Você está na página 1de 200

SÉRIE ELETROELETRÔNICA

MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 1 26/06/2017 16:17:10


CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 2 26/06/2017 16:17:10


SÉRIE ELETROELETRÔNICA

MANUTENÇÃO
DE SISTEMAS
ELETRÔNICOS

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 3 26/06/2017 16:17:11


© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491m

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional


Manutenção de sistemas eletrônicos / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2017.
189 p. : il. ; 30 cm. - (Série eletroeletrônica)

Bibliografia: p. 191-192
ISBN 978-85-505-0207-6

1. Manutenção industrial. 2. Dispositivos eletrônicos – Manutencão e


reparos. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
de Santa Catarina II. Título. III. Série.

CDU: 62-7

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 4 26/06/2017 16:17:11


Lista de ilustrações
Figura 1 -  Selo INMETRO.................................................................................................................................................20
Figura 2 -  Galvanômetro.................................................................................................................................................22
Figura 3 -  Circuito ponte de Wheatstone.................................................................................................................25
Figura 4 -  Conversão de sinal analógico para digital...........................................................................................26
Figura 5 -  Multímetros digitais.....................................................................................................................................27
Figura 6 -  Principais características de um multímetro.......................................................................................28
Figura 7 -  Sistema eletrônico de medição de temperatura...............................................................................28
Figura 8 -  Alguns controles do osciloscópio...........................................................................................................29
Figura 9 -  Ponteira de medição de corrente............................................................................................................30
Figura 10 -  Robô e sensores..........................................................................................................................................32
Figura 11 -  Ajuste do potenciômetro em circuito.................................................................................................34
Figura 12 -  Balança eletrônica......................................................................................................................................35
Figura 13 -  Velocímetro analógico..............................................................................................................................35
Figura 14 -  Comparativo entre as velocidades esperada e medida................................................................36
Figura 15 -  Estrutura do átomo....................................................................................................................................37
Figura 16 -  Forças de atração e repulsão..................................................................................................................37
Figura 17 -  Descarga atmosférica................................................................................................................................38
Figura 18 -  Equipamentos de proteção ESD............................................................................................................39
Figura 19 -  Conexão de aterramento da pulseira antiestática..........................................................................40
Figura 20 -  Montagem eletrônica................................................................................................................................41
Figura 21 -  Embalagem antiestática...........................................................................................................................42
Figura 22 -  Símbolo de componente sensível à estática....................................................................................42
Figura 23 -  Manutenção em sistema eletrônico....................................................................................................47
Figura 24 -  Componentes de encapsulamento PTH e SMD em circuitos eletrônicos..............................49
Figura 25 -  Circuito de fonte de tensão linear........................................................................................................51
Figura 26 -  Circuito danificado devido a sobrecorrente.....................................................................................54
Figura 27 -  Componente eletrônico carbonizado.................................................................................................55
Figura 28 -  Componentes danificados .....................................................................................................................56
Figura 29 -  Circuitos aberto e fechado......................................................................................................................57
Figura 30 -  Teste de continuidade em circuito eletrônico..................................................................................59
Figura 31 -  Componentes eletrônicos......................................................................................................................61
Figura 32 -  Medição de resistência elétrica.............................................................................................................66
Figura 33 -  Exemplo de medição de resistência em circuito elétrico.............................................................67
Figura 34 -  Exemplo de medição de resistência em circuito elétrico equivalente....................................68
Figura 35 -  Medições para análise em regime dinâmico....................................................................................69
Figura 36 -  Tela do osciloscópio durante leitura das grandezas do ramo linear
de um circuito eletrônico.........................................................................................................................70
Figura 37 -  Tela do osciloscópio durante leitura das grandezas do ramo não linear
de um circuito eletrônico.........................................................................................................................71

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 5 26/06/2017 16:17:11


Figura 38 -  Exemplo de medição de resistência em circuito não linear........................................................72
Figura 39 -  Inspeção visual em circuito eletrônico...............................................................................................75
Figura 40 -  Excesso de poeira em uma placa de circuitos eletrônicos...........................................................76
Figura 41 -  Circuito eletrônico com capacitor estourado...................................................................................77
Figura 42 -  Circuito eletrônico com má qualidade de solda..............................................................................79
Figura 43 -  Fios e cabos utilizados em um dispositivo eletrônico...................................................................79
Figura 44 -  Componentes semicondutores isolados do dissipador...............................................................80
Figura 45 -  Comparativo entre esquema e circuito eletrônico.........................................................................81
Figura 46 -  Teste de continuidade na entrada da alimentação de um dispositivo eletrônico..............83
Figura 47 -  Teste em componente semicondutor.................................................................................................84
Figura 48 -  Pinos do CI LM111......................................................................................................................................85
Figura 49 -  Circuito amplificador com transistor bipolar....................................................................................86
Figura 50 -  Teste em circuitos integrados.................................................................................................................88
Figura 51 -  Esboço de um diagrama de blocos funcionais................................................................................93
Figura 52 -  Exemplo das principais funções do circuito eletrônico de controle de uma
máquina de lavar........................................................................................................................................94
Figura 53 -  Circuito eletrônico com conector de comunicação RJ45.............................................................96
Figura 54 -  Estágio de alimentação de um circuito eletrônico.........................................................................98
Figura 55 -  Analogia entre a informação do datasheet e do circuito........................................................... 100
Figura 56 - Chipset de computador......................................................................................................................... 102
Figura 57 -  Giga de teste para circuitos eletroeletrônicos .............................................................................. 103
Figura 58 -  Sistema de medição de velocidade.................................................................................................. 105
Figura 59 - Software e uma placa conectada na serial...................................................................................... 108
Figura 60 -  Intervenção de manutenção em placa de circuitos eletrônicos............................................. 109
Figura 61 -  Utilização de estação de solda com regulagem digital de temperatura............................. 110
Figura 62 -  Pontas comuns para ferro de solda................................................................................................... 111
Figura 63 -  Utilização do sugador de solda.......................................................................................................... 112
Figura 64 -  Tubo de varetas de solda salva chip................................................................................................ 113
Figura 65 -  Aparelho de solda com temperatura ajustável............................................................................. 114
Figura 66 -  Encaixe de resistores de encapsulamento PTH nos terminais da placa............................... 115
Figura 67 -  Exemplos de serigrafias (a) Diodo (b) CI.......................................................................................... 116
Figura 68 -  Placa eletrônica sem serigrafia............................................................................................................ 116
Figura 69 -  Processo de soldagem de componente PTH................................................................................. 117
Figura 70 -  Circuito eletrônico com os terminais cortados............................................................................. 118
Figura 71 -  Pincel antiestático e álcool isopropílico.......................................................................................... 119
Figura 72 -  Circuito integrado SMD......................................................................................................................... 120
Figura 73 -  Soprador térmico..................................................................................................................................... 121
Figura 74 -  Bocais para aparelhos de retrabalho em SMD.............................................................................. 122
Figura 75 -  Remoção de componente SMD utilizando a estação de retrabalho.................................... 123
Figura 76 -  Subdivisões de um circuito eletrônico............................................................................................. 128
Figura 77 -  Exemplo de lista de prioridades......................................................................................................... 130
Figura 78 -  Manutenção de uma trilha interrompida em uma placa eletrônica..................................... 131

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 6 26/06/2017 16:17:11


Figura 79 -  Circuito Planta A (Q3) – Esquemático Trecho A e B..................................................................... 133
Figura 80 -  Circuito planta A – leiaute – SEM Q3................................................................................................. 134
Figura 81 -  Representação serigráfica dos componentes na placa de circuito impresso.................... 135
Figura 82 -  Placa de controle de iluminação........................................................................................................ 137
Figura 83 -  Limpeza em um circuito eletrônico.................................................................................................. 138
Figura 84 -  Visão parcial do teclado de um dispositivo eletrônico............................................................... 139
Figura 85 -  Utilização de software automotivo de varredura......................................................................... 141
Figura 86 -  Monitoramento por meio de sistema supervisório..................................................................... 142
Figura 87 -  Área de trabalho e barra de atalhos do software PSIM.............................................................. 147
Figura 88 -  Esquemático de uma ponte de diodos............................................................................................ 148
Figura 89 -  Barra de atalhos e de menu do software PSIM 10.1..................................................................... 149
Figura 90 -  Atalho da ferramenta wire do software PSIM 10.1........................................................................ 150
Figura 91 -  Circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo................................................... 151
Figura 92 -  Forma de onda resultantes da simulação do circuito retificador de onda
completa com filtro capacitivo........................................................................................................... 151
Figura 93 -  Exemplo de situação problema.......................................................................................................... 153
Figura 94 -  Forma de onda resultantes da simulação do circuito do exemplo........................................ 153
Figura 95 -  Formas de onda na tela de um osciloscópio................................................................................. 156
Figura 96 -  Bancada de teste de circuitos eletrônicos...................................................................................... 158
Figura 97 -  Sistema de alarme de incêndio.......................................................................................................... 159
Figura 98 -  IHM de uma central de monitoramento de incêndio................................................................. 160
Figura 99 -  Planejamento............................................................................................................................................ 168
Figura 100 -  Modelo de registro de necessidade de manutenção............................................................... 169
Figura 101 -  Modelo de ordem de serviço com registro de defeito............................................................ 170
Figura 102 -  Exemplo de dados de um relatório de disponibilidade.......................................................... 171
Figura 103 -  Choque Elétrico..................................................................................................................................... 174
Figura 104 -  Aterramento em bancada.................................................................................................................. 177
Figura 105 -  Extintor de incêndio............................................................................................................................. 177
Figura 106 -  Alerta de risco de choque elétrico.................................................................................................. 178
Figura 107 -  Óculos de proteção.............................................................................................................................. 179
Figura 108 -  Luvas de borracha isolante................................................................................................................ 180
Figura 109 -  Proteção auricular................................................................................................................................. 180
Figura 110 -  Máscara de proteção............................................................................................................................ 181
Figura 111 -  Lixo eletrônico........................................................................................................................................ 182
Figura 112 -  Descarte indevido de lixo................................................................................................................... 183
Figura 113 -  Indutores para reciclagem................................................................................................................. 187
Figura 114 -  Reciclagem de pilhas e baterias....................................................................................................... 188

Quadro 1 - Unidades básicas de medida no padrão SI.........................................................................................21


Quadro 2 - Características básicas de sensores.......................................................................................................23
Quadro 3 - Tipos de sensores.........................................................................................................................................24
Quadro 4 - Especificações básicas do osciloscópio...............................................................................................30

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 7 26/06/2017 16:17:11


Quadro 5 - Formas de eletrização................................................................................................................................38
Quadro 6 - Protetores individuais.................................................................................................................................40
Quadro 7 - Possíveis motivos para um sistema eletrônico apresentar problemas ....................................47
Quadro 8 - Tecnologias de componentes..................................................................................................................50
Quadro 9 - Circuito fechado e circuito aberto.........................................................................................................58
Quadro 10 - Procedimento teste de continuidade................................................................................................60
Quadro 11 - Exigências mínimas – teste de resistência ôhmica........................................................................64
Quadro 12 - Procedimento teste de resistência ôhmica......................................................................................67
Quadro 13 - Procedimento teste de resistência ôhmica......................................................................................73
Quadro 14 - Fatores envolvidos que determinam o procedimento de diagnóstico.................................74
Quadro 15 - Exemplo de técnicas de diagnósticos ...............................................................................................74
Quadro 16 - Exemplo de passos de uma inspeção visual ...................................................................................75
Quadro 17 - Detalhes que auxiliam na detecção de falhas e defeitos ...........................................................81
Quadro 18 - Exemplo de parâmetros de componentes.......................................................................................82
Quadro 19 - Requisitos.....................................................................................................................................................87
Quadro 20 - Etapas de ação............................................................................................................................................87
Quadro 21 - Pontos para medição de tensão no circuito....................................................................................89
Quadro 22 - Trechos de medição..................................................................................................................................90
Quadro 23 - Constatações que podem ser obtidas a partir dos testes...........................................................90
Quadro 24 - Procedimento de teste dos níveis elétricos.....................................................................................91
Quadro 25 - Procedimento de teste dos níveis elétricos.....................................................................................91
Quadro 26 - Subcircuitos básicos de uma placa eletrônica de máquina de lavar roupas.......................95
Quadro 27 - Características do componente do estágio de alimentação.....................................................98
Quadro 28 - Testes de diagnóstico............................................................................................................................ 101
Quadro 29 - Exemplo de procedimento de teste................................................................................................ 106
Quadro 30 - Tipos de solda de estranho/chumbo............................................................................................... 111
Quadro 31 - Exemplo de procedimentos de ações básicas de conserto.................................................... 127
Quadro 32 - Primeira possibilidade de resultados.............................................................................................. 134
Quadro 33 - Segunda possibilidade de resultados............................................................................................. 134
Quadro 34 - Terceira possibilidade de resultados................................................................................................ 135
Quadro 35 - Defeitos externos................................................................................................................................... 136
Quadro 36 - Circuito de saída isolados – central de iluminação.................................................................... 137
Quadro 37 - Softwares de simulação eletrônica................................................................................................... 143
Quadro 38 - Exemplo de componentes eletrônicos dos simuladores......................................................... 145
Quadro 39 - Exemplo de ferramentas presentes nos simuladores............................................................... 146
Quadro 40 - Componentes do circuito simulado................................................................................................ 148
Quadro 41 - Componentes do circuito simulado................................................................................................ 150
Quadro 42 - Resultados da simulação do circuito retificador de onda completa
com filtro capacitivo.............................................................................................................................. 152
Quadro 43 - Comparativo entre resultado simulado e medido do circuito retificador
de onda completa com filtro capacitivo........................................................................................ 152
Quadro 44 - Resultados da simulação do circuito do exemplo...................................................................... 154

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 8 26/06/2017 16:17:11


Quadro 45 - Portas lógicas básicas............................................................................................................................ 155
Quadro 46 - Exemplo de componentes que realizam lógica digital............................................................ 155
Quadro 47 - Descrição das etapas de validação da manutenção.................................................................. 157
Quadro 48 - Diagnósticos de manutenção............................................................................................................ 157
Quadro 49 - Sequência de teste para máquina de lavar................................................................................... 161
Quadro 50 - Sequência de teste para máquina de lavar................................................................................... 163
Quadro 51 - Fatores determinantes e consequências do choque elétrico................................................. 175
Quadro 52 - Classificação por níveis de tensão (NBR 5410)............................................................................. 175
Quadro 53 - Possíveis complicações geradas por um choque elétrico....................................................... 175
Quadro 54 - Objetivos para conscientização ambiental................................................................................... 183
Quadro 55 - Família ISO 14.000.................................................................................................................................. 184
Quadro 56 - Princípios de conscientização ambiental...................................................................................... 185

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 9 26/06/2017 16:17:11


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 10 26/06/2017 16:17:11
Sumário
1 Introdução........................................................................................................................................................................15

2 Fundamentos para manutenção eletrônica..........................................................................................................19


2.1 Equipamentos e sistemas eletrônicos..................................................................................................20
2.1.1 Sensores .......................................................................................................................................21
2.1.2 Equipamentos de medição....................................................................................................26
2.1.3 Aferição..........................................................................................................................................31
2.1.4 Calibração.....................................................................................................................................31
2.2 Controle de descarga eletrostática........................................................................................................36

3 Técnicas de manutenção em circuitos e sistemas...............................................................................................45


3.1 Técnicas de identificação de dispositivos com defeito..................................................................47
3.1.1 Falhas e defeitos.........................................................................................................................53
3.1.2 Teste de continuidade..............................................................................................................57
3.1.3 Teste em componentes............................................................................................................59
3.1.4 Teste em placas eletrônicas....................................................................................................63
3.1.5 Teste de resistência ôhmica....................................................................................................64
3.1.6 Medição da resistência elétrica.............................................................................................64
3.1.7 Características dos circuitos...................................................................................................69
3.2 Técnicas de diagnósticos...........................................................................................................................73
3.2.1 Inspeção visual............................................................................................................................74
3.2.2 Por comparação com esquema eletrônico.......................................................................80
3.2.3 Por análise de funcionamento..............................................................................................92
3.2.4 Por giga de teste...................................................................................................................... 102
3.2.5 Por software............................................................................................................................... 106
3.3 Técnicas de manutenção com a utilização de software.............................................................. 140
3.3.1 Sistemas supervisórios.......................................................................................................... 141
3.3.2 Softwares simuladores.......................................................................................................... 143
3.4 Técnicas de validação da manutenção.............................................................................................. 156
3.4.1 Validação da planilha de diagnósticos............................................................................ 157
3.4.2 Validação das funções básicas............................................................................................ 158
3.4.3 Validação em condições de trabalho............................................................................... 161

4 Aspectos organizacionais e ambientais da manutenção.............................................................................. 167


4.1 Documentação ligada ao processo de manutenção................................................................... 168
4.2 Aspectos ligados a segurança do trabalho relacionados à manutenção............................. 172
4.2.1 Normas....................................................................................................................................... 172
4.2.2 Riscos elétricos......................................................................................................................... 173
4.2.3 Equipamentos de proteção................................................................................................. 176
4.3 Aspectos ligados ao meio ambiente relacionados à manutenção......................................... 182
4.3.1 A importância da conscientização ambiental.............................................................. 183

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 11 26/06/2017 16:17:11


4.3.2 ISO 14.000.................................................................................................................................. 184
4.3.3 Iniciativas................................................................................................................................... 186

Referências

Minicurrículo dos autores

Índice

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 12 26/06/2017 16:17:11


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 13 26/06/2017 16:17:11
Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 14 26/06/2017 16:17:11
Introdução

Prezado aluno!
Seja bem-vindo ao livro didático de Manutenção de Sistemas Eletrônicos!
Quantas vezes você, ao andar pelas ruas, se deparou com descartes de equipamentos eletro
e eletrônicos, como máquinas de lavar, rádios ou televisores? Mesmo em sua residência, com
qual frequência costumam encaminhar eletrodomésticos e eletroportáteis para a assistência
técnica? Ou ainda, no seu trabalho, há alguma espécie de cemitério de equipamentos
danificados, como computadores, monitores e outros eletrônicos?
Partindo dessa premissa, vislumbra-se a crescente importância da manutenção de sistemas
eletrônicos. Quando se pensa que algum destes dispositivos eletrônicos citados anteriormente
podem ser os responsáveis por interromper a atividade de diversas pessoas em caso de falha,
o nível dessa importância se torna intangível.
As soluções tecnológicas facilitam muitas atividades na vida das pessoas, sejam nas
indústrias, residências, colégios e lugares públicos comuns, os eletrônicos estão maciçamente
presentes, tornando-se difícil imaginar a vida atual sem o auxílio de tais sistemas. No entanto,
nenhum produto dura para sempre ou opera conforme desejado a todo momento, embora
acidentes e falhas sejam indesejados, eles acontecem com uma frequência relativamente
comum e alguns equipamentos são muito valiosos para serem descartados – não somente por
causa de seu preço, mas, em certos casos, pelas informações que contém em suas memórias.
Quando este tipo de inconveniente ocorre, logo vem à mente uma opção factível, por vezes,
de baixo custo, por exemplo, o conserto e a manutenção. Note que é dentro deste contexto
que este material se enquadra, de modo a reunir informações importantes sobre a manutenção
e o conserto de sistemas eletrônicos em geral, compartilhando experiências que poderão ser
úteis para preparação de profissionais que desejam atuar neste setor e que contribuam com as
atividades diárias das pessoas que necessitam destes serviços.
Por meio deste livro, você se familiarizará com o mundo do conserto e do reparo de sistemas
eletrônicos, que é uma área muito visada pela indústria e pelos consumidores de produtos e
dispositivos eletrônicos. Usando de seus conhecimentos em eletricidade e eletrônica analógica
e digital, você desenvolverá diagnósticos, consertos, limpezas, validações e testes de circuitos e
componentes de sistemas eletrônicos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 15 26/06/2017 16:17:12


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
16

Serão abordadas técnicas de identificação de dispositivos com defeito, através da realização de testes, e,
posteriormente, por meio de diagnósticos por comparação, análises, inspeções e outros. Após serão tratadas
das técnicas de manutenção e validação da manutenção, bem como a apresentação das ferramentas que
auxiliarão nos processos citados.
O material também aborda procedimentos de organização e normas que auxiliam a elaboração dos
registros dos serviços realizados, melhorando a qualidade e a eficiência na execução das tarefas.
Portanto, ao final deste livro você terá desenvolvido capacidades técnicas para elaborar relatórios,
prever, aplicar ferramentas, propor melhorias, diagnosticar falhas e registrar manutenções em sistemas
eletrônicos, bem como capacidades sociais, organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação
do técnico no mundo do trabalho, bem como realizar a manutenção de circuitos e sistemas eletrônicos,
seguindo normas técnicas, ambientais, de qualidade, de saúde e segurança no trabalho.
Bons estudos!

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 16 26/06/2017 16:17:12


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 17 26/06/2017 16:17:12
Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 18 26/06/2017 16:17:12
Fundamentos para Manutenção Eletrônica

Qual é o primeiro passo a ser realizado em um processo de manutenção de sistemas


eletrônicos? Que procedimentos são necessários para esta atividade? Quais ferramentas devem
ser utilizadas? Todas estas respostas serão encontradas no decorrer da leitura deste livro, e,
para que sua compreensão seja plena, serão introduzidos alguns fundamentos referentes aos
elementos com os quais você irá se deparar como técnico em eletrônica.
Neste capítulo serão abordados os conceitos importantes para a compreensão dos princípios
da manutenção de sistemas eletrônico. Será tratado inicialmente sobre a configuração
dos parâmetros dos sistemas eletrônicos utilizados para medição de grandezas elétricas,
conhecimento primordial no processo de manutenção.
Na sequência, você estudará a verificação de conformidade destes instrumentos de medição,
bem como da calibração, e, a possível necessidade de ajustes. Estes procedimentos envolvem,
em sua maioria, a necessidade de intervenção de laboratórios que tenham autorização para
certificação dos equipamentos calibrados.
Outro assunto importante que será abordado neste capítulo é referente a um vilão invisível,
responsável pela queima de muitos componentes em circuitos eletrônicos: a descarga
eletrostática. Aqui são apresentados os conceitos básicos a respeito deste fenômeno e as
medidas que podem ser adotadas para evitá-los.
Desta forma, ao final deste capítulo você terá subsídios para compreender os conceitos que
auxiliarão a:
a) definir as medições a serem realizadas em função do diagnóstico de falhas e defeitos em
circuitos e sistemas eletrônicos;
b) realizar testes considerando os modos de operações possíveis de circuitos e sistemas
eletrônicos.
Bons estudos!

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 19 26/06/2017 16:17:12


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
20

2.1 EQUIPAMENTOS E SISTEMAS ELETRÔNICOS

Para a identificação de dispositivos com defeito, levantamento de diagnósticos e realização de


manutenções, é necessário, primeiramente, entender como funcionam os equipamentos e sistemas
eletrônicos, principalmente os de medição.
Os dispositivos eletrônicos possuem duas funções primárias o controle e o monitoramento. Nem
sempre ambas funções estarão presentes, quando isso ocorre, quase sempre o monitoramento exerce
influência nas ações de controle, que, por sua vez, influência os resultados monitorados, resultando no que
se denomina sistema com realimentação.
Os sistemas de medição são essenciais para verificar o comportamento elétrico dos sistemas e
circuitos elétricos e eletrônicos, conforme abordado nos capítulos anteriores. A correta utilização destes
equipamentos é essencial para que a medição seja realizada de maneira adequada.
Ainda assim, é também essencial saber interpretar as informações fornecidas pelos instrumentos, pois
medições corretas com interpretações equivocadas podem resultar em conclusões erradas e dificultar o
diagnóstico e análise do funcionamento dos circuitos.
No entanto, como saber se os equipamentos de instrumentação utilizados podem fornecer dados
confiáveis? No Brasil, existem normas que verificam se os equipamentos de medição comercializados
no mercado nacional podem assegurar uma qualidade mínima de funcionamento, padrões de unidade,
calibração e de segurança dos equipamentos para o usuário. Os equipamentos certificados possuem um
selo do Inmetro, como o apresentado a seguir.
Rosimeri Likes (2017)

Figura 1 -  Selo INMETRO


Fonte: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (2012)

As certificações de equipamentos, no Brasil, são do tipo compulsórias ou voluntárias. No caso das


compulsórias, alguns equipamentos necessariamente são obrigados a passar por uma certificação antes
de ser colocados à disposição no mercado.

SAIBA Para você obter mais informações sobre certificações de equipamentos acesse o site
MAIS do INMETRO: http://www.inmetro.gov.br.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 20 26/06/2017 16:17:13


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
21

As certificações de equipamentos, no Brasil, são do tipo compulsórias ou voluntárias. No caso das com-
pulsórias, alguns equipamentos necessariamente são obrigados a passar por uma certificação antes de ser
colocados à disposição no mercado.
Outra característica importante que contempla o padrão adotado, no Brasil, é o sistema de medição de
unidade, no qual o padrão métrico adotado em nosso país é o Sistema Internacional de Medidas (sigla SI,
de origem francesa: Système international d’unités). As unidades básicas do SI são descritas no quadro, a
seguir, e são a base para todas as demais medidas.

GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO


Comprimento metro m
Tempo segundo s
Massa quilograma kg
Corrente elétrica ampere A
Temperatura kelvin K
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de matéria mol mol
Quadro 1 - Unidades básicas de medida no padrão SI
Fonte: adaptado de Bureau International des Poids et Mesures (2006)

Existem outros padrões de medidas, como é o caso do sistema britânico imperial, que é utilizado em
outros países, como Inglaterra e Estados Unidos. Muitos equipamentos – especialmente os importados -
podem possuir funções com unidades que se enquadram em outros sistemas. Portanto, conhecer o padrão
adotado é importante para aferição e calibração dos equipamentos.

2.1.1 SENSORES

Antes de iniciar o estudo dos equipamentos de instrumentação, é preciso que o aluno conheça os
princípios básicos que regem o sensoriamento de sinais elétricos, e como estes sinais são tratados,
analisados e lidos.
Sensores são os componentes responsáveis por transformar uma forma de energia em outra forma
de energia, por exemplo, um sensor de iluminação (fotocélulas) que convertem a energia luminosa em
energia elétrica.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 21 26/06/2017 16:17:13


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
22

Outro exemplo, é o sensor que transforma sinais elétricos em energia mecânica, como é o caso de um
galvanômetro. Ele consiste em uma bobina de fio condutor imersa em um campo magnético, que se move
levemente quando submetida a pequenas variações de corrente. Este princípio rege o funcionamento dos
voltímetros e dos amperímetros analógicos, conforme mostra a figura a seguir.

Escala

Ponteiro
Campo
Magnético

N S
i i
Ímã Ímã
Rosimeri Likes (2017)
Mola
Bobina
Suporte da mola
Fios da bobina
Figura 2 -  Galvanômetro
Fonte: SENAI (2016)

A transformação de energia a partir de sensores pode ser utilizada em sistema de medição de grandezas,
como apresentado no exemplo do galvanômetro, ou para sistemas de controle cujos os sinais de saída
dos sensores serão utilizados para controlar outras variáveis, como os sensores de temperatura, que são
utilizados para o controle da temperatura interna de uma geladeira ou uma estufa de laboratório.
a) Características básicas de sensores
Os sensores podem ser do tipo analógico ou digital. O sensor analógico disponibiliza sinais de saída,
que podem variar ao longo do tempo dentro de uma determinada faixa de operação, intrínseca ao
sensor utilizado. Tem-se como exemplo o sensor de temperatura, cuja a variação de temperatura reflete
proporcionalmente a uma variação do sinal elétrico de saída do sensor.
Alguns sensores são capazes de fornecer apenas dois sinais de saídas, estes sensores são tidos como
digitais, e, normalmente, estão atrelados aos sistemas como sensores de presença, encoders1 de velocidades
de motores, entre outros.

1 Dispositivo eletromecânico que converte a rotação de seu eixo em pulsos elétricos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 22 26/06/2017 16:17:13


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
23

Os sinais de saída de alguns tipos de sensores analógicos possuem um comportamento não linear, o
que dificulta o processamento direto das informações, seja para um sistema de leitura ou para um sistema
de controle. Além disso, os sinais de saída dos sensores, em geral, são muito suscetíveis aos ruídos e as
interferências eletromagnéticas. Isso é agravado devido ao fato de que é comum encontrar sistemas
eletrônicos que possuem sensores localizados consideravelmente distantes dos circuitos responsáveis
pelo processamento dos dados e tomadas de decisões, como acontece em equipamentos industriais ou
instrumentos de medição. Desta forma, são necessários circuitos que auxiliem na realização do tratamento
e filtro destes sinais.
Normalmente, os componentes que abrangem a parte de sensoriamento e tratamento dos sinais são
denominados como transdutores, e englobam interfaces de linearização de sinais ou de comunicação
digital, cujos os dados de saída são transmitidos por meio de um protocolo de comunicação, como a serial
I2C, muito utilizada na comunicação entre dispositivos do mesmo circuito eletrônico.
Além disso, conheça, no quadro, a seguir, outras características básicas referentes aos sensores e
transdutores em geral. Estas informações são importantes para definir os limites das aplicações dos
sensores.

CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO

Tipo de sinal de saída As saídas podem ser analógicas ou digitais.

Os valores de medição que o sensor é capaz de realizar dentro da precisão e dentro de suas
Faixa de operação (medição) limitações físicas. Por exemplo, um sensor de temperatura de um modelo X permite realizar medições
de -5°C a 100°C. Valores térmicos fora dessa faixa não serão mensurados adequadamente.
É o menor incremento que o sensor pode realizar no valor da grandeza física mensurada. O peso
Resolução mínimo de 1 g em um sensor de peso, por exemplo. Mudança de valores abaixo desta quantidade
mínima podem não ser detectados pelo sensor.
É a relação entre a quantidade da grandeza física mensurada e o nível elétrico de saída do sensor. Por
Sensibilidade
exemplo, um sensor de irradiação solar com 20 µV/W/m2.

Exatidão ou erro É a diferença entre o valor mensurado pelo sensor e o valor real que o sensor deveria mensurar.

Zona morta Uma faixa que o sensor não consegue operar.

Relação entre o sinal mensurado e a potência do sinal de ruído que é medido no canal com entrada
Relação sinal/ruído nula. Essa relação pode ser mensurada em valores percentuais, mas é comumente fornecida em dB
(decibéis).
Condição que o sensor pode operar de maneira contínua por um determinado período de tempo
Confiabilidade
sem falhar ou comprometer o funcionamento do sistema.

Classes de proteção De acordo com as normas de proteção (classe IP).

Quadro 2 - Características básicas de sensores


Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 23 26/06/2017 16:17:13


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
24

É importante saber que precisão é diferente de exatidão. A precisão está relacionada com a proximidade
do valor medido, ou seja, com o valor real da grandeza. Por sua vez, a exatidão refere-se a várias medições
que são realizadas sobre as mesmas condições.
b) Tipos de sensores
Os sensores são utilizados em aplicações em geral, desde sistemas industriais, eletrodomésticos,
brinquedos e - muito importante para o tema do livro - em equipamentos de medição em geral. Os tipos
de sensores comumente utilizados são agrupados e apresentados no quadro, a seguir.

SENSORES INDUSTRIAIS
SENSORES DE MEDIÇÃO OU
SENSORES DISCRETOS SENSORES ESPECIAIS
TRANSDUTORES
TIPOS APLICAÇÕES TIPOS APLICAÇÕES TIPOS APLICAÇÕES
Detecta o número de
Detecta alterações em
pulsos de maneira codi-
um campo eletro- Detectar nível de um
Indutivo Nível Encoder ficada. Utilizado para
magnético. Próprio líquido
medir a posição do eixo
para objetos metálicos.
de um motor.
Detecta alterações em
um campo eletros- Detectar vazão de um Sensor de Detecta a variação da
Capacitivo Vazão
tático. Próprio para fluido. deslocamento posição de um objeto.
materiais não metálicos
Usa ondas acústicas
Medir a tempera-
e ecos. Próprio para Temperatura Detecta a variação de
Ultrassônico tura de um fluido ou Acelerômetro.
objetos de grandes (Termoelétricos) ângulos de objetos.
objeto.
proporções.
Efetua a detecção do
objeto através de uma Piezoelétricos Pressão (esforço)
Óticos
força entre o sensor e o mecânico
objeto
Medir a pressão de um
(Fotoelétricos) Detecta feixes de luz Pressão - -
fluido.
Efetua a detecção do
Medir a pressão ou es-
Eletromecâni- objeto através de uma
Piezoeléctricos forço mecânico sobre - -
cos força entre o sensor e o
um objeto.
objeto.
Medição de um
Magnético Detecta alterações de determinado peso.
Células de carga - -
Efeito Hall campo magnético Próprio para balanças
industriais.
Identificação por
RFID - - - -
radiofrequência.
Quadro 3 - Tipos de sensores
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 24 26/06/2017 16:17:13


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
25

Há uma variedade de tipos de sensores, como os sensores de pressão, vazão ou de nível, que são
comumente encontrados em aplicações industriais.
c) Circuitos condicionadores de sinais
Os sinais elétricos provenientes de um sistema de medição (sensor ou transdutor), muitas vezes, não
possuem níveis elétricos adequados para os circuitos que coletam e trabalham essas informações, sejam
estes circuitos analógicos ou digitais.
Muitas vezes, se faz necessário, por exemplo, amplificar ou corrigir variações de temperatura que afetam
os sinais, sendo realizado por meio de circuitos eletrônicos, classificados como condicionadores de sinais.
Algumas situações de falha de dispositivos eletrônicos ocorrem por defeito nestes condicionadores, por
isso, deve conhecer e compreender o funcionamento destes.
Além disso, os sistemas eletrônicos responsáveis pela leitura dos sinais dos sensores possuem um valor
intrínseco de precisão máxima, que podem realizar tais medidas. Em medidas elétricas é bastante comum
se basear na leitura de resistência elétrica para mensurar as grandezas, e uma forma básica de detectar
variações pequenas de resistência elétrica é por meio do uso da ponte de Wheatstone, conforme mostra a
figura, a seguir.

A
R1 Rx

+
- C V B

R2 R3
Rosimeri Likes (2017)

Figura 3 -  Circuito ponte de Wheatstone


Fonte: SENAI (2016)

Este circuito condicionador possui quatro resistores ligados em pontes, sendo um resistor com valor
desconhecido (o próprio sinal do elemento sensitivo), um detector de corrente elétrica conectado nos
pontos C e B, além disso a fonte de tensão CC conhecida e estável é inserida no ramo A e D. A ponte estará
em estado de equilíbrio quando a diferença de potencial é nula entre os pontos C e B, e, consequentemente,
você terá:
R1R4 = R2R3

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 25 26/06/2017 16:17:13


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
26

Quando não ocorre o equilíbrio, surge uma corrente no ramo C e B, e com o valor desta corrente é possível
determinar o valor da resistência ôhmica do sensor. A ponte de Wheatstone é um método analógico sensível
de detecção de resistência ôhmica. A ocorrência de falhas em qualquer um dos elementos resistivos fixos
do circuito provocará uma leitura equivocada do sensor, o que poderá resultar na condenação do sensor
se a verificação do condicionador em questão for ignorada.
Outros circuitos, como amplificadores, divisores resistivos (também os divisores capacitores e
indutivos), amplificadores ativos, conversores de tensão/corrente são exemplos de circuitos utilizados
para o condicionamento de sinais, retificadores de precisão, entre uma gama de circuitos que podem ser
utilizados com esta finalidade.
Na forma digital, os circuitos condicionadores podem ser implementados em circuitos processados por
meio do uso de conversores AD (Analógicos-digitais), conforme mostra a figura a seguir.

Sinal Conversor Sinal Digital


Analógico AD (A, B e C)

Rosimeri Likes (2017)


B
C

Figura 4 -  Conversão de sinal analógico para digital


Fonte: SENAI (2016)

Em dispositivos eletrônicos que possuem algum tipo de entrada que contenha sensores, transdutores
quaisquer ou sistemas de medição, estes condicionadores de sinais estão frequentemente localizados na
placa eletrônica do dispositivo, próxima aos conectores de entrada dos sinais. Estes circuitos precisam de
ajuste e calibração para funcionar adequadamente.

2.1.2 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO

Os equipamentos de medição são essenciais para realizar os serviços de manutenção, assim como os
sensores são necessários para o funcionamento de equipamentos de medição, por exemplo, os voltíme-
tros, amperímetros, osciloscópios, medidores RLC (resistência, indutância e capacitância) e, em geral, todo
equipamento de medição.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 26 26/06/2017 16:17:13


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
27

Você sabia que os radares utilizados para fiscalização eletrônica de trânsito


(conhecidos, em algumas regiões por pardal ou fotosensor), se utilizam de sensores
indutivos para a detecção dos veículos? São realizados cortes no asfalto e inseridos
CURIOSI cabos de modo a formar uma grande bobina (laço indutivo), que é ligada na placa
eletrônica em série com um circuito RC, formando um oscilador RLC. Quando um
DADES veículo entra em contato com o laço indutivo, a massa metálica provoca uma
alteração na indutância, e, consequentemente, na frequência do oscilador RLC. Essa
alteração é detectada por um sistema processador, que identifica a presença do
veículo.

A escolha de um instrumento de medição em um procedimento de manutenção deve estar adequada


com as características do circuito eletrônico, em que os testes serão realizados e as informações coletadas.
Conheça, a seguir, os principais equipamentos de medição.

MULTÍMETROS
As três principais funções de um multímetro estão relacionadas à medição de resistividade ôhmica, a
intensidade de corrente elétrica e a tensão elétrica. Estas grandezas são avaliadas por meio de um sistema
sensível, a perturbação de corrente, que é mensurada e processada por conversores de sinal analógico-
digitais internos ao equipamento.
O equipamento de medição processa os dados e apresenta ao usuário através do visor as informações
médias calculadas, que são coletadas e interpretadas. A figura, a seguir, apresenta modelos diferentes de
multímetros digitais.
iStock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)

Figura 5 -  Multímetros digitais

As limitações de um instrumento de medição podem, muitas vezes, ser incompatíveis com as


necessidades da aplicação.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 27 26/06/2017 16:17:14


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
28

Conheça, a seguir, as principais características do multímetro.

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO EXEMPLO


São os valores máximos e mínimos de tensão, intensidade
Faixa de medição de corrente, resistividade e demais parâmetros que o Tensão máxima de 600 V.
instrumento possibilita mensurar.
Está relacionada à proximidade que ele chega do valor
± 2,0% em relação ao valor de
Exatidão verdadeiro, que referência ao valor de calibração do
calibração.
instrumento.
É a menor divisão da escala de leitura (display do 0,1 V para a escala de 200 V
Resolução
instrumento). Pode variar conforme a escala selecionada. 1 V para a escala de 600 V.
Para medição de sinais alternados, os multímetros possuem
um sistema retificador que permitem a leitura do valor
Faixa de frequência eficaz do sinal mensurado. A frequência de operação Tipicamente entre 40 e 400 Hz.
deste sinal está limitada as características deste circuito de
retificação interno.
Figura 6 -  Principais características de um multímetro
Fonte: SENAI (2016)

TERMÔMETROS DIGITAIS
Os termômetros também são bastante utilizados em eletrônica, especialmente em situações de
sobrecarga nos sistemas ou quando componentes ou uma região de uma placa eletrônica aquecem
indevidamente. A maioria dos multímetros digitais possuem termômetros integrados em suas funções,
permitindo a mensuração da temperatura com este equipamento.
Os sensores de temperaturas mais empregados na fabricação de termômetros térmicos são: os
termopares e os termômetros de resistência de platina. A seguir, veja, na figura, como é o sistema de
medição de temperatura.
Rosimeri Likes (2017)

SENSOR FILTRO AMPLIFICADOR SISTEMA

Figura 7 -  Sistema eletrônico de medição de temperatura


Fonte: SENAI (2016)

Os dados são coletados por sistemas de aquisição analógico-digitais assim como nos multímetros,
apresentados os dados para o usuário por meio de telas ou mostradores.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 28 26/06/2017 16:17:14


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
29

OSCILOSCÓPIO
O osciloscópio é um equipamento de medição que permite visualizar por meio de uma tela – seja
analógica ou digital – o comportamento elétrico de um sinal do sensor conectado em seus canais. A
medição de tensão, ao longo do tempo, é o sinal tipicamente utilizado nos osciloscópios. A figura, a seguir,
mostra o osciloscópio com destaque para alguns de seus controles.

Rosimeri Likes (2017)


Vertical Vertical Horizontal
(V/div) do canal 1 (V/div) do canal (s/div)

Figura 8 -  Alguns controles do osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

Agora, conheça, no quadro, a seguir, as principais características que precisam ser verificadas em um
osciloscópio.

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO EXEMPLO

Determina a quantidade de sinais que podem ser utilizados e Os modelos mais comuns pos-
Quantidade de canais
observados simultaneamente. suem dois ou quatro canais.

Há equipamentos que possuem canais isolados, outros,


porém, compartilham um canal com a mesma referência, ou
seja, são equipamentos com entradas não isoladas. É preciso
Isolação dos canais Dois canais isolados.
ter o cuidado para não utilizar sinais referências de sinais
diferentes em osciloscópios com canais não isolados, isso
pode danificar o equipamento.
É a frequência máxima que pode ser analisada pelo
instrumento. O valor desta grandeza pode variar entre
Largura de banda (bandwidth) 20 a 100 MHz em osciloscópios convencionais, contudo, 100 MHz.
pode ultrapassar a ordem de GHz para equipamentos mais
sofisticados.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 29 26/06/2017 16:17:14


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
30

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO EXEMPLO


Representa o número de amostras que são digitalizadas por
Frequência de amostragem segundo. Esse valor é geralmente expresso em amostras
Máximo 2GS/s.
(Sample Rate) por segundo, Mega amostras por segundo (MS/s) ou Giga
amostras por segundo (GS/s).
Existe a limitação do tempo de subida mínimo, que um
osciloscópio é capaz de representar graficamente. O
Tempo de subida 10 ps (pico segundos).
equipamento não é capaz de realizar, corretamente, o traçado
de valor de tempos menores do que o limite mínimo.

É a incerteza dos valores apresentados nos eixos X e Y da tela


Exatidão vertical e horizontal. 2%.
do osciloscópio.

Faixa de medição. Depende da isolação elétrica do equipamento. Ponteiras de 600 V.

Quadro 4 - Especificações básicas do osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

Além disso, há ponteiras que realizarão a aquisição da tensão, os osciloscópios, em geral, permitem o
uso e a utilização deste equipamento. Existem ponteiras para medição de correntes elétricas através do
efeito hall, conforme a figura, a seguir.
Rosimeri Likes (2017)

Figura 9 -  Ponteira de medição de corrente


Fonte: SENAI (2016)

No exemplo apresentado deste tipo de ponteira, a medição é realizada inserindo-se um condutor


dentro do canal da ponteira, sem necessariamente fazer qualquer contato elétrico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 30 26/06/2017 16:17:14


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
31

2.1.3 AFERIÇÃO

A aferição é um processo de verificação em que é realizada a leitura e a comparação entre uma grandeza
real e uma grandeza medida por um instrumento de medição, com intuito de constatar a consistência do
sensoriamento do sistema.
Os sistemas eletrônicos que operam de acordo com os sensores, em que estas grandezas são relacionadas
com o ambiente e suas características físicas, precisam ser aferidos para garantir que atuem de acordo com
o padrão de referência desejado para o sistema eletrônico. Para isso, deve-se utilizar equipamentos de
referência, como o osciloscópio, o multímetro, a balança, o medidor de temperatura etc.
Cita-se como exemplo, o controle de temperatura do laboratório de química, pois é necessário que seja
mantida a temperatura constante de 25 °C, utilizando o equipamento com sensor de temperatura, que liga
e desliga o sistema de refrigeração do ambiente. Este aparelho precisa ser aferido periodicamente para
manter a temperatura real de acordo com a referência prevista.
Em um segundo exemplo, tem-se uma balança eletrônica de uso comercial, que precisa ser aferida
dentro do período de um ano. Para isso é necessária a utilização de pesos padronizados, que garantirão a
conformidade da medição. As aferições devem ser feitas por pessoa autorizada e especializada.
A aferição pode ser realizada em produtos que não são eletrônicos, por exemplo, gabaritos mecânicos e
dispositivos mecânicos. Existem, também, os sistemas químicos, que passam por aferição, como os sistemas
de controle de pH da água tratada, em estações de tratamento. As amostras da água são analisadas em
tempo real para verificar se o pH está dentro dos limites especificados.
O processo de aferição deve seguir as normas necessárias para demonstrar os métodos a serem seguidos.
Grande parte dos sistemas precisam passar por aferição, após realizado este procedimento, é necessário a
emissão de documento que comprove o resultado da eficácia do produto ou processo calibrado, além de
servir de registro para o sistema de gestão da qualidade.

2.1.4 CALIBRAÇÃO

Quando o processo de aferição aponta que o sistema verificado possui déficit na precisão2 pré-definida
do instrumento em questão, deve realizar a calibração deste instrumento. De acordo com o INMETRO (2012,
p. 27), calibração é a “Operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma
relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes
com as incertezas associadas; [...]” e complementa que “[...] numa segunda etapa, utiliza esta informação
para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir duma indicação.”

2 Limite admissível para o erro de indicação de uma medição.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 31 26/06/2017 16:17:14


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
32

O resultado obtido no processo de calibração é de extrema importância, pois segundo o IPEM-PR (200?),
“[...] fornece informações que permitem ao seu usuário fazer um diagnóstico sobre o instrumento calibrado
e analisar, através dos erros identificados e das incertezas declaradas, se o instrumento continua apto para
uso.” Ou seja, é o resultado da calibração que aponta se o instrumento deve ser ajustado ou não.
Ao longo do tempo, as condições de uso dos equipamentos, as condições externas de variação de
pressão e a temperatura, o desgaste das peças e os materiais afetam os ajustes realizados e os erros são
paulatinamente incrementados ao sistema. Tais sistemas necessitam de manutenção preventiva para ajuste
destes parâmetros de modo que o equipamento possa operar dentro de suas características originais.
Isso acontece com termômetros, balanças, velocímetros, sensores de movimento ou posição, entre
tantos componentes de sensoriamento que são utilizados para controle de equipamentos (exemplo, os
robôs) ou instrumentos de medição (multímetros).
Como mostra o exemplo, a seguir.

iStock ([20--?])

Figura 10 -  Robô e sensores

A calibração geralmente é realizada dentro de condições específicas que precisam ser consideradas,
como a temperatura do ambiente, a ausência de vibração mecânica, os sinais de alimentação estáveis
e com baixo nível de ruído (uso de fontes especiais), o ambiente limpo, entre outras características que
dependem do tipo de equipamento que será calibrado.
Certos equipamentos precisam de certificação de calibração, portanto, devem passar por laboratórios
credenciados que podem fornecer o selo de certificação requerido. O IPEM-PR (200?) ressalta que “[...] a
calibração não isenta o instrumento do controle metrológico (verificação) estabelecido na Regulamentação
Metrológica.” Ou seja, quando há obrigatoriedade da verificação (aferição) periódica, esta deve ser realizada
independente da calibração.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 32 26/06/2017 16:17:15


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
33

CASOS E RELATOS

Sensores e Testes
Miguel trabalha como técnico em eletrônica, em uma empresa, que desenvolve e fabrica
equipamentos utilizados na fiscalização eletrônica de trânsito. Estes produtos atuam como grandes
medidores de velocidade, utilizando sensores indutivos formados por fios instalados no asfalto, em
formato de bobinas. Para cada faixa de rolagem são utilizados dois sensores e o sistema pode atuar
com até oito sensores de forma simultânea.
Responsável pela manutenção in loco destes equipamentos, Miguel seguiu para atender
a ocorrência, em que foi constatada a falta de medições de velocidades em uma das faixas
monitoradas. Após a vistoria, ele iniciou a sequência de testes no sistema até confirmar que um
dos sensores não estava sendo acionado na passagem dos veículos.
Com o multímetro regulado para medir indutância, Miguel confirmou que o sensor estava rompido.
Como o equipamento passa por um processo de aferição realizado, anualmente, pelo INMETRO, a
empresa de Miguel informou ao órgão sobre a necessidade da intervenção e o sensor danificado
foi substituído e testado.

Os laboratórios que fazem parte da Rede Brasileira de Calibração (RBC) atendem as normas determinadas
pelo INMETRO. A principal norma relacionada à calibração de equipamentos eletroeletrônicos é a Norma
ABNT NBR ISO/IEC 17025, referente aos requisitos e as competências de laboratórios de ensaios e calibração.
Tais laboratórios geram relatórios que apresentam gráficos e valores das tolerâncias dos serviços realizados
nos equipamentos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 33 26/06/2017 16:17:15


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
34

A configuração dos parâmetros dos circuitos eletrônicos pode se apresentar de diversas formas. Uma
forma bastante comum de configuração é por meio de componentes com características ajustáveis
(potenciômetros, capacitores variáveis etc.), que são aplicadas diretamente na placa, com auxílio de uma
chave Philips ou de Fenda, conforme exemplificado, a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 11 -  Ajuste do potenciômetro em circuito

Outra forma adotada de ajuste se dá por meio de configuração via software, que pode ser aplicada com
a alteração no firmware ou na configuração direta através dos MENU de configuração disponibilizado pelo
circuito.

Erro do sistema
Por meio do erro do sistema pode-se definir a intensidade do ajuste, que precisa ser realizado no sistema.
Dois métodos de calibração podem ser abordados para esclarecer os princípios que determinam o ajuste
e a regulagem de um sistema: o método direto e o indireto, os quais dependem do tipo de aplicação do
sistema.
a) Método direto
A calibração direta de um instrumento ou equipamento de medição ocorre em situações específicas
que possibilitam a execução deste método. Inicialmente, uma grandeza física é inserida próxima ao
instrumento. O valor da medição, correspondente a esta grandeza, que é ajustado de acordo com os
valores padrões do sistema de medição internacional (SI). Isso significa que o valor da medição original foi
corrigido por meio do método de calibração.
Para a elaboração deste procedimento utiliza-se um corpo de teste, cujo valor é conhecido de forma
precisa dentro de certas condições do ambiente, que são replicadas para realização deste método. A
calibração de uma balança é um exemplo simples de como este procedimento pode ser realizado, utiliza-
se neste caso uma massa-padrão conhecida. A figura, a seguir, mostra uma balança que atende a este
exemplo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 34 26/06/2017 16:17:16


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
35

iStock ([20--?])
Figura 12 -  Balança eletrônica

O peso mensurado deve ser comparado ao peso da massa-padrão utilizada de modo determine o erro
do sistema. É importante que este procedimento seja realizado com vários valores de massa-padrão e que
cubram toda a faixa de medição da balança. O erro de um sistema geralmente não é tido como constante.
b) Método indireto
Algumas grandezas físicas são complexas quando simuladas em laboratório, tornando difícil a realização
do método direto.
Por exemplo, o velocímetro do automóvel (figura a seguir) é um sistema que necessita de uma forma
alternativa para realizar a avaliação do erro, podendo ser executado por meio de um sistema auxiliar, que
simula os valores para o sistema de medição.
iStock ([20--?])

Figura 13 -  Velocímetro analógico

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 35 26/06/2017 16:17:17


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
36

Outro exemplo, é um equipamento auxiliar que realize o papel de gerar os sinais do sensor de velocidade
do sistema, ou seja, o gerador de funções de alta precisão (equipamento normalmente de alto custo).
A precisão deste processo deve ser consideravelmente maior do que a do velocímetro. Os sinais destes
sistemas podem ser inseridos de modo a serem verificados os valores de velocidade e de erro para várias
velocidades, que cubram todo a faixa de operação do equipamento de medição.
No caso direto ou indireto, as medições de erro devem ser registradas em um quadro para observar
o comportamento do erro, da faixa de operação do equipamento. Por meio desses valores poderão ser
tomadas medidas de ajustes para calibração do equipamento, conforme mostra o quadro, a seguir.

VELOCIDADE PADRÃO VELOCIDADE MENSURADA ERRO


20,0 Km/h 21,1 Km/h 1,1 Km/h
40,0 Km/h 41,8 Km/h 1,8 Km/h
80,0 Km/h 82,5 Km/h 2,5 Km/h
Figura 14 -  Comparativo entre as velocidades esperada e medida
Fonte: SENAI (2016)

Um breve exemplo de resultados obtidos é apresentado no quadro anterior. A partir dos valores
encontrados, os erros sistemáticos com relação ao fundo de escala do equipamento devem ser mensurados,
e os valores calculados podem ser comparados com os valores da especificação do equipamento fornecidas
pelo fabricante.
O procedimento de validação indireta pode ser útil para verificar se os equipamentos de instrumentação
do laboratório de eletrônica não estão operando com valores demasiadamente fora de suas especificações.
Agora que você já estudou alguns equipamentos e sistemas eletrônicos é chegado o momento de
conhecer como funciona o controle de descarga eletrostática, para isso siga em frente.

2.2 CONTROLE DE DESCARGA ELETROSTÁTICA

A eletrostática é uma área do conhecimento que estuda as cargas elétricas em repouso. Estas cargas
elétricas são os elétrons que circulam ao redor de um átomo, mais precisamente na órbita que envolve
o núcleo, que, por sua vez, é formado pelos prótons e nêutrons. Referente a carga, o próton possui carga
elétrica positiva, o nêutron não possui carga elétrica e o elétron possui carga elétrica negativa.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 36 26/06/2017 16:17:17


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
37

Veja, na figura, a seguir, a estrutura do átomo.

iStock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)


Figura 15 -  Estrutura do átomo

O princípio da teoria eletrostática é que as cargas elétricas de sinais opostos se atraem e as de sinais
iguais se repelem, conhecido como atração e repulsão. A figura, a seguir, representa as forças de atração e
repulsão entre as cargas, prótons e elétrons.

- +

+ +
Rosimeri Likes (2017)

- -
Figura 16 -  Forças de atração e repulsão
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 37 26/06/2017 16:17:18


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
38

Diante da estrutura do átomo, entende-se os processos de eletrização, que ocorre de três formas, por
atrito, por contato ou por indução. Conheça, no quadro, a seguir, as características de cada forma.

FORMAS DE ELETRIZAÇÃO DESCRIÇÃO

Ocorre entre dois materiais isolantes, transfere elétrons de um material para o outro,
Por atrito
ficando um material eletrizado positivamente e o outro negativamente.

É quando dois materiais são postos em contato, e o que houver maior carga elétrica
Por contato
transfere a carga para o material neutro, ocorrendo o equilíbrio eletrostático.

Consiste em ter dois materiais carregados positivamente, no entanto, um deles


deve ser aterrado. Ao aproximar estes dois materiais, inicia-se a transferência de
Por indução elétrons vindos do aterramento e o material aterrado fica negativamente carregado.
Enquanto que o positivo e não aterrado, porém, próximo do aterrado cria uma
eletrização por indução.
Quadro 5 - Formas de eletrização
Fonte: SENAI (2016)

O campo elétrico é criado ao redor de uma carga, sendo representado por linhas de campo, onde elas
entram em uma carga negativa e saem em uma carga positiva. É por meio do campo elétrico que circula a
eletricidade em um circuito, sendo necessário que haja uma diferença de potencial ou tensão elétrica, que,
por sua vez, é expressa em volts e representada por uma fonte de tensão.
A descarga atmosférica ocorre quando as cargas presentes entre a nuvem e a terra superam a camada
de isolação do ar, fazendo com que ocorra o raio que descarrega a carga elétrica acumulada na nuvem,
conforme exemplificado na figura a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 17 -  Descarga atmosférica

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 38 26/06/2017 16:17:18


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
39

Por meio de raios e trovoadas a descarga atmosférica pode danificar os equipamentos eletroeletrônicos,
porém, existem outros tipos de descarga eletrostática conhecidas como ElectroStatic Discharge (ESD). A ESD
pode ser causada pela própria estática do corpo humano, o que é suficiente para danificar componentes
eletrônicos ao manuseá-los durante uma montagem, por exemplo.
No caso de componentes eletrônicos, a ESD gerada pelo corpo humano pode danificar o componente
rompendo suas conexões internas. E, no caso de um raio, pode levar o ser humano a óbito. Além disso,
deve-se aterrar uma estação de montagem de placas de circuito impresso para proteger o ser humano e
os componentes contra ESD.

Ao realizar a manutenção fique atento aos equipamentos de proteção individual,


FIQUE coletiva e a desenergização do circuito. Você deve observar as condições e os possíveis
ALERTA riscos antes de iniciar a manutenção, além de classificar (sem subestimar) a área de
risco de acordo com o grau de perigo existente.

Existem meios de se evitar a queima de componentes eletrônicos por ESD, desviando a descarga
estática para outro ponto chamado, aterramento. Os equipamentos para proteção contra ESD são manta
antiestática, pulseira antiestática, tornozeleira antiestática, luva antiestática, jaleco antiestático, piso
dissipativo, recipiente antiestático, pincel antiestático, embalagem antiestática, e alguns destes dispositivos
são conectados a um sistema de aterramento. Veja, na figura, a seguir, alguns destes equipamentos.
iStock ([20--?])

Figura 18 -  Equipamentos de proteção ESD

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 39 26/06/2017 16:17:20


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
40

Agora, leia, o quadro, a seguir, as características e aplicações de cada protetor individual.

PROTETORES ESD CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES


É conectada ao sistema de aterramento, que, por sua vez, absorve a estática recebida pela manta. Esta
Manta manta apresenta grande utilidade por criar uma área segura contra estática na bancada de monta-
gem de placas eletrônicas.
É conectada na bancada de trabalho, sendo necessário ter o cuidado de conectá-la e desconectá-la
ao chegar e ao sair da bancada de montagem. O corpo humano é ligado ao sistema de aterramento
Pulseira
por meio da pulseira e cabo elétrico. O objetivo é que o corpo humano descarregue de forma au-
tomática a estática que possa surgir por outros meios, como por exemplo, caminhar em carpetes etc.,
Este equipamento é conectado ao sistema de aterramento e você deve ter cuidado com sua conexão
na bancada de montagem, além de verificar o seu bom funcionamento por meio de equipamentos
Tornozeleira
de teste eletrostático, que indicam se a pulseira ou a tornozeleira estão em condições elétricas de
operação.
Serve para prevenir que uma determinada tensão estática seja descarregada na placa ou no compo-
nente que está sendo montado. No entanto, você deve usar a pulseira ou a tornozeleira antiestática
Luva para que a descarga eletrostática seja direcionada para o sistema de aterramento. Além disso, a luva
antiestática auxilia a limpeza no momento da montagem eletrônica, evitando que os óleos gerados
nas mãos cheguem até o componente que está sendo montado.
Usado para evitar que a estática do corpo seja descarregada de alguma forma no componente ou na
placa eletrônica, no momento da montagem. Ao utilizá-lo é necessário que seja conectada a pulseira
Jaleco ou a tornozeleira antiestática, para que ocorra a descarga estática no sistema de aterramento. Além
disso, o jaleco antiestático é uma proteção para que a estática da roupa não chegue até o compo-
nente eletrônico, uma vez que existem roupas de diversos tecidos, que podem gerar estática.
Quadro 6 - Protetores individuais

Para que ocorra o aterramento dos equipamentos de proteção ESD, é necessário que eles sejam
devidamente aterrados. Na sequência, veja a conexão da pulseira antiestática ao sistema de aterramento
apropriado.
iStock ([20--?])

Figura 19 -  Conexão de aterramento da pulseira antiestática

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 40 26/06/2017 16:17:21


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
41

Além dos protetores individuais, há os coletivos, por exemplo, o piso dissipativo, que tem a função de
cria uma espécie de blindagem, facilitando a dispersão da estática e evitando a criação dela no local. Este
piso protegerá o ser humano, o componente e a montagem eletrônica, além dos equipamentos utilizados
na montagem.
Em relação a ferramentaria, a pinça antiestática tem a função de proteger o componente eletrônico
contra descarga eletrostática, que é conduzida pelas mãos. Para utilizá-la o técnico deve usar luvas.
Para evitar a queima do componente eletrônico por meio de contato humano, além da luva citada,
podem ser utilizadas também ventosas. As ventosas são ferramentas que prendem o componente por
meio de sucção, não havendo a necessidade de posicionar o componente diretamente com as mãos. Já no
caso de sistemas de montagem automática de placa de circuito impresso, o sistema de aterramento fica de
acordo com o aterramento dos equipamentos.
Portanto, as montagens eletrônicas precisam ser realizadas com os devidos equipamentos de proteção
ESD, conforme apresentado na figura, a seguir.

iStock ([20--?])

Figura 20 -  Montagem eletrônica

A descarga eletrostática (ESD) é uma perda de carga elétrica quando ocorre um acúmulo alto desta
carga sobre um objeto. Para uma ESD acontecer, deve ser gerada muita carga, que precisa ser acumulada e
depois descarregada. O acúmulo de carga gera um campo elétrico, que, quando suficientemente intenso e
rompendo a isolação da tensão, pode causar uma descarga ou sobretensão em um objeto.
O ser humano ao caminhar sobre o carpete pode acumular mais de 1500 volts. Para danificar um
MOSFET3 de potência, é necessária uma tensão estática em torno de 100 a 200 volts. Devido a sensibilidade
estática do mosfet, as embalagens são desenvolvidas para proteger o componente contra a ESD, além dele,
outros componentes também requerem esta proteção.

3 Transistor de efeito de campo com tecnologia metal oxido semicondutor.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 41 26/06/2017 16:17:22


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
42

Conheça, na figura, a seguir, uma embalagem antiestática para transporte de componente eletrônico.

iStock ([20--?])
Figura 21 -  Embalagem antiestática

A eletrostática é um fenômeno, muitas vezes, invisível, o que se tem feito é utilizar a comunicação visual
para alertar qual componente é sensível à descarga eletrostática. Os componentes que são sensíveis à des-
carga eletrostática possuem o símbolo apresentado na figura, a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 22 -  Símbolo de componente sensível à estática

Nem sempre o aviso se encontra no componente, conforme apresentado. Em algumas situações, pode
estar disposto na embalagem ou na folha de dados disponibilizada pelo fabricante.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 42 26/06/2017 16:17:24


2 FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO ELETRÔNICA
43

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou os principais conceitos que envolvem a aplicação de sistemas de
sensoriamento eletrônico, assim como a importância da calibração de um sistema eletrônico.
Além da necessidade periódica da calibração de equipamentos, especialmente os mais sensíveis,
é preciso estar ciente que os sistemas eletrônicos podem sofrer alterações durante as ações de
conserto, afetando a calibração de um equipamento.
Além disso, você aprendeu sobre os princípios das descargas eletrostáticas e como prevenir que os
sistemas eletrônicos sofram as consequências causadas por este fenômeno elétrico. Ao lidar com
circuitos eletrônicos é importante estar atento aos riscos causados por tais descargas que podem
ter origem de muitas falhas e defeito, deve-se, portanto, tomar as medidas necessárias para evitá-
-los.
Esses conceitos aprendidos ajudarão você definir quais as medições devem ser realizadas em
função do diagnóstico de falhas e defeitos em circuitos e sistemas eletrônicos, além de realizar
testes considerando os modos de operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 43 26/06/2017 16:17:25


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 44 26/06/2017 16:17:25
Técnicas de Manutenção em
Circuitos e Sistemas

Você sabe quais são as técnicas e fases necessárias para a realização da manutenção de
sistemas eletrônicos? O que é um procedimento de validação das intervenções realizadas?
Neste capítulo serão apresentadas etapas e procedimentos básicos que compõe os serviços
de manutenção de sistemas eletrônicos e os testes de validação necessários para verificação
do funcionamento dos circuitos. O foco principal das ações de manutenção apresentadas são
relacionadas ao conserto de falhas e defeitos em placas de circuito eletrônicos.
A primeira parte do trabalho de manutenção consiste em localizar os setores de um circuito
que possuem defeitos e falhas elétricas e eletrônicas impedindo o sistema de funcionar
adequadamente. Para isso existem técnicas de diagnósticos aplicados em dispositivos,
placas de circuitos eletrônicos e outros componentes do sistema, como sensores, monitores,
cabeamentos, periféricos e acessórios que possam estar integrados ao conjunto.
A segunda parte, busca englobar as principais ações de conserto que podem ser realizadas
de modo a eliminar os problemas diagnosticados na etapa anterior. Para isso, inicialmente, são
apresentadas as técnicas de soldagem manual que podem ser empregadas em um laboratório
convencional de eletrônica. Em seguida, são abordadas as técnicas de consertos de hardware
que preveem ações como substituição de componentes, conserto de trilhas e limpeza do
circuito.
Para finalizar são introduzidos os conceitos de manutenção que englobam o estudo do
sistema com o auxílio de softwares, visto que, em muitos casos, as falhas e os defeitos podem ser
detectados com o auxílio de softwares supervisórios ou por meio de simulações dos circuitos
em computador.
A terceira etapa, abordada pode ser considerada a última etapa prática do trabalho de
manutenção, introduz a necessidade de validação dos serviços de manutenção realizados nas
etapas anteriores, abordando procedimentos e exemplos que podem ser utilizados durante a
validação real de um sistema eletrônico.
A validação engloba uma primeira etapa que é realizada em laboratório para determinar
a qualidade dos consertos realizados, para então, em segundo plano, serem realizados testes
mais rígidos, seja em laboratório ou diretamente na aplicação, para determinar se o sistema
pode operar de maneira confiável conforme suas especificações originais.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 45 26/06/2017 16:17:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
46

Destarte, este capítulo mostrará para você alguns desses conhecimentos e auxiliará no desenvolvimento
das habilidades de forma que ao final deste estudo, você terá subsídios para:
a) definir as medições a serem realizadas em função do diagnóstico de falhas e defeitos em circuitos e
sistemas eletrônicos;
b) aplicar técnicas de diagnóstico de falhas em manutenção de circuitos eletrônicos;
c) diagnosticar falhas, defeitos e suas possíveis causas em circuitos e sistemas eletrônicos a partir do
histórico de manutenção;
d) aplicar técnicas de reparação de circuitos eletroeletrônicos;
e) realizar manutenção de circuitos e sistemas eletrônicos;
f ) selecionar os recursos computacionais específicos em função da realização de testes de circuitos e
sistemas eletrônicos;
g) realizar testes considerando os modos de operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos;
h) propor melhorias a partir dos resultados de desempenho do processo de manutenção;
i) propor melhorias em circuitos e sistemas eletrônicos a partir das atividades de manutenção.
Bons estudos!

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 46 26/06/2017 16:17:25


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
47

3.1 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE DISPOSITIVOS COM DEFEITO

Os equipamentos em geral não duram para sempre e com circuitos eletrônicos a história não difere.
Frequentemente encontra-se dispositivos e sistemas eletrônicos com algum tipo de defeito ou até mesmo
sem funcionamento. Quem, afinal de contas, nunca se deparou com uma situação dessas ou até mesmo
ficou na mão quando mais precisava de um dispositivo? Veja, a seguir, um exemplo de manutenção em
sistema eletrônico.

Istock ([20--?])
Figura 23 -  Manutenção em sistema eletrônico

Os circuitos eletrônicos podem danificar ou simplesmente parar de funcionar por diversos motivos, tais
como os exemplos apresentados no quadro, a seguir.

MOTIVOS DESCRIÇÃO E EXEMPLOS


Ajustes incorretos.
Manuseio inadequado
Usuário.
Conexões indevidas
Uso de alimentação incorreta
Componentes defeituosos.
Fabricação.
Placas eletrônicas de baixa qualidade ou defeituosas

Os componentes, incluindo as placas, possuem uma vida útil que pode diminuir conforme as
Envelhecimento
condições de uso ou do ambiente de trabalho.
Variações da energia elétrica podem causar danos aos equipamentos eletrônicos, especialmente
Qualidade da energia
aqueles cuja a variação de entrada permitida é pequena.
Excesso de temperatura.
Umidade.
Descargas elétricas e eletrostáticas.
Ambiente
Acúmulo de poeira.
Vibração.
Choque mecânicos.
Quadro 7 - Possíveis motivos para um sistema eletrônico apresentar problemas
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 47 26/06/2017 16:17:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
48

Durante a prática de conserto destes equipamentos, é preciso seguir uma ordenação lógica para buscar
assegurar a integridade do circuito eletrônico que está sendo consertado, a segurança da operação e o
sucesso da manutenção de modo a garantir que o circuito possa operar dentro do esperado. Para isso,
quatro macros etapas básicas do processo de manutenção serão abordadas neste material de modo a
mostrar a você um procedimento lógico sobre a atividade de manutenção em sistemas eletrônicos. Este
procedimento é constituído das etapas:
a) Identificação.
b) Diagnóstico.
c) Manutenção.
d) Validação.
Esta seção abordará primeiro a macro etapa, que busca apresentar os fatores importantes na identificação
de um dispositivo eletrônico defeituoso. A atividade de manutenção de sistemas eletrônicos requer pré-
requisitos a respeito de eletrônica em geral e das possibilidades de circuitos existentes de modo a permitir
que o técnico de manutenção seja capaz de se deparar com várias situações possíveis no momento de
consertar um equipamento qualquer.

TIPO DE ALIMENTAÇÃO
Os circuitos eletrônicos lógicos funcionam com corrente elétrica do tipo contínua (CC). No entanto,
este estágio, muitas vezes, é disponibilizado por meio de uma transformação de corrente alternada (CA)
para corrente contínua, já que grande parte das fontes de energia que alimentam os equipamentos
é de natureza alternada, provenientes da rede elétrica, como é o caso das tomadas das indústrias e das
resistências. Conheça, a seguir, como os circuitos podem ser alimentados.
a) Alimentação direta em corrente contínua
Os circuitos eletrônicos portáteis frequentemente possuem um armazenador de energia que disponibiliza
os sinais de tensão e corrente na forma contínua, como é caso dos celulares, relógios, calculadoras, controle
remotos, notebook, entre outros equipamentos que utilizam baterias e pilhas elétricas.
As fontes que são utilizadas para alimentar os circuitos eletrônicos diretamente em corrente contínua são
pilhas e baterias (chumbo ácido, lítio-íon, níquel metal-hidreto etc.), módulos fotovoltaicos (monocristalino,
policristalino, filme fino etc.), células a combustível (hidrogênio) e geradores de corrente contínua.
Estas fontes possuem um nível de tensão e corrente, máximos, específicos para cada aplicação. Os
sistemas eletrônicos de um veículo automotor de passeio, por exemplo, são alimentados por baterias
de tecnologia de chumbo-ácido com tensão terminal de 12 V. Quando o veículo está em movimento, o
alternador (gerador de corrente contínua), transforma parte da energia mecânica do motor a combustão
para energia elétrica na forma de corrente contínua, de modo a carregar a bateria auxiliar do veículo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 48 26/06/2017 16:17:27


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
49

b) Alimentação em corrente alternada


Embora os componentes eletrônicos, em geral, trabalhem em corrente contínua, a maioria das fontes
de energia disponíveis entregam tensão em corrente alternada para os dispositivos, afinal de contas este
é o padrão adotado nas redes de distribuição de energia. Além disso, podem existir funções dentro de um
circuito eletrônico que necessitem dessa tensão alternada.
Antes de alcançar os componentes, a corrente alternada geralmente é tratada e convertida por um
circuito eletrônico que pode ser do tipo linear ou não linear, as quais podem estar localizadas internamente
ao dispositivo eletrônico que está sendo avaliado, por exemplo, a televisão ou o micro-ondas convencionais
ou ser uma necessidade externa para o funcionamento deste circuito, como um notebook que precisa de
um conversor para alimentação ou carga da bateria. É preciso saber identificar essas necessidades assim
como saber identificar como são os circuitos eletrônicos destas fontes.
O micro-ondas, por exemplo, possui um circuito de entrada alimentado por uma tensão alternada
proveniente da tomada da residência (em 127 V ou 220 V). Esta energia é convertida internamente pelo
circuito eletrônico do dispositivo, de modo a alimentar o sistema eletrônico responsável por realizar as
diversas funções do eletrodoméstico.

TECNOLOGIA DE COMPONENTES
Os componentes eletrônicos podem ser encontrados em duas tecnologias de encapsulamento
conforme apresenta a figura a seguir.

Istock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)

Componentes PTH Componentes SMD


Figura 24 -  Componentes de encapsulamento PTH e SMD em circuitos eletrônicos

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 49 26/06/2017 16:17:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
50

Perceba que na figura anterior, os encapsulamentos PTH e SMD são visualmente distintos. Para
compreender esta diferença, leia, o quadro, a seguir, e conheça as características de montagem das duas
categorias.

TIPO DE ENCAPSULAMENTO TIPO DE MONTAGEM

Surface Mounted Devices (SMD) São soldados na superfície onde são encaixados.

São conectados ao circuito atravessando as ilhas da placa de


Pin Through Hole (PTH)
circuito eletrônico, onde são soldados no lado inferior da placa.
Quadro 8 - Tecnologias de componentes
Fonte: SENAI (2016)

a) Encapsulamento SMD
Os dispositivos portáteis geralmente prezam por este tipo de tecnologia que permite um grau elevado
de miniaturização do tamanho do equipamento, como por exemplo, acontece com o celular, os vídeo
games portáteis, os notebooks, entre outros equipamentos. A manutenção de circuitos que contém
esse tipo de componente pode ser um grande desafio em muitas situações em que as placas possuem
grande densidade de componente na mesma região. Estes componentes são mais delicados e podem
ser facilmente danificados com o excesso de temperatura, assim como são mais sensíveis às descargas
eletrostáticas. Além disso, é preciso que o técnico de manutenção possua as ferramentas e as habilidades
adequadas para manipular estes componentes.
b) Encapsulamento PTH
Estes componentes, em geral, são mais robustos do que os componentes SMDs, e, por isso, são mais
fáceis de trabalhar, especialmente quando se trata de um serviço de manutenção. Porém, isso não quer
dizer que o seu manuseio não possua desafios. A falta de atenção ou cuidado pode levar a um procedimento
inadequado que danifique o circuito no momento de removê-lo da placa de circuito impresso para
realização de uma substituição. Estes detalhes serão vistos posteriormente.

FUNÇÕES DOS CIRCUITOS


Os circuitos eletrônicos podem ser classificados conforme as funções específicas para os quais foram
desenvolvidos. É necessário que o técnico de manutenção conheça a essência do funcionamento do
dispositivo que deseja realizar o serviço de conserto. Além disso, existem funções que são secundárias em
um projeto, mas nem por isso menos importantes, e que também precisam ser compreendidas para que a
manutenção seja realizada adequadamente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 50 26/06/2017 16:17:27


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
51

Um técnico pode se aperfeiçoar na manutenção de um único tipo de circuito, e, ainda assim, ter um
oceano de informações e tipos diferentes de circuitos que precisam ser conhecidos e aprendidos. É o caso
de um técnico que trabalha especificamente com o conserto de um tipo de circuito específico, como os
aparelhos de televisão, os dispositivos automotivos, os computadores, os celulares, entre outros.
As funções de um circuito podem ser comuns em diversos tipos de dispositivos diferentes. A essência
de um circuito de processamento de som, por exemplo, pode estar presente em celulares assim como
em uma televisão. Embora esses circuitos possam possuir parâmetros de projeto muito distintos uns dos
outros, a essência do funcionamento tem um núcleo comum que precisa ser conhecido.
Outro exemplo, são os circuitos eletrônicos para carregar baterias, que se trata de um tipo de circuito
que tem a finalidade de processar energia de uma forma e transformar em outra, de maneira que possa
realizar a carga do dispositivo eletroquímico específico. No entanto, existem diversos tipos de baterias
e cada uma possui uma infinidade de opções de parâmetros diferentes que afetam suas características
elétricas e físicas (tamanho, formato etc.). Cada uma dessas variações pode requerer projetos distintos para
o circuito de carga, cujo resultado, muitas vezes, resulta em projetos visualmente muito diferentes devido
as diferenças de cada aplicação. No entanto, em geral, os carregadores vão possuir um núcleo de funções
que são comuns entre eles.
Independentemente do tipo de circuito eletrônico, exceto aqueles comandos muito específicos, existem
muitas funções que podem ser incorporadas a vários projetos diferentes. Compreender o funcionamento
destas funções e as interações entre elas é muito importante para entender o funcionamento de um
circuito eletrônico. Este processo permitirá que o técnico possa atacar os problemas com maior eficiência
e assertividade, quando encontrá-los.
Algumas funções gerais que estão presentes em uma grande quantidade de circuitos eletrônicos serão
apresentadas, a seguir.
a) Fontes de alimentação
A entrada de um circuito eletrônico, como foi visto, pode ser em CA ou CC. No entanto, independente da
natureza da energia de entrada, os sistemas eletrônicos necessitam de circuitos que realizem o tratamento
desta energia de modo a disponibilizar níveis de tensão e corrente adequados para o funcionamento do
circuito. Isso é realizado por meio de fontes lineares (figura a seguir) ou fontes não lineares.
Istock ([20--?])

Figura 25 -  Circuito de fonte de tensão linear

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 51 26/06/2017 16:17:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
52

Os circuitos de fontes lineares possuem o estágio retificador que é composto geralmente de diodos
semicondutores, circuitos integrados de conversão lineares de energia, assim como filtros capacitivos e
indutivos. Esses componentes encontram-se localizados próximos ao conector de entrada de energia do
circuito.
Fontes não lineares, conhecidas como fontes chaveadas, possuem geralmente chaves eletrônicas
(especialmente MOSFETs e IGBTs), indutores e capacitores. Estas fontes podem ser isoladas ou não isoladas,
assim como as fontes lineares, também se localizam frequentemente próximo aos circuitos de entrada do
circuito. Quando se trata de fontes isoladas, é possível verificar a presença de transformadores no circuito
da fonte.
b) Filtros
Circuitos de alimentação e muitos circuitos de dados, especialmente analógicos, possuem filtros
responsáveis por eliminar parte das ondulações e ruídos elétricos que afetam o funcionamento do
equipamento. Estes dispositivos se localizam frequentemente próximos as entradas e saídas de energia de
um dispositivo.
c) Circuitos de controle
O cérebro de um sistema eletrônico pode ser composto por circuitos analógicos ou digitais que realizam
ações de controle, comunicação, sensoriamento, processamento de sinais etc.
Estas funções podem ser realizadas por componentes discretos: circuitos compostos de componentes
como diodos, transistores, resistores, capacitores, amplificadores operacionais (AMPOPs), portas lógicas,
entre outros. Assim como estas funções podem ser circuitos integrados, que possuem vários subcircuitos
lógicos em um único invólucro. Estes circuitos costumam ser a parte mais delicada de um circuito, em que
é necessário maior cuidado na movimentação e no uso das ferramentas.

TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO
Até o momento foram apresentados os conhecimentos básicos necessários para compreensão de um
circuito eletrônico, como, saber identificar os componentes, os tipos de circuitos e suas funções. O próximo
passo é conhecer as técnicas fundamentais que permitem identificar se um circuito apresenta algum
defeito evidente.
Poderia se pensar que uma maneira simples de realizar esta atividade consiste em conectar o dispositivo
na fonte de alimentação propicia e ver o que acontecerá. No entanto, isso pode ser considerado um
procedimento arriscado. Dependendo do defeito do circuito eletrônico, pode ocorrer um curto-circuito ou
sobreaquecimento de componentes, prejudicando ainda mais a integridade do circuito.
A seguir, neste capítulo, serão introduzidos conceitos sobre as causas e consequências de falhas e
defeitos em circuitos eletrônicos e você conhecerá dois procedimentos de testes que são importantes
para a etapa de identificação de dispositivos defeituosos, que trata da primeira etapa do processo de
manutenção de um circuito eletrônico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 52 26/06/2017 16:17:28


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
53

3.1.1 FALHAS E DEFEITOS

Quando um circuito eletrônico não está funcionando se diz que este equipamento possui uma falha. A
falha corresponde a impossibilidade de um sistema realizar sua principal tarefa. Neste caso, o processo de
manutenção é essencial para colocá-lo de volta em operação. Uma televisão que está com a tela quebrada
de tal forma que não permita a visualização das imagens corresponde ao exemplo de um equipamento
que está com uma falha, pois sua função principal foi danificada.
Um defeito, de outro modo, é um comportamento inadequado de certas funções de um sistema, mas
não necessariamente prejudica o sistema de realizar suas principais funções. Por exemplo, uma televisão
que está com um dos seus conectores HDMI quebrado, isso não irá necessariamente impedir que a
televisão realize suas tarefas de recepção de sinais por outros canais ou que disponibilize imagens e os
sons. Este defeito irá acarretar somente na limitação do uso de algumas funções. No entanto, defeitos que
não são consertados podem levar a ocasionar outros defeitos ou até mesmo falhas que comprometam o
funcionamento principal do equipamento.
Supondo que o conector HDMI quebrado ocasione um curto-circuito de proporção suficiente para
queimar os principais componentes da fonte de alimentação principal do aparelho de televisão, levando a
inutilização do equipamento, pode-se dizer, neste caso, que o conector HDMI quebrado foi o responsável
pelo defeito, ou seja, a causa deste.

CAUSAS
a) Sobretemperatura
Os componentes eletrônicos, especialmente os semicondutores, possuem limites bem definidos de
temperatura. Portanto, quando estes componentes ficam sujeitos às temperaturas que excedem estes li-
mites, normalmente queimam. Já os conectores, que são normalmente constituídos de materiais plásticos,
podem derreter e comprometer a isolação. Materiais magnéticos, como o Ferrite, perdem sua capacida-
de magnética quando submetidos às temperaturas que excedem sua temperatura máxima (Temperatura
Curie).
O excesso de temperatura pode ser externo ao circuito. Caso seja proveniente do ambiente, em dias
muito quentes, ou de aplicações que estão submetidas a um ambiente com temperatura elevada ou
próximo a outros equipamentos que possam ter gerado calor excessivo, como é o caso, por exemplo, de
equipamentos instalados próximos aos motores à combustão, em eletrônica embarcada em veículos.
De outra forma, a origem do excesso de temperatura pode ser interna. Componentes que foram
mal projetados ou apresentam alguma falha que esteja resultando em excesso de calor podem afetar
componentes mais sensíveis na vizinhança do circuito.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 53 26/06/2017 16:17:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
54

b) Sobrecorrente e sobretensão
Os componentes eletrônicos podem ser danificados devido ao excesso de corrente ou a tensão sobre
os seus terminais. Estes limites são ainda mais sensíveis em componentes de tecnologia SMD. Veja um
exemplo de circuito danificado a seguir.

Istock ([20--?])

Figura 26 -  Circuito danificado devido a sobrecorrente

A causa de sobretensão ou sobrecorrente pode ser externa ao circuito, como um curto-circuito em


um cabeamento, descargas elétricas atmosféricas ou oscilações da rede elétrica. Assim como esse efeito
pode ter origem interna no circuito devido uma falha lógica, respingos de solda sobre a placa, acúmulo de
sujeiras, entre outros problemas.
c) Choques mecânicos
A queda de um equipamento, por exemplo, pode danificar componentes do circuito eletrônicos. Da
mesma forma, aplicações com excesso de vibração podem ocasionar o desprendimento de componentes
da placa de circuito impresso.
d) Envelhecimento dos componentes
Com o passar do tempo, os componentes sofrem desgastes que afetam seus parâmetros e podem
deteriorar lentamente suas características físicas, resultando em falhas, que prejudicam o funcionamento
do circuito eletrônico.
Isso ocorre especialmente em projetos que os componentes foram superdimensionados. Portanto,
costumam operar em condições de carga e térmica próximas de seus limites, isso pode ser uma causa de
desgaste e redução da sua vida útil.
e) Outras intempéries
Excesso de umidade ou exposição frequente a ambientes corrosivos pode desgastar, ou comprometer
a qualidade das ligações elétricas em uma placa de circuito eletrônica assim como os próprios terminais

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 54 26/06/2017 16:17:29


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
55

dos componentes. Um exemplo comum, a maresia nas cidades litorâneas, é um fator expressivo que afeta
consideravelmente os circuitos eletrônicos, que podem ter sua vida útil reduzida devido ao fato de estar
permanentemente operando neste tipo de ambiente corrosivo.
f ) Uso incorreto dos equipamentos
Muitas vezes, os problemas são ocasionados pelos usuários que cometem equívocos durante a
operação de um circuito ou dispositivo eletrônico. Os cabos de energia podem ser conectados de forma
errada ou em potenciais elétricos diferentes do especificado para o circuito. Em um país como o Brasil,
que possui dois padrões de nível tensão elétrica conforme o Estado, é comum verificar equívocos, por
exemplo, equipamentos de 220 V sendo conectados em redes de 127 V e vice-versa. Embora hoje muitos
equipamentos sejam bivolt automático justamente para evitar esse tipo de falha.

CONSEQUÊNCIAS
Um componente eletrônico pode simplesmente parar de funcionar sem apresentar indícios físicos de
seu defeito. No entanto, muitas vezes, os efeitos podem ser destrutivos, vindo a afetar e a prejudicar outros
componentes na vizinhança. As consequências de um problema podem se tornar causas de outros defeitos
ocasionando outras consequências indesejadas para o sistema, como os citados a seguir:
a) carbonização dos componentes e trilhas
Os componentes quando são sujeitos a sobrecorrentes podem ser danificados ao ponto de carbonizar
devido ao excesso de aquecimento. É frequente acontecer isso durante situações de curto-circuito, em que
a corrente elétrica tende a aumentar drasticamente, resultando em um excesso de energia, em um curto
período de tempo, que os componentes são incapazes de processar.
A figura, a seguir, apresenta uma situação de placas eletrônicas com diversos componentes, incluindo a
própria placa, carbonizados devido a ocorrência de curto-circuito.
Istock ([20--?])

Figura 27 -  Componente eletrônico carbonizado

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 55 26/06/2017 16:17:30


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
56

Quando o estrago é tão abrupto e evidente, assim como na placa da figura anterior, pode ocorrer que
muitos pontos chaves do circuito sejam danificados, especialmente as trilhas de camadas internas da
placa deixarem de existir. Nestes casos extremos, o conserto da placa pode se tornar uma tarefa muito
dispendiosa e inviável.
b) rompimento do corpo do componente
Os componentes eletrônicos podem romper devido ao excesso de tensão ou corrente, assim como
devido aos choques mecânicos ou as vibrações. O capacitor que sofreu um excesso de tensão sobre os
terminais, ultrapassando a isolação elétrica entre as placas do capacitor, tende a estufar, e, muitas vezes,
romper. A mesma situação pode ocorrer com varistores, que estão sujeitos a ficar sobre condições de
estresse de tensão proveniente da alimentação de energia externa.
A figura, a seguir, apresenta um varistor que sofreu este tipo de efeito, e um dano causado por choque
mecânico na tela de um smartphone.

Istock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)

a) Varistor b) Celular
Varistor rompido Tela de celular quebrada

Figura 28 -  Componentes danificados

Conforme apresentado anteriormente, choques mecânicos também são as causas de muitos problemas
em dispositivos eletrônicos.
c) defeitos intermitentes
Nem todas as consequências são destrutivas ou facilmente visíveis, algumas são mais sutis e o trabalho
de diagnosticá-las pode ser bem árduo, especialmente dos defeitos cuja influência sobre o funcionamento
do equipamento não é constante, aparecendo de tempos em tempos. Estes são os chamados defeitos
intermitentes e podem ser constantes, aparecendo e desaparecendo em intervalos periódicos ou
aleatórios, ou podem surgir eventualmente em condições específicas, por exemplo, sobre certas condições
de temperatura.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 56 26/06/2017 16:17:32


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
57

O rompimento parcial de conexões elétricas, seja em trilhas, conectores, componentes ou condutores


que fazem parte do circuito eletrônico são algumas causas de maus contatos que acarretam em defeitos
temporários.

3.1.2 TESTE DE CONTINUIDADE

Antes de prosseguir, alguns conceitos básicos precisam ser relembrados. O teste de continuidade se
fundamenta especialmente nos conceitos de circuitos elétricos referentes a circuito fechado e circuito
aberto.
No sentido convencional do percurso da corrente elétrica, esta flui de um potencial maior (polo positivo)
para um potencial menor em um circuito elétrico (polo negativo). Para que a corrente elétrica possa fluir
em um circuito é preciso que não exista nenhuma interrupção durante o trajeto da corrente entre os polos
positivo e negativo.
Para exemplificar estes conceitos, a figura, a seguir, apresenta um circuito elétrico constituído de uma
bateria, uma chave e uma lâmpada elétrica.

Chave (aberta) Chave (fechada)

+ +
Vb Bateria Vb Bateria

Rosimeri Likes (2017)


- Lâmpada -
Lâmpada

a) Circuito aberto b) Circuito fechado


Figura 29 -  Circuitos aberto e fechado
Fonte: SENAI (2016)

Na figura (a), a chave está aberta, não permitindo que a corrente flua, este é um exemplo de um circuito
aberto. Na figura (b), a chave está fechada, permitindo que a corrente flua entre o terminal positivo e o
negativo da bateria, consumindo energia para acender a lâmpada. No exemplo anterior, por meio da
posição da chave (fechada ou aberta) é fácil verificar se a corrente irá ou não fluir no circuito.
No entanto, em grandes partes dos circuitos isso não é necessariamente evidente. Um circuito que
teoricamente deveria estar fechado, na verdade pode se encontrar aberto devido uma trilha da placa que
esteja danificada, uma solda realizada inadequadamente, um componente que possa estar danificado
internamente, entre outras razões que afetam o funcionamento de circuitos elétricos e eletrônicos. Do
mesmo modo, os circuitos que deveriam estar abertos, podem se encontrar fechados devido aos respingos
de solda, falhas na fabricação de uma placa de circuito, componentes danificados que possuam um curto-
circuito interno, entre outras razões.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 57 26/06/2017 16:17:32


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
58

Utilizando-se destes conceitos de circuitos fechados e abertos, o teste de continuidade é um ensaio


que permite verificar se um ramo do circuito (dois pontos quaisquer) está em estado de baixa impedância
(circuito aberto) ou alta impedância (similar a um circuito fechado). Este teste é muito importante para
diagnosticar certas falhas no circuito. Conhecendo-se as características do circuito, é possível prever em
qual situação o ramo avaliado deveria se encontrar, e o teste de continuidade é uma técnica que permite
verificar a situação real daquele ramo.
O funcionamento do teste de continuidade consiste em inserir uma diferença de potencial (tensão
elétrica) pequena entre dois pontos quaisquer, sejam trilhas de uma placa eletrônica, pinos de conectores,
terminais de componentes, fios condutores, pinos de circuitos integrados, carcaça de equipamentos, entre
outros pontos que não estejam energizados de um sistema eletrônico.
As consequências de inserir uma tensão elétrica em dois pontos diferentes podem ser resumidas em
duas possíveis situações, conheça-as no quadro, a seguir.

SITUAÇÕES DESCRIÇÃO CONCLUSÃO


Flui corrente elétrica entre os dois pontos caso eles estejam
1.ª Circuito fechado.
conectados eletricamente um com o outro.
Não flui corrente elétrica entre os dois pontos devido não existir um
2.ª Circuito aberto.
ramo que conecte eletricamente os dois pontos.
Quadro 9 - Circuito fechado e circuito aberto
Fonte: SENAI (2016)

O instrumento de medição mais comum em laboratórios de eletrônica que permite realizar este tipo
de ensaio é o multímetro, também chamado de multiteste. A maioria dos modelos deste instrumento de
medição possui uma função de análise, que permite verificar se dois pontos quaisquer estão conectados
eletricamente.
O instrumento injeta uma tensão de saída que é inserida nos pontos de testes por meio do uso das
ponteiras do equipamento. Quando um valor mínimo de corrente elétrica flui entre os dois pontos que
estão sendo ensaiados, o instrumento detecta internamente este consumo de energia – afinal de contas é
o responsável por disponibilizar esta energia para o circuito ensaiado.
Quando isso ocorre, esta informação é transmitida ao usuário por meio da visualização em um display
(seja analógico ou de cristal líquido), de um alarme sonoro (um bipe) ou por meio de ambas as formas.
Para este ensaio as ponteiras do multímetro devem ser encaixadas nos orifícios utilizados na função de
voltímetro (usualmente preto no COM, e vermelho no V).
A figura, a seguir, mostra como é realizado o ensaio de continuidade em circuito eletrônico com a
utilização de um multímetro. Lembre-se de que o circuito precisa estar desenergizado.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 58 26/06/2017 16:17:32


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
59

Istock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)


Teste de continuidade

Ponteira vermelha

Ponteira preta

Figura 30 -  Teste de continuidade em circuito eletrônico


Fonte: SENAI (2016)

Para o uso adequado do multímetro é preciso a leitura do manual do equipamento, de forma a entender
as suas funções e limitações de modo a não incorrer na utilização inadequada do instrumento ou não
segura para o usuário.
Para fazer o uso do teste de continuidade na manutenção de circuitos eletrônicos é preciso que se
conheça as características do ramo (os dois pontos) que está sendo avaliado. O teste pode ser dividido
em duas etapas. Na primeira, o ramo pode se tratar dos terminais de um único componente isolado cujo
funcionamento ou polaridade está sendo verificado. De outro modo, o ramo pode consistir em um trecho
de uma trilha de uma placa eletrônica que contenha vários componentes conectados, podendo existir
muitos caminhos nos quais seria possível a passagem da corrente. Estas duas etapas se complementam e
podem ser igualmente importantes durante a execução de um serviço de manutenção.

3.1.3 TESTE EM COMPONENTES

Durante a manutenção de um dispositivo eletrônico ou placa de circuito impresso podem ser


diagnosticados componentes que possam estar com defeitos, os quais precisam ser removidos e testados.
Embora esta ação se trate de uma atividade de manutenção, que serão estudadas com maior ênfase no
próximo capítulo, é importante esclarecer neste momento o procedimento relativo ao teste de continuidade
nestes casos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 59 26/06/2017 16:17:35


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
60

A funcionalidade básica de muitos componentes eletrônicos pode ser testada por meio da utilização
do teste de continuidade. No entanto, quando o componente está soldado na placa, o esquema do
circuito elétrico pode inviabilizar o teste de continuidade, porque podem existir muitos outros caminhos e
componentes, os quais caso estejam danificados inserem muitas outras variáveis que tiram a confiabilidade
no teste.
Portanto, quando existe a desconfiança sobre o funcionamento de um componente eletrônico, muitas
vezes, é preciso removê-lo da placa para realizar os testes (o processo de dessoldagem).
O procedimento, a seguir, esclarece as etapas básicas durante o teste de continuidade de componentes
elétricos ou eletrônicos.

ETAPA DESCRIÇÃO

Instalação das ponteiras do multímetro. É convencional utilizar a ponteira vermelha para representar o sinal positivo,
1 instalando-a na entrada de tensão (+) do instrumento. Enquanto que, a ponteira preta representa o sinal negativo,
instalando-a na entrada de referência (COM) do instrumento.

Configurar o multímetro na função de continuidade (geralmente identificado com o sinal do bipe) ou Ohmímetro. Ler
2
esta informação no manual, caso não seja tão evidente.

3 Conecta-se a ponteira vermelha (+) em um dos terminais do componente.

4 Conecta-se a ponteira preta (-) em outro terminal do componente.

Não encoste com os dedos nos terminais dos componentes ou nas ponteiras do instrumento, porque os dedos podem
5
estar úmidos e tornar-se um canal de baixa impedância podendo alterar o resultado da medição.

Confira a resposta do instrumento para verificar se o caminho é de baixa ou de alta impedância. O alarme sonoro,
6
quando existir, informa ao usuário que há um caminho de baixa impedância.

Compare os resultados obtidos com as informações na folha de dados (datasheet) e tire as conclusões pertinentes
7
referente ao componente ensaiado.

Quadro 10 - Procedimento teste de continuidade


Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 60 26/06/2017 16:17:35


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
61

Este ensaio não necessariamente pode determinar, por si só, se um componente está funcionando. É
uma condição necessária para a constatação do funcionamento de um componente que este apresente os
resultados esperados durante um teste de continuidade. Isso pode ser um sinal, mas não é suficiente para
determinar sua integridade. No entanto, o teste de continuidade é eficiente para indicar se o componente
está com defeito.
Caso o componente possua um comportamento adverso durante o ensaio, isso por si já, é um
grande indício de que o componente possui algum defeito. Este procedimento pode ser útil para muitos
componentes, os quais são apresentados a seguir.

Istock ([20--?])

Figura 31 -  Componentes eletrônicos

a) Resistores
Embora no ensaio realizado em resistores costuma-se utilizar o teste de resistência, de modo a determinar
seu valor, ainda assim é possível verificar a integridade dos componentes com o teste de continuidade
quando se tratam de resistores com baixo valor ôhmico.
b) Transistor bipolar de junção
Os transistores possuem um canal de alta impedância entre os terminais coletor e emissor, assim como
entre base e coletor. É possível confirmar este valor de alta impedância com o teste de continuidade.
Alguns transistores possuem um dos terminais conectados eletricamente com o corpo do componente,
essa informação pode ser verificada no manual do componente (datasheet). É possível encontrar muitos
problemas em circuitos devido à falta de isolação do corpo de transistores a outros pontos da placa.
Já o canal entre a base e o emissor é idêntica a um diodo, podendo, portanto, ser utilizado o mesmo
procedimento do diodo para verificar a integridade deste canal.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 61 26/06/2017 16:17:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
62

c) Indutores
Os indutores são dispositivos fabricados com longos fios condutores, que devem ser enrolados de
modo a formar uma bobina. Portanto, é de sua natureza possuir uma baixa impedância. Se o resultado do
teste de continuidade, deve apresentar um valor de alta impedância, pode-se constatar que o componente
está danificado de algum modo.
Quando o condutor é rompido internamente, pode-se identificar um circuito aberto nos terminais do
componente por meio do teste de continuidade. No entanto, quando o caso da falha do componente é
devido a falha de isolação de seus condutores, o teste de continuidade identificará o problema. Assim, é
preciso partir para uma análise mais detalhada do componente utilizando um instrumento mais propício
como o medidor de LCR4, por exemplo.
d) Diodo semicondutor
Os diodos semicondutores possuem uma característica não linear de condução, só conduzem corrente
no sentido do terminal ânodo (+) para o terminal cátodo (-). Quando o sentido da corrente elétrica é
invertido, o componente bloqueia a passagem desta corrente.
No entanto, em caso de falha, o componente pode romper e conduzir em ambos os sentidos. Este
processo pode ser identificado com o teste de continuidade, conectando-se a ponteira positiva no terminal
cátodo (-), e a ponteira negativa no terminal ânodo (+).
e) Capacitores
Os capacitores apresentam uma característica muito peculiar, que pode confundir os resultados de
um teste de continuidade. O capacitor é um armazenador de energia, e quando este está descarregado a
impedância entre os seus terminais é muito baixa, indicando que o componente está aberto à passagem
da corrente de modo a absorver a energia do sistema. A medida que um capacitor é carregado com uma
corrente contínua, a impedância entre os terminais começa a aumentar a medida que a carga armazenada
também aumenta.
O teste de continuidade funciona como um carregador para o capacitor, pois o multímetro injeta uma
corrente no circuito de modo a verificar a presença ou não de uma baixa impedância no ramo mensurado.
Portanto, no primeiro instante em que as ponteiras do multímetro forem conectadas em um capacitor
descarregador, o multímetro indica que há um caminho de baixa impedância.
Por isso, é preciso manter as ponteiras do multímetro conectadas durante um tempo (cerca de 10
segundos) de modo que o capacitor carregue a tal ponto que a impedância aumente e o resultado da
medição altere. Esse tempo de aguardo é proporcional ao valor de capacitância do componente.

4 Instrumento de medição semelhante ao multímetro, cuja ênfase é a medição de indutância (L), capacitância (C) e
resistência (R).

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 62 26/06/2017 16:17:36


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
63

f ) Circuitos integrados
A variedade de circuitos integrados é enorme, no entanto, é preciso conhecer o tipo de circuito que
existe entre cada par de terminais para poder avaliar se o teste de continuidade é útil ou não, como por
exemplo, um circuito integrado que possua um AMPOP. Saiba que é da natureza do AMPOP possuir alta
impedância de entrada.
No caso de circuitos integrados mais sensíveis, deve-se ficar atento ao valor máximo de corrente
permitido pelo componente. Caso a corrente de teste de continuidade fornecida pelo multímetro seja
maior do que esta limitação do componente, o teste em si pode danificar o componente. Isso pode ser um
problema, especialmente no caso de uma manutenção, em que a integridade do componente estava sendo
avaliada. Dessa forma, não se sabe mais se o componente já estava danificado ou se foi danificado durante o
procedimento de teste. Portanto, fique sempre atento e leia o datasheet dos componentes que serão testados.
g) Conectores e chaves
Diversos conectores e chaves possuem ligações internas que, muitas vezes, não são visíveis. Portanto,
pode-se utilizar o teste de continuidade para verificar a integridade destas conexões, assim como o
funcionamento das chaves em suas posições aberto e fechado.

3.1.4 TESTE EM PLACAS ELETRÔNICAS

Quando se deseja verificar a integridade de trilhas ou de conexões elétricas em um circuito, o teste de


continuidade é ideal para esta tarefa, especialmente quando se tratam de pontos que estão conectados
eletricamente. Quando o teste indica alta impedância em um setor que deveria estar conectado, é possível
que exista algum defeito nesta ramificação que precisa de maior atenção.
No momento em que os componentes já estão soldados na placa de circuito eletrônico – caso que ocorre
na maioria dos circuitos que precisam de manutenção – o teste de continuidade se torna mais complexo
devido ao fato de poder existir muitos componentes ou ramificações entre os pontos do circuito que estão
sendo ensaiados, aumentando o número de possíveis caminhos que possibilitem um caminho de baixa
impedância. Por isso, é preciso estar atento aos tipos de circuitos que estão entre esses pontos e realizar
uma análise geral para determinar se este trecho deve possuir um valor baixo ou alto de impedância.
É preciso tomar cuidado também com ramos que possuem capacitores, assim como foi mencionado
anteriormente, pois o comportamento destes afeta a medição do teste de continuidade.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 63 26/06/2017 16:17:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
64

3.1.5 TESTE DE RESISTÊNCIA ÔHMICA

A resistência elétrica corresponde a oposição da passagem de corrente elétrica em um circuito


elétrico. Em muitas situações, determinar se a medição entre dois pontos do circuito possui baixa ou alta
impedância é apenas uma etapa inicial para verificar a integridade deste ramo. Mas nem sempre esta ação
é suficiente. Defeitos ou falhas podem ser sutis e modificar levemente as características elétricas do ramo,
sem necessariamente impor uma situação de curto-circuito ou circuito aberto, no circuito. Nestes casos, é
preciso mensurar o valor de resistividade do trecho nos pontos analisados de modo a realizar uma análise
mais detalhada deste setor do circuito.
O método de teste de resistência ôhmica busca estimar o valor de resistência em regime permanente
entre dois pontos de modo a determinar se o valor mensurado se encontra dentro de uma variação de
valores que é compatível com as características do circuito que está sendo analisado.
Conheça, no quadro, a seguir, duas exigências básicas para realizar a medição da resistência elétrica.

EXIGÊNCIAS DESCRIÇÃO

Conhecer o método de teste: saber como proceder o teste e como realizar corretamente as leituras do
1
equipamento.

Conhecer as características dos ramos do circuito eletrônico que está sendo analisado, por exemplo, se os valores
2 de resistência elétrica mensurados neste trecho permitem tirar conclusões sobre a situação elétrica do ramo e dos
componentes conectados.
Quadro 11 - Exigências mínimas – teste de resistência ôhmica
Fonte: SENAI (2016)

O teste de resistência ôhmica é muito empregado em circuitos eletrônicos a fim de buscar a realização
de um diagnóstico completo sobre o circuito. Um baixo valor de resistência ôhmica de um circuito poderia
afetar em fugas de corrente e um excesso de consumo de energia, prejudicando o funcionamento da
segurança e da eficiência dos sistemas eletrônicos.

3.1.6 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA

O princípio da medição da resistência elétrica se baseia na lei de Ohm, cujo valor de resistência elétrica
(Ohm, Ω) é proporcional ao valor de tensão elétrica (volts, V) aplicado e inversamente proporcional ao valor
de corrente elétrica (ampères, A), conforme indica a fórmula a seguir.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 64 26/06/2017 16:17:36


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
65

A medição de resistência elétrica, se baseia no princípio da lei de Ohm para determinar a resistividade
em dois pontos quaisquer. Assim como no teste de continuidade, este teste é feito utilizando-se uma fonte
de alimentação com tensão contínua e constante, que é imposta a dois pontos de um componente ou
circuito.
O valor correspondente da resistência no ramo é igual ao valor de tensão imposta pela fonte de
alimentação dividido pela corrente elétrica mensurada. Como a tensão terminal da fonte mantém-se
grampeada pelo equipamento, quanto maior o valor da corrente elétrica, menor o valor de resistência
entre os dois pontos avaliados.
Note que o valor de resistência interna da fonte de alimentação afeta a medição da resistência do alvo
desejado, pois o valor desta resistência se soma a resistência do circuito, diminuindo proporcionalmente o
valor da corrente elétrica do circuito. Por essa razão, é preciso utilizar fontes com baixa resistência interna
para realizar a medição. Os instrumentos de medição que realizam a mensuração de resistência elétrica,
multímetros, por exemplo, possuem uma pequena fonte de alimentação com valor de resistência interno
muito baixo de modo a garantir a exatidão do equipamento.
A medição de resistência em componentes ou trechos de um circuito em que o comportamento resistivo
prevalece, pode ser realizado com a utilização de um multímetro, que apresentará o valor médio ou eficaz
do resultado obtido durante o tempo de medição.
No entanto, o circuito que possui comportamento capacitivo ou indutivo, uma análise em tempo real
pode ser necessária com a utilização de fontes de alimentação de banca e instrumentos de medição como
um osciloscópio, permitindo que os valores mensurados, que não são necessariamente constantes ao
longo do tempo, possam ser avaliados em um gráfico. A seguir, conheça os procedimentos para os casos
que serão apresentados e exemplificados.
a) Análise em regime permanente
Considera-se regime permanente o comportamento médio de um circuito ao longo do tempo, não
interessando as variações dinâmicas referente a componentes passivos ou não lineares. Os multímetros
permitem a leitura do valor médio do valor de resistência. E, assim como a função de teste de continuidade,
a função de medição de resistência elétrica é muito útil, especialmente porque estes testes podem ser
realizados sem a necessidade de alimentar o circuito que está sendo testado, garantindo sua integridade
durante esta etapa de avaliação.
No entanto, é necessário ficar atento aos circuitos que possuem características capacitivas ou indutivas
relevantes. Nestes casos, as ponteiras dos instrumentos devem ficar conectadas nos pontos de medição o
tempo necessário para que as cargas do circuito se estabilizem e a leitura de resistência possa ser realizada
com confiabilidade.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 65 26/06/2017 16:17:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
66

Em um multímetro, a função para medição de resistência elétrica é selecionada por meio de um cursor
mecânico ou um botão digital. A figura, a seguir, apresenta as funções de leitura de resistência elétrica
de um multímetro convencional. Além da função de resistência é preciso selecionar a escala de leitura,
embora alguns multímetros realizem este ajuste automaticamente.

Escalas de resistência

Istock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)


elétrica

Ponteira vermelha

Ponteira preta

Figura 32 -  Medição de resistência elétrica


Fonte: SENAI (2016)

Para leitura de resistências você deve posicionar a escala mais próxima para a resistência medida de
modo que a informação apresentada no visor seja mais precisa. No caso da leitura de um resistor de 1 kΩ,
a escala superior deve ser maior do que 1 kΩ e a escala inferior menor do que 1 kΩ.
O modo de utilização e o preparo de um multímetro para realização de medição de resistência elétrica
é similar ao teste de continuidade, como descrito no quadro, a seguir.

ETAPA DESCRIÇÃO
Instalação das ponteiras do multímetro. É convencional utilizar a ponteira vermelha para representar o sinal positivo,
1 colocando-a na entrada de tensão (+) do instrumento. Enquanto que, a ponteira preta representa o sinal negativo,
instalando-a na entrada de referência (COM) do instrumento.
Configurar o multímetro na função de resistência na escala desejada. É imprescindível para este teste ter uma noção do
2 valor que está sendo mensurado de modo a poder comparar com o resultado fornecido pelo instrumento. O ajuste correto
da escala do instrumento pode ser encontrado no manual do equipamento.

3 Conecta-se a ponteira vermelha (+) em um dos terminais do componente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 66 26/06/2017 16:17:38


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
67

ETAPA DESCRIÇÃO

4 Conecta-se a ponteira preta (-) em outro terminal do componente.

Não encoste com os dedos nas ponteiras do instrumento, porque os dedos podem estar úmidos e se tornar um canal de
5
baixa impedância podendo alterar o resultado da medição.

Verifique se o valor se encontra dentro da escala programada. Caso contrário, ajuste a escala para fazer a leitura dentro da
6
precisão adequada e permitida pelo instrumento.

7 Tire as conclusões pertinentes referente ao trecho ensaiado.

Quadro 12 - Procedimento teste de resistência ôhmica


Fonte: SENAI (2016)

Quando o teste de resistência ôhmica é cabível, podendo levar às conclusões importantes para a
identificação de defeitos, o teste do valor médio, em geral, é suficiente para a análise. Para exemplificar,
supõe-se a medição de resistência nos pontos A e B do circuito apresentado na figura a seguir.

Ponto A
R2

100
R1 C1 R3
100
100
100uF
Rosimeri Likes (2017)

Ponto B

Figura 33 -  Exemplo de medição de resistência em circuito elétrico


Fonte: SENAI (2016)

O fato do circuito possuir um capacitor em paralelo, com medição de resistência, acarretará que a
resistência inicial de medição deva ser muito próxima caso o capacitor esteja descarregado.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 67 26/06/2017 16:17:39


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
68

Mantida as ponteiras no circuito, a fonte de alimentação do instrumento de medição carregará o


capacitor até estabilizar a tensão do componente, levando a resistência do capacitor para um valor muito
elevado, podendo-se desprezá-lo do circuito, resultando no circuito equivalente ao apresentado a seguir.

R2
Ponto A

R1 R3

Rosimeri Likes (2017)


Ponto B

Figura 34 -  Exemplo de medição de resistência em circuito elétrico equivalente


Fonte: SENAI (2016)

Dessa análise, pode-se estimar o valor que será mensurado pelo multímetro. O valor de resistência
total deste circuito equivalente pode ser descrito como relação paralela entre o resistor R1 e a soma dos
resistores R2 e R3, conforme mostra a fórmula a seguir.

b) Análise em regime dinâmico


Em casos que o comportamento dinâmico precisa ser avaliado, ou seja, em que é necessário acompanhar
a variação dos parâmetros mensurados em tempo real, pode-se optar pela utilização de um osciloscópio e
a injeção de uma tensão elétrica contínua e constante por meio de uma alimentação externa.
Fontes de alimentação de laboratório costumam possuir funções para limitação da corrente, e no caso
do ensaio de um circuito que pode conter defeitos, é preciso utilizar este recurso para garantir que o teste
não afete ainda mais a integridade do circuito testado.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 68 26/06/2017 16:17:39


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
69

Conhecer a utilização do osciloscópio é um pré-requisito para este ensaio. Informações importantes


sobre o seu funcionamento são apresentadas no manual do modelo do equipamento. A seguir, as figuras
(a) e (b) mostram como deve ser realizado este ensaio, cujo ensaio e medição foram realizados com uma
fonte de corrente e um osciloscópio com ponteira de tensão e ponteira de corrente.

Ponteira de
Corrente
A Ponto A

+ Ponteira de Circuito
V

Fonte de - Tensão
Alimentação
CC

Rosimeri Likes (2017)


Ponto B

(a) (b)
Figura 35 -  Medições para análise em regime dinâmico
Fonte: SENAI (2016)

Os valores de tensão e corrente mensurados podem ser visualizados simultaneamente na tela do


osciloscópio. O valor de resistência instantâneo é obtido de forma indireta, realizando-se o cálculo
de corrente instantânea e tensão instantânea para o momento, podendo-se traçar um gráfico do
comportamento desta variável ao longo do tempo.

A análise de resistência utilizando este método restringe-se somente a circuitos lineares. Circuitos cujo
princípio de funcionamento é regido por chaveamento que alteram a todo momento as características do
circuito, a medição de resistividade por este método pode não fazer sentido, conforme será estudado a
seguir.

3.1.7 CARACTERÍSTICAS DOS CIRCUITOS

Um circuito eletrônico é composto de trilhas e diversos tipos de componentes que possuem


características elétricas próprias. Grande parte destes componentes não possuem um comportamento
linear, e esse fator dificulta consideravelmente a análise de um circuito por meio do método ôhmico de tal
forma que, em alguns casos, a mensuração da resistência elétrica pode não fazer muito sentido quando o
objetivo é tirar alguma conclusão sobre o funcionamento do circuito.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 69 26/06/2017 16:17:39


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
70

Destarte, deve-se separar e analisar os ramos de acordo com as características de seus componentes,
como apresentado a seguir.
a) Ramos lineares
Em um componente que possui comportamento linear, por exemplo, os resistores. Eles são componentes
que respeitam a lei de ohm, a corrente elétrica varia na mesma proporção da variação de tensão elétrica
sobre os seus terminais, é possível representar graficamente este resultado por meio de uma reta.
Em trechos de circuitos que possuem somente componentes passivos (resistores, capacitores,
indutores) é possível estimar com facilidade o estado ideal de impedância do circuito, mesmo que para
valores instantâneos.
Para compreender este assunto, veja, na figura, a seguir como é representada a leitura das grandezas do
ramo linear de um circuito eletrônico.

Corrente Tensão

5,2
5

2
Rosimeri Likes (2017)

0 0,004 0,008 0,012 0,016 0,02


Time (S)
Figura 36 -  Tela do osciloscópio durante leitura das grandezas do ramo linear de um circuito eletrônico
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)

A figura anterior exemplifica a leitura em osciloscópio da corrente e tensão de entrada de um circuito


eletrônico linear, cujo método utilizado foi o de inserção de tensão elétrica a partir de uma fonte de
alimentação externa e a respectiva medição de tensão e corrente com o osciloscópio.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 70 26/06/2017 16:17:40


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
71

Note que a corrente elétrica estabiliza a partir de um determinado tempo, dividindo-se o valor da tensão
aplicada pelo valor de corrente estabilizado, pode-se ter noção do valor resistivo do circuito para regime
permanente, o que é observado com a utilização de um multímetro na função de leitura de resistência
ôhmica.
b) Ramos não lineares
A maioria dos circuitos eletrônicos possuem ramos não lineares, ou não ôhmicos, devido à larga utilização
de componentes com este tipo de comportamento (diodos, transistores etc.) em projetos eletrônicos, cujo
comportamento da corrente elétrica não varia proporcionalmente com a variação de tensão aplicada.
A figura, a seguir, exemplifica este assunto.

Corrente Tensão

5
4,4
4

2
Rosimeri Likes (2017)

0,0025 0,00375 0,005


Time (S)
Figura 37 -  Tela do osciloscópio durante leitura das grandezas do ramo não linear de um circuito eletrônico
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)

Realizar a mensuração da resistência elétrica não necessariamente pode fazer sentido para o contexto
de circuitos não lineares. No entanto, com essa análise, é possível avaliar pontualmente os valores de pico
de corrente e tensão, assim como as características da onda do sinal quando periódicas: frequência, razão
cíclica, perturbações.
Em outra perspectiva, alguns circuitos que têm comportamento não linear, podem possuir características
lineares em certas condições de operação. Um pré-requisito para qualquer serviço de manutenção é
conhecer as características elétricas do circuito, e entender se o método ôhmico permite extrair informações
adequadas.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 71 26/06/2017 16:17:40


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
72

O exemplo apresentado, na figura, a seguir, é um circuito de polarização de um transistor, cujo circuito é


composto por componentes lineares (resistores) e não lineares (transistores e capacitores). O que se deseja
mensurar é a resistência entre o ponto A e o ponto B com a utilização de um multímetro para determinar
se o valor está dentro da faixa de valores adequado para este circuito.

D1
R4

R2 Ponto B
Ponto A

R1 R3
C1

Rosimeri Likes (2017)


Figura 38 -  Exemplo de medição de resistência em circuito não linear
Fonte: SENAI (2016)

Note que, neste desenho existe um resistor em paralelo com um diodo. Como já foi visto neste capítulo,
o diodo conduz energia quando é diretamente polarizado. Portanto, quando a corrente elétrica neste
circuito fluir do ponto A para o B, o diodo estará bloqueado, e a corrente passará totalmente pelo resistor.
Quando ocorrer o contrário, corrente fluindo do ponto B para o ponto A o diodo conduzirá toda a corrente,
curto-circuitando o resistor.
Portanto, para avaliar adequadamente o valor da resistência elétrica do resistor neste circuito, a posição
das ponteiras de teste (positiva e negativa) de um multímetro devem ser inseridas no circuito de modo a
não polarizar o diodo diretamente, caso contrário a corrente imposta pelo instrumento é curto-circuitada
pelo diodo e a medição não é válida.
As medições ôhmicas são possíveis, mesmo em trechos com a presença de circuitos não lineares, e são
muito importantes para identificar falhas em trechos específicos de um circuito eletrônico. No entanto, é
preciso estar alerta a influência dos componentes não lineares sobre a leitura desejada.
Até aqui você estudou as técnicas de identificação de dispositivos com defeito, agora é o momento de
conhecer a importância das técnicas de diagnósticos. Siga em frente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 72 26/06/2017 16:17:40


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
73

3.2 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICOS

Ao se identificar circuitos eletrônicos com mau funcionamento, deve-se buscar conhecer as causas que
os impossibilitam de operar conforme suas especificações de projeto. Para isso é preciso realizar a etapa de
diagnóstico, que trata da segunda etapa do processo de manutenção apresentado neste material.
1) IDENTIFICAÇÃO

2) DIAGNÓSTICO

3) MANUTENÇÃO

4) VALIDAÇÃO

Levantar as falhas e os defeitos de um circuito eletrônico é o primeiro passo de um diagnóstico de


manutenção. Recomenda-se que esta etapa seja realizada de forma organizada, registrando-se os
problemas encontrados, por exemplo, por meio de planilha eletrônica conforme mostra o quadro a seguir.
Posteriormente os dados levantados serão organizados para determinar as prioridades das etapas de
manutenção.

SUBCIRCUITO COMPONENTE DESCRIÇÃO TESTE DIAGNÓSTICO


Con 1 Conector de Alimentação Visual Pino 3 entortado

Fonte Principal C1, C2 Capacitores de Entrada Resistência Curto-circuito

D2, D4 Diodos Retificadores Visual Solda fria

Baixa resistência de saídas


Processamento U9 Microcontrolador Continuidade de coletor aberto com
Pull-up

Q12 Dissipador Visual Excesso de poeira


Controle Motor
Q12 MOSFET de Potência Continuidade Curto-circuito pinos 2 e 3

Continuidade e
Sensoriamento Pressostato Sem sinal do sensor Circuito aberto
Resistência

Aquecimento Resistência Não funciona Teste elétrico Não aquece

Conector de
Teclado Con 12 Resistência Mal contato
Comunicação

Quadro 13 - Procedimento teste de resistência ôhmica


Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 73 26/06/2017 16:17:40


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
74

A escolha da técnica utilizada para diagnosticar um problema em um circuito depende de fatores que
são referentes as informações e recursos disponíveis, tais como descritos no quadro, a seguir.

FATORES POSSÍVEIS
Gravidade do problema que ocasionou a falha ou o defeito.
Complexidade do circuito.
Características do circuito e do sistema.
Disponibilidade de recursos específicos para teste do equipamento com defeito (giga de teste ou softwares).
Disponibilidade de informações sobre o circuito que está sendo consertado (manuais, esquemáticos e até mesmo placas similares
que estão funcionando).
Outros fatores específicos.
Quadro 14 - Fatores envolvidos que determinam o procedimento de diagnóstico
Fonte: SENAI (2016)

Com base nestes fatores, serão apresentadas e detalhadas no quadro, a seguir, as técnicas de diagnósticos
dos problemas do circuito durante o processo de manutenção de sistemas eletrônicos.

TÉCNICAS
1 Inspeção visual.
2 Por comparação com esquema eletrônico.
3 Por comparação com outro equipamento.
4 Por giga de teste.
5 Por análise de funcionamento.
6 Por software.
Quadro 15 - Exemplo de técnicas de diagnósticos
Fonte: SENAI (2016)

O uso de cada técnica deve ser ponderado para cada situação específica de manutenção, começando
pela inspeção visual, a seguir.

3.2.1 INSPEÇÃO VISUAL

Conhecer as causas mais comuns que ocasionam a interrupção do funcionamento dos circuitos
eletrônicos e os resultados que tais falhas provocam é fundamental para diagnosticar o que há de errado
com um circuito.
O procedimento visual é uma forma de identificar componentes danificados que tenham sofridos
avarias externas: um componente queimado ou quebrado, por exemplo. Identificar as causas de tais
avarias é também um trabalho de investigação importante durante este diagnóstico, pois isso pode levar a
determinar se o defeito ocorreu em custa de um defeito interno ou alguma interferência externa.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 74 26/06/2017 16:17:40


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
75

A prática de diagnóstico mais básica consiste no diagnostico visual do circuito eletrônico alvo do
serviço de conserto. Embora esta prática não seja necessariamente autossuficiente, ainda assim é capaz de
identificar grande parte dos componentes ou subcircuitos que precisam de manutenção, dando indícios
sobre a localização de outros componentes que possam estar danificados, mas que não necessariamente
apresentem traços visíveis de seus problemas.
A inspeção visual de uma placa de circuito eletrônico pode ser realizada com o auxílio de lupas de
laboratório para eletrônica, conforme apresenta, a figura, a seguir, ou incluir outros recursos que auxiliam
neste trabalho, como as câmeras digitais para inspeção de componentes. A iluminação adequada do
laboratório também é um pré-requisito para realizar esta tarefa com eficiência e segurança. Esta ação
ainda é mais importante quando são avaliadas placas complexas que possuem grande concentração de
componentes de encapsulamento SMD, cuja miniaturização dificulta a avaliação visual.

Istock ([20--?])

Figura 39 -  Inspeção visual em circuito eletrônico

O procedimento de inspeção visual pode ser dividido em etapas que concentram esforços na busca por
defeitos visíveis, que são comuns, conheça, no quadro, a seguir, as possíveis causas de defeitos.

PASSO DESCRIÇÃO
1 Sujeiras e poeira
2 Trilhas e conexões
3 Componentes
4 Soldagem
5 Terminais tortos
6 Isolações elétricas
Quadro 16 - Exemplo de passos de uma inspeção visual
Fonte: SENAI (2016)

Organizar essa tarefa é uma forma de não deixar que certos detalhes passem em branco durante este
diagnóstico. O procedimento pode iniciar com as avaliações dos aspectos mais básicos e aparentes para
em seguida, aprofundar nos detalhes, conforme expressa a sequência recomendada anteriormente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 75 26/06/2017 16:17:42


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
76

Passo 1: sujeiras e respingos de soldas


Equipamentos eletrônicos que dissipam muita energia térmica durante a operação, como é o caso
de processadores que aquecem devido a elevada frequência de chaveamento, necessitam de limpezas
frequentes em seus dissipadores e sistemas de resfriamento para garantir a vida útil de funcionamento.
Com o tempo os equipamentos eletrônicos, especialmente aqueles que possuem pouca isolação com o
ambiente ou que ficam expostos a ambientes com muita poluição, industrial, por exemplo, estão sujeitos
ao acúmulo de poeiras e sujeiras, que, quando em excesso, podem afetar o comportamento elétrico e
térmico dos circuitos eletrônicos.
De forma indireta, a sujeira pode criar caminhos de baixa impedância, que provocam correntes de
fugas ou descargas elétricas, o que pode prejudicar o funcionamento de componentes mais sensíveis.
De outra forma, o acúmulo de poeira pode prejudicar a transferência de energia térmica, aumentando
a temperatura sobre certos setores ou componentes, e, por causa disso, ser a fonte de defeitos térmicos
em circuitos. A poeira ainda pode aderir à placa e trilhas, provocando, em alguns casos, a corrosão destas,
conforme mostra a figura a seguir.

Istock ([20--?])

Figura 40 -  Excesso de poeira em uma placa de circuitos eletrônicos

A limpeza dos circuitos pode ser realizada com a utilização de pincéis antiestáticos durante o processo
de análise visual. Esta ação, facilita o diagnóstico visual, já que alguns defeitos podem estar ocultados
pelo acúmulo de poeira. Outras ferramentas ainda podem ser utilizadas, como sopradores (de ar frio) e
aspiradores desenvolvidos especificamente para este fim.

Passo 2: qualidade das trilhas


A qualidade das trilhas de uma placa eletrônica é essencial para o funcionamento dos circuitos. Isso é
ainda mais importante em circuitos que possuem altas frequências de operação, em que os meios condutivos
são essenciais para garantir a velocidade e a qualidade das comunicações entre os componentes e demais
dispositivos de um circuito. Por exemplo, trilhas defeituosas podem afetar sinais de vídeo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 76 26/06/2017 16:17:44


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
77

Durante a inspeção visual faz-se uma análise cuidadosa de todas as trilhas da placa de circuito eletrônico.
Trilhas trincadas e soltas podem ser causa de muitos defeitos.

Passo 3: integridade dos componentes


Os componentes eletrônicos, quando estão defeituosos, apresentam características que podem
ser observadas visualmente. Quando ocorrem a queima de componentes devido a sobrecorrentes
ou sobretemperatura, muitos componentes fundem ou se rompem. Muitas vezes, estes traços não são
identificados nos componentes em si, mas na placa de circuito impresso. Este é comum acontecer em
componentes utilizados em circuitos de fontes de alimentação, parte em que se concentra a maior
quantidade, senão toda, da energia processada pelo circuito eletrônico. Portanto, este tipo de defeito
destrutivo é comum encontrar em diodos, capacitores, transistores e outros semicondutores de potência.
No entanto, nem todas as falhas apresentam características que possam ser constatadas visualmente.
Os componentes podem sofrer falhas internas, e, nestes casos, o trabalho de inspeção visual não pode, por
si só, identificar os componentes defeituosos.
a) Resistores
A consequência visual mais comum é quando ocorre a fusão do componente devido ao excesso de
energia, resultando em um componente carbonizado, coloração escura. No entanto, em resistores de
encapsulamento PTH os terminais podem estar rachados devido a erro no processo de dobragem ou
vibrações ao longo do período de funcionamento do circuito.
b) Capacitores
Uma característica visual bastante conhecida sobre capacitores defeituosos é o estufamento do corpo
do componente. Isso ocorre devido ele ser submetido, frequentemente, a sobre níveis indevidos de tensão
elétrica e temperatura, sendo mais usual em capacitores de baixa qualidade. Veja um exemplo na figura a
seguir.
Istock ([20--?])

Figura 41 -  Circuito eletrônico com capacitor estourado

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 77 26/06/2017 16:17:45


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
78

Capacitores podem também estourar, seja por causa de uso inadequado contínuo ou devido a surtos
elétricos sobre seus terminais, conforme você viu na figura anterior.
c) Semicondutores
Os componentes semicondutores podem romper ou carbonizar devido aos estresses elétricos ou
térmicos. No entanto, nem todas as causas de falhas levam a este tipo de consequências que podem ser
captadas visualmente. Muitas falhas em circuitos integrados, por exemplo, são internas. Portanto, não são
acessíveis com a inspeção visual. Nestes casos é preciso realizar testes elétricos no circuito.

Passo 4: componentes entortados ou mal encaixados


Outra característica bastante importante que precisa ser avaliada durante um procedimento de
inspeção visual é o posicionamento dos componentes, em especial aqueles cuja flexibilidade – geralmente
componentes com encapsulamento PTH – podem mudar devido a choques ou vibrações mecânicas.
O corpo de um componente pode, muitas vezes, se encostar ou se acomodar sobre o corpo de outros
componentes, causando rompimento dos terminais ou até mesmo curto-circuito quando se tratam de
partes metálicas.
Terminais de conectores também podem estar danificados ou entortados, gerando mal contatos ou até
mesmo deixando de realizar as conexões das quais deveriam fazer.

Passo 5: qualidade da soldagem


A qualidade do processo de soldagem e dos materiais utilizados durante a fabricação e montagem de
um circuito eletrônico são importantes para determinar a longevidade dele.
Uma soldagem malfeita, não identificada pelo processo de qualidade, pode ser suficiente para garantir
o funcionamento de um circuito nas etapas de testes, no entanto, pode causar uma falha prematura do
circuito eletrônico. Os desgastes e a corrosão agem sobre as superfícies de um circuito eletrônico e as
regiões com baixa qualidade de fabricação são mais suscetíveis a apresentar problemas.
Quando adequada, uma soldagem apresenta aspectos regulares e brilhantes. Além disso, toda a ilha da
placa de circuito impressa é revestida, apresentando a uniformidade do processo.
Um problema relativo a soldagem dos componentes é chamada de solda fria. O processo de soldagem
requer uma temperatura e tempos de aquecimentos dos terminais, além da aplicação da solda adequados.
Quando isso não é realizado de forma apropriada, pode-se criar sobre o terminal um ponto que não funde
corretamente a solda entre os terminais. Este tipo de soldagem apresenta, em geral, aspecto fosco e muitas
vezes quebradiço, diferente da solda que apresenta característica brilhante e uniforme.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 78 26/06/2017 16:17:45


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
79

Veja o exemplo a seguir.

Istock ([20--?])
Figura 42 -  Circuito eletrônico com má qualidade de solda

A figura anterior apresenta soldas de má qualidade cujas condições podem afetar o comportamento
desejado do circuito. Na figura é possível notar que alguns terminais (à direita) não possuem quantidade
de solda suficiente deixando o terminal exposto.

Passo 6: isolação elétrica


A isolação elétrica de cabos e conexões elétricas que interligam ou alimentam os circuitos pode estar
danificadas e ser fonte de problemas elétricos. A figura, a seguir, apresenta um circuito cuja quantidade de
cabeamento sobre os circuitos pode resultar em algum tipo de problema caso algum destes condutores
percam sua isolação por um motivo qualquer, como aquecimento ou choques mecânicos.
Istock ([20--?])

Figura 43 -  Fios e cabos utilizados em um dispositivo eletrônico

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 79 26/06/2017 16:17:47


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
80

Fios e conexões desencapadas podem ocasionar curtos-circuitos quando em contato com outros
componentes ou partes condutivas das placas eletrônicas (trilhas e malhas).

Em alguns casos, defeitos facilmente detectados visualmente podem não aparecer


FIQUE devido a sua localização, como por exemplo, as trilhas defeituosas que passam
ALERTA debaixo de algum componente, as quais só serão visíveis quando o componente for
removido.

Os dissipadores de transistores, por exemplo, podem possuir falhas de isolação entre a carcaça e o corpo
dos componentes. Utiliza-se geralmente isolantes para evitar que o corpo do componente tenha contato
elétrico com o corpo do dissipador, conforme mostra o exemplo da figura a seguir.

Istock ([20--?])

Figura 44 -  Componentes semicondutores isolados do dissipador

No entanto, se houver falha desta isolação podem ocorrer fugas que danifiquem o próprio componente
ou outros componentes do circuito.

3.2.2 POR COMPARAÇÃO COM ESQUEMA ELETRÔNICO

O procedimento visual fornece indícios sobre as partes dos circuitos que estão danificados, no entanto,
este teste em si não é suficiente para determinar todos os componentes defeituosos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 80 26/06/2017 16:17:49


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
81

Parte-se então para a etapa seguinte do processo de diagnóstico (figura a seguir), que consiste em
realizar testes experimentais do circuito em bancada com a utilização de instrumentos de medição de
modo a retirar informações importantes para diagnóstico do funcionamento do circuito.

Istock ([20--?]), Rosimeri Likes (2017)


Figura 45 -  Comparativo entre esquema e circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)

Com o auxílio do multímetro, com as funções de testes de continuidade e de resistividade (ôhmico), é


possível verificar se os componentes ou setores da placa possuem características elétricas correspondentes
aos valores que se enquadram dentro das especificações esperadas. No entanto, quando se trata de
especificações do circuito, é preciso ter acesso a estas informações de modo que seja possível realizar este
estudo comparativo.
As duas formas de realizar este estudo de comparação se baseiam nas seguintes disponibilidades de
materiais, a disponibilidade do diagrama elétrico do circuito e a disponibilidade de equipamento idêntico,
sem defeito.
Nesta seção, será apresentado o processo de diagnóstico com o auxílio do esquemático do circuito
eletrônico. Um esquemático, quando elaborado adequadamente, contém muitos detalhes preciosos que
podem auxiliar na detecção de problemas em circuitos eletrônicos. Alguns exemplos são abordados no
quadro, a seguir.

DESCRIÇÃO
Posicionamento correto dos componentes.
Componentes
Parâmetros dos componentes.
Ligações elétricas (trilhas).
Ligações
Soldagem de trilhas e componentes.
Especificações elétricas do circuito.
Circuito
Configurações e topologias do circuito.
Quadro 17 - Detalhes que auxiliam na detecção de falhas e defeitos
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 81 26/06/2017 16:17:50


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
82

a) Posicionamento correto dos componentes


Com o auxílio do esquemático é possível verificar se não existem componentes instalados
inadequadamente no circuito. Cada componente possui seu próprio identificador em uma placa de circuito
impresso, cujo código é referenciado no esquemático. Caso algum componente tenha sido instalado no
lugar indevido, o circuito tem seu comportamento de projeto modificado, o que pode ser uma fonte de
falhas e defeitos. Embora esse tipo de engano seja muito difícil de ocorrer em um produto comercializado,
é importante estar ciente que este tipo de equívoco pode afetar o funcionamento dos circuitos.
Além disso, componentes podem estar com a polaridade invertida e alterar o seu comportamento do
circuito elétrico. Este tipo de equívoco ocorre muito com diodos, quando o cátodo é conectado no lugar
do ânodo.
b) Parâmetros dos componentes eletrônicos
Um componente que tenha sido instalado corretamente, mas que seus parâmetros divirjam das
especificações de projeto podem ser fonte de um mal funcionamento ou falhas precoces de um sistema
eletrônico. Como exemplo, tem-se o resistor cujo valor especificado de resistência elétrica seja de 2,2 kΩ, e
que, no entanto, tenha sido instalado um resistor de 220 Ω. A diferença entre o valor ôhmico do projeto e
da instalação é de dez vezes, o que acarreta uma condução de corrente dez vezes maior para o mesmo nível
de tensão aplicado nos terminais do componente. Mesmo que esta diferença de nível de corrente elétrica
não seja suficiente para queimar o componente de imediato, é suficiente para manter este componente
operando com maior estresse energético, o que poderia acarretar em maior desgaste destes ramos do
circuito.
O quadro, a seguir, apresenta alguns exemplos de parâmetros básicos de alguns componentes que são
comuns em circuitos eletrônicos, cuja especificação pode divergir da especificação do projeto.

COMPONENTE PARÂMETROS
Resistores e Potenciômetros Resistência e Potência.
Capacitores Máxima tensão, corrente permissível e capacitância.
Diodos Corrente máxima permissível e tensão reversa.
Transistores Corrente máxima permissível entre coletor e emissor e corrente de polarização.
Relés Tensão de operação e corrente terminal.
Conectores Capacidade de corrente e tensão.
Quadro 18 - Exemplo de parâmetros de componentes
Fonte: SENAI (2016)

c) Testes de continuidade e resistência ôhmica


A partir do esquemático de um circuito eletrônico é possível definir um conjunto de ramos cujo teste
de continuidade ou de resistividade permite verificar a integridade elétrica deste setor assim como o
funcionamento dos componentes envolvidos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 82 26/06/2017 16:17:50


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
83

Ao fazer este tipo de teste, as conexões entre as trilhas podem ser verificadas, como as isolações da
placa eletrônica, a isolação dos circuitos, a impedância de entrada e de saída dos subcircuitos (circuito de
um sensor, por exemplo) e a integridade de componentes.
As informações do esquemático permitem determinar, mesmo que de modo aproximado, o valor de
resistência elétrica em certos trechos do circuito. No teste de resistividade com a utilização do multímetro
é possível conferir se a placa de circuito analisado possui os valores dentro do esperado.
Cada circuito possui suas próprias peculiaridades e funções, no entanto, pode-se abordar aqui a forma
de avaliar alguns tipos específicos de subcircuitos que são geralmente utilizados em muitos projetos
eletrônicos.
d) Teste de curto-circuito na entrada
Geralmente os circuitos eletrônicos possuem uma entrada de energia, independente se for de natureza
contínua ou alternada, cuja impedância entre os polos de entrada possui um valor elevado, correspondente
a um circuito aberto, o que possibilita verificar por meio do teste de continuidade se não existe um curto-
circuito neste canal.
A figura, a seguir, apresenta o teste de continuidade na entrada do circuito. Lembrando que as fontes
possuem componentes capacitivos, sendo preciso um tempo de acomodação para garantir a estabilidade
destes para a obtenção dos resultados. Por isso, mantenha as ponteiras conectadas por um tempo mínimo
(10 segundos, por exemplo) para então confirmar a leitura indicada pelo instrumento.
Istock ([20--?])

Figura 46 -  Teste de continuidade na entrada da alimentação de um dispositivo eletrônico

Caso seja constatado um valor baixo de impedância, é preciso realizar uma análise mais detalhada
dos componentes deste circuito de entrada para indicar se algum deles é defeituoso ou se existe alguma
característica da topologia de entrada que impõe um valor de baixa impedância no circuito. Esta última
constatação pode ser tomada previamente com a análise do esquemático.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 83 26/06/2017 16:17:51


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
84

e) Teste de condução e bloqueio de componentes


Quando o circuito possui fusíveis, a primeira análise a ser realizada com o auxílio de instrumento é a
verificação do funcionamento de tais Componentes, em muitos casos, reparados reparados na inspeção
visual. No entanto, quando se tratam de fusíveis opacos, é possível verificar a integridade apenas com o
teste de continuidade. Quando este indicar baixa impedância, o fusível está funcionando, caso contrário, o
fusível precisará ser substituído por outro similar de mesmo valor de bloqueio.
Conforme foi apresentado em seções anteriores, os diodos e os transistores também possuem
um comportamento de condução que permite verificar se estes componentes não estão queimados
internamente. Quando eles são inseridos na placa do circuito em teste, deve-se verificar se há algum
componente que influencie em sua verificação. Em caso positivo, você precisa removê-los do circuito e
testá-los isoladamente.A figura, a seguir, apresenta um exemplo de teste.

Istock ([20--?])

Figura 47 -  Teste em componente semicondutor

Os jumpers5 são conexões que podem ser realizadas com fios soldados na placa ou por meio de
conectores que interligam dois pontos. É possível verificar se a continuidade nestes pontos está adequada,
semelhante aos testes realizados em trilhas contínuas.
Já os componentes passivos, como os capacitores, os indutores e os transformadores em placas
eletrônicas podem ser ensaiados em um circuito eletrônico, conforme explanado anteriormente e tomando
os cuidados já informados neste material.
f ) Teste de trilhas do circuito eletrônico
Dois pontos elétricos, ou seja, um ramo cuja continuidade poderia ser testada, trata-se de uma ligação
elétrica que contém vários componentes, como na placa eletrônica, que se resume a várias trilhas que
estão presentes na superfície inferior e superior da placa. Com a utilização da função de continuidade do

5 Conexões elétricas feita com condutor, de modo a oferecer irrelevante resistência à passagem da corrente elétrica.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 84 26/06/2017 16:17:54


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
85

multímetro é possível comprovar se todas estas trilhas estão conectadas umas às outras, como indica o
esquemático do projeto.
É preciso ter cuidado com a topologia do circuito de modo a não existir caminhos alternativos de baixa
impedância, que estejam conectados em paralelo com os pontos testados. Isso poderia ocasionar uma
conclusão errada sobre a verdadeira condição do trecho testado.
g) Circuitos integrados
Os circuitos integrados podem possuir encapsulamentos com 16, 28, 40 ou até mais pinos os quais
podem conter soldas realizadas inadequadamente, sujeiras ou até mesmo curto-circuito interno que
indiquem o não funcionamento do componente.
Neste caso, é importante além do esquemático do circuito, possuir também a folha de dados (datasheet)
do componente, o qual, geralmente, é disponibilizado na página do fabricante para consulta e download.
Veja um exemplo a seguir.

Ground 1 8 Vcc+

Non-inverting input 2 + 7 Output

Rosimeri Likes (2017)


Inverting input 3 - 6 Strobe/Balance

Vcc- 4 5 Balance

Figura 48 -  Pinos do CI LM111


Fonte: adaptado de STMicroelectronics (2006)

Um circuito integrado referente a um comparador, por exemplo, o LM111, possui impedância elevada
entre os pinos de entrada do circuito AmpOp. Isso é possível constatar por meio do procedimento de
medição da resistência elétrica entre seus terminais.
h) Entradas e saídas de um subcircuito
Um sistema eletrônico, em geral, é constituído de diversas funções, como circuitos lógicos ou
processados, que são responsáveis por realizar cálculos e gerenciar outras funções do circuito ou circuitos
analógicos que servem para mensurar valores de um sensor, amplificar sinais ou acionar saídas externas por
meio de relés. Muitos destes circuitos possuem características de entrada e saída que podem ser estimadas
na teoria e conferidas na prática.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 85 26/06/2017 16:17:54


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
86

Para exemplificar, considere um circuito amplificador com transistor bipolar (figura a seguir). É possível
estimar, a partir do esquemático, qual é a condição ôhmica da entrada e da saída para um valor de corrente
contínua (que é a condição imposta no teste de resistividade).

+ Vcc

Rc

R1 C2
B

+
A Sinal
V0
- de
Sinal +
C1 saída
de Vi
entrada -

Ce
R2 Re

Rosimeri Likes (2017)


C

Figura 49 -  Circuito amplificador com transistor bipolar


Fonte: adaptado de Quevedo (2000)

Note que para uma corrente elétrica contínua e constante, os capacitores podem ser considerados como
circuitos abertos. Pode-se estimar, a partir do esquemático, o valor aproximado de resistência elétrica entre
os pontos A e C, e entre B e C.
Para análise dos pontos A e C, que correspondem a entrada do circuito, o transistor bipolar NPN, os
pinos de Base e de Emissor, comportam-se quase como um curto circuito (Vbe ~ 0,7 V). No entanto, de
modo a simplificar, considerando que esta junção – entre base e emissor - seja ideal e a queda de tensão
seja nula, a resistência aproximada para o circuito CC pode ser descrita pela equação a seguir.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 86 26/06/2017 16:17:54


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
87

Para a análise entre os pontos B e C, que correspondem a saída do circuito amplificador, o canal entre
os pinos Coletor e Emissor e entre os pinos Base e Coletor possuem elevado valor de resistência, podendo
ser considerado chaves fechadas, conforme mostra o circuito equivalente CC, de tal modo que a resistência
equivalente entre os pontos pode ser representada pela equação a seguir.

R2 . Re
R2 + Re

Com o teste do multímetro é possível conferir se os valores ôhmicos de entrada e de saída estão próximos
dos valores estimados com o auxílio do esquemático. Caso a diferença entre os valores calculados e
mensurados seja muito grande, a ponto de constatar que um canal que deveria possuir uma alta resistência
tem, na verdade, baixa resistência, então é preciso sondar o que está causando esta diferença.
No caso de inconsistência no valor mensurado de resistência de entrada, considerando que os resistores
possuam os valores adequados, isso pode ser um indício de que os capacitores e ou o transistor possam
estar danificados. Já no caso de inconsistência no valor estimado de resistência de saída, o capacitor
também entra na lista de componentes suspeitos.
Uma forma de lidar com esta situação é realizar uma nova inspeção, utilizando de recursos visuais e
testes de continuidade, neste circuito de modo a garantir os requisitos apresentados no quadro, a seguir.

REQUISITO DESCRIÇÃO
Limpeza Garantir a limpeza da placa.
Parâmetros Verificar se os resistores possuem os parâmetros adequados.
Integridade física da placa Constatar a integridade das placas, trilhas, terminais dos componentes, soldas e conexões.
Quadro 19 - Requisitos
Fonte: SENAI (2016)

Caso essas ações não sejam suficientes para resolver o problema, é preciso cogitar a remoção de alguns
componentes do circuito por meio de técnicas de solda. A partir da remoção de componentes suspeitos,
deve-se realizar novamente os testes conforme os passos propostos no quadro, a seguir.

ETAPA DESCRIÇÃO
1 Remoção de um componente suspeito da placa.
2 Testar o componente separadamente.
3 Com o esquemático, recalcular o circuito equivalente, considerando o componente que foi removido.
4 Realizar novamente os testes de resistividade no circuito.
Quadro 20 - Etapas de ação
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 87 26/06/2017 16:17:54


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
88

i) Testes dos níveis de tensão e corrente


Os testes de continuidade e resistência são realizados sem alimentar a placa de circuito eletrônico e são
importantes para constatar falhas graves que podem prejudicar ainda mais os circuitos caso estes sejam
energizados. No entanto, estes testes podem não ser suficientes para localizar todos os componentes
defeituosos.
Alguns tipos de falhas podem ocasionar mal funcionamento de circuitos e componentes sem
necessariamente trazer consequências graves ou destrutivas para o circuito.
Para exemplificar este caso, considere a fonte auxiliar de um circuito, projetada para converter um nível
de corrente contínua de 12 V para 5,0 V, mas que, no entanto, esteja fornecendo apenas 3,5 V na saída,
sendo incapaz de fornecer a potência necessária para os seus subcircuitos de carga.
Para realizar o teste de tensão com o circuito energizado é preciso ter disponível uma fonte de
alimentação que atenda aos requisitos de corrente e tensão da entrada do sistema. O ideal é que tais
fontes possuam proteções e limitadores de corrente, pois é grande a possibilidade de ocorrência de curtos-
circuitos em placas problemáticas, especialmente quando não se conhece a origem de suas falhas.
Por meio do esquemático é possível conhecer os níveis de tensões, sejam elas de natureza contínua ou
alternada de cada ramo do circuito. Os níveis de tensão de componentes chaves podem ser testados de
modo a definir se os circuitos de alimentação estão realizando adequadamente suas funções. Agora, na
figura, veja um exemplo de teste em circuitos integrados.
Istock ([20--?])

Figura 50 -  Teste em circuitos integrados

Além disso, verificar a tensão de componentes chaves do projeto é um procedimento necessário quando
os defeitos e falhas não impedem que o circuito seja alimentado sem riscos de ocorrência de novas falhas.
Esse procedimento pode ser descrito (quadro a seguir) com a verificação de tensão nos seguintes ramos
de um circuito.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 88 26/06/2017 16:17:56


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
89

PONTOS DE MEDIÇÃO

Nos conectores de entrada e saída.

Nos terminais de transformadores e indutores.

Nas entradas e saídas dos circuitos de alimentação (sobre capacitores, por exemplo).

Nos pinos de alimentação de componentes do circuito principal: processadores, circuitos lógicos e circuitos integrados, em geral.

Nos pinos de alimentação de circuitos secundários: circuitos de comunicação, de áudio, de displays, de saídas e entradas digitais ou
analógicas.
Na parte metálica do corpo de componentes de potência (Transistores, MOSFETs, IGBTs, SCRs, Reguladores lineares, fontes chaveadas
etc.).
Nas partes metálicas como parafusos e carcaça. Essa medição é realizada com relação ao sinal de terra para verificar se não há correntes
de fugas devido algum contato elétrico.
Quadro 21 - Pontos para medição de tensão no circuito
Fonte: SENAI (2016)

As conclusões devem ser registradas sobre a situação de cada medição, para posteriormente serem
adotadas medidas de manutenção buscando solucionar os comportamentos inadequados do circuito.

Por comparação com outros equipamentos


Nem sempre o esquemático eletrônico é acessível a quem realizará a manutenção de um sistema
eletrônico, necessitando-se, portanto, encontrar outros meios de realizar o processo de diagnóstico do
circuito.
Quando existe a disponibilidade de um circuito eletrônico idêntico, em funcionamento e sem falhas, é
possível realizar um estudo comparativo entre este circuito sem avarias com o circuito defeituoso de modo
a encontrar os possíveis defeitos da placa de circuito.
Da mesma maneira que foi realizado no procedimento com o esquemático, informações importantes
podem ser levantadas a respeito dos principais subcircuitos do sistema.
a) Inspeção visual comparativa
Assim como em um jogo de sete erros, pode-se realizar uma análise visual do circuito em funcionamento
e do circuito com defeito para verificar se todos os componentes estão instalados adequadamente nas suas
respectivas posições, além de também conferir o código e os parâmetros dos componentes para verificar
se não existe nenhum componente errado ou invertido que foi integrado ao sistema.
Além disso, é possível verificar se não existem defeitos na placa eletrônica ou nas conexões elétricas que
disponibilizam as entradas e as saídas de sinais. Assim como também a configuração de jumpers (ligados
ou desligados) e outros ajustes finos, como trimpots e potenciômetros, que realizam sintonias de funções
do circuito.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 89 26/06/2017 16:17:56


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
90

b) Testes de continuidade e de resistividade elétrica


Por meio do teste de continuidade e de resistência elétrica é possível realizar simultaneamente o mesmo
teste, no circuito com ou sem defeitos e comparar os resultados.
Este tipo de ensaio comparativo precisa ser realizado de forma idêntica, ou seja, nos mesmos pontos
sobre as mesmas condições. O circuito deve estar desligado e descarregado, garantido que configurações
físicas de jumpers e sintonias existentes na placa estejam configuradas do mesmo modo.
Por meio da visualização do leiaute da placa de circuito eletrônico é possível descobrir, com uma
análise minuciosa, quais são os principais setores do circuito, embora nem sempre seja possível determinar
todas as suas funções. Esta tarefa é dificultada quando códigos de componentes não são fáceis de serem
identificados, como acontece com circuito integrados que possuem o código raspado ou ilegível por
alguma razão. Outra dificuldade corresponde a placas de multicamadas, que possuem trilhas internas e
que dificulta a interpretação das ligações dos circuitos. Neste tipo de placas com multicamadas, existem
camadas sobrepostas. Desta maneira, as trilhas das camadas sobrepostas não são visíveis a olho nu, ou ou
seja, estão ocultadas, o que dificulta uma análise visual das condições das trilhas.
É preciso priorizar os trechos do circuito que serão testados nas duas placas eletrônicas durante a etapa
de estudo comparativo, conforme apresentado no quadro, a seguir.

TRECHOS DESCRIÇÃO
1 Circuitos de fontes.
2 Alimentação dos componentes.
3 Entradas e saídas de subcircuitos.
4 Cabos e conectores.
5 Isolação de dissipadores, parafusos, suportes e outros componentes periféricos integrados ao circuito etc.
Quadro 22 - Trechos de medição
Fonte: SENAI (2016)

Com os testes de continuidade e de resistência elétrica, é possível comparar os valores referentes a


vários aspectos destes subcircuitos, conforme descritos no quadro, a seguir.

POSSÍVEIS CONSTATAÇÕES
Verificar a integridade das trilhas da placa de circuito impresso.
Verificar se os componentes estão em condição de curto-circuito ou aberto.
Verificar se as conexões estão íntegras.
Verificar a isolação.
Verificar a resistência elétrica de componentes.
Verificar a resistência elétrica de setores específicos de subcircuitos (por exemplo, entrada de circuito amplificador).
Verificar as demais itens pertinentes.
Quadro 23 - Constatações que podem ser obtidas a partir dos testes
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 90 26/06/2017 16:17:57


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
91

A medida que são identificados valores inconsistentes, é preciso registrá-los. Todas as consequências
indesejadas precisam ser avaliadas para sondar os defeitos dos circuitos.
c) Teste dos níveis elétricos
Quando se tem uma placa de circuito em funcionamento, este circuito pode ser avaliado primeiramente,
de modo a poder informar por meio de testes de tensão elétrica, com o auxílio de um multímetro ou
osciloscópio, quais são os níveis de tensões dos principais pontos deste circuito eletrônico, já que não se
tem a disponibilidade de conferir estes valores no esquemático.
O procedimento, neste caso, pode ser apresentado conforme o quadro, a seguir, dividido em duas
partes de testes. A primeira etapa busca levantar os valores de tensão adequados ao bom funcionamento
do circuito, que consiste em:

PROCEDIMENTO DE FUNCIONAMENTO - PLACA FUNCIONANDO


1 Definir os pontos principais do circuito onde se deseja identificar o comportamento de tensão.
2 Alimentar a placa sem defeito com os níveis de tensão adequados.
3 Realizar o teste de tensão nos pontos desejados (multímetro ou osciloscópio).
4 Anotar os valores obtidos em cada ramo.
Quadro 24 - Procedimento de teste dos níveis elétricos
Fonte: SENAI (2016)

A segunda etapa tem por alvo a placa defeituosa e consiste em:

PROCEDIMENTO DE FUNCIONAMENTO - PLACA DEFEITUOSA


1 Alimentar a placa defeituosa com os níveis de tensão adequados.
2 Realizar o teste de tensão nos pontos desejados (multímetro ou osciloscópio).
3 Anotar os valores obtidos em cada ramo.
Quadro 25 - Procedimento de teste dos níveis elétricos
Fonte: SENAI (2016)

Por fim, é preciso comparar os valores obtidos em cada etapa, para cada ramo avaliado. Os ramos que
possuem valores discrepantes entre as etapas 1 e 2 indicam que existe alguma inconsistência neste setor
do circuito. Neste caso, pode haver problemas com:
a) circuito de fonte defeituoso: pode conter algum componente defeituoso que está impedindo o cir-
cuito de fornecer o nível de tensão necessário;
b) fugas de energia em algum setor ou trilha da placa eletrônica, que ocasiona um aumento de carga
que está acima da capacidade de fornecimento da fonte de alimentação, forçando a uma queda de
tensão;
c) a fonte está mal projetada.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 91 26/06/2017 16:17:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
92

Estas informações precisam ser registradas nos respectivos documentos ou softwares fornecidos pela
empresa para este fim e utilizadas no processo de manutenção para determinar a elaboração das atividades
de conserto.

3.2.3 POR ANÁLISE DE FUNCIONAMENTO

Conhecer o funcionamento básico de um circuito eletrônico, suas funções, suas características, seus
parâmetros e seus detalhes é essencial para o trabalho de diagnóstico de manutenção. Os esquemáticos
eletrônicos ou disponibilidade de um sistema em funcionamento fornecem estas informações necessárias
para o estudo comparativo, que é realizando durante o diagnóstico.
No entanto, há situações em que não se tem disponível nenhuma informação técnica, sejam manuais
ou esquemáticos eletrônicos, a respeito do sistema eletrônico que necessita de manutenção. Neste caso se
cogita a necessidade de manutenção de um circuito eletrônico cuja análise precisa ser realizada de forma
investigativa.
Este tipo de serviço tende a consumir mais tempo, pelo fato de não existir um procedimento específico
que possa ser seguido e requer da pessoa responsável em realizar este serviço, bastante habilidades e
conhecimentos acerca de circuitos eletrônicos em geral.
Busca-se, nesta seção, compartilhar formas de tratar esse tipo de situação, assim como elaborar etapas
que possam servir de base para elaboração de um procedimento de diagnóstico dos circuitos eletrônicos.

Decifrando o funcionamento dos circuitos eletrônicos


A primeira etapa deve interpretar o funcionamento do sistema eletrônico, essa tarefa servirá de base
para os testes do diagnóstico. Conheça, a seguir, algumas formas e técnicas para realizar este trabalho
investigativo.
a) Busca de informações
Quando você busca informação na rede mundial de computadores, usualmente opta por localizar
manuais e documentos técnicos fornecidos pelo fabricante do equipamento em questão ou fóruns
específicos em que técnicos trocam informações e experiências. A ação de pesquisar na internet pode
resultar em informações e economizar bastante tempo no estudo de circuito que podem ser complexos.
As funções básicas deste circuito podem ser deduzidas a partir da sua funcionalidade. Por exemplo, caso
as informações de um modelo específico não estejam disponíveis na internet, porém há outros materiais
de circuitos que possuem a mesma finalidade que possivelmente auxiliarão na interpretação do circuito
defeituoso.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 92 26/06/2017 16:17:57


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
93

Sites tradicionais, como o Clube do Hardware (http://www.clubedohardware.com.br/), que apresenta


sólido conteúdo referente a informática e eletrônica, costumam servir como fonte nacional de referência.
Já a How to Repair (Como Consertar) é uma página internacional, com conteúdo em inglês, que contém
muitas informações sobre manutenção de vários tipos de equipamentos e pode ser acessada através do
link: www.howtorepair.com.
b) Sondar as principais funções do sistema eletrônico
As principais funções de um circuito podem ser deduzidas a partir da aplicação do circuito. Desta forma,
pode-se começar a desenhar um esboço sobre os principais circuitos e ramos da placa eletrônica, assim
como as características de alimentação de entradas e saídas, cargas e acessórios que podem ser integrados
ao equipamento, conforme mostra o exemplo a seguir.

Placa eletrônica de
interface com o usuário

Pressostato
sensores
Rede de
energia elétrica Placa eletrônica principal

Válvulas

Rosimeri Likes (2017)

Resistência Bomba,
elétrica atuadores Motor

Figura 51 -  Esboço de um diagrama de blocos funcionais


Fonte: SENAI (2016)

Para exemplificar, considera-se um circuito eletrônico de uma máquina de lavar, o qual necessariamente
irá conter alguns circuitos básicos comuns a este tipo de equipamento, embora a solução em termos de
topologia, componentes e circuitos possa ser diferente em cada tipo de máquina, podendo variar em
qualidade, sofisticação, compactação e em outros aspectos que são importantes dentro de cada projeto.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 93 26/06/2017 16:17:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
94

Conectores interface
Chip principal

G F

Conectores A B
de entrada

C D E

Conectores acionamentos

Legenda:

A – Fontes de alimentação (220 V – 12 V, 24 V, 5 V)


B – Processamento de informações
C – Sistema de aquecimento

Rosimeri Likes (2017)


D – Atuadores e bombas
E – Acionamento do motor
F – Sensores
G – Interfaceamento
Figura 52 -  Exemplo das principais funções do circuito eletrônico de controle de uma máquina de lavar
Fonte: SENAI (2016)

Conforme visto na figura anterior, foi realizada a separação dos subcircuitos por função, que serão
apresentados no quadro, a seguir.

SUBCIRCUITOS DESCRIÇÃO

Tem a função de converter a tensão alternada da rede elétrica para o nível de tensão
contínua, que é necessário para alimentar os componentes eletrônicos. Esta ação pode
A Fontes de alimentação
ser realizada por meio de circuitos retificados e fontes chaveadas ou lineares. No entanto,
existem inúmeras tipologias que permitem realizar esta conversão.

Processamento das Circuitos lógicos ou processados, controlam as funções da máquina: leitura de sensores,
B
informações lógica de controle para o acionamento dos motores e da lógica de funcionamento.

C Sistema de aquecimento Sistema elétrico de aquecimento de água.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 94 26/06/2017 16:17:57


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
95

SUBCIRCUITOS DESCRIÇÃO

D Atuadores e bombas Acionamento dos atuadores do sistema.

O sistema contém um circuito eletrônico de potência responsável para alimentar o motor


E Acionamento dos motores
elétrico. O motor pode ser de vários tipos, ou de corrente alternada e corrente contínua.

O circuito pode conter sensores sobre nível de água, velocidade de rotação do motor, tra-
F Sensores vamento da porta etc. Deste modo, a placa de circuito eletrônico poderá conter circuitos
de tratamento de sinais e conectores para conexão do cabeamento dos sensores.

Circuito de sinalização compostos de LEDs ou displays, devem informar aos usuários as


G Interface com o usuário condições atuais de operação da máquina, bem como botões para a programação do
modo e início da lavagem.

Outras funções Estas podem ser específicas de cada modelo.

Quadro 26 - Subcircuitos básicos de uma placa eletrônica de máquina de lavar roupas


Fonte: SENAI (2016)

Perceba que o primeiro passo é identificar estas funções de um sistema eletrônico. Em seguida, é preciso
estudá-los detalhadamente para começar a decifrar os tipos de circuitos que foram utilizados em cada
situação, conforme será visto a seguir.
c) Identificação de circuitos na placa eletrônica
Após as principais funções serem sondadas com base na aplicação ou em informações coletadas em
manuais, documentações, fóruns ou em outro circuito, é preciso realizar uma análise de cada subcircuito
para entender os tipos de topologias, componentes e circuitos que foram utilizados no projeto de modo a
compreender o funcionamento de todo o sistema.
d) Circuitos de fontes de alimentação
Estes subcircuitos localizam-se, de maneira geral, próximo aos conectores de entrada de um circuito
em uma das extremidades da placa eletrônica e podem ser constituídos de componentes semicondutores
(como diodos, tiristores e diodos zeners) e pontes retificadoras para conversão de corrente alternada em
corrente contínua, chaves eletrônicas (transistores BJTs, MOSFETs e IGBTs), transformadores de isolação,
circuitos integrados com finalidade de estabilizar tensão de saída, capacitores e indutores para filtros.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 95 26/06/2017 16:17:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
96

Muitos componentes utilizados em fontes são incorporados em um único encapsulamento, o Power


Management Integrated Circuit conhecidos pela sigla PMIC. Existe uma variedade grande de componentes
com essa finalidade e podem ser identificados pelo código impresso sobre o circuito integrado, podendo
conter funções de gerenciamento e carga de baterias, economia de energia, regulação de tensão e corrente,
entre outras funções embutidas todas em um mesmo chip.
e) Circuito lógicos ou de processamento
Este subcircuito normalmente constitui o cérebro do sistema, em que as informações acerca do
funcionamento do circuito são tratadas e as decisões são realizadas. Estes circuitos podem ser compostos
de componente como portas lógicas, flip-flop, osciladores, contadores, memórias etc., no entanto, é
mais comum encontrar componentes programáveis como microcontroladores e Digital Signal Processor
(DSPs), que integram muitas funções lógicas em um único chip, reduzindo o tamanho da área necessária e
minimizando perdas de energias no circuito.
f ) Circuitos de comunicação e tratamentos de sinais
Os circuitos de comunicação de um circuito eletrônico possuem componentes para realizar conversão
de sinais para se adaptar aos padrões de barramento desejados, assim como antenas e circuito moduladores
para comunicações sem fio (Wireless).
Além disso, é fácil identificar tais circuitos pelos conectores que são utilizados, pois existem muitos
padrões de conectores específicos para comunicação de dados, por exemplo o conector DB9 e USB para
comunicações seriais ou o RJ45 ou RJ11 para comunicações internet. Veja um exemplo a seguir.
Istock ([20--?])

Figura 53 -  Circuito eletrônico com conector de comunicação RJ45

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 96 26/06/2017 16:17:59


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
97

Os circuitos de tratamento de sinais possuem filtro ou circuitos como AMPOP para filtragem de sinais,
circuitos de proteções contra curtos-circuitos com a utilização de supressores ou diodos. Circuitos que
geralmente se localizam próximos de conectores ou dos sensores que são instalados no próprio circuito.
g) Circuitos de potência
Os circuitos que têm por função alimentar cargas com maior potência, geralmente, possuem trilhas
mais largas e componentes como chaves eletrônicas (MOSFETs, IGBTSs) incorporadas a alguma forma de
dissipação térmica (dissipadores de alumínio, ventoinhas ou soldados na própria malha da placa eletrônica).
Os conectores de potência possuem um aspecto peculiar devido a área que ocupam e a espessura dos
terminais.
h) Circuito de interação com o usuário
Muitos circuitos precisam integrar sistemas de entradas e saídas de dados para interação com os
usuários. Esta ação pode ser realizada por meio de teclados eletrônicos, sinalização por LED, sonoras ou
por displays de diversos tamanhos, formatos e tecnologias diferentes.
Em muitos destes casos, estes componentes não se encontram em uma placa principal, mas em placas
auxiliares, que são conectadas a placa principal por meio de conectores de cabos de várias vias, por
exemplo, cabos planares (também conhecidos por flat cables) que são muito utilizados em eletrônica com
este propósito.

Interpretação dos circuitos


Após localizar as funções dos circuitos na placa eletrônica é preciso definir quais pontos dos subcircuitos
devem ser testados de modo a permitir avaliar o funcionamento destes trechos.
Quando um subscircuito é identificado na placa eletrônica, a posição e os parâmetros dos principais
componentes dizem muito a respeito da topologia adotada e das características elétricas deste circuito,
de modo especial para os circuitos cujas funções englobam circuitos integrados para realizar tarefas
específicas, como chips específicos à memória ou à comunicação.
a) Identificação dos principais componentes
Supondo que nada se conheça a respeito deste circuito, é possível tirar conclusões acerca de suas
características elétricas avaliando os componentes principais do circuito. Esta tarefa é facilitada muitas
vezes quando existem circuitos integrados de uso comum.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 97 26/06/2017 16:17:59


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
98

A próxima figura, mostra o exemplo de um subcircuito da alimentação de entrada de uma placa eletrônica.
É possível identificar no estágio de alimentação à direita do circuito, o componente LM1117-33CDCYR
(regulador linear de tensão). Já, à esquerda, tem-se uma memória EEPROM 24LC256, caracterizando se
tratar do estágio microcontrolado (ou microprocessado) do dispositivo, além da identificação do cristal
ABM3B, o que leva a crer se tratar de um circuito utilizado para fins de comunicação.

Cap 75 Cap 74

Cap 23

Cap 4
Res 23

LDO1
ABM3B
Res 24

LM1117
Res 33 Cap 40
Cap 24

Res 37 24LC256 Cap 2


Res 34

Rosimeri Likes (2017)


EEPROM1

Figura 54 -  Estágio de alimentação de um circuito eletrônico


Fonte: adaptado de Altium Limited (2014)

b) Utilização dos datasheets


Aconselha-se, a leitura do código dos componentes, que geralmente é estampada no corpo do
componente. A partir de uma pesquisa na internet, é possível procurar estes datasheets em canais de
pesquisa como o Google ou em sites de fabricantes dos componentes.
Com a análise detalhada dos dados dos componentes LM1117-33CDCYR, verificam-se as informações
básicas apresentadas no quadro, a seguir.

QUANTIDADE DE TENSÃO DE EN- TENSÃO DE


COMPONENTE FUNÇÃO POTÊNCIA
SAÍDAS TRADA SAÍDA
LM1117-33CDCYR Regulador Linear 1 Até 15V 3,3 V 2,6 W
Quadro 27 - Características do componente do estágio de alimentação
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 98 26/06/2017 16:18:00


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
99

O mesmo pode ser feito em relação as informações dos componentes do estágio microcontrolado,
como a memória EEPROM 24LC256 e o cristal ABM3B. Após a localização destes parâmetros do datasheet,
deve-se fazer a interpretação deles, conforme tratado a seguir.
c) Interpretar os parâmetros do datasheet
A partir das informações dos datasheets é possível estimar informações relevantes ao circuito analisado:
funções dos subcircuitos, tensões utilizadas, potência do circuito, tipos de soluções adotadas (por exemplo,
um circuito de comunicação com barramento RS485) etc.
Com base nesta verificação, em catálogos de dados, nota-se que as fontes de alimentação do circuito
utilizado no exemplo são disponibilizadas uma saída de 3,3 V e duas saídas isoladas de 5 V para os demais
subcircuitos da placa eletrônica.
Destarte, por meio destes dados é possível prever os tipos de subcircuitos que necessitam de isolação
dentro da aplicação do circuito. A isolação pode estar referenciada aos subcircuitos de comunicação de
dados ou leitura de sensores, que precisam uma qualidade melhor da energia e melhor imunidade ao
ruído, características as quais o uso de fontes isoladas auxilia no projeto. A existência de uma fonte de 3,3
V é um grande indício de que há processadores e outros circuitos integrados de baixo consumo, como os
componentes da tecnologia CMOS, que são alimentados por esta via.
d) Interpretar a topologia e as ligações dos circuitos
Investigar as características elétricas de um subcircuito é uma ação necessária para realizar o diagnóstico
de um circuito eletrônico. No entanto, muitas vezes não é o suficiente para determinar os pontos de testes
que permitem verificar se o circuito possui algum tipo de defeito. Neste caso, se faz necessário conhecer a
topologia interna e ligações dos circuitos integrados (CIs), o que pode ser realizada por meio do estudo do
datasheet, complementa o estudo investigativo do diagnóstico.
O datasheet do regulador linear LM1117-33CDCYR, por exemplo, apresenta a configuração básica
recomendada pelo fabricante. Partindo-se desta informação, é possível, com o auxílio de um multímetro,
realizar testes de continuidade na placa eletrônica para verificar a configuração realizada, comparando
com a configuração básica apresentada na documentação do componente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 99 26/06/2017 16:18:00


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
100

A figura, a seguir, mostra o circuito de configuração apresentado pelo datasheet do componente LM1117
e os correspondentes circuitos na placa eletrônica, identificados com teste de continuidade.

Informações datasheet

Cap 4
E

S
S LDO1 Ce

LM1117
Circuito recomendado

LM117 - XX
E S
VIN VOUT

GND Cap 2
Ce Cs

Rosimeri Likes (2017)


Cs

Figura 55 -  Analogia entre a informação do datasheet e do circuito


Fonte: adaptado de Altium Limited (2014)

É possível sondar o tipo de arranjo de ligação de um circuito eletrônico composto por componentes
discretos (resistores, capacitores, indutores etc.) com o auxílio do teste de continuidade, em que os trechos
de ligação são testados ponto a ponto a fim de determinar como os componentes se interligam uns aos
outros.
A partir dessa análise é possível estimar os valores de resistência elétrica dos principais trechos
deste circuito. No caso dos circuitos integrados, os datasheets podem fornecer as informações sobre as
características elétricas das portas de entrada e saída do componente, facilitando a interpretação durante
o diagnóstico.

Diagnósticos dos circuitos


Assim como nos testes dos circuitos mencionados no início desta seção, a placa defeituosa não deve
ser alimentada nas etapas de diagnósticos iniciais. É preciso primeiramente garantir que não existam
curtos-circuitos entre os trechos de alimentação de energia e entre os pinos dos principais componentes,
especialmente os componentes mais sensíveis do projeto, como microcontroladores, sensores e
componentes de comunicação.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 100 26/06/2017 16:18:00


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
101

A partir da análise das topologias e circuitos, é possível determinar os trechos dos subcircuitos onde
realizará os testes, já prevendo os resultados que se espera obter. No caso da fonte linear LM1117-33CDCYR,
por exemplo, pode-se verificar com o multímetro a impedância de entrada e de saída do circuito bem
como se o componente está com algum problema interno, seja uma ligação rompida ou um curto-circuito.
Com o levantamento dos pontos que merecem um diagnóstico inicial, deve-se definir qual será a
sequência dos testes, ordenando os subcircuitos e trechos que serão testados. Em geral, essa análise se inicia
pelos circuitos de alimentação, conforme abordado anteriormente, depois parte-se para os subcircuitos de
comando e auxiliares.
Como no exemplo da fonte linear, saber localizar os trechos das entradas e das saídas é relevante para o
diagnóstico de funcionamento. A análise dos demais subcircuitos deve seguir esta mesma lógica e os trechos
mais importantes podem ser verificados inicialmente, sejam entradas e saídas de microcontroladores,
pinos de conectores, sinais de referência para circuitos de controle etc.
Os mesmos testes elaborados nas seções anteriores podem ser abordados para realizar o diagnóstico e
levantar os pontos defeituosos, conforme o resumo apresentado, no quadro, a seguir.

INSTRUMENTO OU EQUIPAMENTO AÇÕES


Verificar se os trechos estão curtos-circuitados.
Multímetro
Verificar se os valores ôhmicos estão dentro do esperado.
Com o auxílio de multímetros, verificar o nível de tensão do trecho.
Fonte de alimentação controlada Verificar, através do controle de corrente, da fonte de alimentação, se os valores não
excedem o consumo esperado.
Verificar surtos ou ondulações de tensão com a utilização de osciloscópios.
Osciloscópio Verificar o comportamento dos sinais ao longo do tempo, por exemplo, estabilidade
da fonte de energia.
Quadro 28 - Testes de diagnóstico
Fonte: SENAI (2016)

Os problemas encontrados devem ser relatados assim como nos casos de diagnósticos abordados
anteriormente. No entanto, nem toda falha ou defeito é proveniente de um problema de hardware quando
se tratam de equipamentos que possuem sistemas processados, seja com uso de microcontroladores, DPS
ou FPGA.

Defeitos de firmware
Alguns defeitos em circuitos eletrônicos podem estar diretamente relacionados aos firmwares de
sistemas processados, devido a falhas na lógica de programação ou problemas internos do circuito de
processamento.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 101 26/06/2017 16:18:01


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
102

Muitas destas falhas podem ser sutis e só se tornam aparentes em casos específicos de funcionamento
devido às condições específicas de operação, que não foram previstas durante o desenvolvimento do
código, erros de lógica ou devido a situações de ruídos, temperaturas e carga dos componentes eletrônicos
que ultrapassam momentaneamente as restrições do projeto e afetam seu funcionamento, como por
exemplo, quedas de energia.
Para a análise destas falhas, em geral, é preciso ter acesso ao código de modo que o funcionamento
possa ser analisado em tempo real de funcionamento (modo de depuração). No entanto, isso se trata
de um trabalho que pode ser bastante complexo e dificilmente será realizado durante um processo de
manutenção, visto que os fornecedores não costumam disponibilizar os códigos de seus produtos, já que
muitas vezes ali reside o seu segredo industrial. São os desenvolvedores de um produto que assumem esta
atividade de conserto de software.

Istock ([20--?])

Figura 56 -  Chipset de computador

Este é um tipo de falha cujo diagnóstico é trabalhoso e a identificação só é possível a partir de uma
bateria de testes que submete o equipamento a várias condições de trabalho. Porém, quando ocorre a
identificação, uma solução plausível é o fabricante disponibilizar os arquivos de atualização dos produtos
para que sejam realizados os procedimentos padrão determinados pelo próprio fabricante.

3.2.4 POR GIGA DE TESTE

Giga de teste é o nome usualmente dado para circuitos elétricos ou eletrônicos, que auxiliam na validação
dos circuitos eletrônicos colocados em teste. Este dispositivo de apoio geralmente é desenvolvido para
auxiliar nas etapas de manutenções e pode ser classificado em: uso geral ou o específico para um tipo de
placa de circuito eletrônico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 102 26/06/2017 16:18:04


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
103

Uma giga de uso geral pode ser utilizada em vários tipos de circuitos independente da função ou
finalidade específica. Por exemplo, uma giga de teste é utilizada para testar a qualidade da comunicação
de barramentos seriais, como Controller Area Network (CAN) ou de fibra óptica. Logo, qualquer circuito,
independentemente de sua finalidade, que contenha um barramento deste tipo pode ser testado com
essa mesma Giga.
De outra forma, uma giga específica é desenvolvida especialmente para um circuito eletrônico
específico. Por exemplo, uma giga de teste de um computador de bordo de um veículo. Este tipo de giga
pode conter botões que simulem as condições de operação das entradas e saídas que são conectados a
este equipamento, conforme mostra a figura a seguir.

Rosimeri Likes (2017)


Figura 57 -  Giga de teste para circuitos eletroeletrônicos
Fonte: SENAI (2016)

Na sequência, você conhecerá como as gigas de testes auxiliam num diagnóstico de defeitos do circuito
eletrônico.
a) Simular a aplicação em laboratório
Imagine que toda ação de conserto durante um processo de manutenção necessitasse ser validada
diretamente na aplicação, isso tornaria este procedimento muito ineficiente e até mesmo inapropriado,
colocando em risco o funcionamento de outros equipamentos do sistema.
As gigas de testes possuem relevância neste contexto, pois permitem que os circuitos eletrônicos sejam
facilmente submetidos a testes elétricos em bancadas de laboratório, emulando o ambiente de aplicação.
O exemplo do circuito dado anteriormente sobre o computador de bordo de um veículo pode ajudar
a esclarecer este assunto. Este tipo de sistema abarca atividades que monitoram funções do veículo, que
contemplam o seu funcionamento esperado, assim como defeitos ou falhas que seriam difíceis de simular
mesmo na aplicação, como o aquecimento do motor. Com a utilização de uma giga de teste, é possível
realizar tal simulação com circuitos que emulem essa falha.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 103 26/06/2017 16:18:04


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
104

b) Operação com variações de carga


Os circuitos que possuem saídas de potência responsáveis pela alimentação de cargas, como lâmpadas
ou sirenes, por exemplo, podem ser simulados em laboratório com a utilização de gigas de testes com
banco de resistores, que possam ser configurados para aplicação desejada.
Um equipamento eletrônico de cargas programáveis pode ser considerado, de certa forma, uma giga
de teste de circuitos de potência sendo possível realizar testes prolongados e com carga variável ao longo
do tempo. Muitos defeitos só surgem ou dão sinais após muitas horas de funcionamento ou devido a
variações específicas de cargas. Com esse tipo de giga de teste é possível conhecer os padrões de defeitos
do sistema a partir de ensaios específicos.
c) Testes de comunicação
Quando os circuitos eletrônicos possuem canais de comunicação, seja para conectar em alguma rede ou
para trocar informações com outros dispositivos, é muito difícil verificar se estes estágios estão funcionando
adequadamente somente com a inspeção física. É preciso encontrar formas de testar as comunicações que
são realizadas, assim como os protocolos para verificar se não há excesso de ruídos ou informações erradas
nos canais que resultam em falhas de operação.
As interfaces de comunicações seriais RS232 e RS485 são muito utilizadas em eletrônica, especialmente
em ambientes industriais, na implementação de protocolos como o Modbus. Existem outras comunicações
bastante úteis para equipamentos embarcados como canais USB ou canais sem fio para acessar redes
wireless, bluetooth ou RFID.
Para estes casos é possível utilizar gigas de testes específicas para avaliar barramentos e protocolos
de comunicação. Há, ainda, módulos de instrumentos como osciloscópios que permitem a integração de
função de testes de comunicações.
d) Falhas intermitentes
As falhas que ocorrem de forma irregular em um circuito são difíceis de serem detectadas. Além disso,
por não conhecer sua origem, torna-se difícil simular em laboratório as condições que as causam.
Em vista disso, é preciso levantar hipóteses sobre as causas de tais falhas e criar um ambiente de ensaio
que permita simular e detectar os setores do circuito que possam necessitar de intervenções, e, até mesmo,
ser substituído.
Mesmo se tratando de circuitos eletrônicos, a origem destas falhas pode ser de natureza mecânica.
Conectores mal encaixados ou fios e terminais de componentes trincados costumam apresentar problemas.
Em laboratório é possível testar circuitos com mesas de vibrações.
Outra origem é a operação sob condições de temperaturas muito baixas ou muito elevadas que venham
a causar uma falha por calor em alguns componentes ou trechos do circuito. Esse aquecimento pode ser
causado pelo próprio aquecimento do circuito ao longo do tempo. Para diagnosticar estes casos é possível
utilizar estufas de laboratório e gigas de carga que possibilitem testes de longas horas com o circuito
eletrônico em funcionamento.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 104 26/06/2017 16:18:04


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
105

e) Equipamentos de laboratório
Assim como funções de um osciloscópio podem funcionar como ferramentas de testes para um circuito
eletrônico defeituoso, os geradores de funções, ou também conhecidos como geradores de sinais, podem
ser utilizados para realizar testes em funções específicas de um circuito cuja as características dos sinais
possam ser replicadas nas funções destes geradores.
Um gerador de sinais é um equipamento que disponibiliza vários tipos de formatos de tensão
(quadrada, triangular, senoidal etc.) e permite configurar a amplitude, a frequência e a razão cíclica destes
sinais, além de possibilitar a inserção de distorções, ou, em aparelhos mais sofisticados, a programação de
configurações que variam ao longo do tempo.
Um sensor de velocidade de um motor, por exemplo, detecta a velocidade de rotação do eixo por
meio da variação da frequência de chaveamento do sensor. Este tipo de sensor poder ser emulado por um
gerador de funções com a utilização de um sinal Pulse-Width Modulation (PWM) cujos valores são ajustados,
com as respectivas especificações do projeto, para simular, conforme mostra a figura a seguir.

Decteção
Disco de pulsos

Rosimeri Likes (2017)


Tempo
Período (T)
Emissor Receptor
Sensor óptico td
Figura 58 -  Sistema de medição de velocidade
Fonte: SENAI (2016)

O sistema é composto por um emissor (LED), um receptor (fotodiodo) e um disco de pulsos. À medida
que o disco gira, o sensor detecta a presença de luz toda vez que a ranhura ficar posicionada entre o LED
e o fotodiodo. O período (T), apresentado no gráfico da figura anterior, é referente ao tempo entre cada
detecção, ou seja, entre uma ranhura e a seguinte. A medida que a velocidade de rotação aumenta, este
período de tempo (T) diminui, e vice-versa.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 105 26/06/2017 16:18:04


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
106

Perceba que, conforme o disco gira, a variação da frequência indica uma variação na velocidade do eixo
do motor. Este tipo de teste pode acontecer conforme o procedimento informado, no quadro, a seguir.

DESCRIÇÃO

1 Conhecer a calibração (relação de variação) do sensor (que é fornecida nos materiais técnicos do componente).

2 Criar uma tabela de valores da velocidade de giro do motor e a respectiva frequência.

Através do uso do gerador de funções, injetar essas frequências, uma a uma, na entrada do sensor, do circuito
3
eletrônico que está sendo testado.
Realizar a leitura fornecida pelo circuito testado, seja através de display ou outra forma que o circuito disponibilizar
4
este dado.
Comparar os valores mensurados pelos circuitos com os valores apropriados determinados na tabela para verificar se
5
não há discrepâncias.
Quadro 29 - Exemplo de procedimento de teste
Fonte: SENAI (2016)

Este é apenas um exemplo de aplicação de um gerador de sinais. Outras formas de onda, com frequências
variadas, podem ser simuladas por meio deste equipamento de bancada.

3.2.5 POR SOFTWARE

Não é incomum, nos dias de hoje, encontrar microcontroladores ou processadores em placas de circuitos
eletrônicos. O grande desafio neste tipo de circuito é determinar a integridade do componente eletrônico
apenas com testes externos. Podem existir falhas internas ou erros de software – aos quais normalmente
não se tem acesso – que podem afetar o funcionamento adequado de todo o sistema.
A utilização de softwares é importante para verificar circuitos que contemplam processamento de dados
e informações, quando é preciso verificar a integridade dos algoritmos do equipamento. Um firmware pode
estar corrompido ou desatualizado.
Geralmente, o desenvolvimento destes softwares é exclusivo para o tipo de circuito que deseja
testar. Além disso, não é difícil encontrar aplicações que realizam tarefas que são integradas a redes de
computadores por alguma forma de comunicação, como um celular ou um rastreador de veículo que
enviam informações constantes para centrais que registram os dados de localização de um veículo. Nestes
casos é preciso que os fabricantes disponibilizem ferramentas que permitam testar tais funções.
No entanto, existem softwares que permitem complementar os trabalhos das gigas e auxiliam a
validação de funções gerais dos sistemas eletrônicos. Um exemplo bastante utilizado são os softwares de
teste de comunicações seriais que utilizam as portas seriais do computador: USB e RS232.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 106 26/06/2017 16:18:04


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
107

CASOS E RELATOS

O software da eficiência
A empresa CDLP Tecnologia desenvolve máquinas industriais que realizam o empacotamento de
alimentos. Para isso são desenvolvidos circuitos eletrônicos, que têm a função de realizar o controle
das funções destas máquinas. Após a produção, são coletadas amostras das placas eletrônicas
fabricadas e montadas para análise de qualidade.
Um lote específico, aprovado no teste de amostragem, retornou do cliente após apresentação de
falhas em mais de 10% das unidades. Diante disso, o setor de manutenção foi acionado para a
realização de diversos e severos testes de validação, ajustes dos parâmetros do sistema e verificação
de operação adequada de todas as funções de cada uma das placas. Contudo, o teste individual é
lento, podendo levar até 20 minutos para ajustar cada sistema.
Pensando na eficiência deste processo, os profissionais do setor de manutenção, aliados ao setor
testes, desenvolveram uma giga controlada por computador capaz de realizar todos os testes em
um tempo menor do que oito minutos. O novo sistema de testes possui o formato adequado da
placa eletrônica do equipamento. Esta forma possui uma tampa que, quando inserida, se encaixa
perfeitamente nas conexões elétricas da placa eletrônica, incluindo os terminais de alimentação
elétrico do sistema, e de sensores e atuadores confiáveis que fazem parte da giga de teste para
simular a operação do sistema em campo.
Os procedimentos de testes são todos executados por um computador que impõe as ações ao
mesmo tempo que coleta dados de análise gerando, no final do processo, um relatório sobre o
comportamento de cada função do sistema, indicando a localização dos erros quando estes
ocorrem. O desenvolvimento desta giga agilizou bastante o processo de testes e de manutenção
da empresa, permitindo que as entregas dos equipamentos se tornassem mais rápidas e eficientes
aos seus clientes.

O software Free Serial Port Monitor, disponibilizado de forma gratuita pelo desenvolvedor (está disponível
em: www.serial-port-monitor.com), é um exemplo de software que permite validar a comunicação serial de
um circuito eletrônico em teste. Existem várias outras ferramentas na internet que auxiliam os testes neste
sentido.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 107 26/06/2017 16:18:05


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
108

Para compreender melhor o assunto, veja a figura a seguir.

Software de análise de comunicação serial

Rosimeri Likes (2017)


Notebook
Circuito analisado Cabo de
comunicação serial
Figura 59 -  Software e uma placa conectada na serial

Além disso, existem softwares específicos para determinados produtos que informam ao usuário os
possíveis defeitos que podem estar relacionados às falhas no sistema eletrônico ou na própria aplicação.
Este é o caso comum de softwares de diagnósticos de veículos, que são muito utilizados para o serviço de
conserto de automóveis.
Quando um componente do automóvel para de funcionar, como um sensor de combustível, e resulta
em um comportamento estranho do motor ou alguma indicação de falha elétrica no painel do veículo, é
possível realizar a varredura do sistema por meio do software de diagnóstico. Ele identifica facilmente este
tipo de falha e informa ao técnico a localização e identificação da peça com defeito. Este tipo de sistema é
muito eficiente, no entanto, é limitado a alguns tipos de aplicações específicas.

TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM HARDWARE


A terceira etapa de um processo de manutenção é realizar o conserto dos dispositivos ou parte
defeituosa do sistema eletrônico que foi identificada na etapa de diagnóstico.
1) IDENTIFICAÇÃO

2) DIAGNÓSTICO

3) MANUTENÇÃO

4) VALIDAÇÃO

As informações recolhidas durante a etapa de diagnósticos precisam ser organizadas e estruturadas


para determinar uma ação coerente de conserto.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 108 26/06/2017 16:18:05


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
109

Istock ([20--?])
Figura 60 -  Intervenção de manutenção em placa de circuitos eletrônicos

As habilidades que se destacam durante um processo de manutenção estão relacionadas ao correto


manuseio dos componentes eletrônicos bem como ao manuseio de equipamentos de soldagem para
substituição dos componentes e reparos nas placas de circuito impresso.

Técnicas de soldagem manual


As técnicas de soldagem manual que são usualmente adotadas durante os procedimentos de conserto
consistem na utilização de estações de solda e de estações de retrabalho.
Os modelos destes equipamentos são variados e podem conter muitas funcionalidades. No entanto,
neste capítulo, interessam somente as funções básicas relativas ao uso adequado destes equipamentos
para o processo de manutenção, seja para remoção ou inserção dos componentes de uma placa de circuito
eletrônico.
Um fator relevante, que independe da escolha do equipamento de soldagem, está atrelado a temperatura
máxima de soldagem que os componentes eletrônicos suportam durante o processo de soldagem. Cada
componente possui uma faixa de temperatura máxima específica, cujo valor geralmente é informado no
datasheet do componente. Esta informação é muito importante e precisa ser levada em consideração
durante a utilização dos equipamentos de soldagem.
Quando os componentes são danificados durante o processo de manutenção, fica difícil identificar a
origem do defeito original do circuito. Isso pode resultar em uma avaliação equivocada sobre o problema
do circuito, assim como resultar ações corretivas equivocadas, ou ainda, comprometer o conserto dos
circuitos quando os componentes queimados se tratam de peças de alto valor. Queimar o processador de
um circuito de uma máquina pode, por exemplo, resultar em inviabilizar financeiramente o trabalho de
manutenção.
Há um limite de tempo que os componentes podem ficar submetidos as temperaturas de soldagem,
quanto mais próxima a temperatura de soldagem for da temperatura máxima admitida pelo componente,
menor será este tempo máximo de exposição.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 109 26/06/2017 16:18:07


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
110

A soldagem de componentes com encapsulamento PTH é realizada com a utilização de estações


de solda. Muitos componentes com encapsulamento SMD também podem passar pelo processo de
soldagem utilizando ponteiras de soldas apropriadas para o tamanho do componente em questão. No
entanto, existem componentes muito minúsculos cujos terminais não são de fácil acesso pelas ponteiras,
seja devido as características construtivas do componente ou mesmo pela localização do componente
na placa eletrônica. Nestes casos existem as estações de retrabalho que utilizam ar-quente para inserção
ou remoção de componentes eletrônicos. Procedimentos sobre estas duas formas de trabalho serão
abordados a seguir.

Solda manual com estação de soldagem


Os técnicos responsáveis pela manutenção de circuitos-eletrônicos precisam estar afiados sobre a
utilização correta de uma estação de soldagem, pois se trata de uma das principais, ferramentas utilizadas
durante a manutenção de placas de circuito impresso.
a) Estação de solda
Existem diversos modelos de estação de solda disponíveis no mercado.
Observe que a figura, a seguir, apresenta a utilização de uma estação de solda com regulagem digital
de temperatura. Istock ([20--?])

Figura 61 -  Utilização de estação de solda com regulagem digital de temperatura

As estações que mais se adaptam aos serviços, em eletrônica, são aquelas cuja temperatura pode
ser ajustada dentro de valores adequados entre 200 e 400 °C, e cujas ponteiras podem ser substituídas
conforme os tamanhos dos componentes eletrônicos.
b) Soldas
A solda entre dois pontos – normalmente o terminal do componente e a ilha da placa eletrônica - é
realizada por uma liga de estanho e chumbo, cuja quantidade percentual de chumbo determina o ponto
de fusão desta solda. O quadro, a seguir, apresenta os tipos de solda mais comuns, que são padronizados
e comercializados.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 110 26/06/2017 16:18:08


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
111

TIPO PONTO DE FUSÃO COR DO CARRETEL


Sn63Pb37 183°C Laranja
Sn60Pb40 189°C Azul
Sn50Pb50 212°C Amarelo
Sn40Pb60 235°C Verde
Quadro 30 - Tipos de solda de estranho/chumbo
Fonte: SENAI (2016)

Em eletrônica, os carretéis utilizados geralmente possuem ponto de fusão de 183°C (carretel laranja) ou
189°C (carretel azul).
c) Ponteiras
Componentes de maior potência cujos terminais são mais grossos e precisam de uma área de contato
maior, utilizam ponteiras grossas que possam transferir a quantidade de calor suficiente para os pontos
onde a solda será inserida ou removida. Por outro lado, componentes menores e mais delicados necessitam
de ponteiras mais finas.
A figura, a seguir, apresenta alguns tipos de ponteiras bastante utilizadas para serviços de manutenção
e montagem manual em eletrônica.

A Ponta Fenda

C
R

A
Ponta Fenda Longa
B
C

Ponta Fenda Redonda


A

A
Ponta Cônica

C
Rosimeri Likes (2017)

A Ponta Cônica Longa


B
C
Figura 62 -  Pontas comuns para ferro de solda
Fonte: adaptado de Apex Tool Group (2011)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 111 26/06/2017 16:18:08


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
112

O manual do equipamento normalmente traz os modelos de ponteiras adequadas e compatíveis com o


modelo da estação de ferro de solda.
d) Procedimentos – remoção de componentes
Durante o procedimento de manutenção é comum a necessidade de remover componentes de um
circuito eletrônico. Componentes queimados ou danificados precisam necessariamente ser substituídos
durante o conserto.
A remoção de componentes em uma placa eletrônica é uma ação delicada, em que o risco de danificar
a placa de circuito eletrônico sempre está presente, especialmente nas regiões do circuito que possuem
trilhas e ilhas menores.
Aliado ao ferro de solda, faz-se necessária a utilização de um sugador de solda ou fita de remoção
de componentes. A seguir será apresentado um procedimento para remoção dos componentes com
encapsulamento PTH, que também é aplicável para muitos componentes SMD.
a) Untar a ponteira de solda
A untagem trata de revestir com solda a ponteira de modo que ela fique com aspecto metálico brilhante
em toda superfície da sua ponta. Este é procedimento padrão tanto para inserção como para remoção de
componentes em um circuito eletrônico. A untagem aumenta a capacidade da ponteira transferir calor,
assim como preserva a sua vida útil.
b) Pré-aquecer o terminal do componente
Com o ferro de solda a temperatura adequada e a placa fixada, para a remoção de um componente PTH ou
SMD é preciso localizar os seus terminais na placa eletrônica, na superfície inferior no caso de componente
PTH. Então, encosta-se a ponteira de solda sobre um dos terminais para pré-aquecer o estanho fundido.
Recomenda-se, em geral, não permanecer com ponteira mais do que cinco segundos sobre o terminal do
componente. Esse procedimento derreterá a solda fundida que faz a ligação do terminal na placa.
c) Sugar a solda derretida
Mantendo-se a ponteira sobre o terminal com uma das mãos, insira rapidamente, com a outra mão, o
sugador sobre a solda e realize a sucção do material fundido, conforme mostra a figura a seguir.
Istock ([20--?])

Figura 63 -  Utilização do sugador de solda

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 112 26/06/2017 16:18:10


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
113

No caso de componentes SMD, sugar a solda derretida, pode ser realizada com a fita removedora.
Você deve inseri-la sobre a área de estanho que precisa ser removida. Em seguida, aquecer a superfície
superior da fita removedora que está em contato com o terminal. Na sequência, precisa realizar o mesmo
procedimento para os outros terminais do componente. Lembre-se de que o uso de temperaturas muito
elevadas aumenta o risco de desprendimento de trilhas e ilhas da placa.
d) Solda salva chip
Há uma solda especial para remoção de componentes de tecnologia SMD conhecida como Salva chip.
Trata-se de uma liga de baixa temperatura de fusão que se mantém derretida por mais tempo. Para uso,
basta aplicá-la com o auxílio do ferro de solda sobre todos os terminais do componente para, em seguida,
removê-la rapidamente com a utilização de uma pinça.
Após a remoção do componente, é preciso retirar os resquícios de solda de baixa fusão que ficaram nos
terminais da placa, é possível fazer isso com a utilização de fita (ou malha) dessoldadora. Em seguida, o
novo componente deve ser soldado com a solda adequada para fixação.

Rosimeri Likes (2017)

Figura 64 -  Tubo de varetas de solda salva chip


Fonte: SENAI (2016)

Não se deve utilizar a solda de baixa fusão para fixação de componentes. Devido à baixa temperatura
de fusão, os componentes podem se deslocar ou até mesmo se soltar em condições cuja a temperatura de
operação do circuito seja elevada.
e) Soldagem de componente PTH
O procedimento de soldagem de componentes Pin Through Hole (PTH) é bastante conhecido e difundido
no mundo da eletrônica. Existe muito material que pode auxiliar o aperfeiçoamento desta prática, incluindo
recomendações especificadas dadas pelos fabricantes de componentes que podem ser encontradas em
suas documentações na internet. O procedimento básico de inserção e soldagem dos componentes em
uma placa de circuito eletrônico é apresentado a seguir.
a) Ajuste de equipamento e bancada
Mantenha a bancada organizada e limpa, a placa de circuito eletrônico fixa e os componentes e materiais
necessários para os serviços próximos, de fácil acesso, de modo que a atividade possa ser realizada com
eficiência e concentração.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 113 26/06/2017 16:18:10


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
114

Evite deixar componentes soltos na mesa, especialmente componentes sensíveis a descargas


eletrostáticas ou aqueles que possuem quantidade de pinos considerável cujo acúmulo de sujeira pode vir
a afetar seu funcionamento, como é o caso de circuito integrados.
A seguir, conheça um modelo de aparelho de solda com temperatura ajustável.

Istock ([20--?])
Figura 65 -  Aparelho de solda com temperatura ajustável

O primeiro passo é preparar o equipamento de soldagem, ajustando a temperatura do aparelho de


solda e aguardar o tempo necessário para que a ponteira atinja a temperatura programada. Equipamentos
de soldagem com controle de temperatura são ideias para serviços em eletrônico, o aparelho de solda
apresentado na figura anterior possui um potenciômetro para ajuste da temperatura. No entanto, existem
modelos digitais onde o valor de temperatura é apresentado em um display e o ajuste realizado por meio
de botões.
b) Conformação do componente
Antes de inserir um componente de tecnologia PTH na placa de circuito-eletrônico é preciso realizar a
conformação dos terminais do componente, de modo que o componente possa encaixar adequadamente
na furação da placa de circuito impresso. A dobra dos terminais pode ser realizada com a utilização de
pinças ou alicates. Os terminais não devem sofrer excessiva pressão das ferramentas durante esta etapa,
isso pode vir a danificá-los ou enfraquecê-los.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 114 26/06/2017 16:18:11


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
115

Resistor PTH

Rosimeri Likes (2017)


Figura 66 -  Encaixe de resistores de encapsulamento PTH nos terminais da placa
Fonte: SENAI (2016)

O encurvamento do terminal do componente deve ser realizado em ângulos suaves, preferencialmente


de 45°. Conforme já estudado, lembre-se de não realizar dobras muito próximas do ângulo de 90°.
Componentes axiais como resistores, diodos que são bastante comuns em circuitos eletrônicos,
podem ser dobrados e encaixados conforme os procedimentos apresentados na figura anterior. O mesmo
procedimento pode ser feito para outros componentes similares e também para capacitores axiais.
c) Encaixe de fixação do componente na placa
Durante o encaixe do componente no circuito é preciso verificar se este primeiro é polarizado. Quando
for este o caso, tome as devidas precauções para posicionar os componentes na sua posição adequada.
Estão ação pode ser verificada por meio do leiaute da placa eletrônica – quando existe a serigrafia (figura a)
informando a posição correta do respectivo componente. Em caso de circuitos integrados, o pino número
1 do componente é representado por uma indicação na placa, como por exemplo, a bolinha branca na
parte (b) da figura, a seguir.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 115 26/06/2017 16:18:12


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
116

U1
D1

D2

Sabrina Farias (2017)


(a) (b)
Figura 67 -  Exemplos de serigrafias (a) Diodo (b) CI
Fonte: SENAI (2016)

A figura (a), apresenta a serigrafia de um diodo, cujo desenho permite identificar a posição adequada
do ânodo e cátodo do componente. Existem diversas serigrafias para componentes específicos e podem
ser conferidas conforme o datasheet de cada componente. Há placas que podem conter erros ou defeitos
nesta serigrafia, portanto, é importante verificar a posição dos componentes antes de removê-los.
Quando não há ou existem poucas informações estampadas na placa eletrônica ou acesso a leiautes e
esquemáticos dos circuitos que possam auxiliar na montagem, aconselha-se fotografar o circuito antes de
remover os componentes danificados.
Agora, veja, na figura, a seguir, um exemplo de placa sem serigrafia.
Istock ([20--?])

Figura 68 -  Placa eletrônica sem serigrafia

De maneira geral, os componentes devem ser encaixados rentes e paralelos à superfície da placa de
circuito eletrônico, exceto em casos cujo comportamento térmico pode afetar a isolação da placa de
circuito eletrônico, deteriorando o circuito ao longo do tempo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 116 26/06/2017 16:18:13


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
117

Após inserir o componente na placa, é preciso virá-la de modo que o componente possa ser soldado na
superfície oposta, como será abordado nos próximos passos. No entanto, é preciso se precaver para que o
componente não se desloque ao rotacionar a placa eletrônica. Para que isso não ocorra, você pode após a
inserção de componentes, entornar levemente os terminais do componente na superfície inferior da placa
de modo que não saia do lugar quando a placa for rotacionada.
d) Aquecimento da trilha do componente
Este procedimento é realizado na superfície inferior da placa de circuito eletrônico, no lado cujo os
terminais dos componentes PTH precisam ser soldados e o excesso cortado e removido do circuito.
Com a ponteira do soldador, pressione levemente o terminal do componente contra a parede da ilha. É
importante que a ponteira esteja levemente untada de estanho, conforme foi mencionado no procedimento
anterior, isso aumentará a velocidade da transferência de calor entre a ponteira e o componente.
Durante este procedimento tente manter o terminal do componente pressionado na posição reta e
com ângulo perpendicular (90°) com relação a placa de circuito eletrônico de modo que a soldagem seja
realizada de maneira uniforme.
e) Aplicação da solda
A solda deve ser aplicada diretamente sobre o terminal do componente, conforme apresentado na
figura a seguir. Faça isso levemente até a solda derreter e se espalhar por todo o terminal e ilha da placa
eletrônica. Sabrina Farias (2017)

Figura 69 -  Processo de soldagem de componente PTH


Fonte: SENAI (2016)

Caso a solda não derreta adequadamente, remova-a, pré-aqueça novamente o terminal do componente
e inicie o processo novamente. Evite o excesso ou a escassez de solda no terminal, em ambos os casos
podem surgir efeitos prejudiciais ao circuito, como solda fria na conexão.
O excesso de solda pode diminuir a isolação entre ilhas e aumentar a probabilidade de acúmulo de
sujeiras, sem mencionar que as trilhas ficam com aspecto visual desagradável. A falta de solda pode
ocasionar pontos quentes no circuito devido à resistência elétrica de contato elevada.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 117 26/06/2017 16:18:14


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
118

f ) Resfriamento da solda
Após inserir a solda em todos os terminais do componente, é preciso aguardar um tempo necessário
até que ela esfrie naturalmente. Esta ação é importante para a qualidade da junção realizada. Caso o
esfriamento seja forçado, a solda pode criar trincas e se tornar quebradiça, comprometendo a conexão
elétrica da região. Portanto, não se deve assoprar ou lançar líquidos sobre a solda quente para forçar a
refrigeração da conexão.
Quando se soldam mais de um componente, é muito comum realizar o procedimento de solda de
todos eles antes de partir para o próximo passo. Dessa forma, o terminal pode ter um tempo longo para
acomodação da temperatura à medida que se passa para o serviço de solda em outro ponto ou componente
do circuito eletrônico.
g) Corte de terminais
Após o esfriamento das junções terminal-ilhas, pode-se realizar o corte do excesso dos terminais dos
componentes com a utilização de alicate de corte. O corte deve ser realizado rente a borda do componente
de modo que minimize os riscos de curtos-circuitos com outros pontos do circuito ou fugas de energia,
de modo que os terminais não extrapolem a região da sua ilha com pontas sobressalentes, facilitando o
acúmulo de sujeiras.

Istock ([20--?])

Figura 70 -  Circuito eletrônico com os terminais cortados

A figura anterior ilustra resultados satisfatórios do procedimento de corte de terminais de um


componente PTH. Também não se deve pecar pelo excesso de corte, de modo que não venha a danificar a
solda do componente e enfraquecer a conexão elétrica ou danificar as trilhas da placa eletrônica.
h) Soldagem de componentes SMD
A soldagem de componentes de encapsulamento SMD com o uso da estação de solda pode ser realizada
em componentes cujo tamanho dos terminais são acessíveis as ponteiras, é o que acontece com muitos
tipos de diodos, resistores, transistores e circuitos integrados. Alguns encapsulamentos SMD específicos
não permitem a soldagem por meio do uso de aparelhos de solda, estes casos serão vistos posteriormente
nesta seção referente ao uso de estações de retrabalho.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 118 26/06/2017 16:18:15


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
119

Os componentes de tecnologia SMD são muito comuns hoje em dia, especialmente porque são mais
econômicos em termos de energia e ocupam menor espaço, o que resulta em circuitos eletrônicos mais
compactos, por exemplo, em aplicações portáteis estes fatores são essenciais, como é o caso de celulares.
A utilização de componentes SMD tem se tornado muito frequente em equipamentos eletrônicos, e um
técnico em manutenção precisa estar habituado a trabalhar com este tipo de tecnologia.
a) Limpeza e preparação das ilhas
As ilhas de um respectivo componente em uma placa de circuito eletrônico precisam ser limpas antes
de realizar a soldagem de um componente. Isto é importante para remover o pó e a gordura acumulada,
que prejudicam a qualidade da solda realizada no local.

Istock ([20--?])
Figura 71 -  Pincel antiestático e álcool isopropílico

Em eletrônica é comum utilizar fluxo de solda para facilitar a aderência da solda do componente na
placa eletrônica. Esta ação não é necessária em todos os casos, mas em regiões da placa cuja a transferência
de calor pode ser mais lenta, o que acontece em terminais que são envolvidos por malhas de cobre com
área considerável, tornando-se um dissipador de energia durante o processo de soldagem. O fluxo de solda
pode ajudar nestes casos.
b) Pré-soldagem do terminal
O primeiro passo para soldagem de um componente de tecnologia SMD em uma placa de circuito
eletrônico consiste em selecionar as ilhas da placa referente ao componente e untar inicialmente umas das
ilhas com uma leve camada de estanho em sua superfície.
O terminal untado, seja para um componente de dois ou mais pinos, servirá para fixação inicial do
componente na placa de circuito eletrônico. Aconselha-se escolher adequadamente esta primeira ilha de
modo que facilite o acesso das ponteiras de soldagem durante o procedimento.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 119 26/06/2017 16:18:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
120

c) Inserção do componente
Com o auxílio de uma pinça antiestática, você deve posicionar o componente sobre a placa eletrônica e
mantê-lo fixado sobre as suas respectivas ilhas na placa eletrônica.
Em circuitos com mais de dois pinos é preciso conferir a posição correta do componente. Na maioria
dos casos, a posição adequada do componente pode ser verificada na serigrafia da placa eletrônica, da
mesma forma como já foi mencionado a respeito da soldagem de componentes de tecnologia PTH.
A seguir, conheça um exemplo de circuito integrado SMD.

U1

Istock ([20--?])

Figura 72 -  Circuito integrado SMD

Você precisa cuidar para não impor muita pressão sobre o componente, seja com a pinça ou com a
ponteira de solda. O excesso de pressão pode trincá-los além de colocar a sua integridade e funcionamento
em risco.
d) Soldagem dos terminais
Com o componente fixado na posição adequada sobre a placa, enquanto que, com uma das mãos
mantém-se o componente fixo sobre sua posição, com a outra mão utiliza-se o ferro de solda para
aquecimento do terminal inicialmente untado. Aqueça o terminal untado até que a solda derreta e realize
a fixação do terminal do componente.
Em seguida, não é mais necessário manter o componente fixo com a pinça. Ele se soldado adequadamente,
estará fixo pelo pino soldado. Evite encostar indevidamente no componente de modo que este não entorte
ou se desprenda.
Se a posição dos terminais estiver adequada com relação as suas respectivas trilhas, pode-se iniciar
a soldagem deles. Para isso, deve-se pré-aquecer a ilha do terminal e inserir a solda levemente sobre o
terminal do componente.
Evite o excesso de solda sobre os terminais de modo que esta ação não diminua a distância de isolação
entre um terminal e outro. Além disso, é muito comum o acúmulo de sujeiras em terminais de componentes
SMD, especialmente circuitos integrados, sendo a fonte de muitas queimas de componentes que resultam
em falhas e defeitos do circuito eletrônico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 120 26/06/2017 16:18:17


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
121

e) Resfriamento e limpeza
Assim como acontece em componentes PTH, os componentes SMD também precisam de um tempo
de acomodação para que a temperatura dos pontos de soldagem retorne a temperatura próxima a do
ambiente. Não se deve forçar tal resfriamento de modo a não danificar a solda e o componente.
Quando a região se encontra novamente em temperatura ambiente, pode-se realizar a limpeza da região
com o uso de pincel antiestático e álcool isopropílico, especialmente quando for utilizado fluxo de solda
para auxiliar a soldagem. A limpeza é essencial, mas não se deve exagerar, porque o álcool isopropílico
pode ser agressivo ao verniz e remover esta camada, que tem a importante função de proteger a placa
eletrônica contra intempéries.

Solda manual com estação de retrabalho


Outra forma de remover e inserir manualmente componentes de encapsulamento SMD é com a
utilização de sopradores térmicos. Esse procedimento é essencial para componentes cujos terminais estão
localizados na superfície inferior, impossibilitando o acesso com o ferro de solda. É o que acontece com
processadores de encapsulamento BGA, que necessitam o uso de uma estação de retrabalho, conforme
mostra a figura a seguir.

r
Powe
ra ON
eratu
Temp
o
Estaçã OFF
Andressa Vieira (2017)

Figura 73 -  Soprador térmico


Fonte: SENAI (2016)

Os procedimentos, a seguir, apresentam etapas para remoção e inserção dos componentes em placas
eletrônicas. Trata-se de um trabalho de risco, que necessita muita paciência e cuidado. As placas eletrônicas
mais sofisticadas possuem camadas internas onde são passadas trilhas e malhas de conexões e aterramento.
O excesso de calor aliados a ações bruscas podem ser fatais para uma placa eletrônica, especialmente
quando danificam estas camadas internas, cujo diagnóstico é difícil realizar e o reparo é muito complexo
de ser realizado.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 121 26/06/2017 16:18:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
122

a) Cuidados em geral
Para situações em geral, a primeira atitude é evitar temperaturas maiores que 400°C. Você precisa ter
cuidado com os componentes da vizinhança, se a velocidade do jato de ar estiver muito forte poderá
também remover ou danificar outros componentes que estão localizados próximos ao que se deseja inserir
ou remover.
Outro cuidado que você deve evitar é direcionar o fluxo de ar sobre os componentes da placa que não
são alvos do processo de soldagem ou remoção. Especialmente, componentes com partes plásticas ou
qualquer outro material que é sensível ao calor, os quais podem ser danificados desnecessariamente.
A eficiência de utilização de estações de retrabalho pode diminuir quando utilizadas em componentes
que possuem dissipadores metálicos, ou estão em contato com a carcaça metálica ou até mesmo às malhas
de cobre do circuito. O calor transferido ao componente é menor devido a dissipação de calor que ocorre
com estas partes metálicas. É importante, quando possível, remover estes dissipadores e peças metálicas
que se conectam ao corpo dos componentes, de modo a facilitar o processo.
Por dica de segurança aos usuários, evitar inserir os dedos diretamente sobre a superfície onde o jato
foi direcionado para evitar riscos de queimaduras. Utilize pinças antiestáticas para auxiliar o serviço, sem
direcionar o jato de ar diretamente nestas ferramentas.
Por fim, a placa eletrônica e os componentes devem esfriar de modo natural quando o trabalho estiver
finalizado. Não se deve, assim como no processo de soldagem, criar uma situação de choque térmico.
b) Escolha do bocal
Existem vários tipos de bocais que são utilizados em aparelhos de retrabalho, a figura, a seguir, apresenta
os modelos que normalmente são utilizados. A escolha adequada do tipo de ponteira é importante para a
aplicação. A área do orifício deve ser proporcional ao componente e ao setor do circuito eletrônico onde o
serviço será executado.

∅3 mm ∅5 mm ∅7 mm ∅10 mm
Andressa Vieira (2017)

Figura 74 -  Bocais para aparelhos de retrabalho em SMD


Fonte: SENAI (2016)

Existem bocais específicos para trabalhar com componente em chip BGA. A escolha também deve se
pautar nos modelos disponíveis para cada equipamento específico, não existe nenhuma garantia de que
os bocais de um fabricante de estação de retrabalho sejam compatíveis para estações de outro fabricante.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 122 26/06/2017 16:18:17


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
123

c) Ajuste de temperatura e fluxo de ar do sistema


O primeiro ajuste a ser realizado na estação de solda é o valor da temperatura, que deve ser compatível
com o componente no qual o jato de ar será direcionado. A temperatura deve ser configurada levemente
acima da necessidade do ponto de soldagem,
Outra função importante é o ajuste do fluxo de ar, o valor deste ajuste deve ser regulado de maneira
suficiente de modo que seja elevado o bastante para transferir o calor para os terminais do componente,
e baixo o suficiente para não soprar os componentes – especialmente componentes da vizinhança - para
fora do circuito. Quanto maior a densidade de componentes na região onde está localizado o componente
que será removido ou soldado, menor o valor de ajuste do fluxo de ar. Por isso, este ajuste deve ser feito
com atenção em cada caso.
d) Remoção de componentes BGA
A remoção de componentes BGA é um processo delicado que precisa ser realizado com atenção,
especialmente em áreas da placa eletrônica cuja densidade de componente é elevada. Recomenda-
se remover um componente BGA somente após uma análise criteriosa que justifique a necessidade de
substituição deste componente. De outro modo, deve-se atuar primeiro em alterações e reparos em
circuitos e componentes mais simples que possam ser a causa do mau comportamento do sistema.
a) Aquecimento do componente
Posicionando-se a ponteira da estação de retrabalho sobre o componente, aqueça o componente de
maneira uniforme até que a solda derreta e seja possível removê-lo. É preciso evitar manter o jato de ar
quente sobre o componente por longos períodos de tempo, está ação pode atingir componentes na região
ou transferir demasiado calor para a placa de circuito eletrônico, afetando a qualidade da solda em regiões
vizinhas.
Istock ([20--?])

Figura 75 -  Remoção de componente SMD utilizando a estação de retrabalho

É muito importante ressaltar a necessidade de evitar que o jato de ar venha a ser direcionado para
outros componentes do circuito, o que pode criar novas falhas e defeitos no circuito, dificultando sua
manutenção.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 123 26/06/2017 16:18:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
124

b) Remover o componente
Assim que a temperatura da soldagem atingir o ponto de fusão é possível remover o componente do
circuito eletrônico. Neste momento, utilize uma pinça antiestática para segurá-lo e removê-lo.
Manter a pinça sobre o componente durante este processo não é uma ação aconselhável devido ao
fato de que a pinça pode se tornar um dissipador de calor, comprometendo a eficiência de transferência
de calor do jato de ar.
Ao remover o componente com a pinça, coloque o chip sobre um local limpo e posicione de forma que
seus terminais não entrem em contato com outras superfícies, de preferência com os seus terminais virados
para cima. O acúmulo de sujeiras ou contato com superfícies oleosas podem comprometer a reutilização
do componente, em caso de o componente não estar defeituoso.
c) Inserção de componentes BGA
A inserção de um novo componente no circuito eletrônico é sem dúvida uma tarefa trabalhosa e delicada,
pois trata da remoção do componente cujo funcionamento é duvidoso. É preciso que seja realizada uma
soldagem garantindo que todos os terminais do componente sejam fixados adequadamente na placa de
circuito sem que ele venha a sofrer demasiado estresse de temperatura durante o processo.
Antes de iniciar o processo de soldagem com a estação de retrabalho, alguns passos de pré-soldagem
precisam ser realizados de modo a preparar o componente e as trilhas da placa de circuito para a etapa de
soldagem.
a) Limpeza das ilhas da placa eletrônica
Em primeiro lugar é preciso remover, quando for o caso, o excesso de solda sobre as ilhas do componente.
Esta necessidade se dá em componentes BGA de funcionamento íntegro que já sofreram o processo de
soldagem em algum momento, e cujos resquícios de solda não foram removidos devidamente.
O trabalho de remoção do excesso de solda pode ser realizado com a utilização de ferro de solda e fita
de remoção de solda. Esta última é um recurso bastante útil para serviços de manutenção, e, para uso,
posiciona-se a fita sobre o ponto de solda que se deseja remover para, em seguida, aquecê-la diretamente
com o ferro de solda. Quando isso ocorre, o aquecimento da fita transfere calor para o estanho, que estando
em estado líquido é absorvido pela fita de remoção.
O excesso de tempo e a temperatura máxima do ferro de solda devem ser limitados nesse processo,
os circuitos integrados são, em geral, muito sensíveis ao estresse térmico. Um tempo de acomodação da
temperatura – resfriamento do componente – é necessário antes de realizar a limpeza dos terminais do
componente.
A limpeza deve ser realizada com a placa em temperatura ambiente. Pode ser utilizado álcool isopropílico
e um pincel antiestático. Aguarde a placa secar antes de prosseguir para o próximo passo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 124 26/06/2017 16:18:19


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
125

b) Preparação das ilhas da placa eletrônica


Para facilitar o processo de fusão da solda de estanho, insira uma camada leve de fluxo de solda sobre
as ilhas da placa eletrônica referentes a instalação do componente BGA. Esta camada precisa ser inserida
e espalhada de forma uniforme sobre toda a superfície de ilhas da placa. A utilização de pouca pasta pode
não ser suficiente para desempenhar o auxílio de transferência de calor ao qual se destina, por outro lado,
o excesso pode gerar o acúmulo do material entre o pino do componente e a ilha da placa eletrônica,
dificultando a soldagem.

FIQUE A utilização de produtos dentro da validade é um fator muito importante para a


ALERTA qualidade de um serviço de conserto. Fluxos de solda ou pastas térmicas depois de
um tempo ressecam e suas propriedades se deterioram..

O fluxo, se bem aplicado, facilitará a transferência de calor agilizando o processo de soldagem e


submetendo o componente a menor desgaste térmico.
c) Preparação do componente
Antes de inserir o componente sobre as suas respectivas ilhas na placa eletrônica, é preciso realizar a
limpeza dos terminais do componente. Isso também pode ser realizado com o auxílio do pincel antiestático
e álcool isopropílico.
Após esta limpeza, com o auxílio do pincel, insere-se uma fina camada de fluxo de solda sobre os
terminais do componente.
Em seguida, com o componente fixado em uma superfície limpa e com os terminais posicionados para
cima, insira, com o auxílio do ferro de solda, uma pequena e fina gota de solda de estanho sobre cada um
dos terminais do componente BGA.
Quanto mais uniformes forem estas gotas, melhor para o procedimento de soldagem. Para auxiliar
neste aspecto, é possível utilizar o ar-quente sobre os terminais do componente, que precisa estar fixado
em bancada. De preferência deve-se colocar o componente fixado sobre um dissipador para não danificar
a bancada.
d) Inserção do componente na placa
A inserção do componente na placa eletrônica pode ser realizada com a utilização de uma pinça
antiestática, segurando-se o componente pelas paredes laterais, sem entrar em contato diretamente com
os pinos do componente.
O componente deve ser posicionado corretamente na placa de circuito eletrônico, este ajuste pode ser
realizado com o auxílio de uma lupa de bancada e iluminação extra de modo a permitir melhor visualização
do componente sobre a placa.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 125 26/06/2017 16:18:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
126

A precisão nesta etapa é muito importante, pois garante que o componente não se desloque durante
a execução da soldagem, portanto, a solda deve ser realizada corretamente, além da conexão possuir as
características elétricas e mecânicas esperadas.
e) Aquecimento do componente
Com a utilização do jato de ar quente, posicione o bocal de forma perpendicular sobre o componente e
aqueça o chip por um tempo suficiente de soldagem, até que os terminais sejam fixados na placa. O tempo
necessário pode variar com o tipo de circuito e tecnologia do chip. No geral, o tempo de exposição não
deve ultrapassar mais que 10 segundos.
Após o tempo necessário, remova o jato de ar do local de soldagem e mantendo a pinça firme, segure
o componente sobre a sua posição por mais alguns segundos, de modo que a solda possa resfriar
naturalmente.
Em seguida, remova cuidadosamente a pinça do local, aguarde o componente esfriar naturalmente e
realize a limpeza da região com álcool isopropílico.

Técnicas de conserto
Uma etapa muito importante em um procedimento de manutenção são ações de consertos que serão
realizadas para substituir os componentes danificados e para reparar peças e partes do sistema eletrônico,
como trilhas, conectores, cabeamento, sensores etc.
Conhecer os princípios básicos das técnicas de soldagem, apresentadas anteriormente, são essenciais
para realização das atividades de conserto em placas de circuito eletrônico.
O procedimento de diagnóstico e o levantamento, que pode ser em forma de uma lista conforme já
estudado, é essencial para iniciar a etapa de conserto das falhas e defeitos de um sistema. Com base nestas
informações coletadas, estratégias de conserto podem ser elaboradas para cada situação específica, de
modo a otimizar o tempo e os recursos disponíveis.

Estratégias
O trabalho de agir sem planejar pode custar muitos recursos e usar muito tempo do técnico de
manutenção. É preciso primeiramente, com auxílio das informações disponíveis e das levantadas, planejar
como atacar os problemas de um sistema eletrônico de modo a definir: as ações que são prioritárias, as
sequências de conserto, os testes que serão refeitos ao longo do processo etc. Além disso, deve-se cogitar
que todas as ações planejadas não sejam suficientes para colocar o sistema novamente em funcionamento,
neste caso, é preciso determinar o que se fazer.
O diagnóstico de falhas e defeitos é essencial para determinar estas estratégias de conserto de um
sistema eletrônico. A elaboração desta estratégia visa realizar a atividade de conserto de maneira eficiente,
evitar retrabalhos ou excesso de ações e diminuir os riscos sobre a integridade do circuito eletrônico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 126 26/06/2017 16:18:19


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
127

Impedir que componentes íntegros sejam substituídos indevidamente e garantir que as causas sejam
eliminadas antes de uma nova reenergização do circuito.
Conheça, a seguir, alguns critérios relevantes durante a elaboração da estratégia de conserto.
a) Priorizando ações simples
Em muitos casos, quando não existem defeitos aparentemente graves no circuito, como por exemplo,
a oxidação de um terminal que ocasionou um mau contato. Nestes casos podem ocorrer falhas de
funcionamento, no entanto, durante o processo de manutenção, não é necessário substituir componentes
para realizar o reparo do circuito.
Portanto, quando são diagnosticados problemas que possam ser remediados sem a remoção de
componentes, é preferível priorizar os processos mais simples perante os procedimentos de conserto que
consumam maior esforço e aumentam os riscos para o circuito.
Os primeiros procedimentos podem ser concentrados em atividades básicas. Leia, no quadro, a seguir,
alguns exemplos de procedimentos básicos de conserto.

FOCO AÇÕES

Pontos de solda Ressoldar terminais ou pontos cuja qualidade é duvidosa.

Conexões Limpeza e encaixe das conexões entre placas e cabos, ou entre placas e placas.

Se a placa possuir dispositivos auxiliares que são encaixados por meio de conectores no circuito,
Dispositivos auxiliares é possível remover estes componentes e testar novamente o circuito. Um chip de memória pode
estar defeituoso ou com o software corrompido, causando falhas no sistema principal.

Sujeira A placa pode ser limpa com pincel antiestático para remover possíveis sujeiras acumuladas.

Quadro 31 - Exemplo de procedimentos de ações básicas de conserto


Fonte: SENAI (2016)

b) Priorizando os circuitos mais relevantes


Os subcircuitos de uma placa eletrônica podem ser divididos pela dependência e pela relevância que
possuem para o funcionamento adequado do circuito. Essa divisão é tida com foco na manutenção, não
necessariamente tendo importância para os usuários do equipamento.
Além disso, em uma placa eletrônica, por exemplo, pode existir um componente X que foram queimados
devido a uma falha em componente Y. Se somente o componente X for substituído, é bastante provável
que ele volte a queimar se a placa for reconectada na energia sem o conserto da causa original que
desencadeou em outros componentes queimados.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 127 26/06/2017 16:18:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
128

O exemplo do sistema eletrônico de uma máquina de lavar, o mesmo utilizado no estudo de diagnóstico,
pode auxiliar e complementar esta análise. Na figura Exemplo das principais funções do circuito eletrônico
de controle de uma máquina de lavar foi visto que o sistema eletrônico da máquina é composto de funções
que são integradas em uma placa central de comando, conforme mostra a figura a seguir.

SUBCIRCUITO 3
SUBCIRCUITO 2

SUBCIRCUITO 1

SUBCIRCUITO 4

Andressa Vieira (2017)


SUBCIRCUITO 5
Figura 76 -  Subdivisões de um circuito eletrônico

Note que o subcircuito da fonte de alimentação de entrada, que é responsável por converter o nível de
energia alternado da rede elétrica para o nível de energia contínuo requerido pelos circuitos do sistema,
é essencial para o funcionamento de todos os subcircuitos. Este pode ser um argumento para focar os
primeiros esforços de conserto em todas as falhas relativas ao funcionamento da fonte de alimentação.
O circuito de acionamento do motor da máquina é um outro exemplo a ser considerado, como
um ponto de atenção prioritário. Isto se deve ao fato de que este circuito está sobre maior estresse de
energia do que outros subcircuitos do sistema, suportando constantes variações de carga com potências
relativamente altas para o sistema. É possível, que as falhas neste subcircuito sejam fontes de outras falhas
no equipamento, considerado um elo fraco que pode conter a origem de muitos problemas os quais
precisam ser solucionados de antemão.
A partir desta análise é possível definir uma sequência de ações básicas, determinando quais subcircuitos
terão prioridades nas ações de conserto.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 128 26/06/2017 16:18:19


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
129

c) Integridade do circuito
É preciso estar ciente que as prioridades mencionadas no item anterior se alteram em cada caso, es-
pecialmente quando são inseridas novas informações, que podem influenciar as ações de conserto, por
exemplo, um circuito de processamento tem componentes de encapsulamento do tipo BGA. Mesmo que
existam dúvidas relevantes sobre o funcionamento de um componente com esta característica, é preciso
se assegurar que a origem dos problemas não esteja localizada em outros setores cujo procedimento de
manutenção é mais fácil e menos arriscado para o circuito eletrônico. Afinal, de contas, a substituição de
componentes BGA é trabalhosa, e, qualquer defeito no processo, pode comprometer seriamente o funcio-
namento da placa eletrônica, podendo deixá-la inutilizável.
d) Registros de manutenção
Um laboratório de manutenção que tem registro dos serviços de manutenção e consertos realizados,
possivelmente, será mais eficiente para diagnosticar e consertar problemas em sistemas eletrônicos
similares aos que estão em seus registros, tornando o trabalho muito mais eficiente.
Os equipamentos eletrônicos em geral possuem suas fragilidades, sendo possível identificar padrões
de falhas e defeitos em cada tipo de circuito eletrônico conforme o seu fabricante e modelo. A medida
que se monta um histórico dos diagnósticos e das ações de conserto que tiveram sucesso, pode-se agir
rapidamente quando um circuito idêntico está necessitando de manutenção e apresenta os mesmos
sintomas.
Existem softwares gratuitos relativos a gestão de manutenção, que podem auxiliar na organização das
informações pertinentes às etapas de conserto. Quando placas de mesmo modelo são consertadas com
frequência, é interessante armazenar as informações relativas as falhas e aos defeitos ocorridos, assim
como as ações que foram tomadas para realizar os consertos.
Além de facilitar novos serviços de manutenção, o registro de manutenção pode ser utilizado para
identificar cada equipamento que passou pelo processo de conserto através de uma identificação que
pode ser gerada no processo de manutenção ou por meio da própria codificação informada pelo fabricante.
Pode acontecer de um mesmo equipamento voltar para manutenção após um tempo curto de utilização
(cinco meses, por exemplo), o que pode indicar que o primeiro serviço de manutenção não foi realizado de
maneira totalmente satisfatória ou que o equipamento possua algum defeito intrínseco em sua tecnologia.
A experiência é essencial para a eficiência no trabalho de manutenção. Quando essas informações
são registradas e observadas constantemente, a qualidade dos serviços de manutenção pode melhorar
consideravelmente.
e) Exemplo: lista de prioridades para o exemplo da máquina de lavar roupa
Leia, no quadro, a seguir, um exemplo de uma lista de prioridades para o conserto de um circuito
eletrônico. Considerando o exemplo da máquina de lavar roupas já utilizado no capítulo anterior, com
base nos problemas diagnosticados.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 129 26/06/2017 16:18:20


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
130

Nota-se que foram encontrados problemas relativos ao funcionamento de componentes dos


subcircuitos das fontes de alimentação, processamento, sensores, aquecimento e do sistema de interação
com o usuário.

PRIORIDADES SUBCIRCUITO RAZÃO


É essencial que este subcircuito funcione adequadamente, pois é um pré-requisito para
o funcionamento das demais funções do circuito, embora seja preciso ter em mente
Fontes de
1 que a origem de falhas de um subcircuito pode estar localizada em outros trechos
alimentação
ou subcircuitos da placa eletrônica. Por exemplo, um regulador linear está queimado
devido a um curto-circuito ocorrido em um circuito integrado de comunicação.
É um dos circuitos mais importantes do sistema, porque realiza a tarefa principal
Acionamento da máquina, e pelo fato de lidar diretamente com as adversidades mecânicas do
2
do motor funcionamento dela. Ele pode sofrer muitos tipos de problemas relativos às falhas no
acoplamento ou impactos mecânicos que vão refletir na alimentação do motor.
Os circuitos que alimentam as cargas podem ser priorizados, porque os componentes
externos ao circuito que estejam com defeitos podem gerar sobrecorrentes que
Sistema de danifiquem o circuito eletrônico. Estes surtos são a origem de outros problemas
3
Aquecimento diagnosticados no circuito. É preciso, portanto, consertar estes subcircuitos assim como
garantir que a falha não esteja no componente externo para que o defeito não volte a
ocorrer, por exemplo a resistência de aquecimento de água da máquina.

Geralmente, as falhas neste tipo de componentes não geram defeitos graves no siste-
4 Sensores
ma. Exceto quando estão em curto-circuito. Por isso, pode ser analisado posteriormente.

Sistema de iteração com Conectores e cabeamentos planos que podem soltar ou até mesmo romper devido ao
5
o usuário excesso de vibração.

Os componentes eletrônicos processados, como microcontroladores e DSPs,


normalmente, têm um custo elevado para o circuito, além disso, não basta substituí-los.
É necessário gravar o firmware específico para o modelo da máquina em questão, que,
geralmente, é de desenvolvimento exclusivo do fabricante e não é compartilhado. No
entanto, quando se tem acesso a estes arquivos, é preciso possuir os meios necessários
6 Processamento para gravação dos chips (gravador do tipo de chip utilizado). Para acrescentar, estes
chips em geral são pequenos e possuem muitos pinos (existem mais de cem modelos),
tornando difícil a substituição, além de mais arriscada do que os demais componentes.
Devido a estes fatores, as ações de conserto neste subcircuito são deixadas por último
caso, quando de fato foram constatados que os problemas de funcionamento que não
foram resolvidos estão localizados neste setor do circuito.
Figura 77 -  Exemplo de lista de prioridades
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 130 26/06/2017 16:18:20


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
131

Perceba que este quadro organiza de maneira macroscópica o conjunto de diagnósticos em uma
sequência de ações gerais, que podem ser tomadas durante o processo de manutenção.

Procedimentos de conserto
O segundo passo, após a determinação da estratégia de conserto, é definir ações corretivas que serão
realizadas em cada falha e defeito diagnosticado de modo a colocar o sistema de volta em funcionamento.
Para isso, serão apresentados, a seguir, alguns procedimentos básicos para o conserto dos defeitos mais
comuns encontrados e diagnosticados em placas de circuitos eletrônicos.
a) Placas eletrônicas defeituosas
Muitos dos problemas de um sistema eletrônico podem estar localizados na placa de circuito impresso.
Trilhas podem estar soltas ou até mesmo carbonizadas devido a ocorrência de sobrecarga ou curto-circuito,
devido aos choques mecânicos ou as grandes variações térmicas.
A ação mais correta nestes casos seria substituir a placa eletrônica por uma placa nova, já que realizar um
procedimento de reparo que garanta a qualidade e a confiabilidade do funcionamento do equipamento
é uma tarefa difícil de garantir. No entanto, em muitos casos, em que não é referente ao circuito, cujo
a confiabilidade não é um fator de extrema importância, por exemplo, sistemas cuja falha pode causar
prejuízos ou acidentes, a substituição da placa eletrônica pode ser inviável por questões de custo. Então,
pequenos reparos podem ser justificáveis, à medida que os clientes estão de acordo com tais soluções.
Quando uma trilha é levemente danificada é possível restabelecer o contato com a inserção de pontos
de solda no circuito, realizando assim a ressolda do trecho. Esta ação pode ser realizada com o auxílio dos
mesmos fios condutores utilizados em wire-wrapping.
Veja o exemplo a seguir.

Pontos de Solda

WireWrapping
Andressa Vieira (2017)

Rolos de fio de wire wrapping Fio de wire wrapping

Figura 78 -  Manutenção de uma trilha interrompida em uma placa eletrônica


Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 131 26/06/2017 16:18:20


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
132

A wire-wrapping, é técnica que interliga os terminais de componentes sem a utilização de solda, usa-se
fios rígidos de fina seção, por exemplo 30 AWG, vendidos em pequenos rolos. Este fio condutor pode ser
utilizado para realizar reparos temporários em trilhas danificadas.
b) Componentes eletrônicos defeituosos
Alguns defeitos em circuitos eletrônicos tornam-se um impedimento a energização destes circuitos,
que, se realizados, podem causar mais estragos e danos para a placa eletrônica.
Nesta situação, não é possível realizar os testes elétricos (teste de tensões e correntes elétricas) durante
o diagnóstico, o que limita a avaliação dos defeitos. Quando a ocorrência deste fato é relativa a falhas
em componentes defeituosos, faz-se necessário remover todos os componentes que estão causando
impedimento da energização.
Um exemplo comum é a queima de diodos semicondutores em circuitos de ponte retificadoras e de
chaves eletrônicas de fontes chaveadas, que, muitas vezes, acabam por criar um curto-circuito permanente
no circuito eletrônico. Para isso, é preciso consertar as fontes de alimentação antes de verificar se outras
funções do circuito foram afetadas.
c) Remoção dos componentes
A remoção pode ser realizada por meio do procedimento manual com estação de soldagem ou estação
de retrabalho, conforme for o caso. Componentes eletrônicos da placa de circuito (diodos, resistores,
circuito integrados etc.) podem ter sido diagnosticados com algum tipo de comportamento anormal ao
esperado, o que coloca em dúvida o seu funcionamento.
A substituição destes componentes deve ser efetuada quando se tem certeza de que o estado elétrico
causa consequências danosas ao circuito, por exemplo, um diodo que está curto-circuitado, dependendo
de sua ligação no circuito, pode impor correntes que outros componentes não suportem, levando a sua
queima.
Em situações mais evidentes, em que os componentes se encontram carbonizados, a necessidade
de substituição é nítida, porém, existem componentes que podem estar com avarias visíveis, mas que
continuam em funcionamento. Nestes casos, uma análise sobre a necessidade de substituição pode
ser cogitada, como é o caso de resistores parcialmente carbonizados ou capacitores estufados, pois tais
componentes podem vir a se tornar uma causa de novos defeitos e falhas se não forem substituídos,
podendo futuramente comprometer o resultado de um serviço de manutenção que foi realizado com
sucesso.
d) Teste do componente removido
Os componentes suspeitos que são removidos podem passar por testes individuais. Realiza-
se novamente o diagnóstico nos componentes, através de testes de continuidade e ôhmico, com o
componente removido da placa, dessa forma não haverá nada conectado ao componente que interfira
nos novos resultados, podendo realizar um diagnóstico mais confiável do componente.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 132 26/06/2017 16:18:20


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
133

Para exemplificar, considere o diagnóstico de um circuito de fonte de alimentação, foi tomado os devidos
cuidados com relação a topologia do circuito, verificado através do teste de continuidade que um dos diodos
do estágio de retificação está conduzindo corrente em sentido reverso (de cátodo para ânodo), o que não
deveria acontecer. Isso pode levar a conclusão de que o componente esteja comprometido. Portanto, após
a remoção do componente do circuito, é preciso realizar novamente este teste de continuidade sobre o
componente para comprovar o diagnóstico realizado.
O diagnóstico inicial pode ser comprovado com a realização deste novo diagnóstico. No entanto, pode
acontecer o contrário, demonstrando que o inicial estava equivocado e o componente não apresentar
defeitos que antes foram tidos como possíveis. Nesta situação, é preciso reavaliar o trecho estudado para
buscar novamente as reais causas que forneceram dados inconsistentes durante a etapa de diagnóstico.
Para isso, pode-se aproveitar o fato de um componente ter sido removido – o que indica menos uma
variável - e verificar a situação atual do trecho, fazendo novo diagnóstico, como será visto no próximo item.
e) Teste do trecho da placa sem o componente duvidoso
Outra forma de identificar se um componente removido é uma fonte de defeito ou falha do circuito, é
através da realização de novos testes de continuidade e ôhmico no trecho da placa onde o componente
foi removido, respeitando-se a coerência dos circuitos eletrônicos. Com esta nova observação e análise, é
possível comparar os resultados obtidos nos resultados do diagnóstico com os valores esperados para o
trecho analisado, considerando que o trecho não possui mais o componente removido.
Este procedimento pode ser utilizado para qualquer componente do circuito, sejam componentes
passivos (resistores e indutores), semicondutores (transistores e circuitos integrados), ou qualquer outro
componente elétrico que faça parte do circuito, como conectores, jumpers etc.
Agora, observe o exemplo a seguir.

Q1

NPN

R2 R5 R1
Q2
5.6K 5.6K 10K
Não-Montar
NPN
R3
Ponto A
100R
Q3
NPN R4
D3
C3
5.6K
Andressa Vieira (2017)

12 V 33uF

Ponto B
Figura 79 -  Circuito Planta A (Q3) – Esquemático Trecho A e B
Fonte: POWERSIM INC. (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 133 26/06/2017 16:18:21


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
134

A figura anterior apresenta parte de um circuito de uma fonte de alimentação. Foi diagnosticado com
teste ôhmico, que o trecho referente ao ponto A e o B têm um valor de baixa impedância (menor que 100),
quando na verdade este trecho deveria possuir um valor elevado de resistência devido ao alto valor de
impedância do canal coletor-emissor do transistor NPN em estado de bloqueio. Em consequência disso,
decidiu-se na etapa de conserto remover o transistor Q3 para verificar sua integridade, conforme mostra a
figura a seguir.

C8 U1 Q1 Q2 Q3
3
1
C7

Transistor
Removido
R2

R5

R3

R1
C2

P2
C1 +

Andressa Vieira (2017)


R4

0-10Vcc
C3

D3

Figura 80 -  Circuito planta A – leiaute – SEM Q3


Fonte: adaptado de Altium Limited (2014)

O teste ôhmico precisa ser aplicado diretamente no componente removido, como foi sugerido
anteriormente. No entanto, é importante também testar o trecho da placa onde o componente foi removido.
Dessa análise, pode-se tirar as seguintes conclusões, que são levantadas e apresentadas no quadro.

TRECHO TESTADO RESULTADO DO TESTE ÔHMICO


Canal coletor - emissor – transistor NPN isolado. Impedância extremamente baixa.
Trecho A - B sem o transistor. Impedância alta para o trecho (>1 kΩ).
Quadro 32 - Primeira possibilidade de resultados
Fonte: SENAI (2016)

O primeiro resultado possível, apresentado no quadro anterior, indica que o componente está danificado
e que o trecho possui valores adequados ao esperado, já que sem o transistor, a impedância do trecho se
elevou.

TRECHO TESTADO RESULTADO DO TESTE ÔHMICO


Canal coletor - emissor – transistor NPN isolado. Impedância extremamente baixa.
Trecho A - B sem o transistor. Impedância baixa para o trecho.
Quadro 33 - Segunda possibilidade de resultados
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 134 26/06/2017 16:18:21


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
135

O segundo resultado possível, do quadro anterior, indica que o componente está danificado. No entanto,
o problema persiste sobre o trecho, podendo existir outros componentes com defeito, sendo necessário
uma análise criteriosa em outros trechos.

TRECHO TESTADO RESULTADO DO TESTE ÔHMICO


Canal coletor - emissor – transistor NPN isolado. Impedância alta.
Trecho A - B sem o transistor. Impedância baixa para o trecho.
Quadro 34 - Terceira possibilidade de resultados
Fonte: SENAI (2016)

Já no terceiro caso, os resultados do quadro anterior indicam que o componente foi removido sem
necessidade, e que a origem do problema persiste sobre o trecho analisado, podendo ser um defeito
referente a outro componente ou até mesmo da placa eletrônica. Sendo necessário concentrar esforços
para localizar a origem exata do defeito. Este tipo de caso é inadequado e deve-se ter cautela na análise
de modo a evitá-lo, pois, a remoção de componente pode resultar em danos para o circuito, assim como
maiores gastos de recursos e tempo.
f ) Inserção de componente novo
Após a remoção de um componente eletrônico, será necessário substituí-lo caso seja identificado que
existe algum defeito de funcionamento.
No momento de inserir o componente é preciso ter o cuidado para conferir a posição correta do
componente da placa. Muitas placas possuem uma estampa dos símbolos dos componentes sobre as suas
respectivas posições. No entanto, não se deve ter inteira confiança nestes desenhos, sendo importante
estar atento a topologia do circuito onde o componente será inserido para verificar a coerência da posição
do componente. Um componente instalado em uma posição inadequada pode trazer consequências
drásticas para o circuito ao ser alimentado, ocasionando novos defeitos.

Diodo Semicondutor c c
C7
D1

D2

c a a
c
C2
F1

a a
c c
Simbolo Representação
Esquemático
Andressa Vieira (2017)
D4

D5

C3

a a

Topologia retificador ponte completa

(a) (b) (c)

Figura 81 -  Representação serigráfica dos componentes na placa de circuito impresso


Fonte: adaptado de Altium Limited (2014)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 135 26/06/2017 16:18:21


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
136

A figura anterior mostra a importância da serigrafia do componente no circuito eletrônico com o


exemplo de um circuito com diodos semicondutores.
Perceba no leiaute da placa de circuito impresso (figura (b)) que os diodos estão conectados em forma
de circuito de retificação em ponte completa (figura (c)). Conhecendo-se a representação do diodo em
placas (figura (a)), é possível verificar que as serigrafias dos diodos no circuito da placa estão corretas.
Tratando dos componentes que precisam ser substituídos, é preciso ter cautela quanto a real necessidade
de trocá-los, exceto quando o defeito é evidenciado visualmente, como é o caso de um componente
queimado. Portanto, após a remoção de um componente que foi diagnosticado com problema, é preciso
averiguar em bancada se os defeitos levantados ainda estão presentes no componente.
g) Defeitos externos
A origem de muitos defeitos e falhas de um sistema podem estar relacionadas a componentes externos
ao circuito eletrônico principal do sistema, os quais podem ou não trazer consequências destrutivas para
o sistema como um todo.
Um sistema de alarme de incêndio, por exemplo, pode estar disparando o alarme de forma equivocada
devido a falhas em seus sensores ou devido a instalação imprópria dos cabos de comunicação.

TIPO DE FALHA EXEMPLOS


Interferência eletromagnética em cabos e circuitos.
Calor.
Ambiente Umidade.
Vibração.
Descargas elétricas.
Sensores defeituosos.
Maus contatos nas conexões.
Falhas de componentes
Cabeamento danificado ou amassado.

Quadro 35 - Defeitos externos


Fonte: SENAI (2016)

Nestes casos, a avaliação da placa de circuito principal do sistema pode não ser suficiente para resolver
o que está causando o funcionamento inadequado do sistema. É preciso expandir os ensaios de ôhmicos
e de continuidade para os demais equipamentos e pontos do sistema, além de fazer uma análise completa
de todo o sistema.
O mesmo tipo de análise realizada para os subcircuitos internos de uma placa eletrônica pode ser
abordada para verificar a integridade dos circuitos externos a placa, precisando-se de antemão conhecer
as características destes circuitos externos, sejam estas entradas ou saídas.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 136 26/06/2017 16:18:21


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
137

Para exemplificar, suponha-se que o circuito de um equipamento possua uma placa eletrônica principal
que controla individualmente seis saídas de iluminação, conforme apresenta a figura a seguir.

Saída 1

Saída 2

Saída 3

Saída 4

Saída 5

Istock ([20--?])
Saída 6

Figura 82 -  Placa de controle de iluminação


Fonte: SENAI (2016)

Um procedimento que poderia ser adotado neste caso, na central do equipamento, onde são reunidos
os cabeamentos de todos os sensores, é mensurar a impedância de saída de cada circuito com base na
quantidade de carga instalada em cada um deles.

CARGAS
Circuito 1 4 lâmpadas de 6 W-12V
Circuito 2 5 lâmpadas de 6 W-12V
Circuito 3 4 lâmpadas de 18 W-12V
Circuito 4 4 lâmpadas de 6W-12V
Circuito 5 5 lâmpadas de 6W-12V
Circuito 6 5 lâmpadas de 6W-12V
Quadro 36 - Circuito de saída isolados – central de iluminação
Fonte: SENAI (2016)

Os circuitos com mais lâmpadas, de mesma potência, tendem a possuir menor resistência ôhmica total.
Circuitos com lâmpadas com maior potência possuem uma resistência elétrica menor do que circuitos com
lâmpadas de menor potência (considerando circuitos com o mesmo número de lâmpadas). O resultado do
teste de resistência ôhmica pode ser comparado e analisado, pois as discrepâncias permitem reconhecer
em quais circuitos podem ser fonte de comportamento inadequados ao sistema. Um ramo pode, por
exemplo, possuir uma lâmpada em curto-circuito, forçando, portanto, a resistência deste ramo para um
valor muito baixo, e, consequentemente, resultar em sobrecarga para o subcircuito da placa principal
responsável por estre trecho.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 137 26/06/2017 16:18:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
138

Limpeza de placas do equipamento


Após a realização de atividades de conserto em um sistema eletrônico, não se deve alimentar os circuitos
sem antes realizar uma limpeza adequada dos circuitos e dos dispositivos do sistema. Possíveis sujeiras e
resíduos gerados nos processos de conserto podem afetar o funcionamento do circuito assim como causar
novos defeitos, conforme mostra a figura a seguir.

Istock ([20--?])
Figura 83 -  Limpeza em um circuito eletrônico

Pingos de estanho, pontas de terminais que são cortados e outros resquícios podem se depositar entre
os terminais de componentes eletrônicos, por exemplo, entre os pinos de um circuito integrado, e causar
danos elétricos, fugas de energia ou até mesmo curtos-circuitos.
Além do funcionamento, é preciso prezar pela qualidade do serviço, especialmente quando se realiza
serviços de manutenção para atender a terceiros. Nenhum cliente espera receber um equipamento sujo e
com indícios de maus tratos, esses aspectos podem comprometer a imagem do técnico responsável pela
execução dos serviços, ainda que os defeitos técnicos tenham sido resolvidos com excelência.

Procedimento de limpeza
a) Circuitos eletrônicos
Para limpeza de um circuito eletrônico quando há acúmulo excessivo de poeira sobre os circuitos e
em partes internas de difícil acesso (o que acontece frequentemente em dissipadores térmicos), pode-se
utilizar, quando disponível, jatos de ar para a realização dessa limpeza. No entanto, é preciso ter cuidado
com a pressão do ar sobre os componentes e peças mais sensíveis do circuito.
A limpeza da poeira também pode ser realizada com o uso de pincéis antiestáticos. Os movimentos
precisam ser suaves e ordenados, de modo que a sujeira não se acumule entre os pinos de componentes
eletrônicos, especialmente de circuitos integrados.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 138 26/06/2017 16:18:24


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
139

No caso de resquícios de fluxo de solda, pasta térmica e outros produtos que possam ter entrado em
contato com o circuito, a limpeza de placas de circuito impresso pode ser realizada com a utilização de álcool
isopropílico (isopropanol), que se trata de uma substância líquida incolor, facilmente inflamável e com
forte odor. Este álcool possui baixa quantidade de água em sua composição, inferior a 1%, permite que seja
utilizada na limpeza de placas eletrônicas, já que não realiza a oxidação das partes metálicas dos circuitos.
Durante o uso do produto, é importante tomar alguns cuidados, como, utilizar luvas de borracha e
evitar a inalação do produto.
b) Telas
Muitos equipamentos possuem algum tipo de tela ou visor, seja um monitor ou mesmo um pequeno
LCD de cristal líquido em um painel de um equipamento industrial. Estes componentes são delicados e o
serviço de limpeza precisa ser cuidadoso.
Para limpeza de telas e displays de cristal líquido é recomendável utilizar panos de microfibras que não
causam arranhões. Evitar utilizar produtos químicos nestes componentes, especialmente produtos que
contêm abrasivos que possam danificar a tela.
c) Teclados
O acúmulo de sujeira em teclados ou circuitos eletrônicos que possuem botões pode afetar o
funcionamento adequado de tais componentes. Estes dispositivos podem ser limpos com o auxílio de
compressores de ar ou spray de ar comprimido nos espaços entre as teclas.
Veja, na figura, a seguir, um exemplo de teclado.
Istock ([20--?])

Figura 84 -  Visão parcial do teclado de um dispositivo eletrônico

Os equipamentos em indústrias, geralmente, possuem algum tipo de sistema de interface com o


usuário para a realização das suas configurações, conforme exemplo da figura anterior. Em alguns setores
da indústria a quantidade de poeira e sujeiras pode ser excessiva, incluindo uma atmosfera corrosível que
podem degradar ainda mais a vida útil de contatos e das conexões elétricas.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 139 26/06/2017 16:18:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
140

d) Cabos e conexões
Os cabos elétricos de energia e de dados costumam acumular muita sujeira, e quando não são limpos
com a devida frequência, começam a criar uma camada de sujeira que impregna (encarde) os cabos. A
limpeza destes cabos pode ser realizada com estopas e sprays de limpeza de cabos (limpa contato, por
exemplo). É preciso evitar o uso excessivo de produtos abrasivos.
A sujeira também compromete as conexões elétricas nas partes metálicas do contato, para isso existem
produtos, como, spray limpa contatos, que removem os contaminantes impregnados na superfície do
contato elétrico. Além da limpeza, estes podem ser polidos com disco de algodão de micro retíficas.
Até aqui você estudou como são realizadas as técnicas de manutenção em hardware, na próxima seção
você conhecerá a importância e como é o processo de manutenção por software. Siga em frente com
dedicação.

3.3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE

Você já ouviu falar em sistemas supervisórios ou simuladores de circuitos eletrônicos? Alguns


sistemas eletrônicos possuem possibilidades de interfaceamento hardware/software, ou seja, permitem a
comunicação com um programa de computador, propiciando tanto o monitoramento do sistema como,
em alguns casos, o controle do mesmo.
Já os simuladores são ferramentas computacionais que proporcionam a montagem virtual de circuitos
eletrônicos, possibilitando a realização de testes e coleta de dados que podem ser comparadas aos circuitos
reais durante uma intervenção de manutenção.
Nesta seção serão apresentadas outras técnicas que complementam os serviços de manutenção
apresentados na seção anterior com a utilização de softwares de simulação eletrônica. Além disso, também
serão abordados em sistemas que possuem meios computacionais para auxiliar na detecção e solução de
defeitos e falhas, como ocorre em muitos equipamentos e sistemas presentes hoje em dia.
1) IDENTIFICAÇÃO

2) DIAGNÓSTICO

3) MANUTENÇÃO

4) VALIDAÇÃO

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 140 26/06/2017 16:18:25


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
141

3.3.1 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS

A manutenção é feita para atuar corretivamente em uma falha ou de forma preventiva. Para se realizar a
manutenção é necessário que seja feito o diagnóstico da falha, para isso utiliza-se da tecnologia existente,
quando aplicável. Dentre as tecnologias atuais, há equipamentos para facilitar o processo de manutenção,
existem também, como nos casos dos veículos, o próprio computador de bordo que emite alertas para
sinalizar quando houver algum problema esperado com o veículo.
Os equipamentos que são preparados com interface de LCD, teclado e sensores adequados com
o processo, são capazes de sinalizar quando o dispositivo ou o processo estão operando de forma
inconsistente ou quando não estão em operação, porém é necessário que seja inserida estas funções no
projeto do equipamento.
O número de horas em operação de um sistema pode servir de base para que sejam feitas as manutenções
programadas, sendo necessário a instalação de um horímetro no equipamento. Alguns trazem esta função
de fábrica e de acordo com o número de horas em operação deste equipamento, é possível que seja feita a
manutenção de acordo com o plano pré-estabelecido. Outro método a ser utilizado para computar a vida
útil de equipamentos se dá pelo número de manobras ou pelo número de peças produzidas. Para isso,
deve-se preparar o plano de manutenção e o equipamento para esta situação.
Um sistema informatizado pode servir para inspecionar um equipamento se ele for desenvolvido
prevendo-se este tipo de inspeção. Por exemplo, no caso dos veículos mais novos, está disponível uma
interface para o computador, que se comunica com a central de controle do veículo e mostra em sua
tela o diagnóstico e o histórico de falhas que este apresentou após a última revisão. Este diagnóstico é
importante ao apresentar para o técnico as condições atuais do veículo e as falhas, auxiliando no processo
de manutenção.
A figura, a seguir, apresenta um diagnóstico computadorizado veicular, onde pode ser observado que o
notebook está plugado no computador do veículo e por meio desta conexão existe uma comunicação para
troca de informações e dados relevantes para a manutenção.
Istock ([20--?])

Figura 85 -  Utilização de software automotivo de varredura

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 141 26/06/2017 16:18:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
142

Existem outros meios de utilização de software para a implementação e diagnóstico da manutenção,


como por exemplo, os sistemas supervisórios de processos, que tem por função apresentar na tela do
computador o processo que está sendo realizado, e, também, se os equipamentos estão operando da
maneira correta.
É importante ressaltar que os sistemas supervisórios são elaborados para que se monitore os processos.
Caso se constate alguma ocorrência indesejada, deve-se acionar a manutenção e buscar a solução na maior
brevidade possível.Veja, na figura, a seguir, um exemplo de sistema supervisório, observe que os computadores
apresentam informações on-line e o processo é supervisionado por pessoa qualificada, capacitada e habilitada.

Andressa Vieira (2017)

Figura 86 -  Monitoramento por meio de sistema supervisório

Entretanto, existe outra forma de manutenção com o auxílio de computador, trata-se de softwares
para simulação, em que o técnico desenha o circuito eletrônico de acordo com o circuito que está sendo
reparado. Na sequência, analisa a simulação e o circuito real em busca de inconsistências que possam ter
sido a causa do problema e do mau funcionamento do sistema eletrônico, eliminando virtualmente cada
parte do circuito que estiver funcionando e rastreando o defeito e a parte do circuito que não estiver
funcionando.
Assim, realiza-se a manutenção de acordo com a simulação do circuito. Com isso, identifica-se o
componente e em qual circuito ele se encontra, porque é possível que este circuito não esteja funcionando
corretamente.
Outro meio de se realizar manutenção por meio de software é quando se atualiza o firmware do sistema
embarcado. A atualização do software de um sistema embarcado ocorre através de um dos periféricos
disponíveis, como por exemplo, por meio de comunicação USB ou ainda RS232, quando projetados e
programados para esta função. Existem outros meios de se realizar a atualização de software, como através
de comunicação I2C (inter-integrado circuito) ou Serial Peripheric Interface (SPI) etc.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 142 26/06/2017 16:18:28


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
143

Portanto, as técnicas de manutenção com a utilização de software apresentadas, são ferramentas


informatizadas auxiliando nos sistemas eletrônicos. Muitas das técnicas apresentadas utilizam o
computador como interface para acompanhar os processos e verificar as grandezas necessárias para a
operação dos sistemas eletrônicos.

3.3.2 SOFTWARES SIMULADORES

A utilização de softwares de simulação permite constatar o funcionamento ideal de circuitos eletrônicos,


cujos dados podem ser utilizados para comparar com os valores reais mensurados nos circuitos, seja na
etapa de diagnóstico, manutenção ou validação dos circuitos.
Essa prática auxilia a fundamentar as conclusões sobre a integridade e o funcionamento dos circuitos
com base em dados simulados, sem necessariamente recorrer a cálculos analíticos, os quais, em certas
situações, podem ser complexos e trabalhosos de se obter.

Softwares de simulação eletrônica


Existe uma grande variedade de softwares de simulação eletrônica disponíveis para serem utilizados em
sistemas operacionais convencionais, há os que atendem as diferentes necessidades específicas, como a
simulação de circuitos digitais e processados, e os de uso geral.
Os principais fatores de um software de simulação estão atrelados a variedade de componentes
disponíveis em sua biblioteca e a variedade de ferramentas de simulação, que permitem obter dados dos
circuitos simulados. Além disso, alguns possuem maior fidelidade em resposta, afastando-se do ideal e se
aproximando do real.
Um detalhe importante que precisa ser observado é sobre a licença de utilização do software de
simulação. O quadro, a seguir, apresenta alguns softwares de simulação de uso geral, que são bastante
conhecidos no ramo da eletrônica e possuem muitas informações na internet sobre o seu uso (apostilas,
aulas on-line, exemplos etc.).

SOFTWARE COM LICENÇA PAGAS SOFTWARES GRATUITOS


Powersim PSIM Easy EDA
Orcad PSpice Do Circuits
Proteus ISIS Tina Cloud
Eagle Spicy Schematics
Quadro 37 - Softwares de simulação eletrônica
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 143 26/06/2017 16:18:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
144

É difícil dizer universalmente qual é o melhor software de simulação disponível no mercado, esta
resposta cabe ao usuário, pois deve encontrar qual será a melhor opção que se enquadra na aplicação
visada, entre as opções disponíveis. O fator experiência neste momento é muito importante, porque é
natural as pessoas se acostumarem a utilizar e a escolher ferramentas das quais já estão habituadas e que
tem conhecimento e experiência, isso torna o trabalho mais eficiente.

SAIBA Para ampliar seus conhecimentos teste os circuitos de baixa complexidade. O PartSim
está disponível em: www.partsim.com/simulator. Esta ferramenta não necessita ser
MAIS instalada no computador permitindo a simulação on-line de circuitos eletrônicos.

Quando se trata da primeira escolha, para aqueles que estão entrando no mundo da simulação de
circuitos eletrônicos, aconselha-se usar mais de uma ferramenta para realizar um estudo inicial sobre qual
software utilizará. Essa escolha pode estar limitada as funcionalidades e ferramentas do programa, ou a
fatores como a usabilidade, cuja avaliação pode variar de acordo com cada usuário e as características do
software.

Características
No momento de escolher um software é preciso responder à pergunta básica se a opção escolhida
possui uma biblioteca de componentes que atende as expectativas e permite realizar a simulação do
circuito em questão.
O quadro, a seguir, apresenta alguns exemplos dos principais componentes eletrônicos e elementos
de circuito e seus símbolos, que são comuns a muitos simuladores. Os elementos foram capturados do
software PSIM de modo a mostrar os tipos de componentes disponíveis.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 144 26/06/2017 16:18:29


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
145

CLASSE COMPONENTE OU ELEMENTO SÍMBOLO

Resistor

Capacitor

Indutor

Componentes eletrônicos (Passivos e


Diodo
Ativos)

Transistor

Transformador

Ganho K

Comparador
Elementos de controle

Somador/Subtrator

555
1 8
GND VCC
Andressa Vieira (2017)

Circuitos integrados específicos Exemplo de um circuito integrado (CI 555) TRIG DISC
OUT THRS
REST VCTL
4 5
Quadro 38 - Exemplo de componentes eletrônicos dos simuladores
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 145 26/06/2017 16:18:29


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
146

Após um software atender a primeira questão levantada, uma segunda questão é: as ferramentas de
simulação permitem retirar informações suficientes para alcançar os dados necessários?
Os softwares de simulação possuem ferramentas que auxiliam os testes, como geradores de sinais
virtuais, e instrumentos de medição virtual, que é o voltímetro e amperímetro. Veja, no quadro, a seguir,
alguns destes ferramentais que são bastante úteis para a simulação de circuitos eletrônicos.

CLASSE ELEMENTO SÍMBOLO

Fonte de tensão contínua

Geração de sinais Fonte de tensão alternada

Gerador de funções

Voltímetro V

Amperímetro A
Instrumentação virtual

Osciloscópio
Sabrina Farias (2017)

A B
Quadro 39 - Exemplo de ferramentas presentes nos simuladores
Fonte: adaptado de Powersim Inc. (2016)

Funções mais específicas podem ser encontradas conforme o software que se utiliza, como painéis
fotovoltaicos, geração eólica, simulação de circuitos de corrente contínua e corrente alternada, simulação
de portas-lógicas e circuitos lógicos mais complexos e específicos (como memórias de um modelo X).

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 146 26/06/2017 16:18:29


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
147

Existem softwares que, ainda, permitem simular circuitos microcontrolados, simulando o código de
firmware desenvolvido. No entanto, este tipo de função é mais utilizado em projeto de circuitos eletrônicos.
Em trabalhos de manutenção geralmente não se tem disponível os códigos ou arquivos de firmware
utilizados nos circuitos eletrônicos. Dificilmente um fabricante, por exemplo, de micro-ondas, celulares
entre outros deixará o código de seu produto disponível.

Simulando circuitos analógicos


Todas as ferramentas e bibliotecas disponíveis são apresentadas aos usuários por meio de menus
específicos que variam conforme o software de simulação escolhido. A figura, a seguir, apresenta como é
disposta a área de trabalho do software de simulação PSIM, cuja versão avaliativa está disponível em: www.
powersimtech.com, porém este programa é pago.
O software de simulação eletrônica PSIM será utilizado como base para a explicação sobre a utilização
deste tipo de ferramenta que auxilia os serviços de manutenção. A figura, a seguir, apresenta as principais
funções e menus de opções disponibilizadas na área de trabalho do software.

Sabrina Farias (2017)

Figura 87 -  Área de trabalho e barra de atalhos do software PSIM


Fonte: Powersim Inc. (2016)

A fim de exemplificar o método proposto de utilizar de simulação para compreender circuitos eletrônicos,
cujo comportamento elétrico é desconhecido, opta-se pelo exemplo já abordado neste livro para facilitar
a compreensão das etapas propostas.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 147 26/06/2017 16:18:29


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
148

A figura, a seguir, apresenta um circuito de ponte de diodos. Aqui, você vai compreender por simulação
o sinal de saída deste circuito, comparando com o sinal mensurado na placa eletrônica real.

Ponto A

C7
D1

D2

C2
F1

Andressa Vieira (2017)


D4

D5

C3

Ponto B

Figura 88 -  Esquemático de uma ponte de diodos


Fonte: ALTIUM (2016)

As características deste trecho do circuito são apresentadas no quadro, a seguir. Considere que a carga
do circuito possa ser resumida em um circuito resistivo de 100 Ω.

COMPONENTES IDENTIFICAÇÃO VALORES

Entrada - Tensão alternada 15 V

Capacitores C2, C3, C7 200 µF/50 V

Diodos D1, D2, D4, D5 1N4007

Trecho A e B (definido pelo responsável de


Saída Comportamento resistivo de 100 Ω
manutenção)
Quadro 40 - Componentes do circuito simulado
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 148 26/06/2017 16:18:30


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
149

Embora o PSIM seja o software adotado aqui nesta seção, as orientações a seguir apresentam uma
forma genérica, que pode servir de base para a maioria dos softwares de simulação, pois se tratam de
componentes básicos e genéricos.
Os componentes e elementos, ferramentas e instrumentos de medição virtual são disponibilizados ao
usuário por meio de menus específicos. No PSIM, é possível acessá-los conforme mostra a figura a seguir.

Sabrina Farias (2017)


Figura 89 -  Barra de atalhos e de menu do software PSIM 10.1
Fonte: Powersim Inc. (2016)

Além disso, informações mais detalhadas podem ser encontradas no manual do usuário que é
disponibilizado no site do software. A maioria dos softwares disponibiliza estes materiais de apoio, seja por
meio do endereço eletrônico ou internamente no próprio software na função Help (Ajuda).
Dando prosseguimento as etapas, para interpretar o subcircuito desejado da placa eletrônica que está
sendo avaliada, pode-se recorrer, quando disponível, ao esquemático do circuito. De outra forma, quando
isso não é possível, é preciso fazer uma interpretação da posição e das ligações dos componentes na placa
de circuito impresso (engenharia reversa). No caso do exemplo, tem-se disponível uma placa do circuito
não montada, o que facilita a interpretação dos circuitos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 149 26/06/2017 16:18:30


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
150

Para inserir os componentes na área de trabalho do software de simulação e montar a topologia desejada,
basta selecioná-los em seus respectivos menus e arrastá-los com o uso do mouse para a área de trabalho.
Os componentes que precisam ser adicionados para esta simulação são apresentados no quadro a seguir.

ELEMENTO IDENTIFICADOR PARÂMETRO SÍMBOLO

Fonte Alternada Vent 15 Vpico / 60 Hz

Diodos D1, D2, D4, D5 Vf = 0,7 V

Capacitores Ceq = C2 + C3 + C7 600 µF

Resistência Rsai 100 Ω

Voltímetros Ventrada e Vsaída -


V

Andressa Vieira (2017)


Referência - -

Quadro 41 - Componentes do circuito simulado


Fonte: adaptado de POWERSIM INC. (2016)

Para traçar as trilhas que conectam eletricamente os componentes é utilizada a ferramenta wire (fio),
encontrada no menu de ferramentas do software.
Sabrina Farias (2017)

WIRE
Figura 90 -  Atalho da ferramenta wire do software PSIM 10.1
Fonte: Powersim Inc. (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 150 26/06/2017 16:18:30


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
151

A figura a seguir apresenta o esquemático projetado na área de trabalho do software PSIM.

D1 D2
Rsai
Ceq Vsaída

V
100
Vent 600u
Ventrada
V

15

Andressa Vieira (2017)


D4 D5

Figura 91 -  Circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo


Fonte: Powersim inc. (2016)

Um ponto de terra indica a referência do circuito para a simulação (geralmente o componente chamado
Ground, que do inglês significa Terra), muitos softwares não permitem a simulação do circuito sem a
inserção da referência. Além da referência, no caso do PSIM, é preciso também configurar os parâmetros
de simulação inserindo o controle de simulação (A ferramenta Simulation Control, que é acessada no menu
Simulate).
A frequência da fonte é de 60 Hz, o que corresponde a um tempo de ciclo de onda em torno de 16 ms.
Para realizar a amostragem no gráfico de simulação de pelo menos três ciclos de onda do nível de tensão
mensurado, o tempo mínimo de simulação deve ser maior que 48 ms.
A figura a seguir apresenta a simulação com os resultados de tensão de entrada e de saída, com um
tempo de simulação de 50 ms.

Ventrada Vsaída
15
10
5
0
-5
-10
Andressa Vieira (2017)

-15
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
Time (s)
Figura 92 -  Forma de onda resultantes da simulação do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo
Fonte: Powersim inc. (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 151 26/06/2017 16:18:31


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
152

O quadro, a seguir, apresenta dados dos valores mensurados por meio da simulação.

DADOS VENTRADA VSAÍDA


Tensão eficaz (RMS) 10,60 V 12,64 V
Tensão média 0,00 V 12,64 V
Tensão de pico 15,00 V 13,60 V
Quadro 42 - Resultados da simulação do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo
Fonte: SENAI (2016)

As mesmas medidas realizadas em simulação podem ser feitas no circuito eletrônico real por meio de
osciloscópios e multímetros. Os dados são registrados em quadros, dividindo-se em valores mensurados e
valores simulados de modo que ambos possam ser comparados, conforme o modelo, do quadro, a seguir.

DADOS VENTRADA VSAÍDA


Tensão eficaz (RMS)
Tensão média
Tensão de pico
Quadro 43 - Comparativo entre resultado simulado e medido do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo
Fonte: SENAI (2016)

Considerando que o modelo do circuito simulado corresponde as características do circuito real, ele está
funcionando adequadamente à medida que esta comparação entre os valores simulados e mensurados
são muito próximas. No entanto, os valores médio e eficaz não são suficientes para realizar adequadamente
uma análise, é preciso também realizar a análise gráfica, como será estudado a seguir.
Quando existe a suspeita de componentes defeituosos, é possível realizar simulações que preveem o
comportamento do circuito perante as falhas e defeitos. Para exemplificar esta questão, considera-se que
o diodo D5 seja um componente cujo funcionamento é suspeito.
Há duas situações básicas que podem ser verificadas por meio de simulação, na primeira situação se
considera que o componente está rompido internamente (em estado de circuito aberto), na segunda se
imagina que ocorreu a fusão interna do componente, e este se encontra em curto-circuito.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 152 26/06/2017 16:18:31


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
153

A figura, a seguir, apresenta as duas situações de simulação sugeridas. Observe.

D1 D2 D1 D2

D4 D4

Andressa Vieira (2017)


Figura 93 -  Exemplo de situação problema
Fonte: Powersim Inc. (2016)

Uma nova simulação é realizada para cada caso e os dados de tensão de saída e entrada são registrados
em quadros, assim como foi realizado inicialmente com o circuito. A figura (a), a seguir, apresenta os valores
de tensão de saída simulado para a situação 1 (sem o diodo D5 - vermelho), em comparação com os valores
simulados do circuito em funcionamento (sem defeito - azul). A figura (b) apresenta os valores de tensão de
saída simulado para a situação 2 (diodo D5 em curto-circuito). Observe.

Vsaida_Situacao1 Vsaida Vsaida_Situacao2 Vsaida


15 20
15
10
10
5
5
0 0
Andressa Vieira (2017)

-5 -5
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
Time (s) Time (s)

Figura 94 -  Forma de onda resultantes da simulação do circuito do exemplo


Fonte: Powersim inc. (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 153 26/06/2017 16:18:32


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
154

Os dados simulados são apresentados, no quadro, a seguir, note que a diferença de valores é muito
pequena.

DADOS VENTRADA
Valores Sem defeito Situação 1 Situação 2 Real
Tensão eficaz (RMS) 12,64 V 12,13 V 12,76 V ?
Tensão média 12,64 V 12,10 V 12,73 V ?
Tensão de pico 13,60 V 13,60 V 14,29 V ?
Quadro 44 - Resultados da simulação do circuito do exemplo
Fonte: SENAI (2016)

A próxima orientação é mensurar os dados no circuito real e obter os gráficos de comportamento com a
utilização de um osciloscópio. Conforme se pode verificar no quadro anterior, os valores médio e eficaz da
tensão de saída são muito próximos em todas as situações, e isso pode dificultar a análise. No entanto, com
a análise gráfica é possível verificar que quando o diodo está em curto-circuito os tempos de comutação
dos diodos não estão ocorrendo corretamente, ou seja, a frequência de chaveamento da tensão de saída
da situação 1 é duas vezes maior do que a frequência desejada.
Estas conclusões prévias podem auxiliar a interpretação dos dados obtidos em osciloscópio. A
simulação apresentada foi um exemplo simples da aplicação dos simuladores para auxiliar no processo de
manutenção de um circuito eletrônico. Outras situações podem ser previstas e simuladas, como fugas no
circuito, comportamentos inesperados da carga, ruído no sinal de alimentação etc.

Simulando circuitos digitais


O comportamento lógico de circuito também pode ser estudado com a utilização de softwares de
simulação. Existem softwares que se destacam pela riqueza das bibliotecas de componentes digitais e
elementos lógicos, incluindo a possibilidade de simulação de firmware de microcontroladores, DSPs e
FPGAs, conforme citado anteriormente.
Tais ferramentas são excelentes para o desenvolvimento de circuitos eletrônicos, e, também, podem ser
usadas a favor de serviços de manutenção, auxiliando, assim como em circuitos analógicos, na compreensão
de circuitos cujo funcionamento é desconhecido e para realização de simulações das consequências de
defeitos que possam ocorrer em circuitos reais.
A função lógica mais básica é construída com chaves eletrônicas (especialmente transistores), sendo
frequente encontrar circuitos eletrônicos que possuem lógicas para acionamento de saídas com um
proposito qualquer: relés, sirenes, válvulas, vários tipos de saída em geral.
Com base nos princípios lógicos das chaves eletrônicas, muitos circuitos lógicos foram desenvolvidos
nos primórdios da eletrônica de semicondutores, que por sua vez criaram os circuitos, encapsulados em
um único chip, conhecidos como portas lógicas, que foram muito importantes para o desenvolvimento dos
sistemas eletrônicos, especialmente os computadores.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 154 26/06/2017 16:18:32


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
155

As portas lógicas e outros sistemas lógicos são encontrados em muitas combinações diferentes e
resultam em um universo vasto de funcionalidades que são úteis para aplicações em geral. Algumas portas
lógicas básicas são apresentadas, no quadro, a seguir, com suas respectivas tabelas de possíveis resultados,
conforme os valores de entrada (tabela verdade).

PORTA LÓGICA SÍMBOLO TABELA VERDADE

E S
Não (Not) E S 0 1
1 0

A B S
A 0 0 0
Ou (Or)
S 0 1 1
B 1 0 1
1 1 1

A B S
A 0 0 0
S

Andressa Vieira (2017)


E (And) 0 1 0
B 1 0 0
1 1 1
Quadro 45 - Portas lógicas básicas
Fonte: SENAI (2016)

Existem também muitos componentes eletrônicos com funções lógicas que podem ser facilmente
estudados e analisados em simulação por computador, com o uso do software apropriado. Softwares como
o Proteus, por exemplo, que possui uma vasta biblioteca de componentes eletrônicos e portas lógicas
que auxiliam a simulação de sistemas digitais. Alguns exemplos são listados, no quadro, a seguir, para
esclarecer o tipo de componente que está sendo abordado.

COMPONENTE DESCRIÇÃO
7408 CI com quatro portas “E”
7432 CI com quatro portas “OU”
7476 Flip-Flop
4017 Sequenciador lógico de 10 bits
AT29C512 Memória Flash de 512M-32bits
Quadro 46 - Exemplo de componentes que realizam lógica digital
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 155 26/06/2017 16:18:33


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
156

Considere um circuito eletrônico que possua entradas e saídas digitais, cujo funcionamento é
determinado por entradas de sinais (sensores, botões etc.). Utilize o software Proteus para realizar a
simulação deste circuito. O circuito proposto é esquematizado e as suas saídas são observadas em simulação
de modo a verificar o padrão de funcionamento conforme as variações dos estados de entrada do circuito.
Dessa forma, o comportamento ideal do circuito pode ser predito à medida que se realizar os testes da
placa eletrônica em bancada, com o auxílio de geradores de função para inserção dos sinais de entrada,
chaves de testes e de instrumentação na medida adequada, como osciloscópios que permitem verificar a
condição do sinal ao longo do tempo, conforme apresenta a figura a seguir.

Istock ([20--?])

Figura 95 -  Formas de onda na tela de um osciloscópio

No entanto, com a maior utilização de circuitos microprocessados, o uso de componentes discretos


tem se tornado em desuso em muitas aplicações. Esta ação torna a análise lógica do funcionamento
deste tipo de circuito mais complexa, pois, como já foi ressaltado anteriormente, os códigos de
programação embutidos nestes componentes não estão facilmente disponíveis, ficando a análise restrita
aos valores experimentais que são possíveis de observar durante o funcionamento e testes do circuito.
Exemplos mais complexos podem ser observados no manual de usuários dos softwares estudados
anteriormente.
Continue com seus estudos para conhecer como é realizada a validação da manutenção e quais técnicas
são usadas para obter resultados positivos na manutenção de circuitos eletrônicos.

3.4 TÉCNICAS DE VALIDAÇÃO DA MANUTENÇÃO

Um serviço de manutenção não finaliza com as práticas de conserto e limpeza, sejam elas por intervenção
em hardware ou em software do sistema. É necessário garantir que a manutenção tenha sido realizada
adequadamente e que o sistema se comporte conforme as suas especificações exigem.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 156 26/06/2017 16:18:34


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
157

A abordagem desta validação pode variar de sistema para sistema, conforme as características e funções
específicas de cada um destes sistemas ou equipamentos. No entanto, pode-se elaborar um planejamento
geral que enquadra funções básicas que são bastante comuns em sistemas eletrônicos.

ETAPA DESCRIÇÃO
1 Validação da planilha de diagnóstico. Conferir se todos os defeitos e falhas diagnosticados tenham sido eliminados.
2 Validação das funções básicas. Testes das funções básicas do sistema.
3 Validação em condições de trabalho. Teste do sistema em regime de trabalho (nominal).
Quadro 47 - Descrição das etapas de validação da manutenção
Fonte: SENAI (2016)

No primeiro caso, você deve verificar se nada foi esquecido, no segundo caso se o sistema inicializa
e no terceiro se o sistema consegue operar e realizar as funções para qual foi projetado. Cada etapa será
observada e estudada com detalhes a seguir.

3.4.1 VALIDAÇÃO DA PLANILHA DE DIAGNÓSTICOS

Todas as inconsistências reportadas durante a etapa de diagnóstico podem ser novamente testadas
de modo a verificar se o serviço de conserto eliminou realmente as inconsistências observadas durante os
testes de diagnóstico.
O quadro, a seguir, apresenta um exemplo de defeitos encontrados em um circuito eletrônico de uma
lavadora de roupas. A medida que as ações de conserto e limpeza foram realizadas para solucionar os
problemas encontrados, é possível fazer nova sondagem sobre o circuito e realizar novamente os testes
nos trechos cujo defeitos foram localizados.

SUBCIRCUITO COMPONENTE DESCRIÇÃO TESTE DIAGNÓSTICO


Q12 Dissipador Visual Excesso de poeira
Controle motor
Q12 MOSFET de potência Continuidade Curto-circuito pinos 2 e 3
Continuidade e
Sensoriamento Pressostato Sem sinal do sensor Circuito aberto
resistência
Quadro 48 - Diagnósticos de manutenção
Fonte: SENAI (2016)

Conforme os problemas apresentados no quadro anterior, realiza-se novamente o teste de continuidade


e resistência nos sinais do sensor e do MOSFET de modo a constatar se o resultado do diagnóstico mudou.
Da mesma forma, com uma inspeção visual, é possível conferir a limpeza do dissipador do MOSFET Q12
cujo excesso de poeira pode ter auxiliado no sobreaquecimento do componente e causado a sua falha.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 157 26/06/2017 16:18:34


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
158

A medida que se verifica que algumas falhas e defeitos persistem mesmo após as ações de conserto, é
preciso realizar um diagnóstico mais detalhado, pois algum detalhe pode ter sido negligenciado ou não
observado durante o diagnóstico, escondendo as origens reais do defeito. Quando isso acontece, é preciso
reiniciar o processo de diagnóstico, para assim realizar novas ações de conserto. No entanto, antes de
interromper o processo de validação, recomenda-se por realizar todos os ensaios de diagnósticos desta
etapa para fazer um levantamento geral de todos os problemas que foram consertados e não consertados.

3.4.2 VALIDAÇÃO DAS FUNÇÕES BÁSICAS

Os testes de diagnósticos, em geral, são localizados e focados em partes específicas de um circuito e não
necessariamente abrangem o funcionamento do circuito ou do sistema como um todo. Dado que as falhas
e os defeitos do diagnóstico de um circuito eletrônico tenham sido eliminados, parte-se para a realização
de uma validação do funcionamento das suas configurações elementares.
Não se recomenda realizar o teste inicial com a inserção de todas as funções do sistema ao mesmo
tempo, conectando sensores, cargas, acessórios ou qualquer entrada ou saída. É preferível iniciar um teste
leve, em que as funções do sistema são incorporadas a cada novo teste com base no sucesso do teste
anterior. Desta forma, se houver algum ponto com defeito desconhecido no sistema, este poderá ser
localizado com maior facilidade e não haverá um possível acúmulo de defeitos, diminuindo os riscos de
danificar novamente o circuito eletrônico.
a) Procedimento padrão
Em geral, os primeiros passos do teste dos circuitos eletrônicos podem ser feitos em bancadas, só
necessitando realizar a instalação no sistema nos passos posteriores, em que se vê a necessidade de testar
todas as funções do sistema.
b) Primeiro passo: teste inicial
O primeiro teste que se recomenda é conectar somente o circuito eletrônico a sua alimentação principal,
deixando todos os seus terminais de entradas e saídas de circuitos e dispositivos auxiliares em aberto, ou
seja, sem conexão. Veja, na figura, a seguir, um exemplo de bancada de teste.
Istock ([20--?])

Figura 96 -  Bancada de teste de circuitos eletrônicos

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 158 26/06/2017 16:18:34


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
159

Deve-se utilizar fontes de alimentação com tensão elétrica e capacidade de corrente coerentes com
a especificação do circuito eletrônico. Normalmente, estas informações se encontram no manual do
equipamento.
Com a utilização de equipamentos de medição (multímetro ou osciloscópios) é possível realizar
testes elétricos nos principais pontos do circuito. Verificar se as tensões elétricas se encontram nos níveis
desejados e se atingem os pontos que são necessários, por exemplo, a tensão elétrica da saída da fonte de
alimentação ou a tensão elétrica sobre os principais circuitos integrados ou a tensão elétrica nos conectores
de saída etc.
Outro teste possível é um exame térmico do circuito eletrônico. Com a utilização de câmeras térmicas é
possível verificar se há pontos quentes nos circuitos, cuja temperatura excede o que se espera para aquela
parte do circuito, especialmente para um circuito eletrônico trabalhando sem nenhuma carga.
c) Segundo passo: status do circuito
Em alguns sistemas é possível verificar visualmente o status de um circuito eletrônico por meio de
displays, LEDs, avisos sonoros. Outros possuem um sistema de interação com o usuário (interação homem
máquina - IHM), que permite a configuração e a leitura de várias funções e parâmetros.
Por exemplo, há sistema de central contra incêndios que possui painéis luminosos que informam as
condições atuais do sistema, inclusive identificam erros e defeitos do sistema.
IStock ([20--?])

Figura 97 -  Sistema de alarme de incêndio

Este IHM é o primeiro circuito externo que se recomenda ser integrado ao circuito eletrônico principal
para realização do segundo teste, incluindo teclados ou qualquer outro tipo de terminal que permita a
entrada e a saída destes dados.
Neste passo, deve-se testar o acesso e a leitura de todas as funções permitidas pelo sistema. Isso pode
ser feito com o auxílio do manual do equipamento. É, aqui, também, que os ajustes finos do sistema podem
ser realizados, como as sintonias de parâmetros, o brilho de displays, som de volume etc.
Quando houver alguma impossibilidade de configuração ou navegação, pode-se haver indícios de
problemas não solucionados, sejam estes de software ou hardware.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 159 26/06/2017 16:18:34


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
160

d) Terceiro passo: testes simples


O procedimento precisa ser refinado para cada caso de manutenção em específico, a complexidade
de um sistema torna o teste mais trabalhoso, as etapas precisam ser priorizadas conforme algum critério
definido pelo técnico ou equipe de manutenção. Em geral, os circuitos mais simples ou mais essenciais
podem ser testados primeiro assim como os dispositivos que são essenciais para os testes de outros
dispositivos.
Como exemplo, veja a figura a seguir.

CENTRAL CONTRA INCÊNDIOS

STATUS SENSORES
SENSOR N12: OK

Acionar Alarme ALARME 1 2 3


ABC DEF

IStock ([20--?]), Andressa Vieira (2017)


Desligar Sirene FALHA 4 5 6
GHI JKL MNO

Desligar Sirene BATERIA 7 8 9


PQRS TUV WXYZ

Reiniciar CONEXÃO 0

Figura 98 -  IHM de uma central de monitoramento de incêndio


Fonte: SENAI (2016)

A figura anterior apresenta a inserção dos sensores de uma central de incêndio. Em alguns equipamentos
o próprio equipamento, por meio do sistema de interface com o usuário, indica se os sensores foram
conectados com sucesso ao circuito principal.
Este tipo de teste também pode ser realizado em bancadas, com o uso de gigas, que simulem tais
dispositivos ou até mesmo com a utilização destes dispositivos em bancada, quando a aplicação e as
condições assim permitirem. De outro modo é preciso levar o circuito até a aplicação para realizar os testes.
e) Quarto passo: testes complexos
Os circuitos de potência, como cargas que exigem um processamento maior de energia da placa
principal, podem ser conectados por último. Exceto quando há desconfiança direta sobre o funcionamento
de tais dispositivos, devendo-se então antecipar o teste no circuito principal conectando-se o menor
número de dispositivos.
Nesta etapa estaria envolvido o teste de motores, iluminação, aquecedores resistivos, entre outras
funções que possuem consumo de corrente elevado em relação a potência total do sistema.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 160 26/06/2017 16:18:35


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
161

Em muitos casos, esta etapa do sistema não é possível ser realizada em bancada, quando a utilização de
gigas se torna inviável, sendo necessário, instalar o sistema diretamente na aplicação.

Exemplo
Traz-se de volta o exemplo da máquina de lavar, depois de eliminados todos os defeitos diagnosticados
no circuito eletrônico principal e dispositivos auxiliares, o quadro, a seguir apresenta um procedimento de
testes básicos proposto para este sistema.

ETAPA DESCRIÇÃO TESTE

Teste do circuito eletrônico principal – sem Tensões elétricas.


1
conectar motores, sensores. Sinais elétricos das saídas.

Configurações da máquina por meio do teclado: configurações de


2 Inserção IHM.
tipos de lavação, tempo de lavação, tempo de centrifugação etc.

É possível validar a operação destes circuitos ou até mesmo simular


Inserção dos sensores e atuadores: sensor porta em bancada os sinais referentes a estes sensores, de modo a
3
e pressostato, válvulas e atuadores. verificar se a placa eletrônica consertada está conseguindo realizar
a leitura de tais sensores.
O teste do funcionamento do motor é o mais crítico em tal sistema,
Inserção de carga: motor e resistência de devido as suas variações e possibilidade de funcionamento. Um
4
aquecimento. teste básico pode ser realizado configurando o sistema para
operação em um sistema de lavação normal.
Quadro 49 - Sequência de teste para máquina de lavar
Fonte: SENAI (2016)

Nestes testes mencionados no quadro anterior são possíveis averiguar o funcionamento básico de cada
parte do sistema e culminando, na quarta etapa, no teste do circuito com todas as suas funções.
Se novos defeitos são relatados em uma destas etapas, o teste precisa ser interrompido e as inconsistências
devem ser registradas, retornando-se as etapas de diagnóstico e manutenção.

3.4.3 VALIDAÇÃO EM CONDIÇÕES DE TRABALHO

Os testes elementares são necessários para garantir que o sistema esteja operando dentro das condições
mínimas necessárias. No entanto, isso ainda não quer dizer que o sistema esteja livre de falhas ou defeitos,
especialmente quando estes são mais difíceis de serem detectados, pois só ocorrem em condições
específicas de funcionamento, ou seja, em momento de estresse de carga, térmico etc.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 161 26/06/2017 16:18:35


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
162

Para garantir que o sistema está livre de tais falhas e defeitos é preciso realizar testes de validação que
coloquem o sistema em operação mais próximo de seus limites de operação. Para isso é importante realizar
os ensaios diretamente na aplicação.
a) Validação com tempo prolongado
Uma forma de realizar um teste de validação mais confiável é manter o sistema em funcionamento por
um tempo de operação prolongado, conforme cada tipo de aplicação.
O que é um tempo prolongado? Há aplicações que tendem a ficar conectadas direto na energia elétrica
como é o caso da central de alarme de incêndio, outras funcionam periodicamente, como do forno micro-
ondas.
Nem todas as falhas e defeitos se pronunciam de maneira instantânea e simultânea a alimentação do
circuito, muitas vezes tais problemas só surgem em condições específicas.
b) Teste com carga
Outro teste importante para a etapa de validação de um serviço de manutenção consiste em colocar
o circuito em funcionamento sobre condições de operação que exigem maior esforço dos circuitos
eletrônicos por um tempo determinado.
Este tipo de ensaio pode se refletir de diversas maneiras, dependendo das funções que o circuito
eletrônico possui. Alguns exemplos são apresentados a seguir.
c) Cargas resistivas
Os circuitos que possuem saída elétrica para iluminação, aquecimento ou qualquer outro tipo de carga
com características resistivas podem ser testados com a aplicação da carga nominal. Por exemplo, seja uma
central de iluminação que possui uma potência máxima de 100 W para lâmpadas de 12 V, é possível testá-la
em bancada com a utilização de cargas resistivas que simulem o consumo de potência.
d) Acionamento de motores elétricos
Os motores elétricos possuem características dinâmicas de operação, alterando o consumo de energia
conforme varia a carga mecânica em seu eixo.
Ter a disponibilidade de bancadas com motores e dinamômetros não é algo tão comum em um
laboratório de eletrônica. Normalmente, os ensaios deste circuito se dão na própria aplicação, como o
exemplo já exposto da máquina de lavar roupas.
e) Outras cargas
Nem todo circuito possui necessariamente terminais de saída para alimentação e controles de carga. No
entanto, não deixam de possuir situações cujo o funcionamento requer maior esforço de seus componentes.
São nestas situações que os circuitos precisam processar maior quantidade de energia ou de informações,
tendo consequentemente um comportamento térmico mais dinâmico. É justamente em tais situações
que os defeitos ou falhas podem se apresentar e mostrar seus efeitos. Portanto, é importante testar estas
condições para garantir que o trabalho de manutenção foi realizado com sucesso.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 162 26/06/2017 16:18:35


3 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM CIRCUITOS E SISTEMAS
163

Uma televisão, por exemplo, pode ser testada com o ajuste de seu volume no máximo durante um
período mínimo (30 minutos por exemplo). Um micro-ondas pode ser testado na potência máxima. Uma
central contra incêndios pode ser forçada a soar o alarme consecutivas vezes.
f ) Comunicações
Circuitos eletrônicos que possuem algum tipo de comunicação podem ser testados exaustivamente
com o auxílio de gigas de comunicação, softwares de computadores ou dispositivos específicos do próprio
sistema que possuem esta função, por exemplo, o encoder que transmite as informações da velocidade do
motor para um circuito eletrônico ou sensores que utilizam protocolos de comunicação específicos.
g) Validação sobre condições específicas
Quando o circuito é projetado para trabalhar em ambientes de temperaturas elevadas ou confinados,
este fator tem grandes chances de ser um causador de defeitos e falhas. Portanto, ao realizar a manutenção
deste tipo de sistema, é interessante, quando possível, submeter o circuito eletrônico a algum tipo de
estresse térmico.
O ideal é realizar o teste diretamente na aplicação, em que as condições propicias estão presentes. No
entanto, isso pode ser realizado também com testes em estufas, em laboratório.
h) Exemplo
Volta-se aqui ao exemplo da lavadora de roupas, prosseguindo a etapa de testes de validação. O quadro,
a seguir, apresenta alguns testes mais robustos para o sistema cuja manutenção foi realizada, supondo que
a lavadora não possua nenhum defeito mecânico.

ETAPA DESCRIÇÃO CONDIÇÕES

1 Teste com tempo prolongado. Lavação com período de 1 hora (lavagem e centrifugação).

2 Teste com carga. 8 quilos de roupa (conforme o limite máximo da máquina).

Vibração (não é necessário um terceiro teste. Esta avaliação pode ser


3 Teste de condições externas.
realizada durante os testes 1 e 2).
Quadro 50 - Sequência de teste para máquina de lavar
Fonte: SENAI (2016)

Um teste prolongado em uma lavadora de roupas pode ser realizado testando a máquina em uma
função de lavagem normal, com a inserção de retalhos para que o sistema não opere sem que executa uma
função.
O teste precisa ser acompanhado de perto para verificar se a máquina é capaz de realizar todos os
procedimentos com base no que é determinado pelo fabricante do equipamento. Geralmente, esta
informação pode ser extraída do manual do usuário do equipamento.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 163 26/06/2017 16:18:35


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
164

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu um pouco sobre as técnicas básicas empregadas para realizar um
serviço de manutenção em um sistema eletrônico, assim como obter conhecimento essencial do
conjunto de falhas e de defeitos que atingem os equipamentos em geral.
Por meio destes conhecimentos, você poderá atuar diariamente realizando a manutenção
de circuitos e sistemas eletrônicos, através da aplicação de técnicas de diagnóstico de falhas e
reparação de circuitos eletroeletrônicos. Definirá as medições a serem realizadas em função do
diagnóstico de falhas e defeitos encontrados, podendo também diagnosticar falhas, defeitos e
suas possíveis causas em circuitos e sistemas eletrônicos a partir do histórico de manutenção.
Será, ainda, capaz de selecionar os recursos computacionais específicos em função da realização
de testes de circuitos e sistemas eletrônicos, além de realizar testes considerando os modos de
operações possíveis de circuitos e sistemas eletrônicos e propor melhorias a partir dos resultados
do desempenho do processo de manutenção.
Por fim, os conceitos apresentados o ajudarão a direcionar o trabalho de manutenção para
encontrar uma forma eficiente de identificar e solucionar as falhas e os defeitos em hardware e
software.
A partir destas informações básicas, é possível iniciar um caminho de aprendizado sobre técnicas
e ações de manutenção que pode ser aprimorado a cada dia. Lembre-se de que a eletrônica está
em constante avanço e todos os dias surgem novas tecnologias, assim como novas técnicas que
precisam ser aprendidas para lidar com estas inovações.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 164 26/06/2017 16:18:35


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 165 26/06/2017 16:18:35
Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 166 26/06/2017 16:18:35
Aspectos Organizacionais e
Ambientais da Manutenção

Você identifica o sistema eletrônico defeituoso, realiza o diagnóstico, efetua a intervenção


técnica necessária e está findado o processo de manutenção. Será que está faltando algo
dentro deste contexto?
Evidentemente que os requisitos técnicos aplicados são essenciais para a manutenção,
mas, como o profissional responsável saberá que há uma demanda de manutenção? Como é
informado o setor de compras a necessidade de aquisição de peças? Como você poderá saber
que determinado dispositivo eletrônico apresentou a falha relatada em outras situações?
Como se deve proceder quando houver a necessidade de descarte de placas ou componentes
eletrônicos? É dentro destas premissas que se faz necessária a utilização da documentação
técnica da manutenção e da realização de procedimentos de responsabilidade ambiental.
Neste capítulo, serão contemplados os aspectos de organização, segurança e ambiental
relacionados aos processos de manutenção de um sistema eletrônico.
Na primeira seção, você conhecerá algumas práticas de documentação do diagnóstico e
das atividades de conserto realizadas em um serviço de manutenção.
A segunda seção, apresenta as normas e ações relativas a segurança do técnico perante as
atividades realizadas.
E, por fim na terceira e última parte, são introduzidos conceitos básicos para conscientização
da necessidade de contornar atividades que possuam impacto ambiental considerável.
Assim, este capítulo mostrará para você alguns desses conhecimentos e auxiliará no
desenvolvimento das habilidades de forma que ao final deste estudo, você terá subsídios para:
a) elaborar relatórios de desempenho de circuitos, dispositivos e equipamentos, inclusive
em meio eletrônico;
b) elaborar relatórios prevendo as necessidades de manutenção em função das
características do sistema;
c) elaborar o relatório técnico da manutenção executada;
d) realizar registros de defeitos e falhas detectadas e as ações tomadas;
e) executar a manutenção de circuitos eletrônicos considerando os aspectos ambientais,
de saúde e segurança do trabalho. Bons estudos!

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 167 26/06/2017 16:18:35


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
168

4.1 DOCUMENTAÇÃO LIGADA AO PROCESSO DE MANUTENÇÃO

A manutenção realizada precisa ser documentada para ser consultada historicamente quando necessário.
Este processo exige disciplina e pessoas treinadas para o registro adequado da manutenção. Desta forma,
é possível que seja mantida as informações pertinentes ao processo de manutenção e disponibilize as
informações para o sistema de gestão da manutenção.
O registro das informações da manutenção pode ser feito de acordo com formulários de registro ou por
meio de softwares de gestão administrativa da manutenção. Os registros essenciais da manutenção são o
registro da necessidade de manutenção, o registro de defeitos e os relatórios técnicos e gerenciais.
Na manutenção pode ser observado se um determinado sistema vem sofrendo defeitos além do
esperado. A partir disso, deve verificar se vale a pena investir em equipamentos novos para melhorar o
índice de produtividade versus falhas ocorridas durante o processo. Durante muito tempo foi realizada a
manutenção sem o registro adequado, logo, não se conseguia realizar a gestão da manutenção, porém,
diante da necessidade de gerenciar os processos, os registros passaram a ser feitos para se garantir o
controle da qualidade e a administração da manutenção.

MENTO
Istock ([20--?]), Sabrina Farias (2017)

PLANEJA

Figura 99 -  Planejamento

Por meio da gestão da manutenção é possível que seja feita a priorização das atividades de manutenção,
além da obtenção de dados para a tomada de decisões e para a criação dos padrões e normas da
manutenção. A documentação do sistema de gestão pode ser armazenada por meio de arquivos ou de
sistemas informatizados, estes últimos proporcionam uma ligação com outras áreas da empresa. E, pode
haver também um misto entre controle de documentos por arquivo e por sistemas informatizados.
É importante que seja feita a gestão de manuais e catálogos de peças dos equipamentos para que se
tenha as informações prontamente. Ressalta-se que pode haver a necessidade de se realizar a manutenção
por terceiros, e este serviço também deve ser documentado pelo sistema de gestão da manutenção da
empresa.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 168 26/06/2017 16:18:37


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
169

Registro da necessidade de manutenção


O registro de necessidade é um documento conhecido como ordem de manutenção, nele especifica-
-se alguns itens da manutenção como, o código e o modelo do equipamento, a pessoa responsável pelo
chamado (normalmente, é o técnico responsável pela manutenção), a descrição do defeito, o setor, a data
do registro de necessidade e outros critérios que possam existir de acordo com a realidade da empresa.
Veja um modelo desse documento, na figura, a seguir.

Registro de necessidade de manutenção nº:


Código equipamento
Solicitante
Setor
Defeito:

Andressa Vieira (2017)


Data: / /
Assinatura:
Figura 100 -  Modelo de registro de necessidade de manutenção
Fonte: SENAI (2016)

Neste documento fica registrado o defeito que o circuito apresentou, com isso tem-se o histórico das
falhas do dispositivo. Segundo VIANA (2002, p. 38), a ordem de manutenção “[...] consiste na autorização de
trabalho de manutenção a ser executado, ela é a base da “ação” do homem da manutenção, pois exterioriza
o “trabalho”, organizando-o e registrando-o.”
É importante ressaltar que todos os equipamentos da empresa (usados e novos) precisam estar
cadastrados no sistema de gestão da manutenção para serem monitorados periodicamente.

Registro de defeitos
Após receber o registro de necessidades, você precisa fazer o diagnóstico da falha e realizar a manutenção,
será necessário que seja preenchido o registro de defeitos. Este apontamento muitas vezes acompanha a
ordem de manutenção, que informa o procedimento realizado e o defeito que acaba de ser corrigido.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 169 26/06/2017 16:18:38


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
170

A figura, a seguir, apresenta um exemplo de ordem de serviço com registro de defeito. Observe.

Ordem de serviço nº:


Data: / / Setor:
Equipamento:
Técnico:
Descrição do serviço:

Horas início Horas fim Horas planejadas


/ / : / / : h
/ / : / / : h
/ / : / / : h
Registro de defeito:

Andressa Vieira (2017)

Figura 101 -  Modelo de ordem de serviço com registro de defeito


Fonte: SENAI (2016)

Conforme apresentado, na figura anterior, todos os campos da ordem de serviço precisam ser
preenchidos desde o número da ordem de serviço, a data do diagnóstico, o setor em que será realizado a
manutenção, o modelo e o código do equipamento, o nome do técnico responsável pela manutenção, a
descrição do serviço, as horas destinadas a manutenção e o registro de defeito.
O registro de defeitos e a ordem de manutenção poderão auxiliar no desenvolvimento dos padrões de
manutenção. Estes padrões estabelecem problemáticas e soluções conhecidas, que devem estar de acordo
com as normas para orientação do serviço de manutenção. Com estas informações, é possível que mesmo
técnicos menos experientes possam realizar manutenções mais complexas.
Após o preenchimento por escrito e a conclusão do serviço de manutenção, é importante que o
documento da ordem de serviço seja devidamente arquivado ou digitado em software de gestão da
manutenção, mantendo os registros de forma computacional, ou, ainda, manter os dois casos. Muita
informação sobre o registro de defeitos vem sendo tratada pelo setor de assistência técnica da empresa
que fabrica o equipamento. Portanto, o fabricante poderá fornecer peças genuínas e de qualidade para
garantir a qualidade do serviço de manutenção.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 170 26/06/2017 16:18:38


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
171

Relatórios
Os relatórios servem para relatar um acontecimento, um dado, um processo ou um sistema a ser
melhorado. Eles são usados em manutenção para evidenciar a atividade da manutenção, mantendo-se o
histórico para posterior consulta. Os relatórios de utilização, por exemplo, indicam qual o percentual de uso
de um equipamento e qual o percentual em que este estava em manutenção, possibilitando o estudo de
melhorias ou a troca por um novo.
Quando os relatórios são utilizados para elaborar indicadores, estes podem servir para avaliar os serviços
de manutenção e auxiliar nas tomadas de decisão. A figura a seguir apresenta o exemplo de alguns dados
de um relatório de disponibilidade.

Relatório de disponibilidade 2016


Data 20/09/2016
Setor Montagem de carcaças 2
Equipamento Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
M001 90 87 92 90 86 93 86 85 82 89 87 83
M002 92 86 90 85 93 89 85 84 84 86 85 81

Disponibilidade 2016 (%/mês)


95
90
85
80
Andressa Vieira (2017)

75
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
M001 M002
Figura 102 -  Exemplo de dados de um relatório de disponibilidade
Fonte: SENAI (2016)

Estes e outros tipos de informações podem compor relatórios técnicos de manutenção. Os modelos
de relatórios devem ser feitos em função das necessidades da gestão da empresa, e de acordo com os
requisitos necessários para a eficácia e a eficiência dos processos e produtos.
Usualmente, os softwares de gestão da empresa possuem relatórios pré-definidos, além da possibilidade
de customizá-los conforme a necessidade de análise e tomadas de decisão estratégicas da empresa.
Outros exemplos de relatórios técnicos contemplam o parecer (ou laudo) técnico. Por meio dele é
informado o estado de um produto após a falha, a causa da falha e o percentual de influência desta no
sistema. O laudo é requerido em questões em que se necessita documentar a ocorrência e deve conter o
parecer técnico feito por profissional capacitado, qualificado e habilitado.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 171 26/06/2017 16:18:38


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
172

Já o relatório de proposta de melhorias se baseia na gestão da manutenção pela qualidade, apontando


as ocorrências de determinadas manutenções e propondo por meio de planos de ação fundamentados em
ferramentas da qualidade, planos de ação específicos para a melhoria do processo e/ou procedimentos.
Você percebeu que a documentação é fundamental para um bom processo de manutenção. Agora
prossiga com seus estudos para conhecer quais são os aspectos ligados a segurança do trabalho
relacionados a manutenção que devem nortear a tua função como técnico.

4.2 ASPECTOS LIGADOS A SEGURANÇA DO TRABALHO RELACIONADOS À MANUTENÇÃO

A segurança no trabalho faz com que o colaborador consiga realizar suas atividades de forma confiante
e gerando mais benefícios também para a empresa. Estes benefícios podem ser na produtividade, no
ambiente profissional e no relacionamento interpessoal.
Os aspectos ligados a segurança do trabalho representam a integridade física e psicológica do
colaborador. Os riscos de acidentes são minimizados com o uso de equipamentos de proteção individual
(EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs).
Existem outros recursos que visam a segurança do trabalhador, como por exemplo, comando bimanual
nos equipamentos, botão de emergência, sensores infravermelho e sistemas de proteção humana nos
sistemas. Diante destes recursos, é possível que haja uma maior segurança do colaborador no ambiente
de trabalho.

4.2.1 NORMAS

Para o cumprimento das ações de segurança são criados procedimentos, que indicam passo a passo,
a forma de se fazer as atividades de manutenção com segurança. O procedimento de segurança precisa
ser claro e objetivo visando a fácil compreensão das ações. Tem-se como objetivo de os procedimentos
reduzir/evitar os acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais.
A norma regulamentadora (NR) 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade, trata da
segurança nos serviços em eletricidade. Ela estabelece os requisitos mínimos para o controle e a prevenção,
de forma a manter a saúde e a segurança dos trabalhadores.
A NR 10 atua nas medidas preventivas de controle dos riscos para que haja a segurança e a saúde
no ambiente de trabalho, nas medidas de proteção coletiva e individuais, e, também, no projeto de
equipamentos prevendo as questões de segurança e desligamento do sistema em caso de perigo para o
operador do equipamento ou outras pessoas.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 172 26/06/2017 16:18:38


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
173

Esta norma trata ainda da construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas,
além da segurança em instalações elétricas energizadas e desenergizadas e de trabalhos envolvendo
alta tensão. Além disso, há outro ponto tratado pela norma que é a proteção contra incêndio e explosão,
sinalização de segurança, procedimentos de trabalho e responsabilidades.
Existe também a NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, que trata de
princípios técnicos e medidas de proteção para que sejam instalados os sistemas de proteção elétrica e
mecânica para garantir a segurança do operador do sistema e das pessoas inseridas no ambiente onde o
dispositivo se encontra. Com a inclusão desta norma, os equipamentos passaram por mudanças de projeto
e adaptações nos antigos e continuam sendo aperfeiçoadas para garantir a segurança do operador.

Para saber mais sobre as normas de segurança regulamentadoras, acesse o site do


SAIBA Ministério do Trabalho Brasileiro, disponível em: http://trabalho.gov.br/seguranca-e-
MAIS saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras. Neste canal é possível
fazer o download de várias normas relativas à segurança e a saúde do trabalhador.

Estas normas supracitadas visam reduzir os acidentes de trabalho e os problemas de saúde ocupacional,
que o colaborador está sujeito a sofrer. Elas são importantes por manter um padrão das informações
pertinentes a segurança das pessoas no local de trabalho, além de contemplar os conhecimentos
necessários para se trabalhar de forma segura e com saúde.

4.2.2 RISCOS ELÉTRICOS

Quando se trabalha com eletricidade existe o risco de choques elétricos ou eletrostáticos. Segundo
BARBOSA FILHO (2011, p. 114), “O choque elétrico é uma perturbação que se manifesta no organismo
humano, quando é percorrido por uma corrente elétrica.” Ou seja, ocorre quando o corpo humano fornece
um caminho de corrente para um circuito elétrico, em outras palavras, quando uma pessoa encosta em
dois condutores energizados (positivo e negativo, fase e neutro ou fase e terra) uma corrente flui através
do corpo humano, que é a resultante da resistência de contato do corpo humano mais a resistência interna
do corpo humano.
O trecho corpo humano entre os dois pontos de contato pode ser resumido como uma resistência
elétrica equivalente, que é a soma da resistência entre cada camada do corpo humano e o trecho cuja
corrente flui.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 173 26/06/2017 16:18:38


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
174

A figura, a seguir, mostra como o corpo humano reage em um circuito elétrico de modo a entender as
consequências de um choque-elétrico.

Istock ([20--?])
Figura 103 -  Choque Elétrico

Quanto menor o valor desta resistência, maior será a corrente que fluirá através do corpo humano,
sendo este o principal valor determinante da gravidade do choque elétrico. Os efeitos decorrentes do
choque elétrico, no corpo humano, dependem de diversos fatores, conheça alguns no quadro, a seguir.

FATORES DE UM CHOQUE
DESCRIÇÃO
ELÉTRICO

Quanto maior a corrente que flui através do corpo, maiores são os riscos à saúde e à vida da
Intensidade de corrente elétrica.
vítima.

Os mais importantes para as funções humanas, como é o caso do coração, são também os mais
Órgãos internos atingidos. sensíveis, e, quando uma corrente elétrica encontra um caminho através destes órgãos, os riscos
à saúde e à vida também são maiores.

O tempo de duração do choque também é um agravante, mesmo para níveis baixos de tensão,
Tempo de duração do choque.
podendo levar à morte devido a fibrilação ventricular do coração.

Em caso de sinais alternados, as correntes elétricas que possuem menor frequência (entre 20 e
100 Hz) são as que oferecem maior risco, especialmente porque é dentro desta faixa que existe
Frequência dos sinais.
maior possibilidade de fibrilação ventricular do coração. Os efeitos de frequências maiores estão
mais relacionadas às queimaduras.

Quanto maior a área de contato de um choque elétrico, menor a resistência de contato, o que
Área de contato.
aumenta a corrente que flui através do corpo humano.

As condições da superfície do corpo humano em que ocorre o contato podem agravar um


Condições de contato. choque elétrico. Quando o corpo está molhado ou suado, por exemplo, a resistência elétrica de
contato pode cair bastante, o que aumenta a gravidade de um choque elétrico.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 174 26/06/2017 16:18:39


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
175

FATORES DE UM CHOQUE
DESCRIÇÃO
ELÉTRICO
O corpo das pessoas reage de formas diferentes quando submetidas a choques com as mesmas
características. Isso depende da idade e das condições de saúde, o que pode aumentar a
Estado de saúde do indivíduo. gravidade de um acidente elétrico para o corpo humano. Pequenos choques podem não ser
muito agressivos para uma pessoa jovem e saudável, no entanto, poder levar a morte uma
pessoa idosa ou com algum problema sério de saúde (indivíduo com marcapasso, por exemplo).
Quadro 51 - Fatores determinantes e consequências do choque elétrico
Fonte: adaptado de Brasil (2016)

Segundo a norma NR - 10, os níveis de tensão relacionados a baixa e a extrabaixa tensão são apresentados,
no quadro, a seguir.

FAIXA
CLASSIFICAÇÃO
TENSÃO CONTÍNUA TENSÃO ALTERNADA
Extrabaixa tensão (EBT) Até 120 V Até 50 V
Baixa Tensão (BT) 120 – 1.500 V 50 – 1.000 V
Média e alta tensão (MT) Acima de 1.500 V Acima de 1.000 V
Quadro 52 - Classificação por níveis de tensão (NBR 5410)
Fonte: ABNT (2008)

Em eletrônica a maioria dos circuitos costumam operar com níveis de tensão elétrica baixos (extrabaixa
tensão), que não necessariamente trazem o risco de choques elétricos, considerando que o contato
humano pode gerar mais danos ao circuito e aos componentes do que para o próprio corpo humano. No
entanto, os circuitos de alimentação ou de carga podem possuir níveis de tensão maiores e trazer riscos aos
seres humanos, já que muitos circuitos são alimentados por meio da rede elétrica (baixa tensão), banco de
baterias e geradores que possuem níveis de tensão e potência que são perigosos para o corpo humano.
Os sintomas de um choque elétrico ao corpo humano podem variar de mal-estar, náuseas, cãibras
musculares, dores de cabeça, falta de ar, arritmias cardíacas e podem resultar em complicações descritas,
no quadro, a seguir.

COMPLICAÇÕES DESCRIÇÃO
Queimaduras. O excesso de temperatura pode queimar a pele e a estrutura dos órgãos internos.

Tetanização. Quando ocorre a rigidez dos músculos

Afeta a composição do sangue, mudando a concentração de sais minerais, gerando desequilíbrios e


Eletrólise sanguínea.
afetando a qualidade, além de provocar acúmulos de resíduos nos vasos.
Quando ocorre a mudança de posição de um órgão interno devido a um deslocamento ocorrido
Prolapso dos órgãos internos.
durante o choque.
Quadro 53 - Possíveis complicações geradas por um choque elétrico
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 175 26/06/2017 16:18:39


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
176

Outras consequências danosas podem ocorrer devido a um choque elétrico, como a queda ao chão
ocasionando a batida de cabeça, que pode ter consequências graves para o corpo humano. Lembre-se
que durante o serviço de execução de uma tarefa que contenha riscos de choques elétricos deve-se utilizar
acessórios necessários para diminuir os riscos e evitar os acidentes.

4.2.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Os equipamentos de segurança podem ajudar a evitar muitos acidentes durante a execução de um


serviço que envolve eletricidade. Embora muitas vezes as tensões envolvidas sejam baixas, como no caso
da área de eletrônica, pequenos choques podem levar a outros acidentes, como movimentos repentinos
indesejados e dependendo do local onde o serviço está sendo realizado, esta ação pode ser perigosa.
Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são meios de evitar riscos para todas as pessoas que se
encontrarem em um certo local de trabalho, seja com sinalizações, dispositivos de bloqueio, proteções ou
sistemas que auxiliem para minimizar os riscos. No entanto, em muitas situações as medidas de proteção
coletivas não são suficientes, sendo necessário, utilizar medidas individuais de proteção que se resumem
na utilização dos EPIs.
Um estudo de análise de risco deve ser realizado para cada atividade, em seguida, precisa determinar
os equipamentos de segurança necessários para realizá-la com segurança. A seguir, serão estudados os
principais EPCs e EPIs utilizados na área de eletrônica.

Equipamentos de proteção coletiva (EPC)


Leia, na sequência, alguns sistemas e equipamentos de proteção coletivos que promovem a segurança
de um ambiente de laboratório de eletrônica.
a) Aterramento adequado
O aterramento adequado de um laboratório de eletrônica e de eletricidade é uma exigência mínima
para evitar que choques elétricos ocorram indevidamente. Fontes de alimentação, instrumentos de
medição, cargas eletrônicas e outros equipamentos que são energizados a partir da rede elétrica precisam
estar aterrados adequadamente para evitar que exista diferença de potencial sobre a carcaça destes
equipamentos. Caso contrário pode ocasionar descargas elétricas resultando em choques-elétricos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 176 26/06/2017 16:18:39


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
177

Veja um exemplo a seguir.

Istock ([20--?])
Figura 104 -  Aterramento em bancada
Fonte: SENAI (2016)

O aterramento adequado também é importante para o funcionamento correto dos sistemas de proteção
de uma instalação, assim como para garantir que os equipamentos de medida e instrumentação operem
com precisão.
b) Extintor de incêndio
Todo e qualquer laboratório necessita de equipamentos contra incêndio, porém não é qualquer tipo de
extintor de incêndio que pode ser utilizado no laboratório de eletrônica, por exemplo, os extintores de água
não devem ser utilizados em equipamentos elétricos ou eletrônicos, porque a água pode se comportar
como um condutor elétrico e tornar o problema ainda pior. Neste caso existem extintores especiais, da
classe C, que utilizam uma combinação de pó químico, sendo o de dióxido de carbono (CO2) bastante
indicado. Este tipo de extintor (figura a seguir) age por abafamento do fogo.
Istock ([20--?])

Figura 105 -  Extintor de incêndio

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 177 26/06/2017 16:18:44


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
178

Além da presença deste EPC, outro fator importante é a localização do equipamento no laboratório.
O extintor precisa ficar em local de fácil acesso e bem identificado. Não se deve colocar nada abaixo ou
próximo do local onde esteja localizado o extintor, de modo a não prejudicar o acesso no momento em
que for necessário, no caso de um incêndio, em que cada segundo conta.
A manutenção preventiva deste equipamento é necessária para mantê-lo em dia. Quando um extintor
está apto a operar adequadamente recebe o certificado de conformidade do Inmetro (Portaria n.º 486, de
2010). Conforme esta mesma Portaria, os extintores de pó químico devem ser inspecionados a cada seis
meses para avaliar se houve alguma perda de carga ou pressão. Quando a perda extrapolar 10% do volume
total, o extintor deve necessariamente passar por um procedimento de recarga.
c) Organização
A organização de um laboratório é essencial para garantir um trabalho eficiente, no entanto, é também
importante para evitar acidentes e riscos de choques-elétricos.
Quando as ferramentas, os componentes, os cabos, as peças e os equipamentos ficam aleatoriamente
posicionados em uma bancada, torna-se difícil discernir o que está ligado à energia daquilo que não
está. Dessa forma é mais difícil evitar que um braço encoste em um condutor ou peça energizada ou
que uma ferramenta ocasione um curto-circuito, que pode resultar em um incêndio, entre tantos outros
exemplos de acidentes que podem acontecer em um laboratório. A desorganização, em geral, aumenta
consideravelmente os riscos de incidentes.
d) Sinalização
A sinalização das áreas de risco dentro de um laboratório serve para informar os espaços que devem
ser evitados, ou para a necessidade de desconectar a energia de equipamentos antes de acessar tal área,
conforme mostra a figura a seguir.

PERIGO
CHOQUE
Andressa Vieira (2017)

ELÉTRICO
Figura 106 -  Alerta de risco de choque elétrico
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 178 26/06/2017 16:18:44


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
179

É comum existir fontes e cargas eletrônicas que são alimentadas por meio de conector que possuem
pouca isolação elétrica, muitas vezes, conectados em níveis de energia elevados para um laboratório de
eletrônica, por exemplo, uma tensão trifásica de 380 V.
Outros tipos de sinalização indicam a área de testes, onde os componentes, as ferramentas e os
acessórios devem ser armazenados, além das saídas de emergência em caso de incêndio.

Equipamentos de proteção individual (EPI)


A norma regulamentadora NR 10 não é específica para serviços em eletrônica, mas envolve qualquer
atividade que atue com a presença de eletricidade de modo que os cuidados e as precauções básicas sejam
atendidos. Em eletrônica os principais riscos a serem evitados são relativos ao choque elétrico. Conheça, a
seguir, alguns EPIs.
a) Óculos de proteção
Em trabalhos com eletrônica existe o risco de machucar os olhos devido a um descuido ou algum
componente ou resquício que é arremessado em direção aos olhos, por exemplo. É comum que terminais
de componentes sejam arremessados ao serem cortados com o alicate ou quando um capacitor explode
espalhando restos metálicos que podem ser perigosos. Portanto, o uso dos óculos de proteção é essencial
para evitar que resquícios atinjam os olhos de quem está trabalhando em bancada ou mexendo em um
equipamento.
Istock ([20--?])

Figura 107 -  Óculos de proteção

Os óculos utilizados em laboratório, geralmente, são fabricados de policarbonato e podem possuir


características específicas, como tratamento antirrisco, proteção nasal, proteção contra raios ultravioleta
(UV), antiembaçantes. No entanto, é importante que estes equipamentos sejam certificados para que no
momento de um incidente realizem a proteção necessária.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 179 26/06/2017 16:18:44


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
180

b) Luvas
As luvas antiestáticas protegem os circuitos eletrônicos mais sensíveis de sofrer avarias. No entanto,
quando é preciso trabalhar com tensões mais elevadas, é necessário utilizar luvas que garantam a proteção
contra o risco de choques elétricos.

Istock ([20--?])
Figura 108 -  Luvas de borracha isolante

As luvas de borracha com isolação da classe 00 (tensão nominal até 500 V e 2500 V de tensão de pico)
são em geral suficientes para trabalhar com a maioria das aplicações de sistemas eletrônicos, podendo ser
utilizadas para trabalhos em baixa tensão. Este tipo de proteção precisa estar em condições impecáveis para
garantir a segurança especificada, além de ficar atento ao prazo de validade do produto que é informado
pelo fabricante, substituições são necessárias dentre um período (em torno de 10 anos).
c) Proteção auricular
Em ambientes que esteja envolvido o fator de poluição sonora e a poluição do ar, é recomendável a
utilização de proteção auricular, conforme mostra a figura a seguir.
Istock ([20--?])

Figura 109 -  Proteção auricular

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 180 26/06/2017 16:18:47


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
181

Este equipamento protege o canal auditivo do excesso de ruído, poeira e ventos. Ainda que os ruídos
não ultrapassem níveis sonoros permitidos, a exposição por longos períodos, também pode ser prejudicial,
além de resultar em cansaço e dificultar a concentração.
d) Máscaras
As máscaras de proteção são úteis para ambientes em que haja a presença de fumaça, como no
momento da soldagem de componentes por tempo prolongado. Ela evita a absorção constante de fumaça
de modo a prevenir dores de cabeça, náuseas, irritações ou problemas respiratórios.

Istock ([20--?])
Figura 110 -  Máscara de proteção

Portanto, é importante trabalhar em um ambiente ventilado que minimize os riscos provenientes de


fumaças que possam causar algum dano à saúde. Em eletrônica é comum a utilização de exaustores, que
são responsáveis por sugar as fumaças provenientes da soldagem de componentes elétricos e eletrônicos.
e) Calçados
Botas de proteção garantem um aumento da resistência de contato e evitam choques elétricos
desnecessários, que é o maior risco envolvido.
No entanto, a utilização de botas também realiza outras funções de proteção importantes, como
proteger o usuário contra escorregamento em pisos lisos ou molhados, contra queimaduras provocadas
pelo contato com componentes quentes ou produtos químicos, e garante que o contato ou a queda de
materiais (vidros ou peças metálicas) não perfurem os pés e acabem por machucar o usuário.
As botas possuem uma sola com camada considerável de borracha, existem modelos que possuem
pontas metálicas para condições de trabalhos em que o risco de queda de peças pesadas é alto.

FIQUE A utilização dos EPIs não anula a necessidade das demais proteções coletivas. Em uma
empresa o uso de EPI faz parte de um conjunto de ações preventivas. Dependendo
ALERTA da atividade do funcionário, o uso de certos equipamentos de proteção é obrigatório.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 181 26/06/2017 16:18:48


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
182

Lembre-se que os equipamentos precisam ser testados e certificados por órgãos competentes, ou seja,
empresas de certificação que sejam reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação.
Vá em frente e estude os aspectos ligados ao meio ambiente e relacionados à manutenção podem
afetar o seu cotidiano como técnico em eletrônica responsável com a preservação do meio ambiente.

4.3 ASPECTOS LIGADOS AO MEIO AMBIENTE RELACIONADOS À MANUTENÇÃO

Durante os serviços de manutenção de sistemas eletrônicos são gerados muitos resíduos como soldas
de liga de chumbo, fios condutores, componentes eletrônicos, plásticos, metais, colas e outros compostos
e produtos químicos que são utilizados no processo. Estas sucatas, proveniente de equipamentos e
processos laboratoriais e industriais em eletrônica, são compostas de diversos materiais, entre os quais o
ferro, cobre, chumbo, alumínio, zinco, ouro, prata, entre outros.
Segundo Tachizawa (2005, p. 23), “Um dos maiores desafios que o mundo enfrenta neste novo milênio
é fazer com que as forças de mercado protejam e melhorem a qualidade do ambiente, com a ajuda de
padrões baseados no desempenho e uso criterioso de instrumentos econômicos, num quadro harmonioso
de regulamentação.” Ou seja, é preciso encontrar uma forma de lidar com estes rejeitos provenientes dessas
atividades técnicas, seja em um processo de produção ou de manutenção, de modo tais resíduos recebam
um fim adequado. Istock ([20--?])

Figura 111 -  Lixo eletrônico

Um dos propósitos do desenvolvimento tecnológico é propiciar meios que beneficiem e facilitem a


vida dos seres humanos. Portanto, as atividades humanas que são por excesso predatórias, prejudicando
as pessoas e o meio ambiente são contraditórias. Em qualquer procedimento técnico é preciso encontrar
formas de lidar com a poluição, com o lixo gerado, assim como a utilização eficiente dos recursos disponíveis.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 182 26/06/2017 16:18:49


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
183

4.3.1 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

Para que haja um procedimento consciente e bem estruturado para lidar com os resíduos eletrônicos é
preciso atender os objetivos básicos listados, no quadro, a seguir, os quais estão interligados.

OBJETIVOS BÁSICOS
Preservar os recursos naturais.
Evitar a poluição do meio ambiente.
Preservar a saúde das pessoas.
Bem-estar das pessoas.
Quadro 54 - Objetivos para conscientização ambiental
Fonte: SENAI (2016)

Tachizawa (2005, p. 85) diz que, “A responsabilidade social está se transformando num parâmetro, e
referencial de excelência, para o mundo dos negócios e para todo o Brasil corporativo.” Ou seja, as empresas
se fazem consciente das ações necessárias para manterem o equilíbrio ambiental, e estão caminhando
continuamente para esta conservação.

Poluição do meio ambiente


Nas grandes cidades se concentram milhões de pessoas, a falta de preocupação em relação ao descarte
do lixo em geral pode gerar consequências que são difíceis de contornar. O acúmulo de lixo em lugares
inadequados prejudica a qualidade dos rios, da vida vegetal e animal, assim como contribui para enchentes
e propagação de doenças e pragas que assolam regiões urbanas. Veja um exemplo na figura a seguir.
Istock ([20--?])

Figura 112 -  Descarte indevido de lixo

No setor eletrônico, existem componentes que são bastante agressivos ao ambiente quando descartados
de forma incorreta. Quando estes materiais são descartados em lixões ou a céu aberto, as substâncias ao
serem absorvidas pelo solo afetam especialmente a qualidade das águas e do solo.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 183 26/06/2017 16:18:51


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
184

Recursos naturais
Os recursos naturais são limitados e têm um custo econômico e ecológico para sua extração e produção
para fabricação de materiais e componentes, especialmente aqueles que possuem metais e plásticos em
sua composição. Muitos recursos não são renováveis, como é o caso do petróleo e seus derivados, portanto,
há necessidade do uso consciente, sem desperdícios.

Saúde humana
O lixo de sistemas eletrônicos possui muitas substâncias prejudiciais também para o ser humano, como
é o caso do chumbo, cádmio, mercúrio, zinco, entre outras.
A ingestão inadequada destas substâncias pode causar vários tipos de doenças, por exemplo, doenças
respiratórias, fraquezas, reações alérgicas, e, muitas vezes, resultar em problemas mais sérios, como
cânceres provenientes de substâncias tóxicas como o cádmio e o chumbo.

4.3.2 ISO 14.000

A ISO 14.000 (International Organization for Standardization (ISO)) é uma série de normas ambientais
elaboradas exclusivamente para as indústrias. As empresas que seguem tal norma garantem a certificação
e sinal verde para vender seus produtos em mercados mais restritivos, que exigem um comprometimento
ambiental mais assíduo.
Esta ISO é composta de normas, dentre as principais são citadas e descritas, no quadro, a seguir.

NORMAS DESCRIÇÃO
ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental
ISO 14010, 14011, 14012 Auditorias Ambientais
ISO 14020, 14021, 14022 Rotulagem Ambiental
ISO 14031 Desempenho Ambiental
ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida
ISO 15060 Aspectos Ambientais em Normas de Produtos
Quadro 55 - Família ISO 14.000
Fonte: SENAI (2016)

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 184 26/06/2017 16:18:51


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
185

Estas normas determinam os principais elementos que devem ser implementados em um sistema
de gestão ambiental de uma empresa, seja privada ou pública. Estes elementos afetam os processos e
ações das atividades da indústria onde são implementados, e baseados em princípios de conscientização
ambientais para mudança de atitudes, conforme apresenta o quadro a seguir.

ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE FUNDAMENTAM A NORMA ISO 14.000


Desenvolvimento sustentável do meio ambiente.
Solução para problemas regionais e globais.
As buscas de soluções industriais que possuam um caráter de antecipativo e preventivo com relação as questões ambientais.
Incentivo a flexibilização e inovação dos processos.
Fomentar a participação pública ativa para identificação e solução dos problemas, sem deixar as obrigações totalmente a cargo dos
Governos.
Quadro 56 - Princípios de conscientização ambiental
Fonte: SENAI (2016)

Além das ações necessárias definidas pela norma, a certificação ISO 14.000 é rigorosa e para uma empresa
manter este selo é preciso passar por constantes auditorias e avaliações de desempenho ambiental de
modo a garantir que as ações realizadas estejam trazendo os efeitos esperados e que tudo caminhe dentro
da legislação vigente no país.

O chumbo é um metal pesado cujos processos industriais causam bastante impacto


ambiental. Para conter esse problema na indústria eletrônica, desenvolveu-se uma
solda que não utiliza chumbo em sua composição (conhecida como lead-free) e
CURIOSI atende as exigências ambientais da norma ISO 14.000. As empresas que desejam
DADES exportar produtos comerciais para países europeus e os Estados Unidos precisam
utilizar placas eletrônicas lead-free devido as exigências ambientais vigentes nestes
países.

Além da ISO 14.000 outras normas também estão envolvidas, de forma direta ou indireta, em assunto
relacionados ao meio ambiente, como por exemplo, a ABNT NBR 10.004, que trata da classificação dos
resíduos sólidos.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 185 26/06/2017 16:18:51


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
186

4.3.3 INICIATIVAS

No âmbito das atividades realizadas em laboratório de eletrônica, muitas ações recomendadas em


normas são pertinentes e podem ser adotadas para atividades técnicas que envolva descarte de materiais
ou geração de resíduos. Compreenda melhor este assunto lendo o relato a seguir.

CASOS E RELATOS

Produção consciente
Leonardo é técnico em eletrônica. Ele atua na manutenção de sistemas eletrônicos, em uma
grande empresa do ramo eletroeletrônico, que possui um grande volume de produção de placas
eletrônicas para os seus produtos.
Este técnico em eletrônica percebeu que no processo de fabricação existiam muitas placas de
circuito eletrônicos que eram reprovadas e descartadas devido a inviabilidade econômica do
processo de conserto e reparos destas placas, pois era mais barato descartar a maioria delas. Este
fator gerava uma quantidade considerável de lixo eletrônico, que resultava em muitas perdas e um
impacto ambiental considerável.
Leonardo estava muito empenhado em mudar esse quadro e tornar o processo produtivo mais
eficiente. Com a experiência que ele desenvolveu na manutenção destes equipamentos ao longo
dos anos de trabalho e estudos, ele suspeitava de vários erros que pudessem estar ocorrendo
durante o processo fabril e causando estas inúmeras perdas. Portanto, ele propôs um estudo para
reformulação de vários procedimentos que eram utilizados na linha de produção.
Após seis meses de estudo minucioso sobre os processos produtivos, ele recebeu autorização
para implementar as mudanças propostas, o que resultou em uma diminuição de perdas de 60%
dos equipamentos rejeitados pelo processo de qualidade, ajudando assim a minimizar o impacto
ambiental gerado pelo processo produtivo. Esta atividade também foi reconhecida como uma
ação exemplar de atitude profissional, além de tornar o equipamento mais confiável e competitivo
no mercado.

Além do citado no relato anterior para a redução do número de descartes, outras iniciativas também
fazem a diferença. Conheça-as na sequência.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 186 26/06/2017 16:18:51


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
187

Reciclagem de materiais
A reciclagem de materiais consiste em recuperar um produto (ou parte dele) de modo a reutilizar
as partes recuperadas para fabricação de novos produtos, ainda que se tratem de produtos totalmente
diferentes. A grande vantagem deste processo está no fato de que não se faz necessário extrair a matéria-
-prima da natureza para fabricação dos novos produtos. Porém, é preciso colocar nesta balança também o
custo e a agressividade ambiental do processo de reciclagem como um todo.

Istock ([20--?])
Figura 113 -  Indutores para reciclagem

Componentes e peças de equipamentos eletrônicos, como carcaças metálicas, chips, motores,


transformadores etc., contém muitos metais que possuem um valor agregado elevado, por exemplo,
o cobre, a prata e o ouro podem ser submetidos a processos para separar e reutilizar a matéria-prima.
Os indutores (figura anterior) possuem fio de cobre que podem ser reaproveitados. Telas de celular ou
notebooks têm diferentes materiais e podem ser separados e moídos pelo tipo de vidro que possuem.

Recuperação de materiais
A recuperação de materiais consiste em equipamentos que foram descartados, mas que não atingiram
o fim da sua vida útil e podem ser reutilizados como um produto novamente.
Esse é o caso dos computadores e peças de informática que são descartados devido as atualizações e
as modernizações dos equipamentos. Neste caso, para exemplificar, existem programas beneficentes que
realizam manutenção preventiva e atualizações básicas dos equipamentos descartados e repassam estes
equipamentos para pessoas carentes ou instituições de caridades.

Reutilização de produtos ou componentes


A reutilização parcial ou completa de produtos ou componentes consiste na utilização de produtos
descartados para a criação de produtos novos e diferentes. Um circuito de antena transmissora FM, de
um produto X, pode ser reaproveitado para ser incorporado em um novo produto Y que necessita desta
função.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 187 26/06/2017 16:18:53


MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
188

Descarte especial
Na indústria eletrônica, as pilhas e as baterias são componentes bastante utilizados em equipamentos
e sistemas em geral, porém estes dispositivos são também agressivos à natureza quando são descartados
sem nenhum cuidado ou misturado com lixo comum. O composto químico das baterias é tóxico e não
biodegradável, portanto, quando lançado em lixões, estas substâncias se infiltram e contaminam os lençóis
freáticos.

Istock ([20--?])

Figura 114 -  Reciclagem de pilhas e baterias

Sabe-se que, existem muitos estabelecimentos que se responsabilizam na coleta seletiva de materiais
como pilhas e baterias, de modo que esse material seja descartado de forma apropriada.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou que existem relatórios técnicos específicos que auxiliam na gestão da
manutenção. Eles são amplamente utilizados na necessidade de tomadas quando da necessidade
de tomadas de decisão, sejam estas diretamente ligadas à manutenção ou não. Manter estas
informações é uma tarefa importante para garantir um registro sobre as atividades realizadas
em um equipamento, assim como para facilitar os serviços que possam vir a ser realizados em
equipamentos com defeitos similares.
No âmbito da segurança do trabalho, foram apresentadas as normas técnicas que regem a
atividade do técnico em eletrônica, os riscos envolvidos no processo e os equipamentos de
proteção individual e coletivos que devem ser utilizados durante as intervenções para fins de
manutenção, de acordo com o grau de risco avaliado. Assim, por meio destes conceitos estudados,
você terá a oportunidade de avaliar se a proteção oferecida pela empresa atende ao necessário
para a execução da atividade a ser realizada.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 188 26/06/2017 16:18:54


4 ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DA MANUTENÇÃO
189

Por fim, foi explanado sobre a importância da preocupação com o meio ambiente no processo
de manutenção, também foram apontadas as formas com que a degradação interfere nas nossas
vidas, quais as normas envolvidas no sistema de gestão ambiental e as iniciativas que já vem sendo
adotadas para minimizar possíveis impactos, seja através da reutilização de materiais eletrônicos,
como do descarte consciente destes.
Esses conceitos ajudarão você a realizar registros de defeitos e falhas detectadas e as ações tomadas,
além de elaborar o relatório técnico da manutenção executada, relatórios de desempenho de
circuitos, dispositivos e equipamentos, inclusive por meio eletrônico.
Agora, você está apto para elaborar relatórios prevendo as necessidades de manutenção em função
das características do sistema, permitindo que você execute a manutenção de circuitos eletrônicos
considerando os aspectos ambientais, de saúde e segurança do trabalho.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 189 26/06/2017 16:18:54


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 190 26/06/2017 16:18:54
REFERÊNCIAS

ALTIUM LIMITED. ALTIUM PDF Learning Guides. 2014. Disponível em: <http://zip.net/bhtyVx>.
Acesso em: 15 dez. 2016.
APEX TOOL GROUP, LLC. Weller Catalog. 2011. Disponível em: <http://www.apexhandtools.com/
weller/pdfs/weller%20catalog.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão.
Disponível em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-publicacoes/abnt>. Acesso em: 10
dez. 2016.
BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10: Segurança em instalações e serviços em
eletricidade. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-10-
atualizada-2016.pdfhttp://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-10-atualizada-2016.
pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.
______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 12: Segurança no trabalho em máquinas e
equipamentos. Disponível em: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-
12atualizada2015II.pd<fhttp://acesso.mte.gov.br/main.jsp?lumPageId=FF8080812BD60D31012BD
87C18076B5C&query=nr+12>. Acesso em: 10 out. 2016.
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO DO PARANÁ. Qual a diferença entre verificação
e calibração? (200?). Disponível em: <http://www.ipem.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=52>. Acesso em: 10 dez. 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Conheça o Inmetro. 2012.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/>. Acesso em: 10 dez. 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA (Inmetro). Vocabulário
Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012).
2012. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. Acesso
em: 10 dez. 2016.
POWERSIM INC. PSIM User’s Guide. Version 10.0. Release 5. ed. 2016. Disponível em: <https://
powersimtech.com/drive/uploads/2016/06/PSIM-User-Manual.pdfhttps://powersimtech.com/
drive/uploads/2016/06/PSIM-User-Manual.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2016.
POWERSIM INC. Faça o download do PSIM agora. Disponível em: <https://powersimtech.com/try-
psim/>. Acesso em: 13 dez. 2016.
QUEVEDO, Carlos Peres. Circuitos elétricos e eletrônicos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 191 26/06/2017 16:18:54


STMICROELECTRONICS GROUP OF COMPANIES. STMicroelectronics. LM111-LM211-LM311 -
Voltage comparator with strobe. 2006. Disponível em: <http://www.st.com/content/ccc/
resource/technical/document/datasheet/2d/22/50/0e/7e/39/43/64/CD00001072.pdf/files/
CD00001072.pdf/jcr:content/translations/en.CD00001072.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2016.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de
negócios focadas na realidade brasileira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
VIANA, Herbert Ricardo Garcia. PCM, planejamento e controle de manutenção. Rio de Janeiro:
Qualitymark Ed., 2002.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 192 26/06/2017 16:18:54


MINICURRÍCULO DOS AUTORES

DANIEL DE MEDEIROS PASSARELA


Graduado em Engenharia Eletrônica, MBA em Gerenciamento de Projetos, pela Universidade
de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza, CE. Pós-graduando em Engenharia da Qualidade, pela SOCIESC,
Joinville, SC. Atuou por cerca de dez anos em Manutenção de Informática e Eletrônicos, como
profissional liberal. Em seguida, ingressou como estagiário na Empresa Atlanta Tecnologia de
Informação, especialista em eletroeletrônicos e equipamentos de inteligência para rodovias (ITS).
Como Engenheiro e Coordenador de Manutenção em Eletrônica, atuou na empresa Fotosensores
Tecnologia Eletrônica. Também atuou como Engenheiro em Eletrônica, Coordenador de Projetos
e Gerente de Processos, na Empresa Trana Tecnologia LTDA. Possui experiência internacional na
África, Ásia e Oceania no mesmo ramo, retornando ao Brasil em 2010. Atua como docente na área
de Eletrônica, no SENAI/SC - Jaraguá do Sul, desde 2014. Em 2015, fez parte da equipe EAD, de
Desenvolvimento de Materiais Didáticos, no Projeto Mobile Learning. Em 2016, integra a equipe EaD
de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como Conteudista e Revisor Técnico do Curso Técnico
em Eletrônica.

EDSON JOÃO LORENCETTI


Graduado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestrando em
Engenharia Elétrica, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Possui experiência no
desenvolvimento de sistemas embarcados para rastreamento de veículos e sistemas integrados
de táxi, utilizando rede GPRS (Taxi-Pró), pela empresa System Track (Curitiba - PR). Desde 2013
é pesquisador, no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletroeletrônica (Jaraguá do Sul – SC), onde
já realizou atividades relacionadas à conversão de um veículo convencional para tração elétrica,
projetos em energia fotovoltaica, conversores eletrônicos para tração elétrica. Atualmente trabalha
no desenvolvimento de circuitos eletrônicos de interrupção de corrente contínua para embarcações
navais.

PAULO PEREIRA
Graduado em Tecnologia em Eletroeletrônica pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2007).
Graduado em Formação Pedagógica para Formadores Educação Profissional, pela Universidade do
Sul de Santa Catarina (2010). Mestrando em Engenharia Elétrica, na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC), na área de Tração Elétrica. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com
ênfase em Eletrônica Industrial. Participou do projeto de conversores para periféricos de veículos
leves, ônibus elétrico e trem elétrico. Atualmente é pesquisador no Instituto SENAI de tecnologia
em eletroeletrônica e integra a equipe EaD de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como
Conteudista do Curso Técnico em Eletrônica.

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 193 26/06/2017 16:18:54


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 194 26/06/2017 16:18:54
ÍNDICE

A
AMPOP 63, 97
Antiestática 39, 40, 41, 42, 120, 124, 125
Aterramento 38, 39, 40, 41, 121, 176, 177

C
Campo elétrico 38, 41
CAN 103
Carga elétrica 36, 38, 41

D
Datasheet 60, 61, 63, 85, 99, 100, 109, 116, 192

E
Embalagem antiestática 39, 42
Estação de retrabalho 121, 122, 123, 124, 132

G
Gestão 31, 129, 168, 169, 170, 171, 172, 184, 185, 188, 189, 191, 192
Ground 151

L
LED 97, 105

M
MOSFET 41, 73, 157

P
PTH 49, 50, 77, 78, 110, 112, 113, 114, 115, 117, 118, 120, 121
PWM 105

R
RMS 152, 154

S
SMD 49, 50, 54, 75, 110, 112, 113, 118, 119, 120, 121, 122, 123

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 195 26/06/2017 16:18:54


T
Técnica 197
Temperatura 21, 22, 23, 25, 28, 31, 32, 47, 50, 53, 56, 76, 77, 78, 109, 110, 112, 113, 114, 118, 121,
123, 124, 159, 175

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 196 26/06/2017 16:18:54


SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor Técnico

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Daniel de Medeiros Passarela


Edson João Lorencetti
Paulo Roberto Pereira Júnior
Elaboração

Daniel de Medeiros Passarela


Revisão Técnica

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Ana Balbina Madeira de Oliveira


Design Educacional

Ana Balbina Madeira de Oliveira


Revisão Ortográfica e Gramatical

Andressa Vieira
Patricia Marcilio
Rosimeri Likes
Sabrina da Silva Farias
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens

João Carlos Evaristo Guedes Nunes


Joel Nunes
Rhavi Gonçalves de Borba
Rosano Daniel Nunes
Sergio Andolfo
Comitê Técnico de Avaliação

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 197 26/06/2017 16:18:54


Ellen Cristina Ferreira
Patricia Marcilio
Scheila Andrea Sabel de Souza
Diagramação

Ana Balbina Madeira de Oliveira


Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14/752
Ficha Catalográfica

iStock
Banco de imagens

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 198 26/06/2017 16:18:54


Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 199 26/06/2017 16:18:54
Manutencao de Sitemas Eletronicos.indb 200 26/06/2017 16:18:54

Você também pode gostar