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SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

REFRIGERAÇÃO
E CLIMATIZAÇÃO
RESIDENCIAL
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

REFRIGERAÇÃO
E CLIMATIZAÇÃO
RESIDENCIAL
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

REFRIGERAÇÃO
E CLIMATIZAÇÃO
RESIDENCIAL
© 2016. SENAI – Departamento Nacional

© 2016. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491r

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional


Refrigeração e climatização residencial / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2015.
89 p. : il. ; 30 cm. - (Série refrigeração e climatização)

Inclui índice e bibliografia


ISBN 978-85-505-0027-0

1. Refrigeração. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.


Departamento Regional de Santa Catarina II. Título. III. Série.

CDU: 621.56

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Refrigerador à base de gelo......................................................................................................................15
Figura 2 - Circuito de refrigeração com compressão mecânica de vapor....................................................16
Figura 3 - Diagrama P-h do ciclo de refrigeração ideal por compressão mecânica de vapor...............17
Figura 4 - Refrigerador convencional .......................................................................................................................19
Figura 5 - Congelador de um refrigerador com tecnologia frost free............................................................19
Figura 6 - Refrigerador especial – duplex ................................................................................................................20
Figura 7 - Refrigerador especial – Side by side......................................................................................................21
Figura 8 - Freezer horizontal.........................................................................................................................................22
Figura 9 - Bebedouro por pressão..............................................................................................................................23
Figura 10 - Bebedouro com garrafão.........................................................................................................................24
Figura 11 - Refresqueira / suqueira.............................................................................................................................25
Figura 12 - ACJ – condicionador de ar tipo janela................................................................................................26
Figura 13 - Split-system tipo Hi-wall..........................................................................................................................27
Figura 14 - Unidade condensadora de um climatizador de ar residencial...................................................28
Figura 15 - Exemplos de compressores alternativos para refrigeração doméstica...................................30
Figura 16 - Simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas....37
Figura 17 - Diagrama elétrico de um refrigerador residencial..........................................................................39
Figura 18 - Diagrama elétrico de um refrigerador duplex residencial...........................................................42
Figura 19 - Diagrama elétrico de um climatizador residencial.........................................................................44
Figura 20 - Diferentes ambientes com conforto térmico adequado..............................................................48
Figura 21 - Conjunto........................................................................................................................................................61
Figura 22 - Alicate amperímetro..................................................................................................................................62
Figura 23 - Orientações para instalação da mangueira de dreno em sistemas de climatização
residenciais...................................................................................................................................................67

Tabela 1 - Relação entre o volume do ambiente e calor absorvido.................................................................52


Tabela 2 - Relação entre área de janelas do ambiente e calor absorvido......................................................52
Tabela 3 - Relação entre número de pessoas e calor gerado.............................................................................53
Tabela 4 - Relação entre área de porta e calor absorvido....................................................................................53
Tabela 5 - Relação entre potência nominal e calor gerado.................................................................................54
Sumário
1 Introdução........................................................................................................................................................................11

2 Sistemas de refrigeração e climatização residencial..........................................................................................13


2.1 Histórico e princípios básicos..................................................................................................................14
2.2 Tipos de sistemas de refrigeração..........................................................................................................18
2.2.1 Refrigeração residencial..........................................................................................................18
2.2.2 Climatização residencial..........................................................................................................25
2.3 Componentes de um sistema de refrigeração e climatização residenciais............................27
2.3.1 Componentes mecânicos.......................................................................................................27
2.3.2 Componentes eletromecânicos...........................................................................................29
2.3.3 Componentes eletroeletrônicos ..........................................................................................31

3 Diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais..........................................35


3.1 Simbologia dos diagramas elétricos.....................................................................................................36
3.2 Exemplos de diagramas elétricos..........................................................................................................38

4 Noções sobre conforto térmico e carga térmica.................................................................................................47


4.1 Conforto térmico..........................................................................................................................................48
4.2 Metabolismo humano................................................................................................................................48
4.3 Formas de transmissão de calor do corpo humano........................................................................49
4.4 Carga térmica ...............................................................................................................................................50
4.4.1 Cargas externas..........................................................................................................................50
4.4.2 Cargas internas...........................................................................................................................51
4.5 Cálculo simplificado e seleção de equipamentos............................................................................51

5 Instalação e manutenção.............................................................................................................................................59
5.1 Instalação........................................................................................................................................................60
5.1.1 Ferramentas e equipamentos ..............................................................................................60
5.1.2 Sistemas de refrigeração residenciais.................................................................................62
5.1.3 Sistemas de climatização residenciais................................................................................64
5.2 Falhas e testes elétricos.............................................................................................................................69
5.3 Manutenção...................................................................................................................................................71
5.4 Planejamento da manutenção................................................................................................................75
5.4.1 Manutenção preventiva..........................................................................................................75
5.4.2 Manutenção corretiva..............................................................................................................77
5.5 Orientações para prevenção de acidentes.........................................................................................80
5.5.1 Sinalizações de segurança......................................................................................................80
5.5.2 Prevenção e combate a incêndio: conceito e importância de PPCI........................81
5.5.3 Programa de prevenção contra os riscos ambientais (PPRA): (conceito,
finalidades)...................................................................................................................................81
5.6 Conceitos de organização e disciplina no trabalho: tempo, compromissos e atividades.82
5.6.1 Organização de ambientes de trabalho............................................................................82
5.6.2 Princípios de organização.......................................................................................................82
5.6.3 Organização de ferramentas e instrumentos..................................................................83
5.6.4 Organização do espaço de trabalho...................................................................................83
5.7 Ética...................................................................................................................................................................84
5.7.1 Código de ética profissional..................................................................................................84
5.7.2 Senso moral.................................................................................................................................85
5.7.3 Consciência moral.....................................................................................................................85
5.8 Cultura, história e dilema..........................................................................................................................86
5.9 Cidadania........................................................................................................................................................86
5.10 Comportamento social............................................................................................................................86
5.11 Direitos e deveres individuais e coletivos.........................................................................................87
5.12 Valores pessoais e universais.................................................................................................................87
5.13 Impacto da falta de ética ao país: pirataria, impostos..................................................................88

Referências...........................................................................................................................................................................91

Minicurrículo dos autores...............................................................................................................................................93

Índice.....................................................................................................................................................................................95
Introdução

Prezado aluno.
Seja bem-vindo à Unidade Curricular Refrigeração e Climatização Residencial. Nesta
unidade, você irá desenvolver capacidades técnicas relacionadas ao funcionamento, instalação,
operação e manutenção de sistemas de refrigeração e climatização residencial, assim como
as capacidades sociais, organizativas e metodológicas de acordo com as normas técnicas,
ambientais e de saúde e segurança no trabalho.
Inicialmente, serão discutidos temas relacionados aos conceitos básicos em refrigeração e
climatização residencial que proporcionarão os conhecimentos substanciais sobre os assuntos
que norteiam os próximos capítulos.
No terceiro capítulo, serão abordadas informações e orientações acerca da interpretação
de diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais, que são
fundamentais para o entendimento rápido e funcional dos sistemas em questão.
Passando para o quarto capítulo, questões sobre conforto e carga térmica serão levantadas
para proporcionar a você, a capacidade de cálculo da carga térmica em um determinado
ambiente residencial, de maneira a possibilitar a escolha do sistema de climatização adequado
aos diversos tipos de ambiente.
Na sequência, o quinto capítulo traz conceitos e orientações sobre os principais aspectos
relacionados à instalação dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais mais
representativos do mercado, enfatizando as ferramentas e equipamentos mais utilizados para
tal atividade. Questões sobre o planejamento de manutenção para determinados sistemas,
orientações sobre prevenção de acidentes e organização e ética no trabalho, também serão
exploradas. E com o aproveitamento dos capítulos, você terá conhecimento amplo sobre os
aspectos básicos relativos à instalação e manutenção de sistemas de refrigeração e climatização
residenciais.
Para dar início aos estudos, acompanhe a explanação dos conceitos fundamentais de um
sistema de refrigeração e climatização residencial. Siga em frente e bons estudos!
Sistemas de Refrigeração e Climatização
Residencial

Dentre os diversos setores da indústria que influenciam no cotidiano da sociedade, dois que
se destacam: a refrigeração e a climatização residencial.
Os sistemas de refrigeração e climatização estão presentes na maioria das residências com
acesso à rede elétrica, por exemplo, para armazenamento e condicionamento de alimentos
(refrigeradores) ou climatização de ambientes (condicionadores de ar). Pesquisas (IBGE, 2013),
mostram que no biênio 2012/2013, 97,2% dos 57.492.895 de domicílios particulares brasileiros
possuíam, ao menos, um refrigerador. Dessa maneira, percebe-se o enorme mercado
relacionado à produção, comércio, instalação e manutenção de sistemas de refrigeração
residencial.
Assim, como descrito na introdução, o objetivo geral desta Unidade Curricular é que
você, ao final, seja capaz de identificar, analisar e realizar diversas atividades relacionadas à
refrigeração e climatização residencial. No entanto, para se atingir o objetivo geral, deve-se
atender a alguns objetivos específicos previstos e contidos neste capítulo, de forma adquirir
breve histórico e conceitos iniciais sobre os diferentes tipos de sistemas de refrigeração e
climatização residenciais, assim como instruir sobre os diferentes componentes aplicados
nestes sistemas.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará capacitado a:
a) identificar os diferentes tipos de sistemas aplicados em refrigeração e climatização
residencial e seus componentes mecânicos e elétricos.
Continue com seus estudos. Na próxima seção, histórico e princípios básicos relacionados
ao tema, serão abordados.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
14

2.1 HISTÓRICO E PRINCÍPIOS BÁSICOS

Durante muito tempo, a utilização de gelo foi a solução encontrada para se manter refrigerados
determinados ambientes ou alimentos perecíveis, visto que estes, sem o acondicionamento ideal, se
deterioravam rápido. Naquele momento, para a conservação de alimentos, utilizavam-se recipientes de
materiais isolantes para manter por mais tempo a temperatura desejada no interior do mesmo. Preenchia-
-se o fundo desse receptáculo com o alimento desejado e depois este era coberto, ou seja, complementava-
-se a parte superior do recipiente com gelo. Prática semelhante a que é utilizada atualmente com as caixas
térmicas, que são úteis para transportes em curtas distâncias de alimentos ou bebidas que se deseja manter
refrigerado.
No entanto, para a contínua refrigeração do objeto acondicionado no recipiente, também é necessária a
contínua reposição do gelo, porque quando o mesmo fica em contato com o calor do produto ou alimento,
ele acaba derretendo.
Até meados da primeira metade do século XIX, a reposição desse gelo era feita apenas com o produto
formado naturalmente (ALTHOUSE et al, 2004). Com a utilização de gelo natural, sua obtenção ficava restrita
à regiões onde a formação era fornecida continuamente ou em períodos específicos do ano, ou seja, em
países tropicais, como o Brasil, não haveria essa possibilidade.
Mesmo em locais onde havia formação natural do gelo, a retirada e o transporte também era um
problema, visto que, especialmente naquela época, os meios de transporte não tinham técnicas e materiais
otimizados para o isolamento do gelo, de forma que grande parte já chegava derretida ao seu destino.
Com essa problemática relativa à obtenção do gelo de forma natural, pensou-se em formas de obtê-
-lo de maneira artificial, ou seja, produzir gelo. Foram então desenvolvidas centrais de produção de gelo
artificial em alguns países, com destaque para os Estados Unidos e a Alemanha. Até o início do século
XX, essas centrais de produção de gelo artificial se desenvolveram melhorando o rendimento de seus
processos e as condições de trabalho de seus operários. No entanto, ainda havia o problema do transporte
da produção do gelo artificial da central até o usuário (SILVA, 2003).

Muito conhecida por suas engenhosidades em diferentes áreas do conhecimento,


a civilização egípcia também mostrou habilidade para enfrentar os problemas
CURIOSI relativos à refrigeração e climatização, em especial, devido a sua localização
geográfica, onde não havia qualquer possibilidade de formação natural de gelo.
DADES Para amenizar os problemas, eram utilizados recipientes de material poroso, como
o barro, preenchidos com água, de maneira que parte do líquido passava pela
porosidade do material e evaporava para o ambiente, refrescando o espaço em
questão e realizando a climatização.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
15

Apesar de todos os problemas relacionados, foi com a utilização de gelo (natural ou artificial) que se
esboçou o primeiro conceito de refrigerador convencional semelhante ao que se conhece hoje, utilizando
gelo dentro de um ambiente isolado, de maneira que o derretimento ou o que se chama também de
mudança de fase, absorvesse calor dos alimentos acomodados e prolongasse seu bom estado por mais
tempo. O gelo derretido escorria através de um dreno para fora do refrigerador. No esquema mostrado,
na figura a seguir, é possível observar a disposição desse primeiro conceito de refrigerador, semelhante ao
convencional da atualidade.

Gabriela Adratt (2016)

Figura 1 - Refrigerador à base de gelo


Fonte: do Autor (2015)

Na primeira metade do século XX, com o avanço das tecnologias disponíveis, se consolidou o
desenvolvimento de fluidos refrigerantes, e dessa forma, a utilização do gelo foi substituída por sistemas
de refrigeração e climatização, que utilizam em seus circuitos, esses tipos de fluidos.
De maneira resumida, são as mudanças de fase do fluido refrigerante, ao longo dos circuitos de
refrigeração e climatização, que possibilitam a retirada de calor do ambiente que se deseja refrigerar ou
climatizar. Sendo, então, a utilização desses sistemas um dos principais meios aplicados para proporcionar
refrigeração e climatização residencial.

Em sites de fabricantes de sistemas de refrigeração e climatização residenciais você


SAIBA encontra mais informações sobre os fluidos refrigerantes, tais como, seu histórico
de desenvolvimento, tipos mais utilizados, características, cuidados relativos ao
MAIS transporte e armazenamento, entre outras informações. Disponível em: <Http://www.
clubedarefrigeracao.com.br/downloads/fluidofluido-refrigerantes>.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
16

É válido ressaltar que ao longo deste livro serão explicados alguns cuidados relativos ao manuseio e
utilização de fluidos refrigerantes.
Dessa forma, os sistemas de refrigeração e climatização que passaram a ser desenvolvidos e
comercializados com a utilização de fluidos refrigerantes em seus circuitos, ficaram conhecidos como
sistemas de compressão mecânica de vapor (DOSSAT, 2007). Como já citado anteriormente, é através das
mudanças de fase do fluido refrigerante, que ocorre a transferência de energia térmica na forma de calor,
do ambiente que se deseja resfriar para outro ambiente em uma maior temperatura.
Para que essa transferência de energia térmica na forma de calor ocorra e o ambiente desejado seja
refrigerado ou climatizado é necessária a utilização de circuitos de refrigeração.
De maneira simplificada, esses circuitos podem ser compreendidos como uma sequência de
equipamentos e dispositivos que atuam de forma conjunta, de modo a transferir calor e/ou energia
térmica de um ambiente a uma determinada temperatura para outro submetido a uma temperatura
maior (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). Com isso, percebe-se que esse é o comportamento inverso
da transferência natural de calor, onde a temperatura de um determinado ambiente diminui com a
transferência de calor deste para outro ambiente com uma temperatura menor.
Para que essa transferência de calor ocorra, há a necessidade de uma fonte externa de energia que
garanta que o circuito de refrigeração opere e as transferências de calor sejam realizadas. No decorrer dos
estudos, será apresentada essa fonte externa de energia.
Basicamente, os circuitos de refrigeração com compressão mecânica de vapor são compostos por
quatro elementos: compressor, condensador, dispositivo de expansão e evaporador (STOECKER; SAIZ
JABARDO, 2002), como esquematizado na figura a seguir, que demonstra como é o circuito de refrigeração
com compressão mecânica de vapor.

Ambiente quente
Qr
Alta pressão Alta pressão
Condensador
1
2

Pel
Dispositivo de
expansão Compressor

Ambiente frio
3 4
Evaporador
Baixa pressão Baixa pressão
Qa

Legenda:
Pel: potência elétrica
Qr: calor rejeitado
Gabriela Adratt (2016)

Qa: calor absorvido


1: descarga do compressor
2: saída do condensador
3: entrada do evaporador
4: sucção do compressor
Figura 2 - Circuito de refrigeração com compressão mecânica de vapor
Fonte: do Autor (2015)
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
17

Outra maneira de demonstrar os mesmos pontos é através do diagrama P-h (Pressão-Entalpia1), o qual
pode ser observado na figura a seguir.

Qr
2 1

Qa
3 4 W in

h
Legenda:

Qr calor rejeitado para o meio


Qa calor absorvido do espaço a ser refrigerado
Win trabalho realizado pelo compressor sobre o fluido
4-1 compressão isentrópica em um compressor

Gabriela Adratt (2016)


1-2 rejeição de calor à pressão constante em um condensador
2-3 expansão isoentálpica em um dispositivo de expansão
3-4 absorção de calor à pressão constante em um evaporador
p pressão
h entalpia
Figura 3 - Diagrama P-h do ciclo de refrigeração ideal por compressão mecânica de vapor
Fonte: adaptado de Cengel; Boles, (2013)

Você pôde analisar o ciclo de refrigeração nas duas imagens e a sequência das etapas de refrigeração,
demonstradas tanto na figura de Circuito de refrigeração com compressão mecânica de vapor, como na
figura de Diagrama P-h do ciclo de Refrigeração Ideal por Compressão Mecânica de Vapor.
Você estudará uma descrição mais completa dos componentes relacionados aos sistemas de refrigeração
e climatização e seus circuitos, mais adiante, neste capítulo.
Observando a figura anterior, veja que no ponto 1, o fluido refrigerante encontra-se no estado de vapor
superaquecido devido à passagem pelo compressor e, por consequência, há a compressão.
Ao atravessar o condensador (trocador de calor a alta temperatura), o fluido refrigerante transfere
energia na forma de calor para um meio externo, que está em uma temperatura mais baixa em relação
a ele, e com isso, seu estado físico começa a ser alterado para uma mistura em estado saturado (vapor/
líquido) – ponto 2.
Ao passar pelo dispositivo de expansão, a pressão e a temperatura da mistura em estado saturado
(vapor/líquido) é diminuída pela restrição de passagem – ponto 3.

1 É uma grandeza termodinâmica de estado de um sistema que pode ser definida como o conteúdo energético global, ou seja, a
soma da energia química e da energia térmica.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
18

Após o ponto 3, o fluido refrigerante no estado saturado (vapor/líquido) em baixa pressão, atravessa o
evaporador (trocador de calor a baixa temperatura) e retira ou absorve calor do ambiente a ser resfriado.
Dessa maneira, o refrigerante, por ter absorvido a energia térmica do ambiente a ser resfriado, passa do
estado saturado (vapor/líquido) para apenas o estado de vapor e continua em baixa pressão.
No ponto 4, o fluido se encontra nas condições ideais para ser aspirado e comprimido novamente pelo
compressor. O ciclo então é repetido continuamente, conforme a necessidade.
Devido à diferença de temperatura proporcionada pelas mudanças do estado líquido ao de vapor, o
calor é retirado do ambiente que se deseja resfriar e por consequência, ocorre a queda de temperatura do
mesmo.
As temperaturas de evaporação e de condensação de um circuito de refrigeração dependem do tipo
e quantidade de fluido refrigerante utilizado e dos níveis de pressão praticados ao longo do circuito,
conforme a necessidade de cada aplicação específica.
Com o conteúdo apresentado e estudado até o momento, foi possível conhecer um breve histórico dos
sistemas de refrigeração e climatização, assim como entender seus princípios básicos de funcionamento,
em especial do sistema por compressão mecânica de vapor que é um dos mais utilizados atualmente
tanto para refrigeração quanto para climatização residencial. Continue com seus estudos. Na próxima
seção, serão abordados os tipos de sistemas de refrigeração.

2.2 TIPOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO

Neste item, serão mostrados os diferentes sistemas de refrigeração e climatização residenciais, de


maneira que será possibilitada, ao final desse estudo, a identificação de cada um deles.

2.2.1 REFRIGERAÇÃO RESIDENCIAL

Para melhor compreensão, serão abordados separadamente os principais sistemas de refrigeração e


climatização residenciais. Conheça-os na sequência.

Refrigerador convencional: é o modelo mais tradicional e possui apenas uma porta. Geralmente, é
o modelo mais barato de cada fabricante e dispõe de congelador acoplado na parte superior do próprio
gabinete interno.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
19

Veja, na figura a seguir, um modelo de refrigerador convencional.

Tomasz Trojanowski (2016)


Figura 4 - Refrigerador convencional
Fonte: Thinkstock (2015)

Além disso, normalmente, o degelo nesse tipo de refrigerador é realizado pelo usuário e de maneira
manual. Com a utilização e a consequente formação de gelo devido à condensação da umidade, se faz
necessário desligar o mesmo e aguardar o derretimento do material formado.

Refrigerador frost free – “livre de gelo”: os refrigeradores que têm essa tecnologia realizam de
forma automática e periódica o degelo das camadas que se formam, conforme a necessidade do próprio
refrigerador. Neste caso, assim como no refrigerador convencional, o gelo é formado nas paredes e no
próprio evaporador com a diferença que, para esse modelo de refrigerador, de tempos em tempos é
acionada uma resistência de degelo para derreter todo o material formado. Dessa forma, não há acúmulo
e o líquido resultante do derretimento é drenado para uma bandeja alocada sobre o compressor que, por
aquecimento decorrente da operação do mesmo, propicia a evaporação, e então o líquido é eliminado.
Veja as figuras a seguir que demonstram um modelo de refrigerador convencional e um com a tecnologia
frost free.
PhonlamaiPhoto e sutichak ([20--?])

Figura 5 - Refrigerador convencional e refrigerador com tecnologia frost free


Fonte: Thinkstock (2015)
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
20

No entanto, toda essa praticidade dos refrigeradores frost free leva ao maior custo de produção e
consumo elétrico, se comparados com os refrigeradores convencionais.

Refrigeradores especiais: são modelos, geralmente com a tecnologia frost free, mas adaptados para
alguma necessidade específica, acompanhe.
a) Duplex: são aqueles que possuem duas portas, sendo a inferior destinada ao gabinete do refrigerador
e a superior ao freezer. Indicados para quem necessita de um freezer separado do refrigerador, mas
não tem espaço ou condição financeira para adquirir um aparelho exclusivo de congelador e freezer
horizontal ou vertical.
Quando comparados com os refrigeradores convencionais, apresentam maior consumo elétrico. Veja a
figura a seguir, que demonstra um modelo de refrigerador especial – duplex.

Abstractdesignlabs (2016)

Figura 6 - Refrigerador especial – duplex


Fonte: Thinkstock (2015)

Nesse estilo de refrigerador, é comum que possuam algumas funções eletrônicas, para caracterizar o
produto e dar mais comodidade às diversas situações do dia a dia.

b) Side by side– “lado a lado”: geralmente, possui maior espaço disponível para acomodação de
alimentos quando comparados aos outros tipos, tanto para o refrigerador quanto para o freezer
(geralmente, a porta mais larga é o refrigerador e a mais fina é o freezer). Indicado para pessoas que
necessitam de maior espaço para armazenar alimentos, sem abrir mão de questões estéticas, pois o
design desse tipo de refrigerador é mais elaborado, ou para situações em que não há espaço para as
duas unidades em separado. Quando comparados com os refrigeradores convencionais, apresentam
maior consumo elétrico, mas geralmente, possibilitam algumas facilidades para o usuário, tais como
reservatório para retirada de água gelada e de cubos de gelo na porta.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
21

Veja na figura a seguir um modelo de refrigerador especial – Side by side.

Grassetto ([20--?])
Figura 7 - Refrigerador especial – Side by side
Fonte: Thinkstock (2015)

Neste estilo de refrigerador, também é comum algumas funções eletrônicas, para caracterizar o produto
e dar mais comodidade às diversas situações do dia a dia.

c) Freezer vertical: semelhante externamente a um refrigerador convencional, o freezer vertical


é indicado para quem precisa de maior espaço para manter produtos congelados e que não foi
atendido com os espaços fornecidos, por exemplo, por um refrigerador duplex ou side by side.
Também indicado para os alimentos que necessitam ser mantidos em menores temperaturas (na
faixa de -20°C), que não são alcançadas nos congeladores dos refrigeradores convencionais que
atingem temperaturas na faixa de -6°C. Ainda, permite rápido congelamento dos alimentos, pois
suas placas frias podem ficar em contato direto com os produtos.

d) Freezer horizontal: semelhante ao freezer vertical, no entanto, não possui prateleiras, de maneira
que há maior espaço útil para armazenamento de alimentos.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
22

Veja a seguir um modelo de um freezer horizontal.

Ppart ([20--?])
Figura 8 - Freezer horizontal
Fonte: Thinkstock (2015)

O seu uso requer os conhecimentos básicos na forma de manuseio, armazenamento de produtos e


condicionamento do equipamento para que sua eficiência não seja comprometida. Cada fabricante incluirá
em seu manual os cuidados com relação ao melhor aproveitamento do mesmo.

Muitas vezes utilizados para definir o mesmo dispositivo de refrigeração, congelador


e freezer são equipamentos diferentes. O congelador é aquele que está disponível
nos refrigeradores convencionais de uma porta, mantendo temperatura na faixa de
FIQUE -6°C. Por outro lado, os freezers são aqueles que possuem unidade própria (freezer
ALERTA vertical ou horizontal) ou são separados dos refrigeradores especiais, como os
duplex ou side by side. É importante destacar que os freezers mantêm temperaturas
na faixa de -20°C e apresentam vantagem quando se necessita congelar
determinados alimentos por maiores períodos.

Bebedouros: são equipamentos destinados a fornecer líquidos, geralmente água potável, resfriados
a uma temperatura ideal para o consumo. No caso dos bebedouros residenciais, há três principais tipos:
pressão, garrafão e Peltier. Confira a seguir.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
23

Pressão: são aqueles que liberam a passagem do líquido desejado para o consumidor e é facultativa a
utilização de algum tipo de recipiente para retirada do líquido. São conectados a uma fonte externa, por
exemplo, uma torneira que fornece passagem contínua de água. Veja, a seguir, um modelo de bebedouro
por pressão.

Jupiterimages ([20--?])

Figura 9 - Bebedouro por pressão


Fonte: Thinkstock (2015)

A sua praticidade é muito grande, porém, não dispensa correta higienização e correta instalação, para
que não ocorram vazamentos e o jato de água seja apropriado ao uso.
Possuem diferentes tamanhos de reservatórios para manter o líquido acondicionado na temperatura
ideal, de forma a se adequar às necessidades de diferentes residências, seja pelo número de pessoas que o
utiliza ou pela frequência e intensidade de uso. Ainda, permitem ajuste de temperatura e são dotados de
circuito de refrigeração básico com compressão mecânica de vapor, para refrigeração dos fluidos e filtros
internos usados para filtrar impurezas do líquido que será disponibilizado.
Garrafão: assim como os equipamentos por pressão, possui circuito de refrigeração básico com
compressão mecânica de vapor para refrigeração e libera a passagem do líquido desejado, na temperatura
escolhida, quando acionado. Geralmente, possui torneiras para facilitar a retirada do líquido com copos ou
garrafas e apresenta a necessidade da troca dos garrafões, conforme o consumo.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
24

Veja a seguir um modelo de um bebedouro de garrafão.

nikkytok ([20--?])
Figura 10 - Bebedouro com garrafão
Fonte: Thinkstock (2015)

A sua praticidade é uma referência, porém, não dispensa correta higienização e correto manuseio, para
que não ocorram vazamentos.
Peltier: também conhecidos como bebedouros eletrônicos, não possuem circuito de refrigeração por
compressão mecânica de vapor e sim, pastilhas termoelétricas do tipo Peltier no lugar do compressor.
Basicamente, o efeito Peltier concede que a energia na forma de calor seja retirada do líquido que se
deseja resfriar e que a mesma seja transferida e dissipada através de um dissipador de calor, que geralmente
está acoplado a um cooler2. Esse processo permite a refrigeração do líquido desejado.
Indicado para situações onde o consumo não é elevado, visto que sua capacidade de refrigeração
é substancialmente menor do que a dos bebedouros que se utilizam de circuitos de refrigeração com
compressor. Por outro lado, geralmente são mais baratos se comparados com os outros tipos de bebedouros.
Sua alimentação também é feita através de garrafões.
Fabricador de gelo em cubo: equipamento utilizado para rápida produção de cubos de gelo. Geralmente,
possui circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor e dispõe de dois espaços distintos: um
reservatório de água para preparar o líquido e deixá-lo nas condições ideais para ser transformado em gelo
e outro, justamente para acomodar e manter o gelo já produzido.

2 Geralmente se refere ao sistema de arrefecimento de determinado dispositivo, em que, usualmente, se utiliza uma ventoinha e o
próprio ar como meio de retirar calor do dispositivo que se deseja resfriar.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
25

Refresqueiras/suqueiras: são reservatórios destinados a manter determinados líquidos, de alta ou


baixa densidade, na temperatura ideal de consumo. Há diferentes modelos, desde os mais simples, que
não possuem circuito de refrigeração e se utilizam de reservatórios separados para utilização de gelo para
que se consiga manter a temperatura ideal do líquido, até os mais sofisticados, que além de possuírem
circuito de refrigeração por compressão mecânica de vapor, dispõem, por vezes, de pás de plástico que se
movimentam para manter o líquido misturado. Veja um modelo a seguir.

Gautier Willaume ([20--?])


Figura 11 - Refresqueira / suqueira
Fonte: Thinkstock (2015)

A sua praticidade é muito grande, porém não dispensa precisa higienização. É importante fazer a
instalação do equipamento corretamente para que não ocorram vazamentos e/ou interrupção no uso.

2.2.2 CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL

Uma das definições mais aceitas de climatização residencial refere-se a um conjunto de meios e artifícios
para permitir manter e monitorar, em um ambiente fechado, as condições adequadas ou desejadas de
umidade, temperatura, qualidade e movimentação do ar.
Nos dias atuais, com o avanço das tecnologias disponíveis no campo da climatização residencial e maior
acesso à compra de produtos que usufruem dessas tecnologias, o número destes equipamentos cresce a
cada dia e eles estão cada vez mais presentes na casa dos brasileiros.
Na sequência, serão apresentados os principais produtos utilizados, atualmente, para climatização
residencial.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
26

a) ACJ – Condicionador de ar tipo janela: antigamente, era o modelo mais vendido e utilizado
em residências. Deve ser instalado em uma abertura na parede, que tenha as suas dimensões.
Ocasionalmente, por restrições de espaço, também são instalados em aberturas feitas em janelas;
mas este tipo de instalação não é a recomendada, pois amplifica as vibrações provenientes do
conjunto do ACJ.
Possuem, na sua estrutura, todos os elementos básicos do circuito de refrigeração por compressão
mecânica de vapor, e por essa razão, são relativamente mais ruidosos quando comparados com os
tipos mais atualizados de climatizadores residenciais (tipo Split). Os modelos mais recentes dos ACJ
dispõem de controle digital de temperaturas e controle remoto.
Veja o modelo, a seguir, de um condicionador de ar tipo janela.

Antonio Mees (2016)

Figura 12 - ACJ – condicionador de ar tipo janela


Fonte: Elgin (2016)

b) Split-system tipo Hi-wall: são os modelos mais atuais, do ponto de vista tecnológico, com novas
soluções que proporcionam maior economia de energia elétrica, como é o caso dos modelos
“inverter”. Esse modelo de condicionador de ar utiliza compressores de velocidade variável e são
superiores do ponto de vista estético, pois são mais discretos, mais silenciosos e ocupam menor
espaço se comparados aos modelos ACJ.
Ao contrário dos ACJ, os chamados Split possuem duas unidades de trabalho: a evaporadora e a
condensadora. A unidade evaporadora é aquela que fica dentro do ambiente a ser climatizado e é a
responsável por retirar calor dele. Já a unidade condensadora, é responsável por realizar a dissipação
do calor retirando-o para o ambiente externo, onde fica instalada. Por fim, as duas unidades são
conectadas por tubulações, por onde passam o fluido refrigerante e o lubrificante (óleo), além das
conexões elétricas.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
27

Veja o modelo a seguir de um condicionador de ar Split-system tipo Hi-wall.

nicomenijes ([20--?])
Figura 13 - Split-system tipo Hi-wall
Fonte: Thinkstock (2015)

Novamente, quando comparados aos ACJ, os splits são mais eficientes por possuírem unidades separadas
e, dessa forma, a operação de uma, não interfere diretamente no funcionamento da outra, do ponto de
vista das trocas térmicas. Além disso, pelo fato de a unidade condensadora estar instalada externamente,
juntamente com o compressor e outros componentes ruidosos, o nível de barulho é consideravelmente
mais baixo no ambiente a ser climatizado.
Continue com seus estudos. Na próxima seção, será abordado sobre os componentes de sistemas de
refrigeração e climatização residenciais.

2.3 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS

Nesta seção, serão mostrados os principais componentes de um sistema de refrigeração e climatização


residencial. O conteúdo está organizado de forma que seu estudo possibilitará conhecimentos mais
detalhados da função de cada componente.

2.3.1 COMPONENTES MECÂNICOS

Os sistemas de refrigeração e climatização residenciais são compostos de componentes mecânicos,


eletromecânicos e eletroeletrônicos. Nesta subseção, serão abordados os componentes mecânicos.
a) Condensador: existem três principais tipos de condensadores aplicados em refrigeração e
climatização: resfriados a ar, a água e por processo evaporativo. No caso da refrigeração doméstica,
o que é amplamente utilizado é do tipo resfriado a ar. Nesse modelo, o fluido refrigerante, depois de
ter sua temperatura aumentada devido à compressão, inicia o processo de condensação, rejeitando
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
28

calor, através de uma superfície com aletas3 para o ar ambiente. Isso acontece de maneira natural ou
através de convecção forçada com a utilização de ventoinhas (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). No
caso de um refrigerador residencial, utilizam-se condensadores do tipo arame-sobre-tubo. Veja, a
seguir, o modelo de uma unidade condensadora de um climatizador de ar residencial.

sirichai_raksue ([20--?])
Figura 14 - Unidade condensadora de um climatizador de ar residencial
Fonte: Thinkstock (2015)

O conforto proporcionado é muito grande, porém não dispensa a correta instalação do equipamento
para que não ocorram vazamentos que possam comprometer sua eficiência.
b) Filtro secador: são utilizados para reter umidade e eventuais partículas sólidas nos circuitos de
refrigeração e climatização. As partículas sólidas podem inutilizar o sistema, causando desde
entupimentos em determinadas partes do circuito até danos permanentes ao compressor. Já a
umidade, pode ser algum resquício do processo de realização de vácuo no circuito, de maneira que
pode levar, por exemplo, à formação de corrosão ou entupimento do dispositivo de expansão. O
filtro secador geralmente é feito de aço ou ferro e possui, internamente na entrada, uma tela grossa
e na saída, uma tela mais fina, de maneira que ambas funcionam como uma espécie de peneira para
reter as partículas sólidas. Além disso, há matérias dessecantes para absorver a umidade.
c) Dispositivo de expansão: o dispositivo geralmente empregado em refrigeradores e climatizadores
residenciais é um tubo capilar (DOSSAT, 2007); (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). É simples, do ponto
de vista geométrico, pois nada mais é do que um tubo de cobre de pequeno diâmetro interno. O
tubo capilar é responsável pela atividade fundamental, que é o correto funcionamento do circuito de
refrigeração ou climatização. No caso, são separadas as linhas de alta e baixa pressão no circuito, de
maneira a permitir que o fluido refrigerante esteja nas condições ideais para passar pelo evaporador
onde é retirada a energia na forma de calor do ambiente que se deseja resfriar.

3 Superfícies adicionadas à tubulação para aperfeiçoar a transferência de calor e aumentar a eficiência do circuito de refrigeração
ou climatização.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
29

d) Evaporador: pode ser definido como o agente direto de resfriamento, constituindo a interface entre
o ambiente a ser refrigerado e o próprio circuito de refrigeração (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002).
A maioria dos evaporadores resfria ar ou líquidos, como por exemplo, água ou salmouras (DOSSAT,
2007); (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002).
Assim como os condensadores, no caso da refrigeração e climatização residencial, o tipo de
evaporador mais comumente utilizado resfria o ar e utiliza-se do fluido refrigerante do circuito de
refrigeração em seus tubos ou “serpentinas” (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002). Em função do baixo
coeficiente de transferência de calor por convecção nas situações em que o ar é utilizado como meio,
os tubos devem ser dotados de aletas, para reduzir essa deficiência (INCROPERA; DEWITT, 2008);
(STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002).

2.3.2 COMPONENTES ELETROMECÂNICOS

Após os estudos sobre os componentes mecânicos, nesta subseção, serão abordados os componentes
eletromecânicos.
a) Compressor: é o principal componente dos circuitos de refrigeração (STOECKER; SAIZ JABARDO,
2002). No contexto estudado, é o dispositivo responsável pela entrega da energia externa necessária
ao sistema, para que o fluido refrigerante circule e realize as trocas de calor necessárias para que re-
frigere o ambiente pretendido. Pode-se compreender que o compressor tem por função aumentar a
pressão do fluido na fase de vapor, levando-o de um estado de baixa para um estado de alta pressão.
Isso acontece através da realização de trabalho sobre o fluido, que proporciona aumento de sua
temperatura como efeito indesejado. Essa diferença de pressão provoca a movimentação do fluido
através da tubulação do circuito (DOSSAT, 2007).
Em refrigeração e climatização são utilizados praticamente todos os tipos de compressores:
alternativos, rotativos de parafuso, rotativos de palhetas e centrífugos. No entanto, os tipos mais
comuns de compressores em aplicações de até 1 MW (MW = megawatt = 106watt) são os alternativos
e os rotativos (STOECKER; SAIZ JABARDO, 2002).
Para a refrigeração doméstica, são utilizados compressores alternativos (STOECKER; SAIZ JABARDO,
2002). A lubrificação das partes móveis deste tipo de compressor é realizada por óleo de lubrificação,
no qual o fluido refrigerante é solúvel. Já para o caso da climatização residencial, geralmente são
utilizados compressores do tipo rotativo de palhetas, que apresentam menores níveis de vibração
quando comparados aos do tipo alternativo. Desta forma, são mais indicados para situações onde o
baixo nível de ruído é importante, como no caso dos condicionadores de ar residenciais (STOECKER;
SAIZ JABARDO, 2002).
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
30

Veja, a seguir, o modelo de um compressor para refrigeração doméstica.

Gabriela Adratt (2016)


Figura 15 - Exemplos de compressores alternativos para refrigeração doméstica
Fonte: Banco de imagens SENAI/SC – São José/Palhoça (2015)

Embora seja um equipamento muito resistente, há risco de que pessoas sem conhecimento e habilidade
manipulem os compressores de forma incorreta, ocasionando problemas no funcionamento como ruídos,
barulhos estranhos, superaquecimento, entre outras ocorrências.

Na internet você encontra mais informações sobre os princípios de funcionamento


SAIBA dos compressores, em especial do tipo alternativo. Disponível em: <http://embraco.
com/Default.aspx?tabid=71>. Ainda, para saber mais sobre a tecnologia inverter,
MAIS muito utilizada nos modelos mais atuais de climatizadores de ar residenciais, acesse:
<http://www.fujitsu-general.com/br/products/tecnologiainverter.html>.

b) Relés de partida: é o dispositivo responsável por permitir a partida no compressor, ligando e


desligando o enrolamento auxiliar do mesmo. No contexto estudado, na medida em que a corrente
elétrica aumenta de intensidade, cria-se um campo magnético no relé que proporciona o fechamento
de seus contatos, permitindo que seja energizada a bobina auxiliar do compressor, sendo ela a
responsável pela partida do mesmo. Após o início de funcionamento do compressor, a intensidade
da corrente diminui; desta forma, o relé abre seus contatos e a bonina auxiliar é desenergizada.
c) Dispositivos de proteção: no caso dos compressores, é também chamado de protetor térmico e
tem como função desligar e/ou desenergizar o compressor, caso ocorra um aumento súbito de sua
corrente elétrica ou quando a temperatura do mesmo se elevar a patamares não recomendáveis.
Geralmente acoplado à carcaça externa do compressor, junto ao relé de partida, funciona com a
utilização de duas chapas metálicas que, quando aquecidas a níveis não desejados, perdem contato
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
31

por possuírem diferentes coeficientes de dilatação térmica, de maneira a interromper a continuidade


na alimentação do compressor, ocasionando o desligamento.
d) Termostato mecânico: possui concepção semelhante a do protetor térmico na questão das chapas
metálicas. No caso, o aumento da temperatura dentro do gabinete do sistema de refrigeração dilata
o material das chapas metálicas, de modo a permitir o fechamento do contato, permitindo então,
que a corrente passe pelo circuito e energize o compressor. Posteriormente, assim que é atingida a
temperatura desejada, as placas perdem contato e o compressor é desenergizado.
e) Pressostatos: podem ser definidos como interruptores elétricos orientados pela pressão. Como é
de se supor, são sensíveis ao excesso de pressões e podem ter seus limites regulados através de
um conjunto de parafuso e mola. Podem ser utilizados como dispositivos de controle ou proteção.
Quando um limite de pressão é ultrapassado, abre-se o contanto elétrico e ocorre o desarme da
alimentação do equipamento. Há possibilidade de modelos com a capacidade de rearmar os
pressostatos de forma manual ou automática.
f) Chave seletora: basicamente, tem como função selecionar o contato que deve ser fechado, dentre
diversos componentes elétricos.
g) Válvulas solenoides: são modelos de válvulas acionadas eletricamente, utilizadas nos circuitos
de refrigeradores e climatizadores residenciais. Há modelos que, quando energizados, permitem a
passagem. Já outros, bloqueiam a passagem quando acionados.
h) Timers de degelo: são os responsáveis, nos refrigeradores com tecnologia frost free, por controlar
o tempo de atuação da resistência de degelo, responsável por derreter o material que se forma no
evaporador e em locais adjacentes.
i) Motoventilador: componente que tem como função auxiliar a movimentação de ar nos
compartimentos dos refrigeradores, além de potencializar o processo de descongelamento
automático para refrigeradores com tecnologia frost free.

2.3.3 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS

Já foram abordados os componentes mecânicos e eletromecânicos. Nesta subseção, serão abordados


os componentes eletroeletrônicos.
a) Termostato eletrônico: tem objetivo similar ao do termostato mecânico, ou seja, permitir que a
corrente energize, quando necessário, o compressor. A medição de temperatura é realizada por
sensores elétricos que enviam o sinal da medição para um circuito eletrônico, que é responsável
por permitir ou não a passagem de corrente para o compressor. Possibilita melhor controle da
temperatura, se comparado com os modelos mecânicos, além de permitir mais funcionalidades,
como por exemplo, a indicação em um display digital da temperatura interna do gabinete do sistema.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
32

b) Capacitores: são componentes capazes de armazenar cargas elétricas para auxiliar na partida ou no
funcionamento dos compressores utilizados nos sistemas de refrigeração e climatização residenciais.
É válido ressaltar que há modelos de compressores que utilizam tanto o capacitor de partida quanto
o de funcionamento, já outros utilizam apenas um deles. Por fim, há modelos que não utilizam
nenhum dos dois tipos de capacitores.
c) CPU (Unidade Central de Processamento) de refrigeradores e condicionadores de ar: é a placa
eletrônica que administra o funcionamento dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais.
É nela que está a maior parte da eletrônica abarcada no sistema, lembrando que equipamentos mais
modernos tendem a ter mais funções, o que sugere CPU’s mais complexas.

CASOS E RELATOS

Choque não intencional


A pequena empresa de Marcos, que fornece serviços de instalação e manutenção de sistemas de
refrigeração e climatização residenciais, sempre realizou bons serviços. No entanto, Marcos, durante
as manutenções, sempre levava choques elétricos ao entrar em contato com os capacitores, mesmo
quando eles estavam desconectados do sistema ou de conexões elétricas.
Ele nunca entendeu a causa e só depois de muitos choques resolveu pesquisar; descobriu que
os capacitores armazenam cargas elétricas que podem ocasionar descargas. Consequentemente,
começou a tomar mais cuidado e a seguir orientações para que os choques não ocorressem mais.
Depois dessa experiência, descobriu que é importante ter bastante conhecimento antes de executar
qualquer trabalho com componentes que utilizam energia elétrica, desta forma, diminuindo os
riscos de acidentes e danos aos equipamentos envolvidos.

É primordial que em todo o trabalho executado sejam considerados todos os fatores internos e externos
que possam interferir no bom funcionamento de um sistema de refrigeração e climatização residencial, e
também, na segurança individual.
2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
33

RECAPITULANDO

Ao longo deste capítulo, foram abordadas questões iniciais relativas aos conceitos básicos em
refrigeração e climatização residencial, desde o histórico dos sistemas, com destaque para o
desenvolvimento de soluções a partir da utilização dos fluidos refrigerantes e evolução das
técnicas; utilizando circuitos com compressão mecânica de vapor, perpassando os diferentes tipos
de sistemas de refrigeração e climatização residenciais até os principais componentes utilizados.
Com esses conhecimentos, ficará mais fácil e intuitivo para você reconhecer, em campo, os diferentes
sistemas de refrigeração e climatização residenciais, e desta forma, aplicar os procedimentos
necessários, que serão estudados mais à frente, juntamente com suas peculiaridades. O
mesmo vale para os diferentes tipos de componentes que, quando identificados, permitirão os
procedimentos relativos à detecção de falhas e técnicas de testes, assunto que também será
estudado posteriormente.
Dessa forma, com o final deste capítulo e o aproveitamento do mesmo, você está apto a explorar,
no capítulo seguinte, as questões relativas ao entendimento dos diagramas elétricos dos principais
sistemas de refrigeração e climatização residenciais em questão, desde sua simbologia até a
assimilação dos diagramas como um todo.
Bons estudos!
Diagramas Elétricos de Sistemas de
Refrigeração e Climatização Residenciais

Uma condição essencial para se entender o funcionamento deste tipo de sistema é a


interpretação de seus diagramas elétricos. Não apenas para compreender suas conexões ou
componentes, mas também para diagnósticos de eventuais problemas, auxílio à manutenção
e substituição de peças defeituosas.
Os diagramas elétricos são uma importante ferramenta para os profissionais da área e a
sua interpretação deve ser do domínio dos mesmos. Este capítulo tratará sobre os aspectos
relacionados à simbologia utilizada nos diagramas elétricos. Ao concluir os estudos deste
capítulo, você estará capacitado a:
a) Interpretar diagramas de sistemas de refrigeração e climatização residencial.
Portanto, conheça a seguir as principais simbologias e suas padronizações.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
36

3.1 SIMBOLOGIA DOS DIAGRAMAS ELÉTRICOS

Um diagrama qualquer nada mais é do que, basicamente, uma representação visual simplificada de
algo que se queira mostrar, de maneira rápida e objetiva, visando facilitar a compreensão do leitor. No
caso dos diagramas elétricos não é diferente: os mesmos são utilizados para mostrar as conexões e os
componentes utilizados em determinados sistemas.
Nesses diagramas, são utilizados símbolos gráficos que substituem, por exemplo, a necessidade de
desenhar cada componente do circuito com o aspecto real, o que seria uma tarefa árdua tanto para a
confecção dos diagramas quanto para o usuário e o leitor, que precisariam interpretar um esquema maior,
e por consequência, mais complexo.
A simbologia utilizada nesses diagramas deve ser a mais padronizada possível, de maneira que,
sabendo interpretar um diagrama elétrico de um refrigerador ou climatizador residencial de determinado
fabricante, deve-se, consequentemente, saber interpretar os diagramas de qualquer outro fabricante.
Além disso, com a padronização da simbologia utilizada, pode-se também facilitar a interpretação dos
diagramas de produtos fabricados em outros países.
Porém, há um revés: dentro das próprias normas que regulamentam a simbologia de cada país, há
diferenças na representação até de componentes básicos como resistores e capacitores, como relatado na
figura a seguir.

SIGNIFICADO ABNT DIN ANSI JIS IEC


COMPONENTES DE CIRCUITO
Gabriela Adratt (2016)
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

(a)
Resistor (b)
(c)
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Resistor com
derivações
Gabriela Adratt (2016)
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Indutor,
enrolamento,
bobina
3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS
37

SIGNIFICADO ABNT DIN ANSI JIS IEC


COMPONENTES DE CIRCUITO

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Indutor com
derivações

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Capacitor

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Capacitor com
derivações
Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

Gabriela Adratt (2016)


Gabriela Adratt (2016)

Capacitor + + + + +
+
eletrolítico

Figura 16 - Simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas


Fonte: Adaptado de Senai, (1996)

A figura simbologia de componentes básicos para diagramas elétricos de diferentes normas exemplifica
o que foi escrito anteriormente, que mesmo nas principais agências reguladoras de normas ao redor do
mundo, por exemplo, a alemã DIN (Deutsche Industrie Normen) ou a japonesa JIS (Japanese Industrial
Standards), há diferenças até em componentes de utilização básica.
Ainda, como principais agências reguladoras de normas, há a ANSI (American National Standards
Institute) proveniente dos Estados Unidos da América e a IEC (International Electrotechnical Commission),
cuja abrangência é internacional.

No Brasil, adota-se e se utiliza uma simbologia própria regulada pela ABNT


CURIOSI (Associação Brasileira de Normas Técnicas). No entanto, a simbologia relativa aos
DADES componentes elétricos é baseada em normas europeias. De modo que, quando
comparada com a norma americana, há algumas diferenças.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
38

Vale ainda destacar que, com a criação e a utilização de novos componentes em circuitos elétricos e
nos seus respectivos diagramas, por vezes, não há ainda uma simbologia definida para determinados
componentes ou orientação de alguma norma relacionada, o que leva geralmente, à criação de um novo
símbolo, mesmo que não normalizado, associado ao nome do componente nos diagramas para facilitar a
leitura e a interpretação.

SAIBA Para maiores e mais detalhadas informações sobre normas e orientações, nas mais
diferentes áreas do mercado brasileiro, consulte o site da ABNT: <http://www.abnt.
MAIS org.br/>.

Estude, a seguir, exemplos de diagramas elétricos.

3.2 EXEMPLOS DE DIAGRAMAS ELÉTRICOS

Os diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais geralmente acompanham


o produto, seja junto ao manual de instruções ou colado no equipamento, para facilitar e aperfeiçoar
futuras intervenções em seu circuito elétrico.
Em muitas oportunidades, o que se percebe é que os fabricantes não utilizam estritamente as normas
relativas às simbologias dos componentes elétricos e sim símbolos adaptados para o entendimento
rápido do leitor e dos profissionais da área. Os símbolos utilizados estão associados a nomes, letras ou
números que levam a tabelas com o nome do componente.
De posse dessas informações, pode-se iniciar o estudo, propriamente dito, para interpretação de
diagramas elétricos de sistemas de refrigeração e climatização residenciais.
3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS
39

A figura, a seguir, mostra um diagrama elétrico de um refrigerador.

DIAGRAMA ELÉTRICO
CN1: CN2:
A 2 2 1 2 H
10 5 2 2
10 7 1 3 3 J
o 4 3
N
10

10 3 3
B 10 M

2
D F
3
5/4

K
P
C/E
10
6

OPCIONAL
OPTIONAL
OPTIONNEL
9
Q
Nº Cor A Cordão de alimentação
B Protetor térmico NOMINAL MÍNIMO MÁXIMO
1 Preto
C Relé
2 Vermelho D Compressor
127V 104V 140V
3 Branco E PTC
Placa eletrônica 220V 198V 242V
4 Amarelo F
H Sensor temp. degelo 220V/230V 198V 253V
5 Verde
J Sensor temp. refr. 220V/240V 198V 264V
6 Marrom Motor ventilador fre.
M 230V(INDIA) 160V 260V
7 Laranja Termofusível
N
8 Rosa A
OPCIONAL

Gabriela Adratt (2016)


O Resistência degelo
9 Cinza
P Lâmpada refrigerador
10 Azul Interuptores E
K
11 Violeta
Q Capacitor marcha

Figura 17 - Diagrama elétrico de um refrigerador residencial


Fonte: adaptado de Consul (2015)
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
40

A figura anterior mostra um típico diagrama de um refrigerador, e sua compreensão norteará a leitura
de vários outros diagramas, quando necessário.
Para facilitar o seu entendimento, primeiramente, serão explicadas as informações gerais do diagrama
elétrico em questão:
b) as letras junto a cada componente do circuito indicam seus nomes, que estão na tabela que compõe
a figura;
c) os números junto a cada fio indicam a cor do mesmo, de forma a auxiliar na identificação de defeitos
e substituição de materiais defeituosos. A cor que representa cada número está disposta, igualmente,
na tabela;
d) há uma tabela no centro da figura indicando as tolerâncias aceitas para diferentes tensões nominais
de operação do refrigerador em questão. Por exemplo, caso o refrigerador tenha sua alimentação
nominal em 220 V, seu circuito poderá suportar variações provenientes da rede elétrica, sem danos
ao mesmo, entre 198 V até 242 V;
e) observe que existem três tabelas, com letras maiúsculas na coluna da esquerda, que denominam
que tipo de componente essa letra representa;
f ) há outra tabela, no centro da figura, indicando possíveis variações ou opcionais no circuito. Neste
caso, existe a possibilidade de variação em relação ao tipo do cordão de alimentação – A ou PTC1
(Positive Temperature Coefficient) – E;
g) ao lado do compressor – D existe a numeração 5/4 que indica o aterramento, conforme normas,
utilizando um fio verde – 5 e outro amarelo – 4;
h) percebe-se a possibilidade ou não de utilização do capacitor – Q, também conhecido como
capacitor de partida. É utilizado em compressores que usam motores elétricos e que necessitam de
alto torque de partida, seja para vencer a inércia ou para alguma aplicação específica definida pelo
projeto do motor.
Observe, para melhor entendimento da função do PTC, que com o aumento da temperatura, há uma
variação, também positiva, no valor de sua resistência.
É utilizado para permitir, ou não, a passagem de corrente para a bobina auxiliar do compressor,
ocasionando que, a partir de determinada temperatura, haja o aumento rápido de sua resistência.
De posse dessas informações, pode-se então passar para a identificação das representações das letras e
a função desses itens, que são questões do diagrama elétrico do refrigerador residencial estudado:
a) a placa eletrônica – F é a responsável por centralizar e realizar o controle definido pelo projeto
da própria placa e componentes nela utilizados. Os sinais elétricos, podem ser os provenientes do
sensor de temperatura de degelo – H e sensor de temperatura do refrigerador – J (CN2) ou das
fases da rede elétrica e posterior energização dos circuitos com o ventilador – M e resistência de
degelo – O, ambos no CN1;

1 PTC (coeficiente de temperatura positivo): é um termístor sensível à temperatura.


3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS
41

b) os números utilizados na placa eletrônica – F, tanto no CN1 quanto no CN2, são apenas para indicar
a posição do fio nos conectores (CN) da placa, também, por vezes, chamada de “borneira”;
c) observa-se que, com o fechamento do contato do interruptor – K, ocorre a energização da lâmpada
do refrigerador – P e a mesma fecha o circuito quando a rede elétrica é ligada. Ou seja, quando a
porta do refrigerador é aberta, fecha-se o contato do interruptor – K e acende-se a lâmpada do
refrigerador – P. Assim que a porta do refrigerador é fechada, abre-se o contato do interruptor – K e,
na sequência, apaga-se a lâmpada do refrigerador – P;
d) como são utilizados o sensor de temperatura de degelo – H e a resistência de degelo – O, conclui-
-se que esse é um refrigerador residencial que dispõe de tecnologia frost free. Ou seja, de tempos
em tempos, o refrigerador realiza, de maneira automática, o degelo do material formado próximo às
paredes do congelador;
e) o sensor de temperatura do refrigerador – J conectado na placa eletrônica – F indica que o
modelo em questão se utiliza de um termostato eletrônico no lugar dos mais antigos termostatos
mecânicos;
f ) há ainda um termofusível – N, junto ao circuito da resistência de degelo – O onde, por motivos de
segurança, a partir de determinada temperatura, abre-se o circuito. Dessa forma, desenergizando a
resistência de degelo – O. Caso o sensor de temperatura de degelo – H apresente algum defeito
durante um ciclo, evitando o contínuo funcionamento da resistência de degelo – O, isso poderia
levar a altas temperaturas e danificar o produto ou até apresentar algum risco à segurança;
g) percebe-se também que o circuito de alimentação do ventilador – M, quando energizado, também
energiza o circuito do compressor – D. Assim, a operação do compressor – D ocorre junto com a do
ventilador – M, de forma que este auxilia na distribuição de ar nos compartimentos, favorecendo a
eficiência do sistema.

A errônea interpretação do diagrama elétrico de um sistema de refrigeração ou


climatização residencial pode atrasar e muito a realização de um reparo ou ajuste
FIQUE e até mesmo levar à danos permanentes de algum componente. Considerando
ALERTA essa informação, presume-se que a leitura e a interpretação correta e precisa dos
diagramas elétricos e dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais são
atividades imprescindíveis para o sucesso do serviço.

Com o conhecimento adquirido é possível interpretar outros diagramas elétricos de diferentes sistemas
de refrigeração e climatização residenciais.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
42

A figura, a seguir, demonstra o diagrama elétrico de outro refrigerador residencial.

DIAGRAMA ELÉTRICO

6 CN1: CN4:
6 1 1 1 1
G
A 2 2 2
10 2
3 3 3 3
10
4 CN3:
3 2 H
D 6 2
B 2
3
6 I
10 5/4 5 6
1 3 J
4 3

CN2: 7 6 5 10 1 8 4 2 3 9

C/E/R F 1 8 10 3 6 6
7

OPTIONNEL
10
6

OPCIONAL
OPTIONAL
OPCIONAL
OPTIONAL
P
OPTIONNEL P
9 9 9
L O
10
Q K
OPCIONAL 2 (220-240V)
R OPTIONAL
3 (127V)
OPTIONNEL
M
N
10

A Cordão de alimentação NOMINAL MINIMO MÁXIMO


B Protetor térmico
Nº Cor C Rele
D Compressor 127V 104V 140V
1 Preto
E Placa eletrônica
198V 242V
2 Vermelho 220V
F PTC
3 Branco 220V/230V 198V 253V
G Placa interface
4 Amarelo H Sensor temp. degelo 220V/240V 198V 264V
I Sensor temp. freezer 230V(INDIA) 160V 260V
5 Verde
J Sensor temp. refr.
6 Marrom K Interruptor duplo A
7 Laranja L Motor ventilador refr.
OPCIONAL

M Motor ventilador fre.


8 Rosa N Termofusível
Gabriela Adratt (2016)
E
9 Cinza O Resistência degelo
10 Azul P Lâmpada refrigerador
Q Capacitor marcha R TSD
11 Violeta
R Resistência degelo
Figura 18 - Diagrama elétrico de um refrigerador duplex residencial
Fonte: adaptado de BRASTEMP (2015a)
3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS
43

O diagrama atual pode parecer semelhante ao apresentado na figura “Diagrama elétrico de um


refrigerador residencial”, porém há algumas diferenças que, se corretamente interpretadas, facilitam sua
identificação, tais como:
a) sensor de temperatura do freezer– I, que indica que o refrigerador em questão é do tipo duplex,
sendo uma porta para o compartimento do refrigerador e outra para o freezer;
b) outra maneira de se identificar o dúplex é a partir da existência do interruptor duplo – K: um para o
compartimento do refrigerador e outro para o compartimento do freezer;
c) observa-se, também, a possibilidade de utilização de uma segunda lâmpada do refrigerador – P,
geralmente utilizada no compartimento do freezer;
d) há, também, uma placa eletrônica – F mais complexa e com mais conectores;
e) adicionalmente, há a chamada placa interface – G, característica que indica que, no modelo de
refrigerador em questão, há um display na porta que permite a programação de alguma função,
como a verificação de algum tipo de variável.

CASOS E RELATOS

O técnico desatento
Joel era um experiente técnico em refrigeração, sempre consertou diversos tipos de refrigeradores
residenciais, mas nunca deu muito valor para a interpretação de seus diagramas elétricos.
Com a chegada de modelos de refrigeradores mais modernos e com mais componentes, Joel
continuava a não dar o valor devido aos diagramas, até que em determinado serviço, ele trocou
alguns fios e a lâmpada do compartimento do freezer acendia apenas quando se abria a porta do
compartimento do refrigerador e vice-versa. Pode parecer pouca coisa, mas perdeu-se um tempo
precioso para reparar o equívoco, principalmente porque o cliente só percebeu o ocorrido depois
que o técnico saiu de sua residência.
Deste ponto em diante, Joel nunca mais deixou de verificar os diagramas elétricos dos sistemas
com que trabalhava.

Observe, a seguir, mais um exemplo. Veja que diferentes diagramas elétricos de diferentes sistemas
podem ser corretamente interpretados sem maiores dificuldades, como o diagrama elétrico de um sistema
de climatização residencial que está na figura a seguir.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
44

DIAGRAMA ELÉTRICO

BORNEIRA

PARA AZ
N
UNIDADE BR CAPACITOR
2 DE PARTIDA
INTERNA AM/VD
AZ

TERMINAL BR VM AZ
INTERMEDIÁRIO
S
C R

AM/VD AMARELO/VERDE
AM VM AZ
MC
MV MOTOR
VM VERMELHO

AM/VD
AM/VD

Gabriela Adratt (2016)


BR BRANCO COMPRESSOR
AZ AZUL
MR MARROM
PR PRETO
MOTOR VENTILADOR
LJ LARANJA

Figura 19 - Diagrama elétrico de um climatizador residencial


Fonte: adaptado de BRASTEMP (2015b)

Como verificado na figura, no lugar de números para identificar as cores dos fios são utilizadas abreviações
como VM para vermelho e AZ para azul. Além disso, há utilização do termo borneira para identificar o
conector elétrico, que mostra as ligações que devem ser feitas junto à unidade interna, também chamada
de unidade evaporadora.
Como há uma unidade interna, por consequência, há a unidade externa, também chamada de unidade
condensadora e os seus componentes, como o compressor e o ventilador, estão mostrados nesse diagrama.
De posse dessas informações, obtidas com a interpretação do diagrama contextualizado, pode-se concluir
que o climatizador residencial é um modelo de split-system tipo hi-wall.
3 DIAGRAMAS ELÉTRICOS DE SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS
45

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu conceitos sobre a interpretação de diagramas elétricos de sistemas
de refrigeração e climatização residenciais.
Você viu, também, a definição de diagrama elétrico e sua fundamental importância para o
entendimento rápido e funcional do sistema, além de aspectos relacionados à simbologia utilizada
e apontamentos e considerações sobre sua padronização.
Estudou exemplos de diferentes diagramas elétricos de sistemas de refrigeração residenciaise suas
peculiaridades, que permitirão que você, em campo e com a correta interpretação do mesmo,
possa identificar rapidamente as peculiaridades do sistema, permitindo o rastreio dedefeitos ou
falhas e seu reparo e manutenção de maneira muito mais ágil e intuitiva
Ao final deste capítulo e consequente aproveitamento do mesmo, você está apto a interpretar
diagramas elétricos de diferentes sistemas de refrigeração e climatização residenciais. Continue
com suas buscas e bom estudo!
Noções Sobre Conforto Térmico e Carga
Térmica

O ser humano sempre procurou criar um ambiente termicamente confortável, seja para
desenvolver suas atividades relacionadas ao trabalho ou para o dia a dia em sua residência.
Pode-se analisar que, na verdade, a necessidade de conforto térmico vem da insatisfação
causada por desconforto relacionado ao frio ou ao calor de um determinado ambiente. Dessa
forma, para satisfazer a conveniência desencadeada pelo desconforto, são definidos alguns
conceitos que traduzem os aspectos relacionados ao estudo de conforto e carga térmicos, os
quais serão explorados nesta seção.
Assim, você aprenderá desde as definições básicas dos conceitos de conforto térmico
e carga térmica até questões relacionadas à correta seleção dos equipamentos para o fim
determinado.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará capacitado a:
a) identificar fontes geradoras de calor no ambiente a ser climatizado;
b) consultar normas, catálogos de fabricantes e manuais técnicos;
c) avaliar o isolamento térmico em componentes de sistemas de climatização residencial;
d) calcular a quantidade de calor gerada no ambiente a ser climatizado;
e) selecionar equipamentos de climatização residencial.
Prossiga! A seção a seguir abordará o conceito de conforto térmico.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
48

4.1 CONFORTO TÉRMICO

Conforto térmico pode ser entendido como determinado estado da mente que expressa a satisfação do
homem com o ambiente térmico que o circunda (ASHRAE, 2013). Ainda pode ser definido como o estado
de espírito que manifesta a satisfação com o ambiente térmico (ISO 7730/2005). Porém, apesar da fácil
assimilação das definições, a tarefa de transformá-las em parâmetros físicos para satisfazer as pessoas não
é tão simples, pois mesmo com as normas citadas, (ASHRAE, 2013) e (ISO 7730/2005), definindo o que é
conforto térmico, percebe-se que a sua quantificação e busca não são tarefas triviais.
O problema descrito provém de diversos fatores que podem levar, ou não, ao chamado conforto
térmico, considerando que duas pessoas podem estar em situações totalmente diferentes e, mesmo assim,
partilharem desta sensação, como se pode perceber na figura a seguir.

lzf e Art-Of-Photo (2016)


Figura 20 - Diferentes ambientes com conforto térmico adequado
Fonte: Thinkstock (2015)

Existem diferentes ambientes com conforto térmico adequado, o que sugere que o mesmo depende
de diversos fatores e não apenas da temperatura do ar. Outras variáveis que influenciam na percepção do
conforto térmico são a velocidade e a umidade relativa do ar, além de questões pessoais, como a idade e
a condição física.

4.2 METABOLISMO HUMANO

O corpo de um ser humano possui mecanismo de controle de temperatura muito eficiente, de maneira
que mantém a temperatura corporal, em diferentes situações, em aproximadamente 37°C.
Dessa forma, quando o corpo esquenta, o mecanismo que regula a temperatura inicia a vasodilatação
dos vasos sanguíneos para que ocorra maior circulação de sangue, e consequentemente, acontece a
formação de suor. Para sua evaporação, este precisa de energia que é retirada da pele, de modo a resfriá-la.
Por sua vez, quando o corpo esfria, o mecanismo inicia a vasoconstrição dos vasos sanguíneos para diminuir
a circulação de sangue e o ritmo, além de estimular os músculos que levam aos arrepios e provocam a
geração de calor.
4 NOÇÕES SOBRE CONFORTO TÉRMICO E CARGA TÉRMICA
49

Assim, percebe-se que o corpo humano é uma máquina complexa que pode ser comparada a uma
máquina térmica, determinando que grande parte do calor gerado deve ser dissipado, porém deve restar
uma parte para manter a temperatura corporal ideal, nem maior, nem menor que o necessário. Ou seja,
se estabelece um equilíbrio entre o calor gerado adicionalmente e o necessário para manter o corpo na
temperatura ideal, dissipando o calor.
Logo, a quantidade de calor que deve ser dissipada do corpo é proporcional à atividade desenvolvida.
O funcionamento desse mecanismo é exemplificado pela ação da prática de atividades físicas, que leva à
geração de calor e consequente estimulação do suor para promover o equilíbrio térmico. Outro exemplo
ocorre durante o sono, situação em que o corpo humano executa apenas atividades vitais para manter
a sua temperatura, não ocorrendo geração adicional de calor. Isso explica a necessidade de algumas
pessoas utilizarem isolantes térmicos como cobertores e pijamas, por sentirem desconforto térmico com
consequente sensação de frio.
Como já escrito, existe ainda a variável individual de cada ser humano, pois características como, idade,
condição física, sexo, entre outras, também influenciam na percepção de conforto térmico.

Considera-se 37°C a temperatura ideal corporal do ser humano, acima disso inicia-
se o processo de vasodilatação e consequente formação de suor. A partir de 39°C
CURIOSI perde-se o poder de raciocínio na atividade desempenhada e próximo de 43°C há
DADES riscos letais à saúde. Já abaixo dos 37°C, inicia-se o processo de vasoconstrição e
posterior estímulo muscular que leva ao arrepio. Se a temperatura atingir 35°C,
perde-se também o poder de raciocínio e abaixo de 31°C, há também riscos letais à
saúde do ser humano (LAMBERTS, 2011).

4.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR DO CORPO HUMANO

O calor gerado pelo corpo humano deve ser dissipado para manter o equilíbrio do mesmo. Essas trocas
de calor são conhecidas como trocas secas e úmidas e são as responsáveis por manter a estabilidade da
temperatura.
As trocas secas são aquelas que ocorrem em função da diferença de temperatura entre o corpo e o
ambiente, e o calor trocado nessas situações é chamado de calor sensível. Podem ocorrer por meio da pele
por convecção ou radiação, além da respiração pela convecção. Ainda, pode ocorrer a troca seca através da
condução, quando o corpo entra em contato com um objeto que apresenta temperatura inferior.
Já as chamadas trocas úmidas são aquelas que envolvem mudança de fase e o calor trocado nessas
situações é chamado de latente. Exemplo de troca úmida é a evaporação do suor por intermédio da pele,
e do ar, por meio da respiração.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
50

Seguem alguns exemplos de trocas úmidas.


a) Trocas por condução: dependem da diferença de temperatura entre duas superfícies ou corpos onde
ocorra contato físico.
b) Trocas por convecção: dependem da diferença de temperatura entre a superfície ou corpo e o ar em
sua volta, além da velocidade do ar.
c) Trocas por radiação: dependem da diferença de temperatura das superfícies ou corpos no entorno.
d) Trocas por evaporação: depende da atividade geradora de calor, além da velocidade e umidade do
ar.

SAIBA Para mais informações sobre os conceitos básicos de transferência de calor, como
condução ou convecção, o livro “Fundamentos de Transferência de calor e de massa”
MAIS (INCROPERA; DEWITT, 2008) traz útil revisão sobre todos os conceitos pertinentes.

A seguir, você aprenderá sobre outro fator relevante: a carga térmica.

4.4 CARGA TÉRMICA

A carga térmica geralmente é definida como a quantidade de calor latente e sensível que deve ser
retirada ou adicionada (respectivamente, com resfriamento ou aquecimento) de um determinado ambiente
a fim de se atingir as condições ideais e desejadas de conforto térmico (LAMBERTS, 2011). Dessa forma, a
correta estimativa da carga térmica em um determinado ambiente, é de fundamental importância para
o melhor dimensionamento e seleção do sistema de refrigeração residencial. No entanto, o seu cálculo
envolve diversas variáveis que são, usualmente, nomeadas de cargas externas e internas e suas principais
fontes geradoras de calor, que serão mostradas na sequência.

4.4.1 CARGAS EXTERNAS

Insolação: é a energia solar transmitida pelo sol e varia conforme época do ano, distância entre o sol e
terra no período, variação angular das superfícies refletoras relevantes, etc. Geralmente, a energia solar é a
parcela mais significativa no cálculo da carga térmica e por vezes, são utilizados artifícios, como cortinas ou
vidros especiais, para atenuar essa característica.
Condução: é a parcela de calor proveniente de algum corpo ou superfície a uma temperatura diferente
a do ambiente que se deseja climatizar, mas que está em contato com o mesmo de maneira a transferir
calor, seja para adicionar ou retirar.
4 NOÇÕES SOBRE CONFORTO TÉRMICO E CARGA TÉRMICA
51

4.4.2 CARGAS INTERNAS

Pessoas: o corpo humano emite calor e este deve ser considerado. Por exemplo, em um ambiente em
que geralmente ficam cinco pessoas, a carga térmica será substancialmente maior se comparado a outro,
onde permanecem duas pessoas.
Equipamentos: deve-se considerar, também, os equipamentos elétricos que emitem calor e por
consequência, aumentam a carga térmica no local. Quanto mais ficarem no ambiente, maior será a carga
térmica neste. Reiterando que, equipamentos de maior potência elétrica tendem a emitir mais calor.
Iluminação: dispositivos de iluminação também devem ser considerados no cálculo, tanto lâmpadas
incandescentes quanto as fluorescentes.
Infiltração: a movimentação de ar exterior ao ambiente que se deseja climatizar, assim como o ar que
se infiltra, devem ser considerados. Por isso, deve-se ponderar o número de janelas, portas ou outros tipos
de abertura que existam no recinto.

4.5 CÁLCULO SIMPLIFICADO E SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Como visto anteriormente, o cálculo da carga térmica de um determinado ambiente que se deseja
climatizar envolve diversas variáveis. Segundo Ashrae (2013), o total de carga térmica é o somatório dos
seguintes parâmetros:
a) condução de calor;
b) calor proveniente da entrada de ar externo ao ambiente que se deseja climatizar;
c) calor proveniente da ocupação do ambiente com pessoas, iluminação e equipamentos elétricos;
d) radiação absorvida através de superfícies transparentes e opacas, como vidros transparentes, sem
tratamento e vidros jateados ou com películas.
As variáveis que, de fato, são necessárias para o cálculo simplificado de carga térmica de um determinado
ambiente que se tenciona climatizar são as seguintes (LAMBERTS, 2011):
a) dimensões do ambiente a ser refrigerado – altura, largura e comprimento;
b) número de portas e janelas no ambiente e suas respectivas dimensões – altura e largura;
c) se a janela recebe luz solar (utilização ou não de proteção, como cortinas ou películas) e se há
predominância em algum período específico – dia ou noite;
d) quantidade de dispositivos elétricos e de iluminação e suas respectivas potências nominais;
e) número de pessoas que geralmente utiliza o ambiente que se deseja climatizar.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
52

Há normas específicas, determinadas pela (ISO 1640-2/14) para o cálculo da carga térmica em ambientes
que se deseja climatizar, no entanto, esses cálculos são longos e pouco práticos de serem feitos. Para atenuar
essa deficiência, os fabricantes de produtos relacionados à climatização residencial fornecem tabelas com
cálculos simplificados e rápidos para determinação da carga térmica em ambientes. Esses cálculos, apesar
de simplificados, possibilitam boas aproximações que são suficientes para a correta seleção de um sistema
de refrigeração residencial.
Serão apresentadas na sequência algumas tabelas genéricas, criadas a partir de dados fornecidos pelos
fabricantes de sistemas de refrigeração residencial.

VOLUME DO AMBIENTE (M3) SEM TELHADO (KCAL/H) COM TELHADO (KCAL/H)


20 300 500
25 380 600
30 460 700
35 540 800
40 620 900
45 700 1000
50 780 1100
55 860 1200
60 940 1300
65 1020 1400
Tabela 1 - Relação entre o volume do ambiente e calor absorvido
Fonte: do Autor (2015)

A tabela anterior mostra a relação entre os fatores em duas situações: sem telhado e com telhado. A
opção sem telhado refere-se àqueles apartamentos que não são estilo coberturas ou ambientes que estão
abaixo do andar mais alto. Já a opção com telhado, faz referência às coberturas em prédios e casas térreas
compostas por telhado.
Na próxima tabela, será abordada a relação entre área de janelas do ambiente e calor absorvido.
ÁREA DE JANELAS, COM PROTEÇÃO, COM PROTEÇÃO, SEM PROTEÇÃO, SEM PROTEÇÃO,
(m2) MANHÃ (Kcal/h) TARDE (Kcal/h) MANHÃ (Kcal/h) TARDE (Kcal/h)
1 150 200 250 300
2 300 400 500 600
3 450 600 750 900
4 600 800 1000 1200
5 750 1000 1250 1500
6 900 1200 1500 1800
7 1050 1400 1750 2100
8 1200 1600 2000 2400
9 1350 1800 2250 2700
10 1500 2000 2500 3000
Tabela 2 - Relação entre área de janelas do ambiente e calor absorvido
Fonte: do Autor (2015)
4 NOÇÕES SOBRE CONFORTO TÉRMICO E CARGA TÉRMICA
53

A tabela anterior demonstra a conexão entre a área das janelas no ambiente que se deseja climatizar
e o calor absorvido por elas, dependendo de sua localização e proteção. A localização define o fato de
receberem energia solar no período da manhã ou no da tarde. Já a proteção, pode ser feita a partir da
utilização de cortinas ou persianas ou ainda, da instalação de películas.
Na próxima tabela, será abordada a relação entre o número de pessoas e o calor produzido.

NÚMERO DE PESSOAS CALOR (Kcal/h)


1 100
2 200
3 300
4 400
5 500
6 600
7 700
8 800
9 900
10 1000
Tabela 3 - Relação entre número de pessoas e calor gerado
Fonte: do Autor (2015)

A tabela anterior define a vinculação entre a quantidade de pessoas que geralmente utiliza o ambiente
que se estima climatizar e a quantidade respectiva de calor gerado.
Na próxima tabela, será abordada a relação entre área de porta e calor absorvido.

ÁREA DE PORTA (m2) CALOR (Kcal/h)


1 110
2 220
3 330
4 440
5 550
6 660
7 770
8 880
9 990
10 1100
Tabela 4 - Relação entre área de porta e calor absorvido
Fonte: do Autor (2015)

Perceba que a tabela estudada anteriormente denota a ligação entre a área da porta e o calor respectivo
absorvido no ambiente que se deseja climatizar. Mais adiante, você receberá informações sobre a relação
entre as tabelas, fique atento.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
54

POTÊNCIA NOMINAL (W) CALOR (Kcal/h)


100 80
200 160
300 240
400 320
500 400
600 480
700 560
800 640
900 720
1000 800
Tabela 5 - Relação entre potência nominal e calor gerado
Fonte: do Autor (2015)

A tabela Relação entre potência nominal e calor gerado demonstra a conexão entre a potência nominal
de equipamentos elétricos e de iluminação e o respectivo calor gerado para o ambiente que se deseja
climatizar.
Com as tabelas apresentadas, é possível calcular simplificadamente e fundamentar a seleção de um
sistema de climatização residencial.
Acompanhe, agora, um exemplo desse cálculo.
DADOS DO AMBIENTE A SER REFRIGERADO:
a) sala residencial com 4 m de largura, 5 m de comprimento e 3 m de altura: 4 m x 5 m x 3 m = 60 m²;
b) casa térrea, ou seja, a sala possui telhado;
c) possui uma janela de 5 m² com cortina que recebe sol pela tarde;
d) usualmente, três pessoas utilizam o ambiente;
e) dispõe de apenas uma porta de 3 m²;
f ) equipamentos elétricos e dispositivos de iluminação e suas respectivas potências nominais: uma
televisão – 300 W, um aparelho de DVD – 200 W e duas lâmpadas incandescentes de 100 W, cada.
Com os dados do ambiente pode-se passar para o cálculo da carga térmica:
a) sala com 60 m² e telhado: da tabela Relação entre o volume do ambiente e calor absorvido obtém-
-se = 1300 kcal/h;
b) apresenta uma janela de 5 m², com cortina, que recebe sol pela tarde: da tabela relação entre área de
janelas do ambiente e calor absorvido obtém-se = 1000 kcal/h;
4 NOÇÕES SOBRE CONFORTO TÉRMICO E CARGA TÉRMICA
55

c) três pessoas utilizam o ambiente: da tabela Relação entre número de pessoas e calor gerado obtém-
se = 300 kcal/h;
d) uma porta de 3 m²: da tabela Relação entre área de porta e calor absorvido obtém-se = 330 kcal/h;
e) uma televisão – 300 W + um aparelho de DVD – 200 W + duas lâmpadas incandescentes –
100 W = 300 W + 200 W + 2 x 100 X = 700 W. Da tabela Relação entre potência nominal e calor gerado
obtém-se: 700 W = 560 kcal/h.
Obtido o cálculo da carga térmica de cada componente do espaço, pode-se então somá-los para deter-
minar a carga térmica total do ambiente:
1300 kcal/h + 1000 kcal/h + 300 kcal/h + 330 kcal/h + 560 kcal/h = 3490 kcal/h.
Com isso, obtém-se então o valor total da carga térmica no ambiente em questão, sendo o resultado
igual a 3490 kcal/h. Usualmente, os sistemas de climatização residenciais utilizam a unidade de BTU1/h e
sua relação com a unidade kcal/h gera um fator de aproximadamente 3,96, ou seja, 1 kcal/h = 3,96 BTU/h.
Logo, para o exemplo calculado anteriormente, obtém-se:
3490 kcal/h x 3,96 = 13820 BTU/h
Desta forma, para satisfazer a carga térmica do ambiente contextualizado e propiciar o conforto térmico
necessário, será necessário um sistema de climatização doméstico com capacidade a partir de 13820
BTU/h.

Quando for realizado o cálculo da carga térmica, lembre-se de fazer a conversão de


FIQUE kcal/h para BTU/h para correta especificação do sistema de climatização residencial.
ALERTA O esquecimento deste detalhe pode levar a seleções completamente errôneas de
sistemas, além de desperdiçar tempo e dinheiro.

Vale lembrar que nos sites dos fabricantes de sistemas de climatização residenciais são disponibilizados
programas para o cálculo simplificado da carga térmica, de forma que o usuário fornece os dados do
ambiente a ser refrigerado e o programa realiza os cálculos, já determinando, ao final, o valor em BTU/h.

1 É a sigla para “British Thermal Unit”, uma unidade de energia que, quando dividida por h (BTU/h), é amplamente utilizada para
designar a capacidade de sistemas de climatização residenciais.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
56

CASOS E RELATOS

Calor do vizinho
Maciel, técnico em refrigeração e climatização residencial, instalou dois climatizadores residenciais
iguais na mesma residência em cômodos do mesmo tamanho e com semelhanças em todas as
características. Apesar disso, era perceptível a diferença na sensação térmica entre os dois cômodos
quando os climatizadores estavam ajustados para a mesma temperatura. Maciel revisou todas as
conexões, realizou outros testes e nada encontrou.
Depois de um tempo, descobriu que em um deles, uma das paredes era geminada com uma
padaria, especificamente onde ficava o forno. Com essa informação, ele entendeu a causa da
diferença da sensação térmica e ficou mais tranquilo em relação ao seu serviço.
No entanto, avaliou que deveria ter considerado essa variável para informar ao cliente sobre
a possibilidade de baixa eficiência na climatização do ambiente, e dessa forma, não ser
responsabilizado por um possível descontentamento futuro em relação ao rendimento do sistema
de climatização residencial instalado.

Com o sistema selecionado corretamente e após a análise feita entre o ambiente a ser instalado e as
necessidades do cliente, pode-se passar para a próxima etapa que é a instalação do equipamento, assunto
que será abordado no próximo capítulo.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você teve a oportunidade de conhecer as definições de conforto térmico e carga
térmica, observando desde as questões relacionadas ao metabolismo humano e suas formas
de transmissão de calor, até definições sobre os diferentes tipos de carga térmica. E ainda pôde
aprender um exemplo de cálculo simplificado para determinação desse tipo de carga em um
determinado ambiente residencial que se tenciona climatizar.
4 NOÇÕES SOBRE CONFORTO TÉRMICO E CARGA TÉRMICA
57

Ou seja, com o entendimento deste capítulo, você adquiriu conhecimentos sobre as questões que
envolvem o conforto térmico de um recinto, além das definições técnicas e detecção da carga
térmica nele existentes.
Ao finalizá-lo, com aproveitamento e entendimento do conteúdo estudado, você saberá fazer
a correta seleção do sistema de climatização residencial a ser aplicado em cada ambiente. No
próximo capítulo, você ampliará seus conhecimentos sobre instalação e manutenção. Bom estudo!
Instalação e Manutenção

Com a seleção adequada do sistema de refrigeração ou climatização residencial, passa-se


então para etapa de instalação do sistema no espaço desejado.
Perceba que boas práticas para instalação do mesmo são essenciais para o sucesso do
trabalho, assim como o conhecimento e a escolha das ferramentas e equipamentos apropriados
para cada tipo de instalação.
Além disso, após a instalação, como qualquer outro equipamento, o mesmo está sujeito
a falhas que devem ser identificadas por meio de testes específicos em determinados
componentes, o que possibilitará posterior manutenção. Você perceberá que é imprescindível
elaborar um plano de manutenção condizente com o sistema em questão.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará capacitado a:
a) utilizar equipamentos, ferramentas e instrumentos na instalação de sistemas de
refrigeração e climatização residenciais;
b) instalar equipamentos de refrigeração e climatização residenciais;
c) testar componentes eletroeletrônicos e eletromecânicos dos sistemas de refrigeração e
climatização residenciais;
d) substituir componentes elétricos nos sistemas de refrigeração e climatização residenciais,
utilizando boas práticas;
e) desmontar e montar sistemas de refrigeração e climatização residenciais;
f ) realizar a brasagem em sistemas de refrigeração e climatização residenciais;
g) testar o funcionamento dos componentes mecânicos de sistemas de refrigeração e
climatização residenciais;
h) utilizar equipamentos de proteção individual;
i) verificar valores de pressão nos sistemas de refrigeração e climatização residenciais;
j) selecionar fluidos refrigerantes compatíveis com óleos lubrificantes utilizados em
diferentes sistemas de climatização;
k) utilizar instrumentos de verificação dos parâmetros mecânicos de sistemas de
refrigeração e climatização residenciais;
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
60

l) analisar valores de pressão e temperatura utilizando instrumentos de medição;


m) elaborar plano de manutenção;
n) ter consciência preventiva em relação à saúde e segurança no trabalho.
A seção, a seguir, discorrerá sobre o funcionamento das instalações. Acompanhe.

5.1 INSTALAÇÃO

A instalação de um sistema de refrigeração ou climatização residencial envolve etapas que perpassam a


escolha e utilização das ferramentas e equipamentos corretos, da maneira correta, até aspectos relacionados
a sua instalação física, elétrica e hidráulica.
Com o estudo deste conteúdo, você aprenderá conceitos relativos às ferramentas e equipamentos
utilizados para a instalação desses sistemas e obterá orientações sobre os aspectos físicos, elétricos e
hidráulicos.

5.1.1 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

Pode-se considerar primordial a escolha das ferramentas e equipamentos que serão utilizados.
Acompanhe as definições:
a) chaves em geral: será necessário um jogo de chaves básicas como, por exemplo, fenda, philips e
allen. Além de chaves fixas e conjugadas ou a utilização de chave inglesa, que permite a regulagem
de suas mandíbulas conforme a necessidade;
b) nível de bolha: é um equipamento muito comum, utilizado para verificar o nivelamento de
determinada superfície. Funciona a partir de uma bolha de ar inserida em um cilindro com líquido
viscoso, e caso a superfície esteja nivelada, a bolha de ar se manterá dentro de determinado limite. É
bastante útil para nivelar os suportes das unidades evaporadoras e condensadoras;
c) furadeira: equipamento amplamente conhecido e utilizado para diversas situações. Sua função
básica, como o próprio nome diz, é a realização de furos que podem variar em profundidade e
diâmetro, conforme a broca utilizada. É importante saber que podem ser acopladas à furadeira,
ferramentas especiais como uma serra copo, por exemplo, que auxilia no processo de realização de
furos de maiores diâmetros em paredes de alvenaria ou madeira, para a passagem das tubulações de
interligação de máquinas, dreno e condutores elétricos;
d) cortador de tubos: ferramenta utilizada para o corte de tubos de cobre ou alumínio, em um ângulo
reto. Proporciona um corte rápido, limpo e prático, se comparado ao corte de uma serra manual
comum;
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
61

e) alargador: como o próprio nome diz, é uma ferramenta utilizada quando se deseja alargar a
extremidade de um tubo para posterior conexão a outro. Facilita o acoplamento por aumentar a
área de contato, especialmente em processos de soldagem;
f ) flangeador: equipamento utilizado para confecção de conexões flangeadas1, de forma a proporcionar
a vedação adequada da mesma. Observe a seguir um conjunto contendo flangeador, escareador e
cortador de tubos.

Andressa Vieira (2016)


Figura 21 - Conjunto
Fonte: do Autor (2016)

g) torquímetro: ferramenta que indica o torque aplicado a um parafuso ou porca, visando evitar
torques ou “apertos” excessivos, que podem danificar o material da peça ou até inutilizá-la. Por outro
lado, também se evita o pouco torque ou “aperto” aplicado em determinada peça, pois este pode
prejudicar o funcionamento, devido a vazamentos ou outros problemas relacionados;
h) conjunto de solda portátil: equipamento que permite que sejam realizadas diferentes atividades
relacionadas à soldagem de materiais;
i) manifold: dispositivo que permite, ou não, a passagem de fluido através de diversos canais e conexões
interligados, podendo ser utilizado em inúmeras aplicações profissionais. No caso da refrigeração e
climatização residencial, é o equipamento comumente utilizado para permitir, ou não, a passagem
de determinada quantidade de fluido, em pressão estipulada, para as linhas dos sistemas de
climatização residenciais. Existem modelos analógicos e digitais;
j) bomba de vácuo: é o equipamento utilizado para proporcionar vácuo em determinado circuito, de
maneira à deixá-lo sem fluido, impurezas ou umidade. Retira-se todo o fluido disponível em um
circuito, deixando-o pronto para a manutenção ou inserção de uma nova carga de material. Quanto
maior for à potência da bomba, menor será o tempo necessário para se atingir um nível adequado de
vácuo no circuito. Ainda, deve-se atentar à troca de óleo da bomba de vácuo, conforme orientações
do fabricante, para manter suas propriedades originais e a compatibilidade com o trabalho a ser
realizado (altas temperaturas). Este procedimento se faz necessário devido ao constante uso da

1 Remete a uma conexão que une duas partes ou componentes de uma tubulação e que pode ser montada e desmontada sem a
necessidade de operações destrutivas.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
62

bomba, que pode permitir que o óleo se contamine, não realizando o vácuo com eficiência. Além
disso, o óleo, dentre outras aplicações, é responsável pela lubrificação dos componentes internos da
bomba de vácuo;
k) vacuômetro: é o instrumento recomendado para medições de pressões abaixo da pressão atmosférica.
São utilizados para aferição do vácuo proporcionado pelas bombas. Os vacuômetros possuem
diferentes escalas, podendo ser, por exemplo, na unidade bar ou Torr, que pode ser relacionado com
mmHg (milímetro de mercúrio). Recomenda-se observar as orientações dos fabricantes dos sistemas
de refrigeração e climatização residenciais quanto ao nível de vácuo necessário para o sistema em
questão, ponderando para a correta transformação das unidades, caso seja necessário. Por exemplo,
se determinado sistema precisa de 0,10 Torr de vácuo e o vacuômetro utilizado tem escala em bar,
será necessário realizar vácuo até 0,00013 bar, visto que 1 Torr = 0,0013 bar;
l) multímetro: é um dispositivo utilizado para medição de grandezas elétricas, tais como tensão,
corrente, resistência e capacitância, entre outras. Podem ser analógicos ou digitais.
m) alicate amperímetro: é um instrumento dedicado à medição de corrente elétrica que atravessa
determinado condutor. Possui uma “pinça” na qual deve-se alçar o cabo a ser medido. Observe este
equipamento na figura a seguir:
Andressa Vieira (2016)

Figura 22 - Alicate amperímetro


Fonte: do Autor (2016)

5.1.2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO RESIDENCIAIS

Para explorar o tema acerca de sistemas de refrigeração residenciais, serão apresentados dois dos
principais representantes do tipo, um refrigerador especial side by side e um bebedouro por pressão.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
63

REFRIGERADOR ESPECIAL SIDE BY SIDE


As recomendações passadas para o refrigerador side by side também podem ser aplicadas aos outros
tipos de refrigeradores, de forma que apenas algumas peculiaridades são exclusivas desses modelos, como
a necessidade de conexão do refrigerador a um ponto hidráulico, visando o contínuo fornecimento de
água filtrada e gelada, por meio de dispositivos geralmente alocados na porta do refrigerador.
Desta forma, as orientações para a instalação são as seguintes:
a) verificar se a tensão da rede é compatível com a tensão nominal do refrigerador, informada no
manual de instalação. Tal atividade pode ser feita com a utilização de um multímetro;
b) manter distância de fontes de calor e locais úmidos: seguir as orientações em relação às distâncias
exigidas no manual de instalação do refrigerador, pois caso não sejam respeitadas, o rendimento
do mesmo pode ser afetado de forma negativa, assim como seu consumo elétrico pode aumentar.
Já em relação aos locais úmidos, o excesso de umidade pode levar à oxidação de componentes do
refrigerador e reduzir sua vida útil;
c) manter distância dos itens próximos (paredes, armários, entre outros): novamente, deve-se seguir
as orientações do manual de instalação do refrigerador em relação às distâncias sugeridas para
assegurar o correto funcionamento;
d) há uma distância indicada para a parte traseira, lateral e superior do refrigerador, que deve ser
respeitada. Por exemplo, o manual de instalação indica que entre a parte traseira do refrigerador e
a próxima superfície, deve ter, ao menos, 15 cm de distância; o não cumprimento dessa exigência
pode levar à diminuição do rendimento do refrigerador, pois dificultará as trocas térmicas devido à
baixa circulação de ar, o que promoverá aumento do consumo elétrico;
e) solo firme e nivelado: a instalação do refrigerador deve ocorrer em um solo firme e nivelado para
minimizar as questões relacionadas a vibrações e ruídos indesejados. Caso o local escolhido para
a instalação apresente-se desnivelado, pode-se atenuar essa deficiência efetuando a regulagem
dos “pés” do refrigerador, estes são produzidos de forma a permitir ajustes, corrigindo pequenos
desníveis;
f ) utilizar uma tomada exclusiva para o refrigerador e adaptada para a conexão do mesmo. Nunca
remova o terminal do condutor de aterramento;
g) conectar o produto a um ponto hidráulico, a fim de proporcionar fornecimento contínuo de água.
Assim como o filtro de água (quando não for interno) e as mangueiras relacionadas. Após as conexões
terem sido feitas, deve-se observar o refrigerador em funcionamento por alguns minutos para a
verificação de possíveis vazamentos;
h) limpar o produto com um pano úmido interna e externamente , além de retirar possíveis adesivos ou
eventuais protetores de isopor ou plástico;
i) ligar o refrigerador em uma tomada elétrica.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
64

BEBEDOURO POR PRESSÃO


Assim como os refrigeradores, os bebedouros por pressão não devem ser instalados em locais próximos
a fontes de calor ou com incidência de luz solar. Igualmente, necessitam das distâncias determinadas pelo
manual de instalação e dos cuidados relativos às conexões elétricas, bem como, também precisam de um
ponto hidráulico para fornecimento contínuo de água. Deve-se atentar ao fato de que se a pressão da rede
hidráulica for excessiva, a mesma pode danificar o bebedouro. Nestes casos utilizam-se os redutores de
pressão.
Vale destacar que outros tipos de bebedouros como o de garrafão, possuem instalação mais simples,
pois apesar de necessitarem de uma conexão elétrica, estes não demandam de um ponto hidráulico.

5.1.3 SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAIS

Quanto aos sistemas de climatização residenciais, serão apresentados os dois principais modelos, um
climatizador do tipo split-system e um ACJ – condicionador de ar tipo janela.

SPLIT-SYSTEM
Modelo amplamente utilizado atualmente e que apresenta grande demanda de instalação,
especialmente nas épocas mais quentes do ano, como final da primavera e todo o verão.
As orientações para a instalação são as seguintes:
a) com o sistema de climatização residencial selecionado para a carga térmica do ambiente que se
deseja refrigerar, confere-se a compatibilidade das unidades condensadora e evaporadora, ou seja,
unidades externa e interna, através da consulta ao manual de instalação;
b) recomenda-se a utilização de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas e óculos, bem
como cintos de segurança, quando a instalação for realizada em locais altos, como em apartamentos;
c) deve-se verificar se a tensão da rede é compatível com a tensão nominal do climatizador informada
no manual de instalação. Esta atividade pode ser feita utilizando-se um multímetro;
d) fixação da unidade condensadora: deve ser instalada externamente ao ambiente que se deseja
climatizar, preferencialmente, em um local com a maior ventilação possível para favorecer as trocas
térmicas e o rendimento do sistema. Se possível, a unidade deve ser acomodada em local protegido de
imprevistos climáticos, longe de fontes de calor e onde não haja circulação constante de pessoas, por
motivos de segurança. Pode-se utilizar um suporte metálico ou plástico (polímeros) para a fixação
da unidade condensadora em paredes ou a mesma pode ser fixada diretamente em uma superfície
firme, como um piso, não esquecendo de colocar os absorvedores de vibrações (arruelas plásticas).
Assim como nos refrigeradores, deve-se respeitar as distâncias entre a unidade condensadora e as
superfícies ou equipamentos a sua volta, como disposto no manual de instalação do sistema em
questão.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
65

Assim como nos refrigeradores, deve-se respeitar as distâncias entre a unidade condensadora e as
superfícies ou equipamentos a sua volta, como disposto no manual de instalação do sistema em questão.
e) Fixação da unidade evaporadora: deve ser instalada no recinto que se deseja climatizar, não
considerando apenas sua localização, que visa interferências em circuitos elétricos ou hidráulicos já
instalados, mas também ponderando sobre a circulação uniforme do ar em todo o ambiente.
Assim como na unidade condensadora, deve-se respeitar as distâncias entre a unidade evaporadora e as
superfícies ou equipamentos a sua volta, como disposto no manual de instalação do sistema em questão.
Neste caso, as distâncias mínimas entre outras paredes, teto e piso, de forma a proporcionar a melhor
eficiência possível do sistema de climatização e minimizar seu consumo elétrico.
Juntamente com as unidades mencionadas, é utilizado um suporte para fixação da unidade evaporadora.
Este é adquirido separadamente e deve ser fixado dentro do ambiente que se deseja climatizar, por meio
de parafusos em furos feitos previamente, utilizando furadeira e broca adequadas para o diâmetro dos
furos, conforme manual de instalação do sistema. Vale ressaltar que o posicionamento dos furos e posterior
fixação do suporte e unidade, devem prever a passagem da tubulação de dreno refrigerante e a interligação
elétrica entre as unidades.
É também importante destacar a necessidade de garantir o nivelamento do suporte da unidade
evaporadora, que pode ser suprida utilizando-se de um nível de bolha. Ressalta-se que a drenagem da água
condensada da unidade evaporadora é feita por gravidade, portanto, seu nivelamento é muito importante.
f ) interligação entre as unidades condensadora e evaporadora: deve-se planejar como será a interli-
gação entre a tubulação de fluido refrigerante, dreno e elétrica.
Quanto à tubulação de fluido refrigerante, devem-se respeitar algumas orientações gerais a fim de
manter o bom rendimento do sistema:
a) caso a unidade evaporadora esteja acima da condensadora, recomenda-se elevar a tubulação a um
nível acima da própria unidade evaporadora para depois conectá-la à condensadora. Dessa forma,
evita-se um fenômeno conhecido como migração de líquido, que pode inutilizar o compressor;
b) caso a unidade condensadora esteja acima da evaporadora, deve-se utilizar sifões a cada três metros
de desnível na linha de sucção da unidade condensadora, para facilitar o retorno do óleo lubrificante
para o compressor;
c) comprimento linear ou real é a soma dos trechos retos entre a unidade evaporadora e a conexão
com a unidade condensadora. Esse somatório deve estar entre os limites dispostos no manual de
instalação do sistema em questão;
d) comprimento equivalente é o somatório da multiplicação do número de curvas por um fator
que representa essas curvas, determinado pelo manual de instalação do sistema. Por exemplo, se
a tubulação entre as duas unidades possui duas curvas e o fator for 0,4, têm-se: 2 x 0,4 = 0,8 m.
Somando os 0,8m encontrados, com o valor previamente obtido do comprimento linear, chega-se ao
comprimento equivalente total, que deve estar entre os limites exigidos pelo manual de instalação;
e) desnível entre as unidades: a diferença, em metros, entre a fixação da unidade condensadora e
evaporadora, também deve ser considerada e estar entre os limites previstos no manual de instalação;
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
66

f ) deve-se evitar tubulações muito curtas, com dois metros ou menos, por amplificarem os ruídos
provenientes da unidade condensadora. Caso não seja possível, pode-se fazer uma curva ascendente
e depois descer para a válvula de ligação.
Para utilizar de forma correta os diâmetros das tubulações, é fundamental que se consulte o manual de
instalação do sistema em questão. Deve-se considerar que diâmetros fora dos especificados podem levar
desde a queda de rendimento do sistema até a diminuição da vida útil do aparelho, visto que ele não ope-
rará nas condições para as quais foi projetado.
Os tubos de cobre ou alumínio utilizados nas linhas de sucção e de expansão devem ser revestidos com
material isolante térmico, separadamente, para aperfeiçoar o rendimento do sistema. Normalmente, os
tubos de conexão são vendidos em metros, e para deixá-los no comprimento necessário no momento da
instalação, pode-se utilizar o cortador de tubos, caso necessite diminuí-los e o alargador com o conjunto
de solda portátil, se precisar uni-los, devido a distância entre as máquinas.
Na unidade condensadora, há duas válvulas de serviço, nas quais devem ser conectados os tubos após
o processo de flangeamento, por meio de porcas que devem ser apertadas com chaves fixas ou inglesas.

SAIBA Para saber mais sobre o processo de flangeamento e suas peculiaridades, pode-se
consultar livros e manuais técnicos do assunto, encontrados em bibliotecas, assim
MAIS como vídeos explicativos disponíveis na internet.

Na unidade evaporadora, devem ser posicionados os tubos de cobre e a mangueira de dreno, conforme
o lado que estes irão passar pela própria unidade. Por vezes, a mesma possui retalhos descartáveis na
carcaça que podem ser destacados para facilitar a passagem dos tubos, mangueira de dreno e condutores
elétricos (fios). Como na unidade condensadora, os flanges nas extremidades da tubulação devem ser
feitos e conectados por meio de porcas.
E ainda, a mangueira de dreno deve ser posicionada para descarte da água condensada na unidade
evaporadora, de forma que, para facilitar a drenagem, ela deve estar em desnível desde sua ligação com a
bandeja coletora até o furo de passagem na parede por trás da unidade evaporadora, e sem dobras em sua
extensão, conforme orientações mostradas na figura a seguir.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
67

50mm

X ou menos

X X X
X

Gabriela Adratt (2016)


Não coloque a O espaço de
extremidade da terra menor
mangueira de que 50mm.
dreno na água.
Figura 23 - Orientações para instalação da mangueira de dreno em sistemas de climatização residenciais
Fonte: adaptado de Senai (2012)

Sobre a interligação elétrica entre as unidades, os cabos são identificados e coloridos, conforme
consta no manual de instalação, para tornar-se mais prático e menos suscetível a erros. Com os cabos
identificados, estes devem ser conectados à borneira da unidade evaporadora e condensadora. Geralmente
são utilizados de três a cinco cabos para conexão elétrica e mais o cabo para aterramento, dependendo do
tipo de ciclo do sistema.
Realização de vácuo no circuito do sistema: como já mencionado, o processo de realização de vácuo
é fundamental para o correto funcionamento do sistema, pois o mesmo é responsável pela retirada de
impurezas, gases indesejáveis e umidade do circuito, portanto, tudo que pode interferir no correto ciclo
de refrigeração. Desta forma, o circuito funciona apenas com o fluido específico para aquele sistema o que
garante ótimo rendimento, aumentando sua vida útil.
Para o processo de vácuo no sistema será necessária a utilização de uma bomba de vácuo e um
vacuômetro. Por meio do vacuômetro pode-se acompanhar o nível do vácuo, ou seja, se já está dentro
dos limites estabelecidos, conforme normas do fabricante. Após a chegada do vácuo às faixas desejadas,
pode-se conferir se o mesmo está suficiente, com o seguinte procedimento: desliga-se a bomba de vácuo
e acompanha-se e evolução do nível por meio do vacuômetro; caso o nível diminua um pouco, mas logo se
estabilize, pode ser considerado normal. Mas, se o nível do vácuo diminuir continuamente, é sinal de que
há algum vazamento no circuito das conexões ou emendas soldadas, e uma revisão deve ser feita.
Para identificar um possível vazamento, pode-se utilizar nitrogênio, que é inerte e pode ser inserido
no circuito do sistema por meio da conexão de um cilindro de nitrogênio e manifold. Com o sistema
pressurizado com nitrogênio, utiliza-se uma mistura de água e sabão sobre os locais mais suscetíveis a
vazamentos; caso ocorra a formação de bolhas, é um indicativo de vazamento e uma reparação precisa ser
feita.
Carga de fluido refrigerante: com o sistema sem vazamentos e com o vácuo no nível desejado, passa-
-se então, para a etapa da inserção da carga de fluido refrigerante.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
68

Os sistemas de climatização residenciais já vêm de fábrica com uma carga de fluido refrigerante
suficiente para determinado comprimento de tubulação, que está exposto no manual de instalação. Caso
o comprimento linear de tubulação utilizada esteja dentro do valor máximo indicado no manual, deve-se
apenas abrir as válvulas de serviço do sistema em conexão com o manifold e aguardar alguns minutos para
estabilização do fluido refrigerante no circuito.
Já para os casos em que o comprimento linear de tubulação utilizada supera o estipulado no manual
de instalação, deve-se então, realizar uma carga adicional de fluido conforme o comprimento excedente
e as orientações constantes no manual de instalação. Com a carga adicional determinada, utiliza-se um
cilindro com o fluido, igual ao fornecido para o sistema instalado, conectando-o à mangueira de serviço
(normalmente de cor amarela) do manifold, desde que as mangueiras conectadas do manifold para o
sistema estejam ainda em vácuo.
Neste procedimento, utiliza-se uma balança para medir a massa do cilindro, acompanhar a quantidade
de retirada de fluido, e por consequência, presenciar a redução da massa do mesmo. Abre-se o registro do
cilindro de fluido para a passagem da quantidade de massa de fluido desejado. Na sequência, abrem-se as
válvulas de serviço do sistema e aguarda-se a estabilização do fluido original e da carga adicional. Quando
a quantidade calculada for totalmente inserida, fecha-se o registro do cilindro.

Diferentes fluidos refrigerantes não podem ser misturados, por isso devem ser
FIQUE utilizados conjuntos manifolds dedicados a cada tipo de fluido refrigerante. Assim,
ALERTA evitam-se problemas relacionados à mistura e contaminação que podem causar
danos ao sistema de climatização residencial.

Testes de funcionamento: com a inserção da carga de fluido refrigerante no circuito, o sistema de


refrigeração residencial está pronto para os testes de funcionamento em uso.
Por fim, recomenda-se que a alimentação elétrica do sistema de climatização residencial esteja protegida
por um disjuntor de capacidade adequada, que está indicada em seu manual de instalação.
Com isso, o sistema está pronto para ser utilizado e deve ser ligado para se avaliar possíveis inconformi-
dades, como ruídos excessivos causados pela má fixação dos componentes.

ACJ – CONDICIONADOR DE AR TIPO JANELA


Mesmo perdendo espaço para os climatizadores do tipo split-system por serem mais ruidosos, menos
eficientes, consumirem mais energia elétrica, entre outras questões, ainda há instalações de ACJ.
De maneira simplificada, deve-se tomar cuidados relativos à alimentação elétrica, distâncias de outras
superfícies e equipamentos, assim como nos do tipo split-system, sempre consultando o manual de
instalação, para maiores detalhes.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
69

Pode ser instalado tanto em janelas como em paredes, desde que as mesmas possuam espaços livres
e dimensões adequadas para acomodação, seja por caixilhos de madeira ou caixas de concreto. Deve-se
tomar cuidado para não obstruir as saídas laterais de ar do sistema.
Ressalta-se a importância de instalar o ACJ com a inclinação correta, recomendada pelo manual, para
que a mesma possa proporcionar a adequada drenagem da água condensada na bandeja inferior do
equipamento, além de vedar possíveis vãos entre o ambiente interno e o externo, tanto nas instalações em
parede quanto em janelas, que tendem a prejudicar o rendimento do sistema.
Na seção a seguir, você aprenderá mais sobre as falhas e os testes elétricos. Acompanhe.

5.2 FALHAS E TESTES ELÉTRICOS

Como qualquer equipamento, após a correta instalação e funcionamento, o mesmo está sujeito a falhas
que podem levar ao mau funcionamento ou até, à inutilização do sistema. Devido a sua relevância, neste
item, serão abordadas as falhas mais comuns em componentes eletroeletrônicos e eletromecânicos dos
sistemas de refrigeração e climatização residenciais e os respectivos testes para a identificação destas
imprecisões.
a) Termostato: o mau funcionamento deste componente pode impedir a partida do compressor
quando necessário, de forma a prejudicar todo o sistema de refrigeração residencial.A imperfeição
pode ser causada pela ruptura de algum contato elétrico ou ainda, por sujeira acumulada, situação
que também pode levar à descontinuidade em seus contatos. Ainda há a possibilidade de ocorrer
o derretimento dos contatos do termostato, o que poderia manter o compressor sempre ligado,
situação essa, extremamente prejudicial ao rendimento do sistema de refrigeração doméstico. O
teste para verificação do funcionamento deste componente pode ser realizado com a utilização
de um multímetro em seus terminais. Os mesmos devem estar energizados, ou seja, permitindo
passagem de corrente quando o termostato estiver ligado, conforme especificação do mesmo. Caso
o defeito seja identificado, recomenda-se a substituição do termostato.
b) Dispositivo de proteção: utilizado para proteger compressores, também conhecido como protetor
térmico. O seu mau funcionamento pode impossibilitar a partida do compressor do sistema ou
ainda não atuar corretamente e permitir o funcionamento do compressor em situações adversas,
por exemplo, em elevadas temperaturas, o que podem levá-lo a danificar-se. No Brasil, a maioria dos
protetores térmicos é acoplado externamente na carcaça do compressor de refrigeração, para facilitar
sua identificação.Para testar o funcionamento do protetor térmico, deve-se utilizar um multímetro
e verificar a continuidade entre os seus terminais. Caso não haja, recomenda-se a substituição do
mesmo por outro, conforme indicação de modelo do manual do sistema.
c) Relés de partida: conforme já referido, é o dispositivo responsável por permitir ou não, a energização
da bobina auxiliar do compressor do sistema de refrigeração residencial. Seu mau funcionamento
pode impedir a partida do compressor do sistema. No caso dos sistemas de refrigeração residenciais,
o tipo mais utilizado é o PTC e a sua verificação de funcionamento pode ser feita também utilizando
um multímetro. Observando que, com o relé de partida e seu enrolamento de fio de cobre (bobina)
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
70

virado para baixo, não deve haver continuidade em seus terminais. Por outro lado, virando o
enrolamento para cima, deve ocorrer o contrário. Caso o comportamento seja diferente do descrito,
deve-se providenciar a troca do componente, conforme orientações do manual do sistema.
d) Capacitores: o mau funcionamento do capacitor pode impedir a partida do compressor e inutilizar
o sistema de refrigeração. Pode acontecer o mau funcionamento do compressor devido ao desgaste
ou pela utilização de um modelo não recomendado. Esse desgaste pode ser relativo ao grande
número de ciclos de partida e posterior desenergização do compressor do sistema. Pode ser feita
uma análise visual no capacitor para identificar possíveis deformações ou vazamentos de líquido.
Podem, também, ser realizados testes elétricos para verificar o seu funcionamento. Neste caso, antes
de serem realizados esses testes, o capacitor deve ser descarregado para evitar possíveis choques
elétricos, pois o mesmo pode estar com energia armazenada. Para esse procedimento se utiliza um
resistor (de valores conforme especificação do capacitor em questão) e se conecta aos terminais do
capacitor, para descarregá-lo.Após o descarregamento do capacitor, é utilizado um multímetro e
testa-se a continuidade entre os seus terminais. Caso a leitura do multímetro tenda a zero e depois
comece a subir, ele estará funcionando corretamente. Mas se a leitura tender a zero e permanecer
nessa condição, o capacitor está em curto-circuito e deve ser substituído. Por fim, caso a leitura não
apresente nenhuma mudança, isso indica que o capacitor está rompido, os seus terminais estarão
abertos e sua substituição também deve ser providenciada.
e) Compressores: pode ser considerado o componente mais caro dos sistemas de refrigeração e
climatização residenciais. Ele é o responsável por comprimir o fluido refrigerante, e por consequência,
induzir a circulação do fluido pelos circuitos dos sistemas para propiciar as trocas térmicas. Seu
mau funcionamento, assim como de outros componentes, inviabiliza o correto funcionamento do
equipamento. Primeiramente, o compressor deve estar isolado eletricamente, motor e carcaça. Para
testar essa condição, remove-se a tampa que protege os terminais elétricos (comum, bobina auxiliar
e bobina principal) do compressor, e com um multímetro, testa-se a continuidade elétrica entre cada
um deles com a carcaça do compressor. Caso algum terminal apresente continuidade com a carcaça,
o mesmo está em curto-circuito, o que indica que o compressor deve ser substituído. E se houver
descontinuidade entre algum componente, o fim é o mesmo.
f ) Outros componentes eletroeletrônicos e eletromecânicos: nos sistemas de refrigeração e
climatização residenciais há outros componentes eletroeletrônicos e eletromecânicos, tais como:
sensores, interruptores, motoventiladores, entre outros. Todos esses componentes, assim como os já
apresentados neste item, podem ter sua localização e fiação correspondente (cor de fio, conexões,
etc.) identificados por meio do diagrama elétrico. É importante lembrar que a continuidade deve
ser verificada com um multímetro e que um sistema com funcionamento correto deve permitir a
passagem da corrente elétrica, quando energizado.

Recomenda-se a busca de imagens dos principais componentes dos sistemas de


SAIBA refrigeração e climatização residenciais, em manuais e sites dos fabricantes, para
MAIS melhor identificação dos mesmos e facilidade de localização nos sistemas.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
71

Até agora, você ampliou seus conhecimentos no assunto proposto. Acompanhe a seguir, algumas
informações sobre manutenção.

5.3 MANUTENÇÃO

Falhas em sistemas de refrigeração e climatização residenciais podem acontecer e são compreensíveis a


qualquer tipo de sistema. Mas, algumas vezes torna-se necessário a substituição de algum componente ou
a realização de alguma atividade em específico para manter o correto funcionamento.
Essas atividades relacionam-se com ações de manutenção e por isso, nesta seção, serão mostrados os
principais itens relativos à manutenção de sistemas de refrigeração e climatização residenciais.
De maneira geral, tanto os sistemas de refrigeração quanto os de climatização residencial, apresentam
lógica para o desmonte do equipamento e a substituição do componente defeituoso. Recomenda-se
sempre realizar o serviço com ferramentas básicas, em ambiente iluminado e amplo.
Analisando um sistema de refrigeração residencial, mais especificamente um refrigerador dúplex,
percebe-se que os componentes de controle estão localizados na parte superior e atrás do forro do
compartimento do freezer. Já outros elementos, como compressor, dispositivos de partida, capacitores,
entre outros, encontram-se na parte traseira e inferior do sistema.
Geralmente, os componentes alocados na parte superior estão protegidos por capas ou forros plásticos
que são fixados por parafusos ou presilhas. Já os componentes traseiros, como o compressor, ficam à
mostra, assim como o condensador que fica alocado externamente ao sistema e conectado ao compressor.
Recomenda-se sempre a consulta aos manuais dos respectivos sistemas, assim como a correta interpretação
de seus diagramas elétricos que trazem valiosas informações a respeito da conexão e da localização dos
componentes elétricos.
Outro exemplo é o sistema de climatização residencial do tipo split-system, no qual os componentes
estão alocados tanto na unidade condensadora quanto na evaporadora. As unidades são protegidas por
capas plásticas e de metal que são fixadas por presilhas e parafusos. Dessa forma, caso se precise realizar
algum reparo ou teste no compressor deve-se retirar a capa protetora da unidade, pois é neste local que
estarão alocados o compressor, os dispositivos de partida, o motoventilador, entre outros componentes.
a) Substituição de componentes elétricos: para a substituição de componentes elétricos dos
sistemas de refrigeração e climatização residenciais deve-se identificar e localizar o componente
com suspeita de defeito, realizar alguns testes para confirmação, e caso seja necessário, realizar as
substituições seguindo as orientações do manual do sistema. Lembre-se de consultar o diagrama
elétrico para auxílio na localização dos componentes e suas conexões dentro circuito em que se
esteja trabalhando.
b) Substituição de componentes mecânicos: no caso da substituição de componentes mecânicos
e eletromecânicos o processo é mais longo e complexo, pois a retirada e a troca de itens como
compressor, filtro secador, capilar, condensador, evaporador ou tubulação com defeito, aponta a
necessidade de retirada do fluido refrigerante e posterior colocação de nova carga, depois de
concretizados os reparos.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
72

Na substituição do compressor de um sistema de refrigeração residencial, caso o defeito não seja


vazamento do fluido refrigerante, (se fosse, o fluido já teria vazado para o meio ambiente), deve-se realizar
o recolhimento deste fluido para dar a destinação correta ao mesmo, sabe-se que hoje existem empresas
especializadas nesta atividade. Utiliza-se, então, um dispositivo conhecido como válvula perfuradora, que
permite que seja feito um furo na tubulação do circuito e através deste, o fluido será sugado por uma
unidade recolhedora para um cilindro externo que lhe dará a destinação correta. A utilização dos EPIs,
como luvas e óculos de segurança, é indispensável para a execução desta atividade.
Após a retirada do fluido refrigerante, desconecta-se a ligação elétrica do compressor (atenção para
depois religá-la da mesma maneira ao novo compressor) e utiliza-se um conjunto de solda portátil
para aquecer os passadores de sucção e descarga, respectivamente, nas linhas de alta e baixa pressão,
para desconectar o compressor das tubulações do refrigerador. O processo de aquecimento por meio
do conjunto de solda portátil é mais indicado se comparado a simplesmente cortar os tubos, pois que,
aquecendo e desconectando os tubos, eles ficam prontos para receber o novo compressor. Ressalta-se
a necessidade extra de atenção para a chama do conjunto de solda: não se pode danificar fios e peças
plásticas no entorno do compressor.
Com os passadores desconectados, aguarda-se alguns instantes até que o compressor esfrie, porque o
aquecimento proporcionado pela solda pode causar queimaduras. Na sequência, remove-se as presilhas
que prendem o compressor na estrutura metálica, retirando-o.
Antes da instalação do novo compressor, recomenda-se realizar a limpeza do circuito em questão,
considerando que podem restar partículas sólidas nas tubulações do circuito, principalmente próximas
aos locais em que os passadores foram desconectados. Essas partículas podem ser fuligem ou restos de
material resultante do processo de substituição de componentes e sua presença pode afetar negativamente
o rendimento.
Esta remoção é feita por meio da inserção de um fluido pressurizado, específico para limpeza de circuitos
de refrigeração e climatização, como o R141b. Ele é inserido por uma entrada na tubulação do circuito e
expelido pela outra abertura, ou seja, é incorporado na linha de descarga do compressor e expelido pela
linha de sucção. A passagem desse fluido pressurizado por todo circuito carrega as partículas sólidas para
fora, deixando-o limpo e pronto para a instalação do novo componente.
Em seguida, coloca-se o novo compressor no lugar devido e prende-se com as presilhas utilizadas no
compressor anterior, fixando-o junto à estrutura metálica.
Após a fixação do item em questão, conectam-se as linhas de descarga e sucção à nova peça da
mesma maneira que estavam quando no compressor defeituoso. Para realizar a junção destas linhas é
necessário utilizar a estação de solda portátil e realizar o processo de brasagem, que utiliza um metal de
adição com menor ponto de fusão, unindo-o ao material da tubulação e às conexões do compressor. Com
o aquecimento proporcionado pela estação de solda, o metal de adição se derrete e preenche o espaço
entre a tubulação e conexão. Após esfriar, esse metal endurece e a junção torna-se inflexível. Por essa razão,
para a retirada do compressor, é necessário apenas aquecer a conexão; o metal de adição derrete e a junta
deixa de ser rígida.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
73

Com as brasagens realizadas, deve-se realizar uma verificação visual, além de pressurização do circuito
com nitrogênio, para identificar possíveis pontos com falta do metal de adição ou desconectados. Espelhos
podem ser utilizados para verificar o restante da conexão que fica voltado à parte interna do sistema de
refrigeração residencial.

Para mais informações relativas aos conceitos básicos sobre brasagem e outros tipos
SAIBA de soldagem, assim como recomendações para utilização correta dos equipamentos
MAIS e outras questões relacionadas, consulte o livro “Soldagem” de Geary e Miller,
publicado em 2013.

Recomenda-se, ainda, a brasagem da chamada válvula de serviço, junto à conexão de serviço do


compressor, também conhecido como processo. A conexão dessa válvula de serviço facilitará futuras
atividades e reparos que venham a ser feitos no sistema contextualizado.
Depois desses procedimentos deve-se realizar o vácuo da seguinte maneira: conecta-se a mangueira
do lado esquerdo do manifold (quando este é visto de frente, ou seja, olhando para a indicação dos
manômetros ou da cor azul) junto à conexão de serviço do compressor, a mangueira do meio (amarela) do
manifold no vacuômetro e a mangueira da direita (vermelha) à bomba de vácuo. Na sequência, liga-se a
bomba de vácuo e abre-se a válvula correspondente do manifold.
Depois de aguardado o tempo necessário para a bomba de vácuo proporcionar o nível desejado,
conforme orientações do fabricante, fecha-se a válvula e somente depois se desliga a bomba de vácuo.
Pode-se então realizar a nova carga de fluido refrigerante. Vale destacar que quando se atinge o nível
requerido de vácuo é um indicativo de que não há vazamentos no circuito.
Para realizar a carga de fluido refrigerante, utiliza-se a válvula correspondente à bomba de vácuo no
manifold (vermelha) e conecta-se sua mangueira no cilindro com fluido refrigerante que se deseja inserir.
Saiba que tanto o tipo quanto a quantidade que deve ser inserida estão expostos em etiquetas coladas
no próprio sistema de refrigeração e também em seus manuais. Deve ser utilizada uma balança para
contabilizar a quantidade em massa de fluido refrigerante que for inserido. Coloca-se, então, o cilindro
com fluido refrigerante sobre a balança e abre-se a válvula do manifold para permitir a entrada do fluido
refrigerante no circuito do sistema através da conexão de serviço do compressor. Ao mesmo tempo,
acompanha-se a indicação proporcionada pela balança para saber a massa de fluido refrigerante que saiu
do cilindro em direção ao circuito.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
74

CASOS E RELATOS

A mangueira do erro
Freitas, técnico em refrigeração, sempre que realizava a substituição de algum componente de um
sistema de refrigeração ou climatização residencial, envolvendo retirada e posterior inserção de
fluido refrigerante, percebia que os seus sistemas, após o reparo, funcionavam abaixo do esperado.
Ele então conversou com técnicos mais experientes e contou o problema. Estes esclareceram que
tudo indicava que os sistemas estavam com menor quantidade de massa de fluido refrigerante
que o necessário.
Freitas não entendeu, pois ele acompanhava pela balança a quantidade que saía do cilindro e alí
marcava, exatamente conforme as recomendações. Depois de muito refletir e até pensar que sua
balança poderia estar defeituosa, Freitas descobriu o problema: ele não considerava a massa de
fluido refrigerante que saía do cilindro e ficava na mangueira de conexão com o manifold.
E então ele mediu quanto de fluido era preciso para preencher a mangueira e passou a adicionar a
quantidade a mais, necessária para o equipamento em questão e nunca mais teve problemas com
os sistemas reparados.

Com o sistema pressurizado e com a quantidade de fluido refrigerante determinada, realiza-se a inspeção
em busca de vazamentos nas regiões mais propícias de acontecer tal fenômeno: nas conexões onde foram
realizadas brasagens. Utiliza-se, então, a mistura de água e sabão para formar espuma e verificar se há
formação de bolhas: se ocorrer, há vazamento.
Por fim, reconecta-se todas as conexões elétricas do compressor, conforme estavam anteriormente,
liga-se o sistema de refrigeração residencial, acompanhando seu funcionamento inicial. Dessa maneira,
pode-se identificar algum ruído anormal e acompanhar a refrigeração dos compartimentos do sistema,
pois há que se observar que tanto a falta quanto o excesso de fluido refrigerante afetam negativamente o
desempenho do mesmo, de forma que, caso alguma anormalidade seja encontrada, deve-se consultar os
manuais do sistema para realizar o ajuste e proporcionar o funcionamento adequado.
Se necessário, há ainda a possibilidade de se verificar menores vazamentos, após a confecção das
brasagens, por meio da inserção de nitrogênio pressurizado. Após o teste, realiza-se o processo de vácuo
no sistema, conforme descrito anteriormente.
É válido destacar que na operação do sistema de refrigeração ou climatização residencial ou ainda em
testes, caso se verifique algum ruído metálico proveniente do interior do compressor, deve-se providenciar
a sua substituição, pois, geralmente, este ruído é causado por algum componente danificado.
Veja, na próxima seção, como é realizado o planejamento da manutenção.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
75

5.4 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Nesta seção, serão abordados conceitos relativos ao planejamento da manutenção, contemplando os


diferentes tipos existentes e suas definições, além de alguns exemplos, objetivando trazer informações
sobre a coleta de dados dos sistemas e a composição do custo de manutenção.
Definição de manutenção
A definição de manutenção vem do ato ou ação de cuidados para manter determinado sistema
funcionando dentro de suas expectativas, e portanto, nas condições para as quais foi desenvolvido,
projetado e instalado. Em outras palavras, pode-se entender como manutenção o conjunto de atividades
designadas para conservação das características originais esperadas de determinado sistema.
No caso dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais não é diferente; a manutenção destes
também tem por objetivo manter o seu funcionamento adequado ao longo do tempo, além de prevenir
falhas e quebras de componentes que podem levar à inutilização inesperada do mesmo até que seja feito
o reparo necessário.
Observa-se que o custo envolvido na manutenção tende a diminuir quando ela é concretizada de
maneira correta e contínua, prevenindo rupturas e defeitos, evitando que seja feita somente quando o
sistema deixa de funcionar como o esperado ou, ainda, quando o mesmo fica inoperante.
De maneira simplificada, a manutenção pode ser dividida em dois grandes grupos: manutenções
planejadas e manutenções não planejadas. (PEREIRA, 2009).
No grupo das manutenções planejadas encontram-se, geralmente, as manutenções preventivas,
preditivas e detectivas. Para o caso dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais se destacam as
manutenções preventivas.
O grupo das manutenções não planejadas, geralmente se divide em manutenções corretivas e
ocasionais. Novamente, para o caso dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais se destacam
as manutenções corretivas.
A correta realização da manutenção proporcionará, além de maior vida útil ao sistema, melhor
rendimento e consequente economia de energia elétrica. Por isso ela é tão importante.

5.4.1 MANUTENÇÃO PREVENTIVA

É a manutenção que prevê ações antecipadas com relação às imperfeições do conjunto. Essa característica
da manutenção, procura manter o sistema funcionando com seus padrões originais a partir de ações e
de paradas programadas para revisões periódicas. (PEREIRA, 2009). Essas ações e revisões, dependem do
cronograma de manutenção preventiva fornecido pelo fabricante do sistema e dependerá de fatores como
tipo e modelo do equipamento, condições de uso, entre outras questões.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
76

Dessa forma, as atividades propostas pela manutenção preventiva proporcionam melhor funcionamento
do sistema de refrigeração ou climatização residencial ao longo do tempo por gerarem menores custos, se
comparados aos que seriam despendidos no caso de uso ininterrupto do sistema até falha ou inutilização do
mesmo e posterior correção do problema. Para melhor compreensão, quanto maior a atenção direcionada
para a manutenção preventiva, menor será a chance de falha ou quebra de determinado componente do
sistema e menor será a probabilidade de necessidade e manutenção corretiva no mesmo.
Para finalizar, serão apresentados exemplos genéricos de manutenções preventivas em sistemas de re-
frigeração e climatização residenciais baseados nas orientações dos fabricantes. No contexto, orientações
de manutenções preventivas para um refrigerador residencial e um climatizador residencial do tipo split-
-system. Vale relembrar que o cronograma de manutenção deve seguir as orientações do fabricante do
sistema estudado.

REFRIGERADOR RESIDENCIAL
Ao realizar a manutenção do refrigerador residencial, deve-se verificar periodicamente:
a) o estado da borracha de vedação dos compartimentos do refrigerador, também conhecida como
gaxeta. O mau estado desse componente prejudica o rendimento do sistema e pode sobrecarregar
o compressor e outros componentes;
b) ruídos estranhos ao correto funcionamento do sistema. Esses ruídos podem indicar mau funciona-
mento em componentes essenciais;
c) limpeza da condensadora do refrigerador: caso a mesma esteja suja de poeira, gordura ou outras
impurezas, deve-se providenciar a limpeza para proporcionar o correto rendimento do conjunto;
d) limpeza dos compartimentos internos do refrigerador: sujeira e impurezas podem comprometer o
rendimento, além da possibilidade da geração de odores não desejáveis;
e) alinhamento das portas do refrigerador, quando do tipo dúplex, side by side ou única porta, caso seja
um modelo convencional;
f ) caso seja um refrigerador com compartimento para retirada de água, deve-se limpar o duto de
drenagem para evitar o acúmulo de sujeira e outras partículas;
g) nivelamento dos pés do refrigerador: no caso dos modelos frost-free deve haver leve inclinação, para
a água decorrente do degelo automático escorrer para o compartimento projetando na parte tra-
seira do refrigerador.

CLIMATIZADOR RESIDENCIAL DO TIPO SPLIT-SYSTEM:


Ao realizar a manutenção do climatizador residencial deve-se verificar periodicamente:
a) limpeza dos filtros da unidade evaporadora: a sujeira acumulada, decorrente do uso e da poluição do
local, afeta negativamente o rendimento do sistema;
b) limpeza da unidade condensadora: no caso desta unidade, por estar no ambiente externo, há maior
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
77

chance de acúmulo de sujeira e isso deve ser considerado;


c) nível de oxidação na unidade condensadora: como fica exposta no ambiente externo, deve-se
verificar a formação de ferrugem na carcaça e componentes, além de passar óleo lubrificante nestas
partes para minimizar o risco de oxidação.

Um sistema de climatização residencial com filtros sujos, além de reduzir o


CURIOSI rendimento e aumentar o consumo de energia elétrica da residência, é prejudicial
DADES à saúde, pois pode acumular vírus, bactérias, fungos e ácaros, de modo a propiciar
crises de rinite, sinusite e em casos extremos, até pneumonia.

5.4.2 MANUTENÇÃO CORRETIVA

No caso da manutenção corretiva, o principal objetivo é a correção de um problema que já existe, que
está evidente, afetando negativamente o desempenho do sistema ou até mesmo, a sua utilização. Este tipo
de manutenção procura corrigir o defeito no menor tempo possível para que o sistema volte a operar em
suas condições originais, o quanto antes, evitando o incômodo para as pessoas que dependem dele.
Porém, sabe-se que os custos envolvidos em uma manutenção corretiva são mais altos do que os
praticados na preventiva, principalmente pelo seu caráter emergencial.
De maneira geral, entende-se que a manutenção corretiva só é necessária após uma quebra inesperada,
ou seja, aguarda-se a quebra ou falha de algum componente para só então agir. Por essas razões é que os
custos envolvidos são, geralmente, maiores se comparados aos da manutenção preventiva.
A seguir, serão apresentados exemplos genéricos e básicos de manutenções corretivas em sistemas de
refrigeração e climatização residenciais, baseados em orientações dos fabricantes. No contexto, orientações
de manutenções corretivas para um refrigerador residencial e um climatizador residencial do tipo split-
-system. Vale destacar que orientações específicas quanto às manutenções corretivas devem seguir as
orientações dos respectivos fabricantes do equipamento.

REFRIGERADOR RESIDENCIAL
O sistema de refrigeração residencial mantém a temperatura dos compartimentos acima do desejado:
a) o termostato pode estar defeituoso. O mesmo deve ser testado, verificado se está na posição correta
e se é o indicado pelo fabricante. Se, após as averiguações o defeito persistir, ele deve ser substituído;
b) caso o termostato seja eletrônico, seus sensores devem ser testados e se apresentarem defeito,
devem ser substituídos;
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
78

c) o protetor térmico pode estar com defeito relacionado à oxidação, por exemplo, que pode levar à
perda de contato. Deve ser avaliado e substituído, se necessário;
d) o compressor pode estar danificado ou com falta de óleo lubrificante e, neste caso, o dano deve ser
reparado;
e) vazamento de fluido refrigerante do circuito do sistema de refrigeração residencial: caso se verifique
que há menos fluido refrigerante que o especificado pelo fabricante, deve-se identificar e corrigir o
vazamento e realizar a carga de fluido refrigerante;
f ) vedação das portas dos compartimentos (gaxetas), quando danificadas não mantêm a temperatura
nos compartimentos, dessa forma, deve-se realizar a substituição, se necessário;
g) luzes internas dos compartimentos permanecem sempre acesas: verificam-se as posições e o fun-
cionamento dos interruptores e realiza-se a substituição, caso seja necessário.
O sistema de refrigeração residencial mantém a temperatura dos compartimentos abaixo do de-
sejado:
a) o termostato pode estar defeituoso. Deve ser testado, verificado se está na posição correta e se é o
indicado pelo fabricante, se permanecer o defeito, deve ser substituído;
b) caso o termostato seja eletrônico, seus sensores devem ser testados e se apresentarem defeitos
devem ser substituídos;
c) o protetor térmico pode estar com defeito que o leva a não desenergizar o compressor. O item deve
ser avaliado e substituído, caso seja necessário.
Ruído excessivo:
a) algum componente solto ou mal encaixado que causa vibrações; mais do que apenas provocar
ruídos, podem danificar a integridade do sistema.
Caso seja proveniente do compressor, pode indicar o mau funcionamento do mesmo e a troca deve ser
providenciada.
Formação de gelo em refrigeradores frost free:
a) a resistência de degelo pode estar danificada, assim como o sensor de temperatura de degelo. Ou
ainda, o termofusível pode estar ligado em série à própria resistência de degelo. Em ambos os casos,
os componentes devem ser avaliados e se constatadas irregularidades, devem ser substituídos.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
79

CLIMATIZADOR RESIDENCIAL DO TIPO SPLIT-SYSTEM:


O sistema de climatização residencial mantém a temperatura do ambiente acima do desejado:
a) vazamento de fluido refrigerante do circuito do sistema de climatização residencial. Caso se verifique
que há menos fluido refrigerante que o especificado pelo fabricante deve-se identificar o vazamento
e promover a carga de fluido, além de um reaperto geral nas conexões do sistema;
b) compressor na unidade condensadora pode estar danificado ou com falta de óleo lubrificante e
deve ser reparado;
c) motoventilador na unidade condensadora está danificado ou queimado e deve-se realizar a troca.
Sem o correto funcionamento do motoventilador, a dissipação térmica fica prejudicada.
Ruído excessivo:
a) algum componente solto ou mal encaixado que leva a vibrações, que além de provocar ruídos, podem
danificar a integridade do sistema. Caso seja proveniente do compressor na unidade condensadora,
pode indicar o mau funcionamento do mesmo e a troca deve ser providenciada com urgência.

SAIBA Para mais informações sobre os conceitos relativos às manutenções, assim como
definições de outros tipos existentes, consulte o livro “Engenharia de Manutenção:
MAIS Teoria e Prática” de Pereira, publicado em 2009.

Além das questões apresentadas, ressalta-se que tanto o procedimento de manutenção preventiva
quanto o de manutenção corretiva necessita de coleta de dados relativos ao sistema de refrigeração
ou climatização residencial em questão e os procedimentos que forem nele realizados. Esses dados são
preenchidos em fichas de manutenção e o seu formato e dados requisitados variam conforme orientações
de cada fabricante e processo realizado. Dessa maneira, constrói-se então um histórico do sistema, que
permite, além da estimativa da próxima manutenção, um bom acompanhamento técnico do conjunto.
O custo da manutenção de determinado sistema de refrigeração ou climatização residencial está
diretamente ligado aos insumos utilizados durante a respectiva manutenção do mesmo. Entendem-
-se como insumos os componentes danificados ou defeituosos, que devem ser substituídos, o fluido
refrigerante que necessita ser trocado ou completado, os materiais de trabalho gastos no procedimento
como isolantes, fitas, cabos, conexões, fluidos utilizados pelo conjunto de solda portátil, entre outros.
Além disso, para a composição do custo da manutenção, devem ser considerados os tempos de trabalho
demandados para realização de determinado serviço e o deslocamento do técnico até o local onde está o
equipamento. Em outras palavras, manutenções mais complexas que demandam maior tempo do técnico
levam a custos mais altos, assim como localidades mais afastadas do local de trabalho do técnico também
implicam em valores mais altos no custo final da manutenção.
Veja na próxima seção, algumas orientações com relação à prevenção de acidentes.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
80

5.5 ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Em algum momento da vida, você já deve ter recebido a intervenção de seus pais em algo que iria fazer.
Possivelmente, eles alegaram que aquela situação era perigosa e oferecia algum risco.
Esses riscos recebem o nome de riscos ambientais. Eles podem ser divididos em riscos físicos, químicos,
biológicos e riscos de acidente.
Mas o que é acidente?
Relaciona-se com a ideia de um acontecimento anormal, de imprevisto e de fatalidade. Pode ser ainda
um evento indesejável, instantâneo ou não, e que resultou em dano à pessoa, ao patrimônio ou impacto
ao meio ambiente.
Esses mesmos riscos existem também no ambiente de trabalho. São os chamados riscos ocupacionais.
Quando ocorridos no local de trabalho são chamados de acidentes de trabalho.
De acordo com a Lei nº 8.213/91, acidente de trabalho é aquele que ocorre no exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que cause a morte, perda ou
redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. E ainda, acidente de trabalho pode ser
considerado qualquer ocorrência que interfira no andamento normal da produção.
Esses acidentes acontecem a partir de atitudes ou condições inseguras.
Dessa forma, é necessário adotar um comportamento prevencionista. Neste sentido, medidas como
a sinalização de ambientes que ofereçam riscos de acidente nos locais de trabalho é de fundamental
importância.

5.5.1 SINALIZAÇÕES DE SEGURANÇA

A adoção de sinalização de segurança no ambiente de trabalho minimiza os riscos de acidente. A partir


dessa ideia foi criada a norma regulamentadora (NR 26, 2013).
Ela é responsável pela fixação de cores e emplacamento (rotulagem) que devem ser usadas nos locais
de trabalho, visando evitar acidentes.
As cores são utilizadas para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar
tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos. Estas devem atender
ao disposto nas normas técnicas oficiais.
De acordo com a norma (NR 23, 2013) as principais cores são:
a) vermelha: utilizada principalmente para identificar equipamentos contra incêndio;
b) amarela: utilizada para sinalizar local de perigo e atenção. Quando apresentada em listras e
combinada com a cor preta, sinaliza perigo duplo;
c) branca: utilizada para sinalizar áreas de circulação;
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
81

d) preta: utilizada para sinalizar a canalização de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade;


e) verde: utilizada para sinalizar locais seguros.

5.5.2 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA DE PPCI

Assim como a sinalização de locais perigosos, no ambiente organizacional é necessário que haja um
programa específico para a prevenção e combate de incêndio, os chamados PPCI’s.
Esses programas consistem em um projeto que prevê alternativas de combate a incêndios, preservando
a integridade física e patrimonial das pessoas de um determinado recinto. O PPCI é uma exigência legal, por
meio do qual se torna possível a emissão do alvará de localização para instalações comerciais, industriais,
diversões públicas e edifícios residenciais com mais de uma economia e mais de um pavimento.
Deve ser elaborado por profissional habilitado, que observe os seguintes pontos:
a) saídas de emergência suficientes para retirada de pessoal, em caso de incêndio;
b) equipamentos suficientes e em perfeito estado de funcionamento para combater o fogo;
c) pessoas capacitadas para o uso dos equipamentos.
É importante estar em dia com o PPCI, não apenas por uma exigência legal do Corpo de Bombeiros, mas
principalmente, para neutralizar os riscos causados por um eventual incêndio.

5.5.3 PROGRAMA DE PREVENÇÃO CONTRA OS RISCOS AMBIENTAIS (PPRA): (CONCEITO,


FINALIDADES)

Além do PPCI, é de responsabilidade das empresas elaborar um programa de prevenção contra os


riscos ambientais (PPRA). Esse documento não deve apenas estar à disposição da fiscalização, mas deve
representar um plano das iniciativas para reduzir a exposição dos trabalhadores aos riscos levantados.
O PPRA é um documento obrigatório para todas as empresas que mantém colaboradores regidos pela
CLT2, e visa a preservação da saúde e da integridade dos colaboradores, por intermédio da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes no local
de trabalho. Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos. O PPRA deve ser
desenvolvido no âmbito de cada estabelecimento da empresa.
Na prática, o PPRA é um documento que contém um plano de ação que deve ser implantado.
Acompanhe na próxima seção, os conceitos de organização e disciplina no trabalho.

2 Consolidação das Leis do Trabalho.


REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
82

5.6 CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DISCIPLINA NO TRABALHO: TEMPO, COMPROMISSOS E


ATIVIDADES

Ao longo de sua história, o homem foi aprimorando processos e técnicas de produção, mecanizando a
indústria, o que influenciou a mudança de comportamento dos indivíduos.
Considerando essas mudanças e observando ocorrências atuais, pode-se dizer que o mundo do traba-
lho é inconstante. Por isso, o chamado profissional do futuro precisa estar preparado para se adaptar às
novas realidades que se apresentarão.
O sucesso profissional é algo que todos almejam e em um ambiente onde a economia é globalizada e as
mudanças tecnológicas ocorrem em um curto espaço de tempo, planejamento, organização e disciplina,
são indispensáveis.
O primeiro passo é saber usar bem o tempo, distribuindo as horas do dia e da noite, disponibilizando
horas para o trabalho, para o lazer e para descanso. É preciso, principalmente, ser organizado, quem não o
é, atira para todos os lados e dificilmente acerta o alvo.
Além disso, é necessário ter capacidade para obedecer normas e padrões, seguir manuais, respeitar,
influenciar e permitir influenciação positiva, além de cumprir com o compromisso de seguir um planeja-
mento, visando atingir ao objetivo proposto.

5.6.1 ORGANIZAÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO

Certamente, você já se viu confuso em algum momento de sua vida sem saber o que executar primeiro
diante de tantos compromissos e trabalhos a serem entregues. O que priorizar? Por onde começar?
O mercado está cada vez mais competitivo, consumidores, cada vez mais exigentes. Neste contexto, as
empresas estão sendo obrigadas a atingir padrões de qualidade cada vez maiores e mais eficientes. Todos
estão sendo convidados à reinvenção, ao olhar diferenciado sobre o mesmo desafio e muitas oportunida-
des nascem deste tipo de cenário. Por isso, agora você será convidado a pensar sobre o contexto vivido na
sua profissão, começando pela organização necessária para cumprir suas metas no ambiente de trabalho.
Acompanhe.

5.6.2 PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO

A organização visa estabelecer os meios e recursos necessários possibilitando a reflexão de como a


empresa cumprirá os seus planos. Portanto, o processo de planejar e alocar os recursos, permite estabelecer
o engajamento entre os membros de uma organização para que eles possam alcançar os objetivos
convencionados pela empresa. Cada indivíduo deve contribuir com sua parte.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
83

O importante é ter critérios de organização da rotina de trabalho e não apenas manter o ambiente
arrumado. Deve-se elaborar um sistema para organizar os documentos e os objetos, para que se saiba
onde procurar quando precisar. Observe, nos itens a seguir, algumas dicas úteis:
a) descartar o que não é mais necessário também é importante. Pergunte se outros colegas utilizarão
ou se é possível desfazer-se de itens considerados supérfluos.
Pergunte se outros colegas utilizarão ou se é possível desfazer-se de itens considerados supérfluos;
b) organize os documentos por assunto, monte um arquivo e defina um dia da semana para fazer a
manutenção do mesmo;
c) monte uma agenda de tarefas e compromissos. Entenda que ser organizado implica em mudança de
hábito, renovação de atitude comportamental.
d) por fim, faça uma lista de verificação (checklist) de suas tarefas e defina o que é prioridade. A
organização dá espaço para expor criatividade e benefícios.

5.6.3 ORGANIZAÇÃO DE FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS

Dependendo da atividade que você exerça, poderá utilizar-se de diversas ferramentas e instrumentos.
É imprescindível a organização de forma racional. Não é incomum que se necessite de algum instrumento
e não o encontre. Mas, deve-se buscar a coerência, colocando aqueles que serão utilizados com maior
frequência mais próximos, e quanto aos recursos que menos serão utilizados, deve-se providenciar um
local adequado para o armazenamento.
Uma triagem deve ser feita e guardados apenas o que realmente será utilizado. Os demais objetos,
encaminha-se ao correto descarte ou coloca-se para doação, caso estejam ainda em condições de uso.
As ferramentas podem ser guardadas em caixas ou painéis perfurados, com devida identificação. Estas
atitudes, ainda que simples, facilitarão muito o andamento das tarefas.

5.6.4 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO DE TRABALHO

Você já deve ter percebido que as horas do dia são passadas, a maior parte, no trabalho. Por isso, é
importante que esse lugar seja o mais aprazível possível.
Grande parte da responsabilidade de se ter um ambiente agradável é de cada um, mantendo máquinas e
equipamentos conservados, materiais ordenados, estrutura limpa e compromisso de zelar pela manutenção
dessas condições. Para internalizar essa filosofia, muitas empresas adotaram uma metodologia chamada
5S.
O programa 5S foi desenvolvido no Japão e tem como objetivo a organização do local de trabalho
a fim de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade, bem como prevenir acidentes, aumentar o
relacionamento interpessoal e a autoestima de todos na empresa. (SILVA, 1994).
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
84

Segundo Silva (1994), o 5S é uma metodologia composta por cinco conceitos que, em japonês começam
com a letra “S”: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke.
Seiri (organização): significa diferenciar tudo que é necessário do que não é. O que não é usado deve ser
descartado.
Seiton (ordem): significa arrumação, disposição das coisas de forma a localizá-las facilmente.
Seiso (limpeza): visa findar com a sujeira e o lixo.
Seiketsu (conservação): significa manter a organização, a ordem e a limpeza.
Shitsuke (autodisciplina): trata-se da reeducação de atitudes e do cumprimento rigoroso do que foi
estabelecido.
Como visto, o 5S é uma metodologia simples que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida
das pessoas. Para que isso seja alcançado e mantido é necessário realizar avaliações periódicas a fim de
monitorar o desempenho.
Outros fatores são determinantes na criação de um ambiente de trabalho agradável. Prossiga com seus
estudos e os conheça, nas próximas seções.

5.7 ÉTICA

O homem é um ser cultural que só realiza sua existência na convivência com os iguais e, portanto, todas
as suas ações e decisões afetam as outras pessoas do grupo. Nesta inter-relação, estabelecem-se vínculos
que precisam de cuidados e aperfeiçoamentos, noções que são regidas pelo sentido de ética.
Mas o que significa exatamente a palavra ética? É a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual rege a
conduta humana. (CAMPOS; et al, 2002).
Para Araújo e Aquino (2001), ética é o estudo geral do que é bom ou mal, correto ou incorreto, justo ou
injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da ética é a busca de justificativas para as regras pro-
postas pela moral e pela noção de direitos. Visa também desenvolver a consciência de que os atos podem
influenciar na vida dos outros e que a liberdade acarreta a responsabilidade.
Neste contexto, o exercício da postura profissional sugere inúmeras decisões que variam de acordo com
o entendimento de cada profissional. Para o alinhamento dessas decisões, foram criados códigos de ética
para serem seguidos dentro das organizações.

5.7.1 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa
a ser obrigatório. Geralmente, as pessoas escolhem sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que
está prestes ao assumir, tornando-se parte daquela categoria que escolheu, ou seja, a ética profissional
deve ser assumida junto com a assinatura do contrato de vínculo empregatício.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
85

A ética profissional diz respeito às diversas diretrizes que orientam as pessoas quanto às suas posturas
e atitudes, moralmente aceitas ou toleradas pela sociedade.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, devido a singularidades
das diferentes áreas de atuação. No entanto, há elementos da ética profissional que são universais, e por
isso aplicáveis a qualquer atividade profissional, como a honestidade, a responsabilidade, a competência,
etc.

5.7.2 SENSO MORAL

Nos últimos anos você deve ter observado inúmeros protestos contra ideologias governamentais ou
contra o preconceito das pessoas em relação a algumas parcelas da população.
Essas ações estão relacionadas ao senso moral das pessoas. De acordo com uma das diversas ideologias
formadas culturalmente, isso ocorre quando se participa de movimentos que favoreçam a solidariedade
em várias ações para o bem de uma sociedade.
Em outras palavras, apesar de sua dimensão abrangente, pode-se considerar que o senso moral está
relacionado com a ação do indivíduo, de acordo com seus valores, visando o bem comum para si e para
seu semelhante. (GODINHO; 2005).

5.7.3 CONSCIÊNCIA MORAL

Já a consciência moral é ter noção das ações individuais praticadas, compreendendo que suas
consequências se estendem a todos que dividem o espaço conjuntamente.
É o entendimento do que é bom e do que é mal, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou
inadequado de acordo com as regras, valores, leis e costumes culturais do meio em que se está inserido.
A compreensão deste conceito denota o primeiro estágio em busca de um comportamento ético e
deve se estender como o reconhecimento da necessidade de tratamento igualitário a todos os indivíduos
de uma sociedade.
Percebe-se que o senso e a consciência moral juntos, podem justificar, entre outros paradigmas, o
desejo de afastar a dor e o sofrimento para alcançar a satisfação.

Se ética é vista por muitos como a ciência que estuda o comportamento das pessoas
SAIBA diante das regras da sociedade em que vive, a moral pode ser entendida como um
MAIS conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade. Estas
noções são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
86

Você deve estar se perguntando: mas, o que forma o pensamento do indivíduo? E da sociedade?
Continue com seus estudos. Mais adiante você encontrará respostas a esses questionamentos e outros
tantos virão, com certeza.

5.8 CULTURA, HISTÓRIA E DILEMA

Cada povo ou comunidade possui costumes, crenças, valores, leis e hábitos típicos do lugar em que
estão inseridos. É nesse complexo conjunto de elementos que desenha-se a cultura.
Embora seja um termo que gera inúmeras definições, a cultura está associada à história da civilização.
Pode-se entender que a cultura é mutante, com o passar do tempo os elementos culturais vão se
acumulando e se adaptando ao contexto espacial e temporal.
Nesse contexto, observa-se idas e vindas de pessoas e comunidades cuja cultura obedece a certos
paradigmas, em razão das escolhas pessoais ou sociais. Esses paradigmas variam de acordo com diversos
fatores e muitas vezes, o indivíduo é convidado a conviver em ambientes culturais amplamente distintos,
em muitos casos, o oposto daquilo que está habituado a viver.
Dessa forma, surgem os dilemas. Mas o que seria um dilema? Pode ser concebido como um fenômeno
de ordem moral ou social que ocorre a partir da existência de um problema e/ou situação que ofereça duas
soluções controversas ou inaceitáveis. Imagine um trabalhador de climatização residencial que aceitasse
uma proposta de trabalho em uma grande empresa localizada próximo a uma aldeia indígena. Neste local,
de acordo com alguns costumes, ele poderia presenciar crianças portadoras de deficiências físicas sendo
sacrificadas, por entenderem que, além de sofrer, ela prejudicaria a sobrevivência da tribo. O que fazer?
Intervir e não deixar que as crianças morram? Deixar o povo continuar o ritual?

5.9 CIDADANIA

O exercício dos direitos humanos e a prática de regras convencionais, consideradas corretas para o
convívio em sociedade, visam tornar cada pessoa um cidadão. Esses direitos foram declarados como
universais pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948,
(CARVALHO; 2002), ou seja, são reconhecidas em todo o território mundial.
Mas quais são esses direitos? O direito à vida, à liberdade, à igualdade, entre outros.
O exercício da cidadania pode ser entendido como a prática e o respeito aos costumes de um lugar,
atendido de forma moral perante a lei vigente.

5.10 COMPORTAMENTO SOCIAL

O comportamento social tem seu conceito relacionado à interação, seguido por ações sociais, que são
direcionadas a outras pessoas e induzem respostas.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
87

Nesse sentido, percebe-se que esse comportamento se relaciona à comunicação entre os indivíduos.
Observa-se, atualmente, um comportamento voltado ao consumismo, que valoriza a obtenção de produtos
e serviços que propiciem status social, ou seja, o reconhecimento e a aceitação depende do que se é capaz
de comprar. Várias correntes ideológicas opinam sobre o assunto, mas é válido perceber e refletir sobre a
realidade atual, sabendo que todos são artistas principais do espetáculo da vida e não meros coadjuvantes.
Como tais, cabe a cada um eleger suas prioridades e ideologias, de acordo com sua consciência individual
e de grupo.

5.11 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Como estudado anteriormente, para que o bom convívio social aconteça é necessário que hajam
normas que estabeleçam parâmetros para as ações dos indivíduos.
A Constituição Federal do Brasil, por exemplo, estabelece direitos e deveres do cidadão brasileiro. Esses
têm alcance individual e coletivo. Além disso, todos têm direitos sociais referentes à educação, saúde,
trabalho, moradia, lazer, segurança, etc.
No ambiente organizacional você encontrará inúmeros direitos e deveres. Possivelmente, você já
deve ter ouvido falar na Consolidação das Leis de Trabalho ou CLT, que é um conjunto de normas que
regulamenta os direitos e deveres trabalhistas.
São exemplos de direitos:
a) décimo terceiro salário;
b) férias;
c) auxílio transporte.
São exemplos de deveres:
a) guardar sigilo profissional;
b) não praticar ato de ofensa ou lesivo à honra e imagem do empregador e colegas de trabalho;
c) não praticar desídia (desleixo com os compromissos do trabalho).

5.12 VALORES PESSOAIS E UNIVERSAIS

No convívio familiar, os pais repassam muitas informações referentes ao que é certo ou não, sobre fazeres
pautado em valores, como ser honesto nas relações interpessoais e respeitar as diferenças, por exemplo.
São regras, normas e padrões sociais geralmente aceitos e mantidos por determinados indivíduos ou
sociedades e dependem da cultura onde estão introduzidos. Entretanto, cada indivíduo tem o livre arbítrio
para adotar ou não esses valores, considerando que são subjetivos e contestáveis.
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO RESIDENCIAL
88

Por outro lado, considera-se a existência dos princípios: o próprio nome já o define como aquilo que vem
primeiro. Princípios como honestidade, possuem abrangência universal, de maneira que é incontestável
em qualquer lugar do mundo. Mas, qual seria o impacto da deficiência de princípios em uma sociedade?
Acompanhe.

5.13 IMPACTO DA FALTA DE ÉTICA AO PAÍS: PIRATARIA, IMPOSTOS

Comumente se ouve pessoas reclamando do comportamento de determinados políticos de um país.


Entretanto, muitas dessas pessoas são aquelas que guardam lugar na fila do supermercado, que não
devolvem o troco errado. É primordial que o comportamento seja condizente com os anseios de justiça.
São atitudes antiéticas, como estas, que rotineiramente fazem parte das notícias nas mídias, destacando
empresas que sonegam impostos ou apreensão de cargas de produtos falsificados.
Embora tenha-se que admitir que as taxas de impostos praticadas no país são extremamente altas,
dificultando a sobrevivência das organizações, trabalhar com produtos falsificados ou sonegar não é a
escolha adequada, considerando que derrogam leis que existem para serem cumpridas. A esta atitude
paralela, dá-se o nome de economia subterrânea.
Anualmente, são apreendidas quantidades muito altas de produtos falsificados. Segundo um estudo
da consultoria Tru Optki, o Brasil está na segunda posição no ranking mundial de pirataria, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos e ultrapassando o país mais conhecido por essa prática: a China.
Além de causar grande prejuízo à economia do país, esses produtos possuem baixa qualidade, pois não
são acompanhados por órgão de inspeção, e podem colocar em risco a vida dos consumidores.

Você sabia que a Receita Federal é o órgão responsável pelo controle de produtos
CURIOSI falsificados? Esses produtos, quando apreendidos, são destruídos ou distribuídos
DADES para entidades sociais. Neste último caso, apenas quando não oferecem risco aos
usuários.

De acordo com Amaral (2011), a sonegação fiscal no Brasil representa 28%, aproximadamente, do que
é arrecadado atualmente. Esse percentual significa R$ 415,1 bilhões que não entram nos cofres públicos. A
consequência mais impactante na vida do cidadão em relação à sonegação fiscal é o constante aumento da
carga tributária. Estima-se que o brasileiro trabalha cinco meses por ano apenas para pagar seus impostos.
5 INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
89

RECAPITULANDO

Neste capítulo, foram abordados conceitos e orientações sobre os principais aspectos relacionados
à instalação dos sistemas de refrigeração e climatização residenciais mais representativos no
mercado, passando pelas ferramentas e equipamentos mais utilizados para tal atividade. E ainda,
foram vistas as principais falhas, e os testes elétricos que devem ser realizados nos sistemas de
refrigeração e climatização residenciais. Na sequência, abordou-se questões relativas à substituição
de determinados componentes elétricos e mecânicos dos sistemas em questão.
Por fim, questões sobre o planejamento da manutenção foram estudadas, desde a definição dos
conceitos, exemplos nos sistemas de refrigeração e climatização residenciais, até orientações
básicas como, por exemplo, o cronograma da manutenção e a composição de custos da mesma.
Aspectos sobre prevenção de acidentes, organização e ética no trabalho também foram abordados.
Com a compreensão deste capítulo será possível que você tenha conhecimento amplo sobre os
aspectos básicos relativos à instalação de sistemas de refrigeração e climatização residenciais, tanto
nos procedimentos quanto nas ferramentas e equipamentos básicos que devem ser utilizados.
Portanto, você está apto a elaborar o planejamento de manutenção para determinado sistema,
conforme orientações do fabricante, e executá-lo, além de definir o custo e o cronograma. Sucesso
em seus empreendimentos
REFERÊNCIAS

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STOECKER, W. F.; SAIZ JABARDO, J. M. Refrigeração Industrial. 2. ed. São Paulo: Blücher, 2002.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

JÚLIO CONRRADO THOMAZINI JÚNIOR

Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2010) e Mestre em
Engenharia Mecânica também pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2013).
É pesquisador na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, onde desenvolve projetos e
pesquisa nas áreas de instrumentação, refrigeração e automação de ensaios.

HERIBERTO ALZERINO FLORES

Graduado em Administração e pós-graduado em Gestão Pública pela Faculdade Municipal de


Palhoça – FMP. Habilitado pelo SEBRAE para atuar no programa Pronatec Empreendedor. Atua
como Analista de Gestão de Pessoas no setor público e é Consultor de processos e mercado
na iniciativa privada. Instrutor especialista no SENAI/SC desde 2013, atuando em cursos de
qualificação Profissional e cursos técnicos, ministrando disciplinas na área de gestão como
ferramentas da qualidade, gestão de processos, gestão de pessoas, processos de administração
de pessoal e gestão de serviços.
ÍNDICE

A
ACJ 26, 27, 64, 68, 69
Alargador 61, 66

B
Bebedouros 22, 24, 64
Bomba de vácuo 61, 62, 73
Borneira 67

C
Cálculo simplificado 51, 55, 56
Capacitores 32, 36, 70, 71
Carga de fluido refrigerante 67, 68, 73, 78
Cargas externas 50
Cargas internas 51
Carga térmica 11, 47, 50, 51, 52, 54, 55, 56, 57, 64
Chave seletora 31
Compressor 17, 18, 19, 24, 27, 28, 29, 30, 31, 40, 41, 65, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 76, 78, 79
Condensador 17, 27, 71
Conforto térmico 47, 48, 49, 50, 55, 56, 57, 91
Conjunto de solda portátil 61, 66, 79
Cortador de tubos 60, 66

D
Definição de manutenção 75
Dispositivo de expansão 17, 28
Dispositivos de proteção 30

E
Evaporador 18, 19, 28, 29, 31, 71

F
Fabricador de gelo em cubo 24
Falhas e testes elétricos 69
Ferramentas 11, 59, 60, 71, 83, 89
Filtro secador 28, 71
Flangeador 61
Fluidos refrigerantes 15, 16, 33, 59, 68
Freezer horizontal 20, 21, 22
Freezer vertical 21, 22

I
Instalação 11, 13, 23, 25, 26, 28, 32, 53, 56, 59, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 72, 89

M
Manifold 61, 68, 73, 74
Manutenção corretiva 76, 77, 79
Manutenção preventiva 75, 76, 77, 79
Metabolismo humano 48, 56
Motoventilador 31, 71, 79
Multímetro 62, 69, 70

N
Nível de bolha 60

P
Planejamento da manutenção 74, 75, 89
Pressostatos 31

R
Refresqueiras 25
Refrigerador convencional 15, 18, 19, 21
Refrigerador frost free 19
Relés de partida 30, 69

S
Segurança no trabalho 11, 60
Side by side 20, 21, 22, 62, 63, 76
Simbologia 33, 35, 36, 37, 38
Substituição 35, 40, 69, 70, 71, 72, 74, 78, 89

T
Termostato eletrônico 31, 41
Termostato mecânico 31
Torquímetro 61

U
Unidade condensadora 26, 27, 28, 65, 66, 71, 76, 77, 79
Unidade evaporadora 26, 65, 66, 67, 76

V
Vacuômetro 62, 73
Válvulas 31, 68
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor técnico

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Júlio Conrrado Thomazini Júnior


Heriberto Alzerino Flores
Elaboração

Adair Teixeira
Revisão Técnica

Daiani Machado
Morgana Machado Tezza
Coordenação do Projeto

Patricia de Almeida Pauli


Design Educacional

Eliane Terezinha Alves


Revisão Ortográfica e Gramatical

Gabriela Adratt
Fotografia e Tratamento de Imagens

Thinkstock
Banco de imagens

Joaquim Venâncio Lourenço Ribeiro


Paulo Djalma de Souza
Robson Ventura de Oliveira
Wertson da Silva Resende
Comitê Técnico de Avaliação
Ana Cristina de Borba
Ellen Cristina Ferreira
Scheila Andrea Sabel
Diagramação

Eliane Terezinha Alves


Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14.1230
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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