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série metalmecânica - eletromecânica

máquinas
elétricas
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA (DIRET)

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI)

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Sérgio Moreira
Diretor Adjunto
série metalmecânica - eletromecânica

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© 2014. SENAI – Departamento Nacional

© 2014. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_ _ _ _ ____ __ _ __ __ _

S491
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Máquinas elétricas / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2014.
50 p. : il. Color. (Série metalmecânica. Eletromecânica)

1. Energia elétrica. 2. Energia – Fontes alternativas. 3. Máquinas elétricas.


4. Motores elétricos. 5. Transformadores. I. Título. II. Série

CDD 621.31
CDU 621.313

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Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras
Figura 1 - Usina de Itaipu.................................................................................................................................................12
Figura 2 - Usina Nuclear...................................................................................................................................................13
Figura 3 - Aerogeradores.................................................................................................................................................14
Figura 4 - Painéis fotovoltaicos para utilização comercial ..................................................................................15
Figura 5 - Sensor de temperatura (PTC).....................................................................................................................21
Figura 6 - Gerador CA........................................................................................................................................................22
Figura 7 - Associação de geradores.............................................................................................................................23
Figura 8 - Motor CC............................................................................................................................................................25
Figura 9 - Princípio básico de um motor CC ............................................................................................................27
Figura 10 - Motor de indução explodido...................................................................................................................28
Figura 11 - Ligação em série de um motor monofásico (220V) e em paralelo (110V)..............................30
Figura 12 - Ligação estrela e ligação triângulo........................................................................................................31
Figura 13 - Relação de tensão e corrente nas ligações estrela e triângulo...................................................32
Figura 14 - Servomotor e servoacionamento..........................................................................................................34
Figura 15 - Resolver...........................................................................................................................................................35
Figura 16 - Servoconversor em rede ..........................................................................................................................36
Figura 17 - Princípio de funcionamento de um transformador.........................................................................38
Sumário
Lista de figuras......................................................................................................................................................................5

1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Fontes de Energia Elétrica...........................................................................................................................................11


2.1 Energias hídricas...........................................................................................................................................11
2.2 Energias térmicas.........................................................................................................................................12
2.3 Energia nuclear.............................................................................................................................................13
2.4 Energia eólica ................................................................................................................................................14
2.5 Energia fotovoltaica ....................................................................................................................................15

3 Máquinas Elétricas..........................................................................................................................................................19
3.1 Fundamentos de máquinas elétricas ...................................................................................................19
3.1.1 Eletromagnetismo ....................................................................................................................19
3.1.2 Acessórios de máquinas..........................................................................................................20
3.1.3 Testes em máquinas elétricas ...............................................................................................21
3.2 Geradores .......................................................................................................................................................22
3.2.1 Associação de geradores.........................................................................................................23
3.2.2 Curto-circuito em geradores.................................................................................................24
3.3 Motores elétricos..........................................................................................................................................24
3.3.1 Motores de corrente contínua ............................................................................................24
3.3.2 Motores de corrente alternada.............................................................................................28
3.3.3 Ligação de motores ..................................................................................................................30
3.4 Servomotores ...............................................................................................................................................34
3.4.1 Resolver ........................................................................................................................................35
3.4.2 Servoconversor ..........................................................................................................................36
3.5 Transformadores ..........................................................................................................................................37
3.5.1 Princípio de funcionamento .................................................................................................37
3.5.2 Equação fundamental de um transformador ideal.......................................................38

4 REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................43

5 MINICURRÍCULO DO AUTOR.......................................................................................................................................45

6 Índice...................................................................................................................................................................................47
Introdução

Olá! Seja bem-vindo à unidade curricular Máquinas Elétricas, módulo específico do Cur-
so de Capacitação e Atualização Tecnológica para Docentes em Eletromecânica (área de
Metalmecânica).
Nesta unidade curricular, você conhecerá os diversos tipos de fontes de energia, estudará
os fundamentos das máquinas elétricas, o que são e para que servem os geradores, as máqui-
nas elétricas e os transformadores.
Ao final da unidade curricular, você terá a capacidade de selecionar máquinas elétricas e
aplicar sistemas de geração de energia para otimizar recursos energéticos. Também estará
apto a identificar os dispositivos e as máquinas de sistemas elétricos, selecionar dispositivos e
máquinas aplicadas aos sistemas elétricos.

Bons estudos!
Fontes de Energia Elétrica

Em 2010 o Brasil utilizava 45,5% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis, en-
quanto a média mundial é 12,9%. Nosso maior provento de energia é de origem hidráulica
(cerca de 74%). Em regiões rurais e mais distantes das hidrelétricas centrais, tem-se utilizado
energia produzida em usinas termoelétricas, e em pequena escala, a energia elétrica é gerada
através de energia eólica. Neste capítulo, você vai conhecer algumas fontes de energia elétrica.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar as principais fontes de geração de energia elétrica;
b) reconhecer seus princípios de funcionamento;
c) compreender as vantagens das diferentes fontes de geração de energia elétrica.
Na sequência você irá estudar os diferentes tipos de energias.

2.1 Energias hídricas

O Brasil tem o privilégio de poucos países, pois possui condições geográficas que favorecem
a geração por energia hídrica (hidrelétricas). A energia hídrica é considerada uma fonte renová-
vel de energia e pode trazer alguns benefícios, tais como: armazenamento de água, criação de
peixes e outras culturas aquáticas e formação de áreas de lazer. Nas hidrelétricas a energia elé-
trica tem como fonte principal a energia proveniente da força da água. A energia potencial que
a água tem na parte alta da represa é transformada em energia cinética e faz com que as pás da
turbina girem, acionando o eixo do gerador e, por consequência, produzindo energia elétrica.
A maior usina hidrelétrica do Brasil é a de Itaipu (em Foz de Iguaçu), que tem capacidade de
14GW.
máquinas elétricas
12

Figura 1 -  Usina de Itaipu


Fonte: http://www.iguassu.com.br/atrativos/itaipu-binacional/

Nessa seção você estudou a energia hídrica, que é a energia produzida a partir
da água. Na próxima seção você irá conhecer a energia térmica.

2.2 Energias térmicas

A produção de energia elétrica a partir de processos térmicos é denominada


geração termoelétrica. Nessas usinas a energia é obtida pela queima de resíduos,
combustível fóssil e, atualmente, a biomassa (cana de açúcar, entre outros).
Segundo o relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de de-
zembro de 2013, esta fonte de energia é responsável por 28,83% da energia
elétrica produzida no Brasil. Neste processo, a queima do combustível aquece a
água, transformando-a em vapor que é conduzido em alta pressão por uma tu-
bulação, fazendo girar as pás de uma turbina, cujo eixo está acoplado ao gerador.
Em seguida o vapor é resfriado retornando ao estado líquido e reaproveitado.
A principal vantagem desse tipo de energia é a construção de usinas relativa-
mente pequenas. No Brasil, esse é o segundo tipo de fonte de energia elétrica.
2 FONTES DE ENERGIA ELÉTRICA
13

2.3 Energia nuclear

Este processo de geração de energia é obtido a partir da fissão do núcleo do


átomo, ou seja, uma divisão do núcleo de um átomo em dois menores, quando
atingidos por um nêutron, liberando uma grande quantidade de energia.
O urânio é colocado em cilindros metálicos no núcleo do reator que é constitu-
ído de um material como o cadmio ou boro, o qual diminui a velocidade dos nêu-
trons emitidos pelo urânio em desintegração. Esse é o processo que gera calor.
Observe, a seguir, a imagem de uma usina nuclear:

Figura 2 -  Usina nuclear


Fonte: http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2013/01/a-energia-nuclear.html

Uma das maiores catástrofes envolvendo este tipo de energia ocorreu em


1986 em Chernobyl, na Ucrânia, contaminando entre quinze e vinte mil pessoas,
levando-as à morte por câncer. Outro evento foi em 2011 na cidade de Fukushi-
ma, no Japão. Essa catástrofe foi provocada por um tsunami.

SAIBA Quer saber mais sobre as fontes de energia nuclear? Acesse


MAIS http://www.inb.gov.br
máquinas elétricas
14

2.4 Energia eólica

A geração eólioelétrica, ou simplesmente energia eólica, é muito utilizada em


países desenvolvidos, pois gera baixo impacto ao meio ambiente já que não há
emissão de gás carbônico, e talvez esse seja o principal motivo do crescimento
deste tipo de energia mundialmente. Neste processo, a conversão de energia é
realizada através de um aerogerador que consiste num gerador elétrico acoplado
a um eixo que gira através da incidência do vento nas pás da turbina.
Observe, a seguir, a imagem de aerogeradores:

Figura 3 -  Aerogeradores
Fonte: http://www.panoramio.com/photo/47847237

Algumas situações adversas podem ser relatadas neste tipo de geração, como
por exemplo, emissão de ruídos mecânicos do equipamento ou de atrito do ven-
to com as pás, impacto visual negativo à região, interferência em sinais eletro-
magnéticos, e danos à fauna (principalmente pássaros).
A instalação de turbinas eólicas é interessante em locais em que a velocidade
média anual dos ventos seja superior a 3,6m/s.

A evolução tecnológica tornou a energia eólica


mais sustentável. No Brasil, a previsão para final
de 2014 é de termos mais de 100 parques eólicos,
gerando mais de 15 mil empregos, sendo que o
maior parque da América Latina fica no Rio Grande
CURIOSIDADE do Sul, e é chamado de Campos Neutrais. O maior
aerogerador localizado no Brasil possui uma tur-
bina de 3 Megawatts com mais de 120 metros de
altura, porém um fabricante alemão já possui aero-
geradores de sete Megawatts.
2 FONTES DE ENERGIA ELÉTRICA
15

Nesta seção você pôde conhecer como ocorre o processo de geração de ener-
gia a partir do vento. Na próxima seção, irá estudar a energia fotovoltaica.

2.5 Energia fotovoltaica

O sol é a grande fonte primária de energia do planeta. A radiação oriunda do


sol é composta de um espectro contínuo de diferentes comprimentos de onda,
assim é possível saber quanto de energia é fornecida em um determinado inter-
valo de tempo.
As células fotovoltaicas, ou células solares, são dispositivos semicondutores
que produzem uma corrente elétrica quando expostas à luz, conforme você pode
observar na figura a seguir. A energia gerada pelos painéis é armazenada em ban-
cos de bateria, com a finalidade de utilização em período de baixa radiação ou
durante a noite.
O efeito fotovoltaico ocorre quando fótons, energia proveniente do sol, inci-
dem sobre átomos de silício, provocando a emissão de elétrons e gerando cor-
rente elétrica. O uso de células fotovoltaicas para conversão de energia solar em
elétrica pode ser viável para pequenas instalações, em regiões remotas ou de di-
fícil acesso, como também interligar com a rede elétrica, seja em cogeração ou
como fornecedor.
Na sequência, veja a imagem de painéis fotovoltaicos.

Figura 4 -  Painéis fotovoltaicos para utilização comercial


Fonte: http://www.imagens.usp.br/?p=23629
máquinas elétricas
16

Na cogeração, a energia fotovoltaica é conectada em paralelo com uma fonte


local de eletricidade.
Existem outras fontes que são pouco, ou não são ofertadas no Brasil, como por
exemplo, a energia das marés e a energia geotérmica.
Acompanhe a seguir um exemplo da utilização de energia eólica e fotovoltai-
ca, que foram destaque em um evento onde foram apresentados projetos relacio-
nados à sustentabilidade.

CASOS E RELATOS

Energia solar é destaque em ambientes da Casa Cor


Em outubro de 2013, a 15ª edição da Casa Cor, ocorrida no Ceará,
apresentou uma série de projetos relacionados à sustentabilidade.
Logo na calçada da Casa Cor, o visitante se deparou com o Pátio dos Ven-
tos, um parklet (miniparque feito em uma vaga de estacionamento), onde
havia também dois postes autossuficientes equipados com lâmpadas de
LED. Ambos são capazes de iluminar por 15 horas ininterruptas, a partir
da energia armazenada ao longo do dia. Porém o que chamou a atenção
dos visitantes foi “A Casa da Brisa”, esta casa possui painéis fotovoltaicos
com capacidade de gerar 180kWh/mês. São 68m² equipados com os ele-
trodomésticos de uma casa comum, todos com funcionamento a partir da
energia solar captada. “O custo para equipar esse projeto foi de R$ 14 mil.
Se fosse em uma residência comum, esse investimento se pagaria em oito
ou dez anos”, explica Eduardo Guimarães, responsável técnico da empresa
responsável pela instalação.

Fonte: Adaptado de Jornal de Hoje. Energia solar é destaque em ambientes da Casa Cor. Disponível em: <http://www.opovo.
com.br/app/opovo/economia/2013/10/17/noticiasjornaleconomia,3147735/energia-solar-e-destaque-em-ambientes-da-casa-
-cor.shtml>. Acesso em: 29 ago. 2014

SAIBA Quer saber mais sobre esses tipos de energia? Acesse o site:
MAIS http://www.brasilescola.com
2 FONTES DE ENERGIA ELÉTRICA
17

O crescente consumo de energia elétrica aliada à expansão das energias re-


nováveis dariam ao mundo maior independência dos combustíveis fósseis e evi-
tariam a exploração de petróleo no pré-sal brasileiro. Há um forte movimento
mundial para se reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e aumentar a
participação das energias renováveis. O Brasil tem recursos naturais para se tornar
uma potência energética limpa, as energias renováveis – em especial a fotovoltai-
ca e eólica – são mais competitivas que o carvão e ainda utilizam recursos locais
e criam mais empregos.

Recapitulando

Neste capitulo você conheceu as principais fontes de energia elétrica. A


energia hídrica que tem como fonte principal a energia proveniente da
força da água; a energia térmica que é obtida pela queima de resíduos,
combustível fóssil e, atualmente, a biomassa; energia eólica que é a ener-
gia gerada através de um aerogerador por meio da incidência do vento;
a energia nuclear que é obtida a partir da fissão do núcleo do átomo de
urânio liberando uma grande quantidade de energia; e a fotovoltaica que
é a energia elétrica obtida a partir da luz solar. Na sequência, você vai
conhecer as máquinas elétricas que transformam essas fontes de energia
em energia elétrica.
Máquinas Elétricas

As máquinas elétricas têm evoluído bastante nos últimos anos, devido principalmente às
exigências do mercado, que demandam por máquinas mais leves, mais silenciosas, com ta-
manho reduzido e que apresentem desempenho que atenda à necessidade da aplicação. No
aspecto do desempenho, o maior apelo é no sentido de aumentar o rendimento, ou seja, a
eficiência da máquina. Com relação ao uso, o maior apelo é no sentido de reduzir o volume da
máquina. Em consonância com essa demanda do mercado, os fabricantes de máquinas elé-
tricas procuram desenvolver máquinas com maiores rendimentos e com maiores densidades
volumétricas de energia, isto é, com menores perdas e menor volume.
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:
a) conhecer outras formas de geração de energia;
b) entender como interações magnéticas entre ímãs e eletroímãs podem gerar torque;
c) reconhecer as características construtivas e as principais partes de motores;
d) reconhecer os tipos de motores elétricos industriais e suas principais aplicações.
Você iniciará seus estudos conhecendo os fundamentos de máquinas elétricas.

3.1 Fundamentos de máquinas elétricas

Antes de iniciar o conteúdo sobre máquinas elétricas, é preciso entender as interpretações


de alguns fenômenos físicos ligados à eletricidade e ao magnetismo. Inicialmente será estuda-
do o comportamento de ímãs e algumas relações entre tensão e correntes e os campos eletro-
magnéticos. Na sequência, você irá estudar a geração do torque através de influências eletro-
magnéticas e a construção, genérica, do motor elétrico.

3.1.1 Eletromagnetismo

A primeira das leis de nosso interesse é a Lei de Faraday. Essa lei mostra que na presença de
um campo magnético variando no tempo, por exemplo, um ímã se movendo para frente e para
eletromecânica
20

trás, passando por um condutor, tipo espira ou conjunto de espiras, suficiente-


mente próximo, induzirá um campo elétrico (uma diferença de potencial) entre
os terminais desse condutor.
A segunda lei, a de Ampère, vai ao encontro ao experimento de Christian Oers-
ted no qual se nota que um condutor conduzindo corrente elétrica deflete uma
agulha imantada ou bússola. Agora tem-se a tensão ou corrente variando no tem-
po (corrente alternada) que induzirá um campo magnético que varia no espaço
e vice-versa.
Todas as máquinas elétricas funcionam baseadas nos princípios dessas leis.

3.1.2 Acessórios de máquinas

A aplicação de acessórios em máquinas elétricas se dá em razão de seu custo,


normalmente alto, e por sua importância no processo de aplicação. Como exem-
plo pode-se citar um motor que faz o acionamento de uma bomba principal de
alimentação de uma caldeira em uma termoelétrica, caso este motor não este-
ja corretamente dimensionado e com os devidos acessórios instalados, a usina,
muito provavelmente, terá sérios problemas de geração. Com a mentalidade de
manutenção preditiva dos equipamentos, selecionam-se os acessórios de acordo
com a necessidade e criteriosidade do projeto.
Alguns desses acessórios que podem ser encontrados em certas máquinas elé-
tricas são:
• Sensor de temperatura – Utilizado para indicar ou proteger as máquinas elé-
tricas do excesso de temperatura, são conhecidos por PTC (Positive Tempera-
ture Coefficient) ou NTC (Negative Temperature Coefficient).
• Resistência de aquecimento - Utilizado para aquecer as partes internas das
máquinas e evitar problemas com umidade. Normalmente são ligadas quan-
do o equipamento não está em funcionamento.
• Transformadores de corrente - São utilizados para monitorar os valores de
corrente que fluem para, ou fluem da máquina.
• Sensores de vibração – São divididos entre velometers e proximeters. O pri-
meiro é como um acelerômetro instalado em local plano da máquina com
o objetivo de medir o deslocamento da máquina como corpo único. Já o
segundo trata de medir o deslocamento do eixo nas três direções.
3 máquinas elétricas
21

Figura 5 -  Sensor de temperatura (PTC)


Fonte: Conrad (2014)

3.1.3 Testes em máquinas elétricas

Os testes em máquinas elétricas são divididos em dois tipos: a rotina, que é um


teste realizado pela fábrica para confirmação da qualidade do equipamento; e o
completo ou protótipo, que abrange todos os testes feitos no teste rotina e mais
alguns, sendo normalmente aplicado em máquinas maiores ou para aplicações
especiais, em que se faz necessário maior confiabilidade.
A seguir está relacionada uma lista dos testes realizados e os itens com a indi-
cação (R) são os presentes no ensaio de rotina, sendo que cada máquina elétrica
pode ter um ou vários desses testes em seus processos de fabricação ou manu-
tenção:
• inspeção visual e dimensional (R);
• medição da resistência dos enrolamentos (R);
• medidas de corrente, potência e rotação nominal à tensão e frequência no-
minais (R);
• teste de tensão (R);
• medição da resistência do isolamento (R);
• balanço mecânico (R);
• ensaio de rotor bloqueado;
• levantamento da corrente de partida e a plena carga;
eletromecânica
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• levantamento de torque de partida, máximo e a plena carga;


• levantamento de eficiência e fator de potência a 100%, a 75% e a 50% da
carga;
• ensaio de elevação de temperatura;
• teste de pressão sonora (ruído).
Outros testes frequentemente feitos, ainda que em casos especiais, são os de
sobrevelocidade, enrolamento padrão e tangente delta. Estes dois últimos são de
interesse especial uma vez que definem parâmetros que certamente indicarão a
excelência na qualidade dos motores.
Nesta seção você estudou os fundamentos das máquinas elétricas, conheceu
alguns de seus acessórios e verificou como são realizados alguns de seus testes.
Na próxima seção, você irá conhecer os geradores.

3.2 Geradores

Como você viu no início desta unidade curricular, há vários processos para ob-
tenção de energia mecânica, porém essa energia precisa ser transformada em
energia elétrica, e essa função pertence ao gerador.
Basicamente todos os geradores de corrente contínua - CC e todos os gerado-
res de corrente alternada - CA consistem de uma parte girante, chamada rotor,
e uma parte estacionária, denominada estator. Na maioria dos geradores de CC,
o enrolamento da armadura é colocado no rotor, e o enrolamento de campo no
estator; na maioria dos geradores de CA acontece o contrário, mas fisicamente
são muito semelhantes.
Os geradores menores são usados em pequenos centros de geração de ener-
gia, zonas rurais, embarcações, em locais onde a rede de distribuição é deficiente.
Na indústria e no comércio, pode ser utilizado como fonte reserva de energia ou
para alguma função específica.

Figura 6 -  Gerador CA
Fonte: http://static.mercadoshops.com/grupo-gerador-450-kva-aberto-semi-novo_iZ42XvZxXpZ4XfZ33252776-367049174-1.
jpgXsZ33252776xIM.jpg
3 máquinas elétricas
23

A classificação dos geradores é realizada de acordo com a maneira que ocorre


a corrente de excitação. Quando a corrente é fornecida por uma fonte externa,
diz-se que o gerador tem excitação em separado. Se, por outro lado, uma parte da
saída do gerador é usada para fornecer a corrente de campo, diz-se que o gerador
é autoexcitado.
O que determina seu tipo são os circuitos das bobinas da armadura e de cam-
po do gerador. Os diversos tipos de geradores utilizam três circuitos básicos: sé-
rie, paralelo ou misto.

3.2.1 Associação de geradores

Os geradores elétricos podem ser associados com o intuito de aumentar as


características de geração.
Na associação em série, a fase de um gerador é conectada ao neutro do outro
gerador, e assim sucessivamente, em caso de haver mais máquinas a associar.
Dessa maneira, ao final da associação, a fase e o neutro das extremidades são
utilizadas para energização do circuito, conforme demonstrado na figura a seguir.
Neste método, a corrente nos geradores se iguala, e a força eletromotriz do
conjunto é a soma das forças individuais das máquinas, o que também acontece
com suas resistências internas.
Já na associação em paralelo, as fases e os neutros de cada elemento são in-
terconectados entre si, dando origem a um ponto de encontro das fases e outro
ponto dos neutros, como você pode observar na figura a seguir.
Utilizando-se o método de associação paralelo, os geradores dividem entre si
a corrente do circuito, permitindo fornecer maior corrente e, consequentemente,
maior potência. A força eletromotriz do conjunto, neste caso, é igual ao valor da
força em um único elemento, e sua resistência é igual à somatória do inverso de
cada resistência individual. Uma das vantagens dessa associação é a característica
de manter a tensão de fornecimento igual àquela nominal dos geradores.

Paralelo

G1
Série

G1 G2 G3
G2

G3

Figura 7 -  Associação de geradores


Fonte: Do autor (2014)
eletromecânica
24

3.2.2 Curto-circuito em geradores

Considera-se em curto circuito o gerador cujo os polos estão interligados com


baixíssima resistência. Dessa maneira, a diferença de potencial entre seus polos
tende a zero e sua corrente tende a ser a máxima corrente do gerador.
Normalmente os testes de curto-circuito em geradores são realizados com o
intuito de se determinar os limites de temperatura e, consequentemente, dados
de placa dos geradores.
Agora que você já sabe o que é um gerador, na sequência irá conhecer o que
são e quais os tipos de motores elétricos.

3.3 Motores elétricos

Motor elétrico é a máquina destinada a transformar energia elétrica em ener-


gia mecânica. É possível encontrar uma grande variedade de motores, para as
mais variadas necessidades. Eles se dividem basicamente em motores de corren-
te contínua - CC e corrente alternada - CA, podendo ter várias subdivisões. São
dimensionados em cavalo vapor – CV ou horse power – HP.

3.3.1 Motores de corrente contínua

Os motores de corrente contínua - CC são máquinas elétricas girantes que uti-


lizam corrente contínua para seu funcionamento. São muito utilizadas em locais
que necessitem de torque preciso sem que haja variação na velocidade. Podem
ser utilizadas tanto como motor quanto como gerador. Sua construção é comple-
xa, principalmente devido ao comutador, às escovas e aos enrolamentos, geran-
do grande quantidade de manutenção e desgastes mecânicos, além de ter que
utilizar uma fonte própria de energia. O constante desenvolvimento das técnicas
de acionamentos de corrente alternada e a melhoria na construção desses moto-
res, que são acionados por inversor de frequência ou servo acionamento, estão
diminuindo progressivamente a utilização dos motores alimentados por corrente
contínua, apesar disso, devido às características e vantagens, o motor de CC ainda
se mostra a melhor opção em inúmeras aplicações, tais como: bobinadeiras, lami-
nadores, extrusoras e outros.
3 máquinas elétricas
25

Figura 8 -  Motor CC
Fonte: Weg (2014)

O motor de CC é composto, basicamente, de duas partes: estator e rotor. O


estator é formado por:
• carcaça;
• polos de excitação;
• polos de comutação;
• enrolamento de compensação;
• conjunto porta-escovas e escovas.
O rotor é formado por:
• rotor com enrolamento;
• comutador;
• eixo.
Atualmente, há três projetos para motores CC que tendem a gerar menos ma-
nutenção, porém os custos na fabricação ainda são elevados, são eles:
• Motor CC sem escovas com comutação eletrônica: possui um estator bobi-
nado e um rotor com ímã permanente, conectado ao eixo a um transdutor
sensor da posição do rotor, servindo como entrada para o sistema de cha-
veamento de componentes de estado sólido, eliminando a necessidade do
comutador e das escovas.
eletromecânica
26

• Motores CC inversores (sem escovas) CC/CA, operando alimentados em CC:


estes tipos de motores CC sem escovas empregam um servomotor CA em
conjunto com um inversor eletrônico para operação a partir de uma fonte
CC. O conjunto do inversor pode ser separado ou incorporado dentro da
carcaça do motor CA, os inversores normalmente são padronizados para
entradas CC de 12, 24 ou 48 Volts, fornecendo saídas de 50, 60 ou 400Hz.
O circuito do inversor incorpora normalmente técnicas para a variação da
frequência de saída e/ou tensão CA para fornecer uma variedade de veloci-
dades de saídas.
• Motores CC de rotação ilimitada (sem escovas): nos dois projetos anteriores
são utilizados em processos de operação contínua, os motores de rotação ili-
mitada só fornecem um torque de saída até num máximo de 180°, possuem
um rotor de ímã permanente e um estator bobinado. Quando o estator é
energizado por uma fonte CC, o rotor é acionado no sentido horário ou anti-
-horário, dependendo da polaridade da fonte que energiza o enrolamento
do estator. Esses motores são utilizados em articulações giroscópicas em ele-
mentos estáveis de plataformas espaciais. Esses motores, porém, são fabri-
cados sob encomendas especiais e ainda são poucos conhecidos no Brasil.

Princípios de funcionamento

O funcionamento de um motor CC está baseado nas forças produzidas da in-


teração entre o campo magnético do estator que induz uma tensão na armadura
do rotor, ou uma força eletromotriz (FEM). Como essa tensão induzida se opõe
à tensão terminal aplicada, ela é chamada de força contra eletromotriz (FCEM),
também denominada força eletromotriz inversa.
A velocidade base em um motor CC está inscrita na plaqueta de identificação.
Essa velocidade ocorre com a tensão nominal de armadura e a corrente nominal
de carga, para uma corrente nominal de campo. Os motores CC podem operar
abaixo da velocidade base ao reduzir o valor da tensão aplicada à armadura, e
acima da velocidade base ao reduzir a corrente de campo.

Quando o motor estiver em determinada rotação, a cor-


rente que circulará na armadura é resultado da diferença
FIQUE entre a FEM e a FCEM, se for perdido o campo no estator
e, consequentemente FCEM, a corrente aumentará signi-
ALERTA ficativamente, tendo como consequência o giro do rotor
“sem controle”, colocando em risco o equipamento e as
pessoas que nele operaram.
3 máquinas elétricas
27

As extremidades das bobinas da armadura são ligadas a lâminas do comuta-


dor que fazem contato com as escovas, estando estas interligadas à fonte CC ex-
terna. Quando há corrente circulando,
F surge um campo eletromagnético que age
X
como um imã, e o eixo é movimentado pela interação entre o campo magnético
ou campo eletromagnético
S gerado no campo, conforme é mostrado
N na figura a
seguir.
Y
F
Tensão CC

- +
Polo de Sapata polar
excitação

S N

Armadura (rotor)

- +
Tensão

Figura 9 -  Princípio básico de um motor CC


Fonte: Weg (2014)

Para se obter uma tensão CC de nível variável pode se utilizar vários métodos.
A seguir, veja alguns deles:

a) Chaves de partida

As chaves de partida utilizam resistências variáveis chamadas reostatos, em


série com a armadura, podendo ainda serem interligados contatores em parale-
los com as resistências.

b) Sistema Ward-Leornard

Neste processo, a armadura do motor é alimentada por uma fonte externa CC,
e a variação da velocidade é obtida por meio da variação da tensão de excitação
do gerador.
eletromecânica
28

c) Conversores estáticos

Os conversores são equipamentos ligados diretamente na rede alternada, uti-


lizam diodos e tiristores para converter a tensão alternada em contínua que, pos-
teriormente, será direcionada ao motor.

Você sabia que o motor CC e o gerador são tão


parecidos que é possível transformar um no outro,
ou seja, usar um gerador como motor e vice-versa?
Quer saber mais acesse o site <http://www.weg.net/
CURIOSIDADE br/Media-Center/Central-de-Downloads>. Nesse
site você encontrará muitas apostilas e manuais so-
bre motores elétricos e outros itens relacionados à
eletromecânica.

3.3.2 Motores de corrente alternada

A principal diferença funcional dos motores de corrente alternada - CA é que


o campo magnético gerado pelo estator gira com a mesma frequência da rede.
Outro campo magnético criado no rotor segue a rotação deste campo padrão por
ser atraído e repelido pelo campo do estator.
A figura a seguir mostra as partes constituintes de um motor de indução com
rotor de gaiola.

Placa de Tampa Pino Tampa


Arruela ondulada Carcaça Olhal traseira elástico defletora
Identificação

Ventilador

Anel
V’Ring

Chaveta

Anel Fixação

Tampa Dianteira

Rolamento

Caixa de Ligação
Rotor

Rolamento
Tampa da Caixa
Anel de Ligação
V’Ring

Figura 10 -  Motor de indução explodido


Fonte: Weg (2014)
3 máquinas elétricas
29

Os principais tipos são:


• Motor síncrono: neste motor a velocidade de rotação é sincronizada com a
frequência da rede de alimentação. Por ter custos elevados são produzidos
para potências menores. É mais utilizado para geração de potência reativa e
a correção de fator de potência gerada por outras máquinas elétricas. Assim
como o motor CC, utiliza coletores e escovas.
• Motor assíncrono: é chamado de motor de indução. Neste motor a rotação
do campo eletromagnético gerado no estator é sincronizada com a rede,
porém a rotação do eixo tem uma pequena perda, chamada de escorrega-
mento. É o motor mais utilizado, principalmente, devido a sua simplicidade
na construção, robustez, baixo custo e baixa manutenção. Com a utilização
de inversores de frequência, estes motores conseguiram substituir com êxi-
to várias funções que antes só eram obtidas utilizando motores CC.
Nesses motores a velocidade encontrada na plaqueta de identificação refere-
-se à rotação encontrada no eixo. Ela varia com a carga aplicada, ou seja, quanto
maior a carga, mais devagar gira o motor. A velocidade do campo girante varia di-
retamente com a frequência e é inversamente proporcional ao número de polos
do enrolamento do estator, assim quanto maior a frequência, maior a velocidade
e quanto maior o número de polos, menor a velocidade.
A expressão da velocidade síncrona de um motor assíncrono é:

120  f  s 
n  1  
p  100 

Onde s é o escorregamento em porcentagem.


A expressão do escorregamento é:

s
nS  n  100
nS

A maior desvantagem de um motor de indução é a corrente de partida. O ro-


tor, ao sair da inércia, pode elevar a corrente em até nove vezes em relação ao
eletromecânica
30

valor da corrente nominal, e se houver carga acoplada ao eixo, o valor pode ser
ainda maior. Ao dimensionar um sistema de acionamento, deve ser levado em
consideração este fator.
O motor assíncrono com rotor bobinado, ou motor de anéis, possui, ao invés
de um rotor em gaiola, bobinas que são alimentadas através de escovas de carvão
apoiadas sobre anéis coletores. São utilizados onde se deseja controle de veloci-
dade, além de possuir uma partida potente com uma pequena corrente de parti-
da, geralmente em potências maior de 5CV.

3.3.3 Ligação de motores

O modo de ligação para cada motor pode variar em relação ao tipo de motor/
tensão.

Motores monofásicos

Os motores monofásicos utilizam fase/neutro ou fase/fase como alimentação,


isso dependerá do valor de tensão que o motor foi fabricado. Os mais comuns são
os motores chamado Split phase (fase dividida), capacitor de partida, capacitor
permanente e duplo capacitor; este último é mais utilizado em potências mais
elevadas. O motor mais comum é o tipo capacitor de partida, neste modelo, há
duas bobinas principais e uma auxiliar em série com o capacitor de partida. Para
fazer a ligação em 110V, os enrolamentos principais são ligados em paralelo, jun-
tamente com o circuito auxiliar. Para ligação em 220V, os enrolamentos principais
são ligados em série e o circuito auxiliar é ligado em paralelo com um dos enrola-
mentos principais.

1 2 3 5 Chave

Ep 5 2 8

220V ~ Ep Ea 1 3 4

C L1 L2

4 8
3 máquinas elétricas
31

1 3 5 Chave

5 2 8

110V ~ Ep Ep Ea 1 3 4

L1 L2
C

2 4 8

Figura 11 -  Ligação em série de um motor monofásico (220V) e em paralelo (110V)


Fonte: Martignoni (1991)

Para fazer a inversão de um motor monofásico, basta inverter os polos do cir-


cuito auxiliar de partida, ou seja, trocar os bornes 5 e 8.

Motores trifásicos

É o motor mais utilizado na indústria atualmente. Tem a vantagem de ser mais


econômico em relação aos motores monofásicos, tanto na construção como na
utilização. Podem ter seis bobinas (duas por fase) ou três bobinas (uma por fase).
Os motores de três bobinas podem ser ligados de duas formas diferentes, liga-
ção estrela e ligação triângulo. Na ligação estrela, a tensão de cada bobina deve
ser igual à tensão de fase. Na ligação triângulo, a tensão em cada bobina deve ser
igual à tensão da linha. A figura a seguir descreve o modelo dessas ligações.

R
S
T

L1 L2 L3
1 2

1 2 3

4 5
6
6 4 5

3
eletromecânica
32

R
S
T

L1 L2 L3
4 2

1 2 3

1 5 6 4 5

6 3

Figura 12 -  Ligação estrela e ligação triângulo


Fonte: Martignoni (1991)

Na ligação triângulo, a tensão sobre os enrolamentos é a mesma da tensão de


rede, enquanto que a corrente se divide. Para a ligação estrela, a tensão de rede é
dividida entre os enrolamentos enquanto que a tensão se divide. Observe a figura
a seguir.

R
S
T
VL
VL
IL

IL
VF
VF
IF

IF

Figura 13 -  Relação de tensão e corrente nas ligações estrela e triângulo


Fonte: Martignoni (1991)

As relações entre as tensões e correntes de linha e sobre enrolamentos são:


• Para a ligação triângulo:

VL  VF

IL  3  IF
3 máquinas elétricas
33

• Para a ligação estrela:

VL  3  VF

IL  IF

Assim, para ambos os tipos de ligações, a potência será dada por:

P  3  VL  I L  cos 

Onde cosφ é o fator de potência do motor.


Para o motor, a tensão nas bobinas sempre deve ser a mesma, sob risco de
queimar. Porém a diferenciação de ligação é necessária para que o motor se
adapte à tensão da rede. Quando liga-se em triângulo o motor, está se alimentan-
do uma bobina com duas tensões diferentes entre elas, assim sendo as bobinas
receberão o mesmo valor da tensão da rede. Quando liga-se estrela, está se fazen-
do com que cada bobina receba somente uma fase.

Você sabia que quando as cargas estão equilibra-


das o ponto de união dos bornes 4, 5 e 6 também
são equilibrados, ou seja, as correntes nessa união
são nulas, mas quando há desequilíbrio nas cargas
CURIOSIDADE haverá fluxo de corrente por este neutro, sendo
necessário interligar estes pontos que formam a
estrela ao sistema de aterramento do equipamen-
to. (FRANCHI, 2011)

Nesta seção você aprendeu o que são motores elétricos e estudou os motores
de corrente continua -CC e os motores de corrente alternada - CA. Na próxima
seção você irá conhecer o servomotor.
eletromecânica
34

3.4 Servomotores

O termo servo é comparável a escravo, e inicialmente eram motores utilizados


para trabalhos secundários. Os servomotores estão em rápida ascensão, princi-
palmente nos últimos anos devido à crescente demanda por automação. A chave
para o sucesso da tecnologia servo foi o rápido desenvolvimento na área de tec-
nologia de semicondutores e a modernização dos microcontroladores. Altamen-
te integrado a sistemas computadorizados poderosos, e com seus módulos de
memória com comunicação fácil via rede, permitem uma grande gama de fun-
ções para os sistemas de acionamento. Devido a este desenvolvimento, os siste-
mas servomotores são utilizados cada vez mais como unidades principais, e cada
vez menos para tarefas secundárias.
O servomotor possui um estator bobinado como no motor elétrico conven-
cional, porém para funcionar ele necessita de um aparato eletrônico de malha
fechada, não podendo ser ligado diretamente à rede, pois utiliza uma bobinagem
especialmente confeccionada para proporcionar alta dinâmica ao sistema. O ro-
tor é composto por ímãs permanentes dispostos linearmente sobre o mesmo, e
com um gerador de sinais chamado resolver para fornecer sinais de velocidade
e posição, havendo ainda servomotores que utilizam encoder como gerador de
pulsos de feedback.

Figura 14 -  Servomotor e servoacionamento


Fonte: http://servorepair.blogspot.com.br/2011/12/panasonic-servo-motor-companies.html
3 máquinas elétricas
35

A construção do servomotor é relativamente simples, trazendo uma série de


vantagens nos custos em comparação aos motores CA ou motores CC. Provavel-
mente as maiores implementações estão na parte eletrônica de controle, o servo-
conversor para o servomotor CA assíncrono exige a utilização de processadores
rápidos, como DSPs (Digital Signal Processor), pois o fluxo é calculado por um mo-
delo matemático a partir de grandezas facilmente mensuráveis, como a posição
do rotor, corrente e velocidade.
Dinamicamente, o servomotor CA assíncrono é inferior ao servomotor CC sín-
crono devido a sua maior inércia.

3.4.1 Resolver

O resolver recebe uma frequência senoidal de mais ou menos 10kHz na bobi-


na de excitação, gerando dois sinais, seno e cosseno, que serão utilizados pelo
conversor para definir a posição angular do rotor. O campo magnético produzido
pelos ímãs deve estar sempre perpendicular ao campo magnético do estator, re-
alizando o máximo torque por corrente do estator.
O mesmo envia sinal de posição correspondente à fase dos sinais sen/cos, si-
nal de velocidade proporcional à frequência dos sinais sen/cos que ambos traba-
lham defasados em 90°; o resolver é instalado no eixo do servo, conforme figura
a seguir:

Figura 15 -  Resolver
Fonte: Ottoboni (2002)
eletromecânica
36

3.4.2 Servoconversor

O servoconversor é constituído por um conversor com circuito intermediário


de corrente contínua (CC). O controle de corrente é acionado pelo próprio motor.
O circuito inversor do sistema CA alimenta o acoplamento trifásico do estator
em sucessão cíclica de modo que, em vez de campo continuamente em rotação,
estabelecem-se seis ou mais partes de fluxo magnético do estator (quantidade
de polos). O sincronismo dos pulsos para avanço e a comutação de corrente no
estator são obtidos pelo tradutor de posição do rotor em função da posição ins-
tantânea do mesmo e o eixo de excitação.
Observe a seguir a imagem de um servoconversor em rede:

Rede CANopen

RS 232/485

Figura 16 -  Servoconversor em rede


Fonte: Do autor (2014)

A placa MEMO CARD contém a EEPROM com parâmetros default dos servos,
portanto, deve-se ter cuidado na substituição da placa: a EEPROM deve ser a mes-
ma.
3 máquinas elétricas
37

Outros cartões disponíveis podem ser utilizados para comunicação via super-
visório e ou CLP, além de ser possível fazer toda a programação via pc ou via rede,
conforme figura anterior.

Quer praticar um pouco sobre servoacionamentos? O site


<http://dsw.weg.net/abertura.aspx> dispõe de um software
SAIBA on-line, que tem a finalidade de auxiliar no dimensionamen-
to e nas especificações dos servoacionamentos WEG. Dida-
MAIS ticamente, pode ajudar na escolha correta de um conjunto,
também podendo gerar relatórios com os dados da aplica-
ção e acionamento especificado.

Nesta seção você estudou os servomotores, na próxima irá conhecer os trans-


formadores.

3.5 Transformadores

Transformadores são equipamentos que transformam tensão ou corrente elé-


trica em níveis de grandeza diferentes. Basicamente não há uma transformação
de energia, apenas mudança de valores. Essa mudança ocorre através da transfe-
rência de um circuito chamado primário para outro circuito chamado secundário,
e como todas as máquinas elétricas haverá perdas.

O maior transformador já fabricado possui um peso


de mais de 400 toneladas; em Santa Catarina fica a
CURIOSIDADE maior empresa do ramo, e seu maior transformador
produzido possuía 241 toneladas.

Acompanhe na sequência qual o princípio de funcionamento de um transfor-


mador e a equação fundamental de um transformador ideal.

3.5.1 Princípio de funcionamento

O funcionamento do transformador está baseado no princípio da indução ele-


tromagnética. O transformador basicamente possui uma bobina primária e outra
secundária, no mínimo, podendo ser isoladas entre si ou não. Uma tensão alterna-
da é aplicada à bobina de entrada denominada enrolamento primário, e que pro-
voca uma tensão induzida na bobina de saída chamada enrolamento secundário,
eletromecânica
38

que varia de acordo com o número de espiras dos dois enrolamentos. Observe a
imagem na sequência:

Voltímetro

Gerador
- +

Fluxo magnético
I1

Primário Secundário

Figura 17 -  Princípio de funcionamento de um transformador


Fonte: Sambaqui (2008)

3.5.2 Equação fundamental de um transformador ideal

Conforme visto, o campo magnético de uma bobina é diretamente propor-


cional à tensão aplicada e diretamente proporcional ao número de espiras que
a compõem, assim uma bobina induzida terá sua corrente induzida diretamente
proporcional ao campo magnético.
V1: tensão no enrolamento primário;
V2: tensão no enrolamento secundário;
N1: número de espiras no enrolamento primário;
N2: número de espiras no enrolamento secundário.

V1 V2
a 
N1 N 2
3 máquinas elétricas
39

Dividindo as duas relações e considerando as tensões no primário e secundá-


rio do transformador, é obtida a chamada equação fundamental dos transforma-
dores.
Em relação à corrente, uma força magneto motriz de mesmo valor, no enrola-
mento secundário, fará surgir um valor de corrente contrária ao enrolamento do
primário. Dessa maneira, tem-se que as correntes no primário e secundário de
um transformador ideal têm entre si uma relação inversa do número de espiras,
conforme fórmula a seguir:

I1 N2 1
I 2 = N1 = a

Você estudou nessa seção o que são transformadores e como eles funcionam.
A seguir, acompanhe um exemplo sobre a importância do transformador.

CASOS E RELATOS

Daniel atua como professor há mais de cinco anos no curso técnico de ele-
tromecânica, e em sua aula sobre máquinas elétricas enfatizou aos alunos
que o transformador é um equipamento relativamente simples, mas está
presente em praticamente todos os itens que utilizam energia elétrica, e
por ser tão comum e por gerar poucos problemas, muitas vezes não lhe é
dada a atenção necessária. Daniel trouxe um exemplo de uma avaria que
ocorreu em um transformador de uma subestação e questionou os alunos
sobre quais os problemas que esta avaria poderia acarretar. Um de seus
alunos, Flávio, respondeu que este tipo de problema poderia deixar uma
empresa ou até mesmo uma cidade sem energia por um grande período
de tempo, o que poderia acarretar grandes prejuízos.
eletromecânica
40

A empresa WEG de Jaraguá do Sul é uma das maiores em-


presas mundiais na fabricação de motores e elementos para
SAIBA automação. Em seu site ela dispõe de um vasto material di-
dático sobre software para automação ou dimensionamento
MAIS de elementos de forma gratuita para os interessados. Para
conhecer mais sobre esse assunto, acesse o site: http://www.
weg.net>

Você estudou nesse capítulo as máquinas elétricas, agora é hora de recapitu-


lar.

Recapitulando

Neste capitulo, você estudou que o mercado de máquinas elétricas está


cada vez mais exigente. É necessário que sejam produzidas máquinas
mais econômicas, mais leves, mais silenciosas, com tamanho reduzido
e que atendam à necessidade de aplicação. Essas exigências estimula-
ram sua evolução nos últimos anos. Viu que por mais evoluído que seja o
equipamento, o conceito básico para máquinas elétricas fundamenta-se
no princípio do magnetismo e do eletromagnetismo.
Conheceu ainda as interações magnéticas entre ímãs e eletroímãs que
podem gerar torque; as características construtivas e as principais partes
dos motores. Aprendeu também a reconhecer os tipos de motores elé-
tricos industriais e suas principais aplicações. Para fechar, estudou sobre
o funcionamento de motores elétricos industriais e verificou a influência
dos motores no consumo de energia elétrica das indústrias.
Parabéns! Você chegou ao final desta etapa. Como você viu, não é muito
complexa, mas é de extrema importância para a área eletromecânica.
3 máquinas elétricas
41

Anotações:
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Geraldo. Máquinas Elétricas. São Paulo: Érica. 2011, 260 p.
CARVALHO, Paulo Cesar Marques de; NETO, Manuel Rangel Borges. Geração de Energia. 1. ed. São
Paulo: Érica, 2012, 158 p.
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przedprzeci%C4%85%C5%BCeniem:-C-985-A120-A.htm?websale8=conrad&pi=500549>. Acesso
em: 05 ago. 2014.
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<http://www.eletrobras.com/elb/natrilhadaenergia/meio-ambiente-e-energia>. Acesso em: 05
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FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY Jr, C.; KUSKO, A. Máquinas Elétricas. Porto Alegre: Bookman. 2006,
643 p.
FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 4. ed. - São Paulo: Érica, 2008.
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MARTIGNONI, Alfonso. Máquinas de Corrente Alternada. Porto Alegre: Globo. 1991, 3301
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OTTOBONI, Augusto. Servo acionamentos – Revista mecatrônica atual. Nº 3 2002.
RUNCO, Fredemar. Máquinas elétricas girantes refrigeradas por manto d’água. Tecnicahl notes
WEG, 1. ed. 2009.
SAMBAQUI, Ana Barbara Knolseisen. Máquinas Elétricas. Cefet/SC. 2008, 45p.
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br/2013/01/a-energia-nuclear.html>. Acesso em: 05 ago. 2014.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Ademir José dos Santos é técnico em eletrotécnica pelo CEDUP Dário Geraldo Salles, graduado
em Tecnologia em Processos Industriais com habilitação em eletrometalmecânica, pela Univer-
sidade da Região de Joinville, e pós-graduado em Engenharia de Manutenção Industrial pelo
SENAI Joinville. Atuou 14 anos na área de Manutenção Elétrica Industrial, e atua há oito anos
lecionando em cursos técnicos.
Índice

C
Corrente alternada 20, 22, 24, 28, 33
Corrente contínua 22, 24, 33, 36

E
Eólica 11, 14, 16, 17

F
Fonte de energia 12

H
Hídrica 11, 12, 17
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL

Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP

Felipe Esteves Pinto Morgado


Gerente Executivo de Educação Profissional e Tecnológica

Nina Rosa Silva Aguiar


Gerente de Educação Profissional e Tecnológica

Sinara Sant’Anna Celistre


Gestora do Programa SENAI de Capacitação Docente

Nathália Falcão Mendes


Analista de Desenvolvimento Industrial

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Raphael da Silveira Geremias


Gerência de Educação no SENAI em Joinville

Carla Micheline Israel


Coordenação do Projeto

Michele Antunes Corrêa


Coordenação Técnica de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Ademir José dos Santos


Elaboração

Celso Picolli Filho


Revisão Técnica

Sabrina Paula Soares Scaranto


Design Educacional

Tatiane Hardt
Ilustrações e Tratamento de Imagens
Diagramação
Roseli Müller Izolan
CRB-14/472
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Jaqueline Tartari
Contextuar
Revisão Ortográfica e Gramatical

Jaqueline Tartari
Contextuar
Normalização

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