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SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

PROJETO DE
INSTALAÇÃO EM
SISTEMAS DE
REFRIGERAÇÃO
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

PROJETO DE
INSTALAÇÃO EM
SISTEMAS DE
REFRIGERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

PROJETO DE
INSTALAÇÃO EM
SISTEMAS DE
REFRIGERAÇÃO
© 2016. SENAI – Departamento Nacional

© 2016. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional


Projeto de instalação em sistemas de refrigeração / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2016.
168 p. : il. ; 30 cm. - (Série refrigeração e climatização)

Inclui índice e bibliografia ISBN 978-85-505-0128-4

1. Refrigeração - Projetos. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento


Regional de Santa Catarina II. Título. III. Série.

CDU: 621.56

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações

Figura 1 - Diagrama das funções administrativas.................................................................................................24


Figura 2 - Croqui de um entreposto frigorífico......................................................................................................39
Figura 3 - Representa caixas organizadas sobre um palete...............................................................................47
Figura 4 - Representa caixas organizadas sobre um palete na vertical.........................................................49
Figura 5 - Vista superior (a)............................................................................................................................................49
Figura 6 - Vista superior (b)............................................................................................................................................50
Figura 7 - Vista superior (c)............................................................................................................................................51
Figura 8 - Vista superior (d)............................................................................................................................................51
Figura 9 - Vista superior (e)............................................................................................................................................52
Figura 10 - Cálculo diagonal do palete.....................................................................................................................53
Figura 11 - Vista frontal...................................................................................................................................................55
Figura 12 - Infiltração de ar no espaço refrigerado...............................................................................................62
Figura 13 - Gráfico da relação Qs ⁄A em função da temperatura do espaço refrigerado..........................65
Figura 14 - Porta e um abrigo de antecâmara em doca......................................................................................73
Figura 15 - Aplicações típicas dos fluidos refrigerantes......................................................................................93
Figura 16 - Diagrama pressão entalpia do R134a com circuito frigorífico plotado..................................96
Figura 17 - Diagrama pressão entalpia do R-22 com circuito frigorífico plotado......................................97
Figura 18 - Diagrama pressão entalpia do R407C com o circuito frigorífico plotado........................... 100
Figura 19 - Diagrama pressão entalpia do R717 com o circuito frigorífico plotado.............................. 101
Figura 20 - Gráfico comparativo de propriedades dos fluidos refrigerantes I......................................... 102
Figura 21 - Gráfico comparativo de propriedades dos fluidos refrigerantes II........................................ 103
Figura 22 - Diagrama pressão entalpia de um sistema de duplo estágio de compressão.................. 105
Figura 23 - Fluxograma de um sistema de duplo estágio com tanque intermediário......................... 106
Figura 24 - Evaporador de tubo aramado............................................................................................................. 107
Figura 25 - Evaporador do tipo placa..................................................................................................................... 108
Figura 26 - Evaporador do tipo aletado................................................................................................................. 108
Figura 27 - Evaporador de entrada traseira e saída frontal............................................................................. 110
Figura 28 - Gráfico de envelope de compressor................................................................................................. 116
Figura 29 - Tabela de medidas do compressor ................................................................................................... 118
Figura 30 - Unidade condensadora......................................................................................................................... 120
Figura 31 - Diagrama pressão entalpia de um sistema de refrigeração a -24 °C de evaporação e
45°C de condensação............................................................................................................................. 127
Figura 32 - Representação de um ábaco............................................................................................................... 129
Figura 33 - Circuito frigorífico com indicação de medidas............................................................................. 134
Figura 34 - Diagrama de Moody............................................................................................................................... 135
Figura 35 - Tela de sistema de automação............................................................................................................ 139
Figura 36 - Sistema de monitoramento................................................................................................................. 140
Figura 37 - Tela de sistema supervisório................................................................................................................ 140
Figura 38 - Dispositivo de controle de uma variável......................................................................................... 141
Figura 39 - Dispositivo de controle de temperatura e degelo....................................................................... 142
Figura 40 - Dispositivo de controle de capacidade em estágios.................................................................. 142
Figura 41 - Dispositivo de controle com várias opções de intervenção do técnico.............................. 143
Figura 42 - Necessidades solucionadas pelos controladores de refrigeração......................................... 144
Figura 43 - Representa uma planta ........................................................................................................................ 164

Quadro 1 - Comparativo entre projeto básico e executivo.................................................................................16


Quadro 2 - Normas técnicas relacionadas a sistemas de refrigeração............................................................23
Quadro 3 - Requerimentos de armazenagem de vegetais e frutas frescas...................................................35
Quadro 4 - Requerimentos de armazenagem outros produtos perecíveis ..................................................35
Quadro 5 - Cálculo das áreas das superfícies...........................................................................................................41
Quadro 6 - Paletização das caixas de hambúrguer................................................................................................48
Quadro 7 - Consideração dos efeitos solares ..........................................................................................................59
Quadro 8 - Valores R recomendados para resistência térmica...........................................................................60
Quadro 9 - Condutividade térmica de isolamento para armazenagem refrigerada.................................61
Quadro 10 - Espessura mínima do isolamento nos Estados Unidos da América - EUA............................61
Quadro 11 - Eficiência de dispositivos de proteção de portas contra infiltração de ar............................63
Quadro 12 - Relação entre calor sensível e latente devido à infiltração de ar externo.............................66
Quadro 13 - Relação entre calor sensível e latente devido à infiltração de ar externo ............................67
Quadro 14 - Coeficientes de respiração.....................................................................................................................78
Quadro 15 - Ganho de calor devido à motores.......................................................................................................80
Quadro 16 - Rendimento dos motores ......................................................................................................................81
Quadro 17 - Propriedades dos fluidos refrigerantes.............................................................................................92
Quadro 18 - Aplicações de fluidos refrigerantes.....................................................................................................95
Quadro 19 - Comparação de parâmetros termodinâmicos............................................................................. 102
Quadro 20 - Pressão e temperatura de saturação do R22................................................................................ 105
Quadro 21 - Comparação entre sistemas .............................................................................................................. 106
Quadro 22 - Seleção do evaporador........................................................................................................................ 112
Quadro 23 - Dados dimensionais do evaporador............................................................................................... 114
Quadro 24 - Dados técnicos do evaporador......................................................................................................... 115
Quadro 25 - Tabela de performance do compressor.......................................................................................... 117
Quadro 26 - Performance da unidade condensadora....................................................................................... 119
Quadro 27 - Dados técnicos da unidade condensadora .................................................................................. 119
Quadro 28 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas I................................................................. 121
Quadro 29 - Correção do subresfriamento para a seleção das válvulas de expansão termostática.122
Quadro 30 - Pressão e temperatura de saturação do R-22............................................................................... 122
Quadro 31 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas II................................................................ 123
Quadro 32 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas III............................................................... 124
Quadro 33 - Comparativo entre os valores de Qe................................................................................................ 124
Quadro 34 - Valores recomendados para o projeto da tubulação de refrigeração................................. 125
Quadro 35 - Propriedades do ciclo frigorífico....................................................................................................... 127
Quadro 36 - Dados dos tubos de cobre utilizados em refrigeração............................................................. 132
Quadro 37 - Dados para cálculo da tubulação..................................................................................................... 133
Quadro 38 - Valores de rugosidade absoluta........................................................................................................ 136
Quadro 39 - Exemplo de planilha de orçamentos............................................................................................... 152
Quadro 40 - Exemplo de cronograma preenchido............................................................................................. 155
Quadro 41 - Exemplo de um cronograma básico................................................................................................ 156
Quadro 42 - Cálculo do custo de mão de obra..................................................................................................... 158
Quadro 43 - Registro de informações...................................................................................................................... 162
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Introdução aos projetos de refrigeração................................................................................................................15


2.1 Conceito de projeto....................................................................................................................................16
2.1.1 Projetistas ou consultores.......................................................................................................17
2.1.2 Instaladoras de câmaras frigoríficas....................................................................................17
2.1.3 Instaladoras de balcões frigoríficos e expositores.........................................................17
2.1.4 Fabricantes de equipamentos de refrigeração...............................................................18
2.1.5 Fabricantes e instaladores de equipamentos para cozinhas industriais
e padarias......................................................................................................................................19
2.1.6 Autônomos..................................................................................................................................19
2.2 Características de um projeto..................................................................................................................20
2.3 A concepção de um projeto.....................................................................................................................21
2.3.1 Definição do objetivo do projeto.........................................................................................21
2.4 Normalização.................................................................................................................................................21
2.5 Conceitos de planejamento, organização e controle.....................................................................24
2.5.1 Inovação........................................................................................................................................25

3 O Produto e as considerações para o projeto.......................................................................................................31


3.1 A finalidade da refrigeração.....................................................................................................................32
3.2 Condições de utilização do ambiente..................................................................................................34
3.3 Projetos voltados à conservação dos alimentos...............................................................................36
3.4 Coleta de dados para elaboração de projetos de refrigeração...................................................37
3.4.1 Análise de dados e a execução do projeto.......................................................................37
3.5 O projeto e as características do local a ser projetado...................................................................38
3.5.1 Fontes internas de calor..........................................................................................................41
3.5.2 Fontes externas de calor.........................................................................................................43
3.6 Características e quantidade do produto a ser armazenado.......................................................44

4 Cálculos estimativos de carga térmica....................................................................................................................57


4.1 Ganho de calor por transmissão.............................................................................................................58
4.1.1 Composição de U (coeficiente global de transmissão de calor)...............................59
4.2 Ganho de calor devido à infiltração de ar externo..........................................................................62
4.2.1 Ganho de calor devido à infiltração máxima de ar externo.......................................64
4.2.2 Determinação do fator Dt.......................................................................................................71
4.2.3 Infiltração de ar externo devido ao deslocamento de ar ...........................................72
4.2.4 Componentes sensíveis e latentes do ar externo..........................................................74
4.3 Ganho de calor devido ao produto.......................................................................................................74
4.3.1 Ganho de calor devido à respiração do produto...........................................................77
4.4 Ganhos de calor por meio da iluminação...........................................................................................79
4.5 Ganho de calor por motores....................................................................................................................79
4.6 Ganho de calor por empilhadeiras........................................................................................................80
4.7 Ganhos de calor por equipamentos de processo............................................................................81
4.8 Ganho de calor devido às pessoas........................................................................................................82
4.9 Ganho de calor devido aos equipamentos do sistema de refrigeração..................................83
4.9.1 Degelo............................................................................................................................................83
4.9.2 Intervalos de degelo.................................................................................................................84
4.10 Fator de segurança...................................................................................................................................85
4.11 Fator de segurança e de diversidade de carga...............................................................................86

5 Seleção do equipamento de refrigeração.............................................................................................................89


5.1 Concepção do sistema de refrigeração...............................................................................................90
5.1.1 Escolha do fluido do refrigerante.........................................................................................91
5.2 Seleção do número de estágios do sistema.................................................................................... 103
5.2.1 Seleção do número de estágios de compressão......................................................... 104
5.3 Seleção do evaporador........................................................................................................................... 107
5.4 Seleção do compressor........................................................................................................................... 115
5.5 Seleção da unidade condensadora.................................................................................................... 118
5.6 Seleção do tipo de elemento de expansão..................................................................................... 121
5.7 Determinação do diâmetro da tubulação....................................................................................... 124
5.7.1 Determinação da perda de pressão na tubulação...................................................... 134
5.7.2 Tabelas de comprimento equivalente............................................................................. 136
5.7.3 Considerações sobre perda de carga............................................................................... 137
5.7.4 Considerações sobre o projeto de linhas de sucção.................................................. 137
5.8 Seleção dos controles e automação do sistema............................................................................ 138
5.8.1 Critérios para a seleção do tipo de automação........................................................... 139
5.8.2 Especificação dos controles e automação do sistema.............................................. 143
5.9 Especificação e seleção de materiais................................................................................................. 146

6 Entrega do projeto...................................................................................................................................................... 149


6.1 Elaboração do orçamento..................................................................................................................... 150
6.1.1 Orçamento de componentes mecânicos, eletroeletrônicos e
eletromecânicos..................................................................................................................... 152
6.1.2 Custos dos Instrumentos e ferramentas......................................................................... 153
6.2 Elaboração de cronograma .................................................................................................................. 153
6.2.1 Elaboração de cronograma de desenvolvimento....................................................... 154
6.2.2 Elaboração de cronograma de execução ...................................................................... 156
6.2.3 Ferramentas de acompanhamento de etapas do projeto....................................... 156
6.2.4 Tempo de execução da obra............................................................................................... 157
6.3 Recursos humanos................................................................................................................................... 157
6.3.1 Mão de obra.............................................................................................................................. 157
6.3.2 Serviços terceirizados............................................................................................................ 159
6.3.3 Transporte de pessoas e materiais.................................................................................... 159
6.3.4 Obras de infraestrutura......................................................................................................... 160
6.4 Estabelecendo o valor de venda......................................................................................................... 161
6.5 Elaboração de documentação técnica do projeto ....................................................................... 162
6.5.1 Memorial descritivo do projeto......................................................................................... 163
6.5.2 Elaboração da apresentação do plano de manutenção........................................... 164
6.5.3 Proposta comercial................................................................................................................. 165
6.5.4 Estudos de viabilidade econômica e ambiental.......................................................... 166
6.5.5 Planilha de custos da execução de instalação.............................................................. 166

Referências......................................................................................................................................................................... 171

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 175

Índice................................................................................................................................................................................... 177
Introdução

Prezado estudante, seja bem-vindo à Unidade Curricular de Projeto de Instalação em


Sistemas de Refrigeração!
Nesta unidade, você aprenderá sobre uma das fases mais importantes da instalação de
sistemas de refrigeração: o projeto. A área de refrigeração apresenta duas vertentes que são
quase antagônicas. De um lado se tem as indústrias, as fábricas e os hipermercados com
projetos bem elaborados onde constam as informações necessárias para a instalação e a
manutenção. Do outro lado, estão as instalações menores como mercados, açougues e padarias
que podem ter sido construídos sem um único projeto ou desenho. É claro que nem todas as
instalações menores são feitas sem projeto, da mesma forma que, num país tão grande como
o Brasil, existam fábricas que nunca receberam a visita de um Engenheiro ou de um Técnico.
O maior problema de não ter um projeto é de que as informações ficam restritas a quem fez
a montagem, deixando o cliente acorrentado a uma determinada pessoa ou empresa. Nesta
unidade, não se discutirá a qualidade do serviço ou a competência dos profissionais, mas você
aprenderá que o projeto é uma exigência legal e que implica em multas e até interrupção
de funcionamento em caso de falta. Outro fato importante é de um sistema mal projetado
provavelmente nunca funcionará corretamente.
Você terá a oportunidade de levantar as características do ambiente, identificando as fontes
de calor internas e externas e os fatores que impactam em suas magnitudes, tanto devido às
finalidades do espaço refrigerado quanto as variações decorrentes da geografia e do clima.
Você também aprenderá a estimar os ganhos de calor destas fontes de calor e como remover
este calor do ambiente, por meio da seleção adequada dos componentes do ciclo frigorífico.
Aprenderá ainda a dimensionar a tubulação das linhas frigoríficas, levando em consideração
as suas características.
Por fim, você aprenderá os critérios para especificar os componentes do sistema de
refrigeração e para fazer o orçamento da instalação.
Então, siga em frente e bons estudos!
Introdução aos Projetos de Refrigeração

Você sabia que o projeto é uma das fases mais importantes de uma instalação? É por
meio dele que o profissional planeja o que vai fazer e resolve os problemas antes destes
ocorrerem. Um projeto bem feito apresenta todas as informações necessárias à atividade de
instalação do sistema, permitindo que seja executada dentro dos padrões de qualidade e
com o custo controlado. O projeto também é importante para a manutenção e conservação
dos equipamentos e periféricos, pois permite ao mantenedor entender o funcionamento do
sistema e fazer as intervenções, sejam reparos ou substituições de componentes sem perder as
características originais. Imagine se alguma empresa recebe uma fiscalização sanitária. Um dos
primeiros documentos que o fiscal vai solicitar é o projeto das instalações, certo? Sem o projeto,
é bem possível que o estabelecimento seja multado e, dependendo das demais condições, até
impedido de funcionar.
Você conhecerá neste momento da aprendizagem, o que é um projeto e as características
além da sua concepção que irão ajudá-lo a compreender melhor todos os conceitos, técnicas
e informações sobre este tema.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) elaborar o escopo do projeto de refrigeração;
b) identificar os riscos e oportunidades durante a execução do projeto;
c) selecionar normas técnicas aplicáveis à elaboração de projetos e leiaute;
d) compreender conceitos de planejamento, organização e controle;
e) compreender conceitos de inovação, melhoria e visão inovadora.
Inicie seus estudos conhecendo o que é um projeto e quais as suas características!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
16

2.1 CONCEITO DE PROJETO

O conceito da palavra “projeto” é bem amplo. Neste termo, existe uma infinidade de aspectos envolvidos,
sejam técnicos, jurídicos ou de gerenciamento. Para os estudos desta unidade, destacam-se duas definições,
confira.
a) Segundo o Dicionário Online Michaelis (2016), projeto é o plano para a realização de um ato; desígnio,
intenção. Projeto pode ser também a representação gráfica e escrita, e com orçamento de uma obra
que se vai realizar.
b) Segundo o Project Management Institute (2016), o projeto é um conjunto de atividades temporárias,
realizadas em grupo, destinadas a produzir um produto, serviço ou resultado único.
Considerando o aspecto técnico, o projeto é definido pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
– CONFEA (2016) como conjunto constituído pelos projetos básico e executivo, acompanhe.

TIPO DE PROJETO CARACTERÍSTICAS


Apresenta os principais conteúdos e elementos técnicos correntes aplicáveis às obras e serviços. Estes
projetos consideram as constantes evoluções e impactos da ciência, da tecnologia, da inovação, do
Projeto básico
empreendedorismo e do conhecimento e desenvolvimento do empreendimento social e humano nas
especialidades. Exemplos: projeto de instalações de ar-condicionado.

Consiste no conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra ou do


Projeto executivo serviço, conforme disciplinamento da Lei n° 8.666, de 1993 (BRASIL, 1993), e das normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Quadro 1 - Comparativo entre projeto básico e executivo
Fonte: adaptado de Confea (2015)

Após a execução do projeto e concluída a instalação, é feito o As built1. Este pode ser entendido como
uma revisão do projeto na qual são corrigidos os desvios encontrados durante a instalação, tais como
posição de equipamentos e componentes, alterações decorrentes de ampliação de escopo etc.

FIQUE Segundo resolução 218/1973 do CONFEA, a atividade de elaboração do projeto de


ALERTA ar-condicionado compete ao Engenheiro Mecânico.

Cabe ressaltar que o setor de refrigeração se divide em segmentos que executam uma ou mais funções
do projeto. Destes segmentos, fazem parte os projetistas, instaladores e mantenedores. Confira a seguir
mais informações sobre cada um desses.

1 Em tradução livre, “como construído”.


2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
17

2.1.1 PROJETISTAS OU CONSULTORES

Empresas ou profissionais que recebem a demanda do cliente e fazem um complexo estudo de médios
e grandes empreendimentos, comerciais e industriais.

Thinkstock ([20--?])
2.1.2 INSTALADORAS DE CÂMARAS FRIGORÍFICAS

Empresas ou profissionais que projetam e instalam câmaras frigoríficas em diversos tamanhos e


configurações, tanto para o comércio de pequeno e médio porte quanto para supermercados e industrias.
Miha9000 ([20--?])

2.1.3 INSTALADORAS DE BALCÕES FRIGORÍFICOS E EXPOSITORES

Empresas ou profissionais que projetam e fabricam balcões frigoríficos e expositores. Algumas empresas
trabalham num conceito modular, intercambiando conjuntos. Outras empresas, no entanto, possuem uma
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
18

produção semi-artesanal, que permite uma grande personalização dos equipamentos, de acordo com a
necessidade do cliente; por exemplo: a adequação do comprimento de um expositor em função do espaço
disponível etc.

danielvfung ([20--?])
2.1.4 FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS DE REFRIGERAÇÃO

Empresas ou profissionais que projetam e fabricam algum tipo de produto de refrigeração, tais como:
túneis de congelamento, sorveteiras, fabricadores de gelo, expositores padrão etc.
Pogotskiy ([20--?])

Estas empresas também podem produzir de forma semi-artesanal ou com conceito modular,
intercambiando conjuntos.
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
19

2.1.5 FABRICANTES E INSTALADORES DE EQUIPAMENTOS PARA COZINHAS INDUSTRIAIS E


PADARIAS

Empresas ou profissionais que projetam e fabricam todos os componentes do ambiente, muitos em aço
inox e vidro, tal como cozinhas industriais e padarias. Apesar de não serem especializadas, existem vários
equipamentos de refrigeração que fazem parte do conjunto, sendo instaladas por estas empresas.

Hemera Technologies ([20--?])

Existem empresas que executam mais de uma destas funções.

Você sabia que uma equipe de instalação de refrigeração é composta por várias
CURIOSI pessoas? Destas, destacam-se o Técnico de Refrigeração e Climatização, que pode
DADES auxiliar a equipe com seu conhecimento específico da área, fazendo os levantamentos,
os cálculos, os dimensionamentos, as especificações, os orçamentos etc.

A seguir, aprenda sobre os trabalhadores autônomos.

2.1.6 AUTÔNOMOS

Muitos profissionais trabalham diretamente para pequenas e médias empresas, como padarias,
açougues e mercados. Normalmente, estes profissionais não elaboram um projeto. Dessa forma, montam
equipamentos e pequenos sistemas baseados em sua experiência. Representam uma parcela significativa
do mercado de refrigeração comercial e muitos atendem outros segmentos, como a refrigeração residencial
e até ar-condicionado.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
20

Você sabia que o Técnico de Refrigeração e Climatização pode trabalhar em qualquer


CURIOSI empresa que tenha qualquer equipamento de refrigeração? O técnico pode trabalhar
DADES na produção, na instalação ou na manutenção, por exemplo.

O que precisa ficar bem claro ao projetista é que o projeto é a elaboração de uma série de documentos
que visam registrar uma ideia por meio de desenhos e textos descritivos. Esta ideia geralmente é debatida
por outras pessoas que analisaram as soluções técnicas, o custo e a factibilidade, ou seja, a possibilidade
de realmente funcionar.
Conheça, a seguir, as características dos projetos.

2.2 CARACTERÍSTICAS DE UM PROJETO

Um projeto de instalação de sistemas de ar-condicionado pode ser enquadrado em três categorias


básicas, confira.
Sistema novo: quando o projeto visa atender um ambiente que não tem sistema de refrigeração.
moodboard ([20--?])

Melhoria: quando o projeto visa atender um ambiente que já possui sistema de refrigeração e é
necessário algum tipo de intervenção, seja por deficiência térmica, mudança de leiaute ou retrofit2 dos
equipamentos.

2 Em ar-condicionado, o termo começou a ser utilizado após a assinatura dos Protocolos de Montreal e Kyoto, quando tornou-se
necessária a substituição dos fluidos refrigerantes nocivos ao meio-ambiente, causadores do efeito estufa e da destruição da camada
de ozônio. Atualmente o termo é bem abrangente e está relacionado a atualização de equipamentos e instalações com menor impac-
to ao meio-ambiente e ao ser humano. Um exemplo dessa atualização é a substituição dos fluidos refrigerantes R-12 e R-22 por outros
ecologicamente corretos.
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
21

Inovação: quando o projetista consegue fazer algo diferente do convencional, combinando tecnologia
antigas e novas para proporcionar melhores resultados, tanto em sistemas novos como em melhorias. Os
benefícios podem estar relacionados aos custos de instalação, manutenção e operação ou a redução do
consumo de energia etc. Não confunda a inovação com a busca incessante da eficiência da instalação
durante a fase de manutenção e operação.
Para iniciar o projeto é preciso entender as necessidades do cliente e criar a sua concepção, o que você
aprenderá a seguir.

2.3 A CONCEPÇÃO DE UM PROJETO

A concepção do projeto se inicia quando o projetista recebe as informações relativas a necessidade do


cliente e suas expectativas de produto ou serviço ao término dos trabalhos. Neste momento, o projetista
colhe todas as informações que vai precisar para elaborar o projeto, verificando quais as informações ele já
dispõe e quais ele terá que pesquisar.

2.3.1 DEFINIÇÃO DO OBJETIVO DO PROJETO

O objetivo a ser alcançado ao final dos serviços é chamado de escopo. O escopo deve ser detalhado
com todos os resultados esperados, seja em serviços de caráter intelectual ou para o fornecimento de bens,
inclusive em relação ao funcionamento do sistema, após a conclusão dos serviços.
Mantenha-se concentrado e, a seguir, aprenda sobre as normas relacionadas ao tema de refrigeração,
muito necessárias durante a fase de elaboração dos projetos.

2.4 NORMALIZAÇÃO

Existem várias diretrizes relacionadas ao projeto de instalação de sistemas de refrigeração, conforme


a finalidade dos ambientes em Normas Técnicas, em Manuais Técnicos de Fabricantes de Equipamentos
de Refrigeração, em Associações Técnicas ou publicações especializadas. Você, como futuro projetista,
deve permanecer atualizado com a sua leitura desses materiais. No Brasil, dispõem-se de várias normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2016) relacionadas ao tema de refrigeração, das quais
destaca-se as apresentadas no quadro a seguir.

NORMA TÉCNICA TEMAS RELACIONADOS


Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar, ventilação e aquecimento — Manutenção
NBR 13971:2014
programada.
Sistemas de refrigeração para supermercados — Diretrizes para o projeto, instalação e
NBR 16255:2013
operação.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
22

NORMA TÉCNICA TEMAS RELACIONADOS

Aparelho de fornecimento de água para consumo humano com refrigeração incorporada —


NBR 16236:2013 Errata 1:2013
Requisitos de desempenho.
Aparelho de fornecimento de água para consumo humano com refrigeração incorporada —
NBR 16236:2013 Versão Corrigida:2013
Requisitos de desempenho.
Refrigeração comercial, detecção de vazamentos, contenção de fluido frigorífico, manuten-
NBR 16186:2013
ção e reparos.
Redução das emissões de fluidos frigoríficos halogenados em equipamentos e instalações
NBR 15976:2011
estacionárias de refrigeração e ar-condicionado — Requisitos gerais e procedimentos.

NBR 13598:2011 Vasos de pressão para refrigeração.

NBR 15833:2010 Manufatura reversa – Aparelhos de refrigeração.

NBR 15826:2010 Compressores para refrigeração — Métodos de ensaio.

NBR 15828:2010 Compressores para refrigeração — Apresentação dos dados de desempenho.

Transporte refrigerado — Equipamento de refrigeração mecânica Parte 1: Classificação e


NBR 15772-1:2009
identificação.

NBR 15772-2:2009 Transporte refrigerado - Equipamento de refrigeração mecânica Parte 2: Métodos de ensaio.

Transporte refrigerado - Dispositivos de refrigeração por armazenamento térmico parte 1:


NBR 15773-1:2009
Classificação e identificação.
Transporte refrigerado — Equipamento de refrigeração por dispositivo de armazenamento
NBR 15773-2:2009
térmico parte 2: Métodos de ensaio.
Condensadores a ar remotos para refrigeração parte 1: Especificação, requisitos de desem-
NBR 15627-1:2008
penho e identificação.

NBR 15627-2:2008 Condensadores a ar remotos para refrigeração parte 2: Método de ensaio.

Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na construção civil e refrigeração


NBR 11752:2007
industrial.
Evaporadores tipo circulação forçada para refrigeração - Especificação, requisitos de desem-
NBR 15371:2006
penho e identificação.

NBR 15372:2006 Resfriadores de ar para refrigeração - Métodos de ensaio.

Equipamento de refrigeração monobloco para câmaras frigoríficas Parte 1: Classificação e


NBR 15374-1:2006
identificação.

NBR 15374-2:2006 Equipamento de refrigeração monobloco para câmaras frigoríficas Parte 2: Ensaios.

NBR 7541:2004 Tubo de cobre sem costura para refrigeração e ar-condicionado – Requisitos.
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
23

NORMA TÉCNICA TEMAS RELACIONADOS

NBR 14665:2001 Sistema de refrigeração com gás R134a – Requisitos.

Sistema de refrigeração com gás R134a - Determinação do resíduo interno - Método de


NBR 14666:2001
ensaio.
Sistema de refrigeração com gás R134a - Determinação de umidade interna - Método de
NBR 14667:2001
ensaio.
Sistema de refrigeração com gás R134a - Determinação de reatividade química - Método de
NBR 14668:2001
ensaio.

NBR 14669:2001 Sistema de refrigeração com gás R134a - Determinação de miscibilidade - Método de ensaio.

NBR 16222:2013 Cana-de-açúcar — Extração do caldo pelo método do extrator a frio.

NBR ISO 7183:2012 Secadores de ar comprimido — Especificações e ensaios.

NBR 15960:2011 Fluidos frigoríficos — Recolhimento, reciclagem e regeneração (3R) — Procedimento.

Água - Determinação de carbono orgânico total - Método da combustão-infravermelho -


NBR 10741:1989
Método de ensaio.

NBR 5443:1977 Tubos de aço de parede dupla, para condução de fluidos.

Torres de resfriamento de água - Ensaio para verificação do desempenho em torres de


NBR 9792:2015 Versão Corrigida:2016
tiragem mecânica - Método de ensaio.

NBR 16235:2013 Dutos fabricados em painéis pré-isolados.

NBR 10780:2013 Equipamento de apoio no solo — Unidade móvel de ar-condicionado para aeronaves.

NBR 6111:2013 Torres de resfriamento de água — Terminologia.

NBR 16069:2010 Segurança em sistemas frigoríficos.

Quadro 2 - Normas técnicas relacionadas a sistemas de refrigeração


Fonte: adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2016)

O projetista aprende a aplicar as normas quando precisa executar os projetos, utilizando-as como
referência. Porém, se você deixar para ler uma norma momentos antes de começar a fazer o projeto,
provavelmente vai chegar a conclusão que o tempo disponível é insuficiente para fazê-lo. Outro ponto
que você precisa ter em mente é que um memorial descritivo de um projeto, que especifica as diretrizes
do projeto que você vai elaborar, deve ter mais de dez normas de referência, ou seja, é muita informação a
ser consultada em pouco tempo.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
24

FIQUE A recomendação é que você leia as normas de maneira gradativa, começando pelas
ALERTA mais relevantes, que podem ser aquelas que têm “projeto” no título.

Para complementar seus estudos desta unidade, aprenda a seguir sobre conceitos de planejamento,
organização e controle.

2.5 CONCEITOS DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E CONTROLE

Quando se associa as funções planejamento, organização e controle se encontra a definição geral


de administração. Qualquer empresa precisa ser bem administrada para obter retorno financeiro, com a
rentabilidade mínima para suprir suas necessidades e das pessoas envolvidas. Peinado e Graeml (2007)
afirmam que a combinação destas funções como um ciclo ou um processo, associadas à função de liderar,
formam o conceito de administração.

Metas da Empresa

Planejar

Liderar Controlar
Patricia Marcílio (2016)

Organizar

Figura 1 - Diagrama das funções administrativas


Fonte: adaptado de Peinado e Graeml (2007, p.45)

A partir desta figura, perceba que o planejamento é a etapa inicial de qualquer processo de administração,
na qual são estabelecidos os objetivos e as ações que devem ser executadas. Já organizar é a segunda fase
na qual são designados os trabalhos, a autoridades e os recursos aos membros da organização. Liderar é o
esforço contínuo de influenciar e motivar os membros da empresa para que possam dar o melhor de si. Por
fim, controlar é a verificação sistemática para verificar se o que foi planejado está sendo executado, além
das ações de correção em caso de desvios.
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
25

Essas funções servem à empresa para que esta funcione bem. As empresas também têm necessidade
de inovar, pois a inovação representa a sobrevivência em um mercado globalizado muito competitivo.
Aprenda, na sequência, sobre inovação.

2.5.1 INOVAÇÃO

De forma simples, inovação é introduzir algo de novo, renovar, fazer diferente aquilo que já se fazia.
Qualquer pessoa ou empresa que pensa em inovar está visando criar algo diferente, que traga benefício
financeiro para os outros, mas principalmente para si.

phototechno ([20--?])

Por esse motivo existem uma série de entidades que se esforçam para discutir os meios para a inovação,
tal como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. Nessa organização,
trinta democracias trabalham em conjunto para encontrar soluções para os desafios econômicos, sociais
e ambientais da globalização. A OCDE (1997, p.56) afirma que o requisito mínimo para definir inovação é
que “o produto, o processo, o método de marketing ou organizacional sejam novos (ou significativamente
melhorados) para a empresa”. A OCDE (1997) define ainda, no Manual de Oslo, que a inovação inclui
mudanças significativas, em quatro tipos de categoria; acompanhe:
a) produto: nas características e usos previstos;
b) processo: nas técnicas, equipamentos ou softwares;
c) marketing: na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em
sua promoção ou na fixação de preços;
d) organizacional: nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou
em suas relações externas.
Existem inovações que podem ser classificadas como revolucionárias, tal como os computadores e a
Internet, outras são radicais, quando resultam em algo totalmente novo ou incrementais, quando existe
melhoria ou aperfeiçoamento (MBC; 2008).
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
26

A inovação costuma ser associada a empresas que produzem utilidades para o nosso dia a dia, tal como
o lançamento do compact disk no final dos anos 1970 pela Phillips e a Sony (BBC; 2007). O CD se disseminou
no Brasil nos anos 1990. Se você tem menos de 30 anos, é bem possível que você deva imaginar que a
inovação estará na próxima versão do iPhone da Apple.

Para aprender mais sobre inovação e o modo de trabalho na Apple, clique na no link
SAIBA a seguir e leia o artigo “Por dentro da Apple”. O texto está disponível em: <http://
MAIS epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDR76676-8374,00.html>.
Acesso em 07 jun. 2016.

Para ampliar seus conhecimentos sobre inovação, confira, a seguir, a diferença entre este conceito e
melhoria. Vamos lá?!

INOVAÇÃO E MELHORIA
Algumas mudanças não são consideradas inovações, mesmo que impliquem numa melhoria para o
desempenho da empresa. Segundo a OECD (1997), não são consideras inovações:
a) interromper o uso de um processo, um método de marketing ou organizacional, ou a comercialização
de um produto;
b) a simples reposição ou extensão de capital;
c) as mudanças resultantes puramente de alteração de preços;
d) a personalização;
e) as mudanças sazonais regulares e outras mudanças cíclicas;
f ) a comercialização de produtos novos ou substancialmente melhorados.
Bet_Noire ([20--?])
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
27

O Manual de Oslo (1997) cita ainda que a inovação precisa conter algum grau de novidade, que pode
estar em um dos três conceitos citados a seguir.
a) O produto ou serviço precisa ser novo para a empresa, mesmo que já tenha sido implementado em
outras empresas.
b) O produto ou serviço precisa novo para o mercado. Isto implica em determinada inovação ter sido
ou não implementada por outras empresas concorrentes.
c) O produto ou serviço precisa novo para o mundo. Isto implica na empresa ter sido pioneira em
todos os mercados domésticos ou internacionais, na indústria ou no mundo.

As agências de fomento e entidades de apoio a indústria constantemente lançam


FIQUE editais de inovação que preveem o financiamento de recursos para o desenvolvimento
ALERTA de processos e aquisição de conhecimentos!

Existem programas de governo e outras iniciativas que incentivam a inovação nas empresas. A
necessidade destes programas se baseia no fato de que algumas inovações englobam atividades com alto
risco financeiro.

VISÃO INOVADORA
As empresas tradicionalmente se preocuparam com a redução de custos e o aumento da qualidade de
seus produtos ou serviços, porém estes fatores não são mais suficientes, porque existem limites para baixar
os custos e ninguém mais quer saber de produtos e serviços que sejam barato porém ruins, sendo então
necessário fazer bem e diferente (MBC, 2008).
Wavebreakmedia Ltd ([20--?])
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
28

Algumas empresas valorizam tanto a inovação que cedem recursos como o tempo e os laboratórios
para que os funcionários trabalhem em ideias particulares. Já outras adotam sistemas de premiação
para as boas ideias. Existem empresas que adotam um banco de ideias, que são coletadas inclusive em
situações informais como as conversas do pessoal ou da opinião de um cliente ou ainda da análise de uma
concorrência. Algumas práticas são favoráveis a inovação, tais como:
a) a difusão de informações: uma comunicação aberta e constante que possibilite a liberdade de
expressão e a geração e o acúmulo de ideias;
b) qualificação da mão de obra: investir na capacitação de seu pessoal, tanto nas suas áreas de
conhecimento quanto em outras complementares;
c) reconhecimento do esforço coletivo: incentivar e premiar novas ideias, mesmo quando não tenha
resultados comerciais imediatos.
A seguir, mantenha-se concentrado e acompanhe um “Casos e relatos” que traz uma história que
apresenta a diferença entre melhoria e inovação.

CASOS E RELATOS

Nem sempre melhoria é inovação


Certa vez, um coordenador de uma instituição de Inovação recebeu a visita de uma pessoa
interessada em inscrever um projeto no edital de financiamento de recursos. Após conversar
com o interessado, o coordenador descobriu que eram uma série de inventos, alguns muito bons
outros nem tanto, mas nenhum deles se enquadravam nos critérios do edital. Com o otimismo
característico dos empreendedores, o interessado repetia os benefícios de seus inventos e que
só precisava de um capital para conseguir colocá-los em prática. O coordenador explicou que
nem todas as melhorias ou invenções eram classificadas como inovação. Explicou ainda que,
nas condições daquele edital, era necessário ter uma empresa na qual seus processos seriam
significativamente alterados, visando a aquisição de conhecimentos ou o aperfeiçoamento das
técnicas de trabalho para que a mesma obtivesse um diferencial competitivo. Explicou ainda que
a empresa precisava dispor de uma parte do capital total necessário para investir na inovação. O
coordenador explicou também que após um período, é se que iniciaria os pagamentos dos valores
financiados pelo edital. Aquele programa tinha o intuito de ajudar a empresa a conseguir recursos
para implantar a inovação. Diante dos fatos, o inventor comentou: acho que vim ao lugar errado!
2 INTRODUÇÃO AOS PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO
29

De uma forma geral, as empresas inovadoras adotam uma postura diferenciada nas relações com
os funcionários, proporcionando um ambiente que, muitas vezes, foge dos padrões convencionais que
estamos acostumados. As empresas inovadoras e funcionários se comprometem com o resultado e muitas
vezes criam concessões mútuas, que se refletem por exemplo, na jornada de trabalho, que aumenta nos
momentos decisivos e posteriormente é compensada após a conclusão.
Antes de finalizar seus estudos nesta unidade, leia com atenção ao recapitulando desta unidade.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você aprendeu o que é um projeto e reconheceu que existem regulamentações
para a sua execução conforme a fase ou objetivo.
Pôde verificar como funciona o mercado de refrigeração, reconhecendo as funções de cada
segmento e as respectivas oportunidades de trabalho.
Também pôde conferir que a sobrevivência das empresas depende de duas ações básicas:
administrar e inovar. Viu também que a inovação é uma decisão tomada pela empresa que
depende de um conjunto de ações para acontecer, inclusive da colaboração dos funcionários, que
realmente são os principais agentes inovadores.
Continue aprendendo e prepare-se para novos assuntos que trarão aprimoramento profissional a
você!
O Produto e as Considerações
para o Projeto

Para elaborar um bom projeto, você precisa coletar dados e informações de maneira precisa.
Esta coleta norteará todo o trabalho e pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um
projeto.
Uma das partes fundamentais no desenvolvimento de um projeto de refrigeração consiste
em estimar a carga térmica de um ambiente. Para isso, é preciso utilizar as informações
coletadas relativas às fontes internas e externas de calor, combinadas as suas características
térmicas e aos parâmetros climáticos.
Assim, você aprenderá sobre a coleta de dados e sobre as condições ambientais a serem
mantidas no ambiente a ser refrigerado. Depois aprenderá a fazer o levantamento das
características internas e externas e definir a coordenada geográfica do ambiente. Em seguida,
aprenderá a identificar e quantificar as fontes de calor internas. Você também identificará
que os dados para estimar a carga térmica foram coletados junto as características internas,
externas e geográficas do ambiente, e também com suas fontes internas de calor.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) elaborar croquis do local, de acordo com dados coletados do cliente, tendo em vista
subsidiar a elaboração de projetos de refrigeração;
b) identificar as formas de transmissão de calor;
c) identificar fontes geradoras de calor no ambiente a ser refrigerado;
d) avaliar as condições do ambiente;
e) avaliar o isolamento térmico em componentes de sistemas de refrigeração;
f ) avaliar a troca de calor entre componente e o meio utilizado (água, ar etc.);
g) calcular a quantidade de calor gerada no ambiente a ser refrigerado
Fique atento e bons estudos!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
32

3.1 A FINALIDADE DA REFRIGERAÇÃO

É importante entender alguns conceitos em relação a finalidade da refrigeração, acompanhe.

Armazenamento
Armazenamento é quando o produto é colocado em um determinado espaço e fica ali até ser consumido
ou realocado para outro espaço.

Katarzyna Bialasiewicz ([20--?])

Neste caso, o objetivo do sistema é criar um ambiente de temperatura estável para permitir a longevidade
dos produtos ali armazenados. O ambiente artificial receberá um produto que já esteja congelado, resfriado
ou em temperatura ambiente. Não se considera aqui a hipótese de congelar o produto.

Congelamento
Congelamento é quando o produto é congelado no interior do equipamento de refrigeração. Ele pode
ocorrer em uma câmara de congelamento ou num túnel de congelamento rápido.

FIQUE Quando um produto precisa ser congelado, o mais indicado é que se faça a separação
de câmaras frigoríficas, congelando-se o produto em um de túnel de congelamento e
ALERTA depois se faça a armazenagem na câmara de congelados.

Muitas vezes o produto precisa ser resfriado ou congelado no ritmo da produção. Isso pode ser feito em
processo estático ou dinâmico; confira!
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
33

a) Estático: quando o produto é colocado em lotes dentro de um túnel de congelamento, por meio de
um carrinho, que geralmente é de aço inoxidável. Neste caso, congela-se um lote por vez e depende
da intervenção de um operador para trocar os carrinhos e destinar o produto congelado para a
câmara certa.
b) Dinâmico: quando o produto é colocado em uma esteira que o transporta por dentro de um túnel
de congelamento. A esteira percorre uma trajetória helicoidal, permitindo que o produto receba
várias correntes de ar frio e saia congelado do equipamento, muitas vezes já embalado. Este processo
permite que se ajuste o ritmo da produção por meio da velocidade da esteira e se constitua um
processo mais automatizado que o anterior.

SafakOguz ([20--?])

Os dispositivos utilizados para o carregamento variam conforme o tamanho do produto e o


processamento necessário. É muito comum a utilização de ganchos para transportar aves, bois e suínos.
Photology1971 ([20--?])
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
34

Existem ambientes que precisam de uma grande carga de processamento do produto. Estes
processamentos devem ser realizados por trabalhadores, por exemplo, os ambientes de desossa em um
abatedouro. Como, nestes casos é difícil resfriar apenas o produto, o ambiente todo é resfriado, de maneira
que todos os trabalhadores precisam utilizar vestimentas adequadas ao frio e respeitar as normas de tempo
de permanência nesses locais.

alle12 ([20--?])

Uma vez que você aprendeu sobre os processos de refrigeração dos alimentos, fique atento para
aprender sobre as condições de utilização do ambiente.

3.2 CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE

O sistema de refrigeração é definido em relação ao estado físico dos produtos, resfriados ou congelados,
e em relação a sua finalidade: armazenamento ou congelamento.
O projetista deve ter em mente que os produtos serão resfriados por meio da circulação de ar.
Considerando as diversas configurações de arranjos físicos que o projetista pode adotar para ocupar o
espaço refrigerado, devem ser previstos espaçamentos adequados que permitam uma boa circulação de
ar ao redor dos produtos. Em alguns casos de armazenagem de produtos como frutas e verduras, que
são bem sensíveis, talvez seja necessário uma pesquisa mais aprofundada sobre as suas características,
talvez até considerar algum espaço adicional para remanejamento, em caso deterioração antes do tempo
previsto. Outro problema é que pode existir um diferencial de temperatura entre o ar refrigerado e o
produto que está dentro de um saco plástico protegido por uma caixa de papelão. Nestes casos, é preciso
analisar a transmissão de calor em cada barreira térmica e, por este motivo, deve-se tomar o cuidado de
não confundir a temperatura do ambiente com a do produto.
O projetista deve adotar as temperaturas nas quais os produtos devem ser mantidos no ambiente
refrigerado, tendo em vista a legislação, as normas técnicas, os guias técnicos de entidades reconhecidas
no meio profissional ou nas recomendações das associações de produtores ou distribuidores de alimentos.
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
35

O guia técnico ASHRAE (2010) afirma que a temperatura a ser mantida no espaço refrigerado
está relacionada ao tempo de armazenagem. Em linhas gerais, quanto mais baixa a temperatura do
espaço refrigerado, maiores serão os custos de instalação e manutenção, devido aos valores maiores
de espessura de isolamento, de potência e consumo de energia dos equipamentos. Caso não haja um
espaço refrigerado com a temperatura adequada para cada produto, pode se armazenar produtos
sensíveis ao frio a temperaturas mais baixas por curtos períodos de tempo, sem danificá-los. No entanto,
bananas, cerejas, pepinos, berinjelas, melões, quiabos, abóboras, batatas e tomates não seguem este
comportamento e devem ser mantidos às temperaturas mínimas recomendadas (ASHRAE; 2010).
Acompanhe o quadro que traz os requerimentos de armazenagem de alguns vegetais e frutas frescas.

CONGELAMENTO
ARMAZENAGEM

SENSIBILIDADE
TEMPERATURA

TEMPERATURA

PRODUÇÃO DE
MAIS ALTA (°C)

PÓS COLHEITA
APROXIMADA
RESPIRAÇÃO
AO ETILENO
ETILENO
TAXA DE

TAXA DE
NOME

UR %

VIDA
(°C)
DE

DE

Abóbora 12 a 15 50 a 70 -0,8 Muito baixa Moderada Baixa 2 a 3 meses


Alface 0 98 a 100 -0,2 Muito baixa Alta Baixa 2 a 3 semanas
Cenoura 0 98 a 100 -1,4 Muito baixa Alta Baixa 3 a 6 meses
Limão 10 a 13 85 a 90 -1,4 - - Baixa 1 a 6 meses
Mamão 7 a 13 85 a 90 -0,9 - - Baixa 1 a 3 semanas
Uva -0,5 a 0 90 a 95 -2,7 Muito baixa Baixa Baixa 1 a 6 meses
Quadro 3 - Requerimentos de armazenagem de vegetais e frutas frescas
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

No próximo quadro, acompanhe sobre os requerimentos de armazenagem outros produtos perecíveis.

TEMPERATURA VIDA APROXIMADA DE


NOME UR %
ARMAZENAGEM (°C) ARMAZENAMENTO
Salmão -0,5 a 1 95 a 100 18 dias
Peixe congelado -30 a -20 90 a 95 6 a 12 meses
Carne de boi fresca -2 a 1 85 a 90 1 semana
Carne de boi congelada -23 a -18 90 a 95 6 a 12 meses
Frango todos os tipos -2 a 0 95 a 100 1 a 4 semanas
Carne de porco fresca 0a1 85 a 90 3 a 7 dias
Carne de porco congelada -23 a -18 90 a 95 4 a 8 meses
Quadro 4 - Requerimentos de armazenagem outros produtos perecíveis
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Agora que você aprendeu conceitos específicos sobre a conservação de alimentos, é interessante
aprender sobre os projetos voltados ao tema. Vamos lá?!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
36

3.3 PROJETOS VOLTADOS À CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS

Para desenvolver projetos voltados à conservação dos alimentos, será necessário que o projetista
conheça o produto a ser refrigerado, bem como suas características e necessidades específicas. Por este
motivo, citam-se algumas propriedades que o projetista terá que pesquisar (ASHRAE, 2010); acompanhe.
a) Propriedades térmicas dos alimentos: as propriedades dos alimentos são bem conhecidas antes
do alimento congelar, porém abaixo do ponto de congelamento variam muito em função da
complexidade do processo.
b) Conteúdo de água: predominante na maior parte dos alimentos, seu valor influencia diretamente
as propriedades termofísicas.
c) Ponto inicial de congelamento: os alimentos e as bebidas não congelam em uma única temperatura,
mas ao longo de uma faixa de temperaturas.
d) Fração de gelo: a previsão das propriedades termofísicas depende da fração de massa de água que
foi cristalizada.
e) Calor de respiração: todos os alimentos vivos respiram, ocorrendo assim a combinação de açúcar e
oxigênio para a formação de CO2 e H2O.
f) Transpiração de frutas frescas e vegetais: a água contida em frutas e vegetais é perdida por meio
da transpiração, que envolve o transporte da mistura (água e demais constituintes) por meio da
superfície, por evaporação e por convecção.
Considerando a realidade brasileira, muitas vezes o cliente pensa no equipamento de refrigeração
como se fosse um grande refrigerador, que se limita a uma câmara de resfriados e outra de congelados
ou ainda uma única para todos os produtos. Nestas situações, é muito difícil obter um controle satisfatório
das condições a serem mantidas dentro da câmara, pois os produtos possuem necessidades diversas em
função de suas propriedades acima listadas. Nesses casos, é determinada uma temperatura em função
do produto mais sensível ou de maior volume, mas sabendo-se que muitos produtos terão a sua vida útil
menor do que outros (DOSSAT, 1980).
moodboard ([20--?])
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
37

Nos projetos de refrigeração, quase sempre o ambiente é criado pelo projetista em conjunto com outros
profissionais de diversas áreas do conhecimento. Se já existir um estudo arquitetônico, o projetista poderá
utilizar as plantas para delimitar as fronteiras do sistema a ser refrigerado, tal como na Termodinâmica. Esta
tarefa é feita a partir da análise das plantas de arquitetura e de visitas ao local, que visam comprovar as
informações e dirimir dúvidas. O projetista precisa coletar o maior número de informações possíveis para
saber “o tamanho” do projeto e do tempo necessário para a sua execução, assim como os possíveis locais
para instalação dos equipamentos.
É nesta fase que se começa a escolher o tipo de sistema que poderá atender as necessidades do cliente,
pois procura-se avaliar vários aspectos, como alguns que estão listados no questionário que você verá
mais à frente. No entanto, vale ressaltar que é a função do projeto decidir qual a melhor solução para a
instalação. Para tal intento é necessário estimar a carga térmica e fazer algumas simulações de combinações
de equipamentos, com os respectivos custos. Estes são itens que também serão estudados por você, ainda
nesta unidade curricular.
A seguir, você aprenderá sobre como coletar dados para a elaboração de projetos de refrigeração. Siga
em frente e bons estudos!

3.4 COLETA DE DADOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE REFRIGERAÇÃO

A coleta de dados para a elaboração do projeto de refrigeração inicia com a definição do que será
resfriado ou congelado, qual a temperatura a ser mantida e qual o volume que o espaço refrigerado irá
ocupar.

3.4.1 ANÁLISE DE DADOS E A EXECUÇÃO DO PROJETO

Após a coleta de todas as informações, o projetista precisa fazer uma análise criteriosa de todas as
informações para definir se consegue executar o projeto no tempo esperado pelo cliente. Esta análise
envolve os seguintes aspectos, confira.
a) Fontes de pesquisa: o projetista dispõe de todas as informações para iniciar as estimativas e elaborar
o projeto? Dificilmente o projetista tem todas as informações, mas pode-se avaliar se é possível obtê-
las dentro do prazo estipulado.
b) Viabilidade funcional: internamente o projetista precisa avaliar se dispõe de tempo para executar
o projeto, também precisa avaliar se o sistema de refrigeração pode funcionar da maneira que o
cliente espera.
c) Viabilidade técnica externa: internamente, o projetista precisa avaliar se dispõe dos conhecimentos
técnicos para executar o projeto, pois novas tecnologias demandam tempo para sua assimilação.
d) Viabilidade econômica: os projetos podem ser executados em qualquer nível de custo, desde o
mais barato até o mais caro. Diante disto, o projetista precisa discutir com o cliente qual a expectativa
deste em relação ao custo final da instalação. Neste momento, é necessário um nivelamento entre a
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
38

expectativa do cliente e o custo da instalação.


e) Viabilidade ambiental: é possível projetar uma instalação em que possam ser utilizados materiais
que não degradem o meio-ambiente, tanto na instalação quanto na operação do sistema?
f ) Saúde e segurança no trabalho: O projetista deve prever todas as fases da instalação, incluindo
dispositivos para elevação de equipamentos, os locais para instalação das unidades internas e
externas em que os trabalhadores possam estar ancorados, sem riscos de quedas, prever materiais
que não sejam inflamáveis e que não liberem vapores tóxicos etc.
O próximo tema de estudo te dará a oportunidade de aprender sobre este tema, fique atento!

3.5 O PROJETO E AS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL A SER PROJETADO

O projetista de sistemas de refrigeração tem duas opções para iniciar os trabalhos:


a) receber as plantas de arquitetura, com o leiaute definido, com a indicação da coordenada geográfica
Norte; ou
b) participar da concepção desde o início, sendo consultado quando a posicionamentos e detalhes
construtivos.
O projetista deve fazer a análise das plantas e ir ao local sempre que possível, tirar as dúvidas e conversar
com o arquiteto ou engenheiro civil sobre o sistema de refrigeração, arguindo os mesmos sobre as
expectativas em relação ao tipo de equipamento, posicionamento de unidade internas e externas, quando
for o caso, sobre o sistema de distribuição de ar, enfim, colher o máximo de informações, para minimizar a
necessidade de novas visitas e reuniões.

FIQUE Recomenda-se marcar na planta, com uma caneta marca-texto, a fronteira do


ambiente a ser refrigerado. É uma atividade simples que ajuda bastante na hora de
ALERTA fazer os cálculos das áreas das superfícies.

O projetista pode também fazer imagens do ambiente, com as possíveis posições dos equipamentos,
detalhes da fachada do ambiente etc. Infelizmente, muitas vezes os o projetista não recebe as plantas de
arquitetura e tem de se deslocar até o ambiente para fazer o croqui do local.
Mas você sabe o que é um croqui? Acompanhe a explicação a seguir.
Um croqui é um desenho esquemático simples que procura representar o ambiente com as principais
características, tais como as dimensões (comprimento, altura e largura), a posição de portas, a coordenada
geográfica, principalmente quando se trata de instalação sujeita a incidência solar direta e todas as
informações que o projetista julgar necessárias para a elaboração do projeto. O nível de detalhamento
do croqui acompanha a fase do serviço que estiver sendo executado. Se o croqui for para a elaboração
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
39

de um orçamento, o projetista deve se ocupar com as informações necessárias para obter os custos de
instalação a fim de evitar algum possível prejuízo. Portanto, não é tão relevante definir se a tubulação
vai passar a 25 ou 30 centímetros do teto. Mas se a empresa já ganhou a concorrência, esta informação é
muito relevante para a elaboração do projeto executivo. As informações coletadas no croqui auxiliarão o
projetista a elaborar o projeto básico ou o executivo.
Para elaborar um croqui, normalmente se utiliza uma folha quadriculada ou milimetrada para auxiliar o
traçado das linhas, uma vez que esta atividade é feita a mão livre sobre uma prancheta. Você deve adotar
um ponto de referência, como as portas, por exemplo, ou elevadores em caso de instalações grandes e
representar os ambientes com formas básicas, tais como quadrados e retângulos.

C11
E E E
C14
Ante Câmara

C12

E E E C15
C13

Silos de Gelo Piso Superior

Plataforma de recepção

E E E
C01 ADM
Ante Câmara

C02 C.M.
Sabrina da Silva Farias (2016)

E E E

Plataforma de expedição
Cargas de Gelo Piso Térreo

Figura 2 - Croqui de um entreposto frigorífico


Fonte: adaptado de Costa (1982)

Depois que você concebeu a estrutura geral da instalação, faça as medidas altura e largura com uma
trena para cada superfície (parede, piso, teto, porta, vidros em caso de expositores etc.) e anote os valores
no croqui bem ao lado, de forma a não confundir com as demais. Anote todas as informações, sendo
criterioso e investigando as características e as espessuras dos materiais que a compõe cada superfície,
se está em contato direto com o ambiente externo ou com o solo, pois você terá que criar medidas para
mitigar os efeitos da insolação ou da infiltração de vapor de água.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
40

FIQUE Utilize a mesma unidade de medida em todas as medições quando for elaborar o
croqui! Se começar com centímetro, vá até o final com ele a fim de evitar confusões e
ALERTA incertezas posteriores.

Recomenda-se a utilização das simbologias de arquitetura da NBR 6492, para a representação de


instalações. Recomenda-se fazer a indicação do Norte Geográfico, mesmo que a instalação seja interna,
pois ajuda a posicionar o projetista em relação ao espaço refrigerado.

Sergii Korolko ([20--?])

Leve uma bússola para definir o Norte Geográfico, pois muitas vezes a estrutura arquitetônica dificulta a
correspondência solar ou pode ser que você tenha que elaborar o croqui após o pôr-do-sol.
Após a elaboração do croqui, você vai precisar determinar as áreas das superfícies. Recomenda-se que
seja elaborado um quadro, similar ao modelo que você verá na ilustração a seguir.

ORIENTA- TEMPERA- LADO OU ÁREA BRUTA DESCONTO ÁREA REAL


SUPERFÍCIE LADO (m)
ÇÃO TURA ALTURA (m) (m2) (m2) (m2)
Parede N
Porta N
Parede S
Porta S
Parede O
Porta O
Parede E
Porta E
Parede NO
Porta NO
Parede NE
Porta NE
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
41

ORIENTA- TEMPERA- LADO OU ÁREA BRUTA DESCONTO ÁREA REAL


SUPERFÍCIE LADO (m)
ÇÃO TURA ALTURA (m) (m2) (m2) (m2)
Parede SO
Porta SO
Parede SE
Porta SE
Teto ---
Piso ---
Quadro 5 - Cálculo das áreas das superfícies
Fonte: do Autor (2016)

Neste quadro, você tem as superfícies separadas por orientação geográfica, na será determinada a área
das paredes, piso e teto. Quando a parede for contínua, o resultado da área bruta será igual a real. No
entanto, quando houver portas, cujo material isolante é diferente das paredes, você deve descontar o vão
da porta.
Você deve localizar a linha que representa a superfície com a respectiva orientação e registrar o
comprimento em metros na coluna “Lado”. Você deve ainda registrar a outra dimensão, seja a altura no
caso das paredes e janelas ou o outro comprimento no caso do teto e do piso. Fique atento, pois você pode
ter uma parede sem janela, mas dificilmente tem uma janela sem parede.
Depois que você preencher toda a tabela, calcule as áreas brutas multiplicando os valores das colunas
“Lado (m) ” e “Lado ou Altura (m) ” e registrando o resultado na coluna “Área Bruta (m2)”.
Depois de calcular todas as áreas brutas, você terá que descontar as áreas das portas sempre abertas.
Anote os valores das colunas “Área Bruta (m2)”, das portas sempre abertas nas colunas “Descontos (m2)” nas
linhas das respectivas paredes. Depois que você todas as anotações, você deve subtrair o valor da coluna
“Área Bruta (m2)” pelo valor da coluna “Descontos (m2) ” e registrar o resultado na coluna “Área Real (m2)”.
Recomenda-se que você crie mais uma tabela ou incorpore as informações sobre as “Característica das
Superfícies” na tabela de cálculo das áreas das superfícies.
Para realizar os cálculos de carga térmica interna, é preciso considerar as fontes de calor; assim, fique
atento porque este será o próximo tema de estudo.

3.5.1 FONTES INTERNAS DE CALOR

O guia técnico ASHRAE (2010) informa que toda a energia dissipada dentro do ambiente refrigerado
deve ser considerada no cálculo da carga térmica interna, a qual é proveniente das seguintes fontes de
calor:
a) produto;
b) pessoas;
c) iluminação;
d) equipamentos de processamento;
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
42

e) empilhadeiras;
f ) motores;
g) equipamentos auxiliares de refrigeração.
O produto obviamente é o principal elemento a ser observado pelo projetista. Suas características
termofísicas influenciarão diretamente na capacidade do equipamento de refrigeração, pois normalmente
esta representa a maior carga térmica. Deve-se observar quais serão as condições físicas em que o produto
entrará no espaço refrigerado, se estará acondicionado em caixas in natura, empacotado ou encaixotado.
Mas todas as fontes devem ser consideradas, lembre-se de identificar a presença de máquinas, pessoas e
demais itens listados.

ET1972 ([20--?])

Se a quantidade de produto for grande, tal como em um entreposto frigorífico, é bem possível que
esteja encaixotado e organizado em paletes que são transportados por meio de empilhadeiras.
Em casos de abatedouros é comum encontrar os produtos in natura, pendurados por meio de ganchos
que permitem o deslocamento do mesmo ao longo da área de processamento.
artfotoss ([20--?])
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
43

Câmaras frigoríficas menores normalmente são carregadas manualmente por meio de operadores, que
muitas vezes exageram na altura da estocagem dos produtos. Nestas câmaras, é possível encontrar um
misto de produtos.

SafakOguz ([20--?])
Você deve anotar qualquer tipo de equipamento de processamento de alimentos que existir dentro do
espaço refrigerado.

AndiGrieger ([20--?])

A seguir, aprenda sobre as fontes externas de calor.

3.5.2 FONTES EXTERNAS DE CALOR

Depois de analisar o leiaute disposto na planta ou no esboço, você delimitou as fronteiras do espaço
refrigerado e as temperaturas em cada local. Em seguida, você deve observar o que proporcionará ganho
de calor ao espaço refrigerado, como por exemplo:
a) paredes, tetos e pisos, cuja temperatura seja superior àquela definida para o ambiente refrigerado.
Quando a temperatura for igual, não haverá ganho de calor por meio da superfície. Em caso de
superfície que faz fronteira com o ambiente exterior, deve-se observar se o sol incidirá diretamente
sobre a mesma;
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
44

b) portas, vãos e frestas sempre abertas. Qualquer abertura que permita a entrada de ar exterior no
ambiente refrigerado irá representar ganho de calor para o equipamento de refrigeração.

shiyali ([20--?])
Você deve ficar atento aos de abrigos de docas de entrepostos frigoríficos, pois por melhor que sejam,
sempre ficam vãos abertos por onde escapa o ar frio e entra o ar quente externo.

Peter de Kievith ([20--?])

Para ampliar seus conhecimentos sobre fontes de calor, mantenha-se concentrado ao próximo tema de
estudo que abordará características e quantidade do produto armazenado.

3.6 CARACTERÍSTICAS E QUANTIDADE DO PRODUTO A SER ARMAZENADO

A preservação dos alimentos é uma das mais significantes aplicações da refrigeração. Isto porque o
resfriamento e o congelamento reduzem a atividade dos microrganismos e das enzimas, retardando a
deterioração. A maiorias das aplicações de resfriamento e congelamento de alimentos e bebidas ocorre
por meio de jato de ar. Apenas um limitado número de produtos é resfriado por meio de contato.
O projeto dos equipamentos requer uma estimativa dos tempos de resfriamento e congelamento
dos alimentos e bebidas, que serão correspondentes a carga de refrigeração (ASHRAE, 2010).
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
45

FIQUE Resfriar e congelar alimentos é um processo complexo porque antes de congelar,


ALERTA é necessário remover todo o calor sensível até o ponto de congelamento, processo
chamado de pré-resfriamento.

Este ponto de congelamento é pouco abaixo do ponto de fusão da água pura, devido às substâncias
dissolvidas na mistura que compõe o alimento, na medida em que a água vai congelando, ocorre uma
concentração cada vez maior da solução remanescente, que vai abaixando o ponto de congelamento da
parcela ainda não congelada.
Em função da complexidade dos cálculos recomenda-se:
a) determinar os tempos utilizando os métodos simplificados do guia técnico ASHRAE Refrigeration;
b) consultar o pessoal da Engenharia de Alimentos, que pode informar os tempos necessários aos
processos de resfriamento e congelamento dos alimentos;
c) determinar os tempos, considerando a teoria exposta nos livros de transmissão de calor.

Você sabia que existem muitos problemas relacionados aos equipamentos de


SAIBA refrigeração espalhados pelo Brasil? Leia sobre isto na análise “Freezeres de
MAIS Supermercado” realizada pelo INMETRO, disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/
consumidor/produtos/freezers.asp>. Acesso em: 08 jun. 2016.

Algumas vezes é necessário estimar o tamanho do espaço refrigerado, pois o cliente só sabe o peso do
produto que pretende estocar em uma câmara, por exemplo. Nesta situação, o projetista precisa pesquisar
de que forma o produto chegará ao espaço refrigerado, se em caixas ou em sacos, para estimar a forma de
organização e consequentemente o tamanho do espaço necessário.

SAIBA Saiba mais sobre os conservação e organização de produtos alimentícios no site da


Escola Nacional de Supermercados – ENS, disponível em: <http://www.escolaabras.
MAIS com.br/portal/home.asp>. Acesso em: 08 jun 2016.

Para esta definição, também é necessário saber de que forma o produto será transportado para o
interior do espaço refrigerado. Para ilustrar esta necessidade é necessário conhecer o palete, que é uma
estrutura de madeira na qual se organiza os produtos em caixas ou sacos de maneira a poder movimentá-
los mecanicamente com uma paleteira manual ou uma empilhadeira.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
46

endopack ([20--?])
Acompanhe o “Casos e relatos” a seguir sobre o projeto de uma câmara frigorífica.

CASOS E RELATOS

Projetando uma câmara frigorífica


João foi contratado para construir uma câmara frigorífica para armazenagem de hambúrguer
congelado para um distribuidor local. O cliente queria montar uma câmara de painéis pré-moldados
dentro de um galpão de distribuição, mas não tinha a menor ideia do tamanho necessário. A
intenção do cliente era armazenar 3500 kg em paletes padrão PBR, que seriam carregados com
uma paleteira manual.
bobrik74 ([20--?])
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
47

João levantou as informações sobre o produto, que tinha as dimensões de 360 mm x 230 mm x
240 mm (C x L x A) e peso de 8 kg, com a recomendação de empilhamento máximo de 6 camadas.
Ele pesquisou também que o Palete Padrão Brasileiro (PBR) possuía as medidas de 1200 mm x
1000 mm x 135 mm (ABRAS, 2010, p.12). Diante das dimensões, João iniciou a tarefa de distribuir o
produto sobre o palete, procurando aproveitar ao máximo o espaço. Como resultado, ele chegou a
algumas combinações possíveis com 12 e 13 caixas por camada.

A B C D

Sabrina da Silva Farias (2016)


Figura 3 - Representa caixas organizadas sobre um palete
Fonte: do Autor (2016)

Após distribuir os produtos sobre o palete, João utilizou a tabela a seguir para decidir-se sobre a
amarração entre as caixas, para evitar que caíssem quando fossem transportadas.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
48

CAIXA CAIXA ALTURA (MM)


PALETIZAÇÃO Qt C (mm) Qt L (mm) C (mm) L (mm) 1 140
1580
1 360 1 230 1000 1200 6,00 240
APRO-
ARRANJO QT A.TOTAL
VEIT.
C (mm) 2 720 1 230 950 -
A 13 1080 89,7%
L (mm) 2 720 2 460 - 1180
C (mm) 1 360 2 460 820 -
B 13 1080 89,7%
L (mm) 2 720 2 460 - 1180
C (mm) 0 0 4 920 920 -
C 12 990 82,8%
L (mm) 3 1080 0 0 - 1080
C (mm) 2 720 1 230 950 -
D 13 1080 89,7%
0 0 5 1150 - 1150
Quadro 6 - Paletização das caixas de hambúrguer
Fonte: do Autor (2016)

Aparentemente a amarração D possui mais estabilidade do que a B, mas não influencia na quanti-
dade de paletes necessários para a câmara frigorífica. Se considerar cada camada tem 13 caixas, se
tem:
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
49

B’ B” D’ D”

Sabrina da Silva Farias (2016)


Figura 4 - Representa caixas organizadas sobre um palete na vertical
Fonte: do Autor (2016)

Considerando seis paletes, João pensou em várias disposições para o arranjo dos paletes dentro
da câmara. Poderia colocar todos os paletes em sequência, em uma disposição 6 x 1, mas a câmara
ficaria bem comprida e traria dificuldades para o estoquista em remover o último palete. Ele pensou
então em uma disposição de 3 x 2, na qual o acesso aos paletes seria mais simples, permitindo ao
estoquista remover aqueles mais distantes com poucas movimentações em situações de carga
parcial.

1 2 3
Sabrina da Silva Farias (2016)

6 5 4
Vista superior
Figura 5 - Vista superior (a)
Fonte: do Autor (2016)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
50

João também considerou que seria importante indicar uma sequência de carregamento dos
paletes na câmara, para que mesmo um estoquista com menos experiência pudesse armazenar
os produtos sem maiores problemas. João imaginou que o estoquista deveria colocar o primeiro
palete ao lado da porta, pois seria mais fácil virar a paleteira à esquerda e movimentar um pouco,
como se fosse estacionar um carro, até chegar na posição final, tarefa que seria mais fácil com a
câmara vazia.

Sabrina da Silva Farias (2016)


Vista superior
Figura 6 - Vista superior (b)
Fonte: do Autor (2016)

Em seguida, o estoquista colocaria o segundo e o terceiro palete virando a paleteira para a esquerda,
quase na posição final.
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
51

1 2 3

Sabrina da Silva Farias (2016)


Vista superior
Figura 7 - Vista superior (c)
Fonte: do Autor (2016)

Representa a movimentação dos paletes remanescentes na disposição 3 x 2

1 2 3

6 5 4
Sabrina da Silva Farias (2016)

Vista superior
Figura 8 - Vista superior (d)
Fonte: do Autor (2016)

Após definir um arranjo que atendesse a solicitação do cliente, João passou a definir o espaço
interno da câmara. João sabia que tinha de deixar uma distância 300 mm entre paletes e 500 mm
em relação as paredes (MACHADO, 2000), para promover a circulação de ar resfriar os produtos.
João utilizou a fórmula genérica:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
52

Onde:
M = comprimento ou largura conforme o arranjo (mm);
n°palete = número de paletes;
Cpalete = comprimento do palete, conforme o arranjo (mm);
Lpalete = largura do palete, conforme o arranjo (mm);
Dparede = distância até a parede (mm);
n°vão = número de vãos entre paletes;
Lvão = comprimento ou largura do vão (mm).
Para o comprimento João obteve:

Para a largura João obteve: 500

1 2 3
1200

3500
300

6 5 4
1000

Sabrina da Silva Farias (2016)


500

500 1200 300 1200 300 1200 500

5200

Vista superior
Figura 9 - Vista superior (e)
Fonte: do Autor (2016)
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
53

Devido ao arranjo que João admitiu para a câmara frigorífica, a paleteira deve virar à esquerda
para depositar ou retirar os paletes 1, 2 e 3 da posição final. Para verificar se o espaçamento seria
suficiente para girar o palete, durante o carregamento e descarregamento, João reconheceu que
a maior medida seria aquela da diagonal do palete, formada pelas laterais 1200 mm e 1000 mm e
poderia ser determinada pelo teorema de Pitágoras:

Representa o cálculo da diagonal do palete

62
15
1000

1000

Sabrina da Silva Farias (2016)


1200 1200

Figura 10 - Cálculo diagonal do palete


Fonte: do Autor (2016)

No caso do palete 1, a câmara estaria vazia e por este motivo dispensa qualquer necessidade de
verificação. No caso do palete 2, o pior caso ocorrerá quando os paletes 1 e 3 estiverem em seus
respectivos locais e a medida do vão será igual a:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
54

No caso do palete 3, o pior caso ocorrerá quando o palete 2 estiver em seu respectivo local e a
medida do vão será igual a:

Para determinar a altura da câmara frigorífica, João precisaria somar a altura das caixas empilhadas
sobre o palete (1580 mm) com a altura do evaporador e mais um espaçamento, tanto para a
circulação de ar quanto para evitar o contato das caixas com o evaporador. Como João ainda
estava definindo a câmara frigorífica, não tinha o valor da carga térmica, portanto adotou um valor
prático entre 1200 mm e 1500 mm, que deveria ser suficiente. Após determinar a carga térmica e
definir capacidade e as dimensões do evaporador, voltaria a este ponto para conferir as medidas.
Considerando os valores, a altura da câmara estaria entre os valores de:

Para simplificar a montagem, João decidiu adotar o valor de 3000 mm para a altura da câmara.
3 O PRODUTO E AS CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO
55

Representa caixas organizadas sobre um palete na vertical

1350
D” D” D”

3000

Sabrina da Silva Farias (2016)


Vista frontal
Figura 11 - Vista frontal
Fonte: do Autor (2016)

Considerando todos os cálculos, a câmara frigorífica ficou com as medidas finais de 5200 mm de com-
primento, 3500 mm de largura e 3000 mm de altura. A partir deste ponto João pôde:
a) definir o tipo de isolamento e suas características;
b) determinar a carga térmica e a capacidade frigorífica do evaporador e dos demais componentes;
c) especificar os componentes.

Antes de finalizar seus estudos nessa unidade, leia com atenção o recapitulando.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você aprendeu como coletar os dados relativos às características do produto,
segundo as condições de armazenagem ou congelamento e as informações relativas ao ambiente
refrigerado. Estudou como representar o espaço a ser refrigerado por meio de plantas de arquitetura
e elaborar um croqui na falta desta. Estudou também a identificação fontes internas e externas de
calor. Você também aprendeu a distribuir os produtos sobre os paletes e como organizá-los para
determinar as dimensões da câmara frigorífica.
Cálculos Estimativos de Carga Térmica

A carga térmica é obtida por meio da somatória de todos os ganhos de calor do espaço
refrigerado.
Neste capítulo, você aprenderá a fazer os cálculos estimativos de carga.
Assim, ao final deste capítulo, você:
a) determinará o ganho de calor de transmissão que ocorre nas paredes, piso e teto do
ambiente externo, inclusive levando em consideração a incidência do sol; aprenderá os
critérios para “compor a parede” da câmara frigorífica;
b) aprenderá a determinar o ganho de calor devido à infiltração de ar externo que ocorre
por meio das portas levando em consideração os aspectos relacionados à diferença de
temperatura entre o ambiente interno e o externo;
c) aprenderá a estimar o ganho de calor devido ao produto, tanto na condição de
resfriamento quanto no congelamento;
d) aprenderá a estimar o ganho de calor devido à respiração do produto, em caso de frutas
e vegetais;
e) aprenderá a estimar o ganho de calor devido à iluminação, aos motores, as empilhadeiras
e equipamentos de processo;
f ) aprenderá a estimar o ganho de calor de pessoas em função da temperatura;
g) aprenderá a estimar o ganho de calor devido aos equipamentos de refrigeração, tais
como os ventiladores, as resistências de degelo;
h) aprenderá os critérios para aplicar fatores de segurança e diversidade para então
determinar a capacidade frigorífica do sistema de refrigeração.
Vamos começar pelo ganho de calor por transmissão!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
58

4.1 GANHO DE CALOR POR TRANSMISSÃO

O ganho de calor por transmissão para a refrigeração combina os efeitos da propagação de calor por
condução, por convecção e por irradiação. Como você viu no componente curricular de termodinâmica:
a) a propagação de calor por condução é aquela que transfere a vibração decorrente da agitação
térmica para as partículas vizinhas que estão em contato direto;
b) quando o calor é transportado de um lugar com maior temperatura para outro com temperatura
menor por meio da massa do fluido, a propagação ocorre por um fenômeno chamado de convecção
(SANTOS, 1990);
c) o processo no qual o calor é transmitido por ondas eletromagnéticas sem a exigência de matéria é
chamado de irradiação (SANTOS, 1990).
Essas três formas de propagação de calor serão combinadas por meio da equação a seguir (ASHRAE;
2010, p.24.1) a ser utilizada na determinação do ganho de calor proveniente de paredes, pisos e tetos:

Onde:
q = ganho de calor (W);
A = área externa da seção (m2);
∆t = diferença de temperatura entre a temperatura do ar externo e a do ar interno do espaço refrigerado
(°C);
U = coeficiente global de transmissão de calor [W/(m2*K)];
x = espessura da parede (m);
k = coeficiente de condutibilidade térmica do material [W/(m*K)];
hi = coeficiente transmissão de calor por convecção interno [W/(m2*K)], adotado como 1,6 considerando
o ar parado;
ho = coeficiente transmissão de calor por convecção externo [W/(m2*K)], adotado como 6 considerando
a superfície exposta a ventos de 25 km/h.
O coeficiente global de transmissão de calor combina os efeitos da propagação de calor por
condução com a convecção . Os efeitos da irradiação são decorrentes da insolação sobre as
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
59

superfície externas do espaço refrigerado, que são traduzidos por meio de diferenciais de temperatura a
serem somados ao valor do ao qual a superfície está sujeita. Esses diferenciais de temperatura levam em
consideração as coordenadas geográficas e a cor das superfícies.

LESTE OESTE TETO


TIPOS DE SUPERFÍCIES SUL (K)
(K) (K) HORIZONTAL (K)

Superfícies de cores escuras: ardósia, breu e pintura preta 5 3 5 11

Superfícies de cores médias: madeira sem pintura, tijolos, telha vermelha,


4 3 4 9
cimento escuro e pintura vermelha, cinza ou verde
Superfícies de cores claras: pedra branca, cimento de cores claras e pintura
3 2 3 5
branca
Nota: adicione a diferença de temperatura normal para os cálculos de ganho de calor para compensar os efeitos do sol. Não use para
projetos de ar-condicionado.
Quadro 7 - Consideração dos efeitos solares
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

A seguir, fique atento e aprenda sobre a composição de U.

4.1.1 COMPOSIÇÃO DE U (COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSMISSÃO DE CALOR)

Nas situações em que o sistema ou o equipamento já existe, o projetista vai identificar os materiais e
medir as respectivas espessuras e calcular o valor do coeficiente global de transmissão de calor.
Nas situações em que o sistema ou o equipamento não existe, tal como em projetos novos, o
projetista precisará “compor a parede”. Nesta tarefa, o projetista poderá tomar por base outros sistemas ou
equipamentos similares ou consultar as referências da literatura técnica, como, por exemplo, o quadro a
seguir, publicado no guia técnico ASHRAE Refrigeration (2010):
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
60

RESISTÊNCIA TÉRMICA R [(m2*K)/W]


FAIXA DE
TIPO DE INSTALAÇÃO PAREDES/TETOS
TEMPERATURA °C PISOS TETOS EXTERNOS
INTERNOS
Apenas isolamento
Refrigeradores1 4 a 10 4,4 5,3 a 6,2
perimetral c

Refrigeradores chill2 -4a2 3,5 4,2 a 5,6 6,2 a 7,0

Congelador estático - 23 a – 29 4,8 a 5,6 6,2 a 7,0 7,9 a 8,8

Congelador por corrente de ar 3 - 40 a – 46 5,3 a 7,0 7,9 a 8,8 8,8 a 10,6

Quadro 8 - Valores R recomendados para resistência térmica


Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Notas: devido a uma grande variação de custo de energia e de materiais de isolação baseados na
performance térmica, o valor recomendado de R é uma referência em cada parte da construção. Para
valores exatos, consulte um projetista/fornecedor de isolamento.
Com base nos valores de R recomendados na tabela acima, cabe ao projetista “compor a parede” levando
em consideração as classes de materiais:
a) estruturais: a madeira ou chapas no caso de equipamentos ou alvenaria para câmaras frigoríficas;
b) isolantes: placas de poliestireno (isopor), poliuretano ou poliisocianato. Existem vários fornecedores
de compostos que reagem após a mistura e que se expandem diretamente nos vãos previstos para
os isolantes;
c) barreira de vapor: aplicação de produtos impermeabilizantes que impedem a migração do vapor de
água pela parede.
Atualmente existem ainda uma infinidade de painéis isolantes pré-moldados, que possuem resistência
estrutural, barreira de vapor e acabamento final, estes painéis são compostos por chapas metálicas ou
plásticas com o isolante expandido no meio.

1 Se o refrigerador vai ser convertido em um congelador no futuro, o proprietário deve considerar isolar a instalação com valores de
R mais altos da parte dos congeladores.
2 Os valores de R apresentados são para congeladores por corrente de ar construídos com um espaço não condicionado. Se o
congelador por corrente de ar for construído com um refrigerador ou um congelador estático, consulte um projetista/fornecedor de
isolamento.
3 Se é desejada uma umidade relativa alta no ambiente refrigerado, então recomenda-se que a isolação do piso deve ser pelo
menos igual a das paredes.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
61

Diante de tantas opções, o projetista deve escolher os materiais que mais se adequem as necessidades
térmicas e econômicas, fazendo um estudo de viabilidade e justificando a sua escolha.

CONDUTIBILIDADE TÉRMICA4 K [W/


ISOLAMENTO
(m*K)]
Placa de poliuretano (expandido com R11) 0,023 a 0,026
Poliisocianurato celular (expandido com R-141b) 0,027
Poliestireno extrudado (R-142b) 0,035
Poliestireno expandido (R-142b) 0,037
Placa de cortiça5 0,043
Espuma de vidro 6
0,044
Quadro 9 - Condutividade térmica de isolamento para armazenagem refrigerada
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Abaixo apresenta-se uma tabela para os estados americanos, que o projetista pode utilizar como
referência para iniciar os cálculos e selecionar materiais isolantes equivalentes no mercado nacional.
A tabela deve ser utilizada de forma invertida, ou seja, os estados brasileiros acima do Trópico de
Capricórnio devem utilizar a coluna de estados do sul e vice-e-versa.

TEMPERATURA DE ARMAZENAGEM ESPESSURA DO POLIISOCIANURATO EXPANDIDO


(°C) ESTADOS DO NORTE (mm) ESTADOS DO SUL (mm)
10 a 16 50 50
4 a 10 50 50
-4a4 50 75
-9a-4 75 75
-18 a - 9 75 100
- 26 a – 18 100 100
- 40 a – 26 125 125
Quadro 10 - Espessura mínima do isolamento nos Estados Unidos da América - EUA
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Agora, aprenda a determinar o ganho de calor devido ao ar externo!

4 Os valores são para uma média de temperatura de 24°C e idade do isolante de 180 dias.
5 Raramente usados como isolamento, dado apenas para referência.
6 Virtualmente não apresenta efeitos devido à idade do isolante.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
62

4.2 GANHO DE CALOR DEVIDO À INFILTRAÇÃO DE AR EXTERNO

O guia técnico ASHRAE (2010) afirma que a infiltração de ar externo no ambiente refrigerado ocorre
devido à diferença de densidade entre as massas de ar com temperaturas diferentes, representada na
ilustração a seguir. Nesta situação, a massa de ar quente que entra no ambiente refrigerado é igual a massa
de ar frio que sai, menos alguma condensação do vapor de água.

GELO
ACUMULADO
CRISTAIS DE GELO

DOCA DE
CARREGAMENTO FLUXO QUENTE ENTRANDO

Sabrina da Silva Farias (2016)


CONGELADOR

NÉVOA FLUXO FRIO SAINDO


PISO CONGELADO

Figura 12 - Infiltração de ar no espaço refrigerado


Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

No caso típico de infiltração de ar, no qual o ambiente é selado termicamente e a entrada de ar ocorre
unicamente quando a porta é aberta, o ganho de calor pode ser determinado pela equação a seguir
(ASHRAE, 2010):

Onde:
qt = média de ganho de calor por 24 h ou outro período (kW);
q = ganho de calor sensível e latente devido à infiltração máxima de ar externo (kW);
Dt = fator de tempo de abertura de porta;
Df = fator de fluxo por abertura de porta;
E = eficiência da proteção de porta.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
63

O ganho de calor q devido à infiltração máxima de ar externo é determinado por meio das dimensões
de abertura da porta e pela diferença entre as densidades das massas de ar interna e externa ao ambiente
refrigerado.
O fator Dt será determinado, conforme você verá mais adiante, para levar em consideração o tempo
que a porta fica aberta. Quanto mais tempo uma porta ficar aberta, mais ar externo entrará no espaço
refrigerado, trazendo consigo o ganho de calor.
O fator Df é uma relação entre o valor entre uma situação parcial e a infiltração máxima de ar externo.
A infiltração máxima de ar externo ocorre somente quando a porta fica totalmente aberta para outro
ambiente, sem barreiras para ar frio escapar, nas quais o fator Df assume o valor igual a 1. O guia técnico
ASHRAE (2010) recomenda que, para situações com portas operadas automaticamente, se utilize valores
de Df igual 1,1 para ∆t<11 K e 0,8 ∆t>11 K.
A eficiência E das proteções que visam minimizar a infiltração de ar pelas portas está relacionada à vida
útil e manutenção. Os valores de eficiência são relatados no guia técnico ASHRAE (2010), conforme quadro
a seguir.
EFICIÊNCIA E DISPOSITIVOS

0,95 ou maior Dispositivos novos como cortinas plásticas ou portas de fechamento rápido do tipo vai-e-vem.

0,95 a 0,90 Antessalas com cortinas plásticas ou portas vai-e-vem diversas situações, exceto congeladores.

0,95 a 0,85 Antessalas com cortinas plásticas ou portas vai-e-vem em congeladores.

Dispositivos novos em locais de tráfego intenso ou baixo nível de manutenção como cortinas de
0,8
tiras plásticas ou portas de fechamento rápido do tipo vai-e-vem.

0,7 a muito pobre Cortinas de ar.

0 Porta totalmente aberta sem dispositivos de proteção.

Quadro 11 - Eficiência de dispositivos de proteção de portas contra infiltração de ar


Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)
Ryan McVay ([20--?])
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
64

Mantenha-se concentrado e, a seguir, aprenda sobre o ganho de calor devido à infiltração máxima de
ar externo.

4.2.1 GANHO DE CALOR DEVIDO À INFILTRAÇÃO MÁXIMA DE AR EXTERNO

Para o caso típico de um ambiente selado, cuja infiltração de ar ocorre exclusivamente pela abertura da
porta, pode-se determinar o ganho de calor devido à infiltração máxima de ar externo pelas equações a
seguir, extraídas do guia técnico Refrigeration (ASHRAE 2010 apud GOSNEY; OLAMA; 1975; p.24.4):

Onde:
q = ganho de calor sensível e latente do ar externo (kW);
A = área livre da porta (m2);
hi = entalpia do ar externo (kJ/kg);
hr = entalpia do ar refrigerado (kJ/kg);
ρi = densidade do ar externo (kg/m3);
ρr = densidade do ar refrigerado (kg/m3);
g = módulo da aceleração da gravidade (m/s2) = 9,81 m/s2;
H = altura da porta (m);
Fm = fator de densidade.
Devido à complexidade destas equações, o guia técnico (ASHRAE; 2010, p.24.5) desenvolveu uma
simplificação na qual pode-se obter os parâmetros para aplicação da equação do ábaco e dos quadros que
serão apresentados a seguir.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
65

Onde:
q = ganho de calor sensível e latente (kW);
Qs⁄A = carga de calor sensível da infiltração de ar por metro quadrado (kW/m2);
W = largura da porta (m);
Rs = relação entre calor sensível e latente devida a infiltração de ar externo.

60 Este gráfico demonstra a componente de calor


sensível de perda de refrigeração pela abertura
55 da porta com 2,5 m de altura, com aberturas
constantes, considerando um perfilde saída de
ar próximo do perfeito.
50
PERDA DE CALOR SENSÍVEL QS/A, kW/m²

45

40

35

30
TEMPERATURA DO
25 AR EXTERNO, ºC
40
35
20 30
25
20
15 15
10
5
10 0
Sabrina da Silva Farias (2016)

0
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40

TEMPERATURA DO ESPAÇO REFRIGERADO, ºC


Figura 13 - Gráfico da relação Qs⁄A em função da temperatura do espaço refrigerado
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Os quadros a seguir são baseados nas condições internas de 90% UR dentro do ambiente refrigerado.
No entanto, você pode utilizá-lo para situações com umidades relativas internas de 80% ou 100%, com
pequena margem de erro, da ordem de 4% (ASHRAE; 2010).
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
66

CONDIÇÕES EXTERNAS TBS (°C) - ESPAÇO CONDICIONADO A 90% UR

TBS (°C) TBU (°C) UR (%) - 30 - 25 - 20 - 15 - 10 -5 0 5 10 15

19,7 30 0,76 0,75 0,74 0,73 0,72 0,72 0,73 0,77 0,87 —

21,8 40 0,71 0,69 0,68 0,66 0,65 0,63 0,63 0,64 0,68 0,83
30
23,9 50 0,66 0,64 0,62 0,60 0,59 0,57 0,56 0,55 0,56 0,62

25,8 60 0,62 0,60 0,58 0,56 0,54 0,52 0,50 0,48 0,48 0,49

19,0 20 0,80 0,79 0,78 0,77 0,77 0,77 0,79 0,84 0,96 —

21,6 30 0,72 0,71 0,69 0,68 0,67 0,66 0,67 0,68 0,72 0,86

35 24,0 40 0,66 0,64 0,63 0,61 0,59 0,58 0,57 0,57 0,58 0,63

26,3 50 0,61 0,59 0,57 0,55 0,53 0,52 0,50 0,49 0,48 0,50

28,3 60 0,56 0,54 0,53 0,51 0,49 0,47 0,45 0,43 0,42 0,41

20,7 20 0,76 0,75 0,74 0,73 0,72 0,72 0,73 0,75 0,82 0,98

23,6 30 0,68 0,66 0,65 0,63 0,62 0,61 0,60 0,61 0,62 0,68
40
26,2 40 0,61 0,59 0,58 0,56 0,54 0,53 0,52 0,51 0,50 0,52

28,6 50 0,55 0,54 0,52 0,50 0,48 0,47 0,45 0,43 0,42 0,42
Quadro 12 - Relação entre calor sensível e latente devido à infiltração de ar externo
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Já o quadro a seguir apresenta as relações entre os calores sensível e latente para as condições de
temperaturas externas na faixa de 20 a -15 °C e internas na faixa de -40 °C a 0 °C, que poderá ser utilizado
em algumas aplicações da região sul brasileira ou em projetos nos quais a câmara frigorífica será instalada
em ambientes internos.
CONDIÇÕES
TBS (°C) - ESPAÇO CONDICIONADO A 90% UR
EXTERNAS

TBS (°C) UR (%) - 40 - 35 - 30 - 25 - 20 - 15 - 10 -5 0

100 0,62 0,60 0,57 0,55 0,53 0,50 0,44 0,44 0,41
80 0,67 0,65 0,63 0,61 0,58 0,56 0,53 0,51 0,48
20 60 0,73 0,71 0,69 0,68 0,65 0,63 0,61 0,60 0,59
40 0,80 0,79 0,78 0,76 0,75 0,73 0,73 0,73 0,76
20 0,89 0,88 0,88 0,87 0,87 0,87 0,80 0,93 —
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
67

CONDIÇÕES
TBS (°C) - ESPAÇO CONDICIONADO A 90% UR
EXTERNAS

TBS (°C) UR (%) - 40 - 35 - 30 - 25 - 20 - 15 - 10 -5 0

100 0,67 0,65 0,63 0,60 0,58 0,55 0,51 0,48 0,45
80 0,72 0,70 0,68 0,66 0,63 0,61 0,58 0,55 0,53
15 60 0,77 0,76 0,74 0,72 0,70 0,68 0,66 0,65 0,66
40 0,84 0,83 0,81 0,80 0,79 0,78 0,78 0,79 0,87
20 0,91 0,91 0,90 0,90 0,90 0,91 0,93 — —
100 0,72 0,70 0,68 0,65 0,62 0,59 0,56 0,52 0,48
80 0,76 0,75 0,73 0,70 0,68 0,65 0,63 0,60 0,59
10 60 0,81 0,80 0,78 0,76 0,75 0,73 0,71 0,71 0,77
40 0,87 0,86 0,85 0,84 0,83 0,82 0,83 0,88 —
20 0,93 0,93 0,92 0,92 0,92 0,94 0,99 — —
100 0,77 0,75 0,73 0,70 0,67 0,64 0,60 0,55 0,49
80 0,81 0,79 0,77 0,75 0,72 0,70 0,67 0,65 0,68
5 60 0,85 0,83 0,82 0,80 0,79 0,77 0,77 0,79 —
40 0,89 0,88 0,88 0,87 0,86 0,86 0,89 — —
20 0,95 0,94 0,94 0,94 0,95 0,98 — — —
100 0,81 0,79 0,77 0,74 0,71 0,67 0,63 0,56 —
80 0,84 0,83 0,81 0,79 0,76 0,74 0,71 0,71 —
0 60 0,88 0,86 0,85 0,84 0,82 0,81 0,83 0,98 —
40 0,92 0,91 0,90 0,89 0,89 0,91 0,98 — —
20 0,96 0,96 0,96 0,96 0,98 — — — —
100 0,85 0,83 0,81 0,79 0,75 0,71 0,65 — —
80 0,88 0,86 0,85 0,83 0,81 0,78 0,78 — —
-5 60 0,91 0,90 0,88 0,87 0,87 0,87 0,98 — —
40 0,94 0,93 0,93 0,92 0,93 0,98 — — —
20 0,97 0,97 0,97 0,98 — — — — —
100 0,88 0,87 0,85 0,82 0,79 0,74 — — —
80 0,91 0,89 0,88 0,86 0,85 0,84 — — —
-10 60 0,93 0,92 0,91 0,91 0,91 0,97 — — —
40 0,95 0,95 0,95 0,95 0,98 — — — —
20 0,98 0,98 0,99 — — — — — —
100 0,91 0,90 0,88 0,85 0,81 — — — —
80 0,93 0,92 0,91 0,89 0,89 — — — —
-15 60 0,95 0,94 0,94 0,94 0,98 — — — —
40 0,97 0,97 0,97 0,99 — — — — —
20 0,99 0,99 1,00 — — — — — —
Quadro 13 - Relação entre calor sensível e latente devido à infiltração de ar externo
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Acompanhe a seguir, o “Caso e relatos” que traz uma experiência de José como projetista de câmaras de
refrigeração.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
68

CASOS E RELATOS

Antecâmara
José trabalhava como projetista de câmaras de refrigeração e participava da equipe que projetava
um centro de distribuição de carne congelada. José foi incumbido de elaborar um relatório técnico
demonstrando a necessidade de implantar uma antecâmara, com base na infiltração de ar externo
para resolver um impasse com o cliente. A carne seria removida do ambiente de armazenagem
a - 25 °C para ser carregada em caminhões, onde a temperatura de bulbo seco (TBS) externa
era da ordem de 35 °C e a de bulbo úmido (TBU) de 24 °C. O cliente considerava desnecessário
instalar equipamentos para criar um ambiente em uma temperatura intermediária e queria que o
caminhão acoplasse diretamente no ambiente de armazenagem a - 25 °C. Em primeiro lugar, José
localizou no projeto as medidas das 20 portas que permitiriam o acoplamento do baú frigorificado
do caminhão com o ambiente refrigerado a – 25 °C, que seriam de 3,0 m de largura e 3,5 m de
altura. Considerando que a porta seria aberta somente no momento do acoplamento, poderia
determinar o ganho de calor devido à infiltração de ar externo pela equação simplificada:

Para aplicar a equação na situação em que o ar entraria diretamente a 35 °C no ambiente refrigerado


a -25 °C, José precisa:
a) localizar o valor da relação Qs ⁄A na figura do gráfico da relação Qs /A. Cruzando o valor de
temperatura do espaço refrigerado de – 25 °C com a curva de temperatura de ar externo de 35 °C,
obteve o valor de 40 W ⁄ m2 ;
b) determinar o valor de Rs. Primeiro localizou o grupo de temperaturas externas de 35 °C e em seguida
a linha com a TBU de 24 °C, a qual cruzou com a temperatura interna de – 25 °C, encontrando o
valor de 0,64. Para tanto, José utilizou como referência o quadro “Relação entre calor sensível e
latente devido à infiltração de ar externo”.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
69

Com todos os dados, José aplicou a fórmula simplificada:

Para determinar a temperatura da antecâmara, que seria apenas a circulação, José considerou a
média simples de temperatura:

Dessa forma a redução ocorreria em dois passos, primeiro de 35 °C para 5 °C e depois de 5 °C


para -25 °C. Para aplicar a equação no primeiro passo, com o ar entrando a 35 °C no ambiente
refrigerado a 5 °C, José precisa:
a) localizar o valor da relação Qs ⁄A na figura do gráfico da relação Qs /A. Cruzando o valor de tempera-
tura do espaço refrigerado de 5 °C com a curva de temperatura de ar externo de 35 °C, obteve o
valor de 17 W ⁄ m2 ;
b) determinar o valor de Rs, por meio do quadro que trata sobre a relação entre calor sensível e latente
devido à infiltração de ar externo. Primeiro localizou o grupo de temperaturas externas de 35 °C
e em seguida a linha com a TBU de 24 °C, a qual cruzou com a temperatura interna de – 25 °C,
encontrando o valor de 0,84.
Com todos os dados, José aplicou a fórmula simplificada:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
70

Para aplicar a equação no segundo passo, com o ar entrando a 5 °C no ambiente refrigerado a


-25°C, José precisa:
c) localizar o valor da relação Qs ⁄A na figura do gráfico da relação Qs /A. Cruzando o valor de
temperatura do espaço refrigerado de – 25 °C com a curva de temperatura de ar externo de 35 °C,
obteve o valor de 15,5 W⁄m2 ;
d) determinar o valor de Rs, por meio do quadro que trata sobre a relação entre calor sensível e latente
devido à infiltração de ar externo. Primeiro, localizou o grupo de temperaturas externas de 5 °C,
como o ambiente seria resfriado por um evaporador, considerou a umidade relativa interna de
80%, utilizando a linha para cruzar com a temperatura interna de – 25 °C, encontrando o valor de
0,75.
Com todos os dados, José aplicou a fórmula simplificada:

O ganho de calor total na situação da instalação da antecâmara seria igual a soma das parcelas q1
e q2:

Comparando as situações com e sem antecâmara, José obteve a seguinte relação entre os ganhos
de calor:
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
71

Ou seja, utilizando a antecâmara, a redução do ganho de calor é da ordem de 34%, pois é a diferença
percentual entre os valores, considerando 708,40 como um inteiro:
1-0,6545=0,3455
Se levar em consideração que o entreposto em questão possui 20 portas de acoplamento dos
caminhões com baú frigorificado:

Fique atento para, na sequência, aprender sobre a determinação do fator Dt.

4.2.2 DETERMINAÇÃO DO FATOR Dt

Uma porta deve ficar aberta somente durante a passagem de produtos durante o carregamento e
descarregamento da câmara frigorífica, pois o ganho de calor devido ao ar externo é muito significativo em
relação a carga térmica total. A abertura das portas ocorre durante um intervalo de tempo em determinados
períodos do dia, que representarão uma fração do dia inteiro, a qual pode ser determinada pela equação
a seguir (ASHRAE; 2010):

Onde:
Dt = fração decimal de tempo devido à abertura de porta;
P = número passagens de vão de porta (m2);
θp = tempo de abertura e fechamento de porta (segundos/passagem);
θo = tempo em que a porta está simplesmente aberta (min);
θd = tempo de diário (h).
Esta equação pode ser utilizada tanto com uma abertura cíclica da porta em intervalos de tempo
regulares, como para as demais situações somando-se as frações parciais de todas as condições, sejam elas
irregulares ou constantes.
O guia técnico ASHRAE (2010; p.24.5) expõe que tempo típico θp para portas convencional de retorno
automático por mola varia de 15 a 25 segundos por passagem, para portas de alta velocidade podem variar
de 5 a 10 segundos e os tempos de θo e θd devem ser informado pelo usuário ou cliente.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
72

Para aprender mais sobre eficiência de sistemas de refrigeração no site do Programa


Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel, acesse o site disponível em:
SAIBA <http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Efic En-Sist Refr Ind-Com-Man
MAIS Pratico Eletr_Proc.pdf>. Acesso em 05 jul. 2016. Basta se cadastrar e fazer uma busca
por refrigeração na seção “Publicações”.

4.2.3 INFILTRAÇÃO DE AR EXTERNO DEVIDO AO DESLOCAMENTO DE AR

Além do caso típico de abertura de porta já estudado, pode ocorrer infiltração de ar externo, devido à
formação de bolsões de pressão negativa, decorrentes da constante abertura de portas, mesmo aquelas
de interligações entre ambientes (ASHRAE, 2010). Este efeito de pressão negativa faz com que o ar se
desloque diretamente pelas portas, com efeito idêntico daquelas que ficam abertas diretamente ao vento,
com grande ganho de calor ao espaço refrigerado. A equação a seguir permite estimar o ganho de calor
devido à infiltração por deslocamento (ASHRAE, 2010, p.24.6); acompanhe.

Onde:
qt = ganho médio de calor (kW);
V = velocidade média do ar por meio do vão (m/s);
A = área aberta (m2);
hi = entalpia do ar externo (kJ/kg);
hr = entalpia do ar refrigerado (kJ/kg);
ρr = densidade do ar refrigerado (kg/m3);
Dt = fração decimal de tempo devido à abertura de porta.
Esta equação pode ser utilizada para determinar o ganho de calor devido à infiltração de ar externo que
ocorre nos vãos do abrigo de docas. Neste caso, o guia técnico ASHRAE (2010) informa que, se o abrigo
estiver com a manutenção em dia, a área do vão aberto entre a manta térmica e a carroceria do caminhão
é pequena e pode variar de 0,03 até 0,1 m2 por porta. Porém, o guia técnico também alerta que as portas
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
73

podem ficar parcialmente ou totalmente abertas nas docas com grande volume de vendas, por decisão do
gerente de operações, o que pode ser compensado pelo fator de tempo Dt .
Devido à dificuldade de medir a velocidade nas passagens de portas e vão de abrigos de docas, costuma-
-se adotar os valores típicos na faixa de 0,3 a 1,5 m/s.
As entalpias hi e hr e a densidade do ar podem ser determinadas por meio do diagrama psicrométrico.

VISÃO INTERNA VISÃO EXTERNA


KatarzynaBialasiewicz ([20--?])

rpernell ([20--?])
Figura 14 - Porta e um abrigo de antecâmara em doca
Fonte: do autor (2016)

Os abrigos de docas mantem um vão entre a manta térmica e o baú do caminhão, que pode ser visto
nas duas ilustrações, tanto a anterior quanto a seguinte. Este vão pode aumentar devido às dimensões do
baú, que variam conforme o modelo de caminhão.
PainterPics ([20--?])

A seguir, você aprenderá sobre os componentes sensíveis e latentes do ar externo, confira!


PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
74

4.2.4 COMPONENTES SENSÍVEIS E LATENTES DO AR EXTERNO

O guia técnico ASHRAE (2010) afirma que é possível determinar as componentes sensível e latente do
ar de infiltração por meio de um diagrama psicrométrico ou por meio da relação Rs conforme as equações
a seguir.

Onde:
qS = calor sensível (kW);
qL = calor latente (kW);
Rs = ∆hS / ∆ht = relação de calor sensível e o ganho de calor devido ao produto.
o ganho de calor devido ao produto.

4.3 GANHO DE CALOR DEVIDO AO PRODUTO

O guia técnico ASHRAE (2010) apresenta que o calor devido ao produto é a somatória das parcelas de
ganho de calor que vieram com o produto ao adentrar o espaço refrigerado mais o ganho de calor gerado
pelo produto durante o armazenamento, principalmente, quando se trata de frutas e vegetais. O calor que
veio com o produto pode ser calculado pelas fórmulas (ASHRAE, 2010, p.24.3), confira.

Onde:
Q1 = calor removido para resfriamento da temperatura inicial até a temperatura logo acima da
temperatura de congelamento (W);
Q2 = calor removido para resfriamento da temperatura inicial até a temperatura de congelamento (W);
Q3 = calor removido para congelar o produto (W);
Q4 = calor removido para resfriamento da temperatura de congelamento até a temperatura final (W);
m = massa de produto (kg);
c1 = calor específico do produto acima do congelamento [kJ/(kg*K)];
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
75

c2 = calor específico do produto abaixo do congelamento [kJ/(kg*K)];


t1 = temperatura inicial do produto acima do congelamento (°C);
t2 = menor temperatura do produto antes de congelar (°C);
tf = temperatura de congelamento do produto (°C);
t3 = temperatura final do produto após o congelamento (°C);
hif = calor latente de fusão do produto (kJ/kg).
A diferença entre o armazenamento e o congelamento está relacionada principalmente à potência dos
equipamentos de refrigeração por uma série de motivos, confira alguns:
a) diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo: para qualquer localidade, uma
câmara de congelamento terá cerca de 20 °C a mais do que as de resfriados;
b) congelamento do produto em si: os alimentos e bebidas dependem de sua composição química e
temperatura para definir as suas propriedades termofísicas, porém uma parcela significativa de sua
composição é a água (ASHRAE, 2010, p.19.2).
Para compreender a diferença, basta comparar as fórmulas de cálculo do calor sensível (primeira) e
latente (segunda). O calor sensível é a quantidade necessária para elevar a temperatura de um produto, o
qual depende da massa e do calor específico do mesmo. O calor latente é a quantidade de calor necessária
a mudança de fase de uma substância, o qual depende da massa e da temperatura e pressão na qual
ocorre a transformação. No caso dos alimentos, como uma parcela significativa de sua composição é a
água, podemos analisar seu comportamento e extrapolar o conceito:

Se a água fosse pura:


c1 = 4,2 kJ/kg*K
hif = 336 kJ/kg
Para resfriar um quilograma de água de 30 °C até 0°C, são necessários:

Para congelar um quilograma de água pura, são necessários:


PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
76

Se você comparar os números:

Se a água dentro dos produtos fosse pura, seria necessário retirar 2,67 vezes mais calor do que no
resfriamento, ou seja, uma câmara de armazenagem não consegue se tornar uma câmara de congelamento,
pois os equipamentos não dispõem de capacidade frigorífica para isso.
Confira o “Casos e relatos” que traz uma história sobre peixe fresco.

CASOS E RELATOS

O peixe fresco é melhor!


Um técnico que trabalhava no Hotel Verane se deparou com o seguinte problema: a câmara
de congelados recebeu uma não conformidade na última auditoria porque a temperatura se
encontrava a –6°C e não a –18 °C, conforme recomendado. Após reuniões, ficou acertado que o
setor de manutenção deveria resolver o problema. O técnico começou a investigação fazendo a
estimativa de carga térmica e comparando-a com a especificação dos componentes da câmara:
compressor, condensador, evaporador e elemento de expansão. Como as capacidades eram
compatíveis, passou a testar os componentes, a carga de fluido refrigerante etc. Para seu espanto,
tudo parecia correto, mas a câmara não atingia a temperatura. Procurando por respostas, o técnico
foi conversar com um engenheiro mais experiente, que o aconselhou a procurar o que tinha
mudado no processo. Durante a investigação do problema, o técnico conseguiu descobrir que
o peixe passou a ser comprado fresco, por exigência do Chef e, portanto, passou a ser congelado
dentro da câmara. Como o Chef era irredutível em relação a compra do peixe, foi proposto uma
câmara específica para o congelamento do peixe. Desta forma o técnico conseguiu contentar
gregos e troianos.

Determinação da capacidade frigorífica do produto


Todos os ganhos de calor estimados na carga térmica são relacionados como quantidades de calor (kJ)
a serem removidas em um determinado tempo (s), que são representadas por uma capacidade frigorífica
(kW) equivalente do equipamento de refrigeração. No caso dos produtos, a quantidade de calor foi definida,
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
77

porém ainda não foi determinado em quanto tempo será removido do ambiente. A prática considera
que esta quantidade de calor é diária e será removida por um determinado número de horas que o
equipamento de refrigeração funcionará diariamente. No caso de resfriamento sem congelamento, a
capacidade frigorífica será dada pela equação:

No caso de congelamento, a capacidade frigorífica será dada pela equação:

Onde:
q = capacidade frigorífica média (kW);
n = tempo de funcionamento do equipamento (h).

A seguir, aprenda sobre o ganho de calor devido à respiração do produto.

4.3.1 GANHO DE CALOR DEVIDO À RESPIRAÇÃO DO PRODUTO

O ganho de calor devido à respiração pode ser determinado pela equação (ASHRAE 2010 apud Becker
et al.1996):

Onde:
QW = ganho de calor devido à respiração (W);
m = massa de produto (kg);
f e g = coeficientes de respiração;
t = temperatura (°C).
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
78

O quadro a seguir traz os coeficientes de respiração dos produtos, acompanhe.

PRODUTO f g
Maçã 5,6871 x10- 4
2,5977
Mirtilos (Blueberries) 7,2520 x10- 5
3,2584
Couve de Bruxelas 0,0027238 2,5728
Repolho 6,0803 x10- 4
2,6183
Cenouras 0,050018 1,7926
Toranja (Grapefruit) 0,0035828 1,9982
Uvas 7,056 x10- 5
3,033
Pimentas verdes 3,5104 x10- 4
2,7414
Limões 0,011192 1,7740
Feijões de lima 9,1051 x10- 4
2,8480
Limas 2,9834 x10- 4
4,7329
Cebolas 3,668 x10- 4
2,538
Laranjas 2,8050 x10-4 2,6840
Pêssegos 1,2996 x10-5 3,6417
Peras 6,3614 x10- 5
3,2037
Ameixas 8,608 x10-5 2,972
Batatas 0,01709 1,769
Rutabagas (suecos) 1,6524 x10- 4
2,9039
Feijão de vagem 0,0032828 2,5077
Beterraba 8,5913 x10- 3
1,8880
Morangos 3,6683 x10- 4
3,0330
Tomates 2,0074 x10-4 2,8350
Quadro 14 - Coeficientes de respiração
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Antes de finalizar seus estudos desta seção, acompanhe o saiba mais sobre a contaminação de alimentos.

Você sabia que alguns produtos se estragam devido à contaminação de gases


SAIBA tóxicos liberados por outros produtos? Para aprender mais sobre o assunto na
matéria “Armazenagem na indústria alimentícia: atmosfera controlada proporciona
MAIS benefícios”, disponível em <http://www.engenhariaearquitetura.com.br/noticias/308/
Armazenagem-na-industria-alimenticia.aspx>. Acesso em 05 jul. 2016.

Para ampliar seus conhecimentos sobre cálculos estimativos de carga térmica, acompanhe a seção que
abordará os ganhos de calor por meio da iluminação.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
79

4.4 GANHOS DE CALOR POR MEIO DA ILUMINAÇÃO

Para se calcular os ganhos de calor por meio da iluminação deve-se somar toda a potência de iluminação
ASHRAE (2010; p.24.3). A fórmula geral é o produto da potência unitária pelo número total de lâmpadas. Se
existirem diferentes potências unitárias o cálculo será:

Onde:
qel = ganho de calor (W);
n = número de lâmpadas (W);
W = potência unitária da lâmpada (W).
Fique atento, mantenha-se concentrado porque o próximo tema de estudo será “Ganho de calor por
motores”.

4.5 GANHO DE CALOR POR MOTORES

O guia técnico ASHRAE (2010) apresenta um quadro que auxilia a determinar o ganho de calor devido
aos motores, confira.

POSIÇÃO DO MOTOR E EQUIPAMENTO EM RELAÇÃO AO ESPAÇO


RPM NOMINAL

EFICIÊNCIA %

REFRIGERADO OU CORRENTE DE AR
POTÊNCIA
(KW)

TIPO MOTOR DENTRO, MOTOR FORA, MOTOR DENTRO,


EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO
DENTRO DENTRO FORA

0,04 35 105 35 70
0,06 35 170 59 110
Polo sombreado 1500
0,09 35 264 94 173
0,12 35 340 117 223
0,19 54 346 188 158
0,25 Monofásico 1750 56 439 246 194
0,37 60 621 372 249
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
80

POSIÇÃO DO MOTOR E EQUIPAMENTO EM RELAÇÃO AO ESPAÇO

RPM NOMI-

EFICIÊNCIA
POTÊNCIA

REFRIGERADO OU CORRENTE DE AR
(KW)

NAL
TIPO

%
MOTOR DENTRO, MOTOR FORA, MOTOR DENTRO,
EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO
DENTRO DENTRO FORA
0,56 72 776 557 217
0,75 75 993 747 249
1,1 77 1.453 1.119 334
1,5 79 1.887 1.491 396
2,2 81 2.763 2.238 525
3,7 82 4.541 3.721 817
5,6 84 6.651 5.596 1.066
7,5 85 8.760 7.178 1.315
11,2 86 13.009 11.192 1.820
14,9 87 17.140 14.913 2.230
18,6 Trifásico 1750 88 21.184 18.635 2.545
22,4 89 25.110 22.370 2.765
30 89 33.401 29.885 3.690
37 89 41.900 37.210 4.600
45 89 50.395 44.829 5.538
56 90 62.115 55.962 6.210
75 90 82.918 74.719 8.290
93 90 103.430 93.172 10.342
110 91 123.060 111.925 11.075
150 91 163.785 149.135 14.738
190 91 204.805 186.346 18.430
Quadro 15 - Ganho de calor devido à motores
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

A seguir, aprenda sobre o ganho de calor devido ao uso de empilhadeiras.

4.6 GANHO DE CALOR POR EMPILHADEIRAS

O guia técnico ASHRAE (2010; p.24.3) cita que as empilhadeiras podem representar uma grande e variável
carga para o espaço refrigerado. É muito comum que as empilhadeiras utilizem o mesmo motor tanto para
se movimentar quanto para elevar as cargas, por meio de sistemas de transmissão. A quantidade de calor
transferida ao ambiente é diferente nos momentos de movimentação com e sem carga e de elevação,
sendo que o motor consome gás ou energia elétrica de forma correspondente ao trabalho que está sendo
executado. Em instalações frigoríficas com poucas empilhadeiras, este fato pode ser ignorado. Porém em
locais com muitas empilhadeiras, o projetista deve estudar sua operação com cuidado e adotar fatores
de carga, a fim de evitar o superdimensionamento do sistema, que pode ser um fator decisivo em uma
concorrência.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
81

Costa (1988, p.289) apresenta a equação para cálculo do ganho de calor das empilhadeiras baseado na
potência do motor. Esta fórmula foi adequada e é apresentada a seguir.

Onde:
qemp = ganho de calor devido à empilhadeira (kW);
Pc.v. = potência do motor da empilhadeira em Cavalo-vapor (CV);
η = rendimento do motor.
Acompanhe no quadro, a seguir, o rendimento dos motores.

PC.V. (CV) Η
<½ 0,6
½a3 0,68
3 a 20 0,85
Quadro 16 - Rendimento dos motores
Fonte: adaptado de Costa (1988)
Dmitry Kalinovsky ([20--?])

A seguir, acompanhe como acontece o ganho de calor com equipamento de processo.

4.7 GANHOS DE CALOR POR EQUIPAMENTOS DE PROCESSO

É comum encontrar dentro do espaço refrigerado diversos tipos de equipamentos de processamento,


tais como moedores, misturadores e cozedores de alimentos ou de empacotamento, de derretimento de
cola ou encolhedores de embalagem (ASHRAE, 2010).
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
82

Nestes casos, é necessária uma análise por parte do projetista para definir quais elementos adicionam
ganhos de calor ao ambiente refrigerado, tais como os motores e as resistências de aquecimento dos
equipamentos.

Brusonja ([20--?])
A seguir, aprenda sobre o ganho de calor advindo das pessoas; fique atento!

4.8 GANHO DE CALOR DEVIDO ÀS PESSOAS

O guia técnico ASHRAE (2010) informa que calor gerado devido às pessoas depende de vários fatores
como a temperatura, o tipo de trabalho que está sendo executado, o tipo de roupa e o tamanho da mesma.
A equação utilizada para estimar este ganho de calor é a seguinte:

Onde:
qp = ganho de calor por pessoa (W);
t = temperatura do espaço refrigerado (°C).
O guia técnico ASHRAE (2010) cita ainda que o ganho de calor é maior quando as pessoas entram no
ambiente pela primeira vez, o que pode ser ajustado multiplicando–se a equação por 1,25. É fato que as
pessoas liberam vapor de água pelo suor quando estão trabalhando, principalmente quando em elevadas
atividades físicas, como na situação de carregamento que de uma câmara frigorífica. Em última análise,
este vapor d’agua se depositará em forma de gelo sobre a superfície do evaporador e depois deverá ser
removido pelo degelo. A relação entre as cargas térmicas sensíveis e latentes determina os parâmetros de
projeto da serpentina do evaporador (área de face, número de aletas por polegada, número de filas etc.).
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
83

O guia técnico também aponta que as cargas térmicas latentes devem ser levadas em consideração em
situações que envolvem a água em processamento ou limpeza. Isto porque como são bastante significativas,
terão grande impacto no desempenho térmico do evaporador. Nos casos típicos encontrados na maioria
das aplicações, o ganho de calor devido às pessoas pode ser considerado como uma parcela sensível, em
função de ser percentualmente pequeno em relação a carga térmica total.

4.9 GANHO DE CALOR DEVIDO AOS EQUIPAMENTOS DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

Os ganhos de calor associados à operação do equipamento de refrigeração, segundo ASHRAE (2010),


são:
a) motor do ventilador do evaporador, quando utilizado;
b) reaquecimento onde o controle de umidade é parte da refrigeração;
c) calor devido ao descongelamento, onde o evaporador opera a temperatura abaixo do congelamento,
independente da temperatura do espaço refrigerado.
O ganho de calor por equipamentos de refrigeração é relativamente pequeno em espaços refrigerados
cuja temperatura esteja acima de -1 °C. Nesse caso, recomenda-se que seja considerado 5% ou menos
da carga total de refrigeração, em situação em que não foram impostos reaquecimento ou outras cargas
artificiais.
No caso dos ambientes com temperaturas a –30 °C, os equipamentos de refrigeração representam 15%
da carga total de resfriamento. No entanto, estudos têm revelado que devido à falta de cuidados com a
infiltração de ar e a um diferencial de temperatura excessivo entre a entrada e saída de ar da serpentina do
evaporador, ocorre a formação de gelo em excesso, fazendo com que seja necessário a ocorrência de maior
número de degelos. Nesses casos, este percentual sobre para a faixa de 15% a 30% da carga térmica total.

4.9.1 DEGELO

A formação de gelo do evaporador, proveniente da passagem do vapor de água existente no ar úmido


diretamente para o estado sólido nas superfícies com temperaturas inferiores ao ponto de orvalho e
menores que 0 °C, precisa ser removida, devido principalmente ao aumento da resistência (STOECKER;
JABARDO, 2002):
a) térmica: em função da alteração do valor de U;
b) à circulação do ar, em função do bloqueio da passagem do ar.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
84

Os métodos mais comuns para o degelo dos evaporadores, segundo Stoecker e Jabardo (2002, p.149),
são:
a) por ar: utilizando o próprio ar para, lentamente, derreter o gelo do evaporador em ambientes com
temperaturas acima de 2 °C ou com ar exterior;
b) por água: consiste em borrifar água em torno de 18 °C para derreter o gelo, de forma relativamente
rápida, mesmo para aplicações com a temperatura na ordem de -40 °C. Também é comum utilizar o
calor de condensação para aquecer a água de degelo;
c) por resistência elétrica: de construção tubular, as quais são inseridas nas cavidades específicas da
serpentina, de forma a permitir um bom contato térmico, possui um baixo custo de instalação.
Porém, o custo de energia elétrica eleva bastante o valor da operação;
d) por gás quente: consiste em interromper o funcionamento normal e permite a circulação de vapor à
alta pressão que é direcionado para o reservatório de líquido ou tanque intermediário nos sistemas
industriais. O fluido refrigerante é extraído da descarga do compressor ou da linha de líquido e é
mantido com uma pressão de saturação elevada, por meio de uma válvula de restrição na saída do
evaporador, a fim proporcionar um rápido degelo;
e) por borrifamento de anticongelante: consiste em borrifar etileno glicol ou propileno glicol na
superfície do evaporador, que precisa ser circulado por algum tipo de sistema de regeneração. Possui
custo inicial elevado devido ao sistema de regeneração.
Não existe uma regra que defina qual o sistema de degelo é mais adequado para uma instalação de
refrigeração. É necessária a discussão com o cliente acerca do valor do investimento para decidir qual tipo
o projetista irá selecionar. Quando o cliente tem uma verba muito limitada para executar a instalação, o
projetista acaba escolhendo pelos sistemas mais baratos, como o degelo por ar ou resistência elétrica.
Quando a preocupação do cliente é com a operação, por ser um custo que será mantido por toda a vida da
instalação, costuma se optar por degelo a água, a gás quente ou por borrifação de anticongelante.
Um aspecto importante que o projetista deve prever é em relação a posição do sifão da saída de água
do degelo, que precisa ser instalado do lado de fora do ambiente refrigerado a fim de evitar entupimentos
devido o congelamento de água no mesmo.
O projetista deve fazer um estudo de viabilidade, considerando a instalação dos principais elementos
de cada sistema, com o custo inicial e de operação e apresentar ao cliente, para que ele decida.

4.9.2 INTERVALOS DE DEGELO

O projetista deve considerar o período total para degelo no cálculo de carga térmica,
estipulado no ganho de calor devido ao produto, dividido em intervalos regulares. O projetista
deverá levar alguns fatores em consideração para estipular os valores iniciais e acompanhar o
funcionamento do sistema de refrigeração para decidir quais serão os valores mais adequados:
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
85

a) em quanto tempo o evaporador fica bloqueado de gelo durante o funcionamento normal?


b) em quanto tempo a temperatura atinge valores que podem estragar os produtos dentro do espaço
refrigerado?
Sabendo das informações acima, estipule um intervalo como, por exemplo, um degelo a cada duas
ou três horas com duração de dez minutos e acompanhe o processo, verificando se o intervalo está alto
ou baixo e se a duração é suficiente para derreter o gelo formado no evaporador. Você precisa deixar o
ambiente refrigerado atingir a temperatura pela primeira vez para depois ajustar o degelo.

4.10 FATOR DE SEGURANÇA

O guia técnico ASHRAE (2010) cita que geralmente um fator de segurança de 10% é utilizado para
prever possíveis discrepâncias entre o critério de projeto e a operação, o qual deve ser discutido com o
cliente usuário da instalação de refrigeração e deve ser aplicado à somatória de carga térmica excluída a
parcela relativa aos equipamentos de refrigeração.

Onde:
Qparcial = capacidade frigorífica parcial;
qtrans = carga térmica proveniente da transmissão de calor em paredes, piso e teto;
qinfil = carga térmica proveniente da infiltração de ar externo no ambiente refrigerado;
qprod = carga térmica proveniente do produto;
qresp = carga térmica proveniente da respiração do produto;
qilum = carga térmica proveniente de iluminação;
qmot = carga térmica proveniente de motores;
qemp = carga térmica proveniente de empilhadeiras;
qeq = carga térmica proveniente de equipamentos de processamento de alimentos;
qpes = carga térmica proveniente de pessoas;
FS = fator de segurança.
Mantenha-se concentrado e, a seguir, aprenda sobre o fator de segurança e de diversidade de carga.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
86

4.11 FATOR DE SEGURANÇA E DE DIVERSIDADE DE CARGA

O cálculo estimativo de carga térmica apresentado neste material apura o valor máximo do ganho
de calor das diversas fontes, sem considerar o momento em que elas ocorrem, pois, a carga máxima de
insolação pode ocorrer num horário diferente da infiltração, por exemplo.
O guia técnico ASHRAE (2010) denomina como aproximação o resultado da carga térmica estimada com
o valor real. Desta forma, o cálculo apresentado neste material seria considerado como uma aproximação
mais conservadora, a qual determina os valores de carga térmica pelo valor de pico dos ganhos de calor.
O guia cita ainda que uma aproximação rigorosa, seria aquela que utiliza os métodos computacionais,
nos quais as cargas térmicas são estimadas hora a hora.
O guia técnico ASHRAE (2010) cita que a aproximação conservadora pode superestimar a carga total
de refrigeração em 20% a 50%, quando comparada a aproximação rigorosa, fazendo com ele funcione
parcialmente sem a devida eficiência. Para evitar este problema, o guia técnico sugere a aplicação de
fator de diversidade que varia de 0,7 a 0,85 para determinar a carga final, que considera a frequência de
ocorrência das cargas térmicas.

Onde:
Qev = capacidade frigorífica final (kW);
Qparcial = capacidade frigorífica parcial (kW);
FD = fator de diversidade, de 0,7 a 0,85.
Antes de finalizar seus estudos sobre cálculos estimativos de carga térmica, relembre os principais
temas estudados!

RECAPITULANDO

Você aprendeu, nesse capitulo, como determinar a carga térmica devido à transmissão de calor
pelas paredes, tetos e pisos.
Em seguida, você aprendeu a determinar o ganho de calor devido ao produto, tanto nas situações de
resfriamento quanto congelamento, reconhecendo que esta última tem uma parcela significativa
do valor total da carga térmica.
4 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA
87

Você aprendeu também que produtos como frutas e vegetais geram um calor devido ao
amadurecimento que é chamado de carga térmica devida à respiração.
Você aprendeu ainda que todos o calor gerado dentro do ambiente refrigerado como a iluminação,
as pessoas e os equipamentos internos precisa ser removido e como determinar as suas cargas
térmicas.
Você aprendeu que o método de estimativo de carga térmica apresentado é uma aproximação
da capacidade real que o equipamento de refrigeração precisa extrair do ambiente para manter
a temperatura desejada. Desta forma, são necessárias as aplicações de fatores de segurança e de
diversidade.
Agora que você dispõe da capacidade frigorífica necessária ao equipamento de refrigeração pode
fazer a seleção e dimensionamento dos componentes do sistema.
Seleção do Equipamento de Refrigeração

A seleção do equipamento de refrigeração implica na escolha dos vários componentes que


farão parte do sistema.
Primeiro, você precisa entender como um equipamento de refrigeração é concebido para
então identificar quais atividades o técnico de refrigeração e climatização desempenhará
na seleção de componentes. Em seguida, você vai aprender as características dos fluidos
refrigerantes e o seu desempenho térmico quando aplicado às condições de funcionamento
dos sistemas de refrigeração.
Depois você vai conhecer os critérios para a seleção dos componentes do sistema de
refrigeração, iniciando com o evaporador, passando pelo compressor, condensador e elemento
de expansão.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) selecionar o tipo de sistema de refrigeração mais apropriado.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
90

5.1 CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

Entende-se que o projeto do sistema de refrigeração é o momento no qual o equipamento é criado,


tanto para uma situação de produção como para uma instalação personalizada. Dificilmente encontra-se no
mercado um sistema ou equipamento pronto, que atenda todas as necessidades do projeto de refrigeração,
tal como acontece na climatização. Um sistema de refrigeração é montado a partir da capacidade frigorífica
determinada no cálculo estimativo de carga térmica, por meio da seleção dos componentes.
A construção dos componentes de um sistema de refrigeração depende de um equacionamento
matemático e termodinâmico complexo, que é apresentado nos níveis de graduação e pós-graduação,
além de uma série de ensaios sob condições controladas. Dessa forma, é bastante custoso fabricar os
componentes, o que é praticamente inviável para empresas instaladoras e mantenedoras de sistemas de
refrigeração.
As empresas fabricantes de componentes para o sistema de refrigeração produzem uma série de modelos
de maneira seriada, fazendo com que os custos sejam mais baixos em função da escala de produção. Elas
produzem vários modelos e disponibilizam as informações em catálogos técnicos e softwares de seleção,
que permitem ao projetista escolher um componente que atenda às necessidades do seu projeto, que é
chamado de aplicação do produto. Estes modelos são chamados de produtos de balcão, pois são facilmente
encontrados nos balcões das lojas de peças.
Existem situações em que os fabricantes de componentes personalizam o seu produto para a produção
seriada de equipamentos (refrigeradores, freezers, condicionadores de ar etc.) para atender as especificações
do cliente e não disponibilizam muitas informações relacionadas ao desempenho térmico, em função dos
segredos industriais que diferenciam um produto de uma marca para outra.
Todos os sistemas que não são produzidos de forma seriada, podem se enquadrar como instalações
personalizadas, onde suas características obrigam o projetista a optar por uma determinada linha de
produtos. As características da aplicação determinam a exclusão de produtos que, por algum motivo,
impedem a sua utilização em determinadas situações. Por isso um projetista precisa conhecer o maior
número de produtos possível, para que possa selecionar algo que atenda às necessidades do projeto em
que estiver trabalhando.
Os fabricantes de componentes se dividem por áreas - residencial, climatização, comercial e industrial –
e só disponibilizam as informações de desempenho térmico destas duas últimas linhas de produção. Nas
demais áreas, fornecem o produto para reposição, ou seja, troca de um componente danificado por outro.
Concentre seus esforços na obtenção das informações necessárias para seleção dos componentes
da área comercial, que representará a maioria dos casos que o técnico de refrigeração e climatização vai
encontrar na sua vida profissional, mas que também permitirá escolher os componentes de outras áreas,
como a industrial, a residencial e a climatização, quando obtiver os dados de desempenho térmico dos
componentes.
Pode-se dizer, então, que a personalização é a característica principal das instalações de refrigeração,
sendo improvável que você encontre duas instalações iguais, executadas por pessoas diferentes. Em função
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
91

da diversidade tecnológica e dos preços dos produtos, também é muito difícil encontrar um sistema que
utilize uma única marca ou um mesmo fabricante, sendo comum selecionar, por exemplo, o compressor de
uma marca, com o evaporador de outra e o condensador de uma terceira.

5.1.1 ESCOLHA DO FLUIDO DO REFRIGERANTE

É bem provável que uma das primeiras escolhas que o projetista tenha que fazer é com relação ao fluido
refrigerante a ser empregado. É comum encontrar catálogos de fabricantes de evaporadores, condensadores,
compressores e elementos de expansão cujos modelos são divididos pelos fluidos refrigerantes, em função
da pressão de trabalho, da densidade e da toxidade. Primeiramente é preciso que fique claro que não
existe um fluido refrigerante que seja ideal e sirva para todas as aplicações. Portanto, é necessário escolher
um fluido que tenha a maior parte das propriedades que corresponda à necessidade do projeto (DOSSAT;
1980). Confira algumas propriedades importantes para um fluido refrigerante. Observe o quadro a seguir.

Um dos primeiros aspectos a serem observados, pois em caso de vazamento, todo o entorno do
Segurança
sistema fica ameaçado.

Toxidade Capacidade de causar sufocamento em uma determinada concentração e tempo de exposição.

Alguns fluidos refrigerantes podem iniciar uma chama ou explodir a partir de uma determinada
Flamabilidade e explosividade concentração com o ar, principalmente quando em contato a outros elementos encontrados em
sistemas de refrigeração.
Propriedade que define a quantidade de fluido refrigerante necessário para promover a
Calor latente de vaporização alto
refrigeração.

Volume específico do vapor baixo Propriedade que define a eficiência e a capacidade do compressor.

Propriedade que implica no coeficiente de desempenho do compressor e baixo consumo de


Taxa de compressão baixa
energia.

Calor específico alto Propriedade relacionada à eficiência dos trocadores de calor.

Pode combinar com o fluido refrigerante em vários graus, formando compostos ácidos
Efeito de umidade
corrosivos que podem atacar, inclusive, o óleo lubrificante.
O refrigerante não pode reagir quimicamente com o óleo e vice-versa, de maneira a perder as
propriedades necessárias ao funcionamento do sistema de refrigeração. A mistura de refrigerante
Relação refrigerante/óleo
e óleo lubrificante não deve formar um composto que ataque quimicamente os componentes
do sistema de refrigeração.
Capacidade do fluido refrigerante de se dissolver no óleo e vice-versa nas condições de operação,
Miscibilidade do óleo
sem afetar a viscosidade necessária para a lubrificação das peças móveis do compressor.

OPD Potencial de degradação da camada de ozônio.

GWP Potencial de aquecimento global.


PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
92

Também é importante que o projetista avalie a substituição dos fluidos refrigerantes no


Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs – PBH1, pois uma instalação de um sistema
de refrigeração possui uma vida útil, que varia conforme o tipo de equipamento e que,
Phase-out
eventualmente, precisará de reparos. Durante os reparos talvez seja necessária a reoperação do
equipamento, com substituição parcial ou completa do fluido refrigerante, que fica cada vez mais
caro com a sua eliminação pelo PBH.
Quadro 17 - Propriedades dos fluidos refrigerantes
Fonte: do Autor (2016)

Agora, confira a dica a seguir para aprimorar ainda mais seus conhecimentos.

Para aprender mais sobre os efeitos das substâncias destruidoras da camada de ozônio
SAIBA e do efeito estufa, assista ao documentário “Uma verdade inconveniente” que mostra o
MAIS efeito da ação dos raios solares diretamente na calota polar. O vídeo está disponível no
YouTube, no link: https://www.youtube.com/watch?v=u7LBPHtOBnk?

A área da refrigeração e climatização utiliza as denominações da ASHRAE para os fluidos refrigerantes,


que são separados por grupos de composição química, conforme exposto a seguir.
a) Clorofluorcarbonos (CFC): refrigerantes como R-11, R-12, R-114, R-115 que foram muito utilizados
nos sistemas de refrigeração e climatização, mas foram proibidos devido às moléculas de cloro na
composição. Por este motivo possuem altos valores de ODP.
b) Hidroclorofluorcarbonos (HCFC): refrigerantes como o R-22 e o R-123, que possuem cloro na
composição química, mas um ciclo de vida e ODP menor que os CFCs. Possuem um período de
encerramento de produção e comercialização (phase-out).
c) Hidrofluorocarbonos (HFC): refrigerantes como o R-32, R-125, o R-134a e o R-143a, utilizados como
substitutos dos CFCs. Não contém cloro na composição química. São subdivididos em HFC metanos,
etanos e propanos conforme o número de átomos de carbono, respectivamente, um, dois e três
átomos.
d) Fluoroeters: compostos que estão em análise para substituição dos fluidos refrigerantes CFCs. São
mais reativos que os HFCs, tanto fisicamente quanto quimicamente.
e) Hidrocarbonos: refrigerantes com o R-600 e R-600a. Possuem ODP igual a zero e baixo GWP,
entretanto são muito inflamáveis. São muito utilizados em equipamentos de refrigeração e
climatização europeus e chineses.
f) Compostos inorgânicos: refrigerantes como a amônia (R-717), a água (R-718) e dióxido de carbono
(R-744) que são substâncias naturais e possuem ODP e GWP igual a zero.

1 Esse programa prevê a redução de até 35% do uso de fluidos em 2020 e a total eliminação destes produtos em 2040 (BRASIL,
2012).
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
93

Os fluidos refrigerantes mais utilizados no Brasil para instalações residenciais e comerciais, antes da
divulgação dos problemas relacionados à camada de ozônio, eram os CFCs e a amônia. A figura seguir
apresenta algumas aplicações típicas dos fluidos refrigerantes.

Em algumas centrífugas, era muito utilizado como


R-11 (CCl3 F) solvente para a limpeza dos circuitos frigoríficos dos
sistemas de refrigeração. Também era muito utilizado
como gás de expansão dos isolantes.

R-12 (CCl2 F2) Em refrigeração residencial e comercial.

R-22 (CClF2) Muito utilizado em sistemas de ar-condicionado


e em alguns sistemas de baixa temperatura.

Utilizado em sistemas de baixa temperatura em


R – 502 [48,8% R-22 e 51,2% substituição ao R-22, em função da pressão de
R-115 (CClF2CF3)] condensação. Foi uma das primeiras misturas
(blend) a ser utilizada.

Patricia Marcilio (2016)


Utilizados em sistemas industriais de grande
R-717 (NH3) capacidade frigorífica.

Figura 15 - Aplicações típicas dos fluidos refrigerantes


Fonte: adaptado de Dossat (1980)

Existem dois tipos de misturas (blends), segundo o comportamento durante a mudança de fase: as
azeotrópicas e as não azeotrópicas. Stoecker e Jabardo (2002) afirmam que as misturas não azeotrópicas
não se comportam como substâncias puras. Uma substância pura, tal como a água, mantém a pressão e a
temperatura constantes durante a mudança de fase.
Em 1989 entrou em vigor o Protocolo de Montreal2, gerando grandes incertezas. Segundo o protocolo,
deveria haver uma gradual substituição das substâncias que possuíam mais átomos de cloro em suas
moléculas como, por exemplo, o R-11, o R-12 e o R-502. Houve uma certa preferência pelo no uso do R-22,
mesmo para aplicações típicas de outros fluidos refrigerantes.
No Brasil, primeiro houve dúvidas sobre a relação do uso dessas substâncias e a degradação da
camada de ozônio mas, na medida em que as informações foram sendo divulgadas, os profissionais

2 Tratado internacional em que os países participantes se comprometeram a reduzir e substituir, gradualmente, o uso de substân-
cias agressivas à camada de ozônio.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
94

foram reconhecendo as semelhanças e diferenças com os fluidos refrigerantes antigos (CFCs) e ganhando
confiança para utilizar os mais novos, tais como o R-134a e, posteriormente, as misturas (blends).
Para se ter uma ideia do impacto dos blends, foi necessária uma quebra de paradigma, pois até então
nunca tinha se ouvido falar em substâncias cuja temperatura de saturação variava com a pressão de
saturação, como você vai ver mais adiante neste material. Mesmo após tantos anos da publicação do
Protocolo de Montreal, ainda se procura por substitutos que tenham as mesmas características dos CFCs
pois, mesmo com os constantes avanços tecnológicos, a solução não é definitiva.
Para a escolha do fluido refrigerante, você deve começar pela indicação dos fabricantes, que em função
das propriedades termodinâmicas, informam as aplicações que o seu produto pode atender.

FLUIDO OBSERVAÇÃO APLICAÇÕES


Ar-condicionado residencial e comercial.
R-22 Em phase-out pelo Protocolo de Montreal
Refrigeração comercial de média e baixa temperatura.
Equipamentos de Refrigeração Doméstica, Comercial e
Substituto do R-12 em sistemas de refrigeração de
Industrial.
R-134a médias e altas temperaturas de evaporação (acima
Condicionador de ar automotivo.
de – 7º C).
Chiller.
Substituto do R-12 em equipamentos novos ou
existentes de baixas e médias temperaturas de
R-401A Refrigeração doméstica e comercial.
evaporação (acima de -26 °C). Pode ser uma opção
para Retrofit.
Substituto do R-500 em equipamentos novos ou Freezers de alta capacidade.
R-401B existentes de baixas temperaturas de evaporação Transporte de refrigeração.
(abaixo de -26 °C). Pode ser uma opção para Retrofit. Substitui o r-12 em baixa temperatura.
Substituto do R-502 em equipamentos novos ou
existentes de baixas e médias temperaturas de
R-402A ou R-402B Refrigeração comercial e industrial.
evaporação (acima de -26 °C). Pode ser uma opção
para Retrofit.
Substituto do R-502 em equipamentos novos de
R 404A Refrigeração comercial e industrial.
baixa temperatura de evaporação.
Condicionador de ar doméstico e comercial.
Substituto R-22, em equipamentos novos de média e
R-407C Bomba de calor.
alta temperatura de expansão.
Chiller recíproco.
Substituto do R-502 em equipamentos existentes de
R-408A Refrigeração comercial.
baixas e médias temperaturas de evaporação.
Refrigeração doméstica e comercial:
Substituto do R-12 em equipamentos novos ou
a) refrigeradores domésticos;
R-409A existentes, de baixas e médias temperaturas de
b) balcões frigoríficos;
evaporação (acima de -26 °C).
c) bebedouros.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
95

FLUIDO OBSERVAÇÃO APLICAÇÕES


Substituto do R-22 em equipamentos novos
Condicionador de ar doméstico.
de médias e altas temperaturas de evaporação,
R-410A Bomba de calor.
exclusivamente projetados para trabalhar com
Refrigeração comercial.
R-410ª.
Condicionadores de ar doméstico, comercial e industrial:
a) condicionadores de ar de janela (ACJ), split e self;
b) chiller com condensação a água/ar e expansão direta;
Substituto do R-22 em sistemas de refrigeração
Refrigeração comercial e industrial por expansão direta
doméstica, comercial e industrial incluindo
R-422D de médias e baixas temperaturas, incluindo:
resfriamento de líquido (Chiller), por expansão direta
a) balcões de supermercados;
(DX).
b) refrigeração de alimentos;
c) armazenamento e processamento de alimentos;
d) máquinas de gelo.
Substituto do R-502 em sistemas de refrigeração,
R-507 preferencialmente em equipamentos novos que Refrigeração comercial e industrial.
apresentem baixa temperatura de evaporação.
Sistemas em cascata:
Substituto do R-13, R-23 e R-503 em aplicações de
a) câmaras de teste ambiental;
R-508B baixíssima temperatura (abaixo de -40 °C). Indicado
b) freezer de temperatura constante muito baixa;
para Retrofit e equipamentos novos.
c) refrigeração de processo.
Quadro 18 - Aplicações de fluidos refrigerantes
Fonte: adaptado de The Chemours Company (2016)

Do ponto de vista termodinâmico, a melhor forma de avaliar as propriedades dos fluidos refrigerantes
é fazendo simulações do circuito frigorífico com o auxílio do Diagrama Pressão Entalpia. Para comparar os
valores das propriedades termodinâmicas, foram plotadas as condições a seguir para os fluidos refrigerantes
R-22, R-134a, R407C e R-717:
a) temperatura de evaporação de -5 °C;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) subresfriamento de 10 K;
d) superaquecimento de 10 K.
Os fluidos refrigerantes foram escolhidos pelos motivos apresentados a seguir.
a) R-22: utilizado nos sistemas de refrigeração por fazer parte da linha antiga de refrigerantes, antes do
Protocolo de Montreal, que teve a composição química alterada (), tornando-se parte da família dos
Hidro Fluor Carbonos - HFC, a fim proporcionar um período de adaptação com fluidos refrigerantes
com baixo ODP.
b) R-134a: utilizado como substituto do R-12 nas aplicações de refrigeração residencial e comercial.
c) R-407C: utilizado como substituto do R-22, escolhido por ser uma mistura (blend) de outros fluidos
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
96

refrigerantes.
d) R-717: utilizado nas aplicações industriais.

R134a
50,00 0,0060

100
100 0,0070
40,00 0,0080

90
90 0,0090

0
1,7
0,010

80
30,00

s=
020 80
v= 0,0

70
70 0,015
20,00 v= 0 ,0030

60
60
0 0,020
50
v= 0,004
50
060
v= 0,0
40

40 0,030
10,00 080
9,00 v= 0,0
30

10 30 0,040
8,00 v= 0,0
Pressão (Bar)

,75
7,00 0,050
20

5
,85
6,00 15 20

s=

,80

1,9
0
v= 0,0 0,060

1,9
1

s=
1

s=
0,070

s=
s=
5,00
10

0
2,0
20 10 0,080
v= 0,0

s=
4,00 0,090
30 0,10

5
v= 0,0
0

2,0
3,00

s=
40
v= 0,0
-10

0,15

0
-10

2,1
2,00 60

s=
v= 0,0 0,20

5
80
-20

2,1
v= 0,0

s=
-20
0

0
v= 0,1

2,2
0,30

Sabrina da Silva Farias (2016)


s=
-30

1,00
5
0,90 v= 0,1 -30 0,40

5
2,2
0,80 0
v= 0,2

s=
0,70 0,50
-40

0,60 -40 0,60


0,50
x = 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160
s = 1,00 1,20 1,40 1,60
140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560

Entalpia (kJ/kg)

Figura 16 - Diagrama Pressão Entalpia do R134a com circuito frigorífico plotado


Fonte: adaptado de DTU (2012)

O fluido refrigerante R-134a é bastante utilizado nas aplicações residenciais e comerciais de pequeno
porte. Veja a seguir alguns motivos.
a) Baixa pressão de condensação: nas condições plotadas a pressão encontra-se em 11,60 bar ( 168
PSIA). Lembre-se que pressões de operação elevadas implicam em componentes mais resistentes,
empregando mais materiais e os equipamentos serão mais caros (JONES; 1983, p.259).
b) Baixo efeito de refrigeração no evaporador: fazendo uma analogia com o seu predecessor o R-12,
possui uma desvantagem quando comparado aos demais refrigerantes: necessita de uma quantidade
maior de líquido. Porém em função disto, permite melhor controle do líquido no evaporador, motivo
pelo qual é bastante utilizado em sistemas de baixa capacidade (DOSSAT, 1980, p.566).
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
97

Agora, observe a figura a seguir.

5 0
01 02 03
0
40
R22 0,0 0,0 0,0 0,00 50
80,00 0,00
70,00 0,0060

0 ,6
60,00 0,00700

5
s= 1

1,6
0,008

90
50,00 90 0,0090

s=
0,010

80

0
40,00

1,7
80

70

s=
30,00 0 70 0,015
60 02
0,0 60

,75
v= ,0030
50

0,020

1
0 0
v ,004
=

s=
20,00 0 50
40

v=
40

,80
060 0,030
30

0,0

1
v= 080

s=
0 30
0, 0,040

5
20

v= 0

1,8
Pressão (Bar)

0
10,00
,01

1,9
20 0,050

s=
9,00 v =0

s=

,95
10

8,00 0,060
015 10

1
7,00
0,

s=
v= 0,070
6,00
0,080

,00
0

20 0 0,090
0,0

2
5,00
v=

s=
0,10
-10

,05
4,00 30
0,0 -10

2
v=

s=
3,00 0 0,15
-20

,04

,10
v =0

2
-20

s=
0,20

,15
0
2,00 0,06
-30

2
v=

s=
0 -30
0,08

0
2,2
v= 0,30

s=
,10
v= 0
-40

5
2,2
-40 0,40
,15

s=
1,00 v= 0

0
0,90 0,50

2,3
0,80 0,20

s=
v= 0,60
0,70 -50 0 -50 0,70
v= 0,3

Sabrina da Silva Farias (2016)


0,60 0,80
0,50 0,90
x = 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
s = 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560

Entalpia (kJ/kg)

Figura 17 - Diagrama Pressão Entalpia do R-22 com circuito frigorífico plotado


Fonte: adaptado de DTU (2012)

O fluido refrigerante R-22 é bastante utilizado nas aplicações de ar-condicionado e de baixa temperatura,
principalmente no período de incertezas em relação aos substitutos. Em relação às propriedades
termodinâmicas, segundo Dossat (1980, p. 567), ele apresenta algumas características.
a) Baixa temperatura de ebulição à pressão atmosférica: mais baixa (-40,8 °C) em relação ao R-12 (-29,8 °C),
permitindo a sua aplicação em baixa temperatura.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
98

b) Alto volume específico na entrada do compressor: implica cerca de 60% do deslocamento requerido
pelo R-12. Como a vazão volumétrica, ou deslocamento volumétrico, é menor a tubulação necessária
para circular o fluido também são menores.
Para comparar o deslocamento volumétrico do compressor, você vai utilizar os conceitos de vazão
volumétrica e vazão em massa. A vazão em massa é a relação entre a massa de fluido refrigerante que
circula por uma tubulação em um determinado tempo:

Onde:
= vazão em massa (kg/s);
m = massa (kg);
∆t = intervalo de tempo (s).
A massa de fluido refrigerante possui a característica de assumir diferentes volumes, que dependem
das relações entre a pressão e a temperatura em que a mesma se encontra, as quais são correlacionadas
por meio de uma propriedade chamada de volume específico, que é a relação entre o volume e a massa:

Onde:
vesp = volume específico (m3/kg);
V = volume do fluido (m3);
m = massa do fluido (kg).
O volume específico é disponibilizado em tabelas nos livros de termodinâmica e no Diagrama
Pressão Entalpia. Se você multiplicar a vazão em massa pelo volume específico, vai obter a vazão em
volume, que permite saber qual espaço o fluido refrigerante ocupa. Isso auxilia em várias tarefas, como o
dimensionamento da tubulação, do tamanho do conjunto cilindro e pistão do compressor etc.

Onde:
= vazão volumétrica (m3/s);
= vazão em massa (kg/s);
vesp = volume específico (m3/kg).
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
99

Se você extrair os valores de volume específico da entrada do compressor nas mesmas condições
de funcionamento, conforme plotados nos diagramas pressão entalpia dos refrigerantes R-22 e R-134a
mostrados anteriormente, vai obter os seguintes valores:

Se aplicar os valores dos volumes específicos dos fluidos refrigerantes a massa de 1 kg/s, você vai obter
os valores de vazão volumétrica iguais a:

Se comparar as vazões volumétricas obtidas com os dois fluidos refrigerantes, nas mesmas condições
de funcionamento, você vai chegar à conclusão de que a vazão volumétrica do R-134a é 32% maior do que
a R-22, pois:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
100

Na sequência, observe a figura que mostra o Diagrama Pressão Entalpia do R407C.

,60
R407C 0,0070
0,0020 0,0030 0,0040 0,0050 0,0060 0,0070 0,0080

s= 1
50,00 0,0090
0,010

,70
40,00

1
s=
30,00 60 0,015

5
1,7
50 0,020

s=
20,00
40

0
0,030

1,8
30

s=
0,040

5
1,8
20
Pressão (Bar)

0
10,00

1,9
0,050

s=
9,00

s=

5
8,00 0,060

1,9
10
7,00

s=
0,070
6,00
0,080

0
2,0
0 0,090
5,00

s=
0,10

s= s= 2 2,05
4,00 -10

2,1 ,05
s=
3,00 0,15

0
-20
0,20

5
2,1
2,00

s=
-30

0
2,2
0,30

s=

5
2,2
-40 0,40

s=
1,00

0
0,90 0,50

2,3
0,80

s=
0,60
0,70 0,70
-50

Sabrina da Silva Farias (2016)


0,60 0,80
0,50 0,90
x = 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
s = 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560

Entalpia (kJ/kg)

Figura 18 - Diagrama Pressão Entalpia do R407C com o circuito frigorífico plotado


Fonte: adaptado de DTU (2012)

Se você analisar o Diagrama Pressão Entalpia do R-407C verá que existe uma diferença em relação aos
gráficos do R-22 e do R-134a. Se você analisar com o devido cuidado, vai perceber que as isotermas (linhas
de temperatura constante) não são horizontais na região de saturação. Se você acompanhar a linha do
evaporador no diagrama da figura anterior, verá que a mudança de fase inicia a – 10 °C e termina a próximo
de -5 °C. O mesmo sistema foi plotado nos diagramas dos fluidos refrigerantes R-22 e R-134a e foram
representados nas figuras anteriores, onde a linha do evaporador inicia em - 5 °C e termina em – 5 °C. Isto
acontece porque o R-22 e o R-134a são substâncias azeotrópicas e se comportam como uma substância
pura, tal como a água, na qual a temperatura e a pressão permanecem constantes ao longo da mudança
de fase. Já o R-407C é uma mistura (blend) não azeotrópica, ou seja, não mantém a temperatura e a pressão
constantes durante a mudança de fase.

Fique atento à redução da temperatura na entrada do evaporador, se você for realizar


FIQUE um retrofit de um equipamento que utilizava R-22 por uma mistura (blend) não
azeotrópica como o R-407C, afim de evitar o risco de congelamento no trocados de
ALERTA calor de um equipamento resfriador de água, conferindo, por exemplo, a concentração
da solução anticongelante.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
101

O R-717 (amônia) que sempre é considerado numa seleção de fluidos refrigerantes, tem uma grande
capacidade de remoção de calor no evaporador, e essa é uma das suas maiores vantagens. Os custos de
instalação e operação de um sistema com R-717 se torna viável apenas para grandes valores de capacidade
frigorífica, devido a fatores como a flamabilidade e toxidade, por exemplo, além de custos adicionais com
materiais e componentes específicos.

0
03
0 04 05
0
06
0
07
0
08
0
09
0
R717 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10
200,00 0,0 0,0 0,0

,00
s= 3,75
0,015

130

,25
120

s= 4

,50
100,00

s= 4
110 130 0,020

s= 4
90,00 120

5
0,030
100

80,00 110

4,7
0 0
70,00 06 ,008

s=
60,00 0,0 v= 0 10 100 0,040
90

v= , 0

0
0

5,0
50,00 v= 15 90 0,050
0,0

5
80

s=

5,2
40,00 v= 80
20 0,060

s=
0

0
,
70

5,5
30,00 v= 70 0,070

s=
60

60 0,080
50

20,00

5
50 0,090

5,7
30
40

0,0

s=
v= 40
0,10
40
30

0,0 30 0,15
Pressão (Bar)

10,00 v=

0
9,00 0

6,0
20

6
8,00 0,0 0,20
v= 0

s=
7,00 8 20
0,0 ,10

5
6,2
= 0,30
10

6,00 v =0 10
v

s=
0,40

0
5,00

6,5
v= 0,15 0
0

s=
4,00 0,50
,20
=0

5
v 0,60

6,7
-10

3,00 -10
s= 0,70
0

0
0,3
7,0
v= 0,80
-20

s=
2,00 -20
5
0,90
7,2
s=
0
0,4
0
v=
-30

7,5 1,0
-30
s=

0,60 5 1,5
v=
7,7
1,00
0,90
s=

,8 0 2,0
0,80 v= 0 3,0
-40

0,70 -40
0,60 ,0 4,0
v= 1

Ellen Cristina Ferreira (2016)


0,50
x = 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
s = 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000

Entalpia (kJ/kg)

Figura 19 - Diagrama Pressão Entalpia do R717 com o circuito frigorífico plotado


Fonte: adaptado de DTU (2012)

Alguns fatores são levados em consideração na análise do R-717 como fluido refrigerante de uma
instalação de refrigeração. Confira na sequência.
a) Elevado efeito frigorífico - cerca de 6,47 vezes maior, se comparado ao R-22 nas condições em estudo:

b) É um dos fluidos refrigerantes com custo mais baixo se comparado aos demais.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
102

c) Temperatura de descarga elevada - implica na utilização de materiais de melhor qualidade devido


à diminuição da viscosidade do óleo lubrificante, aumentando a erosão das válvulas do compressor
(STOECKER; JABARDO, 2002).
d) Alto nível de toxidade - existem restrições de uso, impostas por códigos municipais ou estaduais, em
determinadas localidades que devem ser verificadas.
O quadro a seguir apresenta as capacidades frigoríficas e demais parâmetros normalmente levados em
consideração em uma análise comparativa de fluidos refrigerantes. Esse quadro foi elaborado com base nos
seguintes parâmetros plotados nos diagramas pressão entalpia dos fluidos refrigerantes: temperatura de
evaporação de -5 °C; temperatura de condensação de 45 °C; subresfriamento de 10 K; superaquecimento
de 10 K.

FLUIDO REFRIGERANTE R-22 R-134A R-407C R-717


Capacidade do evaporador Qe (kJ/kg) 167,43 154,48 172,71 1.118,09
Capacidade do condensador Qc (kJ/kg) 204,94 188,57 212,19 1.368,15
Trabalho do compressor W (kJ/kg) 37,51 34,09 39,48 250,07
Coeficiente de performance COP 4,46 4,53 4,37 4,47
Relação pressão (Pc/Pe) 4,10 4,76 4,57 5,02
Temperatura descarga (°C) 78,21 59,22 68,07 127,29
Vol. específico na entrada do compressor (x10-3 m3/kg) 58,21 86,52 65,74 362,74
Quadro 19 - Comparação de parâmetros termodinâmicos
Fonte: adaptado de DTU (2012)

Destaque para a temperatura de descarga bem mais elevada do R-717 em relação aos demais, que
não ultrapassaram os 80°C. Nestas condições, é necessária a análise do projetista e a adoção de sistemas
de proteção e redução da temperatura de descarga, tais como a eliminação do superaquecimento e o
resfriamento do cabeçote do compressor por água (DOSSAT; 1980, p.564).

Capacidade Frigorífica e Trabalho do Compressor


1.200,00 1.118,09

1.000,00

800,00

600,00

400,00
Sabrina da Silva Farias (2016)

250,07
200,00 167,43 154,48 172,71

37,51 34,09 39,48


-
R-22 R-134a R-407C R-717

Qe W
Figura 20 - Gráfico comparativo de propriedades dos fluidos refrigerantes I
Fonte: do Autor (2016)
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
103

Apesar do volume específico ser maior na entrada do compressor, as vazões de um sistema de amônia
são da ordem de 1/7 ou 1/10 daquela correspondente aos fluidos halogenados (STOECKER; JABARDO,
2002).

Temperatura e Volume Específico

400,00
362,74
350,00

300,00

250,00

200,00

150,00 127,29

100,00 86,52

Sabrina da Silva Farias (2016)


78,21
59,22 68,07 65,74
58,21
50,00

-
R-22 R-134a R-407C R-717

Temperatura descarga (ºC) Vol. específico na entrada do compressor (L/kg)

Figura 21 - Gráfico comparativo de propriedades dos fluidos refrigerantes II


Fonte: do Autor (2016)

Levando em consideração todas as informações apresentadas, o projetista deve fazer um comparativo


de custo-benefício entre os vários fluidos refrigerantes disponíveis no mercado antes de decidir por qual vai
escolher. Não se esqueça de evitar os fluidos refrigerantes que estão na fase de encerramento de produção
(phase-out) e de procurar soluções que atendam aos requisitos ambientais.

5.2 SELEÇÃO DO NÚMERO DE ESTÁGIOS DO SISTEMA

A definição de estágios do sistema pode assumir três conotações, que levam em consideração os
aspectos a seguir.
a) O número de estágios de compressão - a divisão em mais de um compressor ou subsistema diminui
a potência total de compressão, ou seja, o sistema tem que funcionar continuamente com os dois ou
mais compressores para atingir os diferenciais de temperatura.
b) As capacidades frigoríficas parciais - a divisão de capacidade frigorífica total em vários elementos do
ciclo faz com que a eficiência seja maior quando a carga térmica não estiver nos valores máximos,
ou seja, é possível desligar compressores, evaporadores e condensadores em situações de cargas
parciais.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
104

c) Níveis diferentes de temperatura - quando existe a necessidade de operar dois ou mais evaporadores
a temperaturas diferentes. É comum encontrar sistemas que operem um evaporador de resfriados e
outro de congelados com o mesmo conjunto de compressão e condensação.
A seguir, para complementar seus estudos sobre números estágios, aprenda sobre os estágios de
compressão.

5.2.1 SELEÇÃO DO NÚMERO DE ESTÁGIOS DE COMPRESSÃO

Quando é necessário atingir temperaturas de evaporação muito baixas em relação à temperatura


de condensação, recomenda-se dividir o sistema em estágios, em função da diminuição do rendimento
volumétrico dos compressores que é função da relação entre as pressões de condensação e evaporação e
da elevação da temperatura de descarga, que provoca a carbonização do óleo lubrificante, aumentando o
perigo de explosão e o ataque das válvulas pela corrosão (SILVA; 1971, p.300):

Onde:
i = taxa de compressão;
Pc = pressão de condensação;
Pe = pressão de evaporação.
Quando i > 9, Silva (1971, p.300) recomenda a divisão em estágios em função dos valores práticos de
temperatura de evaporação, conforme a seguir:
a) até -40 °C: um estágio de compressão;
b) de -65 °C até -40 °C: dois estágios de compressão;
c) abaixo de -65°C: três estágios de compressão.
Para um sistema de duplo estágio, a pressão intermediária ótima é algo superior àquela obtida pela
média geométrica entre as pressões de condensação e de evaporação (STOECKER; JABARDO, 2002, p.55):

Onde:
Pint,o = pressão intermediária ótima;
Pasp = pressão de aspiração do compressor;
Pdesc = pressão de descarga do compressor.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
105

Uma variante da compressão é o sistema em cascata, no qual existem dois ou mais sistemas de
refrigeração no qual o condensador do circuito de baixa temperatura é o evaporador do sistema de alta
temperatura (STOECKER; JABARDO, 2002).
Um detalhe importante a ser observado nos sistemas que utilizam mais um estágio é a redução na
potência de compressão, ilustrado na figura a seguir pela área coberta na cor azul.

0 0 0 0
03 04
0
05
0
06
0 07 08 09 10
R717 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
200,00

,75

,00
0,015

130

5
s= 3

4,2

0
s=

4,5
120
130 0,020

s=
120 5

s=
4,7
110

100,00
90,00 110
s=
100

0 0,030
80,00
70,00 5,0 5
100 s= 5,2
90

60,00 s= 0,040
060 080 90
v= 0,0 v= 0,0
80

50,00 0,050
0 80
v= 0,1
70

40,00 0 0,060
v= 0 ,1 5 70 5,5 0,070
60

30,00 s= 0,080
0 60
v= 0,2 0,090
50

5 0,10
20,00 0
50 5,7
v= 0,3 s=
40

40 0,15
0
30

v= 0,4
30 0,20
0
20

10,00 v= 0,6 20
9,00
0 0,30
8,00 v= 0,8
10

7,00 0 10
6,00 v= 0,2 0,40
0,50
0

5,00 0
5
4,00 v= 0,1 6,5
0
0,60
s=
-10

0 -10 5 0,70
3,00 v= 0,2 6,7 0,80
s= 0,90
v= 0,30 1,0
-20

0
2,00 -20 7,0
v= 0,40 s=

Ellen Cristina Ferreira (2016)


5 1,5
7,2
-30

v= 0,60 -30 s=
0 2,0
1,00 v= 0,30 7,5
s=
0,90 5
v= 1,0 -40 3,0
0,80 -40 7,7
0,70 s=
0,60 4,0
0,50
x=0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
s = 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
Entalpia (kJ/kg)

Figura 22 - Diagrama Pressão Entalpia de um sistema de duplo estágio de compressão


Fonte: adaptado de DTU (2012)

O diagrama frigorífico anterior foi elaborado a partir das temperaturas de condensação de 45 °C e de


evaporação de -40 °C:
a) um sistema convencional com um único estágio de compressão;
b) um sistema de duplo estágio com a utilização de tanque resfriador intermediário, na qual utilizou-se
a equação da pressão intermediária ótima:

Acompanhe a seguir o quadro que traz a pressão e a temperatura de saturação do R22.

TEMPERATURA (°C) PRESSÃO ABSOLUTA (BAR)


45 17,820
-40 0,717
Quadro 20 - Pressão e temperatura de saturação do R22
Fonte: adaptado de DTU (2012)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
106

Agora, observe a seguinte fórmula:

Como o valor da pressão intermediária é algo acima do valor determinado pela média geométrica
(STOECKER; JABARDO, 2002) foi adotado um valor prático de 0,35 bar (YOSHIDA, 2003).

Na sequência, você pode ver a representação do sistema de duplo estágio com a utilização de tanque
resfriador intermediário, muito comum para sistemas de refrigeração industrial.

Condensador

5 3 Compressor de
Alta Pressão

Sabrina da Silva Farias (2016)


Resfriador Intermediário 2
6
Válvula de 7 8 Compressor de
Expansão Evaporador
1 Baixa Pressão
Tipo Boia
Válvula de Expansão
Tipo Manual
Figura 23 - Fluxograma de um sistema de duplo estágio com tanque intermediário
Fonte: adaptado de Stoecker e Jabardo (2002)

Para fazer uma análise comparativa entre os sistemas de compressão de um e dois estágios, foi
elaborado um quadro com as informações extraídas do Diagrama Pressão Entalpia para as temperaturas
de condensação de 45 °C e de evaporação de -40 °C e pressão intermediária de 3,9245 bar para o sistema
de duplo estágio.

SISTEMA COM DUPLO ESTÁGIO


DESCRIÇÃO SISTEMA CONVENCIONAL COMPRESSOR DE BAIXA COMPRESSOR DE ALTA
PRESSÃO PRESSÃO
Entalpia de saída h (kJ/kg) 1937,428 1680,601 1639,39
Entalpia de entrada h (kJ/kg) 1407,250 1458,051 1407,250
Trabalho do compressor Wcp (kJ/kg) 527,178 222,549 232,143
Trabalho total Wcp,total (kJ/kg) 527,178 454,6920
Comparativo (%) 100 86,250
Temperatura de descarga (°C) 206,251 108,414 72,677
Quadro 21 - Comparação entre sistemas
Fonte: adaptado de DTU (2012)
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
107

Para fazer uma comparação entre os dois sistemas de compressão, com um e dois estágios, considere
o valor maior como sendo 100% e o valor menor como sendo um percentual deste. Conforme o quadro
anterior, o trabalho de compressão do sistema com único estágio foi igual a 527,178 kJ/kg e o de dois
estágios foi de 454,620 kJ/kg. Portanto, o trabalho de compressão do sistema de duplo estágio representa
86% do estágio único, conforme mostrado no cálculo a seguir:

Isto significa dizer que o sistema de duplo estágio de compressão, nas condições da análise, é quase
14% menor do que se fosse utilizado um único estágio de compressão, pois:

A seguir, aprenda a selecionar um evaporador, quais medidas devem ser consideradas na hora de
escolher este equipamento.

5.3 SELEÇÃO DO EVAPORADOR

Depois de estimar a carga térmica, o fluido refrigerante e o número de estágios do sistema, inicia-se a
seleção dos evaporadores. O projetista deve analisar a melhor posição para a instalação do evaporador,
de maneira que possa fazer com que o frio atinja os produtos. Segundo Dossat (1980), os evaporadores
podem ser de vários tipos. Veja!
a) Tipo tubular - feito sob medida para as aplicações especiais em forma de ziguezague, trombone
ou circular. Normalmente estão imersos em um meio fluido, como a água ou o ar, ou circundando o
perímetro de algum tipo de reservatório. Também existem versões chamadas de tubo aramado, que
auxiliam na troca de calor com o ar.
nanoqfu ([20--?])

Figura 24 - Evaporador de tubo aramado


Fonte: Thinkstock (2016)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
108

b) Tipo placa - quando os tubos em forma de ziguezague são fixados a algum tipo de chapa ou placa, no
sentido do comprimento, tornando-se a superfície fria. Pode ser fabricado em duas chapas soldadas
cujo relevo forma os tubos para a passagem do fluido refrigerante, tal como nos refrigeradores atuais.

TeerawatWinyarat ([20--?])
Figura 25 - Evaporador do tipo placa
Fonte: Thinkstock (2016)

c) Tipo aletado - quando os tubos lisos possuem uma série de chapas bem finas que são instaladas
perpendicularmente aos tubos de forma a aumentar significativamente a área de contato com o
fluido, geralmente o ar. Pode trabalhar por convecção natural ou forçada, tal como nos modelos
frost-free.
AdrianHancu ([20--?])

Figura 26 - Evaporador do tipo aletado


Fonte: Thinkstock (2016)
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
109

A capacidade de um evaporador é determinada pela equação de transmissão de calor (DOSSAT, 1980,


p.329):

Onde:
q = ganho de calor (W);
A = área da superfície externa do evaporador (m2);
U = fator de condutância [W/(m2*K)];
DLMT = diferença logarítmica média de temperatura entre a temperatura externa do evaporador e a
temperatura do refrigerante dentro do tubo (K);
L⁄K = resistência ao fluxo de calor oferecida pelo metal de tubos e aletas;
fi = fator de condutância da película da superfície interna [W/(m2*K)];
fo = fator de condutância da película da superfície externa [W/(m2*K)];
R = relação entre a superfície interna e externa;
Te = temperatura do ar que entra na serpentina;
TL = temperatura do ar que deixa a serpentina;
Tr = temperatura do refrigerante nos tubos.
A seleção dos evaporadores é feita por catálogos ou softwares de seleção dos fabricantes. As informações
comumente necessárias para seleção são as seguintes:
a) temperatura de evaporação;
b) capacidade frigorífica;
c) tipo de degelo - existem modelos com a previsão para a instalação de resistências elétricas e outros
para degelo por gás quente;
d) tipo do evaporador;
e) altura do evaporador;
f ) convecção natural ou forçada;
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
110

g) alcance da flecha de ar para os modelos com convecção forçada;


h) distribuição de ar para convecção forçada - existem modelos que insuflam somente para frente e
outros que insuflam em dois ou nos quatro lados;
i) diferencial de temperatura , entre o fluido refrigerante e o ambiente refrigerado. Pode ser entendido
como o rendimento, pois evaporadores com maior rendimento tem menores valores de . Seus
valores típicos são: 12 a 15 Kelvin para evaporador do tipo aletado de convecção natural (estático),
utilizado em balcões frigoríficos. E 6 a 8 Kelvin para evaporador do tipo aletado com convecção
forçada utilizado em câmaras frigoríficas.
Para sistemas simples de baixa capacidade, o projetista pode optar por evaporadores com convecção
natural que, em geral, são baixos e bem compridos, tal como em balcões frigoríficos, porém a grande
maioria dos sistemas utiliza evaporadores aletados com convecção forçada.

FIQUE Outro fator importante é o espaçamento entre as aletas, que deve ser maior nos
ALERTA evaporadores que irão operar em temperaturas abaixo de 0° em função da formação
de neve na superfície das mesmas.

O evaporador mais comum para câmaras frigoríficas é o modelo que insufla para a frente, tanto com
o ventilador empurrando o ar quanto puxando. Como as câmaras frigoríficas possuem uma construção
retangular, é comum instalar este modelo de evaporador próximo a uma parede que permita o insuflamento
de ar no sentido da maior dimensão (comprimento). Quando esta medida é muito grande, pode exceder
a flecha de alcance de ar, na situação na qual é instalado em outras posições. Como este modelo é o mais
comum, também é o mais fácil de ser comprado e, possivelmente, seja o mais barato, quando comparado
a outros modelos com a mesma capacidade frigorífica.
Baloncici ([20--?])

Figura 27 - Evaporador de entrada traseira e saída frontal


Fonte: Thinkstock (2016)
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
111

O fato de ser instalado próximo a uma parede, simplifica o acabamento da tubulação de remoção da
água condensada pelo processo de degelo.
Porém o projetista pode encontrar situações que impedem a utilização deste modelo mais comum, seja
por algum tipo de bloqueio ou pela baixa altura disponível. Nestas situações o projetista pode optar por
modelos que aspiram o ar por baixo e insuflam para os lados.
Depois de decidir a melhor posição em função do espaço disponível, o projetista deve adotar um
catálogo de fabricante de evaporadores e seguir o procedimento de seleção que ali consta. Os catálogos
de seleção de evaporadores possuem basicamente a mesma estrutura: com tabelas de capacidade, tabelas
de dimensões dos produtos e informações relativas ao transporte e características parte elétricas.
Você pode as características a seguir, que poderá utilizar para selecionar todos os componentes do
sistema de refrigeração. Dessa forma, você poderá correlacionar as informações, numa situação muito
próxima da realidade do mercado de trabalho. Essas características são as seguintes:
a) capacidade frigorífica de 6,30 kW;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) temperatura interna da câmara de –18°C;
d) subresfriamento de 10 K;
e) superaquecimento de 10 K.
Você deve selecionar um catálogo com o tipo de evaporador que possa atender as características da
sua aplicação. Neste catálogo, devem constar as informações de capacidade frigorífica em função da
temperatura. Ao escolher o catálogo, você deve seguir alguns passos. Veja a seguir.
a) Seguir o procedimento de seleção do produto. Se o catálogo não dispor de procedimento de seleção
você deve procurar outro ou entrar em contato com o fabricante e informar os dados de temperatura
interna e capacidade frigorífica da sua aplicação.
b) Determinar a temperatura de evaporação, considerando a diferença de temperatura entre o ar e
o fluido dentro do tubo. Este valor é informado pelo fabricante no catálogo para cada modelo de
evaporador. Por exemplo, digamos que você vai selecionar um evaporador da marca Mipal, que utiliza
6 K de diferencial entre a temperatura ambiente e a temperatura do fluido refrigerante. Portanto, se a
temperatura do ambiente refrigerado for igual a -18 °C, a temperatura de evaporação a -24 °C.
c) Selecionar a coluna da temperatura de saturação mais próxima do valor que você determinou, neste
caso -25 °C. Você também pode interpolar o valor se achar necessário.
d) Encontrar a capacidade frigorífica determinada no cálculo de carga térmica que, neste caso, foi
adotado como 6,30 kW. Como o catálogo está em kcal/h é necessário converter o valor primeiro,
usando o seguinte cálculo:

e) Selecionar o tamanho do evaporador. Na coluna de temperatura de evaporação de – 25 °C, você


PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
112

deve encontrar o primeiro valor igual ou superior a 5418 kcal/h, conforme o passo anterior. Neste
caso, o valor de 5771 kcal/h é o primeiro valor superior a 5418 kcal/h. Você deve localizar o tamanho
do evaporador, que neste caso é o 062.
Observe a figura a seguir, que mostra os detalhes desse passo a passo.

Série Mi Temperatura de evaporação


DT1 = 10,8ºF ºF -31 -22 -13 -4 5 14 23 32 41
DT1 = 6ºK ºC -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5
W
HP 1100 1143 1180 1217 1252 1287 1326 1431 1493
013 1
1379 1432 1479 1525 1569 1612 1662 1794 1871
015 1¼
1569 1631 1683 1736 1786 1836 1892 2042 2130
018 1½
2199 2285 2358 2432 2502 2572 2651 2861 2984
025 2
2692 2797 2888 2978 3064 3149 3246 3503 3654
031 2½
038 3 3297 3425 3536 3647 3751 3856 3975 4289 4474

046 4 4025 4182 4317 4452 4580 4708 4852 4025 5462

051 5 4396 4567 4715 4862 5002 5142 5300 5719 5965

062 5½ 5381 5591 5771 5952 6123 6294 6487 7001 7302
078 6½ 6737 7000 7226 7452 7666 7881 8123 8766 9143
094 7½ 8054 8368 8638 8909 9165 9421 9710 10479 10930
110 9

Sabrina da Silva Farias (2016)


9417 9784 10100 10416 10716 11015 11354 12252 12779
125 10 10791 11212 11574 11936 12279 12622 13010 14039 14644

(*) Mesmas capacidades para 50 Hz e 60 Hz/R404A, R507A, R407A, R407C e R-22. Outros refrigerantes, NH3 ou CO2, contate-nos.
Dt1: Diferença entre a temperatura de entrada do ar no evaporador e a temperatura de evaporação do refrigerante. ºK=Graus Kelvin ºF=Graus Fahrenheit.
A temperatura de entrada do ar no evaporador é considerada a temperatura da câmara aproximadamente.

Quadro 22 - Seleção do Evaporador


Fonte: adaptado de Mipal (2016)

Após a seleção do modelo, deve-se procurar as informações relativas às dimensões e checar se atendem
ao projeto.

FIQUE Cuidado com erros básicos, cometidos por falta de atenção! Cuidado, por exemplo, ao
ALERTA especificar um evaporador cujo comprimento é maior do que o vão disponível para
instalá-lo.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
113

Na leitura do catálogo, verifica-se que é recomendada a utilização de válvula de expansão termostática


com equalizador externo e distribuidor de líquido.

B C D

Cantos
concordantes

335
1º BSP

395

345
Fixação

O1/2” 400
390

90 Mínimo

Sabrina da Silva Farias (2016)


318
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
114

DIMENSIONAL PESOS
MI QUANTIDADE DE A B C D Z S MI
VENTILADORES MM MM MM MM MM Ø PL PB
013 1 378 - - - 710 5/8” 10,6 11,2
015 1 378 - - - 710 5/8” 11,6 11,9
018 2 741 - - - 1075 5/8” 14,8 17,0
025 2 741 - - - 1075 5/8” 17,0 17,8
031 2 741 - - - 1075 5/8” 18,2 20,1
038 3 1104 - - - 1435 5/8” 22,6 24,3
062 4 1467 741 - 726 1800 7/8” 33,0 40,6
078 5 1830 741 363 726 2160 1 1/8” 40,8 49,0
097 6 2193 1104 - 1089 2525 1 1/8” 46,2 53,3
110 7 2556 741 1089 726 2885 1 1/4” 53,4 61,0
125 8 2919 1104 726 1089 3250 1 1/4” 63,0 66,1
*PL = Peso Líquido / PB = Peso Bruto
Quadro 23 - Dados dimensionais do evaporador
Fonte: adaptado de Mipal (2016)

O projetista deve checar todas as informações e responder aos seguintes questionamentos:


a) a estrutura suporta o peso do(s) evaporador(es)?
b) o nível de ruído atende as especificações?
c) a tensão dos ventiladores é compatível com a disponível no local da instalação?
d) a instalação elétrica suporta a carga da evaporadora?
Agora observe a figura a seguir, que mostra os dados técnicos que devem ser verificados na escolha de
um evaporador.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
115

Motor convencional
Mi S R V C N Ø10”(254 mm)
m² m²/m² dm³ Refr. Kg dB (A) (1m) m³/h 220V 1Ø W 220V 1Ø A
013 5,77 16,71 1,6 0,33 50,3 1 x 1200 70 0,6
015 7,69 16,71 2,2 0,44 50,5 1 x 1200 70 0,6
018 7,69 16,71 2,0 0,39 53,0 2 x 1200 140 1,2
025 11,54 16,71 2,9 0,59 53,3 2 x 1200 140 1,2
031 15,39 16,71 3,9 0,78 53,5 2 x 1200 140 1,2
038 17,31 16,71 4,2 0,85 55,3 3 x 1200 210 1,8
046 23,08 16,71 5,6 1,13 55,5 3 x 1200 210 1,8
051 23,08 16,71 5,5 1,11 56,3 4 x 1200 280 2,4
062 30,78 16,71 7,4 1,47 56,5 4 x 1200 280 2,4
078 38,47 16,71 9,1 1,82 57,5 5 x 1200 350 3,0
094 46,17 16,71 10,8 2,16 58,5 6 x 1200 420 3,0
110 53,86 16,71 12,5 2,51 59,5 7 x 1200 490 4,2
125 61,56 16,71 14,3 2,85 60,5 8 x 1200 560 4,8

S-m2 - Área total da superfície de troca


Motor Baixo Nível de ruído térmica.
R - Relação superfície de troca térmica
secundária / superfície de troca térmica
dB (A) com rotação: Ø10”(254 mm) Resistências Elétricas primária.
V - dm³ (litros) - Volume interno.
50% 75% 100% 220V 1Ø W 220V 1Ø A W 220V 1Ø A 220V 3Ø A 380V 3Ø A C - Kg - Carga aproximada de refrigerante.
35,3 44,3 50,3 32 0,24 2x600 5,5 3,1d 1,8d N - dB (A) - Nível de ruído obtido nas
35,3 44,3 50,5 32 0,24 2x600 5,5 3,1d 1,8d condições de campo aberto a uma
distância de 1 metro. O nível de ruído real
36,3 47,3 53,0 64 0,48 2x1200 10,9 6,3d 3,6d depende de fatores como: construção da
36,3 47,3 53,3 64 0,48 2x1200 10,9 6,3d 3,6d câmara, tipo de carga e número de
36,5 47,5 53,5 64 0,48 2x1200 10,9 6,3d 3,6d aparelhos instalados.
m³/h - Vazão de ar medida a densidade de
38,3 49,3 55,3 96 0,72 3x1200 16,4 9,4 5,4 1,2 M ³/Kg.
38,5 49,5 55,5 96 0,72 3x1200 16,4 9,4 5,4 d - Consumo não equilibrado. Alcance do Ar

Isadora Luisa Bertotto (2016)


39,3 50,3 56,3 128 0,96 3x1600 21,8 12,6 7,3 de 12m com velocidade final de 0,25 m/s. A
velocidade final de 0,25 m/s é obtida nas
39,5 50,5 56,5 128 0,96 3x1600 21,8 12,6 7,3 condições de campo aberto. O alcance de
40,5 51,5 57,5 160 1,20 3x2000 27,3 15,7 9,1 ar, não pode ser considerado como valor
3x2400 32,7 absoluto, devido a muitos fatores que têm
41,5 52,5 58,5 192 1,20 18,9 10,9 influencia nesta distância. Recomendamos
42,5 53,5 59,5 224 1,44 3x2800 38,2 22,0 12,8 a utiização deste modelo para câmaras
43,5 54,5 60,5 256 1,44 3x3200 43,6 25,2 14,6 frigoríficas com pé direito até 5 metros.

Quadro 24 - Dados técnicos do evaporador


Fonte: adaptado de Mipal (2016)

Após aprender sobre a seleção do evaporador, no item a seguir você vai estudar sobre a seleção do
compressor. Siga em frente!

5.4 SELEÇÃO DO COMPRESSOR

O procedimento de seleção do compressor é similar ao do evaporador, pois precisar do valor da


capacidade frigorífica, definida pelo cálculo estimativo de carga térmica e das temperaturas de evaporação
e de condensação. Essa seleção pode ser realizada pelos catálogos ou por meio dos softwares de seleção
fornecidos pelos fabricantes de compressores.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
116

Normalmente se faz uma pré-seleção pelo “envelope do compressor”, que é um gráfico com as
temperaturas de condensação e evaporação nos eixos e uma região delimitada para a aplicação do
compressor. Veja a figura a seguir, onde o fabricante disponibiliza o envelope do compressor para quatro
fluidos refrigerantes.

tC (ºC)
70
66
60
toh<20K
50

40

Sabrina da Silva Farias (2016)


toh+ 20ºC
30

20
-50 -40 -30 -20 -10 t0 (ºC)
-45
Figura 28 - Gráfico de envelope de compressor
Fonte: adaptado de Danfoss (2014)

A pré-seleção pelo envelope do compressor otimiza o tempo do projetista, pois rapidamente determina-
se um produto que atenda aos limites de temperatura de evaporação e condensação.
Da mesma forma que foi feito para o evaporador, deve-se adotar as características a seguir, que
serão utilizadas para selecionar todos os componentes do sistema de refrigeração, correlacionando as
informações, numa situação muito próxima da realidade do mercado de trabalho. As características são as
seguintes:
a) capacidade frigorífica de 6,30 kW;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) temperatura interna da câmara de –18°C;
d) subresfriamento de 10 K;
e) superaquecimento de 10 K.
Após confirmar no envelope do compressor, conforme a figura anterior, que o modelo atende a
aplicação, procura-se a tabela de performance com as capacidades frigoríficas, verificando alguns itens,
conforme os passos indicados a seguir.
a) Verificar se a tabela de capacidade correspondente ao fluido refrigerante a ser utilizado na aplicação,
neste caso R-22.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
117

b) Localizar na coluna de temperatura de evaporação (evaporating temperature) o valor de -25 °C, para
este caso.
c) Localizar na coluna de temperatura de condensação (condensing temperature) o valor de 45 °C,
cruzando com a capacidade de 6300 W, conforme adotado no início da seleção. Como os valores
disponíveis são 40 e 50 °C, é necessária a interpolação, conforme indicado a seguir.

Nas colunas da esquerda encontre:


a) o tipo de compressor (compressor type), neste caso Tipo VIW;
b) o diâmetro da polia do motor (motor pulley), neste caso 110 mm;
c) o motor requerido (motor required), neste caso 7,5 kW e o torque 5 Nm baseados na rotação de 1450
rpm;
d) como a capacidade encontra-se na região verde da tabela é necessário utilizar resfriamento adicional
e limitar o superaquecimento ao máximo de 20 K.
Agora observe a figura a seguir, que mostra os detalhes desse passo a passo.

Dados de capacidade HA R22


T.E. -20ºC -25ºC -30ºC -35ºC -40ºC -45ºC
Modelos
T.C. C.R. P.C. C.R. P.C. C.R. P.C. C.R. P.C. C.R. P.C. C.R. P.C.
30ºC 6701 3,1 5170 2,7 3873 2,3 2786 1,9 1881 1,4 1133 0,0
HA34e/215-4S 40ºC 5876 3,4 4544 2,0 3418 2,5 2471 2,0 1677 1,5 1010 1,1
50ºC 5279 3,6 4140 3,2 3176 2,7 2362 2,2 1672 1,8 1080 1,3
30ºC 7879 3,7 6078 3,2 4554 2,7 3275 2,2 2211 1,7 1331 1,2
HA34e/255-4S 40ºC 6908 4,1 5343 3,5 4018 2,9 2905 2,4 1971 1,8 1188 1,3
50ºC 6208 4,3 4868 3,7 3735 3,2 2778 2,6 1966 2,1 1269 1,5
30ºC 9728 4,5 7505 3,9 5623 3,3 4044 2,7 2730 2,1 1644 1,4
HA34e/315-4S 40ºC 8528 5,0 6596 4,3 4960 3,6 3586 2,9 2434 2,2 1466 1,5
Paco Giordani Mora (2016)

50ºC 7664 5,3 6010 4,6 4611 3,9 3429 3,2 2427 2,6 1567 1,9
Legenda: Limites e condições consideradas:
T.E. = Temperatura de Evaporação (ºC) -Temperatura do gás de sucção: 25ºC
T.C. = Temperatura de Condensação (ºC) exceto modelos Pluscom (20ºC)
C.R. = Capacidade de Refrigeração (kcal/h) -Sub-resfriamento: 0 K
P.C. = Potência Consumida (kW) -Consultar limites aplicação da página 110

Quadro 25 - Tabela de performance do compressor


Fonte: adaptado de Danfoss (2014)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
118

Após a seleção do compressor, você tem acesso aos dados dimensionais que vão lhe ajudar a fazer o
projeto da casa de máquinas.

Dimensões (mm) Motores disponíveis Especificações técnicas


220V - 380V 380V 220V 440V 440V Volume Carga de
Modelos Peso
C L H trifásico trifásico trifásico trifásico trifásico deslocado óleo
60Hz 60Hz PW 60Hz PW 60Hz PW 60Hz (m³/h) (litros) (Kg)
HA12P/60-4 QC14556-C0 6,4 0,9 52
2 cilindros
Média e baixa temperaturas

HA12P/75-4 QC14557-C0 8,1 0,9 83


440 220 310
HA12P/90-4 QC14558-C0 9,6 0,9 84
HA12P/110-4 QC14559-C0 11,3 0,9 84
HA22P/125-4 QC14442-C0 13,3 1,1 80

Paco Giordani Mora (2016)


HA22P/160-4 525 300 340 QC14443-C0 16,4 1,1 83
HA22P/190-4 QC14444-C0 19,8 1,1 81
4 cilindros

HA34e/215-4 QC14363-C0 22,6 1,4 99


HA34e/255-4 QC14364-C0 26,6 1,4 98
575 300 345
HA34e/315-4 QC14365-C0 32,8 1,4 100
HA34e/380-4 QC14366-C0 39,7 1,4 100

Figura 29 - Tabela de medidas do compressor


Fonte: adaptado de Bitzer (2010)

Outro detalhe importante diz respeito aos dados relativos à tubulação de conexão. Neste caso,
encontram-se nas colunas relativas às conexões (connections):
a) linha de sucção (suction line): 1 3/8 de polegada;
b) linha de descarga (discharge line): 1 1/8 de polegada.
Depois que você selecionar adequadamente o compressor, você pode conferir uma série de informações
que estarão disponíveis no catálogo do fabricante como, por exemplo, o deslocamento volumétrico, a
capacidade real de refrigeração e o coeficiente de performance (COP).

5.5 SELEÇÃO DA UNIDADE CONDENSADORA

Muitos fabricantes disponibilizam um conjunto conhecido como unidade condensadora, na qual já são
fornecidos o compressor, o condensador, um reservatório de líquido e também os controles. Esta é uma
ótima opção para instalação, pois poupa o projetista de ter de compatibilizar estes componentes.
Da mesma forma que foi feito para o evaporador e o compressor, pode-se adotar as características a seguir,
que serão utilizadas para selecionar todos os componentes do sistema de refrigeração, correlacionando as
informações, numa situação muito próxima da realidade do mercado de trabalho. As características são as
seguintes:
a) capacidade frigorífica de 6,30 kW;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) temperatura interna da câmara de –18°C;
d) subresfriamento de 10 K;
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
119

e) superaquecimento de 10 K.
Dependendo do fabricante, não é apresentado o envelope do compressor/unidade condensadora.
Neste caso o projetista precisa procurar a capacidade frigorífica diretamente na tabela de performance.
Devem ser localizados os itens a seguir.
Item 1 - A tabela de capacidade correspondente ao fluido refrigerante a ser utilizado na aplicação, neste
caso R-22.
Item 2 - Na coluna de temperatura de evaporação o valor de -25 °C, para este caso.
Item 3 - Na linha de temperatura externa o valor de 35 °C, considerando a que mais se aproxima do
critério 0,4% recomendado.
Item 4 - Cruzar a coluna de temperatura de evaporação com a linha de temperatura externa, até
encontrar um valor imediatamente superior a capacidade frigorífica de 6,30 kW (5418 kcal/h).
Item 5 - Nas colunas da esquerda encontre:
a) o compressor, neste caso 4EC-4.2;
b) o modelo da unidade, neste caso BS0400L2.
Agora, observe as duas figuras a seguir. Elas mostram as tabelas de performance e de dados técnicos da
unidade condensadora.

Temperatura Temperaturas de evaporação


Modelo Compr. HP externa -20°C -25°C -30°C -35°C -40°C

Isadora Luisa Bertotto (2016)


Q 7690 6160 4810 3670 2690
32°C
P 4,7 4,1 4,7 4,4 3,8
Q 7270 5810 4530 3420 2500
35°C P 4,8 4,3 4,3 3,9 3,3
BS*0400L2 4EC-4.2 4
Q 6880 5450 4230 3180 2280
38°C
P 5,0 4,4 3,8 3,5 2,7
Q 6220 4930 3760 2750 1920
43°C
P 5,1 4,5 3,8 3,5 2,8
Quadro 26 - Performance da unidade condensadora
Fonte: adaptado de Heatcraft (2015)
Isadora Luisa Bertotto (2016)

Quadro 27 - Dados técnicos da unidade condensadora


Fonte: adaptado de Heatcraft (2015)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
120

Você deve ter percebido que as duas seleções foram de compressores diferentes, um com o modelo
aberto e outro com o modelo semi-hermético. Então, como saber se foi selecionado o compressor mais
adequado para a instalação? Esta pergunta só pode ser respondida com a utilização dos programas de
seleção ou um profundo conhecimento dos produtos do fabricante.
Em um programa de seleção, é possível informar os dados e obter as opções mais adequadas para a
situação.
Outro fator que costuma distanciar a situação ideal da possível é a disponibilidade de produtos por
parte dos fornecedores. Pode acontecer do equipamento com maior conjunto de características positivas
não estar disponível, seja porque não existe em estoque, seja porque o produto não é comercializado no
Brasil etc.
Outro ponto a ser analisado é o fato de que muitas vezes o fornecedor possui um determinado produto
no estoque com baixo giro, ou “encalhado”, como se diz na linguagem de vendas, cujo preço é reduzido
para vender. Considerando a realidade brasileira, onde essa prática de redução de preços ocorre com
frequência, é bem difícil conseguir utilizar o equipamento mais próximo do ideal para uma determinada
instalação. Como os equipamentos de refrigeração são vendidos à incorporadoras e construtoras que os
revenderão para o cliente, que nem sempre é o usuário final, instalou-se uma cultura de se preocupar
apenas com o custo inicial de instalação. Os demais custos como, por exemplo, de operação e manutenção,
na maioria das vezes são ignorados.

Isadora Luisa Bertotto (2016)

Figura 30 - Unidade condensadora


Fonte: adaptado de Heatcraft (2015)

No próximo item você vai aprender sobre a seleção do tipo de elemento de expansão. Continue
estudando!
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
121

5.6 SELEÇÃO DO TIPO DE ELEMENTO DE EXPANSÃO

A seleção do elemento de expansão deve levar em consideração alguns aspectos importantes. Confira
a seguir.
a) Princípio de funcionamento: de expansão termostática ou eletrônica. Dificilmente seriam utilizados
outros tipos, com exceção do tipo manual utilizado em instalações industriais com cargas térmicas
estáveis e reservatórios intermediários, onde o controle do superaquecimento não é um risco para
o compressor.
b) Tipo: equalização interna ou externa. A recomendação geral é de utilizar válvulas de expansão
termostáticas com equalização externa sempre que for utilizado distribuidor de líquido e quando a
diferença de pressão entre a entrada e saída do evaporador for superior a 0,2 bar.
No catálogo do fabricante de válvulas de expansão é comum encontrar uma tabela que apresenta a
gama de variáveis atendidas por aquela linha de produtos: as faixas de capacidades frigoríficas, as faixas de
temperaturas de evaporação, os fluidos refrigerantes e os tipos de conexões com a tubulação.

Capacidade Faixa de temperatura de evaporação ¹) Refrigerantes Orifício Conexões


Tipo nominal MOP Inter-
cambi- Fila-
R-22 kW N NM NL B A R-22 R-134a R-404A
R-507 ável
Soldar
Roscas cobre ODF mento
T 2/TE 2 0,5 15,5 x x x x x x xx x xx x x x x x x x
TE 5 10,5 42 x x x x x x xx x xx x x x x x x x
TE 12 15,5 63 x x x x x x xx x xx x x x x x x x
TE 20 105 x x x x x x xx x xx x x x x x x
TE 55 175 295 x x x x x x xx x xx x x x x x x

Isadora Luisa Bertotto (2016)


PHT 105 1890 x x x x x xx x xx x x x x x
TQ 14,5 404 x x x x xx x xx x x x x x x x
PHTQ 145 2179 x x x x x x xx x xx x x x x
¹) Faixa N: -40°C a +10°C
Faixa NM: -40°C a -5°C
Faixa NL: -40°C a -15°C
Faixa B: -60°C a -25°C
Faixa A: +10°C a +50°C

Quadro 28 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas I


Fonte: adaptado de Danfoss (2008)

Da mesma forma que foi feito para os itens anteriores, podem ser adotadas as características a seguir,
que serão utilizadas para selecionar todos os componentes do sistema de refrigeração, correlacionando as
informações, numa situação muito próxima da realidade do mercado de trabalho. As características são as
seguintes:
a) capacidade frigorífica de 6,30 kW;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) temperatura interna da câmara de –18°C;
d) subresfriamento de 10 K;
e) superaquecimento de 10 K.
Após confirmar o tipo de válvula que atende a aplicação, procura-se a tabela de performance com as
capacidades frigoríficas, localizando:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
122

a) a tabela de capacidade correspondente ao fluido refrigerante a ser utilizado na aplicação, neste caso
R-22;
b) para a seleção da válvula, nesse exemplo, é necessário corrigir o valor do subresfriamento, pois a
tabela foi criada para o valor de 4 K e está sendo utilizado 10 K:

Correção devido à variação do


subresfriamento Δtsub As capacidades de evaporação terão que ser corrigidas se o subresfriamento for diferente
de 4K. A capacidade corrigida pode ser obtida dividindo-se a capacidade necessária de
evaporação pelo fator de correção a seguir. Poderá, então, ser feita a seleção com as
tabelas anteriores.
Nota: Um subresfriamento insuficiente pode
produzir evaporação instantânea (flash gas),
o que poderá causar danos aos controles.

Isadora Luisa Bertotto (2016)


Δtsub 4K 10 K 4 K15 K 20 K4 K 25 K 4 K30 K 35 K 40 K4 K 45 K 4 K50 K
Fator de correção 1.00 1.06 1.11 1.15 1.20 1.25 1.30 1.35 1.39 1.44

Exemplo Subresfriamento = 10 K
Refrigerante = R-22 Fator de correção segundo a tabela = 1,06
Capacidade de evaporação Qe = 5 kW Capacidade corrigida = 5 + 1,06 = 4,72 kW

Quadro 29 - Correção do subresfriamento para a seleção das válvulas de expansão termostática


Fonte: adaptado de Danfoss (2008)

Utilize o seguinte cálculo:

c) na coluna de temperatura de evaporação o valor de -25 °C, para este caso, como os valores da tabela
são -20 e -30 °C, será necessária a interpolação;
d) determine a diferença de pressão entre a condensação e a evaporação, que pode ser realizada por
meio de uma tabela ou pelo Diagrama Pressão Entalpia:

TEMPERATURA (°C) PRESSÃO ABSOLUTA (BAR)


-25 2,01
45 17,29
Quadro 30 - Pressão e temperatura de saturação do R-22
Fonte: adaptado de DTU(2012)

Utilize o seguinte cálculo:


5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
123

e) como a diferença de capacidade frigorífica entre as colunas de ∆p de 14 e 16 bar é igual a 0,1 kW,
considere a coluna de ∆p = 16 bar, para simplificar o processo. Nesta coluna, localiza-se o valor da
capacidade frigorífica necessária de 5,94 kW. Como os valores das temperaturas de evaporação
disponíveis são -30 e -20 °C, é necessária a interpolação;

f ) nas colunas da esquerda encontre o número do orifício que deverá ser utilizado na válvula, neste
caso 03;

Isadora Luisa Bertotto (2016)


Quadro 31 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas II
Fonte: adaptado de Danfoss (2008)

g) porém, utilizando o orifício de número 03, a capacidade frigorífica que a válvula de expansão
vai oferecer é de 5,52 kW, conforme determinado na interpolação do passo 5. Este valor de 5,52
kW é ligeiramente inferior a capacidade frigorífica necessária de 5,94 kW. É necessário refazer a
interpolação, considerando o próximo orifício, de número 04:
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
124

h) nas colunas da esquerda encontre o número do orifício que deverá ser utilizado na válvula, neste
caso 04.

Isadora Luisa Bertotto (2016)


Quadro 32 - Aplicação das válvulas de expansão termostáticas III
Fonte: adaptado de Danfoss (2008)

Veja que a seleção implica em duas situações de capacidade frigorífica com a mesma válvula de
expansão TEX 02, devido ao evaporador recomendar o uso de equalização externa.

ORIFÍCIO Qe PERCENTUAL
03 5,52 -7%
04 8,12 +26,8 %
Quadro 33 - Comparativo entre os valores de Qe
Fonte: do Autor (2016)

Neste caso, é melhor utilizar a válvula TEX02 com orifício 03, pois com o orifício 04 a diferença é mais
alta, ultrapassando os valores das capacidades do compressor e do evaporador.

5.7 DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO

A determinação do diâmetro da tubulação das linhas do sistema de refrigeração precisa levar vários
aspectos em consideração:
a) deve ser economicamente viável, a fim de diminuir os custos de instalação;
b) deve permitir a circulação do fluido refrigerante sem elevar demasiadamente os esforços no
compressor;
c) deve promover o retorno do óleo lubrificante que foi enviado para o sistema;
d) deve impedir o retorno demasiado do fluido refrigerante líquido proveniente do evaporador ou do
óleo lubrificante no momento da partida do equipamento.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
125

Os aspectos que levam em consideração o custo e os esforços do compressor são antagônicos, pois, do
ponto de vista financeiro, quanto menor for o diâmetro da tubulação, mais barata será a instalação. Porém,
se o diâmetro da tubulação for muito pequeno, ocorre um aumento significativo da perda de pressão,
como será visto mais adiante. Outro aspecto complicador do dimensionamento da tubulação é o fato de
que o retorno do óleo lubrificante depende da velocidade do fluido refrigerante.
Devido à estas peculiaridades, dificilmente o projetista conseguirá projetar a tubulação de um sistema
de refrigeração sem adotar critérios específicos que levem os fatores apresentados em consideração. Os
profissionais técnicos costumam adotar os critérios propostos pela ASHRAE em função da qualidade das
informações e da constante atualização que essa entidade promove. Uma das diretrizes da ASHRAE é
adotar um valor máximo de queda de temperatura nas linhas (de sucção, de líquido e de descarga) e fazer
conversão em queda de pressão correspondente para o fluido refrigerante. Observe o quadro a seguir.

LINHA QUEDA DE TEMPERATURA ∆T (K) FAIXA DE VELOCIDADES (M/S)


Sucção 1 4,5 a 20
Descarga 1 10 a 18
Do condensador ao reservatório de líquido 0,5
0,5 a 1
Do reservatório de líquido ao elemento de expansão 1,5
Quadro 34 - Valores recomendados para o projeto da tubulação de refrigeração
Fonte: adaptado de ASHRAE (2010)

Estes parâmetros podem ser aplicados no dimensionamento da tubulação tanto com o método clássico
da mecânica dos fluidos com pequenas adaptações para a refrigeração, quanto pelas tabelas apresentadas
no guia técnico ASHRAE (2010).

Para saber mais sobre o dimensionamento de tubulação, consulte as tabelas do guia


técnico Refrigeration, da ASHRAE, disponível em inglês.
AMERICAN SOCIETY OF HEATING, VENTILATION AND AIR CONDITIONING ENGINEERS
(ASHRAE). 2010 ASHRAE Handbook Refrigeration. Disponível em: <ftp://doc.nit.
SAIBA ac.ir/mec/a.ramiar/Refrigeration/ASHRAE%202010%20-%20Refrigeration%20(SI).
MAIS pdf>. Acesso em: 06 jul. 2016.
Você também pode consultar (em português) o livro Princípios de Refrigeração, mas
lembre-se de que, por ser tratar de uma publicação de 1980, as tabelas são dos fluidos
refrigerantes da época (R-12, R-22, R-502 e R-717), mas o procedimento será o mesmo.
DOSSAT. Roy J. Princípios de refrigeração. São Paulo: Hemus, 1980.

O projetista deverá plotar o sistema de refrigeração no Diagrama Pressão Entalpia, pois precisará dos
valores de entalpia e volume específico para determinar as vazões em massa e em volume, necessárias ao
dimensionamento da tubulação.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
126

Com o valor da capacidade frigorífica, determinada pelo cálculo estimativo de carga térmica, o projetista
deve encontrar o valor da vazão em massa do sistema do sistema de refrigeração, pela equação:

Onde:
Qe = capacidade frigorífica do evaporador (kW);
= vazão em massa de fluido refrigerante (kg/s);
h’1 = entalpia de saída do evaporador (kJ/kg);
h4 = entalpia de entrada do evaporador (kJ/kg).
A entalpia de saída do evaporador depende da característica do superaquecimento, que pode gerar
resfriamento útil (quando ocorre no final do evaporador) ou sem resfriamento útil (quando ocorre na linha
de sucção).
A vazão em massa determinada pela equação anterior será considerada constante ao longo de toda
a tubulação. Em seguida, deverá ser determinada a vazão volumétrica para cada linha (sucção, líquido e
descarga), em função dos respectivos valores de volume específico, lidos com auxílio do Diagrama Pressão
Entalpia, na equação:

Onde:
= vazão volumétrica (m3/s);
= vazão em massa (kg/s);
vesp = volume específico (m3/kg).
Da mesma forma que foi feito para o evaporador, devem ser adotadas as características a seguir, que
serão utilizadas para selecionar todos os componentes do sistema de refrigeração, correlacionando as
informações, numa situação muito próxima da realidade do mercado de trabalho. As características são as
seguintes:
a) capacidade frigorífica de 6,30 kW;
b) temperatura de condensação de 45 °C;
c) temperatura interna da câmara de –18 °C;
d) temperatura de evaporação –24 °C
e) subresfriamento de 10 K;
f ) superaquecimento de 10 K.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
127

As temperaturas de condensação de 45 °C e evaporação de -24 °C, associadas aos valores de


superaquecimento de 10 K e subresfriamento de 10 K do sistema proposto anteriormente, foram plotadas
no Diagrama Pressão Entalpia, obtendo o ciclo frigorífico indicado na figura a seguir:

Sabrina da Silva Farias (2016)


Figura 31 - Diagrama Pressão Entalpia de um sistema de refrigeração a -24 °C de evaporação e 45°C de condensação
Fonte: adaptado de DTU(2012)

Desse ciclo frigorífico, com as temperaturas de condensação de 45 °C e evaporação de -24 °C, associadas
aos valores de superaquecimento de 10 K e subresfriamento de 10 K, foram registrados, no quadro a seguir,
o valor das propriedades termodinâmicas a serem utilizados nos cálculos das vazões volumétricas, para a
determinação da tubulação do sistema de refrigeração.

PROPRIEDADE PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4


Pressão absoluta (bar) 2,092 17,29 17,29 2,092
Temperatura (°C) -14 91,353 35 -24
Entalpia (kJ/kg) 402,209 459,440 243,101 243,101
Título Não se aplica Não se aplica Não se aplica 0,317
Volume específico (m ⁄kg)
3
0,112996 0,017466 0,00321* 0,03806
Quadro 35 - Propriedades do ciclo frigorífico
Fonte: adaptado de DTU(2012)
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
128

Considerando que o superaquecimento de 10 K proporciona resfriamento útil ao final do evaporador, a


vazão em massa do sistema de refrigeração com capacidade frigorífica de 6,30 kW, fica igual a:

As vazões volumétricas em cada trecho da tubulação serão determinados pelos respectivos volumes
específicos:

Depois de determinar a vazão volumétrica, o projetista tem duas formas de determinar o diâmetro de
cada trecho da tubulação:
a) utilizando um ábaco que apresente a perda equivalente na pressão de saturação;
b) adotando um valor da faixa de velocidades recomendadas.
Um ábaco é um gráfico, construído por fabricantes de equipamentos ou instituições de ensino, que
permite relacionar diversas variáveis ao mesmo tempo, com o intuito de facilitar a correlação das mesmas.
O ábaco possui unidades de medida para as variáveis representadas em escalas. Normalmente as escalas
que representam as unidades de medida são divididas em múltiplos de 10. Quando a magnitude das
relações entre as variáveis é muito grande, é comum encontrar uma escala logarítmica para representar
as grandezas, a fim de o ábaco ser manipulado em folhas A4 ou A3. Quando o valor desejado não é
apresentado diretamente na escala é necessário fazer a interpolação, para obter resultados mais precisos.
Para a determinação do diâmetro deve-se seguir um procedimento simples:
a) localiza-se o valor da vazão no eixo y ou no eixo x, conforme a construção do ábaco. O ábaco possui
uma escala de vazão que varia conforme intuito do mesmo, podendo ser de 0,01 a 100 m3/s ou de
0,003 a 6000 L/s;
b) localiza-se o valor da perda de pressão ( ) no eixo x ou no eixo x, conforme a construção do ábaco;
c) nas linhas diagonais encontram-se os valores dos diâmetros (Ø) e das velocidades (v), que serão lidos
no ponto de intersecção das linhas de e ;
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
129

d) caso a velocidade exceda o limite, é necessário deslocar a linha de para a esquerda, reduzindo o
valor, até que se obtenha um valor de dentro dos limites.

V Ø

Sabrina da Silva Farias (2016)


Δp
Figura 32 - Representação de um ábaco
Fonte: adaptado de Jones (1983)

Considerando a segunda forma, na qual o projetista adota o valor de velocidade recomendado, este
procedimento torna-se interessante do ponto de vista didático, pois permite ao projetista se apropriar de
conhecimentos que lhe trarão uma sensibilidade (feeling) em relação ao dimensionamento da tubulação.
Outro ponto interessante é que em caso de retrofit ou problemas em instalações existentes, o projetista
irá seguir um procedimento semelhante. Segundo Jones (1983, p. 381), o diâmetro da tubulação pode
ser determinado pela relação entre vazão volumétrica, velocidade e área conforme equação a seguir
.Como a formula matemática para determinação de uma área circular é igual a , ,
pode-se substituí-la na equação da vazão volumétrica por . Isolando o diâmetro a equação
fica igual a:

Considere os dados obtidos no último exemplo:


PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
130

Considerando os valores de velocidades recomendados pela ASHRAE informados no início desta seção,
os valores de velocidade recomendados para a linha de descarga estão na faixa de 10 a 18 m/s e para a
determinação do diâmetro da tubulação, será adotado o valor médio:

Aplicando na equação do diâmetro:

Os valores de velocidade recomendados para a linha de sucção estão na faixa de 4,5 a 20 m/s e para a
determinação do diâmetro da tubulação, será adotado o valor médio:

Aplicando na equação do diâmetro:

O valor de velocidade recomendado para o trecho da linha de líquido que vai do condensador ao
reservatório de líquido é de 0,5 m/s, portanto aplicando na equação do diâmetro:
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
131

O valor de velocidade recomendado para o trecho da linha de líquido que vai do reservatório de líquido
até o elemento de expansão é de 1,5 m/s, portanto aplicando na equação do diâmetro:

Após o cálculo, deve-se procurar os diâmetros de tubulação encontrados no comercio de peças de


refrigeração. No caso de tubos de cobre, encontram-se várias espessuras de parede, mas as mais comuns
para refrigeração são aquelas conhecidas como 1/32” que tem 0,79 mm e 1/16” que tem 1,58 mm. Observe
o quadro a seguir.

PAREDE 1/32" (0,79 MM) PAREDE 1/16" (1,58 MM)


DIÂMETRO EXTERNO
D. INTERNO PESO D. INTERNO PESO
POLEGADA MM MM KG/M MM KG/M
1/8" 3,17 1,59 0,053 - -
5/32" 3,96 2,38 0,071 - -
3/16" 4,76 3,18 0,089 - -
1/4" 6,35 4,77 0,124 3,19 0,213
5/16" 7,93 6,35 0,159 4,77 0,294
3/8" 9,52 7,94 0,195 6,36 0,355
7/16" 11,11 9,53 0,23 7,95 0,426
1/2" 12,7 11,12 0,266 9,54 0,497
9/16" 14,28 12,7 0,301 11,12 0,567
5/8" 15,87 14,29 0,337 12,71 0,638
3/4" 19,05 17,47 0,408 15,89 0,78
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
132

PAREDE 1/32" (0,79 MM) PAREDE 1/16" (1,58 MM)


DIÂMETRO EXTERNO
D. INTERNO PESO D. INTERNO PESO
POLEGADA MM MM KG/M MM KG/M
1 1/8" 28,57 26,99 0,62 25,41 1,205
1 1/4" 31,75 30,17 0,691 28,59 1,347
1 3/8" 34,92 33,34 0,762 31,76 1,489
1 1/2" 38,1 36,52 0,833 34,94 1,631
1 5/8" 41,27 39,69 0,904 38,11 1,772
1 3/4" 44,45 42,87 0,975 41,29 1,914
1 7/8" 47,62 46,04 1,046 44,46 2,056
2" 50,8 49,22 1,116 47,64 2,198
2 1/8" 53,97 - - 50,81 2,339
2 1/4" 57,15 - - 53,99 2,481
2 1/2" 63,5 - - 60,34 2,765
2 3/4" 69,85 - - 66,69 3,048
Quadro 36 - Dados dos tubos de cobre utilizados em refrigeração
Fonte: adaptado de Isoquip (2016)

O projetista deve procurar uma tabela de tubos de cobre que esteja disponível na região onde os
mesmos serão comprados, a fim de evitar discrepâncias entre o projeto e a instalação. Deve-se selecionar
os valores mais próximos e corrigir as velocidades, utilizando a equação da vazão volumétrica:

Para a linha de descarga, pode-se omitir a correção de velocidade em função da proximidade entre
o valor do diâmetro calculado e do comercial. Porém, nos demais casos, deve-se fazer a correção da
velocidade, sem se esquecer de entrar com o diâmetro da tubulação com a unidade em metro. Na linha de
sucção, a vazão volumétrica é igual a 4,4750×10-3 m3⁄s e a velocidade corrigida para o diâmetro comercial
de 22,24 mm seria igual a:
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
133

Para o trecho da linha de líquido que vai do condensador ao reservatório de líquido, a vazão volumétrica
é igual a 0,1271×10-3 m3⁄s e a velocidade corrigida para o diâmetro comercial de 19,06 mm seria igual a:

Para o trecho da linha de líquido que vai do reservatório de líquido até o elemento de expansão, a vazão
volumétrica é igual a 0,1271×10-3 m3⁄s e a velocidade corrigida para o diâmetro comercial de 11,12 mm
seria igual a:

Recomenda-se que o projetista monte uma tabela com os dados obtidos, que será útil nos demais
momentos do cálculo da tubulação:

DIÂMETRO INTERNO D. EXTERN


VELOCIDADE
LINHA CALCULADO COMERCIAL COMERCIAL CORRIGIDA (m/s)
(mm) (mm) (pol)
Descarga 7,93 7,94 3/8 14
Sucção 21,57 22,24 1 11,52
Líquido – condensador ao reservatório 17,99 19,06 7/8 0,4455
Líquido – reservatório ao elem. De expansão 10,39 11,12 1/2 1,31
Quadro 37 - Dados para cálculo da tubulação
Fonte: do Autor (2016)

Como a velocidade tem grande impacto na perda de pressão, foram adotados os valores médios
de velocidade procurando evitar o retrabalho de recalcular o diâmetro devido a uma perda de pressão
excessiva, que será determinada a seguir. É muito difícil acertar um valor de velocidade que proporcione o
menor diâmetro que atenda o limite máximo de perda de pressão na linha. Por este motivo, é bem possível
que você tenha que recalcular algumas vezes o diâmetro, a fim de tentar otimizar o diâmetro da tubulação
ou mesmo se ocorrer de exceder o limite de pressão. Portanto, recomenda-se que você utilize uma planilha
eletrônica para fazer os cálculos, a fim de otimizar o tempo e o trabalho.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
134

5.7.1 DETERMINAÇÃO DA PERDA DE PRESSÃO NA TUBULAÇÃO

Para determinar a perda de pressão das linhas de refrigeração é imprescindível que você elabore
um esboço, preferencialmente isométrico, com todos os componentes. Você terá que somar a perda de
pressão devido ao atrito na tubulação com a perda de pressão em todos os componentes existentes em
cada linha do circuito frigorífico e comparar com o diferencial de pressão, convertido do limite de queda
de temperatura, recomendado pela ASHRAE.

Evaporador

LS1 LL7
LS2

Condensador
LL1
LD

LL6
PHR LL2 PHR

LS3
Compressor
Reservatório
de Líquido

Sabrina da Silva Farias (2016)


Filtro
LL3

LL4 LL5

Figura 33 - Circuito frigorífico com indicação de medidas


Fonte: do Autor (2016)

Para determinar a perda de pressão nas linhas, você pode utilizar a equação proposta por Stoecker e
Jabardo (2002, p.219):

Onde:
∆p = queda de pressão ou perda de carga (Pa);
f = fator de atrito determinado no Diagrama de Moody;
L = comprimento da tubulação (m);
D = diâmetro da tubulação (m);
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
135

v = velocidade (m/s);
g = módulo da aceleração da gravidade (m/s2);
ρ = densidade do fluido (kg/m3);
Conforme citado, é necessário determinar o fator de atrito (f), pelo Diagrama de Moody. Observe.

Sabrina da Silva Farias (2016)

Figura 34 - Diagrama de Moody


Fonte: adaptado de Jones (1983)

Para a determinação de f no Diagrama de Moody é necessário o cruzamento do número de Reynolds


com a rugosidade específica (ε ⁄ D) do tubo, que é obtida por meio da rugosidade absoluta do material.
Segundo Stoecker e Jabardo (2002, p. 220), o número de Reynolds pode ser determinado pela seguinte
equação:

Onde:
D = diâmetro da tubulação (m);
v = velocidade (m/s);
Re = número de Reynolds;
ρ = densidade do fluido (kg/m3).
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
136

μ = viscosidade dinâmica do fluido (N*s/m2).


A rugosidade específica do tubo é obtida por meio da relação entre rugosidade absoluta do material e
o diâmetro:
Os materiais mais utilizados na construção das tubulações dos sistemas de refrigeração são o cobre e o
aço. Confira a rugosidade absoluta de ambos no quadro a seguir.

MATERIAL RUGOSIDADE ABSOLUTA ε


Cobre 0,0000015
Aço 0,000046
Quadro 38 - Valores de rugosidade absoluta
Fonte: adaptado de Stoecker e Jabardo (2002)

Você pode utilizar a equação a seguir para determinar a perda de pressão os trechos verticais de linhas
de líquido:
∆pvert=h×ρ×g
Onde:
∆p = queda de pressão ou perda de carga (Pa);
h = comprimento do trecho vertical da tubulação (m);
g = módulo da aceleração da gravidade (m/s2);
ρ = densidade do fluido (kg/m3).
Na sequência, veja como usar as tabelas de comprimento equivalente. Confira!

5.7.2 TABELAS DE COMPRIMENTO EQUIVALENTE

Existe uma forma prática em que o método clássico foi aplicado para determinadas situações, nas quais
foram gerados tabelas e ábacos, já comentados nesse capítulo, que tentam representar a perda de carga
de singularidades por meio de comprimentos equivalentes. Esses ábacos e tabelas de perda de carga são
específicos para a aplicação na qual foram concebidos como, por exemplo água fria, ar comprimido, vapor,
fluido refrigerante em tubulações de cobre etc.
Para utilizar a forma prática para calcular a perda de pressão ao longo da tubulação, você deve somar
os comprimentos equivalentes (Leq) das singularidades ao longo da tubulação para determinar a perda de
carga na equação de perda de carga:
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
137

No próximo item você vai conhecer alguns detalhes sobre a perda de carga na tubulação.

5.7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE PERDA DE CARGA

Stoecker e Jabardo (2002, p.223) afirmam que o efeito do diâmetro sobre a perda de pressão pode ser
avaliado pela combinação das seguintes equações:

Para isto considera-se uma condição 1, inicial, e uma condição 2, na qual serão alterados o diâmetro do
tubo ou a velocidade, isoladamente, mantendo-se as demais condições constantes:

Na análise das equações, verifica-se que a perda de pressão varia com a quinta potência do diâmetro.
Uma redução de 50% no diâmetro implica em um aumento correspondente de 32 vezes o valor da perda
de pressão original (STOECKER; JABARDO; 2002, p.224).

5.7.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE LINHAS DE SUCÇÃO

Os dois principais problemas que o projetista deve remediar na linha de sucção são evitar o retorno de
fluido refrigerante líquido para o compressor e promover o retorno do óleo lubrificante ao compressor.
O retorno de fluido refrigerante líquido para o compressor pode causar um maior arraste do óleo
lubrificante para o sistema de refrigeração. Grandes quantidades de fluido refrigerante na fase líquida
podem danificar as válvulas de baixa pressão do compressor ou até quebrar os parafusos do cabeçote e
danificar a biela. Existem vários métodos para evitar o retorno de fluido refrigerante líquido ao compressor,
que podem ser aplicados em conjunto e que impactam o projeto da tubulação:
a) elevar a altura do tubo coletor de saída do evaporador acima do mesmo, num dispositivo conhecido
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
138

como sifão;
b) utilizar um recurso conhecido na área de refrigeração como pump-down, no qual a fase líquida do
fluido refrigerante remanescente no evaporador foi evaporada antes do desligamento do compressor.
O sistema pump-down, que tem o objetivo de desligar o compressor (pump) por baixa pressão (down)
é muito simples e consiste na instalação de uma válvula solenoide na entrada do evaporador, que será
acionada por um termostato e um pressostato de baixa pressão, instalado na linha de sucção, que desligará
o compressor. Nesta situação, o termostato fecha a válvula solenoide quando a temperatura é atingida,
bloqueando a entrada de fluido refrigerante. Como o compressor continua ligado, a pressão diminui e
promove a evaporação do fluido refrigerante na fase líquida. Quando a pressão atinge o valor regulado no
pressostato, ocorre o desligamento compressor. Quando a temperatura volta a subir, o termostato abre a
válvula solenoide, liberando a entrada de fluido refrigerante no evaporador, que gradualmente aumenta a
pressão no mesmo e na linha de sucção. Quando a pressão atinge o valor regulado no pressostato, ocorre
o acionamento do compressor.
Você pode se perguntar, como o óleo lubrificante sai do compressor e se espalha pela tubulação do
circuito frigorífico? Primeiro, o óleo lubrificante é arrastado pelo fluido refrigerante e entra na câmara
de compressão. Isso acontece devido às características da miscibilidade entre os dois. Numa condição
de funcionamento normal, esta quantidade é pequena. Se a tubulação não for bem projetada, o fluido
refrigerante pode retornar em fase líquida ao compressor nos momentos de parada e partida do sistema
de refrigeração, em função do acúmulo no evaporador. O fluido refrigerante líquido tende a se depositar
no cárter do compressor, onde se encontra o óleo lubrificante. No momento da partida do compressor, o
fluido refrigerante líquido tende a se evaporar, mas como não dá tempo de se separar do óleo lubrificante,
arrasta-o junto consigo para dentro da câmara de compressão.
O óleo que foi para o sistema costuma se depositar nos pontos mais baixos do sistema. Em situações
nas quais o evaporador está instalado numa posição abaixo do compressor, o óleo lubrificante encontra
dificuldade em retornar para o compressor, pois precisa vencer uma coluna vertical formada pelo tubo
de sucção. Para que o óleo lubrificante consiga subir pela coluna vertical é necessário que se crie uma
condição de velocidade e depressão que o aspire para cima. O dispositivo normalmente utilizado é o sifão,
semelhante ao utilizados nas pias residenciais. Na medida em que ocorre o acúmulo do óleo lubrificante na
parte mais baixa, vai restringindo a passagem do fluido refrigerante e aumentando a velocidade. Quando a
passagem está quase bloqueada, a velocidade do fluido refrigerante é tão alta, que associada a depressão
causada pelo compressor no tubo de sucção, arrasta a massa de óleo lubrificante acumulada no sifão de
forma a subir o tubo vertical.

5.8 SELEÇÃO DOS CONTROLES E AUTOMAÇÃO DO SISTEMA

Automação é o significado de uma ação que ocorre automaticamente. Os sistemas de automação de


sistemas de refrigeração já utilizaram, em um passado recente, dispositivos mecânicos à base de molas
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
139

e outros pneumáticos. Atualmente, a automação utiliza dispositivos eletrônicos para fazer a leitura das
variáveis de controle e outros eletromecânicos para fazer a atuação. Os dispositivos mais modernos fazem
um controle preciso e permitem a conexão com a Internet e até com os smartphones.

5.8.1 CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DO TIPO DE AUTOMAÇÃO

É difícil imaginar um sistema de refrigeração que seja projetado nos dias atuais que não tenha ao menos
um termostato com display eletrônico.
A definição do tipo de automação deve iniciar com a identificação do tipo de autonomia que o cliente
deseja, que pode ser negociada diretamente com a pessoa que contrata o serviço, dependendo do porte
do projeto. Muitas vezes o cliente já tem algo em mente, que viu em algum lugar e quer algo similar. Deve-
se fazer uma série de perguntas para decidir o tipo de sistema, que pode ser stand-alone, supervisório para
monitoramento, automação e Supervisão Predial (SASP), confira a seguir mais detalhes.
a) Sistema stand-alone: neste conceito, os controladores possuem todas as malhas de controle
necessárias para o funcionamento do sistema de refrigeração, que são parametrizadas pelo técnico
nos botões do próprio dispositivo, funcionando sem o monitoramento de um computador.
Baloncici ([20--?])

Figura 35 - Tela de sistema de automação


Fonte: Thinkstock (2016)

b) Sistema supervisório para monitoramento: os controladores do tipo stand-alone possuem canais


de comunicação, que permitem visualizar as informações em um computador por meio de um
módulo de interface. Neste tipo de sistema, existe uma tela padrão por controlador, que permite o
acesso à maioria das informações disponíveis pelos botões na frente do dispositivo. Existem alguns
fabricantes de controladores que disponibilizam o software de forma gratuita na Internet. Muitos
destes softwares permitem o registro das informações nos computadores e conexão remota pela
Internet e até por celular.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
140

Isadora Luisa Bertotto (2016)


Figura 36 - Sistema de monitoramento
Fonte: adaptado de Full Gauge (2015)

c) Sistema de Automação e Supervisão Predial (SASP): é um sistema que integra outros subsistemas,
além da refrigeração, tais como o ar-condicionado, a iluminação, a energia elétrica etc. É utilizado
em hipermercados, fábricas e industrias e o foco principal é a programação personalizada, tanto
das telas gráficas quanto da lógica de controle dos equipamentos, que permite um alto grau de
intervenção nas rotinas de funcionamento. Este tipo de sistema possui licenças de softwares, cujo
valor é proporcional ao número de pontos monitorados ou programados.

Isadora Luisa Bertotto (2016)

Figura 37 - Tela de sistema supervisório


Fonte: adaptado de Elipse (2015)
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
141

A escolha do tipo de automação deve estar associada a perguntas como as que seguem, acompanhe.
a) O que o cliente quer?
b) O que o cliente realmente precisa em termos de facilidades?
c) O quais são as variáveis que o processo de refrigeração precisa controlar?
d) Existem tolerâncias das variáveis a serem mantidas no processo de refrigeração?
e) É necessário fazer algum banco de dados com os registros coletados pela automação do sistema de
refrigeração?
f ) É necessário fazer algum tipo de relatório com as informações registradas pela automação do sistema
de refrigeração?
g) É necessário manter a documentação referente a rastreabilidade dos sensores utilizados para o
controle do processo de refrigeração?
h) O sistema será monitorado ou operado remotamente pela Internet?
i) Quanto o cliente está disposto a pagar pelas facilidades da automação?
Em geral, os dispositivos de controle simples medem uma variável controlada (entrada) por meio de
um sensor ou transdutor e controla o acionamento de um contato (saída), que recebem os nomes de
termostatos, pressostatos, umidostatos etc. Um dispositivo típico teria cerca de dez parâmetros a serem
ajustados para seu correto funcionamento.
Isadora Luisa Bertotto (2016)

Figura 38 - Dispositivo de controle de uma variável


Fonte: adaptado de Every Control (2010)

Existem dispositivos um pouco mais complexos que fazem o controle de temperatura e degelo. Em
geral, possuem duas variáveis controladas físicas (entradas), a temperatura do ambiente refrigerado e a da
superfície do evaporador, uma série de variáveis lógicas, tais como: os tempos de acionamento e espera;
e vários contatos (saídas). Em um dispositivo típico, com 3 ou 4 contatos (ventilador, compressor, válvula
solenoide ou resistência de degelo) existiriam cerca de 40 a 50 parâmetros para serem ajustados para o seu
correto funcionamento.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
142

Sabrina da Silva Farias (2016)


Figura 39 - Dispositivo de controle de temperatura e degelo
Fonte: adaptado de Jonhis (2016)

Existem dispositivos de média complexidade que fazem o controle de capacidade, inclusive do


superaquecimento e do subresfriamento. Um modelo analisado possui quatro variáveis controladas físicas
(entradas), duas temperaturas, uma pressão e um contato, uma série de variáveis lógicas, tais como: os
tempos de acionamento e espera e sete saídas, sendo uma saída analógica para um inversor de frequência
e seis contatos (cinco estágios e um alarme). Este dispositivo teria cerca de 40 parâmetros para serem
ajustados para o seu correto funcionamento.

Sabrina da Silva Farias (2016)

Figura 40 - Dispositivo de controle de capacidade em estágios


Fonte: adaptado de Full Gauge (2013)

Algo que você deve ter observado nas figuras anteriores é que os controladores são muito parecidos
fisicamente, mesmo que a função seja diferente. A menos que você conheça a linha de produtos de um
fabricante de controladores de refrigeração, é praticamente impossível dizer o que um determinado
dispositivo faz, sem a folha de dados (data sheet). Outro ponto importante é que não existe uma
padronização de funções, por parte do fabricante, portanto a função F6 de um controlador pode definir o
alarme de pressão baixa, enquanto em outro pode ser a parada do ventilador por alta temperatura.
Existem ainda modelos de controladores que fazem praticamente as mesmas funções, mas a interface
com o operador é diferente, ou seja, o número de botões também não é uma referência para definir a
complexidade do dispositivo.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
143

Sabrina da Silva Farias (2016)


Figura 41 - Dispositivo de controle com várias opções de intervenção do técnico
Fonte: adaptado de Carel (2013)

A seguir, aprenda sobre a especificação de controles e automação de sistemas.

5.8.2 ESPECIFICAÇÃO DOS CONTROLES E AUTOMAÇÃO DO SISTEMA

Para selecionar o controle e os sistema de automação, você deverá utilizar todas as informações já
explanadas anteriormente. Deve-se ter em mente que tudo aquilo que será controlado deve ser medido e
atuado. Isto significa que é necessária previsão de:
a) um sensor ou transmissor que medirá a grandeza a ser controlada;
b) um controlador que fará a comparação do valor da grandeza com o valor de ajuste, o setpoint;
c) um atuador que modificará a posição de algum componente para aumentar ou diminuir a energia
ou alguma propriedade do processo controlado.
A seleção de controles para refrigeração costuma ser um pouco mais simples do que para climatização,
uma vez que existem muitos fabricantes de controladores com soluções prontas e específicas para a
maiorias das aplicações, bastando ao projetista uma pesquisa de mercado. Geralmente, as parametrizações
são relativamente simples, bastando experiência ao técnico na hora de configurá-las e a intervenção
de profissionais da área de automação e controle ocorre apenas em empreendimentos grandes, como
hipermercados, fábricas e indústrias, onde são utilizados Controladores Lógico Programáveis (CLP) e
sistemas supervisórios de nível complexo.
A seguir, acompanhe algumas das necessidades mais comuns que são facilmente supridas pelas
soluções ofertadas pelos fabricantes de controladores de refrigeração.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
144

O compressor desliga em uma temperatura determinada


Controle de temperatura pelo setpoint e liga no valor do setpoint acrescido de um
diferencial. É possível reverter a lógica para controle de
aquecimento mudando um parâmetro.

O compressor desliga em uma pressão determinada pelo


Controle de pressão setpoint e liga no valor do setpoint acrescido de um
diferencial. É possível inverter os valores de liga e desliga
mudando um parâmetro.

Possui a malha de controle de temperatura mais um


Controle de temperatura temporizador interno que acumula o tempo para os
e degelo intervalos de degelo e o fim do mesmo pelo sensor (sonda)
do evaporador. Existem modelos específicos para degelo,
por ar, por resistência e por gás quente e outros que
englobam dois ou mais tipos de degelo que são
determinados por meio dos parâmetros. Existem ainda
alguns modelos em que é possível determinar o horário
no qual se deseja realizar o degelo.

Como o evaporador é um desumidificador natural,


normalmente utiliza-se na refrigeração um controlador para
Controle de umidade acionar um umidificador a fim de manter um valor mínimo
de umidade relativa dentro do espaço refrigerado,
portando desliga o umidificador no valor do setpoint e
liga no valor de setpoint mais diferencial.

Utiliza-se a pressão do sistema para controlar o número de


compressores a ser acionados. Existem parâmetros que

Patricia Marcilio (2016)


Controle de capacidade definem o número de compressores e os pontos de liga e
desliga (steps) de cada estágio. Existem modelos que fazem
um acionamento sequencial e outros que levam o tempo
de funcionamento (rodízio) para acionar os estágios.
Figura 42 - Necessidades solucionadas pelos controladores de refrigeração
Fonte: do Autor (2016)

Acompanhe na sequência um caso que traz a história de um técnico recém-formado.


5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
145

CASOS E RELATOS

Controlando a capacidade do rack de refrigeração


Um técnico recém-formado foi contratado para trabalhar em uma empresa instaladora de sistemas
de refrigeração para supermercados. No primeiro dia, acompanhou o engenheiro, que o levou a
uma grande instalação que a empresa estava terminando. O engenheiro pediu que ele instalasse
um dispositivo de controle na porta de um painel, que já estava recortado, e fizesse as interligações
elétricas, conforme o projeto. Vendo a expressão de espanto do rapaz, o engenheiro perguntou:
você conhece um sistema de controle de capacidade? O técnico respondeu que tinha estudado o
controle de capacidade na escola, mas como era a primeira vez em campo, se sentia meio perdido.
O engenheiro, então, começou a explicar desde o início: quando uma instalação possui uma
capacidade frigorífica grande, é comum subdividir o compressor em várias unidades menores,
a fim proporcionar melhor controle, eficiência e reduzir o consumo de energia. A concepção de
instalação de vários compressores menores é conhecida como rack, disse o engenheiro enquanto
apontava para uma estrutura que estava sendo finalizada. O rack necessita de algum tipo de
dispositivo de controle que decida quantas e quais unidades devem ser acionadas em função
da carga, que é o dispositivo que você vai instalar no painel elétrico. Uma das maneiras de fazer
este controle é por meio da pressão que, de certa forma, traduz a necessidade de mais carga
térmica, pois quando se atinge as temperaturas nos evaporadores que estão lá em cima da loja,
os termostatos fecham as válvulas solenoides interrompendo a entrada de fluido refrigerante. O
fluido refrigerante remanescente no evaporador tende a se evaporar diminuindo a pressão até o
valor atual da linha de sucção. Quando vários evaporadores atingem a temperatura, a tendência
é reduzir a pressão de toda a linha de sucção. O sensor de pressão do controle de capacidade
compara o valor da pressão atual com o ponto de desligamento, que terá um determinado
valor de pressão, do primeiro estágio, e o desliga. Se a pressão continuar a diminuir, ocorrerá o
desligamento dos demais estágios de forma análoga. Por outro lado, se a carga térmica aumentar
nos evaporadores, ocorrerá o acionamento em forma inversa. Você entendeu como funciona o
controle de capacidade? O técnico respondeu que sim. Então o engenheiro emendou: agora, você
fecha as interligações do painel que vou trazer alguém para ajudar a identificar os cabos que vem
do campo, que devem ser todos testados em relação a continuidade. O técnico ficou feliz pelo
aprendizado e continuou seu trabalho.

No próximo item você vai aprender sobre a especificação e seleção de materiais. Continue estudando!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
146

5.9 ESPECIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE MATERIAIS

Cada aplicação de engenharia possui uma finalidade que requer determinadas características dos
materiais. Essas características são especificadas nos editais de concorrência ou nas normas internas das
empresas. Quando o cliente não especifica em documento próprio, fica subentendido que o projetista
precisa procurar as normas técnicas relativas ao projeto que precisa executar, além de todas as legislações
pertinentes. Este fato faz com que o projetista tenha que se atualizar constantemente, a fim de conceber
sistemas que atendam todas as regulamentações. Praticamente toda as atividades possuem uma norma
técnica ou uma legislação a ser seguida, que você pode pesquisar na Internet com uma ferramenta de
busca. Procure primeiro pelas leis e decretos, que implicam na responsabilidade civil do profissional. Uma
lei ou um decreto geralmente possui uma série de referências logo no início, nas quais a redação geralmente
é “considerando a lei ...” ou “considerando a norma...”. Este fato também acontece com as normas técnicas.
Portanto, uma sugestão é que você leia as referências, que são a base de sustentação, tanto das legislações
quanto das normas técnicas.
Não se esqueça que você tem de atender as normas técnicas e legislações, que são citadas nos editais
de concorrência, conforme comentado no início. Portanto, não adianta você representar uma especificação
de uma tubulação por NBR se o edital pede a ASTM, mesmo que exista uma lei que obrigue a empresa a
utilizar as normas nacionais. Também é comum que empresas tenham as normas específicas, tais como
a Petrobrás ou a Embratel, que você terá que seguir, independente de existirem outras nacionais ou
internacionais.

RECAPITULANDO

Você aprendeu, nesse capítulo, a selecionar o fluido refrigerante para o sistema de refrigeração,
tendo por base as suas propriedades, os aspectos ambientais, as aplicações recomendadas pelos
fabricantes e o desempenho termodinâmico dos ciclos frigoríficos com o auxílio do Diagrama
Pressão Entalpia.
Você também aprendeu a definir o número de estágios do sistema tendo por base a potência de
compressão para sistemas de baixa temperatura, a capacidade parcial e múltiplas temperaturas.
Viu como selecionar o evaporador, o compressor, a unidade de condensação e as válvulas de
expansão e de regulagem de pressão de evaporação.
5 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
147

Você também aprendeu a dimensionar a tubulação das linhas de fluido refrigerante e viu as
principais características da automação e controle dos sistemas de refrigeração, bem como os
critérios para selecionamento.
Após elaborar o projeto e fazer todas as especificações é possível fazer o orçamento da instalação.
Siga em frente!
Entrega do Projeto

Depois que o projeto é executado, é necessário saber quanto vai custar a instalação de tudo
aquilo que foi previsto, elaborando o orçamento e a proposta comercial que será apresentada
ao cliente. Paralelamente, também é necessário organizar todas as informações de forma
padronizada, no memorial descritivo.
Vamos aprender a elaborar o orçamento, estratificando todos equipamentos e componentes
necessários ao funcionamento do sistema de refrigeração. Também aprenderemos a orçar
todos os custos que envolvem a instalação do sistema de refrigeração, tal como a mão-de-
obra, a locação de instrumentos e ferramentas específicos para uma determinada atividade, a
contratação de serviços terceirizados e o transporte.
Em seguida vamos aprender a elaborar o cronograma de execução e acompanhamento,
tanto do projeto quanto da instalação. Com o cronograma pode-se prever as atividades que
serão realizadas e organizar os recursos físicos, humanos e financeiros para atingir as metas
nele estabelecidas.
Depois de elaborar o cronograma, é possível detalhar a utilização dos recursos humanos
necessários à execução do projeto ou da instalação. Aprenderemos a definir quais, quantos e
quando os profissionais deverão desempenhar as suas atividades no projeto ou na instalação,
para então precificar a respectiva mão-de-obra. Aprenderemos ainda que podemos contar
com recursos humanos da própria empresa e que podemos subcontratar de outras, quando
for conveniente para o trabalho que estiver sendo realizado.
Vamos aprender a estabelecer o valor de venda dos produtos e serviços, que além de cobrir
os gastos, precisa prover algum lucro para quem está investindo na empresa.
Em seguida, vamos aprender a como organizar toda a informação elaborada ao longo do
desenvolvimento do projeto para compor o memorial descritivo, tais como os cálculos, os
selecionamentos, os desenhos, os estudos de viabilidade etc.
Após os estudos desse capítulo você estará apto a:
a) calcular o custo da execução da instalação de sistemas de refrigeração;
b) definir os recursos humanos para a execução do projeto;
c) elaborar cronograma de execução da instalação;
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
150

d) monitorar as etapas do projeto.


Vamos começar entendendo os propósitos do orçamento para cada fase da prestação de serviços. Bons
estudos!

6.1 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO

O orçamento é uma parte fundamental do trabalho, pois baliza as decisões técnicas e permite elaborar
os cálculos de viabilidade. A elaboração do orçamento da instalação implica em quantificar todos os
elementos que serão utilizados no projeto e varia um pouco conforme a fase, veja!
Na fase de projeto: o orçamento é menos detalhado e leva em consideração os elementos mais
significativos da instalação. Em geral, a função do orçamento é ajudar o projetista e o cliente a decidir pela
concepção de um tipo de sistema ou outro.
Na fase de concorrência: o orçamento é mais detalhado, pois se faltar algum elemento do custo,
implica em prejuízo.
Todo orçamento implica em duas fases:
Levantamento: processo no qual é feita a contagem de todos os elementos necessários à instalação,
previsto no projeto básico ou executivo. Neste momento, é necessário montar uma tabela, com no mínimo,
os seguintes campos:
a) categoria;
b) descrição do item;
c) especificação técnica;
d) quantidade;
e) observações.
Precificação: processo no qual os itens levantados na etapa anterior são orçados. Neste momento, é
necessário encaminhar as informações de cada item para que os fornecedores informem os respectivos
custos. Esta etapa implica em categorizar os itens, pois nenhum fornecedor dispõe de todos os produtos,
por exemplo em lojas ou representações comerciais.
a) Comércio de peças de refrigeração: equipamentos, controladores, fluido refrigerante, óleo lubrifi-
cante, tubos de cobre e isolamento, varetas de solda etc.
b) Fabricantes de painéis pré-moldados para montagem de câmaras.
c) Comércio de madeira: podem ser encontrados em formas de chapas, compensados, vigas, tábuas,
sarrafos etc.
d) Comércio de fórmica: para acabamentos dos equipamentos montados, além de resinas e colas para
fixação.
e) Comércio de aço: vigas, chapas e perfilados.
6 ENTREGA DO PROJETO
151

f ) Comércio de tubos e conexões hidráulicas.


g) Lojas de ferragens: parafusos, rodízios, vergalhões, perfilados de sustentação, amortecedores de
vibração.
h) Comércio de material elétrico: disjuntores, fusíveis, contatores, eletroduto, conduletes, fiação.
i) Fabricantes de ventiladores e caixas de ventilação.
j) Comércio de bombas de água.
No momento da precificação deve-se perguntar ao fornecedor se todos os impostos estão inclusos. Os
impostos normalmente encontrados nos produtos são o ICMS e o IPI. O fornecedor tem a obrigação de
informar quais são os impostos que incidem no produto a ser fornecido e as respectivas alíquotas.

FIQUE Fique atento à substituição tributária de ICMS na hora de fazer o orçamento!


ALERTA

Outro cuidado é em relação aos produtos importados, que normalmente são faturados pelo dólar
comercial (US$) no dia, ou seja, o valor é informado em dólar e convertido em Reais (R$) no dia da compra.

CURIOSI Você sabia que existem valores diferentes para compra e venda do dólar?
DADES

Para elaborar o orçamento é comum utilizar planilhas eletrônicas, pois o número de cálculos é
relativamente grande e muitas vezes é necessário alterar algum dado que pode alterar todos os valores.
Você pode usar uma planilha como a que está disponível a seguir.

ORÇAMENTO: CUSTO VENDA


SUBTOTAL

SUBTOTAL
UNITÁRIO

UNITÁRIO
UNIDADE

EMBALA-
MODELO
MARCA

QUANT

ICMS
ITEM

GEM

BDI
ISS

DESCRIÇÃO
IPI

1 Componentes mecânicos, eletroeletrônicos e eletromecânicos


1.1
1.2
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
152

ORÇAMENTO: CUSTO VENDA

SUBTOTAL

SUBTOTAL
UNITÁRIO

UNITÁRIO
UNIDADE

EMBALA-
MODELO
MARCA

QUANT

ICMS
ITEM

GEM

BDI
ISS
DESCRIÇÃO

IPI
2 Materiais de consumo
2.1
2.2
3 Instrumentos e ferramentas
3.1
3.2
4 Mão de obra
4.1
4.2
5 Serviços terceirizados
5.1 Obras de infraestrutura
5.2
6 Transporte de pessoas e materiais
6.1
6.2
TOTAL
Quadro 39 - Exemplo de planilha de orçamentos
Fonte: do Autor (2016)

A seguir, aprenda sobre o impacto do valor dos componentes mecânicos, eletroeletrônicos e


eletromecânicos no orçamento.

6.1.1 ORÇAMENTO DE COMPONENTES MECÂNICOS, ELETROELETRÔNICOS E ELETROMECÂNICOS

Os principais elementos do projeto encontram-se nesta categoria e a sua somatória implica num grande
percentual do custo. Estão nesta categoria:
a) equipamentos de refrigeração: compressores, evaporadores, unidades condensadoras, ventiladores,
exaustores, torres de resfriamento, válvulas de expansão;
b) equipamentos auxiliares: bombas de água, reservatórios de água;
c) tubulação de cobre com os respectivos isolamentos;
d) controles: controladores, termostatos, pressostatos, válvulas, sensores, transdutores etc.;
e) parte elétrica: painéis e quadros elétricos, eletrodutos, conduletes, fiação etc.;
f ) suportes: perfilados, vergalhões, porcas, arruelas, grampos de fixação etc.;
g) fluidos refrigerantes utilizados na carga inicial de alguns tipos de equipamento;
h) tubulação hidráulica e conexões com os respectivos isolamentos, quando for o caso.
6 ENTREGA DO PROJETO
153

Geralmente são materiais que são difíceis de serem mensurados, pois dependem do trabalho que
será realizado e da perícia dos profissionais que vão utilizá-los. Alguns possuem fórmulas que podem ser
utilizadas para calcular a quantidade para um determinado trabalho. Outras vezes os valores unitários
são tão baixos que muitos orçamentistas preferem lançar um valor em dinheiro, chamado de verba para
cobrir seus gastos. É necessário alguém com experiência no processo que será executado para estimar a
quantidade necessária. De uma maneira geral, você pode considerar como consumo aqueles materiais
que são comprados por quilograma, por volume ou por saco e que são difíceis de quantificar, tais como: as
varetas de solda, parafusos e gases em geral. Alguns exemplos de materiais que podem ser considerados
como consumo:
a) gases de solda com oxigênio e acetileno;
b) gases como nitrogênio, utilizado para pressurização;
c) eletrodos e varetas de soldas e os fluxos;
d) rebites, parafusos, porcas e arruelas de tamanhos pequenos utilizados para fixação geral;
e) ferramentas manuais como chaves de fenda e alicates.
Durante a fase de instalação de um sistema, é comum que uma empresa tenha que alugar instrumentos
e ferramentas para atividades específicas. Aprenda mais sobre estes, a seguir.

6.1.2 CUSTOS DOS INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS

Em geral, instrumentos e ferramentas fazem parte do patrimônio físico da empresa e seu custo de
aquisição não deve ser somado ao orçamento de uma instalação, a menos que seja algo especifico e que
depois será fornecido ao cliente.
Geralmente são previstos os custos de locação de instrumentos e ferramentas especiais cujo valor seja
alto e que não compense ser adquirido em função da frequência de utilização, por exemplo:
instrumentos de medida;
plataformas de elevação;
A elaboração do cronograma tem função importante na execução de um projeto. Mantenha-se
concentrado e, na sequência, aprenda sobre este importante tema.

6.2 ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA

Um cronograma é um documento que detalha o alcance de um objetivo maior por meio de tarefas nas
quais são representadas as suas respectivas durações. Existem vários modelos que procuram detalhar as
tarefas com informações adicionais como as datas de início e término, as pessoas responsáveis, a dependência
entre as tarefas etc. Também é comum encontrar subtarefas, por exemplo, numa instalação de refrigeração
poderíamos tarefas principais como mecânica, elétrica e hidráulica, executadas por equipes diferentes, cada
uma com as suas subtarefas. A mecânica poderia ter as subtarefas de instalação de equipamentos, testes
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
154

e partida. A elétrica poderia tem instalação de eletrodutos, passagem de fiação, instalação de controles.
A hidráulica poderia ter instalação de tubulação, isolamento e instalação de válvulas. Para quem entende
de refrigeração, fica claro que é impossível realizar os testes e a partida se as demais tarefas não estiverem
concluídas, isto é, elas são dependentes das demais. Neste caso, o cronograma ajudaria muito, pois uma
pessoa entenderia a sequência de instalação, mesmo que não fosse um especialista da área.
A seguir, você aprenderá sobre a elaboração de cronograma. Inicie seus estudos sobre o assunto pela
elaboração de cronograma de desenvolvimento.

6.2.1 ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

O projetista de sistemas de refrigeração deve elaborar um cronograma avaliando os recursos físicos,


humanos e financeiros para executar o projeto dentro do prazo estipulado em conjunto com o cliente.
Os recursos físicos estão relacionados aos equipamentos, máquinas e materiais necessários à execução.
Podem ser os computadores com softwares de desenho e planilhas eletrônicas, para a fase de projeto, por
exemplo.
Os recursos humanos são as pessoas envolvidas com o projeto ou a instalação. Aqui, deve-se mapear
as pessoas e suas competências para realizar as atividades envolvidas no projeto. Por exemplo, na fase de
projeto, uma pessoa deve ficar responsável pela estimativa de carga térmica, outra para fazer os desenhos
da instalação e uma terceira para elaborar o memorial descritivo. Dependendo das competências do
profissional, do tamanho do projeto e do prazo disponível uma mesma pessoa pode realizar mais de uma
atividade.
Os recursos financeiros estão relacionados às parcelas de dinheiro que alguém irá desembolsar para
comprar os equipamentos, os materiais e os salários dos trabalhadores, além de manter os custos de
deslocamento e estacionamento de veículos etc. O projetista tem de fazer uma estimativa de custos e
dispor os desembolsos numa linha de tempo, afim de elaborar um fluxo de caixa. Os serviços pequenos,
sejam os projetos ou instalações, costumam ser pagos no término. Os serviços maiores costumam ter um
sinal e um cronograma de pagamentos ao longo da entrega dos serviços.
08/MAI

15/MAI

22/MAI

29/MAI

05/JUN

12/JUN

19/JUN

IDENTIFICAÇÃO NOME DA TAREFA INÍCIO TÉRMINO DURAÇÃO

1 Anteprojeto 06/05/2016 16/05/2016 7d


2 Levantamento de dados 06/05/2016 06/05/2016 1d
3 Cálculo de carga térmica 09/05/2016 10/05/2016 2d
Seleção de equipamentos
4 11/05/2016 11/05/2016 1d
principais
5 Orçamentos 12/05/2016 13/05/2016 2d
6 Estudos de viabilidade 16/05/2016 16/05/2016 1d
6 ENTREGA DO PROJETO
155

08/MAI

15/MAI

22/MAI

29/MAI

05/JUN

12/JUN

19/JUN
IDENTIFICAÇÃO NOME DA TAREFA INÍCIO TÉRMINO DURAÇÃO

Reunião para definição do


7 17/05/2016 17/05/2016 0d X
sistema
8 Projeto básico 18/05/2016 10/06/2016 18d
Dimensionamento de
9 18/05/2016 20/05/2016 3d
tubulação de cobre
Estudo e especificação de
10 elementos de vibração e 23/05/2016 25/05/2016 3d
retorno de óleo
Estudo e especificação de
11 elementos de bloqueio e 26/05/2016 01/06/2016 5d
acúmulo de fluido
12 Elaboração de desenhos 18/05/2016 25/05/2016 6d
Especificação de controles
13 26/05/2016 03/06/2016 7d
e automação
Dimensionamento da
14 06/06/2016 10/06/2016 5d
parte elétrica
15 Orçamentos 18/05/2016 10/06/2016 18d
16 Documentação 13/06/2016 21/06/2016 7d
17 Memorial descritivo 13/06/2016 17/06/2016 5d
Levantamento de normas
18 17/06/2016 21/06/2016 3d
e Catálogos
19 Entrega final 23/06/2016 23/06/2016 0d X
Quadro 40 - Exemplo de cronograma preenchido
Fonte: do Autor (2016)

É sempre importante que o projetista planeje uma etapa para fazer os ajustes, tanto no projeto quanto
na instalação. É comum ter que corrigir alguma coisa que não tenha agradado ao cliente ou mesmo algo
que apresentou problema.
Para tentar evitar atrasos, uma sugestão é tentar programar as atividades em 70% do tempo disponível.
Se você conseguir entregar o projeto antes do tempo, vai exceder as expectativas do cliente. Se ocorrer
algum tipo de problema, enquanto executa o trabalho, você replaneja o cronograma.
Uma vez que você aprendeu sobre elaboração de cronograma de desenvolvimento, chegou a vez de
aprender sobre a elaboração de um cronograma de execução; acompanhe.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
156

6.2.2 ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Para elaborar o cronograma, é necessário listar todas as atividades e definir os tempos de início e término
das atividades, verificando se existem interdependências entras elas. O exemplo a seguir é um cronograma
relacionado a tarefa de “Testes de funcionamento” e depende da “Instalação do condicionador de ar”. Se
ocorrer atraso na tarefa precedente, também ocorrerá atraso na próxima tarefa. Neste cronograma, ocorre
a execução de atividades paralelas, em função de um número maior de equipes.

NOME DA TAREFA
IDENTIFICAÇÃO

DURAÇÃO
TÉRMINO

06/MAI
08/MAI
10/MAI
12/MAI
14/MAI
16/MAI
18/MAI
20/MAI
22/MAI
24/MAI
26/MAI
28/MAI
30/MAI
01/JUN
03/JUN
05/JUN
07/JUN
INÍCIO

Montagem
1 06/05/2016 12/05/2016 5d
câmara
Instalação
unidade
2 12/05/2016 20/05/2016 6d 4h
condensa-
dora
Instalação
3 12/05/2016 20/05/2016 6d 4h evapora-
dor
Instalação
4 23/05/2016 25/05/2016 3d válvulas e
controles
Testes de
5 30/05/2016 01/06/2016 3d funciona-
mento
6 06/06/2016 06/06/2016 1d Entrega
Quadro 41 - Exemplo de um cronograma básico
Fonte: do Autor (2016)

Confira na sequência, as ferramentas para acompanhar as etapas do projeto.

6.2.3 FERRAMENTAS DE ACOMPANHAMENTO DE ETAPAS DO PROJETO

Para fazer o acompanhamento das etapas de um projeto, é necessário realizar algumas atividades, tais
como as listadas a seguir.
a) Acompanhamento por meio do cronograma, constatando as atividades que estão sendo executadas
dentro do prazo estipulado. Na obra, você pode ir riscando a barra de tempo de cada tarefa ou utilizar
6 ENTREGA DO PROJETO
157

um programa de computador para simplificar a tarefa.


b) Elaborar a matriz RACI, que é um quadro com os responsáveis pelas atividades e suas responsabili-
dades no projeto:
b.1 R: responsável, pessoa que executa o trabalho;
b.2 A: autoriza, pessoa que efetivamente decide;
b.3 C: consulta, pessoa consultada antes de tomar a ação ou a decisão;
b.4 I: informa, pessoa que é informada sobre a decisão.
c) Ponto de armazenamento e consulta dos trabalhos: pode ser uma pasta em uma rede corporativa
ou na Internet.
d) O cronograma é a ferramenta que permite verificar se o trabalho está sendo executado conforme foi
planejado e tratar as discrepâncias entre o previsto e o realizado antes de impactar no prazo final de
entrega.

6.2.4 TEMPO DE EXECUÇÃO DA OBRA

É a somatória de tempo das atividades menores. Para definir exatamente o tempo de execução,
é necessário elaborar o cronograma de execução, pois várias atividades podem ser realizadas em
concomitância.

6.3 RECURSOS HUMANOS

Sem dúvida o grande problema da maioria das empresas é a estimativa de horas para executar um
determinado serviço. Este é um assunto bastante amplo, pois dependem vários fatores. Nesta seção, você
aprenderá quais são eles.

6.3.1 MÃO DE OBRA

O tempo de execução depende da competência dos profissionais que a executam. Sobre esta
competência, é importante considerar:
a) o conhecimento - o domínio principalmente teórico do que vai se fazer;
b) a habilidade - o domínio psicomotor para executar os serviços, que é obtida por meio da repetição;
c) a atitude - a vontade de fazer bem feito e de se antever aos problemas que vão surgir.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
158

Após a elaboração do cronograma, você terá os tempos estimados para cada tarefa. Nesta estimativa,
é necessária a participação de alguém com experiência no processo para estimar os números de horas
e a equipe necessária. Quando não existe este profissional disponível na empresa, é necessário que o
orçamentista avalie as condições e faça uma previsão por meio de somatória de tempos de atividades
menores ou consultar uma empresa terceirizada que possa executar o serviço.
Ao contrário de um processo de produção, não existem muitos estudos específicos para a área de
refrigeração, porém o orçamentista pode procurar algumas publicações da construção civil que possuem
um trabalho semelhante.
É muito comum estimativas do tipo: para instalar os equipamentos X, Y e Z são necessários três dias com
uma equipe de 1 técnico, 2 mecânicos, 1 eletricista e 3 ajudantes.
Neste caso, determina-se o Homem/Hora (HH), ou seja, divide-se o salário mais encargos pelo número
de horas mensal. Para uma jornada de 44 horas semanais, o cálculo seria:

Na sequência, você terá um exemplo de quadro para cálculo do custo da mão de obra.

CARGO SALÁRIO ENCARGOS HH HORAS SUBTOTAL


Técnico
Mecânico
Eletricista
Ajudantes
Total
Quadro 42 - Cálculo do custo de mão de obra
Fonte: do Autor (2016)

O custo de encargos depende do porte da empresa e dos benefícios oferecidos aos funcionários,
variando por exemplo de 1,7 a 1,9; muitos orçamentistas adotam 2 para simplificar os cálculos.

SAIBA Para aprender mais sobre encargos trabalhistas, acesse o Portal Brasil. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/02/custos-com-empregado-
MAIS vao-alem-do-salario>. Acesso em: 14 jun. 2016.
6 ENTREGA DO PROJETO
159

Algumas empresas precisam contratar serviços terceirizados. Estes serviços geralmente estão associados
à mão de obra. Para aprender mais sobre este assunto, siga em frente!

6.3.2 SERVIÇOS TERCEIRIZADOS

É comum subcontratar serviços para os quais a empresa não tem a competência de executar, seja
pela experiência, pelo ferramental ou mesmo pelo tempo disponível. Uma empresa especializada em um
determinado tipo de serviço pode reduzir bastante o custo, principalmente se for levado em consideração
o retrabalho e a reposição de materiais desperdiçados devido à falta de competência. Alguns exemplos de
serviços terceirizados estão listados a seguir.
a) Transporte de equipamentos, principalmente, os verticais quando são necessários guindastes e
caminhões do tipo Munk.
b) Ensaios diversos: microbiológicos, de soldas, de óleos etc.
c) Serviços técnico especializados.
A seguir, aprenda sobre o transporte de pessoas e materiais. Confira!

6.3.3 TRANSPORTE DE PESSOAS E MATERIAIS

Para estimar o custo de deslocamento de pessoas e materiais para a execução de algum tipo de serviço,
que chamamos genericamente de obra, é necessário identificar qual será o meio de transporte utilizado.
Trabalhos pequenos de uma semana ou menos é comum que o pessoal técnico se encontre na empresa e
seja deslocado até a obra, o que geralmente ocorre por meio de veículos da empresa ou do funcionário, que
é reembolsado posteriormente. Quando a duração da obra é maior do que um mês, é comum determinar a
obra como posto de trabalho dos funcionários e o custo se torna o do vale-transporte ou do reembolso de
passagens. Para estimar o custo relativo a rodagem por veículos:
a) determina-se o valor a ser pago ao funcionário pelo quilômetro rodado, que leve em consideração
o combustível, a depreciação do veículo, a troca de óleo, o desgaste dos pneus etc. Mesmo que a
empresa utilize o veículo próprio é necessário ter um parâmetro de custo como este para conseguir
efetuar o orçamento (R$/Km);
b) estima-se a trajeto da empresa até a obra em quilômetros, com auxílio de um mapa (Km/viagem));
c) faz-se o levantamento do número de dias nos quais ocorrerá deslocamento da empresa até a obra,
conforme previsto no cronograma. Cuidado, pois, existem tarefas que acontecem somente na em-
presa e não implicam em deslocamento até a obra (dias/obra);
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
160

d) determina-se o número de veículos que será necessário para levar o pessoal até a obra, conforme
previsto no cronograma. Dependendo do tipo e tamanho do transporte, pode ser necessário fazer
mais de uma viagem por dia, tal como nos momentos de entrega de materiais e ferramentas (via-
gens/dia).
Com todas estas informações, faz-se uma multiplicação simples para determinar o custo de transporte
de materiais e pessoas, acompanhe:

Quando o volume e a quantidade de material são grandes, tal como no início dos serviços, é comum
contratar uma empresa transportadora para levar o material até a obra. Estas empresas, de maneira geral,
possuem seguro contra acidentes, minimizando o risco de perder toda a carga e de futuros prejuízos.
Para orçar o custo de transporte, é necessário ter uma estimativa do volume e peso da carga, além dos
pontos de coleta e entrega do material. Quando possível, é combinado com os fornecedores para que a
entrega ocorra diretamente na obra, diminuindo o trabalho logístico.
Até agora, você aprendeu sobre os trabalhos que podem ser realizados pelo profissional da área de
refrigeração, porém existem atividades que ele não pode realizar, como você verá a seguir!

6.3.4 OBRAS DE INFRAESTRUTURA

Nenhum profissional pode realizar atividades que estejam fora das atribuições de sua formação, que
são fiscalizadas pelos conselhos de classe e pelos órgãos públicos competentes. A área de refrigeração
se enquadra no escopo da engenharia mecânica, no que se refere a instalação e manutenção de
sistemas e equipamentos. Muitas vezes ocorre a necessidade de construir algo, durante a instalação dos
equipamentos de refrigeração, tal como uma plataforma ou uma casa de máquinas, que a rigor, fogem do
escopo da engenharia mecânica e precisam ser subcontratados, a fim de resguardar o profissional quanto
as responsabilidades civil e criminal em casos de acidentes. Alguns exemplos de serviços que devem ser
subcontratados e seus valores considerados no orçamento:
a) bases para equipamentos grandes;
b) construção de casas de máquinas;
c) construção das paredes de uma câmara de alvenaria;
d) estruturas metálicas para apoio e sustentação de equipamentos.
Depois que forem levantados todos os custos, é necessário aplicar um percentual sobre os materiais e
serviços. A seguir, você aprenderá a estimar este percentual.
6 ENTREGA DO PROJETO
161

6.4 ESTABELECENDO O VALOR DE VENDA

Após somar todos os custos, aplica-se um percentual que visa cobrir os gastos com o pessoal
administrativo. Na planilha de custos, não foram considerados os impostos decorrentes da venda e a
bonificação do empresário, aquele que investiu o dinheiro para contratar o pessoal e comprar os materiais.
Algumas empresas chamam este percentual de Bonificação e Despesas Indiretas – BDI e outras chamam
de Margem de Contribuição – MC. As composições e o método usado para calcular este percentual muda
um pouco de uma metodologia para a outra, porém o fato é de que se não for acrescido ao custo, haverá
prejuízo. Vamos nos referir neste documento como BDI, por ser um termo mais comum para a construção
civil, que é o grande consumidor dos serviços da área de refrigeração.

SAIBA Para aprender mais sobre a composição do BDI, acesse o blog Engenharia de Custos
da Editora PINI. Disponível em: <http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/a-
MAIS formula-do-bdi-341256-1.aspx>. Acesso em: 14 jun. 2016.

O valor do percentual a ser aplicado em obra de refrigeração normalmente varia de 1,15 a 2,0; sendo
inversamente proporcional ao valor envolvido, ou seja, pequenas instalações possuem valores maiores de
BDI e grandes instalações, menores valores. Esta variação ocorre devido aos custos administrativos que
podem ser otimizados com instalações que terão longa duração, por exemplo, a empresa pode contratar
uma terceirizada para fornecer as refeições do pessoal na obra; os funcionários podem ser contratados com
o posto de trabalho diretamente na obra sem ter que passar na empresa para depois se deslocar para até
o local dos serviços etc.
Existem vários estudos sobre a determinação do BDI, pois quanto menor seu valor, menor são os custos
de administração da empresa.

FIQUE Alguns estudiosos afirmam que a saúde financeira de uma empresa pode ser avaliada
ALERTA pelo valor do BDI.

Outro fator importante: o valor do BDI precisa ser maior do que os impostos que a empresa paga em
função do seu registro (MEI, EPP, Microempresa Optante pelo Simples etc.) e, se for muito alto, não consegue
vencer a concorrência.
Para complementar seus estudos sobre a execução de um projeto, você aprenderá sobre a documentação
necessária. Vamos lá?!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
162

6.5 ELABORAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA DO PROJETO

Ao final do projeto deve-se entregar ao cliente um conjunto de documentos com as informações obtidas
ao longo do processo, confira!

DOCUMENTO DESCRIÇÃO EXEMPLO

É um documento com todas os parâmetros utilizados

sodapix sodapix ([20--?])


no cálculo estimativo de carga térmica. As memórias de
Memórias de cálculo
cálculo trazem as considerações específicas do projeto e
os dimensionamentos.

Plantas, cortes, detalhes e fluxogramas necessários a


Desenhos técnicos compreensão do projeto e construção nas fases de

Torsakarin ([20--?])
instalação e de manutenção.

Um ou mais textos descritivos com todo o funcionamento


do sistema concebido pelo projetista e todas as

Brand X Pictures ([20--?])


Memorial descritivo especificações dos equipamentos, máquinas e
componentes. Neste memorial, apresenta-se o
cronograma de instalação sugerido pelo projetista.

Quadro 43 - Registro de informações


Fonte: do Autor (2016)

Após a elaboração do projeto e do orçamento, é necessário organizar todas as informações e apresentar


ao cliente. Dependendo da fase da instalação, podem ser incluídos mais ou menos documentos, porém
a elaboração do memorial técnico e descritivo do projeto de instalação de sistemas de refrigeração é
imprescindível.
Siga em frente e dê início à tarefa de descrever as necessidades do cliente!
6 ENTREGA DO PROJETO
163

6.5.1 MEMORIAL DESCRITIVO DO PROJETO

Durante a elaboração do projeto, foram produzidos vários materiais que devem ser organizados e
apresentados numa ordem que consiga demonstrar a evolução do projeto. O memorial descritivo tem por
objetivo apresentar as informações em uma ordem inteligível para o cliente, de maneira que ele consiga
entender o que está sendo proposto na fase da concorrência ou o que foi instalado, na fase da conclusão
da obra. Segundo a Instrução para elaboração de Memorial Descritivo do Ministério da Educação “[...] tem
a finalidade de caracterizar criteriosamente todos os materiais e componentes envolvidos, bem como toda
a sistemática construtiva utilizada. Tal documento relata e define integralmente o projeto executivo e suas
particularidades.” (BRASIL, 2012, p.9). Todos os materiais integrantes do memorial descritivo precisam ser
relacionados.
No memorial descritivo, deve constar a necessidade do cliente, por isso, ele deve detalhar o objetivo
principal do projeto, com as condições definidas pelo cliente para início do projeto e as demais definições
adotadas pelo projetista para seu desenvolvimento. Nele, podem ser apresentados os resultados obtidos
pelo projetista no que se refere à carga térmica, citando inclusive o método de cálculo adotado. Não é
necessário apresentar as fórmulas utilizadas, somente os resultados em forma de tabelas e gráficos.
Também devem ser apresentadas as justificativas que levaram o projetista a decidir pelo sistema escolhido,
inclusive com as referências das soluções adotadas. O projetista deve fazer uma síntese de como o sistema
irá funcionar, relacionando todos os equipamentos previstos, suas funções e peculiaridades. Ele também
deve fazer uma correlação entre o texto e os desenhos.

FIQUE Fique atento à redação utilizada para descrever como o sistema de refrigeração irá
ALERTA funcionar! Seja claro para que o leitor o entenda.

A descrição do sistema é uma das partes mais importantes do memorial descritivo, pois será consultada
diversas vezes, tanto pelo pessoal de instalação quanto de manutenção. Se o texto não for objetivo com a
suficiência de detalhes, os instaladores e os mantenedores podem não entender a ideia do projetista e o
sistema pode nunca funcionar conforme previsto.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
164

-1907- ([20--?])
Figura 43 - Representa uma planta

Os leiautes do projeto, normalmente, são produzidos ao longo do desenvolvimento do mesmo. Neste


ponto, é necessário relacionar todos os desenhos produzidos, além de cortes e fluxogramas, que serão
entregues anexos ao memorial descritivo. É indispensável que o projetista elabore um fluxograma com
todos os equipamentos e os valores previstos para as variáveis a fim de permitir a regulagem de vazões,
pressões e temperaturas do sistema de refrigeração.
O memorial descritivo deve apresentar a especificação de todos os componentes mecânicos,
eletroeletrônicos e eletromecânicos que possuem características termodinâmicas necessárias ao
funcionamento do sistema de refrigeração, tais como:
a) equipamentos (compressores, condensadores, evaporadores, unidades condensadoras etc.);
b) válvulas diversas (de expansão, de regulagem, controladas eletronicamente ou manuais);
c) controladores e sistemas supervisórios; e
d) torres de resfriamento, bombas de água, ventiladores e exaustores, se for o caso.
É necessário que sejam anexadas as cópias dos catálogos técnicos de todos os componentes ao
memorial descritivo.
Os materiais que não tem características termodinâmicas normalmente são especificadas nos desenhos.
No mesmo documento devem ser relacionadas todas as normas consultadas para a elaboração do
projeto. Também, é importante que o projetista informe em que ponto do projeto foram utilizadas.

6.5.2 ELABORAÇÃO DA APRESENTAÇÃO DO PLANO DE MANUTENÇÃO

O plano de manutenção é um documento que centraliza todas informações relacionadas ao sistema de


refrigeração. Tomando por base a NRB 13971 (ABNT, 1999), confira os itens necessários:
a) documentação: projetos; memorial descritivo, folhas de dados, manuais de operação e manutenção,
fichas de partidas e outros;
b) periodicidade da manutenção conforme o tipo de equipamento;
c) qualificação da mão de obra;
6 ENTREGA DO PROJETO
165

d) identificação do responsável técnico;


e) relação de equipamentos;
f ) descrição de cada atividade a ser executada por tipo de equipamento, com a classificação em dois
tipos:
f.1 P: para atividades periódicas;
f.2 S: atividades a serem executadas se necessário, em função da avaliação durante os serviços de
campo.
O plano de manutenção precisa ser elaborado tendo-se em vista alguns referenciais, veja!
a) NBR 13971 de 1999, que trata da manutenção programada de sistemas de refrigeração,
condicionamento de ar e ventilação.
b) NBR 14679 de 2001, que trata da execução de serviços de higienização de sistemas de condiciona-
mento de ar e ventilação, se existir rede de dutos.
c) Manuais de instalação, manutenção e operação dos fabricantes dos equipamentos.
É necessária a consulta aos manuais de manutenção e operação dos equipamentos fornecidas pelos
fabricantes a fim de definir as intervenções periódicas preventivas.
Outro item a ser descrito é a proposta comercial, confira a seguir.

6.5.3 PROPOSTA COMERCIAL

A proposta comercial apresenta os valores e as condições comerciais que o cliente terá que desembolsar
para ter o sistema, conforme especificado no memorial descritivo ou na proposta técnica. Esta proposta
é destacada do memorial descritivo porque é avaliada por pessoas que nem sempre são da área técnica
e estão preocupados mais com os custos. Existem empresas que exigem a elaboração de duas propostas,
uma técnica e outra comercial e informam que a concorrente será desclassificada do certame caso envie a
proposta comercial para a área técnica.

CURIOSI Você sabia que muitas propostas comerciais são mal elaboradas ao ponto de o cliente
DADES não conseguir perceber os benefícios que ele terá se aceitá-la?

Qualquer valor apresentado em uma proposta comercial pode ser considerado alto se o cliente não
conseguir perceber a relação custo-benefício do projeto, a qual é demonstrada por meio dos estudos de
viabilidade, conforme você verá a seguir!
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
166

6.5.4 ESTUDOS DE VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL

Durante a execução do projeto é necessário avaliar as escolhas e os impactos e registrar as informações


decorrentes das análises para depois compor o memorial descritivo.
Em relação a parte econômica, é conveniente registrar os critérios de seleção de um determinado
material, por exemplo, optou-se pela utilização de um tubo de Schedule 20, que possui a espessura da
parede mais fina do que o convencional Schedule 40, em função da redução de peso do material em X %
e reduzindo o custo em R$, mesmo com a utilização de conexões do tipo Groove. Também foi reduzido o
número de horas de mão de obra, tendo em vista a simplificação na preparação da tubulação.
Em relação a parte ambiental o que precisa ficar claro ao projetista é que só interessa ao cliente os
aspectos ambientais que diminuam os custos de instalação, operação e manutenção. O que precisa ficar
claro ao projetista é que só interessa ao cliente os aspectos ambientais que diminuam os custos de instalação,
operação e manutenção. Desta forma, o projetista pode, por exemplo, demonstrar que seu projeto utilizará
fluidos refrigerantes que não serão descontinuados nos próximos anos (phase-out) e, desta forma, o custo
de manutenção será baixo devido à disponibilidade dos mesmos.

6.5.5 PLANILHA DE CUSTOS DA EXECUÇÃO DE INSTALAÇÃO

Os custos da execução da instalação devem ser apresentados em uma planilha com os custos previstos
para a execução da instalação, normalmente acrescidos de um percentual que forma o preço de venda. De
acordo com a estratégia de vendas da empresa, o valor pode ser apresentado de forma detalhada, global
ou dividido entre o custo de materiais e serviços.

CASOS E RELATOS

Um técnico havia concluído a instalação de um sistema de automação que controlava o sistema


de refrigeração de uma empresa estatal brasileira. Como o serviço já estava concluído, faltava
apenas entregar o memorial descritivo para liberar a parte final do pagamento. O técnico elaborou
todos os textos que fariam parte do memorial descritivo e revisou os fluxogramas e os desenhos,
conforme os equipamentos foram instalados.
6 ENTREGA DO PROJETO
167

A empresa na qual o técnico trabalhava era de origem americana e adotava um rigoroso padrão de
entrega de documentos. Nesta entrega, exigia a impressão de todos os catálogos dos equipamentos
e dispositivos utilizados na instalação e eram anexados os demais documentos e encadernados
num fichário, em padrão de folha no formato Carta, importado da Matriz. Após todas as revisões,
o material foi entregue para análise e liberação do pagamento. Para consternação de todos na
empresa, chegou a informação de toda a documentação havia sido rejeitada. Muito apreensivo, o
técnico foi conversar com o supervisor de obras da estatal para saber o que havia ocorrido e o que
deveria mudar para finalizar a entrega. Por fim, o supervisor afirmou: a documentação está muito
bem-feita, você não precisa mudar nada, só imprimir tudo em A4 que é o padrão de papel técnico
brasileiro.

Junto dos custos, deve ser apresentado um estudo de implantação do sistema. Quando o projeto é
concebido para substituir um sistema existente é acompanhado de um cálculo de retorno do investimento,
que tem o objetivo de demonstrar ao cliente que os custos de manutenção serão reduzidos e até eliminados
e a economia paga o sistema novo.
Antes de finalizar seus estudos sobre este tema, leia com atenção o Recapitulando.

RECAPITULANDO

Você aprendeu nesse capítulo que o orçamento é o levantamento dos custos para executar a
instalação conforme o projeto e que o orçamento possui as fases de levantamento e precificação,
na qual é preciso tomar cuidado com os impostos que incidem sobre os equipamentos. Você viu
que existem itens que são orçados por montantes, em função dos seus valores e do tempo para
fazer o levantamento. Você aprendeu que alguns instrumentos podem ser locados e serviços
podem ser terceirizados, dependo da disponibilidade da empresa. Você estudou ainda que a
mão de obra possui encargos que devem ser previstos no momento do orçamento e que muitas
vezes é preciso de experiência na execução dos serviços para poder estimar o número de horas
necessário. Nesse capítulo, você teve a oportunidade de aprender que os serviços de infraestrutura
normalmente estão fora do escopo de uma empresa de refrigeração, sendo necessária a contração
de outra especializada. Aprendeu também critérios para contratar o transporte.
PROJETO DE INSTALAÇÃO EM SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
168

Ao longo do seu caminho sobre a entrega dos projetos, você viu que é necessário apresentar todas
as informações produzidas de uma forma clara e precisa. Isto porque outras pessoas vão ler e terão
de entender como os componentes previstos se relacionam. Desta forma, serão utilizados vários
meios de fazer outra pessoa entender aquilo que foi projetado, seja por meio do texto, de tabelas,
de gráficos ou desenhos. A esse conjunto de documentos se dá o nome de memorial descritivo,
pois relaciona todo o material necessário a compreensão do projeto.
Você viu também que o memorial descritivo é um dos mais importantes documentos de uma
instalação de refrigeração, pois as suas informações ajudarão aos instaladores na época da
implantação, demonstrando como fazer e como regular o sistema. Depois, ele será importante
para a equipe de manutenção, que vai utilizá-lo como referência para avaliar a performance da
instalação.
Você também viu que precisa utilizar a legislação vigente, as normas técnicas e os catálogos dos
fabricantes para elaborar o plano de manutenção do sistema de climatização.
Por fim, aprendeu ainda que existem informações que são entregues para o grupo técnico e outras
que vão somente para quem tem o poder de compra, inclusive implicando em penalidades quando
estes procedimentos não são seguidos.
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Uma verdade inconveniente. Dirigido por Davis Guggenheim. Produzido por Lawrence Bender,
Scott Burns, Laurie Lennard e Scott Z. Burns. Elenco: Albert Arnold Gore Júnior. Estados Unidos:
Lawrence Bender Productions/Participant Productions, 2006. Filme (100 min), DVD, color, 35 mm.
YOSHIDA, Issao. Fundamentos de refrigeração industrial-amônia. 2003. 60f. Notas de aula.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

RICARDO ZAIA
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Nove de Julho, em São Paulo, desde 2014.
Concluiu o Programa Especial para Formadores da Educação Profissional pela Universidade do
Sul de Santa Catarina, em 2007. É Tecnólogo Mecânico na Modalidade Projetos, pela Faculdade de
Tecnologia de São Paulo, desde 2000. É Técnico em Refrigeração e Ar-condicionado (1990) formado
pelo SENAI/SP e em Mecânica (1993), por essa mesma instituição. Trabalhou como Coordenador dos
Cursos Técnicos de Manutenção Automotiva no período de 2008 a 2015 e como docente do Curso
Técnico de Refrigeração e Ar-condicionado no período de 2002 a 2008. Trabalhou com a implantação
de sistemas de automação de ar-condicionado predial de 1995 a 2007. Atualmente trabalha como
Engenheiro autônomo atendendo clientes no orçamento de instalações de ar-condicionado e na
implantação de sistemas de automação.
ÍNDICE

A
Armazenamento 22, 32, 34, 35, 74, 75, 95, 157

B
Balcões frigoríficos 17, 110

C
Câmaras frigoríficas 17, 22, 32, 43, 60, 110
Carga térmica 31, 37, 41, 42, 54, 55, 57, 71, 76, 78, 83, 85, 86, 87, 90, 103, 107, 111, 115, 126, 145,
154, 162, 163
Coleta de dados 31, 37
Congelamento 18, 32, 33, 34, 35, 36, 44, 45, 55, 57, 74, 75, 76, 77, 83, 84, 86, 100
Conservação 15, 35, 36, 45, 72

I
Inovação 15, 16, 21, 25, 26, 27, 28, 172, 173

M
Melhoria 15, 20, 25, 26, 28

N
Normas técnicas 15, 16, 21, 23, 34, 146, 168, 171

P
Planejamento 15, 24
Pressostato 138

R
Retrofit 20, 100, 129

S
Saúde e segurança no trabalho 38

T
Termostato 138, 139, 172

V
Viabilidade ambiental 38, 166
viabilidade econômica 37, 166
Viabilidade funcional 37
Viabilidade técnica externa 37
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor técnico

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Ricardo Zaia
Elaboração

Leandro Dionízio Pagés


Revisão Técnica

Daiani Machado
Morgana Machado Tezza
Coordenação do Projeto

Roberta Martins
Design Educacional

Docta Educação e Tecnologia LTDA


Revisão Ortográfica e Gramatical

Isadora Luisa Bertotto


Paco Giordani Mora
Patricia Marcilio
Rosimeri Likes
Sabrina Farias
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens

Thinkstock
SENAI/SC
Banco de imagens
Joaquim Venâncio Lourenço Ribeiro
Marcos Gregório da Silva
Paulo Djalma de Souza
Robson Ventura de Oliveira
Comitê Técnico de Avaliação

Patricia Marcilio
Diagramação

Ellen Cristina Ferreira


Patricia Marcilio
Revisão e Fechamento de Arquivos

Patrícia Correa Ciciliano


CRB – 14/752
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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