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SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

FUNDAMENTOS
DE
ELETRICIDADE
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

FUNDAMENTOS
DE
ELETRICIDADE
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

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Presidente

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

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Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


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SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

FUNDAMENTOS
DE
ELETRICIDADE
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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FICHA CATALOGRÁFICA

S491s

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Fundamentos de eletricidade / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2015.
113 p. il. (Série Refrigeração e Climatização).

ISBN 978-85-7519-927-5
1. Eletricidade I. Refrigeração I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série

CDU: 621.31

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Lista de ilustrações

Figura 1 - Estrutura de um átomo de referência....................................................................................................16


Figura 2 - Valor da carga elétrica.................................................................................................................................17
Figura 3 - Atração e repulsão entre as cargas.........................................................................................................17
Figura 4 - Vista em camadas de um átomo..............................................................................................................18
Figura 5 - Elétron livre.....................................................................................................................................................19
Figura 6 - (a) Campo elétrico de carga negativa (b) campo elétrico de carga positiva...........................20
Figura 7 - Potencial elétrico criado por uma carga pontual..............................................................................22
Figura 8 - Diferença de potencial................................................................................................................................23
Figura 9 - Movimento aleatório dos elétrons..........................................................................................................24
Figura 10 - Movimento ordenado de elétrons.......................................................................................................24
Figura 11 - Simbologia da resistência elétrica........................................................................................................26
Figura 12 - Potência elétrica..........................................................................................................................................27
Figura 13 - Resistência ôhmica.....................................................................................................................................30
Figura 14 - Dispositivo não ôhmico............................................................................................................................31
Figura 15 - Circuito elétrico...........................................................................................................................................40
Figura 16 - Circuito de iluminação fechado.............................................................................................................41
Figura 17 - Circuito de iluminação aberto...............................................................................................................41
Figura 18 - Circuito de iluminação maior.................................................................................................................42
Figura 19 - Simbologia de fonte de tensão constante.........................................................................................43
Figura 20 - Tensão constante........................................................................................................................................43
Figura 21 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte constante...................................................44
Figura 22 - Simbologia de uma fonte de tensão variável...................................................................................44
Figura 23 - Gráfico de tensão variável.......................................................................................................................45
Figura 24 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável........................................................45
Figura 25 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável........................................................45
Figura 26 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável........................................................46
Figura 27 - Simbologia de uma fonte de tensão variável...................................................................................46
Figura 28 - Gráfico de fonte de tensão alternada..................................................................................................47
Figura 29 - Gráfico de fonte de tensão alternada..................................................................................................47
Figura 30 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................48
Figura 31 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................48
Figura 32 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................49
Figura 33 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................49
Figura 34 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................49
Figura 35 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................50
Figura 36 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................50
Figura 37 - Ciclo e semiciclo de um sinal alternado.............................................................................................51
Figura 38 - Período de um sinal alternado...............................................................................................................51
Figura 39 - Tensão de pico de um sinal alternado.................................................................................................53
Figura 40 - Tensão de pico a pico de um sinal alternado....................................................................................53
Figura 41 - Energia de um sinal constante...............................................................................................................54
Figura 42 - Energia de um sinal alternado...............................................................................................................54
Figura 43 - Comparação do valor eficaz com valor de pico...............................................................................55
Figura 44 - Condutor com superfície de material isolante.................................................................................56
Figura 45 - Comparação fio condutor 30AWG e 24AWG....................................................................................59
Figura 46 - (a) Fio maciço (b) múltiplos fios.............................................................................................................59
Figura 47 - (a) Simbologia resistor fixo (b) simbologia resistor fixo (c) simbologia resistor variável..62
Figura 48 - Resistor com seus respectivos anéis de cores..................................................................................63
Figura 49 - Anéis de cores de um resistor................................................................................................................63
Figura 50 - Associação série de resistores................................................................................................................65
Figura 51 - Associação paralela de resistores..........................................................................................................66
Figura 52 - Associação mista de resistores...............................................................................................................68
Figura 53 - Divisor de tensão........................................................................................................................................68
Figura 54 - Divisor de corrente.....................................................................................................................................69
Figura 55 - (a) Resistor fixo (b) resistor fixo SMD....................................................................................................71
Figura 56 - Resistor variável...........................................................................................................................................71
Figura 57 - (a) Capacitor fixo (b) capacitor polarizado (c) capacitor variável...............................................73
Figura 58 - Estrutura do capacitor...............................................................................................................................74
Figura 59 - Carga do capacitor.....................................................................................................................................75
Figura 60 - Resistor limitando a carga do capacitor.............................................................................................76
Figura 61 - Tempo de carga do capacitor.................................................................................................................76
Figura 62 - Descarga do capacitor..............................................................................................................................77
Figura 63 - Tempo de descarga do capacitor..........................................................................................................77
Figura 64 - Associação série de capacitores............................................................................................................78
Figura 65 - Associação paralela de capacitores......................................................................................................78
Figura 66 - Associação mista de capacitores...........................................................................................................79
Figura 67 - (a) Capacitor poliéster (b) capacitor eletrolítico..............................................................................79
Figura 68 - Capacitor variável.......................................................................................................................................80
Figura 69 - Linhas de campo magnético..................................................................................................................84
Figura 70 - Direção das linhas de campo magnético...........................................................................................85
Figura 71 - Força magnética..........................................................................................................................................85
Figura 72 - (a) Vista lateral do condutor (b) vista superior do condutor.......................................................86
Figura 73 - (a) Linhas de campo no sentido anti-horário (b) linhas de campo no sentido horário.....87
Figura 74 - Linhas de campo em uma bobina........................................................................................................88
Figura 75 - Corrente induzida por campo magnético.........................................................................................90
Figura 76 - Transformador..............................................................................................................................................90
Figura 77 - Motor elétrico...............................................................................................................................................92
Figura 78 - Instrumento de medida analógico.......................................................................................................96
Figura 79 - Instrumento de medida digital..............................................................................................................96
Figura 80 - Medindo a corrente...................................................................................................................................97
Figura 81 - Medindo tensão..........................................................................................................................................98
Figura 82 - Multímetro digital.......................................................................................................................................99
Figura 83 - Medindo resistência................................................................................................................................ 101
Figura 84 - Rede elétrica.............................................................................................................................................. 104
Figura 85 - Operação do transformador................................................................................................................ 105
Figura 86 - Rede trifásica............................................................................................................................................. 106
Figura 87 - Defasagem sistema trifásico................................................................................................................ 107
Figura 88 - (a) Sistema estrela (b) sistema triângulo......................................................................................... 107
Figura 89 - Rede monofásica..................................................................................................................................... 108

Quadro 1 - Múltiplos e submúltiplos...........................................................................................................................34


Quadro 2 - Cores dos resistores.....................................................................................................................................64
Sumário
1 Introdução........................................................................................................................................................................13

2 Grandezas elétricas........................................................................................................................................................15
2.1 Estrutura atômica ........................................................................................................................................16
2.2 Carga elétrica.................................................................................................................................................19
2.2.1 Campo elétrico............................................................................................................................19
2.2.2 Lei de Coulomb...........................................................................................................................21
2.3 Tensão elétrica..............................................................................................................................................22
2.4 Corrente elétrica...........................................................................................................................................24
2.5 Resistência elétrica......................................................................................................................................25
2.6 Potência elétrica...........................................................................................................................................27
2.6.1 Energia...........................................................................................................................................28
2.7 Lei de Ohm.....................................................................................................................................................29
2.8 Múltiplos e submúltiplos..........................................................................................................................32

3 Circuitos elétricos ..........................................................................................................................................................39


3.1 Elementos básicos em um circuito elétrico........................................................................................40
3.2 Fonte de alimentação.................................................................................................................................42
3.2.1 Fonte de tensão constante.....................................................................................................42
3.2.2 Fonte de tensão variável.........................................................................................................44
3.2.3 Fonte de tensão alternada......................................................................................................46
3.3 Condutores e isolantes..............................................................................................................................55
3.3.1 Condutores ..................................................................................................................................56
3.3.2 Isolantes .......................................................................................................................................60
3.4 Resistores........................................................................................................................................................61
3.4.1 Aplicações.....................................................................................................................................61
3.4.2 Funcionamento..........................................................................................................................62
3.4.3 Tipos de resistores ....................................................................................................................70
3.5 Capacitores.....................................................................................................................................................72
3.5.1 Aplicações.....................................................................................................................................72
3.5.2 Funcionamento..........................................................................................................................73
3.5.3 Tipos................................................................................................................................................79

4 Princípios do eletromagnestismo.............................................................................................................................83
4.1 Magnetismo...................................................................................................................................................84
4.1.1 Campo magnético em um fio condutor ...........................................................................86
4.1.2 Campo magnético em uma bobina....................................................................................88
4.2 Aplicações do eletromagnetismo..........................................................................................................89
4.2.1 Transformador.............................................................................................................................89
4.2.2 Motor elétrico..............................................................................................................................91

5 Medindo grandezas elétricas.....................................................................................................................................95


5.1 Instrumentos de medida...........................................................................................................................96
5.2 Amperímetro.................................................................................................................................................97
5.3 Voltímetro.......................................................................................................................................................97
5.4 Ohmímetro.....................................................................................................................................................98
5.5 Multímetro.....................................................................................................................................................99
5.6 Capacímetro............................................................................................................................................... 100
5.7 Wattímetro................................................................................................................................................... 100

6 Rede elétrica.................................................................................................................................................................. 103


6.1 Rede elétrica e suas características.................................................................................................... 104
6.2 Rede Trifásica e monofásica.................................................................................................................. 106
6.2.1 Rede trifásica............................................................................................................................ 106
6.2.2 Rede monofásica..................................................................................................................... 108
6.3 Ética................................................................................................................................................................ 109

Referências......................................................................................................................................................................... 115

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 117

Índice................................................................................................................................................................................... 119
Introdução

Seja bem-vindo à Unidade Curricular Fundamentos de Eletricidade. Nela você estudará con-
ceitos inerentes à eletricidade, os princípios que regem o fenômeno desta ciência, bem como
o comportamento e funcionamento de alguns dispositivos eletrônicos vitais nos projetos de
equipamentos eletroeletrônicos.
No capítulo 2, você conhecerá os conceitos sobre as grandezas básicas da eletricidade,
como tensão, corrente e resistência elétrica. O capítulo 3 está voltado ao entendimento dos
componentes formadores de um circuito elétrico, em especial os resistores e capacitores.
Os princípios básicos do eletromagnetismo será o foco do capítulo 4, tema este que envolve
o funcionamento do transformador, dispositivo eletrônico largamente utilizado nas redes de
distribuição de energia.
O capítulo 5 aborda os instrumentos de medição, equipamentos essenciais para a verifica-
ção das grandezas elétricas em um circuito.
As redes elétricas são discutidas no capítulo 6, que apresenta uma visão geral da aplicação
dos transformadores neste tema. Por fim, você estudará a ética na eletricidade.
O conteúdo desta unidade curricular lhe orientará no entendimento e manipulação de al-
guns equipamentos eletrônicos, permitindo assim a instalação e interação com os mesmos no
intuito de prepará-lo para atuar no campo da refrigeração e climatização.
Bons estudos!
Grandezas Elétricas

Dentre as coisas que fascinam grande parte da humanidade, os mistérios que envolvem
os efeitos da eletricidade certamente estão incluídos no contexto. Diversos princípios foram,
durante décadas, sendo estudados por grandes cientistas, em busca de respostas que satis-
fizessem suas curiosidades. Graças aos avanços obtidos nas pesquisas científicas foi possível
encontrar respostas que ficaram obscuras por um longo tempo.
Neste capítulo, você estudará os princípios da eletricidade, como tensão, corrente, resis-
tência e potência elétrica. Esses e outros conceitos são de fundamental importância para um
sólido aprendizado desta unidade curricular.
Ao finalizar seus estudos você estará apto a:
a) identificar as principais grandezas elétricas envolvidas em um sistema elétrico;
b) diferenciar as características das principais grandezas elétricas;
c) relacionar as grandezas elétricas;
d) manipular a representação matemática das grandezas elétricas.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
16

2.1 ESTRUTURA ATÔMICA

A eletricidade nos acompanha diariamente em nossas rotinas domésticas e profissionais. Assim, você
já se imaginou vivendo nos dias atuais sem o uso de eletricidade para diversos fins? Difícil pensar que seja
possível conviver muito tempo sem o conforto de que se desfruta dos sistemas que dependem desta gran-
deza para seu funcionamento.
A partir da descoberta e dos estudos sobre eletricidade, o homem percebeu a possibilidade de se utili-
zar a eletricidade a seu favor. Dessa forma, sistemas e dispositivos foram sendo concebidos para aproveitar
esta energia e beneficiar a muitos. Assim, surge a eletrônica, que tem a finalidade de manipular o compor-
tamento de algumas grandezas elétricas.
A eletrônica também passou por grande evolução, o que permitiu a elaboração de dispositivos eletrô-
nicos que agregam tecnologia nas suas rotinas. Os avanços tecnológicos dos dispositivos eletrônicos que
se observa a cada dia proporcionam às pessoas cada vez mais conforto e comodidade.
A eletrônica está presente em vários campos de aplicação, por exemplo, pode-se citar os sistemas de
telecomunicação, a televisão, eletrodomésticos, na medicina, entre outras aplicações do dia a dia.
Contudo, para compreender o funcionamento desses dispositivos eletrônicos faz-se necessário, primei-
ramente, ter conhecimento sobre os conceitos que envolvem a eletricidade, que são suas grandezas elé-
tricas.
Para iniciar os estudos sobre eletricidade, o primeiro passo é entender como está disposta a estrutura
atômica que sustenta a origem da eletricidade.
Segundo Wolski (2012), os corpos são basicamente formados por átomos, constituídos por partículas
chamadas elétrons, prótons e nêutrons.
A figura, a seguir, apresenta o modelo de um átomo formado por essas partículas.

e
e

e Elétron
e p p
n n p Próton
P p n Nêutron
e
Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 1 - Estrutura de um átomo de referência


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 08)
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
17

Na figura anterior, observe que o átomo é composto por duas partes, o núcleo, no qual estão situados
os prótons e nêutrons, e a eletrosfera onde se encontram os elétrons. A parte central do átomo, ou seja, o
núcleo, mantém seus prótons e nêutrons fixos, sem movimentação. Já circundando o núcleo, na eletrosfe-
ra, estão os elétrons girando em grande velocidade. Tanto o elétron quanto o próton possuem uma carga
elétrica em valor igual a:
q = 1,6 x 10-19 C [Coulomb]
No entanto, seus sinais são opostos, conforme mostra a figura a seguir.

Julio Cesar Borchers (2015)


e Carga elétrica negativa = - 1,6 x 10 -19 C
p Carga elétrica positiva = + 1,6 x 10 -19 C
Figura 2 - Valor da carga elétrica
Fonte: do Autor (2015)

O nêutron é uma partícula que possui carga elétrica nula.


Um dos princípios da eletrostática1 refere-se ao comportamento de uma carga na presença de outra,
na qual:
a) cargas de mesmo sinal se repelem;
b) cargas de sinais opostos se atraem.

e Repulsão e
Julio Cesar Borchers (2015)

p Repulsão p
e Atração p
Figura 3 - Atração e repulsão entre as cargas
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 09)

A eletrostática é responsável por estudar o comportamento das cargas elétricas


CURIOSI quando estão em repouso. As forças de interação entre as cargas são regidas pela
DADES eletrostática.

1 Área da física que estuda o comportamento das cargas quando estão paradas.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
18

Segundo Malvino (1997), o efeito de atração entre próton e elétron é o que mantém o elétron na região
da eletrosfera. Como o próton está constantemente atraindo o elétron, esta força de atração é contrabalan-
ceada com a força centrífuga atuante no elétron, devido ao seu giro em torno do núcleo.
Em geral, um átomo é uma partícula neutra, pois o número de prótons é igual ao número de elétrons,
apresentando uma carga elétrica igual a zero, como você pode visualizar na figura que segue, uma vez que
o nêutron possui carga nula.
Apesar do átomo possuir carga líquida zero, em função da quantidade de prótons ser igual ao de elé-
trons, um átomo pode ganhar ou perder elétrons dependo de algumas condições. Para entender esse
princípio, analise a figura a seguir, que apresenta uma visão diferente do átomo.

Camada de Valência
e
p
n n
p p
p
n n
e e

Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 4 - Vista em camadas de um átomo


Fonte: adaptado de Malvino (1997, p. 25)

Na figura anterior, note que há uma distribuição em camadas dos elétrons em torno da parte central. Os
elétrons que estão mais próximos ao núcleo possuem uma energia menor que os mais distantes. À medida
que um elétron encontra-se mais afastado do núcleo, a atração entre elétron e núcleo vai diminuindo, e os
elétrons vão apresentando níveis maiores de energia.
A camada mais externa de um átomo é chamada de camada de valência, ou ainda, órbita de valência, e
os elétrons que se encontram nesta camada são conhecidos como elétrons de valência. Segundo Malvino
(1997), o elétron que se situa na camada de valência, por estar mais distante do núcleo, tem uma menor
força de atração da parte central do átomo atuando sobre ele. Nessa condição, quando este elétron ganha
uma energia adicional externa, que pode ser proveniente do aquecimento produzido pela temperatura
ambiente, o elétron pode pular desta camada de valência e tornar-se um elétron livre, podendo viajar pelo
material ao qual pertence. Contudo, esse elétron não pode vagar pelo material sem pertencer a algum
átomo; desta forma, ele logo ocupará um lugar em outro átomo vizinho.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
19

O elétron livre pode ser observado na figura a seguir.

Elétron livre
e

e
p
n n
p p
p
n n
e e

Julio Cesar Borchers (2015)


Figura 5 - Elétron livre
Fonte: adaptado de Malvino (1997, p. 25)

Quando um átomo perde um elétron, ele tornar-se eletricamente positivo, pois a quantidade de pró-
tons é maior que a de elétrons. Nessa condição denomina-se o átomo de íon2 positivo. Quando um átomo
que está em equilíbrio, ou seja, possui a quantidade de prótons e de elétrons igual, ganha um elétron, ele
torna-se eletricamente negativo, pois possui mais elétrons que prótons, e passa a ser um íon negativo.
Conheça, a seguir, os conceitos relativos à carga elétrica.

2.2 CARGA ELÉTRICA

As cargas elétricas apresentam algumas características físicas que são de grande importância para a
eletricidade. Estas você verá a seguir.

2.2.1 CAMPO ELÉTRICO

Cargas elétricas têm a característica de criar em torno de si uma grandeza física, que se denominou de
campo elétrico.
Segundo Halliday (2009), pode-se definir o campo elétrico como sendo a região do espaço em torno da
carga elétrica, no qual se coloca outra carga. Então, as duas experimentarão uma força atuante entre elas,
força essa que pode ser de atração ou repulsão, conforme já visto.

2 Um íon é um átomo que possui déficit ou excesso de elétrons. Para o primeiro caso, adquire carga positiva (cátion). Para o segun-
do, carga negativa (ânion) – uma vez que a carga do elétron é convencionada negativa.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
20

E E

- +

Julio Cesar Borchers (2015)


(A) (B)
Figura 6 - (a) Campo elétrico de carga negativa (b) Campo elétrico de carga positiva
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 27)

O campo elétrico é uma grandeza vetorial, ou seja, possui módulo, direção e sentido. Na figura anterior
(a), é apresentado o campo elétrico de uma carga negativa, no qual o vetor campo elétrico converge para
a carga elétrica.
Na mesma figura, ilustração (b), o campo elétrico de uma carga positiva pode ser observado e, nesta,
nota-se que o campo elétrico diverge da carga. Considerando as duas cargas das figuras anteriores, como
possuindo o mesmo valor, a diferença entre as duas reduz-se apenas na direção do campo elétrico de cada
uma delas.
A unidade de medida do campo elétrico é o Volt/metro (V/m), e representado pela letra E.

SAIBA Para saber mais a respeito de grandezas vetoriais, consulte o capítulo 3 do livro
MAIS Fundamentos de física, volume 1, de David Halliday.

Pode-se medir o campo elétrico de uma carga, mediante a seguinte equação.

Onde:
E: Intensidade do campo elétrico [Volt/metro];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância da carga ao ponto de medida [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
21

Com esta equação, pode-se determinar a intensidade do campo elétrico em qualquer ponto em torno
de uma carga elétrica pontual. Note que, à medida que o ponto em análise fica mais distante da carga, o
campo elétrico diminui.

A equação do campo elétrico apresentada anteriormente serve apenas para


FIQUE a determinação do campo de uma carga pontual, não podendo ser aplicada
ALERTA diretamente para outras distribuições de carga, como um fio retilíneo com cargas
distribuídas. O valor da constante do meio para o vácuo vale k=9x109 Nm²/C².

2.2.2 LEI DE COULOMB

O campo elétrico determina a força atuante entre duas cargas elétricas, no qual cargas de mesmo sinal
se repelem, e sinais opostos se atraem. Você vai entender como isso pode ser mensurado, na sequência.
Segundo Halliday (2009), esta força atuante sobre as cargas, independente se for atração ou repulsão, pode
ser medida através da Lei de Coulomb, expressa pela seguinte equação.

Onde:
F: Força atuante entre as cargas [Newton];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância entre as cargas [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
Note que, pela equação apresentada anteriormente, a força entre duas cargas quaisquer depende, em
essência, do meio em que as partículas estão inseridas, o valor das cargas, e a distância entre elas.
Veja, a seguir, um exemplo:
Encontre a força de repulsão entre as cargas da figura abaixo, sendo que estas estão presentes no vácuo.

- 1uC - 1uC
e e
Julio Cesar Borchers (2015)

2,5m
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
22

Solução:
Utilizando a equação referente à Lei de Coulomb:

O problema menciona que as cargas estão presentes no vácuo. Em situações nas quais elas estejam
inseridas em um meio diferente, a constante do meio deve ser alterada para o valor do meio em que elas
estão inseridas. Desse modo, a intensidade da força entre as cargas também será alterada.

2.3 TENSÃO ELÉTRICA

O campo elétrico criado por uma carga elétrica, quando analisado adequadamente, pode apresentar
outro conceito inerente à eletricidade, a força eletromotriz.
Analise, então, o exemplo apresentado pela figura que segue.

V1 V2
-
Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 7 - Potencial elétrico criado por uma carga pontual


Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 85)

Na figura anterior, entre os pontos V1 e V2, há uma diferença de campo elétrico, sendo ele capaz de mo-
vimentar uma carga que seja posta entre esses dois pontos, em função da diferença de intensidade entre
eles. Desse modo, uma força de natureza elétrica atuará sobre a partícula movimentando-a. Com base nes-
se princípio, pode-se dizer que nesta região, há uma força eletromotriz (fem) que pode movimentar car-
gas elétricas quando são submetidas a esta condição. Note que em cada ponto V1 e V2 destacado na figura
anterior, pode ser associado um potencial elétrico, pois ele é derivado do campo elétrico criado pela carga.
Diferentemente do campo elétrico, que é uma grandeza vetorial, o potencial é uma grandeza escalar, ou
seja, possui apenas módulo. Seu módulo pode ser medido por meio da equação a seguir.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
23

Onde:
V: Potencial elétrico [Volt];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância da carga ao ponto de medida [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
Os dois pontos V1 e V2 na figura anterior representam valores de potencial em pontos distintos do es-
paço, em relação à carga em questão. Esses pontos apresentam valores diferentes, assim, em uma análise
mais detalhada, pode-se notar que entre V1 e V2 há uma diferença de potencial (d.d.p).

V1 V2
-
Diferença
Julio Cesar Borchers (2015)
de potencial

Figura 8 - Diferença de potencial


Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 85)

A diferença de potencial ou tensão elétrica, ou ainda força eletromotriz, como também é chamada,
é uma força que tem a capacidade de movimentar cargas elétricas entre dois pontos distintos do espaço,
devido a essa diferença de intensidade do campo elétrico. A unidade de medida da tensão elétrica é o Volt
(V), representado pela letra V.
Contudo, dentro de um condutor, para que seja possível sustentar um movimento contínuo de elétrons,
é necessário uma força que consiga manter ao longo do condutor este movimento permanente.
Para tal, pode-se produzir uma força eletromotriz mediante o uso de campo magnético, efeito físico que
você estudará mais adiante. Campos magnéticos variáveis podem também fazer surgir campos elétricos,
capazes então de produzir uma força eletromotriz que possa sustentar o movimento permanente dos elé-
trons sobre os condutores. Esse processo de geração de energia elétrica para o movimento permanente
dos elétrons pode ser obtido através dos geradores de energia elétrica.
Assim, em resumo, pode-se dizer que a tensão elétrica, ou diferença de potencial, ou ainda a força ele-
tromotriz, é a força responsável pela produção da corrente elétrica, que você estudará a seguir.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
24

2.4 CORRENTE ELÉTRICA

Como você estudou anteriormente, quando um elétron torna-se livre, ele viaja pelo material em busca
de outro átomo para ocupar um lugar na camada de valência. Em um material, esse processo ocorre cons-
tantemente, e com vários átomos. Analisando o movimento dos elétrons dentro do material, esse processo
é aleatório, esses elétrons não têm um movimento ordenado. Essa característica você pode observar nos
exemplos da figura que segue.

Elétron livre
e
e e e
p p p
n n n n n n
p p p p p p
p p p
n n n n n n
e e e e e e

Julio Cesar Borchers (2015)


e e
p p
n n n n e
p p p p
p p
n n n n
e e e e
e Elétron livre
Elétron livre

Figura 9 - Movimento aleatório dos elétrons


Fonte: adaptado de Malvino (1997, p. 32)

Segundo Wolski (2012), considerando um material condutor, quando uma força eletromotriz é aplicada
a esta estrutura fornecendo uma orientação aos elétrons livres, movimentando-os em grande parte em
uma única direção, diz-se que este comportamento é conhecido como corrente elétrica.

e e e e
Julio Cesar Borchers (2015)

Corrente Elétrica
e e e Movimento ordenado
e e
e e e de elétrons

Figura 10 - Movimento ordenado de elétrons


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 40)

Pode-se, então, conceituar a corrente elétrica como sendo o fluxo ordenado dos elétrons em uma
direção.
A unidade da corrente elétrica é o Ampère (A), representada pela letra I.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
25

CASOS E RELATOS

Choque Elétrico
Rodrigo, um garoto de nove anos, gostava bastante de jogar no videogame. Certo dia, chegou em
casa e percebeu que alguém havia deixado seu aparelho de videogame desligado e com um fio de-
sencapado. Como queria muito jogar, foi logo plugando o aparelho na tomada de energia elétrica.
Ao tocar no fio desencapado do videogame sem perceber, sentiu uma sensação desagradável.
Sem saber o que tinha ocorrido, questionou seu irmão Rafael, que havia concluído um curso sobre
eletricidade. O irmão de Rodrigo, então, explicou que o que ele havia sentido foi o que é chamado
de choque elétrico, sendo que a sensação desagradável foi o fluxo de elétrons atravessando seu
corpo, ou seja, um movimento ordenado de elétrons a que ele foi submetido. E que ele estava
justamente tocando o fio do videogame que havia se rompido, por isso estava com uma parte
desencapada.
Aproveitando o momento, Rafael explicou para Rodrigo que a corrente elétrica é a responsável
pelo choque elétrico e que pode ser fatal em determinadas circunstâncias. Portanto, Rodrigo não
deveria tocar em qualquer fio que estivesse ligado a uma rede elétrica sem a supervisão de um
adulto, nem sequer plugar o videogame na tomada, para não correr riscos de novo choque elétrico.

2.5 RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Quando uma força eletromotriz é aplicada sobre um condutor, um fluxo de elétrons é produzido através
deste condutor. Mas, como é possível controlar o fluxo de cargas que atravessa esse condutor?
Alguns materiais têm uma capacidade de se opor à passagem da corrente elétrica submetida a eles,
e essa característica que determinados materiais possuem, denomina-se de resistência elétrica. O fenô-
meno da resistência elétrica ocorre em função da movimentação interna do condutor, os elétrons acabam
entrando em choque com a estrutura atômica dos materiais desses condutores, dificultando, assim, sua lo-
comoção. A resistência elétrica possui grande importância e pode ser avaliada, com instrumentos próprios
para tal função. A unidade da resistência elétrica é o Ohm podendo ser representada pelo símbolo grego
Ω, representado pela letra R. A resistência elétrica pode ser representada em um diagrama, pela simbolo-
gia que segue.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
26

Julio Cesar Borchers (2015)


Figura 11 - Simbologia da resistência elétrica
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 45)

A intensidade da resistência elétrica depende do material que compõe o condutor. Assim, pode-se de-
terminar o valor dessa grandeza por meio da seguinte equação.

Onde:
R: Resistência elétrica do condutor - Ohm (Ω);
L: Comprimento do condutor - metro (m);
A: Área da secção transversal do condutor - metro quadrado (m2);
ρ: Resistividade do condutor – Ohm.metro (Ω.m).
Note, por meio da equação anterior, que:
a) a resistência elétrica depende do tipo de material que forma o condutor, dado por meio da
resistividade do mesmo;
b) quanto maior o comprimento do condutor, maior será a resistência apresentada por ele;
c) quanto maior a área da secção transversal do condutor, menor será sua resistência.
Veja o exemplo: para encontrar a resistência elétrica de um condutor que possui 15 metros de compri-
mento e secção transversal igual a 0,4mm², deve-se utilizar a fórmula que segue.
Dados: ρ deste condutor = 1,58 x 10-8 [Ωm]
Solução: utilizando a equação que define a resistência de um condutor:

Você sabia que a temperatura pode alterar a resistência de um material? Em geral,


CURIOSI quando a temperatura aumenta, os materiais apresentam um acréscimo em sua
DADES resistência. Porém, o carbono possui uma característica diferenciada. Nele um
aumento da temperatura provoca uma diminuição de sua resistência.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
27

2.6 POTÊNCIA ELÉTRICA

A potência elétrica é outro fenômeno frequentemente utilizado na eletricidade. Quando uma carga
é movimentada dentro de um campo elétrico, conforme apresentado na figura seguinte, um trabalho é
realizado durante o movimento, pois quando uma força desloca uma massa, o efeito é conhecido como
trabalho. Neste caso, a força é a tensão elétrica e a massa o elétron.
Então, é necessário um gasto de energia para efetuar o deslocamento da partícula, no qual o efeito da
força eletromotriz (tensão elétrica) aplicada sobre esta carga (corrente elétrica) pode ser definido como
potência elétrica, sendo, então, a energia gasta para deslocar uma partícula entre dois diferentes pontos
de um campo elétrico.

- V1 - V2

Julio Cesar Borchers (2015)


Diferença de Potencial

Figura 12 - Potência elétrica


Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 85)

A unidade de medida da potência é dada em Watt (W), e representada pela letra P.


A grandeza de potência elétrica pode ser então definida mediante a seguinte equação.

Onde:
P: Potência elétrica - Watt (W);
V: Tensão elétrica - Volt (V);
I: Corrente elétrica - Ampère (A).
Ainda pode-se definir a potência em função de outras duas equações. Elas relacionam a potência em
função da resistência envolvida.

Veja o exemplo: definir a potência sobre uma determinada resistência, sabendo que a tensão sobre ela
equivale a 25V, e a corrente que atravessa a mesma é igual a 0,5A.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
28

Solução: utilizando a equação da potência elétrica, conforme ilustrado na sequência.

Segundo Wolski (2012), durante o processo de passagem dos elétrons por um material com certa re-
sistência, eles se chocam com a estrutura atômica do material, acabando por liberar uma energia térmica
produzida pelas colisões, sendo percebido pelo aquecimento do material. Note que durante esse processo,
houve uma conversão de energia elétrica em energia térmica, ou seja, calor. Este fenômeno é conhecido
como efeito joule.
Para compreender melhor, vale esclarecer que o efeito joule é a transformação da energia elétrica em
energia térmica, pela colisão dos elétrons com os átomos do material do condutor em que está circulando.
Em muitas situações, esse fenômeno do efeito joule é utilizado para algumas outras finalidades, como,
em aquecedores, cujo objetivo principal é utilizar uma resistência elétrica com o intuito de gerar calor para
aquecimento do local desejado. Outro exemplo clássico do uso de resistência são os chuveiros elétricos
residenciais que utilizam uma resistência elétrica para aproveitar o calor gerado devido ao efeito joule, para
o aquecimento da água.

2.6.1 ENERGIA

O efeito joule pode ser entendido como uma energia perdida em algumas aplicações, pois, em deter-
minados, casos essa energia dispendida durante o processo para gerar calor foi consumida como forma de
energia elétrica da fonte supridora. Entretanto, os sistemas não possuem total eficiência em sua operação,
ou seja, parte da energia consumida por um sistema é aproveitado por ele para gerar trabalho de fato, por
exemplo, a rotação de um motor elétrico. Mas, uma parcela é transformada apenas em calor, desperdiçan-
do, então, uma parte da energia elétrica consumida da fonte fornecedora. No caso do motor, esta parcela
perdida é notada por meio do aquecimento produzido pelo motor elétrico.
No entanto, tanto a energia consumida geradora de trabalho, como a parcela que produz apenas calor,
são contabilizadas como energia elétrica provida pela fonte.
Agora imagine qual o consumo de energia que o ar condicionado de sua residência realiza, e quanto
ele gera de custo financeiro efetivo a cada mês em sua conta de energia. É possível determinar esse custo?
Positivo, a potência elétrica consumida por um período de tempo é a medida do consumo de energia
elétrica, sendo que sua unidade de medida é dada em watt-segundo, ou joule. Assim, a energia gasta é
definida como sendo a potência elétrica consumida durante o período de tempo do consumo e pode ser
encontrada de acordo com a seguinte equação.

Onde:
E: Energia gasta - Joule (J);
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
29

P: Potência elétrica - Watt (W).


∆t: Intervalo de tempo do consumo da potência - segundo (s)
O valor cobrado em sua conta de energia elétrica é dado em kWh; assim, ao se realizar o cálculo da
energia gasta, é necessário colocar na equação o valor para a potência em kW, e o tempo do consumo em
horas. Para transformar o valor da potência em Watts (W) para quilo-Watts (kW), apenas divide-se o valor
em Watts por 1000, conforme mostrado no exemplo que segue.
Veja o exemplo: a resistência elétrica de um determinado forno de 1350W fica ligada durante 6 horas
diárias. Determine o gasto financeiro diário em reais deste equipamento, sabendo que o custo da tarifa do
kWh é R$0,42.
Solução: usando a fórmula da energia gasta tem-se:

Para determinar o custo diário em reais, então:


Custo diário = (energia consumida) . (custo tarifa do kWh)
Custo diário = 8,1 kWh . 0,42 R$/kWh
Custo diário = R$ 3,402

CURIOSI O custo efetivo do kWh depende de cada região do país. Para determinar o custo de
algum equipamento de sua região mediante a equação do consumo de energia, é
DADES necessário verificar o custo do kWh cobrado por sua companhia de energia elétrica.

2.7 LEI DE OHM

A corrente elétrica produzida em um condutor é dependente da força eletromotriz aplicada a esse


condutor. Nota-se, então, que se a tensão aplicada a esse material aumentar, a quantidade de elétrons se
movendo pelo condutor também aumentará. O contrário também é verdade, ou seja, se a tensão sobre o
condutor diminuir, a força que move essas cargas diminui e, automaticamente, a corrente cai.
Contudo, outro modo de alterar a intensidade da corrente elétrica é utilizar materiais que apresentam
valores diferentes de resistência. Conforme estudado anteriormente, a função de uma resistência é se opor
à passagem da corrente elétrica; desse modo, à medida que a resistência elétrica aumenta, a corrente
diminui. Mas, será que há algum modo possível de se relacionar corrente, tensão e resistência?
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
30

Segundo Wolski (2012), um cientista chamado George Simon Ohm, realizando alguns experimentos
com corrente, descobriu uma relação desta com a tensão e a resistência, estabelecendo então a Lei de
Ohm. A lei de Ohm determina que: a intensidade da corrente elétrica atravessando uma resistência é dire-
tamente proporcional à intensidade da força eletromotriz aplicada sobre esta resistência, e inversamente
proporcional a esta resistência.
A equação referente à lei de Ohm é apresentada a seguir.

Onde:
I: Intensidade da corrente elétrica - Ampère (A);
V: Tensão elétrica aplicada sobre a resistência - Volt (V);
R: Resistência elétrica – Ohm (Ω).
Por meio dessa relação, foi notado que ao aplicar um valor de tensão sobre uma resistência, observava-
-se uma intensidade para a corrente elétrica. À medida que a tensão sobre esta mesma resistência estava
crescendo, o valor da corrente crescia na mesma proporção. Se o valor da tensão era reduzido, a corrente
elétrica através da resistência também diminuía. Imagine, então, um caso no qual mantem-se fixo o valor
da resistência e é aplicado um valor de tensão sobre ela. Nessa condição, uma corrente elétrica irá fluir pela
resistência. Logo, ao aumentar então o valor da tensão sobre essa resistência, uma corrente proporcional à
nova tensão aplicada será verificada, continuando a aumentar a intensidade da tensão, a corrente aumen-
tará. A figura, a seguir, ilustra melhor esse fenômeno.

I [A]
R
I3
I2
I1
Julio Cesar Borchers (2015)

V [V]
V1 V2 V3
Figura 13 - Resistência ôhmica
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 70)
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
31

Note que no gráfico, o valor da resistência tem um comportamento linear (R), ou seja, em qualquer
ponto do gráfico a relação entre tensão e corrente conduz a uma mesma constante, sendo ela o valor da
resistência elétrica. Esse comportamento apresentado na figura para a resistência elétrica é denominado
resistência ôhmica, pois seu valor não é alterado à medida que a tensão sobre ela oscila, produzindo sem-
pre uma corrente proporcional ao valor da tensão aplicada.
Para aqueles dispositivos no quais se aplica uma força eletromotriz, e a corrente não varia proporcional-
mente, este é denominado de não ôhmico, pois facilmente pode-se observar no gráfico que segue que o
comportamento de um dispositivo com essa característica não apresenta um gráfico linear (linha curva).

I [A]

Julio Cesar Borchers (2015)

V [V]
Figura 14 - Dispositivo não ôhmico
Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 151)

Quando uma resistência ôhmica está sob análise, desconhecendo o valor desta, pode-se utilizar as duas
outras variáveis do sistema. Neste caso, a corrente e a tensão, e descobrir o valor da resistência elétrica. A
equação apresentada a seguir foi derivada da primeira equação apresentada para a lei de Ohm.

Ou se ainda se faz necessário descobrir o valor da tensão sobre uma resistência, quando se tem apenas
o valor da corrente e da própria resistência, pode-se utilizar a seguinte equação.

Note que, com algumas manipulações matemáticas, é possível obter uma das três grandezas elétricas
em questão, quando se possui duas delas. Veja o exemplo.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
32

Determinar o valor da corrente que está atravessando a resistência da figura a seguir, quando a mesma
é submetida a uma tensão elétrica (força eletromotriz (fem)).

I=?

Julio Cesar Borchers (2015)


fem = 12V R = 48Ω

Solução: para solucionar este problema, deve-se aplicar a lei de Ohm sobre a resistência para determi-
nar a corrente que a atravessa, conforme segue.

Enfim, a lei de Ohm permite solucionar inúmeros problemas inerentes à eletricidade, com objetivo de
determinar o valor de algumas grandezas elétricas.

2.8 MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS

Na física é comum você se deparar com algumas grandezas que apresentam valores consideravelmente
grandes, ou muito pequenos. Esta é uma condição inerente aos efeitos físicos com os quais se lida, quando
se estuda esse tema. Na eletricidade, a realidade não é diferente. Grandezas como tensão, corrente, resis-
tência ou ainda potência, são algumas delas que podem apresentar valores que muitas vezes representam
intensidades físicas relativamente grandes, ou bem pequenas. Por exemplo, quando um condutor é sub-
metido a uma diferença de potencial (fem) igual 100V, é simples representá-la, mas, quando esta mesma
grandeza deve ser representada com um valor de intensidade igual a 1000000V, em uma manipulação
matemática pode tornar-se algo um tanto trabalhoso. Além disso, é possível se deparar com valores como
0,000001V, o que em operações matemáticas pode tornar-se mais problemático ainda. Para contornar
essa condição, é possível fazer uso dos múltiplos e submúltiplos, que são representações matemáticas
em notação científica na potência de dez, e que auxiliam consideravelmente a apresentação de uma gran-
deza, facilitando assim a sua manipulação.
Para exemplificar a utilização da potência de dez, utiliza-se o exemplo a seguir, que apresenta um valor
para uma corrente elétrica qualquer, que está representada dentro dos padrões de notação científica.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
33

Nesse exemplo, observe que 1,9 representa o valor numeral da corrente, enquanto x10-9 representa a
potência na base dez, que está multiplicando o valor numeral. Assim, se fosse representá-lo em sua unida-
de, deveria se proceder da seguinte forma:

Outra forma de manipulação simples em notação científica requer o deslocamento da vírgula para a
direita ou esquerda do valor numeral. Utilizando o exemplo anterior da corrente, pode-se proceder ao
deslocamento da vírgula para a esquerda, como segue no exemplo a seguir.
I = 1,9 x 10-9 = 1,9 x 10-9
I = 1,9 x 10-9 = 0,19 x 10-8
I = 1,9 x 10-9 = 0,019 x 10-7
I = 1,9 x 10-9 = 0,0019 x 10-6
I = 1,9 x 10-9 = 0,00019 x 10-5
I = 1,9 x 10-9 = 0,000019 x 10-4
I = 1,9 x 10-9 = 0,0000019 x 10-3
I = 1,9 x 10-9 = 0,00000019 x 10-2
I = 1,9 x 10-9 = 0,000000019 x 10-1
I = 1,9 x 10-9 = 0,0000000019 x 100 = 0,0000000019 [A] (Unidade)
Nesse exemplo, a vírgula foi deslocada para a esquerda, pois o valor da corrente na unidade é menor
que o representado em notação científica, sendo necessário esse procedimento para encontrar o valor
correto da unidade.
Do mesmo modo, quando a grandeza apresenta intensidade muito grande, o procedimento para uso
da notação científica permanece igual. Analise, então, uma condição no qual o valor para uma determina-
da tensão elétrica é:

No exemplo anterior, note que o valor para a tensão foi representado em potência na base dez com o
expoente positivo, diferente do exemplo anterior, no qual o expoente era negativo. Assim, para colocar
essa grandeza em sua unidade, procede-se da seguinte maneira:
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
34

Ou ainda, pode-se determinar a unidade dessa grandeza mediante o deslocamento da vírgula. Porém,
nesse caso, como o expoente da potência de base dez é positivo, a vírgula deverá ser deslocada para a
direita, conforme segue no exemplo que segue.
V = 3 x 106 = 3,0 x 106
V = 3 x 106 = 30,0 x 105
V = 3 x 106 = 300,0 x 104
V = 3 x 106 = 3000,0 x 103
V = 3 x 106 = 30000,0 x 102
V = 3 x 106 = 300000,0 x 101
V = 3 x 106 = 3000000,0 x 100 = 3000000 [V] (Unidade)
A vírgula, no caso anterior, foi deslocada para a direita, pois seu valor na unidade é maior que aquele re-
presentado em notação científica, sendo necessário este procedimento para encontrar o valor da unidade.

SAIBA Para saber mais a respeito de notação científica, consulte o capítulo 1 do livro
MAIS Fundamentos de física, volume 1, de David Halliday.

A utilização de grandezas elétricas dentro do padrão de notação científica pode ser representada por
prefixos, que facilitam a descrição e leitura da grandeza.
O quadro, a seguir, apresenta os múltiplos e submúltiplos mais usuais encontrados dentre as grandezas
elétricas, e que serão de grande ajuda durante a análise de um sistema.

PREFIXO (SÍMBOLO) POTÊNCIA DE DEZ


Tera (T) 1012
Giga (G) 109
MÚLTIPLOS
Mega (M) 106
Kilo (K) 103
Mili (m) 10-3
Micro (u) 10-6
SUBMÚLTIPLOS
Nano (n) 10-9
Pico (p) 10-12
Quadro 1 - Múltiplos e submúltiplos
Fonte: adaptado de Hayt (2003, Apêndice B)
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
35

Para melhor compreender os prefixos apresentados no quadro anterior, será utilizada a grandeza de
resistência elétrica para tal representação.
R = 5 x 1012 Ω = 5 TΩ = 5000000000000 [Ω]
R = 5 x 109 Ω = 5 GΩ = 5000000000 [Ω]
R = 5 x 106 Ω = 5 MΩ = 5000000 [Ω]
R = 5 x 103 Ω = 5 KΩ = 5000 [Ω]
R = 5 x 100 Ω = 5 Ω = 5 [Ω]
R = 5 x 10-3 Ω = 5 mΩ = 0,005 [Ω]
R = 5 x 10-6 Ω = 5 uΩ = 0,000005 [Ω]
R = 5 x 10-9 Ω = 5 nΩ = 0,000000005 [Ω]
R = 5 x 10-12Ω = 5 pΩ = 0,000000000005 [Ω]
Veja um exemplo que modifica a apresentação dos valores das grandezas elétricas em notação cientí-
fica, para a unidade.
Solução:
1,23KV = 1,23 x 103 [V] = 1230 [V]
25MV = 25 x 106 [V] = 25000000 [V]
5uV = 5 x 10-6 [V] = 0,000005 [V]
0,023KA = 0,023 x 103 [A] = 23 [A]
0,001mA = 0,001 x 10-3 [A] = 0,000001[A]
67000000uA = 67000000 x 10-6 [A] = 67 [A]

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os principais conceitos inerentes à eletricidade, sendo eles a tensão,
corrente, potência e resistência elétrica.
A tensão elétrica refere-se à força proveniente do surgimento da corrente, sendo sua unidade o
volt.
A corrente elétrica é entendida como sendo o movimento ordenado dos elétrons ao percorrer
determinado material.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
36

Para que seja possível o surgimento da corrente, uma tensão deve ser submetida a este material.
Já a potência elétrica é a relação da tensão elétrica sobre o material, e a corrente que atravessa o
mesmo.
Para que haja o controle de corrente circulando um material, pode-se fazer uso de dispositivos que
apresentam uma resistência à passagem da corrente.
Agora que você já estudou conceitos importantes da eletricidade, no próximo capítulo você verá
a sua utilização de forma prática em alguns componentes eletrônicos utilizados em circuitos elé-
tricos.
Circuitos Elétricos

Você já ouviu falar em circuito elétrico? Várias são as situações nas quais você deve ter se
deparado com este termo, principalmente quando está na presença de um especialista no as-
sunto. Mas, você sabe ao certo o que é um circuito elétrico?
Neste capítulo, você aprenderá o que é um circuito elétrico e estudará os materiais isolantes
e condutores, identificará alguns componentes formadores de um circuito elétrico e as associa-
ções de alguns componentes nesses circuitos.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os principais componentes em um circuito elétrico;
b) identificar os principais tipos de associações em circuitos elétricos;
c) determinar a resistência e capacitância equivalentes em um circuito;
d) diferenciar o comportamento das grandezas elétricas em um circuito;
e) caracterizar os materiais elétricos isolantes, condutores e resistores;
f ) realizar montagem de circuitos básicos.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
40

3.1 ELEMENTOS BÁSICOS EM UM CIRCUITO ELÉTRICO

Circuito elétrico pode ser definido como um sistema de dispositivos elétricos que estejam conectados
entre si, possibilitando a circulação de uma corrente elétrica.
Basicamente, um circuito elétrico deve ser composto pelos elementos apresentados a seguir.
a) Fonte de alimentação: é o dispositivo capaz de prover ao circuito elétrico uma força eletromotriz,
ou tensão elétrica, de modo a possibilitar neste a circulação de uma corrente elétrica, desde que
haja uma continuidade do circuito em toda sua extensão. Exemplos de fontes de alimentação são as
pilhas, baterias e geradores.
b) Condutores: são os meios nos quais os elétrons podem deslocar-se pelo circuito elétrico. Pode-se,
ainda, definir os condutores como os dispositivos do sistema que realizam a interligação entre a
fonte de alimentação e a carga.
c) Carga: é todo e qualquer dispositivo que consome certa energia da fonte de alimentação. Uma re-
sistência elétrica é uma carga, entretanto, vários outros dispositivos diferentes de uma pura resistên-
cia também são cargas. Aqui, o termo carga não significa a carga elétrica estudada no capítulo ante-
rior; neste caso, entende-se carga como sendo aquele dispositivo que consome uma determinada
energia da fonte de alimentação.
A figura a seguir apresenta os componentes básicos formadores de um circuito elétrico.

Julio Cesar Borchers (2015)

Fonte de
Condutores Carga
Alimentação

Figura 15 - Circuito elétrico


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p.68)

Diversos são os modos como os dispositivos podem estar agrupados em um circuito elétrico, mas isso
dependerá da necessidade de cada aplicação as suas distribuições.
Em uma residência ou comércio pode-se encontrar inúmeros circuitos elétricos. O mais comum de ser
evidenciado é o sistema de iluminação de um ambiente, pois pode-se identificar a fonte de alimentação
como sendo a rede elétrica disponível pela companhia de energia elétrica. Os condutores são os fios que
conectam a rede elétrica até a carga, sendo que, neste caso, a carga é a lâmpada.
Um exemplo de circuito de iluminação é apresentado a seguir.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
41

Corrente

Julio Cesar Borchers (2015)


Fonte de Elétrica
Lâmpada
Alimentação
Chave
Fechada
Figura 16 - Circuito de iluminação fechado
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 68)

Nesse circuito, note que a representação da fonte de alimentação é diferente da apresentada ante-
riormente. Você estudará, em tópico posterior, os diferentes tipos de fontes de alimentação; todavia, vale
adiantar que esta representação é dada para uma fonte de alimentação do tipo alternada, que será anali-
sada a seguir.
Ainda sobre o circuito da figura anterior, observe que, uma corrente elétrica ao ser provida (alimentada)
pela fonte, percorre o condutor e atravessa a lâmpada, provocando então seu acionamento. Ao atravessar
a lâmpada, esta corrente com o auxílio do condutor retorna à fonte de alimentação. Nesse cenário é possí-
vel identificar que houve em todo o momento uma continuidade da corrente por todo o circuito elétrico.
Diz-se, então, que nesta condição, o circuito está fechado, pois permitiu a circulação de corrente pelos
componentes formadores do sistema.
Abrir a chave, que até o momento estava fechada, provocará uma interrupção no circuito. Desse modo,
veja que não há como ter uma continuidade no movimento dos elétrons pelo mesmo, não tendo, então,
nesta condição, uma circulação de corrente pelos condutores e, consequentemente, através da lâmpada,
fazendo-a ser desligada.
Identifique essa condição de circuito aberto na figura que segue.

Fonte de
Julio Cesar Borchers (2015)

Lâmpada
Alimentação
Chave
Aberta

Figura 17 - Circuito de iluminação aberto


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Lembre-se de que o conceito de corrente elétrica é entendido como o movimento ordenado de elé-
trons. Como o interruptor está aberto, não há um modo para os elétrons se deslocarem continuamente por
toda extensão do circuito formado.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
42

Um circuito elétrico pode não ser formado apenas por um único meio de circulação para a corrente
elétrica. Pode-se ter um conjunto de dispositivos agrupando um circuito ainda maior, aumentando, neste
caso, sua complexidade.

Corrente

Julio Cesar Borchers (2015)


Fonte de Elétrica
Alimentação
Chave
Fechada

Figura 18 - Circuito de iluminação maior


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 73)

Esta condição requer uma análise mais detalhada sobre o comportamento da tensão e corrente no cir-
cuito, conceitos esses que você estudará mais adiante.

3.2 FONTE DE ALIMENTAÇÃO

Uma fonte de alimentação é o dispositivo em um circuito elétrico, que tem a finalidade de prover uma
força eletromotriz para o movimento dos elétrons por todo o sistema.
É possível separar as fontes de alimentação, ou ainda, fonte de tensão devido às suas características
funcionais, sendo elas:
a) Fonte de tensão constante;
b) Fonte de tensão variável;
c) Fonte de tensão alternada.
Conheça cada uma delas em detalhes a seguir.

3.2.1 FONTE DE TENSÃO CONSTANTE

Caracteriza-se uma fonte de tensão constante quando o nível da alimentação da fonte apresenta a mes-
ma intensidade no decorrer do tempo. Em outras palavras, pode-se dizer que este tipo de fonte de alimen-
tação possui um valor constante para o nível de tensão durante todo instante.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
43

A simbologia prevista em um diagrama elétrico de uma fonte de tensão constante pode ser vista na
figura a seguir.

Julio Cesar Borchers (2015)


-
Figura 19 - Simbologia de fonte de tensão constante
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 68)

Na figura apresentada a seguir, você pode analisar o comportamento deste tipo de fonte.

V [V]
Julio Cesar Borchers (2015)
Vmax
tempo [s]
Figura 20 - Tensão constante
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 11)

Nesse tipo de fonte, como a força eletromotriz possui sempre o mesmo valor e tem a mesma direção
durante todo o seu tempo, esta condição faz com que os elétrons sejam movimentados sempre para a
mesma direção e com a mesma força impulsionadora.
Esse comportamento pode ser observado na figura que segue, na qual uma fonte de tensão constante
alimenta um condutor que apresenta uma determinada resistência.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
44

e e e e e e
e e e e e e

Julio Cesar Borchers (2015)


- +
VF
Figura 21 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte constante
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Note que o modelo de fonte mencionado tem uma polaridade bem definida, não podendo ser conec-
tada ao circuito de forma errada, ou seja, invertida. Se esta condição de inversão ocorrer, o circuito poderá
ser danificado, dependendo da disposição do projeto.
Esse tipo de fonte é frequentemente utilizado em projetos de circuitos eletrônicos que desejam uma
fonte de tensão que tenha seu valor sempre constante, como uma bateria automotiva.

3.2.2 FONTE DE TENSÃO VARIÁVEL

Uma fonte de tensão variável tem uma característica similar à anterior, diferindo apenas por possibilitar
que a intensidade da tensão oferecida ao circuito possa ter seu valor ajustado.
A simbologia de uma fonte de tensão variável pode ser vista a seguir.

+
Julio Cesar Borchers (2015)

-
Figura 22 - Simbologia de uma fonte de tensão variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 88)

No gráfico, a seguir, você vê representado o comportamento deste tipo de fonte, assim você poderá
analisá-lo e compreendê-lo melhor.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
45

V [V]

Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


tempo [s]
Figura 23 - Gráfico de tensão variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Observe que, nesta fonte, a intensidade da tensão elétrica está oscilando à medida que o tempo está
passando. Essa condição faz com que os elétrons se movimentem sempre na mesma direção, mas com
uma força que os impulsiona que oscila na mesma proporção. Então, nota-se que, quando a fonte está com
um valor de intensidade menor, a quantidade de elétrons se movimentando na direção determinada pela
fonte é menor, mas quando esta intensidade aumenta, a quantidade de elétrons se deslocando também
aumenta, voltando a ser menor quando a fonte diminui seu valor de tensão. Esse comportamento pode ser
observado nas próximas figuras, que apresentam estas condições.
Veja, na figura a seguir, que inicialmente a intensidade da fonte apresenta um valor menor.

V [V] e e
e
e Julio Cesar Borchers (2015)

tempo [s]
- V
+

F
Figura 24 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Em seguida, observe o que acontece quando a fonte aumenta sua intensidade.

V [V] e e e e
e e e e
Julio Cesar Borchers (2015)

tempo [s]
- V
+

F
Figura 25 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
46

Na sequência, a figura mostra o momento quando seu valor volta a diminuir.

V [V] e e
e
e

Julio Cesar Borchers (2015)


tempo [s]
- V

+
F
Figura 26 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Os exemplos apresentados anteriormente ilustram o comportamento da corrente elétrica, decorrente


da oscilação da fonte de tensão variável.

3.2.3 FONTE DE TENSÃO ALTERNADA

A principal característica de uma fonte de tensão alternada é apresentar diferentes valores, durante
o tempo que a fonte está alimentando o circuito. Em geral, pode-se dizer, ainda, que esta fonte alterna o
sentido de movimento dos elétrons, ou seja, o sentido de circulação da corrente elétrica.
Na figura a seguir, você pode identificar a representação da simbologia de uma fonte de tensão alter-
nada.
Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 27 - Simbologia de uma fonte de tensão variável


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 123)

E com o gráfico, que segue, a representação do comportamento deste tipo de fonte.


3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
47

V [V]

+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


tempo [s]
-Vmax

Figura 28 - Gráfico de fonte de tensão alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Diferente dos outros modelos de fonte de alimentação, uma fonte alternada tem a característica de for-
çar os elétrons a se deslocar durante um momento em um sentido, e em outro momento o deslocamento
ocorre no sentido contrário. Esse fenômeno ocorre, pois durante um tempo transcorrido, a força que movi-
menta os elétrons está em uma direção, e em outro momento, esta força muda de direção.
Este comportamento ocorre periodicamente, ou seja, se repete de tempos em tempos, conforme apre-
sentado no gráfico a seguir.

V [V]

+Vmax
+ + +
tempo [s]
Julio Cesar Borchers (2015)

- - -
-Vmax

Figura 29 - Gráfico de fonte de tensão alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Observe, no gráfico da fonte de tensão alternada, que quando a intensidade da tensão está acima do
eixo do tempo [s], pode-se dizer que ela possui uma tensão positiva, mas quando esta intensidade encon-
tra-se abaixo do eixo do tempo [s], então pode-se associá-la a uma tensão negativa. Ao dizer que a tensão
está positiva ou negativa, está se encontrando uma forma de dizer que o sentido da força está em uma
direção ou em outra.
Enfim, pelo motivo apresentado anteriormente é que se diz que uma fonte é do tipo alternada, pois a
grandeza de tensão elétrica varia sua intensidade com o tempo de forma periódica, ou seja, de tempos em
tempos, mudando constantemente o sentido de sua força eletromotriz.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
48

Para melhor compreender o processo de alternância da força eletromotriz, você pode analisar as figuras
seguintes.
Inicialmente, como a força eletromotriz está aumentando, observa-se alguns elétrons se deslocando
em uma determinada direção, sendo que este movimento é definido pela direção da força provocado pela
fonte de tensão.

V [V] e e
e
e
+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 30 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Em um momento, a intensidade da fem (força eletromotriz) provocado pela fonte atinge seu valor má-
ximo.
Neste instante, nota-se que há um grande número de elétrons se deslocando, devido à maior força
provocada pela fonte de tensão.

V [V] e e e e
e e e e
+Vmax
Julio Cesar Borchers (2015)

-Vmax tempo [s]

Figura 31 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Após atingir seu valor máximo, a fonte de tensão começa a apresentar uma diminuição em sua força
eletromotriz, até chegar a um valor de intensidade igual a zero.
Observe que os elétrons agora não estão se deslocando, pois a fonte não possui força capaz de movi-
mentá-los, como você pode notar na figura a seguir.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
49

V [V] e e e e
e e e e
+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 32 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

A força eletromotriz da fonte inverte então seu sentido, provocando um deslocamento nos elétrons
contrário ao anterior, representado na figura seguinte.

V [V] e e
e e
+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 33 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Veja que ao aumentar sua intensidade, porém, no sentido contrário, a fonte atinge seu valor máximo.
Em consequência, também atinge um máximo movimento dos elétrons no mesmo sentido.

V [V] e e e e
e e e e
+Vmax
Julio Cesar Borchers (2015)

-Vmax tempo [s]

Figura 34 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Após atingir seu valor máximo no sentido contrário, a fonte de tensão começa a apresentar uma dimi-
nuição em sua força eletromotriz, até chegar a um valor de intensidade igual a zero. Novamente, os elé-
trons ficam sem qualquer movimento.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
50

V [V] e e e e
e e e e
+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 35 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

A fonte volta então a apresentar uma fem (força eletromotriz) em outro sentido. Deste ponto em diante,
o processo volta a se repetir periodicamente.

V [V] e e
e
e
+Vmax

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 36 - Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 108)

Esse processo de alternância no sentido da força pela fonte pode ser denominado como sendo uma
mudança constante na polaridade da mesma. Para o comportamento apresentado, pode-se atribuir algu-
mas características ao sinal alternado, conforme você verá a seguir.

SAIBA Para saber mais a respeito de fonte de tensão consulte o capítulo 1 do livro Eletrônica,
MAIS volume 1, de Albert Paul Malvino.

CICLO E SEMICICLO

Quando o sinal sair de um valor zero, atingindo seu valor máximo, e retornar novamente a zero, é deno-
minado de semiciclo.
E quando este sinal continua crescendo no sentido contrário, atingindo o valor máximo oposto, e retor-
nar novamente a zero, é denominado de ciclo.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
51

Você pode identificar todo esse processo representado na figura a seguir.

V [V]
Semiciclo
+Vmax

tempo [s]

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax
Ciclo
Figura 37 - Ciclo e semiciclo de um sinal alternado
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 109)

Um sinal alternado, gerado por uma fonte de tensão, também pode ser denominado como sinal
senoidal1, pois apresenta as características senoidais.

PERÍODO E FREQUÊNCIA

O tempo transcorrido ao acontecimento de um ciclo é denominado de período, ou seja, o período re-


presenta o tempo que o sinal leva para sair do seu valor zero, atingir um valor máximo positivo, retornar a
zero, novamente atingir o valor máximo negativo, e retornar a zero.

V [V]

+Vmax
Julio Cesar Borchers (2015)

tempo [s]
-Vmax
Período
Figura 38 - Período de um sinal alternado
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 109)

1 São sinais que representam o comportamento alternado de uma grandeza; neste caso, tensão elétrica e corrente elétrica.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
52

A unidade de medida do período é o segundo [s], e representado pela letra T. Contudo, a quantidade de
ciclos que um sinal consegue completar durante o tempo de 1 segundo é determinado como frequência
do sinal.

V [V]

+Vmax

tempo [s]

Julio Cesar Borchers (2015)


-Vmax
1 segundo

A unidade da frequência é o Hertz [Hz], representado pela letra F. É possível relacionar o período com a
frequência mediante a equação que segue.

Onde:
F: Frequência do sinal - Hertz(Hz);
T: Período do sinal - segundo (s).
Veja o exemplo. Um sinal alternado possui o período do seu ciclo igual a 0,02s. Determine a frequência
do sinal.
Solução: utilizar a equação que relaciona a frequência com o período do sinal:

No exemplo, o sinal alternado consegue completar 50 ciclos durante o tempo de 1 segundo. Em função
disso, se diz que a frequência dele é igual a 50Hz.

VALOR DE PICO

Quando o sinal sai de um valor zero, antes de voltar ao mesmo ponto, ele atinge um valor máximo. O
valor máximo, chamado de amplitude do sinal, é denominado de valor de pico.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
53

A tensão de pico da fonte representa a máxima força com que ela consegue movimentar os elétrons
internamente ao condutor.

V [V]

Tensão +Vp

Julio Cesar Borchers (2015)


de pico
tempo [s]

Figura 39 - Tensão de pico de um sinal alternado


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 111)

A diferença entre o valor de pico positivo de um sinal, em relação ao pico negativo deste sinal, é deno-
minada de valor de pico a pico, ou tensão de pico a pico.

V [V]

+Vp
Tensão de
Julio Cesar Borchers (2015)

pico a pico
tempo [s]
-Vp
1 segundo
Figura 40 - Tensão de pico a pico de um sinal alternado
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 109)

VALOR EFICAZ

Quando uma diferença de potencial é imposta a uma determinada carga, uma energia é transferida
para ela. Imagine, neste caso, que a carga seja uma resistência elétrica.
Se esta resistência for submetida a uma força eletromotriz constante, será possível observar que certa
energia foi entregue à carga, e pode-se definir esta energia mediante a área que este sinal possui acima do
eixo do tempo [s], conforme segue.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
54

V [V]

Julio Cesar Borchers (2015)


+Vp
Área
tempo [s]
Figura 41 - Energia de um sinal constante
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 112)

Em um sinal alternado, a média de energia também está relacionada à área do sinal em relação ao eixo
do tempo [s].

V [V]

+Vp
Área Área Área

Julio Cesar Borchers (2015)


Área Área Área
tempo [s]
-Vp
Figura 42 - Energia de um sinal alternado
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 113)

Assim, um sinal alternado com um valor de pico, transfere a uma carga certa energia. A definição de
valor eficaz, ou tensão eficaz, representa o valor que um sinal constante produz de efeito sobre a carga, em
termos de energia entregue, igualmente a um sinal alternado com determinado valor de pico.
A comparação entre o valor eficaz de um sinal alternado, e o seu valor de pico, pode ser analisado na
figura que segue. Tanto o semiciclo positivo, quanto o negativo, produz energia sobre uma carga. Assim,
nesta figura foi transferido o semiciclo negativo para o lado superior do eixo do tempo [s], para uma melhor
visualização comparativa entre tensão eficaz e tensão de pico.
Note ainda que, se a área de todos os semiciclos for somada, será igual à área representada pelo valor
eficaz.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
55

V [V]

+Vp

Julio Cesar Borchers (2015)


V eficaz
Área
tempo [s]
Figura 43 - Comparação do valor eficaz com valor de pico
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 112)

Pode-se avaliar o valor eficaz de um sinal com seu valor de pico, mediante a equação na sequência.

Onde:
Vef: Valor eficaz do sinal;
Vp: Valor de pico do sinal.
A equação anterior pode ser utilizada para determinar o valor eficaz de uma tensão mediante seu valor
de pico, ou encontrar o valor de pico em função da tensão eficaz. Porém, essa equação pode também ser
utilizada para determinar o valor eficaz e de pico de uma corrente elétrica.
Lembrando apenas que, a relação acima é aplicável a sinais senoidais. Como a rede elétrica de residên-
cias ou escritórios é alternada de forma senoidal, pode-se utilizá-la.

3.3 CONDUTORES E ISOLANTES

Conforme você estudou no capítulo anterior, os materiais são formados por átomos que possuem em
sua composição: elétrons, prótons e nêutrons. Dada à carga negativa do elétron, e positiva do próton, há
uma força de atração existente entre eles. No entanto, essa força é equilibrada em decorrência da força
centrífuga presente no elétron, devido ao seu giro em torno do núcleo. Esse efeito atrativo entre próton e
elétron, em conjunto com a força centrífuga, é o que mantém o elétron preso na eletrosfera.
Como os elétrons estão distribuídos em camadas em torno do núcleo, as partículas que situam-se na
órbita de valência, possuem uma força de atração menor com os prótons. Essa condição permite aos
elétrons situados nesta região tornarem-se elétrons livres quando uma energia externa é fornecida a eles.
Nos materiais que apresentam uma grande quantidade de elétrons livres, atribui-se a eles a denomina-
ção de condutores, pois permitem com certa facilidade a condução da corrente elétrica. Todavia, aqueles
materiais que não possuem elétrons livres são denominados de isolantes, uma vez que não possibilitam
uma condução de corrente elétrica com facilidade.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
56

SAIBA Para saber mais a respeito de condutores e isolantes, consulte o capítulo 21 do livro
MAIS Fundamentos de Física, volume 3, de David Halliday.

Assim, pode-se dizer que os materiais condutores são os meios pelos quais os elétrons podem se des-
locar em um circuito elétrico. Sem eles, não seria possível transferir a energia de uma fonte de alimentação
para a carga desejada, inviabilizando assim as aplicações. Dentro desse contexto, pode-se denominar os
condutores como sendo os guias da corrente elétrica. No entanto, um circuito não é sustentado apenas por
seus condutores, mas também por materiais que possam de alguma forma garantir a proteção tanto do
circuito elétrico como das pessoas que o manipulam. Esses materiais chamam-se isolantes.
A figura que segue apresenta a imagem de um condutor que possui em sua superfície um material
isolante.

Ulkan

Figura 44 - Condutor com superfície de material isolante


Fonte: Thinkstock (2015)

Diversos são os tipos de condutores, bem como os isolantes. Cada aplicação requer materiais com ca-
racterísticas elétricas específicas; por este motivo é que se pode encontrar diferentes especificações para
os condutores e isolantes.

3.3.1 CONDUTORES

A principal característica de um material condutor é dispor de um grande número de elétrons livres que
lhe permite desempenhar um papel importante na condução da corrente elétrica. Entretanto, será esta a
única característica que define a escolha adequada de um material condutor para o uso nas aplicações?
Há outras grandezas elétricas envolvendo os condutores, que podem ser importantes para a aplicação
a que o material será submetido, sendo necessária sua consideração. Sendo elas:
a) resistência elétrica do condutor;
b) coeficiente de temperatura;
c) capacidade de corrente.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
57

RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO CONDUTOR

Todo condutor, apesar de possuir uma ótima condição para a passagem da corrente elétrica, também
dispõe de certa resistência elétrica intrínseca a ele. Em outras palavras, mesmo sendo pequena nesses ma-
teriais, ela existe. Esse fenômeno é determinado pelo choque dos elétrons que estão em movimento, com
a estrutura interna do material. As colisões entre elétron e estrutura atômica do condutor provocam uma
liberação de energia térmica por parte do elétron, que notadamente verifica-se mediante o aquecimento
do condutor. Esse é chamado efeito joule, como você já estudou anteriormente.
A resistência intrínseca do material depende de alguns fatores, sendo eles:
a) comprimento do condutor;
b) área da secção transversal do condutor;
c) resistividade do material.
Com essas informações e a equação a seguir, já definida anteriormente, você pode determinar o valor
final para a resistência em um condutor.

Com base na análise desses parâmetros, observa-se que:


a) o comprimento do condutor influencia em sua resistência elétrica. Quanto maior seu comprimento,
maior será a grandeza da resistência;
b) quanto maior a área da secção transversal do material, menor será a resistência elétrica, ou seja,
quanto maior o diâmetro do condutor, menor a resistência;
c) a resistência elétrica é dependente do material utilizado na formação do condutor, sendo este
parâmetro a resistividade do mesmo.
Notadamente, os condutores devem possuir a menor resistência elétrica possível; do contrário, haverá
uma dissipação de calor no material que acarretará em uma perda de energia, que foi fornecida pela fonte,
para o sistema.
No entanto, há um parâmetro oposto à resistência que define a boa condutividade do material, sendo
ele a condutância. Essa grandeza representa o quanto ele permite de condução da corrente elétrica. A
unidade da condutância é o siemens [s], representado pela letra G. Como a condutância é o inverso da
resistência, pode-se defini-la conforme a equação a seguir.

Onde:
G: Condutância elétrica - siemens (s);
R: Resistência elétrica - ohms (Ω).
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
58

Assim, a escolha adequada do material, no que se refere a essa grandeza, é de fundamental importância
para evitar perdas de energia nos circuitos elétricos.

COEFICIENTE DE TEMPERATURA

Segundo Halliday (2009), quando um material condutor é submetido a variações de temperatura, a sua
resistividade sofre alterações, aumentando ou diminuindo o valor final desta grandeza. Um aumento ou di-
minuição no valor final da resistividade depende do material de que o condutor é composto. Essa mudan-
ça na resistividade de um condutor, mediante a variação da temperatura sobre o mesmo, é denominada
de coeficiente de temperatura.
O cobre e o alumínio são exemplos de materiais que aumentam sua resistência com o aumento da tem-
peratura. Esse fenômeno ocorre, pois ao aumentar a temperatura sobre o material, há uma maior vibração
na estrutura interna do condutor. O resultado é um aumento na dificuldade à movimentação das cargas
elétricas, uma vez que os elétrons tendem a ter uma maior possibilidade de choque com as partículas do
material.
Note que, quando o choque dos elétrons com a estrutura do condutor aumenta, o efeito joule também
aumenta.
Todavia, outros materiais apresentam um efeito oposto ao comentado no parágrafo anterior. O carbo-
no, por exemplo, tem uma diminuição de sua resistência final, quando a temperatura sobre ele é acrescida.
Com base nessa característica que os condutores apresentam, a escolha adequada do material é funda-
mental para que, em algumas aplicações, a variação da resistência, devido à temperatura sobre o mesmo,
não seja fator impeditivo para seu uso. Em algumas aplicações, os condutores são submetidos a condições
ambientais de temperatura elevada, exigindo, neste caso, uma análise cuidadosa do material utilizado na
composição do condutor. Quando se faz a seleção de um condutor para uso, deve-se verificar junto ao seu
fabricante qual a resistência que ele apresenta para uma determinada temperatura.

CAPACIDADE DE CORRENTE

Em um circuito elétrico, os condutores são os responsáveis em fornecer o meio para a passagem da


corrente elétrica. Mas, será que não é necessário se preocupar com a intensidade da corrente que atravessa
esses condutores?
Todo material que é submetido a uma corrente elétrica tem um limite para o valor dessa grandeza.
Como você estudou anteriormente, uma corrente, ao passar por um condutor, gera aquecimento no
material. O aquecimento, quando excessivo, poderá comprometer o material isolante, ou seja, a capa iso-
lante. Esta capa tem a finalidade de garantir que o condutor não entre em contato com os demais condu-
tores, como também, garante que qualquer pessoa, ao tocar no material, não seja submetida a um choque
elétrico. A degradação desta isolação poderá comprometer esses benefícios, apresentando problemas fun-
cionais ao sistema, como também a qualquer pessoa que entre em contato com ele.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
59

Os locais de aplicações de condutores, em grande parte, são locais que podem apresentar certa dificul-
dade para um bom resfriamento. Essa condição é um ponto que pode agravar o efeito que a temperatura
causa sobre o condutor.
O excesso de corrente não é um ponto preocupante apenas quanto ao aquecimento a ser ocasionado
ao sistema, mas também aos intensos valores que a estrutura do material consegue suportar.
Conforme já mostrado, a capacidade de condução que um condutor suporta, depende do seu diâmetro,
ou seja, da sua área da secção transversal. Para o dimensionamento correto do parâmetro, pode-se fazer
uso de uma unidade de medida padronizada denominada de AWG (American Wire Gauge). Como o AWG
é representado por uma tabela, quanto maior for o numeral que antecede a sigla, menor será o diâmetro
do condutor. Observe, por exemplo, na figura que segue, que o fio condutor 24AWG possui um diâmetro
maior que o condutor com especificação de 30AWG.

Julio Cesar Borchers (2015)

30 AWG 24 AWG
Figura 45 - Comparação fio condutor 30AWG e 24AWG
Fonte: do Autor (2015)

No padrão AWG é possível determinar a máxima corrente permitida no condutor, sem que essa corrente
possa gerar um aquecimento que comprometa o sistema, versus o diâmetro do condutor.
Os condutores podem ser encontrados em algumas configurações, como em fio maciço, o qual é com-
posto apenas por um único condutor, e os cabos com múltiplos fios.
Julio Cesar Borchers (2015)

(a) (b)
Figura 46 - (a) Fio maciço (b) Múltiplos fios
Fonte: do Autor (2015)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
60

O cabo formado por múltiplos fios possui maior facilidade de trabalho nas aplicações que se faz neces-
sário uma maior flexibilidade mecânica para a passagem do condutor, pois sua rigidez é menor que o fio
maciço.

3.3.2 ISOLANTES

Os isolantes são aqueles materiais que não possuem elétrons livres, condição esta que não permite a
condução de corrente elétrica com certa facilidade.
O objetivo principal de um material isolante em um circuito elétrico é garantir que a corrente elétrica
não circule por certos caminhos. Exemplo desta aplicação são os condutores, nos quais a capa externa é fa-
bricada com material isolante para impedir que o condutor entre em contato com outro material condutor,
evitando, assim, o funcionamento indesejado do circuito elétrico. Também serve para garantir uma prote-
ção contra acidentes ao usuário do sistema, de modo que se este tocar o condutor quando uma corrente
elétrica o esteja atravessando, não seja submetido a um choque elétrico.
Numerosos são os materiais utilizados na fabricação de isolantes, dentre eles pode-se citar a borracha,
o plástico, o papel, entre outros. Cada qual com suas características isolantes favoráveis a aplicações espe-
cíficas.
Um exemplo é o papel, considerado um material com baixa capacidade de isolação. A borracha, por
sua vez, é um material utilizado com frequência como cobertura isolante dos condutores, por ser esta uma
característica bastante acentuada neste material. Outra aplicação isolante da borracha é a fabricação de
luvas de proteção em trabalhos com alta tensão.
Apesar dos isolantes desempenharem um papel importante de oposição à passagem da corrente elé-
trica, quando eles são submetidos a um alto valor de diferença de potencial, uma circulação de corrente
é identificada passando pelos isolantes. Nessa condição, o material deixou de ser um isolante e passou a
conduzir uma corrente elétrica.
Note que, o fato da corrente atravessar o material só foi possível em função do valor da tensão elétrica
sobre o mesmo ter excedido os limites de isolação permitidos pelo material. Este limite determinado nos
materiais é denominado de rigidez dielétrica. A rigidez dielétrica pode ser entendida como o valor limite
da diferença de potencial aplicada ao material sem que ele seja danificado.
É importante você atentar que a escolha de um cabo depende não apenas de sua capacidade de con-
duzir corrente elétrica, mas também das suas características isolantes.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
61

CASOS E RELATOS

Adquirindo uma fonte de tensão


João, um homem de cinquentas anos, ao ligar seu rádio, como fazia todos os dias pela manhã, no-
tou que ele não estava funcionando. Como João não tinha conhecimentos acerca de eletricidade,
nem tampouco de eletrônica, chamou um técnico para verificar o problema ocorrido.
Após a análise, o técnico informou ao João que o problema estava na fonte de tensão externa ao
equipamento e que ele deveria comprar uma nova fonte para o dispositivo. Para tal, João ques-
tionou o técnico sobre quais informações do modelo da fonte ele deveria repassar ao vendedor
da loja de produtos eletrônicos, para adquirir uma com as mesmas características da defeituosa.
O técnico, então, informou ao João que ele deveria levar as informações de tensão e potência da
fonte danificada para comprar corretamente a nova.
João, então, anotou as informações necessárias e foi em busca de uma nova fonte de tensão para
seu rádio. Após efetuar a compra, João foi para casa, trocou a fonte de alimentação do aparelho e
voltou a ouvir seu programa favorito.

3.4 RESISTORES

Você estudou anteriormente as características de alguns materiais de oposição à passagem da corrente


elétrica cujo comportamento se denomina de resistência elétrica. Todavia, quando se trabalha com proje-
tos de circuitos eletrônicos, há necessidade de limitar a corrente que flui por este circuito, e para atender
esta necessidade é que surge um dispositivo eletrônico, denominado de resistor.
Segundo Wolski (2012), o resistor é um componente eletrônico que possui como sua característica cen-
tral a oposição a passagem da corrente elétrica, ou seja, a resistência elétrica.

3.4.1 APLICAÇÕES

Pode-se dizer que a principal aplicação do resistor é a limitação de corrente que circula por um circuito
eletrônico.
Uma vasta gama de circuitos eletrônicos pode fazer uso deste dispositivo, desde circuitos de baixa po-
tência, aqueles que lidam com sinais elétricos de baixo valor, como também em conjuntos projetados para
operar com potências maiores.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
62

Um detalhe importante, e que o projetista deve ficar atendo ao utilizar o resistor, é sua potência elétrica,
ou seja, sua capacidade de dissipar calor. Ao dimensionar um dispositivo destes em qualquer projeto, a
potência que ele poderá dissipar deve ser maior que a potência real dissipada no resistor quando estiver
em uso no circuito, do contrário, o componente será danificado.

O uso correto do resistor é condicionado à máxima potência capaz de ser dissipada


FIQUE por ele em um componente; por isso, esse deve ser o primeiro item a ser verificado
antes de empregá-lo. Na sequência, determine um resistor que suporte uma
ALERTA intensidade de potência elétrica superior à que será dissipada sobre ele nesta
aplicação.

Como este dispositivo eletrônico possui as características da resistência, sua unidade de medida tam-
bém é o Ohm (Ω), representado pela letra R.
O resistor pode ser representado também pela simbologia a seguir.

Julio Cesar Borchers (2015)


(a) (b) (c)
Figura 47 - (a) Simbologia resistor fixo (b) Simbologia resistor fixo (c) Simbologia resistor variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 45)

Algumas aplicações requerem a possibilidade de modificar o valor da resistência do componente quan-


do ele se encontra em uso. Por este motivo é que além de resistores que possuem o valor da resistência
fixa, também estão disponíveis modelos que permitem que sua resistência possa ser alterada, conforme
simbologia apresentada anteriormente.

3.4.2 FUNCIONAMENTO

Você estudou anteriormente como funciona e qual a finalidade do uso dos resistores em um circuito
elétrico, mas para que isso seja perfeito, tem-se a necessidade de usá-lo dentro da sua capacidade resistiva.
Para tal, criou-se uma regra utilizando cores de maneira que seja possível identificar o valor do componen-
te. Prepare-se para conhecer na sequência.
Os resistores dispõem em seu corpo de um conjunto de anéis coloridos que representam o valor de sua
resistência. Cada anel possui um número associado a sua cor, de modo que a sequência da disposição da
cor desses anéis determina o valor da resistência do componente.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
63

CÓDIGO DE CORES

A figura que segue apresenta a disposição dos anéis de cores em um resistor.

Xavier Perez
Figura 48 - Resistor com seus respectivos anéis de cores
Fonte: Thinkstock (2015)

O valor do componente pode ser extraído mediante a leitura, em sequência, dos anéis presentes no
corpo do dispositivo.
1° Anel
2° Anel
3° Anel
4° Anel

Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 49 - Anéis de cores de um resistor


Fonte: do Autor (2015)

1º Anel: primeiro algarismo que representa o valor da resistência elétrica;


2º Anel: segundo algarismo que representa o valor da resistência elétrica;
3º Anel: fator que multiplica o número formado pelos dois primeiros algarismos;
4º Anel: representa a tolerância do dispositivo.
Cada anel é representado por determinada cor. O número referente a cada cor pode ser visto no quadro
que segue.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
64

VALORES NOMINAIS FATOR MULTIPLICADOR


Preto 0 x1
Marrom 1 x 10
Vermelho 2 x 100
Laranja 3 x 1000
Amarelo 4 x 10000
Verde 5 x 100000
Azul 6 x 1000000
Violeta 7
Cinza 8
Branco 9
Ouro x 0,1
Prata x 0,01
Marrom ±1%
Vermelho ±2%
Ouro ±5%
Prata ±10%
Quadro 2 - Cores dos resistores
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 50)

Para a leitura do valor da resistência pode-se adotar a sequência a seguir:


1) verificar no quadro o número referente à cor do primeiro anel;
2) verificar no quadro o número referente à cor do segundo anel;
3) fazer a multiplicação dos dois primeiros algarismos formados no passo 1 e passo 2, pelo fator de
multiplicação referente à cor do terceiro anel;
4) verificar no quadro a tolerância do componente mediante a cor do quarto anel.
Veja o exemplo: encontrar o valor da resistência referente a um resistor com a seguinte sequência de
cores:
1º Anel: Amarelo;
2º Anel: Vermelho;
3º Anel: Marrom;
4º Anel: Vermelho.
Solução:
Para a solução deste problema, primeiro deve se consultar no quadro a cor referente a cada anel.
Anel 1: Amarelo = 4;
Anel 2: Vermelho = 2;
Anel 3: Marrom = x 10;
Anel 4: Vermelho = +/- 2%.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
65

Realizam-se, então, os passos citados anteriormente:


Valor da resistência: 42 x 10 = 420Ω;
Tolerância: +/- 2%.
O valor da resistência deste componente é 420Ω, com tolerância de +/-2%. Nota-se, também, que o
valor lido poderá apresentar uma variação de +/- 2%, em decorrência à tolerância determinada no compo-
nente.
Há casos em que o componente possui cinco ou seis anéis coloridos. Quando representado por cinco
anéis para cálculo do valor da resistência, o terceiro anel passa a ser considerado como o terceiro algarismo
do valor da resistência elétrica, o quarto anel o fator multiplicador, e o quinto a tolerância do resistor.
Já quando a representação for com seis anéis, os cinco primeiros comportam-se igualmente ao caso
anterior, porém o sexto anel traduz a precisão do resistor. A precisão refere-se à variação do valor da
resistência do componente quanto à variação da temperatura.

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Em alguns projetos não se encontra o valor exato da resistência desejada para uso. Quando isso ocorre,
como se deve proceder?
Nesta situação, é necessário fazer uso da técnica de associação de resistores. Associar resistores é um
modo de conectar esses componentes com o objetivo de fazer com que o conjunto possa produzir um
efeito referente à resistência elétrica desejada, igualmente a um único resistor com aquele valor.
O valor de resistência elétrica obtida ao final da associação denomina-se de resistência elétrica equi-
valente.
Associação Série: neste tipo de associação, os componentes estão ligados de forma serial, ou seja, um
após o outro, conforme você pode observar na figura a seguir.
Julio Cesar Borchers (2015)

A B
R1 R2 R3
Figura 50 - Associação série de resistores
Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 172)

Em uma associação série, o valor da resistência equivalente é dado mediante a soma do valor dos resis-
tores.

Veja o exemplo: para determinar o valor da resistência elétrica equivalente entre os pontos A e B da
associação em série de resistores, siga a fórmula na sequência.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
66

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


A B
10Ω 15Ω 15Ω

Solução: utilizando a equação que define a associação de resistores em série:

Associação Paralela: neste tipo de associação, os componentes estão ligados paralelamente um ao


outro, conforme você pode observar na figura que segue.

R1 R2 R3

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

B
Figura 51 - Associação paralela de resistores
Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 177)

Em uma associação paralela, o valor da resistência equivalente é calculado mediante a equação a seguir

Veja o exemplo: para determinar o valor da resistência elétrica equivalente entre os pontos A e B da
associação paralela de resistores da figura, siga o exemplo na sequência.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
67

10Ω 15Ω 15Ω

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


B

Solução: utilizando a equação que define a resistência equivalente em uma associação paralela:

A precisão de qualquer resultado matemático está condicionada à quantidade de


FIQUE casas utilizada após a vírgula. Note que a quantidade de casas utilizada depois da
ALERTA vírgula dependerá da precisão desejada no resultado.

Alguns passos facilitadores podem ser adotados na determinação da resistência equivalente em uma
associação paralela, sendo eles:
a) associar resistores paralelos de dois em dois, conforme a seguinte equação:

b) nas associações de “n” resistores em paralelo que apresentam o mesmo valor, pode ser determinada
sua equivalência da seguinte forma:

Onde:
N: Número de resistores presentes na associação;
R: valor de um único resistor.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
68

Associação Mista: neste tipo de associação, os componentes estão conectados na forma, associação
em série e na associação em paralela no mesmo circuito, conforme você observa na figura que segue.

R2
A B

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


R1 R3 R5

R4
Figura 52 - Associação mista de resistores
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 83)

Em uma associação mista, o valor da resistência equivalente é determinado, resolvendo-se as associa-


ções em série e em paralelo individualmente.

DIVISOR DE TENSÃO

Quando uma fonte de tensão alimenta um sistema com resistências associadas em série, observe que o
valor da tensão da fonte irá se distribuir pelas resistências presentes na associação. Neste caso, diz-se que
a soma das quedas de tensões nos resistores do conjunto será igual à tensão da fonte, conforme ilustra a
figura a seguir.

2,5V 3,75V 3,75V

10Ω 15Ω 15Ω


Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

0,25A
+ -
10V
Figura 53 - Divisor de tensão
Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 71)
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
69

Note que a corrente no circuito anterior foi produzida pela tensão da fonte aplicada sobre a resistência
equivalente do circuito. A intensidade desta corrente pode ser encontrada aplicando-se a lei de ohm sobre
a resistência equivalente.
Observando a distribuição da tensão sobre cada resistor, nota-se que a soma das tensões em cada com-
ponente é igual à tensão da fonte, conforme foi estudado anteriormente.
Essa condição leva ao conceito de divisor de tensão, topologia em que um circuito eletrônico tem
como finalidade dividir a tensão sobre cada resistor presente em uma associação em série. Ainda, o valor
da tensão sobre cada dispositivo dependerá do valor de sua resistência. Para determinar a queda de tensão
sobre cada componente, aplica-se a lei de ohm em cada resistor. Notadamente, como a corrente total que
sai da fonte foi produzida pela resistência equivalente do circuito, a corrente que atravessa cada resistor
possuirá o mesmo valor.
Com base no contexto estudado, pode-se fazer duas observações bastante pertinentes:
a) em uma associação de resistores em série, a tensão da fonte irá se distribuir pelas resistências asso-
ciadas, de acordo com o valor de cada resistor;
b) a corrente elétrica em uma associação em série de resistores será a mesma em cada componente.
Vale ressaltar que o divisor de tensão não se aplica apenas aos resistores, mas sim a toda e qualquer
carga resistiva que seja alimentada por uma fonte de tensão.

DIVISOR DE CORRENTE

Quando uma fonte de tensão alimenta uma associação de resistências em paralelo, você deverá obser-
var que o valor da corrente fornecida pela fonte irá se dividir pelas resistências associadas. Nessa condição,
pode-se afirmar que a soma das correntes que atravessa cada resistor será igual à corrente que sai da fonte,
conforme a figura apresentada a seguir.

2,32A
Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

10V 1A 10Ω 0,66A 15Ω 0,66A 15Ω 10V


-

Figura 54 - Divisor de corrente


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 84)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
70

Novamente, como a corrente no circuito anterior foi produzida pela tensão da fonte aplicada sobre a
resistência equivalente do mesmo, a intensidade desta corrente pode ser encontrada aplicando-se a lei de
ohm sobre a resistência equivalente.
Nessa distribuição, a soma das correntes através de cada resistor será igual à corrente total fornecida
pela fonte. Assim, esta condição leva ao conceito do divisor de corrente, sendo que esta topologia divide
a corrente total da fonte entre cada resistor presente na associação.
Note ainda que, a corrente de cada componente dependerá do valor de sua resistência. A determinação
da corrente sobre os resistores pode ser encontrada aplicando-se a lei de ohm sobre cada um. Ao contrário
da associação em série, em uma associação em paralelo, como todos os resistores estão em paralelo com a
fonte, a tensão sobre cada um terá o mesmo valor.
Assim, outras duas observações são importantes nesta topologia:
a) em uma associação de resistores em paralelo, a corrente que sai da fonte se distribuirá pelas resistên-
cias associadas, de acordo com o valor de cada resistor;
b) a intensidade da tensão elétrica em uma associação paralela de resistores será a mesma em cada
componente.
Nesse caso, cabe ressaltar que o divisor de corrente não se aplica apenas aos resistores, mas sim a
toda e qualquer carga resistiva que seja alimentada por uma fonte de tensão.
Ao estudar os conceitos sobre resistores, você identificou que seu principal objetivo é limitar a corrente
em um circuito. Mas se interligar os terminais do resistor, quem limitará a corrente através do circuito?
Neste caso, a resistência do fio que interligou os terminais do resistor é muito baixa, praticamente despre-
zível, não há um limitador para a corrente, permitindo que um grande volume de elétrons saia da fonte
de tensão e circule pelo fio, ocasionando o que chama-se de curto-circuito. Este efeito é indesejado nos
circuitos, pois ocasiona funcionamento indevido do mesmo, podendo até danificá-lo. No caso em que um
equipamento, ao ser ligado na rede elétrica, tenha gerado um curto-circuito, um dos motivos pode ser o
fato de que dois fios internos ao equipamento sem proteção isolante tenham se encostado, oferecendo um
caminho mais fácil de circulação para a corrente elétrica.

CURIOSI Você sabia que quando se liga um equipamento na rede elétrica e o sistema de
proteção da rede faz com que ela seja desligada, pode ter ocorrido um curto-
DADES circuito? Então, fique atento!

3.4.3 TIPOS DE RESISTORES

Uma vasta gama de resistores pode ser encontrado; no entanto, pode-se dividi-los em dois grupos:
a) resistores fixos: não permitem que sua resistência elétrica seja alterada;
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
71

b) resistores variáveis: permitem alterar sua resistência elétrica.

RESISTORES FIXOS

Dentre os resistores fixos pode-se destacar o resistor de carbono e o resistor de fio enrolado. Outro tipo
de resistor é o SMD (Dispositivo de Montagem Superficial), que também é um resistor do tipo fixo. O SMD
é um dispositivo de montagem superficial, ou seja, são componentes concebidos para serem soldados
diretamente sobre a PCI (Placa de Circuito Impresso). O resistor SMD não possui terminais para serem atra-
vessados na placa, seus terminais estão acoplados diretamente ao corpo do mesmo.

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


Figura 55 - (a) Resistor fixo (b) Resistor fixo SMD
Fonte: do Autor (2015)

RESISTORES VARIÁVEIS

Já os resistores variáveis permitem que se altere sua resistência elétrica mediante um mecanismo ex-
terno, permitindo, assim, seu uso em circuitos que necessitam alterar a resistência do dispositivo durante
seu uso.
Karolina Machado Prado (2015)

Figura 56 - Resistor variável


Fonte: do Autor (2015)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
72

O potenciômetro, por exemplo, permite o controle do valor da resistência por meio de seu cabo ex-
terno. Com o trimpot é possível controlar o valor da resistência, porém, diferente do potenciômetro, não
possui cabo externo. Seu ajuste é feito diretamente em seu corpo. Já o foto-resistor possibilita que sua
resistência elétrica seja alterada mediante incidência de luz em sua superfície superior.
Depois de você ter estudado os resistores, conheça a seguir outro componente eletrônico frequente-
mente utilizado, o capacitor.

3.5 CAPACITORES

Os capacitores são dispositivos eletrônicos como o resistor que convertem energia elétrica em energia
térmica, devido a sua característica de oposição a passagem da corrente elétrica. Contudo, será que há
dispositivos que possibilitam algum modo de armazenamento de energia?
Para que se possa armazenar certa quantidade de energia fornecida por uma fonte de tensão a um cir-
cuito eletrônico, pode-se fazer uso do capacitor. Segundo Wolski (2012), o capacitor tem como principal
função o armazenamento de energia mediante o acúmulo de cargas elétricas em suas placas.

3.5.1 APLICAÇÕES

Dentre as aplicações do capacitor, a principal é o seu armazenamento de energia devido ao acúmulo


das cargas elétricas. Essa condição é possível, pois a construção física do dispositivo permite que as partí-
culas sejam armazenadas em placas condutoras que estão conectadas aos terminais do componente.
Esse fenômeno de armazenamento de energia por meio do acúmulo de cargas é denominado de
capacitância.

FIQUE Toda estrutura que tem a possibilidade de sustentar uma energia mediante o
ALERTA processo de acúmulo de cargas elétricas apresenta uma capacitância.

A unidade para medir a capacitância é o farad, representado pela letra F. Pode-se determinar a capaci-
tância de um capacitor, mediante a seguinte equação.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
73

Onde:
C: Capacitância - Farad (F);
Q: Quantidade da carga armazenada - Coulomb (C);
V: Tensão do capacitor - Volt (V).
Note que, o fato do dispositivo permitir que cargas sejam alocadas internamente gera uma diferença
de potencial disponível entre seus terminais. Assim, na equação anterior, a capacitância é definida como
uma relação entre a quantidade de cargas armazenadas no dispositivo dividida pela tensão elétrica entre
seus terminais.
A simbologia do capacitor você pode identificar na figura a seguir.

Matheus Felipe Goedert (2015)


(a) (b) (c)
Figura 57 - (a) Capacitor fixo (b) Capacitor polarizado (c) Capacitor variável
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 53)

Esse componente tem uma grande utilidade na eletrônica. Dentre suas aplicações, pode-se citar o uso
em circuitos retificadores, no qual sua função é garantir a menor oscilação possível da tensão na saída do
circuito.
Como em muitas aplicações, o uso de um capacitor com valor fixo não se enquadra, há dispositivos
que permitem a variação da capacitância, ou seja, o capacitor variável. Este último tem muita utilidade
em sintonizadores de rádio, pois, para permitir a seleção da estação na frequência desejada, um ajuste de
capacitância é necessário.

3.5.2 FUNCIONAMENTO

Um capacitor pode ser estruturado basicamente, conforme a composição ilustrada na figura que segue.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
74

1 1

2 2

Matheus Felipe Goedert (2015)


3
Figura 58 - Estrutura do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 52)

As partes que compõem o capacitor numeradas na figura são:


1) dois terminais condutores;
2) duas placas condutoras para o armazenamento das cargas elétricas;
3) isolante entre as placas condutoras, também conhecido como dielétrico.
Nesta composição, os terminais são os responsáveis em garantir a conexão do componente ao circuito
elétrico. Já, as placas condutoras são o meio pelo qual o capacitor consegue realizar o armazenamento das
cargas elétricas em sua estrutura interna; assim, quanto maior a sua área, maior será o armazenamento.
O dielétrico é composto basicamente por um material isolante, pois seu objetivo é garantir que as duas
placas que formam o capacitor não tenham qualquer contato entre elas. Ele pode ser formado pelo ar, ou
de material de borracha, vidro, mica, entre outros. O importante é que ele garanta uma boa isolação entre
as placas do capacitor.
O modelo exemplificado na figura anterior para o componente é conhecido como capacitor de placas
paralelas, pois, notadamente, observa-se que suas placas estão paralelas entre si. No entanto, o formato
das placas, bem como o material utilizado como dielétrico, dependerá do valor de capacitância desejado
para o dispositivo, ou seja, quanto maior a necessidade do armazenamento de carga no capacitor, maior
deverá ser a área das placas condutoras do mesmo.
Outro tipo de capacitor, o eletrolítico, possui o tamanho das placas maior devido à sua disposição física,
o que possibilita ao dispositivo um maior acúmulo de cargas.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
75

ARMAZENAMENTO DE CARGA

Para que o capacitor possa ter um acúmulo de cargas em suas placas, ele deve ser submetido ao forne-
cimento de uma energia, provida por uma fonte de tensão.
Inicialmente, o capacitor possui suas placas em equilíbrio, ou seja, o número de cargas positivas é igual
às cargas negativas. Ao conectar os terminais de um capacitor a uma fonte de tensão, cargas elétricas pro-
venientes da fonte serão transferidas para as placas do capacitor. Esse processo faz com que o lado positivo
da fonte atraia as cargas negativas na placa conectada a seu terminal, e acaba por repelir as cargas positivas
nesta placa. O processo inverso ocorre na outra placa.
Após finalizar o processo de transferência de cargas da fonte para o componente, ao desconectar o
dispositivo, será possível notar que ele manterá cargas positivas em uma placa e cargas negativas na outra.
Então, surge no capacitor uma diferença de potencial entre seus terminais, em geral, com o mesmo valor
da tensão da fonte de alimentação.

+ + + + -
- - - + -
+ + + - +
- - + - -
+ + + - + -
- - + - + -
+ + + - + -
Chave
Chave
Chave

- -

Matheus Felipe Goedert (2015)


+ - + - + -

10V 10V 10V


Figura 59 - Carga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 52)

O tempo de carga do dispositivo pode ser controlado mediante o uso de um resistor em série com o
capacitor.
Essa disposição permite um controle sobre a transferência de cargas da fonte para o componente, ou
seja, limitando a corrente elétrica. Como você pode identificar na figura a seguir.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
76

+ -
+ -
+ -
+ -
+ -
R + -

Matheus Felipe Goedert (2015)


+ -

10V
Figura 60 - Resistor limitando a carga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 65)

A curva que representa o tempo que o capacitor leva para se carregar em função do resistor colocado
em série com ele pode ser observada a seguir.

Vc [v]

VF
Matheus Felipe Goedert (2015)

Tempo [s]
5RC
Figura 61 - Tempo de carga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 65)

No gráfico apresentado anteriormente, note que o tempo necessário para que o capacitor seja carrega-
do totalmente com o valor da tensão da fonte é igual a cinco vezes o valor do capacitor multiplicado pelo
resistor.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
77

Neste ponto, pode-se considerar o componente carregado totalmente.


Tempo de carga = 5.R.C
O processo de descarga do componente pode ser obtido oferecendo um meio para que as placas fi-
quem em equilíbrio novamente, neste caso, interconectando os próprios terminais do capacitor. Para tal,
observe a figura a seguir, na qual um resistor oferece um meio para o deslocamento das cargas entre as
placas do capacitor.

+ - + +
+ - - -
+ +
+ - - -
+ - + +
- -

Matheus Felipe Goedert (2015)


+ - + +
+ - - -
R

Figura 62 - Descarga do capacitor


Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 69)

Durante a descarga do componente, o resistor novamente limitará o tempo que o dispositivo levará
para estar totalmente descarregado.
No entanto, a curva é similar ao processo de carga, conforme apresentado na figura que segue.

Vc [v]
Matheus Felipe Goedert (2015)

Tempo [s]
5RC
Figura 63 - Tempo de descarga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 70)

A equação que determina o tempo de descarga é idêntica àquela utilizada para o processo de carga.
Tempo de descarga = 5.R.C
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
78

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES

Pelo mesmo motivo que se faz necessário uma associação de resistores, pode-se fazer uso da associação
de capacitores, com o objetivo de encontrar um capacitor equivalente para uso em um circuito elétrico.
a) Associação em Série: neste tipo de associação, os capacitores estão conectados conforme o modelo
a seguir.

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


A B

C1 C2 C3
Figura 64 - Associação série de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p.60)

E a capacitância equivalente é definida por:

b) Associação Paralela: na associação paralela os capacitores estão conectados conforme o modelo a


seguir.

A
Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

C1 C2 C3
B
Figura 65 - Associação paralela de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 62)

E a capacitância equivalente é definida por:

Quando os capacitores estão associados de modo paralelo, note que o valor final da capacitância será
maior que em uma associação série.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
79

c) Associação Mista: uma associação mista é caracterizada quando capacitores são associados de
modo paralelo e série. Como pode ser visto na figura que segue.

C2

Matheus Felipe Goedert (2015)


A B
C3
C1 C4
Figura 66 - Associação mista de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 64)

3.5.3 TIPOS

Os capacitores podem ser divididos em:


a) Capacitores fixos: não permitem que o valor da capacitância seja alterado.

Karolina Machado Prado (2015)

Figura 67 - (a) Capacitor poliéster (b) Capacitor eletrolítico


Fonte: do Autor (2015)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
80

b) Capacitores variáveis: esses capacitores possibilitam o ajuste da capacitância durante seu uso.

Karolina Machado Prado (2015)


Figura 68 - Capacitor variável
Fonte: do Autor (2015)

Note que uma diversidade de capacitores está disponível para uso e cada um possui uma característica
que lhe enquadra melhor em uma ou outra aplicação.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os principais componentes formadores de um circuito elétrico, tais
como: a fonte de alimentação, os condutores e as cargas. Uma fonte de alimentação é o dispositivo
que provém ao circuito uma diferença de potencial, para que seja possível a circulação de uma
corrente elétrica. Todavia, para permitir uma conexão entre fonte de alimentação e carga são utili-
zados os condutores, materiais responsáveis em guiar os elétrons da fonte até a carga.
A carga, neste contexto, refere-se ao conjunto de componentes que absorvem a energia fornecida
pela fonte de tensão.
Você viu, ainda, que os resistores são componentes eletrônicos cuja principal característica é a
oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, a resistência. Já os capacitores são dispositivos
eletrônicos que permitem o armazenamento de energia, de modo que esta energia possa ser utili-
zada posteriormente no circuito.
Princípios do Eletromagnestismo

No passado, as pessoas não compreendiam ao certo os fenômenos que rodeavam a eletrici-


dade e, portanto, vários questionamentos eram feitos a seu respeito. Entretanto, a eletricidade
não era o único fenômeno que deixava lacunas na cabeça dos estudiosos.
O comportamento que alguns materiais apresentavam, na presença de outros, também era
algo sobre o qual não se tinha respostas. Tais materiais, quando colocados nas proximidades de
outro, eram submetidos a uma força atrativa ou repulsiva. Esse comportamento não explicado
motivou a busca por esclarecimentos. Mais tarde, foi evidenciado que o efeito era originado em
decorrência de uma energia que esses corpos carregavam. Esse fenômeno e suas aplicações
você estudará no decorrer deste capítulo.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os princípios básicos do eletromagnetismo;
b) compreender o princípio funcional de algumas máquinas elétricas.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
84

4.1 MAGNETISMO

Há muito tempo, quando o efeito do magnetismo foi observado, notou-se que certos materiais, quando
colocados nas proximidades de outros, eram submetidos a uma força atrativa ou repulsiva. Segundo Halliday
(2009), esses materiais são conhecidos como magnetitas, nome que deu origem ao que denominou-se de
magnetismo. O magnetismo pode ser entendido como uma força de atração ou repulsão que age entre
alguns corpos. Esse fenômeno pode ser encontrado em alguns corpos naturais, ou ainda ser estimulado
por meio de alguns processos que você estudará ainda neste capítulo.
Algumas pedras possuem um magnetismo intrínseco, o que as faz atrair ou repelir alguns materiais.
Contudo, outros corpos quando submetidos a um processo que se chama de magnetização passam a assu-
mir uma energia idêntica àquela encontrada na magnetita, o magnetismo. Quando esse comportamento
é observado, os corpos são denominados de ímãs permanentes. Um ímã é um material que, de forma
permanente, apresenta uma energia de natureza magnética, sendo que esta é capaz de realizar uma força
sobre alguns objetos quando são aproximados.
A energia magnética que um corpo possui em suas extremidades é denominada de campo magnético,
veja o exemplo na figura a seguir.

Linhas do campo magnético

N S
Julio Cesar Borchers (2015)

Figura 69 - Linhas de campo magnético


Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 76)

Segundo Malvino (1997), o comportamento desse campo magnético pode ser descrito por meio de
suas linhas de campo, que sugerem a região em que o magnetismo está presente, bem como o comporta-
mento que ele possui em torno do material.
Na figura anterior, uma barra de material provido de magnetismo apresenta suas linhas do campo mag-
nético.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
85

Nesta, notadamente as linhas sugerem o campo magnético interligando as extremidades da barra. Esse
efeito ocorre, pois as linhas de campo magnético apresentam um caminho preditivo, ou seja, saem de uma
das extremidades da barra, que é denominada de norte, e entram na extremidade oposta, denominada de
sul.

Matheus Felipe Goedert (2015)


N S

Figura 70 - Direção das linhas de campo magnético


Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 76)

Note que essas linhas não se tocam, e não se cruzam. Esse comportamento faz com que elas, quando
estão na presença de outras linhas, assumam um caminho tangencial entre si, efeito este que conduz ao
surgimento de uma força de natureza magnética. Esta força pode ser de atração entre os materiais gera-
dores das linhas ou de repulsão.
A figura, na sequência, ilustra o efeito sobre os materiais devido à direção de suas linhas.

Repulsão Atração

N N
Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

N S

(a) (b)
Figura 71 - Força magnética
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 76)

O campo magnético não é um fenômeno exclusivo de pedras como a magnetita, esse efeito pode ser
encontrado também em condutores quando são submetidos a uma corrente elétrica.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
86

Ao se produzir um fluxo de elétrons através de um material, nota-se o surgimento de um campo mag-


nético na região do mesmo, sendo que tal campo magnético possui suas linhas concêntricas ao condutor,
conforme exemplifica na figura que segue.

Linhas de Campo Magnético


Linhas de Campo Magnético

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


e

(a) (b)
Figura 72 - (a) Vista lateral do condutor (b) Vista superior do condutor
Fonte: adaptado de Cruz (2014, p. 79)

Na figura anterior, você vê um condutor submetido a uma corrente elétrica. Observe que as linhas pon-
tilhadas em vermelho, ao redor do material, exemplificam o campo magnético produzido pela corrente
elétrica e circundam o material.

4.1.1 CAMPO MAGNÉTICO EM UM FIO CONDUTOR

Conforme destacado no tópico anterior, quando cargas elétricas se movimentam dentro de um mate-
rial há o surgimento de um campo magnético em torno dele. Será que existe um comportamento padrão
das linhas de campo quando este efeito ocorre em um condutor?
Se analisar novamente o material de forma transversal, quando ele é atravessado pela corrente, nota-
-se que o campo magnético tem um comportamento rotacional em torno do seu eixo de criação, ou seja,
girando sobre o condutor.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
87

Somado a este efeito, a direção de rotação das linhas de campo depende da direção da corrente inter-
namente ao condutor.

Corrente saindo Corrente entrando

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


(a) (b)
Figura 73 - (a) Linhas de campo no sentido anti-horário (b) Linhas de campo no sentido horário
Fonte: adaptado de Wolski (2007, p. 22)

A determinação da rotação das linhas do campo magnético depende da direção da corrente pelo con-
dutor. Assim, na figura anterior (a), a corrente está saindo no plano da folha produzindo um campo mag-
nético girando no sentido anti-horário; enquanto na figura (b) a corrente está entrando no plano da folha
e, em consequência, neste segundo caso, as linhas de campo magnético estão girando no sentido horário.
Segundo Malvino (1997), quando um campo magnético é criado em torno de um condutor, é possível
determinar a intensidade da linha de campo a uma distância do condutor por meio da seguinte equação.

Onde:
B: Indução magnética - Tesla (T);
u: Permeabilidade magnética do meio – Henry/metro (H/m);
I: Intensidade da corrente elétrica - Ampère (A);
π: Constante pi;
R: Distância do ponto de análise até o condutor - metros (m).
Observe que, quanto maior a distância do ponto de medida ao condutor, menor será a intensidade da
linha de campo.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
88

SAIBA Para saber mais a respeito de campo magnético, consulte o capítulo 1 do livro de
MAIS Máquinas Elétricas e Transformadores de Irving L. Kosow.

4.1.2 CAMPO MAGNÉTICO EM UMA BOBINA

Em um condutor, o campo magnético possui linhas concêntricas em torno deste. No entanto, será que
em outras geometrias o comportamento das linhas de campo se altera?
Se um condutor retilíneo for acomodado como uma sequência de espiras, de acordo com o exemplo da
figura que segue, as linhas de campo irão descrever outro caminho.

Linhas de Campo Magnético

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

Figura 74 - Linhas de campo em uma bobina


Fonte: adaptado de Wolski (2007, p. 27)

Essa geometria formada pelo condutor é denominada de bobina e, nessa construção, as linhas de cam-
po são mais próximas umas das outras no centro da bobina do que fora dela. Assim, nota-se que o campo
magnético nesta topologia é mais intenso internamente na estrutura.
Todavia, quando uma bobina é formada, de modo que seu comprimento seja longo, denomina-se esta
formação de solenoide. Igualmente à bobina, no solenoide quando uma corrente elétrica o atravessa,
internamente surgirá um campo magnético com determinada intensidade, que dependerá da quantidade
de espiras que o conjunto possui, do material que compõe o núcleo do dispositivo bem como da intensi-
dade da corrente que o atravessa.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
89

O solenoide é utilizado em diversas aplicações, como eletrodomésticos, circuitos eletrônicos, entre ou-
tras. Em geral, utiliza-se no solenoide um núcleo móvel, de modo que este possa ser atraído quando um
campo magnético é criado em seu interior.
Um exemplo clássico do uso da bobina é em relés eletromecânicos. O relé é um dispositivo composto
por uma bobina, que possui dentro do seu núcleo uma parte móvel. Quando uma corrente atravessa a bo-
bina, esta parte móvel movimenta-se devido ao surgimento de um campo magnético. Em geral, é dito que
o relé é um dispositivo eletromecânico, pois através de uma corrente elétrica percorrendo o dispositivo é
possível movimentar um eixo mecânico central, capaz de abrir ou fechar um contato mecânico.
Conheça, a seguir, onde esse fenômeno pode ser aplicado.

4.2 APLICAÇÕES DO ELETROMAGNETISMO

Os conceitos magnéticos estudados neste livro podem ser aplicados de inúmeras formas, sendo que
algumas delas estão presentes na vida do ser humano diariamente, como em uma lavadora de roupas, em
que o princípio funcional do motor elétrico está condicionado ao eletromagnetismo. O transformador é
outro dispositivo que tem como princípio básico os efeitos apresentados pelas linhas de campo.

4.2.1 TRANSFORMADOR

Os mecanismos que permitem o funcionamento do transformar estão condicionados ao comporta-


mento das linhas de campo. Como você estudou, uma corrente elétrica em um condutor é capaz de criar
um campo magnético. Porém, será que o oposto pode ser obtido, ou seja, um campo magnético gerar uma
corrente elétrica? Sim, é possível.
Para que um campo magnético possa produzir uma corrente elétrica em um condutor faz-se necessário
que este campo tenha uma variação da sua posição em relação a este condutor.
Para compreender esse efeito, imagine um ímã sendo movimentado. Próximo a ele, coloca-se um anel
em formato de espira. O movimento do campo magnético em relação a espira é capaz de produzir nela
uma corrente elétrica.
Quando uma corrente é produzida por um campo magnético desse modo, diz-se que uma corrente elé-
trica foi induzida pelo campo e, neste caso, a direção de movimento dos elétrons no condutor dependerá
do sentido de movimento do campo.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
90

Veja o exemplo da figura a seguir.

Linhas de Campo Magnético

N S

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


e

Figura 75 - Corrente induzida por campo magnético


Fonte: Adaptado de Cruz (2014, p. 80)

Assim, pode-se concluir que:


a) corrente elétrica cria campo magnético;
b) campo magnético variável induz corrente elétrica.

FIQUE Um campo magnético é capaz de criar uma corrente elétrica em um condutor, se


ALERTA este campo estiver oscilando no espaço por onde o condutor passar.

O efeito da indução de uma corrente elétrica possibilita o funcionamento do transformador. Um trans-


formador é um dispositivo que tem como finalidade elevar ou diminuir o nível de tensão de uma rede
elétrica.

Núcleo
Felipe Moises da Silva Hintz (2015)

Enrolamento Enrolamento
Primário Secundário

Figura 76 - Transformador
Fonte: adaptado de Prazeres (2010, p. 50)
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
91

Esse dispositivo é composto por:


a) enrolamento primário: no qual uma bobina, ao ser percorrida por uma corrente, cria um campo ma-
gnético intenso em seu interior;
b) um núcleo: por onde este campo magnético criado pela bobina primária é guiado;
c) enrolamento secundário: cujo campo magnético guiado pelo núcleo pode produzir uma corrente
elétrica entre seus terminais, se uma carga for conectada a ele.

CASOS E RELATOS

Preciso de um transformador!
Pedro, um garoto de quinze anos, comprou um equipamento eletrônico e, ao ligá-lo na rede elé-
trica de sua residência, observou que o equipamento foi danificado.
Ao levar o equipamento a uma assistência técnica próxima de sua casa, o técnico verificou o de-
feito ocorrido e informou a Pedro que a tensão de entrada do equipamento é preparada para 110V
eficaz, mas a tensão da rede elétrica na residência é 220V eficaz, o que fez o equipamento ser dani-
ficado (queimar).
Pedro questionou o que deveria fazer para que o equipamento funcionasse corretamente em sua
casa. O técnico, então, informou que, após solucionar o problema do equipamento, ele deveria
adquirir também um transformador, para possibilitar a operação do equipamento. Com dúvidas,
Pedro questionou o que é um transformador, e o técnico respondeu que é um dispositivo que
tem como objetivo elevar ou diminuir o nível de tensão de uma rede elétrica e, no caso de Pedro,
o transformador estaria reduzindo a tensão de sua rede elétrica de 220V eficaz para 110V eficaz,
possibilitando, então, ligar o equipamento de forma segura.
Pedro deixou seu equipamento para ser consertado e, no dia que o retirou, já passou em uma loja
que vende transformadores para adquirir o seu e evitar que o problema com o equipamento se
repetisse.

4.2.2 MOTOR ELÉTRICO

Segundo Kosow (1996), o motor elétrico é um equipamento que, quando uma tensão elétrica é apli-
cada aos seus terminais de entrada, o dispositivo converte esta energia, de natureza elétrica, em energia
mecânica, que é o movimento de seu eixo denominado como rotor.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
92

As aplicações dos motores são inúmeras, na indústria para o funcionamento das máquinas em geral,
nos edifícios para a movimentação dos elevadores, entre outras utilizações.

Thinkstock ([2015])
Figura 77 - Motor Elétrico
Fonte: Thinkstock

O motor de indução, também denominado de motor assíncrono, é um dos mais utilizados na indústria,
pois associa robustez e baixo custo. Este tipo de motor é utilizado em rede elétrica alternada, sendo com-
posto basicamente pelos itens apresentados a seguir.
a) Carcaça: é a estrutura externa que, em geral, sustenta o motor de indução.
b) Estator: parte fixa do motor assíncrono e que fica acoplada à carcaça.
c) Rotor: parte móvel que compõe o motor.
O princípio básico de funcionamento do motor é aplicar uma tensão alternada nos seus terminais de
entrada, ou seja, o estator, que criará um campo magnético dentro do dispositivo, que possibilitará o mo-
vimento do rotor, seu eixo central.

O princípio eletromagnético permite o funcionamento do motor, como também


CURIOSI garante a um gerador disponibilizar aos seus terminais uma diferença de potencial a
DADES uma carga conectada a ele.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
93

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os conceitos e características do campo magnético, bem como seu
comportamento, quando criado por uma corrente elétrica. Quando uma corrente é submetida
a um condutor surgem linhas de campo concêntricas ao seu redor. Se o condutor for moldado
em forma de espiras, então, surgirá um campo magnético mais intenso em seu interior em com-
paração com a área externa.
A grandeza de campo magnético tem algumas utilidades em dispositivos elétricos, como no trans-
formador, que é um equipamento que opera com base no comportamento das linhas de campo,
ou no motor elétrico, que é outro dispositivo largamente utilizado, sendo que seu princípio fun-
cional está condicionado ao campo magnético.
No próximo capítulo, você estudará o funcionamento e a utilização de instrumentos de medidas
de grandezas elétricas, que permitem a realização de trabalhos com segurança e qualidade.
Medindo Grandezas Elétricas

Quando o projeto de um circuito eletrônico é realizado, a determinação da intensidade das


grandezas elétricas é importante para que se possa dimensionar corretamente todos os com-
ponentes a serem utilizados. Porém, durante o funcionamento do circuito é essencial que se
possa verificar o valor da intensidade dessas grandezas, pois, desta forma, é possível identificar
um eventual erro funcional, bem como a solução do mesmo. Para compreender como se dá a
medição de grandezas elétricas, você estudará, neste capítulo, os equipamentos que realizam
estas medidas.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os instrumentos para medir algumas grandezas elétricas;
b) utilizar os instrumentos básicos para medida de algumas grandezas elétricas.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
96

5.1 INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Para a medida de uma grandeza elétrica são utilizados instrumentos próprios por profissionais bem
qualificados. Basicamente, os instrumentos medem tensão, corrente e potência elétrica, outras grandezas
podem ser encontradas mediante essas aferições básicas.
Os instrumentos podem ser do tipo analógico ou digital. Atualmente é mais fácil ter equipamentos
digitais disponíveis, uma vez que o volume de uso cresceu e seu custo tornou-se mais acessível, somado à
fácil interpretação da grandeza aferida.
Os instrumentos analógicos possuem um ponteiro que determina a intensidade da grandeza que está
sendo medida, como você pode identificar na figura a seguir.

Beerlogoff

Figura 78 - Instrumento de medida analógico


Fonte: Thinkstock (2015)

Já os instrumentos digitais dispõem de um visor numérico que apresenta o valor da grandeza, confor-
me você pode observar no exemplo da figura que segue.
Volodymyr Krasyuk

Figura 79 - Instrumento de medida digital


Fonte: Thinkstock (2015)
5 MEDINDO GRANDEZAS ELÉTRICAS
97

Conheça, a seguir, os tipos de instrumentos de medição de grandezas elétricas, suas características e


utilização.

5.2 AMPERÍMETRO

O amperímetro é um instrumento utilizado para medir a corrente elétrica. Esse equipamento deve ser
ligado no circuito de modo que fique em série com a carga em que se deseja identificar a intensidade da
corrente elétrica, pois, conforme estudado em capítulos anteriores, em um circuito em série a corrente é a
mesma.

Amperímetro
R R
A

Paco Giordani Mora (2015)


Figura 80 - Medindo a corrente
Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 182)

Para que o equipamento não interfira na medida que está sendo aferida, sua resistência interna deve ser
a menor possível, teoricamente, a resistência ideal do amperímetro é igual a zero.

FIQUE Para efetuar a leitura da corrente elétrica é necessário abrir o circuito para a inserção
ALERTA do equipamento.

5.3 VOLTÍMETRO

Para medir tensão elétrica, o instrumento utilizado é o voltímetro.


FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
98

Para ler esta grandeza, o equipamento deve ser ligado em paralelo com a carga em que se deseja identi-
ficar a intensidade da tensão elétrica, pois, conforme você estudou anteriormente, em um circuito paralelo
a tensão é a mesma.

Voltímetro
V

R R

Felipe Moises da Silva Hintz (2015)


+ -
Figura 81 - Medindo tensão
Fonte: adaptado de Halliday (2009, p. 182)

Para que o equipamento não interfira na medida que está realizando, sua resistência interna deve ser
alta.

SAIBA Para saber mais a respeito do amperímetro e voltímetro, consulte o capítulo 27 do


MAIS livro de Fundamentos de Física, volume 3, de David Halliday.

5.4 OHMÍMETRO

O ohmímetro é um instrumento utilizado para medir o valor da resistência elétrica. Para efetuar a leitura
desta grandeza, o equipamento deve ser ligado em paralelo com a resistência que se deseja medir.
É importante observar que, este dispositivo foi construído para medir a resistência elétrica, assim ele
não pode ser utilizado em medidas quando a resistência estiver ligada a uma fonte de tensão, ou acoplada
em um circuito em funcionamento, do contrário, o equipamento será danificado e poderá trazer riscos para
o usuário
5 MEDINDO GRANDEZAS ELÉTRICAS
99

Outro cuidado que se deve ter quando utilizar um ohmímetro é retirar a resistência do circuito antes de
efetuar sua medida, para que os demais componentes não comprometam o valor a ser lido.

5.5 MULTÍMETRO

Para evitar que sejam utilizados diversos instrumentos de forma a verificar diferentes grandezas elé-
tricas, foi projetado o multímetro, que possibilita realizar a leitura de tensão, corrente, resistência, entre
outras medidas elétricas.

Stan Rohrer

Figura 82 - Multímetro digital


Fonte: Thinkstock (2015)

O multímetro dispõe de um seletor que tem o objetivo de configurar o instrumento para funcionar
como leitor da grandeza desejada. O modo como o equipamento é ligado no circuito deve seguir os pro-
cedimentos estudados anteriormente para a medida da grandeza elétrica. Assim:
a) para medir corrente, o multímetro deve ser colocado em série;
b) para ler tensão, ele deve ser alocado em paralelo;
c) para medir resistência, ele deve ser colocado em paralelo com o componente.
Este instrumento é bastante útil, pois permite, com um único equipamento, realizar medidas de diferen-
tes grandezas elétricas.

Alguns multímetros, além de efetuar as medidas de tensão, corrente e resistência


CURIOSI elétrica, podem ainda apresentar outras funcionalidades para uso em um circuito,
DADES por exemplo, medir o valor de outros componentes eletrônicos, como também
verificar a continuidade entre os extremos de um condutor.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
100

5.6 CAPACÍMETRO

É um instrumento utilizado para medir o valor da capacitância. Esse equipamento deve ser ligado em
paralelo com a capacitância (capacitor) que se deseja medir.
Igualmente ao ohmímetro, o capacímetro não pode ser utilizado em medidas quando a capacitância
estiver ligada a uma fonte de tensão, ou acoplada em um circuito em funcionamento. Também, quando
utilizar um capacímetro, deve ser retirada a capacitância (capacitor) do circuito antes de efetuar sua medi-
da, para que os demais componentes não comprometam o valor a ser lido.

CASOS E RELATOS

Utilizando o instrumento de medida corretamente


Ricardo, um aluno que recém ingressou no curso técnico de eletrotécnica, estava tão empolgado
com os conhecimentos que acabara de aprender que decidiu ir até uma loja que comercializava
dispositivos eletrônicos e comprou um multímetro. Chegando em casa, ajustou o multímetro para
medir corrente elétrica e o inseriu em uma tomada da rede elétrica de sua casa. Com isso, Ricardo
se machucou e o aparelho foi danificado.
No dia seguinte, Ricardo comentou o caso com seu professor. O professor disse a Ricardo que ele
havia cometido um erro muito grave, pois o instrumento quando ajustado para medir corrente
elétrica possui uma resistência interna quase zero, característica inerente aos amperímetros. Este
feito, de ajustar o multímetro para medir corrente e colocá-lo na tomada de sua casa, ocasionou
um curto-circuito na tomada.
O professor, preocupado com a atitude do aluno, aproveitou sua aula daquele dia para alertar a
turma de Ricardo de que, com a pouca experiência que haviam adquirido, não deveriam fazer uso
de instrumentos de medida. Além disso, na dúvida, deveriam recorrer a um profissional experiente
para não colocarem a própria vida em risco, nem a segurança de suas residências.
Ricardo, então, aprendeu a lição!

5.7 WATTÍMETRO

O wattímetro mede a grandeza da potência elétrica ativa de um sistema. Para efetuar esta leitura, o ins-
trumento obtém a medida de tensão e corrente e, então, determina a grandeza da potência.
5 MEDINDO GRANDEZAS ELÉTRICAS
101

Wattímetro

W
+

Paco Giordani Mora (2015)


R
-

Figura 83 - Medindo resistência


Fonte: adaptado de Wolski (2012, p. 99)

Duas entradas são dispostas no equipamento, uma para efetuar a leitura da tensão e, outra, a da cor-
rente.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você conheceu os instrumentos básicos de medida de grandezas elétricas. Um


equipamento de medida é fundamental para se verificar as grandezas após a implementação
de um projeto, bem como para a busca e solução de um erro funcional no mesmo. Dentre os
instrumentos básicos é possível citar: o Ohmímetro, que é utilizado para medir resistência elétrica;
o Voltímetro, utilizado para medir tensão elétrica; e o Amperímetro, utilizado para medir corrente
elétrica.
O uso correto de cada instrumento é especialmente importante, pois, do contrário, além de uma
medida errada, o instrumento poderá ser danificado e oferecer riscos ao usuário.
Você também viu que o multímetro é um equipamento de medida que permite a realização de
diferentes grandezas elétricas, desde que seja configurado corretamente para realizar a medida
desejada.
Após estudar os vários conceitos elétricos e instrumentos de medição de grandezas elétricas, você
vai conhecer os conceitos inerentes a uma rede elétrica, tema do próximo capítulo
Rede Elétrica

Quando há a necessidade de instalação de uma máquina em uma rede elétrica, não basta
conhecer apenas o funcionamento da máquina, mas também é necessário conhecer como
uma rede elétrica é composta, e também sobre suas características funcionais. Assim, neste
capítulo, você estudará as redes elétricas, rede monofásica e trifásica, suas características, a
aplicação do transformador na composição de uma rede elétrica, bem como a diferença entre
tensão de fase e tensão de linha.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar as principais características de uma rede elétrica;
b) diferenciar uma rede monofásica de uma trifásica;
c) diferenciar uma ligação estrela ou triângulo em uma rede trifásica;
d) compreender a diferença entre tensão de fase e tensão de linha.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
104

6.1 REDE ELÉTRICA E SUAS CARACTERÍSTICAS

Para ser possível o uso de equipamentos eletrônicos, é necessário que a energia elétrica disponibilizada
nas residências apresente valores adequados para esses dispositivos. Após a geração, a energia é transpor-
tada através dos condutores da rede de energia elétrica e disponibilizada a indústrias, comércios e residên-
cias. No entanto, entre as geradoras de energia elétrica e seus pontos consumidores, estão as subestações,
responsáveis por adequar o nível da tensão elétrica mediante o uso de transformadores.
As redes de baixa tensão são as responsáveis por oferecer a energia aos pontos consumidores através
dos ramais de ligação. Após os ramais de ligação estão os ramais de entrada, que são os fios e acessórios de
responsabilidade do consumidor.
E, por fim, o ramal interno da unidade consumidora que é composto pelos fios e acessórios internos à
unidade consumidora.

Alta Tensão Baixa Tensão

Paco Giordani Mora (2015)


Transformador

Figura 84 - Rede elétrica


Fonte: adaptado de Prazeres (2010, p. 50)

Na transmissão de energia das geradoras até as residências, cada condutor que provê uma tensão al-
ternada é denominado de fase. Dependendo da quantidade de fases que a rede possui, ela recebe uma
denominação, facilitando assim a identificação da mesma.
As redes de uma fase são chamadas de redes monofásicas ao passo que as que possuem duas fases
são chamadas de redes bifásicas. Já as que são compostas por três fases são redes trifásicas.
Em relação às redes trifásicas, elas são largamente utilizadas na indústria e na distribuição de energia,
pois possuem algumas vantagens em relação às redes monofásicas.
Segundo Prazeres (2010), a energia gerada nas usinas e transportada através dos condutores da rede
elétrica até as residências não apresenta os valores dentro dos quais os dispositivos (equipamentos domés-
ticos) estão aptos a operar. Para adequar os valores provenientes das geradoras são utilizados transforma-
dores, equipamento que se torna indispensável, pois tem a finalidade de abaixar (reduzir) o nível de tensão
da rede de alta tensão, de modo a prover para as residências valores adequados aos níveis funcionais dos
equipamentos.
6 REDE ELÉTRICA
105

SAIBA Para saber mais a respeito dos transformadores, consulte o capítulo 2 do livro
MAIS Máquinas Elétricas de Fitzgerald et al.

Os transformadores basicamente são compostos por:


a) Enrolamento primário: bobina, que ao ser percorrida por uma corrente elétrica alternada, criará um
campo magnético interno;
b) Núcleo: material que possibilita concentrar as linhas de campo magnético criadas pelo enrolamento
primário e guiá-las até o enrolamento secundário;
c) Enrolamento secundário: bobina que produzirá uma tensão elétrica também alternada entre seus
terminais, quando o campo magnético guiado pelo núcleo atravessá-la.

Carga

Paco Giordani Mora (2015)

Figura 85 - Operação do transformador


Fonte: adaptado de Prazeres (2010, p. 51)

Segundo Fitzgerald (1975), a corrente produzida pela fonte de tensão sobre o enrolamento primário irá
criar linhas de campo magnético que serão acopladas ao núcleo do dispositivo. Essas linhas serão, então,
conduzidas pelo núcleo até atravessarem o enrolamento secundário. Nesse momento, uma tensão elétrica
alternada será submetida aos terminais do enrolamento secundário, de modo que esta tensão será capaz
de produzir uma corrente através da carga conectada à bobina secundária do transformador.
A tensão elétrica aplicada sobre o enrolamento primário poderá ser elevada ou reduzida no enrolamen-
to secundário. A intensidade desta grandeza dependerá da quantidade de espiras que compõem o enrola-
mento primário e secundário. Deste modo, pode-se determinar seu valor mediante à equação que segue.

Onde:
V1: Tensão elétrica sobre o enrolamento primário - Volt (V);
V2: Tensão elétrica sobre o enrolamento secundário - Volt (V);
N1: Número de espiras do enrolamento primário;
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
106

N2: Número de espiras do enrolamento secundário.


Pode-se ainda relacionar a quantidade de espiras de cada enrolamento com a corrente que os atraves-
sam.

Onde:
I1: Corrente elétrica no enrolamento primário - Volt (V);
I2: Corrente elétrica no enrolamento secundário - Volt (V).

FIQUE Note que o transformador só opera com uma tensão alternada. Se uma fonte
ALERTA de tensão contínua for aplicada aos terminais de sua bobina, o mesmo não irá
funcionar.

6.2 REDE TRIFÁSICA E MONOFÁSICA

Conheça, a seguir, os tipos de rede e suas características.

6.2.1 REDE TRIFÁSICA

Uma rede trifásica é caracterizada por possuir três condutores do tipo fase e um condutor neutro, sendo
que cada fase pode apresentar uma tensão de 127V ou 220V, e a frequência do sinal em cada fase da rede
pode ser de 50Hz ou 60Hz, sendo que no Brasil a frequência é 60Hz.

R fase
220V
S fase
127V
Paco Giordani Mora (2015)

T fase

N neutro

Figura 86 - Rede trifásica


Fonte: adaptado de Kosow (1996, p. 572)
6 REDE ELÉTRICA
107

Na figura anterior, que ilustra uma rede do tipo trifásica, a tensão da fase utilizada é 127V. Note que a
tensão entre uma fase e o neutro apresenta o valor de 127V, que é denominada de tensão de fase, e que
a tensão entre duas fases é 220V, denominada de tensão de linha. O valor da tensão em cada fase de um
sistema trifásico possui uma defasagem de 120° entre elas; contudo, os demais parâmetros do sinal se
mantêm iguais em cada fase.
Devido a esta característica é que a tensão entre duas fases em uma rede elétrica não apresenta exata-
mente o valor do dobro da tensão entre uma fase e o neutro.

V [V]

120º 120º 120º

tempo [s]

Paco Giordani Mora (2015)


R S T

Figura 87 - Defasagem sistema trifásico


Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975, p. 588)

Na figura anterior, observe que há um ângulo de defasagem no tempo entre cada fase que compõe este
sistema, bem como a identificação de cada fase pelas letras: R, S e T.
Basicamente, o sistema trifásico pode apresentar dois modos de ligação: estrela ou triângulo, como
você pode observar nas figuras a seguir.

R
R

N
Paco Giordani Mora (2015)

S
S

T
(a) T
(b)

Figura 88 - (a) Sistema estrela (b) Sistema triângulo


Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975, p. 589)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
108

A tensão aplicada em uma carga mediante um sistema trifásico depende do modo como as ligações
são realizadas entre os condutores da rede, pois, conforme verificado anteriormente, em uma ligação entre
fases pode-se obter um valor de tensão, enquanto a ligação entre fase e neutro apresenta outro valor de
tensão.

6.2.2 REDE MONOFÁSICA

Uma rede monofásica pode ser obtida utilizando-se uma das fases do sistema trifásico e o condutor
neutro. Desse modo, nota-se que a tensão em uma rede monofásica apresenta o valor da tensão de fase.
Também, na rede monofásica, a frequência do sinal em cada fase pode ser de 50Hz ou 60Hz, sendo que no
Brasil a frequência é 60Hz, conforme você já estudou.

fase

Paco Giordani Mora (2015)


127V
neutro
Figura 89 - Rede monofásica
Fonte: adaptado de Kosow (1996, p. 572)

Uma rede monofásica em geral é utilizada quando se necessita ligar lâmpadas e


CURIOSI motores de baixa potência. Assim, a disponibilidade de um sistema trifásico ou
monofásico está condicionado ao consumo das cargas que compõe a rede, sendo
DADES que a concessionária da região deverá avaliar a carga instalada e definir o tipo de
sistema a ser utilizado.

Na figura anterior, como a tensão de fase é 127V a tensão desta rede possui este mesmo valor. Em geral,
este tipo de rede é muito utilizado em residências.
O sistema trifásico apresenta algumas vantagens em relação a um sistema monofásico. Sendo elas:
a) melhor distribuição das cargas em cada fase, diminuindo, assim, variações devido ao uso excessivo
de carga em apenas uma das fases;
b) o tamanho dos motores trifásicos é menor que os monofásicos, quando comparados na mesma
potência;
c) apresenta um melhor rendimento quando utilizada com motores trifásicos;
d) menor custo de geração e transmissão.
6 REDE ELÉTRICA
109

CASOS E RELATOS

Entendendo o transformador
Ademir, um jovem que estava com seu curso técnico em andamento, foi realizar um estágio em
uma pequena empresa que realizava a manutenção de motores e transformadores elétricos.
Em seu primeiro dia de estágio, Ademir ficou entusiasmado com o trabalho, pois uma imensidão
de conhecimentos estava a sua frente. Entretanto, foi solicitado a ele que fizesse o enrolamento das
espiras na bobina primária de um transformador, mediante determinada especificação.
Com algumas dúvidas referente ao que estava fazendo, principalmente no que se referia ao núme-
ro de espiras a serem enroladas, procurou seu líder imediato. Este lhe explicou que a relação de
espiras entre a bobina primária e secundária refere-se à relação da tensão entre os enrolamentos
do transformador.
Ademir, com muita vontade de solidificar os conhecimentos que vivenciava em seu curso, pergun-
tou ao seu líder sobre as aplicações do transformador. O líder, por sua vez, prontamente respondeu,
deixando evidente a Ademir que este equipamento apresenta aplicações no auxílio da distribuição
de energia elétrica para as residências, como também um vasto uso em circuitos eletrônicos.
Ademir, bastante satisfeito, agradeceu as explicações e concluiu com êxito sua tarefa de enrolar as
espiras da bobina primária do transformador, além de agregar experiência ao que aprendia no seu
curso.

6.3 ÉTICA

Você já tentou definir o que é ética? Como seria um comportamento ético?


Thinkstock ([2015])
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
110

Esta palavra de origem grega, ethos, pode significar caráter, costumes ou conduta; tendo relação com
tudo que é bom ou moralmente aceito (MOITA, 2008). Segundo o dicionário Michaelis (2009), ética é “parte
da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana.” Desta forma, quando
se diz que determinada pessoa está tendo um comportamento ético ela está procedendo de forma a não
prejudicar o próximo, de forma a cumprir com os valores estabelecidos pela sociedade em que vive (GOL-
DIM, 2000).
A ética deve ser aplicada tanto no campo pessoal quanto no profissional. As decisões que serão toma-
das, assim como as práticas adotadas por você, profissional, serão a sua marca registrada. As pessoas se
lembrarão de você mais pelo seu comportamento e sua conduta do que pelo serviço ou atendimento que
foi prestado. Honestidade, responsabilidade e competência são elementos básicos na conduta profissional.
Empresas e profissões estabelecem códigos de ética profissional descrevendo as normas éticas que
devem ser seguidas pelos seus colaboradores ou profissionais de determinadas classes. De acordo com o
site Ideas.org.br (2015),

o conteúdo do código de ética é formado de um conjunto de políticas e práticas especí-


ficas, abrangendo os campos mais vulneráveis. Este material é reunido em um relatório
de fácil compreensão para que possa circular adequadamente entre todos os interes-
sados. Uma vez aprimorado com sugestões e críticas de todos os envolvidos, o relatório
dará origem a um documento que servirá de parâmetro para determinados comporta-
mentos, tornando claras as responsabilidades.

Ao analisar este conceito, você pode identificar que o conteúdo, depois de formalizado, traduzirá pa-
râmetros de condutas e relacionamentos, estabelecendo diretrizes para a boa convivência interpessoal
dentro de um grupo, sejam entre colaboradores ou em uma relação de prestação de serviços com clientes.
Muitas vezes, você pode se deparar com situações que exigirão decisões sobre o que deve ser feito e
como ser feito. Nesse momento entram outros valores, tais como: justiça, honradez, espírito de sacrifício,
lealdade, comprometimento e honestidade, que formarão o que se pode chamar de senso moral e cons-
ciência moral, conceitos que você pode traduzir como opções entre o que é tido como bom e o que seria
ruim como conduta dos indivíduos em uma sociedade. Você pode entender que esses conceitos partem
mais de uma percepção individual.
Portanto, você como indivíduo de uma sociedade que busca oportunizar condições de igualdade a
todos os seus integrantes, tem que nortear sua participação nessa sociedade por meio do exercício da
cidadania, no qual cada um possui direitos e deveres civis, políticos e sociais, de maneira que haja a preo-
cupação coletiva com o respeito e cumprimento dos direitos e deveres, na busca do equilíbrio social.
Você pode analisar o que a falta de ética pode fazer a uma sociedade, observando a conduta de pessoas
públicas. Essa quebra da conduta ética ameaça todos os setores de uma sociedade, as referências tidas
como valores sociais deixam de existir, o errado, de tanto estar presente no dia a dia passa a ser o certo e, o
certo surge como uma exceção. Em uma situação na qual a falta de ética é uma coisa banal, as pessoas que
deveriam dar o bom exemplo nas condutas sociais levam o sistema social coletivo justo a ser substituído
pelo sistema social das vantagens individuais.
6 REDE ELÉTRICA
111

O exemplo dessa derrota ética está nos atos de corrupções, golpes e pirataria1 que atrapalham o desen-
volvimento econômico justo, da evasão de recursos financeiros para paraísos fiscais.

Thinkstock ([2015])

Assim sendo, quando os integrantes do grupo social preservam os valores individuais e universais na
busca de uma sociedade justa e equilibrada, na qual todos possuem as mesmas condições de progresso
social e econômico, você poderá identificar o verdadeiro conceito da Cidadania, pois

(e)xercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que
sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições
constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da
educação de um país. (GUIMARÃES e CABRAL, 2015).

Para conhecer mais sobre seus direitos e deveres, leia a Constituição da República
SAIBA Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacional
MAIS Constituinte, que em seus artigos 5º e 6º estabelece os deveres e direitos do cidadão.

1 Edição fraudulenta de livros, discos, fitas, etc., feita sem autorização do autor ou do detentor dos direitos autorais.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE
112

Vale ressaltar que, em toda e qualquer tarefa que você venha a executar, é necessário que as medidas de
segurança e ética, no que diz respeito a você e seus companheiros de trabalho, sejam seguidas, evitando
que acidentes ocorram. Portanto, a manipulação de instrumentos e máquinas elétricas requer atenção e
foco.
O comportamento do profissional perante as pessoas é algo fundamental. Normas e padrões devem ser
seguidos com objetivos em comum, como atender uma necessidade da sociedade abrangendo, assim, o
lado ético previsto na profissão. Ser ético é conduzir sua carreira profissional despertando a confiança das
pessoas em suas tarefas, de tal modo que seus princípios morais sejam preservados.
O trabalho executado, de forma correta e honesta, dará a você a credibilidade que você merece. A pai-
xão pela profissão faz o profissional doar-se de tal modo que, por mais simples que venha a ser a tarefa, a
mesma será executada com total dedicação. Um trabalho bem realizado enche os olhos de quem o aguar-
da, mais ainda, quando executado de forma clara e honesta.
Desse modo, a atenção e cuidado ao lidar com a eletricidade nunca são demais para um bom profis-
sional. A manipulação de grandezas elétricas, quando não realizada de forma adequada, pode colocar em
risco a vida das pessoas. Quando uma tarefa deve ser realizada, principalmente em conjunto com outros
profissionais, certifique-se de que equipamentos e instrumentos de medição estão sendo manipulados de
forma correta, não oferecendo qualquer risco ao companheiro.
O seu conhecimento deve ser utilizado a favor das pessoas, jamais com o objetivo de atender apenas
suas necessidades pessoais, mas, ao contrário, utilizá-lo para o bem da sociedade.
Lembre-se: para que você possa ganhar o respeito das pessoas, primeiro deve agir com respeito e ho-
nestidade.
O indivíduo que possuir uma boa consciência moral e excelente conduta social, com respeito aos deve-
res individuais em uma sociedade com referências éticas compromissadas com o desenvolvimento coleti-
vo, tenderá a ter êxito como cidadão e profissional.
Thinkstock ([2015])
6 REDE ELÉTRICA
113

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os conceitos inerentes a uma rede elétrica. A energia gerada não
apresenta valores adequados para o uso nos equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos. Assim,
para possibilitar o uso nesses equipamentos, é necessário uma adequação no nível de tensão. Ini-
cialmente, o transformador é o responsável em reduzir o nível de tensão para uso nos dispositivos.
Todos os condutores que apresentam um nível de tensão são denominados de fase, a quantidade
de fases que um sistema possui o caracteriza. Um sistema com uma fase é conhecido como sistema
monofásico; com duas fases, bifásico; e os que apresentam três fases são denominados de sistemas
trifásicos.
Um sistema trifásico apresenta algumas vantagens sobre os demais, como os custos menores para
geração e transmissão e motores trifásicos são menores que monofásicos, quando comparados na
mesma potência.
REFERÊNCIAS

CRUZ, E. C. A. Circuitos elétricos: análise em corrente contínua e alternada. São Paulo (SP): Érica,
2014. 176 p. (Eixos)
FERREIRA, A. B. de H. Míni Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: No
Fronteira, 1993.
FITZGERALD, A. E. et al. Máquinas Elétricas. São Paulo: McGraw-Hill, 1975.
GOLDIM, J. R. Bioética. 2000. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/etica.htm>. Acesso em:
26 jun. 2015.
GUIMARÃES, D.; CABRAL, P. Significado de Cidadania. Disponível em: <http://www.significados.
com.br/cidadania/>. Acesso em: 25 jun. 2015.
HALLIDAY, D. Fundamentos de física. Volume 3: eletromagnetismo / Halliday, Resnick, Jearl Walker:
Tradução e revisão técnica Ronaldo Sergio de Biasi. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
HAYT, W. H.; BUCK, J. R. Eletromagnetismo. 6. ed. Rio de Janeiro (RJ): LTC, c2003. xii, 339 p.
KOSOW, I. L. Máquinas Elétricas e Transformadores. 13. ed. São Paulo: Globo, 1996.
LIRA, J. C. L. Ion. Infoescola navegando e aprendendo. Disponível em: <http://www.infoescola.
com/quimica/ion/>. Acesso em: 10 fev. 2015.
MALVINO, A. P. Eletrônica. Volume 1. Tradução: Romeu Abdo. Revisão Técnica: Antônio Pertence
Júnior. 4. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1997.
MICHAELIS (Dicionário). Ética. 2009. Editora Melhoramentos. Disponível em <http://michaelis.uol.
com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=%E9tica>. Acesso
em: 26 jun. 2015.
MOITA, F. M. Ética profissional e relações interpessoais no trabalho. Manaus: Universidade
Federal do Amazonas, CETAM, 2008. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/
pdf/eixo_infor_comun/tec_man_sup/081112_etica_prof.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2015.
PRAZERES, R. A dos. Redes de Distribuição de Energia Elétrica e Subestação. Curitiba: Base
Editorial, 2010.
WOLSKI, B. Eletricidade Básica. Curitiba: Base Editorial, 2012.
______. Eletromagnetismo. Curitiba: Base Editorial, c2007. 128 p.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

FÁBIO IGNÁCIO DA ROSA


Engenheiro Eletricista (Habilitação em Telemática) graduado pela Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL) em 2008. Pós-graduado em Redes Corporativas: Gerência, Segurança e
Convergência IP, pelo SENAI/SC em Florianópolis, em 2009. Atua no SENAI/SC em São José como
coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial oferecido em parceria com
a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
ÍNDICE

C
Capacitor 8, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 102
Condutores 11, 25, 27, 41, 42, 43, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 76, 82, 87, 106, 108, 110, 115
Corrente elétrica 11, 25, 26, 27, 29, 31, 32, 34, 37, 42, 43, 44, 48, 53, 57, 58, 59, 60, 62, 63, 71,
72, 74, 77, 82, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 95, 99, 102, 103, 107, 108

F
Fonte de alimentação 11, 42, 43, 44, 49, 58, 63, 77, 82

I
Isolantes 11, 41, 57, 58, 62

M
Magnetismo 11, 86
Motor elétrico 8, 11, 30, 91, 93, 94, 95
Multímetro 9, 12, 101, 102, 103

P
Potência elétrica 7, 11, 17, 29, 30, 31, 38, 64, 98, 102

R
Rede elétrica 9, 12, 27, 42, 57, 72, 92, 93, 94, 102, 103, 105, 106, 109, 115
Resistência elétrica 7, 11, 15, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 37, 42, 55, 58, 59, 63, 65, 67, 68, 72, 73, 74,
100, 101, 103
Resistor 8, 63, 64, 65, 66, 67, 69, 71, 72, 73, 74, 77, 78, 79

T
tensão elétrica 11, 24, 25, 29, 32, 34, 35, 37, 38, 42, 47, 49, 53, 62, 72, 75, 93, 99, 100, 103, 106,
107
transformador 8, 9, 11, 15, 91, 92, 93, 95, 105, 107, 108, 111, 115
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Waldemir Amaro
Gerente

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor Técnico

Cleberson Silva
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Fábio Ignácio da Rosa


Elaboração

Adair Teixeira
Revisão Técnica

Karine Marie Arasaki


Coordenação do Projeto

Magrit Dorotea Dödding


Design Educacional

Denise de Mesquita Corrêa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Fábio Ignácio da Rosa


Fotografias

Felipe Moises da Silva Hintz


Julio Cesar Borchers
Karolina Machado Prado
Matheus Felipe Goedert
Paco Giordani Mora
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Thinkstock
Banco de imagens
Xxxxx Xxxxxxx
Comitê Técnico de Avaliação

Ellen Cristina Ferreira


Patricia Marcilio
Diagramação

Denise de Mesquita Corrêa


Normalização

Taciana dos Santos Rocha Zacchi


CRB – 14.1230
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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