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SérIe eLetrOeLetrÔnICA

QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE E
SEGURANÇA NOS
SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora Associada de Educação Profissional
SérIe eLetrOeLetrÔnICA

QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE E
SEGURANÇA NOS
SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI-São
Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de São Paulo


Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância

FICHA CATALOGRÁFICA

S491g

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança nos serviços em eletricidade /
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial.

Departamento Regional de São Paulo. Brasília: SENAI/DN, 2013.


110 p. il. (Série Eletroeletrônica).

ISBN 0000000000

1. Qualidade 2. Saúde e segurança no trabalho 3. Segurança e serviços em


eletricidade 4. Meio ambiente I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional de São Paulo II. Título III. Série

CDU: 005.95

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras e quadros
Figura 1 -  Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes de
Distribuição de Energia Elétrica................................................................................................................12
Figura 2 -  Procedimento documentado...................................................................................................................16
Figura 3 -  Uma questão de qualidade.......................................................................................................................19
Figura 4 -  Princípios de gestão da qualidade..........................................................................................................22
Figura 5 -  Representação de processo.......................................................................................................................23
Figura 6 -  Exemplo de processo seletivo..................................................................................................................24
Figura 7 -  Uso incorreto da tomada............................................................................................................................31
Figura 8 -  Vida por um fio..............................................................................................................................................31
Figura 9 -  Indicações de prazos de validade em equipamentos de proteção............................................41
Figura 10 -  Símbolo da CIPA..........................................................................................................................................44
Figura 11 - Choque elétrico no corpo humano......................................................................................................50
Figura 12 -  Exemplo de percursos da corrente elétrica no corpo humano..................................................51
Figura 13 -  Arco elétrico..................................................................................................................................................55
Figura 14 -  Exemplo de campo magnético..............................................................................................................58
Figura 15 -  Raio atingindo a rede elétrica................................................................................................................62
Figura 16 -  Aterramento elétrico.................................................................................................................................63
Figura 17 -  Alguns tipos de eletrodos de aterramento.......................................................................................65
Figura 18 -  Símbolos utilizados nos esquemas de aterramento......................................................................65
Figura 19 -  Condutor PEN interrompido...................................................................................................................67
Figura 20 -  Esquema TT...................................................................................................................................................67
Figura 21 -  Incêndio em edifício..................................................................................................................................71
Figura 22 -  Tetraedro do fogo.......................................................................................................................................72
Figura 23 -  Extintores de incêndio..............................................................................................................................75
Figura 24 -  Descarte correto dos resíduos sólidos................................................................................................84
Figura 25 -  Reciclando vidas..........................................................................................................................................85
Figura 26 -  Nas embalagens reutilizadas, cuidado com o conteúdo original.............................................86
Figura 27 -  Alumínio, um resíduo inerte que gera renda..................................................................................87
Figura 28 -  Tarjetas de identificação...........................................................................................................................89
Figura 29 -  Poda de árvore.............................................................................................................................................91
Figura 30 -  Motosserra....................................................................................................................................................92
Figura 31 -  Mapa do Japão, com destaque para a Usina de Fukushima.......................................................94
Figura 32 -  Precisamos proteger o nosso planeta.................................................................................................95
Figura 33 -  Distribuição da água no planeta Terra................................................................................................97
Figura 34 -  Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, que mostra a eficiência
energética de um equipamento...........................................................................................................98
Quadro 1 - Definições de alguns termos da qualidade........................................................................................18
Quadro 2 - EPIs e suas aplicações.................................................................................................................................36
Quadro 3 - EPCs e suas aplicações ..............................................................................................................................38
Quadro 4 - Prazos para testes dielétricos...................................................................................................................40
Quadro 5 - Regras básicas de segurança...................................................................................................................41
Quadro 6 - Funções e responsabilidades da equipe.............................................................................................42
Quadro 7 - Efeitos da corrente elétrica no corpo humano..................................................................................51
Quadro 8 - Tipos de tensão.............................................................................................................................................53
Quadro 9 - Esquema TN...................................................................................................................................................66
Quadro 10 - Situação do neutro no esquema IT.....................................................................................................69
Quadro 11 - Métodos de extinção de incêndios.....................................................................................................73
Quadro 12 - Classes de incêndios.................................................................................................................................74
Quadro 13 - Agentes extintores mais utilizados.....................................................................................................76
Quadro 14 - Resíduos na área de energia elétrica..................................................................................................88
Quadro 15 - Composição do kit de contenção a derramamentos...................................................................90
Sumário

1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Qualidade..........................................................................................................................................................................15
2.1 Termos e procedimentos de trabalho .................................................................................................16
2.2 Princípios de gestão da qualidade........................................................................................................18
2.2.1 Satisfação do cliente.................................................................................................................19
2.2.2 Participação e produtividade na gestão da qualidade................................................20
2.2.3 A qualidade como processo...................................................................................................23

3 Segurança e saúde no trabalho.................................................................................................................................29


3.1 Riscos no trabalho.......................................................................................................................................30
3.2 Acidente de trabalho .................................................................................................................................32
3.3 Equipamento de proteção individual (EPI) ........................................................................................34
3.4 Equipamento de proteção coletiva (EPC)...........................................................................................38
3.5 Testes de EPIs e EPCs...................................................................................................................................39
3.6 Divisão de responsabilidades..................................................................................................................42
3.7 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).....................................................................44

4 Riscos nos serviços em eletricidade.........................................................................................................................49


4.1 Choque elétrico............................................................................................................................................50
4.1.1 Causas do choque elétrico.....................................................................................................52
4.1.2 Tipos de choque elétrico.........................................................................................................53
4.2 Arco elétrico...................................................................................................................................................54
4.2.1 Causas e consequências do arco elétrico .........................................................................55
4.2.2 Medidas de controle do arco elétrico.................................................................................56
4.3 Campos eletromagnéticos.......................................................................................................................57
4.4 Riscos adicionais ..........................................................................................................................................59
4.4.1 Trabalhos realizados em alturas............................................................................................59
4.4.2 Manuseio de escadas ..............................................................................................................60
4.4.3 Ambientes confinados.............................................................................................................60
4.4.4 Condições atmosféricas...........................................................................................................61
4.5 Aterramento..................................................................................................................................................62
4.5.1 Por que aterrar?..........................................................................................................................63
4.5.2 O que deve ser aterrado?........................................................................................................64
4.5.3 Eletrodos de aterramento.......................................................................................................64
4.5.4 Esquemas de aterramento.....................................................................................................65
4.6 Proteção e combate a incêndios............................................................................................................71
4.6.1 Métodos de extinção de incêndios.....................................................................................72
4.6.2 Classes de incêndio...................................................................................................................73
4.6.3 Agentes extintores....................................................................................................................75
5 Meio ambiente.................................................................................................................................................................81
5.1 Aspectos e impactos ambientais da ação humana.........................................................................82
5.1.1 Problema do lixo e reciclagem .............................................................................................83
5.1.2 Geração e destinação de resíduos ......................................................................................86
5.1.3 Bifenilas policloradas (PCBS)..................................................................................................89
5.1.4 Derramamentos de substâncias líquidas..........................................................................90
5.1.5 Podas de vegetação..................................................................................................................90
5.2 Ecossistemas e a globalização dos problemas ambientais...........................................................93
5.3 Consumo consciente dos recursos naturais e das fontes de energia.......................................96

Referências......................................................................................................................................................................... 103

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 105

Índice................................................................................................................................................................................... 107
Introdução

O trabalho de um Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica, também co-


nhecido como Eletricista em RDA (Redes de Distribuição Aérea), é muito importante e tam-
bém requer muitos cuidados, pois o objeto de trabalho é a eletricidade. Dessa forma, torna-se
essencial identificar as normas técnicas e condições de segurança em todos os projetos que
são executados, bem como os procedimentos e padrões exigidos pelas empresas de distribui-
ção de energia.
Como profissional desta área, você deverá identificar os equipamentos de proteção indivi-
dual e os de proteção coletiva para que todos trabalhem com segurança e não corram riscos
de acidentes no trabalho.
Então, nesta unidade curricular você estudará aspectos referentes aos riscos nos serviços
em eletricidade, além de identificar os equipamentos que permitirão desenvolver as tarefas
com segurança.
A unidade curricular Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança nos Serviços em
Eletricidade compõe o Módulo Básico do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de
Energia Elétrica. No quadro a seguir, veja a posição desta unidade e o caminho a ser percorrido
até que você atinja seu objetivo final.
Eletricidade
12

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Módulo Básico (276 h)


• Técnicas de redação em Língua Portuguesa (40 h)
• Fundamentos da Eletricidade (104 h)
• Sistemas de Medida e Representação Gráfica (32 h)
• Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança
nos Serviços em Eletricidade (40 h)
• Fundamentos da Redes de Distribuição (60 h)

Módulo Específico I (80 h)


• Montagem e Instalação de Redes de Distribuição (80 h)

Módulo Específico II (64 h)


• Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição (32 h)
• Manutenção de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (32 h)

Módulo Específico III (40 h)


• Execução de Serviços Técnicos Comerciais (40 h)

Módulo Específico IV (40 h)


• Montagem, Retirada e Manutenção de Iluminação Pública (40 h)

Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (500 h)

Figura 1 -  Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Nos capítulos deste livro, reunimos informações básicas sobre qualidade, saú-
de, meio ambiente e segurança no trabalho para que você possa seguir seus estu-
dos e qualificar-se nessa área.
Assim, no segundo capítulo abordaremos fundamentos da qualidade, com
destaque para os principais conceitos e princípios de gestão.
No terceiro capítulo, você estudará aspectos essenciais relativos à saúde e se-
gurança no trabalho, entre eles prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
O quarto capítulo apresentará os riscos nos serviços em eletricidade e as medi-
das de controle necessárias, com destaque para os Equipamentos de Proteção Indi-
vidual (EPIs) e Coletiva (EPCs) utilizados em redes de distribuição de energia elétrica.
1 Introdução
13

No quinto capítulo, estudaremos as questões ligadas ao meio ambiente: as-


pectos gerais e relativos ao dia a dia do eletricista de redes de distribuição de
energia elétrica.
Esses conhecimentos fornecerão subsídios para que você possa identificar:
a) as condições de segurança para execução de um projeto;
b) as normas técnicas e de segurança e os procedimentos e padrões da con-
cessionária local de energia elétrica;
c) os EPIs e EPCs adequados à atividade.
Convidamos você a realizar esses estudos refletindo sempre sobre a importân-
cia de ter uma série de atitudes que o ajudem a estabelecer um bom ambiente
de trabalho. Por exemplo: ser responsável; cumprir normas e procedimentos; ter
consciência prevencionista em relação à segurança, à saúde e ao meio ambiente;
ser observador; comunicar-se com clareza; zelar pelas ferramentas; manter a con-
centração; prever consequências; ser organizado.
Bons estudos!
qualidade

Neste capítulo*, você estudará alguns aspectos referentes à qualidade de produtos e servi-
ços, tendo em vista sua importância para a imagem do profissional e da empresa.
Para dimensionar a relevância da qualidade, pense na aquisição de um produto ou serviço. Em
geral, temos expectativa de que ele atenda aos nossos desejos e às nossas necessidades. Imagine,
assim, a seguinte situação: entusiasmado com um produto adquirido por um colega e avaliado
por ele como sendo muito bom, você resolve adquirir outro igual. Porém, quando compra o seu,
constata que o produto apresenta defeitos que inviabilizam o uso. Como você se sentiria?
Saiba que esse problema pode ser decorrente da gestão inadequada dos processos produ-
tivos, que geraram um equipamento defeituoso.
Pois bem, a qualidade de produtos e serviços de uma organização afeta diretamente nossas
vidas e deve ser preocupação de todas as organizações.
há mais um fator que faz a diferença entre a sua avaliação e a de seu colega sobre o mesmo
produto: a qualidade é um conceito amplo, que compreende dimensões próprias do objeto e
particulares a cada pessoa.
Sabendo disso, as empresas têm buscado aprimorar sua visão sobre elementos e aspectos
que contribuem para a qualidade dos seus produtos, procurando melhor atender às necessi-
dades de seus clientes.
Esse é exatamente o tema deste capítulo. Trataremos dos conceitos que têm sido desen-
volvidos pelas organizações para agregar qualidade aos produtos, processos de produção e
serviços, inclusive os conceitos relacionados a redes de distribuição de energia elétrica.
Neste tópico, abordaremos os principais conceitos da qualidade, destacaremos a importân-
cia dela no dia a dia das empresas e comentaremos sobre como a sua gestão pode afetar os
resultados das organizações.
Logo, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer a importância da qualidade nas organizações;
b) identificar os processos de gestão da qualidade.

* Este capítulo foi extraído e adaptado do capítulo 2, do livro: SENAI-DN. Qualidade, saúde, meio ambiente e
segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012. (Série Eletroeletrônica - páginas de 17 a 27).
quALIdAde, SAÚde, MeIO AMBIente e SegurAnÇA nOS SerVIÇOS de eLetrICIdAde
16

1 BITOLA 2.1 terMOS e PrOCedIMentOS de trABALHO


Área de passagem da Procedimentos de trabalho são documentos ou práticas adotadas por uma or-
corrente no condutor,
normalmente especificada ganização para orientar sobre os requisitos e as especificações a serem observa-
em milímetros quadrados
(mm2). das quando da realização de uma atividade ou um conjunto delas.
Os procedimentos também descrevem como a atividade deve ser executada,
para garantir que requisitos e especificações sejam satisfeitos.

Figura 2 - Procedimento documentado


Fonte: SENAI-SP (2013)

Mas o que são requisitos e especificações? São parâmetros mínimos que


devem ser atendidos para garantir a qualidade de um item ou produto. Para que
fique mais claro, vamos abordar cada um deles.
Requisitos:
São parâmetros definidos por:
a) normas técnicas;
b) órgãos reguladores;
c) um grupo de pessoas voltadas a atender a necessidades particulares.
Os requisitos de natureza legal ou estatutária (decorrentes de legislação) são
os definidos por pareceres ou regulamentos ditados pelo governo ou por agên-
cias reguladoras, como aqueles determinados pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) ou pelo Ministério do Trabalho.
Para os produtos e equipamentos da área de energia elétrica, quando aplicá-
vel, há certificados de conformidade que são emitidos por laboratórios credencia-
dos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro). Um exemplo de equipamento certificado pelo Inmetro é o medidor de
energia (relógio de medição).
2 qualidade
17

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Quali-


dade Industrial (Inmetro) é uma autarquia federal vinculada
ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, cuja missão é proporcionar confiabilidade relativa
SAIBA às medições e aos produtos através da metrologia e da ava-
MAIS liação da conformidade. Desse modo, o Inmetro promove
a harmonização das relações de consumo, a inovação e a
competitividade do País. Para saber mais sobre as atividades
do Inmetro, você pode consultar o site <http://www.inmetro.
gov.br/>.

Atender aos requisitos e às especificações legais pode ser fator decisivo para a
comercialização de produtos ou serviços de uma organização. Exemplos muitos
conhecidos são os produtos das indústrias alimentícias e farmacêuticas, os quais
devem atender a normas ou regulamentações da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) para que possam ser comercializados.

Se os produtos ou serviços da empresa na qual você


atua ou atuará estiverem sujeitos a normas ou regu-
VOCÊ lamentos ditados por outras organizações, a empresa
onde você trabalha ou trabalhará deve atendê-los. O
SABIA? não atendimento a normas ou regulamentos pode re-
sultar em risco para os clientes e pesadas sanções legais
para a empresa.

Especificações:
São parâmetros definidos pelo projetista. Permitem verificar se um dado elemen-
to atende à finalidade para a qual ele está sendo utilizado, seja na fabricação de pro-
dutos, seja na prestação de serviços. Por exemplo, as especificações indicam se uma
determinada bitola1 de condutor é adequada à corrente de uma dada aplicação.

Ao seguir os requisitos e as especificações relativos a


um produto ou serviço, a empresa confirma sua qualida-
VOCÊ de, ou seja, garante que seu produto ou serviço esteja
em conformidade com o previsto. Quando isso não
SABIA? acontece, na linguagem da qualidade, costuma-se dizer
que foram detectadas não conformidades e, nesse
caso, devem ser adotadas medidas de correção.

Até aqui vimos que os requisitos e as especificações são parâmetros impor-


tantes quando tratamos de qualidade. Aliás, são tão importantes que um produ-
to tem sua qualidade atestada quando atende aos requisitos ou às especifica-
ções estabelecidos.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
18

2 Retrabalho Mas, além dos requisitos e das especificações, existem outros conceitos que
merecem nossa atenção, pois nos ajudam a entender melhor como a qualidade
Situação na qual após
a conclusão do serviço está diretamente relacionada com o nosso trabalho. Veja no quadro a seguir quais
um componente ou são esses conceitos, suas definições e como afetam nosso dia a dia, como eletricis-
equipamento precisa sofrer
intervenções para atender ta, na empresa onde atuamos. São eles:
às funções para as quais foi
projetado.

Quadro 1 - Definições de alguns termos da qualidade


3 Sistema de Gestão de Conceito Definição Como afeta nosso dia a dia
Qualidade (SGQ)
São pessoas ou empre-
São a razão da existência da empresa. Se não
Conjunto de elementos sas que compram ou
Clientes houver clientes, a empresa e, consequentemen-
interligados que trabalham dependem dos produtos
de forma coordenada para te, os funcionários não precisam existir.
e serviços da empresa.
atender à política e aos
objetivos da qualidade São considerados parceiros, pois fornecem insu-
de uma empresa, com mos e serviços que compõem o produto. Como
o propósito de dar São pessoas ou empresas
Fornece- é economicamente inviável a execução de todos
consistência aos produtos que fornecem produtos e
e serviços e satisfazer as dores os processos por uma mesma empresa, é preciso
serviços para a empresa.
necessidades e expectativas que os fornecedores, assim como a própria em-
dos clientes. presa, se preocupem com a qualidade.

É medida pela capacidade Os processos com baixa eficácia geram altas


Eficácia de um processo atingir os quantidades de retrabalho2, agregando custos e
objetivos propostos. diminuindo a produtividade.

Compara a eficácia obtida Processos com baixa eficiência até podem ser
Eficiência com os recursos utiliza- eficazes, porém, comparativamente, têm altos
dos. custos.

2.2 Princípios de gestão da qualidade

Atualmente, dois dos maiores desafios das organizações são garantir a prefe-
rência dos clientes por seus produtos e serviços e assegurar a eficiência dos seus
processos. Para tanto, os Sistemas de Gestão de Qualidade3 (SGQ) são aliados im-
portantes, já que apresentam um conjunto de metodologias e ferramentas que
contribuem para o alcance e a manutenção dos objetivos da qualidade.
Os Sistemas de Gestão da Qualidade se destinam a impulsionar e estruturar
mudanças para a melhoria contínua das empresas e, desse modo, contribuir para
a permanência delas nos mercados onde já atuam e, algumas vezes, para a con-
quista de novos mercados.
Para tanto, devemos pensar em qualidade sob três aspectos:
a) qualidade dos produtos: refere-se à busca de um desempenho com au-
sência de falhas, à manutenção de preço adequado, à disponibilidade para
atendimento e à boa qualidade de serviços associados (assistência técnica,
suporte, treinamento);
2 quALIdAde
19

b) qualidade dos processos: trata da produtividade e redução de custos al-


cançada pela diminuição de perdas e desperdícios, pela definição de pa-
drões que evitem grandes variações nos resultados e, ao mesmo tempo,
pela manutenção da flexibilidade necessária para que a empresa possa se
adaptar às mudanças do mercado;
c) qualidade da organização: compreende a busca contínua de integração e
sinergia entre os processos.
Entre os aspectos mencionados anteriormente, destacamos a qualidade nos
processos, pois a baixa eficiência destes, causada pelo desperdício de material,
de recursos e pelas atividades de retrabalho, tem sido preocupação das empresas
que produzem bens e serviços.

2.2.1 satisfação do cliente

Se entendermos que o cliente é a razão de existir de uma empresa, pode-


mos dizer que quanto mais clientes satisfeitos ela tem, mais propaganda favorável
a organização terá, gerando um círculo virtuoso que contribui para o crescimento
da empresa. Do mesmo modo, quanto mais clientes insatisfeitos, mais propagan-
da desfavorável será feita contra a empresa, originando um círculo vicioso que
pode prejudicar sua imagem.

Não posso acreditar!


Esperei tanto para comprar
esse notebook, mal usei e ele
já deu defeito de fábrica...

Figura 3 - Uma questão de qualidade


Fonte: SENAI-SP (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
20

Mas você pode estar se perguntando: "De que maneira o meu trabalho como
eletricista de redes pode contribuir para a conquista e manutenção dos clientes
da organização na qual atuo ou atuarei?"
Para responder a essa questão, imagine-se como eletricista de uma conces-
sionária de energia, responsável pela manutenção das redes elétricas e dos equi-
pamentos instalados. Como profissional responsável que você é, sabe que o seu
trabalho tem influência direta sobre os serviços prestados, pois caso a manuten-
ção realizada não atenda aos padrões de qualidade, poderá gerar problemas no
fornecimento de energia, comprometendo sua imagem profissional perante a
empresa e a da empresa perante os clientes.

2.2.2 Participação e produtividade na gestão da qualidade

A gestão da qualidade se baseia numa família de normas reconhecida inter-


nacionalmente como referência. Estamos falando da família ISO 9000 ou, para o
Brasil, da NBR ISO 9000.

A ISO 9000, no Brasil conhecida por NBR ISO 9000, é uma


SAIBA família de normas que permite implementar, implantar, man-
ter e melhorar continuamente o Sistema de Gestão da Quali-
MAIS dade de uma organização. Para saber mais sobre esse tema,
consulte o site da ABNT: <http://abnt.org.br>.

A NBR ISO 9000 define oito princípios de gestão da qualidade que devem
ser seguidos pelas organizações, independentemente de elas terem ou não a cer-
tificação ISO. Vejamos a seguir quais são esses princípios.
a) Foco no cliente: se os clientes são a razão de existir da empresa, convém
que esta busque determinar e atender necessidades atuais e futuras das
pessoas e, sempre que possível, exceder as expectativas dos clientes. Esse
princípio destaca a importância das relações entre os clientes e a organiza-
ção. Se a qualidade é julgada pelo cliente, todas as características específi-
cas dos produtos e serviços devem adicionar valor ao produto e contribuir
para determinar a preferência do consumidor. Essa questão se constitui,
portanto, no principal foco do sistema de gestão.
b) Liderança: o ponto de partida para a implantação de um programa de me-
lhoria da qualidade em uma empresa é a intervenção da liderança e da alta
direção, estabelecendo rumos e se empenhando pessoalmente, através da
participação efetiva, dando o exemplo aos colaboradores na busca pelo
cumprimento dos objetivos da organização.
2 qualidade
21

c) Envolvimento das pessoas: o êxito das organizações depende cada vez


mais da utilização competente das habilidades, da motivação e da criati-
vidade dos funcionários e da cooperação para atender às necessidades do
cliente externo e interno. Ou seja, bom ambiente organizacional e relações
de trabalho positivas são fatores que potencializam a utilização das compe-
tências pessoais em benefício da empresa.
d) Abordagem de processo: o cumprimento de metas de melhoria da quali-
dade e o desempenho de uma organização requerem a gestão de ativida-
des e recursos baseada em elementos que dão suporte ao processo (entra-
das), nas atividades do processo e nos seus desdobramentos (saídas).
e) Abordagem sistêmica para gestão: um produto deve ser entendido
como parte de um sistema maior, já que resulta de uma intenção da di-
reção traduzida em planos. Identificar os processos de uma organização e
determinar seus inter-relacionamentos permite avaliar globalmente, e não
pontualmente, as ações e os resultados que a empresa apresenta.
f ) Melhoria contínua: convém que a organização sempre busque a melhoria
contínua do desempenho global (pessoas, produtos e processos), com o
objetivo de torná-la mais eficaz e eficiente. Isso implica a busca constante
da qualidade para promover a excelência dos produtos, serviços e resulta-
dos, que só é alcançada quando essa intenção está impregnada nos modos
de funcionamento da empresa.
g) Abordagem factual para tomada de decisão: é um dos princípios funda-
mentais de gestão para qualquer área e põe em destaque a importância de
decisões de gerenciamento apoiadas em análises de dados e em informa-
ções relevantes e precisas. Impressões, intuição ou decisões tomadas sem
estudo prévio são desconsideradas, pois, em geral, conduzem ao desperdí-
cio de recursos e ao retrabalho.
h) Benefícios mútuos na relação com fornecedores: uma empresa não
compra apenas produtos e serviços de seus fornecedores, mas também en-
genharia e capacidade produtiva, estabelecendo com eles uma relação de
interdependência. Um relacionamento de benefícios mútuos aumentará a
capacidade de ambos em atingir seus objetivos.
Observe na figura a seguir como esses princípios podem ser agrupados de
acordo com sua natureza.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
22

Foco no
cliente
Melhoria Envolvimento
contínua das pessoas

Benefícios Sistema de
mútuos na
relação com Gestão da Liderança
fornecedores Qualidade

Abordagem Abordagem
factual para de
tomada de processo
decisões Abordagem
sistêmica
para gestão

Figura 4 -  Princípios de gestão da qualidade


Fonte: SENAI-SP (2013)

Na cor azul, estão os princípios do envolvimento das pessoas e da liderança.


Eles se relacionam com as atitudes dos colaboradores, líderes e subordinados.
Exaltam a importância dos membros da organização nas atividades da empresa,
sobretudo na gestão. Muitas empresas têm relações entre chefes e subordinados
tão desgastantes que comprometem a parceria necessária para que os resultados
sejam alcançados.
Em laranja, constam os princípios de abordagem, que nos remetem a uma for-
ma eficiente de se fazer a gestão da empresa, na medida em que permitem iden-
tificar os processos, suas entradas e saídas e a forma como se inter-relacionam,
facilitando a aplicação dos recursos necessários e a visualização dos pontos nos
quais o desempenho da empresa precisa de melhorias. No próximo tópico, defini-
remos quais são esses processos e suas inter-relações.
Na cor amarela, está o princípio dos benefícios mútuos, o qual representa uma
ótima prática, uma vez que a relação sadia entre empresa e fornecedores torna
muitas das atividades mais eficientes para ambos.
2 quALIdAde
23

Em verde, constam os princípios do foco no cliente e da melhoria contínua.


Eles representam os fundamentos que regem o Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ) e estão apoiados sobre um tripé que define como devem ser desenvolvidas
todas as atividades de gestão da qualidade. Esse tripé é constituído dos seguintes
elementos:
a) satisfação dos clientes;
b) resultados dos processos;
c) resultados do próprio SGQ.
Os oito princípios comentados são de grande importância para o sucesso das
organizações em qualquer área, pois a competitividade entre elas é cada vez mai-
or e há cada vez menos espaço para aquelas que não prezam pela qualidade dos
produtos e não se preocupam com a satisfação dos clientes.

2.2.3 a qualidade coMo Processo

A abordagem de processo, como vimos no tópico anterior, é um dos princípios


dos Sistemas de Gestão da Qualidade.
Segundo a NBR ISO 9000, um processo pode ser definido como “[...] o conjunto
de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas)
em produtos (saídas)”. Observe na figura a seguir a representação desse conceito.

Atividades
Entradas do
Saídas
processo

Figura 5 - Representação de processo


Fonte: SENAI-SP (2013)

Sabendo quais são as entradas necessárias, quais as atividades envolvidas e


quais as saídas esperadas, podemos realizar ações e tomar decisões que garan-
tam a eficácia de um processo.
Para explicar melhor, recorremos à análise de uma situação pela qual você ou al-
guma pessoa próxima já deve ter passado: o processo seletivo de uma organização.
As competências profissionais e pessoais, bem como as experiências requeri-
das para o cargo, formam o perfil profissional, o qual é determinado pelo departa-
mento que requisita o funcionário em conjunto com os especialistas em Recursos
humanos da empresa (entradas).
quALIdAde, SAÚde, MeIO AMBIente e SegurAnÇA nOS SerVIÇOS de eLetrICIdAde
24

Ocorre, em seguida, a divulgação da vaga nos meios de comunicação mais


adequados. Normalmente se solicita o envio de currículo para a equipe respon-
sável pela seleção.
O próximo passo é a seleção dos candidatos com o perfil requerido para a vaga
e o agendamento de uma entrevista para avaliar o grau de atendimento às com-
petências necessárias para o cargo.
Muitas empresas também realizam uma entrevista com os profissionais do de-
partamento que abriu a vaga para avaliar os conhecimentos específicos da função.
Para finalizar o processo, é elaborado um parecer com as necessidades de
treinamento para adequar o candidato contratado à vaga que ele ocupará (saídas).

Demanda por
profissional
(entrada)

Perfil Profissional

Divulgação
das vagas

Currículos

Seleção dos
candidatos

Candidatos

Entrevistas

Contratados
(saída)

Figura 6 - Exemplo de processo seletivo


Fonte: SENAI-SP (2013)
2 qualidade
25

Essa abordagem se aplica a qualquer processo, inclusive àqueles relacionados


com os serviços de redes de distribuição de energia elétrica. Dessa forma, deve-
mos estar atentos aos princípios da qualidade em todas as etapas do processo, e
não só na saída ou na entrega do produto. O caso seguinte mostra um exemplo
de falta de atenção do eletricista em uma das etapas do processo de religação de
energia elétrica.

CASOS E RELATOS

Pedro de Souza é eletricista de uma empresa prestadora de serviços para


uma concessionária de energia, na área de serviços técnicos comerciais –
atendimento em corte e religação de energia.
Pedro estava em um cliente reinstalando um ramal que havia se rompido
com a passagem de um caminhão, quando, ao se preparar para fazer a
conexão do cabo, percebeu que havia se esquecido da ferramenta a ser
utilizada. Para completar o serviço, improvisou a conexão batendo com
o cabo da chave inglesa. Em seguida, recolheu todos os equipamentos e
fechou o chamado.
Porém, Pedro cometeu, além do improviso, outro erro grave: não
confirmou se as conexões estavam firmes. Duas das fases ficaram folga-
das, o que provocou aquecimento da rede nas horas de maior solicitação
de carga, resultando em desligamentos intermitentes.
O cliente ligou para reclamar com a concessionária, que logo convocou
Pedro para efetuar o retrabalho e consertar o serviço mal feito.
Diante do ocorrido, Pedro foi advertido pela empresa e ainda teve sua
imagem profissional afetada. O serviço mal feito comprometeu também
a imagem da empresa, que teve uma avaliação negativa do cliente sobre
a qualidade de serviços prestados.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
26

Recapitulando

Neste capítulo, você viu que qualidade é um conceito amplo, pois com-
preende dimensões próprias do objeto e particulares a cada pessoa. As-
sim, o que significa qualidade para uma pessoa não necessariamente é o
mesmo para outra.
Você também estudou que as empresas têm buscado a qualidade dos
produtos para melhor atender às necessidades dos clientes, os quais são
o motivo da existência das organizações.
Também foram abordados neste capítulo os conceitos de qualidade dos
produtos, processos de produção e serviços que têm sido desenvolvidos
pelas empresas, inclusive na área de redes de distribuição de energia elé-
trica, assim como a importância da gestão da qualidade no dia a dia das
organizações.
Após estes estudos, esperamos que você, toda vez que for prestar um
serviço, reflita sobre a importância do trabalho bem feito para garantir a
satisfação do cliente e, assim, promover uma imagem profissional positi-
va e a boa imagem da empresa na qual trabalha ou trabalhará.
2 qualidade
27

Anotações:
Segurança e saúde no trabalho

Uma antiga superstição diz que, ao passarmos debaixo de uma escada, algo de ruim nos
acontecerá. Se no alto da escada estiver uma pessoa, haverá realmente uma grande chance de
acontecer um acidente, ou seja, estaremos sujeitos a riscos. Um deles seria o de ser atingido por
algum objeto que caia do alto da escada.
Podemos afirmar que no exercício de qualquer profissão sempre existem riscos em maior
ou menor proporção, tanto para quem desempenha a atividade como para quem compartilha
espaços comuns com o executor da tarefa.
Por isso, abordaremos neste capítulo* aspectos importantes referentes à saúde e à segu-
rança para aqueles que trabalham em redes de distribuição de energia elétrica. Tais aspectos
são um conjunto de indicações e medidas a serem observadas para minimizar os acidentes de
trabalho e as doenças ocupacionais, bem como para proteger a integridade física e psíquica
dos profissionais. Também trataremos de algumas doenças ocupacionais que podem afetar as
pessoas que atuam nesta área.
Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar:
a) condições de segurança no trabalho para execução dos serviços;
b) riscos inerentes à construção de redes de distribuição aérea de energia;
c) riscos nos serviços em eletricidade.
Iniciaremos com os riscos no trabalho. Vamos lá?

* Este capítulo foi extraído e adaptado do capítulo 4 do livro: SENAI DN. Qualidade, saúde, meio ambiente e
segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012. (Série Eletroeletrônica).
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
30

3.1 RISCOS NO TRABALHO

O investimento em prevenção e em regularização da segurança vale a pena


para as empresas porque aumenta o grau de conscientização e confiança dos em-
pregados, o que se reflete em economia e confiabilidade. Além disso, minimizan-
do os custos com acidentes, a empresa deixa de ter outros gastos com atrasos na
produção, além de encargos de advogados e indenizações.

Desde 1º de janeiro de 2010, as empresas com mais ca-


sos de acidentes de trabalho passaram a pagar um valor
maior de Seguro Acidente de Trabalho (SAT). A mudan-
ça na forma de cálculo do seguro introduziu um efeito
multiplicador chamado Fator Acidentário de Prevenção
VOCÊ (FAP), que varia de 0,5 a 2. Na prática, as empresas com
SABIA? menos casos de acidente de trabalho pagarão meta-
de do valor previsto, enquanto as que registrarem um
maior índice de acidentes irão pagar o dobro.
Fonte: Ministério da Previdência Social. Disponível em:
<http://www2.dataprev.gov.br/fap/fap.htm>. Acesso
em: 11 mar. 2013.

Para efeito de cadastro de acidentes do trabalho pela empresa, uma das princi-
pais referências é a norma NBR 14280:2001 - Cadastro de acidente do trabalho
- Procedimento e classificação que, nos subtópicos do item 2.8 define as possí-
veis causas do acidente como sendo:
• 2.8.1 fator pessoal de insegurança (fator pessoal): Causa relativa ao com-
portamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática
do ato inseguro.
• 2.8.2 ato inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segu-
rança, pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente.
• 2.8.3 condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição
do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência.
Cabe ressaltar que o item 2.8.3 condição ambiente de insegurança equivale
à condição insegura, denominação ainda presente na maior parte da literatura
sobre segurança do trabalho.
Veja a seguir exemplos de situações que ilustram condições e atos inseguros.
Você deve conhecer pessoas que têm o hábito de ligar vários equipamentos
em uma única tomada, como mostra a figura seguinte. Pois bem, isso pode causar
aquecimento e até iniciar um incêndio. Imagine se bem próximo dessa ligação
inadequada houvesse uma cortina. Isso facilitaria a propagação de chamas. Nesse
3 SegurAnÇA e SAÚde nO trABALHO
31

caso, temos: o ato inseguro da pessoa que fez essas ligações, a condição insegura
de conexão elétrica e a proximidade da cortina.

Figura 7 - Uso incorreto da tomada


Fonte: SENAI-SP (2013)

Na próxima figura, você pode observar um trabalhador realizando a pintura da


fachada do prédio, preso precariamente por uma corda, sem os equipamentos de
segurança exigidos para a atividade. Essa é uma prática comum, embora extre-
mamente insegura, pois se a corda se partir, o vento bater com força ou a pessoa
sentir-se mal, certamente a consequência será fatal!

Figura 8 - Vida por um fio


Fonte: SENAI-SP (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
32

FIQUE Atos inseguros geram, muitas vezes, condições insegu-


ALERTA ras que conduzem à ocorrência de um acidente.

3.2 ACIDENTE DE TRABALHO

Acidente de trabalho, segundo o Manual de Instruções para Preenchimento


da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), do Ministério da Previdência
Social, é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, na
execução das atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o
trabalho, ou até a morte.

Para saber mais sobre a Comunicação de Acidentes de Tra-


balho (CAT) ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
SAIBA consulte o Manual de Instruções para Preenchimento da
MAIS Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), disponível no
site: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.
php?id=297>.

Também são considerados como acidentes de trabalho:


a) a doença profissional produzida ou desencadeada no exercício do traba-
lho, peculiar à determinada atividade e apontada na relação elaborada pe-
los Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. Como exem-
plo, podemos citar doenças decorrentes do contato com derivados de óleo
de equipamentos elétricos, tais como transformadores e capacitores, que
podem provocar doenças dermatológicas ou câncer de pele ao longo do
tempo;
b) a doença do trabalho ou aquela adquirida ou desencadeada devido às
condições especiais em que a tarefa é realizada, cujos efeitos estão rela-
cionados diretamente à atividade. Como exemplo, podemos citar a perda
parcial ou total da audição por causa de trabalho executado em local extre-
mamente ruidoso.
A Lei nº 8.213/91, de 24/07/1991, determina, no artigo 22, que todo acidente
do trabalho ou doença profissional deve ser comunicado pela empresa ao INSS,
sob pena de multa em caso de omissão.
De acordo com o mesmo documento, no artigo 21, também são considerados
acidentes do trabalho:
3 Segurança e saúde no trabalho
33

a) o acidente ligado à atividade que, embora não tenha sido a causa única,
tenha contribuído diretamente para a morte do segurado ou para a perda
ou redução da capacidade para o trabalho, ou ainda que tenha produzido
lesão que exija atenção médica para a recuperação;
b) o acidente sofrido pelo segurado no local e horário do trabalho, em con-
sequência de:
• ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou com-
panheiro de trabalho;
• ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada com o trabalho;
• ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
• ato de pessoa privada do uso da razão;
• desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes
de força maior;
c) a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercí-
cio da atividade;
d) o acidente ocorrido, ainda que fora do local e horário de trabalho, na execu-
ção de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade ou anuência da
empresa;
e) o acidente sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou
deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veícu-
lo de propriedade do segurado, desde que não haja interrupção ou altera-
ção de percurso por motivo alheio ao trabalho.

Obedecer às políticas e às regras de segurança da em-


FIQUE presa e não colocar a própria saúde ou a segurança dos
ALERTA colegas em risco são atitudes importantes que devem
ser tomadas por qualquer trabalhador.

Os acidentes de trabalho mais comuns em serviços com eletricidade são cho-


ques elétricos, queimaduras decorrentes desses choques e de explosões e que-
das, quando a atividade é realizada em altura (sobre escadas ou andaimes). Na
maior parte dos casos, é possível prevenir ou minimizar os impactos dos agentes
causadores de acidentes, como numa situação de choque elétrico.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
34

A prevenção, em se tratando de agentes causadores, pode ser feita por meio


de medidas administrativas, tais como mudanças de processo e procedimentos
de segurança, incluindo, por exemplo, o uso de equipamentos de proteção indivi-
dual e coletiva, que estudaremos a seguir.

3.3 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Imagine que você tenha sido contratado para ser o artilheiro de um time de
futebol. A sua função será atacar o adversário no intuito de fazer o gol. Por outro
lado os adversários que estão na defesa farão de tudo para detê-lo, e eles têm
fama de “quebra-canela”. Quais medidas de segurança você tomará para se prote-
ger? Logicamente você utilizará alguns equipamentos, como caneleira, chuteira,
faixas e cocheira, que ajudarão na proteção individual.
No caso de um eletricista em redes de distribuição de energia elétrica, todo
cuidado deve ser tomado, pois as tarefas que você irá executar estão sujeitas a
vários riscos de acidentes. Assim como o artilheiro do time de futebol, um eletri-
cista também necessita de equipamentos de uso individual que protejam a saúde
e a integridade física. Esses equipamentos são chamados de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e, para cada atividade, você, no exercício da profissão,
precisará dessa proteção.
Para que você tenha a dimensão da importância do uso dos EPIs, a legislação
trabalhista, segundo a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, em seu artigo
158, parágrafo único, determina, com relação ao uso desses equipamentos forne-
cidos pela empresa, que “constitui ato faltoso do empregado a recusa injustifica-
da de seu uso”.
Já o artigo 166 da mesma Lei define que

a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita-


mente, equipamento de proteção individual adequado ao
risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento,
sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com-
pleta proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos empregados.

Em outras palavras, a empresa é obrigada a fornecer os EPIs necessários e ade-


quados à atividade que você realiza e você, por sua vez, como empregado, é res-
ponsável por utilizá-los de forma adequada.
3 Segurança e saúde no trabalho
35

Veja a seguir o que determina a Norma Regulamentadora que trata de


EPIs, a NR 6:
Item 6.6.1 - Cabe ao empregador:
a) adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional com-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a
conservação;
e) substituir imediatamente quando danificado ou extraviado;
f ) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; e
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros,
fichas ou sistema eletrônico.
Item 6.7.1 - Cabe ao empregado:
a) utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina;
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para
uso; e
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

A norma regulamentadora NR 6, que trata de Equipamento


SAIBA de Proteção Individual (EPI), está detalhada no site do Minis-
MAIS tério do Trabalho. Para consultá-la, acesse: <http://www.mte.
gov.br>.

Agora que você já viu como a legislação é rigorosa com relação ao uso dos
EPIs e sabe que as atividades realizadas pelo eletricista de redes de distribuição
de energia elétrica envolvem riscos importantes, veja, no quadro a seguir, alguns
dos muitos equipamentos que você utilizará para realizar suas tarefas diárias na
empresa.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
36

Quadro 2 - EPIs e suas aplicações

Equipamento de Proteção Individual Aplicação

Atividades realizadas a céu aberto e em


locais fechados que requeiram pro-
teção da cabeça. Protege de impactos
provenientes de queda ou projeção de
objetos, choque elétrico e irradiação solar.

Capacete de segurança

Tarefas que exijam a proteção contra


riscos de impactos nos olhos e contra os
raios UVA e UVB. As lentes devem ser
resistentes a variações de tempera-
tura e impactos diretos.

Óculos de segurança incolor

Atividades em locais com ruídos exces-


sivos. Este protetor é confeccionado em
silicone e possui cordão.

Protetores auriculares

Tarefas que envolvam o manuseio de eq-


uipamentos, materiais e ferramentas não
cortantes. A luva é feita de couro macio,
geralmente na cor cinza, e é indicada para
atividades leves.

Luvas de vaqueta ou pelica

Serve exclusivamente para cobertura


protetora das luvas isolantes de borracha,
nas classes de material isolante elétrico
(borracha) 00, 0, 1, 2 e 3.

Luvas de cobertura (couro) para luvas de borracha


3 Segurança e saúde no trabalho
37

Atividades executadas em circuitos


elétricos energizados com tensão de
1 kV a 34,5 kV, nas classes 00, 0, 1, 2 e
3, de acordo com as especificações do
fabricante.

Luvas de borracha BT

Trabalhos realizados em circuitos elétricos


energizados. Protege contra choque elé-
trico que possa atingir braço e antebraço.
A manga deve ser usada em atividades
executadas em circuitos de até 15 kV,
classe II. Para outras classes, são utiliza-
dos outros tipos de mangas, conforme
especificação do fabricante.
Mangas isolantes de borracha de classe II

Atividades com risco de entorse, queda


de materiais e objetos leves. Para serviços
em eletricidade, não contêm palmilha e
biqueira de aço.

Botas de segurança de couro

Trabalhos realizados em altura igual ou


acima de 2 m. O dispositivo é posicionado
no corpo do trabalhador através de fitas
de nylon e fivelas, com corda ou talabar-
tes presos com mosquetões e argolas
fixados ao cinturão, com o objetivo de
sustentar ou evitar a queda do fun-
cionário.

Cinturão de segurança do tipo paraquedista

Fonte: AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de


distribuição aérea. São Paulo: Eletropaulo, 2011.
Imagens: 123RF e SENAI-SP (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
38

3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)

Todas as tarefas executadas pelo eletricista em redes de distribuição de ener-


gia elétrica estão sujeitas a riscos de acidentes pessoais e com o grupo de pessoas
ao redor ou companheiros de trabalho.
Voltando ao exemplo do jogo de futebol, além dos equipamentos de prote-
ção dos jogadores como caneleiras, faixas que auxiliam na musculatura, cintas e
outros, são necessários equipamentos destinados à proteção de todos, por exem-
plo, placas de sinalização, faixas de alerta e bandeirolas. Esses equipamentos são
denominados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e são destinados a
proteger a saúde e a integridade física das pessoas envolvidas nas tarefas. Veja
alguns desses equipamentos no quadro 3.

Quadro 3 - EPCs e suas aplicações

Equipamento de Proteção Coletiva Aplicação

Orienta a circulação de pessoas.


Desvia e alerta pedestres quanto às
atividades que estão sendo executa-
das. Sinaliza áreas de serviço e obras
em vias públicas.

Fita refletiva

Indica advertência; pode ser de uso


manual ou fixa junto aos cones de
sinalização.

Bandeira com bastão

Orienta o trânsito de veículos e de


pedestres, além de sinalizar áreas de
serviço e obras em vias públicas ou
rodovias.

Cone de sinalização
3 Segurança e saúde no trabalho
39

Indica, no período noturno, a pre-


sença de cones sinalizadores nos
locais de trânsito de automóveis.

Bastão sinalizador

Indicados para aterramentos tem-


porários de redes aéreas secundárias
e primárias em AT e BT.

Aterramentos temporários

Recomendada para transportar ma-


teriais ou ferramentas em trabalhos
realizados nas alturas. Possui car-
retilha e cordas para fixação.

Sacola de lona para materiais

Fonte: AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de


distribuição aérea. São Paulo: Eletropaulo, 2011.
Imagens: 123RF e SENAI-SP (2013)

Alguns equipamentos de proteção precisam ser submetidos a testes de rigi-


dez dielétrica1, como você verá no próximo tópico.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
40

1 Material Dielétrico
3.5 TESTES DE EPIs e EPCs
Isolante elétrico que
somente sob a ação de Para detectarmos possíveis rupturas ou fugas de correntes acima das especifi-
um campo elétrico acima
do seu limite de isolação cadas pelo fabricante, todos os materiais que têm a função de isolantes elétricos
permitirá uma descarga devem ser submetidos a testes em laboratório, denominados testes de rigidez
elétrica.
dielétrica. Existem prazos máximos definidos para a realização desses testes, que
variam de acordo com o equipamento. Veja no quadro a seguir.

Quadro 4 - Prazos para testes dielétricos

Equipamento Prazo máximo obrigatório

Luva isolante de borracha 6 meses

Manga isolante de borracha 6 meses

Capacete de segurança 12 meses

Bastões (diversos) 12 meses

Para a segurança da equipe, é aconselhável que os testes sejam realizados an-


tes desses prazos.
É importante destacar que é obrigatória a inspeção dos equipamentos antes
da utilização. Nessa inspeção, o eletricista não pode encontrar nenhum dos as-
pectos seguintes:
a) luva de borracha com fissuras na superfície;
b) luva de borracha com furo na superfície;
c) manga de borracha com fissuras na superfície;
d) cobertura de borracha com furo na superfície após ensaios dielétricos;
e) capacete com corte na superfície;
f ) capacete vencido (com mais de 5 anos de validade do casco).

Para saber mais sobre testes de rigidez dielétrica, entre em


SAIBA um site de busca na internet e digite: “testes de rigidez die-
létrica de EPI e EPC”. Desse modo, você poderá obter mais
MAIS informações em sites de empresas especializadas nesse tipo
de teste.

Para a segurança do profissional e a execução correta do trabalho, os equi-


pamentos de proteção devem estar em boas condições e dentro dos prazos de
validade.
3 Segurança e saúde no trabalho
41

Agora veja, na próxima imagem, as indicações do Certificado de Aprovação


(C.A.). Com esse número é possível obter o prazo de validade do equipamento de
proteção no site do Ministério do Trabalho (www.mte.gov.br).

Figura 9 -  Indicações de prazos de validade em equipamentos de proteção


Fonte: SENAI (2013).

Para sua segurança nos serviços em eletricidade, os


FIQUE equipamentos com testes de rigidez dielétrica vencidos
ALERTA ou que apresentem alterações na inspeção devem ser
substituídos ou inutilizados.

Tudo o que vimos até aqui reforça a necessidade da adoção e do cumprimento


das regras e políticas de segurança das empresas, já que muitos acidentes decor-
rem de atos inseguros que, quase sempre, colocam em risco a saúde e a seguran-
ça das pessoas.
É importante destacar ainda algumas das regras básicas para manutenção da
segurança no ambiente de trabalho. Leia com atenção o quadro a seguir.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
42

Quadro 5 - Regras básicas de segurança

Regra básica Alerta

Mantenha-se sempre atento e focado na ativi- As distrações são a causa de uma grande parte
dade que está realizando. dos acidentes.

Respeite os riscos, pois, se ocorrer um acidente, Muitos acidentes ocorrem por displicência de
pode ser o último da sua vida. funcionários que se julgam muito experientes.

Utilize sempre roupas, ferramentas e equipa-


O improviso pode expor você a um risco
mentos adequados para a atividade que está
desnecessário.
realizando.

Sempre que possível desfrute de uma boa noite O cansaço gera a distração, que pode causar
de sono. acidentes.

Cerca de 2/3 de nosso corpo é composto de


Mantenha-se sempre hidratado.
água, que é essencial para nossa saúde.

Caso esteja doente, avise a seu supervisor e Você pode não estar apto a realizar suas tarefas
procure um médico. com segurança.

Agora que você já sabe quais são suas atribuições com relação à segurança no
trabalho, passe para o próximo tópico e atente para a divisão de responsabilida-
des em uma equipe.

3.6 DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES

Uma equipe que realiza serviços em redes de distribuição de energia elétrica


normalmente conta com as seguintes posições: líder, eletricista do grupo e eletri-
cista auxiliar. Atente para as responsabilidades de cada um deles.

Quadro 6 - Funções e responsabilidades da equipe

Funções Responsabilidades

• Planejar as atividades com a equipe e distribuir o serviço a ser reali-


zado.
• Identificar, em conjunto com a equipe, os riscos das tarefas.
• Fiscalizar o uso de EPIs e EPCs e também o cumprimento dos procedi-
Líder
mentos e das instruções de trabalho.
• Interromper o companheiro de trabalho quando este executar o
serviço de maneira inadequada.
• Zelar pela própria segurança e a da equipe.
3 Segurança e saúde no trabalho
43

• Cumprir procedimentos e instruções de trabalho.


• Zelar pelo uso, pela conservação e pela higienização dos EPIs, dos
Eletricista do
EPCs e das ferramentas.
grupo
• Participar da identificação dos riscos das tarefas a serem executadas.
• Zelar pela própria segurança e a dos companheiros.

• Identificar, selecionar e separar os EPIs, os EPCs e as ferramentas


adequadas.
• Acompanhar atentamente os padrões de execução de todas a ativi-
dades.
• Alertar os companheiros de trabalho em relação a ações que envol-
Eletricista auxiliar
vam perigos ou riscos iminentes nos serviços com a rede energizada
ou desenergizada.
• Utilizar os EPIs e os EPCs corretamente, de acordo com a atividade a
ser executada.
• Separar e enviar os materiais para o eletricista em atividades aéreas.

Ao analisarmos o quadro, notamos que a observância aos riscos e ao uso de EPIs e


EPCs aparece como responsabilidade de todas as funções. Isso é assim definido por-
que qualquer negligência nos serviços em eletricidade pode levar a acidentes gra-
ves, inclusive resultando em morte. Para conhecer esse perigo, leia o caso a seguir.

CASOS E RELATOS

Um eletricista experiente, contratado pelo dono de uma residência para


execução da reforma da instalação da entrada de energia, estava efe-
tuando a verificação dos conectores no topo do poste (ramal de entrada),
quando visualizou uma conexão frouxa.
Embora estivesse com a escada corretamente posicionada, achou mais
fácil subir na laje da garagem para apertar a conexão. Estava usando ber-
muda, camiseta e chinelo de dedos; como iria apenas apertar a conexão,
julgou desnecessário o uso dos EPIs, no caso: capacete, luvas e mangas
de borracha; botas, óculos e cinto de segurança; trava-quedas.
No momento em que foi apertar a conexão com o alicate, recebeu uma
descarga elétrica e caiu, batendo a cabeça no solo e sofrendo traumatis-
mo craniano. Veio a falecer.
O eletricista, por excesso de confiança, cometeu dois graves erros: não
utilizou a escada e os EPIs necessários para executar esse tipo de serviço.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
44

Esse caso pode parecer um exagero, mas é verídico. É importante reforçar que são
muitos os acidentes com descarga elétrica que resultam em morte e deles podemos
tirar a seguinte lição: cada atividade exige o uso de um conjunto de EPIs que não
pode ser substituído pelo conhecimento que você venha a ter sobre os riscos em
serviços com eletricidade. Um choque elétrico pode ocorrer num piscar de olhos,
por isso, fique sempre atento e use os EPIs adequados às atividades que irá realizar.

3.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)

Desde o início deste capítulo, estamos tratando das ações que podem minimi-
zar/eliminar os riscos de acidentes nas empresas e destacamos a importância da
prevenção quando o assunto é saúde ou segurança.
Porém, diante de tantas informações, você pode estar se perguntando:
a) Como zelar pelas condições de saúde e segurança na empresa e ainda ter
tempo para trabalhar?
b) Quem deve capacitar os funcionários quanto aos procedimentos de segu-
rança da empresa?
Essas tarefas ficam a cargo da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), regulamentada pela NR 5.
Os cipeiros, como são chamados os membros da CIPA, são trabalhadores da
empresa que, além de cumprir suas funções, devem observar as condições de
saúde e segurança e orientar os colegas sobre os procedimentos adequados.
Eles são reconhecidos, normalmente, por usar um bóton verde, semelhante ao
apresentado na figura a seguir.

C I PA

SE
G UR A N Ç A
Figura 10 -  Símbolo da CIPA
Fonte: SENAI (2013)
3 Segurança e saúde no trabalho
45

A escolha dos integrantes da CIPA, de acordo com a NR 5, é feita através de


processo eleitoral próprio, cujos candidatos são os funcionários interessados em
cooperar para “[...] a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da
vida e a promoção da saúde do trabalhador”.
A CIPA deve ser composta proporcionalmente de funcionários relacionados a
cada tipo de atividade da empresa, e a quantidade de integrantes é definida de
acordo com o número de trabalhadores da organização.
Todavia, se o número de trabalhadores não atingir o mínimo para a constitui-
ção formal da CIPA, a empresa deve indicar um de seus funcionários para ser o
responsável pelo cumprimento da NR 5.

Para saber mais sobre o objetivo, a constituição, as atribui-


ções e o funcionamento da CIPA, acesse a NR 5 no site
SAIBA <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909
MAIS DC0131678641482340/nr_05.pdf>,
ou entre em um site de busca e digite “NR 5”.

Cabe ao empregador proporcionar aos membros da comissão os meios ne-


cessários ao desempenho das atribuições, bem como garantir tempo suficiente
para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho.

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) foi


VOCÊ criada em 1944, durante o governo de Getúlio Vargas.
Atualmente ela está regulamentada pela Portaria SSST
SABIA? nº 8, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) em 23/02/99.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
46

Recapitulando

Neste capítulo, vimos aspectos relacionados com a saúde e segurança do


trabalho, incluindo um conjunto de indicações e medidas a serem obser-
vadas no exercício de sua atividade profissional.
Definimos acidente de trabalho, apresentamos as principais causas e for-
necemos informações importantes sobre como controlá-las.
Estudamos vários equipamentos de proteção individual e coletiva e des-
tacamos aqueles necessários na realização de serviços em eletricidade.
Enfatizamos também a necessidade de controle e conservação desses
equipamentos.
Apresentamos ainda as responsabilidades daqueles que atuam em RDA.
Você pode notar que o uso de EPIs e EPCs deve ser preocupação de todos,
independentemente da função que a pessoa exerça.
Finalizamos com uma exposição sobre a CIPA e seu papel nas empresas.
Esperamos que estes estudos o ajudem no exercício de sua profissão de
eletricista de redes de distribuição, tornando-o um profissional cuidado-
so com o grupo e com os equipamentos de trabalho.
3 Segurança e saúde no trabalho
47

Anotações:
riscos nos serviços em eletricidade

Os eletricistas de redes de distribuição de energia elétrica trabalham diretamente com ele-


tricidade e, por isso, estão expostos aos riscos que esta pode causar. Devem, portanto, tomar os
cuidados necessários para controlá-los.
Para que você tenha a dimensão dos riscos dessa profissão que irá exercer, saiba que todas
as situações relacionadas com a eletricidade são classificadas como perigosas, podendo afetar
a vida não somente daqueles que prestam serviços em eletricidade, mas também daqueles
que se servem da eletricidade ou mesmo próximos aos locais onde estão sendo realizados os
serviços, independentemente de serem pessoas ou animais.
Por isso, preparamos este capítulo especialmente para ajudá-lo a reconhecer esses riscos e
desenvolver atitudes voltadas ao controle, com o objetivo de evitar os acidentes elétricos. Nele
abordaremos essencialmente os riscos com eletricidade, tais como choque elétrico e descarga
elétrica, bem como riscos adicionais (relacionados ao ambiente ou processo de trabalho) e
riscos de incêndio.
Apresentaremos também medidas de controle de riscos com eletricidade, como aterramen-
to e controle e combate a incêndios.
Assim, ao término deste capítulo você terá subsídios para identificar:
a) condições de segurança para execução dos serviços;
b) riscos inerentes à construção da rede de distribuição de energia;
c) riscos do uso e da execução de serviços em eletricidade.
Antes disso, fique atento a todas as explicações contidas neste capítulo, pois elas serão muito
úteis no exercício de suas atividades como eletricista. Vamos iniciar abordando o choque elétrico.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
50

1 Parada 4.1 Choque elétrico


cardiorrespiratória
Você sabe o pode ocorrer com uma pessoa quando submetida a uma corren-
Condição na qual o coração
da pessoa para de bater e, te elétrica, ou seja, quando recebe um choque elétrico? Já leu ou ouviu notícias
ao mesmo tempo, ela para
de respirar. Nessa condição, de pessoas que sofreram acidentes fatais com eletricidade? Certamente você de
a vítima necessita de alguma forma já tem conhecimento sobre a gravidade desse tipo de exposição.
assistência médica imediata
para que não venha a Porém, nem todas as pessoas reagem da mesma forma quando submetidas
falecer.
à corrente elétrica. Os motivos de reagirem de diferentes maneiras são variados:
vão desde o metabolismo de cada pessoa até o trajeto da corrente através do
seu corpo. Existem também fatores externos que podem interferir na forma de
reação, por exemplo, a presença ou não de umidade.
Entenda o que é e como ocorre o choque elétrico.

Figura 11 -  Choque elétrico no corpo humano


Fonte: 123RF (2013)

O choque elétrico causa uma perturbação no organismo humano quando este


é percorrido por uma corrente elétrica.
Essa perturbação depende:
a) do percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
b) da intensidade e frequência da corrente elétrica;
c) do tempo de duração da exposição;
d) da área de contato;
e) da tensão elétrica;
f ) das condições da pele, da constituição física e do estado de saúde do
indivíduo.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
51

Observe a figura 12 para entender o que queremos dizer com relação ao per-
curso da corrente elétrica pelo corpo humano e os pontos atingidos. Repare que
esse percurso pode ou não passar através do coração, o que, na maior parte dos
casos, pode causar uma parada cardiorrespiratória1.

Figura 12 -  Exemplo de percursos da corrente elétrica no corpo humano


Fonte: SENAI-SP (2013)

Também há estudos sobre os efeitos fisiológicos da passagem de diferentes va-


lores de corrente elétrica pelo corpo, conforme você pode ver no quadro a seguir.

Quadro 7 - Efeitos da corrente elétrica no corpo humano

Efeito Corrente elétrica em ampères

Pequenos estímulos nervosos de 0,005 a 0,01 A

Contrações musculares de 0,01 a 0,025 A

Aumento da pressão sanguínea, transtornos cardíacos e


de 0,025 a 0,08 A
respiratórios, desmaios

Contrações rápidas do coração (fibrilação) de 0,08 a 5 A

Queimaduras na pele e nos músculos acima de 5 A

Fonte: SENAI DN. Instalação de sistemas elétricos prediais. Brasília: SENAI DN, 2013. (Série Eletroeletrônica).

É importante destacar que o choque elétrico é responsável por um grande nú-


mero de acidentes, em alguns casos resultando na perda da vida de pessoas.
A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
(Abracopel) divulgou estatística parcial (de janeiro a agosto de 2011) de acidentes
com eletricidade. Os resultados foram preocupantes, e teve destaque o número
de acidentes com choque elétrico seguidos de morte. Segundo o boletim divul-
gado na edição 68 do Portal “O setor elétrico”, foram 209 casos no período estu-
dado. Esse número corresponde à mesma quantidade de casos do ano anterior
inteiro, 2010.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
52

2 Massa As descargas elétricas podem ser provocadas por fontes não controladas,
como os raios provenientes de descargas atmosféricas, mas grande parte dos aci-
Em instalações elétricas,
refere-se ao conjunto dentes poderia ser evitada com a adoção de medidas de proteção adequadas.
das partes metálicas
não destinadas a Os acidentes com pessoas que executam serviços em eletricidade muitas ve-
conduzir corrente e
eletricamente isoladas zes são decorrentes da falta de informação adequada, de habilidade ou de treina-
dos pontos energizados, mento no uso de equipamentos e no controle de riscos. Não são raras as situações
tais como invólucros de
equipamentos elétricos. em que pessoas tentam efetuar tarefas sem o devido preparo e sofrem acidentes
graves.

3 Capacitor
Para evitar situações de risco, é importante que você conheça as causas e os
tipos de choque elétrico, bem como as medidas de proteção. Acompanhe!
Conjunto de condutores
elétricos, geralmente
com formato de placas
(armaduras), isolados entre
si por meio de materiais 4.1.1 Causas do choque elétrico
isolantes (dielétricos),
que têm como função
armazenar cargas O choque elétrico pode ocorrer devido a dois tipos de causas: diretas e indiretas.
elétricas. Seu princípio de
funcionamento baseia-se Causas diretas são aquelas decorrentes do contato direto resultante do toque
na formação de um campo
eletrostático entre suas
acidental de uma parte do corpo com um componente energizado de um equi-
armaduras. Os capacitores pamento ou da instalação ou por contato indireto resultante do toque de uma
são muito utilizados
em instalações elétricas parte do corpo com uma massa2 energizada.
industriais no controle de
perturbações ocorridas na Causas indiretas são definidas através dos fenômenos listados a seguir.
rede elétrica pelo uso de
componentes indutivos a) Indução eletromagnética: fenômeno que se apresenta em um corpo ex-
(motores, transformadores
etc.) e em equipamentos posto a um campo magnético variável, gerando uma tensão elétrica indu-
eletrônicos. zida. Em locais onde existem tensões com valores elevados, como subesta-
ções de energia, os riscos resultantes de tensões induzidas são controlados
por meio do aterramento dos componentes.
b) Eletricidade estática: fenômeno que ocorre em um corpo exposto a um
acúmulo de cargas, originando uma tensão elétrica. Em locais onde há
grande acúmulo de cargas, como superfícies metálicas, os riscos de choque
elétrico podem ser controlados por meio de aterramento.
c) Descargas atmosféricas: fenômeno que se apresenta por diferenças de
potenciais atmosféricos, gerando uma descarga elétrica entre dois ou mais
pontos, conhecida como raio. Pode ocorrer entre as nuvens e entre elas e
um ponto da superfície da terra. Ao atingir pessoas ou animais, os riscos
resultantes dessas descargas são incalculáveis; podem causar queimaduras
e até a morte.
4 rISCOS nOS SerVIÇOS eM eLetrICIdAde
53

4.1.2 tiPos de choque elétrico

O choque elétrico pode ser classificado em dois tipos: estático e dinâmico.


O choque estático é produzido pela eletricidade estática ou por descargas de
capacitores3.
O choque dinâmico é ocasionado por tensão de toque ou tensão de passo.
Veja a explicação no quadro a seguir.

Quadro 8 - Tipos de tensão

tensão de toque
+ + + +

Tensão de toque
+
É produzida pelo contato + +
acidental de uma parte do + +
+ +
corpo com um ponto ener- + +
gizado de um equipamento + +
+ +
ou da instalação.
-
- -
- - - -

Tensão de toque

Tensão de passo
É a diferença de potencial descarga elétrica
(tensão) existente entre os
membros inferiores de uma
pessoa ou de um animal, a
qual pode ser desencadeada
por descargas atmosféricas
ou contatos acidentais de
partes energizadas da rede tensão de passo
elétrica com a terra. Quando
uma corrente elétrica de alta
intensidade é descarregada
na terra, ocorre um aumento
da tensão em torno do pon-
∆V
to onde houve a descarga,
resultando na distribuição
dessa tensão pelo solo.
Caso uma pessoa ou um
animal esteja próximo a esse
∆V
ponto, uma tensão poderá
ser estabelecida entre seus
membros inferiores. Tensão de passo

Fonte: SENAI-SP (2013)


Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
54

4 Equipotencialização Medidas de proteção contra choques elétricos


Ato de colocar todos os Para garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado
pontos de aterramento em
um mesmo potencial. da instalação e a conservação dos bens, diversas medidas de proteção contra
choques elétricos podem ser aplicadas simultaneamente numa mesma instala-
ção elétrica. É o que determina a NBR 5410, que estabelece as condições a que
devem satisfazer instalações elétricas de baixa tensão (< 1000 Vca ou 1500 Vcc),
instalações novas ou reformas em instalações existentes.
Veja quais são as medidas de proteção aplicadas em locais acessados por usu-
ários comuns:
a) isolamento das partes energizadas das máquinas, dos equipamentos e de
outros dispositivos;
b) aterramento e equipotencialização4 das estruturas e dos equipamentos;
c) seccionamento automático da alimentação, das chaves, dos fusíveis e de
outros componentes;
d) uso de disjuntores;
e) uso de dispositivos DR.
Conheça, a seguir, quais são as medidas de caráter parcial aplicadas em locais
acessados por profissionais da área elétrica:
a) uso de obstáculos destinados a impedir o contato involuntário com partes
energizadas dos equipamentos ou da instalação;
b) colocação fora de alcance de partes simultaneamente acessíveis que apre-
sentem potenciais diferentes. Considera-se que duas partes são simultanea-
mente acessíveis quando o afastamento entre elas não ultrapassa 2,5 m.

4.2 Arco elétrico

O arco elétrico (ou arco voltaico) é um fenômeno de alto risco que também
precisamos conhecer e controlar através da adoção de algumas medidas. Ele
ocorre todas as vezes que houver a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por
outro meio isolante, por exemplo, óleo ou graxa.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
55

Figura 13 -  Arco elétrico


Fonte: 123RF (2013)

O arco elétrico é uma ocorrência de curtíssima duração (menor que 30 milisse-


gundos), e muitas vezes é tão rápido que o olho humano não consegue percebê-
-lo. É extremamente quente, considerado a mais intensa fonte de calor na Terra.
Sua temperatura pode alcançar 20.000 °C. Por isso, pessoas que estejam no raio
de alguns metros dele podem sofrer severas queimaduras.
Assim, você pode concluir: se um arco elétrico vier a atingir um eletricista,
poderá causar sérios acidentes. Mas é possível prevenir-se com relação aos seus
efeitos. Leia com atenção as explicações seguintes para conhecer as causas e as
consequências do arco elétrico e as formas de controle dos riscos.

4.2.1 Causas e consequências do arco elétrico

O arco elétrico pode ser causado por fatores relacionados com:


a) equipamentos: quando ocorrem falhas em partes condutoras que inte-
gram ou não os circuitos elétricos;
b) ambiente: pela contaminação por sujeira ou água ou pela presença de in-
setos ou outros animais, gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em
barramentos de painéis ou subestações;
c) pessoas: quando trabalhadores movimentam-se de forma insegura ou
manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores próximos de
instalações energizadas.
A quantidade de energia liberada na duração de um arco depende da corrente
de curto-circuito e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção contra cor-
rentes acima das estabelecidas (sobrecorrente). Altas correntes de curto-circuito
e tempos longos de atuação dos dispositivos de proteção aumentam os riscos e
os danos provocados pelos arcos elétricos.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
56

5 Load Buster (LB) O arco elétrico conhecido também como centelha pode causar queimaduras
e quedas graves ao atingir uma pessoa ou um animal. Sua temperatura é tão alta
É uma ferramenta de
interrupção de carga, que pode destruir os tecidos do corpo e gerar explosões.
leve e de fácil manuseio.
Ela traz a capacidade A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende
de seccionamento sob
carga para sistemas de da energia liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do
distribuição aérea de até tipo de roupa que utilizam. Esses fatores afetam diretamente a chance de sobre-
34,5 kV e 600 A nominais ou
900 A máximos. vivência da vítima.
As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da
vítima pelo calor produzido. Tempos relativamente longos (de 30 a 60 segundos) de
queima contínua de uma roupa de uso comum aumentam tanto o grau da queima-
dura quanto a área total atingida no corpo. Além disso, as partículas incandescentes
desprendidas pelo arco, ao atingir os olhos, podem levar à perda da visão.
Portanto, todo cuidado é pouco para evitar a abertura de arco através do
operador.

4.2.2 Medidas de controle do arco elétrico

Até aqui estudamos como os arcos elétricos podem ser provocados, partindo
de suas fontes geradoras, porém é importante saber como evitá-los. Acompanhe
a explicação a seguir.
Em muitos dos casos em que conhecemos a fonte geradora, podemos adotar
medidas de controle do arco elétrico diferenciadas, tais como:
a) desenergização do circuito;
b) utilização de EPIs adequados;
c) utilização de equipamento destinado à extinção do arco elétrico – Load
Buster (LB)5;
d) execução de procedimentos de segurança.

Em se tratando de redes aéreas de distribuição de ener-


FIQUE gia, todos os procedimentos de segurança e execução
ALERTA da concessionária local devem ser consultados e execu-
tados, como medida de controle de riscos elétricos.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
57

Leia o caso a seguir e reflita sobre a importância da utilização de equipamen-


tos adequados, bem como do cumprimento dos procedimentos de segurança
por parte de todos os envolvidos.

CASOS E RELATOS

O eletricista Sérgio Costa, funcionário de uma empresa prestadora de ser-


viços para a concessionária local, recebeu uma Ordem de Serviço (OS)
para abertura de chave seccionadora da rede primária de distribuição,
13,8 kV, para que pudesse ser feita a poda de uma árvore.
Ao chegar ao local, Sérgio constatou a ausência do equipamentos Load
Buster (LB) para a execução segura da abertura da chave. Decidiu exe-
cutar o serviço sem o LB. Posicionou-se na escada com os devidos EPIs e
efetuou a primeira abertura. Como o circuito estava em carga, o resultado
foi um arco elétrico de grande proporção.
O arco elétrico derreteu o isolador de porcelana que afastava a parte viva
da chave com a estrutura e, consequentemente, gerou um curto-circuito,
o qual originou um incêndio que vitimou o eletricista.

4.3 Campos eletromagnéticos

O termo “campo” indica que, em um determinado espaço, existe uma força


que pode ser responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. Por exemplo,
o campo gravitacional da Lua, que determina a subida da maré, é um exemplo
do conceito de campo. Além do campo gravitacional, temos o campo elétrico e o
campo magnético, que juntos resultam no campo eletromagnético.
Veja um exemplo de campo magnético neste esquema de construção de um
eletroímã.
quALIdAde, SAÚde, MeIO AMBIente e SegurAnÇA nOS SerVIÇOS de eLetrICIdAde
58

ELETROÍMÃ

prego

bateria alfinetes

fio de cobre

chave

Figura 14 - Exemplo de campo magnético


Fonte: SENAI-SP (2013)

Observe que existe uma bobina, construída com o fio de cobre enrolado so-
bre um núcleo metálico (prego) e alimentada por uma fonte (bateria). A bobina,
quando percorrida pela corrente elétrica, gera um campo magnético, que atrai os
alfinetes. Se abrirmos a chave, não haverá mais corrente elétrica, cessando a ação
do campo magnético, portanto os alfinetes não são mais atraídos.
Os campos eletromagnéticos também podem ter efeitos prejudiciais sobre
aqueles que trabalham com eletricidade. Por isso, abordaremos alguns conceitos
importantes para que você entenda como eles ocorrem. Vejamos dois deles.
O campo elétrico provoca a formação de uma carga sobre a superfície da
pele, enquanto o campo magnético causa fluxo de correntes circulando em todo
corpo. Normalmente esses efeitos não são prejudiciais às pessoas, mas quando
muito intensos, podem provocar disfunções em implantes eletrônicos (marca-
passos e dosadores de insulina) e a circulação de correntes em próteses metálicas,
podendo resultar em aquecimento intenso e acarretar lesões internas.
Outra preocupação é com a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser parti-
cularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros,
pois a passagem da corrente alternada em condutores gera um campo eletro-
magnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próxi-
mos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito dese-
nergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
59

Por isso é fundamental que, além de desligar o circuito no qual irá trabalhar,
você confira, com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de ten-
são), se o circuito está efetivamente desenergizado.

4.4 Riscos adicionais

São riscos específicos de cada ambiente ou processo de trabalho e que, direta


ou indiretamente, podem afetar a segurança e a saúde daqueles que trabalham
com eletricidade. Portanto, os riscos adicionais merecem a sua atenção, tanto
quanto os riscos elétricos que acabamos de expor.
O profissional que realiza serviços em eletricidade pode estar exposto a
riscos adicionais em atividades realizadas em alturas, ambientes confinados e
condições atmosféricas inadequadas. Leia atentamente as informações a seguir,
sobre esses riscos.

4.4.1 Trabalhos realizados em alturas

Em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas, devemos seguir as instru-


ções relativas à segurança descritas a seguir.
a) É obrigatório o uso do cinto de segurança do tipo paraquedista. Esse equi-
pamento deve ser inspecionado pelo trabalhador antes do uso e não deve
ter defeitos em costuras, rebites, argolas, mosquetões, molas e travas.
b) Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas
em bolsas especiais. Não devem ser arremessados. Quando for imprescindí-
vel o uso de andaimes em locais próximos à rede elétrica, eles devem:
a) respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as opera-
ções de montagem e desmontagem;
b) estar aterrados;
c) ter as tábuas das plataformas com no mínimo 2,5 cm de espessura, trava-
das e que nunca ultrapassem o andaime;
d) possuir base com sapatas (apoios do andaime);
e) ter guarda-corpo de 90 cm de altura em todo o perímetro, com vãos má-
ximos de 30 cm;
f ) possuir amarrações a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
60

6 Higrômetro Além disso, para trabalhar em andaimes, o trabalhador deve estar de cinturão
de segurança do tipo paraquedista em alturas iguais ou superiores a 2 metros.
Instrumento utilizado
para medir a umidade O trabalho realizado em alturas, quando requer o manuseio de escadas, tam-
existente nos gases,
mais especificamente bém exige cuidados especiais. Acompanhe!
na atmosfera. Tem uso
principal em estudos
relacionados com o clima
e em situações nas quais
a presença de umidade 4.4.2 Manuseio de escadas
excessiva ou abaixo do
normal pode provocar
danos, por exemplo, em As escadas utilizadas pelo eletricista devem sempre ser inspecionadas visu-
laboratórios.
almente antes do uso, a fim de verificar se apresentam rachaduras, degraus com
jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados. Se houver qualquer ir-
regularidade, deve ser entregue ao superior imediato para reparo ou troca.
Para garantir sua segurança, atente para outros cuidados que devem ser to-
mados ao utilizar escada.
a) Manuseie-a com luvas.
b) Limpe a sola do calçado antes de utilizá-la.
c) Ao atravessar vias públicas, conduza-a paralelamente ao meio-fio.
d) Ao transportá-la em veículos, coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos
ganchos-suportes, devidamente amarrada.
e) Ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando firmemente
os montantes.
f ) Trabalhe somente depois de certificar-se de que ela está firmemente amar-
rada.
g) Utilize o cinto de segurança e mantenha os pés apoiados sobre os degraus.

4.4.3 Ambientes confinados

Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, explosão,


intoxicação e doenças do trabalho, devem ser adotadas medidas especiais de
proteção, a saber:
a) treinamento e orientação para os trabalhadores sobre os riscos a que estão
submetidos, as formas de prevenir acidentes e o procedimento a ser adota-
do em situação de risco;
b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não
podem realizar suas atividades sem um equipamento de proteção respira-
tória.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
61

A NR 33 estabelece os requisitos mínimos para identificação,


reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos
riscos existentes em espaços confinados, com o objetivo de
SAIBA garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que neles
MAIS atuam direta ou indiretamente. Para saber mais sobre essa
norma, acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego,
no endereço <http://www.mte.gov.br>, clique em “Legisla-
ção” e em seguida em “Normas Regulamentadoras”.

4.4.4 Condições atmosféricas

Todo trabalho realizado em equipamentos energizados só deve ser iniciado


se houver boas condições meteorológicas. Não são permitidos trabalhos sob
chuva, neblina densa ou ventos. As condições de umidade do ar devem ser ob-
servadas. Podemos determinar se ela é favorável, ou não, com a utilização de um
higrômetro6.
Sabemos que a existência de umidade no ar propicia a diminuição da capa-
cidade de abertura do circuito, isto é, da máxima intensidade de corrente que o
dispositivo de proteção consegue efetivamente interromper. Isso pode aumentar
o risco de acidentes elétricos. Devemos levar em consideração, também, que os
equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade
elevada, pois o óleo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometendo,
assim, suas características de isolação.
As descargas atmosféricas ou raios são outro fator de risco. Trata-se de um
fenômeno da natureza absolutamente imprevisível com relação às suas caracte-
rísticas elétricas e seus efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as
edificações, as pessoas ou os animais.
Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a “queda” de um raio em
uma determinada região. Assim, as soluções aplicadas buscam tão somente mini-
mizar os efeitos destruidores através da instalação de dispositivos adequados de
captação e de condução segura da descarga para a terra.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
62

7 Linhas elétricas de A incidência de raios é maior em solos que são maus condutores do que em
sinais
solos condutores de eletricidade. Em solos maus condutores, com a presença de
Linhas por onde trafegam nuvens carregadas, por indução concentram-se no terreno cargas elétricas. Por
sinais eletrônicos, que exemplo, a nuvem funciona como placa negativa, o solo como placa positiva e
podem ser sinais de
telecomunicações, de o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, serve como um isolante de baixo
intercâmbio de dados, de
controle, de automação etc. poder dielétrico, propiciando assim a ocorrência de raios que podem atingir a
rede elétrica.

8 Dispositivos de
Proteção contra
Surtos (DPS)

Dispositivos utilizados
nas instalações elétricas
com a finalidade de
proteger os equipamentos
eletroeletrônicos contra
perturbações que possam
ocorrer na rede elétrica
decorrentes de descargas
atmosféricas ou de
manobras realizadas pelas
empresas fornecedoras
de energia. Seu uso está
previsto na NBR 5410.

Figura 15 -  Raio atingindo a rede elétrica


Fonte: 123RF (2013)

4.5 Aterramento

Nas instalações elétricas, o aterramento é uma medida de segurança eficaz


contra choques elétricos em seres humanos e animais, como vimos anteriormen-
te. Por isso, acompanhe atentamente as explicações a seguir!
Aterrar significa colocar instalações e equipamentos no mesmo potencial da
terra. O objetivo mais amplo de um sistema de aterramento é o de se obter uma
diferença de potencial próxima de zero entre os condutores de proteção e as mas-
sas condutoras (de um equipamento ou da instalação), inclusive as ferragens e
tubulações metálicas da edificação.
4 rISCOS nOS SerVIÇOS eM eLetrICIdAde
63

Figura 16 - Aterramento elétrico


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.5.1 Por que aterrar?

O contato acidental de um componente energizado de um equipamento elé-


trico com a massa desse equipamento pode colocar em risco a vida das pessoas
que o manuseiam. Ao tocar numa massa energizada não aterrada, a pessoa pode
se tornar parte de um circuito e ser percorrida por uma corrente elétrica. Nesse
caso, o sistema de aterramento oferece, para a corrente elétrica, um caminho mais
eficiente para a terra, por possuir uma baixa resistência elétrica (abaixo de 10 Ω,
de acordo com a NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféri-
cas). A corrente elétrica é desviada para a terra, ocasionando o acionamento de
dispositivos de proteção elétrica sensíveis a correntes de curtos-circuitos, como
os disjuntores. Esse tipo de falha é conhecida como corrente de falta.
O aterramento também protege as linhas elétricas de sinais7 e é fundamental
para o funcionamento de dispositivos de proteção contra surtos (DPS)8.
Para melhor compreensão, estudaremos separadamente cada tipo de prote-
ção mencionado, o que pode dar a impressão de que são sistemas separados.
Contudo, na execução do aterramento das instalações elétricas, são feitas as in-
terligações entre os pontos de aterramento da edificação.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
64

4.5.2 O que deve ser aterrado?

A palavra “aterramento” se refere à terra em virtude de sua utilização como


ponto de referência zero, uma vez que ela nos circunda em todos os lugares.
Quando dizemos que algum equipamento está aterrado, significa que sua massa
está intencionalmente ligada à terra.
Em princípio, todo equipamento com carcaça metálica deve ser aterrado:
aparelhos de iluminação; máquinas elétricas; computadores e outros equipa-
mentos eletrônicos; grades, estruturas e tubulações metálicas etc. Como os con-
dutores de aterramento fazem parte dos circuitos de tomadas de uso geral e
específico, os aparelhos eletrodomésticos, por exemplo, são aterrados ao serem
ligados a essas tomadas.

4.5.3 Eletrodos de aterramento

De acordo com a NBR 5410, toda edificação deve dispor de uma infraestrutu-
ra de aterramento, incluindo haste de aterramento, sendo admitidas as seguin-
tes opções:
a) armaduras do concreto das fundações;
b) fitas, barras ou cabos metálicos, especialmente previstos, imersos no con-
creto das fundações;
c) malhas metálicas enterradas, no nível das fundações, que cubram a área da
edificação e sejam complementadas, quando necessário, por hastes verti-
cais e/ou cabos dispostos radialmente (pés de galinha);
d) anel metálico enterrado, que circunde o perímetro da edificação e seja
complementado, quando necessário, por hastes verticais e/ou cabos dis-
postos radialmente (pés de galinha).
4 Riscos nos serviços em eletricidade
65

Haste e conector para aterramento Caixa de inspeção e haste para aterramento

Figura 17 -  Alguns tipos de eletrodos de aterramento


Fonte: SENAI-SP (2013)

A interligação entre diversos pontos aterrados da edifi-


VOCÊ cação é chamada de equipotencialização e se destina
SABIA? a reduzir as diferenças de potencial entre dois ou mais
corpos condutores de eletricidade.

4.5.4 Esquemas de aterramento

A NBR 5410 estabelece os esquemas de aterramento utilizados em instalações


elétricas de baixa tensão. Observe a seguir os símbolos utilizados nos esquemas.

condutor neutro (N)

condutor de proteção (PE)

condutor combinando as funções de


neutro e de condutor de proteção (PEN)

Figura 18 -  Símbolos utilizados nos esquemas de aterramento


Fonte: SENAI-SP (2013)

Na nomenclatura utilizada nos esquemas de aterramento, a primeira letra re-


presenta a situação da alimentação em relação à terra.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
66

Esquema TN

Possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, e as massas são liga-


das a ele por meio de condutores de proteção. São consideradas três variações
do esquema TN, conforme a disposição dos condutores. Observe cada variação
no quadro a seguir.

Quadro 9 - Esquema TN

Variações de
esquema TN
Condição Representação

Condutor neutro, comumente L1


L2
utilizado em instalações elétri- L3
N
cas prediais por torná-las mais PE
Esquema TN-S
eficientes e seguras, favorecen-
do a atuação dos dispositivos
aterramento da massas massas
de proteção. alimentação

L1
As funções de neutro e de L2
L3
proteção são combinadas em PEN PE
Esquema N
um único condutor, em um de-
TN-C-S
terminado trecho do circuito, e
são separadas posteriormente. aterramento da massas massas
alimentação

L1
L2
As funções de neutro e de L3
PEN
proteção são combinadas em
Esquema TN-C
um único condutor, em todo o
circuito.
aterramento da massas massas
alimentação

Conforme a NBR 5410, o uso de um mesmo e único condutor para as funções


de condutor de proteção e de neutro – condutor PEN – é admitido somente em
instalações fixas e deve ser evitado como medida que contribui para a redução
dos efeitos das sobretensões induzidas e das interferências eletromagnéticas das
instalações elétricas. Isso porque, em um esquema TN-C, caso o condutor PEN seja
interrompido, existe a possibilidade de energização da massa do equipamento.
Veja a ilustração a seguir.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
67

-L1

-PEN

Figura 19 -  Condutor PEN interrompido


Fonte: SENAI-SP (2013)

Esquema TT

Os eletrodos de aterramento das massas da instalação não estão interligados


com os eletrodos de aterramento da rede de alimentação.

L1
L2
L3
N
PE

aterramento da massas massas


alimentação

L1
L2
L3
N

PE PE

massas massas

aterramento da
alimentação

Figura 20 -  Esquema TT
Fonte: SENAI-SP (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
68

9 Impedância O esquema TT é utilizado quando se deseja realizar um projeto econômico,


pois como você pode ver na figura 20, o condutor de proteção não é derivado do
Relação entre a tensão
aplicada e a corrente quadro de distribuição de energia, como é feito com os condutores vivos da rede
estabelecida em um elétrica, mas deriva de um eletrodo que pode estar instalado nas proximidades
elemento que não é uma
resistência, por exemplo, do equipamento a ser aterrado.
uma bobina ou um motor.

No esquema TT, não é aplicado o conceito da


equipotencialização e pode haver diferença de po-
FIQUE tencial entre os eletrodos do sistema de aterramento,
ALERTA prejudicando, por exemplo, o funcionamento de equi-
pamentos eletrônicos, principalmente na ocorrência de
descargas atmosféricas.

Esquema IT

Todas as partes vivas da rede de alimentação são isoladas da terra ou, então,
um ponto da alimentação é aterrado através de uma impedância9. As massas da
instalação são aterradas, observando-se as seguintes possibilidades:
a) massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da rede de alimenta-
ção, caso exista;
b) massas aterradas em eletrodos de aterramento próprios, por não haver
eletrodo de aterramento da rede de alimentação ou porque o eletrodo de
aterramento das massas é independente do eletrodo de aterramento da
rede de alimentação.
O neutro pode, ou não, ser distribuído, conforme você pode observar no qua-
dro seguinte.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
69

Quadro 10 - Situação do neutro no esquema IT

Situação Representação

L1

L2

L3

Sem aterramento da alimentação


PE

massas

L1

L2

L3

Com aterramento da alimentação


por meio de uma impedância PE

impedância

aterramento da massas
alimentação

L1
L2
L3
N
Com massas aterradas em eletro-
dos separados e independentes
PE PE
do eletrodo de aterramento da
rede de alimentação impedância
massas massas

aterramento da
alimentação
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
70

L1
L2
L3
N
Com massas coletivamente ater-
radas em eletrodo independente
do eletrodo de aterramento da PE
rede de alimentação impedância

aterramento da massas massas


alimentação

L1
L2
L3
N

Com massas coletivamente ater-


radas no mesmo eletrodo da rede
PE
de alimentação
impedância

aterramento da massas massas


alimentação

Fonte: SENAI-SP (2013)

O IT é um tipo de esquema de aterramento utilizado cuidadosamente em lo-


cais onde há a necessidade de um fornecimento confiável de energia, por exem-
plo, em ambientes hospitalares, onde a falha no fornecimento de energia coloca
em risco a vida dos pacientes.
A principal finalidade do esquema IT é evitar o desligamento automático da
energia na primeira corrente de falta. Para isso, a resistência de isolamento da ins-
talação deve ser monitorada de modo permanente por um dispositivo supervisor
de isolamento (DSI) e as anomalias ocorridas nos circuitos devem ser acompanha-
das por sistemas de sinalização.
De acordo com a NBR 5410, a opção por esse esquema, na prática, perde senti-
do caso a primeira corrente de falta não seja localizada e eliminada rapidamente.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
71

4.6 Proteção e combate a incêndios

Ao tratarmos dos riscos nos serviços em eletricidade, um tópico importante


a ser estudado é o incêndio. Por isso, não poderíamos concluir este capítulo sem
abordar conceitos básicos sobre proteção e combate a incêndios.
Mas vamos primeiramente entender o que é fogo.
O fogo é uma reação química de transformação que se processa rapidamen-
te, com desprendimento de energia na forma de luz e calor. Ele ocorre somente
se houver a combinação de quatro elementos essenciais: combustível (material
que queima), comburente (elemento ativador do fogo), calor (forma de energia
que faz o fogo se propagar) e reação em cadeia (é o produto da transformação
dos elementos gerados pelo calor, como gases e vapores, que provocam outra
transformação).

Figura 21 -  Incêndio em edifício


Fonte: 123RF (2013)

O comburente mais comumente encontrado na natureza e de grande impor-


tância na combustão é o oxigênio. Ele está presente em todas as combustões e
facilita a aceleração da queima, pois possibilita a ocorrência de chamas e aumenta
a intensidade de combustão.
quALIdAde, SAÚde, MeIO AMBIente e SegurAnÇA nOS SerVIÇOS de eLetrICIdAde
72

1⁰ TETRAEDRO Veja o tetraedro1⁰ do fogo, formado pelos quatro elementos que o alimentam.

Sólido geométrico ou
poliedro de quatro faces, calor
sendo que cada uma delas
forma um triângulo.

combustível comburente

reação
em cadeia
Figura 22 - Tetraedro do fogo
Fonte: SENAI-SP (2013)

A extinção do fogo se dá pela retirada de qualquer um dos lados do tetraedro.


Veremos a seguir quais são os métodos de extinção.

VOCÊ A propagação do fogo pode ser decorrente do contato


da chama com outros combustíveis, do deslocamento
SABIA? de partículas incandescentes ou da ação do calor.

4.6.1 Métodos de extinção de incêndios

Os métodos de extinção de incêndio que consideram a remoção de um dos


elementos do tetraedro são, basicamente:
a) por resfriamento: pela remoção do calor;
b) por abafamento: pela remoção do comburente;
4 Riscos nos serviços em eletricidade
73

c) por isolamento: pela remoção do combustível;


d) por ação química: pela interrupção da reação em cadeia através da remo-
ção das substâncias geradas pela combustão.
Veja no quadro a seguir as características dos métodos de extinção de in-
cêndio.

Quadro 11 - Métodos de extinção de incêndios

Método Característica

É o método mais conhecido. Consiste em diminuir a temperatura do


material em chamas. Normalmente a água é uma substância que temos em
Resfriamento
abundância e que é de fácil transporte, desempenhando um ótimo papel
no resfriamento.

Consiste em reduzir a concentração do oxigênio presente no ar situado


acima da superfície do combustível.
Abafamento
Qualquer meio de abafamento que consiga reduzir essa porcentagem de
oxigênio trará sucesso na extinção do incêndio.

Consiste na retirada, diminuição ou interrupção, com suficiente margem de


segurança, dos materiais combustíveis que alimentam o fogo e daqueles
Isolamento
ainda não atingidos por ele. A retirada do material ou controle do combus-
tível é o método mais simples.

Consiste em evitar, pela ação química, a reação das substâncias geradas


Extinção química durante a combustão, conhecidas como produtos intermediários, respon-
sáveis pela continuidade do fogo.

Fonte: SENAI-SP (2013)

4.6.2 Classes de incêndio

Os incêndios são classificados de acordo com as características dos combustí-


veis presentes. Portanto, as classes de incêndio identificam a natureza do mate-
rial que está sendo queimado. Conhecendo a classe, é possível definir o melhor
método de extinção do incêndio.
No quadro a seguir, veja as classes de incêndio, suas características, formas de
extinção e simbologia.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
74

Quadro 12 - Classes de incêndios

Classe de Natureza do Método de


Símbolo da classe
incêndio material extinção

APARAS DE PAPEL
Materiais sólidos
A MADEIRAS
O método de
como tecidos, ma-
resfriamento é o
deira, papel e fibras.
mais comum. Ocasio-
Queimam na super-
Classe A nalmente, usa-se o
fície e em profundi-
método de abafa-
dade e deixam, após
mento através de
a queima, resíduos,
jato pulverizado.
brasas e cinzas.
Triângulo verde com a letra “A” no meio.

LÍQUIDOS
B INFLAMÁVEIS
Líquidos e produtos
inflamáveis como
gasolina, graxa,
Método de abafa-
Classe B óleo, verniz, tinta.
mento.
Queimam somente
na superfície e não
deixam resíduos.
Quadrado vermelho com a letra “B” no
meio.

EQUIPAMENTOS
C ELÉTRICOS
Equipamentos
elétricos energizados Desligamento do
como transforma- quadro de força e
Classe C
dores, motores, fios, uso de extintor de
quadros de dis- incêndio específico.
tribuição.

Círculo azul com a letra “C” no meio.

METAIS
D COMBUSTÍVEIS

Elementos pirofóri-
cos como magnésio, Método de abafa-
Classe D
zircônio, titânio, mento.
entre outros.

Estrela amarela com a letra “D” no meio.

Fonte: SENAI-SP (2013)


4 Riscos nos serviços em eletricidade
75

Os incêndios da classe C oferecem risco de morte à pes-


soa que os extingue, pois se os equipamentos estiverem
FIQUE energizados, pode ocorrer choque elétrico por condu-
ALERTA ção. Por isso, antes de combater esse tipo de incêndio,
é imprescindível desligar o quadro de alimentação de
energia elétrica.

4.6.3 Agentes extintores

São produtos que auxiliam na extinção e prevenção de incêndios e são utiliza-


dos por meio de equipamentos especializados ou instalações adequadas, como
os extintores de incêndio e as mangueiras, que projetam os agentes contra o fogo.
Os agentes contra o fogo são a água, a espuma, o gás carbônico (CO2) e o pó
químico.

Figura 23 -  Extintores de incêndio


Fonte: SENAI-SP (2013)

A projeção dos agentes contra o fogo é feita por meio de um jato proveniente
do equipamento ou da instalação e tem a finalidade de:
a) proteger a pessoa, mantendo-a a distância do foco do incêndio;
b) alcançar o fogo nas mais desfavoráveis condições;
c) facilitar a distribuição gradativa e propícia do agente contra o fogo;
d) propiciar a penetração do agente contra o fogo no foco do incêndio.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
76

Observe, no quadro a seguir, os agentes extintores, suas características e


seus usos.

Quadro 13 - Agentes extintores mais utilizados

Agente extintor Característica Classes de incêndio

É o agente extintor mais antigo e mais


utilizado como método de resfriamento
Água Classe A
e abafamento. Pode ser projetada por
extintor ou por mangueira.

É usado para a extinção de incêndios


especiais, em que é exigido um agente
extintor não condutor de eletricidade e Classe B
Gás carbônico (CO²)
que não deixe resíduos. A aplicação é feita Classe C
através de extintores portáteis ou instala-
ções fixas.

É composto de finíssimas partículas de


Classe B
bicarbonato de sódio, com adição de ma-
Classe C (com restrições,
teriais específicos. Esse extintor é subme-
Pó químico pois pode danificar
tido a tratamentos especiais para resistir
equipamentos eletro-
à vibração e ao passar do tempo, quando
eletrônicos)
embalado.

A extinção por espuma foi muito usada no passado e está em desuso, porém
ainda é adotada em algumas situações. A espuma é formada pela mistura de
água, líquido gerador de espuma (LGE) e ar. Deve possuir baixa densidade, para
que flutue sobre os líquidos inflamáveis. O principal fator extintor do fogo é o
abafamento, porém, devido à liberação de água, a espuma atua também por res-
friamento.

Existe uma norma regulamentadora específica referente à


segurança em instalações e serviços em eletricidade. Esta-
mos falando da NR 10. Essa norma determina, inclusive, que
todas as pessoas que trabalham com eletricidade devem
SAIBA receber treinamento específico, com reciclagens periódicas.
MAIS Antes de iniciar suas atividades profissionais como eletricis-
ta, você também deve passar por esse tipo de treinamento.
Para saber mais, consulte o site do Ministério do Trabalho e
Emprego no endereço <http://www.mte.gov.br> e clique em
“Legislação”.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
77

CASOS E RELATOS

Um pintor industrial foi designado para realizar um serviço de pintura de


paredes e teto, num depósito de materiais de limpeza, em uma empresa
de autopeças.
Para lixar as paredes, ele usou uma lixadeira elétrica. Devido ao tamanho
do depósito e à ausência de pontos de ligação para o equipamento em
todas as paredes, o pintor usou um cabo de extensão para atingir o lado
oposto do ponto energizado.
No local havia vários materiais inflamáveis como papéis, tintas, cola, ma-
deira etc. Como se não bastasse essa condição de risco, para reter o pó
gerado pelo lixamento, o pintor colocou folhas de jornais sobre o piso,
inclusive sobre o cabo de extensão.
No momento em que ligou a lixadeira, não observou que ela estava com
defeito; o eixo travou, acarretando o aquecimento do cabo da extensão e
incendiando o papel que o recobria.
Assim que verificou o princípio de incêndio, o pintor largou a lixadeira e
correu para desligar a extensão. Em seguida dirigiu-se ao extintor de gás
carbônico (CO2) que havia no local e, com ele, conseguiu extinguir o fogo,
evitando um incêndio de grandes proporções.
Felizmente, este caso não terminou mal, mas nos mostra que devemos
dar muita atenção às situações a fim de evitarmos o risco de incêndio.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
78

Recapitulando

Neste capítulo, vimos a importância das condições de segurança para


a realização de serviços em eletricidade e identificamos os riscos como
choque elétrico, descargas elétricas e incêndios.
Os tipos de causas dos choques elétricos, bem como o estudo sobre os ar-
cos elétricos, o auxiliarão a encontrar medidas de proteção e a conhecer
um pouco mais sobre os campos eletromagnéticos. Isso permitirá a você
realizar melhor o seu trabalho, garantindo a segurança de todos.
Estudamos que existem riscos adicionais, pois todo profissional que rea-
liza serviços em eletricidade em alturas, ambientes confinados e condi-
ções atmosféricas inadequadas está exposto a esses riscos.
Vimos que o aterramento é uma medida importante de segurança e co-
nhecemos os procedimentos e os esquemas de como realizá-lo.
Estudamos também os conceitos básicos de proteção e combate a incên-
dios e os equipamentos que nos ajudam nessas tarefas.
Para finalizar, reforçamos a importância desses conhecimentos, pois eles
serão necessários no seu dia a dia para ajudá-lo a manter condições se-
guras de trabalho.
Enfatizamos que, para exercer a profissão de eletricista, você precisará
realizar um treinamento de segurança em instalações e serviços em ele-
tricidade (previsto na NR 10), quando poderá aprofundar os temas abor-
dados neste capítulo.
4 Riscos nos serviços em eletricidade
79

Anotações:
Meio ambiente

Neste capítulo*, você estudará as questões ligadas ao meio ambiente, desde as mais sim-
ples ações até aquelas que envolverão o seu dia a dia como eletricista em RDA.
Atualmente, há uma grande preocupação com o uso consciente dos recursos naturais –
água, petróleo e seus refinos, solo – e outros aspectos da interação humana com o meio am-
biente. Essa preocupação deve fazer parte do nosso cotidiano, em todas as atividades que re-
alizamos. Por isso, mais do que fornecer informações para que você possa conhecer o correto
descarte de resíduos, o objetivo deste capítulo é refletir sobre a relação harmoniosa que deve-
mos ter com o meio ambiente.
Sabemos que as questões sobre meio ambiente têm sido bastante discutidas, pesquisadas e
divulgadas. Muitos projetos, em esferas restritas e mais amplas, são voltados à conscientização
das pessoas para a mudança de atitudes e hábitos, pois há consenso de que as ações humanas
influenciam fortemente na preservação do nosso planeta.
Quantas vezes, por exemplo, você já viu pessoas jogarem tocos de cigarro no chão? Essa
atitude tão comum, muitas vezes praticada por aqueles que se dizem preocupados com a pre-
servação do meio ambiente, certamente prejudica a natureza. Você sabe quanto tempo um
filtro de cigarro leva para se dissolver? Em torno de cinco anos.
Por isso, neste capítulo iniciaremos com a apresentação de aspectos e impactos ambientais
da ação humana. Um dos principais aspectos ambientais gerados em nossas residências e em-
presas de que trataremos é o lixo.
Abordaremos também a geração e destinação de resíduos, incluindo aqueles relativos às
atividades profissionais do eletricista em RDA.
Em seguida, ampliaremos a discussão com temas como ecossistema e globalização dos
problemas ambientais, racionalização do uso dos recursos naturais e fontes de energia, tec-
nologias limpas e uso de recursos renováveis, ressaltando a importância de adotarmos ações
voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Vamos iniciar?

* Os tópicos 5.1, 5.11 e 5.12 foram extraídos e adaptados do capítulo 5 do livro: SENAI DN. Qualidade, saúde,
meio ambiente e segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012. (Série Eletroeletrônica).
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
82

1 Pegadas ecológicas 5.1 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA AÇÃO HUMANA


Marcas que as atividades e Praticamente todos nós temos uma história para contar sobre problemas que
o modo de vida do homem
deixam no planeta. vivemos ou ouvimos de outras pessoas, aqui ou em outro lugar do mundo, re-
lacionados com fenômenos da natureza, tais como enchentes, secas extremas,
contaminação do solo, deslizamentos etc. Cada vez mais esses acontecimentos
fazem parte das manchetes da imprensa que têm sido tema de estudos de pes-
quisadores sobre o meio ambiente.
Aí está o primeiro conceito importante: os espaços onde a vida e suas relações
com o planeta acontecem são chamados de meio ambiente. E é nesse lugar que
nós vivemos e deixamos algumas marcas das ações que praticamos. Modos de
viver e marcas que só recentemente vêm sendo estudadas, à medida que os de-
sastres ambientais foram nos mostrando que as ações humanas podem afetar a
vida em todas as suas formas.

Para que você possa avaliar o quanto suas ações do dia a dia
afetam o meio ambiente, acesse o site <http://www.pegada-
SAIBA ecologica.org.br/> e calcule suas pegadas ecológicas1. Nesse
MAIS site, você também pode encontrar informações importantes
sobre a preservação do meio ambiente e dicas para adotar
atitudes ecologicamente corretas.

Se meio ambiente é tudo o que nos cerca e interage direta ou indiretamente


conosco, todos os elementos naturais existentes no planeta – a vegetação, os ani-
mais, os microrganismos, o solo, as rochas e a atmosfera – fazem parte do meio
ambiente. As condições desses elementos naturais e as ações que ocorrem na
natureza interferem nas formas de vida do planeta. Assim, tudo o que fazemos
influencia, em maior ou menor intensidade, o meio ambiente.
No âmbito das empresas, segundo a NBR ISO 14001, meio ambiente é defini-
do como “[...] circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar,
água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”.
Entende-se por circunvizinhança a área que abrange desde o interior da organi-
zação até o espaço em que os aspectos ambientais da empresa possam causar
impactos ambientais.
Aspectos e impactos ambientais são conceitos importantes que estudaremos
a seguir. De acordo com a NBR ISO 14001:
a) Aspecto ambiental: “Elemento das atividades, produtos ou serviços de
uma organização, que podem interagir com o meio ambiente”. O aspecto
ambiental pode ser uma máquina, um equipamento ou uma atividade rea-
5 Meio ambiente
83

lizada na organização que resulte em algum efeito sobre o meio ambiente,


como o óleo utilizado em equipamentos de redes de distribuição.
b) Impacto ambiental: “Qualquer modificação do meio ambiente, adversa
ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos
ou serviços de uma organização”. O impacto ambiental pode ser qualquer
alteração causada no meio ambiente pelas atividades da empresa. Como
exemplo de uma modificação adversa, temos a contaminação do solo ou
da água devido ao vazamento de óleo de um transformador.
Os efeitos ambientais negativos dos chamados lixos eletroeletrônicos, por
exemplo, são observados durante a decomposição desses elementos em aterros
públicos, onde são depositados juntamente com os resíduos urbanos.
Se os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos fossem reciclados ou
depositados em aterros que os tratassem de forma ambientalmente correta, os
impactos ambientais seriam reduzidos.
Entenda melhor os problemas referentes à produção e à destinação de lixo no
tópico a seguir.

Se a empresa em que você trabalha está descartando


lixo eletroeletrônico junto com o lixo comum, o meio
FIQUE ambiente pode sofrer efeitos sérios, o que sujeita a
organização a penalidades legais. Por isso, alerte os res-
ALERTA ponsáveis para que verifiquem, no órgão ambiental de
sua cidade, como proceder para que o descarte do lixo
eletroeletrônico seja feito da forma correta.

5.1.1 Problema do lixo e reciclagem

Nos grandes centros urbanos, com o crescimento constante da população, é


considerável o volume de lixo gerado.
No nosso dia a dia, muitas vezes descartamos de forma incorreta embalagens,
papéis, vidros, latas e outros elementos, gerando um sério problema que pode
provocar inúmeras consequências em um futuro próximo. Estamos nos referindo
ao problema do lixo.
Toneladas de lixo são jogadas em aterros sanitários e dependem de transporte
e maquinários específicos.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
84

Muitos aterros estão sendo fechados ou interditados pelos órgãos ambientais


por estarem saturados ou por apresentarem problemas que podem causar sérios
prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública, o que poderia ser evitado se grande
parte desse lixo fosse reciclada se separada na origem, ou seja, onde o lixo é gerado.

No Brasil, há aterros sanitários onde se coleta o gás


metano gerado pela decomposição do lixo para gerar
VOCÊ energia elétrica. Iniciativas como essa contribuem para
SABIA? diminuir a emissão de gás tóxico no meio ambiente,
além de se constituir em forma alternativa de geração
de energia elétrica.

A coleta seletiva do lixo com a finalidade de reciclagem já vem sendo adota-


da por muitas empresas e muitos condomínios residenciais. É possível observar
que, nos locais onde a coleta seletiva foi implantada, houve redução significativa
do volume de lixo. Além disso, o recurso obtido com a venda do material reciclá-
vel reverte em benefícios para os moradores ou para as entidades que recebem
esse material.
Veja na figura a seguir um posto de coleta seletiva.

Figura 24 -  Descarte correto dos resíduos sólidos


Fonte: Dreamstime (2013)

Observe que os coletores são coloridos. Essas cores costumam seguir uma pa-
dronização relacionada ao material de destinação, quais sejam:
a) coletor azul: destinado ao descarte de papéis;
b) coletor vermelho: indicado para o descarte de plásticos;
c) coletor verde: destinado ao descarte de vidros;
d) coletor amarelo: indicado para o descarte de metais.
5 Meio ambiente
85

Fabricar uma garrafa de PET (politereftalato de etileno)


VOCÊ a partir de outra, reciclando o material, representa uma
SABIA? economia de energia de mais de 90% comparando com
a produção da mesma embalagem a partir do petróleo.

Figura 25 -  Reciclando vidas


Fonte: Dreamstime (2013)

No Brasil, a reciclagem de produtos tem assumido característica mais social


do que ambiental porque tem favorecido inúmeras pessoas que hoje retiram seu
sustento dessa atividade. Nosso país tem se tornado um dos campeões em reci-
clagem no planeta!
Embora os esforços para a reciclagem sejam louváveis, uma abordagem foca-
da na questão ambiental destaca a adoção de práticas que reduzam ou até elimi-
nem, se possível, a geração de resíduos. Adotamos essas práticas, por exemplo,
quando reutilizamos embalagens em nossas casas ou na empresa.

Antes de reutilizar uma embalagem para colocar água


ou produtos de limpeza, por exemplo, verifique se não
há riscos para a saúde ou segurança, pois há produtos
FIQUE que deixam resíduos e podem reagir de forma indesejá-
ALERTA vel com o novo conteúdo. Lembre-se também de identi-
ficar com uma etiqueta o produto que coloca na garrafa
e cuide para que a embalagem permaneça longe do
alcance de crianças e animais domésticos!
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
86

2 Resíduos reativos

Elementos instáveis ou
capazes de gerar misturas
perigosas quando em
contato com água ou outra
substância comum ao meio
onde são empregados. Um
exemplo são os derivados
de enxofre, que são
combustíveis e contaminam
o solo e a água.

3 Resíduos patogênicos

Elementos capazes de
contaminar pessoas,
fazendo-as adoecer,
como agulhas e seringas
utilizadas em hospitais e Figura 26 -  Nas embalagens reutilizadas, cuidado com o conteúdo original
centros de saúde. Fonte: Dreamstime (2013)

Para concluir, a reutilização é mais valiosa porque atende a um dos funda-


mentos ambientais que define a seguinte ordem de prioridade: reduzir a geração,
reciclar e, quando possível, reutilizar. Essa prática diminui a quantidade de resí-
duos e, consequentemente, dos custos com seu tratamento e da ocorrência de
impactos ambientais.

5.1.2 Geração e destinação de resíduos

Muitos processos de trabalho geram resíduos, por isso, no exercício de sua


profissão, é importante que você reflita sobre os impactos das atividades que de-
senvolve e conheça as formas adequadas de descarte dos resíduos originados
pelo trabalho que realiza.
Lembre-se sempre de que, quando o descarte de resíduos é realizado de modo
inadequado, mesmo que involuntariamente, a sua ação pode afetar o meio am-
biente e contribuir para somar danos para a vida no planeta. Então, atente para as
explicações que seguem.
Considera-se resíduo todo e qualquer material que sobra após uma ação ou
um processo produtivo.
Os resíduos são classificados pela NBR 10004 da seguinte forma:
Segundo o estado físico:
a) resíduos sólidos (como componentes danificados);
b) efluentes líquidos (como ácidos de baterias);
c) emissões atmosféricas (gases e vapores).
5 Meio ambiente
87

Segundo a periculosidade:
a) resíduos perigosos (como óleo e lâmpadas fluorescentes);
b) resíduos não perigosos (como restos de plástico, papel e metais).
Os resíduos perigosos (classe I) são os inflamáveis, corrosivos, reativos2, tóxi-
cos ou patogênicos3.
Os resíduos não perigosos (classe II) se subdividem em inertes (classe II B) e
não inertes (classe II A).
Um exemplo de resíduo inerte é o entulho gerado nos processos de construção,
reforma e demolição; outro exemplo é o alumínio. Esses elementos são denomi-
nados inertes pois somente ocupam espaço, não reagindo com o meio ambiente.

Figura 27 -  Alumínio, um resíduo inerte que gera renda


Fonte: Dreamstime (2013)

Os resíduos não inertes, apesar de classificados como não perigosos, podem re-
agir com o meio ambiente, tornando-se combustíveis, biodegradáveis ou solúveis
em água. Por isso, devemos tratá-los de forma especial, para não gerarem impac-
tos ambientais como a contaminação de fontes ou cursos de água ou a combus-
tão, caso ocorra um incêndio. Um exemplo de resíduo não inerte é o enxofre, que
contribui para a ocorrência de chuva ácida e contamina cursos e fontes de água.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
88

Para evitar possíveis impactos ambientais, é preciso que


FIQUE você, no desempenho de sua função, conheça e assuma
ALERTA as formas corretas de manuseio, separação ou segrega-
ção dos resíduos.

Entre os resíduos gerados por equipamentos elétricos


que podem contaminar o meio ambiente, estão os óleos
VOCÊ de transformadores e capacitores, as tintas e os vernizes
SABIA? utilizados nas pinturas de equipamentos para RDA, além
das lâmpadas e dos reatores utilizados em iluminação
pública.

Veja no quadro a seguir os principais resíduos gerados pelos componentes e


equipamentos na área de energia elétrica.

Quadro 14 - Resíduos na área de energia elétrica

Tipo de resíduo Utilização Malefícios à saúde

Utilizado na soldagem de placas Danos ao sistema nervoso central e


de circuitos impressos e no vidro periférico, endocrinológico e circu-
Chumbo
das lâmpadas elétricas, fluores- latório. Além disso, o chumbo pode
centes e de vapor metálico. ter efeitos negativos sobre os rins.

O mercúrio inorgânico disperso na


Utilizado em termostatos,
água é transformado em metilmer-
sensores fotoelétricos, relês,
cúrio, que se acumula nos sedi-
chaves seccionadoras, placas de
mentos depositados no fundo de
circuitos impressos, equipamen-
rios, lagos e mar. Esse subproduto é
Mercúrio to de medição, lâmpadas fluo-
facilmente absorvido pelos organis-
rescentes e de vapor metálico,
mos vivos, propagando-se através
equipamentos de transmissão
da cadeia alimentar pelos peixes.
de dados/ telecomunicações e
Provoca efeitos crônicos, pois causa
telefones celulares.
danos ao cérebro.

Os compostos de cádmio são classi-


ficados como tóxicos e têm risco de
Utilizado em placas de circuitos danos irreversíveis à saúde humana.
impressos, este elemento está Seus efeitos são cumulativos no
presente em determinados ambiente devido à sua toxicidade
componentes, como resistências aguda e crônica. O cádmio e seus
de chips SMD, semicondutores compostos acumulam-se no corpo
Cádmio
e detectores de infravermelhos. humano, especialmente nos rins,
Os tubos de raios catódicos mais podendo vir a deteriorá-los com o
antigos contêm cádmio. Além tempo. Ele é absorvido por meio da
disso, tem sido utilizado como respiração, mas também pode ser
estabilizador no PVC. ingerido nos alimentos. Em caso de
exposição prolongada, o cloreto de
cádmio pode causar câncer.
5 Meio ambiente
89

A liberação para o ambiente se


São regularmente incorporados
dá no processo de degradação e
aos produtos elétricos, como for-
reciclagem dos plásticos e demais
ma de assegurar uma proteção
componentes dos equipamentos.
Retardadores de contra a o fogo, o que constitui
Uma vez liberados no ambiente,
o principal argumento para sua
combustão podem atingir a cadeia alimen-
utilização. Estão presentes nas
tar, concentrando-se em peixes e
coberturas de fios e cabos e
contaminando mamíferos e aves,
também nas caixas de medições
chegando ao ser humano pela
e distribuições em AT e BT.
ingestão desses animais.

Acompanhe, nos tópicos a seguir, explicações sobre outros resíduos presentes


na atividade profissional do eletricista em RDA.

5.1.3 Bifenilas policloradas (PCBs)

O PCB, mais conhecido como ascarel, é um composto químico que foi utilizado
em grande escala na composição de óleo isolante para equipamentos elétricos,
tais como capacitores, transformadores e religadores.
Em longo prazo, o contato com o ascarel pode causar problemas de saúde a
seres humanos, animais, plantas e meio ambiente, por isso sua utilização foi proi-
bida há alguns anos.
Porém, como na rede de distribuição de energia elétrica existem muitos equi-
pamentos antigos instalados e em operação, estes podem conter ascarel. Por isso,
todos os equipamentos fabricados antes de 1983, quando retirados da rede, de-
vem ser classificados como suspeitos ou com ascarel. Caso essa situação ocorra
no exercício de sua atividade, comunique o seu responsável direto, para que ele
providencie a execução de procedimentos corretos para o descarte do óleo.
Após inspecionar o óleo, o equipamento deve ser identificado com uma tarje-
ta como as que seguem, a fim de indicar aqueles que contêm ascarel, aqueles em
que há suspeita da presença desse elemento e aqueles que são biodegradáveis
(ou seja, não contêm ascarel). Veja exemplos de identificação.

CAPACITOR INSPECIONADO CAPACITOR INSPECIONADO CAPACITOR INSPECIONADO

ASCAREL SUSPEITO BIODEGRADÁVEL

Figura 28 -  Tarjetas de identificação


Fonte: SENAI-SP (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
90

5.1.4 Derramamentos de substâncias líquidas

Em caso de derramamento ou vazamento de óleo durante a realização das


atividades ou do transporte de equipamentos, devemos:
a) bloquear drenos e acesso à rede pluvial e canaletas (sarjetas e bocas de
lobo), utilizando cordões absorventes;
b) utilizar absorventes contidos no kit de contenção de derramamentos.

FIQUE É crime ambiental o lançamento de efluentes líquidos


contaminados com óleo em via pública, águas pluviais,
ALERTA rede pública de esgoto, calçadas e outros.

Veja, no próximo quadro, quais são os materiais que compõem esse kit.

Quadro 15 - Composição do kit de contenção a derramamentos

Material Características

Manta para absorção Esta manta tem um alto grau de absorção de substâncias líquidas,
de substâncias líquidas por isso se recomenda a não reutilização para outras substâncias.

Utilizado para armazenamento e transporte temporário de substân-


Saco plástico cias nocivas ou inflamáveis. Recomenda-se a não reutilização para
outras substâncias.

Normalmente são utilizados para emergências no derramamento


Cordões de contenção
ou vazamento de líquidos como óleos, tintas e graxas líquidas, entre
de líquidos
outros.

A pá com compartimento fechado e a vassoura são utilizadas para


Pá e vassoura
recolhimento de resíduos sólidos.

Material granulado, utilizado no lugar da serragem, para absorção de


Turfa
óleos e derivados de petróleo.

Fonte: AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de


distribuição aérea. São Paulo: Eletropaulo, 2011.

5.1.5 Podas de vegetação

Das várias atividades que o eletricista em RDA e seu auxiliar executam, uma
delas é a poda de galhos, ramos de árvores ou vegetações diversas.
As concessionárias de energia elétrica têm autorização para podar a vegetação
que esteja interferindo direta ou indiretamente na rede de distribuição aérea.
5 Meio ambiente
91

Antes de realizar a atividade de poda de árvores, todo colaborador deve ser


treinado:
a) em curso específico para poda;
b) em todos os cursos exigidos pela área de segurança do trabalho;
c) para manusear equipamentos e ferramentas utilizados na atividade.

Caso você, como eletricista, precise realizar atividades


FIQUE de supressão ou derrubada de árvores, roçada, capina
química, abertura de faixas de segurança e poda de ár-
ALERTA vores, deve possuir, em campo, a autorização do órgão
competente e fiscalizador.

Figura 29 -  Poda de árvore


Fonte: 123RF (2013)

A motosserra é uma das máquinas mais utilizadas na zona rural e urbana para
corte de árvore ou supressão de troncos.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
92

Por ser de uso perigoso, a motosserra requer treinamento para operação e


manuseio de forma segura. Os riscos no manuseio desse equipamento estão as-
sociados, principalmente, a ferimentos com lâmina, ruídos e vibrações, e ainda
com corte e lado da queda da árvore. Entretanto, a motosserra permite um alto
rendimento operacional, por isso é utilizada apesar dos riscos.

Segundo a NR 12 do Ministério do Trabalho e Emprego, a au-


SAIBA torização para o uso de motosserra é dada por órgão público
competente, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Iba-
MAIS ma). Você pode saber mais sobre essa norma no site <http://
www.mte.gov.br>, no link “Legislação”.

Figura 30 -  Motosserra
Fonte: 123RF (2013)

Após a realização da poda ou contenção de vegetação, sobrarão resíduos.


Quaisquer resíduos, como galhos, folhas e troncos menores, devem ser reco-
lhidos do local da poda, armazenados em caminhão apropriado e levados para
local designado pela empresa responsável pela poda.
Existe também o picador de detritos ou resíduos provenientes das podas de
árvores, cujo produto é utilizado como adubo ou fertilizante natural.
Remanejar os detritos e despejá-los em locais não apropriados para esse fim
(terrenos, margem de rios, ruas desertas) constitui crime ambiental de responsa-
bilidade do executor (funcionário) e da empresa mandante.
5 Meio ambiente
93

As áreas ambientalmente protegidas são de interesse


público e/ou privado e foram criadas por instrumentos
VOCÊ legais, com o principal objetivo de garantir a preserva-
ção ambiental dos recursos naturais. Por isso, as ativi-
SABIA? dades de manutenção do sistema elétrico (corretivas
ou preventivas) realizadas nessas áreas são passíveis de
autorização dos órgãos ambientais competentes.

Agora que você já estudou os aspectos e impactos ambientais relacionados com


as atividades que realiza ou realizará, para que possa refletir ainda mais sobre a im-
portância da preservação do meio ambiente para as nossas vidas e a das futuras
gerações, vamos ampliar nossa exposição, apresentando a abrangência dos pro-
blemas ambientais provocados pela ação humana e a necessidade de minimizar os
impactos para garantirmos a sustentabilidade do nosso planeta. Acompanhe!

5.2 ECOSSISTEMAS E A GLOBALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS

Ecossistema pode ser definido como um sistema composto pelos seres vivos
e pelo local onde eles vivem. Esse sistema inclui componentes não vivos, como
os minerais, as pedras, o clima, a luz solar etc. e todas as relações destes com o
meio e entre si.
Os ecossistemas, em condições naturais, encontram-se em equilíbrio dinâmi-
co, quer dizer, com entradas e saídas equilibradas de matéria e energia. Porém,
quando ocorrem interferências como, por exemplo, a ação humana, pode haver o
aumento ou diminuição da matéria e energia, provocando desequilíbrio.
A espécie humana é a única capaz de alterar de forma drástica as condições
ambientais, causando desequilíbrio. Portanto, se quisermos conviver em harmo-
nia com outras espécies do nosso planeta, precisamos refletir sobre isso e planejar
nossas ações de forma a preservar o equilíbrio e evitar os impactos ambientais.
Para que você entenda melhor a amplitude dos impactos ambientais e o modo
como atingem o planeta de forma global, basta fazer uma revisão das notícias
publicadas pela imprensa mundial nos últimos tempos sobre ocorrências de de-
sastres ambientais.
Entre esses desastres, vamos destacar o acidente nuclear ocorrido, em 2011,
na Usina de Fukushima, no Japão, no qual foi constatado que as correntes maríti-
mas se encarregaram de levar a locais distantes as partículas tóxicas que caíram,
inicialmente, no Oceano Pacífico.
quALIdAde, SAÚde, MeIO AMBIente e SegurAnÇA nOS SerVIÇOS de eLetrICIdAde
94

Ainda sobre Fukushima, há informação de que os materiais radioativos, in-


cluindo o césio-137, um isótopo com meia-vida de mais de 30 anos, foram am-
plamente dispersados quando entraram nos oceanos e que cada partícula teria
menos de um micrômetro – um sétimo do tamanho de um glóbulo vermelho do
sangue humano.
Você pode imaginar quantos ecossistemas podem ter sito afetados pelas par-
tículas geradas em Fukushima?
Entenda melhor a dimensão do problema observando no mapa a seguir a lo-
calização das usinas nucleares do Japão, com destaque à de Fukushima. Se o tsu-
nami tivesse afetado outras usinas, o impacto seria ainda maior!

Tomari (2) Saporo

Kashiwazaki-Kariwa (7) Onagawa (2)


Shika (1)
Tsuruga (2) Fukushima I (6)
Fugen (1) Fukushima II (4)
Mihama (3) Ohi (4) Monju (1) Tokai (2)
Takahama (4) Tokyo
Shimane (2) Kyoto
Kobe Nagoya
Osaka
Genkai (4) Hamaoka (4)

Ikata (3)

Sendai (2)

Figura 31 - Mapa do Japão, com destaque para a Usina de Fukushima


Fonte: Wikibooks (2013)
5 Meio ambiente
95

A WWF (World Wide Fund for Nature), organização


dedicada à conservação da natureza, explica que em
volta do nosso planeta há uma frágil camada de um gás
chamado ozônio (O3), que protege animais, plantas e
VOCÊ seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol.
SABIA? Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar
a poluição do ar das cidades. Mas nas alturas da estra-
tosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície) é um filtro
dos raios ultravioleta, os quais, sem isso, poderiam eli-
minar todas as formas de vida no planeta.

Pense também em como algumas práticas bastante comuns em nosso país


e em outras regiões do mundo, como o desmatamento e a ocupação de áreas
de matas e florestas, podem afetar o equilíbrio do ecossistema. É sempre bom
lembrar que a retirada de um elemento na natureza causa uma reação que pode
gerar mais danos ainda ao ecossistema.
Refletir sobre essas questões nos leva à conclusão fundamental: os ecossiste-
mas precisam de equilíbrio!

Figura 32 -  Precisamos proteger o nosso planeta


Fonte: Dreamstime (2013)
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
96

4 Tecnologia mais limpa Precisamos proteger o nosso planeta de modo a torná-lo sustentável, ou seja,
precisamos interagir com o mundo preservando o meio ambiente, para garantir a
É a aplicação contínua de
uma estratégia integrada qualidade de vida das gerações futuras. Isso significa dizer que devemos fazer as
de prevenção ambiental escolhas certas. Veja o que queremos dizer com isso no tópico a seguir.
a processos, produtos
e serviços, visando ao
aumento da eficiência da
produção e à redução dos
riscos para o homem e o
meio ambiente.
5.3 CONSUMO CONSCIENTE DOS RECURSOS NATURAIS E DAS FONTES DE
ENERGIA

Apesar de termos sérios problemas sociais em nosso país, uma considerável


parte da população já possui recursos e conhecimentos suficientes para fazer as
opções certas em relação ao meio ambiente. Houve tempos em que essas preo-
cupações ambientais não estavam na ordem do dia, o que de fato acabou provo-
cando alguns problemas.
Atualmente temos vários exemplos relacionados com o desenvolvimento de
tecnologias mais limpas4, que impactam cada vez menos no ambiente. São usi-
nas eólicas e solares, que apesar de terem um custo de implantação alto, produ-
zem energia causando impacto muito menor ao meio ambiente se comparadas
com as termoelétricas e nucleares.
As preocupações relacionadas com a ecoeficiência são uma tendência mun-
dial e decorrem principalmente da constatação dos danos já causados pelas so-
ciedades ao meio ambiente.
A ecoeficiência trata das questões que envolvem desde a escolha do tipo e
da quantidade de energia a ser utilizada, passando pela opção por dispositivos
e equipamentos que consumam menos energia até o descarte final do produto.
Se os recursos naturais compreendem o que retiramos da natureza – minérios,
plantas, animais, água, papel e a própria energia elétrica –, fazer uso consciente
desses recursos envolve mudanças nos nossos hábitos e costumes.
Se você ainda tem dúvidas sobre essas questões, reflita conosco, com base nas
afirmações a seguir.
a) As plantas nos oferecem alimentos, madeira, papel e uma série de outros
elementos indispensáveis para nossa vida atual. São recursos renováveis,
e seu uso consciente nos obriga a pensar em formas de torná-los perenes
(disponíveis por longo tempo).
5 Meio ambiente
97

b) A água cobre aproximadamente 75% da superfície do planeta Terra, mas


97,5% dessa água estão nos oceanos e, portanto, não disponíveis para o
consumo imediato. Dos 2,5% restantes, 2,24% estão congeladas nas gelei-
ras dos polos, restando apenas 0,26% da água do planeta para consumo
imediat, sendo que grande parte dessa água doce está aqui em nosso país.

oceanos (salgada)

geleiras (congelada)

pronta para o consumo

Figura 33 -  Distribuição da água no planeta Terra


Fonte: SENAI-SP (2013)

Pense ainda na parte da população mundial que enfrenta dificuldades para


ter acesso à água potável e no desperdício e na poluição de fontes de água como
atos que geram perda de quantidade considerável desse recurso precioso.
Com base nessas reflexões, acreditamos que você apoiará as ações que incen-
tivam o uso consciente da água na sua empresa.
Já em casa, você pode adotar atitudes simples consideradas ecologicamente
corretas, como reduzir consumos desnecessários, diminuir o tempo do banho e
eliminar vazamentos.
Se você ainda não está convencido e quiser usar o argumento da grande quan-
tidade de água doce que está localizada em nosso país, lembre-se de que o uso
irresponsável causa sobrecarga no sistema de geração e transmissão de energia,
que, no caso do Brasil, já opera próximo ao limite. Prova disso são os problemas
de sobrecarga que já têm ocasionado falhas na distribuição e cortes no forneci-
mento de energia elétrica.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
98

Ações para reduzir o consumo de água e energia nas empresas podem envol-
ver mudanças nos processos produtivos, como a compra ou adoção de máquinas
e equipamentos mais eficientes, além da definição de políticas que alertem os
funcionários sobre o problema.
Em decorrência da preocupação com o consumo de energia dos equipamen-
tos, inúmeros produtos fabricados no Brasil já possuem a Etiqueta Nacional de
Conservação de Energia, a qual classifica o consumo de energia em sete faixas de
eficiência energética. A faixa A é a mais eficiente e a G, a menos eficiente. Obser-
vando essas etiquetas, você sabe qual o nível de consumo de energia do equipa-
mento que está utilizando. Essa informação tem se mostrado valiosa no momento
de aquisição de novos equipamentos, pois, com ela, é possível optar por produtos
que consomem menos energia.

Energia (Elétrica)
REFRIGERADOR

Fabricante Electrolux do Brasil S.A


Marca
Tipo de degelo Automático

Modelo/tensão(V) DW42X/127V

Mais eficiente

A
B
A
C
D
E
F
G
Menos eficiente

CONSUMO DE ENERGIA (kWh/mes)


(adotado no teste clima tropical)
51,0
Volume do compartimento refrigerado (/) 286,0

Volume do compartimento do congelador (/) 94,0

Temperatura do congelador (ºC) -18


Regulamento Específico Para Uso da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
Linha de Refrigeradores e Assemelhados - RESP/001-REF

Instruções de instalação e recomendações de uso, leia o Manual


do aparelho.

PROCEL PROGRAMA DE COMBATE


AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA ELÉTRICA

IMPORTANTE: A REMOÇÃO DESTA ETIQUETA ANTES DA VENDA ESTÁ


EM DESACORDO COM O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Figura 34 -  Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, que mostra a eficiência energética de um equipamento
Fonte: Eletrobras (2013)
5 Meio ambiente
99

Ao final deste tópico, você já deve ter concluído que precisamos utilizar os
recursos naturais de forma mais eficiente e que atitudes simples, como fechar a
torneira ou desligar máquinas e equipamentos quando não estão sendo utiliza-
dos, ajudam a evitar o desperdício e prevenir prejuízos para a empresa, para você
mesmo e para o meio ambiente.

CASOS E RELATOS

O eletricista José não é muito atento ao descarte de resíduos. Acha tudo


isso uma besteira, uma verdadeira perda de tempo.
Um dia estava fazendo serviços de conexão em condutores, num poste
na rua, apoiado sobre a escada, como sempre faz. Ele usava um alicate
para cortar os cabos com isolação e foi jogando no chão os restos cor-
tados, bem como os plásticos retirados dos conectores. Após efetuar a
conexão, recolheu as ferramentas e foi embora.
Os resíduos deixados sobre o solo ficaram no local até que uma forte
chuva caiu, levando-os para o bueiro mais próximo, que deságua num rio.
Você pode imaginar o que aconteceu? Isso mesmo, o resíduo sedimen-
tou-se no fundo do rio e levará de 5 a 10 anos para se decompor.

Para finalizar, reforçamos que os descartes de resíduos devem sempre ser reali-
zados de forma apropriada para que não prejudiquem o sistema ecológico.
Qualidade, Saúde, meio ambiente e segurança nos serviços de eletricidade
100

Recapitulando

Neste capítulo, abordamos os principais conceitos relacionados ao meio


ambiente e convidamos você a refletir sobre os inúmeros impactos que
as ações humanas provocam na natureza, afetando a vida de todos.
Estudamos os procedimentos para preservar os recursos naturais e tudo
o que está ao nosso redor que devem ser seguidos na execução de qual-
quer trabalho. Para tanto, devemos ter sérios cuidados no descarte de
resíduos, pois estes podem afetar seriamente o meio em que vivemos.
Alguns equipamentos e materiais também devem ser inspecionados re-
gularmente, pois podem estar contaminados com resíduos industriais. O
profissional da área de energia elétrica precisa tomar cuidados e não reu-
tilizar esses equipamentos e materiais indiscriminadamente.
Vimos os cuidados que devemos ter para fazer corretamente a poda de
árvores, sem prejudicar a natureza, e também como devem ser descarta-
dos os diferentes tipos de lixo.
Encontramos ainda algumas propostas de reflexão sobre a ecoeficiência,
que é uma tendência mundial e cujas preocupações são decorrentes da
constatação dos danos já causados pela sociedade ao meio ambiente em
décadas anteriores.
Para finalizar, vimos que cultivar atitudes simples para eliminar o desper-
dício evita prejuízos para a empresa, para você mesmo e para o meio am-
biente.
Terminamos aqui este livro, mas os temas nele tratados não se esgotam.
Procure sempre ter como base para as suas ações os fundamentos da
qualidade, da segurança e da preservação do meio ambiente.
5 Meio ambiente
101

Anotações:
REFERÊNCIAS

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Janeiro: ABNT, 2005.
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2009.
______. NBR ISO 14001: sistemas de gestão ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro: ABNT, 2004.
AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de distribuição aérea. São
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BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
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Previdência Social e dá outras providências. Brasília, DF.
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office/4_101112-101538-142.pdf>. Acesso em: jan. 2013.
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Ministério do Trabalho e Emprego, 2011.
______. ______. NR 9: programa de prevenção de riscos ambientais. Brasília: Ministério do Trabalho
e Emprego, 1994.
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Trabalho e Emprego, 2004.
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______. ______. NR 33: segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados. Brasília: Ministério
do Trabalho e Emprego, 2006.
______. ______. NR 35: trabalho em altura. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2012.
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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instruções técnicas 2011: decreto estadual nº
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Eletroeletrônica).
______ . Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012.
(Série Eletroeletrônica).
______. Riscos elétricos, prevenção e combate a incêndios: apostila. Brasília: SENAI DN, 2007.
VERGARA, Sylvia Constant. (Org.). Gestão da qualidade. São Paulo: FGV, 2011. (Coleção Gestão
Empresarial).
MINICURRÍCULO Do AUTOR

Adilson Santo Crivellaro é Engenheiro Eletricista, pós-graduado em Administração de Empresas


e Engenharia de Segurança no Trabalho, especialista em treinamentos na área de energia. Atua
desde 1994 como instrutor no SENAI-SP em treinamentos sobre redes de distribuição aérea de
energia elétrica em circuitos energizados da classe 15 kV e desenergizado. Tais treinamentos fo-
ram direcionados à capacitação de profissionais de empresas prestadoras de serviços e das con-
cessionárias de energia elétrica de São Paulo: AES Eletropaulo, Bandeirante Energia, CPFL, EDP.
Em 2002, participou do projeto Energia Brasil – SENAI DN, que tem foco na eficiência energética e
no empreendedorismo. É membro do Comitê de Energia e Eficiência Energética do Setor Elétrico
do SENAI-SP e do Comitê de Desenvolvimento do Curso de Aprendizagem Industrial (CAI) – Ele-
tricistas de Redes de Energia do Sindicato das Concessionárias de Energia Elétrica do Estado de
São Paulo, representado pelo SINDI Energia. Atualmente é conteudista do curso de qualificação
profissional de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica do Programa Nacional de
Oferta de Educação Profissional a Distância (PN-EAD) do SENAI-DN.
Índice

B
Bitola 16

C
Capacitor 52

D
Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) 62

E
Equipotencialização 54, 65, 68

H
Higrômetro 60

I
Impedância 68

L
Linhas elétricas de sinais 64
Load Buster (LB) 56, 58

M
Massa 52, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70
Material dielétrico 40

P
Parada cardiorrespiratória 50, 51
Pegadas ecológicas 82

R
Resíduos patogênicos 86
Resíduos reativos 86
Retrabalho 18, 21, 25

S
Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) 18

T
Tecnologia mais limpa 96
Tetraedro 72
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional de São Paulo

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO

Walter Vicioni Gonçalves


Diretor Regional

Ricardo Figueiredo Terra


Diretor Técnico

João Ricardo Santa Rosa


Gerente de Educação

Airton Almeida de Moraes


Supervisão de Educação a Distância

Cláudia Benages Alcântara


Henrique Tavares de Oliveira Filho
Márcia Sarraf Mercadante
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros

Adilson Santo Crivellaro


Elaboração

Cleber de Paula
Revisão Técnica

Maria Isabel Porazza Mendes


Design Educacional

Alexandre Suga Benites


Juliana Rumi Fujishima
Ilustrações e Tratamento de Imagens
Delinea Tecnologia Educacional
Editoração

Fabrícia Eugênia de Souza


Andréa Borges Minsky
Revisão Ortográfica e Gramatical

Karina Silveira
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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