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MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS
Conselho Nacional
MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491m
Bibliografia: p. 191-192
ISBN 978-85-505-0207-6
CDU: 62-7
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Referências
Índice
Prezado aluno!
Seja bem-vindo ao livro didático de Manutenção de Sistemas Eletrônicos!
Quantas vezes você, ao andar pelas ruas, se deparou com descartes de equipamentos eletro
e eletrônicos, como máquinas de lavar, rádios ou televisores? Mesmo em sua residência, com
qual frequência costumam encaminhar eletrodomésticos e eletroportáteis para a assistência
técnica? Ou ainda, no seu trabalho, há alguma espécie de cemitério de equipamentos
danificados, como computadores, monitores e outros eletrônicos?
Partindo dessa premissa, vislumbra-se a crescente importância da manutenção de sistemas
eletrônicos. Quando se pensa que algum destes dispositivos eletrônicos citados anteriormente
podem ser os responsáveis por interromper a atividade de diversas pessoas em caso de falha,
o nível dessa importância se torna intangível.
As soluções tecnológicas facilitam muitas atividades na vida das pessoas, sejam nas
indústrias, residências, colégios e lugares públicos comuns, os eletrônicos estão maciçamente
presentes, tornando-se difícil imaginar a vida atual sem o auxílio de tais sistemas. No entanto,
nenhum produto dura para sempre ou opera conforme desejado a todo momento, embora
acidentes e falhas sejam indesejados, eles acontecem com uma frequência relativamente
comum e alguns equipamentos são muito valiosos para serem descartados – não somente por
causa de seu preço, mas, em certos casos, pelas informações que contém em suas memórias.
Quando este tipo de inconveniente ocorre, logo vem à mente uma opção factível, por vezes,
de baixo custo, por exemplo, o conserto e a manutenção. Note que é dentro deste contexto
que este material se enquadra, de modo a reunir informações importantes sobre a manutenção
e o conserto de sistemas eletrônicos em geral, compartilhando experiências que poderão ser
úteis para preparação de profissionais que desejam atuar neste setor e que contribuam com as
atividades diárias das pessoas que necessitam destes serviços.
Por meio deste livro, você se familiarizará com o mundo do conserto e do reparo de sistemas
eletrônicos, que é uma área muito visada pela indústria e pelos consumidores de produtos e
dispositivos eletrônicos. Usando de seus conhecimentos em eletricidade e eletrônica analógica
e digital, você desenvolverá diagnósticos, consertos, limpezas, validações e testes de circuitos e
componentes de sistemas eletrônicos.
Serão abordadas técnicas de identificação de dispositivos com defeito, através da realização de testes, e,
posteriormente, por meio de diagnósticos por comparação, análises, inspeções e outros. Após serão tratadas
das técnicas de manutenção e validação da manutenção, bem como a apresentação das ferramentas que
auxiliarão nos processos citados.
O material também aborda procedimentos de organização e normas que auxiliam a elaboração dos
registros dos serviços realizados, melhorando a qualidade e a eficiência na execução das tarefas.
Portanto, ao final deste livro você terá desenvolvido capacidades técnicas para elaborar relatórios,
prever, aplicar ferramentas, propor melhorias, diagnosticar falhas e registrar manutenções em sistemas
eletrônicos, bem como capacidades sociais, organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação
do técnico no mundo do trabalho, bem como realizar a manutenção de circuitos e sistemas eletrônicos,
seguindo normas técnicas, ambientais, de qualidade, de saúde e segurança no trabalho.
Bons estudos!
SAIBA Para você obter mais informações sobre certificações de equipamentos acesse o site
MAIS do INMETRO: http://www.inmetro.gov.br.
As certificações de equipamentos, no Brasil, são do tipo compulsórias ou voluntárias. No caso das com-
pulsórias, alguns equipamentos necessariamente são obrigados a passar por uma certificação antes de ser
colocados à disposição no mercado.
Outra característica importante que contempla o padrão adotado, no Brasil, é o sistema de medição de
unidade, no qual o padrão métrico adotado em nosso país é o Sistema Internacional de Medidas (sigla SI,
de origem francesa: Système international d’unités). As unidades básicas do SI são descritas no quadro, a
seguir, e são a base para todas as demais medidas.
Existem outros padrões de medidas, como é o caso do sistema britânico imperial, que é utilizado em
outros países, como Inglaterra e Estados Unidos. Muitos equipamentos – especialmente os importados -
podem possuir funções com unidades que se enquadram em outros sistemas. Portanto, conhecer o padrão
adotado é importante para aferição e calibração dos equipamentos.
2.1.1 SENSORES
Antes de iniciar o estudo dos equipamentos de instrumentação, é preciso que o aluno conheça os
princípios básicos que regem o sensoriamento de sinais elétricos, e como estes sinais são tratados,
analisados e lidos.
Sensores são os componentes responsáveis por transformar uma forma de energia em outra forma
de energia, por exemplo, um sensor de iluminação (fotocélulas) que convertem a energia luminosa em
energia elétrica.
Outro exemplo, é o sensor que transforma sinais elétricos em energia mecânica, como é o caso de um
galvanômetro. Ele consiste em uma bobina de fio condutor imersa em um campo magnético, que se move
levemente quando submetida a pequenas variações de corrente. Este princípio rege o funcionamento dos
voltímetros e dos amperímetros analógicos, conforme mostra a figura a seguir.
Escala
Ponteiro
Campo
Magnético
N S
i i
Ímã Ímã
Rosimeri Likes (2017)
Mola
Bobina
Suporte da mola
Fios da bobina
Figura 2 - Galvanômetro
Fonte: SENAI (2016)
A transformação de energia a partir de sensores pode ser utilizada em sistema de medição de grandezas,
como apresentado no exemplo do galvanômetro, ou para sistemas de controle cujos os sinais de saída
dos sensores serão utilizados para controlar outras variáveis, como os sensores de temperatura, que são
utilizados para o controle da temperatura interna de uma geladeira ou uma estufa de laboratório.
a) Características básicas de sensores
Os sensores podem ser do tipo analógico ou digital. O sensor analógico disponibiliza sinais de saída,
que podem variar ao longo do tempo dentro de uma determinada faixa de operação, intrínseca ao
sensor utilizado. Tem-se como exemplo o sensor de temperatura, cuja a variação de temperatura reflete
proporcionalmente a uma variação do sinal elétrico de saída do sensor.
Alguns sensores são capazes de fornecer apenas dois sinais de saídas, estes sensores são tidos como
digitais, e, normalmente, estão atrelados aos sistemas como sensores de presença, encoders1 de velocidades
de motores, entre outros.
Os sinais de saída de alguns tipos de sensores analógicos possuem um comportamento não linear, o
que dificulta o processamento direto das informações, seja para um sistema de leitura ou para um sistema
de controle. Além disso, os sinais de saída dos sensores, em geral, são muito suscetíveis aos ruídos e as
interferências eletromagnéticas. Isso é agravado devido ao fato de que é comum encontrar sistemas
eletrônicos que possuem sensores localizados consideravelmente distantes dos circuitos responsáveis
pelo processamento dos dados e tomadas de decisões, como acontece em equipamentos industriais ou
instrumentos de medição. Desta forma, são necessários circuitos que auxiliem na realização do tratamento
e filtro destes sinais.
Normalmente, os componentes que abrangem a parte de sensoriamento e tratamento dos sinais são
denominados como transdutores, e englobam interfaces de linearização de sinais ou de comunicação
digital, cujos os dados de saída são transmitidos por meio de um protocolo de comunicação, como a serial
I2C, muito utilizada na comunicação entre dispositivos do mesmo circuito eletrônico.
Além disso, conheça, no quadro, a seguir, outras características básicas referentes aos sensores e
transdutores em geral. Estas informações são importantes para definir os limites das aplicações dos
sensores.
CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO
Os valores de medição que o sensor é capaz de realizar dentro da precisão e dentro de suas
Faixa de operação (medição) limitações físicas. Por exemplo, um sensor de temperatura de um modelo X permite realizar medições
de -5°C a 100°C. Valores térmicos fora dessa faixa não serão mensurados adequadamente.
É o menor incremento que o sensor pode realizar no valor da grandeza física mensurada. O peso
Resolução mínimo de 1 g em um sensor de peso, por exemplo. Mudança de valores abaixo desta quantidade
mínima podem não ser detectados pelo sensor.
É a relação entre a quantidade da grandeza física mensurada e o nível elétrico de saída do sensor. Por
Sensibilidade
exemplo, um sensor de irradiação solar com 20 µV/W/m2.
Exatidão ou erro É a diferença entre o valor mensurado pelo sensor e o valor real que o sensor deveria mensurar.
Relação entre o sinal mensurado e a potência do sinal de ruído que é medido no canal com entrada
Relação sinal/ruído nula. Essa relação pode ser mensurada em valores percentuais, mas é comumente fornecida em dB
(decibéis).
Condição que o sensor pode operar de maneira contínua por um determinado período de tempo
Confiabilidade
sem falhar ou comprometer o funcionamento do sistema.
É importante saber que precisão é diferente de exatidão. A precisão está relacionada com a proximidade
do valor medido, ou seja, com o valor real da grandeza. Por sua vez, a exatidão refere-se a várias medições
que são realizadas sobre as mesmas condições.
b) Tipos de sensores
Os sensores são utilizados em aplicações em geral, desde sistemas industriais, eletrodomésticos,
brinquedos e - muito importante para o tema do livro - em equipamentos de medição em geral. Os tipos
de sensores comumente utilizados são agrupados e apresentados no quadro, a seguir.
SENSORES INDUSTRIAIS
SENSORES DE MEDIÇÃO OU
SENSORES DISCRETOS SENSORES ESPECIAIS
TRANSDUTORES
TIPOS APLICAÇÕES TIPOS APLICAÇÕES TIPOS APLICAÇÕES
Detecta o número de
Detecta alterações em
pulsos de maneira codi-
um campo eletro- Detectar nível de um
Indutivo Nível Encoder ficada. Utilizado para
magnético. Próprio líquido
medir a posição do eixo
para objetos metálicos.
de um motor.
Detecta alterações em
um campo eletros- Detectar vazão de um Sensor de Detecta a variação da
Capacitivo Vazão
tático. Próprio para fluido. deslocamento posição de um objeto.
materiais não metálicos
Usa ondas acústicas
Medir a tempera-
e ecos. Próprio para Temperatura Detecta a variação de
Ultrassônico tura de um fluido ou Acelerômetro.
objetos de grandes (Termoelétricos) ângulos de objetos.
objeto.
proporções.
Efetua a detecção do
objeto através de uma Piezoelétricos Pressão (esforço)
Óticos
força entre o sensor e o mecânico
objeto
Medir a pressão de um
(Fotoelétricos) Detecta feixes de luz Pressão - -
fluido.
Efetua a detecção do
Medir a pressão ou es-
Eletromecâni- objeto através de uma
Piezoeléctricos forço mecânico sobre - -
cos força entre o sensor e o
um objeto.
objeto.
Medição de um
Magnético Detecta alterações de determinado peso.
Células de carga - -
Efeito Hall campo magnético Próprio para balanças
industriais.
Identificação por
RFID - - - -
radiofrequência.
Quadro 3 - Tipos de sensores
Fonte: SENAI (2016)
Há uma variedade de tipos de sensores, como os sensores de pressão, vazão ou de nível, que são
comumente encontrados em aplicações industriais.
c) Circuitos condicionadores de sinais
Os sinais elétricos provenientes de um sistema de medição (sensor ou transdutor), muitas vezes, não
possuem níveis elétricos adequados para os circuitos que coletam e trabalham essas informações, sejam
estes circuitos analógicos ou digitais.
Muitas vezes, se faz necessário, por exemplo, amplificar ou corrigir variações de temperatura que afetam
os sinais, sendo realizado por meio de circuitos eletrônicos, classificados como condicionadores de sinais.
Algumas situações de falha de dispositivos eletrônicos ocorrem por defeito nestes condicionadores, por
isso, deve conhecer e compreender o funcionamento destes.
Além disso, os sistemas eletrônicos responsáveis pela leitura dos sinais dos sensores possuem um valor
intrínseco de precisão máxima, que podem realizar tais medidas. Em medidas elétricas é bastante comum
se basear na leitura de resistência elétrica para mensurar as grandezas, e uma forma básica de detectar
variações pequenas de resistência elétrica é por meio do uso da ponte de Wheatstone, conforme mostra a
figura, a seguir.
A
R1 Rx
+
- C V B
R2 R3
Rosimeri Likes (2017)
Este circuito condicionador possui quatro resistores ligados em pontes, sendo um resistor com valor
desconhecido (o próprio sinal do elemento sensitivo), um detector de corrente elétrica conectado nos
pontos C e B, além disso a fonte de tensão CC conhecida e estável é inserida no ramo A e D. A ponte estará
em estado de equilíbrio quando a diferença de potencial é nula entre os pontos C e B, e, consequentemente,
você terá:
R1R4 = R2R3
Quando não ocorre o equilíbrio, surge uma corrente no ramo C e B, e com o valor desta corrente é possível
determinar o valor da resistência ôhmica do sensor. A ponte de Wheatstone é um método analógico sensível
de detecção de resistência ôhmica. A ocorrência de falhas em qualquer um dos elementos resistivos fixos
do circuito provocará uma leitura equivocada do sensor, o que poderá resultar na condenação do sensor
se a verificação do condicionador em questão for ignorada.
Outros circuitos, como amplificadores, divisores resistivos (também os divisores capacitores e
indutivos), amplificadores ativos, conversores de tensão/corrente são exemplos de circuitos utilizados
para o condicionamento de sinais, retificadores de precisão, entre uma gama de circuitos que podem ser
utilizados com esta finalidade.
Na forma digital, os circuitos condicionadores podem ser implementados em circuitos processados por
meio do uso de conversores AD (Analógicos-digitais), conforme mostra a figura a seguir.
Em dispositivos eletrônicos que possuem algum tipo de entrada que contenha sensores, transdutores
quaisquer ou sistemas de medição, estes condicionadores de sinais estão frequentemente localizados na
placa eletrônica do dispositivo, próxima aos conectores de entrada dos sinais. Estes circuitos precisam de
ajuste e calibração para funcionar adequadamente.
Os equipamentos de medição são essenciais para realizar os serviços de manutenção, assim como os
sensores são necessários para o funcionamento de equipamentos de medição, por exemplo, os voltíme-
tros, amperímetros, osciloscópios, medidores RLC (resistência, indutância e capacitância) e, em geral, todo
equipamento de medição.
MULTÍMETROS
As três principais funções de um multímetro estão relacionadas à medição de resistividade ôhmica, a
intensidade de corrente elétrica e a tensão elétrica. Estas grandezas são avaliadas por meio de um sistema
sensível, a perturbação de corrente, que é mensurada e processada por conversores de sinal analógico-
digitais internos ao equipamento.
O equipamento de medição processa os dados e apresenta ao usuário através do visor as informações
médias calculadas, que são coletadas e interpretadas. A figura, a seguir, apresenta modelos diferentes de
multímetros digitais.
iStock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)
TERMÔMETROS DIGITAIS
Os termômetros também são bastante utilizados em eletrônica, especialmente em situações de
sobrecarga nos sistemas ou quando componentes ou uma região de uma placa eletrônica aquecem
indevidamente. A maioria dos multímetros digitais possuem termômetros integrados em suas funções,
permitindo a mensuração da temperatura com este equipamento.
Os sensores de temperaturas mais empregados na fabricação de termômetros térmicos são: os
termopares e os termômetros de resistência de platina. A seguir, veja, na figura, como é o sistema de
medição de temperatura.
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Os dados são coletados por sistemas de aquisição analógico-digitais assim como nos multímetros,
apresentados os dados para o usuário por meio de telas ou mostradores.
OSCILOSCÓPIO
O osciloscópio é um equipamento de medição que permite visualizar por meio de uma tela – seja
analógica ou digital – o comportamento elétrico de um sinal do sensor conectado em seus canais. A
medição de tensão, ao longo do tempo, é o sinal tipicamente utilizado nos osciloscópios. A figura, a seguir,
mostra o osciloscópio com destaque para alguns de seus controles.
Agora, conheça, no quadro, a seguir, as principais características que precisam ser verificadas em um
osciloscópio.
Determina a quantidade de sinais que podem ser utilizados e Os modelos mais comuns pos-
Quantidade de canais
observados simultaneamente. suem dois ou quatro canais.
Além disso, há ponteiras que realizarão a aquisição da tensão, os osciloscópios, em geral, permitem o
uso e a utilização deste equipamento. Existem ponteiras para medição de correntes elétricas através do
efeito hall, conforme a figura, a seguir.
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2.1.3 AFERIÇÃO
A aferição é um processo de verificação em que é realizada a leitura e a comparação entre uma grandeza
real e uma grandeza medida por um instrumento de medição, com intuito de constatar a consistência do
sensoriamento do sistema.
Os sistemas eletrônicos que operam de acordo com os sensores, em que estas grandezas são relacionadas
com o ambiente e suas características físicas, precisam ser aferidos para garantir que atuem de acordo com
o padrão de referência desejado para o sistema eletrônico. Para isso, deve-se utilizar equipamentos de
referência, como o osciloscópio, o multímetro, a balança, o medidor de temperatura etc.
Cita-se como exemplo, o controle de temperatura do laboratório de química, pois é necessário que seja
mantida a temperatura constante de 25 °C, utilizando o equipamento com sensor de temperatura, que liga
e desliga o sistema de refrigeração do ambiente. Este aparelho precisa ser aferido periodicamente para
manter a temperatura real de acordo com a referência prevista.
Em um segundo exemplo, tem-se uma balança eletrônica de uso comercial, que precisa ser aferida
dentro do período de um ano. Para isso é necessária a utilização de pesos padronizados, que garantirão a
conformidade da medição. As aferições devem ser feitas por pessoa autorizada e especializada.
A aferição pode ser realizada em produtos que não são eletrônicos, por exemplo, gabaritos mecânicos e
dispositivos mecânicos. Existem, também, os sistemas químicos, que passam por aferição, como os sistemas
de controle de pH da água tratada, em estações de tratamento. As amostras da água são analisadas em
tempo real para verificar se o pH está dentro dos limites especificados.
O processo de aferição deve seguir as normas necessárias para demonstrar os métodos a serem seguidos.
Grande parte dos sistemas precisam passar por aferição, após realizado este procedimento, é necessário a
emissão de documento que comprove o resultado da eficácia do produto ou processo calibrado, além de
servir de registro para o sistema de gestão da qualidade.
2.1.4 CALIBRAÇÃO
Quando o processo de aferição aponta que o sistema verificado possui déficit na precisão2 pré-definida
do instrumento em questão, deve realizar a calibração deste instrumento. De acordo com o INMETRO (2012,
p. 27), calibração é a “Operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma
relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes
com as incertezas associadas; [...]” e complementa que “[...] numa segunda etapa, utiliza esta informação
para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir duma indicação.”
O resultado obtido no processo de calibração é de extrema importância, pois segundo o IPEM-PR (200?),
“[...] fornece informações que permitem ao seu usuário fazer um diagnóstico sobre o instrumento calibrado
e analisar, através dos erros identificados e das incertezas declaradas, se o instrumento continua apto para
uso.” Ou seja, é o resultado da calibração que aponta se o instrumento deve ser ajustado ou não.
Ao longo do tempo, as condições de uso dos equipamentos, as condições externas de variação de
pressão e a temperatura, o desgaste das peças e os materiais afetam os ajustes realizados e os erros são
paulatinamente incrementados ao sistema. Tais sistemas necessitam de manutenção preventiva para ajuste
destes parâmetros de modo que o equipamento possa operar dentro de suas características originais.
Isso acontece com termômetros, balanças, velocímetros, sensores de movimento ou posição, entre
tantos componentes de sensoriamento que são utilizados para controle de equipamentos (exemplo, os
robôs) ou instrumentos de medição (multímetros).
Como mostra o exemplo, a seguir.
iStock ([20--?])
A calibração geralmente é realizada dentro de condições específicas que precisam ser consideradas,
como a temperatura do ambiente, a ausência de vibração mecânica, os sinais de alimentação estáveis
e com baixo nível de ruído (uso de fontes especiais), o ambiente limpo, entre outras características que
dependem do tipo de equipamento que será calibrado.
Certos equipamentos precisam de certificação de calibração, portanto, devem passar por laboratórios
credenciados que podem fornecer o selo de certificação requerido. O IPEM-PR (200?) ressalta que “[...] a
calibração não isenta o instrumento do controle metrológico (verificação) estabelecido na Regulamentação
Metrológica.” Ou seja, quando há obrigatoriedade da verificação (aferição) periódica, esta deve ser realizada
independente da calibração.
CASOS E RELATOS
Sensores e Testes
Miguel trabalha como técnico em eletrônica, em uma empresa, que desenvolve e fabrica
equipamentos utilizados na fiscalização eletrônica de trânsito. Estes produtos atuam como grandes
medidores de velocidade, utilizando sensores indutivos formados por fios instalados no asfalto, em
formato de bobinas. Para cada faixa de rolagem são utilizados dois sensores e o sistema pode atuar
com até oito sensores de forma simultânea.
Responsável pela manutenção in loco destes equipamentos, Miguel seguiu para atender
a ocorrência, em que foi constatada a falta de medições de velocidades em uma das faixas
monitoradas. Após a vistoria, ele iniciou a sequência de testes no sistema até confirmar que um
dos sensores não estava sendo acionado na passagem dos veículos.
Com o multímetro regulado para medir indutância, Miguel confirmou que o sensor estava rompido.
Como o equipamento passa por um processo de aferição realizado, anualmente, pelo INMETRO, a
empresa de Miguel informou ao órgão sobre a necessidade da intervenção e o sensor danificado
foi substituído e testado.
Os laboratórios que fazem parte da Rede Brasileira de Calibração (RBC) atendem as normas determinadas
pelo INMETRO. A principal norma relacionada à calibração de equipamentos eletroeletrônicos é a Norma
ABNT NBR ISO/IEC 17025, referente aos requisitos e as competências de laboratórios de ensaios e calibração.
Tais laboratórios geram relatórios que apresentam gráficos e valores das tolerâncias dos serviços realizados
nos equipamentos.
A configuração dos parâmetros dos circuitos eletrônicos pode se apresentar de diversas formas. Uma
forma bastante comum de configuração é por meio de componentes com características ajustáveis
(potenciômetros, capacitores variáveis etc.), que são aplicadas diretamente na placa, com auxílio de uma
chave Philips ou de Fenda, conforme exemplificado, a seguir.
iStock ([20--?])
Figura 11 - Ajuste do potenciômetro em circuito
Outra forma adotada de ajuste se dá por meio de configuração via software, que pode ser aplicada com
a alteração no firmware ou na configuração direta através dos MENU de configuração disponibilizado pelo
circuito.
Erro do sistema
Por meio do erro do sistema pode-se definir a intensidade do ajuste, que precisa ser realizado no sistema.
Dois métodos de calibração podem ser abordados para esclarecer os princípios que determinam o ajuste
e a regulagem de um sistema: o método direto e o indireto, os quais dependem do tipo de aplicação do
sistema.
a) Método direto
A calibração direta de um instrumento ou equipamento de medição ocorre em situações específicas
que possibilitam a execução deste método. Inicialmente, uma grandeza física é inserida próxima ao
instrumento. O valor da medição, correspondente a esta grandeza, que é ajustado de acordo com os
valores padrões do sistema de medição internacional (SI). Isso significa que o valor da medição original foi
corrigido por meio do método de calibração.
Para a elaboração deste procedimento utiliza-se um corpo de teste, cujo valor é conhecido de forma
precisa dentro de certas condições do ambiente, que são replicadas para realização deste método. A
calibração de uma balança é um exemplo simples de como este procedimento pode ser realizado, utiliza-
se neste caso uma massa-padrão conhecida. A figura, a seguir, mostra uma balança que atende a este
exemplo.
iStock ([20--?])
Figura 12 - Balança eletrônica
O peso mensurado deve ser comparado ao peso da massa-padrão utilizada de modo determine o erro
do sistema. É importante que este procedimento seja realizado com vários valores de massa-padrão e que
cubram toda a faixa de medição da balança. O erro de um sistema geralmente não é tido como constante.
b) Método indireto
Algumas grandezas físicas são complexas quando simuladas em laboratório, tornando difícil a realização
do método direto.
Por exemplo, o velocímetro do automóvel (figura a seguir) é um sistema que necessita de uma forma
alternativa para realizar a avaliação do erro, podendo ser executado por meio de um sistema auxiliar, que
simula os valores para o sistema de medição.
iStock ([20--?])
Outro exemplo, é um equipamento auxiliar que realize o papel de gerar os sinais do sensor de velocidade
do sistema, ou seja, o gerador de funções de alta precisão (equipamento normalmente de alto custo).
A precisão deste processo deve ser consideravelmente maior do que a do velocímetro. Os sinais destes
sistemas podem ser inseridos de modo a serem verificados os valores de velocidade e de erro para várias
velocidades, que cubram todo a faixa de operação do equipamento de medição.
No caso direto ou indireto, as medições de erro devem ser registradas em um quadro para observar
o comportamento do erro, da faixa de operação do equipamento. Por meio desses valores poderão ser
tomadas medidas de ajustes para calibração do equipamento, conforme mostra o quadro, a seguir.
Um breve exemplo de resultados obtidos é apresentado no quadro anterior. A partir dos valores
encontrados, os erros sistemáticos com relação ao fundo de escala do equipamento devem ser mensurados,
e os valores calculados podem ser comparados com os valores da especificação do equipamento fornecidas
pelo fabricante.
O procedimento de validação indireta pode ser útil para verificar se os equipamentos de instrumentação
do laboratório de eletrônica não estão operando com valores demasiadamente fora de suas especificações.
Agora que você já estudou alguns equipamentos e sistemas eletrônicos é chegado o momento de
conhecer como funciona o controle de descarga eletrostática, para isso siga em frente.
A eletrostática é uma área do conhecimento que estuda as cargas elétricas em repouso. Estas cargas
elétricas são os elétrons que circulam ao redor de um átomo, mais precisamente na órbita que envolve
o núcleo, que, por sua vez, é formado pelos prótons e nêutrons. Referente a carga, o próton possui carga
elétrica positiva, o nêutron não possui carga elétrica e o elétron possui carga elétrica negativa.
O princípio da teoria eletrostática é que as cargas elétricas de sinais opostos se atraem e as de sinais
iguais se repelem, conhecido como atração e repulsão. A figura, a seguir, representa as forças de atração e
repulsão entre as cargas, prótons e elétrons.
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Figura 16 - Forças de atração e repulsão
Fonte: SENAI (2016)
Diante da estrutura do átomo, entende-se os processos de eletrização, que ocorre de três formas, por
atrito, por contato ou por indução. Conheça, no quadro, a seguir, as características de cada forma.
Ocorre entre dois materiais isolantes, transfere elétrons de um material para o outro,
Por atrito
ficando um material eletrizado positivamente e o outro negativamente.
É quando dois materiais são postos em contato, e o que houver maior carga elétrica
Por contato
transfere a carga para o material neutro, ocorrendo o equilíbrio eletrostático.
O campo elétrico é criado ao redor de uma carga, sendo representado por linhas de campo, onde elas
entram em uma carga negativa e saem em uma carga positiva. É por meio do campo elétrico que circula a
eletricidade em um circuito, sendo necessário que haja uma diferença de potencial ou tensão elétrica, que,
por sua vez, é expressa em volts e representada por uma fonte de tensão.
A descarga atmosférica ocorre quando as cargas presentes entre a nuvem e a terra superam a camada
de isolação do ar, fazendo com que ocorra o raio que descarrega a carga elétrica acumulada na nuvem,
conforme exemplificado na figura a seguir.
iStock ([20--?])
Por meio de raios e trovoadas a descarga atmosférica pode danificar os equipamentos eletroeletrônicos,
porém, existem outros tipos de descarga eletrostática conhecidas como ElectroStatic Discharge (ESD). A ESD
pode ser causada pela própria estática do corpo humano, o que é suficiente para danificar componentes
eletrônicos ao manuseá-los durante uma montagem, por exemplo.
No caso de componentes eletrônicos, a ESD gerada pelo corpo humano pode danificar o componente
rompendo suas conexões internas. E, no caso de um raio, pode levar o ser humano a óbito. Além disso,
deve-se aterrar uma estação de montagem de placas de circuito impresso para proteger o ser humano e
os componentes contra ESD.
Existem meios de se evitar a queima de componentes eletrônicos por ESD, desviando a descarga
estática para outro ponto chamado, aterramento. Os equipamentos para proteção contra ESD são manta
antiestática, pulseira antiestática, tornozeleira antiestática, luva antiestática, jaleco antiestático, piso
dissipativo, recipiente antiestático, pincel antiestático, embalagem antiestática, e alguns destes dispositivos
são conectados a um sistema de aterramento. Veja, na figura, a seguir, alguns destes equipamentos.
iStock ([20--?])
Para que ocorra o aterramento dos equipamentos de proteção ESD, é necessário que eles sejam
devidamente aterrados. Na sequência, veja a conexão da pulseira antiestática ao sistema de aterramento
apropriado.
iStock ([20--?])
Além dos protetores individuais, há os coletivos, por exemplo, o piso dissipativo, que tem a função de
cria uma espécie de blindagem, facilitando a dispersão da estática e evitando a criação dela no local. Este
piso protegerá o ser humano, o componente e a montagem eletrônica, além dos equipamentos utilizados
na montagem.
Em relação a ferramentaria, a pinça antiestática tem a função de proteger o componente eletrônico
contra descarga eletrostática, que é conduzida pelas mãos. Para utilizá-la o técnico deve usar luvas.
Para evitar a queima do componente eletrônico por meio de contato humano, além da luva citada,
podem ser utilizadas também ventosas. As ventosas são ferramentas que prendem o componente por
meio de sucção, não havendo a necessidade de posicionar o componente diretamente com as mãos. Já no
caso de sistemas de montagem automática de placa de circuito impresso, o sistema de aterramento fica de
acordo com o aterramento dos equipamentos.
Portanto, as montagens eletrônicas precisam ser realizadas com os devidos equipamentos de proteção
ESD, conforme apresentado na figura, a seguir.
iStock ([20--?])
A descarga eletrostática (ESD) é uma perda de carga elétrica quando ocorre um acúmulo alto desta
carga sobre um objeto. Para uma ESD acontecer, deve ser gerada muita carga, que precisa ser acumulada e
depois descarregada. O acúmulo de carga gera um campo elétrico, que, quando suficientemente intenso e
rompendo a isolação da tensão, pode causar uma descarga ou sobretensão em um objeto.
O ser humano ao caminhar sobre o carpete pode acumular mais de 1500 volts. Para danificar um
MOSFET3 de potência, é necessária uma tensão estática em torno de 100 a 200 volts. Devido a sensibilidade
estática do mosfet, as embalagens são desenvolvidas para proteger o componente contra a ESD, além dele,
outros componentes também requerem esta proteção.
Conheça, na figura, a seguir, uma embalagem antiestática para transporte de componente eletrônico.
iStock ([20--?])
Figura 21 - Embalagem antiestática
A eletrostática é um fenômeno, muitas vezes, invisível, o que se tem feito é utilizar a comunicação visual
para alertar qual componente é sensível à descarga eletrostática. Os componentes que são sensíveis à des-
carga eletrostática possuem o símbolo apresentado na figura, a seguir.
iStock ([20--?])
Nem sempre o aviso se encontra no componente, conforme apresentado. Em algumas situações, pode
estar disposto na embalagem ou na folha de dados disponibilizada pelo fabricante.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você estudou os principais conceitos que envolvem a aplicação de sistemas de
sensoriamento eletrônico, assim como a importância da calibração de um sistema eletrônico.
Além da necessidade periódica da calibração de equipamentos, especialmente os mais sensíveis,
é preciso estar ciente que os sistemas eletrônicos podem sofrer alterações durante as ações de
conserto, afetando a calibração de um equipamento.
Além disso, você aprendeu sobre os princípios das descargas eletrostáticas e como prevenir que os
sistemas eletrônicos sofram as consequências causadas por este fenômeno elétrico. Ao lidar com
circuitos eletrônicos é importante estar atento aos riscos causados por tais descargas que podem
ter origem de muitas falhas e defeito, deve-se, portanto, tomar as medidas necessárias para evitá-
-los.
Esses conceitos aprendidos ajudarão você definir quais as medições devem ser realizadas em
função do diagnóstico de falhas e defeitos em circuitos e sistemas eletrônicos, além de realizar
testes considerando os modos de operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos.
Você sabe quais são as técnicas e fases necessárias para a realização da manutenção de
sistemas eletrônicos? O que é um procedimento de validação das intervenções realizadas?
Neste capítulo serão apresentadas etapas e procedimentos básicos que compõe os serviços
de manutenção de sistemas eletrônicos e os testes de validação necessários para verificação
do funcionamento dos circuitos. O foco principal das ações de manutenção apresentadas são
relacionadas ao conserto de falhas e defeitos em placas de circuito eletrônicos.
A primeira parte do trabalho de manutenção consiste em localizar os setores de um circuito
que possuem defeitos e falhas elétricas e eletrônicas impedindo o sistema de funcionar
adequadamente. Para isso existem técnicas de diagnósticos aplicados em dispositivos,
placas de circuitos eletrônicos e outros componentes do sistema, como sensores, monitores,
cabeamentos, periféricos e acessórios que possam estar integrados ao conjunto.
A segunda parte, busca englobar as principais ações de conserto que podem ser realizadas
de modo a eliminar os problemas diagnosticados na etapa anterior. Para isso, inicialmente, são
apresentadas as técnicas de soldagem manual que podem ser empregadas em um laboratório
convencional de eletrônica. Em seguida, são abordadas as técnicas de consertos de hardware
que preveem ações como substituição de componentes, conserto de trilhas e limpeza do
circuito.
Para finalizar são introduzidos os conceitos de manutenção que englobam o estudo do
sistema com o auxílio de softwares, visto que, em muitos casos, as falhas e os defeitos podem ser
detectados com o auxílio de softwares supervisórios ou por meio de simulações dos circuitos
em computador.
A terceira etapa, abordada pode ser considerada a última etapa prática do trabalho de
manutenção, introduz a necessidade de validação dos serviços de manutenção realizados nas
etapas anteriores, abordando procedimentos e exemplos que podem ser utilizados durante a
validação real de um sistema eletrônico.
A validação engloba uma primeira etapa que é realizada em laboratório para determinar
a qualidade dos consertos realizados, para então, em segundo plano, serem realizados testes
mais rígidos, seja em laboratório ou diretamente na aplicação, para determinar se o sistema
pode operar de maneira confiável conforme suas especificações originais.
Destarte, este capítulo mostrará para você alguns desses conhecimentos e auxiliará no desenvolvimento
das habilidades de forma que ao final deste estudo, você terá subsídios para:
a) definir as medições a serem realizadas em função do diagnóstico de falhas e defeitos em circuitos e
sistemas eletrônicos;
b) aplicar técnicas de diagnóstico de falhas em manutenção de circuitos eletrônicos;
c) diagnosticar falhas, defeitos e suas possíveis causas em circuitos e sistemas eletrônicos a partir do
histórico de manutenção;
d) aplicar técnicas de reparação de circuitos eletroeletrônicos;
e) realizar manutenção de circuitos e sistemas eletrônicos;
f ) selecionar os recursos computacionais específicos em função da realização de testes de circuitos e
sistemas eletrônicos;
g) realizar testes considerando os modos de operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos;
h) propor melhorias a partir dos resultados de desempenho do processo de manutenção;
i) propor melhorias em circuitos e sistemas eletrônicos a partir das atividades de manutenção.
Bons estudos!
Os equipamentos em geral não duram para sempre e com circuitos eletrônicos a história não difere.
Frequentemente encontra-se dispositivos e sistemas eletrônicos com algum tipo de defeito ou até mesmo
sem funcionamento. Quem, afinal de contas, nunca se deparou com uma situação dessas ou até mesmo
ficou na mão quando mais precisava de um dispositivo? Veja, a seguir, um exemplo de manutenção em
sistema eletrônico.
Istock ([20--?])
Figura 23 - Manutenção em sistema eletrônico
Os circuitos eletrônicos podem danificar ou simplesmente parar de funcionar por diversos motivos, tais
como os exemplos apresentados no quadro, a seguir.
Os componentes, incluindo as placas, possuem uma vida útil que pode diminuir conforme as
Envelhecimento
condições de uso ou do ambiente de trabalho.
Variações da energia elétrica podem causar danos aos equipamentos eletrônicos, especialmente
Qualidade da energia
aqueles cuja a variação de entrada permitida é pequena.
Excesso de temperatura.
Umidade.
Descargas elétricas e eletrostáticas.
Ambiente
Acúmulo de poeira.
Vibração.
Choque mecânicos.
Quadro 7 - Possíveis motivos para um sistema eletrônico apresentar problemas
Fonte: SENAI (2016)
Durante a prática de conserto destes equipamentos, é preciso seguir uma ordenação lógica para buscar
assegurar a integridade do circuito eletrônico que está sendo consertado, a segurança da operação e o
sucesso da manutenção de modo a garantir que o circuito possa operar dentro do esperado. Para isso,
quatro macros etapas básicas do processo de manutenção serão abordadas neste material de modo a
mostrar a você um procedimento lógico sobre a atividade de manutenção em sistemas eletrônicos. Este
procedimento é constituído das etapas:
a) Identificação.
b) Diagnóstico.
c) Manutenção.
d) Validação.
Esta seção abordará primeiro a macro etapa, que busca apresentar os fatores importantes na identificação
de um dispositivo eletrônico defeituoso. A atividade de manutenção de sistemas eletrônicos requer pré-
requisitos a respeito de eletrônica em geral e das possibilidades de circuitos existentes de modo a permitir
que o técnico de manutenção seja capaz de se deparar com várias situações possíveis no momento de
consertar um equipamento qualquer.
TIPO DE ALIMENTAÇÃO
Os circuitos eletrônicos lógicos funcionam com corrente elétrica do tipo contínua (CC). No entanto,
este estágio, muitas vezes, é disponibilizado por meio de uma transformação de corrente alternada (CA)
para corrente contínua, já que grande parte das fontes de energia que alimentam os equipamentos
é de natureza alternada, provenientes da rede elétrica, como é o caso das tomadas das indústrias e das
resistências. Conheça, a seguir, como os circuitos podem ser alimentados.
a) Alimentação direta em corrente contínua
Os circuitos eletrônicos portáteis frequentemente possuem um armazenador de energia que disponibiliza
os sinais de tensão e corrente na forma contínua, como é caso dos celulares, relógios, calculadoras, controle
remotos, notebook, entre outros equipamentos que utilizam baterias e pilhas elétricas.
As fontes que são utilizadas para alimentar os circuitos eletrônicos diretamente em corrente contínua são
pilhas e baterias (chumbo ácido, lítio-íon, níquel metal-hidreto etc.), módulos fotovoltaicos (monocristalino,
policristalino, filme fino etc.), células a combustível (hidrogênio) e geradores de corrente contínua.
Estas fontes possuem um nível de tensão e corrente, máximos, específicos para cada aplicação. Os
sistemas eletrônicos de um veículo automotor de passeio, por exemplo, são alimentados por baterias
de tecnologia de chumbo-ácido com tensão terminal de 12 V. Quando o veículo está em movimento, o
alternador (gerador de corrente contínua), transforma parte da energia mecânica do motor a combustão
para energia elétrica na forma de corrente contínua, de modo a carregar a bateria auxiliar do veículo.
TECNOLOGIA DE COMPONENTES
Os componentes eletrônicos podem ser encontrados em duas tecnologias de encapsulamento
conforme apresenta a figura a seguir.
Perceba que na figura anterior, os encapsulamentos PTH e SMD são visualmente distintos. Para
compreender esta diferença, leia, o quadro, a seguir, e conheça as características de montagem das duas
categorias.
Surface Mounted Devices (SMD) São soldados na superfície onde são encaixados.
a) Encapsulamento SMD
Os dispositivos portáteis geralmente prezam por este tipo de tecnologia que permite um grau elevado
de miniaturização do tamanho do equipamento, como por exemplo, acontece com o celular, os vídeo
games portáteis, os notebooks, entre outros equipamentos. A manutenção de circuitos que contém
esse tipo de componente pode ser um grande desafio em muitas situações em que as placas possuem
grande densidade de componente na mesma região. Estes componentes são mais delicados e podem
ser facilmente danificados com o excesso de temperatura, assim como são mais sensíveis às descargas
eletrostáticas. Além disso, é preciso que o técnico de manutenção possua as ferramentas e as habilidades
adequadas para manipular estes componentes.
b) Encapsulamento PTH
Estes componentes, em geral, são mais robustos do que os componentes SMDs, e, por isso, são mais
fáceis de trabalhar, especialmente quando se trata de um serviço de manutenção. Porém, isso não quer
dizer que o seu manuseio não possua desafios. A falta de atenção ou cuidado pode levar a um procedimento
inadequado que danifique o circuito no momento de removê-lo da placa de circuito impresso para
realização de uma substituição. Estes detalhes serão vistos posteriormente.
Um técnico pode se aperfeiçoar na manutenção de um único tipo de circuito, e, ainda assim, ter um
oceano de informações e tipos diferentes de circuitos que precisam ser conhecidos e aprendidos. É o caso
de um técnico que trabalha especificamente com o conserto de um tipo de circuito específico, como os
aparelhos de televisão, os dispositivos automotivos, os computadores, os celulares, entre outros.
As funções de um circuito podem ser comuns em diversos tipos de dispositivos diferentes. A essência
de um circuito de processamento de som, por exemplo, pode estar presente em celulares assim como
em uma televisão. Embora esses circuitos possam possuir parâmetros de projeto muito distintos uns dos
outros, a essência do funcionamento tem um núcleo comum que precisa ser conhecido.
Outro exemplo, são os circuitos eletrônicos para carregar baterias, que se trata de um tipo de circuito
que tem a finalidade de processar energia de uma forma e transformar em outra, de maneira que possa
realizar a carga do dispositivo eletroquímico específico. No entanto, existem diversos tipos de baterias
e cada uma possui uma infinidade de opções de parâmetros diferentes que afetam suas características
elétricas e físicas (tamanho, formato etc.). Cada uma dessas variações pode requerer projetos distintos para
o circuito de carga, cujo resultado, muitas vezes, resulta em projetos visualmente muito diferentes devido
as diferenças de cada aplicação. No entanto, em geral, os carregadores vão possuir um núcleo de funções
que são comuns entre eles.
Independentemente do tipo de circuito eletrônico, exceto aqueles comandos muito específicos, existem
muitas funções que podem ser incorporadas a vários projetos diferentes. Compreender o funcionamento
destas funções e as interações entre elas é muito importante para entender o funcionamento de um
circuito eletrônico. Este processo permitirá que o técnico possa atacar os problemas com maior eficiência
e assertividade, quando encontrá-los.
Algumas funções gerais que estão presentes em uma grande quantidade de circuitos eletrônicos serão
apresentadas, a seguir.
a) Fontes de alimentação
A entrada de um circuito eletrônico, como foi visto, pode ser em CA ou CC. No entanto, independente da
natureza da energia de entrada, os sistemas eletrônicos necessitam de circuitos que realizem o tratamento
desta energia de modo a disponibilizar níveis de tensão e corrente adequados para o funcionamento do
circuito. Isso é realizado por meio de fontes lineares (figura a seguir) ou fontes não lineares.
Istock ([20--?])
Os circuitos de fontes lineares possuem o estágio retificador que é composto geralmente de diodos
semicondutores, circuitos integrados de conversão lineares de energia, assim como filtros capacitivos e
indutivos. Esses componentes encontram-se localizados próximos ao conector de entrada de energia do
circuito.
Fontes não lineares, conhecidas como fontes chaveadas, possuem geralmente chaves eletrônicas
(especialmente MOSFETs e IGBTs), indutores e capacitores. Estas fontes podem ser isoladas ou não isoladas,
assim como as fontes lineares, também se localizam frequentemente próximo aos circuitos de entrada do
circuito. Quando se trata de fontes isoladas, é possível verificar a presença de transformadores no circuito
da fonte.
b) Filtros
Circuitos de alimentação e muitos circuitos de dados, especialmente analógicos, possuem filtros
responsáveis por eliminar parte das ondulações e ruídos elétricos que afetam o funcionamento do
equipamento. Estes dispositivos se localizam frequentemente próximos as entradas e saídas de energia de
um dispositivo.
c) Circuitos de controle
O cérebro de um sistema eletrônico pode ser composto por circuitos analógicos ou digitais que realizam
ações de controle, comunicação, sensoriamento, processamento de sinais etc.
Estas funções podem ser realizadas por componentes discretos: circuitos compostos de componentes
como diodos, transistores, resistores, capacitores, amplificadores operacionais (AMPOPs), portas lógicas,
entre outros. Assim como estas funções podem ser circuitos integrados, que possuem vários subcircuitos
lógicos em um único invólucro. Estes circuitos costumam ser a parte mais delicada de um circuito, em que
é necessário maior cuidado na movimentação e no uso das ferramentas.
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO
Até o momento foram apresentados os conhecimentos básicos necessários para compreensão de um
circuito eletrônico, como, saber identificar os componentes, os tipos de circuitos e suas funções. O próximo
passo é conhecer as técnicas fundamentais que permitem identificar se um circuito apresenta algum
defeito evidente.
Poderia se pensar que uma maneira simples de realizar esta atividade consiste em conectar o dispositivo
na fonte de alimentação propicia e ver o que acontecerá. No entanto, isso pode ser considerado um
procedimento arriscado. Dependendo do defeito do circuito eletrônico, pode ocorrer um curto-circuito ou
sobreaquecimento de componentes, prejudicando ainda mais a integridade do circuito.
A seguir, neste capítulo, serão introduzidos conceitos sobre as causas e consequências de falhas e
defeitos em circuitos eletrônicos e você conhecerá dois procedimentos de testes que são importantes
para a etapa de identificação de dispositivos defeituosos, que trata da primeira etapa do processo de
manutenção de um circuito eletrônico.
Quando um circuito eletrônico não está funcionando se diz que este equipamento possui uma falha. A
falha corresponde a impossibilidade de um sistema realizar sua principal tarefa. Neste caso, o processo de
manutenção é essencial para colocá-lo de volta em operação. Uma televisão que está com a tela quebrada
de tal forma que não permita a visualização das imagens corresponde ao exemplo de um equipamento
que está com uma falha, pois sua função principal foi danificada.
Um defeito, de outro modo, é um comportamento inadequado de certas funções de um sistema, mas
não necessariamente prejudica o sistema de realizar suas principais funções. Por exemplo, uma televisão
que está com um dos seus conectores HDMI quebrado, isso não irá necessariamente impedir que a
televisão realize suas tarefas de recepção de sinais por outros canais ou que disponibilize imagens e os
sons. Este defeito irá acarretar somente na limitação do uso de algumas funções. No entanto, defeitos que
não são consertados podem levar a ocasionar outros defeitos ou até mesmo falhas que comprometam o
funcionamento principal do equipamento.
Supondo que o conector HDMI quebrado ocasione um curto-circuito de proporção suficiente para
queimar os principais componentes da fonte de alimentação principal do aparelho de televisão, levando a
inutilização do equipamento, pode-se dizer, neste caso, que o conector HDMI quebrado foi o responsável
pelo defeito, ou seja, a causa deste.
CAUSAS
a) Sobretemperatura
Os componentes eletrônicos, especialmente os semicondutores, possuem limites bem definidos de
temperatura. Portanto, quando estes componentes ficam sujeitos às temperaturas que excedem estes li-
mites, normalmente queimam. Já os conectores, que são normalmente constituídos de materiais plásticos,
podem derreter e comprometer a isolação. Materiais magnéticos, como o Ferrite, perdem sua capacida-
de magnética quando submetidos às temperaturas que excedem sua temperatura máxima (Temperatura
Curie).
O excesso de temperatura pode ser externo ao circuito. Caso seja proveniente do ambiente, em dias
muito quentes, ou de aplicações que estão submetidas a um ambiente com temperatura elevada ou
próximo a outros equipamentos que possam ter gerado calor excessivo, como é o caso, por exemplo, de
equipamentos instalados próximos aos motores à combustão, em eletrônica embarcada em veículos.
De outra forma, a origem do excesso de temperatura pode ser interna. Componentes que foram
mal projetados ou apresentam alguma falha que esteja resultando em excesso de calor podem afetar
componentes mais sensíveis na vizinhança do circuito.
b) Sobrecorrente e sobretensão
Os componentes eletrônicos podem ser danificados devido ao excesso de corrente ou a tensão sobre
os seus terminais. Estes limites são ainda mais sensíveis em componentes de tecnologia SMD. Veja um
exemplo de circuito danificado a seguir.
Istock ([20--?])
dos componentes. Um exemplo comum, a maresia nas cidades litorâneas, é um fator expressivo que afeta
consideravelmente os circuitos eletrônicos, que podem ter sua vida útil reduzida devido ao fato de estar
permanentemente operando neste tipo de ambiente corrosivo.
f ) Uso incorreto dos equipamentos
Muitas vezes, os problemas são ocasionados pelos usuários que cometem equívocos durante a
operação de um circuito ou dispositivo eletrônico. Os cabos de energia podem ser conectados de forma
errada ou em potenciais elétricos diferentes do especificado para o circuito. Em um país como o Brasil,
que possui dois padrões de nível tensão elétrica conforme o Estado, é comum verificar equívocos, por
exemplo, equipamentos de 220 V sendo conectados em redes de 127 V e vice-versa. Embora hoje muitos
equipamentos sejam bivolt automático justamente para evitar esse tipo de falha.
CONSEQUÊNCIAS
Um componente eletrônico pode simplesmente parar de funcionar sem apresentar indícios físicos de
seu defeito. No entanto, muitas vezes, os efeitos podem ser destrutivos, vindo a afetar e a prejudicar outros
componentes na vizinhança. As consequências de um problema podem se tornar causas de outros defeitos
ocasionando outras consequências indesejadas para o sistema, como os citados a seguir:
a) carbonização dos componentes e trilhas
Os componentes quando são sujeitos a sobrecorrentes podem ser danificados ao ponto de carbonizar
devido ao excesso de aquecimento. É frequente acontecer isso durante situações de curto-circuito, em que
a corrente elétrica tende a aumentar drasticamente, resultando em um excesso de energia, em um curto
período de tempo, que os componentes são incapazes de processar.
A figura, a seguir, apresenta uma situação de placas eletrônicas com diversos componentes, incluindo a
própria placa, carbonizados devido a ocorrência de curto-circuito.
Istock ([20--?])
Quando o estrago é tão abrupto e evidente, assim como na placa da figura anterior, pode ocorrer que
muitos pontos chaves do circuito sejam danificados, especialmente as trilhas de camadas internas da
placa deixarem de existir. Nestes casos extremos, o conserto da placa pode se tornar uma tarefa muito
dispendiosa e inviável.
b) rompimento do corpo do componente
Os componentes eletrônicos podem romper devido ao excesso de tensão ou corrente, assim como
devido aos choques mecânicos ou as vibrações. O capacitor que sofreu um excesso de tensão sobre os
terminais, ultrapassando a isolação elétrica entre as placas do capacitor, tende a estufar, e, muitas vezes,
romper. A mesma situação pode ocorrer com varistores, que estão sujeitos a ficar sobre condições de
estresse de tensão proveniente da alimentação de energia externa.
A figura, a seguir, apresenta um varistor que sofreu este tipo de efeito, e um dano causado por choque
mecânico na tela de um smartphone.
a) Varistor b) Celular
Varistor rompido Tela de celular quebrada
Conforme apresentado anteriormente, choques mecânicos também são as causas de muitos problemas
em dispositivos eletrônicos.
c) defeitos intermitentes
Nem todas as consequências são destrutivas ou facilmente visíveis, algumas são mais sutis e o trabalho
de diagnosticá-las pode ser bem árduo, especialmente dos defeitos cuja influência sobre o funcionamento
do equipamento não é constante, aparecendo de tempos em tempos. Estes são os chamados defeitos
intermitentes e podem ser constantes, aparecendo e desaparecendo em intervalos periódicos ou
aleatórios, ou podem surgir eventualmente em condições específicas, por exemplo, sobre certas condições
de temperatura.
Antes de prosseguir, alguns conceitos básicos precisam ser relembrados. O teste de continuidade se
fundamenta especialmente nos conceitos de circuitos elétricos referentes a circuito fechado e circuito
aberto.
No sentido convencional do percurso da corrente elétrica, esta flui de um potencial maior (polo positivo)
para um potencial menor em um circuito elétrico (polo negativo). Para que a corrente elétrica possa fluir
em um circuito é preciso que não exista nenhuma interrupção durante o trajeto da corrente entre os polos
positivo e negativo.
Para exemplificar estes conceitos, a figura, a seguir, apresenta um circuito elétrico constituído de uma
bateria, uma chave e uma lâmpada elétrica.
+ +
Vb Bateria Vb Bateria
Na figura (a), a chave está aberta, não permitindo que a corrente flua, este é um exemplo de um circuito
aberto. Na figura (b), a chave está fechada, permitindo que a corrente flua entre o terminal positivo e o
negativo da bateria, consumindo energia para acender a lâmpada. No exemplo anterior, por meio da
posição da chave (fechada ou aberta) é fácil verificar se a corrente irá ou não fluir no circuito.
No entanto, em grandes partes dos circuitos isso não é necessariamente evidente. Um circuito que
teoricamente deveria estar fechado, na verdade pode se encontrar aberto devido uma trilha da placa que
esteja danificada, uma solda realizada inadequadamente, um componente que possa estar danificado
internamente, entre outras razões que afetam o funcionamento de circuitos elétricos e eletrônicos. Do
mesmo modo, os circuitos que deveriam estar abertos, podem se encontrar fechados devido aos respingos
de solda, falhas na fabricação de uma placa de circuito, componentes danificados que possuam um curto-
circuito interno, entre outras razões.
O instrumento de medição mais comum em laboratórios de eletrônica que permite realizar este tipo
de ensaio é o multímetro, também chamado de multiteste. A maioria dos modelos deste instrumento de
medição possui uma função de análise, que permite verificar se dois pontos quaisquer estão conectados
eletricamente.
O instrumento injeta uma tensão de saída que é inserida nos pontos de testes por meio do uso das
ponteiras do equipamento. Quando um valor mínimo de corrente elétrica flui entre os dois pontos que
estão sendo ensaiados, o instrumento detecta internamente este consumo de energia – afinal de contas é
o responsável por disponibilizar esta energia para o circuito ensaiado.
Quando isso ocorre, esta informação é transmitida ao usuário por meio da visualização em um display
(seja analógico ou de cristal líquido), de um alarme sonoro (um bipe) ou por meio de ambas as formas.
Para este ensaio as ponteiras do multímetro devem ser encaixadas nos orifícios utilizados na função de
voltímetro (usualmente preto no COM, e vermelho no V).
A figura, a seguir, mostra como é realizado o ensaio de continuidade em circuito eletrônico com a
utilização de um multímetro. Lembre-se de que o circuito precisa estar desenergizado.
Ponteira vermelha
Ponteira preta
Para o uso adequado do multímetro é preciso a leitura do manual do equipamento, de forma a entender
as suas funções e limitações de modo a não incorrer na utilização inadequada do instrumento ou não
segura para o usuário.
Para fazer o uso do teste de continuidade na manutenção de circuitos eletrônicos é preciso que se
conheça as características do ramo (os dois pontos) que está sendo avaliado. O teste pode ser dividido
em duas etapas. Na primeira, o ramo pode se tratar dos terminais de um único componente isolado cujo
funcionamento ou polaridade está sendo verificado. De outro modo, o ramo pode consistir em um trecho
de uma trilha de uma placa eletrônica que contenha vários componentes conectados, podendo existir
muitos caminhos nos quais seria possível a passagem da corrente. Estas duas etapas se complementam e
podem ser igualmente importantes durante a execução de um serviço de manutenção.
A funcionalidade básica de muitos componentes eletrônicos pode ser testada por meio da utilização
do teste de continuidade. No entanto, quando o componente está soldado na placa, o esquema do
circuito elétrico pode inviabilizar o teste de continuidade, porque podem existir muitos outros caminhos e
componentes, os quais caso estejam danificados inserem muitas outras variáveis que tiram a confiabilidade
no teste.
Portanto, quando existe a desconfiança sobre o funcionamento de um componente eletrônico, muitas
vezes, é preciso removê-lo da placa para realizar os testes (o processo de dessoldagem).
O procedimento, a seguir, esclarece as etapas básicas durante o teste de continuidade de componentes
elétricos ou eletrônicos.
ETAPA DESCRIÇÃO
Instalação das ponteiras do multímetro. É convencional utilizar a ponteira vermelha para representar o sinal positivo,
1 instalando-a na entrada de tensão (+) do instrumento. Enquanto que, a ponteira preta representa o sinal negativo,
instalando-a na entrada de referência (COM) do instrumento.
Configurar o multímetro na função de continuidade (geralmente identificado com o sinal do bipe) ou Ohmímetro. Ler
2
esta informação no manual, caso não seja tão evidente.
Não encoste com os dedos nos terminais dos componentes ou nas ponteiras do instrumento, porque os dedos podem
5
estar úmidos e tornar-se um canal de baixa impedância podendo alterar o resultado da medição.
Confira a resposta do instrumento para verificar se o caminho é de baixa ou de alta impedância. O alarme sonoro,
6
quando existir, informa ao usuário que há um caminho de baixa impedância.
Compare os resultados obtidos com as informações na folha de dados (datasheet) e tire as conclusões pertinentes
7
referente ao componente ensaiado.
Este ensaio não necessariamente pode determinar, por si só, se um componente está funcionando. É
uma condição necessária para a constatação do funcionamento de um componente que este apresente os
resultados esperados durante um teste de continuidade. Isso pode ser um sinal, mas não é suficiente para
determinar sua integridade. No entanto, o teste de continuidade é eficiente para indicar se o componente
está com defeito.
Caso o componente possua um comportamento adverso durante o ensaio, isso por si já, é um
grande indício de que o componente possui algum defeito. Este procedimento pode ser útil para muitos
componentes, os quais são apresentados a seguir.
Istock ([20--?])
a) Resistores
Embora no ensaio realizado em resistores costuma-se utilizar o teste de resistência, de modo a determinar
seu valor, ainda assim é possível verificar a integridade dos componentes com o teste de continuidade
quando se tratam de resistores com baixo valor ôhmico.
b) Transistor bipolar de junção
Os transistores possuem um canal de alta impedância entre os terminais coletor e emissor, assim como
entre base e coletor. É possível confirmar este valor de alta impedância com o teste de continuidade.
Alguns transistores possuem um dos terminais conectados eletricamente com o corpo do componente,
essa informação pode ser verificada no manual do componente (datasheet). É possível encontrar muitos
problemas em circuitos devido à falta de isolação do corpo de transistores a outros pontos da placa.
Já o canal entre a base e o emissor é idêntica a um diodo, podendo, portanto, ser utilizado o mesmo
procedimento do diodo para verificar a integridade deste canal.
c) Indutores
Os indutores são dispositivos fabricados com longos fios condutores, que devem ser enrolados de
modo a formar uma bobina. Portanto, é de sua natureza possuir uma baixa impedância. Se o resultado do
teste de continuidade, deve apresentar um valor de alta impedância, pode-se constatar que o componente
está danificado de algum modo.
Quando o condutor é rompido internamente, pode-se identificar um circuito aberto nos terminais do
componente por meio do teste de continuidade. No entanto, quando o caso da falha do componente é
devido a falha de isolação de seus condutores, o teste de continuidade identificará o problema. Assim, é
preciso partir para uma análise mais detalhada do componente utilizando um instrumento mais propício
como o medidor de LCR4, por exemplo.
d) Diodo semicondutor
Os diodos semicondutores possuem uma característica não linear de condução, só conduzem corrente
no sentido do terminal ânodo (+) para o terminal cátodo (-). Quando o sentido da corrente elétrica é
invertido, o componente bloqueia a passagem desta corrente.
No entanto, em caso de falha, o componente pode romper e conduzir em ambos os sentidos. Este
processo pode ser identificado com o teste de continuidade, conectando-se a ponteira positiva no terminal
cátodo (-), e a ponteira negativa no terminal ânodo (+).
e) Capacitores
Os capacitores apresentam uma característica muito peculiar, que pode confundir os resultados de
um teste de continuidade. O capacitor é um armazenador de energia, e quando este está descarregado a
impedância entre os seus terminais é muito baixa, indicando que o componente está aberto à passagem
da corrente de modo a absorver a energia do sistema. A medida que um capacitor é carregado com uma
corrente contínua, a impedância entre os terminais começa a aumentar a medida que a carga armazenada
também aumenta.
O teste de continuidade funciona como um carregador para o capacitor, pois o multímetro injeta uma
corrente no circuito de modo a verificar a presença ou não de uma baixa impedância no ramo mensurado.
Portanto, no primeiro instante em que as ponteiras do multímetro forem conectadas em um capacitor
descarregador, o multímetro indica que há um caminho de baixa impedância.
Por isso, é preciso manter as ponteiras do multímetro conectadas durante um tempo (cerca de 10
segundos) de modo que o capacitor carregue a tal ponto que a impedância aumente e o resultado da
medição altere. Esse tempo de aguardo é proporcional ao valor de capacitância do componente.
4 Instrumento de medição semelhante ao multímetro, cuja ênfase é a medição de indutância (L), capacitância (C) e
resistência (R).
f ) Circuitos integrados
A variedade de circuitos integrados é enorme, no entanto, é preciso conhecer o tipo de circuito que
existe entre cada par de terminais para poder avaliar se o teste de continuidade é útil ou não, como por
exemplo, um circuito integrado que possua um AMPOP. Saiba que é da natureza do AMPOP possuir alta
impedância de entrada.
No caso de circuitos integrados mais sensíveis, deve-se ficar atento ao valor máximo de corrente
permitido pelo componente. Caso a corrente de teste de continuidade fornecida pelo multímetro seja
maior do que esta limitação do componente, o teste em si pode danificar o componente. Isso pode ser um
problema, especialmente no caso de uma manutenção, em que a integridade do componente estava sendo
avaliada. Dessa forma, não se sabe mais se o componente já estava danificado ou se foi danificado durante o
procedimento de teste. Portanto, fique sempre atento e leia o datasheet dos componentes que serão testados.
g) Conectores e chaves
Diversos conectores e chaves possuem ligações internas que, muitas vezes, não são visíveis. Portanto,
pode-se utilizar o teste de continuidade para verificar a integridade destas conexões, assim como o
funcionamento das chaves em suas posições aberto e fechado.
EXIGÊNCIAS DESCRIÇÃO
Conhecer o método de teste: saber como proceder o teste e como realizar corretamente as leituras do
1
equipamento.
Conhecer as características dos ramos do circuito eletrônico que está sendo analisado, por exemplo, se os valores
2 de resistência elétrica mensurados neste trecho permitem tirar conclusões sobre a situação elétrica do ramo e dos
componentes conectados.
Quadro 11 - Exigências mínimas – teste de resistência ôhmica
Fonte: SENAI (2016)
O teste de resistência ôhmica é muito empregado em circuitos eletrônicos a fim de buscar a realização
de um diagnóstico completo sobre o circuito. Um baixo valor de resistência ôhmica de um circuito poderia
afetar em fugas de corrente e um excesso de consumo de energia, prejudicando o funcionamento da
segurança e da eficiência dos sistemas eletrônicos.
O princípio da medição da resistência elétrica se baseia na lei de Ohm, cujo valor de resistência elétrica
(Ohm, Ω) é proporcional ao valor de tensão elétrica (volts, V) aplicado e inversamente proporcional ao valor
de corrente elétrica (ampères, A), conforme indica a fórmula a seguir.
A medição de resistência elétrica, se baseia no princípio da lei de Ohm para determinar a resistividade
em dois pontos quaisquer. Assim como no teste de continuidade, este teste é feito utilizando-se uma fonte
de alimentação com tensão contínua e constante, que é imposta a dois pontos de um componente ou
circuito.
O valor correspondente da resistência no ramo é igual ao valor de tensão imposta pela fonte de
alimentação dividido pela corrente elétrica mensurada. Como a tensão terminal da fonte mantém-se
grampeada pelo equipamento, quanto maior o valor da corrente elétrica, menor o valor de resistência
entre os dois pontos avaliados.
Note que o valor de resistência interna da fonte de alimentação afeta a medição da resistência do alvo
desejado, pois o valor desta resistência se soma a resistência do circuito, diminuindo proporcionalmente o
valor da corrente elétrica do circuito. Por essa razão, é preciso utilizar fontes com baixa resistência interna
para realizar a medição. Os instrumentos de medição que realizam a mensuração de resistência elétrica,
multímetros, por exemplo, possuem uma pequena fonte de alimentação com valor de resistência interno
muito baixo de modo a garantir a exatidão do equipamento.
A medição de resistência em componentes ou trechos de um circuito em que o comportamento resistivo
prevalece, pode ser realizado com a utilização de um multímetro, que apresentará o valor médio ou eficaz
do resultado obtido durante o tempo de medição.
No entanto, o circuito que possui comportamento capacitivo ou indutivo, uma análise em tempo real
pode ser necessária com a utilização de fontes de alimentação de banca e instrumentos de medição como
um osciloscópio, permitindo que os valores mensurados, que não são necessariamente constantes ao
longo do tempo, possam ser avaliados em um gráfico. A seguir, conheça os procedimentos para os casos
que serão apresentados e exemplificados.
a) Análise em regime permanente
Considera-se regime permanente o comportamento médio de um circuito ao longo do tempo, não
interessando as variações dinâmicas referente a componentes passivos ou não lineares. Os multímetros
permitem a leitura do valor médio do valor de resistência. E, assim como a função de teste de continuidade,
a função de medição de resistência elétrica é muito útil, especialmente porque estes testes podem ser
realizados sem a necessidade de alimentar o circuito que está sendo testado, garantindo sua integridade
durante esta etapa de avaliação.
No entanto, é necessário ficar atento aos circuitos que possuem características capacitivas ou indutivas
relevantes. Nestes casos, as ponteiras dos instrumentos devem ficar conectadas nos pontos de medição o
tempo necessário para que as cargas do circuito se estabilizem e a leitura de resistência possa ser realizada
com confiabilidade.
Em um multímetro, a função para medição de resistência elétrica é selecionada por meio de um cursor
mecânico ou um botão digital. A figura, a seguir, apresenta as funções de leitura de resistência elétrica
de um multímetro convencional. Além da função de resistência é preciso selecionar a escala de leitura,
embora alguns multímetros realizem este ajuste automaticamente.
Escalas de resistência
Ponteira vermelha
Ponteira preta
Para leitura de resistências você deve posicionar a escala mais próxima para a resistência medida de
modo que a informação apresentada no visor seja mais precisa. No caso da leitura de um resistor de 1 kΩ,
a escala superior deve ser maior do que 1 kΩ e a escala inferior menor do que 1 kΩ.
O modo de utilização e o preparo de um multímetro para realização de medição de resistência elétrica
é similar ao teste de continuidade, como descrito no quadro, a seguir.
ETAPA DESCRIÇÃO
Instalação das ponteiras do multímetro. É convencional utilizar a ponteira vermelha para representar o sinal positivo,
1 colocando-a na entrada de tensão (+) do instrumento. Enquanto que, a ponteira preta representa o sinal negativo,
instalando-a na entrada de referência (COM) do instrumento.
Configurar o multímetro na função de resistência na escala desejada. É imprescindível para este teste ter uma noção do
2 valor que está sendo mensurado de modo a poder comparar com o resultado fornecido pelo instrumento. O ajuste correto
da escala do instrumento pode ser encontrado no manual do equipamento.
ETAPA DESCRIÇÃO
Não encoste com os dedos nas ponteiras do instrumento, porque os dedos podem estar úmidos e se tornar um canal de
5
baixa impedância podendo alterar o resultado da medição.
Verifique se o valor se encontra dentro da escala programada. Caso contrário, ajuste a escala para fazer a leitura dentro da
6
precisão adequada e permitida pelo instrumento.
Quando o teste de resistência ôhmica é cabível, podendo levar às conclusões importantes para a
identificação de defeitos, o teste do valor médio, em geral, é suficiente para a análise. Para exemplificar,
supõe-se a medição de resistência nos pontos A e B do circuito apresentado na figura a seguir.
Ponto A
R2
100
R1 C1 R3
100
100
100uF
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Ponto B
O fato do circuito possuir um capacitor em paralelo, com medição de resistência, acarretará que a
resistência inicial de medição deva ser muito próxima caso o capacitor esteja descarregado.
R2
Ponto A
R1 R3
Dessa análise, pode-se estimar o valor que será mensurado pelo multímetro. O valor de resistência
total deste circuito equivalente pode ser descrito como relação paralela entre o resistor R1 e a soma dos
resistores R2 e R3, conforme mostra a fórmula a seguir.
Ponteira de
Corrente
A Ponto A
+ Ponteira de Circuito
V
Fonte de - Tensão
Alimentação
CC
(a) (b)
Figura 35 - Medições para análise em regime dinâmico
Fonte: SENAI (2016)
A análise de resistência utilizando este método restringe-se somente a circuitos lineares. Circuitos cujo
princípio de funcionamento é regido por chaveamento que alteram a todo momento as características do
circuito, a medição de resistividade por este método pode não fazer sentido, conforme será estudado a
seguir.
Destarte, deve-se separar e analisar os ramos de acordo com as características de seus componentes,
como apresentado a seguir.
a) Ramos lineares
Em um componente que possui comportamento linear, por exemplo, os resistores. Eles são componentes
que respeitam a lei de ohm, a corrente elétrica varia na mesma proporção da variação de tensão elétrica
sobre os seus terminais, é possível representar graficamente este resultado por meio de uma reta.
Em trechos de circuitos que possuem somente componentes passivos (resistores, capacitores,
indutores) é possível estimar com facilidade o estado ideal de impedância do circuito, mesmo que para
valores instantâneos.
Para compreender este assunto, veja, na figura, a seguir como é representada a leitura das grandezas do
ramo linear de um circuito eletrônico.
Corrente Tensão
5,2
5
2
Rosimeri Likes (2017)
Note que a corrente elétrica estabiliza a partir de um determinado tempo, dividindo-se o valor da tensão
aplicada pelo valor de corrente estabilizado, pode-se ter noção do valor resistivo do circuito para regime
permanente, o que é observado com a utilização de um multímetro na função de leitura de resistência
ôhmica.
b) Ramos não lineares
A maioria dos circuitos eletrônicos possuem ramos não lineares, ou não ôhmicos, devido à larga utilização
de componentes com este tipo de comportamento (diodos, transistores etc.) em projetos eletrônicos, cujo
comportamento da corrente elétrica não varia proporcionalmente com a variação de tensão aplicada.
A figura, a seguir, exemplifica este assunto.
Corrente Tensão
5
4,4
4
2
Rosimeri Likes (2017)
Realizar a mensuração da resistência elétrica não necessariamente pode fazer sentido para o contexto
de circuitos não lineares. No entanto, com essa análise, é possível avaliar pontualmente os valores de pico
de corrente e tensão, assim como as características da onda do sinal quando periódicas: frequência, razão
cíclica, perturbações.
Em outra perspectiva, alguns circuitos que têm comportamento não linear, podem possuir características
lineares em certas condições de operação. Um pré-requisito para qualquer serviço de manutenção é
conhecer as características elétricas do circuito, e entender se o método ôhmico permite extrair informações
adequadas.
D1
R4
R2 Ponto B
Ponto A
R1 R3
C1
Note que, neste desenho existe um resistor em paralelo com um diodo. Como já foi visto neste capítulo,
o diodo conduz energia quando é diretamente polarizado. Portanto, quando a corrente elétrica neste
circuito fluir do ponto A para o B, o diodo estará bloqueado, e a corrente passará totalmente pelo resistor.
Quando ocorrer o contrário, corrente fluindo do ponto B para o ponto A o diodo conduzirá toda a corrente,
curto-circuitando o resistor.
Portanto, para avaliar adequadamente o valor da resistência elétrica do resistor neste circuito, a posição
das ponteiras de teste (positiva e negativa) de um multímetro devem ser inseridas no circuito de modo a
não polarizar o diodo diretamente, caso contrário a corrente imposta pelo instrumento é curto-circuitada
pelo diodo e a medição não é válida.
As medições ôhmicas são possíveis, mesmo em trechos com a presença de circuitos não lineares, e são
muito importantes para identificar falhas em trechos específicos de um circuito eletrônico. No entanto, é
preciso estar alerta a influência dos componentes não lineares sobre a leitura desejada.
Até aqui você estudou as técnicas de identificação de dispositivos com defeito, agora é o momento de
conhecer a importância das técnicas de diagnósticos. Siga em frente.
Ao se identificar circuitos eletrônicos com mau funcionamento, deve-se buscar conhecer as causas que
os impossibilitam de operar conforme suas especificações de projeto. Para isso é preciso realizar a etapa de
diagnóstico, que trata da segunda etapa do processo de manutenção apresentado neste material.
1) IDENTIFICAÇÃO
2) DIAGNÓSTICO
3) MANUTENÇÃO
4) VALIDAÇÃO
Continuidade e
Sensoriamento Pressostato Sem sinal do sensor Circuito aberto
Resistência
Conector de
Teclado Con 12 Resistência Mal contato
Comunicação
A escolha da técnica utilizada para diagnosticar um problema em um circuito depende de fatores que
são referentes as informações e recursos disponíveis, tais como descritos no quadro, a seguir.
FATORES POSSÍVEIS
Gravidade do problema que ocasionou a falha ou o defeito.
Complexidade do circuito.
Características do circuito e do sistema.
Disponibilidade de recursos específicos para teste do equipamento com defeito (giga de teste ou softwares).
Disponibilidade de informações sobre o circuito que está sendo consertado (manuais, esquemáticos e até mesmo placas similares
que estão funcionando).
Outros fatores específicos.
Quadro 14 - Fatores envolvidos que determinam o procedimento de diagnóstico
Fonte: SENAI (2016)
Com base nestes fatores, serão apresentadas e detalhadas no quadro, a seguir, as técnicas de diagnósticos
dos problemas do circuito durante o processo de manutenção de sistemas eletrônicos.
TÉCNICAS
1 Inspeção visual.
2 Por comparação com esquema eletrônico.
3 Por comparação com outro equipamento.
4 Por giga de teste.
5 Por análise de funcionamento.
6 Por software.
Quadro 15 - Exemplo de técnicas de diagnósticos
Fonte: SENAI (2016)
O uso de cada técnica deve ser ponderado para cada situação específica de manutenção, começando
pela inspeção visual, a seguir.
Conhecer as causas mais comuns que ocasionam a interrupção do funcionamento dos circuitos
eletrônicos e os resultados que tais falhas provocam é fundamental para diagnosticar o que há de errado
com um circuito.
O procedimento visual é uma forma de identificar componentes danificados que tenham sofridos
avarias externas: um componente queimado ou quebrado, por exemplo. Identificar as causas de tais
avarias é também um trabalho de investigação importante durante este diagnóstico, pois isso pode levar a
determinar se o defeito ocorreu em custa de um defeito interno ou alguma interferência externa.
A prática de diagnóstico mais básica consiste no diagnostico visual do circuito eletrônico alvo do
serviço de conserto. Embora esta prática não seja necessariamente autossuficiente, ainda assim é capaz de
identificar grande parte dos componentes ou subcircuitos que precisam de manutenção, dando indícios
sobre a localização de outros componentes que possam estar danificados, mas que não necessariamente
apresentem traços visíveis de seus problemas.
A inspeção visual de uma placa de circuito eletrônico pode ser realizada com o auxílio de lupas de
laboratório para eletrônica, conforme apresenta, a figura, a seguir, ou incluir outros recursos que auxiliam
neste trabalho, como as câmeras digitais para inspeção de componentes. A iluminação adequada do
laboratório também é um pré-requisito para realizar esta tarefa com eficiência e segurança. Esta ação
ainda é mais importante quando são avaliadas placas complexas que possuem grande concentração de
componentes de encapsulamento SMD, cuja miniaturização dificulta a avaliação visual.
Istock ([20--?])
O procedimento de inspeção visual pode ser dividido em etapas que concentram esforços na busca por
defeitos visíveis, que são comuns, conheça, no quadro, a seguir, as possíveis causas de defeitos.
PASSO DESCRIÇÃO
1 Sujeiras e poeira
2 Trilhas e conexões
3 Componentes
4 Soldagem
5 Terminais tortos
6 Isolações elétricas
Quadro 16 - Exemplo de passos de uma inspeção visual
Fonte: SENAI (2016)
Organizar essa tarefa é uma forma de não deixar que certos detalhes passem em branco durante este
diagnóstico. O procedimento pode iniciar com as avaliações dos aspectos mais básicos e aparentes para
em seguida, aprofundar nos detalhes, conforme expressa a sequência recomendada anteriormente.
Istock ([20--?])
A limpeza dos circuitos pode ser realizada com a utilização de pincéis antiestáticos durante o processo
de análise visual. Esta ação, facilita o diagnóstico visual, já que alguns defeitos podem estar ocultados
pelo acúmulo de poeira. Outras ferramentas ainda podem ser utilizadas, como sopradores (de ar frio) e
aspiradores desenvolvidos especificamente para este fim.
Durante a inspeção visual faz-se uma análise cuidadosa de todas as trilhas da placa de circuito eletrônico.
Trilhas trincadas e soltas podem ser causa de muitos defeitos.
Capacitores podem também estourar, seja por causa de uso inadequado contínuo ou devido a surtos
elétricos sobre seus terminais, conforme você viu na figura anterior.
c) Semicondutores
Os componentes semicondutores podem romper ou carbonizar devido aos estresses elétricos ou
térmicos. No entanto, nem todas as causas de falhas levam a este tipo de consequências que podem ser
captadas visualmente. Muitas falhas em circuitos integrados, por exemplo, são internas. Portanto, não são
acessíveis com a inspeção visual. Nestes casos é preciso realizar testes elétricos no circuito.
Istock ([20--?])
Figura 42 - Circuito eletrônico com má qualidade de solda
A figura anterior apresenta soldas de má qualidade cujas condições podem afetar o comportamento
desejado do circuito. Na figura é possível notar que alguns terminais (à direita) não possuem quantidade
de solda suficiente deixando o terminal exposto.
Fios e conexões desencapadas podem ocasionar curtos-circuitos quando em contato com outros
componentes ou partes condutivas das placas eletrônicas (trilhas e malhas).
Os dissipadores de transistores, por exemplo, podem possuir falhas de isolação entre a carcaça e o corpo
dos componentes. Utiliza-se geralmente isolantes para evitar que o corpo do componente tenha contato
elétrico com o corpo do dissipador, conforme mostra o exemplo da figura a seguir.
Istock ([20--?])
No entanto, se houver falha desta isolação podem ocorrer fugas que danifiquem o próprio componente
ou outros componentes do circuito.
O procedimento visual fornece indícios sobre as partes dos circuitos que estão danificados, no entanto,
este teste em si não é suficiente para determinar todos os componentes defeituosos.
Parte-se então para a etapa seguinte do processo de diagnóstico (figura a seguir), que consiste em
realizar testes experimentais do circuito em bancada com a utilização de instrumentos de medição de
modo a retirar informações importantes para diagnóstico do funcionamento do circuito.
DESCRIÇÃO
Posicionamento correto dos componentes.
Componentes
Parâmetros dos componentes.
Ligações elétricas (trilhas).
Ligações
Soldagem de trilhas e componentes.
Especificações elétricas do circuito.
Circuito
Configurações e topologias do circuito.
Quadro 17 - Detalhes que auxiliam na detecção de falhas e defeitos
Fonte: SENAI (2016)
COMPONENTE PARÂMETROS
Resistores e Potenciômetros Resistência e Potência.
Capacitores Máxima tensão, corrente permissível e capacitância.
Diodos Corrente máxima permissível e tensão reversa.
Transistores Corrente máxima permissível entre coletor e emissor e corrente de polarização.
Relés Tensão de operação e corrente terminal.
Conectores Capacidade de corrente e tensão.
Quadro 18 - Exemplo de parâmetros de componentes
Fonte: SENAI (2016)
Ao fazer este tipo de teste, as conexões entre as trilhas podem ser verificadas, como as isolações da
placa eletrônica, a isolação dos circuitos, a impedância de entrada e de saída dos subcircuitos (circuito de
um sensor, por exemplo) e a integridade de componentes.
As informações do esquemático permitem determinar, mesmo que de modo aproximado, o valor de
resistência elétrica em certos trechos do circuito. No teste de resistividade com a utilização do multímetro
é possível conferir se a placa de circuito analisado possui os valores dentro do esperado.
Cada circuito possui suas próprias peculiaridades e funções, no entanto, pode-se abordar aqui a forma
de avaliar alguns tipos específicos de subcircuitos que são geralmente utilizados em muitos projetos
eletrônicos.
d) Teste de curto-circuito na entrada
Geralmente os circuitos eletrônicos possuem uma entrada de energia, independente se for de natureza
contínua ou alternada, cuja impedância entre os polos de entrada possui um valor elevado, correspondente
a um circuito aberto, o que possibilita verificar por meio do teste de continuidade se não existe um curto-
circuito neste canal.
A figura, a seguir, apresenta o teste de continuidade na entrada do circuito. Lembrando que as fontes
possuem componentes capacitivos, sendo preciso um tempo de acomodação para garantir a estabilidade
destes para a obtenção dos resultados. Por isso, mantenha as ponteiras conectadas por um tempo mínimo
(10 segundos, por exemplo) para então confirmar a leitura indicada pelo instrumento.
Istock ([20--?])
Caso seja constatado um valor baixo de impedância, é preciso realizar uma análise mais detalhada
dos componentes deste circuito de entrada para indicar se algum deles é defeituoso ou se existe alguma
característica da topologia de entrada que impõe um valor de baixa impedância no circuito. Esta última
constatação pode ser tomada previamente com a análise do esquemático.
Istock ([20--?])
Os jumpers5 são conexões que podem ser realizadas com fios soldados na placa ou por meio de
conectores que interligam dois pontos. É possível verificar se a continuidade nestes pontos está adequada,
semelhante aos testes realizados em trilhas contínuas.
Já os componentes passivos, como os capacitores, os indutores e os transformadores em placas
eletrônicas podem ser ensaiados em um circuito eletrônico, conforme explanado anteriormente e tomando
os cuidados já informados neste material.
f ) Teste de trilhas do circuito eletrônico
Dois pontos elétricos, ou seja, um ramo cuja continuidade poderia ser testada, trata-se de uma ligação
elétrica que contém vários componentes, como na placa eletrônica, que se resume a várias trilhas que
estão presentes na superfície inferior e superior da placa. Com a utilização da função de continuidade do
5 Conexões elétricas feita com condutor, de modo a oferecer irrelevante resistência à passagem da corrente elétrica.
multímetro é possível comprovar se todas estas trilhas estão conectadas umas às outras, como indica o
esquemático do projeto.
É preciso ter cuidado com a topologia do circuito de modo a não existir caminhos alternativos de baixa
impedância, que estejam conectados em paralelo com os pontos testados. Isso poderia ocasionar uma
conclusão errada sobre a verdadeira condição do trecho testado.
g) Circuitos integrados
Os circuitos integrados podem possuir encapsulamentos com 16, 28, 40 ou até mais pinos os quais
podem conter soldas realizadas inadequadamente, sujeiras ou até mesmo curto-circuito interno que
indiquem o não funcionamento do componente.
Neste caso, é importante além do esquemático do circuito, possuir também a folha de dados (datasheet)
do componente, o qual, geralmente, é disponibilizado na página do fabricante para consulta e download.
Veja um exemplo a seguir.
Ground 1 8 Vcc+
Vcc- 4 5 Balance
Um circuito integrado referente a um comparador, por exemplo, o LM111, possui impedância elevada
entre os pinos de entrada do circuito AmpOp. Isso é possível constatar por meio do procedimento de
medição da resistência elétrica entre seus terminais.
h) Entradas e saídas de um subcircuito
Um sistema eletrônico, em geral, é constituído de diversas funções, como circuitos lógicos ou
processados, que são responsáveis por realizar cálculos e gerenciar outras funções do circuito ou circuitos
analógicos que servem para mensurar valores de um sensor, amplificar sinais ou acionar saídas externas por
meio de relés. Muitos destes circuitos possuem características de entrada e saída que podem ser estimadas
na teoria e conferidas na prática.
Para exemplificar, considere um circuito amplificador com transistor bipolar (figura a seguir). É possível
estimar, a partir do esquemático, qual é a condição ôhmica da entrada e da saída para um valor de corrente
contínua (que é a condição imposta no teste de resistividade).
+ Vcc
Rc
R1 C2
B
+
A Sinal
V0
- de
Sinal +
C1 saída
de Vi
entrada -
Ce
R2 Re
Note que para uma corrente elétrica contínua e constante, os capacitores podem ser considerados como
circuitos abertos. Pode-se estimar, a partir do esquemático, o valor aproximado de resistência elétrica entre
os pontos A e C, e entre B e C.
Para análise dos pontos A e C, que correspondem a entrada do circuito, o transistor bipolar NPN, os
pinos de Base e de Emissor, comportam-se quase como um curto circuito (Vbe ~ 0,7 V). No entanto, de
modo a simplificar, considerando que esta junção – entre base e emissor - seja ideal e a queda de tensão
seja nula, a resistência aproximada para o circuito CC pode ser descrita pela equação a seguir.
Para a análise entre os pontos B e C, que correspondem a saída do circuito amplificador, o canal entre
os pinos Coletor e Emissor e entre os pinos Base e Coletor possuem elevado valor de resistência, podendo
ser considerado chaves fechadas, conforme mostra o circuito equivalente CC, de tal modo que a resistência
equivalente entre os pontos pode ser representada pela equação a seguir.
R2 . Re
R2 + Re
Com o teste do multímetro é possível conferir se os valores ôhmicos de entrada e de saída estão próximos
dos valores estimados com o auxílio do esquemático. Caso a diferença entre os valores calculados e
mensurados seja muito grande, a ponto de constatar que um canal que deveria possuir uma alta resistência
tem, na verdade, baixa resistência, então é preciso sondar o que está causando esta diferença.
No caso de inconsistência no valor mensurado de resistência de entrada, considerando que os resistores
possuam os valores adequados, isso pode ser um indício de que os capacitores e ou o transistor possam
estar danificados. Já no caso de inconsistência no valor estimado de resistência de saída, o capacitor
também entra na lista de componentes suspeitos.
Uma forma de lidar com esta situação é realizar uma nova inspeção, utilizando de recursos visuais e
testes de continuidade, neste circuito de modo a garantir os requisitos apresentados no quadro, a seguir.
REQUISITO DESCRIÇÃO
Limpeza Garantir a limpeza da placa.
Parâmetros Verificar se os resistores possuem os parâmetros adequados.
Integridade física da placa Constatar a integridade das placas, trilhas, terminais dos componentes, soldas e conexões.
Quadro 19 - Requisitos
Fonte: SENAI (2016)
Caso essas ações não sejam suficientes para resolver o problema, é preciso cogitar a remoção de alguns
componentes do circuito por meio de técnicas de solda. A partir da remoção de componentes suspeitos,
deve-se realizar novamente os testes conforme os passos propostos no quadro, a seguir.
ETAPA DESCRIÇÃO
1 Remoção de um componente suspeito da placa.
2 Testar o componente separadamente.
3 Com o esquemático, recalcular o circuito equivalente, considerando o componente que foi removido.
4 Realizar novamente os testes de resistividade no circuito.
Quadro 20 - Etapas de ação
Fonte: SENAI (2016)
Além disso, verificar a tensão de componentes chaves do projeto é um procedimento necessário quando
os defeitos e falhas não impedem que o circuito seja alimentado sem riscos de ocorrência de novas falhas.
Esse procedimento pode ser descrito (quadro a seguir) com a verificação de tensão nos seguintes ramos
de um circuito.
PONTOS DE MEDIÇÃO
Nas entradas e saídas dos circuitos de alimentação (sobre capacitores, por exemplo).
Nos pinos de alimentação de componentes do circuito principal: processadores, circuitos lógicos e circuitos integrados, em geral.
Nos pinos de alimentação de circuitos secundários: circuitos de comunicação, de áudio, de displays, de saídas e entradas digitais ou
analógicas.
Na parte metálica do corpo de componentes de potência (Transistores, MOSFETs, IGBTs, SCRs, Reguladores lineares, fontes chaveadas
etc.).
Nas partes metálicas como parafusos e carcaça. Essa medição é realizada com relação ao sinal de terra para verificar se não há correntes
de fugas devido algum contato elétrico.
Quadro 21 - Pontos para medição de tensão no circuito
Fonte: SENAI (2016)
As conclusões devem ser registradas sobre a situação de cada medição, para posteriormente serem
adotadas medidas de manutenção buscando solucionar os comportamentos inadequados do circuito.
TRECHOS DESCRIÇÃO
1 Circuitos de fontes.
2 Alimentação dos componentes.
3 Entradas e saídas de subcircuitos.
4 Cabos e conectores.
5 Isolação de dissipadores, parafusos, suportes e outros componentes periféricos integrados ao circuito etc.
Quadro 22 - Trechos de medição
Fonte: SENAI (2016)
POSSÍVEIS CONSTATAÇÕES
Verificar a integridade das trilhas da placa de circuito impresso.
Verificar se os componentes estão em condição de curto-circuito ou aberto.
Verificar se as conexões estão íntegras.
Verificar a isolação.
Verificar a resistência elétrica de componentes.
Verificar a resistência elétrica de setores específicos de subcircuitos (por exemplo, entrada de circuito amplificador).
Verificar as demais itens pertinentes.
Quadro 23 - Constatações que podem ser obtidas a partir dos testes
Fonte: SENAI (2016)
A medida que são identificados valores inconsistentes, é preciso registrá-los. Todas as consequências
indesejadas precisam ser avaliadas para sondar os defeitos dos circuitos.
c) Teste dos níveis elétricos
Quando se tem uma placa de circuito em funcionamento, este circuito pode ser avaliado primeiramente,
de modo a poder informar por meio de testes de tensão elétrica, com o auxílio de um multímetro ou
osciloscópio, quais são os níveis de tensões dos principais pontos deste circuito eletrônico, já que não se
tem a disponibilidade de conferir estes valores no esquemático.
O procedimento, neste caso, pode ser apresentado conforme o quadro, a seguir, dividido em duas
partes de testes. A primeira etapa busca levantar os valores de tensão adequados ao bom funcionamento
do circuito, que consiste em:
Por fim, é preciso comparar os valores obtidos em cada etapa, para cada ramo avaliado. Os ramos que
possuem valores discrepantes entre as etapas 1 e 2 indicam que existe alguma inconsistência neste setor
do circuito. Neste caso, pode haver problemas com:
a) circuito de fonte defeituoso: pode conter algum componente defeituoso que está impedindo o cir-
cuito de fornecer o nível de tensão necessário;
b) fugas de energia em algum setor ou trilha da placa eletrônica, que ocasiona um aumento de carga
que está acima da capacidade de fornecimento da fonte de alimentação, forçando a uma queda de
tensão;
c) a fonte está mal projetada.
Estas informações precisam ser registradas nos respectivos documentos ou softwares fornecidos pela
empresa para este fim e utilizadas no processo de manutenção para determinar a elaboração das atividades
de conserto.
Conhecer o funcionamento básico de um circuito eletrônico, suas funções, suas características, seus
parâmetros e seus detalhes é essencial para o trabalho de diagnóstico de manutenção. Os esquemáticos
eletrônicos ou disponibilidade de um sistema em funcionamento fornecem estas informações necessárias
para o estudo comparativo, que é realizando durante o diagnóstico.
No entanto, há situações em que não se tem disponível nenhuma informação técnica, sejam manuais
ou esquemáticos eletrônicos, a respeito do sistema eletrônico que necessita de manutenção. Neste caso se
cogita a necessidade de manutenção de um circuito eletrônico cuja análise precisa ser realizada de forma
investigativa.
Este tipo de serviço tende a consumir mais tempo, pelo fato de não existir um procedimento específico
que possa ser seguido e requer da pessoa responsável em realizar este serviço, bastante habilidades e
conhecimentos acerca de circuitos eletrônicos em geral.
Busca-se, nesta seção, compartilhar formas de tratar esse tipo de situação, assim como elaborar etapas
que possam servir de base para elaboração de um procedimento de diagnóstico dos circuitos eletrônicos.
Placa eletrônica de
interface com o usuário
Pressostato
sensores
Rede de
energia elétrica Placa eletrônica principal
Válvulas
Resistência Bomba,
elétrica atuadores Motor
Para exemplificar, considera-se um circuito eletrônico de uma máquina de lavar, o qual necessariamente
irá conter alguns circuitos básicos comuns a este tipo de equipamento, embora a solução em termos de
topologia, componentes e circuitos possa ser diferente em cada tipo de máquina, podendo variar em
qualidade, sofisticação, compactação e em outros aspectos que são importantes dentro de cada projeto.
Conectores interface
Chip principal
G F
Conectores A B
de entrada
C D E
Conectores acionamentos
Legenda:
Conforme visto na figura anterior, foi realizada a separação dos subcircuitos por função, que serão
apresentados no quadro, a seguir.
SUBCIRCUITOS DESCRIÇÃO
Tem a função de converter a tensão alternada da rede elétrica para o nível de tensão
contínua, que é necessário para alimentar os componentes eletrônicos. Esta ação pode
A Fontes de alimentação
ser realizada por meio de circuitos retificados e fontes chaveadas ou lineares. No entanto,
existem inúmeras tipologias que permitem realizar esta conversão.
Processamento das Circuitos lógicos ou processados, controlam as funções da máquina: leitura de sensores,
B
informações lógica de controle para o acionamento dos motores e da lógica de funcionamento.
SUBCIRCUITOS DESCRIÇÃO
O circuito pode conter sensores sobre nível de água, velocidade de rotação do motor, tra-
F Sensores vamento da porta etc. Deste modo, a placa de circuito eletrônico poderá conter circuitos
de tratamento de sinais e conectores para conexão do cabeamento dos sensores.
Perceba que o primeiro passo é identificar estas funções de um sistema eletrônico. Em seguida, é preciso
estudá-los detalhadamente para começar a decifrar os tipos de circuitos que foram utilizados em cada
situação, conforme será visto a seguir.
c) Identificação de circuitos na placa eletrônica
Após as principais funções serem sondadas com base na aplicação ou em informações coletadas em
manuais, documentações, fóruns ou em outro circuito, é preciso realizar uma análise de cada subcircuito
para entender os tipos de topologias, componentes e circuitos que foram utilizados no projeto de modo a
compreender o funcionamento de todo o sistema.
d) Circuitos de fontes de alimentação
Estes subcircuitos localizam-se, de maneira geral, próximo aos conectores de entrada de um circuito
em uma das extremidades da placa eletrônica e podem ser constituídos de componentes semicondutores
(como diodos, tiristores e diodos zeners) e pontes retificadoras para conversão de corrente alternada em
corrente contínua, chaves eletrônicas (transistores BJTs, MOSFETs e IGBTs), transformadores de isolação,
circuitos integrados com finalidade de estabilizar tensão de saída, capacitores e indutores para filtros.
Os circuitos de tratamento de sinais possuem filtro ou circuitos como AMPOP para filtragem de sinais,
circuitos de proteções contra curtos-circuitos com a utilização de supressores ou diodos. Circuitos que
geralmente se localizam próximos de conectores ou dos sensores que são instalados no próprio circuito.
g) Circuitos de potência
Os circuitos que têm por função alimentar cargas com maior potência, geralmente, possuem trilhas
mais largas e componentes como chaves eletrônicas (MOSFETs, IGBTSs) incorporadas a alguma forma de
dissipação térmica (dissipadores de alumínio, ventoinhas ou soldados na própria malha da placa eletrônica).
Os conectores de potência possuem um aspecto peculiar devido a área que ocupam e a espessura dos
terminais.
h) Circuito de interação com o usuário
Muitos circuitos precisam integrar sistemas de entradas e saídas de dados para interação com os
usuários. Esta ação pode ser realizada por meio de teclados eletrônicos, sinalização por LED, sonoras ou
por displays de diversos tamanhos, formatos e tecnologias diferentes.
Em muitos destes casos, estes componentes não se encontram em uma placa principal, mas em placas
auxiliares, que são conectadas a placa principal por meio de conectores de cabos de várias vias, por
exemplo, cabos planares (também conhecidos por flat cables) que são muito utilizados em eletrônica com
este propósito.
A próxima figura, mostra o exemplo de um subcircuito da alimentação de entrada de uma placa eletrônica.
É possível identificar no estágio de alimentação à direita do circuito, o componente LM1117-33CDCYR
(regulador linear de tensão). Já, à esquerda, tem-se uma memória EEPROM 24LC256, caracterizando se
tratar do estágio microcontrolado (ou microprocessado) do dispositivo, além da identificação do cristal
ABM3B, o que leva a crer se tratar de um circuito utilizado para fins de comunicação.
Cap 75 Cap 74
Cap 23
Cap 4
Res 23
LDO1
ABM3B
Res 24
LM1117
Res 33 Cap 40
Cap 24
O mesmo pode ser feito em relação as informações dos componentes do estágio microcontrolado,
como a memória EEPROM 24LC256 e o cristal ABM3B. Após a localização destes parâmetros do datasheet,
deve-se fazer a interpretação deles, conforme tratado a seguir.
c) Interpretar os parâmetros do datasheet
A partir das informações dos datasheets é possível estimar informações relevantes ao circuito analisado:
funções dos subcircuitos, tensões utilizadas, potência do circuito, tipos de soluções adotadas (por exemplo,
um circuito de comunicação com barramento RS485) etc.
Com base nesta verificação, em catálogos de dados, nota-se que as fontes de alimentação do circuito
utilizado no exemplo são disponibilizadas uma saída de 3,3 V e duas saídas isoladas de 5 V para os demais
subcircuitos da placa eletrônica.
Destarte, por meio destes dados é possível prever os tipos de subcircuitos que necessitam de isolação
dentro da aplicação do circuito. A isolação pode estar referenciada aos subcircuitos de comunicação de
dados ou leitura de sensores, que precisam uma qualidade melhor da energia e melhor imunidade ao
ruído, características as quais o uso de fontes isoladas auxilia no projeto. A existência de uma fonte de 3,3
V é um grande indício de que há processadores e outros circuitos integrados de baixo consumo, como os
componentes da tecnologia CMOS, que são alimentados por esta via.
d) Interpretar a topologia e as ligações dos circuitos
Investigar as características elétricas de um subcircuito é uma ação necessária para realizar o diagnóstico
de um circuito eletrônico. No entanto, muitas vezes não é o suficiente para determinar os pontos de testes
que permitem verificar se o circuito possui algum tipo de defeito. Neste caso, se faz necessário conhecer a
topologia interna e ligações dos circuitos integrados (CIs), o que pode ser realizada por meio do estudo do
datasheet, complementa o estudo investigativo do diagnóstico.
O datasheet do regulador linear LM1117-33CDCYR, por exemplo, apresenta a configuração básica
recomendada pelo fabricante. Partindo-se desta informação, é possível, com o auxílio de um multímetro,
realizar testes de continuidade na placa eletrônica para verificar a configuração realizada, comparando
com a configuração básica apresentada na documentação do componente.
A figura, a seguir, mostra o circuito de configuração apresentado pelo datasheet do componente LM1117
e os correspondentes circuitos na placa eletrônica, identificados com teste de continuidade.
Informações datasheet
Cap 4
E
S
S LDO1 Ce
LM1117
Circuito recomendado
LM117 - XX
E S
VIN VOUT
GND Cap 2
Ce Cs
É possível sondar o tipo de arranjo de ligação de um circuito eletrônico composto por componentes
discretos (resistores, capacitores, indutores etc.) com o auxílio do teste de continuidade, em que os trechos
de ligação são testados ponto a ponto a fim de determinar como os componentes se interligam uns aos
outros.
A partir dessa análise é possível estimar os valores de resistência elétrica dos principais trechos
deste circuito. No caso dos circuitos integrados, os datasheets podem fornecer as informações sobre as
características elétricas das portas de entrada e saída do componente, facilitando a interpretação durante
o diagnóstico.
A partir da análise das topologias e circuitos, é possível determinar os trechos dos subcircuitos onde
realizará os testes, já prevendo os resultados que se espera obter. No caso da fonte linear LM1117-33CDCYR,
por exemplo, pode-se verificar com o multímetro a impedância de entrada e de saída do circuito bem
como se o componente está com algum problema interno, seja uma ligação rompida ou um curto-circuito.
Com o levantamento dos pontos que merecem um diagnóstico inicial, deve-se definir qual será a
sequência dos testes, ordenando os subcircuitos e trechos que serão testados. Em geral, essa análise se inicia
pelos circuitos de alimentação, conforme abordado anteriormente, depois parte-se para os subcircuitos de
comando e auxiliares.
Como no exemplo da fonte linear, saber localizar os trechos das entradas e das saídas é relevante para o
diagnóstico de funcionamento. A análise dos demais subcircuitos deve seguir esta mesma lógica e os trechos
mais importantes podem ser verificados inicialmente, sejam entradas e saídas de microcontroladores,
pinos de conectores, sinais de referência para circuitos de controle etc.
Os mesmos testes elaborados nas seções anteriores podem ser abordados para realizar o diagnóstico e
levantar os pontos defeituosos, conforme o resumo apresentado, no quadro, a seguir.
Os problemas encontrados devem ser relatados assim como nos casos de diagnósticos abordados
anteriormente. No entanto, nem toda falha ou defeito é proveniente de um problema de hardware quando
se tratam de equipamentos que possuem sistemas processados, seja com uso de microcontroladores, DPS
ou FPGA.
Defeitos de firmware
Alguns defeitos em circuitos eletrônicos podem estar diretamente relacionados aos firmwares de
sistemas processados, devido a falhas na lógica de programação ou problemas internos do circuito de
processamento.
Muitas destas falhas podem ser sutis e só se tornam aparentes em casos específicos de funcionamento
devido às condições específicas de operação, que não foram previstas durante o desenvolvimento do
código, erros de lógica ou devido a situações de ruídos, temperaturas e carga dos componentes eletrônicos
que ultrapassam momentaneamente as restrições do projeto e afetam seu funcionamento, como por
exemplo, quedas de energia.
Para a análise destas falhas, em geral, é preciso ter acesso ao código de modo que o funcionamento
possa ser analisado em tempo real de funcionamento (modo de depuração). No entanto, isso se trata
de um trabalho que pode ser bastante complexo e dificilmente será realizado durante um processo de
manutenção, visto que os fornecedores não costumam disponibilizar os códigos de seus produtos, já que
muitas vezes ali reside o seu segredo industrial. São os desenvolvedores de um produto que assumem esta
atividade de conserto de software.
Istock ([20--?])
Este é um tipo de falha cujo diagnóstico é trabalhoso e a identificação só é possível a partir de uma
bateria de testes que submete o equipamento a várias condições de trabalho. Porém, quando ocorre a
identificação, uma solução plausível é o fabricante disponibilizar os arquivos de atualização dos produtos
para que sejam realizados os procedimentos padrão determinados pelo próprio fabricante.
Giga de teste é o nome usualmente dado para circuitos elétricos ou eletrônicos, que auxiliam na validação
dos circuitos eletrônicos colocados em teste. Este dispositivo de apoio geralmente é desenvolvido para
auxiliar nas etapas de manutenções e pode ser classificado em: uso geral ou o específico para um tipo de
placa de circuito eletrônico.
Uma giga de uso geral pode ser utilizada em vários tipos de circuitos independente da função ou
finalidade específica. Por exemplo, uma giga de teste é utilizada para testar a qualidade da comunicação
de barramentos seriais, como Controller Area Network (CAN) ou de fibra óptica. Logo, qualquer circuito,
independentemente de sua finalidade, que contenha um barramento deste tipo pode ser testado com
essa mesma Giga.
De outra forma, uma giga específica é desenvolvida especialmente para um circuito eletrônico
específico. Por exemplo, uma giga de teste de um computador de bordo de um veículo. Este tipo de giga
pode conter botões que simulem as condições de operação das entradas e saídas que são conectados a
este equipamento, conforme mostra a figura a seguir.
Na sequência, você conhecerá como as gigas de testes auxiliam num diagnóstico de defeitos do circuito
eletrônico.
a) Simular a aplicação em laboratório
Imagine que toda ação de conserto durante um processo de manutenção necessitasse ser validada
diretamente na aplicação, isso tornaria este procedimento muito ineficiente e até mesmo inapropriado,
colocando em risco o funcionamento de outros equipamentos do sistema.
As gigas de testes possuem relevância neste contexto, pois permitem que os circuitos eletrônicos sejam
facilmente submetidos a testes elétricos em bancadas de laboratório, emulando o ambiente de aplicação.
O exemplo do circuito dado anteriormente sobre o computador de bordo de um veículo pode ajudar
a esclarecer este assunto. Este tipo de sistema abarca atividades que monitoram funções do veículo, que
contemplam o seu funcionamento esperado, assim como defeitos ou falhas que seriam difíceis de simular
mesmo na aplicação, como o aquecimento do motor. Com a utilização de uma giga de teste, é possível
realizar tal simulação com circuitos que emulem essa falha.
e) Equipamentos de laboratório
Assim como funções de um osciloscópio podem funcionar como ferramentas de testes para um circuito
eletrônico defeituoso, os geradores de funções, ou também conhecidos como geradores de sinais, podem
ser utilizados para realizar testes em funções específicas de um circuito cuja as características dos sinais
possam ser replicadas nas funções destes geradores.
Um gerador de sinais é um equipamento que disponibiliza vários tipos de formatos de tensão
(quadrada, triangular, senoidal etc.) e permite configurar a amplitude, a frequência e a razão cíclica destes
sinais, além de possibilitar a inserção de distorções, ou, em aparelhos mais sofisticados, a programação de
configurações que variam ao longo do tempo.
Um sensor de velocidade de um motor, por exemplo, detecta a velocidade de rotação do eixo por
meio da variação da frequência de chaveamento do sensor. Este tipo de sensor poder ser emulado por um
gerador de funções com a utilização de um sinal Pulse-Width Modulation (PWM) cujos valores são ajustados,
com as respectivas especificações do projeto, para simular, conforme mostra a figura a seguir.
Decteção
Disco de pulsos
O sistema é composto por um emissor (LED), um receptor (fotodiodo) e um disco de pulsos. À medida
que o disco gira, o sensor detecta a presença de luz toda vez que a ranhura ficar posicionada entre o LED
e o fotodiodo. O período (T), apresentado no gráfico da figura anterior, é referente ao tempo entre cada
detecção, ou seja, entre uma ranhura e a seguinte. A medida que a velocidade de rotação aumenta, este
período de tempo (T) diminui, e vice-versa.
Perceba que, conforme o disco gira, a variação da frequência indica uma variação na velocidade do eixo
do motor. Este tipo de teste pode acontecer conforme o procedimento informado, no quadro, a seguir.
DESCRIÇÃO
1 Conhecer a calibração (relação de variação) do sensor (que é fornecida nos materiais técnicos do componente).
Através do uso do gerador de funções, injetar essas frequências, uma a uma, na entrada do sensor, do circuito
3
eletrônico que está sendo testado.
Realizar a leitura fornecida pelo circuito testado, seja através de display ou outra forma que o circuito disponibilizar
4
este dado.
Comparar os valores mensurados pelos circuitos com os valores apropriados determinados na tabela para verificar se
5
não há discrepâncias.
Quadro 29 - Exemplo de procedimento de teste
Fonte: SENAI (2016)
Este é apenas um exemplo de aplicação de um gerador de sinais. Outras formas de onda, com frequências
variadas, podem ser simuladas por meio deste equipamento de bancada.
Não é incomum, nos dias de hoje, encontrar microcontroladores ou processadores em placas de circuitos
eletrônicos. O grande desafio neste tipo de circuito é determinar a integridade do componente eletrônico
apenas com testes externos. Podem existir falhas internas ou erros de software – aos quais normalmente
não se tem acesso – que podem afetar o funcionamento adequado de todo o sistema.
A utilização de softwares é importante para verificar circuitos que contemplam processamento de dados
e informações, quando é preciso verificar a integridade dos algoritmos do equipamento. Um firmware pode
estar corrompido ou desatualizado.
Geralmente, o desenvolvimento destes softwares é exclusivo para o tipo de circuito que deseja
testar. Além disso, não é difícil encontrar aplicações que realizam tarefas que são integradas a redes de
computadores por alguma forma de comunicação, como um celular ou um rastreador de veículo que
enviam informações constantes para centrais que registram os dados de localização de um veículo. Nestes
casos é preciso que os fabricantes disponibilizem ferramentas que permitam testar tais funções.
No entanto, existem softwares que permitem complementar os trabalhos das gigas e auxiliam a
validação de funções gerais dos sistemas eletrônicos. Um exemplo bastante utilizado são os softwares de
teste de comunicações seriais que utilizam as portas seriais do computador: USB e RS232.
CASOS E RELATOS
O software da eficiência
A empresa CDLP Tecnologia desenvolve máquinas industriais que realizam o empacotamento de
alimentos. Para isso são desenvolvidos circuitos eletrônicos, que têm a função de realizar o controle
das funções destas máquinas. Após a produção, são coletadas amostras das placas eletrônicas
fabricadas e montadas para análise de qualidade.
Um lote específico, aprovado no teste de amostragem, retornou do cliente após apresentação de
falhas em mais de 10% das unidades. Diante disso, o setor de manutenção foi acionado para a
realização de diversos e severos testes de validação, ajustes dos parâmetros do sistema e verificação
de operação adequada de todas as funções de cada uma das placas. Contudo, o teste individual é
lento, podendo levar até 20 minutos para ajustar cada sistema.
Pensando na eficiência deste processo, os profissionais do setor de manutenção, aliados ao setor
testes, desenvolveram uma giga controlada por computador capaz de realizar todos os testes em
um tempo menor do que oito minutos. O novo sistema de testes possui o formato adequado da
placa eletrônica do equipamento. Esta forma possui uma tampa que, quando inserida, se encaixa
perfeitamente nas conexões elétricas da placa eletrônica, incluindo os terminais de alimentação
elétrico do sistema, e de sensores e atuadores confiáveis que fazem parte da giga de teste para
simular a operação do sistema em campo.
Os procedimentos de testes são todos executados por um computador que impõe as ações ao
mesmo tempo que coleta dados de análise gerando, no final do processo, um relatório sobre o
comportamento de cada função do sistema, indicando a localização dos erros quando estes
ocorrem. O desenvolvimento desta giga agilizou bastante o processo de testes e de manutenção
da empresa, permitindo que as entregas dos equipamentos se tornassem mais rápidas e eficientes
aos seus clientes.
O software Free Serial Port Monitor, disponibilizado de forma gratuita pelo desenvolvedor (está disponível
em: www.serial-port-monitor.com), é um exemplo de software que permite validar a comunicação serial de
um circuito eletrônico em teste. Existem várias outras ferramentas na internet que auxiliam os testes neste
sentido.
Além disso, existem softwares específicos para determinados produtos que informam ao usuário os
possíveis defeitos que podem estar relacionados às falhas no sistema eletrônico ou na própria aplicação.
Este é o caso comum de softwares de diagnósticos de veículos, que são muito utilizados para o serviço de
conserto de automóveis.
Quando um componente do automóvel para de funcionar, como um sensor de combustível, e resulta
em um comportamento estranho do motor ou alguma indicação de falha elétrica no painel do veículo, é
possível realizar a varredura do sistema por meio do software de diagnóstico. Ele identifica facilmente este
tipo de falha e informa ao técnico a localização e identificação da peça com defeito. Este tipo de sistema é
muito eficiente, no entanto, é limitado a alguns tipos de aplicações específicas.
2) DIAGNÓSTICO
3) MANUTENÇÃO
4) VALIDAÇÃO
Istock ([20--?])
Figura 60 - Intervenção de manutenção em placa de circuitos eletrônicos
As estações que mais se adaptam aos serviços, em eletrônica, são aquelas cuja temperatura pode
ser ajustada dentro de valores adequados entre 200 e 400 °C, e cujas ponteiras podem ser substituídas
conforme os tamanhos dos componentes eletrônicos.
b) Soldas
A solda entre dois pontos – normalmente o terminal do componente e a ilha da placa eletrônica - é
realizada por uma liga de estanho e chumbo, cuja quantidade percentual de chumbo determina o ponto
de fusão desta solda. O quadro, a seguir, apresenta os tipos de solda mais comuns, que são padronizados
e comercializados.
Em eletrônica, os carretéis utilizados geralmente possuem ponto de fusão de 183°C (carretel laranja) ou
189°C (carretel azul).
c) Ponteiras
Componentes de maior potência cujos terminais são mais grossos e precisam de uma área de contato
maior, utilizam ponteiras grossas que possam transferir a quantidade de calor suficiente para os pontos
onde a solda será inserida ou removida. Por outro lado, componentes menores e mais delicados necessitam
de ponteiras mais finas.
A figura, a seguir, apresenta alguns tipos de ponteiras bastante utilizadas para serviços de manutenção
e montagem manual em eletrônica.
A Ponta Fenda
C
R
A
Ponta Fenda Longa
B
C
A
Ponta Cônica
C
Rosimeri Likes (2017)
No caso de componentes SMD, sugar a solda derretida, pode ser realizada com a fita removedora.
Você deve inseri-la sobre a área de estanho que precisa ser removida. Em seguida, aquecer a superfície
superior da fita removedora que está em contato com o terminal. Na sequência, precisa realizar o mesmo
procedimento para os outros terminais do componente. Lembre-se de que o uso de temperaturas muito
elevadas aumenta o risco de desprendimento de trilhas e ilhas da placa.
d) Solda salva chip
Há uma solda especial para remoção de componentes de tecnologia SMD conhecida como Salva chip.
Trata-se de uma liga de baixa temperatura de fusão que se mantém derretida por mais tempo. Para uso,
basta aplicá-la com o auxílio do ferro de solda sobre todos os terminais do componente para, em seguida,
removê-la rapidamente com a utilização de uma pinça.
Após a remoção do componente, é preciso retirar os resquícios de solda de baixa fusão que ficaram nos
terminais da placa, é possível fazer isso com a utilização de fita (ou malha) dessoldadora. Em seguida, o
novo componente deve ser soldado com a solda adequada para fixação.
Não se deve utilizar a solda de baixa fusão para fixação de componentes. Devido à baixa temperatura
de fusão, os componentes podem se deslocar ou até mesmo se soltar em condições cuja a temperatura de
operação do circuito seja elevada.
e) Soldagem de componente PTH
O procedimento de soldagem de componentes Pin Through Hole (PTH) é bastante conhecido e difundido
no mundo da eletrônica. Existe muito material que pode auxiliar o aperfeiçoamento desta prática, incluindo
recomendações especificadas dadas pelos fabricantes de componentes que podem ser encontradas em
suas documentações na internet. O procedimento básico de inserção e soldagem dos componentes em
uma placa de circuito eletrônico é apresentado a seguir.
a) Ajuste de equipamento e bancada
Mantenha a bancada organizada e limpa, a placa de circuito eletrônico fixa e os componentes e materiais
necessários para os serviços próximos, de fácil acesso, de modo que a atividade possa ser realizada com
eficiência e concentração.
Istock ([20--?])
Figura 65 - Aparelho de solda com temperatura ajustável
Resistor PTH
U1
D1
D2
A figura (a), apresenta a serigrafia de um diodo, cujo desenho permite identificar a posição adequada
do ânodo e cátodo do componente. Existem diversas serigrafias para componentes específicos e podem
ser conferidas conforme o datasheet de cada componente. Há placas que podem conter erros ou defeitos
nesta serigrafia, portanto, é importante verificar a posição dos componentes antes de removê-los.
Quando não há ou existem poucas informações estampadas na placa eletrônica ou acesso a leiautes e
esquemáticos dos circuitos que possam auxiliar na montagem, aconselha-se fotografar o circuito antes de
remover os componentes danificados.
Agora, veja, na figura, a seguir, um exemplo de placa sem serigrafia.
Istock ([20--?])
De maneira geral, os componentes devem ser encaixados rentes e paralelos à superfície da placa de
circuito eletrônico, exceto em casos cujo comportamento térmico pode afetar a isolação da placa de
circuito eletrônico, deteriorando o circuito ao longo do tempo.
Após inserir o componente na placa, é preciso virá-la de modo que o componente possa ser soldado na
superfície oposta, como será abordado nos próximos passos. No entanto, é preciso se precaver para que o
componente não se desloque ao rotacionar a placa eletrônica. Para que isso não ocorra, você pode após a
inserção de componentes, entornar levemente os terminais do componente na superfície inferior da placa
de modo que não saia do lugar quando a placa for rotacionada.
d) Aquecimento da trilha do componente
Este procedimento é realizado na superfície inferior da placa de circuito eletrônico, no lado cujo os
terminais dos componentes PTH precisam ser soldados e o excesso cortado e removido do circuito.
Com a ponteira do soldador, pressione levemente o terminal do componente contra a parede da ilha. É
importante que a ponteira esteja levemente untada de estanho, conforme foi mencionado no procedimento
anterior, isso aumentará a velocidade da transferência de calor entre a ponteira e o componente.
Durante este procedimento tente manter o terminal do componente pressionado na posição reta e
com ângulo perpendicular (90°) com relação a placa de circuito eletrônico de modo que a soldagem seja
realizada de maneira uniforme.
e) Aplicação da solda
A solda deve ser aplicada diretamente sobre o terminal do componente, conforme apresentado na
figura a seguir. Faça isso levemente até a solda derreter e se espalhar por todo o terminal e ilha da placa
eletrônica. Sabrina Farias (2017)
Caso a solda não derreta adequadamente, remova-a, pré-aqueça novamente o terminal do componente
e inicie o processo novamente. Evite o excesso ou a escassez de solda no terminal, em ambos os casos
podem surgir efeitos prejudiciais ao circuito, como solda fria na conexão.
O excesso de solda pode diminuir a isolação entre ilhas e aumentar a probabilidade de acúmulo de
sujeiras, sem mencionar que as trilhas ficam com aspecto visual desagradável. A falta de solda pode
ocasionar pontos quentes no circuito devido à resistência elétrica de contato elevada.
f ) Resfriamento da solda
Após inserir a solda em todos os terminais do componente, é preciso aguardar um tempo necessário
até que ela esfrie naturalmente. Esta ação é importante para a qualidade da junção realizada. Caso o
esfriamento seja forçado, a solda pode criar trincas e se tornar quebradiça, comprometendo a conexão
elétrica da região. Portanto, não se deve assoprar ou lançar líquidos sobre a solda quente para forçar a
refrigeração da conexão.
Quando se soldam mais de um componente, é muito comum realizar o procedimento de solda de
todos eles antes de partir para o próximo passo. Dessa forma, o terminal pode ter um tempo longo para
acomodação da temperatura à medida que se passa para o serviço de solda em outro ponto ou componente
do circuito eletrônico.
g) Corte de terminais
Após o esfriamento das junções terminal-ilhas, pode-se realizar o corte do excesso dos terminais dos
componentes com a utilização de alicate de corte. O corte deve ser realizado rente a borda do componente
de modo que minimize os riscos de curtos-circuitos com outros pontos do circuito ou fugas de energia,
de modo que os terminais não extrapolem a região da sua ilha com pontas sobressalentes, facilitando o
acúmulo de sujeiras.
Istock ([20--?])
Os componentes de tecnologia SMD são muito comuns hoje em dia, especialmente porque são mais
econômicos em termos de energia e ocupam menor espaço, o que resulta em circuitos eletrônicos mais
compactos, por exemplo, em aplicações portáteis estes fatores são essenciais, como é o caso de celulares.
A utilização de componentes SMD tem se tornado muito frequente em equipamentos eletrônicos, e um
técnico em manutenção precisa estar habituado a trabalhar com este tipo de tecnologia.
a) Limpeza e preparação das ilhas
As ilhas de um respectivo componente em uma placa de circuito eletrônico precisam ser limpas antes
de realizar a soldagem de um componente. Isto é importante para remover o pó e a gordura acumulada,
que prejudicam a qualidade da solda realizada no local.
Istock ([20--?])
Figura 71 - Pincel antiestático e álcool isopropílico
Em eletrônica é comum utilizar fluxo de solda para facilitar a aderência da solda do componente na
placa eletrônica. Esta ação não é necessária em todos os casos, mas em regiões da placa cuja a transferência
de calor pode ser mais lenta, o que acontece em terminais que são envolvidos por malhas de cobre com
área considerável, tornando-se um dissipador de energia durante o processo de soldagem. O fluxo de solda
pode ajudar nestes casos.
b) Pré-soldagem do terminal
O primeiro passo para soldagem de um componente de tecnologia SMD em uma placa de circuito
eletrônico consiste em selecionar as ilhas da placa referente ao componente e untar inicialmente umas das
ilhas com uma leve camada de estanho em sua superfície.
O terminal untado, seja para um componente de dois ou mais pinos, servirá para fixação inicial do
componente na placa de circuito eletrônico. Aconselha-se escolher adequadamente esta primeira ilha de
modo que facilite o acesso das ponteiras de soldagem durante o procedimento.
c) Inserção do componente
Com o auxílio de uma pinça antiestática, você deve posicionar o componente sobre a placa eletrônica e
mantê-lo fixado sobre as suas respectivas ilhas na placa eletrônica.
Em circuitos com mais de dois pinos é preciso conferir a posição correta do componente. Na maioria
dos casos, a posição adequada do componente pode ser verificada na serigrafia da placa eletrônica, da
mesma forma como já foi mencionado a respeito da soldagem de componentes de tecnologia PTH.
A seguir, conheça um exemplo de circuito integrado SMD.
U1
Istock ([20--?])
Você precisa cuidar para não impor muita pressão sobre o componente, seja com a pinça ou com a
ponteira de solda. O excesso de pressão pode trincá-los além de colocar a sua integridade e funcionamento
em risco.
d) Soldagem dos terminais
Com o componente fixado na posição adequada sobre a placa, enquanto que, com uma das mãos
mantém-se o componente fixo sobre sua posição, com a outra mão utiliza-se o ferro de solda para
aquecimento do terminal inicialmente untado. Aqueça o terminal untado até que a solda derreta e realize
a fixação do terminal do componente.
Em seguida, não é mais necessário manter o componente fixo com a pinça. Ele se soldado adequadamente,
estará fixo pelo pino soldado. Evite encostar indevidamente no componente de modo que este não entorte
ou se desprenda.
Se a posição dos terminais estiver adequada com relação as suas respectivas trilhas, pode-se iniciar
a soldagem deles. Para isso, deve-se pré-aquecer a ilha do terminal e inserir a solda levemente sobre o
terminal do componente.
Evite o excesso de solda sobre os terminais de modo que esta ação não diminua a distância de isolação
entre um terminal e outro. Além disso, é muito comum o acúmulo de sujeiras em terminais de componentes
SMD, especialmente circuitos integrados, sendo a fonte de muitas queimas de componentes que resultam
em falhas e defeitos do circuito eletrônico.
e) Resfriamento e limpeza
Assim como acontece em componentes PTH, os componentes SMD também precisam de um tempo
de acomodação para que a temperatura dos pontos de soldagem retorne a temperatura próxima a do
ambiente. Não se deve forçar tal resfriamento de modo a não danificar a solda e o componente.
Quando a região se encontra novamente em temperatura ambiente, pode-se realizar a limpeza da região
com o uso de pincel antiestático e álcool isopropílico, especialmente quando for utilizado fluxo de solda
para auxiliar a soldagem. A limpeza é essencial, mas não se deve exagerar, porque o álcool isopropílico
pode ser agressivo ao verniz e remover esta camada, que tem a importante função de proteger a placa
eletrônica contra intempéries.
r
Powe
ra ON
eratu
Temp
o
Estaçã OFF
Andressa Vieira (2017)
Os procedimentos, a seguir, apresentam etapas para remoção e inserção dos componentes em placas
eletrônicas. Trata-se de um trabalho de risco, que necessita muita paciência e cuidado. As placas eletrônicas
mais sofisticadas possuem camadas internas onde são passadas trilhas e malhas de conexões e aterramento.
O excesso de calor aliados a ações bruscas podem ser fatais para uma placa eletrônica, especialmente
quando danificam estas camadas internas, cujo diagnóstico é difícil realizar e o reparo é muito complexo
de ser realizado.
a) Cuidados em geral
Para situações em geral, a primeira atitude é evitar temperaturas maiores que 400°C. Você precisa ter
cuidado com os componentes da vizinhança, se a velocidade do jato de ar estiver muito forte poderá
também remover ou danificar outros componentes que estão localizados próximos ao que se deseja inserir
ou remover.
Outro cuidado que você deve evitar é direcionar o fluxo de ar sobre os componentes da placa que não
são alvos do processo de soldagem ou remoção. Especialmente, componentes com partes plásticas ou
qualquer outro material que é sensível ao calor, os quais podem ser danificados desnecessariamente.
A eficiência de utilização de estações de retrabalho pode diminuir quando utilizadas em componentes
que possuem dissipadores metálicos, ou estão em contato com a carcaça metálica ou até mesmo às malhas
de cobre do circuito. O calor transferido ao componente é menor devido a dissipação de calor que ocorre
com estas partes metálicas. É importante, quando possível, remover estes dissipadores e peças metálicas
que se conectam ao corpo dos componentes, de modo a facilitar o processo.
Por dica de segurança aos usuários, evitar inserir os dedos diretamente sobre a superfície onde o jato
foi direcionado para evitar riscos de queimaduras. Utilize pinças antiestáticas para auxiliar o serviço, sem
direcionar o jato de ar diretamente nestas ferramentas.
Por fim, a placa eletrônica e os componentes devem esfriar de modo natural quando o trabalho estiver
finalizado. Não se deve, assim como no processo de soldagem, criar uma situação de choque térmico.
b) Escolha do bocal
Existem vários tipos de bocais que são utilizados em aparelhos de retrabalho, a figura, a seguir, apresenta
os modelos que normalmente são utilizados. A escolha adequada do tipo de ponteira é importante para a
aplicação. A área do orifício deve ser proporcional ao componente e ao setor do circuito eletrônico onde o
serviço será executado.
∅3 mm ∅5 mm ∅7 mm ∅10 mm
Andressa Vieira (2017)
Existem bocais específicos para trabalhar com componente em chip BGA. A escolha também deve se
pautar nos modelos disponíveis para cada equipamento específico, não existe nenhuma garantia de que
os bocais de um fabricante de estação de retrabalho sejam compatíveis para estações de outro fabricante.
É muito importante ressaltar a necessidade de evitar que o jato de ar venha a ser direcionado para
outros componentes do circuito, o que pode criar novas falhas e defeitos no circuito, dificultando sua
manutenção.
b) Remover o componente
Assim que a temperatura da soldagem atingir o ponto de fusão é possível remover o componente do
circuito eletrônico. Neste momento, utilize uma pinça antiestática para segurá-lo e removê-lo.
Manter a pinça sobre o componente durante este processo não é uma ação aconselhável devido ao
fato de que a pinça pode se tornar um dissipador de calor, comprometendo a eficiência de transferência
de calor do jato de ar.
Ao remover o componente com a pinça, coloque o chip sobre um local limpo e posicione de forma que
seus terminais não entrem em contato com outras superfícies, de preferência com os seus terminais virados
para cima. O acúmulo de sujeiras ou contato com superfícies oleosas podem comprometer a reutilização
do componente, em caso de o componente não estar defeituoso.
c) Inserção de componentes BGA
A inserção de um novo componente no circuito eletrônico é sem dúvida uma tarefa trabalhosa e delicada,
pois trata da remoção do componente cujo funcionamento é duvidoso. É preciso que seja realizada uma
soldagem garantindo que todos os terminais do componente sejam fixados adequadamente na placa de
circuito sem que ele venha a sofrer demasiado estresse de temperatura durante o processo.
Antes de iniciar o processo de soldagem com a estação de retrabalho, alguns passos de pré-soldagem
precisam ser realizados de modo a preparar o componente e as trilhas da placa de circuito para a etapa de
soldagem.
a) Limpeza das ilhas da placa eletrônica
Em primeiro lugar é preciso remover, quando for o caso, o excesso de solda sobre as ilhas do componente.
Esta necessidade se dá em componentes BGA de funcionamento íntegro que já sofreram o processo de
soldagem em algum momento, e cujos resquícios de solda não foram removidos devidamente.
O trabalho de remoção do excesso de solda pode ser realizado com a utilização de ferro de solda e fita
de remoção de solda. Esta última é um recurso bastante útil para serviços de manutenção, e, para uso,
posiciona-se a fita sobre o ponto de solda que se deseja remover para, em seguida, aquecê-la diretamente
com o ferro de solda. Quando isso ocorre, o aquecimento da fita transfere calor para o estanho, que estando
em estado líquido é absorvido pela fita de remoção.
O excesso de tempo e a temperatura máxima do ferro de solda devem ser limitados nesse processo,
os circuitos integrados são, em geral, muito sensíveis ao estresse térmico. Um tempo de acomodação da
temperatura – resfriamento do componente – é necessário antes de realizar a limpeza dos terminais do
componente.
A limpeza deve ser realizada com a placa em temperatura ambiente. Pode ser utilizado álcool isopropílico
e um pincel antiestático. Aguarde a placa secar antes de prosseguir para o próximo passo.
A precisão nesta etapa é muito importante, pois garante que o componente não se desloque durante
a execução da soldagem, portanto, a solda deve ser realizada corretamente, além da conexão possuir as
características elétricas e mecânicas esperadas.
e) Aquecimento do componente
Com a utilização do jato de ar quente, posicione o bocal de forma perpendicular sobre o componente e
aqueça o chip por um tempo suficiente de soldagem, até que os terminais sejam fixados na placa. O tempo
necessário pode variar com o tipo de circuito e tecnologia do chip. No geral, o tempo de exposição não
deve ultrapassar mais que 10 segundos.
Após o tempo necessário, remova o jato de ar do local de soldagem e mantendo a pinça firme, segure
o componente sobre a sua posição por mais alguns segundos, de modo que a solda possa resfriar
naturalmente.
Em seguida, remova cuidadosamente a pinça do local, aguarde o componente esfriar naturalmente e
realize a limpeza da região com álcool isopropílico.
Técnicas de conserto
Uma etapa muito importante em um procedimento de manutenção são ações de consertos que serão
realizadas para substituir os componentes danificados e para reparar peças e partes do sistema eletrônico,
como trilhas, conectores, cabeamento, sensores etc.
Conhecer os princípios básicos das técnicas de soldagem, apresentadas anteriormente, são essenciais
para realização das atividades de conserto em placas de circuito eletrônico.
O procedimento de diagnóstico e o levantamento, que pode ser em forma de uma lista conforme já
estudado, é essencial para iniciar a etapa de conserto das falhas e defeitos de um sistema. Com base nestas
informações coletadas, estratégias de conserto podem ser elaboradas para cada situação específica, de
modo a otimizar o tempo e os recursos disponíveis.
Estratégias
O trabalho de agir sem planejar pode custar muitos recursos e usar muito tempo do técnico de
manutenção. É preciso primeiramente, com auxílio das informações disponíveis e das levantadas, planejar
como atacar os problemas de um sistema eletrônico de modo a definir: as ações que são prioritárias, as
sequências de conserto, os testes que serão refeitos ao longo do processo etc. Além disso, deve-se cogitar
que todas as ações planejadas não sejam suficientes para colocar o sistema novamente em funcionamento,
neste caso, é preciso determinar o que se fazer.
O diagnóstico de falhas e defeitos é essencial para determinar estas estratégias de conserto de um
sistema eletrônico. A elaboração desta estratégia visa realizar a atividade de conserto de maneira eficiente,
evitar retrabalhos ou excesso de ações e diminuir os riscos sobre a integridade do circuito eletrônico.
Impedir que componentes íntegros sejam substituídos indevidamente e garantir que as causas sejam
eliminadas antes de uma nova reenergização do circuito.
Conheça, a seguir, alguns critérios relevantes durante a elaboração da estratégia de conserto.
a) Priorizando ações simples
Em muitos casos, quando não existem defeitos aparentemente graves no circuito, como por exemplo,
a oxidação de um terminal que ocasionou um mau contato. Nestes casos podem ocorrer falhas de
funcionamento, no entanto, durante o processo de manutenção, não é necessário substituir componentes
para realizar o reparo do circuito.
Portanto, quando são diagnosticados problemas que possam ser remediados sem a remoção de
componentes, é preferível priorizar os processos mais simples perante os procedimentos de conserto que
consumam maior esforço e aumentam os riscos para o circuito.
Os primeiros procedimentos podem ser concentrados em atividades básicas. Leia, no quadro, a seguir,
alguns exemplos de procedimentos básicos de conserto.
FOCO AÇÕES
Conexões Limpeza e encaixe das conexões entre placas e cabos, ou entre placas e placas.
Se a placa possuir dispositivos auxiliares que são encaixados por meio de conectores no circuito,
Dispositivos auxiliares é possível remover estes componentes e testar novamente o circuito. Um chip de memória pode
estar defeituoso ou com o software corrompido, causando falhas no sistema principal.
Sujeira A placa pode ser limpa com pincel antiestático para remover possíveis sujeiras acumuladas.
O exemplo do sistema eletrônico de uma máquina de lavar, o mesmo utilizado no estudo de diagnóstico,
pode auxiliar e complementar esta análise. Na figura Exemplo das principais funções do circuito eletrônico
de controle de uma máquina de lavar foi visto que o sistema eletrônico da máquina é composto de funções
que são integradas em uma placa central de comando, conforme mostra a figura a seguir.
SUBCIRCUITO 3
SUBCIRCUITO 2
SUBCIRCUITO 1
SUBCIRCUITO 4
Note que o subcircuito da fonte de alimentação de entrada, que é responsável por converter o nível de
energia alternado da rede elétrica para o nível de energia contínuo requerido pelos circuitos do sistema,
é essencial para o funcionamento de todos os subcircuitos. Este pode ser um argumento para focar os
primeiros esforços de conserto em todas as falhas relativas ao funcionamento da fonte de alimentação.
O circuito de acionamento do motor da máquina é um outro exemplo a ser considerado, como
um ponto de atenção prioritário. Isto se deve ao fato de que este circuito está sobre maior estresse de
energia do que outros subcircuitos do sistema, suportando constantes variações de carga com potências
relativamente altas para o sistema. É possível, que as falhas neste subcircuito sejam fontes de outras falhas
no equipamento, considerado um elo fraco que pode conter a origem de muitos problemas os quais
precisam ser solucionados de antemão.
A partir desta análise é possível definir uma sequência de ações básicas, determinando quais subcircuitos
terão prioridades nas ações de conserto.
c) Integridade do circuito
É preciso estar ciente que as prioridades mencionadas no item anterior se alteram em cada caso, es-
pecialmente quando são inseridas novas informações, que podem influenciar as ações de conserto, por
exemplo, um circuito de processamento tem componentes de encapsulamento do tipo BGA. Mesmo que
existam dúvidas relevantes sobre o funcionamento de um componente com esta característica, é preciso
se assegurar que a origem dos problemas não esteja localizada em outros setores cujo procedimento de
manutenção é mais fácil e menos arriscado para o circuito eletrônico. Afinal, de contas, a substituição de
componentes BGA é trabalhosa, e, qualquer defeito no processo, pode comprometer seriamente o funcio-
namento da placa eletrônica, podendo deixá-la inutilizável.
d) Registros de manutenção
Um laboratório de manutenção que tem registro dos serviços de manutenção e consertos realizados,
possivelmente, será mais eficiente para diagnosticar e consertar problemas em sistemas eletrônicos
similares aos que estão em seus registros, tornando o trabalho muito mais eficiente.
Os equipamentos eletrônicos em geral possuem suas fragilidades, sendo possível identificar padrões
de falhas e defeitos em cada tipo de circuito eletrônico conforme o seu fabricante e modelo. A medida
que se monta um histórico dos diagnósticos e das ações de conserto que tiveram sucesso, pode-se agir
rapidamente quando um circuito idêntico está necessitando de manutenção e apresenta os mesmos
sintomas.
Existem softwares gratuitos relativos a gestão de manutenção, que podem auxiliar na organização das
informações pertinentes às etapas de conserto. Quando placas de mesmo modelo são consertadas com
frequência, é interessante armazenar as informações relativas as falhas e aos defeitos ocorridos, assim
como as ações que foram tomadas para realizar os consertos.
Além de facilitar novos serviços de manutenção, o registro de manutenção pode ser utilizado para
identificar cada equipamento que passou pelo processo de conserto através de uma identificação que
pode ser gerada no processo de manutenção ou por meio da própria codificação informada pelo fabricante.
Pode acontecer de um mesmo equipamento voltar para manutenção após um tempo curto de utilização
(cinco meses, por exemplo), o que pode indicar que o primeiro serviço de manutenção não foi realizado de
maneira totalmente satisfatória ou que o equipamento possua algum defeito intrínseco em sua tecnologia.
A experiência é essencial para a eficiência no trabalho de manutenção. Quando essas informações
são registradas e observadas constantemente, a qualidade dos serviços de manutenção pode melhorar
consideravelmente.
e) Exemplo: lista de prioridades para o exemplo da máquina de lavar roupa
Leia, no quadro, a seguir, um exemplo de uma lista de prioridades para o conserto de um circuito
eletrônico. Considerando o exemplo da máquina de lavar roupas já utilizado no capítulo anterior, com
base nos problemas diagnosticados.
Geralmente, as falhas neste tipo de componentes não geram defeitos graves no siste-
4 Sensores
ma. Exceto quando estão em curto-circuito. Por isso, pode ser analisado posteriormente.
Sistema de iteração com Conectores e cabeamentos planos que podem soltar ou até mesmo romper devido ao
5
o usuário excesso de vibração.
Perceba que este quadro organiza de maneira macroscópica o conjunto de diagnósticos em uma
sequência de ações gerais, que podem ser tomadas durante o processo de manutenção.
Procedimentos de conserto
O segundo passo, após a determinação da estratégia de conserto, é definir ações corretivas que serão
realizadas em cada falha e defeito diagnosticado de modo a colocar o sistema de volta em funcionamento.
Para isso, serão apresentados, a seguir, alguns procedimentos básicos para o conserto dos defeitos mais
comuns encontrados e diagnosticados em placas de circuitos eletrônicos.
a) Placas eletrônicas defeituosas
Muitos dos problemas de um sistema eletrônico podem estar localizados na placa de circuito impresso.
Trilhas podem estar soltas ou até mesmo carbonizadas devido a ocorrência de sobrecarga ou curto-circuito,
devido aos choques mecânicos ou as grandes variações térmicas.
A ação mais correta nestes casos seria substituir a placa eletrônica por uma placa nova, já que realizar um
procedimento de reparo que garanta a qualidade e a confiabilidade do funcionamento do equipamento
é uma tarefa difícil de garantir. No entanto, em muitos casos, em que não é referente ao circuito, cujo
a confiabilidade não é um fator de extrema importância, por exemplo, sistemas cuja falha pode causar
prejuízos ou acidentes, a substituição da placa eletrônica pode ser inviável por questões de custo. Então,
pequenos reparos podem ser justificáveis, à medida que os clientes estão de acordo com tais soluções.
Quando uma trilha é levemente danificada é possível restabelecer o contato com a inserção de pontos
de solda no circuito, realizando assim a ressolda do trecho. Esta ação pode ser realizada com o auxílio dos
mesmos fios condutores utilizados em wire-wrapping.
Veja o exemplo a seguir.
Pontos de Solda
WireWrapping
Andressa Vieira (2017)
A wire-wrapping, é técnica que interliga os terminais de componentes sem a utilização de solda, usa-se
fios rígidos de fina seção, por exemplo 30 AWG, vendidos em pequenos rolos. Este fio condutor pode ser
utilizado para realizar reparos temporários em trilhas danificadas.
b) Componentes eletrônicos defeituosos
Alguns defeitos em circuitos eletrônicos tornam-se um impedimento a energização destes circuitos,
que, se realizados, podem causar mais estragos e danos para a placa eletrônica.
Nesta situação, não é possível realizar os testes elétricos (teste de tensões e correntes elétricas) durante
o diagnóstico, o que limita a avaliação dos defeitos. Quando a ocorrência deste fato é relativa a falhas
em componentes defeituosos, faz-se necessário remover todos os componentes que estão causando
impedimento da energização.
Um exemplo comum é a queima de diodos semicondutores em circuitos de ponte retificadoras e de
chaves eletrônicas de fontes chaveadas, que, muitas vezes, acabam por criar um curto-circuito permanente
no circuito eletrônico. Para isso, é preciso consertar as fontes de alimentação antes de verificar se outras
funções do circuito foram afetadas.
c) Remoção dos componentes
A remoção pode ser realizada por meio do procedimento manual com estação de soldagem ou estação
de retrabalho, conforme for o caso. Componentes eletrônicos da placa de circuito (diodos, resistores,
circuito integrados etc.) podem ter sido diagnosticados com algum tipo de comportamento anormal ao
esperado, o que coloca em dúvida o seu funcionamento.
A substituição destes componentes deve ser efetuada quando se tem certeza de que o estado elétrico
causa consequências danosas ao circuito, por exemplo, um diodo que está curto-circuitado, dependendo
de sua ligação no circuito, pode impor correntes que outros componentes não suportem, levando a sua
queima.
Em situações mais evidentes, em que os componentes se encontram carbonizados, a necessidade
de substituição é nítida, porém, existem componentes que podem estar com avarias visíveis, mas que
continuam em funcionamento. Nestes casos, uma análise sobre a necessidade de substituição pode
ser cogitada, como é o caso de resistores parcialmente carbonizados ou capacitores estufados, pois tais
componentes podem vir a se tornar uma causa de novos defeitos e falhas se não forem substituídos,
podendo futuramente comprometer o resultado de um serviço de manutenção que foi realizado com
sucesso.
d) Teste do componente removido
Os componentes suspeitos que são removidos podem passar por testes individuais. Realiza-
se novamente o diagnóstico nos componentes, através de testes de continuidade e ôhmico, com o
componente removido da placa, dessa forma não haverá nada conectado ao componente que interfira
nos novos resultados, podendo realizar um diagnóstico mais confiável do componente.
Para exemplificar, considere o diagnóstico de um circuito de fonte de alimentação, foi tomado os devidos
cuidados com relação a topologia do circuito, verificado através do teste de continuidade que um dos diodos
do estágio de retificação está conduzindo corrente em sentido reverso (de cátodo para ânodo), o que não
deveria acontecer. Isso pode levar a conclusão de que o componente esteja comprometido. Portanto, após
a remoção do componente do circuito, é preciso realizar novamente este teste de continuidade sobre o
componente para comprovar o diagnóstico realizado.
O diagnóstico inicial pode ser comprovado com a realização deste novo diagnóstico. No entanto, pode
acontecer o contrário, demonstrando que o inicial estava equivocado e o componente não apresentar
defeitos que antes foram tidos como possíveis. Nesta situação, é preciso reavaliar o trecho estudado para
buscar novamente as reais causas que forneceram dados inconsistentes durante a etapa de diagnóstico.
Para isso, pode-se aproveitar o fato de um componente ter sido removido – o que indica menos uma
variável - e verificar a situação atual do trecho, fazendo novo diagnóstico, como será visto no próximo item.
e) Teste do trecho da placa sem o componente duvidoso
Outra forma de identificar se um componente removido é uma fonte de defeito ou falha do circuito, é
através da realização de novos testes de continuidade e ôhmico no trecho da placa onde o componente
foi removido, respeitando-se a coerência dos circuitos eletrônicos. Com esta nova observação e análise, é
possível comparar os resultados obtidos nos resultados do diagnóstico com os valores esperados para o
trecho analisado, considerando que o trecho não possui mais o componente removido.
Este procedimento pode ser utilizado para qualquer componente do circuito, sejam componentes
passivos (resistores e indutores), semicondutores (transistores e circuitos integrados), ou qualquer outro
componente elétrico que faça parte do circuito, como conectores, jumpers etc.
Agora, observe o exemplo a seguir.
Q1
NPN
R2 R5 R1
Q2
5.6K 5.6K 10K
Não-Montar
NPN
R3
Ponto A
100R
Q3
NPN R4
D3
C3
5.6K
Andressa Vieira (2017)
12 V 33uF
Ponto B
Figura 79 - Circuito Planta A (Q3) – Esquemático Trecho A e B
Fonte: POWERSIM INC. (2016)
A figura anterior apresenta parte de um circuito de uma fonte de alimentação. Foi diagnosticado com
teste ôhmico, que o trecho referente ao ponto A e o B têm um valor de baixa impedância (menor que 100),
quando na verdade este trecho deveria possuir um valor elevado de resistência devido ao alto valor de
impedância do canal coletor-emissor do transistor NPN em estado de bloqueio. Em consequência disso,
decidiu-se na etapa de conserto remover o transistor Q3 para verificar sua integridade, conforme mostra a
figura a seguir.
C8 U1 Q1 Q2 Q3
3
1
C7
Transistor
Removido
R2
R5
R3
R1
C2
P2
C1 +
0-10Vcc
C3
D3
O teste ôhmico precisa ser aplicado diretamente no componente removido, como foi sugerido
anteriormente. No entanto, é importante também testar o trecho da placa onde o componente foi removido.
Dessa análise, pode-se tirar as seguintes conclusões, que são levantadas e apresentadas no quadro.
O primeiro resultado possível, apresentado no quadro anterior, indica que o componente está danificado
e que o trecho possui valores adequados ao esperado, já que sem o transistor, a impedância do trecho se
elevou.
O segundo resultado possível, do quadro anterior, indica que o componente está danificado. No entanto,
o problema persiste sobre o trecho, podendo existir outros componentes com defeito, sendo necessário
uma análise criteriosa em outros trechos.
Já no terceiro caso, os resultados do quadro anterior indicam que o componente foi removido sem
necessidade, e que a origem do problema persiste sobre o trecho analisado, podendo ser um defeito
referente a outro componente ou até mesmo da placa eletrônica. Sendo necessário concentrar esforços
para localizar a origem exata do defeito. Este tipo de caso é inadequado e deve-se ter cautela na análise
de modo a evitá-lo, pois, a remoção de componente pode resultar em danos para o circuito, assim como
maiores gastos de recursos e tempo.
f ) Inserção de componente novo
Após a remoção de um componente eletrônico, será necessário substituí-lo caso seja identificado que
existe algum defeito de funcionamento.
No momento de inserir o componente é preciso ter o cuidado para conferir a posição correta do
componente da placa. Muitas placas possuem uma estampa dos símbolos dos componentes sobre as suas
respectivas posições. No entanto, não se deve ter inteira confiança nestes desenhos, sendo importante
estar atento a topologia do circuito onde o componente será inserido para verificar a coerência da posição
do componente. Um componente instalado em uma posição inadequada pode trazer consequências
drásticas para o circuito ao ser alimentado, ocasionando novos defeitos.
Diodo Semicondutor c c
C7
D1
D2
c a a
c
C2
F1
a a
c c
Simbolo Representação
Esquemático
Andressa Vieira (2017)
D4
D5
C3
a a
Nestes casos, a avaliação da placa de circuito principal do sistema pode não ser suficiente para resolver
o que está causando o funcionamento inadequado do sistema. É preciso expandir os ensaios de ôhmicos
e de continuidade para os demais equipamentos e pontos do sistema, além de fazer uma análise completa
de todo o sistema.
O mesmo tipo de análise realizada para os subcircuitos internos de uma placa eletrônica pode ser
abordada para verificar a integridade dos circuitos externos a placa, precisando-se de antemão conhecer
as características destes circuitos externos, sejam estas entradas ou saídas.
Para exemplificar, suponha-se que o circuito de um equipamento possua uma placa eletrônica principal
que controla individualmente seis saídas de iluminação, conforme apresenta a figura a seguir.
Saída 1
Saída 2
Saída 3
Saída 4
Saída 5
Istock ([20--?])
Saída 6
Um procedimento que poderia ser adotado neste caso, na central do equipamento, onde são reunidos
os cabeamentos de todos os sensores, é mensurar a impedância de saída de cada circuito com base na
quantidade de carga instalada em cada um deles.
CARGAS
Circuito 1 4 lâmpadas de 6 W-12V
Circuito 2 5 lâmpadas de 6 W-12V
Circuito 3 4 lâmpadas de 18 W-12V
Circuito 4 4 lâmpadas de 6W-12V
Circuito 5 5 lâmpadas de 6W-12V
Circuito 6 5 lâmpadas de 6W-12V
Quadro 36 - Circuito de saída isolados – central de iluminação
Fonte: SENAI (2016)
Os circuitos com mais lâmpadas, de mesma potência, tendem a possuir menor resistência ôhmica total.
Circuitos com lâmpadas com maior potência possuem uma resistência elétrica menor do que circuitos com
lâmpadas de menor potência (considerando circuitos com o mesmo número de lâmpadas). O resultado do
teste de resistência ôhmica pode ser comparado e analisado, pois as discrepâncias permitem reconhecer
em quais circuitos podem ser fonte de comportamento inadequados ao sistema. Um ramo pode, por
exemplo, possuir uma lâmpada em curto-circuito, forçando, portanto, a resistência deste ramo para um
valor muito baixo, e, consequentemente, resultar em sobrecarga para o subcircuito da placa principal
responsável por estre trecho.
Istock ([20--?])
Figura 83 - Limpeza em um circuito eletrônico
Pingos de estanho, pontas de terminais que são cortados e outros resquícios podem se depositar entre
os terminais de componentes eletrônicos, por exemplo, entre os pinos de um circuito integrado, e causar
danos elétricos, fugas de energia ou até mesmo curtos-circuitos.
Além do funcionamento, é preciso prezar pela qualidade do serviço, especialmente quando se realiza
serviços de manutenção para atender a terceiros. Nenhum cliente espera receber um equipamento sujo e
com indícios de maus tratos, esses aspectos podem comprometer a imagem do técnico responsável pela
execução dos serviços, ainda que os defeitos técnicos tenham sido resolvidos com excelência.
Procedimento de limpeza
a) Circuitos eletrônicos
Para limpeza de um circuito eletrônico quando há acúmulo excessivo de poeira sobre os circuitos e
em partes internas de difícil acesso (o que acontece frequentemente em dissipadores térmicos), pode-se
utilizar, quando disponível, jatos de ar para a realização dessa limpeza. No entanto, é preciso ter cuidado
com a pressão do ar sobre os componentes e peças mais sensíveis do circuito.
A limpeza da poeira também pode ser realizada com o uso de pincéis antiestáticos. Os movimentos
precisam ser suaves e ordenados, de modo que a sujeira não se acumule entre os pinos de componentes
eletrônicos, especialmente de circuitos integrados.
No caso de resquícios de fluxo de solda, pasta térmica e outros produtos que possam ter entrado em
contato com o circuito, a limpeza de placas de circuito impresso pode ser realizada com a utilização de álcool
isopropílico (isopropanol), que se trata de uma substância líquida incolor, facilmente inflamável e com
forte odor. Este álcool possui baixa quantidade de água em sua composição, inferior a 1%, permite que seja
utilizada na limpeza de placas eletrônicas, já que não realiza a oxidação das partes metálicas dos circuitos.
Durante o uso do produto, é importante tomar alguns cuidados, como, utilizar luvas de borracha e
evitar a inalação do produto.
b) Telas
Muitos equipamentos possuem algum tipo de tela ou visor, seja um monitor ou mesmo um pequeno
LCD de cristal líquido em um painel de um equipamento industrial. Estes componentes são delicados e o
serviço de limpeza precisa ser cuidadoso.
Para limpeza de telas e displays de cristal líquido é recomendável utilizar panos de microfibras que não
causam arranhões. Evitar utilizar produtos químicos nestes componentes, especialmente produtos que
contêm abrasivos que possam danificar a tela.
c) Teclados
O acúmulo de sujeira em teclados ou circuitos eletrônicos que possuem botões pode afetar o
funcionamento adequado de tais componentes. Estes dispositivos podem ser limpos com o auxílio de
compressores de ar ou spray de ar comprimido nos espaços entre as teclas.
Veja, na figura, a seguir, um exemplo de teclado.
Istock ([20--?])
d) Cabos e conexões
Os cabos elétricos de energia e de dados costumam acumular muita sujeira, e quando não são limpos
com a devida frequência, começam a criar uma camada de sujeira que impregna (encarde) os cabos. A
limpeza destes cabos pode ser realizada com estopas e sprays de limpeza de cabos (limpa contato, por
exemplo). É preciso evitar o uso excessivo de produtos abrasivos.
A sujeira também compromete as conexões elétricas nas partes metálicas do contato, para isso existem
produtos, como, spray limpa contatos, que removem os contaminantes impregnados na superfície do
contato elétrico. Além da limpeza, estes podem ser polidos com disco de algodão de micro retíficas.
Até aqui você estudou como são realizadas as técnicas de manutenção em hardware, na próxima seção
você conhecerá a importância e como é o processo de manutenção por software. Siga em frente com
dedicação.
2) DIAGNÓSTICO
3) MANUTENÇÃO
4) VALIDAÇÃO
A manutenção é feita para atuar corretivamente em uma falha ou de forma preventiva. Para se realizar a
manutenção é necessário que seja feito o diagnóstico da falha, para isso utiliza-se da tecnologia existente,
quando aplicável. Dentre as tecnologias atuais, há equipamentos para facilitar o processo de manutenção,
existem também, como nos casos dos veículos, o próprio computador de bordo que emite alertas para
sinalizar quando houver algum problema esperado com o veículo.
Os equipamentos que são preparados com interface de LCD, teclado e sensores adequados com
o processo, são capazes de sinalizar quando o dispositivo ou o processo estão operando de forma
inconsistente ou quando não estão em operação, porém é necessário que seja inserida estas funções no
projeto do equipamento.
O número de horas em operação de um sistema pode servir de base para que sejam feitas as manutenções
programadas, sendo necessário a instalação de um horímetro no equipamento. Alguns trazem esta função
de fábrica e de acordo com o número de horas em operação deste equipamento, é possível que seja feita a
manutenção de acordo com o plano pré-estabelecido. Outro método a ser utilizado para computar a vida
útil de equipamentos se dá pelo número de manobras ou pelo número de peças produzidas. Para isso,
deve-se preparar o plano de manutenção e o equipamento para esta situação.
Um sistema informatizado pode servir para inspecionar um equipamento se ele for desenvolvido
prevendo-se este tipo de inspeção. Por exemplo, no caso dos veículos mais novos, está disponível uma
interface para o computador, que se comunica com a central de controle do veículo e mostra em sua
tela o diagnóstico e o histórico de falhas que este apresentou após a última revisão. Este diagnóstico é
importante ao apresentar para o técnico as condições atuais do veículo e as falhas, auxiliando no processo
de manutenção.
A figura, a seguir, apresenta um diagnóstico computadorizado veicular, onde pode ser observado que o
notebook está plugado no computador do veículo e por meio desta conexão existe uma comunicação para
troca de informações e dados relevantes para a manutenção.
Istock ([20--?])
Entretanto, existe outra forma de manutenção com o auxílio de computador, trata-se de softwares
para simulação, em que o técnico desenha o circuito eletrônico de acordo com o circuito que está sendo
reparado. Na sequência, analisa a simulação e o circuito real em busca de inconsistências que possam ter
sido a causa do problema e do mau funcionamento do sistema eletrônico, eliminando virtualmente cada
parte do circuito que estiver funcionando e rastreando o defeito e a parte do circuito que não estiver
funcionando.
Assim, realiza-se a manutenção de acordo com a simulação do circuito. Com isso, identifica-se o
componente e em qual circuito ele se encontra, porque é possível que este circuito não esteja funcionando
corretamente.
Outro meio de se realizar manutenção por meio de software é quando se atualiza o firmware do sistema
embarcado. A atualização do software de um sistema embarcado ocorre através de um dos periféricos
disponíveis, como por exemplo, por meio de comunicação USB ou ainda RS232, quando projetados e
programados para esta função. Existem outros meios de se realizar a atualização de software, como através
de comunicação I2C (inter-integrado circuito) ou Serial Peripheric Interface (SPI) etc.
É difícil dizer universalmente qual é o melhor software de simulação disponível no mercado, esta
resposta cabe ao usuário, pois deve encontrar qual será a melhor opção que se enquadra na aplicação
visada, entre as opções disponíveis. O fator experiência neste momento é muito importante, porque é
natural as pessoas se acostumarem a utilizar e a escolher ferramentas das quais já estão habituadas e que
tem conhecimento e experiência, isso torna o trabalho mais eficiente.
SAIBA Para ampliar seus conhecimentos teste os circuitos de baixa complexidade. O PartSim
está disponível em: www.partsim.com/simulator. Esta ferramenta não necessita ser
MAIS instalada no computador permitindo a simulação on-line de circuitos eletrônicos.
Quando se trata da primeira escolha, para aqueles que estão entrando no mundo da simulação de
circuitos eletrônicos, aconselha-se usar mais de uma ferramenta para realizar um estudo inicial sobre qual
software utilizará. Essa escolha pode estar limitada as funcionalidades e ferramentas do programa, ou a
fatores como a usabilidade, cuja avaliação pode variar de acordo com cada usuário e as características do
software.
Características
No momento de escolher um software é preciso responder à pergunta básica se a opção escolhida
possui uma biblioteca de componentes que atende as expectativas e permite realizar a simulação do
circuito em questão.
O quadro, a seguir, apresenta alguns exemplos dos principais componentes eletrônicos e elementos
de circuito e seus símbolos, que são comuns a muitos simuladores. Os elementos foram capturados do
software PSIM de modo a mostrar os tipos de componentes disponíveis.
Resistor
Capacitor
Indutor
Transistor
Transformador
Ganho K
Comparador
Elementos de controle
Somador/Subtrator
555
1 8
GND VCC
Andressa Vieira (2017)
Circuitos integrados específicos Exemplo de um circuito integrado (CI 555) TRIG DISC
OUT THRS
REST VCTL
4 5
Quadro 38 - Exemplo de componentes eletrônicos dos simuladores
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)
Após um software atender a primeira questão levantada, uma segunda questão é: as ferramentas de
simulação permitem retirar informações suficientes para alcançar os dados necessários?
Os softwares de simulação possuem ferramentas que auxiliam os testes, como geradores de sinais
virtuais, e instrumentos de medição virtual, que é o voltímetro e amperímetro. Veja, no quadro, a seguir,
alguns destes ferramentais que são bastante úteis para a simulação de circuitos eletrônicos.
Gerador de funções
Voltímetro V
Amperímetro A
Instrumentação virtual
Osciloscópio
Sabrina Farias (2017)
A B
Quadro 39 - Exemplo de ferramentas presentes nos simuladores
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)
Funções mais específicas podem ser encontradas conforme o software que se utiliza, como painéis
fotovoltaicos, geração eólica, simulação de circuitos de corrente contínua e corrente alternada, simulação
de portas-lógicas e circuitos lógicos mais complexos e específicos (como memórias de um modelo X).
Existem softwares que, ainda, permitem simular circuitos microcontrolados, simulando o código de
firmware desenvolvido. No entanto, este tipo de função é mais utilizado em projeto de circuitos eletrônicos.
Em trabalhos de manutenção geralmente não se tem disponível os códigos ou arquivos de firmware
utilizados nos circuitos eletrônicos. Dificilmente um fabricante, por exemplo, de micro-ondas, celulares
entre outros deixará o código de seu produto disponível.
A fim de exemplificar o método proposto de utilizar de simulação para compreender circuitos eletrônicos,
cujo comportamento elétrico é desconhecido, opta-se pelo exemplo já abordado neste livro para facilitar
a compreensão das etapas propostas.
A figura, a seguir, apresenta um circuito de ponte de diodos. Aqui, você vai compreender por simulação
o sinal de saída deste circuito, comparando com o sinal mensurado na placa eletrônica real.
Ponto A
C7
D1
D2
C2
F1
D5
C3
Ponto B
As características deste trecho do circuito são apresentadas no quadro, a seguir. Considere que a carga
do circuito possa ser resumida em um circuito resistivo de 100 Ω.
Embora o PSIM seja o software adotado aqui nesta seção, as orientações a seguir apresentam uma
forma genérica, que pode servir de base para a maioria dos softwares de simulação, pois se tratam de
componentes básicos e genéricos.
Os componentes e elementos, ferramentas e instrumentos de medição virtual são disponibilizados ao
usuário por meio de menus específicos. No PSIM, é possível acessá-los conforme mostra a figura a seguir.
Além disso, informações mais detalhadas podem ser encontradas no manual do usuário que é
disponibilizado no site do software. A maioria dos softwares disponibiliza estes materiais de apoio, seja por
meio do endereço eletrônico ou internamente no próprio software na função Help (Ajuda).
Dando prosseguimento as etapas, para interpretar o subcircuito desejado da placa eletrônica que está
sendo avaliada, pode-se recorrer, quando disponível, ao esquemático do circuito. De outra forma, quando
isso não é possível, é preciso fazer uma interpretação da posição e das ligações dos componentes na placa
de circuito impresso (engenharia reversa). No caso do exemplo, tem-se disponível uma placa do circuito
não montada, o que facilita a interpretação dos circuitos.
Para inserir os componentes na área de trabalho do software de simulação e montar a topologia desejada,
basta selecioná-los em seus respectivos menus e arrastá-los com o uso do mouse para a área de trabalho.
Os componentes que precisam ser adicionados para esta simulação são apresentados no quadro a seguir.
Para traçar as trilhas que conectam eletricamente os componentes é utilizada a ferramenta wire (fio),
encontrada no menu de ferramentas do software.
Sabrina Farias (2017)
WIRE
Figura 90 - Atalho da ferramenta wire do software PSIM 10.1
Fonte: Powersim Inc. (2016)
D1 D2
Rsai
Ceq Vsaída
V
100
Vent 600u
Ventrada
V
15
Um ponto de terra indica a referência do circuito para a simulação (geralmente o componente chamado
Ground, que do inglês significa Terra), muitos softwares não permitem a simulação do circuito sem a
inserção da referência. Além da referência, no caso do PSIM, é preciso também configurar os parâmetros
de simulação inserindo o controle de simulação (A ferramenta Simulation Control, que é acessada no menu
Simulate).
A frequência da fonte é de 60 Hz, o que corresponde a um tempo de ciclo de onda em torno de 16 ms.
Para realizar a amostragem no gráfico de simulação de pelo menos três ciclos de onda do nível de tensão
mensurado, o tempo mínimo de simulação deve ser maior que 48 ms.
A figura a seguir apresenta a simulação com os resultados de tensão de entrada e de saída, com um
tempo de simulação de 50 ms.
Ventrada Vsaída
15
10
5
0
-5
-10
Andressa Vieira (2017)
-15
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
Time (s)
Figura 92 - Forma de onda resultantes da simulação do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo
Fonte: Powersim inc. (2016)
O quadro, a seguir, apresenta dados dos valores mensurados por meio da simulação.
As mesmas medidas realizadas em simulação podem ser feitas no circuito eletrônico real por meio de
osciloscópios e multímetros. Os dados são registrados em quadros, dividindo-se em valores mensurados e
valores simulados de modo que ambos possam ser comparados, conforme o modelo, do quadro, a seguir.
Considerando que o modelo do circuito simulado corresponde as características do circuito real, ele está
funcionando adequadamente à medida que esta comparação entre os valores simulados e mensurados
são muito próximas. No entanto, os valores médio e eficaz não são suficientes para realizar adequadamente
uma análise, é preciso também realizar a análise gráfica, como será estudado a seguir.
Quando existe a suspeita de componentes defeituosos, é possível realizar simulações que preveem o
comportamento do circuito perante as falhas e defeitos. Para exemplificar esta questão, considera-se que
o diodo D5 seja um componente cujo funcionamento é suspeito.
Há duas situações básicas que podem ser verificadas por meio de simulação, na primeira situação se
considera que o componente está rompido internamente (em estado de circuito aberto), na segunda se
imagina que ocorreu a fusão interna do componente, e este se encontra em curto-circuito.
D1 D2 D1 D2
D4 D4
Uma nova simulação é realizada para cada caso e os dados de tensão de saída e entrada são registrados
em quadros, assim como foi realizado inicialmente com o circuito. A figura (a), a seguir, apresenta os valores
de tensão de saída simulado para a situação 1 (sem o diodo D5 - vermelho), em comparação com os valores
simulados do circuito em funcionamento (sem defeito - azul). A figura (b) apresenta os valores de tensão de
saída simulado para a situação 2 (diodo D5 em curto-circuito). Observe.
-5 -5
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
Time (s) Time (s)
Os dados simulados são apresentados, no quadro, a seguir, note que a diferença de valores é muito
pequena.
DADOS VENTRADA
Valores Sem defeito Situação 1 Situação 2 Real
Tensão eficaz (RMS) 12,64 V 12,13 V 12,76 V ?
Tensão média 12,64 V 12,10 V 12,73 V ?
Tensão de pico 13,60 V 13,60 V 14,29 V ?
Quadro 44 - Resultados da simulação do circuito do exemplo
Fonte: SENAI (2016)
A próxima orientação é mensurar os dados no circuito real e obter os gráficos de comportamento com a
utilização de um osciloscópio. Conforme se pode verificar no quadro anterior, os valores médio e eficaz da
tensão de saída são muito próximos em todas as situações, e isso pode dificultar a análise. No entanto, com
a análise gráfica é possível verificar que quando o diodo está em curto-circuito os tempos de comutação
dos diodos não estão ocorrendo corretamente, ou seja, a frequência de chaveamento da tensão de saída
da situação 1 é duas vezes maior do que a frequência desejada.
Estas conclusões prévias podem auxiliar a interpretação dos dados obtidos em osciloscópio. A
simulação apresentada foi um exemplo simples da aplicação dos simuladores para auxiliar no processo de
manutenção de um circuito eletrônico. Outras situações podem ser previstas e simuladas, como fugas no
circuito, comportamentos inesperados da carga, ruído no sinal de alimentação etc.
As portas lógicas e outros sistemas lógicos são encontrados em muitas combinações diferentes e
resultam em um universo vasto de funcionalidades que são úteis para aplicações em geral. Algumas portas
lógicas básicas são apresentadas, no quadro, a seguir, com suas respectivas tabelas de possíveis resultados,
conforme os valores de entrada (tabela verdade).
E S
Não (Not) E S 0 1
1 0
A B S
A 0 0 0
Ou (Or)
S 0 1 1
B 1 0 1
1 1 1
A B S
A 0 0 0
S
Existem também muitos componentes eletrônicos com funções lógicas que podem ser facilmente
estudados e analisados em simulação por computador, com o uso do software apropriado. Softwares como
o Proteus, por exemplo, que possui uma vasta biblioteca de componentes eletrônicos e portas lógicas
que auxiliam a simulação de sistemas digitais. Alguns exemplos são listados, no quadro, a seguir, para
esclarecer o tipo de componente que está sendo abordado.
COMPONENTE DESCRIÇÃO
7408 CI com quatro portas “E”
7432 CI com quatro portas “OU”
7476 Flip-Flop
4017 Sequenciador lógico de 10 bits
AT29C512 Memória Flash de 512M-32bits
Quadro 46 - Exemplo de componentes que realizam lógica digital
Fonte: SENAI (2016)
Considere um circuito eletrônico que possua entradas e saídas digitais, cujo funcionamento é
determinado por entradas de sinais (sensores, botões etc.). Utilize o software Proteus para realizar a
simulação deste circuito. O circuito proposto é esquematizado e as suas saídas são observadas em simulação
de modo a verificar o padrão de funcionamento conforme as variações dos estados de entrada do circuito.
Dessa forma, o comportamento ideal do circuito pode ser predito à medida que se realizar os testes da
placa eletrônica em bancada, com o auxílio de geradores de função para inserção dos sinais de entrada,
chaves de testes e de instrumentação na medida adequada, como osciloscópios que permitem verificar a
condição do sinal ao longo do tempo, conforme apresenta a figura a seguir.
Istock ([20--?])
Um serviço de manutenção não finaliza com as práticas de conserto e limpeza, sejam elas por intervenção
em hardware ou em software do sistema. É necessário garantir que a manutenção tenha sido realizada
adequadamente e que o sistema se comporte conforme as suas especificações exigem.
A abordagem desta validação pode variar de sistema para sistema, conforme as características e funções
específicas de cada um destes sistemas ou equipamentos. No entanto, pode-se elaborar um planejamento
geral que enquadra funções básicas que são bastante comuns em sistemas eletrônicos.
ETAPA DESCRIÇÃO
1 Validação da planilha de diagnóstico. Conferir se todos os defeitos e falhas diagnosticados tenham sido eliminados.
2 Validação das funções básicas. Testes das funções básicas do sistema.
3 Validação em condições de trabalho. Teste do sistema em regime de trabalho (nominal).
Quadro 47 - Descrição das etapas de validação da manutenção
Fonte: SENAI (2016)
No primeiro caso, você deve verificar se nada foi esquecido, no segundo caso se o sistema inicializa
e no terceiro se o sistema consegue operar e realizar as funções para qual foi projetado. Cada etapa será
observada e estudada com detalhes a seguir.
Todas as inconsistências reportadas durante a etapa de diagnóstico podem ser novamente testadas
de modo a verificar se o serviço de conserto eliminou realmente as inconsistências observadas durante os
testes de diagnóstico.
O quadro, a seguir, apresenta um exemplo de defeitos encontrados em um circuito eletrônico de uma
lavadora de roupas. A medida que as ações de conserto e limpeza foram realizadas para solucionar os
problemas encontrados, é possível fazer nova sondagem sobre o circuito e realizar novamente os testes
nos trechos cujo defeitos foram localizados.
A medida que se verifica que algumas falhas e defeitos persistem mesmo após as ações de conserto, é
preciso realizar um diagnóstico mais detalhado, pois algum detalhe pode ter sido negligenciado ou não
observado durante o diagnóstico, escondendo as origens reais do defeito. Quando isso acontece, é preciso
reiniciar o processo de diagnóstico, para assim realizar novas ações de conserto. No entanto, antes de
interromper o processo de validação, recomenda-se por realizar todos os ensaios de diagnósticos desta
etapa para fazer um levantamento geral de todos os problemas que foram consertados e não consertados.
Os testes de diagnósticos, em geral, são localizados e focados em partes específicas de um circuito e não
necessariamente abrangem o funcionamento do circuito ou do sistema como um todo. Dado que as falhas
e os defeitos do diagnóstico de um circuito eletrônico tenham sido eliminados, parte-se para a realização
de uma validação do funcionamento das suas configurações elementares.
Não se recomenda realizar o teste inicial com a inserção de todas as funções do sistema ao mesmo
tempo, conectando sensores, cargas, acessórios ou qualquer entrada ou saída. É preferível iniciar um teste
leve, em que as funções do sistema são incorporadas a cada novo teste com base no sucesso do teste
anterior. Desta forma, se houver algum ponto com defeito desconhecido no sistema, este poderá ser
localizado com maior facilidade e não haverá um possível acúmulo de defeitos, diminuindo os riscos de
danificar novamente o circuito eletrônico.
a) Procedimento padrão
Em geral, os primeiros passos do teste dos circuitos eletrônicos podem ser feitos em bancadas, só
necessitando realizar a instalação no sistema nos passos posteriores, em que se vê a necessidade de testar
todas as funções do sistema.
b) Primeiro passo: teste inicial
O primeiro teste que se recomenda é conectar somente o circuito eletrônico a sua alimentação principal,
deixando todos os seus terminais de entradas e saídas de circuitos e dispositivos auxiliares em aberto, ou
seja, sem conexão. Veja, na figura, a seguir, um exemplo de bancada de teste.
Istock ([20--?])
Deve-se utilizar fontes de alimentação com tensão elétrica e capacidade de corrente coerentes com
a especificação do circuito eletrônico. Normalmente, estas informações se encontram no manual do
equipamento.
Com a utilização de equipamentos de medição (multímetro ou osciloscópios) é possível realizar
testes elétricos nos principais pontos do circuito. Verificar se as tensões elétricas se encontram nos níveis
desejados e se atingem os pontos que são necessários, por exemplo, a tensão elétrica da saída da fonte de
alimentação ou a tensão elétrica sobre os principais circuitos integrados ou a tensão elétrica nos conectores
de saída etc.
Outro teste possível é um exame térmico do circuito eletrônico. Com a utilização de câmeras térmicas é
possível verificar se há pontos quentes nos circuitos, cuja temperatura excede o que se espera para aquela
parte do circuito, especialmente para um circuito eletrônico trabalhando sem nenhuma carga.
c) Segundo passo: status do circuito
Em alguns sistemas é possível verificar visualmente o status de um circuito eletrônico por meio de
displays, LEDs, avisos sonoros. Outros possuem um sistema de interação com o usuário (interação homem
máquina - IHM), que permite a configuração e a leitura de várias funções e parâmetros.
Por exemplo, há sistema de central contra incêndios que possui painéis luminosos que informam as
condições atuais do sistema, inclusive identificam erros e defeitos do sistema.
IStock ([20--?])
Este IHM é o primeiro circuito externo que se recomenda ser integrado ao circuito eletrônico principal
para realização do segundo teste, incluindo teclados ou qualquer outro tipo de terminal que permita a
entrada e a saída destes dados.
Neste passo, deve-se testar o acesso e a leitura de todas as funções permitidas pelo sistema. Isso pode
ser feito com o auxílio do manual do equipamento. É, aqui, também, que os ajustes finos do sistema podem
ser realizados, como as sintonias de parâmetros, o brilho de displays, som de volume etc.
Quando houver alguma impossibilidade de configuração ou navegação, pode-se haver indícios de
problemas não solucionados, sejam estes de software ou hardware.
STATUS SENSORES
SENSOR N12: OK
Reiniciar CONEXÃO 0
A figura anterior apresenta a inserção dos sensores de uma central de incêndio. Em alguns equipamentos
o próprio equipamento, por meio do sistema de interface com o usuário, indica se os sensores foram
conectados com sucesso ao circuito principal.
Este tipo de teste também pode ser realizado em bancadas, com o uso de gigas, que simulem tais
dispositivos ou até mesmo com a utilização destes dispositivos em bancada, quando a aplicação e as
condições assim permitirem. De outro modo é preciso levar o circuito até a aplicação para realizar os testes.
e) Quarto passo: testes complexos
Os circuitos de potência, como cargas que exigem um processamento maior de energia da placa
principal, podem ser conectados por último. Exceto quando há desconfiança direta sobre o funcionamento
de tais dispositivos, devendo-se então antecipar o teste no circuito principal conectando-se o menor
número de dispositivos.
Nesta etapa estaria envolvido o teste de motores, iluminação, aquecedores resistivos, entre outras
funções que possuem consumo de corrente elevado em relação a potência total do sistema.
Em muitos casos, esta etapa do sistema não é possível ser realizada em bancada, quando a utilização de
gigas se torna inviável, sendo necessário, instalar o sistema diretamente na aplicação.
Exemplo
Traz-se de volta o exemplo da máquina de lavar, depois de eliminados todos os defeitos diagnosticados
no circuito eletrônico principal e dispositivos auxiliares, o quadro, a seguir apresenta um procedimento de
testes básicos proposto para este sistema.
Nestes testes mencionados no quadro anterior são possíveis averiguar o funcionamento básico de cada
parte do sistema e culminando, na quarta etapa, no teste do circuito com todas as suas funções.
Se novos defeitos são relatados em uma destas etapas, o teste precisa ser interrompido e as inconsistências
devem ser registradas, retornando-se as etapas de diagnóstico e manutenção.
Os testes elementares são necessários para garantir que o sistema esteja operando dentro das condições
mínimas necessárias. No entanto, isso ainda não quer dizer que o sistema esteja livre de falhas ou defeitos,
especialmente quando estes são mais difíceis de serem detectados, pois só ocorrem em condições
específicas de funcionamento, ou seja, em momento de estresse de carga, térmico etc.
Para garantir que o sistema está livre de tais falhas e defeitos é preciso realizar testes de validação que
coloquem o sistema em operação mais próximo de seus limites de operação. Para isso é importante realizar
os ensaios diretamente na aplicação.
a) Validação com tempo prolongado
Uma forma de realizar um teste de validação mais confiável é manter o sistema em funcionamento por
um tempo de operação prolongado, conforme cada tipo de aplicação.
O que é um tempo prolongado? Há aplicações que tendem a ficar conectadas direto na energia elétrica
como é o caso da central de alarme de incêndio, outras funcionam periodicamente, como do forno micro-
ondas.
Nem todas as falhas e defeitos se pronunciam de maneira instantânea e simultânea a alimentação do
circuito, muitas vezes tais problemas só surgem em condições específicas.
b) Teste com carga
Outro teste importante para a etapa de validação de um serviço de manutenção consiste em colocar
o circuito em funcionamento sobre condições de operação que exigem maior esforço dos circuitos
eletrônicos por um tempo determinado.
Este tipo de ensaio pode se refletir de diversas maneiras, dependendo das funções que o circuito
eletrônico possui. Alguns exemplos são apresentados a seguir.
c) Cargas resistivas
Os circuitos que possuem saída elétrica para iluminação, aquecimento ou qualquer outro tipo de carga
com características resistivas podem ser testados com a aplicação da carga nominal. Por exemplo, seja uma
central de iluminação que possui uma potência máxima de 100 W para lâmpadas de 12 V, é possível testá-la
em bancada com a utilização de cargas resistivas que simulem o consumo de potência.
d) Acionamento de motores elétricos
Os motores elétricos possuem características dinâmicas de operação, alterando o consumo de energia
conforme varia a carga mecânica em seu eixo.
Ter a disponibilidade de bancadas com motores e dinamômetros não é algo tão comum em um
laboratório de eletrônica. Normalmente, os ensaios deste circuito se dão na própria aplicação, como o
exemplo já exposto da máquina de lavar roupas.
e) Outras cargas
Nem todo circuito possui necessariamente terminais de saída para alimentação e controles de carga. No
entanto, não deixam de possuir situações cujo o funcionamento requer maior esforço de seus componentes.
São nestas situações que os circuitos precisam processar maior quantidade de energia ou de informações,
tendo consequentemente um comportamento térmico mais dinâmico. É justamente em tais situações
que os defeitos ou falhas podem se apresentar e mostrar seus efeitos. Portanto, é importante testar estas
condições para garantir que o trabalho de manutenção foi realizado com sucesso.
Uma televisão, por exemplo, pode ser testada com o ajuste de seu volume no máximo durante um
período mínimo (30 minutos por exemplo). Um micro-ondas pode ser testado na potência máxima. Uma
central contra incêndios pode ser forçada a soar o alarme consecutivas vezes.
f ) Comunicações
Circuitos eletrônicos que possuem algum tipo de comunicação podem ser testados exaustivamente
com o auxílio de gigas de comunicação, softwares de computadores ou dispositivos específicos do próprio
sistema que possuem esta função, por exemplo, o encoder que transmite as informações da velocidade do
motor para um circuito eletrônico ou sensores que utilizam protocolos de comunicação específicos.
g) Validação sobre condições específicas
Quando o circuito é projetado para trabalhar em ambientes de temperaturas elevadas ou confinados,
este fator tem grandes chances de ser um causador de defeitos e falhas. Portanto, ao realizar a manutenção
deste tipo de sistema, é interessante, quando possível, submeter o circuito eletrônico a algum tipo de
estresse térmico.
O ideal é realizar o teste diretamente na aplicação, em que as condições propicias estão presentes. No
entanto, isso pode ser realizado também com testes em estufas, em laboratório.
h) Exemplo
Volta-se aqui ao exemplo da lavadora de roupas, prosseguindo a etapa de testes de validação. O quadro,
a seguir, apresenta alguns testes mais robustos para o sistema cuja manutenção foi realizada, supondo que
a lavadora não possua nenhum defeito mecânico.
1 Teste com tempo prolongado. Lavação com período de 1 hora (lavagem e centrifugação).
Um teste prolongado em uma lavadora de roupas pode ser realizado testando a máquina em uma
função de lavagem normal, com a inserção de retalhos para que o sistema não opere sem que executa uma
função.
O teste precisa ser acompanhado de perto para verificar se a máquina é capaz de realizar todos os
procedimentos com base no que é determinado pelo fabricante do equipamento. Geralmente, esta
informação pode ser extraída do manual do usuário do equipamento.
RECAPITULANDO
Neste capítulo você conheceu um pouco sobre as técnicas básicas empregadas para realizar um
serviço de manutenção em um sistema eletrônico, assim como obter conhecimento essencial do
conjunto de falhas e de defeitos que atingem os equipamentos em geral.
Por meio destes conhecimentos, você poderá atuar diariamente realizando a manutenção
de circuitos e sistemas eletrônicos, através da aplicação de técnicas de diagnóstico de falhas e
reparação de circuitos eletroeletrônicos. Definirá as medições a serem realizadas em função do
diagnóstico de falhas e defeitos encontrados, podendo também diagnosticar falhas, defeitos e
suas possíveis causas em circuitos e sistemas eletrônicos a partir do histórico de manutenção.
Será, ainda, capaz de selecionar os recursos computacionais específicos em função da realização
de testes de circuitos e sistemas eletrônicos, além de realizar testes considerando os modos de
operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos e propor melhorias a partir dos resultados
do desempenho do processo de manutenção.
Por fim, os conceitos apresentados o ajudarão a direcionar o trabalho de manutenção para
encontrar uma forma eficiente de identificar e solucionar as falhas e os defeitos em hardware e
software.
A partir destas informações básicas, é possível iniciar um caminho de aprendizado sobre técnicas
e ações de manutenção que pode ser aprimorado a cada dia. Lembre-se de que a eletrônica está
em constante avanço e todos os dias surgem novas tecnologias, assim como novas técnicas que
precisam ser aprendidas para lidar com estas inovações.
A manutenção realizada precisa ser documentada para ser consultada historicamente quando necessário.
Este processo exige disciplina e pessoas treinadas para o registro adequado da manutenção. Desta forma,
é possível que seja mantida as informações pertinentes ao processo de manutenção e disponibilize as
informações para o sistema de gestão da manutenção.
O registro das informações da manutenção pode ser feito de acordo com formulários de registro ou por
meio de softwares de gestão administrativa da manutenção. Os registros essenciais da manutenção são o
registro da necessidade de manutenção, o registro de defeitos e os relatórios técnicos e gerenciais.
Na manutenção pode ser observado se um determinado sistema vem sofrendo defeitos além do
esperado. A partir disso, deve verificar se vale a pena investir em equipamentos novos para melhorar o
índice de produtividade versus falhas ocorridas durante o processo. Durante muito tempo foi realizada a
manutenção sem o registro adequado, logo, não se conseguia realizar a gestão da manutenção, porém,
diante da necessidade de gerenciar os processos, os registros passaram a ser feitos para se garantir o
controle da qualidade e a administração da manutenção.
MENTO
Istock ([20--?]), Sabrina Farias (2017)
PLANEJA
Figura 99 - Planejamento
Por meio da gestão da manutenção é possível que seja feita a priorização das atividades de manutenção,
além da obtenção de dados para a tomada de decisões e para a criação dos padrões e normas da
manutenção. A documentação do sistema de gestão pode ser armazenada por meio de arquivos ou de
sistemas informatizados, estes últimos proporcionam uma ligação com outras áreas da empresa. E, pode
haver também um misto entre controle de documentos por arquivo e por sistemas informatizados.
É importante que seja feita a gestão de manuais e catálogos de peças dos equipamentos para que se
tenha as informações prontamente. Ressalta-se que pode haver a necessidade de se realizar a manutenção
por terceiros, e este serviço também deve ser documentado pelo sistema de gestão da manutenção da
empresa.
Neste documento fica registrado o defeito que o circuito apresentou, com isso tem-se o histórico das
falhas do dispositivo. Segundo VIANA (2002, p. 38), a ordem de manutenção “[...] consiste na autorização de
trabalho de manutenção a ser executado, ela é a base da “ação” do homem da manutenção, pois exterioriza
o “trabalho”, organizando-o e registrando-o.”
É importante ressaltar que todos os equipamentos da empresa (usados e novos) precisam estar
cadastrados no sistema de gestão da manutenção para serem monitorados periodicamente.
Registro de defeitos
Após receber o registro de necessidades, você precisa fazer o diagnóstico da falha e realizar a manutenção,
será necessário que seja preenchido o registro de defeitos. Este apontamento muitas vezes acompanha a
ordem de manutenção, que informa o procedimento realizado e o defeito que acaba de ser corrigido.
A figura, a seguir, apresenta um exemplo de ordem de serviço com registro de defeito. Observe.
Conforme apresentado, na figura anterior, todos os campos da ordem de serviço precisam ser
preenchidos desde o número da ordem de serviço, a data do diagnóstico, o setor em que será realizado a
manutenção, o modelo e o código do equipamento, o nome do técnico responsável pela manutenção, a
descrição do serviço, as horas destinadas a manutenção e o registro de defeito.
O registro de defeitos e a ordem de manutenção poderão auxiliar no desenvolvimento dos padrões de
manutenção. Estes padrões estabelecem problemáticas e soluções conhecidas, que devem estar de acordo
com as normas para orientação do serviço de manutenção. Com estas informações, é possível que mesmo
técnicos menos experientes possam realizar manutenções mais complexas.
Após o preenchimento por escrito e a conclusão do serviço de manutenção, é importante que o
documento da ordem de serviço seja devidamente arquivado ou digitado em software de gestão da
manutenção, mantendo os registros de forma computacional, ou, ainda, manter os dois casos. Muita
informação sobre o registro de defeitos vem sendo tratada pelo setor de assistência técnica da empresa
que fabrica o equipamento. Portanto, o fabricante poderá fornecer peças genuínas e de qualidade para
garantir a qualidade do serviço de manutenção.
Relatórios
Os relatórios servem para relatar um acontecimento, um dado, um processo ou um sistema a ser
melhorado. Eles são usados em manutenção para evidenciar a atividade da manutenção, mantendo-se o
histórico para posterior consulta. Os relatórios de utilização, por exemplo, indicam qual o percentual de uso
de um equipamento e qual o percentual em que este estava em manutenção, possibilitando o estudo de
melhorias ou a troca por um novo.
Quando os relatórios são utilizados para elaborar indicadores, estes podem servir para avaliar os serviços
de manutenção e auxiliar nas tomadas de decisão. A figura a seguir apresenta o exemplo de alguns dados
de um relatório de disponibilidade.
75
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
M001 M002
Figura 102 - Exemplo de dados de um relatório de disponibilidade
Fonte: SENAI (2016)
Estes e outros tipos de informações podem compor relatórios técnicos de manutenção. Os modelos
de relatórios devem ser feitos em função das necessidades da gestão da empresa, e de acordo com os
requisitos necessários para a eficácia e a eficiência dos processos e produtos.
Usualmente, os softwares de gestão da empresa possuem relatórios pré-definidos, além da possibilidade
de customizá-los conforme a necessidade de análise e tomadas de decisão estratégicas da empresa.
Outros exemplos de relatórios técnicos contemplam o parecer (ou laudo) técnico. Por meio dele é
informado o estado de um produto após a falha, a causa da falha e o percentual de influência desta no
sistema. O laudo é requerido em questões em que se necessita documentar a ocorrência e deve conter o
parecer técnico feito por profissional capacitado, qualificado e habilitado.
A segurança no trabalho faz com que o colaborador consiga realizar suas atividades de forma confiante
e gerando mais benefícios também para a empresa. Estes benefícios podem ser na produtividade, no
ambiente profissional e no relacionamento interpessoal.
Os aspectos ligados a segurança do trabalho representam a integridade física e psicológica do
colaborador. Os riscos de acidentes são minimizados com o uso de equipamentos de proteção individual
(EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs).
Existem outros recursos que visam a segurança do trabalhador, como por exemplo, comando bimanual
nos equipamentos, botão de emergência, sensores infravermelho e sistemas de proteção humana nos
sistemas. Diante destes recursos, é possível que haja uma maior segurança do colaborador no ambiente
de trabalho.
4.2.1 NORMAS
Para o cumprimento das ações de segurança são criados procedimentos, que indicam passo a passo,
a forma de se fazer as atividades de manutenção com segurança. O procedimento de segurança precisa
ser claro e objetivo visando a fácil compreensão das ações. Tem-se como objetivo de os procedimentos
reduzir/evitar os acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais.
A norma regulamentadora (NR) 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade, trata da
segurança nos serviços em eletricidade. Ela estabelece os requisitos mínimos para o controle e a prevenção,
de forma a manter a saúde e a segurança dos trabalhadores.
A NR 10 atua nas medidas preventivas de controle dos riscos para que haja a segurança e a saúde
no ambiente de trabalho, nas medidas de proteção coletiva e individuais, e, também, no projeto de
equipamentos prevendo as questões de segurança e desligamento do sistema em caso de perigo para o
operador do equipamento ou outras pessoas.
Esta norma trata ainda da construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas,
além da segurança em instalações elétricas energizadas e desenergizadas e de trabalhos envolvendo
alta tensão. Além disso, há outro ponto tratado pela norma que é a proteção contra incêndio e explosão,
sinalização de segurança, procedimentos de trabalho e responsabilidades.
Existe também a NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, que trata de
princípios técnicos e medidas de proteção para que sejam instalados os sistemas de proteção elétrica e
mecânica para garantir a segurança do operador do sistema e das pessoas inseridas no ambiente onde o
dispositivo se encontra. Com a inclusão desta norma, os equipamentos passaram por mudanças de projeto
e adaptações nos antigos e continuam sendo aperfeiçoadas para garantir a segurança do operador.
Estas normas supracitadas visam reduzir os acidentes de trabalho e os problemas de saúde ocupacional,
que o colaborador está sujeito a sofrer. Elas são importantes por manter um padrão das informações
pertinentes a segurança das pessoas no local de trabalho, além de contemplar os conhecimentos
necessários para se trabalhar de forma segura e com saúde.
Quando se trabalha com eletricidade existe o risco de choques elétricos ou eletrostáticos. Segundo
BARBOSA FILHO (2011, p. 114), “O choque elétrico é uma perturbação que se manifesta no organismo
humano, quando é percorrido por uma corrente elétrica.” Ou seja, ocorre quando o corpo humano fornece
um caminho de corrente para um circuito elétrico, em outras palavras, quando uma pessoa encosta em
dois condutores energizados (positivo e negativo, fase e neutro ou fase e terra) uma corrente flui através
do corpo humano, que é a resultante da resistência de contato do corpo humano mais a resistência interna
do corpo humano.
O trecho corpo humano entre os dois pontos de contato pode ser resumido como uma resistência
elétrica equivalente, que é a soma da resistência entre cada camada do corpo humano e o trecho cuja
corrente flui.
A figura, a seguir, mostra como o corpo humano reage em um circuito elétrico de modo a entender as
consequências de um choque-elétrico.
Istock ([20--?])
Figura 103 - Choque Elétrico
Quanto menor o valor desta resistência, maior será a corrente que fluirá através do corpo humano,
sendo este o principal valor determinante da gravidade do choque elétrico. Os efeitos decorrentes do
choque elétrico, no corpo humano, dependem de diversos fatores, conheça alguns no quadro, a seguir.
FATORES DE UM CHOQUE
DESCRIÇÃO
ELÉTRICO
Quanto maior a corrente que flui através do corpo, maiores são os riscos à saúde e à vida da
Intensidade de corrente elétrica.
vítima.
Os mais importantes para as funções humanas, como é o caso do coração, são também os mais
Órgãos internos atingidos. sensíveis, e, quando uma corrente elétrica encontra um caminho através destes órgãos, os riscos
à saúde e à vida também são maiores.
O tempo de duração do choque também é um agravante, mesmo para níveis baixos de tensão,
Tempo de duração do choque.
podendo levar à morte devido a fibrilação ventricular do coração.
Em caso de sinais alternados, as correntes elétricas que possuem menor frequência (entre 20 e
100 Hz) são as que oferecem maior risco, especialmente porque é dentro desta faixa que existe
Frequência dos sinais.
maior possibilidade de fibrilação ventricular do coração. Os efeitos de frequências maiores estão
mais relacionadas às queimaduras.
Quanto maior a área de contato de um choque elétrico, menor a resistência de contato, o que
Área de contato.
aumenta a corrente que flui através do corpo humano.
FATORES DE UM CHOQUE
DESCRIÇÃO
ELÉTRICO
O corpo das pessoas reage de formas diferentes quando submetidas a choques com as mesmas
características. Isso depende da idade e das condições de saúde, o que pode aumentar a
Estado de saúde do indivíduo. gravidade de um acidente elétrico para o corpo humano. Pequenos choques podem não ser
muito agressivos para uma pessoa jovem e saudável, no entanto, poder levar a morte uma
pessoa idosa ou com algum problema sério de saúde (indivíduo com marcapasso, por exemplo).
Quadro 51 - Fatores determinantes e consequências do choque elétrico
Fonte: adaptado de Brasil (2016)
Segundo a norma NR - 10, os níveis de tensão relacionados a baixa e a extrabaixa tensão são apresentados,
no quadro, a seguir.
FAIXA
CLASSIFICAÇÃO
TENSÃO CONTÍNUA TENSÃO ALTERNADA
Extrabaixa tensão (EBT) Até 120 V Até 50 V
Baixa Tensão (BT) 120 – 1.500 V 50 – 1.000 V
Média e alta tensão (MT) Acima de 1.500 V Acima de 1.000 V
Quadro 52 - Classificação por níveis de tensão (NBR 5410)
Fonte: ABNT (2008)
Em eletrônica a maioria dos circuitos costumam operar com níveis de tensão elétrica baixos (extrabaixa
tensão), que não necessariamente trazem o risco de choques elétricos, considerando que o contato
humano pode gerar mais danos ao circuito e aos componentes do que para o próprio corpo humano. No
entanto, os circuitos de alimentação ou de carga podem possuir níveis de tensão maiores e trazer riscos aos
seres humanos, já que muitos circuitos são alimentados por meio da rede elétrica (baixa tensão), banco de
baterias e geradores que possuem níveis de tensão e potência que são perigosos para o corpo humano.
Os sintomas de um choque elétrico ao corpo humano podem variar de mal-estar, náuseas, cãibras
musculares, dores de cabeça, falta de ar, arritmias cardíacas e podem resultar em complicações descritas,
no quadro, a seguir.
COMPLICAÇÕES DESCRIÇÃO
Queimaduras. O excesso de temperatura pode queimar a pele e a estrutura dos órgãos internos.
Outras consequências danosas podem ocorrer devido a um choque elétrico, como a queda ao chão
ocasionando a batida de cabeça, que pode ter consequências graves para o corpo humano. Lembre-se
que durante o serviço de execução de uma tarefa que contenha riscos de choques elétricos deve-se utilizar
acessórios necessários para diminuir os riscos e evitar os acidentes.
Istock ([20--?])
Figura 104 - Aterramento em bancada
Fonte: SENAI (2016)
O aterramento adequado também é importante para o funcionamento correto dos sistemas de proteção
de uma instalação, assim como para garantir que os equipamentos de medida e instrumentação operem
com precisão.
b) Extintor de incêndio
Todo e qualquer laboratório necessita de equipamentos contra incêndio, porém não é qualquer tipo de
extintor de incêndio que pode ser utilizado no laboratório de eletrônica, por exemplo, os extintores de água
não devem ser utilizados em equipamentos elétricos ou eletrônicos, porque a água pode se comportar
como um condutor elétrico e tornar o problema ainda pior. Neste caso existem extintores especiais, da
classe C, que utilizam uma combinação de pó químico, sendo o de dióxido de carbono (CO2) bastante
indicado. Este tipo de extintor (figura a seguir) age por abafamento do fogo.
Istock ([20--?])
Além da presença deste EPC, outro fator importante é a localização do equipamento no laboratório.
O extintor precisa ficar em local de fácil acesso e bem identificado. Não se deve colocar nada abaixo ou
próximo do local onde esteja localizado o extintor, de modo a não prejudicar o acesso no momento em
que for necessário, no caso de um incêndio, em que cada segundo conta.
A manutenção preventiva deste equipamento é necessária para mantê-lo em dia. Quando um extintor
está apto a operar adequadamente recebe o certificado de conformidade do Inmetro (Portaria n.º 486, de
2010). Conforme esta mesma Portaria, os extintores de pó químico devem ser inspecionados a cada seis
meses para avaliar se houve alguma perda de carga ou pressão. Quando a perda extrapolar 10% do volume
total, o extintor deve necessariamente passar por um procedimento de recarga.
c) Organização
A organização de um laboratório é essencial para garantir um trabalho eficiente, no entanto, é também
importante para evitar acidentes e riscos de choques-elétricos.
Quando as ferramentas, os componentes, os cabos, as peças e os equipamentos ficam aleatoriamente
posicionados em uma bancada, torna-se difícil discernir o que está ligado à energia daquilo que não
está. Dessa forma é mais difícil evitar que um braço encoste em um condutor ou peça energizada ou
que uma ferramenta ocasione um curto-circuito, que pode resultar em um incêndio, entre tantos outros
exemplos de acidentes que podem acontecer em um laboratório. A desorganização, em geral, aumenta
consideravelmente os riscos de incidentes.
d) Sinalização
A sinalização das áreas de risco dentro de um laboratório serve para informar os espaços que devem
ser evitados, ou para a necessidade de desconectar a energia de equipamentos antes de acessar tal área,
conforme mostra a figura a seguir.
PERIGO
CHOQUE
Andressa Vieira (2017)
ELÉTRICO
Figura 106 - Alerta de risco de choque elétrico
Fonte: SENAI (2016)
É comum existir fontes e cargas eletrônicas que são alimentadas por meio de conector que possuem
pouca isolação elétrica, muitas vezes, conectados em níveis de energia elevados para um laboratório de
eletrônica, por exemplo, uma tensão trifásica de 380 V.
Outros tipos de sinalização indicam a área de testes, onde os componentes, as ferramentas e os
acessórios devem ser armazenados, além das saídas de emergência em caso de incêndio.
b) Luvas
As luvas antiestáticas protegem os circuitos eletrônicos mais sensíveis de sofrer avarias. No entanto,
quando é preciso trabalhar com tensões mais elevadas, é necessário utilizar luvas que garantam a proteção
contra o risco de choques elétricos.
Istock ([20--?])
Figura 108 - Luvas de borracha isolante
As luvas de borracha com isolação da classe 00 (tensão nominal até 500 V e 2500 V de tensão de pico)
são em geral suficientes para trabalhar com a maioria das aplicações de sistemas eletrônicos, podendo ser
utilizadas para trabalhos em baixa tensão. Este tipo de proteção precisa estar em condições impecáveis para
garantir a segurança especificada, além de ficar atento ao prazo de validade do produto que é informado
pelo fabricante, substituições são necessárias dentre um período (em torno de 10 anos).
c) Proteção auricular
Em ambientes que esteja envolvido o fator de poluição sonora e a poluição do ar, é recomendável a
utilização de proteção auricular, conforme mostra a figura a seguir.
Istock ([20--?])
Este equipamento protege o canal auditivo do excesso de ruído, poeira e ventos. Ainda que os ruídos
não ultrapassem níveis sonoros permitidos, a exposição por longos períodos, também pode ser prejudicial,
além de resultar em cansaço e dificultar a concentração.
d) Máscaras
As máscaras de proteção são úteis para ambientes em que haja a presença de fumaça, como no
momento da soldagem de componentes por tempo prolongado. Ela evita a absorção constante de fumaça
de modo a prevenir dores de cabeça, náuseas, irritações ou problemas respiratórios.
Istock ([20--?])
Figura 110 - Máscara de proteção
FIQUE A utilização dos EPIs não anula a necessidade das demais proteções coletivas. Em uma
empresa o uso de EPI faz parte de um conjunto de ações preventivas. Dependendo
ALERTA da atividade do funcionário, o uso de certos equipamentos de proteção é obrigatório.
Lembre-se que os equipamentos precisam ser testados e certificados por órgãos competentes, ou seja,
empresas de certificação que sejam reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação.
Vá em frente e estude os aspectos ligados ao meio ambiente e relacionados à manutenção podem
afetar o seu cotidiano como técnico em eletrônica responsável com a preservação do meio ambiente.
Durante os serviços de manutenção de sistemas eletrônicos são gerados muitos resíduos como soldas
de liga de chumbo, fios condutores, componentes eletrônicos, plásticos, metais, colas e outros compostos
e produtos químicos que são utilizados no processo. Estas sucatas, proveniente de equipamentos e
processos laboratoriais e industriais em eletrônica, são compostas de diversos materiais, entre os quais o
ferro, cobre, chumbo, alumínio, zinco, ouro, prata, entre outros.
Segundo Tachizawa (2005, p. 23), “Um dos maiores desafios que o mundo enfrenta neste novo milênio
é fazer com que as forças de mercado protejam e melhorem a qualidade do ambiente, com a ajuda de
padrões baseados no desempenho e uso criterioso de instrumentos econômicos, num quadro harmonioso
de regulamentação.” Ou seja, é preciso encontrar uma forma de lidar com estes rejeitos provenientes dessas
atividades técnicas, seja em um processo de produção ou de manutenção, de modo tais resíduos recebam
um fim adequado. Istock ([20--?])
Para que haja um procedimento consciente e bem estruturado para lidar com os resíduos eletrônicos é
preciso atender os objetivos básicos listados, no quadro, a seguir, os quais estão interligados.
OBJETIVOS BÁSICOS
Preservar os recursos naturais.
Evitar a poluição do meio ambiente.
Preservar a saúde das pessoas.
Bem-estar das pessoas.
Quadro 54 - Objetivos para conscientização ambiental
Fonte: SENAI (2016)
Tachizawa (2005, p. 85) diz que, “A responsabilidade social está se transformando num parâmetro, e
referencial de excelência, para o mundo dos negócios e para todo o Brasil corporativo.” Ou seja, as empresas
se fazem consciente das ações necessárias para manterem o equilíbrio ambiental, e estão caminhando
continuamente para esta conservação.
No setor eletrônico, existem componentes que são bastante agressivos ao ambiente quando descartados
de forma incorreta. Quando estes materiais são descartados em lixões ou a céu aberto, as substâncias ao
serem absorvidas pelo solo afetam especialmente a qualidade das águas e do solo.
Recursos naturais
Os recursos naturais são limitados e têm um custo econômico e ecológico para sua extração e produção
para fabricação de materiais e componentes, especialmente aqueles que possuem metais e plásticos em
sua composição. Muitos recursos não são renováveis, como é o caso do petróleo e seus derivados, portanto,
há necessidade do uso consciente, sem desperdícios.
Saúde humana
O lixo de sistemas eletrônicos possui muitas substâncias prejudiciais também para o ser humano, como
é o caso do chumbo, cádmio, mercúrio, zinco, entre outras.
A ingestão inadequada destas substâncias pode causar vários tipos de doenças, por exemplo, doenças
respiratórias, fraquezas, reações alérgicas, e, muitas vezes, resultar em problemas mais sérios, como
cânceres provenientes de substâncias tóxicas como o cádmio e o chumbo.
A ISO 14.000 (International Organization for Standardization (ISO)) é uma série de normas ambientais
elaboradas exclusivamente para as indústrias. As empresas que seguem tal norma garantem a certificação
e sinal verde para vender seus produtos em mercados mais restritivos, que exigem um comprometimento
ambiental mais assíduo.
Esta ISO é composta de normas, dentre as principais são citadas e descritas, no quadro, a seguir.
NORMAS DESCRIÇÃO
ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental
ISO 14010, 14011, 14012 Auditorias Ambientais
ISO 14020, 14021, 14022 Rotulagem Ambiental
ISO 14031 Desempenho Ambiental
ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida
ISO 15060 Aspectos Ambientais em Normas de Produtos
Quadro 55 - Família ISO 14.000
Fonte: SENAI (2016)
Estas normas determinam os principais elementos que devem ser implementados em um sistema
de gestão ambiental de uma empresa, seja privada ou pública. Estes elementos afetam os processos e
ações das atividades da indústria onde são implementados, e baseados em princípios de conscientização
ambientais para mudança de atitudes, conforme apresenta o quadro a seguir.
Além das ações necessárias definidas pela norma, a certificação ISO 14.000 é rigorosa e para uma empresa
manter este selo é preciso passar por constantes auditorias e avaliações de desempenho ambiental de
modo a garantir que as ações realizadas estejam trazendo os efeitos esperados e que tudo caminhe dentro
da legislação vigente no país.
Além da ISO 14.000 outras normas também estão envolvidas, de forma direta ou indireta, em assunto
relacionados ao meio ambiente, como por exemplo, a ABNT NBR 10.004, que trata da classificação dos
resíduos sólidos.
4.3.3 INICIATIVAS
CASOS E RELATOS
Produção consciente
Leonardo é técnico em eletrônica. Ele atua na manutenção de sistemas eletrônicos, em uma
grande empresa do ramo eletroeletrônico, que possui um grande volume de produção de placas
eletrônicas para os seus produtos.
Este técnico em eletrônica percebeu que no processo de fabricação existiam muitas placas de
circuito eletrônicos que eram reprovadas e descartadas devido a inviabilidade econômica do
processo de conserto e reparos destas placas, pois era mais barato descartar a maioria delas. Este
fator gerava uma quantidade considerável de lixo eletrônico, que resultava em muitas perdas e um
impacto ambiental considerável.
Leonardo estava muito empenhado em mudar esse quadro e tornar o processo produtivo mais
eficiente. Com a experiência que ele desenvolveu na manutenção destes equipamentos ao longo
dos anos de trabalho e estudos, ele suspeitava de vários erros que pudessem estar ocorrendo
durante o processo fabril e causando estas inúmeras perdas. Portanto, ele propôs um estudo para
reformulação de vários procedimentos que eram utilizados na linha de produção.
Após seis meses de estudo minucioso sobre os processos produtivos, ele recebeu autorização
para implementar as mudanças propostas, o que resultou em uma diminuição de perdas de 60%
dos equipamentos rejeitados pelo processo de qualidade, ajudando assim a minimizar o impacto
ambiental gerado pelo processo produtivo. Esta atividade também foi reconhecida como uma
ação exemplar de atitude profissional, além de tornar o equipamento mais confiável e competitivo
no mercado.
Além do citado no relato anterior para a redução do número de descartes, outras iniciativas também
fazem a diferença. Conheça-as na sequência.
Reciclagem de materiais
A reciclagem de materiais consiste em recuperar um produto (ou parte dele) de modo a reutilizar
as partes recuperadas para fabricação de novos produtos, ainda que se tratem de produtos totalmente
diferentes. A grande vantagem deste processo está no fato de que não se faz necessário extrair a matéria-
-prima da natureza para fabricação dos novos produtos. Porém, é preciso colocar nesta balança também o
custo e a agressividade ambiental do processo de reciclagem como um todo.
Istock ([20--?])
Figura 113 - Indutores para reciclagem
Recuperação de materiais
A recuperação de materiais consiste em equipamentos que foram descartados, mas que não atingiram
o fim da sua vida útil e podem ser reutilizados como um produto novamente.
Esse é o caso dos computadores e peças de informática que são descartados devido as atualizações e
as modernizações dos equipamentos. Neste caso, para exemplificar, existem programas beneficentes que
realizam manutenção preventiva e atualizações básicas dos equipamentos descartados e repassam estes
equipamentos para pessoas carentes ou instituições de caridades.
Descarte especial
Na indústria eletrônica, as pilhas e as baterias são componentes bastante utilizados em equipamentos
e sistemas em geral, porém estes dispositivos são também agressivos à natureza quando são descartados
sem nenhum cuidado ou misturado com lixo comum. O composto químico das baterias é tóxico e não
biodegradável, portanto, quando lançado em lixões, estas substâncias se infiltram e contaminam os lençóis
freáticos.
Istock ([20--?])
Sabe-se que, existem muitos estabelecimentos que se responsabilizam na coleta seletiva de materiais
como pilhas e baterias, de modo que esse material seja descartado de forma apropriada.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você estudou que existem relatórios técnicos específicos que auxiliam na gestão da
manutenção. Eles são amplamente utilizados na necessidade de tomadas quando da necessidade
de tomadas de decisão, sejam estas diretamente ligadas à manutenção ou não. Manter estas
informações é uma tarefa importante para garantir um registro sobre as atividades realizadas
em um equipamento, assim como para facilitar os serviços que possam vir a ser realizados em
equipamentos com defeitos similares.
No âmbito da segurança do trabalho, foram apresentadas as normas técnicas que regem a
atividade do técnico em eletrônica, os riscos envolvidos no processo e os equipamentos de
proteção individual e coletivos que devem ser utilizados durante as intervenções para fins de
manutenção, de acordo com o grau de risco avaliado. Assim, por meio destes conceitos estudados,
você terá a oportunidade de avaliar se a proteção oferecida pela empresa atende ao necessário
para a execução da atividade a ser realizada.
Por fim, foi explanado sobre a importância da preocupação com o meio ambiente no processo
de manutenção, também foram apontadas as formas com que a degradação interfere nas nossas
vidas, quais as normas envolvidas no sistema de gestão ambiental e as iniciativas que já vem sendo
adotadas para minimizar possíveis impactos, seja através da reutilização de materiais eletrônicos,
como do descarte consciente destes.
Esses conceitos ajudarão você a realizar registros de defeitos e falhas detectadas e as ações tomadas,
além de elaborar o relatório técnico da manutenção executada, relatórios de desempenho de
circuitos, dispositivos e equipamentos, inclusive por meio eletrônico.
Agora, você está apto para elaborar relatórios prevendo as necessidades de manutenção em função
das características do sistema, permitindo que você execute a manutenção de circuitos eletrônicos
considerando os aspectos ambientais, de saúde e segurança do trabalho.
ALTIUM LIMITED. ALTIUM PDF Learning Guides. 2014. Disponível em: <http://zip.net/bhtyVx>.
Acesso em: 15 dez. 2016.
APEX TOOL GROUP, LLC. Weller Catalog. 2011. Disponível em: <http://www.apexhandtools.com/
weller/pdfs/weller%20catalog.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão.
Disponível em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-publicacoes/abnt>. Acesso em: 10
dez. 2016.
BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10: Segurança em instalações e serviços em
eletricidade. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-10-
atualizada-2016.pdfhttp://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-10-atualizada-2016.
pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.
______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 12: Segurança no trabalho em máquinas e
equipamentos. Disponível em: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-
12atualizada2015II.pd<fhttp://acesso.mte.gov.br/main.jsp?lumPageId=FF8080812BD60D31012BD
87C18076B5C&query=nr+12>. Acesso em: 10 out. 2016.
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO DO PARANÁ. Qual a diferença entre verificação
e calibração? (200?). Disponível em: <http://www.ipem.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=52>. Acesso em: 10 dez. 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Conheça o Inmetro. 2012.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/>. Acesso em: 10 dez. 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA (Inmetro). Vocabulário
Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012).
2012. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. Acesso
em: 10 dez. 2016.
POWERSIM INC. PSIM User’s Guide. Version 10.0. Release 5. ed. 2016. Disponível em: <https://
powersimtech.com/drive/uploads/2016/06/PSIM-User-Manual.pdfhttps://powersimtech.com/
drive/uploads/2016/06/PSIM-User-Manual.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2016.
POWERSIM INC. Faça o download do PSIM agora. Disponível em: <https://powersimtech.com/try-
psim/>. Acesso em: 13 dez. 2016.
QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos elétricos e eletrônicos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
PAULO PEREIRA
Graduado em Tecnologia em Eletroeletrônica pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2007).
Graduado em Formação Pedagógica para Formadores Educação Profissional, pela Universidade do
Sul de Santa Catarina (2010). Mestrando em Engenharia Elétrica, na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC), na área de Tração Elétrica. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com
ênfase em Eletrônica Industrial. Participou do projeto de conversores para periféricos de veículos
leves, ônibus elétrico e trem elétrico. Atualmente é pesquisador no Instituto SENAI de tecnologia
em eletroeletrônica e integra a equipe EaD de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como
Conteudista do Curso Técnico em Eletrônica.
A
AMPOP 63, 97
Antiestática 39, 40, 41, 42, 120, 124, 125
Aterramento 38, 39, 40, 41, 121, 176, 177
C
Campo elétrico 38, 41
CAN 103
Carga elétrica 36, 38, 41
D
Datasheet 60, 61, 63, 85, 99, 100, 109, 116, 192
E
Embalagem antiestática 39, 42
Estação de retrabalho 121, 122, 123, 124, 132
G
Gestão 31, 129, 168, 169, 170, 171, 172, 184, 185, 188, 189, 191, 192
Ground 151
L
LED 97, 105
M
MOSFET 41, 73, 157
P
PTH 49, 50, 77, 78, 110, 112, 113, 114, 115, 117, 118, 120, 121
PWM 105
R
RMS 152, 154
S
SMD 49, 50, 54, 75, 110, 112, 113, 118, 119, 120, 121, 122, 123
Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos
Andressa Vieira
Patricia Marcilio
Rosimeri Likes
Sabrina da Silva Farias
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens
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Banco de imagens
i-Comunicação
Projeto Gráfico