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SÉRIE ELETROELETRÔNICA

PROJETOS DE
CIRCUITOS
ELETRÔNICOS

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 1 23/06/2017 10:08:47


CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

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SÉRIE ELETROELETRÔNICA

PROJETOS
DE CIRCUITOS
ELETRÔNICOS

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© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional


Projetos de circuitos eletrônicos / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2017.
365 p. : il. ; 30 cm. - (Série eletroeletrônica)

Inclui índice e bibliografia


ISBN 978-85-505-0214-4

1. Circuitos eletrônicos - Projetos. I. Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título. III. Série.

CDU: 621.3.049

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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br

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Lista de ilustrações
Figura 1 -  Escopo do produto em relação ao escopo do projeto....................................................................27
Figura 2 -  Consulta às bases de dados.......................................................................................................................32
Figura 3 -  Inovação tecnológica...................................................................................................................................36
Figura 4 -  Análise de viabilidade técnica..................................................................................................................38
Figura 5 -  Análise de viabilidade financeira.............................................................................................................39
Figura 6 -  Aspectos e impactos ambientais.............................................................................................................42
Figura 7 -  Descarte de resíduos....................................................................................................................................43
Figura 8 -  Estrutura do ciclo de vida do projeto.....................................................................................................44
Figura 9 -  Estrutura analítica do projeto (EAP).......................................................................................................45
Figura 10 -  Estrutura analítica do projeto de instalação de um sensor de luminosidade......................46
Figura 11 -  Estrutura analítica do projeto de circuitos eletrônicos.................................................................50
Figura 12 -  Diagrama de PERT para a instalação de um sensor de luminosidade.....................................52
Figura 13 -  Diagrama de PERT para o projeto de circuitos eletrônicos ........................................................54
Figura 14 -  Diagrama Gantt para o projeto de circuitos eletrônicos..............................................................55
Figura 15 -  Cronograma de atividades para o projeto de circuitos eletrônicos.........................................57
Figura 16 -  Custo ..............................................................................................................................................................59
Figura 17 -  Ciclo da gestão de riscos..........................................................................................................................63
Figura 18 -  Brainstorming...............................................................................................................................................64
Figura 19 -  Lista de verificação ....................................................................................................................................65
Figura 20 -  Cabeçalho de uma lista de verificação de uma placa de circuito impresso..........................67
Figura 21 -  Diagrama de pareto ..................................................................................................................................68
Figura 22 -  Diagrama de causa e efeito.....................................................................................................................69
Figura 23 -  Analisando o problema e encontrando a solução através do 5W2H.......................................69
Figura 24 -  Histograma ...................................................................................................................................................71
Figura 25 -  Gráfico de controle ....................................................................................................................................72
Figura 26 -  Gráfico de dispersão..................................................................................................................................73
Figura 27 -  Representação dos 5S...............................................................................................................................74
Figura 28 -  Etapas do programa 8S.............................................................................................................................75
Figura 29 -  Seis chapéus do pensamento................................................................................................................77
Figura 30 -  Exemplo de fluxograma...........................................................................................................................78
Figura 31 -  Macroprocessos do PMBOK®..................................................................................................................79
Figura 32 -  Melhoria do processo................................................................................................................................80
Figura 33 -  Melhoria do produto.................................................................................................................................80
Figura 34 -  Gráfico de controle de uma linha de produção de placas de circuito impresso.................83
Figura 35 -  Gráfico de pareto de ocorrências em um processo de verificação de
placas de circuito impresso.....................................................................................................................84
Figura 36 -  Gráfico de pareto do custo do retrabalho em um processo de verificação de
placas de circuito impresso.....................................................................................................................85

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Figura 37 -  Diagrama de Ishikawa das possíveis causas da problemática de solda
dos componentes.......................................................................................................................................88
Figura 38 -  Diagrama de Ishikawa dos fatores selecionados para a proposta de melhoria...................89
Figura 39 -  Planejamento dos subcircuitos de um projeto eletrônico..........................................................98
Figura 40 -  Corrente contínua.................................................................................................................................... 100
Figura 41 -  Corrente alternada.................................................................................................................................. 100
Figura 42 -  Fontes de energia elétrica.................................................................................................................... 101
Figura 43 -  Baterias e pilhas........................................................................................................................................ 102
Figura 44 -  Dimensões básicas de pilhas e baterias.......................................................................................... 105
Figura 45 -  Sistema de energia fotovoltaica e eólica distribuídos................................................................ 105
Figura 46 -  Três tecnologias de painéis fotovoltaicos....................................................................................... 106
Figura 47 -  O papel da fonte de alimentação em um circuito eletrônico.................................................. 108
Figura 48 -  Etapas de um conversor CC-CC.......................................................................................................... 109
Figura 49 -  Etapas de um conversor CA-CC.......................................................................................................... 110
Figura 50 -  Transformação do sinal CA................................................................................................................... 110
Figura 51 -  Retificação do sinal CA........................................................................................................................... 111
Figura 52 -  Filtragem do sinal CC.............................................................................................................................. 112
Figura 53 -  Regulação CC-CC..................................................................................................................................... 113
Figura 54 -  Exemplo de regulador linear............................................................................................................... 114
Figura 55 -  Exemplo fonte não linear (CC-CC)..................................................................................................... 115
Figura 56 -  Fusíveis utilizados em dispositivos eletrônicos............................................................................ 115
Figura 57 -  A função das fontes auxiliares em um circuito eletrônico........................................................ 116
Figura 58 -  Componentes de tecnologia PTH e SMD........................................................................................ 117
Figura 59 -  Símbolo do fusível................................................................................................................................... 119
Figura 60 -  Símbolo do resistor................................................................................................................................. 119
Figura 61 -  Tabela de cores de resistores de encapsulamento PTH............................................................. 120
Figura 62 -  Trimpots e potenciômetros................................................................................................................. 123
Figura 63 -  Trimpot SMD na placa de circuito impresso................................................................................. 123
Figura 64 -  Simbologia de capacitores................................................................................................................... 124
Figura 65 -  Capacitores de tecnologia PTH e SMD............................................................................................. 125
Figura 66 -  Indutores e simbologia.......................................................................................................................... 126
Figura 67 -  Indutores.................................................................................................................................................... 126
Figura 68 -  Transformadores e simbologia........................................................................................................... 127
Figura 69 -  Simbologia diodo e LED........................................................................................................................ 128
Figura 70 -  LEDs.............................................................................................................................................................. 129
Figura 71 -  Simbologia do regulador linear.......................................................................................................... 130
Figura 72 -  Regulador linear – encapsulamento TO220................................................................................... 130
Figura 73 -  MOSFET....................................................................................................................................................... 131
Figura 74 -  Encapsulamento TO padrão................................................................................................................. 132
Figura 75 -  MOSFET SMD............................................................................................................................................. 133
Figura 76 -  Circuitos Integrados................................................................................................................................ 134
Figura 77 -  Encapsulamentos comuns de circuitos integrados..................................................................... 134

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Figura 78 -  Conector de entrada e conector de dados..................................................................................... 135
Figura 79 -  Conectores para cabeamento de dados......................................................................................... 137
Figura 80 -  Cabeamento para fonte de alimentação........................................................................................ 138
Figura 81 -  Cabeamento de comunicação............................................................................................................ 140
Figura 82 -  Cabeamento de comunicação – flat cinza...................................................................................... 140
Figura 83 -  Cabeamento de comunicação – flat colorido............................................................................... 141
Figura 84 -  Cabeamento par trançado................................................................................................................... 141
Figura 85 -  Conectores verticais (180°) e horizontais (90°).............................................................................. 143
Figura 86 -  Conectores com parafuso de fixação............................................................................................... 143
Figura 87 -  Conectores estilo header.................................................................................................................... 144
Figura 88 -  Conectores de comunicação DB9, circular e coaxial................................................................... 145
Figura 89 -  Conexões entre placas de circuito..................................................................................................... 145
Figura 90 -  Circuito eletrônico................................................................................................................................... 146
Figura 91 -  Parafusos de fixação............................................................................................................................... 147
Figura 92 -  Tipos comuns de parafusos.................................................................................................................. 147
Figura 93 -  Tipos comuns de chaves....................................................................................................................... 148
Figura 94 -  Tamanho dos parafusos......................................................................................................................... 148
Figura 95 -  Suportes plásticos de placa................................................................................................................. 149
Figura 96 -  Fixação da placa e da carcaça.............................................................................................................. 150
Figura 97 -  Exemplo de curva de temperatura de um resistor de carbono (até 2 W)........................... 151
Figura 98 -  Modelo de capacitor............................................................................................................................... 152
Figura 99 -  Exemplo de curva de temperatura de um transistor.................................................................. 153
Figura 100 -  Utilização de dissipadores térmicos em chaves eletrônicas.................................................. 154
Figura 101 -  Ajuste improvisado no circuito eletrônico................................................................................... 156
Figura 102 -  Tipos de fusíveis.................................................................................................................................... 158
Figura 103 -  Fusível queimado.................................................................................................................................. 158
Figura 104 -  Varistor...................................................................................................................................................... 159
Figura 105 -  Proteção com a utilização de diodos semicondutores............................................................ 160
Figura 106 -  Proteção utilizando diodo Zener..................................................................................................... 161
Figura 107 -  Filtro capacitivo...................................................................................................................................... 162
Figura 108 -  Filtro capacitivo em fonte de alimentação................................................................................... 163
Figura 109 -  Filtro capacitivo próximo ao CI......................................................................................................... 164
Figura 110 -  Esquema de ligação de um regulador linear.............................................................................. 165
Figura 111 -  Transformador em uma placa de circuito impresso................................................................. 168
Figura 112 -  Divisor de tensão resistivo................................................................................................................. 169
Figura 113 -  Plano cartesiano apresentando valores de simulação............................................................ 174
Figura 114 -  Parâmetros de configuração da simulação no PSIM................................................................ 178
Figura 115 -  Exemplo de circuito para simulação no PSIM............................................................................. 179
Figura 116 -  Barra de ferramentas do PSIM.......................................................................................................... 180
Figura 117 -  Biblioteca de componentes do PSIM............................................................................................. 180
Figura 118 -  Inserção de componentes no projeto........................................................................................... 181
Figura 119 -  Traçando as ligações elétricas........................................................................................................... 182

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Figura 120 -  Ajustando os parâmetros................................................................................................................... 183
Figura 121 -  Medição de tensão no PSIM.............................................................................................................. 184
Figura 122 -  Controle da simulação......................................................................................................................... 185
Figura 123 -  Tensão nos resistores R1 e R2 / corrente total do circuito...................................................... 186
Figura 124 -  Verificação do valor máximo de corrente..................................................................................... 187
Figura 125 -  Simulação do circuito.......................................................................................................................... 189
Figura 126 -  Exemplo de circuito digital para simulação no PROTEUS....................................................... 191
Figura 127 -  Menu do PROTEUS/ISIS....................................................................................................................... 192
Figura 128 -  Biblioteca de componentes............................................................................................................... 193
Figura 129 -  Lista de componentes selecionados.............................................................................................. 194
Figura 130 -  Trilhas traçadas (em verde)................................................................................................................ 194
Figura 131 -  Configuração das entradas................................................................................................................ 195
Figura 132 -  Ícone da ponteira de tensão ............................................................................................................. 196
Figura 133 -  Ponteira de tensão ............................................................................................................................... 197
Figura 134 -  Osciloscópio virtual.............................................................................................................................. 198
Figura 135 -  Ícone Add Transiente Trace ................................................................................................................. 198
Figura 136 -  Configuração das ponteiras para simulação............................................................................... 199
Figura 137 -  Ícone edit graph ..................................................................................................................................... 200
Figura 138 -  Configuração da simulação do osciloscópio............................................................................... 200
Figura 139 -  Simulação do osciloscópio virtual.................................................................................................. 201
Figura 140 -  Leitura dos dados para um tempo (t) específico....................................................................... 202
Figura 141 -  Simulação instantânea do circuito através da barra de simulação do PROTEUS........... 203
Figura 142 -  Exemplo de esquemático................................................................................................................... 205
Figura 143 -  Ambiente gráfico do software Altium designer......................................................................... 207
Figura 144 -  Circuito-exemplo – fonte controlável utilizando transistores............................................... 208
Figura 145 -  Novo projeto de esquemático - Altium......................................................................................... 209
Figura 146 -  Planta de esquemático - Altium....................................................................................................... 210
Figura 147 -  Legenda da planta do esquemático............................................................................................... 211
Figura 148 -  Biblioteca de componentes............................................................................................................... 212
Figura 149 -  Biblioteca de componentes............................................................................................................... 214
Figura 150 -  Ajustando os parâmetros dos componentes.............................................................................. 215
Figura 151 -  Inconsistências eliminadas................................................................................................................ 217
Figura 152 -  Ferramenta para traçar as ligações elétricas............................................................................... 218
Figura 153 -  Circuitos com ligações elétricas....................................................................................................... 218
Figura 154 -  Tipos de resistores................................................................................................................................. 220
Figura 155 -  Plantas do projeto................................................................................................................................. 221
Figura 156 -  Posicionamento dos parâmetros..................................................................................................... 222
Figura 157 -  Posição adequada dos parâmetros: horizontal e vertical....................................................... 222
Figura 158 -  Ajuste do posicionamento dos parâmetros................................................................................ 223
Figura 159 -  Posição das fontes................................................................................................................................. 223
Figura 160 -  Exemplo de resistor que não precisa ser montado................................................................... 224
Figura 161 -  Novo projeto de leiaute no Altium................................................................................................. 225

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Figura 162 -  Esquemático de planta A – fontes de alimentação................................................................... 226
Figura 163 -  Esquemático planta B – circuito lógico......................................................................................... 227
Figura 164 -  Definição do tamanho da placa de circuito impresso - Altium............................................ 228
Figura 165 -  Camadas das placas do projeto (layers)........................................................................................ 229
Figura 166 -  Configuração das camadas da placa.............................................................................................. 230
Figura 167 -  Encapsulamento dos componentes............................................................................................... 231
Figura 168 -  Distribuição dos componentes no leiaute (A). distribuição otimizada
dos componentes no leiaute (B)..................................................................................................... 232
Figura 169 -  Organização do circuito-exemplo................................................................................................... 233
Figura 170 -  Componentes inseridos no leiaute................................................................................................. 234
Figura 171 -  Componentes organizados no leiaute.......................................................................................... 235
Figura 172 -  Resistores alinhados simetricamente............................................................................................ 236
Figura 173 -  Configuração da espessura da trilha.............................................................................................. 237
Figura 174 -  Configuração das distâncias limites............................................................................................... 238
Figura 175 -  Configuração dos ângulos das trilhas............................................................................................ 239
Figura 176 -  Ângulo das trilhas no leiaute............................................................................................................ 240
Figura 177 -  Menu de ferramentas de roteamento do Altium...................................................................... 241
Figura 178 -  Roteamento de trilha na parte inferior da placa (Bottom Layer – cor azul)...................... 242
Figura 179 -  Mudando a camada de roteamento de uma trilha................................................................... 243
Figura 180 -  Trilhas não traçadas.............................................................................................................................. 243
Figura 181 -  Configuração de ilhas (Pads)............................................................................................................. 245
Figura 182 -  Medição de distâncias no leiaute.................................................................................................... 246
Figura 183 -  Identificação do circuito na placa de circuito impresso.......................................................... 247
Figura 184 -  Leiaute após roteamento e montagem........................................................................................ 247
Figura 185 -  Lista de materiais................................................................................................................................... 248
Figura 186 -  Luva, jaleco e óculos de proteção................................................................................................... 251
Figura 187 -  Iluminação de bancada....................................................................................................................... 251
Figura 188 -  Exaustor de fumaça para bancada.................................................................................................. 252
Figura 189 -  Manta e pulseira antiestática............................................................................................................ 253
Figura 190 -  Tipos de alicates..................................................................................................................................... 253
Figura 191 -  Tipos de chaves...................................................................................................................................... 254
Figura 192 -  Tipos de pinças....................................................................................................................................... 255
Figura 193 -  Estação de solda e ferro de solda.................................................................................................... 255
Figura 194 -  Pontas comuns para ferro de solda................................................................................................ 256
Figura 195 -  Sugador de solda................................................................................................................................... 257
Figura 196 -  Rolo de solda de estanho................................................................................................................... 258
Figura 197 -  Soprador térmico.................................................................................................................................. 258
Figura 198 -  Ponteira de ar quente.......................................................................................................................... 259
Figura 199 -  Lupas e suportes de bancada........................................................................................................... 259
Figura 200 -  Cadinho de solda................................................................................................................................... 260
Figura 201 -  Furadeira e microrretífica manual................................................................................................... 261
Figura 202 -  Pink and place – máquina de inserção de componentes SMD............................................. 261

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Figura 203 -  Multímetros............................................................................................................................................. 262
Figura 204 -  Osciloscópio digital.............................................................................................................................. 264
Figura 205 -  Sinal visualizado em osciloscópio ao longo do tempo........................................................... 264
Figura 206 -  Fonte de alimentação para laboratório......................................................................................... 266
Figura 207 -  Gerador de sinais (gerador de funções)........................................................................................ 267
Figura 208 -  Formas de ondas básicas de um gerador de funções.............................................................. 267
Figura 209 -  Funções básicas do gerador de sinais............................................................................................ 268
Figura 210 -  Equipamento de medição RLC......................................................................................................... 270
Figura 211 -  Limpeza da ponteira de solda ......................................................................................................... 271
Figura 212 -  Álcool isopropílico e pincel antiestático....................................................................................... 272
Figura 213 -  Encaixe de resistores de encapsulamento PTH nos terminais da placa............................ 273
Figura 214 -  Posicionamento do ferro de solda sobre a ilha e o terminal do componente................ 273
Figura 215 -  Posicionamento do estanho sobre o terminal aquecido........................................................ 274
Figura 216 -  Corte das pontas dos terminais dos componentes.................................................................. 274
Figura 217 -  Encaixe do componente SMD sobre a placa de circuito impresso..................................... 275
Figura 218 -  Soldagem do componente SMD com ferro de solda............................................................... 275
Figura 219 -  Soldagem de componente SMD com ar quente....................................................................... 276
Figura 220 -  Remoção de solda com sugador..................................................................................................... 277
Figura 221 -  Circuito em protoboard..................................................................................................................... 278
Figura 222 -  Tipos comuns de protoboard.......................................................................................................... 279
Figura 223 -  Exemplo de circuito lógico ............................................................................................................... 279
Figura 224 -  Simulação do circuito digital utilizando software de simulação em protoboard........... 280
Figura 225 -  Protoboards encaixados...................................................................................................................... 282
Figura 226 -  Utilização de protoboard para auxiliar testes em microcontrolador.................................. 282
Figura 227 -  Ferramenta de wire wrapping tool................................................................................................. 283
Figura 228 -  Rolo de fios condutores - wire wrapping tool............................................................................ 283
Figura 229 -  Terminais de componentes encaixados em PCB....................................................................... 284
Figura 230 -  Procedimento de wire wrapping.................................................................................................... 284
Figura 231 -  Enrolamento do fio sobre o terminal dos condutores............................................................. 285
Figura 232 -  Enrolamentos inadequados de fio sobre os terminais do condutor.................................. 285
Figura 233 -  Placas perfuradas.................................................................................................................................. 286
Figura 234 -  Circuito em placas perfurada............................................................................................................ 287
Figura 235 -  Esquemático em folha de papel milimetrado ou em software de desenho.................... 288
Figura 236 -  Encaixe dos componentes na placa perfurada conforme leiaute....................................... 289
Figura 237 -  Parte inferior da placa perfurada..................................................................................................... 289
Figura 238 -  Ligação elétrica com fios wire wrapping..................................................................................... 291
Figura 239 -  Exemplo de circuito com a utilização de placa perfurada (A - parte superior
e B – parte inferior)............................................................................................................................... 291
Figura 240 -  Placa padrão............................................................................................................................................ 292
Figura 241 -  Placa padrão sendo soldada............................................................................................................. 293
Figura 242 -  Leiaute de um circuito eletrônico – impressão a laser........................................................... 293
Figura 243 -  Placa padrão limpa com palha de aço........................................................................................... 294

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Figura 244 -  Procedimento para fixação do toner na superfície de cobre................................................. 295
Figura 245 -  Transferência do toner para a superfície de cobre da placa.................................................. 295
Figura 246 -  Corrosão da placa utilizando solução de percloreto de ferro............................................... 296
Figura 247 -  Placa de fenolite corroída................................................................................................................... 297
Figura 248 -  Furação das ilhas dos componentes PTH em placa padrão.................................................. 297
Figura 249 -  Exemplo de placa padrão com soldas realizadas...................................................................... 298
Figura 250 -  Geração dos arquivos Gerber........................................................................................................... 299
Figura 251 -  Janela de configuração dos arquivos Gerber.............................................................................. 300
Figura 252 -  Arquivos de furação do leiaute........................................................................................................ 301
Figura 253 -  Importando arquivos de furação..................................................................................................... 302
Figura 254 -  Organização dos componentes....................................................................................................... 304
Figura 255 -  Posicionamento de capacitores na placa de circuito impresso............................................ 305
Figura 256 -  Posicionamento de componentes SMD....................................................................................... 305
Figura 257 -  Soldagem de circuito integrado SMD na placa de circuito impresso................................ 306
Figura 258 -  Soldagem dos terminais dos componentes................................................................................ 307
Figura 259 -  Transformador em uma placa de circuito eletrônico............................................................... 307
Figura 260 -  Montagem de resistores de potência (caso inadequado x caso adequado)................... 308
Figura 261 -  Circuito integrado sendo encaixado no soquete...................................................................... 309
Figura 262 -  Grandezas elétricas e suas unidades.............................................................................................. 311
Figura 263 -  Precisão e exatidão............................................................................................................................... 311
Figura 264 -  Medição de resistência elétrica........................................................................................................ 313
Figura 265 -  Medição de ganho de transistores.................................................................................................. 314
Figura 266 -  Medição de tensão elétrica................................................................................................................ 315
Figura 267 -  Medição de corrente elétrica............................................................................................................ 316
Figura 268 -  Teste de continuidade........................................................................................................................ 317
Figura 269 -  Ajustes básicos de um osciloscópio............................................................................................... 318
Figura 270 -  Detalhes sobre a ponteira de osciloscópio.................................................................................. 319
Figura 271 -  Ajuste do ganho da ponteira............................................................................................................ 320
Figura 272 -  Calibração básica de uma ponteira................................................................................................ 320
Figura 273 -  Visor do osciloscópio........................................................................................................................... 321
Figura 274 -  Medição de sinais contínuos (CC) com o osciloscópio............................................................ 322
Figura 275 -  Medição de sinais alternados com o osciloscópio.................................................................... 323
Figura 276 -  Uso do gerador de sinais para simular os valores de entrada de um circuito................. 324
Figura 277 -  Gerador de sinais sendo avaliado em osciloscópio.................................................................. 324
Figura 278 -  Configuração do gerador de sinais................................................................................................. 325
Figura 279 -  Injeção de sinal em circuito eletrônico com a utilização de gerador de sinais............... 325
Figura 280 -  Teste de continuidade......................................................................................................................... 326
Figura 281 -  Equipamentos de laboratório incluindo fonte de alimentação........................................... 327
Figura 282 -  Verificação de tensão terminal de bateria com o uso de multímetro................................ 328
Figura 283 -  Esquemático de um circuito integrado......................................................................................... 329
Figura 284 -  Teste elétrico pino a pino................................................................................................................... 329
Figura 285 -  Testando sinais de uma placa eletrônica...................................................................................... 330

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 11 23/06/2017 10:08:48


Figura 286 -  Cicuito de exemplo............................................................................................................................... 331
Figura 287 -  Medição de corrente utilizando resistor shunt........................................................................... 332
Figura 288 -  Exemplo de um circuito para teste (giga de testes).................................................................. 333
Figura 289 -  Teste de circuitos eletrônicos com o auxílio do computador................................................ 334
Figura 290 -  Teste de circuito eletrônico em sua aplicação ........................................................................... 334
Figura 291 -  Funções de uma máquina que precisam ser simuladas......................................................... 336
Figura 292 -  Análise térmica de circuito utilizando câmera térmica........................................................... 340
Figura 293 -  (A) Dissipador térmico e (B) ventoinha (cooler).......................................................................... 340
Figura 294 -  Análise de qualidade............................................................................................................................ 341
Figura 295 -  Análise visual.......................................................................................................................................... 342
Figura 296 -  Placa de circuito com diversos problemas visíveis.................................................................... 343
Figura 297 -  Componentes encaixados inadequadamente........................................................................... 343
Figura 298 -  Dobragem adequada e inadequada dos terminais de um componente......................... 344
Figura 299 -  Organização dos arquivos em pastas............................................................................................ 349
Figura 300 -  Código para organização e identificação de esquemáticos.................................................. 350
Figura 301 -  Código para organização e identificação de softwares e firmwares................................... 353
Figura 302 -  Reunião .................................................................................................................................................... 357
Figura 303 -  Recursos para apresentação: notebook e projetor.................................................................... 360
Figura 304 -  Réguas e apontadores para quadro............................................................................................... 360
Figura 305 -  Protótipo para apresentação............................................................................................................ 361
Figura 306 -  Quadro branco....................................................................................................................................... 361
Figura 307 -  Vídeoconferência por computador................................................................................................. 362

Quadro 1 - Processos do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK®..................................................26


Quadro 2 - Processos do gerenciamento do escopo segundo o PMBOK®....................................................27
Quadro 3 - Exemplo de lista de verificação em formato de ficha.....................................................................29
Quadro 4 - Técnicas de criatividade em grupo segundo o PMBOK®................................................................30
Quadro 5 - Tópicos presentes no escopo...................................................................................................................32
Quadro 6 - Planilha de custos .......................................................................................................................................40
Quadro 7 - Características da estrutura genérica do ciclo de vida do projeto segundo o PMBOK®....44
Quadro 8 - Itens do projeto de instalação de um sensor de luminosidade..................................................46
Quadro 9 - Atividades, precedências e tempos para a instalação de um sensor de luminosidade.....52
Quadro 10 - Atividades, precedências e tempos para o projeto de circuitos eletrônicos (01) ..............53
Quadro 11 - Atividades, precedências e tempos para o projeto de circuitos eletrônicos (02)...............53
Quadro 12 - Formatos gráficos de cronograma......................................................................................................56
Quadro 13 - Processos de controle de custos do projeto....................................................................................60
Quadro 14 - Componentes do processo de verificação do escopo segundo o PMBOK®.........................61
Quadro 15 - Perguntas chave do 5W2H.....................................................................................................................70
Quadro 16 - Aplicação do 5W2H...................................................................................................................................70
Quadro 17 - Os três sensos adicionais........................................................................................................................75
Quadro 18 - Seis chapéus do pensamento...............................................................................................................76
Quadro 19 - Resultado do brainstorming sobre a problemática de solda dos componentes................86

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 12 23/06/2017 10:08:48


Quadro 20 - Estratificação do resultado do brainstorming sobre a problemática de solda
dos componentes.....................................................................................................................................87
Quadro 21 - Aplicação do 5W2H para o fator matéria-prima.............................................................................89
Quadro 22 - Aplicação do 5W2H para o fator metodologia...............................................................................90
Quadro 23 - Exemplo de módulos fotovoltaicos................................................................................................. 107
Quadro 24 - Projeto de fontes de alimentação..................................................................................................... 117
Quadro 25 - Faixas de potência de resistores PTH.............................................................................................. 121
Quadro 26 - Outros tipos de resistores.................................................................................................................... 123
Quadro 27 - Resistencia térmica entre encapsulamento e dissipador (Red)............................................... 155
Quadro 28 - Softwares de simulação de circuitos eletrônicos........................................................................ 170
Quadro 29 - Componentes essenciais da biblioteca de um software de simulação............................... 173
Quadro 30 - Ferramentas de um software de simulação.................................................................................. 177
Quadro 31 - Parâmetros dos componentes do circuito-exemplo................................................................. 183
Quadro 32 - Parâmetros de ajuste............................................................................................................................. 184
Quadro 33 - Softwares para o desenvolvimento de leiaute de placas eletrônicas................................. 206
Quadro 34 - Componentes da biblioteca utilizados no circuito-exemplo................................................. 213
Quadro 35 - Componentes utilizados no circuito-exemplo............................................................................ 216
Quadro 36 - Leitura média x leitura RMS................................................................................................................ 263
Quadro 37 - Funções básicas de um osciloscópio............................................................................................... 265
Quadro 38 - Descrição das funções básicas do gerador de sinais................................................................. 268
Quadro 39 - Funcionamento do circuito digital................................................................................................... 281
Quadro 40 - Limites elétricos...................................................................................................................................... 337
Quadro 41 - Aspectos básicos para elaboração de um manual técnico..................................................... 348
Quadro 42 - Controle de versões de placas de circuito eletrônico................................................................ 351
Quadro 43 - Exemplos de controle de versões..................................................................................................... 351
Quadro 44 - Exemplos de controle de versões..................................................................................................... 352
Quadro 45 - Controle de versões de softwares e firmwares............................................................................ 354

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Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................19

2 Gestão de projetos de circuitos eletrônicos..........................................................................................................23


2.1 Definição de escopo/interação com o cliente...................................................................................25
2.2 Pesquisa...........................................................................................................................................................32
2.2.1 Normas e legislação aplicáveis..............................................................................................33
2.2.2 Ferramentas de busca e base de dados.............................................................................35
2.2.3 Registro de patentes.................................................................................................................35
2.2.4 Inovação tecnológica...............................................................................................................36
2.2.5 Interface com as áreas afins...................................................................................................37
2.3 Análise de viabilidade técnica e financeira.........................................................................................38
2.3.1 Planilha de custos......................................................................................................................39
2.3.2 Aspectos e impactos ambientais.........................................................................................41
2.3.3 Descartes de resíduos..............................................................................................................42
2.4 Cronograma de atividades........................................................................................................................43
2.5 Controle da realização do projeto..........................................................................................................57
2.5.1 Priorização de tarefas...............................................................................................................58
2.5.2 Prazos.............................................................................................................................................59
2.5.3 Custo...............................................................................................................................................59
2.6 Verificação da adequação do projeto ao escopo..............................................................................61
2.7 Ferramentas da qualidade aplicada a projetos.................................................................................64
2.7.1 Brainstorming...............................................................................................................................64
2.7.2 Lista de verificação....................................................................................................................65
2.7.3 Estratificação................................................................................................................................66
2.7.4 Pareto.............................................................................................................................................67
2.7.5 Ishikawa.........................................................................................................................................68
2.7.6 5W2h..............................................................................................................................................69
2.7.7 Histograma...................................................................................................................................71
2.7.8 Gráfico de controle....................................................................................................................72
2.7.9 Diagrama de dispersão............................................................................................................73
2.7.10 5S...................................................................................................................................................74
2.7.11 6 Chapéus...................................................................................................................................76
2.7.12 Fluxograma................................................................................................................................77
2.8 Proposta de melhorias................................................................................................................................79

3 Execução e projetos de circuitos eletrônicos........................................................................................................95


3.1 Desenvolvimento dos circuitos...............................................................................................................98
3.1.1 Projeto das fontes de alimentação: de onde vem a energia?....................................99
3.1.2 Selecionando adequadamente os componentes eletrônicos ............................... 117
3.1.3 Importância das conexões elétricas................................................................................. 135
3.1.4 Questões mecânicas e térmicas........................................................................................ 146

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 15 23/06/2017 10:08:48


3.1.5 Boas práticas em eletrônica ............................................................................................... 155
3.2 Simulação de circuitos eletrônicos..................................................................................................... 168
3.2.1 Qual software utilizar?........................................................................................................... 169
3.2.2 Simulação e validação de circuitos analógicos............................................................ 178
3.2.3 Simulação e validação de circuitos digitais................................................................... 190
3.2.4 Organize os esquemáticos.................................................................................................. 204
3.2.5 Projeto do leiaute ................................................................................................................... 224
3.3 Confecção de protótipos........................................................................................................................ 249
3.3.1 Ferramentas e equipamentos............................................................................................ 250
3.3.2 Instrumentos de medição e equipamentos de laboratório.................................... 262
3.3.3 Práticas de soldagem............................................................................................................. 270
3.3.4 Montagem de circuitos em protoboard e wire wrapping........................................ 277
3.3.5 Confecção de protótipos em laboratório....................................................................... 286
3.3.6 Confecção industrial de placas de circuito impresso (PCI) ..................................... 298
3.3.7 Montagem dos componentes............................................................................................ 303
3.3.8 Medição de grandezas.......................................................................................................... 310
3.3.9 Testes elétricos em placas eletrônicas............................................................................. 326
3.3.10 Testes de funcionalidade .................................................................................................. 332
3.3.11 Testes térmicos...................................................................................................................... 338
3.3.12 Análise de qualidade........................................................................................................... 341
3.4 Elaboração de documentação técnica.............................................................................................. 345
3.4.1 Esquemáticos e leiautes....................................................................................................... 349
3.4.2 Programas desenvolvidos.................................................................................................... 352
3.5 Relatório técnico........................................................................................................................................ 354
3.6 Apresentação do projeto ao cliente................................................................................................... 357
3.6.1 Técnicas de apresentação.................................................................................................... 358
3.6.2 Identificação dos recursos necessários........................................................................... 359
3.6.3 Definição da programação.................................................................................................. 362

Referências

Minicurrículo dos autores

Índice

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Introdução

Prezado aluno!
Um Projeto de Circuitos Eletrônicos se dá através do processo de desenhar o circuito no
software, transferir para a PCI (Placa de Circuito Impresso) e inserir os componentes na placa,
certo? Na verdade, essas são apenas algumas das etapas na execução de um projeto. Um
projeto em si vai muito além disso.
Mas, por que é preciso esse conhecimento? Porque, estatisticamente, a maior parte dos
insucessos ocorrem por falta de planejamento e gestão adequados. E foi esse quadro que fo-
mentou a criação do Instituto de Gerenciamento de Projeto (PMI do inglês Project Manage-
ment Institute), em meados de 1969. O PMI é uma entidade internacional sem fins lucrativos
e referência quando o assunto são projetos. Sua publicação mais difundida é o Guia PMBOK®1,
com mais de treze traduções oficiais, contendo orientações para as melhores práticas em ge-
renciamento de projetos.
Segundo o Guia PMBOK® (2008, p.11), “Um projeto é um empreendimento temporário reali-
zado para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.” Já a ISO 10.0062 (2006, p. 2), define
que projeto (ou empreendimento) é um “ [...] processo único que consiste em um conjunto de
atividades [...] coordenadas e controladas, com datas de início e de conclusão, realizado para
alcançar um objetivo em conformidade com requisitos especificados, incluindo as limitações
de prazo, custo e recursos”.
Quando se fala em temporário, não quer dizer que será de curta duração. A extensão de um
projeto acontece até o alcance do objetivo proposto ou até a certeza que esse não pode ser
atendido ou, ainda, quando esse objetivo já não se faz mais necessário.

1 Abreviatura de Project Management Body Of Knowledge – Conhecimento em Gerenciamentos de Projetos na versão


brasileira.
2 Quality management systems - Guidelines for quality management in project, Norma Internacional que pode ser
traduzida por Sistemas de Gestão da Qualidade - Diretrizes para a gestão da qualidade em projetos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 19 23/06/2017 10:08:49


A gestão de projetos é dividida, basicamente, em cinco grupos de processos: Início,
Planejamento, Execução, Monitoramento (e Controle) e Encerramento. Já a composição
dos conhecimentos dessa gestão compreende a Integração, o Escopo, o Tempo, os Cus-
tos, a Qualidade, os Recursos Humanos, as Comunicações, o Gerenciamento de Risco, o
Gerenciamento de Aquisições e as Partes Interessadas. Parte desses temas serão estuda-
dos no conteúdo deste livro.
Ao final do estudo referente à gestão do projeto, será abordada a execução do mes-
mo, oportunizando o conhecimento necessário para o desenvolvimento de circuitos
eletrônicos, seguindo normas técnicas, ambientais, de qualidade, de saúde e segurança
no trabalho. Serão apresentadas as etapas de desenvolvimento dos circuitos, a simula-
ção e confecção de protótipos e suas técnicas; em que o resultado final é a capacitação
na montagem de sistemas eletrônicos. Posteriormente, já será possível determinar que
área da gestão do projeto se enquadrará essa etapa. Mas, o que acontecerá depois do
protótipo pronto?
Antes de apresentar o protótipo ao cliente, é preciso realizar a validação através de
testes, analisar os resultados e, se necessário, adequar o projeto, com base nessa análise.
Com o circuito validado, será desenvolvida a documentação técnica, como o manual e
o relatório técnico, assuntos explanados no capítulo 3. E agora, basta colocar tudo na
caixa e entregar ao cliente? Ainda não.
Para finalizar este livro, serão apresentadas algumas técnicas para apresentar o pro-
jeto ao cliente, bem como para identificar os recursos necessários e definir a progra-
mação para que a apresentação seja um sucesso. Será neste momento que você terá
desenvolvido as capacidades técnicas necessárias para preparar protótipos e verificar a
eficácia das soluções tecnológicas propostas em circuitos eletrônicos, bem como as ca-
pacidades sociais, organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação do técnico
no mundo do trabalho.
Está preparado(a)? Então, é hora de arregaçar as mangas, debruçar-se nos livros e
tornar-se um profissional diferenciado também nos projetos de circuitos eletrônicos.
Bons estudos!

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Gestão de Projetos de
Circuitos Eletrônicos

Todo projeto, produto ou serviço a ser desenvolvido necessita de uma especificação


abrangendo modos de execução ou características de funcionamento e seus limites,
informações essas que constituem o escopo. E você perceberá que a interação com o cliente
será necessária para a definição do escopo do projeto, que será visto de forma mais abrangente
neste livro.
Com o escopo definido, serão apresentadas algumas ferramentas de busca e bases de dados
para a pesquisa de normas e legislação aplicáveis. Algo para manter a atenção, refere-se ao fato
de que algumas características do projeto podem torná-lo inviável se não atenderem às normas
ou se não estiverem adequadas legalmente. Também será tratado sobre o registro de patentes
e inovação tecnológica, que resguardará a produção intelectual e apontará a importância da
busca da inovação, quando possível.
Após garantir a adequação do projeto, deve-se realizar a análise de viabilidade técnica
e financeira do mesmo. Essa análise é imprescindível, já que definirá se ele deve ou não ser
executado da forma que foi idealizado. Através da elaboração de planilhas de custos e avaliação
dos aspectos e impactos ambientais, bem como do descarte de resíduos, será possível confirmar
a efetivação do projeto em todos os requisitos.
Também será tratado sobre a elaboração do cronograma de atividades do projeto e das
ferramentas como a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), a rede PERT e o Diagrama de Gantt.
Após a concepção do cronograma, serão apresentadas técnicas para o controle dos custos e
dos prazos, inclusive quando houver necessidade de priorização de tarefas.
No processo de verificação da adequação do projeto ao escopo, realizado durante a
validação do protótipo, serão gerados resultados para análise e o estudo e avaliação desses
dados resultará em uma proposta de melhorias, elaborada com o auxílio de ferramentas como
brainstorming, Diagrama de Ishikawa e 5W2H, por exemplo, e outras novas, como o histograma,
o gráfico de controle e o diagrama de dispersão. Essa proposta de melhorias deverá ser
desenvolvida em formato de relatório.
Ao final deste capítulo, você terá compreendido os fundamentos da gestão de projeto,
estará capacitado a utilizar as ferramentas de gestão do mesmo e poderá acompanhar o
desenvolvimento de um projeto de circuito eletrônico. De uma forma geral, terá subsídios para:

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 23 23/06/2017 10:08:49


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
24

a) realizar adequações nas informações fornecidas por meio de interação com o cliente;
b) identificar normas e legislações aplicáveis ao projeto, na validação de circuitos eletrônicos;
c) contrastar o desempenho do produto, propondo melhorias;
d) aplicar as ferramentas de gestão da qualidade para a montagem e validação de circuitos eletrônicos;
e) aplicar ferramentas de gestão da qualidade ao propor soluções tecnológicas;
f ) avaliar os impactos ambientais das soluções tecnológicas propostas;
g) calcular o custo do circuito eletrônico em função da proposição de soluções tecnológicas;
h) executar o escopo do projeto por meio da interação com o cliente;
i) aplicar os requisitos nos processos envolvidos na gestão da qualidade;
j) realizar descarte dos resíduos gerados durante a execução do projeto, conforme os procedimentos;
k) efetuar ajustes técnicos e financeiros conforme a necessidade do cliente atendendo às normas e
legislações aplicáveis;
l) elaborar a planilha de custo do projeto, inclusive em meio eletrônico;
m) elaborar o planejamento das atividades do projeto de circuitos eletrônicos;
n) elaborar relatório de viabilidade técnica financeira do projeto, inclusive em meio eletrônico;
o) emitir parecer técnico para definição de tecnologias a serem aplicadas na montagem e integração
de sistemas eletrônicos;
p) interagir com as áreas afins (automação, eletrotécnica, mecatrônica, eletromecânica) para propor
soluções tecnológicas;
q) prever necessidades de equipamentos, dispositivos, tecnologias e demais recursos para todas as
etapas do projeto;
r) prever o uso dos EPIs;
s) prever os impactos ambientais relacionados ao projeto de circuitos eletrônicos;
t) readequar escopo do projeto, conforme necessidade do cliente e seguindo padrões e normas
técnicas;
u) comparar se o resultado final do projeto está de acordo com o escopo.
A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto que farão a
diferença em suas práticas. Inicie com a definição do escopo por meio da interação com o cliente.
Bons estudos!

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 24 23/06/2017 10:08:49


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
25

2.1 DEFINIÇÃO DE ESCOPO/INTERAÇÃO COM O CLIENTE

Como visto na introdução, a gestão de projetos é dividida em grupos de processos e áreas de


conhecimento, conforme mostra o quadro a seguir.

GRUPO DE PROCESSOS ÁREAS DE CONHECIMENTO

Desenvolver o termo de abertura do projeto


Iniciação
Identificar as partes interessadas

Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto


Coletar os requisitos
Definir o escopo
Criar a estrutura analítica do projeto (EAP)
Definir as atividades
Sequenciar as atividades
Estimar os recursos das atividades
Estimar a duração das atividades
Desenvolver o cronograma
Estimar os custos
Planejamento
Determinar o orçamento
Planejar a qualidade
Desenvolver o plano de recursos humanos
Planejar as comunicações
Planejar o gerenciamento de riscos
Identificar os riscos
Realizar a análise qualitativa de riscos
Realizar a análise quantitativa de riscos
Planejar respostas aos riscos
Planejar as aquisições
Orientar e gerenciar a execução do projeto
Realizar a garantia da qualidade
Mobilizar a equipe do projeto
Desenvolver a equipe do projeto
Execução
Gerenciar a equipe do projeto
Distribuir informações
Gerenciar as expectativas das partes interessadas
Realizar aquisições

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 25 23/06/2017 10:08:49


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
26

GRUPO DE PROCESSOS ÁREAS DE CONHECIMENTO


Monitorar e controlar o trabalho do projeto
Realizar o controle integrado de mudanças
Verificar o escopo
Controlar o escopo
Controlar o cronograma
Monitoramento e controle
Controlar os custos
Realizar o controle de qualidade
Reportar o desempenho
Monitorar e controlar os riscos
Administrar as aquisições

Encerrar o projeto ou a fase


Encerramento
Encerrar as aquisições

Quadro 1 - Processos do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK®


Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

Perceba que, segundo o quadro anterior, são diversas as áreas de conhecimento necessárias para a
excelência na gestão de projetos. O processo de planejamento, por exemplo, conta com vinte delas. Como
o foco deste livro não é o de formar um profissional de gerenciamento de projetos, mas apenas fornecer
os subsídios para a realização adequada de projetos de circuitos eletrônicos, serão tratados os cinco
processos citados, sem abordar todas as áreas e não de uma forma aprofundada.
Isso não impedirá que você futuramente busque se atualizar no assunto, se houver interesse e
identificação com o conhecimento; que poderá ser estruturado no decorrer do livro, onde você será capaz
de identificar cada área de conhecimento e grupo de processo nas explanações e exemplificações.
O primeiro grupo de processos tratado será o de Iniciação, com a definição do escopo intermediada
pela interação com o cliente.
Ao se desenvolver um projeto, não importando se o resultado é um produto ou serviço, as boas práticas
em gestão de projetos aconselham a criação de um escopo. Mas o que realmente é um escopo?
O Guia PMBOK® (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE) (2008, p.329), define escopo (ou âmbito do projeto)
como “A soma dos produtos, serviços e resultados a serem fornecidos na forma de projeto.”
Ele também divide o escopo em duas categorias: produto e projeto, representadas na figura a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 26 23/06/2017 10:08:50


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
27

Escopo
do
produto

Ana Cristina de Borba (2016)


Escopo do projeto

Figura 1 -  Escopo do produto em relação ao escopo do projeto


Fonte: SENAI (2016)

No escopo do produto, tem-se as características, funções e demais particularidades que definem o


produto, e este pode ser também um serviço ou resultado. Já o escopo do projeto abrange o trabalho a ser
realizado para a entrega do produto descrito anteriormente. De forma resumida, o escopo compreende a
especificação do produto (serviço ou resultado), seus limites e a forma com que se chegará a ele.
De acordo com o Guia PMBOK® (2008), o gerenciamento do escopo prevê cinco etapas (ou processos),
conforme exemplificado no quadro a seguir.

PROCESSO DEFINIÇÃO
Compreende o levantamento e a documentação dos requisitos e definições para alcançar os objetivos
Coletar requisitos do projeto, por meio da interação com o cliente e as partes interessadas, utilizando ferramentas especí-
ficas para tal.
Compreende a descrição detalhada do projeto e do produto, contendo o que será e não será atendido e
Definir o escopo demais informações relevantes para a execução dos mesmos. Neste processo, é gerado um documento
chamado Declaração de Escopo do Projeto.
Compreende o detalhamento do escopo do projeto e a subdivisão das entregas e do trabalho em
Criar a EAP partes menores e mais facilmente gerenciáveis. O resultado deste processo será utilizado para concep-
ção e acompanhamento do cronograma do projeto.
Compreende a aceitação formal das entregas terminadas do projeto, de acordo com o que foi especifi-
Verificar o escopo cado no escopo.

Compreende o monitoramento do progresso do escopo do projeto e do produto, abrangendo também


Controlar o escopo
o gerenciamento das mudanças que eventualmente venham a ser realizadas.
Quadro 2 - Processos do gerenciamento do escopo segundo o PMBOK®
Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 27 23/06/2017 10:08:50


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
28

Sabe-se que, para coletar as informações necessárias para a elaboração do escopo, se faz necessária a
interação com o cliente e as partes interessadas, também chamadas de stakeholders. Segundo o PMBOK®,
os stakeholders abrangem todas as pessoas e/ou organizações possivelmente afetadas pelo projeto, bem
como a documentação de informações relevantes que relacione seus interesses, envolvimento e impacto
no sucesso do mesmo e devem ser identificados, preferencialmente, antes do início da coleta dos requisitos.
O processo de interação com o cliente para a coleta de requisitos é um desafio para a maioria dos
membros das equipes técnicas das empresas. Isso acontece porque se trata de uma ação que envolve, es-
sencialmente, comunicação. Um interlocutor deve transmitir ideias para um ou mais indivíduos esperando
que eles compreendam seu significado, o que pode diferir de acordo com as referências de cada ouvinte.
Para minimizar esse tipo de situação, é importante, primeiramente, ouvir o cliente com atenção,
analisando o que ele diz para direcionar a busca das soluções mais adequadas para sua realidade. Se
necessário, deve-se explicitar que as ideias e expectativas dele podem não ser a melhor maneira de abordar
o problema e encontrar sua solução. Isso deve ser feito de forma a transmitir segurança ao cliente para
melhor receptividade em relação a sua proposta. Lembre-se que, não necessariamente, ele será externo.
Isso também se aplica aos clientes internos da empresa onde você trabalha.
Os requisitos do cliente são definidos a partir do levantamento de dados sobre as suas necessidades e,
na maioria dos casos, ele não tem noção de quais são os dados que permitem definir o escopo do projeto.
Para isso, existem ferramentas que auxiliam no processo de coleta de requisitos e elas serão usadas no
decorrer deste processo, que se inicia com a Lista de Verificação (ou checklist).

LISTA DE VERIFICAÇÃO
A Lista de Verificação é o meio mais simples e claro para determinar o escopo de um projeto. Também
conhecida como folha de verificação, ou check list, consiste em um formulário que contém os itens
necessários para avaliar conformidades de um processo ou produto. Esses formulários são úteis desde que
os itens sejam abrangentes e criteriosos. Frequentemente, elas dispõem de um sistema de fundamentos
que permitem ao avaliador liberar ou não o processo ou produto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 28 23/06/2017 10:08:50


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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No quadro a seguir, você poderá conhecer um exemplo de Lista de Verificação.

Produto: Placa de Circuito Retificador Seção: Linha de Montagem


Processo de trabalho: Montagem Data da produção: 05/05/2017
Quantidade Produzida: 500 Data da Inspeção: 13/05/2017
Inspetor: Davi P.
Frequência do
Ocorrência Tabulação Classe % Individual % Acumulada
Item
IIIII IIIII
Componente Solto 15 1º 27,3%
IIIII
Componente
IIIII III 8 4º 14,5%
Ausente

Soquete Ausente IIIII I 6 5º 11%

Acabamento IIIII IIIII II 12 3º 21,8%

Erro de Montagem IIIII IIIII IIII 14 2º 25,4%

TOTAIS: 55 - 100%

Quadro 3 - Exemplo de lista de verificação em formato de ficha


Fonte: SENAI (2016)

Quando utilizada para a construção do escopo, a lista de verificação deverá ser composta por um
conjunto de perguntas que permitam definir as características básicas de funcionamento, as condições
técnicas e ambientais de uso, as necessidades de recursos tecnológicos, físicos e financeiros para produção
e utilização, as expectativas dos clientes e previsões de demanda, e a vida útil esperada. Não se deve
esquecer também de buscar por leis, normas e procedimentos aplicáveis, bem como por informações
sobre o gerenciamento de resíduos durante a produção, uso e destinação final do produto.
Para o levantamento inicial dos requisitos através da lista de verificação, deve-se coletar as informações
com entrevistas, dinâmicas de grupo e/ou oficinas. A entrevista pode ser feita formal ou informalmente,
através de perguntas predefinidas, espontâneas e o registro das respostas; individual ou envolvendo
múltiplos entrevistados (e entrevistadores), deve-se focar em participantes experientes, partes interessadas
e especialistas no assunto do projeto.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
30

Nas dinâmicas de grupo, propõe-se que haja participantes com perfil semelhante aos da entrevista e
utilizando-se de uma discussão planejada e interativa, um moderador treinado guiará os participantes
em busca de maiores informações por meio de um processo mais informal se comparado à entrevista
individual. Já as oficinas, focam na união das partes interessadas multifuncionais. Se bem conduzidas,
desenvolvem as relações e aprimoram a comunicação entre os envolvidos. Além disso, pode proporcionar
a descoberta e a solução de problemas mais rapidamente em relação a outras técnicas.
As técnicas de criatividade em grupo (brainstorming, por exemplo) podem também ser utilizadas de
forma bastante satisfatória, sejam para a coleta dos requisitos que irão compor a lista de verificação ou para
a análise posterior destes requisitos. O quadro, a seguir, apresenta suas características.

TÉCNICA DESCRIÇÃO
O brainstorming é uma técnica utilizada para gerar e coletar toda e qualquer ideia relacionada
Brainstorming
aos requisitos do produto e projeto. Nele, nenhuma informação é descartada.
Essa técnica se inicia em um brainstorming e, por intermédio de um processo de votação, as
Técnica de grupo nominal
melhores ideias são ordenadas para um brainstorming adicional ou priorização.
A técnica Delphi é realizada utilizando-se um questionário em que um grupo de especialistas
Técnica Delphi
responde de forma anônima e, posteriormente, são feitos comentários acerca das respostas.
Utilizando as ideias geradas no brainstorming, essa técnica consolida-as em um mapa mental
Mapas mentais único que irá refletir as semelhanças e as diferenças dos entendimentos, propiciando também
o surgimento de novas ideias.
Essa técnica se caracteriza pela organização em grupos de um grande número de ideias para
Diagrama de afinidade
revisão e análise.
Quadro 4 - Técnicas de criatividade em grupo segundo o PMBOK®
Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

Outras técnicas podem ser utilizadas, como questionários, pesquisas e observações. Após garantir
que as informações necessárias foram coletadas, deve-se transformar esses requisitos em um documento
formal do projeto: o escopo.

DEFINIÇÃO DO ESCOPO
No início do capítulo, você estudou que a definição do escopo é a descrição detalhada do projeto e
do produto. Nele deve conter os itens que serão e não serão atendidos, requisitos de aceite, bem como
as demais informações relevantes para a execução do produto e projeto. O quadro, a seguir, apresenta os
tópicos presentes no escopo.

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ITEM DESCRIÇÃO

Título do projeto Nome escolhido para o projeto, não necessariamente será o nome do produto final.

Pode ser o nome do cliente ou, em caso de cliente interno, do responsável pelo setor
Sponsor/patrocinador
solicitante.
Gerente do projeto e nível de
Nome do responsável pela gestão do projeto e grau de autonomia dentro deste.
autoridade

Equipe do projeto Nome dos envolvidos e, se possível, com a justificativa da escolha.

A descrição deve ser um breve relato de como será o projeto, o cenário anterior e o cenário
Descrição do projeto
que se pretende conseguir.
Neste campo, deve-se apontar o que se espera obter com a conclusão do projeto, seja através
Objetivo do projeto
de números, valores, datas etc.

Justificativa (motivo) do projeto A justificativa deve apontar qual ou quais fatores motivaram o desenvolvimento do projeto.

O resultado ao final do projeto, como o protótipo operacional com manual de operação e


Produto do projeto
plano de produção em grande escala.
Itens como facilidade de comunicação da equipe, suporte da área de TI e apoio constante do
Fatores de sucesso do projeto
patrocinador podem ser descritos neste campo.
Prazo, custos, nível de sigilo e local de trabalho são exemplos de restrições que fazem parte
Restrições
deste item.
Os setores comprometidos com o projeto, nível de dedicação dos membros da equipe,
Premissas
prioridades e conhecimento prévio dos envolvidos devem constar neste campo.
Documentações geradas no início e decorrer do projeto, bem como relatórios final e de
Entregas principais do projeto
melhoria são possíveis entregas; a entrega de manuais de utilização, protótipos e dispositivos
(escopo incluído no projeto)
desenvolvidos devem ser relatadas neste campo.
Itens que não serão produzidos nem desenvolvidos ou, ainda, desenvolvidos, mas não
Exclusões específicas (o que não entregues, por exemplo, o código fonte do firmware desenvolvido para um microcontrolador
será incluído no escopo) ou CLP – Controlador Lógico Programável. Atualizações de maquinários (retrofit), adaptações
ou reparos que não forem contemplados no planejamento inicial devem ser citados.
Aqui devem ser informados o valor previsto do investimento, o que irá contemplar e de
Orçamento previsto que forma será feito o repasse do valor, bem como custos que não serão cobertos por este
investimento citado.
Preenchimento de forma simples. Cita-se o evento, normalmente uma entrega, e a data
prevista para sua realização. Por exemplo:
a) Cronograma definido: 20/09/2016
b) PCI concluída: 10/11/2016
c) Firmware concluído: 02/12/2016
Marcos principais do projeto
d) Protótipo concluído: 20/12/2016
e) Dispositivo concluído: 15/03/2017
f ) Relatório de melhorias concluído: 20/04/2017
g) Projeto concluído: 05/05/2017
h) Manual de operação concluído: 13/05/2017

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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ITEM DESCRIÇÃO
Problemas sazonais que possam interferir, indisponibilidade de mão de obra qualificada
Riscos iniciais (ameaças evidentes em projetos de requisitos específicos, variação cambial, quando há demanda de produtos
ao projeto) importados e demais riscos que possam interferir no êxito do projeto são esperados neste
campo.
Requisitos conhecidos do projeto Devem constar referências sobre a utilização de documentos padronizados quando a empresa
(requisitos relacionados ao projeto for certificada pela ISO, a obrigatoriedade de utilizar (ou não) produtos de determinado
e produto) fabricante/fornecedor, a necessidade de correlação entre projetos anteriores e outros.
Este campo deverá conter a descrição de como as entregas serão aprovadas pelo cliente/
Critérios de aceitação do projeto
patrocinador do projeto. Requisitos de validação devem ser citados.
Quadro 5 - Tópicos presentes no escopo
Fonte: SENAI (2016)

Com base nos elementos do quadro anterior, será possível desenvolver um documento contendo os
itens coletados durante o levantamento de requisitos. Outros itens não contemplados podem fazer parte
do escopo, de acordo com sua relevância em determinados projetos. Quando finalizado, o documento
resultante é chamado de Declaração do Escopo do Projeto. Em posse desse, a próxima etapa será adequá-
lo utilizando recursos de pesquisa, o que você estudará na sequência.

2.2 PESQUISA

Após a definição do escopo, deve-se garantir a adequação do projeto em relação às normas e legislação
aplicáveis. Em um processo de montagem de sistemas eletrônicos, por exemplo, trata-se dos riscos
ambientais e descartes de resíduos durante o processo de instalação. E no projeto de circuitos eletrônicos,
esse cuidado se dá no início, com embasamento nas normas e legislação vigentes.
Você lembra que, no início do capítulo, foi comentado sobre a possibilidade do projeto se tornar inviável,
caso não atenda às normas ou não esteja adequado legalmente? É exatamente neste momento em que se
deve consultar as bases de dados e buscar adequá-lo.
Thinkstock ([20--?])

Figura 2 -  Consulta às bases de dados

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A pesquisa faz parte do desenvolvimento do projeto; é através dela que se descobrem as tecnologias
que podem ser utilizadas e, aparecem as opções, com suas devidas vantagens e desvantagens, para ser
definida a melhor solução tecnológica dentre as possibilidades estudadas. Seu papel é o de encontrar
meios ou soluções a serem integrados em forma de um produto ou de um serviço para a área de interesse
e, com isso, gerar uma economia no processo onde este produto ou serviço é utilizado, ou ainda, ter um
impacto ambiental reduzido ou nulo. Essa análise possui diversas partes, conforme serão apresentadas a
partir de agora.
A pesquisa precisa ser documentada de acordo com o desenvolvimento e com o cronograma proposto,
e há a necessidade de se fazer cópias diárias dos documentos para a segurança dos dados e principalmente,
a segurança da informação. Quando uma equipe é designada para realizar um trabalho de pesquisa, é
importante que haja um líder do grupo, e que cada pessoa tenha seu papel de pesquisador bem definido.
A estrutura de um grupo como esse se faz de acordo com o conteúdo a ser pesquisado e com o produto
ou serviço a ser estudado e pode ser dividido em subáreas, como mecânica, elétrica, eletrônica e afins,
definindo os indivíduos envolvidos por área de atuação. É importante também que haja uma pessoa que
seja o líder do grupo; essa pessoa tem o papel fundamental de mediar as soluções de problemas, com o
objetivo de resolver as dificuldades que surgirão no desenvolvimento do projeto.
A teoria é importante no desenvolvimento de uma pesquisa. Segundo Maximiano (2006, p.18), “Uma
teoria é um conjunto de proposições que procura explicar os fatos da realidade prática.” essa teoria pode
ser vista de duas maneiras: a primeira é a utilização de um conhecimento já existente na busca de novos
conhecimentos; a segunda é o conhecimento que está sendo desenvolvido. É importante ressaltar que os
fatos da realidade prática mencionados na citação anterior, podem ter mais de uma teoria.
No projeto de circuitos eletrônicos, deve-se pesquisar sobre a utilização de novas tecnologias e seus
impactos ambientais, como também sobre normas que vão desde a Interferência Eletromagnética (EMI)
até o descarte ao fim do ciclo de vida do produto.
Portanto, a pesquisa é essencialmente capaz de produzir teorias que, de alguma forma, auxiliem a
humanidade em seu desenvolvimento.
A partir de agora serão estudados alguns itens ligados à pesquisa, como as normas e legislação aplicáveis,
as ferramentas de busca de dados, o registro de patentes, a inovação tecnológica e a interface com as áreas
afins. Comece estudando as normas e a legislação aplicáveis.

2.2.1 NORMAS E LEGISLAÇÃO APLICÁVEIS

As normas e legislações aplicáveis devem ser atendidas no desenvolvimento do projeto. As normas


visam garantir a qualidade e a eficácia da gestão do projeto e produto, enquanto as leis servem para
que a pesquisa possa ser um produto industrializado e esteja de acordo com os requisitos necessários.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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As normas e as legislações, no caso da pesquisa, servem para mostrar os caminhos a serem trilhados no
desenvolvimento de determinado produto.

Você sabia que, além das normas da qualidade bem conhecidas, outras, denominadas
CURIOSI normas setoriais, que abrangem instruções específicas para determinadas áreas de
atuação, como a indústria automotiva e a farmacêutica? No Brasil, normas ISO são
DADES traduzidas e disponibilizadas para compra no site da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (www.abnt.org.br).

Usualmente, deve-se atender a normas específicas e gerais, como a IEC 60335-1, que trata da segurança
de equipamentos eletrodomésticos, por exemplo, ou a IEC 61010-1, que preza pela segurança de
equipamentos de medição utilizados em laboratórios, ou ainda, a ABNT IEC/PAS 62545:2011, que abrange
a informação ambiental para equipamentos eletroeletrônicos.
Empresas certificadas costumam buscar conformidade com normas de gestão ambiental, como a ABNT
NBR ISO 14015:2003 (Avaliação ambiental de locais e organizações) e, principalmente, a ABNT ISO/TR
14062:2004, referente à integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento do produto.
Especificamente para o projeto de circuitos eletrônicos, deve-se atentar para as normas do IPC
(Association Connecting Electronics Industries®), que pode ser traduzido como Associação das Indústrias
de Conectividades Eletrônicas. O IPC (http://www.ipc.org/) abrange especificações que incluem desde o
desenvolvimento até a montagem e teste de placas de circuito impresso, além de certificações.
Alguns produtos precisam ser elaborados de acordo com as normas e a legislação de determinado
país; contudo, isso depende da área e da região que o produto será comercializado. Ou ainda, depende
também da certificação a que produto estará submetido. As normas e legislações aplicáveis devem ser
documentadas e registradas de forma que essa informação esteja disponível para todos os envolvidos no
projeto de pesquisa. No Brasil, o Foro responsável pela normalização é a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
As normas são aplicadas para que se tenha um padrão de conformidade dos produtos ou serviços, e
também para ter uma maneira eficaz e eficiente de solucionar os problemas. A eficácia está relacionada ao
fazer mais atividades de forma rápida e objetiva e a eficiência, a fazer essas atividades de forma a consumir
a menor quantidade de insumos e matéria-prima possível.
Segundo Valeriano (1998, p.297), “Documento normativo é uma expressão genérica para aqueles
documentos que estabelecem regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, tais
como normas, especificações técnicas, códigos de práticas e regulamentos.” Isto é, entre os documentos
normativos, estes podem ser também, manuais técnicos, notas de aplicação ou qualquer outro documento
que seja normativo ao projeto.
Portanto, as normas e as legislações aplicáveis devem ser utilizadas a favor das empresas, com a intenção
de estarem alinhadas com os seus objetivos e garantir também que estas empresas estejam atuando de
acordo com os seus direitos e seus deveres para com a humanidade.

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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2.2.2 FERRAMENTAS DE BUSCA E BASE DE DADOS

Existem diversas informações que precisam ser encontradas para a solução dos problemas atuais. E
uma forma de facilitar essa busca de informes é através da criação de um banco de dados de informações
científicas. Essas podem estar presentes em forma de artigos, periódicos, dissertações ou teses e servem de
base para a compreensão e a resolução de determinados problemas.
Para que o pesquisador tenha o conhecimento necessário para o desenvolvimento da pesquisa, é
necessário consultar ferramentas de busca e base de dados. Sites de fabricantes sempre apresentam novas
soluções, assim como bancos de dados de patentes mostram diversas ideias. Com isso, é possível criar um
embasamento teórico e, em alguns casos, experimental, que pode auxiliar na pesquisa a ser realizada.
As ferramentas de busca e base de dados podem auxiliar inclusive na apresentação do estudo
relacionado à tecnologia e indicar outras possibilidades, se necessário. Também são destinadas à procura
pelo conhecimento teórico e prático, e auxiliam muito no desenvolvimento de um projeto, possibilitando
um estudo aprofundado de determinado assunto ou conteúdo. Mas é importante registrar os dados
utilizados no desenvolvimento da pesquisa e evidenciar o sigilo ao conteúdo da mesma.
E com a consulta à base de dados, é possível ir mais além; podem ser realizados contatos com a pessoa
que redigiu o artigo ou periódico e talvez criar parcerias que possam auxiliar no desenvolvimento do
projeto.

2.2.3 REGISTRO DE PATENTES

Muitas ideias percorrem as soluções de problemas dentro das empresas e dentro das instituições de
pesquisa de todo o mundo, portanto é possível que um pesquisador chegue a uma ideia que já foi estudada
por outro, e neste caso, é necessário que se crie um registro de patente.
Para realizar a pesquisa, é necessário que se saiba se o assunto a ser pesquisado já foi sondado por outra
pessoa ou empresa. E para isso, deve-se consultar o registro de patentes, que é responsável por registrar
as invenções criadas pelas pessoas ou pelas empresas. É através dele que existem organização e proteção
para o que já foi criado.
O registro de patentes serve como indicador de quais produtos, ideias ou conceitos estão sendo
protegidos pela patente, ou quais estão em domínio público. Quando um produto, ideia ou conceito estiver
ativo e com registro de patente, em alguns casos, pode ser adquirido o uso desta patente; evidentemente,
com seu devido custo. O registro de patentes deve ser evidenciado e documentado juntamente com os
documentos da pesquisa.
No Brasil, o órgão responsável por esses registros é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)
e não se restringe apenas à indústria. Segundo o INPI (2016), “Se você inventou uma nova tecnologia, seja
para produto ou processo, pode buscar o direito a uma patente. A patente também vale para melhorias no
uso ou fabricação de objetos de uso prático, como utensílios e ferramentas.” Ele ainda divide em Patente de
Invenção (PI) ou Patente de Modelo de Utilidade (MU).

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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O processo de patentear não é tão simples e também não há garantias de que a mesma seja aprovada,
por isso existem empresas que se especializaram em assessorar os interessados em patentear ideias e
produtos. No site do INPI (http://www.inpi.gov.br) há um guia básico de patente que orienta os passos a
serem seguidos para entrar com a solicitação de patente, além de apresentar o fluxograma do processo de
análise e aprovação do pedido.
Então, um registro de patente é um título temporário para uma invenção, e após este tempo estabelecido,
a invenção se torna de domínio público. E uma invenção patenteada pode ser utilizada quando for pago
royalties (direitos autorais) para o criador da invenção.

2.2.4 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A história da evolução do homem está intimamente ligada ao crescimento da tecnologia. Nos últimos
séculos, este processo está acelerado, devido ao grande número de inovações, produção e consumo de
equipamentos e ferramentas tecnológicas.

Thinkstock ([20--?])

Figura 3 -  Inovação tecnológica

A inovação tecnológica é um termo usado com a intenção de apresentar algo que é novo e que pode
ser industrializado e comercializado. É importante ressaltar que essa inovação é alcançada utilizando-se
conhecimentos técnicos e científicos. Caso exista a possibilidade de a inovação tecnológica vir a tornar-se
uma tendência para comercialização e industrialização, é interessante patentear essa pesquisa. Lembrando
que a inovação tecnológica precisa estar em sinergia com a indústria, para produzir material científico de
acordo com a necessidade da mesma.

SAIBA Para saber mais sobre inovações tecnológicas, consulte sites confiáveis, como http://
MAIS www.mcti.gov.br/ ou http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia.

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Portanto, a partir dessa visão, a inovação tecnológica existe para reduzir os impactos ambientais,
possibilitar conforto e facilitar a vida do ser humano, com o uso racional dos recursos.

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
O processo responsável em transferir o projeto e a pesquisa elaborada pela empresa ao cliente é
denominado transferência de tecnologia. Ela deve ser documentada de modo a garantir a compreensão,
pelo cliente, da pesquisa ou projeto, e se faz por meio de documentos como, projeto do circuito eletrônico,
desenho de leiaute da placa de circuito impresso, lista de materiais, relatório de projeto, memorial de
cálculo e demais documentos que forem necessários. Ela, em alguns casos, também é feita por meio de
entrega de protótipo, ou ainda, na elaboração de artigos.
Segundo Valeriano (1998, p.41), “[...] a transferência de tecnologia, mais corretamente chamada de
fornecimento de tecnologia, envolve, além da transferência de todos os dados técnicos de engenharia do
processo ou produto, a metodologia do desenvolvimento tecnológico usada para sua obtenção.” Portanto,
a transferência de tecnologia pode, quando combinado com o cliente e nas condições contratuais, ser
transmitida à metodologia de projeto para a obtenção da pesquisa propriamente dita.

2.2.5 INTERFACE COM AS ÁREAS AFINS

Uma pesquisa e um desenvolvimento de projeto podem estar integrados com as áreas que fazem parte
do mesmo. Essas áreas podem ser classificadas de acordo com o escopo do projeto. Pode ser feita uma
interface com outras empresas que representem essa área afim e que solucionem o problema do projeto;
montadoras de veículos, por exemplo, ao idealizar um novo modelo, costumam desenvolver o sistema de
injeção eletrônica em conjunto com o fabricante que fornece esse produto.
É importante que se tenha uma integração com as áreas afins para se obter uma solução conectada com
a inovação tecnológica, ou seja, é importante compartilhar e também coletar informações com as áreas de
interesse da pesquisa a ser estudada. Essas áreas, em uma pesquisa, são de acordo com o segmento que
se queira pesquisar, e portanto, elas podem ser parceiras. As áreas afins precisam estar em sinergia para
atender ao escopo do projeto. Para tanto, pode ser escolhido um representante, que tem o papel de fazer
a intermediação entre essas áreas e disseminar as informações.
Segundo Valeriano (1998, p.184), “As interfaces técnicas compreendem ajustes e compatibilidades de
ligação, montagem, integração etc. [...],” e Valeriano (1998, p.184) complementa ainda que “As interfaces
gerenciais/administrativas envolvem ações tais como: mudança de responsabilidade (como na sequência:
especificação, contrato/compra, recebimento), fornecimento de insumos (informações, materiais, serviços
etc.) ou ainda decisões (como na sequência: relatório ou proposta, aprovação, implementação).”
Com essas afirmações, é possível compreender que existem dois tipos de interfaces: as técnicas, onde
estão agrupados e organizados o projeto e a pesquisa pelo estado da arte, e também a interface gerencial
e administrativa, onde ocorrem as tomadas de decisão e são gerenciadas as responsabilidades durante o
desenvolvimento do projeto.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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GRUPO DE TRABALHO
Um grupo de trabalho é quando duas ou mais pessoas juntam esforços para a realização de um objetivo
em comum. Essas pessoas podem trabalhar de acordo com a especialização de cada uma, fazendo com
que a eficiência da atividade seja grande, gerando ganhos de prazo, redução de matéria-prima e de custos
no projeto. É importante ressaltar que, o grupo de trabalho precisa estar em sinergia, e principalmente
motivado para a realização das tarefas.
Então, o desenvolvimento de produto pode ser realizado com a estruturação de grupos de trabalho,
sendo que cada grupo é responsável por determinada etapa, formando assim um elo entre as áreas afins
de um projeto.
Assim, a pesquisa, seja por normas, patentes ou inovação tecnológica, é um processo extremamente
impactante ao se realizar a análise de viabilidade técnica e financeira; que será vista a seguir.

2.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA

A possibilidade técnica de ser realizado um projeto é o primeiro passo a ser verificado. O produto é
possível de ser feito? E para obter a resposta é necessário que seja apresentada a necessidade às pessoas
técnicas da empresa, para saber se é possível ou não a realização do projeto. Thinkstock ([20--?])

Figura 4 -  Análise de viabilidade técnica

Após ser feita a análise técnica surgirá uma outra pergunta: qual o valor a ser gasto para o desenvol-
vimento do projeto? E a resposta a essa pergunta está relacionada à tecnologia a ser utilizada e como ela
será empregada.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 38 23/06/2017 10:08:55


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Thinkstock ([20--?])
Figura 5 -  Análise de viabilidade financeira

Com essas informações, será possível agrupar os custos em uma planilha e analisar as horas das pessoas
envolvidas e o custo com os componentes, insumos, e se necessário, as máquinas e equipamentos que
serão adquiridos para o projeto de desenvolvimento.

Você sabia que um recurso bastante utilizado ao se fazer a análise de viabilidade


CURIOSI técnica e financeira de um projeto é a pesquisa de mercado? Através dela, é possível
prever a tendência do mercado em relação a produtos e/ou serviços. Quando
DADES realizada de forma a identificar problemas e oportunidades, auxilia no processo das
escolhas e reduz o grau de incerteza nas decisões.

A primeira fase de um projeto consiste em coletar dados e analisar a viabilidade técnica e financeira
da pesquisa; analisar se é tangível tecnicamente e se a solução encontrada é financeiramente viável, se
realmente vai resolver o problema proposto para o cliente final, bem como se haverá o retorno financeiro
esperado, para que o projeto de pesquisa que está sendo proposto seja confiável. E para isso, é necessário
que se utilize as ferramentas apresentadas a seguir.

2.3.1 PLANILHA DE CUSTOS

O item importante no desenvolvimento de um projeto é a análise financeira. Essa análise tem como
fundamento a elaboração da planilha de custos. Segundo Leone (2012, p.47), “[...] a Contabilidade de
Custos é um conjunto de procedimentos empregado para a determinação do custo de um produto e das
várias atividades relacionadas a sua fabricação e venda, para auxiliar o planejamento e a mensuração de
desempenho.”

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 39 23/06/2017 10:08:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
40

A planilha de custos traz as informações financeiras de acordo com os produtos, insumos e mão de obra
utilizados no projeto. Com essa planilha em mãos, é possível que seja feita uma prospecção do custo do
projeto e do produto comercializado. Observe um exemplo, no quadro a seguir.

PLANILHA DE CUSTOS
Despesa Unidade Quant. Valor unit. Subtotal Tipo Data
Custo 01 pç 2 R$ 10,00 R$ 20,00 Direta 01/03/2016
Custo 02 kg 6 R$ 30,00 R$ 180,00 Indireta 05/03/2016
Custo 03 H/M 5 R$ 8,00 R$ 40,00 Indireta 09/03/2016
Custo 04 H/M 3 R$ 15,00 R$ 45,00 Direta 15/03/2016
Custo 05 m 1 R$ 27,00 R$ 27,00 Direta 22/03/2016
Total R$ 312,00
Quadro 6 - Planilha de custos
Fonte: SENAI (2016)

Como apresentado no quadro anterior, foram inseridas diversas unidades em relação a cada custo. A
unidade pode ser por peça, quilo, hora homem, hora máquina, metro e podem ser criadas outras, conforme
a necessidade. Vale lembrar que a planilha anterior é um exemplo didático e pode ser elaborada uma de
acordo com a necessidade do projeto de cada empresa.
Através desta planilha é possível verificar e analisar os custos envolvidos no projeto. Ela é elaborada de
acordo com a carga horária das atividades, os insumos a serem utilizados e os componentes necessários
para o desenvolvimento do produto ou serviço a ser oferecido.
É importante ressaltar que a planilha de custos deve ser elaborada, aprovada pelos envolvidos do
setor financeiro, que será responsável pelo pagamento, e registrada com os documentos do projeto de
pesquisa a fim de ser consultado por pessoa habilitada envolvida no projeto, quando necessário. Os itens
da planilha de custo precisam ser evidenciados através de cotação ou orçamento, e poderá haver outros
itens, conforme a necessidade que o projeto possa ter.

Ao elaborar a previsão de custos, não se deve esquecer de incluir os gastos com os


FIQUE equipamentos de segurança (EPIs e EPCs) tanto para a execução como para a operação
ALERTA do projeto.

Os custos esperados em um projeto de circuitos eletrônicos devem contemplar todo o investimento


necessário, não só dos componentes, mas desde a aquisição de equipamentos e ferramentas, até as horas
de trabalho dos envolvidos, seja na gestão ou na execução de tarefas; principalmente em projetos de
médio e grande portes, costuma-se levantar o custo por pacotes de entrega.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 40 23/06/2017 10:08:57


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
41

Para exemplificar, será utilizado um pacote de atividades comum em projetos de circuitos eletrônicos,
chamado “Simulação de circuitos eletrônicos”. Para determinar seu custo, é necessário desmembrar os itens
que o compõem e apresentar em planilha. Por se tratar de uma simulação, pode-se considerar que será
apenas virtual e isso reduz o número de variáveis.
Haverá, então, a quantidade de horas do profissional responsável por desenhar e executar a simulação,
o custo do computador (mesmo que já exista, há o custo de depreciação), o custo da licença do software
de simulação, o mobiliário, a energia elétrica e outros itens de suporte que possam ser considerados
necessários.
Portanto, a planilha de custo tem o papel importante de relacionar o custo com a necessidade técnica
de um produto, e indica quais as despesas no desenvolvimento e no projeto, permitindo analisar possíveis
soluções para diminui-las.

2.3.2 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

Nos últimos anos, muito tem se falado sobre os aspectos e impactos ambientais, e as ações de hoje
precisam estar de acordo com os cuidados e a preservação ambiental; pois ao agredir a natureza, o ser
humano prejudica a si mesmo, já que faz parte do meio ambiente.
Anteriormente, foi visto sobre algumas normas de gestão ambiental, como ABNT NBR ISO 14015:2003
e a ABNT ISO/TR 14062:2004. Além delas, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) criou o Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do qual o CONAMA faz parte.
São competências do CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, dentre outras, determinar a
realização de estudos de possíveis consequências ambientais, sejam de projetos privados ou públicos, bem
como das alternativas a esse projeto, visando a redução dessas consequências. Também deve estabelecer
as normas, critérios e padrões que visem, tanto o controle, como o mantenimento da qualidade do meio
ambiente, com o principal intuito de prover o uso racional dos recursos ambientais disponíveis, com ênfase
nos hídricos.

Em relação às características básicas de uma avaliação de impacto ambiental relativa


FIQUE a um projeto de grande porte, deve-se listar os indicadores de impacto a serem
ALERTA utilizados, definindo a relevância de cada um.

Os aspectos ambientais devem ser respeitados para que se tenha um impacto ambiental nulo, ou seja,
deve-se conhecer a natureza para não a agredir. O desenvolvimento de pesquisas é importante no curso
da vida do produto que está sendo projetado, pois muitas variáveis devem ser consideradas, por exemplo,
se o material a ser utilizado poderá ou não agredir a natureza, como esse material será selecionado etc.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
42

Portanto, o aspecto e o impacto ambiental dependem primariamente da pesquisa desenvolvida.

iStock e Patricia Marcilio ([20--?])


Figura 6 -  Aspectos e impactos ambientais

O cuidado com o meio ambiente deve fazer parte da existência das empresas, como um dos objetivos
principais dentro das organizações. Deve-se alinhar o escopo do projeto e o desenvolvimento do produto
com a ABNT ISO/TR 14062:2004 e ainda atentar-se às resoluções do CONAMA. Uma das formas de atender
a esse item está relacionada ao descarte dos resíduos, apresentado a seguir.

2.3.3 DESCARTES DE RESÍDUOS

As empresas são responsáveis pela fabricação de produtos e serviços dos quais todas as pessoas, de
uma forma geral, são consumidoras. Nos processos, são utilizados matéria-prima, insumos, máquinas e
mão de obra que geram resíduos que demoram muito tempo para se decompor na natureza.
A origem desses resíduos está ligada à necessidade de novos produtos, insumos e matéria-prima
extraídos da natureza, porém processados de forma a modificar as condições naturais encontradas nestes
materiais, o que acaba por dificultar esta decomposição.
As placas eletrônicas, por exemplo, são compostas por mais de dezessete tipos de metais diferentes,
por isso é necessário que se faça o correto descarte dos resíduos. Esse descarte precisa ser feito por
empresas qualificadas que os neutralizam para que não afetem o meio ambiente, como o realizado por
uma multinacional com filial no Brasil, que recicla materiais não ferrosos e baterias, dentre outros.
O descarte correto do resíduo é importante para evitar a degradação da natureza. Dependendo da
grandeza de um impacto ambiental, a natureza pode demorar décadas para se recuperar. O descarte de
resíduos deve ser realizado de acordo com o material a ser descartado, e deve atender às normas e legislações
vigentes, como as citadas anteriormente, sendo também documentado para obter a comprovação sobre
o correto destino do material.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 42 23/06/2017 10:08:58


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
43

Thinkstock e Ana Cristina de Borba ([20--?])


Figura 7 -  Descarte de resíduos

Portanto, as empresas precisam estar conscientes de que seus processos devem ser ecologicamente
corretos. Além disso, existem certificações para empresas que tem esses cuidados com a natureza, como
certificações de responsabilidade socioambiental e a própria NBR ISO 14001:2015, que permite à empresa
mostrar para seus clientes que o produto comprado foi fabricado com o respeito necessário ao meio
ambiente.
Agora que você estudou sobre os requisitos indispensáveis na elaboração da análise de viabilidade
técnica e financeira, poderá aprender sobre as ferramentas e metodologias necessárias para a criação do
cronograma de atividades.

2.4 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O primeiro passo para a criação de um cronograma é determinar quais atividades devem ser relacionadas,
bem como o nível de detalhamento. No projeto de circuitos eletrônicos, esse processo possui maior
profundidade. A criação da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e a aplicação de ferramentas de análise,
como a Rede PERT e o Diagrama Gantt, por exemplo, serão utilizadas com elevado nível de detalhamento.
Mas antes, é preciso expandir o conhecimento no assunto, começando pelo ciclo de vida do projeto.

CICLO DE VIDA DO PROJETO


Composto pelas fases do projeto, não importando a quantidade, nomenclatura, se são sequenciais,
sobrepostas, muito menos a natureza ou a área de aplicação do mesmo, o ciclo de vida do projeto pode
ser documentado como uma metodologia. Partindo da concepção de que todos os projetos têm início
e fim determinados, ele pode ser definido ou moldado de acordo com os aspectos particulares de cada
organização.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 43 23/06/2017 10:08:59


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
44

Oferecendo uma estrutura básica para a gestão, independentemente do tamanho ou complexidade,


o ciclo de vida permite o mapeamento dos projetos; observe na estrutura apresentada na figura a seguir.

Ana Cristina de Borba (2016)


Execução do
Início do Organização Encerramento do
trabalho do
Projeto e Preparação Projeto
Projeto

Figura 8 -  Estrutura do ciclo de vida do projeto


Fonte: SENAI (2016)

Frequentemente utilizada na comunicação com a alta administração ou partes interessadas que


não estão profundamente envolvidas, essa estrutura genérica do ciclo de vida geralmente apresenta as
características apresentadas no quadro a seguir.

FASE CARACTERÍSTICAS

Baixos níveis de custo e de pessoal.


Início do projeto Maior influência das partes interessadas, dos riscos e das incertezas.
Baixo custo para mudanças e correções de erros.

Crescimento dos níveis de custo e de pessoal.


Organização e preparação Maior influência das partes interessadas, dos riscos e das incertezas.
Baixo custo para mudanças e correções de erros.

Valor máximo dos níveis de custo e de pessoal.


Execução do trabalho do projeto Decréscimo da influência das partes interessadas, dos riscos e das incertezas.
Crescimento constante do custo para mudanças e correções de erros.

Rápida queda nos níveis de custo e de pessoal.


Encerramento do projeto Mínima influência das partes interessadas, dos riscos e das incertezas.
Ápice do custo para mudanças e correções de erros.

Quadro 7 - Características da estrutura genérica do ciclo de vida do projeto segundo o PMBOK®


Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

É importante distinguir o ciclo de vida do projeto do ciclo de vida do produto. Assim como o ciclo de
vida de um projeto pode estar contido em vários ciclos de vida de um produto, o inverso também pode
acontecer. Parece confuso? Acompanhe o exemplo.
Suponha que há um projeto de desenvolvimento de um novo produto, como um smartphone. O ciclo
de vida do projeto se encerra quando o smartphone estiver disponível para o mercado, porém, o ciclo de
vida do produto será encerrado quando o smartphone for retirado de circulação.

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
45

Há, ainda, a possibilidade de um produto se beneficiar por outros projetos durante seu ciclo de vida.
Se tratando do smartphone, pode-se ter um projeto para atualização do sistema operacional ou para o
acréscimo de novas funções, por exemplo. Esse novo projeto teria um ciclo de vida que também seria
encerrado antes do ciclo de vida do produto. Mas, e o inverso?
Em um projeto de desenvolvimento de telas flexíveis para smartphones tem-se um extenso ciclo de vida
em que, inicialmente, serão desenvolvidas telas semiflexíveis e, após a validação do comportamento da
nova tecnologia e aceitação do mercado, serão desenvolvidas posteriormente as telas totalmente flexíveis.
Um smartphone (produto) que utilizar a primeira versão da tela terá um ciclo de vida menor do que o
projeto total das telas flexíveis.
Agora que você entendeu como funciona o ciclo de vida do projeto e do produto, siga para a próxima
etapa: a criação da EAP.

ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP)


A Estrutura Analítica do Projeto (EAP), derivada do inglês Work Breakdown Structure (WBS), é criada a
partir da subdivisão do produto principal do escopo em partes menores, chamadas de pacotes de trabalho,
que são facilmente administráveis. Um pacote de trabalho pode ser agendado e ter seu custo estimado,
além de ser monitorado e controlado. A figura, a seguir, apresenta a forma básica de uma EAP.

Nome do Projeto

1. Entrega A

1.1 Pacote de Trabalho A

1.2 Pacote de Trabalho B

2. Entrega B

3. Entrega C
Ana Cristina de Borba (2016)

3.1 Pacote de Trabalho C

3.2 Pacote de Trabalho D

Figura 9 -  Estrutura analítica do projeto (EAP)


Fonte: SENAI (2016)

Como exemplo, analise o projeto de instalação de um sensor de luminosidade para controlar a lâmpada
externa de uma residência. Veja as etapas no quadro a seguir.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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ENTREGAS PACOTES DE TRABALHO


1.1 Seleção das ferramentas do armário
1. Aquisição dos componentes 1.2 Aquisição do sensor
1.3 Organização dos componentes na bancada
2.1 Desligamento do interruptor
2.2 Remoção do bocal da lâmpada
2. Instalação do sensor
2.3 Colocação do sensor
2.4 Recolocação do bocal da lâmpada
3.1 Religamento do interruptor
3.2 Criação de sombra no sensor
3. Teste do funcionamento 3.3 Regulação da sensibilidade
3.4 Finalização da instalação
3.5 Acomodação as ferramentas no armário
Quadro 8 - Itens do projeto de instalação de um sensor de luminosidade
Fonte: SENAI (2016)

Na EAP, as entregas correspondem aos principais produtos e por isso correspondem ao primeiro nível.
Os subníveis são partes menores do nível anterior e não se tratam necessariamente de uma sequência. Veja
como ficou a EAP desse projeto, na figura a seguir.

Projeto sensor de
luminosidade

1. Aquisição dos 2. Instalação do 3. Teste do


componentes sensor funcionamento

1.1 Seleção das ferramentas 2.1 Desligamento do 3.1 Religamento do


do armário interruptor interruptor

2.2 Remoção do bocal 3.2 Criação de sombra


1.2 Aquisição do sensor
da lâmpada no sensor

1.3 Organização dos 3.3 Regulação da


2.3 Colocação do sensor
componentes na bancada sensibilidade

2.4 Recolocação do bocal 3.4 Finalização da


da lâmpada instalação
Patricia Marcilio (2016)

3.5 Acomodação as
ferramentas no armário

Figura 10 -  Estrutura analítica do projeto de instalação de um sensor de luminosidade


Fonte: SENAI (2016)

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
47

Uma EAP pode ser detalhada de acordo com a necessidade e conter informações adicionais como datas
e percentual de conclusão da tarefa, podendo ser utilizada como ferramenta de acompanhamento. E no
projeto de circuitos eletrônicos, quais atividades devem ser contempladas para a composição de uma EAP?
Na execução de projetos de circuitos eletrônicos, usualmente, tem-se as etapas e entregas relacionadas
a seguir.

Desenvolvimento dos circuitos


Simulação de circuitos eletrônicos
Confecção de protótipos
Protoboard
Placa de circuito impresso
Placa prototipada
Validação
Procedimentos de testes
Análise crítica dos resultados
Adequação do projeto com base nos resultados obtidos
Elaboração de documentação técnica
Manual técnico
Desenhos e diagramas
Programas desenvolvidos
Relatório técnico do projeto
Apresentação do projeto ao cliente
Identificação de recursos necessários
Definição da programação

Pôde-se notar que há pacotes de trabalho com atividades e entregas mescladas. A atividade Elaboração
de documentação técnica, por exemplo, possui a entrega Manual técnico. Você deve saber que, na EAP,
a atividade se refere ao produto da atividade e as entregas são o resultado do esforço e não ele próprio.
Quando se relacionar a alguma ação, deve-se transformar a entrega em objeto.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
48

Um outro detalhe para auxiliar na elaboração da EAP é o sequenciamento das atividades através da
atribuição de números para elas. Primeiramente, utiliza-se a relação anterior e se atribui a numeração dos
itens e subitens, conforme mostrado a seguir.

1 Desenvolvimento dos circuitos


2 Simulação de circuitos eletrônicos
3 Confecção de protótipos
3.1 Protoboard
3.2 Placa de circuito impresso
3.3 Placa prototipada
4 Validação
4.1 Procedimentos de testes
4.2 Análise crítica dos resultados
4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos
5 Elaboração de documentação técnica
5.1 Manual técnico
5.2 Desenhos e diagramas
5.3 Programas desenvolvidos
5.4 Relatório técnico do projeto
6 Apresentação do projeto ao cliente
6.1 Identificação de recursos necessários
6.2 Definição da programação

Observe a relação de itens e subitens anteriores. Com as atividades sequenciadas, é possível avaliar a
inserção de novas subdivisões em pacotes de trabalho. Não se deve decompor excessivamente, de forma
que o esforço investido no planejamento e controle do item seja maior do que o benefício gerado pela
subdivisão. No item 3.3 Placa prototipada, por exemplo, criar um subitem 3.3.1 Capacitores soldados, não
gerará benefícios relevantes. Já criar um subitem 3.3.1 Programação de firmware pode trazer vantagens,
por se tratar de um pacote com maior necessidade de controle.

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Outra orientação para a criação da EAP se refere ao número mínimo de subdivisões. Um item que pos-
sua apenas uma subdivisão deve ser desconsiderado, já que estará sendo contemplado pelo item do nível
anterior. Para não gerar uma EAP extensa e facilitar a explanação, será expandido apenas o item 4.1 Pro-
cedimentos de testes. Após a realização desse processo, confira uma possibilidade apresentada a seguir.

1 Desenvolvimento dos circuitos


2 Simulação de circuitos eletrônicos
3 Confecção de protótipos
3.1 Protoboard
3.2 Placa de circuito impresso
3.3 Placa prototipada
4 Validação
4.1 Procedimentos de testes
4.1.1 Hardware
4.1.2 Software
4.2 Análise crítica dos resultados
4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos
5 Elaboração de documentação técnica
5.1 Manual técnico
5.2 Desenhos e diagramas
5.3 Programas desenvolvidos
5.4 Relatório técnico do projeto
6 Apresentação do projeto ao cliente
6.1 Identificação de recursos necessários
6.2 Definição da programação

Atividades e pacotes de trabalho definidos, deve-se agora criar o diagrama da EAP. No quadro inicial
deve ser inserido o nome do projeto. A figura, a seguir, ilustra a EAP do exemplo de projeto de circuitos
eletrônicos.

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LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 50


Projeto de Circuitos
Eletrônicos
PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS

1. Adquirir os 2. Simulação de circuitos 3. Confecção de 5 Elaboração de 6 Apresentação do


eletrônicos protótipos 4. Avaliação documentação técnica projeto ao cliente
componentes

6.1 Identificação de
3.1 Protoboard 4.1 Procedimentos de testes 5.1 Manual técnico
recursos necessários

3.2 Placa de circuito impresso 4.1.1 Hardware 5.2 Desenhos e diagramas 6.2 Definição da programação

Fonte: SENAI (2016)


3.3 Placa prototipada 4.1.2 Software 5.3 Programas desenvolvidos

4.2 Análise crítica 5.4 Relatório técnico do projeto


dos resultados

Figura 11 -  Estrutura analítica do projeto de circuitos eletrônicos


4.3 Adequação do projeto com
base nos resultados obtidos

Patricia Marcilio (2016)

23/06/2017 10:09:00
2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
51

O gerenciamento de projetos prevê também um documento denominado Dicionário da EAP, que


não será abordado neste livro, mas poderá ser estudado por você, se desejar realizar uma pesquisa
mais aprofundada sobre o tema. Nele, cada elemento da EAP é descrito de forma detalhada, incluindo
informações como descrição, responsáveis, estimativas de custos e demais detalhes pertinentes ao projeto.

SAIBA Existem softwares gratuitos que auxiliam no gerenciamento de projetos. O Xmind é


bastante utilizado para a criação de EAPs. Acesse https://www.xmind.net/ para ter
MAIS acesso à versão gratuita do software e conheça mais sobre seus recursos.

Antes da criação do cronograma, deve-se aprender que, para o seu desenvolvimento, as atividades
devem ser divididas em dois tipos, de acordo com suas características: precedentes e simultâneas. Prece-
dentes são àquelas atividades que antecedem uma ou mais atividades e simultâneas são aquelas que
podem ser executadas ao mesmo tempo, ou de forma paralela.
Essa classificação permite o desenvolvimento de um cronograma enxuto e otimizado, já que será
possível determinar quais atividades podem ser realizadas concomitantemente com outras e quais são
aquelas que demandam maior atenção e podem vir a se tornar um gargalo. É nesse momento que entrará
em ação o seu conhecimento na utilização da rede PERT, que você estudará a seguir.

REDE PERT
A rede PERT (Program Evaluation and Review Technique) ou técnica de avaliação e revisão da programação,
é uma ferramenta bastante utilizada no Método do Caminho Crítico (CPM – do inglês Critical Path Method).
Entende-se por caminho crítico de um projeto a sequência de atividades que não possui folga em sua data
de encerramento, ou seja, atividades nas quais a ocorrência de atrasos implica diretamente em atraso do
projeto.
Para explicar, será utilizada essa ferramenta, por meio do exemplo da instalação de um sensor de
luminosidade. O quadro, a seguir, ilustra as atividades (pacotes de trabalho), precedências e tempos para
a realização da instalação.

ID ATIVIDADE PRECEDENTE TEMPO


A 1 - Seleção das ferramentas do armário - 3,0
B 2 - Aquisição do sensor - 10,0
C 3 - Organização dos componentes na bancada AeB 1,0
D 4 - Desligamento do interruptor C 0,5
E 5 - Remoção do bocal da lâmpada D 2,0
F 6 - Colocação do sensor E 4,0

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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ID ATIVIDADE PRECEDENTE TEMPO


G 7 - Recolocação do bocal da lâmpada F 1,5
H 8 - Religamento do interruptor G 0,5
I 9 - Criação de sombra no sensor H 0,5
J 10 - Regulação da sensibilidade I 1,0
K 11 - Finalização da instalação J 2,5
L 12 - Acomodação das ferramentas no armário K 3,5
- 13 - Tempo total da atividade em minutos - 30,0
Quadro 9 - Atividades, precedências e tempos para a instalação de um sensor de luminosidade
Fonte: SENAI (2016)

A figura, a seguir, ilustra a Rede PERT da instalação do sensor de luminosidade. As letras dentro dos
círculos representam as atividades descritas no quadro anterior.

3,0
A
1,0 0,5 2,0 4,0 1,5 0,5 0,5 1,0 2,5 3,5
Início C D E F G H I J K L

Patricia Marcilio (2016)


B
10,0 Final

Figura 12 -  Diagrama de PERT para a instalação de um sensor de luminosidade


Fonte: SENAI (2016)

Deve-se notar que as atividades A e B não possuem precedência e podem ser executadas em paralelo,
se você utilizar mais de uma pessoa para realizar a instalação. Neste exemplo, todas as atividades se tornam
caminhos críticos, pois só há um caminho e, para seguir para a atividade seguinte, é obrigatória a realização
da atividade anterior.
Agora que você entendeu os princípios do CPM e como criar sua rede PERT, veja como usá-la para a
criação do cronograma do projeto de circuitos eletrônicos. O primeiro passo é a criação do quadro de
atividades, precedências e tempos, conforme apresentado a seguir.

ID ITEM PACOTE PRECEDENTE TEMPO (DIAS)


A 1 Desenvolvimento dos circuitos - 2
B 2 Simulação de circuitos eletrônicos A 1
C 3 Confecção de protótipos B 5
D 3.1 Protoboard B 1
E 3.2 Placa de circuito impresso D 2
F 3.3 Placa prototipada E 2
G 4 Validação C 6
H 4.1 Procedimentos de testes C 2

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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ID ITEM PACOTE PRECEDENTE TEMPO (DIAS)


I 4.1.1 Hardware C 1
J 4.1.2 Software C 1
K 4.2 Análise crítica dos resultados IeJ 2
L 4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos K 2
M 5 Elaboração de documentação técnica G 7
N 5.1 Manual técnico G 3
O 5.2 Desenhos e diagramas G 1
P 5.3 Programas desenvolvidos G 1
Q 5.4 Relatório técnico do projeto G 2
R 6 Apresentação do projeto ao cliente M 1
S 6.1 Identificação de recursos necessários - 0,5
T 6.2 Definição da programação - 0,5
Quadro 10 - Atividades, precedências e tempos para o projeto de circuitos eletrônicos (01)
Fonte: SENAI (2016)

No quadro anterior, foram utilizados tempos fictícios para facilitar a compreensão e a adequação ao
livro. Quando você estiver desenvolvendo um projeto de circuitos eletrônicos, esse tempo deverá ser
estimado através de comparação com projetos anteriores e consulta à especialistas com experiência no
item relacionado.
Perceba que os pacotes de trabalho S e T (6.1 e 6.2, respectivamente), apesar de pertencerem à atividade
R (6), não possuem precedente algum e podem ser realizados em qualquer momento do projeto. Para
compor o diagrama, deve-se rever o quadro anterior e desconsiderar as atividades principais que foram
subdivididas, utilizando apenas os seus pacotes de trabalho, conforme visto no quadro a seguir.

ID ITEM PACOTE PRECEDENTE TEMPO (DIAS)


A 1 Desenvolvimento dos circuitos - 2
B 2 Simulação de circuitos eletrônicos A 1
C 3.1 Protoboard B 1
D 3.2 Placa de circuito impresso C 2
E 3.3 Placa prototipada D 2
F 4.1.1 Hardware E 1
G 4.1.2 Software E 1
H 4.2 Análise crítica dos resultados FeG 2
I 4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos H 2
J 5.1 Manual técnico I 3
K 5.2 Desenhos e diagramas I 1
L 5.3 Programas desenvolvidos I 1
M 5.4 Relatório técnico do projeto I 2
N 6.1 Identificação de recursos necessários - 0,5
O 6.2 Definição da programação - 0,5
Quadro 11 - Atividades, precedências e tempos para o projeto de circuitos eletrônicos (02)
Fonte: SENAI (2016)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
54

Com o quadro redefinido, é preciso criar agora a Rede PERT do projeto de circuitos eletrônicos. Lembre-
-se que as letras dentro dos círculos representam as atividades identificadas no quadro anterior. Veja na
próxima figura.

N
0,5
J 3,0
2,0
2,0 F 1,0 2,0
1,0 1,0 2,0 K 1,0
2,0 2,0
Início A B C D E H I 2,0 Final
1,0
G L
2,0 2,0

Patricia Marcilio (2016)


M 0,5

Figura 13 -  Diagrama de PERT para o projeto de circuitos eletrônicos


Fonte: SENAI (2016)

Um ponto a ser verificado são as atividades chamadas de gargalo. Com a possibilidade de reter o início
de outros pacotes de trabalho, atividades com esta característica devem ser monitoradas e controladas
com maior atenção. Você também pode inverter os tempos em relação às atividades, colocando a letra das
mesmas acima das setas e os tempos dentro dos círculos.
Agora que foi desenvolvida a rede PERT, chegou o momento de criar o diagrama de Gantt para o projeto
de circuitos eletrônicos.

DIAGRAMA DE GANTT
Uma ferramenta bastante utilizada no processo de criação de cronogramas é o diagrama de Gantt. Neste
diagrama, é possível representar os períodos de tempo previstos para a execução das atividades de um
cronograma.. Idealizado por Henry L. Gantt, esse diagrama é muito utilizado por gestores, por apresentar,
de forma visual, o relacionamento entre as atividades e os instantes de tempo em que são realizadas.
Em pequenos projetos, cujos cronogramas não necessitam de grande detalhamento, o diagrama de
Gantt já realiza essa função, bastando incluir as datas das atividades no diagrama. Se tratando de projetos
maiores, o diagrama passa a ser um complemento ao cronograma.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 54 23/06/2017 10:09:01


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
55

Mesmo se tratando de um projeto pequeno, para fins didáticos, serão elaborados o cronograma e o
diagrama de Gantt de forma distinta.
Acompanhe na figura a seguir.

Projeto de placa de circuito impresso


Tempo

10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
22,0
23,0
Atividades Início Fim

0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
(dias)
1 Desenvolvimento dos circuitos 2 0,0 2,0
2 Simulação de circuitos eletrônicos 1 2,0 3,0
3 Confecção de protótipos 5 3,0 8,0
3.1 Protoboard 1 3,0 4,0
3.2 Placa de circuito impresso 2 4,0 6,0
3.3 Placa prototipada 2 6,0 8,0
4 Validação 6 8,0 14,0
4.1 Procedimentos de testes 2 8,0 10,0
4.1.1 Hardware 1 8,0 9,0
4.1.2 Software 1 9,0 10,0
4.2 Análise crítica dos resultados 2 10,0 12,0
4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos 2 12,0 14,0
5 Elaboração de documentação técnica 7 14,0 21,0
5.1 Manual técnico 3 14,0 17,0
5.2 Desenhos e diagramas 1 17,0 18,0

Patricia Marcilio (2017)


5.3 Programas desenvolvidos 1 18,0 19,0
5.4 Relatório técnico do projeto 2 19,0 21,0
6 Apresentação do projeto ao cliente 1 21,0 22,0
6.1 Identificação de recursos necessários 0,5 21,0 21,5
6.2 Definição da programação 0,5 21,5 22,0

Figura 14 -  Diagrama Gantt para o projeto de circuitos eletrônicos


Fonte: SENAI (2016)

No diagrama apresentado na figura anterior, adotou-se que as atividades do item 6 seriam realizadas
ao final das demais, porém como explicado anteriormente, nada impede sua antecipação de acordo com
a conveniência.
A maior vantagem de utilizar-se o cronograma independente do diagrama de Gantt é a possibilidade de
separar do cronograma principal os pacotes de trabalho e expandir em subitens de forma que se tenha uma
versão mais detalhada de determinada atividade. No exemplo, o item 1 Desenvolvimento dos circuitos,
não necessitou de subdivisões por ser uma única entrega. Porém, para os responsáveis pela atividade, uma
divisão em Circuito de controle e Circuito de potência, por exemplo, pode auxiliar no controle do tempo.
Por isso, no próximo item, você irá estudar mais detalhadamente a construção do cronograma.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 55 23/06/2017 10:09:02


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
56

CONSTRUÇÃO DO CRONOGRAMA DE ATIVIDADES


No gerenciamento de projetos, o cronograma não contém apenas as atividades, as datas e a duração.
Quanto maior o projeto, maior é o número de informações. Além das atividades, informações como marcos,
atributos das atividades e documentação das premissas e restrições costumam ser fornecidas como dados
de suporte.
Frequentemente, é possível encontrar cronogramas incluídos de requisitos dos recursos, (usualmente
na forma de histograma), bem como cronogramas alternativos, prevendo cenários otimistas ou pessimistas,
com ou sem datas, nivelado ou não por recursos ou, ainda, alocação das reservas para eventuais necessidades
de contingências.
Podendo ser apresentado em formato resumido (cronograma mestre ou cronograma de marcos) ou
de forma detalhada, o cronograma do projeto usualmente possui formato gráfico, não impossibilitando
utilizar-se também o formato tabular. O quadro, a seguir, apresenta os formatos comuns de cronogramas
de projetos juntamente com a descrição.

FORMATO DESCRIÇÃO
Frequentemente utilizados em apresentações gerenciais; nesses
gráficos as barras representam as atividades, mostrando as datas
Gráfico de barras
de início, fim e as durações esperadas (semelhante ao diagrama
de Gantt).
Semelhantes aos gráficos de barra, tem como característica
identificar apenas o início ou o término agendado para os pacotes
Gráfico de marcos de trabalho ou entregas mais importantes. Podem ser integrados
ao gráfico de barras, onde a atividade mais ampla e abrangente é
sinalizada.
Apresentando pacotes de trabalho planejados como uma série
de atividades relacionadas, os diagramas de rede mostram tanto
Diagramas de rede do cronograma do projeto
a lógica da rede do projeto como as atividades do seu caminho
crítico.
Quadro 12 - Formatos gráficos de cronograma
Fonte: SENAI (2016)

Para o exemplo, será adotado o cronograma com formato de gráfico de marcos que, após a inclusão das
informações, ficará como exemplifica a figura a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 56 23/06/2017 10:09:02


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
57

Cronograma do projeto de placa de circuito impresso

10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
22,0
Id Descrição da atividade

0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
Início Fim

1 Desenvolvimento dos circuitos 05/05/2017 07/05/2017


2 Simulação de circuitos eletrônicos 07/05/2017 08/05/2017
3 Confecção de protótipos 08/05/2017 13/05/2017
3.1 Protoboard 08/05/2017 09/05/2017
3.2 Placa de circuito impresso 09/05/2017 11/05/2017
3.3 Placa prototipada 11/05/2017 13/05/2017
4 Validação 13/05/2017 19/05/2017
4.1 Procedimentos de testes 13/05/2017 15/05/2017
4.1.1 Hardware 13/05/2017 14/05/2017
4.1.2 Software 14/05/2017 15/05/2017
4.2 Análise crítica dos resultados 15/05/2017 17/05/2017
4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos 17/05/2017 19/05/2017
5 Elaboração de documentação técnica 19/05/2017 26/05/2017
5.1 Manual técnico 19/05/2017 22/05/2017
5.2 Desenhos e diagramas 22/05/2017 23/05/2017

Patricia Marcilio (2017)


5.3 Programas desenvolvidos 23/05/2017 24/05/2017
5.4 Relatório técnico do projeto 24/05/2017 26/05/2017
6 Apresentação do projeto ao cliente 26/05/2017 27/05/2017
6.1 Identificação de recursos necessários 26/05/2017 26/05/2017
6.2 Definição da programação 26/05/2017 27/05/2017

Figura 15 -  Cronograma de atividades para o projeto de circuitos eletrônicos


Fonte: SENAI (2016)

Perceba que, conforme descrito, apenas as atividades principais possuem marcação. Seria possível
mesclar o diagrama de Gantt, criado anteriormente, com este cronograma, já que, para efeito didático, foi
tratado como um projeto relativamente pequeno. Agora que o cronograma foi definido, ele será utilizado
para acompanhar o projeto e fazer o controle da realização do mesmo, que você acompanha a seguir.

2.5 CONTROLE DA REALIZAÇÃO DO PROJETO

O controle da realização do projeto é o processo responsável por realizar a administração das mudanças,
recomendando ações que irão prever possíveis problemas, bem como acompanhar as atividades do
projeto em relação ao escopo e, ainda, intervir em relação aos fatores determinantes das mudanças, para
que apenas sejam implementadas aquelas que receberem aprovação.
Com base no cronograma e na data atual, verifica-se o progresso das devidas etapas do projeto. E com
base nessa verificação, pode ser intercedido caso haja alguma perturbação no progresso do projeto ou da
pesquisa.
O controle da realização do projeto precisa manter as pessoas das áreas envolvidas em reuniões
constantes para verificarem a eficácia e o progresso do projeto e agir conforme a necessidade. É um
processo que precisa ser realimentado de acordo com o estado atual do projeto e precisa ser registrado e
documentado, sendo assim gerenciado de maneira mais eficaz.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 57 23/06/2017 10:09:02


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
58

O Microsoft Project é hoje o software de gerenciamento de projetos com o uso mais


SAIBA difundido no mundo. Consulte https://products.office.com/pt-br/project/project-and-
MAIS portfolio-management-software e conheça esse software que conta até com opção
online.

O controle do projeto consiste em monitorar processualmente as etapas realizadas em função das


etapas planejadas, por meio dos marcos definidos no escopo e, com isso, garantir a conclusão do projeto
dentro do previsto.
Portanto, o sucesso do projeto está ligado ao acompanhamento do cronograma. É importante ressaltar
que o cronograma pode ter suas etapas realizadas antes mesmo do planejado e adiantar os prazos da
conclusão dos objetivos do escopo.

Rastreabilidade
Os arquivos do sistema de gestão precisam estar em conformidade com os registros de documentos,
visando permitir a rastreabilidade de atas de reuniões, contratos, memoriais de engenharia, revisões de
circuitos eletrônicos e leiautes, controle de ensaios do produto, registro de alterações e revisões no projeto
e outros documentos que se fizerem necessários.
Segundo Valeriano (1998, p.288), “Rastreabilidade de um documento é a capacidade de recuperação
do histórico, da aplicação ou da localização do mesmo por meio de identificações registradas.”, ou seja,
permitir de maneira fácil e intuitiva, que sejam encontrados os documentos necessários para a gestão do
projeto, visando garantir o fluxo de informações entre áreas envolvidas no processo de controle.
Na sequência, serão apresentados três tópicos referentes ao controle da realização do projeto, a
priorização de tarefas, os prazos e o custo envolvido.

2.5.1 PRIORIZAÇÃO DE TAREFAS

As tarefas são realizadas segundo o cronograma para atingir os objetivos do escopo. Elas são definidas
pelo mesmo, mas são selecionadas e ordenadas no cronograma de acordo com a priorização, conforme
visto nos itens anteriores. Esta priorização se faz pela sequência entre as etapas, pois cada passo pode
depender de outro anterior. Quando essa dependência não existe, significa que a etapa pode ser realizada
em paralelo com outra, possibilitando adiantar o desenvolvimento do projeto.
Quando realizada a análise pelo Método do Caminho Crítico, após a criação do Diagrama PERT (visto
anteriormente), iniciam as etapas do projeto, que podem ser adiantadas de acordo com a possibilidade e
a disposição de pessoas. A priorização de tarefas pode ser vista de diversas formas, mas a principal delas é
adiantar o projeto ou a pesquisa e reduzir o tempo e o custo dos mesmos; ela é feita no planejamento do
cronograma, mas também podem ser feitas priorizações durante a realização do projeto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 58 23/06/2017 10:09:02


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
59

2.5.2 PRAZOS

No desenvolvimento do cronograma, é necessário que seja inserido um campo para mostrar os prazos
de cada etapa do projeto. Se uma etapa tiver um prazo estendido, neste caso, pode ser desmembrada em
subetapas onde passam a existir novos prazos, um para cada subetapa. O prazo no decorrer do projeto
deve ser atendido, contudo, existem imprevistos que precisam ser tratados com presteza para que as
delongas no cumprimento dos termos da etapa a ser concluída sejam evitados.
Para isso, é necessário que as pessoas envolvidas revejam prazos e prevejam este tipo de atraso, agindo
preventivamente, se necessário. É importante que os responsáveis tenham experiência neste assunto.
Revisando, os prazos sugeridos no cronograma são estipulados com base no desenvolvimento técnico
do projeto, e podem ser ajustados se for necessário, mas vale saber que existem também etapas que são
estabelecidas de acordo com as atividades administrativas, como aquisição e recursos humanos.

2.5.3 CUSTO

Na seção análise de viabilidade técnica e financeira, foi apresentado o desenvolvimento de uma


planilha de custos. Agora, no controle da realização do projeto, deve-se confirmar se os custos estimados
estão atendendo às demandas necessárias para a execução das atividades que gerarão os resultados
esperados em cada pacote de trabalho.
iStock e Guilherme Luiz Marquardt ([20--?])

Figura 16 -  Custo

Sabe-se que o custo de um projeto é formado por hora homem, hora máquina, matéria-prima, insumos,
equipamentos e máquinas; portanto esses elementos precisam ser analisados quanto a sua utilização, para
que não haja desperdícios.
Segundo o PMBOK® (2008, p.141), controlar os custos é “O processo de monitoramento do andamento
do projeto para atualização do seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base dos
custos.” No decorrer do projeto, todo custo adicional acabará repassado ao produto ou serviço ofertado e
por isso, deve-se evitar ao máximo exceder o que foi previamente definido.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 59 23/06/2017 10:09:02


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
60

O PMBOK® ainda sugere que o processo de controle possua a seguinte estrutura: entradas, ferramentas
e técnicas, saídas. O quadro, a seguir, ilustra os componentes sugeridos que compõem o processo.

1. Plano de gerenciamento do projeto


2. Requisitos dos recursos financeiros do projeto
Entradas
3. Informações sobre o desempenho do trabalho
4. Ativos de processos organizacionais
1. Gerenciamento do valor agregado
2. Previsão
3. Índice de desempenho para término (IDPT)
Ferramentas e técnicas
4. Análise de desempenho
5. Análise da variação
6. Software de gerenciamento de projetos
1. Medições de desempenho do trabalho
2. Previsões de orçamentos
3. Atualizações em ativos de processos organizacionais
Saídas
4. Solicitações de mudanças
5. Atualizações no plano de gerenciamento do projeto
6. Atualizações nos documentos do projeto
Quadro 13 - Processos de controle de custos do projeto
Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

As entradas, técnicas (e ferramentas) e saídas utilizadas dependerão do tamanho do projeto. Quanto


maior, maior o número de variáveis a serem controladas, bem como o número de entradas e saídas. É
importante selecionar os componentes que se adequem ao planejamento em questão.

Planejar as aquisições
A aquisição de componentes pode interferir no andamento do cronograma, principalmente quando
se trata de componentes especiais para a fabricação de protótipos e quando o prazo de entrega é grande.
É relevante ressaltar que um bom planejamento envolve acordo com o fornecedor, para deixar claro o
custo, o prazo de entrega, a forma de pagamento, o transporte e a garantia sobre o componente. Portanto,
a etapa de aquisição precisa estar inserida no cronograma do projeto e ser adiantada quando possível, e
todas essas características precisam estar explícitas em contrato com o fornecedor.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 60 23/06/2017 10:09:02


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
61

2.6 VERIFICAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DO PROJETO AO ESCOPO

No início deste capítulo, quando foi elaborada a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), selecionou-se e
subdividiu-se as entregas e pacotes de trabalho até níveis mais facilmente gerenciáveis. Cada item deter-
minado possui uma ou mais entregas provenientes do escopo do projeto, que devem ser verificadas, e
principalmente, aceitas pelo cliente.
Segundo XAVIER (2009, p.188), “A verificação do escopo é o processo de obtenção da aprovação formal
desse instrumento por parte dos envolvidos (stakeholders) responsáveis pela aceitação das entregas do
projeto.” e ainda complementa que o objetivo principal dessa verificação é, na verdade, obter a aceitação
por parte deles.
Diferente de um controle de qualidade, que é realizado anteriormente e tem por objetivo a precisão e
a conformidade dos requisitos de qualidade das entregas, a verificação do escopo busca a aprovação do
cliente sobre o resultado/produto da entrega. Embora não se trate de um processo complexo, objetivamente
falando, a verificação do escopo é determinante para a continuidade correta do projeto.
O quadro, a seguir, apresenta os componentes do processo de verificação do escopo, segundo o Guia
PMBOK®.

PROCESSO ITEM
Entregas validadas
Entradas Estrutura Analítica do Projeto (EAP)
Declaração do escopo do projeto

Técnicas e Ferramentas Inspeção

Entregas aceitas
Saídas
Solicitações de mudanças

Quadro 14 - Componentes do processo de verificação do escopo segundo o PMBOK®


Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

A seguir, serão detalhados cada um dos itens citados para que se compreenda sua participação e
relevância na verificação do escopo.

Entregas validadas
Os resultados das atividades do projeto são convertidos em entregas. As entregas validadas são aquelas
que, após a conclusão, foram verificadas de acordo com os requisitos registrados no escopo e aprovadas
pelo controle de qualidade.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
62

Estrutura Analítica do Projeto (EAP)


A Estrutura Analítica do Projeto (EAP), como visto no início deste livro, é formada pela subdivisão de
entregas em pacotes de trabalho. Essa definição aponta as entregas esperadas de cada pacote de trabalho
para posterior verificação e atividades necessárias para tal.

Declaração do escopo do projeto


A descrição do escopo do produto, serviços e as entregas do projeto estão contidas na declaração
do escopo do projeto. Visto também no início deste livro, é neste documento que estão, dentre outras
informações, as definições do critério de aceitação do usuário em relação ao produto.

Inspeção
Durante a inspeção, a verificação do escopo é realizada através de atividades como medição, exame e
verificação, cujo objetivo é confirmar se as entregas atendem de forma satisfatória aos requisitos e critérios
de aceitação do produto ou serviço. Em algumas situações, a inspeção é realizada através de revisões,
auditorias e ensaios.
É importante ressaltar que essa inspeção também deve ser realizada em toda a documentação
pertencente à entrega em questão para que se evite a rejeição de uma entrega devido, por exemplo, a
simples ausência de um desenho ou de outro documento qualquer.

Entregas aceitas
Após a inspeção, as entregas que atenderam aos critérios e requisitos de aceitação devem ser
formalmente aceitas pelos stakeholders. Essa aprovação, realizada pelo cliente ou patrocinador, é
devidamente documentada como entrega aceita, assinada e formalmente aprovada.
A documentação recebida do cliente ou patrocinador que evidencia a aceitação formal das entregas do
projeto pelas partes interessadas deve ser retida e armazenada até o encerramento do projeto.

Solicitações de mudanças
As entregas que foram aprovadas na inspeção, porém recusadas pelos stakeholders, podem ser
encaminhadas para mudança. Quando ocorrer uma rejeição formal, deve ser realizada a documentação
juntamente com as justificativas para o não aceite.
Este documento, após assinado pelas partes interessadas, pode ser utilizado para gerar uma solicitação
de mudança, visando a adequação do produto ou serviço. Essas solicitações são processadas, revisadas e
distribuídas. Em projetos de médio e grande porte, costuma-se ter uma gestão específica de mudanças,
conforme recomenda o PMBOK®.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 62 23/06/2017 10:09:02


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
63

Riscos
Os projetos podem apresentar riscos que influenciam (ou não) no decorrer do projeto ou em alguma
etapa do mesmo. Por isso, são necessários esforços na tentativa de prever estes riscos e tomar as decisões
necessárias para saná-los ou evitá-los. Segundo Valeriano (1998, p.363), “Entende-se por risco a possibilidade
de ocorrência de um resultado indesejável, como consequência de qualquer evento.” Por isso, deve-se
minimizar os riscos ao ponto de não influenciarem no decorrer do projeto.
Os riscos de um projeto eletrônico podem existir pela falta de conhecimento ou de domínio da
tecnologia, ou ainda, pela dificuldade que esse projeto pode representar, tecnicamente. Outros riscos
podem ser citados, como a dificuldade na aquisição de componentes importados, os ensaios com o
produto, por exemplo, ensaios de vibração e de grau de proteção etc. Eles devem ser tratados de acordo
com a intensidade, a área de atuação, e pelo impacto que o mesmo representa nos avanços. Existem alguns
tipos de risco de projetos de circuito eletrônico, por exemplo, que podem ser simulados por softwares que
permitem rapidez no desenvolvimento do projeto.
A figura da sequência apresenta o ciclo da gestão de risco.

Identificar

Avaliar Analisar

Gerenciamento
de risco

Reduzir Controlar
Patricia Marcilio (2016)

Transferir

Figura 17 -  Ciclo da gestão de riscos

Conforme apresentado na figura anterior, no ciclo da gestão de risco existem fases que auxiliam no
tratamento dos existentes em um projeto, como identificação, análise, controle, transferência, redução e
avaliação da ação, juntamente com a posterior verificação da possibilidade de que o risco ainda exista.
No processo de verificação da adequação do projeto ao escopo, não é incomum se deparar com
dificuldades que demandam maior recurso intervencionista. Quando essa situação ocorrer, para auxiliar
na solução, costuma-se utilizar as ferramentas da qualidade aplicada a projetos, que serão estudadas em
seguida.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 63 23/06/2017 10:09:03


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
64

2.7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADA A PROJETOS

Devido ao surgimento de problemas dentro das indústrias, foram criadas as ferramentas da qualidade.
Elas auxiliam no desenvolvimento de projetos e na busca por soluções inovadoras de forma sistemática e
interativa, sugerindo a participação das pessoas envolvidas no processo ou na etapa do projeto. Utilizando-
as é possível criar uma sistemática para solução de problemas de forma dinâmica e eficiente. As principais
ferramentas utilizadas são: diagrama de Pareto, diagrama de Ishikawa, histograma, lista de verificações,
brainstorming e gráfico de controle e diagrama de dispersão. Seguem, a partir de agora, os estudos dessas
ferramentas.

2.7.1 BRAINSTORMING

Nas indústrias e nas empresas, os colaboradores encontram problemas que precisam ser resolvidos e
uma das formas de encontrar soluções para esses problemas é fazendo um brainstorming.

Thinkstock ([20--?])

Figura 18 -  Brainstorming

O brainstorming é uma ferramenta que conta com a participação de diversas pessoas ao mesmo tempo,
com a intenção de desmistificar algum problema e solucioná-lo de forma eficaz. Geralmente, elas opinam
sobre determinado assunto e quando chegam a um consenso, obtém-se uma proposta de solução.
Habitualmente, nas empresas, existem os grupos de qualidade; estes reúnem-se para resolver problemas
com a criação de ideias inovadoras e que tenham um custo baixo, e para isso, o brainstorming é visto como
uma ferramenta ideal e eficiente.
As regras básicas para a realização do brainstorming são:
a) ter o máximo de ideias possíveis;
b) evitar a crítica negativa sobre as ideias;
c) apresentar as ideias espontaneamente;
d) contribuir com as ideias sugeridas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 64 23/06/2017 10:09:07


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
65

Diante disto, essa ferramenta pode ser utilizada para a resolução de problemas em diversas áreas da
empresa, como vendas, compras, produção, almoxarifado, marketing etc.

2.7.2 LISTA DE VERIFICAÇÃO

Conforme visto no início desse capítulo, a lista de verificação foi criada para inspecionar determinada
ação sem esquecer qualquer item. Através dela, é possível verificar se existe algum item faltando em uma
lista de compras ou em uma lista de verificação de manutenção, por exemplo.

iStock ([20--?])

Figura 19 -  Lista de verificação

A lista de verificação contém os itens a serem inspecionados em um projeto, produto ou pesquisa. Serve
de base para a relação de ação feita ou não, ou item contido ou não contido dentro do projeto pretendido
ou pesquisa a ser realizada.

CASOS E RELATOS

Uma simples solução


José trabalha em uma determinada empresa onde havia muitas reclamações dos clientes que
alegavam não estar recebendo os acessórios dos produtos comprados. Após uma verificação,
constatou-se que muitos acessórios haviam sido deixados de ser embalados junto ao produto,
e quando José, funcionário encarregado pela embalagem dos produtos, resolveu procurar uma
solução para este problema, convocou as pessoas do departamento para fazer uma reunião, com
o intuito de resolver esse assunto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 65 23/06/2017 10:09:09


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
66

Durante a reunião, surgiram muitas ideias para a resolução do contratempo, e Pedro, estagiário que
trabalha no setor de finanças, comentou que há pouco tempo havia feito um curso de ferramentas
de gestão, e pensou em uma solução para o problema: utilizar uma lista de verificação para os
produtos que estão sendo embalados, o que possibilitaria o controle de todos os acessórios que
acompanham o produto a ser entregue ao cliente.
Após essa ação, não houve mais reclamações deste tipo e foram evitados os contratempos que
estavam prejudicando a relação do cliente com a empresa e também do colaborador José no seu
local de trabalho.

Essa lista é elaborada de acordo com os requisitos do projeto, e serve para inspecionar determinado
processo ou produto.

2.7.3 ESTRATIFICAÇÃO

Estratificar consiste em “[...] dividir um problema em “estratos” (camadas) de problemas de origens


diferentes. A estratificação é uma “análise de processo” pois é um método para ir em busca da origem do
problema.” (FALCONI, 2014).
De forma geral, estratificar é separar e agrupar dados coletados de acordo com uma ou mais características
comuns, de modo a possibilitar a identificação de relações ou tendências entre eles que possam influenciar
no comportamento dos demais, permitindo prever resultados futuros.
A estratificação é uma ferramenta bastante utilizada para a classificação de informações provenientes
de um brainstoming. Ela possibilita a aplicação dessas informações em ferramentas de análise, como o
diagrama de Ishikawa, 5W2H, diagrama de relação, diagrama de afinidades, diagrama de árvore e outras.
Para estratificar os dados, é preciso ordená-los de acordo com as várias categorias definidas, analisar os
resultados seguindo critérios estabelecidos e, em seguida, propor ações de correção ou melhoria através
do uso das ferramentas adequadas, como as citadas anteriormente.
Quando a estratificação se aplica ao produto, os agrupamentos para dados monitorados podem ser
construídos por lote de matéria-prima, por turno de produção, por linha de fabricação ou por operador.
Para um problema de matéria-prima, pode-se chegar aos produtos por meio dos lotes. Esse é o método
utilizado pelas montadoras para identificar, por exemplo, quais os veículos que precisam passar por um
processo de recall3.

3 Procedimento em que os fabricantes identificam não conformidades em determinados lotes de produtos e convocam os
compradores para intervenção ou troca do produto.

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2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
67

Utilizando outros agrupamentos de dados, pode-se chegar até o operador que precisa de orientação
ou treinamento para produzir dentro das especificações. É possível também localizar adversidades com as
linhas ou influências ambientais, no caso de o problema ser por turno.

Rastreabilidade
Para efeito de rastreabilidade, só se pode estratificar os dados por lote de matéria-prima, turno de
produção, linha de fabricação e operador se o formulário de coleta de dados tiver esses campos disponíveis.
Um exemplo pode ser visto na figura a seguir, onde consta o cabeçalho de uma lista de verificação de uma
placa de circuito impresso.

Patricia Marcilio (2016)


Produto: Placa de circuito impresso Turno: Noite
Processo: Revestimento Operador: Davi P.
Lote: LPO2 Estação: 007
Linha: Wyrd

Figura 20 -  Cabeçalho de uma lista de verificação de uma placa de circuito impresso


Fonte: SENAI (2016)

Esta é a importância da definição dos itens e critérios aplicáveis ao formulário, pois se ele não permitir
a rastreabilidade do processo, não será possível utilizá-lo na análise dos dados. No exemplo anterior, se
não houvesse as informações de linha, turno, operador e máquina, não seria possível estratificar os dados
seguindo esses critérios. O uso da estratificação permitirá apurar a localização das fontes de problemas, e
portanto, os focos para implementação das possíveis melhorias.

2.7.4 PARETO

O diagrama de Pareto é uma ferramenta da qualidade muito utilizada para a análise de problemas.
Criado por Vilfredo Pareto em 1897, este diagrama indica visualmente qual problema pode ser solucionado
em primeiro lugar através do percentual acumulado. O gráfico proporciona uma visão panorâmica entre
todas as ocorrências, e a partir disso, um plano de ação pode ser implementado de maneira eficaz.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 67 23/06/2017 10:09:10


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
68

A próxima figura apresenta um exemplo de diagrama de Pareto, através do número de ocorrências e


defeitos apresentados pelo circuito eletrônico de controle de máquinas de lavar roupa.

Defeitos máquina de lavar roupas

160 120%
140
100%
120
80%
100
80 60%
60
40%
40 Ocorrências
20%
20 % Acumulado

Patricia Marcilio (2016)


0 0%
va
a
a
ua

la
gu
ug

gu

o
ág


rif


tra

en
nt

en
ce
en

dr

o
o

o


Figura 21 -  Diagrama de pareto


Fonte: SENAI (2016)

Percebe-se, através do diagrama anterior, que as ocorrências são evidenciadas com o auxílio do gráfico
de barras e se pode ver, pelo percentual acumulado, que se forem solucionadas as duas primeiras causas,
mais de 80% dos defeitos será resolvido.
Portanto, pode ser compreendida a importância da compilação dos dados para auxiliar na solução dos
problemas e também analisar qual ocorrência será tratada em primeiro lugar.

2.7.5 ISHIKAWA

O diagrama de Ishikawa foi criado por Kaoru Ishikawa, e é conhecido também como diagrama de
espinha de peixe ou diagrama de causa e efeito. Segundo Assen, Berg e Pietersma (2010, p.176), “A análise
de causa e efeito faz parte de uma classe de métodos para resolução de problemas destinada a identificar a
causa principal de determinadas situações ou eventos.” e com esse diagrama, ficam evidentes os problemas,
permitindo refletir de que forma eles serão solucionados.
No diagrama de Ishikawa, as causas são inseridas pelas espinhas e o efeito é a parte central do diagrama,
localizado e representado pela cabeça do peixe. A figura seguinte apresenta um exemplo do diagrama de
causa e efeito.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 68 23/06/2017 10:09:10


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69

Mão de obra

Matéria prima Turnos


Medição Treinamentos
Calibração Estanho Operadores
Tolerância Componentes
Defeito - X
Poeira
Encaixe
Umidade Temperatura
Soldagem
Meio Velocidade
ambiente

Patricia Marcilio (2016)


Metodologia

Máquinas e
equipamentos
Figura 22 -  Diagrama de causa e efeito

Como pôde ser observado na figura anterior, o diagrama de causa e efeito é composto por três partes;
a primeira é o efeito, que trata de indicar qual o problema a ser analisado; a segunda é a causa: nesta parte
é descrita uma região onde ocorre o problema; e a terceira é a causalidade, onde será inserida a causa
específica que produz o efeito. Esse diagrama é utilizado quando se deseja solucionar um determinado
problema ou melhorar um processo ou produto.

2.7.6 5W2H

Originado na metodologia de Análise de Causa Raiz (também conhecida por 5Ws ou “Ferramenta dos 5
Porquês”) é uma das principais ferramentas utilizadas em processos de melhoria, o 5W2H consiste em uma
forma sistematizada de levantamento de informações através de sete focos de perguntas que permitem
o diagnóstico de uma situação de forma mais ampla, sendo extremamente útil também em processos de
manutenção.
iStock e Guilherme Luiz Marquardt ([20--?])

Figura 23 -  Analisando o problema e encontrando a solução através do 5W2H

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 69 23/06/2017 10:09:13


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
70

Para o levantamento das necessidades, por exemplo, pode-se realizar algumas perguntas chave, como
as descritas no quadro a seguir.

FOCO 5W2H PERGUNTAS


O que se espera como resultado?
Atividade WHAT
O que pode influenciar nesta solução?
Quem irá definir os parâmetros do produto?
Responsável WHO
Quem deverá avaliar o resultado das etapas?
Quando determinada etapa deve acontecer?
Prazo WHEN

Onde os componentes serão adquiridos?


Local WHERE
Onde será instalado o dispositivo desenvolvido?
Por que se deve adotar determinada tecnologia?
Justificativa WHY
Por que foi especificado o componente X?
Como será realizada a coleta das informações?
Procedimento HOW
Como ocorrerá o processo de atualização do dispositivo?
Quanto custa a operação do dispositivo?
Custo HOW MUCH
Quanto custa a manutenção preditiva do produto?
Quadro 15 - Perguntas chave do 5W2H
Fonte: SENAI (2016)

Outras perguntas podem e devem ser feitas para compor o levantamento das necessidades, inclusive
algumas semelhantes podem se repetir entre outros Ws ou Hs. No quadro, a seguir, você pode conhecer o
exemplo da aplicação do 5W2H no planejamento de uma manutenção preditiva.

O QUE QUEM QUANDO ONDE PORQUE COMO QUANTO CUSTA


(WHAT) (WHO) (WHEN) (WHERE) (WHY) (HOW) (HOW MUCH)

Atividade Responsável Prazo Local Justificativa Procedimento Custo

Substituição
Recomendação Instrução de
de cabos de Luka G. Abr/2017 No equipamento R$ 130,00
do fabricante trabalho AB01
comunicação
Substituição de Recomendação Instrução de
Clara P. Out/2017 No equipamento R$ 60,00
conectores KRE. do fabricante trabalho AB02
Atualização de Recomendação Instrução de Incluso no contrato
Davi W. Jan/2018 Laboratório
firmware do fabricante trabalho AB05 de aquisição
Quadro 16 - Aplicação do 5W2H
Fonte: SENAI (2016)

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71

Perceba que em todas as atividades apresentadas, a coluna com foco no procedimento (Como) aponta a
instrução de trabalho a ser seguida. Quando isso não ocorrer, deve-se preencher o campo com o descritivo
do procedimento a ser realizado.

2.7.7 HISTOGRAMA

O histograma foi criado por André Michel Guerry, em 1833. É um gráfico que tem por encargo apresentar
a frequência de classe em função de intervalos ou períodos. As variáveis são dispostas no eixo x e as
amplitudes destas indicam o valor da segunda variável, disposta no eixo y.
A próxima figura apresenta um histograma, onde as colunas representam determinada frequência em
relação aos intervalos descritos.

Montagem semanal de placas de circuito impresso

24

22

20

18

16

14

12
Patricia Marcilio (2016)

10
Seg Ter Qua Qui Sex

Placa 1 Placa 2 Placa 3


Figura 24 -  Histograma
Fonte: SENAI (2016)

Como pôde ser observado na figura anterior, o histograma é uma ferramenta útil, e quando se deseja
apresentar dados em função de intervalos preestabelecidos, essa é uma boa opção.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 71 23/06/2017 10:09:13


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
72

2.7.8 GRÁFICO DE CONTROLE

Para ser feito um acompanhamento estatístico de algum processo ou produção, uma das ferramentas
que existe é o gráfico de controle. Através dele é possível verificar instantaneamente o percurso de algum
dado estatístico, a quantidade ideal de algo a ser produzido e que seja controlado dentro de alguma
tolerância, como o controle de temperatura dentro de um laboratório de ensaios, por exemplo.
Com principal aplicação na análise de variabilidade e bastante utilizado em Controle Estatístico do
Processo (CEP), o gráfico de controle é aplicado no acompanhamento de um processo e, limitado por um
valor superior e outro valor inferior, serve de pontos de controle que podem ser utilizados como uma região
não desejável da variável a ser medida. Este gráfico representa também uma possível associação com os
valores desejáveis que estão sendo alcançados. A figura que segue apresenta um exemplo de gráfico de
controle.

Temperatura medida em Graus Celsius por hora do dia

35

30

25

20

15

10
Patricia Marcilio (2016)

0
07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h
Figura 25 -  Gráfico de controle
Fonte: SENAI (2016)

Pôde ser visto, na figura anterior, que a temperatura a ser medida precisa ficar dentro de uma faixa
de controle, entre 20 a 30 °C. Esse é um exemplo de aplicação de gráfico de controle: com ele é possível
verificar o estado de uma determinada variável, que neste caso é a temperatura de um laboratório, em
relação a outra variável, que neste caso são as horas do dia.

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73

2.7.9 DIAGRAMA DE DISPERSÃO

O diagrama de dispersão, serve para comparar o valor entre duas ou mais variáveis quando elas possuem
algo em comum. Sua aplicação remete à análise de variabilidade e estabilidade do processo (precisão X
exatidão).
Esse diagrama serve para mensurar de uma forma panorâmica os dados a serem analisados, como
visualizar a montagem de placas de circuito impresso no decorrer da semana, conforme apresentado na
figura a seguir.

Montagem de placas por dias da semana


25

20

15

Patricia Marcilio (2016)

10
Seg Ter Qua Qui Sex

Placa 1 Placa 2 Placa 3


Figura 26 -  Gráfico de dispersão
Fonte: SENAI (2016)

Perceba, no gráfico da figura anterior, que o processo de montagem que apresentou menor variabilidade
no decorrer da semana foi o da placa 3. Já os resultados da placa 1, foram os que sofreram maior variação,
como pôde ser visto nas marcações de segunda e sexta-feira.
Deste modo, os diagramas de dispersão se mostram ferramentas bastante úteis para este tipo de análise,
pois permitem visualizar uma ou mais variáveis de forma aleatória, e os valores de uma variável do eixo y
em função de outra variável disposta no eixo x.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
74

2.7.10 5 S

Muitas empresas utilizam programas para a gestão da qualidade e do bem-estar dos colaboradores. E
também se faz necessário que seja mantido o cuidado com o ambiente ao qual as pessoas estão inseridas
e o local de trabalho é um desses ambientes.
O programa 5S serve para manter o senso de ordem, limpeza, utilização, saúde e ordem mantida. É um
programa de conscientização do trabalho que surgiu após a segunda guerra mundial, na reconstrução do
Japão. O senso de ordenação diz que tudo deve estar em seu lugar, o senso de limpeza diz que é necessário
manter o local de trabalho limpo e melhor do que limpar é não sujar; o senso de utilização diz que é
necessário ter somente o que é utilizado e manter atualizado o que é útil; o senso de saúde é um senso de
autocuidado: o ser humano precisa cuidar de si mesmo; e o senso de ordem mantida diz que é necessário
manter todos os sensos citados em constante uso e evolução.

Thinkstock ([20--?])

Figura 27 -  Representação dos 5 S

Na figura anterior, está apresentado o círculo dos 5 S. O nome 5 S, se faz porque os sensos têm os nomes
iniciados com a letra S. O primeiro é o SEIRI que significa senso de utilização, o segundo é o SEITON que
significa senso de orientação, o terceiro é o SEISO que significa senso de limpeza, o quarto é o SEIKETSU que
significa senso de saúde e o quinto é o SHITSUKE que significa senso de autodisciplina.

8S
Após constatar que já existiam empresas no Japão que adicionaram mais 3S aos cinco já existentes,
inclusive com folhas de verificação dos oito Sensos, buscou-se complementar e adequar a filosofia 5S no
Brasil.
Propondo os três novos sensos Shikari Yaro (Determinação e União), Shido (Treinamento) e Setsuyaku
(Economia e Combate aos Desperdícios), Abrantes (2007, p.21), cita que “O programa 8S é uma completa
metodologia de gestão de recursos humanos e materiais, baseada totalmente na educação, treinamento,
qualificação profissional e principalmente na capacidade intelectual e criativa do povo brasileiro.”

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 74 23/06/2017 10:09:17


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
75

O quadro, a seguir, apresenta o significado e as características dos três Sensos adicionais.

SENSO SIGNIFICADO
Este Senso prega a determinação da alta administração da empresa em relação ao programa e o alcance de
Shikari Yaro seus resultados. Após, deve buscar a união de todos os colaboradores para o êxito do programa. Motivação e
liderança, através da comunicação, são fundamentais nesse processo.
Educação, treinamento e qualificação profissional são fatores englobados por este Senso. Ele, que também
abrange o planejamento de todo o programa, prega a preparação e orientação de todos os funcionários,
nos diferentes níveis da instituição, para atuar de forma objetiva e eficaz. Buscando incentivar a educação
Shido
continuada, sugere treinamentos e qualificações in company (dentro da empresa), utilizando os próprios
colaboradores já qualificados como professores e instrutores, enfatizando a obrigatoriedade da orientação e
supervisão didático-pedagógica neste processo.
Último Senso do Programa 8S, o Setsuyaku se refere à economia e combate aos desperdícios. Uma vez que
os sete Sensos anteriores estejam incorporados ao comportamento das pessoas, essas já treinadas, educadas
Setsuyaku
e conscientizadas, será possível a realização deste. Encerrando o ciclo de implantação do Programa 8S, essa é a
etapa das análises e propostas objetivas e simples.
Quadro 17 - Os três sensos adicionais
Fonte: SENAI (2016)

Após a inclusão dos três novos Sensos ao 5S, veja as etapas do programa 8S apresentadas na figura a
seguir.

Shikari Yaro

Shido

5S

Setsuyaku
Patricia Marcilio (2016)

Figura 28 -  Etapas do programa 8S


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 75 23/06/2017 10:09:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
76

O Programa 8S é um processo continuado. Ao final do Setsuyaku, há uma retroinformação e reinício das


etapas.

2.7.11 6 CHAPÉUS

Os 6 chapéus, conhecidos como os 6 chapéus do pensamento, de De Bono, representam seis diferentes


maneiras de pensar sobre as estratégias. Segundo Assen, Berg e Pietersma (2010, p.212), “[...] a cognição e
o pensamento humanos têm diferentes tipos, abordagens e orientações. A maioria das pessoas desenvolve
hábitos de pensamento que as faz pensar de maneira limitada.” Desta forma, os 6 chapéus fazem com que
as pessoas pensem de maneiras diferentes sobre determinado assunto.
Essa técnica é conhecida por cores, conforme o próximo quadro.

CHAPÉU PENSAMENTO FOCO


Informações/fatos
Branco Factual Falta de informação
Diferentes tipos de informação

Sentimentos
Vermelho Sentimental
Intuição

Aspectos negativos
Preto Crítico Por que não vai funcionar?
Armadilhas
Vantagens
Otimismo
Amarelo Positivo
Por que vai funcionar?
Encontrar oportunidades
Possibilidades
Crescimento
Verde Criativo
Novas ideias
Pensamento criativo

Gestão da comunicação
Azul Controle do processo
Síntese e conclusões

Quadro 18 - Seis chapéus do pensamento


Fonte: adaptado Assen, Berg e Pietersma (2010)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 76 23/06/2017 10:09:17


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
77

Conforme apresentado no quadro anterior, os 6 chapéus possuem diferentes formas de pensamento.


Com isso, é possível analisar um assunto de forma variada, auxiliando na estratégia a ser utilizada para
solucionar o problema.

Factual Sentimental Controle do processo

Criativo Positivo Crítico

Figura 29 -  Seis chapéus do pensamento Thinkstock e Patrcia Marcilio ([20--?])

Portanto, os 6 chapéus é um método que auxilia na análise dos problemas para a busca por soluções
capazes de superar as dificuldades que estes problemas representam. É uma análise das possíveis
direções em que o mesmo pode percorrer, e com isso, é possível propor ações que desviem das possíveis
adversidades que possam surgir.

2.7.12 FLUXOGRAMA

O fluxograma é utilizado para disseminar as informações, analisar e propor melhorias em um processo.


Além de indicar o curso de um projeto, o fluxograma, em eletrônica, pode ser utilizado para desenvolver a
lógica de um programa de microcontrolador ou desenvolver a lógica combinacional de um controle digital.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 77 23/06/2017 10:09:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
78

Um processo é realizado de acordo com os passos necessários para a sua função, e para representar
estes passos de forma gráfica, foram criados os fluxogramas. Como o nome sugere, eles servem para definir
o fluxo de um determinado serviço ou produto. Para isso, são utilizadas as figuras que representam o início
ou o fim do fluxograma, um bloco de ação, um losango de decisão, uma figura de união e a seta que indica
o fluxo da lógica a ser representada.

Início

Sim Não

Patricia Marcilio (2016)

Fim

Figura 30 -  Exemplo de fluxograma

Conforme apresentado na figura anterior, os principais blocos de fluxograma podem ser utilizados
para criar a lógica de um processo. É muito utilizado nos sistemas de gestão e se tornou uma ferramenta
fundamental para gerenciar os processos de uma empresa.
Agora que você aprendeu a utilizar as principais ferramentas da qualidade aplicadas a projeto, deve
fazer uso delas para a elaboração da proposta de melhorias, que será vista no item a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 78 23/06/2017 10:09:18


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
79

2.8 PROPOSTA DE MELHORIAS

Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade deixou de ser um diferencial para se tornar
item obrigatório em qualquer produto ou serviço oferecido. As empresas mundialmente em destaque hoje
são aquelas que contam com programas de melhoria contínua e busca pela excelência operacional. Ao
pensar em melhorias para os projetos, na verdade, busca-se obter melhores resultados para um produto
ou processo.
Conforme pode ser visto no fluxo a seguir, nos principais macroprocessos do PMBOK® há um processo
específico para a qualidade. Nele também há uma área de conhecimento exclusiva para o gerenciamento
da qualidade.

Processos Processos de planejamento Processos de execução


de iniciação Desenvolver
o plano de Orientar e
Desenvolver Definir as Sequenciar Mobilizar
gerenciamento gerenciar o
o termo de atividades as atividades a equipe
do projeto trabalho
abertura Planejar o do projeto
Desenvolver do projeto
do projeto Planejar o gerenciamento o cronograma
gerenciamento do cronograma Desenvolver
Estimar os Estimar as Conduzir as
Identificar do escopo a equipe
recursos das durações das aquisições
as partes do projeto
atividades atividades
interessadas
Coletar os
requisitos Gerenciar o Gerenciar
Planejar o Planejar o engajamento
Estimar Determinar a equipe
gerenciamento das partes
gerenciamento do projeto
Legenda dos recursos os custos o orçamento interessadas
Definir o humanos dos custos
Integração escopo Realizar a
Gerenciar as
garantia da
Escopo Planejar o Planejar o
comunicações
Planejar o Planejar o qualidade
Criar gerenciamento
gerenciamento
gerenciamento
gerenciamento
Tempo a EAP das das partes
da qualidade comunicações das aquisições interessadas Processos de encerramento
Custos
Realizar Realizar Planejar as Encerrar
Planejar o Encerrar as
Qualidade Identificar a análise a análise o projeto
gerenciamento respostas aquisições
os riscos qualitativa quantitativa ou fase
dos riscos dos riscos dos riscos
aos riscos
RH

Comunicações Processos de monitoramento e controle


Controlar o
Riscos Controlar a Validar Controlar Controlar engajamento
qualidade o escopo o escopo os riscos das partes
Monitorar Realizar
Patricia Marcilio (2016)

Aquisições interessadas
e controlar o controle
Stakeholders o trabalho integrado
Representação do projeto Controlar o Controlar Controlar as Controlar as de mudanças
das principais cronograma os custos comunicações aquisições
ligações

Figura 31 -  Macroprocessos do PMBOK®


Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 79 23/06/2017 10:09:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
80

A melhoria do processo se concentra na gestão do método que conduz ao produto final (desde o
planejamento até a logística de distribuição). Para realizar essa tarefa, deve-se fazer uso de técnicas
de mapeamento e melhoria de processos, o que prevê um estudo das atividades, simplificando-as e
reordenando-as, de forma que se tornem mais eficientes. Nesse contexto, deve-se adotar novas sistemáticas
para realizar as atividades.

Thinkstock ([20--?])
Figura 32 -  Melhoria do processo

Já a melhoria do produto final geralmente é mais intuitiva e tem caráter mais técnico, estando focada
nas tecnologias e processos para construção e produção do produto. Ao centrar todos os esforços somente
na melhoria do produto final, corre-se o risco de limitar esse resultado. Também não se pode garantir que
mantendo o foco somente na melhoria do processo, será obtido um produto melhor.

Melhoria do produto
Thinkstock ([20--?])

Figura 33 -  Melhoria do produto

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 80 23/06/2017 10:09:19


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
81

A saída, então, é trabalhar desde o início com o processo voltado à obtenção dos melhores resultados,
buscando desenvolver um produto que atenda às demandas dos clientes da melhor forma possível.
Dependendo do tipo de projeto, complexidade e tecnologias empregadas, cada uma das fases terá
suas atividades e peculiaridades. Portanto, seria inviável estabelecer uma única técnica que permita
definir propostas de melhoria em todas as fases e atividades. Desta forma, deve-se procurar por algumas
possibilidades de melhoria e ferramentas para avaliar sua pertinência e eficácia.
A busca pela satisfação do cliente talvez seja o fator que mais motive as propostas de melhoria. Não se
pode esquecer que o cliente sempre é o principal interessado e também é o maior juiz para avaliar se as
expectativas geradas foram atendidas. Para facilitar o trabalho, pode-se dividir a fase de desenvolvimento
do produto em quatro etapas:
a) definição do escopo;
b) planejamento da execução;
c) concepção de protótipos;
d) conclusão do projeto.
Para propor melhorias em um projeto, a experiência e a vivência com o produto ou na área em que ele
se aplica são elementos inestimáveis, mas também há ferramentas que podem ser utilizadas para essa
finalidade.
O próprio cliente é uma excelente fonte de melhorias. Aproveite para questioná-lo sobre sua satisfação
com o produto e o que ele faria para melhorar tanto o produto quanto os processos. Não faça juízo de valor
sobre as respostas nesse instante. Colete as informações e as analise depois.
As melhorias devem ser propostas e criadas em equipe. Não é recomendável que a visão seja de uma
única pessoa, por mais experiente que seja. As possibilidades de melhoria sempre são maiores quando
criadas e avaliadas sobre pontos de vista diversificados. Antes de qualquer melhoria ser proposta aos
clientes e implantada, deve-se avaliar os impactos decorrentes de sua implantação e sua viabilidade
técnica e financeira.
Todas as alterações que afetem qualquer uma das características do projeto, mesmo se tratando de
melhorias, devem ser validadas pelos clientes antes da execução, sobretudo se implicarem em alterações
no prazo de entrega ou nos custos do projeto.

MELHORIAS NA FASE DE DEFINIÇÃO DO ESCOPO


A definição precisa do escopo inicial do projeto, como visto no início do capítulo, ajudará a entender
e atender às expectativas dos clientes. Portanto, deve-se ter uma visão global do desenvolvimento do
produto e das soluções tecnológicas que podem ser utilizadas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 81 23/06/2017 10:09:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
82

Uma boa comunicação com o cliente também é essencial para esse trabalho. Nesse sentido, uma
possível melhoria seria a inclusão da lista de verificação para sistematizar o levantamento de dados para a
construção do escopo. Quanto mais abrangente e detalhada for a lista, mais dados podem ser coletados.
Essa prática também ajuda na melhoria dos resultados durante as fases de validação do escopo inicial e do
produto final.
Ao pesquisar as tecnologias aplicáveis, analisando as viabilidades técnica e financeira, é possível propor
melhorias que levem à adoção de soluções mais baratas, que apresentem um menor consumo de energia
e que se destaquem por inovar um determinado processo ou produto.

MELHORIAS NA FASE DE PLANEJAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROJETO


As técnicas de mapeamento de processo e as novas sistemáticas também são ferramentas que podem
auxiliar a planejar as atividades de execução do projeto, os prazos e controles de entrega para cada fase.
Conforme estudado anteriormente, as ferramentas da qualidade como listas de verificação, brainstorming
e diagrama de Ishikawa são essenciais para a definição dos critérios de aprovação e validação de resultado
das atividades e do produto. Aprimorar o uso dessas ferramentas pode gerar melhorias significativas nos
resultados dessas atividades. O mesmo se aplica para as análises da viabilidade técnica e financeira final
do projeto.

MELHORIAS NA FASE DE CONCEPÇÃO DE PROTÓTIPOS


Nas fases de execução das atividades, construção, verificação do funcionamento e validação de
protótipos, o uso de técnicas de mapeamento de processo e a adoção de novas sistemáticas para realizar
as atividades podem ser também boas fontes de melhoria.
Acompanhe o exemplo da aplicação de uma ferramenta da qualidade bastante utilizada em processos
produtivos. Trata-se do gráfico que permite identificar a capacidade de um dado processo atender às
especificações propostas: o gráfico de controle. Nele são representados os limites de controle superior e
inferior para a variável, conforme visto anteriormente. Analisando o comportamento dos dados, pode-se
avaliar a estabilidade do processo e o número de itens que estão fora da especificação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 82 23/06/2017 10:09:19


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
83

Na figura, a seguir, são apresentados os dados das três linhas de produção de placas de circuito impresso
de uma empresa, em função do dia da semana.

Produção de placas de circuito impresso


80

70

60

50

40

Patricia Marcilio (2016)


30
Seg Ter Qua Qui Sex

Placa 1 Placa 2 Placa 3 LCS LCI


Figura 34 -  Gráfico de controle de uma linha de produção de placas de circuito impresso
Fonte: SENAI (2016)

As abreviaturas LCI e LCS referem-se aos limites de controle inferior e superior, que são calculados em
função das especificações do processo e com o uso das ferramentas de Controle Estatístico de Processos
(CEP). Observando esse gráfico de controle, verifica-se que há pelo menos dois pontos fora desses limites,
caracterizando problemas no processo.
Nota-se também que há oscilações de grande amplitude e com tendência de aumento e diminuição.
Esse comportamento indica uma baixa estabilidade do processo, afetando a qualidade do produto e
caracterizando uma necessidade de melhoria.
Para determinação das atividades e recursos para manutenção e produção, o uso de listas de verificação,
brainstorming e diagrama do Ishikawa podem levar a propostas de melhoria, desde que os envolvidos
tenham uma considerável experiência na área do projeto. O 5W2H poderá ser utilizado ao se aplicar as
soluções propostas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 83 23/06/2017 10:09:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
84

MELHORIAS NA FASE DE CONCLUSÃO DO PROJETO


Essa fase compreende as atividades de entrega do produto e encerramento formal do projeto. Como
demandam interação com o cliente e geram registros, as melhorias devem ser focadas nessas duas práticas.
A busca pela satisfação do cliente e a cordialidade são essenciais aqui. Esse momento é propício para
demonstrar preocupação com os clientes e disposição para ouvir o que eles têm a dizer sobre o produto e
sobre todas as fases nas quais teve participação.
Uma ferramenta que contribui de forma satisfatória nesse processo é o gráfico de Pareto. Conforme
visto na seção Ferramentas da Qualidade aplicadas a projetos, é um gráfico de barras no qual as ocorrências
são ordenadas da maior quantidade para a menor e tem por objetivo demonstrar onde estão os maiores
impactos em um dado processo, para guiar a definição de prioridades das ações e dos investimentos de
correção. A figura, a seguir, ilustra o gráfico de Pareto constituído dos resultados obtidos a partir de um
processo de verificação e validação de um lote de placas de circuito impresso.

Ocorrências
9
8
8

6
5
4
4
3 3
3
2
2
Patricia Marcilio (2016)

0
Acabamento Erro de Solda dos Ajuste Não
montagem componentes funciona
Figura 35 -  Gráfico de pareto de ocorrências em um processo de verificação de placas de circuito impresso
Fonte: SENAI (2016)

Durante o processo de verificação e validação, os dados que subsidiam a construção e a análise dos
gráficos são coletados por formulários ou sistemas que contemplem o tipo de defeito e o custo unitário
do retrabalho. Para que você construa os gráficos de Pareto a serem utilizados nesta etapa, estratifique os
dados de acordo com o total das ocorrências, ordene-os do maior valor para o menor, conforme mostrado
anteriormente e, por fim, gere o gráfico.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 84 23/06/2017 10:09:20


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
85

Usualmente, o gráfico de Pareto é utilizado com maior frequência para evidenciar os custos dos impactos
em relação à frequência de ocorrência. Analise, na figura que segue, o custo do processo em questão.

Custo
R$ 45,00

R$ 40,00

R$ 35,00

R$ 30,00

R$ 25,00

R$ 20,00

R$ 15,00

Patricia Marcilio (2016)


R$ 10,00

R$
Não Solda dos Ajuste Erro de Acabamento
funciona componentes montagem
Figura 36 -  Gráfico de pareto do custo do retrabalho em um processo de verificação de placas de circuito impresso
Fonte: SENAI (2016)

No primeiro gráfico, pôde-se confirmar que a maior ocorrência de não conformidades se dá no processo
de “acabamento”. Ao comparar com o gráfico dos custos de retrabalho, este é o processo com menor valor
para correção. Já a ocorrência de “não funciona”, detectada em apenas duas amostras, possui o maior custo
de retrabalho. O item “erro de montagem” é o segundo com maior índice de ocorrência, porém com o
segundo menor custo de retrabalho.
Quando há limites no projeto, principalmente financeiros, e não se pode atacar todas as causas, é
importante realizar estudos e análises de ocorrências e custos, optando por intervir nos itens que causam
maior impacto como um todo (ocorrências X custos de retrabalho). Sanar as causas de um item que ocorre
duas vezes e tem custo de R$ 40,00 por item é melhor, em relação àquele que seu retrabalho custa R$ 10,00
e possui incidência de cinco ocorrências.
Já quando as ocorrências apontam para itens críticos, como confiabilidade e segurança ao usuário, estes
devem ter sempre prioridade de solução, já que o descarte dos defeituosos, caso a empresa opte por não
intervir, ocorreria apenas nos itens pertencentes à amostra realizada.
Outro ponto importante a ser considerado no processo de análise de melhorias é o da teoria das
restrições, que em inglês significa TOC (Theory Of Constraints), segundo Assen, Berg e Pietersma (2010,
p.168), “Todo sistema tem restrições que impedem a empresa de atingir seu principal objetivo: obter lucro.
Segundo essa teoria, ao se remover a maior restrição (o gargalo), o resultado do sistema será aumentado.”
Essa é a função da TOC: procurar pelo gargalo e tentar resolvê-lo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 85 23/06/2017 10:09:20


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
86

PLANO DE AÇÃO
Encontradas as possibilidades de melhoria, deve-se criar uma proposta. Ela costuma ser composta por
um plano de ação baseado nos resultados obtidos durante a análise. O passo seguinte é a aplicação das
ferramentas da qualidade vistas anteriormente.
Suponha que, após as análises e avaliações, optou-se por intervir no item “solda dos componentes”. É
o segundo maior custo de retrabalho e tem um número intermediário de ocorrências, conforme pôde ser
vislumbrado nos gráficos de Pareto anteriores. Deve-se, então, levantar as possíveis causas que levaram à
ocorrência deste problema.
Várias técnicas podem ser utilizadas, semelhante ao que foi realizado para o levantamento dos requisitos
do escopo. Dentre as ferramentas apresentadas, pode-se escolher o brainstorming, por se tratar da técnica
mais difundida, o que não impossibilitará você de utilizar as demais quando estiver em mesma situação.
Após a realização do brainstorming, que para este exemplo contou com a participação de três equipes
de especialistas, chegou-se ao levantamento apresentado no quadro a seguir, lembrando que todas as
ideias levantadas durante o brainstorming devem ser anotadas.

EQUIPE POSSIBILIDADES LEVANTADAS


a) Defeito na estação de solda

b) Corrente de ar frio durante o processo


Equipe 01
c) Sujeira ou gordura no local de inserção do componente (ilha)

d) Componente solto durante o processo de soldagem


a) Má qualidade do material para solda (estanho)

b) Diâmetro do local de inserção do componente (ilha) incompatível


Equipe 02
c) Excesso de estanho para solda

d) Umidade ou poeira no ar
a) Falta de atenção do operador

b) Falta ou excesso de fluxo de solda


Equipe 03
c) Vibração

d) Estanho para solda vencido


Quadro 19 - Resultado do brainstorming sobre a problemática de solda dos componentes
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 86 23/06/2017 10:09:20


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
87

De posse dos dados anteriores, é necessária sua separação e categorização. Para isso, pode-se utilizar
tanto o diagrama de afinidade como a estratificação. O resultado do diagrama de afinidade vem em forma
gráfica, já a estratificação pode ser apresentada em modo de texto, por isso foi escolhida esta segunda
opção. Para estratificar as informações, será utilizada a categoria dos 6Ms4, o que facilitará a organização
dentro do diagrama de causa e efeito.
O quadro, a seguir, mostra a separação dos itens de acordo com a categoria.

CATEGORIAS CAUSAS
a) Corrente de ar frio durante o processo

Meio ambiente b) Umidade ou poeira no ar

c) Vibração
a) Má qualidade do material para solda (estanho)

Matéria-Prima b) Falta ou excesso de fluxo de solda

c) Estanho para solda vencido

Mão de Obra a) Falta de atenção do operador

a) Defeito na estação de solda


Máquinas e Equipamentos
b) Componente solto durante o processo de soldagem

a) Sujeira ou gordura no local de inserção do componente (ilha)

Metodologia b) Falta ou excesso de fluxo de solda

c) Excesso de estanho para solda

Medição a) Diâmetro do local de inserção do componente (ilha) incompatível

Quadro 20 - Estratificação do resultado do brainstorming sobre a problemática de solda dos componentes


Fonte: SENAI (2016)

4 Agrupamento dos elementos que contribuem para a variação em um processo, conhecido como “Famílias de Causa”, que
engloba Meio Ambiente, Matéria-Prima, Mão de Obra, Máquinas e Equipamentos, Metodologia e Medição.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 87 23/06/2017 10:09:20


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
88

Agora que os dados estão estratificados, é possível montar o diagrama de Ishikawa, apresentado na
figura a seguir, para posterior análise.

Meio
Mão de obra Matéria prima
ambiente
Má qualidade do
material da solda
Corrente de ar frio
(estanho)
durante o processo
Falta de atenção Falta ou excesso
Umidade ou poeira do operador de fluxo de solda
no ar
Solda (estanho)
Vibração vencida
EFEITO
Sugeira ou gordura
no local de inserção
Defeito na estação do componente (ilha)
de solda Diâmetro do local
Componente solto Falta ou excesso de inserção do
durante o processo de fluxo de solda componente (ilha)
incompatível

Patricia Marcilio (2016)


de soldagem
Excesso de solda

Máquinas e
equipamentos Metodologia Medição

Figura 37 -  Diagrama de Ishikawa das possíveis causas da problemática de solda dos componentes
Fonte: SENAI (2016)

Como o brainstorming foi realizado com grupos de especialistas, decidiu-se aproveitar todas as possíveis
causas apontadas. Após uma análise investigativa, foi constatado que todas as causas levantadas de fato
ocorreram, e para desenvolver a proposta de melhoria, foram destacadas como relevantes aquelas que
resultam em maior impacto e possuem maiores possibilidades de solução.
Algumas das soluções possíveis demandam maior investimento em equipamentos, estrutura física e
readequação de planta fabril. Para este caso, adotou-se como prioridade dois itens que demandam baixo
investimento financeiro e possuem simplicidade na solução.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 88 23/06/2017 10:09:20


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
89

A figura, a seguir, apresenta o diagrama de Ishikawa com os dois fatores que irão compor a proposta de
melhoria.

Meio
Mão de obra Matéria prima
ambiente
Má qualidade do
material da solda
Corrente de ar frio
(estanho)
durante o processo
Falta de atenção Falta ou excesso
Umidade ou poeira do operador de fluxo de solda
no ar
Solda (estanho)
Vibração vencida
EFEITO
Sugeira ou gordura
no local de inserção
Defeito na estação do componente (ilha)
de solda Diâmetro do local
Componente solto Falta ou excesso de inserção do
durante o processo de fluxo de solda componente (ilha)

Patricia Marcilio (2016)


de soldagem incompatível
Excesso de solda

Máquinas e
equipamentos Metodologia Medição

Figura 38 -  Diagrama de Ishikawa dos fatores selecionados para a proposta de melhoria


Fonte: SENAI (2016)

Conforme visto na figura anterior, os fatores escolhidos se referem à matéria-prima e metodologia.


No primeiro caso, o problema pode estar na qualidade oferecida pelo fornecedor e/ou no método de
armazenamento e controle da matéria-prima. Veja como ficaria o 5W2H para uma possível solução deste
fator, lendo o quadro que segue.

QUANTO
O QUE QUEM QUANDO ONDE PORQUE COMO
CUSTA
(WHAT) (WHO) (WHEN) (WHERE) (WHY) (HOW)
(HOW MUCH)
Teste Avaliativo
Cortesia do
das marcas Má qualidade
Laboratório de Instrução de fornecedor
disponíveis de José Carlos Abril de 2017 do material para
Eletrônica trabalho AB01 + 5 horas de
estanho para solda (estanho)
trabalho
solda
Verificação dos
Estanho para Instrução de 12 horas de
controles de Carlos Gilberto Abril de 2017 Almoxarifado
solda vencido trabalho AB02 trabalho
armazenamento
Verificação da
composição do Laboratório de Falta ou excesso Instrução de 2 horas de
João Carlos Abril de 2017
estanho para Eletrônica de fluxo de solda trabalho AB05 trabalho
solda fornecido
Quadro 21 - Aplicação do 5W2H para o fator matéria-prima
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 89 23/06/2017 10:09:21


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
90

Note que as ações previstas, neste caso, são de simples execução e possuem instrução de trabalho
predefinida. Isso significa que a empresa já possui maturidade em relação ao processo de qualidade de
fornecimento. Quando não houver instrução predefinida, o campo deverá ser preenchido com o descritivo
do procedimento a ser realizado. Perceba que o custo para essas ações também é baixo, pois o fornecedor
cederá o material a ser avaliado e o restante será em horas de trabalho, que por sua vez, será em pequena
quantidade.
Em relação à metodologia, pode ser falta de procedimento definido, instrução de trabalho desatualizada
ou obsoleta ou, ainda, falta de treinamento do operador. Como esse último item é tratado no fator “mão de
obra”, no quadro seguinte aparecem somente os que foram cogitados inicialmente.

O QUE QUEM QUANDO ONDE PORQUE COMO QUANTO CUSTA


(WHAT) (WHO) (WHEN) (WHERE) (WHY) (HOW) (HOW MUCH)
Revisão e Sujeira ou
atualização da gordura no local
Abril e maio de Laboratório de Instrução de
Instrução de Marcos S. de inserção do 8 horas de trabalho
2017 Eletrônica trabalho SGQ22
Trabalho AB23 componente
(ilha)
Avaliar Excesso de
Laboratório de Instrução de
procedimento Diego P. Maio de 2017 estanho para 4 horas de trabalho
Eletrônica trabalho AB23
de soldagem solda
Avaliar
Laboratório de Falta ou excesso Instrução de
procedimento Lucas S. Maio de 2017 4 horas de trabalho
Eletrônica de fluxo de solda trabalho AB23
de soldagem
Quadro 22 - Aplicação do 5W2H para o fator metodologia
Fonte: SENAI (2016)

No 5W2H do fator “metodologia”, apresentado no quadro anterior, tem-se uma mesma ação (avaliar
procedimento de soldagem) sendo realizada por duas pessoas diferentes. Isso se dá porque o foco das
avaliações é diferente. Enquanto um irá avaliar a quantidade necessária de estanho utilizado, outro avaliará
a quantidade necessária do fluxo de solda durante o processo.
Já a ação de revisão e atualização da instrução de trabalho se dará em dois meses, considerando-se a
possibilidade de alterações após as avaliações citadas anteriormente. Um outro ponto a ser salientado é
a repetição do mesmo “porque” nos fatores “matéria prima” e “metodologia”: falta ou excesso de fluxo de
solda. Enquanto no primeiro ele é tratado como possível problema de fabricação, no segundo é considerado
uma provável inadequação da instrução de trabalho.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 90 23/06/2017 10:09:21


2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
91

Para a análise de possíveis soluções para as causas encontradas, usa-se o 5W2H. Outras ferramentas,
como o FMEA5, por exemplo, podem ser utilizadas no lugar ou até mesmo em paralelo. Já para a elaboração
da proposta de melhorias, poderia ser utilizado o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP6).
Uma vez que as causas estejam levantadas e os planos de ação definidos, basta juntar todas essas
informações em um relatório analítico/descritivo, que receberá o nome de Proposta de Melhorias.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou que a gestão de um projeto se divide em várias etapas, iniciando na
interação com o cliente e registrando suas necessidades para a elaboração do escopo do projeto. Viu
que para a coleta dessas informações devem ser utilizadas ferramentas específicas e selecionadas
de acordo com os perfis do cliente e do projeto. Também aprendeu normas e legislações que
devem ser cumpridas na elaboração de um projeto e a existência de algumas ferramentas de busca
e bases de dados para tal. Aprendeu ainda sobre a importância do registro de patentes e inovação
tecnológica e onde buscar informações referentes a esses itens.
De posse do projeto adequado às normas e legislações vigentes, você aprendeu os conceitos
necessários para realizar a análise de viabilidade técnica e financeira, que define se um projeto
pode ser executado conforme idealizado ou se necessitará de alterações e novas adaptações.
Constatou que através da elaboração e análise de planilhas de custos, bem como da avaliação dos
aspectos e impactos ambientais, verifica-se essa viabilidade e que o descarte de resíduos também
deve ser considerado nesta análise.
Você teve a oportunidade de acompanhar o processo de desenvolvimento de ferramentas, como
a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), a rede PERT e o diagrama de Gantt e de que forma elas
auxiliam na elaboração do cronograma de atividades do projeto. Na sequência, teve contato com
as técnicas para o controle dos custos e prazos para realização do projeto e também de que forma
deve-se priorizar determinada tarefa.

5 Análise de modos e efeitos de falha (do inglês Failure Mode and Effect Analysis), técnica de análise de falhas e efeitos que
prevê também a análise de ação planejada para minimizar a probabilidade da falha e seus efeitos.
6 Método sistemático para a solução de problemas que utiliza a estrutura do PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Atuar
corretivamente). É conhecido pelos japoneses como QC Story.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 91 23/06/2017 10:09:21


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
92

Com os conhecimentos citados anteriormente, você se tornou apto a verificar a adequação


do projeto ao escopo durante a validação do protótipo e de que forma esses resultados serão
utilizados para elaborar uma proposta de melhorias. Conheceu novas ferramentas da qualidade e
reviu outras que são necessárias para a elaboração do relatório dessa proposta.
Por fim, você adquiriu o conhecimento necessário para realizar a gestão do Projeto de Circuitos
Eletrônicos, e seguirá para as etapas de desenvolvimento e execução, que serão explanadas no
capítulo seguinte.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 92 23/06/2017 10:09:21


LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 93 23/06/2017 10:09:21
LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 94 23/06/2017 10:09:21
Execução e Projetos de
Circuitos Eletrônicos

Quem nunca ouviu falar no dito popular: tempo é dinheiro? De fato, tempo é um recurso
importante para a maioria das atividades das pessoas, sejam elas no trabalho ou no lar. No
caso da indústria, que é um dos lugares em que os técnicos atuam, o tempo é convertido
em custos e, além da questão financeira, atrasos afetam o desempenho, que, muitas vezes,
determinam inclusive o sucesso ou o insucesso de um negócio. Isso é ainda mais grave em
setores de tecnologia, como de eletrônica, em que as mudanças tecnológicas ocorrem com
uma velocidade muito grande. Neste sentido, os profissionais desta área precisam sempre
estar atentos às novas ondas tecnológicas e tendências, atualizando de forma constante seus
conhecimentos.
Quando o projetista comete algum equívoco no planejamento de uma atividade, fatores
como o tempo, o dinheiro e a qualidade do serviço podem ser desperdiçados. No caso de
Projetos de Circuitos Eletrônicos, não é diferente!
Para realizar um projeto eficiente em termos de tempo e recursos, é necessário planejar
desde o início as ações e as etapas de desenvolvimento que abordem de forma mais completa as
concepções dos objetivos que se almeja atender. Este planejamento, se feito adequadamente,
pode evitar muitos problemas ao longo do percurso do projeto.
Neste capítulo, você conhecerá os principais métodos e práticas para montar e testar
projetos eletrônicos. Este texto foi dividido em quatro seções práticas que visam auxiliá-lo na
apropriação de uma lógica simples de procedimento, que possa seguir e aplicar.
A etapa prática começa com a concepção e o desenvolvimento dos circuitos eletrônicos
conforme o levantamento das necessidades do projeto. Nesta etapa, são definidos as topologias
e os parâmetros dos componentes eletrônicos, o que resultará na elaboração dos esquemáticos
dos projetos (plantas), um pré-requisito para o projeto do leiaute das placas eletrônicas e para
elaboração da lista de peças e componentes eletrônicos, necessários para a montagem de um
protótipo.
A simulação dos circuitos é outra etapa importante que será introduzida. Ela tem a
finalidade de diminuir desperdício em um projeto, tanto de tempo como de material, evitando
compras equivocadas de componentes. Esta etapa irá auxiliar a validação das topologias e dos
parâmetros definidos de modo que aumente a probabilidade de sucesso de funcionamento

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 95 23/06/2017 10:09:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
96

dos primeiros protótipos. Essa instrução finaliza com o estudo e elaboração do leiaute do circuito eletrônico,
com o auxílio de softwares.
A partir de um projeto esquemático e de leiaute consolidado, as técnicas de fabricação e montagem
podem ser estudadas e aplicadas. Serão apresentados os materiais e procedimentos básicos que
fundamentam os trabalhos em um laboratório de eletrônica, que podem ser resumidos no aprendizado
sobre as ferramentas, instrumentos e técnicas de soldagem, assim como a fabricação de placas prototipadas
em laboratório e na montagem de circuitos eletrônicos.
Para finalizar as práticas eletrônicas com sucesso, é preciso realizar os ensaios dos circuitos eletrônicos
fabricados. Neste caso, também existem passos muito importantes que precisam ser levados em
consideração, para que todas as funções de um circuito operem conforme suas especificações iniciais.
No entanto, o fim de um projeto não se resume ao fim das atividades de teste e de validação. Os
circuitos eletrônicos eventualmente precisam de reparos ou atualizações. Além disso, é importante que
toda e qualquer informação esteja disponível, seja para atualização do projeto ou para desenvolvimento
de novos projetos que possam utilizar funções similares.
Também é preciso elaborar manuais técnicos para os usuários ou apresentações técnicas para os
clientes. Portanto, a documentação das informações que são pesquisadas e desenvolvidas ao longo das
etapas práticas é uma ação essencial para a elaboração de projetos de circuitos eletrônicos.
Você também estudará a elaboração da documentação técnica de um projeto eletrônico, que contenha
as informações essenciais de todas as etapas: do desenvolvimento, dos ensaios realizados nos componentes
e circuitos, das falhas apresentadas e corrigidas durante o processo, entre outros detalhes.
E, para finalizar o estudo deste capítulo, um bom trabalho sem uma boa defesa pode ser o fim de uma
ideia brilhante. Destarte, são apresentadas as técnicas básicas para realização de uma boa apresentação
e defesa de um projeto, seja para um cliente ou para um gerente de uma empresa. Esses procedimentos
visam auxiliar o projetista a defender suas ideias e trabalhos.
Portanto, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) adaptar o procedimento de teste aos recursos disponíveis;
b) realizar adequações nos diagramas de circuitos eletrônicos, conforme os resultados da simulação
efetuada;
c) comparar os resultados obtidos com os padrões desejados na validação de circuitos eletrônicos;
d) realizar medições e testes para validação de circuitos eletrônicos;
e) montar circuitos eletrônicos de acordo com o projeto;
f ) comparar os dados obtidos dos procedimentos de teste e medição com os previstos na etapa de
projeto;
g) dimensionar e especificar componentes e dispositivos;
h) efetuar simulações eletrônicas;
i) elaborar diagramas de circuitos eletrônicos e leiautes de placas de circuito impresso, inclusive

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 96 23/06/2017 10:09:22


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
97

utilizando recursos de desenho auxiliado por computador;


j) elaborar o diagrama de montagem do protótipo do projeto, inclusive utilizando recursos de desenho
auxiliado por computador;
k) elaborar o relatório técnico do projeto, da montagem e da validação de circuitos eletrônicos segundo
padrões e normas técnicas estabelecidas, inclusive em meio eletrônico;
l) elaborar procedimentos de testes para validação e manutenção de circuitos eletrônicos;
m) organizar os dados registrados, inclusive os programas de dispositivos e equipamentos eletrônicos,
segundo padrões e normas técnicas estabelecidas;
n) otimizar os processos de manutenção do projeto dos circuitos eletrônicos;
o) preparar protótipos para verificar a eficácia das soluções tecnológicas;
p) programar dispositivos e equipamentos;
q) realizar a montagem, conforme definido no planejamento;
r) realizar registros às adequações feitas, inclusive em meio eletrônico;
s) realizar registros das observações decorrentes da análise dos dados segundo padrões e normas
técnicas estabelecidas;
t) realizar registros dos dados das simulações, testes e medições, em formulários específicos, inclusive
em meio eletrônico;
u) realizar dados técnicos utilizados no projeto de circuitos eletrônicos;
v) realizar registros dos dados obtidos do dimensionamento e especificação de componentes;
w) selecionar a técnica de confecção de protótipo adequada ao circuito a ser montado;
x) utilizar EPIs durante a realização de medições e testes para a montagem e validação de circuitos
eletrônicos;
y) utilizar os procedimentos de teste de componentes e dispositivos eletrônicos, para a montagem de
circuitos eletrônicos.
A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto que farão a
diferença em suas práticas.
Bons estudos!

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 97 23/06/2017 10:09:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
98

3.1 DESENVOLVIMENTO DOS CIRCUITOS

Quando se deseja realizar o desenvolvimento de um circuito eletrônico, é preciso criar um esboço em


que são levantadas as necessidades técnicas da aplicação que se pretende atender. A partir deste esboço, é
possível começar a imaginar as primeiras ideias sobre o tipo de circuito e os componentes e acessórios que
serão necessários para atender os requisitos da aplicação. Nesta etapa, várias ideias podem ser confrontadas
através de um levantamento de vantagens e desvantagens.
A qualidade destas ideias é proporcional à riqueza de informações disponível nesta etapa de concepção.
Enriquecer o seu imaginário com informações que auxiliam a busca de ideias durante esta etapa é o
principal foco desta seção. A figura, a seguir, apresenta uma ramificação de fatores que estão presentes, de
forma mais intensa ou não, na maioria dos projetos de circuitos eletrônicos.

Circuito eletrônico
Energia (Tecnologias de componentes,
(Fonte de energia, processos de fabricação, metodologias
portabilidade de ensaio, equipamentos e instrumentos
potência das fontes etc.) etc.)
Bloco 1 Bloco 2

Circuitos externos
(Conexões elétricas, tipo de
cabeamento, conectores, distâncias,
protocolos)
Ana Cristina de Borba (2016)

Fatores externos
Bloco 3
(Temperatura, vibrações,
qualidade do ambiente,
dimensões físicas etc.)
Bloco 4

Figura 39 -  Planejamento dos subcircuitos de um projeto eletrônico


Fonte: SENAI (2016)

O primeiro bloco representa a necessidade energética do circuito eletrônico. É preciso pensar de que
modo será realizada a alimentação do circuito e mensurar a quantidade de energia necessária. Quais
são as opções possíveis e viáveis para a aplicação em questão? A energia que alimentará o sistema será
proveniente da rede elétrica, de um painel fotovoltaico ou de uma bateria, por exemplo?
O segundo bloco consiste em selecionar adequadamente os componentes para o circuito eletrônico.
Determinar os tipos de componentes existentes e como eles podem contribuir para o projeto, além de
definir as tecnologias mais viáveis e mais práticas para cada aplicação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 98 23/06/2017 10:09:22


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
99

O terceiro bloco representa as ligações necessárias com possíveis circuitos externos. É preciso pensar
na forma que é possível realizar conexões elétricas entre um circuito e outro, estabelecendo os tipos de
conexões que podem ser realizadas.
O quarto bloco representa as influências externas que podem atingir o circuito eletrônico. É preciso
conhecer a influência de fatores como a variação de temperatura e as vibrações mecânicas sobre os
circuitos eletrônicos.
Esse esboço de projeto eletrônico trata de uma visão genérica. Contudo, cada projeto possui suas
próprias peculiaridades, que podem ser utilizadas para enriquecer o esboço exemplificado de modo a
deixar evidenciado, desde o início, as dificuldades e os desafios do projeto. Essas questões serão estudadas
com mais atenção no decorrer desta seção. Além disso, algumas das boas práticas utilizadas em eletrônica
também serão apresentadas nesta seção.

3.1.1 PROJETO DAS FONTES DE ALIMENTAÇÃO: DE ONDE VEM A ENERGIA?

Inicia agora uma análise técnica de requisitos que estão presentes em muitos projetos de circuitos
eletrônicos, os quais se complementam e devem ser avaliados e definidos nas etapas iniciais do
desenvolvimento do projeto. Antes de tudo, são apresentados alguns conceitos que ajudam a compreender
as etapas de dimensionamento dos circuitos de alimentação.
a) Fonte de energia elétrica: é o tipo de fonte de energia externa escolhida para o projeto.
b) Fonte de alimentação principal: é a fonte, projetada ou não, que adapta o nível de tensão e corrente
da fonte de alimentação de energia para suprir as cargas do projeto, além de prover outras fontes de
alimentação auxiliares.
c) Fonte de alimentação auxiliar: é a fonte, frequentemente projetada, para alimentar subcircuitos do
projeto eletrônico, caso estes existam.
Em relação aos conceitos de eletricidade, é necessário que o projetista conheça a natureza da fonte de
energia elétrica que cogita utilizar para o projeto. Essas fontes podem ser de dois tipos: de corrente contínua
ou de corrente alternada. Para entender isso melhor, vale lembrar aqui alguns conceitos importantes sobre
este tema.

CORRENTE CONTÍNUA OU CORRENTE ALTERNADA?


A diferença entre estas duas formas de geração está relacionada com a maneira com que os elétrons se
movimentam dentro do condutor. No caso da corrente contínua, o fluxo de elétrons não muda de direção
ao longo do tempo, ou seja, a corrente elétrica sempre flui na mesma direção ao longo do condutor, ou
seja, flui do terminal positivo para o terminal negativo, quando considerada a direção convencional da
corrente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 99 23/06/2017 10:09:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
100

Observe esse processo na figura que segue, em que são apresentados dois tipos de corrente contínua:
corrente contínua constante e corrente contínua pulsada. Os valores da intensidade de corrente (I) são
dados em Amperes (A), e o eixo horizontal representa o tempo decorrido (t).

Ana Cristina de Borba (2016)


I (A) I (A)

t t
Corrente contínua constante Corrente contínua pulsada
Figura 40 -  Corrente contínua
Fonte: SENAI (2016)

As fontes de corrente contínuas mais comuns são dispositivos como baterias e módulos solares
fotovoltaicos. Existem também geradores rotativos que fornecem energia nesta forma. Os veículos, um
exemplo cotidiano, possuem uma bateria de chumbo-ácido com tensão terminal de 12 V que possui
capacidade energética para suprir todos os circuitos elétricos e eletrônicos do automóvel. No mesmo
veículo também existe outro elemento que pode servir de exemplo: o dínamo, que é responsável por
converter energia mecânica proveniente do motor de combustão em energia elétrica, de modo a auxiliar e
prover a recarga da bateria de chumbo-ácido enquanto o veículo está em funcionamento. Outro exemplo
do dia a dia bastante comum são os celulares, que costumam possuir baterias geralmente fabricadas com
tecnologia à base de lítio, que são mais leves e possuem maior durabilidade em relação às baterias de
chumbo-ácido.
No caso da corrente alternada, cujo comportamento é ilustrado na próxima figura, o fluxo de elétrons
muda de direção ao longo do tempo, ou seja, ora a corrente flui numa direção, ora noutra. A fonte mais
comum de energia alternada consiste no emprego de geradores CA – normalmente utilizados em usinas
elétricas hidrelétricas e térmicas na geração de energia em grande quantidade para alimentação de
residências, indústrias e para as necessidades gerais da sociedade (iluminação pública, hospitais, escolas
etc.). Existem vários tipos e formatos de corrente alternada: quadrada, senoidal, triangular, pulsante, etc.
A mais comum é a do tipo corrente alternada senoidal, que é aquela que se encontra nas tomadas das
residências. Esta corrente possui um ciclo que se repete em um tempo constante (T) e possui amplitude
de sinal máxima.
Os exemplos ilustrados a seguir referem-se a três tipos de formatos de corrente alternada, em que o
gráfico apresenta a intensidade de corrente (I) no eixo vertical e o tempo (t), no eixo horizontal.

i (A) i (A) i (A)


Ana Cristina de Borba (2016)

Triangular Sinusoidal Retangular


(Senoidal)
Figura 41 -  Corrente alternada
Fonte: Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 100 23/06/2017 10:09:23


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
101

O período da onda (t) corresponde ao inverso da frequência, que é chamada de frequência da rede
medida em Hertz (Hz) e que corresponde ao número de repetições do ciclo que acontece durante o período
de 1 segundo, sendo F = 1 /t.
A corrente alternada senoidal é a forma de energia que alimenta as tomadas das residências e indústrias
do país. A amplitude e o período da onda do sinal de tensão elétrica são padrões adotados que variam de
país para país. No caso do Brasil, a frequência da rede utilizada é de 60 Hz, porém há dois padrões de níveis
de tensão monofásicos vigentes que variam conforme o Estado da Federação.

SAIBA Informações adicionais sobre o sistema nacional de potência podem ser pesquisadas no
site da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica através do endereço:
MAIS http://www.abradee.com.br.

Alguns Estados utilizam o padrão monofásico de tensão eficaz de 220 volts (Fase e Neutro), são eles:
Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Os demais Estados utilizam o padrão de tensão
monofásica eficaz de 127 volts (V).

DEFININDO A FONTE DE ENERGIA ELÉTRICA


A fonte de energia elétrica, também conhecida em muitos casos por gerador de tensão, é responsável
por fornecer a energia elétrica que deverá suprir as necessidades do circuito, seja esta proveniente de
uma tomada residencial, de uma bateria, de um gerador eólico ou de qualquer outra fonte. Podem existir
circuitos híbridos que utilizam mais de uma fonte de alimentação. Por exemplo, um equipamento de radar
de fiscalização que utiliza painéis fotovoltaicos para aproveitar a energia do sol e baterias para suprir a
alimentação do circuito durante a noite ou em clima com pouca radiação solar.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 42 -  Fontes de energia elétrica


Energias alternativas - Não interligadas Baterias Rede elétrica

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 101 23/06/2017 10:09:33


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
102

Cabe ao projetista decidir, com base nas características elétricas do projeto, quais são os tipos e quantas
são as fontes de energia elétrica compatíveis com o circuito eletrônico que será desenvolvido. Muitas vezes,
o projetista não tem a necessidade de determinar o tipo de fonte de energia que será utilizado, porém é
preciso especificar, no mínimo, os parâmetros elétricos de entrada do circuito.
As definições devem ser coerentes com as características do projeto, isto é, precisa-se definir uma fonte de
energia que seja econômica e eficiente. Alguns tipos de fontes de energia são básicos e suas características
serão descritas a seguir. É importante que você busque conhecer os tipos de fontes de energia existentes
e soluções encontradas para projetos que já foram executados. Esse procedimento contribui na busca de
ideias e soluções para um projeto novo.

Rede elétrica
Conforme já mencionado neste texto, é preciso verificar o nível de tensão eficaz da rede elétrica de cada
região, sendo dois os padrões existentes no Brasil: 220 V e 127 V. A utilização da rede elétrica é a forma mais
usual de alimentar os circuitos eletrônicos, especialmente em aplicações residenciais e industriais, seja um
computador ou um torno CNC. Contudo, circuitos eletrônicos precisam de corrente contínua em baixo
nível de tensão. Portanto, toda vez que a rede elétrica é utilizada, é necessário utilizar ou projetar fontes de
alimentação que reduzam e retifiquem (convertam corrente alternada em corrente contínua) a tensão da
rede elétrica.
É comum encontrar equipamentos eletrônicos que trabalham com vários níveis de tensão de rede.
Atualmente, por exemplo, a maioria dos aparelhos de televisão podem ser ligados automaticamente em
redes elétricas que possuam tensão eficaz entre 100 V e 240 V, seja a frequência de 50 Hz ou 60 Hz. Isso é
feito através de conversores eletrônicos (fontes chaveadas) cujos princípios básicos serão mencionados
posteriormente.

Baterias e pilhas
São acumuladores de energia que transformam a energia química acumulada na sua composição de
materiais em energia elétrica. As baterias são constituídas internamente de várias pilhas, que neste material
serão tratadas pelo termo genérico “baterias”. Estudar o processo eletroquímico destes dispositivos é um
assunto interessante e vasto, que pode ser encontrado com maior detalhamento em livros e materiais
específicos sobre este assunto. Aqui serão apresentadas as características gerais que influenciam a escolha
entre os tipos de baterias e de pilhas em projetos eletrônicos.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 43 -  Baterias e pilhas

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 102 23/06/2017 10:09:43


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
103

O número de aplicações que utilizam estes acumuladores é muito grande, especialmente em


equipamentos portáteis ou em locais em que a rede elétrica não é acessível. Assim como as aplicações
que utilizam a rede elétrica, não é difícil de encontrar atualmente pessoas com um celular no bolso ou um
relógio digital no pulso. Os automóveis, trens, navios e aviões também possuem baterias para alimentar
seus circuitos elétricos e eletrônicos, e a lista de aplicação parece não ter fim: controles remotos, notebooks,
eletrodomésticos, brinquedos, instrumentos, entre tantos outros exemplos disponíveis.

As baterias são frequentemente utilizadas em instalações, como bancos, hospitais e


empresas de telecomunicações, que precisam garantir uma segunda fonte de energia
elétrica para os momentos em que a rede elétrica local suspende o fornecimento
CURIOSI devido a problemas ou manutenções no sistema elétrico que fornece energia
DADES para esses edifícios. Estes sistemas, conhecidos como sistemas de backup, utilizam
conversores eletrônicos de potência que convertem elevados níveis de energia na
forma de corrente contínua para a forma de corrente alternada senoidal compatível
com a rede elétrica.

Uma classificação geral importante sobre baterias está no fato de que existem modelos que são
recarregáveis (classificados como primários) e outros que não são recarregáveis (classificados como
secundários), os quais precisam, portanto, ser descartados após o uso de sua carga.
Para aplicações que possuem pouco consumo de energia, a bateria não recarregável é, em geral, uma
opção bastante interessante por causa do seu custo reduzido, que é muito menor do que os modelos
recarregáveis. Exemplos práticos de baterias não recarregáveis são os controles remotos de aparelhos
de ar-condicionado ou de televisão, que utilizam pilhas comuns (não recarregáveis). Estas apenas duram
meses antes de serem descartadas e substituídas.
Por outro lado, outros dispositivos necessitam da capacidade de recarga constante. Ao contrário,
deixariam de ser dispositivos práticos, como é o caso de um celular ou de um videogame portátil. As baterias
podem ter um tamanho minúsculo, como no caso de uma pilha de relógio, ou enormes, como no caso do
conjunto de baterias de um veículo elétrico ou em sistemas de backup.
Existem parâmetros que costumam ser informados pelos fabricantes e que permitem realizar uma
comparação mais precisa entre os tipos de baterias existentes, conforme a necessidade de peso, volume
e densidade de carga (que é a relação de potência pelo peso). Na sequência, conheça os parâmetros
essenciais em um projeto eletrônico.
a) Tecnologia de fabricação (não recarregáveis): geralmente são alcalinas e de mercúrio.
b) Tecnologia de fabricação (recarregáveis): chumbo-ácido, níquel/cádmio, níquel/hidreto metálico e
íon-lítio.
c) Capacidade de energia: é um parâmetro informado pelo fabricante, e normalmente este é medido
em ampere/hora (Ah), que é equivalente a quantidade de carga elétrica transferida por uma corrente
elétrica constante de 1 ampere durante uma hora.
d) Tensão terminal: em volts (V).

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 103 23/06/2017 10:09:43


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
104

É preciso levantar algumas demandas e limitações do projeto que se deseja realizar para determinar
a tecnologia e a quantidade de baterias que serão utilizadas. Com relação às demandas impostas pelo
projeto, o dimensionamento do banco de baterias precisa atender às seguintes características:
a) potência de entrada exigida;
b) tensão de entrada exigida.
Muitas vezes, isso não é alcançado utilizando-se somente uma pilha ou bateria, é necessário fazer um
arranjo série e/ou paralelo de baterias para atingir os valores de corrente e tensão desejados. Com relação às
limitações impostas pelo projeto, o dimensionamento do banco de baterias precisa atender determinadas
características. Acompanhe.
c) Capacidade energética mínima: é preciso garantir uma autonomia mínima compatível com a
aplicação do projeto.
d) Dimensão máxima: a bateria não pode ser maior do que o compartimento reservado a sua instalação.
e) Peso máximo: o peso também precisa ser compatível com a aplicação.
f ) Custo máximo: os preços variam conforme a tecnologia e o modelo.
g) Vida útil: existe um limite de cargas e recargas que cada tecnologia de bateria suporta ao longo de
sua vida.
h) Complexidade: o uso de algumas tecnologias é mais simples do que outras. Baterias de lítio, por
exemplo, possuem limites térmicos e elétricos que precisam ser necessariamente respeitados, o que
aumenta a complexidade do circuito de controle.
i) Segurança: algumas tecnologias são mais seguras do que outras. Algumas podem explodir se os
limites térmicos não forem respeitados.
j) Questões ambientais: o descarte de baterias envolve muitas questões ambientais sérias. É importante
se informar a respeito dos agravantes ambientais causados pela tecnologia de baterias que se
pretende utilizar.
Você já imaginou um aparelho de celular que necessitasse de recarga a cada 10 minutos? Ou um
aparelho de celular com autonomia de um mês, mas que pesasse 10 kg? Quando se deseja ganhar em
capacidade energética, aumenta-se, também, por consequência, o peso, o volume e o custo. Todas essas
características se complementam e precisam ser equilibradas no dimensionamento de uma bateria ou de
um conjunto de baterias.
Na sequência, a figura exemplifica os tamanhos e formatos de pilhas e baterias portáteis. Elas são
utilizadas em brinquedos, controles remotos e outros dispositivos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 104 23/06/2017 10:09:43


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
105

iStock ([20--?])
Figura 44 -  Dimensões básicas de pilhas e baterias

É preciso salientar que as baterias são dispositivos perigosos, se não forem utilizados corretamente e,
inclusive, o uso de certas tecnologias não é recomendado por projetistas sem experiência, como é o caso
de baterias de lítio-íon de alta densidade de potência.

Fontes de energia alternativas


Existem fontes de energia alternativas que são utilizadas em circuitos elétricos e eletrônicos. As mais
comuns são aquelas que aproveitam a energia do sol e dos ventos. Atualmente, o estudo para o uso
destas fontes de energia é intensivo, devido à preocupação com as questões ambientais. Estas fontes não
necessariamente substituem a utilização da rede de energia elétrica ou o uso de bateria, mas são uma
forma de complemento de energia que é bastante útil para muitas aplicações.
Este livro não abordará o estudo sobre grandes geradores de energia alternativa, mas sim aplicações de
baixa potência que interessam diretamente na área de projetos de circuitos eletrônicos de baixa potência.
As fontes de energia alternativas, cujo emprego tem se tornado bastante comum em muitos países, e
inclusive no Brasil, são referentes a sistemas de energia que captam energia solar e dos ventos, conforme
ilustra a próxima figura.
Existem sistemas compactos que podem ser instalados em vários locais, inclusive em lugares remotos,
cuja a rede elétrica do sistema nacional não fornece cobertura.
iStock ([20--?])

Figura 45 -  Sistema de energia fotovoltaica e eólica distribuídos

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 105 23/06/2017 10:09:49


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
106

A energia fotovoltaica distribuída é normalmente mais difundida do que a eólica, devido ao seu baixo
custo de manutenção. A seguir, serão apresentadas algumas características básicas deste tipo de sistema
que precisam ser avaliadas para escolha de um sistema em um projeto.
A energia fotovoltaica se utiliza da radiação proveniente do sol para a geração de energia elétrica em
corrente contínua. Os modelos de módulos solares fotovoltaicos encontrados no mercado variam conforme
os parâmetros que determinam seu tamanho, faixa de potência e eficiência. Hoje é possível encontrar esta
tecnologia empregada em muitos tipos de aplicações, que vão desde antenas de rádio e de comunicação
instaladas remotamente, até circuitos portáteis como calculadoras e carregadores para telefone celular.
Os módulos fotovoltaicos são compostos por um arranjo de células fotovoltaicas em série e/ou paralelo
que formam sua configuração de saída. A seguir, acompanhe os principais parâmetros de um módulo
fotovoltaico.
a) Tensão de circuito aberto: tensão terminal do módulo quando não há circulação de corrente, ou seja,
sem carga sendo alimentada.
b) Corrente de curto-circuito: é a máxima corrente que o conjunto fotovoltaico pode fornecer.
c) Fator de forma (FF – do inglês Fill Factor): é a razão entre a potência máxima do módulo e o produto
da corrente de curto circuito com a tensão de circuito aberto. Este fator que varia teoricamente de
0 a 1, e quanto maiores suas perdas internas, menor o valor do fator. Isso depende da tecnologia
adotada e da qualidade do processo de fabricação. Em módulos à base de silício, este fator é em
torno de 0,8.
d) Eficiência: é a razão (porcentagem %) entre a energia gerada pelo dispositivo e a energia solar que
atinge a superfície do módulo fotovoltaico.
Os módulos fotovoltaicos mais comuns são fabricados à base de silício e são divididos em três
tecnologias que variam conforme a sua pureza: módulos de filme fino (silício amorfo), módulos de silício
policristalino e módulos de silício monocristalino. As principais diferenças entre eles residem na qualidade
de suas propriedades, afetando especialmente a eficiência da transformação da radiação solar em energia
elétrica e o custo final do produto. Os módulos monocristalinos, em geral, são os mais eficientes, seguido
pelo policristalino e amorfo. A figura, a seguir, apresenta estas três tecnologias de painéis fotovoltaicos.
iStock ([20--?])

Monocristalino Policristalino Filme fino

Figura 46 -  Três tecnologias de painéis fotovoltaicos

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 106 23/06/2017 10:09:50


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
107

Os módulos utilizados e vendidos no Brasil são certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – Inmetro, que verifica se os equipamentos atendem aos requisitos mínimos de
eficiência, qualidade e durabilidade.

SAIBA É possível averiguar todos os modelos de painéis fotovoltaicos certificados e suas


MAIS características no site do Inmetro. Consulte: http://zip.net/bttzgx.

Veja, no quadro, a seguir, alguns exemplos de módulos fotovoltaicos com suas características.

TENSÃO DE
CORRENTE DE EFICIÊNCIA
MODELO MATERIAL CIRCUITO POTÊNCIA (W)
CURTO-CIRCUITO (A) ENERGÉTICA (%)
ABERTO (V)

3RS140Wp Silício Policristaliano 22,50 8,44 140,00 14,0

ALP240M-60 Silício Monocristalino 37,30 8,45 240,00 14,7

GE-CIGS150 Filme Fino (Amorfo) 110,00 2,10 150,00 12,2

Quadro 23 - Exemplo de módulos fotovoltaicos


Fonte: SENAI (2016)

Vale salientar que o uso de células de filme fino em eletrônica, embora seja a tecnologia com menor
eficiência energética, possui propriedades mecânicas interessantes, como a flexibilidade, que permite a
elaboração de muitos projetos criativos. Um exemplo é uma mochila com módulos fotovoltaicos integrados,
permitindo que você carregue seu celular ou MP3 player durante caminhadas, passeios de bicicleta ou até
mesmo quando você está sentado no parque lendo um livro.
Para questão de projetos, é importante salientar que a tensão de saída dos módulos fotovoltaicos varia
conforme sua carga. Geralmente são dimensionadas fontes eletrônicas que estabilizam estes níveis de
tensão em valores desejados.

FONTE DE ALIMENTAÇÃO PRINCIPAL DE UM CIRCUITO ELETRÔNICO


As fontes de energia disponibilizam níveis de tensão e corrente elétricas que não atendem
necessariamente aos níveis exigidos pelos circuitos eletrônicos alimentados por elas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 107 23/06/2017 10:09:50


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
108

Circuitos eletrônicos, em geral, necessitam de sinais de tensão com níveis contínuos e estabilizados
em valores baixos, em torno de 5 V ou menor. Em um projeto, quando é definida a necessidade de utilizar
energia da rede elétrica de 220 volts alternado, é preciso que seja dimensionado ou inserido um circuito
eletrônico que possua a função de converter o elevado sinal alternado de entrada para os baixos níveis de
tensão contínua que são exigidos pelos circuitos eletrônicos para funcionarem. Muitas vezes, um circuito
necessita de mais de um tipo de nível de tensão contínua para operar, dependendo da função de cada
subcircuito do sistema.
Os circuitos responsáveis pela conversão dos níveis de tensão e corrente elétrica provenientes da fonte
de energia são chamados de fontes de alimentação.
A figura, a seguir, é de um esquemático que ilustra a função da fonte de alimentação principal em
um projeto, responsável por alimentar vários subcircuitos (Circuito 1, Circuito 2, Circuito 3 e Circuito 4) do
sistema. Estes podem estar localizados na mesma placa eletrônica ou em placas eletrônicas distintas.

Circuito 3

Fonte de
energia Fonte Circuito 1 Circuito 2
externa principal

Ellen Cristina Ferreira (2016)


Circuito 4

Projeto eletrônico
Figura 47 -  O papel da fonte de alimentação em um circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)

Os circuitos ilustrados na figura anterior representam as funcionalidades internas do projeto eletrônico,


que podem ou não se comunicar entre si. Usando de exemplo uma central contra incêndios, o circuito 1
poderia representar o circuito do processador que será responsável por tomar as decisões, o circuito 2 é
aquele que recebe as informações dos sensores de fumaça espalhados pela instalação predial, o circuito 3
é o responsável por realizar a interação com o usuário mostrando o status da operação (na forma de LEDs,
por exemplo), e o circuito 4 apresenta as saídas de áudio que serão acionadas no caso de um incêndio, e
assim por diante.
Considerando que todos os circuitos do projeto necessitam dos mesmos níveis de tensão – embora não
necessariamente a mesma potência - a fonte principal deve ser dimensionada para atender a todas estas
demandas. Lembrando que o valor de potência é igual ao produto da tensão pela corrente sendo medido
em watts (W), conforme expressão a seguir:

P=V.I

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 108 23/06/2017 10:09:51


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
109

onde:
P = potência elétrica - em watts (W);
V = tensão elétrica – em volts (V);
I = intensidade de corrente elétrica – em amperes (A).
Um circuito eletrônico, por exemplo, que possui consumo máximo de 100 W e tensão contínua de 12 V,
necessita de um circuito de alimentação que possa fornecer esse nível de tensão e uma corrente de valor
mínimo igual a 8,3 A, conforme calculado a seguir.

Os componentes eletrônicos, de modo especial os semicondutores, carecem de corrente contínua para


o seu funcionamento. Para tal, necessitam de uma fonte de alimentação de entrada, interna ou externa,
que converta o nível de tensão da fonte de energia para o nível de entrada especificado no projeto do
circuito em questão, independente se a fonte de energia é proveniente da rede elétrica, de baterias ou
qualquer outra fonte. Da mesma forma, independe se a fonte de energia é de natureza alternada, como
ocorre em muitos casos em que os equipamentos são alimentados pela rede elétrica, como um aparelho
de televisão ou um forno de micro-ondas que são utilizados nas residências. Em alguns tipos de projetos,
torna-se necessária a utilização de mais de uma fonte de energia para alimentar o circuito, ou seja, para
funcionar de forma redundante, no caso da fonte principal sair de operação.
O projetista precisa conhecer a natureza da fonte de alimentação que irá utilizar para escolher o tipo
adequado que ele precisa dimensionar. Há dois casos gerais que precisam ser estudados com atenção.
No primeiro caso, a fonte de energia é de natureza contínua. Supondo um exemplo de circuito eletrônico
que necessita de uma tensão de alimentação contínua de 5 V, mas que possui como fonte de energia uma
bateria tensão terminal contínua de 12 V. Faz-se necessário, portanto, diminuir o nível de tensão de entrada
e manter as ondulações da saída a um patamar aceitável, conforme as necessidades do projeto. De outro
modo, se a bateria que alimenta o circuito possuísse tensão terminal de 3,2 V, seria necessário um circuito
que elevasse e estabilizasse a tensão em 5 V. A figura, a seguir, apresenta as etapas de um circuito de
conversão de corrente contínua para corrente contínua (conhecidos como conversores CC-CC).
Ellen Cristina Ferreira (2016)

Fonte CC Filtro Regulação Filtro saída Circuitos

Figura 48 -  Etapas de um conversor CC-CC


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 109 23/06/2017 10:09:51


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
110

No segundo caso, a fonte de energia é de natureza alternada. É preciso realizar a conversão


do nível de tensão alternado para o nível de tensão contínuo desejado. Para realizar este tipo de
conversão, são necessários circuitos retificadores que antecedem o circuito de filtro da figura anterior,
comumente chamados de conversor CA-CC (corrente alternada para corrente contínua), os quais
usualmente utilizam diodos. Os retificadores de onda-completa são bastante utilizados em circuitos
eletrônicos. A estrutura geral do projeto de uma fonte de alimentação é ilustrada na figura seguinte.

Ellen Cristina Ferreira (2016)


Fonte Filtro
Transformador Retificação Filtro Regulação Circuitos
CA saída

Figura 49 -  Etapas de um conversor CA-CC


Fonte: SENAI (2016)

Cada estágio dos conceitos apresentados nas duas figuras anteriores será explicado resumidamente a
seguir. Acompanhe.

1.º Estágio: Transformação


Esta etapa é realizada por transformadores de baixa frequência que, para as aplicações em eletrônica,
têm o objetivo de reduzir a tensão alternada senoidal da rede elétrica para uma tensão senoidal de menor
valor, de modo a facilitar o trabalho dos demais estágios da conversão de corrente alternada para corrente
contínua.
A figura, a seguir, ilustra este primeiro passo, em que a tensão proveniente da fonte de entrada é
reduzida para um valor menor na saída do transformador, tendo uma relação de redução do sinal de tensão
em torno de 21 vezes.

311V 15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)

Figura 50 -  Transformação do sinal CA


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 110 23/06/2017 10:09:52


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
111

O princípio de indução eletromagnética rege o funcionamento de um transformador: um campo


magnético é produzido quando uma corrente elétrica passa através do condutor de cobre. O princípio
de funcionamento pode ser estudado com mais detalhes em materiais e livros de eletrônica analógica ou
eletricidade básica que tratam das topologias e da metodologia de cálculo necessárias para determinar os
parâmetros de um transformador.

2.º Estágio: Retificação


Este estágio é responsável por transformar a energia na forma de corrente alternada disponibilizada pelo
transformador para a forma de corrente contínua. Os circuitos responsáveis por esta conversão, geralmente
chamados de retificadores, são conversores que utilizam dispositivos semicondutores, normalmente
diodos. Os conversores mais comuns utilizados para essa conversão são retificadores a diodos.
A figura, a seguir, ilustra uma conversão utilizando um retificador onda completa a diodos.

15V
15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)

0V

0V

Figura 51 -  Retificação do sinal CA


Fonte: SENAI (2016)

A entrada do estágio 2 é a saída do estágio 1, conforme pode ser visto na figura anterior, e a saída do
estágio 2 resulta em uma tensão ondulada, porém contínua (CC), com valores unicamente positivos. No
entanto, este tipo de sinal ainda precisa ser tratado, através da utilização de filtros, porque além de uma
tensão contínua, os componentes eletrônicos necessitam de níveis estabilizados de tensão.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 111 23/06/2017 10:09:52


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
112

3.º Estágio: Filtragem


Pense como é incomodo aquele momento em que você está ouvindo sua música favorita, mas um
ruído sonoro importuno proveniente da caixa de som insiste em atrapalhar a qualidade do som. Dentre
tantas possíveis causas de interferência eletromagnética, um fator que também pode ser causa para este
tipo de problema é o dimensionamento inadequado das fontes que alimentam o circuito eletrônico do
equipamento de som.
Essa interferência acontece porque a forma de onda disponibilizada pelos retificadores, ou fontes
de energia em corrente contínua, possuem ondulação ou ruídos que são indesejáveis para os circuitos
eletrônicos e precisam ser minimizadas, conforme os níveis exigidos para o projeto.
A forma de onda contínua disponibilizada pelos circuitos retificadores é ondulada e é preciso dimensionar
um filtro para linearizá-la de maneira que atenda a ondulação mínima requerida pelo projeto.
A utilização de elementos passivos, capacitores e indutores possui como finalidade a filtragem de
níveis de corrente e de tensão. Os capacitores têm a habilidade de reduzir ondulações e ruídos de tensão,
enquanto que indutores fazem o mesmo papel para a corrente elétrica. A figura, a seguir, apresenta um
filtro capacitivo para filtragem do sinal pulsante proveniente da etapa de retificação.
O circuito puramente capacitivo e o circuito LC são os filtros mais básicos e comumente utilizados em
fontes de alimentação. Circuitos mais elaborados, como os circuitos ativos que utilizam amplificadores
operacionais (AMPOPs), geralmente são utilizados em filtros de circuitos de comunicação e tratamento de
sinais (sensores).

15V 15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)

0V

Figura 52 -  Filtragem do sinal CC


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 112 23/06/2017 10:09:53


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
113

Conforme a figura anterior, a entrada do estágio 3 refere-se à saída do estágio 2, cuja saída do estágio
resulta em um sinal de corrente contínua com baixa ondulação de sinal, muito mais próximo à estabilização.
No entanto, essa ondulação ainda pode causar instabilidades nos circuitos eletrônicos.

4.º Estágio: Regulação CC-CC


A regulação consiste em linearizar e estabilizar a tensão filtrada em um nível determinado de tensão
contínua. Os componentes eletrônicos semicondutores são muito sensíveis às variações e trabalham em
faixa de tensão bem determinadas que, se extrapoladas, podem afetar o funcionamento do componente
ou até mesmo danificá-lo.
Os reguladores podem ser circuitos eletrônicos de dois tipos: fontes com reguladores lineares ou fontes
chaveadas. Um parâmetro importante para estes tipos de fontes é sua eficiência energética.
A próxima figura representa este estágio de regulação, cujo componente regulador disponibiliza uma
tensão de saída regulada ao nível ajustado, não permitindo que a variação do sinal de entrada não seja
conduzida para a saída.

Regulador

15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)

12V

0V 0V

Figura 53 -  Regulação CC-CC


Fonte: SENAI (2016)

Acompanhe, na sequência, a diferença entre os reguladores lineares e as fontes chaveadas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 113 23/06/2017 10:09:53


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
114

a) Reguladores lineares
São dispositivos semicondutores capazes de estabilizar a tensão de saída para uma variação de carga
considerável. A figura apresenta alguns exemplos de circuitos integrados de reguladores lineares de tensão.
Estes componentes são encontrados em muitos encapsulamentos diferentes.
É importante verificar sempre as características térmicas do componente, porque fontes lineares
costumam dissipar muita energia. Os reguladores lineares mais comuns são os modelos de tecnologia PTH
com encapsulamento TO220 de três terminais, conforme ilustra a figura na sequência.
Observe um modelo do fabricante Fairchild LM78XX.

GND
1 3
LM78XX Output
Input
C1 2 C0 0.1μF
0.33μF

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


1. Input
2. GND
3. Output

Circuito integrado - TO220 Circuito de configuração


Figura 54 -  Exemplo de regulador linear
Fonte: Fairchild Semiconductor Corporation (2014)

Existem, porém, inúmeros fabricantes que produzem os componentes da linha 78xx e 79xx. Os dois
dígitos iniciais do código indicam o sinal da tensão de saída: 78 indica saída de tensão positiva e 79 indica
saída de tensão negativa. Os outros dois dígitos indicam a tensão de grampeamento de saída, ou seja, a
tensão que será regulada.
b) Fontes chaveadas
São topologias que permitem a conversão de energia elétrica de corrente contínua para corrente
contínua com saída estabilizada, geralmente chamados de conversores CC-CC. O funcionamento consiste
em chaves eletrônicas que são comutadas em alta-frequência, ligando e desligando o circuito de modo
que mantém a tensão ou corrente de saída estabilizada em nível projetado. Este tipo de conversão trata de
uma conversão ativa de energia. Em outras palavras, estes circuitos não dissipam a energia “de propósito”
para realizar a sua função, diferente das fontes lineares, que queimam energia para estabilizar os níveis de
saída (função passiva de funcionamento). Por isso, as fontes chaveadas possuem eficiência maior que as
fontes lineares.
A figura, a seguir, apresenta um circuito integrado de uma fonte chaveada e o respectivo esquemático
do circuito.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 114 23/06/2017 10:09:54


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
115

L
Fonte de CC
corrente C Carga

Sabrina Farias (2016)


contínua CC

Circuito Integrado - Fonte Chaveada Esmático Fonte Chaveada


Figura 55 -  Exemplo fonte não linear (CC-CC)
Fonte: SENAI (2016)

As fontes não lineares são importantes quando se deseja obter circuitos eletrônicos mais eficientes, que
consomem geração de calor e menor espaço físico. No entanto, essa solução geralmente tem um custo
agregado maior do que as fontes lineares.

5.º Estágio: Filtro de saída


A saída do circuito de regulação requer filtros de saída para realizar um tratamento fino de filtragem e
garantir que as ondulações de tensão elétrica possuam um valor máximo estipulado para o projeto.

6.º Estágio: Proteção


A proteção do conversor é uma forma de diminuir as consequências de uma falha ou um curto-circuito.
Esta não necessariamente previne que componentes deixem de ser danificados no caso de um surto ou
sobrecorrente, mas elimina a energia de entrada de forma a proteger de um possível incêndio, além de
preservar as fontes de energia que alimentam o circuito.
Normalmente são utilizados fusíveis para proteger o circuito de sobrecorrentes indesejadas. Os fusíveis
são formados por um condutor de seção dimensionada para suportar certo nível de corrente, ocorrendo
a sua fusão no momento de sobrecorrente. Com esse rompimento destrutivo, o fusível isola o circuito que
possui a falha que gerou a sobrecarga.
A figura seguinte é um exemplo de fusíveis utilizados em placas de circuito impresso, uma opção
bastante comum em dispositivos eletrônicos.
iStock ([20--?])

Figura 56 -  Fusíveis utilizados em dispositivos eletrônicos

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 115 23/06/2017 10:09:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
116

Além da proteção contra curtos-circuitos, níveis de sobretensão e sobrecorrente na entrada – sinais de


curta duração que possuem valor máximo acima do esperado – também podem prejudicar os componentes
eletrônicos. É possível diminuir estes riscos com a utilização de varistores e transformadores isoladores na
entrada do circuito.

PROJETO DAS FONTES AUXILIARES DO CIRCUITO ELETRÔNICO


Além da fonte de alimentação principal, os circuitos eletrônicos podem precisar – embora não
necessariamente - de fontes auxiliares, sejam elas internas ou externas ao leiaute eletrônico. Isso se deve
ao fato de que certos circuitos trabalham com níveis de tensão e de potência diferentes de outras partes
do circuito.
Um exemplo clássico é na utilização de componentes que operam com fontes simétricas de tensão
contínua (+15 V e -15 V, +24 V e -24 V, entre outras) para alimentação de sensores de tensão e corrente, assim
como existem outros componentes que operam com tensão contínua de +3,3 V ou +5 V, como circuitos
lógicos, memórias e processadores. Esta característica depende da tecnologia de cada componente que é
adotada no projeto. Esses componentes serão abordados na subseção seguinte.
A figura, na sequência, mostra essa situação, em que três fontes auxiliares alimentam partes específicas
de um projeto de circuito eletrônico. A fonte auxiliar 1 fornece energia para o circuito 1 e o circuito 2,
enquanto que a fonte de energia 2 fornece energia para o circuito 3 e, por fim, a fonte auxiliar 3 trata de
suprir as necessidades do circuito 4.

Fonte auxiliar 2 Circuito 3

Fonte de Fonte
energia Fonte
auxiliar Circuito 1 Circuito 2
externa principal
1
Ana Cristina de Borba (2016)

Fonte auxiliar 3 Circuito 4

Projeto eletrônico
Figura 57 -  A função das fontes auxiliares em um circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)

Para organização e planejamento do desenvolvimento do circuito eletrônico, é importante criar um


esboço inicial, como o da figura anterior, que possui todos os subcircuitos, dividindo-os por níveis de
tensão e indicando o nível de tensão e a potência máxima de cada bloco.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 116 23/06/2017 10:09:58


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
117

Isso também pode ser feito em forma de planilha, conforme exemplo no quadro a seguir, ajudando a
planejar a potência mínima que cada fonte de alimentação deve ser capaz de suprir, conforme a necessidade
máxima (em watts – W) de cada subcircuito.

INFORMAÇÕES DOS CIRCUITOS


TENSÕES DAS FONTES CIRCUITO CIRCUITO CIRCUITO CIRCUITO POTÊNCIA TOTAL DAS
...
AUXILIARES 1 2 3 4 FONTES AUXILIARES
+ 3,3 Vcc 500 mW - - - - 500 mW
+ 5,0 Vcc 2W 5W 1W - 8W
+/- 12 Vcc - 2W - 1W 3W
... - - - - -
+ 24 Vcc - - 3W 2W 5W
Quadro 24 - Projeto de fontes de alimentação
Fonte: SENAI (2016)

Realizado o levantamento dos níveis de tensão e da potência necessários para o projeto do circuito,
sugere-se que se comece por dimensionar o circuito de alimentação da fonte principal para, em seguida,
dimensionar as fontes auxiliares.
Não deixe de consultar e revisar assuntos e materiais de eletrônica analógica e digital que fundamentam
os circuitos eletrônicos e esteja sempre atendo às novidades que surgem no mundo da eletrônica.

3.1.2 SELECIONANDO ADEQUADAMENTE OS COMPONENTES ELETRÔNICOS

A escolha dos componentes eletrônicos é um passo muito importante no projeto de circuitos eletrônicos,
e deve ser realizada de maneira bastante criteriosa para atender às necessidades do projeto.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Componentes PTH Componentes SMD


Figura 58 -  Componentes de tecnologia PTH e SMD

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 117 23/06/2017 10:10:03


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
118

Conforme a figura anterior, os componentes eletrônicos podem ser divididos em duas tecnologias
gerais: os componentes que são montados na superfície da placa eletrônica (SMD – Surface Mounting
Devices), e aqueles que são montados através de pinos ou terminais perfurados (PTH – Pin Through
Hole). A escolha da tecnologia é baseada em diversos motivos técnicos ou econômicos. Acompanhe.
a) Potência: trata-se de uma limitação física, geralmente componentes muito pequenos não são
capazes de processar muita energia. Essa é uma limitação maior para componentes SMD.
b) Tamanho da placa de circuito impresso: a limitação do espaço para instalar os componentes pode
ser um fator da escolha da tecnologia.
c) Estética: Alguns componentes são mais apresentáveis do que outros.
d) Custo dos componentes: o preço pode variar bastante, conforme a tecnologia adotada.
e) Custo de fabricação e montagem: o processo de montagem muda conforme a tecnologia, o que
muda também seu custo.
f ) Disponibilidade: alguns componentes são disponibilizados somente em uma das tecnologias. Isso
certamente limita sua escolha.
Cabe ao projetista saber mensurar quais destes fatores são mais importantes e quais são as limitações do
projeto. Uma placa de circuito impresso pode ser projetada para conter componentes SMD e PHT. Porém,
não havendo limitações técnicas – limite de potência para certos componentes, por exemplo – é mais
comum fabricar circuitos com componentes de uma tecnologia somente, para reduzir principalmente os
custos de montagem.
Em uma linha de produção, os componentes SMD são geralmente montados por máquinas, conhecidas
como Pick and Place Machines, enquanto que componentes PTH são frequentemente montados por mão
de obra humana, ou seja, funcionários técnicos especializados.
A divisão por tecnologia é somente uma abordagem inicial do tema, os componentes eletrônicos,
mesmo aqueles que possuem parâmetros idênticos, podem possuir diversos tamanhos e formatos. As
características construtivas dos principais componentes eletrônicos, passivos e ativos, que são utilizados
em projetos de circuitos eletrônicos, serão apresentadas a seguir.

Fusíveis
São componentes de proteção de circuitos eletrônicos que evitam que as correntes que fluem no
circuito ultrapassem um limite estabelecido. Este limite é determinado pela corrente de fusão do fusível,
que rompe quando atingida. Os fusíveis podem ser classificados pelo tempo de atuação da proteção:
fusíveis comuns, rápidos, ultrarrápidos, retardados, entre outros.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 118 23/06/2017 10:10:03


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
119

A figura, a seguir, apresenta símbolos dos fusíveis que são utilizados em esquemáticos eletrônicos.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 59 -  Símbolo do fusível
Fonte: SENAI (2016)

As principais características elétricas que precisam ser avaliadas em um projeto de circuito eletrônico
estão descritas a seguir.
a) Corrente de ruptura: é a corrente de interrupção do fusível. Normalmente este dado está escrito no
próprio fusível.
b) Corrente nominal: é a corrente de operação que o fusível pode suportar sem fundir.
c) Dimensões do dispositivo: este dado é importante para respeitar o espaço destinado ao componente.
d) Corrente de atuação: é um nível intermediário entre a corrente de curto-circuito e a corrente nominal,
ou seja, é a corrente máxima que dispositivo pode suportar por um determinado tempo sem ocorrer a
sua fusão.Tipos de fusíveis: fusíveis de vidro, tipo rolha, tipo cartucho, tipo diazed. Porém, em circuitos
eletrônicos geralmente são utilizados fusíveis que possuem invólucros de vidro ou cerâmica. A classe de
fusíveis AG (All Glass) é muito utilizada em eletrônica. Estes componentes variam em tamanho, diâmetro
e faixa de corrente. Existem ainda os fusíveis cerâmicos, que também são cilíndricos, e mais resistentes a
temperatura.

Resistores – fixos e variáveis


O resistor é certamente o componente mais utilizado no projeto de circuitos eletrônicos. Utilizado
para limitar a corrente em vários pontos do circuito, serve para configurações de vários subcircuitos como
temporizadores e osciladores, é responsável por gerar sinais de referência em circuitos integrados e em
canais de comunicação (circuitos pull-ups e pull down), e outras aplicações.
Na figura seguinte você poderá conhecer o símbolo genérico do resistor utilizado nos esquemáticos
eletrônicos.
Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 60 -  Símbolo do resistor


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 119 23/06/2017 10:10:04


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
120

Os parâmetros mais importantes dos resistores são:


a) resistência elétrica, em ohm (Ω);
b) potência, em watt (W);
c) tolerância, em porcentagem (%);
d) encapsulamento (PTH ou SMD);
e) faixa de temperatura de operação, em °C.
Os resistores em tecnologia PTH possuem anéis pintados em que as cores indicam valores dos parâmetros
elétricos do resistor. A próxima figura apresenta a tabela de cores, que é necessária para a leitura. Existem
dois tipos de resistores neste contexto:
a) resistor padrão: possui quatro faixas;
b) resistor de precisão: possui cinco faixas.
A extremidade esquerda do resistor consiste no lado que possui maior concentração de faixas, e a leitura
das faixas deve partir desta extremidade. Observe, na figura, as faixas de um resistor PTH.

Resistores de precisão 237 Ω


possuem 5 faixas 1% de tolerância

COEF.
COR 1ª FAIXA 2ª FAIXA 3ª FAIXA MULTIPLICADOR TOLERÂNCIA
TEMPERATURA
Preto 0 0 0 0
Marrom 1 1 1 1 1% 100 PPM/C
Vermelho 2 2 2 2 2% 50 PPM/C
Laranja 3 3 3 3 15 PPM/C
Amarelo 4 4 4 4 25 PPM/C
Verde 5 5 5 5 0,5%
Azul 6 6 6 6 0,25% 10 PPM/C
Ana Cristina de Borba (2016)

Violeta 7 7 7 7 0,1% 5 PPM/C


Cinza 8 8 8 8 0,05
Branco 9 9 9 9
Dourado X 0,1 5%
Prata X 0,01 10%

Figura 61 -  Tabela de cores de resistores de encapsulamento PTH

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 120 23/06/2017 10:10:05


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
121

Com base na figura anterior, acompanhe como interpretar as faixas apresentadas. Considere um resistor
com a seguinte sequência de cores: vermelho, violeta, laranja e dourado. A primeira faixa representa o
dígito “2”, a segunda faixa o dígito “7”, a terceira faixa o multiplicador “1.000” e o quarto dígito indica a
tolerância de 5% para o valor de resistência. Portanto, tem-se o seguinte valor de resistência:

No caso de resistor de precisão, a cor do quarto anel também representa um dígito do valor de resistência
elétrica. Continuando desse modo a sequência, o quarto anel representa o multiplicador, e o quinto anel
representa a tolerância.
Existem diversos tamanhos de resistores de filme metálico que são proporcionais a valores de potência
que estes componentes conseguem processar. Operar acima deste valor por tempo prolongado acarreta
risco de sobreaquecimento, podendo danificar ou até mesmo queimar o componente eletrônico.
Os tamanhos usuais de resistores em tecnologia PTH são apresentados na tabela a seguir.

FAIXA DE POTÊNCIA
COMPRIMENTO DO CORPO (mm) DIÂMETRO DO CORPO (mm)
EM WATTS (W)
0,125 (1/8) 3,0 1,8
0,25 (1/4) 6,5 2,5
0,50 (1/2) 8,5 3,2
1,00 11,0 5,0
Quadro 25 - Faixas de potência de resistores PTH
Fonte: Fonte: SENAI (2016)

Os resistores em tecnologia SMD possuem o código do valor de resistência estampado na superfície


superior do componente, conforme a figura na sequência.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Tabela 1 - Resistores de tecnologia SMD

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 121 23/06/2017 10:10:11


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
122

A leitura do valor de resistência, em ohms (Ω), é similar à leitura realizada nos resistores de tecnologia
PTH. Normalmente são informados somente três dígitos, onde os dois primeiros indicam os dígitos do
valor de resistência e o terceiro o valor do multiplicador. Resistores de precisão possuem quatro dígitos,
sendo os três primeiros dígitos do valor de resistência, e o quarto, portanto, o multiplicador. Por exemplo:

Esta codificação é um padrão internacional bastante utilizado, e é baseado na Norma EIA (Electronic
Industries Alliance), também conhecido como EIA-96.
O tamanho do resistor SMD é indicado por um código numérico, por exemplo: 0805. Este código informa
a largura e a altura do encapsulamento do componente no sistema imperial de medidas britânico. Para
converter este valor no sistema métrico, basta multiplicar os valores das dimensões por uma polegada.
Usando de exemplo o encapsulamento de tamanho 0805, tem-se as dimensões em milímetros a seguir.

Logo, este mesmo resistor, no sistema métrico, corresponde ao tamanho 2012. A tabela, a seguir,
apresenta uma lista dos tamanhos dos resistores SMD disponíveis no mercado, informando seus códigos,
dimensões e parâmetros elétricos. É importante reparar o valor de potência correspondente de cada
tamanho de resistor.

CÓDIGO COMPRIMENTO, LARGURA,


POTÊNCIA (W)
(IMPERIAL MÉTRICO) ALTURA (mm)
0402 | 1005 1 / 16 1,0 x 0,5 x 0,35
0603 | 1608 1 / 10 1,55 x 0,85 x 0,45
0805 | 2012 1/8 2,0 x 1,2 x 0,45
1206 | 3216 1/4 3,2 x 1,6 x 0,55
1210 | 3225 1/2 3,2 x 2,5 x 0,55
1218 | 3246 1 3,2 x 4,6 x 0,55
Tabela 2 - Encapsulamento SMD de resistores
Fonte: SENAI (2016)

Além dos resistores fixos, existem resistores que permitem a variação de resistência elétrica. Trata-se de
um arranjo divisor de tensão que possui três pinos, no qual os dois primeiros possuem uma resistência fixa,
e o terceiro pino corresponde ao contato móvel que varia de posição internamente, conforme é modificado

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 122 23/06/2017 10:10:11


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
123

através de um cursor – geralmente um cursor móvel excêntrico. Esse componente é muito utilizado em
aplicações que necessitam de algum tipo de ajuste analógico de sinal elétrico, como o volume de sistemas
de áudio e sintonia de rádio. A figura, a seguir, apresenta exemplos de potenciômetros e suas aplicações.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 62 -  Trimpots e potenciômetros

Existem modelos de resistores variáveis (exemplo Trimpots) que também são encontrados em tecnologia
SMD, e são utilizados em circuitos eletrônicos para ajuste fino do ganho de sensores, conversores e outras
necessidades. Veja um exemplo na próxima figura.
iStock ([20--?])

Figura 63 -  Trimpot SMD na placa de circuito impresso

Outros tipos de resistores, conhecidos como resistores especiais, são apresentados no quadro a seguir.

TIPO O VALOR DE RESISTÊNCIA É SENSÍVEL À VARIAÇÃO


Fotorresistores (LDRs) Luminosa
Magnetorristores Magnética
Termistores Temperatura
Varistor Diferença de potencial
Quadro 26 - Outros tipos de resistores
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 123 23/06/2017 10:10:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
124

Conforme pôde ser percebido, os exemplos mais comuns, citados no quadro anterior, possuem
propriedades que atendem uma ampla e diversificada gama de aplicações.

Capacitores
São elementos armazenadores de energia e, em eletrônica, são muito utilizados em filtros de energia,
em circuitos ressonantes, em divisores de energia, em conversores e em circuitos de tratamento de sinais.
Há dois tipos gerais de capacitores: os capacitores polarizados e os capacitores não polarizados (bipolares).
A representação esquemática dos dois modelos é ilustrada na figura, a seguir.

Ana Cristina de Borba (2016)

Capacitor Capacitor
não-polarizado polarizado
Figura 64 -  Simbologia de capacitores
Fonte: SENAI (2016)

Alguns dos principais parâmetros dos capacitores utilizados em projetos eletrônicos são:
a) capacitância nominal, em Farad (F);
b) tensão máxima, em volts (V);
c) encapsulamento (PTH ou SMD);
d) dimensões, em milímetros ou polegadas;
e) tolerância, em porcentagem (%) – variação da capacitância nominal;
f ) faixa de temperatura de operação, em °C – é o limite interno de temperatura;
g) tipo de capacitor – eletrolítico, poliéster, cerâmico etc.
O material dielétrico dos capacitores pode ser feito de diversos materiais. Na sequência, são listadas as
principais tecnologias de fabricação de capacitores que são utilizados em eletrônica. Acompanhe.
a) Capacitor eletrolítico: apresenta polaridade, podendo queimar, se ligado de modo invertido.
Geralmente é utilizado em filtros de energia.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 124 23/06/2017 10:10:17


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
125

b) Capacitor cerâmico: não apresenta polaridade e sua capacitância é da ordem de Pico Farads (pF). É
utilizado geralmente em circuitos de alta frequência. Existem modelos cerâmicos de multicamadas
que consistem na superposição de várias camadas de material dielétrico.
c) Capacitor de filme plástico (poliéster, polipropileno, policarbonato e outros): não apresenta
polaridade. A capacitância é da ordem de Nano Farads (nF). Possui alta resistência de isolação e
poucas perdas no dielétrico.
Assim como os resistores, os capacitores também possuem modelos em tecnologia PTH e SMD. Na
figura, a seguir, você pode conhecer os modelos de capacitores com tecnologia PTH e SMD.

iStock ([20--?]),Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 65 -  Capacitores de tecnologia PTH e SMD

Conforme visto na figura anterior, independente da tecnologia ou do tipo, existem vários capacitores
cujos tamanhos variam conforme os valores de capacitância e da tensão de operação. Os valores de tensão
e capacitância geralmente podem ser visualizados no corpo do componente.

Indutores
Os indutores são componentes com dois terminais que são projetados para armazenar energia
magnética e são muito utilizados em filtros de corrente, osciladores e conversores eletrônicos. A construção
típica deste componente é realizada enrolando-se fio de cobre esmaltado em forma de espira. Existem
diversos materiais, até mesmo o ar, utilizados para formar o núcleo do indutor, que são definidos conforme
os parâmetros que se deseja atingir, especialmente o valor de indutância, que é a principal grandeza física
que caracteriza este componente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 125 23/06/2017 10:10:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
126

O indutor e o símbolo utilizado nos esquemáticos de projetos eletrônicos são apresentados na próxima
figura.

iStock ([20--?]),Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 66 -  Indutores e simbologia
Fonte: SENAI (2016)

Os parâmetros importantes que precisam ser avaliados durante a escolha de um indutor são:
a) indutância, em Henry (H);
b) tolerância do valor de indutância, em porcentagem (%);
c) temperatura de operação, em graus Celcius (°C);
d) corrente máxima, em amperes (A).
Os modelos de indutores que são mais utilizados em aplicações gerais possuem indutância fixa - dentro
de certo valor de tolerância -, contudo existem indutores que permitem o ajuste do valor de indutância de
forma similar a um potenciômetro (resistor variável), que é utilizado em alguns circuitos osciladores.
Existem modelos de indutores em tecnologia PTH, no formato similar aos de resistores (conforme a
figura, a seguir), que possuem anéis coloridos os quais indicam os valores de indutância e tolerância do
componente. A mesma tabela utilizada para leitura de resistência elétrica é utilizada para leitura do valor
de indutância, com a ressalva de que o resultando de indutância é padronizado em micro Henry (µH).
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

1 5 x 10 +- 5%

150 µ H +- 5%

Figura 67 -  Indutores
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 126 23/06/2017 10:10:20


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
127

Os modelos em SMD também são comuns e são bastante utilizados para filtros de pequenos sinais
ou conversores em fontes de alimentação eletrônicas. A norma de dimensionamento EIA-96, válida para
resistores e capacitores, também é válida para os indutores SMD.

Transformadores
Os transformadores, assim como os indutores, também são componentes magnéticos. A figura,
a seguir, apresenta exemplos utilizados em eletrônicos. Este componente é formado por duas ou mais
bobinas isoladas feitas de condutor esmaltado que são enroladas em torno de um núcleo compartilhado.
As principais funções do transformador consistem em modificar os valores de tensão e corrente de um
sinal de corrente alternada e isolar circuitos que possuam sinais de referência diferentes. O símbolo não faz
nenhuma referência aos aspectos dimensionais e ao formato do transformador real utilizado.
Observe um exemplo que identifica um transformador ideal em um circuito eletrônico.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 68 -  Transformadores e simbologia
Fonte: SENAI (2016)

A definição das dimensões, do material utilizado para fabricação do núcleo e as demais características
que devem ser dimensionadas são determinadas conforme os parâmetros desejados para o projeto. Os
parâmetros mais importantes que devem ser avaliados são:
a) tensão nominal de entrada, em volts (V);
b) tensão nominal de saída, em volts (V);
c) corrente nominal de entrada, em amperes (A);
d) corrente nominal de saída, em amperes (A);
e) frequência do sinal elétrico alternado: este parâmetro vai indicar o tipo de material que
deve ser utilizado no núcleo.
Relativo à frequência, transformadores de baixa frequência (60 Hz, por exemplo) utilizam chapas
laminadas de aço silício. Já, em altas frequências, acima de 400 Hz, por exemplo, utilizam núcleos de ferrite
para certas aplicações.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 127 23/06/2017 10:10:21


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
128

Diodos e LEDs
Os diodos são componentes semicondutores ativos de dois terminais que são capazes de conduzir
corrente elétrica somente em um sentido. Estas características são bastante exploradas em projetos de
circuitos eletrônicos, especialmente no dimensionamento de retificadores de energia em fontes de
alimentação, que são circuitos responsáveis por transformar sinais de corrente alternada em corrente
contínua.
A simbologia adotada para o diodo é apresentada na figura, a seguir.

Ana Cristina de Borba (2016)


Diodo Diodo Emissor de Luz (LED)
Figura 69 -  Simbologia diodo e LED
Fonte: SENAI (2016)

Os diodos mais utilizados são fabricados de silício. Também há muitos modelos com fabricação em
germânio. Os parâmetros mais importantes de diodos são:
a) corrente máxima de operação;
b) tensão direta máxima (Maximum Forward Voltage);
c) tensão máxima reversa constante (Maximum DC Reverse Voltage);
d) máxima tensão de pico reversa não repetitiva (Non-Repetitive Peak Reverse Voltage);
e) potência máxima que o diodo pode dissipar;
f ) temperatura de bloqueio máxima;
g) capacitância da junção.
Os tipos de diodos que são utilizados em projetos variam conforme a aplicação e as características que
precisam ser atendidas. Os tipos de diodos mais comuns são:
a) padrão (convencional);
b) schottky;
c) fotodiodo;
d) especiais (LED –Light Emitter Diode).

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 128 23/06/2017 10:10:21


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
129

O diodo emissor de luz é um tipo especial de diodo que emite luz quando polarizado no sentido direto.
Segundo Boylestad e Nashelsky (2013, p. 36), “[...] o diodo emissor de luz (LED) é aquele que emite luz visível
ou invisível (infravermelha) quando energizado.” Este componente é bastante utilizado para sinalização e
até mesmo para geração de imagens.
A figura, a seguir, apresenta alguns exemplos de LEDs nas tecnologias PTH e SMD.

iStock ([20--?]),Guilherme Luiz Marquardt (2016)


PTH SMD

Figura 70 -  LEDs

É possível encontrá-los em monitores de computador, aparelhos de televisão, controles remotos e


indicadores em painéis de máquinas ou em outros equipamentos.

Regulador linear de tensão


Imagine que as características de um circuito eletrônico impõem a necessidade de tensão de
alimentação de 5 V, com variações máximas de +/- 0,5 V. No entanto, a fonte de alimentação disponível
para este sistema é capaz de fornecer uma tensão contínua com valor de tensão que varia entre valores de
4 V e 8 V. Dessa forma, faz-se necessário criar um circuito eletrônico que seja responsável por estabilizar a
tensão proveniente da fonte de alimentação no valor fixo de 5 V.
Para resolver este problema, é necessário projetar um circuito que regula ativamente o valor de
tensão de entrada para um valor de tensão de saída fixo, respeitando a tolerância da tensão de saída. Os
componentes semicondutores bastante utilizados para este tipo de tarefa são os chamados reguladores
lineares de tensão. São circuitos integrados que fazem parte da classe de componentes PMIC – Power
Management Integrated Circuits.
Estes reguladores possuem três ou mais terminais - os mais comuns possuem três – e a maioria deles
possui tensão de saída prefixada, como é o caso do famoso componente 7805, que estabiliza a tensão
de saída em 5,0 V. Outros modelos podem ser utilizados para tensão de saída ajustável, como é o caso do
LM350, em que este ajuste é realizado por um circuito externo, composto de capacitores e resistores que
fazem a parametrização do valor de saída.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 129 23/06/2017 10:10:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
130

O símbolo que caracteriza um regulador de tensão em um esquemático eletrônico é ilustrado na figura,


a seguir. Este é um símbolo bastante utilizado, referente ao regulador linear de três terminais. Contudo,
existem outros tipos de reguladores que podem conter mais de três pinos, conforme mencionado no
parágrafo anterior.

Vi = Entrada Vo = Saída

Ana Cristina de Borba (2016)


GND = Terra
Figura 71 -  Simbologia do regulador linear
Fonte: SENAI (2016)

Essa tensão de saída possui um valor constante, com certa tolerância, para variações de cargas e de
tensão de entrada que estão de acordo com as especificações do componente. As principais características
de um conversor linear são:
a) tensão de saída, em volts (V);
b) corrente máxima de saída, em amperes (A);
c) valores máximo e mínimo da tensão de entrada, em volts (V);
d) temperatura máxima de operação: trata-se da temperatura interna da junção PN do semicondutor.
Este componente geralmente necessita de dissipador térmico para operar em uma faixa segura de
temperatura. Observe a próxima figura.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Vi = Entrada
Vo = Saída
Vi Vo GND GND = Terra

Figura 72 -  Regulador linear – encapsulamento TO220


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 130 23/06/2017 10:10:28


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
131

O encapsulamento mais comum para reguladores lineares é do tipo TO220 e frequentemente apresenta
a sequência de pinos, como você pôde ver na figura anterior. No entanto, existem reguladores de tensão
com diversos tipos de encapsulamentos, seja em tecnologia PTH ou SMD.

Transistores
Transistores são componentes semicondutores ativos de três terminais e frequentemente utilizados em
amplificadores de sinais ou em chaves eletrônicas. O princípio de funcionamento do transistor consiste
na possibilidade de controlar o nível de corrente em um terminal através da tensão aplicada nos outros
dois terminais. Essa característica é bastante interessante, pois permite a criação de muitos circuitos e
sistemas, especialmente porque hoje existe um gama grande destes componentes que podem operar em
alta frequência, com baixas perdas elétricas de comutação e de condução.
Segundo SEDRA e SMITH (2009, p. 231-232, tradução SENAI), “São dois os principais tipos de dispositivos
semicondutores de três terminais: o transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET)
[...] e o transistor bipolar de junção (BJT) [...]”. Outro tipo de chave eletrônica conhecida é o IGBT (Insulated
Gate Bipolar Transistor), comumente utilizado em projetos de conversores eletrônicos para circuito de
processamento de energia.
Os símbolos esquemáticos destes componentes são apresentados na próxima figura.

BIPOLAR BIPOLAR MOSFET MOSFET IGBT

Ana Cristina de Borba (2016)

NPN PNP TIPO P TIPO N TIPO P


Figura 73 -  MOSFET
Fonte: SENAI (2016)

Os principais parâmetros elétricos dos transistores bipolares são:


a) tipo do transistor: NPN ou PNP;
b) corrente máxima de coletor;
c) tensão máxima entre coletor e emissor.
Os principais parâmetros elétricos dos MOSFETs são:
a) tensão máxima entre dreno e a fonte (Source Drain Voltage);
b) corrente máxima de dreno;
c) resistência interna máxima;
d) limites de temperatura de operação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 131 23/06/2017 10:10:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
132

A escolha do encapsulamento de um transistor depende dos requisitos que precisam ser atendidos
no projeto. Um fator importante que afeta o tamanho do componente é a potência que será processada.
Existem diversos tipos e tamanhos de encapsulamentos para estes componentes.
Nos transistores de tecnologia PTH, são comuns os encapsulamentos TO-220, TO-247, TO-92 e TO-126
(figura seguinte). Eles são muito utilizados em projetos, pois existe uma gama enorme de componentes
nesta configuração. A mesma situação acontece para componentes SMD em encapsulamentos SOT-23,
SOT-346, SOT-323, dentre outros.

D
B

1 2 3

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 74 -  Encapsulamento TO padrão


Fonte: SENAI (2016)

A tabela, a seguir, apresenta as dimensões médias, em milímetros, dos encapsulamentos PTH citados,
conforme as cotas da figura anterior.

A B C D
TO-92 5,00 5,00 2,54 3,50
TO-126 7,50 10,50 2,25 2,50
TO-220 15,65 10,00 2,54 4,40
TO-247 20,95 15,90 5,45 5,00
Tabela 3 - Encapsulamentos comuns de transistores PTH
Fonte: SENAI (2016)

Tratando-se agora dos transistores em tecnologia SMD, para componentes de baixa potência, é comum
encontrar modelos de transistores com o encapsulamento SOT (Small Outline Transistor).

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 132 23/06/2017 10:10:29


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
133

Veja a representação desses transistores na figura, a seguir.

A
3
3

Ana Cristina de Borba (2016)


B
2
1 2
1
Figura 75 -  MOSFET SMD
Fonte: Eletro Schematics (2016)

As dimensões (em milímetros) dos encapsulamentos SMD citados são apresentados na tabela a seguir,
com base nas cotas da figura anterior.

A B REFERENTE AO TAMANHO
SOT-23 2,90 1,30 2913
SOT-346 2,90 2,50 2916
SOT-416 1,80 0,90 1608
SOT-323 2,00 1,25 2012
Tabela 4 - Encapsulamentos comuns de transistores SMD
Fonte: SENAI (2016)

Outros tipos de transistores que são bastante utilizados, especialmente em circuitos eletrônicos de
fontes de alimentação para o chaveamento de carga, são os IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor). Há
também tipos especiais, como fototransistores, cujo chaveamento é determinado pela radiação luminosa
sobre o componente.

Circuitos integrados
Quem nunca se perguntou o que são aquelas pastilhas escuras que possuem várias “perninhas” e que
são abundantemente encontradas em circuitos eletrônicos? Em geral, tratam-se de pastilhas de silício
baseadas em uma tecnologia que possibilita a integração de um ou mais circuitos, especialmente circuitos
lógicos, em uma única pastilha, comumente chamados de Circuitos Integrados, IC (do inglês Integrated
Circuit). Em outras palavras, é possível integrar um circuito composto por transistores, diodos e resistores
em um mesmo invólucro.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 133 23/06/2017 10:10:29


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
134

A miniaturização dos circuitos visa à criação de componentes mais compactos e com menor consumo de
energia. Isso é bastante relevante para equipamentos e circuitos móveis que são alimentados por baterias
que possuem quantidade de carga limitada e que precisa ser utilizada de forma inteligente para aumentar
a autonomia do circuito, diminuindo o tempo necessário para uma nova recarga.
Na próxima figura, observe exemplos de circuitos integrados.

Figura 76 -  Circuitos Integrados iStock ([20--?])

A aplicação para circuitos integrados é ampla. Neste caso, serão citados algumas que são bastante
comuns.
a) circuitos lógicos: portas lógicas, memórias etc.;
b) circuitos analógicos: comparadores, sensores etc.;
c) processadores e DSP;
d) fontes chaveadas: circuito de fontes lineares ou chaveadas, que foram apresentados nesta seção.
A quantidade de encapsulamentos para circuitos integrados é grande e muito variada. Na sequência,
serão apresentados alguns dos tipos que são comuns no mercado de componentes eletrônicos. O número
de pinos varia conforme a aplicação do circuito integrado.

PDIP SOIC TSSOP


Sabrina de Farias ([2016])

SOT DPAK PLCC

Figura 77 -  Encapsulamentos comuns de circuitos integrados


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 134 23/06/2017 10:10:30


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
135

Até o momento, foram apresentados os principais componentes que fazem parte de circuitos
eletrônicos, embora sempre existam componentes especiais que precisam ser avaliados caso a caso.
A escolha dos componentes deve ser pautada em aspectos intrínsecos do próprio componente, como
consumo de energia, tamanho, disponibilidade de mercado, compatibilidade. No entanto, é preciso avaliar
também o conjunto do sistema para a escolha dos componentes, como o tamanho de componentes
que foi padronizado para o sistema eletrônico. Outros componentes que precisam ser avaliados para um
projeto eletrônico são os tipos de conexões elétricas entre os circuitos e fontes do sistema. Acompanhe.

3.1.3 IMPORTÂNCIA DAS CONEXÕES ELÉTRICAS

O dimensionamento de cabeamentos e conexões elétricas é uma etapa presente na maioria dos projetos
de circuitos eletrônicos, com exceção daqueles circuitos cujas fontes de alimentação são integradas
diretamente na placa eletrônica e que não necessitam de comunicação por intermédio de cabos com outras
placas ou dispositivos. A figura, a seguir, apresenta os conectores e o cabeamento de um circuito eletrônico.
Na primeira imagem um conector do tipo Header com parafusos é utilizado para suprir a alimentação de
energia para a placa eletrônica. Na figura ao lado, um conector e cabo Flat são responsáveis pela troca de
informações entre o circuito eletrônico e outros dispositivos, por exemplo, um circuito de display LCD.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 78 -  Conector de entrada e conector de dados


Fonte: SENAI (2016)

No entanto, as aplicações em geral necessitam de um ou mais cabeamentos para realizar alimentação


do circuito eletrônico e outras mais para realizar a comunicação com outros dispositivos ou até mesmo
com outras placas de circuitos eletrônicos.
Os equipamentos elétricos e eletrônicos que são utilizados no dia a dia constituem os exemplos mais
evidentes do uso do cabeamento elétrico, seja simplesmente quando se conecta o cabo de energia da
televisão ou do carregador de celular na tomada. No desenvolvimento de circuitos eletrônicos, a definição
das características elétricas e mecânicas dos cabos e conexões elétricas é um passo importante para realizar
um bom projeto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 135 23/06/2017 10:10:31


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
136

Certos requisitos elétricos e mecânicos precisam ser levados em consideração no momento da definição
destes componentes, de modo a atender os requisitos necessários para um projeto, os quais muitas vezes
são definidos em normas, especialmente itens referentes à segurança dos usuários. Os principais requisitos
referentes ao cabeamento são:
a) segurança;
b) atender aos requisitos elétricos do projeto;
c) isolação;
d) blindagem eletromagnética;
e) estética;
f ) flexibilidade;
g) classes de isolação;
h) tamanho, peso e cores.
Os fios condutores de um cabeamento, sejam de energia ou de dados, precisam de alguma forma
realizar a conexão elétrica com o circuito eletrônico. Esta conexão pode ser realizada diretamente através
de solda na placa de circuito eletrônico. Esse procedimento é bastante comum em aparelhos eletrônicos,
como em alguns aparelhos de DVD, em que o cabo de alimentação de energia é soldado diretamente no
circuito eletrônico do equipamento. Este tipo de solução é bastante utilizado, sendo a conexão realizada
somente uma vez e a necessidade de remoção é remota, mesmo em caso de manutenção.
Por outro lado, existem conexões elétricas que são realizadas através de conectores. Isso é frequentemente
encontrado em comunicação de dados que precisam ser conectados e desconectados com frequência,
como é o caso de cabos de rede de computadores ou cabos USB, que são bastante utilizados para o uso de
pen drives, câmeras digitais, impressoras e outros dispositivos removíveis.
Os conectores também são utilizados em alimentação de equipamento de circuitos eletrônicos. Seu uso
tem a vantagem da versatilidade, além de facilitar a padronização do cabeamento em muitas aplicações,
especialmente aquelas em que o mesmo tipo de produto pode ser produzido por diferentes fabricantes.
Caso contrário, bastaria imaginar como seria o conector do monitor do seu computador se cada fabricante
utilizasse um tipo de conector diferente.
Graças a padronizações, os tipos de cabos disponibilizados no mercado possuem padrões de conectores
para diversas aplicações. Alguns cabos são especiais para trafegar dados em alta frequência; outros são
mais robustos mecanicamente, para garantir que a conexão não solte. Há também cabos protegidos contra
a infiltração de água, e assim por diante.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 136 23/06/2017 10:10:31


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
137

A figura, a seguir, apresenta vários tipos de conectores.

iStock ([20--?])
Figura 79 -  Conectores para cabeamento de dados

É preciso levar em consideração o tipo de aplicação do projeto que está sendo desenvolvido para fazer
a melhor escolha do tipo de conector e cabeamento que será necessário utilizar. A respeito das conexões,
podem ser citadas as seguintes características:
a) segurança;
b) praticidade;
c) estética;
d) potência;
e) tipo de conexão;
f ) classe de IP;
g) seção transversal do fio condutor;
h) material do condutor.
A estrutura de cabeamento e conexões para alimentação de energia e a estrutura de cabeamento e
conexão de comunicação em geral são duas divisões que, embora sejam bastante genéricas, podem ser
tratadas como um agrupamento inicial importante para realizar um estudo mais detalhado sobre a escolha
dos tipos de cabos e conectores existentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 137 23/06/2017 10:10:31


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
138

CABEAMENTO PARA FONTES DE ALIMENTAÇÃO


Pense que você precisa definir um modelo de cabeamento e de conexões da alimentação de energia
para um projeto de forno micro-ondas utilizado na cozinha. Quais preocupações seriam necessárias neste
caso? Uma ordem lógica possível para este dimensionamento está descrita na sequência. Acompanhe.
a) Quantos fios são necessários para realizar esta alimentação? Por exemplo, tratando-se de um
equipamento alimentado diretamente pela rede elétrica, a resposta é três condutores. Um condutor
para fase, outro para o neutro, e um terceiro para aterramento.
b) Qual a tensão e a corrente máxima que cada condutor deve suportar? Por exemplo, considere que
a alimentação contínua de 15 V de um circuito eletrônico é realizada através de um conector cuja
capacidade máxima é de 10 A. A seção do fio condutor que será utilizado neste conector deve ser
capaz de suportar a corrente de 10 A sem ocorrer qualquer tipo de dano.
c) Qual o tamanho necessário para o cabeamento? Deve-se conhecer a distância mínima entre o
circuito eletrônico e a sua respectiva fonte de alimentação na aplicação, de modo que este valor
seja determinado. Distâncias muito grandes podem acarretar perdas elétricas que podem afetar a
qualidade da energia disponibilizada efetivamente para o circuito eletrônico.
Os tipos de condutores e cabos de energia são:
a) cabo de força rabicho;
b) fios condutores com isolação: fio sólido e cabos flexíveis;
c) cabos flexíveis PP duplamente isolado;
d) cabos PP blindados.
Na próxima figura, observe exemplos de cabeamento para fonte de alimentação.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 80 -  Cabeamento para fonte de alimentação

A escolha da bitola dos fios condutores depende da corrente eficaz do circuito. A tabela, a seguir
apresenta os valores de capacidade da corrente de alguns fios condutores de cobre, conforme o tamanho
da seção nominal do condutor.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 138 23/06/2017 10:10:33


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
139

SEÇÕES NOMINAIS (mm2) CAPACIDADE DE CORRENTE (A)


0,5 10
0,75 12
1,0 15
1,5 19
2,5 26
4,0 35
6,0 45
10,0 61
16,0 81
25,0 106
35,0 131
50,0 158
70,0 200
Tabela 5 - Capacidade de corrente de fios condutores de cobre
Fonte: adaptado de Prysmian Group (2016)

A exemplo do forno micro-ondas, pode-se exemplificar um caso prático: considerando que a corrente
elétrica máxima consumida pelo equipamento é de 15 A, a seção mínima de fio condutor correspondente
que permite a passagem desta corrente é de 1,0 mm2. No entanto, em um projeto, pode-se determinar
uma faixa de segurança, escolhendo-se um valor de seção seguinte (maior), para diminuir o aquecimento
do cabo e o risco de acidentes.

CABEAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Para esta etapa, pode-se mencionar o exemplo dos cabos e os conectores responsáveis por transmitir
os sinais de comunicação da placa de vídeo de um computador até o circuito de entrada de um monitor.
Para dimensionar estes componentes, é necessário estar atento com relação a diversos aspectos elétricos
e mecânicos.
Os cabos mangas, com ou sem blindagem, também podem ser utilizados para comunicação de sinais e
dados de baixa frequência. O cabo manga é bastante flexível, por ser compatível com uma grande variedade
de conectores Cabo-PCI (cabo para placa de circuito impresso). Conexões entre circuitos eletrônicos
utilizam este tipo de cabo para acionamento de atuadores ou recebimento de sinais de sensores.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 139 23/06/2017 10:10:33


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
140

Observe um exemplo desse tipo de cabo.

Sabrina Farias (2016)


Figura 81 -  Cabeamento de comunicação
Fonte: SENAI (2016)

Os cabos planos extrudados (Flat Cables) são muito comuns em aplicações eletrônicas em geral, cuja
frequência de operação dos sinais transmitidos é baixa. Este tipo de cabeamento é uma solução prática
devido à facilidade de utilização e de instalação dos conectores – que são crimpados sem a necessidade
de ferramentas especiais. A interligação entre placas de circuito eletrônico a pequenas distâncias pode
ser realizada a partir deste tipo de cabeamento para troca de informações em baixa frequência, como
sinais digitais, displays, gravadores de memórias, alimentações entre circuitos, comunicações etc. Este
cabeamento pode conter cor única, tendo apenas um condutor com cor diferente para indicar o dispositivo
de posição 1 do cabeamento.
Sabrina Farias (2016)

Figura 82 -  Cabeamento de comunicação – flat cinza


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 140 23/06/2017 10:10:34


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
141

Um cabeamento que possui a mesma estrutura de um cabo flexível é o cabo conhecido como Bounded
Flat, que possui condutores isolados em cores distintas, como exemplificado na próxima figura.

Sabrina Farias (2016)


Figura 83 -  Cabeamento de comunicação – flat colorido
Fonte: SENAI (2016)

Aplicações especiais que precisam trafegar sinais de frequências maiores necessitam de cabos especiais
que protejam os sinais de interferências eletromagnéticas. Um primeiro exemplo desse tipo de cabo são
os de par trançados, utilizados em telefonia e informática.
iStock ([20--?])

Figura 84 -  Cabeamento par trançado


Outro exemplo é o cabeamento dedicado para transmissão de sinais voz ou imagens, por exemplo. Estes
tipos de sinais são bastante suscetíveis a ruídos e é preciso um cabeamento projetado adequadamente
para não ocorrer perdas e distorções elevadas do sinal ao longo da linha. Bastante conhecidos são os cabos
de áudio que são instalados em televisões, computadores e aparelhos de som, além dos cabos coaxiais
para TV a cabo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 141 23/06/2017 10:10:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
142

CONEXÕES PARA ALIMENTAÇÃO


Quando a alimentação de um circuito eletrônico é proveniente de uma fonte externa, esta energia
pode ser transmitida para o circuito eletrônico de diversas formas. Geralmente são utilizados cabos
que transmitem a energia da fonte para o equipamento, como acontece em eletrodomésticos e outros
equipamentos utilizados nas residências. Nestes casos, a conexão com a fonte de energia é realizada
através de uma tomada no padrão adotado na região. Já a conexão deste cabo com o circuito eletrônico
pode ser realizada de diversas formas:
a) soldagem direta dos condutores do cabo na placa de circuito impresso;
b) pinos parafusados (terminal olhal em forquilha);
c) conectores em geral.
Quando se utiliza conector para a entrada ou saída de energia, é preciso dimensioná-lo conforme a
tensão e a corrente nominal deste circuito. Com base nesses parâmetros elétricos, é preciso definir as
principais características do conector:
a) posicionamento do cabo: vertical ou horizontal;
b) altura máxima do conector;
c) quantidade de vias;
d) corrente máxima por pino;
e) tensão de isolação entre pinos: a distância entre pinos tende a ser maior quando o valor da tensão de
isolação do conector for alto. O espaçamento entre pinos deve ser informado pelos fabricantes. Por
exemplo, espaçamento (pitch) de 1” (2,54 mm) com tensão de isolação de 250 V. Estes valores variam
conforme os modelos de conectores;
f ) é necessário algum tipo de travamento? Podem ser travas de pressão ou parafusado.
A figura, a seguir, apresenta conectores horizontais (90°) e verticais (180°) para placas de circuito
impresso. Estes componentes são conectores em bloco de número diversos de pinos, que podem ser
escolhidos conforme a necessidade do circuito.
É importante reparar a distância entre os pinos na hora de projetar o leiaute do circuito eletrônico.
Geralmente as informações mecânicas são apresentadas na folha de dados do componente, que
frequentemente são disponibilizadas no site do fabricante e devem ser consultadas no desenvolvimento
do projeto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 142 23/06/2017 10:10:36


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
143

Conectores verticais (180º)

Sabrina Farias (2016)


Conectores horizontais (90º)
Figura 85 -  Conectores verticais (180°) e horizontais (90°)
Fonte: SENAI (2016)

Existem modelos que possuem sistema de travamento que podem funcionar sobre pressão ou com a
utilização de parafusos. No caso de aplicações com muita vibração, estes modelos podem ser úteis para
evitar que ocorra trepidação nos terminais.

Sabrina Farias (2016)

Conector macho - cabo Conector fêmea - circuito


Figura 86 -  Conectores com parafuso de fixação
Fonte: SENAI (2016)

A preocupação com o tipo de conexão elétrica para dados e alimentação de um circuito eletrônico está
presente na maioria dos projetos de sistemas eletrônicos, exceto os sistemas autoalimentados que não
possuem nenhuma conexão externa. Ainda assim, pode haver a necessidade de instalação de conectores
e cabeamento de dados, conforme já foi apresentado, sendo necessário, dessa forma, que o cabeamento
escolhido para o sistema utilize as conexões apropriadas para o tipo de dados que vão trafegar no ramo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 143 23/06/2017 10:10:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
144

CONEXÕES PARA COMUNICAÇÕES


Geralmente são utilizadas conexões elétricas para realizar a comunicação entre equipamentos e
as placas eletrônicas. Para circuitos eletrônicos que possuem muitas entradas e saídas, a definição dos
conectores elétricos é uma etapa muito importante para garantir que estas conexões sejam feitas de forma
apropriada. Assim como os conectores para alimentação, em conectores de dados e sinais também, é
preciso definir os seguintes parâmetros:
a) posicionamento do cabo: vertical ou horizontal;
b) altura máxima do conector;
c) quantidade de vias;
d) corrente máxima por pino;
e) tensão de isolação entre pinos;
f ) frequência de corte: é a maior frequência que o cabeamento pode trafegar sem que ocorra uma
atenuação excessiva (maior que 3 dB) do sinal;
g) tamanho máximo do cabeamento.
A variedade de opções de conexões disponíveis no mercado é imensa. Uma forma de filtrar componentes
de qualidade duvidosa é verificando os elementos que atendem normas de segurança. A norma
internacional IEC 60335-1, que trata da segurança de equipamentos eletrodomésticos, é um exemplo de
um bom parâmetro para conectores em geral.
Na sequência, alguns exemplos de conectores que servem para entradas e saídas analógicas e digitais
e são comumente utilizados em projetos de circuitos eletrônicos. Para utilização de cabos flexíveis planos
(Flat Cable), é preciso utilizar os conectores apropriados.
Neste tipo de conector, o cabo é prensado nos terminais do conector, conhecido como conector header
fêmea.
Sabrina Farias (2016)

Conector Cabo Plano Conector + Cabo Conector para PCB


Figura 87 -  Conectores estilo header
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 144 23/06/2017 10:10:37


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
145

Outros conectores que podem ser utilizados em circuitos eletrônicos são exemplificados na próxima
figura. O conector DB9 se destaca pela sua facilidade de implementação para comunicação serial entre
equipamentos, no entanto, os computadores recentes não possuem mais este tipo de conector, utilizando
apenas conectores USB para comunicação serial.

DB9 CIRCULAR COAXIAL

Para PCB Para PCB Para PCB

Sabrina Farias (2016)


Para Cabo Para Cabo Para Cabo
Figura 88 -  Conectores de comunicação DB9, circular e coaxial
Fonte: SENAI (2016)

A utilização de conexões elétricas flexibiliza os circuitos eletrônicos, porque permite a criação de circuitos
compactos e de fácil inserção, facilitando projetos que desejam inovar em design ou em praticidade.
Sabrina Farias (2016)

Figura 89 -  Conexões entre placas de circuito


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 145 23/06/2017 10:10:39


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
146

A figura anterior apresenta modelos de conectores genéricos que são utilizados para conexão entre
placas de circuito eletrônico.

3.1.4 QUESTÕES MECÂNICAS E TÉRMICAS

Pode-se pensar que em projetos eletrônicos as questões físicas não são tão importantes. Afinal, isso
é algo para profissionais da área mecânica. No entanto, é preciso alertar ao futuro projetista de circuitos
eletrônicos sobre sua responsabilidade em estar bem informado sobre a relevância das questões mecânicas
e térmicas para o projeto.

iStock ([20--?])

Figura 90 -  Circuito eletrônico

As questões mecânicas básicas envolvem as soluções referentes à fixação dos circuitos eletrônicos no
local onde a placa será instalada. Estas definições são relevantes para as etapas de projeto posteriores: é
preciso, por exemplo, determinar a furação no laiaute da placa eletrônica. Neste caso, é preciso conhecer o
tipo de fixação que será utilizado, a distância entre os furos, o acesso das ferramentas no local. Todas essas
informações precisam ser definidas e registradas.

QUESTÕES MECÂNICAS
O local onde um circuito eletrônico será instalado pode impor diversas limitações para o projeto
eletrônico. Fatores como peso, volume e o formato do leiaute dos circuitos podem ser relevantes. A partir
do levantamento destas limitações, é possível prever necessidades referente às fixações e às proteções
mecânicas, para enfim utilizar todas essas informações no projeto.
Geralmente os circuitos eletrônicos são fixados através de parafusos ou suportes mecânicos. Existem
modelos de fixação que são específicos para circuitos eletrônicos, como aqueles que podem ser vistos
na fixação de placa-mãe de computador Desktop. Conhecer uma grande variedade de tipos de parafusos
e suportes existentes facilita a escolha do tipo de fixação que mais se adapta à aplicação que está sendo
analisada.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 146 23/06/2017 10:10:41


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
147

a) Parafusos
Uma forma bastante convencional de realizar as fixações de circuitos eletrônicos é através da utilização
de parafusos. São reservadas furações na placa de circuito impresso para fixação dos parafusos. Os
tamanhos e tipos de parafusos são variados e é necessário conhecer as características básicas no momento
de determinar qual deles será utilizado.

iStock ([20--?])
Figura 91 -  Parafusos de fixação

O formato da cabeça, o tamanho e o diâmetro são as características básicas de um parafuso. O formato


da cabeça vai determinar o tipo de ferramenta que é necessária para realizar a fixação do parafuso através
do movimento giratório.
Os formatos de parafusos mais comuns são apresentados na próxima figura.

Inglesa Sextavada
iStock ([20--?]), Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Fenda

Allen cilindrica

Philips

Figura 92 -  Tipos comuns de parafusos


A figura, a seguir, apresenta os tipos de chaves que são utilizadas para fixação dos parafusos apresentados
na figura anterior. Essas chaves são comumente encontradas em várias aplicações e variam de tamanho e
formato conforme cada necessidade.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 147 23/06/2017 10:10:43


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
148

Em eletrônica, é comum necessitar de chaves de tamanho menor. Algumas, inclusive, são especiais para
esse tipo de aplicação e possuem cabeça imantada, permitindo uma facilidade maior do manuseio em
locais apertados ou onde o acesso manual é difícil.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)


Chave Philips Chave Fenda Chave Inglesa Chave Canhão Chave Allen
Figura 93 -  Tipos comuns de chaves

O diâmetro e o comprimento dos parafusos podem ser dados em milímetros ou em polegadas. O


diâmetro corresponde à medida da rosca do parafuso e o comprimento é o tamanho da rosca mais o corpo
do parafuso, sem considerar a espessura da cabeça. Veja exemplo na figura.

D
iStock ([20--?]), Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 94 -  Tamanho dos parafusos

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 148 23/06/2017 10:10:48


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
149

O diâmetro, no padrão métrico, é informado por um código que começa com a letra ‘M’. A tabela, a
seguir, apresenta alguns tamanhos de parafusos e o tamanho do furo apropriado.

DIÂMETRO (mm) PASSO DA ROSCA(mm) DIÂMETRO DO FURO(mm)


M1 0,25 0,80
M2 0,40 1,60
M3 0,50 2,50
M4 0,70 3,30
M5 0,80 4,20
M6 1,00 5,00
M7 1,00 6,00
M8 1,25 6,80
M9 1,25 7,80
M10 1,50 8,50
Tabela 6 - Dimensões de parafusos
Fonte: adaptado de Euro Aktion Ind. e Com. Ltda (2016)

Outras informações, como o tipo e o sentido de rosca, passo da rosca, tipo de cabeça (chata, quadrada,
etc.), podem ser encontradas no catálogo do fabricante.
b) Fixações em geral
Suportes mecânicos para fixação mecânica de placas de circuito impresso são bastante utilizados. Um
exemplo bastante comum são os suportes de placa-mãe de computador. Existem vários modelos e tipos,
plástico ou metálico. É preciso ter conhecimento da isolação elétrica, da vibração, do peso da placa, para
definir adequadamente o tipo de material que pode ser utilizado para fixação das placas eletrônicas. A
figura seguinte apresenta alguns exemplos de fixadores de circuitos eletrônicos. Sabrina Farias (2016)

Figura 95 -  Suportes plásticos de placa


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 149 23/06/2017 10:10:49


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
150

Quando o projeto contempla o desenvolvimento da carcaça ou da estrutura que irá conter os circuitos
eletrônicos, deve-se ter a preocupação de elaborar as fixações para casar o projeto eletrônico com o projeto
mecânico de modo que todas as peças possam encaixar no final. Esta é uma solução bastante utilizada
em equipamentos eletrônicos, como DVD, videogames, equipamentos portáteis, e tantos outros exemplos,
como o da figura a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 96 -  Fixação da placa e da carcaça

Outro fator importante para análise do desenvolvimento de circuitos eletrônicos é a questão térmica do
projeto. Os componentes eletrônicos funcionam adequadamente dentro de variações de temperatura. No
entanto, se a temperatura limite for ultrapassada, pode causar mau funcionamento do sistema, danificar os
componentes ou prejudicar a vida útil do equipamento.

QUESTÕES TÉRMICAS
Os parâmetros de componentes eletrônicos são definidos conforme as variações de temperatura.
Alguns destes componentes precisam necessariamente trabalhar em limites térmicos bem definidos,
caso contrário param de operar quando possuem proteções ou simplesmente queimam, como ocorre na
maioria das vezes. Manter os componentes sobre condições de estresse térmico diminui a vida útil dos
mesmos, e consequentemente dos circuitos eletrônicos.

RESISTORES
O funcionamento de um resistor está muito interligado a sua questão térmica, já que este componente
converte energia elétrica em forma de calor, e as condições térmicas do ambiente afetam a eficiência e os
limites desta conversão.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 150 23/06/2017 10:10:50


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
151

Quanto maior a temperatura sobre o componente, maior é sua resistência elétrica. Esse aumento da
resistência elétrica não é linear. A curva térmica de um resistor sob variação de temperatura é apresentada
na figura, a seguir, e corresponde genericamente a modelos de resistores de carbono de potência até 2 W.

Curva de Capacidade de carga X Temperatura

-55ºC +70ºC +155ºC


100
Capacidade de carga (%)

80

60

40

Ellen Cristina Ferreira (2016)


20

0
-60 -30 0 30 60 90 120 150 180

Temperatura
Figura 97 -  Exemplo de curva de temperaturaambiente
de um resistor(ºC)
de carbono (até 2 W)
Fonte: Multicomp (2013)

Note que a capacidade de processar energia do resistor começa a diminuir em temperaturas ambientes
acima de 70 °C. A capacidade de processar energia do resistor e dos componentes passivos, em geral, está
relacionada à capacidade de trocar energia térmica com o meio.

CAPACITORES
As variações de temperatura em materiais dielétricos cerâmicos, por exemplo, afetam a constante
dielétrica, alterando o parâmetro de capacitância dos capacitores. Até certo ponto, quanto maior a
temperatura, maior a capacitância do capacitor. Contudo, este comportamento também não é linear. A
partir de certo valor de temperatura, a capacitância começa a diminuir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 151 23/06/2017 10:10:50


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
152

Capacitores convencionais podem trabalhar até cerca de 70 a 80 °C. Existem classes que permitem
trabalhar em temperaturas maiores. É possível verificar esse dado no corpo do componente ou no catálogo
de dados técnicos do componente (Datasheet).

Item Perfomance Characteristics


Category Temperature Range –40 to +105°C (160 to 400V) , –25 to +105°C (450V)
Rated Voltage Range 160 to 450V
Rated Capacitance Range 6.8 to 330µF
Capacitance Tolerance ± 20% at 120Hz, 20°C
Leakage Current After 1 minute's application of rated voltage at 20°C, leakage current is not more than 0.04CV+100 (µA)

Sabrina Farias (2016)


Measurement frequency : 120Hz at 20°C
Tangent of loss angle (tan δ) Rated voltage (V) 160 200 250 350 400 450
tan δ (MAX.) 0.20 0.20 0.20 0.24 0.24 0.24

Figura 98 -  Modelo de capacitor


Fonte: Nichicon Corporation (2011)

Um exemplo de modelo de capacitor é apresentado na figura anterior, em que a faixa de temperatura


permitida é limitada conforme a tensão de utilização do componente. Note que este modelo de capacitor
pode operar em temperatura de -40 °C até 105 °C, para tensão de operação entre 160 a 400 V.

DIODO E TRANSISTORES
Em semicondutores, as variações de temperatura afetam direta ou indiretamente o desempenho e a
confiabilidade dos componentes. Os materiais semicondutores possuem pontos de condutividades que
são dependentes da temperatura, e o aumento da energia térmica aumenta a energia cinética dos elétrons,
isto é, aumenta a agitação dos elétrons. Por consequência, diminui a mobilidade das cargas elétricas.
Normalmente o manual de dados dos componentes semicondutores possui gráficos que apresentam o
efeito térmico sobre vários parâmetros do componente. A leitura destes gráficos é importante para definir
os limites térmicos de operação do componente em um circuito eletrônico.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 152 23/06/2017 10:10:51


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
153

A figura seguinte mostra a variação do ganho de tensão (hfe) do transistor bipolar de junção (NPN)
conforme a variação de temperatura, considerando uma tensão entre coletor e emissor constante. As
diferentes curvas representam diferentes temperaturas de junção (TJ) do componente.

6.0 k
NPN Transistor TJ = 125ºC VCE = 3.0 V
4.0 k
3.0 k
Ganho de corrente CC (HFE)

25ºC
2.0 k

-55ºC
1.0 k
800
1
2 3 600

iAna Cristina de Borba (2016)


TO-225 400
300
0.04 0.06 0.1 0.2 0.4 0.6 1.0 2.0 4.0
Corrente de coletor - Ic (A)
Figura 99 -  Exemplo de curva de temperatura de um transistor
Fonte: SENAI (2016)

Durante o desenvolvimento dos cálculos de transistores em um projeto, é possível utilizar estas


informações apresentadas no catálogo do componente para verificar, via cálculos e simulações, as piores
condições de operação do circuito.

CIRCUITOS INTEGRADOS
Existem classes de operação térmicas para os componentes eletrônicos encapsulados. Dependendo da
aplicação, é preciso que os componentes suportem maior variação térmica.
Em geral, pode-se citar quatro grupos, conforme a tabela a seguir.

CLASSE TÉRMICA VARIAÇÃO DE TEMPERATURA


Comercial 0 °C a 70 °C
Industrial -40 °C a 85 °C
Automotiva -40 °C a 100 °C
Militar -55 °C a 125 °C
Tabela 7 - Classe térmica de circuitos integrados
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 153 23/06/2017 10:10:51


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
154

As classes e as faixas de valores de temperatura podem variar conforme os fabricantes. Para aplicações
automotivas, por exemplo, os componentes eletrônicos ficam próximos ao calor proveniente do motor de
combustão do veículo e também sofrem as consequências do aquecimento de dias ensolarados e quentes.
Isso requer uma classe de funcionamento térmico melhor do que equipamentos que ficam inseridos em
módulos refrigerados e sem exposição ao sol ou outras fontes de calor.

DISSIPADORES TÉRMICOS
Dependendo das características do circuito, das condições de carga ou do ambiente de funcionamento
de um equipamento, alguns dos componentes podem aquecer a temperaturas acima de seu limite de
funcionamento. Isso é muito comum em circuitos que utilizam chaves eletrônicas – transistores e MOSFETs,
por exemplo – que trabalham em regime de potência próximo de seus limites máximos, e também em
circuitos processados que aquecem devido às perdas relacionadas ao chaveamento em altas frequências
de sinais.
Nestes casos, existe a necessidade de dimensionar dissipadores térmicos para permitir o funcionamento
dos componentes. Geralmente os dissipadores térmicos são fabricados em alumínio, e sua escolha deve
ser pautada nas características térmicas que se deseja alcançar. O componente eletrônico possui uma
capacidade máxima de transferência de calor para o ambiente, que é dada em graus Celsius por watt (°C/W).
Quanto menor o valor desta taxa, melhor é transferência de calor para o ambiente. Na figura seguinte, você
pode observar a utilização de dissipadores térmicos em chaves eletrônicas.

Dissipador

Isolador (Mica)
Invólucro

Corpo de
componente
Sabrina Farias (2016)

Invólucro
Componente Bucha Isoladora Isolador (Mica) Dissipador

Figura 100 -  Utilização de dissipadores térmicos em chaves eletrônicas


Fonte: SENAI (2016)

A dissipação por convecção depende da diferença entre a temperatura ambiente e a temperatura da


camada de ar na superfície do dissipador. À medida que essa temperatura ambiente aumenta e se aproxima
da temperatura do dissipador, a resistência térmica do dissipador aumenta, dificultando a transferência de
calor para o meio. Em circuitos confinados, é possível ainda utilizar ventoinhas que forçam a movimentação
do ar e a troca de calor sobre a superfície do dissipador. O cálculo de dimensionamento de um dissipador
poder ser dado pela resistência térmica entre o dissipador e o ambiente (RT), em (°C/W):

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 154 23/06/2017 10:10:51


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
155

ed

onde:
Tj: temperatura da junção do componente (máxima) – ver datasheet (°C);
Ta: temperatura ambiente máxima (°C);
Rd: resistência térmica do dissipador (°C/W);
Red: Resistência térmica entre encapsulamento do componente e dissipador (°C/W)
A resistência Red é determinada conforme o tipo de encapsulamento do componente utilizado e pelo
uso de pasta térmica. O quadro, a seguir, apresenta alguns valores que podem ser utilizados para este
dimensionamento.

TIPO DE Red(°C/W)
TIPO DE ISOLAÇÃO
ENCAPSULAMENTO COM PASTA SEM PASTA
TO-3 Sem isolador 0,1 0,3
Mica 0,5 a 0,7 1,2 a 1,5
TO-66 Sem isolador 0,15 a 0,2 0,4 a 0,5
Mica 0,6 a 0,8 1,5 a 2,0
TO-220 Sem isolador 0,3 a 0,5 1,5 a 2,0
Mica 2,0 a 2,5 4,0 a 6,0
Quadro 27 - Resistencia térmica entre encapsulamento e dissipador (Red)
Fonte: Pomilio (2009)

As questões térmicas não estão separadas das questões mecânicas. Recomenda-se projetar os circuitos
eletrônicos pensando na disposição dos componentes eletrônicos, alocando os componentes que
aquecem mais em regiões cuja dissipação térmica é mais fácil de ser realizada.

3.1.5 BOAS PRÁTICAS EM ELETRÔNICA

No projeto de circuitos eletrônicos, existem iniciativas que podem ser tomadas para minimizar
problemas com ruídos ou picos elétricos nos sinais de alimentação, queima indevida de componentes e
também para melhorar a sinalização das funções para os usuários.
Estas iniciativas devem ser previstas e realizadas ainda na etapa de elaboração do leiaute dos circuitos
eletrônicos, antes da montagem. Isso poderá evitar muitas das chamadas “gambiarras”.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 155 23/06/2017 10:10:52


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
156

A figura do circuito, a seguir, exemplifica um caso em que os capacitores foram adaptados na superfície
inferior da placa de circuito impresso para eliminar ondulações e ruídos nos sinais do circuito.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 101 -  Ajuste improvisado no circuito eletrônico

É bom lembrar sempre de verificar com cautela todos os circuitos que são desenvolvidos antes de
fabricá-los, justamente para evitar alterações inconvenientes de leiaute. Porém, este assunto será estudado
mais a fundo nas seções de simulação e validação dos circuitos. Aqui, serão tratados requisitos básicos a
respeito de proteções, filtros de energia e tratamento de sinais que podem ser previstos no leiaute. Estas
técnicas serão complementadas na etapa da prototipagem do projeto eletrônico.

PROTEÇÕES
Dois problemas muito comuns que podem afetar o bom funcionamento dos circuitos e até a sua
integridade são os curtos-circuitos e os sinais indesejados de tensão (surtos). Porém, é possível tomar
algumas iniciativas prevendo circuitos de proteção para evitar e minimizar os efeitos causados por estes
fenômenos inconvenientes.
O curto-circuito nada mais é do que uma conexão de baixa resistência que ocasiona a passagem de um
valor excessivo de corrente. Torna-se problemático quando este valor de corrente excede o valor máximo
permitido pelos componentes que conduzem esta corrente.
Todos os componentes utilizados em eletrônica, incluindo fios condutores e trilhas de uma placa
de circuito, possuem um limite máximo de condução de corrente. Portanto, extrapolar este valor pode
ocasionar consequências destrutivas para estes componentes, sendo o que normalmente ocorre quando
o fenômeno do curto-circuito acontece.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 156 23/06/2017 10:10:53


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
157

A maneira básica de proteger um circuito eletrônico contra curto-circuito consiste em inserir um


componente na entrada do circuito – normalmente fusíveis – que possua o papel de eliminar o mais rápido
possível a elevação da corrente de entrada. Por se tratar de um problema de alta corrente para os níveis do
circuito, este componente precisa estar conectado em série de maneira a poder interromper este fluxo de
energia, assim como uma torneira que, quando fechada, impede a passagem de água.
O segundo caso a ser avaliado é a respeito dos surtos de tensão, que são sinais de sobretensão
(transientes), que podem possuir diversas origens. Em eletrônica, geralmente estes surtos são conduzidos
pela rede ou podem ser causados por interferência eletromagnética. Assim como no caso do curto-circuito,
estes sinais de tensão podem ultrapassar os valores admitidos pelos componentes e danificá-los, mas em
geral a consequência mais comum deste fenômeno é afetar a qualidade dos sinais de alimentação e de
comunicação.
A maneira mais simples para minimizar os surtos em um circuito eletrônico é utilizar um bloco em
paralelo na entrada do canal que se deseja proteger. Capacitores, varistores e diodos são capazes de
processar rápidas variações dos níveis de energia e são bastante utilizados neste tipo de proteção.
Para exemplificar, considere um sinal analógico que possa variar entre 0 e 5,0 V e que esteja suscetível
a possuir surtos de tensão com valor máximo de +/-20 %. Em outras palavras, este sinal pode possuir os
valores instantâneos entre -1,0 V e +6,0 V. Considere também que este sinal está inserido na entrada de
outro circuito, circuito receptor, o qual permite uma variação de tensão máxima entre 0 e 5,0 V. É preciso,
portanto, evitar, de algum modo, que os picos indesejáveis do sinais analógicos sejam transmitidos ao
circuito receptor.
A seguir, serão apresentadas algumas das proteções básicas utilizadas em eletrônica para amenizar os
problemas relacionados a curtos-circuitos e a surtos elétricos. Para proteção contra curto-circuito, faz-se a
utilização de fusíveis. No caso de proteção contra surtos, empregam-se varistores, diodos semicondutores,
diodos Schottky, diodos Zener, diodos TVS entre outros componentes.
a) Fusíveis
Conforme visto na seção 3.1.2, a utilização de fusíveis na entrada do circuito, sejam eles diretamente
alocados na placa de circuito impresso ou no próprio condutor de alimentação através de porta-fusíveis, é
uma forma segura de evitar que o circuito seja excessivamente danificado após um curto-circuito. Quando
circuitos elétricos e eletrônicos não possuem proteção contra curto-circuito, as consequências podem ser
graves, como a ocorrência de um incêndio, que pode vir a afetar outros equipamentos e colocar pessoas
em risco.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 157 23/06/2017 10:10:53


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
158

É importante lembrar que um curto-circuito ocorre devido a vários fatores, que podem estar relacionados
a um erro de projeto, a uma falha de fabricação da placa ou dos componentes, a montagem inadequada
de componentes, a pingos de solda ou outros resquícios metálicos que possam ter caído sobre o circuito
eletrônico. Podem ocorrer também até mesmo durante os testes do circuito eletrônico, quando uma
ponteira de teste é encostada onde não deveria.
A próxima figura apresenta três formas comuns de como utilizar fusíveis na entrada de alimentação
de um circuito. No primeiro caso, o porta-fusível é instalado diretamente no condutor com a utilização
de um modelo próprio para esta aplicação. No segundo caso, o fusível é instalado no conector de energia
do circuito, e, no terceiro caso, que é a situação mais comum, um porta-fusível é instalado diretamente
na placa de circuito impresso. Neste caso, existem modelos de porta-fusível com pinos no formato de
encapsulamento PTH e SMD.

Sabrina Farias (2016)


Fusível no condutor Fusível no conector Fusível na placa de circuito eletrônico
Figura 102 -  Tipos de fusíveis

Outra situação possível é instalar o fusível diretamente soldado na placa de circuito impresso. Contudo,
quando ocorre uma falha, é necessário retirar a solda para remover o componente, conforme você pode
observar na figura, a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 103 -  Fusível queimado

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 158 23/06/2017 10:10:56


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
159

A solução de solda do componente diretamente na placa é utilizada quando a possibilidade de queima


do circuito eletrônico é muito baixa ou quando a necessidade de economizar em componentes de modo
a reduzir o custo total é um fator de alta relevância para o projeto. O projetista terá que definir qual é a
melhor solução a ser aplicada à situação do projeto.
b) Varistores
Outro componente que pode ser utilizado para proteção na entrada da alimentação do circuito é o
chamado Varistor (em inglês possui a abreviação MOV, Metal Oxide Varistor). Este componente se comporta
de forma parecida com um resistor, cujo valor de resistência varia conforme varia a tensão em seus terminais.
A figura ilustra um varistor de óxido de metal.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Simbologia Componente
Figura 104 -  Varistor
Fonte: SENAI (2016)

Devido as suas características elétricas, os varistores são utilizados para amenizar os picos de tensão
(surtos) da entrada de energia do circuito. À medida que a tensão sobre o varistor aumenta, a sua resistência
diminui, permitindo que uma intensidade de corrente maior flua entre seus terminais, ou seja, uma parcela
da energia do surto é consumida pelo varistor e não afeta o circuito eletrônico.
c) Diodos semicondutores
É possível aproveitar a característica de condução dos diodos semicondutores, que conduzem corrente
em uma única direção, para minimizar surtos de tensão em um circuito eletrônico. Estes componentes
são capazes de atuar com alta velocidade de resposta em relação a transientes e conduzirem corrente em
somente um sentido (do ânodo para o catodo), o que permite projetar circuitos que redirecionem os sinais
de surto de volta para a rede elétrica, por exemplo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 159 23/06/2017 10:10:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
160

Um circuito básico de proteção utilizando diodos semicondutores é apresentado na figura seguinte.

+5 Vcc

D01

Sinal
Entrada Saída

100

D02

Ellen Cristina Ferreira (2016)


GND
Figura 105 -  Proteção com a utilização de diodos semicondutores
Fonte: SENAI (2016)

Supondo que o sinal que trafega na linha “Sinal” deva conter valores entre 0 e 5,0 V, os diodos ficam em
estado de bloqueio, sem conduzir corrente. No entanto, se houver um surto de tensão que influencie o
valor de tensão na linha “Sinal” e eleve o valor de tensão acima do valor da fonte, então o diodo D01 passa
a conduzir corrente e transmitir uma parcela de energia de volta para a fonte de alimentação, desviando-a
do circuito. A mesma situação vai ocorrer para um sinal abaixo do valor da referência.
Contudo, em um projeto, é preciso considerar a tensão de condução direta de um diodo, por exemplo,
para um diodo de germânio que possui um valor de VF (forward voltage) em torno de 0,2 e 0,3 V. Portanto,
para os diodos entrarem em condução, a tensão na linha precisa estar fora dos limites entre -0,3 e +5,3 V.
d) Diodo Schottky
O Schottky é um tipo diferente de diodo que possui uma composição de materiais na fabricação da sua
junção que permite velocidades mais rápidas de atuação durante a transição do estado de condução para
o estado de bloqueio, e vice-versa.
Esta característica, de velocidade de resposta maior, é interessante para muitas aplicações referentes
a circuitos conversores e retificadores, mas também para circuitos de proteção de surtos, o que permite
realizar a filtragem de ruídos de maior frequência. Outra vantagem é a menor queda de tensão de condução
direta com relação aos diodos convencionais, o que permite minimizar o nível de ruídos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 160 23/06/2017 10:10:57


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
161

Uma desvantagem da utilização do diodo Schottky é que ele não é tão robusto quanto à dissipação de
energia, não podendo, portanto, ficar exposto aos surtos durante um tempo prolongado. Dessa forma, é
mais indicado que este componente seja utilizado em aplicações de baixos sinais, os quais geralmente
necessitam de uma operação mais ágil, com energia envolvida relativamente baixa em relação aos limites
do componente.
e) Diodos Zener e TVS
Os diodos Zener são muito utilizados como limitadores de tensão devido às suas características de
saturação de tensão quando polarizados reversamente. Essa característica pode ser aproveitada para
dimensionamento de circuitos de proteção contra surto.
O Zener opera com a utilização de um elemento resistivo em série. Quando a tensão sobre o mesmo está
acima do valor da tensão de grampeamento do componente, a tensão sobre os seus terminais estabiliza na
chamada tensão Zener. Quando isso ocorre, a corrente elétrica sobre ele também aumenta, compensando
o grampeamento de tensão.
Tensões típicas de operação dos diodos Zener são em torno de 2 e 200 V. No entanto, quando a diferença
de tensão é elevada e o tempo desta sobretensão é prologado, pode ocorrer a falha do componente devido
ao excesso de dissipação térmica.
Existe um tipo de diodo Zener que é especialmente fabricado para operação em surto de energia, são
os chamados diodos de supressão (em inglês TVS diode, onde TVS significa Transient Voltage Suppression).
Um exemplo é apresentado na figura, a seguir.

Res71
Sinal Saída

D7
Ellen Cristina Ferreira (2016)

GND
Figura 106 -  Proteção utilizando diodo Zener
Fonte: SENAI (2016)

Estes componentes podem operar com uma ação muito rápida, em torno de picosegundos (ps). Mas,
assim como os diodos Schottky, possuem baixa capacidade de processar energia. Eles são restritos a
circuitos com picos de tensão baixos, o que é comumente encontrado em circuitos de comunicação de
dados.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 161 23/06/2017 10:10:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
162

FILTROS
Os filtros das fontes de alimentação são muito importantes para reduzir a “sujeira bruta” proveniente da
fonte de energia que está alimentando o circuito e prover, desse modo, o circuito com um sinal estabilizado
dentro das necessidades do projeto.

iStock ([20--?])
Figura 107 -  Filtro capacitivo

Contudo, não é somente na alimentação que filtros são necessários. Será possível ver mais adiante,
na seção referente a prototipagem dos circuitos, que é preciso ter alguns cuidados no momento do
dimensionamento de trilhas e cabos de comunicação, pois os circuitos eletrônicos em si são fontes de muitos
ruídos, que podem ser induzidos em outras partes dos circuitos, assim como em outros equipamentos.
É importante, portanto, prever filtros em outras partes dos circuitos que tratam do ajuste fino da limpeza
que foi iniciada pelos filtros de alimentação. A seguir, serão tratados alguns dos subcircuitos que merecem
atenção e cuidado com relação à filtragem na hora de dimensionar o circuito eletrônico.
a) Filtros em fontes de alimentação
É essencial não esquecer os filtros na fonte de alimentação do projeto do circuito eletrônico, especialmente
quando este sinal é proveniente de fontes de energia ruidosas. Além disso, o cabeamento de alimentação
pode também receber a influência de ruídos que vão afetar a qualidade da energia entregue ao circuito
eletrônico.
Não fosse suficiente, geralmente o consumo dos componentes em circuitos eletrônicos não é constante.
Dependendo da complexidade, existem muitas funções envolvidas que trabalham e operam ao mesmo
tempo, fazendo com que a corrente processada pela fonte de alimentação também não seja constante.
Ao projetar as fontes de alimentação de um circuito, mesmo as auxiliares, que tem o papel de alimentar
ou isolar uma parte específica do mesmo circuito, é importante prever adequadamente o filtro na saída
destas fontes, de modo que a ondulação de tensão de saída seja controlada aos níveis desejados.
A próxima figura apresenta um exemplo de filtros capacitivos de entrada em uma fonte de alimentação
de +15 V e -15 V. Os capacitores C1 e C3 realizam a filtragem do canal de tensão positiva, e os capacitores
C2 e C4 a filtragem do canal de tensão negativa. Note que os capacitores não polarizados C1 e C2 possuem

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 162 23/06/2017 10:11:02


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
163

um valor de capacitância que é em torno de 107 menor do que os capacitores C3 e C4, e tem a finalidade
de filtrar sinais de alta frequência, enquanto que os capacitores polarizados C3 e C4 são responsáveis por
eliminar as ondulações maiores – de baixa frequência – da entrada do circuito. O cálculo de filtros para
alimentação de energia pode ser estudado com maior profundidade em livros de eletrônica analógica.

+15

C1 C3
100n 1000u
+15V
GND
-15V

Conector GND

C2 C4
100n 1000u

Ellen Cristina Ferreira (2016)


-15
Figura 108 -  Filtro capacitivo em fonte de alimentação
Fonte: SENAI (2016)

Dependendo da topologia adotada na fonte de alimentação, o nível destas ondulações pode depender
dos níveis de tensão, frequência (no caso de retificadores) e carga máxima do sistema. Se você desejar,
essa formulação pode ser estudada em temas referentes ao estudo de retificadores e fontes lineares ou
chaveadas.
b) Filtros próximo a componentes importantes
Os filtros das fontes de alimentação são importantes. Contudo, mesmo quando são muito bem
dimensionados, estes nem sempre são suficientes, pois existem componentes que são bastante suscetíveis
a ruídos na alimentação e precisam de uma atenção especial.
Este é o caso dos circuitos integrados que tipicamente necessitam de um capacitor instalado próximo
de sua alimentação. Este capacitor é comumente chamado de “capacitor de desacoplamento”. O valor da
capacitância é pequeno, em torno de 100 pF, e precisa ser instalado o mais próximo possível da alimentação
do chip. Contudo, é sempre importante a leitura do datasheet do componente que será utilizado para
especificar adequadamente o valor deste filtro capacitivo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 163 23/06/2017 10:11:02


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
164

Este capacitor tem o papel de reduzir os ruídos de alta frequência que são induzidos e conduzidos
nas trilhas de alimentação do circuito integrado. Além disso, os circuitos integrados não possuem
um comportamento de carga constante. Essa variação ocorre em frequências muitas vezes elevadas,
transformando, desse modo, o próprio chip em uma fonte de ruído para os componentes em sua vizinhança.
As ondulações provenientes deste comportamento também precisam ser filtradas pelo capacitor de
desacoplamento.
Este comportamento de carga variável com elevada frequência também ocasiona outro problema que
está relacionado à resposta da fonte de alimentação a esta variação de carga. As fontes de alimentação
possuem uma velocidade lenta, para se acomodar em um novo nível de carga solicitado pelo sistema, o
que resulta em ondulações no sinal de alimentação. Os capacitores de acoplamento podem auxiliar nessa
transição, porque eles possuem uma dinâmica mais rápida do que as fontes em relação às solicitações de
energia. Eles atuam também, portanto, como uma bateria auxiliar para os circuitos integrados, eliminando
assim as ondulações que seriam geradas sem sua utilização.

Sabrina Farias (2016)

Desenho do Leiaute Circuito com componentes


Figura 109 -  Filtro capacitivo próximo ao CI
Fonte: SENAI (2016)

A figura anterior ilustra um capacitor instalado próximo da alimentação de um circuito integrado.

PADRONIZAÇÃO DAS FONTES DE ALIMENTAÇÃO


O dimensionamento dos níveis de saída de tensão de alimentação para circuito eletrônico depende
de muitos aspectos que precisam ser priorizados e definidos pelo projetista. Essa definição é importante,
porque pode acarretar muitas consequências técnicas e até econômicas, como maior ou menor custo para
a aquisição de componentes.
É preciso saber e definir quais são os principais critérios que serão levados em conta no momento de
definir a tensão interna do projeto eletrônico, que deverão ser supridos pelas fontes de alimentação. Alguns
deles serão descritos na sequência.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 164 23/06/2017 10:11:03


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
165

a) Tensão de entrada da fonte de alimentação


Para circuitos que utilizam energia da rede elétrica, 220 ou 110 V, não é difícil encontrar fontes comerciais
capazes de fornecer tensão em corrente contínua em níveis geralmente utilizados em eletrônica (±5,0 V, ±
12 V, ± 24 V). Porém, se o circuito necessita de fontes de tensão com níveis menores, é conveniente projetar
no circuito eletrônico fontes de alimentação que sejam responsáveis por suprir esses valores mais baixos.
O que se faz geralmente é padronizar um valor intermediário, por exemplo ± 5,0 V. Partindo deste nível
de tensão, projeta-se uma fonte auxiliar para atender ao nível de tensão desejado, por exemplo, uma fonte
que converta o nível de 5,0 V para 1,8 V.

1N4002

TLV1117 - ADJ

VI ENT SAI VO

ADJ/GND
VREF R1
10 µ F IADJ
100 µF

Ana Cristina de Borba (2016)


CADJ R2

Figura 110 -  Esquema de ligação de um regulador linear


Fonte: adaptado de Texas Instruments (2014)

A figura anterior traz o exemplo de um circuito integrado, TLV1117 da Texas Instruments, que permite
ajustar tensões de saída de 1,5 V, 1,8 V, 2,5 V, 3,3 V e 5,0 V, com uma tensão de entrada de até 16,0 V. Existem
muitos outros tipos de conversores desse gênero que são facilmente encontrados em lojas online de
componentes. Pode-se fazer essa busca digitando palavras-chave, como “Reguladores de tensão” (PMIC –
Voltage Regulatores), “LDO” e “conversores lineares”.
b) Potência do circuito
O valor da potência total que um circuito eletrônico necessita para funcionamento pleno determina
o valor de potência que a fonte de alimentação precisa ser capaz de fornecer. No entanto, se a potência
máxima da fonte for muito próxima à capacidade nominal do circuito, oscilações ou sobrecargas no
sistema podem afetar o funcionamento e o rendimento da fonte e resultar em consequências como falta
de regulação (fornecimento de tensão inadequada para o sistema), aquecimento indevido (o que resulta
em perda da sua vida útil), queima de componentes etc.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 165 23/06/2017 10:11:03


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
166

A potência da fonte de energia deve ter uma margem para suportar variações de carga. De outro modo,
o sistema também será mal dimensionado quando a fonte possuir uma potência muito elevada perante a
potência do sistema e de suas possíveis variações.
Além disso, as perdas em condutores e trilhas estão relacionadas à corrente de condução, conforme a
lei de Joule (P = R*I2). Portanto, recomenda-se escolher, quando possível, tensões de entrada para o circuito
eletrônico que não resultem em corrente elétricas muito altas, que correspondam a perdas elevadas nos
condutores que levam a energia para o circuito e nas trilhas do circuito.
c) Aplicação dos circuitos eletrônicos
O número de aplicações para a eletrônica é algo beirando ao incontável, porque todo dia é possível
encontrar um circuito para fazer algo novo ou de forma diferente. Dependendo dos tipos de aplicação,
certos níveis de tensões são bastante usuais.
Para aplicações que contêm processadores, microcontroladores, memórias, contadores, circuitos de
comunicação, circuitos digitais em geral, os níveis de tensão são pequenos e geralmente são usadas fontes
de alimentação de + 5,0 V, + 3,3 V e + 1,8 V. Em aplicações que contêm acionamento de outros dispositivos
através de relés, LEDs e sinalizações, utiliza-se frequentemente tensões de + 5,0 V, + 12 V, + 15 V e + 24 V.
Nas aplicações que contêm circuitos de tratamento de sinais, que geralmente utilizam amplificadores
operacionais (os chamados AMPOPs), é necessária a utilização de fontes de alimentação simétricas –
aquelas que possuem o valor positivo e negativo de mesmo módulo, por exemplo +5 V e -5 V, com uma
referência comum. Valores de nível de tensão geralmente utilizados para esta aplicação são ±5,0 V e ± 15
V. A simetria, neste caso, é muito útil, por exemplo, muitos sensores de corrente fornecem uma resposta
positiva e negativa, conforme o sentido do fluxo da corrente no condutor medido.
d) Componentes: tecnologias disponíveis e custos
Geralmente, para a mesma aplicação, existe uma vasta gama de componentes que trabalham em
diversos níveis de tensão e corrente. Eles possuem diversos formatos, tecnologias, tamanhos além de
características elétricas e mecânicas diferentes. Certamente a qualidade do resultado vai depender destas
escolhas, assim como também o custo final do que será projetado. Estes dois fatores se complementam e
normalmente, a busca por um projeto que realiza uma tarefa com maior precisão está atrelada a um custo
maior dos componentes.
É possível, por exemplo, escolher circuitos integrados que trabalham em tensões de +5 V ou +3,3 V. No
caso de circuitos integrados, a tendência desta tecnologia é de produzir circuitos menores que reduzam
o consumo de energia. Hoje existem tecnologias de circuitos integrados que operam com 1,8 V - os
processadores de computador, por exemplo. Quando se preza por otimizar a potência consumida de um
circuito eletrônico, normalmente estes componentes miniaturizados e de baixa tensão são escolhidos.
Contudo, esta escolha encarece e torna mais complexo o projeto e a fabricação de placa eletrônica e sua
montagem, assim como são necessários equipamentos de testes muito precisos e frequentemente caros.
Além disso, os componentes que trabalham com tensões menores tendem a se tornar mais suscetíveis a
ruídos elétricos, o que torna o projeto dos filtros mais complexo.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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e) Normas e compatibilidade com outros circuitos e equipamentos


Quando se deseja desenvolver um circuito eletrônico para certas aplicações, é necessário verificar se
há normas vigentes que estabelecem os níveis de entrada e saída. Aplicações em veículos automotivos,
por exemplo, utilizam a tensão de 12 V. Em informática, utiliza-se o padrão de +5,0 V para o conector USB.
Partindo disso, o projetista já tem um grande indicador da melhor tensão a ser utilizada, embora seja
possível transformá-la para outro nível de tensão através de um circuito conversor, como é o caso de fontes
chaveadas. O ideal é sempre utilizar no projeto o menor número de fontes de alimentação possível, o que
pode reduzir custos, simplificar o desenvolvimento, a montagem e a manutenção.

VERIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE ISOLAÇÃO ELÉTRICA


É possível projetar fontes de alimentação para um circuito eletrônico que isolem os sinais de entrada
dos sinais de saída, garantindo maior suscetibilidade a ruídos conduzidos. Tais circuitos são projetados com
a utilização de transformadores, cujo comportamento indutivo é um excelente filtro para altas frequências.
Para exemplificar, um circuito eletrônico que possui diversos subcircuitos (circuitos de processamento,
comunicação, leitura de sensores, entradas analógicas) conectados em uma fonte de alimentação
comum podem afetar eletricamente uns aos outros devido às suas próprias variações de carga. Quando o
subcircuito de comunicação, durante um pequeno momento, necessita de maior potência para enviar um
dado, as variações de energia da fonte neste instante podem afetar o funcionamento de outros subcircuitos
conectados nesta fonte.
Quando isso ocorre, a fonte de alimentação precisa ser muito bem dimensionada para poder suportar
a variação de carga solicitada em tempo adequado em que os ruídos e ondulações fiquem dentro de uma
margem aceitável para o projeto. Contudo, ainda que controladas, essas ondulações e ruídos continuam
existindo e podem afetar principalmente circuitos mais sensíveis, especialmente circuitos de comunicação.
Para isso, uma forma de proteger estes circuitos mais sensíveis contra os ruídos e ondulações do sistema
é inserindo uma fonte de alimentação auxiliar e isolada específica para alimentar os circuitos somente.
Estes circuitos terão, portanto, seu próprio sinal de referência.
Isso ocorre frequentemente em circuitos microcontrolados que utilizam circuitos de comunicação de
dados, o que geralmente é realizado pelos canais de comunicação I2C (Inter-Integrated Circuit) ou SPI (Serial
Peripheral Interface) do microcontrolador, e são ideais para comunicação com outros chips internamente
no mesmo circuito. Estas comunicações, especialmente as comunicações externas, são muito suscetíveis a
ruídos, e a utilização de fontes isoladas é, muitas vezes, um requisito relevante para a comunicação operar
com confiabilidade.
A isolação por meio de fontes chaveadas é exemplificada na figura seguinte, em que o circuito contém
um transformador interno, na placa de circuito eletrônico, cuja função também é isolar circuitos.

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168

iStock ([20--?])
Figura 111 -  Transformador em uma placa de circuito impresso


Esta seção buscou apresentar alguns dos principais fatores que precisam ser avaliados para iniciar
um projeto de circuito eletrônico. Além disso, em cada caso de aplicação, existirão questões técnicas
intrínsecas que precisam ser analisadas de antemão, de modo que não venham a se tornar um problema
posteriormente, sejam elas questões mecânicas, elétricas ou térmicas.
A partir do levantamento e estudo inicial, as informações reunidas precisam ser suficientes para
definição dos circuitos eletrônicos. A próxima etapa consiste em projetar os circuitos eletrônicos e definir
todos os componentes eletrônicos que serão necessários, culminando na realização da primeira validação
do sistema por meio de softwares de simulação e no desenvolvimento do leiaute dos circuitos através de
softwares específicos para projetos eletrônicos.

3.2 SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS

Durante a elaboração de um projeto de circuitos eletrônicos, é muito importante encontrar um meio de


verificar se o circuito que está sendo desenvolvido irá realmente ser capaz de funcionar sob as condições
reais que se deseja. Por exemplo, será que os resistores do circuito foram dimensionados corretamente?
Será que ele não vai queimar ao ser ligado ou depois de algumas horas ou dias de funcionamento? Será que
a lógica do circuito está correta? A forma mais simples de tirar esta dúvida é construir o circuito projetado
e testá-lo diretamente em sua aplicação. No entanto, este modo é, em geral, muito arriscado e ineficiente,
pois toda vez que for detectada uma falha ou um defeito será preciso fabricar uma nova versão do circuito,
acarretando em maior custo e tempo para o projeto.
Os softwares de simulação interpretam matematicamente esse modelo e permitem a inserção de variáveis
que podem ser testadas ao longo de um tempo determinado pelo usuário. Por exemplo, em um modelo de um
circuito resistivo série composto por R1 (100 Ω) e R2 (100 Ω) alimentado por uma fonte de corrente alternada
de 12 V, é possível verificar a potência máxima que será consumida por estes resistores e concluir que a
utilização de um modelo PTH com capacidade de potência de ⅛ W seria insuficiente para esta aplicação, sendo,
portanto, necessário utilizar um novo arranjo de resistores de ⅛ W ou substituir o resistor por modelo de ¼ W.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Observe o exemplo citado na próxima figura.

+12V

100 Ω

Saída

100 Ω

Ana Cristina de Borba (2016)


GND
Figura 112 -  Divisor de tensão resistivo
Fonte: SENAI (2016)

Este exemplo possui seus valores constantes ao longo do tempo (trata-se de um problema estático)
e pode ser verificado facilmente através de cálculos utilizando a lei de Ohm. Contudo, a importância da
simulação se torna evidente em circuitos cujas condições variam ao longo do tempo, tornando o roteiro
de cálculos bem mais complexo.
É preciso estar ciente de que as simulações são limitadas por vários fatores, especialmente limitações
intrínsecas do próprio software de simulação e também dos modelos simplificados e ideais utilizados para
cada caso. No exemplo do circuito resistivo anterior, é levado em consideração o modelo ideal do resistor,
cujo valor de resistência é o mesmo, independente da condição de simulação. Na prática, até componentes
mais simples, como um resistor, possuem características que variam conforme outras considerações que
não foram inseridas no modelo, como a temperatura, que afeta os parâmetros elétricos de um resistor.
Não obstante, a simulação de circuitos eletrônicos, analógicos ou digitais, é uma ferramenta muito
poderosa que auxilia o desenvolvimento dos projetos à medida que permite validar o funcionamento dos
circuitos antes de sua fabricação e montagem.

3.2.1 QUAL SOFTWARE UTILIZAR?

Existem muitos softwares de simulação de circuitos eletrônicos disponíveis, alguns são gratuitos e
outros precisam de licença. As versões completas e que possuem um acervo maior de componentes e
ferramentas e compiladores mais confiáveis geralmente são pagas para uso comercial. Normalmente estes
softwares possuem licenças estudantis que são utilizadas por escolas técnicas e universidades.

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A diversidade de softwares de simulação é bastante ampla, e o surgimento de novas opções tem


aumentado consideravelmente conforme o lançamento de novos recursos de internet e sistemas
operacionais. Existem muitos softwares gratuitos que podem auxiliar, dependendo da complexidade dos
circuitos que se deseja simular. Outros, podem ser utilizados on-line, operando em nuvem, ou seja, sem a
necessidade de instalação, São ótimas ferramentas para o aprendizado e para rápidas validações. Contudo,
são aplicativos limitados e não possuem muitos recursos. Alguns dos softwares bastante utilizados são
citados no quadro a seguir, e são divididos pelo tipo de licença.

SOFTWARES COM LICENÇA PAGA SOFTWARES GRATUITOS


Powersim PSIM Easy EDA
Orcad PSpice Do Circuits
Proteus ISIS Tina Cloud
Eagle Spicy Schematics
Quadro 28 - Softwares de simulação de circuitos eletrônicos
Fonte: SENAI (2016)

Uma divisão mais específica pode ser relacionada às funcionalidades de todos os softwares. Alguns
deles possuem um conjunto de bibliotecas e ferramentas destinadas a sistemas digitais, como é o caso
do software Proteus, enquanto outros softwares são adequados para a simulação de circuitos eletrônicos
analógicos, como é o caso do software PSIM (da empresa Powersim).
Além disso, existem softwares que permitem a instalação de novos blocos de funções especializadas,
tratando-se geralmente de expansões de software que são adquiridas à parte. Estas novas funções permitem
a elaboração de simulação de sistemas mais dedicados, como o estudo de motores, de sistemas de energia
renovável, uso de pacotes para microcontroladores específicos, e aplicações de processamento digital de
sinais (DSP – Digital Signal Processing), entre outras funções que variam conforme cada fornecedor.
Contudo, independente do software e de suas especialidades e funções extras que possuem, pode-se
citar aqui um conjunto de funções básicas essenciais (bibliotecas e ferramentas) que faz parte da maioria
dos softwares de simulação eletrônica. Para ilustrar, utiliza-se, neste material, a versão de demonstração
(demo) do software PSIM.

BIBLIOTECA DE COMPONENTES
O primeiro fator essencial de um software de simulação eletrônica é a qualidade de sua biblioteca de
componentes. A capacidade que ele possui para simular os circuitos está limitada, de certo modo, pela
diversidade de componentes de sua biblioteca, pela qualidade dos modelos destes componentes e pela
capacidade que o software tem para incorporação ou criação de novos componentes. Acompanhe, no
quadro, a seguir, a descrição dos componentes essenciais de um software de simulação eletrônica.

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Fontes de tensão alternada e contínua são as mais básicas e podem ser encontradas em praticamente todos os
Fontes de energia e
softwares. As fontes de tensão alternada permitem a configuração de parâmetros como a resistência interna
geradores de sinais
da fonte, a tensão eficaz, a frequência de operação e a forma de onda (quadrada, triangular ou senoidal).

O software precisa ser informado sobre qual é o sinal de referência em que os sinais elétricos do circuito
Sinal de referência serão comparados. Há casos em que os circuitos podem possuir mais de uma referência, como é o caso dos
circuitos isolados. A simbologia das referências apresentada no PSIM é ilustrada na figura seguinte.

Resistores, indutores e capacitores são os componentes mais básicos de eletrônica analógica. Alguns
softwares mais avançados, como é o caso do software OrCad, permitem a simulação considerando a variação
Componentes passivos
de temperatura no componente. Isso permite uma análise mais detalhada que pode ser útil para casos
específicos de aplicação.

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O modelo básico de transformador ideal possui apenas o enrolamento primário e secundário, em que é
possível configurar o número de espiras de cada enrolamento. No entanto, dependendo do software, existem
Transformadores
modelos completos em que podem ser configuradas perdas do componente. O PSIM apresenta diversos
modelos de transformadores. Observe.

Os diodos são os semicondutores mais simples e são frequentemente utilizados em projetos eletrônicos
Diodos, Diacs, Tiristores
(SCR, Zener, Diac e Triac). No caso do PSIM, é possível, por exemplo, alterar os valores dos parâmetros elétricos
e LEDs
do componente: tensão direta, resistência interna, entre outros.

Transistores bipolares de junção e MOSFETs são chaves semicondutoras muito utilizadas em projetos fontes
Transistores
de alimentação e circuitos lógicos.

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São componentes bastante comuns, muito utilizados para filtragem, conversão de sinais, comparações e
Amplificadores conversões de corrente-tensão ou tensão-corrente. Além disso, é possível inserir funções nas simulações
operacionais através de blocos de limitadores, subtratores, somadores que auxiliam a inserir as características reais para
alimentar a aplicação.

Elementos lógicos Portas “E” (AND) e portas “OR” são elementos digitais básicos muito utilizados em circuitos lógicos.

O PSIM, por exemplo, possui uma variedade rica de componentes para simulação de circuitos analógicos e
digitais, como comparadores, integradores, multiplexadores e amplificadores. O software Proteus, de outro
Funções especiais
modo, possui uma biblioteca vasta de componentes da família TTL, memórias, fotoacopladores, conversores
AD e DA, e transdutores, filtros, etc., que permitem simulações de muitos circuitos analógicos e digitais.

Quadro 29 - Componentes essenciais da biblioteca de um software de simulação


Fonte: SENAI (2016)

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Além disso, existem blocos dedicados que facilitam a elaboração de circuitos. O PSIM possui um bloco
de programação em linguagem C++ que permite a criação de lógicas que posteriormente podem ser
incorporadas a um microcontrolador, por exemplo.

FERRAMENTAS DE ANÁLISE
O segundo fator importante são as ferramentas de análise de circuitos, ou seja, os instrumentos de
medição virtuais que o software disponibiliza. O usuário pode estar interessado em analisar a tensão ou a
corrente de um ponto específico do circuito, e saber qual é o valor máximo ou eficaz destes níveis de tensão
em um determinado tempo. A qualidade das ferramentas vai determinar a quantidade de resultados que
podem ser extraídos de uma simulação.
Boa parte dos softwares possuem ambientes gráficos que apresentam a resposta dos parâmetros que
foram simulados ao longo de um determinado tempo e são apresentados em forma de gráfico em um
plano cartesiano, conforme exemplifica a próxima figura.

iStock ([20--?])

Figura 113 -  Plano cartesiano apresentando valores de simulação

As ferramentas usualmente encontradas em softwares de simulação serão apresentadas no quadro a


seguir.

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A medição de tensão é realizada em paralelo com o ponto que se deseja medir e o ajuste
de escala da medição é automático (conforme o software). Pode ser apresentado na tela
através de um display ou um gráfico, dependendo do software utilizado. Existem softwares
Voltímetro
que possuem pontas de prova, com um único terminal que é inserido no ponto que se deseja
analisar. A comparação é realizada com base na referência estabelecida no circuito. A figura, a
seguir, ilustra os modelos de voltímetros disponíveis no PSIM.
R1

Ve R2

V
Voltímetro 1

A medição da corrente é realizada em série com o circuito, o modelo de amperímetro utilizado


Amperímetro
no PSIM é ilustrado na figura seguinte.

R1

Ve R2

A
Amperímetro 1

Quando se deseja simular a potência consumida em um componente ao longo do tempo, geralmente os softwares permitem que
cálculos sejam realizados com os valores de tensão e correntes obtidos. Os resultados de aquisição da corrente e da tensão elétrica em
um componente podem ser multiplicados, através da relação P=V1, resultando no valor de potência consumida por este componente
no instante escolhido.

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O osciloscópio virtual é uma ferramenta que permite a verificação dos sinais durante a
Osciloscópio
execução da simulação, disponível em alguns softwares. Veja o exemplo na próxima figura.

R1
A B

Ve R2

A
Amperímetro 1

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Permite a análise de potência e da energia ao longo de um período determinado. Embora


Potenciômetro e Medidor de energia
isso possa ser realizado com a utilização do voltímetro e do amperímetro, muitos softwares
(kWh)
possuem ferramentas específicas para esta análise.

Trata-se de uma simulação em termos da frequência para análise da resposta do circuito a


variações. Isso é muito utilizado para análise de circuitos chaveados e filtros eletrônicos. É
possível validar a frequência de corte de um filtro RC, por exemplo.
Porém, por se tratar de uma análise específica, essa função faz parte apenas dos softwares de
Análise em frequência
simulação mais específicos, em que cada um possui ferramentas próprias para realizar essa
análise. No caso do PSIM, utiliza-se a ferramenta chamada AC Sweep. Mas, por se tratar de
uma ferramenta exclusiva deste software, não serão abordados maiores detalhes, já que cada
software possui sua ferramenta particular para este tipo de análise.
Quadro 30 - Ferramentas de um software de simulação
Fonte: SENAI (2016)

Antes de realizar uma análise de simulação, é preciso que os valores dos componentes escolhidos sejam
selecionados e configurados adequadamente para que os valores obtidos tenham correspondência com
a aplicação desejada.

CONFIGURAÇÃO DOS PARÂMETROS DE SIMULAÇÃO


Por fim, o terceiro fator importante de um software de simulação são algoritmos matemáticos que o
mesmo utiliza para realizar os cálculos durante a simulação. Contudo, o detalhe sobre o tipo de algoritmo
matemático de convergência não será abordado neste livro, mas informações a este respeito podem ser
encontradas nos manuais dos softwares. A precisão dos cálculos realizados pelo simulador está relacionada
a estes algoritmos.
É importante que o usuário do software saiba configurar os parâmetros de controle que determinam a
simulação.

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O tempo total de simulação é o primeiro deles, pois é o tempo total da análise do circuito em que serão
apresentados os valores das variáveis simuladas correspondente ao tempo “T” na figura, a seguir.

Sinal de tensão
V

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


tp

Figura 114 -  Parâmetros de configuração da simulação no PSIM


Fonte: PSIM (2016)

Outro parâmetro de controle importante é o passo de tempo em que cada variável será recalculada, que
corresponde ao tempo geralmente na ordem de micro ou milissegundos. É o tempo “tp” do exemplo da
figura anterior. Ela também apresenta a tela de configuração destes parâmetros do PSIM, sendo o tempo
total a opção Total Time e o tempo de passo a opção Time Step.

3.2.2 SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DE CIRCUITOS ANALÓGICOS

Há softwares que são especializados em alguns tipos de circuitos - softwares dedicados a circuitos FPGA,
por exemplo – outros são mais genéricos, como PSIM e PROTEUS. Ainda assim, mesmo nos softwares para
aplicações em geral na eletrônica, é possível que possuam características que os tornam próprios para
certos tipos de aplicações. A disponibilidade de licenças de um software é um aspecto limitante desta
escolha, e a capacidade do mesmo de realizar a simulação com um desempenho mínimo se trata de um
aspecto técnico de grande relevância.
A biblioteca do software precisa conter os componentes, ou seja, os modelos necessários para realizar
a simulação do tipo de circuito que se pretende simular. Por fim, um aspecto importante que auxilia muito
nesta escolha é a experiência do projetista com a utilização de um software específico.
Nesta seção, as simulações são divididas em circuitos analógicos e circuitos digitais, como uma forma
ilustrativa para apresentar as principais diferenças entre a abordagem destes dois tipos de circuitos.
Contudo, em um circuito real, os circuitos não são, em geral, puramente analógicos ou puramente digitais,
mas compostos de circuitos que envolvem ambos os tipos.
Você deve estar interessado em uma abordagem mais prática do tema. Apresentam-se agora alguns
dos passos importantes para a simulação de um circuito analógico. Esta abordagem é tida como um

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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procedimento genérico, focado nas funções básicas, que pode ser utilizado em muitos softwares de
simulação eletrônica, embora cada um possua seu próprio MENU de opções e ferramentas para realizar
uma tarefa específica (seja para inserir um componente ou para fazer uma ligação elétrica).
A qualidade e quantidade de componentes de uma biblioteca de componentes é um ponto positivo
de um software, mas é necessário também que os modelos dos componentes possuam os parâmetros
essenciais para a simulação que se deseja realizar.
A intenção é apresentar como se inicia o estudo de um circuito eletrônico analógico utilizando as
ferramentas essenciais disponíveis na maioria dos softwares de simulação de circuitos eletrônicos, além
de exemplificar como um software de simulação pode ser importante para o dimensionamento de um
circuito em um projeto de circuito eletrônico. Isso é realizado através do estudo do exemplo de um circuito
analógico básico, ilustrado na próxima figura.

R1

100

15 R2
200
60 Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 115 -  Exemplo de circuito para simulação no PSIM


Fonte: Powersim Inc. (2016)

O circuito-exemplo é um divisor resistivo com entrada em corrente alternada. A fonte de alimentação


possui tensão de pico de 15 V e frequência de operação de 60 Hz, e os resistores conectados em série
possuem valores de resistência de 100 Ω e 200 Ω, respectivamente.

SAIBA O circuito anterior foi desenvolvido utilizando-se a versão de demonstração do software


PSIM, que é disponibilizada gratuitamente na internet. Acesse https://powersimtech.
MAIS com/try-psim/ e baixe sua versão.

A seguir são apresentados os passos de montagem básicos para realização da simulação de um circuito
eletrônico em um software de simulação. Embora os exemplos apresentados utilizem o software PSIM, a
maioria dos demais softwares existentes permitem abordagem similar.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
180

a) Ferramentas
As ferramentas e os instrumentos de medição virtual são geralmente apresentados ao usuário através
de um MENU. É importante estudar as ferramentas disponíveis no software para fazer bom uso dos recursos
disponíveis durante uma simulação. A figura seguinte apresenta a barra de ferramentas do software PSIM.

Guilherme Marquardt (2016)


Figura 116 -  Barra de ferramentas do PSIM
Fonte: Powersim Inc. (2016)

No caso do PSIM, os componentes mais usuais são acessados através da barra de ferramentas. Os demais
componentes ficam disponíveis na biblioteca do software.
b) Bibliotecas de componentes
Assim como as ferramentas, as bibliotecas também são frequentemente apresentadas em forma de
MENU. Alguns softwares permitem a criação e a organização de bibliotecas próprias para que o usuário
monte sua própria organização de modo a facilitar a execução de seus trabalhos.
A figura, a seguir, mostra o menu da biblioteca do PSIM.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 117 -  Biblioteca de componentes do PSIM


Fonte: Powersim Inc. (2016)

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Para a simulação do circuito proposto na próxima figura, pode-se começar por inserir os componentes
necessários na folha de simulação. Procure os componentes que representam a fonte alternada senoidal,
o componente de referência (terra) e o resistor. Insira todos na folha de simulação. É importante não se
esquecer da referência do circuito (geralmente o componente chamado Ground, que do inglês significa
“terra”). Existem softwares que não permitem a simulação do circuito sem a inserção da referência.

Simulation Control
(Controle da simulação)

Resistors
(Resistores)

Sinusoidal Voltage Source


(Fonte de Tensão Sanoidal)
Ana Cristina de Borba (2016)

Ground
(Terra)
Figura 118 -  Inserção de componentes no projeto
Fonte: SENAI (2016)

Antes de realizar as ligações elétricas entre os componentes, é recomendável ajustar os componentes


na área de trabalho e rotacioná-los conforme se deseja. Isso facilita o entendimento do circuito e a análise
dos dados obtidos.
c) Traçando as conexões
Agora é preciso traçar as conexões elétricas e inserir o componente de terra no ponto de referência
desejado. O ponto em que o componente de terra é inserido no circuito é importante para determinar
o ponto de referência para simulação e as ponteiras de testes. No software PSIM, é possível utilizar a
ferramenta Wire (Fio), que se encontra na barra padrão (standard) de ferramentas do software.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Veja o exemplo na figura, a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Wire
Figura 119 -  Traçando as ligações elétricas
Fonte: Powersim Inc. (2016)

Todas as conexões do circuito devem ser traçadas para que a simulação possa ser realizada. Nenhum
componente pode ficar “solto”, ou seja, sem que todos os pinos possuam uma ligação que permita um
caminho fechado. O passo seguinte é ajustar os parâmetros dos componentes da simulação.
d) Ajustando valores dos parâmetros
Os componentes inseridos precisam ser configurados conforme os parâmetros desejados na simulação.
Para acessar o MENU de configuração dos parâmetros de um componente, geralmente se faz isso com um
duplo clique no botão esquerdo do mouse sobre o componente cujo parâmetro se deseja configurar. Esta
etapa não precisa ser necessariamente realizada após o posicionamento dos componentes e realização das
conexões elétricas do circuito. Esta configuração pode ser feita a qualquer momento.
Os parâmetros dos componentes do esquemático de exemplo da Figura – Traçando as ligações elétricas,
apresentada anteriormente, podem ser configurados conforme os valores indicados no quadro a seguir.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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COMPONENTE PARÂMETROS
Amplitude de Tensão: 15 V
Fonte de alimentação
Frequência: 60 Hz

Resistor R1 Resistência: 100 Ω

Resistor R2 Resistência: 100 Ω

Quadro 31 - Parâmetros dos componentes do circuito-exemplo


Fonte: SENAI (2016)

A figura, a seguir, apresenta o menu de configuração da fonte de alimentação e do resistor. Para acessá-
-los no PSIM, basta um duplo clique do mouse sobre o componente.

R1

100

15 R2
100
60

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 120 -  Ajustando os parâmetros


Fonte: Powersim Inc. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 183 23/06/2017 10:11:13


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Os parâmetros dos componentes do esquemático de exemplo da figura anterior podem ser configurados
conforme os valores indicados no quadro a seguir.

1 - Configure a fonte para a tensão de pico de 15 V e frequência de 60 Hz.

2 - Configure a resistência ôhmica do resistor R1 para 100.

3 - Configure a resistência ôhmica do resistor R2 para 200.

Quadro 32 - Parâmetros de ajuste


Fonte: SENAI (2016)

e) Medições
Os pontos de medição são determinados com base no que se deseja simular e em quais informações se
pretende obter com a simulação do circuito. O circuito pode conter diversos pontos de medição verificáveis
através de gráficos gerados pelo software e que podem ser comparados com outros sinais medidos.
No circuito do exemplo, é possível determinar a potência consumida por cada um dos resistores ao
longo do tempo através da medição de corrente e a tensão em cada um dos resistores ao longo do tempo.
No caso da corrente elétrica, é necessário apenas um ponto de medição, porque a corrente em ambos os
resistores é idêntica por se tratar de uma ligação em série. Para a medição de tensão, de outro modo, é
preciso duas ponteiras de medição. Observe a próxima figura.

Vr1
V

R1

100

15 R2
Ana Cristina de Borba (2016)
V

200
60
Vr2

A It

Figura 121 -  Medição de tensão no PSIM


Fonte: Powersim Inc. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 184 23/06/2017 10:11:14


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
185

A figura anterior ilustra o circuito com as ponteiras de testes já conectadas e posicionadas. Verifica-se
a tensão no resistor R1 (voltímetro Vr1), tensão no resistor R2 (voltímetro Vr2) e a corrente total do circuito
(Amperímetro It). Repare que é preciso abrir o circuito para inserir a ponteira de corrente, assim como se faz
em um circuito real. Existem softwares que não necessitam desta ação, pois a medição de corrente pode ser
realizada apenas indicando em qual ligação elétrica que se deseja medi-la.
f ) Simulação
Antes de realizar a simulação do circuito proposto, é preciso configurar os parâmetros da simulação. Cada
software tem sua ferramenta própria de simulação, e é importante configurar o tempo de simulação desejado
e o passo de cálculo da simulação. A precisão dos resultados está relacionada aos valores de tempo que são
estabelecidos pelo usuário. No PSIM, existe a ferramenta chamada Simulation Control (Controle da Simulação),
que é acessada através do MENU de simulação (Simulate). Confira essa ferramenta na figura seguinte.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 122 -  Controle da simulação


Fonte: Powersim Inc. (2016)

Circuitos básicos como o exemplo proposto nesta seção não necessitam de tempo de cálculo muito
elevado. Para o cálculo do tempo de passo, pode-se utilizar um fator 100 vezes acima (x 100) com relação à
máxima frequência do circuito. Portanto, para o caso do exemplo, que a frequência do circuito é de 60 Hz,
um valor de frequência de amostragem razoável para utilizar como base da simulação pode ser calculado
conforme apresentando a seguir:

fa = 100 . 60 = 6000 Hz

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 185 23/06/2017 10:11:14


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
186

Sendo fa a frequência de amostragem. Tem-se, portanto, o passo de tempo que está relacionado a esta
frequência de amostragem:

O tempo total de simulação foi configurado em 84 ms para este caso, o que corresponde a cinco ciclos
de onda. A simulação é executada através do botão Run (que pode ser entendido como “rodar” a simulação)
do MENU de simulação. Os resultados do exemplo proposto estão ilustrados na figura, a seguir.

Tensão nos resistores R1 e R2

Vr1 Vr2
10

-5

-10
0 0.01 0.02 0.03
Time (s)

Corrente total do circuito


It

0.06
0.04
0.02
0
Ana Cristina de Borba (2016)

-0.02
-0.04
-0.06
0 0.01 0.02 0.03
Time (s)
Figura 123 -  Tensão nos resistores R1 e R2 / corrente total do circuito
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 186 23/06/2017 10:11:14


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
187

No PSIM, a janela de simulação apresenta ferramentas que facilitam ler dados dos gráficos obtidos. É
possível utilizar ferramentas de análise do software explicitadas na figura seguinte para verificar valores
mínimo, máximo e eficaz dos sinais obtidos. Na figura, o ponto máximo da corrente é obtido através da
ferramenta Global Max (valor máximo global da função), que se encontra no menu inferior visualizado na tela.
É possível verificar o valor máximo através da ferramenta “rms”, e o valor médio através de “x” (average).
No exemplo, o valor de pico de corrente obtida do circuito é 0,05 A. O valor de corrente eficaz verificado da
corrente é de 35 mA.
Já os valores das tensões nos resistores R1 e R2 é respectivamente igual a 3,49 V e a 6,9 V.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 124 -  Verificação do valor máximo de corrente


Fonte: Powersim Inc. (2016)

As simulações podem levar segundos, minutos ou até mesmo horas, dependendo da complexidade do
problema e dos ajustes realizados nos parâmetros de simulação. É possível verificar a diferença no tempo
de simulação realizando simulações com diferentes passos de tempo ( ) para um mesmo circuito. Se o
tempo de passo for muito pequeno, a simulação será mais lenta. Porém, se este valor for muito elevado,
poderá comprometer a qualidade da medição.
Para evitar essa situação, o tempo de passo máximo precisa corresponder a uma frequência de valor
igual ao dobro da frequência máxima de operação do circuito. Normalmente, utiliza-se uma década acima
para se obter uma precisão melhor nos resultados, como foi realizado no exemplo apresentado.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 187 23/06/2017 10:11:14


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
188

g) Estudo dos resultados


Com base nos resultados obtidos em simulação, é possível tirar conclusões a respeito do comportamento
e limitações do circuito e dos níveis máximos e mínimos de corrente e tensão nos componentes. As
informações obtidas nas simulações são essenciais para o dimensionamento adequado dos componentes,
proteções, energia necessária para o circuito etc. A potência média consumida pelos resistores R1 e R2, nas
condições ideais da simulação, são maiores que 0,125 W (aproximadamente) e menores do que 0,25 W.
Acompanhe o cálculo.

PR1 = It(eficaz). VR1(eficaz) = 3,499 . 3,499 . 10-2 = 0,122W, e


PR2 = It(eficaz). VR2(eficaz) = 6,999 . 3,499 . 10-2 = 0,2448W

Para o dimensionamento dos componentes, poderia ser considerado o uso de modelo de resistores
de ¼ W. No entanto, a simulação foi realizada para condições ideias de operação. Porém, na prática esse
processo não funciona assim tão bem. Note que a potência do resistor R2 ficou muito próxima do limite de
resistores de ¼ W.
h) Tolerância dos componentes
Os parâmetros dos componentes eletrônicos podem variar conforme muitos aspectos que não são
levados em consideração nos modelos dos circuitos, como as variações de temperatura. Porém, esses
fatores afetam os níveis de corrente e tensão em um circuito real. Portanto, dependendo do caso de
estudo, pode ser interessante considerar a tolerância dos parâmetros dos componentes no momento de
realizar as simulações. Isso pode trazer maior robustez ao sistema simulado, permitindo, desse modo, um
dimensionamento mais confiável dos componentes.
Para exemplificar essa parte, deve-se considerar os valores de tolerância dos parâmetros dos
componentes do circuito exemplificado neste capítulo, que corresponde a ±20% para o parâmetro de
resistência elétrica dos resistores e ±10% para tensão de saída da fonte de alimentação. Neste caso, deve-
se realizar novamente o estudo da potência consumida pelo circuito de forma a dimensionar os modelos
de resistores. O pior caso com relação ao consumo máximo de potência, neste exemplo, acontece quando
a fonte está fornecendo tensão terminal superior ao seu valor nominal e simultaneamente os resistores
possuem valor de resistência mínima, o que corresponde em termos numéricos aos seguintes valores dos
parâmetros:

Vf = 15 V + 10% = 16,5 V
R1 = 100 - 20% = 80 Ω
R2 = 200 - 20% = 160 Ω

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 188 23/06/2017 10:11:14


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
189

A figura, a seguir, exemplifica o novo comportamento dos sinais de corrente e tensão para a nova
simulação, que apresenta os novos valores dos parâmetros. A potência eficaz de cada resistor é, neste caso:

PR1 = It(eficaz) . VR1(eficaz) = 3,849 . 4,812 . 10-2 = 0,185 W e


PR2 = It(eficaz) . VR2(eficaz) = 7,699 . 4,812 . 10-2 = 0,370 W

Vr1
V

R1

80

16.5 R2
160
V

60
Vr2
It
A

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 125 -  Simulação do circuito


Fonte: Powersim Inc. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 189 23/06/2017 10:11:15


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
190

Nota-se agora que o resistor R2 possui uma dissipação de energia consideravelmente maior do que
0,25 W. Dimensionar um modelo de resistores de ¼ W, neste caso, seria uma decisão errada, porque o
componente pode trabalhar por um período considerável próximo ou acima do seu limite de potência, o
que pode acarretar diminuição da sua vida útil, ou até mesmo na sua queima, prejudicando o funcionamento
do circuito.
Neste caso, o problema poderia ser solucionado com a utilização de um modelo de resistor de ½ W. De
outro modo, se o projeto está limitado ao uso de resistores de modelo de ¼ W, pode-se substituir o resistor
R2 por um arranjo paralelo de dois resistores de modelo ¼ W cujo valor de cada resistência é o dobro do
valor de R2, resultando em uma resistência equivalente igual a R2. Cada caso deve ser analisado conforme
as limitações do projeto.
Existem circuitos em que encontrar as condições elétricas onde ocorrem os maiores desgastes dos
componentes não se trata de uma tarefa simples e óbvia. Muitas vezes, é necessário fazer um levantamento
lógico dos casos mais propícios para que isso ocorra, e assim realizar a simulação de cada um destes casos,
para, então, no final, comparar todos os resultados.

3.2.3 SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DE CIRCUITOS DIGITAIS

Os circuitos lógicos são muito utilizados nos projetos de circuitos eletrônicos modernos. Equipamentos,
sejam de uma máquina industrial ou de um eletrodoméstico, possuem circuitos com memórias,
processadores e periféricos de comunicação. Embora hoje estas funções possam ser encontradas integradas
e condensadas em um único chip, as funções lógicas e sua análise ainda respeitam e se baseiam nos
princípios básicos das funções digitais. Neste material, não será abordado a programação de dispositivos.
A simulação de circuitos lógicos pode ser focada na simulação matemática de modelos lógicos e
combinacionais e, para tal, existem muitos softwares que permitem este estudo. Contudo, embora estes
programas possam ser muito úteis em outros aspectos, este tipo de software não possui um viés muito
prático, porque não incorpora em sua biblioteca os circuitos integrados (CIs) existentes. Isso dificulta a
elaboração dos esquemáticos do projeto, não levando em consideração que a representação lógica de certos
circuitos integrados seria por si um projeto bastante complexo, como em um conversor analógico-digital.
No entanto, existem softwares que integram muitos dos componentes existentes no mercado em sua
biblioteca, o que colabora muito para validação e dimensionamento dos circuitos. Um destes softwares,
bastante conhecido, é o PROTEUS, cujos exemplos serão apresentados com a utilização da sua versão de
demonstração (demo), que é disponibilizada gratuitamente na internet.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 190 23/06/2017 10:11:15


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
191

1
7408
3

Ana Cristina de Borba (2016)


Saída
7432
1
7486
2

Figura 126 -  Exemplo de circuito digital para simulação no PROTEUS


Fonte: Nelson et al. (1995)

Da mesma forma que realizado na seção anterior, onde foi tratado o caso de circuitos eletrônicos
analógicos, uma análise similar é realizada, tendo como exemplo um circuito eletrônico digital, como o da
figura anterior.

Proteus
O Proteus é um software que integra um ambiente de projeto e simulação de circuitos eletrônicos,
acessado pelo ícone ISIS na barra de ferramenta. Outra função do software é o desenvolvimento de
leiaute a partir da área de trabalho através do ícone ARES, que tem a finalidade de projetar as placas de
circuito eletrônico do projeto e pode ser acessado também pela Barra de ferramentas. Nesta seção, serão
apresentadas apenas as funções referente à simulação de circuitos eletrônicos, através do ambiente ISIS.
A área de trabalho do Proteus (clicar no ambiente de trabalho ISIS, que integra o menu de opções da
barra de ferramentas) é constituída especialmente pelos diferentes menus de opções. Acompanhe.
a) Barra de menu: Todas as funções do software podem ser acessadas por esta barra. Salvar, abrir, imprimir,
exportar, importar, compilar, opções de zoom, entre outras funções especificas do programa.
b) Barra de ferramentas: Acesso rápido às ferramentas mais utilizadas, especialmente as relacionadas à
inserção de componentes e montagem e testes de circuitos.
c) Barra de simulação: menu de controle de simulações.
d) Área de trabalho: onde os circuitos são elaborados.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 191 23/06/2017 10:11:15


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
192

Observe, na figura seguinte, os itens citados.

Barra de Menu

Barra de Ferramentas
Área de Trabalho

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Barra de Simulação

Figura 127 -  Menu do PROTEUS/ISIS


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Os componentes do projeto serão inseridos na área de trabalho da mesma forma que ocorre com os
outros softwares de simulação. O próximo passo é escolher os componentes na biblioteca do software e
inseri-los no projeto.

Bibliotecas de componentes
Em softwares específicos ou que possuem uma vasta biblioteca de componentes para eletrônica
digital, em que as bibliotecas geralmente possuem muitos componentes da família lógica, encontrar uma
variedade de portas lógicas básicas não é um problema. Este é o caso do PROTEUS. Para acessar a biblioteca
de componentes, é preciso selecionar o item Devices (Dispositivos) na Barra de ferramentas e, em seguida,
pressionar a tecla P.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 192 23/06/2017 10:11:16


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
193

A próxima figura apresenta a biblioteca de componente que aparece com esta ação.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 128 -  Biblioteca de componentes
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Para pesquisar por um componente em específico, pode-se digitar o nome do componente, por
exemplo o componente 7804, cuja função corresponde à porta lógica “E” (AND), conforme também é
exemplificado na figura anterior. Note que existe um pequeno Menu no canto superior direito chamado
Preview (Pré-visualização), onde é indicado se o componente selecionado possui esquema de simulação.
Caso não apareça nenhum modelo de esquemático (Schematic model) atrelado ao componente escolhido,
isso indica que não é possível simular este componente específico no ambiente de simulação do PROTEUS.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 193 23/06/2017 10:11:16


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
194

Inserção de componentes na área de trabalho


Na biblioteca, é preciso selecionar cada componente desejado e clicar na opção OK. Posteriormente
todos os componentes selecionados serão apresentados na lista ao lado da Barra de Ferramentas toda vez
que a opção Device for selecionada.
Para inseri-los no projeto, basta clicar com o mouse no componente desejado nesta lista e, em seguida,
clicar na posição da área de trabalho que se deseja inserir o componente.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 129 -  Lista de componentes selecionados


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Para traçar as conexões elétricas do circuito, é necessário clicar com o mouse sobre o terminal de um
dos componentes ou ponto de uma trilha já traçada e traçar a trilha até o terminal final desejado. As linhas
verdes indicam as ligações realizadas no circuito-exemplo, onde foram inseridas as portas lógicas AND
(7408), NOT (7404), OR (7432) e XOR (7486).
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 130 -  Trilhas traçadas (em verde)


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 194 23/06/2017 10:11:16


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
195

Após inserir os componentes na área de trabalho, são inseridos os componentes de simulação


responsáveis pela geração dos sinais de entrada para a simulação do circuito eletrônico.

Inserção de entradas
Uma peculiaridade do PROTEUS é que não é necessário alimentar os componentes para realizar a
simulação dos circuitos lógicos, embora isso possa ser feito. Quando o foco é simular a lógica do circuito,
essa simplificação auxilia os testes. Para inserir as entradas lógicas, pode-se escolher uma entrada em onda
quadrada, cuja frequência pode ser ajustada. Essa opção é escolhida através do Menu de ferramentas
selecionando o item Generator Mode (Modo de geração de sinais).

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 131 -  Configuração das entradas


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Para verificar o comportamento do circuito perante os sinais de entrada determinados, é preciso inserir
blocos de medição que permitem monitorar cada saída ou ponto de realimentação do circuito.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 195 23/06/2017 10:11:16


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
196

Medição
No estudo de um circuito lógico, deseja-se montar a chamada tabela-verdade, que consiste em alterar
e acompanhar a situação lógica das entradas do circuito e verificar a situação lógica na saída do circuito. O
circuito-exemplo é constituído de três entradas (1, 2 e 3) e uma saída.
A respectiva tabela-verdade deste sistema é apresentada a seguir.

ENTRADA 1 ENTRADA 2 ENTRADA 3 SAÍDA


0 0 0 ?
0 0 1 ?
0 1 0 ?
0 1 1 ?
1 0 0 ?
1 0 1 ?
1 1 0 ?
1 1 1 ?
Tabela 8 - Tabela-verdade do circuito-exemplo
Fonte: SENAI (2016)

Para verificar o que acontece na saída do circuito, é possível inserir uma ponteira de tensão localizada
na Barra de ferramentas. Observe.

V
Sabrina Farias (2016)

Figura 132 -  Ícone da ponteira de tensão


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 196 23/06/2017 10:11:17


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
197

Deve-se inserir esta ponteira no ponto de saída e, em seguida, com dois cliques do mouse, acessar a
janela de configurações desta ponteira, conforme apresenta a figura seguinte. A ponteira do exemplo foi
nomeada como “Saída”.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 133 -  Ponteira de tensão
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 197 23/06/2017 10:11:17


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
198

A ponteira precisa estar atrelada a um equipamento de medição. Neste caso, pode-se inserir um
osciloscópio virtual para acompanhar as mudanças dos valores da saída ao longo de um tempo de
simulação determinado pelo usuário. Para selecionar o osciloscópio na Barra de ferramentas, selecione
a opção Graphs (Gráfico) e, em seguida, a opção Digital. Na sequência, insira o instrumento na área de
trabalho, por exemplo, próximo do sinal mensurado. Veja o exemplo na próxima figura.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 134 -  Osciloscópio virtual
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Não é preciso fazer ligações elétricas entre o circuito e o osciloscópio. A configuração é realizada através
de uma janela, que é acessada clicando-se duas vezes sobre o osciloscópio na área onde está escrito
Digital Analysis (Análise Digital). Na tela que será apresentada, é preciso configurar as ponteiras (Probes),
ou entradas, que serão avaliadas durante a simulação. Para selecionar uma ponteira, seleciona-se a opção
Add Transient Trace (Adição de Resposta Transiente) no ícone igual ao da figura a seguir, localizado no canto
inferior esquerdo da tela do software.
Sabrina Farias (2016)

Figura 135 -  Ícone Add Transiente Trace


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 198 23/06/2017 10:11:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
199

A figura, a seguir, apresenta a janela que é visualizada ao selecionar esta opção. Escolhe-se, então, os
pontos que vão ser estudados e, em seguida, clique na opção OK, para validar as escolhas e configurar o
gráfico do osciloscópio virtual.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 136 -  Configuração das ponteiras para simulação


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

O próximo passo é realizar as simulações do circuito eletrônico. As simulações no PROTEUS podem se


dar de dois modos: em tempo real ou através de análise do gráfico resultantes de um tempo de simulação
determinando. Estas duas maneiras serão abordadas a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 199 23/06/2017 10:11:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
200

Simulação
A simulação no PROTEUS pode ser realizada através de osciloscópios e outros equipamentos virtuais
de medição que são acessados na opção Graph. Neste caso, a simulação é feita inteiramente na tela de
visualização do osciloscópio. Para configuração da simulação, é preciso selecionar a opção Edit Graph
(Editar o gráfico), através do ícone representado na próxima figura.

Sabrina Farias (2016)


Figura 137 -  Ícone edit graph
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Com isso, a tela da figura seguinte aparece, em que é possível configurar o tempo de início e final de
simulação.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 138 -  Configuração da simulação do osciloscópio


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Pressionando o botão OK, a simulação é realizada e as curvas de cada variável serão apresentadas em
um gráfico. No caso do circuito-exemplo, o comportamento das três entradas e da saída são configurados
para serem visualizados após a simulação, e se executa a simulação com um período total de 1 segundo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 200 23/06/2017 10:11:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
201

Assim que a simulação é finalizada, a curva de cada ponto é apresentada graficamente. É possível
posicionar o mouse em cada período desejado para acompanhar o valor instantâneo de cada variável.
O gráfico da figura, a seguir, apresenta o resultado da simulação do circuito-exemplo. Note que, para
o tempo de 46,6 ms (milissegundos), todas as entradas estavam com nível lógico baixo, o que é indicado
pela letra “L” (Low) em verde, enquanto que a saída, para este mesmo instante, estava com nível lógico alto,
indicado pela letra “H” (High) em vermelho.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 139 -  Simulação do osciloscópio virtual


Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

A partir destes resultados, pode-se preencher a primeira linha da tabela-verdade. Acompanhe, na tabela,
a seguir, o resultado destacado em vermelho.

ENTRADA 1 ENTRADA 2 ENTRADA 3 SAÍDA


0 0 0 1
Tabela 9 - Tabela-verdade do circuito – 1º preenchimento
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 201 23/06/2017 10:11:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
202

De outro modo, para o instante seguinte, tempo igual a 163 ms, as entradas E1 e E2 continuam com
nível baixo e a entrada E3 alterou o seu valor para nível lógico alto (=1). Dessa forma, a saída alterou o seu
valor para nível lógico baixo, conforme mostra a figura seguinte.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 140 -  Leitura dos dados para um tempo (t) específico
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

Dessa forma, pode-se preencher mais uma linha da tabela-verdade deste circuito lógico, e assim por
diante. Veja o exemplo na próxima tabela.

ENTRADA 1 ENTRADA 2 ENTRADA 3 SAÍDA


0 0 0 1
0 0 1 0
Tabela 10 - Tabela-verdade do circuito - 2º preenchimento
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 202 23/06/2017 10:11:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
203

Outra forma de simular um circuito no PROTEUS é utilizando a Barra de simulação e realizar a simulação
em tempo real sem determinar o passo a passo. Dessa forma, não será apresentado um gráfico mostrando
os valores instantâneos de toda a simulação, mas somente o status atual do circuito é apresentado através
de sinalizações do próprio simulador. Confira o exemplo na próxima figura.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 141 -  Simulação instantânea do circuito através da barra de simulação do PROTEUS
Fonte: Labcenter Electronics Ltd. (2016)

A simulação foi pausada em um instante em que as entradas E1 e E3 possuíam valor lógico baixo
(quadrado na cor vermelha) e a entrada E2 valor lógico alto (quadrado na cor azul). A respectiva saída
neste instante sinalizava valor lógico alto I (quadrado na cor vermelha). Da mesma forma que a tabela foi
preenchida para a simulação com a obtenção gráfica, a tabela-verdade pode ser gerada com a simulação
do circuito em tempo real.

ENTRADA 1 ENTRADA 2 ENTRADA 3 SAÍDA


0 1 0 1
Tabela 11 - Tabela-verdade do circuito – simulação em tempo real
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 203 23/06/2017 10:11:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
204

O desenvolvimento e simulação dos circuitos eletrônicos em softwares de computador pode trazer


muitos benefícios para o projeto devido à facilidade com que erros de dimensionamento podem ser
verificados através de breves simulações. De outro modo, seria necessário realizar as montagens dos
circuitos em bancada para validar cada parte do sistema, o que poderia se refletir em uma atividade
dispendiosa em termos de recursos e tempo.
Ao realizar os ajustes finais de um circuito, o próximo passo consiste em organizar todos os circuitos
do projeto de modo a gerar as listas de materiais necessárias para a fabricação do primeiro protótipo e
para o desenvolvimento dos leiautes das placas de circuito eletrônico do sistema, que serão fabricadas
posteriormente para realização dos primeiros testes em bancada.

3.2.4 ORGANIZE OS ESQUEMÁTICOS

O registro das informações de um circuito eletrônico é essencial para elaboração do leiaute da placa
eletrônica. Este é feito geralmente com o auxílio de esquemáticos, que são plantas de projetos eletrônicos
nas quais são representados todos os componentes que constituem o circuito eletrônico. Os esquemáticos
dos circuitos eletrônicos apresentam todos os detalhes relativos às ligações do circuito e às informações
técnicas dos componentes eletrônicos utilizados no projeto. Observe o exemplo de um esquemático na
figura, a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 204 23/06/2017 10:11:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
205

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 142 -  Exemplo de esquemático

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 205 23/06/2017 10:11:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
206

A importância de um esquemático eletrônico organizado e bem elaborado vai além das questões
práticas e do tempo de duração do projeto, pois auxilia o desenvolvimento e a execução de muitas
atividades durante o projeto, tais como:
a) criação da lista de componentes;
b) acompanhamento da montagem dos circuitos;
c) elaboração dos relatórios técnicos e documentação de manutenção;
d) registro técnico para novos projetos.
Da mesma forma, facilita ações de pós-projeto:
a) manutenções;
b) novos projetos ou atualizações do circuito;
c) correção de falhas e erros.
Durante esta etapa, é importante a utilização de softwares que são dedicados ao desenvolvimento de
leiautes de circuitos. Existem opções de softwares que, além de realizar simulações dos circuitos eletrônicos,
possuem ferramentas de CAD para projetos das placas eletrônicas. Este é o caso do software PROTEUS, que
possui a ferramenta chamada ARES para esta finalidade.
Outros softwares de CAD bastante difundidos que possuem o propósito de elaboração de placas
de circuito impresso e possuem boas ferramentas para elaboração de esquemáticos eletrônicos são
apresentados no próximo quadro.

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Proteus ARES ZenitPCB
Eagle Express PCB
Quadro 33 - Softwares para o desenvolvimento de leiaute de placas eletrônicas
Fonte: SENAI (2016)

Embora na internet existem vários outros softwares de licença gratuita que permitem a elaboração de
esquemáticos e leiautes eletrônicos, há ferramentas que são básicas e essenciais em qualquer um deles.
Nesta seção, serão apresentadas as principais funções e ferramentas para elaboração de um esquemático,
e também as boas práticas para elaboração de esquemáticos organizados que possuam o mínimo
de informações necessárias. O software utilizado para esta finalidade é o Altium Designer. (A versão
demonstração - Free Trial - é disponibilizada no site: www.altium.com).

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 206 23/06/2017 10:11:19


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
207

A figura, a seguir, ilustra o ambiente de trabalho do Altium Designer. Os principais recursos necessários
para a elaboração de um esquemático são apontados na imagem, a seguir. Para maiores detalhes, o manual
do software também pode ser acessado online, no site mencionado anteriormente.

Barra de menu

Barra de ferramentas

Abas de desenvolvimento

Barra de projetos

Planta do projeto
(área de trabalho)

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 143 -  Ambiente gráfico do software Altium designer
Fonte: Altium Limited (2014)

a) Barra de MENU: as principais funções do software são acessadas através deste menu, a partir do qual
é possível criar, salvar e imprimir os projetos, importar componentes, ajustes de visualizações, ajustes
de bibliotecas de componentes, ferramentas para criação de leiautes, definições de regras para o
projeto, relatórios etc.
b) Barra de ferramentas: as ferramentas mais utilizadas em um projeto podem ser acessadas diretamente
nesta barra, o que facilita o trabalho do usuário. Além disso, é possível substituir ou inserir outras
ferramentas cujo acesso fácil pode ser interessante em um determinado projeto.
c) Barra de projetos: É a barra em que os projetos são criados e acessados. É possível criar novos
esquemáticos, leiautes e bibliotecas, salvando todos de maneira organizada.
d) Abas de desenvolvimento: os esquemáticos e leiaute são abertos em várias janelas internas ao
software e podem ser acessadas de forma rápida através deste Menu de abas.
e) Planta do projeto: é o ambiente de trabalho que é disponibilizado para o usuário criar o esquemático
do circuito eletrônico. É possível alterar as configurações, por exemplo: o tamanho, de modo a
formatar a planta em um modelo padrão de projetos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 207 23/06/2017 10:11:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
208

A criação de um esquemático eletrônico será descrita em passos ilustrativos que buscam apresentar as
ferramentas básicas utilizadas neste procedimento. Um circuito de exemplo será utilizado neste capítulo
para ilustrar esta etapa do projeto, o qual será batizado “circuito-exemplo” para esta seção. Posteriormente,
na etapa seguinte, este mesmo exemplo será utilizado para exemplificar como criar seu próprio leiaute de
circuito eletrônico com a utilização do software, a partir do esquemático já desenvolvido.
Observe o circuito da próxima figura.

5.6k 10k

3.3m 100 4.7m

Ana Cristina de Borba (2016)


12
12 33µ 5.6k

Figura 144 -  Circuito-exemplo – fonte controlável utilizando transistores


Fonte: Powersim Inc. (2016)

O circuito eletrônico que será utilizado nesta seção é ilustrado na figura anterior. Trata-se de um circuito
de uma fonte de alimentação ajustável de corrente contínua. O circuito converte a tensão de entrada de
natureza alternada para contínua através da utilização de um circuito de diodos e, com a utilização de um
par de resistores em série, é possível regular a tensão de saída entre 1 V e 10 V, modificando os valores de
resistência.

ABERTURA DO ALTIUM E CRIAÇÃO DE UM NOVO PROJETO


A Barra de projetos do Altium funciona como um arquivo de pastas de projetos. Em cada pasta, podem
ser organizados os arquivos referentes aos esquemáticos, leiautes, bibliotecas e documentos de textos
(anotações, relatório etc.) referentes ao projeto. Usar de um tempo para estudar e entender a organização
deste Menu pode ser proveitoso em termos de organização do projeto.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 208 23/06/2017 10:11:19


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
209

A primeira etapa é criar uma nova pasta de projeto, que será visualizada na Barra de projetos. Para
isso, deve-se acessar na Barra de menu a opção FILE→NEW→PROJECT (ARQUIVO→NOVO→PROJETO) e o
software irá abrir a janela com as opções, ilustradas na figura, a seguir.

Figura 145 -  Novo projeto de esquemático - Altium Ana Cristina de Borba (2016)
Fonte: Altium Limited (2014)

Nesta janela, é possível determinar o tipo de projeto que será realizado. No projeto de uma placa
eletrônica, é preciso criar esquemáticos e arquivos de leiaute, os quais terão que ser adicionados
posteriormente, conforme a necessidade. O software permite a criação de outros tipos de projetos ou
a criação de biblioteca de componentes. O circuito-exemplo abordado trata de um projeto de placa de
circuito impresso e, para isso, deve ser selecionado o tipo PCB Project. Ainda, é preciso digitar o nome do
projeto e a localização onde os arquivos serão salvos, preenchendo os respectivos campos Name (Nome) e
Location (Localização). Pode-se então prosseguir através da opção “OK”.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 209 23/06/2017 10:11:20


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
210

CRIAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DE UMA PLANTA DO PROJETO (ESQUEMÁTICO)


O projeto criado é visualizado na Barra de projetos. É a partir deste Menu que os esquemáticos e
leiautes são adicionados e editados. Para inserção de um novo esquemático, na Barra de projetos,
clica-se com o botão esquerdo do mouse sobre o projeto desejado, selecionando a opção Add New
to Project→Schematic (Adicionar Novo ao projeto→Esquemático). Ao fazer isso, uma nova planta
de esquemático (Sheet) será inserida ao projeto. É preciso salvar esse novo esquemático na pasta
do projeto, clicando com o botão direito sobre o esquemático e selecionando a opção Save As (Salvar
Como). A planta do projeto é apresentada na figura a seguir, cujo formato é quadriculado, que
corresponde ao Grid da planta, e que auxilia a montagem organizada e no espaçamento dos circuitos.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 146 -  Planta de esquemático - Altium


Fonte: Altium Limited (2014)

O formato e as características da planta do esquemático podem ser modificados conforme as


necessidades do projeto. Para isso, é preciso acessar a tela de configurações, clicando com o botão direito
sobre a planta do projeto e selecionando a opção Options→Document Options (Opções→Opções do
Documento). Na primeira Aba, Sheet Option (Opções da Planta), é possível alterar a orientação da página
(retrato ou paisagem), o tamanho da planta (A3, A4, outros), a cor da planta e das bordas. Na segunda
aba, Parameters (Parâmetros), é possível inserir informações específicas sobre a planta (nome do projetista,
título, data, outras informações). Na terceira aba, Units (Unidades), configura-se as unidades utilizadas na
planta, em que é possível utilizar o sistema métrico ou imperial.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
211

A legenda, ilustrada na figura seguinte, está localizada no canto direito inferior da planta e permite
identificar o esquemático que está sendo desenvolvido. Nesta legenda, pode ser informado o título do
projeto, o número e a revisão da planta. É uma prática importante para organização do projeto.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 147 -  Legenda da planta do esquemático
Fonte: Altium Limited (2014)

O software permite a inserção de várias plantas de esquemático na estrutura do projeto. Isso é bastante
interessante para circuitos eletrônicos que possuem muitos circuitos e uma quantidade considerável de
componentes, os quais podem ser subdivididos e desenhados em setores. Podem ser criadas, desse modo,
várias plantas com subcircuitos diferentes que pertencem ao mesmo projeto, deixando as plantas mais
organizadas e fáceis de serem lidas e compreendidas.

INSERÇÃO OS COMPONENTES
Cada software possui bibliotecas próprias, que podem conter ou não todos os componentes necessários
para um determinado projeto. Em geral, muitos componentes precisam ser criados a partir das informações
que são encontradas nos catálogos de dados do componente (Datasheets) e do manual do software que se
pretende utilizar. Aqui serão utilizados apenas os componentes padrões da biblioteca do Altium.
Para inserir um componente na planta do projeto, é preciso utilizar o Menu de bibliotecas chamado
Libraries (Biblioteca), disponibilizado no canto direito da área de trabalho. As bibliotecas são acessadas
através de um menu dinâmico e os componentes selecionados são apresentados em uma lista.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
212

A próxima figura mostra o Menu de bibliotecas e suas funções.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 148 -  Biblioteca de componentes


Fonte: Altium Limited (2014)

O software possui bibliotecas padrões que contêm vários componentes para aplicações em geral e que
atendem a muitas necessidades. Miscellaneous Devices (Dispositivos diversos) e Miscellaneous Connectors
(Conectores diversos) são as duas bibliotecas mais comuns do software. Contudo, quando existe a
necessidade de inserir componentes específicos, é possível fazer o download de novas bibliotecas na
página da internet do Altium.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 212 23/06/2017 10:11:20


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
213

Para começar a exercitar, o quadro a seguir apresenta os componentes do circuito-exemplo e sua


localização na biblioteca do Altium.

COMPONENTE BIBLIOTECA REPRESENTAÇÃO

Resistor Miscellaneous Devices

Capacitor polarizado Miscellaneous Devices

Diodo Miscellaneous Devices

Diodo Zenner Miscellaneous Devices

Transistor NPN Miscellaneous Devices

Fusível Miscellaneous Devices

Conector Header 2 pinos Miscellaneous Connectors

Quadro 34 - Componentes da biblioteca utilizados no circuito-exemplo


Fonte: SENAI (2016)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
214

Para inserir o componente na planta, é preciso seguir os seguintes procedimentos:


a) navegar no Menu da biblioteca até encontrar o componente desejado;
b) selecionar o componente com o mouse e manter o botão pressionado;
c) arrastar o componente na planta no lugar desejado;
d) para rotacionar o componente já alocado na planta, basta mantê-lo selecionado com o botão do
mouse pressionado e pressionar a barra de espaço;
e) manter os componentes organizados conforme a estrutura do circuito.
A figura, a seguir, apresenta todos os componentes do circuito-exemplo posicionados na planta.

Figura 149 -  Biblioteca de componentes Ana Cristina de Borba (2016)


Fonte: Altium Limited (2014)

Após inserir todos os componentes, é importante posicioná-los de uma forma adequada que permita
um bom entendimento do circuito. Em um projeto eletrônico, é comum que muitas pessoas, além do
projetista, precisam ter acesso aos esquemáticos.
Na página da internet do Altium, é possível pesquisar por novas bibliotecas de componentes digitando
a palavra Libraries (Biblioteca) no campo de pesquisa. Para inserir uma nova biblioteca, é preciso acessar
o campo Libraries no Menu da biblioteca. Em seguida, clicar no botão Add Library (Adicionar Biblioteca) e
localizar a pasta onde estão salvas as bibliotecas desejadas, por exemplo, bibliotecas baixadas da internet.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
215

AJUSTE DOS PARÂMETROS


No Altium, é possível ajustar parâmetros dos componentes com um duplo clique no componente que
foi inserido na planta. Quando esta ação é realizada, abre-se uma janela padrão – que é idêntica para
todos os componentes – em que é possível configurar os parâmetros elétricos e físicos do componente.
Além disso, pode-se incluir outras informações importantes para outras etapas do projeto. Por exemplo, é
possível informar o código do fabricante de cada componente (Part Number), o código de estoque, assim
como o código de compra. Isso certamente agilizará atividades como as aquisições de componentes, a
montagem da placa de circuito impresso e o próprio registro das informações essenciais do projeto.
A próxima figura apresenta a tela de configuração de um dos diodos de entrada. A tela tem o formato
padrão para todos os componentes. Nela é possível inserir informações sobre o componente, determinar
o seu código de identificação no circuito (Designator), o modelo (Description), os valores dos parâmetros
(Parameters), o encapsulamento (Models/Add/Footprint), entre outras opções, que serão estudadas em
seguida. Os registros de informações, nesta etapa, são posteriormente úteis para o desenho do leiaute, a
criação de listas de materiais e outras etapas de documentação do projeto.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 150 -  Ajustando os parâmetros dos componentes


Fonte: Altium Limited (2014)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
216

Além dos parâmetros elétricos, é importante identificar cada componente dentro do circuito. Esse
procedimento é um requisito inclusive dos próprios softwares de leiaute que precisam identificar cada
componente com um código único, resumido em um código identificador. Alguns softwares, como o
Altium, permitem que o usuário defina os identificadores dos componentes.
Em geral, a convenção é utilizar uma ou mais letras acompanhadas de um código numérico distinto.
Resistores são identificados pela letra “R” (R1, R2, R3 ...), capacitores pela letra “C” (C1, C2, C3 ...), diodos pela
letra “D” (D1, D2, D3 ...), transformadores pela letra “T” (T1, T2, T3 ...), circuitos integrados pelas letras “IC”
(IC1, IC2, IC3 ...) e transistores pela letra “Q” (Q1, Q2, Q3 ...).
Os parâmetros dos componentes do circuito de exemplo são apresentados no quadro, a seguir.

COMPONENTE IDENTIFICADOR PARÂMETRO OU CÓDIGO


Diodo D1, D2, D4, D5 1B7
Diodo Zener D3 12 V/1 W
Transistor NPN Q1, Q2, Q3 BC337
Capacitor C1, C2 3300 µF
Capacitor C3 33 µF
Resistor R2 5,6 kΩ
Resistor R3 100 Ω
Resistor R1 10 kΩ
Trimpot R4 5,6 kΩ
Quadro 35 - Componentes utilizados no circuito-exemplo
Fonte: SENAI (2016)

No Altium, é possível determinar quais são os códigos que ficam visíveis no esquemático. Por exemplo,
se são utilizados diferentes tipos de resistores em um mesmo circuito eletrônico, é interessante, além do
valor de resistência elétrica e do código do identificador, apresentar também o tipo de resistor em cada
um deles. No circuito-exemplo, são utilizados resistores de potência de ¼ W e resistores de potência de ⅛
W, essa informação fica explicitada no esquemático de modo que facilite o trabalho de quem irá montar o
circuito eletrônico.
Ainda no Altium, quando um novo componente é inserido na planta, o seu código de identificação
possui um ponto de interrogação, como a exemplo do diodo “D?”. Isso indica que o identificador ainda não
foi nomeado. É possível identificar adequadamente o componente acessando sua tela de configuração,
conforme foi visto anteriormente.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
217

Além disso, os softwares de leiaute geralmente possuem funções que permitem a numeração automática
dos identificadores dos componentes, evitando que existam componentes com o mesmo identificador,
o que poderia acarretar conflitos para a elaboração do leiaute do circuito, além de provocar erros de
montagem.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 151 -  Inconsistências eliminadas
Fonte: Altium Limited (2014)

No Altium, para a utilização da ferramenta de identificação automática, na Barra de Menu, é possível


selecionar a opção Tools→Reset Schematic Designators. Essa ação irá formatar os identificadores já
estabelecidos. Em seguida, é possível selecionar a função Tools→Anotate Schematics Quietly, que irá
numerar os identificadores de todos os componentes. É possível reparar que havia uma linha sublinhada
em vermelho em cada componente, que desapareceu após a ação de reiniciar a identificação dos
componentes. Quando um componente possui uma linha vermelha sobre o identificador, indica que existe
alguma inconsistência, geralmente se trata de um identificador com código repetido. É preciso, portanto,
remover todos estes conflitos. Realizando estas ações no circuito de exemplo, obtêm-se o resultado
ilustrado na figura anterior.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
218

LIGAÇÕES ELÉTRICAS E IDENTIFICADORES


As ligações elétricas entre os componentes são realizadas utilizando a ferramenta Place Wire, localizada
na Barra de ferramentas do software, conforme você pode ver na figura, a seguir, destacado no círculo em
vermelho.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 152 -  Ferramenta para traçar as ligações elétricas
Fonte: Altium Limited (2014)

Para realizar a ligação elétrica entre dois terminais, é preciso selecionar essa ferramenta e clicar nos dois
terminais desejados. Também é possível fazer esse vínculo entre ligações já criadas. É possível acessar a
Barra de ferramentas, clicando com o botão esquerdo do mouse na planta e selecionando a opção Place,
onde estarão disponíveis as mesmas funções apresentadas na barra. Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 153 -  Circuitos com ligações elétricas


Fonte: Altium Limited (2014)

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
219

A figura anterior ilustra o circuito-exemplo com suas ligações traçadas. Na barra de ferramentas também
são encontrados os sinais de referência (ground), componentes para referência de tensão (Vcc Power Port),
portas de identificação para comunicação de dados (Place Port), conexões entre plantas (Off Sheet Conector),
entre outras. As pontas de identificação são bastante utilizadas e são úteis para criar um sinal de referência
que pode ser utilizado em qualquer ponto da planta ou de outras plantas do mesmo projeto.
A organização dos esquemáticos é um pré-requisito para o desenvolvimento do projeto da placa
eletrônica, conhecido como leiaute do circuito (layout). Esta organização deve considerar a identificação e
a especificação dos parâmetros elétricos e mecânicos, o que inclui determinar o encapsulamento de cada
componente.

BOAS PRÁTICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM ESQUEMÁTICO


Um esquemático bem elaborado é aquele que é capaz de expressar todas as informações essenciais
de um projeto eletrônico de maneira direta e fácil. A elaboração deste esquemático requer um bom
conhecimento dos circuitos e dos componentes eletrônicos, mas também é necessário um bom senso de
organização.
As demais etapas do projeto se beneficiam quando existe cuidado com a organização, o que facilita a
elaboração dos leiautes eletrônicos e outras atividades necessárias no projeto como um todo. Um exemplo
é a elaboração do relatório técnico do projeto, para futuras necessidades referentes à identificação e a
correção de erros do próprio circuito. Além disso, é importante que o projeto seja de fácil compreensão
por outras pessoas envolvidas em processos posteriores ao desenvolvimento do circuito. Por exemplo,
os técnicos responsáveis pela montagem ou manutenção do circuito eletrônico precisam conseguir
interpretar os diagramas eletrônicos para realizar com eficiência seus trabalhos, seja de montagem ou
de manutenção. A seguir, serão apresentadas algumas boas práticas que favorecem o resultado de um
esquemático apresentável e que podem ser aprimoradas a cada novo projeto.
a) Organizar as bibliotecas dos componentes
A aplicação para a qual o circuito está sendo desenvolvido é um fator que acaba por padronizar boa
parte dos componentes que serão utilizados num novo projeto, além de apontar a existência de um
estoque de componentes para o projeto, seja em uma empresa ou em um laboratório. Por exemplo, em
projetos eletrônicos para sistemas automotivos, é possível padronizar certos circuitos integrados, resistores,
capacitores e outros componentes que podem ser reunidos em uma biblioteca comum utilizada no projeto.
Esta organização será importante para a realização de novos projetos, tornando o desenvolvimento
mais eficiente e com menor probabilidade de erros, já que muitos componentes foram utilizados e
testados em projetos anteriores. Por se tratar de um recurso avançado e os recursos variarem bastante
conforme o software que está sendo utilizado, não serão apresentados maiores detalhes sobre a criação
de componente. É possível conhecer essas ferramentas através da leitura dos manuais de cada software.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 219 23/06/2017 10:11:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
220

b) Padronização dos modelos dos componentes


Os componentes podem possuir mais de um modelo de representação em um esquemático, conforme
diferentes convenções, como os modelos de resistores da biblioteca padrão do Altium apresentados na
figura seguinte. Padronizar os modelos que serão utilizados é um meio de organizar a planta e tornar mais
fácil a sua interpretação. Isso é valido também para os componentes que são criados em novas bibliotecas
pelo usuário.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 154 -  Tipos de resistores
Fonte: Altium Limited (2014)

No entanto, em projetos que utilizam tecnologias diferentes de componentes, por exemplo, resistores
com encapsulamento SMD e PTH na mesma placa, pode-se utilizar símbolos variados para identificar,
através dos esquemáticos, qual é o tipo de encapsulamento do componente. Da mesma forma, isso pode
ser feito para componentes cuja faixa de potência é muito diferente: resistores de ¼ W e resistores de 5
W podem possuir simbologias diferentes. Estas ações, se realizadas adequadamente, podem tornar um
esquemático mais organizado e facilitar sua compreensão por terceiros.
c) Dividir circuitos grandes em subcircuitos
Os circuitos maiores geralmente são compostos por áreas de circuitos que definem uma função
específica. Um aparelho de televisão, por exemplo, terá circuitos referente às fontes de alimentação, circuito
de recepção dos sinais das antenas, circuito de processamento da imagem, circuito do processamento do
som, circuito de comunicação de dados (Wi-Fi, Bluetooth etc.).

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
221

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 155 -  Plantas do projeto
Fonte: Altium Limited (2014)

Estes circuitos podem ser divididos em diferentes plantas em um mesmo projeto. Você viu na figura
anterior um exemplo desta organização utilizando a barra de projetos do software Altium. As ferramentas
disponibilizadas pelos softwares de leiaute costumam facilitar esse tipo de organização e divisão dos
circuitos, cada um tendo suas peculiaridades, como as apresentadas a seguir.
a) Padronizar o posicionamento dos parâmetros dos componentes
Ao inserir um componente na planta, é necessário informar os parâmetros técnicos do componente
que permite interpretá-lo adequadamente. Para isso, deve constar o identificador e o valor do parâmetro
principal, por exemplo, além do valor da resistência elétrica de um resistor. No caso de circuitos integrados,
é importante inserir o código do componente, facilitando a montagem manual dos componentes na placa
eletrônica.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 221 23/06/2017 10:11:22


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
222

Há casos em que a densidade de componentes em um setor do esquemático é elevada, e a leitura dos


parâmetros dos componentes pode ficar confusa ou até mesmo impossível. Para evitar que ocorram erros de
leitura, que podem ocasionar erros de montagem, é preciso padronizar a forma com que estes parâmetros
serão visualizados na planta. Os componentes, em geral, podem estar posicionados verticalmente ou
horizontalmente na planta do circuito, e é necessário determinar a posição das informações nestes dois
casos.
A figura, a seguir, mostra como pode ser feita essa padronização. Além da posição, é importante
padronizar o tamanho e o formato das letras e números.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 156 -  Posicionamento dos parâmetros
Fonte: Altium Limited (2016)

Na figura anterior, os identificadores não possuem nenhum padrão de direcionamento com relação aos
componentes. No capacitor C2, o valor do parâmetro está sobre o código do identificador. No Resistor R2
e Capacitor D3 um parâmetro está na horizontal e outro na vertical. E, assim por diante. A próxima figura
apresenta uma sugestão de padronização, que pode ser seguida para os componentes na vertical e na
horizontal.
Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 157 -  Posição adequada dos parâmetros: horizontal e vertical


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 222 23/06/2017 10:11:23


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
223

Observe que os identificadores ficam na posição superior. Aplicando essa organização ao circuito
exemplificado anteriormente, tem-se o ajuste conforme a figura que segue.

Ana Cristina de Borba (2016)


Figura 158 -  Ajuste do posicionamento dos parâmetros
Fonte: Altium Limited (2016)

O tamanho da fonte utilizada para escrever os dados é um requisito que precisa ser levado em
consideração: letras pequenas podem tornar difícil a leitura dos esquemáticos ou resultar em mau
entendimento. Por outro lado, letras muito grandes torna rebuscado o entendimento dos circuitos da
planta, ou seja, é preciso encontrar um tamanho adequado ao circuito e ao componentes no esquemático.
b) Representação das fontes
O sentido dos sinais que representam as fontes no esquemático pode ser padronizado conforme o
potencial dela. Fontes de potencial elétrico positivo são frequentemente representadas com a direção
para cima, enquanto que fontes com potencial elétrico negativo são anotadas com a direção para baixo. A
figura, a seguir, mostra a maneira adequada de representar as fontes.
Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 159 -  Posição das fontes


Fonte: SENAI (2016)

Note que o mesmo ocorre com os sinais de referência similar, ou seja, as fontes de potencial negativo.
Em alguns softwares os símbolos das fontes são representados como setas, o que torna ainda mais clara
esta representação, sendo as de potencial positivo voltadas para cima e as de negativos posicionadas com
sua direção para baixo. Essa prática facilita muito a interpretação dos circuitos, evitando equívocos na
alimentação dos componentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 223 23/06/2017 10:11:23


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
224

c) Indicar componentes que não são utilizados na montagem


Não são necessariamente todos os componentes de um esquemático montados na placa eletrônica
durante o processo de montagem. Por exemplo, um circuito de expansão de memória que só será
incorporado se houver uma necessidade futura, ou um resistor que tem a finalidade de funcionar como
uma conexão (jumper) em um caso específico.
É importante identificar, de algum modo, quais são esses componentes no esquemático. No Altium, é
possível inserir comentários através da ferramenta Text String, que pode ser acessada por meio do menu:
Place →Text String. Conheça, na figura, a seguir, uma forma de identificar um componente que não será
montado.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 160 -  Exemplo de resistor que não precisa ser montado


Fonte: Altium Limited (2016)

Por fim, é importante que você escolha um software que lhe seja acessível e pratique a elaboração de
esquemáticos utilizando as informações englobadas nesta seção. A leitura do manual é indispensável para
aprofundar os conhecimentos e dominar a ferramenta que está sendo utilizada. Os fabricantes auxiliam
neste progresso disponibilizando vídeos nos canais da internet que ensinam a utilizar funções específicas
do software. Essa sistemática é muito útil para estudantes e profissionais que estão buscando aprimorar
seus conhecimentos.

3.2.5 PROJETO DO LEIAUTE

O leiaute de um projeto é o desenho em duas dimensões e tem o objetivo de auxiliar a fabricação de


placas de circuitos eletrônicos. Este desenho serve para apresentar as informações importantes para o
processo de fabricação das placas, contendo a posição dos componentes, as ligações elétricas do circuito,
os encaixes estruturais, entre outras definições, que são relevantes para o processo de fabricação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 224 23/06/2017 10:11:23


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
225

Os esquemáticos dos circuitos eletrônicos de um projeto são pré-requisitos para a etapa de


desenvolvimento do leiaute. Eles devem estar bem documentados e conter o maior número de informações
relevantes, que podem se resumir a questões como: tamanho dos componentes, posição dos componentes,
dimensões, posição e tamanho de trilhas, vias e malhas, furações e encaixes.
As placas de circuito impresso são geralmente fabricadas a partir de placas de fenolite ou fibra de vidro,
com espessura padrão em torno de 1,6 mm. Podem conter uma ou mais camadas de cobre para fabricação
das trilhas dos circuitos.
O software Altium possui uma ferramenta chamada PCB Board Wizard, que facilita a edição de novos
projetos de placa eletrônica, função. Ela permite a seleção de uma variedade de formatos e tamanhos
padronizados para diversas aplicações. Contudo, a intenção dessa seção é apresentar o passo a passo na
elaboração de um leiaute. Saiba que um leiaute clássico é criado e desenvolvido a partir dos esquemáticos
integrados a um projeto.
O procedimento de inserção de um projeto de leiaute no software é similar à criação de um novo
esquemático. Clica-se com o botão direito do mouse sobre o projeto desejado e se seleciona a opção Add
New to Project → PCB. Em seguida, o arquivo é salvo na pasta do projeto com um nome apropriado. A figura
a seguir mostra esse procedimento e o seu resultado.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 161 -  Novo projeto de leiaute no Altium


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 225 23/06/2017 10:11:23


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
226

Para apresentar as etapas básicas para o desenvolvimento do leiaute por meio do uso de software, será
utilizado o circuito-exemplo da seção anterior, acrescido de alguns subcircuitos. De modo a exemplificar
a montagem de circuitos PTH e SMD, o circuito-exemplo proposto contém componentes das duas
tecnologias, que serão apresentadas nas figuras, a seguir.
O circuito foi dividido em duas plantas: a planta A, com circuito da fonte de alimentação (constituídos
de componentes de tecnologia PTH), e a B, que consiste no circuito que realiza as funções do projeto
(constituídos de componentes de tecnologia PTH e SMD, ou seja, uma placa híbrida).
O esquemático da planta A é apresentado na próxima figura. Leia, a seguir, que o circuito é dividido em
setores para facilitar a compreensão:
a) entrada de alimentação: possui o conector de entrada e o fusível de proteção;
b) saída externa: disponibiliza um conector de saída para utilizar a tensão contínua externamente, que
é controlável por meio do potenciômetro R4;
c) circuito da fonte de alimentação: possui o circuito retificador para converter a tensão alternada
para contínua, que resulta na tensão nomeada CC no esquemático;
d) fonte de alimentação interna: de + 5 Vcc para alimentar os circuitos auxiliares da Planta B.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 162 -  Esquemático de planta A – fontes de alimentação


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 226 23/06/2017 10:11:23


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
227

Por sua vez, a planta B possui os componentes do circuito que realizam funções lógicas específicas. A
figura, a seguir, apresenta o esquemático deste subcircuito. Acompanhe.
a) Um circuito de processamento constituído por um microcontrolador PIC12F508 tem o papel de
realizar tarefas com base em suas entradas.
b) As duas entradas digitais (zero ou um) são configuradas por meio de uma chave Dip-Switch com dois
contatos.
c) O circuito de saída possui dois LEDs e uma saída a relé na qual os terminais são disponibilizados
externamente através de um conector.

Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 163 -  Esquemático planta B – circuito lógico


Fonte: Altium Limited (2016)

O estudo apresentado na seção anterior sobre a elaboração de esquemáticos consiste, na etapa primária,
na elaboração de um desenho de leiaute, que auxilia na compreensão do desenvolvimento de leiaute
da placa de circuito eletrônico. Estes passos são sintetizados, a seguir, com o auxílio do circuito-exemplo
mencionado e explicitado anteriormente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 227 23/06/2017 10:11:24


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
228

TAMANHO E FORMATO DA PLACA ELETRÔNICA


O tamanho e o formato de uma placa de circuito impresso podem ser configurados conforme a
necessidade estrutural do projeto. Quando existem condições mecânicas impostas pela aplicação, estas
podem impor limitações para a configuração destes parâmetros. Após ter criado o leiaute de PCB, na Barra
de projetos do Altium, uma placa com dimensão padrão é criada. Para editar o tamanho e o formato, segue-
se o procedimento:
a) selecionar a placa na Barra de projetos;
b) configurar a unidade de dimensão: métrico (em milímetros) ou imperial (em polegadas): No caso
do Altium, basta pressionar a tecla Q para trocar o tipo de unidade utilizada;
c) acessar a ferramenta de edição de tamanho: no caso do Altium, é preciso pressionar a tecla 1, do
teclado alfanumérico, para em seguida selecionar, por meio da Barra de Menu, a função Design→Move
Board Shapes (mover a forma da placa) ou Design→Redefine Board Shapes (redefinir a forma da placa).
No primeiro caso, é possível alterar o tamanho da placa existente. No segundo, é possível redefinir
toda a placa (tamanho e formato). Utilizando a primeira opção, basta selecionar as bordas da placa
com o mouse e arrastá-la até a posição desejada.
Quando se seleciona uma das opções para redimensionar a placa, as bordas da placa são destacadas
pelo software de leiaute, permitindo arrastar os cantos da placa com o uso do mouse de modo a modificar
o tamanho da placa, conforme mostra a figura a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 164 -  Definição do tamanho da placa de circuito impresso - Altium


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 228 23/06/2017 10:11:24


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
229

Observe que o software possui um visor semitransparente no canto superior esquerdo da área de
trabalho, que informa as coordenadas do mouse. A partir desta referência, é possível determinar o tamanho
da placa. As distâncias se baseiam em um ponto de referência que pode ser posicionado pelo usuário em
qualquer lugar interno ou externo na placa. Para determinar o ponto de referência, é preciso selecionar
a função por meio da barra de menu Edit→Origin→Set (Editar→Origem→Fixar) e posicionar a referência
no ponto desejado. Feito isso, todas as distâncias serão informadas com base neste ponto. Finalizada esta
etapa, é preciso pressionar a tecla 2, do teclado alfanumérico, para retornar à função do design de leiaute.

CAMADAS DA PLACA E ESPESSURA DAS TRILHAS


As ligações dos circuitos são realizadas através das trilhas de cobre na superfície superior e inferior da
placa eletrônica. Existem placas mais simples que só possuem camada de cobre em um dos lados (lado
inferior). Contudo, neste livro, serão estudadas as placas que possuem trilhas nas duas camadas, sendo
possível rotear trilhas7 (ligações do circuito) em ambos os lados. No caso de projetos mais complexos, que
possuem muitos circuitos e conexões, deve-se fabricar placas que tenham mais de duas camadas.
Os softwares de leiaute permitem que o usuário selecione em qual camada da placa a conexão elétrica
que está sendo criada será roteada. No Altium, é possível selecionar a camada desejada em um menu
simplificado que aparece no canto inferior da área de trabalho, quando se trabalha com um projeto de
leiaute (PCB Project). As principais camadas são:
a) camada superior (Top Layer): trilhas de cobre da superfície superior, lado onde estão os compo-
nentes do circuito;
b) camada inferior (Bottom Layer): lado em que são realizadas as soldas dos componentes PTH;
c) camada de corte (Keep-Out Layer): define os cortes da placa;
d) camadas de cevestimento (Top Overlay e Bottom Overlay): é a camada de serigrafia da placa, onde
são estampados os identificadores dos componentes, as divisões que são traçadas para organizar os
componentes, desenhos que são inseridos etc.
No Altium, é possível visualizar cada camada da placa através do menu inferior identificado por diferentes
cores. A próxima figura apresenta esse menu do software, em que a camada superior da placa (Top Layer)
é representada pela cor vermelha. Assim, todas as trilhas, ilhas ou malhas realizadas nesta camada serão
representadas na placa pela cor vermelha. A trilha inferior da placa (Bottom Layer) é representada pela cor
azul, e assim por diante.
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 165 -  Camadas das placas do projeto (layers)


Fonte: Altium Limited (2016)

7 Consiste em conectar um ponto do circuito a outro por meio de uma ligação elétrica.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 229 23/06/2017 10:11:24


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
230

A espessura das trilhas pode ser alterada na tela Layer Stack Manager, que é acessada pela barra de
menu em Design→Layer Stack Manager.
Na sequência, tem-se a tela de configuração das camadas da placa onde você deve verificar e configurar
a espessura da camada de cobre, inserir novas camadas, alterar as já existentes, assim como outras
configurações referente à estrutura da placa de circuito impresso.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 166 -  Configuração das camadas da placa
Fonte: Altium Limited (2016)

Antes de inserir os componentes do esquemático do circuito no leiaute, é preciso determinar e configurar


todos os encapsulamentos que serão utilizados na placa eletrônica.

ENCAPSULAMENTO DOS COMPONENTES


No momento de desenhar o leiaute do circuito eletrônico, deve-se conferir, no catálogo, os dados
mecânicos do componente, ou seja, é preciso conferir se os modelos disponibilizados pelo software são
coerentes com os componentes reais. Desconsiderar esta análise é uma fonte comum de erros na fabricação
de placas de circuito eletrônico.
Sem esta análise, no momento da montagem dos componentes, estes erros são identificados
tardiamente, uma vez que não são compatíveis ou a placa utiliza uma sequência de pinos inadequados
com relação à sequência real do componente. Portanto, deve-se tomar as precauções necessárias durante
o desenvolvimento do projeto de leiaute.
No Altium, para o projeto de leiaute, é preciso que todos os componentes do esquemático possuam um
tipo de encapsulamento (Footprint8) configurado. Para conferir ou configurar essa informação, é preciso
selecionar as propriedades do componente clicando duas vezes com o botão esquerdo do mouse sobre
o componente, ou clicando com o botão direito sobre o componente e selecionando a opção Properties.

8 É um termo em inglês que corresponde ao encapsulamento do componente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 230 23/06/2017 10:11:24


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
231

Feito isso, aparecerá uma tela que contém os dados do componente selecionado.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 167 -  Encapsulamento dos componentes
Fonte: Altium Limited (2016)

Este exemplo trata de um capacitor. No canto inferior, à direita da tela de propriedade, existe um
quadro de opções chamado Models (Modelos) onde é possível adicionar ou remover encapsulamentos
do componente (Footprint). Pode-se inserir vários tipos de encapsulamentos para o mesmo componente,
mas somente um deve estar ativo de modo que o software entenda qual deles será utilizado no leiaute.
Utilizando o botão Add (Adicionar), é possível adicionar novos encapsulamentos navegando pelas
bibliotecas integradas ao projeto.

POSICIONAMENTO DOS COMPONENTES


Existem inúmeras formas de distribuir os componentes em uma placa eletrônica. Uma distribuição pode
conter vários fatores, nos quais alguns deles são priorizados perante outros dentro do mesmo circuito,
conforme as necessidades e limitações do projeto. Alguns dos fatores mais comuns na execução de um
leiaute de circuito impresso serão explanados individualmente a seguir. Cabe ao projetista do leiaute saber
definir quais são mais importantes em cada caso.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 231 23/06/2017 10:11:24


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
232

Superfície de montagem dos componentes


Os componentes podem ser inseridos e montados em um ou nos dois lados da placa de circuito.
São mais frequentes os circuitos eletrônicos cujos componentes são montados somente em uma única
superfície (superfície superior), por se tratar de uma solução de fabricação industrial mais eficiente e mais
barata. Contudo, existem casos que é interessante montar componentes em ambas as superfícies, o que
pode economizar área de placa, por exemplo, no caso de uma aplicação em que o tamanho seja uma
limitação prioritária.

Distribuição para otimizar a distância das trilhas


As trilhas em placas eletrônicas agem como condutores em cabos elétricos. Como qualquer meio
condutor, possuem um valor de resistência elétrica que varia conforme seu tamanho e dimensões.
Trilhas mais finas ou mais longas têm maior valor de resistência elétrica. A resistividade de um condutor
é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à área de sua seção. Logo,
quanto menor a espessura de uma trilha, menor a área (altura x espessura), consequentemente maior a
resistência elétrica da trilha. Por outro lado, quanto maior o comprimento da trilha, maior também a sua
resistência elétrica.
No projeto de um leiaute de circuito eletrônico, é importante minimizar o tamanho destas trilhas
de modo a reduzir as perdas elétricas no circuito. Além disso, trilhas mais compridas estão sujeitas a
maior interferência eletromagnética do meio, consomem maior área da placa e tornam o circuito mais
embaraçado.
A figura, a seguir, mostra duas soluções para o mesmo circuito.

A B
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 168 -  Distribuição dos componentes no leiaute (A). distribuição otimizada dos componentes no leiaute (B).
Fonte: Altium Limited (2016)

O posicionamento dos componentes deve prezar por otimizar o roteamento das trilhas, utilizando
menor área de cobre possível. Note, na figura anterior, que o roteamento das trilhas na figura à direita é
mais adequado dentro do que está sendo recomendado e proposto, ou seja, as trilhas são mais curtas,
possuem menos curvas e são melhor distribuídas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 232 23/06/2017 10:11:25


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
233

Distribuição em subcircuitos
Outra forma de ordenar os componentes é por meio dos subcircuitos onde cada componente está
inserido. É conveniente que esta organização seja elaborada e planejada na etapa de desenvolvimento dos
esquemáticos.
Tem-se como exemplo o aparelho de televisão utilizado na seção anterior, em que os circuitos de som
e imagem podem estar localizados próximos um do outro, de modo a facilitar a ligação elétrica com os
conectores da televisão. O circuito de fonte de alimentação, de outro modo, poderia estar localizado na
parte inferior do circuito eletrônico, acondicionando os componentes mais pesados próximos dos suportes
de fixação, além de colaborar para manter a estrutura da TV mais estável.

Distribuição por faixa de potência consumida


Distribuir os componentes e circuitos por faixa de potência é uma ação muitas vezes necessária. Essa
prática precisa ser levada em consideração especialmente em circuitos que possuem trilhas, que conduzem
elevados níveis de corrente ou tensão, e em componentes que aquecem muito.
Separar trilhas de potência e comando (com sinais de sensores, sinais digitais, sinais de comunicação,
entre outros) é essencial para o funcionamento adequado dos circuitos mais sensíveis. Portanto, não é
equívoco isolar os componentes que possuem maior estresse térmico e elétrico (transistores, fontes
lineares, resistores de carga etc.), mantendo-os o mais longe possível de componentes como processadores,
memórias, circuitos lógicos, resistores de precisão, comparadores, sensores etc.

Circuito-exemplo
A próxima figura mostra uma possível organização dos circuitos para o circuito-exemplo. Para praticar,
em seguida, serão apresentadas algumas ações no Altium para transportar os componentes do esquemático
para o leiaute e a organização dos componentes.

Saída
Circuito Circuito Lógico LEDs
Lógico

Circuito de Fonte de Saídas de


Entradas
tensão ajustável Fonte
Sabrina Farias (2016)

Figura 169 -  Organização do circuito-exemplo


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 233 23/06/2017 10:11:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
234

Para a distribuição dos componentes do circuito-exemplo desta seção, os seguintes critérios foram
impostos:
a) componentes montados somente na superfície superior;
b) separar circuito de potência (fontes de alimentação) dos demais subcircuitos;
c) entradas localizadas no lado esquerdo da placa;
d) saídas localizadas no lado direito da placa.
No Altium, para transferir os componentes do esquemático do circuito para o projeto de leiaute, é preciso
utilizar a opção Design→Update Schematic in ####.PrjPcb. O campo #### possui o nome do arquivo da placa
de circuito impresso (PCB Project) que é arquivado no computador. Os componentes serão disponibilizados
em um campo externo da placa de circuito, conforme é possível visualizar na próxima figura.
Como o circuito-exemplo possui duas plantas, o software trata de separar os componentes por setores
chamados Rooms (Quartos), apresentados pelos quadros vermelhos, na figura, a seguir, e que contém os
componentes de cada planta.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 170 -  Componentes inseridos no leiaute


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 234 23/06/2017 10:11:25


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
235

É possível arrastar os componentes para a posição desejada com a utilização da função clicar-arrastar
do botão esquerdo do mouse.
A figura seguinte mostra os componentes do circuito-exemplo posicionados. Na parte inferior, estão
posicionados os componentes do circuito de alimentação, e, na superior, os componentes do circuito
lógico, que tem como finalidade executar as funções do circuito.

CIRCUITO
LÓGICO

CIRCUITOS DE
ALIMENTAÇÃO

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


ENTRADA SAÍDA

Figura 171 -  Componentes organizados no leiaute


Fonte: Altium Limited (2016)

Durante qualquer etapa de um projeto eletrônico, deve-se estar atento às limitações reais do projeto e
ter em mente as necessidades da aplicação. Para o posicionamento dos componentes, esse raciocínio não
é diferente, é preciso responder a algumas questões: a organização dos componentes está adequada à
aplicação e ao local onde a placa será instalada? A altura disponível para instalar os componentes em uma
dada região da placa é compatível com a altura dos componentes utilizados? Devido à aplicação, existem
regiões que naturalmente aquecem mais do que outras? Todos esses fatores serão determinantes para o
posicionamento e a direção dos componentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 235 23/06/2017 10:11:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
236

AJUSTES E ROTEAMENTO DAS TRILHAS


A distribuição dos componentes é importante para definir as macrorregiões que caracterizam cada
circuito da placa, especificando a localização das entradas e saídas, os pontos de fixação, entre outras
funcionalidades do circuito. O passo seguinte é focar nos detalhes do posicionamento de cada componente
dentro da região que foi estabelecido, para que os componentes fiquem alinhados com os seus pares.
Conheça, a seguir, exemplos de resistores que são posicionados alinhadamente.
Considere que a figura da esquerda é o leiaute da placa apresentada à direita, após a montagem.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 172 -  Resistores alinhados simetricamente
Fonte: Altium Limited (2016)

Alguns cuidados:
a) observe muito bem a polaridade dos diodos de retificação, dos diodos de proteção, do diodo Zener
e dos capacitores eletrolíticos;
b) tome cuidado na ligação do potenciômetro. Se houver inversão, a fonte fornecerá tensão total logo
que é ligada, o que não é correto. Inverta os fios dos extremos;
c) use bornes de cores diferentes para a saída retificada e controlada, vermelho (+) e preto (-) são as
cores tradicionais.
Resolvida a questão do ajuste final da posição dos componentes e dos seus identificadores, pode-se
passar para a etapa seguinte de roteamento das trilhas, cujo procedimento pode ser dividido em alguns
passos relevantes para o projeto.

Roteamento de trilhas
Os softwares de leiaute, em geral, permitem a configuração de regras ou padrões de roteamento para o
projeto. Muitos deles permitem o roteamento automático de componentes, incluindo o Altium, que possui
um quadro de regras configurado para esta finalidade. Contudo, essas regras são benéficas também para
o roteamento manual, porque auxiliam na identificação de inconsistências do projeto, pois toda vez que
uma regra é violada, o circuito sinaliza que ocorreu um problema.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 236 23/06/2017 10:11:25


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
237

Espessura das trilhas


Conforme citado anteriormente, as trilhas possuem uma resistência própria, e, como um resistor, sofrem
aquecimento por efeito joule. Portanto, a espessura de uma trilha deve ser escolhida conforme o nível de
corrente elétrica eficaz que precisará fluir neste caminho. O valor máximo de capacidade de condução
varia conforme a temperatura. O dimensionamento das trilhas deve ser compatível com o tamanho dos
componentes, além da tensão e correntes a que estes estarão sujeitos.
O Altium permite escolher uma espessura padrão para roteamento manual do circuito. Toda vez que
uma trilha for desenhada, o software utiliza este valor padrão de espessura. Para realizar esta configuração,
deve-se acessar a barra de menu Design→Rules e na tela de configuração de regras selecionar a opção
Design Rules→Routing→Width (Regras→Roteamento→Espessura). Note que para esta opção é possível
configurar o valor preferido de espessura (Preferred Width), assim como os valores máximo e mínimo para
o projeto. Você confere na próxima figura o processo descrito.

Espessura
padrão

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 173 -  Configuração da espessura da trilha


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 237 23/06/2017 10:11:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
238

Nos casos em que não se prevê grande concentração de trilhas e componentes em certas regiões da
placa eletrônica, é recomendável utilizar tamanhos maiores de espessura e de espaçamento entre trilhas,
especialmente naquelas em que as passagens de corrente elétrica serão maiores.

Espaçamento entre ilhas e trilhas


Outro fator referente ao dimensionamento de trilhas é o espaçamento mínimo que é definido entre
elas e as ilhas dos circuitos. É necessário um espaço de isolação entre as trilhas, de modo que não ocorra
nenhum curto-circuito. Neste aspecto, é importante lembrar que as placas eletrônicas acumulam poeira e
sujeiras que diminuem a isolação entre as trilhas.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 174 -  Configuração das distâncias limites


Fonte: Altium Limited (2016)

As ilhas são os pontos onde são soldados os componentes. Elas podem ser perfuradas, para o caso de
componentes de tecnologia PTH, ou em forma de lâmina de cobre, cobrindo somente uma única camada
da placa eletrônica, como é o caso de componentes SMD. É possível configurar a distância mínima entre as
ilhas e as trilhas. Para isso, deve-se acessar a tela de configuração das regras, na Barra de Menu Design→Rules,
e escolher a opção 0 Rules→Electrical→Clearance. A figura anterior apresenta esta janela de configuração.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 238 23/06/2017 10:11:26


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
239

Direção das trilhas


As trilhas podem ser projetadas em diversas direções, porém é aconselhável que o roteamento de trilhas
seja, assim como a distribuição dos componentes, o mais simétrico possível. Essa organização favorecerá
não somente a aparência do circuito eletrônico, mas contribuirá também para melhorar o comportamento
elétrico do circuito. Portanto, é preciso evitar curvas e desvios desnecessários.

Ângulo de curvas das trilhas


A espessura constante de uma trilha ao longo de seu comprimento é um fator relevante para garantir
a uniformidade das características elétricas dela. De outro modo, mudanças repentinas na espessura da
trilha podem ser fontes de ruídos elétricos ou ocasionar pontos de alta resistência elétrica, possivelmente
tornando-se pontos quentes no circuito. Observe as duas figuras na sequência.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 175 -  Configuração dos ângulos das trilhas


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 239 23/06/2017 10:11:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
240

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 176 -  Ângulo das trilhas no leiaute
Fonte: Altium Limited (2016)

As duas figuras anteriores apresentam a configuração do ângulo de trilhas, que, no Altium, é acessado
por meio da barra de menu Design→Rules, na opção Design Rules→Routing→RoutingCorners (Roteamento
dos cantos).
A curvatura ideal de uma trilha, de modo a não alterar sua impedância, é uma curvatura arredondada
que mantenha a espessura constante. No entanto, na prática, devido aos processos de fabricação das placas,
aconselha-se utilizar curvas de 45° e evitar curvas muito próximas de 90°, as quais alteram consideravelmente
a impedância da trilha, podendo ocasionar o aumento de interferência eletromagnética no circuito.

Roteamento manual
O roteamento manual no Altium pode ser realizado utilizando as ferramentas na barra de ferramentas
do projeto de leiaute. As mais importantes deste menu são apresentadas a seguir:
a) Interactively Route Connections: ferramenta para traçar as trilhas individualmente;
b) Place Pad: ferramenta para inserir ilhas isoladas na placa;
c) Place Via: ferramenta para inserir vias. Quando se deseja rotear uma trilha pela superfície inferior e
superior, pode-se utilizar essa ferramenta para fazer a interligação da trilha entre as duas superfícies;
d) Place Fill: permite criar lâminas de soldagem nas superfícies da placa;
e) Place Component: permite inserir novos componentes no leiaute sem a necessidade de estar inseri-
dos no esquemáticos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 240 23/06/2017 10:11:26


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
241

Observe o botão de cada uma dessas ferramentas na figura, a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 177 -  Menu de ferramentas de roteamento do Altium
Fonte: Altium Limited (2016)

Há softwares de leiaute, como o Altium, que permitem o roteamento automático de trilhas da placa
eletrônica por meio das configurações de regras de roteamento que definem as prioridades para o processo
automatizado. Mais informações sobre esta função podem ser obtidas no manual do software.

Roteando trilhas
Para criar as trilhas de uma placa de circuito eletrônico no Altium, é preciso escolher a função
Interactively Route Connections, localizada na barra de ferramentas, e realizar o procedimento apresentado
e exemplificado a seguir.
a) Selecionar a camada da placa que, a trilha será realizada. (Observe, na figura, que a trilha é criada na
camada inferior Bottom Layer, em azul);
b) Clicar com o botão esquerdo do mouse sobre a ilha do componente, que se deseja criar a trilha;
c) Direcionar a trilha pelo caminho desejado até o destino;
d) Clicar na ilha de destino.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 241 23/06/2017 10:11:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
242

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 178 -  Roteamento de trilha na parte inferior da placa (Bottom Layer – cor azul)
Fonte: Altium Limited (2016)

O software utiliza a última espessura configurada. Neste caso, é possível alterar a espessura da trilha
clicando com o botão direito sobre a trilha desejada e escolher a opção para alterar as propriedades
(Properties). Na janela de configurações da trilha (Track), altere o valor da espessura (Width), conforme
desejado para o projeto.
É possível redirecionar a trilha para outra camada durante seu percurso. Para isso, selecione a ferramenta
Place Pad (Inserir ilha) para criar um ponto de destino para a trilha. Em seguida, trace uma trilha iniciando
neste ponto até o destino final desejado, por exemplo, a trilha traçada a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 242 23/06/2017 10:11:26


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
243

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 179 -  Mudando a camada de roteamento de uma trilha
Fonte: Altium Limited (2016)

No caso do Altium, assim como boa parte dos softwares de leiaute, as trilhas de um circuito que não
foram roteadas são visíveis por linhas finas ou pontilhadas, informando ao projetista que elas precisam
ser realizadas, conforme você pode visualizar na figura, a seguir. Esta ferramenta auxilia na execução do
projeto, assim como evita que trilhas sejam esquecidas no caminho.

Indicação de
ligações necessárias
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 180 -  Trilhas não traçadas


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 243 23/06/2017 10:11:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
244

Uma dica é usar o roteamento manual, ou seja, utilizar um computador que possua dois monitores.
Neste caso, o esquemático do circuito traçado pode ser visualizado em uma das telas enquanto o leiaute é
desenvolvido na outra. No caso de não existir a disponibilidade de duas telas, imprime-se o esquemático
para facilitar o entendimento das ligações elétricas do leiaute sem precisar necessariamente navegar entre
a tela de leiaute e a tela de esquemáticos.

Furação
A furação em placas é algo frequente, especialmente com o propósito de proporcionar a fixação da
placa no local onde o circuito será instalado. Mas, a furação é necessária, muitas vezes, para inserir outros
componentes.
No Altium, para inserir furação na placa, é possível utilizar a ferramenta Place Pad. Deve-se selecionar
esta ferramenta na barra de ferramentas do projeto de leiaute, para em seguida inserir o componente na
posição desejada, dentro da placa de circuito impresso. É pertinente fazer bom uso das coordenadas do
circuito, que são apresentadas no visor lateral, para posicionar os componentes com a distância correta em
relação à referência imposta.
A furação pode ser inserida no circuito-exemplo através desta ferramenta. Considere que é necessário
inserir quatro furos de 3,0 mm de diâmetro, com distância de 5,08 mm das bordas inferior e lateral esquerda.
Leia, a seguir, o procedimento no Altium e veja a figura com o processo.
a) Impor a referência no canto inferior da placa. Para isso, selecione Edit→Origin→Set e clique no ponto
desejado no circuito.
b) Selecione, na Barra de ferramentas, a opção Place Pad, e, em seguida, oriente-se com base no visor de
coordenadas da área de trabalho.
c) Clique duas vezes sobre a ilha (Pad) para abrir a tela de configurações deste item. O campo hole
size permite configurar o diâmetro da furação, enquanto que o os campos X-Size e Y-Size permitem
configurar o tamanho da ilha de cobre.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 244 23/06/2017 10:11:27


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
245

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 181 -  Configuração de ilhas (Pads)
Fonte: Altium Limited (2016)

Quando se deseja inserir uma ilha sem furação na placa eletrônica, como uma ilha para um componente
SMD, é possível utilizar o mesmo procedimento escolhendo a camada da placa, ou seja, o Layer, na opção
Layer.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 245 23/06/2017 10:11:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
246

Conferência de distâncias
Para conferir medidas, é possível utilizar a régua de medição, que é acessada na barra de menu:
Reports→Measure Distance.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 182 -  Medição de distâncias no leiaute


Fonte: Altium Limited (2016)

Escolhida esta ferramenta, é preciso selecionar dois pontos no circuito, e a distância entre eles será
expressa automaticamente, conforme mostra a figura anterior.

Identificação do circuito na placa


Identificar o circuito na placa é uma prática comum e útil, pois estampa o código do projeto na placa
de circuito eletrônico. No futuro, podem ocorrer modificações no circuito que requeiram alterações na
placa projetada e na fabricação de novos modelos. Por isso, a codificação da placa auxiliará para que os
diferentes modelos possam ser identificados de modo que as placas não sejam confundidas.
Essa estampa pode ser realizada na camada Over Top Layer (Camada de Serigrafia) do projeto da placa
eletrônica. No Altium, seleciona a função Place String (Inserir Texto), na barra de ferramentas de roteamento,
para digitar um texto sobre a placa.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 246 23/06/2017 10:11:27


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
247

A figura, a seguir, mostra essa estampagem.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 183 -  Identificação do circuito na placa de circuito impresso
Fonte: Altium Limited (2016)

Por fim, insira outras estampas informando a polaridade de ligações, os subcircuitos da placa e outras
informações que possam ser convenientes para cada circuito. A figura, a seguir, apresenta a placa-exemplo
após o roteamento e detalhamento.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Leiaute finalizado Leiaute após montagem

Figura 184 -  Leiaute após roteamento e montagem


Fonte: Altium Limited (2016)

De acordo com figura à direita, o leiaute pode ser apresentado por meio de modelos tridimensionais.
O procedimento para inserir componentes 3D no leiaute do projeto é encontrado no menu de ajuda, do
software. O desenvolvimento de um leiaute é finalizado com a geração da lista de materiais necessários para
montagem da placa. Quanto maior o número de informações coletadas e registradas de cada componente,
mais facilmente será realizado o processo de cotação e aquisição de componentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 247 23/06/2017 10:11:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
248

Lista de componentes
Gerar a lista de componentes é importante para muitas atividades dentro de um projeto de circuito
eletrônico, dentre as quais cita-se:
a) aquisição de materiais e componentes eletrônicos;
b) suporte à montagem dos componentes;
c) histórico do projeto;
d) elaboração de relatório técnico.
A ferramenta do Altium permite a geração da lista de materiais, que é acessada na barra de menu, na
opção Reports→Bill of Materials. Uma tela de configuração chamada Bill Of Material for PCB Document
permite selecionar quais os parâmetros importantes para esta lista.
Dados como descrição (Description), identificador (Designator), comentários (Comments),
encapsulamento (Footprint), entre muitas outras informações podem ser selecionados no menu de seleção,
que aparece no canto esquerdo (All Columns) da tela de configuração da lista de materiais.
À medida que são selecionados os comandos, as opções aparecem na planilha, conforme apresenta
a próxima figura. Observe que as colunas podem ser reordenadas, selecionando e arrastando as colunas
para a ordem desejada.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 185 -  Lista de materiais


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 248 23/06/2017 10:11:28


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
249

Por fim, configuradas as informações, é necessário escolher o tipo de arquivo de saída. Para isso, escolha
a opção desejada, na lista File Format. Em seguida, clique no botão Export, e, por fim, escolha o local onde
o arquivo será salvo.
Na próxima seção, você aprenderá como é realizada a confecção de protótipos das placas projetadas em
laboratório por meio de processos manuais, ou através do envio de informações para fabricantes externos,
que utilizam um processo industrial para fabricação das placas eletrônicas. Acompanhe.

3.3 CONFECÇÃO DE PROTÓTIPOS

Nesta seção, você estudará as etapas práticas do projeto de um circuito eletrônico. Considerando que
o projeto já passou pela validação do seu conceito inicial, pelas etapas de cálculos, dimensionamento e
simulação dos circuitos e subcircuitos. Além disso, os circuitos eletrônicos precisam ser testados e validados
em condições reais de funcionamento.
Durante a elaboração prática, muitos problemas que não foram cogitados podem vir à tona e prejudicar
o andamento do projeto. Portanto, o projetista precisa planejar adequadamente o cronograma de
atividades, que o norteará e evitará os erros. A seguir, são apresentadas algumas atividades gerais, que
podem ser aprofundadas e estudadas detalhadamente em cada projeto em específico.
Conheça, a seguir, as etapas práticas e de desenvolvimento a respeito da confecção de protótipos:
a) testes dos circuitos em bancada;
b) desenvolvimento do leiaute da placa eletrônica;
c) confecção da placa eletrônica;
d) montagem de componentes na placa eletrônica.
A proposta do item (a) ajuda a antever erros e falhas que não foram observados no dimensionamento e
simulação. Uma maneira coerente para amenizar os defeitos de projeto em uma placa de circuito eletrônica
é a realização de testes em bancada, de modo a validar os circuitos que foram projetados e simulados em
computador.
Agora, conheça as duas técnicas que permitem os circuitos ou subcircuitos serem desenvolvidos,
montados e testados em bancada para uma validação real, antes de realizar a etapa de confecção dos
circuitos. A mais utilizada é o teste de circuitos em protoboard (matriz de contato), e a outra técnica é a
chamada wire wrapping, menos usada devido à menor praticidade.
O item (b) trata da prototipagem em que é preciso realizar o desenvolvimento do leiaute do circuito
eletrônico, que é elaborado com a utilização de um software (CAD eletrônico) para o projeto de leiautes
eletrônicos, como os apresentados anteriormente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 249 23/06/2017 10:11:28


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
250

Este desenvolvimento consiste na definição do tamanho, espessura e do formato da placa eletrônica,


quantidade de camadas, o posicionamento de cada um dos componentes, a posição e o formato das trilhas
ou condutores responsáveis pelas conexões elétricas entre os componentes, organização dos componentes
e geração de lista de materiais, além de outras etapas que são essenciais para confecção do protótipo.
A proposta do item (c) é a construção do protótipo. A respeito da confecção da placa eletrônica do
protótipo, serão apresentadas duas técnicas comuns. A primeira trata da fabricação de circuitos em placa
padrão, que é uma forma caseira de confecção. A segunda, e mais profissional, é a técnica de confecção em
placas de circuito impressos, que podem alcançar diversos graus de complexidade conforme as limitações
dos processos industriais de fabricação.
A proposta do item (d) após a fabricação da placa é que se deve montar os componentes. Para isso
existem técnicas que facilitam essas atividades, assim como o uso adequado das ferramentas. Além das
etapas e métodos, é importante estudar e aprender as ferramentas, acessórios, equipamentos de segurança
e os equipamentos de medição que são essenciais para a realização de todas as atividades apresentadas.
Na sequência, será apresentado um apanhado geral das ferramentas e dos instrumentos de medição.

3.3.1 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

Está na hora de começar a mencionar os aspectos construtivos e práticos da fabricação e montagem


de circuitos eletrônicos. O primeiro passo é conhecer os equipamentos básicos para trabalhar em um
laboratório de eletrônica, especialmente se você vai passar longas horas exercendo este tipo de atividade
de maneira segura e minimizando os riscos que podem afetar sua saúde. Os equipamentos usualmente
encontrados em um laboratório de eletrônica são citados e comentados a seguir. Acompanhe.
a) Jaleco, luvas e óculos de proteção
A vestimenta adequada é um EPI básico de um laboratório de eletrônica. É preciso proteger partes do
corpo que ficam mais expostas a acidentes e queimaduras e as roupas contra as sujeiras. Por exemplo,
o pingo de solda é algo comum em uma bancada de montagem de circuitos eletrônicos. As luvas são
essenciais no momento de utilizar produtos químicos, como durante a limpeza ou nas atividades de
corrosão de placas.
O uso dos óculos de proteção é indispensável. Durante a montagem, quando terminais de componentes
são cortados com o alicate, pode acontecer de partes excedentes destes terminais voarem em direção aos
olhos. Durante os testes, quando os componentes de um circuito queimam, devido a um curto-circuito por
exemplo, podem ser gerados estilhaços que atinjam os olhos.
Além da proteção humana, é comum a utilização de luvas e jalecos produzidos com materiais
antiestáticos em laboratório de eletrônica para minimizar as descargas eletrostáticas que atingem os
circuitos e componentes eletrônicos. Essa é uma causa comum da queima e de defeitos de componentes
semicondutores, especialmente aqueles mais delicados que trabalham com pequenos sinais de energia.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 250 23/06/2017 10:11:28


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
251

Veja, na figura, a seguir, os itens citados.

iStock ([20--?])
Figura 186 -  Luva, jaleco e óculos de proteção

b) Recursos de iluminação
Trabalhar com eletrônica requer muita atenção, especialmente quando os componentes são minúsculos.
Essa é uma atividade constante e de tempo prolongado que requer muito esforço visual e uma iluminação
adequada é essencial.
No Brasil, existe a norma NR5413, de 1992, que trata dos valores recomendados de iluminação para
diversos ambientes, incluindo a indústria e serviços laboratoriais. Além da iluminação ambiente, é possível
utilizar luminárias e lupas que são instaladas diretamente nas bancadas de trabalho.
iStock ([20--?])

Figura 187 -  Iluminação de bancada

A figura anterior mostra um modelo de luminária que contém lupa flexível, sendo utilizada em
laboratório de eletrônica.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 251 23/06/2017 10:11:43


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
252

c) Exaustor de fumaça e máscaras


O técnico que trabalha em bancada de eletrônica deve estar atento às situações que possam afetar
sua saúde a curto ou longo prazo. A absorção constante de fumaças químicas é um dos fatores. Portanto,
o colaborador deve evitar ficar diretamente exposto à fumaça. Esta ação pode prevenir problemas, como
dores de cabeça, náuseas e irritações. Saiba que a qualidade do ar é fator importante para a saúde e para o
bem-estar do trabalhador.
A inalação constante de fumaça proveniente do derretimento de produtos químicos pode ser evitada
através da utilização de máscara protetora ou do uso de exaustor de fumaça específico para laboratórios
de eletrônica. Conheça, na figura, a seguir, um modelo de exaustor.

Sabrina Farias (2016)

Figura 188 -  Exaustor de fumaça para bancada


Fonte: SENAI (2016)

O exaustor de fumaça deve sugar e filtrar a fumaça antes de lançá-la novamente ao ambiente. Esta
filtragem é realizada por filtros de espuma de uretano, que possui carbono ativado para absorção.
Um ambiente limpo, seguro e com boa iluminação apresenta as condições ideais, pois auxiliam na
realização eficiente de uma tarefa, na qualidade do serviço realizado e na qualidade de vida do colaborador.
Outro fator importante que agrega nos resultados são as ferramentas disponíveis para o trabalho, pois,
em eletrônica, existem muitas ferramentas que são específicas para montagem e manutenção de circuitos.
É muito difícil realizar a solda de componentes em uma placa eletrônica sem um aparelho de solda que não
possua as ponteiras adequadas para o serviço, ou sem um suporte de placa que permite a flexibilidade no
momento da montagem.
Existem ferramentas que podem ser essenciais dependendo do tipo de processo que está sendo
realizado, seja na fabricação de uma placa padrão ou na montagem de um circuito SMD. Algumas das
principais ferramentas serão apresentadas nesta seção, para que você conheça as características, limitações
e a forma correta de manuseio de cada uma delas. Além disso, é importante estar ciente das necessidades
em realizar as atividades com capricho e cuidado, prezando sempre pela limpeza e pelo armazenamento
correto dessas ferramentas e equipamentos. Essa prática aumenta a vida útil dos equipamentos e
ferramentas, afinal a sujeira e a falta de cuidado podem tornar obsoletas as ferramentas em um período
curto de tempo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 252 23/06/2017 10:11:44


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
253

d) Manta antiestática
A manta estática é utilizada para evitar excesso de descargas eletrostáticas nos componentes eletrônicos.
Esta manta possui um fio de aterramento que é ligado ao sinal do terra da instalação elétrica do laboratório.
Além disso, tem-se a pulseira antiestática, que é conectada no braço do técnico.

iStock ([20--?]), Sabrina Farias (2016)


Figura 189 -  Manta e pulseira antiestática
Fonte: SENAI (2016)

Saiba que alguns objetos que não são metálicos também acumulam carga eletrostática, devido ao
potencial elétrico ao seu entorno. Portanto, é necessário que os componentes que são sensíveis a descargas
eletrostáticas sejam colocados sobre a manta, na superfície da bancada.
e) Alicates
O alicate de bico e o de corte lateral são de uso geral, bastante empregados em eletrônica. Eles são ideais
para decapar, cortar e manipular fios condutores e outras peças que precisam ser encaixadas ou soldadas
nas placas eletrônicas ou suportes. Além desses modelos, tem-se os alicates de pressão e o crimpador, que
são interessantes para prensar terminais em cabos e fios condutores. A próxima figura apresenta alguns
tipos de alicates existentes.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Alicate de bico Alicate de corte Alicate de aperto Alicate de crimpagem


Figura 190 -  Tipos de alicates

Existem ainda alicates específicos para certos tipos de terminais ou conexões, como conectores de
energia solar ou para conectores de cabo de rede. A diversidade é grande e é bem provável que seja
necessário possuir essas ferramentas quando se trabalha com tipos de componentes e soluções específicas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 253 23/06/2017 10:11:57


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
254

f ) Chaves
Em circuitos eletrônicos, é comum a utilização de parafusos para fixação das placas eletrônicas, como a
fixação de dissipadores em componentes, de conectores e outros acessórios. Alguns equipamentos usam
outros tipos de chaves específicas, devido ao difícil acesso aos circuitos e componentes eletrônicos em
um equipamento. Contudo, as mais utilizadas são as clássicas (sem isolamento), como a chave de fenda e
a Philips, porém também é possível o uso de chaves torx e canhão, como já foram apresentados na seção
anterior.
O uso de chaves que possuem haste isolada é interessante em aplicações elétricas e eletrônicas, porque
podem reduzir o risco de curtos-circuitos relacionados ao contato indevido da parte metálica da chave
com setores do circuito onde existe uma densidade grande de componentes, dissipadores, conectores e
outros elementos que podem estar energizados.
Chave com ponta magnética é outra característica interessante para aplicação em eletrônica, porque
os parafusos, muitas vezes, estão localizados em lugares de difícil acesso ou em setores que possuem
componentes sensíveis, que podem se danificar com a inserção inadequada de alicates ou até mesmo da
mão. Na próxima figura, você terá a oportunidade de conhecer alguns tipos de chaves de aperto.

iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Chaves de pontas diversas Chaves de cabeça rotativa (precisão ou multifuncionais) Chave de catraca (bits e soquetes)

Figura 191 -  Tipos de chaves

Existe uma norma técnica da ABNT - NBR 14986, atualizada no ano de 2015, que especifica as formas
e dimensões de chaves de fenda, além de estabelecer os requisitos de fabricação e ensaios mínimos que
devem ser utilizados para fabricação destas ferramentas.
g) Pinças
Os projetos de circuitos eletrônicos que possuem componentes muitos pequenos requerem meios de
manuseá-los adequadamente, especialmente os componentes de tecnologia SMD, em que o uso da pinça
é essencial.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 254 23/06/2017 10:12:03


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
255

Observe alguns tipos de pinça na figura, a seguir.

iStock ([20--?]), Ana C. de Borba (2016)


Metálica de ponta curva Antiestática de ponta curva Antiestática de ponta fina

Figura 192 -  Tipos de pinças

A variedade de tipos, tamanhos e formatos das pinças é grande em eletrônica. É comum a utilização das
pinças fabricadas com material magnético antiestático apresentadas na figura anterior.
h) Estações de solda e ponteiras
Aparelhos que permitem a solda de componentes certamente são os equipamentos que mais
caracterizam um laboratório de eletrônica. A variedade de tipos e opções existentes é enorme e os preços
variam conforme a qualidade e utilidade dos equipamentos, o que não torna a escolha do modelo algo tão
simples.
Existem aparelhos de solda que são conectados diretamente na tomada da rede elétrica, sem a
possibilidade de qualquer ajuste de temperatura. Este tipo de equipamento tem um custo acessível e
pode ser interessante para muitas situações, como a solda de um condutor ou até mesmo para soldar
componentes eletrônicos, por exemplo, um resistor PTH.
Contudo, para aplicações mais sensíveis, como a soldagem manual de componentes SMD, é preciso
utilizar estações de solda, que possuam controle de temperatura, porque os componentes eletrônicos,
especialmente circuitos integrados de baixa tensão, possuem limites térmicos que precisam ser respeitados
durante o processo de montagem. Esses limites geralmente são informados nos catálogos técnicos dos
próprios componentes.
A figura, à direita, mostra uma estação de solda com suporte e a da esquerda, um aparelho de solda
tradicional.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 193 -  Estação de solda e ferro de solda

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 255 23/06/2017 10:12:12


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
256

Existem muitos critérios que envolvem a escolha de um modelo de estação de solda para um laboratório.
Conheça alguns a seguir:
a) tensão de entrada;
b) potência;
c) faixa de temperatura;
d) tipos de ponteiras;
e) classe de proteção;
f ) selo do Inmetro.
A diversidade de ponteiras utilizadas para soldagem em circuitos eletrônicos é ampla e a escolha
depende da aplicação. Por exemplo, para soldagem de componentes mais delicados, é preciso utilizar
pontas mais finas. Existem pontas do tipo fenda (normal, chanfrada, redonda, longa etc.), tipo cônica
(normal, longa etc.) e tipo superfinas para trabalhos delicados realizados com o auxílio de microscópio.

A Ponta Fenda

C
R

A
Ponta Fenda Longa

B
C

Ponta Fenda Redona


A

A
Ponta Cônica

C
Ana Cristina de Borba (2016)

A
Ponta Cônica Longa

B
C
Figura 194 -  Pontas comuns para ferro de solda
Fonte: adaptado de Apex Tool Group (2011)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 256 23/06/2017 10:12:12


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
257

Para soldagem de componentes SMD, são utilizadas pontas finas tipo cônicas. As ponteiras mais
grossas, especialmente do tipo fenda, são excelentes para soldagem de conectores, fios condutores, alguns
componentes PTH e componentes de maior potência.
i) Sugadores de solda
Os sugadores de solda são equipamentos para remover a solda de componentes eletrônicos. Os mais
comuns são compostos por um sistema de mola, e precisam ser rearmados manualmente cada vez que for
utilizado. Este tipo de sugador necessita do auxílio do aparelho de solda para derreter o estanho que se
deseja remover. A figura, a seguir, exemplifica a ferramenta de sucção manual.

Figura 195 -  Sugador de solda iStock ([20--?])

Existem ponteiras de estação de solda que integram o sistema de sucção a uma ponteira de solda, cuja
função principal é aquecer e remover a solda dos componentes com uma única ponteira. Estes sistemas
integrados são mais sofisticados e requerem uma estação de solda com bomba de vácuo integrada.
j) Solda de estanho
A soldagem de estanho é realizada para unir dois pontos metálicos através do derretimento de uma
liga metálica sobre os pontos que se deseja conectar, como placas e componentes eletrônicos. É possível
encontrar várias ligas de estanho compostas de chumbo para aumentar o ponto de fusão da solda, pois
quanto maior a porcentagem de chumbo na liga, maior será o ponto de fusão da solda. As ligas mais
comuns e utilizadas em eletrônica são:
a) composição de 63% de estanho (Sn) e 37% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 183°C.
A cor do carretel é laranja;
b) composição de 60% de estanho (Sn) e 40% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 189°C.
A cor do carretel é azul;
c) composição de 50% de estanho (Sn) e 50% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 212°C.
A cor do carretel é amarelo;
d) composição de 40% de estanho (Sn) e 60% de chumbo (Pb): temperatura de fusão em torno
de 235°C. A cor do carretel é verde. Utilizada em aplicações mais pesadas, que possuam vibração
mecânica.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 257 23/06/2017 10:12:15


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
258

A próxima figura apresenta um tipo de carretel de solda de fio utilizado em eletrônica. As ligas de
estanho e chumbo mais utilizadas em circuitos eletrônicos são as que possuem ponto de fusão menores.
Tipicamente são utilizadas soldas de carretel laranja (183°C) ou azul (189°C).

iStock ([20--?])
Figura 196 -  Rolo de solda de estanho

Existem outros tipos de solda que não utilizam chumbo em sua composição, a chamada soldagem
Lead-Free (livre de chumbo). Os processos industriais que envolvem chumbo são muito agressivos ao meio
ambiente. Em decorrência disso, os países da União Europeia impõem sérias limitações a produtos que
utilizam uma quantidade muito elevada de chumbo.
As ligas de solda lead-free utilizam outros materiais (cobre, bismuto, zinco, pratas, entre outros) no lugar
do chumbo para alcançar propriedades físicas adequadas para a solda utilizada em circuitos eletrônicos.
k) Sopradores térmicos
Os sopradores de ar quente são muito úteis para auxiliar a montagem e manutenção de circuitos
eletrônicos. Eles são essenciais para isolação de condutores e conectores através do uso de termo retráteis,
colagem e remoção de adesivos, para moldar peças plásticas, e, alguns tipos especiais, para remoção de
componentes que possuem encapsulamento SMD, do tipo SOIC, QFP e outros, cujos pinos elétricos estão
localizados em partes que não são de fácil acesso para ponteiras de solda.
iStock ([20--?])

Figura 197 -  Soprador térmico

Normalmente, os sopradores utilizados para cabeamento e outros trabalhos mais robustos são do tipo
apresentado na figura anterior. Também existem modelos portáteis ou fixos, para facilitar trabalhos em
bancada.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 258 23/06/2017 10:12:20


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
259

A figura, a seguir, mostra uma ponteira de soprador utilizada em aparelho de solda com sistema de ar
quente.

iStock ([20--?])
Figura 198 -  Ponteira de ar quente

Os sopradores para soldagem e remoção de componentes, geralmente, são do tipo de bancada e


possuem ponteiras especiais para vários tipos de tecnologias de componentes, especialmente SMDs.
Existem estações de solda mais completas que integram, além do sistema de sucção para sugadores,
ponteiras de ar quente para remoção dos componentes.
l) Lupas, suportes e garras para placas eletrônicas
No momento de realizar a remoção ou soldagem de componentes em uma placa eletrônica, seja para
montagem ou manutenção de um circuito, é importante utilizar ferramentas de fixação específicas que
possibilitem um trabalho flexível, pois neste tipo de execução é necessário girar ou virar a placa de circuito
impresso com frequência. Para isso, existem suportes que são fixados em mesa e podem ser ajustados
conforme um tamanho máximo de PCI. Os tipos mais comuns são exemplificados na próxima figura.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)

Figura 199 -  Lupas e suportes de bancada

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 259 23/06/2017 10:12:27


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
260

O modelo apresentado na figura à direita é uma solução de suporte que utiliza garras de fixação. Ela é
útil para trabalhar com placas menores que precisam de serviços mais delicados. Alguns modelos incluem
lupas de aumento, como mostra a figura, à direita.
m) Cadinho de solda
O cadinho de solda é um equipamento utilizado em laboratório de eletrônica especialmente para
soldagem de terminais elétricos. É utilizado para componentes que possuem condutores de bitolas
maiores ou constituído de um ou mais fios de cobre envernizado, que é o caso comum de transformadores
e indutores.
Este equipamento é constituído de um recipiente que é aquecido eletricamente. A liga de solda desejada
deve ser despejada neste recipiente onde será derretida. Quando aquecido na temperatura programada, o
terminal ou condutor é inserido neste recipiente para que o processo de soldagem seja realizado.
Existem barras de estanho específicas para o uso em cadinhos, normalmente estas são mais baratas que
os rolos de fio de solda com a mesma composição. A figura, a seguir, mostra um modelo de cadinho para
serviços em bancada.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 200 -  Cadinho de solda


Fonte: SENAI (2016)

Existem cadinhos cuja capacidade é ainda maior, e são utilizados para soldagem de vários componentes.
No entanto, os tipos maiores consomem mais energia e geralmente são usados na indústria.
n) Furadeiras e microrretíficas
Furar, cortar e polir são funções presentes em eletrônica, especialmente quando se trata de uma
fabricação manual de placa de circuito impresso pelo uso de placa padrão ou perfurada, e, em processos
de prototipagem e adequações mecânicas que antecedem produções em alta escala.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 260 23/06/2017 10:12:28


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
261

iStock ([20--?])
Figura 201 -  Furadeira e microrretífica manual

Existem furadeiras e retíficas pequenas que podem ser usadas em bancadas e que possuem uma
variedade de acessórios úteis para a realização dos trabalhos.
o) Prototipadoras
As prototipadoras são equipamentos portáteis utilizados em laboratórios de eletrônica, que tem por
finalidade a fabricação de protótipos de placas de circuito impresso (PCI), utilizando placas padrão. Uma
placa padrão geralmente é de fenolite, que é revestida inteiramente com uma camada de cobre em um ou
nos dois lados. O processo de criação das trilhas e circuitos normalmente é feito através de ferramentas de
fresagem que remove o cobre nos setores especificados.
iStock ([20--?])

Figura 202 -  Pink and place – máquina de inserção de componentes SMD

O processo é controlado por um computador onde as informações do circuito são carregadas através
de um software próprio. A figura anterior mostra um exemplo de um equipamento de prototipagem de
laboratório. Com essas máquinas, chamadas de Pick and Place (máquina para inserção de componentes), é
possível inserir várias dezenas de componentes na placa eletrônica em um único segundo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 261 23/06/2017 10:12:33


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
262

3.3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO

Os equipamentos de medição são essenciais em um laboratório de eletrônica, geralmente em todas as


etapas práticas, que envolvem a fabricação de placas, montagem e testes dos circuitos eletrônicos. Alguns
equipamentos são de uso geral e outros mais específicos, quando são necessárias análises mais detalhadas
de certos componentes ou circuitos.
Existem normas, certificações nacionais e internacionais que garantem qualidade e segurança mínima
de instrumentos de medição. Na escolha destes equipamentos, é importante verificar quais normas
são atendidas. Por exemplo, a IEC 61010-1 é uma norma internacional, que preza pela segurança de
equipamentos de medição utilizados em laboratórios. Conheça os principais equipamentos adiante.
a) Multímetro
Os multímetros ou multitestes são instrumentos de medição que contemplam várias funções para
mensurar diversas grandezas elétricas em um mesmo equipamento, e são visualizadas por meio de um
mostrador digital ou analógico. A medição de resistência em ohms (Ω), tensão em volts (V) e corrente
elétrica em amperes (A) são as principais funções que estão presentes em quase todos os tipos de
multímetros. Conheça na figura, a seguir, alguns modelos de multímetros digitais.

iStock ([20--?])

Figura 203 -  Multímetros

A quantidade de funcionalidades que um multímetro possui varia conforme a marca e o modelo do


equipamento. Um multímetro pode ser equipado com funções para medição de capacitância em Farad (F),
frequência em Hertz (Hz), temperatura (°C ou F), teste de continuidade elétrica, ensaio e teste de diodos e
transistores (medição do ganho beta (β) e de transistor bipolares), entre outras funcionalidades.
Além disso, é preciso observar também outros aspectos desse equipamento, como:
a) escala das grandezas: um instrumento pode medir valores mínimos e máximos de uma grandeza
com segurança e certo valor de precisão. É preciso conhecer o alcance da grandeza do instrumento
para não correr o risco de danificar o equipamento ou obter uma leitura imprecisa ou, em muitos
casos, colocar em risco de acidente o colaborador. Por exemplo, os multímetros convencionais,
geralmente, são limitados à leitura de tensão em torno de 600 V. Acima disso, podem ocorrer defeitos
na isolação das ponteiras ou do equipamento, colocando o usuário em risco de ganhar um choque
elétrico;

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 262 23/06/2017 10:12:36


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
263

b) exatidão das grandezas: considerando medições dentro da escala determinada pelo instrumento,
um multímetro garante um resultado numérico com um erro máximo informado pelo fabricante.
Bons multímetros convencionais possuem precisão em torno de 1 a 3%. No entanto, existem instru-
mentos com precisão elevada (por exemplo, 0,2%), porém, tratam-se de equipamentos mais caros;
c) classe de segurança: as classes de categoria (CAT) I, II, III ou IV são utilizadas em baixas tensões, caso
comum em laboratório de eletrônica, porém, os equipamentos que possuem classe CAT II são sufi-
cientes para a maioria das aplicações.
Uma característica peculiar que precisa ser observada em um multímetro é a capacidade de medição
de tensão e corrente eficaz de um sinal alternado. Existem modelos que são capazes de medir somente
valores eficazes de sinais puramente senoidais, a medição do valor médio de um sinal alternado quadrado
ou de uma onda pulsante será mensurado com equívoco. Para medição de sinais eficazes de outros tipos
de sinais alternados, é preciso que o equipamento possua a função True-RMS (valor real da raiz média
quadrada).
No quadro, a seguir, observe uma comparação entre um instrumento capaz de medir a resposta de um
sinal por meio da resposta média e outro capaz de medir o valor RMS. O instrumento com função de leitura
True-RMS permite uma previsão de leitura maior para vários padrões de formas de onda.

Resposta para onda Resposta para onda Resposta para retificador Resposta para retificador
senoidal quadrada de diodo monofásico de diodo trifásico
Tipo de multímetro

Resposta média Correta 10% acima 40% abaixo 5 - 30% abaixo

True-rms Correta Correta Correta Correta

Quadro 36 - Leitura média x leitura RMS


Fonte: SENAI (2016)

As ponteiras dos multímetros possuem limites de tensão e corrente que precisam ser verificados nos
seus respectivos manuais. Existem ponteiras especiais que podem ser utilizadas em níveis de tensões
maiores e devem ser compatíveis com o modelo do equipamento. Também existem ponteiras específicas
para medições de outras grandezas, por exemplo, ponteiras para medição de corrente, medição de
temperatura, entre outras.
Os tipos de ponteiras compatíveis com um instrumento são expressos em seus manuais técnicos, os
quais geralmente são disponibilizados na internet. O que é sempre uma vantagem para aqueles que
desejam realizar uma pesquisa comparativa entre modelos de instrumentos antes de decidir pelo modelo
para uma futura aquisição.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 263 23/06/2017 10:12:36


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
264

b) Osciloscópio
O osciloscópio é instrumento essencial em um laboratório de eletrônica. A variedade de modelos e
acessórios deste equipamento de medição é imensa, existindo modelos de bancada ou portáteis, com
níveis de precisão e faixas de operação bastante distintas. Veja, a seguir, um modelo de osciloscópio.

iStock ([20--?])
Figura 204 -  Osciloscópio digital

O osciloscópio realiza a medição dos sinais elétricos através de ponteiras e permite a visualização gráfica
dos sinais elétricos ao longo do tempo por meio de uma tela gráfica de duas dimensões (plano horizontal
e vertical). O plano vertical representa a amplitude instantânea do sinal medido, podendo ser um valor de
tensão ou de corrente elétrica; e o plano horizontal representa a linha do tempo. A figura, a seguir, mostra
um exemplo da visualização de um sinal medido em um osciloscópio.
iStock ([20--?])

Figura 205 -  Sinal visualizado em osciloscópio ao longo do tempo

A tela gráfica de um osciloscópio é dividida em vários quadrados idênticos. A dimensão horizontal


dos quadrados é relacionada a um valor de escala de tempo, em segundos (s), e a dimensão vertical dos
quadrados é relacionada a um valor de escala do sinal mensurado, pode ser um nível de tensão elétrica
em volts (V) ou de corrente elétrica em amperes (A). Estas escalas são ajustadas por meio dos botões
ou cursores de ajuste de escalas. Existem osciloscópios que possuem menus iterativos que podem ser
configurados através do toque na tela.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 264 23/06/2017 10:12:40


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
265

A leitura de valores instantâneos ao longo do tempo aumenta a capacidade de análises técnicas, que
podem ser realizadas a respeito do comportamento de um circuito eletrônico. Com a utilização de um
osciloscópio, é possível verificar:
a) o padrão do sinal mensurado através de seus valores instantâneos;
b) verificação de ruídos e oscilações no sinal;
c) verificação da frequência de sinais periódicos;
d) comparação de sinais;
e) estudo do acoplamento CC e CA de um sinal.
Para a utilização de um osciloscópio, é preciso estar ciente das características do instrumento e de suas
limitações. Leia o quadro, a seguir, para conhecer as principais delas.

FUNÇÃO DESCRIÇÃO

O número de canais está relacionado ao número de sinais que podem ser processados e visualizados
Quantidade de canais.
simultaneamente na tela gráfico do instrumento.

Há equipamentos que possuem canais isolados, outros, porém compartilham um canal com a mesma
Isolação dos canais. referência, ou seja, são equipamentos com entradas não isoladas. Deve-se evitar a utilização de diferentes
sinais de referência em osciloscópios com canais não isolados, por isso pode danificar o equipamento.
É a frequência máxima que pode ser analisada pelo instrumento. O valor desta grandeza pode variar
Largura de banda
entre 20 a 100 Mhz em osciloscópios convencionais, porém pode ultrapassar a ordem de Ghz para
(Bandwidth).
equipamentos mais sofisticados (e mais caros).
Frequência de
Representa o número de amostras que são digitalizadas por segundo. Esse valor é geralmente expresso
amostragem
em amostras por segundo, Mega amostras por segundo (MS/s) ou Giga amostras por segundo (GS/s).
(Sample Rate).
Quadro 37 - Funções básicas de um osciloscópio
Fonte: SENAI (2016)

Assim como as ponteiras de multímetros, é preciso verificar os níveis de isolação das ponteiras dos
osciloscópios. Os equipamentos possuem também limites que precisam ser verificados e respeitados.
Além disso, existem ponteiras específicas para medição de corrente elétrica, que costumam utilizar
o princípio do efeito hall para medição instantânea dos valores de intensidade de corrente elétrica. Os
modelos de ponteiras compatíveis com cada osciloscópio são apresentados nos manuais dos equipamentos
ou na página da internet do fabricante.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 265 23/06/2017 10:12:40


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
266

c) Fonte de alimentação
As fontes de alimentação controladas são indispensáveis e muito flexíveis para testes de circuitos
eletrônicos, porque permitem o ajuste dos níveis de tensão e corrente conforme a necessidade de cada
projeto. Exemplificando este caso, uma fonte controlada de tensão de 0 a 30 V, com corrente máxima de
3 A, pode ser utilizada no teste de um circuito que necessita de uma alimentação em corrente contínua
de 15 V/2 A, como também em um circuito que necessita uma alimentação de 24 V/1 A. Caso contrário,
seria necessário projetar uma fonte de alimentação específica para cada caso somente para realização dos
testes.
Os tipos de fontes de laboratório variam bastante, especialmente conforme a potência e níveis de
tensão e corrente requeridos na saída do equipamento. Existem fontes específicas para utilização em
corrente contínua ou corrente alternada, assim como há modelos que possibilitam utilizar as duas formas
de onda. Uma fonte de alimentação de corrente contínua é apresentada na figura a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 206 -  Fonte de alimentação para laboratório

As características usuais que precisam ser avaliadas a respeito de fontes de alimentação são apresentadas
a seguir:
a) potência de entrada e saída;
b) tensão e corrente de entrada;
c) ajuste de tensão de saída;
d) proteção de sobrecarga;
e) proteção de curto-circuito.
Um ponto positivo relevante a respeito da utilização de fontes controláveis em laboratório é a proteção
contra curto-circuito, que é uma característica que estes dispositivos costumam possuir. Isso é importante
para o teste de circuitos que estão sendo alimentados pela primeira vez. Afinal, sempre existe o risco de
o circuito possuir defeitos relativos ao projeto, a falhas de fabricação ou à utilização de componentes
defeituosos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 266 23/06/2017 10:12:40


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
267

d) Gerador de sinais
Os geradores de sinais, também conhecidos por geradores de funções, são fontes que geram sinais
periódicos contínuos cujos parâmetros podem ser configurados. Este equipamento é muito utilizado para
calibração de equipamentos, para injeção de sinais em circuitos, simulação de circuitos de sinais periódicos
(sinais PWM, por exemplo), testes de filtros, entre outras aplicações que são interessantes para teste e
manutenção de circuitos eletrônicos. A próxima figura apresenta um modelo deste equipamento.

iStock ([20--?])
Figura 207 -  Gerador de sinais (gerador de funções)

As formas de ondas dos sinais gerados podem ser do tipo senoidal, quadrada ou triangular e dente de
serra. Geralmente, estas quatro formas básicas são encontradas na maioria dos modelos de geradores de
funções, conforme mostra a figura a seguir.

Onda senoidal Onda triangular

t (s) t (s)

um ciclo um ciclo

Onda quadrada Onda dente de serra


Ellen Cristina Ferreira (2016)

t (s) t (s)

um ciclo
um ciclo

Figura 208 -  Formas de ondas básicas de um gerador de funções


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 267 23/06/2017 10:12:42


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
268

O equipamento permite o ajuste dos parâmetros destes sinais, em que é possível variar a frequência do
sinal, a amplitude do sinal, o nível de offset DC (um componente de corrente contínua adicionada ao sinal),
razão cíclica, entre outras características que variam conforme as funções do equipamento. Na próxima
figura, você conhecerá um modelo básico de gerador de sinais que apresenta as funções essenciais destes
equipamentos.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 209 -  Funções básicas do gerador de sinais
Fonte: SENAI (2016)

O quadro, a seguir, apresenta a descrição dos pontos destacados na figura anterior. Acompanhe.

PONTOS DESCRIÇÃO

A Ajuste do formato do sinal: quadrada, senoidal, triangular.

B Ajuste da frequência do sinal: em geral o valor máximo de frequência é em torno de dezenas de Mega Hertz (MHz).

Ajuste da amplitude do sinal: em geral o valor máximo de tensão de pico é em torno de 10 a 15 V, podendo ser maior, de-
C
pendendo do equipamento.

D Conexões: saída para ponteiras para o sinal de saída e de sincronismo.

Quadro 38 - Descrição das funções básicas do gerador de sinais


Fonte: SENAI (2016)

Os modelos mais recentes possuem telas coloridas com menus que podem ser selecionados na própria
tela (função touch-screen) e funções que podem ir muito além das básicas apresentadas até aqui. Alguns
modelos permitem a criação de um sinal periódico, próprio de saída e configurações on-line com rede de
computadores e internet. No entanto, as principais características técnicas do equipamento que precisam
ser observadas são:
a) quantidade de saídas: elas podem ser independentes ou não;

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 268 23/06/2017 10:12:43


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
269

b) tipos de formas do sinal;


c) resolução dos canais: qual é o ajuste fino mínimo permitido no ajuste de frequência;
d) precisão dos sinais gerados: geralmente a precisão é informada por faixas de frequência (por
exemplo, ± 1% até 100 kHz e ± 2% acima de 100 kHz);
e) impedância de saída;
f) faixa de frequência: valor mínimo e máximo da frequência ajustável;
g) faixa de amplitude: valor mínimo e máximo da tensão elétrica do sinal;
h) offset DC: valor mínimo e máximo do sinal de tensão contínua que pode ser injetado no sinal.
i) razão cíclica (Duty Cycle): a faixa de ajuste permitida é entre 10% e 90%.
Todos os parâmetros apresentados são importantes para a escolha de um gerador de funções. No entanto,
estes equipamentos podem variar bastante de valor e um fator importante para escolha é determinar a
principal aplicação dele. Quando se utiliza um gerador de sinais para simular circuitos robustos de baixa
frequência, não é necessário utilizar equipamentos com grande precisão e desempenho. Porém, quando
a principal função é realizar calibrações de instrumentos de medição ou ensaios de equipamentos de alta
sensibilidade, como equipamentos de telecomunicações, são necessários equipamentos mais sofisticados.
e) Instrumentos específicos
A questão térmica é muito importante em circuitos eletrônicos. Um componente mal dimensionado
pode aquecer mais do que deveria, o que pode reduzir a sua vida útil e aumentar o risco de falhas,
comprometendo o funcionamento do circuito. Outro caso são as condições térmicas da aplicação em que
o circuito eletrônico deverá operar. Quando existem essas limitações, é preciso verificar em laboratório se
o projeto está adequado a estas condições.
Portanto, na análise térmica dos circuitos eletrônicos, é essencial verificar os componentes que estão
trabalhando sobre estresse de temperatura, assim como para garantir e validar o funcionamento do
circuito sobre condições térmicas adversas. Existem equipamentos e instrumentos específicos para estudo
térmico de equipamentos que pode ser utilizado em eletrônica, que é o caso de câmeras térmicas e estufas
de laboratório.
Em aplicações embarcadas, as vibrações e situações de impacto que afetam os circuitos eletrônicos,
muitas vezes, são constantes e os componentes que foram dimensionados ou montados inadequadamente
podem quebrar ou desprender da placa eletrônica. Por isso, alguns setores, o automotivo, por exemplo,
exigem que os equipamentos eletrônicos atendam normas de vibrações mecânicas.
Desta forma, quando um produto é desenvolvido para este setor, é preciso que o circuito passe por
etapas de testes e ensaios de vibração são realizados pelas agências responsáveis pela certificação. Estes
ensaios não são baratos, portanto, é essencial que este tipo de desenvolvimento inclua testes de vibração
em laboratório ainda na etapa de projeto, antes de realizar as certificações.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 269 23/06/2017 10:12:43


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
270

Outro exemplo é a necessidade da utilização de instrumentos mais sensíveis para observar parâmetros
que os instrumentos convencionais, como multímetros, não podem mensurar ou não possuem a exatidão
necessária para mensurar a grandeza em questão. Um exemplo prático disso é a mensuração dos parâmetros
de transformadores ou de indutores que são utilizados em fontes chaveadas, para medição dos dados de
indutância, perdas e a qualidade destes componentes, existem instrumentos de precisão conhecidos como
Medidores RLC (Precision LCR Meter). A figura, a seguir, apresenta um tipo deste instrumento de medição.

FUNC RANGE

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


FREQ BIAS
LEVEL SPEED

Cs: 240 . 060 µF


Q: 23 . 1994

DECR - - DECR - INCR + INCR + +

Figura 210 -  Equipamento de medição RLC


Fonte: SENAI (2016)

Por fim, um laboratório de eletrônica pode ter a necessidade de equipamentos relacionados a tantos
outros fatores: análises de emissão e transmissão de ondas eletromagnéticas, medidores de ruídos sonoros
e iluminação, entre outros. Essa necessidade depende das finalidades e das normas que os circuitos
projetados precisam atender.

3.3.3 PRÁTICAS DE SOLDAGEM

Nesta seção, serão apresentadas algumas técnicas de soldagem e cuidados que são importantes na
montagem e na manutenção de circuitos eletrônicos.

PONTEIRAS APROPRIADAS
Existem muitos modelos de estações e aparelhos de solda com diferentes tipos e qualidades de ponteiras
que podem ser utilizados em eletrônica, conforme visto anteriormente. É necessário saber escolher quais
são as mais adequadas para uma situação específica.
Duas importantes características precisam ser consideradas durante a soldagem de componentes
eletrônicos, especialmente os mais delicados, como circuitos integrados e de tecnologia SMD. Em primeiro
lugar, os componentes eletrônicos possuem faixas de temperatura para soldagens bastante distintas que
dependem de cada tipo de componente e tecnologia adotada. É preciso, portanto, respeitar essa faixa de

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 270 23/06/2017 10:12:44


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
271

temperatura para não queimar o componente. Em segundo lugar, respeitando-se as faixas de temperatura,
quanto maior a temperatura da ponteira, menor é o tempo que o ferro de solda pode ficar em contato com
o componente, de modo a evitar que este seja danificado por sobretemperatura.
Existe uma infinidade de ponteiras que possuem um preço acessível e cuja potência é limitada, em torno
de 20 W e 40 W. Contudo, esse tipo de ferro de solda costuma levar mais tempo para aquecer os terminais
dos componentes e da placa, aumentando o risco de danificar os componentes com sobreaquecimento. A
qualidade do material do ferro de solda também é um fator importante, porque determina a capacidade
de transferência de calor para o terminal do componente.

PROCEDIMENTOS GERAIS PARA SOLDAGEM DE COMPONENTES


Primeiramente, é preciso ajustar a temperatura do ferro de solda e aguardar a ponteira estabilizar no
valor programado. Em eletrônica, para condições normais, a temperatura pode ser ajustada em torno dos
valores sugeridos na tabela, a seguir.

TIPO DE SOLDA PONTO DE FUSÃO TEMPERATURA DE AJUSTE DO FERRO DE SOLDA


Chumbo-estanho ~ 220°C 300 a 350°C
Lead-Free (sem chumbo) ~ 190°C 400°C
Tabela 12 - Faixa de temperatura de soldagem
Fonte: SENAI (2016)

Com a temperatura estabilizada, mantenha o ferro de solda limpo. Utilize a esponja de estação de
solda para remover o excesso de oxidação da ponteira. Também é possível utilizar pasta (fluxo) de solda
para auxiliar o procedimento. Não utilize materiais abrasivos para limpar a ponteira, pois eles geralmente
danificam o ferro de solda.
Além de manter limpa, é importante também manter sempre a ponta do ferro de solda estanhada. Faça
isso periodicamente, pois auxilia na transferência de calor durante a soldagem, tornando-a mais rápida,
assim como também preserva a ponteira contra os efeitos da oxidação.
Na próxima figura, veja como é realizada a limpeza da ponteira de solda com auxílio de pasta térmica.
iStock ([20--?])

Figura 211 -  Limpeza da ponteira de solda

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 271 23/06/2017 10:12:47


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
272

Por fim, a limpeza da placa de circuito eletrônico também é essencial, especialmente nas ilhas onde
será realizada a soldagem. As impurezas e a oxidação prejudicam a qualidade da solda. Isso pode ser feito
utilizando pincel antiestático e álcool isopropilico.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 212 -  Álcool isopropílico e pincel antiestático

A qualidade do processo de montagem está associada à limpeza em qualquer das etapas. Por isso,
tenha essa prática como uma necessidade básica em qualquer procedimento.

SOLDAGEM DE COMPONENTES PTH


Os componentes de tecnologia PTH (Plated Through Hole) são bastante flexíveis e, geralmente, possuem
um bom espaçamento entre os terminais. Os terminais destes componentes são encaixados e soldados
dentro de furos da placa de circuito impresso. Na indústria, um dos processos utilizados para soldagem de
componente PTH é chamado de processo de dupla onda de estanho. De forma manual, estes componentes
podem ser soldados com facilidade, utilizando uma estação de solda. A primeira etapa é posicionar e fixar
a placa de circuito impresso no suporte, em seguida, ajustar a altura para manter uma postura adequada
de trabalho.

Evite manusear os componentes sem a necessidade, armazene-os em local apropriado


FIQUE e utilize bancadas de trabalho forradas com materiais isolantes (borracha, por
ALERTA exemplo) e pulseiras antiestáticas, que descarregam a eletricidade acumulada no seu
corpo, evitando danos nos componentes eletrônicos.

Em segundo lugar, é feita a preparação dos terminais com a utilização de pinças ou alicates. Dobre os
terminais dos componentes conforme as dimensões dos furos nos quais o componente será encaixado.
Os terminais não devem sofrer excessiva pressão das ferramentas durante a dobragem, esta ação pode
danificá-los.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 272 23/06/2017 10:12:49


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
273

Componentes axiais, como resistores e diodos, que são componentes bastante comuns em circuitos
eletrônicos, podem ser dobrados e encaixados conforme os procedimentos apresentados na figura a
seguir. O mesmo procedimento pode ser feito para outros componentes similares, e, também, para alguns
tipos de capacitores.
Para que os componentes permaneçam no local onde foram posicionados, pode-se, no lado inferior da
placa, entortar levemente o terminal de modo que este não saia da posição ou não venha a cair da placa.

Resistor PTH

Ellen Cristina Ferreira (2016)

Figura 213 -  Encaixe de resistores de encapsulamento PTH nos terminais da placa


Fonte: SENAI (2016)

Em terceiro lugar, com a placa posicionada com lado inferior para cima, utilizando a ponteira de solda,
pressione levemente o terminal do componente contra a parede da ilha de modo que ele fique na posição
invertida e o calor seja transferido para o terminal. É importante que a ponteira esteja levemente untada de
estanho, conforme foi mencionado no procedimento anterior, isso aumentará a velocidade da transferência
de calor entre a ponteira e o componente. Na sequência, visualize este processo.
Ellen Cristina Ferreira (2016)

Figura 214 -  Posicionamento do ferro de solda sobre a ilha e o terminal do componente


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 273 23/06/2017 10:12:51


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
274

Em quarto lugar, aplique a solda diretamente sobre o terminal do componente, conforme você verá
na próxima figura. Faça isso levemente até a solda derreter e se espalhar por todo o terminal. Se ela não
derreter, remova a solda, e pré-aqueça novamente o terminal do componente e tente outra vez.
Evite o excesso ou a escassez de solda no terminal.

Ellen Cristina Ferreira (2016)


Figura 215 -  Posicionamento do estanho sobre o terminal aquecido
Fonte: SENAI (2016)

Em quinto lugar, aguarde o tempo necessário para a solda esfriar naturalmente e corte os terminais com
a utilização de alicate de corte. Não jogue líquidos e não assopre sobre os terminais pré-aquecidos, isso
pode causar rachaduras ou mau contatos entre o terminal do componente e a ilha da furação, a chamada
solda-fria.
Em sexto lugar, corte os terminais do componente com o uso de alicate de corte. Faça o corte rente à
borda, pois isso evita os riscos de curto-circuito devido o contato com a carcaça ou outros componentes
que podem ficar instalados próximos dos terminais da placa. Isso também evita o acúmulo de sujeiras ou
pingos de solda que também podem ocasionar curtos-circuitos ou fugas.
A figura, a seguir, mostra o corte dos terminais de um resistor PTH.
Ellen Cristina Ferreira (2016)

Figura 216 -  Corte das pontas dos terminais dos componentes


Fonte: SENAI (2016)

Não é preciso cortar os terminais de circuitos integrados ou conectores, estes componentes possuem os
terminais com tamanho adequado para soldagem em placas eletrônicas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 274 23/06/2017 10:12:55


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
275

SOLDAGEM DE COMPONENTE SMD


Para a soldagem manual de componentes SMD, é necessária a utilização de ponteiras de solda de bitola
fina e o uso de pinças. Por se tratar de um trabalho delicado, é possível a utilização de lupas para melhorar
a visualização dos componentes e dos terminais.
Primeiramente, deve-se dar um ponto de solda em uma única ilha do componente, geralmente,
aquela de mais fácil acesso para a ponteira de solda. Em seguida, fixar adequadamente o componente
sobre os terminais da placa. No caso de circuitos integrados, verifique se o componente está posicionado
corretamente, com o pino de referência localizado na posição correta. Geralmente, utiliza-se pinças para
realizar o trabalho de fixação com precisão, conforme exemplifica a figura na sequência.

iStock ([20--?])

Figura 217 -  Encaixe do componente SMD sobre a placa de circuito impresso

Em seguida, ainda com o auxílio da pinça, você deve manter o componente firme na posição e aquecer
o terminal que possui o pingo de solda para fixação do componente. Na sequência, é possível remover a
pinça, pois o componente já estará fixado por um ponto podendo soldar os demais pinos. Evite manter a
ponteira muito tempo sobre o componente.
Siga o mesmo procedimento de solda realizado em componentes PTH. Primeiro aqueça o terminal do
componente para, em seguida, inserir a solda sobre o pino e a trilha do componente até que a solda derreta
e se espalhe por toda a trilha. A próxima figura apresenta a realização deste procedimento. Observe.
iStock ([20--?])

Figura 218 -  Soldagem do componente SMD com ferro de solda

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 275 23/06/2017 10:12:59


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
276

Outra forma de inserir componentes SMD na placa de circuito impresso, especialmente circuitos
integrados, é através da utilização de ponteiras de ar quente. O procedimento deve ser realizado com
cuidado e rapidez, porque o excesso de calor pode danificar os componentes. Conheça o passo a passo:
a) primeiramente aplique pasta de solda sobre as ilhas do componente que será soldado e aplique
levemente a solda sobre as trilhas;
b) insira o componente na placa na posição adequada;
c) direcione o ar quente sobre os terminais do componente SMD;
d) remova o ar quente e aguarde a placa esfriar;
e) realize a limpeza da placa com álcool isopropílico.
Agora, visualize a figura que demonstra este processo.

iStock ([20--?])

Figura 219 -  Soldagem de componente SMD com ar quente

Na indústria, para montagem em série de placas de circuitos com tecnologia SMD, utilizam-se as máquinas
conhecidas como Pick and Place. São máquinas de alta velocidade que podem inserir componentes com
precisão.

REMOÇÃO DE COMPONENTES
Durante a montagem e soldagem dos componentes podem, ocorrer equívocos. Um resistor, por exemplo,
pode ser inserido e soldado na posição errada, ou um circuito integrado ter sua posição invertida. Quando
isso ocorre, e é identificado, deve-se remover o componente do circuito e refazer a inserção utilizando
o componente adequado. A remoção dos componentes também é comum durante a manutenção de
circuitos eletrônicos, uma vez que os componentes queimados ou danificados precisam ser substituídos.
A remoção de componentes em uma placa eletrônica é uma ação delicada que possui um risco elevado
de danificar a placa de circuito eletrônico, especialmente em regiões que possuem trilhas e ilhas mais finas.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 276 23/06/2017 10:13:01


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
277

No primeiro caso, para remover os componentes de tecnologia PTH da placa de circuito, é comum
utilizar o sugador de solda, conforme apresenta a figura a seguir. Insere-se primeiro a ponteira de solda
sobre um dos terminais do componente para derreter a solda, em seguida, posiciona-se o sugador sobre o
ponto aquecido para removê-la. Deve-se fazer esse procedimento para todos os terminais do componente.
O uso de temperaturas muito elevadas aumenta o risco de remoção de trilhas e ilhas da placa.

iStock ([20--?])
Figura 220 -  Remoção de solda com sugador

No segundo caso, para remoção de componentes de tecnologia SMD, existe uma solda especial
conhecida como salva-chip. Trata-se de uma liga de baixa temperatura de fusão que se mantém derretida
por mais tempo. Para uso, basta aplicá-la com o auxílio do ferro de solda sobre todos os terminais do
componente. Em seguida, você deve remover o componente rapidamente com a utilização de uma pinça.
Na sequência, é preciso retirar os resquícios de solda, de baixa fusão, que ficaram nos terminais da placa.
Para isso, utilize a fita (ou malha) dessoldadora. Por fim, o novo componente deve ser soldado com a solda
adequada para fixação.
Outra forma de remover componentes SMD é com a utilização de sopradores térmicos. O processo é
similar ao anterior, com a utilização de sopradores no lugar da solda de baixa fusão. Para situações em geral,
evite temperaturas maiores que 400°C. Também é preciso ter cuidado com os componentes da vizinhança,
ou seja, se a velocidade do jato de ar estiver muito forte, poderá remover ou danificar outros componentes
que estão localizados próximos ao componente que se deseja remover.

3.3.4 MONTAGEM DE CIRCUITOS EM PROTOBOARD E WIRE WRAPPING

Esta seção pode ser considerada um passo intermediário entre o desenvolvimento dos esquemáticos e
leiautes dos circuitos eletrônicos, além da confecção das placas de circuito impresso. Trata-se de técnicas
de testes de circuitos que são realizadas em bancada para validação de componentes e dos circuitos
desenvolvidos cujo funcionamento, embora possa ter sido simulado em computador, ainda não foi
averiguado na prática. A montagem de circuitos eletrônicos em protoboard e através de wire wrapping são
duas técnicas que serão apresentadas nesta seção.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 277 23/06/2017 10:13:03


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
278

Estas duas práticas, possuem suas próprias limitações, mas são aplicáveis a uma grande variedade de
circuitos e componentes, os quais podem ser testados e averiguados antes de ser confeccionados. Essa
etapa auxilia na identificação de erros de projetos que podem ser corrigidos sem consumir muito esforço
e custo, diminuindo os riscos relativos ao funcionamento dos protótipos confeccionados posteriormente.

MONTAGEM DE CIRCUITOS EM PROTOBOARD


Um protoboard (figura a seguir) é uma ferramenta para testes de circuitos que permite a montagem
de circuitos sem a necessidade de soldagem. Esta técnica, embora seja limitada para componentes de
tecnologia PTH, é bastante utilizada para testes de circuitos eletrônicos por se tratar de uma fixação
temporária que pode ser montada e desmontada facilmente sem danificar os componentes.

iStock ([20--?])

Figura 221 -  Circuito em protoboard

Existem diversos tamanhos e modelos de protoboards, contudo, a estrutura padrão é formada por
uma placa, normalmente de material plástico, que possui orifícios distribuídos de forma matricial onde
são espetados os componentes eletrônicos. Internamente existem ligações elétricas que interligam esses
orifícios. Existem essencialmente dois modelos bastante utilizados: de 300 e de 400 pinos. A figura, a seguir,
apresenta as ligações internas destes dois modelos. Há ligações internas na vertical (em verde na figura)
formando linhas de condução que possuem vários pinos. Assim como há linhas na horizontal (em azul e
vermelho na figura) que interligam os pinos das bordas, no caso da versão de protoboard de 400 pinos.
Geralmente, estas linhas horizontais são utilizadas para alimentação, sinal positivo e negativo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 278 23/06/2017 10:13:04


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
279

Protoboard – 400 furos

Protoboard – 300 furos

Ellen Cristina Ferreira (2016)


Figura 222 -  Tipos comuns de protoboard
Fonte: SENAI (2016)

A montagem e distribuição dos componentes de forma organizada auxilia especialmente quando se


trata de circuitos maiores, torna mais difícil cometer erros de montagem e facilita a inserção ou substituição
de componentes.
Esta prática de montagem pode ser facilitada com o auxílio de softwares de simulação que se baseiam
no ensaio em protoboards. De acordo com Sedra e Smith (2009, p. 780, tradução SENAI) “A simulação de
circuitos, através da utilização de modelos sofisticados de dispositivos, vai permitir ao desenvolvedor obter
uma previsão razoável do que esperar após o circuito ser fabricado.” Existem várias ferramentas de uso
gratuito disponíveis na internet, que podem ser utilizadas para simular alguns tipos de circuitos, ou para
organizar a montagem do circuito que será efetivamente montado na prática.
Para exemplificar esse estudo e análise utiliza-se aqui o software Simulador de Construção de Circuitos
Digitais, que é disponibilizado gratuitamente no site http://www.tourdigital.net/simuladores. O mesmo
circuito-exemplo, citado anteriormente, é utilizado para realizar a simulação no software de protoboard.

1
7408
3
Saída
Ana Cristina de Borba (2016)

7432
1
7486
2
Figura 223 -  Exemplo de circuito lógico
Fonte: Nelson et al. (1995)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 279 23/06/2017 10:13:05


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
280

A montagem de um circuito eletrônico em protoboard é apresentada por meio do uso do software


gratuito Simulador de Circuito Digitales (versão 0.9.5). As cores das ligações no esquemático são replicadas
no circuito de simulação, da figura a seguir. Os componentes podem ser escolhidos através da função
circuitos na barra de menu. Escolhe-se as portas: AND (7408), NOT (7404), OR (7432) e XOR (7486). A
alimentação dos circuitos integrados é realizada por meio dos pinos 14 (+ Vcc) e 8 (Terra: GND).

7408 Porta E 7486 Porta XOU


VCC VCC
14 13 12 11 10 9 8 14 13 12 11 10 9 8

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
GND GND

7432 Porta OU 7404 Porta NÃO


VCC VCC
14 13 12 11 10 9 8 14 13 12 11 10 9 8
Ana Cristina de Borba (2016)

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
GND GND

Figura 224 -  Simulação do circuito digital utilizando software de simulação em protoboard


Fonte: Tour Digital (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 280 23/06/2017 10:13:06


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
281

Traçadas as linhas com o mouse, pode-se então pressionar o botão ON, no canto superior esquerdo da
tela, que é responsável por iniciar a simulação. As chaves 1, 2 e 3 podem ser ligadas ou desligadas com
um clique do mouse sobre elas. A saída do circuito é ligada no LED 3. Veja o funcionamento do circuito de
acordo com o quadro apresentado, a seguir.

1 2 3 SAÍDA

0 0 0

0 0 1

0 1 0

0 1 1

1 0 0

1 0 1

1 1 0

1 1 1

Quadro 39 - Funcionamento do circuito digital


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 281 23/06/2017 10:13:06


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
282

A simulação de circuitos analógicos também pode ser realizada com a utilização de protoboard: circuitos
com resistores, diodos e circuitos integrados que possuem tecnologias PTH. O protoboard se mostra uma
ferramenta flexível para o teste de muitos circuitos, seu tamanho pode inclusive, em alguns modelos, ser
expandido por meio de encaixe mecânico lateral, que permite a fixação de outros protoboards, conforme
mostra a próxima figura.

iStock ([20--?])
Figura 225 -  Protoboards encaixados

Outra função importante de um protoboard é servir como ferramenta de auxílio de testes de outros
circuitos. Alguns kits didáticos eletrônicos incluem protoboards para auxiliar no uso do material. A figura, a
seguir, apresenta um kit de microcontrolador sendo testado com a ajuda de um protoboard.
iStock ([20--?])

Figura 226 -  Utilização de protoboard para auxiliar testes em microcontrolador

Os protoboards podem auxiliar em muitas tarefas, no entanto, é preciso conhecer as suas limitações.
Nem todo tipo de circuito funciona adequadamente quando montado em protoboard. Isso se deve a
fatores como a resistência de contato entre os componentes, que tende a ser elevada, devido ao fato de
ser realizada somente por meio de encaixe sem solda. Esta questão será ainda mais crítica se for maior a
quantidade de ligações que o circuito possuir, correspondendo em maior valor da perda elétrica total.
Para circuitos muito sensíveis ou com muitas ligações, isso pode ser uma fonte de ruídos e perdas
excessivas que afetam as características do circuito testado. Outro fator limitante relativo à conexão elétrica
é a capacitância de contato entre as trilhas interna do protoboard e os contatos elétricos dos componentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 282 23/06/2017 10:13:09


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
283

Essa capacitância atua como um filtro de altas frequências, limitando o uso do protoboard a baixas
frequências, normalmente menores que 10 MHz. Por fim, protoboards possuem limites de corrente e tensão
elétrica que precisam ser respeitados.

WIRE WRAPPING
Esta é uma técnica que permite a criação de circuitos eletrônicos sem a utilização de solda. A conexão
é realizada através do enrolamento do fio sobre os terminais do componente. Esta técnica é bastante útil
especialmente onde a necessidade de alterar ligações possa ser frequente e o uso de aparelho de solda
torna o trabalho ineficiente devido à falta de conexão de energia para estes equipamentos. Por esses
fatores, é comum o emprego desta técnica em aplicações de telefonia e telecomunicações.
A ferramenta utilizada para realizar este procedimento é conhecida como Wire Wrapping Tool (algo como
ferramenta de enrolar). Na ponta, existe um orifício onde o conector sem isolação é inserido, conforme
você verá na próxima figura.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 227 -  Ferramenta de wire wrapping tool


Fonte: SENAI (2016)

Os fios utilizados, geralmente, possuem seção fina, os quais são bastante empregados em aplicações
e circuitos eletrônicos, seja para conexão ou fabricação de circuito em placas perfuradas, e podem ser
encontrados com diversas cores de isolação. Estes fios condutores são vendidos em rolos, similares aos
rolos de solda de estanho, conforme mostra a figura a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 228 -  Rolo de fios condutores - wire wrapping tool

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 283 23/06/2017 10:13:13


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
284

Os fios condutores AWG24 até AWG30 (padrão AWG9) são do tipo rígido e utilizados em eletrônica, pois
garantem adequada estabilidade, tensão mecânica e podem conduzir correntes dentro dos limites que os
circuitos eletrônicos em geral necessitam.
Para criar um circuito utilizando a técnica de wire wrapping, é possível usar placas perfuradas, onde os
componentes são apenas encaixados nos furos da placa e seus terminais ficam expostos no lado inferior
da placa, conforme a próxima figura.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 229 -  Terminais de componentes encaixados em PCB

O próximo passo é desencapar o fio de cobre e encaixá-lo na ferramenta de wire wrapping. Depois
posiciona-se a ferramenta sobre o terminal do componente desejado e se inicia o processo de giro para
realizar a fixação do componente, conforme os passos da figura a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Inserindo o fio Posicionamento no Enrolando e fixando


na ferramenta terminal do componente o componente

Figura 230 -  Procedimento de wire wrapping


Fonte: Jameco Electronics (2016)

O trabalho de enrolar os fios sobre os terminais deve ser realizado de forma adequada para garantir que
a conexão não possua mau contato elétrico e que não comprometa a fixação mecânica. A forma regular

9 É uma escala de medida para padronização de fios condutores elétricos, da sigla em inglês American Wire Gauge (Escala America-
na Normalizada).

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 284 23/06/2017 10:13:14


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
285

de enrolar o fio consiste em enrolar toda parte metálica do fio sobre o terminal. No entanto, enrolar um
pedaço do fio encapado aumenta bastante a fixação do condutor perante as vibrações mecânicas. Portanto,
é importante que o enrolamento seja uniforme e com aperto adequado. A figura, a seguir, apresenta a
conexão procedida de forma correta.

Ellen Cristina Ferreira (2016)


Regular Modificado
Figura 231 -  Enrolamento do fio sobre o terminal dos condutores
Fonte: Jornard Industries Corp (2016)

Um procedimento realizado sem prezar pela qualidade da conexão pode acarretar em maus contatos,
e, também, desconexões indesejadas, que podem ocorrer com o tempo ou com questões, como vibrações.
Conheça, a seguir, uma lista de itens do que se deve evitar:
a) excesso na quantidade de voltas, de modo a não acumular o fio sobre o terminal do componente;
b) baixa quantidade de voltas pode comprometer a fixação e o contato elétrico da ligação;
c) não uniformidade ou fora de compasso. É preciso manter a ferramenta reta e realizar o enrolamento
de maneira uniforme;
d) terminal do fio exposto possivelmente facilita o desprendimento da ligação, além de acontecer de o
fio engatar na luva ou qualquer outro objeto, fazendo com que a desconexão não seja notada.
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Excesso de Nº de voltas Voltas não-uniformes Terminal exposto


nº de voltas insuficiente ou fora de compasso (Pig Tail)
Figura 232 -  Enrolamentos inadequados de fio sobre os terminais do condutor
Fonte: Jonard Tools (2016)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
286

Este tipo de técnica possui evidentemente suas limitações e não é adequada para circuitos eletrônicos
que trabalham com frequências muito elevadas devido à perda nos contatos elétricos, assim como em
aplicações onde existe muita vibração mecânica, que pode afetar a integridade das conexões.

3.3.5 CONFECÇÃO DE PROTÓTIPOS EM LABORATÓRIO

Após a validação dos circuitos por meio de simulação e testes em bancada, é possível começar o trabalho
de confecção das placas de circuito impresso dos protótipos. O processo manual de fabricação de placas
de circuito impresso pode ser realizado em laboratório com a utilização de poucos recursos. Para isso, há
dois métodos de protótipos que são: a placa padrão e a placa perfurada, que serão descritos nesta seção.
Acompanhe.

CONFECÇÃO DE PROTÓTIPOS EM PLACAS PERFURADAS (PLACA PADRÃO)


As placas eletrônicas perfuradas ou ilhadas, geralmente, são fabricadas de Fenolite e possuem ilhas ou
listras isoladas de cobre. Os componentes eletrônicos são soldados na placa e as conexões elétricas podem
ser realizadas através da soldagem de fios condutores entre as ilhas ou listras.
Este tipo de placa permite um processo de montagem de protótipos eletrônicos de baixo custo e de
rápida execução. Existem modelos que são conhecidos como Perfboard, em que todas as ilhas são isoladas,
que é o mais utilizado e facilmente encontrado, conforme apresenta a figura a seguir. Outro tipo existente
é conhecido como Stripboard, que possui listras perfuradas e isoladas.
iStock ([20--?])

Figura 233 -  Placas perfuradas

Assim como em protoboards, o uso de placas padrão está limitado à utilização de componentes de
tecnologia PTH. Porém, como os componentes são fixados através de soldagem, o circuito em placa
perfurada tem maior flexibilidade, podendo ficar sujeito a certos níveis de vibração, e, dessa forma,
permitindo a realização de testes do circuito diretamente na aplicação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 286 23/06/2017 10:13:16


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
287

Por exemplo, no projeto de circuito medidor de velocidade para utilização em karts, usando a técnica de
placa perfurada, é possível desenvolver um protótipo que pode vir a ser instalado e testado na aplicação,
neste caso, o próprio kart. A figura que segue mostra um exemplo desse tipo de aplicação.

iStock ([20--?])

Figura 234 -  Circuito em placas perfurada

Para entender o processo de confecção de um protótipo com a utilização de placas perfuradas, será
apresentado um procedimento básico de atividades, que pode ser seguido e aprimorado conforme as
necessidades e ferramentas disponíveis.
O procedimento pode ser dividido em diferentes etapas. Acompanhe.

Ferramentas
A montagem de circuitos eletrônicos em placa perfurada consiste essencialmente em realizar a soldagem
de componentes eletrônicos e fios condutores. Contudo, outras atividades podem ser necessárias, por
exemplo, realizar o corte da placa para ajustar o seu tamanho, ou realizar a furação para utilização de
parafusos ou suportes de fixação. Para essa atividade, lista as ferramentas básicas:
a) estação de solda;
b) solda;
c) sugador de solda;
d) suporte de placa;
e) multímetro;
f ) pinças, alicate de bico e alicate de corte;
g) pincel antiestático e álcool isopropílico para limpeza da placa;
h) furadeira e microrretífica.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 287 23/06/2017 10:13:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
288

Durante a execução das atividades, mantenha as ferramentas limpas e organizadas na bancada de


trabalho. Não utilize ferramentas enferrujadas que possam poluir e sujar as furações das placas de circuito.

Adaptação do leiaute
Os componentes precisam ser distribuídos na placa padrão. Caso o leiaute do circuito já tenha sido
desenvolvido em algum software, este desenho pode ser usado como padrão para ordenar e posicionar
os componentes na placa. Caso contrário, será necessário determinar manualmente a localização e o
posicionamento de cada componente na placa. Para isso, é preciso ter em mente as conexões elétricas que
serão necessárias na placa, de modo a distribuir os componentes de uma maneira adequada e eficiente,
tentando otimizar o tamanho e o caminho das trilhas elétricas.
A próxima figura apresenta o procedimento de organização de um circuito qualquer em folha
milimétrica, em que as interseções das linhas representam os furos da placa padrão. Esse procedimento
pode ser realizado com o auxílio do computador, utilizando softwares de desenho.

Ellen Cristina Ferreira (2016)

Figura 235 -  Esquemático em folha de papel milimetrado ou em software de desenho


Fonte: SENAI (2016)

Na figura anterior, os blocos em cinza representam os componentes, as linhas azuis as conexões


elétricas que precisam ser realizadas na parte inferior, e as trilhas em vermelho são as conexões elétricas
que precisam ser realizadas na parte superior. As furações se encontram nos pontos de interseção das
linhas milimetradas. É recomendável conferir as distâncias da placa perfurada e usar a mesma escala no
papel.

Inserção dos componentes


Os componentes são inseridos conforme o leiaute do procedimento anterior. A figura na sequência
apresenta os componentes montados na placa perfurada.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 288 23/06/2017 10:13:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
289

Os terminais dos componentes foram dobrados e encaixados conforme a furação da placa.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 236 -  Encaixe dos componentes na placa perfurada conforme leiaute
Fonte: Altium Limited (2016)

A parte inferior desta mesma placa é visualizada na próxima figura. Os terminais dos componentes
não precisam ser necessariamente cortados. Eles podem auxiliar para criação de trilhas. Para isso, solda-se
os componentes nas ilhas vizinhas que não serão utilizadas. Essa prática também fortalece a fixação dos
componentes na placa.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 237 -  Parte inferior da placa perfurada


Fonte: Altium Limited (2016)

Para que os componentes não caiam da placa ao rotacionar o conjunto para realizar a soldagem, pode-
se, ao inserir o componente, entortar levemente o terminal do componente, de modo que este faça uma
pressão na parede da ilha onde foi introduzido. Deste modo, a placa deve ser girada – com cuidado – sem
que o componente se desloque. Esta questão pode ser aprendida com a prática em bancada.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 289 23/06/2017 10:13:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
290

Ajuste mecânico da placa perfurada


A necessidade de furação ou de ajustes no formato e no tamanho de placas eletrônicas são ações comuns
na confecção de protótipos. Portanto, muitas vezes, é necessário o uso de furadeiras e microrretíficas.
Caso exista a necessidade de realizar cortes e furos na placa, é importante realizar estas atividades antes
do processo de soldagem dos componentes eletrônicos, pois a vibração e os resquícios de cobre podem
prejudicar os circuitos eletrônicos ou provocar maus contatos ou curto-circuito.

Soldagem dos componentes


Os componentes podem ser inseridos um a um no circuito e soldados conforme uma ordem determinada
pelo montador. Aconselha-se dar preferência para a montagem de componentes mais robustos, como
resistores, capacitores, diodos, entre outros. E, por fim, montar os componentes mais sensíveis, como
circuitos integrados, sensores etc.
Quando se utilizam circuitos integrados em um circuito, é possível utilizar soquetes para instalação
destes componentes na placa. Dessa forma, o soquete é soldado no lugar do componente, o que permite
remover ou substituir o circuito integrado quando necessário.
Lembre-se das técnicas de soldagem abordadas no capítulo anterior. É importante cuidar com a
temperatura da ponteira de solda, respeitando o limite térmico de cada componente, especialmente
circuitos integrados mais delicados.

Soldagem das conexões elétricas


A elaboração das conexões elétricas do circuito pode ser realizada de duas maneiras, que são bastante
usuais, utilizando fios condutores isolados de pequena bitola. Fio do tipo wire-wrap costuma ser usado
para essa aplicação, conforme apresentado na seção anterior.
A primeira maneira consiste em fazer as trilhas na parte inferior da placa através de fio condutor,
removendo sua isolação e soldando o fio, ilha por ilha, em um formato de uma trilha. É possível, inclusive,
utilizar os terminais dos próprios componentes montados na placa para fazer este tipo de trilha.
A segunda maneira organizada de realizar as conexões é utilizar o fio condutor como se fosse um
componente, e encaixá-lo na superfície superior da placa onde estão dispersos os componentes. Neste
caso, não é necessário remover toda a isolação do condutor.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 290 23/06/2017 10:13:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
291

A figura, a seguir, mostra estas duas maneiras de realizar as conexões elétricas.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 238 -  Ligação elétrica com fios wire wrapping
Fonte: Altium Limited (2016)

Na figura anterior, as trilhas em azul representam as conexões que precisam ser realizadas. Neste caso,
é preciso curto-circuitar cada ponto deste traçado. Isto pode ser realizado por meio da soldagem de um o
fio condutor desempacado em cada ilha sobre o traçado, de modo a formar uma trilha.
A próxima figura apresenta uma placa perfurada, cuja ligação foi realizada com fios condutores. Observe.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 239 -  Exemplo de circuito com a utilização de placa perfurada (A - parte superior e B – parte inferior)
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 291 23/06/2017 10:13:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
292

O resultado também pode ser observado na figura anterior. Esse tipo de prototipagem é bastante
prático, mas também é limitado a circuito que utiliza componentes de tecnologia PTH, conforme citado
anteriormente.

CONFECÇÃO CASEIRA DE PROTÓTIPOS


Um método bastante prático e de baixo custo, que trata de uma forma caseira de fabricação de placas
de circuito impresso, é através do processo de corrosão de placa de fenolite virgem.
Uma placa virgem de fenolite ou de fibra de vidro é constituída inteiramente de camada de cobre sobre
uma ou ambas as suas superfícies. Estas placas podem vir bastante sujas ou até mesmo com princípio de
oxidação, e precisam passar por uma limpeza durante o processo de prototipação.
Veja um exemplo na figura, a seguir.

Figura 240 -  Placa padrão

O leiaute do circuito eletrônico deve ser transferido para esta placa de modo a ser possível fabricar
as trilhas e ilhas da placa. Isso é realizado através de um toner especial para este tipo de aplicação, e,
posteriormente, a placa é corroída com a utilização de produto corrosivo que age removendo o cobre
sobre as superfícies onde não há a presença do toner.
Este tipo de solução possui suas limitações, porque a precisão e a qualidade dos circuitos não pode
ser comparada a um processo industrial de fabricação. No entanto, é um processo muito prático, pois
facilita a fabricação em laboratório e pode agilizar e diminuir o custo de testes de circuitos, já que placas
fabricadas industrialmente, geralmente, possuem um prazo de entrega que pode levar dias. O custo não é
muito acessível para certos projetos, além disso, muitos fabricantes exigem quantidade mínima de lotes de
fabricação. A figura, a seguir, mostra uma placa caseira sendo utilizada em um circuito eletrônico.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 292 23/06/2017 10:13:19


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
293

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 241 -  Placa padrão sendo soldada

A seguir, serão apresentados os procedimentos básicos para a fabricação manual de uma placa eletrônica
em laboratório.

Leiaute do circuito eletrônico


É preciso estampar o leiaute do circuito eletrônico na placa de fenolite. Uma forma de fazer isso é
imprimir o leiaute em escala real, conforme apresenta a figura a seguir.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 242 -  Leiaute de um circuito eletrônico – impressão a laser

A impressão pode ser em folha de papel normal, papel poliéster, papel vegetal, ou, ainda, a utilização de
papel especial para este tipo de aplicação, o chamado papel transfer, que funciona como um adesivo que é
colado com a ajuda de ferro quente. Recomenda-se a utilização de impressoras a laser para esta impressão,
conforme ilustrou a figura anterior.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 293 23/06/2017 10:13:19


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
294

Limpeza da placa de fenolite


As placas de cobre possuem muitas sujeiras e impurezas que precisam ser removidas de modo que
não comprometam o processo de transferência do leiaute para a superfície de cobre. A primeira forma
de realizar esta limpeza é através do uso de palha de aço para remover o grosso da sujeira depositada na
superfície.
A figura, a seguir, apresenta uma placa de fenolite limpa com esse procedimento.

iStock ([20--?])
Figura 243 -  Placa padrão limpa com palha de aço

Em seguida, é preciso remover as impurezas que não são visíveis com a utilização de álcool isopropílico.
Utilize luvas e estopas limpas para realizar este procedimento. Após a limpeza, não toque na superfície
limpa, pois as impurezas da mão prejudicam o procedimento de estampagem.

Estampagem do leiaute
Antes de iniciar o procedimento, lembre-se de que qualquer trabalho em eletrônica requer limpeza.
Portanto, é necessária, antes de tudo, uma bancada de trabalho higienizada e organizada. Recomenda-
se utilizar algum tipo de suporte para evitar que a placa seja danificada, como a utilização de manta que
resista elevadas temperaturas ou até mesmo de pano com suporte.
a) Inserir a folha que possui o leiaute sobre a superfície de cobre, com o toner virado para a superfície
do cobre.
b) Utilizando um ferro de passar sem vapor, aquecer o aparelho na temperatura máxima e mantê-lo
com pressão sobre a superfície da folha de impressa. É importante que a maior parte do circuito
esteja envolta na região do ferro de passar, para que a temperatura se espalhe de forma uniforme.
c) Mantenha o ferro em torno de 10 minutos sobre o conjunto.
d) Remova o ferro e aguarde a placa esfriar naturalmente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 294 23/06/2017 10:13:22


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
295

Observe, a figura, a seguir, que apresenta o procedimento correto do posicionamento do ferro de passar
sobre as respectivas camadas: folha de impressão do leiaute, placa de fenolite, protação e bancada.

Patricia Marcilio (2016)


Folha de impressão com o leiaute
Placa de fenolite
Proteção (manta ou pano)
Bancada
Figura 244 -  Procedimento para fixação do toner na superfície de cobre

Deve-se ressaltar a necessidade de transferir uniformemente a temperatura sobre toda a região da placa
onde a estampa deverá ser transferida para a superfície de cobre, de modo que o leiaute seja transferido
sem perdas de informações.

Patricia Marcilio (2016)

Figura 245 -  Transferência do toner para a superfície de cobre da placa

O resultado final envolve transferir o leiaute da folha de impressão para a placa de fenolite, conforme
foi apresentado na figura anterior. A estampa pode não acontecer de maneira perfeita. Devido a isso, a
estampagem pode ser fortalecida com a utilização de marcador preto permanente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 295 23/06/2017 10:13:23


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
296

Corrosão da placa
O processo de corrosão pode ser realizado com diversos produtos químicos corrosivos. O mais utilizado
em eletrônica é o pó de Percloreto de Ferro, que é misturado com água de modo a formar um líquido onde
a placa de fenolite é submersa durante um determinado período. O procedimento de corrosão pode ser
realizado seguindo os passos:
a) garanta que a placa de fenolite está limpa, e que nenhum resquício do processo de estampagem
permaneça sobre a superfície;
b) misture em uma bacia o pó de Percloreto de Ferro conforme os procedimentos descritos na embal-
agem do produto;
c) insira a placa no compartimento de modo que esta fique em uma posição reta para que o material
corroído possa se desprender da placa e se depositar no fundo do recipiente;
d) o procedimento é lento. Porém, é necessário um acompanhamento atencioso, de modo a evitar que
a solução comece a corroer a região da placa que possui toner.
Observe, na próxima figura, este processo.

ua
Ág
rcl erro
to

d +
ore
P ef
e
Percloreto
de ferro
+
Água

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 246 -  Corrosão da placa utilizando solução de percloreto de ferro

e) o processo termina quando as camadas de cobre sobre a superfície não forem mais visíveis;
f ) remova a placa e realize a limpeza com palha de aço e álcool isopropílico. É preciso ter muito cuidado
para não danificar as trilhas neste processo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 296 23/06/2017 10:13:25


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
297

A cor amarelo claro, da próxima figura, mostra que o cobre foi removido da placa.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Figura 247 -  Placa de fenolite corroída

É possível utilizar a função de teste de continuidade de um multímetro para verificar se as trilhas


fabricadas no processo não estão em curto-circuito com trilhas próximas ou se não estão rompidas em
algum ponto. Este procedimento de teste será abordado na próxima seção desse capítulo.

Furação
Com a placa limpa, é preciso realizar a furação para os componentes com encapsulamento PTH. Isso
pode ser feito utilizando microrretíficas ou furadeiras manuais. O ideal é utilizar furadeiras de bancada,
onde a placa possa ser fixada de modo que a furação seja mais precisa. Deve-se ter cuidado para não
destruir as ilhas da placa durante esse procedimento, pois pode complicar a soldagem e a fixação do
componente no momento de soldá-los. A próxima figura representa a furação das ilhas dos componentes
PTH em placa padrão.
iStock ([20--?])

Figura 248 -  Furação das ilhas dos componentes PTH em placa padrão

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 297 23/06/2017 10:13:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
298

Na sequência, a figura apresenta uma placa de circuito eletrônico fabricada com o processo de corrosão.

iStock ([20--?])
Figura 249 -  Exemplo de placa padrão com soldas realizadas

A fabricação de uma placa caseira pode receber, ainda, uma camada de verniz para evitar que as
superfícies metálicas da placa permaneçam em constante contato direto com o ar e a umidade, evitando,
desse modo, a oxidação precoce da placa eletrônica.

3.3.6 CONFECÇÃO INDUSTRIAL DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO (PCI)

A utilização do processo de confecção de placas de circuito impresso por meio do uso de placa padrão
está limitada a complexidade dos circuitos eletrônicos. O primeiro fator importante, e, também, o mais
evidente, é a quantidade máxima de camadas da placa, que é limitada a duas. O segundo fator está
atrelado à precisão do método de corrosão de cobre para formação das trilhas e ilhas do circuito eletrônico,
limitando o tamanho mínimo do encapsulamento que pode ser utilizado.
Quando é necessário fabricar placas eletrônicas mais complexas, usa-se processos mais sofisticados de
fabricação, que utilizam métodos mais precisos e eficientes, normalmente, nas placas de fibra de vidro.
Os equipamentos que permitem essa fabricação, assim como os processos necessários, são custosos e
precisam de grande demanda para poder obter retorno financeiro. Portanto, é comum que muitas empresas
e institutos terceirizem este tipo de serviço. Neste caso, cabe à empresa interessada no projeto encaminhar
os leiautes desenvolvidos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 298 23/06/2017 10:13:25


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
299

Em geral, projetistas e empresas não estão interessados em compartilhar seus projetos com os fabricantes
de placas de circuitos impresso. Tendo em vista essa segurança, os softwares de leiaute permitem a criação
de arquivos específicos - conhecidos como arquivos Gerbers - para fabricação das placas eletrônicas. Trata-
se de um padrão de arquivo binário para imagens de duas dimensões (2D), que armazena as informações
e coordenadas de todos os componentes em um leiaute de placa de circuito impresso. Praticamente todos
os softwares de leiaute possuem funções para geração de arquivos Gerbers.
O software Altium permite a geração dos arquivos Gerbers através da função Gerber Files que pode ser
selecionada por meio do acesso ao menu File→Fabrication Outputs→Gerber Files, conforme mostra a figura
a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 250 -  Geração dos arquivos Gerber


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 299 23/06/2017 10:13:25


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
300

Através dessa ação, aparece na tela o menu de configurações apresentado na próxima figura. Este menu
permite a configuração geral dos arquivos Gerbers, que serão gerados (unidades de medida, formato,
camadas que são geradas, tipo do formato do desenho mecânico etc.). Após configuração, o software irá
gerar os arquivos Gerbers dentro do projeto, no menu de projetos.
A próxima etapa é exportar e salvar esses arquivos em uma pasta do Windows. Para isso, seleciona-se o
arquivo Gerber, no menu de projetos, na opção File→Export→Gerber. Outra janela de configuração abrirá e
o endereço da pasta do Windows deve ser informado. Os arquivos salvos nesta pasta serão enviados para
a fabricação das placas.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 251 -  Janela de configuração dos arquivos Gerber
Fonte: Altium Limited (2016)

Além dos arquivos Gerber, no Altium, é necessário realizar a geração do arquivo de furação, onde estão
todas as informações e coordenadas sobre cada um dos furos que a máquina de fabricação deverá realizar
para confecção da placa. Seleciona-se o arquivo de leiaute no menu de projeto, em seguida na opção
File→Fabrication Output→NC Drill Files. A figura, a seguir, apresenta a tela de configuração do arquivo de
furação da placa, que deve ser gerado para que os furos possam ser produzidos adequadamente conforme
foram definidos no leiaute. A unidade padrão (Unit), o formato (Format) e as demais configurações podem
ser consultadas com o fabricante para que nenhuma informação seja enviada incorretamente.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 300 23/06/2017 10:13:26


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
301

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 252 -  Arquivos de furação do leiaute


Fonte: Altium Limited (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 301 23/06/2017 10:13:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
302

Os arquivos de furação serão gerados no menu de projeto e precisam ser exportados para a mesma pasta
onde foram salvos os arquivos Gerbers. Para explorar este arquivo de furação, é necessário selecioná-lo na
barra de menu principal e buscar pela opção File→Export→Save Drill (conforme os passos apresentados na
próxima figura).

Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Figura 253 -  Importando arquivos de furação


Fonte: Altium Limited (2016)

Para produção das placas, é preciso enviar para o fabricante os arquivos de Gerbers e de furação. Além
disso, é preciso informar a quantidade de camadas que a placa possui e a espessura da camada de cobre
desejada. Em eletrônica, a espessura de camadas de cobre é expressa em onça. Em geral, placas com trilhas
de ½ oz (meia onça) são suficientes para as aplicações que não possuem grande consumo de corrente,
exceto em um ponto ou outro da placa, onde a necessidade de corrente pode ser facilmente adaptada com
trilhas mais largas.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
303

A unidade de medida de volume onça é utilizada pelo sistema imperial britânico de


medidas, e está relacionada à palavra latina uncia, e se difundiu pela Europa através
CURIOSI da dominação romana. No entanto, a pronúncia utilizada é emprestada da língua
DADES italiana medieval: onza. Hoje a palavra italiana para esta unidade é oncia. Por exemplo,
em uma placa de circuito impresso de aproximadamente 30 cm X 30 cm, uma camada
de cobre tem o peso de uma onça, correspondente ao peso de 28,4 gramas..

Em casos especiais, que o circuito processa muita energia, é possível fabricar placas com três ou mais
onças de espessura. Normalmente, os fabricantes possuem tabelas informativas para auxiliar nestas
decisões, já que tais características estão muito ligadas ao processo de confecção das placas eletrônicas.

3.3.7 MONTAGEM DOS COMPONENTES

O próximo procedimento após a fabricação das placas de circuitos eletrônicos é a montagem e soldagem
dos componentes eletrônicos na placa. Esta etapa envolve algumas técnicas que visam padronizar a
montagem dos circuitos e manter a qualidade do processo.
No caso da montagem manual de componentes em placas de circuitos eletrônicos que é abordada
nesta seção, trata-se de uma tarefa delicada e necessita de mais capricho e atenção. É preciso estar
atento aos cuidados que cada procedimento exige. Os componentes eletrônicos são sensíveis à sujeira,
choques mecânicos, descargas eletrostáticas e ao acesso de calor. Além disso, são frequentes defeitos
ou até mesmo a queima de componentes durante a montagem do circuito. Quando isso ocorre, é difícil
identificar o problema durante o processo de montagem, possivelmente sendo identificado somente nos
procedimentos de testes e validação, ou, no pior caso, durante o funcionamento, na aplicação.
Existem muitas normas e certificações referentes à qualidade de montagem de circuitos eletrônicos. A
certificação internacional IEC 610, cujo título em inglês é Acceptability of Electronic Assemblies (Aceitabilidade
de montagens eletrônicas), é a mais utilizada mundialmente.
Para exemplificar a importância da qualidade e certificação da montagem de circuitos eletrônicos,
imagine um circuito cujo procedimento de soldagem foi realizado de forma inadequada, resultando em
muitas trincas na solda. Este tipo de problema não necessariamente prejudicará os ensaios e testes elétricos.
No entanto, existe o risco deste defeito vir a se agravar ao longo do tempo devido a fatores como: vibrações
mecânicas, umidade, variações de temperatura, estresses de carga etc. A presença de falhas pode fragilizar
um circuito eletrônico, ainda que, as variações sofridas estejam dentro das especificações para o qual o
sistema foi projetado para suportar.
Contudo, de outra forma, imagine tratar-se de mil placas eletrônicas de um produto que já foi vendido,
nas quais 10% possuem o defeito de montagem mencionado. A história seria outra, e um procedimento
de montagem poderia prejudicar profundamente a imagem comercial da empresa. Afinal, ninguém ficaria
satisfeito com um aparelho de TV que deixa de funcionar depois de um mês de uso, por exemplo. Nesta
seção, você estudará as boas práticas que auxiliam na realização de um procedimento de montagem
manual dos circuitos eletrônicos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 303 23/06/2017 10:13:26


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
304

Portanto, os circuitos eletrônicos podem conter componentes PTH e SMD, ou ser compostos puramente
de uma das duas tecnologias. A ordem de montagem dos componentes pode ser realizada de diversos
modos e a melhor forma a ser adotada depende da complexidade e do tipo de circuito. Nesta seção, será
apresentado um procedimento genérico para organizar a montagem, que pode ser útil em muitos casos.

ORGANIZAÇÃO DA BANCADA, FERRAMENTAS E COMPONENTES


Para realizar a montagem dos circuitos eletrônicos, é preciso estar atento à limpeza e a organização
da bancada de trabalho. Deve-se evitar o acúmulo de pó e sujeiras, especialmente resquícios de
materiais condutores, os quais podem entrar em contato com a placa de circuito impresso, podendo
consequentemente, afetar a qualidade da montagem e prejudicar o funcionamento do circuito.
Encontre uma forma de separar os componentes, que serão utilizados no projeto de modo que
fiquem acessíveis durante a execução das tarefas. É possível fazer essa organização através de gavetas ou
compartimentos para componentes eletrônicos, conforme é exemplificado na figura, a seguir.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 254 -  Organização dos componentes

É importante manter as ferramentas em posição de fácil acesso, isso torna a execução das tarefas mais
eficiente. Além disso, você precisa evitar deixar componentes jogados e expostos à sujeira e a umidade,
isso pode danificá-los e prejudicar o funcionamento dos circuitos.

POSICIONAMENTO DE COMPONENTES NÃO POLARIZADOS


Componentes não polarizados, especialmente resistores e indutores, possuem códigos que permitem a
identificação de seus parâmetros. É uma ação sensata padronizar a posição de leitura destes componentes,
tanto para os componentes inseridos na horizontal quanto para os na vertical. Essa decisão, embora possa
parecer simples, modifica bastante a questão visual da placa, não só concedendo uma aparência mais
profissional ao projeto, mas também facilita a leitura dos parâmetros dos componentes.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 304 23/06/2017 10:13:27


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
305

A figura, a seguir, apresenta o posicionamento horizontal de capacitores cujo posição de visualização


facilita a leitura dos valores dos parâmetros que estão estampados no corpo do componente. É aconselhável
que uma única posição de visualização permita ler os parâmetros de todos os componentes, ou seja, sem
a necessidade de girar a placa a todo momento, o que pode ser muito inconveniente nos casos em que a
placa está instalada e fixa a um equipamento cujo acesso não é tão fácil.

iStock ([20--?])
Figura 255 -  Posicionamento de capacitores na placa de circuito impresso

Outro exemplo consiste na posição de resistores SMD, como pode ser visualizado na próxima figura.
iStock ([20--?])

Figura 256 -  Posicionamento de componentes SMD

Perceba, na figura anterior, que todos os resistores foram posicionados de modo a não ser necessário
rotacionar a placa de circuito impresso para fazer a leitura.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 305 23/06/2017 10:13:32


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
306

SOLDAGEM DE COMPONENTES SMD


Se a placa é composta por componentes SMD, pode-se começar pela soldagem de componentes
de menor espessura: resistores, capacitores, diodos, circuitos integrados. Para a soldagem de circuitos
integrados que possuem muitos terminais, ter maior espaço disponível para a movimentação do ferro de
solda facilita a montagem.

iStock ([20--?])
Figura 257 -  Soldagem de circuito integrado SMD na placa de circuito impresso

Se os componentes maiores são soldados primeiro, perde-se a liberdade de movimentação das


ferramentas: ponteira de soldagem e de pinças. Isto torna a soldagem mais difícil, além de aumentar o
risco de danificar os componentes da vizinhança devido a um choque acidental da ponta do ferro de solda
com estes componentes ou até mesmo com a placa.

SOLDAGEM DE COMPONENTES PTH


Assim que montados os componentes mais sensíveis, é possível partir para os de tecnologia PTH de
menor tamanho e espessura, como capacitores resistores, diodos, LEDs, circuitos integrados etc.

FIQUE Tenha cuidado ao manusear os componentes eletrônicos. A eletricidade estática que


ALERTA o corpo humano armazena pode ser descarregada nos componentes que são mais
sensíveis gerando o risco de queimá-los.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 306 23/06/2017 10:13:34


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
307

Na montagem é necessário rotacionar ou alterar muitas vezes a posição da placa sobre o suporte que
a sustenta. Portanto, o critério de priorizar a inserção dos componentes menores também visa facilitar a
manipulação da placa durante a montagem, pois, após a soldagem dos componentes maiores, a placa
geralmente se torna mais pesada e difícil de manipular.

iStock ([20--?])
Figura 258 -  Soldagem dos terminais dos componentes

Durante a etapa de elaboração dos esquemáticos e leiautes, é importante que informações sejam
relatadas sobre as prioridades de soldagem, pois esta ação facilitará o trabalho dos montadores,
especialmente quando a pessoa que projetou os circuitos não será a mesma que realizará a montagem
dos componentes na placa eletrônica.

SOLDAGEM DOS DEMAIS COMPONENTES


Por fim, sugere-se a montagem e soldagem dos componentes de maior tamanho que são: capacitores,
resistores de potência, transistores, relés, conectores, transformadores, entre outros.
Confira o exemplo de transformadores e resistores de potência na figura a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 259 -  Transformador em uma placa de circuito eletrônico

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 307 23/06/2017 10:13:40


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
308

É preciso ficar atento aos componentes que possuem tendência de aquecer durante o funcionamento,
pois devem ser tomadas providências a este respeito na etapa de montagem. Os resistores, por exemplo,
podem trabalhar em temperaturas que não necessariamente afetam ou comprometam seu funcionamento,
mas que possivelmente danificarão as trilhas e isolações da placa de circuito impresso. Para isso, é possível
instalar e soldar o componente mais afastado da base da placa de circuito impresso, permitindo assim uma
melhor dissipação de calor.
A próxima figura exemplifica este caso, com um resistor soldado rente à superfície da placa (note
que a coloração da região placa de circuito impresso ao redor do resistor demonstra os efeitos do calor
proveniente do componente), enquanto que a figura ao lado apresenta uma solução para este tipo de
situação: o componente é instalado com uma distância mínima da placa, de modo que possa dissipar
melhor o calor, sem degradar o verniz e o cobre da placa eletrônica.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Figura 260 -  Montagem de resistores de potência (caso inadequado x caso adequado)

Nos casos em que a montagem de certos componentes mais robustos apresenta riscos de danificar
componentes mais sensíveis que já foram montados, pode-se repensar na ordem de montagem aqui
proposta e alterá-la conforme a necessidade do projeto. A análise prévia destes fatores pode resultar em
um procedimento mais criterioso e eficiente para um caso específico.

COMPONENTES COM SOQUETE


É possível ainda que o projeto contenha componentes que sejam encaixados através de soquetes
(ver figura seguinte), como processadores e outros tipos de circuitos integrados. Os soquetes podem ser
montados junto com os demais componentes SMD ou PTH. No entanto, muitas vezes, é plausível deixar o
encaixe do circuito integrado por último, ou até mesmo para etapa de testes, depois que todas as fontes e
circuitos básicos forem testados.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 308 23/06/2017 10:13:41


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
309

Isso pode evitar danificar estes componentes, os quais costumam ser mais sensíveis e de alto custo.

iStock ([20--?])
Figura 261 -  Circuito integrado sendo encaixado no soquete

Este procedimento pode ser utilizado também para montagem de subcircuitos. Por exemplo, pode-se
primeiro soldar os componentes relativos à fonte de alimentação para realizar pré-testes neste circuito.
À medida que o funcionamento deste subcircuito é validado, parte-se para montagem e pré-teste do
próximo subcircuito, e assim por diante.
A norma IPC-A-610 é um padrão internacional que trata dos procedimentos para projeto e montagem de
componentes eletrônicos na indústria. Esta norma é reconhecida mundialmente e possui muitos requisitos
essenciais para garantir a qualidade de um produto eletrônico, incluindo as necessidades de certificações.
Na seção a seguir, você conhecerá os conceitos básicos de validação e testes de placas eletrônicas.

VALIDAÇÃO
Após a montagem dos circuitos eletrônicos, o próximo passo é garantir que os procedimentos de
fabricação e de montagem foram realizados adequadamente. Parte-se para uma nova etapa do projeto,
que consiste na realização de testes em laboratório para validação do funcionamento do protótipo
confeccionado. Essa fase é essencial para verificar se o funcionamento do circuito eletrônico está de acordo
com as funções estabelecidas no projeto e a identificação de defeitos ou falhas que possam ter ocorrido
nas etapas anteriores.
A elaboração de ensaios que possam simular as condições de operação do circuito, em sua aplicação
real, é um procedimento que pode ser realizado em laboratório em muitos casos. Por meio destes ensaios,
é possível analisar se os valores experimentais estão dentro dos valores admitidos para a aplicação. As
condições de testes podem levar em consideração as condições elétricas, mecânicas ou térmicas de um
sistema.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
310

Quando se trata de efeitos elétricos, é preciso verificar fatores elétricos importantes dos circuitos, por
exemplo, funcionamentos lógicos, níveis de tensão e corrente de entradas e saídas, os níveis de ondulação,
o consumo elétrico do circuito, a integridade dos sinais de comunicação etc. Das informações extraídas nos
testes, é possível tirar conclusões importantes sobre o projeto. Por exemplo, você deve definir se os circuitos
estão aptos a trabalhar dentro das condições elétricas exigidas para sua aplicação, ou, caso contrário, se são
necessários ajustes nos circuitos ou leiaute, substituição de componentes, entre inúmeras outras situações
possíveis que devem ser avaliadas em cada aplicação.
Além destes fatores relativos ao funcionamento sob condições normais, é possível realizar testes para
validar e verificar os limites elétricos sobre condições anormais de operação e de sobrecarga. Um circuito
eletrônico, por exemplo, que é responsável pelo acionamento de motores de uma máquina deve ser capaz
de resistir a sobrecargas mecânicas que reflitam em sobrecargas elétricas: o eixo de um dos motores pode,
por exemplo, sofrer um impacto ou receber uma condição de torque elevada durante um período curto de
tempo. Tais variações vão gerar picos de corrente elétrica que deverão ser supridos pelo circuito eletrônico.
Portanto, o circuito deve estar preparado para as condições adversas, as quais estejam dentro de suas
especificações.
Ensaios mecânicos consistem em verificar se o circuito eletrônico confeccionado atende as exigências
físicas e estruturais para o qual foi desenvolvido, e se as suas características estáticas, como peso, dimensões,
formato e fixações estão adequadas para a sua finalidade. Além disso, muitas vezes, é preciso verificar as
condições dinâmicas em que o circuito pode estar sujeito, por exemplo, condições de choques mecânicos
ou vibrações. É possível realizar este tipo de teste em circuitos eletrônicos por meio de ensaios de vibrações.
Ensaios térmicos podem ser realizados em laboratórios com a utilização de estufas a fim de verificar o
estresse térmico aos quais os circuitos poderão estar submetidos na prática. Um circuito eletrônico aquece
naturalmente devido ao efeito joule, ou seja, os circuitos possuem perdas de energia que são refletidas
de diversas formas, uma delas é através da emissão de calor, como a passagem de corrente por meio de
um condutor. Além disso, os circuitos eletrônicos precisam suportar as condições de temperatura do local
onde serão instalados, pois, muitas vezes, pode ser necessário instalar equipamentos expostos ao sol ou
próximo de outras máquinas onde a temperatura externa pode ultrapassar os 40 ou 50°C.

3.3.8 MEDIÇÃO DE GRANDEZAS

A medição de uma grandeza consiste em realizar uma comparação entre uma grandeza que se deseja
mensurar e outra que já se conhece, ou seja, é a comparação com um valor padrão. Quando se deseja, por
exemplo, medir a altura de um muro, é possível utilizar o padrão de unidade métrico. No Brasil, adotam-se
os padrões do Sistema Internacional de Medidas (SI).

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
311

O quadro, a seguir, apresenta as grandezas elétricas mais comuns e sua unidade no SI.

GRANDEZAS UNIDADES SÍMBOLO


Tensão elétrica Volt V
Intensidade de corrente elétrica Ampère A
Resistência elétrica Ohm Ω
Potência Watt W
Capacitância Farad F
Indutância Henri H
Frequência Hertz Hz
Figura 262 -  Grandezas elétricas e suas unidades
Fonte: SENAI (2016)

Para realizar uma medição elétrica, seja um nível de corrente ou tensão elétrica, é preciso ter uma ideia
do valor de grandeza que se deseja efetuar. Ainda que seja uma ideia aproximada, isso é importante para
uma precisão da medição e para a segurança do equipamento e do usuário.
A escolha de um instrumento adequado e de qualidade é um fator importante para realizar um
procedimento adequado de testes e ensaios. A exatidão e a precisão são dois conceitos importantes que
precisam ser esclarecidos. A exatidão de um instrumento está relacionada à proximidade que ele chega
do valor verdadeiro. Já a precisão indica a proximidade relativa de diversas leituras de um mesmo valor de
grandeza. Considere que o valor real de uma grandeza é representado pelo centro de um alvo de arco e
flecha.
A figura a seguir mostra a diferença entre a exatidão e a precisão.

Patricia Marcilio (2016)

1 2 3 4

Figura 263 -  Precisão e exatidão


Fonte: SENAI (2016)

Na primeira tentativa o atirador foi exato, mas não teve precisão. Na segunda tentativa, houve precisão,
as flechas ficaram muito próximas umas das outras, mas faltou exatidão nos tiros. Na terceira tentativa, o
arqueiro foi preciso e exato. Por fim, a quarta tentativa, não houve precisão nem exatidão.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 311 23/06/2017 10:13:43


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
312

Da mesma forma, esta ação acontece com os instrumentos de medição. E, para mantê-lo dentro da
faixa de exatidão, é necessário realizar a calibração dentro de um período estabelecido pelo fabricante, que
varia conforme as condições de uso desse equipamento. A calibração é um processo comparativo que é
realizado por meio do uso de equipamentos de precisão que estão calibrados. Um equipamento calibrado
fornece as referências para calibração do instrumento de medição.
A utilização do instrumento de medição correto, com a devida precisão e exatidão, pode eliminar
muitos erros de leituras, os quais poderiam ser constantes com a utilização de um instrumento inadequado
ou sem calibração. No entanto, isso por si só não pode eliminar todos os erros a que as medições estão
sujeitas. É preciso que o responsável por este procedimento esteja ciente de que existem outras fontes
de erros que podem estar atreladas à experiência profissional ou à qualidade dos procedimentos. A falha
humana pode ocasionar erros na leitura dos valores mensurados, engano no posicionamento de vírgulas
ou escalas, arredondamento inadequados de leitura etc.
As características elétricas dos circuitos eletrônicos são dependentes de uma quantidade enorme de
fatores. A variação de temperatura, as variações construtivas dos componentes e materiais, as variações
elétricas das fontes de energia (rede elétrica ou baterias) não são constantes e afetam cada nova leitura.
A utilização de métodos mais precisos que acompanham a variação desses parâmetros pode auxiliar na
análise dos resultados. Os multímetros e os osciloscópios são instrumentos importantes nos ensaios de
circuitos eletrônicos.

USO DO MULTÍMETRO
O multímetro é o instrumento básico em eletrônica. Ele é essencial para verificar o funcionamento
e os parâmetros de componentes, para conferir os níveis de tensão e corrente de natureza contínua ou
alternada, frequência e outros parâmetros.
Em geral, os multímetros possuem duas ponteiras de teste, normalmente uma ponteira na cor vermelha
e outra na cor preta. A vermelha indica o sinal positivo da representação do sentido convencional de
corrente, ou seja, corrente fluindo do terminal positivo para o negativo. A cor preta representa o sinal
negativo de referência do equipamento.
É importante salientar que os instrumentos em geral podem possuir mais de duas entradas para o par
de ponteiras, e é preciso verificar a posição de instalação correta de cada ponteira para cada caso. Existem
entradas específicas para a leitura de intensidade de corrente, por exemplo.
Essa informação é extremamente importante, sendo necessário ler o manual do instrumento e realizar
adequadamente essa instalação em cada caso. A seguir, serão apresentadas algumas medições básicas que
grande parte dos modelos de multímetro permite. Acompanhe.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 312 23/06/2017 10:13:43


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
313

Resistência elétrica
Os multímetros permitem mensurar a resistência elétrica. Essa função é muito utilizada para conferir
valores de resistores, resistência elétrica de fios de condutores, trilhas de placas, enrolamentos de
transformadores, entre outros.
A função para medição de resistência elétrica nos instrumentos, em geral, é selecionada através de
um cursor mecânico ou um botão digital. A figura, a seguir, apresenta as funções de leitura de resistência
elétrica de um multímetro digital convencional. Além da função de resistência, é preciso selecionar a escala
de leitura, embora alguns multímetros realizam este ajuste automaticamente.

Escalas de
resistência

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Ponteira vermelha
Ponteira preta

Figura 264 -  Medição de resistência elétrica


Fonte: SENAI (2016)

Para leitura de resistências, deve-se posicionar a escala mais próxima para a resistência medida, de
modo que a informação apresentada no visor seja mais precisa. No caso de um resistor de 1 kΩ, é aquela
cuja a escala superior é maior do que 1 kΩ e a escala inferior é menor do que 1 kΩ.

Ganho de transistores
Um dos parâmetros dos transistores bipolares de junção é o ganho (hfe), cujo valor pode variar bastante
dentro de uma faixa especificada pelo fabricante. Existem modelos de multímetros que possuem a função
de leitura desse ganho, sendo possível verificar com maior exatidão o valor real desse parâmetro do
componente que está sendo utilizado.
Para essa leitura, os instrumentos geralmente possuem uma função de leitura de ganho onde basta
espetar o componente diretamente nos pinos de leitura que são disponibilizados no corpo do equipamento.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
314

Observe a próxima figura.

E E
B B
C C
E E
Função hFE para
medição do ganho

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Exemplo

E BC E

Figura 265 -  Medição de ganho de transistores


Fonte: SENAI (2016)

É preciso verificar a sequência de pinos do componente para inseri-lo adequadamente no instrumento


de medição, as entradas de leitura possuem quatro furos na sequência, emissor-base-coletor, que permite
o ensaio para todos os padrões de sequência de pinos.

Medição de tensão elétrica


Os multímetros permitem a medição de tensão elétrica de natureza contínua e alternada. A seguir, é
apresentado um procedimento básico para dar início às medições:
a) instalar o par de ponteiras na posição correta para medição de tensão. Se esta informação não está
evidenciada no próprio corpo do instrumento, é importante procurá-la no manual do equipamento.
Instalar as ponteiras em posições incorretas pode trazer danos ao equipamento durante a leitura de
certas grandezas, por exemplo, manter as ponteiras na posição de medição de corrente elétrica e
realizar o procedimento de leitura de tensão elétrica no circuito;
b) selecionar a função de leitura de tensão desejada (contínua ou alternada), exceto em instrumentos
que realizam este ajuste de forma automática;
c) selecionar a escala de tensão para medição: é preciso ter noção aproximada do valor que será
mensurado. Por exemplo, se em um ponto do circuito medir uma tensão entre 10 e 15 V, deve-se
selecionar a escala do instrumento que mais se enquadra dentro desta variação de valor, como, escala
de 20 V. Certamente seria possível fazer esta leitura na escala de 200 V, porém, perde-se precisão na
leitura. A razão de utilizar a escala mais próxima é otimizar a leitura no visor do instrumento, usando

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 314 23/06/2017 10:13:46


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
315

todas as casas decimais. Em instrumentos que realizam esse ajuste automático não é necessário
selecionar escalas;
d) a medição de tensão é realizada em paralelo com o circuito.
No caso de medição de tensão contínua, utiliza-se a ponteira da cor vermelha para o ponto de maior
potencial elétrico (positivo) e a de cor preta para o ponto de menor potencial elétrico (negativo). A figura,
a seguir, mostra a medição de tensão de um circuito.

Escalas de tensão
Escalas de alternada
tensão contínua

Ponteira vermelha (~mA)


Ponteira preta

Figura 266 -  Medição de tensão elétrica iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)
Fonte: SENAI (2016)

No caso de medição de tensão alternada senoidal, o multímetro possui um circuito interno de retificação
que trabalha em uma faixa de frequência específica, geralmente em torno de 40 a 400 Hz, e é preciso
verificar estes limites de operação informados no manual do instrumento. Para medição do valor eficaz de
tensão alternada não senoidal, é preciso utilizar modelos de multímetros com a função True-RMS. O manual
do equipamento também traz informações sobre os tipos de sinais que podem ser mensurados por aquele
modelo.

Medição de corrente elétrica


A medição de corrente elétrica através da utilização de um multímetro é realizada ligando as ponteiras
do equipamento em série com o ramo do circuito que se deseja mensurar. É preciso abrir o circuito para
realizar a leitura de corrente, do mesmo modo que precisa instalar as ponteiras na posição adequada do
instrumento, e respeitar os limites de corrente mensurada para não danificar o multímetro. Geralmente
existe uma entrada que permite a leitura de níveis de correntes maiores (dezenas de amperes).

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
316

Durante a leitura de corrente contínua, o sentido da corrente que flui da ponteira de cor vermelha para
a ponteira preta é padronizado com o sentido convencional da corrente. Portanto, deve-se ligar a ponteira
de cor vermelha no potencial, no ponto inicial da corrente e a ponteira de cor preta no ponto final de
leitura. Caso o mostrador do instrumento informar um valor negativo de corrente, isso indica que o sentido
da corrente é invertido, ou seja, a corrente flui no sentido convencional da ponteira de cor preta para a
ponteira de cor vermelha. Observe a próxima figura.

Escalas de
corrente

Ponteira vermelha (Até 10kA)


OU
Ponteira vermelha (~mA)
Ponteira preta

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 267 -  Medição de corrente elétrica


Fonte: SENAI (2016)

A figura anterior apresenta um exemplo de medição de corrente com a utilização do multímetro.

Teste de continuidade
Testes de continuidade são importantes para verificar a conexão elétrica entre dois pontos distintos. É
possível verificar se componentes ou trilhas de circuitos estão em curto-circuito ou circuito aberto.
Nesta função, o multímetro injeta um sinal de baixa potência por meio das ponteiras. Ou seja, quando
dois pontos diferentes que estão eletricamente conectados são verificados, cria-se um circuito elétrico
fechado, ou seja, permite a passagem de corrente entre uma ponteira e a outra. Dessa forma, o instrumento
mostra que existe uma ligação elétrica entre os dois pontos. Esse alerta geralmente é indicado com um
sinal sonoro (um bipe) e/ou indicação específica no visor.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 316 23/06/2017 10:13:50


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
317

De outro modo, quando os dois pontos não estão conectados ou possuem resistência de conexão
elevada, o instrumento não gera nenhum sinal sonoro e mantém a indicação de que não há um canal de
baixa impedância.

Ponteira vermelha
Ponteira preta
Teste de
continuidade
Ponto A

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Ponto B

Figura 268 -  Teste de continuidade


Fonte: SENAI (2016)

Um exemplo clássico é o teste de continuidade na entrada da fonte de alimentação de circuitos


eletrônicos. As entradas de fontes geralmente possuem valor de resistência elétrica elevado, portanto,
quando se realiza o teste de continuidade neste caso, a medição de condição constante de curto-circuito
pode indicar um problema no circuito.
É importante salientar que a continuidade precisa ser constante, maior que 10 segundos pelo menos,
porque, muitas vezes, em circuitos como os de fontes existem capacitores, e estes, descarregados, possuem
o comportamento de um curto-circuito. Neste caso, é preciso manter as ponteiras conectadas por um
tempo mínimo, até os capacitores receberem uma quantidade mínima de carga.

Outras medições
Existem outras funções básicas que frequentemente estão incorporadas ao conjunto de funções de um
multímetro, por exemplo, a medição de capacitância, indutância e temperatura.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 317 23/06/2017 10:13:52


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
318

No caso de medição de temperatura, o instrumento geralmente possui uma ponteira especial com um
transdutor de temperatura na ponta, que pode ser utilizado para medição da temperatura dentro de uma
faixa de valores que geralmente são informados no manual do equipamento.

USO DO OSCILOSCÓPIO
O uso do osciloscópio permite analisar o comportamento de sinais de alta frequência ao longo do
tempo, e isso é de extrema importância para análise de circuitos eletrônicos. As principais funções deste
equipamento já foram citadas anteriormente, e vale ressaltar que a posição dos botões de ajustes no corpo
do equipamento varia de modelo para modelo. Os principais botões de ajustes (horizontal e vertical) de
um osciloscópio são apresentados na figura a seguir..

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Vertical (V/div)
Vertical (V/div) do canal 1
Horizontal (s/div)
Figura 269 -  Ajustes básicos de um osciloscópio
Fonte: SENAI (2016)

Você não deve esquecer de verificar se o equipamento utilizado possui entrada isolada e não usar
mais de uma referência para múltiplas entradas não isoladas. Este é um fator importante que é esquecido,
ocasionando defeito e até mesmo a perda de um instrumento de medição que tem um custo agregado
elevado. Os passos básicos para utilizar um osciloscópio serão apresentados a seguir.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 318 23/06/2017 10:13:53


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
319

Instalação das ponteiras e calibração


As ponteiras de um osciloscópio permitem a medição de tensão elétrica, mas é possível encontrar
outros modelos de ponteira capazes de mensurar diretamente correntes elétricas ou outras grandezas.
Uma ponteira clássica de um osciloscópio é apresentada na próxima figura.
Elas costumam ter um ajuste de capacitância para compensar o sinal mensurado. Com este tipo de
ponteira, é possível mensurar tensões de até 600 V. Para tensões maiores, é possível utilizar ponteiras
especiais, desde que estas sejam compatíveis com o modelo de osciloscópio que se está utilizando. Na
figura, a seguir, você conhece os detalhes da ponteira de um osciloscópio.

Ponteira

Outras
pontas

Ponteira
de terra

Ajuste
capacitância
Guilherme Luiz Marquardt (2016)

Anéis identificadores
Conector (por cores)

Ferramenta de ajuste

Figura 270 -  Detalhes sobre a ponteira de osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
320

Ao conectar uma ponteira de tensão pela primeira vez em um osciloscópio, deve-se fazer o processo
de calibração para ajustar os níveis de compensação e atenuação da ponta de prova. As ponteiras, em
geral, possuem um botão de ajuste de atenuação, conforme pode ser observado na figura anterior. Trata-
se, geralmente, de um multiplicador por 1 (opção x1, ou seja, o sinal mensurado não tem ganho), ou um
multiplicador por dez (opção x10, ou seja, o sinal mensurado possui um ganho de 10 vezes). Veja o exemplo
na figura que segue.

X1 X10

Patricia Marcilio (2016)


Figura 271 -  Ajuste do ganho da ponteira
Fonte: SENAI (2016)

Os osciloscópios permitem ajustar a ponta de prova através de um sinal de referência que é


disponibilizado no próprio instrumento. Este sinal tem formato, nível de tensão e frequência bem definidos
e de alta precisão. A ponteira recém-instalada deve ser conectada neste ponto de teste, conforme figura a
seguir.

Conexão da
ponteira AUTO SET

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Canal 1

Figura 272 -  Calibração básica de uma ponteira


Fonte: SENAI (2016)

Ao conectar corretamente as ponteiras, é possível pressionar a opção AUTO SET do osciloscópio para
ajustar o sinal exibido na tela de leitura do instrumento. Dessa forma, as escalas horizontal e vertical são
ajustadas automaticamente conforme o nível de tensão e frequência de ajuste. Este procedimento também
pode ser realizado manualmente através dos botões, ou funções, de ajuste de tempo (s/div) e nível de
tensão (Volt/div).

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
321

É importante estar com o manual do equipamento em mãos, para verificar as peculiaridades de cada
modelo, já que as funções podem variar de um modelo para outro. Para um sinal de ajuste de tensão de 5 V
e frequência de 1 kHz, a próxima figura mostra o sinal de ajuste que é apresentado no visor do instrumento
de medição.

5V

Sinal de
referência (0V)

500 us Patricia Marcilio (2016)

Figura 273 -  Visor do osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

Se o sinal estiver distorcido, é possível compensá-lo ajustando o capacitor de ajuste da ponteira de


prova com a utilização de uma chave de fenda ou Philips adequada, conforme a ponteira.

Cuidados necessários
Ao utilizar o osciloscópio, algumas precauções precisam ser tomadas para não danificar o equipamento
e não criar situações de risco, conheça-as a seguir:
a) sempre utilizar ponteiras indicadas no manual e com os níveis de tensão adequados para a aplicação;
b) não utilizar referências diferentes em um osciloscópio que não possui canais isolados;
c) nunca conecte o ponto de terra das ponteiras a tensões elevadas;
d) cuidado com a limpeza, evite deixar o equipamento destampado ou exposto ao pó e a outras sujeiras.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Outros aspectos referentes às precauções básicas do uso do equipamento podem ser verificadas no
manual específico do modelo que será utilizado.

Leitura de sinais elétricos contínuos


A leitura de um sinal contínuo deve ser realizada selecionando a função CC (DC, em inglês) para o sinal
de acoplamento do osciloscópio. A amplitude do sinal de tensão mensurado deve ser obtida medindo o
número de divisões entre o sinal de tensão e o sinal de nível zero no eixo vertical. Este número deve ser
multiplicado pela escala de tensão (Volts/div) configurada e pelo ganho da ponteira. A figura, a seguir,
apresenta uma leitura exemplificando esse caso.

Patricia Marcilio (2016)


Figura 274 -  Medição de sinais contínuos (CC) com o osciloscópio
Fonte: SENAI (2016)

É importante estar atento aos limites máximos de tensão das ponteiras utilizadas. Em geral, as ponteiras
dos equipamentos podem operar até 600 V de pico. Este valor é frequentemente informado no corpo da
ponteira. De outro modo, deve-se consultar o modelo da ponteira no manual do equipamento.

Leitura de sinais elétricos alternados


Para a leitura de um sinal alternado, é preciso selecionar no osciloscópio a função CA (AC em inglês) de
acoplamento do sinal de leitura. A leitura exibida na tela deve ser interpretada conforme o posicionamento
dentro das divisões de escala no eixo vertical e horizontal.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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A próxima figura apresenta um exemplo deste caso.

Patricia Marcilio (2016)


T

Figura 275 -  Medição de sinais alternados com o osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

A tensão pico a pico do sinal (Vp-p) pode ser lida através do número de divisões do sinal na tela do
instrumento multiplicado pelo valor da escala de tensão (Volts/div), e, também, pelo ganho da ponteira.
No exemplo da figura anterior, deve-se considerar o ganho de ponteira de x10.
Além da análise dos níveis de tensão, é possível verificar a frequência do sinal através da análise dos
valores no eixo horizontal. É preciso verificar o número de divisões do sinal para um período de amostragem
e multiplicá-lo pela escala de tempo (s/div) em que o instrumento está configurado nesta medição.
No exemplo apresentado na figura anterior, considerando que a divisão horizontal (de tempo) esteja
configurada para um tempo de 2,5 ms, é possível notar na figura que o tempo de um ciclo de onda (T)
corresponde a um total de oito divisões, ou seja, um período é igual a 20 ms, o que corresponde a um sinal
de frequência ( ) igual a 50 Hz.
A mesma análise é possível para outros tipos de ondas. Existem osciloscópios que possuem funções
matemáticas que determinam automaticamente valores médios, eficazes e inclusive permite cálculos
entre diferentes sinais obtidos. Esse aprofundamento é deixado por conta do estudante de eletrônica que
deve se habituar a leitura de manuais dos instrumentos de medição.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 323 23/06/2017 10:13:58


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
324

USO DO GERADOR DE FUNÇÕES


Um gerador de sinais é essencial para simulação de sinais para testes de circuitos eletrônicos. Se o
projeto eletrônico que está sendo desenvolvido possui entradas de sinais que precisam ser testados, é
possível utilizar o gerador de funções para realizar ensaios nestas entradas, desde que os formatos dos
sinais sejam compatíveis com o equipamento disponível.
O gerador de sinais pode, por exemplo, simular um sensor de velocidade de um motor. Neste caso,
existem sensores que são discos e possuem furações concêntricas, onde um sensor óptico localizado em
um destes pontos avalia a velocidade de giro conforme os furos passam por este ponto. O circuito que faz
a leitura deste sensor pode ser testado em bancada com a utilização de um gerador de sinais que simula o
funcionamento do sensor.
O primeiro passo deste procedimento é conhecer o tipo de sinal que precisa ser gerado. Em segundo
lugar, é preciso configurar o formato, o nível e a frequência do sinal. Em terceiro lugar, é preciso inserir as
pontas de prova no circuito que será testado, e, por fim, realizar a validação do circuito. Veja o processo
descrito na figura a seguir.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Gerador de funções
Ajuste de formato, Injetar sinal do circuito Testar comportamento
Sinal do sensor amplitude e frequência a ser testado do circuito
Figura 276 -  Uso do gerador de sinais para simular os valores de entrada de um circuito
Fonte: SENAI (2016)

Antes de conectar a ponteira de um gerador de sinais ao circuito eletrônico ou aplicação, é possível


realizar a calibração dos sinais desejados com a utilização de um osciloscópio, conforme a figura a seguir.
O valor de frequência exibido no visor dos geradores de sinais normalmente trata de uma indicação
e não uma medição precisa, portanto, para se obter precisão de leitura é necessária a utilização de um
instrumento de medição adequado.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 277 -  Gerador de sinais sendo avaliado em osciloscópio


Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 324 23/06/2017 10:14:02


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
325

É preciso começar por configurar o formato da onda do sinal, para em seguida ajustar os valores de nível
de tensão de pico a pico (ou somente pico) e de frequência deste sinal.
A próxima figura mostra os menus dessas configurações citadas. Cada modelo de equipamento possui
seu próprio menu, que são explicados em seus próprios manuais técnicos.

iStock ([20--?])
Figura 278 -  Configuração do gerador de sinais

A ligação do circuito deve ser realizada com cautela. Não se deve inserir a ponteira de referência em
valores de tensão, somente na referência apropriada do sinal do circuito eletrônico.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 279 -  Injeção de sinal em circuito eletrônico com a utilização de gerador de sinais
Fonte: SENAI (2016)

Compreender a utilização dos instrumentos disponibilizados no laboratório é essencial para realizar os


trabalhos de testes e validação de um circuito eletrônico, de modo que todas as informações importantes
do projeto possam ser analisadas com a devida qualidade. A próxima seção aborda os testes eletrônicos
que podem ser realizados nos circuitos eletrônicos.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 325 23/06/2017 10:14:03


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
326

3.3.9 TESTES ELÉTRICOS EM PLACAS ELETRÔNICAS

A variedade de circuitos eletrônicos existentes é muito grande para se criar um procedimento genérico
de testes que atenda todas as situações. Porém, existem características e funções básicas que são bastante
comuns para uma gama elevada de circuitos. As funcionalidades dos circuitos podem ser testadas
individualmente na maioria das vezes, sendo possível fazer verificações básicas das conexões (trilhas
da placa eletrônica) e dos componentes do circuito para verificar a sua integridade e o funcionamento
essencial em bancada. Algumas destas práticas e funções são apresentadas a seguir.

TESTE DE CONTINUIDADE
Refere-se a testar os principais pontos e componentes de uma placa de circuito impresso. Por exemplo,
a utilização do multímetro permite verificar se a placa foi fabricada e montada adequadamente. Além de
você realizar este procedimento antes da montagem dos componentes, pode ser útil verificar se as ligações
eletrônicas confeccionadas estão corretas e se não existem curtos-circuitos ou trilhas faltantes.
Após a montagem, a verificação do circuito pode ser realizada com base nos esquemáticos do
projeto. Essa comparação é importante inclusive para verificar se os componentes foram conectados
adequadamente, e se os diodos não foram ligados de forma invertida, por exemplo.

iStock ([20--?])

Figura 280 -  Teste de continuidade

A importância deste ensaio está no fato de minimizar os riscos de curto-circuito após a primeira
energização do circuito eletrônico.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 326 23/06/2017 10:14:06


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
327

TESTE DAS FONTES DE ALIMENTAÇÃO DO CIRCUITO


Os circuitos eletrônicos geralmente possuem algum tipo de entrada de alimentação, seja
através de um conector que esteja interligado diretamente aos componentes, ou por meio de
vários circuitos de fontes de alimentação que ajustam os níveis de tensão de entrada para os níveis
de tensão adequados ao funcionamento do circuito, ou através de baterias e pilhas internas etc.

iStock ([20--?])
Figura 281 -  Equipamentos de laboratório incluindo fonte de alimentação

No primeiro momento, sugere-se que se realize um teste de continuidade, ou seja, deve-se verificar se
a resistência entre os pontos de entrada (positivo e negativo) não está muito baixa. Pois, isso pode ser a
indicação de um curto-circuito, uma fuga ou componente invertido.

FIQUE Antes de conectar a fonte de alimentação pela primeira vez, verifique se a placa de
circuito está montada adequadamente. Posições alteradas de diodos e capacitores,
ALERTA geralmente, resultam em efeitos drásticos para o circuito.

Em segundo lugar, pode-se efetuar um teste com a utilização de uma fonte de alimentação de bancada.
Mas, para isso, é preciso seguir o seguinte procedimento:
a) ajustar o valor de tensão da fonte conforme o nível de tensão de entrada do circuito;
b) determinar um nível de proteção do curto-circuito para baixa potência, menor do que a potência
máxima que o circuito eletrônico testado pode processar;
c) inserir a fonte na entrada do circuito através de cabos de teste;

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 327 23/06/2017 10:14:07


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
328

d) com a utilização de multímetro ou osciloscópio, realizar a medição dos níveis de tensão de entrada e
saídas dos circuitos de alimentação do circuito eletrônico;
e) definir um tempo mínimo de ensaio (por exemplo: 30 minutos) e verificar se os sinais ficam estáveis
ao longo deste ensaio.
Veja, na figura, a seguir, a verificação da tensão terminal de bateria com o uso de um multímetro.

iStock ([20--?])
Figura 282 -  Verificação de tensão terminal de bateria com o uso de multímetro

As fontes de alimentação são, em geral, subcircuitos muito ativos de um circuito eletrônico, devido
estarem operando com esforço constante durante o funcionamento de um circuito. Além disso, esses
subscircuitos são responsáveis por processar, senão toda, grande parte da energia que o sistema consome.
Por isso, é importante realizar testes criteriosos para validação do subcircuito de fonte de alimentação
antes, evitando necessidades indevidas de manutenção no futuro.

TESTE DE SINAIS CONSTANTES


Após verificar o funcionamento das fontes, é preciso analisar se os componentes eletrônicos
(especialmente circuito integrados) estão recebendo os níveis de tensão adequados. Com o auxílio do
datasheet, é possível verificar os pinos de alimentação, e utilizar o multímetro para examinar esses níveis de
tensão. Também podem ser realizados ensaios em transformadores, indutores, resistências, diodos Zener, ou
seja, em todos os pontos que precisam de um valor de sinal determinado para funcionar adequadamente.
Saiba que os catálogos dos componentes são facilmente encontrados na internet através dos sites
de pesquisa. Por exemplo, o circuito integrado LM358, que é um componente de oito pinos, possui dois
amplificadores operacionais internamente.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
329

Conheça, na figura, a seguir, de acordo com o catálogo, quais são os pinos de alimentação que o compõe.

D, P, and NAB Package 8-Pin SOIC, PDIP, CDIP Top View

1 8
OUTPUT A V+

INVERTING INPUT A 2 7 OURPUT B


A B

NON-INVERTING 3 6
INVERTING INPUT B
INPUT A

Patricia Marcilio (2016)


4 5 NON-INVERTING
GND
INPUT B

Figura 283 -  Esquemático de um circuito integrado


Fonte: Texas Instruments Incorporated (2014)

Note que, na figura, anterior, é possível verificar que os pinos de alimentação são os pinos de número
8 (V+) e 4 (V-), respectivamente. Sendo o pino de número 8 (V+) referente à tensão positiva e o pino de
número 4 referente ao sinal negativo ou de terra. Os testes elétricos em circuitos integrados podem ser
realizados através do uso do osciloscópio, testando-se pino a pino do componente, conforme mostra da
figura a seguir.
iStock ([20--?])

Figura 284 -  Teste elétrico pino a pino

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
330

O mesmo procedimento pode ser utilizado para sinais contínuos ou variáveis, bastando configurar
adequadamente os canais do osciloscópio.

TESTE DE SINAIS VARIÁVEIS


Canais de comunicação de dados, sinais modulados, como o sinal PWM (do inglês Pulse With Modulation)
para controle de chaves em circuitos, sinais analógicos de sensores, filtros, circuitos comparadores, assim
como tantas outras funções que disponibilizam sinais variáveis cujo comportamento só pode ser verificado
com o auxílio de osciloscópios, conforme mostra a figura a seguir.

iStock ([20--?])

Figura 285 -  Testando sinais de uma placa eletrônica

MEDIÇÃO DE CORRENTE EM PLACAS ELETRÔNICAS


A medição de corrente elétrica é realizada em série com um circuito. A medição de corrente de entrada
de um circuito é uma prática relativamente fácil de realizar, conforme apresenta a próxima figura, em que
um multímetro na função de corrente é inserido no circuito.
Porém, para realizar este procedimento internamente em placas eletrônicas, significa, muitas vezes, a
necessidade de abrir trilhas do circuito com a necessidade de cortá-las em certos casos, danificando-as, ou
fazendo qualquer outro tipo de rearranjo que não é adequado para a integridade do circuito eletrônico.

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331

Nestes casos, pode-se adotar uma técnica de medição de corrente indireta, medindo-se, por exemplo,
a tensão entre dois pontos em que se conhece o valor resistivo ou com a inserção de um resistor de baixo
valor resistivo. Essa técnica é válida tanto para a utilização de multímetros ou osciloscópios.
Considere o exemplo na figura a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 286 -  Cicuito de exemplo

Considerando que a fonte de alimentação do circuito é de 5 V, a máxima deve variar em torno de 200 mA
e 1 A, para medir a corrente utilizando resistor shunt10, isso acarreta uma potência de consumo em torno de
1 e 5 W. Insere-se um resistor que consuma no máximo 100 mW, conforme indica o cálculo a seguir.

10 é um resistor de precisão e de baixo consumo, que é conectado em série no ramo que se deseja mensurar a corrente de um
circuito através da medição de tensão elétrica.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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A figura, a seguir, apresenta a inserção do resistor shunt em série com o circuito e a medição da tensão
em torno do componente através do uso de um osciloscópio.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 287 -  Medição de corrente utilizando resistor shunt


Fonte: SENAI (2016)

Note que o resistor inserido no circuito deve consumir uma potência (P = R . I2) muito pequena com
relação a potência consumida pelos componentes inseridos nestes ramos do circuito de modo que ele
pareça invisível para o circuito. Caso contrário, o resistor irá alterar o comportamento do circuito e a
medição de corrente não será válida.
Em pontos da placa que a medição de corrente elétrica é de extrema importância durante os ensaios,
é interessante pensar sobre isso durante a elaboração do leiaute, onde pontos e furações podem ser
planejados para estes ensaios.

3.3.10 TESTES DE FUNCIONALIDADE

Algumas etapas podem ser abordadas para os testes de funcionalidade de um circuito eletrônico, que
começa com os testes básicos que podem ser realizados em bancada, passando por testes de desempenho
(elétrico, térmico, entre outros) em laboratório, ou, quando estritamente necessário, diretamente na
aplicação. Por fim, são realizados testes mais robustos que verificam o funcionamento do equipamento
diretamente na aplicação, que podem durar dias, semanas ou até meses.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 332 23/06/2017 10:14:12


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
333

CIRCUITOS AUXILIARES PARA REALIZAÇÃO DE TESTES


Para testar e validar certas funções de uma placa de circuito eletrônico, é necessário, muitas vezes, a
utilização de circuitos auxiliares. Esses circuitos podem ser equipamentos já existentes, kits de testes, uso
do computador, ou até mesmo circuitos exclusivamente desenvolvidos para esse propósito (conhecidos
como giga de testes).
Podem existir erros no circuito desenvolvido que afetam os componentes da sua própria aplicação.
O desenvolvimento de um sistema eletrônico pode conter equívocos de projeto, de fabricação, ou de
montagem que podem acarretar consequências graves para a própria placa eletrônica, ou para as cargas e
equipamentos que são conectados neste circuito principal. Portanto, antes de realizar testes dos circuitos
diretamente na aplicação, é importante que testes e avaliações rigorosas sejam feitas em laboratório.
A partir de agora, você pode seguir para a criação de um circuito que contenha pequenas sinalizações
visuais, botões, potenciômetros e outros componentes e circuitos que simulem todas essas saídas. A figura,
a seguir, apresenta um exemplo de circuito auxiliar de teste.

I
0

Patricia Marcilio (2016)

Figura 288 -  Exemplo de um circuito para teste (giga de testes)


Fonte: SENAI (2016)

Considere, por exemplo, um circuito eletrônico que possui saídas para acionar lâmpadas, sirenes e
controlar a abertura e o fechamento de chaves e válvulas de uma máquina que opera dentro de uma
indústria. Pode-se pensar que, para realização de testes da placa eletrônica desenvolvida para este
equipamento, seria possível instalar a placa diretamente na máquina e realizar testes diretamente na
aplicação. No entanto, isto não é interessante quando se trata de testes de uma placa que foi montada pela
primeira vez, porque se este circuito possuir algum defeito, poderá danificar outros sistemas da máquina e
ocasionar um grande prejuízo. Uma forma de contornar isso é criar meios de simular as funções do circuito
eletrônico em laboratório.
No exemplo citado anteriormente, poderia se pensar em um defeito em que a placa de circuito gerasse
um sinal de tensão diferente da tensão terminal de uma saída, e, por consequência, queimá-la. Tratando-
se de uma lâmpada especial e de alto custo, isso possivelmente acarretaria um prejuízo considerável. Esse
risco poderia ser contornado em uma giga de teste com a utilização de resistores, evitando danificar a giga
e permitindo a validação mais precisa do circuito.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
334

Outro exemplo bastante comum é a utilização de comunicação de dados que podem ser validados com
o uso de um computador, conforme pode ser visto na figura, a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 289 -  Teste de circuitos eletrônicos com o auxílio do computador

Em um circuito que possua, por exemplo, um canal RS 232 para comunicação com outro equipamento,
este pode ser substituído por um computador e um software que realize a sua simulação.

TESTE NA APLICAÇÃO
A criação de uma giga de teste para certas aplicações pode ser inviável ou muito cara. Portanto, muitos
testes precisam ser realizados diretamente em sua aplicação, como, em um motor. A figura seguinte
apresenta um circuito eletrônico de um portão automático sendo testado no próprio portão. Observe.
iStock ([20--?])

Figura 290 -  Teste de circuito eletrônico em sua aplicação

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
335

Além disso, a utilização de gigas é importante para os testes laboratoriais, mas nem sempre elas são
capazes de simular completamente o comportamento dos componentes que substituem, já que são
aplicadas em situações consideradas ideias, ou seja, sem a interferência de variáveis não controláveis.

CASOS E RELATOS

A medição ponto a ponto de um circuito eletrônico


Pedro é um estudante do SENAI e está realizando uma atividade no laboratório. Sua prática exige
a medição de um circuito eletrônico que é alimentado por uma fonte de tensão de 12 Volts. Além
disso, este mesmo circuito trabalha com pequenos sinais produzidos por um gerador de função
que fornece um sinal senoidal.
Para realizar esta atividade, Pedro precisa utilizar um multímetro para medir os sinais CC do circuito
como corrente e tensão. Além disso, ele deverá utilizar um osciloscópio para medir a amplitude, o
período e a frequência do sinal senoidal.
Pedro inicia sua análise com o osciloscópio, entretanto, percebe que não existe sinal na tela do
equipamento. O que tem de errado com o circuito de Pedro? Ele verifica o circuito e percebe que
há diversos fiozinhos soltos no protoboard. Ele os conecta e realiza a medição novamente, mas sem
sucesso.
Pedro quis compartilhar sua experiência com seu professor relatando o ocorrido. Seu professor, já
experiente, recomendou que Pedro não começasse a analisar os sinais CA pelo osciloscópio, mas
sim, utilizar primeiramente o multímetro. Desta forma, é possível descobrir se há algum tipo de
fio solto ou, em outras palavras, com o multímetro, é possível garantir que os sinais de tensão e
corrente do circuito estão de acordo com os valores teóricos.
Pedro decidiu seguir a orientação do professor, medindo ponto a ponto do circuito, e percebeu
que havia conectado um resistor na trilha errada do protoboard. Mesmo encontrando um erro,
Pedro continuou medindo o circuito até que todos as tensões em todos os componentes fossem
medidas. Depois disso, o aluno decidiu utilizar o osciloscópio para medir os níveis CA do circuito.
– Agora sim! O circuito está funcionando! Constatou o aluno do SENAI, que agradeceu ao seu
mestre.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 335 23/06/2017 10:14:15


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
336

O próximo passo, após os ensaios iniciais, são os testes realizados na própria aplicação, conforme
representado na figura, a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 291 -  Funções de uma máquina que precisam ser simuladas

Percebe-se, na figura anterior, uma máquina cujas funções, supõem-se, são difíceis de replicar em
bancada.

LIMITES ELÉTRICOS
Os limites elétricos das entradas e saídas de um circuito eletrônico são parâmetros importantes para
definir os limites de atuação de um circuito eletrônico desenvolvido. Muitas vezes, esses parâmetros são
necessidades de projeto que foram mensurados e calculados nas etapas de desenvolvimento dos circuitos,
e que na etapa de testes precisam ser validados de algum modo para garantir que foram projetados
adequadamente.
Considere o exemplo de um circuito eletrônico responsável por controlar doze pontos de iluminação de
tensão nominal de 12 V, sendo que cada um destes pontos pode fornecer uma corrente de saída de 5 A, tendo
capacidade de fornecer até 10 A durante 5 minutos. Considere também que o circuito deve permanecer
ligado em torno de 3 horas por dia. Para realizar o ensaio deste circuito em laboratório, é possível, por
exemplo, desenvolver uma giga que simule o tempo e a carga de todas as saídas simultaneamente, e, dessa
forma, testar todos os limites de projeto.
Observe, no quadro, a seguir, possíveis limites elétricos aos quais um circuito pode estar sujeito.

LIMITES DESCRIÇÃO

Surtos da alimentação. Excesso de ruídos e ondulações podem afetar o comportamento de um circuito.

Cargas indevidas podem ser conectadas em qualquer saída de um circuito. Portanto, identificar as
Variações de carga. limitações do circuito para com essas adversidades é importante para garantir as condições mínimas de
funcionamento.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
337

LIMITES DESCRIÇÃO

Comunicação de dados. Limites de velocidades de comunicação podem ser testados em laboratório.

As consequências de um curto-circuito podem ser avaliadas com esse tipo de ensaio, especialmente
Curto-circuito. quando o circuito garante manter o seu funcionamento mesmo após curto-circuito temporários ou
permanentes em seus canais.

As saídas e entradas de um circuito podem ser avaliadas com relação ao excesso de tensão sobre os
Isolação elétrica.
terminais.

Quadro 40 - Limites elétricos


Fonte: SENAI (2016)

Muitos limites, como os citados anteriormente, podem ser impostos tanto para aplicações analógicas
ou digitais. Destarte, todas precisam ser planejadas, projetadas e validadas durante a elaboração de um
projeto eletrônico.

POTÊNCIA CONSUMIDA
O consumo do circuito eletrônico varia conforme a quantidade de funções e uso destas funções ao
longo de um período de funcionamento. Um ensaio importante que pode ser realizado durante testes de
circuitos eletrônicos é verificar qual é a potência consumida durante sua condição normal de operação do
circuito. Além disso, podem ser verificados os valores máximo e mínimo de consumo.
Isso é importante especialmente para as aplicações que utilizam fontes como baterias e energias
renováveis, pois indicará a autonomia do sistema para determinada quantidade de energia disponível. Este
fator é muito importante para circuitos embarcados e se costuma tentar minimizar o consumo de energia
desde a concepção do projeto.

TESTES DE REPETIBILIDADE
Os fabricantes de componentes móveis (chaves, relés, entre outros) garantem o funcionamento de
componentes através da indicação de um número de chaveamentos. Embora esse número possa ser
elevadíssimo, podem ocorrer casos em que a frequência de operação destes componentes em um circuito
eletrônico também seja alta. Outros componentes, como capacitores, possuem limitações no número de
carga e recarga, ou ainda, memórias lógicas, que possuem número máximo de ações de gravação.
Todos esses fatores afetam diretamente a vida útil dos circuitos eletrônicos e precisam ser considerados
já nas etapas iniciais de projeto, especialmente quando são componentes que estão sujeitos a frequências
elevadas de operação.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 337 23/06/2017 10:14:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
338

No entanto, ensaiar a vida útil de um circuito eletrônico pode ser uma tarefa complicada. Porém, é
possível realizar procedimentos de uso contínuo para realizar testes que garantam um funcionamento
mínimo do circuito, por exemplo, de que o circuito não será danificado em um período curto de utilização.

3.3.11 TESTES TÉRMICOS

Conforme foi estudado na seção 3.1.2, os parâmetros dos componentes eletrônicos são suscetíveis às
mudanças térmicas, variando geralmente de forma não linear em relação às alterações de temperatura. Os
ensaios térmicos em bancada podem ser realizados com a utilização de estufas térmicas laboratoriais e o
uso de termômetros e câmeras térmicas para mensurar os valores de temperatura.
São dois os principais fatores que modificam a temperatura sobre os componentes. Eles sofrem as
variações causadas pelo aquecimento devido à passagem de corrente elétrica em seus terminais e, em
segundo lugar, os componentes são afetados pelas variações térmicas do ambiente, que pode ter diversas
fontes, inclusive o aquecimento dos componentes da vizinhança.
Na análise de cada componente, estes dois fatores se somam. Então, se um componente opera em
condições nominais do circuito, tem uma variação intrínseca de + 10 °C e a variação da temperatura ambiente
durante seu funcionamento é de 15 °C. Então, este componente sofreu uma alteração de temperatura de
25 °C. A seguir, serão apresentados dois procedimentos que permitem avaliar em laboratório as variações
de temperatura em um circuito eletrônico.

EFEITOS INTERNOS
A primeira forma consiste em avaliar as variações de temperatura que são geradas pelos próprios
componentes eletrônicos durante o funcionamento do circuito. Os componentes aquecem devido às
perdas elétricas, que é o conhecido efeito Joule (P = R*I2). É preciso realizar um procedimento que avalia o
efeito deste aquecimento intrínseco do circuito.
A tabela, a seguir, apresenta um procedimento de teste que pode ser realizado ao longo de um tempo
determinado.

TEMPERATURA CORRENTE TENSÃO


TEMPO TEMPERATURA
COMPONENTE 1 COMPONENTE 1 COMPONENTE 1 ...
(MINUTOS) AMBIENTE (°C)
(°C) (A) (V)
t1 25 26 0,5 12
t2 =t1 + Δt 25 33 0,5 12
t3 =t2 + Δt 24 38 1,0 12
t4 =t3 + Δt 24 41 2,0 12
...
T(final) 23 39 1,5 12
Tabela 13 - Tabela de teste térmico para circuitos e componentes eletrônicos
Fonte: SENAI (2016)

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 338 23/06/2017 10:14:18


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
339

Na tabela anterior, a temperatura ambiente é mensurada e serve de base para obtenção da variação
térmica em cada medição. A análise pode servir para avaliar componentes específicos cujos parâmetros
são mais sensíveis a variações de temperatura, ou componentes que são grandes fontes de calor durante
seu funcionamento, e assim por diante.
A variação de tempo entre as medições, o tempo total e os componentes que precisam ser avaliados
com maior critério dependem da aplicação do circuito. Por exemplo, circuitos que possuem fontes lineares
geralmente são grandes fontes de calor. Assim, é preciso manter a temperatura nestes componentes em
faixas seguras de operação. Outro caso são as chaves eletrônicas (transistores, MOSFETs, SCRs, entre outros)
que costumam ser usados para controlar cargas de corrente elevadas. Circuitos eletrônicos sensíveis, como
sensores de correntes, sofrem com a influência de temperatura. É preciso avaliar qual a necessidade de
análise em cada caso.
Importante salientar que a medição de temperatura, seja com o auxílio do termômetro ou de câmera
térmica, verifica a temperatura na superfície dos componentes. E a temperatura interna dos componentes
é maior do que na suficiente. Portanto, é preciso ter atenção quanto aos limites de aquecimento dos
componentes, que são informados nos manuais de dados (datasheets) dos componentes.
Através desse ensaio, é possível verificar se determinados componentes estão aquecendo acima do que
deveriam. Pode-se chegar à conclusão de que estes componentes estão sendo ineficientes e precisam ser
substituídos por outros similares, de melhor tecnologia ou com características diferentes.

EFEITOS EXTERNOS
As variações da temperatura ambiente afetam o circuito como um todo. A elaboração de um
procedimento de teste que seja coerente com a aplicação é essencial para o sucesso desse tipo de ensaio.
Considerando o exemplo de um circuito eletrônico projetado para funcionar dentro de uma caixa metálica
que fica exposta à insolação, pode-se, nesse caso, atingir variações de temperatura ambiente maiores do
que 40 °C.
Supondo que a variação máxima de temperatura ambiente mensurada dentro desta caixa metálica
seja de 50 °C, a variação média da temperatura intrínseca do circuito é de 10 °C. Para o teste do circuito
em estufa, a temperatura programada deve levar em consideração ambas as temperaturas, portanto, a
temperatura da estufa pode ser calculada:

Testufa = 50 + 10 = 60 °C

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 339 23/06/2017 10:14:18


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
340

O procedimento de teste anterior pode ser levado em consideração para novos testes, com o circuito
operando em condições nominais dentro da estufa programada para temperatura máxima, como
apresentado na figura, a seguir.

Guilherme Luiz Marquardt (2016)


Figura 292 -  Análise térmica de circuito utilizando câmera térmica
Fonte: SENAI (2016)

Conforme pôde ser visto no exemplo anterior, a figura apresentou um circuito eletrônico sendo testado
em estufa e a sua análise com a câmera térmica focando no transformador.

COMPONENTES PARA AMENIZAR OS EFEITOS TÉRMICOS


Há ocasiões em que é necessário prever a instalação de componentes que tenham a função de
remover parte do calor nos circuitos eletrônicos. Os dissipadores de alumínio e ventiladores (coolers) são
bastante utilizados em eletrônica com esse propósito. Existem componentes, como transistores, diodos e
processadores, que possuem uma área do seu encapsulamento pronta para encaixe de dissipadores.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

a) b)

Figura 293 -  (A) Dissipador térmico e (B) ventoinha (cooler)

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
341

Dissipadores e ventoinhas (coolers) são frequentes em circuitos de fontes de alimentação, pois os


componentes aquecem naturalmente devido à quantidade elevada de energia sendo processada. Além
disso, também são comuns em circuitos com altas frequências de processamento, como em circuitos com
processadores, por exemplo, em computadores.

3.3.12 ANÁLISE DE QUALIDADE

Após a montagem e os testes de um circuito eletrônico, é importante verificar a qualidade da montagem


da placa eletrônica. A inspeção pode ser realizada individualmente, no caso de protótipos, ou em amostras,
no caso de produção industrial. Assim, como também pode ser realizada manualmente ou através de
processos automatizados.

iStock ([20--?])

Figura 294 -  Análise de qualidade

A seguir, serão apresentados os principais fatores que devem ser observados durante a inspeção de
qualidade de placas de circuitos eletrônicos de maneira manual. Este serviço é melhor realizado com a
utilização de lupas e se aconselha a utilização de luvas de proteção contra ESD (Eletrostatic Discharge),
para evitar danificar os componentes eletrônicos mais sensíveis devido a descargas eletrostáticas, evitando
falhas latentes e queima de componentes.
a) Análise visual
A primeira ação que pode ser executada é a análise visual da integridade e limpeza dos circuitos
eletrônicos. Sujeiras e respingos de solda podem afetar o funcionamento dos circuitos elétricos, gerar
correntes de fugas ou curtos-circuitos.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
342

Além disso, é preciso verificar se todos os componentes estão soldados e conectados em seus devidos
lugares. É ideal que esta avaliação seja realizada com o auxílio do esquemático do circuito eletrônico e, no
caso de ser o primeiro protótipo, é importante fazer esta verificação para cada componente.

iStock ([20--?])
Figura 295 -  Análise visual

No caso de serem detectadas sujeiras e resquícios indevidos sobre o circuito eletrônico, é possível
realizar a limpeza da placa com a utilização de pinceis antiestáticos e o uso de álcool isopropílico. Lembre-
se de não exagerar no uso de produtos químicos na superfície da placa, mesmo para a ação de limpeza. O
uso excessivo pode remover o verniz que protege o cobre.
b) Trilhas e conexões
As trilhas das placas eletrônicas precisam estar intactas. Durante o processo de fabricação, montagem
ou testes da placa eletrônica, há a possibilidade de ocorrerem defeitos ou até mesmo acidentes que podem
danificar as trilhas do circuito. Por exemplo, uma chave de fenda utilizada inadequadamente pode danificar
uma trilha próxima a um parafuso.
As trilhas danificadas podem apresentar as seguintes ocorrências:
a) soltas ou danificadas;
b) sem proteção de verniz;
c) com respingos de solda;
d) localizada em lugar inadequado: por exemplo, muito próxima de um furo de parafuso, em que a
instalação da arruela poderia causar um curto-circuito.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 342 23/06/2017 10:14:27


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
343

A figura, a seguir, apresenta um caso de uma placa danificada.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)


Figura 296 -  Placa de circuito com diversos problemas visíveis

No caso de respingos de solda, pode-se utilizar o ferro de solda para remoção. Contudo, dependendo
das condições da falha na trilha, a solução não é contornável de forma tão simples, podendo ser necessário
substituir a placa de circuito eletrônico, conforme a exigência vigente, em casos industriais, por exemplo.
c) Posicionamento dos componentes
Os componentes de uma placa eletrônica são mais suscetíveis a falhas ou a maus contatos quando são
encaixados ou soldados inadequadamente, porque sofrem com maior intensidade os efeitos de vibrações
e estresses térmicos e elétricos. Portanto, é preciso garantir que os componentes estejam encaixados
corretamente em suas posições.
A figura seguinte mostra alguns exemplos de erros cometidos durante a montagem dos componentes
na placa eletrônica.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)

Figura 297 -  Componentes encaixados inadequadamente

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 343 23/06/2017 10:14:29


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
344

Além de garantir maior resistência mecânica, é também preciso levar em consideração as questões
estéticas da placa. Isso auxilia o entendimento do circuito e facilita os serviços de reparos e manutenção. Na
montagem horizontal, é importante que os componentes estejam alinhados e corretamente posicionados.
Os identificadores devem ser de fácil compreensão, além de existir um padrão de orientação que facilite a
leitura (da esquerda para a direita, e de cima para baixo).
Quando montados na vertical, é importante que a leitura dos parâmetros possa ser feita de cima para
baixo. Circuitos integrados encaixados inadequadamente podem afetar a altura do circuito, prejudicar os
pontos de solda e diminuir as distâncias entre trilhas.
d) Dobragem de terminais
A forma com que os terminais são dobrados pode afetar a resistência mecânica dos mesmos. Não se
deve, por exemplo, realizar as dobras muito próximas do corpo do componente, e o ângulo de torção
também não deve ser muito elevado (evitar ângulos muito próximos de 90°). A figura ilustra um exemplo
de como isso pode ou não ser feito.

Patricia Marcilio (2016)


< 90º 90º

Figura 298 -  Dobragem adequada e inadequada dos terminais de um componente


Fonte: SENAI (2016)

Quanto maior o ângulo de dobramento, maior a possibilidade de trincar o diâmetro externo da dobra,
fragilizando mecanicamente o terminal e podendo comprometer sua condução de corrente.
e) Soldagem dos componentes
A qualidade da soldagem é importante para garantir resistência mecânica e melhorar a condutividade
da conexão elétrica. É possível identificar visualmente muitos problemas relativos à soldagem, como o
excesso de estanho, solda fria, metal exposto, solda não derretida ou rachada, dentre outros.
f ) Componentes danificados
Durante a montagem ou teste dos circuitos eletrônicos, os componentes podem ter sofrido avarias. Um
componente pode ter sido danificado por um contato indevido do ferro de solda, especialmente os mais
altos. Da mesma forma, as trilhas de uma placa podem ter sido danificadas durante a montagem devido ao
excesso de calor ou algum choque mecânico.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 344 23/06/2017 10:14:30


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
345

g) Parafusos
Conjunto de parafusos, arruelas e porcas devem ser inseridos na sequência correta e apertados de
maneira adequada.
h) Conectores
Pinos de conectores danificados podem prejudicar a transmissão de energia ou sinal de comunicação,
podendo agir como fonte de ruídos, aumento das perdas por aquecimento ou até falhas intermitentes de
sinal. É preciso verificar se os pinos dos conectores não estão tortos, quebrados ou até mesmo enferrujados.
Além dos circuitos eletrônicos, os acessórios que fazem parte do sistema que integra o circuito eletrônico
a outros equipamentos ou circuitos também precisam ser avaliados em uma inspeção de qualidade. Isso
pode ajudar a evitar muitas falhas durante a operação do circuito em sua aplicação.
Findado o processo de validação, deve-se reunir toda informação gerada no decorrer do projeto e
elaborar a documentação técnica, conforme será apresentada na seção seguinte.

3.4 ELABORAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

O registro das ações realizadas durante as etapas do projeto de um circuito eletrônico pode parecer
desnecessário. Porém, trata-se de um fator importante para o sucesso de um projeto, seu funcionamento
e a sua continuidade. A fim de compreender melhor essa questão, alguns questionamentos podem ser
feitos.
a) Por que elaborar documentação técnica?
A organização das informações de um projeto eletrônico é uma ação essencial especialmente para
circuitos que são criados dentro uma perspectiva de se tornarem produtos, ou que possam vir a ser
integrados em um produto ou equipamento novo ou já existente.
As informações coletadas permitem a elaboração dos manuais técnicos do circuito ou do sistema de
modo a explicar aos usuários a forma correta e segura de instalar e utilizar os sistemas. Permitem também a
elaboração de manuais para manutenção dos circuitos com intuito de instruir de forma correta os técnicos
que serão responsáveis pela manutenção de um circuito eletrônico, especialmente para sistemas mais
complexos e dedicados.
Um exemplo comum são os manuais de conserto de aparelhos de televisão, sem os quais os técnicos de
manutenção teriam que “quebrar a cabeça” desvendando o funcionamento de cada novo modelo lançado
no mercado.
b) O que organizar?
É preciso saber exatamente quais tipos de informações são importantes para cada projeto eletrônico
em específico. Em geral, em circuitos eletrônicos, é preciso registrar e organizar os estudos realizados
que levaram às decisões do tipo de circuito adotado, dos componentes escolhidos e de todas as demais
decisões que foram importantes para a concepção do circuito projetado.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 345 23/06/2017 10:14:30


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
346

Posteriormente, segue o registro dos esquemáticos e leiautes desenvolvidos, dos procedimentos e


ações de montagens e testes. Além disso, os defeitos encontrados e as correções realizadas ao longo destas
atividades também são importantes para evitar que estes voltem a se repetir.
c) Como organizar?
A forma com que informações serão registradas é muito relevante em um projeto. Os registros podem
ser feitos em pastas físicas, no entanto, muito se preza pela organização de informações em computadores,
especialmente quando se trata de desenvolvimento realizados em softwares: esquemáticos, leiautes,
programas de computador etc.
Além da organização dos arquivos, é preciso se preocupar em organizar as versões produzidas. Um
firmware de um microcontrolador ou um programa de computador, por exemplo, possuem diversas
versões até a sua versão final validada.
d) Para quem organizar?
A organização das informações pode ser realizada tendo em vista vários fins. Informações extremante
importantes que caracterizam o projeto provavelmente ficam somente sob o domínio dos detentores do
projeto e não são compartilhadas com terceiros. Estes arquivos precisam uma organização especial para
não serem compartilhados livremente.
Seja a elaboração de um documento para os clientes, para técnicos de manutenção, ou para registros
de projeto da própria empresa, o nível de informações pode variar bastante, assim como a linguagem
adotada.
Nesta seção, serão apresentadas as informações mais importantes que precisam ser registradas em um
projeto de circuitos eletrônicos, de modo a permitir a elaboração de manuais técnicos e relatórios, assim
como para preservar o memorial do projeto.

MANUAL TÉCNICO
Um manual técnico visa auxiliar os usuários sobre a forma de usar o equipamento ou o sistema,
fornecendo as instruções básicas para sua utilização. Além disso, um manual bem escrito pode auxiliar
na educação do usuário sobre a melhor forma de utilizar o produto, seja, por exemplo, para preservar sua
integridade física ou para otimizar sua vida útil.
Escrever um manual técnico não é uma tarefa simples. A maioria dos usuários procuram se esquivar
do uso dessa ferramenta, especialmente quando se trata de um texto rebuscado. É importante, portanto,
utilizar uma linguagem fácil de ser compreendida e que esclareça ao usuário as questões realmente
importantes. Para isso, ao escrever um manual adequado, é preciso conhecer o perfil dos prováveis usuários
do circuito desenvolvido. Definir esse perfil vai ajudar a escolher o tipo e o formato do manual que deverá
ser desenvolvido.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 346 23/06/2017 10:14:30


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
347

QUAIS OS PRINCIPAIS ASSUNTOS QUE UM MANUAL TÉCNICO DEVE ABORDAR?


A seguir, serão apresentadas algumas informações que podem fazer parte do manual técnico de um
produto eletrônico e que podem auxiliar seus usuários.
a) Características e limitações do equipamento
Quando se trata de sistemas ou produtos que já são bastante utilizados, para os quais se encontram
facilmente produtos e soluções similares, dificilmente os usuários recorrem aos manuais. É o caso de
aparelhos de celular, fornos micro-ondas, rádios, televisores etc.
No entanto, quando se trata de algo não tão comum, por exemplo, um circuito eletrônico para
automatização de um equipamento, é preciso que o usuário conheça as características e as limitações físicas
destes sistemas, sejam elas elétricas, térmicas ou mecânicas. O escopo do produto costuma apresentar
estas e outras informações relevantes que devem ser consultadas na elaboração do manual.
b) Configurações
Muitas aplicações possuem interfaces com o usuário que permitem o ajuste de parâmetros, seja através
de botões, jumpers ou outros tipos de entradas de dados. É recomendável que um manual esclareça aos
usuários como essas funções são configuradas e quais sãos os tipos ideais para as principais situações.
Em um alarme conta incêndio, por exemplo, é preciso configurar o horário e os tipos de sinalizações que
serão executados durante a ocorrência de um incêndio.
c) Informações sobre manutenção
Quando se trata de um manual específico para manutenção, que será dedicado à instrução de
técnicos responsáveis pela manutenção do equipamento, é preciso que este possua as informações
e procedimentos, contendo os esquemáticos e desenhos técnicos que auxiliem o técnico a realizar os
serviços. Os procedimentos de desmontagem e averiguação dos circuitos precisam ser explicados em
detalhes de modo que evite erros de consertos que venham a comprometer ainda mais o funcionamento
do circuito defeituoso.
Quanto ao manual do usuário, é importante esclarecer aos usuários quais manutenções preventivas
devem ser realizadas ao longo da vida útil do sistema. Por exemplo, em um veículo, é informada a
quilometragem em que as peças precisam ser substituídas. Em um notebook, informa-se os ciclos adequados
para recarga da bateria ou quando se deve realizar a limpeza e a troca da pasta térmica do processador de
modo que a vida útil do equipamento seja prolongada.
d) Compatibilidades
Quando um circuito prevê a utilização de outros equipamentos, o manual pode informar como essa
conexão será realizada e quais os passos necessários para configurá-la, assim como prever a existência de
falhas que podem vir a ocorrer e supor soluções para estes problemas.
Para exemplificar, um circuito desenvolvido para controlar uma máquina de dosagem de alimentos
pode possuir conexão de internet, que serve para monitorar seu funcionamento em tempo real a distância.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 347 23/06/2017 10:14:30


PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
348

e)Atualizações
As atualizações de circuitos eletrônicos são mais comuns em sistemas que possuem softwares envolvidos.
Novas versões podem ser desenvolvidas de modo a melhorar o desempenho ou eliminar falhas das versões
anteriores. Isso pode ocasionar a necessidade de atualizações dos sistemas que já estão em utilização.

COMO ESCREVER UM MANUAL TÉCNICO


Para você estruturar e escrever um manual técnico, é preciso atenção em vários aspectos que afetam
a qualidade do compartilhamento de informações com o leitor, que são apresentados e comentados a
seguir.

Estilo de linguagem O estilo e a linguagem adotada precisam ser compatíveis com o público-alvo.

Primeiro você precisa conhecer onde será usado este material. Por exemplo, se for em um setor
industrial, pode-se optar por desenvolver um documento em tamanho portátil, que possua um índice
de acesso rápido, facilitando encontrar assuntos específicos com rapidez.
Estrutura do conteúdo
Caso o manual não seja um material que será consultado com muita frequência, ou utilizado em
um escritório, ele pode assumir um formato de documento com mais detalhes, mais exemplos e
procedimentos.
Muitas instituições ou empresas possuem suas próprias normas para a elaboração de manuais e
outros documentos técnicos, com o objetivo de gerar uma formatação única e estruturada para o
documento.
Formatação Para isso, tem-se a norma da ABNT, NBR 10719:2015, que orienta a elaboração, a apresentação
técnica e a cientifica. Seu uso é opcional, e se trata de um excelente modelo para padronização dos
documentos gerados, para seguir como um guia a respeito da formatação do texto e outros detalhes
como o tamanho e posicionamento de figuras e ilustrações, tabelas, símbolos.
Sempre que possível, deve-se inserir exemplos. Esta ação pode esclarecer muitas dúvidas e explicar
como as ações para uma determinada configuração ou ajuste devem ser feitas, assim como também
Exemplos pode informar as ações que devem ser evitadas. Além disso, é interessante que tenha imagens das
partes físicas dos componentes e circuitos, ajudando a localizar a área do circuito que o procedimento
está se referindo.
Quadro 41 - Aspectos básicos para elaboração de um manual técnico
Fonte: SENAI (2016)

Outros aspectos podem ser necessários, conforme empresa e produto desenvolvido. Os manuais de
dispositivos voltados para a área técnica costumam ser mais densos e específicos em relação aos manuais
de eletroportáteis, por exemplo.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 348 23/06/2017 10:14:30


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
349

3.4.1 ESQUEMÁTICOS E LEIAUTES

O trabalho da concepção e do desenvolvimento de um circuito eletrônico resulta especialmente na


realização de memoriais de cálculos, arquivos de simulações, plantas de esquemáticos, leiautes de placas
eletrônicas e de estruturas mecânicas, listas de componentes, entre outros arquivos cuja organização é
imprescindível para manter o projeto bem documentado. Além disso, deve-se permitir que as informações
sejam acessadas com eficiência quando houver a necessidade, seja para realizar uma nova compra de
materiais, corrigir um defeito ou para desenvolver um novo projeto.
A figura, a seguir, mostra uma possível estrutura de pastas no computador para organização dos arquivos
e documentos. Os documentos devem ser anexados de forma que agilize o manuseio dos arquivos e facilite
as buscas.

Nome
01 - CRONOGRAMA
02 - PROCEDIMENTOS
03 - DATASHEETs
04 - SIMULAÇÕES ELETRÔNICAS
05 - ESQUEMÁTICOS
06 - LEIAUTE PCIs
07 - LISTA DE MATERIAIS
08 - FIRMWARES
09 - SOFTWARES
...
95 - RELATÓRIOS
Patricia Marcilio (2016)

96 - MANUAL TÉCNICO
97 - ARTIGOS
98 - MATERIAIS DE APOIO
99 - COMPRAS
Figura 299 -  Organização dos arquivos em pastas
Fonte: SENAI (2016)

Em segundo plano, existe uma infinidade de outros arquivos que também precisam ser organizados
e servem para dar suporte a todo material desenvolvido. Esses materiais consistem em bibliotecas de
componentes dos softwares utilizados, datasheets dos componentes em geral (sejam componentes
eletrônicos ou outras peças), materiais didáticos que servem de suporte ao projeto, manuais dos
equipamentos e instrumentos de laboratório, cronogramas, listas de contatos de fornecedores, clientes,
entre outros arquivos que possam vir complementar o projeto de alguma forma.

ORGANIZAÇÃO DE PLANTAS DE ESQUEMÁTICOS E LEIAUTES


As plantas de um projeto são o núcleo do projeto. É comum que não se deseje que este documento seja
modificado, porém as alterações podem ocorrer devido a inúmeros motivos, como uma nova função que
foi integrada ao projeto ou a necessidade de pré-projeto de algum circuito.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
350

É comum que um projeto eletrônico enfrente problemas durantes suas etapas de testes, gerando a
necessidade de realizar ajustes ou alterações nos esquemáticos, por exemplo, um filtro mau projetado
pode vir a se tornar visível somente nos testes elétricos do circuito, os pinos de um circuito integrado
podem estar suscetíveis a interferências, uma placa de circuito pode possuir trilhas mau projetadas que
aquecem demais e ocasionam muitas perdas etc.
Esses tipos de problemas ocasionam alterações em esquemáticos e leiautes, porém, elas não são
exclusividades dos problemas. Uma função existente que precisa ser modificada ou removida, assim como
uma nova função que precisa ser integrada, são também fontes de alterações.
Para exemplificar, um circuito de controle de uma máquina que possui uma conexão de comunicação
RS232 e agora necessita uma via de comunicação USB integrada para interagir com outros computadores
necessitará de alterações de componentes, esquemáticos e leiautes. No entanto, isso não significa
necessariamente que os arquivos do projeto inicial devam ser descartados ao gerar os arquivos atualizados.
O que acontece geralmente é o contrário, sendo preciso encontrar uma forma de diferenciar as novas
versões das antigas de modo que não ocorra confusões no momento da fabricação e das montagens.
a) Esquemáticos
Os esquemáticos podem ser organizados por versões através de uma codificação, que pode ser
determinada pelo projetista ou pelo departamento cujo projeto está sendo executado. É importante que
esta codificação contemple alguns requisitos, como:
a) ser padrão para projetos distintos;
b) identificar as versões de cada projeto;
c) identificar as funcionalidades de cada versão.
O exemplo, a seguir, mostra como esse código pode ser criado.

P 0 1 V 0 0 A A

Modelo
Patricia Marcilio (2016)

Versão

Projeto
Figura 300 -  Código para organização e identificação de esquemáticos
Fonte: SENAI (2016)

Conforme a figura anterior, os projetos podem ser nomeados, como: P01, P02 etc. Considere um projeto
de um circuito de controle de uma máquina, nomeado de projeto P05. Suponha também que este projeto
tem três versões diferentes, que elas possuem atualizações em relação à anterior em partes distintas do
circuito, e cada uma destas versões têm três modelos que caracterizam diferentes aplicações.

LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 350 23/06/2017 10:14:32


3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
351

É essencial que exista um documento de controle de versões nos arquivos do projeto, resumindo as
alterações realizadas e as características de cada versão e modelo do projeto. O quadro, a seguir, apresenta
distinções genéricas sobre o projeto.

PROJETO VERSÃO MODELO


A
V001 • Entrada: 15 Vcc
Protótipo 1 • 5 saídas de dados
• 3 sensores
V002 B
P05
Versão final do projeto. Com alteração dos • Entrada: 15 Vcc
Projeto do circuito de controle
filtros capacitivos, conforme os resultados • 10 saídas de dados
de máquina X
obtidos em laboratório • 8 sensores
C
V003
• Entrada: 24 Vcc
• Remoção do canal de comunicação RS232
• 10 saídas de dados
• Inserção comunicação USB
• 8 sensores
Quadro 42 - Controle de versões de placas de circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)

Você viu no quadro anterior que há possibilidade de existir nove tipos de esquemáticos, que podem
ser identificados pelas codificações: P05V001A, P05V001B, P05V001C, P05V002A, P05V002B, P05V002C,
P05V003A, P05V003B e P05V003C. Cada projeto poderá conter várias plantas (Planta1, Planta2, Planta3
etc.) que indicam seus subcircuitos, porém essa identificação interna pode ficar restrita a cada projeto com
suas devidas peculiaridades.

LEIAUTE
Com a organização dos esquemáticos através de um padrão de código, os leiautes dos circuitos
eletrônicos podem seguir a mesma referência de codificação. No entanto, um projeto específico, com sua
determinada versão e modelo, pode vir a possuir mais de um tipo e forma de leiaute. Quando isso ocorrer,
pode-se distinguir esses leiautes de duas formas básicas.
A primeira maneira é acrescentar mais dígitos no campo do código para representar os diferentes
leiautes do circuito. Por exemplo, veja, no quadro a seguir, como ficaria o projeto P05V001C.

PLACAS ELETRÔNICAS DO MODELO P05V001C CARACTERÍSTICAS


Tamanho 15,0 x 10,0 cm
P05V001.1C
Componentes PTH
10,0 x 5,0 cm
P05V001.2C
Componentes SMD
Quadro 43 - Exemplos de controle de versões
Fonte: SENAI (2016)

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
352

Outra forma consiste em inserir outro código, específico para os leiautes, que identifica os diferentes
leiautes de um mesmo projeto/versão/modelo, conforme apresenta o quadro.

PLACAS ELETRÔNICAS DO MODELO P05V001C CARACTERÍSTICAS


Tamanho 15,0 x 10,0 cm
P05V001C-L1
Componentes PTH

10,0 x 5,0 cm
P05V001C-L2
Componentes SMD
Quadro 44 - Exemplos de controle de versões
Fonte: SENAI (2016)

Independentemente do tipo de codificação adotado, é importante que o código seja impresso na placa
de circuito de modo a identificar qual seu modelo e versão. Essa plotagem deve ser prevista no projeto de
leiaute. O detalhe de como plotar essa informação no projeto do circuito eletrônico foi apresentado na
seção sobre o desenvolvimento de leiautes de placas eletrônicas.

3.4.2 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS

Não é difícil se deparar com projetos de circuitos eletrônicos que precisam de algum tipo de software,
seja um firmware embarcado em microcontroladores para gerenciar atividades dos circuitos, ou um
software de computador que tenha o papel de supervisão, configuração, acompanhamento ou outros
propósitos para o sistema.
Os desenvolvimentos de softwares de computadores e firmwares para microcontroladores são mais
flexíveis do que o desenvolvimento de hardware. Como consequência disso, a quantidade de versões e
atualizações pode ser bastante vasta, assim como no caso de diagramas esquemáticos e leiautes.
Portanto, é preciso encontrar uma forma de organizar estes arquivos e identificá-los conforme suas
características e aplicações.

FIQUE Para aumentar a segurança dos arquivos do projeto, é importante que backups
ALERTA sejam realizados com frequência. Para isso, podem ser utilizados HD externos ou, de
preferência, servidores dedicados a esta atividade.

As principais razões atreladas à criação de novas versões de software podem ser referentes a alterações
ou criação de novas necessidades, tais como:
a) mudança de conceito e estrutura de um software;
b) correção de erros;

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
353

c) remoção ou inclusão de novas funções e ferramentas;


d) atualizações de funções;
e) ajustes de acessibilidade;
f ) entre outros.
Assim como no hardware, é preciso adotar uma convenção para as versões de software que são
produzidos. Os códigos de softwares precisam ser legíveis para qualquer programador que venha a trabalhar
no desenvolvimento ou manutenção do código, sendo essencial que o desenvolvimento e as alterações
sejam relatados por algum meio que permita que outros programadores possam compreender o trabalho
que foi desenvolvido. Portanto, além da identificação das versões, é preciso elaborar um documento que
registre as ações de programação realizadas em cada versão.
Sobre a identificação de um software, este código pode conter informações básicas referentes ao projeto
de software/firmware que está sendo desenvolvido, a versão e a atualização, conforme apresenta a figura
a seguir.

S 0 1 V 0 1 A 0 1

Atualização

Versão Patricia Marcilio (2016)

Software/
Firmware
Figura 301 -  Código para organização e identificação de softwares e firmwares
Fonte: SENAI (2016)

Conforme o exemplo ilustrado, os softwares ou firmwares podem ser identificados pelo código S01,
S02, S03. Por exemplo, um firmware de um microcontrolador responsável pela leitura de sensores de
temperatura e comunicação com outro circuito responsável pela interação homem-máquina (IHM) pode
ser identificado como S01. E, como S02 o firmware do microcontrolador da placa de circuito eletrônico,
responsável pelo controle do circuito de iteração homem-máquina, contendo os botões e o display que
permite aos usuários visualizarem os parâmetros do sistema. Além disso, pode-se imaginar que se houvesse
um software de computador, que através de comunicação serial, monitore o funcionamento do sistema.
Este seria chamado o software S03.
Cada um destes softwares pode possuir mais de uma versão (V01, V02, V03). Estas versões estariam
relacionadas a mudanças significativas na estrutura do software, por exemplo, ou mudanças profundas na
estrutura original do software, mudança da topologia de programação, ou a adaptação do software para
outro processador com características distintas. Enfim, as diferentes versões poderiam ser caracterizadas
por realizar as mesmas funções de formas, qualidade ou aplicações distintas.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
354

Por fim, o último código diz respeito a pequenas atualizações realizadas em uma dada versão (A01, A02,
A03) até culminar, por exemplo, na atualização que seja aprovada pelo cliente ou atinja o desempenho
esperado. Veja, no quadro, a seguir, as informações relevantes para o controle de versão de códigos-fonte.

VERSÃO ATUALIZAÇÃO DESCRIÇÃO PROGRAMADOR DATA


A01 Criação inicial Fulano 01/02/2015
V01 A02 Correção de erros Fulano 05/08/2016
(Para processadores de A03 Ajustes das funções Ciclano 10/10/2016
8 bits) A04 Nova função Fulano 12/12/2016
... ... ... ...
A01 Criação inicial Clicano 02/03/2016
V02 A02 Correção de erros Clicano 08/09/2016
(Para processadores de .. Fulano 11/11/2016
16 bits) Versão aprovada pelo
A10 Fulano 01/04/2017
cliente
Quadro 45 - Controle de versões de softwares e firmwares
Fonte: SENAI (2016)

A fim de registrar estas ações, é conveniente elaborar um documento, ao estilo do quadro apresentado
anteriormente, que concentre as informações relacionadas a cada versão e a cada atualização.

3.5 RELATÓRIO TÉCNICO

A elaboração de uma documentação de texto, que apresente os principais detalhes técnicos de um


projeto, é relevante para os responsáveis pelo desenvolvimento do projeto concentrarem as informações
das ações realizadas, e, também, para apresentar aos clientes os resultados obtidos.
Para alcançar um trabalho bem estruturado e compreensível, é preciso que o material seja conciso e
bem escrito. Assim como citado na seção sobre a elaboração de manual técnico, a Norma da ABNT NBR
10719:2015 auxilia a formação e a estruturação do texto, bem como orienta a inserção das referências,
citações e figuras de livros, artigos e outros materiais.
A estrutura inicial de um relatório técnico deve conter elementos que esclareçam ao leitor as informações
gerais sobre o trabalho: a essência do projeto, o nome dos autores, as simbologias e abreviaturas utilizadas
no desenvolvimento do relatório, entre outros fatores que podem ser resumidos com a elaboração dos
seguintes tópicos básicos:
a) capa;
b) folha de rosto;
c) resumo;

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
355

d) lista de símbolos e abreviaturas;


e) lista de ilustrações;
f ) sumário.
Assim como todo relatório, o texto deve conter um começo, meio e fim, onde serão apresentadas as
principais informações do projeto. Acompanhe.

Introdução
A introdução deve conter um resumo sobre o tipo de projeto que está sendo apresentado, os seus
objetivos e as razões pelas quais este projeto eletrônico está sendo desenvolvido.

Desenvolvimento
O desenvolvimento é o núcleo de um relatório, onde são apresentadas, com detalhes, as principais
informações de um projeto. No caso de projetos de circuitos eletrônicos, são citados, a seguir, alguns dos
tópicos que caracterizam as etapas gerais que devem ser descritas em um relatório para este tipo de projeto.
a) Estudo de concepção dos circuitos: apresenta os principais estudos realizados na etapa inicial do
projeto para levantar as necessidades técnicas do desenvolvimento que está sendo proposto, assim
como as soluções técnicas utilizadas e desenvolvidas para realizar as funções que o projeto exige.
Neste passo, apresenta-se, por exemplo, o estudo comparativo de circuitos eletrônicos distintos, que
poderiam realizar a função que se deseja e o grau com que cada um pode se adaptar às necessidades
do projeto. Em um circuito de relógio digital, uma solução seria desenvolver um circuito utilizando
componentes discretos (portas lógicas, memórias etc.), sem a necessidade de desenvolvimento de
firmware. De outra forma, essa solução poderia ser alcançada com a utilização de um microcon-
trolador. Um estudo comparativo, com base nas necessidades do projeto, irá auxiliar esta decisão,
e explicar os motivos desta escolha é um tema importante para enriquecer um relatório técnico de
um projeto.
b) Memorial de cálculos do projeto: o memorial de cálculo é uma forma de resumir e explicar como
os circuitos eletrônicos foram dimensionados, ilustrando a metodologia e sequência de cálculos
utilizados para definir os parâmetros dos circuitos e as fórmulas gerais que regem o funcionamento
do sistema, quando estas forem importantes. Registrar essas informações e concentrá-las em um
relatório pode auxiliar na elaboração de novos projetos do mesmo gênero, economizado tempo
de desenvolvimento por meio da utilização da experiência já consagrada, o que é um fator muito
importante para o sucesso de um novo projeto.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
356

c) Escolha dos componentes e lista de componentes: o estudo realizado no memorial de cálculo é


fundamental para determinar quais componentes se encaixam no projeto. Com base nisso, explicitar
os critérios que foram utilizados para definição dos componentes do projeto é outro tema que
pode ser incluído no relatório. Além das questões técnicas, questões econômicas são relevantes na
decisão de componentes para um determinado circuito. Pode-se apresentar estudos sobre valores
e disponibilidade de fornecimento a médio e longo prazo com os quais se justifica a escolha de
alguns componentes perante outros. Esse estudo deve culminar na elaboração de uma lista de
materiais, que pode ser apresentada no relatório, trazendo detalhes de preços, impostos, possíveis
fornecedores e outras características dos componentes que sejam de interesse.
d) Resultados das simulações eletrônicas: são relevantes especialmente quando confrontados com os
resultados obtidos nos testes do circuito eletrônico real. Esse estudo comparativo é a prova real para
determinar a eficiência do estudo de simulação realizado, e estas informações são preciosas para o
projeto de modo a garantir o acompanhamento técnico do funcionamento dos circuitos ao longo de
sua vida útil e para elaboração de novos circuitos eletrônicos, em que problemas já foram estudados
e corrigidos.
e) Projetos eletrônicos (esquemáticos, leiaute): os subcircuitos ou circuitos de um projeto podem ser
anexados no campo de anexo de um relatório, e são essenciais para explicar o funcionamento dos
subcircuitos do circuito eletrônico.
f ) Desenvolvimento de software/firmware: os softwares ou firmwares são muito bem representados e
resumidos por meio de representação de seus algoritmos. Apresentar o algoritmo em forma de blo-
cos é uma prática comum na elaboração de relatório, e serve para explicar o funcionamento destes
códigos e os métodos de programação utilizados para resolver os desafios impostos pelo projeto.
g) Resultados dos testes: com base nos testes dos circuitos, as limitações previstas para o projeto
poderão ser testadas e validadas. Essas informações são imprescindíveis para verificar se o circuito
desenvolvido atende aos propósitos para o qual foi desenvolvido. No caso de os resultados dos
testes não atingirem os objetivos estipulados, pode indicar que o projeto precisa ser restruturado ou
que as condições inicialmente previstas precisam ser repensadas, caso as situações assim permitam.
Relatar esse estudo é muito importante em um relatório técnico. Não é apenas uma forma de definir
os limites de um projeto, mas também uma forma de expor e propor melhorias ao projeto ou à
metodologia de desenvolvimento empregada.
h) Problemas e defeitos encontrados: aprende-se também com os erros, por isso, é muito importante
registrar os defeitos e problemas que surgiram ao longo de um projeto. Porém, ainda mais importante
é registrar as decisões que foram tomadas para solucionar estes problemas. Isso servirá como uma
forma de melhorar o procedimento de projetos futuros, evitar a utilização de certos circuitos ou
componentes, assim como evitar decisões que possam acarretar em resultados indesejados.
i) Auxiliar novos desenvolvimentos: enfatizar como o atual projeto pode auxiliar no desenvolvimento
de novos projetos também é uma informação importante para ser relatada. Novos projetos podem
necessitar de subcircuitos que já foram desenvolvidos.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
357

Conclusão
Os resultados obtidos no desenvolvimento de projeto devem ser resumidos e apresentados de forma
clara e organizada. Os objetivos iniciais podem ser confrontados com os resultados alcançados na execução
do projeto, mencionando o sucesso alcançado, assim como também as discrepâncias que podem ser
reportadas e as suas razões justificadas. É interessante, contudo, evitar apresentar dados quantitativos, os
quais devem ter sido abordados adequadamente nas etapas experimentares do relatório.
Como a conclusão é o último tópico de um relatório técnico, também é possível sugerir aspectos de
melhorias para o projeto, que venham permitir um desenvolvimento mais eficiente de projetos similares
ou de melhorias que possam complementar o projeto executado.

3.6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO AO CLIENTE

A fim de elaborar e desenvolver um projeto, é preciso, em muitas ocasiões, conseguir os recursos


necessários para seu desenvolvimento. Assim, será preciso defendê-lo perante um investidor financeiro,
seja este seu chefe ou um cliente externo que contratou o projeto. E, uma parte essencial neste processo é
realizar apresentações para defender, acompanhar ou entregar um produto ou serviço.

iStock ([20--?])

Figura 302 -  Reunião

O domínio técnico dos responsáveis pelo desenvolvimento e a viabilidade da ideia que será defendida
são imprescindíveis para a elaboração de um novo projeto, porém, se o apresentador não conseguir
transmitir as vantagens reais que um projeto pode oferecer aos seus interessados, pode colocar em risco o
início ou o andamento desse projeto.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
358

Portanto, a questão pessoal e a postura ética são muito importantes neste momento, pois o sucesso de
uma boa apresentação pode determinar o futuro de uma ideia. Para isso, é preciso entender os conceitos
necessários de uma boa apresentação e buscar enriquecer os conhecimentos relativos a esta atividade.
Nesta seção, serão apresentadas algumas técnicas básicas e conceitos que podem ser utilizados na
apresentação de um projeto de circuito eletrônico para um cliente, com intuito de apresentar os resultados
de um projeto.

3.6.1 TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO

No momento de apresentar o andamento ou a conclusão de um projeto para os clientes, é preciso


planejar como irá transmitir as informações essenciais de forma eficiente e adequada. Esse planejamento
vai além das questões técnicas e requer tempo de preparação para realizar uma apresentação bem
fundamentada.
Portanto, primeiramente, é preciso saber organizar todas as informações relevantes do projeto e
trabalhar para torná-las apresentáveis em uma reunião. Conheça, a seguir, os três elementos essenciais.
a) Estruturar o assunto: a apresentação precisa ser consistente do início ao fim, de modo a transmitir
a ideia e as informações com eficiência. Isso pode ser ordenado através de uma introdução, um
desenvolvimento e findar pelas conclusões.
b) Gerenciamento do tempo: distribuir adequadamente o tempo de apresentação é um fator
importante para o ensaio do assunto. Em geral, não se deve perder tempo em explicações muitos
longas ou desfocadas do tema principal, isso pode dispersar o interesse que os ouvintes têm pela
apresentação e torná-la improdutiva.
c) Domínio do assunto: dominar o assunto é essencial para esclarecer aos clientes os principais
detalhes do projeto. Para isso, é preciso um tempo de preparação para estudar os detalhes e levantar
os questionamentos que possivelmente serão realizados pelos clientes durante a apresentação.
Em segundo lugar, as questões técnicas e assuntos relativos ao projeto certamente são relevantes
quando se está apresentando os avanços ou resultados de um projeto. No entanto, a pessoa que
falará em público precisa estar atenta a vários elementos pessoais, que podem interferir na qualidade
da apresentação. A seguir, outros elementos, de cunho pessoal, podem ser citados.
d) Postura e posição: o cuidado com a postura pessoal e com o posicionamento adequando pode
ajudar a transmitir os assuntos de uma apresentação aos seus ouvintes. Para fazer uma reflexão a
este respeito é preciso se colocar na posição de ouvinte e pensar em quais atitudes são esperadas da
pessoa que realiza a apresentação. Por exemplo, quando um apresentador fica 30 minutos parado de
costas para os ouvintes, possivelmente as pessoas terão dificuldades para acompanhar os raciocínios
da apresentação e se concentrar no tema. A movimentação de braços ou andar de um lado para
o outro durante uma apresentação pode ser útil quando estas ações estiverem em sintonia com o
assunto que está sendo transmitido, seja para apresentar um exemplo ou na tentativa de explicar
algum tópico. No entanto, quando se tratam de movimentações aleatórias, elas também podem ter

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
359

um efeito contrário. É preciso saber mensurar e ter cuidados com essas ações. Para exemplificar, não
é conveniente se posicionar em frente à tela de apresentação, ou ficar de costas para os ouvintes,
permanecer sentado por muito tempo, ou qualquer ação monótona em que se fique muito tempo
sem interagir com os ouvintes. Utilize bem os recursos visuais, as réguas ou outros meios para
apontar os detalhes que estão sendo explicados.
e) Vocabulário: os termos utilizados em uma apresentação devem ser apropriados ao tema e aos
ouvintes, no caso, os clientes. É preciso buscar utilizar um vocabulário apropriado que seja
compreendido por todos os presentes, independente da formação, já que pessoas que não são da
área técnica não estão habituadas a termos específicos relacionado a projetos eletrônicos. Portanto,
os vocabulários técnicos, quando utilizados, devem ser expressos de um modo didático quando na
presença de pessoas que não entendem muito do assunto.
f ) Tom da voz: com a utilização de recursos de áudio ou não, o volume de voz empregado muda
conforme o tipo do ambiente em que está sendo realizada a apresentação. O tom de voz em uma
sala pequena com poucas pessoas não pode ser o mesmo em um ambiente maior. É preciso garantir
que as pessoas estejam ouvindo o que está sendo apresentado. O apresentador precisa estar atento
quanto a isso, pois podem existir ruídos no ambiente, que podem prejudicar a comunicação.
g) Olhar: também é uma forma importante de interagir com as pessoas que estão assistindo à
apresentação. O olhar pode refletir um convite aos ouvintes a serem mais participativos durante
a apresentação, assim como funciona como uma realimentação para o apresentador perceber o
andamento de sua apresentação. Através do olhar, tem-se uma leve percepção se as pessoas estão
interessadas ou entendendo o assunto da forma que está sendo abordado.
h) Ritmo: durante uma apresentação, é importante buscar um ritmo de modo que a apresentação
possa fluir sem se tornar monótona para o público. É preciso ter cuidado com excesso de pausas,
comentários secundários ou brincadeiras.
Quando for necessário realizar uma apresentação, busque um ritmo natural para a fala e para as
conversas, sem parecer muito artificial ou forçado. Pronuncie bem as palavras e com boa intensidade.
Não seja muito lento, nem muito rápido e evite cometer erros de gramática que afetem a qualidade da
apresentação.
Por fim, deve-se ter objetividade nas apresentações, falar com clareza e sem se prolongar muito nas
explicações. Assim como se apresentar sempre disposto para responder os questionamentos antes e após
a apresentação.

3.6.2 IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS NECESSÁRIOS

Atualmente, é muito comum a utilização de recursos computacionais para realizar as apresentações,


em geral, devido a flexibilidade que estas ferramentas proporcionam para apresentar imagens, tabelas,
vídeos e outras necessidades específicas que podem ser facilmente compartilhadas com um clique do
computador.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
360

Tratando-se especialmente de projetos na área de eletrônica, estes recursos são essenciais devido ao fato
de que grande parte do desenvolvimento de circuitos eletrônicos é realizado com o auxílio do computador,
e os esquemáticos, simulações e códigos de programação, entre outros arquivos podem muito bem ser
resumidos e explicados através de slides com a ajuda de softwares de apresentações gráficas.

iStock ([20--?])
Figura 303 -  Recursos para apresentação: notebook e projetor

Uma precaução é utilizar um computador portátil de uso próprio para evitar surpresas no local da
apresentação, pois o computador do local pode estar com algum defeito, possuir vírus, não ter softwares e
plug-ins apropriados ou até mesmo pode acontecer de não possuir um computador no local.
Além disso, prevendo uma perda de arquivo, um backup em pen drive é sempre uma boa escolha e um
modo seguro de se precaver dos problemas do mundo da informática que não são tão incomuns.
Durante a apresentação, procure utilizar recursos para apontar e explicitar os pontos do slide que estão
sendo comentados. Isso pode ser feito com uma régua, apontadores a laser ou recursos do próprio aparelho
de projeção.
iStock ([20--?])

Figura 304 -  Réguas e apontadores para quadro

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
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Os vídeos e animações também podem ser ferramentas interessantes para apresentar e expor o
funcionamento de circuitos eletrônicos e sistemas, complementando assim imagens, fotos e tabelas. Além
dos recursos visuais, levar o protótipo do circuito e os principais componentes que serão abordados na
apresentação, quando existe esta possibilidade, é uma prática que fortalece a apresentação e as explicações
realizadas, e facilita a interpretação do projeto e seus resultados.

iStock ([20--?])
Figura 305 -  Protótipo para apresentação

No entanto, quando é necessário aprofundar alguma informação que não tenha ficado clara para os
ouvintes, especialmente quando se trata de informações técnicas, exemplo de sugestões de circuitos
eletrônicos ou cálculos, o uso de quadro branco ou cavaletes e flip-charts é sempre bem-vindo para
desenhar esboços e explicar ideias. Portanto, quando disponível, é sempre uma ferramenta a mais que
pode colaborar com a apresentação.
iStock ([20--?])

Figura 306 -  Quadro branco

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
362

A tecnologia trouxe recursos que permitem realizar apresentações e reuniões a distância, por meio de
vídeoconferências, que são possíveis utilizando sistemas como Skype da Microsoft ou Hangout da Google.

iStock ([20--?])
Figura 307 -  Vídeoconferência por computador

Esses recursos permitem que apresentações sejam realizadas com pessoas ou grupo de pessoas em
diversas localidades, e isso se torna conveniente quão mais longe estão uns dos outros.

3.6.3 DEFINIÇÃO DA PROGRAMAÇÃO

A forma com que a apresentação deve ser conduzida depende essencialmente do objetivo da mesma.
Considerando uma apresentação de resultados relativos à execução de um projeto de circuito eletrônico,
para um cliente que realizou a contratação deste serviço, alguns elementos podem ser citados e julgados
importantes.
A preparação da programação deve sintetizar de maneira expositiva as principais características de cada
etapa do projeto e focar de modo especial os objetivos que foram traçados para o projeto e os resultados
que foram alcançados. De uma forma sucinta, a seguir, são citados alguns elementos que podem ser
relevantes na apresentação de um projeto eletrônico.

Sumário do projeto e seus objetivos


No início da apresentação, é importante deixar explícito quais os objetivos e necessidades que deram
origem ao projeto, assim como todas as características que estavam atreladas ao desenvolvimento inicial,
sejam que foram impostas pelo cliente ou pela aplicação em si mesma:
a) as limitações técnicas que foram levantadas no projeto;
b) os desafios tecnológicos que precisavam ser alcançados;
c) os custos previstos para o projeto;
d) os prazos de execução;

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
363

e) as características (elétricas, mecânicas etc.) e funcionalidades do projeto;


f ) o desempenho e a eficiência energética;
g) requisitos ambientais, entre outros.
Cada projeto e produto possuem características distintas, e outras informações que se julgar necessárias
deverão ser incluídas, de forma a abranger todos os itens relevantes do escopo.

Soluções adotadas
Recomenda-se apresentar a forma com que as soluções foram propostas e definidas, quais foram os
fatores que foram levados em consideração para decidir os tipos de circuitos e tecnologias adotadas,
especialmente aqueles referentes às características impostas pelo cliente. Estes fatores podem ter um
cunho técnico, econômico ou até mesmo a falta de alternativas.
Para exemplificar, suponha que um cliente X solicitou o projeto e desenvolvimento de um circuito
eletrônico que pudesse controlar uma de suas máquinas, e uma das exigências seria que este circuito
pudesse se comunicar com computadores e notebooks para realizar a supervisão do sistema em tempo real.
No contexto do projeto, os responsáveis em desenvolver os circuitos possuíam, portanto, a responsabilidade
de realizar o estudo para determinar uma solução para este caso em específico, considerando que o cliente
não impôs a utilização de uma tecnologia específica.
Considerando que os desenvolvedores decidiram utilizar a comunicação USB ao invés das comunicações
RS232 e sem fio, um quadro explicativo poderia ser inserido na apresentação contemplando os motivos
desta decisão, mostrando por que este caminho foi escolhido, diferente das demais opções.

Resultados práticos
Todo e qualquer cliente certamente estará interessado em conhecer os resultados de um projeto que foi
contratado e se este corresponde às expectativas. Portanto, deve-se apresentar de forma clara e objetiva
o resultado do comportamento dos circuitos projetados, tanto em laboratório como na aplicação. Os
resultados dos ensaios e testes elétricos, térmicos e mecânicos precisam ser esclarecidos e contrastados
com os objetivos iniciais do projeto.
Isso pode ser feito por meio de imagens, gráficos e tabelas que contenham as informações desejadas.
Da mesma forma, a apresentação do relatório técnico pode ser disponibilizado para os clientes, se assim
for conveniente.

Protótipos
Apresentar um protótipo dos circuitos projetados sempre que possível durante uma apresentação
causa uma boa impressão e torna mais fácil a demonstração das características do projeto, facilitando a
explicação de seu funcionamento por meio de exemplos reais que possam ser conduzidos ao vivo.

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PROJETO DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
364

Estudos financeiros e econômicos


De forma geral, quando se trata de assuntos técnicos na área de eletrônica, apresentar a eficiência e
os custos dos componentes e dos circuitos que foram definidos em um projeto é relevante. Porém, há
casos em que esta ação não será viável, como uma solução é possível que vídeos sejam elaborados para
exemplificar o funcionamento real do projeto, justificando os investimentos.

Conclusões
Para finalizar, pode-se terminar a apresentação com a exposição de uma avaliação sucinta de todo o
trabalho, resumindo os pontos fortes e as limitações do projeto, os objetivos conquistados, os desafios
pendentes e a previsão de resultados e benefícios que se espera obter do projeto realizado.

Perguntas
É um fato normal clientes e executivos levantarem questões sobre os pontos fracos de uma apresentação,
ações realizadas ou ideias propostas. Portanto, deve-se fundamentar bem todos os pontos principais
do projeto durante sua defesa. Lidar com questões difíceis ao longo de uma apresentação aumenta a
credibilidade do projeto que está sendo defendido, é interessante tentar antecipar questionamentos e
estar preparado para outros que certamente surgirão. Não deixe de estar aberto a perguntas, e não leve
nada para o lado pessoal. É importante realizar a apresentação com um postura honesta e ética e fazer o
possível para auxiliar e sanar as dúvidas.

RECAPITULANDO

Com o estudo desse capítulo você teve a oportunidade de conhecer as principais etapas de um
projeto eletrônico, desde a concepção inicial de ideias e objetivos que fundamentam a necessidade
de um projeto eletrônico, passando pela a etapa de fabricação e testes até o momento de defender
o trabalho realizado perante um cliente.
Grande parte dos conceitos técnicos fundamentais devem ser prévios, tal como eletrônica digital,
eletrônica analógica e análises de circuitos, os quais são integrados neste capítulo com um objetivo
comum e são colocados a prova através de atividades que relacionam os conhecimentos teóricos
e os resultados práticos.

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3 EXECUÇÃO E PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
365

A quantidade de maneiras diferentes para projetar um circuito eletrônico é ilimitada, algumas


melhores e outras piores, dependendo de cada situação. No entanto, existem requisitos básicos
que são comuns a maioria dos projetos de circuitos eletrônicos, assim como os procedimentos
que são realizados durante todas as etapas de desenvolvimento. Você estudou que apresentar o
mapa geral destas possibilidades é o objetivo central deste capítulo e que conhecer previamente
os conceitos de um projeto eletrônico, a forma de organizar as atividades que serão desenvolvidas,
as ferramentas, equipamentos e softwares que podem ser utilizados e todos os procedimentos
que precisam ser abordados, assim como aqueles que precisam ser evitados são conhecimentos
relevantes para o sucesso na elaboração de um projeto de circuito eletrônico.
A cada novo projeto que é realizado, as práticas tomadas precisam ser avaliadas para verificar os
sucessos e fracassos durante a execução das atividades de modo que novos projetos possam vir a
ser elaborados com maior eficiência e qualidade.

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LD Proj. Circuitos Eletrônicos.indb 366 23/06/2017 10:14:44
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES

DANIEL DE MEDEIROS PASSARELA


Graduado em Engenharia Eletrônica, MBA em Gerenciamento de Projetos pela Universidade
de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza, CE. Pós-graduando em Engenharia da Qualidade, pela SOCIESC
Joinville, SC. Atuou por cerca de dez anos em Manutenção de Informática e Eletrônicos, como
profissional liberal. Em seguida, ingressou como estagiário na Empresa Atlanta Tecnologia de
Informação, especialista em eletroeletrônicos e equipamentos de inteligência para rodovias (ITS).
Como Engenheiro e Coordenador de Manutenção em Eletrônica, atuou na empresa Fotosensores
Tecnologia Eletrônica. Também atuou como Engenheiro em Eletrônica, Coordenador de Projetos
e Gerente de Processos na empresa Trana Tecnologia LTDA. Possui experiência internacional na
África, Ásia e Oceania no mesmo ramo, retornando ao Brasil em 2010. Atua como docente na área
de Eletrônica no SENAI/SC - Jaraguá do Sul desde 2014. Em 2015, fez parte da equipe EAD, de
Desenvolvimento de Materiais Didáticos, no Projeto Mobile Learning. Em 2016, integra a equipe EaD
de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como Conteudista e Revisor Técnico do Curso Técnico
em Eletrônica.

PAULO PEREIRA
Graduado em Tecnologia em Eletroeletrônica pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2007).
Graduado em Formação Pedagógica para Formadores Educação Profissional, pela Universidade do
Sul de Santa Catarina (2010). Mestrando em Engenharia Elétrica, na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC), na área de Tração Elétrica. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com
ênfase em Eletrônica Industrial. Participou do projeto de conversores para periféricos de veículos
leves, ônibus elétrico e trem elétrico. Atualmente é pesquisador no Instituto SENAI de tecnologia
em eletroeletrônica e integra a equipe EaD de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como
Conteudista do Curso Técnico em Eletrônica.

EDSON JOÃO LORENCETTI


É graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestrando em
Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Possui experiência na
empresa System Track (Curitiba-PR), no desenvolvimento de sistemas embarcados para rastreamento
de veículos e sistemas integrados de Taxi utilizando rede GPRS (Taxi-Pró). Desde 2013, é pesquisador
no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletroeletrônica de Jaraguá do Sul-SC, onde já realizou atividades
relacionadas à conversão de um veículo convencional para tração elétrica, projetos em energia
fotovoltaica, conversores eletrônicos para tração elétrica, além de atuar hoje no desenvolvimento de
circuitos eletrônicos de interrupção de corrente contínua para embarcações navais.

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ÍNDICE

B
Brainstorming 23, 30, 64, 82, 83, 86, 87, 88

C
Check list 28
Ciclo de vida do projeto 43, 44, 45
Cronograma 23, 25, 26, 27, 31, 33, 43, 51, 52, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 91, 249
Custos 20, 23, 25, 26, 31, 38, 39, 40, 51, 59, 60, 81, 85, 91, 95, 118, 166, 167, 362, 364, 368

D
Declaração do escopo do projeto 32, 61, 62
Descarte 23, 24, 33, 42, 43, 85, 91, 104
Diagrama de Gantt 23, 54, 55, 56, 57, 91

E
Eficácia 20, 33, 34, 57, 81, 97
Eficiência 34, 38, 106, 107, 113, 114, 150, 219, 349, 356, 358, 363, 364, 365
Entregas validadas 61
Escopo 20, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 37, 42, 45, 57, 58, 61, 62, 63, 81, 82, 86, 91, 92, 347,
363, 369
Estrutura analítica do projeto (EAP) 23, 25, 43, 45, 61, 62, 91
Excelência operacional 79

G
Gerenciamento da qualidade 79
Gráfico de marcos 56

I
Inspeção 29, 61, 62, 341, 345

L
Lista de verificação 28, 29, 30, 65, 66, 67, 82

M
Melhoria do processo 80

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N
Normas 20, 23, 24, 29, 32, 33, 34, 38, 41, 42, 91, 97, 136, 144, 167, 262, 269, 270, 303, 348

P
Pesquisa 23, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 51, 57, 58, 65, 214, 263, 328, 369
PMI 19, 368
Precedentes 51
Processo 19, 23, 26, 27, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 43, 49, 57, 58, 59, 60, 61, 63, 64, 66,
67, 69, 70, 72, 73, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 90, 91, 96, 100, 102, 106,
118, 188, 224, 237, 241, 244, 247, 249, 252, 255, 260, 261, 272, 273, 276, 277, 284, 286, 287,
290, 292, 294, 296, 297, 298, 303, 312, 320, 324, 342, 345, 357
Produto 19, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 58,
59, 61, 62, 63, 65, 66, 69, 70, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 106, 108, 136, 269, 292, 296, 303, 309,
345, 346, 347, 348, 357, 363
Projeto 19, 20, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47,
48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 77, 78, 81, 82, 83, 84, 85,
91, 92, 95, 96, 97, 98, 99, 102, 103, 104, 106, 108, 109, 110, 112, 115, 116, 117, 118, 119, 127,
132, 135, 136, 137, 138, 139, 142, 146, 150, 153, 155, 156, 158, 159, 160, 162, 164, 166, 167,
168, 179, 181, 190, 191, 192, 194, 204, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 214, 215, 219, 221, 224,
225, 226, 228, 229, 230, 231, 232, 234, 235, 236, 237, 240, 242, 243, 244, 246, 247, 248, 249,
266, 269, 287, 298, 300, 302, 304, 308, 309, 310, 324, 325, 326, 333, 336, 337, 345, 346, 349,
350, 351, 352, 353, 354, 355, 356, 357, 358, 361, 362, 363, 364, 365, 369, 371

R
Rede PERT 23, 43, 51, 52, 54, 91
Resíduos 23, 24, 29, 32, 42, 43, 91

S
Serviço 19, 23, 26, 27, 33, 40, 59, 62, 78, 79, 95, 252, 298, 341, 357, 362
Simultâneas 51
Solicitação de mudança 62
Stakeholders 28, 61, 62

T
Transferência de tecnologia 37

V
Verificação do escopo 61, 62

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SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Daniel de Medeiros Passarela


Edson João Lorencetti
Paulo Pereira
Elaboração

Daniel de Medeiros Passarela


Revisão Técnica

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Kelly Custodio da Costa


Marina Wudtke Laurindo
Design Educacional

Airton Julio Reiter


Ana Balbina Madeira de Oliveir
Eliane Terezinha Alves
Revisão Ortográfica e Gramatical

Ana Cristina de Borba


Andressa Vieira
Ellen Cristina Ferreira
Guilherme Luiz Marquardt
Patricia Marcilio
Sabrina Farias
Fotografias, Ilustras e Tratamento de Imagens

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João Carlos Evaristo Guedes Nunes
Joel Nunes
Rhavi Gonçalves de Borba
Rosano Daniel Nunes
Sergio Andolfo
Comitê Técnico de Avaliação

Ana Cristina de Borba


Patricia Marcilio
Diagramação

Airton Julio Reiter


Ana Balbina Madeira de Oliveira
Eliane Terezinha Alves
Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14.752
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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