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Nutrição de plantas e fertilidade do solo

Brasília-DF.
Elaboração

Laíse Ferreira de Araújo

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 7

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9

UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO....................... 11

CAPÍTULO 1
CONCEITO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E DE FERTILIDADE DO SOLO........................... 12

CAPÍTULO 2
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DOS SOLOS.................................................................... 17

CAPÍTULO 3
PH E CORREÇÃO DO SOLO.................................................................................................... 27

UNIDADE II
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS.................................. 37

CAPÍTULO 1
MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO............................................................................................... 38

CAPÍTULO 2
CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE............................................................................................... 45

CAPÍTULO 3
ABSORÇÃO, TRANSLOCAÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES............................................. 49

UNIDADE III
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES
E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS....................................................................................................... 55

CAPÍTULO 1
MACRONUTRIENTES................................................................................................................. 56

CAPÍTULO 2
MICRONUTRIENTES.................................................................................................................. 68

CAPÍTULO 3
USO DE FERTILIZANTES PARA SUPRIR AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DAS PLANTAS................. 77
UNIDADE IV
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO.............................. 84

CAPÍTULO 1
DIAGNOSE FOLIAR E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE FOLIAR............................ 86

CAPÍTULO 2
ANÁLISE DA FERTILIDADE DO SOLO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................................. 94

CAPÍTULO 3
NUTRIÇÃO MINERAL E FERTILIDADE DE PLANTAS UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO...... 98

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 105
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
6
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

7
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Nesta apostila serão abordados alguns tópicos relevantes à nutrição mineral de plantas
e fertilidade do solo. Os capítulos que compõem essa apostila são, em grande parte,
compilações de materiais didáticos e artigos referentes às áreas da Ciência do solo e
Nutrição de plantas.

A participação dos alunos, mesmo que seja no ensino a distância, é de fundamental


importância para o aprimoramento contínuo e o enriquecimento do processo
ensino-aprendizagem, uma vez que o professor não ensina, mas ajuda o aluno a
aprender. Esse material didático deverá servir como um referencial dos conteúdos
abordados, sem que venha a inibir a participação e o dinamismo nas discussões sobre
os assuntos.

Diante disso, o estudo da fertilidade do solo e manejo de nutrientes é determinante para


a produtividade das culturas e para o rendimento econômico, sempre se preocupando
com a conservação do solo e a sustentabilidade agrícola. Dentro da nutrição de plantas,
tem a importância dos macronutrientes e micronutrientes para o desenvolvimento da
planta com o uso de fertilizantes químicos e biofertilizantes. Já a fertilidade do solo
engloba o estudo das propriedades físicas, químicas e biológicas, ressaltando as práticas
de conservação dessa fertilidade do solo.

Devido às vastas áreas de produção de grãos, hortaliças e frutas do Brasil; e à baixa


fertilidade do solo, principalmente no Semiárido do Brasil, que vem passando cada vez
mais por um processo de desertificação e salinização devido à falta d’água, clima quente
e práticas de irrigação mal planejadas, o País vem se destacando por utilizar muitos
fertilizantes químicos. Esses adubos lixiviam para camadas mais profundas e afetam a
qualidade da água dos lençóis freáticos, importante fonte de água para os brasileiros.

Diante disso, a agricultura de precisão (AP) vem para minimizar esses efeitos do mal
manejo da adubação e da fertilidade do solo. É uma ferramenta que vem crescendo
na nutrição de plantas e na fertilidade do solo com o intuito de auxiliar nesse controle
da aplicação de fertilizantes. O geoprocessamento (confecção de mapas de fertilidade)
e o uso de sensores mais tecnificados são cada vez mais utilizados na diagnose de
sintomas referentes à nutrição, objetivando aumentar a eficiência e a sustentabilidade
da aplicação desses fertilizantes.

Com essas ferramentas o produtor terá uma maior probabilidade de aumentar sua produção
por utilizar o mínimo de insumos para isso, alcançando, assim, menores custos por ha.

9
Objetivos
»» Sistematizar as informações disponíveis e compatibilizá-las ao enfoque
da disciplina, procurando auxiliar no processo de ensino-aprendizagem,
uma vez que planejamento e organização são fundamentais para uma
boa aprendizagem.

»» Elucidar a importância da nutrição mineral de plantas para a agricultura.

»» Aplicar os conhecimentos sobre a fertilidade do solo, adotando as medidas


adequadas para evitar a erosão e a perda de nutrientes.

»» Apresentar as novas ferramentas utilizadas na agricultura de precisão


para melhorar a diagnose de sintomas de falta ou excesso de nutrientes.

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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DE NUTRIÇÃO UNIDADE I
MINERAL DE PLANTAS E
FERTILIDADE DO SOLO
Nessa unidade falaremos um pouco sobre a fertilidade do solo e a nutrição mineral
de plantas. Elas são estudadas em todo o mundo com o intuito de determinar como
deve ser feito o manejo dos nutrientes de forma que se obtenha a maior produtividade
econômica para o sucesso da agricultura.

A situação não é diferente no Brasil, no entanto os solos daqui apresentam algumas


características que podem ser generalizadas, como poucos impedimentos físicos, mas
com muitos impedimentos químicos. As adversidades químicas aqui encontradas são:
clima tropical, altas temperaturas e chuvas desregulares (principalmente no semiárido
nordestino), acentuando o intemperismo e a erosão do solo.

Estes fatores fazem com que desde a sua formação, a partir da rocha, no geral pobre
em nutrientes, em milhões de anos, os nutrientes sejam perdidos principalmente por
erosão e lixiviação, deslocando da superfície do solo para camadas mais profundas ou
sendo removidos do sistema, formando, assim, solos com baixo teor de nutrientes e
com maiores teores de caulinita e óxidos de ferro e alumínio.

Os valores de saturação por alumínio associados a solos ácidos encontrados indicam


problemas potenciais de toxidez às plantas e dificultam que o sistema radicular da
mesma se desenvolva normalmente, deixando as raízes mais grossas e curtas, reduzindo,
assim, a capacidade de absorção de água e nutrientes.

Então, diante disso, qual a importância de se estudar a nutrição mineral de plantas


e a fertilidade do solo na agricultura, sabendo que o Brasil é um grande produtor e
exportador de frutas, hortaliças e grãos? As respostas para essas perguntas serão vistas
ao longo dessa apostila.

11
CAPÍTULO 1
Conceito de nutrição mineral de
plantas e de fertilidade do solo

Nutrição mineral de plantas


Uma dieta balanceada é essencial para a sobrevivência de qualquer ser vivo, não importa
se é animal ou vegetal. Sem a alimentação correta ninguém consegue viver direito e
permanecer saudável por muito tempo, com as plantas acontece o mesmo.

Mesmo que no solo alguns dos principais nutrientes estejam presentes, a planta ainda
precisa de um complemento para crescer de forma mais saudável. Uma série de elementos
minerais são individualmente necessários à medida que o crescimento das plantas
somente ocorrerá se todos esses nutrientes estiverem adequadamente disponíveis.

O fator limitante ou deficiente para o crescimento da cultura muitas vezes pode ser a
água, a radiação solar ou até mesmo o dióxido de carbono, mas na maioria das vezes a
falta de um nutriente essencial para a planta vai fazer com que ela não consiga atingir
seu potencial máximo de produção.

Por isso é importante que a planta tenha uma adubação equilibrada que contemple
todos seus requerimentos e que permita que o produtor tenha uma boa produção e
qualidade, gerando os melhores rendimentos. Para isso é importante saber qual a
função dos nutrientes e suas interações com outros elementos minerais, bem como
a identificação dos sintomas de deficiência ou excesso destes nas plantas.

Quando o homem deixou de ser nômade e se fixou principalmente em áreas delimitadas,


ele começou a se preocupar em melhorar o solo, pois safras seguidas diminuíam a sua
fertilidade e consequentemente repercutia em menores produtividades. Com o decorrer
dos anos, o homem civilizado aproveitou conhecimentos de biologia e química e formulou
hipóteses sem grandes respaldos científicos, mas principalmente fundamentadas em
observações de campo, tentando descobrir quais seriam os agentes fomentadores da
produção agrícola.

O conhecimento atual do conceito de nutrição de plantas é historicamente recente.


A primeira hipótese foi a do fogo, já que após queimadas de vegetais vivos o solo
apresentava uma condição melhor para obtenção de maiores colheitas, induzindo que
o fogo era o alimento da planta.

12
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Sabemos, hoje, que essa melhor condição se deve à abrupta mineralização da matéria
orgânica, levada pelo processo de combustão, deixando em formas disponíveis elementos
como o fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes. Entretanto, essa prática
não deve ser incentivada, pois erradica a vida do solo, por reduzir a população de fungos,
bactérias, actinomicetos, minhocas e outros.

Após a primeira queimada, a produção de uma cultura será maior pelas razões apontadas
acima, entretanto queimadas sucessivas levam o solo a ficar praticamente estéril. Para a
recuperação de um solo nessas condições, se faz necessário que este fique sob “pousio”
por largo período de tempo e que sejam fomentadas práticas conservacionistas como:
adubação orgânica corretiva e adubação verde, devolvendo a matéria orgânica que foi
extinta pela queimada.

A segunda hipótese sugeria que a água era o agente responsável pela produção, pois
após precipitações pluviométricas, os campos melhoravam. Hoje sabemos que a água
exerce papéis importantes no ambiente do solo e no metabolismo da planta, por ser o
agente solubilizador de alguns adubos, levando os nutrientes até às raízes para serem
absorvidos, além de ser responsável pela turgescência das plantas.

A terceira hipótese, a humística, foi levantada pela observação de que em solo com
maior quantidade de resíduos orgânicos aumentava a produção agrícola. Just Von
Liebig (1803-1873) “pai da nutrição mineral de plantas” estabelecia que os alimentos
de todas as plantas verdes são as substâncias inorgânicas ou minerais. Ele contribuiu
no progresso da fertilidade e fertilização do solo, com as leis do mínimo e da restituição
de elementos ao solo.

Portanto, segundo Epstein e Bloom (2006), a principal contribuição de Liebig à nutrição


de plantas foi a de ter “derrubado” a hipótese humística de que a matéria orgânica do
solo era a fonte do carbono absorvido pelas plantas.

Com base em trabalhos que Liebig efetuou em fisiologia vegetal e nutrição de plantas,
e alicerçado pelos conhecimentos existentes de química inorgânica e orgânica da
época, afirmou que a planta se alimentava de elementos químicos e não de moléculas
complexas. Estava então estabelecida a teoria da nutrição mineral de plantas.

Dessa forma, segundo a teoria desse pesquisador, a planta vive de ácido carbônico,
amoníaco (ácido azótico), água, ácido fosfórico, ácido sulfúrico, ácido silícico, cal magnésia,
potassa (soda) e ferro. Definindo-se, assim, a exigência das plantas aos macronutrientes.
Além disso, Liebig contribuiu para o surgimento das indústrias de adubos. Só no século
XX é que se definiu o conceito de micronutrientes, ou seja, aqueles igualmente essenciais,
porém exigidos em menores quantidades pelas plantas.

13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

Com o desenvolvimento da ciência no decorrer dos anos e o aumento das pesquisas


em fisiologia e nutrição de plantas (com base nos critérios estabelecidos da
essencialidade de elementos para o metabolismo vegetal), atualmente são conhecidos
16 elementos essenciais à vida vegetal, como: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio
(O), nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre
(S), os quais são designados como macronutrientes, pois as plantas requerem em
maiores quantidades.

Completando a lista dos 16, temos ainda: ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês
(Mn), boro (B), molibdênio (Mo) e o cloro (Cl), que recebem o nome de micronutrientes.
Chamamos atenção que tanto os macro como os micronutrientes desempenham papéis
importantes na vida vegetal, logo nenhum elemento é mais importante que o outro
(MALAVOLTA, 2006).

Os nutrientes minerais são adquiridos primariamente na forma de íons inorgânicos e


entram na biosfera predominantemente através do sistema radicular da planta. A grande
área superficial das raízes e sua grande capacidade para absorver íons inorgânicos em
baixas concentrações na solução do solo torna o processo de absorção mineral pela
planta bastante efetivo.

Além disso, outros organismos, como os fungos (micorrízicos) e as bactérias fixadoras


de nitrogênio, frequentemente contribuem para a aquisição de nutrientes pelas plantas.
Depois de absorvidos, os íons são transportados para as diversas partes da planta, onde
são assimilados e utilizados em importantes funções biológicas.

Com isso, a alta produção agrícola depende fortemente da fertilização com elementos
minerais, já que a maioria dos solos brasileiros tem pouca fertilidade, como já foi
discutido anteriormente. No entanto, as plantas cultivadas, tipicamente, utilizam
menos da metade dos fertilizantes aplicados.

O restante pode ser lixiviado para os lençóis subterrâneos de água, tornar-se fixado
ao solo ou contribuir para a poluição do ar. Assim, torna-se de grande importância
aumentar a eficiência de absorção e de utilização de nutrientes, reduzindo os custos de
produção e contribuindo para evitar prejuízos ao meio ambiente.

Diante do que foi falado, resume-se que o estudo de como as plantas absorvem,
transportam, assimilam e utilizam os íons é conhecido como Nutrição Mineral.
Enfatizando que esta área do conhecimento busca o entendimento das relações iônicas
sob condições naturais de solo (salinidade, acidez, alcalinidade, presença de elementos
tóxicos, como Al3+ e metais pesados, etc), porém o seu maior interesse está ligado
diretamente à agricultura e à produtividade das culturas, sem perdas e excesso.

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Fertilidade do solo
Solos férteis permitiram o desenvolvimento de civilizações e a criação de riquezas
em muitas regiões do mundo. A existência da fertilidade natural para solos
produtivos não é mais uma necessidade, já que a tecnologia no uso de insumos como
corretivos e fertilizantes tornou produtivos solos antes considerados impróprios para
a produção agrícola.

A fertilidade do solo pode ser considerada como o ramo da ciência que estuda a
capacidade dos solos em suprir nutrientes de plantas. Para cada nutriente procura-se
aprofundar os conhecimentos para melhorar o entendimento das transformações, da
mobilidade e da disponibilidade de cada elemento para as plantas.

A fertilidade do solo, como disciplina, trata não apenas de um conjunto de atributos


físicos e químicos do solo, mas também do conhecimento necessário para compreender
como os nutrientes podem ser controlados em diferentes sistemas de produção, visando
otimizar a produção agrícola, sem perder de vista a sustentabilidade (RAIJ, 2011).

Fazendo-se uso de conhecimentos básicos adquiridos e da correta avaliação da


capacidade do solo em suprir nutrientes às plantas, pode-se fazer o correto manejo
da adubação e da correção do solo. Não se pode ignorar a existência de solos férteis,
que permitem a obtenção de elevadas produtividades, sem uso de corretivos ou
de fertilizantes.

No entanto, a maioria dos agricultores ou produtores estão sempre buscando suprir


as deficiências de nutrientes para obter maiores produtividades. Presume-se que cerca
de 70% dos solos cultivados no Brasil apresentam uma ou mais limitação séria da
fertilidade (SANCHEZ; SALINAS, 1981). Mas, através dos conhecimentos gerados pela
pesquisa em fertilidade do solo, solos aparentemente improdutivos podem tornar-se
ótimos produtores de grãos, frutas e hortaliças.

Mais do que nunca, o agricultor precisa conscientizar-se que o correto manejo da


fertilidade do solo é responsável por cerca de 50% dos ganhos de produtividade das
culturas. É lamentável que diversos conhecimentos básicos sobre a fertilidade do
solo ainda não são devidamente adotados por muitos agricultores brasileiros. A título
de exemplo, cita-se o fato de que a análise química do solo ─ o mais usado método
de avaliação da fertilidade do solo nos países desenvolvidos ─ ainda é grandemente
desprezada, às vezes, até mesmo por técnicos.

Além da destacada importância da aplicação dos conhecimentos em fertilidade do solo


para a produção vegetal em áreas antes improdutivas, deve-se ressaltar que os avanços
na agricultura, como a irrigação, o uso de variedades mais produtivas (melhoramento
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

genético), manejo mais eficiente do solo, entre outros; tendem a aumentar ainda mais
a importância do manejo da fertilidade do solo na produção vegetal.

É preciso destacar que o uso inadequado de fertilizantes, tanto de natureza mineral


quanto orgânica, além do baixo retorno econômico, pode resultar em sérios problemas
ao ambiente. Por meio da aplicação dos conhecimentos da fertilidade do solo pode-se
conciliar a economicidade da atividade agrícola com a preservação do meio ambiente,
no que concerne ao uso de corretivos, como o calcário e fertilizantes.

Quando a fertilidade do solo foi definida como sendo a disciplina que estuda a capacidade
dos solos em suprir nutrientes de plantas, estava implícito o fato de que “suprir” implica
em o solo ter o nutriente e, ao mesmo tempo, fornecê-lo às raízes. Em outras palavras,
o nutriente em forma capaz de ser suprido é considerado disponível às plantas. Com
isso, o termo nutriente disponível é muito usado em fertilidade do solo, mas precisa ser
melhor entendido.

A fertilidade do solo tem relação com outras disciplinas, pois esta é uma subdivisão
da ciência do solo que trata da nutrição de plantas cultivadas no sistema solo-planta.
O manejo adequado de nutrientes depende cada vez mais do apoio da física, química,
mineralogia, microbiologia do solo, fisiologia vegetal, melhoramento genético,
estatística, fitotecnia e economia. Logo, quanto maior for o conhecimento de todas
essas outras áreas, melhor será o manejo da fertilidade do solo (RAIJ, 2011).

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CAPÍTULO 2
Propriedades físicas e químicas
dos solos

Solo
Solo só se conceitua vida. É a parte superficial intemperizada não consolidada da crosta
terrestre, contendo matéria orgânica e organismos vivos. É o meio em que se desenvolvem
as plantas, que dele obtêm, através das raízes, água e nutrientes. Resumindo, solo é
um recurso natural notável com propriedades e atributos que lhe permitem sustentar
desde microrganismos até organismos superiores.

Segundo Raij (2011), a presença de organismos e de matéria orgânica é o que distingue


o solo de regolito, propiciando condições diferenciadas e muito mais acentuadas de
porosidade e retenção de água e nutrientes. O solo pode, então, ser visto como um
reator que consome matéria orgânica fresca, produzindo húmus e liberando parte dos
nutrientes e gás carbônico.

Logo, o solo é a base da agricultura. Dada à importância da agricultura, o solo se constitui


em um dos mais importantes recursos para que possamos continuar produzindo e
atendendo às necessidades da geração atual e também das gerações futuras. Desta forma,
conservar o solo é uma tarefa para todos nós.

Propriedades físicas do solo

As alterações nas propriedades do solo afetam a sustentação do crescimento vegetal,


e, consequentemente, o rendimento das culturas, causando impactos diretos para o
produtor rural.

Então, é preciso buscar alternativas que sejam sustentáveis ao longo do tempo, de forma
que melhorem ou mantenham uma estrutura física capaz de exercer as suas funções
para o crescimento e ancoragem das raízes, bem como favorecer o suprimento de água,
oxigênio e os outros nutrientes (BLAINSKI et al., 2008).

As propriedades físicas do solo influenciam a função do ecossistema e a escolha do


melhor manejo a ser adotado. Portanto, para Prevedello (1996), para manter um solo
produtivo, bem como adequar determinadas estratégias de manejo, é importante

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

que sejam analisadas suas propriedades físicas (densidade, porosidade, textura,


entre outros).

O sucesso ou fracasso de projetos agrícolas ou de engenharia muitas vezes é dependente


das propriedades físicas do solo utilizado. A ocorrência e crescimento de diferentes
espécies vegetais e o movimento de água e solutos estão diretamente relacionados às
propriedades físicas do solo.

Se pensarmos no solo como uma casa, as partículas sólidas são os tijolos com os quais
a casa é construída. A textura do solo descreve o tamanho das partículas. As frações
minerais mais grosseiras são normalmente cobertas por argila e outros materiais
coloidais (SILVA, 2010).

Quando houver predomínio de partículas minerais de maior diâmetro, o solo é


classificado como cascalhento, ou arenoso; quando houver predomínio de minerais
coloidais, o solo é classificado como argiloso. Todas as transições entre estes limites são
encontradas na natureza.

Na construção de uma casa, a maneira como os tijolos estão dispostos determina a natureza
das paredes, quartos e corredores. A matéria orgânica e outras substâncias atuam como
agente cimentante entre as partículas, formando os agregados do solo. A estrutura do solo
descreve a maneira como as partículas são agregadas. Esta propriedade, portanto, define a
configuração do sistema poroso do solo.

A textura e a estrutura do solo contribuem na capacidade de fornecimento de nutrientes,


assim como na retenção e condução de água e ar, necessários para o desenvolvimento
radicular das plantas (SILVA, 2010).

Esses fatores também determinam o comportamento do solo quando utilizado em


estradas, construções, fundações ou cultivo. Pela sua influência no movimento da
água através do solo e fora dele, as propriedades físicas também exercem uma grande
influência sobre a degradação do solo pelo processo erosivo.

A matéria orgânica do solo, que melhora as propriedades físicas deste, participa da


estruturação e da retenção de água no solo (LEPSCH, 2002). A fração orgânica ocorre
no solo em diferentes estágios de decomposição, contando, ainda, com organismos vivos
e em atividade (REICHARDT, 1990). Falaremos um pouco mais sobre essa variável nos
próximos capítulos.

Logo, as propriedades físicas do solo mais estudadas são: textura, cor, porosidade,
densidade e estrutura do solo. Abaixo falaremos um pouco mais sobre cada uma delas.

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Cor e textura do solo

A cor é um dos mais úteis atributos para caracterizar solos e sua determinação constitui
importante fonte de informação para a pedologia, pois identifica e auxilia na distinção
de classes de solos e na delimitação de horizontes nos perfis.

A cor é determinada no campo pela sua comparação visual com padrões existentes
em cartas de cor do Munsell Soil Color Company, em 1975. A cor do solo é função,
principalmente, da presença de óxidos de Fe e matéria orgânica, além de outros fatores,
tais como: a umidade e a distribuição do tamanho de partículas.

Sabe-se que o solo é constituído de uma mistura de partículas sólidas de natureza


mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico: sólido, gasoso e líquido.
As partículas da parte sólida variam em tamanho, forma e composição química, sendo
sua combinação o que forma a matriz do solo.

A distribuição quantitativa das partículas de areia, silte e argila, desta composição da


matriz, formam a textura do solo, que é uma das características físicas mais estáveis e
mais importantes na agricultura (Figura 1).

Figura 1. Diagrama triangular da textura do solo.

Fonte: http://solosfilipe.yolasite.com/dados.php.

Esta fase sólida mineral do solo, composta de partículas de areia, silte e argila estão
reunidas pela ação de agentes cimentantes, formando as unidades estruturais do solo,
19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

sendo os principais minerais de argila, a matéria orgânica e os óxidos de ferro e alumínio


(CAMARGO; ALLEONI, 1997).

Logo, a textura do solo é definida pela proporção relativa das classes de tamanho de
partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo define quatro classes de
tamanho de partículas menores do que 2 mm, usadas para a definição da classe de textura
dos solos: areia grossa (2 a 0,2 mm ou 2000 a 200 µm), areia fina (0,2 a 0,05 mm ou 200
a 50 µm), silte (0,05 a 0,002 mm ou 50 a 2 µm) e argila (menor do que 2 µm).

Desconsiderando a presença da matéria orgânica e de partículas maiores do que 2 mm


no solo, o total de partículas de um solo é igual ao somatório da proporção de areia, silte
e argila, de maneira que um solo pode ter de 0 a 100% de areia, de silte e de argila. Na
prática, solos argilosos retêm mais água que os arenosos, em que os últimos propiciam
uma maior taxa de infiltração no solo, precisando de irrigações mais frequentes para
manter a turgescência da planta.

A cor, textura e outras propriedades físicas do solo são utilizadas na classificação de


perfis e em levantamentos sobre a aptidão deste para projetos agrícolas e ambientais.
O conhecimento básico sobre essas propriedades servirá como base para a compreensão
de muitos aspectos que serão abordados posteriormente.

Porosidade do solo

Segundo Curi et al. (1993), o espaço do solo não ocupado por sólidos e ocupado pela
água e ar corresponde ao espaço poroso, definido como sendo a proporção entre o
volume de poros e o volume total de um solo. A porosidade é inversamente proporcional
à densidade do solo e de grande importância direta para o crescimento de raízes e
movimento de ar, água e solutos no solo. Este volume resulta na porosidade total do
solo, subdividida em microporos e macroporos.

A microporosidade é uma classe de tamanho de poros que, após ser saturada em água, a
retém contra a gravidade. Os macroporos, ao contrário, após serem saturados em água
não a retém, ou são esvaziados pela ação da gravidade.

Segundo Lima e Lima (1996), a funcionalidade desses poros fica evidente quando se
considera que os microporos são os responsáveis pela retenção e armazenamento
da água no solo e os macroporos responsáveis pela aeração, maior contribuição na
infiltração de água no solo, movimentação de água e penetração de raízes.

A porosidade do solo e a relação entre a macroporosidade e microporosidade são fatores


importantes para a avaliação da estrutura deste. Na prática, em solo compactado,
20
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

o número de macroporos é reduzido, os microporos são em maior quantidade e a


densidade também é maior (JIMENEZ et al., 2008).

No entanto, segundo Beutler e Centurion (2003), a quantidade de macroporos influencia


no crescimento das raízes e na absorção de água e nutrientes, e sua redução induz ao
crescimento lateral de raízes, que diminuem seu diâmetro a fim de penetrarem nos
poros menores.

A determinação da porosidade total (Pt) em laboratório é feita, principalmente, de dois


modos:

1. saturando-se uma amostra de solo e medindo-se o volume de água


contido e;

2. por cálculo conhecendo-se a densidade do solo (Ds) e a densidade das


partículas (Dp).

Densidade do solo e das partículas

A densidade do solo (Ds) é outro importante atributo físico deste, pois fornece indicações
a respeito do estado de sua conservação, sobretudo em sua influência em propriedades
como infiltração e retenção de água no solo, desenvolvimento de raízes, trocas gasosas
e suscetibilidade deste solo aos processos erosivos, sendo muito utilizada na avaliação
da compactação dos solos (GUARIZ et al., 2009).

Essa densidade expressa a relação entre a quantidade de massa de solo seco por
unidade de volume do solo. No volume do solo é incluído o volume de sólidos e o de
poros do solo. Entretanto, havendo modificação do espaço poroso haverá alteração
da Ds.

A elevação da densidade do solo prejudica o desenvolvimento das plantas, ocasionando


aumento da resistência mecânica à penetração de raízes, alterando a movimentação
de água e nutrientes e a difusão de oxigênio e outros gases, levando ao acúmulo de gás
carbônico na área radicular (ISHAQ et al., 2001).

Relacionando com as classes texturais de solos, Sá e Junior (2005) afirmam que os solos
arenosos apresentam valores de densidade naturalmente mais elevados em relação aos
solos argilosos, exemplificando uma densidade de 1,5 g cm-3, que em solo argiloso pode
significar um elevado grau de compactação, enquanto que em um solo arenoso não
significa este problema.

Os valores médios para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3, enquanto solos
argilosos apresentam valores de 0,9 a 1,7 g cm-3 (RAIJ, 2011). Segundo Klein (2008), a
21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

densidade do solo descreve o estado da estrutura do solo e é também denominada por


“densidade global”, ou “densidade aparente”, e suas unidades mais comuns são: g cm-3,
Kg dm-3 e Mg m-3.

A resistência mecânica do solo à penetração (RP) é apontada como um dos fatores


limitantes ao desenvolvimento e estabelecimento das culturas, pois ela expressa o grau
de compactação do solo (RICHARDT et al., 2005).

Segundo Genro Junior et al (2009), são possíveis indicativos de compactação quando


o solo diminui a quantidade de água disponível e prejudica o crescimento radicular,
confinando as raízes acima da camada compactada ou em partes do perfil, diminuindo
assim o volume de solo explorado pelas raízes, a quantidade de ar, água e nutrientes
disponíveis, limitando a produtividade das culturas.

A determinação da Ds é relativamente simples e baseia-se na coleta de uma amostra de


solos de volume conhecido e com estrutura preservada com técnicas diversas, incluindo
coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente no campo por escavação.
Em todos necessita-se medir o volume da amostra e quantificar quanto de solo seco
tem-se no volume coletado.

Já a densidade das partículas expressa a relação entre a quantidade de massa de solo


seco por unidade de volume de sólido do solo; portanto não inclui a porosidade do solo
e não varia com o manejo deste. Depende da composição química e da composição
mineralógica do solo.

Os componentes que predominam em solos minerais apresentam valores de Dp em


torno de 2,65 g cm-3, exceção quando tem teor de matéria orgânica ou óxidos de ferro
e alumínio altos. A matéria orgânica tem densidade específica de 0,9 a 1,3 g cm-3 e sua
presença reduz a Dp, ao contrário da presença de óxidos que aumenta a Dp.

O principal uso da Dp refere-se a cálculos de sedimentação de partículas em meio


líquido e estimativa da porosidade de um solo quando se conhece a Ds.

Estrutura do solo

Dentre as características físicas do solo mais importantes, relacionadas ao uso e manejo,


está a estrutura. Ela resulta da agregação das partículas primárias do solo (areia, silte e
argila) com outros componentes minerais e orgânicos (calcário, sais, matéria orgânica,
entre outros). A agregação origina unidades estruturais compostas, chamadas de macro
e microagregados do solo. O agrupamento dos agregados do solo, organizados numa
forma geométrica definida, constitui a estrutura deste (RAIJ, 2011).

22
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Logo, um solo bem estruturado deve ter:

»» Melhor infiltração e armazenamento da água, possibilitando uma boa e


rápida infiltração da água da chuva, evitando o acúmulo superficial que
favorece o escorrimento e a erosão, possibilitando também que a água,
ao alcançar o interior do solo, fique armazenada mais profundamente e
disponível para as raízes, no caso de estiagem prolongada.

»» Maior espaço poroso para as trocas gasosas do sistema radicular


(porosidade do solo).

»» Maior atividade biológica no solo (macro e microrganismos): atividade


biológica de macro e microrganismos, e crescimento do sistema radicular
das plantas são beneficiados, pois a presença de macroporos garante boa
aeração.

»» Maior resistência à erosão: no solo bem estruturado as partículas do solo e


agregados sofrem menos com a ação do impacto da chuva e escorrimento
da enxurrada.

»» Maior resistência à compactação.

»» Maior eficácia dos corretivos da fertilidade do solo e aproveitamento


dos fertilizantes pelas plantas, devido às condições de aeração, umidade,
crescimento das raízes e atividade macro e microbiológica.

»» Maior rapidez na decomposição dos resíduos orgânicos e consequente


liberação de nutrientes, devido à maior atividade biológica.

Logo, um requisito muito importante para se manter um solo agrícola bem estruturado
é fazer o seu manejo de forma adequada. Por isso, a importância de se conhecer as
propriedades físicas do solo, pois com esse conhecimento a escolha do manejo será
mais rápida e eficaz.

Propriedades químicas do solo

Além das propriedades físicas do solo, estudam-se também as propriedades químicas


deste. O sistema solo está constantemente em atividade química, em que várias reações
se processam ao mesmo tempo dentro de cada uma de suas fases (sólida, líquida e
gasosa). Devido a sua alta reatividade, a maioria dos fenômenos químicos ocorre nas
partículas menores do solo, chamada fração coloidal.

Os coloides do solo, que compreendem as partículas com diâmetro entre um mícron e


um nanômetro, são compostos principalmente pelas argilas do solo e pela fração mais
23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

reativa da matéria orgânica (ácidos húmicos e fúlvicos). Partículas menores que um


nanômetro são chamadas de solutos e compreendem as moléculas de tamanho médio a
pequeno, os íons e os átomos.

A fração coloidal do solo é bastante heterogênea, pois é constituída de diferentes espécies de


minerais e materiais orgânicos e, ainda, está no solo em meio a partículas maiores, como
silte e areia. Mas, mesmo assim, não deixa de expressar suas características químicas.

Logo, as principais características químicas do solo são: capacidade de troca catiônica (CTC),
matéria orgânica (M.O.), pH e elementos minerais (micronutrientes, macronutrientes,
alumínio, silício, entre outros). Variáveis como matéria orgânica e acidez do solo (pH)
serão discutidas nos próximos capítulos, como também os elementos mineirais.

Falaremos um pouco sobre a CTC, em que ela representa a medida do poder de adsorção
e toca de cátions do solo. A CTC é a quantidade de cátions que um solo é capaz de reter
por unidade de peso (em cmolc kg solo-1). Constitui-se numa propriedade fundamental
para a caracterização do solo e avaliação de seu potencial agrícola.

A CTC varia com o pH do solo em decorrência da existência de cargas dependentes do pH.

Por isso, são feitas duas medidas de CTC: ao pH natural do solo e em um pH


pré-estabelecido. A CTC determinada ao pH natural do solo é denominada CTC efetiva
ou CTC Real. A CTC determinada utilizando-se uma solução tamponada a pH 7,0 (maior
que o pH do solo) é denominada CTC potencial ou CTC a pH 7,0 (RAIJ, 2011).

Como em solos ácidos o número de cargas negativas aumenta com o aumento do pH,
a CTC potencial será maior que a CTC efetiva. Como a CTC efetiva e potencial do solo
representam, respectivamente, a quantidade de cátions que estão ou que podem ser
adsorvidos, elas podem ser estimadas. Ao conjunto dos cátions que estão ocupando a
CTC do solo, saturando-a, juntamente com as cargas negativas dos coloides denomina-
se complexo sortivo do solo.

A CTC efetiva (t) pode ser estimada somando-se as quantidades trocáveis dos cátions
Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e Al3+, os quais são normalmente determinados nas análises químicas
do solo. Existem outros cátions trocáveis no solo, como NH4+, Mn2+, Cu2+, Zn2+, Fe2+,
entre outros, mas considera-se que os teores destes são baixos e pouco afetam o valor
da CTC. A CTC potencial do solo pode ser estimada através do “valor T”, que é a soma
dos cátions trocáveis Ca2+, Mg2+, K+, Na+, Al3+ e H+.

Dada a importância da CTC no solo, as características relacionadas com esta propriedade


são constantemente determinadas e utilizadas em interpretações e em cálculos de
necessidades de corretivos e de fertilizantes.

24
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

A acidez trocável é representada pelo Al3+ mais o H+ que faz parte da CTC efetiva.
Como, em geral, a participação do H+ é pequena em relação ao Al3+, este valor é também
chamado de alumínio trocável. O alumínio é considerado como acidez porque, em
solução, por hidrólise, gera acidez, de acordo com a seguinte equação simplificada:

Al3+ +3H2O → Al (OH)3 ↓ + 3H+

A soma de bases (SB) é calculada somando-se os teores de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e NH4+
trocáveis. Nos solos ácidos de regiões tropicais, como os do Estado de Minas Gerais, os
cátions trocáveis Na+ e NH4+ geralmente têm magnitude desprezível.

A saturação por alumínio (m) corresponde à proporção de Al3+ na CTC efetiva. O teor de
alumínio trocável tem sido usado como indicador do potencial fitotóxico do alumínio
no solo. Todavia, considerando a variação de CTC entre solos, um melhor indicador tem
sido a percentagem de saturação de alumínio. Essa variável é calculada pela expressão
a seguir:

Al��
����) � �����
��� � � Al�� )

A saturação por Bases (V) é a participação das bases na CTC a um pH 7,0. É expressa
em porcentagem.
SB
�� �����

Informações sobre os valores de CTC, SB e V além de refletirem as características


mineralógicas da fração argila são úteis e necessárias para orientar o manejo das
adubações de acordo com as características do solo (Tabela 1 e 2).

Tabela 1. Análise físico-química (Amostra 1).

Granulometria (g/100g) Densidade (g/cm3) pH CE (dS/m)


Areia Silte Argila Argila natural Grau de floculação Solo Partículas
30 15 55 40 27 1,80 2,69 8,6 0,79

Complexo sortivo (cmolc/kg)


Ca2+ Mg2+ Na+ K+ H+ + Al3+ Al3+ SB T V (%) PST (%)
4,0 1,0 4,5 0,70 0,15 0,00 10,2 10,4 98 43

Tabela 2. Análise físico-química (Amostra 2).

Granulometria (g/100g) Densidade (g/cm3) pH CE (dS/m)


Areia Silte Argila Argila natural Grau de floculação Solo Partículas
45 25 30 5 83 1,35 2,65 6,5 0,87

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

Complexo sortivo (cmolc/kg)


Ca2+ Mg2+ Na+ K+ H+ + Al3+ Al3+ SB T V (%) PST (%)
7,0 2,0 0,66 0,80 0,40 0,00 10,46 10,9 96 6,0

Observando as amostras 1 (Tabela 1) e 2 (Tabela 2), conclui-se que a classe textural


da amostra 1 é a argilosa e a da amostra 2 a franco-argilosa. Essa textura foi obtida
por meio do diagrama triangular da classe textural de acordo com a Figura 1. Se fosse
perguntado qual das duas análises revelam problemas que podem dificultar o uso do
solo para a agricultura irrigada, a resposta seria a análise 1.

Chegamos a essa conclusão pelo fato de que o solo 1 apresenta um leve grau de
compactação (densidade do solo = 1,8 g cm-3), além do agravante de ter textura argilosa,
podendo apresentar problema de drenagem, além de valores elevados de argila natural,
pH e Na+, apresentando um grau de floculação baixo.

Além disso, o solo é classificado como sódico, pois tem CE (condutividade elétrica)
< 4, pH > 8,5 e PST (porcentagem de sódio trocável) > 15. Observa-se que o solo contém
55% de argila e grau de floculação de 27%, evidenciando que o sódio está atuando como
dispersante das argilas. Problema de infiltração, erosão (‘’run-off”) e plantas raquíticas
são tipos de observações de campo necessárias para comprovar toda essa avaliação.

Qual seria então o principal problema apresentado pelo solo 1 e que técnicas seriam
necessárias para sua correção? O principal problema seria o excesso de Na+; e técnicas
como adição de matéria orgânica, correção química (gesso – substituição de Na+ por
Ca2+), subsolagem/escarificação (descompactar) e lâmina de irrigação para lavar o
excesso de Na+ seriam essenciais para melhoria desse solo.

Lembrando que o gesso é mais utilizado pelo baixo custo, podendo também utilizar
enxofre, ácido sulfúrico, sulfato de ferro ou cloreto de cálcio.

Logo, práticas conservacionistas como: plantio direto, terraceamento, bacias de


retenção, rotação de culturas, cobertura morta, análise de fertilidade do solo, plantio
em nível, uso correto de agroquímicos (agrotóxicos, herbicidas e fertilizantes químicos
e orgânicos), manejo integrado de pragas, sistema de irrigação eficiente e cultivares
adaptadas para a região podem ser utilizados para melhorar os atributos físicos,
químicos e biológicos dos solos.

26
CAPÍTULO 3
pH e correção do solo

Acidez do solo
A condição desfavorável de reação do solo mais comum nos solos brasileiros é a acidez
excessiva. O solo será mais ácido quando menor for a parte da CTC ocupada por cátions
básicos (cálcio, magnésio, potássio e sódio). A acidificação do solo consiste na remoção
desses cátions do complexo de troca catiônica, substituindo-os por alumínio trocável e
hidrogênio não dissociado.

A distribuição quantitativa dos íons de hidrogênio nessas duas formas segue o mesmo
princípio dos elementos nutrientes, ou seja, há uma pequena quantidade de H+ na
solução e, quando estes são consumidos, a fase sólida os repõe, manifestando o poder
tampão do solo.

Os solos podem ser naturalmente ácidos em razão da pobreza do material de origem em


bases trocáveis (citadas anteriormente), no entanto o processo de exploração agrícola
também é um fator gerador de acidez do solo, pela exportação e pela lixiviação de
nutrientes (bases trocáveis), pela intensificação do ciclo da matéria orgânica, erosão
e pelo próprio manejo da fertilidade do solo, com a aplicação de fertilizantes com
efeito acidificante.

O cátion amônio (NH4+), por exemplo, transforma-se no ânion nitrato (NO3-) e em


dois cátions de hidrogênio. A reação ácida decorrente da nitrificação do íon amônio
manifesta-se tanto para adições de adubos nitrogenados ao solo como para os processos
finais de mineralização da matéria orgânica do solo ou de resíduos vegetais.

»» 2NH4+ + 3O2 → 2NO2- + 4H+ + H2O (nitritação).


»» 2NO2- + O2 → 2NO3- (nitratação).

Reações envolvendo o CO2 também causam acidificação do solo. Em relação à reação do


CO2 no solo, ela se dá pela seguinte forma:

»» CO2 + H2O → H+ + HCO3-

Em que o HCO3- (bicarbonato) pode reagir com H+, formando o H2CO3, em que esse
ácido vai formar CO2 + H2O novamente, transferindo a acidez do solo para atmosfera.
Os íons sulfato oriundos da mineralização da matéria orgânica também acidificam o
solo, mas as quantidades envolvidas são muito menores que as de nitrogênio.
27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

A principal forma de avaliação da acidez do solo é pelo valor de pH, que representa
a concentração (atividade) de íons hidrogênio na solução do solo e que é o logaritmo
inverso da concentração de H+ na solução (pH = log 1/[H+]). A escala de pH varia de
zero a 14, sendo o pH 7,0 a neutralidade. Esta informação apresenta efeito prático muito
importante para a avaliação da fertilidade do solo, porque está diretamente relacionada
à disponibilidade dos nutrientes às plantas.

Soluções com pH menor que 7,0 são considerados ácidas e as com pH maior são
consideradas básicas. Como é expresso em escala logarítmica, para cada variação na
unidade do pH, a concentração de íons hidrogênio varia 10 vezes e, por isso, uma
pequena diferença de pH pode ser bastante significativa (RAIJ, 2011).

Nos solos, a amplitude de pH da solução do solo, chamado pH em água, é de 3,0 a 9,0,


embora os valores mais comuns ocorram na faixa intermediária. Porém, a acidez do
solo não é composta somente pelos hidrogênios presentes na fase líquida do solo, pois
parte deles está adsorvida às cargas elétricas dos coloides da fase sólida.

Assim, a acidez dos solos é dividida em dois tipos: acidez ativa (na solução do solo) e acidez
potencial (hidrogênios adsorvidos). Por mais ácido que seja um solo, é extremamente
fácil corrigir a acidez ativa. Bastaria alguns quilos de calcário por hectare. Entretanto, à
medida que se neutralizam os íons H+ da solução, a fase sólida direta ou indiretamente
libera H+ para a solução. Os íons H+ (diretamente) e os íons AI+3 (indiretamente),
adsorvidos nos coloides da fase sólida, resultam na acidez potencial.

Quando em excesso, a acidez do solo é nociva para as plantas, pois há aumento das
quantidades de elementos tóxicos, diminuição da disponibilidade de nutrientes
(Figura 2), dentre outras consequências (MALAVOLTA, 2006).

Figura 2. Relação entre o pH e a disponibilidade dos elementos no solo.

Fonte: Malavolta (2006).

28
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Logo, de forma resumida, os efeitos diretos e indiretos do pH do solo sobre o crescimento


das plantas são:

»» Efeitos diretos: efeitos dos íons H+ que são absorvidos, podendo afetar
diretamente o crescimento das raízes por fitotoxidade.

»» Efeitos indiretos: quando o pH exerce influências sobre os seguintes


fenômenos:

›› disponibilidade de nutrientes essenciais às plantas;

›› atividades de microrganismos dos solos, principalmente os que atuam


sobre a mineralização da matéria orgânica e sobre a fixação do N2
atmosférico e;

›› concentração de alumínio livre (Al3+) tóxico para as plantas.

A capacidade tampão de pH do solo é uma importante característica a ser mencionada.


Ela é definida como a resistência que um solo apresenta à mudança de pH quando da
adição de íons H+ ou OH- na solução. Solos com baixa capacidade tampão mudam de pH
ao receberem doses relativamente pequenas de calcário. Nos solos com alta capacidade
de poder tampão, a mudança de pH só é vista mediante a aplicação de doses mais altas
de calcário (RAIJ, 2011).

A capacidade tampão de pH está diretamente relacionada com a natureza do complexo


de troca catiônica, mais precisamente com acidez potencial ou de reserva do solo.
Quanto maior for a quantidade de matéria orgânica e coloides no solo, maior será seu
poder tampão.

Como venho falando sobre a aplicação de corretivos, como a calagem e a gessagem,


nos capítulos anteriores, abaixo saberemos mais em detalhes o que essas práticas
promovem na agricultura.

Calagem e gessagem

A calagem é uma prática agrícola utilizada para corrigir a acidez do solo. A correção
da acidez superficial e subsuperficial do solo faz-se necessária para promover maior
eficiência de absorção da água e nutrientes pelas plantas e obter melhores produtividades
das culturas. Para essa correção, o insumo mais utilizado para a camada superficial do
solo é o calcário e, para a subsuperficial, em solos com argila de baixa atividade, é o
gesso agrícola (SOUZA; LOBATO, 2004).

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

Calagem

A calagem, além de neutralizar a acidez do solo, diminui os conteúdos de hidrogênio


(H+) e Alumínio (Al3+), aumentando as concentrações de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+).
Com isso, haverá uma melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Embora existam inúmeros materiais, os mais econômicos e de uso técnico correto são
os: calcários calcíticos ou cálcicos, dolomíticos e magnesianos. Em virtude de conter
nas suas constituições maiores teores de óxido de magnésio (MgO) e bons conteúdos
de óxido de cálcio (CaO), os calcários magnesianos e dolomíticos são mais usados que
os calcíticos (Tabela 3).

Tabela 3. Composição dos principais materiais usados na prática da calagem.

Material CaO (%) MgO (%)


Calcíticos 40 - 45 <6
Magnesianos 31,39 6 - 12
Dolomíticos 25 - 30 >12

Fonte: Manual Ultrafertil, 1985.

O calcário tradicional é o produto obtido pela moagem da rocha calcária, tendo como
constituintes o carbonato de Ca (CaCO3) e o carbonato de Mg (MgCO3). A sua reação no
solo ocorre da seguinte forma:

CaCO3 ou MgCO3 + H2O → Ca2+ + Mg2+ + HCO3- + OH-

Já o calcário “filler” é natural, micropulverizado e com 100% de reatividade. O calcário


calcinado é um produto obtido industrialmente pela calcinação do calcário.
Seus constituintes são CaCO3, MgCO3, CaO, MgO, Ca(OH)2 e Mg(OH)2.

A eficiência do corretivo deve ser alta, a qual é definida por meio do poder relativo de
neutralização total (PRNT) ou poder de neutralização efetiva (PNE), que depende de
duas características básicas:

»» Poder de neutralização (PN) ─ quantidade de ácidos que neutraliza.

»» Reatividade (RE) – tempo de reação do calcário.

Logo, o PN expressa o potencial químico do corretivo em neutralizar a acidez do solo,


ou seja, a sua riqueza em neutralizantes. Pode ser determinado em laboratório ou
calculado por meio dos teores de CaO e MgO do corretivo.

Já a reatividade expressa a velocidade de manifestação do potencial químico do calcário


(RE). Geralmente os calcários com menor granulometria (mais finos) reagem em menor

30
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

tempo. O valor do RE é determinado em laboratório, através das taxas de reatividade,


isto é, a porcentagem de ação do calcário no solo em um período de 3 meses.

Diante desses fatores, não devemos esquecer que as recomendações de calagem, pela
análise do solo, são para a utilização de um calcário agrícola com PRNT igual a 100% e
para ser incorporado na camada arável, ou seja, de 20 cm.

Logo, quando o calcário que vai ser utilizado apresenta um PRNT de 80%, por exemplo,
devemos fazer a correção da quantidade a ser empregada. Para corrigir esta quantidade
usa-se um fator conhecido na literatura como “f” (SOUZA; LOBATO, 2004).

A quantidade aplicada de calcário no solo não está na dependência do pH, embora a


acidez seja o fator que leva a diminuição deste, logo não se faz calagem baseado somente
no pH do solo.

Os métodos mais utilizados no Brasil para as recomendações de calagem são:

a. Elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ e/ou insolubilização de Al3+.

b. Percentagem de saturação de bases.

A escolha de um ou outro método varia de região para região, Instituição de pesquisa


ou preferência do técnico por uma ou outra fórmula.

Método da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ e/ou


insolubilização do Al3+

Esse método visa aumentar os conteúdos de cálcio e magnésio no solo, que deve ser igual
ou superior a 2,0 cmol/dm³ de solo, e insolubilizar o alumínio trocável, tornando-o
igual a 0,0 cmol/dm³ ou bem próximo desse valor.

Para aumentar os conteúdos de cálcio e magnésio, usamos a seguinte fórmula:

NC (t ha-1) = (2,0 – cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) 2,0 x f

Em que:

NC = Necessidade de calcário.

t ha-1= tonelada por hectare.

2,0 = teor mínimo aceitável de Ca2+ + Mg2+ no solo.

cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+= quantidade de Ca2+ + Mg2+ encontrado no solo depois de


analisado.

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

2,0 = fator de correção usado para solos tidos com “poder tampão normal” .

f = 100/PRNT.

Nos solos característicos dos tabuleiros costeiros e outros, com um baixo percentual de
argila, e com predominância de areia, solos tidos com “poder tampão normal”, usa-se
a fórmula abaixo:

NC (t ha-1) = (2,0 - cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) x 3,0 x f

Caso o solo seja extremamente arenoso, o fator de correção deve ser menor conforme é
indicado abaixo:

NC (t ha-1) = (2,0 - cmol/dm³ Ca2+ + Mg2+) x 1,5 x f

Lembrando que solos com maior concentração de areia e menor de argila, são solos
com menor poder tampão e bastantes susceptíveis a mudanças no seu pH, com uso
exagerado de produtos ácidos ou alcalinos, logo o fator de correção da fórmula deve ser
menor. Quando a concentração de argila aumenta, o pH do solo fica mais estável (solos
com poder tampão normal) (RAIJ, 2011).

Solos argilosos ou húmicos apresentam uma maior concentração de coloides, logo há


uma maior dificuldade em aumentar e diminuir o pH. Os solos com poder tampão alto
necessitam que o fator de correção da fórmula seja maior, o que incide no uso de maior
quantidade de calcário.

Em relação à resistência que o solo oferece às mudanças de pH, que está intimamente
ligada ao teor de matéria orgânica e à textura do solo (poder tampão), temos como
exemplo dois solos:

Solo 1: Solo 2:

- pH 4,3 - pH 4,3

- alto teor de M. - baixo teor de M.O.

- textura argilosa - textura média a arenosa

- maior acidez potencial - menor acidez potencial

-maior poder tampão - menor poder tampão

Com as características citadas acima, utilizará mais calcário o solo 1, devido,


principalmente, ao maior poder tampão, alto teor de matéria orgânica e textura argilosa.

32
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

Fórmula para neutralizar o alumínio trocável do solo (Al3+)

NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 2,0 x f (2,0 = poder tampão médio – texturas mais arenosas).
NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 1,5 x f (1,5 = poder tampão baixo - textura média).
NC (t ha-1) = cmol/dm³ Al3+ x 3,0 x f (3,0 = poder tampão alto – texturas mais argilosas).

Método pela porcentagem de saturação de bases


� � (�����)� �
NC (t ha-1) =
���

T ou CTC = capacidade de troca de cátions.


V2 = % de saturação de bases ótima para diferentes culturas (geralmente utiliza-se de
70 a 80).
V1 = % de saturação de bases encontrado na análise de solo.

Época e modo de aplicação do calcário

Para uma boa aplicação de calcário deve ser levada em consideração a dose e a
uniformidade de aplicação. A aplicação deve ser feita de dois a três meses antes do plantio
ou da primeira adubação em culturas perenes, pois trata-se de um material insolúvel em
água, necessitando consequentemente de maior permanência no solo e que esse fique em
pousio por algum tempo. No caso de uso de calcários mais reativos, a antecedência pode
ser reduzida para cerca de 15 a 20 dias (RAIJ, 2011).

O modo de aplicação deve ser a lanço, ou seja, cobrindo todo o solo, para maior contato
(maior uniformidade) entre as partículas do calcário e o solo, pois sendo insolúvel
em água a sua solubilização só ocorrerá através de contato de partículas (Figura 3).
Essa aplicação também pode ser feita utilizando o GPS agrícola em taxa variável, técnica
essa incluída na agricultura de precisão, em que será discutida ao longo da apostila.

Figura 3. Aplicação de calcário via mecanizada e equipamentos utilizados na agricultura de precisão, como o
GPS agrícola.

Fonte: http://www.tcrsolution.com.br/produtos/produtos-taxa_variavel/ http://revistagloborural.globo.com/Revista/


Common/0,,ERT304761-18282,00.html.

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

Logo, em suma, a calagem melhora a estrutura do solo pelo efeito cimentante das
partículas levado pelo íon cálcio, deixando o solo mais floculado, o que melhora a saída
de CO2 e CH4, entrada de O2 e a drenagem da água (incremento no tamanho da raiz)
(Figura 4).

O calcário também aumenta a soma de bases, a capacidade de troca de cátions e a


porcentagem de saturação de bases, elevando os teores de molibdênio e cloro. Além
disso, aumenta a eficiência dos materiais fertilizantes. Em relação aos parâmetros
biológicos, aumenta a população de macro e microrganismos do solo.

Figura 4. Aplicação de uma colher de sopa com calcário agrícola em um vaso com plantas de feijão.

Fonte: http://www.sindical.com.br/espaco-do-agricultor/beneficios-do-calcario.

Gessagem

Já o gesso agrícola (CaSO4. 2H2O) é um subproduto industrial resultante do ataque por


ácido sulfúrico a uma fosforita ou apatita na produção de superfosfato.

O gesso é um sal levemente solúvel em solução aquosa (2,5 g L-1), podendo atuar
significativamente sobre a força iônica da solução do solo, de maneira que haja contínua
liberação do sal para a solução por longos períodos de tempo. Essa característica
permite que o gesso seja utilizado para diferentes finalidades na agricultura, entre as
quais se destacam:

»» Fonte de Ca e S.

»» Correção de camadas subsuperficiais (20 a 40 cm ou 30 a 60 cm) contendo


alto teor de alumínio e/ou baixo teor de cálcio, ou seja, para melhorar o
ambiente radicular de plantas.

34
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO │ UNIDADE I

»» Evita a formação de camadas adensadas em solos muito intemperizados.

»» Correção de solos sódicos (maiores teores de sódio).

Logo, recomenda-se a aplicação do gesso visando à melhoria do ambiente radicular


das plantas (Figura 5), quando as camadas subsuperficiais do solo apresentarem as
seguintes características: ≤ 0,4 Cmolc/dm³ de Ca2+ e/ou > 0,5 Cmolc/dm³ de Al3+ e/ou
30% de saturação por Al2+.

Em solos com baixa CTC, muito arenosos, o uso de uma quantidade maior de 500kg
ha-1 de gesso leva a grandes perdas de cálcio por lixiviação (SOUSA; LOBATO;
REIN, 1995).

Lembrando que a gessagem não altera o pH do solo, diferentemente da calagem.

Figura 5. Uniformidade do sistema radicular com a aplicação de gesso: solo sem aplicar o gesso (A), solo com
aplicação do gesso – 3t/ha (B).

Fonte: file:///C:/Users/Laise/Downloads/Resposta-a-gesso-pela-cultura-do-algodao-cultivado-em-sistema-de-plantio-direto-em-
um-latossolo-de-Cerrado.pdf.

Fórmula para neutralizar o alumínio trocável do solo (Al3+)

Dada a facilidade e a necessidade da determinação do teor de argila em análises do solo,


Lopes e Guilherme (1992) sugerem, com base nos trabalhos de Sousa et al. (1992), o
uso da fórmula abaixo para culturas anuais. No caso de culturas perenes, a necessidade
de gesso (NG) deve ser multiplicada por 1,5.

NG (kg ha-1) = 40 x % argila

35
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS E FERTILIDADE DO SOLO

Para elevar o teor de cálcio trocável no solo em 1,0 cmolc/dm3, Malavolta (1991) propõe
que são necessárias 2,5 t de gesso ha-1 e que a necessidade de gessagem, com base na
análise da camada de 20 a 40 cm, pode ser dada por:

NG (t ha-1) = (0,4 x t – cmolc Ca2+ dm-3) x 2,5 ou

NG (t ha-1) = (cmolc Al3+ dm-3 - 0,2x t) x 2,5

Em que t refere-se à CTC efetiva da camada de 20 - 40 cm.

Época e modo de aplicação do gesso

Na implantação de lavouras ou em culturas perenes já instaladas, o gesso deve ser


distribuído uniformemente a lanço, conforme indicado para a aplicação de calcário.
Inicialmente não é preciso incorporar o gesso como se faz com o calcário, devido à
solubilidade e facilidade de movimentação descendente deste.

Entretanto, para reduzir perdas por escorrimento superficial da água e para acelerar
a descida do gesso, é recomendada também a incorporação com gradagem e aração.
Portanto, tanto para distribuição quanto para incorporação, as máquinas utilizadas na
gessagem são basicamente as mesmas utilizadas na calagem.

Recomenda-se proceder a gessagem após certo período de reação do calcário,


especialmente quando se faz a calagem com calcário comum, devido à sua reação mais
lenta. Com isso, reduzem-se as perdas de magnésio e de potássio das camadas superficiais.

36
MATÉRIA ORGÂNICA
E ABSORÇÃO DE UNIDADE II
NUTRIENTES ESSENCIAIS
PARA AS PLANTAS
Nessa unidade falaremos um pouco sobre um dos parâmetros mais importantes
na melhoria do solo e no crescimento da planta, que é a matéria orgânica. É um
atributo importante principalmente do ponto de vista qualitativo, pois permite prever
características que auxiliam no manejo físico e químico do solo, como: maior ou menor
possibilidade de erodibilidade, permeabilidade, aeração, capacidade de troca de cátions,
poder tampão e disponibilidade de nutrientes.

Falaremos também sobre a adubação orgânica, como fazer compostagem e o que é a


adubação verde. Além disso, iremos aprender um pouco mais sobre a essencialidade
dos nutrientes e como eles são absorvidos, transportados e translocados para a planta
via adubação.

37
CAPÍTULO 1
Matéria orgânica do solo

Importância da matéria orgânica do solo


Material orgânico é todo material de origem orgânica, reconhecível ou não que contenha
o elemento carbono em sua estrutura. A decomposição da matéria orgânica do solo
produz o húmus (material residual da matéria orgânica, de cor marrom a negra que
retêm água) e este libera nutrientes para as plantas (Figura 6). Esses materiais têm
diferentes resistências à decomposição.

Figura 6. Formação da matéria orgânica.

Fonte: autor.

Os fornecedores de matéria orgânica podem ser: plantas, resíduos vegetais (MO fresca)
em diferentes estágios de decomposição/resíduos de animais, biomassa microbiana e
de outros animais, resíduos sólidos (lodo de esgoto) e lixo urbano.

A matéria orgânica é composta de carboidratos e proteínas (compostos importantes que


se decompõem rapidamente, contribuindo para o aumento de N, P e S no solo), lipídios
(ceras e resinas ─ componentes resistentes à decomposição que contribuem com S e P
para o solo) e lignina (composto muito resistente à decomposição que persiste no solo
como um dos principais componentes do húmus).
38
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

A decomposição da matéria orgânica fornece praticamente mais de 90% do N do solo,


mas a maioria dos solos contém pouca matéria orgânica, geralmente 2% ou menos.
Ela contém cerca de 5% de N, mas somente cerca de 2% da MO são decompostos a cada
ano, em geral menos que isto.

Assim, cada 1% de MO libera somente cerca de 10 a 40 kg de N a cada ano – muito abaixo


das necessidades da maioria das plantas cultivadas. Além disso, a taxa de liberação é
afetada pelas práticas de manejo. O preparo conservacionista, que vem sendo praticado
em maior área a cada ano na América do Norte, por exemplo, leva a solos mais frios,
menor velocidade de decomposição da MO e menores taxas de liberação de N.

A relação C/N é outro importante parâmetro da matéria orgânica, essa relação é


estudada para conhecer o tempo de decomposição e a quantidade de nutrientes
presentes no material orgânico. A relação C/N determinará o processo de decomposição,
mineralização e disponibilidade de nitrogênio (N) para as plantas.

Ela não é constante em todo o processo de desenvolvimento das culturas, mas varia
com a idade das plantas. Matéria orgânica com baixa relação C/N decompõe-se mais
rápido e libera maior quantidade de nutrientes para o solo. Logo, restos vegetais que
apresentam alta relação C/N são de decomposição lenta.

Com o húmus formado, a matéria orgânica vai propiciar ao solo:

»» Maior permeabilidade ao ar e água, devido à formação de agregados, pois


a presença da matéria orgânica deixa o solo mais “fofo”, já que reduz sua
densidade. Além dos adubos orgânicos serem mais leves que o solo e, por
isso, diminuírem a densidade do solo, eles colaboram na estruturação deste.

»» A matéria orgânica melhora a aeração e a drenagem interna do solo,


pois promove a agregação e a estruturação, formando poros com melhor
distribuição de tamanho, facilitando a circulação do ar e da água.
Além disso, a infiltração da água da chuva é aumentada.

»» Maior estruturação do solo, em que o húmus dá mais liga aos solos


arenosos, tornando-os mais bem arranjados, mais estruturados, e reduz
a coesão dos argilosos, fazendo com que fiquem mais “leves”. Com menor
densidade e solo estruturado, a compactação é diminuída e as raízes têm
ambiente mais favorável para o seu crescimento.

»» Aumento da capacidade de retenção de água, por meio da estruturação


do solo – formando macro e microagregados e a rede de poros – e
diretamente, pela sua grande capacidade específica de retenção de água.

39
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

»» Aumento da CTC e da disponibilidade de macro e micronutrientes.

»» Controle do pH do solo pelo efeito tampão no solo.

»» Produção de substâncias ativadoras e/ou inibidoras do crescimento de


microrganismos.

»» Redução da erosão e compactação.

»» Redução do efeito das altas temperaturas.

Como já foi dito anteriormente, os solos do Brasil são pobres em matéria orgânica, os
principais fatores que ocasionam essa diminuição ou perda da MO são:

»» Clima: a MO decompõe-se mais rapidamente quando as temperaturas


são elevadas. Por isto é que os solos do clima quente contêm menos MO
que aqueles do clima mais frio.

»» Textura do solo: os solos com textura fina contêm mais MO. Eles têm
uma melhor retenção de água e de nutrientes e fornece condições ideais
para o desenvolvimento das plantas. Lembrando que os solos do Brasil
são mais arenosos, dificultando essa retenção de água.

»» Drenagem: nos solos úmidos, por apresentarem menos oxigênio, dificultam


a decomposição da MO que vai se acumulando.

»» Mobilização do solo: o solo mistura o oxigênio dele mesmo aumentando


a temperatura média e acelerando a decomposição da matéria orgânica.
A remoção das camadas superficiais e de húmus pela ação da erosão
provoca perdas de MO.

»» Vegetação: as raízes das plantas são as grandes formadoras de MO do


solo, pois se decompõem a profundidades maiores.

Como já sabemos da importância da matéria orgânica do solo, veremos como é feita a


adubação orgânica e como podemos utilizá-la de forma eficiente e sustentável.

Adubação orgânica

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” já disse Lavoisier. O adubo
orgânico é constituído de resíduos de origem animal e vegetal que se decompõem,
virando húmus. O adubo orgânico, como falado anteriormente, pode ser de origem
vegetal e animal, mas também pode ser advindo de resíduos da agroindústria, de
biodigestores e urbanos, entre outros.

40
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

O de origem animal mais conhecido é o esterco, o qual é formado por excrementos


sólidos e líquidos dos animais e pode estar misturado com restos vegetais. Sua composição
é muito variada e são bons fornecedores de nutrientes, tendo o fósforo e o potássio
rapidamente disponível e o N fica na dependência da facilidade de degradação dos
compostos.

São exemplos de resíduos advindos da agroindústria a vinhaça e a torta de filtro. A vinhaça


é resíduo produzido em grande quantidade nas destilarias de álcool. A vinhaça de cana
é rica em K e possui teores relativamente elevados de outros elementos. A composição
desse resíduo é muito variável, dependendo das condições em que a usina vem operando
(RAIJ, 2011) (Figura 7).

Já a torta de filtro é um resíduo da indústria açucareira oriundo da filtração a vácuo do


lodo retido nos clarificadores. É composto de resíduos solúveis e insolúveis da fase de
calagem. Cada tonelada de cana moída rende em torno de 40 kg. A torta é rica em P,
Ca, Cu, Zn, Fe e possui relação C/N muito elevada, podendo diminuir a disponibilidade
de N no solo. É deficiente em potássio, o que sugere a combinação deste resíduo com a
vinhaça (MALAVOLTA, GOMES; ALCARDE, 2002).

Figura 7. Aplicação de vinhaça em área de plantio.

Fonte: http://www.agrolink.com.br/fertilizantes/FertilizantesOrganicos.aspx.

Os resíduos biodigestores são constituídos pelos efluentes de biodigestores e são


considerados excelentes adubos orgânicos. Possuem composição muito variável, uma
vez que o efluente consiste de material que, por concentração, perdeu carbono. Se o
material biodigerido contiver alta concentração de metais pesados, esses aparecerão
em concentração ainda maior no efluente e poderão estar disponíveis para absorção
pelas plantas.

Já como resíduos urbanos podemos citar o lodo do esgoto e o lixo urbano. O lodo de
esgoto é um material sólido orgânico, ou inorgânico, removido das águas residuais
41
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

provenientes das residências e estabelecimentos comerciais nas estações de tratamento


de esgoto.

A concentração de N, P e K no lodo depende das contribuições recebidas pelas águas


residuais, do tipo de tratamento ao qual foi submetido e do manejo entre a sua produção
e a sua aplicação no solo. Há volatilização da amônia durante a digestão aeróbica e
durante a secagem.

A disponibilidade do N do lodo para as plantas diminui à medida que as formas


inorgânicas (nitrato e amônia) diminuem e que as formas orgânicas se tornam mais
estáveis durante a digestão nas estações de tratamento. O P e K, desde que presentes,
estão na forma disponível. O lodo de esgoto possui o inconveniente de ser contaminado
com agentes patogênicos e metais pesados.

O aproveitamento do lixo urbano é feito por diversos processos em função das


quantidades, recursos e intenções, desde a decomposição ao ar livre até a fermentação
em digestores fechados. Possui de 10 a 60% de umidade e 20 a 30% de matéria orgânica.

Como exemplo de aproveitamento de lixo urbano, o projeto “Utilização de Minhocas


para Reciclagem” produziu os primeiros quilos de adubo orgânico. Esse projeto
foi resultado da experiência do aproveitamento de resíduos sólidos oriundos do
Restaurante Universitário (RU). A iniciativa partiu dos alunos, como forma de aplicar
os conhecimentos obtidos em sala de aula e de apresentar uma solução para a destinação
correta do lixo orgânico produzido no RU.

Com uma produção de aproximadamente 1.200 refeições por dia, o RU utiliza cerca
de 400 Kg de alimentos (carne, arroz, feijão e verduras). Todo o lixo é dividido, entre
orgânico e reciclável, e tudo possui um fim específico, em que o lixo sujo (comida que
sobra das bandejas) é separado em baldes e coletado pela Prefeitura do Campus, que o
deixa nas proximidades da horta, espaço improvisado para o projeto (Figura 8).

Figura 8. Processo de produção de adubo orgânico: 1 - Restos vegetais oriundos do Restaurante universitário,
2 - Formação de pilhas ou leiras, com sobreposição dos resíduos orgânicos, 3 - Adubo em decomposição com
adição de minhocas e 4 - Adubo orgânico pronto para uso.

42
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

Fonte: http://empresaflorestaljr.blogspot.com.br/2014/11/adubo-organico.html.

O composto foi feito a partir da formação de pilhas ou leiras, com sobreposição dos
resíduos orgânicos. A montagem da leira é realizada com a alternância dos diferentes
tipos de resíduos em camadas, sempre acompanhados por restos de capim. Em seguida,
adiciona-se uma camada de serragem e depois outra com restos de comida novamente e
assim sucessivamente. O uso de esterco de qualquer animal também pode ser utilizado,
pois funciona como inóculo de microrganismos, para acelerar o processo.

Todo esse processo pode ser chamado de compostagem (conjunto de técnicas utilizadas
para controlar a decomposição de materiais orgânicos). Ela tem como finalidade obter,
no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais; com
atributos físicos, químicos e biológicos superiores (sob o aspecto agronômico) àqueles
encontrados na matéria-prima original. Lembrando que a temperatura e a umidade do
material devem ser monitorados em todo o processo de formação do composto.

Vários materiais podem ser utilizados na compostagem, como já foi visto no projeto
acima, podendo citar (MALAVOLTA, GOMES; ALCARDE, 2002):

»» Dejetos de animais (estercos de galinha, gado, porco, carneiro, etc.).

»» Cascas e bagaços de frutas.

»» Resíduos de culturas (cascas de arroz, palha de milho, vagem seca de


feijão etc.).

»» Folhas e ramos de mandioca, bananeira.

»» Restos de capim (colonião, elefante, brachiara etc).

»» Serragem, restos de capina, aparas de grama, restos de folhas do jardim.

»» Além desses materiais, também podem ser utilizados para enriquecer o


adubo orgânico: farinha de osso, cinzas e terra vegetal.

43
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

Outra adubação orgânica, além da compostagem, é a adubação verde. É uma prática


que visa realizar a recuperação dos solos que foram exauridos pelo cultivo de alguma
espécie vegetal; melhorar a qualidade nutricional dos solos que são de natureza pobre,
procurando manter a qualidade dos solos que se encontram produtivos (Figura 9).

Figura 9. Adubação verde.

Fonte: http://flores.culturamix.com/dicas/adubacao-verde-como-fazer.

O nome adubação verde vem pelo fato de o processo consistir em cultivar espécies
vegetais, fazendo uma rotação entre as culturas cultivadas, de forma que as propriedades
biológicas, físicas e químicas do solo, tenham o seu potencial aumentado e melhorado.

A adubação verde gera um aumento da produtividade do solo, com melhoria na


qualidade do produto obtido pela atividade agropecuária, diminui os gastos de
adubação e controle de ervas daninhas (redução do consumo de adubo nitrogenado) e
ainda recupera e estabiliza a capacidade de produção do solo.

As plantas da família das leguminosas, muito utilizadas nesse tipo de adubação,


apresentam em suas raízes nódulos, em consequência da penetração de bactérias do
gênero Rizobium, que vão até as células corticais da raiz provocando a formação destes
nódulos. A planta fornece hidratos de carbono às bactérias e esta recebe em troca
compostos nitrogenados (TAIZ; ZEIGER, 2013).

As leguminosas são consideradas ótimas para adubação verde por serem ricas em
nitrogênio, possuírem raízes ramificadas e profundas e por ser uma família numerosa e
encontrada em grandes diversidades de clima e solo.

Em suma, o uso da adubação orgânica gera alimentos produzidos de forma mais


natural, pois terá a redução da aplicação dos fertilizantes e adubos de origem química,
o que acaba gerando benefícios para a qualidade de vida das pessoas. A adubação verde
e a compostagem são técnicas ligadas com as tendências de um mundo sustentável que
procura preservar o meio ambiente.
44
CAPÍTULO 2
Critérios de essencialidade

Lei do Mínimo
A Lei do Mínimo é umas das leis mais conhecidas no estudo de nutrição mineral de
plantas e fertilidade do solo. Ela foi formulada por Liebig e enunciada em 1843. Segundo
essa lei, o crescimento da planta é limitado por aquele nutriente que ocorre em menores
proporções, sendo este o único a limitar a produção. Logo, ela relaciona o crescimento
vegetal com a quantidade do elemento existente no solo (RAIJ, 2011).

Apesar de não ser considerada uma lei propriamente dita, essa proposição simples deste
químico alemão é de importância universal no manejo da fertilidade do solo, visando
uma recomendação equilibrada de fertilizantes.

No entanto, a lei do mínimo tem, na realidade, uma aplicação limitada. No caso em que
vários nutrientes são deficientes, a adição de qualquer um deles leva a um aumento na
produção. Além disso, o comportamento dos nutrientes de pouca mobilidade difere
daquele apresentado pelos nutrientes móveis no solo.

Sua aplicabilidade é complexa, porque em condições normais de campo muitas vezes são
vários os nutrientes ou fatores que limitam a produção, além da ação de suas interações
(falta de água, luz, nutrientes, altas temperaturas, entres outros). Esta lei estabelece
uma proporcionalidade direta entre a quantidade do fator limitante da produção, um
nutriente, e a colheita.

Como exemplo podemos citar que uma adubação com N e K não traria aumento algum
na colheita se o elemento mais limitante no solo fosse o P. Somente após aplicação do
P é que haveria possibilidade de resposta ao N ou a K. Frequentemente, há interesse
em estudar mais de um nutriente em conjunto, principalmente quando o efeito de um
influencia o outro, obtendo assim a “superfície de resposta”.

Essa lei tem sido ilustrada, tradicionalmente, por um barril, tendo algumas tábuas com
diferentes alturas, sendo a tábua com a menor altura a que representa o elemento mais
limitante (Figura 10).

O aumento dessa tábua permitirá aumentar o nível de líquido no barril até o limite de
outra tábua, agora a de menor altura. Ao se verificar as limitações do aspecto quantitativo
da lei do mínimo (resposta linear à aplicação de um nutriente) na representação de

45
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

uma função de resposta biológica, sua utilização atual tem sido por meio de constatação
apenas qualitativa.

Dessa maneira, a presença de um nutriente em nível insuficiente no solo é responsável


pela redução da eficiência e não pela eliminação completa dos efeitos de outros
nutrientes. Com isso, a lei do mínimo diz que a insuficiência de um elemento nutritivo
no solo reduz a eficácia dos outros elementos e, por conseguinte, diminui o rendimento
das colheitas.

Figura 10. Barril ilustrando a Lei do Mínimo (Lei de Liebig).

Fonte: http://www.aducat.com.br/home/?Secao=NoticiasVer&id=MTA2.

Essencialidade de um nutriente

Diversos elementos químicos são indispensáveis para as plantas, logo, sem eles estas
não conseguem completar seu ciclo de vida. Esse é um dos critérios lembrados por
Epstein e Bloom (2006) para caracterizar se um elemento é essencial.

Utilizando-se a definição inicial de Arnon e Stout (1939), o elemento é considerado


essencial quando atende aos critérios abaixo:

»» O Elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da planta


(como constituinte de molécula, participar de uma reação etc.).

»» A planta não é capaz de completar o seu ciclo de vida na ausência do


elemento.

»» A função do elemento é específica, ou seja, nenhum outro elemento


poderá substituí-lo naquela função.

46
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

Existe diferença no conceito de nutrientes do ponto de vista da fisiologia vegetal e da


fertilidade do solo. Quando se fala do fisiológico, todos os elementos essenciais são
nutrientes. Do ponto de vista da fertilidade do solo: carbono, hidrogênio e oxigênio não
são incluídos e os demais elementos são denominados nutrientes minerais, que são os
considerados na adubação.

Estes elementos minerais essenciais são usualmente classificados como macro ou


micronutrientes, de acordo com a sua concentração relativa no tecido ou de acordo com
a concentração requerida para o crescimento adequado da planta.

Somente a análise química da planta não é suficiente para o estabelecimento da


essencialidade de um elemento. As plantas absorvem do solo, sem muita discriminação,
os elementos essenciais, os benéficos e os tóxicos, podendo estes últimos, inclusive,
levá-las à morte. Logo, todos os elementos essenciais devem estar presentes nos tecidos
das plantas, mas nem todos os elementos presentes são essenciais.

Alguns elementos podem afetar o crescimento e desenvolvimento das plantas, embora


não se tenha determinado condições para caracterizá-los como essenciais (não atendem
a todos os critérios de essencialidade) ou os que são essenciais somente para certas
espécies, ou sob condições específicas, denominados de benéficos. Marschner (1995)
inclui nesta categoria o sódio, silício, cobalto, níquel, selênio e alumínio.

Como por exemplo, podemos citar o silício, o qual é encontrado no arroz e na


cana-de-açúcar em altas proporções, mas não é considerado um elemento essencial.

Em geral, as concentrações dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) são maiores


que as dos micronutrientes (Fe, Cu, Zn, Mn, Mo, B, Cl). Vale salientar, no entanto,
que a concentração de determinado nutriente pode estar acima ou abaixo daquela
requerida para o crescimento normal da planta. Assim, é melhor classificar macro e
micronutrientes de acordo com o requerimento dos nutrientes para o crescimento
adequado da planta.

Outros elementos que compensam efeitos tóxicos de outro ou que simplesmente


substituem o elemento essencial em alguma função das menos específicas, como a
manutenção da pressão osmótica, não são essenciais.

Logo, os nutrientes são importantes para a vida da planta por desempenhar funções
importantes no metabolismo dela, seja como substrato (composto orgânico) ou em
sistemas enzimáticos. De forma geral, tais funções podem ser classificadas como:

»» Estrutural (faz parte da estrutura de qualquer composto orgânico vital


para a planta).

47
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

»» Constituinte de enzima (faz parte de uma estrutura específica, grupo


prostético/ativo de enzimas).

»» Ativador enzimático (não faz parte da estrutura). Salienta-se que o


nutriente, não só ativa como, também, inibe sistemas enzimáticos,
afetando a velocidade de muitas reações no metabolismo do vegetal.

Logo, quando um dado nutriente desempenha tais funções na planta são afetados
diversos processos fisiológicos importantes (fotossíntese, respiração e etc) que têm
influência no crescimento e na produção das culturas.

48
CAPÍTULO 3
Absorção, translocação e redistribuição
de nutrientes

Absorção de nutrientes pelas raízes


As plantas aquáticas imersas absorvem os nutrientes por toda a sua superfície. Já as
plantas terrestres obtêm os nutrientes minerais na solução do solo necessários por
meio de um sistema radicular especializado. Logo, a capacidade das plantas em obter
água e nutrientes minerais do solo está relacionada à sua capacidade de desenvolver
um extenso sistema de raízes.

As raízes das plantas podem crescer continuamente ao longo do ano, mas esse aumento
depende da disponibilidade de água e nutrientes no microambiente que as circundam,
a chamada rizosfera. Se a mesma é pobre em nutrientes ou muito seca, o crescimento
das raízes é lento.

Se a fertilização e a irrigação fornecem nutrientes e água em abundância, o crescimento


das raízes pode não acompanhar a parte aérea. Logo, o desenvolvimento das plantas
nestas condições se torna limitado pelo carbono, e um sistema de raízes relativamente
pequeno atende às necessidades nutricionais da planta inteira (BLOOM, 2005).

Lembrando que para que os nutrientes sejam absorvidos, eles têm que estar na solução
do solo e na forma iônica em que eles são absorvidos. Logo, para que ocorra a absorção,
é necessário o contato íon-raiz.

O ponto preciso de entrada de minerais no sistema radicular tem sido um tópico


discutível. Alguns pesquisadores consideram que os nutrientes são absorvidos somente
nas regiões apicais dos eixos das raízes ou ramificações (BAR-YOSEF; KAFKAFI;
BRESLER, 1972); outros consideram que os elementos são absorvidos ao longo de toda
superfície da raiz (NYE; TINKER, 1977).

Mas sabe-se que a absorção de íons é mais pronunciada em raízes jovens. Nestas raízes,
tem sido observado, em geral, uma queda na taxa de absorção de íons à medida que se
distancia do ápice radicular. No entanto, esta tendência varia bastante, dependendo de
fatores como tipo de íon (nutriente), estado nutricional e espécie vegetal estudada.

Em adição, as raízes de mais de 80% de todas as plantas estudadas, incluindo praticamente


todas as espécies de importância econômica, formam associações conhecidas como

49
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

micorrizas (fungo-planta). Uma micorriza é uma associação simbiótica entre um fungo


não patogênico e as células de raízes jovens, particularmente as células epidérmicas e
corticais (TAIZ; ZEIGER, 2013).

O fungo recebe nutrientes orgânicos (carboidratos) da planta e, em contrapartida,


melhora a capacidade das raízes para absorver água e nutrientes minerais do solo.
As hifas de alguns fungos formam uma manta na superfície da raiz e penetram entre as
células do córtex (LARCHER, 2006).

As hifas de outros fungos se desenvolvem nos espaços intercelulares do córtex e


penetram em algumas células individuais, formando vesículas (micorriza vesicular
arbuscular). Nos dois tipos de associação, as hifas do fungo crescem também para o
meio externo (solo), aumentando grandemente a capacidade para absorver alguns
nutrientes encontrados em baixas concentrações na solução do solo, como fosfato e
alguns micronutrientes (Zn, Cu).

Com isso, a absorção pelas raízes pode ocorrer por três processos: interceptação
radicular, fluxo de massa e difusão (BARBER; OLSON, 1968). Quando a planta cresce
e se desenvolve, o sistema radicular encontra os nutrientes que podem ser absorvidos
pelo processo de interceptação radicular (raízes crescem e interceptam os nutrientes).

A água do solo é absorvida para atender às necessidades das plantas e, durante este
processo, os nutrientes que estão na solução são absorvidos pelo processo de fluxo de
massa (movimento do nutriente junto com a solução do solo, causado pela transpiração).

Assim, a quantidade de nutriente suprida por fluxo em massa depende da transpiração


e da concentração do nutriente na solução do solo. Quando ambas são altas, o fluxo em
massa passa a ter importante papel na aquisição de nutrientes. Em geral, nutrientes
como Ca2+ e NO3- são transportados para a superfície das raízes por fluxo em massa
(RAIJ, 2011).

Finalmente, devido à absorção de nutrientes, cria-se um gradiente de concentração na


solução do solo perto da superfície das raízes, havendo teores mais baixos na região
próxima e teores mais altos na região mais distante delas, ocasionando o movimento
por difusão dos nutrientes da superfície do solo para as raízes (movimento a curta
distância por nutrientes com pouca mobilidade no solo) (RAIJ, 2011).

Normalmente, o K+ move-se no solo pelo fenômeno da difusão que predomina,


especialmente, quando o fluxo de massa é reduzido pelo baixo conteúdo de água e alto
de argila do solo (GRIMME, 1976). Diante disso, a umidade adequada do solo pode
afetar o contato com a raiz e a sua absorção.

50
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

Logo, a absorção de K+ (forma absorvida pela planta) pode ocorrer pela troca do H+ por
K+, embora a quantidade de K+ que entra na célula seja bem superior à quantidade de
H+ liberado ao meio ou pode ser por um processo passivo de difusão facilitada, através
de canais seletivos até o citoplasma (FOX; GUERINOT, 1998).

Segundo Malavolta (2006), com relação ao SO42- (forma absorvida pelo enxofre pelas
plantas), as evidências são de que este é absorvido ativamente pelas raízes, contra
um gradiente de concentração. No processo de absorção, o enxofre é pouco afetado
pelas variações no valor do pH; entretanto existem indicações que demonstram maior
absorção em pH próximo de 6,5.

Antes que ocorra a absorção propriamente dita do fósforo, é preciso ocorrer o contato
deste nutriente com a raiz, como já foi dito anteriormente. Especificamente para
o fósforo, pois este movimento do nutriente no solo é governado pelo fenômeno da
difusão, responsável por mais de 94% do contato P-raiz (MALAVOLTA, 1996).

Ao chegar à superfície da raiz, os íons, em geral, podem seguir diferentes caminhos.


Em termos de transporte de pequenas moléculas, a parede celular é uma estrutura reticulada
de polissacarídeos através do qual os elementos minerais se difundem livremente.

O contínuo de paredes celulares e espaços intercelulares é conhecido como apoplasto.


Similarmente, os citoplasmas de células vizinhas, conectadas através dos plasmodesmas,
formam um contínuo, coletivamente conhecido como simplasto, por onde os íons e
moléculas podem também se mover (LARCHER, 2006).

O apoplasto forma um contínuo que engloba as células da epiderme e do córtex. Entre


o córtex e o cilindro central existe uma camada de células especializadas, a endoderme.
Nessa camada de células se formam as estrias de Caspary ou faixa caspariana
(deposição de uma substância hidrofóbica, a suberina, nas paredes radiais das células
da endoderme), que bloqueiam efetivamente a entrada de água e de íons minerais no
cilindro central, via apoplasto (Figura 11).

Pequenas quantidades de material mineral podem também entrar pelas superfícies


da parte aérea. Por exemplo, em locais úmidos e quentes, as folhas absorvem
nitrogênio excretado por bactérias e cianobactérias fixadoras de nitrogênio aderidas
em sua superfície.

Da mesma forma, entram pela epiderme o material seco ou úmido da poluição aérea
depositado na folha, substâncias de uso agronômico borrifadas para uma adubação
especial (adubação foliar com micronutrientes, principalmente com o Fe para o
tratamento da clorose condicionada pela indisponibilidade deste elemento no solo) ou
ainda substâncias utilizadas para proteção da planta (pesticidas).

51
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

Figura 11. Esquema mostrando os tipos de contato íon/raiz e a absorção de nutrientes.

Fonte: Modificado pelo autor de: http://www.agrolink.com.br/fertilizantes/NutricaoRaizesAbsorcaoRadicular.aspx.

Translocação e redistribuição de nutrientes

Após o íon ter entrado no cilindro central através do simplasto, ele continua a se difundir
de célula para célula. Finalmente, o íon retorna para o apoplasto (cilindro central) e
difunde-se para dentro do xilema. Novamente, as estrias de Caspary evitam que o íon
retorne para o apoplasto do córtex (espaço livre aparente).

Assim, a planta pode manter uma maior concentração iônica no xilema do que no meio
em que a raiz está crescendo (solução do solo). Os nutrientes minerais, uma vez no
xilema, são carreados para a parte aérea por meio da corrente transpiratória. A etapa
limitante para a taxa de translocação dos nutrientes é a absorção e o transporte iônico
via simplástica na raiz (LARCHER, 2006).

Mesmo se a velocidade do fluxo transpiracional for pequena, ainda será suficiente para
mover os nutrientes absorvidos pela raiz para a parte aérea da planta. O floema, como
o outro sistema de transporte à longa distância, é tão importante quanto o xilema na
distribuição de nutrientes.

Algumas vezes, a ascensão da seiva xilemática é promovida pela pressão radicular,


particularmente em algumas espécies, quando os solos estão úmidos e a umidade
relativa do ar é alta, tal como ocorre durante as primeiras horas do dia (transpiração
praticamente ausente).

52
MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS │ UNIDADE II

O nitrogênio, por exemplo, é absorvido pelas raízes e transportado para a parte aérea
da planta através dos vasos do xilema, via corrente transpiratória. O NO3- pode ser
transportado como tal para a parte aérea, mas isto depende do potencial de redução do
nitrato das raízes, logo o nitrato e aminoácidos são as principais formas de transporte
de N no xilema de plantas superiores (LARCHER, 2006).

Nas plantas fixadoras de N2, que falarei um pouco mais na próxima unidade, o
transporte do N fixado é feito em compostos como a glutamina, ureídeos e asparagina.
O N é facilmente redistribuído nas plantas via floema, na forma de aminoácidos.

O processo de redistribuição do fósforo ocorre exclusivamente na forma orgânica, mas pode


ser encontrado no floema também na forma inorgânica. Este processo de redistribuição
ocorre no floema, e o P orgânico apresenta alta mobilidade. Sendo prontamente móvel
na planta no sentido ascendente ou descendente, as folhas novas são supridas não só pelo
fosfato absorvido pelas raízes, mas também pelo fosfato originado das folhas mais velhas
(MALAVOLTA et al., 1996).

O cálcio, macronutriente secundário, é um nutriente não móvel nas plantas, não sendo
transportado pelo floema. Um aspecto importante a ser mencionado é que as raízes das
plantas necessitam de cálcio no próprio ambiente de absorção de água e nutrientes para
sua sobrevivência, pois as plantas não transcolam o elemento pelo floema até as raízes
(RAIJ, 2011).

Na parte aérea, alguns nutrientes minerais podem ser redistribuídos pelo floema,
particularmente os que são móveis (que não é o caso do cálcio), em que são transportados
ativamente dos vasos condutores para as células parenquimáticas e a eles associadas.

Esse transporte também é garantido pelas células de transferência, as quais promovem


a passagem iônica do tecido de condução para o tecido parenquimático. O transporte
a curta distância se processa novamente também pela via simplástica e de novo uma
parte dos íons é estocada nos vacúolos (LARCHER, 2006).

No transporte de minerais à longa distância, a principal função do floema é distribuir


os minerais que estavam incorporados na planta (retranslocação). Quando não ocorre
essa redistribuição dos nutrientes, pode ocorrer sintomas de deficiência em folhas
velhas, para o caso de nutrientes que são móveis (N, P, K e Mg) quanto à redistribuição,
e em folhas novas, quando os elementos são pouco móveis (Ca, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn)
quanto à redistribuição destes nas plantas (RAIJ, 2011).

Ainda segundo Raij (2011), a redistribuição interna do potássio é alta, dirigindo-se das
folhas velhas para as mais novas. Normalmente, o destino é para os tecidos meristmáticos
ou para o fruto que está crescendo.

53
UNIDADE II │ MATÉRIA ORGÂNICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

Em suma, os nutrientes absorvidos vão ser transportados para a parte aérea da planta
para participar dos processos fisiológicos e bioquímicos, formando compostos e atuando
como ativadores enzimáticos, em que cada nutriente vai exercer o seu papel na planta.

Neste sentido, os possíveis mecanismos de controle das necessidades nutricionais


das culturas abrangem a aquisição dos nutrientes do ambiente, a movimentação por
meio das raízes e liberação no xilema, a distribuição nos órgãos e a utilização desses
nutrientes no metabolismo e crescimento (MARSCHNER, 1995).

Como a absorção, o transporte e a redistribuição de nutrientes apresentam controle


genético, existe a possibilidade de melhorar e/ou selecionar cultivares mais eficientes
quanto ao uso de nutrientes (GABELMAN; GERLOFF, 1983). Portanto, para que a
planta apresente alta eficiência de uso dos nutrientes, é preciso otimizar diversos
processos fisiológicos e bioquímicos para formação da colheita.

54
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS,
FATORES QUE AFETAM A
DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO UNIDADE III
DOS MACRONUTRIENTES E
MICRONUTRIENTES
NAS PLANTAS
O estudo das exigências nutricionais (macronutrientes e micronutrientes) tem um
papel fundamental na produção das cultutas. Essas exigências estudadas por meio
de pesquisas em campo e em ambiente protegido. A hidroponia, feita em ambiente
protegido, é uma técnica muito utilizada nessa área por cultivar plantas em vasos e em
soluções nutritivas (sem solo), propiciando um ambiente de maior controle abiótico e
biótico para a planta.

Esses experimentos com soluções nutritivas (água e nutrientes) são feitos com o intuito
de aprender um pouco mais sobre o comportamento das plantas sem aquele nutriente
essencial, ou com excesso dele na planta. Como, também, estudar a influência da falta
ou do excesso de dois ou mais nutrientes no crescimento e desenvolvimento da planta,
já que o ambiente é mais controlado que o de campo.

Os macronutrientes são os elementos mais estudados e utilizados na agricultura.


Eles são de grande importância para a produção de culturas, crescimento, constituinte
de compostos orgânicos, ativadores enzimáticos, melhora da qualidade do fruto,
minimização de estresse bióticos e abióticos, entre outros. Além disso, são utilizados
em larga escala, quando comparados com os micronutrientes.

Em razão das pequenas quantidades exigidas pelas culturas, as deficiências de


micronutrientes são as últimas que aparecem em solos cultivados originalmente férteis
e são os nutrientes mais difíceis de serem estudados em solos. Mesmo assim, cresce o
número de trabalhos que estuda esses elementos tão importantes para as plantas.

Nesta unidade também veremos a importância dos fertilizantes na produção das


culturas, mostrando que podem ser utilizados na agricultura de forma consciente,
sem contaminar a planta, o solo e as águas subterrâneas, produzindo de forma
eficiente e sustentável.

Diante disso, falaremos um pouco sobre esses elementos e fertilizantes que têm um
grande impacto na nutrição e fertilidade mineral das plantas no Brasil e no mundo.

55
CAPÍTULO 1
Macronutrientes

Nitrogênio (N)
É o elemento essencial mais exigido pelas plantas e é constituinte de muitos compostos
da cultura, incluindo todas as proteínas (formadas de aminoácidos) e ácidos nucléicos,
em que os tecidos vegetais apresentam, de maneira geral, teores de N que variam de 2
a 5% da matéria seca (TAIZ; ZEIGER, 2013).

A atmosfera, que possui aproximadamente 79% de N na forma de N2, principalmente, é


a fonte natural do elemento para a biosfera. Mas o N2 é uma fonte natural gasosa e não
diretamente aproveitado pelas plantas.

Grande parte do nitrogênio encontrado no solo provém de materiais orgânicos mortos,


nos quais existe sob a forma de compostos orgânicos complexos, tais como proteínas,
aminoácidos, ácidos nucleicos e nucleotídeos (RAIJ, 2011).

As bactérias saprófitas e várias espécies de fungos são os principais responsáveis pela


decomposição de materiais orgânicos mortos. Estes microrganismos utilizam as
proteínas e os aminoácidos como fonte para suas próprias proteínas e liberam o excesso
de nitrogênio sob a forma de amônio (NH4+).

Este processo é denominado amonificação e o nitrogênio pode ser fornecido sob a forma
amônia (NH3+). Em geral, a amônia produzida por amonificação é dissolvida na água do
solo, onde se combina com prótons para formar o íon amônio (NH4+).

Logo, várias espécies de bactérias comumente encontradas nos solos são capazes de
oxidar a amônia ou amônio. A oxidação do amoníaco, conhecida como nitrificação, é
um processo que produz energia e a energia liberada é utilizada por estas bactérias para
reduzir o dióxido de carbono (TAIZ; ZEIGER, 2013).

As bactérias nitrificantes quimiossintéticas Nitrosomonas e Nitrosococcus oxidam o


amoníaco formando o nitrito (NO2-). Nitrobacter, outro gênero de bactéria, oxida o
nitrito, formando nitrato, novamente com liberação de energia.

O nitrato (NO3-) é a forma sob a qual quase todo o nitrogênio se move do solo para o
interior das raízes. Uma vez que o nitrato se encontra no interior da célula, é novamente
reduzido à amônia (RAIJ, 2011).

56
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

Em suma, a redução do nitrato ocorre basicamente em dois estágios: no primeiro


há redução do NO3- para NO2- (nitrito) e no segundo há redução do NO2- para NH3+.
Duas enzimas são envolvidas no processo, a redutase do nitrato (RNO3-) e redutase do
nitrito (RNO2-). A RNO3- catalisa a primeira reação, a qual ocorre nos cloroplastos e é
catalisada pela RNO2-.

Este processo de redução requer energia, em contraste com o processo de nitrificação,


que envolve oxidação (NH4+) e liberação de energia. Os íons amônio formados pelo
processo de redução são transferidos a compostos carbonados para produzir aminoácidos
e outros compostos orgânicos nitrogenados, em que este processo é conhecido como
aminação (RAIJ, 2011).

A incorporação do nitrogênio em compostos orgânicos ocorre, em grande parte,


nas células jovens e no crescimento das raízes. As etapas iniciais do metabolismo
do nitrogênio parecem ocorrer diretamente nas raízes e quase todo o nitrogênio
que ascende no xilema do caule já se encontra sob a forma de moléculas orgânicas,
principalmente aminoácidos.

Logo, as formas absorvidas de N pelas plantas são: NH4+ e NO3-. Ambas as formas
minerais são rapidamente absorvidas pelas raízes das plantas. A preferência da planta
é pela forma nítrica. A “adsorção de amônia” ocorre rapidamente quando se aplica
amônia anidra (NH3+), ou quando a ureia é hidrolisada (MALAVOLTA, 2006).

A maior absorção de uma forma em relação à outra é acompanhada por variações no


pH do meio. Essa variação do pH pode ser explicada pela manutenção da neutralidade
elétrica interna no citoplasma. A absorção do NH4+ promove a extrusão de um próton
(H+) para o meio; da mesma maneira para o NO3- com o OH- ou HCO3-; o que promove
o abaixamento ou elevação do pH do meio, respectivamente (MALAVOLTA, 1996).

A fixação de nitrogênio pelas plantas pode ser feita por fixação industrial, biológica
e atmosférica. A fixação industrial trata-se da produção dos adubos nitrogenados
industrialmente, a partir da quebra da molécula do nitrogênio (N2) e produção da
amônia (NH3), produto-chave para a obtenção dos adubos nitrogenados (ureia, sulfato
de amônio, entre outros) (RAIJ, 2011).

Já a fixação biológica do nitrogênio (FBN) consiste na conversão do N2 atmosférico


para as formas combinadas pela ação de microrganismos, sendo o principal processo
de adição do N2 ao solo. A FBN em todos os sistemas conhecidos é um processo
mediado por um complexo enzimático denominado Nitrogenase (Nase) e com a
participação direta de diversos nutrientes minerais como o Fe, Mo, Mg, Co e P (ATP)
(TAIZ; ZEIGER, 2013).

57
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

O sistema fixador de nitrogênio de maior interesse agrícola é o sistema simbiótico


constituído pela associação radicular entre bactérias do gênero Ryzobium e plantas
da família das leguminosas, que desenvolvem nódulos radiculares característicos.
Essas bactérias, devido à simbiose, fornecem nitrogênio para as plantas superiores em
troca de outros nutrientes e carboidratos, como já foi falado nos capítulos anteriores.
Esse processo só funciona em um ambiente anaeróbico (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Quando o suprimento de N pelo meio é insuficiente, o N das folhas velhas é mobilizado


para os órgãos e folhas mais novas. Consequentemente, plantas deficientes em N
(nutriente móvel) mostram os sintomas primeiramente nas folhas velhas.

Sabe-se que a clorofila é composta de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O),
nitrogênio (N) e magnésio (Mg); destes, somente o nitrogênio e o magnésio são oriundos
do solo (LARCHER, 2006).

Por isso que plantas deficientes em N apresentam as folhas com uma coloração
verde-pálida ou amarelada devida à falta de clorofila, sendo o primeiro sintoma de
uma inadequada nutrição da planta em nitrogênio. Em contrapartida, uma planta bem
nutrida de N acarreta em um incremento da fotossíntese.

Assim, deficiência de N inibe rapidamente o crescimento da planta. A intensificação da


deficiência pode levar à queda da folha e acúmulo de carboidratos ou os carboidratos
não utilizados no metabolismo do N podem ser usados na síntese de antocianina,
levando ao acúmulo deste pigmento nos vacúolos, produzindo coloração púrpura
(MALAVOLTA, 2006).

Outros sintomas de deficiência de N também podem ser observados, como: pequeno


ângulo de inserção entre folhas e ramos; maturidade e senescência das folhas abreviadas
(redução da citocinina – hormônio regulador da divisão celular); diminuição de flores
e dormência de gemas laterais; produção reduzida; cloroplastos reduzidos; baixo
conteúdo de clorofila e proteínas; altos teores de açúcares e aumento da pressão
osmótica (MALAVOLTA, 2006).

Já quando o N é aplicado em excesso na planta, esse excesso está relacionado ao desvio


de carboidratos para síntese de proteínas promovendo um incremento no crescimento
vegetativo.

Com isso, os sintomas de excesso de N nas plantas são: coloração verde-escura, folhagem
abundante, acamamento, atraso na maturação, sistema radicular pouco desenvolvido,
baixo transporte de açúcares para raízes e tubérculos, e aumento da suculência dos
tecidos (TAIZ; ZEIGER, 2013).

58
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

Cerca de 90% do N da planta encontra-se em forma orgânica e é assim que desempenha as


suas funções, como componente estrutural de macromoléculas e constituinte de enzimas.
Logo, a principal função do N na planta é estrutural, como componente de compostos
orgânicos, atividade das enzimas PEP carboxilase e Rubisco. Os “aminoácidos livres”
dão origem a outros aminoácidos e às proteínas e, por consequência, às coenzimas, que
são percursores de hormônios vegetais (MALAVOLTA, 2006).

Fósforo (P)
Os solos tropicais apresentam, normalmente, baixa concentração de fósforo disponível
e alto potencial de “fixação” do P aplicado via fertilizantes. Este contexto coloca o
fósforo, junto com nitrogênio, como um dos nutrientes que mais limita a produção das
culturas no Brasil.

Salienta-se que o teor total de P na planta para o ótimo crescimento e desenvolvimento


é de 0,3-0,5% (3-5 g kg-1) do peso da massa seca; entretanto estes valores podem variar
em função da cultura e outros fatores, como extração de nutrientes e marcha de absorção
(nutriente acumulado em função do tempo de cultivo).

Essa marcha de absorção é importante porque permite determinar as épocas em que


os elementos são mais exigidos e corrigir as deficiências que, porventura, venham a
ocorrer durante o desenvolvimento da cultura (LARCHER, 2006).

O aumento do fósforo no solo é importante, seja pela adubação mineral, fornecendo


P prontamente disponível às plantas, seja pela orgânica, que só se tornará disponível
quando os microrganismos do solo “quebrarem” a matéria orgânica em formas simples,
liberando os íons fosfato inorgânico (fósforo disponível).

Após a aplicação do fósforo ao solo, ocorre uma série de transformações, podendo


permanecer em compartimentos da fase sólida (lábil e não lábil) e/ou da fase líquida
(solução). Na fase sólida, o fósforo lábil é aquele que está fracamente retido no solo,
tendo a função de manter um equilíbrio rápido com a solução deste; isso não ocorre
com fósforo não lábil, visto que o elemento está fortemente retido no solo (RAIJ, 2011).

Segundo Malavolta (1996), na fase líquida encontra-se o fósforo disponível, estando na


forma iônica (H2PO4- e HPO42- e PO43-). Nesta fase, a forma iônica que predomina é a
H2PO4-, devido à reação ácida dos solos brasileiros (pH em torno de 5,5). Em pH neutro,
existe igualdade de concentrações entre as espécies iônicas H2PO4- e HPO42-. À medida
que o valor do pH diminui, aumenta proporcionalmente a presença da espécie H2PO4-.

O valor pH do solo, como um fator isolado, é o que mais afeta a disponibilidade de


fósforo no solo, sendo o pH próximo de 6,5 o que promove a maior disponibilidade na

59
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

solução do solo e, consequentemente, maior absorção pela planta. A presença de outros


íons na solução, como o magnésio, apresenta efeito sinérgico na absorção de fósforo,
tendo em vista que o Mg funciona como um carregador do P (RAIJ, 2011).

Diferentemente do N e S que sofrem reduções na planta, o H2PO4-, na forma oxidada,


permanece assim, da mesma forma que foi absorvida e transportada. Na prática, o
fósforo absorvido pelas células é rapidamente metabolizado e a maior parte do fosfato
(cerca de 80%) já está incorporado a compostos orgânicos. Assim, o P total nas plantas
com estado nutricional adequado ocorre predominantemente na forma inorgânica
(ortofosfato), solúvel em água e presente no vacúolo (JACKSON; HAGEN, 1960).

Já a outra parte importante do P está na forma orgânica, em quatro grandes grupos:


ésteres fosfóricos (trioses, frutose-1-6-bifosfato, compostos intermediários do
desdobramento dos açúcares), fosfolipídios (componente da membrana, conferindo a
natureza lipídica), nucleotídeos (base nitrogenada + pentose +1-3 radicais de ácidos
fosfóricos, podendo estar livres na forma de ATP - ADP ou combinadas em ácidos
nucleicos: RNA e DNA) e o ácido fítico (éster hexafosfórico ou inositol: substância de
reserva de P na planta) (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Neste sentido, é difícil imaginar em qual fenômeno biológico o fósforo não esteja atuando
de forma direta ou indireta. O acúmulo de amido e açúcares nas folhas das plantas
deficientes em fósforo pode ser, indiretamente, o resultado de uma exportação menor,
devido às limitações no ATP para o transporte de próton-açúcares, no carregamento,
através do floema, e uma menor demanda nos locais de acúmulo (RAO et al., 1990).

Assim, as funções que desempenham estes compostos estão ligadas ao aspecto


estrutural e no processo de transferência/armazenamento de energia. O sintoma
mais característico de deficiência de fósforo é o aparecimento de coloração verde mais
escura nas folhas mais velhas, visto que o número de folhas e a expansão da área foliar
diminuem muito em detrimento da formação de clorofila. Embora o número de clorofila
aumente, a taxa fotossintética unitária é baixa.

Além disso, em algumas espécies tem-se coloração avermelhada ou arroxeada; em


outras, clorose e necrose dos tecidos. A coloração escura é devido ao acúmulo de
pigmentos vermelho, azul ou púrpura que pertencem ao grupo conhecido como
antocianinas. Esses pigmentos são glicídios formados pela reação entre açúcar e um
grupo de compostos complexos cíclicos, as antocianidinas (RAIJ, 2011).

Na deficiência de P, as plantas apresentam acúmulo de açúcares (energia química em


potencial) e, ao mesmo tempo, sofrem falta de energia por meio do ATP. Esta falta de
energia compromete os processos de biossíntese da planta. Assim, ocorre decréscimo

60
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

acentuado na síntese de RNA, amido e lipídeos, ocorrendo diminuição da ativação


de aminoácidos necessários à ligação de peptídeo das proteínas e, portanto, deficiência
proteica acentuada e acúmulo de compostos nitrogenados solúveis (MALAVOLTA, 1996).

Esta deficiência proteica é responsável pela depressão no desenvolvimento vegetativo


da planta. Além disso, o P atua como regulador da fotossíntese e metabolismo de
carboidratos, limitando o desenvolvimento das plantas. E ainda, a deficiência de P pode
provocar acúmulo de amidos nos cloroplastos devido à falta de energia suficiente para
a translocação de assimilados.

Segundo Raij (2011), os sintomas de deficiência de fósforo, de modo geral, podem ser
assim resumidos: desenvolvimento reduzido; coloração verde mais escura de folhas
velhas; coloração roxa em algumas espécies (lembrando que estresse hídrico e danos nas
raízes também pode provocar a coloração roxa); ângulo estreito de inserção de folhas;
baixo florescimento; número reduzido de frutos e sementes e atraso na maturidade.

Problemas fitossanitários também podem ocorrer em plantas deficientes em P,


apresentando desenvolvimento do sistema radicular limitado, comprometendo o
processo de absorção de todos os nutrientes. Nesta situação, o sistema radicular pode
ficar mais suscetível ao ataque de patógenos (nematoides), com menor atividade
microbiológica na rizosfera.

Já o excesso de fósforo é uma desordem rara na literatura, entretanto existem indicações


de pintas vermelho-escuras nas folhas velhas. Por outro lado, diversos autores citam
efeitos depressivos do fósforo sobre a utilização dos micronutrientes pelas plantas,
especialmente o Zn, e outros em menor intensidade (Cu, Fe, Mn) (MALAVOLTA, 2006).

Potássio (K)
O potássio está presente na planta como cátion monovalente (K+) e executa importante
papel na regulação do potencial osmótico de células de plantas. É também requerido
para a ativação de muitas enzimas da respiração e da fotossíntese. O primeiro sintoma
de deficiência de K é a clorose marginal, a qual se desenvolve como necrose a partir do
ápice, inicialmente nas folhas maduras mais velhas (RAIJ, 2011).

Em geral, os solos tropicais apresentam baixa concentração de potássio disponível;


entretanto não é tão baixo como ocorre com o fósforo. Diferentemente do N e S, a principal
forma do K no solo é a mineral, podendo estar na rede cristalina de minerais primários:
feldspatos, micas ou em minerais secundários (argilas do tipo 2:1, ilita e vermiculita).

Com o intemperismo do solo, os minerais ricos em potássio diminuem, dando lugar


às argilas 1:1, como a caulinita, que não têm potássio em sua estrutura. Além do K

61
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

estrutural dos minerais, tem-se o K-fixado ou não trocável e o K-fertilizantes que supre
o compartimento K-trocável, e, por fim, o K-solução que por sua vez permite a sua
absorção pela planta (MALAVOLTA, 2006).

O K não trocável compreende o K adsorvido nas entre camadas de minerais de argila


2:1 e uma parte do K contido em minerais primários de mais fácil intemperização
(MIELNICZUK; SELBACH, 1978). Assim, o nutriente na forma de cátion trocável e na
solução do solo é considerado como disponível para as plantas.

No solo, diversos fatores afetam a disponibilidade de K, como teor de argila,


temperatura, umedecimento e secagem do solo, além do valor pH, sendo que o pH
próximo à neutralidade aumenta a sua disponibilidade. O teor total de K na planta para
crescimento/desenvolvimento ótimo é de 2-5% (20-50 g kg-1) do peso seco (RAIJ, 2011).

Diferentemente do N, o potássio não faz parte de nenhum composto orgânico na


planta; portanto não tem função estrutural. Entretanto, sua principal função na vida
das plantas é de ativador enzimático. Mais de 60 enzimas dependem do potássio para
a sua atividade normal. O potássio está relacionado às mudanças na conformação das
moléculas, a qual aumenta a exposição dos sítios ativos para ligação com o substrato
(TAIZ; ZEIGER, 2013).

Plantas deficientes em K apresentam redução do metabolismo, com maior acúmulo de


carboidratos solúveis, decréscimo no nível de amido (K ativa amido sintetase) e aumento
decompostos (N-solúvel). Além disso, existem também prejuízos na síntese proteica,
sendo provável que o K ative a redutase do nitrato e este seja requerido também na
síntese desta enzima (LARCHER, 2006).

O potássio também é muito importante na expansão celular. A expansão celular envolve


a formação de um grande vacúolo central que ocupa 80 a 90% do volume celular.
Há duas condições para que ocorra a extensão das células: um aumento na capacidade
de extensão da parede celular e o acúmulo de soluto para criar um potencial osmótico
interno (MALAVOLTA, 1996).

Na maioria dos casos, a expansão das células é uma consequência do acúmulo de


potássio, que é necessário tanto para a estabilização do pH no citoplasma quanto para
aumentar o potencial osmótico nos vacúolos.

Assim, o potássio além de ser um potente ativador enzimático, exerce uma função física
fundamental à fisiologia das plantas, que seria na abertura e fechamento dos estômatos.
Logo, o K é o principal nutriente que afeta o potencial osmótico na planta, influenciando
desde a expansão celular, transporte de íons, pois gera potencial osmótico alto na raiz,
até na abertura e fechamento estomático.

62
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

O K+ (especialmente do vacúolo) influencia o ótimo turgor nas células-guarda,


pois eleva o potencial osmótico destas células, resultando em absorção de água das
células-guarda e adjacentes e consequentemente o maior turgor e a abertura dos
estômatos (TAIZ; ZEIGER, 2013).

As plantas com a cutícula túrgida oferecem maior resistência física a danos mecânicos
ou aos microrganismos. Assim, a baixa perda de água pelas plantas bem-supridas em
potássio é devido à redução na taxa de transpiração, a qual não depende somente do
potencial osmótico das células, mas também é controlada pela abertura e fechamento
dos estômatos.

Portanto, plantas bem-supridas em K têm maior eficiência no uso da água. Salienta-se


que o estresse (hídrico ou salinidade) induz o fechamento estomático, pelo fato de que
as plantas nestas condições produzem na raiz o hormônio ABA, o qual é transportado
via xilema para as folhas, induzindo efluxo de K+ das células guardas dos estômatos
(TAIZ; ZEIGER, 2013).

Este controle da abertura/fechamento dos estômatos também é importante na taxa de


fotossíntese, pois em plantas deficientes em K, a abertura dos estômatos não ocorre
regularmente, diminuindo a entrada de CO2. Assim, a aplicação de K pode aumentar a
assimilação de CO2 pelas folhas e também a área foliar (LARCHER, 2006).

Com isso, o K favorece a passagem ativa de fotoassimilados pelas membranas dos


tubos crivados e também favorece o fluxo passivo dos solutos dentro dos tubos,
pois este mantém o pH alto, facilitando assim o transporte da sacarose (EPSTEIN;
BLOOM, 2006).

As plantas deficientes em K podem diminuir a síntese de parede celular (em hastes/caule)


predispondo a cultura a ventos, provocando seu tombamento. Devido aos seus diversos
papéis na planta, o potássio tem efeitos diretos na produção da maioria das culturas.

O papel do K no transporte pode também afetar o conteúdo de proteínas nos grãos,


incrementando a sua qualidade. Este fato ocorre porque o K transporta o N para síntese
proteica nos grãos (BLEVINS,1985).

Os sintomas de deficiência de K, nas culturas em geral, caracterizam-se pela clorose


marginal e necrose das folhas, inicialmente as mais velhas. Em algumas culturas, a
deficiência de K desenvolve folhas com coloração verde-escura ou verde-azulada,
semelhante à deficiência de P.

Híbridos de milho altamente produtivos têm alta capacidade de transporte de fotossintatos


do caule para o enchimento de grãos. Assim, em culturas supridas adequadamente com

63
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

K, tem-se alta produção de fotossintatos para suprir o enchimento de grãos e garantindo


níveis adequados no caule.

Portanto, em plantas deficientes em K o caule fica enfraquecido, com menor espessura


da parede celular, podendo causar colapso dos tecidos do parênquima, resultando
em uma maior taxa de acamamento das plantas. A senescência prematura das folhas
também pode ocorrer (RAIJ, 2011).

Os sintomas de excesso de potássio confundem-se, também, com os danos causados


pela salinidade, que é alta nos principais fertilizantes potássicos. O alto teor de K nas
plantas pode ocorrer por deficiência induzida de cálcio e magnésio. Por outro, nas doses
altas de K pode ocorrer indução de deficiência de outros nutrientes como o Mg.

Macronutrientes secundários

Enxofre, cálcio e magnésio são conhecidos como macronutrientes secundários.


Embora do ponto de vista da nutrição vegetal nenhum nutriente possa ser considerado
secundário, na adubação estes três elementos são realmente secundários.

O enxofre é um não metal e sua forma de ânion mais absorvida pelas plantas é a
SO42-. A fonte primária do enxofre são as rochas ígneas, nas quais o elemento ocorre,
normalmente, em pequenas proporções como sulfetos. No solo, a maior parte do
enxofre encontra-se na forma orgânica, combinado com carbono e nitrogênio, em que
a concentração de enxofre nos solos varia de 0,1% em solos minerais até 1% em solos
orgânicos (RAIJ, 2011).

Desse modo, como a maior parte do S do solo é orgânica, os processos microbiológicos


nos solos tornam-se importantes no estudo deste nutriente. Por outro lado, o reservatório
de S do solo é a matéria orgânica. Solos arenosos e com baixo teor de matéria
orgânica podem apresentar pouca capacidade de suprir as plantas com esse elemento
(PRADO, 2008).

Segundo Raij (2011), em condições aeróbicas, a forma que ocorre é o sulfato, já nas
condições anaeróbicas, de solos encharcados, ocorrem sulfetos. Sulfatos de cálcio,
magnésio, potássio e sódio podem ser importantes em solos áridos. Em solos ricos em
óxidos de ferro e alumínio, é comum haver adsorção de sulfato no subsolo.

Em solos que sofrem adições de sulfato, seja pelo processo da mineralização seja da
adubação (superfosfato simples, sulfato de amônio) e gessagem (sulfato de cálcio), o
mesmo por apresentar alta mobilidade no solo, pode sofrer também perdas consideráveis
pelo fenômeno da lixiviação.

64
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

A atmosfera é uma fonte importante do enxofre do solo, em que o SO2 do ar pode


vir da poluição industrial (queima de carvão e combustível líquido). No entanto, a
origem da maior parte do enxofre atmosférico é natural, sendo o elemento proveniente
da atividade vulcânica e de H2S desprendido da matéria orgânica em decomposição
(TISDALE; NELSON; BEATON, 1985).

Os teores em plantas totais são de 2g Kg-1 até 5g Kg-1 de matéria seca. O enxofre é
constituinte de compostos de planta (acetil-CoA, glutationa, etc) e, como o N, é
constituinte das proteínas (o S é encontrado nos 77 aminoácidos cisteína e metionina).
Logo, muitos sintomas de deficiência do S estão associados com a interrupção da síntese
de proteínas (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Também como o nitrogênio, o enxofre sofre muitas transformações no solo (imobilização/


mineralização e oxidação/redução) por meio, principalmente, dos microrganismos
e, também, do manejo do solo (drenagem, porosidade) que pode afetar a química do
elemento (estado de oxidação) (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

Assim, muitos dos sintomas são semelhantes aos apresentados pela deficiência de N,
incluindo clorose, redução no crescimento e acúmulo de antocianina. A diferença é que
o S não é translocado das folhas velhas para as novas.

A clorose, no entanto, aparece primeiro nas folhas mais jovens, o que é consequência da
baixa mobilidade do S na planta. Todavia, em algumas plantas a clorose ocorre ao mesmo
tempo em todas as folhas ou pode até iniciar nas folhas mais velhas (MALAVOLTA, 2006).

Segundo Rai (2011), as plantas, no geral, são relativamente tolerantes a altos níveis de
SO42- na solução do solo. Em solos com alta concentração de sulfato (50mM), podem
ocorrer problemas, mas que se confundem com efeitos de salinidade, como pequeno
desenvolvimento da planta e intensa coloração verde-escura das folhas. Além disso,
pode ocorrer senescência prematura de folhas.

Cálcio e magnésio são elementos que, em solos e em minerais, ocorrem nas formas
catiônicas: Ca2+ e Mg2+. O cálcio tem sua origem nas rochas ígneas, sendo encontrado em
maiores proporções em minerais como dolomita, calcita, apatita, feldspatos cálcicos e
anfibólios, que ocorrem em rochas sedimentares e metamórficas (PREVEDELLO, 1996).

Em solos de pH mais baixo e climas úmidos, esses minerais são intemperizados e o


cálcio é, em parte, perdido por lixiviação. Já em solos mais básicos, o cálcio ocorre em
formas insolúveis em carbonatos, fosfatos ou sulfatos.

O Ca é o nutriente consumido em quantidades muito variadas por diferentes culturas,


dentro dos limites de cerca de 10 Kg ha-1 até 200 Kg ha-1, tendo de menos de 4 g Kg-1 até

65
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

40 g Kg-1 de matéria seca de Ca foliar para plantas normais. Os íons Ca2+ são usados na
síntese de novas paredes celulares, particularmente na formação da lamela média que
separa novas células após a divisão (MALAVOLTA, 1996).

O cálcio é também requerido para o funcionamento normal da membrana plasmática


e tem sido implicado como mensageiro secundário para várias respostas de planta,
relacionadas com o ambiente e sinais hormonais (luz, toque).

Sintomas característicos de deficiência de Ca2+ incluem necrose e redução de regiões


meristemáticas (como ápices de raízes e da parte aérea), onde a divisão celular e a
formação de parede são intensas. Isso acarreta prejuízos para as extremidades e as
folhas novas, que se formam deformadas e cloróticas. Esses sintomas também revelam
a baixa mobilidade do Ca2+ na planta (RAIJ, 2011).

Outros sintomas de deficiência são: cor esbranquiçada nas margens de folhas; formas
irregulares de folhas, com dilaceramento das margens; manchas necróticas internervais
nas folhas; morte de brotações a partir das pontas, podendo provocar perfilhamento
das plantas; baixa frutificação; baixa produção de sementes e colapso do pecíolo.

Em excesso, o cálcio é altamente tolerado pelas plantas, podendo atingir nas folhas velhas
cerca de 10% de Ca, sem sintomas de toxicidade. O excesso de Ca pode, eventualmente,
induzir deficiência de magnésio ou de potássio, especialmente se a concentração destes
estiver de média a baixa no solo (TAIZ; ZEIGER, 2013).

O magnésio apresenta comportamento similar ao do cálcio. Também tem sua origem


primária em rochas ígneas e os principais minerais que contêm o elemento são: biotita,
dolomita, clorita, serpentina e olivina. O que difere do cálcio é que o magnésio faz
parte da estrutura de minerais de argila, ocorrendo ilita, vermiculita e montmorilonita
(PREVEDELLO, 1996).

As culturas requerem magnésio em quantidades relativamente modestas, de 10 Kg ha-1


até 40 Kg ha-1 na maioria dos casos, tendo de 2 g Kg-1 até 4 g Kg-1 de matéria seca de Mg
foliar (RAIJ, 2011).

O cálcio trocável é mais retido no solo do que o magnésio trocável, por ser um íon
hidratado de menor diâmetro. Dessa maneira, em solos bem drenados que não
receberam calagem, os teores de Ca devem naturalmente superar os de Mg. Em alguns
casos, em solos rasos ou em horizontes profundos, o Mg supera o Ca, mesmo em climas
úmidos (MALAVOLTA, 1996).

Nas células das plantas, o Mg2+ tem papel específico na ativação de enzimas da respiração,
da fotossíntese e da síntese de ácidos nucleicos. Ele é também parte da estrutura da
molécula de clorofila.

66
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

Um sintoma característico de deficiência de Mg2+ é a clorose internervural que ocorre


primeiro nas folhas velhas. Esta clorose internervural resulta do fato de que a clorofila
próxima aos feixes vasculares (nervuras) permanece não afetada por maior período do
que a clorofila entre os feixes (MALAVOLTA, 2006).

Salienta-se que a clorose inicia com manchas que depois se juntam e espalham para
as pontas e margens das folhas. O acúmulo de carboidratos não estruturais (amido,
açúcares) também é uma característica de planta deficiente de Mg2+. Tem-se menor
translocação de carboidratos da parte aérea para a raiz, reduzindo o crescimento das
raízes (TAIZ; ZEIGER, 2013).

O fornecimento de magnésio em níveis excessivos resulta em deposição do elemento na


forma de diferentes sais nos vacúolos celulares, e não são descritos na literatura, efeitos
prejudiciais ao desenvolvimento e produção das plantas.

Em resumo, a seguir a figura 12 apresenta os sintomas de deficiência dos macronutrientes


nas plantas.

Figura 12. Exemplos de sintomas de deficiências dos macronutrientes.

Fonte: A. http://www.omafra.gov.on.ca/english/crops/pub811/images/3phospof1.jpg/ B.http://aggie-horticulture.tamu.edu/


publications/cucurbitproblemsolver/ images/leaf/large/calcium.jpg.

67
CAPÍTULO 2
Micronutrientes

Boro
A matéria orgânica do solo é a principal fonte de B para as plantas. Assim, solos com
baixo teor de matéria orgânica e/ou baixa taxa de mineralização da matéria orgânica
podem apresentar concentração de B no solo crítico, para a adequada nutrição da
planta. Além disso, regiões com alta pluviosidade, em solos arenosos, podem promover
altas taxas de lixiviação do B da solução do solo, provocando problemas de deficiência
nas culturas (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

O boro é absorvido via raízes nas formas H3BO3 (preferencial) e H2BO3-, e, como
a absorção independe da temperatura e não é afetada por inibidores da respiração,
pensa-se que seja um processo passivo (RAIJ, 2011).

O boro está envolvido em várias atividades celulares como a divisão, o crescimento, a


diferenciação, a maturação a respiração entre outras. Está muito associado à germinação
do tubo polínico. Pensa-se que esteja envolvido na formação da base uracila, constituinte
do RNA (TAIZ; ZEIGER, 2013).

A deficiência de boro promove alteração na síntese dos compostos que compõem a


parede celular (pectina, hemicelulose e precursores da lignina) e metabolismo de
carboidratos. Assim, nas plantas com deficiência de B, há irregularidades na deposição
das substâncias cimentantes nas células do câmbio, podendo causar colapso do caule
das plantas, como da seringueira (LARCHER, 2006).

O B facilita o transporte de açúcares, uma vez que combina com o carboidrato, dando
um complexo borato-açúcar ionizável, mais solúvel às membranas (GAUCH; DUGGER
JR., 1953). O boro tem efeito positivo na manutenção da estrutura e funcionamento
dos vasos condutores. Sob condições de deficiência de B, ocorre redução no transporte
da sacarose das folhas para outras partes da planta, pela maior produção de calose
(polissacarídeo semelhante à celulose), a qual provoca a obstrução do floema, principal
via de transporte da sacarose (LOUÉ, 1993).

A concentração de boro nos tecidos das monocotiledôneas varia de 6 a 18 mg kg-1,


enquanto nas dicotiledôneas varia de 20 a 60 mg kg-1. Assim, a deficiência no grupo
das monocotiledôneas apresenta menor incidência no campo. O boro reposto no

68
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

solo, por meio de adubos minerais, fica bastante susceptível a perdas por lixiviação,
principalmente em solos arenosos.

Segundo Malavolta (1996), como o B é imóvel no floema, os sintomas de deficiência


ocorrem nos órgãos novos, folhas ou raízes. Os sintomas de deficiência são: inibição
do crescimento da parte aérea e das raízes até morte das gemas terminais (podendo
estimular brotações laterais); encurtamento dos internódios, folhas/frutos pequenas e
deformadas; folhas grossas (acúmulo de carboidratos) duras e até quebradiças.

Apresentam também sintomas como: pequena produção de sementes; folhas necrosadas;


caule enrugado, rachado; muitas vezes com manchas ou estrias de cortiça e presença
de nervuras salientes (aumento da lignina). É importante ressaltar que plantas
deficientes em B podem afetar a absorção e translocação do Ca e K (RAMON
et al., 1990).

Normalmente, os sintomas caracterizam-se como clorose malhada (200 mg kg-1) e


depois manchas necróticas (>1500 mg kg-1) nos bordos das folhas mais velhas (regiões
de acúmulo de B), devido à maior taxa de transpiração nestes locais (RAIJ, 2011).

Cobre

O Cu ocorre em rochas, principalmente como sulfetos complexos. Esses minerais são


facilmente intemperizados e liberam íons de cobre, especialmente em meio ácido. É um
elemento pouco móvel. Os teores totais médios de cobre em solos são de 6 mg Kg-1 a 60
mg Kg-1 (RAIJ, 2011).

O cobre apresenta-se no solo na forma de Cu2+, fortemente ligado aos coloides organo-
minerais. A proporção do cobre complexado pelos compostos orgânicos na solução do
solo pode atingir 98%. Assim, a forma orgânica tem papel importante na regularização
da sua mobilidade e disponibilidade na solução do solo.

Portanto, pode-se inferir que quanto maior o teor de matéria orgânica, menor será
a disponibilidade de cobre às plantas, em que a disponibilidade deste elemento está
fortemente relacionada ao valor pH do solo.

Segundo Raij (2011), é um elemento de transição similar ao ferro, com facilidade para o
transporte de elétrons sendo, portanto, bastante relevante nos processos fisiológicos de
oxirredução. Uma das principais funções do cobre é como ativador ou constituinte de
enzimas. Participa do metabolismo das proteínas e dos carboidratos.

A maior parte do Cu está presente nas folhas nos cloroplastos, e mais da metade ligado à
plastocianina, importante no transporte eletrônico no cloroplasto entre os fotossistemas
69
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

II e I com mudanças de valência, embora outras enzimas também façam este transporte
de elétrons e que são ativadas pelo Cu (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

Nas leguminosas, o cobre é requerido pelos nódulos e, assim, tem-se um aumento na


nodulação e, portanto, a fixação de N. Logo, havendo deficiência de Cu, tem-se redução
na oferta de carboidratos para a nodulação.

O cobre pode ainda reter mais ferro nas raízes e, desse modo, aumentar a produção
da leghemoglobina. Normalmente, as culturas mais suscetíveis à deficiência de cobre
são os cereais (trigo, milho, arroz, aveia, cevada); entretanto pode ocorrer em outras
culturas (hortaliças e fruteiras) (GUPTA, 1997).

As plantas deficientes mostram caules ou colmos fracos e tendência de murchar mesmo


quando há umidade suficiente. Nos cereais, as folhas podem ficar retorcidas, e, ainda,
maior esterilidade dos grãos de pólen (acúmulo excessivo de auxina), reduzindo a
produção de grãos (MALAVOLTA, 1996).

A toxidez de Cu não é comum; entretanto, durante os estádios iniciais, a redução de


crescimento é evidente. A redução do comprimento de raiz é um bom indicador de
toxicidade de cobre também.

Ferro

Outro micronutriente essencial é o ferro. É o elemento metálico mais comum na


crosta terrestre. A geoquímica do ferro é complexa e determinada pela facilidade
de mudanças das valências (Fe2+ e Fe3+) em resposta a alterações nas condições
fisioquímicas do meio.

Segundo Raij (2011), nos solos ocorre principalmente na forma de óxidos e hidróxidos.
Já em solos ricos em matéria orgânica, o Fe aparece como quelatos. Os teores totais
de ferro nos vários solos do mundo estão em torno de 5 g Kg-1 e 50 g Kg-1. Em solos
brasileiros esses teores podem ser mais elevados, podendo ultrapassar 100 g Kg-1.

A solubilidade do ferro atinge um mínimo em valores de pH mais altos. Em solos com


maior aeração, a forma Fe2+ contribui pouco para a disponibilidade de ferro, exceto em
solos mais ácidos. No entanto, quando os solos estão encharcados, ocorre redução de
Fe3+ a Fe2+, por ação bacteriana, refletindo em um incremento acentuado da solubilidade
do nutriente (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

Logo, o suprimento adequado de ferro às plantas depende muito mais das condições de
pH, da umidade e de aeração do que propriamente da quantidade presente no solo, que
é normalmente abundante.
70
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

A maior parte do ferro nas plantas, aproximadamente 80%, está localizada nos
cloroplastos, como fitoferritina (proteína de reserva), portanto com influência na
fotossíntese. Em geral, o ferro é importante na biossíntese de clorofila e proteínas, e nos
constituintes enzimáticos que transportam elétrons e também na ativação de enzimas.
Ele é essencial para síntese de proteínas e ajuda a formar alguns sistemas respiratórios
enzimáticos (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Ainda segundo esses autores, o Fe participa de dois grupos principais de proteínas que
contêm ferro na planta: as hemoproteínas e as proteínas com grupos Fe-S. No primeiro
grupo tem-se citocromos, presentes na mitocôndria, que transporta elétrons para
respiração (PRADO, 2008).

No outro grupo tem-se a ferrodoxina, presente na membrana dos tilacoides dos


cloroplastos, que transporta elétrons para os processos metabólicos da fotossíntese,
redução do N2, nitrito, sulfato e até na incorporação do nitrogênio.

Segundo Larcher (2006), os sintomas de deficiência aparecem, inicialmente, nas partes


jovens das plantas, como uma clorose devido à menor síntese de clorofila, enquanto
apenas as nervuras podem ficar verdes durante algum tempo, destacando-se como um
reticulado fino, podendo evoluir para um “branqueamento”.

Entretanto, com a evolução da sintomatologia até as nervuras tornam-se amareladas.


Salienta-se que o Fe se acumula nas folhas mais velhas, na forma de óxidos insolúveis
ou de compostos inorgânicos (Fe-P), que diminui sua entrada no floema, provocando
os sintomas de deficiência nas folhas novas.

A planta deficiente em ferro provoca alterações fisiológicas (diminuição da clorofila e da


taxa fotossintética) e bioquímicas (diminuição da atividade da peroxidases e catalase e
aumento da concentração de H2O2) (MOLASSIOTIS et al., 2006).

Em algumas situações, o excesso de Fe inibe a absorção de Mn e, assim, os sintomas


podem ser semelhantes à deficiência de Mn.

Manganês

O manganês é um dos micronutrientes mais comuns na litosfera, em que forma diversos


minerais, com valências indicadas pelos cátions Mn2+, Mn3+ e Mn4+. Pelo intemperismo, os
compostos de manganês são oxidados e reprecipitados, formando minerais secundários
(Mn2O3 ou MnO2) por meio de reações químicas e biológicas (BARTLETT,1998).

Diferentemente do B e do Zn, o Mn é o segundo micronutriente mais abundante em


solos tropicais, perdendo apenas para o Fe. A disponibilidade de manganês no solo
71
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

depende principalmente do pH, do potencial de oxirredução, da matéria orgânica e do


equilíbrio com outros cátions (Fe, Ca e Mg) (PRADO, 2008).

Os compostos de manganês são conhecidos por terem rápidas oxidações ou reduções.


A forma mais solúvel é a de Mn2+. Em solos ácidos, pode ocorrer concentração alta de
Mn, podendo levar a problemas de toxidez nas plantas.

Logo, se os solos receberam altas doses de materiais corretivos para correção da acidez,
pode haver a indução da baixa disponibilidade de Mn, causando deficiências nas plantas,
especialmente em solos originalmente pobres (RAIJ et al., 1996).

Normalmente, respostas a manganês são de ocorrências mais prováveis em solo com


teores altos de matéria orgânica, de pH alto, calcários ou arenosos e com altos índices
pluviométricos (WIESE, 1993).

O manganês está envolvido em sistemas enzimáticos das plantas, seja como constituinte
(co-fator) seja como ativador de enzimas. Ele participa diretamente na composição
química de duas enzimas (enzima S e dismutase de peróxido). Uma das funções que
essas enzimas desempenham é a de quebra fotoquímica da molécula de água (reação
de Hill) para liberação de elétrons para fotossíntese (FSII – fotossistema II) (TAIZ;
ZEIGER, 2013).

Ainda segundo esses autores, como o manganês ativa a RNA polimerase, tem-se um
efeito indireto na síntese de proteínas e na multiplicação celular, embora, em caso de
deficiência de Mn, a atividade enzimática seja mais afetada que a síntese de proteína.
Salienta-se, ainda, que o magnésio pode também ativar esta enzima, mas o manganês é
muito mais eficiente (PRADO, 2008).

Assim, em plantas deficientes em Mn, verifica-se um acúmulo de aminoácidos, devido


à queda na fotossíntese, com reflexos na redução da síntese de proteínas e também no
teor de carboidratos.

Outro processo em que o Mn pode afetar é a resistência das plantas às doenças, visto
que este nutriente é ativador de uma série de enzimas importantes na biossíntese dos
metabólitos secundários. Sua deficiência resulta na queda de concentração de inúmeras
substâncias, como aminoácidos aromáticos, compostos fenólicos, cumarinas, ligninas,
flavonoides e ácido indolacético, o que podem inibir ou dificultar a proliferação de
patógenos (MALAVOLTA, 2006).

De maneira geral, a deficiência de Mn é caracterizada por clorose da superfície das folhas


jovens, podendo progredir para entre as nervuras. A toxicidade aparece, inicialmente,
também em folhas jovens, caracterizada por clorose marginal, pontuações marrons

72
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

que evoluem para necróticas na superfície do limbo e encarquilhamento das folhas,


especialmente em leguminosas.

Nestes pontos necróticos é que se acumula o manganês em altas concentrações.


Uma forma de aliviar a toxidez por Mn+2 seria aumentando-se a disponibilidade de Mg
no solo, o que reduz a absorção do Mn (MENGEL; KIRKBY, 1987).

Molibdênio

O molibdênio é um metal encontrado no solo, porém como um oxiânion na forma


de molibdato MoO42-, na sua forma de valência mais alta. Em solos ácidos, fosfato e
molibdato têm comportamento semelhante em relação à forte adsorção aos óxidos
hidratados de ferro e, na absorção, o molibdato compete com o sulfato (PRADO, 2008).

Segundo Raij (2011), é um micronutriente menos abundante no solo, com teores


totais de 2 mg Kg-1. Em geral, solos derivados de granitos e de argilitos são mais
ricos nesse elemento. O mineral primário de molibdênio, molibdenita (MoS2),
contém a maior parte do Mo terrestre. Da mesma forma que com os ânions fosfato,
também a elevação do pH do meio resulta em adsorção do molibdato, aumentando a
sua fitodisponibilidade.

Normalmente, a deficiência de molibdênio pode estar associada de perto com o


metabolismo do nitrogênio, em decorrência da exigência de Mo para a atividade da
nitrogenase e fixação do N.

Assim, o molibdênio participa como constituinte de várias enzimas, especialmente as


que atuam no metabolismo do nitrogênio e do enxofre, que estão relacionadas com
a transferência de elétrons. Com relação ao metabolismo nitrogenado, o Mo afeta a
fixação biológica (nitrogenase) e a redução do nitrato e nitrito (redutases). Além disso,
tem efeito significativo na formação do pólen (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Devido à restrita mobilidade nas plantas, os sintomas de deficiência de Mo descritos


em algumas espécies ocorrem em folhas novas e em outras em folhas velhas. Em geral,
ocorre uma clorose entre as nervuras, semelhante à deficiência de Mn, em que as
margens das folhas tendem a curvar-se para cima ou para baixo.

É pertinente salientar que a deficiência de Mo tem maior chance de ocorrer em plantas


que receberam nitrogênio na forma de nitrato e não de amônio, uma vez que o nitrato
na planta necessita ser reduzido (por enzimas ativadas por Mo) e o amônio não
(MALAVOLTA, 1996). A toxicidade de molibdênio em culturas não é comum sendo
encontrada apenas quando se verificam teores muito altos.

73
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

Zinco

O zinco encontra-se distribuído de maneira bastante uniforme em rochas magmáticas.


Seu teor é ligeiramente maior em sedimentos argilosos e bem menor em arenitos. Em
rochas, o zinco ocorre principalmente como sulfetos (ZnS), mas também aparece em
substituições isomórficas de silicatos, no lugar do Mg2+ (RAIJ, 2011).

Ainda segundo esse autor, a solubilização por intemperização produz o cátion Zn2+,
adsorvido aos solos pelos minerais e pela matéria orgânica. Os teores totais médios de
zinco em diferentes países variam de 17 mg Kg-1 a 125 mg Kg-1.

O zinco não apresenta função estrutural definida. É, porém, ativador de várias enzimas,
embora possa fazer parte da constituição de algumas delas. Salienta-se que o zinco na
planta (Zn2+) não é oxidado e nem reduzido.

As funções mais conhecidas do zinco são: síntese do ácido indolacético (AIA), síntese
proteica (RNA) e redução de nitrato e estrutura de enzimas e atividade enzimática.
Normalmente, a deficiência de Zn nas diversas espécies é o encurtamento dos internódios,
e a folha torna-se pequena; entretanto têm-se faixas amareladas (ou brancas) entre a
nervura e bordas das folhas (LARCHER, 2006).

As plantas deficientes em Zn podem levar a clorose induzida por deficiência de


Fe, entretanto os sintomas de folhas pequenas caracterizam a deficiência de Zn.
Em plantas deficientes em Zn, pode ter alto teor de P, visto o desarranjo das membranas
e paralelamente tem-se inibição da redistribuição do P da parte para a raiz.

A toxidez de Zn manifesta-se pela diminuição da área foliar, seguida de clorose, podendo


aparecer na planta todo um pigmento pardo-avermelhado, talvez um fenol. Além
disso, faz diminuir a absorção de K e pode provocar sintomas também semelhantes à
deficiência de Fe.

Cloro

O cloro não é fixado pela matéria orgânica do solo ou pelas argilas, é facilmente
lixiviado sendo um dos primeiros elementos removidos dos minerais pelos processos
de intemperização (acumulando-se nos mares).

O cloro, junto com o Mo, tem sua disponibilidade aumentada no solo com o aumento
do valor pH. No Brasil, normalmente, não se tem observado problema de deficiência de
cloro, uma vez que a fonte de potássio comumente utilizada (cloreto de potássio) (fonte
de menor custo) traz junto o cloro.

74
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

Assim, o cloro de um lado é adicionado aos sistemas de produção em significativas


quantidades via fertilizantes, reserva do solo, chuva, entre outros, sendo também
altamente lixiviado no solo devido à sua alta solubilidade. Portanto, a dinâmica do cloro
nos sistemas de produção é alta, e raramente tem-se deficiência, podendo ocorrer, sim,
toxidez em determinadas situações, mas com raridade também devido à alta tolerância
das plantas a altos teores de Cl no tecido (MALAVOLTA, 1996).

Altos níveis de cloro estão associados a solos sódicos, alcalinos ou salinos encontrados
em regiões áridas e semiáridas do Nordeste brasileiro. Dentre os micronutrientes, o
cloro é o mais exigido, apresentando alto teor nas plantas. Em geral, a maior parte
do cloro nas plantas não está ligado com a constituição de compostos orgânicos
(PRADO, 2008).

Sua principal função seria enzimática como cofator da enzima que atua na fotólise da
água (fotossíntese) e outras enzimas como as ATPases do tonoplasto e também efeitos
osmóticos no mecanismo de abertura e fechamento de estômatos e balanço de cargas
elétricas (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Logo, o cloro atua na regulação da pressão osmótica da célula, sendo que o acúmulo
deste elemento no interior da célula diminui o potencial da água ficando menor que o
meio externo, dessa forma, tem-se gradiente de potencial da água que favorece a entrada
dela na célula, e, assim, tem-se hidratação dos tecidos (turgescência) e a abertura dos
estômatos (LARCHER, 2006).

O cloreto também participa da reação de Hill em cloroplastos, como cofator do complexo


enzimático (Enzima-Mn) a partir do desdobramento da molécula de água.

Dependendo da planta, os sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas mais


velhas (tomateiro, alface, repolho, beterraba) ou nas mais novas (milho, abobrinha):
murchamento, clorose, bronzeamento e deformação da folha que toma aspecto de taça
“cupping”. As raízes também se desenvolvem menos, ficando grossas e sem as laterais
(PRADO, 2008).

As culturas normalmente apresentam certa tolerância a altas concentrações de Cl,


apresentando grandes diferenças genotípicas. Marschner (1995) indica que a toxidez
de Cl pode ser atingida com teores de 3,5 g kg-1 (maioria das fruterias, algodoeiro e
feijoeiro) ou de 20 a 30 g kg-1 em plantas de cevada, espinafre e alface. Excesso de cloro
pode afetar também a qualidade da produção.

Sendo que as plantas halófitas são conhecidas por apresentar alto teor do cloreto em
seus tecidos, e são plantas que desenvolveram diferentes mecanismos de tolerância à
75
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

salinidade (formação de barreiras ao transporte do Cl e Na; eliminação dos sais através


dos pelos; abscisão de folhas velhas com alto teor de sais e compartimentalização do sal
nos vacúolos) (TAIZ; ZEIGER, 2013).

76
CAPÍTULO 3
Uso de fertilizantes para suprir as
necessidades nutricionais das plantas

Fertilizantes
A agricultura se sustenta com a ajuda dos fertilizantes químicos, logo, se não fosse
por eles, não seria possível produzir a grande demanda de alimentos necessária para
abastecer a população mundial. Ainda que essenciais, esses compostos químicos
contribuem para o agravamento de diversos problemas ambientais, poluindo fontes de
água utilizadas na irrigação de culturas rentáveis.

Os fertilizantes contêm em sua composição nitratos e fosfatos, e uma vez lançados nas
lavouras são posteriormente arrastados com a água das chuvas (lixiviação) para o leito
dos rios ou se infiltram no solo (infiltração), indo para os lençóis freáticos e mananciais.

É por esses e outros motivos que a agricultura deve ser uma atividade bem planejada,
não se tornando uma inimiga e sim uma atividade aliada da natureza. Logo, adubo ou
fertilizante é um produto mineral ou orgânico, natural ou sintético, fornecedor de um
ou mais nutrientes vegetais.

Os fertilizantes minerais são constituídos de compostos inorgânicos (compostos


desprovidos de carbono). São também considerados fertilizantes minerais aqueles
constituídos de compostos orgânicos (compostos que contêm carbono) sintéticos ou
artificiais, como a ureia – CO(NH2)2, a calciocianamida e os quelatos (MALAVOLTA,
2006).

Os fertilizantes minerais se subdividem em três classes:

»» Fertilizantes simples: constituídos fundamentalmente de um composto


químico, contendo um ou mais nutrientes vegetais, quer sejam eles
macro ou micronutrientes ou ambos. Amônia anidra, nitrato de sódio,
ureia, nitrato de cálcio, superfosfato simples, superfosfato triplo e cloreto
de potássio são alguns exemplos desses fertilizantes (EPSTEIN; BLOOM,
2006).

»» Fertilizantes mistos ou misturas de fertilizantes: resultantes da mistura


de dois ou mais fertilizantes simples, podendo ter a combinação de
fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos.

77
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

»» Fertilizantes complexos: são misturas de fertilizantes resultantes de


processo tecnológico em que se formam dois ou mais compostos químicos.
São misturas produzidas com a participação de matérias primas (amônia
– NH3, ácido sulfúrico – H2SO4, ácido fosfórico – H3PO4), as quais dão
origem a compostos químicos como sulfato de amônio – (NH4)2SO4,
fosfato monoamônico (MAP) – NH4H2PO4, fosfato diamônico (DAP) –
(NH4)2HPO4.

Já os fertilizantes orgânicos são constituídos de compostos orgânicos de origem natural,


vegetal ou animal (estrume ou esterco de curral, chorume, farinha de peixe, farinha de ossos,
húmus, farinha de osso e torta de mamona), como já foi estudado nos capítulos anteriores.

Os fertilizantes organominerais são resultantes da mistura de fertilizantes orgânicos e


minerais. O objetivo dessas misturas é enriquecer os materiais orgânicos de nutrientes
vegetais. Porém, sua aplicabilidade tem sido restrita porque só se consegue produzir
essas misturas com concentrações relativamente baixas tanto do componente orgânico
como do mineral.

A parceria entre a Embrapa Solos e a empresa Calderon Consulting, da Bahia,


permitiu que cooperativas de pequenos produtores rurais tenham acesso a fertilizantes
organominerais granulados, produzidos a partir de dejetos de aves e suínos processados,
que oferecem maior produtividade ao solo e menor impacto ambiental e podem diminuir
a dependência brasileira à importação de fertilizantes estimada entre 70% e 90%.

A produção de fertilizantes organominerais, em larga escala, poderia substituir de 20%


a 30% os fertilizantes importados, em decorrência da redução de nutrientes minerais na
formulação, explicou o diretor da Calderon Consulting, João Calderon: “é um impacto
muito grande na agricultura”.

Outra vantagem do produto é que, sendo granulado, ele não tem odor e pode ser
colocado junto com o adubo, de uma só vez, o que representa economia de trabalho da
maquinaria utilizada na agricultura.

Calderon ressaltou que os fertilizantes organominerais granulados contribuem ainda


para a reposição de carbono no solo, retirando-o da camada de ozônio. “Há um efeito
cumulativo no decorrer dos anos. O agricultor vai somando esse carbono no solo,
o que melhora os níveis de fertilidade do solo. Os fertilizantes tradicionais não têm
essa capacidade

Logo, como já mencionei sobre adubos granulados, os fertilizantes ainda podem


ser sólidos (pó ou farelado e granulado), fluidos (soluções e suspensões) e gasosos
(amônia anidra).

78
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

A grande maioria dos fertilizantes agrícolas é composta por esses três elementos
combinados, o N, P e K, mas é sempre bom lembrar que os micronutrientes têm grande
importância no desenvolvimento das plantas. Desse modo, os fertilizantes minerais
mais utilizados são constituídos apenas por nitrogênio, fósforo e potássio de rápida
absorção. Essa classe é subdividida em (RAIJ, 2011):

»» Fertilizantes nitrogenados: compostos essencialmente de nitrogênio.


Têm como principal matéria prima a amônia (NH3).

»» Fertilizantes fosfatados: substâncias constituídas de fósforo assimilável


aos vegetais e obtidas a partir do superfosfato, fosfato oxidado, fosfatos
de amônio e termofosfatos.

»» Fertilizantes potássicos: substâncias extremamente solúveis em água,


que fornecem o potássio necessário ao desenvolvimento vegetal. Sulfato
de potássio e cloreto de potássio são as principais matérias primas para a
produção desses fertilizantes.

A história do uso de adubos para aumentar a produção mostra que os primeiros produtos
utilizados foram naturais e de origem orgânica (esterco, ossos, cinzas de plantas, restos
de lã, etc.), insolúveis em água.

Com o tempo, e principalmente com os conhecimentos adquiridos sobre a nutrição


mineral de plantas, foi observado que produtos solúveis em água apresentavam melhor
efeito e, sobre essa conceituação, instalou-se e desenvolveu-se toda a indústria de
fertilizantes até os dias atuais.

Assim, de uma maneira geral, a solubilidade em água, associada à concentração de


nutrientes, são hoje as características mais importantes que definem a qualidade de um
fertilizante.

Os fertilizantes são especificados por fórmulas, de acordo com seu conteúdo em


nitrogênio, fósforo e potássio, expressos em porcentagem. O nitrogênio é expresso
na forma elementar (N), enquanto o fósforo e potássio na forma de óxidos P2O5 e
K2O, respectivamente. Uma formulação fertilizante 10-10-10, quer dizer que em 100
kg de mistura dos adubos simples, contendo NPK, se tem 10% de N, 10% de P2O5 e
10% de K2O.

Quando a mistura fertilizante apresenta apenas dois macronutrientes, o elemento


suprimido é substituído pelo número zero. Exemplos: 0-20-10; 20-0-10; 20-10-0.
Nos fertilizantes simples, a representação fertilizante numérica é apenas do elemento
que nomeia o adubo, sem representação para elemento ou elementos acompanhantes.

79
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

Exemplos: ureia 45-0-0 (N – P2O5 – K2O), superfosfato triplo 0-45-0 (N – P2O5 –K2O)
e cloreto de potássio 0-0-20 (N – P2O5 – K2O).

Falando um pouco sobre a agricultura de precisão, o rápido progresso na informática


durante a última década, incluindo Sistemas de Informação Geográfica (GIS) e mapas
computadorizados, oferece a possibilidade de zoneamentos agroecológicos que
podem ajudar em uma seleção preliminar de culturas e tecnologias, incluindo uso de
fertilizantes apropriados, adequados às condições locais e aos problemas encontrados.

Na agricultura de precisão (AP), a comunicação por satélite e informações detalhadas


do campo e da cultura para melhorar as operações na propriedade juntamente com a
eficiência de nutrientes por meio da aplicação localizada e específica dos fertilizantes
necessários são métodos que podem ser utilizados.

A análise de solo e a diagnose de deficiências das culturas, para facilitar o detalhamento


das doses de fertilizantes às exigências da cultura atual, também são de grande
importância nessa agricultura.

A AP não requer necessariamente máquinas e equipamentos sofisticados e sistemas


de posicionamento de satélites. Agricultores em países em desenvolvimento poderiam
melhorar bastante a precisão de seus programas de nutrição de plantas fazendo bom
uso dos laboratórios de análises de solo e foliar, e de boa orientação técnica (agrônomos,
técnicos agrícolas).

Para entender um pouco sobre as ferramentas de agricultura de precisão para uso


eficiente de fertilizantes, assista à palestra do Dr. Leandro Gimenez (ESALQ/USP) no
link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=GPwJiVRmRvw.

Adubação foliar e fertirrigação

Logo, como já foi falado nos capítulos anteriores, a adubação é de suma importância
para o bom crescimento e desenvolvimento da planta. Essa adubação pode ser feita de
várias formas: por aplicação direta no solo (contato direto com a raiz), pela aplicação
foliar ou parte aérea (adubação foliar) e, finalmente, via água de irrigação (fertirrigação).

Os fertilizantes com fósforo pouco solúveis (fosfatos naturais de baixa reatividade)


e o calcário (fonte de Ca e Mg) devem ser aplicados a lanço, em área total, e bem
incorporados ao solo. Nesse caso, quanto mais intenso for o grau de moagem, mais
rápida será a dissolução do produto.

Já os de maior solubilidade devem ser aplicados mais localizados, próximos às raízes,


para diminuir possíveis perdas por lixiviação. No caso do gesso agrícola, recomenda-se
80
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

a aplicação a lanço, a qual poderá ser seguida de incorporação com aração e gradagem,
quando em culturas a serem instaladas, como já foi falado nos capítulos anteriores.

De uma maneira geral, para os fertilizantes contendo nutrientes nos quais o processo
de difusão é o mais importante mecanismo de suprimento às raízes, a localização num
raio de ação passível de ocorrência desse fenômeno é crucial.

É importante destacar que mesmo para nutrientes onde o fluxo de massa é o principal
mecanismo de transporte, como é o caso do nitrogênio, o qual apresenta maior
susceptibilidade de perdas por lixiviação na forma de NO3-, a localização adequada do
fertilizante também assume grande importância.

Como a parte aérea das plantas também possui a capacidade de absorver água e
nutrientes, diversos estudos têm contribuído para que a prática da adubação foliar
possa ser mais intensivamente pesquisada.

A adubação foliar é o processo de aplicação de nutrientes minerais na folha vegetal,


através da absorção total (absorção passiva e ativa), com a utilização destes nutrientes
por toda a planta, não se limitando a uma terapia local da folha, suprindo as carências
nutricionais em qualquer lugar da morfologia da planta.

A adubação foliar não se limita à aplicação de soluções de nutrientes apenas à


folhagem das plantas, o tratamento pode se estender aos ramos novos e adultos, das
estacas e dos troncos por meio das pulverizações ou pincelamentos, o que é designado
de adubação caulinar.

Áreas que vêm sendo continuamente cultivadas, como, por exemplo, com plantas
perenes (cajueiro, mangueiras, goiabeiras), têm carência de nutrientes que muitas vezes
não é corrigida com adubações no solo. Nestes casos, a adubação foliar proporciona
melhores resultados. As pulverizações foliares com micronutrientes também têm sido
satisfatória com uma única aplicação foliar (MALAVOLTA, 2006).

A época de aplicação foliar ideal é quando a planta demonstra necessidade de


nutrientes, isto é, quando a deficiência se manifesta. Essas épocas encontram-se pouco
antes do florescimento e o início do florescimento nas culturas anuais e no período do
crescimento dos frutos. Já quando se fala em culturas perenes, o melhor período é o da
vegetação intensa, enquanto os frutos se desenvolvem.

Entretanto, essas não são regras gerais, pois há exceções como no caso de adubação
foliar de muda de viveiro ou logo depois do transplante.

Outra forma de fornecer nutrientes para as plantas é utilizando o método da fertirrigação.


Esse método foi crescendo na agricultura, mostrando uma maior eficiência na produção

81
UNIDADE III │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS

de culturas. A fertirrigação é a aplicação de diferentes materiais fertilizantes de origem


mineral ou orgânica (forma líquida), utilizando a água de irrigação como veículo.

Essa técnica de aplicação restringe-se às suplementações de nutrientes após plantio


(adubações em cobertura), em culturas de ciclo curto e perene. Empregando-se
no plantio adubos na forma sólida mais propriamente em sulcos ou covas. Por isso,
a importância dos fertilizantes apresentarem uma boa solubilidade em água, para
melhorar a aplicação dessa fertirrigação nos sistemas de irrigação pressurizados.

Segundo Bernardo, Soares e Mantovani (2006) o seu manejo requer pouca mão de
obra, já que o trabalho para fazer irrigação e adubar é feito ao mesmo tempo. A técnica
permite, ainda, a aplicação de fertilizantes no exato volume de solo ocupado pelas raízes,
abastecendo a planta com a quantidade de adubos necessária ao seu desenvolvimento.
Além disso, o seu emprego é flexível em sistemas de irrigação diversos, como o
gotejamento e microaspersão.

As vantagens dessa técnica são (PRADO, 2008):

»» Diminuição dos custos de aplicação (horas homem ou horas trator).

»» Os nutrientes são disponibilizados às plantas nos momentos de maiores


requerimentos, podendo ser efetuadas as aplicações com maiores
fracionamentos.

»» Melhor controle das perdas por lixiviação e volatilização dos nutrientes


nitrogênio e enxofre.

»» Maior uniformidade de aplicação dos fertilizantes.

»» No método de irrigação por gotejamento há uma distribuição mais


concentrada dos fertilizantes, aumentando a absorção dos nutrientes
pelas plantas. Isso faz com que o coeficiente de aproveitamento do
elemento fósforo aumente.

Já as desvantagens desse método são:

»» Em virtude de o método de aplicação necessitar que os fertilizantes


minerais sejam muito solúveis, aumentam os custos com o insumo adubo.

»» O agricultor terá maiores gastos para adquirir o sistema de irrigação.

»» Ocorre risco de corrosão do sistema de irrigação, pois alguns fertilizantes


apresentam altos índices salinos.

82
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS, FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE E FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES NAS PLANTAS │ UNIDADE III

»» Quando se utiliza o método de irrigação por aspersão em culturas perenes,


há um desperdício de fertilizantes e aumenta o número de ervas daninhas
em virtude da aplicação não ser localizada.

Logo, a aplicação de todo e qualquer fertilizante requer uma avaliação prévia das
condições do solo. Para isso, pode ser feita uma análise verificando a fertilidade, a
capacidade de armazenamento de água e as propriedades físicas do solo a ser cultivado.

Por meio dessa análise e de possíveis sintomas de má nutrição vegetal, há como


determinar o tipo de fertilizante necessário, bem como sua quantidade. Lembrando
que o excesso de adubo pode ser tão nocivo à planta quanto a sua carência.

83
ANÁLISE DO SOLO E
DIAGNOSE FOLIAR
UTILIZANDO A UNIDADE IV
AGRICULTURA DE
PRECISÃO
Para que uma cultura qualquer possa manifestar todo o seu potencial genético por meio
da produção de um alimento, é necessário que tenha à sua disposição todos os fatores
vitais otimizados (climáticos, genótipos, edáficos, luz, água, temperatura, nutrientes etc.).

Salienta-se que dos fatores que determinam o lucro do empreendimento agrícola, ou


seja, preço do produto, custo de produção e produtividade, o último é o principal que,
por sua vez é, na maior parte, explicada pelo estado nutricional adequado da cultura.
É necessário então saber se a planta ou a cultura está ou não bem-nutrida, pois é do
adequado estado nutricional que depende a produção de uma cultura qualquer.

Vários recursos são utilizados para avaliar a fertilidade do solo, no entanto, somente
a análise de solo serve para uso prático por técnicos e produtores para estabelecer
quantidades de fertilizantes e corretivos a aplicar. Também existe a avaliação do
estado nutricional das plantas pela análise química das folhas ou diagnose foliar, que
contempla, mas não substitui a análise de solo. Existem também testes de tecidos, testes
bioquímicos, aplicações foliares, teor de clorofila e diagnose visual.

Experimentos, tanto em campo como em ambientes protegidos, são essenciais para


estabelecer as recomendações de calagem e adubação. Portanto, para otimizar a nutrição
da planta, prevenindo insucessos devido a deficiências ou excessos de elementos, deve-
se empregar essas análises como critério para recomendação de corretivos e fertilizantes
e, também, a própria planta como objeto de diagnóstico.

A agricultura de precisão pode ser utilizada para esse diagnóstico, sendo uma técnica
de manejo da fertilidade do solo partindo-se de informações exatas e precisas sobre
faixas (grids) menores do terreno, tendo por objetivo aumentar a eficiência do uso de
corretivos e fertilizantes nas culturas agrícolas.

Segundo Ragagnin, Sena Junior e Silveira Neto (2010), entre as expectativas a serem
atendidas com o uso da AP podem-se citar a redução de custos, principalmente dos
fertilizantes e/ou corretivos, com possíveis superdosagens, que podem trazer danos
à cultura e ao meio ambiente, redução de perdas por subdosagens, que limitam a
84
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

produção a quantidades menores que o potencial da cultura, além da exploração mais


intensa de porções do terreno com maior capacidade de produção.

O conjunto de equipamentos utilizados na amostragem por AP são: sistemas de


posicionamento global (SPG ou GPS), sistema de informações geográficas (SIG ou
GIS), tecnologias de aplicação em taxa variável (VRT), monitoramento das áreas
(Crop Scouting), sensoriamento remoto, monitores de colheita, amostradores de solo,
balizadores de aplicação (aérea e tratorizada) e sensores de matéria orgânica.

Podemos citar também os sensores de plantas daninhas, de umidade de solo, de pH,


de NO3- no solo, de compactação (penetrômetros), de condutividade elétrica do solo, de
dinâmica da fertilidade, clorofilômetros e fotografias aéreas (Drones ou vants – veículos
aéreos não tripulados).

Logo, as análises de solo e a interpretação delas, juntamente com a agricultura de


precisão, são elementos primordiais na tomada de decisão da fertilidade do solo e das
exigências nutricionais das plantas, a fim de alcançar maiores produtividades, economia
de insumos e solos mais férteis e conservados.

85
CAPÍTULO 1
Diagnose foliar e interpretação dos
resultados da análise foliar

Diagnose visual
A diagnose visual consiste em se comparar visualmente o aspecto (coloração, tamanho,
forma) da amostra (planta, ramos, folhas) com o padrão. Na maioria das vezes o órgão
de comparação é a folha, pois é aquele que melhor reflete o estado nutricional da planta.
Como nas folhas ocorrem os principais processos metabólicos do vegetal, estas são os
órgãos da planta mais sensíveis às variações nutricionais.

Deve-se ressaltar que o sintoma visual de deficiência ou toxidez é o último passo de


uma série de problemas metabólicos, irreversíveis, e que quando aparecem, de maneira
geral, a produção já foi comprometida.

A chamada “fome ou toxidez oculta” ocorre quando a carência ou excesso são mais
leves. Assim, na diagnose visual, a sintomatologia de deficiência/excesso pode variar
com as culturas. Normalmente, a sintomatologia de deficiência ocorre em folhas velhas
(para os nutrientes móveis na planta) ou novas ou em brotos (para os nutrientes pouco
móveis na planta), e ainda pode ser visualizada na raiz, caracterizando diferentes tipos
de sintomas (PRADO, 2008).

Com isso, os sintomas visuais de deficiência nutricional podem ser agrupados em seis
categorias: crescimento reduzido; clorose uniforme ou em manchas nas folhas; clorose
entre as nervuras; necrose, coloração púrpura e deformações (MALAVOLTA, 2006).

A diagnose visual permite avaliar os sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes,


sendo possível fazer correções no programa de adubação, com certas limitações.
Entretanto, este método recebe críticas por uma série de limitações:

»» No campo, a planta pode sofrer interferências bióticas (pragas e patógenos)


e abióticas (temperatura, umidade) que podem mascarar a exatidão
da detecção do nutriente-problema, exigindo bastante experiência do
técnico com a cultura em questão.

»» O sintoma de deficiência de certo elemento pode diferir em diferentes


culturas, ou seja, o conhecimento do sintoma de deficiência em uma dada
espécie pode não ser válido para outra.

86
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

»» Podem ocorrer sintomas de deficiência iguais para um nutriente diferente


ou um nível de deficiência irá reduzir a produção sem que a planta
desenvolva qualquer sintoma.

»» Não permite o diagnóstico de deficiências múltiplas, devido ao


mascaramento dos sintomas típicos.

»» Confusão de sintomas de origem nutricional e não nutricional (estresse


hídrico e salino).

»» A diagnose visual não quantifica o nível de deficiência ou de excesso do


nutriente em estudo.

Cabe salientar que somente quando a planta apresenta uma desordem nutricional
aguda é que ocorre claramente a manifestação dos sintomas visuais de deficiência ou
excesso característico, portanto o uso da diagnose visual não deve ser a regra e, sim,
como um complemento da diagnose.

Diagnose foliar
A análise química do solo (falaremos sobre ela no próximo capítulo) é a mais utilizada
e a principal ferramenta para o diagnóstico da fertilidade do solo e estabelecimento da
necessidade de correção e adubação das culturas.

Mas o solo é um meio complexo, heterogêneo e nele ocorrem inúmeras reações químicas,
físico-químicas e microbiológicas que influenciam a disponibilidade e o aproveitamento
dos nutrientes aplicados com os fertilizantes.

Os tecidos das plantas, por sua vez, mostram o seu estado nutricional num dado momento,
de modo que a análise dos tecidos aliada à análise do solo permite um diagnóstico mais
eficiente do estado nutricional da cultura e das necessidades de alterações no programa
de adubação.

A análise foliar torna-se mais importante ainda no caso dos micronutrientes, para
os quais a análise do solo não está bem consolidada. Diante disso, a diagnose foliar
consiste na avaliação do estado nutricional de uma planta tomando uma amostra de um
tecido vegetal e comparando-a com seu padrão preestabelecido (MALAVOLTA, 2006).

Este padrão deve apresentar todos os nutrientes em proporções adequadas, capaz de


propiciar condições favoráveis para a planta expressar seu máximo potencial genético
para a produção.

As folhas constituem o tecido vegetal mais comumente empregado para a análise, pois
este órgão é a sede do metabolismo da planta (RAFIQUE et al., 2006). A utilização
87
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir relação


entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos foliares, sabendo assim
que incrementos ou decréscimos nas concentrações relacionam-se com produções mais
altas ou mais baixas.

Segundo Prevot e Ollagnier (1956), existe uma relação entre o fornecimento de um


nutriente pelo solo ou por um fertilizante e a concentração na folha, e uma relação
entre essa concentração e a produção da planta. Logo, a análise de tecidos vegetais é
uma técnica quantitativa a qual permite determinar teores totais de um elemento ou de
suas frações, na planta inteira ou em um de seus órgãos.

O teor de nutriente dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram
para afetá-lo. Para fins de interpretação dos resultados de análise química de plantas, é
preciso conhecer os fatores que afetam a concentração de nutrientes, os procedimentos
padronizados de amostragem e as premissas básicas para o uso da diagnose foliar:

»» Suprimento do nutriente pelo solo x produção. Isto quer dizer que em


um solo mais fértil a produção deverá ser maior que um solo de baixa
fertilidade.

»» Suprimento do nutriente pelo solo x teor foliar. Com o aumento do


suprimento do nutriente no solo, aumenta-se também o teor na folha das
plantas.

»» Teor foliar x produção. O aumento do nutriente na folha é que explicaria


o incremento da produção.

Especificamente, quanto à relação teor foliar e a produção tem-se diversas fases ou


zonas que merecem ser discutidas. Na faixa ou zona de deficiência, observam-se os
sintomas de deficiência visíveis nas plantas. Isto ocorre em solos (ou substratos) muito
deficientes no elemento que recebem doses do nutriente.

Na zona de transição ou deficiência leve, embora tenha sintomas de deficiência não visíveis
(fome oculta), existe uma relação direta entre o teor foliar e a produção. Assim, quando o
teor foliar proporciona 80 a 95% da produção máxima, corresponde o nível crítico.

Em seguida, tem-se o teor que reflete a máxima produção (100%). Assim, a planta que
apresenta o teor de um dado nutriente nesta fase corresponde à produção entre o nível
crítico e à produção máxima ou ótima.

Já na faixa ou zona de consumo de luxo, o aumento da concentração do nutriente não


resulta em aumento da produção. Corresponde a uma faixa da relação onde há uma
grande variação no teor foliar e pequena variação no crescimento ou produção.
88
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Esse fato é observado em solos não deficientes do nutriente que recebem doses do
elemento. Nesse caso, a planta absorve, mas não responde ao crescimento, ocorrendo
aumento da sua concentração (teor) nos tecidos da planta.

Finalmente, na faixa de toxidez, ocorre uma relação inversa entre o teor foliar (dose
do adubo) e o crescimento da planta. Logo, o aumento do teor do nutriente diminui
significativamente a produção. Desse modo, quando um dado teor do nutriente promove
queda igual ou superior 5 a 20% da produção máxima, é interpretado como nível tóxico.

Essas fases ou zonas podem ser melhor visualizadas no gráfico da figura 13.

Figura 13. Relação entre a concentração do nutriente no tecido e crescimento ou produção das culturas (lei dos
rendimentos decrescentes).

Fonte: http://www.ledson.ufla.br/wp-content/uploads/2016/01/ABAAAfNJsAH-1.jpg modificado pelo autor.

Essa relação é observada em solos (ou substrato) com excesso do nutriente e que recebem
doses deste; a planta o absorve, aumenta o teor no tecido, mas decresce o crescimento
devido a sua toxidez ou deficiência induzida de outro nutriente, devido ao desequilíbrio.

Salienta-se que na diagnose foliar é necessário que a planta esteja em uma época de
máxima atividade fisiológica, como no florescimento ou início de frutificação. É oportuno
informar que somente será válido um resultado de análise foliar se houver um padrão
para que este seja comparado, como falado anteriormente.

Existem variações desses padrões entre e dentro das espécies, dificultando a adubação.
Assim, o controle rigoroso destes critérios é que garantirá a validade do resultado
da análise química foliar, sua interpretação e a correção das deficiências com as
futuras adubações.

89
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

Já a etapa de amostragem é a mais crítica e a que apresenta maior possibilidade de erros.


Para a amostragem correta da folha-diagnose propriamente dita, devem-se considerar
alguns critérios que são específicos a cada cultura como: tipo de folha, época de coleta
e número de folhas por talhão.

Quanto ao tipo de folha, normalmente é a recém-madura totalmente aberta


(desenvolvida), pois esta deve ter uma maior sensibilidade para refletir o real estado
nutricional da planta, além de ter sofrido pouco efeito da redistribuição dos nutrientes.
Esta folha é chamada de folha-diagnose ou folha-índice.

A época de amostragem deve ocorrer em estádios fisiológicos definidos, uma vez que
os nutrientes podem variar com a idade da planta. Segundo Fageria et al. (2004), por
exemplo, quando a planta de arroz está com 20 dias de idade, o teor adequado de fósforo
na parte aérea é de 4,0 g kg-1, já quando a planta atingiu a idade de 80 dias, o teor de P
é de 1,0 g kg-1 de matéria seca.

Normalmente, é adotado que a época de amostragem deve coincidir com a maior


atividade fisiológica da planta (ou atividade fotossintética), muitas vezes ocorre na
época da fase reprodutiva desta. Nesta época, a concentração de nutrientes é maior.

Diagnose foliar na agricultura de precisão

Uma das opções de manejo utilizadas para minimizar os efeitos da variabilidade na


produtividade das culturas é a agricultura de precisão, que representa um conjunto de
técnicas e procedimentos utilizados para que os sistemas de produção agrícola sejam
otimizados, tendo como objetivo principal o gerenciamento da variabilidade espacial
(MOLIN, 2000).

Para isso, na agricultura de precisão é importante a caracterização e a descrição da


variabilidade espacial dos teores foliares de nutrientes e da produtividade das culturas,
visando à correlação desses dados para auxiliar o manejo da adubação, sobretudo no
que se refere à aplicação localizada e em taxas variáveis de fertilizantes.

Na caracterização dessa variabilidade, a geoestatística tem sido relatada como uma


ferramenta eficiente, possibilitando a interpretação dos resultados com base na
variabilidade obtida pelos dados (CARVALHO et al., 2002).

A geoestatística é um ramo da estatística que utiliza conceito de variáveis regionalizadas


na avaliação de variabilidade espacial. Não se limita apenas em obter um modelo de
dependência espacial, pretende também estimar valores de pontos nos locais onde não
foram coletados (SRIVASTAVA, 1996).

90
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

É uma ferramenta que utiliza o conceito de variáveis regionalizadas na avaliação de


variabilidade espacial por meio da extração e organização espacial dos dados disponíveis
de acordo com a semelhança entre pontos vizinhos georreferenciados, sendo a maneira
mais correta que se tem conhecimento para analisar essa variabilidade (VIEIRA, 2000).

No caso do estudo da diagnose foliar, a análise geoestatística permite conhecer a


variabilidade espacial dos teores foliares de nutrientes e seu emprego fornece informações
importantes quanto ao planejamento e manejo das áreas cultivadas (BERNARDI et al.,
2002; RESENDE et al., 2005).

Segundo Vieira et. al (2010), estudando a variabilidade espacial dos teores foliares de
nutrientes e da produtividade da soja em dois anos de cultivo em um latossolo vermelho,
viram que houve dependência espacial para os teores foliares de alguns nutrientes e
para a produtividade de grãos de soja passível de ser mapeada em uma área com cerca
de 2 hectares, adubada de maneira homogênea.

Interpretação dos resultados da análise foliar


O preparo do material vegetal e a análise química ocorrem normalmente no laboratório
de Nutrição de Plantas, sendo uma etapa importante nos estudos de diagnose foliar.
Neste sentido, Hanlon, Obreza e Alva (1995) relataram que a interpretação da análise
química foliar pode sofrer influência do estádio fisiológico da folha coletada, do método
analítico e dos procedimentos de preparo da amostra.

A interpretação da análise química dos tecidos da amostra é feita por meio da comparação
dos resultados emitidos pelo laboratório com os valores estabelecidos nos padrões da
literatura.

Na interpretação, é importante lembrar que uma série de fatores bióticos e abióticos


influencia a composição mineral dos tecidos vegetais. Logo, é de suma importância que
o técnico use toda sua experiência e conhecimento desses fatores local e regional.

A análise química foliar pode ser interpretada tomando-se um único nutriente, por
meio do método do nível crítico ou da faixa de suficiência ou tomando como base a
relação entre os nutrientes feita pelo método denominado DRIS (Sistema Integrado de
Diagnose e Recomendação) e pelos fertigramas.

Nível crítico ou faixa de suculência pode ser definido por Malavolta (1997) como: teor do
nutriente na folha abaixo do qual a produção é reduzida e, acima, em que essa produção
não é econômica.

O nível crítico tem sido definido com o teor do nutriente com o qual a planta terá 10%
de redução na sua performance máxima (produção). Entretanto, há situações em

91
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

que 10% de redução é inaceitável, por causa do valor da cultura em relação ao custo
de fertilizante.

Nesse caso, o nível crítico pode ser definido como o teor do nutriente com o qual a
planta apresentará performance muito próxima da máxima. A mudança no conceito
de redução de 10, 5, 1 ou 0,1% na performance da planta implica, na maioria das vezes,
a necessidade de quantidade muito maiores de fertilizantes, seguindo-se a lei dos
rendimentos decrescentes (BOUMA, 1983).

Logo, não adianta usar o fertilizante além de um dado nível ou quantidade, pois mesmo
que a produção continue a crescer (consumo de luxo), o aumento na colheita não paga
o adubo adicional aplicado. Mas, há situações em que esse critério deve ser analisado,
pelo valor da cultura em relação ao custo do fertilizante.

Diversos procedimentos podem ser utilizados para definir o nível crítico de um nutriente
na matéria seca da planta. Procura-se relacionar, geralmente, os teores do nutriente na
matéria seca de determinado órgão e a performance da planta (produção) com doses
crescentes do nutriente adicionado ao meio, buscando-se relações matemáticas entre
elas, geralmente modelos de regressão não lineares.

A relação entre o teor do nutriente e a performance da cultura pode ser obtida em


experimentos realizados com doses crescentes do nutriente aplicado na solução do
solo. Os demais fatores não devem ser limitantes.

Uma das limitações deste método consiste na forma como os padrões de referência são
estabelecidos. Normalmente são definidos a partir de ensaios de adubação conduzidos
em casas de vegetação (vasos) ou a campo, com diferentes tipos de solos e de clima.

O método DRIS, desenvolvido por Beaufils (1973), é um método de interpretação da


análise foliar que considera o equilíbrio nutricional, diferentemente da técnica dos
níveis críticos que apresentam a desvantagem dos nutrientes serem interpretados
individualmente, não se considerando as interações entre eles. É considerado uma
ferramenta da agricultura de precisão.

Para a interpretação, fazem-se comparações entre as relações dos nutrientes da amostra


com as médias das razões da população de referência (normas) obtendo-se, assim, os
índices DRIS para cada nutriente da lavoura amostrada. Admite-se que essas relações
apresentem menores variações com a idade da planta do que com os níveis críticos ou
as faixas de suficiência.

O método DRIS não indica se um determinado nutriente encontra-se deficiente ou em


concentração de toxidez, mas qual o nutriente mais limitante e a ordem de limitação
dos nutrientes.

92
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Os índices DRIS podem assumir valores negativos (deficiência do nutriente em relação


aos demais), ou positivos (nutriente está com teor excessivo). O índice DRIS igual a
zero indica que o teor do nutriente está no valor ótimo em relação aos outros.

Para os diversos métodos de interpretação, a diagnose foliar tem servido basicamente


para o acompanhamento dos resultados da adubação (recomendada com base na
análise química do solo), sendo nesse caso, uma interpretação apenas qualitativa.

Principalmente em culturas perenes, em que a adubação é aplicada parceladamente,


a interpretação da análise foliar pode dar informações importantes para um ajuste
no plano de adubação, recomendado pela análise do solo. Nesse caso, a interpretação
seria quantitativa. Porém, são poucas as informações sobre as quantidades de adubos
que devem ser aumentadas, no caso da diagnose foliar indicar alguma deficiência, ou
diminuídas, no caso de se detectar algum excesso.

No site do IPNI (International Plant Nutrition Institute), que mostra as instruções


para coleta das amostras de folhas, você pode fazer o Diagnóstico Nutricional
da sua lavoura, em que as análises foliares são interpretadas pela faixa de
suficiência e pelo DRIS para as principais culturas: Algodão, Café, Citros, Maçã,
Manga, Milho, Soja e Eucalipto. É só acessar esse link: (https://dris.ipni.net/DRIS/
DiagNutricional.nsf/$Login?OpenForm) e cadastrar usuário e senha.

Os fertigramas também podem ser utilizados para interpretar as análises químicas das
plantas, apesar do nível crítico e do DRIS serem os mais utilizados. Fertigramas são
gráficos construídos com círculos concêntricos com tantas divisões radiais quantos
forem os nutrientes a serem plotados. Na interseção entre o círculo mediano e os
segmentos radiais são alocados os valores dos níveis críticos determinados previamente
para a cultura estudada.

Os teores obtidos das análises foliares das culturas são, então, plotados no fertigrama,
no raio correspondente e, após a ligação dos pontos, origina-se um polígono, a partir
do qual se interpreta o estado nutricional da cultura. Picos a partir do círculo de níveis
críticos indicam excessos, e reentrâncias significam deficiência.

93
CAPÍTULO 2
Análise da fertilidade do solo e
interpretação dos resultados

Análise do solo
Solos são materiais heterogêneos que apresentam variação em suas propriedades até
mesmo em distâncias de alguns centímetros. A amostra que chega ao laboratório para
ser analisada representa uma pequena fração de todo o solo.

Logo, a amostragem do solo é uma etapa crítica e de primordial importância para o


sucesso de uma adubação, não sendo uma etapa simples. Em geral, não pode ser repetida
e uma amostra mal coletada não revela, pelo seu aspecto, se é ou não representativa da
gleba ou área amostrada.

Para a escolha das glebas a serem amostradas, há duas maneiras diferentes de abordagem.
A primeira é pela maneira tradicional, definindo-se glebas homogêneas (divide-se em
glebas de até 10 ha ou mais, no caso de solos bem uniformes); já a segunda busca identificar
a variabilidade espacial dos resultados das análises, dentro da chamada agricultura
de precisão.

A análise do solo pode ser precisa, mas se não obtiver um mapa que represente a
variabilidade e esta represente a variação da produtividade, não pode ser considerada
uma atividade destinada à agricultura de precisão, cuja técnica suscita questionamento
quanto à localidade da amostra.

Na agricultura de precisão deve-se definir não apenas o posicionamento geográfico dos


pontos a serem amostrados utilizando o Global Positioning System (GPS), mas também
o número de subamostras a retirar para cada ponto (Figura 14).

Neste enfoque, não são consideradas áreas homogêneas, como falado na amostragem
feita pela maneira tradicional, pois a amostragem é que irá fornecer elementos para
avaliar a variabilidade dos atributos medidos.

Uma orientação comum para se fazer a amostragem de um solo é coletar 20 amostras


simples por amostra composta, qualquer que seja a área a ser amostrada. Mas, é sabido
que na prática os custos das amostragens são elevados, que leva, por vezes, à retirada
de menos pontos por amostra composta (RAIJ, 2011).

94
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Figura 14. Geração do mapa de fertilidade por meio da interpolação de dados obtidos por amostragem em grade.

Fonte: http://www.agriculturadeprecisao.org.br/upimg/publicacoes/pub_boletim-tecnico-02---amostragem-
georreferenciada-03-02-2015.pdf.

Com isso, podemos falar que a análise química do solo é um dos recursos mais usados no
Brasil para avaliação da fertilidade do solo. Por meio de extratores químicos, procura-
se determinar o grau de suficiência ou de deficiência dos elementos no solo, além de
quantificar condições adversas que possam prejudicar o desenvolvimento das plantas
(RAIJ, 2011).

Os resultados de Bernardi e Inamasu (2014) confirmam isso, indicando que a análise de


solo é uma prática comum entre os entrevistados, uma vez que 83 e 93% das propriedades
sob sistema de cultivo convencional e com uso de AP, respectivamente, a realizam.

Alguns usuários de AP (26%) afirmam ainda que realizam análise de solo a cada 3 anos.
As recomendações realizadas sem os resultados da análise de solo utilizando doses e
formulações padronizadas podem não levar em consideração as reais necessidades das
culturas e a disponibilidade de nutrientes no solo, o que pode causar prejuízos (uso
indevido de insumos), e levar à degradação ambiental, desequilíbrio nutricional e baixa
produtividade.

A grade de amostragem é fundamental para a avaliação da variabilidade espacial dos


atributos dos solos e para estabelecer um programa de recomendação de correção e
adubação deste utilizando as ferramentas de AP (Figura 14). A maioria do grupo que
utiliza AP (72%) realiza amostragem especializada, com destaque para os Estados do
MT, MS e MG onde estes valores são acima de 80%.

O tamanho da grade amostral está relacionado com a acurácia da amostragem, e


também ao custo. De modo geral, a maioria dos entrevistados informou que utilizam
grades de 3 a 4 ha (24%) e de 5 ha (26%). Estas grades maiores podem não ser eficientes
para indicar as variações nas propriedades químicas e físicas dos solos nestas áreas
(MCBRATNEY et al., 2005).
95
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

Se em uma propriedade, duas amostras de locais diferentes apresentam uma recomendação


diferenciada que impacta economicamente, então a aplicação de fertilizante à taxa variável
pode vir a ser interessante. A aplicação de taxas variáveis baseada em mapeamento tem
sido utilizada com sucesso nas operações de adubação e correção da fertilidade do solo.

Logo, a aplicação de fertilizantes à taxa variável é, hoje, uma necessidade, razão pela qual
se desenvolvem tecnologias para aplicações em taxa variada atuando-se diretamente
sobre as variações espaciais e temporais.

Para isto, são montados dispositivos em máquinas de aplicação que comandam as


decisões de variação da aplicação, processando os dados dos sensores (tomada de
potência-TDP, velocidade, posição no campo, entre outros) e os dados inseridos pelo
usuário aplicando-se, portanto, a dose necessária (DALLMEYER; SCHLOSSER, 1999).

Isto torna possível que os fertilizantes e corretivos sejam aplicados em doses variáveis e
somente nos locais necessários, eliminando a aplicação de doses uniformes em área total.

Do ponto de vista prático, este pode ser considerado um dos maiores mercados para
viabilização imediata da agricultura de precisão, trazendo vantagens tanto do ponto de
vista econômico quanto ambiental.

A coleta de amostra pode ser feita com diversas ferramentas: enxadão, pá, tubo para
amostragem ou sonda, trado (mais utilizado), entre outros. Em qualquer caso, é necessário
que as subamostras sejam retiradas de maneira uniforme em volume e profundidade.

No caso da AP, há necessidade de mecanização no campo com sondas acopladas a


camionetes ou tratores, ou movimentação com motocicletas e amostragem manual
(Figura 15). Os pontos amostrados são definidos pelo computador, em que é
recomendado, na AP, retirar de três as seis subamostras em torno do ponto escolhido.

Lembrando que para formar a amostra composta, as subamostras devem ser bem
misturadas, ficando bem homogêneas.

Figura 15. Amostrador hidráulico automatizado montado em quadriciclo (A) e um amostrador manual com motor
de combustão interna (B).

Fonte: http://www.agriculturadeprecisao.org.br/upimg/publicacoes/pub_boletim-tecnico-02---amostragem-georreferenciada-03-02-2015.pdf.

96
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Em relação às conversões de unidades encontradas nas análises de solo, as representações


antigas podem ser convertidas nas novas, considerando as relações indicadas na tabela 4.

Para cada local (clima: umidade, temperatura), planta (dentro de cada espécie a
necessidade de nutrientes é diferente) e solo (vai variar de acordo com a textura) terá
uma recomendação de adubação diferente. Essa recomendação também vai variar com
o estádio fenológico da cultura.

Tabela 4. Fatores para conversão de unidades antigas em unidades do Sistema Internacional de Unidades.

Unidade antiga A) Unidade nova (N) Fator de conversão (F)


% g/Kg, g/dm³, g/L 10
ppm mg/Kg, mg/dm³, mg/L 1
meq/100cm³ mmolc/dm³ 10
meq/100g mmolc/Kg 10
meq/L mmolc/L 1
P2O5 P 0,437
K2O K 0,830
CaO Ca 0,715
MgO Mg 0,602
mmh/cm dS/m 1

Fonte: Instintuto Agronômico (IAC) - http://www.iac.sp.gov.br/produtoseservicos/analisedosolo/interpretacaoanalise.php.

No link: http://www.iac.sp.gov.br/produtoseservicos/analisedosolo/interpretacao
analise.php encontram-se tabelas do IAC com as recomendações de adubação
(N, P, K, acidez e micronutrientes) para as culturas cultivadas no Estado de São
Paulo.

Logo, para que o agricultor possa fazer uma boa adubação no solo da sua propriedade,
ele deverá procurar um profissional da área, o qual utilizará tabelas de recomendações
elaboradas por instituições de confiança (boletins técnicos e artigos), especificamente
para a região e cultura que o agricultor produz, e assim aumentar a produção da lavoura.

O site do IPNI, como já foi citado no capítulo anterior, mostra as instruções de como
proceder na coleta das amostras de solo, em que suas análises podem ser avaliadas
e interpretadas graficamente com a apresentação do Fertigrama, no qual podem ser
obtidas recomendações de adubação para as principais culturas.

Essa recomendação é baseada nos principais sistemas de recomendação


existentes no País como: IAC-SP, CFSE-MG, EMBRAPA, EMBRAPA-Cerrados,
CQFS-RS/SC e Fundação MT. É só acessar esse link: https://dris.ipni.net/DRIS/
DiagNutricional.nsf/$Login?OpenForm, e cadastrar usuário e senha.

97
CAPÍTULO 3
Nutrição mineral e fertilidade de plantas
utilizando a agricultura de precisão

Sensores
O uso de sensores diretos ou remotos, conforme haja ou não contato físico com o objeto
alvo, tem denotado grande potencial de aplicação no manejo das lavouras. São exemplos
de sensores voltados para nutrição e fertilidade do solo os utilizados na determinação
do pH deste, dos teores de matéria orgânica, da condutividade elétrica, da umidade
volumétrica do solo e do status de nitrogênio em plantas, assim como os sensores de
múltiplos propósitos instalados em satélites orbitando a Terra.

Entre os sensores de uso direto destaca-se a utilização de medidor do teor relativo de


clorofila ou clorofilômetro, visando à identificação de deficiências de N e sua possível
correção durante o ciclo das culturas (HURTADO et al., 2011).

Ainda segundo esses autores, o clorofilômetro é bastante confiável pela alta correlação
entre as leituras da concentração relativa de clorofila e os teores foliares de N. Quando
determinadas em grade amostral adequada, as leituras possibilitam a geração de
informações especializadas sobre o estado nutricional das culturas.

No entanto, o pós-processamento necessário à geração dos mapas de recomendação


reduz a praticidade da ferramenta para utilização em larga escala, em que se prioriza a
rapidez na identificação e correção de zonas deficientes em nitrogênio.

Nesse contexto, um avanço importante foi a disponibilidade de sensores multiespectrais.


Quando acoplados a veículos agrícolas, esses sensores viabilizam, de maneira ágil, a
obtenção de dados especializados sobre o estado nutricional das lavouras em relação
ao nitrogênio.

Se associados a equipamentos dotados de controladores de aplicação em taxa variada


de fertilizantes, possibilitam o redimensionamento de dosagens de N em tempo real,
durante as adubações de cobertura.

O desempenho de sensores multiespectrais fundamenta-se na correlação entre nutrição


nitrogenada e a intensidade da coloração verde das plantas, por meio do fornecimento
do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI). Desse modo, pode-se
relacionar as leituras com os níveis de adubação nitrogenada, conteúdo de N foliar e
produtividade (MOLIN, 2010).
98
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Sensores multiespectrais podem ser também embarcados em plataformas orbitais,


permitindo a obtenção de imagens de alvos terrestres com diferentes graus de precisão
ou resoluções espacial, espectral e temporal.

As imagens obtidas, que podem ser por drones ou vants, são tratadas calculando-se
o NDVI a partir de sensores com resolução espectral nas bandas do vermelho e do
infravermelho próximo, contribuindo para a identificação de zonas de manejo nas
lavouras. A partir dessas imagens, são possíveis inferências sobre atributos do solo,
como a matéria orgânica.

Além disso, devido ao bom desempenho de equipamentos em bancada de laboratório


iniciou-se o desenvolvimento de novos equipamentos para avaliar o potencial de
predição de atributos do solo (umidade, condutividade elétrica, matéria orgânica, CTC,
pH, C, P, N) realizando as leituras em movimento no campo (CHRISTY, 2008).

Estes equipamentos são compostos por um grande conjunto de sensores funcionando


simultaneamente sob condições adversas e, portanto, estão sujeitos a uma série de
problemas operacionais, além de serem menos estáveis que os equipamentos padrões
de uso em laboratório.

Sensores de condutividade elétrica (CE) ou de resistividade elétrica (RE) do solo são


uma alternativa rápida e de baixo custo para a caracterização física do solo com alto
nível de detalhamento espacial. Segundo Molin e Rabello (2011), a CE tem uma boa
correlação com o teor de umidade do solo e com a textura, o que permite a utilização
destes sensores para caracterizar o solo fisicamente.

Cherubin et al. (2014) estudaram a dependência espacial do pH do solo em trinta áreas


de culturas amostradas utilizando grades quadradas de 100, 142 e 173 m. Os autores
concluíram que a densidades amostrais utilizadas não foram eficientes em caracterizar
a variabilidade espacial do pH, podendo comprometer a acurácia de prescrições de
calagem em taxas variáveis.

Por outro lado, o aumento da densidade amostral visando caracterizar eficientemente a


distribuição espacial do pH gera aumento nos custos, tornando a técnica economicamente
inviável. Neste sentido, nos últimos anos têm surgido equipamentos capazes de sensoriar o
solo em tempo real e com alta densidade amostral (sensores móveis).

Um desses equipamentos visa mapear o pH do solo no campo utilizando eletrodos íon


seletivos embarcados em uma plataforma móvel tracionada por um trator (ADAMCHUK
et al., 2004).

Apesar de a técnica apresentar maior incerteza nas leituras pontuais em relação


às realizadas em laboratório com amostras de solo preparadas (secadas, moídas e

99
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

peneiradas), a alta densidade amostral é capaz de compensar seus efeitos e melhorar as


prescrições de calagem em taxa variável (ADAMCHUK et al., 2004).

Eitelwein et al. (2015), trabalhando com o mapeamento do pH do solo em tempo real,


constaram que o equipamento foi eficiente em captar a variabilidade espacial do pH
do solo, no entanto existe a necessidade de transformação dos dados para a escala da
metodologia de laboratório desejada (Figura 16).

Figura 16. Mapas da distribuição espacial do pH do solo mensurado em laboratório utilizando água (A) e solução
de KCl (B), e no campo com o equipamento MSP utilizando 27 (C) e 208 pontos (D).

Fonte: http://www.agriculturadeprecisao.org.br/upimg/publicacoes/pub_mapeamento-do-ph-do-solo-em-tempo-real---mateus-t-
eitelwein-rodrigo-g-trevisan-andrea-g-hernandez-michel-i-v-rudan-leonardo-f-maldaner-jose--p-molin--cbcs-2015-17-10-2016.PDF.

McBratney, Mendonça Santos e Minasmy (2003) destacam que vários equipamentos


de condutividade elétrica têm sido utilizados para mapeamento detalhado do solo em
AP, entre eles o EM38 que trabalha com indução eletromagnética e o Veris 3100 que
utiliza discos rolantes metálicos ou similares (Figura 17).

Figura 17. Medidor de condutividade elétrica do solo (Veris 3100) e um diagrama mostrando a CE na superfície e
em profundidade com o receptor de GPS e o disco de eletrodos.

100
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

Fonte: http://extension.colostate.edu/topic-areas/agriculture/field-ec-mapping-a-new-tool-to-make-better-decisions-0-568/.

Essa propriedade está relacionada à mineralogia do solo, ao teor de sais, ao conteúdo de


umidade e à textura, existindo numerosos estudos que procuram estabelecer modelos
de regressão com a umidade, a espessura do perfil de solo e o teor de argila.

Sensores ativos de dossel acoplados a máquinas capazes de realizar aplicação em taxas


variáveis e em tempo real de nitrogênio (N) vêm sendo usados com sucesso em outros
países, mostrando que é possível economizar fertilizantes nitrogenados e aumentar a
produtividade do milho (RAUN et al., 2005).

Espectroscopia de reflectância
O uso da espectroscopia de reflectância, visando aplicações como a determinação
remota das propriedades químicas, físicas e composição mineralógica dos solos também
é outra técnica de medir a fertilidade e nutrição da planta, em que é demonstrada desde
a década de 70 (CHABRILLAT et al., 2013).

O espectro de um determinado material obtido com radiação infravermelho é o resultado


da absorção de energia (luz) por moléculas orgânicas, particularmente aquelas que
possuem grande número de ligações do tipo C-N, N-H e O-H (AMORIM, 1996). Na área
de solos e nutrição de plantas o sistema de análises por infravermelho próximo (NIR)
pode ser usado na determinação dos teores de nutrientes na folha (MEYER, 1999).

De modo geral, os principais constituintes dos solos que influenciam seu comportamento
espectral são a matéria orgânica, argilo-minerais, óxidos de ferro, além da distribuição
granulométrica e umidade. A quantidade de radiação refletida comparada com a quantidade
incidente sobre a amostra fornece a medida de reflectância captada por sensores.

Como os solos apresentam diferentes constituintes, estes podem ser qualificados pela
análise de sua resposta espectral (DALMOLIN et al., 2005). Em solos brasileiros,
trabalhos pioneiros como o de Demattê e Garcia (1999) já indicavam a relação entre
o comportamento de curvas espectrais no VIS-NIR (região espectral do visível ao
infravermelho próximo) e atributos como matéria orgânica e mineralogia do solo.
101
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

Outros constituintes que são espectralmente caracterizados na região do infravermelho


próximo são: ferro, alumínio, magnésio e silício. Estes elementos estão fortemente
relacionados com o teor de argila e com a superfície específica, e ambas são espectralmente
ativas (DALMOLIN et al., 2005).

Em estudos mais recentes, Franceschini et al. (2013) desenvolveram modelos


satisfatórios para a predição da textura do solo, com coeficientes de determinação (R²)
de 0,87, 0,80 e 0,92 para areia, silte e argila, respectivamente, apontando esta como
uma ferramenta promissora na determinação de atributos do solo.

Santos, Pereira e Korndörfer (2010) estudaram o uso do sistema de análises por


infravermelho próximo (NIR) para análises de matéria orgânica e fração argila em
solos e teores foliares de silício e nitrogênio em cana-de-açúcar.

Eles concluíram que os níveis de correlação do sistema de análises por infravermelho


próximo (NIR) foram considerados altos e que as análises de Si e N no tecido vegetal
realizadas pelos métodos padrões são complexas, demoradas e requerem grande
quantidade de reagentes tóxicos.

Mapas de fertilidade utilizando o


georreferenciamento
Atualmente, no Brasil, a identificação da variabilidade espacial das lavouras tem focado
diretamente a realização de amostragens georreferenciadas de solo para mapeamento
da sua fertilidade. Com isso, técnicas que permitam otimizar o esforço amostral,
mantendo a confiabilidade na recomendação do manejo sítio específico, vêm sendo
demandadas.

Logo, com todas as variáveis referentes à fertilidade do solo e nutrição de plantas (visto
nos capítulos anteriores), faz se o mapeamento da fertilidade dos solos. Através da
coleta e análise de uma ou mais amostras de solo por hectare, georeferenciadas com o
auxílio do GPS, é possível fazer um mapeamento por nutriente. Com os resultados de
análises de solo em mãos, por exemplo, realiza-se a interpolação dos dados, utilizando
técnicas geoestatísticas, obtendo, assim, os mapas de fertilidade.

O mapa indica o teor de cada nutriente no solo em cada ponto deste, permitindo verificar
a possibilidade de problemas devido à carência de algum deles, e se é necessário fazer
a correção.

Uma das vantagens é que, tendo-se o mapa, a correção é feita apenas na quantidade e no
local onde é necessário, evitando o desperdício de fertilizantes. Logo, a partir da análise

102
ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO │ UNIDADE IV

dos mapas de produtividade com mapas de fertilidade, somando todas as informações


espaciais e temporais georreferenciadas disponíveis, se fazem os mapas de aplicação
localizada de insumos.

Tais mapas contêm a recomendação de qual insumo aplicar, quanto, e a posição


onde fazê-lo. Lembrando que o número de amostras de solo por hectare interfere nos
resultados da fertilidade da área, como pode ser visto na figura 18.

Figura 18. Mapas de fertilidade e de prescrição de calagem para uma mesma área gerados com diversas
densidades de amostragem.

Fonte: http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/99F3F60DC307E31985257A84005CB8F6/$FILE/Jornal19-25-138.pdf.

Essa recomendação vai armazenada num cartão magnético, que será lido pelas máquinas
e equipamentos de aplicação localizada. Máquinas contam com controladores de
aplicação “inteligentes”, conectados ao DGPS (GPS com correção diferencial) e capazes
de seguir as instruções estabelecidas pelo mapa de aplicação.

É possível também fazer o mapa do que está sendo aplicado, para posterior avaliação do
desempenho real da aplicação. É só ir registrando as quantidades aplicadas a cada ponto
georreferenciado da operação. Logo, a agricultura de precisão tem grande potencial de
desenvolvimento, pois possibilita a maximização de lucratividade ao produtor, mesmo
envolvendo elevados custos com tecnologia, como máquinas, sensores e vants.
103
UNIDADE IV │ ANÁLISE DO SOLO E DIAGNOSE FOLIAR UTILIZANDO A AGRICULTURA DE PRECISÃO

Lembrando que a sustentabilidade financeira no uso dessa ferramenta ao longo do


tempo depende do constante aperfeiçoamento do seu ciclo como um todo (amostragem
de solo, mapeamento, tomada de decisão de manejo, aplicações à taxa variável,
monitoramento do solo e das culturas, aferição de desempenho e reorientação quando
necessário) e não apenas da prática isolada de algumas das etapas constituintes.

Um ciclo completo na agricultura de precisão tem, além de determinações de campo,


o processamento de dados e a elaboração de mapas de prescrição ou atributos para a
correção de rumos.

Por essas necessidades, muitos softwares foram desenvolvidos por entidades públicas e
privadas, até mesmo em conjunto, possibilitando ao usuário o aproveitamento máximo
dos dados obtidos na área (PIRES et al, 2004), em que o sistema de Informação
Geográfica (SIG) organiza essas informações por camadas temáticas, possibilitando um
trabalho mais rápido e prático.

Resende et al. (2005) estudaram amostragens em grids variando entre 0,25 e 9,0
hectares e obtiveram dependência espacial para todos os atributos ao utilizar grids de
até 2,25 ha, exceto para o nutriente P, que apresentou dependência somente em grids
de 0,25 ha ou quatro amostragens por hectare.

Já a matéria orgânica, K, Ca e Mg mostraram dependência em grids de até 4,0 ha. Assim,


o trabalho evidenciou que o P apresentou alta variabilidade espacial e que os grids
de amostragens utilizados pelos produtores, de 2,0 a 3,0 ha, podem não representar
fielmente a fertilidade do solo para o P (LEÃO et al., 2007).

Portanto, para se ter uma boa amostragem do solo, incluindo o elemento P, o agricultor
deve trabalhar com grids menores, o que aumentaria os custos das amostragens.

Constatado o problema, deve haver a tomada de decisão para corrigir a fertilidade com
aplicação em taxa variável ou em zonas de manejo de calcário, fosfatados e cloreto de
potássio. Estas aplicações são realizadas por máquinas que utilizam sinal de satélite
para aplicar a dose correta em cada região da lavoura.

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