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15/09/2017

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO – UPE


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GERADORES INTERLIGADOS

Alexandre Jorge Tavares de Souza

INTRODUÇÃO
• O comportamento de um gerador síncrono em carga varia
com o f.p. da carga ou se está opera sozinho ou em paralelo
com outros geradores.
• Começaremos tratando da operação do gerador isolado e,
posteriormente, dele interligado.
• Os conceitos serão apresentados através de diagramas
fasoriais, desconsiderando o efeito da Reação de Armadura
(RA).
• Inicialmente assumiremos que tanto a velocidade quanto o
fluxo do rotor permanecerão constantes, salvo quando
explicitarmos alguma variação. Portanto, Ef é constante.

GERADOR OPERANDO SOZINHO

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GERADOR OPERANDO SOZINHO


• Um aumento na carga é um aumento de
potência ativa e/ou reativa fornecida pelo
gerador.
• Um aumento na carga é um aumento na
corrente de carga.
• O quê ocorre quando aumentamos a carga?
• Se Ef é constante, o quê varia com a variação
da carga?

GERADOR OPERANDO SOZINHO F.P.ind


• Seja um gerador operando com f.p. indutivo.
• Aumento de carga, sob mesmo f.p., aumentaIa,
mantendo-se o mesmo ângulo com respeito a Vt .
• A tensão de RA (jIaXs) também aumenta, com
mesmo ângulo.
• Sabendo-se que a nova corrente de armadura
Ia´>Ia, que jIaXs é paralelo a jIa´Xs (pois f.p.= cte) e
que Ef é constante, só há um único ponto no
qual a tensão de RA pode ser paralela à original
enquanto aumenta de valor.

GERADOR OPERANDO SOZINHO F.P.ind

E’f= Ef
V’t< Vt

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GERADOR OPERANDO SOZINHO F.P=1


E’f= Ef
V’t< Vt

GERADOR OPERANDO SOZINHO F.P.cap


E’f= Ef
jI’aXs  > jI’aXs 
V’t > Vt

GERADOR OPERANDO SOZINHO


Podemos, então, concluir que:

• Vt cai significantemente se cargas indutivas (+ Q)


são adicionadas ao gerador;

• Há uma pequena redução de Vt se cargas


puramente resistivas são adicionadas ao gerador;

• Haverá um aumento de Vt se cargas capacitivas


(- Q) são ligadas ao gerador,.

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GERADOR OPERANDO SOZINHO


Podemos comparar o comportamento da tensão de dois (ou
mais) geradores através da regulação de tensão, definida pela
seguinte equação:
Reg = V0 – VL x 100% V – tensão em vazio
0

VL V – tensão em carga
L

Concluímos que um gerador síncrono:


• operando com FP indutivo tem uma grande regulação positiva;
• operando com FP unitário tem uma pequena regulação positiva;
• operando com FP capacitivo terá regulação negativa.

GERADOR OPERANDO SOZINHO


Idealmente, deseja-se manter Vt constante mesmo com a
variação da carga.

Isto é obtido pelo ajuste de Ef, aumentando-se ou


diminuindo-se o valor de If, conforme a natureza da carga
a ser alimentada.

Portanto, por exemplo, se mais carga indutiva é


acrescentada à carga da máquina, sua Vt cairá. Para
retornarmos ao valor original de Vt, precisamos aumentar
If para que o fluxo aumente e, conseqüentemente, Ef
também aumente até que Vt retorne ao valor original.

GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS

Atualmente, a operação isolada de um grande gerador


síncrono é muito rara.

Este tipo de aplicação é encontrada tipicamente em


grupos de emergência com pequenos geradores.

Usualmente, o que temos são vários geradores em


paralelo compartilhando a mesma carga. Se tomarmos o
Sistema Interligado Brasileiro como um exemplo de carga,
vemos que nas empresas geradoras há dezenas de
geradores alimentando esta carga comum.

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GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS


As principais vantagens da operação em paralelo são listadas a
seguir:

• Alimentar maiores cargas;

• Aumento na confiabilidade;

• Possibilidade de retirar um gerador para manutenção


preventiva sem comprometer a oferta de energia;

• Possibilidade de operar as máquinas de forma mais racional


e mais eficiente.

GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS


Condições necessárias para paralelar dois geradores ou um gerador com um
sistema de potência:
• mesma seqüência de fase;
• ângulos de fase iguais nas fases pareadas;
• tensões eficazes de linha iguais;
• a freqüência do gerador que está entrando deve ser um pouco maior que a
freqüência do sistema.

Gerador 1 Carga

Gerador 2

GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS


A mesma seqüência de fase garante que os valores de tensão, em cada uma
das fases, ocorram no mesmo instante. Se isto não for observado, apenas
uma das fases do gerador entrante estará com d.d.p. igual a zero com
respeito à sua fase correspondente no sistema.

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GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS


Método das três lâmpadas

Gerador 1 Carga
ou Sistema

Gerador 2

GERADORES SÍNCRONOS INTERLIGADOS


Procedimentos para paralelar dois geradores ou um gerador com um sistema
de potência:
• lendo a tensão terminal, ajuste a corrente de campo do gerador entrante para que
sua tensão terminal se iguale à tensão de linha do sistema;
• compare a seqüência de fases;
• ajuste a freqüência do gerador entrante;
• coloque as tensões correspondentes em fase;
• feche o disjuntor.

CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

• Todos os geradores são acionados por máquinas primárias


(turbinas) que são a fonte de potência mecânica do
gerador.

• Independentemente da fonte original (água, vapor, etc.)


todas as turbinas tendem a se comportar de maneira
semelhante: à medida que se solicita mais potência dela,
sua velocidade cai.

• Esta queda de velocidade é não-linear.

• A utilização de reguladores de velocidade torna esta queda


praticamente linear.

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CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

O regulador será sempre ajustado de modo a que a


característica Velocidade x Potência apresenta uma
queda suave. A declividade ou queda de velocidade
da máquina primária é definida pela equação:

∆ω = n0 – nL x 100%
nL
Onde n0 – velocidade em vazio da turbina
nL– velocidade em carga nominal da turbina

CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

A maioria dos geradores apresentam queda de velocidade na faixa de


2 a 4%.

Os reguladores podem ter seus ajustes modificados de forma a termos


diferentes valores de n0.

Velocidade e freqüência estão relacionados por f = (n.P)/120.

Podemos relacionar a freqüência de saída com a potência através da


característica “freqüência x potência.

Este tipo de curva desempenha um papel essencial na análise do


comportamento de geradores interligados.

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CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

CARACTERÍSTICA FREQUÊNCIA x POTÊNCIA

A relação entre freqüência e potência pode ser


descrita quantitativamente através da expressão:

P = d (f0 – fs)

Onde:
• P - potência fornecida pelo gerador
• f0 – freqüência do gerador em vazio
• fs – freqüência do sistema
• d – declividade da curva, kW/Hz ou MW/Hz

CARACTERÍSTICA TENSÃO x REATIVO

Uma relação semelhante pode ser encontrada para a potência


reativa “Q” e a tensão terminal “Vt”. A relação entre a tensão
terminal e a potência reativa pode ser expressa por uma equação
similar aquela usada para relacionar P e f, se o regulador de
tensão nos der uma característica razoavelmente linear.

Como visto anteriormente, quando uma carga indutiva é ligada ao


gerador, sua tensão terminal cai.

Por outro lado, se a carga é capacitiva, a tensão terminal aumenta.

É possível, então, obtermos uma característica tensão x reativo.

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CARACTERÍSTICA TENSÃO x REATIVO

Esta característica não é necessariamente linear, porém toma esta


forma através da ação do regulador.

Esta curva pode ser movida para cima ou para baixo se mudarmos
o valor da tensão terminal em vazio, pelo ajuste do regulador de
tensão.

Da mesma maneira que a curva f x P, esta curva (V x Q) tem


importância fundamental na análise da operação de geradores
síncronos interligados.

CARACTERÍSTICA TENSÃO x REATIVO

GERADOR OPERANDO SOZINHO

É importante ter em mente que, quando um


gerador está operando sozinho, o que ele fornece
de P e Q é definido unicamente pela carga que o
mesmo alimenta, não há o que ser controlado.

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GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA

Um grande sistema de potência é aquele cujos


parâmetros não serão afetados pelos ajustes
individuais do gerador. Esta é a idéia que
traduz o conceito de barramento ou barra
infinita, que é definida como um sistema cuja
tensão e freqüência são invariantes.

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
Características f x P e Vt x Q de uma barra infinita

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
Vamos conectar um gerador a um grande sistema
de potência, i. e., uma barra infinita.

Vamos, também, assumir que a turbina tenha seu


regulador e que o campo seja controlado
manualmente por um resistor.

É mais fácil explicar a operação do gerador sem o


regulador de tensão, por isso ignoraremos as
pequenas diferenças de termos ou não um
regulador de tensão.

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GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
Quando um gerador é conectado a outro gerador ou a
uma barra infinita, a freqüência e a tensão terminal de
todas as máquinas devem ser as mesmas.

Para melhor visualizar o comportamento do gerador


interligado com o sistema de potência, vamos plotar as
características f x P (ou Vt x Q) usando o eixo comum, o
vertical, com o sistema de um lado e a máquina do outro.

Este arranjo chamamos de diagrama “casa” devido a sua


semelhança com o esboço de uma casa.

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
• Gerador paralelado à barra com uma freqüência um pouco menor que a do
sistema.

• Freqüência em vazio (f0) menor que a (fs) do sistema. Assim, a potência


fornecida pelo gerador é negativa.
• Ou seja, quando f0 < fs, a máquina consome potência ativa, estando, portanto,
motorizada. Para assegurar que o gerador se interligue à barra fornecendo
potência é preciso que f0 seja ajustada em um valor maior que fs .

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GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
Para que o gerador assuma mais carga, devemos aumentar f0,
lembrando sempre que fs é constante. Se considerarmos que
Pcarga é constante, um aumento na participação do gerador
corresponderá a uma redução na participação do sistema para
aquela carga.

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
• Após o ajuste do valor da potência ativa, deve-se ajustar o reativo. O
ajuste do reativo se dá ajustando a corrente de campo If.

• Considere que Pg fica constante mesmo com a variação de If . Esta


condição é plausível pois se P = T.ω mec e se o gerador está conectado a
uma barra infinita, f não variará, ou seja, ωmec não variará, e
considerando que o conjugado está fixo, então P será constante.

• Se P e Vt são constantes, Ia.cosφ e Ef.senδ também são constantes.

• Se If aumenta, Ef também aumenta.

• Como Ef.senδ tem que ser constante, haverá uma rotação em jIaXs, o
que corresponde a uma rotação de Ia , levando a uma alteração no
valor de senφ, ou seja, no reativo.

GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA

Ef.senδ ~ P = cte
Ia.senφ

Ia.senφ’

Ia.senφ’’

Ia.cosφ ~ P = cte

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GERADOR EM PARALELO COM UM


GRANDE SISTEMA DE POTÊNCIA
Observe que o termo Ia.senφ ~ Q, varia. Em resumo, o aumento de If
em um gerador síncrono ligado a um barramento infinito, corresponde
a um aumento na potência reativa fornecida pelo gerador.
Inversamente, uma redução efetiva de If fará com que este mesmo
gerador absorva mais reativo.
Podemos fazer um resumo do comportamento de um gerador
síncrono quando em paralelo com um barramento infinito:
• a freqüência e a tensão terminal do gerador são controladas pelo
sistema;
• o ajuste do regulador de velocidade do gerador controla a potência
ativa fornecida ao sistema;
• o ajuste do regulador de tensão do gerador (ajuste da corrente de
campo) controla a potência reativa fornecida ou absorvida

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
Nesta condição de operação, a consideração fundamental é
que “a soma das potências ativas e reativas fornecidas pelos
dois geradores deve ser igual ao P e Q demandados pela
carga”.

Nem a potência de um dos geradores nem a freqüência do


sistema, representado pelos dois geradores, precisa ser
constante.

Neste caso, convém lembrar, a potência total PT (que é igual


Pcarga) é dada por: PT = PC = Pg1 + Pg2

E o reativo é dado por: QT = QC = Qg1 + Qg2

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS

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GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
Se modificarmos o ajuste do regulador de G2, suponha aumentando seu f0,
então sua curva f x P se deslocará para cima, obrigando o sistema a trabalhar
em uma freqüência superior a 60Hz já que a carga é mantida constante.

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
A esta nova freqüência, G2 fornece mais potência que
anteriormente, ao passo que G1 fornece menos.
Portanto, quando dois geradores estão operando
juntos, um aumento no ajuste de regulador de um
deles:

• aumenta a freqüência do sistema.


• aumenta a potência fornecida por este gerador,
enquanto reduz a do outro.

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
O aumento da corrente de campo de G2 resultará em
um comportamento análogo para a potência Q.

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GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
Assim, quando dois geradores estão operando juntos e
a corrente de campo do segundo gerador é aumentada:

• a tensão terminal do sistema aumenta


• o reativo fornecido por este gerador é aumentado,
enquanto no primeiro é diminuído

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
Na realidade, o que se quer, porém, é que a tensão e a
freqüência se mantenham constantes.

A forma de se obter isto, após termos atuado no


regulador de velocidade ou no campo de um dos
geradores, por exemplo aumentando, fazendo com que
Vt e f cresçam, é atuar no regulador e no campo do
primeiro gerador, diminuindo, até que se restabeleçam
os valores originais de f e Vt, evidentemente que com
uma nova partição de carga.

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS

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GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS

Obviamente, se quisermos ajustar a divisão da


carga entre os geradores sem variar f ou Vt,
devemos atuar simultaneamente em G1 e G2,
aumentando um e diminuindo o outro.

GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
Um resumo conclusivo pode ser feito no caso de dois geradores:

• As potências ativas e reativas totais fornecidas pelos geradores juntos,


devem igualar aquelas demandadas pela carga.
• Não há obrigatoriedade para que Vt e f permaneçam constantes.
• Para ajustar P entre os geradores sem modificar f, basta simultaneamente,
atuar nos dois geradores, aumentando um e diminuindo o outro.
• A partição de Q entre os geradores, sem variar Vt, é obtida, atuando
simultaneamente, no campo dos dois geradores, aumentando um e
diminuindo o outro.
• Poderíamos ainda ajustar f ou Vt sem modificar a partição de P ou Q,
bastando para isso aumentar (ou diminuir) simultaneamente os ajustes
em ambos os geradores.

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GERADORES DE POTÊNCIAS
SEMELHANTES INTERLIGADOS
É importante que as características f x P dos geradores tenham suficiente
inclinação, pois caso contrário poderá haver uma variação muito grande na
partição da carga, mesmo com uma pequeníssima variação nos reguladores de
velocidade. Por conta disso, de forma a garantir um bom controle da potência
partilhada entre os geradores, é fundamental que eles tenham uma declividade ou
queda de velocidade na faixa de 2 a 5%.

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