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Iniciativa da CNI - Confederação

Nacional da Indústria
Iniciativa da CNI - Confederação
Nacional da Indústria

I
SÉRIE METALMECÂNICA

DESENVOLVIMENTO
DE SISTEMAS
..
MECANICOS
.,,
DE PRECISAO
VOLUME 1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmera/do Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecn o logia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI - Departamento Nacional

Rafael Esmera/do Lucchesi Ramacciotti


Diretor Gera 1

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Iniciativa da CNI - Confederação
Nacional da Indústria
© 2017. SENAI - Departamento Nacional

© 2017. SENAI - Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância .

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


1novação e Tecnologias Educacionais - ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491d
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Desenvotvimento de sistemas mecânicos de precisão / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional da
Bahia. - Brasília; SENAI/DN, 2017.
120 p.: il. - (Série MetaJmecânica, v. 1).

ISBN xxxx

1. Engenharia mecan1ca. 2 . Mecânica de precisão. 3. Elementos


de máquina. 4. Planejamento. 1. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. li. Departamento Nacional. Ili. Departamento Regional da
Bahia. IV. Desenvolvimento de sistemas mecânicos de precisão. V. Série
Metalmecânica.

CDU: 621.82

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília - DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http:// www.senai.br
Lista de iIustrações
Figura 1 - Li d era nça ..................................................................................................................,....................................... 17
Figura 2 - Com porta mento do Iíder ....................................................................................................................,...... 19
Figura 3 - Características de um líder.................................................................................,.................................,...... 20
Figura 4 - Composição dos grupos .....................................................................................,.................................,...... 21
Figura 5 - Coordenação de equipes ...................................................................................,....................................... 22
Figura 6 - Órgãos e instituições relacionados ao curso de Mecânica de Precisão ..............................,...... 23
Figura 7 - Concepção de projeto .........................................................................................,....................................... 27
Figura 8 - Gestão de custos i ntegrados .............................................................................,....................................... 28
Figura 9 - Custo fixo ...................................................................................................................................................,...... 30
Figura 1O- Custo variável ........................................................................................................................................,...... 31
Figura 1 1 - Custos p ri m ári os ........................................................................................................................................ 32
Figura 12 - Custo de transformação ...................................................................................,.................................,. ..... 32
Figura 13 - Custo de mercadoria .........................................................................................,....................................... 33
Figura 14 - Visão geral do gerenciamento dos custos do projeto ...........................,.. ......................................35
Figura 1 5 - Diagrama do fluxo de dados do processo .................................................,.......................................37
Figura 16- Orçamento: entradas, ferramentas e técnicas e sa ídas ........................,.......................................38
Figura 1 7 - Gerenciamento dos custos do projeto .......................................................,.................................,...... 39
Figura 18 - Como formar preço ............................................................................................,.......................................41
Figura 19- Boa negociação exige cooperação mútua ......................................................................................45
Figura 20 - Boa negociação exige ser claro e objetivo ................................................,. ......................................45
Figura 21 - Boa negociação exige um planejamento ..................................................,.......................................46
Figura 22 - Boa negociação exige determinação ························································••o••··························· ........47
Figura 23 - Boa negociação exige empatia ......................................................................,.......................................47
Figura 24 - Boa negociação exige confiança ...................................................................................................,......48
Figura 25 - Empreender é assumir riscos calculados ..........................................................................................48
Figura 26 - Microscópio confocal ........................................................................................,.................................,...... 53
Figura 27 - Morsa de precisão ...............................................................................................,.................................,...... 54
Figura 28 - Mecanismo de relógio de pulso analógico ......................................................................................55
Figura 29 - Mecanismo de g1uindaste ................................................................................ u • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •, •••••• 55
Figura 30 - Jogo de ferramentas de relojoeiro ...............................................................,. ......................................56
Figura 31 - Lupa de relojoeiro ......................................................................................................................................57
Figura 32 - Relógio comparador com resolução de 0,0005 mm (0,5 µm).............,.................................,...... 58
Figura 33 - Micrômetro digital com resolução de 0,0001 mm (0,1 µm) ................,.......................................58
Figura 34- Espremedor de laranja ......................................................................................,....................................... 59
Figura 35 - Mecanismo de abertura e fechamento de porta de ônibus ...............,.................................,...... 60
Figura 36 - Mecanismo pneumático de abertura e fechamento de porta de ônibus .......................,......61
Figura 3 7 - Acionamento de escavadeira .........................................................................,.................................,...... 61
Figura 38 - Dispositivo de abertura e fechamento de porta de ônibus .......................................................62
F.1gura 3 9 - conJun
· to mecan1c
" · o d e precIsao
· - ....................................................................1••·················••·••········••1••···· 64
Figura 40 - Motor a combustão .................................................................................................................................. 64
Figura 41 - Montagem pino e furo de precisão .....................................................................................................65
Figura 42 - Diferença entre sistema furo-base e sistema eixo-base ..............................................................67
Figura 43 - Simulação de uma linha de produção com robôs e humanos ..................................................68
Figura 44 - Aspectos relacionados à manufatura digital ...................................................................................69
Figura 45 - Troca de dados e tradução de uso dos mesmos .............................................................................71
Figura 46- Meios para agregar valor ao produto aplicando manufatura digital. .....................................73
Figura 47 - Sequência 3DP do projeto ,à inspeção final, imagem do ciclo RP ............................................74
Figura 48- Peças fabricadas por manufatura aditiva ..........................................................................................76
Figura 49 - Módulo em CAD para impressão 3D ..................................................................................................77
Figura 51 - Fatiamento do modelo para cálculo do tempo de impressão ..................................................78
Figura 50- Peça modelo orientada e posicionada e configuração de suporte .........................................78
Figura 52 - Otimização dos resultados pós-fatiamento do modelo ..............................................................79
Figura 53 - Metodologia convencional de desenvolvimento de produtos e por meio de otimização
topológica ....................................................................................................................................................82
Figura 54 - Processo de desenvolvimento do conceito de um produto utilizando otimização
topológica ....................................................................................................................................................84
Figura 55 - Utensílios fabricados em ferro fundido .............................................................................................86
Figura 56 - Chapas de aço para utilização industrial ...........................................................................................88
Figura 57 - Tanques fabricados em aço inox ..........................................................................................................92
Figura 58 - Rodas automotivas ....................................................................................................................................95
Figura 59 - Parafuso para implantes dentários fabricados em titânio ..........................................................96
Figura 60 - Barras de Cobre ..........................................................................................................................................96
Figura 61 - Peças em WCu sinterizado ......................................................................................................................97
•Figura 62 - Peças em bronze ........................................................................................................................................98
Figura 63 - Objetos fei tos em material polimérico ..............................................................................................99
Figura 64- Protótipo de retrovisor a utomotivo em Cibatool ....................................................................... 102
Figura 65 - lnsertos de cerâmica para usinagem por torneamento ........................................................... 103
Figura 66 - Peça em metal duro ............................................................................................................................... 103
Figura 67 - Bancos de arquibancada fabricados em material compósito ................................................ 104

Gráfico 1 - Efeito dos custos associados a alterações de um produto ao !l ongo do seu projeto ......... 81

Q·uadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................ 14


Quadro 2 - Definições de gastos ..................................................................................................................................29
Quadro 3 - Comparativo de custos diretos x indiretos ........................................................................................30
Quadro 4 - Tipos de juntas mecânicas .......................................................................................................................63
Quadro 5 - Ajustes recomendados .............................................................................................................................66
Quadro 6 - Evolução da manufatura (4ª revolução industrial) ..........................................................................70
Quadro 7 - Reprojeto de componente por meio de otimização topológica ...............................................83
Quadro 8 - Resinas termorrígidas ............................................................................................................................. 101
Tabela 1 - Principais propriedades das fibras de vidro ..................................................,.................................... 1OS
Ta bela 2 - Propriedade da fibra aram ida ................................................................................................·········••n••· 1OS
1

Tabela 3 - Propriedade da fibra de carbono ......................................................................................................... 106


Sumário
1 1ntrod uçã o ................................................................................................................................ .,............................... ..,...... 13

2 Liderança ............................................................................................................................................................................ 17
2.1 Estilos de liderança 18
2.2 Tipos de liderança ....................................................................................................................................... 18
2.3 Características de liderança ............................................................................. .,........................................ 20
2.4 Coordenação de Equipes .................................................................................................................. "'...... 21
2.5 Atribuições do uso da profissão de técnico em mecânica de precisão .................................. 23

3 Programa de necessidades (concepção de projeto) ..................................................,........................................27


3.1 Estrutura de custos em projetos ............................................................................................................ 28
3.1.1 Classificação de custos ..................................................................... u 29
.....................................

3.1.2 Elementos que formam os custos ........................................................................................ 31


3.2 Planejamento de recursos ................................................................................................................. 34 u ......

3.2.1 Entradas da estimativa dos custos ....................................................................................... 36


3.3 Orça menta ................................................................................................................ ...................................... 38
3.3.1 Entradas da orçamentação .................................................................................................... 39
3.3.2 Ferramentas e técnicas da orçamentação ........................................................................40
3.3.3 Saídas da orçamentação ................................................................... ......................................41
3.4 Método de custeio ······························································~·······························•1-••····························•IS!······41
3.4.1 Custeio por Absorção ..............................................................................................................42
3.4.2 Custeio variável .............................................................................................................................42
3.4.3 Custeio pleno ........................................................................................ .............................. ..,......42
3.4.4 Custeio baseado em atividades .............................................................................................42
3.5 Análise de investimento e tomada de decisão .......................................................................... 43 u ......

3.6 Técnicas de negociação........................................................................................ ......................................45


3.7 Gestão empreendedora ..................................................................................................................... ..,......48

4 Sistemas mecânicos de precisão (planejamento e preparação).......................... ..,....................................... 53


4.1 Conjuntos mecânicos ................................................................................................................................. 54
4.1.1 Características dos conjuntos mecânicos ................................,........................................ 54
4.1.2 Ferramentas ·······················································································•·r••·····································S6
4.1.3 lnstrume:ntos ....................................................................................... ,................................ 57 ei • • • • • •

4.1.4 Formas de Atuação ............................................................................................................ ~ ...... 59


4.1.5 Tipos de juntas ...................................................~ ................................................................ ~ ...... 62
4.1.6 Funções dos conjuntos mecânicos de precisão .................... ..,....................................... 64
4.1.7 Tolerância ............................................................... ................................,.................................,...... 65
4.1.8 Ajustes ........................................................................................................................................... 66
4.2 Manufatura digita 1.......................................................................................................................................68
4.2.1 Vantagens do uso da manufatura digital ..................................,.................................,...... 70
4.2.2 Dificuldades para implantação da manufatura digital. ................................................ 71
4.2.3 Normas relacio·nadas ...............................................................................................................72
4.2.4 Tendências .....................................................................................................................................72
4.2.5 Tecnologias relacionadas .......................................................................................................73
4.3 Manufatura aditiva ......................................................................................................................................75
4.3.1 Processo ........................................................................................................................................ 75
4.3.2. Etapas ...........................................................................................................................................76
4.3.3. Materiais ......................................................................................................................................79
4.3.4 Processo híbrido .........................................................................................................................80
4.4 OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA .....................................................................................................................80
4.4.1 Metodologia de desenvolvimento de um produto utilizando otimização
topológica ....................................................................................................................................84
4.5 Materiais e novos com pósitos ............................................................................................................... 86
4.5.1 Ferro fundido .............................................................................................................................. 86
4.5.2 Aços ................................................................................................................................................87
4.5.3 Ligas ferrosas rapidamente solidificadas .........................................................................93
4.5.4 Mate·riais não ferrosos ..............................................................................................................93
4.5.5 Metais leves .................................................................................................................................94
4.5.6 Materiais poliméricos ..............................................................................................................99
4.5. 7 Materiais cerâmicos ............................................................................................................... 102
4.5.8 Meta I duro ................................................................................................................................. 103
3.5.9 Materiais compósitos ........................................................................................................... 104

Referências ................................................................................................................................................................. 109


Minicurrículo dos autores 112
fnd i ce .............. ................................................. .... ........................ .............................. ................................................... 11 5
lntr

Prezado(a) aluno(a),

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industri al (SENAI) traz o
Livro didático de Desenvolvimento de Sistemas Mecânicos de Precisão, volume 1.

Em conformidade com o Itinerário Nacional de Cursos Técnicos do SENAI, este livro tem
como objetivo geral favorecer o desenvolvimento das capacidades técnicas, sociais, organi-
zativas e metodológicas, que permitam a atuação no desenvolvimento de projetos de acordo
com os procedimentos técnicos, princípios de qualidade, segurança, higiene e preservação
ambiental.

Esta unidade curricular está dividida em dois volumes. Neste primeiro volume, você vai co-
nhecer as atribuições do profissional em Mecânica de Precisão.

A partir dos próximos capítulos, você vai aprender sobre a estrutura de custos industriais
envolvidos no projeto, a formulação de orçamentos, a'l ém das técnicas de negociação. De ma-
neira aplicada, estudará sobre as características e funcionamento dos conjuntos mecânicos de,
precisão, conhecerá alguns processos de manufatura relaeiionados à área e também um pouco
sobre os materiais utilizados na fabricação dos sistemas e dispositivos de precisão.

Já no segundo volume, estudará sobre o desenvolvimento e formas de controle dos pro-


cessos de usinagem, aplicações na nanotecnologia, o fluxo dos sistemas CAD/ CAE/ CAM e os
processos especiais em usinagem de precisão.

A seguir, são descritos, na matriz curricular, os módulos e as unidades curriculares previstos


para o curso e as respectivas cargas horárias.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Técnico Mecânica de Precisão

CARGA CARGA HORARIA


MÓDULOS UNIDADE cu:RRICULAR
HORÁRIA DO MÓDULO

• Fundamentos de Mecânica 160h


Básico 320h
• Fundamentos de Usinagem 160h
• Processo de Fabricação CNC 160h
Específico 1
= '
'
320h
• Processo de Fabricação 160h
Convencional
~

• Automação de processo industriais 120h


Específico li • Manutenção de Máquinas e 320h
Equipamentos Mecânicos
200h

• Desenvolvimento de Projetos
Específico 111 320h 320h
Mecânicos
----'-----~-------~'

• Desenvolvimento de Sistemas
Específico IV 160h 160h
Mecânicos de Precisão

Total 1.440h
1

Quadro 1 - Matriz currlcu la r


Fonte: SENAI DN, 2016.

Durante nosso estudo, abordaremos assuntos que lhe permitirão desenvolver capacidades técnicas,
sociais, organizativas e metodológicas:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Agir de forma ética;

b) Comunicar-se, cooperar e interagir com auxiliares, colegas, superiores e outros profissionais do


seu campo de trabalho;

c) Treinar equipes de trabalho;

d) Analisar alternativas e tomar decisões na resolução de problemas que afetam atividades sob sua
responsabilidade ou que lhe são delegadas;

e) Analisar e propor alternativas de racionalização de recursos;

f) Possuir uma visão global e coordenada de todas as fases do processo, considerando conjunta-
mente os aspectos técnicos, organizativos, econômicos e humanos envolvidos;

g) Propor investimentos em modernização de equipamentos;


1 INTROOUÇAO •

h) Coordenar grupos de trabalho da empresa, identificando e resolvendo problemas e propondo


melhorias nos produtos e serviços;

i) Demonstrar atitude proativa e empreendedora, considerando riscos e adaptando-se às mudan-


ças tecnológicas, organizativas e profissionais;

j) Atuar em sintonia com os valores, as metas e as diretrizes da empresa;

k) Organizar o próprio trabalho de acordo com as diretrizes da empresa;

1) Analisar o processo e o local de trabalho.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Analisar a aplicabilidade de normas técnicas de qualidade, de saúde, de segurança no trabalho e


meio ambiente no projeto e na execução de elementos e conjuntos do projeto;

b) Analisar as etapas do desenvolvimento do projeto;

c) Analisar dados do processo de produção relativos a: tempos, métodos, qualidade, eficácia e


quantidade;

d) Analisar especificações de insumos e produtos;

e) Analisar funcionalidade do produto, processo e material;

f) Analisar manuais técnicos de elementos e dos conjuntos do projeto;

g) Aplicar critérios de controle dimensional e geométrico;

h) Aplicar normas técnicas e regulamentadoras pertinentes;

i) Avaliar o projeto considerando o processo produtivo;

j) Avaliar os esforços mecânicos ao qual o componente está submetido, bem como a vida útil do
mesmo;

k) Identificar o funcionamento de cada elemento e conjunto do projeto;

1) Identificar os possíveis pontos críticos das etapas do projeto;

m) Interpretar normas técnicas de elaboração de desenho técnico mecânico.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:

a) Consultar seu professor/ tutor sempre que tiver dúvida;

b) Não deixar as dúvidas para depois;

c) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo que você cumpra realmente;

d) Reservar um interv'alo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
Lide

A característica de liderança, comumente, é associada a pessoas que exercem cargos de


chefia, porém, para liderar um grupo, nem sempre é necessário ocupar cargos com superio-
ridade hierárquica, mas, possuir qualidades que estabeleçam confiança ao profissional, como,
respeito, credibilidade e carisma.

A figura do professor é um bom exemplo de liderança. Notou como quase toda a aula segue
o direcionamento dado por ele? É a partir de então que os alunos seguem um roteiro de ativi-
dades que propiciarão a interação entre o grupo e, consequentemente, o aprendizado.

Rgura 1 - Liderança
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

E você? Já se imaginou como um líder?

Saiba que, em seu futuro profissional, existirá grande possibilidade de que, em algum mo-
mento, você receba atribuições na área da Mecânica de Precisão em que sejam delegadas
responsabilidades para recomendar procedimentos e determinar a ordem de execução apro-
priada para determinadas atividades que envolvam alta precisão. Isto é assumir o papel de,
liderança e, para isto, é necessário conhecer os tipos de liderança e suas características. É o que,
veremos a partir de agora!
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

10
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Escola de Negócios da
Universidade de Stanford concluiu que a principal característica de bons
CURIOSIDADES líderes é o sentimento de culpa.
(Fonte: CORREIO DO BRASIL, 2015).

2.1 ESTILOS DE LIDERANÇA

A partir da avaliação das condições, situações e ambientes, Soto (2002) concebeu teorias que buscam
esclarecer a ação de liderar. Recorreremos a estas teorias para compreender os tipos de liderança que
levam em consideração variáveis, como situações e ambientes organizacionais. Vejamos cada uma dela.

a) Teoria situacional: indica que as circunstâncias é que devem direcionar o líder ao estilo de lide-
rança a ser seguido;

b) Teorias dos traços de liderança: afir,m a que são os traços físicos e pessoais que desenvolvem
características específicas dos líderes;

c) Teoria do carisma: afirma que a satisfação e o rendimento de uma equipe de trabalho estão di-
retamente relacionados à boa interação com a liderança, ou seja, quanto maior o carisma do líder,
melhores serão os resultados;

d) Teoria da liderança transacional: determina que o líder deva assumir o papel de negociador,
oferecendo compensações psicológicas ou materiais com o objetivo de motivar a equipe;

e) Teoria da liderança transformacional: indica que a confiança e o respeito à equipe são os gran-
des motivadores dos bons resultados.

Amplie seus conhecimentos a respeito dos estilos de liderança consultando a indica-


~ SAIBA ção a seguir: SOTO, E. Comportamento organizacional: o impacto das emoções. Tra-
~J MAIS dução técnica Jean Pierre Marras. São Paulo: Cengage Learning, 2002.

2.2 TIPOS DE LIDERANÇA

A forma de liderar está profundamente assocjada à personalidade do indivíduo, sendo assim, as carac-
terísticas pessoais podem influenciar na postura do líder diante do grupo de trabalho.

Por isso, ao assumir o papel de liderança, o profissional precisa definir como será seu comportamento
diante da clientela, da chefia, de fatores organizacionais, como metas ou procedimentos e, principalmente,
de seus subordinados.
2 LIDERANÇA •

Para isto, você precisa definir seu estilo de liderança . Mas, antes, é necessário conhecer as características
e personalidades dos principais estilos. Veja a seguir.

a) O liberal: durante o desenvolvimento das tarefas, possibilita que a equipe trabalhe com quase
total liberdade e, para isto, é importante um alto nível de amadurecimento, de forma que os co-
laboradores consigam autogerenciar suas atividades sem deixar de cumprir as metas estipuladas
no planejamento;

b) O democrático: ao adotar este comportamento, o líder compartilha suas responsabilidades com


a equipe de trabalho, de forma que ela contribua no planejamento e com propostas e sugestões,
inclusive na tomada de decisões;

c) O a utocrático: o líder é o centro das decisões, não solicita opiniões, dedica-se à realização das
tarefas, priorizando a economia de custos e o padrão de qualidade.

Fig ura 2 - Comportamentodo líder


Fonte: SH UTTERSTOC~ 201 7.

Algumas vezes, o líder pode mesclar os estilos de liderança, confor me a necessidade do momento,
1

entretanto, o tipo de liderança democrático tem sido o mais popular, pois pe1rmite mais podeir aos subor-
dinados. Mas é necessário cuidado ao adotá-lo, em algumas situações não será a solução ideal, pois pode
resultar em conflitos interpessoais.

( Í \ FIQUE O líder não é necessariamente o chefe. Um funcionário pode assumir uma função de
1

liderança em determinado trabalho por possuir mais experiência nas atividades a se-
~ALERTA rem desenvolvidas.

E agora, com o que você leu até aqui, acha que está mais preparado para assumir um cargo de lideran-
ça?
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

A seguir, descreveremos as principais características de um líder.

2.3 CARACTERÍSTICAS DE LIDERANÇA

No tópico anterior, estudamos alguns estilos de liderança, por isso, a partir de agora, ampliaremos nos-
sa percepção a respeito das características que devem ser adotadas para um melhor desempenho do líder
diante da sua equipe de trabalho. Veja a imagem a seguir.

10 PRINCIPAIS CARACTERiSTICAS DE UM BOM LiDER

o CRIATIVIDADE

• RESPEITO

O rncA
o FLEXIBILIDADE

o HABILIDADE

• DINAMISMO

• SENSIBILIDADE

o SABER OUVIR

o PERSUASÃO

G) VISÃO AMPLA

Figura 3 - Característ icas de um líder


Fonte: SENAI DR BA. 201 7.

Para cumprir as metas estabelecidas no p .lanejamento e alcançar resultados satisfatórios na instituição


em que se trabalha, o respeito e a admiração dos colaboradores em relação à liderança são metas a serem
alcançadas.

Para tanto, características como criatividade, respeito, ética, flexibilidade na tomada de decisões edis-
tribuição das tarefas, habilidade para lidar com situações críticas, dinamismo, saber ouvir, poder de persu-
asão 1, sensibilidade e visão ampla na condução da equipe são essenciais.

CASOS E RELATOS

Luciana sempre teve dificuldades de integração no ambiente de trabalho, pois, por ter parentesco
com um integrante da chefia, era tratada com certa hostilidade por parte de alguns colegas, que
acreditavam que ela não precisou se esforçar o suficiente para adquirir a vaga e que também não
recebia cobranças por parte da chefia.

1 Persuasão: poder de convenciment o, convicção.


2 LIDERANÇA •

A fim de resolver este conflito, o gestor resolveu redistribuir as tarefas de maior responsabilidade
entre todos os colaboradores para que eles pudessem demonstrar suas capacidades técnicas e com-
provar que não havia preferências, mas, sim, competência para atender às funções que lhe foram
desii gnadas.

O resultado foi apresentado em uma reunião mensal e as pessoas com melhor desempenho tiveram
seus trabalhos reconhecidos e foram devidamente bonificadas, inclusive Luciana, que se destacou
por sua atuação. A partir daquele momento, os colegas reavaliaram suas condutas e reconheceram
a competência da colega, que passou a ser bem recebida e respeitada em seu ambiente de trabalho.

Com esta atitude, o líder conseguiu fazer com que o grupo percebesse a importância de não julgar
sem antes avaliar as competências de cada colega.

2.4 COORDENAÇÃO DE EQUIPES

A partir de agora, estudaremos os requisitos necessários para coordenar uma equipe de trabalho, mas
você sabe quais as responsabilidades de um ,c oordenador de equipes?

Um coordenador precisa saber organizar os recursos disponíveis a fim de atender a um objetivo final,
sendo que, para isto, é importante saber avaliar a formação profissional de seus subordinados e também
ter boa percepção para atribuir as tarefas certas às pessoas certas.

Segundo Soto (2002), ao formar uma equipe de trabalho, é imprescindível agregar pessoas que tenham
interesses e metas em comum. Isso, certamente, facilitará o desenvolvimento das tarefas.

Figura 4 - Composiçãodosgrupos
Fonte: SENA! DR BA_ 2017.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

Na área de Desenvolvimento de Projetos Mecânicos, os membros de uma equipe interagem em busca


de soluções e do alcance das metas definidas pelo coordenador e pela organização em que trabalha.

Para tanto, a coordenação da equipe deve ser acompanhada e controlada durante todo processo e as
tarefas atribuídas à equipe devem ser condicionadas ao cumprimento de um cronograma de execução;
também é importante realizar reuniões com o grupo para dellinear melhorias nos procedimentos, sempre
, .
que necessano.

Para assumir a coordenação de uma equipe, é importante estar preparado para lidar com as diferenças
e agir como mediador em situações de conflito. Caso algum integrante da equipe cometa uma ação inade-
quada, deve ser repreendido com cautela de forma a não gerar constrangimentos.

A respeito da coordenação de equipes, Moura e Barbosa (2006) citam algumas recomendações para
que seja possível chegar a um trabalho satisfatório e eficiente nos grupos que desenvolvem projetos. Esses
fatores são conhecidos como os três C's da gestão de projetos, a comunicação, a cooperação e a coorde-
nação. Entenda melhor a seguir:

a) Comunicação: usar as novas tecnologias da informação e comunicação, como e-mail, salas de


discussão, sites da Internet, e muitas outras, a favor da agilidade de processos;

b) Cooperação: permite que cada colaborador pense também nas atividades e encargos dos co-
legas, objetivando colaborar na realização das tarefas daqueles que estejam com alguma dificul-
dade;
c) Coordenação: a coordenação de uma equipe ou entre equipes deve ser vista como um valioso
recurso de harmonização de esforços e não apenas como uma ação que recai excllusivamente
sobre aquele que tem a função de c,o ordenador da equipe (ou projeto).

Fig ura 5- Coord enação de equipes


Fo nte: SENA! DR BA, 2017.

Desta forma, percebemos a importância de associar a comunicação, a cooperação e a coordenação a


fim de organizar um ambiente de trabalho adequado e produtivo, onde todos contribuem para o bem da
2 LIDERANÇA •

instituição, estabelecendo-se, assim, a coordenação compartilhada, que alia os interesses e permite que
todos contribuam com propostas de soluções, tendo sempre um líder à frente para pôr ordem e adminis-
trar os recursos disponíveis.

Sabemos que nem todos possuem as características necessár,ias à liderança sobre as quais falamos,
no entanto, é importante que você busque aproveitar as oportunidades e assuma responsabilidades que
agreguem experiências para seu aperfeiçoamento contínuo nesta área.

Agora que estudamos sobre liderança, conheceremos as atribuições do uso da profissão de técnico em
mecânica de precisão.

2.5 ATRIBUIÇÕES DO USO DA PROFISSÃO DE TÉCNICO EM MECÂNICA DE PRECISÃO

Diante dos conteúdos já estudados, percebemos que existem atribuições para cada membro da equipe,
de acordo com suas especial idades e responsabilidades profissionais. Você sabe quais serão suas respon-
sabilidades depois da formação para Técnico em Mecânica de Precisão?

De acordo com o Catálogo Brasileiro de Ocupações - CBO (2016) e também com o Catálogo Nacional
dos Cursos Técnicos (2014), o técnico em mecânica de precisão pode ter as seguintes atribuições:

a) Indica os procedimentos e sequência adequada de atividades para desmontagem e, montagem


de sistemas mecânicos de alta precisão;

b) Planeja os processos de manutenção de máquinas e equipamentos de precisão;

c) Diagnostica as condições dos vários elementos de máquinas que compõem os sistemas de pre-
cisão;

d) Propõe processos de fabricação mecânica com tolerância dimensional adequada aos projetos de
máquinas, equipamentos e produtos de alta qualidade;

e) Re.aliza inspeção visual e testes em sistemas mecânicos de precisão;

f) Realiza inspeção visual e testes em instrumentos e equipamentos mecânicos, pneumáticos, hi-


dráulicos e eletromecânicos de máquinas;

g) Interpreta desenhos mecânicos.

Essas atribuições seguem a legislação definida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia -
CREA de cada estado, que está subordinado ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA.

'j
~ SISTEMA

1SENA/ ' FIEB


Federação das Indústrias do Estado da Bahia
CONFEA
·--. .
Figura 6 - Órgãos e instituições relacionados ao cu rso de Mecãnlca de Precisão
Fo nte: SENAI DR BA, 2016.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

(i\FIQUE Após a conclusão do curso, o Técnico em Mecânica de Precisão já pode se cadastrar


~ALERTA no CREA e solicitar o seu registro profissional.

Conforme Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos (2014) do Ministério da Educação, o profissional des-
ta área pode ser inserido em:

a) Indústrias de produtos alimentícios e bebidas;

b) Empresas que fabricam instrumentos médico-hospitalares;

c) Indústrias têxteis;

d) Indústrias de mater ial de transporte;

e) Indústrias de artigos de borracha e plástico;

f) Indústrias de produtos químicos;

g) Indústrias de mater iais compósitos;

h) Indústrias de mecânica e de transformação;

i) Indústrias de máquinas, equipamentos, aparelhos e imateriais elétricos;

j) lnd ústrias de equipamentos de instrumentação;

k) 1ndústrias aeroespaciais;

1) lnd ústria automobilística.

Diante das informações que vimos a respeito do técnico em mecânica de precisão, foi possível perceber
que, quando falamos em mercado de trabalho, a área de atuação do profissional em Mecânica de Precisão
é bastante vasta . Portanto, é importante investir em qualificação profissional para estar preparado para
aproveitar as oportunidades.
2 LIDERANÇA •

RECAPITULANDO

Neste capítulo, pudemos estudar a respeito de liderança e, para isto, abordamos a importância da
liderança para o bom desempenho das atividades corporativas.

Expomos e diferenciamos os estilos de atuação de um líder, indica mos as características desejáveis


ao comportamento de alguém que ocupe um cargo de liderança.

Demonstramos que o comportamento de liderança pode ser aprimorado ou mesmo aprendido, des-
de que além de recorrer a cursos voltados a este objetivo, o profissional também queira aproveitar as
oportunidades para o seu próprio crescimento.
Programa de necessidades
(concepção de pro· eto

Está lembrado das quatro fases de um projeto? São elas: concepção, planejamento, execu-
ção e fechamento, sendo que, em paralelo, não pode faltar o monitoramento e controle dessas
etapas. Então, vamos começar fazendo uma reflexão: você reuniu durante muito tempo uma
economia e agora está querendo construir uma casa, em qual momento você acha que gastará
mais? No planejamento da casa ou na hora de construir?

Ainda está em dúvida?

Pense o seguinte: vamos supor que, para tentar economizar o valor gasto com o arquiteto,
você resolva fazer tudo por conta própria. No meio da obra, você descobre que o solo não é
apropriado para a construção ou, simplesmente, que a parede está fora do prumo. Tudo isso
são problemas que irão aumentar ainda mais os custos da sua obra. E tudo isso porque não foi
feito um planejamento bem detalhado.

Portanto, invista o máximo de tempo e esforço que puder e faça uma boa concepção e pla-
nejamento do seu projeto, seja ele qual for.

Figura 7 - Concepção de proj eto


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Nesta unidade, vamos começar falando um pouco sobre os custos. Um assunto tão importante, mas
pouco valorizado por algumas empresas. Isso porque a visão que as empresas têm sobre custos ainda é
limitada, principa lmente no âmbito das micro e pequenas empresas.
Para boa parte destas empresas, o contador tem o papel de realizar apenas a contabilidade financeira e
de custos da empresa. Mas o que é contabilidade financeira e de custos?
A contabilidade financeira está condicionada às imposições legais e requisitos fiscais; a contabilidade
de custos analisa os gastos rea lizados pela empresa; existe, ainda, a contabilidade gerencial, que está vol-
tada para a administração de empresas, que participa do processo de tomada de decisões.
Pronto! Você teve uma visão inicial sobre a importância de planejar o seu projeto. Agora, verá o quanto
é importante gerenciar os custos. Mas, antes, que tal conhecer a estrutura de custos de um projeto?

3.1 ESTRUTURA DE CUSTOS EM PROJETOS

Em um mercado cada vez mais acirrado pela concorrência, onde a tecnologia e a informação andam em
alta velocidade, gerir os custos de uma empresa assume um papel importante, a ponto de determinar os
objetivos estratégicos das organizações. Justamente por isso, não estranhe se você se deparar com algum
contador dizendo que faz uma "gestão estratégica de custos". Éque, neste caso, o contador, que apenas fa-
zia a gestão contábil da empresa, passa a participar ativamente do processo de gestão, tomando decisões.
Pelo que já pudemos perceber, para que este cenário se consolide, é necessária uma mudança de men-
talidade da empresa de que a gestão estratégica dos custos não começa no contador, mas no acionista da
empresa, que precisa entender a importância deste investimento, uma vez que a contabilidade de custos
não significa somente gerir estrategicamente os custos.
Para ser mais específico, cada funcionário, tendo cargo de gestão ou não, precisa estar alinhado com
a gestão de custos. Com isso, a gestão de custos se integra aos novos modelos de gestão, como o da
qualidade e da produção. Essa integração pode garantir uma saída para um dos problemas comumente
encontrados para a implementação de uma gestão estratégica de custo na empresa: a operacionalização
1

da mesma.

Agura 8- Gestão de custos integrados


Fo nte : SENAI DR BA_ 2017.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

Para que se possa entender bem o conteúdo, é importante conhecer os termos usados e o significado
de cada um. Não será necessário se aprofundar muito, afinal de contas você não está em um curso de con-
tabilidade. Que tal começar pelo começo? Entender o que significa esse custo que tanto se comenta neste
assunto? Veja o quadro a seguir.

TERMO CONCEITO

Estes são sacrifícios que a entidade arca para a


obtenção de um bem ou serviço qualquer, é o
Gastos
termo genérico usado para representar um custo
ou despesa.
Gasto relativo a bens ou serviços utilizados na
produção de outros bens ou serviços.. Para ficar
bem claro, são os gastos que a empresa tem para
Custo
produzir um produto ou realizar um serviço, está
associado ao produto final da empresa. Exemplo:
mão de obra; aluguel da fábrica, matéria-prima.
São gastos que provocam redução do patrimônio,
não estão associados à produção de um produ-
Despesas
to ou serviço. Exemplo: impostos, comissões de
vendas.
São gastos com bens ou serviços que poderão dar
Investimentos
algum beneficio à empresa no futuro.
São gastos não intencionais decorrentes de fatores
Perda externos fortuitos ou da atividade produtiva normal
da empresa.
Tudo que a empresa arrecadou com a venda dos
Receita
seus produtos ou serviços.

Quadro 2 - Definlçõesde gastos


Fonte: SENAJ DR BA, 2017.

Agora, que você conheceu os principais termos de custos, vamos continuair estudando sobre a estrutu-
ra de custo. No próximo tópico, falaremos sobre como eles se classificam.

3.1 .1 CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

A depender da natureza dos gastos, podemos classificar os custos de várias formas. Suas principais as-
sociações são produto e volume de produção. Quando classificados de acordo com o produto, os custos
assumem as seguintes denominações:
a) Cust os diretos: são os que estão diretamente apropriados aos produtos (não necessitam de ra-
teio), bastando apenas uma medida de consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina).
Os custos diretos variam proporcionalmente à quantidade produzjda.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

b) Custos indiretos: são aqueles que, para serem apropriados aos produtos, necessitam da utiliza-
ção de algum critéri o de rateio. Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de superviso-
res.

Veja, no quadro, a seguir um comparativo do que seriam custos diretos e indiretos.

CUSTO DIRETO CUSTO INDIRETO

Consumo de açúcar em fábrica de doce /


Gastos com depreciação da fábrica /
Gastos com manutenção fabril /
Gastos com operários da linha de produção /
Gasto com supervisão da linha de produção /
Quadro 3- Comparativo de custos dlretosx indiretos
Fonte : SENAI DR BA, 2017.

Mas, afinal, o que é o rateio do qual falamos? Para entendermos melhor a noção de custo indireto, pre-
cisamos entender o que é um rateio.

O rateio é quando se atribui algum tipo de critério racional para distribuição das despesas de um pro-
duto. Vejamos um exemplo:

Você está dividindo um apartamento com um amigo, só que você passa 15 dias viajando a trabalho.
Enquanto que seu amigo não viaja, trabalha apenas um turno e vive trancado no quarto jogando vídeo
game. Ao final do mês, você dividiria (igualmente) a despesa de energia ou tentaria estabelecer algum
critério para ratear de forma justa essa despesa?

Quando classificados de acordo com o volume produzido, os custos assumem as seguintes denomina-
~

çoes.

a) Custos fixos: são aqueles cujo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Inde-
pendentemente do tempo e de qualquer volume de atividade da empresa, o custo com aquele
item não sofrerá alteração. Por exemplo, aluguel, seguro de fábrica, etc.

Figura 9 - Custo fixo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

b) Custos variáveis: são aqueles que variam proporciona l' mente ao volume produzido. Ou seja,
quanto maior a produção, maiores são os custos var'iáveis, Exemplo: 1m atéria-prima, embalagem.

Custos---....
Produção---

Figu ra 10 - Custovariável
Fonte: SENAI DR BA, 20 17.

Como foi visto, a classificação de um custo dependerá do interesse e da metodologia aplicada no con-
trole e gestão dos custos, podendo ser associada tanto ao produto e ao volume produzjdo, como foi exem-
plificado, como também aos contro'les exercidos sobre os custos, devido a alguma situação específica e em
função de comportamento do passado.

Assim sendo, as despesas podem ter sua classificação associadas da seguinte forma: ao volume pro-
duzido - despesas fixas e variáveis; aos controles exercidos pelos custos - controláveis e não controláveis;
a alguma situação específica - incrementais, de oportunidade, evitáveis, inevitáveis e empatados; e em
função do comportamento do passados - históricos, históricos corrigidos, correntes, estimados, padrão e
objetivos ou meta.

A energia elétrica pode ser classificada como custo direto (a energia usada na produ-
(i\ FIQUE ção), mas, na maioria das vezes, é considerada como custo indireto devido à dificul-
\.Jj'ALERTA dade de, medição do consumo por produto.

3.1.2 ELEMENTOS QUE FORMAM OS CUSTOS

Depois que você aprendeu a classificar os custos, é preciso conhecer quais os principais elementos que
compõem cada um deles. E conhecê-los é importante para que você calcule o preço justo do seu produto
ou serviço. E não para por aí, conhecer os elementos que formam os custos ajuda a conhecer melhor a
capacidade produtiva de sua empresa.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

Em relação ao custo do volume produzido, temos:

a) Material direto: o material que é incorporado ao produto ou utilizado como embalagem;

b) Mão de obra direta: o operário que trabalha diretamente no produto;

c) Custos indiretos de fabricação: todos os custos ligados à produção que necessitam ser ratea-
dos, como o aluguel da fábrica;

d) Despesas diversas: são gastos que não podem ser alocados para a produção do produto, como
as despesas administrativas.

Em relação ao custo do produto:

a) Custos primários ou diretos: seria a soma do material direto com a mão de obra direta. Ver
figura a seguir:

+
Figura 11 - Custos primários
Fonte: SENAI DR BA. 2017.

b) Custo de transformação: todos os gastos no processo de fabricação de um determinado item


(mão de obra direta mais os custos indiretos fabris). Não inclui matéria-prima e outros produtos
1

adquiridos prontos para consumo. Ver figura a seguir:

Figura 12 - Custo de transformação


Fonte: SH UTTERSTOCK_ 201 7.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

c) Custo de mercadorias (produtos ou serviço) vendidas: são as despesas represe,ntadas pela


saída de estoque da empresa para o comprador. Podendo ser calculado da seguinte forma: custo
dos produtos fabricados, mais estoque inicial de produtos acabados, menos estoque final de pro-
dutos acabados. Ver figura a seguir:

Figura 13 - Custo de merc.adorla


Fonte: SH UTTERSTOCK. 201 7.

d) Cust os int egrais ou plenos: todos os gastos (incluído custos e despesas) que as empresas têm
para a elaboração de um produto ou um serviço:
A estrutura de custos de um projeto envolve os principais custos necessários para a operacionalização
de suas ações. É considerada uma poderosa ferramenta de projetos, já que por meio de sua análise conse-
gue-se, por exemplo, estimar e gerenciar gastos, favorecendo decisões mais assertivas.
Quanto mais se conhecer e detalhar a estrutura de custo de um projeto ou de uma empresa, maior será
sua possibilidade de sucesso em ambos. Por exemplo: Você está querendo investir em uma franquia e, ao
analisar seu mercado, observa que é altamente volátil, oscilando em períodos bons e ruins. Certamente, se
sua estrutura de custo for predominantemente de custos fixos não será um bom negócio.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

3.2 PLANEJAMENTO DE RECURSOS

Até aqui você pôde observar a importância da estrutura de custos em um projeto e que, para gerenciar
estrategicamente estes custos, precisa-se de um planejamento eficaz dos recursos, ou seja, o sucesso de
um projeto deverá contemplar uma alocação correta de todos os seus recursos, sejam eles humano, ma-
terial e/ou financeiro. O planejamento dos recursos propiciará uma operacionalização de suas ações, sem
sustos, promovendo um cenário favorável para alcançar bons resultados.
O Project Management lnstitute (PMI) lançou um guia de padronização que abrange os principais as-
pectos contidos no gerenciamento de um projeto, o Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que
desde seu lançamento vem se firmando como uma referência na gestão de projetos.
Para o PMBOK, gerenciar os custos do projeto deve contemplar os processos envolvidos no planeja-
mento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de modo que o
projeto não saia mais caro do que foi previsto.
Como você pode ver na figura a seguir, a visão geral dos processos de gerenciamento dos custos do
projeto consiste em:
a) Planejar o gerenciamento dos custos: processo de estabelecer as políticas, os procedimentos e
a documentação para o planejamento, gestão, despesas e controle dos custos do projeto;
b) Estimativa dos custos: processo de desenvolvimento de uma estimativa de custos dos recursos
monetários necessários para terminar as atividades do projeto;
c) Orçamento: processo de agregação dos custos estiimados de atividades individuais ou pacotes
de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos autorizados;
d) Controle dos custos: processo de monitoramento do andamento do projeto para atualização
no seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base de custos.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

Visão geral do gerenciamento dos custos do projeto

7.1 Planej.aro gerenciamento dos custos 7.2 Estimar os custos 7.3 Determinar o orçamento

1. Entradas 1. Entradas 1. Entradas


.1 Plano de gerenciamento do projeto .1 Pl ano de gerenci amento dos custos .1 Pl ano de gerenciamento dos cus tos
.2 Termo de abertu ra do projet o .2 PI ano de gerenciamento dos r:e<:ursos .2 Linha de base do escopo
.3 Fatores a mbientais da empresa hu manos .3 Est imativas dos custos das atividades
.4 Ativos de processos o rganizacionais .3 Linha de base do escopo .4 Base das estimativas
.4Cronog rama do projeto .5 Cronograma do proj eto
2. Ferramentas etécnkas .5 Reg istro dos rl_scos .6 Ca lendário do recu rso
.1 Opinião especializada .6 Fatores am bientais da empresa .7 Registro dos rl_scos
.2 Técnicas analíticas .7 At ivos de processos o rganizacionais .8 Ac,o rdos
.3 Reu niões .9 Ativos de p rocessos organizacionais
2. Ferramentas e técnicas
3. Saldas .1 Opi nião especializada 2. Ferramentas e técnkas
.1 Plano de gerenciamento dos custos .2 Est imativa análoga .1 Ag regação de custos
.3 Esti mativa para métrica .2 Análise de reservas
.4 Esti mativa " butto m-up" .3 O pin ião especia lizada
.5 Est imativa de três po ntos .4 Relações históricas
7 .4 Controlar os custos .6 Anállsede reservas .5 Reconclllação dos llmltes de recursos
.7 Cus to da qualidade fi nanceiros
1 . Entrada,5
.8 Software de geren ciamento de p roj etos
.1 Plano de gerenciamento do projeto
.9 A náll se de pro posta de fo rne<:,edor 3. Saldas
.2 Requisi tos de recu rsos fi nanceiros do
.10 Té<:nlcasde tomadas de decisões e m .1 Linha de base dos custos
projeto
g rupo .2 Requisitos de recursos fi nanceiros do
.3 Dados de desem penho do trabalho
proje to
.4 Ativos de p rocesso organizacionais
3. Saldas .3 Atual lzações nos docume ntos do projet o
.1 Esti mativas de custos das atividades
2. Ferramentas eté<nlcas .2 Base das esti mativas
.1 Gerenciamento do valo r agregado
.3 Atua lizações nos documentos.dos
.2 Previsão projetos
.3 índice de desempenho para térm ino
(IDTI
.4 Análises de desempenho
.5 Software de gerenciamento de projetos
.6 Análise de reservas

3. Saldas
.1 Informações dobre o desempenh o do
trabalho
.2 Previsões de custos
.3 Sol !citações de mudança
.4 Atualizações no plano de gerenciamento
do projeto
.5 Atualizações nos documentos do pro jeto
.6 Atualizações nos ativos de processos
o rga nlzaclonals

Fig ura 14 - Visão geral d o gerencia mento dos custos do projeto


Fonte: GUIA PMBOK. (20-).
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

É justamente na fase de estimativa de custos que o planejamento de recursos se apresenta como um


requisito fundamental para sua execução. Isto porque é uma das entradas deste processo, ou seja, as in-
formações do planejamento de recursos vão fornecer informações importantes para que se possa estimar
os custos.

Mas, afinal, o que é a estimativa de custos?


Estimativa de custo é prever os recursos financeiros necessários para a execução do projeto. Esta previ-
são deve ser cautelosa e prever determinados riscos do projeto. No primeiro momento, a estimativa ainda
não é muito precisa e, por isso., se permite redefini-la na medida em que o projeto avança. Sua precisão
pode começar com 50% e terminar em menos de 5°/4.

3.2.1 ENTRADAS DA ESTIMATIVA DOS CUSTOS

As entradas advêm das saídas dos processos do projeto em outras áreas de conhecimento. Após serem
recebidas, todas essas informações ficarão disponíveis como entradas para os três processos de gerencia-
mento dos custos. As entradas da estimativa dos custos são:

a) Plano de gerenciamento dos custos: define como os custos do projeto serão gerenciados e
controlados. Ele inclui o método usado e o nível de precisão exigido para estimar o custo das
atividades;

b) Plano de gerenciamento de recursos humanos: fornece os atributos de recrutamento do pro-


jeto, índices de pessoal e reconhecimentos/ prêmios relacionados, que são os componentes ne-
cessários para o desenvolvimento das estimativas de custos do projeto;

c) Linha de base do escopo, que contempla os seguintes registros: a especificação do escopo


do projeto, que fornece a descrição do produto; os critérios de aceitação; as entregas chave; os
limites, as premissas e restrições do projeto; a estrutura analítica do projeto (EAP), que fornece
as relações entre todos os componentes do projeto e suas entregas; e o dicionário da estrutura
analítica;

d) Cronograma do pr ojeto: contempla o tipo e a quantidade dos recu1rsos e o tempo em que esses
recursos serão aplicados, é um fator primordial na determinação do seu custo. O cronograma se
alimenta de informações (entradas) sobre os recursos usados na atividade e sua respectiva dura-
ção;

e) Registro dos riscos: deve ser revisto para considerar os custos de respostas aos riscos. Podendo
ser ameaças ou oportunidades, tem impacto tanto na atividade quanto nos custos do projeto.
Como regra geral, quando um projeto experimenta um evento de risco negativo, seu custo de
curto prazo, normalmente, aumentará e, às vezes, haverá um atraso no cronograma do projeto.
Assim como se deve ficar atenta aos riscos, a equipe do projeto deve ser sensível às oportunida-
des em potencial que podem trazer resultados positivos para o negócio através da red ução dos
custos das atividades ou do aceleramento do cronograma;
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

f) Fatores ambientais: influenciam o processo de estimativa de custos e incluem as condições do


mercado, que descrevem que produtos, serviços e resultados estão disponíveis nele; as condições
de oferta e demandas regionais e até globais; informações comerciais publicadas e listas publica-
das de preços de vendedores;
g) Ativos de processos organizacionais: incluem políticas de estimativa de custos, modelos de
estimativa de custos, informações históricas e lições aprendidas.

Gerenciamento dos custos do projeto


5.4
Criar a
EAP
7 .1
, ---- Documentos
do projeto
Planejar o
gerencia mente
dos custos
6.6 1

Desenvolver o
cronograma
·-' 1
1
1
1 •Plano de ,gerenciamento
• doscustos
6.4
Estimar a
1
,- ►
• Cronograma do projeto • ' 1
1 • resposta às
atividades
• • Linha de base 1

.-------------
• Atualizações nos

,1
-----------
'
, doescopo documentos do 1
9.1 projeto •
,•'
Planejar o
gerenciamento
7.2 -----~----•' 11. 2
dos recursos ---------------- Estimar os
custos -·-----------·
' ' --► 1
Identificar
os riscos
humanos ,,------------ • Estimativas dos 1

• Plano de gerenciamento : , -----------


custos das •
1
atividades
dos recursos humanos • • Fatores a mbi entais •
1
• da empresa • 12.1
'•
-
1
• Ativos de processos Planejar o
,'
• Bases das ' ►
11 .2
Identificar
os riscos
-- organlz.aclonals
estimativas gerenciamento
das aquisições

• Reglst rodos riscos

- - 7.3
___ , Determinar o
Empresa/ orçamento
organização
- -

Figura 15 - Diagrama do fluxo de dados do processo


Fonte: GUIA PMBOK, [20-].

A figura anterior mostra o fluxo das informações e dados 1para a estimativa de custo. Neste fluxo, você
pôde acompanhar o que alimenta e o que sai desse processo.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

3.3 ORÇAMENTO

Pronto! Depois que você já levantou todos os custos necessá rios para executar o serviço ou desenvolver
o produto, chegou o momento de preparar o orçamento, organizar todos estes custos por etapas, estabe-
lecer tempo, tudo para que se possa controlar e monitorar se o projeto está dentro daquilo que foi orçado.

ENTRADAS FERRAMENTAS ETÉCNICAS SAÍDAS

.1 Plano de gerenciamento dos .1 Agregação de custos .1 linha de base dos custos


custos .2 Análise de reservas .2 Requisitos de recursos
.2 linha de base do escopo .3 Opinião especializada finance iros do projeto
.3 Estimativas dos custos das .4 Relações históricas .3 Atualizações nos documentos
atividades. .5 Reconciliação dos limites de do projeto
.4 Base das estimativas recursos finance iros
.5 Cronograma do projeto
.6 Calendários do recurso
. 7 Registro dos riscos
.8 Acordos
.9 Ativos de processos
organizacionais

Fig ura 16 - Orçamento: ent radas, ferramentas e técnicas e saídas


Fonte: GUIA PMBOK. [20-].

Depois que se estimam todos os custos do projeto, é o momento de agregar estes valores. Veja as en-
tradas, ferramentas e técnicas e saídas desta etapa na figura anterior. Já a figura a seguir mostra o fluxo das
informações e dados para determinar o orçamento.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

.-

Gerenciamento dos custos do projeto

5.4
Criar a
EAP
~

--- ' 7.1


Planejar o
gerenciam ento
• .. •
, •
7.2
Estimar
dos custos '
1 1 os custos
1
1

1
1 1 Documentos
•#----
1
6.6 • Plano de • • Estimativas dos custos do projeto
Desenvolver
o cronograma

-- '• gerenciamento ,
dos custos 1
1
•,
1
das atividades
• Bases das estimativas
1
1


••
1
1 1 1
1
1 1
• cronograma do projeto ,

1
,
Linha de base do escop o

....- - - - - - . - . • Atuallzações nos
••
: 1 .. • • • • • • • • • • _________
documentos _ __ ,
do projeto!
9. 2 j··---------- 7.3
Determinar
4 .2
Desenvolver
Mobilizar a equi- ►
----------------
pe do proj eto o orçamento
----------------- ► o plano de
• ------------ • LI nha de base dos custos gerenciam ento
do projeto
• calendárlos do recurso : ,' • • • • • • • • • • •
1 • calendários
• dos recursos
11 .2 ,
1

• Requisitos de
Identificar
os riscos

-- recursos financei ros
do projeto
• Reglst rodos riscos

12.2 . ___ , • Acordos 7.4


Conduzir as # ► Controlar
aquisições • --- ----- ------- --- os custos

• Ativos de processos
Empresa/ organizacionais ,

organização ---------------------
- -

Figura 17 - Gerenciame nto dos custos do p rgeto


Fonte: GUIA PMBO~ (20-). (Adaptado).

Neste fluxo, você pode acompanhar o que alimenta e o que sai desse processo. A seguir, falaremos so-
bre as entradas da orçamentação e suas etapas.

-
3.3.1 ENTRADAS DA OR.ÇAMENTAÇAO

Vamos detalhar um pouco mais sobre as entradas do processo de orçamento. Vale ressaltar que as sa-
ídas da etapa anterior serão as entradas dest a etapa, assim como as saídas desta etapa serão as entradas
da próxima.
a) Plano de gerenciamento dos custos: contempla os custos do projeto que serão gerenciados e
controlados;
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

b) Linha de base do escopo: que, como vimos anteriormente, fornece as informações do produto,
que se dividem em:
- Especificação do escopo do projeto: é a descrição do produto, os critérios de aceitação, as
entregas chave, os limites, as premissas e restrições do projeto;
- Estrutura analítica do projeto: fornece as relações entre todos os componentes do projeto e
suas entregas;
- Dicionário da EAP.
c) Estimativas de custos das atividades e a base das estimativas: mostram a previsão de custo
para cada atividade e qual o embasamento para estas estimativas;
d) C~onograma: é um quadro com as datas de começo e término de cada tarefa;
e) Calendários de recursos: apresenta informações de quando os recursos serão utilizados;
f) Registro dos riscos: documento com os fatores que podem interferir no projeto. Este registro
precisa ser sempre atua lizado;
g) Acordos: são informações contratuais relevantes, como produtos e serviços q ue serão usados
no projeto.

3.3.2 FERRAMENTAS ETÉCNICAS DA ORÇAMENTAÇÃO

Que tal detalharmos um pouco mais as ferramentas e técnicas do processo de orçamento? Neste tó-
pico, vamos falar justamente do processo de gerar o orçamento, ou seja, do processo de reunir todas as
informações e ações necessárias para ter uma base dos custos do projeto.
a) Agregar os custos: reunir os custos estimados de acordo com a estrutura analítica do projeto;
b) Análise de reservas de orçamento: estabelece as reservas de contingência e as reservas geren-
ciais para o projeto;
c) Opinião especializada: como já dito anteriormente, são opiniões de especialistas em uma área
de conhecimento, disciplina, setor, ou em um projeto semelhante. Os especialistas podem ser:
outras unidades dentro da organização executara; consultores; partes interessadas, inclusive
clientes; associações profissionais e técnicas; e setores econômicos;
d) Relações históricas: são experiências anteriores que ajudarão a estabelecer parâmetros para o
custo do projeto;
e) Reconciliação dos limites de recursos financeiros: identifica se os gastos foram feitos confor-
me planejado.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

3.3.3 SAÍDAS DA ORÇAMENTAÇÃO

Agora, vamos detalhar um pouco mais sobre as saídas do processo de orçamento. Vale ressaltar que as
saídas da etapa anterior serão as entradas desta etapa, assim como as saídas desta etapa serão,as entradas
da próxima.
a) A linha de base dos custos: é o orçamento aprovado e consolidado;
b) Os requisitos de recursos financeiros totais e periódicos: são aqueles gerados a partir da linha
de base do desempenho de custos, considerando o fluxo de caixa previsto e as necessidades de
financiamentos, podendo ocasionar reservas de gerenciamento;
c) Atualizações: que ocorrem nos documentos do projeto, incluindo o registro dos riscos, estima-
tivas de custos das atividades e cronograma do projeto.

3.4 MÉTODO DE CUSTEIO

Eis que chega o momento decisivo, pois não adianta conhecer a estrutura de custos do negócio, fazer
bem o planejamento e na hora de custear um produto não utilizar métodos apropriados para tal e realizar
análises equivocadas, que podem acarretar em prejuízos sem precedentes.
O método de custeio é uma das etapas mais importantes de uma gestão de custos, é o método que
praticamente embasará as tomadas de decisões. De acordo com o propósito e a informação que é deman-
dada, alguns elementos podem ou não ser computados na mensuração de custos.
Por existirem vários métodos, em alguns momentos, a escolha adequada causa-nos confusão. Discute-
-se qual a real necessidade de se estabelecer um sistema de custo e seus métodos. Bem, há quem afirme
que pode ser um aliado poderoso na geração e gestão de informações de como: alocar custos para inven-
tário; gerenciar mix de atividades e, claro, formar preços.

Figura 18 - Como formar preço


Fonte: SENAI DR BA, 2017
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Então, o que é um método de custeio?

Trata-se de um método para apurar (identificar) os custos de um produto e, assim, poder formar um
preço de venda mais coerente. A depender do método que a empresa use, o custo de produto pode se di-
ferenciar. Então, buscando focar nos métodos mais utilizados no Brasil, esta sessão trabalhará os métodos
de custeio por absorção, variável, pleno e baseado em atividades (ABC).

Vejamos, agora, cada um destes métodos.

3.4.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO

O custeio por absorção é um método considerado tradicional e consiste na apropriação de todos os


custos de produção de um produto (fixos ou variáveis, diretos ou indiretos), as despesas administrativas,
comerciais e financeiras não integram o custo do produto. Como ponto positivo, esse é o único método
aceito para fins fiscais e legais.

3.4.2 CUSTEIOVAR IÁVEL

Neste método, apenas os custos variáveis serão apropriados ao custo do produto e, como acontece no
custeio por absorção, as desipesas são contabilizadas imediatamente contra o resultado do período, com
uma ressalva, nesse caso: os custos fixos também serão apropriados contra o resultado.

3.4.3 CUSTEIO PLENO

Este método apropria todos os custos e todas as despesas - custos totais de produção, mais as despe-
sas de vendias e de administração e a margem de lucro desejada. É tratado como um método de custeio
gerencial.

3.4.4 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

Também conhecido como o Método ABC (Actvity Based Costing), foi originalmente desenvolvido para
gerenciamento dos custos, tendo como enfoque os recursos e as atividades geradores de custos, o que
significa que os custos são inicialmente atribuídos às atividades baseadas no uso dos recursos e depois
aos produtos na medida em que são consumidos pelas atividades. Este método apropria todos os custos e
despesas, e não é aceito pela legislação socjetária e fiscal.

O custeio ABC é considerado um método mais criterioso e também, por vezes, mais custoso, que possi-
bilita uma gestão econômica das empresas mais eficaz, pois permite antecipar as ações dos gestores, com
o objetivo de minimizar ou eliminar os erros de decisões e, como consequência, maximizar o lucro.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

Diante do que foi mostrado, consegue-se perceber que o custeio por absorção é o método que todas
as empresas devem adotar, por ser o único aceito pela legislação brasileira, mas que os outros também
podem ser usados, mas de uma forma gerencial.

Amplie seus conhecimentos a respeito de custos e orçamentos consultando a indica-


i ~ , SAIBA ção a seguir: LEÃO, Nildo Silva. Custos e orçamentos na prestação de serviços. São
1
~ j • MAIS Paulo: Nobel, 2004.

3.5 ANÁLISE DE INVESTIMENTO E TOMADA DE DECISÃO

A gestão de custos não é o único cuidado que a empresa precisa ter com seus recursos financeiros, mas
também analisar bem onde ou no que investir pode trazer grandes beneficios financeiros, assim, com um
mau investimento pode até significar fechar as portas.

Analisar um investimento significa avaliar e decidir onde aplicar recursos para que, em um determi-
nado prazo, a empresa possa ter o retorno que investiu. E quando se fala em avaliar, significa levar em
consideração algumas informações como, por exemplo, taxa de atratividade, ponto de equilíbrio e taxa de
renta bilida de.

Mas o que é taxa de rentabilidade e ponto de equilíbrio?

Taxa de atratividade é uma taxa associada à melhor rentabilidade de menor risco disponível no merca-
do. Ou seja, a taxa de retorno do investimento tem que ser mais atrativa do que se investir em Poupança,
Taxa Básica Financeira ou Taxa de Juros de Longo Prazo, por exemplo. Já ponto de equilíbrio representa o
nível de vendas em que a empresa opera sem lucro ou prejuízo.

As ferramentas mais comuns utilizadas nas avaliações de projetos de investimento são Payback; Valor
presente líquido (VPL); Taxa i nterna de retorno (TIR). Vejamos, a seguir, cada uma delas:

a) Payback: é a estimativa de tempo necessário para que os recursos investidos sejam recuperados;

b) Valor presente líquido (VPL): é o resultado da subtração do valor no tempo presente de todas
as entradas e saídas de caixa pelo investimento inicial. Ou seja, se o resultado for maior que zero, a
empresa terá um retorno maior do que seu custo de capital e, consequentemente, estaria aumen-
tando seu valor de mercado. No entanto, se o VPL der menor que zero, a empresa deve rejeitar o
projeto;

e) Taxa Interna de Retorno (TIR): é a taxa de juros com a qual o valor presente de um fluxo de caixa
futuro se iguala ao valor presente do investimento. Em outras palavras, é a taxa que i:guala o VPL
de um projeto a zero. Essa taxa permite descobrir e comparar o rendimento de uma aplicação
com outra taxa para saber se compensa o investimento.
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CASOS E RELATOS

Anos 90, uma grande fábrica automobilística alemã resolve se instalar no Brasil. Com um investi-
mento de 820 milhões de reais, a estimativa da empresa era produzir 70.000 carros por ano.

Bem, essa era a expectativa. Mas não foi isso que aconteceu. Em quase 6 anos de atividade, a empre-
sa conseguiu produzir 60.000 carros. Mas o que pode ter acontecido? Seria esta empresa comandada
por amadores? Certamente, não.

A empresa havia acabado de unir forças com outra poderosa, as duas eram marcas tradicionais e
com um histórico de colocar inveja. Então, o que deu errado?

Para alguns analistas, ocorreram erros como imediatismo e precipitação, mas o principal foi a auto-
confiança, eles não consultaram a subsidiária no Brasil, acharam que poderiam tomar todas as de-
cisões sozinhos, resultado: eles superdimensionaram o mercado e o modelo fabricado não agradou
aos brasileiros.

Vejam que até as empresas grandes e poderosas podem tomar decisões desastrosas.

A TIR utilizada como única ferramenta de análise pode trazer equívocos, portanto, recomenda-se que
seja utilizada em conjunto com outras ferramentas de análise.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

3.6 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO

Você tem uma ideia interessante, desenvolve o projeto, estima valores, recursos, determina um prazo,
faz tudo conforme a cartilha, mas não obtém êxito em conseguir um investidor, alguém que compre sua
ideia. O que pode ter dado errado, então?

Acredite, a maneira como apresentará e negociará com o investidor pode ser o fator determinante do
sucesso ou fracasso de uma venda do seu projeto. A negociação é fundamental para ganhar credibilidade
e deixar o investidor confortável para comprar sua ideia.

Mas o que é negociação?

A negociiação é fazer com que sua ideia seja aceita, não pela imposição, mas pela argumentação e con-
vencimento de que chegará ao melhor resultado possível para ambos. Para Junqueira (1986}, o produto
final da negociação deve ser maior que a soma das contribuições individuais. Ou seja, todos devem estar
satisfeitos ao final.

Figura 19 - Boa negociação exige cooperação mútua


Fonte: SH UTTERSTOCK. 201 7.

No entanto, o que se observa são pessoas pensando que negociar é levar vantagem e que apenas um
dos lados deve sair ganhando, quase uma disputa para ver quem leva a melhor. E, neste caso, existe a ilu-
são de que se ganha, mas este ganho não é duradouro nem consistente. Um cliente que se sentir engana-
do por uma empresa não voltará a fazer negócio com ela e o que pode ser pior, propagar sua insatisfação
para outros.

Blá! Blá!Blá'
BIá ! ~~~
Blá!B lá! B1á.

Rgura 20 - Boa negociação exige ser claro e objetivo


Fonte: SH UTTERSTOCK. 201 7.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

Então, o que é necessário para uma boa negociação?

Se observarmos sob a ótica dos três elementos envolvidos (negociador, comunicação e cliente), pode-
mos separar desta forma :

a) O negociador: precisa saber se relacionar, conhecer bem aquilo que está vendendo, ser ético e
flexível;

b) A comunicação: precisa ser completa, clara e verdadeira;

c) O cliente: precisa ser ouvido.

Um dos requisitos citados merece destaque, a flexibilidade talvez seja um dos pontos mais importantes.
Ser flexível significa, por muitas vezes, abrir mão de algo e isto, por sua vez, significa estar disposto a mu-
dar. E mudança nem sempre é algo fácil paras as pessoas.

De acordo com Campos ( 1992), o processo de rompimento é um processo de mudança da própria ma-
neira de pensar e requer determinação. Dessa forma, é preciso que todas as pessoas da empresa mudem
sua maneira de pensar.

a) Comece com um planejamento.

Figura 21 - Boa negociação exige um planejamento


Fonte: SHUTTERSTOC~ 201 7.

Uma boa negociação começa com um bom planejamento. Nunca chegue despreparado para uma
negociação, pois, fatalmente, perderá a oportunidade de fechar negócio. Lembre-se: com a tecnologia
avançando velozmente e com o aumento significativo de canais de comunicação, não existe mais o cliente
desinformado. Então, conheça bem com quem vai negociar, o que vai ser negociado, as opções de acordo
(o famoso " plano B") e, se possível, se antecipe nos possíveis questionamentos que poderão ser pontos de
objeções 2 •

2 Objeção: um obstáculo, um pensamento oposto ao seu.


3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

b) Seja agressivo ou determinado.

Figu ra 22 - Boa negociação exige determinação


Fonte : SENAI DR BA, 2017.

Por muitas vezes, assumir uma postura agressiva pode ser vista pelo cliente como um comportamento
hostil e inadequado para fechar um negócio. No entanto, seja determinado e firme no seu propósito, mas
saiba ser flexível até onde puder. Em alguns momentos, será necessário recuar para obter avanços futura-
mente.

c) Consiga a empatia 3 do cliente.

Compreensão
1

Figura 23 - Boa negoclaçãoexige ,empatia


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Por muitas vezes, se está tão resignado que entra em embate com o cliente e essas discussões acabam
gerando um clima nada favorável para a negociação. Experimente ouvir calmamente o que o cliente está
dizendo e, mesmo discordando, comece seu discurso com ''você têm razão ... ", pontue nesse momento as

3 Empatia: capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa.


• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

coisas pertinentes que foram ditas e depois, deforma gradativa, vá colocando sua opinião. Lembre-se que
o fato de você discordar não significa que o que foi dito pelo cliente está errado.

d) E não se esqueça do poder da influência.

Agura 24 - Boa negociação exige confiança


Fonte : SENAI DR BA 2017 .

Saiba que existem alguns pontos que podem contar a seu favor no ato da negociação. Saber usá-los
para influenciar o outro é uma tática bastante usada. Quando assumimos uma posição hierárquica, por
exemplo, naturalmente exercemos poder de influenciar uma pessoa . Outro exemplo é quando a pessoa é
reconhecidamente íntegra, o cliente certamente aceitará suas recomendações sem muitas restrições.

3.7 GESTÃO EMPREENDEDORA

Sabe-se que o cenário industrial mudou desde a revolução industrial e essa mudança vem acontecendo
de maneira cada vez mais rápida, graças à tecnologia . Neste sentido, a comunicação com o cliente e com
o fornecedor passou a ser mais rápida. O produto também é produzido mais rapidamente. Outra diferença
é a concorrência. As empresas praticamente atuavam sozinhas no mercado local. Diferenteme,nte de hoje,
que em uma avenida você pode encontrar dezenas de empresas do mesmo segmento.

Figura 25 - Empreender é as.sumir riscos calc ulados


Fonte : SENAI DR BA 2017.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

Então, como sobreviver a este cenário, ou melhor, como investir em um negócio com tantos pontos
adversos? A resposta pode ser simples: empreender. No Brasil, existem muitas pessoas querendo empre-
ender, mas poucas assumem, por desconhecimento, uma gestão empreendedora. O resultado disso são
empresas que não conseguem durar mais que dois anos no mercado.

10 CURIOSIDADES
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 2014, seis de cada dez empresas não conseguem sobreviver por mais
de cinco anos. A região sul e sudeste é onde se encontram os maiores
percentuais de empresas que sobrevivem por mais de cinco anos.

Este assunto é tão importante que, com o apoio do Governo Federal, desde a década de 90, o em-
preendedorismo vem se desenvolvendo no país. A criação de órgãos de fomento e o cenário político e
econômico favoráveis fizeram alavancar o espírito empreendedor no país, ainda que de forma tímida, se
compararmos a países como os Estados Unidos.

Mas o que é empreendedorismo?

Dentre os diversos conceitos que podem ser encontrados na literatura, o termo "oportunidade" apare-
ce em quase todos. Outra unanimidade é que um empreendedor assume riscos calculados. Então, pode-
mos começar o nosso conceito dessa forma: Empreendedorismo é a identificação de oportunidades em
ambientes muitas vezes desfavoráveis, mas propícios à criação de novos produtos e serviços, desde que
pautada por um planejamento.

Para que o empreendedorismo aconteça, faz-se necessário o empreendedor, o líder que irá conduzir o
negócio. Para Chiavenato (2004), o empreendedor é uma pessoa com sensibilidade para negócios e que
tem faro para oportunidades, transforma ideias em realidade, para benefício próprio e da comunidade. É
um indivíduo criativo, com energia, imaginação e perseverança para enxergar esta oportunidade em meio
ao caos e transformá-la em algo de sucesso no mercado.

Segundo o autor, o empreendedor precisa ter as seguintes caraterísticas: necessidade de realização;


disposição para assumir riscos financeiros e de demais ordens; e autoconfiança.

Agora que você já sabe o que o empreendedor precisa ter, veja quais as práticas para uma gestão em-
preendedora:

a) Liderança com cultura de execução: tem por finalidade interligar os três processos chave de
uma organização, que são o processo da estratégia, de pessoas e operações. É o processo de dis-
cussão exaustiva de como colocar em prática as estratégias da empresa, questionando e levando
adiante, neste caso, o líder é fundamental, pois ele conduzjrá a execução, assegurando que cada
pessoa terá sua responsabilidade específica.

b) lntraempreendedorismo: refere-se ao comportamento empreendedor voltado para dentro das


organizações, ou seja, toda a gestão empreendedora deve incentivar os colaboradores e líderes a
participarem como agentes desenvolvedores da própria organização, promovendo a inovação e
tornando-a diferenciada.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

c) Gestão por compet ências: a gestão por competências é um modelo que foca nos recursos hu-
manos da empresa e busca reconhecer quais são as competências necessárias para que a empre-
sa alcance os resultados de forma sustentável, de modo a desenvolver essas competências nos
funcionários.
d) Gestão do conhecimento: certamente, você já ouviu falar que conhecimento é poder. Pois é
justamente disso que trata a gestão do conhecimento. Aempresa que vislumbra sobreviver e ob-
ter sucesso no mercado precisa gerir seu conhecimento. Isso significa identificar o conhecimento
existente na empresa, aqueles que precisam ser adquiridos e disponibilizados para todos.
e) Política de remuneração variável: neste modelo, a remuneração do funcionário é de acordo
com o seu desempenho, e que vai além das metas financeiras.
Outros modelos de gestão são citados, como tecnologia da informação, cultura da inovação, planeja-
mento estratégico, mas o importante é entender que para a gestão empreendedora vale mais a visão sis-
têmica, ou seja, não vai adiantar assumir uma única postura isolada. O empreendedorismo é u.m conjunto
de ações, ferramentas e posturas que irão contribuir para o seu desenvolvimento, dos funcionários, da
empresa e da sociedade.
3 PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONCEPÇÃO DE PROJETO) •

RECAPITULANDO

Neste capítulo, conhecemos os elementos que formam os custos, entendemos a importância do


gerenciamento estratégico dos custos para um projeto e até mesmo para uma empresa. Conhecemos
os principais métodos de custeio e o que é preciso para fazer um orçamento.

Também abordamos a importância dese avaliar bem um investimento, o que é ser um empreendedor
e alguns modelos de gestão empreendedora.

Vimos o quão importante é gerir os custos de um projeto e que, portanto, você deve investir o
máximo de tempo e esforço que puder e fazer uma boa concepção e planejamento do seu projeto,
mas não se esqueça de estimar bem os custos.

Então, vai uma sugestão: use o que aprendeu neste capítulo para pensar naquele projeto pessoal
que você sempre quis começar, mas não sabia por onde.
Sistemas mecânicos de precisão
(planejamento e prepara ão

Para falarmos de mecânica de precisão e assuntos que envolvam esse tema, vamos fazer
primeiramente uma abordagem sobre o conceito de mecânica de precisão. Podemos ter esse
entendimento fazendo uma comparação com a mecânica comum, assim, podemos dizer que
a mecânica de precisão trabalha o uso de tecnologias aplicadas na obtenção de geometrias
precisas na fabricação de componentes ou si1stemas de precisão que têm como características
tolerâncias apertadas, dimensões pequenas ou, ainda, essas duas características integradas.
Para compor os sistemas mecânicos de precisão, podem ser associados os recursos de ou-
tras áreas te,cnológicas, como a hidráulica, pneumática, microeletrônica, informática, entre ou-
tras, que vão integrar o sistema para que ele possa executar sua função final.

Figura 26 - Microscópio confocal


Fonte; SHUTTERSTOCK, 20 17.

Na imagem anterior, temos um exemplo de sistema mecânico de precisão que utiliza recur-
sos de diversas áreas tecnológicas além da mecânica, como a microeletrônica, óptica e infor-
mática.
Também podemos citar como exemplos de sistemas mecânicos de precisão instrumentos
e equipamentos da área de metrologia, instrumentos médicos e biomédicos, dispositivos ópti-
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

cos, máquinas ferramentas que trabalham em altas velocidades e com grande precisão de posicionamen-
to. Porém, existe uma infinidade de sistemas, com funções específicas à sua aplicação.
Ainda para elaboração desses sistemas, podem ser aplicados recursos tecnológicos avançados na área
de manufatura, técnicas especiais, novos materiais, como veremos ao longo do capítulo.

4.1 CONJUNTOS MECÂNICOS

A base de um sistema mecânico é composta de algumas peças que são montadas entre si, formando
um conjunto mecânico.

Figura 27 - Morsa de precisão


Fo nte : SENAI DR BA_ 2017.

Os conjuntos mecânicos de precisão são formados por duas ou mais peças que trabalham associadas
ou acopladas a outras para executar uma det,erminada função. Aseguir, vocês conhecerão um pouco mais
as características, formas de atuação e funcionamento desses sistemas.

4.1.1 CARACTERÍSTICAS DOS CONJUNTOS MECÂNICOS

Os conjuntos de precisão caracterizam-se pela fabricação mais elaborada e aplicação na indústria. Em


geral, são empregados para transmitir ou transformar movimentos ou grandezas. Um exemplo comum são
os relógios mecânicos, cujo movimento, normalmente gerado pela força de deformação de uma mola, é
transmitido de forma controlada e sincronizada até os ponteiros, como ilustra a figura a seguir.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Figura 28 - Mecanismo de re lógio de pulso analógico


Fonte: SHUTTERSTOCK_ 2017.

Além dos conjuntos de precisão, como o exemplo dos relógios, existem sistemas com dimensões bem
maiores, como nos guindastes ou tratores, no qual os braços mecânicos são acionados por um sistema
hidráulico, como visto na figura seguinte.

Figura 29 - Mecanismo d e g uindaste


Fonte: SHUTTERSTOCK_ 201 7.

Todo mecanismo tem uma forma de atuação, devido a uma força externa que tem a função de gerar
movimento ao mecanismo para executar a sua função. No caso dos relógios, dizemos que é necessário "dar
corda", isto é, rotacionar o eixo ou pino para iniciar o engrenamento do conjunto. Essa ação nada mais é
do que aplicarmos pressão na mola principal do mecanismo, que vai armazenar essa pressão e atuar no
mecanismo, como descrito anteriormente.

Podemos ter essa atuação de forma manual, como no relógio analógico, ou de maneira automatizada,
por meio de outras formas de atuador.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Alguns conjuntos mecânicos de precisão podem ter características de dimensões reduzidas, porém
para reduzir suas dimensões é necessário miniaturiza r-- seus componentes. Nesse contexto, as ferramentas
e instrumentos utilizados para montagem e manutenção também precisam ter características específicas,
que propiciem o acesso, o manuseio e o controle de maneira adequada para a realização das montagens
ou intervenções, como você poderá acompanhar a partir dos próximos tópicos.

4.1.2 FERRAMENTAS

Em mecanismos de dimensões reduzidas, as ferramentas tradicionais podem não ser adequadas, pois
seu tamanho, peso e forma de construção, dificultam o acesso e manuseio de componentes. Dessa forma,
as ferramentas para trabalhos de precisão foram adequadas às necessidades desses trabalhos, como, por
exemplo, as chaves para apertar parafuso de cabeça fenda, que foram adaptadas para mecânica de preci-
são e, por serem amplamente utilizadas por relojoeiros, ganharam o apelido de chaves de relojoeiro.
Essas chaves são ferramentas típicas para aplicação em mecanismos de precisão. Podendo ser encon-
tradas em diferentes conjuntos, como é o caso das chaves com terminação em fenda e também das chaves
philips (terminação em cruz).

Essas chaves são projetadas para serem utilizadas apenas com uma mão, pois têm o tamanho reduzido.
A parte oposta à ponta é rotativa, gira livre em torno do eixo da chave, pois deve ficar apoiada na palma da
mão do técnico, e os dedos são utilizados para girar o corpo da chave. Dessa forma, o uso das chaves vai
dando movimento e torque para apertar ou afrouxar parafusos.

Figura 30 - Jogo de ferramentas de relojoei ro


Fonte: SHUTTERSTOCK. 201 7.

Outro exemplo de ferramenta de precisão é a lupa de relojoeiro, que muitas vezes também é utilizada
para ajudar na montagem ou posicionamento de elementos de pequenas dimensões. Essas llupas costu-
mam ter uma lente de aumento com ampliação de, no mínimo, 3 vezes, fixada em um corpo de material
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

metálico leve, quase sempre o alumínio. Elas também podem ter uma haste ou um conjunto de lentes
móveis, possibilitando aumentar ou diminuir a ampliação, conforme necessário.

Figu ra 31 - Lupa de relojoeiro


Fonte: SHUTTERSTOC~ 201 7.

As pinças também são bastante utilizadas para auxiliar na fixação e posicionamento de componentes,
pois podem alcançar onde ai icates não alcançam.

Além de ferramentas, também existem instrumentos específicos para obter maior precisão, como po-
demos acompanhar a seguir.

4.1 .3 INSTRUMENTOS

Um dos instrumentos mai s utilizados para medições na fabricação e inspeção dos conjuntos mecânicos
de precisão é o relógio comparador milesimal. O relógio comparador e micrômetro digital sã10 exemplos
de instrumentos de precisão que podem apresentar resolução na casa de décimos de milésimos.

Projetados com peças de material metálico, como o latão e aço inoxidável, os relógios analógicos pos-
suem uma bucha de rubi, onde são apoiadas as engrenagens. Isso garante pouca folga entre as peças,
bom deslizamento e diminui também os problemas causados pela variação de temperatura, dando maior
estabilidade e precisão ao mecanismo, transformando o movimento linear do deslocamento da ponta em
movimento rotativo no ponteiro do relógio.

Esses relógios também podem ser digitais, com resolução de 0,0001 mm, ou seja, O, 1 µm4, o que seria
bem difícil verificar em um mostrador analógico com ponteiro.

4 µm: Mícron - unidade que representa um milésimo de milímetro, ou seja, 1µm = 0,001 mm.
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Ag ura 32- Relógio compa rador com resolução de 0,0005 mm (0,5 µm)
Fo nte: SENAI DR BA 2017.

Outro instrumento bastante utilizado para medições na fabricação e inspeção de conjuntos mecânicos
de precisão é o micrômetro. O principal componente mecânico desse instrumento é o fuso, que tem uma
rosca de passo bem pequeno, cerca de 0,25mm. Ou seja, em uma volta, o deslocamento da ponta é de
apenas 0,25 mm, permitindo, assim, que a sua resolução possa chegar aos décimos de milésimos.

O micrômetro milesimal comum, analógico, tem sua leitura feita na bainha e tambor do instrumento, o
que permite resolução de até 0,001 mm. Esses instrumentos têm a leitura bem complicada onde também
pode ocorrer muito erro de paralaxe 5 •

Já o micrômetro digital, vi sto na figura a seguir, embora utilize o mesmo mecanismo do analógico, nele
não ocorrem erros de leitura, isso porque são utilizados sensores eletrônicos, que transform1am o movi-
mento da rosca do fuso em sinal eletrônico, o qual mostra em um display o valor numérico correspondente
à medição.

Figura 33 - Micrômetro digital com resol ução de 0,0001 mm (O, 1 µm)


Fo nte : SENAI DR BA 2017.

Esses foram apenas alguns exemplos dos i'nstrumentos que, comparados aos convencionais, trabalham
com maior precisão.

5 Paralaxe: deslocamento; aparente da posição de um objeto quando observado de dois pontos distintos.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

No próximo tópico, estudaremos as formas de atuação.

4.1.4 FORMAS DE ATUAÇAO


-

Uma das formas de caracterizar os mecanismos de precisão é através das suas formas de atuação. Neste
sentido, esses conjuntos mecânicos podem ter seus movimentos por atuação manual, ou automatizados
por atuador pneumático, hidráulico ou elétrico. Vejamos cada um deles.

ATUAÇÃO MANUAL

Nesse caso, a função do mecanismo é realizada pela ação do homem. Um operador exercerá uma força
em um determinado componente do mecanismo, normalmente uma alavanca, e essa força será transmi-
tida ao mecanismo, passando por diversos elementos de máquinas, como engrenagens e molas, fazendo
com que o mecanismo excute a sua função.
Um exemplo comum é o do espremedor de laranja da imagem a seguir. Através de uma alavanca, a pes-
soa aplica força, que é transmitida diretamente à fruta que está fixada em um suporte. A força transmitida
é suficiente para espremer a laranja, fazendo com que seu suco seja extraído. Nesse mecanismo, a única
forma de atuação é manual.

Flgura 34 - Esp remedor d e laranja


Fonte; SHUTTERSTOC~ 2017.

Outro mecanismo de atuação manual é o dispositivo de abrir e fechar a porta de um ônibus, em que
o motorista tinha que exercer uma força em uma alavanca que, por sua vez, transmitia o movimento aos
outros componentes do mecanismo, realizando, assim, a abertura ou fechamento da porta.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

É um mecanismo bem simples, tanto para concepção quanto para manutenção, porém, ergonomica-
mente inviável, pois exige muito esforço físieio do condutor do veículo, por isso, hoje em dia, é raro ver um
veículo ainda equipado com esse mecanismo.

li:)

Figura 35 - Mecanismo de abertura e fec hamento de porta de ô nibus


Fo nte : SENAI DR B,\ 2017.

ATUAÇÃO POR ATUADOR PNEUMÁTICO

O uso do ar comprimido em circuitos contendo tubulações, válvulas e atuadores, através da pneumáti-


ca, é largamente utilizado em processos de automação.

Trata-se de uma atuação automatizada, nela a força do operador não é mais necessária, dependendo
dele apenas para o seu acionamento, que pode ser por meio de um botão. As válvulas de abertura e fecha-
mento das portas se localizam próximas às mãos do condutor, restando a este apenas a função de acioná-
-las, quando necessário, para abertura ou fechamento das portas.

No exemplo anterior, vimos que era utilizada uma alavanca para abrir as portas do ônibus e, embora
seja um mecanismo simples, este se torna inviável devido ao esforço físico realizado pelo condutor.

Como forma de deixar mais confortável a vida do condutor e mais segura a condução do veículo, ado-
tou-se o acionamento pneumático, possibilitando o uso de portas frontais e traseiras. Nesse caso, foi ne-
cessário acoplar aos veículos um circuito pneumático, composto, principalmente, por um compressor de
1

ar e um reservatório para o ar comprimido.


4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Figura 36 - Mecanismo pneumático d e abertura e fechamento de porta d e ôn ib us


Fo nte : SENAI DR BA, 2017.

Os mecanismos que contam com esse sistema de acionamento devem prever também um sistema de
dreno para escoamento da água que aparece no circuito por condensação, e si lenciadores paira amenizar
o ruído causado pela saída de ar.

ATUAÇÃO POR ATUADOR HIDRÁULICO

Embora sejam amplas as possibilidades do uso do ar comprimido, uma das !l imitações para do uso desse
recurso é o próprio fato do ar ser comprimível, o que dificulta sua aplicação em situação que e,x ijam maio-
res forças, como no caso do acionamento de guindastes ou escavadeiras. Nessas situações, os recursos da
hidráulica são aplicáveis, possibilitando também automatizar a atuação desses mecanismos.

Nesses casos, também é necessário acoplar ao mecanismo alguns elementos, como o tanque (reserva-
tório) do óleo hidráulico, sistema de filtragem e todo o restante do circuito hidráulico. Conforme mostrado
na imagem.

Filtro de alta pressão

Filtro de sucção

Filtro de média pressão Coador/peneira


(filtro de retorno)

Figura 37 - Acionamento de escavadeira


Fonte: SENAI DR B~ 2017
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Os mecanismos que contam com esse sistema de acionamento, devem prever também um sistema de
recolhimento de óleo, devido aos vazamentos que ocorrem pelo circuito.

ATUAÇÃO POR ATUADOR ELÉTRICO

Em alguns casos, é necessário que a atuação do mecanismo seja feita por meio de eletricidade. Assim,
utiliza-se a aplicação de motores ou bobinas para gerar o movimento ou força de atuação no mecanismo.

Se tomarmos novamente o exemplo da porta de ônibus, vamos ver que o recurso mais moderno, uti-
lizado atualmente, são os atuadores elétricos. Motores elétri cos foram acoplados no lugar dos cilindros
pneumáticos.

Nesse caso, o próprio circuito elétrico do veículo é adaptado para conter os motores, não sendo ne-
cessários reservatórios ou filtros. O acionamento se dá por meio de botões, e não de válvulas, que ficam
próximos da mão do condutor. A imagem a seguir mostra os motores elétricos acoplados ao mecanismo.

Figura 38 - Disposltlw de abertura e fechamento d e porta de ô nibus


Fo nte : SENAJ DR BA, 20 17.

Os mecanismos que contam com esse sistema de acionamento, são mais limpos, mais precisos e mais
silenciosos que os mecanismos com outros acionamentos vistos anteriormente.

4.1 .5 TIPOS DE JUNTAS

As juntas mecânicas são sistemas de acoplamento entre as peças de um conjunto. Uma junta pode ser
fixa ou rígida, como por exemplo, com a aplicação de solda, ou móvel, por exemplo, um mancai de rola-
mento.

Os tipos de juntas podem ser classificados como de rotação (revolução), prismática (translação), helicoi-
dal (tipo rosca), cilíndrica, universal, esférica, entre outras.
1
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

A união ou fixação dos elementos de um conjunto mecânico é feita por meio de juntas mecânicas.
Cada tipo de junta possui uma forma geométrica básica, mas a forma construtiva pode ser de diferentes
maneiras. Para facilitar a representação esquemática nos diversos tipos de estruturas, usa-se a seguinte
simbologia:

JUNTA GEOMETRIA REPRESENTAÇÃO

1. Revolução (R) 1

o
1. Prismática (P) 1
0 1~

1. Helicoidal (H) 1

1. Cilíndrica (C) 2

1. Universal (U) 2

1. Esférica (S) 3

Quad ro4 - Tlpo.s de juntas mecânicas


Fonte: GOJTAN; HESS-COELHO, 2011 . (Adaptado).

As juntas também podem ser classificadas pelo Grau de Liberdade - GL, que é o termo utilizado para de-
finir uma ca racterística das juntas, que está associada ao número de movimentos independentes que um
componente pode realizar em relação a outro componente ligado nele. Por exemplo, uma junta prismática
tem apenas 1 GL e uma junta cilíndrica tem 2 GL, como pode ser visto no quadro acima.
Sendo assim, os mecanismos também podem ser definidos pelo GL. Então, para um caso simples, pode-
mos dizer que um conjunto mecânico que é formado por uma junta prismática e uma junta cilíndrica tem
3 graus de liberdade.
Agora que já sabemos a função e os tipos de juntas, vamos estudar as funções dos conjuntos mecânicos.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

4.1.6 FUNÇÕES DOS CONJUNTOS MECÂNICOS DE PRECISÃO

Os conjuntos mecânicos são utilizados para atender às necessidades de movimento, deslocamento,


fixação, elevação, suporte, entre outras, do dia a dia das pessoas e da indústria de forma geral. Podem ter
diversas funções, desde serem específicos para apenas uma função ou atuando em mais funções simulta-
neamente.
O deslocamento linear é uma das funções mais comuns dos mecanismos. Pode ser observado em guias
lineares, barramentos de tornos, eixo de cilindros de acionamento, etc. O deslocamento angular também é
uma função de conjuntos mecânicos. Pode ser observado em braços robóticos, dobradiças, alavancas, etc.
A figura a seguir apresenta um exemplo didático de um conjunto mecânico de precisão.

Figura 39 - Conj unto mecânico de precisão


Fonte: SH UTTERSTOCK. 201 7.

Também é possível, através de conjuntos mecânicos, transformar movimento giratório em movimento


de translação (linear) e vice-versa. Como pode ser observado nos mecanismos de quatro barras ou nos
motores a combustão, no quais o deslocame,nto linear do pistão é transformado em giro no virabrequim.

Fig ura 40 - Motor a comb ustão


Fonte: SH UTTERSTOCK, 201 7.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Ainda referente às funções dos conjuntos mecânicos de precisão, algumas grandezas, como força, po-
dem ser transformadas em torque ou pressão através de um mecanismo. Além destas atribuições, as to-
lerâncias e os ajustes empregados na fabricação destes dispositivos apresentam caráter específico, que
poderemos conferir a partir dos tópicos a seguir.

4.1.7 TOLERÂNCIA

As peças ou componentes fabricados, independente.m ente do processo de produção mecânica, quan-


do medidos ou inspecionados dimensional e geometricamente, não ficam com a medida nominal exata
registrada nos desenhos mecânicos em que foram projetados, pois a medida de um valor é infinita, o que
torna praticamente impossível a produção com a dimensão ou geometria exata. Dentro desse contexto,
são determinados valores aproximados, considerando escalas específicas, sem comprometer a função da
peça ou componente no conjunto. Dizemos, então, que foi aplicada uma tolerância de fabricação.
Outra situação que pode ocorrer é na montagem entre duas peças que se moverão entre si. Supomos
que um pino cilíndrico será montado num furo, também cilíndrico, de outra peça. Podemos dizer que a
dimensão do furo e do diâmetro externo do pino será 5 mm . No entanto, sabe-se que, na prática, se as duas
peças ficarem na mesma medida, poderão ter problema na montagem.

Figura 41 - Montagem p lno e f uro de p recisão


Fo nte : SENAI DR BA, 2017.

INTERCAMBIALIDADE

Outra situação que envolve a tolerância das medidas é a produção em massa de componentes que
farão parte de um conjunto mecânico ou também a necessidade de substituição de peças por quebra ou
desgaste. Nesses casos, é necessário aplicar a intercambialidade entre as peças. Mas o que é intercambia-
lidade?
DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PREQSÃO - VOLUME 1

Intercambialidade é a possibilidade de, quando se monta um conjunto mecânico, usar-se aleatoriamen-


te qualquer peça semelhante de um lote qualquer, que montada ao conjunto em questão, sem nenhum
ajuste ou usinagem secundária, dará condições para que o mecanismo funcione conforme foi projetado.
Uma aplicação da intercambialidade, por exemplo, são as pastilhas de usinagem, que, quando estão
desgastadas, podem ser trocadas, assim como o cartucho de tinta de uma impressora.
Para ser possível fabricar peças intercambiáveis, é necessário determinar o ajuste que existirá entre as
peças. Esse é o assunto que vamos estudar a seguir.

4.1.8 AJUSTES

Sabendo que dois componentes que vão trabalhar em conjunto não pode1m ter as geometrias das jun-
tas com as mesmas dimensões, há necessidade de se definir o tipo de ajuste que deverá ser executado para
o funcionamento de acordo com a apHcação. Ou, se a intenção for apenas acoplar duas peças e não estiver
previsto movimento entre elas, ou seja, se não tiver grau de liberdade entre as peças, pode-se adotar um
ajuste com interferência.

TIPOS DE EXTRA MECÃNICA MECÂNICA MECÃNICA


EXEMPLO DE AJUSTE EXEMPLO DE APLICAÇÃO
AJUSll:S PRECISO PRECISA M~OIA ORDINÁRIA

Peças cujos fu ncíona men -


Montagem à mão tos necessitam de folga
LIVRE H6 e7 H7e7
podendo girar H7e8 Hll e9 Hl 1 el 1 devido à d ilação ou que
sem esforço estejam mal alinhadas, etc.

r Peças que deslízam ou


Montagem à mão H10d10 giram com boa
ROTATIVO H6f6 H7f7 H8g8
com facilidade Hl 1 dl 1 lubrificação. Ex.: eixos,
mancais, etc.
1

Peças que deslizam ou


Montagem à mão H10h10 giram com grande
DESLIZANTE H6g5 H7g6 H8g8 H8 precisão. Ex.: anéis de
com leve pressão. Hllhll
h8 rolamentos, corrediços,
etc.
-

Montagem à Encaixes fixo de precisão,


DESLIZANTE mão, porém componentes lubrificados
JUSTO necessitando de H6h5 H7h6 - descartáveis à mão. Ex.:
algum esforço. punções, guias, etc.
-

Peças que necessitam de


ADERENTE
Montagem com frequentes desmontagens.
auxílio de H6j5 H7j6 Ex.: polias, engrenagens,
FORÇADO
martelo rolamentos, etc.
LEVE

Peças possíveis de
Montaflem com montagem e
FORÇADO
DURO aux lio de H6m5 H7m6 - desmontagem sem
martelo pesado. deformação da peça.

Montagem com Peças impossíveis de


A PRESSÃO auxílio de serem desmontadas sem
H6p5 H7p6
COM balancim ou por deformação. Ex.: buchas à
ESFORÇO dilatação pressão, etc.

Quadro 5 - Ajustes recomendados


Fonte: SENAI DR BA, 201 7.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

O quadro anterior mostra os ajustes recomendados para algumas situações comuns, associados à pre-
cisão que se necessitar.

Como você já viu em unidades curriculares anteriores, o sistema de normas prevê três classes de ajuste:
ajuste móvel, indeterminado e com interferência.

De acordo com as normas ABNT, ISO e DIN, foram definidos sistemas de ajustes recomendados, que
permitem uma escolha racional de tolerâncias referentes aos acoplamentos eixo-furo e também para se
obter condição de montagem e atendimento às funções pré-estabelecidas. Os sistemas de ajustes se divi-
dem em dois: furo-base e eixo-base, cujas diferenças podem ser acompanhadas na imagem a seguir:

Furo-base: tolerânc ias dos furos permanecem fixas

u..

t::: '8.
+----('(')
li)
- _ l.l)
M
s s 1
)

Eixo-base: tolerâncias dos eixos permanecem fixas

Linha zero
u..
_,_
,.... J ,.._
.1:. .&;
Ll"I
l/)
('(') - 1
m
&
- ~

s j

Figura 42 - Diferença e ntre sistema furo-base e sistema eixo-base


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Para guias ou mancais precisos, com base na tabela de ajustes recomendáveis, deve-se considerar as
duas possibilidades de ajuste deslizante:

a) Furo-base H com eixo g;

b) Eixo-base h com furo G.

Para essa configuração de ajuste, estão considerados os casos abaixo, como exemplo:

a) Montagem de engrenagens sobre eixos nos quais o momento torsor6 é transmitido por chaveta
ou eixo e cubo estriado;

b) Montagem de polias em eixos, considerando as mesmas condições acima;

c) Montagem de rolamento em polias ou engrenagens;

6 Momento torsor: aplicação de torque.


DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PREQSÃO - VOLUME 1

d) Montagem de pinos transmissores de momento torsor onde não possa haver folga;
e) Montagem de pinos guias no intertravamento entre duas peças.
Sendo assim, o projetista necessita definir o nível de precisão necessário para a função do mecanismo,
lembrando sempre que quanto maior a precisão, mais complexa, demorada e custosa, pode ser a manu-
fatura do produto.
A seguir, vamos estudar manufatura.

4.2 MANUFATURA DIGITAL

Por manufatura, englobamos diferentes áreas de conhecimento que abrangem o projeto do produto,
projeto do ferramental, projeto da linha de produção, projeto logístico de estocagem e fornecedores e
muitos outros. Tudo isso em um misto de virtual e físico, parte executada via computadores e redes (proje-
to e simulação) e a parte da execução física no mundo real para a obtenção dos produtos manufaturados.

Figura 43 - Simulação de uma linha de produção com robôs e humanos


Fonte: SH UTTERSTOC~ 201 7.

A manufatura digital, como comentado anteriormente, engloba muitos campos de conhecimento. Ela
é, em parte, muito mais uma filosofia do que uma ferramenta, até mesmo porque não existe nada "pronto"
para ser utilizado. Claro que, em alguns casos específicos, é possível dizer que a manufatura digital está
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

100º/4 realizada, mas isso em poucos casos, por enquanto, e para nichos de .m ercado muito específicos.
Pesquisadores do mundo inteiro procuram formas de tornar a manufatura digital mais flexível e unificada
ao ciclo de vida integral do produto. Ainda há muito que se fazer.

De forma mais criteriosa, é estabelecido que a manufatura digital engloba técnicas de projeto, progra-
mação, simulação, análise de dados, inteligência artificial, integração via redes e sistemas em processos de
industrialização de produtos ao longo de todo o ciclo de vida, da identificação da demanda ao descarte e
reúso do mesmo. Os principais elementos da manufatura digital são "dados". Dados computacionais que
carregam informações e que são geradas e utilizadas para diferentes etapas do processo, da concepção à
fabricação, visando principal mente a otimização do processo de fabricação.

Figura 44 - Aspectos re lacionados à manufatura digita l


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO· VOLUME 1

A integração de dados ocorre através de meios virtuais e consolida-se nos meios físicos de produção. A
manufatura digital está intrinsecamente ligada ao conceito da evol ução da manufatura, conhecida como
a 4ª Revolução Industrial. Veja o quadro a seguir:

1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
11
2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
11
4 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
11


■■

■■■

Primeiro sistema de controle


Primeira miqulna de tear Primeira linha de produção lógico programável 1969: 3ª Internet das coisas: 4ª
1784: 1ª revolução industrial - '1 870: 2ª revolução industrial - revolução industrial - através revolução industrial - baseado
através da introdução da através da introdução da da aplicação de produtos nos sistemas Cyber-Physical
produção mecanizada p rodução em massa com a eletrônicos e de TI para Production Systems - CPPS e
suportada pelo uso da água e ajuda de energia elétrica. automatizar ainda mais o processos de manufatura
do vapor. (Fim do sécu lo 18) (Início do século 20) processo produtivo. (1 970 em descentralizados. (Hoje)
diante)

Quadro6 - Evolução da man ufat ura (4ª revolução Industria l)


Fo nte : SENAI DR BJ\ 2017.

Veja, agora, alguns benefícios que a utilização da manufatura digital proporciona.

4.2.1 VANTAGENS DO USO DA MANUFATURA DIGITAL

Como você pôde acompanhar no quadro anterior, o modo de produção avançou bastante, desta forma,
podemos citar algumas das principais vantagens da manufatura digital:

a) Redução do ciclo de desenvolvimento do produto;

b) Início da produção acelerada;

c) Redução do tempo para o produto chegar ao mercado;

d) Redução dos custos de manufatura, tanto os custos de produção quanto os custos para implan-
tação da produção;

e) Maior qualidade do produto, facilitando a utilização de sistemas automatizados para a inspeção


do produto;

f) Fortalecimento da cadeia industrial (redes e alianças);

g) Aumento da flexibilidad e;

h) A disponibilidade e integração dos dados, desde o projeto até o suporte.


4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Sistemas voltados para a manufatura digital permitem que engenheiros de manufatura criem e simu-
lem, de forma virtual, o processo de manufatura antes mesmo de fi natizado o projeto do produto, de forma
a avaliar:

a) Projeto e avaliação do desempenho de ferramentas (moldes, estampas, matrizes, dispositivos,


robôs, entre outros};
b) Projeto de linhas de produção e montagem;

c) Avaliação de processo de montagem, incluindo dispositivos, sequência de montagem e impacto


ergonômico sobre o trabalhador;

d) Leiaute de p.lantas industriais, avaliando o fluxo de materiais e recursos;

e) Integração com terceiros, estoques e otimização do espaço.

Assim como a 4ª revolução industrial apresenta inúmeras vantagens, existem também uma série de
obstáculos para a sua implantação. Veja a seguir.

4.2.2 DIFICULDADES PARA IMPLANTAÇÃO DA MANUFATURA DIGITAL

Apesar de todas as vantagens apresentadas para a adoção da manufatura digital, ainda existem muitos
pontos a serem discutidos, principalmente com relação a como utilizar os dados de forma integrada, gera-
dos a partir de diferentes sistemas. A figura a seguir apresenta um pouco desta dificuldade de integração
dos dados de diferentes plataformas, exemplificando alguns dos dados que precisam ser integrados, mas
que ainda carecem de universalização e melhor entendimento sobre o aproveitamento.

Dados do Folhas de ~
projeto dadosdo ~
mecânico 20 equipamento

Dados do
projeto Folhas de ~
mecânico 3D dados E&I ~

Dados do Folhas de
projeto de dados
1nst tu mé nta ção QQ / 00

Gerenciamento
Dados do
projeto . . de mudan ç a ~
elétrico

Figura 45 - Troca de dados e tradução de uso dos mesmos


Fonte : SENA! DR BA, 2017.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

4.2.3 NORMAS RELACIONADAS

Como a manufatura digital é um assunto de grande complexidade, pois envolve a integração de muitos
sistemas, é interessante o estudo da norma ANSI/ ISA-95. Esta norma, escrita pela lnternational Society
of Automation (Sociedade i nternacional de Automação), ajuda a definir as interfaces7 entre os sistemas
empresariais e os sistemas de controle. Ela serve tanto para processos contínuos, quanto para os processos
por bateladaª. A sua norma equivalente na ISO é a IEC 62264.

Além da norma ANSI/ ISA-95, existem normas ainda mais oríticas do ponto de vista da troca de informa-
ções entre os sistemas de CAD9, CAE 1º, CAM 11., CAl 12 e os controles numéricos das máquinas executaras das
tarefas de manufatura.

Existem normas como o padrão STEP 13, que visa carregar os dados do modelo ao longo do ciclo de vida
do produto, de forma a facilitar a troca de informações entre estes e outros sistemas entre diferentes for-
necedores de softwares.

4.2.4 TENDÊNCIAS

A manufatura digital é considerada uma tecnologia disruptiva 14 e aborda vários pontos da 4ª Revolução
Industrial. Neste contexto, podem ser listadas algumas das tendências que são mais revolucionárias e de-
vem ser tratadas para a manufatura digital atingir a sua plenitude:

a) Big data: a utilização de dados de fontes variadas, sejam sensores em uma linha de produção ou
preferencias em uma rede social, quando tratados, são ferramentas poderosas para a simulação
de cenários e tomada de decisão;

b) Análise avançada: baseando-se n,os dados de big data e integrado junto aos dados da cadeia
de suprimento, podem levar à redução de custos e otimização de recursos. De forma integrada,
modelos com análise dos mercados, que consideram até mesmo as instabilidades políticas de um
país, podem determinar as escolhas e definições de 1p rodução;

c) Interfaces homem-máquina: cada vez mais a interface do homem com as máquinas será altera-
da. Hoje, já existem robôs colaborativos, exoesqueletos, óculos de realidade aumentada que alte-
ram a forma como o homem interage com as máquinas, fisicamente e virtualmente. Até mesmo
cirurgias já podem ser realizadas via internet com o uso de realidade aumentada e robôs;

7 1nterfaces: elemento que proporciona uma ligação física ou lógica entre dois sistemas ou partes de um sistema que não
poderiam ser conectados diretamente.
8 Batelada: quantidade considerável; porção, monte.
9 CAD: Compute, Aided Design: Projeto Auxiliado por Computador.
1O CAE: Compute, Aided Engineering: Engenharia Auxiliada por Computador.
11 CAM: Compute, Aided Manufaturing: Fabricação Auxiliada por Computador.
12 CAI: Compute, Aided lnspection: Inspeção Auxiliada por Computador.
13 STEP: Standard for the Exchange of Product Model Data: Padrão para a Troca de Dados do Modelo do Produto, da norma ISO.
14 Tecnologia disruptiva: termo descrevendo a inovação tecnológica de produto ou serviço, rompimento do modelo padrao.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

d) Transferência do digital para o físico: a impressão 3D tem causado um impacto m1uito grande
neste aspecto. Por exemplo, uma peça pode ser produzida em qualquer lugar do mundo, com a
mesma qualidade, sem a necessidade de transporte, estoque e logística . Novos modelos de negó-
cio estão surgindo em função desta flexibilidade.

Na figura a seguir, apresenta-se a gama d,e meios para gerar valor ao produto e serviço através da ma-
nufatura digital. Note que na região central existem os valores que impulsionam as necessidades. Na borda
externa, estão as tecnologias e metodologias que proporcionam estes ganhos de valor da Indústria 4.0. A
manufatura digital não está citada, pois ela permeia diferentes tecnologias e metodologias.

Disposit ivos móveis


Computação na nuvem
a) - -- Platafo rmas int erne t
@ · ..
Q d as coisas
,
Realidade aumentada '
/ acessórios ' Tec no logias de
lo\ d et ecção
W de localização
Interação com fci5\ Indústria
clie nt es mult inível ~ 4.0 (2'\
Interface
e perfil de clientes ~ home m-máquina
avançad a
Análises de dados~ ''
grandesea ~
lgoritmos .. {i) Autent icação e
detecção de
© -·
avançados ,
Senso;es @ fraudles
Inteligent es
Im pressão 3d

Fig ura 46- Meios pa ra ag rega r valor ao produto apl icando manufatura digital
Fonte: SENAI DR BA 2017.

4.2.5 TECNOLOGIAS RELACIONADAS

Um exemplo de manufatura digital pode ser dado de forma muito simples nos dias de hoje: a Prototi-
pagem Rápida ou Fabricação Rápida, também conhecida popularmente como impressão 3D. Estas tecno-
logias, que são baseadas em adição de material, nasceram com o intuito de "imprimir" direto do projeto
tridimensional CAD as peças de um produto.

Na imagem a seguir, é representado o ciclo de obtenção de um produto de forma digital. Note que no
processo não há geração de desenhos. O processo de projeto CAD 30 gera um arquivo, que é enviado
para a máquina de fabricação aditiva, onde é processado e a construção do pr oduto, camada a camada, é
feita na máquina . Ao final do processo, pequenas etapas de acabamento são necessárias para a limpeza e
finalização do protótipo.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

Algumas empresas já trabalham com processos de fabricação aditiva ainda mais automatizados, sen-
do que até as etapas de limpeza são realizadas por robôs programados. Até mesmo a etapa de inspeção
dimensiona l, através de fotogrametria ótica, pode ser realizada de forma autônoma e baseada nos dados
gerados no projeto CAD.

Modelo CAD 30 Modelo STL 30


Fat iam ent o CAM
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Seção 2d (xy)

Figura 47 - Sequência 3DPdo projeto à inspeção final, imagem do cic lo RP


Fonte: BEAL, 2002 (Traduzido e Ada ptado).

Agora, imagine que um consumidor queira ter um produto exclusivo, com detalhes diferentes dopa-
dronizado. Através da Rapid Prototyping - (RP), prototipagem rápida, ele poderia acessar uma biblioteca
de designs de variação do produto ou até mesmo modelar em CAD uma variação, adaptando o produto.
A partir deste ponto, ele geraria um pedido para o fabricante com esta alteração ou até mesmo imprimiria
na sua impressora 3D doméstica para utilizar as peças estilizadas no produto original.

Todo esse trâmite se da ri a de forma virtual e, da mesma forma, peças de reposição poderiam ser fa-
bricadas na própria residência do consumidor. O arquivo gerado pelo usuário poderia ser compartilhado
em rede e outros usuários, ou até mesmo o próprio fabricante, poderiam se beneficiar de melhorias no
produto.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

4.3 MANUFATURA ADllilVA

O termo manufatura aditiva vem sendo recentemente utilizado devido à evolução dos processos de
produção. À primeira vista, parece que se trata de algo complexo, mas, para um rápido entendimento,
podemos dizer que se trata da criação de peças ou conjuntos a partir de impressoras 3D.

Ao contrário de uma fabricação subtrativa ou extrativa, que é a manufatura de peças por meio de usina-
gem ou remoção de materia l de um b loco, dando a forma da peça desejada, a manufatura aditiva se trata
de um processo de junção de materiais para produzir objetos em três dimensões, a partir de dados eletrô-
nicos de um modelo, normalmente através do empi lhamento de camadas. Ou seja, adicionando material,
camada por camada, se constrói o produto desejado,

O termo manufatura aditiva pode ser conhecido também como fabricação aditiva, processos aditivos,
manufatura por adição de camadas, manufatura de camadas ou fabricação de forma livre.

No próximo item; vamos conhecer os processos que a tecnologia de manufatura aditiva oferece.

4.3.1 PROCESSO

A manufatura aditiva está disponível comercia lmente no mercado desde o final da década de 1980. No
início dos anos 2000., passou a ter grande apli,cação na prototipagem rápida, mas não se limitou a isso. Hoje
em dia, existem muitas tecno logias de fabricação de peças por adição de material, dentre as quais essas
quatro se destacam ma is:

a) Fused Deposittion Modeling (FDM): que utiliza filamento de polímeros como matéria- prima;

b) Stereolithography Aparattus (SLA): que utiliza luz ultravioleta para curar resinas líquidas;
e) Selective Laser Sintering (SLS): que gera objetos 3D através de materiais granulados de plásti-
cos, cerâmicas e metais.

d) Gesso: baseada nas impressoras de tinta no papel, onde uma resina autocurável é depositada
sobre fina camada de gesso.

Durante o ciclo de vida do produto, em qualquer das etapas pode ser utilizada a manufatura aditiva,
desde a prototipagem até a produção em larga escala, chamada de manufatura rápida, como, por exem-
plo, num A350, avião da Airbus, que tem mais de mil peças fabricadas por essa tecnologia. Mesmo nos
ferramentais, pode ser utilizada a manufatura aditiva. Vejamos o exemplo da imagem a seguir, em que é
apresentada uma série de peças feitas por tecnologia aditiva.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Figura 48 - Peças fabricadas por manufatura aditiva


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Para execução de algum dos processos vistos, são necessárias as etapas de preparação, como vamos
ver a seguir.

4.3.2. ETAPAS

Para se obter produtos através da manufatura aditiva; é preciso seguir algumas etapas. A pri meira delas
é a geração do modelo em software CAD. É necessário, então, realizar o fatiamento do modelo, transfor-
mando-o em diversas camadas, processo conhecido pela abreviação WYSISWYG (pronuncia-se uíz-í-uíg),
que vem da frase What You See Is What You Get, que pode ser traduzida como "O que você vê, é o que você
obtém" (CAMPOS, 2011 ).

Para realização do fatiamento, é necessário converter o arquivo CAD original em um arquivo genérico
de extensão STL (STereolithography CAD), formato desenvolvido pela empresa 3D Systems. Este tipo de
arquivo transforma a geometria original em uma nova, composta por diversas facetas triangulares. Quanto
maior o número de facetas, maior a precisão do modelo, no entanto, aumentam também o tamanho do
arquivo, os tempos de processamento e de impressão. A reali.zação do fatiamento, assim como outras eta-
pas, necessita de software es1pecífico.

A preparação do modelo para impressão envolve orientação e posicionamento no espaço de impres-


são, que é o volume disponível para formação do produto na máquina, conforme mostrado na imagem.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

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Figura 49 - Módulo em CAD para impressão 3D


Fo nte: SENAI DR BA, 2017.

Então, é necessário orientar o modelo da melhor forma para impressão, pois, dependendo da geome-
tria, a orientação pode favorecer a impressão em menos tempo e usar menos material de suporte. Se esse
estudo for mal realizado, o consumo de tempo e de material pode ser excessivo.

Além de orientar, também é necessário posicionar o modelo, principalmente se for gerado mais de um
modelo ao mesmo tempo. É possível imprimir diversos modelos, idênticos ou diferentes, numa mesma
remessa . Por isso, é necessário estabelecer o arranjo que os mesmos terão dentro do volume de impressão.

Nos casos em que o modelo for maior que o volume de impressão, pode-se dividi-lo em duas ou três
partes, imprimindo-as separadamente. Após a conclusão das 1partes, pode-se juntá-las por algum processo
de colagem.

Algumas geometrias podem necessitar de suporte conforme são geradas, por isso, o software deve ser
capaz de calcular como e o quanto de suporte deverá ser aplicado. As máquinas mais simples, com capa-
cidade de utilizar apenas um material, fazem o suporte com o mesmo material da peça; após o processo,
a parte principal é destacada da parte suporte. Máquinas que suportam doiis ou mais materiais podem
utilizar um deles, com características específicas para serem suporte, que também será destacado após o
fim do processo.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Na imagem, é possível verificar a formação de suporte calculada pelo software de impressão, na cor
azul.

Figura 50 - Peça modelo o rientada e posicionada e configuração de suporte


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Ainda existem algumas configurações que também devem ser observadas, a principal delas é a espes-
sura da camada, que deve ser definida levando-se em consideração que quanto menor, mais preciso o
modelo e melhor o acabamento, no entanto, mais demorada a impressão e maior o arquivo. Após a orien-
tação, o posicionamento e a definição da área de suporte, o software faz o fatiamento calculando também
o tempo previsto para realizar o trabalho.

Na próxima imagem, podemos observar que após as etapas realizadas, o fatiamento foi concluído e
informou o número de camadas, 2839 camadas, e o tempo estimado para a impressão da peçai, 5:29 horas:

Figura 51 - Fatlamento d o modelo para cálculo do tempo de Impressão


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Na imagem seguinte, a orientação foi modificada para otimizar os resultados, o fatiamento foi concluí-
do e informou um número de camadas bem menor, 1269 camadas, e o tempo estimado para a impressão
da peça, 2:28 horas. Redução significativa, maior que 50%, apenas reorientando o modelo:

• • --.- - 1

EMBER

.....
-•

Figura 52 - Otimização d os resultados pós-fatiamento d o modelo


Fo nte : SENAI DR BA. 2017.

As camadas podem ter espessuras na casa de décimos a centésimos de milímetros e os tempos podem
variar de alguns minutos a horas. Há casos em que modelos muito grandes e complexos podem levar dias.
Após a finalização do trabalho, normalmente são necessários alguns procedimentos de acabamento,
como remoção de material do suporte, de material não processado, pintura, quando for o caso, e, talvez,
alguns ajustes, no caso de montagens.
No próximo item, vamos ver alguns materiais que já são utilizados nos processos de manufatura aditiva.

4.3.3. MATERIAIS

Os materiais mais utilizados são os polímeros, mas também já é possível a fabricação de peças em me-
tais e também materiais cerâmicos.
Dentre os polímeros, destacam-se:
a) ABS;

b) Nylon;
c) Policarbonato, entre outros.
Dentre os metais, estão:
a) Alumínio;
b) Titânio;
c) Aço inox, entre outros.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

As máquinas que usam gesso como material são mais utilizadas na prototipagem rápida, pois produ-
zem modelos conceituais nos quais poderão ser avaliadas diversas características do conceito, mas não
têm aplicação funcional, pois não possuem grande resistência mecânica.

Existe, também, a possibilidade de aplicar tecnologia de manufatura aditiva juntamente com a de re-
moção de material, de forma híbrida, como vamos ver no próximo item.

4.3.4 PROCESSO HÍBRIDO

Já existem máquinas a CNC no mercado, que são capazes não só de realizar a usinagem de peças metá-
licas, mas também de gerar o esboço de uma peça com características espeoíficas através da manufatura
aditiva, e dar acabamento através da manufatura comum, por remoção de cavaco. Essa tecnologia é cha-
mada de manufatura híbrida.

Ainda é uma tecnologia nova e bastante cara, mas possibilita vantagens, por exemplo, como menor
desperdício de material, pois não é necessário dar forma à peça removendo material de um bloco, mas sim
de uma geometria próxima do formato da peça. Também é de se notar a diminuição da movimentação e
fixação de blocos pesados de material.

No próximo item, vamos estudar otimização topológica.

4.4 OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA

Você já se perguntou sobre o que acontece com um produto, que, após passar pelas fases de criação e
detalhamento do conceito, não atende aos requisitos definidos para o seu projeto quanto às verificações
computacionais e aos testes experimentais?

Tradicionalmente, o projeto de um novo produto ou componente começa pela criação de um conceito


inicial do produto, baseado nas ideias fornecidas pelos designers e engenheiros de desenvolvimento de
produtos. Após a geração do conceito inicial, os produtos são levados à fase de detalhamento. Posterior-
mente, são realizadas verificações computacionais e testes experimentais e, então, finalmente, após vali-
dação da engenharia de produto, o projeto é conduzido ao estágio de produção.

Muitas vezes, o conceito do produto deve ser revisto ou completamente refeito. Pare
(í\ FIQUE e pense nos custos adicionais, associados à elaboração e execução de uma campa-
nha para convocar seus clientes a devolverem ou repararem produtos com defeitos,
~ 'ALERTA além de processos jurídicos e de fatores outros que uma empresa deve arcar para
realizar mudanças no conceito de seu produto após o lançamento dele no mercado.

Além dos custos não previstos para o projeto, a alteração de um produto também ocasiona, muitas ve-
zes, a depreciação da imagem da empresa. Para você ter uma 1ideia, o gráfico a seguir ilustra o aumento nos
custos associados a alterações em um produto ao longo das diversas fases do seu projeto. É po,ssível notar,
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

nesta análise, que uma alteração em um produto lançado no mercado pode custar 10.000 vezes mais que
uma alteração realizada no início do projeto deste produto.

Lançamento
,H

Produção
Custo de
mudança i '
Protótipo

Projeto t
10 100 1.000 10.000
Início + + + ♦

Estágio de desenvolvimento - - - - - - - - -..


Gráfico 1 - Efeito dos custos associados a alterações de um produto ao longo do seu projeto
Fonte: HUTHWAITE; SCHNEBERGER, 1992.

Visando diminuir os custos associados ao retrabalho de produtos durante o projeto e após o lançamen-
to, as empresas têm buscado metodologias que auxiliem, já nas fases iniciais de desenvolvimento, na ob-
tenção de um conceito que atenda de forma satisfatória aos requisitos do projeto. Neste ponto, o método
de otimização topológica tem sido largamente utilizado.

Mas então o que seria otimização topológica?

De acordo com Bahia (2005), otimização topológica "é uma otimização estrutural que busca encontrar
projeto (estrutura ) com o melhor desempenho". Em outras palavras, um prod uto desenvolvido por otimi-
zação topológica "nasce" com características ideais de um ou mais requisitos definidos para o seu projeto.

A figura a seguir ilustra a economia de tempo e dinheiro obtida no desenvolvimento de um produto


quando o método de otimização topológica é utilizado em relação ao processo convencional de desenvol-
vimento de produtos. É possível perceber que o ganho de tempo se dá, neste caso, predominante.m ente
na fase de desenvolvimento do conceito inicial.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

METODOLOGIA CONVENCIONAL DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Vali~ãoe
prototipagem
Desenvolvimento do Detalhamento
Conceito Inicial do Conceito
Documentação

METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS POR


OTIMIZAÇÃO TOPO~ÓGICA

Validação e

Desenvolvimento Detalhamento
prototipagem $
Produção
do Conceito Inicial do Conceito
Documentação

Figu ra 53- Metodologia convencional de desenvolvimento de produtos e por meio de otimização topológica
Fonte: SENAI DR BA 2017.

A otimização topológica passou a ser largamente utilizada pelas indústri as automotiva e aeronáuti-
ca dos EUA, Japão e Europa para o projeto de componentes otimizados. Desde então, este método vem
ganhando espaço no desenvolvimento de produto. Esse fato é decorrente de uma evolução no processa-
mento de dados através de computadores com grande poder de processamento e ao desenvolvimento de
diversos softwares que realizam tais procedimentos.

Atualmente, diversas ferramentas comerciais apresentam a capacidade de realizar otimização topológi-


ca no processo de criação de um produto. Dentre elas podem ser citadas:

a) Altair HyperStudy, OptiStruct, solidThinking Inspire;

b) ANSYS Adjoint Solver, Optimetrics;

c) Autodesk Optimization for Inventor;

d) SolidWorks Simulation Structural Optimization;

e) Virtualpyxis Virtual.PYXIS.

Mas, então, por que utilizar uma destas ferramentas no processo de desenvolvimento de um compo-
nente ou produto?

Essa pergunta é fácil de responder!

O emprego destas ferramentas na fase inicial do projeto possibilita obter um "esboço inicial" da ge-
ometria do produto - otimizado com relação a objetivos específicos, tais como redução de massa e/ ou
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

ganhos estruturais (resistência mecânica, níveis de vibração, etc.) - que auxilia na criação do modelo CAD
do conceito final do produto.

Hoje em dia, há grandes incentivos para a redução no consumo de energia e consequente aumento da
eficiência dos sistemas mecânicos. Uma das formas mais eficazes de aumento da eficiência destes sistemas
se dá pela redução de massa dos seus componentes.

10 CURIOSIDADES
Estima-se que uma redução de 1% no peso do carro pode reduzir o con-
sumo de combustível de 0.6% até 1%.
(Fonte: DRY, 2001 ).

Um bom exemplo de redução de massa em componentes voltados à indústria automotiva pode ser
visto a seguir, em que uma peça de um modelo superesportivo foi reprojetada utilizando umai ferramenta
de otimização topológica, obtendo como resultado uma redução de 33º/4 no seu peso, com resistência
mecânica similar ao componente original.

COMPONENTE COM OTIMIZAÇÃOTOPOLÓGICA E


COMPONENTE SEM OTIMIZAÇÃO TOPOLÓGICA
GEOMETRIA 33% MAIS LEVE

Quad ro 7 - Reprojeto d e componente por meio de otimização topológica


Fonte; ÔLIVA, 201 4.

O emprego de ferramentas de otimização topológica não é restrito aos campos aeroespacial e automo-
tivo. Suas aplicações podem ser as mais diversas quando o assunto é a concepção de um com1ponente ou
produto.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

A figura ,a seguir ilustra o processo de desenvolvimento do conceito de um produto utilizando uma


ferramenta de otimização topológica.

.. t:

Am~l@o d@!ign Malha Oümizaçio rrterpretaçio CAO


1 Validaç:io
topológtoa

Figura 54 - Processo de desenvolvimento do conceito de um produto utiliza ndootimlzação topológica


Fonte: SENAI DR B,\ 2017.

Acompanhe, no tópico a seguir, o fluxo metodológico para o desenvolvimento de um produto através


de otimização topológica.

4.4.1 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO UTILIZANDO OTIMIZAÇÃO


TOPOLÓGICA

O processo de desenvolvimento do conceito de um produto ou componente utilizando o método de


otimização topológica pode ser dividido em várias etapas. Estas etapas contemplam desde a definição
de parâmetros específicos em softwares de otimização, passando pela modelagem CAD do conceito em
desenvolvimento, pelo refinamento deste conceito, através de iterações entre o engenheiro de simulação
e o designer, até a geração do conceito final. O passo a passo e o fluxograma da figura a seguir descrevem
cada uma destas etapas.

a) Como primeiro passo, você deve d,e finir o volume útil que a peça pode ocupar no espaço. Este
volume é comumente denominado de volume de design;

b) Então, você deve gerar um modelo 3D com as dimensões deste volume. Este modelo pode ser
criado num software CAD comercial ou no próprio software de otimização;

c) Caso a modelagem seja realizada em um software CAD convencional, a geometria deverá ser
importada para o software que realizará a otimização (ETAPA NÃO OBRIGATÓRIA);

d) Logo após, você deve criar uma ma lha que dividirá a peça em pequenos bloquinhos com massa.
Quanto menores estes bloquinhos, mais preciso será o resultado da análise, porém, mais tempo
de processamento será gasto; nem sempre esse tempo de processamento a mais irá garantir re-
sultados com mudanças significativas;

e) Posteriormente, você deve definir o volume no qual o software irá atuar (volume otimizável) e em
qual ele não deve interagir (volume não otimizável);

f) Então, você deve definir as propriedades do material da peça, tais co1m o: módulo de elasticidade,
densidade (peso específico), tensão de escoamento, entre outros;
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

g) Como passo seguinte, você deve definir as cargas que atuam na peça (forças, momentos, pres-
sões, etc.) e os pontos em que ela deve ser fixada;

h) Caso você queira atender a requisitos de um determinado processo de fabricação (injeção, extru-
são, entre outros), você deverá definir para qual método de fabricação essa peça será concebida
(ETAPA NÃO OBRIG1ATÓRIA);
i) Depois, você deve definir o objetivo da sua otimização, como, por exemplo, obtenção de mínima
massa do componente em desenvolvimento, máxima rigidez ou até mesmo mínima frequência
natural admissível, entre outros;

j) Então, você deve definir de que forma essa análise irá ser monitorada (monitorador de tensões,
deslocamentos, frequências naturais, entre outros);

k) Finalmente, a análise deve ser processada.

Após o processamento, uma forma preliminar da geometria otimizada é gerada. Então, esta geometria
é encaminhada ao designer que se encarregará de refiná-la, gerando um modelo CAD que tenha um de-
sign harmonioso e adequado à aplicação final do conceito gerado.

Muitas vezes, a definição deste conceito é realizada após algumas iterações do projeto nas mãos do
engenheiro encarregado de realizar as otimizações topológicas e nas mãos do designer responsável pela
criação do modelo CAD deste conceito. O consenso dos dois irá resultar em um produto ou componente
harmonioso e funcional.

Posteriormente, o projeto deve passar por um processo de verificação de desempenho; essa análise
geralmente é realizada após a conclusão do modelo CAD e tem a finalidade de checar se o produto ou
componente atende a todos os seus critérios de aceitação.

Dentre estes critérios, é comum analisar: as deformações e as tensões desenvolvidas .no produto quan-
do ele é submetido a suas condições operacionais, além dos parâmetros dinâmicos, de vibração, entre
outros.

Finalmente, caso o produto seja aprovado na fase de verificação, o mesmo passa pelas fases de prototi-
pagem e fabricação em escala até ser lançado no mercado.

Agora que você já conheceu o planejamento dos processos que envolvem a usinagem de precisão,
vamos estudar sobre os materiais empregados na sua fabricação.
DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MEr.ÂNICOS DE PRECISÃO - VOLUME 1

4.5 MATERIAIS E NOVOS COMPÓSITOS

Na fabricação de componentes de conjuntos mecânicos, podem ser empregados diversos materiais de


acordo com a necessidade da aplicação, como já estudado anteriormente. Ainda assim, o mater ial mais uti-
lizado é o aço-carbono, pois tem custo relativamente baixo, lb oas características de resistência mecânica,
além de a usinagem e a conformação não serem complexas.

As matérias-primas para usinagem têm recebido grandes investimentos tecnológicos, o que proporcio-
na o surgimento de materiais cada vez mais inovadores e excelentes para a sua aplicação.

Veremos que muitos outros materiais e novos compósitos continuam a ser desenvolvidos e aplicados
na mecânica, o que torna importante, ao definirmos um material, fazermos uma análise não somente da
aplicação, mas de resistência ao desgaste, à oxidação, do peso e volume, do custo, das propriedades térmi-
cas, das propriedades mecânicas, entre outras características.

Começaremos estudando pelo ferro fund ido.

4.5.1 FERRO FUNDIDO

Os metais são, sem dúvida, os materiais mais utilizados no universo da construção mecânica, sendo o
ferro o metal mais importante e conhecido desde as primeiras civilizações, com características que ainda
poderão garantir esse grau de importância por longos anos, como suas propriedades naturais, sua grande
abundância na crosta terrestre, baixo custo de extração e processamento, comparado a outros metais im-
portantes (CHIAVERINI, 1986).

No entanto, não é possível aproveitar esse metal na forma como é encontrado na natureza, necessitan-
do de todo um processo para se ter um material aplicável. Nesse processo, o minério de ferro 15 passa pelo
autoforno, onde é transformado em ferro-gusa, uma liga de ferro-carbono (Fe-C) de alto teor de carbono.

Figura 55 - Utensílios fabricados em ferro fundido


Fonte: SHUTTERSTOC~ 201 7.

15 Minério de ferro: são rochas de onde se obtém o ferro. As principais são a Magnetita, a Hematita e Siderita.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

As ligas de ferro-carbono, com teor de carbono superior a 2º/4, são denominadas ferro fundido, material
de ampla aplicação na área de fabricação de estruturas metálicas, equipamentos industriais, carcaça de
máquinas, carrocerias de automóveis de grande porte, componente de motores, etc.

10 CURIOSIDADES
Em ambiente industrial, muitas pessoas costumam chamar o ferro fundi-
do de fofo. Na verdade, é apenas um apelido, que vem da abreviação do
seu próprio nome f<> (ferro) f0 (fundido) ou f0 f<>.

Existem alguns tipos de ferro fundido devido a variação da sua composição, conforme segue:

a) Ferro fundido cinzento: é o tipo de ferro fundido mais utilizado, pois tem fácil fusão e molda-
gem, excelente usinabilidade, resistiência mecânica adequada à maior parte das aplicações e boa
resistência ao desgaste. É uma liga de ferro-carbono-silício (Fe-C-Si), 1mas que tem diversas classi-
ficações de acordo com a variação dos componentes de sua composição química;

b) Ferro fundido branco: nesse tipo de ferro fundido, o carbono é apresentado combinado na
forma de Carbeto de Ferro (Fe 3C), também conhecido como cementita, mostrando uma fratura
na cor branca (SHACKELFORD, 2014). Apresenta elevada dureza e resistência ao desgaste, porém,
difícil usinabilidade. Pode ser aplicado em cilindros de laminação, rodas de vagões e em diversos
equipamentos da indústria mineradora em geral;

c) Ferro fundido nodular: esse tipo de ferro fundido tem excelente resistência mecânica, tenacida-
de e ductilidade. Tem limite de escoamento superior ao do ferro fundido cinzento e do maleável,
sendo maior até que em alguns aços. O grafite se apresenta de forma livre na matriz metálica, na
forma esferoidal, formando nódulos, o que dá origem ao seu nome. A base para sua obtenção
tem composição química semelhante a do ferro cinzento.

d) Ferro fundido maleável: Oriundo do ferro fundido branco após passar por um tratamento tér-
mico especial de longa duração. Antes desse tratamento, o material é muito frágil, mas após o
tratamento o material ganha ductilidade ou maleabilidade, tornando-se mais tenaiz, o que dá
origem ao seu nome.

4.5.2 AÇOS

As ligas de ferro-gusa com teor de carbono inferior a 2 % são classificadas como aço. Essas ligas também
podem conter elementos como Cromo (Cr), Manganês (Mn), Silício (Si), Molibd ênio (Mo), Vaná1dio (V), Nió-
bio (Nb), Tungstênio (W), Titânio (Ti), Níquel (Ni), entre outros, e também os elementos residuais, que são
provenientes do processo de fabricação, tais como Chumbo (P), Estanho (5), Silício (Si).

Na área da metalurgia, os aços tamb ém podem ser classificados por sua microestrutura. A microestru-
tura é analisada através de microscópio em amostra de material devidamente preparada. Nessa análise,
podem ser observados componentes da microestrutura como a ferrita, perlita, cementita, martensita e
DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PREQSÃO - VOLUME 1

austenita, que compõem o aço. Cada tipo de aço apresenta diferentes formas; quantidades e combinações
desses componentes. Nesse caso, vejamos, a seguir, os tipos de microestrutura nos aços:
a) Aços encruados: geralmente, têm microestrutura predominantemente ferrítica, com um pouco
de perlita, sendo resultantes de processo de deformação a frio;
b) Aços ferríticos-perlíticos: possuem teor de carbono de 0,8 %, e são resultantes de processos em
que houve resfriamento lento, como material trabalhado a quente ou recozido;
c) Aços martensíticos: são constituídos de martensita revenida. São aplicados em situações que
exija resistência elevada ao longo de toda a secção transversal, como em eixos e punções;
d) Aços bainíticos: em determinadas combinações de resistência e dureza, a estrutura bainítica
propicia maior tenacidade que a martensítica, tornando tais aços preferíveis em situações que
necessite de resistência assocjada à tenacidade;
e) Aços austeníticos,: a austenita não é estabiilizada em temperatura ambiente, dependendo da
adição de cromo e manganês na liga, para sua estabilização. Como também não é magnética,
materiais com essas características são também aplicados em situações em que se deseja anular
os efeitos de campos magnéticos induzidos, como em partes de instrumentos de medição utiliza-
dos em máquinas com placas magnéticas. Também tem elevada resistência à corrosão associadas
com grandes taxas de cromo e níquel na liga;
f) Aços duplex ou bifásicos: têm uma microestrutura mais complexa do que as ferriticas ou ferríti-
ca-perlítica presentes em ligas de baixo carbono. Esses aços bifásicos apresentam microestrutura
constituída por uma matriz com cerca de 80 a 85 % de ferrita poligonal macia e 15 a 20 °/4 de
martensita dura, maximizando simultaneamente a ductilidade e a resistência mecânica dos aços
com essa característica.

Figura 56 - Chapas de aço para utilização indust rial


Fonte: SH UTTERSTOCK. 201 7.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

AÇOS-CARBONO

Os aços que não têm outros elementos ligantes além do Ferro (Fe) e do Carbono (C) são denominados
aço-carbono. Essa categoria de aço recebe uma classificação genérica, conforme descrito a seguir:

a) Aço extradoce: < O, 15 % C;

b) Aço meio-doce: o,15 º/4 C à 0,30 % C;


1

c) Aço meio--duro: 0,30 % C à 0,60 % C;


d) Aço duro: 0,60 % C à 0,70 % C;
e) Aço extraduro: 0,70 % C até 2,00 q.~ C.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com base em outras normas norte- americanas, de
instituições como a Society of Automotive Engineers (SAE) e American lron and Steel lnstitute (AIS/), define
uma designação que estabelece critérios e uma classificação 1para identificar os aços.

Para o aço carbono, essa classificação tem 4 dígitos, sendo os dois primeiros pré-definidos e os dois
últimos variáveis, conforme a porcentagem de carbono. Dessa forma, temos a classificação 1Oxx, onde:

1 indica que é aço-carbono;

O indica que não tem nenhum tratamento ou elemento de 1


liga;

xx indica o percentual de carbono da liga multiplicado por 100.

Por exemplo, um aço muito comum é o 1045. Aço-carbono com teor médio de 0,45 % de carbono.

É possível realizar tratamento térmico em aços-carbono com 0,35% C ou mais. Podendo ati ngir dureza
na faixa de 50 HRC16•

Como já vimos, o aço-carbono é um mat,erial muito versátil e pode ter diversas aplicaçõerS. Aqui, cito
algumas delas: estruturas metá'licas, chapas, tubos, vergalhões, arames, etc.

AÇOS-LIGA

Os aços podem ter outros elementos, além do carbono, adicionados à liga. Esses são denominados
aços-liga e podem ser de bai xa liga ou de alta liga. O limite de 5% de elementos adicionados na liga, sem
contar o carbono, é o que separa um aço de baixa liga de um aço de alta liga.

Os aços- ligas podem ter características mais específicas de acordo com a sua aplicação. É como poder
escolher entre uma bicicleta de velocidade ou uma montain bike, conforme o terreno a ser percorrido. Para
os aços de baixa liga, também se usa a classificação com 4 dígitos, porém as variações são bem maiores,
pois, além do teor de carbono, existe a variação do teor dos demais ligantes.

16 HRC: unidade de dureza Rockwell classe C.


• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Sua classificação é 43xx, onde:

43 indica que é um aço níquel-cromo-molibidênio;

O indica que não tem nenhum tratamento ou elemento de liga;

xx indica o percentual de carbono da liga multiplicado por 100.

Como exemplo, podemos pegar um aço muito comum na indústria que é o 4340. O 43 indica que é um
aço níquel, cromo, molibdênio, com Ni 1,82 °/4, Cr 0,5 e 0,8 % e Mo 0,25%. O 40, que preenche o xx, indica o
percentual de carbono, que nesse caso é 0,4 ºA>.

Também existem os aços de alta resistência e baixa liga (ARBL), desenvolvidos para atender ao requisito
da indústria automotiva, de redução de peso em veículos.

Esses aços não são classificados pelas normas como aços ligados (tais como 4340, 8620, 4320), apesar
de conterem elementos de liga adicionados para fins de obtenção de resistência mecânica e de resistência
à corrosão atmosférica superiores aos aços de baixo carbono. A soma de elementos de liga, geralmente,
não ultrapassa 2% e o teor de carbono situa-se abaixo de 0,3%.

AÇOS FERRAMENTA

Esses aços são específicos para utilização na confecção de dispositivos que serão usados para corte,
dobra, conformação em geral, de algum outro material. Os aços ferramentas eram, historicamente, do tipo
carbono comum até meados do século XIX. Hoje em dia, a adição de grandes quantidades de elementos
liga é comum, o que favorece a obtenção de maior dureza, através de tratamentos térmicos mais simples
e também que mantenham as suas propriedades e caractenísticas em temperaturas elevadas. Os princi-
pais elementos de liga usados nesses materiais são tungstênio, molibdênio e cromo. Dentre esses aços,
destacam-se:

a) AISI H13 (1.2344): recozido, tem dureza máxima de 230 HB, tratado e revenido a dureza varia na
faixa de 45 - 52 HRC. São aços indicados para trabalhos a quente, como matrizes de, forjamento
a quente em prensas, matrizes para extrusão de alumínio e suas ligas, fundição sobre pressão ou
gravidade de ligas não ferrosas, moldes para injeção de polímeros abrasivos, como os termofixos;

b) AISI D2 (1.2379): recozido, tem dureza máxima de 255 HB, tratado e revenido a dureza vai de 55
- 60 HRC. É mais indicado para trabalhos a frio, como matrizes e punções de conformação e corte;
em ferramentas para dobramento, repuxo, extrusão, pentes laminadores para roscas e facas em
geral;

c) AISI D6 (1.2436) VC131: recozido, tem dureza máxima de 250 HB, tratado e revenido pode ter
dureza que varia de 56 - 62 HRC. Sua elevada dureza, acima do AISI 02, o torna especialmente
adequado para aplicações de severo desgaste, como em operações de conformação e corte a
frio, em superfícies deslizantes e moldes para materiais cerâmicos. É utilizado em ferramentas de
corte, como facas, matrizes, punções, tesouras. Em escariadores, mandris e fieiras de trefilação,
ca Iib res, etc.;
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

d) AI SI 0 1 (1.2S 1O) VND: recozido, tem dureza máxima de 212 HB, tratado e revenido pode ter du-
reza que varia de 56 - 61 HRC. Indicado para trabalhos a frio, ferramentas de corte, especia lmente
machos e cossinetes de roscar, brochas, punções, facas para corte de papel, ferramentas para
trabalhos em madeira . Também é indicado para pinos de guia, roletes para laminaçã10 de roscas,
estampas e matrizes em geral, instrumentos de medição, como calibres, padrões e réguas;

e) AISI P20 (1.2738): recozido, tem dureza máxima de 250 HB, tratado e revenido pode ter dureza
que varia de 28 - 34 HRC. É utilizado em moldes de injeção de plásticos do mais variado tipo, mas
de baixa ou média abrasividade; moldes para formação por sopro, matrizes para extrusão de ter-
moplásticos não cloradas.

AÇOS RÁPIDOS

Esse tipo de aço, em sua maioria, é utilizado na fabricação de ferramentas de corte em processos de
usinagem, como, por exemplo, bit de torneamento, machos e cossinetes para abertura de roscas, brochas,
alargadores, brocas e outros mais.

O nome foi adotado devido à revolução causada na época que foram desenvolvidos, quando as velo-
cidades de corte tiveram um aumento considerável., cerca de 1O vezes. Ou seja, poderia-se trabalhar com
velocidades bem mais rápidas. Também é conhecido como HSS, que vem do inglês (High Speed Steen

As ligas levam composição com Cromo, Molibdênio, Manganês, Vanádio, Cobalto e, principalmente,
Tungstênio.

Um exemplo desses aços é o AISI M2 (1.3343) . Recozido, ele possui dureza máxima de 240 HB, tratado
e revenido a dureza pode ficar entre 62 - 65 HRC. Além de ser utilizado em ferramentas de usinagem, tam-
bém é utilizado em operações de corte e conformação a frio, em matrizes e punções, ferramentas nas quais
pode ser utilizado com menor dureza, de acordo com a particularidade de aplicação.

AÇOS INOX

Os aços inoxidáveis são mais resistentes à corrosão e ferrugem do que os aços carbono e de baixa liga,
principalmente pela presença do cromo, com pelo menos 4ºA>, normalmente na faixa dos 10%, mas poden-
do ter casos de chegar a 30% de Cr na liga.

Com relação à sua estrutura cristalina, os aços inox podem ser austeníticos, ferríticos, martensíticos, ou
com endurecimento por precipitação. Dentre esses aços, destacam-se:

a) AISI 420 (1.2083): aço de estrutura martensítica encontra-se normalmente no estado recozido,
com dureza máxima de 230 HB, tratado e revenido a dureza varia na faixa de 45 - 52 HRC. É apli-
cado em moldes de materiais corrosivos, por exemplo, na injeção de polímeros cloradas, como o
PVC, e de acetato; em moldes com câmara quente, sujeitos a umidade atmosférica intensa e na in-
jeção de polímeros abrasivos, como, por exemplo, os termofixos (baquelite). É também indicado
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

para moldes na indústria óptica e de vidro. Também pode ser utilizado em: cutelaria_instrumen-
tação cirúrgicas, componentes de válvulas e bombas, eixos e outros componentes estruturais;

b) AI SI 304 (1.4306): aço de estrutura austenítica, encontra-se normalmente no estado recozido,


com dureza máxima de 160 HB, não sendo possível realizar tratamento térmico para elevar sua
dureza, também não é magnético. É utilizado na fabricação de válvulas, tubos, recip ientes, equi-
pamentos hospitalares e farmacêuticos, peças para a indústria química, petrolífera, têxtil, de tin-
tas, etc. É indicado para a fabricação de peças que devem resistir ao ataque de um grande número
de substâncias corrosivas, tais como o ácido nítrico, soluções alcalinas, soluções salinas, etc.;

c) AISI 316 (1.4401 ): aço de estrutura austenítica, encontra-se normalmente no estado recozjdo,
com dureza máxima de 160 HB. Não é possível realizar tratamento térmico para elevar sua dure-
za e não é magnético. Tem elevado teor de Níquel (Ni) e é utilizado na fabricação de peças que
exigem alta resistência à corrosão, tais como válvulas, tubos, recipientes, equipamentos hospita-
lares e farmacêuticos, peças para a indústria química, petrolífera, têxtil, de laticínios, frigorífica,
alimentícia de modo geral, etc. É indicado para a utilização em ambientes onde exista o ataque de
substâncias corrosivas, tais como ácidos sulfúricos, ácidos sulfurosos, banhos cloradas, soluções
alcalinas, soluções salinas, etc.;

d) Duplex (1.4462): com nome derivado da presença de austenita e ferrita em proporções simi-
lares, os duplex combinam excelente resistência à corrosão com alta força. As propriedades me-
cânicas típicas seriam o dobro daquelas de uma qualidade austenítica de fase única como o 316,
mas, ao mes.m o tempo, ela oferece uma resistência superior ao trincamento por corrosão sob
tensão em soluções de cloreto, por exemplo;

e) Superduplex ( 1.441 O): aço inoxidável superduplex que apresenta resistência mecânica, resis-
tência à corrosão e tenacidade à baixa temperatura, superior aos aços inoxidáveis dup lex comuns.
Apresenta alto teor de Cromo (Cr), elevada resistência à corrosão por pites e a ambientes que
contêm cloretos. Utilizado na indústria química e petroquímica e em plataformas marítimas de
extração de petróleo, óleo e gás.

Figura 57 - Tanques fabricados em aço inox


Fonte: SH UTTERSTOC~ 201 7.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

Esses foram alguns dos aços inox e suas características. 1


N o próximo item, veremos as ligas ferrosas rapi-
damente solidificadas e suas características.

CASOS E RELATOS

Joel é um técnico experiente e, quando ainda era aprendiz, teve oportunidade de aprender muitas
lições que levaria para toda a sua vida profissional. Nessa época, Joel trabalhava em uma pequena
afiei na de usinagem.

Certa vez, ao fabricar um lote de peças no torno, percebeu que havia errado a dimensão de uma das
peças, condenando a peça à segregação, pois não poderia ter sua medida recuperada.

Foi, então, que ele teve a ideia de usar um tarugo encontrado no pequeno almoxarifado para fabri-
car uma peça para substituir a peça "morta". Pensou que não haveria problema em usá-lo.

Porém, logo os problemas começaram a surgir. Joel manteve os mesmos parâmetros de corte, pois
achava que o material era o mesmo. No entanto, a peça apenas se deformava e a ferramenta aquecia
demais e não cortava. No final, ele percebeu que se tratava de um material bem mais duro que o da
peça do Iote.

Agora, ele estava com um problema maior, pois também danificou a ferramenta. Essa experiência
fez Joel perceber a importância de conhecer o material a ser trabalhado.

4.5.3 LIGAS FERROSAS RAPIDAMENTE SOLIDIFICADAS

Essa tecnologia foi recentemente desenvolvida e muitas ligas ainda estão em fase de pesquisa e de-
senvolvimento. Sua rápida solidificação não permite a formação de microestrutura cristalina, formando
um material amorfo ou não-cristalino. Dessa característica, resultam ligas com propriedades magnéticas
superiores, além disso, metais amorfos possuem um potencial de resistência, resiliência e resistência à
corrosão excepcional, comparado às ligas tradicionais (SHACIKELFORD, 2014). Um exemplo da comerciali-
zação bem-sucedida dessas l igas são as ligas de ferrosilício.

Vamos ao próximo item, que são os não ferrosos.

4.5.4 MATERIAIS NÃO FERROSOS

Os materiais não ferrosos., como o próprio nome diz, não possuem Ferro (Fe) na composição da sua liga.
No entanto, apesar das ligas ferrosas serem escolhidas para a maioria das aplicações metálicas nos projetos
de engenharia, as ligas não ferrosas também são bastante utilizadas e desempenham um grande papel
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

para a tecnologia atual, pois algumas são miais leves, mais resistentes à oxidação, não magnéticas, entre
outras características, e podem ser aplicadas em produtos que exijam tais características.

l~1 SAIBA Para ter mais informações em relação a metais básicos não ferrosos, acesse o portal da
~,• MAIS Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração - (ABM).

Nos próximos itens, vamos estudar algumas ligas não ferrosas, como os metais leves, o cobre e suas
ligas e o níquel e suas ligas.

4.5.5 METAIS LEVES

Os metais leves são utilizados em ligas metálicas para aplicações que necessitam de baixo peso, traba-
lho em ambiente corrosivo e resistência mecânica moderada, pois apresentam baixo peso específico e têm
boa resistência à corrosão. Os materiais mais comuns são Alumínio, Magnésio e Titânio.

a) Alumínio: as ligas de alumínio são mais conhecidas por terem baixo peso e boa resistência à
corrosão, mas também são boas condutoras de eletricidade, são de fácil fabricação e têm boa
aparência estética. Outra característica boa do alumínio é que pode ser facilmente reciclado. A
seguir, temos a classificação das ligas de alumínio:

- Grupo Alumínio puro 1XXX: alumínio comercialmente puro, muito dúctil no estado recozido,
indicado para deformação a frio. Estas ligas têm excelente resistência à corrosão, que é cres-
cente com o aumento da pureza da liga. Indicado para equipamentos para indústrias alimen-
tícias, químicas, bebidas, trocadores de calor ou utensílios domésticos;

- Grupo Alumínio puro 2XXX: ligas de AICu, com elevada resistência mecânica, alta ductibilida-
de, média resistência à corrosão e boa usinabilidade. Indicado paira peças usinadas e forjadas,
indústria aeronáutica, transporte, máquinas e equipamentos;

- Grupo Alumínio puro 3XXX: ligas de AIMn, com boa resistência à corrosão, boa conformabili-
dade e moderada resistência mecânica, são ligas de uso geral. Indicado para peças usinadas e
forjadas, indústria aeronáutica, transporte, máquinas e equipamentos;

- Grupo Alumínio puro 4XXX: l.igas de AISi utilizadas em varetas de solda. Indicado para solda-
gem das ligas das séries 1XXX, 3XXX e 6XXX;

- Grupo Alumínio puro SXXX: ligas de AIMg são dúcteis no estado recozido, mas endurecem
rapidamente sob trabalho a frio. Alta resistência à corrosão em a1m bientes marítimos. Em ge-
ral, a resistência mecânica aumenta com os teores crescentes de Magnésio (Mg). Utilizado em
carrocerias de ônibus e de furgões, equipamentos rodoviários e veículos em geral, estruturas
solicitadas, reboques, vagotildes ferroviários, elementos estruturais, utensílios domésticos,
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

equipamentos para indústria química e alimentícia, telhas, cumeeiras, rufos, calhas, forros,
construção civil, fachadas e embarcações;

Figura 58 - Rodas automotlva.s


Fonte: SHUTTERSTOCK. 201 7.

- Grupo Alumínio puro 6XXX: ligas de AIMgSi, tratáveis termicamente com excelente resistência
mecânica na têmpera T6;

- Grupo Alumínio puro 7XXX: ligas de AIZn, tratáveis termicamente, alta resistência mecânica,
boa resistência à corrosão e boa conformabilidade. Peças sujeitas aos mais elevados esforços
mecânicos na indústria aeronáutica, militar, máquinas e equipamentos, moldes para injeção
de plástico e estruturas;

- Grupo Alumínio puro 8XXX: ligas de alumínio com outros elementos quaisquer como ligante,
que não se enquadrem nas classificações anteriores.

b) Magnésio: com densidade ainda menor que a do alumínio, pode ser considerado em diversas
aplicações estruturais onde se necessita baixo peso, como projetos aeroespaciais. Sua densidade
é a menor dentre os metais comuns (1,74 g/ cm3) e pode ser aplicado em grande variedade de pro-
dutos de consumo, como raquete de tênis, por exemplo. No entanto, são ligas que apresentam
maior fragilidade que as de alumínio;

c) Titânio: o titânio começou a ser utilizado após a segunda Guerra Mundial, já que antes disso não
havia um método prático para o seu processamento. Dentre os metais leve já citados, é o que tem
maior densidade, no entanto, suas ligas possuem a vantagem única de manter a resistência mes-
mo em temperaturas maiores como, por exemplo, na aplicação em fuselagem de aeronaves de
alta velocidade. Também há aplicação para o titânio puro, em próteses de implantes cirúrgicos.
A ASTM F-67 é a norma que regulamenta a produção do titânio puro para implantes cirúrgicos.

Estas especificações abrangem os requisitos químicos, mecânicos e metalúrgicos para produçã.o do


titânio destinado à fabricação de implantes cirúrgicos em quatro classes ou graus. O titânio grau 5, mais
conhecido como 6Al4V, tem alta resistência mecânica, além de ser muito leve. Estas duas características
tornam o titânio grau 5 o metal ideal para emprego na construção de aeronaves.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Fig ura 59 - Pa rafuso para lmpla ntes dentários fabricados em titã nlo
Fonte: SHUTTERSTOCK. 201 7.

COBRE

O cobre e suas ligas são o terceiro metal mais utilizado no mundo, perdendo apenas para os aços e para
o alumínio e suas ligas. Suas principais características são as elevadas condutividades elétrica e térmica,
boa resistência à corrosão e facilidade de fabricação, aliadas a elevadas resistências mecânica e à fadiga.
Sua densidade é de 8,94 g/cm3 , um pouco acima da do aço, e sua temperatura de fusão é de 1083 °C.

Figura 60 - Barras de Cobre


Fonte~ SHUTTERSTOCK. 2017.

Suas ligas podem ser encontradas em produtos trabalhados mecanicamente, fundidos e metalurgia do
pó. Entre os produtos trabalhados estão os arames, planos (placas, chapas, tiras e folhas), tubos, fio-máq ui-
nas, perfis extrudados e forjados. Já os produtos fundidos podem ser produzidos por vários métodos, tais
como em areia, contínua, centrífuga, sob pressão, cera perdida, gesso e coquillha. Ainda alguns elementos
também podem formar ligas de cobre de maior resistência, como o Berílio (Be) e Tungstênio (W):
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

a) Cobre Berílio (CuBe): a adição de 2% de berílio, seguida de um tratamento térmico para produ-
zir precipitados de CuBe, é suficiente para tornar a resistência à tração maior que 103 MPa;

b) Cobre Tungst ênio (WCu): ou cobretungstenado, são compósitos produzidos por metalurgia do
pó, são uma combinação de Tungstênio ou Carboneto de Tungstênio com cobre. As ligas WCu
têm dureza elevada, alta resistência ao desgaste, alta resistência à tração (mesmo em temperatu-
ras elevadas) e boa condutividade térmica e elétrica. São utilizadas eim eletrodos para solda pon-
to, solda por projeção, bico de solda no processo MIG, eletrodos para eletroerosão. São capazes
de transmitir altas correntes com ótima resistência ao arco, ao desgaste, além de boa condutivi-
dade térmica e elétrica.

Figura 61 - Peças em WCu si nterizado


Fonte: SENAI DR BA, 20 17.

LATÃO

É uma liga metálica de cobre e zinco com porcentagens deste último entre 3% e 45%. Ocasionalmente
se adicionam pequenas quantidades de outros elementos como alumínio, estanho, chumbo ou arsênio
para potenciar algumas das características da liga.

As aplicações do Latão abrangem os campos mais diversos, desde armamento, instrumentos musicais,
passando pela ornamentação, até tubos de condensador e terminais elétricos.

O latão também tem uma característica autolubrificante (baixo atrito), sendo muito aplicado na área
de mecânica de precisão em buchas ou calços de mecanismos que terão movimento rotativo ou linear,
diminuindo o atrito e, consequentemente, o desgaste, tendo a possibilidade de ser substituído quando
atingir uma folga elevada. Essas aplicações, normalmente, são em carcaças de aço ou alumínio em que se
quer preservar o restante da estrutura.
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BRONZE

Composto por uma mistura feita de cobr,e e estanho, o bronze é uma liga metálica homogênea, que,
além desses dois elementos principais, também pode apresentar outros elementos em sua composição,
como alumínio, silício e níquel, formando uma diversidade de ligas para diversos tipos de uso e finalidades.

Apesar d e o Bronze ser um metal relativamente mais mole para se trabalhar, também apresenta resis-
1

tência e é muito utilizado na fabricação de peças industriais, como parafusos, peças de motores, engrena-
gens, conex ões, peças de usinagem, entre tantas outras utilizações do setor industrial.
1

Assim como o latão, o bronze também tem características de baixo atrito, sendo muito aplicado em
buchas de mancais, em máquinas ferramentas e equipamentos industriais.

Figura 62 - Peças em bronze


Fonte: SHUTTERSTOCK. 201 7.

NÍQUEL

As ligas de níquel se caracterizam por terem excelente resistência à corrosão e às altas temperaturas.
Algumas de suas ligas são denominadas superligas, como o lnconel e o Hastelloy, bastante utilizados em
motores a jato, e foram desenvolvidas durante um período de aproximadamente 70 anos (SHACKELFORD,
2014) . A seguir, abordaremos algumas dessas ligas:

a) lnconel 600 (2.4816): é uma liga de níquel-cromo utilizada para aplicações que requerem resis-
tência à corrosão e alta temperatura. Esta liga de níquel foi concebida para temperaturas de ser-
viço a partir de criogênico a temper,aturas elevadas na gama de 2000º( . É não magnético, possui
excelentes propriedades mecânicas., e apresenta a combinação desejável de alta resistência e boa
soldabilidade sob uma vasta gama de temperaturas;

b) lnconel 718 (2.4668): liga de níquel, cromo e molibdênio projetada para resistir a uma ampla
gama de ambientes severamente corrosivos (corrosão por pite e em fresta). Esta liga de aço ao
níquel também exibe rendimento excepcionalmente alto, tração, fluência e ruptura por proprie-
dades em altas temperaturas, sendo usada desde temperaturas criogênicas até serviço a longo
prazo em 1200º(;
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

c) Monel 400 (2.4360): liga de cobre-níquel que é resistente à água do mar e vapor em altas tempe-
raturas, bem como soluções salinas e cáusticas. Esta liga de níquel apresenta características como:
boa resistência à corrosão, boa soldabilidade e boa 1resistência mecânica. Estas características le-
varam a sua ampla utilização em aplicações marítimas e outras soluções não oxidantes;
d) Monel KS00 (2,4375): liga de níquel-cobre endurecida por precipitação, que, além da excelente
resistência à corrosão do Monel 400, conta com uma maior resistência mecânica e dureza. O Mo-
nel KSOO tem aproximadamente três vezes a resistência ao escoamento e o dobro da resistência à
tração quando comparado com a liga 400.
Essas são algumas ligas de níquel e aqui encerramos o assunto dos não metálicos. A seguir, estudare-
mos os materiais poliméricos.

4.5 .6 MATERIAIS POLIMÉRICOS

A esses materiais costumamos chamar de plásticos. No entanto, assim como os metais, existem muitos
materiais e tipos diferentes de plásticos.
As características de fusibilidade dos polímeros determinam a técnica de processamento do material,
que são classificados em termoplásticos e termofixos. (MARINUCCI, 2011 ). Assim, quando um polímero é
fundido, ele apresenta algumas características, como derretimento, emissão de fumaça, entre,outras, que
são usadas para auxiliar na classificação do mesmo.
Os polímeros termoplásticos podem ser fundidos e injetados sob pressão, tomando a forma do molde
quando resfriados. E também podem tomar nova forma, caso passem pelo processo de aquecimento e
injeção novamente.
Suas propriedades físicas são reversíveis, como no polipropileno (PP), poliestireno (PS) e policloreto
de vinilo (PVC). Esses materiais apresentam vantagens, como moderada resistência química, elevada te-
nacidade, elevado volume de produção, baixa densidade e podem ser facilmente reciclados. Entretanto,
de forma geral, não possuem propriedades mecânicas e elásticas elevadas, possuem elevado coeficiente
de expansão térmica, o que resulta em baixa estabilidade dimensional e aplicável apenas em situação de
baixa temperatura de utilização.

Figura63 - Objetos feitos em material pollmérlco


Fonte: SHUTTERSTOCK. 201 7.
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A seguir, abordaremos a aplicação de alguns dos polímeros termoplásticos:

a) Policarbonato (PC): CD's, garrafas, recipientes para filtros, proteções de cabine em máquinas-
-ferramenta CNC, componentes de interiores de aviões, coberturas translúcidas, divisórias, vitri-
nes, etc.;

b) Poliuretano (PU): esquadrias, chapas, revestimentos, molduras, fi l mes, estofamento de auto-


móveis, em móveis, isolamento térmico em roupas impermeáveis, isolamento em refrigeradores
industriais e domésticos, polias e correias;

c) Poli cloreto de vinil o ou cloreto de polivinila (PVC): telhas translúcidas, portas sanfona das, di-
visórias, persianas, perfis, tubos e conexões para água, esgoto e ventilação, esquadrias, molduras
para teto e parede;

d) Poliestireno (PS): grades de ar-condicionado, gaiutas de barcos (imitação de vidro), peças de


máquinas e de automóveis, fabricação de gavetas de geladeira, brinquedos, isolante térmico,
matéria-prima do isopor;

e) Polipropileno (PP 1

): brinquedos, recipientes para alimentos, remédios, produtos químicos, car-


caças para eletrodomésticos, fibras, sacarias (ráfia), filmes orientados, tubos para cargas de ca-
netas esferográficas, carpetes, seringas de injeção, material hospitalar esterilizável, autopeças
(para-choques, pedais, carcaças de baterias, lanternas, ventoinhas, ventiladores, peças diversas
no habitáculo), peças para máquinas de lavar;

f) Polietileno (PET): embalagens para bebidas, refrigerantes., água mineral, alimentos, produtos de
limpeza, condimentos; reciclado, presta-se a inúmeras finalidades: tecidos, fios, sacarias, vassou-
ras. Plexiglas - é conhecido como vidro plástico.

Alguns polímeros termoplásticos foram desenvolvidos para aplicações de engenharia e têm caracterís-
ticas bem superiores aos mai s comuns, como os dois exemplos a seguir:

a) Polietileno de ultra alto peso molecular (UHMW): é um polímero de engenharia com proprie-
dades excepcionais e muito particulares, tem boa resistência ao desgaste por abrasão e resistência
ao impacto. É um material plástico que atende a uma ampla gama de especificações técnicas. Seu
desempenho é da maior importância na área de engenharia, onde se utilizam materiais plásticos;

b) Poliéter cetona (PEEK): é um polímero de alto desempenho e dotado de propriedades únicas,


que o tornam indicado para as aplicações de alta temperatura (até 2S0ºC) e resistência a ataques
químicos, mantendo boa estabilidade dimensional. Pode ser uma solução em substituição aos
metais, compósitos e outros polímeros, devido à extraordinária combinação de suas proprieda-
des.

Os polímeros termofixos ou termorrígidos, em geral, são líquidos e após a reação que provoca a sua
solidificação torna-se infusível, ou seja, não s,e funde mais. A solidificação é obtida pela adição de agentes
de cura ao polímero, podendo também ser pela ação de temperatura.

Exemplos determofixos são as resinas poliéster insaturado, epóxi, vaniléster e fenólica, como o Bakelite,
bastante utilizado em cabos de panelas, justamente por não derreter. Esses materiais apresentam pro-
priedades mecânicas superiores aos termoplásticos e apresentam maior estabilidade dimensional, além
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

de possuírem excelente resistência ao ataque de produtos químicos. Porém, só podem ser aplicados em
processos que atinjam até 1S0ºC e não são recicláveis.

A seguir, abordaremos a aplicação de algumas dessas resinas termorrígidas:

c) Celeron ®: é um laminado industrial, duro e denso, fabricado através de aplicação de calor e pres-
são em camadas de tecido de algodão impregnadas com resinas sintéticas (fenólicas). Quando o
calor e a pressão são aplicados simultaneamente às camadas, uma reação química (polimerização)
ocorre, aglomerando as camadas em uma massa sólida e compacta. É importante uma peque-
na explanação do que é um produt,o termofixo: material que, após aplicação de calor e pressão,
torna-se permanentemente rígido, não podendo posteriormente ser termo formado. Portanto, o
Celeron enquadra-se nesta família de produtos. É diferenciado de acordo com a malha do tecido
usado, variando de grosso, médio, fino e extrafino. As chapas em malha grossa são largamente
utilizadas no mercado industrial. Entretanto, a especificação da malha dependerá do desenho e
configuração da peça a ser produzida. Quanto mais fina for a malha, melhor será o acabamento
da peça. O laminado Celeron é diferenciado de acordo com a malha do tecido usado, variando de
extrafino, e 1004; fino, e 1003; médio, e 1002; e grosso, C 1001;
- C 1001 malha grosa: laminado produzido com tecido de algodão malha grossa, paira obter um
produto econômico e com excelentes qualidades físicas e mecânicas. É recome,n dado para
confeccionar peças como polias, guias, mancais, rodas, buchas, tampas de caixa de sucção,
chapas de desgaste e muitos outros;

- C 1002 malha média: constituído de tecido de algodão malha média, possuindo grande resis-
tência mecânica. Recomendável para confeccionar guias de máquinas, flanges, arruelas, rol-
danas e muitos outros;

- C 1003 malha fina: laminado confeccionado com tecido de algodão malha fina, resultando em
produto de altíssima qualidade. É viável a adição de grafite neste laminado para obter certas
qualidades, porém as características mecânicas sofrem redução considerável. É recomendado
para produzir buchas, prismas, polias, anéis de vedação, rodas dentadas e outros;

- C 1004 malha extrafina: laminado estratificado com tecido de algodão, malha extrafina. Este
material é próprio para fabricar engrenagens ou outros produtos de alta precisão, palhetas de
ferramentas pneumáticas, e muitas outras peças onde exigem ausência de vibrações, funcio-
namento silencioso e ausência de lubrificantes.

Blocos, tarugos e
Peças em Celeron
tubos de Cel eron

Q uadro 8 - Resinas termorrígidas


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
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d) Cibatool@:é um material muito utilizado para prototipagem. Tem boa usinabilidade, tanto do
ponto de vista do cavaco quanto do acabamento da superfície. É muito semelhante à madeira,
porém sem a formação de nó.

Rgura 6 4 - Protótipo de retrovisor automotlvoem Cll>atool


Fonte : SENAJ DR BA, 2017.

A. imagem anterior mostra um produto usinado em Cibatool. É possível notar a coloração e até mesmo
a textura desse material.
Aseguir, vamos conhecer um pouco dos materiais cerâmicos.

4.5.7 MATERIAIS CERÂMICOS

Diferente da grande maioria dos materiais vistos anteriormente, as cerâmicas, na usinagem, não são
usadas como matéria-prima na confecção de peças, mas sim como material de ferramentas de corte. A
fabricação de peças em cerâmica envolve outros processos, porque após a cerâmica adquirir a sua forma
e resistência mecânica final, passa a ter muita dureza e ser muito frágil, dificultando a usinagem por quais-
quer meios.
As cerâmicas são materiais inorgânicos que podem ter estrutura cristalina ou ser amorfos, ou ainda uma
mistura dos dois (SMITH; HASHEMI, 2012) . Esses materiais costumam manter sua resistência mecânica em
altas temperaturas, possuem alta dureza, baixo peso, atrito e boa resistência ao desgaste, são bons isolan-
tes térmicos e elétricos, no entanto, são altamente quebradiços. Para aplicações de engenharia, existem
alguns tipos de cerâmicas mais adequados, entre esses estão alumina (base de óxido de alumínio - Al 2O3),
nitreto de silício (Si 3 N4) e carboneto de silício (SiC).
As peças de cerâmica são fabricadas por meio da metalurgia do pó, passando por um processo de mo-
agem, compactação, usinagem antes da cura, e depois passam pelo processo de sinterização, onde ficam
em um forno com temperatura controlada, que pode chegar na faixa de 1800°( .
Como ferramenta de usinagem, é aplicada em processos específicos, pois não pode sofrer choques
mecânicos nem térmicos, ou seja, o processo tem que ser estável e, se tiver refrigeração, essa deve ser
constante e intensa. Como tem alta dureza, pode usinar materiais endurecidos. Devido a sua resistência ao
desgaste, as ferramentas, se forem bem utilizadas, têm vida longa.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

A facilidade em dissipar o calor também proporciona maior precisão ao processo. No entanto, além
da necessidade de um processo estável para aplicação em usinagem, também tem valor de compra bem
maior que outros tipos de fer ramentas.

Rgura 65 - lnsertos de ce râmica para usl nagem por torneamento


Fonte: SENAJ DR BA, 20 17.

As peças em material cerâmicos costumam ter coloração e textura diferentes de peças metálica, como
pode ser visto na imagem anterior.

A seguir, vamos fazer uma abordagem ao metal duro.

4.5.8 METAL DURO

O metal duro, assim como a cerâmica, tem grande aplicação como ferramenta de usinagem. Esse ma-
terial também é processado por metalurgia do pó, é composto por uma liga de carboneto de tungstênio
(WC) e outros materiais que atuam como ligantes, cujo mais comum deles é o cobalto (Co), formando o
metal duro (VvC-Co), mas também pode ser o níquel, titânio, cromo ou uma combinação entre eles.

É mais duro e resistente ao desgaste e altas temperaturas que o aço rápido, porém, menos frágil e não
tão sensível como as cerâmicas, por isso é largamente utilizado para ferramentas de usinagem.

Ao contrário das cerâmicas, seu peso específico é bem alto, considerado em geral o dobro do aço, em
torno de 15 g/cm 3 • Por isso, a sua aplicação é restrita a casos que não requeiram redução de peso.

Figura 66 - Peça em metal duro


Fonte: SENAJ DR BA, 2017.
• DESENVOLVIMENTO DESISTEM~ MECÂNICOS DE PRECISÃO · VOLUME 1

Existem diversas classes de metal duro que variam de acordo com a composição química, variando, as-
sim, parâmetros como a dureza, resistência à corrosão, entre outros, que podem ser adequadas à aplicação.

O metal duro também é muito aplicado na fabdcação de peças de desgaste em máquinas e equipa-
mentos industriais, rolos de laminação, fieiras de trefilação, matriz de extrusão, facas e tesouras industriais,
entre outras aplicações que necessitem, principalmente, de alta dureza e resistência ao desgaste.
No próximo item, vamos f azer uma abordagem dos materiais compósitos.

,
3.5.9 MATERIAIS COMPOSITOS

Podemos definir como material compósito a integração de dois ou mais materiais formando um novo
material. Esses dois materiais, normalmente, não se ligam quimicamente, ou seja, não se dissolvem um no
outro, mantendo, assim, suas propriedades, podendo ser identificados fisicamente por uma interface entre
eles, mas o novo material formado terá propriedades diferentes.

Figura 67 - Bancos de arquiba ncada fabricados em materia I compósito


Fonte: MAXPIXEL. (20-).

A maioria desses materia is é formado por um material de reforço e um aglutinante, ou ligante, que vão
proporcionar características específicas, conforme desejado. O material da matriz pode ser um metal como
o alumínio, ou uma cerâmica como a alumina, ou ainda um polímero, como o epóxi.

Quando se pretende desenvolver um material compósito, procura-se aproveitar ao máxim10 as melho-


res propriedades mecânicas associadas aos reforços fibrosos. Para selecionar o reforço, leva-se em conta
aspectos que podem variar do custo ao desempenho esperado, e também à técnica de fabricação.

No contexto de resistência estrutura '! sob ação de determinados carregamento estáticos, dinâmicos ou
mesmo combinados, as fibras de vidro, de aramida e de carbono têm sido os elementos de reforço mais
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

utilizados para materiais compósitos. Esses materiais também podem ser associados, formando compósi-
tos híbridos.

FIBRAS DE VIDRO

A fibra de vidro é mais antiga das fibras usadas em materiais compósitos. Essas fibras têm boas proprie-
dades elásticas e baixo custo, que as tornam atrativas, permitindo-as competir até mesmo com metais não
ferrosos, como o alumínio. A tabela a seguir apresenta as principais propriedades das fibras de vidro.

PROPRIEDADES

Densidade (g.cm-3) 2154 2149 2,54 2,48

Resistência à tração (M pa) 25°C 3033 3033 3448 4585

Resistência à tração (Mpa) 3 70Q( 2620 3758

Módulo de elasticidade (GPa) 25°C 69,0 72,4 85,5

Alongamento (%) a 25°( 418 4,8 5,7

Ta bela 1 - Principais propriedades das fibras de vid ro


Fonte: MARINUCCl1 201 1.

FIBRAS DE ARAM IDA

Às fibras poliamidas aromáticas é dado o nome genérico de fibra aram ida, material que é conhecido
pelo nome comercial Kevlar~, desenvolvido pela empresa Ou Pont.
São fibras resistentes ao fogo, fazem boa isolação elétrica e térmica e possuem resistência química a sol-
ventes orgânicos, combustíveis e lubrificantes. Em relação A outras fibras, pode ser que o maior diferencial
esteja na elevada tenacidade, por isso a indicação para fabricação de coletes e blindagens à prova de balas.

PROPRIEDADES DA FIBRA ARAMIDA

RESISTfNCIA A MÓDULO DE DEFORMAÇÃO NA DENSIDADE


TRAÇÃO (Mpa) ELASTICIDADE (GPa) RUPTURA(%) (g.cm-3)

Aramida de baixo módulo 2760 62 3,6 1,44

Aram ida de alto módulo 2760 117 215 1,44

Tabe la 2 - Propriedade da fibra aram ida


Fonte: MARINUCCI, 201 1.
• DESENVOLVIMENTO DE SISfEM~ MEt'ÂNICOS OE PRECISÃO · VOLUME 1

Na tabela anterior, é possível verificar as diferenças das propriedades entre dois tipos de aramida.
Aseguir, vamos estudar sobre a fibra de carbono.

FIBRAS DE CARBONO

As fibras de carbono são as que apresentam melhores características de resistência mecânica, sendo
que uma das principais é a baixa densidade. No entanto, o potencial dessas fibras não se associia apenas ao
baixo peso e elevada resistência mecânica, mas, principalmente, ao alto módulo de elasticidade e reduzida
deformação que o material possui, podendo competir até mesmo com os aços na fabricação de estruturas.

RESISTÊNCIA A MÓDULO DE DEFORMAÇÃO NA DENSIDADE


TRAÇÃO {Mpa) ELASTICIDADE ,(GPa) RUPTURA{%) {g.cm-3 )

Elevada resistência (HTI 3400 238 1,5

Alto módulo (HM) 2350 358 0,6 1,79

Módulo intermediário (IM) 4100 295

Tabela 3- Propriedade da fibra de<.arbono


Fonte: MARINUCCI, 201 1.

Na tabela anterior, é possível as diferenças das propriedades entre alguns tipos de fibra de carbono.
Em contrapartida, o preço da fibra de carbono é elevado, além da necessidade da importação, o que
torna sua utilização restrita, somente para casos de componentes ou estruturas que justifique,m o investi-
mento.
4 SISTEMAS MEr.ÂNICOS DE PREQSÃO (PLANEJAMENTO EPREPARAÇÃO) •

RECAPITULANDO

Chegamos ao final desse livro e vamos aproveitar para recapitular os assuntos que aprendemos.

Iniciamos por conjuntos mecânicos, aplicados à mecânica de precisão, conhecendo suas


características, ferramentas para manuseio de peças e componentes de pequenas dimensões,
1

instrumentos adequados com maior precisão, formas de atuação dos conjuntos mecânicos, tipos de
juntas, funções dos conjuntos mecânicos de precisão, tolerâncias e ajustes em mecânica de precisão.

Após conhecermos o universo que envolve um conjunto mecânico de precisão, passa mos por
manufatura digital, manufatura aditiva e otimização topológica, conhecendo as aplicações,
curiosidades, vantagens e dificuldades para implantação dessas novas tecnologias.

Por fim, vimos os materiais e novos compósitos, aprendendo sobe os ferros fundidos e aços, que
são materiais metálicos ferrosos, assim como os não ferrosos como o alumínio, titânio, cobre, latão
e bronze.

Ainda estudamos sobre o metal duro e as cerâmicas, e também sobre os materiais poliméricos, ou
plásticos, até então chegarmos aos compósitos, como as fibras aramida e de carbono. Continue
desbravando o mundo de conhecimento que o ajudará no processo de aprendizagem e siga
estudando mais e mais sobre a área de Mecânica de Precisão no próximo livro.

Até breve!
REFERÊNCIAS

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,
MINICURRICULO DOS AUTORES

ANDREA DE MATOS MACHADO

Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial pela Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC (2014),
especialista e bacharel em Design de Produtos pela UNES (2002; 1998). No SENAI desde 2008,
atua como docente nos cursos superiores e pós-graduação nas disciplinas de Desenho Mecânico
e Desenvolvimento de Produto. Orienta e participa de bancas de defesa de trabalhos de conclu-
são de curso na graduação, pós-graduação e cursos técnicos. É membro dos Grupos de Trabalho:
Projetos Industriais e Responsabilidade Social na mesma instituição. Áreas de interesse: design e
processo de desenvolvimento de produtos, ambientes colaborativos, inovação tecnológica, pro-
jetos mecânicos via CAD paramétrico e GD&T.

GIRLENE REIS SACRAMENTO

Especialista em Docência na Educação Profissional e Tecnológica. Graduada em Desenho Indus-


trial pela Universidade do Estado da Bahia (1996), t em pautado sua vivência profissional na do-
cência no ensino em nível t écnico e superior. Possui dez anos de experiência no ensino técnico,
iniciando na Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia e durante dois anos foi docente em
caráter de substituição na Universidade Federal da Bahia, ministrando disciplinas da área de De-
senho na Faculdade de Arquitetura. Atualmente, é docente do SENAII CIMATEC, lotada na área de
Desenvolvimento de Produtos Industriais e tem direcionado sua atuação e pesquisais à inserção
da modalidade EAD no núcleo onde trabalha.

LUIS ANTÔNIO GONÇALVES JUNIOR

Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia (2013) e mes-
trado em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal da Bahia (2016). Tem experiência
no desenvolvimento de projetos de sistemas técnicos de precisão, atuando, principalmente, nos
seguintes temas: modelagem matemática, simulação numérica utilizando o Método de Elemen-
tos Finitos, detalhamento construtivo de mecanismos flexíveis aplicados em sistemas de preci-
são, análise experimental de tensões e interferometria. Foi membro das equipes dos projetos
DEBRATOR e DINTOR - projetos celebrados em parceria entre a Universidade Federal da Bahia e a
Technische Universitêit 1/menau (Alemanha), desenvolvidos no âmbito do programa de coopera-
ção Brasil-Alemanha BRAGECRIM.

MARCUS VINICIUS MENDES GOMES

Doutorando em Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial (CIMATEC). Mestre em Ges-


t ão da tecnologia Industrial (CIMATEC). Especialista em Design de produto (UNES). Especialista
em Administração de Serviços (UFBA). Possui graduação em Design Industrial pela Universidade
do Estado da Bahia (2000). Atuação como docente de desenho técnico, desenho mecânico, CAD,
custos industriais, projeto de produto. Atuação como designer, com ênfase em desenvolvimento
de produto e gestão.

VALTER ESTEVÃO BEAL

Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999),
mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002) e dou-
torado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmen-
te, é Professor Associado do SENAI - Departamento Regional da Bahia, Revisor de periódico da
Proceedings of the lnstitution of Mechanical Engineers. Part B, Journal of, Revisor de periódico
da Proceedings of the lnstitution of Mechanical Engineers. Part C, Journa/ of, Revisor de periódi-
co da Proceedings of the lnstitution of Mecha nicai Engineers. Part H, Journal of, Revisor de peri-
ódico da Journal of Applied Polymer Science, Professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública, Membro da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas e Membro da
American Society of Mechanical Engineers. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica, com
ênfase em Processos de Fabricação. Atuando, princjpalmente, nos seguintes temas: fabricação
por adição de camadas, functionally graded materiais, moldagem por injeção, rapid prototyping,
rapid manufacturing.
,
INDICE

µ
µm (Mícron) 5 7

B
Batelada 72

e
CAD 72, 73, 74, 76, 83, 84, 85
CAE 72
CAI 72
CAM 72

E
Empatia 47

H
HRC 89, 90, 91

Interfaces 72

Minério de ferro 86
Momento torsor 67, 68

o
Objeção 46

Paralaxe 58
Persuasão 20

s
STEP 72

Tecnologia disruptiva 72
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA - UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Andrea Matos de Machado


Girlene Reis Sacramento
Luis Antônio Gonçalves Junior
Marcus Vinicius Mendes Gomes
Valter Estevão Beal
Elaboração

Vinícius Borges Dias


Revisão Técnica

Suzana Angélica da Silva Mascarenhas Pina


Coordenação Técnica

Marcel/e Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


lgor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Prod ução

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto
Bruno Pinheiro Fontes
Ticianna Talitha Fontes Castelhano
Design Educacional

Daniela Cunha Santana


Revisão Ortográfica e Gramatical

A/ex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vida! da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

A/ex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Leonardo Silveira
Vinicius Vida/ da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Renato Oliveira de Souza CRB - 5 / 1716


Normalização - Ficha Catalográfica

Daiane Amancio
Revisão de Padronização e Diagramação

Xxxxxxx
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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