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PROJETOS DE
CIRCUITOS
ELETRÔNICOS
Conselho Nacional
PROJETOS
DE CIRCUITOS
ELETRÔNICOS
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491p
CDU: 621.3.049
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Referências
Índice
Prezado aluno!
Um Projeto de Circuitos Eletrônicos se dá através do processo de desenhar o circuito no
software, transferir para a PCI (Placa de Circuito Impresso) e inserir os componentes na placa,
certo? Na verdade, essas são apenas algumas das etapas na execução de um projeto. Um
projeto em si vai muito além disso.
Mas, por que é preciso esse conhecimento? Porque, estatisticamente, a maior parte dos
insucessos ocorrem por falta de planejamento e gestão adequados. E foi esse quadro que fo-
mentou a criação do Instituto de Gerenciamento de Projeto (PMI do inglês Project Manage-
ment Institute), em meados de 1969. O PMI é uma entidade internacional sem fins lucrativos
e referência quando o assunto são projetos. Sua publicação mais difundida é o Guia PMBOK®1,
com mais de treze traduções oficiais, contendo orientações para as melhores práticas em ge-
renciamento de projetos.
Segundo o Guia PMBOK® (2008, p.11), “Um projeto é um empreendimento temporário reali-
zado para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.” Já a ISO 10.0062 (2006, p. 2), define
que projeto (ou empreendimento) é um “ [...] processo único que consiste em um conjunto de
atividades [...] coordenadas e controladas, com datas de início e de conclusão, realizado para
alcançar um objetivo em conformidade com requisitos especificados, incluindo as limitações
de prazo, custo e recursos”.
Quando se fala em temporário, não quer dizer que será de curta duração. A extensão de um
projeto acontece até o alcance do objetivo proposto ou até a certeza que esse não pode ser
atendido ou, ainda, quando esse objetivo já não se faz mais necessário.
a) realizar adequações nas informações fornecidas por meio de interação com o cliente;
b) identificar normas e legislações aplicáveis ao projeto, na validação de circuitos eletrônicos;
c) contrastar o desempenho do produto, propondo melhorias;
d) aplicar as ferramentas de gestão da qualidade para a montagem e validação de circuitos eletrônicos;
e) aplicar ferramentas de gestão da qualidade ao propor soluções tecnológicas;
f ) avaliar os impactos ambientais das soluções tecnológicas propostas;
g) calcular o custo do circuito eletrônico em função da proposição de soluções tecnológicas;
h) executar o escopo do projeto por meio da interação com o cliente;
i) aplicar os requisitos nos processos envolvidos na gestão da qualidade;
j) realizar descarte dos resíduos gerados durante a execução do projeto, conforme os procedimentos;
k) efetuar ajustes técnicos e financeiros conforme a necessidade do cliente atendendo às normas e
legislações aplicáveis;
l) elaborar a planilha de custo do projeto, inclusive em meio eletrônico;
m) elaborar o planejamento das atividades do projeto de circuitos eletrônicos;
n) elaborar relatório de viabilidade técnica financeira do projeto, inclusive em meio eletrônico;
o) emitir parecer técnico para definição de tecnologias a serem aplicadas na montagem e integração
de sistemas eletrônicos;
p) interagir com as áreas afins (automação, eletrotécnica, mecatrônica, eletromecânica) para propor
soluções tecnológicas;
q) prever necessidades de equipamentos, dispositivos, tecnologias e demais recursos para todas as
etapas do projeto;
r) prever o uso dos EPIs;
s) prever os impactos ambientais relacionados ao projeto de circuitos eletrônicos;
t) readequar escopo do projeto, conforme necessidade do cliente e seguindo padrões e normas
técnicas;
u) comparar se o resultado final do projeto está de acordo com o escopo.
A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto que farão a
diferença em suas práticas. Inicie com a definição do escopo por meio da interação com o cliente.
Bons estudos!
Perceba que, segundo o quadro anterior, são diversas as áreas de conhecimento necessárias para a
excelência na gestão de projetos. O processo de planejamento, por exemplo, conta com vinte delas. Como
o foco deste livro não é o de formar um profissional de gerenciamento de projetos, mas apenas fornecer
os subsídios para a realização adequada de projetos de circuitos eletrônicos, serão tratados os cinco
processos citados, sem abordar todas as áreas e não de uma forma aprofundada.
Isso não impedirá que você futuramente busque se atualizar no assunto, se houver interesse e
identificação com o conhecimento; que poderá ser estruturado no decorrer do livro, onde você será capaz
de identificar cada área de conhecimento e grupo de processo nas explanações e exemplificações.
O primeiro grupo de processos tratado será o de Iniciação, com a definição do escopo intermediada
pela interação com o cliente.
Ao se desenvolver um projeto, não importando se o resultado é um produto ou serviço, as boas práticas
em gestão de projetos aconselham a criação de um escopo. Mas o que realmente é um escopo?
O Guia PMBOK® (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE) (2008, p.329), define escopo (ou âmbito do projeto)
como “A soma dos produtos, serviços e resultados a serem fornecidos na forma de projeto.”
Ele também divide o escopo em duas categorias: produto e projeto, representadas na figura a seguir.
Escopo
do
produto
PROCESSO DEFINIÇÃO
Compreende o levantamento e a documentação dos requisitos e definições para alcançar os objetivos
Coletar requisitos do projeto, por meio da interação com o cliente e as partes interessadas, utilizando ferramentas especí-
ficas para tal.
Compreende a descrição detalhada do projeto e do produto, contendo o que será e não será atendido e
Definir o escopo demais informações relevantes para a execução dos mesmos. Neste processo, é gerado um documento
chamado Declaração de Escopo do Projeto.
Compreende o detalhamento do escopo do projeto e a subdivisão das entregas e do trabalho em
Criar a EAP partes menores e mais facilmente gerenciáveis. O resultado deste processo será utilizado para concep-
ção e acompanhamento do cronograma do projeto.
Compreende a aceitação formal das entregas terminadas do projeto, de acordo com o que foi especifi-
Verificar o escopo cado no escopo.
Sabe-se que, para coletar as informações necessárias para a elaboração do escopo, se faz necessária a
interação com o cliente e as partes interessadas, também chamadas de stakeholders. Segundo o PMBOK®,
os stakeholders abrangem todas as pessoas e/ou organizações possivelmente afetadas pelo projeto, bem
como a documentação de informações relevantes que relacione seus interesses, envolvimento e impacto
no sucesso do mesmo e devem ser identificados, preferencialmente, antes do início da coleta dos requisitos.
O processo de interação com o cliente para a coleta de requisitos é um desafio para a maioria dos
membros das equipes técnicas das empresas. Isso acontece porque se trata de uma ação que envolve, es-
sencialmente, comunicação. Um interlocutor deve transmitir ideias para um ou mais indivíduos esperando
que eles compreendam seu significado, o que pode diferir de acordo com as referências de cada ouvinte.
Para minimizar esse tipo de situação, é importante, primeiramente, ouvir o cliente com atenção,
analisando o que ele diz para direcionar a busca das soluções mais adequadas para sua realidade. Se
necessário, deve-se explicitar que as ideias e expectativas dele podem não ser a melhor maneira de abordar
o problema e encontrar sua solução. Isso deve ser feito de forma a transmitir segurança ao cliente para
melhor receptividade em relação a sua proposta. Lembre-se que, não necessariamente, ele será externo.
Isso também se aplica aos clientes internos da empresa onde você trabalha.
Os requisitos do cliente são definidos a partir do levantamento de dados sobre as suas necessidades e,
na maioria dos casos, ele não tem noção de quais são os dados que permitem definir o escopo do projeto.
Para isso, existem ferramentas que auxiliam no processo de coleta de requisitos e elas serão usadas no
decorrer deste processo, que se inicia com a Lista de Verificação (ou checklist).
LISTA DE VERIFICAÇÃO
A Lista de Verificação é o meio mais simples e claro para determinar o escopo de um projeto. Também
conhecida como folha de verificação, ou check list, consiste em um formulário que contém os itens
necessários para avaliar conformidades de um processo ou produto. Esses formulários são úteis desde que
os itens sejam abrangentes e criteriosos. Frequentemente, elas dispõem de um sistema de fundamentos
que permitem ao avaliador liberar ou não o processo ou produto.
TOTAIS: 55 - 100%
Quando utilizada para a construção do escopo, a lista de verificação deverá ser composta por um
conjunto de perguntas que permitam definir as características básicas de funcionamento, as condições
técnicas e ambientais de uso, as necessidades de recursos tecnológicos, físicos e financeiros para produção
e utilização, as expectativas dos clientes e previsões de demanda, e a vida útil esperada. Não se deve
esquecer também de buscar por leis, normas e procedimentos aplicáveis, bem como por informações
sobre o gerenciamento de resíduos durante a produção, uso e destinação final do produto.
Para o levantamento inicial dos requisitos através da lista de verificação, deve-se coletar as informações
com entrevistas, dinâmicas de grupo e/ou oficinas. A entrevista pode ser feita formal ou informalmente,
através de perguntas predefinidas, espontâneas e o registro das respostas; individual ou envolvendo
múltiplos entrevistados (e entrevistadores), deve-se focar em participantes experientes, partes interessadas
e especialistas no assunto do projeto.
Nas dinâmicas de grupo, propõe-se que haja participantes com perfil semelhante aos da entrevista e
utilizando-se de uma discussão planejada e interativa, um moderador treinado guiará os participantes
em busca de maiores informações por meio de um processo mais informal se comparado à entrevista
individual. Já as oficinas, focam na união das partes interessadas multifuncionais. Se bem conduzidas,
desenvolvem as relações e aprimoram a comunicação entre os envolvidos. Além disso, pode proporcionar
a descoberta e a solução de problemas mais rapidamente em relação a outras técnicas.
As técnicas de criatividade em grupo (brainstorming, por exemplo) podem também ser utilizadas de
forma bastante satisfatória, sejam para a coleta dos requisitos que irão compor a lista de verificação ou para
a análise posterior destes requisitos. O quadro, a seguir, apresenta suas características.
TÉCNICA DESCRIÇÃO
O brainstorming é uma técnica utilizada para gerar e coletar toda e qualquer ideia relacionada
Brainstorming
aos requisitos do produto e projeto. Nele, nenhuma informação é descartada.
Essa técnica se inicia em um brainstorming e, por intermédio de um processo de votação, as
Técnica de grupo nominal
melhores ideias são ordenadas para um brainstorming adicional ou priorização.
A técnica Delphi é realizada utilizando-se um questionário em que um grupo de especialistas
Técnica Delphi
responde de forma anônima e, posteriormente, são feitos comentários acerca das respostas.
Utilizando as ideias geradas no brainstorming, essa técnica consolida-as em um mapa mental
Mapas mentais único que irá refletir as semelhanças e as diferenças dos entendimentos, propiciando também
o surgimento de novas ideias.
Essa técnica se caracteriza pela organização em grupos de um grande número de ideias para
Diagrama de afinidade
revisão e análise.
Quadro 4 - Técnicas de criatividade em grupo segundo o PMBOK®
Fonte: adaptado de Project Management Institute (2008)
Outras técnicas podem ser utilizadas, como questionários, pesquisas e observações. Após garantir
que as informações necessárias foram coletadas, deve-se transformar esses requisitos em um documento
formal do projeto: o escopo.
DEFINIÇÃO DO ESCOPO
No início do capítulo, você estudou que a definição do escopo é a descrição detalhada do projeto e
do produto. Nele deve conter os itens que serão e não serão atendidos, requisitos de aceite, bem como
as demais informações relevantes para a execução do produto e projeto. O quadro, a seguir, apresenta os
tópicos presentes no escopo.
ITEM DESCRIÇÃO
Título do projeto Nome escolhido para o projeto, não necessariamente será o nome do produto final.
Pode ser o nome do cliente ou, em caso de cliente interno, do responsável pelo setor
Sponsor/patrocinador
solicitante.
Gerente do projeto e nível de
Nome do responsável pela gestão do projeto e grau de autonomia dentro deste.
autoridade
A descrição deve ser um breve relato de como será o projeto, o cenário anterior e o cenário
Descrição do projeto
que se pretende conseguir.
Neste campo, deve-se apontar o que se espera obter com a conclusão do projeto, seja através
Objetivo do projeto
de números, valores, datas etc.
Justificativa (motivo) do projeto A justificativa deve apontar qual ou quais fatores motivaram o desenvolvimento do projeto.
ITEM DESCRIÇÃO
Problemas sazonais que possam interferir, indisponibilidade de mão de obra qualificada
Riscos iniciais (ameaças evidentes em projetos de requisitos específicos, variação cambial, quando há demanda de produtos
ao projeto) importados e demais riscos que possam interferir no êxito do projeto são esperados neste
campo.
Requisitos conhecidos do projeto Devem constar referências sobre a utilização de documentos padronizados quando a empresa
(requisitos relacionados ao projeto for certificada pela ISO, a obrigatoriedade de utilizar (ou não) produtos de determinado
e produto) fabricante/fornecedor, a necessidade de correlação entre projetos anteriores e outros.
Este campo deverá conter a descrição de como as entregas serão aprovadas pelo cliente/
Critérios de aceitação do projeto
patrocinador do projeto. Requisitos de validação devem ser citados.
Quadro 5 - Tópicos presentes no escopo
Fonte: SENAI (2016)
Com base nos elementos do quadro anterior, será possível desenvolver um documento contendo os
itens coletados durante o levantamento de requisitos. Outros itens não contemplados podem fazer parte
do escopo, de acordo com sua relevância em determinados projetos. Quando finalizado, o documento
resultante é chamado de Declaração do Escopo do Projeto. Em posse desse, a próxima etapa será adequá-
lo utilizando recursos de pesquisa, o que você estudará na sequência.
2.2 PESQUISA
Após a definição do escopo, deve-se garantir a adequação do projeto em relação às normas e legislação
aplicáveis. Em um processo de montagem de sistemas eletrônicos, por exemplo, trata-se dos riscos
ambientais e descartes de resíduos durante o processo de instalação. E no projeto de circuitos eletrônicos,
esse cuidado se dá no início, com embasamento nas normas e legislação vigentes.
Você lembra que, no início do capítulo, foi comentado sobre a possibilidade do projeto se tornar inviável,
caso não atenda às normas ou não esteja adequado legalmente? É exatamente neste momento em que se
deve consultar as bases de dados e buscar adequá-lo.
Thinkstock ([20--?])
A pesquisa faz parte do desenvolvimento do projeto; é através dela que se descobrem as tecnologias
que podem ser utilizadas e, aparecem as opções, com suas devidas vantagens e desvantagens, para ser
definida a melhor solução tecnológica dentre as possibilidades estudadas. Seu papel é o de encontrar
meios ou soluções a serem integrados em forma de um produto ou de um serviço para a área de interesse
e, com isso, gerar uma economia no processo onde este produto ou serviço é utilizado, ou ainda, ter um
impacto ambiental reduzido ou nulo. Essa análise possui diversas partes, conforme serão apresentadas a
partir de agora.
A pesquisa precisa ser documentada de acordo com o desenvolvimento e com o cronograma proposto,
e há a necessidade de se fazer cópias diárias dos documentos para a segurança dos dados e principalmente,
a segurança da informação. Quando uma equipe é designada para realizar um trabalho de pesquisa, é
importante que haja um líder do grupo, e que cada pessoa tenha seu papel de pesquisador bem definido.
A estrutura de um grupo como esse se faz de acordo com o conteúdo a ser pesquisado e com o produto
ou serviço a ser estudado e pode ser dividido em subáreas, como mecânica, elétrica, eletrônica e afins,
definindo os indivíduos envolvidos por área de atuação. É importante também que haja uma pessoa que
seja o líder do grupo; essa pessoa tem o papel fundamental de mediar as soluções de problemas, com o
objetivo de resolver as dificuldades que surgirão no desenvolvimento do projeto.
A teoria é importante no desenvolvimento de uma pesquisa. Segundo Maximiano (2006, p.18), “Uma
teoria é um conjunto de proposições que procura explicar os fatos da realidade prática.” essa teoria pode
ser vista de duas maneiras: a primeira é a utilização de um conhecimento já existente na busca de novos
conhecimentos; a segunda é o conhecimento que está sendo desenvolvido. É importante ressaltar que os
fatos da realidade prática mencionados na citação anterior, podem ter mais de uma teoria.
No projeto de circuitos eletrônicos, deve-se pesquisar sobre a utilização de novas tecnologias e seus
impactos ambientais, como também sobre normas que vão desde a Interferência Eletromagnética (EMI)
até o descarte ao fim do ciclo de vida do produto.
Portanto, a pesquisa é essencialmente capaz de produzir teorias que, de alguma forma, auxiliem a
humanidade em seu desenvolvimento.
A partir de agora serão estudados alguns itens ligados à pesquisa, como as normas e legislação aplicáveis,
as ferramentas de busca de dados, o registro de patentes, a inovação tecnológica e a interface com as áreas
afins. Comece estudando as normas e a legislação aplicáveis.
As normas e as legislações, no caso da pesquisa, servem para mostrar os caminhos a serem trilhados no
desenvolvimento de determinado produto.
Você sabia que, além das normas da qualidade bem conhecidas, outras, denominadas
CURIOSI normas setoriais, que abrangem instruções específicas para determinadas áreas de
atuação, como a indústria automotiva e a farmacêutica? No Brasil, normas ISO são
DADES traduzidas e disponibilizadas para compra no site da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (www.abnt.org.br).
Usualmente, deve-se atender a normas específicas e gerais, como a IEC 60335-1, que trata da segurança
de equipamentos eletrodomésticos, por exemplo, ou a IEC 61010-1, que preza pela segurança de
equipamentos de medição utilizados em laboratórios, ou ainda, a ABNT IEC/PAS 62545:2011, que abrange
a informação ambiental para equipamentos eletroeletrônicos.
Empresas certificadas costumam buscar conformidade com normas de gestão ambiental, como a ABNT
NBR ISO 14015:2003 (Avaliação ambiental de locais e organizações) e, principalmente, a ABNT ISO/TR
14062:2004, referente à integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento do produto.
Especificamente para o projeto de circuitos eletrônicos, deve-se atentar para as normas do IPC
(Association Connecting Electronics Industries®), que pode ser traduzido como Associação das Indústrias
de Conectividades Eletrônicas. O IPC (http://www.ipc.org/) abrange especificações que incluem desde o
desenvolvimento até a montagem e teste de placas de circuito impresso, além de certificações.
Alguns produtos precisam ser elaborados de acordo com as normas e a legislação de determinado
país; contudo, isso depende da área e da região que o produto será comercializado. Ou ainda, depende
também da certificação a que produto estará submetido. As normas e legislações aplicáveis devem ser
documentadas e registradas de forma que essa informação esteja disponível para todos os envolvidos no
projeto de pesquisa. No Brasil, o Foro responsável pela normalização é a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
As normas são aplicadas para que se tenha um padrão de conformidade dos produtos ou serviços, e
também para ter uma maneira eficaz e eficiente de solucionar os problemas. A eficácia está relacionada ao
fazer mais atividades de forma rápida e objetiva e a eficiência, a fazer essas atividades de forma a consumir
a menor quantidade de insumos e matéria-prima possível.
Segundo Valeriano (1998, p.297), “Documento normativo é uma expressão genérica para aqueles
documentos que estabelecem regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, tais
como normas, especificações técnicas, códigos de práticas e regulamentos.” Isto é, entre os documentos
normativos, estes podem ser também, manuais técnicos, notas de aplicação ou qualquer outro documento
que seja normativo ao projeto.
Portanto, as normas e as legislações aplicáveis devem ser utilizadas a favor das empresas, com a intenção
de estarem alinhadas com os seus objetivos e garantir também que estas empresas estejam atuando de
acordo com os seus direitos e seus deveres para com a humanidade.
Existem diversas informações que precisam ser encontradas para a solução dos problemas atuais. E
uma forma de facilitar essa busca de informes é através da criação de um banco de dados de informações
científicas. Essas podem estar presentes em forma de artigos, periódicos, dissertações ou teses e servem de
base para a compreensão e a resolução de determinados problemas.
Para que o pesquisador tenha o conhecimento necessário para o desenvolvimento da pesquisa, é
necessário consultar ferramentas de busca e base de dados. Sites de fabricantes sempre apresentam novas
soluções, assim como bancos de dados de patentes mostram diversas ideias. Com isso, é possível criar um
embasamento teórico e, em alguns casos, experimental, que pode auxiliar na pesquisa a ser realizada.
As ferramentas de busca e base de dados podem auxiliar inclusive na apresentação do estudo
relacionado à tecnologia e indicar outras possibilidades, se necessário. Também são destinadas à procura
pelo conhecimento teórico e prático, e auxiliam muito no desenvolvimento de um projeto, possibilitando
um estudo aprofundado de determinado assunto ou conteúdo. Mas é importante registrar os dados
utilizados no desenvolvimento da pesquisa e evidenciar o sigilo ao conteúdo da mesma.
E com a consulta à base de dados, é possível ir mais além; podem ser realizados contatos com a pessoa
que redigiu o artigo ou periódico e talvez criar parcerias que possam auxiliar no desenvolvimento do
projeto.
Muitas ideias percorrem as soluções de problemas dentro das empresas e dentro das instituições de
pesquisa de todo o mundo, portanto é possível que um pesquisador chegue a uma ideia que já foi estudada
por outro, e neste caso, é necessário que se crie um registro de patente.
Para realizar a pesquisa, é necessário que se saiba se o assunto a ser pesquisado já foi sondado por outra
pessoa ou empresa. E para isso, deve-se consultar o registro de patentes, que é responsável por registrar
as invenções criadas pelas pessoas ou pelas empresas. É através dele que existem organização e proteção
para o que já foi criado.
O registro de patentes serve como indicador de quais produtos, ideias ou conceitos estão sendo
protegidos pela patente, ou quais estão em domínio público. Quando um produto, ideia ou conceito estiver
ativo e com registro de patente, em alguns casos, pode ser adquirido o uso desta patente; evidentemente,
com seu devido custo. O registro de patentes deve ser evidenciado e documentado juntamente com os
documentos da pesquisa.
No Brasil, o órgão responsável por esses registros é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)
e não se restringe apenas à indústria. Segundo o INPI (2016), “Se você inventou uma nova tecnologia, seja
para produto ou processo, pode buscar o direito a uma patente. A patente também vale para melhorias no
uso ou fabricação de objetos de uso prático, como utensílios e ferramentas.” Ele ainda divide em Patente de
Invenção (PI) ou Patente de Modelo de Utilidade (MU).
O processo de patentear não é tão simples e também não há garantias de que a mesma seja aprovada,
por isso existem empresas que se especializaram em assessorar os interessados em patentear ideias e
produtos. No site do INPI (http://www.inpi.gov.br) há um guia básico de patente que orienta os passos a
serem seguidos para entrar com a solicitação de patente, além de apresentar o fluxograma do processo de
análise e aprovação do pedido.
Então, um registro de patente é um título temporário para uma invenção, e após este tempo estabelecido,
a invenção se torna de domínio público. E uma invenção patenteada pode ser utilizada quando for pago
royalties (direitos autorais) para o criador da invenção.
A história da evolução do homem está intimamente ligada ao crescimento da tecnologia. Nos últimos
séculos, este processo está acelerado, devido ao grande número de inovações, produção e consumo de
equipamentos e ferramentas tecnológicas.
Thinkstock ([20--?])
A inovação tecnológica é um termo usado com a intenção de apresentar algo que é novo e que pode
ser industrializado e comercializado. É importante ressaltar que essa inovação é alcançada utilizando-se
conhecimentos técnicos e científicos. Caso exista a possibilidade de a inovação tecnológica vir a tornar-se
uma tendência para comercialização e industrialização, é interessante patentear essa pesquisa. Lembrando
que a inovação tecnológica precisa estar em sinergia com a indústria, para produzir material científico de
acordo com a necessidade da mesma.
SAIBA Para saber mais sobre inovações tecnológicas, consulte sites confiáveis, como http://
MAIS www.mcti.gov.br/ ou http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia.
Portanto, a partir dessa visão, a inovação tecnológica existe para reduzir os impactos ambientais,
possibilitar conforto e facilitar a vida do ser humano, com o uso racional dos recursos.
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
O processo responsável em transferir o projeto e a pesquisa elaborada pela empresa ao cliente é
denominado transferência de tecnologia. Ela deve ser documentada de modo a garantir a compreensão,
pelo cliente, da pesquisa ou projeto, e se faz por meio de documentos como, projeto do circuito eletrônico,
desenho de leiaute da placa de circuito impresso, lista de materiais, relatório de projeto, memorial de
cálculo e demais documentos que forem necessários. Ela, em alguns casos, também é feita por meio de
entrega de protótipo, ou ainda, na elaboração de artigos.
Segundo Valeriano (1998, p.41), “[...] a transferência de tecnologia, mais corretamente chamada de
fornecimento de tecnologia, envolve, além da transferência de todos os dados técnicos de engenharia do
processo ou produto, a metodologia do desenvolvimento tecnológico usada para sua obtenção.” Portanto,
a transferência de tecnologia pode, quando combinado com o cliente e nas condições contratuais, ser
transmitida à metodologia de projeto para a obtenção da pesquisa propriamente dita.
Uma pesquisa e um desenvolvimento de projeto podem estar integrados com as áreas que fazem parte
do mesmo. Essas áreas podem ser classificadas de acordo com o escopo do projeto. Pode ser feita uma
interface com outras empresas que representem essa área afim e que solucionem o problema do projeto;
montadoras de veículos, por exemplo, ao idealizar um novo modelo, costumam desenvolver o sistema de
injeção eletrônica em conjunto com o fabricante que fornece esse produto.
É importante que se tenha uma integração com as áreas afins para se obter uma solução conectada com
a inovação tecnológica, ou seja, é importante compartilhar e também coletar informações com as áreas de
interesse da pesquisa a ser estudada. Essas áreas, em uma pesquisa, são de acordo com o segmento que
se queira pesquisar, e portanto, elas podem ser parceiras. As áreas afins precisam estar em sinergia para
atender ao escopo do projeto. Para tanto, pode ser escolhido um representante, que tem o papel de fazer
a intermediação entre essas áreas e disseminar as informações.
Segundo Valeriano (1998, p.184), “As interfaces técnicas compreendem ajustes e compatibilidades de
ligação, montagem, integração etc. [...],” e Valeriano (1998, p.184) complementa ainda que “As interfaces
gerenciais/administrativas envolvem ações tais como: mudança de responsabilidade (como na sequência:
especificação, contrato/compra, recebimento), fornecimento de insumos (informações, materiais, serviços
etc.) ou ainda decisões (como na sequência: relatório ou proposta, aprovação, implementação).”
Com essas afirmações, é possível compreender que existem dois tipos de interfaces: as técnicas, onde
estão agrupados e organizados o projeto e a pesquisa pelo estado da arte, e também a interface gerencial
e administrativa, onde ocorrem as tomadas de decisão e são gerenciadas as responsabilidades durante o
desenvolvimento do projeto.
GRUPO DE TRABALHO
Um grupo de trabalho é quando duas ou mais pessoas juntam esforços para a realização de um objetivo
em comum. Essas pessoas podem trabalhar de acordo com a especialização de cada uma, fazendo com
que a eficiência da atividade seja grande, gerando ganhos de prazo, redução de matéria-prima e de custos
no projeto. É importante ressaltar que, o grupo de trabalho precisa estar em sinergia, e principalmente
motivado para a realização das tarefas.
Então, o desenvolvimento de produto pode ser realizado com a estruturação de grupos de trabalho,
sendo que cada grupo é responsável por determinada etapa, formando assim um elo entre as áreas afins
de um projeto.
Assim, a pesquisa, seja por normas, patentes ou inovação tecnológica, é um processo extremamente
impactante ao se realizar a análise de viabilidade técnica e financeira; que será vista a seguir.
A possibilidade técnica de ser realizado um projeto é o primeiro passo a ser verificado. O produto é
possível de ser feito? E para obter a resposta é necessário que seja apresentada a necessidade às pessoas
técnicas da empresa, para saber se é possível ou não a realização do projeto. Thinkstock ([20--?])
Após ser feita a análise técnica surgirá uma outra pergunta: qual o valor a ser gasto para o desenvol-
vimento do projeto? E a resposta a essa pergunta está relacionada à tecnologia a ser utilizada e como ela
será empregada.
Thinkstock ([20--?])
Figura 5 - Análise de viabilidade financeira
Com essas informações, será possível agrupar os custos em uma planilha e analisar as horas das pessoas
envolvidas e o custo com os componentes, insumos, e se necessário, as máquinas e equipamentos que
serão adquiridos para o projeto de desenvolvimento.
A primeira fase de um projeto consiste em coletar dados e analisar a viabilidade técnica e financeira
da pesquisa; analisar se é tangível tecnicamente e se a solução encontrada é financeiramente viável, se
realmente vai resolver o problema proposto para o cliente final, bem como se haverá o retorno financeiro
esperado, para que o projeto de pesquisa que está sendo proposto seja confiável. E para isso, é necessário
que se utilize as ferramentas apresentadas a seguir.
O item importante no desenvolvimento de um projeto é a análise financeira. Essa análise tem como
fundamento a elaboração da planilha de custos. Segundo Leone (2012, p.47), “[...] a Contabilidade de
Custos é um conjunto de procedimentos empregado para a determinação do custo de um produto e das
várias atividades relacionadas a sua fabricação e venda, para auxiliar o planejamento e a mensuração de
desempenho.”
A planilha de custos traz as informações financeiras de acordo com os produtos, insumos e mão de obra
utilizados no projeto. Com essa planilha em mãos, é possível que seja feita uma prospecção do custo do
projeto e do produto comercializado. Observe um exemplo, no quadro a seguir.
PLANILHA DE CUSTOS
Despesa Unidade Quant. Valor unit. Subtotal Tipo Data
Custo 01 pç 2 R$ 10,00 R$ 20,00 Direta 01/03/2016
Custo 02 kg 6 R$ 30,00 R$ 180,00 Indireta 05/03/2016
Custo 03 H/M 5 R$ 8,00 R$ 40,00 Indireta 09/03/2016
Custo 04 H/M 3 R$ 15,00 R$ 45,00 Direta 15/03/2016
Custo 05 m 1 R$ 27,00 R$ 27,00 Direta 22/03/2016
Total R$ 312,00
Quadro 6 - Planilha de custos
Fonte: SENAI (2016)
Como apresentado no quadro anterior, foram inseridas diversas unidades em relação a cada custo. A
unidade pode ser por peça, quilo, hora homem, hora máquina, metro e podem ser criadas outras, conforme
a necessidade. Vale lembrar que a planilha anterior é um exemplo didático e pode ser elaborada uma de
acordo com a necessidade do projeto de cada empresa.
Através desta planilha é possível verificar e analisar os custos envolvidos no projeto. Ela é elaborada de
acordo com a carga horária das atividades, os insumos a serem utilizados e os componentes necessários
para o desenvolvimento do produto ou serviço a ser oferecido.
É importante ressaltar que a planilha de custos deve ser elaborada, aprovada pelos envolvidos do
setor financeiro, que será responsável pelo pagamento, e registrada com os documentos do projeto de
pesquisa a fim de ser consultado por pessoa habilitada envolvida no projeto, quando necessário. Os itens
da planilha de custo precisam ser evidenciados através de cotação ou orçamento, e poderá haver outros
itens, conforme a necessidade que o projeto possa ter.
Para exemplificar, será utilizado um pacote de atividades comum em projetos de circuitos eletrônicos,
chamado “Simulação de circuitos eletrônicos”. Para determinar seu custo, é necessário desmembrar os itens
que o compõem e apresentar em planilha. Por se tratar de uma simulação, pode-se considerar que será
apenas virtual e isso reduz o número de variáveis.
Haverá, então, a quantidade de horas do profissional responsável por desenhar e executar a simulação,
o custo do computador (mesmo que já exista, há o custo de depreciação), o custo da licença do software
de simulação, o mobiliário, a energia elétrica e outros itens de suporte que possam ser considerados
necessários.
Portanto, a planilha de custo tem o papel importante de relacionar o custo com a necessidade técnica
de um produto, e indica quais as despesas no desenvolvimento e no projeto, permitindo analisar possíveis
soluções para diminui-las.
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre os aspectos e impactos ambientais, e as ações de hoje
precisam estar de acordo com os cuidados e a preservação ambiental; pois ao agredir a natureza, o ser
humano prejudica a si mesmo, já que faz parte do meio ambiente.
Anteriormente, foi visto sobre algumas normas de gestão ambiental, como ABNT NBR ISO 14015:2003
e a ABNT ISO/TR 14062:2004. Além delas, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) criou o Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do qual o CONAMA faz parte.
São competências do CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, dentre outras, determinar a
realização de estudos de possíveis consequências ambientais, sejam de projetos privados ou públicos, bem
como das alternativas a esse projeto, visando a redução dessas consequências. Também deve estabelecer
as normas, critérios e padrões que visem, tanto o controle, como o mantenimento da qualidade do meio
ambiente, com o principal intuito de prover o uso racional dos recursos ambientais disponíveis, com ênfase
nos hídricos.
Os aspectos ambientais devem ser respeitados para que se tenha um impacto ambiental nulo, ou seja,
deve-se conhecer a natureza para não a agredir. O desenvolvimento de pesquisas é importante no curso
da vida do produto que está sendo projetado, pois muitas variáveis devem ser consideradas, por exemplo,
se o material a ser utilizado poderá ou não agredir a natureza, como esse material será selecionado etc.
O cuidado com o meio ambiente deve fazer parte da existência das empresas, como um dos objetivos
principais dentro das organizações. Deve-se alinhar o escopo do projeto e o desenvolvimento do produto
com a ABNT ISO/TR 14062:2004 e ainda atentar-se às resoluções do CONAMA. Uma das formas de atender
a esse item está relacionada ao descarte dos resíduos, apresentado a seguir.
As empresas são responsáveis pela fabricação de produtos e serviços dos quais todas as pessoas, de
uma forma geral, são consumidoras. Nos processos, são utilizados matéria-prima, insumos, máquinas e
mão de obra que geram resíduos que demoram muito tempo para se decompor na natureza.
A origem desses resíduos está ligada à necessidade de novos produtos, insumos e matéria-prima
extraídos da natureza, porém processados de forma a modificar as condições naturais encontradas nestes
materiais, o que acaba por dificultar esta decomposição.
As placas eletrônicas, por exemplo, são compostas por mais de dezessete tipos de metais diferentes,
por isso é necessário que se faça o correto descarte dos resíduos. Esse descarte precisa ser feito por
empresas qualificadas que os neutralizam para que não afetem o meio ambiente, como o realizado por
uma multinacional com filial no Brasil, que recicla materiais não ferrosos e baterias, dentre outros.
O descarte correto do resíduo é importante para evitar a degradação da natureza. Dependendo da
grandeza de um impacto ambiental, a natureza pode demorar décadas para se recuperar. O descarte de
resíduos deve ser realizado de acordo com o material a ser descartado, e deve atender às normas e legislações
vigentes, como as citadas anteriormente, sendo também documentado para obter a comprovação sobre
o correto destino do material.
Portanto, as empresas precisam estar conscientes de que seus processos devem ser ecologicamente
corretos. Além disso, existem certificações para empresas que tem esses cuidados com a natureza, como
certificações de responsabilidade socioambiental e a própria NBR ISO 14001:2015, que permite à empresa
mostrar para seus clientes que o produto comprado foi fabricado com o respeito necessário ao meio
ambiente.
Agora que você estudou sobre os requisitos indispensáveis na elaboração da análise de viabilidade
técnica e financeira, poderá aprender sobre as ferramentas e metodologias necessárias para a criação do
cronograma de atividades.
O primeiro passo para a criação de um cronograma é determinar quais atividades devem ser relacionadas,
bem como o nível de detalhamento. No projeto de circuitos eletrônicos, esse processo possui maior
profundidade. A criação da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e a aplicação de ferramentas de análise,
como a Rede PERT e o Diagrama Gantt, por exemplo, serão utilizadas com elevado nível de detalhamento.
Mas antes, é preciso expandir o conhecimento no assunto, começando pelo ciclo de vida do projeto.
FASE CARACTERÍSTICAS
É importante distinguir o ciclo de vida do projeto do ciclo de vida do produto. Assim como o ciclo de
vida de um projeto pode estar contido em vários ciclos de vida de um produto, o inverso também pode
acontecer. Parece confuso? Acompanhe o exemplo.
Suponha que há um projeto de desenvolvimento de um novo produto, como um smartphone. O ciclo
de vida do projeto se encerra quando o smartphone estiver disponível para o mercado, porém, o ciclo de
vida do produto será encerrado quando o smartphone for retirado de circulação.
Há, ainda, a possibilidade de um produto se beneficiar por outros projetos durante seu ciclo de vida.
Se tratando do smartphone, pode-se ter um projeto para atualização do sistema operacional ou para o
acréscimo de novas funções, por exemplo. Esse novo projeto teria um ciclo de vida que também seria
encerrado antes do ciclo de vida do produto. Mas, e o inverso?
Em um projeto de desenvolvimento de telas flexíveis para smartphones tem-se um extenso ciclo de vida
em que, inicialmente, serão desenvolvidas telas semiflexíveis e, após a validação do comportamento da
nova tecnologia e aceitação do mercado, serão desenvolvidas posteriormente as telas totalmente flexíveis.
Um smartphone (produto) que utilizar a primeira versão da tela terá um ciclo de vida menor do que o
projeto total das telas flexíveis.
Agora que você entendeu como funciona o ciclo de vida do projeto e do produto, siga para a próxima
etapa: a criação da EAP.
Nome do Projeto
1. Entrega A
2. Entrega B
3. Entrega C
Ana Cristina de Borba (2016)
Como exemplo, analise o projeto de instalação de um sensor de luminosidade para controlar a lâmpada
externa de uma residência. Veja as etapas no quadro a seguir.
Na EAP, as entregas correspondem aos principais produtos e por isso correspondem ao primeiro nível.
Os subníveis são partes menores do nível anterior e não se tratam necessariamente de uma sequência. Veja
como ficou a EAP desse projeto, na figura a seguir.
Projeto sensor de
luminosidade
3.5 Acomodação as
ferramentas no armário
Uma EAP pode ser detalhada de acordo com a necessidade e conter informações adicionais como datas
e percentual de conclusão da tarefa, podendo ser utilizada como ferramenta de acompanhamento. E no
projeto de circuitos eletrônicos, quais atividades devem ser contempladas para a composição de uma EAP?
Na execução de projetos de circuitos eletrônicos, usualmente, tem-se as etapas e entregas relacionadas
a seguir.
Pôde-se notar que há pacotes de trabalho com atividades e entregas mescladas. A atividade Elaboração
de documentação técnica, por exemplo, possui a entrega Manual técnico. Você deve saber que, na EAP,
a atividade se refere ao produto da atividade e as entregas são o resultado do esforço e não ele próprio.
Quando se relacionar a alguma ação, deve-se transformar a entrega em objeto.
Um outro detalhe para auxiliar na elaboração da EAP é o sequenciamento das atividades através da
atribuição de números para elas. Primeiramente, utiliza-se a relação anterior e se atribui a numeração dos
itens e subitens, conforme mostrado a seguir.
Observe a relação de itens e subitens anteriores. Com as atividades sequenciadas, é possível avaliar a
inserção de novas subdivisões em pacotes de trabalho. Não se deve decompor excessivamente, de forma
que o esforço investido no planejamento e controle do item seja maior do que o benefício gerado pela
subdivisão. No item 3.3 Placa prototipada, por exemplo, criar um subitem 3.3.1 Capacitores soldados, não
gerará benefícios relevantes. Já criar um subitem 3.3.1 Programação de firmware pode trazer vantagens,
por se tratar de um pacote com maior necessidade de controle.
Outra orientação para a criação da EAP se refere ao número mínimo de subdivisões. Um item que pos-
sua apenas uma subdivisão deve ser desconsiderado, já que estará sendo contemplado pelo item do nível
anterior. Para não gerar uma EAP extensa e facilitar a explanação, será expandido apenas o item 4.1 Pro-
cedimentos de testes. Após a realização desse processo, confira uma possibilidade apresentada a seguir.
Atividades e pacotes de trabalho definidos, deve-se agora criar o diagrama da EAP. No quadro inicial
deve ser inserido o nome do projeto. A figura, a seguir, ilustra a EAP do exemplo de projeto de circuitos
eletrônicos.
6.1 Identificação de
3.1 Protoboard 4.1 Procedimentos de testes 5.1 Manual técnico
recursos necessários
3.2 Placa de circuito impresso 4.1.1 Hardware 5.2 Desenhos e diagramas 6.2 Definição da programação
23/06/2017 10:09:00
2 GESTÃO DE PROJETOS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS
51
Antes da criação do cronograma, deve-se aprender que, para o seu desenvolvimento, as atividades
devem ser divididas em dois tipos, de acordo com suas características: precedentes e simultâneas. Prece-
dentes são àquelas atividades que antecedem uma ou mais atividades e simultâneas são aquelas que
podem ser executadas ao mesmo tempo, ou de forma paralela.
Essa classificação permite o desenvolvimento de um cronograma enxuto e otimizado, já que será
possível determinar quais atividades podem ser realizadas concomitantemente com outras e quais são
aquelas que demandam maior atenção e podem vir a se tornar um gargalo. É nesse momento que entrará
em ação o seu conhecimento na utilização da rede PERT, que você estudará a seguir.
REDE PERT
A rede PERT (Program Evaluation and Review Technique) ou técnica de avaliação e revisão da programação,
é uma ferramenta bastante utilizada no Método do Caminho Crítico (CPM – do inglês Critical Path Method).
Entende-se por caminho crítico de um projeto a sequência de atividades que não possui folga em sua data
de encerramento, ou seja, atividades nas quais a ocorrência de atrasos implica diretamente em atraso do
projeto.
Para explicar, será utilizada essa ferramenta, por meio do exemplo da instalação de um sensor de
luminosidade. O quadro, a seguir, ilustra as atividades (pacotes de trabalho), precedências e tempos para
a realização da instalação.
A figura, a seguir, ilustra a Rede PERT da instalação do sensor de luminosidade. As letras dentro dos
círculos representam as atividades descritas no quadro anterior.
3,0
A
1,0 0,5 2,0 4,0 1,5 0,5 0,5 1,0 2,5 3,5
Início C D E F G H I J K L
Deve-se notar que as atividades A e B não possuem precedência e podem ser executadas em paralelo,
se você utilizar mais de uma pessoa para realizar a instalação. Neste exemplo, todas as atividades se tornam
caminhos críticos, pois só há um caminho e, para seguir para a atividade seguinte, é obrigatória a realização
da atividade anterior.
Agora que você entendeu os princípios do CPM e como criar sua rede PERT, veja como usá-la para a
criação do cronograma do projeto de circuitos eletrônicos. O primeiro passo é a criação do quadro de
atividades, precedências e tempos, conforme apresentado a seguir.
No quadro anterior, foram utilizados tempos fictícios para facilitar a compreensão e a adequação ao
livro. Quando você estiver desenvolvendo um projeto de circuitos eletrônicos, esse tempo deverá ser
estimado através de comparação com projetos anteriores e consulta à especialistas com experiência no
item relacionado.
Perceba que os pacotes de trabalho S e T (6.1 e 6.2, respectivamente), apesar de pertencerem à atividade
R (6), não possuem precedente algum e podem ser realizados em qualquer momento do projeto. Para
compor o diagrama, deve-se rever o quadro anterior e desconsiderar as atividades principais que foram
subdivididas, utilizando apenas os seus pacotes de trabalho, conforme visto no quadro a seguir.
Com o quadro redefinido, é preciso criar agora a Rede PERT do projeto de circuitos eletrônicos. Lembre-
-se que as letras dentro dos círculos representam as atividades identificadas no quadro anterior. Veja na
próxima figura.
N
0,5
J 3,0
2,0
2,0 F 1,0 2,0
1,0 1,0 2,0 K 1,0
2,0 2,0
Início A B C D E H I 2,0 Final
1,0
G L
2,0 2,0
Um ponto a ser verificado são as atividades chamadas de gargalo. Com a possibilidade de reter o início
de outros pacotes de trabalho, atividades com esta característica devem ser monitoradas e controladas
com maior atenção. Você também pode inverter os tempos em relação às atividades, colocando a letra das
mesmas acima das setas e os tempos dentro dos círculos.
Agora que foi desenvolvida a rede PERT, chegou o momento de criar o diagrama de Gantt para o projeto
de circuitos eletrônicos.
DIAGRAMA DE GANTT
Uma ferramenta bastante utilizada no processo de criação de cronogramas é o diagrama de Gantt. Neste
diagrama, é possível representar os períodos de tempo previstos para a execução das atividades de um
cronograma.. Idealizado por Henry L. Gantt, esse diagrama é muito utilizado por gestores, por apresentar,
de forma visual, o relacionamento entre as atividades e os instantes de tempo em que são realizadas.
Em pequenos projetos, cujos cronogramas não necessitam de grande detalhamento, o diagrama de
Gantt já realiza essa função, bastando incluir as datas das atividades no diagrama. Se tratando de projetos
maiores, o diagrama passa a ser um complemento ao cronograma.
Mesmo se tratando de um projeto pequeno, para fins didáticos, serão elaborados o cronograma e o
diagrama de Gantt de forma distinta.
Acompanhe na figura a seguir.
10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
22,0
23,0
Atividades Início Fim
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
(dias)
1 Desenvolvimento dos circuitos 2 0,0 2,0
2 Simulação de circuitos eletrônicos 1 2,0 3,0
3 Confecção de protótipos 5 3,0 8,0
3.1 Protoboard 1 3,0 4,0
3.2 Placa de circuito impresso 2 4,0 6,0
3.3 Placa prototipada 2 6,0 8,0
4 Validação 6 8,0 14,0
4.1 Procedimentos de testes 2 8,0 10,0
4.1.1 Hardware 1 8,0 9,0
4.1.2 Software 1 9,0 10,0
4.2 Análise crítica dos resultados 2 10,0 12,0
4.3 Adequação do projeto com base nos resultados obtidos 2 12,0 14,0
5 Elaboração de documentação técnica 7 14,0 21,0
5.1 Manual técnico 3 14,0 17,0
5.2 Desenhos e diagramas 1 17,0 18,0
No diagrama apresentado na figura anterior, adotou-se que as atividades do item 6 seriam realizadas
ao final das demais, porém como explicado anteriormente, nada impede sua antecipação de acordo com
a conveniência.
A maior vantagem de utilizar-se o cronograma independente do diagrama de Gantt é a possibilidade de
separar do cronograma principal os pacotes de trabalho e expandir em subitens de forma que se tenha uma
versão mais detalhada de determinada atividade. No exemplo, o item 1 Desenvolvimento dos circuitos,
não necessitou de subdivisões por ser uma única entrega. Porém, para os responsáveis pela atividade, uma
divisão em Circuito de controle e Circuito de potência, por exemplo, pode auxiliar no controle do tempo.
Por isso, no próximo item, você irá estudar mais detalhadamente a construção do cronograma.
FORMATO DESCRIÇÃO
Frequentemente utilizados em apresentações gerenciais; nesses
gráficos as barras representam as atividades, mostrando as datas
Gráfico de barras
de início, fim e as durações esperadas (semelhante ao diagrama
de Gantt).
Semelhantes aos gráficos de barra, tem como característica
identificar apenas o início ou o término agendado para os pacotes
Gráfico de marcos de trabalho ou entregas mais importantes. Podem ser integrados
ao gráfico de barras, onde a atividade mais ampla e abrangente é
sinalizada.
Apresentando pacotes de trabalho planejados como uma série
de atividades relacionadas, os diagramas de rede mostram tanto
Diagramas de rede do cronograma do projeto
a lógica da rede do projeto como as atividades do seu caminho
crítico.
Quadro 12 - Formatos gráficos de cronograma
Fonte: SENAI (2016)
Para o exemplo, será adotado o cronograma com formato de gráfico de marcos que, após a inclusão das
informações, ficará como exemplifica a figura a seguir.
10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
22,0
Id Descrição da atividade
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
Início Fim
Perceba que, conforme descrito, apenas as atividades principais possuem marcação. Seria possível
mesclar o diagrama de Gantt, criado anteriormente, com este cronograma, já que, para efeito didático, foi
tratado como um projeto relativamente pequeno. Agora que o cronograma foi definido, ele será utilizado
para acompanhar o projeto e fazer o controle da realização do mesmo, que você acompanha a seguir.
O controle da realização do projeto é o processo responsável por realizar a administração das mudanças,
recomendando ações que irão prever possíveis problemas, bem como acompanhar as atividades do
projeto em relação ao escopo e, ainda, intervir em relação aos fatores determinantes das mudanças, para
que apenas sejam implementadas aquelas que receberem aprovação.
Com base no cronograma e na data atual, verifica-se o progresso das devidas etapas do projeto. E com
base nessa verificação, pode ser intercedido caso haja alguma perturbação no progresso do projeto ou da
pesquisa.
O controle da realização do projeto precisa manter as pessoas das áreas envolvidas em reuniões
constantes para verificarem a eficácia e o progresso do projeto e agir conforme a necessidade. É um
processo que precisa ser realimentado de acordo com o estado atual do projeto e precisa ser registrado e
documentado, sendo assim gerenciado de maneira mais eficaz.
Rastreabilidade
Os arquivos do sistema de gestão precisam estar em conformidade com os registros de documentos,
visando permitir a rastreabilidade de atas de reuniões, contratos, memoriais de engenharia, revisões de
circuitos eletrônicos e leiautes, controle de ensaios do produto, registro de alterações e revisões no projeto
e outros documentos que se fizerem necessários.
Segundo Valeriano (1998, p.288), “Rastreabilidade de um documento é a capacidade de recuperação
do histórico, da aplicação ou da localização do mesmo por meio de identificações registradas.”, ou seja,
permitir de maneira fácil e intuitiva, que sejam encontrados os documentos necessários para a gestão do
projeto, visando garantir o fluxo de informações entre áreas envolvidas no processo de controle.
Na sequência, serão apresentados três tópicos referentes ao controle da realização do projeto, a
priorização de tarefas, os prazos e o custo envolvido.
As tarefas são realizadas segundo o cronograma para atingir os objetivos do escopo. Elas são definidas
pelo mesmo, mas são selecionadas e ordenadas no cronograma de acordo com a priorização, conforme
visto nos itens anteriores. Esta priorização se faz pela sequência entre as etapas, pois cada passo pode
depender de outro anterior. Quando essa dependência não existe, significa que a etapa pode ser realizada
em paralelo com outra, possibilitando adiantar o desenvolvimento do projeto.
Quando realizada a análise pelo Método do Caminho Crítico, após a criação do Diagrama PERT (visto
anteriormente), iniciam as etapas do projeto, que podem ser adiantadas de acordo com a possibilidade e
a disposição de pessoas. A priorização de tarefas pode ser vista de diversas formas, mas a principal delas é
adiantar o projeto ou a pesquisa e reduzir o tempo e o custo dos mesmos; ela é feita no planejamento do
cronograma, mas também podem ser feitas priorizações durante a realização do projeto.
2.5.2 PRAZOS
No desenvolvimento do cronograma, é necessário que seja inserido um campo para mostrar os prazos
de cada etapa do projeto. Se uma etapa tiver um prazo estendido, neste caso, pode ser desmembrada em
subetapas onde passam a existir novos prazos, um para cada subetapa. O prazo no decorrer do projeto
deve ser atendido, contudo, existem imprevistos que precisam ser tratados com presteza para que as
delongas no cumprimento dos termos da etapa a ser concluída sejam evitados.
Para isso, é necessário que as pessoas envolvidas revejam prazos e prevejam este tipo de atraso, agindo
preventivamente, se necessário. É importante que os responsáveis tenham experiência neste assunto.
Revisando, os prazos sugeridos no cronograma são estipulados com base no desenvolvimento técnico
do projeto, e podem ser ajustados se for necessário, mas vale saber que existem também etapas que são
estabelecidas de acordo com as atividades administrativas, como aquisição e recursos humanos.
2.5.3 CUSTO
Figura 16 - Custo
Sabe-se que o custo de um projeto é formado por hora homem, hora máquina, matéria-prima, insumos,
equipamentos e máquinas; portanto esses elementos precisam ser analisados quanto a sua utilização, para
que não haja desperdícios.
Segundo o PMBOK® (2008, p.141), controlar os custos é “O processo de monitoramento do andamento
do projeto para atualização do seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base dos
custos.” No decorrer do projeto, todo custo adicional acabará repassado ao produto ou serviço ofertado e
por isso, deve-se evitar ao máximo exceder o que foi previamente definido.
O PMBOK® ainda sugere que o processo de controle possua a seguinte estrutura: entradas, ferramentas
e técnicas, saídas. O quadro, a seguir, ilustra os componentes sugeridos que compõem o processo.
Planejar as aquisições
A aquisição de componentes pode interferir no andamento do cronograma, principalmente quando
se trata de componentes especiais para a fabricação de protótipos e quando o prazo de entrega é grande.
É relevante ressaltar que um bom planejamento envolve acordo com o fornecedor, para deixar claro o
custo, o prazo de entrega, a forma de pagamento, o transporte e a garantia sobre o componente. Portanto,
a etapa de aquisição precisa estar inserida no cronograma do projeto e ser adiantada quando possível, e
todas essas características precisam estar explícitas em contrato com o fornecedor.
No início deste capítulo, quando foi elaborada a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), selecionou-se e
subdividiu-se as entregas e pacotes de trabalho até níveis mais facilmente gerenciáveis. Cada item deter-
minado possui uma ou mais entregas provenientes do escopo do projeto, que devem ser verificadas, e
principalmente, aceitas pelo cliente.
Segundo XAVIER (2009, p.188), “A verificação do escopo é o processo de obtenção da aprovação formal
desse instrumento por parte dos envolvidos (stakeholders) responsáveis pela aceitação das entregas do
projeto.” e ainda complementa que o objetivo principal dessa verificação é, na verdade, obter a aceitação
por parte deles.
Diferente de um controle de qualidade, que é realizado anteriormente e tem por objetivo a precisão e
a conformidade dos requisitos de qualidade das entregas, a verificação do escopo busca a aprovação do
cliente sobre o resultado/produto da entrega. Embora não se trate de um processo complexo, objetivamente
falando, a verificação do escopo é determinante para a continuidade correta do projeto.
O quadro, a seguir, apresenta os componentes do processo de verificação do escopo, segundo o Guia
PMBOK®.
PROCESSO ITEM
Entregas validadas
Entradas Estrutura Analítica do Projeto (EAP)
Declaração do escopo do projeto
Entregas aceitas
Saídas
Solicitações de mudanças
A seguir, serão detalhados cada um dos itens citados para que se compreenda sua participação e
relevância na verificação do escopo.
Entregas validadas
Os resultados das atividades do projeto são convertidos em entregas. As entregas validadas são aquelas
que, após a conclusão, foram verificadas de acordo com os requisitos registrados no escopo e aprovadas
pelo controle de qualidade.
Inspeção
Durante a inspeção, a verificação do escopo é realizada através de atividades como medição, exame e
verificação, cujo objetivo é confirmar se as entregas atendem de forma satisfatória aos requisitos e critérios
de aceitação do produto ou serviço. Em algumas situações, a inspeção é realizada através de revisões,
auditorias e ensaios.
É importante ressaltar que essa inspeção também deve ser realizada em toda a documentação
pertencente à entrega em questão para que se evite a rejeição de uma entrega devido, por exemplo, a
simples ausência de um desenho ou de outro documento qualquer.
Entregas aceitas
Após a inspeção, as entregas que atenderam aos critérios e requisitos de aceitação devem ser
formalmente aceitas pelos stakeholders. Essa aprovação, realizada pelo cliente ou patrocinador, é
devidamente documentada como entrega aceita, assinada e formalmente aprovada.
A documentação recebida do cliente ou patrocinador que evidencia a aceitação formal das entregas do
projeto pelas partes interessadas deve ser retida e armazenada até o encerramento do projeto.
Solicitações de mudanças
As entregas que foram aprovadas na inspeção, porém recusadas pelos stakeholders, podem ser
encaminhadas para mudança. Quando ocorrer uma rejeição formal, deve ser realizada a documentação
juntamente com as justificativas para o não aceite.
Este documento, após assinado pelas partes interessadas, pode ser utilizado para gerar uma solicitação
de mudança, visando a adequação do produto ou serviço. Essas solicitações são processadas, revisadas e
distribuídas. Em projetos de médio e grande porte, costuma-se ter uma gestão específica de mudanças,
conforme recomenda o PMBOK®.
Riscos
Os projetos podem apresentar riscos que influenciam (ou não) no decorrer do projeto ou em alguma
etapa do mesmo. Por isso, são necessários esforços na tentativa de prever estes riscos e tomar as decisões
necessárias para saná-los ou evitá-los. Segundo Valeriano (1998, p.363), “Entende-se por risco a possibilidade
de ocorrência de um resultado indesejável, como consequência de qualquer evento.” Por isso, deve-se
minimizar os riscos ao ponto de não influenciarem no decorrer do projeto.
Os riscos de um projeto eletrônico podem existir pela falta de conhecimento ou de domínio da
tecnologia, ou ainda, pela dificuldade que esse projeto pode representar, tecnicamente. Outros riscos
podem ser citados, como a dificuldade na aquisição de componentes importados, os ensaios com o
produto, por exemplo, ensaios de vibração e de grau de proteção etc. Eles devem ser tratados de acordo
com a intensidade, a área de atuação, e pelo impacto que o mesmo representa nos avanços. Existem alguns
tipos de risco de projetos de circuito eletrônico, por exemplo, que podem ser simulados por softwares que
permitem rapidez no desenvolvimento do projeto.
A figura da sequência apresenta o ciclo da gestão de risco.
Identificar
Avaliar Analisar
Gerenciamento
de risco
Reduzir Controlar
Patricia Marcilio (2016)
Transferir
Conforme apresentado na figura anterior, no ciclo da gestão de risco existem fases que auxiliam no
tratamento dos existentes em um projeto, como identificação, análise, controle, transferência, redução e
avaliação da ação, juntamente com a posterior verificação da possibilidade de que o risco ainda exista.
No processo de verificação da adequação do projeto ao escopo, não é incomum se deparar com
dificuldades que demandam maior recurso intervencionista. Quando essa situação ocorrer, para auxiliar
na solução, costuma-se utilizar as ferramentas da qualidade aplicada a projetos, que serão estudadas em
seguida.
Devido ao surgimento de problemas dentro das indústrias, foram criadas as ferramentas da qualidade.
Elas auxiliam no desenvolvimento de projetos e na busca por soluções inovadoras de forma sistemática e
interativa, sugerindo a participação das pessoas envolvidas no processo ou na etapa do projeto. Utilizando-
as é possível criar uma sistemática para solução de problemas de forma dinâmica e eficiente. As principais
ferramentas utilizadas são: diagrama de Pareto, diagrama de Ishikawa, histograma, lista de verificações,
brainstorming e gráfico de controle e diagrama de dispersão. Seguem, a partir de agora, os estudos dessas
ferramentas.
2.7.1 BRAINSTORMING
Nas indústrias e nas empresas, os colaboradores encontram problemas que precisam ser resolvidos e
uma das formas de encontrar soluções para esses problemas é fazendo um brainstorming.
Thinkstock ([20--?])
Figura 18 - Brainstorming
O brainstorming é uma ferramenta que conta com a participação de diversas pessoas ao mesmo tempo,
com a intenção de desmistificar algum problema e solucioná-lo de forma eficaz. Geralmente, elas opinam
sobre determinado assunto e quando chegam a um consenso, obtém-se uma proposta de solução.
Habitualmente, nas empresas, existem os grupos de qualidade; estes reúnem-se para resolver problemas
com a criação de ideias inovadoras e que tenham um custo baixo, e para isso, o brainstorming é visto como
uma ferramenta ideal e eficiente.
As regras básicas para a realização do brainstorming são:
a) ter o máximo de ideias possíveis;
b) evitar a crítica negativa sobre as ideias;
c) apresentar as ideias espontaneamente;
d) contribuir com as ideias sugeridas.
Diante disto, essa ferramenta pode ser utilizada para a resolução de problemas em diversas áreas da
empresa, como vendas, compras, produção, almoxarifado, marketing etc.
Conforme visto no início desse capítulo, a lista de verificação foi criada para inspecionar determinada
ação sem esquecer qualquer item. Através dela, é possível verificar se existe algum item faltando em uma
lista de compras ou em uma lista de verificação de manutenção, por exemplo.
iStock ([20--?])
A lista de verificação contém os itens a serem inspecionados em um projeto, produto ou pesquisa. Serve
de base para a relação de ação feita ou não, ou item contido ou não contido dentro do projeto pretendido
ou pesquisa a ser realizada.
CASOS E RELATOS
Durante a reunião, surgiram muitas ideias para a resolução do contratempo, e Pedro, estagiário que
trabalha no setor de finanças, comentou que há pouco tempo havia feito um curso de ferramentas
de gestão, e pensou em uma solução para o problema: utilizar uma lista de verificação para os
produtos que estão sendo embalados, o que possibilitaria o controle de todos os acessórios que
acompanham o produto a ser entregue ao cliente.
Após essa ação, não houve mais reclamações deste tipo e foram evitados os contratempos que
estavam prejudicando a relação do cliente com a empresa e também do colaborador José no seu
local de trabalho.
Essa lista é elaborada de acordo com os requisitos do projeto, e serve para inspecionar determinado
processo ou produto.
2.7.3 ESTRATIFICAÇÃO
3 Procedimento em que os fabricantes identificam não conformidades em determinados lotes de produtos e convocam os
compradores para intervenção ou troca do produto.
Utilizando outros agrupamentos de dados, pode-se chegar até o operador que precisa de orientação
ou treinamento para produzir dentro das especificações. É possível também localizar adversidades com as
linhas ou influências ambientais, no caso de o problema ser por turno.
Rastreabilidade
Para efeito de rastreabilidade, só se pode estratificar os dados por lote de matéria-prima, turno de
produção, linha de fabricação e operador se o formulário de coleta de dados tiver esses campos disponíveis.
Um exemplo pode ser visto na figura a seguir, onde consta o cabeçalho de uma lista de verificação de uma
placa de circuito impresso.
Esta é a importância da definição dos itens e critérios aplicáveis ao formulário, pois se ele não permitir
a rastreabilidade do processo, não será possível utilizá-lo na análise dos dados. No exemplo anterior, se
não houvesse as informações de linha, turno, operador e máquina, não seria possível estratificar os dados
seguindo esses critérios. O uso da estratificação permitirá apurar a localização das fontes de problemas, e
portanto, os focos para implementação das possíveis melhorias.
2.7.4 PARETO
O diagrama de Pareto é uma ferramenta da qualidade muito utilizada para a análise de problemas.
Criado por Vilfredo Pareto em 1897, este diagrama indica visualmente qual problema pode ser solucionado
em primeiro lugar através do percentual acumulado. O gráfico proporciona uma visão panorâmica entre
todas as ocorrências, e a partir disso, um plano de ação pode ser implementado de maneira eficaz.
160 120%
140
100%
120
80%
100
80 60%
60
40%
40 Ocorrências
20%
20 % Acumulado
la
gu
ug
gu
o
ág
xá
Nã
rif
aá
tra
en
nt
en
ce
en
dr
Nã
o
o
o
Nã
Nã
Nã
Percebe-se, através do diagrama anterior, que as ocorrências são evidenciadas com o auxílio do gráfico
de barras e se pode ver, pelo percentual acumulado, que se forem solucionadas as duas primeiras causas,
mais de 80% dos defeitos será resolvido.
Portanto, pode ser compreendida a importância da compilação dos dados para auxiliar na solução dos
problemas e também analisar qual ocorrência será tratada em primeiro lugar.
2.7.5 ISHIKAWA
O diagrama de Ishikawa foi criado por Kaoru Ishikawa, e é conhecido também como diagrama de
espinha de peixe ou diagrama de causa e efeito. Segundo Assen, Berg e Pietersma (2010, p.176), “A análise
de causa e efeito faz parte de uma classe de métodos para resolução de problemas destinada a identificar a
causa principal de determinadas situações ou eventos.” e com esse diagrama, ficam evidentes os problemas,
permitindo refletir de que forma eles serão solucionados.
No diagrama de Ishikawa, as causas são inseridas pelas espinhas e o efeito é a parte central do diagrama,
localizado e representado pela cabeça do peixe. A figura seguinte apresenta um exemplo do diagrama de
causa e efeito.
Mão de obra
Máquinas e
equipamentos
Figura 22 - Diagrama de causa e efeito
Como pôde ser observado na figura anterior, o diagrama de causa e efeito é composto por três partes;
a primeira é o efeito, que trata de indicar qual o problema a ser analisado; a segunda é a causa: nesta parte
é descrita uma região onde ocorre o problema; e a terceira é a causalidade, onde será inserida a causa
específica que produz o efeito. Esse diagrama é utilizado quando se deseja solucionar um determinado
problema ou melhorar um processo ou produto.
2.7.6 5W2H
Originado na metodologia de Análise de Causa Raiz (também conhecida por 5Ws ou “Ferramenta dos 5
Porquês”) é uma das principais ferramentas utilizadas em processos de melhoria, o 5W2H consiste em uma
forma sistematizada de levantamento de informações através de sete focos de perguntas que permitem
o diagnóstico de uma situação de forma mais ampla, sendo extremamente útil também em processos de
manutenção.
iStock e Guilherme Luiz Marquardt ([20--?])
Para o levantamento das necessidades, por exemplo, pode-se realizar algumas perguntas chave, como
as descritas no quadro a seguir.
Outras perguntas podem e devem ser feitas para compor o levantamento das necessidades, inclusive
algumas semelhantes podem se repetir entre outros Ws ou Hs. No quadro, a seguir, você pode conhecer o
exemplo da aplicação do 5W2H no planejamento de uma manutenção preditiva.
Substituição
Recomendação Instrução de
de cabos de Luka G. Abr/2017 No equipamento R$ 130,00
do fabricante trabalho AB01
comunicação
Substituição de Recomendação Instrução de
Clara P. Out/2017 No equipamento R$ 60,00
conectores KRE. do fabricante trabalho AB02
Atualização de Recomendação Instrução de Incluso no contrato
Davi W. Jan/2018 Laboratório
firmware do fabricante trabalho AB05 de aquisição
Quadro 16 - Aplicação do 5W2H
Fonte: SENAI (2016)
Perceba que em todas as atividades apresentadas, a coluna com foco no procedimento (Como) aponta a
instrução de trabalho a ser seguida. Quando isso não ocorrer, deve-se preencher o campo com o descritivo
do procedimento a ser realizado.
2.7.7 HISTOGRAMA
O histograma foi criado por André Michel Guerry, em 1833. É um gráfico que tem por encargo apresentar
a frequência de classe em função de intervalos ou períodos. As variáveis são dispostas no eixo x e as
amplitudes destas indicam o valor da segunda variável, disposta no eixo y.
A próxima figura apresenta um histograma, onde as colunas representam determinada frequência em
relação aos intervalos descritos.
24
22
20
18
16
14
12
Patricia Marcilio (2016)
10
Seg Ter Qua Qui Sex
Como pôde ser observado na figura anterior, o histograma é uma ferramenta útil, e quando se deseja
apresentar dados em função de intervalos preestabelecidos, essa é uma boa opção.
Para ser feito um acompanhamento estatístico de algum processo ou produção, uma das ferramentas
que existe é o gráfico de controle. Através dele é possível verificar instantaneamente o percurso de algum
dado estatístico, a quantidade ideal de algo a ser produzido e que seja controlado dentro de alguma
tolerância, como o controle de temperatura dentro de um laboratório de ensaios, por exemplo.
Com principal aplicação na análise de variabilidade e bastante utilizado em Controle Estatístico do
Processo (CEP), o gráfico de controle é aplicado no acompanhamento de um processo e, limitado por um
valor superior e outro valor inferior, serve de pontos de controle que podem ser utilizados como uma região
não desejável da variável a ser medida. Este gráfico representa também uma possível associação com os
valores desejáveis que estão sendo alcançados. A figura que segue apresenta um exemplo de gráfico de
controle.
35
30
25
20
15
10
Patricia Marcilio (2016)
0
07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h
Figura 25 - Gráfico de controle
Fonte: SENAI (2016)
Pôde ser visto, na figura anterior, que a temperatura a ser medida precisa ficar dentro de uma faixa
de controle, entre 20 a 30 °C. Esse é um exemplo de aplicação de gráfico de controle: com ele é possível
verificar o estado de uma determinada variável, que neste caso é a temperatura de um laboratório, em
relação a outra variável, que neste caso são as horas do dia.
O diagrama de dispersão, serve para comparar o valor entre duas ou mais variáveis quando elas possuem
algo em comum. Sua aplicação remete à análise de variabilidade e estabilidade do processo (precisão X
exatidão).
Esse diagrama serve para mensurar de uma forma panorâmica os dados a serem analisados, como
visualizar a montagem de placas de circuito impresso no decorrer da semana, conforme apresentado na
figura a seguir.
20
15
10
Seg Ter Qua Qui Sex
Perceba, no gráfico da figura anterior, que o processo de montagem que apresentou menor variabilidade
no decorrer da semana foi o da placa 3. Já os resultados da placa 1, foram os que sofreram maior variação,
como pôde ser visto nas marcações de segunda e sexta-feira.
Deste modo, os diagramas de dispersão se mostram ferramentas bastante úteis para este tipo de análise,
pois permitem visualizar uma ou mais variáveis de forma aleatória, e os valores de uma variável do eixo y
em função de outra variável disposta no eixo x.
2.7.10 5 S
Muitas empresas utilizam programas para a gestão da qualidade e do bem-estar dos colaboradores. E
também se faz necessário que seja mantido o cuidado com o ambiente ao qual as pessoas estão inseridas
e o local de trabalho é um desses ambientes.
O programa 5S serve para manter o senso de ordem, limpeza, utilização, saúde e ordem mantida. É um
programa de conscientização do trabalho que surgiu após a segunda guerra mundial, na reconstrução do
Japão. O senso de ordenação diz que tudo deve estar em seu lugar, o senso de limpeza diz que é necessário
manter o local de trabalho limpo e melhor do que limpar é não sujar; o senso de utilização diz que é
necessário ter somente o que é utilizado e manter atualizado o que é útil; o senso de saúde é um senso de
autocuidado: o ser humano precisa cuidar de si mesmo; e o senso de ordem mantida diz que é necessário
manter todos os sensos citados em constante uso e evolução.
Thinkstock ([20--?])
Na figura anterior, está apresentado o círculo dos 5 S. O nome 5 S, se faz porque os sensos têm os nomes
iniciados com a letra S. O primeiro é o SEIRI que significa senso de utilização, o segundo é o SEITON que
significa senso de orientação, o terceiro é o SEISO que significa senso de limpeza, o quarto é o SEIKETSU que
significa senso de saúde e o quinto é o SHITSUKE que significa senso de autodisciplina.
8S
Após constatar que já existiam empresas no Japão que adicionaram mais 3S aos cinco já existentes,
inclusive com folhas de verificação dos oito Sensos, buscou-se complementar e adequar a filosofia 5S no
Brasil.
Propondo os três novos sensos Shikari Yaro (Determinação e União), Shido (Treinamento) e Setsuyaku
(Economia e Combate aos Desperdícios), Abrantes (2007, p.21), cita que “O programa 8S é uma completa
metodologia de gestão de recursos humanos e materiais, baseada totalmente na educação, treinamento,
qualificação profissional e principalmente na capacidade intelectual e criativa do povo brasileiro.”
SENSO SIGNIFICADO
Este Senso prega a determinação da alta administração da empresa em relação ao programa e o alcance de
Shikari Yaro seus resultados. Após, deve buscar a união de todos os colaboradores para o êxito do programa. Motivação e
liderança, através da comunicação, são fundamentais nesse processo.
Educação, treinamento e qualificação profissional são fatores englobados por este Senso. Ele, que também
abrange o planejamento de todo o programa, prega a preparação e orientação de todos os funcionários,
nos diferentes níveis da instituição, para atuar de forma objetiva e eficaz. Buscando incentivar a educação
Shido
continuada, sugere treinamentos e qualificações in company (dentro da empresa), utilizando os próprios
colaboradores já qualificados como professores e instrutores, enfatizando a obrigatoriedade da orientação e
supervisão didático-pedagógica neste processo.
Último Senso do Programa 8S, o Setsuyaku se refere à economia e combate aos desperdícios. Uma vez que
os sete Sensos anteriores estejam incorporados ao comportamento das pessoas, essas já treinadas, educadas
Setsuyaku
e conscientizadas, será possível a realização deste. Encerrando o ciclo de implantação do Programa 8S, essa é a
etapa das análises e propostas objetivas e simples.
Quadro 17 - Os três sensos adicionais
Fonte: SENAI (2016)
Após a inclusão dos três novos Sensos ao 5S, veja as etapas do programa 8S apresentadas na figura a
seguir.
Shikari Yaro
Shido
5S
Setsuyaku
Patricia Marcilio (2016)
2.7.11 6 CHAPÉUS
Sentimentos
Vermelho Sentimental
Intuição
Aspectos negativos
Preto Crítico Por que não vai funcionar?
Armadilhas
Vantagens
Otimismo
Amarelo Positivo
Por que vai funcionar?
Encontrar oportunidades
Possibilidades
Crescimento
Verde Criativo
Novas ideias
Pensamento criativo
Gestão da comunicação
Azul Controle do processo
Síntese e conclusões
Portanto, os 6 chapéus é um método que auxilia na análise dos problemas para a busca por soluções
capazes de superar as dificuldades que estes problemas representam. É uma análise das possíveis
direções em que o mesmo pode percorrer, e com isso, é possível propor ações que desviem das possíveis
adversidades que possam surgir.
2.7.12 FLUXOGRAMA
Um processo é realizado de acordo com os passos necessários para a sua função, e para representar
estes passos de forma gráfica, foram criados os fluxogramas. Como o nome sugere, eles servem para definir
o fluxo de um determinado serviço ou produto. Para isso, são utilizadas as figuras que representam o início
ou o fim do fluxograma, um bloco de ação, um losango de decisão, uma figura de união e a seta que indica
o fluxo da lógica a ser representada.
Início
Sim Não
Fim
Conforme apresentado na figura anterior, os principais blocos de fluxograma podem ser utilizados
para criar a lógica de um processo. É muito utilizado nos sistemas de gestão e se tornou uma ferramenta
fundamental para gerenciar os processos de uma empresa.
Agora que você aprendeu a utilizar as principais ferramentas da qualidade aplicadas a projeto, deve
fazer uso delas para a elaboração da proposta de melhorias, que será vista no item a seguir.
Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade deixou de ser um diferencial para se tornar
item obrigatório em qualquer produto ou serviço oferecido. As empresas mundialmente em destaque hoje
são aquelas que contam com programas de melhoria contínua e busca pela excelência operacional. Ao
pensar em melhorias para os projetos, na verdade, busca-se obter melhores resultados para um produto
ou processo.
Conforme pode ser visto no fluxo a seguir, nos principais macroprocessos do PMBOK® há um processo
específico para a qualidade. Nele também há uma área de conhecimento exclusiva para o gerenciamento
da qualidade.
Aquisições interessadas
e controlar o controle
Stakeholders o trabalho integrado
Representação do projeto Controlar o Controlar Controlar as Controlar as de mudanças
das principais cronograma os custos comunicações aquisições
ligações
A melhoria do processo se concentra na gestão do método que conduz ao produto final (desde o
planejamento até a logística de distribuição). Para realizar essa tarefa, deve-se fazer uso de técnicas
de mapeamento e melhoria de processos, o que prevê um estudo das atividades, simplificando-as e
reordenando-as, de forma que se tornem mais eficientes. Nesse contexto, deve-se adotar novas sistemáticas
para realizar as atividades.
Thinkstock ([20--?])
Figura 32 - Melhoria do processo
Já a melhoria do produto final geralmente é mais intuitiva e tem caráter mais técnico, estando focada
nas tecnologias e processos para construção e produção do produto. Ao centrar todos os esforços somente
na melhoria do produto final, corre-se o risco de limitar esse resultado. Também não se pode garantir que
mantendo o foco somente na melhoria do processo, será obtido um produto melhor.
Melhoria do produto
Thinkstock ([20--?])
A saída, então, é trabalhar desde o início com o processo voltado à obtenção dos melhores resultados,
buscando desenvolver um produto que atenda às demandas dos clientes da melhor forma possível.
Dependendo do tipo de projeto, complexidade e tecnologias empregadas, cada uma das fases terá
suas atividades e peculiaridades. Portanto, seria inviável estabelecer uma única técnica que permita
definir propostas de melhoria em todas as fases e atividades. Desta forma, deve-se procurar por algumas
possibilidades de melhoria e ferramentas para avaliar sua pertinência e eficácia.
A busca pela satisfação do cliente talvez seja o fator que mais motive as propostas de melhoria. Não se
pode esquecer que o cliente sempre é o principal interessado e também é o maior juiz para avaliar se as
expectativas geradas foram atendidas. Para facilitar o trabalho, pode-se dividir a fase de desenvolvimento
do produto em quatro etapas:
a) definição do escopo;
b) planejamento da execução;
c) concepção de protótipos;
d) conclusão do projeto.
Para propor melhorias em um projeto, a experiência e a vivência com o produto ou na área em que ele
se aplica são elementos inestimáveis, mas também há ferramentas que podem ser utilizadas para essa
finalidade.
O próprio cliente é uma excelente fonte de melhorias. Aproveite para questioná-lo sobre sua satisfação
com o produto e o que ele faria para melhorar tanto o produto quanto os processos. Não faça juízo de valor
sobre as respostas nesse instante. Colete as informações e as analise depois.
As melhorias devem ser propostas e criadas em equipe. Não é recomendável que a visão seja de uma
única pessoa, por mais experiente que seja. As possibilidades de melhoria sempre são maiores quando
criadas e avaliadas sobre pontos de vista diversificados. Antes de qualquer melhoria ser proposta aos
clientes e implantada, deve-se avaliar os impactos decorrentes de sua implantação e sua viabilidade
técnica e financeira.
Todas as alterações que afetem qualquer uma das características do projeto, mesmo se tratando de
melhorias, devem ser validadas pelos clientes antes da execução, sobretudo se implicarem em alterações
no prazo de entrega ou nos custos do projeto.
Uma boa comunicação com o cliente também é essencial para esse trabalho. Nesse sentido, uma
possível melhoria seria a inclusão da lista de verificação para sistematizar o levantamento de dados para a
construção do escopo. Quanto mais abrangente e detalhada for a lista, mais dados podem ser coletados.
Essa prática também ajuda na melhoria dos resultados durante as fases de validação do escopo inicial e do
produto final.
Ao pesquisar as tecnologias aplicáveis, analisando as viabilidades técnica e financeira, é possível propor
melhorias que levem à adoção de soluções mais baratas, que apresentem um menor consumo de energia
e que se destaquem por inovar um determinado processo ou produto.
Na figura, a seguir, são apresentados os dados das três linhas de produção de placas de circuito impresso
de uma empresa, em função do dia da semana.
70
60
50
40
As abreviaturas LCI e LCS referem-se aos limites de controle inferior e superior, que são calculados em
função das especificações do processo e com o uso das ferramentas de Controle Estatístico de Processos
(CEP). Observando esse gráfico de controle, verifica-se que há pelo menos dois pontos fora desses limites,
caracterizando problemas no processo.
Nota-se também que há oscilações de grande amplitude e com tendência de aumento e diminuição.
Esse comportamento indica uma baixa estabilidade do processo, afetando a qualidade do produto e
caracterizando uma necessidade de melhoria.
Para determinação das atividades e recursos para manutenção e produção, o uso de listas de verificação,
brainstorming e diagrama do Ishikawa podem levar a propostas de melhoria, desde que os envolvidos
tenham uma considerável experiência na área do projeto. O 5W2H poderá ser utilizado ao se aplicar as
soluções propostas.
Ocorrências
9
8
8
6
5
4
4
3 3
3
2
2
Patricia Marcilio (2016)
0
Acabamento Erro de Solda dos Ajuste Não
montagem componentes funciona
Figura 35 - Gráfico de pareto de ocorrências em um processo de verificação de placas de circuito impresso
Fonte: SENAI (2016)
Durante o processo de verificação e validação, os dados que subsidiam a construção e a análise dos
gráficos são coletados por formulários ou sistemas que contemplem o tipo de defeito e o custo unitário
do retrabalho. Para que você construa os gráficos de Pareto a serem utilizados nesta etapa, estratifique os
dados de acordo com o total das ocorrências, ordene-os do maior valor para o menor, conforme mostrado
anteriormente e, por fim, gere o gráfico.
Usualmente, o gráfico de Pareto é utilizado com maior frequência para evidenciar os custos dos impactos
em relação à frequência de ocorrência. Analise, na figura que segue, o custo do processo em questão.
Custo
R$ 45,00
R$ 40,00
R$ 35,00
R$ 30,00
R$ 25,00
R$ 20,00
R$ 15,00
R$
Não Solda dos Ajuste Erro de Acabamento
funciona componentes montagem
Figura 36 - Gráfico de pareto do custo do retrabalho em um processo de verificação de placas de circuito impresso
Fonte: SENAI (2016)
No primeiro gráfico, pôde-se confirmar que a maior ocorrência de não conformidades se dá no processo
de “acabamento”. Ao comparar com o gráfico dos custos de retrabalho, este é o processo com menor valor
para correção. Já a ocorrência de “não funciona”, detectada em apenas duas amostras, possui o maior custo
de retrabalho. O item “erro de montagem” é o segundo com maior índice de ocorrência, porém com o
segundo menor custo de retrabalho.
Quando há limites no projeto, principalmente financeiros, e não se pode atacar todas as causas, é
importante realizar estudos e análises de ocorrências e custos, optando por intervir nos itens que causam
maior impacto como um todo (ocorrências X custos de retrabalho). Sanar as causas de um item que ocorre
duas vezes e tem custo de R$ 40,00 por item é melhor, em relação àquele que seu retrabalho custa R$ 10,00
e possui incidência de cinco ocorrências.
Já quando as ocorrências apontam para itens críticos, como confiabilidade e segurança ao usuário, estes
devem ter sempre prioridade de solução, já que o descarte dos defeituosos, caso a empresa opte por não
intervir, ocorreria apenas nos itens pertencentes à amostra realizada.
Outro ponto importante a ser considerado no processo de análise de melhorias é o da teoria das
restrições, que em inglês significa TOC (Theory Of Constraints), segundo Assen, Berg e Pietersma (2010,
p.168), “Todo sistema tem restrições que impedem a empresa de atingir seu principal objetivo: obter lucro.
Segundo essa teoria, ao se remover a maior restrição (o gargalo), o resultado do sistema será aumentado.”
Essa é a função da TOC: procurar pelo gargalo e tentar resolvê-lo.
PLANO DE AÇÃO
Encontradas as possibilidades de melhoria, deve-se criar uma proposta. Ela costuma ser composta por
um plano de ação baseado nos resultados obtidos durante a análise. O passo seguinte é a aplicação das
ferramentas da qualidade vistas anteriormente.
Suponha que, após as análises e avaliações, optou-se por intervir no item “solda dos componentes”. É
o segundo maior custo de retrabalho e tem um número intermediário de ocorrências, conforme pôde ser
vislumbrado nos gráficos de Pareto anteriores. Deve-se, então, levantar as possíveis causas que levaram à
ocorrência deste problema.
Várias técnicas podem ser utilizadas, semelhante ao que foi realizado para o levantamento dos requisitos
do escopo. Dentre as ferramentas apresentadas, pode-se escolher o brainstorming, por se tratar da técnica
mais difundida, o que não impossibilitará você de utilizar as demais quando estiver em mesma situação.
Após a realização do brainstorming, que para este exemplo contou com a participação de três equipes
de especialistas, chegou-se ao levantamento apresentado no quadro a seguir, lembrando que todas as
ideias levantadas durante o brainstorming devem ser anotadas.
d) Umidade ou poeira no ar
a) Falta de atenção do operador
De posse dos dados anteriores, é necessária sua separação e categorização. Para isso, pode-se utilizar
tanto o diagrama de afinidade como a estratificação. O resultado do diagrama de afinidade vem em forma
gráfica, já a estratificação pode ser apresentada em modo de texto, por isso foi escolhida esta segunda
opção. Para estratificar as informações, será utilizada a categoria dos 6Ms4, o que facilitará a organização
dentro do diagrama de causa e efeito.
O quadro, a seguir, mostra a separação dos itens de acordo com a categoria.
CATEGORIAS CAUSAS
a) Corrente de ar frio durante o processo
c) Vibração
a) Má qualidade do material para solda (estanho)
4 Agrupamento dos elementos que contribuem para a variação em um processo, conhecido como “Famílias de Causa”, que
engloba Meio Ambiente, Matéria-Prima, Mão de Obra, Máquinas e Equipamentos, Metodologia e Medição.
Agora que os dados estão estratificados, é possível montar o diagrama de Ishikawa, apresentado na
figura a seguir, para posterior análise.
Meio
Mão de obra Matéria prima
ambiente
Má qualidade do
material da solda
Corrente de ar frio
(estanho)
durante o processo
Falta de atenção Falta ou excesso
Umidade ou poeira do operador de fluxo de solda
no ar
Solda (estanho)
Vibração vencida
EFEITO
Sugeira ou gordura
no local de inserção
Defeito na estação do componente (ilha)
de solda Diâmetro do local
Componente solto Falta ou excesso de inserção do
durante o processo de fluxo de solda componente (ilha)
incompatível
Máquinas e
equipamentos Metodologia Medição
Figura 37 - Diagrama de Ishikawa das possíveis causas da problemática de solda dos componentes
Fonte: SENAI (2016)
Como o brainstorming foi realizado com grupos de especialistas, decidiu-se aproveitar todas as possíveis
causas apontadas. Após uma análise investigativa, foi constatado que todas as causas levantadas de fato
ocorreram, e para desenvolver a proposta de melhoria, foram destacadas como relevantes aquelas que
resultam em maior impacto e possuem maiores possibilidades de solução.
Algumas das soluções possíveis demandam maior investimento em equipamentos, estrutura física e
readequação de planta fabril. Para este caso, adotou-se como prioridade dois itens que demandam baixo
investimento financeiro e possuem simplicidade na solução.
A figura, a seguir, apresenta o diagrama de Ishikawa com os dois fatores que irão compor a proposta de
melhoria.
Meio
Mão de obra Matéria prima
ambiente
Má qualidade do
material da solda
Corrente de ar frio
(estanho)
durante o processo
Falta de atenção Falta ou excesso
Umidade ou poeira do operador de fluxo de solda
no ar
Solda (estanho)
Vibração vencida
EFEITO
Sugeira ou gordura
no local de inserção
Defeito na estação do componente (ilha)
de solda Diâmetro do local
Componente solto Falta ou excesso de inserção do
durante o processo de fluxo de solda componente (ilha)
Máquinas e
equipamentos Metodologia Medição
QUANTO
O QUE QUEM QUANDO ONDE PORQUE COMO
CUSTA
(WHAT) (WHO) (WHEN) (WHERE) (WHY) (HOW)
(HOW MUCH)
Teste Avaliativo
Cortesia do
das marcas Má qualidade
Laboratório de Instrução de fornecedor
disponíveis de José Carlos Abril de 2017 do material para
Eletrônica trabalho AB01 + 5 horas de
estanho para solda (estanho)
trabalho
solda
Verificação dos
Estanho para Instrução de 12 horas de
controles de Carlos Gilberto Abril de 2017 Almoxarifado
solda vencido trabalho AB02 trabalho
armazenamento
Verificação da
composição do Laboratório de Falta ou excesso Instrução de 2 horas de
João Carlos Abril de 2017
estanho para Eletrônica de fluxo de solda trabalho AB05 trabalho
solda fornecido
Quadro 21 - Aplicação do 5W2H para o fator matéria-prima
Fonte: SENAI (2016)
Note que as ações previstas, neste caso, são de simples execução e possuem instrução de trabalho
predefinida. Isso significa que a empresa já possui maturidade em relação ao processo de qualidade de
fornecimento. Quando não houver instrução predefinida, o campo deverá ser preenchido com o descritivo
do procedimento a ser realizado. Perceba que o custo para essas ações também é baixo, pois o fornecedor
cederá o material a ser avaliado e o restante será em horas de trabalho, que por sua vez, será em pequena
quantidade.
Em relação à metodologia, pode ser falta de procedimento definido, instrução de trabalho desatualizada
ou obsoleta ou, ainda, falta de treinamento do operador. Como esse último item é tratado no fator “mão de
obra”, no quadro seguinte aparecem somente os que foram cogitados inicialmente.
No 5W2H do fator “metodologia”, apresentado no quadro anterior, tem-se uma mesma ação (avaliar
procedimento de soldagem) sendo realizada por duas pessoas diferentes. Isso se dá porque o foco das
avaliações é diferente. Enquanto um irá avaliar a quantidade necessária de estanho utilizado, outro avaliará
a quantidade necessária do fluxo de solda durante o processo.
Já a ação de revisão e atualização da instrução de trabalho se dará em dois meses, considerando-se a
possibilidade de alterações após as avaliações citadas anteriormente. Um outro ponto a ser salientado é
a repetição do mesmo “porque” nos fatores “matéria prima” e “metodologia”: falta ou excesso de fluxo de
solda. Enquanto no primeiro ele é tratado como possível problema de fabricação, no segundo é considerado
uma provável inadequação da instrução de trabalho.
Para a análise de possíveis soluções para as causas encontradas, usa-se o 5W2H. Outras ferramentas,
como o FMEA5, por exemplo, podem ser utilizadas no lugar ou até mesmo em paralelo. Já para a elaboração
da proposta de melhorias, poderia ser utilizado o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP6).
Uma vez que as causas estejam levantadas e os planos de ação definidos, basta juntar todas essas
informações em um relatório analítico/descritivo, que receberá o nome de Proposta de Melhorias.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você estudou que a gestão de um projeto se divide em várias etapas, iniciando na
interação com o cliente e registrando suas necessidades para a elaboração do escopo do projeto. Viu
que para a coleta dessas informações devem ser utilizadas ferramentas específicas e selecionadas
de acordo com os perfis do cliente e do projeto. Também aprendeu normas e legislações que
devem ser cumpridas na elaboração de um projeto e a existência de algumas ferramentas de busca
e bases de dados para tal. Aprendeu ainda sobre a importância do registro de patentes e inovação
tecnológica e onde buscar informações referentes a esses itens.
De posse do projeto adequado às normas e legislações vigentes, você aprendeu os conceitos
necessários para realizar a análise de viabilidade técnica e financeira, que define se um projeto
pode ser executado conforme idealizado ou se necessitará de alterações e novas adaptações.
Constatou que através da elaboração e análise de planilhas de custos, bem como da avaliação dos
aspectos e impactos ambientais, verifica-se essa viabilidade e que o descarte de resíduos também
deve ser considerado nesta análise.
Você teve a oportunidade de acompanhar o processo de desenvolvimento de ferramentas, como
a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), a rede PERT e o diagrama de Gantt e de que forma elas
auxiliam na elaboração do cronograma de atividades do projeto. Na sequência, teve contato com
as técnicas para o controle dos custos e prazos para realização do projeto e também de que forma
deve-se priorizar determinada tarefa.
5 Análise de modos e efeitos de falha (do inglês Failure Mode and Effect Analysis), técnica de análise de falhas e efeitos que
prevê também a análise de ação planejada para minimizar a probabilidade da falha e seus efeitos.
6 Método sistemático para a solução de problemas que utiliza a estrutura do PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Atuar
corretivamente). É conhecido pelos japoneses como QC Story.
Quem nunca ouviu falar no dito popular: tempo é dinheiro? De fato, tempo é um recurso
importante para a maioria das atividades das pessoas, sejam elas no trabalho ou no lar. No
caso da indústria, que é um dos lugares em que os técnicos atuam, o tempo é convertido
em custos e, além da questão financeira, atrasos afetam o desempenho, que, muitas vezes,
determinam inclusive o sucesso ou o insucesso de um negócio. Isso é ainda mais grave em
setores de tecnologia, como de eletrônica, em que as mudanças tecnológicas ocorrem com
uma velocidade muito grande. Neste sentido, os profissionais desta área precisam sempre
estar atentos às novas ondas tecnológicas e tendências, atualizando de forma constante seus
conhecimentos.
Quando o projetista comete algum equívoco no planejamento de uma atividade, fatores
como o tempo, o dinheiro e a qualidade do serviço podem ser desperdiçados. No caso de
Projetos de Circuitos Eletrônicos, não é diferente!
Para realizar um projeto eficiente em termos de tempo e recursos, é necessário planejar
desde o início as ações e as etapas de desenvolvimento que abordem de forma mais completa as
concepções dos objetivos que se almeja atender. Este planejamento, se feito adequadamente,
pode evitar muitos problemas ao longo do percurso do projeto.
Neste capítulo, você conhecerá os principais métodos e práticas para montar e testar
projetos eletrônicos. Este texto foi dividido em quatro seções práticas que visam auxiliá-lo na
apropriação de uma lógica simples de procedimento, que possa seguir e aplicar.
A etapa prática começa com a concepção e o desenvolvimento dos circuitos eletrônicos
conforme o levantamento das necessidades do projeto. Nesta etapa, são definidos as topologias
e os parâmetros dos componentes eletrônicos, o que resultará na elaboração dos esquemáticos
dos projetos (plantas), um pré-requisito para o projeto do leiaute das placas eletrônicas e para
elaboração da lista de peças e componentes eletrônicos, necessários para a montagem de um
protótipo.
A simulação dos circuitos é outra etapa importante que será introduzida. Ela tem a
finalidade de diminuir desperdício em um projeto, tanto de tempo como de material, evitando
compras equivocadas de componentes. Esta etapa irá auxiliar a validação das topologias e dos
parâmetros definidos de modo que aumente a probabilidade de sucesso de funcionamento
dos primeiros protótipos. Essa instrução finaliza com o estudo e elaboração do leiaute do circuito eletrônico,
com o auxílio de softwares.
A partir de um projeto esquemático e de leiaute consolidado, as técnicas de fabricação e montagem
podem ser estudadas e aplicadas. Serão apresentados os materiais e procedimentos básicos que
fundamentam os trabalhos em um laboratório de eletrônica, que podem ser resumidos no aprendizado
sobre as ferramentas, instrumentos e técnicas de soldagem, assim como a fabricação de placas prototipadas
em laboratório e na montagem de circuitos eletrônicos.
Para finalizar as práticas eletrônicas com sucesso, é preciso realizar os ensaios dos circuitos eletrônicos
fabricados. Neste caso, também existem passos muito importantes que precisam ser levados em
consideração, para que todas as funções de um circuito operem conforme suas especificações iniciais.
No entanto, o fim de um projeto não se resume ao fim das atividades de teste e de validação. Os
circuitos eletrônicos eventualmente precisam de reparos ou atualizações. Além disso, é importante que
toda e qualquer informação esteja disponível, seja para atualização do projeto ou para desenvolvimento
de novos projetos que possam utilizar funções similares.
Também é preciso elaborar manuais técnicos para os usuários ou apresentações técnicas para os
clientes. Portanto, a documentação das informações que são pesquisadas e desenvolvidas ao longo das
etapas práticas é uma ação essencial para a elaboração de projetos de circuitos eletrônicos.
Você também estudará a elaboração da documentação técnica de um projeto eletrônico, que contenha
as informações essenciais de todas as etapas: do desenvolvimento, dos ensaios realizados nos componentes
e circuitos, das falhas apresentadas e corrigidas durante o processo, entre outros detalhes.
E, para finalizar o estudo deste capítulo, um bom trabalho sem uma boa defesa pode ser o fim de uma
ideia brilhante. Destarte, são apresentadas as técnicas básicas para realização de uma boa apresentação
e defesa de um projeto, seja para um cliente ou para um gerente de uma empresa. Esses procedimentos
visam auxiliar o projetista a defender suas ideias e trabalhos.
Portanto, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) adaptar o procedimento de teste aos recursos disponíveis;
b) realizar adequações nos diagramas de circuitos eletrônicos, conforme os resultados da simulação
efetuada;
c) comparar os resultados obtidos com os padrões desejados na validação de circuitos eletrônicos;
d) realizar medições e testes para validação de circuitos eletrônicos;
e) montar circuitos eletrônicos de acordo com o projeto;
f ) comparar os dados obtidos dos procedimentos de teste e medição com os previstos na etapa de
projeto;
g) dimensionar e especificar componentes e dispositivos;
h) efetuar simulações eletrônicas;
i) elaborar diagramas de circuitos eletrônicos e leiautes de placas de circuito impresso, inclusive
Circuito eletrônico
Energia (Tecnologias de componentes,
(Fonte de energia, processos de fabricação, metodologias
portabilidade de ensaio, equipamentos e instrumentos
potência das fontes etc.) etc.)
Bloco 1 Bloco 2
Circuitos externos
(Conexões elétricas, tipo de
cabeamento, conectores, distâncias,
protocolos)
Ana Cristina de Borba (2016)
Fatores externos
Bloco 3
(Temperatura, vibrações,
qualidade do ambiente,
dimensões físicas etc.)
Bloco 4
O primeiro bloco representa a necessidade energética do circuito eletrônico. É preciso pensar de que
modo será realizada a alimentação do circuito e mensurar a quantidade de energia necessária. Quais
são as opções possíveis e viáveis para a aplicação em questão? A energia que alimentará o sistema será
proveniente da rede elétrica, de um painel fotovoltaico ou de uma bateria, por exemplo?
O segundo bloco consiste em selecionar adequadamente os componentes para o circuito eletrônico.
Determinar os tipos de componentes existentes e como eles podem contribuir para o projeto, além de
definir as tecnologias mais viáveis e mais práticas para cada aplicação.
O terceiro bloco representa as ligações necessárias com possíveis circuitos externos. É preciso pensar
na forma que é possível realizar conexões elétricas entre um circuito e outro, estabelecendo os tipos de
conexões que podem ser realizadas.
O quarto bloco representa as influências externas que podem atingir o circuito eletrônico. É preciso
conhecer a influência de fatores como a variação de temperatura e as vibrações mecânicas sobre os
circuitos eletrônicos.
Esse esboço de projeto eletrônico trata de uma visão genérica. Contudo, cada projeto possui suas
próprias peculiaridades, que podem ser utilizadas para enriquecer o esboço exemplificado de modo a
deixar evidenciado, desde o início, as dificuldades e os desafios do projeto. Essas questões serão estudadas
com mais atenção no decorrer desta seção. Além disso, algumas das boas práticas utilizadas em eletrônica
também serão apresentadas nesta seção.
Inicia agora uma análise técnica de requisitos que estão presentes em muitos projetos de circuitos
eletrônicos, os quais se complementam e devem ser avaliados e definidos nas etapas iniciais do
desenvolvimento do projeto. Antes de tudo, são apresentados alguns conceitos que ajudam a compreender
as etapas de dimensionamento dos circuitos de alimentação.
a) Fonte de energia elétrica: é o tipo de fonte de energia externa escolhida para o projeto.
b) Fonte de alimentação principal: é a fonte, projetada ou não, que adapta o nível de tensão e corrente
da fonte de alimentação de energia para suprir as cargas do projeto, além de prover outras fontes de
alimentação auxiliares.
c) Fonte de alimentação auxiliar: é a fonte, frequentemente projetada, para alimentar subcircuitos do
projeto eletrônico, caso estes existam.
Em relação aos conceitos de eletricidade, é necessário que o projetista conheça a natureza da fonte de
energia elétrica que cogita utilizar para o projeto. Essas fontes podem ser de dois tipos: de corrente contínua
ou de corrente alternada. Para entender isso melhor, vale lembrar aqui alguns conceitos importantes sobre
este tema.
Observe esse processo na figura que segue, em que são apresentados dois tipos de corrente contínua:
corrente contínua constante e corrente contínua pulsada. Os valores da intensidade de corrente (I) são
dados em Amperes (A), e o eixo horizontal representa o tempo decorrido (t).
t t
Corrente contínua constante Corrente contínua pulsada
Figura 40 - Corrente contínua
Fonte: SENAI (2016)
As fontes de corrente contínuas mais comuns são dispositivos como baterias e módulos solares
fotovoltaicos. Existem também geradores rotativos que fornecem energia nesta forma. Os veículos, um
exemplo cotidiano, possuem uma bateria de chumbo-ácido com tensão terminal de 12 V que possui
capacidade energética para suprir todos os circuitos elétricos e eletrônicos do automóvel. No mesmo
veículo também existe outro elemento que pode servir de exemplo: o dínamo, que é responsável por
converter energia mecânica proveniente do motor de combustão em energia elétrica, de modo a auxiliar e
prover a recarga da bateria de chumbo-ácido enquanto o veículo está em funcionamento. Outro exemplo
do dia a dia bastante comum são os celulares, que costumam possuir baterias geralmente fabricadas com
tecnologia à base de lítio, que são mais leves e possuem maior durabilidade em relação às baterias de
chumbo-ácido.
No caso da corrente alternada, cujo comportamento é ilustrado na próxima figura, o fluxo de elétrons
muda de direção ao longo do tempo, ou seja, ora a corrente flui numa direção, ora noutra. A fonte mais
comum de energia alternada consiste no emprego de geradores CA – normalmente utilizados em usinas
elétricas hidrelétricas e térmicas na geração de energia em grande quantidade para alimentação de
residências, indústrias e para as necessidades gerais da sociedade (iluminação pública, hospitais, escolas
etc.). Existem vários tipos e formatos de corrente alternada: quadrada, senoidal, triangular, pulsante, etc.
A mais comum é a do tipo corrente alternada senoidal, que é aquela que se encontra nas tomadas das
residências. Esta corrente possui um ciclo que se repete em um tempo constante (T) e possui amplitude
de sinal máxima.
Os exemplos ilustrados a seguir referem-se a três tipos de formatos de corrente alternada, em que o
gráfico apresenta a intensidade de corrente (I) no eixo vertical e o tempo (t), no eixo horizontal.
O período da onda (t) corresponde ao inverso da frequência, que é chamada de frequência da rede
medida em Hertz (Hz) e que corresponde ao número de repetições do ciclo que acontece durante o período
de 1 segundo, sendo F = 1 /t.
A corrente alternada senoidal é a forma de energia que alimenta as tomadas das residências e indústrias
do país. A amplitude e o período da onda do sinal de tensão elétrica são padrões adotados que variam de
país para país. No caso do Brasil, a frequência da rede utilizada é de 60 Hz, porém há dois padrões de níveis
de tensão monofásicos vigentes que variam conforme o Estado da Federação.
SAIBA Informações adicionais sobre o sistema nacional de potência podem ser pesquisadas no
site da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica através do endereço:
MAIS http://www.abradee.com.br.
Alguns Estados utilizam o padrão monofásico de tensão eficaz de 220 volts (Fase e Neutro), são eles:
Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Os demais Estados utilizam o padrão de tensão
monofásica eficaz de 127 volts (V).
Cabe ao projetista decidir, com base nas características elétricas do projeto, quais são os tipos e quantas
são as fontes de energia elétrica compatíveis com o circuito eletrônico que será desenvolvido. Muitas vezes,
o projetista não tem a necessidade de determinar o tipo de fonte de energia que será utilizado, porém é
preciso especificar, no mínimo, os parâmetros elétricos de entrada do circuito.
As definições devem ser coerentes com as características do projeto, isto é, precisa-se definir uma fonte de
energia que seja econômica e eficiente. Alguns tipos de fontes de energia são básicos e suas características
serão descritas a seguir. É importante que você busque conhecer os tipos de fontes de energia existentes
e soluções encontradas para projetos que já foram executados. Esse procedimento contribui na busca de
ideias e soluções para um projeto novo.
Rede elétrica
Conforme já mencionado neste texto, é preciso verificar o nível de tensão eficaz da rede elétrica de cada
região, sendo dois os padrões existentes no Brasil: 220 V e 127 V. A utilização da rede elétrica é a forma mais
usual de alimentar os circuitos eletrônicos, especialmente em aplicações residenciais e industriais, seja um
computador ou um torno CNC. Contudo, circuitos eletrônicos precisam de corrente contínua em baixo
nível de tensão. Portanto, toda vez que a rede elétrica é utilizada, é necessário utilizar ou projetar fontes de
alimentação que reduzam e retifiquem (convertam corrente alternada em corrente contínua) a tensão da
rede elétrica.
É comum encontrar equipamentos eletrônicos que trabalham com vários níveis de tensão de rede.
Atualmente, por exemplo, a maioria dos aparelhos de televisão podem ser ligados automaticamente em
redes elétricas que possuam tensão eficaz entre 100 V e 240 V, seja a frequência de 50 Hz ou 60 Hz. Isso é
feito através de conversores eletrônicos (fontes chaveadas) cujos princípios básicos serão mencionados
posteriormente.
Baterias e pilhas
São acumuladores de energia que transformam a energia química acumulada na sua composição de
materiais em energia elétrica. As baterias são constituídas internamente de várias pilhas, que neste material
serão tratadas pelo termo genérico “baterias”. Estudar o processo eletroquímico destes dispositivos é um
assunto interessante e vasto, que pode ser encontrado com maior detalhamento em livros e materiais
específicos sobre este assunto. Aqui serão apresentadas as características gerais que influenciam a escolha
entre os tipos de baterias e de pilhas em projetos eletrônicos.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
Uma classificação geral importante sobre baterias está no fato de que existem modelos que são
recarregáveis (classificados como primários) e outros que não são recarregáveis (classificados como
secundários), os quais precisam, portanto, ser descartados após o uso de sua carga.
Para aplicações que possuem pouco consumo de energia, a bateria não recarregável é, em geral, uma
opção bastante interessante por causa do seu custo reduzido, que é muito menor do que os modelos
recarregáveis. Exemplos práticos de baterias não recarregáveis são os controles remotos de aparelhos
de ar-condicionado ou de televisão, que utilizam pilhas comuns (não recarregáveis). Estas apenas duram
meses antes de serem descartadas e substituídas.
Por outro lado, outros dispositivos necessitam da capacidade de recarga constante. Ao contrário,
deixariam de ser dispositivos práticos, como é o caso de um celular ou de um videogame portátil. As baterias
podem ter um tamanho minúsculo, como no caso de uma pilha de relógio, ou enormes, como no caso do
conjunto de baterias de um veículo elétrico ou em sistemas de backup.
Existem parâmetros que costumam ser informados pelos fabricantes e que permitem realizar uma
comparação mais precisa entre os tipos de baterias existentes, conforme a necessidade de peso, volume
e densidade de carga (que é a relação de potência pelo peso). Na sequência, conheça os parâmetros
essenciais em um projeto eletrônico.
a) Tecnologia de fabricação (não recarregáveis): geralmente são alcalinas e de mercúrio.
b) Tecnologia de fabricação (recarregáveis): chumbo-ácido, níquel/cádmio, níquel/hidreto metálico e
íon-lítio.
c) Capacidade de energia: é um parâmetro informado pelo fabricante, e normalmente este é medido
em ampere/hora (Ah), que é equivalente a quantidade de carga elétrica transferida por uma corrente
elétrica constante de 1 ampere durante uma hora.
d) Tensão terminal: em volts (V).
É preciso levantar algumas demandas e limitações do projeto que se deseja realizar para determinar
a tecnologia e a quantidade de baterias que serão utilizadas. Com relação às demandas impostas pelo
projeto, o dimensionamento do banco de baterias precisa atender às seguintes características:
a) potência de entrada exigida;
b) tensão de entrada exigida.
Muitas vezes, isso não é alcançado utilizando-se somente uma pilha ou bateria, é necessário fazer um
arranjo série e/ou paralelo de baterias para atingir os valores de corrente e tensão desejados. Com relação às
limitações impostas pelo projeto, o dimensionamento do banco de baterias precisa atender determinadas
características. Acompanhe.
c) Capacidade energética mínima: é preciso garantir uma autonomia mínima compatível com a
aplicação do projeto.
d) Dimensão máxima: a bateria não pode ser maior do que o compartimento reservado a sua instalação.
e) Peso máximo: o peso também precisa ser compatível com a aplicação.
f ) Custo máximo: os preços variam conforme a tecnologia e o modelo.
g) Vida útil: existe um limite de cargas e recargas que cada tecnologia de bateria suporta ao longo de
sua vida.
h) Complexidade: o uso de algumas tecnologias é mais simples do que outras. Baterias de lítio, por
exemplo, possuem limites térmicos e elétricos que precisam ser necessariamente respeitados, o que
aumenta a complexidade do circuito de controle.
i) Segurança: algumas tecnologias são mais seguras do que outras. Algumas podem explodir se os
limites térmicos não forem respeitados.
j) Questões ambientais: o descarte de baterias envolve muitas questões ambientais sérias. É importante
se informar a respeito dos agravantes ambientais causados pela tecnologia de baterias que se
pretende utilizar.
Você já imaginou um aparelho de celular que necessitasse de recarga a cada 10 minutos? Ou um
aparelho de celular com autonomia de um mês, mas que pesasse 10 kg? Quando se deseja ganhar em
capacidade energética, aumenta-se, também, por consequência, o peso, o volume e o custo. Todas essas
características se complementam e precisam ser equilibradas no dimensionamento de uma bateria ou de
um conjunto de baterias.
Na sequência, a figura exemplifica os tamanhos e formatos de pilhas e baterias portáteis. Elas são
utilizadas em brinquedos, controles remotos e outros dispositivos.
iStock ([20--?])
Figura 44 - Dimensões básicas de pilhas e baterias
É preciso salientar que as baterias são dispositivos perigosos, se não forem utilizados corretamente e,
inclusive, o uso de certas tecnologias não é recomendado por projetistas sem experiência, como é o caso
de baterias de lítio-íon de alta densidade de potência.
A energia fotovoltaica distribuída é normalmente mais difundida do que a eólica, devido ao seu baixo
custo de manutenção. A seguir, serão apresentadas algumas características básicas deste tipo de sistema
que precisam ser avaliadas para escolha de um sistema em um projeto.
A energia fotovoltaica se utiliza da radiação proveniente do sol para a geração de energia elétrica em
corrente contínua. Os modelos de módulos solares fotovoltaicos encontrados no mercado variam conforme
os parâmetros que determinam seu tamanho, faixa de potência e eficiência. Hoje é possível encontrar esta
tecnologia empregada em muitos tipos de aplicações, que vão desde antenas de rádio e de comunicação
instaladas remotamente, até circuitos portáteis como calculadoras e carregadores para telefone celular.
Os módulos fotovoltaicos são compostos por um arranjo de células fotovoltaicas em série e/ou paralelo
que formam sua configuração de saída. A seguir, acompanhe os principais parâmetros de um módulo
fotovoltaico.
a) Tensão de circuito aberto: tensão terminal do módulo quando não há circulação de corrente, ou seja,
sem carga sendo alimentada.
b) Corrente de curto-circuito: é a máxima corrente que o conjunto fotovoltaico pode fornecer.
c) Fator de forma (FF – do inglês Fill Factor): é a razão entre a potência máxima do módulo e o produto
da corrente de curto circuito com a tensão de circuito aberto. Este fator que varia teoricamente de
0 a 1, e quanto maiores suas perdas internas, menor o valor do fator. Isso depende da tecnologia
adotada e da qualidade do processo de fabricação. Em módulos à base de silício, este fator é em
torno de 0,8.
d) Eficiência: é a razão (porcentagem %) entre a energia gerada pelo dispositivo e a energia solar que
atinge a superfície do módulo fotovoltaico.
Os módulos fotovoltaicos mais comuns são fabricados à base de silício e são divididos em três
tecnologias que variam conforme a sua pureza: módulos de filme fino (silício amorfo), módulos de silício
policristalino e módulos de silício monocristalino. As principais diferenças entre eles residem na qualidade
de suas propriedades, afetando especialmente a eficiência da transformação da radiação solar em energia
elétrica e o custo final do produto. Os módulos monocristalinos, em geral, são os mais eficientes, seguido
pelo policristalino e amorfo. A figura, a seguir, apresenta estas três tecnologias de painéis fotovoltaicos.
iStock ([20--?])
Os módulos utilizados e vendidos no Brasil são certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – Inmetro, que verifica se os equipamentos atendem aos requisitos mínimos de
eficiência, qualidade e durabilidade.
Veja, no quadro, a seguir, alguns exemplos de módulos fotovoltaicos com suas características.
TENSÃO DE
CORRENTE DE EFICIÊNCIA
MODELO MATERIAL CIRCUITO POTÊNCIA (W)
CURTO-CIRCUITO (A) ENERGÉTICA (%)
ABERTO (V)
Vale salientar que o uso de células de filme fino em eletrônica, embora seja a tecnologia com menor
eficiência energética, possui propriedades mecânicas interessantes, como a flexibilidade, que permite a
elaboração de muitos projetos criativos. Um exemplo é uma mochila com módulos fotovoltaicos integrados,
permitindo que você carregue seu celular ou MP3 player durante caminhadas, passeios de bicicleta ou até
mesmo quando você está sentado no parque lendo um livro.
Para questão de projetos, é importante salientar que a tensão de saída dos módulos fotovoltaicos varia
conforme sua carga. Geralmente são dimensionadas fontes eletrônicas que estabilizam estes níveis de
tensão em valores desejados.
Circuitos eletrônicos, em geral, necessitam de sinais de tensão com níveis contínuos e estabilizados
em valores baixos, em torno de 5 V ou menor. Em um projeto, quando é definida a necessidade de utilizar
energia da rede elétrica de 220 volts alternado, é preciso que seja dimensionado ou inserido um circuito
eletrônico que possua a função de converter o elevado sinal alternado de entrada para os baixos níveis de
tensão contínua que são exigidos pelos circuitos eletrônicos para funcionarem. Muitas vezes, um circuito
necessita de mais de um tipo de nível de tensão contínua para operar, dependendo da função de cada
subcircuito do sistema.
Os circuitos responsáveis pela conversão dos níveis de tensão e corrente elétrica provenientes da fonte
de energia são chamados de fontes de alimentação.
A figura, a seguir, é de um esquemático que ilustra a função da fonte de alimentação principal em
um projeto, responsável por alimentar vários subcircuitos (Circuito 1, Circuito 2, Circuito 3 e Circuito 4) do
sistema. Estes podem estar localizados na mesma placa eletrônica ou em placas eletrônicas distintas.
Circuito 3
Fonte de
energia Fonte Circuito 1 Circuito 2
externa principal
Projeto eletrônico
Figura 47 - O papel da fonte de alimentação em um circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)
P=V.I
onde:
P = potência elétrica - em watts (W);
V = tensão elétrica – em volts (V);
I = intensidade de corrente elétrica – em amperes (A).
Um circuito eletrônico, por exemplo, que possui consumo máximo de 100 W e tensão contínua de 12 V,
necessita de um circuito de alimentação que possa fornecer esse nível de tensão e uma corrente de valor
mínimo igual a 8,3 A, conforme calculado a seguir.
Cada estágio dos conceitos apresentados nas duas figuras anteriores será explicado resumidamente a
seguir. Acompanhe.
311V 15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)
15V
15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)
0V
0V
A entrada do estágio 2 é a saída do estágio 1, conforme pode ser visto na figura anterior, e a saída do
estágio 2 resulta em uma tensão ondulada, porém contínua (CC), com valores unicamente positivos. No
entanto, este tipo de sinal ainda precisa ser tratado, através da utilização de filtros, porque além de uma
tensão contínua, os componentes eletrônicos necessitam de níveis estabilizados de tensão.
15V 15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)
0V
Conforme a figura anterior, a entrada do estágio 3 refere-se à saída do estágio 2, cuja saída do estágio
resulta em um sinal de corrente contínua com baixa ondulação de sinal, muito mais próximo à estabilização.
No entanto, essa ondulação ainda pode causar instabilidades nos circuitos eletrônicos.
Regulador
15V
Ellen Cristina Ferreira (2016)
12V
0V 0V
a) Reguladores lineares
São dispositivos semicondutores capazes de estabilizar a tensão de saída para uma variação de carga
considerável. A figura apresenta alguns exemplos de circuitos integrados de reguladores lineares de tensão.
Estes componentes são encontrados em muitos encapsulamentos diferentes.
É importante verificar sempre as características térmicas do componente, porque fontes lineares
costumam dissipar muita energia. Os reguladores lineares mais comuns são os modelos de tecnologia PTH
com encapsulamento TO220 de três terminais, conforme ilustra a figura na sequência.
Observe um modelo do fabricante Fairchild LM78XX.
GND
1 3
LM78XX Output
Input
C1 2 C0 0.1μF
0.33μF
Existem, porém, inúmeros fabricantes que produzem os componentes da linha 78xx e 79xx. Os dois
dígitos iniciais do código indicam o sinal da tensão de saída: 78 indica saída de tensão positiva e 79 indica
saída de tensão negativa. Os outros dois dígitos indicam a tensão de grampeamento de saída, ou seja, a
tensão que será regulada.
b) Fontes chaveadas
São topologias que permitem a conversão de energia elétrica de corrente contínua para corrente
contínua com saída estabilizada, geralmente chamados de conversores CC-CC. O funcionamento consiste
em chaves eletrônicas que são comutadas em alta-frequência, ligando e desligando o circuito de modo
que mantém a tensão ou corrente de saída estabilizada em nível projetado. Este tipo de conversão trata de
uma conversão ativa de energia. Em outras palavras, estes circuitos não dissipam a energia “de propósito”
para realizar a sua função, diferente das fontes lineares, que queimam energia para estabilizar os níveis de
saída (função passiva de funcionamento). Por isso, as fontes chaveadas possuem eficiência maior que as
fontes lineares.
A figura, a seguir, apresenta um circuito integrado de uma fonte chaveada e o respectivo esquemático
do circuito.
L
Fonte de CC
corrente C Carga
As fontes não lineares são importantes quando se deseja obter circuitos eletrônicos mais eficientes, que
consomem geração de calor e menor espaço físico. No entanto, essa solução geralmente tem um custo
agregado maior do que as fontes lineares.
Fonte de Fonte
energia Fonte
auxiliar Circuito 1 Circuito 2
externa principal
1
Ana Cristina de Borba (2016)
Projeto eletrônico
Figura 57 - A função das fontes auxiliares em um circuito eletrônico
Fonte: SENAI (2016)
Isso também pode ser feito em forma de planilha, conforme exemplo no quadro a seguir, ajudando a
planejar a potência mínima que cada fonte de alimentação deve ser capaz de suprir, conforme a necessidade
máxima (em watts – W) de cada subcircuito.
Realizado o levantamento dos níveis de tensão e da potência necessários para o projeto do circuito,
sugere-se que se comece por dimensionar o circuito de alimentação da fonte principal para, em seguida,
dimensionar as fontes auxiliares.
Não deixe de consultar e revisar assuntos e materiais de eletrônica analógica e digital que fundamentam
os circuitos eletrônicos e esteja sempre atendo às novidades que surgem no mundo da eletrônica.
A escolha dos componentes eletrônicos é um passo muito importante no projeto de circuitos eletrônicos,
e deve ser realizada de maneira bastante criteriosa para atender às necessidades do projeto.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
Conforme a figura anterior, os componentes eletrônicos podem ser divididos em duas tecnologias
gerais: os componentes que são montados na superfície da placa eletrônica (SMD – Surface Mounting
Devices), e aqueles que são montados através de pinos ou terminais perfurados (PTH – Pin Through
Hole). A escolha da tecnologia é baseada em diversos motivos técnicos ou econômicos. Acompanhe.
a) Potência: trata-se de uma limitação física, geralmente componentes muito pequenos não são
capazes de processar muita energia. Essa é uma limitação maior para componentes SMD.
b) Tamanho da placa de circuito impresso: a limitação do espaço para instalar os componentes pode
ser um fator da escolha da tecnologia.
c) Estética: Alguns componentes são mais apresentáveis do que outros.
d) Custo dos componentes: o preço pode variar bastante, conforme a tecnologia adotada.
e) Custo de fabricação e montagem: o processo de montagem muda conforme a tecnologia, o que
muda também seu custo.
f ) Disponibilidade: alguns componentes são disponibilizados somente em uma das tecnologias. Isso
certamente limita sua escolha.
Cabe ao projetista saber mensurar quais destes fatores são mais importantes e quais são as limitações do
projeto. Uma placa de circuito impresso pode ser projetada para conter componentes SMD e PHT. Porém,
não havendo limitações técnicas – limite de potência para certos componentes, por exemplo – é mais
comum fabricar circuitos com componentes de uma tecnologia somente, para reduzir principalmente os
custos de montagem.
Em uma linha de produção, os componentes SMD são geralmente montados por máquinas, conhecidas
como Pick and Place Machines, enquanto que componentes PTH são frequentemente montados por mão
de obra humana, ou seja, funcionários técnicos especializados.
A divisão por tecnologia é somente uma abordagem inicial do tema, os componentes eletrônicos,
mesmo aqueles que possuem parâmetros idênticos, podem possuir diversos tamanhos e formatos. As
características construtivas dos principais componentes eletrônicos, passivos e ativos, que são utilizados
em projetos de circuitos eletrônicos, serão apresentadas a seguir.
Fusíveis
São componentes de proteção de circuitos eletrônicos que evitam que as correntes que fluem no
circuito ultrapassem um limite estabelecido. Este limite é determinado pela corrente de fusão do fusível,
que rompe quando atingida. Os fusíveis podem ser classificados pelo tempo de atuação da proteção:
fusíveis comuns, rápidos, ultrarrápidos, retardados, entre outros.
A figura, a seguir, apresenta símbolos dos fusíveis que são utilizados em esquemáticos eletrônicos.
As principais características elétricas que precisam ser avaliadas em um projeto de circuito eletrônico
estão descritas a seguir.
a) Corrente de ruptura: é a corrente de interrupção do fusível. Normalmente este dado está escrito no
próprio fusível.
b) Corrente nominal: é a corrente de operação que o fusível pode suportar sem fundir.
c) Dimensões do dispositivo: este dado é importante para respeitar o espaço destinado ao componente.
d) Corrente de atuação: é um nível intermediário entre a corrente de curto-circuito e a corrente nominal,
ou seja, é a corrente máxima que dispositivo pode suportar por um determinado tempo sem ocorrer a
sua fusão.Tipos de fusíveis: fusíveis de vidro, tipo rolha, tipo cartucho, tipo diazed. Porém, em circuitos
eletrônicos geralmente são utilizados fusíveis que possuem invólucros de vidro ou cerâmica. A classe de
fusíveis AG (All Glass) é muito utilizada em eletrônica. Estes componentes variam em tamanho, diâmetro
e faixa de corrente. Existem ainda os fusíveis cerâmicos, que também são cilíndricos, e mais resistentes a
temperatura.
COEF.
COR 1ª FAIXA 2ª FAIXA 3ª FAIXA MULTIPLICADOR TOLERÂNCIA
TEMPERATURA
Preto 0 0 0 0
Marrom 1 1 1 1 1% 100 PPM/C
Vermelho 2 2 2 2 2% 50 PPM/C
Laranja 3 3 3 3 15 PPM/C
Amarelo 4 4 4 4 25 PPM/C
Verde 5 5 5 5 0,5%
Azul 6 6 6 6 0,25% 10 PPM/C
Ana Cristina de Borba (2016)
Com base na figura anterior, acompanhe como interpretar as faixas apresentadas. Considere um resistor
com a seguinte sequência de cores: vermelho, violeta, laranja e dourado. A primeira faixa representa o
dígito “2”, a segunda faixa o dígito “7”, a terceira faixa o multiplicador “1.000” e o quarto dígito indica a
tolerância de 5% para o valor de resistência. Portanto, tem-se o seguinte valor de resistência:
No caso de resistor de precisão, a cor do quarto anel também representa um dígito do valor de resistência
elétrica. Continuando desse modo a sequência, o quarto anel representa o multiplicador, e o quinto anel
representa a tolerância.
Existem diversos tamanhos de resistores de filme metálico que são proporcionais a valores de potência
que estes componentes conseguem processar. Operar acima deste valor por tempo prolongado acarreta
risco de sobreaquecimento, podendo danificar ou até mesmo queimar o componente eletrônico.
Os tamanhos usuais de resistores em tecnologia PTH são apresentados na tabela a seguir.
FAIXA DE POTÊNCIA
COMPRIMENTO DO CORPO (mm) DIÂMETRO DO CORPO (mm)
EM WATTS (W)
0,125 (1/8) 3,0 1,8
0,25 (1/4) 6,5 2,5
0,50 (1/2) 8,5 3,2
1,00 11,0 5,0
Quadro 25 - Faixas de potência de resistores PTH
Fonte: Fonte: SENAI (2016)
A leitura do valor de resistência, em ohms (Ω), é similar à leitura realizada nos resistores de tecnologia
PTH. Normalmente são informados somente três dígitos, onde os dois primeiros indicam os dígitos do
valor de resistência e o terceiro o valor do multiplicador. Resistores de precisão possuem quatro dígitos,
sendo os três primeiros dígitos do valor de resistência, e o quarto, portanto, o multiplicador. Por exemplo:
Esta codificação é um padrão internacional bastante utilizado, e é baseado na Norma EIA (Electronic
Industries Alliance), também conhecido como EIA-96.
O tamanho do resistor SMD é indicado por um código numérico, por exemplo: 0805. Este código informa
a largura e a altura do encapsulamento do componente no sistema imperial de medidas britânico. Para
converter este valor no sistema métrico, basta multiplicar os valores das dimensões por uma polegada.
Usando de exemplo o encapsulamento de tamanho 0805, tem-se as dimensões em milímetros a seguir.
Logo, este mesmo resistor, no sistema métrico, corresponde ao tamanho 2012. A tabela, a seguir,
apresenta uma lista dos tamanhos dos resistores SMD disponíveis no mercado, informando seus códigos,
dimensões e parâmetros elétricos. É importante reparar o valor de potência correspondente de cada
tamanho de resistor.
Além dos resistores fixos, existem resistores que permitem a variação de resistência elétrica. Trata-se de
um arranjo divisor de tensão que possui três pinos, no qual os dois primeiros possuem uma resistência fixa,
e o terceiro pino corresponde ao contato móvel que varia de posição internamente, conforme é modificado
através de um cursor – geralmente um cursor móvel excêntrico. Esse componente é muito utilizado em
aplicações que necessitam de algum tipo de ajuste analógico de sinal elétrico, como o volume de sistemas
de áudio e sintonia de rádio. A figura, a seguir, apresenta exemplos de potenciômetros e suas aplicações.
Existem modelos de resistores variáveis (exemplo Trimpots) que também são encontrados em tecnologia
SMD, e são utilizados em circuitos eletrônicos para ajuste fino do ganho de sensores, conversores e outras
necessidades. Veja um exemplo na próxima figura.
iStock ([20--?])
Outros tipos de resistores, conhecidos como resistores especiais, são apresentados no quadro a seguir.
Conforme pôde ser percebido, os exemplos mais comuns, citados no quadro anterior, possuem
propriedades que atendem uma ampla e diversificada gama de aplicações.
Capacitores
São elementos armazenadores de energia e, em eletrônica, são muito utilizados em filtros de energia,
em circuitos ressonantes, em divisores de energia, em conversores e em circuitos de tratamento de sinais.
Há dois tipos gerais de capacitores: os capacitores polarizados e os capacitores não polarizados (bipolares).
A representação esquemática dos dois modelos é ilustrada na figura, a seguir.
Capacitor Capacitor
não-polarizado polarizado
Figura 64 - Simbologia de capacitores
Fonte: SENAI (2016)
Alguns dos principais parâmetros dos capacitores utilizados em projetos eletrônicos são:
a) capacitância nominal, em Farad (F);
b) tensão máxima, em volts (V);
c) encapsulamento (PTH ou SMD);
d) dimensões, em milímetros ou polegadas;
e) tolerância, em porcentagem (%) – variação da capacitância nominal;
f ) faixa de temperatura de operação, em °C – é o limite interno de temperatura;
g) tipo de capacitor – eletrolítico, poliéster, cerâmico etc.
O material dielétrico dos capacitores pode ser feito de diversos materiais. Na sequência, são listadas as
principais tecnologias de fabricação de capacitores que são utilizados em eletrônica. Acompanhe.
a) Capacitor eletrolítico: apresenta polaridade, podendo queimar, se ligado de modo invertido.
Geralmente é utilizado em filtros de energia.
b) Capacitor cerâmico: não apresenta polaridade e sua capacitância é da ordem de Pico Farads (pF). É
utilizado geralmente em circuitos de alta frequência. Existem modelos cerâmicos de multicamadas
que consistem na superposição de várias camadas de material dielétrico.
c) Capacitor de filme plástico (poliéster, polipropileno, policarbonato e outros): não apresenta
polaridade. A capacitância é da ordem de Nano Farads (nF). Possui alta resistência de isolação e
poucas perdas no dielétrico.
Assim como os resistores, os capacitores também possuem modelos em tecnologia PTH e SMD. Na
figura, a seguir, você pode conhecer os modelos de capacitores com tecnologia PTH e SMD.
Conforme visto na figura anterior, independente da tecnologia ou do tipo, existem vários capacitores
cujos tamanhos variam conforme os valores de capacitância e da tensão de operação. Os valores de tensão
e capacitância geralmente podem ser visualizados no corpo do componente.
Indutores
Os indutores são componentes com dois terminais que são projetados para armazenar energia
magnética e são muito utilizados em filtros de corrente, osciladores e conversores eletrônicos. A construção
típica deste componente é realizada enrolando-se fio de cobre esmaltado em forma de espira. Existem
diversos materiais, até mesmo o ar, utilizados para formar o núcleo do indutor, que são definidos conforme
os parâmetros que se deseja atingir, especialmente o valor de indutância, que é a principal grandeza física
que caracteriza este componente.
O indutor e o símbolo utilizado nos esquemáticos de projetos eletrônicos são apresentados na próxima
figura.
Os parâmetros importantes que precisam ser avaliados durante a escolha de um indutor são:
a) indutância, em Henry (H);
b) tolerância do valor de indutância, em porcentagem (%);
c) temperatura de operação, em graus Celcius (°C);
d) corrente máxima, em amperes (A).
Os modelos de indutores que são mais utilizados em aplicações gerais possuem indutância fixa - dentro
de certo valor de tolerância -, contudo existem indutores que permitem o ajuste do valor de indutância de
forma similar a um potenciômetro (resistor variável), que é utilizado em alguns circuitos osciladores.
Existem modelos de indutores em tecnologia PTH, no formato similar aos de resistores (conforme a
figura, a seguir), que possuem anéis coloridos os quais indicam os valores de indutância e tolerância do
componente. A mesma tabela utilizada para leitura de resistência elétrica é utilizada para leitura do valor
de indutância, com a ressalva de que o resultando de indutância é padronizado em micro Henry (µH).
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
1 5 x 10 +- 5%
150 µ H +- 5%
Figura 67 - Indutores
Fonte: SENAI (2016)
Os modelos em SMD também são comuns e são bastante utilizados para filtros de pequenos sinais
ou conversores em fontes de alimentação eletrônicas. A norma de dimensionamento EIA-96, válida para
resistores e capacitores, também é válida para os indutores SMD.
Transformadores
Os transformadores, assim como os indutores, também são componentes magnéticos. A figura,
a seguir, apresenta exemplos utilizados em eletrônicos. Este componente é formado por duas ou mais
bobinas isoladas feitas de condutor esmaltado que são enroladas em torno de um núcleo compartilhado.
As principais funções do transformador consistem em modificar os valores de tensão e corrente de um
sinal de corrente alternada e isolar circuitos que possuam sinais de referência diferentes. O símbolo não faz
nenhuma referência aos aspectos dimensionais e ao formato do transformador real utilizado.
Observe um exemplo que identifica um transformador ideal em um circuito eletrônico.
A definição das dimensões, do material utilizado para fabricação do núcleo e as demais características
que devem ser dimensionadas são determinadas conforme os parâmetros desejados para o projeto. Os
parâmetros mais importantes que devem ser avaliados são:
a) tensão nominal de entrada, em volts (V);
b) tensão nominal de saída, em volts (V);
c) corrente nominal de entrada, em amperes (A);
d) corrente nominal de saída, em amperes (A);
e) frequência do sinal elétrico alternado: este parâmetro vai indicar o tipo de material que
deve ser utilizado no núcleo.
Relativo à frequência, transformadores de baixa frequência (60 Hz, por exemplo) utilizam chapas
laminadas de aço silício. Já, em altas frequências, acima de 400 Hz, por exemplo, utilizam núcleos de ferrite
para certas aplicações.
Diodos e LEDs
Os diodos são componentes semicondutores ativos de dois terminais que são capazes de conduzir
corrente elétrica somente em um sentido. Estas características são bastante exploradas em projetos de
circuitos eletrônicos, especialmente no dimensionamento de retificadores de energia em fontes de
alimentação, que são circuitos responsáveis por transformar sinais de corrente alternada em corrente
contínua.
A simbologia adotada para o diodo é apresentada na figura, a seguir.
Os diodos mais utilizados são fabricados de silício. Também há muitos modelos com fabricação em
germânio. Os parâmetros mais importantes de diodos são:
a) corrente máxima de operação;
b) tensão direta máxima (Maximum Forward Voltage);
c) tensão máxima reversa constante (Maximum DC Reverse Voltage);
d) máxima tensão de pico reversa não repetitiva (Non-Repetitive Peak Reverse Voltage);
e) potência máxima que o diodo pode dissipar;
f ) temperatura de bloqueio máxima;
g) capacitância da junção.
Os tipos de diodos que são utilizados em projetos variam conforme a aplicação e as características que
precisam ser atendidas. Os tipos de diodos mais comuns são:
a) padrão (convencional);
b) schottky;
c) fotodiodo;
d) especiais (LED –Light Emitter Diode).
O diodo emissor de luz é um tipo especial de diodo que emite luz quando polarizado no sentido direto.
Segundo Boylestad e Nashelsky (2013, p. 36), “[...] o diodo emissor de luz (LED) é aquele que emite luz visível
ou invisível (infravermelha) quando energizado.” Este componente é bastante utilizado para sinalização e
até mesmo para geração de imagens.
A figura, a seguir, apresenta alguns exemplos de LEDs nas tecnologias PTH e SMD.
Figura 70 - LEDs
Vi = Entrada Vo = Saída
Essa tensão de saída possui um valor constante, com certa tolerância, para variações de cargas e de
tensão de entrada que estão de acordo com as especificações do componente. As principais características
de um conversor linear são:
a) tensão de saída, em volts (V);
b) corrente máxima de saída, em amperes (A);
c) valores máximo e mínimo da tensão de entrada, em volts (V);
d) temperatura máxima de operação: trata-se da temperatura interna da junção PN do semicondutor.
Este componente geralmente necessita de dissipador térmico para operar em uma faixa segura de
temperatura. Observe a próxima figura.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
Vi = Entrada
Vo = Saída
Vi Vo GND GND = Terra
O encapsulamento mais comum para reguladores lineares é do tipo TO220 e frequentemente apresenta
a sequência de pinos, como você pôde ver na figura anterior. No entanto, existem reguladores de tensão
com diversos tipos de encapsulamentos, seja em tecnologia PTH ou SMD.
Transistores
Transistores são componentes semicondutores ativos de três terminais e frequentemente utilizados em
amplificadores de sinais ou em chaves eletrônicas. O princípio de funcionamento do transistor consiste
na possibilidade de controlar o nível de corrente em um terminal através da tensão aplicada nos outros
dois terminais. Essa característica é bastante interessante, pois permite a criação de muitos circuitos e
sistemas, especialmente porque hoje existe um gama grande destes componentes que podem operar em
alta frequência, com baixas perdas elétricas de comutação e de condução.
Segundo SEDRA e SMITH (2009, p. 231-232, tradução SENAI), “São dois os principais tipos de dispositivos
semicondutores de três terminais: o transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET)
[...] e o transistor bipolar de junção (BJT) [...]”. Outro tipo de chave eletrônica conhecida é o IGBT (Insulated
Gate Bipolar Transistor), comumente utilizado em projetos de conversores eletrônicos para circuito de
processamento de energia.
Os símbolos esquemáticos destes componentes são apresentados na próxima figura.
A escolha do encapsulamento de um transistor depende dos requisitos que precisam ser atendidos
no projeto. Um fator importante que afeta o tamanho do componente é a potência que será processada.
Existem diversos tipos e tamanhos de encapsulamentos para estes componentes.
Nos transistores de tecnologia PTH, são comuns os encapsulamentos TO-220, TO-247, TO-92 e TO-126
(figura seguinte). Eles são muito utilizados em projetos, pois existe uma gama enorme de componentes
nesta configuração. A mesma situação acontece para componentes SMD em encapsulamentos SOT-23,
SOT-346, SOT-323, dentre outros.
D
B
1 2 3
A tabela, a seguir, apresenta as dimensões médias, em milímetros, dos encapsulamentos PTH citados,
conforme as cotas da figura anterior.
A B C D
TO-92 5,00 5,00 2,54 3,50
TO-126 7,50 10,50 2,25 2,50
TO-220 15,65 10,00 2,54 4,40
TO-247 20,95 15,90 5,45 5,00
Tabela 3 - Encapsulamentos comuns de transistores PTH
Fonte: SENAI (2016)
Tratando-se agora dos transistores em tecnologia SMD, para componentes de baixa potência, é comum
encontrar modelos de transistores com o encapsulamento SOT (Small Outline Transistor).
A
3
3
As dimensões (em milímetros) dos encapsulamentos SMD citados são apresentados na tabela a seguir,
com base nas cotas da figura anterior.
A B REFERENTE AO TAMANHO
SOT-23 2,90 1,30 2913
SOT-346 2,90 2,50 2916
SOT-416 1,80 0,90 1608
SOT-323 2,00 1,25 2012
Tabela 4 - Encapsulamentos comuns de transistores SMD
Fonte: SENAI (2016)
Outros tipos de transistores que são bastante utilizados, especialmente em circuitos eletrônicos de
fontes de alimentação para o chaveamento de carga, são os IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor). Há
também tipos especiais, como fototransistores, cujo chaveamento é determinado pela radiação luminosa
sobre o componente.
Circuitos integrados
Quem nunca se perguntou o que são aquelas pastilhas escuras que possuem várias “perninhas” e que
são abundantemente encontradas em circuitos eletrônicos? Em geral, tratam-se de pastilhas de silício
baseadas em uma tecnologia que possibilita a integração de um ou mais circuitos, especialmente circuitos
lógicos, em uma única pastilha, comumente chamados de Circuitos Integrados, IC (do inglês Integrated
Circuit). Em outras palavras, é possível integrar um circuito composto por transistores, diodos e resistores
em um mesmo invólucro.
A miniaturização dos circuitos visa à criação de componentes mais compactos e com menor consumo de
energia. Isso é bastante relevante para equipamentos e circuitos móveis que são alimentados por baterias
que possuem quantidade de carga limitada e que precisa ser utilizada de forma inteligente para aumentar
a autonomia do circuito, diminuindo o tempo necessário para uma nova recarga.
Na próxima figura, observe exemplos de circuitos integrados.
A aplicação para circuitos integrados é ampla. Neste caso, serão citados algumas que são bastante
comuns.
a) circuitos lógicos: portas lógicas, memórias etc.;
b) circuitos analógicos: comparadores, sensores etc.;
c) processadores e DSP;
d) fontes chaveadas: circuito de fontes lineares ou chaveadas, que foram apresentados nesta seção.
A quantidade de encapsulamentos para circuitos integrados é grande e muito variada. Na sequência,
serão apresentados alguns dos tipos que são comuns no mercado de componentes eletrônicos. O número
de pinos varia conforme a aplicação do circuito integrado.
Até o momento, foram apresentados os principais componentes que fazem parte de circuitos
eletrônicos, embora sempre existam componentes especiais que precisam ser avaliados caso a caso.
A escolha dos componentes deve ser pautada em aspectos intrínsecos do próprio componente, como
consumo de energia, tamanho, disponibilidade de mercado, compatibilidade. No entanto, é preciso avaliar
também o conjunto do sistema para a escolha dos componentes, como o tamanho de componentes
que foi padronizado para o sistema eletrônico. Outros componentes que precisam ser avaliados para um
projeto eletrônico são os tipos de conexões elétricas entre os circuitos e fontes do sistema. Acompanhe.
O dimensionamento de cabeamentos e conexões elétricas é uma etapa presente na maioria dos projetos
de circuitos eletrônicos, com exceção daqueles circuitos cujas fontes de alimentação são integradas
diretamente na placa eletrônica e que não necessitam de comunicação por intermédio de cabos com outras
placas ou dispositivos. A figura, a seguir, apresenta os conectores e o cabeamento de um circuito eletrônico.
Na primeira imagem um conector do tipo Header com parafusos é utilizado para suprir a alimentação de
energia para a placa eletrônica. Na figura ao lado, um conector e cabo Flat são responsáveis pela troca de
informações entre o circuito eletrônico e outros dispositivos, por exemplo, um circuito de display LCD.
Certos requisitos elétricos e mecânicos precisam ser levados em consideração no momento da definição
destes componentes, de modo a atender os requisitos necessários para um projeto, os quais muitas vezes
são definidos em normas, especialmente itens referentes à segurança dos usuários. Os principais requisitos
referentes ao cabeamento são:
a) segurança;
b) atender aos requisitos elétricos do projeto;
c) isolação;
d) blindagem eletromagnética;
e) estética;
f ) flexibilidade;
g) classes de isolação;
h) tamanho, peso e cores.
Os fios condutores de um cabeamento, sejam de energia ou de dados, precisam de alguma forma
realizar a conexão elétrica com o circuito eletrônico. Esta conexão pode ser realizada diretamente através
de solda na placa de circuito eletrônico. Esse procedimento é bastante comum em aparelhos eletrônicos,
como em alguns aparelhos de DVD, em que o cabo de alimentação de energia é soldado diretamente no
circuito eletrônico do equipamento. Este tipo de solução é bastante utilizado, sendo a conexão realizada
somente uma vez e a necessidade de remoção é remota, mesmo em caso de manutenção.
Por outro lado, existem conexões elétricas que são realizadas através de conectores. Isso é frequentemente
encontrado em comunicação de dados que precisam ser conectados e desconectados com frequência,
como é o caso de cabos de rede de computadores ou cabos USB, que são bastante utilizados para o uso de
pen drives, câmeras digitais, impressoras e outros dispositivos removíveis.
Os conectores também são utilizados em alimentação de equipamento de circuitos eletrônicos. Seu uso
tem a vantagem da versatilidade, além de facilitar a padronização do cabeamento em muitas aplicações,
especialmente aquelas em que o mesmo tipo de produto pode ser produzido por diferentes fabricantes.
Caso contrário, bastaria imaginar como seria o conector do monitor do seu computador se cada fabricante
utilizasse um tipo de conector diferente.
Graças a padronizações, os tipos de cabos disponibilizados no mercado possuem padrões de conectores
para diversas aplicações. Alguns cabos são especiais para trafegar dados em alta frequência; outros são
mais robustos mecanicamente, para garantir que a conexão não solte. Há também cabos protegidos contra
a infiltração de água, e assim por diante.
iStock ([20--?])
Figura 79 - Conectores para cabeamento de dados
É preciso levar em consideração o tipo de aplicação do projeto que está sendo desenvolvido para fazer
a melhor escolha do tipo de conector e cabeamento que será necessário utilizar. A respeito das conexões,
podem ser citadas as seguintes características:
a) segurança;
b) praticidade;
c) estética;
d) potência;
e) tipo de conexão;
f ) classe de IP;
g) seção transversal do fio condutor;
h) material do condutor.
A estrutura de cabeamento e conexões para alimentação de energia e a estrutura de cabeamento e
conexão de comunicação em geral são duas divisões que, embora sejam bastante genéricas, podem ser
tratadas como um agrupamento inicial importante para realizar um estudo mais detalhado sobre a escolha
dos tipos de cabos e conectores existentes.
A escolha da bitola dos fios condutores depende da corrente eficaz do circuito. A tabela, a seguir
apresenta os valores de capacidade da corrente de alguns fios condutores de cobre, conforme o tamanho
da seção nominal do condutor.
A exemplo do forno micro-ondas, pode-se exemplificar um caso prático: considerando que a corrente
elétrica máxima consumida pelo equipamento é de 15 A, a seção mínima de fio condutor correspondente
que permite a passagem desta corrente é de 1,0 mm2. No entanto, em um projeto, pode-se determinar
uma faixa de segurança, escolhendo-se um valor de seção seguinte (maior), para diminuir o aquecimento
do cabo e o risco de acidentes.
CABEAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Para esta etapa, pode-se mencionar o exemplo dos cabos e os conectores responsáveis por transmitir
os sinais de comunicação da placa de vídeo de um computador até o circuito de entrada de um monitor.
Para dimensionar estes componentes, é necessário estar atento com relação a diversos aspectos elétricos
e mecânicos.
Os cabos mangas, com ou sem blindagem, também podem ser utilizados para comunicação de sinais e
dados de baixa frequência. O cabo manga é bastante flexível, por ser compatível com uma grande variedade
de conectores Cabo-PCI (cabo para placa de circuito impresso). Conexões entre circuitos eletrônicos
utilizam este tipo de cabo para acionamento de atuadores ou recebimento de sinais de sensores.
Os cabos planos extrudados (Flat Cables) são muito comuns em aplicações eletrônicas em geral, cuja
frequência de operação dos sinais transmitidos é baixa. Este tipo de cabeamento é uma solução prática
devido à facilidade de utilização e de instalação dos conectores – que são crimpados sem a necessidade
de ferramentas especiais. A interligação entre placas de circuito eletrônico a pequenas distâncias pode
ser realizada a partir deste tipo de cabeamento para troca de informações em baixa frequência, como
sinais digitais, displays, gravadores de memórias, alimentações entre circuitos, comunicações etc. Este
cabeamento pode conter cor única, tendo apenas um condutor com cor diferente para indicar o dispositivo
de posição 1 do cabeamento.
Sabrina Farias (2016)
Um cabeamento que possui a mesma estrutura de um cabo flexível é o cabo conhecido como Bounded
Flat, que possui condutores isolados em cores distintas, como exemplificado na próxima figura.
Aplicações especiais que precisam trafegar sinais de frequências maiores necessitam de cabos especiais
que protejam os sinais de interferências eletromagnéticas. Um primeiro exemplo desse tipo de cabo são
os de par trançados, utilizados em telefonia e informática.
iStock ([20--?])
Outro exemplo é o cabeamento dedicado para transmissão de sinais voz ou imagens, por exemplo. Estes
tipos de sinais são bastante suscetíveis a ruídos e é preciso um cabeamento projetado adequadamente
para não ocorrer perdas e distorções elevadas do sinal ao longo da linha. Bastante conhecidos são os cabos
de áudio que são instalados em televisões, computadores e aparelhos de som, além dos cabos coaxiais
para TV a cabo.
Existem modelos que possuem sistema de travamento que podem funcionar sobre pressão ou com a
utilização de parafusos. No caso de aplicações com muita vibração, estes modelos podem ser úteis para
evitar que ocorra trepidação nos terminais.
A preocupação com o tipo de conexão elétrica para dados e alimentação de um circuito eletrônico está
presente na maioria dos projetos de sistemas eletrônicos, exceto os sistemas autoalimentados que não
possuem nenhuma conexão externa. Ainda assim, pode haver a necessidade de instalação de conectores
e cabeamento de dados, conforme já foi apresentado, sendo necessário, dessa forma, que o cabeamento
escolhido para o sistema utilize as conexões apropriadas para o tipo de dados que vão trafegar no ramo.
Outros conectores que podem ser utilizados em circuitos eletrônicos são exemplificados na próxima
figura. O conector DB9 se destaca pela sua facilidade de implementação para comunicação serial entre
equipamentos, no entanto, os computadores recentes não possuem mais este tipo de conector, utilizando
apenas conectores USB para comunicação serial.
A utilização de conexões elétricas flexibiliza os circuitos eletrônicos, porque permite a criação de circuitos
compactos e de fácil inserção, facilitando projetos que desejam inovar em design ou em praticidade.
Sabrina Farias (2016)
A figura anterior apresenta modelos de conectores genéricos que são utilizados para conexão entre
placas de circuito eletrônico.
Pode-se pensar que em projetos eletrônicos as questões físicas não são tão importantes. Afinal, isso
é algo para profissionais da área mecânica. No entanto, é preciso alertar ao futuro projetista de circuitos
eletrônicos sobre sua responsabilidade em estar bem informado sobre a relevância das questões mecânicas
e térmicas para o projeto.
iStock ([20--?])
As questões mecânicas básicas envolvem as soluções referentes à fixação dos circuitos eletrônicos no
local onde a placa será instalada. Estas definições são relevantes para as etapas de projeto posteriores: é
preciso, por exemplo, determinar a furação no laiaute da placa eletrônica. Neste caso, é preciso conhecer o
tipo de fixação que será utilizado, a distância entre os furos, o acesso das ferramentas no local. Todas essas
informações precisam ser definidas e registradas.
QUESTÕES MECÂNICAS
O local onde um circuito eletrônico será instalado pode impor diversas limitações para o projeto
eletrônico. Fatores como peso, volume e o formato do leiaute dos circuitos podem ser relevantes. A partir
do levantamento destas limitações, é possível prever necessidades referente às fixações e às proteções
mecânicas, para enfim utilizar todas essas informações no projeto.
Geralmente os circuitos eletrônicos são fixados através de parafusos ou suportes mecânicos. Existem
modelos de fixação que são específicos para circuitos eletrônicos, como aqueles que podem ser vistos
na fixação de placa-mãe de computador Desktop. Conhecer uma grande variedade de tipos de parafusos
e suportes existentes facilita a escolha do tipo de fixação que mais se adapta à aplicação que está sendo
analisada.
a) Parafusos
Uma forma bastante convencional de realizar as fixações de circuitos eletrônicos é através da utilização
de parafusos. São reservadas furações na placa de circuito impresso para fixação dos parafusos. Os
tamanhos e tipos de parafusos são variados e é necessário conhecer as características básicas no momento
de determinar qual deles será utilizado.
iStock ([20--?])
Figura 91 - Parafusos de fixação
Inglesa Sextavada
iStock ([20--?]), Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Fenda
Allen cilindrica
Philips
A figura, a seguir, apresenta os tipos de chaves que são utilizadas para fixação dos parafusos apresentados
na figura anterior. Essas chaves são comumente encontradas em várias aplicações e variam de tamanho e
formato conforme cada necessidade.
Em eletrônica, é comum necessitar de chaves de tamanho menor. Algumas, inclusive, são especiais para
esse tipo de aplicação e possuem cabeça imantada, permitindo uma facilidade maior do manuseio em
locais apertados ou onde o acesso manual é difícil.
D
iStock ([20--?]), Guilherme Luiz Marquardt (2016)
O diâmetro, no padrão métrico, é informado por um código que começa com a letra ‘M’. A tabela, a
seguir, apresenta alguns tamanhos de parafusos e o tamanho do furo apropriado.
Outras informações, como o tipo e o sentido de rosca, passo da rosca, tipo de cabeça (chata, quadrada,
etc.), podem ser encontradas no catálogo do fabricante.
b) Fixações em geral
Suportes mecânicos para fixação mecânica de placas de circuito impresso são bastante utilizados. Um
exemplo bastante comum são os suportes de placa-mãe de computador. Existem vários modelos e tipos,
plástico ou metálico. É preciso ter conhecimento da isolação elétrica, da vibração, do peso da placa, para
definir adequadamente o tipo de material que pode ser utilizado para fixação das placas eletrônicas. A
figura seguinte apresenta alguns exemplos de fixadores de circuitos eletrônicos. Sabrina Farias (2016)
Quando o projeto contempla o desenvolvimento da carcaça ou da estrutura que irá conter os circuitos
eletrônicos, deve-se ter a preocupação de elaborar as fixações para casar o projeto eletrônico com o projeto
mecânico de modo que todas as peças possam encaixar no final. Esta é uma solução bastante utilizada
em equipamentos eletrônicos, como DVD, videogames, equipamentos portáteis, e tantos outros exemplos,
como o da figura a seguir.
iStock ([20--?])
Figura 96 - Fixação da placa e da carcaça
Outro fator importante para análise do desenvolvimento de circuitos eletrônicos é a questão térmica do
projeto. Os componentes eletrônicos funcionam adequadamente dentro de variações de temperatura. No
entanto, se a temperatura limite for ultrapassada, pode causar mau funcionamento do sistema, danificar os
componentes ou prejudicar a vida útil do equipamento.
QUESTÕES TÉRMICAS
Os parâmetros de componentes eletrônicos são definidos conforme as variações de temperatura.
Alguns destes componentes precisam necessariamente trabalhar em limites térmicos bem definidos,
caso contrário param de operar quando possuem proteções ou simplesmente queimam, como ocorre na
maioria das vezes. Manter os componentes sobre condições de estresse térmico diminui a vida útil dos
mesmos, e consequentemente dos circuitos eletrônicos.
RESISTORES
O funcionamento de um resistor está muito interligado a sua questão térmica, já que este componente
converte energia elétrica em forma de calor, e as condições térmicas do ambiente afetam a eficiência e os
limites desta conversão.
Quanto maior a temperatura sobre o componente, maior é sua resistência elétrica. Esse aumento da
resistência elétrica não é linear. A curva térmica de um resistor sob variação de temperatura é apresentada
na figura, a seguir, e corresponde genericamente a modelos de resistores de carbono de potência até 2 W.
80
60
40
0
-60 -30 0 30 60 90 120 150 180
Temperatura
Figura 97 - Exemplo de curva de temperaturaambiente
de um resistor(ºC)
de carbono (até 2 W)
Fonte: Multicomp (2013)
Note que a capacidade de processar energia do resistor começa a diminuir em temperaturas ambientes
acima de 70 °C. A capacidade de processar energia do resistor e dos componentes passivos, em geral, está
relacionada à capacidade de trocar energia térmica com o meio.
CAPACITORES
As variações de temperatura em materiais dielétricos cerâmicos, por exemplo, afetam a constante
dielétrica, alterando o parâmetro de capacitância dos capacitores. Até certo ponto, quanto maior a
temperatura, maior a capacitância do capacitor. Contudo, este comportamento também não é linear. A
partir de certo valor de temperatura, a capacitância começa a diminuir.
Capacitores convencionais podem trabalhar até cerca de 70 a 80 °C. Existem classes que permitem
trabalhar em temperaturas maiores. É possível verificar esse dado no corpo do componente ou no catálogo
de dados técnicos do componente (Datasheet).
DIODO E TRANSISTORES
Em semicondutores, as variações de temperatura afetam direta ou indiretamente o desempenho e a
confiabilidade dos componentes. Os materiais semicondutores possuem pontos de condutividades que
são dependentes da temperatura, e o aumento da energia térmica aumenta a energia cinética dos elétrons,
isto é, aumenta a agitação dos elétrons. Por consequência, diminui a mobilidade das cargas elétricas.
Normalmente o manual de dados dos componentes semicondutores possui gráficos que apresentam o
efeito térmico sobre vários parâmetros do componente. A leitura destes gráficos é importante para definir
os limites térmicos de operação do componente em um circuito eletrônico.
A figura seguinte mostra a variação do ganho de tensão (hfe) do transistor bipolar de junção (NPN)
conforme a variação de temperatura, considerando uma tensão entre coletor e emissor constante. As
diferentes curvas representam diferentes temperaturas de junção (TJ) do componente.
6.0 k
NPN Transistor TJ = 125ºC VCE = 3.0 V
4.0 k
3.0 k
Ganho de corrente CC (HFE)
25ºC
2.0 k
-55ºC
1.0 k
800
1
2 3 600
CIRCUITOS INTEGRADOS
Existem classes de operação térmicas para os componentes eletrônicos encapsulados. Dependendo da
aplicação, é preciso que os componentes suportem maior variação térmica.
Em geral, pode-se citar quatro grupos, conforme a tabela a seguir.
As classes e as faixas de valores de temperatura podem variar conforme os fabricantes. Para aplicações
automotivas, por exemplo, os componentes eletrônicos ficam próximos ao calor proveniente do motor de
combustão do veículo e também sofrem as consequências do aquecimento de dias ensolarados e quentes.
Isso requer uma classe de funcionamento térmico melhor do que equipamentos que ficam inseridos em
módulos refrigerados e sem exposição ao sol ou outras fontes de calor.
DISSIPADORES TÉRMICOS
Dependendo das características do circuito, das condições de carga ou do ambiente de funcionamento
de um equipamento, alguns dos componentes podem aquecer a temperaturas acima de seu limite de
funcionamento. Isso é muito comum em circuitos que utilizam chaves eletrônicas – transistores e MOSFETs,
por exemplo – que trabalham em regime de potência próximo de seus limites máximos, e também em
circuitos processados que aquecem devido às perdas relacionadas ao chaveamento em altas frequências
de sinais.
Nestes casos, existe a necessidade de dimensionar dissipadores térmicos para permitir o funcionamento
dos componentes. Geralmente os dissipadores térmicos são fabricados em alumínio, e sua escolha deve
ser pautada nas características térmicas que se deseja alcançar. O componente eletrônico possui uma
capacidade máxima de transferência de calor para o ambiente, que é dada em graus Celsius por watt (°C/W).
Quanto menor o valor desta taxa, melhor é transferência de calor para o ambiente. Na figura seguinte, você
pode observar a utilização de dissipadores térmicos em chaves eletrônicas.
Dissipador
Isolador (Mica)
Invólucro
Corpo de
componente
Sabrina Farias (2016)
Invólucro
Componente Bucha Isoladora Isolador (Mica) Dissipador
ed
onde:
Tj: temperatura da junção do componente (máxima) – ver datasheet (°C);
Ta: temperatura ambiente máxima (°C);
Rd: resistência térmica do dissipador (°C/W);
Red: Resistência térmica entre encapsulamento do componente e dissipador (°C/W)
A resistência Red é determinada conforme o tipo de encapsulamento do componente utilizado e pelo
uso de pasta térmica. O quadro, a seguir, apresenta alguns valores que podem ser utilizados para este
dimensionamento.
TIPO DE Red(°C/W)
TIPO DE ISOLAÇÃO
ENCAPSULAMENTO COM PASTA SEM PASTA
TO-3 Sem isolador 0,1 0,3
Mica 0,5 a 0,7 1,2 a 1,5
TO-66 Sem isolador 0,15 a 0,2 0,4 a 0,5
Mica 0,6 a 0,8 1,5 a 2,0
TO-220 Sem isolador 0,3 a 0,5 1,5 a 2,0
Mica 2,0 a 2,5 4,0 a 6,0
Quadro 27 - Resistencia térmica entre encapsulamento e dissipador (Red)
Fonte: Pomilio (2009)
As questões térmicas não estão separadas das questões mecânicas. Recomenda-se projetar os circuitos
eletrônicos pensando na disposição dos componentes eletrônicos, alocando os componentes que
aquecem mais em regiões cuja dissipação térmica é mais fácil de ser realizada.
No projeto de circuitos eletrônicos, existem iniciativas que podem ser tomadas para minimizar
problemas com ruídos ou picos elétricos nos sinais de alimentação, queima indevida de componentes e
também para melhorar a sinalização das funções para os usuários.
Estas iniciativas devem ser previstas e realizadas ainda na etapa de elaboração do leiaute dos circuitos
eletrônicos, antes da montagem. Isso poderá evitar muitas das chamadas “gambiarras”.
A figura do circuito, a seguir, exemplifica um caso em que os capacitores foram adaptados na superfície
inferior da placa de circuito impresso para eliminar ondulações e ruídos nos sinais do circuito.
É bom lembrar sempre de verificar com cautela todos os circuitos que são desenvolvidos antes de
fabricá-los, justamente para evitar alterações inconvenientes de leiaute. Porém, este assunto será estudado
mais a fundo nas seções de simulação e validação dos circuitos. Aqui, serão tratados requisitos básicos a
respeito de proteções, filtros de energia e tratamento de sinais que podem ser previstos no leiaute. Estas
técnicas serão complementadas na etapa da prototipagem do projeto eletrônico.
PROTEÇÕES
Dois problemas muito comuns que podem afetar o bom funcionamento dos circuitos e até a sua
integridade são os curtos-circuitos e os sinais indesejados de tensão (surtos). Porém, é possível tomar
algumas iniciativas prevendo circuitos de proteção para evitar e minimizar os efeitos causados por estes
fenômenos inconvenientes.
O curto-circuito nada mais é do que uma conexão de baixa resistência que ocasiona a passagem de um
valor excessivo de corrente. Torna-se problemático quando este valor de corrente excede o valor máximo
permitido pelos componentes que conduzem esta corrente.
Todos os componentes utilizados em eletrônica, incluindo fios condutores e trilhas de uma placa
de circuito, possuem um limite máximo de condução de corrente. Portanto, extrapolar este valor pode
ocasionar consequências destrutivas para estes componentes, sendo o que normalmente ocorre quando
o fenômeno do curto-circuito acontece.
É importante lembrar que um curto-circuito ocorre devido a vários fatores, que podem estar relacionados
a um erro de projeto, a uma falha de fabricação da placa ou dos componentes, a montagem inadequada
de componentes, a pingos de solda ou outros resquícios metálicos que possam ter caído sobre o circuito
eletrônico. Podem ocorrer também até mesmo durante os testes do circuito eletrônico, quando uma
ponteira de teste é encostada onde não deveria.
A próxima figura apresenta três formas comuns de como utilizar fusíveis na entrada de alimentação
de um circuito. No primeiro caso, o porta-fusível é instalado diretamente no condutor com a utilização
de um modelo próprio para esta aplicação. No segundo caso, o fusível é instalado no conector de energia
do circuito, e, no terceiro caso, que é a situação mais comum, um porta-fusível é instalado diretamente
na placa de circuito impresso. Neste caso, existem modelos de porta-fusível com pinos no formato de
encapsulamento PTH e SMD.
Outra situação possível é instalar o fusível diretamente soldado na placa de circuito impresso. Contudo,
quando ocorre uma falha, é necessário retirar a solda para remover o componente, conforme você pode
observar na figura, a seguir.
iStock ([20--?])
Simbologia Componente
Figura 104 - Varistor
Fonte: SENAI (2016)
Devido as suas características elétricas, os varistores são utilizados para amenizar os picos de tensão
(surtos) da entrada de energia do circuito. À medida que a tensão sobre o varistor aumenta, a sua resistência
diminui, permitindo que uma intensidade de corrente maior flua entre seus terminais, ou seja, uma parcela
da energia do surto é consumida pelo varistor e não afeta o circuito eletrônico.
c) Diodos semicondutores
É possível aproveitar a característica de condução dos diodos semicondutores, que conduzem corrente
em uma única direção, para minimizar surtos de tensão em um circuito eletrônico. Estes componentes
são capazes de atuar com alta velocidade de resposta em relação a transientes e conduzirem corrente em
somente um sentido (do ânodo para o catodo), o que permite projetar circuitos que redirecionem os sinais
de surto de volta para a rede elétrica, por exemplo.
+5 Vcc
D01
Sinal
Entrada Saída
100
D02
Supondo que o sinal que trafega na linha “Sinal” deva conter valores entre 0 e 5,0 V, os diodos ficam em
estado de bloqueio, sem conduzir corrente. No entanto, se houver um surto de tensão que influencie o
valor de tensão na linha “Sinal” e eleve o valor de tensão acima do valor da fonte, então o diodo D01 passa
a conduzir corrente e transmitir uma parcela de energia de volta para a fonte de alimentação, desviando-a
do circuito. A mesma situação vai ocorrer para um sinal abaixo do valor da referência.
Contudo, em um projeto, é preciso considerar a tensão de condução direta de um diodo, por exemplo,
para um diodo de germânio que possui um valor de VF (forward voltage) em torno de 0,2 e 0,3 V. Portanto,
para os diodos entrarem em condução, a tensão na linha precisa estar fora dos limites entre -0,3 e +5,3 V.
d) Diodo Schottky
O Schottky é um tipo diferente de diodo que possui uma composição de materiais na fabricação da sua
junção que permite velocidades mais rápidas de atuação durante a transição do estado de condução para
o estado de bloqueio, e vice-versa.
Esta característica, de velocidade de resposta maior, é interessante para muitas aplicações referentes
a circuitos conversores e retificadores, mas também para circuitos de proteção de surtos, o que permite
realizar a filtragem de ruídos de maior frequência. Outra vantagem é a menor queda de tensão de condução
direta com relação aos diodos convencionais, o que permite minimizar o nível de ruídos.
Uma desvantagem da utilização do diodo Schottky é que ele não é tão robusto quanto à dissipação de
energia, não podendo, portanto, ficar exposto aos surtos durante um tempo prolongado. Dessa forma, é
mais indicado que este componente seja utilizado em aplicações de baixos sinais, os quais geralmente
necessitam de uma operação mais ágil, com energia envolvida relativamente baixa em relação aos limites
do componente.
e) Diodos Zener e TVS
Os diodos Zener são muito utilizados como limitadores de tensão devido às suas características de
saturação de tensão quando polarizados reversamente. Essa característica pode ser aproveitada para
dimensionamento de circuitos de proteção contra surto.
O Zener opera com a utilização de um elemento resistivo em série. Quando a tensão sobre o mesmo está
acima do valor da tensão de grampeamento do componente, a tensão sobre os seus terminais estabiliza na
chamada tensão Zener. Quando isso ocorre, a corrente elétrica sobre ele também aumenta, compensando
o grampeamento de tensão.
Tensões típicas de operação dos diodos Zener são em torno de 2 e 200 V. No entanto, quando a diferença
de tensão é elevada e o tempo desta sobretensão é prologado, pode ocorrer a falha do componente devido
ao excesso de dissipação térmica.
Existe um tipo de diodo Zener que é especialmente fabricado para operação em surto de energia, são
os chamados diodos de supressão (em inglês TVS diode, onde TVS significa Transient Voltage Suppression).
Um exemplo é apresentado na figura, a seguir.
Res71
Sinal Saída
D7
Ellen Cristina Ferreira (2016)
GND
Figura 106 - Proteção utilizando diodo Zener
Fonte: SENAI (2016)
Estes componentes podem operar com uma ação muito rápida, em torno de picosegundos (ps). Mas,
assim como os diodos Schottky, possuem baixa capacidade de processar energia. Eles são restritos a
circuitos com picos de tensão baixos, o que é comumente encontrado em circuitos de comunicação de
dados.
FILTROS
Os filtros das fontes de alimentação são muito importantes para reduzir a “sujeira bruta” proveniente da
fonte de energia que está alimentando o circuito e prover, desse modo, o circuito com um sinal estabilizado
dentro das necessidades do projeto.
iStock ([20--?])
Figura 107 - Filtro capacitivo
Contudo, não é somente na alimentação que filtros são necessários. Será possível ver mais adiante,
na seção referente a prototipagem dos circuitos, que é preciso ter alguns cuidados no momento do
dimensionamento de trilhas e cabos de comunicação, pois os circuitos eletrônicos em si são fontes de muitos
ruídos, que podem ser induzidos em outras partes dos circuitos, assim como em outros equipamentos.
É importante, portanto, prever filtros em outras partes dos circuitos que tratam do ajuste fino da limpeza
que foi iniciada pelos filtros de alimentação. A seguir, serão tratados alguns dos subcircuitos que merecem
atenção e cuidado com relação à filtragem na hora de dimensionar o circuito eletrônico.
a) Filtros em fontes de alimentação
É essencial não esquecer os filtros na fonte de alimentação do projeto do circuito eletrônico, especialmente
quando este sinal é proveniente de fontes de energia ruidosas. Além disso, o cabeamento de alimentação
pode também receber a influência de ruídos que vão afetar a qualidade da energia entregue ao circuito
eletrônico.
Não fosse suficiente, geralmente o consumo dos componentes em circuitos eletrônicos não é constante.
Dependendo da complexidade, existem muitas funções envolvidas que trabalham e operam ao mesmo
tempo, fazendo com que a corrente processada pela fonte de alimentação também não seja constante.
Ao projetar as fontes de alimentação de um circuito, mesmo as auxiliares, que tem o papel de alimentar
ou isolar uma parte específica do mesmo circuito, é importante prever adequadamente o filtro na saída
destas fontes, de modo que a ondulação de tensão de saída seja controlada aos níveis desejados.
A próxima figura apresenta um exemplo de filtros capacitivos de entrada em uma fonte de alimentação
de +15 V e -15 V. Os capacitores C1 e C3 realizam a filtragem do canal de tensão positiva, e os capacitores
C2 e C4 a filtragem do canal de tensão negativa. Note que os capacitores não polarizados C1 e C2 possuem
um valor de capacitância que é em torno de 107 menor do que os capacitores C3 e C4, e tem a finalidade
de filtrar sinais de alta frequência, enquanto que os capacitores polarizados C3 e C4 são responsáveis por
eliminar as ondulações maiores – de baixa frequência – da entrada do circuito. O cálculo de filtros para
alimentação de energia pode ser estudado com maior profundidade em livros de eletrônica analógica.
+15
C1 C3
100n 1000u
+15V
GND
-15V
Conector GND
C2 C4
100n 1000u
Dependendo da topologia adotada na fonte de alimentação, o nível destas ondulações pode depender
dos níveis de tensão, frequência (no caso de retificadores) e carga máxima do sistema. Se você desejar,
essa formulação pode ser estudada em temas referentes ao estudo de retificadores e fontes lineares ou
chaveadas.
b) Filtros próximo a componentes importantes
Os filtros das fontes de alimentação são importantes. Contudo, mesmo quando são muito bem
dimensionados, estes nem sempre são suficientes, pois existem componentes que são bastante suscetíveis
a ruídos na alimentação e precisam de uma atenção especial.
Este é o caso dos circuitos integrados que tipicamente necessitam de um capacitor instalado próximo
de sua alimentação. Este capacitor é comumente chamado de “capacitor de desacoplamento”. O valor da
capacitância é pequeno, em torno de 100 pF, e precisa ser instalado o mais próximo possível da alimentação
do chip. Contudo, é sempre importante a leitura do datasheet do componente que será utilizado para
especificar adequadamente o valor deste filtro capacitivo.
Este capacitor tem o papel de reduzir os ruídos de alta frequência que são induzidos e conduzidos
nas trilhas de alimentação do circuito integrado. Além disso, os circuitos integrados não possuem
um comportamento de carga constante. Essa variação ocorre em frequências muitas vezes elevadas,
transformando, desse modo, o próprio chip em uma fonte de ruído para os componentes em sua vizinhança.
As ondulações provenientes deste comportamento também precisam ser filtradas pelo capacitor de
desacoplamento.
Este comportamento de carga variável com elevada frequência também ocasiona outro problema que
está relacionado à resposta da fonte de alimentação a esta variação de carga. As fontes de alimentação
possuem uma velocidade lenta, para se acomodar em um novo nível de carga solicitado pelo sistema, o
que resulta em ondulações no sinal de alimentação. Os capacitores de acoplamento podem auxiliar nessa
transição, porque eles possuem uma dinâmica mais rápida do que as fontes em relação às solicitações de
energia. Eles atuam também, portanto, como uma bateria auxiliar para os circuitos integrados, eliminando
assim as ondulações que seriam geradas sem sua utilização.
1N4002
TLV1117 - ADJ
VI ENT SAI VO
ADJ/GND
VREF R1
10 µ F IADJ
100 µF
A figura anterior traz o exemplo de um circuito integrado, TLV1117 da Texas Instruments, que permite
ajustar tensões de saída de 1,5 V, 1,8 V, 2,5 V, 3,3 V e 5,0 V, com uma tensão de entrada de até 16,0 V. Existem
muitos outros tipos de conversores desse gênero que são facilmente encontrados em lojas online de
componentes. Pode-se fazer essa busca digitando palavras-chave, como “Reguladores de tensão” (PMIC –
Voltage Regulatores), “LDO” e “conversores lineares”.
b) Potência do circuito
O valor da potência total que um circuito eletrônico necessita para funcionamento pleno determina
o valor de potência que a fonte de alimentação precisa ser capaz de fornecer. No entanto, se a potência
máxima da fonte for muito próxima à capacidade nominal do circuito, oscilações ou sobrecargas no
sistema podem afetar o funcionamento e o rendimento da fonte e resultar em consequências como falta
de regulação (fornecimento de tensão inadequada para o sistema), aquecimento indevido (o que resulta
em perda da sua vida útil), queima de componentes etc.
A potência da fonte de energia deve ter uma margem para suportar variações de carga. De outro modo,
o sistema também será mal dimensionado quando a fonte possuir uma potência muito elevada perante a
potência do sistema e de suas possíveis variações.
Além disso, as perdas em condutores e trilhas estão relacionadas à corrente de condução, conforme a
lei de Joule (P = R*I2). Portanto, recomenda-se escolher, quando possível, tensões de entrada para o circuito
eletrônico que não resultem em corrente elétricas muito altas, que correspondam a perdas elevadas nos
condutores que levam a energia para o circuito e nas trilhas do circuito.
c) Aplicação dos circuitos eletrônicos
O número de aplicações para a eletrônica é algo beirando ao incontável, porque todo dia é possível
encontrar um circuito para fazer algo novo ou de forma diferente. Dependendo dos tipos de aplicação,
certos níveis de tensões são bastante usuais.
Para aplicações que contêm processadores, microcontroladores, memórias, contadores, circuitos de
comunicação, circuitos digitais em geral, os níveis de tensão são pequenos e geralmente são usadas fontes
de alimentação de + 5,0 V, + 3,3 V e + 1,8 V. Em aplicações que contêm acionamento de outros dispositivos
através de relés, LEDs e sinalizações, utiliza-se frequentemente tensões de + 5,0 V, + 12 V, + 15 V e + 24 V.
Nas aplicações que contêm circuitos de tratamento de sinais, que geralmente utilizam amplificadores
operacionais (os chamados AMPOPs), é necessária a utilização de fontes de alimentação simétricas –
aquelas que possuem o valor positivo e negativo de mesmo módulo, por exemplo +5 V e -5 V, com uma
referência comum. Valores de nível de tensão geralmente utilizados para esta aplicação são ±5,0 V e ± 15
V. A simetria, neste caso, é muito útil, por exemplo, muitos sensores de corrente fornecem uma resposta
positiva e negativa, conforme o sentido do fluxo da corrente no condutor medido.
d) Componentes: tecnologias disponíveis e custos
Geralmente, para a mesma aplicação, existe uma vasta gama de componentes que trabalham em
diversos níveis de tensão e corrente. Eles possuem diversos formatos, tecnologias, tamanhos além de
características elétricas e mecânicas diferentes. Certamente a qualidade do resultado vai depender destas
escolhas, assim como também o custo final do que será projetado. Estes dois fatores se complementam e
normalmente, a busca por um projeto que realiza uma tarefa com maior precisão está atrelada a um custo
maior dos componentes.
É possível, por exemplo, escolher circuitos integrados que trabalham em tensões de +5 V ou +3,3 V. No
caso de circuitos integrados, a tendência desta tecnologia é de produzir circuitos menores que reduzam
o consumo de energia. Hoje existem tecnologias de circuitos integrados que operam com 1,8 V - os
processadores de computador, por exemplo. Quando se preza por otimizar a potência consumida de um
circuito eletrônico, normalmente estes componentes miniaturizados e de baixa tensão são escolhidos.
Contudo, esta escolha encarece e torna mais complexo o projeto e a fabricação de placa eletrônica e sua
montagem, assim como são necessários equipamentos de testes muito precisos e frequentemente caros.
Além disso, os componentes que trabalham com tensões menores tendem a se tornar mais suscetíveis a
ruídos elétricos, o que torna o projeto dos filtros mais complexo.
iStock ([20--?])
Figura 111 - Transformador em uma placa de circuito impresso
Esta seção buscou apresentar alguns dos principais fatores que precisam ser avaliados para iniciar
um projeto de circuito eletrônico. Além disso, em cada caso de aplicação, existirão questões técnicas
intrínsecas que precisam ser analisadas de antemão, de modo que não venham a se tornar um problema
posteriormente, sejam elas questões mecânicas, elétricas ou térmicas.
A partir do levantamento e estudo inicial, as informações reunidas precisam ser suficientes para
definição dos circuitos eletrônicos. A próxima etapa consiste em projetar os circuitos eletrônicos e definir
todos os componentes eletrônicos que serão necessários, culminando na realização da primeira validação
do sistema por meio de softwares de simulação e no desenvolvimento do leiaute dos circuitos através de
softwares específicos para projetos eletrônicos.
+12V
100 Ω
Saída
100 Ω
Este exemplo possui seus valores constantes ao longo do tempo (trata-se de um problema estático)
e pode ser verificado facilmente através de cálculos utilizando a lei de Ohm. Contudo, a importância da
simulação se torna evidente em circuitos cujas condições variam ao longo do tempo, tornando o roteiro
de cálculos bem mais complexo.
É preciso estar ciente de que as simulações são limitadas por vários fatores, especialmente limitações
intrínsecas do próprio software de simulação e também dos modelos simplificados e ideais utilizados para
cada caso. No exemplo do circuito resistivo anterior, é levado em consideração o modelo ideal do resistor,
cujo valor de resistência é o mesmo, independente da condição de simulação. Na prática, até componentes
mais simples, como um resistor, possuem características que variam conforme outras considerações que
não foram inseridas no modelo, como a temperatura, que afeta os parâmetros elétricos de um resistor.
Não obstante, a simulação de circuitos eletrônicos, analógicos ou digitais, é uma ferramenta muito
poderosa que auxilia o desenvolvimento dos projetos à medida que permite validar o funcionamento dos
circuitos antes de sua fabricação e montagem.
Existem muitos softwares de simulação de circuitos eletrônicos disponíveis, alguns são gratuitos e
outros precisam de licença. As versões completas e que possuem um acervo maior de componentes e
ferramentas e compiladores mais confiáveis geralmente são pagas para uso comercial. Normalmente estes
softwares possuem licenças estudantis que são utilizadas por escolas técnicas e universidades.
Uma divisão mais específica pode ser relacionada às funcionalidades de todos os softwares. Alguns
deles possuem um conjunto de bibliotecas e ferramentas destinadas a sistemas digitais, como é o caso
do software Proteus, enquanto outros softwares são adequados para a simulação de circuitos eletrônicos
analógicos, como é o caso do software PSIM (da empresa Powersim).
Além disso, existem softwares que permitem a instalação de novos blocos de funções especializadas,
tratando-se geralmente de expansões de software que são adquiridas à parte. Estas novas funções permitem
a elaboração de simulação de sistemas mais dedicados, como o estudo de motores, de sistemas de energia
renovável, uso de pacotes para microcontroladores específicos, e aplicações de processamento digital de
sinais (DSP – Digital Signal Processing), entre outras funções que variam conforme cada fornecedor.
Contudo, independente do software e de suas especialidades e funções extras que possuem, pode-se
citar aqui um conjunto de funções básicas essenciais (bibliotecas e ferramentas) que faz parte da maioria
dos softwares de simulação eletrônica. Para ilustrar, utiliza-se, neste material, a versão de demonstração
(demo) do software PSIM.
BIBLIOTECA DE COMPONENTES
O primeiro fator essencial de um software de simulação eletrônica é a qualidade de sua biblioteca de
componentes. A capacidade que ele possui para simular os circuitos está limitada, de certo modo, pela
diversidade de componentes de sua biblioteca, pela qualidade dos modelos destes componentes e pela
capacidade que o software tem para incorporação ou criação de novos componentes. Acompanhe, no
quadro, a seguir, a descrição dos componentes essenciais de um software de simulação eletrônica.
Fontes de tensão alternada e contínua são as mais básicas e podem ser encontradas em praticamente todos os
Fontes de energia e
softwares. As fontes de tensão alternada permitem a configuração de parâmetros como a resistência interna
geradores de sinais
da fonte, a tensão eficaz, a frequência de operação e a forma de onda (quadrada, triangular ou senoidal).
O software precisa ser informado sobre qual é o sinal de referência em que os sinais elétricos do circuito
Sinal de referência serão comparados. Há casos em que os circuitos podem possuir mais de uma referência, como é o caso dos
circuitos isolados. A simbologia das referências apresentada no PSIM é ilustrada na figura seguinte.
Resistores, indutores e capacitores são os componentes mais básicos de eletrônica analógica. Alguns
softwares mais avançados, como é o caso do software OrCad, permitem a simulação considerando a variação
Componentes passivos
de temperatura no componente. Isso permite uma análise mais detalhada que pode ser útil para casos
específicos de aplicação.
O modelo básico de transformador ideal possui apenas o enrolamento primário e secundário, em que é
possível configurar o número de espiras de cada enrolamento. No entanto, dependendo do software, existem
Transformadores
modelos completos em que podem ser configuradas perdas do componente. O PSIM apresenta diversos
modelos de transformadores. Observe.
Os diodos são os semicondutores mais simples e são frequentemente utilizados em projetos eletrônicos
Diodos, Diacs, Tiristores
(SCR, Zener, Diac e Triac). No caso do PSIM, é possível, por exemplo, alterar os valores dos parâmetros elétricos
e LEDs
do componente: tensão direta, resistência interna, entre outros.
Transistores bipolares de junção e MOSFETs são chaves semicondutoras muito utilizadas em projetos fontes
Transistores
de alimentação e circuitos lógicos.
São componentes bastante comuns, muito utilizados para filtragem, conversão de sinais, comparações e
Amplificadores conversões de corrente-tensão ou tensão-corrente. Além disso, é possível inserir funções nas simulações
operacionais através de blocos de limitadores, subtratores, somadores que auxiliam a inserir as características reais para
alimentar a aplicação.
Elementos lógicos Portas “E” (AND) e portas “OR” são elementos digitais básicos muito utilizados em circuitos lógicos.
O PSIM, por exemplo, possui uma variedade rica de componentes para simulação de circuitos analógicos e
digitais, como comparadores, integradores, multiplexadores e amplificadores. O software Proteus, de outro
Funções especiais
modo, possui uma biblioteca vasta de componentes da família TTL, memórias, fotoacopladores, conversores
AD e DA, e transdutores, filtros, etc., que permitem simulações de muitos circuitos analógicos e digitais.
Além disso, existem blocos dedicados que facilitam a elaboração de circuitos. O PSIM possui um bloco
de programação em linguagem C++ que permite a criação de lógicas que posteriormente podem ser
incorporadas a um microcontrolador, por exemplo.
FERRAMENTAS DE ANÁLISE
O segundo fator importante são as ferramentas de análise de circuitos, ou seja, os instrumentos de
medição virtuais que o software disponibiliza. O usuário pode estar interessado em analisar a tensão ou a
corrente de um ponto específico do circuito, e saber qual é o valor máximo ou eficaz destes níveis de tensão
em um determinado tempo. A qualidade das ferramentas vai determinar a quantidade de resultados que
podem ser extraídos de uma simulação.
Boa parte dos softwares possuem ambientes gráficos que apresentam a resposta dos parâmetros que
foram simulados ao longo de um determinado tempo e são apresentados em forma de gráfico em um
plano cartesiano, conforme exemplifica a próxima figura.
iStock ([20--?])
A medição de tensão é realizada em paralelo com o ponto que se deseja medir e o ajuste
de escala da medição é automático (conforme o software). Pode ser apresentado na tela
através de um display ou um gráfico, dependendo do software utilizado. Existem softwares
Voltímetro
que possuem pontas de prova, com um único terminal que é inserido no ponto que se deseja
analisar. A comparação é realizada com base na referência estabelecida no circuito. A figura, a
seguir, ilustra os modelos de voltímetros disponíveis no PSIM.
R1
Ve R2
V
Voltímetro 1
R1
Ve R2
A
Amperímetro 1
Quando se deseja simular a potência consumida em um componente ao longo do tempo, geralmente os softwares permitem que
cálculos sejam realizados com os valores de tensão e correntes obtidos. Os resultados de aquisição da corrente e da tensão elétrica em
um componente podem ser multiplicados, através da relação P=V1, resultando no valor de potência consumida por este componente
no instante escolhido.
O osciloscópio virtual é uma ferramenta que permite a verificação dos sinais durante a
Osciloscópio
execução da simulação, disponível em alguns softwares. Veja o exemplo na próxima figura.
R1
A B
Ve R2
A
Amperímetro 1
Antes de realizar uma análise de simulação, é preciso que os valores dos componentes escolhidos sejam
selecionados e configurados adequadamente para que os valores obtidos tenham correspondência com
a aplicação desejada.
O tempo total de simulação é o primeiro deles, pois é o tempo total da análise do circuito em que serão
apresentados os valores das variáveis simuladas correspondente ao tempo “T” na figura, a seguir.
Sinal de tensão
V
Outro parâmetro de controle importante é o passo de tempo em que cada variável será recalculada, que
corresponde ao tempo geralmente na ordem de micro ou milissegundos. É o tempo “tp” do exemplo da
figura anterior. Ela também apresenta a tela de configuração destes parâmetros do PSIM, sendo o tempo
total a opção Total Time e o tempo de passo a opção Time Step.
Há softwares que são especializados em alguns tipos de circuitos - softwares dedicados a circuitos FPGA,
por exemplo – outros são mais genéricos, como PSIM e PROTEUS. Ainda assim, mesmo nos softwares para
aplicações em geral na eletrônica, é possível que possuam características que os tornam próprios para
certos tipos de aplicações. A disponibilidade de licenças de um software é um aspecto limitante desta
escolha, e a capacidade do mesmo de realizar a simulação com um desempenho mínimo se trata de um
aspecto técnico de grande relevância.
A biblioteca do software precisa conter os componentes, ou seja, os modelos necessários para realizar
a simulação do tipo de circuito que se pretende simular. Por fim, um aspecto importante que auxilia muito
nesta escolha é a experiência do projetista com a utilização de um software específico.
Nesta seção, as simulações são divididas em circuitos analógicos e circuitos digitais, como uma forma
ilustrativa para apresentar as principais diferenças entre a abordagem destes dois tipos de circuitos.
Contudo, em um circuito real, os circuitos não são, em geral, puramente analógicos ou puramente digitais,
mas compostos de circuitos que envolvem ambos os tipos.
Você deve estar interessado em uma abordagem mais prática do tema. Apresentam-se agora alguns
dos passos importantes para a simulação de um circuito analógico. Esta abordagem é tida como um
procedimento genérico, focado nas funções básicas, que pode ser utilizado em muitos softwares de
simulação eletrônica, embora cada um possua seu próprio MENU de opções e ferramentas para realizar
uma tarefa específica (seja para inserir um componente ou para fazer uma ligação elétrica).
A qualidade e quantidade de componentes de uma biblioteca de componentes é um ponto positivo
de um software, mas é necessário também que os modelos dos componentes possuam os parâmetros
essenciais para a simulação que se deseja realizar.
A intenção é apresentar como se inicia o estudo de um circuito eletrônico analógico utilizando as
ferramentas essenciais disponíveis na maioria dos softwares de simulação de circuitos eletrônicos, além
de exemplificar como um software de simulação pode ser importante para o dimensionamento de um
circuito em um projeto de circuito eletrônico. Isso é realizado através do estudo do exemplo de um circuito
analógico básico, ilustrado na próxima figura.
R1
100
15 R2
200
60 Ana Cristina de Borba (2016)
A seguir são apresentados os passos de montagem básicos para realização da simulação de um circuito
eletrônico em um software de simulação. Embora os exemplos apresentados utilizem o software PSIM, a
maioria dos demais softwares existentes permitem abordagem similar.
a) Ferramentas
As ferramentas e os instrumentos de medição virtual são geralmente apresentados ao usuário através
de um MENU. É importante estudar as ferramentas disponíveis no software para fazer bom uso dos recursos
disponíveis durante uma simulação. A figura seguinte apresenta a barra de ferramentas do software PSIM.
No caso do PSIM, os componentes mais usuais são acessados através da barra de ferramentas. Os demais
componentes ficam disponíveis na biblioteca do software.
b) Bibliotecas de componentes
Assim como as ferramentas, as bibliotecas também são frequentemente apresentadas em forma de
MENU. Alguns softwares permitem a criação e a organização de bibliotecas próprias para que o usuário
monte sua própria organização de modo a facilitar a execução de seus trabalhos.
A figura, a seguir, mostra o menu da biblioteca do PSIM.
Para a simulação do circuito proposto na próxima figura, pode-se começar por inserir os componentes
necessários na folha de simulação. Procure os componentes que representam a fonte alternada senoidal,
o componente de referência (terra) e o resistor. Insira todos na folha de simulação. É importante não se
esquecer da referência do circuito (geralmente o componente chamado Ground, que do inglês significa
“terra”). Existem softwares que não permitem a simulação do circuito sem a inserção da referência.
Simulation Control
(Controle da simulação)
Resistors
(Resistores)
Ground
(Terra)
Figura 118 - Inserção de componentes no projeto
Fonte: SENAI (2016)
Wire
Figura 119 - Traçando as ligações elétricas
Fonte: Powersim Inc. (2016)
Todas as conexões do circuito devem ser traçadas para que a simulação possa ser realizada. Nenhum
componente pode ficar “solto”, ou seja, sem que todos os pinos possuam uma ligação que permita um
caminho fechado. O passo seguinte é ajustar os parâmetros dos componentes da simulação.
d) Ajustando valores dos parâmetros
Os componentes inseridos precisam ser configurados conforme os parâmetros desejados na simulação.
Para acessar o MENU de configuração dos parâmetros de um componente, geralmente se faz isso com um
duplo clique no botão esquerdo do mouse sobre o componente cujo parâmetro se deseja configurar. Esta
etapa não precisa ser necessariamente realizada após o posicionamento dos componentes e realização das
conexões elétricas do circuito. Esta configuração pode ser feita a qualquer momento.
Os parâmetros dos componentes do esquemático de exemplo da Figura – Traçando as ligações elétricas,
apresentada anteriormente, podem ser configurados conforme os valores indicados no quadro a seguir.
COMPONENTE PARÂMETROS
Amplitude de Tensão: 15 V
Fonte de alimentação
Frequência: 60 Hz
A figura, a seguir, apresenta o menu de configuração da fonte de alimentação e do resistor. Para acessá-
-los no PSIM, basta um duplo clique do mouse sobre o componente.
R1
100
15 R2
100
60
Os parâmetros dos componentes do esquemático de exemplo da figura anterior podem ser configurados
conforme os valores indicados no quadro a seguir.
e) Medições
Os pontos de medição são determinados com base no que se deseja simular e em quais informações se
pretende obter com a simulação do circuito. O circuito pode conter diversos pontos de medição verificáveis
através de gráficos gerados pelo software e que podem ser comparados com outros sinais medidos.
No circuito do exemplo, é possível determinar a potência consumida por cada um dos resistores ao
longo do tempo através da medição de corrente e a tensão em cada um dos resistores ao longo do tempo.
No caso da corrente elétrica, é necessário apenas um ponto de medição, porque a corrente em ambos os
resistores é idêntica por se tratar de uma ligação em série. Para a medição de tensão, de outro modo, é
preciso duas ponteiras de medição. Observe a próxima figura.
Vr1
V
R1
100
15 R2
Ana Cristina de Borba (2016)
V
200
60
Vr2
A It
A figura anterior ilustra o circuito com as ponteiras de testes já conectadas e posicionadas. Verifica-se
a tensão no resistor R1 (voltímetro Vr1), tensão no resistor R2 (voltímetro Vr2) e a corrente total do circuito
(Amperímetro It). Repare que é preciso abrir o circuito para inserir a ponteira de corrente, assim como se faz
em um circuito real. Existem softwares que não necessitam desta ação, pois a medição de corrente pode ser
realizada apenas indicando em qual ligação elétrica que se deseja medi-la.
f ) Simulação
Antes de realizar a simulação do circuito proposto, é preciso configurar os parâmetros da simulação. Cada
software tem sua ferramenta própria de simulação, e é importante configurar o tempo de simulação desejado
e o passo de cálculo da simulação. A precisão dos resultados está relacionada aos valores de tempo que são
estabelecidos pelo usuário. No PSIM, existe a ferramenta chamada Simulation Control (Controle da Simulação),
que é acessada através do MENU de simulação (Simulate). Confira essa ferramenta na figura seguinte.
Circuitos básicos como o exemplo proposto nesta seção não necessitam de tempo de cálculo muito
elevado. Para o cálculo do tempo de passo, pode-se utilizar um fator 100 vezes acima (x 100) com relação à
máxima frequência do circuito. Portanto, para o caso do exemplo, que a frequência do circuito é de 60 Hz,
um valor de frequência de amostragem razoável para utilizar como base da simulação pode ser calculado
conforme apresentando a seguir:
fa = 100 . 60 = 6000 Hz
Sendo fa a frequência de amostragem. Tem-se, portanto, o passo de tempo que está relacionado a esta
frequência de amostragem:
O tempo total de simulação foi configurado em 84 ms para este caso, o que corresponde a cinco ciclos
de onda. A simulação é executada através do botão Run (que pode ser entendido como “rodar” a simulação)
do MENU de simulação. Os resultados do exemplo proposto estão ilustrados na figura, a seguir.
Vr1 Vr2
10
-5
-10
0 0.01 0.02 0.03
Time (s)
0.06
0.04
0.02
0
Ana Cristina de Borba (2016)
-0.02
-0.04
-0.06
0 0.01 0.02 0.03
Time (s)
Figura 123 - Tensão nos resistores R1 e R2 / corrente total do circuito
Fonte: SENAI (2016)
No PSIM, a janela de simulação apresenta ferramentas que facilitam ler dados dos gráficos obtidos. É
possível utilizar ferramentas de análise do software explicitadas na figura seguinte para verificar valores
mínimo, máximo e eficaz dos sinais obtidos. Na figura, o ponto máximo da corrente é obtido através da
ferramenta Global Max (valor máximo global da função), que se encontra no menu inferior visualizado na tela.
É possível verificar o valor máximo através da ferramenta “rms”, e o valor médio através de “x” (average).
No exemplo, o valor de pico de corrente obtida do circuito é 0,05 A. O valor de corrente eficaz verificado da
corrente é de 35 mA.
Já os valores das tensões nos resistores R1 e R2 é respectivamente igual a 3,49 V e a 6,9 V.
As simulações podem levar segundos, minutos ou até mesmo horas, dependendo da complexidade do
problema e dos ajustes realizados nos parâmetros de simulação. É possível verificar a diferença no tempo
de simulação realizando simulações com diferentes passos de tempo ( ) para um mesmo circuito. Se o
tempo de passo for muito pequeno, a simulação será mais lenta. Porém, se este valor for muito elevado,
poderá comprometer a qualidade da medição.
Para evitar essa situação, o tempo de passo máximo precisa corresponder a uma frequência de valor
igual ao dobro da frequência máxima de operação do circuito. Normalmente, utiliza-se uma década acima
para se obter uma precisão melhor nos resultados, como foi realizado no exemplo apresentado.
Para o dimensionamento dos componentes, poderia ser considerado o uso de modelo de resistores
de ¼ W. No entanto, a simulação foi realizada para condições ideias de operação. Porém, na prática esse
processo não funciona assim tão bem. Note que a potência do resistor R2 ficou muito próxima do limite de
resistores de ¼ W.
h) Tolerância dos componentes
Os parâmetros dos componentes eletrônicos podem variar conforme muitos aspectos que não são
levados em consideração nos modelos dos circuitos, como as variações de temperatura. Porém, esses
fatores afetam os níveis de corrente e tensão em um circuito real. Portanto, dependendo do caso de
estudo, pode ser interessante considerar a tolerância dos parâmetros dos componentes no momento de
realizar as simulações. Isso pode trazer maior robustez ao sistema simulado, permitindo, desse modo, um
dimensionamento mais confiável dos componentes.
Para exemplificar essa parte, deve-se considerar os valores de tolerância dos parâmetros dos
componentes do circuito exemplificado neste capítulo, que corresponde a ±20% para o parâmetro de
resistência elétrica dos resistores e ±10% para tensão de saída da fonte de alimentação. Neste caso, deve-
se realizar novamente o estudo da potência consumida pelo circuito de forma a dimensionar os modelos
de resistores. O pior caso com relação ao consumo máximo de potência, neste exemplo, acontece quando
a fonte está fornecendo tensão terminal superior ao seu valor nominal e simultaneamente os resistores
possuem valor de resistência mínima, o que corresponde em termos numéricos aos seguintes valores dos
parâmetros:
Vf = 15 V + 10% = 16,5 V
R1 = 100 - 20% = 80 Ω
R2 = 200 - 20% = 160 Ω
A figura, a seguir, exemplifica o novo comportamento dos sinais de corrente e tensão para a nova
simulação, que apresenta os novos valores dos parâmetros. A potência eficaz de cada resistor é, neste caso:
Vr1
V
R1
80
16.5 R2
160
V
60
Vr2
It
A
Nota-se agora que o resistor R2 possui uma dissipação de energia consideravelmente maior do que
0,25 W. Dimensionar um modelo de resistores de ¼ W, neste caso, seria uma decisão errada, porque o
componente pode trabalhar por um período considerável próximo ou acima do seu limite de potência, o
que pode acarretar diminuição da sua vida útil, ou até mesmo na sua queima, prejudicando o funcionamento
do circuito.
Neste caso, o problema poderia ser solucionado com a utilização de um modelo de resistor de ½ W. De
outro modo, se o projeto está limitado ao uso de resistores de modelo de ¼ W, pode-se substituir o resistor
R2 por um arranjo paralelo de dois resistores de modelo ¼ W cujo valor de cada resistência é o dobro do
valor de R2, resultando em uma resistência equivalente igual a R2. Cada caso deve ser analisado conforme
as limitações do projeto.
Existem circuitos em que encontrar as condições elétricas onde ocorrem os maiores desgastes dos
componentes não se trata de uma tarefa simples e óbvia. Muitas vezes, é necessário fazer um levantamento
lógico dos casos mais propícios para que isso ocorra, e assim realizar a simulação de cada um destes casos,
para, então, no final, comparar todos os resultados.
Os circuitos lógicos são muito utilizados nos projetos de circuitos eletrônicos modernos. Equipamentos,
sejam de uma máquina industrial ou de um eletrodoméstico, possuem circuitos com memórias,
processadores e periféricos de comunicação. Embora hoje estas funções possam ser encontradas integradas
e condensadas em um único chip, as funções lógicas e sua análise ainda respeitam e se baseiam nos
princípios básicos das funções digitais. Neste material, não será abordado a programação de dispositivos.
A simulação de circuitos lógicos pode ser focada na simulação matemática de modelos lógicos e
combinacionais e, para tal, existem muitos softwares que permitem este estudo. Contudo, embora estes
programas possam ser muito úteis em outros aspectos, este tipo de software não possui um viés muito
prático, porque não incorpora em sua biblioteca os circuitos integrados (CIs) existentes. Isso dificulta a
elaboração dos esquemáticos do projeto, não levando em consideração que a representação lógica de certos
circuitos integrados seria por si um projeto bastante complexo, como em um conversor analógico-digital.
No entanto, existem softwares que integram muitos dos componentes existentes no mercado em sua
biblioteca, o que colabora muito para validação e dimensionamento dos circuitos. Um destes softwares,
bastante conhecido, é o PROTEUS, cujos exemplos serão apresentados com a utilização da sua versão de
demonstração (demo), que é disponibilizada gratuitamente na internet.
1
7408
3
Da mesma forma que realizado na seção anterior, onde foi tratado o caso de circuitos eletrônicos
analógicos, uma análise similar é realizada, tendo como exemplo um circuito eletrônico digital, como o da
figura anterior.
Proteus
O Proteus é um software que integra um ambiente de projeto e simulação de circuitos eletrônicos,
acessado pelo ícone ISIS na barra de ferramenta. Outra função do software é o desenvolvimento de
leiaute a partir da área de trabalho através do ícone ARES, que tem a finalidade de projetar as placas de
circuito eletrônico do projeto e pode ser acessado também pela Barra de ferramentas. Nesta seção, serão
apresentadas apenas as funções referente à simulação de circuitos eletrônicos, através do ambiente ISIS.
A área de trabalho do Proteus (clicar no ambiente de trabalho ISIS, que integra o menu de opções da
barra de ferramentas) é constituída especialmente pelos diferentes menus de opções. Acompanhe.
a) Barra de menu: Todas as funções do software podem ser acessadas por esta barra. Salvar, abrir, imprimir,
exportar, importar, compilar, opções de zoom, entre outras funções especificas do programa.
b) Barra de ferramentas: Acesso rápido às ferramentas mais utilizadas, especialmente as relacionadas à
inserção de componentes e montagem e testes de circuitos.
c) Barra de simulação: menu de controle de simulações.
d) Área de trabalho: onde os circuitos são elaborados.
Barra de Menu
Barra de Ferramentas
Área de Trabalho
Os componentes do projeto serão inseridos na área de trabalho da mesma forma que ocorre com os
outros softwares de simulação. O próximo passo é escolher os componentes na biblioteca do software e
inseri-los no projeto.
Bibliotecas de componentes
Em softwares específicos ou que possuem uma vasta biblioteca de componentes para eletrônica
digital, em que as bibliotecas geralmente possuem muitos componentes da família lógica, encontrar uma
variedade de portas lógicas básicas não é um problema. Este é o caso do PROTEUS. Para acessar a biblioteca
de componentes, é preciso selecionar o item Devices (Dispositivos) na Barra de ferramentas e, em seguida,
pressionar a tecla P.
A próxima figura apresenta a biblioteca de componente que aparece com esta ação.
Para pesquisar por um componente em específico, pode-se digitar o nome do componente, por
exemplo o componente 7804, cuja função corresponde à porta lógica “E” (AND), conforme também é
exemplificado na figura anterior. Note que existe um pequeno Menu no canto superior direito chamado
Preview (Pré-visualização), onde é indicado se o componente selecionado possui esquema de simulação.
Caso não apareça nenhum modelo de esquemático (Schematic model) atrelado ao componente escolhido,
isso indica que não é possível simular este componente específico no ambiente de simulação do PROTEUS.
Para traçar as conexões elétricas do circuito, é necessário clicar com o mouse sobre o terminal de um
dos componentes ou ponto de uma trilha já traçada e traçar a trilha até o terminal final desejado. As linhas
verdes indicam as ligações realizadas no circuito-exemplo, onde foram inseridas as portas lógicas AND
(7408), NOT (7404), OR (7432) e XOR (7486).
Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Inserção de entradas
Uma peculiaridade do PROTEUS é que não é necessário alimentar os componentes para realizar a
simulação dos circuitos lógicos, embora isso possa ser feito. Quando o foco é simular a lógica do circuito,
essa simplificação auxilia os testes. Para inserir as entradas lógicas, pode-se escolher uma entrada em onda
quadrada, cuja frequência pode ser ajustada. Essa opção é escolhida através do Menu de ferramentas
selecionando o item Generator Mode (Modo de geração de sinais).
Para verificar o comportamento do circuito perante os sinais de entrada determinados, é preciso inserir
blocos de medição que permitem monitorar cada saída ou ponto de realimentação do circuito.
Medição
No estudo de um circuito lógico, deseja-se montar a chamada tabela-verdade, que consiste em alterar
e acompanhar a situação lógica das entradas do circuito e verificar a situação lógica na saída do circuito. O
circuito-exemplo é constituído de três entradas (1, 2 e 3) e uma saída.
A respectiva tabela-verdade deste sistema é apresentada a seguir.
Para verificar o que acontece na saída do circuito, é possível inserir uma ponteira de tensão localizada
na Barra de ferramentas. Observe.
V
Sabrina Farias (2016)
Deve-se inserir esta ponteira no ponto de saída e, em seguida, com dois cliques do mouse, acessar a
janela de configurações desta ponteira, conforme apresenta a figura seguinte. A ponteira do exemplo foi
nomeada como “Saída”.
A ponteira precisa estar atrelada a um equipamento de medição. Neste caso, pode-se inserir um
osciloscópio virtual para acompanhar as mudanças dos valores da saída ao longo de um tempo de
simulação determinado pelo usuário. Para selecionar o osciloscópio na Barra de ferramentas, selecione
a opção Graphs (Gráfico) e, em seguida, a opção Digital. Na sequência, insira o instrumento na área de
trabalho, por exemplo, próximo do sinal mensurado. Veja o exemplo na próxima figura.
Não é preciso fazer ligações elétricas entre o circuito e o osciloscópio. A configuração é realizada através
de uma janela, que é acessada clicando-se duas vezes sobre o osciloscópio na área onde está escrito
Digital Analysis (Análise Digital). Na tela que será apresentada, é preciso configurar as ponteiras (Probes),
ou entradas, que serão avaliadas durante a simulação. Para selecionar uma ponteira, seleciona-se a opção
Add Transient Trace (Adição de Resposta Transiente) no ícone igual ao da figura a seguir, localizado no canto
inferior esquerdo da tela do software.
Sabrina Farias (2016)
A figura, a seguir, apresenta a janela que é visualizada ao selecionar esta opção. Escolhe-se, então, os
pontos que vão ser estudados e, em seguida, clique na opção OK, para validar as escolhas e configurar o
gráfico do osciloscópio virtual.
Simulação
A simulação no PROTEUS pode ser realizada através de osciloscópios e outros equipamentos virtuais
de medição que são acessados na opção Graph. Neste caso, a simulação é feita inteiramente na tela de
visualização do osciloscópio. Para configuração da simulação, é preciso selecionar a opção Edit Graph
(Editar o gráfico), através do ícone representado na próxima figura.
Com isso, a tela da figura seguinte aparece, em que é possível configurar o tempo de início e final de
simulação.
Pressionando o botão OK, a simulação é realizada e as curvas de cada variável serão apresentadas em
um gráfico. No caso do circuito-exemplo, o comportamento das três entradas e da saída são configurados
para serem visualizados após a simulação, e se executa a simulação com um período total de 1 segundo.
Assim que a simulação é finalizada, a curva de cada ponto é apresentada graficamente. É possível
posicionar o mouse em cada período desejado para acompanhar o valor instantâneo de cada variável.
O gráfico da figura, a seguir, apresenta o resultado da simulação do circuito-exemplo. Note que, para
o tempo de 46,6 ms (milissegundos), todas as entradas estavam com nível lógico baixo, o que é indicado
pela letra “L” (Low) em verde, enquanto que a saída, para este mesmo instante, estava com nível lógico alto,
indicado pela letra “H” (High) em vermelho.
A partir destes resultados, pode-se preencher a primeira linha da tabela-verdade. Acompanhe, na tabela,
a seguir, o resultado destacado em vermelho.
De outro modo, para o instante seguinte, tempo igual a 163 ms, as entradas E1 e E2 continuam com
nível baixo e a entrada E3 alterou o seu valor para nível lógico alto (=1). Dessa forma, a saída alterou o seu
valor para nível lógico baixo, conforme mostra a figura seguinte.
Dessa forma, pode-se preencher mais uma linha da tabela-verdade deste circuito lógico, e assim por
diante. Veja o exemplo na próxima tabela.
Outra forma de simular um circuito no PROTEUS é utilizando a Barra de simulação e realizar a simulação
em tempo real sem determinar o passo a passo. Dessa forma, não será apresentado um gráfico mostrando
os valores instantâneos de toda a simulação, mas somente o status atual do circuito é apresentado através
de sinalizações do próprio simulador. Confira o exemplo na próxima figura.
A simulação foi pausada em um instante em que as entradas E1 e E3 possuíam valor lógico baixo
(quadrado na cor vermelha) e a entrada E2 valor lógico alto (quadrado na cor azul). A respectiva saída
neste instante sinalizava valor lógico alto I (quadrado na cor vermelha). Da mesma forma que a tabela foi
preenchida para a simulação com a obtenção gráfica, a tabela-verdade pode ser gerada com a simulação
do circuito em tempo real.
O registro das informações de um circuito eletrônico é essencial para elaboração do leiaute da placa
eletrônica. Este é feito geralmente com o auxílio de esquemáticos, que são plantas de projetos eletrônicos
nas quais são representados todos os componentes que constituem o circuito eletrônico. Os esquemáticos
dos circuitos eletrônicos apresentam todos os detalhes relativos às ligações do circuito e às informações
técnicas dos componentes eletrônicos utilizados no projeto. Observe o exemplo de um esquemático na
figura, a seguir.
A importância de um esquemático eletrônico organizado e bem elaborado vai além das questões
práticas e do tempo de duração do projeto, pois auxilia o desenvolvimento e a execução de muitas
atividades durante o projeto, tais como:
a) criação da lista de componentes;
b) acompanhamento da montagem dos circuitos;
c) elaboração dos relatórios técnicos e documentação de manutenção;
d) registro técnico para novos projetos.
Da mesma forma, facilita ações de pós-projeto:
a) manutenções;
b) novos projetos ou atualizações do circuito;
c) correção de falhas e erros.
Durante esta etapa, é importante a utilização de softwares que são dedicados ao desenvolvimento de
leiautes de circuitos. Existem opções de softwares que, além de realizar simulações dos circuitos eletrônicos,
possuem ferramentas de CAD para projetos das placas eletrônicas. Este é o caso do software PROTEUS, que
possui a ferramenta chamada ARES para esta finalidade.
Outros softwares de CAD bastante difundidos que possuem o propósito de elaboração de placas
de circuito impresso e possuem boas ferramentas para elaboração de esquemáticos eletrônicos são
apresentados no próximo quadro.
Embora na internet existem vários outros softwares de licença gratuita que permitem a elaboração de
esquemáticos e leiautes eletrônicos, há ferramentas que são básicas e essenciais em qualquer um deles.
Nesta seção, serão apresentadas as principais funções e ferramentas para elaboração de um esquemático,
e também as boas práticas para elaboração de esquemáticos organizados que possuam o mínimo
de informações necessárias. O software utilizado para esta finalidade é o Altium Designer. (A versão
demonstração - Free Trial - é disponibilizada no site: www.altium.com).
A figura, a seguir, ilustra o ambiente de trabalho do Altium Designer. Os principais recursos necessários
para a elaboração de um esquemático são apontados na imagem, a seguir. Para maiores detalhes, o manual
do software também pode ser acessado online, no site mencionado anteriormente.
Barra de menu
Barra de ferramentas
Abas de desenvolvimento
Barra de projetos
Planta do projeto
(área de trabalho)
a) Barra de MENU: as principais funções do software são acessadas através deste menu, a partir do qual
é possível criar, salvar e imprimir os projetos, importar componentes, ajustes de visualizações, ajustes
de bibliotecas de componentes, ferramentas para criação de leiautes, definições de regras para o
projeto, relatórios etc.
b) Barra de ferramentas: as ferramentas mais utilizadas em um projeto podem ser acessadas diretamente
nesta barra, o que facilita o trabalho do usuário. Além disso, é possível substituir ou inserir outras
ferramentas cujo acesso fácil pode ser interessante em um determinado projeto.
c) Barra de projetos: É a barra em que os projetos são criados e acessados. É possível criar novos
esquemáticos, leiautes e bibliotecas, salvando todos de maneira organizada.
d) Abas de desenvolvimento: os esquemáticos e leiaute são abertos em várias janelas internas ao
software e podem ser acessadas de forma rápida através deste Menu de abas.
e) Planta do projeto: é o ambiente de trabalho que é disponibilizado para o usuário criar o esquemático
do circuito eletrônico. É possível alterar as configurações, por exemplo: o tamanho, de modo a
formatar a planta em um modelo padrão de projetos.
A criação de um esquemático eletrônico será descrita em passos ilustrativos que buscam apresentar as
ferramentas básicas utilizadas neste procedimento. Um circuito de exemplo será utilizado neste capítulo
para ilustrar esta etapa do projeto, o qual será batizado “circuito-exemplo” para esta seção. Posteriormente,
na etapa seguinte, este mesmo exemplo será utilizado para exemplificar como criar seu próprio leiaute de
circuito eletrônico com a utilização do software, a partir do esquemático já desenvolvido.
Observe o circuito da próxima figura.
5.6k 10k
O circuito eletrônico que será utilizado nesta seção é ilustrado na figura anterior. Trata-se de um circuito
de uma fonte de alimentação ajustável de corrente contínua. O circuito converte a tensão de entrada de
natureza alternada para contínua através da utilização de um circuito de diodos e, com a utilização de um
par de resistores em série, é possível regular a tensão de saída entre 1 V e 10 V, modificando os valores de
resistência.
A primeira etapa é criar uma nova pasta de projeto, que será visualizada na Barra de projetos. Para
isso, deve-se acessar na Barra de menu a opção FILE→NEW→PROJECT (ARQUIVO→NOVO→PROJETO) e o
software irá abrir a janela com as opções, ilustradas na figura, a seguir.
Figura 145 - Novo projeto de esquemático - Altium Ana Cristina de Borba (2016)
Fonte: Altium Limited (2014)
Nesta janela, é possível determinar o tipo de projeto que será realizado. No projeto de uma placa
eletrônica, é preciso criar esquemáticos e arquivos de leiaute, os quais terão que ser adicionados
posteriormente, conforme a necessidade. O software permite a criação de outros tipos de projetos ou
a criação de biblioteca de componentes. O circuito-exemplo abordado trata de um projeto de placa de
circuito impresso e, para isso, deve ser selecionado o tipo PCB Project. Ainda, é preciso digitar o nome do
projeto e a localização onde os arquivos serão salvos, preenchendo os respectivos campos Name (Nome) e
Location (Localização). Pode-se então prosseguir através da opção “OK”.
A legenda, ilustrada na figura seguinte, está localizada no canto direito inferior da planta e permite
identificar o esquemático que está sendo desenvolvido. Nesta legenda, pode ser informado o título do
projeto, o número e a revisão da planta. É uma prática importante para organização do projeto.
O software permite a inserção de várias plantas de esquemático na estrutura do projeto. Isso é bastante
interessante para circuitos eletrônicos que possuem muitos circuitos e uma quantidade considerável de
componentes, os quais podem ser subdivididos e desenhados em setores. Podem ser criadas, desse modo,
várias plantas com subcircuitos diferentes que pertencem ao mesmo projeto, deixando as plantas mais
organizadas e fáceis de serem lidas e compreendidas.
INSERÇÃO OS COMPONENTES
Cada software possui bibliotecas próprias, que podem conter ou não todos os componentes necessários
para um determinado projeto. Em geral, muitos componentes precisam ser criados a partir das informações
que são encontradas nos catálogos de dados do componente (Datasheets) e do manual do software que se
pretende utilizar. Aqui serão utilizados apenas os componentes padrões da biblioteca do Altium.
Para inserir um componente na planta do projeto, é preciso utilizar o Menu de bibliotecas chamado
Libraries (Biblioteca), disponibilizado no canto direito da área de trabalho. As bibliotecas são acessadas
através de um menu dinâmico e os componentes selecionados são apresentados em uma lista.
O software possui bibliotecas padrões que contêm vários componentes para aplicações em geral e que
atendem a muitas necessidades. Miscellaneous Devices (Dispositivos diversos) e Miscellaneous Connectors
(Conectores diversos) são as duas bibliotecas mais comuns do software. Contudo, quando existe a
necessidade de inserir componentes específicos, é possível fazer o download de novas bibliotecas na
página da internet do Altium.
Após inserir todos os componentes, é importante posicioná-los de uma forma adequada que permita
um bom entendimento do circuito. Em um projeto eletrônico, é comum que muitas pessoas, além do
projetista, precisam ter acesso aos esquemáticos.
Na página da internet do Altium, é possível pesquisar por novas bibliotecas de componentes digitando
a palavra Libraries (Biblioteca) no campo de pesquisa. Para inserir uma nova biblioteca, é preciso acessar
o campo Libraries no Menu da biblioteca. Em seguida, clicar no botão Add Library (Adicionar Biblioteca) e
localizar a pasta onde estão salvas as bibliotecas desejadas, por exemplo, bibliotecas baixadas da internet.
Além dos parâmetros elétricos, é importante identificar cada componente dentro do circuito. Esse
procedimento é um requisito inclusive dos próprios softwares de leiaute que precisam identificar cada
componente com um código único, resumido em um código identificador. Alguns softwares, como o
Altium, permitem que o usuário defina os identificadores dos componentes.
Em geral, a convenção é utilizar uma ou mais letras acompanhadas de um código numérico distinto.
Resistores são identificados pela letra “R” (R1, R2, R3 ...), capacitores pela letra “C” (C1, C2, C3 ...), diodos pela
letra “D” (D1, D2, D3 ...), transformadores pela letra “T” (T1, T2, T3 ...), circuitos integrados pelas letras “IC”
(IC1, IC2, IC3 ...) e transistores pela letra “Q” (Q1, Q2, Q3 ...).
Os parâmetros dos componentes do circuito de exemplo são apresentados no quadro, a seguir.
No Altium, é possível determinar quais são os códigos que ficam visíveis no esquemático. Por exemplo,
se são utilizados diferentes tipos de resistores em um mesmo circuito eletrônico, é interessante, além do
valor de resistência elétrica e do código do identificador, apresentar também o tipo de resistor em cada
um deles. No circuito-exemplo, são utilizados resistores de potência de ¼ W e resistores de potência de ⅛
W, essa informação fica explicitada no esquemático de modo que facilite o trabalho de quem irá montar o
circuito eletrônico.
Ainda no Altium, quando um novo componente é inserido na planta, o seu código de identificação
possui um ponto de interrogação, como a exemplo do diodo “D?”. Isso indica que o identificador ainda não
foi nomeado. É possível identificar adequadamente o componente acessando sua tela de configuração,
conforme foi visto anteriormente.
Além disso, os softwares de leiaute geralmente possuem funções que permitem a numeração automática
dos identificadores dos componentes, evitando que existam componentes com o mesmo identificador,
o que poderia acarretar conflitos para a elaboração do leiaute do circuito, além de provocar erros de
montagem.
Para realizar a ligação elétrica entre dois terminais, é preciso selecionar essa ferramenta e clicar nos dois
terminais desejados. Também é possível fazer esse vínculo entre ligações já criadas. É possível acessar a
Barra de ferramentas, clicando com o botão esquerdo do mouse na planta e selecionando a opção Place,
onde estarão disponíveis as mesmas funções apresentadas na barra. Ana Cristina de Borba (2016)
A figura anterior ilustra o circuito-exemplo com suas ligações traçadas. Na barra de ferramentas também
são encontrados os sinais de referência (ground), componentes para referência de tensão (Vcc Power Port),
portas de identificação para comunicação de dados (Place Port), conexões entre plantas (Off Sheet Conector),
entre outras. As pontas de identificação são bastante utilizadas e são úteis para criar um sinal de referência
que pode ser utilizado em qualquer ponto da planta ou de outras plantas do mesmo projeto.
A organização dos esquemáticos é um pré-requisito para o desenvolvimento do projeto da placa
eletrônica, conhecido como leiaute do circuito (layout). Esta organização deve considerar a identificação e
a especificação dos parâmetros elétricos e mecânicos, o que inclui determinar o encapsulamento de cada
componente.
No entanto, em projetos que utilizam tecnologias diferentes de componentes, por exemplo, resistores
com encapsulamento SMD e PTH na mesma placa, pode-se utilizar símbolos variados para identificar,
através dos esquemáticos, qual é o tipo de encapsulamento do componente. Da mesma forma, isso pode
ser feito para componentes cuja faixa de potência é muito diferente: resistores de ¼ W e resistores de 5
W podem possuir simbologias diferentes. Estas ações, se realizadas adequadamente, podem tornar um
esquemático mais organizado e facilitar sua compreensão por terceiros.
c) Dividir circuitos grandes em subcircuitos
Os circuitos maiores geralmente são compostos por áreas de circuitos que definem uma função
específica. Um aparelho de televisão, por exemplo, terá circuitos referente às fontes de alimentação, circuito
de recepção dos sinais das antenas, circuito de processamento da imagem, circuito do processamento do
som, circuito de comunicação de dados (Wi-Fi, Bluetooth etc.).
Estes circuitos podem ser divididos em diferentes plantas em um mesmo projeto. Você viu na figura
anterior um exemplo desta organização utilizando a barra de projetos do software Altium. As ferramentas
disponibilizadas pelos softwares de leiaute costumam facilitar esse tipo de organização e divisão dos
circuitos, cada um tendo suas peculiaridades, como as apresentadas a seguir.
a) Padronizar o posicionamento dos parâmetros dos componentes
Ao inserir um componente na planta, é necessário informar os parâmetros técnicos do componente
que permite interpretá-lo adequadamente. Para isso, deve constar o identificador e o valor do parâmetro
principal, por exemplo, além do valor da resistência elétrica de um resistor. No caso de circuitos integrados,
é importante inserir o código do componente, facilitando a montagem manual dos componentes na placa
eletrônica.
Na figura anterior, os identificadores não possuem nenhum padrão de direcionamento com relação aos
componentes. No capacitor C2, o valor do parâmetro está sobre o código do identificador. No Resistor R2
e Capacitor D3 um parâmetro está na horizontal e outro na vertical. E, assim por diante. A próxima figura
apresenta uma sugestão de padronização, que pode ser seguida para os componentes na vertical e na
horizontal.
Ana Cristina de Borba (2016)
Observe que os identificadores ficam na posição superior. Aplicando essa organização ao circuito
exemplificado anteriormente, tem-se o ajuste conforme a figura que segue.
O tamanho da fonte utilizada para escrever os dados é um requisito que precisa ser levado em
consideração: letras pequenas podem tornar difícil a leitura dos esquemáticos ou resultar em mau
entendimento. Por outro lado, letras muito grandes torna rebuscado o entendimento dos circuitos da
planta, ou seja, é preciso encontrar um tamanho adequado ao circuito e ao componentes no esquemático.
b) Representação das fontes
O sentido dos sinais que representam as fontes no esquemático pode ser padronizado conforme o
potencial dela. Fontes de potencial elétrico positivo são frequentemente representadas com a direção
para cima, enquanto que fontes com potencial elétrico negativo são anotadas com a direção para baixo. A
figura, a seguir, mostra a maneira adequada de representar as fontes.
Ana Cristina de Borba (2016)
Note que o mesmo ocorre com os sinais de referência similar, ou seja, as fontes de potencial negativo.
Em alguns softwares os símbolos das fontes são representados como setas, o que torna ainda mais clara
esta representação, sendo as de potencial positivo voltadas para cima e as de negativos posicionadas com
sua direção para baixo. Essa prática facilita muito a interpretação dos circuitos, evitando equívocos na
alimentação dos componentes.
Por fim, é importante que você escolha um software que lhe seja acessível e pratique a elaboração de
esquemáticos utilizando as informações englobadas nesta seção. A leitura do manual é indispensável para
aprofundar os conhecimentos e dominar a ferramenta que está sendo utilizada. Os fabricantes auxiliam
neste progresso disponibilizando vídeos nos canais da internet que ensinam a utilizar funções específicas
do software. Essa sistemática é muito útil para estudantes e profissionais que estão buscando aprimorar
seus conhecimentos.
Para apresentar as etapas básicas para o desenvolvimento do leiaute por meio do uso de software, será
utilizado o circuito-exemplo da seção anterior, acrescido de alguns subcircuitos. De modo a exemplificar
a montagem de circuitos PTH e SMD, o circuito-exemplo proposto contém componentes das duas
tecnologias, que serão apresentadas nas figuras, a seguir.
O circuito foi dividido em duas plantas: a planta A, com circuito da fonte de alimentação (constituídos
de componentes de tecnologia PTH), e a B, que consiste no circuito que realiza as funções do projeto
(constituídos de componentes de tecnologia PTH e SMD, ou seja, uma placa híbrida).
O esquemático da planta A é apresentado na próxima figura. Leia, a seguir, que o circuito é dividido em
setores para facilitar a compreensão:
a) entrada de alimentação: possui o conector de entrada e o fusível de proteção;
b) saída externa: disponibiliza um conector de saída para utilizar a tensão contínua externamente, que
é controlável por meio do potenciômetro R4;
c) circuito da fonte de alimentação: possui o circuito retificador para converter a tensão alternada
para contínua, que resulta na tensão nomeada CC no esquemático;
d) fonte de alimentação interna: de + 5 Vcc para alimentar os circuitos auxiliares da Planta B.
Por sua vez, a planta B possui os componentes do circuito que realizam funções lógicas específicas. A
figura, a seguir, apresenta o esquemático deste subcircuito. Acompanhe.
a) Um circuito de processamento constituído por um microcontrolador PIC12F508 tem o papel de
realizar tarefas com base em suas entradas.
b) As duas entradas digitais (zero ou um) são configuradas por meio de uma chave Dip-Switch com dois
contatos.
c) O circuito de saída possui dois LEDs e uma saída a relé na qual os terminais são disponibilizados
externamente através de um conector.
O estudo apresentado na seção anterior sobre a elaboração de esquemáticos consiste, na etapa primária,
na elaboração de um desenho de leiaute, que auxilia na compreensão do desenvolvimento de leiaute
da placa de circuito eletrônico. Estes passos são sintetizados, a seguir, com o auxílio do circuito-exemplo
mencionado e explicitado anteriormente.
Observe que o software possui um visor semitransparente no canto superior esquerdo da área de
trabalho, que informa as coordenadas do mouse. A partir desta referência, é possível determinar o tamanho
da placa. As distâncias se baseiam em um ponto de referência que pode ser posicionado pelo usuário em
qualquer lugar interno ou externo na placa. Para determinar o ponto de referência, é preciso selecionar
a função por meio da barra de menu Edit→Origin→Set (Editar→Origem→Fixar) e posicionar a referência
no ponto desejado. Feito isso, todas as distâncias serão informadas com base neste ponto. Finalizada esta
etapa, é preciso pressionar a tecla 2, do teclado alfanumérico, para retornar à função do design de leiaute.
7 Consiste em conectar um ponto do circuito a outro por meio de uma ligação elétrica.
A espessura das trilhas pode ser alterada na tela Layer Stack Manager, que é acessada pela barra de
menu em Design→Layer Stack Manager.
Na sequência, tem-se a tela de configuração das camadas da placa onde você deve verificar e configurar
a espessura da camada de cobre, inserir novas camadas, alterar as já existentes, assim como outras
configurações referente à estrutura da placa de circuito impresso.
Feito isso, aparecerá uma tela que contém os dados do componente selecionado.
Este exemplo trata de um capacitor. No canto inferior, à direita da tela de propriedade, existe um
quadro de opções chamado Models (Modelos) onde é possível adicionar ou remover encapsulamentos
do componente (Footprint). Pode-se inserir vários tipos de encapsulamentos para o mesmo componente,
mas somente um deve estar ativo de modo que o software entenda qual deles será utilizado no leiaute.
Utilizando o botão Add (Adicionar), é possível adicionar novos encapsulamentos navegando pelas
bibliotecas integradas ao projeto.
A B
Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Figura 168 - Distribuição dos componentes no leiaute (A). distribuição otimizada dos componentes no leiaute (B).
Fonte: Altium Limited (2016)
O posicionamento dos componentes deve prezar por otimizar o roteamento das trilhas, utilizando
menor área de cobre possível. Note, na figura anterior, que o roteamento das trilhas na figura à direita é
mais adequado dentro do que está sendo recomendado e proposto, ou seja, as trilhas são mais curtas,
possuem menos curvas e são melhor distribuídas.
Distribuição em subcircuitos
Outra forma de ordenar os componentes é por meio dos subcircuitos onde cada componente está
inserido. É conveniente que esta organização seja elaborada e planejada na etapa de desenvolvimento dos
esquemáticos.
Tem-se como exemplo o aparelho de televisão utilizado na seção anterior, em que os circuitos de som
e imagem podem estar localizados próximos um do outro, de modo a facilitar a ligação elétrica com os
conectores da televisão. O circuito de fonte de alimentação, de outro modo, poderia estar localizado na
parte inferior do circuito eletrônico, acondicionando os componentes mais pesados próximos dos suportes
de fixação, além de colaborar para manter a estrutura da TV mais estável.
Circuito-exemplo
A próxima figura mostra uma possível organização dos circuitos para o circuito-exemplo. Para praticar,
em seguida, serão apresentadas algumas ações no Altium para transportar os componentes do esquemático
para o leiaute e a organização dos componentes.
Saída
Circuito Circuito Lógico LEDs
Lógico
Para a distribuição dos componentes do circuito-exemplo desta seção, os seguintes critérios foram
impostos:
a) componentes montados somente na superfície superior;
b) separar circuito de potência (fontes de alimentação) dos demais subcircuitos;
c) entradas localizadas no lado esquerdo da placa;
d) saídas localizadas no lado direito da placa.
No Altium, para transferir os componentes do esquemático do circuito para o projeto de leiaute, é preciso
utilizar a opção Design→Update Schematic in ####.PrjPcb. O campo #### possui o nome do arquivo da placa
de circuito impresso (PCB Project) que é arquivado no computador. Os componentes serão disponibilizados
em um campo externo da placa de circuito, conforme é possível visualizar na próxima figura.
Como o circuito-exemplo possui duas plantas, o software trata de separar os componentes por setores
chamados Rooms (Quartos), apresentados pelos quadros vermelhos, na figura, a seguir, e que contém os
componentes de cada planta.
É possível arrastar os componentes para a posição desejada com a utilização da função clicar-arrastar
do botão esquerdo do mouse.
A figura seguinte mostra os componentes do circuito-exemplo posicionados. Na parte inferior, estão
posicionados os componentes do circuito de alimentação, e, na superior, os componentes do circuito
lógico, que tem como finalidade executar as funções do circuito.
CIRCUITO
LÓGICO
CIRCUITOS DE
ALIMENTAÇÃO
Durante qualquer etapa de um projeto eletrônico, deve-se estar atento às limitações reais do projeto e
ter em mente as necessidades da aplicação. Para o posicionamento dos componentes, esse raciocínio não
é diferente, é preciso responder a algumas questões: a organização dos componentes está adequada à
aplicação e ao local onde a placa será instalada? A altura disponível para instalar os componentes em uma
dada região da placa é compatível com a altura dos componentes utilizados? Devido à aplicação, existem
regiões que naturalmente aquecem mais do que outras? Todos esses fatores serão determinantes para o
posicionamento e a direção dos componentes.
Alguns cuidados:
a) observe muito bem a polaridade dos diodos de retificação, dos diodos de proteção, do diodo Zener
e dos capacitores eletrolíticos;
b) tome cuidado na ligação do potenciômetro. Se houver inversão, a fonte fornecerá tensão total logo
que é ligada, o que não é correto. Inverta os fios dos extremos;
c) use bornes de cores diferentes para a saída retificada e controlada, vermelho (+) e preto (-) são as
cores tradicionais.
Resolvida a questão do ajuste final da posição dos componentes e dos seus identificadores, pode-se
passar para a etapa seguinte de roteamento das trilhas, cujo procedimento pode ser dividido em alguns
passos relevantes para o projeto.
Roteamento de trilhas
Os softwares de leiaute, em geral, permitem a configuração de regras ou padrões de roteamento para o
projeto. Muitos deles permitem o roteamento automático de componentes, incluindo o Altium, que possui
um quadro de regras configurado para esta finalidade. Contudo, essas regras são benéficas também para
o roteamento manual, porque auxiliam na identificação de inconsistências do projeto, pois toda vez que
uma regra é violada, o circuito sinaliza que ocorreu um problema.
Espessura
padrão
Nos casos em que não se prevê grande concentração de trilhas e componentes em certas regiões da
placa eletrônica, é recomendável utilizar tamanhos maiores de espessura e de espaçamento entre trilhas,
especialmente naquelas em que as passagens de corrente elétrica serão maiores.
As ilhas são os pontos onde são soldados os componentes. Elas podem ser perfuradas, para o caso de
componentes de tecnologia PTH, ou em forma de lâmina de cobre, cobrindo somente uma única camada
da placa eletrônica, como é o caso de componentes SMD. É possível configurar a distância mínima entre as
ilhas e as trilhas. Para isso, deve-se acessar a tela de configuração das regras, na Barra de Menu Design→Rules,
e escolher a opção 0 Rules→Electrical→Clearance. A figura anterior apresenta esta janela de configuração.
As duas figuras anteriores apresentam a configuração do ângulo de trilhas, que, no Altium, é acessado
por meio da barra de menu Design→Rules, na opção Design Rules→Routing→RoutingCorners (Roteamento
dos cantos).
A curvatura ideal de uma trilha, de modo a não alterar sua impedância, é uma curvatura arredondada
que mantenha a espessura constante. No entanto, na prática, devido aos processos de fabricação das placas,
aconselha-se utilizar curvas de 45° e evitar curvas muito próximas de 90°, as quais alteram consideravelmente
a impedância da trilha, podendo ocasionar o aumento de interferência eletromagnética no circuito.
Roteamento manual
O roteamento manual no Altium pode ser realizado utilizando as ferramentas na barra de ferramentas
do projeto de leiaute. As mais importantes deste menu são apresentadas a seguir:
a) Interactively Route Connections: ferramenta para traçar as trilhas individualmente;
b) Place Pad: ferramenta para inserir ilhas isoladas na placa;
c) Place Via: ferramenta para inserir vias. Quando se deseja rotear uma trilha pela superfície inferior e
superior, pode-se utilizar essa ferramenta para fazer a interligação da trilha entre as duas superfícies;
d) Place Fill: permite criar lâminas de soldagem nas superfícies da placa;
e) Place Component: permite inserir novos componentes no leiaute sem a necessidade de estar inseri-
dos no esquemáticos.
Há softwares de leiaute, como o Altium, que permitem o roteamento automático de trilhas da placa
eletrônica por meio das configurações de regras de roteamento que definem as prioridades para o processo
automatizado. Mais informações sobre esta função podem ser obtidas no manual do software.
Roteando trilhas
Para criar as trilhas de uma placa de circuito eletrônico no Altium, é preciso escolher a função
Interactively Route Connections, localizada na barra de ferramentas, e realizar o procedimento apresentado
e exemplificado a seguir.
a) Selecionar a camada da placa que, a trilha será realizada. (Observe, na figura, que a trilha é criada na
camada inferior Bottom Layer, em azul);
b) Clicar com o botão esquerdo do mouse sobre a ilha do componente, que se deseja criar a trilha;
c) Direcionar a trilha pelo caminho desejado até o destino;
d) Clicar na ilha de destino.
O software utiliza a última espessura configurada. Neste caso, é possível alterar a espessura da trilha
clicando com o botão direito sobre a trilha desejada e escolher a opção para alterar as propriedades
(Properties). Na janela de configurações da trilha (Track), altere o valor da espessura (Width), conforme
desejado para o projeto.
É possível redirecionar a trilha para outra camada durante seu percurso. Para isso, selecione a ferramenta
Place Pad (Inserir ilha) para criar um ponto de destino para a trilha. Em seguida, trace uma trilha iniciando
neste ponto até o destino final desejado, por exemplo, a trilha traçada a seguir.
No caso do Altium, assim como boa parte dos softwares de leiaute, as trilhas de um circuito que não
foram roteadas são visíveis por linhas finas ou pontilhadas, informando ao projetista que elas precisam
ser realizadas, conforme você pode visualizar na figura, a seguir. Esta ferramenta auxilia na execução do
projeto, assim como evita que trilhas sejam esquecidas no caminho.
Indicação de
ligações necessárias
Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Uma dica é usar o roteamento manual, ou seja, utilizar um computador que possua dois monitores.
Neste caso, o esquemático do circuito traçado pode ser visualizado em uma das telas enquanto o leiaute é
desenvolvido na outra. No caso de não existir a disponibilidade de duas telas, imprime-se o esquemático
para facilitar o entendimento das ligações elétricas do leiaute sem precisar necessariamente navegar entre
a tela de leiaute e a tela de esquemáticos.
Furação
A furação em placas é algo frequente, especialmente com o propósito de proporcionar a fixação da
placa no local onde o circuito será instalado. Mas, a furação é necessária, muitas vezes, para inserir outros
componentes.
No Altium, para inserir furação na placa, é possível utilizar a ferramenta Place Pad. Deve-se selecionar
esta ferramenta na barra de ferramentas do projeto de leiaute, para em seguida inserir o componente na
posição desejada, dentro da placa de circuito impresso. É pertinente fazer bom uso das coordenadas do
circuito, que são apresentadas no visor lateral, para posicionar os componentes com a distância correta em
relação à referência imposta.
A furação pode ser inserida no circuito-exemplo através desta ferramenta. Considere que é necessário
inserir quatro furos de 3,0 mm de diâmetro, com distância de 5,08 mm das bordas inferior e lateral esquerda.
Leia, a seguir, o procedimento no Altium e veja a figura com o processo.
a) Impor a referência no canto inferior da placa. Para isso, selecione Edit→Origin→Set e clique no ponto
desejado no circuito.
b) Selecione, na Barra de ferramentas, a opção Place Pad, e, em seguida, oriente-se com base no visor de
coordenadas da área de trabalho.
c) Clique duas vezes sobre a ilha (Pad) para abrir a tela de configurações deste item. O campo hole
size permite configurar o diâmetro da furação, enquanto que o os campos X-Size e Y-Size permitem
configurar o tamanho da ilha de cobre.
Quando se deseja inserir uma ilha sem furação na placa eletrônica, como uma ilha para um componente
SMD, é possível utilizar o mesmo procedimento escolhendo a camada da placa, ou seja, o Layer, na opção
Layer.
Conferência de distâncias
Para conferir medidas, é possível utilizar a régua de medição, que é acessada na barra de menu:
Reports→Measure Distance.
Escolhida esta ferramenta, é preciso selecionar dois pontos no circuito, e a distância entre eles será
expressa automaticamente, conforme mostra a figura anterior.
Por fim, insira outras estampas informando a polaridade de ligações, os subcircuitos da placa e outras
informações que possam ser convenientes para cada circuito. A figura, a seguir, apresenta a placa-exemplo
após o roteamento e detalhamento.
De acordo com figura à direita, o leiaute pode ser apresentado por meio de modelos tridimensionais.
O procedimento para inserir componentes 3D no leiaute do projeto é encontrado no menu de ajuda, do
software. O desenvolvimento de um leiaute é finalizado com a geração da lista de materiais necessários para
montagem da placa. Quanto maior o número de informações coletadas e registradas de cada componente,
mais facilmente será realizado o processo de cotação e aquisição de componentes.
Lista de componentes
Gerar a lista de componentes é importante para muitas atividades dentro de um projeto de circuito
eletrônico, dentre as quais cita-se:
a) aquisição de materiais e componentes eletrônicos;
b) suporte à montagem dos componentes;
c) histórico do projeto;
d) elaboração de relatório técnico.
A ferramenta do Altium permite a geração da lista de materiais, que é acessada na barra de menu, na
opção Reports→Bill of Materials. Uma tela de configuração chamada Bill Of Material for PCB Document
permite selecionar quais os parâmetros importantes para esta lista.
Dados como descrição (Description), identificador (Designator), comentários (Comments),
encapsulamento (Footprint), entre muitas outras informações podem ser selecionados no menu de seleção,
que aparece no canto esquerdo (All Columns) da tela de configuração da lista de materiais.
À medida que são selecionados os comandos, as opções aparecem na planilha, conforme apresenta
a próxima figura. Observe que as colunas podem ser reordenadas, selecionando e arrastando as colunas
para a ordem desejada.
Por fim, configuradas as informações, é necessário escolher o tipo de arquivo de saída. Para isso, escolha
a opção desejada, na lista File Format. Em seguida, clique no botão Export, e, por fim, escolha o local onde
o arquivo será salvo.
Na próxima seção, você aprenderá como é realizada a confecção de protótipos das placas projetadas em
laboratório por meio de processos manuais, ou através do envio de informações para fabricantes externos,
que utilizam um processo industrial para fabricação das placas eletrônicas. Acompanhe.
Nesta seção, você estudará as etapas práticas do projeto de um circuito eletrônico. Considerando que
o projeto já passou pela validação do seu conceito inicial, pelas etapas de cálculos, dimensionamento e
simulação dos circuitos e subcircuitos. Além disso, os circuitos eletrônicos precisam ser testados e validados
em condições reais de funcionamento.
Durante a elaboração prática, muitos problemas que não foram cogitados podem vir à tona e prejudicar
o andamento do projeto. Portanto, o projetista precisa planejar adequadamente o cronograma de
atividades, que o norteará e evitará os erros. A seguir, são apresentadas algumas atividades gerais, que
podem ser aprofundadas e estudadas detalhadamente em cada projeto em específico.
Conheça, a seguir, as etapas práticas e de desenvolvimento a respeito da confecção de protótipos:
a) testes dos circuitos em bancada;
b) desenvolvimento do leiaute da placa eletrônica;
c) confecção da placa eletrônica;
d) montagem de componentes na placa eletrônica.
A proposta do item (a) ajuda a antever erros e falhas que não foram observados no dimensionamento e
simulação. Uma maneira coerente para amenizar os defeitos de projeto em uma placa de circuito eletrônica
é a realização de testes em bancada, de modo a validar os circuitos que foram projetados e simulados em
computador.
Agora, conheça as duas técnicas que permitem os circuitos ou subcircuitos serem desenvolvidos,
montados e testados em bancada para uma validação real, antes de realizar a etapa de confecção dos
circuitos. A mais utilizada é o teste de circuitos em protoboard (matriz de contato), e a outra técnica é a
chamada wire wrapping, menos usada devido à menor praticidade.
O item (b) trata da prototipagem em que é preciso realizar o desenvolvimento do leiaute do circuito
eletrônico, que é elaborado com a utilização de um software (CAD eletrônico) para o projeto de leiautes
eletrônicos, como os apresentados anteriormente.
iStock ([20--?])
Figura 186 - Luva, jaleco e óculos de proteção
b) Recursos de iluminação
Trabalhar com eletrônica requer muita atenção, especialmente quando os componentes são minúsculos.
Essa é uma atividade constante e de tempo prolongado que requer muito esforço visual e uma iluminação
adequada é essencial.
No Brasil, existe a norma NR5413, de 1992, que trata dos valores recomendados de iluminação para
diversos ambientes, incluindo a indústria e serviços laboratoriais. Além da iluminação ambiente, é possível
utilizar luminárias e lupas que são instaladas diretamente nas bancadas de trabalho.
iStock ([20--?])
A figura anterior mostra um modelo de luminária que contém lupa flexível, sendo utilizada em
laboratório de eletrônica.
O exaustor de fumaça deve sugar e filtrar a fumaça antes de lançá-la novamente ao ambiente. Esta
filtragem é realizada por filtros de espuma de uretano, que possui carbono ativado para absorção.
Um ambiente limpo, seguro e com boa iluminação apresenta as condições ideais, pois auxiliam na
realização eficiente de uma tarefa, na qualidade do serviço realizado e na qualidade de vida do colaborador.
Outro fator importante que agrega nos resultados são as ferramentas disponíveis para o trabalho, pois,
em eletrônica, existem muitas ferramentas que são específicas para montagem e manutenção de circuitos.
É muito difícil realizar a solda de componentes em uma placa eletrônica sem um aparelho de solda que não
possua as ponteiras adequadas para o serviço, ou sem um suporte de placa que permite a flexibilidade no
momento da montagem.
Existem ferramentas que podem ser essenciais dependendo do tipo de processo que está sendo
realizado, seja na fabricação de uma placa padrão ou na montagem de um circuito SMD. Algumas das
principais ferramentas serão apresentadas nesta seção, para que você conheça as características, limitações
e a forma correta de manuseio de cada uma delas. Além disso, é importante estar ciente das necessidades
em realizar as atividades com capricho e cuidado, prezando sempre pela limpeza e pelo armazenamento
correto dessas ferramentas e equipamentos. Essa prática aumenta a vida útil dos equipamentos e
ferramentas, afinal a sujeira e a falta de cuidado podem tornar obsoletas as ferramentas em um período
curto de tempo.
d) Manta antiestática
A manta estática é utilizada para evitar excesso de descargas eletrostáticas nos componentes eletrônicos.
Esta manta possui um fio de aterramento que é ligado ao sinal do terra da instalação elétrica do laboratório.
Além disso, tem-se a pulseira antiestática, que é conectada no braço do técnico.
Saiba que alguns objetos que não são metálicos também acumulam carga eletrostática, devido ao
potencial elétrico ao seu entorno. Portanto, é necessário que os componentes que são sensíveis a descargas
eletrostáticas sejam colocados sobre a manta, na superfície da bancada.
e) Alicates
O alicate de bico e o de corte lateral são de uso geral, bastante empregados em eletrônica. Eles são ideais
para decapar, cortar e manipular fios condutores e outras peças que precisam ser encaixadas ou soldadas
nas placas eletrônicas ou suportes. Além desses modelos, tem-se os alicates de pressão e o crimpador, que
são interessantes para prensar terminais em cabos e fios condutores. A próxima figura apresenta alguns
tipos de alicates existentes.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
Existem ainda alicates específicos para certos tipos de terminais ou conexões, como conectores de
energia solar ou para conectores de cabo de rede. A diversidade é grande e é bem provável que seja
necessário possuir essas ferramentas quando se trabalha com tipos de componentes e soluções específicas.
f ) Chaves
Em circuitos eletrônicos, é comum a utilização de parafusos para fixação das placas eletrônicas, como a
fixação de dissipadores em componentes, de conectores e outros acessórios. Alguns equipamentos usam
outros tipos de chaves específicas, devido ao difícil acesso aos circuitos e componentes eletrônicos em
um equipamento. Contudo, as mais utilizadas são as clássicas (sem isolamento), como a chave de fenda e
a Philips, porém também é possível o uso de chaves torx e canhão, como já foram apresentados na seção
anterior.
O uso de chaves que possuem haste isolada é interessante em aplicações elétricas e eletrônicas, porque
podem reduzir o risco de curtos-circuitos relacionados ao contato indevido da parte metálica da chave
com setores do circuito onde existe uma densidade grande de componentes, dissipadores, conectores e
outros elementos que podem estar energizados.
Chave com ponta magnética é outra característica interessante para aplicação em eletrônica, porque
os parafusos, muitas vezes, estão localizados em lugares de difícil acesso ou em setores que possuem
componentes sensíveis, que podem se danificar com a inserção inadequada de alicates ou até mesmo da
mão. Na próxima figura, você terá a oportunidade de conhecer alguns tipos de chaves de aperto.
Chaves de pontas diversas Chaves de cabeça rotativa (precisão ou multifuncionais) Chave de catraca (bits e soquetes)
Existe uma norma técnica da ABNT - NBR 14986, atualizada no ano de 2015, que especifica as formas
e dimensões de chaves de fenda, além de estabelecer os requisitos de fabricação e ensaios mínimos que
devem ser utilizados para fabricação destas ferramentas.
g) Pinças
Os projetos de circuitos eletrônicos que possuem componentes muitos pequenos requerem meios de
manuseá-los adequadamente, especialmente os componentes de tecnologia SMD, em que o uso da pinça
é essencial.
A variedade de tipos, tamanhos e formatos das pinças é grande em eletrônica. É comum a utilização das
pinças fabricadas com material magnético antiestático apresentadas na figura anterior.
h) Estações de solda e ponteiras
Aparelhos que permitem a solda de componentes certamente são os equipamentos que mais
caracterizam um laboratório de eletrônica. A variedade de tipos e opções existentes é enorme e os preços
variam conforme a qualidade e utilidade dos equipamentos, o que não torna a escolha do modelo algo tão
simples.
Existem aparelhos de solda que são conectados diretamente na tomada da rede elétrica, sem a
possibilidade de qualquer ajuste de temperatura. Este tipo de equipamento tem um custo acessível e
pode ser interessante para muitas situações, como a solda de um condutor ou até mesmo para soldar
componentes eletrônicos, por exemplo, um resistor PTH.
Contudo, para aplicações mais sensíveis, como a soldagem manual de componentes SMD, é preciso
utilizar estações de solda, que possuam controle de temperatura, porque os componentes eletrônicos,
especialmente circuitos integrados de baixa tensão, possuem limites térmicos que precisam ser respeitados
durante o processo de montagem. Esses limites geralmente são informados nos catálogos técnicos dos
próprios componentes.
A figura, à direita, mostra uma estação de solda com suporte e a da esquerda, um aparelho de solda
tradicional.
iStock ([20--?]), Ana Cristina de Borba (2016)
Existem muitos critérios que envolvem a escolha de um modelo de estação de solda para um laboratório.
Conheça alguns a seguir:
a) tensão de entrada;
b) potência;
c) faixa de temperatura;
d) tipos de ponteiras;
e) classe de proteção;
f ) selo do Inmetro.
A diversidade de ponteiras utilizadas para soldagem em circuitos eletrônicos é ampla e a escolha
depende da aplicação. Por exemplo, para soldagem de componentes mais delicados, é preciso utilizar
pontas mais finas. Existem pontas do tipo fenda (normal, chanfrada, redonda, longa etc.), tipo cônica
(normal, longa etc.) e tipo superfinas para trabalhos delicados realizados com o auxílio de microscópio.
A Ponta Fenda
C
R
A
Ponta Fenda Longa
B
C
A
Ponta Cônica
C
Ana Cristina de Borba (2016)
A
Ponta Cônica Longa
B
C
Figura 194 - Pontas comuns para ferro de solda
Fonte: adaptado de Apex Tool Group (2011)
Para soldagem de componentes SMD, são utilizadas pontas finas tipo cônicas. As ponteiras mais
grossas, especialmente do tipo fenda, são excelentes para soldagem de conectores, fios condutores, alguns
componentes PTH e componentes de maior potência.
i) Sugadores de solda
Os sugadores de solda são equipamentos para remover a solda de componentes eletrônicos. Os mais
comuns são compostos por um sistema de mola, e precisam ser rearmados manualmente cada vez que for
utilizado. Este tipo de sugador necessita do auxílio do aparelho de solda para derreter o estanho que se
deseja remover. A figura, a seguir, exemplifica a ferramenta de sucção manual.
Existem ponteiras de estação de solda que integram o sistema de sucção a uma ponteira de solda, cuja
função principal é aquecer e remover a solda dos componentes com uma única ponteira. Estes sistemas
integrados são mais sofisticados e requerem uma estação de solda com bomba de vácuo integrada.
j) Solda de estanho
A soldagem de estanho é realizada para unir dois pontos metálicos através do derretimento de uma
liga metálica sobre os pontos que se deseja conectar, como placas e componentes eletrônicos. É possível
encontrar várias ligas de estanho compostas de chumbo para aumentar o ponto de fusão da solda, pois
quanto maior a porcentagem de chumbo na liga, maior será o ponto de fusão da solda. As ligas mais
comuns e utilizadas em eletrônica são:
a) composição de 63% de estanho (Sn) e 37% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 183°C.
A cor do carretel é laranja;
b) composição de 60% de estanho (Sn) e 40% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 189°C.
A cor do carretel é azul;
c) composição de 50% de estanho (Sn) e 50% de chumbo (Pb): ponto de fusão em torno de 212°C.
A cor do carretel é amarelo;
d) composição de 40% de estanho (Sn) e 60% de chumbo (Pb): temperatura de fusão em torno
de 235°C. A cor do carretel é verde. Utilizada em aplicações mais pesadas, que possuam vibração
mecânica.
A próxima figura apresenta um tipo de carretel de solda de fio utilizado em eletrônica. As ligas de
estanho e chumbo mais utilizadas em circuitos eletrônicos são as que possuem ponto de fusão menores.
Tipicamente são utilizadas soldas de carretel laranja (183°C) ou azul (189°C).
iStock ([20--?])
Figura 196 - Rolo de solda de estanho
Existem outros tipos de solda que não utilizam chumbo em sua composição, a chamada soldagem
Lead-Free (livre de chumbo). Os processos industriais que envolvem chumbo são muito agressivos ao meio
ambiente. Em decorrência disso, os países da União Europeia impõem sérias limitações a produtos que
utilizam uma quantidade muito elevada de chumbo.
As ligas de solda lead-free utilizam outros materiais (cobre, bismuto, zinco, pratas, entre outros) no lugar
do chumbo para alcançar propriedades físicas adequadas para a solda utilizada em circuitos eletrônicos.
k) Sopradores térmicos
Os sopradores de ar quente são muito úteis para auxiliar a montagem e manutenção de circuitos
eletrônicos. Eles são essenciais para isolação de condutores e conectores através do uso de termo retráteis,
colagem e remoção de adesivos, para moldar peças plásticas, e, alguns tipos especiais, para remoção de
componentes que possuem encapsulamento SMD, do tipo SOIC, QFP e outros, cujos pinos elétricos estão
localizados em partes que não são de fácil acesso para ponteiras de solda.
iStock ([20--?])
Normalmente, os sopradores utilizados para cabeamento e outros trabalhos mais robustos são do tipo
apresentado na figura anterior. Também existem modelos portáteis ou fixos, para facilitar trabalhos em
bancada.
A figura, a seguir, mostra uma ponteira de soprador utilizada em aparelho de solda com sistema de ar
quente.
iStock ([20--?])
Figura 198 - Ponteira de ar quente
O modelo apresentado na figura à direita é uma solução de suporte que utiliza garras de fixação. Ela é
útil para trabalhar com placas menores que precisam de serviços mais delicados. Alguns modelos incluem
lupas de aumento, como mostra a figura, à direita.
m) Cadinho de solda
O cadinho de solda é um equipamento utilizado em laboratório de eletrônica especialmente para
soldagem de terminais elétricos. É utilizado para componentes que possuem condutores de bitolas
maiores ou constituído de um ou mais fios de cobre envernizado, que é o caso comum de transformadores
e indutores.
Este equipamento é constituído de um recipiente que é aquecido eletricamente. A liga de solda desejada
deve ser despejada neste recipiente onde será derretida. Quando aquecido na temperatura programada, o
terminal ou condutor é inserido neste recipiente para que o processo de soldagem seja realizado.
Existem barras de estanho específicas para o uso em cadinhos, normalmente estas são mais baratas que
os rolos de fio de solda com a mesma composição. A figura, a seguir, mostra um modelo de cadinho para
serviços em bancada.
Existem cadinhos cuja capacidade é ainda maior, e são utilizados para soldagem de vários componentes.
No entanto, os tipos maiores consomem mais energia e geralmente são usados na indústria.
n) Furadeiras e microrretíficas
Furar, cortar e polir são funções presentes em eletrônica, especialmente quando se trata de uma
fabricação manual de placa de circuito impresso pelo uso de placa padrão ou perfurada, e, em processos
de prototipagem e adequações mecânicas que antecedem produções em alta escala.
iStock ([20--?])
Figura 201 - Furadeira e microrretífica manual
Existem furadeiras e retíficas pequenas que podem ser usadas em bancadas e que possuem uma
variedade de acessórios úteis para a realização dos trabalhos.
o) Prototipadoras
As prototipadoras são equipamentos portáteis utilizados em laboratórios de eletrônica, que tem por
finalidade a fabricação de protótipos de placas de circuito impresso (PCI), utilizando placas padrão. Uma
placa padrão geralmente é de fenolite, que é revestida inteiramente com uma camada de cobre em um ou
nos dois lados. O processo de criação das trilhas e circuitos normalmente é feito através de ferramentas de
fresagem que remove o cobre nos setores especificados.
iStock ([20--?])
O processo é controlado por um computador onde as informações do circuito são carregadas através
de um software próprio. A figura anterior mostra um exemplo de um equipamento de prototipagem de
laboratório. Com essas máquinas, chamadas de Pick and Place (máquina para inserção de componentes), é
possível inserir várias dezenas de componentes na placa eletrônica em um único segundo.
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b) exatidão das grandezas: considerando medições dentro da escala determinada pelo instrumento,
um multímetro garante um resultado numérico com um erro máximo informado pelo fabricante.
Bons multímetros convencionais possuem precisão em torno de 1 a 3%. No entanto, existem instru-
mentos com precisão elevada (por exemplo, 0,2%), porém, tratam-se de equipamentos mais caros;
c) classe de segurança: as classes de categoria (CAT) I, II, III ou IV são utilizadas em baixas tensões, caso
comum em laboratório de eletrônica, porém, os equipamentos que possuem classe CAT II são sufi-
cientes para a maioria das aplicações.
Uma característica peculiar que precisa ser observada em um multímetro é a capacidade de medição
de tensão e corrente eficaz de um sinal alternado. Existem modelos que são capazes de medir somente
valores eficazes de sinais puramente senoidais, a medição do valor médio de um sinal alternado quadrado
ou de uma onda pulsante será mensurado com equívoco. Para medição de sinais eficazes de outros tipos
de sinais alternados, é preciso que o equipamento possua a função True-RMS (valor real da raiz média
quadrada).
No quadro, a seguir, observe uma comparação entre um instrumento capaz de medir a resposta de um
sinal por meio da resposta média e outro capaz de medir o valor RMS. O instrumento com função de leitura
True-RMS permite uma previsão de leitura maior para vários padrões de formas de onda.
Resposta para onda Resposta para onda Resposta para retificador Resposta para retificador
senoidal quadrada de diodo monofásico de diodo trifásico
Tipo de multímetro
As ponteiras dos multímetros possuem limites de tensão e corrente que precisam ser verificados nos
seus respectivos manuais. Existem ponteiras especiais que podem ser utilizadas em níveis de tensões
maiores e devem ser compatíveis com o modelo do equipamento. Também existem ponteiras específicas
para medições de outras grandezas, por exemplo, ponteiras para medição de corrente, medição de
temperatura, entre outras.
Os tipos de ponteiras compatíveis com um instrumento são expressos em seus manuais técnicos, os
quais geralmente são disponibilizados na internet. O que é sempre uma vantagem para aqueles que
desejam realizar uma pesquisa comparativa entre modelos de instrumentos antes de decidir pelo modelo
para uma futura aquisição.
b) Osciloscópio
O osciloscópio é instrumento essencial em um laboratório de eletrônica. A variedade de modelos e
acessórios deste equipamento de medição é imensa, existindo modelos de bancada ou portáteis, com
níveis de precisão e faixas de operação bastante distintas. Veja, a seguir, um modelo de osciloscópio.
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Figura 204 - Osciloscópio digital
O osciloscópio realiza a medição dos sinais elétricos através de ponteiras e permite a visualização gráfica
dos sinais elétricos ao longo do tempo por meio de uma tela gráfica de duas dimensões (plano horizontal
e vertical). O plano vertical representa a amplitude instantânea do sinal medido, podendo ser um valor de
tensão ou de corrente elétrica; e o plano horizontal representa a linha do tempo. A figura, a seguir, mostra
um exemplo da visualização de um sinal medido em um osciloscópio.
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A leitura de valores instantâneos ao longo do tempo aumenta a capacidade de análises técnicas, que
podem ser realizadas a respeito do comportamento de um circuito eletrônico. Com a utilização de um
osciloscópio, é possível verificar:
a) o padrão do sinal mensurado através de seus valores instantâneos;
b) verificação de ruídos e oscilações no sinal;
c) verificação da frequência de sinais periódicos;
d) comparação de sinais;
e) estudo do acoplamento CC e CA de um sinal.
Para a utilização de um osciloscópio, é preciso estar ciente das características do instrumento e de suas
limitações. Leia o quadro, a seguir, para conhecer as principais delas.
FUNÇÃO DESCRIÇÃO
O número de canais está relacionado ao número de sinais que podem ser processados e visualizados
Quantidade de canais.
simultaneamente na tela gráfico do instrumento.
Há equipamentos que possuem canais isolados, outros, porém compartilham um canal com a mesma
Isolação dos canais. referência, ou seja, são equipamentos com entradas não isoladas. Deve-se evitar a utilização de diferentes
sinais de referência em osciloscópios com canais não isolados, por isso pode danificar o equipamento.
É a frequência máxima que pode ser analisada pelo instrumento. O valor desta grandeza pode variar
Largura de banda
entre 20 a 100 Mhz em osciloscópios convencionais, porém pode ultrapassar a ordem de Ghz para
(Bandwidth).
equipamentos mais sofisticados (e mais caros).
Frequência de
Representa o número de amostras que são digitalizadas por segundo. Esse valor é geralmente expresso
amostragem
em amostras por segundo, Mega amostras por segundo (MS/s) ou Giga amostras por segundo (GS/s).
(Sample Rate).
Quadro 37 - Funções básicas de um osciloscópio
Fonte: SENAI (2016)
Assim como as ponteiras de multímetros, é preciso verificar os níveis de isolação das ponteiras dos
osciloscópios. Os equipamentos possuem também limites que precisam ser verificados e respeitados.
Além disso, existem ponteiras específicas para medição de corrente elétrica, que costumam utilizar
o princípio do efeito hall para medição instantânea dos valores de intensidade de corrente elétrica. Os
modelos de ponteiras compatíveis com cada osciloscópio são apresentados nos manuais dos equipamentos
ou na página da internet do fabricante.
c) Fonte de alimentação
As fontes de alimentação controladas são indispensáveis e muito flexíveis para testes de circuitos
eletrônicos, porque permitem o ajuste dos níveis de tensão e corrente conforme a necessidade de cada
projeto. Exemplificando este caso, uma fonte controlada de tensão de 0 a 30 V, com corrente máxima de
3 A, pode ser utilizada no teste de um circuito que necessita de uma alimentação em corrente contínua
de 15 V/2 A, como também em um circuito que necessita uma alimentação de 24 V/1 A. Caso contrário,
seria necessário projetar uma fonte de alimentação específica para cada caso somente para realização dos
testes.
Os tipos de fontes de laboratório variam bastante, especialmente conforme a potência e níveis de
tensão e corrente requeridos na saída do equipamento. Existem fontes específicas para utilização em
corrente contínua ou corrente alternada, assim como há modelos que possibilitam utilizar as duas formas
de onda. Uma fonte de alimentação de corrente contínua é apresentada na figura a seguir.
As características usuais que precisam ser avaliadas a respeito de fontes de alimentação são apresentadas
a seguir:
a) potência de entrada e saída;
b) tensão e corrente de entrada;
c) ajuste de tensão de saída;
d) proteção de sobrecarga;
e) proteção de curto-circuito.
Um ponto positivo relevante a respeito da utilização de fontes controláveis em laboratório é a proteção
contra curto-circuito, que é uma característica que estes dispositivos costumam possuir. Isso é importante
para o teste de circuitos que estão sendo alimentados pela primeira vez. Afinal, sempre existe o risco de
o circuito possuir defeitos relativos ao projeto, a falhas de fabricação ou à utilização de componentes
defeituosos.
d) Gerador de sinais
Os geradores de sinais, também conhecidos por geradores de funções, são fontes que geram sinais
periódicos contínuos cujos parâmetros podem ser configurados. Este equipamento é muito utilizado para
calibração de equipamentos, para injeção de sinais em circuitos, simulação de circuitos de sinais periódicos
(sinais PWM, por exemplo), testes de filtros, entre outras aplicações que são interessantes para teste e
manutenção de circuitos eletrônicos. A próxima figura apresenta um modelo deste equipamento.
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Figura 207 - Gerador de sinais (gerador de funções)
As formas de ondas dos sinais gerados podem ser do tipo senoidal, quadrada ou triangular e dente de
serra. Geralmente, estas quatro formas básicas são encontradas na maioria dos modelos de geradores de
funções, conforme mostra a figura a seguir.
t (s) t (s)
um ciclo um ciclo
t (s) t (s)
um ciclo
um ciclo
O equipamento permite o ajuste dos parâmetros destes sinais, em que é possível variar a frequência do
sinal, a amplitude do sinal, o nível de offset DC (um componente de corrente contínua adicionada ao sinal),
razão cíclica, entre outras características que variam conforme as funções do equipamento. Na próxima
figura, você conhecerá um modelo básico de gerador de sinais que apresenta as funções essenciais destes
equipamentos.
O quadro, a seguir, apresenta a descrição dos pontos destacados na figura anterior. Acompanhe.
PONTOS DESCRIÇÃO
B Ajuste da frequência do sinal: em geral o valor máximo de frequência é em torno de dezenas de Mega Hertz (MHz).
Ajuste da amplitude do sinal: em geral o valor máximo de tensão de pico é em torno de 10 a 15 V, podendo ser maior, de-
C
pendendo do equipamento.
Os modelos mais recentes possuem telas coloridas com menus que podem ser selecionados na própria
tela (função touch-screen) e funções que podem ir muito além das básicas apresentadas até aqui. Alguns
modelos permitem a criação de um sinal periódico, próprio de saída e configurações on-line com rede de
computadores e internet. No entanto, as principais características técnicas do equipamento que precisam
ser observadas são:
a) quantidade de saídas: elas podem ser independentes ou não;
Outro exemplo é a necessidade da utilização de instrumentos mais sensíveis para observar parâmetros
que os instrumentos convencionais, como multímetros, não podem mensurar ou não possuem a exatidão
necessária para mensurar a grandeza em questão. Um exemplo prático disso é a mensuração dos parâmetros
de transformadores ou de indutores que são utilizados em fontes chaveadas, para medição dos dados de
indutância, perdas e a qualidade destes componentes, existem instrumentos de precisão conhecidos como
Medidores RLC (Precision LCR Meter). A figura, a seguir, apresenta um tipo deste instrumento de medição.
FUNC RANGE
Por fim, um laboratório de eletrônica pode ter a necessidade de equipamentos relacionados a tantos
outros fatores: análises de emissão e transmissão de ondas eletromagnéticas, medidores de ruídos sonoros
e iluminação, entre outros. Essa necessidade depende das finalidades e das normas que os circuitos
projetados precisam atender.
Nesta seção, serão apresentadas algumas técnicas de soldagem e cuidados que são importantes na
montagem e na manutenção de circuitos eletrônicos.
PONTEIRAS APROPRIADAS
Existem muitos modelos de estações e aparelhos de solda com diferentes tipos e qualidades de ponteiras
que podem ser utilizados em eletrônica, conforme visto anteriormente. É necessário saber escolher quais
são as mais adequadas para uma situação específica.
Duas importantes características precisam ser consideradas durante a soldagem de componentes
eletrônicos, especialmente os mais delicados, como circuitos integrados e de tecnologia SMD. Em primeiro
lugar, os componentes eletrônicos possuem faixas de temperatura para soldagens bastante distintas que
dependem de cada tipo de componente e tecnologia adotada. É preciso, portanto, respeitar essa faixa de
temperatura para não queimar o componente. Em segundo lugar, respeitando-se as faixas de temperatura,
quanto maior a temperatura da ponteira, menor é o tempo que o ferro de solda pode ficar em contato com
o componente, de modo a evitar que este seja danificado por sobretemperatura.
Existe uma infinidade de ponteiras que possuem um preço acessível e cuja potência é limitada, em torno
de 20 W e 40 W. Contudo, esse tipo de ferro de solda costuma levar mais tempo para aquecer os terminais
dos componentes e da placa, aumentando o risco de danificar os componentes com sobreaquecimento. A
qualidade do material do ferro de solda também é um fator importante, porque determina a capacidade
de transferência de calor para o terminal do componente.
Com a temperatura estabilizada, mantenha o ferro de solda limpo. Utilize a esponja de estação de
solda para remover o excesso de oxidação da ponteira. Também é possível utilizar pasta (fluxo) de solda
para auxiliar o procedimento. Não utilize materiais abrasivos para limpar a ponteira, pois eles geralmente
danificam o ferro de solda.
Além de manter limpa, é importante também manter sempre a ponta do ferro de solda estanhada. Faça
isso periodicamente, pois auxilia na transferência de calor durante a soldagem, tornando-a mais rápida,
assim como também preserva a ponteira contra os efeitos da oxidação.
Na próxima figura, veja como é realizada a limpeza da ponteira de solda com auxílio de pasta térmica.
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Por fim, a limpeza da placa de circuito eletrônico também é essencial, especialmente nas ilhas onde
será realizada a soldagem. As impurezas e a oxidação prejudicam a qualidade da solda. Isso pode ser feito
utilizando pincel antiestático e álcool isopropilico.
A qualidade do processo de montagem está associada à limpeza em qualquer das etapas. Por isso,
tenha essa prática como uma necessidade básica em qualquer procedimento.
Em segundo lugar, é feita a preparação dos terminais com a utilização de pinças ou alicates. Dobre os
terminais dos componentes conforme as dimensões dos furos nos quais o componente será encaixado.
Os terminais não devem sofrer excessiva pressão das ferramentas durante a dobragem, esta ação pode
danificá-los.
Componentes axiais, como resistores e diodos, que são componentes bastante comuns em circuitos
eletrônicos, podem ser dobrados e encaixados conforme os procedimentos apresentados na figura a
seguir. O mesmo procedimento pode ser feito para outros componentes similares, e, também, para alguns
tipos de capacitores.
Para que os componentes permaneçam no local onde foram posicionados, pode-se, no lado inferior da
placa, entortar levemente o terminal de modo que este não saia da posição ou não venha a cair da placa.
Resistor PTH
Em terceiro lugar, com a placa posicionada com lado inferior para cima, utilizando a ponteira de solda,
pressione levemente o terminal do componente contra a parede da ilha de modo que ele fique na posição
invertida e o calor seja transferido para o terminal. É importante que a ponteira esteja levemente untada de
estanho, conforme foi mencionado no procedimento anterior, isso aumentará a velocidade da transferência
de calor entre a ponteira e o componente. Na sequência, visualize este processo.
Ellen Cristina Ferreira (2016)
Em quarto lugar, aplique a solda diretamente sobre o terminal do componente, conforme você verá
na próxima figura. Faça isso levemente até a solda derreter e se espalhar por todo o terminal. Se ela não
derreter, remova a solda, e pré-aqueça novamente o terminal do componente e tente outra vez.
Evite o excesso ou a escassez de solda no terminal.
Em quinto lugar, aguarde o tempo necessário para a solda esfriar naturalmente e corte os terminais com
a utilização de alicate de corte. Não jogue líquidos e não assopre sobre os terminais pré-aquecidos, isso
pode causar rachaduras ou mau contatos entre o terminal do componente e a ilha da furação, a chamada
solda-fria.
Em sexto lugar, corte os terminais do componente com o uso de alicate de corte. Faça o corte rente à
borda, pois isso evita os riscos de curto-circuito devido o contato com a carcaça ou outros componentes
que podem ficar instalados próximos dos terminais da placa. Isso também evita o acúmulo de sujeiras ou
pingos de solda que também podem ocasionar curtos-circuitos ou fugas.
A figura, a seguir, mostra o corte dos terminais de um resistor PTH.
Ellen Cristina Ferreira (2016)
Não é preciso cortar os terminais de circuitos integrados ou conectores, estes componentes possuem os
terminais com tamanho adequado para soldagem em placas eletrônicas.
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Em seguida, ainda com o auxílio da pinça, você deve manter o componente firme na posição e aquecer
o terminal que possui o pingo de solda para fixação do componente. Na sequência, é possível remover a
pinça, pois o componente já estará fixado por um ponto podendo soldar os demais pinos. Evite manter a
ponteira muito tempo sobre o componente.
Siga o mesmo procedimento de solda realizado em componentes PTH. Primeiro aqueça o terminal do
componente para, em seguida, inserir a solda sobre o pino e a trilha do componente até que a solda derreta
e se espalhe por toda a trilha. A próxima figura apresenta a realização deste procedimento. Observe.
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Outra forma de inserir componentes SMD na placa de circuito impresso, especialmente circuitos
integrados, é através da utilização de ponteiras de ar quente. O procedimento deve ser realizado com
cuidado e rapidez, porque o excesso de calor pode danificar os componentes. Conheça o passo a passo:
a) primeiramente aplique pasta de solda sobre as ilhas do componente que será soldado e aplique
levemente a solda sobre as trilhas;
b) insira o componente na placa na posição adequada;
c) direcione o ar quente sobre os terminais do componente SMD;
d) remova o ar quente e aguarde a placa esfriar;
e) realize a limpeza da placa com álcool isopropílico.
Agora, visualize a figura que demonstra este processo.
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Na indústria, para montagem em série de placas de circuitos com tecnologia SMD, utilizam-se as máquinas
conhecidas como Pick and Place. São máquinas de alta velocidade que podem inserir componentes com
precisão.
REMOÇÃO DE COMPONENTES
Durante a montagem e soldagem dos componentes podem, ocorrer equívocos. Um resistor, por exemplo,
pode ser inserido e soldado na posição errada, ou um circuito integrado ter sua posição invertida. Quando
isso ocorre, e é identificado, deve-se remover o componente do circuito e refazer a inserção utilizando
o componente adequado. A remoção dos componentes também é comum durante a manutenção de
circuitos eletrônicos, uma vez que os componentes queimados ou danificados precisam ser substituídos.
A remoção de componentes em uma placa eletrônica é uma ação delicada que possui um risco elevado
de danificar a placa de circuito eletrônico, especialmente em regiões que possuem trilhas e ilhas mais finas.
No primeiro caso, para remover os componentes de tecnologia PTH da placa de circuito, é comum
utilizar o sugador de solda, conforme apresenta a figura a seguir. Insere-se primeiro a ponteira de solda
sobre um dos terminais do componente para derreter a solda, em seguida, posiciona-se o sugador sobre o
ponto aquecido para removê-la. Deve-se fazer esse procedimento para todos os terminais do componente.
O uso de temperaturas muito elevadas aumenta o risco de remoção de trilhas e ilhas da placa.
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Figura 220 - Remoção de solda com sugador
No segundo caso, para remoção de componentes de tecnologia SMD, existe uma solda especial
conhecida como salva-chip. Trata-se de uma liga de baixa temperatura de fusão que se mantém derretida
por mais tempo. Para uso, basta aplicá-la com o auxílio do ferro de solda sobre todos os terminais do
componente. Em seguida, você deve remover o componente rapidamente com a utilização de uma pinça.
Na sequência, é preciso retirar os resquícios de solda, de baixa fusão, que ficaram nos terminais da placa.
Para isso, utilize a fita (ou malha) dessoldadora. Por fim, o novo componente deve ser soldado com a solda
adequada para fixação.
Outra forma de remover componentes SMD é com a utilização de sopradores térmicos. O processo é
similar ao anterior, com a utilização de sopradores no lugar da solda de baixa fusão. Para situações em geral,
evite temperaturas maiores que 400°C. Também é preciso ter cuidado com os componentes da vizinhança,
ou seja, se a velocidade do jato de ar estiver muito forte, poderá remover ou danificar outros componentes
que estão localizados próximos ao componente que se deseja remover.
Esta seção pode ser considerada um passo intermediário entre o desenvolvimento dos esquemáticos e
leiautes dos circuitos eletrônicos, além da confecção das placas de circuito impresso. Trata-se de técnicas
de testes de circuitos que são realizadas em bancada para validação de componentes e dos circuitos
desenvolvidos cujo funcionamento, embora possa ter sido simulado em computador, ainda não foi
averiguado na prática. A montagem de circuitos eletrônicos em protoboard e através de wire wrapping são
duas técnicas que serão apresentadas nesta seção.
Estas duas práticas, possuem suas próprias limitações, mas são aplicáveis a uma grande variedade de
circuitos e componentes, os quais podem ser testados e averiguados antes de ser confeccionados. Essa
etapa auxilia na identificação de erros de projetos que podem ser corrigidos sem consumir muito esforço
e custo, diminuindo os riscos relativos ao funcionamento dos protótipos confeccionados posteriormente.
iStock ([20--?])
Existem diversos tamanhos e modelos de protoboards, contudo, a estrutura padrão é formada por
uma placa, normalmente de material plástico, que possui orifícios distribuídos de forma matricial onde
são espetados os componentes eletrônicos. Internamente existem ligações elétricas que interligam esses
orifícios. Existem essencialmente dois modelos bastante utilizados: de 300 e de 400 pinos. A figura, a seguir,
apresenta as ligações internas destes dois modelos. Há ligações internas na vertical (em verde na figura)
formando linhas de condução que possuem vários pinos. Assim como há linhas na horizontal (em azul e
vermelho na figura) que interligam os pinos das bordas, no caso da versão de protoboard de 400 pinos.
Geralmente, estas linhas horizontais são utilizadas para alimentação, sinal positivo e negativo.
1
7408
3
Saída
Ana Cristina de Borba (2016)
7432
1
7486
2
Figura 223 - Exemplo de circuito lógico
Fonte: Nelson et al. (1995)
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
GND GND
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
GND GND
Traçadas as linhas com o mouse, pode-se então pressionar o botão ON, no canto superior esquerdo da
tela, que é responsável por iniciar a simulação. As chaves 1, 2 e 3 podem ser ligadas ou desligadas com
um clique do mouse sobre elas. A saída do circuito é ligada no LED 3. Veja o funcionamento do circuito de
acordo com o quadro apresentado, a seguir.
1 2 3 SAÍDA
0 0 0
0 0 1
0 1 0
0 1 1
1 0 0
1 0 1
1 1 0
1 1 1
A simulação de circuitos analógicos também pode ser realizada com a utilização de protoboard: circuitos
com resistores, diodos e circuitos integrados que possuem tecnologias PTH. O protoboard se mostra uma
ferramenta flexível para o teste de muitos circuitos, seu tamanho pode inclusive, em alguns modelos, ser
expandido por meio de encaixe mecânico lateral, que permite a fixação de outros protoboards, conforme
mostra a próxima figura.
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Figura 225 - Protoboards encaixados
Outra função importante de um protoboard é servir como ferramenta de auxílio de testes de outros
circuitos. Alguns kits didáticos eletrônicos incluem protoboards para auxiliar no uso do material. A figura, a
seguir, apresenta um kit de microcontrolador sendo testado com a ajuda de um protoboard.
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Os protoboards podem auxiliar em muitas tarefas, no entanto, é preciso conhecer as suas limitações.
Nem todo tipo de circuito funciona adequadamente quando montado em protoboard. Isso se deve a
fatores como a resistência de contato entre os componentes, que tende a ser elevada, devido ao fato de
ser realizada somente por meio de encaixe sem solda. Esta questão será ainda mais crítica se for maior a
quantidade de ligações que o circuito possuir, correspondendo em maior valor da perda elétrica total.
Para circuitos muito sensíveis ou com muitas ligações, isso pode ser uma fonte de ruídos e perdas
excessivas que afetam as características do circuito testado. Outro fator limitante relativo à conexão elétrica
é a capacitância de contato entre as trilhas interna do protoboard e os contatos elétricos dos componentes.
Essa capacitância atua como um filtro de altas frequências, limitando o uso do protoboard a baixas
frequências, normalmente menores que 10 MHz. Por fim, protoboards possuem limites de corrente e tensão
elétrica que precisam ser respeitados.
WIRE WRAPPING
Esta é uma técnica que permite a criação de circuitos eletrônicos sem a utilização de solda. A conexão
é realizada através do enrolamento do fio sobre os terminais do componente. Esta técnica é bastante útil
especialmente onde a necessidade de alterar ligações possa ser frequente e o uso de aparelho de solda
torna o trabalho ineficiente devido à falta de conexão de energia para estes equipamentos. Por esses
fatores, é comum o emprego desta técnica em aplicações de telefonia e telecomunicações.
A ferramenta utilizada para realizar este procedimento é conhecida como Wire Wrapping Tool (algo como
ferramenta de enrolar). Na ponta, existe um orifício onde o conector sem isolação é inserido, conforme
você verá na próxima figura.
Os fios utilizados, geralmente, possuem seção fina, os quais são bastante empregados em aplicações
e circuitos eletrônicos, seja para conexão ou fabricação de circuito em placas perfuradas, e podem ser
encontrados com diversas cores de isolação. Estes fios condutores são vendidos em rolos, similares aos
rolos de solda de estanho, conforme mostra a figura a seguir.
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Os fios condutores AWG24 até AWG30 (padrão AWG9) são do tipo rígido e utilizados em eletrônica, pois
garantem adequada estabilidade, tensão mecânica e podem conduzir correntes dentro dos limites que os
circuitos eletrônicos em geral necessitam.
Para criar um circuito utilizando a técnica de wire wrapping, é possível usar placas perfuradas, onde os
componentes são apenas encaixados nos furos da placa e seus terminais ficam expostos no lado inferior
da placa, conforme a próxima figura.
O próximo passo é desencapar o fio de cobre e encaixá-lo na ferramenta de wire wrapping. Depois
posiciona-se a ferramenta sobre o terminal do componente desejado e se inicia o processo de giro para
realizar a fixação do componente, conforme os passos da figura a seguir.
O trabalho de enrolar os fios sobre os terminais deve ser realizado de forma adequada para garantir que
a conexão não possua mau contato elétrico e que não comprometa a fixação mecânica. A forma regular
9 É uma escala de medida para padronização de fios condutores elétricos, da sigla em inglês American Wire Gauge (Escala America-
na Normalizada).
de enrolar o fio consiste em enrolar toda parte metálica do fio sobre o terminal. No entanto, enrolar um
pedaço do fio encapado aumenta bastante a fixação do condutor perante as vibrações mecânicas. Portanto,
é importante que o enrolamento seja uniforme e com aperto adequado. A figura, a seguir, apresenta a
conexão procedida de forma correta.
Um procedimento realizado sem prezar pela qualidade da conexão pode acarretar em maus contatos,
e, também, desconexões indesejadas, que podem ocorrer com o tempo ou com questões, como vibrações.
Conheça, a seguir, uma lista de itens do que se deve evitar:
a) excesso na quantidade de voltas, de modo a não acumular o fio sobre o terminal do componente;
b) baixa quantidade de voltas pode comprometer a fixação e o contato elétrico da ligação;
c) não uniformidade ou fora de compasso. É preciso manter a ferramenta reta e realizar o enrolamento
de maneira uniforme;
d) terminal do fio exposto possivelmente facilita o desprendimento da ligação, além de acontecer de o
fio engatar na luva ou qualquer outro objeto, fazendo com que a desconexão não seja notada.
Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Este tipo de técnica possui evidentemente suas limitações e não é adequada para circuitos eletrônicos
que trabalham com frequências muito elevadas devido à perda nos contatos elétricos, assim como em
aplicações onde existe muita vibração mecânica, que pode afetar a integridade das conexões.
Após a validação dos circuitos por meio de simulação e testes em bancada, é possível começar o trabalho
de confecção das placas de circuito impresso dos protótipos. O processo manual de fabricação de placas
de circuito impresso pode ser realizado em laboratório com a utilização de poucos recursos. Para isso, há
dois métodos de protótipos que são: a placa padrão e a placa perfurada, que serão descritos nesta seção.
Acompanhe.
Assim como em protoboards, o uso de placas padrão está limitado à utilização de componentes de
tecnologia PTH. Porém, como os componentes são fixados através de soldagem, o circuito em placa
perfurada tem maior flexibilidade, podendo ficar sujeito a certos níveis de vibração, e, dessa forma,
permitindo a realização de testes do circuito diretamente na aplicação.
Por exemplo, no projeto de circuito medidor de velocidade para utilização em karts, usando a técnica de
placa perfurada, é possível desenvolver um protótipo que pode vir a ser instalado e testado na aplicação,
neste caso, o próprio kart. A figura que segue mostra um exemplo desse tipo de aplicação.
iStock ([20--?])
Para entender o processo de confecção de um protótipo com a utilização de placas perfuradas, será
apresentado um procedimento básico de atividades, que pode ser seguido e aprimorado conforme as
necessidades e ferramentas disponíveis.
O procedimento pode ser dividido em diferentes etapas. Acompanhe.
Ferramentas
A montagem de circuitos eletrônicos em placa perfurada consiste essencialmente em realizar a soldagem
de componentes eletrônicos e fios condutores. Contudo, outras atividades podem ser necessárias, por
exemplo, realizar o corte da placa para ajustar o seu tamanho, ou realizar a furação para utilização de
parafusos ou suportes de fixação. Para essa atividade, lista as ferramentas básicas:
a) estação de solda;
b) solda;
c) sugador de solda;
d) suporte de placa;
e) multímetro;
f ) pinças, alicate de bico e alicate de corte;
g) pincel antiestático e álcool isopropílico para limpeza da placa;
h) furadeira e microrretífica.
Adaptação do leiaute
Os componentes precisam ser distribuídos na placa padrão. Caso o leiaute do circuito já tenha sido
desenvolvido em algum software, este desenho pode ser usado como padrão para ordenar e posicionar
os componentes na placa. Caso contrário, será necessário determinar manualmente a localização e o
posicionamento de cada componente na placa. Para isso, é preciso ter em mente as conexões elétricas que
serão necessárias na placa, de modo a distribuir os componentes de uma maneira adequada e eficiente,
tentando otimizar o tamanho e o caminho das trilhas elétricas.
A próxima figura apresenta o procedimento de organização de um circuito qualquer em folha
milimétrica, em que as interseções das linhas representam os furos da placa padrão. Esse procedimento
pode ser realizado com o auxílio do computador, utilizando softwares de desenho.
A parte inferior desta mesma placa é visualizada na próxima figura. Os terminais dos componentes
não precisam ser necessariamente cortados. Eles podem auxiliar para criação de trilhas. Para isso, solda-se
os componentes nas ilhas vizinhas que não serão utilizadas. Essa prática também fortalece a fixação dos
componentes na placa.
Para que os componentes não caiam da placa ao rotacionar o conjunto para realizar a soldagem, pode-
se, ao inserir o componente, entortar levemente o terminal do componente, de modo que este faça uma
pressão na parede da ilha onde foi introduzido. Deste modo, a placa deve ser girada – com cuidado – sem
que o componente se desloque. Esta questão pode ser aprendida com a prática em bancada.
Na figura anterior, as trilhas em azul representam as conexões que precisam ser realizadas. Neste caso,
é preciso curto-circuitar cada ponto deste traçado. Isto pode ser realizado por meio da soldagem de um o
fio condutor desempacado em cada ilha sobre o traçado, de modo a formar uma trilha.
A próxima figura apresenta uma placa perfurada, cuja ligação foi realizada com fios condutores. Observe.
Figura 239 - Exemplo de circuito com a utilização de placa perfurada (A - parte superior e B – parte inferior)
Fonte: SENAI (2016)
O resultado também pode ser observado na figura anterior. Esse tipo de prototipagem é bastante
prático, mas também é limitado a circuito que utiliza componentes de tecnologia PTH, conforme citado
anteriormente.
O leiaute do circuito eletrônico deve ser transferido para esta placa de modo a ser possível fabricar
as trilhas e ilhas da placa. Isso é realizado através de um toner especial para este tipo de aplicação, e,
posteriormente, a placa é corroída com a utilização de produto corrosivo que age removendo o cobre
sobre as superfícies onde não há a presença do toner.
Este tipo de solução possui suas limitações, porque a precisão e a qualidade dos circuitos não pode
ser comparada a um processo industrial de fabricação. No entanto, é um processo muito prático, pois
facilita a fabricação em laboratório e pode agilizar e diminuir o custo de testes de circuitos, já que placas
fabricadas industrialmente, geralmente, possuem um prazo de entrega que pode levar dias. O custo não é
muito acessível para certos projetos, além disso, muitos fabricantes exigem quantidade mínima de lotes de
fabricação. A figura, a seguir, mostra uma placa caseira sendo utilizada em um circuito eletrônico.
A seguir, serão apresentados os procedimentos básicos para a fabricação manual de uma placa eletrônica
em laboratório.
A impressão pode ser em folha de papel normal, papel poliéster, papel vegetal, ou, ainda, a utilização de
papel especial para este tipo de aplicação, o chamado papel transfer, que funciona como um adesivo que é
colado com a ajuda de ferro quente. Recomenda-se a utilização de impressoras a laser para esta impressão,
conforme ilustrou a figura anterior.
iStock ([20--?])
Figura 243 - Placa padrão limpa com palha de aço
Em seguida, é preciso remover as impurezas que não são visíveis com a utilização de álcool isopropílico.
Utilize luvas e estopas limpas para realizar este procedimento. Após a limpeza, não toque na superfície
limpa, pois as impurezas da mão prejudicam o procedimento de estampagem.
Estampagem do leiaute
Antes de iniciar o procedimento, lembre-se de que qualquer trabalho em eletrônica requer limpeza.
Portanto, é necessária, antes de tudo, uma bancada de trabalho higienizada e organizada. Recomenda-
se utilizar algum tipo de suporte para evitar que a placa seja danificada, como a utilização de manta que
resista elevadas temperaturas ou até mesmo de pano com suporte.
a) Inserir a folha que possui o leiaute sobre a superfície de cobre, com o toner virado para a superfície
do cobre.
b) Utilizando um ferro de passar sem vapor, aquecer o aparelho na temperatura máxima e mantê-lo
com pressão sobre a superfície da folha de impressa. É importante que a maior parte do circuito
esteja envolta na região do ferro de passar, para que a temperatura se espalhe de forma uniforme.
c) Mantenha o ferro em torno de 10 minutos sobre o conjunto.
d) Remova o ferro e aguarde a placa esfriar naturalmente.
Observe, a figura, a seguir, que apresenta o procedimento correto do posicionamento do ferro de passar
sobre as respectivas camadas: folha de impressão do leiaute, placa de fenolite, protação e bancada.
Deve-se ressaltar a necessidade de transferir uniformemente a temperatura sobre toda a região da placa
onde a estampa deverá ser transferida para a superfície de cobre, de modo que o leiaute seja transferido
sem perdas de informações.
O resultado final envolve transferir o leiaute da folha de impressão para a placa de fenolite, conforme
foi apresentado na figura anterior. A estampa pode não acontecer de maneira perfeita. Devido a isso, a
estampagem pode ser fortalecida com a utilização de marcador preto permanente.
Corrosão da placa
O processo de corrosão pode ser realizado com diversos produtos químicos corrosivos. O mais utilizado
em eletrônica é o pó de Percloreto de Ferro, que é misturado com água de modo a formar um líquido onde
a placa de fenolite é submersa durante um determinado período. O procedimento de corrosão pode ser
realizado seguindo os passos:
a) garanta que a placa de fenolite está limpa, e que nenhum resquício do processo de estampagem
permaneça sobre a superfície;
b) misture em uma bacia o pó de Percloreto de Ferro conforme os procedimentos descritos na embal-
agem do produto;
c) insira a placa no compartimento de modo que esta fique em uma posição reta para que o material
corroído possa se desprender da placa e se depositar no fundo do recipiente;
d) o procedimento é lento. Porém, é necessário um acompanhamento atencioso, de modo a evitar que
a solução comece a corroer a região da placa que possui toner.
Observe, na próxima figura, este processo.
ua
Ág
rcl erro
to
d +
ore
P ef
e
Percloreto
de ferro
+
Água
e) o processo termina quando as camadas de cobre sobre a superfície não forem mais visíveis;
f ) remova a placa e realize a limpeza com palha de aço e álcool isopropílico. É preciso ter muito cuidado
para não danificar as trilhas neste processo.
A cor amarelo claro, da próxima figura, mostra que o cobre foi removido da placa.
Furação
Com a placa limpa, é preciso realizar a furação para os componentes com encapsulamento PTH. Isso
pode ser feito utilizando microrretíficas ou furadeiras manuais. O ideal é utilizar furadeiras de bancada,
onde a placa possa ser fixada de modo que a furação seja mais precisa. Deve-se ter cuidado para não
destruir as ilhas da placa durante esse procedimento, pois pode complicar a soldagem e a fixação do
componente no momento de soldá-los. A próxima figura representa a furação das ilhas dos componentes
PTH em placa padrão.
iStock ([20--?])
Figura 248 - Furação das ilhas dos componentes PTH em placa padrão
Na sequência, a figura apresenta uma placa de circuito eletrônico fabricada com o processo de corrosão.
iStock ([20--?])
Figura 249 - Exemplo de placa padrão com soldas realizadas
A fabricação de uma placa caseira pode receber, ainda, uma camada de verniz para evitar que as
superfícies metálicas da placa permaneçam em constante contato direto com o ar e a umidade, evitando,
desse modo, a oxidação precoce da placa eletrônica.
A utilização do processo de confecção de placas de circuito impresso por meio do uso de placa padrão
está limitada a complexidade dos circuitos eletrônicos. O primeiro fator importante, e, também, o mais
evidente, é a quantidade máxima de camadas da placa, que é limitada a duas. O segundo fator está
atrelado à precisão do método de corrosão de cobre para formação das trilhas e ilhas do circuito eletrônico,
limitando o tamanho mínimo do encapsulamento que pode ser utilizado.
Quando é necessário fabricar placas eletrônicas mais complexas, usa-se processos mais sofisticados de
fabricação, que utilizam métodos mais precisos e eficientes, normalmente, nas placas de fibra de vidro.
Os equipamentos que permitem essa fabricação, assim como os processos necessários, são custosos e
precisam de grande demanda para poder obter retorno financeiro. Portanto, é comum que muitas empresas
e institutos terceirizem este tipo de serviço. Neste caso, cabe à empresa interessada no projeto encaminhar
os leiautes desenvolvidos.
Em geral, projetistas e empresas não estão interessados em compartilhar seus projetos com os fabricantes
de placas de circuitos impresso. Tendo em vista essa segurança, os softwares de leiaute permitem a criação
de arquivos específicos - conhecidos como arquivos Gerbers - para fabricação das placas eletrônicas. Trata-
se de um padrão de arquivo binário para imagens de duas dimensões (2D), que armazena as informações
e coordenadas de todos os componentes em um leiaute de placa de circuito impresso. Praticamente todos
os softwares de leiaute possuem funções para geração de arquivos Gerbers.
O software Altium permite a geração dos arquivos Gerbers através da função Gerber Files que pode ser
selecionada por meio do acesso ao menu File→Fabrication Outputs→Gerber Files, conforme mostra a figura
a seguir.
Através dessa ação, aparece na tela o menu de configurações apresentado na próxima figura. Este menu
permite a configuração geral dos arquivos Gerbers, que serão gerados (unidades de medida, formato,
camadas que são geradas, tipo do formato do desenho mecânico etc.). Após configuração, o software irá
gerar os arquivos Gerbers dentro do projeto, no menu de projetos.
A próxima etapa é exportar e salvar esses arquivos em uma pasta do Windows. Para isso, seleciona-se o
arquivo Gerber, no menu de projetos, na opção File→Export→Gerber. Outra janela de configuração abrirá e
o endereço da pasta do Windows deve ser informado. Os arquivos salvos nesta pasta serão enviados para
a fabricação das placas.
Além dos arquivos Gerber, no Altium, é necessário realizar a geração do arquivo de furação, onde estão
todas as informações e coordenadas sobre cada um dos furos que a máquina de fabricação deverá realizar
para confecção da placa. Seleciona-se o arquivo de leiaute no menu de projeto, em seguida na opção
File→Fabrication Output→NC Drill Files. A figura, a seguir, apresenta a tela de configuração do arquivo de
furação da placa, que deve ser gerado para que os furos possam ser produzidos adequadamente conforme
foram definidos no leiaute. A unidade padrão (Unit), o formato (Format) e as demais configurações podem
ser consultadas com o fabricante para que nenhuma informação seja enviada incorretamente.
Os arquivos de furação serão gerados no menu de projeto e precisam ser exportados para a mesma pasta
onde foram salvos os arquivos Gerbers. Para explorar este arquivo de furação, é necessário selecioná-lo na
barra de menu principal e buscar pela opção File→Export→Save Drill (conforme os passos apresentados na
próxima figura).
Para produção das placas, é preciso enviar para o fabricante os arquivos de Gerbers e de furação. Além
disso, é preciso informar a quantidade de camadas que a placa possui e a espessura da camada de cobre
desejada. Em eletrônica, a espessura de camadas de cobre é expressa em onça. Em geral, placas com trilhas
de ½ oz (meia onça) são suficientes para as aplicações que não possuem grande consumo de corrente,
exceto em um ponto ou outro da placa, onde a necessidade de corrente pode ser facilmente adaptada com
trilhas mais largas.
Em casos especiais, que o circuito processa muita energia, é possível fabricar placas com três ou mais
onças de espessura. Normalmente, os fabricantes possuem tabelas informativas para auxiliar nestas
decisões, já que tais características estão muito ligadas ao processo de confecção das placas eletrônicas.
O próximo procedimento após a fabricação das placas de circuitos eletrônicos é a montagem e soldagem
dos componentes eletrônicos na placa. Esta etapa envolve algumas técnicas que visam padronizar a
montagem dos circuitos e manter a qualidade do processo.
No caso da montagem manual de componentes em placas de circuitos eletrônicos que é abordada
nesta seção, trata-se de uma tarefa delicada e necessita de mais capricho e atenção. É preciso estar
atento aos cuidados que cada procedimento exige. Os componentes eletrônicos são sensíveis à sujeira,
choques mecânicos, descargas eletrostáticas e ao acesso de calor. Além disso, são frequentes defeitos
ou até mesmo a queima de componentes durante a montagem do circuito. Quando isso ocorre, é difícil
identificar o problema durante o processo de montagem, possivelmente sendo identificado somente nos
procedimentos de testes e validação, ou, no pior caso, durante o funcionamento, na aplicação.
Existem muitas normas e certificações referentes à qualidade de montagem de circuitos eletrônicos. A
certificação internacional IEC 610, cujo título em inglês é Acceptability of Electronic Assemblies (Aceitabilidade
de montagens eletrônicas), é a mais utilizada mundialmente.
Para exemplificar a importância da qualidade e certificação da montagem de circuitos eletrônicos,
imagine um circuito cujo procedimento de soldagem foi realizado de forma inadequada, resultando em
muitas trincas na solda. Este tipo de problema não necessariamente prejudicará os ensaios e testes elétricos.
No entanto, existe o risco deste defeito vir a se agravar ao longo do tempo devido a fatores como: vibrações
mecânicas, umidade, variações de temperatura, estresses de carga etc. A presença de falhas pode fragilizar
um circuito eletrônico, ainda que, as variações sofridas estejam dentro das especificações para o qual o
sistema foi projetado para suportar.
Contudo, de outra forma, imagine tratar-se de mil placas eletrônicas de um produto que já foi vendido,
nas quais 10% possuem o defeito de montagem mencionado. A história seria outra, e um procedimento
de montagem poderia prejudicar profundamente a imagem comercial da empresa. Afinal, ninguém ficaria
satisfeito com um aparelho de TV que deixa de funcionar depois de um mês de uso, por exemplo. Nesta
seção, você estudará as boas práticas que auxiliam na realização de um procedimento de montagem
manual dos circuitos eletrônicos.
Portanto, os circuitos eletrônicos podem conter componentes PTH e SMD, ou ser compostos puramente
de uma das duas tecnologias. A ordem de montagem dos componentes pode ser realizada de diversos
modos e a melhor forma a ser adotada depende da complexidade e do tipo de circuito. Nesta seção, será
apresentado um procedimento genérico para organizar a montagem, que pode ser útil em muitos casos.
É importante manter as ferramentas em posição de fácil acesso, isso torna a execução das tarefas mais
eficiente. Além disso, você precisa evitar deixar componentes jogados e expostos à sujeira e a umidade,
isso pode danificá-los e prejudicar o funcionamento dos circuitos.
iStock ([20--?])
Figura 255 - Posicionamento de capacitores na placa de circuito impresso
Outro exemplo consiste na posição de resistores SMD, como pode ser visualizado na próxima figura.
iStock ([20--?])
Perceba, na figura anterior, que todos os resistores foram posicionados de modo a não ser necessário
rotacionar a placa de circuito impresso para fazer a leitura.
iStock ([20--?])
Figura 257 - Soldagem de circuito integrado SMD na placa de circuito impresso
Na montagem é necessário rotacionar ou alterar muitas vezes a posição da placa sobre o suporte que
a sustenta. Portanto, o critério de priorizar a inserção dos componentes menores também visa facilitar a
manipulação da placa durante a montagem, pois, após a soldagem dos componentes maiores, a placa
geralmente se torna mais pesada e difícil de manipular.
iStock ([20--?])
Figura 258 - Soldagem dos terminais dos componentes
Durante a etapa de elaboração dos esquemáticos e leiautes, é importante que informações sejam
relatadas sobre as prioridades de soldagem, pois esta ação facilitará o trabalho dos montadores,
especialmente quando a pessoa que projetou os circuitos não será a mesma que realizará a montagem
dos componentes na placa eletrônica.
É preciso ficar atento aos componentes que possuem tendência de aquecer durante o funcionamento,
pois devem ser tomadas providências a este respeito na etapa de montagem. Os resistores, por exemplo,
podem trabalhar em temperaturas que não necessariamente afetam ou comprometam seu funcionamento,
mas que possivelmente danificarão as trilhas e isolações da placa de circuito impresso. Para isso, é possível
instalar e soldar o componente mais afastado da base da placa de circuito impresso, permitindo assim uma
melhor dissipação de calor.
A próxima figura exemplifica este caso, com um resistor soldado rente à superfície da placa (note
que a coloração da região placa de circuito impresso ao redor do resistor demonstra os efeitos do calor
proveniente do componente), enquanto que a figura ao lado apresenta uma solução para este tipo de
situação: o componente é instalado com uma distância mínima da placa, de modo que possa dissipar
melhor o calor, sem degradar o verniz e o cobre da placa eletrônica.
Nos casos em que a montagem de certos componentes mais robustos apresenta riscos de danificar
componentes mais sensíveis que já foram montados, pode-se repensar na ordem de montagem aqui
proposta e alterá-la conforme a necessidade do projeto. A análise prévia destes fatores pode resultar em
um procedimento mais criterioso e eficiente para um caso específico.
Isso pode evitar danificar estes componentes, os quais costumam ser mais sensíveis e de alto custo.
iStock ([20--?])
Figura 261 - Circuito integrado sendo encaixado no soquete
Este procedimento pode ser utilizado também para montagem de subcircuitos. Por exemplo, pode-se
primeiro soldar os componentes relativos à fonte de alimentação para realizar pré-testes neste circuito.
À medida que o funcionamento deste subcircuito é validado, parte-se para montagem e pré-teste do
próximo subcircuito, e assim por diante.
A norma IPC-A-610 é um padrão internacional que trata dos procedimentos para projeto e montagem de
componentes eletrônicos na indústria. Esta norma é reconhecida mundialmente e possui muitos requisitos
essenciais para garantir a qualidade de um produto eletrônico, incluindo as necessidades de certificações.
Na seção a seguir, você conhecerá os conceitos básicos de validação e testes de placas eletrônicas.
VALIDAÇÃO
Após a montagem dos circuitos eletrônicos, o próximo passo é garantir que os procedimentos de
fabricação e de montagem foram realizados adequadamente. Parte-se para uma nova etapa do projeto,
que consiste na realização de testes em laboratório para validação do funcionamento do protótipo
confeccionado. Essa fase é essencial para verificar se o funcionamento do circuito eletrônico está de acordo
com as funções estabelecidas no projeto e a identificação de defeitos ou falhas que possam ter ocorrido
nas etapas anteriores.
A elaboração de ensaios que possam simular as condições de operação do circuito, em sua aplicação
real, é um procedimento que pode ser realizado em laboratório em muitos casos. Por meio destes ensaios,
é possível analisar se os valores experimentais estão dentro dos valores admitidos para a aplicação. As
condições de testes podem levar em consideração as condições elétricas, mecânicas ou térmicas de um
sistema.
Quando se trata de efeitos elétricos, é preciso verificar fatores elétricos importantes dos circuitos, por
exemplo, funcionamentos lógicos, níveis de tensão e corrente de entradas e saídas, os níveis de ondulação,
o consumo elétrico do circuito, a integridade dos sinais de comunicação etc. Das informações extraídas nos
testes, é possível tirar conclusões importantes sobre o projeto. Por exemplo, você deve definir se os circuitos
estão aptos a trabalhar dentro das condições elétricas exigidas para sua aplicação, ou, caso contrário, se são
necessários ajustes nos circuitos ou leiaute, substituição de componentes, entre inúmeras outras situações
possíveis que devem ser avaliadas em cada aplicação.
Além destes fatores relativos ao funcionamento sob condições normais, é possível realizar testes para
validar e verificar os limites elétricos sobre condições anormais de operação e de sobrecarga. Um circuito
eletrônico, por exemplo, que é responsável pelo acionamento de motores de uma máquina deve ser capaz
de resistir a sobrecargas mecânicas que reflitam em sobrecargas elétricas: o eixo de um dos motores pode,
por exemplo, sofrer um impacto ou receber uma condição de torque elevada durante um período curto de
tempo. Tais variações vão gerar picos de corrente elétrica que deverão ser supridos pelo circuito eletrônico.
Portanto, o circuito deve estar preparado para as condições adversas, as quais estejam dentro de suas
especificações.
Ensaios mecânicos consistem em verificar se o circuito eletrônico confeccionado atende as exigências
físicas e estruturais para o qual foi desenvolvido, e se as suas características estáticas, como peso, dimensões,
formato e fixações estão adequadas para a sua finalidade. Além disso, muitas vezes, é preciso verificar as
condições dinâmicas em que o circuito pode estar sujeito, por exemplo, condições de choques mecânicos
ou vibrações. É possível realizar este tipo de teste em circuitos eletrônicos por meio de ensaios de vibrações.
Ensaios térmicos podem ser realizados em laboratórios com a utilização de estufas a fim de verificar o
estresse térmico aos quais os circuitos poderão estar submetidos na prática. Um circuito eletrônico aquece
naturalmente devido ao efeito joule, ou seja, os circuitos possuem perdas de energia que são refletidas
de diversas formas, uma delas é através da emissão de calor, como a passagem de corrente por meio de
um condutor. Além disso, os circuitos eletrônicos precisam suportar as condições de temperatura do local
onde serão instalados, pois, muitas vezes, pode ser necessário instalar equipamentos expostos ao sol ou
próximo de outras máquinas onde a temperatura externa pode ultrapassar os 40 ou 50°C.
A medição de uma grandeza consiste em realizar uma comparação entre uma grandeza que se deseja
mensurar e outra que já se conhece, ou seja, é a comparação com um valor padrão. Quando se deseja, por
exemplo, medir a altura de um muro, é possível utilizar o padrão de unidade métrico. No Brasil, adotam-se
os padrões do Sistema Internacional de Medidas (SI).
O quadro, a seguir, apresenta as grandezas elétricas mais comuns e sua unidade no SI.
Para realizar uma medição elétrica, seja um nível de corrente ou tensão elétrica, é preciso ter uma ideia
do valor de grandeza que se deseja efetuar. Ainda que seja uma ideia aproximada, isso é importante para
uma precisão da medição e para a segurança do equipamento e do usuário.
A escolha de um instrumento adequado e de qualidade é um fator importante para realizar um
procedimento adequado de testes e ensaios. A exatidão e a precisão são dois conceitos importantes que
precisam ser esclarecidos. A exatidão de um instrumento está relacionada à proximidade que ele chega
do valor verdadeiro. Já a precisão indica a proximidade relativa de diversas leituras de um mesmo valor de
grandeza. Considere que o valor real de uma grandeza é representado pelo centro de um alvo de arco e
flecha.
A figura a seguir mostra a diferença entre a exatidão e a precisão.
1 2 3 4
Na primeira tentativa o atirador foi exato, mas não teve precisão. Na segunda tentativa, houve precisão,
as flechas ficaram muito próximas umas das outras, mas faltou exatidão nos tiros. Na terceira tentativa, o
arqueiro foi preciso e exato. Por fim, a quarta tentativa, não houve precisão nem exatidão.
Da mesma forma, esta ação acontece com os instrumentos de medição. E, para mantê-lo dentro da
faixa de exatidão, é necessário realizar a calibração dentro de um período estabelecido pelo fabricante, que
varia conforme as condições de uso desse equipamento. A calibração é um processo comparativo que é
realizado por meio do uso de equipamentos de precisão que estão calibrados. Um equipamento calibrado
fornece as referências para calibração do instrumento de medição.
A utilização do instrumento de medição correto, com a devida precisão e exatidão, pode eliminar
muitos erros de leituras, os quais poderiam ser constantes com a utilização de um instrumento inadequado
ou sem calibração. No entanto, isso por si só não pode eliminar todos os erros a que as medições estão
sujeitas. É preciso que o responsável por este procedimento esteja ciente de que existem outras fontes
de erros que podem estar atreladas à experiência profissional ou à qualidade dos procedimentos. A falha
humana pode ocasionar erros na leitura dos valores mensurados, engano no posicionamento de vírgulas
ou escalas, arredondamento inadequados de leitura etc.
As características elétricas dos circuitos eletrônicos são dependentes de uma quantidade enorme de
fatores. A variação de temperatura, as variações construtivas dos componentes e materiais, as variações
elétricas das fontes de energia (rede elétrica ou baterias) não são constantes e afetam cada nova leitura.
A utilização de métodos mais precisos que acompanham a variação desses parâmetros pode auxiliar na
análise dos resultados. Os multímetros e os osciloscópios são instrumentos importantes nos ensaios de
circuitos eletrônicos.
USO DO MULTÍMETRO
O multímetro é o instrumento básico em eletrônica. Ele é essencial para verificar o funcionamento
e os parâmetros de componentes, para conferir os níveis de tensão e corrente de natureza contínua ou
alternada, frequência e outros parâmetros.
Em geral, os multímetros possuem duas ponteiras de teste, normalmente uma ponteira na cor vermelha
e outra na cor preta. A vermelha indica o sinal positivo da representação do sentido convencional de
corrente, ou seja, corrente fluindo do terminal positivo para o negativo. A cor preta representa o sinal
negativo de referência do equipamento.
É importante salientar que os instrumentos em geral podem possuir mais de duas entradas para o par
de ponteiras, e é preciso verificar a posição de instalação correta de cada ponteira para cada caso. Existem
entradas específicas para a leitura de intensidade de corrente, por exemplo.
Essa informação é extremamente importante, sendo necessário ler o manual do instrumento e realizar
adequadamente essa instalação em cada caso. A seguir, serão apresentadas algumas medições básicas que
grande parte dos modelos de multímetro permite. Acompanhe.
Resistência elétrica
Os multímetros permitem mensurar a resistência elétrica. Essa função é muito utilizada para conferir
valores de resistores, resistência elétrica de fios de condutores, trilhas de placas, enrolamentos de
transformadores, entre outros.
A função para medição de resistência elétrica nos instrumentos, em geral, é selecionada através de
um cursor mecânico ou um botão digital. A figura, a seguir, apresenta as funções de leitura de resistência
elétrica de um multímetro digital convencional. Além da função de resistência, é preciso selecionar a escala
de leitura, embora alguns multímetros realizam este ajuste automaticamente.
Escalas de
resistência
Para leitura de resistências, deve-se posicionar a escala mais próxima para a resistência medida, de
modo que a informação apresentada no visor seja mais precisa. No caso de um resistor de 1 kΩ, é aquela
cuja a escala superior é maior do que 1 kΩ e a escala inferior é menor do que 1 kΩ.
Ganho de transistores
Um dos parâmetros dos transistores bipolares de junção é o ganho (hfe), cujo valor pode variar bastante
dentro de uma faixa especificada pelo fabricante. Existem modelos de multímetros que possuem a função
de leitura desse ganho, sendo possível verificar com maior exatidão o valor real desse parâmetro do
componente que está sendo utilizado.
Para essa leitura, os instrumentos geralmente possuem uma função de leitura de ganho onde basta
espetar o componente diretamente nos pinos de leitura que são disponibilizados no corpo do equipamento.
E E
B B
C C
E E
Função hFE para
medição do ganho
E BC E
todas as casas decimais. Em instrumentos que realizam esse ajuste automático não é necessário
selecionar escalas;
d) a medição de tensão é realizada em paralelo com o circuito.
No caso de medição de tensão contínua, utiliza-se a ponteira da cor vermelha para o ponto de maior
potencial elétrico (positivo) e a de cor preta para o ponto de menor potencial elétrico (negativo). A figura,
a seguir, mostra a medição de tensão de um circuito.
Escalas de tensão
Escalas de alternada
tensão contínua
Figura 266 - Medição de tensão elétrica iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)
Fonte: SENAI (2016)
No caso de medição de tensão alternada senoidal, o multímetro possui um circuito interno de retificação
que trabalha em uma faixa de frequência específica, geralmente em torno de 40 a 400 Hz, e é preciso
verificar estes limites de operação informados no manual do instrumento. Para medição do valor eficaz de
tensão alternada não senoidal, é preciso utilizar modelos de multímetros com a função True-RMS. O manual
do equipamento também traz informações sobre os tipos de sinais que podem ser mensurados por aquele
modelo.
Durante a leitura de corrente contínua, o sentido da corrente que flui da ponteira de cor vermelha para
a ponteira preta é padronizado com o sentido convencional da corrente. Portanto, deve-se ligar a ponteira
de cor vermelha no potencial, no ponto inicial da corrente e a ponteira de cor preta no ponto final de
leitura. Caso o mostrador do instrumento informar um valor negativo de corrente, isso indica que o sentido
da corrente é invertido, ou seja, a corrente flui no sentido convencional da ponteira de cor preta para a
ponteira de cor vermelha. Observe a próxima figura.
Escalas de
corrente
Teste de continuidade
Testes de continuidade são importantes para verificar a conexão elétrica entre dois pontos distintos. É
possível verificar se componentes ou trilhas de circuitos estão em curto-circuito ou circuito aberto.
Nesta função, o multímetro injeta um sinal de baixa potência por meio das ponteiras. Ou seja, quando
dois pontos diferentes que estão eletricamente conectados são verificados, cria-se um circuito elétrico
fechado, ou seja, permite a passagem de corrente entre uma ponteira e a outra. Dessa forma, o instrumento
mostra que existe uma ligação elétrica entre os dois pontos. Esse alerta geralmente é indicado com um
sinal sonoro (um bipe) e/ou indicação específica no visor.
De outro modo, quando os dois pontos não estão conectados ou possuem resistência de conexão
elevada, o instrumento não gera nenhum sinal sonoro e mantém a indicação de que não há um canal de
baixa impedância.
Ponteira vermelha
Ponteira preta
Teste de
continuidade
Ponto A
Outras medições
Existem outras funções básicas que frequentemente estão incorporadas ao conjunto de funções de um
multímetro, por exemplo, a medição de capacitância, indutância e temperatura.
No caso de medição de temperatura, o instrumento geralmente possui uma ponteira especial com um
transdutor de temperatura na ponta, que pode ser utilizado para medição da temperatura dentro de uma
faixa de valores que geralmente são informados no manual do equipamento.
USO DO OSCILOSCÓPIO
O uso do osciloscópio permite analisar o comportamento de sinais de alta frequência ao longo do
tempo, e isso é de extrema importância para análise de circuitos eletrônicos. As principais funções deste
equipamento já foram citadas anteriormente, e vale ressaltar que a posição dos botões de ajustes no corpo
do equipamento varia de modelo para modelo. Os principais botões de ajustes (horizontal e vertical) de
um osciloscópio são apresentados na figura a seguir..
Vertical (V/div)
Vertical (V/div) do canal 1
Horizontal (s/div)
Figura 269 - Ajustes básicos de um osciloscópio
Fonte: SENAI (2016)
Você não deve esquecer de verificar se o equipamento utilizado possui entrada isolada e não usar
mais de uma referência para múltiplas entradas não isoladas. Este é um fator importante que é esquecido,
ocasionando defeito e até mesmo a perda de um instrumento de medição que tem um custo agregado
elevado. Os passos básicos para utilizar um osciloscópio serão apresentados a seguir.
Ponteira
Outras
pontas
Ponteira
de terra
Ajuste
capacitância
Guilherme Luiz Marquardt (2016)
Anéis identificadores
Conector (por cores)
Ferramenta de ajuste
Ao conectar uma ponteira de tensão pela primeira vez em um osciloscópio, deve-se fazer o processo
de calibração para ajustar os níveis de compensação e atenuação da ponta de prova. As ponteiras, em
geral, possuem um botão de ajuste de atenuação, conforme pode ser observado na figura anterior. Trata-
se, geralmente, de um multiplicador por 1 (opção x1, ou seja, o sinal mensurado não tem ganho), ou um
multiplicador por dez (opção x10, ou seja, o sinal mensurado possui um ganho de 10 vezes). Veja o exemplo
na figura que segue.
X1 X10
Conexão da
ponteira AUTO SET
Canal 1
Ao conectar corretamente as ponteiras, é possível pressionar a opção AUTO SET do osciloscópio para
ajustar o sinal exibido na tela de leitura do instrumento. Dessa forma, as escalas horizontal e vertical são
ajustadas automaticamente conforme o nível de tensão e frequência de ajuste. Este procedimento também
pode ser realizado manualmente através dos botões, ou funções, de ajuste de tempo (s/div) e nível de
tensão (Volt/div).
É importante estar com o manual do equipamento em mãos, para verificar as peculiaridades de cada
modelo, já que as funções podem variar de um modelo para outro. Para um sinal de ajuste de tensão de 5 V
e frequência de 1 kHz, a próxima figura mostra o sinal de ajuste que é apresentado no visor do instrumento
de medição.
5V
Sinal de
referência (0V)
Cuidados necessários
Ao utilizar o osciloscópio, algumas precauções precisam ser tomadas para não danificar o equipamento
e não criar situações de risco, conheça-as a seguir:
a) sempre utilizar ponteiras indicadas no manual e com os níveis de tensão adequados para a aplicação;
b) não utilizar referências diferentes em um osciloscópio que não possui canais isolados;
c) nunca conecte o ponto de terra das ponteiras a tensões elevadas;
d) cuidado com a limpeza, evite deixar o equipamento destampado ou exposto ao pó e a outras sujeiras.
Outros aspectos referentes às precauções básicas do uso do equipamento podem ser verificadas no
manual específico do modelo que será utilizado.
É importante estar atento aos limites máximos de tensão das ponteiras utilizadas. Em geral, as ponteiras
dos equipamentos podem operar até 600 V de pico. Este valor é frequentemente informado no corpo da
ponteira. De outro modo, deve-se consultar o modelo da ponteira no manual do equipamento.
A tensão pico a pico do sinal (Vp-p) pode ser lida através do número de divisões do sinal na tela do
instrumento multiplicado pelo valor da escala de tensão (Volts/div), e, também, pelo ganho da ponteira.
No exemplo da figura anterior, deve-se considerar o ganho de ponteira de x10.
Além da análise dos níveis de tensão, é possível verificar a frequência do sinal através da análise dos
valores no eixo horizontal. É preciso verificar o número de divisões do sinal para um período de amostragem
e multiplicá-lo pela escala de tempo (s/div) em que o instrumento está configurado nesta medição.
No exemplo apresentado na figura anterior, considerando que a divisão horizontal (de tempo) esteja
configurada para um tempo de 2,5 ms, é possível notar na figura que o tempo de um ciclo de onda (T)
corresponde a um total de oito divisões, ou seja, um período é igual a 20 ms, o que corresponde a um sinal
de frequência ( ) igual a 50 Hz.
A mesma análise é possível para outros tipos de ondas. Existem osciloscópios que possuem funções
matemáticas que determinam automaticamente valores médios, eficazes e inclusive permite cálculos
entre diferentes sinais obtidos. Esse aprofundamento é deixado por conta do estudante de eletrônica que
deve se habituar a leitura de manuais dos instrumentos de medição.
É preciso começar por configurar o formato da onda do sinal, para em seguida ajustar os valores de nível
de tensão de pico a pico (ou somente pico) e de frequência deste sinal.
A próxima figura mostra os menus dessas configurações citadas. Cada modelo de equipamento possui
seu próprio menu, que são explicados em seus próprios manuais técnicos.
iStock ([20--?])
Figura 278 - Configuração do gerador de sinais
A ligação do circuito deve ser realizada com cautela. Não se deve inserir a ponteira de referência em
valores de tensão, somente na referência apropriada do sinal do circuito eletrônico.
Figura 279 - Injeção de sinal em circuito eletrônico com a utilização de gerador de sinais
Fonte: SENAI (2016)
A variedade de circuitos eletrônicos existentes é muito grande para se criar um procedimento genérico
de testes que atenda todas as situações. Porém, existem características e funções básicas que são bastante
comuns para uma gama elevada de circuitos. As funcionalidades dos circuitos podem ser testadas
individualmente na maioria das vezes, sendo possível fazer verificações básicas das conexões (trilhas
da placa eletrônica) e dos componentes do circuito para verificar a sua integridade e o funcionamento
essencial em bancada. Algumas destas práticas e funções são apresentadas a seguir.
TESTE DE CONTINUIDADE
Refere-se a testar os principais pontos e componentes de uma placa de circuito impresso. Por exemplo,
a utilização do multímetro permite verificar se a placa foi fabricada e montada adequadamente. Além de
você realizar este procedimento antes da montagem dos componentes, pode ser útil verificar se as ligações
eletrônicas confeccionadas estão corretas e se não existem curtos-circuitos ou trilhas faltantes.
Após a montagem, a verificação do circuito pode ser realizada com base nos esquemáticos do
projeto. Essa comparação é importante inclusive para verificar se os componentes foram conectados
adequadamente, e se os diodos não foram ligados de forma invertida, por exemplo.
iStock ([20--?])
A importância deste ensaio está no fato de minimizar os riscos de curto-circuito após a primeira
energização do circuito eletrônico.
iStock ([20--?])
Figura 281 - Equipamentos de laboratório incluindo fonte de alimentação
No primeiro momento, sugere-se que se realize um teste de continuidade, ou seja, deve-se verificar se
a resistência entre os pontos de entrada (positivo e negativo) não está muito baixa. Pois, isso pode ser a
indicação de um curto-circuito, uma fuga ou componente invertido.
FIQUE Antes de conectar a fonte de alimentação pela primeira vez, verifique se a placa de
circuito está montada adequadamente. Posições alteradas de diodos e capacitores,
ALERTA geralmente, resultam em efeitos drásticos para o circuito.
Em segundo lugar, pode-se efetuar um teste com a utilização de uma fonte de alimentação de bancada.
Mas, para isso, é preciso seguir o seguinte procedimento:
a) ajustar o valor de tensão da fonte conforme o nível de tensão de entrada do circuito;
b) determinar um nível de proteção do curto-circuito para baixa potência, menor do que a potência
máxima que o circuito eletrônico testado pode processar;
c) inserir a fonte na entrada do circuito através de cabos de teste;
d) com a utilização de multímetro ou osciloscópio, realizar a medição dos níveis de tensão de entrada e
saídas dos circuitos de alimentação do circuito eletrônico;
e) definir um tempo mínimo de ensaio (por exemplo: 30 minutos) e verificar se os sinais ficam estáveis
ao longo deste ensaio.
Veja, na figura, a seguir, a verificação da tensão terminal de bateria com o uso de um multímetro.
iStock ([20--?])
Figura 282 - Verificação de tensão terminal de bateria com o uso de multímetro
As fontes de alimentação são, em geral, subcircuitos muito ativos de um circuito eletrônico, devido
estarem operando com esforço constante durante o funcionamento de um circuito. Além disso, esses
subscircuitos são responsáveis por processar, senão toda, grande parte da energia que o sistema consome.
Por isso, é importante realizar testes criteriosos para validação do subcircuito de fonte de alimentação
antes, evitando necessidades indevidas de manutenção no futuro.
Conheça, na figura, a seguir, de acordo com o catálogo, quais são os pinos de alimentação que o compõe.
1 8
OUTPUT A V+
NON-INVERTING 3 6
INVERTING INPUT B
INPUT A
Note que, na figura, anterior, é possível verificar que os pinos de alimentação são os pinos de número
8 (V+) e 4 (V-), respectivamente. Sendo o pino de número 8 (V+) referente à tensão positiva e o pino de
número 4 referente ao sinal negativo ou de terra. Os testes elétricos em circuitos integrados podem ser
realizados através do uso do osciloscópio, testando-se pino a pino do componente, conforme mostra da
figura a seguir.
iStock ([20--?])
O mesmo procedimento pode ser utilizado para sinais contínuos ou variáveis, bastando configurar
adequadamente os canais do osciloscópio.
iStock ([20--?])
Nestes casos, pode-se adotar uma técnica de medição de corrente indireta, medindo-se, por exemplo,
a tensão entre dois pontos em que se conhece o valor resistivo ou com a inserção de um resistor de baixo
valor resistivo. Essa técnica é válida tanto para a utilização de multímetros ou osciloscópios.
Considere o exemplo na figura a seguir.
iStock ([20--?])
Figura 286 - Cicuito de exemplo
Considerando que a fonte de alimentação do circuito é de 5 V, a máxima deve variar em torno de 200 mA
e 1 A, para medir a corrente utilizando resistor shunt10, isso acarreta uma potência de consumo em torno de
1 e 5 W. Insere-se um resistor que consuma no máximo 100 mW, conforme indica o cálculo a seguir.
10 é um resistor de precisão e de baixo consumo, que é conectado em série no ramo que se deseja mensurar a corrente de um
circuito através da medição de tensão elétrica.
A figura, a seguir, apresenta a inserção do resistor shunt em série com o circuito e a medição da tensão
em torno do componente através do uso de um osciloscópio.
Note que o resistor inserido no circuito deve consumir uma potência (P = R . I2) muito pequena com
relação a potência consumida pelos componentes inseridos nestes ramos do circuito de modo que ele
pareça invisível para o circuito. Caso contrário, o resistor irá alterar o comportamento do circuito e a
medição de corrente não será válida.
Em pontos da placa que a medição de corrente elétrica é de extrema importância durante os ensaios,
é interessante pensar sobre isso durante a elaboração do leiaute, onde pontos e furações podem ser
planejados para estes ensaios.
Algumas etapas podem ser abordadas para os testes de funcionalidade de um circuito eletrônico, que
começa com os testes básicos que podem ser realizados em bancada, passando por testes de desempenho
(elétrico, térmico, entre outros) em laboratório, ou, quando estritamente necessário, diretamente na
aplicação. Por fim, são realizados testes mais robustos que verificam o funcionamento do equipamento
diretamente na aplicação, que podem durar dias, semanas ou até meses.
I
0
Considere, por exemplo, um circuito eletrônico que possui saídas para acionar lâmpadas, sirenes e
controlar a abertura e o fechamento de chaves e válvulas de uma máquina que opera dentro de uma
indústria. Pode-se pensar que, para realização de testes da placa eletrônica desenvolvida para este
equipamento, seria possível instalar a placa diretamente na máquina e realizar testes diretamente na
aplicação. No entanto, isto não é interessante quando se trata de testes de uma placa que foi montada pela
primeira vez, porque se este circuito possuir algum defeito, poderá danificar outros sistemas da máquina e
ocasionar um grande prejuízo. Uma forma de contornar isso é criar meios de simular as funções do circuito
eletrônico em laboratório.
No exemplo citado anteriormente, poderia se pensar em um defeito em que a placa de circuito gerasse
um sinal de tensão diferente da tensão terminal de uma saída, e, por consequência, queimá-la. Tratando-
se de uma lâmpada especial e de alto custo, isso possivelmente acarretaria um prejuízo considerável. Esse
risco poderia ser contornado em uma giga de teste com a utilização de resistores, evitando danificar a giga
e permitindo a validação mais precisa do circuito.
Outro exemplo bastante comum é a utilização de comunicação de dados que podem ser validados com
o uso de um computador, conforme pode ser visto na figura, a seguir.
iStock ([20--?])
Figura 289 - Teste de circuitos eletrônicos com o auxílio do computador
Em um circuito que possua, por exemplo, um canal RS 232 para comunicação com outro equipamento,
este pode ser substituído por um computador e um software que realize a sua simulação.
TESTE NA APLICAÇÃO
A criação de uma giga de teste para certas aplicações pode ser inviável ou muito cara. Portanto, muitos
testes precisam ser realizados diretamente em sua aplicação, como, em um motor. A figura seguinte
apresenta um circuito eletrônico de um portão automático sendo testado no próprio portão. Observe.
iStock ([20--?])
Além disso, a utilização de gigas é importante para os testes laboratoriais, mas nem sempre elas são
capazes de simular completamente o comportamento dos componentes que substituem, já que são
aplicadas em situações consideradas ideias, ou seja, sem a interferência de variáveis não controláveis.
CASOS E RELATOS
O próximo passo, após os ensaios iniciais, são os testes realizados na própria aplicação, conforme
representado na figura, a seguir.
iStock ([20--?])
Figura 291 - Funções de uma máquina que precisam ser simuladas
Percebe-se, na figura anterior, uma máquina cujas funções, supõem-se, são difíceis de replicar em
bancada.
LIMITES ELÉTRICOS
Os limites elétricos das entradas e saídas de um circuito eletrônico são parâmetros importantes para
definir os limites de atuação de um circuito eletrônico desenvolvido. Muitas vezes, esses parâmetros são
necessidades de projeto que foram mensurados e calculados nas etapas de desenvolvimento dos circuitos,
e que na etapa de testes precisam ser validados de algum modo para garantir que foram projetados
adequadamente.
Considere o exemplo de um circuito eletrônico responsável por controlar doze pontos de iluminação de
tensão nominal de 12 V, sendo que cada um destes pontos pode fornecer uma corrente de saída de 5 A, tendo
capacidade de fornecer até 10 A durante 5 minutos. Considere também que o circuito deve permanecer
ligado em torno de 3 horas por dia. Para realizar o ensaio deste circuito em laboratório, é possível, por
exemplo, desenvolver uma giga que simule o tempo e a carga de todas as saídas simultaneamente, e, dessa
forma, testar todos os limites de projeto.
Observe, no quadro, a seguir, possíveis limites elétricos aos quais um circuito pode estar sujeito.
LIMITES DESCRIÇÃO
Cargas indevidas podem ser conectadas em qualquer saída de um circuito. Portanto, identificar as
Variações de carga. limitações do circuito para com essas adversidades é importante para garantir as condições mínimas de
funcionamento.
LIMITES DESCRIÇÃO
As consequências de um curto-circuito podem ser avaliadas com esse tipo de ensaio, especialmente
Curto-circuito. quando o circuito garante manter o seu funcionamento mesmo após curto-circuito temporários ou
permanentes em seus canais.
As saídas e entradas de um circuito podem ser avaliadas com relação ao excesso de tensão sobre os
Isolação elétrica.
terminais.
Muitos limites, como os citados anteriormente, podem ser impostos tanto para aplicações analógicas
ou digitais. Destarte, todas precisam ser planejadas, projetadas e validadas durante a elaboração de um
projeto eletrônico.
POTÊNCIA CONSUMIDA
O consumo do circuito eletrônico varia conforme a quantidade de funções e uso destas funções ao
longo de um período de funcionamento. Um ensaio importante que pode ser realizado durante testes de
circuitos eletrônicos é verificar qual é a potência consumida durante sua condição normal de operação do
circuito. Além disso, podem ser verificados os valores máximo e mínimo de consumo.
Isso é importante especialmente para as aplicações que utilizam fontes como baterias e energias
renováveis, pois indicará a autonomia do sistema para determinada quantidade de energia disponível. Este
fator é muito importante para circuitos embarcados e se costuma tentar minimizar o consumo de energia
desde a concepção do projeto.
TESTES DE REPETIBILIDADE
Os fabricantes de componentes móveis (chaves, relés, entre outros) garantem o funcionamento de
componentes através da indicação de um número de chaveamentos. Embora esse número possa ser
elevadíssimo, podem ocorrer casos em que a frequência de operação destes componentes em um circuito
eletrônico também seja alta. Outros componentes, como capacitores, possuem limitações no número de
carga e recarga, ou ainda, memórias lógicas, que possuem número máximo de ações de gravação.
Todos esses fatores afetam diretamente a vida útil dos circuitos eletrônicos e precisam ser considerados
já nas etapas iniciais de projeto, especialmente quando são componentes que estão sujeitos a frequências
elevadas de operação.
No entanto, ensaiar a vida útil de um circuito eletrônico pode ser uma tarefa complicada. Porém, é
possível realizar procedimentos de uso contínuo para realizar testes que garantam um funcionamento
mínimo do circuito, por exemplo, de que o circuito não será danificado em um período curto de utilização.
Conforme foi estudado na seção 3.1.2, os parâmetros dos componentes eletrônicos são suscetíveis às
mudanças térmicas, variando geralmente de forma não linear em relação às alterações de temperatura. Os
ensaios térmicos em bancada podem ser realizados com a utilização de estufas térmicas laboratoriais e o
uso de termômetros e câmeras térmicas para mensurar os valores de temperatura.
São dois os principais fatores que modificam a temperatura sobre os componentes. Eles sofrem as
variações causadas pelo aquecimento devido à passagem de corrente elétrica em seus terminais e, em
segundo lugar, os componentes são afetados pelas variações térmicas do ambiente, que pode ter diversas
fontes, inclusive o aquecimento dos componentes da vizinhança.
Na análise de cada componente, estes dois fatores se somam. Então, se um componente opera em
condições nominais do circuito, tem uma variação intrínseca de + 10 °C e a variação da temperatura ambiente
durante seu funcionamento é de 15 °C. Então, este componente sofreu uma alteração de temperatura de
25 °C. A seguir, serão apresentados dois procedimentos que permitem avaliar em laboratório as variações
de temperatura em um circuito eletrônico.
EFEITOS INTERNOS
A primeira forma consiste em avaliar as variações de temperatura que são geradas pelos próprios
componentes eletrônicos durante o funcionamento do circuito. Os componentes aquecem devido às
perdas elétricas, que é o conhecido efeito Joule (P = R*I2). É preciso realizar um procedimento que avalia o
efeito deste aquecimento intrínseco do circuito.
A tabela, a seguir, apresenta um procedimento de teste que pode ser realizado ao longo de um tempo
determinado.
Na tabela anterior, a temperatura ambiente é mensurada e serve de base para obtenção da variação
térmica em cada medição. A análise pode servir para avaliar componentes específicos cujos parâmetros
são mais sensíveis a variações de temperatura, ou componentes que são grandes fontes de calor durante
seu funcionamento, e assim por diante.
A variação de tempo entre as medições, o tempo total e os componentes que precisam ser avaliados
com maior critério dependem da aplicação do circuito. Por exemplo, circuitos que possuem fontes lineares
geralmente são grandes fontes de calor. Assim, é preciso manter a temperatura nestes componentes em
faixas seguras de operação. Outro caso são as chaves eletrônicas (transistores, MOSFETs, SCRs, entre outros)
que costumam ser usados para controlar cargas de corrente elevadas. Circuitos eletrônicos sensíveis, como
sensores de correntes, sofrem com a influência de temperatura. É preciso avaliar qual a necessidade de
análise em cada caso.
Importante salientar que a medição de temperatura, seja com o auxílio do termômetro ou de câmera
térmica, verifica a temperatura na superfície dos componentes. E a temperatura interna dos componentes
é maior do que na suficiente. Portanto, é preciso ter atenção quanto aos limites de aquecimento dos
componentes, que são informados nos manuais de dados (datasheets) dos componentes.
Através desse ensaio, é possível verificar se determinados componentes estão aquecendo acima do que
deveriam. Pode-se chegar à conclusão de que estes componentes estão sendo ineficientes e precisam ser
substituídos por outros similares, de melhor tecnologia ou com características diferentes.
EFEITOS EXTERNOS
As variações da temperatura ambiente afetam o circuito como um todo. A elaboração de um
procedimento de teste que seja coerente com a aplicação é essencial para o sucesso desse tipo de ensaio.
Considerando o exemplo de um circuito eletrônico projetado para funcionar dentro de uma caixa metálica
que fica exposta à insolação, pode-se, nesse caso, atingir variações de temperatura ambiente maiores do
que 40 °C.
Supondo que a variação máxima de temperatura ambiente mensurada dentro desta caixa metálica
seja de 50 °C, a variação média da temperatura intrínseca do circuito é de 10 °C. Para o teste do circuito
em estufa, a temperatura programada deve levar em consideração ambas as temperaturas, portanto, a
temperatura da estufa pode ser calculada:
Testufa = 50 + 10 = 60 °C
O procedimento de teste anterior pode ser levado em consideração para novos testes, com o circuito
operando em condições nominais dentro da estufa programada para temperatura máxima, como
apresentado na figura, a seguir.
Conforme pôde ser visto no exemplo anterior, a figura apresentou um circuito eletrônico sendo testado
em estufa e a sua análise com a câmera térmica focando no transformador.
a) b)
iStock ([20--?])
A seguir, serão apresentados os principais fatores que devem ser observados durante a inspeção de
qualidade de placas de circuitos eletrônicos de maneira manual. Este serviço é melhor realizado com a
utilização de lupas e se aconselha a utilização de luvas de proteção contra ESD (Eletrostatic Discharge),
para evitar danificar os componentes eletrônicos mais sensíveis devido a descargas eletrostáticas, evitando
falhas latentes e queima de componentes.
a) Análise visual
A primeira ação que pode ser executada é a análise visual da integridade e limpeza dos circuitos
eletrônicos. Sujeiras e respingos de solda podem afetar o funcionamento dos circuitos elétricos, gerar
correntes de fugas ou curtos-circuitos.
Além disso, é preciso verificar se todos os componentes estão soldados e conectados em seus devidos
lugares. É ideal que esta avaliação seja realizada com o auxílio do esquemático do circuito eletrônico e, no
caso de ser o primeiro protótipo, é importante fazer esta verificação para cada componente.
iStock ([20--?])
Figura 295 - Análise visual
No caso de serem detectadas sujeiras e resquícios indevidos sobre o circuito eletrônico, é possível
realizar a limpeza da placa com a utilização de pinceis antiestáticos e o uso de álcool isopropílico. Lembre-
se de não exagerar no uso de produtos químicos na superfície da placa, mesmo para a ação de limpeza. O
uso excessivo pode remover o verniz que protege o cobre.
b) Trilhas e conexões
As trilhas das placas eletrônicas precisam estar intactas. Durante o processo de fabricação, montagem
ou testes da placa eletrônica, há a possibilidade de ocorrerem defeitos ou até mesmo acidentes que podem
danificar as trilhas do circuito. Por exemplo, uma chave de fenda utilizada inadequadamente pode danificar
uma trilha próxima a um parafuso.
As trilhas danificadas podem apresentar as seguintes ocorrências:
a) soltas ou danificadas;
b) sem proteção de verniz;
c) com respingos de solda;
d) localizada em lugar inadequado: por exemplo, muito próxima de um furo de parafuso, em que a
instalação da arruela poderia causar um curto-circuito.
No caso de respingos de solda, pode-se utilizar o ferro de solda para remoção. Contudo, dependendo
das condições da falha na trilha, a solução não é contornável de forma tão simples, podendo ser necessário
substituir a placa de circuito eletrônico, conforme a exigência vigente, em casos industriais, por exemplo.
c) Posicionamento dos componentes
Os componentes de uma placa eletrônica são mais suscetíveis a falhas ou a maus contatos quando são
encaixados ou soldados inadequadamente, porque sofrem com maior intensidade os efeitos de vibrações
e estresses térmicos e elétricos. Portanto, é preciso garantir que os componentes estejam encaixados
corretamente em suas posições.
A figura seguinte mostra alguns exemplos de erros cometidos durante a montagem dos componentes
na placa eletrônica.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2016)
Além de garantir maior resistência mecânica, é também preciso levar em consideração as questões
estéticas da placa. Isso auxilia o entendimento do circuito e facilita os serviços de reparos e manutenção. Na
montagem horizontal, é importante que os componentes estejam alinhados e corretamente posicionados.
Os identificadores devem ser de fácil compreensão, além de existir um padrão de orientação que facilite a
leitura (da esquerda para a direita, e de cima para baixo).
Quando montados na vertical, é importante que a leitura dos parâmetros possa ser feita de cima para
baixo. Circuitos integrados encaixados inadequadamente podem afetar a altura do circuito, prejudicar os
pontos de solda e diminuir as distâncias entre trilhas.
d) Dobragem de terminais
A forma com que os terminais são dobrados pode afetar a resistência mecânica dos mesmos. Não se
deve, por exemplo, realizar as dobras muito próximas do corpo do componente, e o ângulo de torção
também não deve ser muito elevado (evitar ângulos muito próximos de 90°). A figura ilustra um exemplo
de como isso pode ou não ser feito.
Quanto maior o ângulo de dobramento, maior a possibilidade de trincar o diâmetro externo da dobra,
fragilizando mecanicamente o terminal e podendo comprometer sua condução de corrente.
e) Soldagem dos componentes
A qualidade da soldagem é importante para garantir resistência mecânica e melhorar a condutividade
da conexão elétrica. É possível identificar visualmente muitos problemas relativos à soldagem, como o
excesso de estanho, solda fria, metal exposto, solda não derretida ou rachada, dentre outros.
f ) Componentes danificados
Durante a montagem ou teste dos circuitos eletrônicos, os componentes podem ter sofrido avarias. Um
componente pode ter sido danificado por um contato indevido do ferro de solda, especialmente os mais
altos. Da mesma forma, as trilhas de uma placa podem ter sido danificadas durante a montagem devido ao
excesso de calor ou algum choque mecânico.
g) Parafusos
Conjunto de parafusos, arruelas e porcas devem ser inseridos na sequência correta e apertados de
maneira adequada.
h) Conectores
Pinos de conectores danificados podem prejudicar a transmissão de energia ou sinal de comunicação,
podendo agir como fonte de ruídos, aumento das perdas por aquecimento ou até falhas intermitentes de
sinal. É preciso verificar se os pinos dos conectores não estão tortos, quebrados ou até mesmo enferrujados.
Além dos circuitos eletrônicos, os acessórios que fazem parte do sistema que integra o circuito eletrônico
a outros equipamentos ou circuitos também precisam ser avaliados em uma inspeção de qualidade. Isso
pode ajudar a evitar muitas falhas durante a operação do circuito em sua aplicação.
Findado o processo de validação, deve-se reunir toda informação gerada no decorrer do projeto e
elaborar a documentação técnica, conforme será apresentada na seção seguinte.
O registro das ações realizadas durante as etapas do projeto de um circuito eletrônico pode parecer
desnecessário. Porém, trata-se de um fator importante para o sucesso de um projeto, seu funcionamento
e a sua continuidade. A fim de compreender melhor essa questão, alguns questionamentos podem ser
feitos.
a) Por que elaborar documentação técnica?
A organização das informações de um projeto eletrônico é uma ação essencial especialmente para
circuitos que são criados dentro uma perspectiva de se tornarem produtos, ou que possam vir a ser
integrados em um produto ou equipamento novo ou já existente.
As informações coletadas permitem a elaboração dos manuais técnicos do circuito ou do sistema de
modo a explicar aos usuários a forma correta e segura de instalar e utilizar os sistemas. Permitem também a
elaboração de manuais para manutenção dos circuitos com intuito de instruir de forma correta os técnicos
que serão responsáveis pela manutenção de um circuito eletrônico, especialmente para sistemas mais
complexos e dedicados.
Um exemplo comum são os manuais de conserto de aparelhos de televisão, sem os quais os técnicos de
manutenção teriam que “quebrar a cabeça” desvendando o funcionamento de cada novo modelo lançado
no mercado.
b) O que organizar?
É preciso saber exatamente quais tipos de informações são importantes para cada projeto eletrônico
em específico. Em geral, em circuitos eletrônicos, é preciso registrar e organizar os estudos realizados
que levaram às decisões do tipo de circuito adotado, dos componentes escolhidos e de todas as demais
decisões que foram importantes para a concepção do circuito projetado.
MANUAL TÉCNICO
Um manual técnico visa auxiliar os usuários sobre a forma de usar o equipamento ou o sistema,
fornecendo as instruções básicas para sua utilização. Além disso, um manual bem escrito pode auxiliar
na educação do usuário sobre a melhor forma de utilizar o produto, seja, por exemplo, para preservar sua
integridade física ou para otimizar sua vida útil.
Escrever um manual técnico não é uma tarefa simples. A maioria dos usuários procuram se esquivar
do uso dessa ferramenta, especialmente quando se trata de um texto rebuscado. É importante, portanto,
utilizar uma linguagem fácil de ser compreendida e que esclareça ao usuário as questões realmente
importantes. Para isso, ao escrever um manual adequado, é preciso conhecer o perfil dos prováveis usuários
do circuito desenvolvido. Definir esse perfil vai ajudar a escolher o tipo e o formato do manual que deverá
ser desenvolvido.
e)Atualizações
As atualizações de circuitos eletrônicos são mais comuns em sistemas que possuem softwares envolvidos.
Novas versões podem ser desenvolvidas de modo a melhorar o desempenho ou eliminar falhas das versões
anteriores. Isso pode ocasionar a necessidade de atualizações dos sistemas que já estão em utilização.
Estilo de linguagem O estilo e a linguagem adotada precisam ser compatíveis com o público-alvo.
Primeiro você precisa conhecer onde será usado este material. Por exemplo, se for em um setor
industrial, pode-se optar por desenvolver um documento em tamanho portátil, que possua um índice
de acesso rápido, facilitando encontrar assuntos específicos com rapidez.
Estrutura do conteúdo
Caso o manual não seja um material que será consultado com muita frequência, ou utilizado em
um escritório, ele pode assumir um formato de documento com mais detalhes, mais exemplos e
procedimentos.
Muitas instituições ou empresas possuem suas próprias normas para a elaboração de manuais e
outros documentos técnicos, com o objetivo de gerar uma formatação única e estruturada para o
documento.
Formatação Para isso, tem-se a norma da ABNT, NBR 10719:2015, que orienta a elaboração, a apresentação
técnica e a cientifica. Seu uso é opcional, e se trata de um excelente modelo para padronização dos
documentos gerados, para seguir como um guia a respeito da formatação do texto e outros detalhes
como o tamanho e posicionamento de figuras e ilustrações, tabelas, símbolos.
Sempre que possível, deve-se inserir exemplos. Esta ação pode esclarecer muitas dúvidas e explicar
como as ações para uma determinada configuração ou ajuste devem ser feitas, assim como também
Exemplos pode informar as ações que devem ser evitadas. Além disso, é interessante que tenha imagens das
partes físicas dos componentes e circuitos, ajudando a localizar a área do circuito que o procedimento
está se referindo.
Quadro 41 - Aspectos básicos para elaboração de um manual técnico
Fonte: SENAI (2016)
Outros aspectos podem ser necessários, conforme empresa e produto desenvolvido. Os manuais de
dispositivos voltados para a área técnica costumam ser mais densos e específicos em relação aos manuais
de eletroportáteis, por exemplo.
Nome
01 - CRONOGRAMA
02 - PROCEDIMENTOS
03 - DATASHEETs
04 - SIMULAÇÕES ELETRÔNICAS
05 - ESQUEMÁTICOS
06 - LEIAUTE PCIs
07 - LISTA DE MATERIAIS
08 - FIRMWARES
09 - SOFTWARES
...
95 - RELATÓRIOS
Patricia Marcilio (2016)
96 - MANUAL TÉCNICO
97 - ARTIGOS
98 - MATERIAIS DE APOIO
99 - COMPRAS
Figura 299 - Organização dos arquivos em pastas
Fonte: SENAI (2016)
Em segundo plano, existe uma infinidade de outros arquivos que também precisam ser organizados
e servem para dar suporte a todo material desenvolvido. Esses materiais consistem em bibliotecas de
componentes dos softwares utilizados, datasheets dos componentes em geral (sejam componentes
eletrônicos ou outras peças), materiais didáticos que servem de suporte ao projeto, manuais dos
equipamentos e instrumentos de laboratório, cronogramas, listas de contatos de fornecedores, clientes,
entre outros arquivos que possam vir complementar o projeto de alguma forma.
É comum que um projeto eletrônico enfrente problemas durantes suas etapas de testes, gerando a
necessidade de realizar ajustes ou alterações nos esquemáticos, por exemplo, um filtro mau projetado
pode vir a se tornar visível somente nos testes elétricos do circuito, os pinos de um circuito integrado
podem estar suscetíveis a interferências, uma placa de circuito pode possuir trilhas mau projetadas que
aquecem demais e ocasionam muitas perdas etc.
Esses tipos de problemas ocasionam alterações em esquemáticos e leiautes, porém, elas não são
exclusividades dos problemas. Uma função existente que precisa ser modificada ou removida, assim como
uma nova função que precisa ser integrada, são também fontes de alterações.
Para exemplificar, um circuito de controle de uma máquina que possui uma conexão de comunicação
RS232 e agora necessita uma via de comunicação USB integrada para interagir com outros computadores
necessitará de alterações de componentes, esquemáticos e leiautes. No entanto, isso não significa
necessariamente que os arquivos do projeto inicial devam ser descartados ao gerar os arquivos atualizados.
O que acontece geralmente é o contrário, sendo preciso encontrar uma forma de diferenciar as novas
versões das antigas de modo que não ocorra confusões no momento da fabricação e das montagens.
a) Esquemáticos
Os esquemáticos podem ser organizados por versões através de uma codificação, que pode ser
determinada pelo projetista ou pelo departamento cujo projeto está sendo executado. É importante que
esta codificação contemple alguns requisitos, como:
a) ser padrão para projetos distintos;
b) identificar as versões de cada projeto;
c) identificar as funcionalidades de cada versão.
O exemplo, a seguir, mostra como esse código pode ser criado.
P 0 1 V 0 0 A A
Modelo
Patricia Marcilio (2016)
Versão
Projeto
Figura 300 - Código para organização e identificação de esquemáticos
Fonte: SENAI (2016)
Conforme a figura anterior, os projetos podem ser nomeados, como: P01, P02 etc. Considere um projeto
de um circuito de controle de uma máquina, nomeado de projeto P05. Suponha também que este projeto
tem três versões diferentes, que elas possuem atualizações em relação à anterior em partes distintas do
circuito, e cada uma destas versões têm três modelos que caracterizam diferentes aplicações.
É essencial que exista um documento de controle de versões nos arquivos do projeto, resumindo as
alterações realizadas e as características de cada versão e modelo do projeto. O quadro, a seguir, apresenta
distinções genéricas sobre o projeto.
Você viu no quadro anterior que há possibilidade de existir nove tipos de esquemáticos, que podem
ser identificados pelas codificações: P05V001A, P05V001B, P05V001C, P05V002A, P05V002B, P05V002C,
P05V003A, P05V003B e P05V003C. Cada projeto poderá conter várias plantas (Planta1, Planta2, Planta3
etc.) que indicam seus subcircuitos, porém essa identificação interna pode ficar restrita a cada projeto com
suas devidas peculiaridades.
LEIAUTE
Com a organização dos esquemáticos através de um padrão de código, os leiautes dos circuitos
eletrônicos podem seguir a mesma referência de codificação. No entanto, um projeto específico, com sua
determinada versão e modelo, pode vir a possuir mais de um tipo e forma de leiaute. Quando isso ocorrer,
pode-se distinguir esses leiautes de duas formas básicas.
A primeira maneira é acrescentar mais dígitos no campo do código para representar os diferentes
leiautes do circuito. Por exemplo, veja, no quadro a seguir, como ficaria o projeto P05V001C.
Outra forma consiste em inserir outro código, específico para os leiautes, que identifica os diferentes
leiautes de um mesmo projeto/versão/modelo, conforme apresenta o quadro.
10,0 x 5,0 cm
P05V001C-L2
Componentes SMD
Quadro 44 - Exemplos de controle de versões
Fonte: SENAI (2016)
Independentemente do tipo de codificação adotado, é importante que o código seja impresso na placa
de circuito de modo a identificar qual seu modelo e versão. Essa plotagem deve ser prevista no projeto de
leiaute. O detalhe de como plotar essa informação no projeto do circuito eletrônico foi apresentado na
seção sobre o desenvolvimento de leiautes de placas eletrônicas.
Não é difícil se deparar com projetos de circuitos eletrônicos que precisam de algum tipo de software,
seja um firmware embarcado em microcontroladores para gerenciar atividades dos circuitos, ou um
software de computador que tenha o papel de supervisão, configuração, acompanhamento ou outros
propósitos para o sistema.
Os desenvolvimentos de softwares de computadores e firmwares para microcontroladores são mais
flexíveis do que o desenvolvimento de hardware. Como consequência disso, a quantidade de versões e
atualizações pode ser bastante vasta, assim como no caso de diagramas esquemáticos e leiautes.
Portanto, é preciso encontrar uma forma de organizar estes arquivos e identificá-los conforme suas
características e aplicações.
FIQUE Para aumentar a segurança dos arquivos do projeto, é importante que backups
ALERTA sejam realizados com frequência. Para isso, podem ser utilizados HD externos ou, de
preferência, servidores dedicados a esta atividade.
As principais razões atreladas à criação de novas versões de software podem ser referentes a alterações
ou criação de novas necessidades, tais como:
a) mudança de conceito e estrutura de um software;
b) correção de erros;
S 0 1 V 0 1 A 0 1
Atualização
Software/
Firmware
Figura 301 - Código para organização e identificação de softwares e firmwares
Fonte: SENAI (2016)
Conforme o exemplo ilustrado, os softwares ou firmwares podem ser identificados pelo código S01,
S02, S03. Por exemplo, um firmware de um microcontrolador responsável pela leitura de sensores de
temperatura e comunicação com outro circuito responsável pela interação homem-máquina (IHM) pode
ser identificado como S01. E, como S02 o firmware do microcontrolador da placa de circuito eletrônico,
responsável pelo controle do circuito de iteração homem-máquina, contendo os botões e o display que
permite aos usuários visualizarem os parâmetros do sistema. Além disso, pode-se imaginar que se houvesse
um software de computador, que através de comunicação serial, monitore o funcionamento do sistema.
Este seria chamado o software S03.
Cada um destes softwares pode possuir mais de uma versão (V01, V02, V03). Estas versões estariam
relacionadas a mudanças significativas na estrutura do software, por exemplo, ou mudanças profundas na
estrutura original do software, mudança da topologia de programação, ou a adaptação do software para
outro processador com características distintas. Enfim, as diferentes versões poderiam ser caracterizadas
por realizar as mesmas funções de formas, qualidade ou aplicações distintas.
Por fim, o último código diz respeito a pequenas atualizações realizadas em uma dada versão (A01, A02,
A03) até culminar, por exemplo, na atualização que seja aprovada pelo cliente ou atinja o desempenho
esperado. Veja, no quadro, a seguir, as informações relevantes para o controle de versão de códigos-fonte.
A fim de registrar estas ações, é conveniente elaborar um documento, ao estilo do quadro apresentado
anteriormente, que concentre as informações relacionadas a cada versão e a cada atualização.
Introdução
A introdução deve conter um resumo sobre o tipo de projeto que está sendo apresentado, os seus
objetivos e as razões pelas quais este projeto eletrônico está sendo desenvolvido.
Desenvolvimento
O desenvolvimento é o núcleo de um relatório, onde são apresentadas, com detalhes, as principais
informações de um projeto. No caso de projetos de circuitos eletrônicos, são citados, a seguir, alguns dos
tópicos que caracterizam as etapas gerais que devem ser descritas em um relatório para este tipo de projeto.
a) Estudo de concepção dos circuitos: apresenta os principais estudos realizados na etapa inicial do
projeto para levantar as necessidades técnicas do desenvolvimento que está sendo proposto, assim
como as soluções técnicas utilizadas e desenvolvidas para realizar as funções que o projeto exige.
Neste passo, apresenta-se, por exemplo, o estudo comparativo de circuitos eletrônicos distintos, que
poderiam realizar a função que se deseja e o grau com que cada um pode se adaptar às necessidades
do projeto. Em um circuito de relógio digital, uma solução seria desenvolver um circuito utilizando
componentes discretos (portas lógicas, memórias etc.), sem a necessidade de desenvolvimento de
firmware. De outra forma, essa solução poderia ser alcançada com a utilização de um microcon-
trolador. Um estudo comparativo, com base nas necessidades do projeto, irá auxiliar esta decisão,
e explicar os motivos desta escolha é um tema importante para enriquecer um relatório técnico de
um projeto.
b) Memorial de cálculos do projeto: o memorial de cálculo é uma forma de resumir e explicar como
os circuitos eletrônicos foram dimensionados, ilustrando a metodologia e sequência de cálculos
utilizados para definir os parâmetros dos circuitos e as fórmulas gerais que regem o funcionamento
do sistema, quando estas forem importantes. Registrar essas informações e concentrá-las em um
relatório pode auxiliar na elaboração de novos projetos do mesmo gênero, economizado tempo
de desenvolvimento por meio da utilização da experiência já consagrada, o que é um fator muito
importante para o sucesso de um novo projeto.
Conclusão
Os resultados obtidos no desenvolvimento de projeto devem ser resumidos e apresentados de forma
clara e organizada. Os objetivos iniciais podem ser confrontados com os resultados alcançados na execução
do projeto, mencionando o sucesso alcançado, assim como também as discrepâncias que podem ser
reportadas e as suas razões justificadas. É interessante, contudo, evitar apresentar dados quantitativos, os
quais devem ter sido abordados adequadamente nas etapas experimentares do relatório.
Como a conclusão é o último tópico de um relatório técnico, também é possível sugerir aspectos de
melhorias para o projeto, que venham permitir um desenvolvimento mais eficiente de projetos similares
ou de melhorias que possam complementar o projeto executado.
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O domínio técnico dos responsáveis pelo desenvolvimento e a viabilidade da ideia que será defendida
são imprescindíveis para a elaboração de um novo projeto, porém, se o apresentador não conseguir
transmitir as vantagens reais que um projeto pode oferecer aos seus interessados, pode colocar em risco o
início ou o andamento desse projeto.
Portanto, a questão pessoal e a postura ética são muito importantes neste momento, pois o sucesso de
uma boa apresentação pode determinar o futuro de uma ideia. Para isso, é preciso entender os conceitos
necessários de uma boa apresentação e buscar enriquecer os conhecimentos relativos a esta atividade.
Nesta seção, serão apresentadas algumas técnicas básicas e conceitos que podem ser utilizados na
apresentação de um projeto de circuito eletrônico para um cliente, com intuito de apresentar os resultados
de um projeto.
um efeito contrário. É preciso saber mensurar e ter cuidados com essas ações. Para exemplificar, não
é conveniente se posicionar em frente à tela de apresentação, ou ficar de costas para os ouvintes,
permanecer sentado por muito tempo, ou qualquer ação monótona em que se fique muito tempo
sem interagir com os ouvintes. Utilize bem os recursos visuais, as réguas ou outros meios para
apontar os detalhes que estão sendo explicados.
e) Vocabulário: os termos utilizados em uma apresentação devem ser apropriados ao tema e aos
ouvintes, no caso, os clientes. É preciso buscar utilizar um vocabulário apropriado que seja
compreendido por todos os presentes, independente da formação, já que pessoas que não são da
área técnica não estão habituadas a termos específicos relacionado a projetos eletrônicos. Portanto,
os vocabulários técnicos, quando utilizados, devem ser expressos de um modo didático quando na
presença de pessoas que não entendem muito do assunto.
f ) Tom da voz: com a utilização de recursos de áudio ou não, o volume de voz empregado muda
conforme o tipo do ambiente em que está sendo realizada a apresentação. O tom de voz em uma
sala pequena com poucas pessoas não pode ser o mesmo em um ambiente maior. É preciso garantir
que as pessoas estejam ouvindo o que está sendo apresentado. O apresentador precisa estar atento
quanto a isso, pois podem existir ruídos no ambiente, que podem prejudicar a comunicação.
g) Olhar: também é uma forma importante de interagir com as pessoas que estão assistindo à
apresentação. O olhar pode refletir um convite aos ouvintes a serem mais participativos durante
a apresentação, assim como funciona como uma realimentação para o apresentador perceber o
andamento de sua apresentação. Através do olhar, tem-se uma leve percepção se as pessoas estão
interessadas ou entendendo o assunto da forma que está sendo abordado.
h) Ritmo: durante uma apresentação, é importante buscar um ritmo de modo que a apresentação
possa fluir sem se tornar monótona para o público. É preciso ter cuidado com excesso de pausas,
comentários secundários ou brincadeiras.
Quando for necessário realizar uma apresentação, busque um ritmo natural para a fala e para as
conversas, sem parecer muito artificial ou forçado. Pronuncie bem as palavras e com boa intensidade.
Não seja muito lento, nem muito rápido e evite cometer erros de gramática que afetem a qualidade da
apresentação.
Por fim, deve-se ter objetividade nas apresentações, falar com clareza e sem se prolongar muito nas
explicações. Assim como se apresentar sempre disposto para responder os questionamentos antes e após
a apresentação.
Tratando-se especialmente de projetos na área de eletrônica, estes recursos são essenciais devido ao fato
de que grande parte do desenvolvimento de circuitos eletrônicos é realizado com o auxílio do computador,
e os esquemáticos, simulações e códigos de programação, entre outros arquivos podem muito bem ser
resumidos e explicados através de slides com a ajuda de softwares de apresentações gráficas.
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Figura 303 - Recursos para apresentação: notebook e projetor
Uma precaução é utilizar um computador portátil de uso próprio para evitar surpresas no local da
apresentação, pois o computador do local pode estar com algum defeito, possuir vírus, não ter softwares e
plug-ins apropriados ou até mesmo pode acontecer de não possuir um computador no local.
Além disso, prevendo uma perda de arquivo, um backup em pen drive é sempre uma boa escolha e um
modo seguro de se precaver dos problemas do mundo da informática que não são tão incomuns.
Durante a apresentação, procure utilizar recursos para apontar e explicitar os pontos do slide que estão
sendo comentados. Isso pode ser feito com uma régua, apontadores a laser ou recursos do próprio aparelho
de projeção.
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Os vídeos e animações também podem ser ferramentas interessantes para apresentar e expor o
funcionamento de circuitos eletrônicos e sistemas, complementando assim imagens, fotos e tabelas. Além
dos recursos visuais, levar o protótipo do circuito e os principais componentes que serão abordados na
apresentação, quando existe esta possibilidade, é uma prática que fortalece a apresentação e as explicações
realizadas, e facilita a interpretação do projeto e seus resultados.
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Figura 305 - Protótipo para apresentação
No entanto, quando é necessário aprofundar alguma informação que não tenha ficado clara para os
ouvintes, especialmente quando se trata de informações técnicas, exemplo de sugestões de circuitos
eletrônicos ou cálculos, o uso de quadro branco ou cavaletes e flip-charts é sempre bem-vindo para
desenhar esboços e explicar ideias. Portanto, quando disponível, é sempre uma ferramenta a mais que
pode colaborar com a apresentação.
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A tecnologia trouxe recursos que permitem realizar apresentações e reuniões a distância, por meio de
vídeoconferências, que são possíveis utilizando sistemas como Skype da Microsoft ou Hangout da Google.
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Figura 307 - Vídeoconferência por computador
Esses recursos permitem que apresentações sejam realizadas com pessoas ou grupo de pessoas em
diversas localidades, e isso se torna conveniente quão mais longe estão uns dos outros.
A forma com que a apresentação deve ser conduzida depende essencialmente do objetivo da mesma.
Considerando uma apresentação de resultados relativos à execução de um projeto de circuito eletrônico,
para um cliente que realizou a contratação deste serviço, alguns elementos podem ser citados e julgados
importantes.
A preparação da programação deve sintetizar de maneira expositiva as principais características de cada
etapa do projeto e focar de modo especial os objetivos que foram traçados para o projeto e os resultados
que foram alcançados. De uma forma sucinta, a seguir, são citados alguns elementos que podem ser
relevantes na apresentação de um projeto eletrônico.
Soluções adotadas
Recomenda-se apresentar a forma com que as soluções foram propostas e definidas, quais foram os
fatores que foram levados em consideração para decidir os tipos de circuitos e tecnologias adotadas,
especialmente aqueles referentes às características impostas pelo cliente. Estes fatores podem ter um
cunho técnico, econômico ou até mesmo a falta de alternativas.
Para exemplificar, suponha que um cliente X solicitou o projeto e desenvolvimento de um circuito
eletrônico que pudesse controlar uma de suas máquinas, e uma das exigências seria que este circuito
pudesse se comunicar com computadores e notebooks para realizar a supervisão do sistema em tempo real.
No contexto do projeto, os responsáveis em desenvolver os circuitos possuíam, portanto, a responsabilidade
de realizar o estudo para determinar uma solução para este caso em específico, considerando que o cliente
não impôs a utilização de uma tecnologia específica.
Considerando que os desenvolvedores decidiram utilizar a comunicação USB ao invés das comunicações
RS232 e sem fio, um quadro explicativo poderia ser inserido na apresentação contemplando os motivos
desta decisão, mostrando por que este caminho foi escolhido, diferente das demais opções.
Resultados práticos
Todo e qualquer cliente certamente estará interessado em conhecer os resultados de um projeto que foi
contratado e se este corresponde às expectativas. Portanto, deve-se apresentar de forma clara e objetiva
o resultado do comportamento dos circuitos projetados, tanto em laboratório como na aplicação. Os
resultados dos ensaios e testes elétricos, térmicos e mecânicos precisam ser esclarecidos e contrastados
com os objetivos iniciais do projeto.
Isso pode ser feito por meio de imagens, gráficos e tabelas que contenham as informações desejadas.
Da mesma forma, a apresentação do relatório técnico pode ser disponibilizado para os clientes, se assim
for conveniente.
Protótipos
Apresentar um protótipo dos circuitos projetados sempre que possível durante uma apresentação
causa uma boa impressão e torna mais fácil a demonstração das características do projeto, facilitando a
explicação de seu funcionamento por meio de exemplos reais que possam ser conduzidos ao vivo.
Conclusões
Para finalizar, pode-se terminar a apresentação com a exposição de uma avaliação sucinta de todo o
trabalho, resumindo os pontos fortes e as limitações do projeto, os objetivos conquistados, os desafios
pendentes e a previsão de resultados e benefícios que se espera obter do projeto realizado.
Perguntas
É um fato normal clientes e executivos levantarem questões sobre os pontos fracos de uma apresentação,
ações realizadas ou ideias propostas. Portanto, deve-se fundamentar bem todos os pontos principais
do projeto durante sua defesa. Lidar com questões difíceis ao longo de uma apresentação aumenta a
credibilidade do projeto que está sendo defendido, é interessante tentar antecipar questionamentos e
estar preparado para outros que certamente surgirão. Não deixe de estar aberto a perguntas, e não leve
nada para o lado pessoal. É importante realizar a apresentação com um postura honesta e ética e fazer o
possível para auxiliar e sanar as dúvidas.
RECAPITULANDO
Com o estudo desse capítulo você teve a oportunidade de conhecer as principais etapas de um
projeto eletrônico, desde a concepção inicial de ideias e objetivos que fundamentam a necessidade
de um projeto eletrônico, passando pela a etapa de fabricação e testes até o momento de defender
o trabalho realizado perante um cliente.
Grande parte dos conceitos técnicos fundamentais devem ser prévios, tal como eletrônica digital,
eletrônica analógica e análises de circuitos, os quais são integrados neste capítulo com um objetivo
comum e são colocados a prova através de atividades que relacionam os conhecimentos teóricos
e os resultados práticos.
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PAULO PEREIRA
Graduado em Tecnologia em Eletroeletrônica pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2007).
Graduado em Formação Pedagógica para Formadores Educação Profissional, pela Universidade do
Sul de Santa Catarina (2010). Mestrando em Engenharia Elétrica, na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC), na área de Tração Elétrica. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com
ênfase em Eletrônica Industrial. Participou do projeto de conversores para periféricos de veículos
leves, ônibus elétrico e trem elétrico. Atualmente é pesquisador no Instituto SENAI de tecnologia
em eletroeletrônica e integra a equipe EaD de Desenvolvimento de Materiais Didáticos como
Conteudista do Curso Técnico em Eletrônica.
B
Brainstorming 23, 30, 64, 82, 83, 86, 87, 88
C
Check list 28
Ciclo de vida do projeto 43, 44, 45
Cronograma 23, 25, 26, 27, 31, 33, 43, 51, 52, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 91, 249
Custos 20, 23, 25, 26, 31, 38, 39, 40, 51, 59, 60, 81, 85, 91, 95, 118, 166, 167, 362, 364, 368
D
Declaração do escopo do projeto 32, 61, 62
Descarte 23, 24, 33, 42, 43, 85, 91, 104
Diagrama de Gantt 23, 54, 55, 56, 57, 91
E
Eficácia 20, 33, 34, 57, 81, 97
Eficiência 34, 38, 106, 107, 113, 114, 150, 219, 349, 356, 358, 363, 364, 365
Entregas validadas 61
Escopo 20, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 37, 42, 45, 57, 58, 61, 62, 63, 81, 82, 86, 91, 92, 347,
363, 369
Estrutura analítica do projeto (EAP) 23, 25, 43, 45, 61, 62, 91
Excelência operacional 79
G
Gerenciamento da qualidade 79
Gráfico de marcos 56
I
Inspeção 29, 61, 62, 341, 345
L
Lista de verificação 28, 29, 30, 65, 66, 67, 82
M
Melhoria do processo 80
P
Pesquisa 23, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 51, 57, 58, 65, 214, 263, 328, 369
PMI 19, 368
Precedentes 51
Processo 19, 23, 26, 27, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 43, 49, 57, 58, 59, 60, 61, 63, 64, 66,
67, 69, 70, 72, 73, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 90, 91, 96, 100, 102, 106,
118, 188, 224, 237, 241, 244, 247, 249, 252, 255, 260, 261, 272, 273, 276, 277, 284, 286, 287,
290, 292, 294, 296, 297, 298, 303, 312, 320, 324, 342, 345, 357
Produto 19, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 58,
59, 61, 62, 63, 65, 66, 69, 70, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 106, 108, 136, 269, 292, 296, 303, 309,
345, 346, 347, 348, 357, 363
Projeto 19, 20, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47,
48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 77, 78, 81, 82, 83, 84, 85,
91, 92, 95, 96, 97, 98, 99, 102, 103, 104, 106, 108, 109, 110, 112, 115, 116, 117, 118, 119, 127,
132, 135, 136, 137, 138, 139, 142, 146, 150, 153, 155, 156, 158, 159, 160, 162, 164, 166, 167,
168, 179, 181, 190, 191, 192, 194, 204, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 214, 215, 219, 221, 224,
225, 226, 228, 229, 230, 231, 232, 234, 235, 236, 237, 240, 242, 243, 244, 246, 247, 248, 249,
266, 269, 287, 298, 300, 302, 304, 308, 309, 310, 324, 325, 326, 333, 336, 337, 345, 346, 349,
350, 351, 352, 353, 354, 355, 356, 357, 358, 361, 362, 363, 364, 365, 369, 371
R
Rede PERT 23, 43, 51, 52, 54, 91
Resíduos 23, 24, 29, 32, 42, 43, 91
S
Serviço 19, 23, 26, 27, 33, 40, 59, 62, 78, 79, 95, 252, 298, 341, 357, 362
Simultâneas 51
Solicitação de mudança 62
Stakeholders 28, 61, 62
T
Transferência de tecnologia 37
V
Verificação do escopo 61, 62
Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos
i-Comunicação
Projeto Gráfico