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Como Funciona

Aparelhos, Circuitos e Componentes


Eletrônicos
Volume 37

Newton C. Braga

Patrocinado por
São Paulo - 2023

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Revisão: Marcelo Braga
Impressão: Agbook
Capa: Amanda Paiotti
Diagramação: Bianca Paiotti
Como Funciona - Volume 37
Autores: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2023
Palavras-chave: Eletrônica - Como Funciona -
componentes eletrônicos

Copyright by
INSTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,
por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,
microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos,
videográficos, atualmente existentes ou que venham a ser
inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa
juscibernético atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido
ou implantado no futuro. Essas proibições aplicam-se também às
características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos
direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do
Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas
(artigos 122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos
Direitos Autorais).
Índice

O Osciloscópio no Service de TV Analógica..................5


De onde retirar o sinal...............................................11
Equipamentos Auxiliares para o Service de TV Antigas
.......................................................................................17
Estrutura de um Televisor Analógico............................27
O seletor de canais....................................................35
Soldagem para Principiantes (e para veteranos também)
.......................................................................................51
Por que a solda?........................................................52
A solda......................................................................53
Os ferros do soldar (soldadores)...............................54
A soldagem...............................................................57
Mandamentos do bom soldador................................58
Uso do injetor no conserto das etapas de áudio........65
Dicas de Diagnóstico.....................................................71
O Seguidor de Sinais.....................................................75
Reparação de Amplificadores e Equipamentos de Som 79
Reparação de amplificadores....................................82
Reparação de televisores -Parte 1..................................91
Reparação de televisores -Parte 2..................................97
A tela fica escura com apenas um traço horizontal...98
Ajustes em Televisores Analógicos Antigos...............103
Ajuste em televisores..............................................104
Análise do sinal de vídeo........................................107
Análise de Videocassetes com o Osciloscópio- Parte 1
.....................................................................................115
Setor de áudio..........................................................116
Análise de Videocassetes com o Osciloscópio – Parte 2
.....................................................................................127
Fontes de alimentação.............................................127
Modulador de áudio................................................129
Conclusão................................................................132
Análise de Videocassetes com o Osciloscópio – Parte 3
.....................................................................................133
Gravação de luminância..........................................134
Gravação de croma..................................................139
Controle automático de cor.....................................141
Análise de Videocassetes com o Osciloscópio – Parte 4
.....................................................................................143
Expansor de burst....................................................143
Reprodução.............................................................144
Recuperação do sinal de luminância.......................148
Reprodução do sinal de crominância......................149
Conclusão................................................................151
Transmissores de TV analógica..............................153
Conclusão................................................................154
Desmagnetizando Cinescópios....................................157
Como proceder........................................................160
Efeitos colaterais.....................................................163
Montando uma bobina desmagnetizadora...............164
Vida útil de um cinescópio de monitor...................166
Medidas Combinadas CC e CA com o Osciloscópio. .169
Como Fazer Medidas de Frequência com o Osciloscópio
.....................................................................................175
Medida direta da frequência....................................176
Análise do Separador de Sincronismo com o
Osciloscópio................................................................181
O separador de sincronismo....................................182
Manutenção de Monitores de Vídeo............................203
A fonte de alimentação...........................................203
Fontes lineares.........................................................204
Fontes chaveadas ou comutadas.............................206
Circuito de uma fonte de monitor...........................209
Fault Timer..............................................................219
Reparando circuitos de fontes.................................220
O Procedimento para Descobrir o Estado de uma
Válvula.........................................................................225
Sinais de que a válvula não está boa.......................227
Testes dinâmicos.....................................................232
Gostaria de ler os demais livros da

Série Como Funciona, acesse


https://www.newtoncbraga.com.br/livros
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Apresentação da Série
Estamos em nosso trigésimo sétimo volume desta
série de livros que levamos aos nossos leitores sob
patrocínio da Mouser Electronics (br.mouser.com). Esta
série é baseada na grande quantidade de artigos que
escrevemos ao longo de nossa carreira como escritor
técnico e que publicamos em diversas revistas, folhetos,
livros, cursos e no nosso próprio site tanto em português,
como em espanhol e em inglês. São artigos que
representam mais de 50 anos de evolução das tecnologias
eletrônicas e, portanto, têm diversos graus de atualidade.
Os mais antigos foram analisados sendo feitas alterações e
atualizações que julgamos necessárias. Outros pela sua
finalidade didática, tratando de tecnologias antigas e
mesmo de ciência (matemática, física, química e
astronomia) não foram muito alterados a não ser pela
linguagem, que sofreu modificações se bem que em alguns

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Newton C. Braga

casos mantivemos os termos originais da época em que


foram escritos. Não estranhem se alguns deles tiveram
ainda a ortografia antiga que foi mantida por motivos
históricos. Os livros da série consistirão numa excelente
fonte de informações para os nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo
dos mais simples que são indicados para os que gostam de
tecnologia, mas que não possuem uma fundamentação
teórica forte ou ainda não são do ramo. Neles abordamos o
funcionamento de aparelhos de uso comum como
eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes
técnicos que exijam conhecimento de teorias que são
dadas nos cursos técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes e circuitos, ideais
para os que gostam de eletrônica e já possuem uma
fundamentação quer seja estudando ou praticando com as
montagens que descrevemos em nossos artigos. Estes já
exigem um pequeno conhecimento básico da eletrônica
que também podem ser obtidos em artigos de nosso site,
livros e os cursos EAD. Estes artigos também vão ser uma
excelente fonte de consulta para professores que desejam

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

preparar suas aulas e alunos que desejam enriquecer seus


trabalhos
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de
circuitos e tecnologias de uma forma mais profunda com a
abordagem de instrumentação e exigindo uma
fundamentação técnica mais alta. São indicados para os
técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro
conta com links importantes, vídeos e até mesmo pode
passar por atualizações on-line que faremos sempre que
julgarmos necessário.
Neste volume trataremos de assuntos técnicos
variados, sendo especialmente indicado aos que já
possuam um conhecimento técnico, que estejam estudando
ou que precisam de material de consulta para suas aulas ou
trabalhos práticos.
Trata-se de mais um livro que certamente será
importante na sua biblioteca de consulta, devendo ser
carregado no seu tablet, laptop ou celular para consulta
imediata. Os livros podem ser baixados gratuitamente no

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Newton C. Braga

nosso site e um link será dado para os que desejarem ter a


versão impressa pagando apenas pela impressão e frete.

Newton C. Braga

Nota sobre a ortografia: Os artigos que coletamos


para fazer parte das edições da série Como Funcionam
foram escritos a partir de 1965. Desde aquela época, a
língua portuguesa passou por muitas transformações,
como a perda do trema em frequência, do acento em polo,
termos que foram substituídos por equivalentes modernos,
tanto em inglês como em português. O próprio uso da
vírgula mudou. Assim, em muitos casos, ao recuperar os
artigos dependendo da época, mantivemos a forma
original (pelo valor histórico) como também fizemos
alterações para o português moderno. Assim, eventuais
“erros” que o leitor encontre, não são erros, mas a
manutenção da forma original. Para usar estes artigos em
eventuais trabalhos, o leitor estará livre para manter a
forma original, indicando isso, ou de fazer alterações para
o português moderno, onde se fizer necessário, com a
devida observação.

O autor

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O Osciloscópio no Service
de TV Analógica

Este artigo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.
Osciloscópios para serviços específicos em TV
analógica antigos, possuem como importante recurso a
possibilidade de sincronizar a imagem com o próprio sinal
de vídeo, escolhendo-se o componente vertical de baixa

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Newton C. Braga

frequência (quadro) como o componente horizontal (linha)


para a observação de toda a imagem ou apenas de uma
linha conforme desejado. Na figura 1 temos a forma de
onda típica de um sinal de TV.

Figura 1 – Sinal de vídeo da TV analógica

Quando escolhemos o disparo na posição TV-V ou


TV-campo (Field), temos o aparecimento do sinal
correspondente a uma tela completa ou um campo,
conforme mostra a figura 2.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2 – Sinal correspondente a um campo

Dependendo da maneira como o sinal é retirado do


televisor, ela pode estar com polarização positiva ou
negativa, conforme mostra a figura 3, o que deve ser
levado em conta na sua interpretação.

Figura 3 – Polarizações do sinal de vídeo

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Newton C. Braga

Por outro lado, se escolhermos o disparo (T RIG)


no modo TV-H ou TV-line (linha), teremos a observação
do sinal correspondente a uma linha do sinal de vídeo,
conforme mostra a figura 4.

Figura 4- Imagem do osciloscópio para o sinal de


1 linha

Alguns osciloscópios somente sincronizam o sinal


de linha se o pulso for negativo, o que deve ser levado em
conta na retirada do televisor da amostra para análise. É
importante observar que a retirada do sinal do circuito de
um televisor para análise exige cuidados em vista da
frequência envolvida e da própria intensidade. Fabricantes
como o Hitachi ressaltam, por exemplo, que enquanto os
circuitos convencionais de osciloscópios fazem a retirada
direta do sinal de vídeo, com um circuito simples
conforme mostra a figura 5, ou no máximo com um filtro

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

RC, conforme mostra a mesma figura em (b), o que


causam problemas de dificuldade de sincronização tanto
pelo casamento de características como pelo corte de
componentes de alta frequência (caso b), os seus circuitos
são mais elaborados.

Figura 5 – Maneira simples de obter o sinal de


vídeo para sincronismo

Na figura 6 temos o circuito usado pela Hitachi que


separa os pulsos de sincronismo da componente de alta
frequência, facilitando assim a obtenção de uma imagem
estável.

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Newton C. Braga

Figura 6 – Circuito da Hitachi para sincronismo


com TV

É importante observar que nos televisores


encontramos basicamente 3 tipos de sinais:
Temos em primeiro lugar os sinais do setor de
áudio, que são semelhantes ao de qualquer amplificador
convencional e que já estudamos neste curso. Temos
depois os sinais de altas frequências gerados no próprio
aparelho que são dois osciladores de varredura e do
próprio circuito receptor de alta frequência no seletor de
canais como o conversor/misturador. Finalmente temos os
sinais que são recebidos pelo televisor a partir de uma
estação e que são processados pelos circuitos. Nos

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

televisores em cores temos circuitos adicionais que tanto


operam com sinais recebidos como sinais gerados no
próprio aparelho.

De onde retirar o sinal


A maioria dos diagramas de televisores possui
indicações das formas de ondas nos principais pontos com
indicações que facilitam o técnico na descoberta de
eventuais anormalidades. Devemos alertar o leitor que na
maioria dos televisores existe uma tolerância de mais ou
menos 20% na amplitude dos sinais indicados, o que
poderia levar o técnico menos experiente a pensar numa
etapa com falta de ganho ou outro problema ao observar
uma diferença desta ordem num sinal, conforme mostra a
figura 7.

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Newton C. Braga

Figura 7 – Diferenças de amplitudes dos sinais

Também é importante notar que nos manuais de


serviço de muitos televisores estão previstos os
procedimentos para ajuste e testes com saídas para o
osciloscópio na própria placa de circuito impresso, o que
facilita muito o trabalho do técnico. Para os pulsos que
aparecem em muitos pontos de um aparelho de TV
também deve ser considerada uma tolerância com relação
a forma e largura. Esta tolerância é exemplificada na
figura 8, onde temos o valor indicado ou médio e os dois
extremos de formas e valores que, no entanto, não
significam que o aparelho tenha algum tipo de problema.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 8 – Tolerâncias para larguras de pulsos

Um caso importante a ser considerado num


televisor é que alguns sinais têm como exigência básica a
linearidade. Isso é válido, por exemplo, para o sinal dente
de deflexão. Uma variação desta linearidade provoca
problemas de imagem como o mostrado na figura 9.

Figura 9 – Linearidade do sinal de sincronismo

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Newton C. Braga

A linearidade pode ser observada facilmente no


osciloscópio e com uma régua podemos até medi-la. Ela
deve estar em até 15% do permitido, para um
funcionamento normal. Para observar de formas de ondas
nos diversos estágios, um osciloscópio até 20 MHz serve
perfeitamente para a localização de falhas. Na observação
dos pulsos é muito importante que o osciloscópio tenha
uma boa resposta neste limite de frequência para que
possamos constatar quaisquer deformações, sem o perigo
de pensarmos que ela se deve antes ao circuito analisado
quando na realidade está sendo provocada pelos circuitos
amplificadores do próprio osciloscópio, conforme mostra a
figura 10.

Figura 10 – Alteração na forma de um sinal

Pulsos de sincronismo são exemplos de ponto


crítico na observação, já que eles podem sofrer este tipo de

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

deformação no próprio osciloscópio se ele não estiver


devidamente calibrado, ou apresentar alguma
anormalidade de operação. Como o aparelho opera com
banda lateral residual, ocorrem deformações no pulso logo
ao ser detectado, após o que ele sofre uma série de
integrações que o levam a forma original. A interpretação
errônea destas fases intermediárias de processamento do
pulso pode levar o técnico a deduzir que algo vai mal no
televisor quando na realidade isso não ocorre. Isso pode
ocorrer quando o técnico não possui um diagrama com as
formas de onda previstas e tenta ele mesmo deduzir o que
encontrar.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Equipamentos Auxiliares
para o Service de TV
Antigas

Este artigo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.
O exame das formas de onda e do comportamento
dos circuitos dos televisores exige o emprego de alguns

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Newton C. Braga

instrumentos adicionais importantes. O primeiro


instrumento a ser considerado é o sweep generator ou
gerador de varredura. Este aparelho se mostra de extrema
utilidade na verificação de circuitos ressonantes não só de
televisores, mas também de receptores em geral. O
princípio de funcionamento deste aparelho é simples:
Trata-se de um gerador que varre continuamente uma
faixa pré-determinada de frequências, conforme mostra a
figura 1.

Figura 1 – O gerador de varredura – curva de


sinais

Tipos antigos que usavam motores que faziam


girar as placas de um capacitor variável o qual controlava

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

a frequência de um circuito oscilador. Hoje contamos com


técnicas mais avançadas que vão desde o uso de circuitos
sintetizadores de frequência até simples varicaps. Na
figura 2 temos um exemplo do circuito que pode ser usado
com a finalidade indicada.

Figura 2 – Circuito com varicap para gerar


varredura

Aplicando um sinal de 60 Hz no varicap, a


frequência do oscilador varia entre o valor máximo e o
valor mínimo 60 vezes por segundo. Como podemos usar
o gerador de varredura para analisar um circuito
ressonante? Vamos supor que desejamos ajustar uma etapa
de FI de um receptor de rádio (ou mesmo de TV).

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Newton C. Braga

Para isso centralizamos a frequência do gerador de


varredura no valor que corresponda a etapa de FI, por
exemplo 455 kHz. O gerador ao mesmo tempo alimenta o
circuito ressonante e fornece o sinal de sincronismo para o
osciloscópio. Este sinal de sincronismo corresponde
justamente a frequência de 60 Hz com que a frequência
gerada (455 kHz) varia entre os dois extremos da faixa
ajustada (por exemplo, entre 400 e 500 kHz), conforme
sugere a figura 3.

Figura 3 – Analisando um circuito ressonante com


o gerador de varredura

Quando ligamos este circuito, a frequência do


sweep começa a correr entre os dois extremos ajustados,
por exemplo, partindo de 400 kHz. A medida de
frequência aumenta, o circuito ressonante vai responder a
este sinal, e conforme nos aproximamos da frequência de
ressonância a tensão nos extremos do circuito ressonante

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

aumenta. A variação da frequência aplicada podemos ver


na tela do osciloscópio exatamente a resposta do circuito.
Na medida em que nos aproximamos da frequência
superior ajustada no sweep, a resposta cai. A varredura da
faixa é feita 60 vezes por segundo o que significa a
obtenção de uma imagem contínua que facilita a
observação do que ocorre. Na figura 4 mostramos um
modo de se utilizar o Gerador de Varredura para verificar
a resposta de frequência de ajuste de uma etapa de FI de
um televisor.

Figura 4 – Ajustando uma etapa de FI de um


televisor analógico antigo

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Newton C. Braga

O gerador de varredura e ajustado para produzir


um sinal na faixa de 38 a 48 MHz. A saída do gerador é
ligada à entrada da etapa misturadora de FI do televisor,
enquanto o sinal de varredura de 60 Hz é ligado na entrada
de sincronismo externo do osciloscópio (o qual deve estar
chaveado para esta função). Ajustamos tanto o ganho
horizontal como o vertical do osciloscópio para obter uma
imagem estável. A saída do sinal para a entrada vertical é
tirada depois do detector de vídeo. Na figura 5 temos o
aspecto de uma curva de resposta normal de uma etapa de
FI.

Figura 5 – Curva de resposta de uma etapa de FI

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Juntamente com o sinal de varredura são também


aplicados sinais de marcação (marker) que também servem
de verificação do funcionamento 'da etapa. Lembramos
que a maior parte do ganho de um televisor e seletividade
depende do correto funcionamento das etapas de FI. De
modo que anormalidades nesta etapa levam a problemas
graves de reprodução de imagem. Na prova feita acima
deve ser aplicada uma tensão de polarização ao CAG de
modo a se estabilizar o ganho das etapas de FI e com isso
ser evitada a distorção da imagem. Veja que as curvas de
resposta devem ser semelhantes tanto com televisores
monocromáticos como em cores, com a única diferença de
que a largura de faixa para os televisores P&B é mais
estreita.
Devemos ainda observar que a frequência do
oscilador local opera acima do canal sintonizado, isto é,
somando-se a frequência de FI e que se esta frequência
estiver incorreta por um desalinhamento do receptor, pode
haver uma falsa indicação de distorção da imagem do
canal de vídeo observada no osciloscópio. Na figura 6
temos algumas formas de ondas obtidas num televisor

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Newton C. Braga

Sanyo (Modelo 4801) na calibração das etapas de FI de


vídeo.

Figura 6 – Formas de onda de um televisor


comercial antigo

Estas formas de onda são obtidas com o gerador de


varredura ajustada para frequências entre 40 e 50 MHz, e o
marcador na posição "interna". O modo de se fazer a
ligação dos diversos instrumentos ao televisor são
mostradas na figura 7.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 7 – Arranjo para observar os sinais no


osciloscópio

Observe a inclusão de um capacitor de 5 nF entre


os pontos TP-lC e 1D e a ligação em série de um resistor
de 10 k ohms com a ponta de prova do osciloscópio. O

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Newton C. Braga

fabricante, para análise de tais sinais indica uma caixa de


acoplamento ao osciloscópio que é dada neste diagrama.
Os diversos procedimentos para ajustes que incluem
frequências de marcas que dependem do que se visa
ajustar, além das formas de onda e componentes, são
mostrados detalhadamente no manual deste televisor,
facilitando assim em muito o trabalho do técnico. A
última curva (d) da figura 6 é justamente a verificação da
resposta de frequência das etapas de RF e FI do televisor.
O gerador de varredura é ligado aos terminais da antena a
faixa de VHF por meio de uma caixa atenuadora de 75
ohms. O sintonizador é desligado e uma fonte de
polarização de RF é necessária para verificar a sintonia do
gerador de varredura para cada canal. No procedimento
verifica-se as marcas de imagem e som dos canais 2 ao 13.
O botão da sintonia fina deve ser usado.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Estrutura de um Televisor
Analógico

Este artigo é parte de livro que publicamos sobre


TV analógica nos anos 80. O livro se encontra disponível
assim como partes na forma de curso resumido com acesso
gratuito no site. Nele abordamos o funcionamento de um
televisor analógico, assunto que pode ser de interesse para
os que recuperam ou reparam aparelhos antigos ou mesmo
para os que desejam saber mais sobre a tecnologia então
usada.
O sinal de TV tem uma faixa de frequências muito
mais larga, do que o sinal de áudio recebido por um
receptor de AM ou mesmo FM. Isso significa que os
receptores de TV devem ter características, que permitam
fazer a seleção desta faixa, sem, entretanto, deixar entrar

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Newton C. Braga

sinais de canais adjacentes. Estruturalmente, um receptor


de TV não tem muita diferença de um receptor de rádio
super-heteródino, apenas levando-se em conta que em
determinado ponto passamos a ter dois sinais a serem
processados: áudio e vídeo. Assim, para um televisor
simplificado branco e preto, temos um diagrama de blocos
típico mostrado na figura 1.

Analisemos a função de cada etapa, lembrando


ainda que o número de etapas para uma determinada
função, pode variar de aparelho para aparelho, conforme a
época de sua fabricação e os recursos que incorporar. Os
sinais captados pela antena são levados pelo cabo até a
entrada do circuito seletor (bloco I). Este circuito consiste
num amplificador de RF, com capacidade de operar com

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

sinais da faixa larga usada pela TV, e com um nível de


ruído próprio muito baixo. O que ocorre é que o sinal
neste ponto é extremamente fraco. Além dos ruídos que
ele próprio pode conter, existe a possibilidade dos
componentes do circuito introduzirem ruídos. Uma
válvula, por exemplo, pelo fato de operar quente, e,
portanto, sujeito a uma agitação térmica acima do normal,
introduz ruídos que se manifestam na forma de chuviscos.
Os próprios transistores, quando em operação a
temperatura ambiente introduzem ruídos nos circuitos.
Este ruído se traduz como chuvisco nos televisores, e
como um chiado que percebemos nos receptores de FM,
quando fora de estação. Na figura 2, temos a representação
do ruído, que nada mais é, do que um sinal que não tem
frequência definida, mas sim composto de pulsos que
cobrem todo o espectro.

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Newton C. Braga

Os transistores usados nesta etapa do televisor, são


de tipos especiais, que se caracteriza por um nível de ruído
muito baixo. Ainda no seletor, encontramos o conversor
que gera um sinal de frequência, que depende do canal
sintonizado, de modo que ocorra um batimento entre eles e
resulte na frequência diferença, igual à frequência
intermediária ou FI. O sinal de Fl e então levado ao
segundo bloco do receptor de TV, que consiste em
diversas etapas amplificadoras de FI (figura 1, bloco II).
No final das etapas de amplificação, é feita a detecção do
sinal de vídeo (figura 1, bloco III), e ao mesmo tempo a
separação do sinal de áudio, que passa a seguir um
caminho diferente. Acompanhando inicialmente o sinal de
áudio, chegamos ao bloco IV (figura 1), que é o
amplificador de FI de som, e que em alguns receptores, é

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

substituído diretamente pelo detector de áudio. O detector


de áudio, nada mais é do que um discriminador, já que o
sinal de som é modulado em frequência, sendo este o
bloco V no diagrama da figura 1.
Do detector ou discriminador de áudio, o sinal de
áudio vai para o amplificador de som, que pode ter
diversas etapas, e tem estrutura semelhante à dos usados
em receptores de rádio comuns. Este é o bloco VI no
diagrama da figura 1. Nos receptores estéreo temos a
inclusão de um multiplexador PLL que faz a separação dos
canais, que então são amplificados por etapas diferentes.
Voltando ao detector de vídeo, passamos agora a analisar
o sinal de vídeo, que vai inicialmente para uma etapa
amplificadora, que corresponde ao bloco VII. Neste ponto
do circuito, o sinal é separado em dois, o sinal que contém
a informações sobre a imagem (vídeo propriamente dito),
e o sinal de sincronismo, que contém informações tanto
sobre o sincronismo vertical como horizontal. Neste
mesmo bloco, temos um retomo para o sinal que controla
o circuito de AGC, ou Controle Automático de Ganho, que
é representado pelo bloco VIII.

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Newton C. Braga

A finalidade deste circuito, é aumentar o ganho das


etapas de entrada e FI do receptor, quando o sinal que está
sendo recebido for fraco, e diminuir seu ganho quando o
sinal for forte, de modo a evitar a saturação. Este circuito,
também ajuda a reproduzir os efeitos das variações de
sinal, que ocorrem por reflexão num objeto que se move,
por exemplo, um avião. O sinal de vídeo propriamente
dito, depois de amplificado é levado diretamente ao
cinescópio (bloco IX), para modular o feixe de elétrons, e
assim se obter os pontos claros e escuros da imagem. Já o
sinal de sincronismo é levado ao bloco X que consiste no
separador de sincronismo. A finalidade deste bloco é
separar os pulsos de sincronismo vertical, dos pulsos de
sincronismo horizontal. Analisemos em separados os
percursos dos dois tipos de pulsos. Os pulsos de
sincronismo vertical, de menor frequência, vão para o
bloco XI, que consiste num integrador. Este bloco tem por
finalidade modificar a forma de onda do sinal de
sincronismo, de modo que ele possa ser usado pelo bloco
seguinte.
O bloco seguinte, consiste num oscilador
gatilhado, ou seja, um oscilador que produz uma forma de

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

onda, "dente de serra', mas comandada em frequência pelo


sinal de sincronismo vertical. Esse bloco, com o número
XII, produz então o sinal de varredura vertical, mas em
sincronismo com os pulsos recebidos pelo receptor,
mantendo assim a imagem estável. Deste bloco, o sinal é
levado ao sistema de deflexão vertical do cinescópio.
Paralelamente, o sinal de sincronismo horizontal vai para o
bloco XIII, que consiste num Controle Automático de
Frequência (CAF), que atua sobre o bloco seguinte, o
bloco XIV que é o oscilador de deflexão horizontal. A
finalidade deste oscilador é também obter um sinal dente
de serra, sincronizado com os pulsos recebidos, conforme
mostra a figura 3.

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Newton C. Braga

Além de fazer a deflexão horizontal, os sinais deste


bloco também servem para excitar uma etapa especial,
marcada como bloco XV. Trata-se do circuito de
polarização de alta tensão do cinescópio. Este circuito tem
por base um transformador de alta tensão, denominado
"flyback” que gera a tensão de alguns milhares de volts,
necessária a aceleração do feixe de elétrons. Finalmente,
temos o bloco XVI, cuja finalidade é fornecer as tensões,
que as diversas etapas necessitam, para seu funcionamento
normal. Além desses blocos, conforme o tipo de aparelho,
podemos encontrar variações interessantes. Por exemplo,
nos circuitos de televisores em cores, temos de acrescentar
os blocos que fazem o reconhecimento dos sinais das
cores, processam esses sinais, e os aplicam no cinescópio.
Num gravador de videocassete, temos os mesmos blocos,
com exceção dos que fazem a excitação do cinescópio,
conforme mostra o diagrama de bloco da figura 4.

34
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Como temos um seletor (amplificador +


conversor), etapas de vídeo e detecção, os sinais do
gravador, tanto podem ser usados na forma
"decodificada", como áudio e vídeo composto puros,
conforme vimos na lição anterior, corno também podem
atuar sobre um bloco modulador. Neste bloco, os sinais
novamente são "misturados", fazendo parte de um sinal,
que pode ser jogado no canal 2 ou 3 de um televisor
comum.

O seletor de canais
O seletor de canais, é o primeiro circuito que
vamos analisar em nosso curso, e nele estão normalmente
os blocos I e II que estudamos, ou seja, o amplificador de

35
Newton C. Braga

RF e o conversor. Nos circuitos antigos, o sistema de


seleção de canais usado, é do tipo “pastilha", conforme
mostra a figura 5.

Neste circuito, temos uma etapa amplificadora com


uma válvula, e uma etapa conversora usando outra
válvula, um circuito típico é mostrado na figura 6. Quando
mudamos de canal, um tambor gira, encaixando os
contatos (pastilhas), onde estão as bobinas de todos os
circuitos sintonizados, das duas etapas.

36
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

As bobinas vêm pré-ajustadas de fábrica, mas


como existem sempre pequenas diferenças de
características, que podem ser devidas a variação de
temperaturas e outros fatores pode ser necessário ajuste
fino. Assim, existe em paralelo com o circuito de sintonia,
um capacitor vernier, que permite fazer pequenos ajustes
em cada canal sintonizado, de modo a se obter a melhor
sintonia, conforme mostra a figura 7.

37
Newton C. Braga

O acesso ao capacitor vernier é feito por meio de


um botão no mesmo eixo do seletor, mas envolvendo o
eixo da chave comutadora das estações. Nos receptores
que possuem faixas de UHF, devem ser previstos um
sistema adicional para sua sintonia. Como uma chave, com
o número de posições correspondentes, aos canais desta
faixa é inviável, o que se faz é a sintonia contínua, por
meio de uma variável, de modo semelhante a um receptor
de rádio. Assim, em muitos receptores, o que se tem é uma
posição do seletor UHF, em que é colocada a chave, e
depois a mudança de estações passa a um botão comum,
conforme mostra a figura 8.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Para um circuito transistorizado, o princípio de


funcionamento é o mesmo, com a diferença de que em
lugar das válvulas temos transistores, e evidentemente a
tensão de alimentação é bem menor, isso para o caso do
tipo "de tambor". Na figura 9, temos a estrutura em blocos
de um seletor típico de TV manual.

39
Newton C. Braga

Os sinais que chegam da antena, passam por um


transformador, denominado Balun, que é uma forma
contraída de "balanced to unbalaced”, já que os sinais que
chegam da linha de 300Ω, são balanceados, e o circuito
precisa de sinais desbalanceados para operar. Uma vez que
os sinais passam por este transformador, eles são levados a
um filtro de entrada, que impede a passagem de sinais de
outras faixas, que possam prejudicar o funcionamento do
aparelho. Este filtro é sintonizado, e seu sinal é levado a
um amplificador de RF, que se caracteriza pelo alto ganho
e baixo nível de ruído. Deste amplificador temos nova
sintonia, mas agora com um filtro duplamente sintonizado,
de modo a deixar rigorosamente passar, apenas a faixa do
canal sintonizado.
Um oscilador local gera um sinal cuja frequência
seja a soma da frequência do sinal sintonizado, com a
frequência da FI de vídeo, que nosso padrão (M) é de
45,75 MHz. Veja que neste caso, não será preciso gerar
outro sinal para corresponder a A de som, que tem
frequência diferente, pois é possível da própria FI de
vídeo, obter este deslocamento. Isso ocorre porque quando
combinamos os dois sinais, o gerado pelo oscilador local,

40
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

com o sinal que entra da estação, que na realidade tem


uma faixa bastante larga, todas as frequências desta faixa
se deslocam, e o que obtemos na verdade é uma faixa de 6
MHz de largura, deslocada para a faixa de FI, conforme
mostra a figura 10.

Temos então o sinal da portadora de som,


justamente deslocado para a frequência de 41,25 MHz de
onde ele pode ser extraído facilmente, depois da
amplificação. Obtido o sinal de Ff, já no seletor ele é
enviado às etapas seguintes de amplificação. Um avanço
obtido para os seletores em relação aos antigos tipos
"tambor” é o uso do varicap. O varicap ou diodo de
capacitância variável, é um componente semicondutor,
que pode fazer a sintonia de circuitos controlado por meio

41
Newton C. Braga

de tensão. Na figura 11 temos um circuito de oscilador,


que faz uso de um diodo varicap.

A capacitância que o diodo apresenta, e, portanto, a


frequência de sintonia do circuito, depende da tensão
aplicada, e, portanto, da posição do cursor do
potenciômetro. Desta forma, em lugar de um capacitor
variável, como nos rádios ou de uma chave rotativa,
podemos usar um potenciômetro comum, para fazer a
sintonia. Veja então que, a tensão obtida no
potenciômetro, é levada a dois ou três varicaps, já que nos
circuitos mais simples, temos que variar ao mesmo tempo
a frequência do oscilador e de sintonia, e nos mais

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

elaborados temos também que variar a sintonia do circuito


amplificador de RF, conforme mostra a figura 12.

43
Newton C. Braga

Com base em diodos varicaps, temos um tipo de


seletor mais moderno, que é feito por meio de chaves de
teclas, conforme mostra a figura 13.

A cada tecla temos associados dois trimpots, um


que faz o ajuste 'grosso' ou principal da tensão aplicada ao
circuito, e outro que faz o ajuste "fino". Atuando sobre os
dois, ajustamos a tensão no canal desejado, de modo que
ela polarize o varicap, da forma que permite selecionar
esta estação. Assim, quando tocamos nesta tecla,
colocamos no circuito os trimpots, e com isso obtemos a
tensão de sintonia para aquele canal. Veja que a chave de
teclas usada é do tipo interdependente, ou seja, quando
apertamos uma tecla, qualquer outra que estiver acionada,

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

é desligada automaticamente. Ainda com base no varicap,


temos mais uma possibilidade, encontrada em muitos
televisores, que é a sintonia por toque. Nela, o que temos é
um circuito integrado comutador, que baseado na
resistência dos dedos da pessoa, comuta suas saídas,
levando então tensão ao par de trimpots de ajuste de
sintonia de cada canal, conforme mostra a figura 14.

O sensor para este tipo de seletor consiste então em


duas chapinhas de metal, que devem ser tocadas
simultaneamente com o dedo, conforme mostra a figura
15.

45
Newton C. Braga

A principal desvantagem que este sistema


apresenta, é que precisamos ter uma tecla ou ponto de
toque, e dois trimpots para cada canal, o que o torna
próprio apenas, para o caso da faixa de VHF. O que se faz
na prática, é deixar uma décima terceira posição no
conjunto, para os canais de UHF, que são selecionados por
meio de seletor separado, de faixa contínua
(potenciômetro, por exemplo) ou de outra forma. Nos
televisores atuais, a sintonia por tambor ou ainda por
teclas já é rara, sendo encontrada apenas em modelos
populares de menor custo. Os equipamentos mais
modernos, utilizam comandos digitais, que são
interpretados por microprocessadores internos, que tanto
podem receber informações, sobre os canais que devem
ser sintonizados, como também gerar tensões que
comandam outras funções, tais como o volume, cor,
contraste, brilho, etc. Por meio de circuitos PLL (Phase

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Locked Loop), é possível sintetizar diretamente a


frequência do oscilador com grande precisão, eliminando-
se assim a necessidade dos trimpot de ajuste em cada
canal, conforme mostra a figura 16.

Como a obtenção das frequências de sintonia, é


muito mais fácil como estes integrados dedicados,
podemos facilmente ter seletores para todos os canais de
VHF e UHF, usando um teclado no painel com números.
Para sintonizar o canal 56, por exemplo, de UHF, basta
digitar 5 e 6, e o circuito interpreta estes valores, gerando a
frequência do oscilador e a tensão para a sintonia
necessária, à seleção deste canal. Os sinais de comando 5 e
6, como são digitais, podem ser enviados ao aparelho por
controle remoto.

47
Newton C. Braga

Processados por um circuito especial, que


estudaremos nas lições futuras, os sinais de um controle
remoto, são enviados ao seletor, determinando então qual
frequência deve ser sintetizada pelo oscilador local, e qual
frequência deve entrar pelo amplificador de RF e chegar
ao circuito conversor. O importante em todos os circuitos
que vimos é saber qual é a finalidade básica do bloco
seletor, receber os sinais da estação, amplificá-los e
combinando-os com o sinal do oscilador local, obtém-se o
sinal de frequência intermediária que, para o vídeo é
centralizado em 45,75 MHz, e para o áudio em 41,25
MHz, conforme mostra a figura 17.

Observe que é justamente nesse ponto do aparelho


de TV, que encontramos as frequências mais altas. Estas
frequências podem chegar aos 216 MHz, se o receptor for
só de VHF, quando sintonizamos o canal 13 e chegar aos
890 MHz, nos receptores de UHF, quando sintonizamos o

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

canal 83. Por este motivo, o seletor consiste numa parte


bastante crítica do aparelho de TV, já que sujeira,
umidade, má colocação de peças no reparo, podem
facilmente afetar seu funcionamento. Os seletores podem
tanto ocupar placas ou blocos separados, que devem ser
blindados, para se evitar influências externas, como podem
estar numa placa com os demais estágios do circuito, mas
protegido com blindagens, devido a influência dos
circuitos adjacentes. Na parte prática de nosso curso,
veremos como proceder no trabalho com os seletores, e
com eventuais ajustes. No seletor típico temos então
diversos tipos de entradas e saídas. Tomamos como base
em seletor "de tambor” transistorizado, onde encontramos
os seguintes pontos de ligação:
• Alimentação com dois pontos, sendo um para a
tensão positiva de polarização dos estágios e outros de
terra.
• Entrada de sinal, onde é ligada à antena, podendo
isso ser feito diretamente, e em alguns modelos por meio
de capacitores de isolamento.
• Saída do sinal de FI para a etapa seguinte, feita
por meio de fio blindado.

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Newton C. Braga

• Entrada para o Sinal do CAG (Controle


Automático de Ganho).
Obs.: Dependendo do tipo, podemos ter mais de
uma tensão de alimentação. Para os seletores à válvula,
deve ser incluída a tensão dos filamentos desses
componentes.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Soldagem para
Principiantes (e para
veteranos também)

"Seguir à risca todas as instruções, nem sempre


significa a certeza de se obter êxito completo numa
montagem, se as soldagens forem malfeitas. Muitos
principiantes — e mesmo veteranos — têm se
decepcionado, justamente pelo fato de não darem a
importância devida a este pormenor: Se esse for seu caso,
se algum dia um aparelho que você montou não chegou a
resultados satisfatórios sem que houvesse motivo aparente,
então este artigo deve ser lido e estudado com o máximo
de atenção". (O artigo saiu numa revista de 1975.)

51
Newton C. Braga

Uma boa soldagem é essencial para o bom


funcionamento de qualquer equipamento eletrônico, por
mais simples que seja. A execução de uma soldagem bem-
feita exige, entretanto, cuidados especiais que, embora
simples, podem significar a diferença entre o êxito e o
fracasso de uma montagem.

Por que a solda?


As conexões soldadas nos equipamentos
eletrônicos são feitas com 2 finalidades: suportar o próprio
componente, servindo, portanto, como junção mecânica, a
fornecer uma conexão elétrica, permitindo que as
correntes possam atravessá-las sem dificuldade. Com
relação à primeira finalidade, como em equipamentos
comuns não há preocupação com. uma resistência
mecânica elevada, já que os componentes são, em geral,

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

bastante leves (tais como resistores, transistores, etc.), a


solda visa muito mais o estabelecimento do contato
elétrico do que propriamente urna resistente fixação do
componente. Por esse motivo, a obtenção de uma conexão
elétrica perfeita é que realmente se torna importante.
Qualquer falha na operação de soldagem pode significar
em chamadas "soldas frias" que fazem com que junções
aparentemente bem-feitas apresentem urna resistência à
passagem da corrente suficientemente elevada para
prejudicar o desempenho do equipamento.

A solda
A solda normalmente usada em trabalhos práticos
de eletrônica é do tipo brando, consistindo numa liga de
estanho (Sn) e chumbo (Pb). O chumbo se funde a uma
temperatura de ± 327°C (quando puro), enquanto o
estanho se funde a uma temperatura de H- 232°C (quando
puro); mas, quando misturamos esses dois metais,
formando a liga, conforme a proporção em que se realizar
essa mistura, podemos obter gradativamente ligas de
pontos de fusão mais baixos. O ponto mínimo, ou seja, a

53
Newton C. Braga

liga de menor ponto de fusão é a obtida pela mistura de


aproximadamente 60% de estanho com 40% de chumbo.
Nestas condições, essa liga se funde a pouco menos de
190°C, sendo essa, justamente a liga usada como solda em
trabalhos de eletrônico. A solda comum é, portanto,
conhecida como solda 60/40, dada a proporção de chumbo
e estanho de que é formada. É importante notar que, ao
aquecermos a solda comum até seu ponto de fusão, ela não
passará imediatamente pana o estado líquido, mas -
apresentará um estado pastoso intermediário. Esse estado
pastoso deve ser evitado nos trabalhos práticos, o que
significa que deveremos sempre usar a solda aquecendo-a
bem acima do seu ponto de fusão, justamente para evitar
esse estado intermediário.

Os ferros do soldar (soldadores)


Os ferros de soldar de que podemos dispor são dos
mais diversos tipos, operando segundo diferentes
princípios, cuja quantidade de calor obtida abrange uma
gama de valores bastante grande. A quantidade de calor
que um soldador pode aplicar a uma junção é função das

54
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

dimensões dessa junção. Quanto maior for o volume da


junção a ser soldada, ou ainda, quanto maior for a
dispersão de calor por irradiação para componentes
próximos, maior deve ser a quantidade de calor que deve
ser aplicada ao local para que ela possa ser aquecida à
temperatura que se necessita para se obter a fusão
completa da solda. É importante notar que apenas a junção
deve ser aquecida, devendo-se, em muitos casos, evitar a
qualquer custo que o calor possa atingir o corpo do
componente que está sendo soldado, ou os componentes
próximos.
Deste modo, enquanto, para a soldagem de um
componente pequeno como um transistor, ou um resistor a
uma ponte de terminais de latão pelos próprios terminais,
um ferro de pequenas dimensões será o bastante; para a
soldagem de um fio grosso de cobre ao chassi, um ferro de
maior potência será necessário. Para orientação do leitor
podemos dar uma divisão, por categorias, dos soldadores
que devemos ter nas bancadas, com os trabalhos a que se
destinam. Evidentemente, devemos lembrar que não se
trata de uma divisão rigorosa, já que a aplicação dessa

55
Newton C. Braga

ferramenta em cada caso depende também da habilidade e


dos conhecimentos do operador.
a) Ferros de pequena potência (até 30 Watts) que
são usados normalmente na realização de junções
pequenas, na soldagem de semicondutores (tais como
transistores e circuitos integrados) e, em trabalhos em
placas de fiação impressa.
b) Ferros de média potência (entre 30 e 100 Watts)
— são usados na soldagem de componentes e junções em
que a quantidade de calor necessária seja maior do que
aquela que um ferro pequeno possa fornecer; são usados,
por exemplo, em conexões de fios grossos, na ligação de
fios a pontes de terminais volumosas, conecto: res, etc.
c) Ferros de grande potência (acima de 100 Watts)
— são usados para conexões em que se necessita de
quantidade de calor acima do normal como por exemplo
na soldagem direta de fios, componentes, ou pontes ao
chassi de um equipamento (coisa que na eletrônica
moderna "já era"!). Se dividirmos os montadores em
categorias, podemos sugerir para cada um, os seguintes
soldadores, como ferramentas obrigatórias na bancada de
trabalho:

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

a) Estudantes e principiantes: um soldador de


pequena potência de até 30 Watts com jogo de pontas;
com este, a maioria das montagens simples poderá ser
executada sem maiores problemas.
b) Profissionais em início de carreira,
experimentadores avançados: um soldador de pequena
potência (até 30 Watts) e um de média potência (até 100
Watts).
c) Profissionais avançados; montadores bastante
ativos: um soldador de pequena potência (até 30 Watts)
com jogo de pontas, uma de média potência (até 100
Watts), um de grande potência (200 Watts) e 1 pistola de
soldar.

A soldagem
Para a realização de uma conexão soldada, em
primeiro lugar o soldador deve ser aquecido à sua
temperatura normal de trabalho. Se ele for de pequena
potência, uns 5 minutos bastarão para isso; se sua potência
for maior, uns 10 minutos, pelo menos, deverão ser
aguardados. Uma vez na temperatura ideal, a ponta do

57
Newton C. Braga

ferro deverá ser "estanhada", ou seja, recoberta como urna


fina camada de solda, para facilitar a transferência de calor
e adesão de solda nas peças a serem soldadas. Para
estanhar a ponta do ferro de soldar, em primeiro lugar
deveremos limpá-la, removendo a camada de óxido com
uma lima ou lixa fina. Em seguida esfregamos o fio de
solda, vagarosamente, sobre a sua ponta, de modo que ela
se funda e se espalhe, recobrindo-a conforme mostra a
figura 1.

A seguir, para soldagem dos componentes


propriamente ditos, o leitor deve sempre ter em mente os
"10 Mandamentos do Bom Soldador".

Mandamentos do bom soldador


1) A ponta do ferro de soldar deve estar sempre
estanhada, pois somente assim será garantida uma rápida

58
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

transferência de calor para a junção a ser realizada; deve


ser constantemente limpa com um pano úmido, lixa fina
ou escova de latão e novamente estanhada (fig. 2). 2) O
calor deve ser aplicado, em primeiro lugar, às peças a
serem soldadas; somente depois de aquecidas
suficientemente, é que deve ser encostada a solda à junta:
esta, então, fundir-se-á imediatamente, espalhando-se pela
junção.

A operação deve ser feita com o máximo cuidado


e. rapidamente para que o calor desenvolvido no processo
não atinja o componente que está sendo soldado (fig. 3).
3) Ao se soldar um fio, ou terminal da componente,
a uma ponta ou placa de fiação impressa nunca enrole os
terminais do componente ou o fio em torno do local em
que vai ser soldado. A solda por aí só oferece uma
resistência mecânica mais do que suficiente para sua
sustentação. O motivo pelo qual não se devem enrolar os

59
Newton C. Braga

terminais é que a tarefa de se retirar o componente em


caso dé necessidade de substituição se torna extremamente
difícil se ele estiver enrolado ao terminal além de soldado
(fig. 4).

4) Antes de soldar fios que não sejam do tipo


previamente estanhados (fios esmaltados, por exemplo),
ou peças sem terminais também estanhados, as junções
têm de ser preparadas para receber a solda, devendo para
isso, os terminais serem limpos com unia lixa fina. O
terminal, peça ou fio deve ser limpo até ter completamente
removida a camada de óxido ou gordura que
eventualmente a cubra, o que será reconhecido quando
adquirir um brilho metálico intenso (fig. 5).

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

5) Para soldar peças de tamanho considerável, elas


devem ser previamente estanhadas no ponto em que se for
realizar a junção, sendo o mesmo coberto por uma camada
de solda (fig. 6).

6) Nunca deve ser usada solda em excesso, pois


neste caso, a quantidade de calor necessário à sua fusão
poderá ser tão elevada que o ferro usado poderá "não dar
conta". A solda adquirirá um estado pastoso, não se
realizando, consequentemente, uma boa junção. A solda
realizada deste modo tem uma aparência fosca, sendo
reconhecida facilmente por isso (fig. 7).

61
Newton C. Braga

7) Quando forem soldados fios isolados com capa


plástica, a solda deve ser realizada o mais rapidamente
possível para que o calor desenvolvido não derreta seu
isolamento. O soldador, nestas condições, deve estar bem
quente para que a aplicação de calor ao ponto de conexão
seja a mais rápida possível. O fio a ser soldado, não deve
ter seu isolamento cortado nem muito próximo, nem muito
longe do ponto de conexão (fig. 8).

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

8) Ao retirar o ferro de soldar da junção soldada,


devemos deslizá-lo piara o lado e não o retirar puxando-o
para cima. Isso tem a finalidade de se evitar a formação do
"bico" de solda que é bastante antiestético (fig. 9).

9) Quando soldar componentes, não permitir


qualquer movimento destes antes da solda estar
completamente rígida. Pode-se reconhecer o momento em

63
Newton C. Braga

que isso ocorre, pelo fato de a solda perder seu brilho,


ficando com uma aparência branco-fosca, porém lisa. Em
geral, o tempo de resfriamento para pequenos
componentes é de uns 5 segundos (fig. 10).

10) Se for usada alguma pasta para soldar, o que a


todo o custo deve ser evitado, após a realização da junção,
a pasta deve ser removida. Isso pode ser feito facilmente
por meio de um pano embebido em álcool. Caso essa
providência não seja tomada, o ácido eventualmente
existente na pasta pode afetar a peça, corroendo-a após
algum tempo (fig. 11).

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Seguindo as recomendações que a prática descrita


nos ensinou, você poderá aprender a soldar ou corrigir
defeitos e erros adquiridos por mau ensino ou má
orientação.

Uso do injetor no conserto das


etapas de áudio
Já falamos do injetor de sinais e vimos que esta útil
ferramenta pode ajudar na localização de falhas dos
equipamentos transistorizados. No caso específico das
etapas que analisamos, ou seja, saída de áudio, excitação
ou driver e controle de volume, o uso do injetor é de
grande utilidade. Este instrumento será usado da seguinte
forma: Se um aparelho qualquer (rádio, gravador etc.) não
apresentar som na sua saída ou se este for distorcido,
devemos aplicar os sinais nas entradas e saídas de cada
etapa do alto-falante em direção ao controle de volume.
Tomando como exemplo o circuito da figura 1,
procedemos da seguinte forma:

65
Newton C. Braga

Começamos injetando o sinal no primário do


transformador de saída (se ele existir) ou então no
capacitor de acoplamento ao alto-falante se a saída for em
simetria complementar, conforme mostra a figura 2.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Deve haver a reprodução do sinal em nível bem


baixo, pois a intensidade do injetor é pequena e não temos
entre ele e o alto-falante nenhuma ampliação. O sinal,
entretanto, deve aparecer sem distorção. A ausência de
sinal indica que o capacitor ou o transformador se
encontram abertos. Se houver reprodução passamos às
bases dos transistores de saída. A reprodução do sinal deve
ocorrer clara e com maior intensidade. Se na base de um
transistor tivermos o sinal e na do outro não, ou com

67
Newton C. Braga

distorção, então provavelmente um dos transistores se


encontra com defeito. Passamos depois ao coletor do
transistor excitador nos aparelhos com transformador.
Deve haver a reprodução normal, porém não com muito
volume. Se não houver reprodução, teste o transformador,
verificando sua continuidade. Nos circuitos sem
transformador- passamos agora à base do transistor
excitador. Deve haver a reprodução do sinal já com maior
volume no alto-falante. O mesmo ocorrerá se aplicarmos
na base do transistor excitador dos circuitos com
transformador. O próximo passo consiste na análise do
controle de volume. Começamos por aplicar o sinal do
injetor ao cursor do potenciômetro, ou seja, ao seu
terminal central, conforme mostra a figura 3.
Se houver a reprodução normal do som do injetor
com bom volume, então sabemos que toda a etapa
amplificadora se encontra em boas condições. Depois,
como mostra a mesma figura, aplicamos o sinal no
extremo superior do potenciômetro. Se houver problema
da falha, ou ainda, com um leve movimento no cursor,
verificarmos que o volume varia e são produzidos ruídos,
então teremos encontrado o problema: o potenciômetro. Se

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

nada acontecer, aplicamos o sinal no capacitor de entrada,


que eventualmente pode estar aberto.

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Newton C. Braga

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Dicas de Diagnóstico

Basicamente as técnicas de reparação mais


avançadas para outros aparelhos se apoiam na análise de
cada etapa com a verificação da propagação do sinal e
medidas de tensões. Isso nos permite isolar a etapa com
problema e nela fazer a análise dos possíveis componentes
com problemas.
Devemos apenas ter muito cuidado com certos
aparelhos como televisores analógicos onde tensões muito
altas podem estar presentes em algumas etapas. Nos
televisores além de termos etapas onde as tensões podem
estar entre 200 e 20 000 Volts existe o perigo de choque
em todo o circuito, mesmo nos pontos de baixa tensões,
pois normalmente estes aparelhos não possuem
transformador de isolamento em sua fonte. A figura 1
mostra que uma fonte sem transformador coloca o técnico

71
Newton C. Braga

em contacto direto com a rede mesmo nos pontos de baixa


tensão.

Figura 1

Isso significa que um toque acidental em qualquer


ponto em conexão com aterra ou ainda o simples apoiar no
chão de um pé descalço já oferece um percurso para a
circulação da corrente e o choque é inevitável. Para
trabalhar com televisores a bancada deve ser isolada e o
técnico deve estar apoiado em local isolante. Existem
certos equipamentos como gravadores de vídeo,
calculadoras, computadores etc. que operam com circuitos
integrados CMOS.
Estes componentes são extremamente sensíveis a
descargas estáticas. A eletricidade acumulada no nosso
corpo, ao se descarregar pelos seus pinos quando tocamos
neles com os dedos pode ser suficiente para causar sua

72
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

queima. Estes integrados não devem ser tocados com os


dedos, conforme mostra figura 2.

Figura 2

Quando adquirimos estes componentes eles vêm


montados sobre esponjas condutoras ou então
embrulhados em folhas de metal, das quais não devem ser
retirados senão no momento do uso. Quando estes
componentes estão prontos para colocação no circuito
então devem ser retirados da embalagem ou esponja e
seguros pelas extremidades, sem se tocar nos terminais e
então utilizados. Não devemos nunca soldar estes
componentes com pistolas de soldar. Estas pistolas podem
induzir tensões nos terminais dos componentes capazes de
causar sua queima. Também devemos alertar o leitor para

73
Newton C. Braga

muitos equipamentos que usam diversas partes mecânicas


que são sensíveis.
Para trabalhar com estas partes, mecânicas como
motores, dispositivos de ejeção e movimentação de fitas,
pratos, etc. é preciso contar com as ferramentas
apropriadas. O uso de ferramentas impróprias pode causar
danos às peças. Da mesma forma, muitas dessas peças
possuem ajustes bastante críticos que só devem ser feitos
com perfeito conhecimento do procedimento. Isso ocorre,
por exemplo, com os mecanismos das cabeças de vídeo
que não devem ser tocados pelos que não conhecem
exatamente como fazê-lo.

74
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O Seguidor de Sinais

O seguidor de sinais, juntamente com o injetor de


sinais, constitui- se em um elemento de grande utilidade
na reparação de qualquer tipo de aparelho eletrônico. O
injetor de sinais, como vimos, simula a estação de um
rádio ou o toca-discos num amplificador, permitindo assim
uma verificação etapa por etapa do seu funcionamento. Já
o seguidor de sinais, como o nome diz, segue o sinal que
percorre todas as etapas de um aparelho, retirando-o para
análise. Na figura 1 temos o circuito típico de um seguidor
de sinais, que analisado permitirá ao leitor entender
perfeitamente sua utilidade.

75
Newton C. Braga

A parte principal do seguidor de sinais é um


amplificador sensível que pode excitar tanto um pequeno
alto-falante como um fone de ouvido. Na verdade, o uso
de fone de ouvido é mais difundido nesta função pelo fato
deste componente ter menores dimensões e por exigir
menos potência para excitação. Na entrada temos duas
possibilidades de aplicação de sinal. Se tivermos que
analisar um circuito de áudio (como, por exemplo, um
amplificador), as etapas de áudio de um rádio ou ainda um
toca-fitas, usamos a entrada de baixa frequência. O sinal
“captado” do circuito analisado e amplificado e depois
aplicado ao fone, onde podemos ouvi-lo. Se formos
analisar circuitos de altas frequências, como as etapas de
RF e FI de um rádio, usamos a entrada detetora, que
possui um diodo para esta finalidade. O sinal “captado” é
então detectado, sendo extraída sua modulação, que é um

76
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

sinal de áudio e que pode ser amplificado normalmente e


aplicado ao fone. Na figura 2 temos a maneira típica de se
usar o seguidor de sinais na análise de um circuito.

Ligando a entrada do seguidor nas etapas


sucessivas do aparelho, devemos constatar a presença do
sinal no fone.

77
Newton C. Braga

78
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Reparação de
Amplificadores e
Equipamentos de Som

Os aparelhos de som domésticos e os de


automóveis são amplamente difundidos em todo o país e
não raro apresentam problemas que exigem a presença de
um técnico competente.
Obs. Este artigo é de uma publicação nossa de
1986, no entanto é ainda atual pelas técnicas que ensina.
Trata-se de artigo de utilidade para quem deseja reparar ou
recuperar equipamentos da época. Os artigos que seguem
este e mesmo alguns anteriores fornecem técnicas da
mesma época para reparação desses equipamentos.

79
Newton C. Braga

E claro que existem defeitos que exigem também o


uso de instrumentos próprios e técnicas especiais na
localização, mas também existem os problemas que
podem ser sanados com poucos recursos ou ate mesmo
nenhum. O técnico que dominar as técnicas de reparação
de equipamentos de som, especificamente os
amplificadores e demais equipamentos de som, pode ter
nisso uma excelente fonte de renda. Basicamente são os
seguintes os equipamentos de som que o leitor poderá
instalar e consertar:
- Aparelhos 3 em 1
- Toca-fitas de autos
- Gravadores cassete
- Equipamentos de conjuntos musicais
- Amplificadores
- Sintonizadores
- Tape-decks
Basicamente, a técnica de pesquisa de defeitos
neste aparelho não apresenta muita diferença e os
equipamentos de análise exigidos são os mesmos.
Também neste caso, damos como instrumento básico para
as provas o multímetro e além dele o injetor de sinais ou

80
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

gerador de áudio, e também o seguidor de sinais. Se o


leitor puder, deve também ter disponível em sua bancada
um amplificador pequeno (de l a 10 watts) para fazer
provas de transdutores ou mesmo retirar sinais de um
equipamento em análise. Outro recurso importante na
bancada e uma fonte bem filtrada de 12 volts com
capacidade de corrente de pelo menos 5 ampères para a
prova de rádios e toca-fitas de carros. Na figura 1 damos
um circuito de fonte para a bancada que pode ser útil no
trabalho de verificação de problemas em equipamentos
para autos.

O transformador tem enrolamento de 12 V x 5 A e


os diodos devem ser capazes de suportar 5 A. O transistor
2N3055 deve ser montado num bom radiador de calor e o

81
Newton C. Braga

diodo zener é de 13 a 15 V com 400 mW de potência. Para


a filtragem, o capacitor eletrolítico deve ser de pelo menos
2 200 uF, ou 4 700 uF x 16V ou mais. Veja que, quanto
maior for o capacitor, menor será a possibilidade de
ocorrerem roncos durante a prova de equipamentos de
som.

Reparação de amplificadores
Amplificadores para automóveis são basicamente
de dois tipos: com transistores e com circuitos integrados
na saída. Na figura 2 temos a diferença de configurações
para os dois casos. As faixas de potência podem variar
entre 10 ou 15 watts até mais de 100 watts.

82
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Com relação aos amplificadores potentes, acima de


50 watts, observamos que, em geral, as especificações dos
fabricantes não costumam ser reais. Se um amplificador
exige uma corrente de 10 A de seu carro com alimentação
de 12 V, então seu consumo de potência é de 120 watts.
Como o rendimento destes aparelhos costuma ser bem
inferior a 100% (não se pode criar energia) a potência real

83
Newton C. Braga

de um aparelho deste tipo certamente será inferior a 100


watts. Pelo consumo, podemos ter certeza da potência real
fornecida por um amplificador. Para o caso de
amplificadores com circuitos integrados, na versão
estéreo, temos dois canais independentes, conforme
mostra a figura 3.

O procedimento para a prova consiste então em


injetar sinais separadamente, primeiramente numa entrada
e depois na outra, observando-se sua reprodução. Se um
canal não funcionar então nele concentraremos a nossa

84
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

análise. 1 Se ambos os canais não funcionarem,


começamos por verificar as tensões de alimentação. A
ausência de tensão de alimentação pode indicar que o
fusível principal está queimado. Para analisar um canal,
injetamos o sinal no controle de volume e verificamos se
ocorre a reprodução normal do som no alto-falante. Se o
som for distorcido ou baixo em relação ao outro canal,
então verificamos se os componentes se apresentam em
ordem. Resistores com sinais de estarem queimados ou
capacitores ruins podem indicar que alguma coisa
aconteceu com o integrado. Neste caso, ele deve ser
substituído por um de mesma marca e tipo. A ligação do
integrado é feita do seguinte modo:
Depois de retirar o integrado ruim, coloque o novo
na mesma posição. Depois, com cuidado, fixe-o no
radiador de calor observando que pode existir um isolador
de plástico ou mica entre ambos. Se quiser melhorar a
transferência de calor passe no integrado e no radiador um
pouco de pasta térmica. (figura 4)

85
Newton C. Braga

Outro problema que pode ser constatado com


amplificadores e o “arranhar” dos potenciômetros de
volume. Neste caso, eles devem ser limpos com bom
solvente ou então trocados por outro de mesmo valor. Para
os amplificadores que usam transistores, a configuração
mais comum é a mostrada na figura 5.

86
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Nesta configuração são usados transistores


complementares, ou seja, um PNP e um NPN, de potência
montados em bons radiadores de calor, normalmente na
parte posterior do aparelho. Num caso de problema com
este tipo de amplificador, um dos transistores ou os dois
transistores podem queimar. Se um dos transistores apenas
queimar, o amplificador ainda funciona, mas com volume
reduzido e forte distorção. Já se os dois queimarem, o
canal fica mudo. Para análise, devemos também injetar o
sinal na entrada do amplificador para verificar a

87
Newton C. Braga

reprodução. A prova do transistor pode ser feita


diretamente com o multímetro, medindo-se as resistências
entre seus terminais, como mostra a figura 6.

Uma resistência anormalmente baixa ou


anormalmente, alta num dos pontos pode indicar um
transistor em curto ou um transistor aberto. Outra medida
importante é a da tensão na união dos emissores dos dois
transistores de saída, conforme mostra a figura 7.

88
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

No ponto indicado devemos ter aproximadamente


metade da tensão da fonte de alimentação. Num
amplificador de carro, onde a alimentação é tipicamente de
12 V, a tensão no ponto indicado será de
aproximadamente 6 V. Uma tensão anormalmente baixa
pode indicar que o transistor PNP está ruim, enquanto uma
tensão anormalmente alta pode indicar que é o NPN que
está em mau estado. Também devemos verificar os diodos
reguladores e os resistores de emissor. Os resistores
podem queimar quando os dois transistores ou um dos
transistores e o capacitor eletrolítico apresentarem
problemas. Isso pode ser constatado visualmente. A prova
do capacitor é simples e pode ser feita com a ajuda do
multímetro nas escalas apropriadas de resistências.
Temos finalmente o caso do transistor excitador
(driver), que ao queimar altera a polarização dos
transistores de saída levando-os a um comportamento
anormal. Neste caso, entretanto, a injeção de sinal na
entrada do amplificador não leva a saída alguma.
Finalmente, o técnico deve também pensar em provar
componentes secundários de polarização e acoplamento
tais como capacitores e resistores. O melhor procedimento

89
Newton C. Braga

para análise é a medida de tensões nos pontos principais


do circuito. Entretanto, para isso, será preciso conhecer as
tensões que são encontradas em todos os pontos.
O investimento na compra de um manual que
possua o diagrama dos principais aparelhos que se repara
será amplamente compensado pela facilidade em encontrar
o defeito e pela segurança. Todo técnico »deve possuir
manuais de esquemas dos principais aparelhos com que
trabalha. É claro que não será possível comprar todos os
manuais de aparelhos de uma vez só. Por isso, o ideal é
pedir o manual correspondente tão logo o aparelho seja
levado a oficina, dando assim tempo para sua chegada
pelo correio, ou buscar nas livrarias de grandes cidades
próximas. Os mesmos procedimentos são válidos em todos
os tipos de amplificadores de áudio cujas potências
estejam na faixa de l a 200 watts, pois em princípio, todos
funcionam do mesmo modo.

90
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Reparação de televisores -
Parte 1

Este artigo é de um livro de 1986, época em que


havia apenas televisores analógicos com cinescópios.
Assim, os procedimentos dados a seguir só são válidos
para este tipo de aparelho. São importantes se o leitor
pretende recuperar um velho televisor deste tipo, para usá-
lo com velhos videocassetes ou câmeras da época.
Para a reparação de aparelhos de TV, tanto em
branco e preto como em cores, além de um bom preparo
que pode ser gradativo, o leitor que pretende se tornar
técnico precisa de um equipamento mínimo de teste, que
na medida do possível deve ser ampliado para se ter maior
eficiência. Este equipamento pode ser inicialmente um
bom multímetro com uma sensibilidade de pelo menos 20

91
Newton C. Braga

000 ohms por volt DC e escalas de tensões contínuas até


1000 volts ou mais. Posteriormente o leitor pode adquirir
um bom gerador de barras ou convergência, um gerador de
RF, culminando com o osciloscópio que é o equipamento
mais útil (e também mais caro) que o bom técnico terá na
oficina. (figura 1)

O uso de um osciloscópio na TV reparação não é


simples exigindo normalmente muita prática e estudo, mas
com o tempo todos os leitores que pretendem
profissionalizar-se chegam lá. A reparação de TV hoje em
dia é bem diferente do que ocorria há alguns anos quando
todos os televisores eram valvulados. Hoje os televisores

92
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

em sua maioria são transistorizados e empregam mesmo


muitos circuitos integrados não havendo, pois um
procedimento geral para o reparo. Fazemos então o
seguinte tipo de distinção entre os televisores que o leitor
poderá ter de reparar:
a) Televisores antigos valvulados: neste, cada
função é basicamente exercida por uma válvula que
normalmente é o centro do problema que o aparelho
apresenta. Uma vez identificado o defeito, a simples troca
da válvula é meio caminho para a reparação. Nestes
televisores, o reparo é, portanto, muito simples bastando
que o técnico possua um bom estoque de válvulas novas
de tipos mais comuns e, além disso, um provador.
b) Televisores modernos com transistores e
circuitos integrados nestes as configurações básicas ou
etapas diferem de modelo para modelo, o que exige do
técnico uma análise do esquema antes de tentar o reparo.
Para cada tipo de televisor os componentes que podem
apresentar problemas com um mesmo sintoma são
diferentes. Não existe meio, portanto, de se fazer um
procedimento geral, já que cada televisor é um problema
diferente.

93
Newton C. Braga

Levando em conta este fato em relação aos


televisores modernos, para facilitar o aprendizado dos
primeiros passos, damos alguns defeitos comuns que são
tomados como exemplo num televisor de determinada
marca e modelo. Escolhemos os modelos que levam o
chassi TV 396 da Philco, e que podem ser encontrados
com relativa facilidade em nosso país.
Na figura 2 temos o diagrama esquemático do
aparelho estudado.

Na figura 3 temos o aspecto do chassi com a


identificação dos principais componentes.

94
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 3

Não focalizaremos neste trabalho todos os defeitos


possíveis, pois existem muitos que são imprevisíveis. Não
queremos dizer também que os defeitos focalizados sejam
inerentes a qualquer tipo de falha de projeto do televisor,
já que se trata de receptor de TV de qualidade
comprovada. O que ocorre que um televisor falha é
imprevisível, podendo basicamente der devido a:
- Sobrecargas por variações da tensão da rede
- Envelhecimento natural de certos componentes
- Absorção de umidade ou ferrugem
- Manuseio descuidado do aparelho
- Funcionamento em local impróprio
- Descargas elétricas ou transientes que se
propagam pelo cabo de antena ou pela própria rede.
(continua em SER480)

95
Newton C. Braga

96
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Reparação de televisores -
Parte 2

Os defeitos são analisados em função do sintoma,


ou seja, em função do que acontece com o televisor como,
por exemplo, falta de imagem, falta de som, a imagem
corre etc.
Nota: Este artigo é de um livro de 1986, época em
que havia apenas televisores analógicos com cinescópios.
Assim, os procedimentos dados a seguir só são válidos
para este tipo de aparelho. São importantes se o leitor
pretende recuperar um velho televisor deste tipo, para usá-
lo com velhos videocassetes ou câmeras da época. O livro
completo pode ser baixado no site do autor.

97
Newton C. Braga

A tela fica escura com apenas um


traço horizontal

Com os sintomas indicados devemos verificar a


presença do sinal de Sincronismo vertical e a operação do
oscilador vertical e saída vertical. Na figura 2 temos o
circuito do televisor tomado como base, mostrando apenas
a etapa suspeita.

98
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Em primeiro lugar deve ser verificada a presença


do sinal de sincronismo no ponto 8 do circuito. Uma
tensão da ordem de 0,6 V indica que o tran51stor T405
está em bom estado. No seu coletor a tensão deve ser de
11,2V. Uma tensão anormalmente baixa indica que este
transistor tem problemas. Deve também ser verificado o
transistor T404, medindo-se a tensão no seu emissor que
deve ser de 11,6 volts e no coletor que deve ser de 28 V.
Tensões anormais indicam que este tran51stor se
apresentar com problemas. O diodo D402, o resistor R428
e o capacitor eletrolítico C423 também devem ser
verificados. O capacitor C431 é outro componente
importante no circuito de deflexão. Se o sinal não estiver

99
Newton C. Braga

presente já nas bases dos dois transistores, então o


problema pode ser mais grave com a necessidade de troca
do integrado IC401. Não deixe também de verificar a
continuidade da bobina defletora vertical assim como o
estado dos componentes associados. Se o leitor já dispuser
de um osciloscópio deve observar a forma de onda do
sincronismo vertical na base T405 que é um sinal como
mostra a figura 3.

A ausência de tensão em todos os pontos da etapa


deve levar o técnico a analisar o setor da fonte que
alimenta esta parte do aparelho. Os transistores T404 e
T405 de saída vertical normalmente trabalham em
condições de potência, o que significa que é muito
importante que estejam montados em dissipadores de boa
capacidade. O superaquecimento de um destes transistores
é normalmente causa do defeito apresentado. Na troca por
outro do mesmo tipo que tenha se queimado, às vezes

100
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

pode ser necessário utilizar tipos que suportem maior


tensão que o original por medida de precaução. Isso evita
que ocorra a queima em curto espaço de tempo após o
reparo. Outro bom procedimento recomendado neste tipo
de reparação e a troca dos dois transistores mesmo que se
constate que apenas um tenha queimado, isso porque, no
instante em que ocorre o problema com um, o outro pode
sofrer pequena sobrecarga, insuficiente para danificá-lo,
mas o suficiente para alterar suas características
predispondo-o à queima. Troca-se um e o outro que estava
bom queima, voltando o defeito.
Nota: mais defeitos podem ser encontrados na
seção de Service do site do autor.

101
Newton C. Braga

102
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Ajustes em Televisores
Analógicos Antigos

Este capítulo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.

103
Newton C. Braga

Ajuste em televisores
Para o ajuste devem ser usados os circuitos de
acoplamento da lição anterior. O televisor tomado como
referência para estes ajustes é o Sanyo CTP 4801 chassi
série TC. Inicialmente vamos ajustar o trap de 4,5 MHz e
o estágio de saída de FI de vídeo. O diagrama parcial dos
estágios que serão ajustados, para identificação dos
componentes é mostrado na figura 1.

Figura 1 – Diagrama parcial do televisor

O gerador de marcas deve ser ajustado na


frequência de 41,25 MHz enquanto o gerador de varredura

104
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

deve ser sintonizado para varrer a faixa de 40 a 50 MHz. O


seletor deve ser colocado no canal 3, e a chave AFF
deverá estar na posição manual. A chave normal-serviço
deve estar na posição "serviço". Um sinal de +24 V deve
ser aplicado ao pino 8 do conector AA na placa de sinal e
croma. Uma tensão de polarização de +5,8 V deve ser
usada para polarizar a FI no ponto TP-IA na placa de sinal
e croma e uma tensão de -2,0 V deve ser usada para a
polarização do CAG do seletor. Inicialmente ajusta-se
T105 para que haja a mínima resposta em 41,25 MHZ
(atuação máxima do trap). Na figura 2 mostramos a forma
de sinal visualizada no osciloscópio.

Figura 2 – Visualização do sinal no osciloscópio

105
Newton C. Braga

A ligação do gerador de varredura, do osciloscópio


e do televisor para este ajuste é mostrada na figura 3.

Figura 3 – ligação do gerador e do osciloscópio


para o ajuste

Para ajustar o estágio de saída, inicialmente


colocamos o gerador de marcas em 41,25 MHz e
ajustamos T104 pelo núcleo superior. Ajustamos em
seguida VR103 para a mínima resposta em 41,25 MHz.
Passamos o gerador de marcas para 42,17 MHz e depois
ajustamos o núcleo inferior e superior de T104 para obter
a forma de onda indicada. Finalmente, com o gerador de
marcas em 45,75 MHz, ajustamos novamente o núcleo
inferior de T104 para obter os níveis da figura já indicada.

106
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise do sinal de vídeo


Sem a necessidade de um gerador de
varredura/marcas, o osciloscópio pode ser utilizado para
analisar os sinais de vídeo das etapas de Fl, facilitando a
detecção de falhas. Conforme já salientamos muitos
diagramas já apresentam as formas de onda que devem ser
encontradas facilitando assim o trabalho do técnico
reparador. O sinal tomado como referência pode ser
disponível tanto de um canal local como de um gerador de
barras coloridas, se bem que este último caso seja
preferível dada sua estabilidade e também ao fato de
conhecermos seu nível de saída. O osciloscópio deve ser
conectado ao televisor com uma ponta demoduladora.
Nos televisores transistorizados os pontos chaves
serão as bases e os coletores dos transistores. Nos circuitos
valvulados serão as grades quantidades de controle e
anodos das válvulas. Para os televisores dotados de
circuitos integrados, as entradas e saídas dos sinais
acessíveis e que serão tomadas como referência. Os
diagramas podem servir de orientação para estes casos.
Tomamos como exemplo o televisor Philco TV-389 que é

107
Newton C. Braga

bastante comum e cujo diagrama parcial, contendo as


etapas de FI de vídeo, é mostrado na figura 4.

Figura 4 – Televisor tomado como exemplo

Este circuito funciona da seguinte maneira:


O circuito amplificador de FI recebe o sinal de
vídeo do seletor de canais já numa faixa de frequências
com 6 MHz de largura e que contém as seguintes
frequências;
41,25 MHz - FI de som
42,17 MHz - FI de croma
45,75 MHZ '- FI de vídeo

108
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Através de um cabo coaxial com capacitância


controlada o sinal é aplicado a base de T201 via C208
(amplificador de RF).
Os sinais amplificados por T201 aparecem em seu
coletor e são aplicados em L202 (primeira FI) que
sintoniza toda a faixa de frequências. Depois, via C207 os
sinais são levados a L203 (segunda FI) que novamente
deixa passar toda a faixa. Após esta segunda sintonia os
sinais passam por uma armadilha de 47,25 MHz que é
formada por L207, C218 e C219, e por uma armadilha
(trap) de 39,75 MHz que corresponde à aos componentes
L204, C215 e C216, e um circuito atenuador de 41,25
MHz que corresponde à FI de som. Este circuito é
formado por L205 e C220. Passando por um C221 os
sinais são aplicados em L208 que faz a sintonia dos sinais
e os aplica aos pinos 1 e 16 do circuito integrado C1202.
A função de C1202 é de amplificador de FI de
vídeo, e este integrado contém os estágios do controle
automático de ganho (chave, compensador térmico e
retardo para o seletor). Os pulsos negativos de 15 750 kHz
que provém de PT 403 no flyback são levados ao pino 7
do circuito integrado C1202 através de R449 e C232 de

109
Newton C. Braga

modo a haver o acionamento da chave do CAG. No pino


10 do circuito integrado temos o sinal de vídeo negativo
que serve como referência para a obtenção da tensão do
CAG. A intensidade do sinal que chega ao pino 10 do CI é
ajustada com a ajuda de P202. Este componente está
ligado ao pino 6 do circuito integrado do CI202.
No pino 4 do C1202 encontramos um circuito RC
(R213 e C228) cuja finalidade é atuar como filtro de
tensão do CAG. Entre os pinos 2 e 15 há um
desacoplamento DC por meio de C227 a tensão de retardo
do CAG que sai pelo pino 5 é levada ao diodo de retardo
D201 via R213-A, havendo a filtragem feita por C229. No
pino 13 do CI, via L206 aplica-se a tensão de polarização
B6 que evita a introdução de RF via linha de alimentação
DC. As formas de onda que damos a seguir foram obtidas
com um sinal de barras coloridas para produção de uma
imagem normal. Na figura 5 temos a forma de onda obtida
no ponto 10 que corresponde ao pino 12 do CI202.

110
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 5 – Forma de onda no ponto 10

O sinal obtido corresponde á componente de som.


Para calibração de TR301 e L301 deve ser ligado
um capacitor de 10 nF entre o pino 12 e a massa, e deve
ser injetado um sinal de 4,5 MHz modulado em frequência
com 400 Hz no ponto PT-301. Na figura 6 temos a forma
de sinal obtido no ponto 11 do diagrama.

Figura 6 – Forma de onda no ponto 11

111
Newton C. Braga

O sinal deste ponto corresponde à FI de vídeo e é


usado para a calibração deste estágio com atuação sobre o
núcleo de L204. O osciloscópio deve ser ligado neste
ponto através de um resistor de 10 kg na entrada do
circuito injeta-se um sinal de 39,75 MHz modulado em
400 Hz (50%). Na figura 7 temos a forma de onda no
ponto 13 do circuito.

Figura 7 – Forma de onda no ponto 13

Na figura 8 temos a forma de onda obtida no ponto


16 do diagrama.
Este sinal permite ajustar o "trap" de 4,5 MHz, se
bem que este ajuste também possa ser feito somente com
base na imagem gerada por um gerador de barras coloridas
e som.

112
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 8 – Forma de onda no ponto 16

113
Newton C. Braga

114
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise de Videocassetes
com o Osciloscópio- Parte 1

Este artigo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.

115
Newton C. Braga

Setor de áudio
Nos videocassetes comuns existe um tambor
giratório, onde são fixadas as cabeças que gravam os
sinais transversalmente. Isso é necessário porque se
necessitando de uma velocidade muito maior, com o
percurso transversal consegue-se um' aproveitamento
maior da fita com uma velocidade real menor. A ampla
faixa de frequências de vídeo exige que isso seja feito. Nos
sistemas de duas cabeças, entretanto, temos uma diferença
de processo em relação aos sinais de áudio. Nos
videocassetes de duas cabeças o sinal de áudio é gravado
separadamente numa pista linear conforme mostra a figura
1.

Figura 1 – Modo como o sinal é gravado numa


fita

116
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Desta forma, as a duas cabeças giratórias são


usadas para a leitura apenas dos sinais de vídeo, ficando a
leitora dos sinais de áudio por conta de cabeças fixas que
operam como num gravador cassete de áudio
convencional. O resultado prático é que os circuitos de
gravação e leitura de áudio destes gravadores são muito
semelhantes aos usados nos cassetes de áudio
convencionais com uma estrutura em blocos mostrada na
figura 2.

Figura 2 – Setor de áudio de um videocassete em


blocos

Para o sistema VHS de 1 pista a sua largura é de 1


mm e para duas pistas (estéreo), cada qual tem 0,35 mm.

117
Newton C. Braga

Neste sistema, quando ocorre a reprodução de um sinal de


áudio encontramos nos diversos pontos do circuito sinais
de baixas frequências de onda correspondentes aos sons
que são gravados. Uma fita de gravação com um sinal de
áudio de 1 kHz, por exemplo pode servir de base para o
teste das cabeças de gravação deste tipo de aparelho e de
todo o circuito. Deformações de sinais e outros problemas
são muito semelhantes aos constatados nos gravadores
comuns. Basta que o leitor tenha um diagrama do aparelho
para que facilmente possam ser identificados os pontos em
que os sinais estão presentes.
Na função de gravar, além dos sinais que devem
vir do circuito externo (televisor, câmera pelo microfone
ou ainda de um seletor e etapas de áudio do próprio
aparelho), temos de considerar a presença do sinal de
apagamento. A finalidade do apagamento é dar uma pré-
orientação aos imãs elementares da fita de modo que a
gravação seja uniforme, conforme sugere a figura 3.

118
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 3 – O apagamento

O circuito de apagamento dos gravadores


videocassete comum gera sinais tanto para o apagamento
de vídeo como o de áudio. Este circuito consiste num
oscilador que gera uma frequência entre 40 e 670 MHZ,
conforme mostra um exemplo prático na figura 4.

Figura 4 – O oscilador de apagamento

119
Newton C. Braga

A verificação deste tipo de circuito com o


osciloscópio é simples já que sabemos que o sinal deve
estar nesta faixa de frequências e deve aparecer nas
cabeças de apagamento tanto do setor de áudio como de
vídeo. Na figura 5 temos o modo de utilizar o osciloscópio
na visualização destes sinais num videocassete comum.

Figura 5 – Usando o osciloscópio

O videocassete de duas cabeças deve estar na


posição REC e como temos baixas frequências, tanto a
base de tempo como a sensibilidade deve ser ajustada para
este tipo de observação. Uma fita padrão deve ser usada
para se obter o sinal de prova, funcionando assim como

120
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

um injetor de sinais. Nos gravadores mais modernos


adota-se, entretanto, uma solução que desde 1983 permite
a obtenção de maior fidelidade de gravação. Este processo
consiste na transformação dos sinais de áudio em sinais
em frequências (FM), uma alta frequência e são
registrados junto com o sinal de vídeo transversalmente na
fita. Desta forma existem cabeças de vídeo e de áudio
operando transversalmente. Na figura 6 temos as posições
relativas destas cabeças para o sistema VHS.

Figura 6 – Cabeças de áudio transversais

Os ângulos são diferentes para o sistema Beta.


Neste sistema, para o VHS, os sinais de áudio do canal 1
tem uma frequência centralizada em 1,4 MHZ e para o
canal 2 centralizada em 1,8 MHz. O gráfico da figura 7

121
Newton C. Braga

mostra então o espectro completo de áudio e vídeo que são


gravados na fita.

Figura 7 – Espectro de áudio e vídeo no formato


VHS

Veja então que nos circuitos de áudio temos


frequências e formas de ondas um pouco diferentes. Os
sinais são lidos em altas frequências e depois é feita a
separação das componentes de áudio num processo muito
semelhante ao utilizado nos televisores comuns, mas no
caso com frequências mais baixas. Na figura 8 temos um
circuito em blocos deste sistema de áudio em que
mostramos os tipos de sinais que seriam facilmente
visualizados com um osciloscópio.

122
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 8 – Circuito de reprodução em blocos

Veja que existem então setores de alta frequência


(1,4 e 1,8 MHZ) e setores de áudio. Analisaremos o
funcionamento deste circuito na função de reprodução.
Esta descrição é feita para um canal, sendo válida para o
outro canal nos sistemas estéreo. O sinal captado pela
cabeça de leitura de áudio tem uma frequência média de
1,475 MHz sendo então amplificado pelos primeiros
blocos do circuito. Antes de seguir para as etapas de
detecção o sinal passa por um limitador de amplitude de
modo a se evitar distorções por saturação. O sistema de
separação dos canais é semelhante ao usado num receptor
de FM, com comparador de fase, VCO e outras etapas
bastante conhecidas dos que trabalham com receptores
estéreo. Obtém-se então depois do demodulador um sinal

123
Newton C. Braga

de áudio que, no entanto, tem uma forte componente de


alta frequência que precisa ser eliminada por meio de
filtro. Na figura 9 mostramos a forma de onda visualizada
no osciloscópio antes e depois do filtro passa-baixas,
encontrados após a etapa de demodulação.

Figura 9 – Forma de onda antes e depois do filtro

Com uma fita padrão de 1 kHz a envolvente deste


sinal pode ser vista nesta frequência, com uma
componente interna de 1,475 MHz. O bloco seguinte é o
DCC ou Drop Cult Compensation que consiste num
circuito cuja finalidade é compensar a falta de
uniformidade de fita magnética. Temos em seguida o
circuito de de-ênfase que funciona da mesma forma que os
equivalentes nos receptores de FM. Este circuito expande
a faixa passante da compressão na transmissão. A faixa
tem ganhos diferentes do que seria normal para a

124
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

reprodução na transmissão com a finalidade de se obter


melhor imunidade aos ruídos o qual deve ser compensado
na recepção.
Temos finalmente os circuitos externos que, no
caso podem ser o modulador que joga o sinal num
televisor ou ainda numa saída simples disponível para um
amplificador externo. É importante observar que a
monitoração dos sinais de áudio nas primeiras etapas
consiste numa ferramenta precisa para ajuste das cabeças
de leitura. Veja que a utilização do osciloscópio nestas
etapas é bastante semelhante a que estudamos no caso dos
receptores de FM. A utilização dos circuitos integrados
dedicados reunindo grande número de funções na maioria
dos aparelhos de videocassete, e no caso de áudio com
maior, intensidade, simplifica o projeto por parte do
fabricante, mas impede o acesso a todos os pontos para
análise das formas de onda num trabalho de ajuste ou
reparação.
No entanto, os manuais de serviço da maioria dos
fabricantes fornecem tensões e formas de onda nos pontos
principais o que serve de referência para o trabalho de
manutenção. Para a visualização destas formas de onda

125
Newton C. Braga

com o osciloscópio o técnico deve estar atento aos


seguintes pontos:
a) Frequências
Para os sinais de áudio as frequências são
relativamente baixas, conforme vimos o que permite a
utilização de osciloscópios simples na análise dos sinais.
As frequências menores são da faixa de áudio e dependem
naturalmente do sinal usado como prova, (figura 10).

Figura 10 – Sinais de áudio

b) Intensidade
Os sinais encontrados em todas as etapas do setor
de áudio, tanto na gravação como na reprodução são sinais
de baixas intensidades com tensões que dificilmente
superam os 15 V e com mínimos na faixa dos microvolts.
Somente nas etapas finais de áudio é que as intensidades
são maiores.

126
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise de Videocassetes
com o Osciloscópio – Parte
2

Fontes de alimentação
Dado o elevado número de circuitos e mesmo
dispositivos eletromecânicos que devem ser alimentados e
com características bem diferentes as fontes usadas nos
videocassetes são complexas apresentando muitas saídas
com tensões e correntes diferentes. No entanto como em
todos os aparelhos eletrônicos podemos fazer uma
separação dessas fontes em dois tipos: as que devem
alimentar dispositivos mecânicos como, por exemplo, os
motores e as que devem alimentar circuitos eletrônicos.

127
Newton C. Braga

Nestas fontes vamos encontrar dois tipos de reguladores:


os convencionais ou lineares como o mostrado na figura 2
e os circuitos comutados como o mostrado na figura 2.

Figura 1 – Fonte linear

Figura 2 – Fonte chaveada

Já vimos em lições precedentes as formas de onda


que são encontradas nas fontes de alimentação lineares, de
modo que o leitor saberá como usar o osciloscópio para
medir tensões, verificar ripple e eventuais outros

128
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

problemas que podem ocorrer. Muitos videocassetes de


uso portátil ou ainda que incluem uma câmera possuem
ainda como fonte adicional de alimentação uma bateria do
tipo recarregável. Para estas baterias existe numa fonte de
alimentação que proporciona sua recarga.

Modulador de áudio
Os sinais de áudio obtido de uma fita de
videocassete devem ser levados ao televisor para
reprodução. Se bem que nos aparelhos sejam encontradas
saídas de áudio puro para amplificadores externos, não é a
partir desta saída que temos a conexão ao receptor de TV,
conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – Formas de usar o áudio num


videocassete

O televisor é sintonizado num canal livre (3 ou 4),


e o sinal que ele recebe é semelhante ao emitido por uma

129
Newton C. Braga

estação convencional de TV, ou seja, tem uma portadora


de alta frequência na faixa de VHF que transporta tanto o
sinal de vídeo como áudio. Para isso, o videocassete conta
internamente com um circuito modulador de áudio
apropriado. Na figura 4 temos o setor do modulador de
áudio de um videocassete convencional.

Figura 4 – Modulador de áudio

Analisemos seu funcionamento:


Este circuito tem um oscilador de 4,5 MHz que é
modulado pelo sinal de áudio. Desta forma, o sinal de 4,5
MHz modulando em áudio é aplicado ao sinal de vídeo na
faixa de VHF aparecendo deslocado justamente desta
frequência, o que necessita para sua transmissão conforme
mostra a figura 5.

130
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 5 – O sinal de áudio e vídeo

Os sinais obtidos pelo osciloscópio neste circuito


têm basicamente três formas:
a) Sinais de áudio puros nas etapas de entrada
(preamplificadoras, filtros, etc.), podendo ser usado um
oscilador de áudio ou fita padrão para se fazer a sua
análise.
b) Sinais de RF puros com frequência de 4,5 MHz
modulados ou não nos circuitos oscilador e modulação.
c) Sinais modulados somente na saída do circuito
com componentes de áudio e vídeo para a saída do circuito
de TV.

131
Newton C. Braga

Corno as frequências mais altas no setor de áudio


estão em torno dos 4,5 MHz qualquer osciloscópio permite
sua visualização com facilidades.
As intensidades dos sinais são pequenas.
O osciloscópio pode ser usado com eficiência nos
ajustes de frequência e das intensidades de modulação de
modo a se obter a melhor reprodução no televisor.

Conclusão
Conforme o leitor pode perceber, os setores de
áudio e de fonte de alimentação de um aparelho de
videocassete pouco têm de sofisticado, tanto em relação
aos circuitos como aos sinais encontrados o que simplifica
o uso do osciloscópio. Tomando como base uma fita
padrão ou mesmo a injeção de um sinal o osciloscópio
nesta aplicação também pode ser usado como um seguidor
sofisticado de sinais. Devemos estar atentos tanto para as
intensidades dos sinais visualizados como também suas
frequências e formas de onda, sempre tomando como base
o diagrama ou manual de serviço do aparelho.

132
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise de Videocassetes
com o Osciloscópio – Parte
3

Muito mais complexo que o áudio, o setor de vídeo


também tem muitas diferenças em relação ao que
encontramos num televisor comum. Desta forma, para
estudar um aparelho de videocassete com um osciloscópio
devemos nos concentrar também numa análise de seu
princípio de funcionamento e é justamente o que faremos
nesta lição. Será bem interessante para os leitores se
aprofundarem nestes estudos posteriormente, pois se trata
de assunto bastante extenso e que será abordado nesta
lição apenas nos seus aspectos principais.

133
Newton C. Braga

Gravação de luminância
Por motivos técnicos os gravadores cassete
separam os sinais de cor (crominância) e de brilho
(luminância). O que ocorre é que os sinais de luminância
ocupam uma faixa muito larga no espectro de vídeo de 4
MHz que tornaria muito difícil a reprodução por parte de
uma cabeça magnética. O que se faz é transformar o sinal
"Y" de luminância em um sinal de FM antes da sua
gravação na fita. Na figura 1 temos então a transformação
do sinal de vídeo num sinal de FM, para o sistema de VHS
padrão NTSC.

134
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 1 – Transformação de um sinal de vídeo


num sinal FM

Uma portadora de RF é então modulada de modo a


variar sua frequência entre 3,4 e 4,4 MHz, onde a
frequência mais alta (4,4 MHz) corresponde ao nível de
branco e a frequência mais baixa (3,4 MHz), corresponde
ao nível de preto. Tipicamente utiliza-se para modular o
sinal um multivibrador com o circuito da figura 2.

135
Newton C. Braga

Figura 2 – Um circuito modulador

Analisando este circuito com o osciloscópio


devemos então observar na sua entrada o sinal de
luminância do tipo escada conforme o tipo de imagem
usada como padrão, e na saída teremos uma portadora de
alta frequência modulada com valores variando entre 3,4 e
4,4 MHz. Observe que este circuito, sem sinal na entrada
Opera numa frequência mais baixa (3,4 MHz),
aumentando sua frequência até o máximo com a
intensidade máxima do sinal. Variações em torno deste

136
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

circuito podem ser encontradas, inclusive com a utilização


de circuitos integrados que reúnem além desta função,
outras. No entanto, as formas de onda se mantêm e podem
ser observadas com um osciloscópio. O sinal de
luminância contém picos que precisam ser eliminados
antes de sua utilização na modulação; isso é feito por um
circuito ceifador ou ”Clipper" conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – A ação do circuito ceifador

A ação deste ceifador, também pode ser


visualizada pelo osciloscópio, como importante ponto de
informação, para eventuais diagnósticos de problemas. O
sinal de luminância precisa passar por um circuito de pré-
ênfase antes de modular a portadora de RF, isso porque o
circuito usado não responde linearmente a toda faixa. Isso
significa que as frequências mais altas precisam ser

137
Newton C. Braga

acentuadas de modo a se melhorar a relação sinal/ruído, já


que o ruído gerado pela própria fita, sendo de alta
frequência, pode mascarar o sinal se ele for de pequena
intensidade. Na figura 4 temos um diagrama de blocos do
setor de gravação de luminância de um aparelho de
videocassete comum.

Figura 4 – Blocos do gravador de luminância

Neste diagrama temos as formas de onda dos sinais


que podem ser visualizados com o osciloscópio no
diagnóstico de problemas ou mesmo para eventuais testes
de funcionamento. O AGC (Controle Automático de
Ganho) é semelhante aos encontrados em televisores e sua

138
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

finalidade é manter o nível do sinal constante


independentemente do nível do sinal de entrada, já que
podem ocorrer variações, quando passamos do
sintonizador, para uma câmera etc. O circuito de trava tem
por finalidade recuperar o nível DC do sinal de
luminância. Os demais circuitos já foram analisados no
seu funcionamento na nossa análise. Lembramos mais
uma vez que nos aparelhos modernos a maioria das
funções é encontrada em integrados dedicados, mas para
efeito de didática estamos dando exemplos com
configurações transistorizadas. Veja que nos circuitos
integrados dedicados nem todos os pontos têm acesso para
a visualização das formas de onda com o osciloscópio

Gravação de croma
A gravação do sinal de crominância nos aparelhos
de videocassete é feita separadamente dos sinais de
luminância. Os sinais de crominância são convertidos de
3,58 MHz para 629 kHz. A largura da faixa deste sinal de
1 MHz é mantida, conforme sugere a figura 5.

139
Newton C. Braga

Figura 5 – Espectro convertido de crominância e


luminância

Observe que neste caso temos apenas uma


conversão de frequência diferentemente da modulação que
ocorre com a luminância. A conversão é feita por um
circuito que contém um oscilador de cristal e dois
conversores, conforme mostra a figura 6.

Figura 6 – Conversor em blocos

140
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Nesta figura temos as frequências dos sinais que


devem ser observados com a utilização de um
osciloscópio. As formas de onda podem ser obtidas nos
manuais de serviços e diagramas dos próprios aparelhos.
Veja que já temos frequências relativamente altas,
devendo o operador do osciloscópio usar os devidos
recursos indicados, para a observação deste tipo de sinal.
Também neste caso, as funções indicadas podem estar
contidas num único integrado, o que dificulta o acesso
para a observação das formas de onda.

Controle automático de cor


Os sinais a serem gravados num VCR podem vir
de diversas fontes como, por exemplo, um sintonizador,
uma câmera, etc. Isso significa que o nível do sinal de
crominância pode variar bastante, conforme o caso, o que
implicaria numa reprodução diferente. A solução adotada
nos circuitos para se evitar essas variações consiste na
utilização de um controle automático de cor. Este circuito
mantém dentro de certos limites, constante o sinal de
crominância. O ACC, ou Automatic Color Control é

141
Newton C. Braga

intercalado entre o conversor de 629 kHz e o filtro de


entrada, conforme mostra a figura 7.

Figura 7 – O controle automático de cor

Observe neste diagrama de blocos as frequências


dos sinais que encontramos numa análise com o
osciloscópio. No final do circuito para as cabeças
gravadoras apenas o sinal de 629 kHz é enviado.
(continua)

142
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise de Videocassetes
com o Osciloscópio – Parte
4

Expansor de burst
O ACC precisa para seu funcionamento de uma
tensão DC de referência que varie com o sinal de entrada,
mas que não dependa do conteúdo da cena. A referência
ideal para esta finalidade é o sinal de BURST. Na figura 1
temos o diagrama de blocos deste circuito que
normalmente tem por base um MOSFET de dupla porta
que amplia o sinal de BURST de modo que ele sobressaia
na gravação.

143
Newton C. Braga

Figura 1 – O expansor de Burst

Na reprodução este sinal passa por um compressor.


As frequências encontradas nesta etapa de um
VCR são as mesmas das etapas anteriores.

Reprodução
O ponto de partida da reprodução dos sinais de um
VCR está no conjunto de cabeças. Como são usadas duas
cabeças para a leitura do sinal de vídeo, estas devem ser
chaveadas de modo a termos a composição de um sinal
único a partir das trilhas que são lidas em separado,
conforme sugere a figura 2.

144
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2 – O sistema de recuperação do sinal de


vídeo

O chaveamento é feito numa frequência de 30 Hz a


partir do sinal retangular. Na figura 3 temos um circuito
típico, usando transistores para o chaveamento das cabeças
de vídeo, obtendo-se um sinal único.

145
Newton C. Braga

Figura 3 – Circuito típico de chaveamento

As formas de onda deste circuito correspondem


pois a sinais de baixa frequência (chaveamento) e alta
frequência (vídeo). A tensão de chaveamento é obtida de
dois pequenos imãs presos à cabeça gravadora que ao girar
induz pela sua passagem numa bobina captadora o sinal de
sincronismo. Na figura 4 temos o sinal em questão que
pode ser observado no osciloscópio com a forma de onda
típica.

146
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Fig. 4 - 0 gerador de pulsos para o sincronismo.

Este sinal passa por um circuito de chaveamento


que tem um diagrama de blocos típico mostrado na figura
5.

Figura 5 – Blocos do circuito de chaveamento


para duas cabeças de vídeo

147
Newton C. Braga

Neste circuito existem, ajustes de fase para as duas


cabeças os quais podem ser alterados de modo a se obter o
sinal final com 50% do ciclo ativo.

Recuperação do sinal de luminância


O sinal "Y" é gravado segundo processo que vimos
no início desta lição, devendo ser obtido na sua forma
original a partir de um sistema "inverso” conforme mostra
o diagrama de blocos da figura 6.

Figura 6 – Recuperação do sinal de luminância

O sinal é obtido em 629 kHz e depois de passar por


um filtro passa-altas, se obtém apenas o Y-FM. Depois
temos o estágio DOC (Drop Out Compensation), ou de
compensação de falhas no sinal. O DL (Double Limitter
System), tem por finalidade eliminar os problemas que
ocorrem na transição rápida de cenas escuras para claras.

148
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Vem em seguida o demodulador onde são recuperadas as


informações de luminância e a etapa de de-ênfase que
compensa a pré-ênfase da gravação. No final temos o
cancelador de ruídos, cuja finalidade é cortar as
componentes de ruído de alta frequência que estiverem
presentes no sinal.

Reprodução do sinal de crominância


Na figura 7 temos um diagrama de blocos que
mostra o processo de recuperação do sinal de crominância
num VCR no sistema NTSC.

Figura 7 – Recuperação do sinal de crominância

As diferenças em relação ao sistema PAL estão nas


frequências, já que no PAL-M temos o emprego do cristal
de 3,577578 MHz que é resultante da soma de 3,575611

149
Newton C. Braga

MHz (subportadora de crominância) com 1967 Hz


(correspondente à frequência horizontal dividido por 8).
Neste diagrama temos as diversas frequências que podem
ser visualizadas no osciloscópio. O sinal de sincronismo
horizontal é conseguido a partir do sinal composto de
luminância recuperado da própria fita. Na gravação além
do sinal de 629 kHz temos também um sinal de 3,58 MHz
gerado por um oscilador local. O APC (Automatic Phase
Control) garante a fase e a frequência corretas para o sinal
de crominância recuperado da fita. isso é necessário com a
finalidade de compensar pequenas variações que ocorrem
devido ao sistema mecânico.
O sinal de frequência fixa de 3,58 MHz é aplicado
ao comparador de fase juntamente com o sinal de BURST
também em 3,58 MHz, extraído do sinal de crominância
recuperado da fita. Se houver alguma variação na
frequência do sinal de crominância ela é detectada pelo
comparador de fase e compensada. Este sistema garante a
produção de um sinal bastante estável mesmo levando-se
em conta as pequenas imperfeições do sistema mecânico e
da própria fita. O VCO (Voltage Controlled Oscillator),
gera um sinal de 160 vezes maior que a frequência

150
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

horizontal, o qual dividido posteriormente por 40 resulta


exatamente nos 629 kHz. Observe estas frequências ao
proceder à análise usando o osciloscópio. A frequência do
VCO é capturada com a ajuda de um comparador de fase
que recebe dois sinais de frequência horizontal, um do
próprio VCO via divisor por 160 e outro pelo separador de
sincronismo.

Conclusão
A variedade de frequências e formas de onda é
muito maior nos estágios de vídeo oferecendo assim um
amplo campo de trabalho para o técnico que disponha de
um osciloscópio e deseje usá-lo com toda sua
potencialidade. Basicamente o técnico deve saber que
forma de onda e frequência encontrar em cada ponto do
circuito e também deve estar apto a refazer os trajetos dos
sinais tanto na condição de gravação como de reprodução
de um VCR. Usando o osciloscópio como um seguidor de
sinais o técnico poderá chegar facilmente a qualquer
anormalidade de funcionamento.

151
Newton C. Braga

Conforme vimos, entretanto, é preciso que o


técnico saiba como funciona o aparelho analisado para
poder fazer qualquer tipo de diagnóstico em função de
uma forma de onda anormal encontrada num ponto
qualquer. De nada adianta visualizar uma forma de onda
se não for possível interpretá-la. Que tipo de deformações
pode ocorrer com as falhas? Que tipo de falhas ocorre por
uma determinada deformação? Estas são algumas
perguntas que precisam ser respondidas nestes casos e que
não dependem somente do conhecimento do uso do
osciloscópio.

152
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Transmissores de TV analógica
A diferença básica entre um transmissor que
trabalha com sinais de áudio somente e um que trabalha
com a transmissão de sinais de vídeo é a faixa de
frequências de modulação. O transmissor de vídeo
trabalha com sinais numa faixa muito mais larga, que
corresponde justamente ao sinal de vídeo e o sinal de
áudio, conforme mostra a figura 8.

Figura 8 – O espectro de um sinal de vídeo de TV


analógica

A verificação de um transmissor deste tipo pode


ser feita da mesma forma como descrevemos na análise
das etapas de um televisor, com a diferença que o sinal na
saída do aparelho tem muito maior intensidade. Também

153
Newton C. Braga

podemos usar um elo de captação para verificar a presença


deste sinal, sempre lembrando que o circuito deve estar
apto a responder as elevadas frequências do sinal. Desta
forma, para o canal 2, o osciloscópio deve ser capaz de
visualizar sinais até 60 MHz para que tenhamos uma ideia
do que se passa num transmissor de vídeo.

Conclusão
Operar com sinais de RF de transmissores e um
osciloscópio envolvem alguns cuidados especiais. Além
das providências envolvidas temos a própria frequência
elevada. Desta forma uma ponta indevida para o
osciloscópio ou ainda um cabo ou conexão deficiente
podem deformar o sinal a ser analisado.
As pontas usadas devem ser de baixa capacitância
e o acoplamento deve ser feito sempre de modo que não
haja interação entre os circuitos, ou seja, que o
osciloscópio não carregue o circuito analisado, ou que o
descasamento de impedância afete a forma do sinal
analisado.

154
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

A própria potência das etapas também consiste


num perigo, principalmente nos equipamentos valvulados
onde tensões muito elevadas podem estar presentes. Antes
de ligar o osciloscópio a qualquer ponto de um
transmissor, verifique qual é a ordem de grandeza da
tensão de RF presente e mesmo de polarização da etapa.
Parta sempre da posição máxima atenuação no controle de
sensibilidade. Se operar com tensões elevadas certifique-se
do isolamento de todos os pontos do circuito de medida.
Dê preferência as provas que não necessitam de conexão
direta ao osciloscópio nos circuitos de altas frequências,
pois elas são sempre mais seguras e têm menor
possibilidade de carregar os circuitos analisados.

155
Newton C. Braga

156
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Desmagnetizando
Cinescópios

Em determinadas condições, quando componentes


associados ao cinescópio ou mesmo campos magnéticos
intensos atuam sobre o monitor, problemas na pureza das
cores por magnetização podem ocorrer. Como proceder
neste caso e como desmagnetizar um cinescópio é o que
veremos neste artigo.
Nota: este artigo é de 1999 quando eram ainda
usados os cinescópios em monitores e televisores. O artigo
vale como referência para quem deseja reparar ou
recuperar um equipamento da época.
Os mesmos problemas que aparecem nos
televisores em cores podem afetar também os cinescópios
dos monitores de vídeo, isso porque seus princípios de

157
Newton C. Braga

funcionamento são os mesmos. Um problema que pode


aparecer nos monitores de vídeo é o relacionado com a
pureza das cores onde manchas na ausência de imagens ou
mesmo distorções geométricas podem aparecer. Quando
notarmos este tipo de problema, conforme mostra a figura
1, isso pode ser devido a magnetização.

O feixe de elétrons que incide na tela do cinescópio


de um monitor de vídeo pode ser facilmente desviado por
campos magnéticos, afetando assim o seu ponto de
incidência e causando os problemas indicados. Se partes
do cinescópio ou do monitor forem magnetizadas, a
alteração da orientação do feixe pode ser permanente
causando os inconvenientes citados.

158
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Diversas são as causas da magnetização de um


cinescópio, tais como:
a) Quando o monitor for transportado de um local
para outro ou simplesmente movimentado pode haver a
influência de campos externos que acabam por magnetizar
seu cinescópio.
b) Descargas elétricas próximas durante
tempestades produzem fortes pulsos eletromagnéticos
(EMP), capazes de magnetizar cinescópios. Os pulsos
produzidos por uma descarga muito forte têm os mesmos
efeitos dos pulsos eletromagnéticos que são gerados por
uma explosão nuclear.
c) Pequenos imãs permanentes como aqueles
usados nos porta-clipes ou mesmo imãs de geladeiras,
movimentados nas proximidades de um monitor podem
ser responsáveis por problemas de magnetização, veja a
figura 2.

159
Newton C. Braga

Um simples porta-clipes deixado junto a um


monitor pode causar uma alteração permanente da pureza
das cores. Alto-falantes pesados (de potência) como
encontrados em caixas de som multimídia, se muito
próximos dos monitores podem ser causa de problemas.
d) Cabos de energia ou de sinal de que sejam
percorridos por correntes altas e que passem muito
próximos dos monitores de vídeo podem gerar campos
magnéticos intensos capazes de causar problemas.

Como proceder
Os aparelhos que utilizam cinescópios (tubos de
raios catódicos), tais como os televisores e monitores de

160
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

vídeo, possuem circuitos desmagnetizadores internos que


podem ser acionados quando o problema é detectado.
Quando ligamos um monitor ou televisor, o circuito de
desmagnetização atua por alguns instantes. Se o problema
for grave, este tempo é insuficiente para haver alguma
correção, e ele persiste. Assim, num caso como este, pode-
se tentar ligar e desligar o monitor seguidamente por ciclos
de aproximadamente 1 minuto ligado, 20 a 30 minutos
desligado, diversas vezes. Este intervalo de tempo longo
entre desligar e ligar novamente deve-se ao fato de que o
circuito de desmagnetização existente nos monitores
utiliza um PTC que reduz drasticamente a corrente uma
fração de segundo após o aparelho ser ligado, isso pelo seu
próprio aquecimento.

Na figura 3 temos o circuito típico de


desmagnetização de um monitor de vídeo comum. Assim,
ele só pode entrar em ação num segundo ciclo de

161
Newton C. Braga

desmagnetização depois de esfriar completamente, daí a


necessidade de se esperar o tempo indicado. Se isso ainda
não resolver o problema de pureza da imagem, pode-se
utilizar uma bobina desmagnetizadora comercial. Estas
bobinas são formadas por algumas centenas de espiras de
tio esmaltado numa forma de 15 a 30 cm de diâmetro, de
modo que ela possa ser aproximada do cinescópio com
problemas.
A bobina é alimentada pela rede de energia e tem
um interruptor para seu acionamento. A utilização da
bobina exige alguns cuidados. Devemos movimentá-la
vagarosamente diante da tela do monitor ao mesmo tempo
que a mantemos acionada. Não devemos, de forma alguma
movimentá-la muito rápido, pois isso pode ter efeito
inverso ao esperado: aumentar a magnetização em lugar de
diminuir. Para desligar a bobina, a afastamos devagar até
uns 2 metros da tela do cinescópio com problemas, e só
então a desligamos. O movimento lento é importante, pois
como a bobina é alimentada pela rede de energia, se a
desligarmos num pico de corrente ou ainda mudarmos de
posição muito rapidamente, "congelamos" o efeito
provocando magnetização em lugar de desmagnetização.

162
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Na falta de uma bobina desmagnetizadora, qualquer


dispositivo que produza um campo magnético alternado
intenso pode ser usado com a mesma finalidade, lar como
apagadores de filas, transformadores com o núcleo aberto,
solenoides, etc. No entanto, como os campos de tais
dispositivos podem ser restritos a áreas menores, o tempo
de desmagnetização pode ser maior.

Efeitos colaterais
Boa parte das informações que você usa no seu
computador está na forma magnética no disco rígido e nos
disquetes. Isso significa que, usando desmagnetizadores,
tome cuidado para não afetar estes meios. Se bem que
nunca tenhamos ouvido falar de que alguém tenha
"apagado" a winchester ao desmagnetizar um monitor, não
custa tomar cuidado. Não aproxime a bobina
desmagnetizadora muito da unidade de sistema ou de
disquetes quando estiver trabalhando. E para evitar que o
problema da magnetização volte, não deixe qualquer tipo
de imã permanente nas proximidades do seu monitor.
Instale os alto-falantes do sistema multimídia pelo menos

163
Newton C. Braga

a meio metro do monitor para evitar a influência do campo


magnético de seus imãs permanentes.

Montando uma bobina


desmagnetizadora
Para um efeito de desmagnetização razoável
recomenda-se uma bobina capaz de produzir um campo
magnético de pelo menos 100 amperes voltas.

Na figura 4 temos uma bobina desmagnetizadora


que pode ser montada pelo leitor na falta de uma
comercial. Esta bobina é enrolada numa forma de 30 cm
de diâmetro com 2 cm de altura aproximadamente, e foi
projetada para funcionar na rede de 220 V. Nesta forma

164
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

vão ser enroladas 800 voltas de fio esmaltado de 0,7 mm


de diâmetro. O fio deve ser enrolado cuidadosamente de
modo que o conjunto tenha uma seção aproximada de 30 x
20 mm. Uma vez que o carretel esteja enrolado, podemos
blindá-lo melhor usando fita adesiva que será enrolada de
modo a formar um toroide. Esta bobina será alimentada
por um cabo de 2 a 3 metros de comprimento, que será
ligado à rede de energia. Quando em funcionamento, a
corrente drenada pela bobina será de 1,5 a 2 ampères. A
resistência ôhmica será da ordem de 35 a 40 Ω e a
indutância de aproximadamente 0,4 H. Para a rede de 110
volts devemos enrolar na mesma forma 450 espiras de fio
de 0,8 mm de diâmetro. Existe uma alternativa
interessante que consiste em enrolar 150 espiras de fio de
0.8 mm, que será alimentada por um transformador de 12
V x 5 A.
Para usar o desmagnetizador, passe-o diante da tela
do cinescópio vagarosamente durante alguns minutos, num
movimento constante, como se fosse feita uma "limpeza" e
ele fosse uma esponja. O monitor deve estar ligado.
Observe os eleitos do campo magnético produzido pela
bobina desmagnetizadora. Este movimento deve ser feito

165
Newton C. Braga

com o desmagnetizador a alguns centímetros da superfície


da tela do cinescópio. Ao terminar de usar o
desmagnetizador afaste-o lentamente até uma distância de
uns 2 metros da tela e depois desligue sua alimentação.

Vida útil de um cinescópio de


monitor
Corno no caso dos televisores, os monitores de
vídeo têm um desgaste progressivo e um dos pontos
críticos é justamente o cinescópio. Com o tempo a emissão
eletrônica fica reduzida e o próprio fósforo que recobre a
tela tem sua capacidade de produção de luz diminuída.
Costuma-se indicar a vida útil de um cinescópio pelo
tempo médio entre os quais ocorrem as falhas: MTBF
(Mear Time Refere Failure). Para um monitor de vídeo os
tempos médios de vida indicados pelos fabricantes para os
cinescópios são de 30 000 a 60 000 horas. Na prática, um
monitor pode funcionar sem problemas entre 10 000 e 15
000 horas antes de seu cinescópio ter seu brilho reduzido
para aproximadamente metade do original. Para que o
leitor tenha uma ideia do que significa isso, trabalhando 8

166
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

horas por dia teremos uma média de 3000 horas por ano, o
que representa uma durabilidade da ordem de 3 a 5 anos,
tipicamente. O que se faz quando o brilho do cinescópio é
reduzido pelo tempo de uso é compensar isso pelos
ajustes. se bem que haja um limite. Nos televisores é
comum o uso dos "recondicionadores de cinescópios", que
são muito usados pelos técnicos que trabalham com
televisores "cansados". Para os cinescópios de monitores
de vídeo, se bem que em princípio os recondicionadores
possam funcionar, prolongando por algum tempo sua vida

167
Newton C. Braga

168
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Medidas Combinadas CC e
CA com o Osciloscópio
Este artigo faz parte de um antigo livro que
fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.
Uma característica importante do osciloscópio
como instrumento de medida é que ele permite a
realização de medidas simultâneas (mesmo para o caso do
simples traço). Isso ocorre, por exemplo, no circuito da
figura 1, onde podemos ao mesmo tempo medir a tensão

169
Newton C. Braga

de base do transistor e a amplitude do sinal CA que é


aplicado na etapa amplificadora.

Figura 1 – Medida simultânea AC/DC

O sinal visualizado no osciloscópio e o mostrado


na figura 2.

Figura 2 – Sinal visualizado

Para termos este sinal, procedemos da seguinte


forma:

170
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

a) Colocamos a chave seletora na posição DC (na


posição AC a componente DC seria cortada e o sinal
alterado seria alinhado com a' referência GND).
b) Escolhemos a posição apropriada da chave
Volts/div que permita uma visualização cômoda do sinal.
Veja que partimos do sinal de referência (linha horizontal)
alinhado com a referência na tela e não mexermos no
posicionamento vertical.
c) Fazemos a leitura da amplitude do sinal
alternado e da componente contínua, baseado: na
referência de chave Volt/div.
Se a amplitude do sinal CA for muito menor do
que amplitude da tensão contínua, a visualização
simultânea não poderá ser feita. Isso ocorre porque se
aumentarmos o ganho, por exemplo, para a, amplitude
menor do componente CA, o desligamento do sinal DC
fará com que a imagem saia da tela. Por outro lado, com
um ganho suficiente para observar o sinal DC não teremos
a visualização do sinal CA, (figura 3).

171
Newton C. Braga

Figura 3 – Observando antes o sinal DC

Como devemos proceder num caso como este?


a) Em primeiro lugar ajustamos a imagem para
realizar a imagem da componente contínua com a chave
seletora na posição DC e o ganho de acordo com a
intensidade do sinal.
b) Posicione o sinal de modo a termos a melhor
leitura, levando em conta a referência.
c) Depois, passamos a Chave seletora para a
visualização de sinais CA (CA GND-DC). Nesta posição,
a componente contínua do sinal é eliminada e o sinal
alternado será centralizado. (figura 4)

172
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 4 – Visualizando a componente AC

d) Passamos então a chave que seleciona o ganho


apropriado Volts/div para a observação e medida da
amplitude da componente alternada.
Nos dois casos, a chave da base do tempo deve
selecionar a melhor visualização de alguns clocks do sinal.

173
Newton C. Braga

174
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Como Fazer Medidas de


Frequência com o
Osciloscópio

Este artigo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.
As medidas de frequência e fase terão precisão que
dependem do processo utilizado e o alcance dependerá da

175
Newton C. Braga

resposta do osciloscópio usado. Lembramos que existem


osciloscópios mais sofisticados em que a medida de
frequência é feita automaticamente por um circuito
separado e que projeta na tela o valor numérico desta
grandeza além de outras. É claro que, num caso como este,
os ensinamentos dados nesta lição servem apenas como
curiosidade. Como, entretanto, a maioria dos osciloscópios
é do tipo simples, sugerimos que o leitor leia com atenção
esta lição.

Medida direta da frequência


Para medir a frequência de um sinal, não
importando sua forma de onda, o primeiro passo consiste
em se obter o sinal na tela do osciloscópio. Para isso
atuamos tanto sobre o controle de sensibilidade,
escolhendo uma posição da chave (Volts/Div) que forneça
boa imagem e depois sobre a base de tempo
(tempo/divisão) na forma calibrada (Uncal desligado) para
termos alguns ciclos do sinal na tela. Supondo que a chave
da base de tempo esteja na posição de 1 ms/div (1
milissegundo por divisão), isso significa que temos

176
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

condições de medir o tempo de um ciclo completo do


sinal. Na figura 1 o sinal senoidal analisado ocupa em cada
ciclo 2 divisões.

Figura 1 – Visualização de um sinal para medida


de frequência

Esta é uma condição em que temos uma frequência


exata.
Se o sinal não ocupar um número exato de
divisões, devemos atuar sobre o posicionamento
horizontal, de modo a levar o início de um ciclo tomado
como referência, coincida com um traço vertical também
tomado como referência, conforme mostra a figura 2.

177
Newton C. Braga

Figura 2 – Visualização de um sinal de 714 Hz

Depois verificamos quantas divisões ocupa o ciclo


completo. No nosso exemplo, temos aproximadamente 1,4
divisões por ciclo. Multiplicamos então o número de
divisões pelo valor selecionado na chave seletora da base
de tempo. No caso da figura 1 temos 2,0 ms e na figura 2
temos 1,4 ms. A frequência do sinal será então obtida pela
fórmula:

Onde:
f é a frequência
T e o período medido no osciloscópio
Para 2 rns (10-3 segundos), temos:

178
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

f = 1/2 x 10-3
f = 103/2
f = 500 Hz
Para 1,4 ms temos f: (1/1,4) x 103
F = 0,714 x103
F = 714 Hz
Evidentemente, a precisão na leitura de uma
frequência dependerá da leitura que fazemos. Desta forma,
se pudermos visualizar um ciclo ocupando o maior
número de divisões possíveis teremos uma precisão maior
na leitura. A posição da chave seletora tempo/div deve ser
tal, que tenhamos poucos ciclos completos no sinal da tela,
(figura 3).

Figura 3 – Menos ciclos visualizados facilitam a


medida

179
Newton C. Braga

E claro que isso não vai ser possível quando


trabalharmos com sinais de frequências muito altas, no
limite da capacidade de operação do osciloscópio

180
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Análise do Separador de
Sincronismo com o
Osciloscópio

Este artigo faz parte de um antigo livro que


fizemos (década de 70) cujo tema central era o uso do
osciloscópio em equipamentos de TV e vídeo analógico da
época. O livro não tem grande utilidade atualmente, a não
ser para os leitores que desejam recuperar um
equipamento antigo como um televisor, VCR ou câmera
para poderem usar em alguma aplicação específica.
Também é importante pela finalidade didática, pois analisa
os circuitos de vídeo analógico daqueles equipamentos.

181
Newton C. Braga

O separador de sincronismo
Após a separação dos sinais de vídeo e áudio no
final da etapa de FI de um televisor, temos de obter os
sinais de sincronismo tanto vertical como horizontal. Na
figura 1 mostramos onde estes sinais estão localizados
dentro do sinal mais amplo de vídeo.

Figura 1 – Os sinais de sincronismo dentro do


sinal de vídeo

Este circuito consiste num filtro que separa os


sinais de baixa frequência de 60 Hz dos sinais de alta
frequência de 15 750 Hz da varredura horizontal. Estes
sinais servem para controlar os respectivos circuitos de
deflexão. Na entrada do circuito separador de sincronismo,
devemos visualizar a forma de onda que contém as duas
componentes (vertical e horizontal). No circuito indicado,

182
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

a amplitude em cima do sinal é de 4,5 V o que permite


utilizar uma escala de sensibilidade relativamente baixa do
osciloscópio na análise. Na figura 2 temos as formas de
onda visualizadas no circuito tomado como exemplo.

Figura 2 – Formas de onda no circuito tomado


como exemplo

A maioria dos diagramas de televisores fornecem


estas formas de onda o que facilita bastante o trabalho do
técnico reparador. A ausência de sinais ou mesmo a
deformação do sinal neste ponto indica que devemos
verificar as etapas anteriores. Após o transistor já temos a
separação dos dois sinais com as formas de onda indicada
na figura 3.

183
Newton C. Braga

Figura 3 – Os pulsos de sincronismo separados

O componente horizontal de 15 750 Hz vai para as


etapas de deflexão horizontal que a componente de 60 Hz
para as etapas verticais. Dada a operação com sinais de
relativamente baixa frequência e pequena intensidade os
ajustes e recursos usados no osciloscópio não são difíceis.
Na figura 4 mostramos como fazer estes ajustes para as
medidas e visualizações das formas de onda indicadas.

184
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 4 – Ajustes para visualização do sinal

A garra de terra é ligada ao negativo da fonte e a


ponta é ligada aos pontos onde desejamos visualizar a
forma de onda. A varredura do osciloscópio deve ser
ajustada para uma base de 0,5 a 1 ms que permita a
observação em pormenores das frequências indicadas.
Para o sinal de 60 Hz é interessante usar a varredura de 20
ms. Evidentemente se o osciloscópio tiver o disparo
interno próprio para operação com TV, conforme já vimos

185
Newton C. Braga

é um recurso encontrado nos tipos indicados aos


reparadores, estas funções devem ser usadas.
Os sinais destas etapas devem excitar as seguintes
de maneira apropriada sem o que não teremos sincronismo
ou mesmo deflexão conforme o caso.
Analisamos as etapas separadamente:
a) Deflexão horizontal
Na figura 5 temos um circuito típico de um
televisor transistorizado de etapa de saída horizontal.

Figura 5 – Etapa de saída horizontal

186
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

A primeira etapa é um oscilador gatilhado, ou seja,


um oscilador que opera sincronizado com o sinal do
separador, de modo a haver coincidência das linhas
obtidas na transmissão com as linhas que devem ser
reproduzidas em posição. As formas de onda nos diversos
pontos da primeira etapa são mostradas na figura 6.

Figura 6 – Formas de onda nos diversos pontos

187
Newton C. Braga

O sinal obtido não é muito agudo e de intensidade


relativamente pequena podendo ser facilmente visualizado
no osciloscópio. Uma deformação neste sinal ou perda de
intensidade devido a problemas na etapa pode significar a
perda do sincronismo horizontal, conforme sugere a figura
7.

Figura 7 – Deformação do sinal

Os pulsos de sincronismo horizontal obtidos nesta


etapa passam por um segundo circuito que modifica sua
forma, tornando-os mais agudos, conforme mostra a figura
8.

188
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 8 – Circuito que altera os pulsos de


sincronismo tornando-os mais agudos

Finalmente temos a etapa de impulsão do sinal que


deve excitar a saída horizontal. Estas etapas, driver e saída
são mostradas na figura 9.

Figura 9 – Etapa impulsora e driver

189
Newton C. Braga

O diagrama tomado como exemplo é tradicional


usando transistores comuns.
Existem aparelhos em que as diversas etapas
podem estar contidas num único chip, ficando apenas as
funções de potência com transistores. Temos também o
caso em que até as funções de potência já estão incluídas
no chip, o que pode dificultar o acesso a diversos pontos
onde seja interessante observar as formas de onda. O
importante é que na saída horizontal teremos pulsos
agudos. de grande intensidade. No nosso circuito, a
amplitude destes pulsos chega aos 500 volts, conforme
mostra a figura 10.

Figura 10 – Pulsos de alta tensão na saída do


transistor

190
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Para visualização destes pulsos o técnico deve


tomar cuidado escolhendo a faixa apropriada de
sensibilidade, de modo a não ter problemas de sobrecarga
dos circuitos de entrada de seu aparelho. A visualização
dos pulsos de saída horizontal permite realizar um bom
diagnóstico de problemas neste circuito. Vejamos como
proceder a análise de defeitos tomando por base as formas
de onda nesta etapa:
A amplitude do sinal obtido nesta etapa determina
a largura da imagem, pois influi diretamente na deflexão.
Na figura 11 temos um oscilograma que mostra a condição
em que o sinal está normal e que tem amplitude
insuficiente ou deformação que causa falta de largura
(estreitamento) da imagem.

191
Newton C. Braga

Figura 11 – Pulsos com amplitude insuficiente


causam o fechamento da imagem

Se o capacitor na base do transistor Q18 apresentar


um problema de abertura, por exemplo, a forma de onda
poderá ser alterada no ponto indicado na figura 12.

192
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura12 – Alteração causada por problemas no


capacitor

Na figura 13 temos o padrão normal e a


deformação que ocorre por problemas no capacitor.
Modificações na amplitude e formas de ondas dos
sinais das diversas etapas indicam problemas com os
componentes os quais devem ser verificados pelos meios
tradicionais. Uma vez acompanhadas as formas de onda
até a etapa em que a anormalidade aparece, usamos o
multímetro inicialmente para medir tensões 'nos elementos
ativos (válvulas e transistores). A partir dessas medidas
chegamos então aos componentes que apresentam
problemas.

193
Newton C. Braga

Figura 13 – Sinal normal e deformado

É importante observar que nesta etapa


encontramos o setor de Muito Alta Tensão (MAT) do
televisor, onde a análise das formas de onda com o
osciloscópio deve ser feita somente se dispusermos de
ponta especial. Como em geral, os problemas podem ser
observados por outros meios, o osciloscópio não é tão
usado após o transformador de saída horizontal (flyback).
b) Deflexão vertical
Na figura 14 temos um circuito típico de etapa de
processamento vertical de sinal em um televisor
transistorizado.

194
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 14 – Etapa de deflexão vertical

Esta etapa tem por elemento final o Yoke que é


uma bobina de deflexão. Esta bobina cria o campo
magnético que deflexiona o feixe de elétrons no sentido de
abrir a imagem no sentido vertical. A forma de onda do
sinal nesta bobina determina a linearidade da imagem e a
sua amplitude determina a altura, conforme sugere a figura
15.

195
Newton C. Braga

Figura 15 – Sinal no Yoke

Analisamos o funcionamento das etapas do


televisor que tomamos como exemplo, lembramos que em
muitos aparelhos modernos estas funções são disponíveis
num único circuito integrado ou mesmo em poucos
integrados. A primeira etapa também consiste num
oscilador gatilhado, normalmente sendo usado um
multivibrador astável onde o disparo externo é ajustado
por meio de um potenciômetro que deriva parte do sinal de
sincronismo, do separador de sincronismo. As formas de
onda deste oscilador são mostradas na figura 16.

196
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 16 – O oscilador gatilhado

Como necessitamos de um sinal dente-de-serra


para a deflexão, podemos retirá-lo do emissor do
transistor, conforme mostra o diagrama. Veja que as
alterações nos componentes' deste circuito podem afetar
tanto a amplitude da antena como a forma de onda o que
será facilmente visualizada no osciloscópio. Uma
deformação afeta a linearidade vertical, conforme mostra a
figura 17 e uma alteração na amplitude pode modificar a
altura da imagem.

197
Newton C. Braga

Figura 17 – Perda da altura pela deformação e


perda da amplitude do sinal vertical

O sinal obtido nesta etapa precisa ser linearizado


ao máximo nas etapas seguintes que também aumentam
sua intensidade a ponto de ele poder excitar a bobina
defletora (yoke). Um tipo importante de circuito de saída
vertical a ser considerado é o mostrado na figura 18 que
não usa transformador.

198
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 18 – Saída vertical sem transformador

Seu princípio de funcionamento é o mesmo das


etapas de saída em simetria complementar usada em
amplificadores de áudio. Da mesma forma que
anormalidade de funcionamento da etapa de áudio produz
distorções do som, uma anormalidade desta etapa produz
distorções na imagem. Por exemplo, se um do
transformador de saída apresentar problemas, abrindo,

199
Newton C. Braga

temos o preenchimento de apenas metade da tela, (figura


19).

Figura 19 – Problema que causa corte da imagem

Se um dos diodos de polarização da etapa entrar


em curto temos uma distorção que influi na imagem. O
osciloscópio permite visualizar as deformações das formas
de onda, tomando-se por base sempre o que é apresentado
no diagrama original do fabricante. O importante para o
técnico que usa o osciloscópio é saber interpretar as
formas de ondas obtidas comparando-as com as originais.
Para isso damos algumas informações importantes sobre
estas interpretações:
- Amplitude menor que a esperada, porém forma
de onda mantida.
Neste caso podemos suspeitar debaixo ganho de
componentes, ou ainda problemas de tensão de

200
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

alimentação da etapa mais baixa que a normal. Verifique o


ganho de transistores e meça as tensões no circuito.
Verifique também se a intensidade do sinal. na entrada do
circuito é suficiente para sua excitação. O problema pode
vir da etapa anterior.
- Amplitude menor e distorção do sinal
Devemos verificar os componentes de polarização,
medindo as tensões nos diversos componentes da etapa.
Também devemos suspeitar de capacitores com fugas ou
com valores alterados.
- Amplitude mantida em sinal distorcido
Este problema pode ser causado por espiras em
curto em bobinas, capacitores alterados ou com fugas.
Capacitores abertos no circuito de desacoplamento ou
mesmo filtragem podem alertar as formas de onda num
circuito.
- Ausência de sinal
Componentes em curto ou totalmente abertos
podem impedir a passagem do sinal uma etapa. Um
transistor em curto ou um capacitor aberto causam estes
problemas. Medidas de tensão detectam problemas com

201
Newton C. Braga

transistores, mas no caso de capacitores devemos verificar


a presença do sinal antes e depois do capacitor.

202
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Manutenção de Monitores
de Vídeo

A fonte de alimentação
As fontes de alimentação dos monitores de vídeo
são semelhantes às encontradas em televisores,
computadores e muitos outros equipamentos modernos.
Neste artigo o leitor aprenderá detalhadamente como elas
funcionam e inclusive como fazer o diagnóstico dos
problemas que normalmente ocorrem com seus circuitos.
Também veremos algumas configurações mais comuns em
monitores atualmente em funcionamento, e como proceder
nos seus casos específicos.

203
Newton C. Braga

Fontes lineares
Os aparelhos mais antigos como televisores e
outros utilizavam fontes do tipo linear. Nestas fontes, cujo
circuito básico é mostrado na figura 1, temos uma etapa
retificadora, outra de filtragem e um circuito regulador
linear que se comporta como um resistor variável ou
reostato. Neste circuito, o transistor Q 1 controla a corrente
na saída.

De acordo com as variações da tensão de saída, um


circuito sensor "diz" ao regulador como sua resistência
deve mudar, aumentando ou diminuindo, de modo a agir
sobre o circuito de carga compensando as variações de
tensão, desta forma, a tensão no circuito de carga pode ser
mantida com boa precisão. Embora este tipo de circuito
funcione bem e ainda seja usado em muitas aplicações

204
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

práticas, ele possui alguns "defeitos" importantes. Um


deles é que a tensão do circuito é dividida entre o elemento
regulador, normalmente um transistor de potência, e a
carga. Isso significa que o transistor regulador estará sendo
percorrido sempre por uma corrente intensa e submetido a
uma tensão que varia, dissipando assim muita potência na
forma de calor. O rendimento deste tipo de regulador é,
portanto, baixo, com perdas que podem se tornar grandes
em circuitos que exigem altas correntes. O segundo
problema está no próprio custo do circuito, que exige a
utilização de transistores de potência com altas
capacidades de dissipação e ainda empregando grandes
dissipadores de calor. O uso de grandes dissipadores de
calor traz ainda um outro problema adicional: o circuito
deve ocupar muito espaço e ser bem ventilado. Para
superar estes problemas, os equipamentos de consumo que
exigem potências elevadas passaram a utilizar um outro
tipo de fonte de alimentação que se mostra muito mais
eficiente.

205
Newton C. Braga

Fontes chaveadas ou comutadas


As fontes chaveadas, comutadas ou do inglês
SMPS (Switched Mode Power Supply), são fontes que
controlam a tensão numa carga abrindo e fechando um
circuito comutador de modo a manter, pelo tempo de
abertura e fechamento deste circuito a tensão desejada.
Para entender como isso é possível, partimos do diagrama
de blocos da figura 2.

Nele, temos um transistor que funciona como uma


chave controlando a tensão aplicada no circuito de carga.
Este circuito é ligado a um oscilador que gera um sinal
retangular, mas cuja largura do pulso pode ser controlada
por um circuito sensor. Se o tempo de condução do
transistor for igual ao tempo em que ele permanece
desligado, ou seja, se ele operar com um ciclo ativo de

206
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

50%, na média a tensão aplicada na carga será de 50% da


tensão dos pulsos, conforme ilustra a figura 3.

Se a tensão na carga cair, por uni aumento de


consumo, por exemplo, isso é percebido pelo circuito
sensor que, atuando sobre o oscilador, faz com que seu
ciclo ativo aumente. Nestas condições, a tensão aplicada
aumenta para compensar a queda. Podemos assim,
controlar a tensão na carga variando a largura do pulso que
comanda o transistor comutador. Este processo de controle
é denominado PWM (Pulse Width Modulation) ou
Modulação Por Largura de Pulso e tem várias vantagens
quando é usado numa fonte deste tipo. A mais importante
é que o transistor que controla a corrente na carga
funciona como uma chave, e, portanto, ou está desligado
(corrente nula), ou está ligado (corrente máxima). Ocorre
que, quando o transistor está desligado, com a corrente
sendo nula não há dissipação de calor; e quando ele está

207
Newton C. Braga

ligado, sua resistência é mínima, quase zero, e da mesma


forma, não há dissipação de calor. Se o transistor fosse um
comutador ideal apresentando resistência nula quando
ligado e infinita quando aberto, e ainda comutasse
instantaneamente, a dissipação de calor nele seria nula, ou
seja, não haveria nenhuma perda de energia ou geração de
calor na fonte. Entretanto, isso não acontece na prática:
além de não ter uma resistência nula ao conduzir, o
transistor demora um certo tempo para comutar, com um
comportamento que é dado pela forma de onda da figura 4.

Temos então que, durante o tempo em que a


corrente demora para ir de zero até o máximo e vice-versa,

208
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

o transistor passa por um estado "intermediário" em que


energia é transformada em calor. Isso quer dizer que,
mesmo as fontes comutadas geram calor, mas ele é muitas
vezes menor do que nas fontes comuns lineares. Nos
monitores de vídeo, as fontes comutadas podem usar
transistores bipolares de potência, Power-FETs e até
mesmo SCRs. Estas fontes se caracterizam pelo seu alto
rendimento, não necessitando de grandes dissipadores de
calor e podendo fornecer toda energia que os circuitos de
um monitor precisam para o funcionamento normal.

Circuito de uma fonte de monitor


Para que o leitor se familiarize melhor com uma
fonte de monitor de vídeo, vamos analisar de forma
completa o funcionamento de algumas encontradas em
monitores comerciais. Começamos pela fonte do Samsung
Syncmaster 3, que é dos mais populares em nosso país e
que é mostrada na figura 5. Uma característica importante
deste tipo de fonte é que ela não faz uso de
transformadores de força como as antigas fontes lineares.
Estes transformadores, além de serem componentes

209
Newton C. Braga

pesados, são caros, aumentando de custo e peso em função


da potência que devem ter. Na entrada temos uma série de
componentes de proteção e filtragem que merecem ser
analisados. Para a proteção temos o fusível (FH601), que
deve abrir quando algum problema no circuito fizer a
corrente se elevar para além dos limites admissíveis. Em
seguida, encontramos uma rede de indutores (LF 601) e
capacitores em série e paralelo (C 602, C603) com a
alimentação formando um conjunto de filtros passa-baixas.

210
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

A finalidade destes filtros é evitar que o ruído


gerado pela fonte passe para a linha de alimentação,
podendo afetar outros aparelhos. O que acontece é que a
comutação de alta potência do transistor da fonte chaveada

211
Newton C. Braga

gera uma grande quantidade de ruídos que podem se


propagar pela linha que alimenta o circuito. Os sinais de
alta frequência produzidos pela fonte são desviados para a
terra, enquanto a tensão de alimentação de baixa
frequência (60 Hz) passa normalmente pelo circuito. O
leitor pode comprovar facilmente a presença dos ruídos
gerados pelos circuitos de um monitor aproximando dele
um rádio AM sintonizado fora de estação. Conforme pode
ser percebido, os ruídos chegam a alcançar frequências de
muitos megahertz.
Neste setor temos a bobina de desmagnetização
(D-COIL), que é acionada em série com um PTC (PTC 601).
O próximo bloco é o de retificação e filtragem. A
retificação é feita por uma ponte com quatro diodos (D 601,
a D604). Na saída desta ponte temos um grande capacitor
eletrolítico de 2 200 µF/400 V (C 604), o qual faz a
filtragem da corrente retificada para a alimentação das
etapas seguintes. Ao falarmos em segurança destacamos
este capacitor, que pode armazenar cargas perigosas, se
bem que na maioria dos circuitos existe um resistor de
valor conveniente ligado em paralelo, o qual garante que,
depois de poucos minutos de desligado o monitor, o

212
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

capacitor esteja totalmente descarregado. De qualquer


forma é conveniente verificar sempre este capacitor, pois
se o resistor abrir ou ainda dessoldar acidentalmente do
circuito, a carga pode ser suficiente para dar um choque
bastante perigoso.
A tensão com que se carrega este capacitor é a
tensão de pico da rede de energia, o que pode atingir algo
perto de 154V na rede de 110V e o dobro na rede de
220V. A seguir, temos um bloco de controle que tem por
base um circuito integrado oscilador (IC 601), cuja
frequência ou largura de pulso pode ser controlada
externamente. Este circuito integrado é quem controla o
funcionamento da fonte, determinando a largura do pulso
gerado na saída e, portanto, a tensão de saída. A saída
deste circuito integrado é ligada à comporta de um
transistor de efeito de campo de potência SSH6N80 (Q 602
de 6 A x 800V) que faz o chaveamento da corrente
principal. Em alguns circuitos, em lugar do transistor de
efeito de campo de potência, pode ser usado um SCR ou
mesmo um transistor bipolar de alta potência. Em todos os
casos, como esse componente controla a corrente principal
do circuito alimentando o primário de um transformador

213
Newton C. Braga

com núcleo de ferrite (T601), a montagem dele é feita num


radiador de calor.
Esta montagem em radiador de calor e a presença
do capacitor de filtro que vem a seguir tornam fácil a
identificação deste componente nas fontes de alimentação.
Como o circuito opera numa frequência relativamente alta,
entre 50 kHz e 200 kHz para as fontes comuns, pode-se
usar um transformador bastante compacto para trabalhar
com potências elevadas e reduzidas perdas. De fato, este
transformador é muitas vezes menor do que aquele
necessário para manusear a mesma potência a partir da
frequência da rede de energia usando o tipo convencional
laminado ou mesmo o toroidal. Neste transformador
encontramos diversos enrolamentos que proporcionam
diversas tensões (16 V, 35 V, etc) e correntes necessárias
às diversas etapas do circuito do monitor de vídeo.
Nos computadores encontramos este mesmo tipo
de configuração, mas com a diferença de que temos no
transformador apenas enrolamentos de baixa tensão (5 e
12 v) com alta corrente, e estes enrolamentos são
totalmente isolados da rede de energia. Nos monitores de
vídeo encontramos enrolamentos com tensões mais altas e

214
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

variadas além de que não são isolados do circuito de


entrada, o que faz justamente com que eles se mantenham
"vivos", como já foi discutido nos problemas de segurança
da lição anterior. Observe que estes enrolamentos são
aterrados da mesma forma que os componentes de
controle do primário. Num dos enrolamentos do
secundário deste transformador é que encontramos o
circuito sensor que regula a tensão deste tipo de fonte. O
tipo mais comum de circuito sensor para a regulagem da
tensão é o que faz uso de um acoplador óptico (OP 601), de
acordo com o diagrama. Neste circuito, a tensão de um dos
enrolamentos secundários de T601 é retificada por D618 e
filtrada por C626, alimentando um LED infravermelho que
está embutido num acoplador óptico (OP601), excitando um
fototransistor.
Desta forma, a condução do fototransistor vai
depender do brilho do LED, o qual por sua vez, depende
da tensão de saída da fonte. Se a tensão de saída se alterar,
o LED muda sua intensidade de emissão e o fototransistor
"sente" isso, modificando, então, seu estado de condução.
O fototransistor está justamente ligado na entrada de
controle do oscilador (IC601) através de R601, modulando a

215
Newton C. Braga

largura dos pulsos que ele produz, e com isso


compensando as variações da tensão de saída. Em alguns
casos, como não é necessário haver isolamento entre o
circuito de saída e o circuito sensor, um divisor de tensão
formado por componentes comuns pode ser encontrado
nesta função, aplicando um sinal de correção da tensão ao
oscilador diretamente a partir de sua saída.
As tensões para alimentação das demais etapas do
monitor são obtidas de diversos enrolamentos que
possuem diodos retificadores (D619, D620, D621 e D622) com
os respectivos capacitores de filtro (C 626, C627, C629, C631 e
C632). Os capacitores de menor valor, como o C 630, ligados
em paralelo com os eletrolíticos, desacoplam a
componente de alta frequência da fonte chaveada, já que
os eletrolíticos são indutivos e podem com isso representar
problemas para os circuitos alimentados, quando mais
críticos. O único ajuste desta fonte é justamente o da
tensão de saída feito no trimpot VR601. Outros
componentes que merecem destaques nesta fonte são os
diodos "damper" (amortecedores) D607 e D608, que evitam
problemas de comutação de uma forte carga indutiva, tal

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

como o enrolamento do transformador, e que poderiam ser


perigosos para o transistor Q602.

217
Newton C. Braga

Observe que Q602 já possui um diodo de proteção


interno, mas nem sempre ele é suficiente. Q603 juntamente
com D613 formam a fonte que alimenta o circuito integrado
oscilador, depois que ela entra em funcionamento. Uma
segunda fonte que podemos analisar corno exemplo é a do
monitor Tatung CM-1498V/1496V/1492V, que é
mostrada na figura 6. Esta fonte utiliza o mesmo tipo de
etapa de entrada com filtros (L801, L803, C801, C802, C803),
fusível (F801) e ponte retificadora (D802). Na saída da ponte
identificamos R804, que consiste num fusistor, como
proteção adicional para a fonte.
Os capacitores de filtro são C804 e C805 que têm
resistores (R806 e R807) em paralelo para evitar que se
mantenham carregados quando o aparelho é desligado. Os
dois capacitores em série são justificados pela necessidade
de se comutar a tensão de entrada pela chave S 802 que os
conecta em duas configurações diferentes, conforme a
entrada. Isso não ocorria no monitor do exemplo anterior,
que operava com faixa de tensões única. O chaveamento
do transistor de potência Q804 (2SK538) é feito pelo
circuito integrado UC-3842. A regulagem da tensão é feita
pelo sinal do enrolamento do transformador ligado a

218
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

D807/D809, tendo por ajuste o trimpot R815. Neste circuito,


para esta finalidade não é usado acoplamento óptico. Os
díodos amortecedores para esta fonte são D803 e D804.
Na saída da fonte lemos tensões de 90 V e 18 V
que são usadas para os demais blocos do monitor L 802 e
L804 funcionam como filtros para estas tensões juntamente
com os capacitores C817 e C81. Destacamos ainda neste
circuito L991 que é a bobina desmagnetizadora alimentada
pelo PTC R803 em série com o diodo D801.

219
Newton C. Braga

Fault Timer
Nos dois circuitos observamos a presença de SCRs
(IC602 na figura 5 e Q802 na figura 6). Estes componentes
são a base do que se denomina "fault timer circuit”.
Quando uma carga indutiva muito grande como, por
exemplo, o enrolamento do transformador, é comutada,
podem ocorrer picos muito altos de corrente que fazem
com que a fonte não sendo capaz de fornecer, manifeste
uma queda de tensão acentuada. Esta queda de tensão
pode levar o oscilador a um colapso com a inoperância da
fonte. Para evitar isso, quando o fault timer sente a queda
de tensão devido a este problema, ele comuta e aplica uma
tensão maior no oscilador de modo a manter o circuito em
funcionamento pelo tempo que ele precisa para se
recuperar. As fontes de alimentação dos monitores de
vídeo podem estar montadas na própria placa principal em
que ficam os demais circuitos, ou também em placas
separadas.

220
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Reparando circuitos de fontes


Os técnicos reparadores de monitores de vídeo não
terão muitas dificuldades com os problemas que ocorrem
com as fontes chaveadas desses equipamentos, o já que,
como vimos, elas são bastante semelhantes às dos
televisores comuns e mesmo dos próprios computadores.
O que muda são as tensões. Até os componentes usados
são os mesmos. A análise de um problema em uma fonte
começa com a verificação do fusível de proteção,
lembrando que sua queima nem sempre indica que o
defeito está na própria fonte. Se um dos circuitos
alimentados, principalmente as etapas de potência da saída
horizontal, tiver um problema de excesso de corrente, é o
fusível da fonte que abre, normalmente, para proteger o
circuito. Age também, como elemento de proteção o
fusistor encontrado em alguns circuitos. Assim, um dos
procedimentos importantes para verificar se o problema é
realmente da fonte ou do circuito horizontal (ou de outro),
consiste em se desligar momentaneamente a linha de
alimentação dos circuitos horizontais tirando algum
componente que esteja em série com eles e verificar se ao

221
Newton C. Braga

recolocar o fusível, a fonte volta a funcionar apresentando


saída normal de tensão. Lembramos aos leitores que um
fusistor é um resistor colocado deliberadamente em série
com um circuito e que tem uma montagem como a
mostrada na figura 7.

Em caso de curto-circuito ou aumento excessivo da


corrente, devido a alguma falha importante, o resistor se
aquece o suficiente para que a solda de um dos seus
terminais derreta. O resultado é que este terminal se solta e
a sua montagem numa lâmina que funciona como uma
mola faz com que ele desligue, abrindo o circuito. Se,
mesmo com o circuito externo não alimentado e o fusível
recolocado, a fonte não funcionar ou ele voltar a queimar,
é sinal que o problema é dela. Se o fusível queimar, o
primeiro suspeito é o transistor de potência, que pode estar
em curto. Um FET de potência em curto num circuito

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

como o de uma fonte em que ele comuta o enrolamento de


baixa resistência de um transformador representa um
curto-circuito geral para a fonte. O técnico deve retirar o
FET de potência do circuito e testá-lo. Os FETs de
potência não são críticos e o técnico pode contar com uma
grande variedade de tipos para substituição. Desde que a
resistência Rds do substituto seja igual ou menor que a do
original, que a tensão entre dreno e fonte (Vds) seja igual
ou maior que a do original e o mesmo sendo válido para a
corrente, a troca pode ser feita.
Se o transistor estiver bom, deve-se procurar curtos
em outros componentes da fonte como, por exemplo,
algum diodo da ponte ou ainda o capacitar eletrolítico. Se
o fusível não queimar ao ser colocado, mas também não
houver tensão de saída, podemos agora suspeitar de que o
setor oscilador não está funcionando. Devemos verificar as
alimentações desse setor e se na saída do circuito
integrado existe o sinal de controle para o transistor.
Finalmente, se o circuito estiver oscilando com um sinal
de potência aplicado ao transformador e ainda assim o
circuito não tiver tensão de saída, devemos analisar os
componentes do setor depois do transformador. Nestes

223
Newton C. Braga

casos, também não devemos esquecer as possibilidades de


que:
- Não haja tensão de alimentação porque o cabo de
entrada se encontra interrompido.
● Componentes do setor de filtro podem abrir,
principalmente indutores que tenham terminais
oxidados, interrompendo assim a circulação da
corrente.
● Capacitores de desacoplamento, filtro e outras
funções podem-entrar em curto por diversos
motivos, levando á abertura do fusível,
● O próprio transformador pode apresentar
problemas como espiras em curto ou enrolamentos
abertos afetando o funcionamento desta etapa.
De uma forma geral, o diagnóstico dos problemas
pode ser feito com base tanto nas medidas de tensão dos
seus diversos pontos como também da observação das
formas de onda.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

O Procedimento para
Descobrir o Estado de uma
Válvula

Com o crescente interesse pelos toca-discos de


vinil e recuperação de equipamentos valvulados, os
leitores me escreveram para que eu preparasse um artigo
específico para se verificar se uma válvula está boa ou não
através de testes simples. Pois bem, neste artigo estamos
dando algumas dicas interessantes (*).
(*) O leitor pode encontrar mais na nossa seção de
válvulas (V) e de instrumentação (como testar válvulas).
Evidentemente, o teste mais simples que podemos
fazer é o da continuidade do filamento, para o qual usamos
um multímetro ou um provador de continuidade ou ainda o

225
Newton C. Braga

de curtos entre elementos com os mesmos instrumentos.


Mas, as válvulas são diferentes dos transistores e circuitos
integrados, pois elas enfraquecem perdendo a emissão ou
ainda suas características levando-as à queima quando
entra ar. A emissão das válvulas exige o emprego de
aparelhos especiais, como o mostrado na figura 1, que
além de não muitos comuns atualmente, eventualmente
custam caro. É claro que sempre se pode encontrar uma
barganha como o da foto que está sendo vendido por US$
9,99 quando escrevemos este artigo.

Figura 1 – Um teste de válvulas – encontrado à


venda na Internet

226
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Mas existem algumas dicas interessantes que


podem ser aproveitadas por quem não tem muitos recursos
de instrumentação e que permite saber se uma válvula está
ou não boa através da aparência.

Sinais de que a válvula não está boa


a) Filamento
O primeiro sinal mais evidente é de que ela deve
acender quando o aparelho está ligado. O filamento deve
estar aquecido e com isso brilhar com luz avermelhada. Se
o filamento permanecer apagado e a válvula fria é sinal de
que ela está queimada. Mas, cuidado, alguns aparelhos têm
os filamentos das válvulas ligados em série de modo que
se uma delas queima as outras também apagam, assim
devemos verificar uma por uma e aí entra em ação o
multímetro. Quando as retirar do soquete para teste tome
cuidado de colocar cada uma em seu lugar, pois elas são
diferentes. Uma troca impede o funcionamento do
aparelho e o que é pior, por causar sua queima. Nos casos
em que não é possível ver o filamento, pois ele está
escondido dentro de um catodo, podemos saber que ele

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Newton C. Braga

está funcionando, pois a válvula estará quente. Cuidado


para não queimar os dedos. As válvulas funcionam em
temperaturas que facilmente superam os 100º C.
b) Getter
O getter é um revestimento interno da válvula cuja
função é absorver o oxigênio residual que fica em seu
interior quando ela é fabricada. A válvula funciona com
vácuo em seu interior e se houver resíduo de oxigênio na
sua fabricação, seu funcionamento é afetado. O getter fica
normalmente na parte superior da válvula ou nas partes
laterais, dependendo do tipo. Numa válvula boa o getter
tem uma cor que vai da púrpura, escuro brilhante ou
mesmo prateado conforme mostra a figura 2.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

Figura 2 – O getter numa válvula boa

Se entrar ar, por exemplo, por uma rachadura no


vidro ou defeito de vedação a cor do getter vai mudar e ele
se torna branco, como mostra a válvula da figura 3. Esta
válvula não pode ser mais usada.

229
Newton C. Braga

Figura 3 – Válvula com ar

c) Fugas
Um tipo de fuga ocorre quando notamos um brilho
purpura em torno de elementos da válvula. Isso pode
ocorrer numa válvula com defeito.

d) Avermelhamento de placa
Muitos amplificadores de alta potência possuem
válvulas que operam com tensões muito altas e correntes
igualmente elevadas. As válvulas de saída nestes
amplificadores, quando sobrecarregadas apresenta um

230
Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

avermelhamento de suas placas, ou seja, os eletrodos de


placa ou anodo aquecem de takl maneira que brilham com
luz avermelhada (figura 4).

Figura 4 – Avermelhamento de placa -


sobreaquecimento

Além de diminuir a vida útil da válvula temos a


sobrecarga dos circuitos. O avermelhamento da placa
indica problemas da polarização da válvula, o que deve ser
verificado com a análise do circuito.

231
Newton C. Braga

Testes dinâmicos
Uma válvula pode apresentar um enfraquecimento
sem sinais visuais como os indicados acima. Neste caso, se
ela estiver num amplificador podemos notar perda de
potência, distorções etc. De fato, o que diferencia as
válvulas dos semicondutores é que elas são amplificadores
lineares de tensão, mas na verdade não são tão lineares
como poderíamos esperar. Fenômenos como a emissão
secundária, o enfraquecimento pode levá-las a distorção e
isso deve ser levado em conta por quem deseja recuperar
um bom amplificador antigo ou mesmo um rádio. Muitos
amplificadores e rádios apresentam em seus diagramas
valores das tensões que devem ser encontradas nas
válvulas. Essas tensões também podem ser encontradas
nos manuais de válvulas.
Assim, se os componentes de polarização de uma
válvula num circuito estiverem bons e eles podem ser
testados, pois são resistores. Se as tensões de alimentação
(+B) estiverem corretas, uma medida anormal pode indicar
um problema com a válvula. Por exemplo, se válvula
estiver polarizada para conduzir uma pequena corrente em

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

funcionamento (Classe B) por exemplo, em série com o


resistor de anodo (placa) ele forma um divisor de tensão.
Assim, uma variação da tensão de anodo, por exemplo,
para mais, pode significar uma diminuição da condução da
válvula. Isso pode ser sintoma de que esta válvula está
enfraquecida (figura 5)

Figura 5 – tensão de placa alterada

É claro que, neste caso a análise precisa implicar


na posse do diagrama. No entanto, se o recuperador ou
reparador desconfiar da válvula, teste antes os
componentes à sua volta e meça as tensões de alimentação
da etapa. Se tudo estiver em ordem e o circuito apresentar

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Newton C. Braga

baixo ganho, distorções ou ainda falta de oscilação há uma


grande possibilidade de que a válvula seja a responsável,
mesmo que não apresente sinais visíveis de que tem algum
problema. Voltaremos a tratar do assunto em novos
artigos.

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Como Funciona – Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos

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