas e gráficos.
Os recursos audiovisuais existentes facilitação a criação de meios alternativos para acrescentar e enri-
quecer a apresentação, cabendo ao responsável utilizar a criatividade para melhorar o material de interes-
se. Estes recursos estão disponíveis no mercado para serem adquiridos sempre que necessários e serão
detalhados logo em seguida.
Os seres humanos são estimulados por cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Dois deles
são fundamentais para a utilização dos recursos audiovisuais: a audição e a visão.
Você já imaginou como seria a sua vida acadêmica ou profissional sem um projetor multimídia (data
show) ou sem a possibilidade de gravar um áudio ou um vídeo e expô-lo em uma apresentação?
Inimaginável, não é mesmo? É para isto que estes recursos audiovisuais e tantos outros foram criados,
para facilitar a vida das pessoas, seja na escola, no trabalho ou no lazer.
Por facilitarem o aprendizado e o entendimento de quem os pratica, estes recursos estão hoje tomando
conta das salas de aula, reuniões e palestras, Hoje em dia, não imaginamos nossas vidas sem a presença
dos mesmos para tornar mais real as imagens, fazendo com que o telespectador se torne integrante deste
mundo tecnológico.
Quando criamos uma apresentação e a enriquecemos com estes artifícios, estamos tornando-a mais
atrativa e de fácil entendimento, pois como enuncia o ditado: uma imagem diz mais que mil palavras. Con-
tudo, não podemos apenas nos preocupar com a estética da apresentação, o conteúdo deve ser elaborado
com rigor27 e com informações úteis a todo o público que a assiste.
27 Rigor: seriedade.
11 DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES
171
Como já falamos em todo o capítulo, após o trabalho de pesquisa elaborado e revisado, levando em
consideração os efeitos audiovisuais com o objetivo de aprimorar e facilitar o entendimento do público
chega-se ao ponto principal: a apresentação.
A apresentação nada mais é que a comprovação de todo o trabalho e sacrifício realizado nas etapas an-
teriores. É o resultado final de pesquisas e estudos, de dados coletados e acompanhamento de resultados,
enfim, de todo o esforço realizado pelo apresentador.
Para que a apresentação seja um sucesso cabe ao apresentador ter tranquilidade, boa comunicação e
bom vocabulário. Tudo isso é conseguido com um ensaio prévio, onde o apresentador irá repassar todo
o material que será apresentado, analisando o que será dito em cada etapa e as possíveis dúvidas que
podem surgir durante a apresentação. O domínio do assunto é fundamental para deixar o apresentador
mais tranquilo.
Com todos estes pré-requisitos atingidos, o público certamente terá uma excelente impressão sobre a
apresentação do seu trabalho.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
172
RECAPITULANDO
Iniciamos este capítulo falando sobre as técnicas de pesquisa e como elas são distribuídas no anda-
mento do processo para atingir resultados satisfatórios no final da pesquisa.
Falamos também da preparação dos materiais e dos recursos que são envolvidos para esta finalida-
de e como é importante conhecer o público para seleção dos materiais da apresentação.
Citamos o projetor multimídia como exemplo dos recursos audiovisuais utilizados nas apresenta-
ções com o objetivo de enriquecê-las.
E finalmente, falamos da apresentação dos dados e informações, e como o cumprimento rigoroso de
todas as etapas de criação, juntamente com a disciplina, o domínio do conteúdo e uma boa comuni-
cação ocasionarão uma excelente apresentação.
11 DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES
173
Segurança do trabalho
12
Se você leu isto e se assustou, não tenha medo, pois trabalhando corretamente, seguindo
as normas de segurança da empresa e conhecendo os riscos de cada tarefa, você estará certa-
mente protegido e longe de eventualidades indesejadas.
O Mapa de Riscos é uma representação gráfica, que tem por objetivo identificar e marcar os riscos de
acidentes no processo de trabalho. Deve ficar exposto e visível em pontos estratégicos em que há grande
circulação das pessoas.
Sua elaboração é realizada por uma equipe técnica capacitada e com conhecimento em todo o proces-
so da indústria, conforme rege a norma NR 5. É indispensável um engenheiro ou técnico de segurança nes-
te momento, pois ele possui formação acadêmica e vivência prática em analisar os processos da empresa
e os riscos que eles poderão causar.
Observe na legenda que cada cor indica um tipo de risco diferente. Com isso, é fácil identificar os riscos
nos locais de trabalho e se prevenir, tomando os cuidados necessários diante de qualquer irregularidade.
Já para identificar a intensidade do risco são sinalizados círculos com tamanhos diferentes. Quanto
maior o círculo, maior o risco apresentado e consequentemente, maior deve ser a atenção e o cuidado que
o trabalhador terá naquele local. Observe na figura a seguir.
12 SEGURANÇA DO TRABALHO
177
As inspeções de segurança têm por objetivo, detectar problemas ou possíveis causas que possam levar
a ocorrência de acidentes que impactem em danos ao patrimônio da empresa ou a integridade física do
trabalhador.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) foi estabelecido pela Secretaria de Segurança e
Saúde do Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora nº 9 (NR 9) com a finalidade de garantir a integri-
dade e preservação da saúde dos trabalhadores e da natureza, frente a um ambiente insalubre28.
Esta norma orienta as empresas quanto aos cuidados que se deve ter em relação aos riscos ambientais
presentes no local, e os meios de combate quando a prevenção não for suficiente para evitar o acidente.
De acordo com a NR 9, são considerados causadores de riscos ambientais, os agentes físicos, químicos
e biológicos.
28 Insalubre: que não faz bem à saúde, local cujas condições são prejudiciais à saúde.
12 SEGURANÇA DO TRABALHO
179
CASOS E RELATOS
Segurança no trabalho
Em uma metalúrgica, o lema era: “Produção acima de prevenção”. O diretor da empresa acreditava
que as ações de prevenção de acidentes que estavam surgindo em todo o mundo requeriam um
tempo que deveria ser 100% direcionado para a produção. José, Henrique e Moisés eram trabalha-
dores do Setor 8 - Pintura, e eram expostos no mínimo oito horas por dia a ruídos altíssimos, vindo
das descargas pneumáticas das câmeras de pintura eletrostática.
Após diversos monitoramentos audiométricos dos colaboradores envolvidos, com o suporte dos
técnicos de segurança industrial, o relatório conclusivo mostrou que os mesmos estavam expostos
a ruídos acima de 85 decibéis, que é o limite máximo em que esses profissionais poderão trabalhar
conforme determina a Norma Regulamentadora NR 15 do MTE-Ministério do Trabalho e Emprego.
Com o laudo do relatório e após a elaboração do mapa de riscos, foi agendada reunião com presença
da diretoria da empresa, técnicos do setor de segurança industrial e membros da CIPA - Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes, na qual foi reavaliada a posição da empresa, tomando medidas
efetivas para controlar o ruído minimizando seus efeitos para a saúde do trabalhador.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
180
A Análise Preliminar de Risco é uma técnica utilizada para dimensionar os riscos existentes em cada
procedimento e então prevenir que eles aconteçam, através da eliminação das causas que levariam a um
acidente. Para isto, é realizado um estudo aprofundado de todas as fases do trabalho, com a participação
de todos os envolvidos na tarefa.
Após detectados os riscos, a equipe deve tomar medidas para neutralizá-los, tornando assim, o ambien-
te de trabalho seguro.
Em 1944 foi criada a primeira legislação determinando ser obrigatória a formação das
SAIBA Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA). Mas a quantidade de acidentes
MAIS continuou a crescer, levando o Brasil, na década de 80 a atingir 10% dos trabalhadores
acidentados devido a falta de investimentos.
e) Riscos do trabalho: esta é a principal etapa da APR, pois nela são identificados todos os riscos, sejam
eles potenciais ou não, que poderão causar um acidente com um dos trabalhadores ou com uma
pessoa externa;
f) EPI´s: descrição dos EPI´s obrigatórios na realização do trabalho;
g) Equipamentos usados durante o trabalho: listar os equipamentos dinâmicos ou estacionários uti-
lizados no trabalho;
h) Normas de segurança a serem observadas: normas de acordo com o tipo de serviço, que servem
para orientar o funcionário e para constar na documentação da APR;
i) Etapas de trabalho: todas as etapas do serviço devem ser expostas;
j) Revisão: a cada revisão o número da APR deve ser alterado.
A APR pode também ser aplicada juntamente com outra técnica de avaliação e controle de riscos.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
182
RECAPITULANDO
Neste capítulo vimos a importância da instalação do Mapa de Riscos em áreas que proporcionam
condições insalubres, como é elaborado, sua obrigatoriedade conforme NR 5 e como podemos in-
terpretá-lo, sendo uma ferramenta importante para os trabalhadores na indicação e sinalização dos
riscos existentes na indústria.
Também foi apresentado sobre as Inspeções de Segurança, o seu objetivo e os 5 tipos que os classifi-
camos, são eles: Inspeção de Rotina, Inspeção Periódica, Inspeção Especial, Inspeção Eventual e Ins-
peção Oficial, que tem como objetivo antever situações que possam colocar em risco a integridade
física do trabalhador e o patrimônio da empresa.
Falamos sobre o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e da norma que o orienta: a
Norma Regulamentadora 9 (NR 9), a importância de ficar alerta quanto a contaminação do meio am-
biente ou afetando a saúde do trabalhador através de agentes químicos, biológicos e físicos.
Finalmente, falamos sobre a Análise Preliminar de Risco (APR) e da sua importância para os trabalha-
dores na prevenção de acidentes, tratando-se de uma ferramenta muito útil na análise de situações
de perigo que possam ocorrer.
12 SEGURANÇA DO TRABALHO
183
Trabalho em equipe
13
Este capítulo foi reservado para falarmos sobre um assunto fundamental dentro de qual-
quer empresa, o trabalho em equipe. Não existe um profissional que saiba de tudo, ele precisa
sempre estar se relacionando com outros profissionais, para juntos, solucionar um problema,
ou formular um melhor plano de ação para uma perfeita manutenção. Isto é o que traduz o tra-
balho em equipe, todos em prol de uma mesma finalidade, mostrando as suas competências
individuais, para que somadas, transformem em resultados beneficentes à empresa.
Como diz o ditado, a união faz a força, e uma equipe unida, bem preparada e disposta a
atingir os alvos predeterminados, torna o trabalho mais simples de ser realizado, por mais com-
plexo que este seja. Realmente paradoxal este pensamento, mas é também o que dizem espe-
cialistas no assunto.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
186
13.1 ESTRUTURA
A estrutura do trabalho em equipe nas empresas, nada mais é que a disposição dos cargos e conse-
quentemente, da tarefa de cada trabalhador. Encontramos diferentes estruturas de empresa para empre-
sa, umas com setores independentes, podendo responder isoladamente sobre as demandas, outras com
setores dependentes, onde cada área se comunica com as demais para determinar uma solução ou de-
manda.
Independentemente da estrutura organizacional, seus colaboradores devem colocar em prática suas
atribuições profissionais, assim a empresa alcançará os resultados esperados.
CASOS E RELATOS
Segurança é inegociável!
João Antônio, técnico em manutenção mecânica, era considerado um profissional reconhecido e
respeitado por todos na indústria, principalmente pelos colaboradores que trabalham na manuten-
ção.
Certo dia, João percebendo que a bomba industrial, da linha de hidrogênio, estava operando com
altas vibrações, resolveu retirá-la para inspeção.
A fim de prevenir os acionamentos acidentais ou indevidos de chaves elétricas, válvulas ou outro
tipo de comando e evitar a ocorrência de acidentes, João Antônio juntamente com Pedro, técnico de
Segurança, utilizou no painel de comando os bloqueios físicos da fonte de energia, acompanhado
de etiqueta sinalizadora e os cadeados de segurança.
13 TRABALHO EM EQUIPE
187
Após a manutenção da bomba, era necessário que João Antônio e Pedro voltassem ao painel de
comando para desbloquear as fontes de energia e retirar os cadeados de segurança, mas nesse dia
Pedro passou mal e precisou ser hospitalizado com urgência.
João Antônio, mesmo sabendo da importância do funcionamento desta bomba para a produção da
empresa, não pensou duas vezes e aguardou 2 dias até que o técnico em segurança fosse liberado
pelo médico e retornasse ao trabalho.
Logo que o técnico em segurança chegou à indústria, João o levou até o local da linha para fazer a
vistoria da bomba e então realizar a liberação do cadeado, um trabalho em equipe, que permitiria o
início de operação da bomba.
13.2 ORGANIZAÇÃO
A organização muito se parece com a estrutura do trabalho em equipe. Segundo Maximiano (1992),
“uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos
coletivos”.
A falta de organização resume-se em retrabalho, e retrabalho significa horas de trabalho desperdiçadas,
que se traduz em dinheiro não aproveitado. Nenhuma empresa estará contente caso os seus investimen-
tos, juntamente com as expectativas, sejam jogados, como diz a expressão, “pelo ralo abaixo”. Muito pelo
contrário, toda empresa deseja que seus investimentos levem a altos rendimentos, e a uma colocação no
mercado interno e até mesmo externo.
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As empresas que se preocupam com a organização do trabalho têm seu retorno garantido, como po-
demos perceber ao comparar os indicadores de desempenho destas com as empresas sem organização.
Você sabia que existem empresas tão mal administradas em critério de organização, que elas mal sa-
bem qual seu faturamento líquido no final do mês? Ou empresas que não possuem um controle efetivo do
seu estoque, acarretando insatisfação tanto dos trabalhadores como, e principalmente, dos consumidores.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
188
Atualmente existem disponíveis ferramentas de controle que auxiliam na organização de todas as etapas
da empresa, desde o financeiro ao serviço técnico. Cabe a organização da empresa determinar qual ferra-
menta que mais se encaixa com as suas necessidades e implantar.
Meta é tudo aquilo que se deseja atingir, e para tal, é essencial que um caminho seja traçado. Em uma
empresa de pequeno, médio ou grande porte, este caminho é definido logo após as metas serem estipula-
das pelos gestores, que ao elaborar um cronograma detalhado define os responsáveis, prazos e objetivos
a serem alcançados.
Uma meta mal definida, sem o consenso de todo grupo, irá encadear em esforços em vão, pois qualquer
trabalho empreendido não atingirá o resultado esperado. Em projetos industriais, como em qualquer tipo
de projeto, a fase inicial, na qual as metas são traçadas, é a mais importante de todas, e por isto, deve-se
empregar maior atenção, tempo de análise e levantamentos hipotéticos das ações elaboradas para atingir
as metas.
Por outro lado, com metas e objetivos bem elaborados, a empresa certamente terá muito mais chances
de sucesso, e todo o esforço empregado será recompensado com índices de desempenho satisfatório a
todos os envolvidos no processo. Com empresas que trabalham com Participação de Lucro (PL) entre os
trabalhadores, eles terão isto como mais um atrativo em busca das metas.
Vale lembrar que a segurança do trabalhador e do meio ambiente não devem ser colocadas em risco
em prioridade das metas.
13 TRABALHO EM EQUIPE
189
A definição de papéis e funções refere-se à seleção das funções e tarefas de cada trabalhador, sendo
fundamental para o correto andamento da empresa, mas também deve ser feita com todo o cuidado.
Cabe à área de recursos humanos juntamente com o setor específico definir as atividades e o perfil
funcional do colaborador.
Um papel bem definido contribui para que as metas sejam alcançadas. Para tanto, é importante que o
colaborador realize o seu trabalho de forma precisa, corretamente e em tempo aceitável.
Os ajustes interpessoais se dão através da orientação, geralmente do líder responsável pelo setor, para os
trabalhadores que não possuem boas relações no ambiente de trabalho. O resultado destes ajustes se dá pela
perspicácia do gestor, que deve estar sempre atento às mudanças de temperamento entre os trabalhadores.
Os conflitos pessoais devem ser levados em consideração no momento de verificar a fonte da mudança
de comportamento, e como falado acima, o gestor ou líder é o grande responsável em captar estas altera-
ções e tomar as atitudes para sanar o problema, antes que algo grave ocorra na empresa.
Os ajustes interpessoais tornam a equipe mais unida, mais harmoniosa, e o resultado disto é um am-
biente de trabalho melhor, mais agradável e uma produção mais efetiva. O trabalhador deve ter em mente
que a empresa é local de trabalho e não de confusões. Dessa forma, é importante que se tenha uma postu-
ra profissional, pensando no bem geral de todos e da empresa. Só assim a empresa terá uma boa relação
entre os seus colaboradores.
Como falado, é importante manter a harmonia entre a equipe de trabalho, mas caso algum desenten-
dimento ou conflito inicie, ele deverá ser rapidamente intermediado pelo responsável dos subordinados.
O gestor técnico responsável deve estar atento às atitudes da sua equipe, e ao perceber que algo está
fugindo do seu controle, reunir todos e ter uma conversa franca e sincera do que está ocorrendo. Todos
sabemos que existem diferentes personalidades dentro de uma empresa, mas se ficar claro que o princípio
fundamental a perdurar deve ser o respeito, tudo fica mais fácil.
O respeito é pré-requisito para quem deseja trabalhar em grupo, e sem ele, os resultados se tornam
inatingíveis.
RECAPITULANDO
Neste capítulo vimos sobre a estrutura do trabalho em equipe e a hierarquia existente entre as em-
presas.
Vimos também a respeito da organização e como as empresas que são organizadas possuem maior
probabilidade de sucesso, sem o esforço coletivo ocorrerão perdas de recursos.
Falamos sobre a definição de objetivos e metas e da sua importância na orientação da empresa. Uma
meta mal elaborada acarretará em tempo perdido e esforços não aproveitados, enquanto uma meta
bem elaborada irá aumentar as chances da empresa em ganhar o mercado.
Falamos também sobre a definição de papéis e funções e como uma orientação inadequada desta
ação pode acarretar em acidentes por negligência do trabalhador, tendo a área de recursos huma-
nos um papel importante no processo.
Em seguida abordamos os ajustes interpessoais e como a atenção e perspicácia do gestor é importante
em manter saudáveis as relações entre os trabalhadores.
Por fim, tratamos a intermediação de conflitos como papel do gestor da empresa ou de cada setor
em se atentar para qualquer alteração no comportamento dos funcionários.
Qualidade de vida no trabalho
14
O trabalhador deve se sentir integrante da empresa, com participação ativa e o reconhecimento dos
seus superiores. Com isto, o seu rendimento será animador e consequentemente, todos irão se beneficiar.
Como diz Davis e Newstron (1992, p.28), “o resultado de um sistema eficaz de comportamento organiza-
cional é a motivação que, quando combinada com as habilidades e capacidades do empregado, resulta na
produtividade humana”.
CASOS E RELATOS
A qualidade de vida no trabalho traz o material humano como o principal bem da empresa e também
como o principal meio em se atingir os objetivos traçados da empresa e, com isto, alavancar no mercado.
Os trabalhadores precisam ter o discernimento de que a empresa precisa produzir e, para isso, esta es-
pera dedicação dos mesmos para garantir a máxima produtividade. Por outro lado, a empresa precisa ter
consciência de que os trabalhadores necessitam de um ambiente favorável para obter o máximo potencial
deles. Isto envolve equipamentos capazes de produzir o esperado e operando com alta confiabilidade,
treinamentos, capacitações, ambiente bem ventilado e livre de poluentes (quando isto não for totalmente
possível, fornecer os devidos EPC´s e EPI´s), boa alimentação, plano de saúde, possibilidades de ascensão
na carreira, entre outras prerrogativas. Para que os interesses do trabalhador sejam assegurados, foram
criados os sindicatos de cada categoria profissional.
O trabalho é uma atividade vital para o ser humano. Para desenvolvimento adequado da mesma, é
necessário que o trabalhador esteja com boa saúde mental e física. Assim, um programa de Qualidade de
Vida no Trabalho deve atingir todos os níveis hierárquicos da empresa, deve estimular o comprometimen-
to e a participação dos funcionários no desenvolvimento de suas atividades, utilizando as potencialidades
e talentos individuais e dando condições de trabalho adequadas para o aproveitamento do potencial hu-
mano disponível na empresa.
RECAPITULANDO
Neste capítulo falamos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho e o papel da empresa e do trabalha-
dor na manutenção de um ambiente propício para que o trabalho seja exercido com satisfação e
atinja o resultado desejado.
Também abordamos os principais fatores que influenciam a motivação humana e as formas de reco-
nhecimento do trabalho realizado.
Por fim, vimos que um programa de Qualidade de Vida no Trabalho deve atingir todos os níveis hie-
rárquicos e deve contar com o comprometimento e participação de todos os funcionários.
Autorrealização
15
Como falamos ao longo dos últimos capítulos, o trabalhador só se sente realizado quando a
empresa fornece segurança no trabalho, quando a equipe é harmoniosa e integrada, e princi-
palmente quando o seu estado físico e psicológico está em ótimas condições.
A autorrealização é bastante subjetiva, pois cada pessoa tem anseios e objetivos de vida
diferentes, sendo importante o reconhecimento dos mesmos para que o indivíduo possa bus-
car formas de alcançá-los. Embora não seja tarefa fácil, se autoconhecer é fundamental para a
autorrealização, pois quando sabemos o que queremos e o que nos faz felizes fica mais fácil
alcançar a autorrealização. A empresa deve estar atenta aos anseios profissionais de seus cola-
boradores e criar oportunidades para que, com o esforço, empenho e merecimento do traba-
lhador, estes sejam atingidos.
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MECÂNICOS - VOLUME II
200
FIQUE As empresas modernas estão cada vez mais investindo nos profissionais que se des-
tacam. Então, fique alerta e quando estiver empregado não perca tempo, mostre
ALERTA todo o seu potencial para adquirir o seu lugar de destaque na empresa.
Maslow explicou o comportamento humano através de uma pirâmide que dividiu as necessidades hu-
manas em cinco níveis, dispostos em ordem hierárquica. A Figura a seguir mostra esta pirâmide com a
divisão destas necessidades.
Necessidades
de Autorrealização
Necessidades de Estima
Necessidades Sociais
Necessidades de Segurança
Necessidades Fisiológicas
Pela Pirâmide de Maslow, podemos perceber que as necessidades básicas devem ser primeiramente
satisfeitas para que as necessidades de nível mais elevado sejam buscadas. A autorrealização, no topo
da pirâmide, só é atingida quando todas as outras necessidades a seguir já foram alcançadas. Em outras
palavras, para ter um funcionário autorrealizado é necessário estabilizar as demais necessidades do traba-
lhador.
Maslow definiu que as necessidades fisiológicas são aquelas necessárias à sobrevivência do indivíduo,
tais como a alimentação, a respiração, a reprodução, o descanso, o abrigo e a vestimenta. Já as necessi-
15 AUTORREALIZAÇÃO
201
RECAPITULANDO
Iniciamos este capítulo falando sobre o significado de autorrealização e como a empresa é funda-
mental em proporcionar as oportunidades para que os seus funcionários atinjam seus objetivos e
sonhos.
Logo após falamos acerca de como o autoconhecimento é determinante na autorrealização, já que
é necessário saber o que almejamos para alcançar os nossos objetivos.
Por fim, falamos da conhecida Pirâmide de Maslow e de como é importante satisfazer as necessi-
dades fisiológicas, de segurança, sociais e de estima para atingir o topo da pirâmide e conseguir a
autorrealização na vida profissional.
31 Proatividade: quando o indivíduo se antecipa em suas ações para solucionar um problema ou implantar uma melhoria,
responsabilizando-se pelas suas escolhas.
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______.______ , v.1. Brasília: SENAI DN; Salvador: SENAI DR, 2013, p.80. (Série Construção Civil).
Um dos símbolos utilizados como divulgação na certificação da ISO 14001. Figura 82.
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ção. Figura 88.
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multimídias. Figura 89.
______.______ . Brasília: SENAI DN; Salvador: SENAI DR, 2012, p.108. (Série Logística). Apresenta-
ção de um Trabalho. Figura 90.
______. Metodologia da pesquisa. Brasília: SENAI DN ; Salvador: SENAI DR, 2013, pág.32. (Série
Meio Ambiente) Seleção do tema. Figura 85.
______.______. Brasília: SENAI DN; Salvador: SENAI DR, 2013, pág 33. (Série Meio Ambiente). For-
mulação do problema. Figura 86.
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mulação do problema. Figura 86.
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
A
Assintomáticos 53
Aterro sanitário 144
C
Capitalista 141
Check up 53
Chorume 144
Coesão 169
Consumista 139, 140
Criticidade 109, 111, 120
D
Datasheet 52
Descontinuidades sub-superficiais 61
Descontinuidades superficiais 61
E
Efeito estufa 144
F
Fordismo 195
G
Gestão de ativos 46
Gestão de ativos 55
I
Insalubre 178
L
Locutores 168
M
Maltose 54
Materiais ferrosos 59
Materiais não ferrosos 59
Metano 142
N
Não renovável 140
O
Olhal 29
Orientador 167
P
PDCA 6, 103, 206, 210, 73
Proatividade 203
R
Rigging 29
S
Sobressalentes 104, 103, 105, 214
Start up 72
T
Tag 95, 96, 100, 101, 214
Tempo é dinheiro 130
Toyota 195
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Bruno Vidal
Eduardo Antonio Dos Santos
Girlene Reis Sacramento
Rizomar de Souza Santos
Robson Carlos Souza Rosario Jr
Ubatan Almeida Miranda
Elaboração
Valtércio A. Passos
Coordenação Técnica
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
André Luiz Lima da Costa
Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção
i-Comunicação
Projeto Gráfico