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Série tecnologia da informação - hardwARE

Eletroeletrônica
aplicada
Série tecnologia da informação - hardwARE

Eletroeletrônica
Aplicada
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série tecnologia da informação - hardwARE

Eletroeletrônica
Aplicada
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
__________________________________________________________________
S491e
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Eletroeletrônica aplicada / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília :
SENAI/DN, 2012.
124 p. il. (Série Tecnologia da informação - Hardware).

ISBN 978-85-7519-497-3

1. Eletrostática. 2. Eletricidade. 3. Eletrônica digital. 4. Óptica. I.


Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 621.38
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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Estrutura do átomo.......................................................................................................................................16
Figura 2 -  Eletrização por atrito e atração em eletroscópio de pêndulo.......................................................19
Figura 3 -  Campos elétricos . ........................................................................................................................................21
Figura 4 -  Campo elétrico gerado por uma carga Q e diferença de potencial entre os pontos A e B
deste campo.........................................................................................................................................................................23
Figura 5 -  Pulseira antiestática......................................................................................................................................25
Figura 6 -  Etiquetas informativas ...............................................................................................................................25
Figura 7 -  Representação da corrente alternada em um circuito....................................................................30
Figura 8 -  Onda senoidal................................................................................................................................................31
Figura 9 -  Alicate amperímetro....................................................................................................................................32
Figura 10 -  Representação da corrente nos circuitos CC....................................................................................32
Figura 11 -  Onda senoidal e seu período.................................................................................................................36
Figura 12 -  Resistores.......................................................................................................................................................38
Figura 13 -  Simbologia do resistor..............................................................................................................................39
Figura 14 -  Campo elétrico em um capacitor carregado....................................................................................40
Figura 15 -  Capacitores...................................................................................................................................................40
Figura 16 -  Simbologia do capacitor..........................................................................................................................41
Figura 17 -  Circuito de carga de um capacitor........................................................................................................42
Figura 18 -  Enrolamento ou bobina...........................................................................................................................42
Figura 19 -  Campo magnético ao redor de um condutor sujeito à corrente contínua...........................43
Figura 20 -  Linhas de campo magnético ao redor de um imã..........................................................................44
Figura 21 -  Linha do campo magnético em um enrolamento (eletroímã)...................................................44
Figura 22 -  Simbologia do indutor..............................................................................................................................45
Figura 23 -  Relação entre as diferentes escalas termométricas........................................................................48
Figura 24 -  Multímetro digital, fabricante Icel, modelo MD-6110....................................................................50
Figura 25 -  Display de um multímetro digital.........................................................................................................51
Figura 26 -  Exemplo de exibição do resultado de uma medição....................................................................51
Figura 27 -  Seletor de um multímetro.......................................................................................................................52
Figura 28 -  Bornes.......................................................................................................................................................... 53
Figura 29 -  Ponteiras........................................................................................................................................................53
Figura 30 -  Ponteiras conectadas para medição de tensão CA/CC, resistência, frequência e capaci-
tância......................................................................................................................................................................................54
Figura 31 -  Ponteiras conectadas para medição de corrente CA/CC da ordem de miliamperes..........54
Figura 32 -  Ponteiras conectadas para medição de corrente CA/CC da ordem de amperes.................54
Figura 33 -  Diagrama de blocos de uma função lógica.......................................................................................62
Figura 34 -  Aspecto construtivo de um transformador.......................................................................................72
Figura 35 -  Princípio de operação de um transformador...................................................................................73
Figura 36 -  Simbologia de alguns tipos de transformadores............................................................................73
Figura 37 -  Transformador operando como (a) elevador e (b) rebaixador...................................................74
Figura 38 -  Estabilizador.................................................................................................................................................76
Figura 39 -  Varistores........................................................................................................................................................77
Figura 40 -  Fusível ............................................................................................................................................................78
Figura 41 -  No-break...................................................................................................................................................... 79
Figura 42 -  Bateria de um no-break.......................................................................................................................... 79
Figura 43 -  Exemplo de chave seletora.....................................................................................................................80
Figura 44 -  Pilhas e baterias...........................................................................................................................................81
Figura 45 -  Simbologia dos geradores elétricos.....................................................................................................81
Figura 46 -  Fechando curto no conector ATX.........................................................................................................82
Figura 47 -  Diodo e sua simbologia............................................................................................................................83
Figura 48 -  Terminal catodo de um diodo................................................................................................................84
Figura 49 -  Região PN de um diodo............................................................................................................................84
Figura 50 -  Diodo polarizado reversamente por uma fonte..............................................................................85
Figura 51 -  Diodo polarizado diretamente por uma fonte: tensão aplicada maior (a) menor (b) que
a barreira de potencial da região de depleção........................................................................................................85
Figura 52 -  Alguns tipos de transistores...................................................................................................................87
Figura 53 -  Estrutura interna e simbologia de um transistor do tipo NPN...................................................88
Figura 54 -  Estrutura interna e simbologia de um transistor do tipo PNP....................................................88
Figura 55 -  Correntes em um transistor (a) NPN e (b) PNP.................................................................................89
Figura 56 -  Circuito de polarização de base............................................................................................................90
Figura 57 -  Relação gráfica entre a corrente de base e a corrente de coletor em um transistor..........91
Figura 58 -  Circuito para operação do transistor como chave..........................................................................92
Figura 59 -  Analogia do comportamento do transistor em corte com um chave aberta.......................93
Figura 60 -  Analogia do comportamento do transistor na saturação com um chave fechada............93
Figura 61 -  Analogia do transistor com um chave fechada...............................................................................94
Figura 62 -  Operação de um amplificador...............................................................................................................94
Figura 63 -  Circuito de polarização emissor comum com divisor de tensão na base, para operação
na região ativa.....................................................................................................................................................................95
Figura 64 -  Amplificador emissor comum................................................................................................................96
Figura 65 -  Com aterramento – a corrente praticamente não circula pelo corpo.....................................98
Figura 66 -  Sem aterramento – o único caminho é o corpo..............................................................................98
Figura 67 -  Tomada de três pinos................................................................................................................................99
Figura 68 -  Fase............................................................................................................................................................... 100
Figura 69 -  Neutro.......................................................................................................................................................... 100
Figura 70 -  Exemplo de terrômetro......................................................................................................................... 101
Figura 71 -  Fusíveis........................................................................................................................................................ 102
Figura 72 -  Disjuntores................................................................................................................................................. 103
Figura 73 -  Onda eletromagnética, com sua amplitude A, comprimento de onda λ e velocidade v...108
Figura 74 -  Espectro eletromagnético ressaltando a faixa de luz visível.................................................... 109
Figura 75 -  Fenômeno da refração........................................................................................................................... 110
Figura 76 -  Lei de Snell............................................................................................................................................... 111
Figura 77 -  Fenômeno da refração e reflexão...................................................................................................... 112
Quadro 1 - Matriz curricular...........................................................................................................................................14

Tabela 1 - Interpretação do valor indicado pelo multímetro (medição de corrente)................................54


Tabela 2 - Interpretação do valor indicado pelo multímetro (medição de tensão) ..................................54
Tabela 3 - Relação entre os sistemas decimal, binário e hexadecimal...........................................................62
Tabela 4 - Características de alguns diodos retificadores comerciais..............................................................88
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Eletroestática....................................................................................................................................................................15
2.1 Carga elétrica.................................................................................................................................................16
2.2 Eletrização.......................................................................................................................................................17
2.3 Materiais condutores e isolantes............................................................................................................19
2.4 Potencial elétrico..........................................................................................................................................20
2.5 Diferença de potencial...............................................................................................................................22

3 Conceitos de Eletricidade............................................................................................................................................29
3.1 Corrente alternada (CA).............................................................................................................................30
3.2 Corrente contínua........................................................................................................................................32
3.3 Grandezas físicas e elétricas.....................................................................................................................33
3.3.1 Tensão elétrica............................................................................................................................33
3.3.2 Corrente elétrica.........................................................................................................................34
3.3.3 Potência elétrica.........................................................................................................................35
3.3.1 Energia consumida....................................................................................................................35
3.3.2 Frequência....................................................................................................................................36
3.3.3 Resistência elétrica....................................................................................................................37
3.3.4 Capacitância................................................................................................................................39
3.4 Indutância.......................................................................................................................................................42
3.4.1 Impedância..................................................................................................................................46
3.4.2 Temperatura.................................................................................................................................46
3.4.3 Umidade........................................................................................................................................48
3.5 Lei de Ohm......................................................................................................................................................49
3.6 Multímetro......................................................................................................................................................50

4 Conceitos de Eletrônica................................................................................................................................................57
4.1 Princípios de eletrônica digital................................................................................................................58
4.1.1 Sistemas de numeração .........................................................................................................58
4.1.2 Sistema de numeração binário.............................................................................................59
4.1.3 Sistema de numeração hexadecimal..................................................................................60
4.1.4 Conversão de base ...................................................................................................................61
4.2 Portas e funções lógicas.............................................................................................................................62
4.2.1 Funções lógicas básicas...........................................................................................................62
4.2.2 Função lógica “NÃO (NOT)”.....................................................................................................62
4.2.3 Função lógica “E (AND)”...........................................................................................................63
4.2.4 Função Lógica “OU (OR)”..........................................................................................................65
4.2.5 Função Lógica “NÃO E (NAND)”.............................................................................................67
4.2.6 Função lógica “NÃO OU (NOR)”.............................................................................................67
4.3 Algebra de Boole..........................................................................................................................................68
4.4 Transformadores...........................................................................................................................................71
4.5 Fontes de energia elétrica.........................................................................................................................75
4.5.1 Estabilizador ...............................................................................................................................76
4.5.2 No-break .......................................................................................................................................78
4.5.3 Geradores ....................................................................................................................................81
4.6 Diodos..............................................................................................................................................................83
4.6.1 Tipos de diodo e especificação.............................................................................................86
4.7 Transistores.....................................................................................................................................................87
4.7.1 Chaveamento .............................................................................................................................91
4.7.2 Amplificadores . .........................................................................................................................94

5 Riscos Elétricos.................................................................................................................................................................97
5.1 Aterramento...................................................................................................................................................98
5.1.1 Implementação de aterramento..........................................................................................99
5.2 Sistemas de proteção............................................................................................................................... 102
5.2.1 Fusíveis........................................................................................................................................ 102
5.2.2 Disjuntores................................................................................................................................ 103

6 Óptica............................................................................................................................................................................... 107
6.1 Conceitos...................................................................................................................................................... 108
6.2 Refração da luz........................................................................................................................................... 110

Referências......................................................................................................................................................................... 115

Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 117

Índice................................................................................................................................................................................... 119
Introdução

Você está iniciando a unidade curricular Eletroeletrônica Aplicada, onde terá um apanhado
de diferentes áreas do conhecimento: eletroestática, materiais elétricos, eletromagnetismo,
conversão de energia, eletrônica digital e analógica, instrumentação, óptica, entre mais algu-
mas subáreas. Ao tomar contato com o conteúdo, você conhecerá conceitos e aplicações im-
portantes para cada tema.
Para todos os conceitos e conhecimentos aqui apresentados você terá fundamentos teóri-
cos, estando apto e com competência para desempenhar tarefas técnicas ligadas a este vasto
universo no seu dia a dia de trabalho.
Ao final do estudo, e posterior aplicação no dia a dia, você terá a percepção de que, o que
inicialmente era um mundo desconhecido, agora passa a ser uma ilha, de pequenas dimen-
sões, na qual você conhecerá os seus limites como ninguém.
E esta é a nossa expectativa, que este material seja o propulsor desta viagem pelo universo
desconhecido e que o pouso em uma ilha, ocorra o mais breve possível!
Bons estudos!
Serviços de Rede
12

Curso Técnico em Redes de Computadores

Unidades Carga Carga horária


Módulos Denominação
curriculares horária do módulo
• Eletroeletrônica Apli- 60h
cada
• Montagem e Manuten- 160h
Básico Básico 340h
ção de Computadores
• Ferramentas para Docu- 120h
mentação Técnica
• Cabeamento Estrutu-
108h
rado
• Arquitetura de Redes 80h
• Comutação de Rede
120h
Específico I Ativos de Rede Local 464h
• Interconexão de Redes
96h
PR
• Gerenciamento e Moni-
60h
toramento de Rede
• Servidores de Rede 120h
• Serviços de Rede 120h
Servidores de
Específico II • Serviços de Conver- 396h
Rede 60h
gência
• Segurança de Redes 96h

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI DN

É hora de entrar no mundo dos serviços de redes e começar a trilhar os cami-


nhos do conhecimento. Procure levar teoria e prática alinhados, contruindo o seu
conhecimento e desenvolvimento profissional. Bons estudos!
1 Introdução
13

Anotações:
Eletroestática

A eletricidade é algo que sempre despertou a curiosidade e o interesse das pessoas, desde
a antiguidade. Entender os diversos fenômenos que aconteciam naquela época tornou-se alvo
de estudos de diversos cientistas ao longo da história da humanidade. Um dos experimentos
mais conhecidos e lembrados por grande parte das pessoas foi realizado por Benjamin Franklin,
quando empinou uma pipa de seda com ponta de metal em meio a uma tempestade. A finali-
dade era confirmar a sua teoria sobre a natureza elétrica do raio. Inúmeras teorias existiram para
explicar como a matéria que existe na natureza é constituída e, a partir disso, também explicar
os fenômenos relacionados à eletricidade. Será um estudo muito interessante que você iniciará
a partir de agora.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) entender o conceito de carga elétrica;
b) conhecer processos de eletrização de materiais;
c) entender os conceitos de diferença de potencial e potencial elétrico.
E então, ficou curioso para saber mais sobre eletrostática? Aperte os cintos e embarque nes-
sa trajetória rumo ao conhecimento!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
16

2.1 Carga elétrica

Tudo aquilo que você consegue segurar em suas mãos, como, neste momen-
to, este livro didático, é constituído por elementos, denominados átomos.

O modelo atômico que conhecemos e estudamos hoje


foi idealizado pelo físico inglês Lorde Ernest Rutherford,
VOCÊ que descreveu o átomo como um sistema solar em mi-
SABIA? niatura, onde os elétrons representariam os planetas
que giram em torno do sol e o núcleo corresponderia ao
próprio sol.

O átomo, que em grego significa indivisível, é constituído essencialmente de


duas partes: núcleo e eletrosfera. Você sabe o que são? A eletrosfera corresponde
à região onde os elétrons orbitam, em altíssima velocidade, e o núcleo correspon-
de à região onde se localizam os prótons e os nêutrons.

D'imitre Camargo (2011)

Figura 1 -  Estrutura do átomo


Fonte: Adaptado de Carvalho e Fonseca (2009)

Para esses elementos que constituem o átomo, convencionou-se que os pró-


tons têm carga elétrica positiva; os elétrons, carga elétrica negativa, e os nêutrons,
por sua vez, não têm carga elétrica. No estado natural, a quantidade de prótons
e elétrons é a mesma, o que torna o átomo eletricamente neutro, pois possui a
mesma quantidade de cargas negativas e positivas.
2 Eletroestática
17

Quando um corpo neutro passa por algum processo de eletrização, ele adqui-
re uma carga elétrica, que poderá ser positiva se ele perder elétrons, ou negativa,
se ele ganhar elétrons.

Para saber mais sobre o átomo e a estrutura da matéria, que


SAIBA tal acessar o site <www.sprace.org.br/eem>? Nele, você
MAIS encontrará explicações mais aprofundadas sobre o átomo e
todos os elementos que o constituem.

E você sabia que na época de Benjamim Franklin, a carga elétrica era consi-
derada como um fluido contínuo? Entretanto, sabe-se hoje em dia que mesmo
os fluidos como a água e o ar, não são contínuos, mas sim, formados por átomos
e moléculas. O mesmo ocorre com o fluido elétrico, constituído de múltiplos de
certa carga elementar. Assim, qualquer carga positiva ou negativa q que possa ser
detectada pode ser escrita como:

q =n ⋅ e , n =±1, ± 2, ± 3,

onde e, a carga elementar, tem o seguinte valor:

=e 1,60 × 10 −19 C

O valor quantitativo de uma carga elétrica é medido em coulombs [C].


Agora que você já conhece mais sobre carga elétrica, conheça a eletrização.
Siga com motivação!

2.2 Eletrização

Uma das formas de se eletrizar um corpo é atritá-lo com outro de característica


diferente. Claro que não são quaisquer corpos que podem ser atritados e, dessa
forma, adquirirem carga elétrica. Este processo de eletrização não cria cargas no
outro corpo, mas simplesmente as transfere de um para o outro, pela perturbação
à neutralidade elétrica de um destes.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
18

Jupiterimages (20--?)
Um exemplo muito simples do processo de eletrização por atrito ocorre quan-
do você esfrega uma régua plástica no cabelo e, depois, aproxima-a de pequenos
pedacinhos de papel picado. Quando atritamos a régua no cabelo, um dos corpos
ganha elétrons, ficando carregado negativamente, enquanto o outro perde elé-
trons, ficando carregado positivamente. Que tal praticar um pouco? Experimente
fazer os seguintes testes de eletrização.
a) Atrite uma régua plástica em um pedaço de seda ou feltro e, depois, aproxi-
me-a de pedacinhos de papel picado.
b) Encha um balão e atrite-o em cabelos compridos.
O que você observou com os testes? Percebeu o efeito de atração que os obje-
tos eletrizados possuem? Depois de experimentar, é importante que você saiba o
que são os eletroscópios. Eles são instrumentos capazes de verificar a eletrização
de um corpo qualquer. O eletroscópio mais simples possível, que você mesmo
pode construir para a verificação de carga elétrica estática em um corpo, é aquele
em que você utiliza, por exemplo, uma pequena esfera de isopor suspensa por
um fio de seda ou náilon. Nas imagens a seguir, você poderá observar a situação
em que uma canaleta plástica de instalação elétrica é atritada em um pedaço de
feltro e, após, é aproximada de um eletroscópio simples de pêndulo, fazendo com
que a esfera de isopor fique deslocada e aproxime-se da canaleta eletrizada.
2 Eletroestática
19

Figura 2 -  Eletrização por atrito e atração em eletroscópio de pêndulo

No exemplo apresentado, podemos ter a percepção de que a canaleta está


carregada eletricamente, porém, não conseguimos determinar se a carga nela
contida é positiva ou negativa. O fato de a esfera ser atraída é consequência do
princípio básico da eletrostática, que afirma que cargas elétricas de mesmo sinal
se repelem e, cargas elétricas de sinais opostos, se atraem. Corpos eletricamente
neutros são atraídos por corpos carregados com carga de qualquer sinal.

Para saber mais sobre como e quais as substâncias podem


eletrizar-se, pesquise sobre a série Triboelétrica. Esta série
SAIBA nada mais é do que uma lista de materiais, identificando
MAIS quais tem maior tendência de se tornarem positivamente ou
negativamente carregados, a partir de um processo de ele-
trização por atrito.

Ficou claro até aqui? Percebeu como exemplos simples podem demonstrar
como acontece a eletrização? Vamos seguir para conhecer os materiais conduto-
res e isolantes.

2.3 Materiais condutores e isolantes

Em materiais como os metais, por exemplo, algumas das cargas negativas po-
dem mover-se livremente. Em outros materiais, tais como, o vidro e o plástico,
nenhuma carga negativa pode mover-se livremente. Por que isso acontece?
Para responder a esta pergunta, temos que direcionar novamente nossa aten-
ção ao átomo. Como vimos, os átomos são constituídos por prótons carregados
positivamente, elétrons carregados negativamente e nêutrons eletricamente
neutros. Os prótons e os nêutrons estão fortemente ligados em um núcleo cen-
tral, sendo que este exerce uma força de atração sobre os elétrons.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
20

Dependendo da estrutura e a natureza elétrica do áto-


VOCÊ mo, os elétrons que se movem em órbitas mais externos
do núcleo - e assim mais fracamente vinculados ao áto-
SABIA? mo - podem se tornar livres. São os chamados elétrons
livres.

Os materiais constituídos de átomos que permitam a existência de elétrons li-


vres são chamados de condutores. Alguns exemplos de condutores são: o cobre,
o alumínio, o ferro (metais em geral) e algumas ligas metálicas.
Em contrapartida, existem materiais que são formados por átomos nos quais
os elétrons estão fortemente vinculados ao núcleo. Desta forma, não permitindo
a existência de elétrons livres. Estes são chamados de isolantes. O vidro, a borra-
cha, a cerâmica e o plástico são bons exemplos de materiais isolantes.

2.4 Potencial elétrico

No dia a dia percebemos, em diferentes situações, o efeito da gravidade.


Quando erguemos uma caneta a uma determinada altura, esta estará sujeita a
uma força gravitacional que dependerá da sua massa e da aceleração gravitacio-
nal. Assim que soltarmos a caneta, seu peso irá deslocá-la para baixo, realizando
sobre a caneta o que na física se chama de trabalho. Este trabalho faz com que a
caneta seja deslocada da sua altura inicial até o solo.
Na condição de repouso, diz-se que a caneta possui energia potencial, resul-
tante da altura e da ação da gravidade e, ao soltarmos a caneta, esta energia se
transforma em cinética.
Esta discussão inicial vai ser importante para o entendimento do que vem a ser
o potencial elétrico. Na eletricidade, também existe uma força que desloca as car-
gas elétricas de forma semelhante à ação da gravidade. Você já deve ter ouvido
a expressão “os opostos se atraem”. É exatamente isso que ocorre com as cargas
elétricas: cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e aquelas de sinais opostos,
se atraem. Mas como ocorre este mecanismo de atração e repulsão entre cargas
já que elas estão distantes umas das outras?
Essa é uma boa pergunta! A “ação a distância” é explicada pelo que se conhe-
ce como campo elétrico. Qualquer carga elétrica, seja ela negativa ou positiva,
cria no espaço ao seu redor uma “nuvem” que é capaz de atrair ou repelir outras
cargas. Em qualquer ponto desse espaço, o campo tem intensidade, direção e
sentido. Assim, quando uma carga q2 é colocada próxima a uma carga q1, estas
interagem entre si por intermédio do campo elétrico que cada uma delas produz.
2 Eletroestática
21

Veja nas figuras a seguir, o campo elétrico de cargas negativas e positivas iso-
ladas, e o campo elétrico resultante quando temos duas cargas de mesmo sinal e
de sinais opostos.

D'imitre Camargo (2011)

Figura 3 -  Campos elétricos

As linhas que saem ou entram nas cargas são chamadas de linhas de força.
Elas auxiliam na representação do espalhamento do campo elétrico. Nas regiões
onde as linhas estão mais próximas, o campo elétrico é mais intenso e naquelas
onde as linhas estão mais afastadas, o campo elétrico é menos intenso.
Para cada ponto do campo deste espaço, está associada uma grandeza escalar
chamada potencial elétrico. Se tivermos uma carga positiva q1 em repouso e
colocarmos uma carga q2, também positiva, em um ponto A próximo, a carga q1
atuará sobre q2 por intermédio do campo e uma força de interação a transportará
até o “final do campo” ou infinito.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
22

FIQUE Lembre-se que cargas de mesmo sinal se repelem.


ALERTA

Esse “final do campo” é, por convenção, o referencial zero. A razão entre o tra-
balho realizado pela força elétrica para transportar a carga de A até o referencial
zero e a carga transportada, define o potencial no ponto A. Matematicamente,
fica da seguinte maneira. Observe!

WA
VA =
q

onde:
VA é o potencial elétrico no ponto A dado em volts [V];
WA é o trabalho realizado pela força de interação elétrica para transportar a
carga do ponto A até o infinito dado em joules [J];
q é intensidade da carga elétrica transportada em coulombs [C].
Em outras palavras, o potencial elétrico quantifica a capacidade de realizar tra-
balho que uma carga adquire quando está imersa num campo elétrico.

VOCÊ Grandezas escalares são aquelas que não possuem dire-


SABIA? ção e sentido, apenas intensidade.

2.5 Diferença de potencial

Para iniciar o estudo, pense que A e B são dois pontos de um campo elétrico
gerado por uma carga Q, conforme mostra a próxima figura.
2 Eletroestática
23

D'imitre Camargo (2011)


Figura 4 -  Campo elétrico gerado por uma carga Q e diferença de potencial entre os pontos A e B deste campo

Colocando-se uma carga positiva +q no ponto A, a força de repulsão FqA levará


esta carga até o infinito, realizando sobre ela um trabalho WA. Da mesma forma,
se a carga +q for colocada no ponto B, ela será repelida até o infinito, sob a ação
da força FqB, sendo realizado sobre ela um trabalho WB. O potencial no ponto A
será VA e, no ponto B, VB. A diferença entre VA e VB, ou diferença de potencial VAB,
representa o trabalho realizado sobre a carga +q para transportá-la de A até B.
Veja a equação!

W
VA − VB =AB
q

Observe que a unidade da diferença de potencial é o volt (V).


E o convite agora é para conhecer uma situação interessante sobre as cargas
elétricas que acumulamos em nosso corpo. Veja mais no Casos e relatos!

CASOS E RELATOS

A eletricidade estática
Carlos trabalha em uma empresa de equipamentos automotivos e per-
cebeu que, após manusear componentes elétricos, sentiu formigamen-
to nas mãos. Ao comentar o ocorrido com seu colega João, que estava
fazendo um curso de eletrônica, o colega explicou que isso poderia es-
tar acontecendo pois o corpo humano pode acumular uma quantidade
muito grande de cargas elétricas devido aos mais variados tipos de atrito
produzidos entre o corpo e outros objetos quaisquer, como, por exem-
plo, com as roupas.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
24

Mas o que Carlos não sabia era que o acúmulo dessas cargas no corpo
tem um grande potencial de causar danos, parciais ou totais, aos mais va-
riados tipos de componentes eletrônicos, pois, ao tocar um componente
desse tipo, as cargas elétricas são transferidas rapidamente ao compo-
nente, causando nas pessoas, apenas uma leve sensação de formigamen-
to, muitas vezes até imperceptível. João também explicou a Carlos que
o potencial elétrico que estamos expostos, devido às cargas estáticas, é
muito elevado, podendo chegar à ordem de milhares de volts. Quando
tocamos um componente eletrônico, a descarga elétrica é muito rápida,
porém, com uma corrente elétrica muito pequena. Essa corrente elétri-
ca é a responsável pela percepção que temos do choque elétrico, nes-
se caso, muito menor do que se tocássemos um cabo energizado qual-
quer. Porém, para os microcircuitos dos equipamentos eletrônicos que
trabalham com quantidades mínimas de energia e precisam ser muito
sensíveis à menor variação na tensão, essa descarga elétrica de poten-
cial elevado pode causar sérios danos. Isso pode ocorrer sem ao menos
tocarmos nesses equipamentos, pois, com um potencial tão elevado, o
simples fato de aproximarmos nossa mão desses componentes, pode in-
duzir ao surgimento de um campo elétrico capaz de produzir também
um dano no equipamento. Com as dicas do colega, Carlos passou a ter
mais cuidado ao tocar em elementos elétricos. Além disso, ele adquiriu
uma pulseira antiestática para descarregar as cargas estáticas.

Como você pôde ver no Casos e relatos, diante de tudo isso, ao realizarmos
algum tipo de manutenção, instalação ou outra atividade qualquer que envol-
va os mais variados tipos de componentes eletrônicos, é fundamental que evi-
temos sempre tocar os componentes diretamente com a mão. Na necessidade
de contato direto dos componentes com nossas mãos, é fundamental o uso de
uma pulseira antiestática, devidamente aterrada, pois ela cumprirá a sua função
de descarregar as cargas estáticas acumuladas em nosso corpo. Como mostra a
figura a seguir.
2 Eletroestática
25

iStockphoto (20--?)
Figura 5 -  Pulseira antiestática
Fonte: Rubensomar (2009)

Portanto, fique atento ao tocar elementos elétricos com a mão! É comum en-
contrarmos em equipamentos eletrônicos, etiquetas com avisos sobre o risco da
eletricidade estática.
D'imitre Camargo (2011)

Figura 6 -  Etiquetas informativas

Agora você já sabe a diferença de potencial entre corpos elétricos não é mes-
mo? Gostou do assunto estudado? Aproveite para refletir sobre situações do seu
cotidiano. É sempre importante aproximar a teoria e a prática para efetivar os
conhecimentos!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
26

Recapitulando

Neste capítulo, estudamos a carga elétrica e entendemos como é possí-


vel eletrizar um material. Você viu que os conceitos de potencial elétrico
e diferença de potencial são uma consequência direta da existência de
cargas elétricas e do seu campo elétrico. Estes conceitos são o fundamen-
to para o estudo que virá a seguir sobre eletricidade. Prepare-se para uma
nova etapa de aprendizado!
2 Eletroestática
27

Anotações:
Conceitos de Eletricidade

Quando se trabalha com equipamentos variados de informática, fazendo alguma manuten-


ção ou instalação, uma das coisas mais importantes que você deve saber é se esse equipamento
está ou não ligado à rede elétrica e se a rede está ou não energizada. Para compreender me-
lhor a importância de saber tais coisas, é fundamental que você possa ter o maior número de
informações possíveis a respeito das grandezas elétricas envolvidas. Agora você é convidado a
conhecer os objetivos de aprendizagem. Vamos lá!
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) entender a diferença entre corrente alternada e corrente contínua;
b) relacionar algumas grandezas elétricas matematicamente;
c) conhecer o procedimento de medição destas grandezas.
Antes de iniciar os estudos desse capítulo, que tal reunir motivação e autonomia? Lembre-se
que essas são habilidades importantes para um aprendizado efetivo e prazeroso.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
30

3.1 Corrente alternada (CA)

A corrente alternada (CA) é exatamente a corrente fornecida pelas concessio-


nárias de energia e tem esse nome porque, em um dado instante, ela tem um
sentido e, no instante seguinte, possui o sentido contrário, variando seu sentido
em 60 vezes por segundo (60 Hz), o que corresponde à frequência da rede elétrica
no Brasil.
Nos circuitos de CA, o sentido da corrente se inverte periodicamente.

D'imitre Camargo (2011)

Figura 7 -  Representação da corrente alternada em um circuito

O principal motivo para o uso da CA está no fato de que a transmissão é mais


fácil e mais econômica, pois ela pode ser aumentada ou reduzida facilmente e
sem perda apreciável, utilizando-se, para isso, os transformadores. Nas estações
geradoras de energia, a tensão alternada é elevada por transformadores e aplica-
da às linhas de transmissão. Quando as linhas chegam aos seus destinos, essa ten-
são é reduzida, também por transformadores, a valores que possam ser utilizados
para iluminação e força.

Comumente, equipamentos elétricos diferentes reque-


VOCÊ rem diferentes tensões para o seu perfeito funciona-
SABIA? mento, e isso pode ser obtido facilmente por meio do
uso de transformadores.
3 Conceitos de Eletricidade
31

Vale ressaltar que, quanto maior a tensão em uma linha de transmissão, maior
será a sua eficiência.
As formas de onda da maioria das correntes alternadas correspondem a curvas
alternadas suaves, que representam variações gradativas de tensão e de corrente,
e são representadas por uma senoide, como mostra a figura a seguir.

D'imitre Camargo (2011)


Figura 8 -  Onda senoidal

Observando a onda da direita na figura anterior, vemos que ela forma um ciclo
completo de CA e que, para cada ciclo completo, obtemos dois valores máximos,
um para o ciclo positivo e outro para o ciclo negativo. A diferença entre o pico
de ciclo positivo e o de pico negativo corresponde ao valor pico a pico da onda
senoidal. Quando medimos a tensão de uma rede CA, o valor que encontramos
corresponde ao valor da tensão eficaz ou RMS, VRMS, que pode ser calculada da
seguinte forma. Acompanhe!

VRMS = Vmax
2

A forma mais fácil de se medir a CA é usando um alicate amperímetro, como


o da figura a seguir, pois, dessa forma, não é necessário abrir o circuito elétrico,
bastando envolver a fiação com o anel do alicate.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
32

iStockphoto (20--?)
Figura 9 -  Alicate amperímetro

Aqui você conheceu a corrente alternada (CA) e porque ela recebe esse nome.
Vamos conhecer a corrente contínua? Esse será o próximo assunto. Continue
atento!

3.2 Corrente contínua

A corrente contínua (CC) é aquela em que o movimento das cargas elétricas


ocorre sempre no mesmo sentido. Ela é muito importante para o funcionamento
de circuitos eletrônicos, além de ser base de inúmeros equipamentos relaciona-
dos à informática.
D'imitre Camargo (2011)

Figura 10 -  Representação da corrente nos circuitos CC


3 Conceitos de Eletricidade
33

Geralmente a CC é obtida por meio do uso de um retificador de tensão e filtro,


que transformam a CA em CC.
Percebeu a diferença entre corrente alternada e corrente contínua? Saiba ago-
ra sobre as grandezas físicas e elétricas.

3.3 Grandezas físicas e elétricas

3.3.1 Tensão elétrica

A grandeza elétrica denominada tensão elétrica está relacionada com a dife-


rença de potencial (ddp) que existe entre dois pontos quaisquer de uma rede elé-
trica ou equipamento. Como foi visto, é essa diferença de potencial que permite
ocorrer o movimento das cargas elétricas nos condutores.

FIQUE Se não existir uma diferença de potencial, não haverá mo-


ALERTA vimento das cargas.

Para que você possa compreender facilmente o conceito de tensão, faremos


uso de uma analogia bem simples: imagine um rio qualquer que você conhe-
ça. O fluxo da água nesse rio, só ocorre porque existe um desnível no mesmo.
Na rede elétrica, esse desnível é representado pela tensão da rede elétrica e sua
unidade é dada em volts, por se tratar de uma diferença de potencial. Em uma
tomada elétrica residencial qualquer, temos dois condutores elétricos sujeitos a
diferentes potenciais elétricos. Um desses potenciais é de 220 V ou 127 V. Sendo
que, a relação entre ambas é igual a √3 e dependendo da tensão da rede elétrica
disponibilizada pela concessionária de energia, o outro potencial é nulo. Quando
um equipamento qualquer é ligado nessa tomada e tem o seu circuito fechado,
temos uma ddp estabelecida. Nas tomadas de saída de estabilizadores, a tensão
é igual a 110 V.
Agora, você é convidado a conhecer um relato sobre a identificação da pre-
sença de potencial elétrico em uma tomada elétrica, por meio da utilização de
uma chave teste. Acompanhe!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
34

CASOS E RELATOS

Identificando a presença de potencial elétrico em uma tomada


Vinicius havia iniciado no setor de manutenção de uma empresa de tec-
nologia há poucas semanas. Sua primeira tarefa foi revisar a instalação
elétrica da bancada de teste de placas, pois a mesma estava em desuso já
há algum tempo. Mais especificamente, deveria ser verificado se existia
tensão nas tomadas da bancada. Uma forma simples de se verificar se
existe tensão nos terminais de uma tomada é por meio da utilização de
uma chave de fenda especial denominada “chave teste”. Quando inseri-
da em um terminal com potencial e tocada na extremidade oposta com
a mão, como mostrado nas figuras Fase e Neutro, do capítulo 5, ela acen-
derá uma lâmpada existente em seu interior e, quando o terminal possuir
potencial nulo, a lâmpada não acenderá.
Sabendo disso, Leonardo pegou a chave teste da maleta de ferramentas
e verificou a existência de potencial nos terminais de todas as tomadas
da bancada.

Lembre-se que a chave teste, assim como todas as ferramentas para uso em
eletricidade, deve ser certificada pelo INMETRO e deve conter a tensão de isola-
ção estampada na própria ferramenta.

3.3.2 Corrente elétrica

A grandeza denominada corrente elétrica está associada à quantidade de


cargas elétricas que circulam em um condutor elétrico, por unidade de tempo.
Quanto maior a corrente elétrica, maior a quantidade de cargas elétricas. A unida-
de que representa a corrente elétrica é o ampere (símbolo A).

VOCÊ A corrente elétrica é uma das grandezas elétricas mais


importantes, pois, é a partir dela que se faz todo o di-
SABIA? mensionamento de uma rede elétrica.
3 Conceitos de Eletricidade
35

Sabendo-se que um equipamento consumirá energia através da corrente elé-


trica, podemos protegê-lo contra curtos-circuitos e aquecimentos excessivos, que
ocorrem devido a sobrecargas no circuito, utilizando dispositivos de segurança,
denominados disjuntores.

3.3.3 Potência elétrica

A grandeza elétrica denominada potência elétrica está associada à capacidade


do equipamento de converter energia elétrica em outra forma qualquer de ener-
gia. A potência elétrica pode ser determinada através da equação a seguir:

P=I.V

onde:
P é a potência em watts [W];
I é a corrente em amperes [A];
V é a tensão da rede elétrica em volts [V].

Quando, por engano, ligamos em 220 V um equipamento


cujo funcionamento deve ser em 110 V, produzimos neste
FIQUE uma sobretensão, pois, em 220 V, a corrente que circulará
ALERTA no equipamento será dobrada e, dessa forma, a potên-
cia dissipada no equipamento irá tornar-se quatro vezes
maior.

3.3.1 Energia consumida

A energia elétrica consumida por um equipamento dependerá da potência


desse equipamento e do tempo de utilização do mesmo. Podemos calcular a
energia consumida através da equação a seguir. Veja:
ELETROELETRÔNICA APLICADA
36

E = P . Δt

onde:
E é a energia em quilowatt-hora [kWh];
P é a potência em quilowatt [kW];
∆t é o intervalo de tempo em funcionamento do equipamento em horas [h].

3.3.2 Frequência

Frequência é um termo que está associado à repetição de um evento em um


certo intervalo de tempo. Com que frequência, por exemplo, você escova seus
dentes? Três vezes ao dia? Quatro vezes ao dia? No caso da eletricidade, temos
interesse em conhecer a frequência da corrente alternada.
Vimos que a forma de onda da corrente alternada é a de uma senoide. O tem-
po necessário para que ocorra um ciclo completo da senoide é chamado de perí-
odo e é medido em segundos [s].

D'imitre Camargo (2011)

T
Figura 11 -  Onda senoidal e seu período

A frequência, ou número de ciclos por segundo da senoide, é determinada


pelo inverso do seu período T, cuja unidade é o hertz [Hz].

1
f=
T
3 Conceitos de Eletricidade
37

A velocidade de variação do ângulo da senoide em um ciclo também resulta


em uma medida de frequência, chamada de frequência angular, cuja unidade é
o radianos por segundo [rad/s]. Ela é calculada da seguinte maneira:


ω=
T

As duas formas de se medir a frequência, por ciclos por segundo e a angular,


estão relacionadas apenas por um fator multiplicativo.

ω = 2π f

3.3.3 Resistência elétrica

A resistência elétrica está associada à dificuldade criada para a passagem da


corrente elétrica. Essa dificuldade poderá estar vinculada a algumas caracterís-
ticas que constituem a rede elétrica, como por exemplo: o tipo de material que
constitui os condutores elétricos; o comprimento total da rede elétrica instalada
e, também, a área de secção transversal do condutor.

De qualquer modo, é muito importante que a rede elétrica


FIQUE seja bem dimensionada para que não ocorra sobrecarga e,
havendo perdas de energia por aquecimento até um pos-
ALERTA sível curto-circuito devido ao derretimento do revestimen-
to de proteção dos fios condutores.

Os resistores são componentes elétricos que têm a finalidade de oferecer uma


resistência elétrica pré-estabelecida, de modo a limitar a corrente elétrica num
determinado ponto de um circuito. A unidade desta grandeza elétrica é o ohm
[Ω]. Quanto maior o valor da resistência, maior a oposição (dificuldade) imposta
ao fluxo de corrente. Na figura que segue, você verá alguns resistores típicos.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
38

Hemera (20--?)
Figura 12 -  Resistores

O resistor não armazena energia, apenas a dissipa na


VOCÊ forma de calor. Por isso, em um chuveiro elétrico obte-
SABIA? mos a água quente, pois é a sua resistência elétrica que
fornece o calor necessário.

Paulucy Eletros (20--?)


3 Conceitos de Eletricidade
39

Além de sua resistência elétrica, a dissipação de potência é outra especificação


importante de um resistor. Ela determina a capacidade que um resistor possui em
dissipar o calor gerado pela passagem da corrente elétrica para o meio ambiente
que o rodeia. São fabricados comercialmente nas potências de: 1/32W, 1/16W,
1/8W, 1/4W, 1/3W, 1/2W, 1W, 2W, 3W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W, 50W, etc.

Normalmente, o tamanho do resistor cresce com o au-


VOCÊ mento da capacidade de dissipar a potência. Todavia,
SABIA? o surgimento de novas tecnologias de fabricação tem
contrariado esta regra.

Atualmente, há resistores capazes de dissipar 2W, cujas dimensões são muito


próximas àquelas dos resistores de 1/4W, construídos com tecnologias mais an-
tigas.
A simbologia que é utilizada em circuitos elétricos e eletrônicos é apresentada
a seguir.
D'imitre Camargo (2011)

Figura 13 -  Simbologia do resistor

3.3.4 Capacitância

É a grandeza que determina a capacidade de um determinado material


armazenar cargas elétricas. Sua unidade é o farad [F]. Mas o que é o capacitor? É
o componente elétrico onde se verifica mais comumente a propriedade da capa-
citância.
Ele é composto de lâminas condutoras isoladas entre si, chamadas de placas, e
por um dielétrico (elemento isolante). As cargas são armazenadas nas placas sob
a forma de um campo elétrico.

FIQUE Lembre-se que, quando armazenamos cargas, armazena-


ALERTA mos energia potencial.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
40

+q -q

D'imitre Camargo (2011)


Figura 14 -  Campo elétrico em um capacitor carregado

Além de servirem como armazenadores de energia, os capacitores têm outras


aplicações. Como exemplo, eles constituem elementos vitais nos circuitos, com
os quais sintonizamos os receptores de rádios. Outro exemplo, os capacitores mi-
croscópicos formam os bancos de memórias dos computadores. Os campos elé-
tricos nestes minúsculos dispositivos são significativos não só pela energia arma-
zenada, mas também, pela informação “liga/desliga” que a presença, ou ausência
deles, proporciona.
Os capacitores se apresentam em uma grande variedade de tamanhos e for-
mas, conforme pode ser visto a seguir.
Hemera (20--?)

Figura 15 -  Capacitores
3 Conceitos de Eletricidade
41

Em um diagrama elétrico ou eletrônico, a simbologia utilizada para represen-


tar o capacitor é mostrada na figura seguinte. O capacitor polarizado à direita
poderá armazenar cargas, desde que seja respeitada a sua polaridade.

D'imitre Camargo (2011)


+

Não polarizado Polarizado

Figura 16 -  Simbologia do capacitor

Pode-se perceber que sua simbologia é inspirada na sua arquitetura, ou seja,


duas placas condutoras correspondendo aos dois traçados paralelos e um vazio
entre eles, correspondendo ao dielétrico.

Durante o processo de carga, o capacitor de uma bate-


ria portátil em uma câmera fotográfica, por exemplo,
VOCÊ acumula carga com lentidão, criando assim, um campo
elétrico, neste período. A manutenção do campo e de
SABIA? sua energia potencial ocorre até o momento em que
acontece a rápida liberação da energia, durante a curta
duração do flash.

Para se carregar um capacitor, deve-se colocá-lo em um circuito elétrico que


contenha uma bateria. Você sabe o que é um circuito elétrico? É um caminho por
meio do qual uma corrente elétrica pode fluir. E uma bateria? É um dispositivo
que mantém uma certa diferença de potencial entre seus terminais (pontos nos
quais a corrente pode entrar na bateria ou sair dela) por causa de reações eletro-
químicas. A figura a seguir, mostra, à sua esquerda: uma chave S, um capacitor C
e os fios de ligação que conectam os componentes à bateria B. Este arranjo de
componentes define um circuito, mostrado na forma de esquemático, à direita
da figura. Observe o exemplo.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
42

h l
C
C
l h
S
Terminal

D'imitre Camargo (2011)


- + V
B
Terminal
S - +
B
(a) (b)

Figura 17 -  Circuito de carga de um capacitor

A carga do capacitor é iniciada assim que a chave S é fechada. A partir deste


momento, a corrente elétrica flui do terminal de potencial mais alto da bateria
para a placa h do capacitor; e da placa l do capacitor para o terminal de potencial
mais baixo da bateria. Em um pequeno intervalo de tempo, o fluxo de carga ori-
gina uma carga +q sobre a placa h; uma carga –q sobre a placa l e uma diferença
de potencial V entre as duas placas. Esta é a mesma diferença de potencial V que
existe entre os terminais da bateria. Além disso, a placa de potencial mais alto do
capacitor é a placa h, que está ligada diretamente ao terminal mais alto da bateria;
e a placa de potencial mais baixo, é a placa l, ligada ao terminal de potencial mais
baixo. Assim que V é estabelecida entre as placas, a corrente cessa e o capacitor
fica completamente carregado, com uma carga q e uma diferença de potencial V.

3.4 Indutância

A indutância é uma grandeza verificada no componente elétrico chamado in-


dutor, bobina ou enrolamento.
Getty Images (20--?)

Hemera (20--?)

Figura 18 -  Enrolamento ou bobina


3 Conceitos de Eletricidade
43

Quando sujeito a um gerador de tensão contínua, o efeito deste enrolamento


é provocar uma resistência elétrica ao fluxo de corrente. Essa, diretamente pro-
porcional ao comprimento do condutor (fio) e inversamente proporcional à seção
do mesmo. Devido aos princípios do eletromagnetismo, ao redor do condutor,
forma-se um campo magnético, conforme mostra a figura seguinte.

Corrente no condutor

+
Limalha de ferro
-
Papelão

D'imitre Camargo (2011)

Figura 19 -  Campo magnético ao redor de um condutor sujeito à corrente contínua

Porém, quando o gerador é de corrente alternada, efeitos bem distintos são


verificados no condutor. Para entender estes efeitos, teremos de falar um pouco
sobre eletromagnetismo.

VOCÊ Sempre que uma corrente elétrica circula em um condu-


SABIA? tor, forma-se, ao seu redor, um campo magnético.

O campo magnético é a região pela qual o condutor exerce sua influência de


atração ou repulsão. Esse mesmo efeito é verificado em um imã. Da mesma forma
como no campo elétrico, linhas de força são utilizadas para representar sua região
de ação, como pode ser visto na próxima figura.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
44

D'imitre Camargo (2011)


Figura 20 -  Linhas de campo magnético ao redor de um imã

Perceba que, as linhas formam curvas fechadas, saindo do imã pelo pólo norte
e entrando nele pelo pólo sul.
No caso de um enrolamento, as linhas do campo magnético estão mais con-
centradas e formam uma estrutura semelhante a um imã. Por isso, este tipo de
arranjo é também chamado de eletroímã.

D'imitre Camargo (2011)

Figura 21 -  Linha do campo magnético em um enrolamento (eletroímã)

Este campo magnético é capaz de induzir tensão na próxima bobina, se esta


for sujeita à tensão alternada ou a variações rápidas de corrente, através do fio. A
indutância quantifica a capacidade do condutor de induzir tensão em si mesmo
quando a sua corrente varia.
3 Conceitos de Eletricidade
45

Matematicamente, tem-se:

vL
L=
∆i

onde:
vL é a tensão induzida na bobina;
Δi é a variação de corrente;
L é a indutância do enrolamento dada em henrys [H].
A principal finalidade do indutor é armazenar energia no seu campo magnéti-
co. Filtros, circuitos sintonizáveis e transformadores são casos onde ele é utilizado.
Na prática, encontramos indutores fixos e variáveis e, via de regra, com nú-
cleo - que nada mais é do que uma estrutura sob a qual o fio é enrolado. Ele tem
influência no formato da bobina e faz com que o fluxo magnético se concentre
boa parte no núcleo, que deve ser um material ferromagnético. Há, basicamente,
dois materiais magnéticos empregados na fabricação de núcleos para indutores.
Conheça cada um deles!
a) Núcleo de ferro: largamente utilizado em circuitos de força, onde a frequên-
cia utilizada é, geralmente, 60Hz.
b) Núcleo de ferrite: utilizado em circuitos de alta frequência, geralmente aci-
ma de 10kHz.
Em circuitos elétricos e eletrônicos, a simbologia do indutor assemelha-se à
forma construtiva da bobina, como pode ser visto na figura a seguir.
D'imitre Camargo (2011)

Figura 22 -  Simbologia do indutor


ELETROELETRÔNICA APLICADA
46

3.4.1 Impedância

Quando um circuito composto unicamente por resistores é conectado a uma


fonte CC ou CA, a oposição total que esse tipo de circuito apresenta à passagem
da corrente é denominada de resistência total. Entretanto, em circuitos CA que
apresentam resistências conectadas a capacitores e indutores, a expressão “resis-
tência total” não é aplicável, mas sim, impedância total.
Mais especificamente, a impedância é a oposição à passagem da corrente elé-
trica CA que um dado elemento ou circuito impõe, cuja unidade é o ohm [Ω]. A
resistência, como foi visto, contribui com sua resistência elétrica para tal efeito, já
capacitores e indutores contribuem com uma propriedade chamada reatância.
A reatância, por tratar-se de oposição à corrente elétrica, tem também dimen-
são de ohms. No caso do capacitor, é chamada de reatância capacitiva (XC) e, no
caso do indutor de reatância indutiva, de XL. Matematicamente, são definidas da
seguinte maneira. Veja!

X L = 2π fL

1
Xc =
2π fC

A reatância é dependente da frequência. Para o indutor, a relação é diretamen-


te proporcional, ou seja, o aumento da frequência CA faz com que a reatância
também suba. Já para o capacitor, a relação é inversamente proporcional, fazen-
do com que o aumento de frequência CA provoque a redução da reatância.

3.4.2 Temperatura

Estamos acostumados a associar a noção de temperatura às sensações de


quente e frio, certo? Sabe-se, porém, que a temperatura de um corpo é tanto
maior quanto mais intensa é a agitação de suas partículas (átomos ou moléculas).
Para medi-la, utiliza-se o termômetro.
3 Conceitos de Eletricidade
47

Spike Mafford (20--?)

O primeiro medidor de temperatura foi o termoscópio,


construído por Galileu em 1592. A substância escolhida
VOCÊ para construir um termômetro pode ser um gás, um
SABIA? líquido ou um sólido que possua propriedades que va-
riem com a temperatura. Essas são denominadas subs-
tâncias termométricas.

Para medir a temperatura, os termômetros são colocados em contato térmico


com o sistema cuja temperatura se deseja medir.
O termômetro de uso cotidiano utiliza um líquido como substância termo-
métrica (mercúrio, álcool, tolueno, etc). A propriedade de dilatação do líquido
é utilizada como propriedade termométrica. São constituídos por um tubo fino
(capilar) e um bulbo que contém o líquido. Quando a temperatura varia, o líquido
dilata ou contrai, permitindo atribuir à cada altura, um número na escala escolhi-
da, o que indicará a temperatura correspondente. Esses termômetros são válidos
dentro do intervalo de temperaturas para as quais o líquido utilizado mantém o
estado líquido.
As escalas termométricas mais utilizadas são: celsius, fahrenheit (utilizada nos
países de língua inglesa) e kelvin. A figura a seguir mostra a relação entre estas
escalas.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
48

K C F
373 100º 212º

Júlia Pelachini Farias (2011)


100 100 180

273 0º 32º
Figura 23 -  Relação entre as diferentes escalas termométricas

3.4.3 Umidade

Ouvimos falar sobre umidade diariamente nas notícias de meteorologia. Pois


saiba que a umidade é o que provoca aquela sensação estranha de ar pesado e
úmido que sentimos em alguns dias de verão.
Podemos medir a umidade de várias maneiras diferentes, mas a umidade re-
lativa é a mais comum. Porém, para entendermos a umidade relativa, é preciso
compreender a umidade absoluta antes. Vamos lá?
A umidade absoluta é a massa de vapor d’água dividida pela massa de ar
seco em um volume de ar a uma temperatura específica. Quanto mais quente o
ar, mais água ele comporta.
Já a umidade relativa, é a razão entre a umidade absoluta atual e a maior umi-
dade absoluta possível (que depende da temperatura atual do ar). Quando os
instrumentos indicam umidade relativa de 100%, isso quer dizer que o ar está
totalmente saturado, com vapor d’água e, não podendo conter nem um pouco
a mais de umidade, cria a possibilidade de chuva. Mas isso não significa que a
umidade relativa deva ser de 100% para que chova - basta que seja 100% onde
as nuvens estão se formando. Enquanto isso, a umidade relativa próxima ao solo
pode ser muito menor.
Somos muito sensíveis à umidade, já que a pele precisa do ar para se livrar da
umidade que nossos corpos produzem. O processo de transpiração do corpo é
uma forma de mantê-lo frio e permanecer com a temperatura atual. E se o ar tiver
umidade relativa de 100%, esse suor não irá evaporar no ar, o que faz com que
o clima pareça estar muito mais quente do que a temperatura indicada nos ter-
mômetros e nos noticiários. Caso a umidade relativa esteja baixa, sentimos que a
temperatura está muito menor que a temperatura real porque nosso suor evapo-
ra facilmente e nos resfria. Por exemplo, se a temperatura do ar estiver em 24ºC e
a umidade relativa estiver em 0%, a temperatura do ar parecerá estar a 21ºC para
os nossos corpos. No entanto, se a temperatura do ar for de 24ºC e a umidade
relativa for de 100%, vamos achar que a temperatura é de 27º C.
3 Conceitos de Eletricidade
49

As pessoas costumam sentirem-se mais confortáveis


VOCÊ quando a umidade relativa do ar está por volta de 45%.
Equipamentos como umidificadores e desumidificado-
SABIA? res ajudam a manter a umidade de locais fechados em
um nível confortável.

Quantas informações importantes sobre as grandezas físicas e elétricas, você


concorda? E você já ouviu falar na lei de Ohm? Então siga em frente para saber
mais!

3.5 Lei de Ohm

A lei de Ohm (sobrenome do físico alemão que formulou tal lei) estabelece
que a tensão sobre um resistor é diretamente proporcional à corrente que o atra-
vessa. A constante de proporcionalidade é o valor da resistência do resistor, em
“ohms”. Matematicamente, esta relação é expressa como:

V=R.I

Onde:
V: tensão sobre o resistor em volts [V];
I: corrente que atravessa o resistor em ampéres [A];
R: resistência do resistor da em ohms [Ω].
Como exemplo, suponha um resistor de resistência 12 Ω que foi submetido a
uma tensão de 24 V. A intensidade de corrente que passa pelo resistor é 2 A.
A equação anterior indica que a relação entre a tensão e a corrente em um
resistor é linear, ou seja, um aumento na corrente provoca um aumento propor-
cional na tensão.
O próximo assunto é o multímetro. Você sabe qual sua utilização? Então siga
em frente para descobrir!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
50

3.6 Multímetro

Para fazer a verificação de cada uma das grandezas elétricas anteriormente


descritas, existe um equipamento específico. Para medir-se a tensão de uma rede
elétrica, usamos um voltímetro. E para a medição da corrente elétrica, podemos
utilizar um alicate amperímetro. Para a medição da potência, utilizamos um me-
didor de potência, também chamado de wattímetro. Os medidores de energia
elétrica, comumentemente chamados de “relógios de luz”, são os dispositivos
utilizados para verificação do consumo de energia. Para a medição da resistência
elétrica, utilizamos um aparelho chamado ohmímetro.
Existe um aparelho chamado multímetro, capaz de realizar a medição das
grandezas elétricas básicas: tensão, corrente e resistência. Porém, é comum en-
contrarmos multímetros que disponibilizam outras funções, como: medição de
continuidade elétrica, teste de diodos e teste de transistores.
A seguir, você verá uma imagem de um multímetro digital. O fato de o multí-
metro ser digital implica que parte do processamento necessário para apresentar
o resultado da medição é realizada por circuitos digitais. Com relação ao uso, a
leitura da medição pelo usuário é muito simples, se comparada à de um instru-
mento analógico, isto pelo fato do valor lido ser diretamente apresentado por
meio de um display de cristal líquido (LCD). Observe!

Figura 24 -  Multímetro digital, fabricante Icel, modelo MD-6110


3 Conceitos de Eletricidade
51

É preciso ter muita atenção e cuidado, pois, para cada tipo


FIQUE de grandeza é necessário que o equipamento seja ligado
ALERTA de forma adequada. Do contrário, corremos o risco de da-
nificar nosso equipamento.

Basicamente, as partes que compõem um multímetro são o display, o seletor e


os bornes, descritos, em detalhes, a seguir.
a) Display: tem por função apresentar o valor lido da grandeza que se está
medindo. Um ponto é utilizado para representar a vírgula, no caso de uma
medida não inteira. Uma especificação importante de um multímetro que
está diretamente relacionada ao display é o número de dígitos que são
utilizados para indicar a medição. Quanto mais dígitos, maior a exatidão do
equipamento.

Figura 25 -  Display de um multímetro digital

Figura 26 -  Exemplo de exibição do resultado de uma medição

b) Seletor: é utilizado para a escolha do tipo de medidor que se deseja utilizar


(amperímetro, voltímetro, ohmimetro) e, eventualmente, a escala.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
52

Figura 27 -  Seletor de um multímetro

A escala desempenha um papel fundamental na medição. Seu ajuste tem efei-


to nos seguintes fatores:
a) gama de valores que poderão ser medidos (no máximo pode-se medir o
valor dado pela escala);
b) interpretação do valor indicado pelo instrumento;
c) número de dígitos após a vírgula (ponto);
d) incerteza na medição (dúvida).
Para a interpretação do valor lido pelo multímetro, deve-se sempre consultar a
escala que está sendo utilizada. Veja os exemplos a seguir, para entender melhor.

Tabela 1 - Interpretação do valor indicado pelo multímetro (medição de corrente)

Valor indicado no Valor medido da corrente


Escala
display (leitura)

82.0 200mA 82,0mA

1.82 20A 1,82A

8.18 20mA 8,18mA

Tabela 2 - Interpretação do valor indicado pelo multímetro (medição de tensão)

Valor indicado no Valor medido da resistência


Escala
display (leitura)

82.0 200V 82,0V

820 1000V 820V

82.2 200mV 82,2mV

8.18 20V 8,18V


3 Conceitos de Eletricidade
53

c) Bornes (terminais de ligação): neles são conectadas as ponteiras de teste do


multímetro.

Figura 28 -  Bornes

Figura 29 -  Ponteiras

Fique atento, pois a ponteira preta, na maioria das medidas, é conectada ao


borne “COM”. Já a ponteira vermelha, é conectada ao borne correspondente à me-
dida que se deseja fazer. Veja os exemplos apresentados nas figuras a seguir.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
54

Figura 30 -  Ponteiras conectadas para medição de tensão CA/CC, resistência, frequência e capacitância

Figura 31 -  Ponteiras conectadas para medição de corrente CA/CC da ordem de miliamperes


fotógrafo

Figura 32 -  Ponteiras conectadas para medição de corrente CA/CC da ordem de amperes


3 Conceitos de Eletricidade
55

O osciloscópio é um dos equipamentos mais utilizados em


laboratórios, no desenvolvimento de circuitos e sistemas
eletrônicos. Ele permite a visualização de sinais elétricos em
SAIBA uma tela, mostrando como a amplitude destes sinais varia
MAIS em função do tempo. Utilize um buscador na web e procu-
re por “simulador de osciloscópio”. Você encontrará várias
aplicações em Java que emulam o funcionamento deste
instrumento.

Quantos aparelhos importantes são necessários para medir as grandezas elé-


tricas básicas (tensão, corrente e resistência), não é mesmo? Você já utilizou al-
gum deles? Agora você já pode aplicar seus conhecimentos!

Recapitulando

Nesse capítulo, você estudou a diferença entre corrente alternada e cor-


rente contínua, conheceu as principais grandezas elétricas e relacionou
as grandezas: corrente, tensão e resistência, por meio da lei de Ohm. O
estudo foi finalizado com a apresentação do multímetro, que é um im-
portante instrumento de medição na área de eletricidade e eletrônica. Na
próxima etapa, você conhecerá conceitos de eletrônica. Reúna dedicação
e autonomia e siga em frente!
Conceitos de Eletrônica

Você sabia que a eletrônica trata da aplicação de componentes semicondutores para o ma-
nuseio de sinais, na sua grande maioria, de pequena potência? É verdade! O semicondutor é
um material que possui características particulares, que o fazem comportar-se, ora como um
isolante, ora como um condutor. Essa particularidade, aliada à capacidade de integração (mi-
niatuarização) de componentes baseados nestes materiais, fez com que, praticamente, toda
tecnologia que dispomos hoje em dia, tenha como alicerce a eletrônica.
Duas são as áreas da eletrônica, as quais são chamadas de analógica e digital. Vamos saber
mais sobre cada uma delas? A primeira, faz uso de diodos, transistores e componentes similares
a estes dois, para o controle contínuo de sinais de tensão e corrente. Alguns exemplos da apli-
cação da eletrônica analógica são: circuitos amplificadores, filtros, no-breaks, estabilizadores
e fontes. Já a segunda, faz uso de circuitos integrados (CIs), que executam funções lógicas e
respondem com sinais que possuem somente duas amplitudes. Computadores, telefones ce-
lulares, monitores e TVs são exemplos de aparelhos que fazem uso da eletrônica digital. Na
verdade, boa parte dos equipamentos faz uso destas duas áreas da eletrônica. Vamos conhecer
os objetivos de aprendizagem desse capítulo? Confira!
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) conhecer os sistemas de numeração binário e hexadecimal;
b) operar a conversão de base;
c) conhecer enunciados da álgebra de Boole;
d) entender o princípio de funcionamento de transformadores;
e) conhecer os tipos de geradores;
f) entender o princípio de funcionamento de diodos e transistores.
Agora, você é convidado a iniciar essa importante etapa do seu projeto de aprendizagem.
Embarque nessa trajetória e explore todas as fontes de conhecimento aqui apresentadas.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
58

4.1 Princípios de eletrônica digital

O estudo introdutório da eletrônica digital tem como base o entendimento


dos sistemas de numeração dentre os quais, o sistema binário é o mais importan-
te. Já a lógica combinacional, tem como base as operações elementares realiza-
das por circuitos lógicos, chamados de portas lógicas.

Graças ao sistema de numeração binário, é possível a


VOCÊ representação de imagens e áudio por meio de uma se-
quência de dígitos, que pode ser entendida e processa-
SABIA? da pelos microprocessadores de placas de áudio e vídeo
em computadores e televisores digitais.

As operações lógicas estabelecem regras para a tomada de decisão de um cir-


cuito lógico. As operações básicas são do tipo “OU”, “E”, e “NÃO”, e podem ser
representadas e implementadas por portas lógicas.

4.1.1 Sistemas de numeração

Acredita-se, que a necessidade de criação de números veio com a necessidade


de contar. Seja o número de animais, alimentos, ou coisas do tipo. Como a evolu-
ção nos legou algumas características, como os cinco dedos em cada mão e cinco
dedos em cada pé, seria muito natural que os primeiros sistemas de numeração
fizessem uso da base 10 (decimal).
O sistema de numeração normalmente utilizado - o sistema decimal -, apre-
senta dez dígitos (algarismos), que são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. No sistema decimal,
10 é a base do sistema e seu dígito máximo é 9.
Independente da base utilizada, um número pode sempre ser decomposto
em uma soma, a qual leva em conta o algarismo e o seu peso (base elevada a uma
dada potência). Veja a figura a seguir.
Luiz Meneghel (2011)
4 Conceitos de Eletrônica
59

Nesta generalização, Y vale 0 para o primeiro dígito à direita da vírgula, 1 para


o segundo dígito e, assim por diante. Para esquerda da vírgula, Y passa a valer -1,
para o primeiro dígito; -2 para o segundo e, assim por diante. Acompanhe um
exemplo!

241,6210 = 2 x 102 + 4 x 101 + 1 x 100 + 6 x 10-1 + 2 x 10-2


= 200 + 40 + 1 + 0,6 + 0,02
= 241,6210

Para que não haja dúvida sobre qual base está sendo utiliza, é comum escre-
ver-se o número com sua base como subscrito logo à direita, conforme o exemplo
que você conheceu. Em regra geral, quando não é informada a base, fica implícito
que a base é 10.

4.1.2 Sistema de numeração binário

Neste sistema de numeração, é utilizada a base 2 para representar os números.


Os dígitos 0 e 1 são os únicos algarismos deste sistema.
O sistema binário é de grande importância, pois apresenta correspondência
direta com os estados de um sistema digital, como um computador. Por exemplo:
para o dígito 0, pode-se atribuir o valor de tensão 0V e, para o dígito 1, pode-se
atribuir o valor de tensão de 5V.
Quando o número binário possui somente um dígito, este é chamado de bit.
Esta é a abreviação para BInarydigiT. Já um número que for constituído por uma
sucessão de 8 dígitos, ou 8 bits, é chamado de byte. Vamos a mais um exemplo.

11001001 (palavra binária de 8 bits ou 1 byte)


1 (palavra binária de 1 bit)
1001001111000011 (palavra binária de 16 bits ou 2 bytes)

O sistema de numeração binário possui equivalência com o sistema decimal.


Para que possamos determinar o número decimal que corresponda a um certo
número binário, devemos proceder à conversão de binário para decimal, exem-
plificada a seguir:
ELETROELETRÔNICA APLICADA
60

10011012 = 1 x 26 + 0 x 25 + 0 x 24 + 1 x 23 + 1 x 22 + 0 x 21 + 1 x 20
= 64 + 0 + 0 + 8 + 4 + 0 + 1
= 7710

4.1.3 Sistema de numeração hexadecimal

Este sistema possui base 16, portanto é composto por 16 dígitos distintos, que
são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F. A tabela a seguir mostra a equivalência
entre a base 10, 2 e 16, em uma contagem de 0 a 15 em decimal. Confira!

Tabela 3 - Relação entre os sistemas decimal, binário e hexadecimal

Decimal Binário Hexadecimal

0 0000 0

1 0001 1

2 0010 2

3 0011 3

4 0100 4

5 0101 5

6 0110 6

7 0111 7

8 1000 8

9 1001 9

10 1010 A

11 1011 B

12 1100 C

13 1101 D

14 1110 E

15 1111 F

A regra para conversão de hexadecimal para decimal é a mesma da conversão


de qualquer sistema de numeração para o decimal (já demonstrada para o caso
de conversão binário para decimal).

AFC016 = ?10
= A x 163 + F x 162 + C x 161 + 0 x 160
= 10 x 163 + 15 x 162 + 12 x 161 + 0 x 160 + 7 x 16-1 + 13 x 16-2
= 44992 10
4 Conceitos de Eletrônica
61

4.1.4 Conversão de base

As conversões de um número binário ou hexadecimal para seu respectivo, na


base 10, já foram exemplificadas no item anterior. O caminho inverso, de decimal
para binário e de decimal para hexadecimal serão, então, tratados na forma de
dois exemplos.
Exemplo: Conversão do número 2310 para binário.

Luiz Meneghel (2011)

Exemplo: 63710 = ?16


Luiz Meneghel (2011)

Nos princípios de eletrônica digital, você conheceu os sistemas de numeração,


que podem ser: ‘binário’; ‘hexadecimal’ e a ‘conversão de base’. Foi um conhe-
cimento muito importante para dar continuidade aos estudos. Está preparado
para seguir? Agora você é convidado a descobrir sobre portas e funções lógicas.
Vamos lá!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
62

4.2 Portas e funções lógicas

Na matemática, aprendemos que uma função expressa a relação existente


entre duas variáveis (variável dependente e independente). Pois saiba que um
circuito digital emprega também o mesmo conceito. Para cada valor possível da
variável independente (entrada), determina-se o valor da função (saída).

Luiz Meneghel (2011)


Figura 33 -  Diagrama de blocos de uma função lógica

George Boole formalizou, no século passado, os princí-


VOCÊ pios dos sistemas digitais. Neste tipo de sistema, as va-
riáveis de entrada e saída são lógicas, ou seja, assumem
SABIA? somente dois estados, que podem ser verdadeiro (V) ou
falso (F).

As funções que atuam nas variáveis lógicas são chamadas de funções lógicas e
podem ser do tipo: OU (OR); E (AND); NÃO (NOT); NÃO-OU (NOR) e NÃO-E (NAND).

4.2.1 Funções lógicas básicas

A partir das funções lógicas, um circuito digital toma suas decisões. Qualquer
função lógica possui diversas variáveis lógicas como entrada e, via de regra, so-
mente uma variável lógica como saída.
Nos circuitos digitais, o estado de uma variável lógica (V ou F) está associado a
um valor pré-estabelecido de tensão. No padrão TTL (Lógica Transistor Transistor)
os níveis de tensão são 0V para falso, e 5V para verdadeiro.
A partir de agora, você verá a descrição sobre as funções lógicas básicas, a
qual se resume na apresentação de sua simbologia e na “tabela da verdade”. Esta
tabela descreve como se comporta a saída de uma função lógica, mediante os
possíveis valores de suas variáveis de entrada. Acompanhe!

4.2.2 Função lógica “NÃO (NOT)”

Sua saída sempre apresentará o valor oposto ao presente na entrada. Devido


a este fato, é normalmente chamada de inversor. A simbologia da porta lógica,
associada a esta operação, é apresentada a seguir.
4 Conceitos de Eletrônica
63

Luiz Meneghel (2011)


Nesta equação, Y: variável dependente e A: variável independente.
Como pôde ser visto na simbologia da figura anterior, esta função lógica pos-
sui uma única entrada e uma única saída. A operação lógica de negação é carac-
terizada pela barra sobre a variável A. Lê-se: “Y igual a A barrado”.
A “tabela da verdade”, que você verá na sequência, mostra os diferentes va-
lores que a entrada pode assumir e, para cada um destes valores, qual o valor da
saída. Luiz Meneghel (2011)

4.2.3 Função lógica “E (AND)”

A função lógica “AND”, na sua forma mais básica, relaciona o comportamento


de duas variáveis de entrada com uma saída, que é o produto lógico destas variá-
veis. Um ponto representa a operação lógica E. Veja, a seguir, a expressão lógica.

Y = f(A,B) = A.B = B.A


Lê-se “A e B” ou “B e A”
ELETROELETRÔNICA APLICADA
64

A simbologia da porta lógica, associada à função AND, e sua “tabela da verda-


de” são mostradas na sequência.

Luiz Meneghel (2011)

O funcionamento da função lógica E pode ser verificado em um circuito com-


posto por duas chaves em série (uma chave ligada após a outra), CH A e CH B, que
controlam o acionamento de uma lâmpada (LY), conforme mostra a figura. Luiz Meneghel (2011)

As chaves são as variáveis lógicas de entrada e respeitam a seguinte conven-


ção:
4 Conceitos de Eletrônica
65

CH A aberta = 0
CH A fechada = 1
CH B aberta = 0
CH B fechada = 1

A lâmpada representa a variável lógica de saída e cumpre a seguinte conven-


ção:

Lâmpada apagada = 0
Lâmpada acesa = 1

Ao analisarmos todos os estados possíveis das chaves (CH A aberta e CH B


aberta; CH A aberta e CH B fechada), verifica-se que a lâmpada acende somente
quando as chaves A e B estiverem fechadas, pois, somente neste caso, é possível
circular corrente elétrica no circuito.

4.2.4 Função Lógica “OU (OR)”

A função lógica “OU”, da mesma forma como na função “E”, fornece uma única
saída para cada uma das possibilidades de duas variáveis de entrada. Sua simbo-
logia (porta lógica) e expressão lógica são as seguintes:
Luiz Meneghel (2011)
ELETROELETRÔNICA APLICADA
66

Lê-se a expressão anterior como “Y igual a A ou B”. Esta função implementa a


soma lógica, como pode ser visto em sua “tabela da verdade”.

A B Y

0 0 0

0 1 1

1 0 1

1 1 1

Um circuito elétrico com chaves e lâmpada também pode representar uma


função lógica “OU”.

Luiz Meneghel (2011)

As convenções adotadas para a porta E também valem para este caso. Ao ana-
lisarem-se todas as possibilidades de acionamento das chaves, verifica-se que a
lâmpada acende quando CH A ou CH B (ou ambas) estiverem ligadas, pois basta
uma única chave estar fechada, para que haja corrente elétrica no circuito.

As operações lógicas “OU” e “E” não são restritas aos casos


de duas entradas. Uma função lógica terá o número de en-
SAIBA tradas necessárias para o problema que se está tratando.
Que tal pesquisar sobre funções lógicas “OU” e “E” de 3 ou
MAIS mais entradas, buscando sua “tabela da verdade”? Um bom
ponto de partida é com o livro: TOCCI, Ronald J. Sistemas
Digitais. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994. 622p. Boa leitura!
4 Conceitos de Eletrônica
67

4.2.5 Função Lógica “NÃO E (NAND)”

Esta função lógica é uma combinação das funções “E” e “NÃO”, obtendo-se,
como resultado, a função “E invertida”. Sua “tabela da verdade”, expressão lógica
e simbologia de porta lógica, são mostradas a seguir.

Luiz Meneghel (2011)

4.2.6 Função lógica “NÃO OU (NOR)”

Esta função lógica é conseguida com a combinação das funções “OU” e “NÃO”,
resultando na inversão da função “OU”. Sua tabela da verdade, expressão lógica e
simbologia de porta lógica, são mostradas a seguir.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
68

Luiz Meneghel (2011)

Duas funções lógicas importantes não foram apresentadas


neste item, por não se tratarem de funções básicas. São as
funções “OU-EXCLUSIVO” e “COINCIDENCIA”. A última, como
SAIBA o próprio nome diz, indica “verdadeiro” quando existe se-
melhança (coincidência), entre duas variáveis lógicas. Já a
MAIS primeira, realiza a operação inversa. Pesquise estas funções
lógicas, buscando sua “tabela da verdade” e simbologia. No-
vamente, o livro de TOCCI, Ronald J., é um ótimo ponto de
partida.

Agora que você conheceu as portas e funções lógicas, está na hora de saber
mais sobre álgebra de Boole. Já ouviu falar sobre esse sistema algébrico? Então
continue motivado e atento e siga para a próxima etapa!

4.3 Algebra de Boole

A álgebra de Boole é um sistema algébrico que faz uso das funções lógicas
“OR”, “AND” e “NOT”. As propriedades básicas da álgebra booleana são as seguin-
tes:
4 Conceitos de Eletrônica
69

(1) x + 1 =x
(2) x ⋅ 1 =x
(3) x ⋅ 0 =0
(4) x + x =x
(5) x + 0 =x
(6) x ⋅ x =x
(7) x ⋅ x =0
(8) x + x =
1

A álgebra booleana é comutativa e associativa com relação às duas operações


binárias “OU” e “AND”. Sendo x, y, z variáveis booleanas, então:

(9) x + y = y + x
comutativa
(10) x ⋅ y = y ⋅ x

(11) x + (y + z) = (x + y) + z = x + y + z
associativa
(12) x ⋅ (y ⋅ z) = (x ⋅ y) ⋅ z = x ⋅ y ⋅ z

Na álgebra booleana, a soma é distributiva sobre o produto e o produto é dis-


tributivo sobre a soma:

(13) x ⋅ (y + z) = x ⋅ y + x ⋅ z

(14) x+(y ⋅ z)
= (x+y) ⋅ (x+z)
ELETROELETRÔNICA APLICADA
70

Veja alguns exemplos da aplicação da álgebra de boole na simplificação de


equações:
Exemplo 1:

AB ⋅ AB =
0

Propriedade: (7).
pode ser
Comentário: A expressão ABC+ABC = B(AC+AC)
substituída por uma variável, resultando
x em x · , que pela propriedade (7) se iguala a “0”.
Exemplo 2:

ABC+ABC = B(AC+AC)

Propriedade: (13).
pode ser
Comentário: A variávelABC+ABC evidenciada na expressão.
= B(AC+AC)

Exemplo 3:

ABC+ABD = AB(C+D)

Propriedade: (13).
Comentário: A parcela AB pode ser evidenciada na expressão.
Exemplo 4:

ABD+ABD = AB(D+D)=AB
4 Conceitos de Eletrônica
71

Propriedade: (13) e (8).


pode ser
Comentário: A parcela ABC+ABC = B(AC+AC)
evidenciada na expressão; a nova expres-
sãopossuiuma
ABD+ABD = AB(D+D)=AB
parcela que pode ser simplificada por meio da propriedade
(8).
Exemplo 5:

(A+B) ⋅ (A+B)=A ⋅ A+A ⋅ B + A ⋅ B+B ⋅ B=A ⋅ B + A ⋅ B+B=B ⋅ (A+A+1)

=B ⋅ (1+1)=B ⋅ (1)=B

Propriedade: (14), (7), (6), (13), (8) e (2)


Comentário: primeiramente a expressão é expandida utilizando-se a proprie-
dade (14); a nova expressão possibilita a simplificação(A+B) ⋅ (A+B)=A ⋅·A+A
das parcelas A e B⋅ B· +
B;Ao⋅ B+B ⋅ B=A ⋅ B + A ⋅ B+B=B ⋅ (A+A+1)
novo resultado tem a variável B comum a todas as parcelas, levando então a uma
expressão com esta variável em evidência; esta possibilita a simplificação do =Bter-
⋅ (1+1)=B ⋅ (1)=B
⋅ (A+B)=A
(A+B)mo A + ;⋅ A+A ⋅ B + A ⋅ B+B ⋅ B=A
a antepenúltima ⋅ B + A ⋅ B+B=B
expressão possui ⋅um OU entre dos valores lógicos 1,
(A+A+1)
que pela verdade sabe-se que resulta em 1; finalmente a penúltima expressão é
um E entre uma =B variável e o⋅ valor
⋅ (1+1)=B (1)=B lógico 1, que pela propriedade (2) resulta em B.

Ficou claro até aqui? Agora, você já sabe o que é o sistema de álgebra boolea-
na, não é mesmo? Podemos seguir em frente? A seguir, você saberá o que são os
transformadores.

4.4 Transformadores

Os transformadores são dispositivos utilizados quando se deseja aumentar ou


diminuir a amplitude de uma tensão alternada. Tecnicamente, são compostos
por dois indutores/bobinas enrolados sobre um mesmo núcleo, conforme mos-
tra a figura.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
72

Luiz Meneghel (2011)


Figura 34 -  Aspecto construtivo de um transformador

Estes enrolamentos são chamados de: primário e se-


VOCÊ cundário. Eles recebem este nome porque o primeiro
SABIA? recebe a energia elétrica de uma fonte e o segundo,
apenas à entrega/transforma.

Quando uma tensão alternada é aplicada no primário e sua amplitude aparece


reduzida no secundário, trata-se de um transformador rebaixador. Do contrá-
rio, ou seja, se houver um aumento na tensão do secundário, o transformador é
chamado de elevador.
O princípio de funcionamento do transformador é baseado na indução, pois
não existe conexão elétrica entre os enrolamentos do transformador. Quando
uma corrente circula no enrolamento primário do transformador, esta gera um
campo magnético. Pela presença do núcleo, as linhas deste campo ficam, na sua
maioria, concentradas nele, estabelecendo um fluxo magnético que atinge o en-
rolamento do secundário.

Caso a corrente que gerou este fluxo seja contínua, ne-


FIQUE nhum fenômeno de indução ocorrerá no enrolamento
ALERTA secundário. Porém, se a corrente for alternada, uma tensão
alternada será induzida neste enrolamento.

Quer conhecer o princípio de funcionamento de um transformador? Então


acompanhe a próxima figura.
4 Conceitos de Eletrônica
73

Luiz Meneghel (2011)


Figura 35 -  Princípio de operação de um transformador

O símbolo do transformador é inspirado em sua forma construtiva. A figura


que segue, mostra a simbologia para diferentes tipos de transformadores.

Luiz Meneghel (2011)

Figura 36 -  Simbologia de alguns tipos de transformadores

Uma propriedade importante de um transformador é sua relação de transfor-


mação. Para elucidar este conceito veja as figuras a seguir.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
74

Luiz Meneghel (2011)


Figura 37 -  Transformador operando como (a) elevador e (b) rebaixador

No primeiro caso, o enrolamento do primário recebe uma tensão de 120V de


um gerador CA e a transforma em 20V, no seu enrolamento secundário. No se-
gundo caso, o transformador foi ligado de forma invertida, ou seja, seu enrola-
mento primário passa a ser o de 20V, e o secundário, aquele que entrega a tensão
de 120V.
A proporção entre as tensões de 120V e 20V depende do número de espiras
dos enrolamentos do primário (Np) e do secundário (Ns). Uma espira equivale a
uma volta de um enrolamento. Matematicamente, esta relação é expressa da se-
guinte maneira. Veja:

Vp Np
=
VS NS

onde:
Vp: tensão eficaz do primário;
Vs: tensão eficaz do secundário.
Nos exemplos apresentados, nas figuras anteriores, temos:

120 Np Np 6
= =
20 NS NS 1
4 Conceitos de Eletrônica
75

ou

120 Np Np 6
= =
20 NS NS 1

A relação de transformação deste transformador é então de 6 para 1, ou seja,


para cada 6 V gerados no primário, somente 1 V é induzido no secundário. O mes-
mo raciocínio vale para o caso do transformador estar operando como elevador.
Como você pôde ver, os transformadores são dispositivos baseados na indu-
ção, utilizados quando se deseja aumentar ou diminuir a amplitude de uma ten-
são alternada. Aqui, você aprendeu também que os transformadores são com-
postos por dois indutores/bobinas. Mas não para por aí! Ainda tem muita coisa
interessante aguardando por você! Conheça agora as fontes de energia elétrica.

4.5 Fontes de energia elétrica

Como você sabe, o mundo da tecnologia é movido por energia elétrica. A


energia que chega até os equipamentos é, na grande maioria das vezes, fornecida
por uma empresa prestadora de serviço (concessionária). Essa energia é alternada
e, por vezes, apresenta oscilações na sua amplitude, podendo causar vários pro-
blemas, desde problemas intermitentes, em que componentes eletrônicos terão
um funcionamento instável, até mesmo a perda total do equipamento.
Andy Sotiriou (20--?)
ELETROELETRÔNICA APLICADA
76

Algumas soluções foram criadas para minimizar essa oscilação, reduzindo


drasticamente o impacto da rede elétrica sobre esses equipamentos, como o
estabilizador e o no-break. Ambos têm basicamente a mesma função – fornecer
energia com o mínimo de oscilação –, evitando assim, danos aos seus equipa-
mentos.  

VOCÊ No Brasil, a maior quantidade de energia elétrica produ-


SABIA? zida provém de usinas hidrelétricas (cerca de 95%).

Confira, a seguir, mais informações sobre esses equipamentos.

4.5.1 Estabilizador

Um item importante para qualquer equipamento de informática é o estabiliza-


dor. Ele fornece algumas saídas de tensão para que você possa plugar seus equi-
pamentos. Sua principal função é filtrar oscilações que vem da rede elétrica – daí
o nome “estabilizador” – e enviar a energia estabilizada para os equipamentos a
ele conectados.
“O estabilizador serve para atenuar interferências, quedas de voltagem e ou-
tras anomalias na rede elétrica.” (VASCONCELOS, 2002, p. 144).
PC informática (20--?)

Figura 38 -  Estabilizador
4 Conceitos de Eletrônica
77

Em nossa rede elétrica, conforme já dito anteriormente, trafega energia com


corrente alternada (CA) com oscilações que, muitas vezes, danificam ou, até mes-
mo, queimam os equipamentos que estão plugados na tomada. É exatamente
para evitar que esses equipamentos queimem ou se danifiquem que foram cria-
dos os estabilizadores.
E você sabia que o funcionamento de um estabilizador é relativamente sim-
ples? Isso mesmo! Ele recebe a energia alternada (CA) e elimina as oscilações,
enviando-as para o aterramento e evitando, assim, a queima dos equipamentos.
O componente eletrônico responsável por desviar essa energia em excesso é o
varistor.

terabytenet (20--?)

Figura 39 -  Varistores

Mas o que é um “varistor”? É um componente eletrônico que possui certa ca-


pacidade de condutividade, ou seja, ele deixa passar a tensão até atingir o seu
limite, transformando-a em calor, quando este limite for atingido. Caso um “va-
ristor” trabalhe muito tempo acima de seu limite, ele queimará, assim evitanto
danos ao equipamento. Na grande maioria dos estabilizadores, um grupo de “va-
ristores” é auxiliado por um fusível. Este, por sua vez, tem a função de evitar a
queima dos “varistores” (isso porque um fusível é de fácil substituição e tem um
baixo custo). Assim, caso ocorra alguma grande oscilação na rede elétrica, o fusí-
vel será o primeiro a sofrer as consequências.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
78

Eurogen Sistemas Eletricos (20--?)


Figura 40 -  Fusível

Para que um estabilizador tenha um completo funciona-


FIQUE mento, precisa estar ligado a uma rede elétrica que possua
ALERTA aterramento. Fique tranquilo, pois este assunto você estu-
dará mais adiante.

É sempre aconselhável utilizar um estabilizador, ainda mais se você duvidar


da índole da rede elétrica em que irá instalar seu equipamento. Outro fator que
determina o uso de estabilizadores é que, no caso de uma descarga elétrica, a
chance de seu equipamento queimar é muito menor, pois o estabilizador filtrará
essa descarga, enviando-a para o sistema de aterramento.

4.5.2 No-break

Outro equipamento muito utilizado para proteger os equipamentos das osci-


lações na rede elétrica é o no-break. O funcionamento dele é muito parecido com
o do estabilizador, porém, há uma função especial que “mantém o PC funcionan-
do mesmo com a ausência de energia elétrica.” (VASCONCELOS, 2002, p. 144), daí
o nome no-break (não pare).
4 Conceitos de Eletrônica
79

Bin InformáticaSsegurança Eletrônica (20--?)


Figura 41 -  No-break

Isso acontece graças a um conjunto de baterias que existem dentro dos no-
breaks e estão sempre carregadas. Essas têm um funcionamento muito parecido
ao das baterias de celulares e notebooks. Você não precisa ficar com o seu celular
conectado à tomada elétrica o tempo todo, pois, como você sabe, o celular possui
uma bateria que, com o decorrer do tempo, vai descarregando, e quando a carga
se aproxima do fim ou termina, você a carrega novamente. O no-break funciona
da mesma forma, quando está conectado à tomada da rede elétrica, carrega suas
baterias e mantém suas tomadas principais funcionando. Porém, quando ocorre
um problema no fornecimento de energia, as baterias entram em ação para evitar
que os equipamentos a ele conectados parem de funcionar.
iStockphoto (20--?)

Figura 42 -  Bateria de um no-break


ELETROELETRÔNICA APLICADA
80

Mas quando você deve utilizar um no-break? A resposta para essa pergunta
é: sempre! Infelizmente, não é isso que acontece na prática, porque os no-breaks
têm um custo elevado, o que torna o seu uso muitas vezes inviável. Mas há casos
extremos em que o uso de um no-break é indispensável, como por exemplo: em
um servidor que contém muitas e valiosas informações que podem ser corrompi-
das ou causar danos ao próprio hardware, caso venha a ocorrer um desligamento
repentino.
Caso este servidor esteja conectado a um no-break, você terá tempo para salvar
suas informações e desligá-lo corretamente. Atualmente, no mercado, encontra-
mos no-breaks que mantêm equipamentos ligados por dezenas ou até centenas
de minutos. Isso depende de dois fatores: primeiro, a quantidade de baterias e,
segundo, a quantidade de equipamentos conectados ao no-break (quanto maior
o número de equipamentos ligados ao no-break, menor será o tempo que o mes-
mo permanecerá ligado e vice-versa).

FIQUE Ao conectar um equipamento a um no-break, verifique se


a chave seletora está de acordo com a tensão que será for-
ALERTA necida pelo no-break.

Repare que, na figura a seguir, o no-break fornecerá 115V. Assim, a chave sele-
tora dos equipamentos deverá estar em 115V.

Figura 43 -  Exemplo de chave seletora


4 Conceitos de Eletrônica
81

4.5.3 Geradores

Os geradores são os dispositivos fontes de energia elétrica para um dado equi-


pamento ou circuito. Eles atendem a este fim, mediante o fornecimento de uma
diferença de potencial constante em seus terminais. Seu princípio de funciona-
mento varia de acordo com o tipo de conversão de energia que ele implementa
para a obtenção de energia elétrica.

A natureza disponibiliza energia nas mais diferentes for-


mas: em soluções químicas, no movimento das águas,
VOCÊ no calor oriundo da queima de substâncias, entre ou-
SABIA? tras.
Pilhas e baterias são bons exemplos de geradores base-
ados na transformação de energia química em elétrica.

Hemera (20--?)

Figura 44 -  Pilhas e baterias

A simbologia dos geradores é mostrada a seguir. Confira!


Luiz Meneghel (2011)

Figura 45 -  Simbologia dos geradores elétricos


ELETROELETRÔNICA APLICADA
82

Com respeito à tensão gerada, eles podem ser de corrente alternada ou cor-
rente contínua. Na simbologia da figura anterior: a pilha e bateria são de corrente
contínua; e o dínamo e o alternador são de corrente alternada.
Agora, você é convidado a conhecer um relato que trata das fontes de alimen-
tação de computadores. Veja mais no Casos e relatos.

CASOS E RELATOS

Fontes de alimentação de computadores


João recebeu de seu supervisor a incumbência de verificar o funciona-
mento de uma fonte de alimentação de computador, as chamadas fontes
chaveadas. A fonte de alimentação é uma peça presente em muitos equi-
pamentos elétricos e, é claro, nos de informática não seria diferente. A
fonte de alimentação de um computador tem a função de receber ener-
gia elétrica, seja ela diretamente da prestadora de serviço ou vinda de um
estabilizador ou no-break, além de fornecer diferentes valores de tensão
que serão enviados a algum componente do computador.
Em uma fonte, as tensões fornecidas são 12 V, -12 V, 5 V e -5 V. No padrão
ATX, são fornecidas essas mesmas tensões. Porém, com o acréscimo da
tensão 3,3 V, que é utilizada na alimentação do processador e foi criada
com o intuito de economizar energia.
Para verificar quais são as tensões reais de uma fonte ATX, João precisa
fechar um curto entre dois fios do conector externo da fonte. Este conec-
tor é o ponto de medida das tensões descritas anteriormente. De posse
deste conector, João procurou por um fio verde e um preto. Ligou um
no outro com um pedaço de clipe de papel, já que este é constituído de
material condutor (conforme a figura a seguir).

Figura 46 -  Fechando curto no conector ATX

Feito isso, João ligou a fonte na tomada com um cabo de alimentação e


verificou que o cooler da fonte começou a girar, indicando que a mesma
já estava energizada.
4 Conceitos de Eletrônica
83

Isso indica que a fonte está ligando, mas não quer dizer que as tensões
estão sendo fornecidas de forma correta. Para testar o funcionamento,
João utilizou seu multímetro na escala de 20 V (CC). A ponteira preta foi
ligada em um dos fios pretos do conector (terra) e, com a ponteira ver-
melha, João mediu as tensões fornecidas pela fonte nos outros terminais.
Todas as tensões estavam de acordo com o esperado, bem próximas dos
12 V, -12 V, 5 V e -5 V do padrão ATX.
Assim, João informou ao seu supervisor que a fonte se encontrava em
bom estado, pronta para o uso.

Agora, você já sabe o que são e como devem ser usados os geradores, no-
breaks e estabilizadores, certo? E você conhece os “diodos”? Então prossiga para
descobrir!

4.6 Diodos

Os “diodos” são componentes fabricados com materiais semicondutores, na


maioria dos casos de silício (Si), porém o germânio (Ge) também é utilizado. São
componentes que possuem a propriedade de conduzir corrente elétrica num
único sentido, oferecendo uma altíssima resistência à sua circulação no sentido
oposto. Sua simbologia e apresentação mais comum são apresentadas a seguir.
Acompanhe!
Luiz Meneghel (2011)

Figura 47 -  Diodo e sua simbologia


ELETROELETRÔNICA APLICADA
84

Seus terminais são chamados de “anodo” (região P) e “catodo” (região N). Em


um diodo comercial, uma lista identifica o terminal catodo.

Luiz Meneghel (2011)


Figura 48 -  Terminal catodo de um diodo

Internamente, os terminais anodo e catodo estão vinculados por meio de uma


junção PN, com regiões bem distintas chamadas de tipo P (anodo) e tipo N (ca-
todo). A primeira, é composta por lacunas que correspondem à ausência de elé-
trons, e a segunda, é composta por elétrons. Entre estas regiões, encontra-se a
região de “depleção”.
Diego Fernandes (2011)

Figura 49 -  Região PN de um diodo

Quando uma tensão positiva é aplicada no material N, os elétrons são atraídos


por este potencial, enquanto as lacunas são atraídas para o potencial negativo na
outra extremidade da barra semicondutora. Como resultado, há um aumento da
região de depleção. Neste caso, o diodo está polarizado reversamente, já que a
ligação dos pólos positivo e negativo da bateria não correspondem às regiões N
e P do diodo.
4 Conceitos de Eletrônica
85

iStockphoto (20--?)
Figura 50 -  Diodo polarizado reversamente por uma fonte

Quando uma tensão negativa é aplicada no material N, os elétrons deste são


repelidos por este potencial, enquanto as lacunas do material P são atraídas. O
potencial positivo do material P, por sua vez, repele suas lacunas e atrai os elé-
trons do material N. Logo, a tendência é de que haja uma troca de cargas entre
as duas regiões N e P. Este processo só irá prosseguir, se a barreira de potencial
imposta pela região de depleção for vencida pela fonte externa, caso contrário,
cessa a corrente elétrica. Assim, se a tensão externa aplicada ao diodo for maior
que a tensão da barreira de potencial, os elétrons a atravessarão, havendo con-
dução de corrente. Chama-se este tipo de conexão de polarização direta, já que
os pólos positivo e negativo da bateria correspondem às regiões N e P do diodo.
Diego Fernandes (2011)

Figura 51 -  Diodo polarizado diretamente por uma fonte: tensão aplicada menor (a) maior (b) que a barreira de potencial da
região de depleção

Esta tensão de barreira costuma ser aproximadamente 0,7 V para diodos cons-
tituídos de silício, e 0,3 V para diodos de germânio. Pelo que foi discutido até
então, percebe-se que, em um diodo, a corrente sempre circula do anodo para
o catodo.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
86

Na figura que você viu anteriormente, não há nenhuma resistência elétrica no


circuito, logo, não há nada que limite a corrente que passa a ser drenada através
do diodo. O resultado disso é que ela crescerá exponencialmente, levando à quei-
ma do diodo ou até mesmo da fonte. Em circuitos com diodo é comum o uso de
uma bateria conjugada a uma resistência que definirá a corrente de operação do
diodo ou ponto de operação.
Devido ao comportamento “passa corrente” ou “não passa corrente” do diodo,
ele pode ser interpretado como uma chave/interruptor controlado.

Sempre que ele é polarizado diretamente e a sua tensão


VOCÊ de barreira é vencida, o diodo comporta-se como uma
chave fechada, permitindo a passagem da corrente. Já
SABIA? na polarização reversa, ele comporta-se como uma cha-
ve aberta, não possibilitando a passagem da corrente.

4.6.1 Tipos de diodo e especificação

Existem inúmeros tipos de diodos, sendo os principais: os diodos retificadores;


de pequeno sinal; zener; optoeletrônicos; varactores e Schottky. Apesar das pecu-
liaridades de cada um destes tipos de diodo, o princípio básico de funcionamento
descrito anteriormente é comum a todos.
Saiba que os diodos possuem diversas características. Dentre elas, as mais im-
portantes são: corrente média direta máxima (Ifmáx), tensão reversa máxima (PIV)
e corrente reversa (Ir). A tabela a seguir, apresenta estas e outras características
típicas de alguns diodos comerciais. Veja!

Tabela 4 - Características de alguns diodos retificadores comerciais

Código do Corrente média Tensão Inversa de


Material
diodo direta [A] pico [V]

1N 4001 Si 1 50

1N 4002 Si 1 100

1N4007 Si 1 800

BYY15 Si 40 400
4 Conceitos de Eletrônica
87

Pronto para prosseguir? O próximo assunto são os transistores. Lembre-se que


o conhecimento é um processo contínuo. Portanto, siga motivado!

4.7 Transistores

O transistor é um componente eletrônico de três terminais, chamados de


emissor, base e coletor. Que tal conhecer alguns transistores comerciais? Então
acompanhe!

Diego Fernandes (2011)

Figura 52 -  Alguns tipos de transistores

O princípio básico envolvido neste dispositivo é o uso de uma tensão entre


dois terminais para controlar o fluxo de corrente no terceiro terminal. Desse
modo, um dispositivo de três terminais pode ser usado como uma fonte contro-
lada, que é a base para o projeto de amplificadores. Também, no caso extremo, o
sinal do controle pode ser usado para fazer a corrente do terceiro terminal variar
de zero até um valor significativo, permitindo, portanto, que o dispositivo funcio-
ne como uma chave.
A figura a seguir, mostra a estrutura simplificada de um transistor de junção
bipolar (JBT), particularmente, um transistor do tipo NPN, e seu símbolo esque-
mático. Veja com atenção!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
88

Diego Fernandes (2011)


Figura 53 -  Estrutura interna e simbologia de um transistor do tipo NPN

Como você pode perceber, o transistor da figura anterior possui duas junções
PN, uma entre o emissor e a base e outra, entre a base e o coletor, por isso, o nome
“bipolar”. As duas junções fazem com que o transistor não polarizado se asseme-
lhe a dois diodos que compartilham a região da base que é do tipo P. Chamamos
o diodo inferior de diodo emissor-base ou, simplesmente, diodo emissor; e o su-
perior‚ de diodo coletor-base ou diodo coletor.
A outra possibilidade de organização das junções dá origem ao transistor PNP.
Neste caso, a base é do tipo N e as regiões do coletor e do emissor são do tipo N.
Diego Fernandes (2011)

Figura 54 -  Estrutura interna e simbologia de um transistor do tipo PNP

Cada terminal do transistor é sujeito a uma corrente diferente: IB é a corrente


da base; IC é a corrente do coletor e IE é a corrente do emissor. Em um transistor do
tipo NPN, a corrente IB no terminal da base; IC entra no terminal do coletor e IE sai
pelo terminal do emissor. Já em um transistor PNP, a corrente IB sai pelo terminal
da base; IC sai pelo terminal do coletor e IE entra pelo terminal do emissor. A figura
a seguir, ilustra a configuração das correntes em um transistor NPN e PNP. Vamos
conferir!
4 Conceitos de Eletrônica
89

Diego Fernandes (2011)


Figura 55 -  Correntes em um transistor (a) NPN e (b) PNP

Independente do tipo de transistor, a corrente do emissor é sempre a soma


das correntes de base e de coletor, ou seja:

IE= IB + IC

Em termos quantitativos, a corrente de emissor é ligeiramente maior do que a


corrente de coletor. Isto ocorre porque a corrente de base é sempre muito peque-
na, já que a região da base é muito estreita.

O fato das correntes de coletor e de emissor serem mui-


to maiores do que a corrente de base é uma das pro-
VOCÊ priedades mais importantes do transistor. A sua espe-
SABIA? cificação “ganho de corrente β”, relaciona em quantas
vezes a corrente de coletor será maior do que a corrente
de base, ou seja:

IC= β ⋅ IB

Observe que, por se tratar de um ganho, β é adimensional.


ELETROELETRÔNICA APLICADA
90

Para os transistores de baixa potência, o ganho de corrente é tipicamente de


100 a 300 e os de alta potência, de 20 a 100.
Os circuitos com transistores podem operar em três condições distintas: re-
gião ativa, de saturação e de corte. O modo de operação depende de como o
transistor é polarizado.
Para entender a diferença entre as regiões de operação, observe o circuito de
polarização de base, mostrado na figura seguinte.

Diego Fernandes (2011)


Figura 56 -  Circuito de polarização de base

Neste circuito:
RB: resistor de base;
RC: resistor de coletor;
VCE: tensão entre coletor e emissor;
VBB: tensão de alimentação do circuito de base;
VCC: tensão de alimentação do circuito de coletor.
É importante destacar que, neste tipo de circuito, a polarização depende subs-
tancialmente da corrente de base IB, sendo possível, com seu ajuste, levar o tran-
sistor a operar em qualquer uma das três regiões de operação. Para que se consi-
ga o ajuste da corrente de base, pode-se modificar o valor da resistência RB ou da
tensão da fonte de VBB. Esta segunda opção é utilizada a seguir.

FIQUE Quando VBB é zero, não existe corrente IB, devido à ausência
de diferença de potencial. Com isso, IC também vale zero.
ALERTA O transistor está operando, assim, na região de corte.
4 Conceitos de Eletrônica
91

À medida que a tensão VBB vai crescendo, IB cresce proporcionalmente e a cor-


rente IC também. Enquanto a relação entre IC e IB for proporcional, a região de ope-
ração é ativa. Porém, chegará um momento em que o incremento da tensão VBB
seguirá provocando um aumento proporcional na corrente IB, mas IC se manterá
em um valor estático. Quando isto ocorre, atingiu-se a saturação.
Graficamente, a relação entre corrente IB e IC e as regiões de operações podem
ser verificadas a seguir.

Diego Fernandes (2011)

Figura 57 -  Relação gráfica entre a corrente de base e a corrente de coletor em um transistor

Lembre-se que, transistores são basicamente utilizados em dois tipos de cir-


cuitos: de chaveamento e amplificadores. Saiba mais sobre cada um deles!

4.7.1 Chaveamento

Circuitos digitais e de controle utilizam bastante o chaveamento. Computa-


dores, por exemplo, trabalham com informações e comandos que são binários,
ou seja, assumem somente dois estados, “0” ou “1”, que nada mais são do que a
presença ou ausência de uma tensão, efeito que pode ser conseguido com uma
chave. No caso do acionamento de uma lâmpada incandescente em nossa resi-
dência, fazemos uso de um interruptor (chave) para ligá-la e desligá-la. Mas, como
o transistor pode operar como chave? Para tal, é preciso fazer com que ele opere
nas regiões de corte e de saturação.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
92

Jupiterimages (20--?)
Um circuito de polarização é necessário para estabelecer estas duas regiões de
operação. Veja, a seguir, o circuito comumente utilizado.

Diego Fernandes (2011)

Figura 58 -  Circuito para operação do transistor como chave

O corte é caracterizado pela seguinte condição.

IC = 0
4 Conceitos de Eletrônica
93

Ela é conseguida facilmente, fazendo-se IB igual a zero. Pelo fato da corrente


ser nula no coletor, diz-se que o transistor comporta-se como uma chave aberta.

Diego Fernandes (2011)

Figura 59 -  Analogia do comportamento do transistor em corte com um chave aberta

Na saturação, estabelece-se a seguinte condição:

VCE = VCESAT

onde VCEsat é a tensão de saturação do transistor, um dado especificado em função


de seu modelo. Para que isto ocorra, é necessário que a corrente de base IB seja
alta o bastante para que o transistor saia da região ativa e passe a operar na sa-
turação. Como a tensão VCEsat sempre é muito pequena, tipicamente da ordem de
0,01 V, diz-se que o transistor comporta-se como uma chave fechada.
Diego Fernandes (2011)

Figura 60 -  Analogia do comportamento do transistor na saturação com um chave fechada


ELETROELETRÔNICA APLICADA
94

Basicamente, a analogia entre a chave e o transistor é mostrada na próxima


figura. A abertura ou fechamento da chave ocorre de acordo com o comando da
base do transistor.

Diego Fernandes (2011)


Figura 61 -  Analogia do transistor com um chave fechada

4.7.2 Amplificadores

São circuitos capazes de aumentar, em amplitude, uma determinada grande-


za, seja ela tensão ou corrente.

Diego Fernandes (2011)

Figura 62 -  Operação de um amplificador

No exemplo anterior, a amplitude de pico do sinal de entrada ei é 0,5 V. Na sa-


ída, esta amplitude foi levada para 1 V de pico. Desta forma, o amplificador atuou
segundo a sua função, que é a de aumentar a amplitude de uma grandeza aplica-
da a sua entrada.
A quantidade deste aumento é quantificada pelo parâmetro ganho do ampli-
ficador (G), que pode ser de corrente ou de tensão. Acompanhe!

eo Io
G= G=
ei Ii
4 Conceitos de Eletrônica
95

Onde:
e0: é a tensão na saída do amplificador;
ei: é a tensão na entrada do amplificador;
Io: corrente na saída do amplificador;
Ii: corrente na entrada do amplificador.
Como você viu no exemplo anterior, o ganho do amplificador é 2, pois aumen-
tou/amplificou em duas vezes o sinal de entrada.

FIQUE Qualquer circuito que venha a ser utilizado como ampli-


ficador, deve operar na sua faixa linear, pois, é nesta faixa
ALERTA que se verifica o ganho de tensão ou corrente.

No caso do transistor, o tipo de polarização mais adequada para sua operação


como amplificador é o circuito de polarização de emissor com divisor de tensão
na base. Com este circuito, a determinação correta dos seus resistores garante
que o transistor irá operar na região ativa, que corresponde a sua faixa linear de
operação. Lembre que, na região ativa, IC é proporcional a IB.
Diego Fernandes (2011)

Figura 63 -  Circuito de polarização emissor comum com divisor de tensão na base, para operação na região ativa

Incrementando-se este circuito com alguns componentes, chega-se ao ampli-


ficador emissor comum mostrado na figura a seguir.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
96

Diego Fernandes (2011)


Figura 64 -  Amplificador emissor comum

Agora, você já sabe o que são os transistores, sua finalidade, além de ter co-
nhecido alguns tipos de transistor. No capitulo seguinte, você verá os riscos elétri-
cos. Está preparado para seguir? Então percorra mais uma importante etapa nos
caminhos da aprendizagem!

Recapitulando

Neste capítulo, você fez um apanhando geral sobre eletrônica analógica


e digital: conheceu o sistema de numeração usado pelos computadores e
suas operações lógicas e estudou o funcionamento dos diodos e transis-
tores. Além disso, foram apresentadas as fontes de energia elétrica, com
ênfase em estabilizadores e no-breaks.
Riscos Elétricos

Segurança, palavra importante para toda e qualquer pessoa que se submete a trabalhos en-
volvendo eletricidade, pois, como você sabe, é muito arriscado trabalhar com energia elétrica.
No entanto, se algumas medidas, muitas vezes simples, forem tomadas, você poderá trabalhar
sem se preocupar. É comprovado que a maioria dos casos de acidente com energia elétrica
ocorre devido a erros primários ou envolvendo profissionais com anos de experiência que se
sentem seguros e não tomam as devidas medidas de segurança. Atualmente, os equipamen-
tos vêm com mensagem de segurança, alertando o usuário que aquele equipamento ou local
oferece riscos. Vamos iniciar esse novo tema de estudos? Antes disso, conheça os objetivos de
aprendizagem!
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) entender o conceito de aterramento;
b) testar um sistema simples de aterramento;
c) conhecer os dispositivos mais utilizados na proteção de sistemas elétricos.
Que tal iniciar o estudo com bastante atenção e dedicação? Em frente!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
98

5.1 Aterramento

Para iniciar o estudo, é importante que você saiba que o aterramento é de fun-
damental importância para o bom funcionamento de uma rede elétrica. A partir
de agora, você receberá algumas noções de como funciona e como montar um
sistema de aterramento. Como o próprio nome diz, aterramento está relacionado
a terra. Logo, aterramento é a ligação proposital de um fio condutor a terra, com
o intuito de controlar a tensão. O aterramento é aplicado com foco na proteção
de equipamentos e pessoas.

Um sistema de aterramento tem um bom funcionamen-


VOCÊ to quando, ao ocorrer uma falha na isolação dos equipa-
SABIA? mentos, a corrente passa para o aterramento, ao invés,
de percorrer o corpo humano.

Veja as figuras a seguir, para entender melhor.

Diego Fernandes (2011)

Figura 65 -  Com aterramento – a corrente praticamente não circula pelo corpo


Diego Fernandes (2011)

Figura 66 -  Sem aterramento – o único caminho é o corpo


5 Riscos Elétricos
99

Conhecer os princípios básicos dos sistemas de proteção é de suma importân-


cia para todo profissional que submete-se a trabalhos relacionados à rede elétri-
ca, pois esta é algo muito perigoso e, em alguns casos, pode levar à morte.

Para ter um conhecimento mais preciso sobre aterramento,


SAIBA você poderá consultar as normas da ABNT, como, por exem-
plo, a ABNT 5410, que trata de instalações elétricas de baixa
MAIS tensão. Pesquise em um site de busca da Internet e bons
estudos!

5.1.1 Implementação de aterramento

Você sabe o que é necessário para implantar um sistema de aterramento? Para


isso, é preciso, antes de mais nada, analisar as características do ambiente onde
acorrerá a implantação, pois para cada ambiente existe um conjunto de regras
que devem ser seguidos. Agora, você aprenderá como construir e testar um siste-
ma de aterramento básico residencial. Porém, os princípios são os mesmos para
sistemas de escala maior. Lembre-se sempre de que existem normas para auxiliá-
-lo.
Para entendermos um pouco mais sobre aterramento, você aprenderá como
aterrar e testar a tomada de seu computador. Para isso, será necessário que você
tenha uma tomada de três pinos para ligar o computador, onde cada pino terá
sua função, conforme mostrado na próxima figura.
Wikipedia (20--?)

Figura 67 -  Tomada de três pinos


ELETROELETRÔNICA APLICADA
100

FIQUE Uma dica importante: nunca trabalhe com energia elétrica


ALERTA com os pés descalços!

Antes de tudo, é necessário que você localize onde está “o fase” e o “neutro”,
pois nem sempre os eletricistas seguem as indicações da tomada. Para isso, utilize
a chave teste.
Para localizar “o fase” e o “neutro”, basta colocar a chave teste nos pinos da to-
mada. Se a luz da chave teste acender, é sinal de que esse é “o fase”. Caso a luz não
acenda, então é o "neutro". Repita o teste mais de uma vez para que você tenha
certeza de que realmente identificou corretamente “o fase” e o neutro.

Figura 68 -  Fase

Figura 69 -  Neutro
5 Riscos Elétricos
101

Agora, você poderá abrir a tomada. O primeiro passo, é ligar na tomada o fase
e o neutro, em suas respectivas indicações, conforme mostrado na figura anterior.
Depois de feitas as ligações, é hora de fazer o aterramento. Conheça agora, os
requisitos mínimos necessários para um aterramento.

Um condutor de, no mínimo, 2,5 mm2.


Uma haste de 2,2 m.
Uma abraçadeira (para fixação do condutor à haste).

Primeiramente, passe o condutor da tomada até o local onde a haste será en-
terrada. Feito isso, enterre-a no solo e prenda o condutor à haste com a abraça-
deira. Fácil, não é mesmo? Com isso, o sistema de aterramento está pronto. Agora,
é só fixar o condutor à tomada, no pino inferior. Uma das maneiras de verificar se
o aterramento terá um bom desempenho, é utilizar um multímetro na escala de
tensão (V), medindo a tensão entre fase e terra, devendo chegar próximo à tensão
nominal da rede (110 V ou 220 V). Porém, essa não é a melhor maneira para testar
um aterramento. Para fazer um teste mais preciso, utilize um terrômetro.
Network Tools and Supplies (20--?)

Figura 70 -  Exemplo de terrômetro

Quantas informações importantes sobre aterramento, você concorda? Já ha-


via realizado algum aterramento? Agora você já sabe tudo o que precisa e todos
os cuidados a serem tomados. Em frente!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
102

5.2 Sistemas de proteção

Em uma instalação elétrica residencial, comercial ou industrial é importante


garantir o bom funcionamento do sistema sob quaisquer condições de operação,
protegendo pessoas, equipamentos e a parte elétrica de acidentes provocados
por alteração de corrente elétrica.

FIQUE Uma corrente elevada que aumenta a temperatura dos


componentes da instalação poderá levá-los à queima, caso
ALERTA não ocorra um desligamento rápido e seguro.

5.2.1 Fusíveis

O fusível é um ponto deliberadamente enfraquecido do circuito, que se funde


ao ser percorrido por uma corrente superior a sua capacidade nominal, interrom-
pendo o circuito. Veja na figura a seguir, os fusíveis típicos.
iStockphoto (20--?)

Figura 71 -  Fusíveis
5 Riscos Elétricos
103

O fusível é composto por um corpo isolante dentro do qual encontra-se o ele-


mento de fusão (ou elo de fusão), que interromperá o circuito sempre que a cor-
rente por meio do fusível for maior do que aquela que ele suporta. Na instalação,
ele é montado sobre uma base, chamada soquete ou em algum sistema de con-
tato por pressão. No primeiro caso, podem-se usar fusíveis de até 200 A, já para
correntes mais elevadas, deve-se utilizar contatos por pressão.
As partes de contato do fusível devem ser de material que apresente elevada
resistência à oxidação para garantir, assim, uma boa transferência de corrente,
com mínima resistência de contato, evitando perdas desnecessárias que se apre-
sentam sob a forma de calor. Para este fim, utiliza-se o cobre prateado.
Após a interrupção do circuito, é preciso assegurar que a diferença de poten-
cial existente nas extremidades do fusível não venha a restabelecer condições de
circulação de corrente. Por esse motivo, o invólucro deve ser de material isolante
de alta qualidade que, além de possuir boa rigidez dielétrica, não absorve umida-
de do ambiente.

5.2.2 Disjuntores

São dispositivos que garantem simultaneamente a manobra e a proteção con-


tra correntes de sobrecargas e de curto-circuito.
Strahl Indústria e Comércio (20--?)

Figura 72 -  Disjuntores
ELETROELETRÔNICA APLICADA
104

Basicamente, atendem a duas finalidades:


a) operação manual de chaveamento para abertura e fechamento do circuito,
por meio da alavanca;
b) abertura automática de circuitos sob condições de sobrecarga mantida e
curto-circuito.
Quando o disjuntor abre para interromper uma falta no circuito por sobrecor-
rente, a alavanca se desloca para a posição “trip”. Se a alavanca estiver na posição
“off”, indica que ele abriu em função de curto-circuito ou foi desligado de propó-
sito.

VOCÊ TRIP é a posição intermediária de um disjuntor, entre as


SABIA? posições ON e OFF.

Comparado ao fusível, o disjuntor possui a vantagem de permitir o religamen-


to, sem troca de componente.

Para ajudar na proteção contra choques elétricos, algumas


normas foram criadas, como, por exemplo, a norma NR10,
SAIBA que trata de instalações e serviços em eletricidade. Essa nor-
ma aborda os cuidados que devem ser tomados ao trabalhar
MAIS em ambientes que oferecem risco, além de orientar sobre
o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como
capacete, luvas, óculos, botinas, etc.

A seguir, você é convidado a conhecer um relato sobre relés de subtensão e


sobrecorrente. Vamos ao Casos e relatos!

CASOS E RELATOS

Relés de subtensão
Como técnico experiente do setor de manutenção de uma empresa da
área de tecnologia, Vinicius recebeu a incumbência de atender a um cha-
mado realizado por um dos técnicos de informática da empresa.
5 Riscos Elétricos
105

Este relatou no chamado que, na última falta de energia que ocorreu na


empresa, um dos no-breaks não entrou em operação no centro de pro-
cessamento de dados (CPD).
O CPD é o local onde ficam localizados os equipamentos responsáveis
pelo processamento dos dados da empresa. Para manter a integridade
destes equipamentos, este ambiente possui temperatura controlada e
fontes de alimentação ininterrupta (UPS ou no-breaks) para evitar o desli-
gamento dos equipamentos por queda de energia.
Os no-breaks devem entram em operação sempre que ocorre uma falta
de energia ou simplesmente a queda da tensão para um valor abaixo de
220 V ou 127 V na rede elétrica. Para que isto ocorra, é necessário um dis-
positivo que perceba a redução da tensão da rede. Uma possibilidade é o
uso de relés de supervisão ou subtensão.
O funcionamento destes relés é semelhante a um disjuntor. Eles possuem
um mecanismo de subtensão, que na falta ou queda de tensão, interrom-
pe a passagem de corrente, não danificando os equipamentos quando
há uma queda de energia na linha ou até mesmo a falta. Uma bobina,
chamada bobina de mínima, é utilizada no relé/disjuntor.
Sendo assim, Vinicius foi até o CPD verificar o funcionamento dos no-
breaks. Ele verificou as conexões do no-break à rede elétrica e não en-
controu nenhum problema. Por ser um dia útil de trabalho na empresa,
Vinicius não quis simular uma queda de energia, pois assim poderia reti-
rar de operação computadores que armazenam dados importantes. Em
conversa com seu supervisor, ele agendou uma nova visita ao CPD para
o final de semana.
Neste dia, Vinicius pôde simular uma queda de energia, por meio do des-
ligamento dos disjuntores do quadro de distribuição. Ele verificou que
realmente um dos no-breaks não entrava em operação. Como este equi-
pamento possuía garantia por parte da empresa fornecedora, Vinicius
não realizou nenhuma manutenção no equipamento.
Dias após, os técnicos da empresa fornecedora realizaram a manutenção
no no-break, informando que o relé de subtensão havia queimado.

Agora, você já sabe o que são disjuntores e relés de sobrecorrente, certo?


Aproveite para aplicar os conhecimentos!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
106

Recapitulando

Neste capítulo, você acompanhou o que é preciso para montar uma ins-
talação elétrica segura e aprendeu a montar um aterramento. Que tal sa-
ber mais sobre óptica? Esse será o assunto do capítulo seguinte.
Óptica

Vemos o sol graças à luz que o mesmo produz e envia aos nossos olhos. Entretanto, você
sabia que vemos a lua graças à luz solar refletida nela? É isso mesmo! Para entendermos estes
fenômenos físicos, precisamos do conhecimento que a óptica nos fornece. Puxa, que interes-
sante! Você concorda?
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) entender os conceitos básicos da óptica;
b) entender a diferença entre reflexão e refração.
Para iniciar o último capítulo de estudos, reúna comprometimento e energia e siga em fren-
te!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
108

6.1 Conceitos

Corpos que emitem luz própria, como o sol e outras estrelas, uma lâmpada
acessa, a chama de uma vela, são denominados de corpos luminosos ou fontes
primárias de luz. Corpos que nos enviam, por reflexão, a luz que recebem de
outros corpos, são denominados corpos iluminados ou fontes secundárias de
luz. Mas o que vem ser a luz?
A luz é uma onda eletromagnética de altíssima frequência e pequeno compri-
mento de onda. O comprimento de onda corresponde ao período de uma onda
senoidal, porém, é medida em metros.

Júlia Pelachini Farias (2011)


Figura 73 -  Onda eletromagnética, com sua amplitude A, comprimento de onda λ e velocidade v

Por ser uma onda eletromagnética, a luz se propaga de acordo com uma dada
velocidade, chamada de velocidade da luz, que vale 3x108 m/s no vácuo.
O comprimento de onda também se relaciona com a frequência, segundo a
equação a seguir:

v
f=
λ

De acordo com o comprimento de onda, têm-se diferentes tipos de ondas


eletromagnéticas: ondas de rádio; micro-ondas; radiação infravermelha; luz (ra-
diações visíveis); ultravioleta; raios-X e raios-gama. Apesar do diferente compri-
mento de onda e, por consequência de frequência, todas elas se propagam com
a mesma velocidade.
6 Óptica
109

Júlia Pelachini Farias (2011)


Figura 74 -  Espectro eletromagnético ressaltando a faixa de luz visível

Alguns cristais (por exemplo, o açúcar), quando comprimidos, emitem luz. Este
fenômeno é conhecido como “triboluminescência”.

Issac Newton foi o primeiro a provar que a luz é composta


por várias cores. Em 1665 ele fez o seguinte experimento:
escureceu o seu quarto e fez um pequeno buraco em sua
janela, permitindo assim a passagem de somente um pe-
SAIBA queno feixe de luz. Ele colocou então um prisma de vidro
no caminho deste feixe de luz e o resultado foi uma luz
MAIS multicolorida, semelhante a um arco íris. Esta decomposição
multicolorida da luz, propiciada pelo prisma, é chamada de
espectro de cores. Para visualizar uma animação sobre a de-
composição da luz com o prisma, acesse o link: <http://mi-
cro.magnet.fsu.edu/primer/java/scienceopticsu/newton/>.

A exposição contínua a algumas ondas eletromagnéticas podem ser danosas


para o ser humano, como os raios-X, por exemplo. Seus efeitos vão desde verme-
lhidão da pele; queimaduras; ou, em casos mais graves de exposição, mutações
do DNA; até a morte das células ou leucemia.
Portanto, todo cuidado é pouco na exposição a ondas eletromagnéticas. Va-
mos conhecer a refração da luz? Siga em frente!
ELETROELETRÔNICA APLICADA
110

6.2 Refração da luz

A refração da luz é a passagem da luz de um meio para o outro. A figura que


segue, mostra um fenômeno típico da refração, onde, neste caso, a luz passa do
meio “ar” para a água. Ela cria a ilusão óptica de que o corpo, que intercepta a
superfície de separação de dois meios, parece estar quebrado.

iStockphoto (20--?)

Figura 75 -  Fenômeno da refração

Este fenômeno ocorre porque a velocidade da luz muda em função do meio


de propagação. O índice de refração do meio nr será determinante para estabele-
cer a velocidade da luz. Veja:

v meio= nr ⋅ v vacuo

onde:
vmeio é a velocidade da luz no meio;
vvacuo é a velocidade da luz no vácuo (3x108 m/s).
6 Óptica
111

Para determinar-se quanto será a distorção óptica da refração, calcula-se o


ângulo de refração C com ajuda da Lei de Snell. Basicamente, o modelo onde é
aplicada esta lei é mostrado na figura que segue.

Júlia Pelachini Farias (2011)

Figura 76 -  Lei de Snell

O raio incidente representa a luz no meio ar, que incide no limite entre os
meios ar e água com ângulo A em relação à normal (eixo vertical perpendicular
ao limite entre os meios ar e água). A luz refratada ou raio refratado entra no meio
água com ângulo C. Sendo IA o índice de refração do meio A (ar), e IC o índice de
refração do meio B (água), obtem-se a seguinte lei de Snell. Acompanhe!

I A sen( A) = IC sen(C )

Vale ressaltar que parte da luz do raio incidente que retorna para o mesmo
meio, é o raio refletido da figura.
A figura seguinte mostra uma situação cotidiana onde se verificam os efeitos
da refração e da reflexão. Um pescador, ao visualizar a silhueta da lua em um lago,
está visualizando o raio refletido da lua. Já um peixe que está na água, visualiza o
raio refratado da lua.
ELETROELETRÔNICA APLICADA
112

Lua

Júlia Pelachini Farias (2011)


O pescador ‘’vê a lua’’ por reflexão na superfície
do lago.
Figura 77 -  Fenômeno da refração e reflexão

CASOS E RELATOS

Fibras ópticas
A empresa onde Ulysses trabalha, presta serviço de planejamento de re-
des para grandes empresas. Seu maior foco é a transmissão de dados por
fibra óptica, por ser um meio seguro, rápido e confiável de transmissão.
A fibra recebe este nome porque sua operação é baseada nos princípios
da óptica. A informação que se deseja transmitir é codificada em sinais
de luz, situada na região do infra-vermelho. Esta luz circula pelo núcleo
da fibra por meio de reflexões sucessivas. Isto só é possível devido à com-
posição da fibra óptica, com material de índice de refração ligeiramente
inferior ao do núcleo.
Recentemente, Ulysses recebeu para análise, o projeto de uma rede de
transmissão de dados da filial de uma empresa de TI em franca expansão.
Nesta filial, ficaria alocado todo o setor de desenvolvimento da empresa,
bem como seu novo CPD. Na matriz, somente o setor comercial e de re-
cursos humanos iriam operar. A distância entre matriz e filial era de 2,5Km
e o fluxo de dados entre as empresas exigia uma banda de frequência
razoável, por envolver transmissão de dados de áudio e vídeo.
Ulysses não hesitou em propor um sistema de transmissão por fibra óp-
tica para esta empresa. Sabe-se que a fibra óptica possui uma grande lar-
gura de banda, o que possibilita a transmissão de dados em velocidades
muito elevadas e permite enlaces longos devido às pequenas perdas de
sinal que ela impõe.
6 Óptica
113

Agora você já sabe a composição da fibra óptica e sua utilidade, certo? Neste
capítulo, você viu conceitos e exemplos práticos sobre óptica. E que tal praticar
um pouco? Reflita sobre seu cotidiano. Quantas fontes de energia você se depara
todos os dias? Este é um ótimo exercício em que teoria e prática se encontram e
efetivam seu aprendizado!

Recapitulando

Conceitos básicos de óptica foram apresentados neste capítulo. Estes


conceitos são a base para o estudo da transmissão de sinais utilizando
meios óticos, como o caso da fibra óptica. Lembre-se que você também
pode reler o conteúdo quantas vezes quiser. Além disso, que tal buscar
outras fontes de informação? Livros, revistas e até mesmo a Internet são
sugestões. O aprendizado é um processo constante. Portanto, continue
percorrendo os caminhos do conhecimento!
REFERÊNCIAS
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João Moreira Salles, [200-?]. 151 p.
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RAMALHO JÚNIOR, Francisco; FERRARO, Nicolau Gilberto; SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os
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Profissional SENAI Fidélis Reis, [200-?]. 102 p.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Eletrotécnica. Florianópolis: SENAI/SC,
2004. 140 p.
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WOLSKI, Belmiro. Curso técnico em eletrotécnica: eletricidade básica, Curitiba: Base Didáticos,
2007. 160 p. 1 v. (Livro, 3).
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VIEIRA JR, Magno Estevam. Eletricidade básica. Ouro Branco: Unidade Operacional SENAI/MG
Ouro Branco, 2004. 56 p.
MINICURRÍCULO DOs AUTORes

Cristiano Oliveira Ferreira é mestre em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), na área de Processamento de Sinais, graduado em engenharia elétrica com ênfa-
se em Eletrônica pela Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e técnico em
Eletrônica pela escola Técnica Parobé. No SENAI/SC, em Florianópolis, atua como coordenador do
curso superior de tecnologia em Automação Industrial e professor no mesmo curso. Ao longo dos
anos já atuou como professor nos cursos superiores de Tecnologia de Eletrotécnica Industrial do
SENAI/SC em Tubarão; Telecomunicações do SENAI/SC, em Florianópolis; e foi professor substitu-
to no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), unidade São José.

Anderson Rauber da Silva atua na unidade do SENAI/SC, em Jaraguá do Sul, como instrutor dos
cursos de Aprendizagem Industrial e também é responsável técnico pelos cursos de Aprendi-
zagem Industrial em Informática. Possui formação técnica em Informática com Habilitação em
Redes pelo SENAI/SC de Jaraguá do Sul. Atualmente, cursa Superior de Tecnologia em Redes de
Computadores na unidade do SENAI/SC, em Joinville. Atua também como instrutor de unidades
curriculares relacionadas à manutenção de computadores, infraestrutura e gerenciamento de re-
des de computadores.

Patrick de Souza Girelli é licenciado em Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISI-
NOS), cursa especialização em Gerenciamento de Águas e Efluentes no SENAI/SC de Blumenau e
tem especialização em Automação Industrial no SENAI/SC de Jaraguá do Sul. Trabalha na unidade
do SENAI/SC em Jaraguá do Sul como especialista em Eletroeletrônica, lecionando disciplinas de
Física, Geometria e Cálculos para o curso superior de Tecnologia em Automação Industrial e curso
superior de Tecnologia em Fabricação Mecânica.
Índice

A
ABNT 101
Alicate Amperímetro 5, 33, 34, 52, 117
Amplificador emissor comum 6, 97, 98
Aquecimento 37, 39
Atração 5, 20, 21, 22, 45

B
Bateria 6, 43, 44, 81, 82, 83, 84, 86, 88
Bobina 5, 44, 46, 47, 73, 77, 107
Bornes 5, 53, 55

C
Campo elétrico 5, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 41, 42 43, 45
Campo magnético 5, 45, 46, 47, 74
Carga elétrica 17, 18, 19, 20, 22, 24, 26, 28, 80
Chave teste 35, 36, 102
Choque 26, 106
Circuito de polarização 6, 92, 94, 97
Circuito elétrico 33, 43, 68
Conversão de energia 13, 83
Corrente de base 6, 91, 92, 93, 95
Corrente de coletor 6, 91, 93
Corrente de emissor 91

D
Descarga elétrica 26, 80
Desumidificadores 51
Diagrama elétrico 43
Dielétrico 41, 43
Display 5, 52, 53, 54
Dissipação 41
E
Eletricidade estática 25, 27
Eletroímã 5, 46
Eletromagnetismo 13, 45, 57, 117
Eletroscópio 5, 20, 21
Energia consumida 37
Energia elétrica 37, 52, 74, 77, 78, 80, 83, 84, 98, 99, 102
Energia potencial 22, 41, 43
Espectro eletromagnético 6, 111
Espira 76

F
Fase 6, 36, 102, 103
Filtro 35, 47, 59
Flash 43

G
Gerador 6, 32, 45, 59, 76, 83, 85
Germânio 85, 87

I
Ímã 5, 45, 46
INMETRO 36

J
Junção PN 86

L
Linhas de força 23, 45, 117
Lógica combinacional 60
Luz 6, 52, 102, 109, 110, 111, 112, 113, 114

M
Molécula 19, 48

N
Neutro 6, 36, 18, 19, 21, 102, 103
Núcleo de ferrite 47
Núcleo de ferro 47
O
Onda eletromagnética 6, 110
Osciloscópio 57

P
Período 5, 38, 43, 110
Pilha 6, 83, 84
Pólo norte 46
Pólo sul 46
Ponteiras 5, 55, 56
Ponto de operação 88
Primário 74, 76, 77, 99
Prótons 18, 21
Pulseira antiestática 5, 26, 27

R
Radiação 110
Reatância capacitiva 48
Repulsão 22, 25, 45
Retificador 7, 35, 88
Rigidez dielétrica 105

S
Seletor 5, 6, 54, 53, 82
Semicondutor 59, 85, 86
Silício 85, 87
Sobrecorrente 106, 107
Subtensão 106, 107

T
Tensão eficaz 33, 76
Termoscópio 49
Terra 85, 100, 103
Terrômetro 6, 103
Trabalho 13, 22, 24, 25, 99, 101, 107

V
Varactor 88
Varistor 6, 79
SENAI - DN
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - Departamento Regional de Santa Catarina

Simone Moraes Raszl


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Caroline Batista Nunes Silva


Juliano Anderson Pacheco
Coordenação do Projeto

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Cristiano Oliveira Ferreira


Anderson Rauber da Silva
Patrick de Souza Girelli
Elaboração

Juliano Anderson Pacheco


Revisão Técnica

Daiana Silva
Design Educacional
D’imitre Camargo Martins
Diego Fernandes
Luiz Eduardo Meneghel
Waleska Knecht Rusche
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Daniela de Oliveira Costa


Diagramação

Juliana Vieira de Lima


Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting
CRB14/937
Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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