Você está na página 1de 276

Como Funciona

Aparelhos, Circuitos e Componentes


Eletrônicos
Volume 33

Newton C. Braga

Patrocinado por
São Paulo - 2023

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Revisão: Marcelo Braga
Impressão: Agbook
Como Funciona - Volume 33
Autores: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2023
Palavras-chave: Eletrônica - Como Funciona -
componentes eletrônicos

Copyright by
INSTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,
por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,
microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos,
videográficos, atualmente existentes ou que venham a ser
inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa
juscibernético atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido
ou implantado no futuro. Essas proibições aplicam-se também às
características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos
direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do
Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas
(artigos 122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos
Direitos Autorais).
Índice

Apresentação da Série......................................................9
Resistores carbono x resistores filme metálico..............13
Resistores de composição de carbono.......................14
Resistor de filme de carbono.....................................15
Resistores de filme metálico.....................................20
Parâmetros importantes.............................................21
Estabilidade x potência dissipada.............................21
Coeficiente de temperatura.......................................26
Ruído.........................................................................27
Técnicas de sonorização ambiente.................................30
1. O problema da impedância...................................32
2. O problema do comprimento do fio......................42
a) Comprimento do fio versus impedância..........44
B) comprimento versus perda nas frequências
elevadas................................................................46
Válvula Klystron............................................................50
Saída horizontal de televisores analógicos....................66
Os VDRs........................................................................77
O decibel........................................................................95
O circuito elétrico doméstico.......................................113
Terra e neutro..........................................................117
Observação importante:......................................120
Os fios das instalações elétricas domiciliares..............121
Observação importante:......................................131
Circuitos, ligações série e paralelo e interruptores......133
Circuito aberto e circuito fechado...........................133
Interruptores............................................................136
Série e paralelo........................................................140
Observação importante:......................................144
Oscilações de tensão....................................................145
Observação importante:......................................149
O consumo de energia elétrica.....................................150
Como ler o “relógio de luz”....................................157
Pelo direito do consumidor!....................................162
Controlando o consumo..........................................163
Observação importante:......................................167
Transformadores e fator de potência...........................168
Isolamento...............................................................175
Fator de potência.....................................................178
Qualidade da energia...............................................182
Harmônicas.............................................................184
Problemas causados pela energia "suja".................192
O multímetro nas instalações elétricas........................197
O multímetro...........................................................197
A) Resistência....................................................200
B) Tensões alternadas e contínuas.....................203
C) Correntes.......................................................206
Observação importante:......................................207
Corrente de manutenção..........................................209
Problema geral........................................................214
Amostragem e retenção...............................................216
O consumo do ar-condicionado...................................221
Finalmente o consumo............................................229
Como medir.............................................................230
Conclusão................................................................231
LF353 – Duplo amplificador operacional J-FET.........232
Máximos absolutos:............................................236
Circuitos práticos....................................................236
Os reguladores de tensão da família 78xx...................244
Os reguladores de três terminais da família 78xx...247
Como usar...............................................................252
Aplicações...............................................................255
a) Fonte de corrente constante............................255
b) Mudando a tensão de saída............................257
c) Outra forma de obter tensão variável de saída
............................................................................261
d) Aumentando a capacidade de corrente do
regulador.............................................................262
e) Proteção para circuitos de maior corrente......263
Gostaria de ler os demais livros da

Série Como Funciona, acesse


https://www.newtoncbraga.com.br/livros
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Apresentação da Série

Estamos em nosso trigésimo terceiro volume desta


série de livros que levamos aos nossos leitores sob
patrocínio da Mouser Electronics (br.mouser.com). Esta
série é baseada na grande quantidade de artigos que
escrevemos ao longo de nossa carreira como escritor
técnico e que publicamos em diversas revistas, folhetos,
livros, cursos e no nosso próprio site tanto em português,
como em espanhol e em inglês. São artigos que
representam mais de 50 anos de evolução das tecnologias
eletrônicas e, portanto, têm diversos graus de atualidade.
Os mais antigos foram analisados sendo feitas alterações e
atualizações que julgamos necessárias. Outros pela sua
finalidade didática, tratando de tecnologias antigas e
mesmo de ciência (matemática, física, química e

9
Newton C. Braga

astronomia) não foram muito alterados a não ser pela


linguagem, que sofreu modificações se bem que em alguns
casos mantivemos os termos originais da época em que
foram escritos. Não estranhem se alguns deles tiveram
ainda a ortografia antiga que foi mantida por motivos
históricos. Os livros da série consistirão numa excelente
fonte de informações para os nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo
dos mais simples que são indicados para os que gostam de
tecnologia, mas que não possuem uma fundamentação
teórica forte ou ainda não são do ramo. Neles abordamos o
funcionamento de aparelhos de uso comum como
eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes
técnicos que exijam conhecimento de teorias que são
dadas nos cursos técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes e circuitos, ideais
para os que gostam de eletrônica e já possuem uma
fundamentação quer seja estudando ou praticando com as
montagens que descrevemos em nossos artigos. Estes já
exigem um pequeno conhecimento básico da eletrônica

10
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

que também podem ser obtidos em artigos de nosso site,


livros e os cursos EAD. Estes artigos também vão ser uma
excelente fonte de consulta para professores que desejam
preparar suas aulas e alunos que desejam enriquecer seus
trabalhos
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de
circuitos e tecnologias de uma forma mais profunda com a
abordagem de instrumentação e exigindo uma
fundamentação técnica mais alta. São indicados para os
técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro
conta com links importantes, vídeos e até mesmo pode
passar por atualizações on-line que faremos sempre que
julgarmos necessário.
Neste volume trataremos de assuntos técnicos
variados, sendo especialmente indicado aos que já
possuam um conhecimento técnico, que estejam estudando
ou que precisam de material de consulta para suas aulas ou
trabalhos práticos.

11
Newton C. Braga

Trata-se de mais um livro que certamente será


importante na sua biblioteca de consulta, devendo ser
carregado no seu tablet, laptop ou celular para consulta
imediata. Os livros podem ser baixados gratuitamente no
nosso site e um link será dado para os que desejarem ter a
versão impressa pagando apenas pela impressão e frete.

Newton C. Braga

Nota sobre a ortografia: Os artigos que coletamos


para fazer parte das edições da série Como Funcionam
foram escritos a partir de 1965. Desde aquela época, a
língua portuguesa passou por muitas transformações,
como a perda do trema em frequência, do acento em polo,
termos que foram substituídos por equivalentes modernos,
tanto em inglês como em português. O próprio uso da
vírgula mudou. Assim, em muitos casos, ao recuperar os
artigos dependendo da época, mantivemos a forma
original (pelo valor histórico) como também fizemos
alterações para o português moderno. Assim, eventuais
“erros” que o leitor encontre, não são erros, mas a
manutenção da forma original. Para usar estes artigos em
eventuais trabalhos, o leitor estará livre para manter a
forma original, indicando isso, ou de fazer alterações para

12
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

o português moderno, onde se fizer necessário, com a


devida observação.

O autor

13
Newton C. Braga

Resistores carbono x
resistores filme metálico
Este artigo pretende oferecer a projetistas e demais
interessados, material para pesquisa que facilitará tanto na
escolha de resistores em novos projetos, como na
substituição em equipamentos importados, tão necessária,
se levarmos em conta a crescente tendência à
nacionalização de componentes. Abordaremos, de maneira
simples e direta, as técnicas empregadas na fabricação de
resistores, prestando informações sobre parâmetros
normativos e, como curiosidade, juntaremos alguns dados
históricos.

Nota: Artigo de 1977, baseado em documentação


da Ibrape (Philips) da época.

14
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Resistores de composição de
carbono
São fabricados pela extrusão de bastões compostos
de carbono em pó e aglomerante plástico. Após a extrusão,
os bastões são cortados em dimensões adequadas e
colocados em um forno que os aquecerá até que o
aglomerante adquira a rigidez mecânica necessária. A
obtenção de toda a gama de valores resistivos depende,
basicamente, da proporção carbono/aglomerante; para
valores resistivos elevados a mistura conterá
proporcionalmente maior quantidade de aglomerante; com
a redução dessa proporção reduz-se o valor da resistência
elétrica.
Existem, neste tipo de resistores, dois
inconvenientes. Um deles é a Inerente impossibilidade
física de se conseguir pequenas tolerâncias, que acarreta
ume grande dispersão nos valores resistivos, outro
inconveniente é o ruído extra que advém quando os
valores de resistência elétrica se elevam; este ruído surge

15
Newton C. Braga

devido à pequena área de contato existente entre as


partículas de carbono. Para que estes problemas fossem
sanados, ou minimizados, pensou-se em outro tipo de
resistor de carbono.

Resistor de filme de carbono


Uma camada muito fina de carbono (filme) é
depositada sobre um bastão cerâmico. Para os valores mais
elevados é cortado um sulco helicoidal neste filme de
carbono. Desta forma, o resistor passa a ser constituído
basicamente de uma pista helicoidal de carbono em torno
de bastão cerâmico, o conjunto é recoberto por várias
camadas de laca. Os valores resisti-vos podem, pois, ser
obtidos de duas maneiras simultâneas: a alteração na
espessura do filme de carbono (quanto menor a espessura
maiores os valores resistivos) e a escolha do passo
apropriado para o sulco, (quanto menor o passo, maiores
os valores resistivos). Conseguimos assim, valores
resistivos mais precisos e minimizamos o problema de

16
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

ruído, que eram os pontos fracos dos resistores de


composição.
O desenvolvimento dos resistores de filme de
carbono apresentava, no entanto, diversas dificuldades
intrínsecas, e somente após 20 anos de pesquisas e
experiências (1930 a 1950) este processo pode ser
utilizado para a fabricação, em larga escala, de resistores
confiáveis. As características básicas deste tipo de resistor
estabelecem que:
- O filme de carbono deve ter baixo coeficiente de
temperatura.
— Após a laqueação, o resistor não pode ser
afetado por umidade, corrosão e avarias mecânicas.
— Uma junção confiável entre o filme de carbono
e os terminais, o que não é tão fácil de se conseguir quanto
possa parecer.
— O filme deve ser perfeitamente homogêneo e
aderir firmemente ao bastão cerâmico pois, no corte do
sulco helicoidal o desprendimento de uma partícula de
carbono pode ocasionar a interrupção do resistor.

17
Newton C. Braga

Atualmente, um processo de fabricação baseado na


mais avançada tecnologia permite que se obtenha destes
resistores um desempenho bastante satisfatório. O
processo é iniciado partindo-se de bastões de cerâmica
com uma superfície tão lisa quanto possível, (a) que são
colocados em fornos rotativos nos quais é injetado um gás
hidrocarboneto que, aquecido se decompõe, por pirólise, e
o carbono se deposita uniformemente nos bastões
formando o filme. (b) A espessura do filme é função direta
da continuidade (tempo) do processo. Na fase seguinte são
colocadas as capas laterais de material elástico (c), sendo
colocadas sob pressão, temos a garantia do bom contato
necessário com o filme de carbono. O valor inicial do
resistor (R0) é medido e, baseando-se nesta medição,
calcula-se o passo necessário para a obtenção do valor
final desejado (Rn). Uma máquina provida de um rebolo
extremamente fino, executa o corte do sulco helicoidal (d)
e, quando o valor final é atingido, esse rebolo afasta-se
automaticamente do corpo do resistor. Para que se possa
ter urna ideia da sofisticação do processo é interessante

18
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

notar que quando se deseja valores excessivamente


elevados de resistência elétrica; ou seja, quando é
necessário um sulco extremamente fino, executa-se o corte
deste sulco com raio Laser. Feito o sulco helicoidal, os
terminais são soldados, por descarga capacitiva, às capas
laterais (e). São aplicadas três camadas de laca e o
respectivo código de cores (f). A laca tem,
simultaneamente, a característica de isolante e
impermeabilizante. Como etapa final, os resistores são
medidos e colocados em fitas de papel colante (g).

Figura 1

Os resistores de filme de carbono, produzidos


como descritos, possuem baixo coeficiente de temperatura,
sempre negativo, ou seja, para

19
Newton C. Braga

∆T > 0 → ∆ R< 0. Em valores resisti-vos até 100 k


são obtidos coeficientes de temperatura da ordem de -300
x 10-6 Ω /9C, e um nível de ruído inferior a +4 dB.
Apesar dos grandes progressos conseguidos no que
diz respeito a confiabilidade e estabilidade desses
resistores eles ainda possuem alguns pontos fracos que não
puderam ser eliminados. O maior valor resistivo possível é
de 10 MΩ e nessa faixa de valores, em face à camada de
carbono reduzir-se a alguns milésimos de mícrons (o que
em outras palavras significa algumas moléculas), resulta
em níveis de ruído elevados (da ordem de +15 dB). A
performance conseguida em atmosfera agressiva
(umidade, corrosivos, etc.) é ainda limitada, e não pode ser
melhorada com um aumento na espessura da camada de
laca, pois tal procedimento poderia influir adversamente
sobre a resistência térmica. Um último fator negativo é
consequência direta do coeficiente de temperatura.
Quando a temperatura ambiente e a carga são elevadas o
valor resistivo se reduz gradualmente. Supondo então que
o resistor esteja conectado a uma fonte de tensão

20
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

constante, a queda no valor resistivo implicará em um


aumento de corrente que, por sua vez, tornará a
temperatura mais elevada ainda e nova queda no valor
resistivo ocorrerá, repetindo-se o ciclo. Como vemos,
algumas limitações persistem e com a necessidade
crescente de requisitos cada vez mais estritos para certas
aplicações, em particular profissionais, foram
desenvolvidos os resistores de filme metálico.

Resistores de filme metálico


O processo de fabricação dos resistores de filme
metálico é, basicamente, o mesmo que o dos resistores de
filme de carbono, porém, ao invés da deposição de
carbono, neste caso o filme é constituído de níquel-cromo
e é na deposição deste filme que ocorre a alteração mais
notável no processo de fabricação; ou seja, o filme é
depositado sobre o bastão cerâmico por vaporização em
câmara de vácuo.
Como limitação para esta família de resistores
podemos citar a impossibilidade de obtenção de valores

21
Newton C. Braga

resistivos superiores a 1 MΩ devido à baixa resistividade


elétrica do filme. Por outro lado, as vantagens conseguidas
sobre os resistores de carbono justificam largamente sua
preferência em aplicações profissionais. Dentre elas
destacamos o baixo coeficiente de temperatura (da ordem
de 25.10-6 /°C), a performance sensivelmente superior
quando submetidos a atmosferas agressivas ou a altas
temperaturas e, por serem mais estáveis, justificam sua
fabricação em tolerâncias bastante baixas (até 0,25%).

Parâmetros importantes
Com a finalidade de facilitar a escolha de
resistores, faremos a seguir algumas considerações sobre
os mais importantes e sua influência na aplicação destes
componentes.

Estabilidade x potência dissipada


A dissipação de potência ocasiona nos resistores
um acréscimo de temperatura devido às correntes de

22
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

condução e convecção e à radiação térmica. Este


acréscimo de temperatura, denominado temperatura de
superfície, será máximo aproximadamente no meio do
resistor. Baseados nesta afirmação podemos formular: ∆ T
= R term P (I); onde P é a potência em watts e R term a
resistência térmica, função das dimensões e do material
utilizado na fabricação dos resistores, dada em °C/VV.
Se quisermos obter a temperatura máxima de
superfície Tm deveremos levar em consideração também a
temperatura ambiente e ficaremos:
Tm = Tamb + ∆ T (II)
A estabilidade de um resistor é determinada
principalmente em função da temperatura de superfície e
do valor resistivo. Habitualmente um resistor é
especificado por sua dissipação nominal e pela função:
temperatura ambiente x potência dissipada, tendo como
limite a máxima temperatura de superfície permissível
(EX-fig.2).

23
Newton C. Braga

Figura 2

Entretanto, se levarmos em conta que a


estabilidade pode ser determinada experimentalmente
como função de Tm, tendo como parâmetro o valor do
resistor, e que das fórmulas I e (II) obtemos poderemos
construir um gráfico (fig. 3), que nos dará a potência
dissipada em função da temperatura máxima de superfície
e da temperatura ambiente, e no qual a correção dos
valores da Rterm é feita na escala de potências.

24
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 3 a

Como exemplo, suponha que necessitemos um


resistor de 100 kΩ que irá dissipar 0,3 W a Tamb =70°C e
que admitiremos uma variação máxima, após 1000 h de
operação, de 1,5%.
- Tomemos o gráfico (a) resistores de filme de
carbono. Quando fixamos ∆ R/R = 1,5% teremos como
consequência um valor de máxima temperatura de
superfície, para R = 100 kΩ, de 110°C. A 70°C de

25
Newton C. Braga

temperatura ambiente, teremos o máximo valor de


potência dissipada (escala das potências); levando em
consideração que o resistor deverá dissipar 0,3 W
concluiremos que o CR-52, com diâmetro 5.2 mm e
comprimento 16,5 mm, é o de menores dimensões, capaz
de suprir as exigências impostas.
- Com o gráfico (b) - resistores de filme metálico,
vamos percorrer o caminho inverso.
Tomemos o MR-25, com diâmetro 2,5 mm e
comprimento 6,5 mm, que é o resistor de menor dimensão.
Ao fixarmos a potência dissipada de 0,3 W e levando em
consideração a temperatura ambiente de 70°C obteremos
para a temperatura máxima de superfície o valor de 140°C.
Agora, com o valor de 100 kΩ e para 1000 h de operação,
concluiremos que a variação máxima é de 0,5%. Isto nos
dá uma ideia, bastante clara, da diferença brutal que existe
entre os resistores de filme de carbono e os de filme
metálico; ou seja, um resistor de filme metálico (MR-25)
com área superficial de aproximadamente 5 vezes menor

26
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

que o de filme de carbono (CR-52), possui, após 1000 h de


operação uma estabilidade 3 vezes melhor.

Figura 3 b

Nota:- A título de exemplo, transcrevemos a seguir


uma tabela de resistores especificados com relação a
dissipação de potência nominal.

27
Newton C. Braga

Coeficiente de temperatura
No caso de resistores de filme de carbono damos
como referência a fig. 4, já para os resistores de filme
metálico podemos obter até 25.10 -6 Ω/°C. Para termos uma
ideia de ordem de grandeza, tomemos o resistor de filme
de carbono CR-52, 100 k e T =110°C. Supondo que o
valor nominal seja garantido a 25°C de temperatura
ambiente e que a essa temperatura a dissipação no resistor
seja desprezível, teremos uma variação de até -3,4%. Para
o resistor de filme metálico MR-25, 100 kΩ e Tm = 140°C
teremos, sob as mesmas condições, uma variação da
ordem de + 0,5%; torna-se então, bastante claro que para
baixas tolerâncias, próximas a 1 ou 2%, o resistor
indicado é o de filme metálico.

Ruído
Nos resistores de filme de carbono a referência é a
figura 5. Para os resistores de filme metálico, teremos:
0,25 µV/V ou -12 dB para R 100kΩ

28
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

0,50 µV/V ou -6 dB para R 10 kΩ


E aqui também podemos notar a superioridade dos
resistores de filme metálico sobre os de carbono, pois para
estes últimos, na faixa de 100 kΩ, a figura de ruído é igual
ou superior 1 µV/V ou 0 dB.

Figura 4

29
Newton C. Braga

Figura 5

30
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Técnicas de sonorização
ambiente

A ligação das caixas acústicas longe dos


amplificadores, ou a colocação de alto-falantes adicionais
pode causar sérios problemas tais como distorções, perdas
de potência e até mesmo a sobrecarga do aparelho que
culmina com sua queima. Neste artigo daremos as
soluções mais simples e eficientes para a ligação de alto-
falantes remotos e adicionais para incrementar seu sistema
de som.
A ligação de um ou mais alto-falantes a um sistema
de som pode causar diversos tipos de problemas, tanto em
relação a qualidade do som obtido (perda de volume,

31
Newton C. Braga

distorção) como em relação ao desempenho do


amplificador (sobrecarga). Por outro lado, a ligação de
alto-falantes remotos também apresenta seus problemas.
Se o fio de ligação do amplificador aos alto-falantes for
muito longo (acima de 10 m) problemas como a perda de
potência ou uma redução dos agudos poderão aparecer
prejudicando a qualidade do som obtido. (figura 1)
O artigo que estamos apresentando visa não só dar
uma explicação de como atuam esses fatores que afetam a
qualidade da reprodução de falantes adicionais e remotos,
como também dar as soluções mais simples e eficientes.
Após sua leitura o projetista poderá fazer seu sistema de
som como bem entender tirando o máximo da qualidade
de seus alto-falantes e de seu amplificador.

32
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 1

Conforme o leitor verá as soluções para a maioria


dos problemas são bastante simples de modo que nenhum
equipamento ou componente especial serão necessários
para se fazer uma correta ligação de alto-falantes ou caixas
adicionais. Este capítulo é dirigido a todos, mesmo os que
pouco ou nada saibam de eletrônica.

1. O problema da impedância
Os amplificadores se comportam com geradores de
energia elétrica (na frequência correspondente aos sons
que devem ser reproduzidos) e os sistemas de alto-falantes

33
Newton C. Braga

se comportam como receptores que devem receber toda


essa energia e convertê-la em som. Para que toda a energia
produzida pelo amplificador seja entregue ao sistema de
alto-falantes e o rendimento do sistema de som seja
máximo é preciso que as características de entrega de
energia do amplificador sejam as mesmas dos alto-
falantes. Estas características de entrega de energia são
dadas por uma grandeza denominada "impedância-.
Assim, os amplificadores apresentam uma impedância de
saída, enquanto os alto-falantes e as caixas apresentam
uma impedância de entrada. O amplificador só conseguirá
entregar toda a sua energia aos alto-falantes que a
converterão em som se essas duas impedâncias forem
iguais. (figura 2)

Figura 2

34
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Se a impedância do conjunto de alto-falantes


ligados a um amplificador for menor que a impedância
desse amplificador, não só o amplificador não conseguirá
transferir toda a sua energia ao sistema, como se verá
sobrecarregado podendo inclusive ocorrer a queima de
seus componentes. Nos circuitos protegidos, um fusível
poderá ser queimado nessas condições. Se a impedância
do conjunto de alto-falantes ligados ao amplificador for
maior que a sua impedância de saída, o amplificador não
conseguirá entregar toda a sua potência a eles, e o
rendimento do sistema poderá ser abaixo do normal. Em
suma, se uma caixa de 8 ohms for ligada na saída de 4
ohms de um amplificador de 20 watts, mesmo abrindo
todo o volume do aparelho, não teremos os 20 watts de
saída. (fig. 3)

35
Newton C. Braga

Figura 3

O leitor já deve então ter percebido que a primeira


exigência a ser feita para que seu sistema de som funcione
apropriadamente é que a impedância de seu amplificador
seja exatamente a mesma das caixas ou do conjunto de
alto-falantes utilizados. Como a impedância apresentada
por uma caixa depende da maneira como os alto-falantes
são ligados, o mesmo ocorrendo em relação ao conjunto
de falantes remoto, o máximo de cuidado deve ser tomado
quando se deseja acrescentar alto-falantes a um sistema,

36
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

ou ligar caixas adicionais, sem o conhecimento do modo


como os falantes estão em seu interior. Para saber que
impedância teremos pela ligação de determinados alto-
falantes, devemos levar em conta dois fatores:
a) A impedância de cada alto-falante
b) A maneira como é ligado o conjunto

37
Newton C. Braga

Figura 4

38
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

De modo a facilitar o leitor que pretende fazer suas


próprias caixas, ou que pretende fazer a ligação de alto-
falantes remotos, damos na figura 4 cerca de 13 circuitos
que representam as maneiras como 2, 3, 4 e 5 alto-falantes
comuns podem ser ligados de modo a serem obtidas as
impedâncias normalmente utilizadas para saídas de
amplificadores, ou seja, 4, 8 e 16 ohms. O conjunto de 3
impedâncias possíveis para 13 circuitos representa,
portanto, um total de 39 circuitos ou opções para o leitor
que sem dúvidas deverá encontrar a solução para seu
problema específico de som. Na tabela correspondente aos
13 circuitos dada a seguir, também temos a maneira como
a potência fica dividida por cada alto-falante. Essa
informação é muito importante pois através dela pode ser
feita uma escolha apropriada dos alto-falantes quanto à
potência. Por exemplo, se você vai usar um sistema de 4
alto-falantes num amplificador de 20 watts e nesse sistema
a potência fica dividida por 4, não é preciso utilizar 4 alto-
falantes de 20 watts. Cada alto-falantes só precisa suportar

39
Newton C. Braga

pelo menos 5 watts. Isso quer dizer que qualquer alto


falante a partir de 5 watt pode ser usado.
Devemos aqui esclarecer nossos leitores que o fato
de um alto-falante ser expresso como "para 25 watts" não
significa que ele só possa ser usado em sistema de som de
exatamente 25 watts. Essa indicação diz que 25 watts é a
máxima potência que esse alto-falante pode receber de um
amplificador e converter em som, sem problemas. Esse
alto-falante pode então ser usado em amplificadores de
qualquer potência, desde que seja igual ou menor que 25
watts. Outra observação é que não adianta colocar um
alto-falante de maior potência num amplificador de menor
potência "para melhorar a qualidade do som—porque isso
não acontece. Se o amplificador não tem 25 watts para
entregar ao alto-falante ele não pode produzir essa
potência sonora (figura 5).

40
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 5

Na tabela 1 são dadas como opções diversas saídas


de amplificadores, as maneiras como são ligados os alto-
falantes (circuito da figura 4) e a maneira como as
potências ficam divididas. Em cada coluna referente aos
alto-falantes temos a impedância desse alto-falante e a
parcela da potência que ele recebe. Por exemplo, para o
primeiro caso (circuito 1), o alto-falante 1 é de 8 ohms e o
alto-falante 2 também. Cada um recebe metade da
potência do amplificador. Outra observação a ser feita é
em relação a fase dos alto-falantes na ligação. Se bem que
o assunto já tenha sido abordado em outra ocasião, apenas

41
Newton C. Braga

lembramos que as polaridades marcadas nos alto-falantes


devem ser observadas nas ligações. Uma ligação invertida
de um deles pode causar sérias distorções na reprodução.
(figura 6)

Figura 6

42
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

43
Newton C. Braga

Nos casos em que os valores obtidos pelas ligações


de diversos alto-falantes forem ligeiramente inferiores a
impedância do amplificador, essa diferença pode ser
compensada com a ligação em série ao sistema de um
capacitor despolarizado de 10 µF a 50 µF. (Obtido pela
ligação em oposição de dois capacitores eletrolíticos) -
(figura 7)

Figura 7

2. O problema do comprimento do
fio
Os alto-falantes ligados por meio de fios
excessivamente compridos aos amplificadores, podem
apresentar dois tipos de problemas: o primeiro consiste
numa perda de potência que se caracteriza por uma perda
de volume devida a resistência do fio que se comporta

44
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

como um "absorvedor" de potência ligado em série com o


sistema. Essa resistência deve ser a menor possível. (figura
8)

Figura 8

Outro problema é o devido a capacitância entre os


fios utilizados responsáveis por uma redução na qualidade
de reprodução das frequências elevadas, ou seja, dos
agudos. O leitor notará que os alto-falantes perderão sua
capacidade de reproduzir os agudos. Analisaremos a
seguir os dois problemas e as soluções mais simples.
Observamos os leitores que estes problemas em geral não
ocorrem para fios de ligação de comprimento de até 10

45
Newton C. Braga

metros, mas se tornam bastante acentuados à medida que o


comprimento do fio aumenta.

a) Comprimento do fio versus impedância


A resistência que um fio apresenta e, portanto, a
sua influência nas perdas de potência de um sistema de
som são função do comprimento do fio e de sua espessura.
Assim, podemos dizer que a resistência representada por
um fio será tanto maior quanto maior for o seu
comprimento, e tanto menor quanto for a sua espessura.
Em suma, os fios mais grossos apresentam menor
resistência por metro e, portanto, são responsáveis por
menores perdas devendo ser usados nas ligações caixas
que devem ficar muito separadas dos amplificadores.
(figura 9)

46
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 9

Considerando-se que uma perda de potência de até


10% pode ser tolerada num sistema de som, calculamos os
comprimentos dos fios mais comuns que podem ser
usados nas ligações das caixas e seu comprimento
máximo. Perceba o leitor que esse comprimento é função
da impedância do amplificador. Veja o leitor que se uma
linha de ligação aos alto-falantes tiver uma resistência de
0,8 ohms num sistema que tenha uma impedância de 4
ohms, essa resistência representará uma perda de 20%,
enquanto num sistema de 8 ohms ela representa 10 ohms.
Por esse motivo, para a ligação de alto-falantes remotos
devem-se sempre optar pela salda de maior impedância,
assim como por caixas de impedância igual. Na tabela que

47
Newton C. Braga

damos a seguir, temos a resistência total da carga


(impedância do alto-falante mais a resistência da linha)
para uma perda de no máximo 10%.

48
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

TABELA 2

B) comprimento versus perda nas


frequências elevadas
As perdas nas frequências elevadas são devidas ao
fato de que os fios de ligação se comportam como as
placas de um capacitor que estará ligado em paralelo com
a saída do amplificador. Conforme o leitor deve saber, um
capacitor se caracteriza por oferecer uma baixa resistência
aos sinais de frequências elevadas, o que significa que
esses sinais serão praticamente curto-circuitado não

49
Newton C. Braga

podendo chegar ao sistema de alto-falantes (figura 10).


Verifica-se que as perdas neste caso serão menores nas
linhas de baixa impedância e maiores nas linhas de alta
impedância. Vê, portanto, o leitor que deve ser feita a
escolha da impedância de saída num sistema remoto de
alto-falantes de modo a haver conciliação dos dois tipos de
perdas: de frequências elevadas e de potência. Se usarmos
impedância muito baixa teremos perda de potência
excessiva e se usarmos impedância muito alta, teremos
excesso de perdas nas frequências elevadas.

Figura 10

50
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Nas instalações de sonorização ambiente em que


muitos alto-falantes são usados e que os comprimentos dos
fios podem ser muito grandes, a impedância padronizada
que proporciona o melhor equilíbrio entre os dois tipos de
perdas é de 500 ohms. Os amplificadores para sonorização
ambiente possuem, portanto, uma saída de 500 ohms que
deve ser usada neste caso. Para os amplificadores não
dotados deste recurso o que se pode fazer é utilizar um
transformador adicional. (figura 11)

Figura 11

Por exemplo, desejando uma instalação remota de


10 alto-falantes com linha de 500 ohms, são utilizados
cerca de 10 transformadores com primário de 5.000 ohms
ligados em paralelo, resultando, portanto, numa
impedância de 500 ohms. Se o amplificador for de 50
watts, cada alto-falante receberá uma potência de 5 watts.

51
Newton C. Braga

A tabela que damos a seguir indicam para os fios comuns


os comprimentos máximos para uma impedância de 500
ohms, considerando perdas da ordem de 5% (tabela 3). Na
tabela 4 damos os comprimentos máximos para as linhas
de 500 ohms em função de perdas em frequência. (3 dB).

52
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Válvula Klystron

Nota: Este artigo é de 1976 tendo sido escrito por


Aquilino R. Leal para a Revista Saber Eletrônica

Ao submeter-se uma partícula elétrica de carga q, a


um campo elétrico de intensidade É j , na mesma, atuará
uma força cujo módulo é proporcional ao módulo deste

campo, e, ao módulo da carga, isto é, .


O sentido desta força é dado pelo sinal da carga: se for
positiva, a força terá o mesmo sentido que o campo
elétrico e terá sentido contrário, se a carga q for negativa.
Estes dois casos podem ser visualizados na fig. 1.

53
Newton C. Braga

Figura 1 - Efeito que sofre uma carga elétrica num


campo elétrico E. Observar que se a carga q é positiva (A)
a mesma se desloca para a placa de menor potencial
(negativa) e noutro sentido (B) quando a mesma é
negativa. A força I F I, fará com que a carga elétrica o
desloque do ponto de menor potencial, para o de maior
potencial se a mesma for negativa, isto é, quando se tratar
de elétrons - fig. 1-B. A velocidade de deslocamento
desses elétrons é aproximadamente 300.000 km/s no
vácuo, ou, o que é a mesma coisa: 3 x 1010cm/s. Se a
distância d entre as duas placas (fig. 1), for, de apenas,
alguns centímetros, o tempo gasto por um elétron para se
deslocar de uma para outra placa é de ordem de 10-11
segundos - este tempo é denominado tempo de transição.

54
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O fluxo de elétrons, da placa de menor potencial


para o de maior potencial, caracteriza a corrente elétrica,
cujo sentido eletrônico é dado pelo sentido de
deslocamento dos elétrons, no entanto, adotaremos o
sentido convencional para a corrente elétrica, ou seja:
contrário ao movimento dos elétrons. Uma válvula
eletrônica, nada mais é do que uma aplicação prática
destes conceitos.
A válvula eletrônica convencional - fig. 2 - conduz
corrente por meio de uma emissão de elétrons, que flui
desde o catodo (negativo), a uma placa (positiva)
denominada anodo. Evidentemente a emissão é acentuada,
pelo simples fato de aquecer-se o elemento emissor de
elétrons (catodo), por intermédio de um filamento. Os
semicondutores não necessitam do artifício de
aquecimento, por isso mesmo são chamados "frios". O
catodo por sua vez é constituído por material que
apresenta grande capacidade de liberar elétrons, devendo-
se ao campo elétrico formado entre o catodo e anodo,
regular a quantidade de elétrons do fluxo. Desde que

55
Newton C. Braga

consigamos controlar este campo, estaremos aptos a


controlar o fluxo de elétrons e, portanto, a corrente elétrica
que irá circular tanto na válvula como no circuito externo.

Figure 2 - Deslocamento de elétrons numa válvula


eletrônica convencional. Note o sentido--convencional da
corrente I - contrário ao movimento dos elétrons. O
referido campo elétrico, pode ser controlado, por
intermédio de uma placa colocada entre o catodo e anodo
(fig. 3), que recebe o nome de grade de controle. Esta
placa ou grade, assemelha-se as uma tela de arame, que
pelos buracos da mesma, irão passar os elétrons na sua
frenética corrida em direção ao anodo.

56
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figure 3 - De acordo com o potencial de grade, os


elétrons serão mais ou menos fortemente atraídos pela
placa.
A aplicação de uma tensão variável à grade, fará
com que maior ou menor número de elétrons, alcance o
anodo, pois esta tensão, irá fazer com que varie o campo
elétrico entre anodo e catodo produzindo, portanto, um
aumento ou diminuição na densidade de fluxo eletrônico
de acordo com a amplitude da tensão aplicada à grade. A
corrente resultante da presença do campo elétrico, agora
controlado adequadamente, circulará através de uma carga
introduzida no circuito de placa, com o objetivo de
produzir uma tensão de saída, que possua uma amplitude
proporcional à tensão variável do sinal aplicada à grade,

57
Newton C. Braga

bem como, uma frequência que seja numericamente igual


à frequência do sinal de entrada. Observe-se que, se a
frequência do sinal é de 1.000 Hz (por exemplo), o fluxo
de elétrons, variará 1.000 vezes em cada segundo, ou seja:
os elétrons serão acelerados e freados, intercaladamente,
1.000 vezes em cada segundo! Assim, em ciclo do sinal,
que por motivos de comodidade iremos considerar
senoidal, realiza-se em 1/1000 segundos ou o que é a
mesma coisa, em 10-3 segundos.
A distância entre catodo e anodo, é pequena e a
velocidade dos elétrons é elevada, então, o tempo de
trânsito é muito pequeno em comparação com o período
do sinal - tempo gasto para realizar uma oscilação
completa. À medida que a frequência do sinal aumenta, o
tempo de trânsito que é constante, passa a ser comparável
com o período do sinal aplicado à grade. Isto acontece
com as frequências denominadas micro-ondas; neste caso,
o campo situado entre o catodo e o anodo, Ode inverter-se
muito, antes que pelo menos um elétron tenha tido tempo
de passar de um a outro eletrodo. Para compreender na

58
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

íntegra o fenômeno, consideremos o seguinte caso:


hipoteticamente, consideremos um sargento e os seus
subordinados como, por exemplo, o sargento Tainha e os
"seus" soldados, Zero, Dentinho, Cosme entre outros, tão
conhecidos que são das histórias em quadrinhos. Num dia
de educação física, a ginástica consiste, digamos, em
entregar um bastão que está numa equipe, à equipe frontal
de uma maneira ordenada, obedecendo as ordens "vai" e
"volta", do sargento Tainha. À ordem "vai", o soldado que
estiver com o bastão, coloca-se à correr em direção frontal,
até atingir o primeiro soldado enfileirados da equipe
adversária, quando exatamente neste momento, passará
para o mesmo, o bastão; à ordem "volta", este outro
procederá de forma análoga ao primeiro e assim,
sucessivamente, o bastão passará de equipe a equipe
obedecendo os comandos do sargento.
A brincadeira sempre será possível, desde que o
tempo gasto pelo soldado atleta para alcançar a equipe
adversária - tempo de transição - for menor que o intervalo
de tempo entre dois comandos, "vai" e "volta", dados pelo

59
Newton C. Braga

sargento - o soldado, possivelmente, terá tempo suficiente


para chegar e entregar o bastão e, àquele que o recebeu,
disporá, quiçá, ainda de algum tempo para preparar-se
enquanto o comando "volta" é verificado. O sargento pode
fazer com que suas ordens, sejam compassadamente
transmitidas de forma que, mal chegando o bastão a uma
das equipes, o mesmo seja imediatamente levado de volta
por outro soldado; neste caso o tempo de trânsito, é igual
ao tempo gasto entre duas ordens consecutivas do sargento
Tainha. Podemos dizer então, que a tropa alcançou a sua
frequência máxima de operação. Pois bem, se o sargento
Tainha, numa dessas manhãs, estiver de mau humor com
os soldados, irá dar as ordens "vai" e "volta" tão
rapidamente, que por mais que o soldado Zero se esforce,
não consegue atingir a equipe oposta, pois logo que tenha
partido receberá a ordem de volta, voltando ao ponto de
partida e, mesmo antes de alcançá-lo receberá a ordem
"vai" e terá de ir e isto se repetirá sucessivamente, o que
nos diz que a tropa ainda não está preparada fisicamente
para responder, adequadamente, à frequência das ordens

60
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

do nosso bom amigo Tainha. Tranquilamente, diremos que


não há passagem de carga elétrica (bastão), de uma equipe
para outra (de um terminal para outro terminal - catodo e
anodo).
Este exemplo, procurou mostrar o que sucede com
os elétrons (soldados), quando o período da fonte de sinal
(intervalo de tempo entre as duas ordens do sargento), é
menor que o tempo gasto para o elétron alcançar o anodo.
Esta ação, altera 'a relação de fase, entre a tensão de placa
e a corrente, além de limitar tanto a potência de saída
como a frequência. Os efeitos do tempo de trânsito,
constituem as limitações mais sérias, das válvulas
eletrônicas convencionais quando empregadas em micro-
ondas; isto sem levar em conta, os altos valores de
impedância (capacidade e/ou indutiva), que se originam
nas mesmas a causa da altíssima frequência em pauta. Para
contornar este problema, foram criados vários tipos de
válvulas capazes de poder operar com frequências
altíssimas e, dentre elas, podemos citar a válvula
KLYSTRON.

61
Newton C. Braga

Antes de iniciar propriamente a descrição do


funcionamento da válvula Klystron, convém relembrar
certos aspectos relativos ao movimento dos elétrons. Sem
entrar em maiores detalhes, o elétron pode ser definido
como uma partícula de matéria "carregada" negativamente
apresentando uma massa bem definida. Quando em
movimento, esta partícula possui uma certa quantia de
energia cinética e, como sabemos, um aumento ou
diminuição de sua velocidade, implicará em um aumento
de redução de energia. Lembremos que a expressão que
determina a energia de uma partícula, é 1/2 m v 2 em que m
e v representam, respectivamente, a massa (kg) e a
velocidade da partícula (m/s.).
Como já constatamos, um "campo elétrico
positivo", atrai os elétrons enquanto um "campo negativo",
os repelem. Se um elétron se desloca em direção a um
eletrodo positivo (fig. 1-B), a força elétrica de atração,
acelerará seu movimento. Afastando-se do mencionado
eletrodo, a força irá exercer sobre o mesmo, uma certa

62
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

oposição ao movimento, diminuindo-lhe a velocidade. Um


"campo negativo", produz um efeito inverso ao descrito.
Baseando-nos no princípio de conservação de
energia é de se supor que, quando, se aumenta a
velocidade de um elétron, a energia adicional deve ter uma
procedência, e quando se lhe diminui a velocidade, a
energia liberada deve ter algum destino. No primeiro caso,
houve um incremento positivo de energia cinética,
enquanto no segundo, negativo. O incremento positivo,
provém do campo elétrico e o incremento negativo, de
energia cinética, é absolvido pelo campo.

Figura 4- Corte de uma válvula amplificadora do


tipo Klystron.

63
Newton C. Braga

Partindo destas considerações, estamos


praticamente, no limiar do entendimento do princípio de
funcionamento de uma válvula Klystron, cujo circuito
básico é visto na fig. 4. Uma grade positiva, portanto,
aceleradora, g1 atrai os elétrons provenientes do catodo
(K), e os envia, em feixes de alta velocidade, ao encontro
das grades g2 e g3, denominadas grades agrupadoras de
elétrons; estas duas grades, estão situadas num circuito
ressonante - cavidade agrupadora. Em tempo: os circuitos
ressonantes, são formados por cavidades ressonantes nas
quais os elétrons se movem e apresentam uma "frequência
de ressonância" que está determinada pelas dimensões e
forma da cavidade; o princípio de funcionamento de uma
cavidade ressonante é, em princípio, análogo aos circuitos
osciladores LC. Esta cavidade recebe o sinal de
alimentação\ por meio de um guia de onda ou uma espira
de acoplamento. A tensão do sinal irá estabelecer um
campo elétrico entre as grades agrupadoras 92 e g3 de
modo que nos semiciclos positivos do sinal o campo
acelera o movimento dos elétrons à medida que se

64
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

aproximam e, nos negativos, retarda o referido


movimento. Logicamente, o campo não produzirá nenhum
efeito no movimento dos elétrons, quando a onda do sinal
passar pelo seu ponto neutro.
Assim, o fluxo de elétrons que emana das grades
agrupadoras é constituído por elétrons que se locomovem
a distintas velocidades: uns apresentarão um movimento
mais rápido que ao ingressar na cavidade, outros com
movimento mais lento e os demais se deslocarão com
igual velocidade. Posto isto, podemos, agora, afirmar que
a velocidade dos elétrons foi modulada de acordo com o
sinal aplicado à cavidade agrupadora, por isso, o espaço
compreendido entre as grades agrupadoras denomina-se
espaço de modulação.
As grades g4 e g5 - fig. 4 - são denominadas grades
captadoras de elétrons pela razão que veremos adiante. O
espaço compreendido entre a última grade agrupadora (g 3)
e a primeira captadora (g4) denomina-se espaço de
condução estando, este espaço, desprovido de campo
elétricos. Na ausência de um campo de aceleração, os

65
Newton C. Braga

elétrons manterão a mesma velocidade que tinham ao


abandonar o espaço de modulação. Como alguns elétrons
circulam com maior velocidade que outros como já se viu,
estes alcançarão os mais lentos e em alguma região do
espaço de condução os elétrons irão aglomerar-se,
formando grupos e, é justamente nesse ponto de formação
de grupos onde se encontram as grades captadoras g 4 e g5
colocadas em uma cavidade ressonante de saída
denominada cavidade captadora. Estes grupos induzem
uma tensão de radiofrequência (R F) na cavidade
captadora, na sua frequência de ressonância, da mesma
forma que um pulso de corrente exercita um circuito LC
sintonizado. Com uma correta relação de fase entre a
referida tensão e os grupos de chegada, o campo retardará
os elétrons ao passarem pelo espaço situado entre
captadoras. Esta região é conhecida por espaço de
captação. A energia desprendida pelos elétrons devido ao
seu retardo de movimento é "extraída" por uma outra
aspira de acoplamento enquanto os elétrons retardados se

66
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

chocam, logo a seguir, contra a placa coletora que os


devolve ao catodo.
Porque, os elétrons circulam pelo espaço de
modulação, em um fluxo constante, a tensão do sinal
acelera ou retarda igual quantidade de elétrons, em
consequência, na cavidade agrupadora não se produz
nenhum intercâmbio de energia durante todo o ciclo do
sinal se, como é claro, as perdas forem desprezadas. Na
cavidade captadora os elétrons chegam em grupos quando
a tensão da cavidade se encontra no seu semiciclo negativo
e, a circulação de elétrons é rarefeita durante o semiciclo
positivo. A quantidade de elétrons que sofreu retardo ao
atravessar o espaço de captação é muito maior que a
quantidade de elétrons que são acelerados e, em
consequência, a energia de entrada ao campo é muito
maior que a de saída. Esta diferença de energia representa
um aumento de potência em relação ao sinal aplicado à
válvula e, portanto, a válvula amplificou o sinal de
entrada.

67
Newton C. Braga

As válvulas Klystron são fabricadas, normalmente,


com mais de duas cavidades e neste caso recebem o nome
de Klystron de cavidades múltiplas e, além disso, na
prática, a válvula apresenta dois catodos em vez de um na
região de catodo; a finalidade dos dois catodos é enfocar
os elétrons concentrando-os num estreito feixe. As
válvulas Klystron de cavidades múltiplas apresentam um
maior rendimento que as outras além de uma potência de
saída mais elevada, chegando a entregar potências da
ordem de quilowatts (kw)!
A amplificação de potência não é a única aplicação
das válvulas Klystron em micro-ondas; empregam-se
também como osciladores e multiplicadores de frequência.
O oscilador Klystron funciona pela simples realimentação
de parte de sua potência de saída desde a cavidade
captadora à agrupadora, evidentemente, com uma correta
fase. Quando a válvula Klystron é empregada como
multiplicador de frequência, a sua cavidade de saída é
menor que a de entrada, encontrando-se sintonizada para
"ressonar" em algum múltiplo de frequência desta.

68
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

69
Newton C. Braga

Saída horizontal de
televisores analógicos

O ponto luminoso formado pelo feixe de elétrons


que incide na tela, formando a imagem tem sua
movimentação controlada por uma das etapas mais

70
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

importantes do aparelho de TV: a saída horizontal. Como


funciona este circuito, deve ser, portanto de conhecimento
de todo o técnico que deseja estar em condições de reparar
qualquer aparelho de TV.

Nota: o artigo é de 1977, aplicando-se à TV


analógica da época. Válido como informação ou para
recuperação de equipamentos antigos.

Nos aparelhos de TV necessita-se de uma etapa


amplificadora de saída no canal de varredura horizontal
porque a amplitude do sinal dente de serra produzido pelo
oscilador horizontal não suficiente para produzir uma
corrente que consiga, à circular pelas bobinas defletoras,
desviar da maneira desejada o feixe de elétrons que incide
na tela. (figura 1) Assim, na saída do oscilador horizontal
temos uma etapa amplificadora de potência, cuja
finalidade é produzir a necessária deflexão do feixe de
elétrons no sentido horizontal de modo que estes possam
varrer a tela, dando origem à imagem. Neste artigo

71
Newton C. Braga

focalizaremos o funcionamento típico de uma etapa deste


tipo.

Figura 1

Para facilitar os leitores podemos fazer uma


analogia entre esta etapa de saída horizontal e a etapa
amplificadora de potência de um amplificador de áudio ou
mesmo rádio. Do mesmo modo que a etapa amplificadora
de áudio deve fornecer uma tensão suficiente para que a
corrente consequente pela bobina móvel de um alto-falante
possa produzir som em volume suficiente, neste caso, a
etapa amplificadora horizontal deve produzir uma tensão
suficiente para que a corrente circulante pelas bobinas
defletoras desloque o feixe de elétrons de modo a se ter a
varredura completa da tela. (figura 2)

72
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2

É claro que, ao lado das semelhanças existem as


diferenças. Assim, no caso do transformador de saída
horizontal, devemos diferenciá-lo de modo bastante
acentuado do transformador de saída de áudio comum. O
transformador de saída horizontal além de casar e
impedância de saída da válvula (ou transistor) com a
impedância das bobinas defletoras de modo a haver o
máximo de transferência de energia, exerce outras funções
importantes.
A válvula ou transistor, para cumprir suas funções
deve fornecer uma forma de onda absolutamente correta
para as bobinas que, conforme sabemos deve ser do tipo

73
Newton C. Braga

dente de serra. Somente com esta forma de onda se obtém


uma varredura perfeitamente linear. É claro que aqui
temos alguns problemas a analisar: Se aplicarmos uma
tensão cuja forma de onda seja dente de serra a um circuito
resistivo, ou seja, que se comporte como uma resistência
pura, a forma de onda da corrente circulante também será
dente de serra. Isso não acontece, entretanto quando
aplicamos uma tensão dente de serra a um circuito
indutivo como por exemplo o formado pelas bobinas
defletoras. Neste caso, temos um efeito retardador da
autoindução que terá como consequência um atraso da
corrente em relação à tensão, de modo que sua forma de
onda não será mais dente de serra, mas sim algo
modificada (achatada, arredondada nas cristas) o que terá
efeitos danosos a linearidade da imagem. (figura 3)

74
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 3

Pode ser demonstrado que para neutralizar este


efeito da indutância a forma de onda da tensão deve ser
trapezoidal, ou seja, a resultante da ação conjunta de uma
onda retangular com uma onda dente de serra. Nessas
condições, a parte inicial vertical significará um aumento
da amplitude da tensão no início com o que se neutralizará
o efeito indutivo.
É evidente que, se desejarmos manter a forma de
onda da tensão aplicada ao circuito de entrada da válvula
ou transistor amplificador, é necessário que ela opere
estritamente em classe A, ou seja, opere sobre aparte reta
de sua característica de transferência. Entretanto, a maior
parte dos circuitos comerciais, com a finalidade de obter

75
Newton C. Braga

maior rendimento, modificam o ponto de operação das


válvulas ou transistores, fazendo-os operar em classe B ou
C, o que resulta numa verdadeira ação retificadora, caso
em que, no circuito de placa (ou coletor) somente
aparecerá a parte positiva dos pulsos de excitação em
dente de serra. Nestas condições, desaparecerá a forma de
onda trapezoidal.
Esse fato poderia à primeira vista parecer
inconveniente, mas nem tanto já que, mesmo com a
aplicação de pulsos em dente de serra sem modificar, o
mesmo efeito retificador do funcionamento em classe B ou
C dará origem a uma onda trapezoidal no circuito de placa
ou coletor. A polarização necessária para que a válvula ou
transistor opere em classe B ou C é fornecida pelo mesmo
sinal excitador proveniente do oscilador horizontal que
durante os pulsos positivos produzirá a carga do capacitor
de acoplamento. Esse capacitor, posteriormente se
descarrega através do resistor de escape da grade,
produzindo uma diferença de potencial própria para o
funcionamento no ponto desejado da característica (figura

76
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

4). Concluímos então que a válvula deve ser polarizada de


tal modo que torne a grade com um potencial um pouco
adiante da tensão de corte.

Figura 4

77
Newton C. Braga

Somente os picos positivos do sinal excitador


poderão fazer circular corrente pelo circuito de placa. Em
consequência a válvula ficará bloqueada durante uns 70%
do ciclo de oscilação. Quando a tensão do sinal excitador
na grade superar o valor da tensão de polarização no corte,
começará a circular corrente no circuito de placa da
válvula, permanecendo até que a tensão aplicada à grade
alcance o valor de pico. (ponto B da figura 4). Este
processo é responsável pelo deslocamento do feixe de
elétrons desde o centro da tela até a direita. Chegado ao
valor de pico da excitação, a tensão cairá bruscamente
produzindo-se o corte da corrente de placa ao chegar no
ponto C (figura 4). O desaparecimento súbito do campo
magnético no enrolamento de placa dará origem ao
aparecimento de uma f.e.m. que fará todo o sistema entrar
em oscilação pela ação combinada das capacitâncias
distribuídas. É aproveitada essa oscilação para gerar nas
bobinas de deflexão horizontal uma corrente em sentido
tal que fará o retorno do feixe eletrônico ao centro da tela.

78
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Enquanto isso, a tensão de excitação terá abaixado


do valor de pico ao ponto D (figura 4), o que coincidirá
com a chegada do feixe eletrônico a margem esquerda da
tela. Nesse preciso instante terminará o primeiro semiciclo
da oscilação, a qual será amortecida por método especial,
ou seja, fornecendo às bobinas de deflexão uma corrente
de sentido tal que levará o feixe de elétrons de volta ao
centro da tela. Havíamos dito anteriormente que o próprio
funcionamento em classe B ou C dá origem 'a formação de
uma forma de onda trapezoidal no enrolamento de placa
ou coletar, e consequentemente nas bobinas defletoras.
Como ocorre esse processo pode ser visto na parte C da
figura em que se demonstra o efeito trapezoidal que se
obtém pela ação de um grande pulso de tensão, produto da
força contra eletromotriz que aparece neste instante no
colapso do campo. Esta tensão é proporcional à variação
da corrente e evidentemente da indutância do enrolamento.
Visto que esta variação é extremamente rápida, a f.e.m.
induzida alcança vários milhares de olts. (fig. 5).

79
Newton C. Braga

Figura 5

80
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Os VDRs

Com a terminologia existente no campo da


eletrônica é quase que impossível, a partir das siglas, ter
uma noção, por pequena que seja, do componente ou
produto eletrônico. A maioria das siglas, principalmente
no Brasil, são provenientes de expressões do idioma
inglês. Isto se deve, fundamentalmente, à grande
infiltração deste idioma no nosso País, pois, uma parte dos
componentes eletrônicos e folhas de especificações dos
componentes são provenientes dos E.E.U.U.
Nota: Artigo de 1978, mas ainda atual pelo
conteúdo. Mantido na forma original.
A reação em aceitar ou não as siglas "importadas"
depende, basicamente, da riqueza do idioma onde são

81
Newton C. Braga

implantadas e do modo de discernir da população do País


em questão. No nosso caso não só aceitamos todas as
siglas como também incorporamos expressões e até frases
completas na nossa língua (no duplo sentido!). É
lastimável, por um lado, tal procedimento pois, afinal de
contas, o idioma português é dos mais ricos na face da
Terra, por outro lado isto é bom, pois para cada campo da
ciência (no caso, a eletrônica) existe um vocabulário
específico que não traz ambiguidade de sentido dos termos
empregados usualmente num "diálogo técnico". Um
exemplo do que acabamos de dizer é a expressão "layout"
que até hoje, pelo menos eu, não tenho encontrado um
termo de expressão tipicamente português capaz de,
realmente, traduzir o que entendemos por "layout".
É interessante observar como numa reunião de
pessoas técnicas é difícil fazer-se entender; cada profissão
ou ramo da ciência tem uma forma bem específica de se
comunicar; esta forma de comunicação só é inteligível
àqueles que exercem esta profissão específica. É o caso,
por exemplo, da sigla PCM que só diz algo aqueles que

82
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

lidam com a eletrônica ou telecomunicações: a um técnico


nestes campos teremos dito que se trata de uma modulação
ou código de pulsos (MCP), isto se o técnico falar
português (ou inglês!); para o caso de um técnico
espanhol, por exemplo, em eletrônica, também não
teremos dito absolutamente nada! É porque a língua
castelhana (ou serão os espanhóis?) "espanhola" tudo o
que vier "na reta"! No caso, ele usará a sigla MIC
("Modulación por Impulsos Codificados") que a sigla da
frase inglesa "Pulse Code Modulation" já traduzida para o
castelhano.
A intenção aqui não é a de "traduzir" todas as
siglas nem tampouco fornecer o seu significado pois isto é
uma tarefa árdua senão impossível; a intenção é a de
apresentar ao leitor algumas características funcionais de
um VDR.
— ???!!
É.... assim não dá! Temos aí mais uma sigla! VDR
é a sigla proveniente da expressão "Voltage Dependent
Resistor". Certo?

83
Newton C. Braga

- ???!!
Bem... isto significa: Resistência Dependente da
Tensão (R DT7!). Entende-se por tal, um componente cuja
resistência diminuí ao aumentar-se a tensão — este
componente é denominado "varistor", expressão esta
procedente, igualmente, do inglês (como não poderia
deixar de ser I), da contração das palavras "VARiable
resISTOR" (resistor variável); no entanto, sob a
denominação varistor se compreendem também outras
resistências não ôhmicas (resistências que não obedecem a
lei de Ohm) como, por exemplo, as resistências NTC, PTC
e LDRs.
- ????!!
Meu caro...resistências de siglas de expressões
"importadas"!
resistências NTC: "Negative Temperature
Coefficient" ou: resistências com coeficiente de
temperatura negativo (RCNT?),

84
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

resistências PTC: "Positive Temperature


Coefficient" ou: resistências com coeficiente de
temperatura positivo (RCPT?);
resistências LDR: "Light Dependent Resistor ou:
resistências dependentes da luz (RDL?).
O VDR é, portanto, um resistor cuja resistência
varia com a tensão aplicada entre seus terminais. A
característica típica "tensão versus corrente" de um VDR
convencional é mostrada na figura 1, observar que esta
curva se assemelha à que se obteria pela conexão de
diodos em antiparalelo (figura 2). Notar a não linearidade
entre V (tensão) e I (corrente) como ocorre nos resistores
convencionais aos quais podemos aplicar a conhecida lei
de Ohm: V = I.R que, corresponde, graficamente, à reta
mostrada na figura 3.

85
Newton C. Braga

Figura 1

Figura 2

86
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 3

A relação entre tensão e corrente de um VDR


(figura 1) pode ser expressa por intermédio de uma
fórmula bastante simples, ou seja:

em que:
C é uma constante construtiva que depende
fundamentalmente da seção e do comprimento do
elemento VDR,

87
Newton C. Braga

ß é uma constante do material que caracteriza o


aumento de tensão em relação com o crescimento da
corrente.
Para os VDRs práticos, os valores de C se
encontram entre 100 e 1000 enquanto os de ß entre 0,17 e
0,25. Observar que os números C e ß são coeficientes
adimensionais aos quais não corresponde nenhuma
unidade. E em verdade a expressão (1) não é certamente a
mais correta pois não expressa convenientemente as
unidades de V e de i, o certo, matematicamente, seria:

e, desta forma, realmente, C e podem ser


considerados adimensionais.
Em relação às expressões (1) e (2), se ß = 1, C
representa uma resistência e se verificará a linearidade
entre Ve I, o que caracteriza a lei de Ohm - figura 3.
A expressão (2) pode ainda ser escrita como:

(3)

88
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Pois bem, consideremos, por exemplo os seguintes


valores:

e
C = 100
Que, aplicados em (3), nos fornece:

Isto significa que quando cresce o valor da tensão


no VDR, o valor da corrente que a percorre aumentará
com a quinta potência da tensão, para os valores de ß e C
fornecidos no exemplo. A figura 4 mostra a característica
V versus I do VDR para estes valores; de imediato
podemos observar pela análise desta figura que a região
correspondente aos valores de I compreendidos entre,
aproximadamente, 0 e 0,70mA, não apresenta um bom
grau de precisão; para contornar o problema, como
veremos adiante, poderíamos usar escalas logarítmicas em
vez da escala linear empregada na figura 4.

89
Newton C. Braga

Figura 4

Bem... por ora chega de matemática! Em realidade,


não teremos de preocuparmos com estes cálculos, pois as
folhas de características dos VDRs, fornecidas pelo
fabricante contornam este problema não nós fornecendo
uma expressão matemática como as apresentadas acima, e
sim, uma família de curvas como a mostrada na figura 5;

90
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

isto facilita enormemente o nosso trabalho de escolher este


ou aquele VDR dentro os fornecidos pelo fabricante.
A figura 5 mostra as características tensão versus
corrente para alguns valores usuais: ß= 0,19 e C = 820,
680, 470, 330, 220 e 180.

Figura 5

Da figura se verifica imediatamente que ao


aumentar a tensão, a corrente cresce pouco de início e,
para baixas tensões, o VDR apresenta valores elevados de
resistência; ao aumentar-se gradativamente a tensão, a
corrente vai tornando-se maior, porém mais rapidamente,

91
Newton C. Braga

que a tensão, ou seja: para grandes valores de tensão a


resistência diminui velozmente.
Para melhor observar este fenômeno, ampliamos a
curva superior da família de curvas da figura 5, conforme
é mostrado na figura 6. IC= 820 e ß = 0,19). A equação
desta curva pode ser deduzida a partir de (2) ou seja:

Ou
V 221.I 0,19 com: V em volts e I em miliampères.
Para os pontos A, 8, C, D, E, F e G assinalados na
figura 6 temos os seguintes valores de V e I extraídos do
gráfico, bem como o cálculo da resistência do VDR em
cada um desses seis pontos:

Figura 6

92
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Os valores calculados para R denominam-se


valores de resistência com/ corrente contínua (ou
resistência estática) e somente são válidas com a condição
de que se aplique uma tensão contínua V ao VDR e que
desta tensão circule uma corrente contínua I. A resistência
c.c. calculada acima só encontra aplicação secundária. Em
primeiro lugar deveremos considerar a "resistência com
oscilação- ou resistência c.a. como normalmente é
conhecida. Para esclarecer este conceito faremos uso de
um exemplo numérico: se a tensão no VDR (figura 6)
oscila entre 700 e 750 volts, a isto corresponde uma
variação na intensidade de corrente de 450 a 600 mA (vide
tabela acima), assim:
Variação de tensão = ∆V:(750 — 700I=50 volts,
Variação de corrente = ∆l:(600 — 450I = 150mA
daí vem:

Isto quer dizer que o valor da resistência com


oscilação depende não somente do valor médio da tensão

93
Newton C. Braga

em torno do qual se verifica a oscilação senão também da


amplitude desta oscilação; verifiquemos isto para as
oscilações em torno de um valor médio igual a 600 volts
(ponto C da figura 6); estabeleçamos uma nova tabela
cujos valores de I são extraídos da curva apresentada na
figura 6.

De modo que, para o valor médio da tensão em 600


volts, se obtém todos estes valores de Rc.a. Seria muito
mais conveniente que para um valor médio de tensão (ou
intensidade) correspondesse um único valor para a
resistência Rc.a.
Isto pode ser conseguido desde que tomemos uma
oscilação pequena; se esta é infinitamente pequena não
intervém em nada para a curvatura da característica e
saberá do nosso interesse a inclinação do tangente à curva
no ponto médio considerado.

94
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Para mostra isto claramente, reportemo-nos ao


exemplo procedente, V - 600 volts — ponto C da figura 6,
e tracemos a tangente t no ponto em questão.
Determinando a tangente trigonométrica do ângulo que
esta tangente geométrica t forma com o eixo I, teremos o
valor de Rc.a. para pequenas excursões (oscilações) de N:
de acordo com a figura 6:

Observar que este valor não está mui -to longe do


obtido anteriormente para a excursão de V compreendida
entre 580 a 620 volts (última coluna da tabela acima),
quando a excursão aumenta, o valor de Rc.a. vai tornando-
se substancialmente diferente dos 600 encontrados pela
inclinação da tangente no ponto considerado. A resistência
c.a. determinada por este último método que foi designada
por R c.a. é denominada resistência diferencial (1).
Como já tínhamos dito, a família de curvas
características apresentada na figura 5, não é comum na
folha de dados, mas, são fornecidas pelo fabricante nas

95
Newton C. Braga

denominadas escalas logarítmicas conforme ilustra a


figura 7 — o papel assim quadriculado recebe o nome de
papel log-log.
— ??? I

Figura 7

Uma escala logarítmica apresenta a propriedade de


que a um mesmo fator lhe correspondem iguais distâncias,
ou seja, por exemplo, a distância para o fator 10 é sempre
a mesma, seja ela a distância entre 1 e 10 ou entre 10 e 100
ou, ainda, entre 100 e 1000; com o fator 2, são iguais as
distâncias entre 1 e 2, entre 2 e 4, entre 3, 6 e 7, 2; entre 10
e 20, etc. Esta propriedade da escala logarítmica permite,
numa mesma figura, cobrir em vasta amplitude de valores
numéricos, de forma que os números do princípio da
escala podem ler-se com igual facilidade que no final da
mesma. A figura 7 mostra uma escala logarítmica que
abrange três unidades logarítmicas, em toda a sua extensão

96
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

podem ser indicadas formas de valores compreendidos


entre 1 a 1000 (100 a 103) , entre 0,1 a 100 (10-1 a 102),
entre 10 e 10000 (10-1 a 104) ou qualquer outra forma de
m+3
valores compreendida entre 10m e 10 onde m é um
número qualquer, positivo, negativo ou nulo, conforme
está indicado.
Com este procedimento a família de curvas da
figura 5 torna o aspecto mostrado na figura 8; observar
que realmente não se trata de curvas e sim de retas, aliás
isto é uma característica dos logaritmos quando os
mesmos são aplicados a equações do tipo apresentado nas
expressões (1), (2) ou (3) — (2). A precisão da leitura dos
valores neste tipo de apresentação é muito maior que a da
figura 5; por outro lado, enquanto o primeiro gráfico
compreendia os valores de I entre 0 e 900mA e de 0 a 850
volts para V, este último ampliou a forma para 10 -4 a 10
ampères e de 1 a 200 volts, respectivamente, ocupando,
praticamente a mesma área!
Os inconvenientes desta representação são os
seguintes: não existe o ponto zero;

97
Newton C. Braga

— a leitura dos valores numéricos exige muita


atenção e alguma prática—os valores de resistência
diferencial não são tão imediatamente extraídos como no
caso da escala linear, entre outros mais ou menos
importantes.
(1) A resistência diferencial nada mais é do que o
valor da derivada dV/dl no ponto I considerado.
Para o caso em pauta temos:

Valor este que não está muito longe do calculado


por um método aproximado.
(2) Isto pode ser imediatamente verificado a partir
da expressão geral V = C.lß quando aplicamos o operador
logarítmico a ambos membros da igualdade, ou seja:
log V = log C + ß.log I, designando:
Y = log V

98
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

log C = n (constante) e
log I = X
vem:
Y = ßX + n que é a equação de uma reta.

99
Newton C. Braga

100
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O decibel

A unidade decibel, ainda que importante no campo


da eletricidade, é pouco conhecida, teoricamente, por
todos àqueles que, de uma ou outra forma lidam com
eletrônica e/ou telecomunicações. Não se pretende com
este trabalho por um término às dificuldades nem
tampouco expor toda a complexa teoria do decibel e sim,
fornecer elementos básicos para um justo e perfeito
entendimento desta unidade.

Nota: O artigo foi escrito por Aquilino R. Leal,


nosso colaborador em 1978, mas mantém sua atualidade.

101
Newton C. Braga

A maioria dos dispositivos em eletricidade podem


ser considerados como quadripolos que nada mais são do
que redes com dois acessos de entrada e outros dois de
saída; normalmente, um acesso é comum tanto à entrada
como à saída — figura 1 (B) — é o caso do transistor por
exemplo — figura 2.

Figura 1

Ie - CORRENTE DE ENTRADA;
Is - CORRENTE DE SAÍDA;
Ee - TENSÃO DE ENTRADA;
Es - TENSÃO DE SAÍDA;
Pe - POTÊNCIA DE ENTRADA;
Ps - POTÊNCIA DE SAÍDA.

102
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Os quadripolos são constituídos por circuitos


elétricos tanto ativos como passivos. Os quadripolos ativos
fazem com que a potência de saída Ps seja maior que a de
entrada Pe enquanto nos passivos ocorre o contrário, isto
é: Ps Pe.
Os quadripolos que aumentam a intensidade de
potência produzem o que se denomina de ganho, enquanto
a perda de potência, característica dos quadripolos
passivos, é chamada atenuação. Consideremos o
quadripolo mostrado na figura 1(A). Suponhamos
diferentes quantidades de potência de sinal aplicadas aos
terminais de entrada a e b desse quadripolo e que as
potências correspondentes que surgem nos terminais de
saída c e d sejam medidas, fornecendo os resultados
mostrados na tabela I seguinte.
Tabela I

103
Newton C. Braga

Dessas quantidades, as perdas absolutas de


potência no quadripolo podem ser determinadas como a
diferença entre as potências de entrada e as potências de
saída, como mostrado na tabela II.
Tabela II

É evidente que a característica de atenuação do


quadripolo não pode ser definida univocamente em termos
de perda absoluta de potência porque a quantidade de
potência perdida depende da quantidade de potência
introduzida nos terminais de entrada; para um dado valor
de potência de entrada, digamos, de 15 mW será

104
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

trabalhoso determinar a perda de potência bem como


calcular a potência de saída do quadripolo. Observamos,
no entanto, que a relação entre a potência de saída e a
potência de entrada permanece constante, como se pode
verificar na tabela II.
Observa-se que o fator de atenuação do
sistema como um todo pode ser determinado
multiplicando-se os fatores de atenuação dos quadripolos
individuais que constituem o sistema, isto é:

Portanto, o favor de atenuação de qualquer


sistema, ainda que complexo, poderá ser determinado
multiplicando-se os fatores de atenuação dos componentes
individuais que compreendem o sistema, ou seja:

A relação entre a potência de saída e a potência de


entrada (Ps/Pe) proporciona, portanto, uma caracterização
da atenuação do quadripolo; podemos dizer então que o
fator de atenuação (fA) no nosso caso é 1/3, representando

105
Newton C. Braga

que o valor da potência de saída é sempre a terça parte do


valor da potência de entrada. Para o caso anterior dos 15
mW de entrada, poderemos garantir que a potência de
saída será de 15 mW 4- 3 = 5 mW enquanto a perda de
potência será de 15 mW - 5 mW = 10 mW.
O fator de atenuação de qualquer quadripolo pode
ser definido como:

Caso tivéssemos quatro desses quadripolos ligados


conforme mostra a figura 3 e, se forem aplicados aos
terminais de entrada a1 b1 uma potência de 162 mW, os
níveis de potência nos vários pontos do sistema assim
constituído, seriam os mostrados na tabela IV.

Figura 3 - Associação de Quadripolos em Série.

Tabela IV

106
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

É óbvio que o fator de atenuação é uma grandeza


adimensional sempre menor que a unidade, como vimos
nos exemplos anteriores; tratando-se de ganhos, o fator,
que no caso é de ganho, é sempre maior que a unidade.
Quando não houver nem ganho nem atenuação
propriamente ditos, isto é, quando o valor da potência de
saída for igual ao da entrada, o fator de atenuação é
unitário.
O procedimento acima para determinar o fator de
atenuação do sistema global pode tornar-se enfadonho se
um grande número de componentes (quadripolos) estiver
envolvido. Por esta razão, a definição dada acima é
modificada usando uma ferramenta matemática
denominada logaritmo. Algumas propriedades mais
importantes dessa ferramenta matemática serão recordadas

107
Newton C. Braga

antes de passarmos ao estudo da unidade decibel


propriamente dita.
O logaritmo nada mais é do que uma função
matemática por meio da qual um dado conjunto de
números positivos é transformado num outro conjunto
numérico relacionado com o primeiro, ou seja: para todo
número positivo N existe um outro número n, positivo,
negativo ou nulo, tal que n é o logaritmo de N na base 10,
que se escreve:
n~=|og1ON (III)
Usualmente a base 10 é omitida, ou seja:
n = log N (IV)
Das propriedades mais importantes para dos
logaritmos as mais importantes para o nosso estudo são:
log 1 = O (V)
log 10 = 1 (VI)
log 10m = m (VII)
log Nb = b.log N (VIII)
log (A/B ) = log A - log B (IX)
log (A x B) = log A + log B (X)

108
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Pois bem, o fator de atenuação definido I é agora


redefinido como:
fator de atenuação = log (potência de saída /
potência de entrada) ou
fa = log (P1/Pe) (XI)
O fator de atenuação para cada um dos quadripolos
do exemplo anterior torna-se, então:
fa = log (1/3)
e o do sistema global torna-se:
fa = log (1/81) ou, o que é a mesma coisa:
fa=log (1/3 x 1/3 x 1/3 x 1/3)
de acordo com a expressão X vê-se que
fa = log 1/3 + log 1/3 + log 1/3 + log 1/3
Então, temos agora um método pelo qual o fator de
atenuação global de um sistema complexo pode ser
determinado somando-se os fatores de atenuação (fa)
individuais em vez de multiplicá-los como sucedia para os
fatores de atenuação designados por fa. Isto acarreta uma
simplificação nos procedimentos de cálculo.

109
Newton C. Braga

Tendo em mente que a relação de potências é um


número positivo, o fator de atenuação é, portanto, um
número fixo definido por

A unidade associada a n é o "Bel". Na maioria das


aplicações o Bel é uma unidade muito grande para
representar atenuações ou ganhos e, por isto, é dividida em
dez partes iguais; cada uma dessas partes denomina-se
"decibel" sendo abreviada por dB, então, empregando a
letra grega alfa, simbolizada por x , para designar o fator
de atenuação, temos:

As tabelas dos logaritmos encontram-se em


qualquer bom livro de matemática ou podem ser obtidos
através de uma das minicalculadoras eletrônicas modernas.
A título de ilustração foram tabelados os logaritmos de
alguns números inteiros — tabela V.

110
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Tabela V

111
Newton C. Braga

Para o exemplo dado, a atenuação dos quadripolos


componentes da figura 3 e, de acordo com a tabela V é:

Do mesmo modo, a atenuação global do sistema é:

Observamos que se somando as atenuações dos


componentes individuais encontramos a atenuação global
do sistema. Outra particularidade é a que, quando, a
potência de saída for menor que a de entrada o resultado,
em dB, é negativo; isto indica uma perda de potência.
Quando a potência de saída for maior que a de entrada o
resultado calculado é positivo, indicando um ganho de
potência, no entanto é evidente que duas quantidades fixas
de potência formam sempre o mesmo valor absoluto em
dB em virtude da propriedade IX dos logaritmos, apenas o
sinal negativo é omitido, sendo substituído pela expressão
"atenuação". Nos dois casos anteriores, por exemplo,

112
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

costuma-se dizer, respectivamente, atenuação de 5dB e


atenuação de 20dB.
Outra vantagem de se usar a unidade decibel é a de
reduzir a incômoda faixa de números associados a relações
de potência a números muito mais convenientes, portanto,
mais fáceis de serem manuseados. Por exemplo, os níveis
de potência típicos dos sinais transmitidos através de uma
rede telefônica são da ordem de 0,001W enquanto as
potências de ruído que tendem a interferir com os sinais
telefônicos são da ordem de 0,000 000 000 001 W; a
relação entre essas duas quantidades (relação sinal-ruído)
de potências é:

usando no entanto a unidade decibel vem:

Convenhamos que é muito mais cômodo a


manipulação do número -90 (dB) do que 0,000 000 001.
O decibel foi definido como uma relação entre
potências e por esta razão o mesmo não mede potências e

113
Newton C. Braga

sim fornece a relação entre duas potências quaisquer, isto


é, a relação decibel é simplesmente uma declaração de
quanto a potência de um ponto de circuito excede a
potência de um outro ponto. As aplicações de transmissão
telefônica, entre outras, geralmente não se preocupam com
a diferença entre dois níveis arbitrários de potência, mas
sim com a diferença entre um dado nível de potência e
alguma potência de referência fixa. A diferença a que nos
referimos pode ser determinada pela generalização da
equação XIII: a diferença entre dois níveis de potência P1
e P2, em dB, é:
n° de dB = 10 log (P1/P2) (XIV)
em que P1 e P2 são potências expressas numa
mesma unidade.
Fixando convenientemente o valor de P2
poderemos expressar a potência P1, em termos de
decibéis, por intermédio da relação anterior. Este valor nos
dirá quantas vezes, logarítmicamente, P1 será maior que
P2 pré-fixada. O valor de P2 como dissemos, irá depender
da aplicação. Para aplicações que empregam níveis altos

114
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

de potência faremos a potência de referência — P2 — ser


igual a 1W; neste caso a potência P1 é dita estar "tantos
dB acima de um watt", abreviado dbW, isto é:
n° de dBW = 10 log P1 (XV)
P1 — em watts.
Assim, se num dado ponto de um dispositivo
tivermos uma potência de, digamos, 4W, vem: n° de
dBW= 10 log 4 =10 x 0,60 = 6dbW ou seja: a potência no
ponto em pauta está 6dB acima de um watt ou, o que é a
mesma coisa: a potência do ponto em questão é de 6dBW.
Se no mesmo ponto tivéssemos uma potência de 0,3W,
teríamos:
n° de dBW = 10 log 0,3 = 10 log (3/10 ) = = 10
[log 3- log 10] = 10 (0,48 -1) = - 5,2 dBW.
O sinal negativo indica que a potência no ponto é
menor que um watt e que a mesma se encontra a 5,2 dB
abaixo de um watt ou, ainda, a potência no ponto em
questão é de - 5,2 dBW.
Outra unidade comum relacionada com o decibel é
obtida ao se fazer com que a potência de referência — P2

115
Newton C. Braga

— assuma o valor de 10 -3 watts (um miliwatt). Neste caso,


a potência P1 é dita ser "tantos dB acima de um miliwatt",,
abreviado dBm; isto é:
n° de dBm = 10 Iog P1
P1 — em miliwatts. J
Exemplificando: se P1 = 4W, esta potência pode
ser expressa como:
n° de dBm = 10 log 4000 = 10 x 3,60 = 36 dBm
lembrar que 4W = 4000 mW.
Outra unidade que é aplicada em transmissão é
obtida assumindo-se uma potência de referência de 10 -8
watts (um microwatt). Uma potência P1 é dita, então,
"tantos dB acima de um microwatt", abreviando-se por
dBmw e dada por: n° de
dBmw = 10 logo (XVII)
P1 – em microwatts
Para o exemplo acima teremos:
P1 = 4 W = 4000 miliwatts = 4000 000 microwatts
então:

116
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

n° de dBmw = 10 log 4 000 000 = 10 log 4.10 6 =


10 [log 4 + log106]= 10 (0,60 + 6) = 66 dBmw.
Como geralmente as potências de ruído ("noise"
em inglês) são da ordem de 10-12 watts (um picowatt) se
torna isto como referência para potências de ruídos então,
P1 pode ser expressa em "dB acima do ruído de
referência", abreviado por dBnr e definido por:
n° de dBnr = 10 log P1 (XVIII)
P1 - em microwatts.
Neste caso o nível de potência de 4W dos
exemplos precedentes pode ser expresso como n° de dBrn
= 10 logo 4 000 000 000 000= 10 Iog 4.1012 = 10 [ log 4 +
Iog 1012] = 10 (0,60 + 12) = 126 dBrn
Em tempo: o "rn" minúsculo da expressão dBrn
nada mais é do que a abreviatura da expressão inglesa
"reference noise" -ruído de referência.
De acordo com as expressões XV e XVIII têm-se
as seguintes correspondências:
1 W →O dBW = 30 dBm 60 dBmw = 120 dBrn
1mW → -30dBW = O dBm= 30 dBmw 60 dBrn

117
Newton C. Braga

1µW → -6OdBW = -30dBm = O dBmw = 30 dBrn


1 pW → -120dBW = -60dBm = -30dBmw = OdB
rn
Isto nos permite escrever as seguintes igualdades
que relacionam os quatro decibéis de referência definidos
anteriormente.
xdBW = (x+ 30 dBm)= (x+ 60) dBmw= (x +120)
dBnr (XIX)
A corrente e a tensão também podem ser
relacionadas logarítmicamente da mesma forma que as
potências. Considerando um quadripolo cujas impedâncias
de entrada e saída sejam iguáis tanto em módulo como em
ângulo de fase, poderemos escrever, a partir da expressão
XIII, levando em consideração que:

118
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

As duas expressões acima mostram claramente que


o ganho em tensão ou em corrente é numericamente igual
ao dobro do ganho de potência do quadripolo em questão.

119
Newton C. Braga

O circuito elétrico
doméstico

Este artigo faz parte do livro Instalações Elétricas


Sem Mistérios (2005), onde são tratados assuntos relativos
às instalações elétricas domiciliares. Neste artigo, o
circuito elétrico de uma residência é explicado de maneira
simples. Veja nota importante no final do artigo.
Da mesma forma que a energia não pode ser criada
nem destruída, mas somente transformada, as cargas
elétricas que transportam a energia elétrica precisam ser
“recicladas”. Isso significa que os aparelhos alimentados
pela corrente elétrica não “consomem” cargas, mas
somente a energia que elas transportam. Não podemos

120
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

simplesmente ligar um fio a uma lâmpada e “bombear”


cargas indefinidamente para que ela acenda,
“consumindo” essas cargas para produzir luz, segundo a
figura 1.
.

Uma vez que as cargas entregam a energia que


transportam à lâmpada, elas precisam continuar com seu
movimento e ir para algum lugar, ou seja, precisam
“circular”. O que se faz normalmente é usar dois fios, de
modo a permitir que as mesmas cargas possam ser usadas
para transportar a energia, formando assim um circuito
elétrico, figura 2.

121
Newton C. Braga

Assim, a tensão estabelecida pelo gerador da


empresa de energia “empurra” as cargas, estabelecendo a
corrente na lâmpada, e uma vez que as cargas entregam
esta energia, fazendo a lâmpada acender, elas voltam ao
gerador de modo a poderem ser usadas novamente, sendo
“empurradas” de volta para alimentar a mesma lâmpada
ou outras lâmpadas. Podemos comparar o gerador da
empresa de energia a uma bomba que “empurra”
constantemente água através de um cano para movimentar
algum tipo de dispositivo, mas uma vez que a água fez
“seu trabalho” ela volta à bomba para ser reaproveitada.
Veja que a bomba simplesmente “repõe” a energia na
água, pressionando. O mesmo acontece com o gerador que
“repõe” a energia às cargas que voltam a circular pelos
fios.

122
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Tudo isso significa que, para que a energia elétrica


possa ser usada deve haver um percurso completo entre a
tomada de energia que está ligada ao gerador e o aparelho
alimentado, conforme mostra a figura 3.

Este caminho fechado ou percurso fechado para a


corrente é denominado “circuito elétrico”. Só há corrente
elétrica se houver um percurso fechado ou um circuito
fechado para sua circulação. É por essa razão que sempre
precisamos de DOIS fios para alimentar qualquer aparelho
elétrico: um serve para “enviar” a energia e outro para
fazer o retorno, ou seja, para permitir a movimentação das
cargas que já estejam sem energia. A pressão elétrica e,
portanto, a energia disponível num fio pode ser medida
por sua pressão elétrica, ou seja, por sua tensão.

123
Newton C. Braga

Terra e neutro
Da mesma forma que só podemos falar na pressão
da água num reservatório em relação a um nível de
referência, só podemos falar na “pressão elétrica” em
relação a uma tensão de referência. Assim, conforme
ilustra a figura 4, entre os pontos A e B do reservatório
existe uma diferença de pressão ou potencial hidráulico
menor do que a que existe entre os pontos A e C.

Para a represa, a referência é o seu nível mais


baixo, ou ainda pode ser considerado como o nível do mar.
Este nível pode ser considerado o “zero” de pressões e a
partir dele, estabelecidas todas as outras pressões. Para a

124
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

eletricidade, o nível “zero” de tensão, ou seja, de


“potencial elétrico”, é um corpo para o qual todas as
cargas podem escoar quando pressionadas: a terra.
De fato, a terra conduz a eletricidade como um fio
de metal e por isso pode “absorver” ou “fornecer”
qualquer quantidade de cargas. A terra é então tomada
como referência ou zero para o potencial elétrico. Assim,
por definição, a terra tem um potencial de zero volt (0 V).
As empresas de energia elétrica, ao gerarem energia,
precisam de um fio para enviar a energia e outro para fazer
o retorno, por isso as tomadas têm dois fios (figura 5).

O fio de retorno é denominado neutro, pois ele é


aproveitado como um retorno comum para muitos
circuitos. Entretanto, de modo a ter algumas comodidades
nas instalações, as empresas de energia costumam ligar

125
Newton C. Braga

este fio de retorno ou neutro à terra, isso por meio de


barras de metal enterradas profundamente no solo, nas
entradas das instalações elétricas e em muitos lugares da
própria rede de distribuição de energia. Isso faz com que o
potencial do polo neutro seja igual ao da terra, daí este
polo ser confundido com a terra e às vezes chamado de
“terra”, conforme demonstra a figura 6.

Todavia, pelos motivos que vimos, é sempre bom


levar em conta que “terra” e “neutro” são coisas
diferentes, se bem que em alguns instantes coincidam.
Tudo isso faz com que no outro polo possamos ter
potenciais em relação à terra ou diferenças de potenciais
diferentes, que podem ser 110 V ou 220 V, conforme o
caso.

126
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feita e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados
valem para instalações elétricas antigas, como ainda são
encontradas em muitos locais de nosso país. Para
instalações novas, os leitores devem consultar as normas
vigentes.

127
Newton C. Braga

Os fios das instalações


elétricas domiciliares

O artigo dado a seguir foi aproveitado do livro


Instalações Elétricas Sem Mistérios (edição de 2005) de
nossa autoria. Nele explicamos como usar os diversos
tipos de fios nas instalações elétricas
Os fios usados numa instalação devem ser
escolhidos com o máximo cuidado. Sua função é conduzir
a corrente, e se eles não fizerem isto da maneira esperada,
teremos problemas de segurança e poderemos até
comprometer o funcionamento dos aparelhos alimentados.
Dependendo da intensidade da corrente conduzida, os fios

128
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

devem ter uma espessura apropriada: maior corrente


significa a necessidade de usar fios mais grossos.
Um fio mais fino também significa uma
dificuldade maior para a corrente passar, ou seja, uma
certa resistência. Assim, conforme mostra a figura 1, se
um fio for muito fino ou muito longo, ele “divide” a
tensão da rede de energia em duas partes: uma usada para
vencer a sua própria resistência e a outra para chegar ao
aparelho alimentado.

Figura 1 – Perdas num fio longo.

Logo, um fio muito comprido alimentando um


aparelho no final da instalação pode significar problemas:
o aparelho que deveria receber a tensão da rede para o qual
foi especificado, acaba recebendo uma tensão muito

129
Newton C. Braga

menor, o que pode afetar seu funcionamento. Nesta


mesma instalação, um fio mais grosso pode reduzir a
resistência e assim as perdas que ocorrem, obtendo-se um
funcionamento melhor do aparelho que está distante.
As normas preveem a queda de tensão máxima que
pode ocorrer num fio quando usado na alimentação de um
eletrodoméstico, ou seja, de quanto a tensão pode “ficar”
reduzida no final do fio.
Esta queda está entre 4 e 5% para os aparelhos
eletrodomésticos comuns. Isso significa que, se no início
de uma linha de distribuição houver uma tensão de 110 V
e no final, no ponto onde está ligado o aparelho
alimentado tivermos 105 V, teremos uma “perda” dentro
dos limites aceitáveis, conforme a figura 2.

130
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2 –Uma pequena perda é tolerada na


maioria das aplicações.

Para uso em instalações elétricas domiciliares


encontramos vários tipos de condutores, veja alguns na
figura 3.

131
Newton C. Braga

Figura 3 – Fios encontrados nas aplicações


elétricas domiciliares e instalações comuns.

O primeiro tipo é o fio rígido usado nas instalações


e que consiste num fio de cobre único isolado por uma
capa de material plástico. Este fio também é denominado
condutor sólido. Este fio é pouco flexível, por isso é usado
nos casos em que a instalação é definitiva, ou seja, nas
próprias instalações, embutidos ou mesmo aparentes.
O segundo tipo é o denominado fio flexível ou
simplesmente “cabo”, formado por um conjunto de fios
trançados ou compactados de modo que os fios de cobre

132
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

mais finos fiquem bem juntos, sendo isolados por uma


capa plástica. Este tipo de fio apresenta grande
flexibilidade e por isso é usado nas aplicações em que se
deseja movimentar o aparelho alimentado.
Encontramos este tipo de fio nas extensões, nos
aparelhos eletrodomésticos e em aplicações em que o fio
esteja sujeito a movimentos constantes, veja a figura 4.

Figura 4 – Fios flexíveis são usados em aplicações


com movimentação constante.

O isolamento externo destes fios pode ser de


polímeros termoplásticos como o PVC (cloreto de
polivinila), PE (polietileno), etc., ou ainda de polímeros
termofixos como o XLPE (polietileno reticulado), EPR

133
Newton C. Braga

(borracha etileno-propileno), borracha de silicone, etc. Em


aplicações especiais podemos encontrar isolamentos de
fibra de vidro. O importante no isolamento é a tensão
máxima suportada.
Normalmente, para os fios de instalações
domésticas, cujas tensões não superam os 240 V, a tensão
de isolamento dos fios é da ordem de 600 V. Os fios dos
tipos indicados podem ser apresentados ainda em diversas
configurações ou formas, que são mostradas na figura 5.
Assim, nesta figura temos:
a) condutor isolado simples - que consiste num
fio sólido ou num cabinho com isolamento externo.
b) cabo unipolar - consiste num fio flexível único
ou cabo com um isolamento.
c) cabo multipolar - dois condutores ou mais com
um isolamento em comum.
d) cordão ou cabo de alimentação - dois
condutores isolados
paralelos ou torcidos.

134
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

e) cabo multiplexado - três ou mais condutores


(cabos ou rígidos) torcidos ou paralelos.
Conforme vimos, na escolha de um fio, a espessura
deve estar de acordo com a intensidade da corrente a ser
conduzida.
As espessuras dos fios são indicadas de duas
formas: numa série métrica, de acordo com as normas
IEC, em milímetros quadrados de secção e numa série
AWG (American Wire Gauge) por um número, de acordo
com a tabela da página seguinte em que temos as correntes
correspondentes indicadas. Observe que esta tabela é
válida para fios com isolamento de PVC. Nas instalações
domésticas (instalações fixas em geral) temos a indicação
das espessuras mínimas dos fios por meio de normas
(NBR54190):
a) Circuitos de iluminação (pontos de luz); 1,5
mm2 (fio AWG 14)
b) Circuitos de alimentação (tomadas,
eletrodomésticos fixos, etc): 2,5 mm2 (fio AWG 12)
c) Sinalização e controle: 0,5 mm2 (fio AWG 20)

135
Newton C. Braga

Nas ligações com cabos e cordões flexíveis, a


mesma norma estabelece as seguintes espessuras mínimas
para os fios:
a) equipamentos específicos: conforme a norma
respectiva.
b) outras aplicações: 0,75 mm2 (fio AWG 18)
Observamos ainda que, para fios de seção até 25
mm2, o neutro e fase são iguais. Para secções maiores de
fase, o neutro pode ser mais fino, segundo normas
existentes. Nunca use um fio mais fino numa aplicação,
pois pode haver comprometimento do funcionamento do
aparelho alimentado e até da segurança. Um problema
comum ocorre com o uso de extensões.
Se você usar uma extensão que suporte uma
corrente máxima de 10 A, por exemplo, para alimentar um
aspirador de pó de 1 400 W (o que é visto com bastante
frequência) na rede de 110 V, você está se arriscando. Em
110 V, um aspirador de 1 400 W exige algo em torno de
13 A para funcionar, acima do suportado pela extensão. O
resultado é desastroso (nem sempre a curto prazo). O fio

136
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

se aquece demais, colocando em risco a integridade do


isolamento além disso, as perdas aumentam fazendo com
que chegue ao aspirador uma tensão mais baixa do que a
normal para seu funcionamento.
Esta tensão mais baixa faz com que ele “puxe”
mais corrente e ao mesmo tempo seja forçado, com o
perigo de haver danos para sua integridade. Se tiver de
ligar um aspirador ou outro eletrodoméstico de alto
consumo através de uma extensão, tenha certeza de que a
extensão seja capaz de operar com a corrente exigida! Um
procedimento simples que significa eficiência e segurança.
Usar o fio certo em cada aplicação é fundamental
para a instalação e aparelhos funcionarem corretamente.
Nas instalações domésticas, os fios podem tanto correr em
locais abertos como passar por eletrodutos. Existem
algumas recomendações importantes com relação à
passagem dos fios nesses dutos.
Devemos lembrar que a passagem de correntes por
fios sempre gera calor e se diversos condutores estiverem
aglomerados num duto, o calor gerado por todos pode ter

137
Newton C. Braga

um efeito cumulativo que põe em risco a integridade da


instalação.
Portanto, nunca passe mais do que 3 condutores de
uma mesma instalação, sempre respeitando o diâmetro
apropriado. A soma das áreas totais dos fios não deve
superar 40% da área do duto. Nunca passe fios sem
isolamento por dutos juntamente com outros fios. Os dutos
devem ser planejados de modo a não terem curvas que
dificultem a passagem dos fios.

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feita e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados
valem para instalações elétricas antigas, como ainda são
encontradas em muitos locais de nosso país. Para

138
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

instalações novas, os leitores devem consultar as normas


vigentes

139
Newton C. Braga

Circuitos, ligações série e


paralelo e interruptores

Este artigo faz parte do livro Instalações Elétricas


Sem Mistérios (edição de 2005) onde o autor analisa os
circuitos simples, o uso de interruptores e as ligações série
e paralelo. Um artigo de utilidade para os profissionais.
Veja nota importante no final do artigo.

Circuito aberto e circuito fechado


É muito comum em eletricidade falar que um
circuito está “aberto” ou “fechado”. Por este motivo, é
interessante que o leitor tenha noção do que isso significa.
Dizemos que um circuito está fechado quando existe um

140
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

percurso completo para a corrente e ela pode circular


alimentando algum aparelho, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – O circuito fechado.

O circuito está aberto, quando existe alguma


interrupção que impede a circulação da corrente, figura 2.

141
Newton C. Braga

Figura 2 – O circuito pode ser interrompido antes


ou depois da lâmpada.

Veja que o circuito não precisa estar interrompido


obrigatoriamente antes do aparelho alimentado, em relação
ao polo vivo. A interrupção pode ser “depois”, uma vez
que a corrente não tendo para onde ir, simplesmente para!
Na verdade, na instalação elétrica, como a corrente usada é
alternada, não tem muito sentido se falar em “antes ou
depois” de algum dispositivo alimentado.
Assim, quando falarmos que um circuito ou um
dispositivo está aberto é porque ele não deixa a corrente
passar, ou seja, o circuito está interrompido. Quando um

142
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

circuito ou dispositivo está fechado é porque ele permite


que a corrente passe. Uma outra forma de indicar isso é
dizer que um circuito aberto não tem “continuidade” para
a corrente, enquanto um circuito fechado apresenta
“continuidade” para a corrente.

Interruptores
A finalidade dos interruptores nas instalações
elétricas é abrir e fechar um circuito. Isso permite
estabelecer ou interromper a corrente de modo a controlar
o funcionamento do dispositivo alimentado. Podemos usar
os interruptores para ligar ou desligar uma lâmpada, ou
seja, para estabelecer ou interromper a corrente que circula
através de uma lâmpada, conforme sugere a figura 3.

143
Newton C. Braga

Figura 3 – Ligação de um interruptor para


controlar uma lâmpada.

Note que podemos ligar o interruptor “antes” ou


“depois” da lâmpada, pois numa instalação a posição não
importa, conforme já vimos. É interessante observar que
não precisamos desligar os dois fios para que a corrente
seja interrompida. Assim, os interruptores simples têm
apenas um polo, ou seja, possuem dois pontos de ligação,
observe a figura 4.

144
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 4 – Os terminais de ligação de um


interruptor comum.

Ocorre, entretanto, que, por medida de segurança, é


interessante desligar os dois fios. Isso porque normalmente
não sabemos numa tomada ou num ponto de uma
instalação, qual é o vivo e qual é o terra. Na verdade, ao
fazer uma instalação, o interruptor deve ser sempre
colocado de modo a desligar o vivo (fase), e não o polo
neutro. Na figura 5 verificamos que se usarmos o
interruptor para desligar o terra, o vivo (fase) permanece e
isso significa que um toque acidental pode causar choques.
Se quisermos ter mais segurança será interessante desligar
os dois polos. Isso pode ser conseguido com interruptores

145
Newton C. Braga

duplos. As chaves gerais usadas nas caixas de entrada das


instalações fazem justamente isso, (figura 6).

Figura 5 – Mesmo desligado um interruptor pode


dar choque.

Figura 6 – Um interruptor duplo desliga a fase e o


neutro.

146
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Série e paralelo
Os interruptores são ligados em série com os
aparelhos que devem controlar, enquanto os aparelhos
alimentados pela rede de energia são ligados em paralelo.
Esta afirmação deixa a maioria das pessoas confusa. O que
é “série” e o que é “paralelo”. Estes dois termos podem ser
facilmente entendidos se tomarmos duas aplicações
simples como exemplo. A primeira aplicação é mostrada
na figura 7 onde temos um interruptor ligado em SÉRIE
com uma lâmpada de modo a poder controlá-la.

147
Newton C. Braga

Figura 7 – Ligação do interruptor em série com a


lâmpada.

Assim, neste circuito, a corrente passa primeiro


pelo interruptor e depois pela lâmpada (ou vice-versa, se o
interruptor for ligado depois). Um conjunto de lâmpadas
de árvore de Natal é obtido pela ligação em série dessas
lâmpadas, (figura 8).

148
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 8 – Ligação de lâmpadas em série num


enfeite de árvore de Natal.

Veja que, neste tipo de ligação, se uma das


lâmpadas queimar, a corrente é interrompida em todo o
circuito e todas as lâmpadas apagam! Observe também
que a tensão da rede de energia se divide entre as
lâmpadas. Se o conjunto tiver 10 lâmpadas, os 110 V da
rede de energia ficarão divididos por 10 e cada lâmpada
recebe 11 V. Outra aplicação consiste num conjunto de
lâmpadas alimentado pela mesma rede de modo que todas
fiquem sujeitas à mesma tensão de 110 V. Isso é mostrado
na figura 9 e corresponde ao que existe naturalmente na
instalação elétrica de nossa casa.

149
Newton C. Braga

Figura 9 – Lâmpadas em paralelo numa


instalação elétrica domiciliar.

Nesta aplicação as lâmpadas estão em


PARALELO e as correntes são independentes. Assim,
cada lâmpada exige a corrente que precisa para funcionar,
e se uma delas queimar, a outra não é afetada, continuando
acesa da mesma forma. Nas instalações elétricas
encontramos dispositivos que são ligados em série como
os fusíveis e os interruptores, e dispositivos que são
ligados em paralelo como as lâmpadas, tomadas e outros
que devem receber alimentação de modo independente.

150
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feitas e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados
valem para instalações elétricas antigas, como ainda são
encontradas em muitos locais de nosso país. Para
instalações novas, os leitores devem consultar as normas
vigentes

151
Newton C. Braga

Oscilações de tensão

Este artigo faz parte do livro Instalações Elétricas


Sem Mistérios, edição de 2005. Veja no final do texto a
nota sobre as novas normas para as instalações elétricas
vigente em nosso país. Um defeito que pode ocorrer em
algumas instalações se manifesta na forma de fortes
oscilações da tensão.
As lâmpadas começam a piscar, aumentando e
diminuindo de intensidade e aparelhos eletrodomésticos e
eletrônicos podem até queimar em vista de uma
sobrecarga. O que acontece pode ser entendido se
tomarmos como base uma instalação domiciliar típica
monofásica com três fios, observe a figura 1.

152
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 1 – O retorno pela barra de terra para as


duas fases.

Conforme podemos ver, os dois circuitos possuem


um retorno comum e também uma barra de terra comum,
normalmente conectada junto à saída da caixa de entrada.
Se o fio de retorno apresentar problemas de contato ou
ainda a barra de terra, os dois circuitos passam a não ter
retorno e o resultado é que as duas fases passam a se
comportar como circuitos em série. Em outras palavras, a
instalação passa a se comportar como um circuito de 220
V, onde esses 220 V não são divididos igualmente em
duas saídas de 110 V. Um dos circuitos, o menos
carregado, pode receber uma tensão maior que o outro,
ocorrendo então as fortes oscilações, veja a figura 2.

153
Newton C. Braga

Figura 2 – Problema causado pela perda do


retorno.

Se em um ramo tivermos ligados equipamentos de


alto consumo a queda neles pode ser muito grande,
ficando com o ramo de menor consumo uma tensão muito
alta capaz de causar sua queima. Assim, se ocorrer este
tipo de problema, deve ser verificado o fio terra (de
retorno) e também a própria barra de ligação à terra, que
pode estar corroída pelo tempo ou ainda com problemas de
conexão em seu fio. O procedimento para verificação
consiste em medir a tensão nas fases quando o problema
ocorrer, usando para esta finalidade um multímetro, isso
tanto depois da chave geral como antes, para detectar se
sua origem é interna ou externa. O mesmo problema

154
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

também se manifesta caso o fio neutro da rede de energia


fora de sua casa tiver algum problema de interrupção.
Nesta situação, conforme mostra a figura 3, todas as
residências que forem alimentadas pela rede em questão
poderão ter um surto de alta tensão em uma das fases,
capaz de causar danos nos aparelhos alimentados.

Figura 3 – Problema causado pela falta do neutro.

No caso do problema ser externo, de


responsabilidade da concessionária de energia,
normalmente é possível obter o reembolso do custo do
reparo dos aparelhos danificados. O procedimento normal
é levar à concessionária uma carta indicando o horário do

155
Newton C. Braga

ocorrido e um orçamento da oficina que vai fazer o reparo


do(s) equipamento(s) danificado(s).

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feita e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados
valem para instalações elétricas antigas, como ainda são
encontradas em muitos locais de nosso país. Para
instalações novas, os leitores devem consultar as normas
vigentes

156
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O consumo de energia
elétrica

Este artigo faz parte do livro Instalações Elétricas


sem Mistérios – edição de 2005. Veja no final do artigo
nota sobre as novas normas para instalações elétricas de
baixa tensão. A conta de energia elétrica no final do mês
preocupa a maioria das pessoas e muita gente não tem a
mínima ideia de como verificar quanto se gasta de energia,
simplesmente observando as indicações do relógio de luz,
e até sentem um pouco de inveja do funcionário da
concessionária que faz isso.
Como seria interessante saber ler as indicações do
relógio de consumo de energia e poder com isso comparar

157
Newton C. Braga

com a própria conta! Mas, não é somente o controle do


consumo que pode ser feito pela observação do relógio de
luz. A simples observação do indicador de consumo pode
indicar algum tipo de abuso no uso de eletrodomésticos, e
também, pode indicar alguma anormalidade na própria
instalação, que esteja causando fugas ou perdas de energia.
Um curto interno ou ainda um problema de
isolamento entre fios, pode ser responsável por
anormalidades de funcionamento numa instalação,
consumindo energia e até pondo em risco a sua
integridade. Um fio da instalação que encoste num ponto
de metal da estrutura da casa (um ferro de laje, por
exemplo) pode causar fugas de energia, que serão
registradas como consumo pelo relógio de entrada. Além
da preocupação em prever o consumo de energia no final
do mês, também é importante para o consumidor saber
quanto irá pagar a mais por ela quando comprar algum
eletrodoméstico.

158
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Geladeiras, aquecedores de ambientes,


condicionadores de ar costumam trazer marcados de
maneira bem visível (por exigência da legislação) os seus
consumos. No entanto, para o comprador, o valor em
quilowatts-hora marcado em tais aparelhos não diz muito,
pois o que realmente lhe interessa é quanto a mais vai
pagar em dinheiro no final do mês. Assim, ao comparar
duas geladeiras, o máximo que o leitor pode saber é se
uma é mais “gastona” do que outra, mas praticamente
nada em termos de valores em dinheiro.
Será interessante, antes de aprendermos a medir o
consumo de energia saber como isso realmente ocorre.

a) o consumo de energia
Não se pode criar energia, assim, o que um motor
consegue em termos de energia mecânica, uma lâmpada
consegue em energia luminosa ou um aquecedor consegue
em calor são resultado da energia elétrica consumida.
A especificação da quantidade de energia que um
aparelho consome é dada de uma forma indireta: pela sua

159
Newton C. Braga

potência. A potência é a quantidade de energia consumida


(ou fornecida) em cada segundo, e é medida em watts
(abreviado por W). Ver figura 1.

Figura 1 – Energia convertida por uma lâmpada


comum.

Para que o leitor tenha uma idéia da ordem de


grandeza do watt (W), basta dizer que precisamos de 4,18
W de energia aplicados durante 1 segundo a 1 grama de
água para elevar sua temperatura em 1 grau Celsius, ou
seja, para produzir 1 caloria. Para aquecer 1 litro de água
de 20 a 100 graus Celsius, por exemplo, precisamos de 80
000 calorias, que convertidas em watts resultam em 334
400 W ou joules por segundo. Se quisermos aquecer esta

160
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

água em 1 segundo precisaremos de um aquecedor com


essa enorme potência, o que na prática não é muito
conveniente. No entanto, se pudermos esperar uns 334
segundos, ou aproximadamente 5 minutos e meio, um
aquecedor de 1 000 W resolve... (supondo o rendimento
máximo).
Assim, conforme o leitor pode perceber, para
obtermos a quantidade de energia a ser gasta, devemos
multiplicar a potência do aparelho pelo
tempo que ele fica ligado. Um aquecedor de 1 000
W ligado durante 334,4 segundos produz os 334 400 W
que correspondem a 80 000 calorias. Evidentemente, não
são todos os aparelhos que produzem calor a partir da
energia elétrica e além disso, seria muito mais prático
trabalharmos com tempos medidos em horas em lugar de
minutos.
Assim, expressamos a energia que a concessionária
entrega em nossa casa e a energia que consumimos em
termos de quilowatts x horas, ou seja, milhares de watts
multiplicados pelo tempo em horas. Abreviamos por kWh.

161
Newton C. Braga

Uma lâmpada que tenha uma potência de 100 W,


“consome” 100 watts-hora de energia por hora.Veja na
figura 2.

Figura 2 – 100 joules por segundo equivalem a


100 W

Durante 10 horas essa lâmpada “consumirá” 1


quilowatt-hora ou 1 kWh.
Veja então que, para calcular o consumo mensal ou
durante um
determinado período de um aparelho, basta
multiplicar sua potência (consumida) pelo número de
horas que ele fica ligado no intervalo considerado.
Uma lâmpada de 100 W que fique ligada durante 4
horas por dia,

162
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

durante 30 dias por mês, consumirá:


Consumo = 100 x 4 x 30 = 12 000 watts-hora
Consumo = 12 quilowatts-hora (12 kWh)

É pela soma do consumo de todos os aparelhos que


temos em casa que pagamos a conta de energia elétrica. O
número de quilowatts-hora consumidos durante o mês (no
intervalo entre as leituras do relógio) é marcado na conta
de energia, figura 3.

Figura 3 – Indicação do consumo numa conta de


energia elétrica.

Veja então que, conhecendo a potência consumida


por um eletrodoméstico qualquer e o tempo médio de
acionamento desse aparelho no uso normal, podemos

163
Newton C. Braga

facilmente prever quanto a mais ele custará em nossa


conta de energia. Mas, cuidado: no caso de aparelhos
eletrônicos como amplificadores de som, não devemos
confundir a potência de áudio de sua saída com a potência
que ele exige da rede de energia. Um amplificador de 200
watts rms, por exemplo, não tem um rendimento de 100%
na conversão de energia, o que significa que ele, quando à
plena potência, consome mais do que isso! Por outro lado,
um amplificador de 100 W pmpo tem uma potência “real”
bem menor, e a consumida não chegará aos 50 W em uso
normal.

Como ler o “relógio de luz”


Na entrada das instalações domiciliares temos
normalmente um medidor de consumo de energia ou
“relógio” de luz, que pode ser de um dos tipos
apresentados na figura 4.

164
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 4 – Medidores comuns de consumo de


energia.

Estes relógios possuem indicadores que permitem


formar os números correspondentes aos quilowatts-hora
consumidos. No entanto, como o relógio não é “zerado”,
quando uma leitura é feita, o valor em quilowatts-hora
consumidos num mês é obtido subtraindo a leitura atual da
anterior. Por exemplo, se na leitura atual temos a indicação
de 12350 kWh e na anterior o valor marcado era de 12050,
o consumo a ser considerado é de 300 kWh. (Em alguns
locais a leitura está sendo realizada bimestral ou
trimestralmente e o consumo é calculado pela média dos
meses).

165
Newton C. Braga

Mas, como ler esses valores?


Vamos tomar como exemplo o relógio mostrado na
figura 5.

Figura 5 – Exemplo de leitura de um medidor de


consumo.

Os ponteiros apontam para os dígitos que formam


o número de quilowatts da leitura. O que pode ocorrer, e
confunde um pouco as pessoas, é que um ponteiro não
esteja exatamente sobre um número, como indica a mesma
figura, mas sim entre dois deles, dificultando a leitura.
Assim, no desenho, o ponteiro do segundo dígito está entre
o 5 e o 6. Qual valor considerar? No caso, sempre
consideramos o menor, pois se o ponteiro está entre o 5 e o
6 é porque o ponteiro seguinte provavelmente está no meio
da escala de 0 a 9 ou seja, nas proximidades do 5. Basta

166
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

verificar. Para o relógio com a aparência mostrada na


figura 6, o procedimento é o mesmo.

Figura 6 – Leitura de um medidor numérico.

Obs: além desses, existem ainda os medidores


digitais, cuja leitura é semelhante a do tipo mostrado na
figura 6. Uma maneira de controlar o consumo de energia
é, sempre que for feita a leitura (normalmente existe um
dia certo para isso - quando o cachorro deve ficar preso e o
portão de acesso ao medidor aberto!), o morador também
anotar num papel o valor da leitura. Em muitos casos isso
não precisa ser feito, pois na conta temos o valor medido e

167
Newton C. Braga

o valor anterior! Tirando a diferença temos o consumo e aí


é só consultar na própria conta os valores cobrados. Em
nosso país a tarifa é diferenciada por faixas de consumo.
Assim, observando a conta, veremos que para consumos
de 0 a 30 kWh temos uma tarifa menor do que para de 30
a 70 kW/h. Vamos tomar um exemplo de cálculo com
base numa conta comum e ver como isso é feito:
a) Numa leitura em uma residência foi registrado o
consumo de 237 kWh (diferença entre a leitura anterior e a
atual).
Quanto o morador dessa residência irá pagar (sem
o imposto)?
A energia consumida de 0 a 30 kW custa R$
0,01940 por kWh. Multiplicando por 30 temos:
30 x 0,01940 = 0,58
A energia consumida de 31 a 100 kWh custa R$
0,0489 por kWh. Por isso temos 70 kWh (de 31 a 100)
neste preço, o que resulta em:
70 x 0,0489 = 3,42

168
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Para a faixa de 101 a 200 kWh que correspondem a


mais 100 kWh consumidos, o preço é de R$ 0,08817 por
kWh, o que resulta em:
100 x 0,0881 = 8,81. Finalmente para a faixa acima
de 200 kWh o preço é de R$ 0,11733 por kWh. Nesta
faixa temos somente 37 kWh de consumo a considerar, o
que resulta em:

37 x 0,11733 = 4,34
Somando todos os valores temos o Fornecimento
de Energia que no caso foi de R$ 17,15.
Em São Paulo, sobre este valor incide 25% de
ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) que corresponde a mais R$ 5,71.
Com a soma desses dois valores temos o Total a
pagar que será de R$ 22,86. (Na época em que
escrevemos este livro estavam ocorrendo algumas
modificações nas tarifas com a redução dos descontos para
as faixas mais baixas, mas o modo geral de cálculo será
mantido).

169
Newton C. Braga

Pelo direito do consumidor!


Atenção: discute-se legalmente a forma de fazer o
cálculo dos 25%. Pelo que se afirma, legalmente, os 25%
devem ser cobrados sobre o valor consumido o que, para
R$ 17,15 resultaria em R$ 4,28. No entanto, por um
artifício - que ressaltamos: tem sua legalidade contestada -
os 25% são calculados sobre o total, ou seja, o imposto é
calculado a partir da soma do fornecimento com o próprio
imposto! O resultado é que na conta dada como exemplo,
o valor do imposto sobe para R$5,71 o que corresponde a
33% do fornecimento! A discussão legal se apoia
justamente no fato de pagarmos imposto sobre imposto! -
Já existem juristas que estão entrando com ações visando a
devolução de tudo que foi cobrado a mais com este
procedimento, cuja legalidade é duvidosa!

Controlando o consumo
Evitar desperdício de energia é fácil e pode reduzir
bastante a conta, mas exige algo que nem sempre é fácil de

170
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

implantar: o hábito. Os seguintes hábitos podem ajudar


muito na redução do consumo:
a) Apagar a luz de uma dependência da casa em
que não haja ninguém. Muitas pessoas (e não são crianças)
têm o costume de deixar três ou quatro lâmpadas acesas na
casa, mesmo estando sozinhas e ocupando apenas uma
dependência! Duas horas por dia de economia numa
lâmpada de 100 W significam 6 kWh a menos no final do
mês!
b) Não deixar portas de geladeiras abertas por
muito tempo. As geladeiras possuem um termostato que as
liga somente quando a temperatura se eleva no seu interior
pela entrada de ar quente do exterior com a porta aberta.
Assim, o consumo desse eletrodoméstico depende muito
da quantidade de vezes que a porta é aberta e fechada e
pelos tempos em que permanece aberta. Sendo rápido ao
tirar e colocar coisas na geladeira e principalmente, não
deixando sua porta aberta,alguns quilowatts podem ser
economizados facilmente.

171
Newton C. Braga

Lembramos que a geladeira é um dos


eletrodomésticos de maior consumo numa residência, pelo
tempo que permanece ligada (constante) e pela sua própria
potência.
c) Controle o uso do chuveiro. O chuveiro é o
eletrodoméstico de maior consumo instantâneo (potência)
numa residência: alguns tipos chegam aos 6 kW de
potência!

Assim, o costume de se despir com o chuveiro


ligado de modo a encontrá-lo quente, pode significar um
aumento considerável nos gastos. Apenas 5 minutos por
dia nesta operação significam 150 minutos por mês ou 2
horas e meia, o que para um chuveiro de 6 kW significam
15 kWh a mais na conta! Se na sua casa 4 pessoas fazem
isso todos os dias, o consumo “cresce” em 60 kWh! Isso
representa perto de 25% da conta de energia de uma
residência de porte médio!
d) Saiba usar os eletrodomésticos de alto consumo
Existem muitos eletrodomésticos que realmente trazem

172
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

conforto e comodidade, mas em alguns casos, o consumo


de tais aparelhos não é dos menores. A relação
custo/benefício deve ser examinada antes de sua aquisição
e uso constante.
Os eletrodomésticos que produzem calor, são os
mais “gastões”. Pequenos fornos de mesa (não os de
microondas), aquecedores de ambientes, fogareiros
elétricos, torneiras elétricas são alguns exemplos. Estes
aparelhos podem ter consumos na faixa de 0,8 a 2 kWh, o
que significa que devem ser usados com moderação.

e) Iluminação correta e lâmpadas corretas.


As lâmpadas incandescentes comuns são mais
baratas que as fluorescentes, mas consomem mais energia.
Porque não usar lâmpadas mais baratas nos locais em elas
são pouco usadas, para termos menor investimento na
instalação com um gasto que não é significativo pelo
tempo de uso. E por outro lado, fluorescentes nos locais
em que elas são muito usadas, para termos menor

173
Newton C. Braga

consumo, com um investimento um pouco maior na


instalação?
Cozinhas e escritórios devem usar fluorescentes,
enquanto salas de estar, dormitórios e banheiros podem
perfeitamente usar lâmpadas comuns.
Para os que desejam realmente maior economia,
por que não pensar nas lâmpadas eletrônicas?
Uma lâmpada deste tipo consome apenas 9 W e
fornece tanta luz como uma incandescente de 75 W!

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feita e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados
valem para instalações elétricas antigas, como ainda são

174
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

encontradas em muitos locais de nosso país. Para


instalações novas, os leitores devem consultar as normas
vigentes

175
Newton C. Braga

Transformadores e fator de
potência

Transformadores são encontrados numa infinidade


de aplicações. Alimentados por tensões alternadas esses
dispositivos apresentam características que levam à
necessidade de se entender o que é o fator de potência.
Nesse artigo abordamos os dois assuntos de forma
bastante didática.
Os transformadores são dispositivos formados por
duas bobinas enroladas num núcleo comum. Para a
operação nas baixas frequências da rede de energia o
núcleo é de ferro laminado (ferro doce) enquanto para
operação em frequências mais altas o núcleo é de ferrite.

176
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Na figura 1 temos o símbolo utilizado para representar um


transformador monofásico assim como seu aspecto, para
tipos de baixa potência usados na alimentação de circuitos
eletrônicos.

Quando aplicamos uma tensão alternada na bobina


de entrada, denominada “primário”, é induzida na bobina
de saída (denominada “secundário” uma tensão cujo valor
depende da relação entre o número de espiras das duas
bobinas. Assim, se a bobina de saída tiver o dobro do
número de espiras da bobina de entrada, a tensão de saída
será dobrada, conforme mostra a figura 2.

177
Newton C. Braga

Da mesma forma, se tiver metade do número de


espiras, a tensão será reduzida à metade. Veja, entretanto,
que o transformador, como qualquer dispositivo
eletrônico, não pode criar energia. Assim, se obtemos um
ganho de tensão, a corrente disponível passará a ser
metade. Por exemplo, se um transformador eleva uma
tensão de 110 V para 220 V, quando exigimos uma
corrente de 1 ampère do secundário, a corrente no
primário será 2 ampères. O produto tensão corrente nos
dois enrolamentos deve ser mantido constante (*).

178
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

P = V x I = 110 x 2 = 220 x 1

(*) Desprezamos neste caso as perdas que ocorrem


na passagem da energia de um enrolamento para outro.
Essas perdas normalmente se traduzem em calor e para um
transformador comum varia entre 2% e 5% da potência
transferida. Os transformadores podem ter mais de um
enrolamento secundário, ou enrolamentos com derivações,
conforme mostra a figura 3.

179
Newton C. Braga

180
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

No primeiro caso (a) temos um enrolamento com


uma bobina dotada de derivação central. Se tomarmos a
derivação central ou CT (Center Tape) como referência, as
fases das tensões das duas extremidades das bobinas estão
em oposição. Temos então um transformador bifásico. No
segundo caso (b) temos um transformador trifásico, muito
utilizado nas aplicações industriais em que tanto a entrada
como a saída são trifásicas, porém com tensões diferentes.
Os transformadores admitem a ligação de seus
enrolamentos em triângulo, estrela e em zigue-zague. Na
figura 4 mostramos essas três formas de se ligar um
transformador trifásico.

181
Newton C. Braga

182
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

.
Tanto a ligação em triângulo como a ligação zigue-
zague são mais usadas quando se têm que alimentar cargas
desequilibradas.

Isolamento
Uma característica de extrema importância para os
transformadores comuns é o isolamento que proporcionam
entre a entrada e saída de um circuito. Como o
enrolamento de entrada e o de saída são isolados, pois a
transferência de energia se faz por campo magnético,
podemos isolar completamente um circuito da rede de
energia, tornando-o assim seguro para a operação e mesmo
para o caso do toque acidental em suas partes, conforme
mostra a figura 5.

183
Newton C. Braga

O uso de transformadores para isolar circuitos é,


portanto, uma prática comum na eletrônica. Veja,
entretanto, que existem transformadores em que existe
uma parte do enrolamento que é comum à entrada e saída,
conforme mostra a figura 6.

184
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Esses são denominados autotransformadores e


eles apenas alteram as tensões sem, entretanto,
proporcionar isolamento entre os circuitos de entrada e
saída. A vantagem do uso do autotransformador está no
fato de que se economiza na parte do enrolamento que é
comum à entrada e saída de tensão.

185
Newton C. Braga

Fator de potência
Quando uma tensão senoidal é aplicada numa
carga resistiva, conforme mostra a figura 7, a corrente
circulante pela carga acompanha instantaneamente as
variações da tensão. Tensão e corrente estão em fase neste
circuito.

No entanto, a maioria dos circuitos alimentados


pela corrente alternada disponível numa rede não se

186
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

comporta como uma resistência pura. Tais circuitos


possuem características indutivas ou capacitivas. É o que
ocorre, por exemplo, com motores e transformadores e
muitos outros dispositivos que operam baseados em
campos magnéticos criados por bobinas. Nesses
dispositivos ou circuitos, a corrente não acompanha as
variações da tensão instantaneamente, mas tem um retardo
ou um adiantamento, conforme mostra a figura 8.

O resultado dessa defasagem é uma diferença entre


a potência ativa, que é aquela que realmente é

187
Newton C. Braga

transformada em trabalho, e a potência aparente, que é a


medida. A diferença entre as duas é a potência reativa. Se
representarmos a potência reativa, a potência real e a
potência aparente, teremos um ângulo (φ) que é usado para
indicar o fator de potência. O fator de potência (FP), que
varia entre 0 e 1, é dado por:
FP = cos φ
Onde: φ é o ângulo definido pela potência ativa e a
potência aparente.
Esse fator é positivo se o circuito alimentado tiver
características indutivas e negativo se for capacitivo.
O melhor aproveitamento num circuito de corrente
alternada ocorre quando o ângulo de defasagem é 0 e,
portanto, seu cosseno é 1. Nesse caso, 100% da energia
aplicada é convertida em trabalho. Na prática, entretanto, é
muito difícil que isso ocorra com os equipamentos de uma
instalação industrial. Assim, a portaria 1569/BNAEE
estabelece que as indústrias devem ter o fator de potência
de suas instalações controlado, ficando dentro dos limites
de 0,92 para cargas indutivas e capacitivas.

188
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

É importante observar que um dos problemas com


que o profissional da manutenção, principalmente
industrial, vai se defrontar é a correção dos fatores de
potência das diversas máquinas de uma planta de modo
que eles fiquem dentro dos limites estabelecidos pela lei.
Para cargas indutivas é comum fazer a compensação desse
fator com bancos de capacitores, conforme mostram os
gráficos de correção da figura 9.

Veja que o efeito na defasagem da corrente em


relação à tensão introduzido por um capacitor é o oposto

189
Newton C. Braga

daquele introduzido pela presença de um indutor, daí a


possibilidade de se fazer a correção usando esse
componente.

Qualidade da energia
A forma de onda da tensão alternada fornecida pela
rede de energia elétrica, em teoria, deve ser senoidal com
uma frequência de 60 Hz, conforme mostra a figura 10.

190
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Entretanto, por diversos motivos como, por


exemplo, a utilização de dispositivos que empregam fontes
chaveadas ou ainda dispositivos de comutação de potência
muito rápidos como os que fazem uso de TRIACs e SCRs,
as formas de onda das correntes e tensões encontradas
numa instalação elétrica podem sofrer alterações deixando
de ser "limpas" ou "puras". Essas alterações podem afetar
sensivelmente o funcionamento de equipamentos sensíveis
ligados, alimentados pela mesma rede de energia, e até dos
próprios causadores dos problemas.
Nas indústrias, por exemplo, onde a quantidade de
equipamentos alimentados, que podem causar
deformações é grande, e igualmente grande a quantidade
de equipamentos sensíveis que podem ser afetados por
uma energia "não limpa", a preocupação em se "medir" e
controlar a qualidade da energia é importante, exigindo
uma constante monitoração ou análise quando for
constatado qualquer tipo de anormalidade no
funcionamento de um equipamento cuja causa possa estar
na energia que ele usa. Normalmente, a verificação da

191
Newton C. Braga

tensão que está presente numa rede de alimentação de


máquinas é feita com a ajuda de um multímetro. Mede-se
a tensão de modo que ela possa ser comparada com o valor
esperado. No entanto, o multímetro comum não atende às
necessidades do técnico ou engenheiro que precisa medir a
energia de uma rede que tenha problemas de deformações
das correntes e tensões, transientes ou surtos. Conforme
veremos a seguir, os multímetros usados na análise da
qualidade da energia devem ter características especiais.

Harmônicas
Conforme explicamos, uma tensão alternada
considerada "pura" ou "limpa" é aquela que tem uma
forma de onda perfeitamente senoidal, sendo gerada por
um alternador ideal. Na prática, entretanto, as próprias
características do alternador e do circuito por onde deve
passar a energia gerada faz com que ocorram deformações
como as ilustradas na figura 11.

192
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O matemático inglês Fourier demonstrou que um


sinal de qualquer forma de onda, na realidade, pode ser
decomposto em componentes formadas por sinais
senoidais de amplitudes e frequências diferentes.
Temos então uma componente fundamental e
componentes harmônicas que possuem valores múltiplos
do sinal fundamental. Essas componentes de valores

193
Newton C. Braga

múltiplos são denominadas componentes harmônicas ou


simplesmente harmônicos.

Obs.: Veja que na literatura técnica quando usamos


o termo “harmônicas” estamos nos referindo às
componentes harmônicas e quando usamos o termo
“harmônico”, igualmente correto, estamos nos referindo
aos sinais harmônicos.

Assim, o sinal que tem o dobro da frequência


fundamental é denominado segunda harmônica, o que tem
o triplo é chamado terceira harmônica, e assim por diante.
Demonstra-se também que o inverso é válido: podemos
sintetizar um sinal de qualquer forma de onda a partir da
combinação de um sinal senoidal fundamental e de sinais
senoidais de frequências múltiplas com amplitudes
diferentes. Dessa forma, uma tensão alternada que tem
uma deformação como a indicada na figura 12, pode ser
analisada como formada por uma tensão na frequência
fundamental de maior amplitude (60 Hz) e diversas outras

194
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

tensões de menor amplitude com frequências múltiplas


denominadas harmônicas.

Observe então que uma deformação de uma tensão


senoidal indica a presença de tensões harmônicas, ou seja,
de frequências que não são a original da rede de energia.
Esse fato é que se torna perigoso para a integridade de
algumas máquinas e circuitos na indústria. A deformação
de um sinal é medida pela Taxa de Distorção Harmônica,

195
Newton C. Braga

ou abreviadamente THD, normalmente expressa na forma


de uma porcentagem (%). A taxa de distorção harmônica
total de um sinal ou forma de onda é calculada pela
seguinte expressão:

THD(%) =

Onde: THD(%) = distorção harmônica total


V2, V3, V4,....Vn = amplitudes da
segunda, terceira, etc, harmônicas
Vf = amplitude do sinal fundamental
Dependendo da forma de onda, as harmônicas
podem se estender a valores muito altos de frequências
causando, por exemplo, interferências em equipamentos
de comunicações. Na tabela a seguir temos as harmônicas
e suas intensidades relativas para um sinal que é obtido na
saída de um retificador de onda completa. Esse sinal
consiste numa "onda" cuja forma é mostrada na figura 13.

196
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O processo de cálculo dessas intensidades envolve


a Transformada de Fourier, através da qual é possível
determinar o "coeficiente" ou intensidade relativa de cada
harmônica, partindo-se da função que descreve a forma de
onda analisada.

Harmônica Intensidade Intensidade


Relativa Porcentual (%)
Fundamental 63,6

2o 42,3

3o 0 0

197
Newton C. Braga

4o 8,5

5o 0 0

6o 3,6

7o 0 0

Um controle de potência que empregue SCR ou


TRIAC é um exemplo disso. A comutação rápida desses
dispositivos, gerando na carga uma tensão com forma de
onda como a indicada na figura 14, também é responsável
pela produção de harmônicas que se estendem até a faixa
de VHF de TV.

198
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Um controle de potência desse tipo causa


interferências em televisores. Essas interferência se
manifesta na forma de pequenos riscos na imagem. O
mesmo ocorre com liquidificadores, barbeadores e
equipamentos industriais que controlem cargas de
potência, principalmente indutivas como motores.

199
Newton C. Braga

Problemas causados pela energia


"suja"
Não são somente interferências que causam uma
tensão alternada com deformações ou distorções, e que a
torna rica em harmônicas.
Se um equipamento for alimentado por uma tensão
não pura que tenha uma taxa de distorção harmônica
elevada, poderão ocorrer perdas de energia. Os
transformadores, em especial são componentes sensíveis a
este problema podendo apresentar até mais de 50% de
perdas se forem alimentados com uma tensão muito
distorcida. As cargas alimentadas por tensão distorcida
podem ter ainda um fator de potência muito pobre
sobrecarregando o sistema.
Os controles de potência com TRIACs são
exemplos desses dispositivos que podem ter seu
desempenho melhorado com o uso de choques, os quais
"suavizam" a forma de onda da energia consumida
diminuindo assim a THD. Outro problema a ser

200
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

considerado é que as harmônicas de corrente podem


também distorcer a forma de onda da tensão, e com isso
causar harmônicas.
Distorções da tensão podem afetar motores
elétricos e bancos de capacitores. Nos motores elétricos,
por exemplo, a sequência negativa de harmônicas (5.ª, 11. ª,
17.ª, etc.) assim chamada porque sua sequência (ABC ou
ACB) é oposta à sequência fundamental, conforme ilustra
a figura 15, produz campos magnéticos rotativos. Estes
campos "rodam" na direção oposta ao campo magnético
fundamental e podem causar não somente um
sobreaquecimento do motor como até oscilações
mecânicas no sistema motor-carga.

201
Newton C. Braga

No caso dos bancos de capacitores, o que acontece


é que a reatância de um banco de capacitores diminui com
o aumento da frequência, fazendo com que ele drene
energia através justamente das harmônicas de maior

202
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

frequência. Esse aumento de energia drenada pelos


capacitores pode causar perdas e sobrecargas no dielétrico,
capazes até de levar os capacitores a uma falha. Quanto
aos de equipamentos que operam com apenas uma fase,
tais como computadores pessoais, reatores e outros, os
problemas também existem.
Para esses equipamentos são especialmente
danosas as harmônicas ímpares como o 3.ª, 5.ª, 7.ª, etc.
Temos também a ação danosa das harmônicas
denominadas triplas que são a 3.ª, 9.ª e 15.ª. Essas
harmônicas estão em fase, o que quer dizer que a primeira
fase (A) triplica as harmônicas, a (B) triplica novamente e
a (C) faz uma multiplicação final, de modo que todas as
três retornam em fase pelo condutor de neutro num
sistema de 3 fases com 4 condutores. O resultado disso é
uma sobrecarga do condutor de neutro, o que pode
significar problemas se ele não estiver devidamente
dimensionado para suportar esta corrente adicional. O
mesmo problema pode surgir em transformadores com
enrolamento em delta onde as harmônicas são refletidas

203
Newton C. Braga

para o primário causando sobreaquecimento semelhante ao


que acontece quando temos uma corrente trifásica não
balanceada.
Uma maneira importante de verificar se existem
correntes harmônicas numa instalação é medindo-a no
condutor neutro da instalação trifásica, num sistema de 4
fios. No entanto, uma elevada distorção harmônica da
forma de onda da tensão disponível na rede de energia só
trará problemas se o sistema não tiver sido projetado para
manuseá-la. Em geral, THDs de até 8% não representam
problemas para os equipamentos, mesmos os mais
sensíveis. Um condutor de neutro, assim como qualquer
outro apresenta uma impedância que, no valor
fundamental da tensão da rede não é significativa, mas
essa impedância poderá assumir valores relevantes,
significando produção de calor e perda de energia em
frequências mais altas como as de harmônicas mais
elevadas. É preciso ficar atento ao fornecimento de
energia limpa para os equipamentos de uma instalação,

204
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

principalmente onde existem os que sejam sensíveis sendo


alimentados.

205
Newton C. Braga

O multímetro nas
instalações elétricas

Este primeiro artigo de uma série, em que


ensinamos a utilizar o multímetro em testes e medidas em
instalações elétricas foi adaptado de nosso livro
“Instalações Elétricas Sem Mistérios” de 2005. Veja no
final do artigo nota sobre as normas atuais e mais artigos
para serem consultados.

O multímetro
O multímetro ou multitester sempre foi um
aparelho típico do reparador de televisores, ou seja, do
técnico eletrônico. No entanto, a queda constante do preço

206
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

deste tipo de instrumento e a entrada no mercado de tipos


populares indicados para os mais diversos trabalhos,
tornaram-no também indispensável para o eletricista,
mesmo o amador.
Com a possibilidade de medir e testar instalações
elétricas, componentes, aparelhos eletrodomésticos, o
multímetro é de grande importância para todos que
desejam fazer trabalhos elétricos. Na figura 1 temos um
exemplo de multímetro de baixo custo indicado para uso
do eletricista.

Figura 1 – Multímetro analógico comum de baixo


custo – indicado ao eletricista.

207
Newton C. Braga

Este é o tipo de aparelho que recomendamos aos


nossos leitores e que ensinaremos como usar neste
capítulo. Conforme podemos ver, este multímetro contém
um indicador com um ponteiro que corre em diversas
escalas. Estas escalas correspondem às grandezas elétricas
que o multímetro pode medir e que são:
a) resistências
b) tensões contínuas
c) tensões alternadas
d) correntes
Alguns tipos sofisticados podem medir outras
grandezas como, por exemplo, fazer o teste de
continuidade, teste de transistores, medir capacitâncias,
indutâncias, frequências. Evidentemente, quanto mais
coisas o multímetro pode medir, maior será o seu custo e
mais preparo do usuário é exigido para explorar todos os
seus recursos. Vejamos como o multímetro mede cada
uma dessas grandezas e onde ele pode ser útil para o
eletricista:

208
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

A) Resistência
Existem dois tipos de resistência que podem ser
medidas em eletricidade. A primeira corresponde à
resistência apresentada por um fio, uma conexão ou um
aparelho eletrodoméstico. Esta resistência deve ser a
menor possível no caso de ligações e fios, para que toda a
corrente possa passar sem perdas, enquanto as resistências
apresentadas pelos aparelhos eletrodomésticos devem ser
maiores que zero para que eles possam receber
convenientemente a energia que precisam para funcionar.
Uma resistência muito baixa num eletrodoméstico
significa um curto-circuito, enquanto uma resistência
infinita significa que ele não pode deixar a corrente passar
e, portanto, está “aberto”. As resistências são medidas em
ohms (W) e os seus múltiplos. São comuns... assim, o
quilohm (kW) que equivale a 1 000 W e o megohm (MW)
que equivale a 1 000 000 W. Uma resistência considerada
baixa em eletricidade é a inferior a 2 ou 3 W. Uma
resistência média estará na faixa de uns 20 a 2 000 W e
uma resistência muito alta é a que está acima de 100 000

209
Newton C. Braga

W. Assim, os fios comuns apresentam resistências da


ordem de fração de ohm para cada 10 metros, bem como
um interruptor fechado ou um curto-circuito.
Um eletrodoméstico comum tem resistências entre
10 W para um chuveiro de alta potência até 100 W ou 200
W para uma lâmpada comum incandescente (dependendo
da potência). As resistências são medidas com o
multímetro sempre com os aparelhos ou ligações
desligadas, conforme a figura 2.

Figura 2 – Zerando o multímetro antes da medida


de resistências.

210
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O procedimento para medir uma resistência é o


seguinte:
a) Desligue a alimentação do dispositivo cuja
resistência deve ser medida, retirando-o do circuito, se
possível.
b) Coloque o botão seletor de escalas do
multímetro numa escala apropriada para a medida da
resistência que se espera.
Para medidas de baixas resistências (na faixa de 0 a
100 W, por exemplo) use a escala OHMS x1 ou OHMS x
10. Para medidas de resistências mais altas, na faixa de
100 a 10 000 W, use a escala OHMS x10 ou OHMS x100.
Para medidas de resistências muito altas, acima de 10 000
W, use a escala OHMS x100 ou OHMS x1k.
c) Encoste uma ponta de prova na outra e ajuste o
botão ZERO ADJ (ajuste de nulo) de modo que a agulha
do instrumento indique zero (figura 3).
d) Encoste as pontas de prova do multímetro nos
terminais do componente ou extremos dos fios que devem
ser testados.

211
Newton C. Braga

e) Faça a leitura de resistência na escala


correspondente do instrumento.
Mais adiante daremos os modos de testar diversos
dispositivos eletrodomésticos comuns.

B) Tensões alternadas e contínuas


As tensões encontradas na rede de energia são
alternadas e estão na faixa de 0 a 240 V, conforme vimos.
No entanto, o multímetro também mede tensões contínuas
que podem ser encontradas em pilhas e baterias além de
aparelhos eletrônicos. Como o procedimento para os dois
tipos de medida é o mesmo, mudando apenas a seleção do
aparelho de acordo com o tipo de tensão (alternada ou
contínua), as explicações dadas a seguir são válidas para
os dois casos.

a) Ajuste a chave seletora de escalas do multímetro


de acordo com a tensão que espera encontrar no
circuito analisado. Para trabalhar na rede de
energia de corrente alternada, esta chave deve

212
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

normalmente ser ajustada em VOLTS AC 0-300


que é um valor comum na maioria dos aparelhos,
observe a figura 3.

Figura 3 – Medindo tensões alternadas.

Para medir tensões contínuas, o instrumento deve


ser ajustado para a escala DC ou CC apropriada. Em
alguns tipos de multímetros existe uma tomada separada
para a medida de tensões alternadas (AC ou CA). Isso
deve ser verificado no manual do aparelho. Se o
instrumento não tiver a escala indicada, deve ser escolhida
a mais próxima, mas sempre acima de 250 V, a não ser
que o leitor tenha certeza que no local a ser testado existe

213
Newton C. Braga

uma tensão inferior (uma rede de 110 ou 127 V, por


exemplo).
IMPORTANTE: Nunca tente usar o multímetro na
medida de tensões sem fazer este ajuste, pois a conexão do
instrumento a um ponto qualquer de um circuito
energizado com alta tensão causará sua queima imediata
se ele estiver preparado para medir resistências ou
correntes.
b) Feito o ajuste da escala, encoste as pontas de
prova nos pontos entre os quais se deseja saber a tensão
(figura 4) e leia o valor diretamente na escala
correspondente.

Figura 4 – Medindo a tensão num ponto de luz.

214
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Se o ponteiro não se mexer, é sinal que não existe


tensão no local.

C) Correntes
Nos trabalhos com redes de energia, raramente é
necessário fazer medidas de corrente, mesmo porque a
maioria dos multímetros comuns mede apenas correntes
contínuas (DC mA). Estas correntes contínuas de baixas
intensidades normalmente aparecem nos circuitos
eletrônicos. Para a medida de correntes em instalações
elétricas, o eletricista pode contar com um aparelho muito
mais interessante e seguro, que é o amperímetro tipo
“alicate” mostrado na figura 5. Para usar este instrumento,
basta apertar o botão que separa as pinças e fazer com que
o fio que conduz a corrente a ser medida se encaixe entre
elas.

215
Newton C. Braga

Figura 5 – Um amperímetro tipo alicate.

Soltando o botão de modo que as pinças fechem, a


leitura pode ser realizada na escala apropriada. O
amperímetro-alicate funciona com base na intensidade do
campo magnético gerado pela corrente e é extremamente
seguro, pois não faz contato algum com o circuito. Com
ele é possível medir a corrente num eletrodoméstico ou
numa instalação, detectando eventuais curto-circuitos ou
problemas de funcionamento. Alguns amperímetros deste
tipo incluem ainda o voltímetro de corrente alternada, caso
em que substituem o multímetro de que falamos neste
item.

216
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam
em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas
mudanças para a maneira como as instalações elétricas
devem ser feita e também para o formato das tomadas de
força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas
normas, deverá estar disponível no site. Os conceitos
dados valem para instalações elétricas antigas, como ainda
são encontradas em muitos locais de nosso país. Para
instalações novas, os leitores devem consultar as normas
vigentes.

217
Newton C. Braga

Corrente de manutenção
Um tema importante para todos os que trabalham
com eletrônica é a corrente de manutenção ou, usando o
termo em inglês, holding current. Importante na realização
de qualquer projeto, se não considerada ela pode induzir
falhas. No atual mundo dos microcontroladores e DSPs, a
sua presença nos shields ou circuitos controlados pode
levar a funcionamentos inesperados. Neste artigo tratamos
dela. Imagine a seguinte situação: você dispara um SCR
para alimentar um LED indicador numa aplicação simples,
como a mostrada na figura 1.

218
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 1 – SCR alimentando um LED

No momento em que o pulso é aplicado, o SCR


dispara e acende. Como se sabe, o SCR deve continuar
conduzindo, mesmo depois que o pulso de disparo tenha
desaparecido, no entanto, não é isso o que ocorre para
surpresa do projetista que pretende aplicar a configuração.
O LED apenas pisca e apaga não se mantendo aceso. O
que estaria ocorrendo com este circuito. Se olharmos a
folha de especificações (datasheet) do SCR veremos que

219
Newton C. Braga

ele possui uma “holding current de 8 mA”. O que significa


isso? Significa que ele, ao ser disparado deve conduzir
uma corrente de pelo menos 8 mA para poder se manter
ligado quando o pulso desaparecer. É a corrente que ele
“reconhece” como carga a ser controlada. Abaixo disso,
ele desliga, pois no caso do SCR, se levarmos em conta
seu circuito equivalente mostrado na figura 2, a corrente
de realimentação não é suficiente para manter os dois
transistores saturados, provocando o travamento.

Figura 2 – Circuito equivalente ao SCR

220
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

No circuito que tomamos como exemplo, vemos


que o SCR causa uma queda de tensão de 2 V no circuito,
o LED mais 2 V aproximadamente, de modo que, sobre o
resistor de 5k6 sobra uma tensão de aproximadamente 8
V. Com 5,6k de resistência, a corrente no circuito será
então de aproximadamente:
I = V/R = 8/5,6 k = 1,42 mA
Essa corrente é insuficiente para manter o LED em
condução.

Figura 3 – Datasheet do TIC106

Como resolver o problema?

221
Newton C. Braga

Uma saída é aumentar a corrente no LED, se ele


suportar. Mas se tivermos uma carga de corrente fixa , ou
ainda não desejarmos aumentar a corrente no LED, uma
solução consiste em ligar um resistor em paralelo que faça
com que a corrente no SCR aumente.
Por exemplo, com um resistor de 1k, a nova
resistência em paralelo será:
R = (R1 x R2)/ (R1 + R2)
R = (1k x 5,6k)/(1k+ 5,6k)
R = 5 600k/6,6k = 848 ohms
A corrente no SCR será então:
8/848 = 9,4 mA
O SCR se manterá então em condução... (figura 4)

222
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 4 – Acrescentando um resistor

Talvez seja até melhor ter um resistor menor em


paralelo, para que a corrente de manutenção não fique tão
próxima do mínimo.

Problema geral
Existem muitos dispositivos da família dos
tiristores e de outros componentes que possuem a

223
Newton C. Braga

especificação de corrente de manutenção. Num projeto em


que a carga acionada seja de muito baixo consumo, esta
característica deve ser levada em conta. Quando trabalhar
com um microcontrolador excitando um tiristor no
controle de uma carga, esteja atento a esta característica
para que o dispositivo não desligue logo após receber um
pulso de controle.

224
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Amostragem e retenção

Os circuitos de amostragem e retenção são parte


básica dos conversores A/D e em todas as aplicações em
que se deseja a coleta de dados para processamento num
circuito digital. Também denominados “Sample and
Holding” da terminologia original em inglês, eles são
ponto crítico em muitos projetos. Veja neste artigo como
eles funcionam. Quando vamos medir a tensão num
circuito usando um processador ou outro circuito digital,
não podemos aplicar simplesmente esta tensão ao circuito
para que ele faça sua leitura. Esta tensão que pode também
vir de sensores ou outros tipos de recursos pode variar
afetando a leitura. O procedimento correto consiste em se
escolher um instante em que essa tensão deve ser lida (ou

225
Newton C. Braga

outra grandeza) e armazenar seu valor de modo que o


circuito possa processar esse valor com segurança, sem
estar sujeito a eventuais variações que ela sofra, conforme
mostra a figura 1.

Figura 1 – Armazenando o valor analógico

Neste ponto deve-se ter em conta que a grandeza


que será medida é analógica o que significa que devemos
armazenar um valor analógico, uma tensão, por exemplo.
Uma maneira de se fazer isso é através de um circuito de
amostragem e retenção. Neste circuito o que se faz é tomar
o valor da grandeza analógica que será medida e
armazená-lo num capacitor, conforme mostra a figura 2.

226
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2 – Armazenando uma tensão num


capacitor

Temos então um circuito de chaveamento que por


um instante conecta este capacitor ao circuito no qual se
deseja medir a tensão, e depois desliga devendo a tensão
ficar armazenada no capacitor. Temos aqui um primeiro
ponto crítico do circuito: o capacitor deve ser de boa
qualidade, sem apresentar fugas, pois tão logo o circuito
de chaveamento desconecta a fonte de tensão, o capacitor
começa a descarregar, afetando assim a tensão que será
medida, conforme mostra a figura 3.

227
Newton C. Braga

Figura 3 - descarga natural do capacitor

Temos duas possibilidades para evitar os


problemas que isso pode trazer à precisão da medida: usar
um capacitor de excelente qualidade ou então fazer a
leitura da tensão num tempo muito curto, não dando tempo
para que a tensão entre seus terminais seja alterada de
modo significativo. Assim, num ciclo seguinte podemos
conectar o circuito que faz a leitura da tensão em
segurança, não estando sujeito a eventuais variações dos
valores. Na figura 4 mostramos então a conexão do

228
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

capacitor que contém uma tensão que corresponde ao


valor analógico da grandeza que deve ser lida, ao circuito
que faz a conversão para a forma digital.

Figura 4 – A leitura da tensão no capacitor

A velocidade com que as amostragens são feitas e


depois o valor é lido dependerá do circuito digital. Os
circuitos dos conversores analógicos para digital (A/D)
possuem uma limitação de velocidade de leitura. É essa
característica que determina a taxa de leitura do circuito.
Enfim, ao trabalhar com circuitos de conversão de
grandezas analógicas para digitais, tendo de empregar
circuitos de amostragem e retenção, tenha em mente suas
características.

229
Newton C. Braga

230
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O consumo do ar-
condicionado

Neste verão aumenta o desejo de muitos de ter um


aparelho ou mais de ar-condicionado em sua casa ou
escritório. No entanto, o principal problema que barra
muitos no momento da opção de compra e o consumo. Os
aparelhos de ar-condicionado são grandes consumidores
de energia, causando aumentos consideráveis da conta de
energia, o que nem sempre é uma despesa adicional com
que muitos podem arcar. Por que o ar-condicionado
consome tanto? Existem modos de diminuir esse
consumo? Que tecnologias podem surgir para criar
equipamentos que consumam menos? Neste artigo

231
Newton C. Braga

faremos considerações que são de grande interesse para


nossos leitores que possuem bom conhecimento técnico e
que, portanto, podem fazer uma avaliação melhor do
problema como para aqueles que desejam dar explicações
coerentes sobre o assunto quando solicitados.
É de conhecimento comum de todos que os
grandes vilões do consumo de energia das residências são
o chuveiro elétrico, geladeira, torneira elétrica, forno de
micro-ondas, aquecedores e torneira elétrica. O que todos
os esses equipamentos têm em comum é o fato de que eles
“manuseiam calor”. Uns esfriam, outros esquentam, mas
em todos os casos, calor tem de ser movimentado.
A geladeira tem de retirar o calor do interior do
gabinete e jogá-lo para fora, observando-se que o radiador
por de trás desse eletrodoméstico é responsável por isso.
Por outro lado, o chuveiro tem de produzir calor,
aproveitando para isso a energia elétrica que lhe é
fornecida. Indo aos conceitos de calor da física, vemos que
a temperatura de um corpo consiste na medida da agitação

232
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

de suas moléculas, ou seja, uma quantidade de energia que


elas armazenam.
Assim, para esquentar ou esfriar temos de entregar
energia ou remover energia de um corpo, aumentando ou
diminuindo a agitação de suas moléculas. Ocorre,
entretanto, que na maioria dos casos precisamos manusear
muita energia para isso. Para aquecer 1 grama de água de
1 grau, ou seja, passar de 20 ou 21 graus centígrados, por
exemplo, precisamos de 1 caloria. Ora, 1 caloria equivale
a 4,18 joules e para fornecer 1 joule por segundo
precisamos de 4,18 W. Em outras palavras, para aquecer 1
litro de água de 1 grau apenas, por exemplo, de 20 para
21º C, precisamos 1 000 calorias ou 4 180 W! Se o
aquecedor for de 100 W ele necessitará de 41 segundos
para isso.
O mesmo vale para esfriar o corpo. Precisamos da
mesma quantidade de energia para abaixar a temperatura
de um corpo e os mesmos cálculos são válidos. Para a
física trabalhamos com calorias, mas existe uma unidade
inglesa que é muito usada, principalmente o ar-

233
Newton C. Braga

condicionado. Trata-se da British Thermal Unit que


abreviadamente significa BTU. Trata-se da energia
necessária para elevar a temperatura de 1 libra de água de
1 grau Fahrenheit. Convertendo, podemos dizer que 1
BTU equivale a 1 055 joules. É claro que essa ideia é
válida para qualquer coisa que possa ser esquentada ou
refrigerada. Esfriar ou esquentar água não é diferente de
esfriar ou esquentar ar. O que muda é que cada tipo de
substância possui uma capacidade térmica, ou seja, uma
propriedade própria que determina quantas calorias ela
precisa para esquentar ou esfriar de 1 grau. Para a água é 1
cal/g.oC, ou seja, precisamos de 1 caloria por grama para
cada grau centígrado que desejamos variar a temperatura.
Para o ar, temos uma capacidade térmica diferente:
0,24 cal/g. oC Sim, mas quanto pesa o ar para podermos
calcular a quantidade de calorias que precisamos para
aquecê-lo. Um cálculo que pode ser encontrado nos livros
de física e que não realizaremos aqui mostra que em
condições normais de temperatura e pressão (CNTP) 1
metro cúbico de ar pesa 1,25 g. Os cálculos que podem ser

234
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

realizados por aqueles com bons conhecimentos de física


levam então a um resultado final importante: precisamos
de 1 BTU para aquecer ou esfriar 1,56 metros cúbicos de
ar de 0,53 graus.
Levando tudo isso ao ar-condicionado, verificamos
que a capacidade de movimentar calor, ou seja esfriar um
ambiente retirando calor dele e dissipando no ar ambiente
exterior dependerá de muitos fatores. Os fabricantes então
levam em conta esses cálculos para determinar qual é
quantidade de BTUs que o condicionador deve tirar de um
ambiente por hora em função de sua área. No entanto,
esses cálculos não são completos, mas sim aproximados,
levando em conta alguns fatores básicos que devem ser
comentados para uma eventual análise e alteração.
a) Região
No nosso país as diversas regiões têm climas
diferentes. Assim, diferentemente do norte e nordeste em
que o calor é intenso o ano todo, no sul e sudeste temos
épocas de mais calor e épocas em que o ar-condicionado é
desnecessário. Mesmo nas épocas de calor mais intenso no

235
Newton C. Braga

Sul, as noites podem ser bastante frescas. Tudo isso é


levado em conta nas tabelas que são fornecidas pelos
fabricantes.
b) Área do ambiente
Neste ponto, a maioria dos fabricantes fornece
tabelas gerais em que se supõe a altura média dos
cômodos que devem ser esfriados, não levando em conta
que alguns ambientes são mais altos e outros mais baixos,
o que pode alterar o volume. Se o local em que você vai
instalar seu ar-condicionado tem uma altura acima do
normal você deve compensar isso ao consultar a tabela,
pois certamente o volume será maior.
c) Se toma sol pela manhã ou tarde
Esta é uma informação importante, pois o
aquecimento do ambiente depende do tempo durante o
qual ele recebe o sol diretamente e isso varia conforme os
horários.
d) Existência de janelas
As janelas são importantes, pois permitem a
passagem da radiação solar e com isso o aquecimento do

236
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

ambiente. As tabelas fornecidas pelos fabricantes levam


em conta esse fator.
e) Se o ambiente é comercial ou residencial
Os ambientes comerciais estão sujeitos a
uma movimentação maior que implica em maior
número de vezes em que as portas são abertas e
fechadas e com isso o escape do ar resfriado,
exigindo um funcionamento mais intenso do ar para
fazer sua compensação.
f) Presença de equipamentos que geram calor
A presença de muitos equipamentos que geram
calor num ambiente como computadores, eletroeletrônicos
de boa potência significa uma quantidade maior de calor
que está sendo gerada no ambiente e que precisa ser
retirada.
g) Quanto se deseja de refrigeração
Este é um fator importante que precisa ser
analisado pelo usuário. Existem pessoas que gostam de um
ambiente muito frio enquanto outras desejam apenas que
ele fique agradável. Assim, você precisa de um ar

237
Newton C. Braga

condicionado muito mais potente, e vai gastar muito mais


energia se você deseja baixa a temperatura de 28º C para
18º C do que se deseja baixar de 28º C para 23 oC .
Abaixo, temos uma tabela obtida na internet que
pode servir de orientação para se determinar a potência
ideal do ar-condicionado para seu ambiente, em média.
Dizemos em média, pois fatores como os analisados acima
podem levar a mudanças. Por exemplo, se você tem um
dormitório de 20 m2 e pela tabela isso exige um ar-
condicionado de 12 000 BTUs, se nas suas condições você
verifica que a variação de temperatura que você deseja é
menor, o ambiente é para apenas duas pessoas e, além
disso, ele pega pouco sol e tem poucas fugas, um tipo de 9
000 BTUs ou 10 000 BTUs pode atendê-lo perfeitamente.
Uma tabela para orientação do consumidor:

238
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Metragem do Sol de Sol à Tarde ou o


Ambiente Manhã Dia Todo
até 7.500
até 10 m2 até 7.500 BTU's
BTU's
7.500
12 m2 10.000 BTU's
BTU's
10.000
15 m2 10.000 BTU's
BTU's
12.000
20 m2 12.000 BTU's
BTU's
12.000
25 m2 15.000 BTU's
BTU's
15.000
30 m2 18.000 BTU's
BTU's
18.000
40 m2 21.000 BTU's
BTU's
21.000
50 m2 30.000 BTU's
BTU's
21.000
60 m2 30.000 BTU's
BTU's
30.000
70 m2 30.000 BTU's
BTU's

Fonte: Cons

239
Newton C. Braga

Finalmente o consumo
Os fabricantes de aparelhos de ar-condicionado
usam muitos recursos para fazer com que seus
equipamentos consumo menos energia, sendo por isso
mais eficiente. O uso de algoritmos complexos que levam
em conta o máximo de informações obtidas dos sensores e
o uso de tecnologias como o controle de potência do
compressor nos aparelhos tipos inverter, realmente permite
maximizar a eficiência de um aparelho de ar-
condicionado.
Sensoriando a temperatura o sistema mantém a
temperatura dentro da faixa desejada, alterando assim
períodos de funcionamento e não funcionamento. O
consumo também dependerá do modo como você usa seu
ar-condicionado. Se houver escape de calor no ambiente
como janelas com frestas, portas com fresta maior
embaixo isso significa escape de calor.
Os aparelhos fornecem a indicação de quanto
gastam em média em kW por hora mês de funcionamento.
Por exemplo, um equipamento típico de bom consumo de

240
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

9 000 BTUs consome 17,1 kWh por hora de


funcionamento por mês. Se você o usar em média 5 horas
por dia de funcionamento contínuo, terá 85,50 kWh por
mês. Ao custo médio de R$ 0,50 por kWh seu gasto com
esse equipamento será de R$ 42,25 aproximadamente.

Como medir
Os equipamentos de ar-condicionado normalmente,
pelo consumo mais elevado são alimentados pela rede de
220 V. Com isso a corrente pode ser menor (não o
consumo, que se mantém) e a espessura dos fios menor
com menores perdas. Um ar-condicionado de 9 000 BTUs,
por exemplo, tem uma corrente em funcionamento em
baixa potência da ordem de 4,5 A. Em 220 V isso significa
uma potência de 990 W, mas com o regime de
funcionamento ela varia. Você pode facilmente medir
essa corrente com um amperímetro tipo alicate, conforme
mostra a foto abaixo, em que medimos na entrada de força
a corrente fornecida.

241
Newton C. Braga

Basta separar os dois fios e envolver um deles para


medir a corrente.

Conclusão
A maioria das tabelas que pode ser acessada na
internet fornece dados que podem perfeitamente servir
para o consumidor médio que deseja escolher um ar-
condicionado. No entanto, deve-se estar atento para as
condições especiais que podem ocorrer. Cálculos precisos
podem ser feitos com base em conhecimentos de
termodinâmica, mas certamente, como diziam meus
professores desde o tempo de faculdade: na prática a teoria
é outra.

242
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

LF353 – Duplo
amplificador operacional
J-FET

O circuito integrado LF353 consiste num duplo


amplificador operacional que substitui com vantagens
tipos comuns como o 741, LM1558 e LM358. Com faixa
de frequências de operação que se estende até os 4 MHz,
ele exige uma corrente de alimentação muito menor,
tornando-o ideal para aplicações que usam como fonte de
alimentação de pilhas e baterias comuns. Neste artigo,
damos algumas informações básicas sobre este integrado,
assim como circuitos para projetos.
Nota: apesar do artigo ser de 1995, o componente
abordado ainda é encontrado em aplicações práticas.
Existem equivalentes mais modernos.
Conforme mostra a figura 1, em que temos o
circuito equivalente a um dos amplificadores operacionais

243
Newton C. Braga

dos dois disponíveis no LM 353, a entrada é feita por meio


de dois transistores de efeito de campo de junção (J-FET).

Estes transistores dão como principal


atributo ao componente uma elevada impedância de
entrada da ordem de 1012 Ω além de exigirem uma
corrente de polarização extremamente baixa. O resultado
desta configuração é um componente com características
equivalentes aos amplificadores operacionais com
transistores bipolares, mas com muito melhor desempenho
em termos de consumo, impedância de entrada e
polarização. O LF353 é basicamente fornecido em

244
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

invólucro DIL de 8 pinos com a pinagem mostrada na


figura 2, sabem que possam ser encontrados invólucros
metálicos para os tipos de sufixo H.

Mesmo sendo comum a alimentação dos dois


operacionais, o funcionamento é independente, e na figura
3 temos a conexão típica para um amplificador cujo ganho
é dado basicamente pela relação Ri / Ri.

245
Newton C. Braga

Dentre os principais destaques deste amplificador


temos:
● Tensão de offset internamente ajustada: 10 mV
● Corrente de polarização de entrada: 50 pA
● Produto (ganho) (faixa passante): 4 MHz
● Corrente de alimentação: 3.6 mA
● Impedância de entrada: 1012
● Distorção harmônica total para ganho 10, carga de
10 kΩ, e saída de 20 Vpp na faixa de 20 a 20 000
Hz: menor que 0,02%

246
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Máximos absolutos:
● Tensão de alimentação: -18V – 0 V + 18 V
● Faixa de temperaturas de operação: 0 a 70
°C
● Tensão máxima diferencial de entrada: -30
V – 0 V - + 30 V
● Duração máxima do curto-circuito na saída,
contínua

Circuitos práticos
O circuito da figura 4 é um controle de tom ativo
com três faixas.

247
Newton C. Braga

Este circuito permite o controle de médios, graves


e agudos com atenuação máxima de 20 dB e reforço
máximo de 20 dB em cada faixa. A curva de resposta dos
controles nas diversas posições é mostrada na figura 5.

248
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Os potenciômetros deste circuito devem ser


lineares e o circuito integrado LF347 pode substituir o
LF353 nas aplicações estéreo. O LF347 consiste num
quádruplo amplificador operacional J-FET. A tensão de

249
Newton C. Braga

alimentação deve ser feita com mais de 6 V de fonte


simétrica, já que os zeners internos de 6 V produzirão
distorções e perdas de ganho com alimentações menores.
Com tensão de 15 + 15 V, este circuito fornece uma tensão
de 10 +10 V de saída numa carga de 2 KΩ. Um cuidado
muito importante que deve ser tomado com este
componente é em relação a inversão da polaridade da
fonte de alimentação. Se a fonte for invertida ou o circuito
integrado invertido em seu soquete, pode ocorrer sua
destruição. O manuseio também é importante, já que os
circuitos integrados J-FET são bastante sensíveis a cargas
estáticas. O segundo circuito aplicativo é mostrado na
figura 6, e consiste num amplificador para instrumentação.
Este circuito usa dois LF353 ou um LF347, e o
ganho é dado pela fórmula junto ao diagrama. A
impedância de entrada deste circuito é extremamente alta e
a taxa de rejeição em modo comum (CMRR) também é de
alto valor, da ordem de 136 dB. Os resistores, entretanto,
devem ser casados com uma precisão melhor que 0,01%.
O ganho é 1 400 e na mesma figura 6 temos o modo de se

250
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

usar quatro baterias numa fonte simétrica dupla, como a


exigida para esta aplicação.

Tabela 1

251
Newton C. Braga

O circuito apresentado na figura 7 é um


filtro Butterworth passa-baixas de 4ª ordem. A frequência
de corte é dada pela fórmula junto ao diagrama. O fator Q
do primeiro estágio é 1,31 e do segundo estágio 0,541.
Para os valões de resistores e capacitores mostrados no
circuito, a frequência de corte é 100 Hz e o ganho na faixa
passante é 100 dB. Para uma operação em DC precisa, é
necessário acrescentar um sistema de ajuste de offset.
Uma configuração de filtro passa-altas Butterworth
de 4ª ordem é mostrada na figura 8.

252
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

A frequência de corte é dada pela fórmula


junto ao diagrama. O fator Q de cada estágio é o mesmo
do filtro anterior, e para os valores indicados obtemos
ganho de 10 até a frequência de corte de 1 kHz.
Completamos a série de aplicativos com um conversor
ohms para volts que é mostrado na figura 9.

253
Newton C. Braga

A tensão de saída será dada pela expressão em


função da resistência selecionada na “escada” de entrada.
A alimentação é feita com uma fonte simétrica de -15 – 0 -
+15 V e a tensão de saída máxima é de 1 V.O LM334
opera como uma fonte de corrente constante que fixa em 1

254
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

mA a corrente na entrada inversora do LF353, juntamente


com o resistor de 1 kΩ de realimentação.

Os reguladores de tensão
da família 78xx

Fontes de alimentação são necessárias em todos os


equipamentos eletrônicos. A escolha de uma configuração
que atenda às necessidades de um projeto, unindo a
economia ao desempenho necessário, pode significar
muito tempo de trabalho para o projetista que não
disponha de uma boa literatura técnica. Uma família de
circuitos integrados especialmente projetados para fontes e
que podem cobrir uma enorme gama de aplicações é a dos
reguladores positivos com a sigla inicial “78”. Neste

255
Newton C. Braga

artigo, vamos analisar esta família com informações que


todo o projetista, montador ou mesmo reparador necessita
para seu uso. Fontes de alimentação comuns possuem
normalmente 4 blocos típicos que são mostrados na figura
1.

O primeiro bloco, responsável pela redução ou


modificação da tensão da rede de energia, normalmente
leva um transformador, que pode ser evitado em alguns
casos, como por exemplo, em Fontes Sem Transformador
com SCRs, ou mesmo aproveitando-se a reatância
capacitiva de capacitores de valores elevados. O segundo
bloco é o da retificação que é feita por diodos comuns e

256
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

também não oferece maiores dificuldades ao projetista. O


terceiro bloco é o filtro, que tanto pode ser um simples
capacitor de valor apropriado como configurações mais
eficientes, em “L” ou ainda em “PI”, usando resistores ou
reatores (choques). Mas, é o último bloco, o regulador que
traz mais problemas ao projetista pois, raramente, tem uma
configuração simples usando, por exemplo, um diodo
zener, conforme a figura 2.

Os reguladores de tensão devem ser eficientes no


sentido de fornecer em sua saída a tensão estável desejada,
independente da corrente exigida pela carga e ainda devem
ter recursos de proteção especiais como curtos na saída,
elevação excessiva de temperatura, etc. Como este tipo de

257
Newton C. Braga

configuração não é simples e se desejarmos que ela tenha


eficiência para ser usada numa infinidade de aplicações,
por que não criar uma família de circuitos integrados
dedicados que exerça esta função? Na verdade, não existe
uma família somente, mas uma das mais populares é a
formada pelos reguladores de tensão da família 78XX.

Os reguladores de três terminais da


família 78xx
A família 78XX é formada por circuitos integrados
de três terminais que exercem a função de reguladores de
tensão. Conforme mostra a figura 3, estes circuitos
integrados possuem um terminal de entrada, um terminal
de ajuste ou referência, que normalmente é ligado a terra e
um terminal de saída, o que torna sua utilização
extremamente simples.

258
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Na figura 4, temos o diagrama de blocos destes


circuitos integrados, observando que eles têm uma
configuração interna bastante complexa.

A tensão obtida na saída de um integrado desta


família é fixa e depende de seu tipo. Na própria
designação do componente temos esta indicação. Assim 0
XX do 78XX indica os “volts” que obtemos na saída do
regulador. O 7805, por exemplo, é um regulador que
fornece em sua saída uma tensão de 5 V enquanto o 7812

259
Newton C. Braga

é um regulador que fornece em sua saída uma tensão de 12


V. Os fabricantes dos circuitos integrados desta família
oferecem uma gama bastante grande de valores de tensões
de saída, conforme podemos observar pela tabela seguinte
que corresponde a série uA7800 (ou uA78XX) da Texas
Instruments:

A letra C no final dos tipos, refere-se à corrente


máxima que eles podem fornecer em sua saída: 1,5 A. Os
tipos comuns desta série, sem a letra C no final, são
especificados para uma corrente de 1 A. Estes
componentes que operam com estas correntes algo
elevadas, da ordem de 1 A a 1,5 A normalmente são
obtidos em invólucros TO-220 para montagem em
dissipador de calor, conforme a figura 5.

260
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Em alguns casos, entretanto, tais integrados


também podem ser encontrados em invólucros de metal.
Séries de menores correntes também são disponíveis, se
bem que basta não usar o radiador de calor num integrado
7812 de 1 A, se formos usar apenas 100 mA ou menos e
tudo estará bem. No entanto, o custo diferencial de um
tipo de maior corrente para um de menor corrente numa
aplicação industrial que use milhares deles pode ser
importante. Para este caso, o montador pode usar um
78XX de menor corrente. Temos então a série MC78M00

261
Newton C. Braga

para 500 mA e a série 78Lo0 de 100 mA, ambas da


Motorola.
A Texas tem a série uA78L00 de 100 mA e a série
78M00 de 500 mA, ambas com os invólucros mostrados
na figura 6.

As características principais de todos os integrados


desta família são as seguintes:
● Possuem três terminais
● A corrente de saída varia entre 100 mA e
1,5 A conforme a série

262
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

● Não necessitam de nenhum componente


externo
● Possuem proteção térmica interna em caso
de sobrecarga
● Possuem limitação interna de corrente em
caso de curto-circuito

Como usar
Um circuito típico de utilização de um circuito
integrado deste tipo numa fonte de alimentação é mostrado
na figura 7.

263
Newton C. Braga

Para que o regulador seja usado de forma correta,


entretanto, é preciso que alguns requisitos sejam satisfeitos
no que se refere à tensão de entrada e alguns outros
parâmetros importantes. Começamos pela tensão de
entrada:
Para que o regulador funcione satisfatoriamente é
preciso haver uma diferença de tensão entre a entrada e a
saída de pelo menos 2 V.
No entanto, a geração de calor no circuito depende
da diferença entre a tensão de entrada e de saída
multiplicada pela corrente. Assim, quanto maior for a
diferença entre a tensão de entrada e de saída e maior a
corrente, mais o circuito tende a aquecer. O ideal, numa
aplicação prática, é trabalhar com uma tensão pouco acima
do mínimo necessário a uma operação satisfatória de
modo a não exigir muito em termos de dissipação. A
tabela abaixo nos dá a tensão máxima e mínima entre a
entrada e saída para os diversos reguladores da série
uA7800 da Texas Instrumentos, sendo os valores

264
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

indicados os mesmos para a maioria das famílias


equivalentes de outros fabricantes:

Outro ponto a ser considerado no projeto é o


desacoplamento da saída que exige o emprego de um
capacitor de valor conveniente, veja figura 8.

265
Newton C. Braga

Este capacitor deve ser ligado o mais próximo


possível do terminal de saída, dando-se preferência aos
tipos de tântalo nas aplicações mais críticas,
principalmente em circuitos digitais de alta velocidade.
Nota: O valor deste componente depende dos tipos
específicos usados, devendo ser consultado no datasheet.

Aplicações
Para mostrar ao leitor o modo certo de usar os
reguladores desta série, nada melhor do que darmos
circuitos sugeridos pelos próprios fabricantes em seus
manuais. É interessante observar que, além da aplicação
normal que consiste em ligarmos à entrada a fonte não

266
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

estabilizada, o ajuste ao fio terra e a saída à carga, existem


outras que podem ser muito interessantes.

a) Fonte de corrente constante


Na figura 9, temos uma aplicação dos circuitos
integrados 78XX como reguladores de corrente ou fontes
de corrente constante.

A corrente de saída vai se manter num valor fixo.


Evidentemente, a tensão na carga pode ser maior do que a
tensão na saída do integrado que, por sua vez, é igual à
tensão de entrada do circuito menos a tensão do regulador
usado. Assim, se a tensão na entrada do circuito for de 15
V e usarmos um regulador de 5 V nesta aplicação, a carga

267
Newton C. Braga

não deve apresentar uma tensão maior que 10 V para que a


corrente se mantenha constante no valor desejado. Esse
fato é importante quando usarmos um regulador de
corrente deste tipo como carregador de bateria. Para
calcular a corrente na carga, & fórmula é dada junto ao
próprio diagrama. Assim, se quisermos uma corrente
constante de 100 mA na carga, para um regulador de 5 V,
fazemos:
lo = 5 / 0,1
lo = 50 Ω
Uma pequena corrente no eletrodo de ajuste se
soma à corrente principal, mas ela é da ordem de apenas
1,5 mA podendo, portanto, ser desprezada na maioria dos
casos. A dissipação do resistor usado é calculada pela lei
de Joule:
P= R x l x l
P= 50 X 0,1X 0,1
P= 0,5W
Neste exemplo um resistor de 1 W ou 2 W pode ser
usado.

268
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

b) Mudando a tensão de saída


Podemos aumentar sensivelmente a tensão de saída
de um regulador da série 7800 pela alteração da tensão de
ajuste. Na aplicação básica, o terminal de ajuste vai ligado
a terra, o que significa uma tensão de 0 V de referência
para uma saída na tensão desejada. Se aumentarmos a
tensão de referência, até certo limite, a tensão de saída
aumenta na mesma proporção. Levando em conta que a
corrente de ajuste é da ordem de 1,5 mA, podemos
aumentar a tensão de referência por meio de um
potenciômetro cujo valor proporcionará 1 V a mais de
referência para cada 1.500 Ω. Assim, com um
potenciômetro de 4,7 kΩ ligado da maneira indicada na
figura 10, podemos aumentar em até 3 V a tensão de saída
do regulador. Com um 7805, por exemplo, usando um
potenciômetro de 10 kΩ. Outra maneira de aumentar a
tensão de saída de modo fixo e mais estável é usando a
queda de tensão nas junções de diodos, observe a figura
11.

269
Newton C. Braga

Cada diodo acrescenta aproximadamente 0,6 V à


saída do regulador de tensão. Como os LEDs também
possuem características de diodos podemos usa-los da
mesma forma, veja figura 12.

270
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Um LED vermelho acrescentará 1,6 V à tensão de


saída de um regulador e um LED amarelo perto de 1,8 V.
Evidentemente, não devemos alterar em mais do que 2 ou
3 a tensão de saída de um regulador, sob pena de diminuir
seu desempenho no que se refere a determinadas
características de regulagem.

c) Outra forma de obter tensão variável de


saída
Um desempenho melhor para os reguladores da
série 78XX ou 7800 pode ser obtido com a alteração da
tensão de referência por meio de um amplificador

271
Newton C. Braga

operacional como o 741. O circuito para esta aplicação


está na figura 13.

O amplificador operacional funciona como um


seguidor de tensão (ganho unitário), mas com uma
impedância de entrada extremamente elevada. Isso garante
que o potenciômetro tenha uma atuação melhor sobre o
circuito, fornecendo a tensão de entrada de referência para
a saída. Este circuito pode fornecer tensões de saída a
partir de 2 V acima da tensão do regulador até
aproximadamente 20 V.

272
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

d) Aumentando a capacidade de corrente do


regulador
Se for necessária uma corrente maior do que a
fornecida pelo regulador, pode ser usado um transistor
amplificador (booster) com as características desejadas. O
circuito da figura 14 permite a obtenção de correntes de
saída de até 5 A, o resistor R deve ser calculado de modo a
determinar o início da condução do transistor.

Observe que, com esta configuração, o regulador


perde suas características de proteção contra curto-
circuito.

273
Newton C. Braga

e) Proteção para circuitos de maior corrente


Na aplicação anterior, o acréscimo de um transistor
na configuração indicada na figura 15 agrega a proteção
contra curto-circuito na saída.

O resistor Rsc deve ser dimensionado para obter a


condução do transistor de proteção na corrente máxima, ou
seja, em que deve ocorrer a proteção. Para uma corrente de
2 A, levando em conta que a tensão Vbe do transistor é da
ordem de 0,6 V, esse resistor será de 0,3 Ω.

274
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

275

Você também pode gostar