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Série meio ambiente

sistema
de gestão
ambiental
Série meio ambiente

sistema
de gestão
ambiental
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série meio ambiente

sistema
de gestão
ambiental
© 2018. SENAI – Departamento Nacional

© 2018. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Área de Meio Ambiente em parceria com a
área de Inovação e Tecnologias Educacionais do SENAI Bahia, com a coordenação do SENAI
Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do
SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Área de Meio Ambiente – AMA
Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491s

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Sistema de gestão ambiental / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional da Bahia. Brasília: SENAI/DN, 2018.
132 p.: il. - (Série Meio Ambiente).

ISBN 978-855050276-2

1. Gestão ambiental. 2. Técnico meio ambiente. I. Serviço Nacional


de Aprendizagem Industrial. II. Departamento Nacional. III. Departamento
Regional da Bahia. IV. Sistema de Gestão Ambiental. V. Série Meio
Ambiente.

CDU: 502

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Logomarca da conferência da Rio 92.....................................................................................................18
Figura 2 - Os três pilares da sustentabilidade.........................................................................................................19
Figura 3 - Representação da biodiversidade...........................................................................................................20
Figura 4 - Principais eventos globais envolvendo meio ambiente, o homem e a sustentabilidade .22
Figura 5 - Descontentamento com a Rio+20..........................................................................................................22
Figura 6 - Objetivos de desenvolvimento do milênio.........................................................................................23
Figura 7 - Representação das imposições ao cumprimento da legislação ambiental.............................24
Figura 8 - Representação da avaliação do passivo ambiental de uma empresa.......................................25
Figura 9 - Sistema de Gestão Ambiental..................................................................................................................30
Figura 10 - Tecnologia Limpa........................................................................................................................................31
Figura 11 - Comportamento (inadequado) das indústrias em meados do século passado . ...............32
Figura 12 - Comportamento das indústrias na atualidade: tentativa de minimizar impactos ambien-
tais....................................................................................................................................................................33
Figura 13 - Serviço ambiental de polinização prestado pelo beija-flor.........................................................35
Figura 14 - A prevenção da poluição como tendência para a gestão ambiental empresarial no
século XXI......................................................................................................................................................36
Figura 15 - Selos verdes – rótulo ambiental tipo I.................................................................................................47
Figura 16 - Ciclo do PDCA..............................................................................................................................................48
Figura 17 - Representação da Análise do Desempenho Ambiental...............................................................59
Figura 18 - Representação da análise do ciclo de vida........................................................................................61
Figura 19 - Explosão na Central Nuclear de Fukushima, Japão........................................................................63
Figura 20 - Ciclo PDCA.....................................................................................................................................................64
Figura 21 - Processo de Certificação conforme Ciclo PDCA ............................................................................66
Figura 22 - Logomarca da ABNT..................................................................................................................................71
Figura 23 - A norma ISO 14001:2004 ajuda a orientar a empresa no alcance da melhoria do seu
desempenho ambiental...........................................................................................................................72
Figura 24 - Exemplo de Kit de Emergência estabelecido pela ABNT NBR 9735 – Conjunto de equi-
pamentos para emergências no transporte terrestre de produtos perigosos.....................79
Figura 25 - Etapas da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental....................................................80
Figura 26 - Representação da necessidade de definição da Política Ambiental pela alta adminis-
tração..............................................................................................................................................................81
Figura 27 - Representação da necessidade de que os empregados da organização
conheçam e apliquem a Política Ambiental em suas atividades..............................................82
Figura 28 - Representação da busca por um objetivo e de metas (alvos) a serem atingidas para esse
fim....................................................................................................................................................................91
Figura 29 - Representação da hierarquia funcional simplificada em uma empresa.................................92
Figura 30 - Autoridade máxima da organização apresentando o programa de SGA aos chefes de
segundo escalão.........................................................................................................................................94
Figura 31 - Hierarquia contemporânea de uma organização...........................................................................95
Figura 32 - Treinamento para os empregados........................................................................................................97
Figura 33 - Representação dos setores e dos empregados de cada setor interligados pelo SGA da
organização..................................................................................................................................................98
Figura 34 - Representação de um canal de comunicação da organização com as partes interessa-
das....................................................................................................................................................................98
Figura 35 - Representação da comunicação ambiental da organização aos stakeholders.....................99
Figura 36 - Representação de documentos do SGA.......................................................................................... 101
Figura 37 - Representação de documentação do SGA identificável e organizada................................ 101
Figura 38 - Fluxo da gestão de documentos de uma organização.............................................................. 102
Figura 39 - Exemplo de controle de registros realizado por uma organização....................................... 103
Figura 40 - Exemplo de atendimento à emergência......................................................................................... 104
Figura 41 - Representação de verificação realizada em uma auditoria ambiental................................ 107
Figura 42 - Auditoria de verificação dos indicadores de desempenho ambiental da empresa........ 109
Figura 43 - Verificação dos requisitos em uma auditoria ambiental........................................................... 110
Figura 44 - Marca do selo ambiental Forset Stewardship Council para produtos fabricados em ma-
deira.............................................................................................................................................................. 112
Figura 45 - Simbologia da certificação da organização segundo a Norma ISO 14001......................... 115
Figura 46 - Ciclo do PDCA adaptado às etapas de implantação do SGA................................................... 116
Figura 47 - Representação da melhoria contínua do desempenho ambiental de uma
organização............................................................................................................................................... 117
Figura 48 - Representação do cruzamento de sistemas individuais de gestão em um SGI................ 119

Quadro 1 - Resumo dos principais acontecimentos históricos relacionados à evolução do movimen-


to ambientalista..........................................................................................................................................17
Quadro 2 - Série ISO 14000.............................................................................................................................................56
Quadro 3 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais.................................................................................84
Quadro 4 - Principais aspectos e impactos de uma atividade de beneficiamento....................................84
Quadro 5 - Critérios para análise de significância de impactos ambientais.................................................86
Quadro 6 - Matriz de avaliação de significância de impactos............................................................................88
Quadro 7 - Exemplos de objetivos e metas ambientais.......................................................................................90
Quadro 8 - Exemplos de registros ambientais...................................................................................................... 103
Quadro 9 - Exemplos de indicadores absolutos e relativos............................................................................. 106
Quadro 10 - Plano de auditoria.................................................................................................................................. 110
Quadro 11 - Organizações credenciadas pelo INMETRO para certificar empresas segundo a norma
ISO 14001.................................................................................................................................................... 114
Quadro 12 - Exemplos de “entradas” para a análise crítica pela alta administração............................... 117

Tabela 1 - Histórico dos certificados da Norma ISO 14001 emitidos pelo INMETRO
por mês e ano........................................................................................................................................... 115
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico...................................................................................15

3 Tendências para o sistema de gestão ambiental................................................................................................29


3.1 Tendências para os sistemas de gestão ambiental..........................................................................30
3.1.1 Técnicas de pesquisa de tendências...................................................................................30

4 Instrumentos para o Sistema de Gestão Ambiental .........................................................................................43


4.1 Ciclo do PDCA................................................................................................................................................48

5 Série ISO.............................................................................................................................................................................53
5.1 Rotulagem Ambiental................................................................................................................................58
5.2 Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA)....................................................................................59
5.3 Análise do Ciclo de Vida (ACV)................................................................................................................60
5.4 Mudanças Climáticas..................................................................................................................................61
5.5 Estrutura básica de um SGA e certificação ........................................................................................64
5.5.1 Estrutura básica de um Sistema de Gestão Ambiental ...............................................64
5.5.2 Certificação..................................................................................................................................66

6 NBR ISO 14001:2004......................................................................................................................................................71


6.1 Mudanças da ISO 14001:2015..................................................................................................................75
6.2 Vantagens e desafios da implantação do SGA...................................................................................77
6.3 Requisitos do SGA........................................................................................................................................79
6.3.1 Compromisso e política...........................................................................................................81
6.3.2 Planejamento..............................................................................................................................82
6.3.3 Implementação..........................................................................................................................92
6.3.4 Medição e avaliação............................................................................................................... 105
6.3.5 Análise crítica e melhoria contínua.................................................................................. 115

Referências........................................................................................................................................................................123

Minicurrículo das autoras.............................................................................................................................................127

Índice...................................................................................................................................................................................129
Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Sistema de Gestão Ambiental.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a elaborar, implantar e manter sistema de gestão
ambiental, otimizando os recursos e aplicando as técnicas necessárias para implementação e
manutenção de Sistemas de Gestão Ambiental - SGA.
Nos capítulos a seguir desenvolveremos conhecimentos sobre as ferramentas da qualidade
e os Sistemas de Gestão Ambiental. Assim, iremos estudar sobre as Tendências para os sistemas
de gestão ambiental e as Técnicas de pesquisa de tendências; a origem do Sistemas de gestão
ambiental (SGA); as Vantagens e desvantagens da implantação de SGA; a Estrutura básica de
um Sistema de Gestão Ambiental; Certificação; a Norma ABNT NBR ISO 14001 e a Auditoria
ambiental.
Você vai se deparar com assuntos que ressaltam a importância do planejamento compro-
metido com a preservação dos recursos ambientais.
Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades sociais, organizati-
vas, metodológicas e técnicas.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
12

Os estudos desta unidade curricular lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Demonstrar espírito colaborativo em atividades coletivas;


b) Prever racionalmente os recursos materiais, considerando os aspectos técnicos e econômicos;
c) Planejar ações para as etapas da gestão.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Analisar as vantagens e desvantagens da implantação de SGA;


b) Identificar os recursos e normas técnicas para elaborar, implementar e manter o sistema de ges-
tão ambiental;
c) Pesquisar tendências de sistemas de gestão ambiental para a melhoria dos processos;
d) Realizar auditorias de verificação de conformidades do sistema de gestão;
e) Reconhecer a estrutura do SGA.

Esperamos que você obtenha êxito na construção do seu conhecimento. E lembre-se de que você é o
principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
13
Gestão ambiental na atualidade
e panorama histórico

Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento das telecomunicações favoreceu a to-


mada de consciência sobre as consequências das atividades humanas sobre o meio ambiente,
fomentada pela ampla divulgação de uma série de desastres ambientais e dos avanços das
publicações científicas sobre o assunto.
A ameaça dos armamentos nucleares durante a guerra fria, as previsões sobre uma possível
crise do petróleo, o desequilíbrio ecológico provocado pela poluição e a devastação da natu-
reza e a insatisfação pública com as desigualdades sociais e com o sistema capitalista promo-
veram a ascensão de um ativismo público entre as décadas de 50 e 60, precursoras de um mo-
vimento ambientalista mais amplo em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Muitos
empresários, sindicatos, partidos políticos e outros segmentos consideravam esse movimento
ambientalista principiante como um fenômeno “da moda” e de revolta idealista sustentada
por uma elite “sem propósito”.
O processo de industrialização baseado na aceitação ingênua ou sem princípios éticos de
qualquer tecnologia, desde que gerasse lucro, ocasionou impactos ambientais e a perda de
uma significativa parcela do patrimônio natural da humanidade. Países em desenvolvimento,
como o Brasil, absorveram tecnologias estrangeiras ultrapassadas, cujos processos produtivos
já tinham sido substituídos por outros mais avançados nos países de origem. Assim, o acele-
rado processo de desenvolvimento industrial, que trouxe inúmeros benefícios à humanidade,
passou a comprometer a qualidade ambiental do planeta.
No tocante à evolução do movimento ambientalista, há indícios de que a preocupação am-
biental de cunho político não surgiu na Europa ou nos Estados Unidos, como geralmente se
divulga, mas em áreas colonizadas, a exemplo do Caribe, da Índia, África do Sul, Austrália e na
América Latina, tendo sido o Brasil um dos principais focos dessa vertente, considerando que
em tais áreas estavam sendo implantadas formas de exploração maciças e predatórias, como,
por exemplo, a extração de recursos madeireiros e minerais para abastecer os países coloniza-
dores.
No quadro a seguir você pode conferir, em ordem cronológica, os principais acontecimen-
tos históricos que marcaram a trajetória do movimento ambientalista até o final da década de
80:
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
16

Ano Acontecimento Local ou responsável


Criação do primeiro grupo ambientalista
privado, o Commons, que promoveu campan-
Footpaths and Open Spaces Preserva-
1865 has pela preservação de espaços de lazer, em
tion Society
áreas verdes urbanas para trabalhadores da
indústria.
Criação do primeiro parque nacional do
1872 Estados Unidos
mundo, o Yellowstone Park.
Criação do primeiro parque brasileiro, o Parque
1896 São Paulo, Brasil
Estadual da Cidade de São Paulo.
Criação da Sociedade Amigos de Alberto Tor-
1930 res, que pregava o uso racional dos recursos Rio de Janeiro, Brasil
naturais.
1934 Criação do Código das Águas. Brasil
Nevoeiro sulfuroso (20 mortos) decorrente de
1948 Pensilvânia, Estados Unidos
emissões do Centro Siderúrgico da Pensilvânia.
Nevoeiro e gases poluentes (smog) (morte
1952 imediata de 445 pessoas e total de 4 mil pes- Londres, Inglaterra
soas).
1956 Lei do ar limpo. Inglaterra
Ocorrência de problemas neurológicos em co-
munidade de pescadores da Baía de Minamata
1956 (107 mortos e 798 casos oficiais) decorrentes Minamata, Japão
da contaminação causada pela Indústria
Química Chisso.
Incêndio e liberação de radioatividade pela
1957 Inglaterra
Usina Nuclear de Windscale.
Publicação do Livro a Primavera Silenciosa,
1962 sobre os riscos do uso de agrotóxicos (bioacu- Pensilvânia, EUA
mulação do DDT).
Derramamento de 117 mil toneladas de
1967 petroleiro Torrey Canyon
petróleo.
Conferência da Biosfera sobre impactos hu-
1968 ONU/Unesco/FAO/OMS/UICN
manos na biosfera.
Fundação do Clube de Roma - um grupo de
pessoas ilustres que se reúnem para debater
1968 um vasto conjunto de assuntos relacionados à Itália
política, economia internacional e, sobretudo,
ao meio ambiente.
Fundação da primeira associação ambiental-
ista do Brasil e da América Latina, a Agapan
1971 Porto Alegre, Brasil
(Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente
Natural).
2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
17

Ano Acontecimento Local ou responsável


Relatório “Limites do Crescimento” - relatava
que as raízes da crise ambiental decorriam
Cientistas de Massachussetts Insti-
1972 do crescimento exponencial da economia e
tute of Technology - MIT (EUA)
da população (encomendado pelo Clube de
Roma).
Conferência da Organização das Nações Uni-
1972 Estocolmo, Suécia
das sobre o Meio Ambiente Humano.
Criação da Secretaria Especial do Meio
1973 Ambiente (Sema), vinculada à presidência da Brasil
república.
Seminário Internacional sobre Educação
1975 Belgrado, Iugoslávia
Ambiental.
Liberação de dioxina pela indústria química
1976 Seveso, Itália
ICMESA.
Conferência Intergovernamental sobre Edu- Tbilisi, Geórgia (antiga União Sovié-
1977
cação Ambiental. tica) - Unesco e ONU
1979 Acidente nuclear de Three Mile Island. Pensilvânia, Estados Unidos
Convenção sobre a Poluição Atmosférica
1979 Genebra, Suíça
Transfronteiriça a Longa Distância.
Desastre de Bophal causado pelo vazamento
1984 do gás metil isocianato (pesticida) pela Union Índia
Carbide (morte imediata de 2.259 pessoas).
Incêndio decorrente do vazamento de
gasolina em um dos oleodutos da Petrobras
1984 que ligava a Refinaria Presidente Bernardes Cubatão, Brasil
ao Terminal de Alemoa (mais de 500 mortes
estimadas).
Acidente nuclear de Chernobyl (mais de 20
Ucrânia (parte da antiga União
1986 mil pessoas morreram de câncer depois de 20
Soviética)
anos do acidente).
Publicação do relatório “Nosso Futuro Comum”
1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente ONU
e Desenvolvimento.
Protocolo de Montreal sobre substâncias que
1987 Montreal, Canadá
empobrecem a camada de ozônio.
Publicação da Constituição Federal brasileira,
1988 Brasil
com um capítulo dedicado ao meio ambiente.
Vazamento de petróleo (aproximadamente
1989 Alasca
257 mil barris) do navio Exxon Valdez.

Quadro 1 - Resumo dos principais acontecimentos históricos relacionados à evolução do movimento ambientalista
Fonte: SENAI DR BA, 2012.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
18

Desde a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo) em
1972, a relação entre ambiente e empresas transformou-se em um tema cada vez mais importante de
política pública e de estratégia de negócios. Como resultado desta conferência, foi criado o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(BRUNDTLAND, 1987). Realizada há quarenta anos, essa conferência representou o primeiro grande passo
em busca da superação dos problemas ambientais. Até então, era comum pensar que os recursos naturais
eram inesgotáveis. Nessa perspectiva, as empresas e organizações adotaram um novo olhar na administra-
ção de seus negócios, com foco na gestão ambiental.
A gestão ambiental é a administração de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira
racional os recursos naturais. A gestão ambiental é uma abordagem sistêmica em que a preocupação am-
biental está em todos os negócios das organizações. A gestão ambiental é também um processo através
do qual as organizações definem e redefinem seus objetivos e metas relacionadas à proteção do ambiente
(SEFFERT, 2005), à saúde de seus empregados, aos clientes e comunidade, além de selecionarem estra-
tégias e meios para atingir estes objetivos através da avaliação de sua interação com o meio ambiente
externo.
A gestão ambiental passou, a nível mundial, por profundas transformações ao longo dos últimos trinta
anos. Durante as décadas de 70 e 80, a gestão ambiental foi essencialmente praticada pelo Estado com a
utilização dos chamados “instrumentos de comando e controle”.
A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente publicou, em 1987, o relatório das Nações Unidas, intitulado
Nosso Futuro Comum1 (BRUNDTLAND, 1987), um marco na história da gestão ambiental, consagrando o con-
ceito de desenvolvimento sustentável (desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem com-
prometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades) e estabelecendo o im-
portante papel das empresas para essa gestão.
Este relatório foi também o principal responsável pela agenda da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92 (também conhecida como ECO92, Cúpula da Terra, Cimeira
da Terra e, em inglês, como United Nations Conference on Environment and Development - UNCED), que
reuniu mais de 108 chefes de Estado, delegados de 172 países, além de 10 mil jornalistas e representantes
de 1.400 organizações não governamentais, que buscavam meios de conciliar o desenvolvimento socioe-
conômico com a conservação e proteção dos ecossistemas do planeta Terra.

Figura 1 - Logomarca da conferência da Rio 92


Fonte: EGDESIGN,1991.

1 Nosso Futuro Comum: também conhecido por Relatório Brundtland, sobrenome da então primeira-ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland, e presidente da Comissão.
2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
19

Há cerca de 30 anos emergiram as preocupações com os recursos do pla-


neta, com os aspectos econômicos e sociais, e consolidaram o conceito de
Curiosidades desenvolvimento sustentável. Hoje há dúvida quanto à abundância de re-
cursos a serem repartidos e se eles serão suficientes para todos no futuro.

AMBIENTAL

SOCIAL ECONÔMICO
Triângulo da
Sustentabilidade
Figura 2 - Os três pilares da sustentabilidade
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

FIQUE É preciso mudar os padrões de consumo atuais e repartir melhor os recursos naturais
porque somente o padrão de consumo dos norte-americanos demanda outros três
ALERTA planetas Terra para sustentá-lo.

Da Conferência Rio 92 resultaram a Agenda 212, United Nations Conference on Environment and Deve-
lopment – UNCED (ECO-92) , a Convenção sobre Diversidade Biológica3, United Nations Environment Pro-
gramme em 1994 (UNEP), a Convenção sobre Mudança Climática4 e o documento final: a Declaração do
Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com 27 princípios sobre os direitos de todos
a um ambiente saudável e os deveres dos governantes de promoverem o exercício desse direito. Essa
declaração teve o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global mediante a criação de níveis
de cooperação entre os Estados, os setores-chave da sociedade e os indivíduos, trabalhando com vistas à
conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sis-

2 Agenda 21: foi o principal resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – UNCED/
Rio-92. Este documento representou um consenso global e um compromisso político entre governos, empresas, organizações
não governamentais, visando a cooperação para a resolução dos problemas ambientais do planeta.
3 Convenção sobre Diversidade Biológica: definiu as regras para assegurar a conservação da biodiversidade, o seu uso
sustentável e a justa repartição dos benefícios provenientes do uso econômico dos recursos genéticos (a divisão dos recursos
resultantes do aproveitamento econômico da biota e dos conhecimentos tradicionais relacionados à biodiversidade),
respeitando a soberania de cada nação sobre o patrimônio existente em seu território.
4 Convenção sobre Mudança Climática: nessa convenção, os países desenvolvidos e em desenvolvimento se comprometeram a
modificar o seu modelo de produção para reduzir os impactos ambientais e reduzir as mudanças climáticas.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
20

tema global de meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente


da Terra. Observe alguns elementos de representação da biodiversidade na figura a seguir.

Figura 3 - Representação da biodiversidade


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Se algumas discussões e ações orientadas ao desenvolvimento sustentável avançaram após a Rio 92,
outras não atingiram o objetivo e algumas se mantiveram estagnadas. As Convenções de Biodiversidade e
do Clima, por exemplo, não atingiram completamente o seu propósito.
Além disso, o Brasil não avançou satisfatoriamente no controle das espécies invasoras, na recuperação de
estoques pesqueiros e no acesso regulamentado a recursos genéticos. Por outro lado, houve um aumento
na proteção de habitats, no monitoramento de impactos ambientais e ocorreu a redução do desmatamento
e do uso do fogo para limpar terrenos, no campo. Mas essas conquistas são insuficientes para a proteção da
biodiversidade nacional. A expansão agrícola, o desmatamento, a propagação de espécies exóticas, o fogo, a
poluição e a contaminação da água e do solo são as principais ameaças à biodiversidade brasileira.
A Convenção do Clima gerou uma sucessão de protocolos sobre a redução das emissões de gás carbô-
nico. Cada um mais severo que outro e ambos devidamente descumpridos. O Protocolo de Quioto (UNITED
NATIONS, 1998), segundo o qual os países-membros, principalmente os desenvolvidos, têm a obrigação
de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no pe-
ríodo entre 2008 e 2012, por exemplo, não teve como signatário5 os Estados Unidos, país que é o segundo
maior emissor de Gases de Efeito Estufa (GEE), depois da China. Contudo, alguns estados norte-americanos

5 Signatário: aquele que assina ou subscreve um documento.


2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
21

(notadamente a Califórnia) e os donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pes-
quisar maneiras para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Na contramão das discussões que apontam as emissões de dióxido de car-


bono como a principal causa das mudanças climáticas, alguns cientistas dis-
Curiosidades cordam dessa teoria e indicam outros motivos para as alterações climáticas,
incluindo a radiação solar.

CASOS E RELATOS

O Planeta entrará em período de resfriamento global


Mojib Latif, cientista do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão das Nações
Unidas que vem alertando há anos sobre o aquecimento global e a participação do homem nesse
aquecimento, nos seus estudos mais recentes, contraria tudo o que o Painel tem divulgado.
Segundo Latif, “nos próximos 10 ou 20 anos”, uma tendência de resfriamento natural da Terra irá se
sobrepor ao aquecimento causado pelos humanos. Somente depois, diz o cientista, é que o aqueci-
mento global se fará novamente observável. O resfriamento seria causado por alterações cíclicas
naturais nas correntes oceânicas e nas temperaturas do Atlântico Norte, um fenômeno conhecido
como Oscilação do Atlântico Norte (NAO - North Atlantic Oscillation). Os ciclos oceânicos foram pro-
vavelmente os grandes responsáveis pela maior parte do aquecimento registrado nas últimas três
décadas. E, agora, o NAO está se movendo rumo a uma fase mais fria. Os dados sobre os ciclos natu-
rais oceânicos são suficientes para explicar todas as recentes variações nas monções na Índia, nos
furacões do Atlântico, o degelo no Ártico e vários outros eventos.
Fonte: ROSA, 2009. (Adaptado).

SAIBA O Brasil está representado, na Organização Internacional para Padronização (ISO), pela
MAIS Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Paralelamente, a Câmara do Comércio Internacional (ICC) desenvolveu a Carta Empresarial de Desen-


volvimento Sustentável em 1990 – lançada em 1991, na Segunda Conferência Mundial de Gestão Ambien-
tal das Indústrias – que continha 16 princípios de Gestão Ambiental (HOSKEN, 2007).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
22

As Nações Unidas realizaram, em 2002, na África do Sul, uma conferência para analisar os resultados
alcançados após os dez anos da Rio 92 e para traçar o caminho a ser seguido para implementação dos com-
promissos. A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável reuniu, em Johanesburgo, mais de 100
Chefes de Estado e reafirmou metas relativas à erradicação da pobreza, à promoção da saúde, à expansão
dos serviços de água e saneamento, à defesa da biodiversidade e à destinação de resíduos tóxicos e não
tóxicos.
A Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - foi realizada de 13
a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. Teve como objetivo a renovação do compromisso
político internacional com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso das ações
implementadas desde a Rio 92 e da discussão de desafios novos e emergentes. A Rio+20 teve como temas
principais a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a
estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

Conferência da ONU
1972
sobre o Meio
Estocolmo Ambiente Humano

Conferência da ONU
1992
sobre Meio Ambiente e
Rio de Janeiro Desenvolvimento (Rio 92)

2002 Cúpula Mundial sobre


Desenvolvimento
Joanesburgo
Sustentável (Rio +10)

Conferência da ONU
2012
sobre Desenvolvimento
Rio de Janeiro Sustentável (Rio +20)

Figura 4 - Principais eventos globais envolvendo meio ambiente, o homem e a sustentabilidade


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O documento final da Rio+20, intitulado “O Futuro que queremos”, não agradou os representantes de
muitas organizações não governamentais, especialistas e até mesmo delegações que aprovaram o texto,
uma vez que alguns pontos importantes permaneceram estagnados, tais como a definição da origem dos
recursos para garantir a sustentabilidade e, principalmente, devido à falta de metas concretas.

Rio 92 Rio + 20 Rio + 40

Figura 5 - Descontentamento com a Rio+20


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
23

Alguns especialistas defendem a ideia de que a Rio+20 não deve ser avaliada apenas pelo resultado
do documento oficial. Isso porque propostas concretas apresentadas por empresas, por municípios e por
compromissos firmados nos eventos paralelos, também devem ser levadas em consideração. O Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, 2012) apresentou na Rio+20 o docu-
mento “Visão Brasil 2050” uma nova agenda de negócios para o país, que tem o propósito de apresentar
uma visão de futuro sustentável e o caminho possível para alcançá-lo. É um ponto de partida que pretende
ser a base para o planejamento estratégico das empresas brasileiras.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu, em 2000, 8 objetivos


de Desenvolvimento do Milênio (metas a serem alcançados até 2015), mui-
tas metas foram alcançadas, outras não. Assim, a sociedade está sendo con-
Curiosidades vidada a se mobilizar para novos desafios para os próximos 15 anos, com a
agenda pós-2015, que inclui os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), que guiarão o desenvolvimento global.

Figura 6 - Objetivos de desenvolvimento do milênio


Fonte: OBJETIVOS DO MILÊNIO, 2000.

O fato é que, com o advento das discussões globais sobre meio ambiente e desenvolvimento susten-
tável, o impacto ambiental gerado pelas empresas passou a ser cada vez mais combatido e essa pressão
social levou à criação de agências reguladoras e fiscalizadoras das atividades industriais potencialmente
poluidoras.
Com isso, emergiram as leis ambientais e com elas os custos para a remediação dos passivos ambien-
tais, além de multas, taxas e impostos a serem pagos em face da inobservância de requisitos legais; custos
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
24

da implantação de procedimentos e/ou tecnologias que possibilitem o atendimento às não conformida-


des6 e dispêndios necessários à recuperação de áreas degradadas e indenização da população afetada.

Figura 7 - Representação das imposições ao cumprimento da legislação ambiental


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Você já conhecia o significado de “passivo ambiental”?


Passivo Ambiental é um termo relativamente recente, inicialmente considerado na área de contabilida-
de (contabilidade ambiental7), mas que tem ampliado seu alcance também para aspectos administrativos
e físicos (que serão detalhados a seguir). Entende-se, portanto, como passivo ambiental, o resultado dos
impactos das atividades econômicas sobre o meio natural.
O termo passivo ambiental possui uma conotação negativa no aspecto técnico, porém no aspecto fi-
nanceiro/contábil o passivo pode ser visto como um custo normal ou inerente ao processo operacional
de qualquer empreendimento. Sendo assim, é impossível que qualquer empreendimento não tenha um
passivo, muitas vezes, inclusive, sem sequer ter iniciado suas atividades (PAIVA, 2006).
Segundo Malafaia (2004) apud Paiva (2006), os aspectos administrativos incluem: observância às nor-
mas ambientais e procedimentos e estudos técnicos efetuados pelo empreendimento (registros, cadastros
junto às instituições governamentais, cumprimento de legislações, conformidade das licenças ambientais,
pendências de infrações, multas e penalidades, acordos com comunidades, resultados de auditorias am-
bientais, medidas de compensação, indenização ou minimização pendentes, dentre outros).
Os aspectos físicos são apresentados por Paiva (2006) como sendo: áreas contaminadas, recuperação
de áreas degradadas não efetuadas, recomposição florestal não atendida, falta de recuperação de bota-
-foras, reassentamentos humanos não realizados, dentre outros.
Nesse contexto, os passivos ambientais podem ser gerados tanto para os aspectos administrativos,
quanto para os aspectos físicos e, por isso, o SGA deve atuar de forma a evitar a geração de passivos am-
bientais, e quando eles ocorrerem o SGA deve controlá-los para não ampliar os impactos ambientais asso-
ciados e buscar as ações necessárias para eliminá-los.

6 Não conformidade: não cumprimento de um requisito de uma norma ou de uma lei.


7 Contabilidade ambiental: é o registro do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) de determinada
entidade e suas respectivas mutações - expressos monetariamente. (ZANLUCA, 2013).
2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
25

Atualmente, a avaliação de passivos também tem sido exigida para liberação de linhas de créditos. Em
alguns casos, esses passivos podem criar dificuldades e até mesmo inviabilizar negócios, uma vez que po-
dem atingir níveis que sobrepõem a capacidade de gerar recursos para resolvê-los. Por outro lado, empre-
sas com baixos riscos ambientais podem obter créditos para o financiamento de projetos com uma maior
facilidade, bem como seguros com custos mais baixos.
O levantamento de passivos envolve a avaliação qualitativa e quantitativa dos impactos ambientais. Na
avaliação qualitativa dos impactos são levantadas todas as práticas e procedimentos relativos aos aspectos
ambientais relevantes, tais como: licenças ambientais, resíduos gerados e a sua disposição final, taxas de
emissões atmosféricas e de geração de efluentes líquidos e os respectivos sistemas de minimização e tra-
tamento de poluição adotados. Então, através da contabilidade ambiental, que é uma técnica contábil de
mensuração das receitas, dos custos da degradação e das medidas adotadas para evitá-la, são estimados
os custos para evitar esses impactos ou, pelo menos, para atender às exigências legais e administrativas
dos órgãos ambientais e à política interna da empresa.

A solução dos passivos deve ser preventiva, ou seja, isso significa a sua não geração,
FIQUE pois é mais barata, de solução mais simples e eticamente justificada. Incentive em
ALERTA sua organização a adoção de medidas preventivas com relação à saúde, segurança e
meio ambiente.

Figura 8 - Representação da avaliação do passivo ambiental de uma empresa


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Os danos ambientais resultantes de atividades produtivas provocam uma tríplice reação legal nos âm-
bitos civil, penal e administrativo. O Ministério Público pode propor uma ação civil pública para que o res-
ponsável pelo dano ambiental recupere o ambiente e indenize as populações afetadas. Cumulativamente
pode ser proposta uma ação penal, pois, segundo a legislação, pessoas físicas e jurídicas podem responder
criminalmente. O órgão ambiental poderá aplicar uma multa, exigir a reparação do dano ambiental através
da implementação de obras ou procedimentos.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
26

SAIBA Saiba mais sobre as responsabilidades administrativa, civil e penal para causadores de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº
MAIS 9605/1998) disponível no site do Planalto Federal.

Observe que o respeito às leis e regulamentos ambientais é indispensável e uma das penalidades im-
postas à empresa infratora é a interrupção das atividades da organização.
As consequências legais que a empresa poluidora terá que arcar são determinadas na legislação am-
biental vigente, a exemplo das relacionadas a seguir.
A Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 1988), em seu Artigo 225, determina:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL,
Art. 225, 1988).

A obrigação de reparar o dano causado ao meio ambiente está prevista no Artigo 225, parágrafo 3° da
Constituição Federal, bem como no Artigo 4° e 14 da Lei 6938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente,
confira:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,


pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, Art. 225, 1981).

Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (BRASIL, 1981).

§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste Artigo, é o poluidor obriga-
do, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causa-
dos ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público
da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, Art 14, 1981).

Note que a responsabilidade civil do causador do dano ambiental não exclui a responsabilidade penal e
administrativa, admitindo-se, inclusive, a responsabilidade penal da pessoa jurídica, nos termos do Artigo
3° da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9605/98) (BRASIL, 1988), conforme apresentado a seguir:

As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente con-


forme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
benefício da sua entidade. (BRASIL, Art. 3, 1998).
2 Gestão ambiental na atualidade e panorama histórico
27

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos a evolução das questões ambientais e como estas se associam ao ambiente
empresarial, exercendo influência sobre ele. Vimos que o processo de desenvolvimento industrial
do pós-guerra, embora tenha trazido inúmeros benefícios à humanidade, passou a ocasionar sérios
problemas à qualidade ambiental. Em decorrência disso, vários encontros internacionais foram rea-
lizados, acordos foram firmados e documentos foram produzidos, com vistas à promoção de melho-
rias na gestão ambiental global.
Na década de 90, o conceito de desenvolvimento sustentável já estava consolidado, assim como o
reconhecimento das responsabilidades do setor empresarial com a gestão ambiental. Para forçar o
compromisso empresarial com o desenvolvimento sustentável, para evitar os passivos ambientais
atrelados à indústria e para responsabilizá-la por danos ambientais, cada vez mais agências regula-
doras, leis e padrões ambientais foram estabelecidos, em nível mundial.
Os conceitos apresentados neste capítulo possibilitaram sua compreensão sobre o contexto his-
tórico do desenvolvimento da gestão ambiental no Brasil e no mundo, provocando sua reflexão
sobre a importância dos deveres e da postura ética do setor empresarial, no que diz respeito ao
atendimento à legislação específica. Esse conhecimento será útil para sua atuação como técnico da
área ambiental, favorecendo o desenvolvimento de uma visão crítica e postura ética, com foco na
contribuição para a resolução de problemas ambientais relacionados às atividades que estiverem
sob a sua responsabilidade, em respeito aos procedimentos técnicos e considerando os aspectos
econômicos no exercício da sua futura atividade profissional.
Tendências para o sistema
de gestão ambiental

No capítulo sobre gestão ambiental na atualidade e panorama histórico, você verificou a


evolução da trajetória do movimento ambientalista em nível global e aprendeu que o período
pós II guerra mundial foi marcado por várias tragédias ambientais em diferentes países. Você
verificou também que as empresas agiam de maneira reativa, ou seja, buscavam soluções para
os problemas somente depois que os desastres aconteciam. Isso significa que, antes dos anos
60, praticamente não havia tratamento dos efluentes, das emissões e dos resíduos industriais.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
30

3.1 TENDÊNCIAS PARA OS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental vem sendo formalizada e conceituada ao longo das décadas quando surgiram as
primeiras manifestações ambientais, focando um novo modelo de desenvolvimento para os países e para
as empresas de modo geral.
Tudo que fazemos está relacionado ao meio ambiente e, por esse motivo, devemos considerá-lo no
planejamento de forma séria.
Sendo assim, o Sistema de Gestão Ambiental é aplicado em qualquer organização independentemente
do tamanho, setor ou segmento, e corresponde ao gerenciamento responsável das questões ambientais.
Portanto, o gerenciamento responsável das questões ambientais é o que define a gestão ambiental.

3.1.1 TÉCNICAS DE PESQUISA DE TENDÊNCIAS

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma empresa ou organização pode ter diversos modelos e
não precisa necessariamente seguir a padronização definida pela ISO 14001. Entretanto, até mesmo a ob-
tenção da certificação na norma ISO 14001 não representa um atestado de excelência ambiental, e sim, um
modelo gerencial orientado para o alcance da melhoria contínua nas questões ambientais.

SGA

Sistema de Gestão Ambiental

Figura 9 - Sistema de Gestão Ambiental


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Os líderes do Sistema de Gestão Ambiental devem sempre se atualizar pesquisando quais as atuais ten-
dências do mercado quanto às exigências no padrão ambiental da organização. Para isso, devem incluir
novas tecnologias de tratamentos de resíduos, métodos de não geração de passivos ambientais8 ou boas
práticas de reciclagem, por exemplo. O SGA é implantado nas organizações visando principalmente a sua
adequação as exigências do mercado que, cada vez mais, estabelece como prioridade a sustentabilidade
dos sistemas.
As tendências históricas indicavam que as organizações agiam de maneira reativa, ou seja, buscavam
soluções para os problemas somente depois que os desastres ambientais aconteciam. Após algumas déca-

8 Passivos ambientais: corresponde à soma dos danos ao meio ambiente causados por empresas e, consequentemente, dá
obrigação de repará-los.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
31

das as organizações passaram a adotar tecnologias aplicadas à eliminação dos poluentes depois que estes
eram gerados pelos processos.
As tecnologias ambientais foram incorporadas ao sistema produtivo visando o cumprimento dos pa-
drões ambientais estabelecidos nas legislações para atender as exigências do mercado de trabalho. Porém,
essa não foi a melhor solução para as organizações, nem para a qualidade ambiental, visto que as melhores
soluções foram as focadas nas causas da poluição e não nos efeitos.
Com o passar do tempo ficou claro que as causas da poluição gerada pelas organizações eram mais do
que uma questão meramente técnica e tinham uma origem nos comportamentos gerenciais. Por conse-
quência, desde a década de 90, vêm-se adotando estratégias que se configuram em mudança de compor-
tamento no tratamento das questões ambientais. Os sistemas de gestão ambiental das organizações inse-
riram programas baseados no princípio da prevenção da poluição, que tem como foco a não geração de
poluentes e o aumento da eficiência no aproveitamento dos recursos naturais. A partir de então, a busca
por técnicas, metodologias ou tecnologias que favorecem a melhor qualidade ambiental da organização
passou a ter uma grande importância para a melhoria do Sistema de Gestão Ambiental.
Neste sentido, as organizações passam por um processo de renovação contínua, inovando assim seus
produtos e os processos produtivos. A exemplo, da utilização de tecnologias limpas, onde é possível fazer
o controle e prevenção da poluição, a conservação de matérias-primas e energia, a eliminação de matérias-
-primas tóxicas e a redução das emissões gasosas. Além disso, as organizações podem promover o desen-
volvimento de tecnologias de tratamento de efluentes gerados, conservação, reaproveitamento e reúso
de água, etc.

Figura 10 - Tecnologia Limpa


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

É importante ficar atento às inovações tecnológicas, no contexto da organização, que podem ajudar
a promover o seu desenvolvimento sustentável. Assim, ler revistas da área, buscar pesquisas científicas
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
32

específicas, participar de eventos técnicos, cursos, workshops, etc., contribui para manter atualizadas as
informações sobre novas tendências.
A abordagem preventiva na Gestão Ambiental traz melhorias econômicas, tecnológicas e reduz riscos
para as pessoas e o meio ambiente. O uso de indicadores ambientais pode fornecer informações sobre o
desempenho ambiental de uma organização, tais como os relacionados ao consumo de água, energia,
geração de resíduos, dentre outros.
Deste modo, a utilização de indicadores pode ser uma técnica de pesquisa que podem fornecer pistas
sobre um problema de grande importância ou tornar perceptível uma tendência que não está imediata-
mente visível, favorecendo maior dinamismo no processo de gestão do sistema ambiental. Os indicadores
do SGA podem ajudar a expor melhor a qualidade ambiental da organização e assim contribuir para a
melhoria contínua do sistema, sendo esta uma técnica de monitoramento e avaliação bastante utilizada
na gestão ambiental.
Diante do exposto, fica evidente a importância do crescimento e aplicação de novas tecnologias apli-
cadas à gestão ambiental, sendo que a busca da qualidade ambiental pode representar um incentivo ao
desenvolvimento de inovações, podendo resultar em uma maior eficiência do processo produtivo, com
redução de custos e agregação de valor ao produto, tornando-se ferramenta de competitividade para di-
versas atividades.
A Situação 1 (Figura a seguir) ilustra o comportamento das indústrias em meados do século passado.
As entradas (inputs) são: energia, matéria-prima e água. As saídas (outputs) são: os produtos (triângulos
coloridos) e, associados a estes, a cor preta da emissão atmosférica representa a ausência de filtros; em
amarelo, os resíduos são dispostos inadequadamente e sem segregação, e a mancha marrom representa o
lançamento de efluentes sem tratamento.

SITUAÇÃO 1 - SEM TRATAMENTO

ENTRADAS

Figura 11 - Comportamento (inadequado) das indústrias em meados do século passado


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
33

Nas décadas de 60 e 70, as indústrias passaram a adotar tecnologias de tratamento dos efluentes líqui-
dos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos. As tecnologias eram aplicadas na eliminação dos poluentes
depois que estes eram gerados pelos processos. Essas práticas são conhecidas como “fim de tubo” (do
inglês, end-of-pipe), que representam medidas tomadas para controlar a poluição lançada, por exemplo, a
partir de chaminés ou tubulações para o descarte de efluentes.
O acréscimo de equipamentos às instalações industriais permitia, naquela época, o cumprimento da
maioria dos padrões de emissão estabelecidos nas legislações, conforme ilustrado na Situação 2 (Figura
a seguir). As emissões e os efluentes eram tratados e os resíduos acondicionados adequadamente e estas
eram as melhores práticas de que se tinha conhecimento.

SITUAÇÃO 2 - COM TRATAMENTO

ENTRADAS SAÍDAS

Figura 12 - Comportamento das indústrias na atualidade: tentativa de minimizar impactos ambientais


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Observe que a maioria das indústrias nos dias de hoje não desenvolve as suas atividades com base nas
práticas apresentadas na Situação 1, a qual representa bem o crescimento industrial de altíssimo impacto
ambiental até a década de 60, baseado na “produção a qualquer custo”.
Naquele período, a poluição era reconhecida como sinônimo de progresso e o preço pago por isso
foram os grandes desastres ambientais. Os empreendimentos e atividades que ao longo do tempo não
se adequaram às novas exigências relacionadas às questões ambientais e continuaram se comportando
como na Situação 1, em geral, não conseguiram permanecer em um mercado globalizado e altamente
competitivo.
No entanto, a Situação 2 representa inúmeros casos de indústrias que têm sido forçadas, há décadas,
por imposição do mercado e/ou imposições legais, a realizar investimentos financeiros em equipamentos
de controle da poluição. Quando não o fazem, essas empresas precisam pagar custos elevados para corri-
gir o problema. É o modelo baseado na abordagem de Comando e Controle, que se baseia na criação de
dispositivos e exigências legais (comando) e de mecanismos para garantir o cumprimento destas (contro-
le). Essa abordagem representa um comportamento reativo por parte das empresas. Você verá mais adian-
te que essa não é a melhor solução nem para a indústria nem para a qualidade do ambiente.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
34

A humanidade, ao longo de 150 mil anos, foi capaz de desenvolver proezas


através do conhecimento, tais como: a descoberta do fogo, as invenções
Curiosidades da roda e da eletricidade, a construção da máquina a vapor e do trem-bala.
Evoluímos das embarcações antigas aos modernos foguetes espaciais, dos
registros cuneiformes aos tablets!

Do ponto de vista ambiental, as práticas tradicionais de controle da poluição não são as melhores soluções
porque estão focadas nos efeitos e não nas causas da poluição. Acoplar filtros às chaminés, por exemplo, reduzia
as emissões, mas não resolvia o problema, pois alguma destinação precisaria ser dada ao filtro contaminado.

A poluição sonora resultante de processos produtivos é considerada pela Organiza-


FIQUE ção Mundial da Saúde (OMS) como o terceiro maior tipo de poluição ambiental. Por
ALERTA isso, lembre-se de utilizar protetor auricular quando estiver trabalhando em local
com ruído excessivo (o limite de tolerância estabelecido pela OMS é de 65 decibéis).

Mesmo dispondo de tecnologias de “fim de tubo” para o tratamento de efluentes líquidos, emissões at-
mosféricas e resíduos sólidos, vimos, ao longo do nosso estudo, que inúmeros acidentes com consequências
negativas ao meio ambiente, em um contexto que inclui também os casos de injúria à vida humana, acusaram
que os dispositivos de segurança não foram o bastante para evitar a ocorrência de desastres.
Esses inúmeros acontecimentos trágicos, ocorridos em escala global, trouxeram à tona o cerne do pro-
blema: mais que uma questão técnica, as causas dos graves problemas tinham uma origem nos compor-
tamentos gerenciais. Observe que essa constatação permitiu uma drástica mudança na percepção desses
problemas.
Estava comprovado que a falta de comprometimento dos grandes líderes empresariais, supervisores e
gerentes, aliada à falta de treinamento e capacitação do corpo técnico eram questões tão importantes ou,
até mesmo, mais importantes que o investimento na compra de equipamentos de combate à poluição.
Isso porque não basta dispor de um equipamento se o seu operador não estiver devidamente habilitado a
utilizá-lo, se não tiver consciência da importância e das consequências do uso incorreto do equipamento
e se os seus cuidados com a prevenção da poluição no exercício da sua atividade não forem valorizados
pelo seu chefe imediato.
Os crescentes custos do controle da poluição e o aumento das pressões sociais dos movimentos am-
bientalistas, devido aos acidentes, impulsionaram as multinacionais a uma mudança do paradigma9 antigo
de que a “geração de resíduos é inerente aos processos produtivos”, para um novo paradigma que “resí-
duo é matéria-prima desperdiçada”. Os líderes nas indústrias começaram a perceber que essa relação de
“poluir” e despoluir” era muito dispendiosa e contraproducente. Isso promoveu o advento da Situação 3,
baseado nos programas de prevenção.
É importante ressaltar que essa mudança de paradigma não implica o retorno aos tempos em que a hu-
manidade não dispunha dos espetaculares avanços tecnológicos, mas no uso inteligente e racional dessas

9 Paradigma: origina-se do grego “paradigma”, que significa modelo, padrão. Corresponde a algo que vai servir de modelo ou
exemplo a ser seguido em determinada situação.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
35

ferramentas. Cada vez mais o setor industrial está incorporando a ideia de que o movimento ambientalista
“veio para ficar” e que aquela ideia de que a “poluição representava o custo do progresso” estava errada e,
portanto, está ultrapassada. Mais do que isso, o setor empresarial está assumindo que o exercício das suas ati-
vidades depende diretamente dos serviços ambientais prestados de forma gratuita pelos recursos naturais.

Os serviços ambientais são as atividades, produtos e processos que a natu-


Curiosidades reza fornece e que possibilitam a vida. A produção de oxigênio e a purifica-
ção do ar pelas plantas são exemplos de serviços ambientais.

Tais serviços são muito valiosos para o bem-estar e para a própria sobrevivência da humanidade. Sem
os serviços ambientais, as atividades industriais, por exemplo, não poderiam ser desenvolvidas. Isso porque
a indústria precisa de água e diversas matérias-primas necessárias para o desenvolvimento dos processos
produtivos.
A agricultura também não existiria na ausência dos serviços ambientais. Quanto custaria para o agri-
cultor realizar o serviço de polinização que as abelhas prestam gratuitamente ao transportar o pólen a
todas as plantas de sua horta e pomar? Quanto esforço e tempo seriam necessários para transformar toda
a matéria orgânica que existe em uma floresta em nutrientes disponíveis para as plantas, se não existissem
os organismos decompositores? De tão complexos que são todos esses serviços, os seus custos são prati-
camente imensuráveis10, embora já existam métodos estatísticos que tentem contabilizar o valor desses
serviços. O certo é que eles valem a existência da vida no planeta!

Figura 13 - Serviço ambiental de polinização prestado pelo beija-flor


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

10 Imensurável: incomensurável, incontável, infinito, inumerável, inestimável.


SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
36

Desde a década de 90, algumas empresas vêm adotando estratégias que se configuram em uma mu-
dança de comportamento no tratamento das questões ambientais. Os programas baseados no princípio
da Prevenção da Poluição11 e tem como foco a não geração de poluentes e o aumento da eficiência no
aproveitamento dos recursos naturais.
Para saber as causas da poluição, a empresa precisa analisar, desde a extração da matéria-prima, pas-
sando em cada etapa do processo produtivo até o descarte do produto, quais são as oportunidades de
melhoria que podem ser adotadas para que a empresa alcance efeitos significativos sobre o montante de
recursos que utiliza.
Olhar para os problemas ambientais desde a sua fonte geradora permitirá o advento de soluções que,
em longo prazo, ocasionarão a redução de custos e o aumento da produtividade da empresa, tornando-se
uma medida estratégica.
Observando a figura seguinte, notamos que esta representa o comprometimento da indústria com a
prevenção da poluição. O símbolo das entradas de água e energia são menores e menos numerosos quan-
do comparados às Situações 1 e 2 e representam a redução do consumo de água e energia em meados do
século passado.

SITUAÇÃO 3 - PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO

ENTRADAS SAÍDAS

Figura 14 - A prevenção da poluição como tendência para a gestão ambiental empresarial no século XXI
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O mesmo vale para a entrada da matéria-prima. Na indústria, os resíduos que podem ser reaproveitados
e reinseridos no processo produtivo retornam ao processo que o transformará em produto. Os resíduos
que não puderem ser reinseridos são acondicionados de maneira segregada, podendo ser negociados
com outra empresa para a qual sejam úteis.

11 Prevenção da poluição: uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou
controlar a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito para reduzir os impactos ambientais adversos.
A prevenção da poluição pode incluir redução ou eliminação de fontes de poluição, alterações de processo, produto ou serviço,
uso eficiente de recursos, materiais e substituição de energia, reutilização, recuperação, reciclagem, regeneração e tratamento.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
37

De acordo com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o conceito de Prevenção
da Poluição está atrelado ao de Produção mais Limpa12 (P+L), a qual se refere à produção integrada e à
proteção ambiental, considerando todas as fases do processo produtivo e o ciclo de vida do produto final.
A P+L teve suas origens estimuladas pela Conferência de Estocolmo em 1972, com a definição de Tecno-
logia limpa, que teria a intenção de disseminar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos
e consumir menos recursos naturais. É uma abordagem preventiva na Gestão Ambiental empresarial, que
traz melhorias econômicas e tecnológicas e reduz riscos para as pessoas e o meio ambiente.
As tecnologias de P+L podem ser implantadas em uma indústria através de uma engenharia adaptativa,
preservando a base da estrutura original da indústria (galpões, equipamentos, etc.), sem gerar mudanças
mais efetivas e dispendiosas no processo produtivo.

O conceito de Produção mais Limpa (P+L) introduz uma relação “ganha-ganha” para
SAIBA as empresas, porque estas, além de passarem a contribuir com a preservação ambien-
tal, também passam a economizar dinheiro depois que investem em tecnologias de
MAIS produção mais limpa. Saiba mais sobre P+L no site do Centro Nacional de Tecnologias
Limpas.

De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL, 2002), essa tecnologia (P+L) apresenta
várias vantagens se comparada às tecnologias de fim de tubo, sendo elas:
a) Redução da quantidade de materiais e energia usados, com vantagens econômicas;
b) Minimização de resíduos, efluentes e emissões;
c) Redução de riscos de infrações à legislação ambiental.

A sua implantação requer o monitoramento através do uso de indicadores ambientais13.

Há anos o fator econômico limitante para as empresas deixou de estar as-


sociado à capacidade de produção e passou a estar atrelado às exigências
internacionais para a comercialização de produto. Atualmente é mais difícil
Curiosidades vender do que produzir! As empresas exportadoras enfrentam um novo
protecionismo: a discriminação de produtos e serviços que não comprovem
a estrita observância das normas ambientais!

12 Produção mais limpa: constitui o aproveitamento contínuo de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica associada
aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficácia no uso de matérias-primas, água e energia através da não geração,
diminuição ou reciclagem de resíduos gerados em todos os setores produtivos (CNTL, 2003).
13 Indicadores ambientais: ferramentas de acompanhamento de desempenho ambiental através da análise sistemática e da
sintética das evoluções temporais e/ou espaciais, em relação a uma situação de referência, com o objetivo de estabelecer metas
e verificar eficiência e eficácia das ações.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
38

Juntamente com os programas de prevenção, inúmeras ferramentas de gestão ambiental passaram


a ser desenvolvidas para auxiliar as empresas a atuarem de forma ambientalmente responsável e evitar
prejuízos econômicos e de imagem. Auditoria14 ambiental e Sistemas15 de Gestão Ambiental são exemplos,
que começaram como iniciativas voluntárias nas companhias (e permanecem voluntárias até hoje), mas
que agora influenciam políticas e regulamentações governamentais na União Europeia, e põem em risco
as políticas de bancos e companhias de seguro (QUEIROZ, 2005).
As empresas transnacionais, por determinação de seus acionistas, vêm adotando os padrões ambientais
definidos em seus países de origem, onde os padrões e normas legais são mais rigorosos. Essas empresas
estão influenciando o entorno de fornecedores e começam a explorar o diferencial ambiental também no
mercado interno. Dessa forma, reduzir os custos eliminando desperdícios, desenvolver tecnologias limpas
e baratas e reciclar insumos não são apenas princípios de gestão ambiental, mas condição de sobrevivên-
cia empresarial. E essas mudanças têm impulsionado a adoção de Sistemas de Gestão16 Ambiental (SGA)
pelas empresas.

CASOS E RELATOS

Investimentos para a melhoria do desempenho ambiental das empresas brasileiras


Já há alguns anos, iniciou-se uma tendência mundial de os investidores procurar em empresas
socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Tais aplicações, de-
nominadas “investimentos socialmente responsáveis” (SRI), consideram que empresas sustentá-
veis geram valor para o acionista em longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos
econômicos, sociais e ambientais. Essa demanda veio se fortalecendo ao longo do tempo e, hoje,
é amplamente atendida por vários instrumentos financeiros no mercado internacional.
No Brasil, essa tendência já teve início e há a expectativa de que ela cresça e se consolide rapi-
damente. Atenta a isso, a BOVESPA, em conjunto com várias instituições – ABRAPP, ANBID, API-
MEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente, decidiu unir esforços para criar
um índice de ações que seja um referencial (“benchmark”) para os investimentos socialmente
responsáveis, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Nesse sentido, essas organiza-
ções formaram um Conselho Deliberativo presidido pela BOVESPA, que é o órgão responsável
pelo desenvolvimento do ISE. Posteriormente, o Conselho passou a contar também com o Pro-
grama da Nações Unidas para o Meio Ambiente em sua composição. A Bolsa é responsável pelo
cálculo e pela gestão técnica do índice. O ISE tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira

14 Auditoria: é um processo para a avaliação do sistema em relação ao alcance dos seus objetivos declarados, inclusive às
exigências legais e reguladoras. Embora tradicionalmente as auditorias sejam aplicadas a sistemas financeiros, auditorias
ambientais estão se tornando cada vez mais comuns. Uma auditoria pode envolver o uso de questionários, entrevistas, medições
e observações diretas, dependendo da natureza da função a ser auditada. Os profissionais que realizam a auditoria devem ser
independentes das atividades ou áreas a serem auditadas. Os relatórios de auditoria podem incluir detalhes sobre infrações
ou outras deficiências, as possíveis razões dos problemas, recomendações para ações corretivas e avaliações das melhorias
efetuadas como resultado de auditorias anteriores.
15 Sistemas: conjunto de elementos que estão inter-relacionados ou em interação.
16 Sistema de gestão: sistema para estabelecer políticas e objetivos e para atingir esses objetivos.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
39

composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade


social e a sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no
meio empresarial brasileiro.
Fonte: BOVESPA, 2008.

Seguindo a tendência da BOVESPA, o Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social (BNDES) segue políticas de empréstimo por parte dos
Curiosidades bancos e oferece taxas de juros mais baixas a empresas que investem em
ações socioambientais.

SAIBA Saiba mais sobre o Índice de Sustentabilidade Empresarial no site da BOVESPA ou no


MAIS site do “Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE”.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
40

RECAPITULANDO

Neste capítulo, conhecemos as tendências para os sistemas de gestão ambiental e as técnicas de


pesquisa relacionadas a essas tendências. Nesse contexto, você aprendeu que o setor produtivo
passou por três diferentes fases referentes ao gerenciamento ambiental das suas atividades, pro-
cessos, serviços e produtos, aqui representados pelas Situações 1, 2 e 3. Você percebeu que a cada
nova fase, o comprometimento com a melhoria do desempenho ambiental aumentou. Aprendeu
também que esse avanço não demandou apenas investimento em novas tecnologias, mas exigiu e
continua exigindo uma profunda mudança de cultura, que implica, sobretudo, a mudança de com-
portamento das pessoas, desde o chefe até o operador do “chão de fábrica”.
Outro conhecimento importante que foi apresentado, neste capítulo, é o da visão integrada da em-
presa. Nas décadas de 60 e 70, ilustradas nas situações 1 e 2, os empresários começaram a constatar
que os custos da correção dos impactos ambientais estavam sendo cada vez mais elevados, por-
tanto, era mais interessante adotar métodos de prevenção da poluição – de caráter permanente e
duradouro – que custear as medidas corretivas.
Percebemos, ainda, que os líderes e executivos das grandes indústrias começaram a compreender
que já não era mais possível ignorar os protestos de representantes dos movimentos ambientalistas.
Ainda neste capítulo, você aprendeu que as empresas que se adaptaram a essas mudanças, em geral,
conseguiram se manter competitivas no mercado, pois entenderam que os lucros da empresa de-
pendem do suprimento de matérias-primas e insumos (como energia e água) e que este suprimento
está diretamente ligado aos serviços ambientais prestados pela natureza. Revelou, também, que a
prevenção da poluição é uma condição de sobrevivência empresarial, sendo, portanto, indispen-
sável. Os conceitos aqui apresentados são de fundamental importância para sua formação como
técnico da área ambiental.
3 Tendências para o sistema de gestão ambiental
41
Instrumentos para o Sistema
de Gestão Ambiental

A gestão ambiental objetiva a proteção do meio ambiente através do reconhecimento, mi-


nimização ou até mesmo a eliminação dos aspectos e impactos gerados por atividades, pro-
dutos ou serviços desenvolvidos pelas empresas, indústrias e organizações. Para que a gestão
ambiental aconteça é indispensável criar as condições necessárias, ou seja, um sistema estru-
turado denominado de Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
O SGA inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, definição de respon-
sabilidades, ações de treinamentos e desenvolvimento de procedimentos, além de disponibi-
lização de recursos para a sua implementação e manutenção.
A gestão ambiental pode ocorrer em diversos ambientes, seja nas cidades (gestão ambien-
tal urbana), em unidades de conservação (gestão ambiental de unidades de conservação), em
empresas privadas (gestão ambiental empresarial), em empresas públicas (gestão ambiental
na administração pública), dentre outros. Logo, o SGA pode ser aplicado em qualquer ativida-
de, independentemente de seu porte e setor de atuação. No entanto, o SGA é mais difundido
entre as empresas.
O SGA pode seguir um padrão internacional como a norma ABNT NBR ISO 14001, por exem-
plo, e havendo necessidade, devido às exigências do mercado, ser certificado por essa norma.
Porém, nem todo SGA segue a referida ISO, muitas vezes são feitas adaptações do escopo16
dessa norma para adequar à realidade da empresa.
O nível de detalhe e complexidade do Sistema de Gestão Ambiental, a extensão de sua
documentação e dos recursos destinados ao SGA dependerá de fatores, tais como o escopo do
sistema, o porte da organização e a natureza de suas atividades, produtos e serviços (HOSKEN,
2007).
O escopo de cada SGA pode variar em função dos seus objetivos e para cada um deles
devem ser definidos os instrumentos de gestão. Existem vários instrumentos de gestão am-
biental que podem ser aplicados nas empresas para o alcance dos seus objetivos ambientais17
e da melhoria do seu desempenho ambiental18. Os instrumentos podem ser ferramentas da
16 Escopo: objetivo, intenção (AULETE, 2008).
17 Objetivos ambientais: são as intenções declaradas pela empresa na sua Política Ambiental.
18 Desempenho ambiental: resultados mensuráveis da gestão de uma organização sobre seus aspectos
ambientais. No contexto de sistemas de gestão ambiental, os resultados podem ser medidos com base na
política ambiental, objetivos ambientais e metas ambientais da organização e outros requisitos de desempenho
ambiental.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
44

qualidade, programas e planos ambientais, metodologias específicas, certificações, princípios, instrumen-


tos compulsórios, tecnologias, dentre outros.

FIQUE Realizar a gestão ambiental de uma empresa requer inspeções nas áreas produtivas,
podendo haver a exposição a riscos ambientais. Por isso, é indispensável seguir as
ALERTA normas de segurança e saúde no trabalho.

A seguir estão relacionados alguns exemplos de instrumentos do Sistema de Gestão Ambiental, sendo
que alguns deles serão objetos de estudo ao longo da sua formação como técnico na área ambiental.

SAIBA Para saber mais sobre os instrumentos de gestão ambiental das empresas, consulte
o site do Ambiente Brasil, o qual possui informações que poderão contribuir para um
MAIS aprendizado inicial e complementar.

Princípios:
a) Prevenção da poluição;
b) Produção e consumo sustentáveis;
c) Desenvolvimento sustentável;
d) 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar.

Instrumentos Compulsórios16:
a) Requisitos legais;
b) Licenciamento ambiental.

Ferramentas do Sistema de Gestão da Qualidade:


a) Ciclo PDCA;
b) Espinha de peixe (diagrama de causa e efeito);
c) Brainstorming;
d) Programa 5s;

16 Instrumento compulsório: imposto por uma força maior. Que possui a capacidade de compelir; em que há obrigação ou
possui o caráter obrigatório.
4 Instrumentos para o Sistema de Gestão Ambiental
45

e) Avaliação de desempenho;
f) 5W2H.

Metodologias específicas:
a) Produção mais limpa (P+L);
b) Análise do ciclo de vida (ACV);
c) ABNT NBR ISO 14001:2004;
d) Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL);
e) Ecodesign;
f) Chemical leasing;
g) Sistema de Gestão Integrada (SGI);
h) Avaliação de impacto ambiental;
i) Auditoria ambiental;
j) Diagnóstico ambiental.

Certificações:
a) ABNT NBR ISO 14001:2004;
b) FSC - Forestry Stewardship Council, que em português significa Conselho de Manejo Florestal;
c) Fair trade, que em português significa comércio justo;
d) Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL).

Rotulagem ambiental:
a) Rótulo tipo I - selo verde (NBR ISO 14024:2004);
b) Rótulo tipo II - as autodeclarações ambientais (NBR ISO 14021:2013);
c) Rótulo tipo III - as avaliações do ciclo de vida do produto (NBR ISO 14025:2006).

Planos:
a) Plano de gestão de resíduos sólidos;
b) Planos de gestão de água e efluentes;
c) Plano de gestão de emissões atmosféricas e qualidade do ar;
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
46

d) Plano de recuperação de áreas degradadas;


e) Plano de emergência ambiental;
f) Plano de ruído ambiental.

Programas:
a) Programa de educação ambiental;
b) Programa de treinamentos e capacitação em meio ambiente;
c) Programa de gerenciamento de risco ambiental;
d) Programa de monitoramento ambiental;
e) Programa de gestão ambiental.

Tecnologias:
a) Tratamento de resíduos sólidos;
b) Tratamento de água e efluentes;
c) Tratamento de emissões atmosféricas;
d) Recuperação de áreas degradadas;
e) Tecnologias de reaproveitamento de resíduos.

Um Programa de Gestão Ambiental (PGA) deve ser registrado em um documento que contenha todos
os objetivos e metas do SGA a serem alcançados, evidenciando os instrumentos utilizados com o plano
de ação. Nesse documento são apresentados os recursos necessários para a operacionalização de todo o
programa. Nesse contexto, o PGA trata-se de um instrumento que pode englobar todos os demais instru-
mentos citados anteriormente.

Faz parte do Gerenciamento de Riscos Ambientais de uma organização o


estabelecimento de planos de ação de emergência e prevenção de riscos.
Curiosidades O Gerenciamento de Riscos Ambientais é um instrumento de gestão am-
biental que identifica falhas nos processos para que as mesmas possam
ser sanadas.
4 Instrumentos para o Sistema de Gestão Ambiental
47

Vejamos na figura a seguir alguns modelos de selos verdes utilizados na rotulagem ambiental.

Figura 15 - Selos verdes – rótulo ambiental tipo I


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A seguir, veremos Casos e Relatos que apresenta a experiência de um programa implementado por
empresas que atuam na perspectiva do SGA.

CASOS E RELATOS

Programa de Qualificação do Fornecedor - PQF


O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, da Federação das Indústrias, realiza capacitação e consultoria para
pequenas e médias empresas em Meio Ambiente, Saúde e Segurança, Qualidade e Responsabili-
dade Social, através do Programa de Qualificação do Fornecedor – PQF.
Esse programa conta com as empresas grandes, denominadas de âncoras, as quais investem em
seus pequenos fornecedores. Como resultado do programa, as empresas capacitadas são certifica-
das nas modalidades Diamante, Rubi e Topázio de acordo com o resultado obtido na auditoria de
certificação.
O item de Meio Ambiente refere-se ao Programa de Gestão Ambiental (PGA) implementado na em-
presa, o qual segue, com algumas adaptações, os requisitos da ABNT NBR ISO 14001. Nesse item são
avaliados: existência da Política ambiental17; identificação e avaliação de aspectos e impactos ambi-
entais; gestão dos resíduos sólidos, dentre outros.

17 Política ambiental: intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho ambiental, conforme
formalmente expresso pela alta administração (ABNT NBR ISO 14001:2004).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
48

A partir do caso apresentado observamos como o SGA tem se tornado necessário para todas as organi-
zações, inclusive para as pequenas e médias empresas, pois estas estão sendo cada vez mais cobradas, en-
quanto fornecedoras de grandes organizações. Dessa forma, manter o SGA funcionando satisfatoriamente
é um excelente indicador para as empresas que desejam iniciar no mercado.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos tem a seguinte priorização


Curiosidades das ações: Não geração; Redução; Reutilização; Reciclagem; Tratamento e
Disposição ambientalmente adequada.

Veremos, a seguir, uma das ferramentas mais adotadas em Sistemas de Gestão, o Ciclo PDCA, destacan-
do suas particularidades na Gestão Ambiental.

4.1 Ciclo do PDCA

Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) de uma forma geral, especialmente aqueles implementados
segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004, adotam a ferramenta de gestão da qualidade denominada de PDCA,
utilizada para auxiliar na busca da melhoria contínua do sistema.
O PDCA é uma sigla formada pela inicial das palavras em inglês: planejar (Plan), executar (Do), verificar
(Check) e agir (Act). Observe, na figura a seguir, um resumo dessa ferramenta.

Metas, objetivos,
Corretivamente métodos,
e/ou para melhorar procedimentos
e padrões

Act Plan
Agir Planejar

Check Do
Verificar Executar

Os resultados
das tarefas As tarefas
executadas executadas

Figura 16 - Ciclo do PDCA


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
4 Instrumentos para o Sistema de Gestão Ambiental
49

O conceito de “partes interessadas” tem relação com o termo stakeholder.


Stakeholder é uma nova palavra que se contrapõe conceitualmente ao ter-
mo acionista, que em inglês são denominados hareholder ou stockholder.
Curiosidades Stakeholder é todo indivíduo que pode influenciar ou ser influenciado pela
atividade da organização em termos de produtos, políticas e processos de
trabalho (FREEMAN, 1984; MIYASSHITA, 2004).

Estudaremos a seguir cada etapa do ciclo do PDCA:


Plan (planejar)
Nesta etapa, é realizada uma avaliação ambiental inicial da empresa, que permitirá a sua caracterização
ambiental, a verificação das exigências legais impostas à empresa, os aspectos ambientais18 relevantes, os
possíveis impactos ambientais19, suas práticas e posturas e a identificação dos seus pontos fortes e fracos.
É na fase Plan (planejar) do ciclo PDCA que os objetivos e metas ambientais e a Política Ambiental devem
ser definidos. A Política Ambiental é imprescindível para definir o compromisso geral da empresa quanto
as suas questões ambientais. Também devem ser estabelecidos os processos necessários para apresentar
resultados de acordo com os requisitos das partes interessadas20 e os requisitos legais.

Do (executar)
É a etapa de execução das ações definidas na fase anterior de planejamento (Plan). Nessa etapa, são
realizadas as atividades de educação ambiental e o treinamento para capacitar os empregados da organi-
zação a realizarem as ações necessárias ao alcance dos objetivos propostos.

Check (verificar)
Após o SGA ser posto em prática, tem que ser submetido a verificações e, se for o caso, merecer cor-
reções através de ações que assegurem a sua conformidade com a norma e com a melhoria contínua. Na
etapa de verificação, os processos e produtos são medidos e monitorados em comparação com padrões
ou requisitos legais, políticas e objetivos. Os resultados passam pela análise crítica da alta administração21,
que avalia a necessidade de mudanças de rumo, quando necessário, e/ou melhorias e ajustes no sistema.

18 Aspectos ambientais: elementos das atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente. O aspecto pode ser uma máquina ou equipamento ou uma atividade executada, que produza (ou possa produzir)
algum efeito sobre o meio ambiente (ABNT NBR ISO 14001: 2004).
19 Impactos ambientais: modificações do meio ambiente, adversas ou benéficas, que sejam resultado, no todo ou em parte, dos
aspectos ambientais da organização (ABNT NBR ISO14001: 2004).
20 Partes interessadas: pessoa ou grupo, interno ou externo à organização, que pode ou é afetado pelo desempenho do SGA de
uma organização.
21 Alta administração: pode ser constituída de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos que orientam e controlam uma
organização em seu mais alto nível (ABNT NBR ISO 14001:2004).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
50

Act (agir)
Nesta fase final do PDCA, as ações são tomadas para garantir a melhoria contínua dos processos e servi-
ços da organização, ou seja, o seu desempenho ambiental, seja através da busca de soluções para eliminar
o problema ou por meio da correção de deficiências. O plano de ação (elaborado na fase inicial de planeja-
mento) deve ser revisado e adaptado às novas circunstâncias e os procedimentos devem ser melhorados
ou reorientados. Se o objetivo é atingido, metas ainda mais audaciosas devem ser estabelecidas e o ciclo
deve ser recomeçado.
O PDCA contribui para o SGA, pois define cada etapa que deve ser realizada para alcançar os objetivos
e metas do sistema, alcançando a melhoria contínua ao final de cada ciclo.

Só em 2010 foram registrados 701.496 acidentes de trabalho no Brasil. A maior parte


FIQUE dos registros foi de ferimentos e lesões nos membros superiores, inferiores e dores
ALERTA nas costas, indicando que a cultura de prevenção de acidentes no trabalho precisa
ser fortalecida. (Fonte: BRASIL, 2011).
4 Instrumentos para o Sistema de Gestão Ambiental
51

RECAPITULANDO

Neste capítulo, tivemos a oportunidade de estudar o conceito de Gestão Ambiental e descobrimos


que existem vários instrumentos que podem ser utilizados para alcançar os objetivos ambientais
e melhorar o desempenho ambiental da organização, para prevenir problemas ambientais e para
outras finalidades específicas do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Instrumentos do Sistema de Gestão Ambiental foram apresentados, sendo que alguns deles serão
aprofundados ao longo de sua formação. Estudamos também que o SGA, em geral, adota a ferra-
menta de gestão da qualidade denominada de PDCA para auxiliar na busca da melhoria contínua do
sistema. Cada letra da sigla PDCA significa: Planejar (Plan), Executar (Do), Verificar (Check) e Agir (Act).
A compreensão sobre a Gestão Ambiental e seus instrumentos, com certeza, contribuirá para uma
formação significativa em seu aprendizado e para a sua atuação como técnico na área ambiental.
Série ISO

A partir da década de 70, a interação entre as questões ambientais e comerciais se intensificou


muito no âmbito das relações internacionais. No final dos anos 80, a British Standards Institution
iniciou a criação de uma norma sobre SGA, resultando daí a norma British Standards (BS) 7750,
em 1991. Seguindo o exemplo desse órgão, em vários países foram criadas normas, gerando
restrições ao comércio internacional. Em 1992, a ISO criou um grupo de assessoria denominado
Strategic Advisory Grouponthe Environment (SAGE), pelo Business Council for Sustainable Develo-
pment, para estudar as questões decorrentes da diversidade crescente de normas ambientais
e seus impactos sobre o comércio internacional. O SAGE recomendou a criação de um comitê
específico para a elaboração de normas sobre gestão ambiental, o Comitê Técnico 207 (TC 207).

A ISO “International Organisation for Standardisation” é uma fede-


ração de organismos de normalização de 130 países, um por país.
A ISO é uma organização não governamental e foi estabelecida
em 1947. A sua missão consiste na promoção do desenvolvimen-
Curiosidades to da normalização e atividades relacionadas, em todo o mundo,
como elemento facilitador das trocas comerciais de bens e servi-
ços, dentro dos princípios da Associação Portuguesa de Certifica-
ção (APCER), 2003.

SAIBA Para compreender o papel de instituições normalizadoras e seu fun-


cionamento, visite o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas
MAIS (ABNT). Este é o órgão responsável pela normalização técnica do país.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
54

Em 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e criou um comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 para
desenvolver as normas da série 14000, o qual foi dividido em 9 subcomitês. O 1º desses subcomitês ficou res-
ponsável pelo desenvolvimento de um guia para a implementação e manutenção de um Sistema de Gestão
Ambiental. Para tanto, a BS-7750 (aquela certificação sobre gerenciamento ambiental citada anteriormente)
da Bristish Standard Institution e o Esquema de Auditoria de Ecogerenciamento (Eco-Management Audit Sche-
me - EMAS) da Comunidade Econômica Europeia (CEE) subsidiaram a elaboração desse guia. Confira, a seguir,
cada um dos subcomitês formados, com o objetivo de desenvolver normas específicas:
a) Subcomitê 1: Sistemas de Gestão Ambiental;
b) Subcomitê 2: Auditorias Ambientais;
c) Subcomitê 3: Rotulagem Ambiental;
d) Subcomitê 4: Avaliação do Desempenho Ambiental;
e) Subcomitê 5: Análise de Ciclo de Vida;
f) Subcomitê 6: Definições e Conceitos;
g) Subcomitê 7: Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;
h) Subcomitê 8: Comunicação Ambiental;
i) Subcomitê 9: Mudanças Climáticas.

O trabalho desses comitês, os encontros das negociações sobre o General Agreementon Tariffsand Trade
(GATT), no Uruguai, e da Rio 92, no Brasil, resultaram na série de normas ISO 14000, desenvolvidas pela
International Organization for Standardization (ISO) e que estabelecem diretrizes sobre a área de gestão
ambiental dentro de empresas.

Número de Ano DE
Título
Série ISO Publicação

Sistemas de Gestão Ambiental - Especificação e


ISO 14001 2004
diretrizes para uso.

Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais


ISO 14004 2004
sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.

Gestão Ambiental – Avaliação Ambiental de locais


ISO 14015 2001
e organizações.

Rotulagens e atestados ambientais


ISO 14020 2000
– Princípios gerais.

Rotulagens e atestados ambientais – Rotulagem


ISO 14021 1999
ambiental tipo II - Queixas autodeclaradas.
5 Série ISO
55

Número de Ano DE
Título
Série ISO Publicação

Rotulagens e Atestados Ambientais – Rotulagem


ISO 14024 1999
ambiental tipo I – Princípios e procedimentos.

Rotulagens e Atestados Ambientais – Rotulagem


ISO 14025 2006
ambiental tipo III – Princípios e procedimentos.

Gestão Ambiental - Avaliação de Desempenho


ISO 14031 1999
Ambiental – Orientações.

Gestão Ambiental - Avaliação de Desempenho


ISO/TR 14032 1999
Ambiental – Exemplos.

Gestão Ambiental - Avaliação de Ciclo de Vida -


ISO 14040 2006
Princípios e estrutura.

Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida –


ISSO 14042 2000
Avaliação do impacto do Ciclo de Vida

Gestão Ambiental - Avaliação de Ciclo de Vida -


Requisitos e orientações.
ISO 14044 2006
Nota: Substituiu as Normas ISO 14041, ISO 14042 e
ISO 14043.

Gestão Ambiental - Avaliação do Ciclo de Vida –


ISO/TR 14047 2003
Exemplos de aplicação da norma ISO 14042.

Gestão Ambiental - Avaliação do Ciclo de Vida –


ISO/TS 14048 2002
Formato de dados do relatório.

Gestão Ambiental - Avaliação do Ciclo de Vida


– Exemplos de aplicação da norma ISO 14041
ISO/TR 14049 2000
para definição do objetivo, escopo e análise de
inventário.

ISO 14050 2009 Gestão Ambiental – Vocabulário.

Gestão Ambiental - Integração dos aspectos


ISO/TR 14062 2002 ambientais na concepção e desenvolvimento de
produtos.

Gestão Ambiental - Comunicação Ambiental –


ISO 14063 2006
Diretrizes e exemplos.

Mudanças Climáticas – Parte 1 - Diretrizes e es-


pecificações a nível organizacional para quantifi-
ISO 14064-1 2006
cação, elaboração do relatório de emissões de GEE
e remoções.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
56

Número de Ano DE
Título
Série ISO Publicação

Mudanças Climáticas – Parte 2 - Diretrizes e


especificações para quantificação, monitoração e
ISO 14064-2 2006
elaboração de relatório de emissões de GEE ou de
remoções.

Mudanças Climáticas – Parte 3 - Diretrizes e


ISO 14064-3 2006 especificações para validação e verificação de
afirmações de GEE.

Mudanças Climáticas - Requisitos para validação


ISO 14065 2007 e verificação de GEE para acreditação ou outras
formas de reconhecimento.

Diretrizes para Auditorias do Sistema de Gestão de


Qualidade e/ou Ambiental.
ISO 19011 2002
Nota: Substituiu as normas ISO 14010, ISO 14011 e
ISO 14012.
Quadro 2 - Série ISO 14000
Fonte: VITIELLO (2009).

Vale considerar que o GATT é um Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio criado no pós-guerra, em 1947,
com o objetivo de eliminar, gradualmente, as barreiras que dificultavam a prática do livre comércio entre
os países. E que, após a rodada de discussões no Uruguai, finda em 1994, o GATT foi incorporado a então
recém-criada Organização Mundial do Comércio (OMC).
As negociações do GATT se concentraram na necessidade de redução das barreiras não tarifárias ao co-
mércio, mas ainda não estava claro o compromisso do GATT com a proteção ambiental. Este acordo, além
de promover fóruns de debate sobre as políticas de liberalização comercial, também trata das questões
relacionadas ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente.
É importante lembrarmos que o compromisso global de proteção ambiental surgiu somente em 1992,
durante o ECO 92, quando por meio de discussões e recomendações emanadas do Grupo sobre Medidas
Ambientais e Comércio Internacional e do subcomitê sobre Comércio e Meio Ambiente (ambos subordi-
nados ao comitê preparatório da OMC), chegou-se ao consenso da necessidade de criação de um órgão
ambiental especializado, inserido na nova organização multilateral de comércio.
Em 1994, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL22) aprovou a Resolução 10/94 sobre “comércio e meio
ambiente”, que traça as diretrizes básicas em matéria de política ambiental. Esta resolução criou, dentro da
estrutura organizacional do Mercosul, um subgrupo de trabalho para lidar com os aspectos relacionados
ao Meio Ambiente. Uma das tarefas desse grupo foi acompanhar o processo de elaboração, discussão, de-

22 Mercado Comum do Sul (MERCOSUL): é uma associação de quatro países da América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai) para a livre circulação das mercadorias oriundas com reduzidas taxas alfandegárias para beneficiar as empresas
localizadas nesses países.
5 Série ISO
57

finição e implementação da série ISO 14000, de Gestão Ambiental, e analisar os impactos de sua aplicação
na competitividade internacional de produtos do MERCOSUL (QUEIROZ, 2005).
Em 1996, foram editadas as primeiras normas sobre Gestão Ambiental a cargo do Subcomitê 1 (SC1):
ABNT NBR ISO 14001 e ABNT NBR ISO 14004, ambas sobre SGA. A ISO 14001 define o que a empresa precisa
atender para implantar um SGA, enquanto a 14004 estabelece diretrizes para princípios de gestão am-
biental. Desde então, outras normas foram editadas sobre outros tópicos da gestão, tais como: auditoria
ambiental, rotulagem ambiental e avaliação do ciclo do produto (CAJAZEIRA; BARBIERI, 2005).

Um importante aspecto ligado à responsabilidade das organizações é a saúde e


FIQUE segurança do colaborador no desempenho de suas atividades. Portanto, o uso de
ALERTA equipamentos de proteção individual é de fundamental importância para manuten-
ção da integridade física e salubridade dos trabalhadores.

As Normas da série ABNT NBR ISO 14000 e normas complementares para a Gestão Ambiental foram
agrupadas em dois enfoques básicos: organização e produto/processo. O enfoque da organização está
presente na norma Sistema de Gestão Ambiental (ABNT NBR ISO 14001), de Auditoria de SGA (ISO 19011)
e de Avaliação de Desempenho Ambiental (ABNT NBR ISO 14031), enquanto que o enfoque no produto/
processo pode ser observado na norma de Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14041).
A família de Normas ABNT NBR ISO 14000 fornece às organizações ferramentas de gerenciamento para
o controle de seus aspectos ambientais e para a melhoria de seu desempenho ambiental. Um ponto im-
portante a considerar é que as normas da série não ditam como a organização alcançará as suas metas
nem descreve o tipo ou nível de desempenho exigido. Assim como a série ISO 9000, originalmente, a série
ABNT NBR ISO 14000 está focada nos processos necessários para alcançar resultados e não nos próprios
resultados (BOGO, 1998).

A série ISO 14000 é um conjunto de 28 normas relacionadas a Sistemas de


Gestão Ambiental, as quais abrangem seis áreas bem definidas: Sistema
Curiosidades de Gestão Ambiental; Auditorias Ambientais; Avaliação de Desempenho
Ambiental; Rotulagem Ambiental; Aspectos Ambientais nas Normas de
Produtos e Análise do Ciclo de Vida do Produto.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
58

Juntas, as Normas da família ABNT NBR ISO 14000 podem oferecer diversos benefícios econômicos, que
estão asso­ciados a benefícios ambientais. Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004, estes benefícios incluem:

- Redução no uso de matérias-primas;

- Redução no consumo de energia;

- Melhoria da eficiência do processo;

- Redução da geração de rejeitos e de custos de disposição;

- Melhoria do gerenciamento de rejeitos, utilizando processos como a reciclagem e a


incineração para tratar resíduos sólidos ou utilizando técnicas mais eficientes para o
tratamento de efluentes líquidos.

5.1 Rotulagem Ambiental

A Rotulagem Ambiental, também conhecida como “Selo Verde”, é a garantia de que um produto apre-
senta menor impacto ambiental em relação aos produtos dos concorrentes disponíveis no mercado. A Ro-
tulagem Ambiental é utilizada em países como Japão, Alemanha, Suécia, Países Baixos e Canadá, mas com
formas de abordagens e objetivos que diferem uma das outras. O subcomitê 3, responsável pelo texto
normativo sobre rotulagem ambiental, estabeleceu as seguintes normas:
a) ABNT NBR ISO 14020 – Princípios básicos para os rótulos e declarações ambientais (criada em 1998
e revisada em 2002);
b) ABNT NBR ISO 14021 – Autodeclarações ambientais - Tipo II – Autodeclarações ambientais (criada
em 1999 e revisada em 2004:2013);
c) ABNT NBR ISO 14024 – Princípios e procedimentos para o rótulo ambiental Tipo I – Programas de
Selo Verde (criada em 1999 e revisada em 2004);
d) ABNT NBR ISO 14025 – Princípios e procedimentos para o rótulo ambiental Tipo III (ou Selo Verde
Tipo III) – Inclui avaliações de Ciclo de Vida (criada em 2001) e pode ser utilizada como barreiras às expor-
tações dos produtos de países cujas corporações não tenham aderido a esta norma.
5 Série ISO
59

5.2 Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA)

Em 1999, o subcomitê 4, responsável por desenvolver o texto sobre Avaliação do Desempenho


Ambiental(ADA23), estabeleceu as normas ABNT NBR ISO ISO 14031 - Avaliação do desempenho ambien-
tal (que inclui exemplos de indicadores ambientais) e ABNT NBR ISO ISO 14032 - Exemplos de avaliação do
desempenho ambiental.
A ABNT NBR ISO ISO 14031 apresenta as diretrizes para a realização da Avaliação de Desempenho Am-
biental dos processos nas organizações. A sistemática estabelecida por essa norma é muito mais complexa
e aprofundada do que o requerido pela ABNT NBR ISO 14001, pois engloba todo o ciclo de vida dos pro-
dutos e serviços da empresa, desde a entrada de matérias-primas até o descarte após o uso, através do
estabelecimento de indicadores ambientais e seu monitoramento.
A avaliação do desempenho ambiental é um processo mais detalhado, uma vez que envolve medição,
análise, avaliação e descrição do desempenho ambiental da organização em relação aos objetivos defini-
dos pelo seu SGA com vistas a indicação de melhorias.

A Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) pode ser aplicada indepen-


Curiosidades dentemente da existência de um SGA.

Em breve, será disponibilizada a nova norma ABNT NBR ISO 14005, a qual inserirá a Avaliação de Desem-
penho Ambiental no escopo da ABNT NBR ISO 14001. A ênfase no desempenho ambiental dada por essa
norma em relação a ABNT NBR ISO 14001 talvez tenha surgido da percepção de que muitas organizações
ainda baseiam o desempenho ambiental do seu SGA na órbita de cumprimento das regulamentações am-
bientais aplicáveis (SEIFFERT, 2007).

Y
Desempenho Ambiental

X
1 2 3 4 5 6
Figura 17 - Representação da Análise do Desempenho Ambiental
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

23 Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA): é a avaliação do desempenho ambiental de uma organização, através da
medição e indicação de melhorias necessárias.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
60

5.3 Análise do Ciclo de Vida (ACV)

O subcomitê 5 recebeu a responsabilidade de normatizar a Análise do Ciclo de Vida (ACV), que é um


método para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, com-
preendendo etapas que vão desde a extração da matéria-prima, passando pelo seu processamento, à sua
produção, distribuição e reciclagem até a disposição final do produto. Este subcomitê criou as seguintes
normas:
a) ABNT NBR ISO 14040: diretrizes e estrutura para a análise do ciclo de vida (criada em 1997);
b) ABNT NBR ISO 14041: definição do âmbito e análise do inventário do ciclo de vida (criada em 1998);
c) ABNT NBR ISO 14042: avaliação do impacto do ciclo de vida (criada em 2000);
d) ABNT NBR ISO 14043: interpretação do ciclo de vida (criada também em 2000);
e) ABNT NBR ISO 14048: formato da apresentação de dados (criada em 2002);
f) ABNT NBR ISO TR 14047: fornece exemplos para a aplicação da ISO 14042 (criada em 2003);
g) ABNT NBR ISO TR 14049: fornece exemplos para a aplicação da ISO 14041 (criada em 2000).

Para facilitar a aplicação, as Normas 14040, 14041, 14042 e 14043 foram reunidas em apenas dois do-
cumentos (14041 e 14044).
A ACV de um produto, processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os fluxos de
materiais e de energia que participam da formação de um produto. A análise do Ciclo de Vida é uma fer-
ramenta indispensável para o melhor acompanhamento dos ciclos de produção e a identificação de alter-
nativas de interação entre processos. É um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e
serviços (RIBEIRO; GIANNETI; ALMEIDA, 2003).
A ACV é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um
produto, compreendendo as etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementa-
res que entram no sistema produtivo até a disposição do produto final, sendo (ABNT NBR ISO 14040:2009):
a) Energia;
b) Processos;
c) Embalagens;
d) Transporte;
e) Consumo de energia não renovável;
f) Impactos relacionados ao uso ou aproveitamento;
g) Reúso do produto, reciclagem ou descarte final.

A metodologia ACV trata dos fluxos de matéria e de energia e envolve as etapas de definição dos obje-
tivos; realização do inventário de entradas e saídas de energia e materiais relevantes para o sistema em es-
5 Série ISO
61

tudo; avaliação do impacto ambiental associado às entradas e saídas de energia e materiais, e da sua inter-
pretação. A análise do inventário refere-se à coleta de dados e procedimentos de cálculos para quantificar
as entradas e saídas de um sistema de produto (ABNT NBR ISO 14040:2009). Verifique, na figura seguinte, a
análise do ciclo da vida de maneira ilustrativa.

EXTRAÇÃO

RECICLAGEM TRANSPORTE

ACV
DESCARTE Análise de Ciclo de Vida PRODUÇÃO

UTILIZAÇÃO TRANSPORTE

INSTALAÇÃO

Figura 18 - Representação da análise do ciclo de vida


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

5.4 Mudanças Climáticas

O subcomitê de Mudanças Climáticas desenvolveu normas relativas a essa temática, que são:
a) ABNT NBR ISO/TC 207/WG 5: estabelece a medição, comunicação e verificação de emissões de gases
do efeito estufa, a nível de entidades e projetos;

b) ABNT NBR ISO/TC 14064 Parte 1: relativa aos gases do efeito estufa, diz respeito à especificação para a
quantificação, monitoramento e comunicação de emissões e absorção por entidades;
c) ABNT NBR ISO/TC 14064 Parte 2: relativa aos gases estufa, diz respeito à especificação para a quanti-
ficação, monitoramento e comunicação de emissões de gases de efeito estufa (GEE);
d) ABNT NBR ISO/TC 14064 Parte 3: relativa aos gases estufa, diz respeito à especificação e diretrizes
para validação, verificação e certificação;
e) ABNT NBR ISO/TC 207/WG 6: estabelece a acreditação;
f) ABNT NBR ISO 14065: relativa aos gases estufa, diz respeito aos requisitos para validação e verificação
de organismos para uso em acreditação ou outras formas de reconhecimento.

Todas estas normas foram publicadas em 2006.


SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
62

Na contramão das discussões que apontam as emissões de dióxido de car-


bono como a principal causa das mudanças climáticas, muitos cientistas
Curiosidades discordam dessa teoria e indicam vários outros motivos para as alterações
climáticas, incluindo a radiação solar.

O subcomitê 6, responsável por Definições e Conceitos criou, através da norma ABNT NBR ISO 14050, a
terminologia utilizada em todas as normas citadas anteriormente (relativas à gestão ambiental). A revisão
1 dessa norma foi publicada em 2002 e revisada em 2004. A ISO 14050 teve o papel de definir e conceituar
os termos e expressões utilizados em outras normas da série ISO 14000.
O subcomitê 7 estudou como o desenvolvimento de novos produtos interage com o ambiente e criou
a norma ISO TR 14062, a qual estabelece a integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimen-
to de produtos (criada em 2002 e revisada em 2004). Nessa norma, foi criado o conceito de ecodesign, que
oferece benefícios às empresas, incluindo a redução de custos, a melhoria do desempenho ambiental, a
inovação, a criação de novos nichos de mercado e a melhoria da qualidade do produto.
Ecodesign é a aplicação prática de requisitos ambientais de projetos, desde o início do desenvolvimento
de produtos, substituindo matérias-primas, materiais, tecnologias, processos e manufaturas por outros
elementos menos nocivos ao meio ambiente, com vistas à minimização dos impactos ambientais.
5 Série ISO
63

CASOS E RELATOS

Quando a gestão ambiental na empresa não é o suficiente: o caso de Fukushima


Em 2011, um forte abalo sísmico e um tsunami ocasionaram um acidente nuclear no Japão. O tremor
de 8,9 graus na escala Richter foi o mais forte registrado no país em 150 anos de medições. A Cen-
tral Nuclear de Fukushima (CNF) era composta por seis reatores sob a responsabilidade da empresa
Tokyo Eletric Power Company. Três reatores estavam fechados para manutenção e os demais foram
fechados automaticamente após o terremoto, quando geradores de emergência foram acionados
para manter as bombas de água para resfriá-los.
A CNF era protegida por um dique projetado para resistir a um maremoto de 5,7 metros de altura.
Mas 15 minutos após o terremoto, o Japão foi atingido por uma onda de 14 metros, que chegou
facilmente ao topo do paredão. A CNF foi inundada, os geradores de emergência foram desativados
e os reatores começaram a superaquecer devido à deterioração do combustível nuclear presente
nestes reatores. Em três reatores ocorreu uma fusão parcial do núcleo com consequentes explosões
e incêndios.
A radiação levou a uma evacuação de milhares de pessoas em 20 km de raio ao redor da Central. As
áreas do norte do Japão, entre 30 e 50 km da área, apresentaram níveis altos de césio radioativo. Na
CNF, plutônio foi detectado no solo, em dois locais.

Figura 19 - Explosão na Central Nuclear de Fukushima, Japão


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
64

5.5 ESTRUTURA BÁSICA DE UM SGA E CERTIFICAÇÃO

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser definido como um conjunto de procedimentos para
gerir ou administrar uma organização, desta forma pode-se obter o melhor relacionamento com o meio
ambiente. O SGA é estabelecido pela NBR ISO 14001 a qual faz parte de um conjunto de normas, a ISO
14000, essas normas foram desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO) que é
uma organização internacional de padronização.
A implementação e o uso de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) são utilizados para a prevenção
dos danos ambientais em razão dos processos produtivos e dos produtos colocados no mercado. A empre-
sa também parte em busca de sua certificação com o atendimento das diretrizes estabelecidas na norma
NBR ISO 14001. Para a implementação do SGA é necessário que todos os setores da empresa estejam ali-
nhados com os objetivos do Sistema.

5.5.1 ESTRUTURA BÁSICA DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

As normas de sistemas da gestão, como por exemplo a ABNT NBR ISO 14001, incluem a necessidade de
melhoria contínua dos sistemas de uma empresa e a abordagem de questões ambientais. Nesse sentido,
como princípio básico de um SGA, o ciclo PDCA – Planejar (plan), Executar (do), Verificar (check) e Agir
(action) permite que as organizações ou empresas busquem sempre a melhoria contínua de seu sistema
de gestão. Observe na figura a seguir:

Plan
(Planejar)

Act Ciclo Do
(Agir) (Executar)
PDCA

Check
(Verificar)

Figura 20 - Ciclo PDCA


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
5 Série ISO
65

Dentro desta metodologia as empresas gerenciam seus processos em busca da melhoria contínua. Va-
mos definir cada uma das etapas do ciclo PDCA?
a) Planejar: definição da política ambiental, impactos ambientais e metas ambientais.
Nesta etapa é realizada uma avaliação ambiental inicial que permitirá a caracterização ambiental, a ve-
rificação das exigências legais impostas, os aspectos ambientais relevantes, os possíveis impactos ambien-
tais, suas práticas e posturas e a identificação dos seus pontos fortes e fracos. É nesta etapa do PDCA que os
objetivos e metas ambientais e a Política Ambiental devem ser definidos. A Política Ambiental é imprescin-
dível para definir o compromisso geral da empresa quanto as suas questões ambientais. Também devem
ser estabelecidos os processos necessários para apresentar resultados de acordo com os requisitos legais.

b) Executar: implementação do SGA, documentação e treinamento.


É a etapa de execução das ações definidas na fase anterior de planejamento. Nessa etapa são realizadas
as atividades de educação ambiental e o treinamento para capacitar os empregados da organização a rea-
lizarem as ações necessárias ao alcance dos objetivos propostos.

c) Verificar: auditorias ambientais e avaliação de desempenho ambiental.


Após o SGA ser posto em prática, tem que ser submetido a verificações e, se for o caso, merecer cor-
reções através de ações que assegurem a sua conformidade com a norma e com a melhoria contínua. Na
etapa de verificação, os processos e produtos são medidos e monitorados em comparação com padrões
ou requisitos legais, políticas e objetivos. Os resultados passam pela análise crítica da alta administração,
que avalia a necessidade de mudanças de rumo, quando necessário, e/ou melhorias e ajustes no sistema.

d) Agir: ações de melhoria contínua.


Nesta fase final do PDCA, as ações são tomadas para garantir a melhoria contínua dos processos e servi-
ços da organização, ou seja, o seu desempenho ambiental seja através da busca de soluções para eliminar
o problema ou por meio da correção de deficiências. O plano de ação deve ser revisado e adaptado às no-
vas circunstâncias da empresa, como também os procedimentos devem ser melhorados ou reorientados.
Após atingir o objetivo, novas metas devem ser estabelecidas e o ciclo deve ser recomeçado.

Desastres ambientais provocados por ações das indústrias modificaram o


meio ambiente. É neste cenário que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
Curiosidades determina as ações corporativas em busca do equilíbrio do homem, da in-
dústria e do meio ambiente.

Após conhecermos as definições de cada etapa do PDCA, podemos pensar que sempre é possível me-
lhorar, e por ser um ciclo, o PDCA não prevê um fim para sua execução. O seu uso pode garantir um diag-
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
66

nóstico apurado sobre os processos, análise das falhas e busca de soluções. Sendo assim, a utilização desta
ferramenta de qualidade é uma maneira eficaz de efetuar o controle dos processos e obter melhorias.

5.5.2 CERTIFICAÇÃO

O Sistema de Gestão Ambiental pode seguir, a exemplo, um padrão internacional orientado pela norma
ISO 14001 e, devido as exigências do mercado, ser certificado por algum organismo certificador acreditado
como: Bureau Veritas; BRTÜV; entre outras. Porém, nem todo SGA segue a referida ISO, muitas vezes são
feitas adaptações do escopo dessa norma para adequação à realidade da empresa. Existem diversas certifi-
cações específicas que permitem aos proprietários e gestores melhorar a gestão ambiental, traduzindo-se
em ganhos significativos, quer em eficiência e desempenho, quer na criação de novas oportunidades de
mercado através da crescente procura de produtos certificados.
A comprovação de que uma empresa possui um gerenciamento ambientalmente correto e reconheci-
do internacionalmente se dá através da certificação com a norma ISO 14001, que é a única norma da série
ISO 14000 que diz respeito ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da organização. O SGA corresponde a
uma parte do sistema global de gerenciamento usada com finalidade de que a empresa desenvolva e im-
plemente sua política ambiental manejando os aspectos ambientais (JORGENSEN, 2006).
Para que uma organização obtenha a certificação segundo a ABNT NBR ISO 14001, é necessário que
esta atenda aos requisitos determinados. O processo de certificação só pode ser solicitado após um ciclo
PDCA conforme figura a seguir.

Pré-auditoria: sem
Contratação da Auditoria de
validade de
certificadora certificação
certificação

Resultados Auditorias de
Emissão de
possíveis: apto, não monitoramento
certificado
apto ou apto com (semestrais ou
(validade de 3 anos)
ações corretivas anuais)

Figura 21 - Processo de Certificação conforme Ciclo PDCA


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Geralmente uma empresa certificadora externa é contratada para realizar uma auditoria e verificar
o sistema ambiental da empresa e sua adequação à norma referida. As certificadoras são empresas que
realizam as auditorias de terceira parte, tais como: ABS (ABS Quality Evaluations), BSI (Grupo BSI), Loyds
5 Série ISO
67

Register, Bureau Veritas Quality International (BVQI), Fundação Vanzolini, Det Norske Veritas (DNV), etc. Para
atuar no Brasil, as empresas certificadoras são acreditadas, reconhecidas e credenciadas pelo INMETRO.
As certificações possuem validade e, para a manutenção e re-certificação da ISO, novas auditorias são
necessárias. O Brasil está representado na Organização Internacional para Padronização (ISO), pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) é a


Curiosidades instituição brasileira acreditadora, ou seja, é responsável por credenciar as
empresas responsáveis pela emissão dos certificados.

Empresas, sobretudo importadores, cada vez mais estão exigindo a certificação ambiental nos moldes
da ISO 14001, como também ambientais específicos, a exemplo de certificados para produtos têxteis, ma-
deiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde” mediante rotula-
gem ambiental.
O conceito de selo verde está associado ao de rótulos ambientais que asseguram a procedência do
produto, informando que este é originário de um processo produtivo de baixo impacto ambiental. A pro-
dução em bases sustentáveis é fiscalizada e comprovada por uma certificadora que, então, concede o selo
ambiental ao produto. O exemplo mais conhecido de selo ambiental é o Forset Stewardship Council (FSC),
reconhecido internacionalmente pelos consumidores de madeira. O FSC apresenta os princípios e critérios
(P&C) para a promoção do bom gerenciamento florestal que são:
a) Princípio 1– Conformidade com as leis e Princípios do FSC;
b) Princípio 2 – Posse e Direitos e Responsabilidades de Uso;
c) Princípio 3 – Direitos dos Povos Indígenas;
d) Princípio 4 – Relações Comunitárias e Direitos dos Trabalhadores;
e) Princípio 5 – Benefícios da Floresta;
f) Princípio 6 – Impacto Ambiental;
g) Princípio 7 – Plano de Manejo;
h) Princípio 8 – Monitoramento e Avaliação;
i) Princípio 9 – Manutenção de Florestas de Alto Valor de Conservação;
j) Princípio 10 – Plantações, garantindo o desenvolvimento social com responsabilidade ambiental
e econômica.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
68

Assim, embora a certificação em conformidade com a norma ABNT NBR ISO 14001 seja de caráter não
obrigatório e voluntário, passou a ser indispensável às organizações que almejam atingir o mercado in-
ternacional, pois demonstra seu comprometimento com práticas sustentáveis e padrões internacionais
de gestão ambiental, além de trazer benefícios como: melhoria da produtividade; benefícios financeiros;
melhor relacionamento com as partes interessadas; benefício de imagem.
Entretanto, as empresas de pequeno porte enfrentam dificuldades para obter essa certificação, em vir-
tude dos altos custos de implantação do SGA, dos investimentos para a adequação de equipamentos e
processos produtivos, do contrato com a empresa certificadora e das auditorias de manutenção do siste-
ma.
5 Série ISO
69

RECAPITULANDO

Estudamos, nesse capítulo, o contexto histórico do desenvolvimento da Série ISO 14000. Assim,
aprendemos que as relações internacionais de comércio foram responsáveis pelo desenvolvimento
das primeiras normas sobre gestão ambiental e que, posteriormente, a ISO elaborou a família de nor-
mas ISO 14000, relacionadas a Sistema de Gestão Ambiental. A Série ISO 14000 - Sistema de Gestão
Ambiental (SGA), que será estudada a seguir, é composta por outras normas complementares, além
da Norma ISO 14001. Vimos, também, quais são os principais benefícios para a empresa, resultantes
da sua adesão à Série ISO 14000. Por fim, recordamos a estrutura básica de um Sistema de Gestão
Ambiental e compreendemos como funciona um processo de certificação. Esses elementos são de
fundamental importância para aprofundamento do seu aprendizado e atuação como um profissio-
nal da área ambiental.
NBR ISO 14001:2004

O subcomitê 1 do Comitê Técnico TC 207 (responsável pelo desenvolvimento das normas


da série 14000) foi responsável pela elaboração da Norma ABNT NBR ISO 14001. Esta é uma
norma internacionalmente reconhecida que define os requisitos24 para estabelecer um Sis-
tema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. Nesse contexto, a norma baseia-se na Gestão dos
Aspectos Ambientais e no seu controle. O levantamento dos aspectos ambientais é prioritário
à implantação de um Sistema de Gestão Ambiental.

ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE NORMAS
TÉCNICAS
Figura 22 - Logomarca da ABNT
Fonte: ESCOLA DE GENTE, 2010.

A norma foi desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da renta-
bilidade e a redução do impacto ambiental com o comprometimento de toda a organização.
Vale ressaltar que a ABNT NBR ISO 14001 é aplicável a qualquer tipo e/ou tamanho de organi-
zação governamental ou privada.
O Sistema de Gestão Ambiental é definido pela ABNT NBR ISO 14001:2004 como a estru-
tura organizacional, responsabilidade, práticas, procedimentos, processos e recursos para im-
plementação e manutenção da gestão ambiental.
A primeira versão da ABNT NBR ISO 14001 foi lançada no Brasil em 1996. Desde seu surgi-
mento no Brasil, a Norma ABNT NBR ISO 14001 tem colaborado para fomentar bens e serviços
promissores que geram empregos, novas tecnologias, pesquisas e incentivos.

24 Requisitos: o que é necessário fazer para se ter um SGA implementado e em funcionamento, cumprindo a
política ambiental, praticando a prevenção da poluição e comprovando a melhoria contínua do desempenho
ambiental. Os requisitos também estão relacionados à regulamentação legal e/ou técnica aplicável aos aspectos
ambientais significativos de uma organização. Podem ser obrigatórios, como no caso dos requisitos legais e
podem ser de adoção voluntária ou, ainda, refletir as necessidades locais e de mercado.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
72

Figura 23 - A norma ISO 14001:2004 ajuda a orientar a empresa no alcance da melhoria do seu desempenho ambiental
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O marco inicial para a implantação de um programa de SGA é o estabelecimento de uma política am-
biental24, que será o eixo central do SGA, conforme preconizado na norma ABNT NBR ISO 14001. A política
ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada por todas as áreas e setores da empre-
sa e também deve estar incorporada em todos os níveis e funções, da alta administração até a produção.
Em 2004 foi publicada uma revisão da ABNT NBR ISO 14001:1996 para ISO 14001:2004. Nessa revisão,
conceitos e requisitos foram esclarecidos e houve um esforço para ampliar a compatibilização com a série
ISO 9000 (Gestão da Qualidade). A ABNT NBR ISO 14001- Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental - rela-
ciona-se com outras certificações, como por exemplo, a ABNT NBR ISO 9001 – Sistema de Gestão da Quali-
dade e também com a ABNT NBR ISO 19001 - Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão da Qualidade
e Ambiental.
Os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQs) podem ser implementados considerando-se apenas uma
unidade de negócios, ou seja, não necessariamente a implantação do SGQ deve ser realizada na organiza-
ção como um todo.
Nos Sistemas de Gestão Ambiental, de acordo com a primeira versão da ISO 14001, a abrangência do
SGA em relação à área geográfica da empresa deveria estar documentada e o SGA deveria contemplar os
impactos relacionados a processos e também aos produtos.
Mas em sua versão 2004, a ISO 14001, a abrangência do SGA ficou mais clara, com a inserção da palavra
escopo, a fim de que organização opte pela certificação de somente uma planta de produção ou uma linha
de produção. Dessa forma, o escopo deve ser definido pela própria empresa, que deverá estabelecer, além
do nível de detalhamento e de complexidade do seu SGA, qual será a sua abrangência em termos de loca-
lização geográfica e quais serão as atividades e programas do Sistema de Gestão Ambiental.
O Sistema de Gestão Ambiental, de acordo com a Norma ISO 14001, é sustentado pela necessidade
de manutenção de um programa para a melhoria contínua do desempenho ambiental, composto por
objetivos e metas (item 4.3.3 da Norma) e vem apresentando resultados concretos e abrangentes para a

24 Política ambiental: é o conjunto das intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho
ambiental, conforme formalmente expresso pela Alta Administração da organização. A política ambiental provê uma estrutura
para ação e definição de seus objetivos ambientais e metas ambientais.
6 NBR ISO 14001: 2004
73

melhoria da qualidade ambiental nas corporações. De acordo com a versão revisada da norma ISO 14001,
o esforço pela melhoria contínua deve trazer um melhor desempenho ambiental.

SAIBA No site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) você pode pesquisar e ad-
MAIS quirir as normas de seu interesse, incluindo a Norma ISO 14000:2004.

Em relação a norma ABNT NBR ISO 14001:2004 – Sistemas de Gestão Ambiental, três pontos merecem
ser destacados:
a) O esforço de aproximar a melhoria contínua (previsto na versão anterior) ao desempenho ambiental
da organização;
b) A inclusão de disposições da norma ABNT NBR ISO 9000:2000 – Gestão da Qualidade em 2000;
c) A definição do escopo dos SGA implementados.

A ISO 14001 fornece os requisitos básicos de um Sistema de Gestão Am-


biental, mas não estabelece “requisitos absolutos de desempenho ambien-
Curiosidades tal”. A norma dita “o que fazer” e não “como fazer”, proporcionando assim a
flexibilidade necessária para que uma organização escolha como cumprirá
os requisitos da norma.

Dada a diversidade de culturas organizacionais e de meios de produção de bens e de serviços, a adoção


de uma prática que possa ser aceita como única e universal é difícil. Cada empresa reúne um conjunto de
atividades operacionais, que possuem uma dinâmica peculiar, razão pela qual não devem ser estabeleci-
das formas predefinidas e específicas para o desenvolvimento de um SGA.

Duas organizações, as quais desenvolvem atividades similares e alcançam


Curiosidades desempenhos ambientais diferentes, podem estar em conformidade com a
ISO 14001.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
74

Diferentes setores industriais costumam apresentar diferentes impactos ambientais, porque os impac-
tos dependem dos insumos, matérias-primas, água e energia utilizados no processo de produção, assim
como as tecnologias adotadas.
Embora a norma ABNT NBR ISO 14001 seja flexível, uma vez que não impõe padrões de desempenho
ambiental, exige que a organização cumpra os padrões de desempenho ambiental mínimos, sendo que o
grau de dificuldade para obtenção da certificação dependerá do nível de restrições ambientais associadas
à legislação ambiental local ou regional. A certificação é o processo no qual uma organização recebe uma
declaração formal, emitida por uma terceira parte acreditada, que visita a organização, audita seu sistema
de gestão e emite um certificado para demonstrar que a organização obedece aos princípios definidos na
norma.

FIQUE Para obter sua certificação de implantação do SGA, segundo a ISO 14001, por uma
organização externa competente, a empresa precisa antes atender devidamente a
ALERTA todos os requisitos da norma.

A ABNT NBR ISO 14001 é a única da série que permite a certificação por terceiros (certificadoras), cujo
conteúdo é auditado na forma de requisitos obrigatórios de um SGA.
Agora vamos aprender o que é necessário para que uma empresa implante o seu SGA. A implantação
do Sistema de Gestão Ambiental em uma organização demanda que:
a) Os processos sejam nomeados;
b) As entradas e saídas para cada processo devem ser listadas;
c) A sequência e interação desses processos devem ser estabelecidas e documentadas (rede de proces-
sos);
d) Os clientes dos processos (clientes internos e externos) devem ser definidos;
e) Os requisitos dos produtos de cada processo devem ser definidos;
f) O responsável pelo processo também deve ser definido;
g) Os resultados desejados e indesejados devem ser estabelecidos;
h) É necessário especificar como os resultados serão medidos e monitorados, como os dados serão
coletados, e quais serão os critérios de qualidade;
i) A eficiência do processo, ou seja, o balanço entre os resultados alcançados e os recursos empreendi-
dos (financeiros, tempo, perda, etc.) deve ser avaliado;
j) Devem ser alocados recursos para cada processo, estabelecer comunicação interna e externa;
6 NBR ISO 14001: 2004
75

k) Todos os registros25 devem ser mantidos;


l) Todas as informações obtidas devem ser analisadas e os resultados devem ser avaliados;
m) Com base nos resultados, ações corretivas e preventivas devem ser adotadas;
n) A eficácia das ações corretivas e preventivas deve ser avaliada;
o) Melhorias contínuas devem ser implementadas.

Até aqui você já percebeu que a exigência cada vez maior do mercado por organizações que adotem
um modelo de gestão sustentável tem levado as empresas a uma busca pela melhoria de seus processos,
não é mesmo? E já deve ter compreendido que esse esforço das empresas tem a finalidade não apenas de
atender à legislação ambiental, para reduzir ou até mesmo eliminar os impactos negativos de suas ativida-
des, mas também melhorar a imagem dessas organizações em um mercado competitivo que exige mais
responsabilidade socioambiental dos gestores.
Percebemos que é crescente o nível de exigências legais para que os bens produzidos sejam ambien-
talmente adequados em todo o seu ciclo de vida: não agredindo o meio ambiente desde a origem de sua
matéria-prima, durante sua produção e entrega, até sua disposição final.

6.1 MUDANÇAS DA ISO 14001:2015

A norma internacional ISO 14001 estabelece os principais requisitos para as empresas identificarem,
controlarem e monitorarem seus aspectos ambientais, através de um sistema de gestão ambiental (ABNT,
2015). Em 2015 houve a revisão da norma, tendo como base o documento chamado Anexo SL.
As normas ISO sobre requisitos de sistemas de gestão têm a mesma estrutura que facilita a integração
dos sistemas de gestão otimizando assim os processos da organização.
Segundo a ABNT, todas as novas normas deverão aderir a esta orientação e as normas existentes deve-
rão migrar para essa estruturação nas suas próximas revisões.
A Estrutura de Alto nível26 (do inglês High Level Structure - HLS) apresenta dez cláusulas: 1 - Escopo; 2 -
Referências normativas; 3 - Termos e definições; 4 - Contexto da organização; 5 - Liderança; 6 - Planejamen-
to; 7 - Suporte; 8 - Operação; 9 - Avaliação de desempenho; e 10 - Melhoria. As organizações que possuem
a certificação ABNT NBR ISO 14001:2004 devem planejar a sua transição para a ABNT NBR ISO 14001:2015
até o prazo máximo de três anos, o qual corresponde a setembro de 2018.
Do ponto de vista da sustentabilidade, uma empresa deve atuar ecologicamente e apresentar uma ges-
tão ambiental de forma estratégica, pensando no desenvolvimento sustentável da empresa. Diante dessa
questão e preocupação com relação ao ciclo de vida e a cadeia de valor, a ISO 14001 foi revisada.

25 Registros: são documentos especiais que contêm os resultados alcançados ou fornecem evidências do desempenho de
atividades.
26 Estrutura de alto nível: modelo denominado como “HLS ou Estrutura de Alto Nível“ é uma forma normalizada de elaborar as
futuras normas de sistemas de gestão ISO. A norma ABNT NBR ISO 14001, revisada e reeditada em 2015, já foi editada na nova
estrutura de alto nível (“HLS – High Level Structure”).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
76

A ISO 14000 abrangem: Sistemas, Rotulagem, Aspectos, Auditorias e avalia-


Curiosidades ção dos desempenhos Ambientais, no que se refere às Normas e Análise do
Ciclo de Vida do Produto.

Em linhas gerais, as principais mudanças estão relacionadas aos seguintes temas em destaques, segun-
do a ABNT:
a) Gestão Ambiental Estratégica: corresponde ao entendimento sobre a organização e o con-
texto em que a empresa está inserida (por exemplo: o ambiente em que opera, o contexto com-
petitivo do setor que atua, disponibilidade de recursos, etc.) passo fundamental na definição do
sistema de gestão;
b) Liderança: atribui responsabilidades específicas para as pessoas com papéis de liderança promo-
verem a gestão ambiental dentro da organização. Tem um papel fundamental na implementação
do SGA, fortalecendo a integração da gestão ambiental à estratégia de negócios da organização;
c) Proteger o meio ambiente: espera-se que as organizações se comprometam com iniciativas
proativas para proteger o ambiente de danos e degradação, de acordo com o contexto da orga-
nização. Na política ambiental da organização é fundamental o compromisso com a “proteção
do meio ambiente”, incluindo: a prevenção da poluição; a utilização sustentável dos recursos e
materiais; reutilização, reciclagem e recuperação; as alterações climáticas mitigação e adaptação;
a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas, etc.;
d) Desempenho ambiental: a melhoria contínua vai desde da melhoria do sistema de gestão até
uma melhora no desempenho ambiental. A organização tem a responsabilidade de gerar com-
promissos políticos para reduzir emissões, efluentes e resíduos aos níveis estabelecidos pela or-
ganização;
e) Perspectiva do ciclo de vida: com o intuito de estender seu controle e influência para os impac-
tos ambientais associados ao uso do produto e do seu tratamento de fim de vida ou eliminação,
é necessário que as organizações tenham uma perspectiva de ciclo de vida;
f) Estratégia de comunicação: tem a necessidade de desenvolvimento de uma estratégia de co-
municação com ênfase na igualdade de comunicações externas e internas, além de uma exigên-
cia de comunicação de informações consistente e confiável, e estabelecer mecanismos para que
as pessoas que trabalham sob o controle da organização possam fazer sugestões sobre a melho-
ria do sistema de gestão ambiental;
g) Documentação: a revisão incorpora o termo “informação documentada”, em vez de Controle de
documentos e Controle de registros para alinhar com a ABNT NBR ISO 9001:2015.
6 NBR ISO 14001: 2004
77

SAIBA Para ter acesso a tabela comparativa das mudanças que ocorreram na ISO 14001, pes-
quise o material ISO 14001:2015 e saiba o que muda na nova versão da norma, disponi-
MAIS bilizado pela FIESP.

E como colocar em prática as mudanças ocorridas na ABNT NBR ISO 14001:2015?


A princípio, é necessário definir seus objetivos, ou seja, o que se pretende alcançar com a implantação
dessa norma? Em seguida, é preciso convencer a alta gestão da importância da norma, pois é essencial que
os líderes da empresa apoiem os objetivos de um Sistema de Gestão Ambiental eficiente e estejam com-
prometidos com o processo. Por fim, obtenha uma boa perspectiva dos processos e sistemas existentes
que influenciam seu impacto ambiental. É isso que sustentará o seu SGA e lhe permitirá identificar mais fa-
cilmente eventuais falhas (ABNT, 2015). Essas são algumas dicas que poderão ajudar você na implantação
ou re-certificação da norma ISO 14001:2015.

6.2 Vantagens e desafios da implantação do SGA

Empresas de grande porte investem na qualificação de fornecedores para não prejudicar o seu de-
sempenho ambiental e minimizar riscos relativos à responsabilidade compartilhada, especialmente em
casos de acidentes ambientais. Os consumidores também estão cada vez mais interessados por produtos
ambientalmente responsáveis, o que faz das iniciativas de gestão ambiental nas empresas programas es-
tratégicos.
A negligência ao gerenciamento adequado dos aspectos ambientais da empresa pode gerar custos de-
correntes de acidentes, do descumprimento da legislação ambiental, dificuldades na obtenção de crédito
bancário e outros investimentos de capitais, além de redução da competitividade no mercado consumi-
dor. Ao reduzir seus custos, as empresas elevam sua competitividade, uma vez que podem cobrar preços
menores nos seus produtos e serviços.
As empresas modernas, inteligentes e sustentáveis que adotam o SGA em suas unidades de negócios
têm seus custos reduzidos porque:
a) Consomem menos água, pelo uso racional;
b) Consomem menos energia, pela redução do desperdício;
c) Utilizam menos matéria-prima, pela racionalização do seu uso;
d) Geram menos sobras e resíduos, pela adequação do uso de insumos;
e) Reutilizam, reciclam ou vendem resíduos quando possível;
f) Gastam menos com controle de poluição;
g) Melhoram a eficiência da produção;
h) Melhoram a sua imagem;
i) Evitam acidentes;
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
78

j) Melhoram a sua competitividade no mercado;


k) Obtêm maior credibilidade da comunidade interna e externa.

A falta de comprometimento dos gerentes dos setores pode comprometer totalmente a implantação
do SGA, por isso é tão importante que esses líderes compreendam bem os benefícios que esse projeto
trará à empresa. Entre outras dificuldades ou desafios iniciais que ocorrem ou podem ocorrer para as orga-
nizações que pretendem implantar um Sistema de Gestão Ambiental, estão:
l) Histórico de passivo ambiental;
m) Histórico de descumprimento da legislação ambiental;
n) Sobrecarga de atividades para os empregados;
o) Custos da implantação do SGA;
p) Resistência do corpo técnico às mudanças propostas;
q) Falta de comprometimento da alta administração;
r) Falta do reconhecimento do esforço dos empregados para a implantação e manutenção do SGA
(pelos seus superiores);
s) Falta de treinamento e capacitação dos trabalhadores.

Em geral, as pequenas e médias empresas têm sistemas de controle e planejamento menos formais,
gerentes multifuncionais, planejamento de curto prazo e gerenciamento pelo seu proprietário/fundador.
Nesses casos, a consultoria especializada em SGA deve ser cuidadosamente contratada para permitir o
máximo de independência dos profissionais contratados para sua implantação nas etapas de atualização
e manutenção.
A resistência à implantação desta norma (ABNT NBR ISO 14001:2004) por empresas de pequeno e mé-
dio porte relaciona-se à visão de que estas empresas apresentam impacto ambiental reduzido. Contudo,
os impactos ambientais de empresas com esse perfil estão atrelados ao seu efeito acumulativo, por serem
mais numerosas. Por isso é relevante considerar os efeitos cumulativos27 e sinérgicos28 dos impactos
ambientais dessas empresas.

27 Efeitos cumulativos: que aumentam em intensidade de ação por sucessivas adições sem perda ou eliminação correspondente.
28 Efeitos sinérgicos: efeitos simultâneos de agentes sobre o organismo, de tal sorte que seu efeito é maior que a soma dos
efeitos de cada um dos agentes aplicados isoladamente.
6 NBR ISO 14001: 2004
79

CASOS E RELATOS

Normas e normalização brasileira


Muitas pessoas não sabem o que significa “norma”. Norma é um documento aprovado por um or-
ganismo reconhecido, que contém regras e diretrizes para uso comum e repetitivo. Há quem não
conheça também o significado de “normalização”. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABTN) é o organismo oficial de normalização. A normalização é muito útil para facilitar a co-
municação entre as empresas e o consumidor, para contribuir com a melhoria da qualidade dos
produtos e serviços, para reduzir os custos de produção e para auxiliar o desenvolvimento econômi-
co e tecnológico do país.
Quando você vir a sigla “ABNT NBR”, o documento corresponde a uma norma brasileira aprovada
pela ABNT. Mas quando encontrar uma “NR”, o documento diz respeito a uma “Norma Regulamen-
tadora” estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
As normas “ABNT NBR” são adotadas voluntariamente pelas empresas, enquanto as “NR” são de
caráter obrigatório.

Figura 24 - Exemplo de Kit de Emergência estabelecido pela ABNT NBR 9735 – Conjunto de equipamentos
para emergências no transporte terrestre de produtos perigosos
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

6.3 Requisitos do SGA

São requisitos do Sistema de Gestão Ambiental:


a) Política ambiental;
b) Planejamento;
c) Implementação e operação;
d) Verificação;
e) Análise pela administração.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
80

Aprendemos que a Política Ambiental é o eixo central do SGA. Observe que dentre os requisitos do
SGA, a Política Ambiental apresenta-se como primeiro item a ser abordado, dada a sua importância.
O segundo requisito do modelo de SGA-ISO corresponde ao P (Plan) do ciclo PDCA, ou seja, a fase de
Planejamento ou formulação de um plano, visando alcançar o objetivo.
O terceiro requisito – Implementação e operação corresponde ao D (Do), a fase de execução, do de-
senvolvimento do processo para a realização dos objetivos.
Já o quarto requisito– Verificação corresponde ao C (Check), fase onde a organização verifica o desem-
penho do que foi implementado.
O quinto e último requisito do modelo de SGA-ISO corresponde ao A (Act), ou seja, Análise pela Admi-
nistração. É nessa etapa que ocorre a ação propriamente dita, visando a uma melhoria contínua. Assim, é
possível constatar a existência de uma relação entre os princípios da qualidade (para os quais o Ciclo PDCA
foi desenvolvido) e de qualidade ambiental.
Vejamos, na figura a seguir, a representação do fluxo do PDCA nas etapas de implantação do Sistema
de Gestão Ambiental.

Início

Anãlise Crítica Política


Gerencial (ACT) Ambiental

Melhoria
Verificação/ Contínua Planejamento (PLAN)
Ações Corretivas (CHECK) - Aspectos e Impactos Ambientais
- Monitoramento e medições - Requisitos legais e outros
- Ações Preventivas, Corretivas e - Objetivos e Metas
Não Conformidades -Programa de Gerenciamento
- Registros Ambiental
- Auditorias SGA

Implementação (DO)
- Estrutura e responsabilidades
- Treinamento, Conscientização e
Competência
- Comunicação
- Documentação SGA
- Controle de Documentos
- Controle Operacional
- Preparação para Emergência
e Resposta

Figura 25 - Etapas da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
6 NBR ISO 14001: 2004
81

Observe que estes requisitos básicos estão associados a um processo de cinco etapas. Veremos cada
uma delas a seguir.

6.3.1 Compromisso e política

Nesta fase, a organização define a sua política ambiental e assegura seu comprometimento com essa.
A política deve apresentar a real intenção de cumprir as afirmações nela contidas e deve ser redigida pela
alta administração, ou seja, a autoridade máxima da organização. O compromisso da alta administração é
fundamental para garantir o êxito do SGA.
Antes de ser elaborada a política ambiental da organização, deve ser realizado um levantamento inicial
da posição da organização em relação ao meio ambiente, através da identificação dos requisitos legais e
normatizações que estão relacionadas aos processos e produtos da empresa; da identificação dos aspectos
ambientais com potencial para a geração de impactos ambientais significativos29; da avaliação do desem-
penho ambiental, a partir da comparação com critérios internos, externos e regulamentares; da investi-
gação dos incidentes anteriores, da análise das oportunidades para competir no mercado e das opiniões
das partes interessadas. O ideal é que nessa fase o “diagnóstico ambiental” tenha sido elaborado pela
organização e esteja disponível para subsidiar a definição da política ambiental da empresa e a construção
de todo o seu SGA.

Figura 26 - Representação da necessidade de definição da Política Ambiental pela alta administração


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A Política Ambiental definida deve:


a) Conter a missão (representa a razão de existência de uma organização, devendo abranger o propósi-
to básico da organização e ser transmitida a seus funcionários, clientes, fornecedores e a sociedade) e os
valores (princípios éticos que norteiam todas as ações tomadas no âmbito da organização e que simboli-
zam os atos de seus administradores e colaboradores em geral) da organização;
29 Impactos ambientais significativos: aqueles considerados graves pela empresa de acordo com sua possibilidade de
ocorrência, visibilidade, abrangência e/ou outros critérios que a empresa/indústria pode definir.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
82

b) Ser apropriada à sua natureza, seu porte e aos impactos reais ou potenciais decorrentes das suas
atividades, produtos ou serviços;
c) Refletir o compromisso com o cumprimento da legislação e outros requisitos que a organização
subscreva;
d) Ser focada na melhoria contínua do sistema e na prevenção da poluição;
e) Servir de base à formulação dos objetivos e metas ambientais a serem alcançados;
f) Ser documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os funcionários e colaboradores da
organização;
g) Ser clara para ser compreendida por parceiros internos e externos;
h) Ser revista periodicamente;
i) Estar disponível para o público em geral.

O diálogo é permanente nessa construção, os funcionários e colaboradores da organização devem co-


nhecer e aplicar a Política Ambiental no desenvolvimento das suas atividades.

Figura 27 - Representação da necessidade de que os empregados da organização


conheçam e apliquem a Política Ambiental em suas atividades.
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

6.3.2 Planejamento

É nessa etapa que a organização formula um plano que atenda à sua política ambiental. A organização
deve assegurar que os aspectos ambientais (elementos da atividade, produtos e serviços da organização,
passados, atuais e futuros/positivos e negativos, que podem interagir com o ambiente) relacionados aos
impactos ambientais significativos (alterações ambientais resultantes de um aspecto ambiental) sejam
considerados no estabelecimento dos objetivos ambientais. O processo de identificação dos aspectos am-
bientais tem como finalidade encontrar prioridades em termos de intervenção do SGA.
6 NBR ISO 14001: 2004
83

Segundo a ISO 14000, requisito 4.3.1:

“A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para: a)


identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do
escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, que a organização possa con-
trolar e aqueles que ela possa influenciar, levando em consideração os desenvolvi-
mentos novos ou planejados, as atividades, produtos e serviços novos ou modificados;
b) determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre
o meio ambiente. A organização deve documentar essas informações e mantê-las
atualizadas. (ABNT ISO 14000: 2001, p.5).”

Compete a cada organização definir os seus aspectos ambientais significativos, que são os aspectos
que ocasionam ou provavelmente podem vir a ocasionar impactos significativos à qualidade ambiental
(MELLO, 2009).
Os aspectos ambientais incluem as emissões atmosféricas, as descargas de águas residuais, a geração
dos resíduos, a utilização de matérias-primas e recursos naturais, além de assuntos que digam respeito às
comunidades locais, como a geração de ruído. Deve ser considerada a abrangência do impacto, o período
em que ocorreu, a sua duração, a legislação pertinente sobre o tema, os danos ambientais e os prejuízos
sociais.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
84

A organização deve atualizar procedimentos de modo a identificar a legislação ambiental e regulamen-


tação aplicável que a organização subscreva como aplicáveis aos aspectos ambientais decorrentes das
suas atividades, produtos ou serviços. Esses aspectos estão relacionados no quadro a seguir.

PROCESSO / ATIVIDADE / ASPECTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL


PRODUTO / SERVIÇO
Alteração da qualidade do
Restaurante Industrial
corpo hídrico receptor

Caldeira Queima de combustível Contaminação atmosférica

Geração de resíduos Redução da capacidade de


Almoxarifado
(embalagem) aterros

Vazamento de óleo dos Contaminação de água e/ou


Manuseio de óleo
recipientes solo
Quadro 3 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais
Fonte: ZUMBACH; MORETTI, 2011a.

Pode-se ainda citar outros exemplos de aspectos e impactos ambientais de atividades de beneficia-
mento de minério, conforme apresentado no quadro a seguir.

ATIVIDADES ASPECTOS IMPACTOS


Poluição do ar e sonora, descon-
Descarregamento do minério Geração de poeira e ruído
forto aos trabalhadores
Poluição do ar e sonora, riscos
Geração de poeira e ruído de doenças pulmonares e des-
conforto aos trabalhadores
Riscos de acidentes Perdas de vida e materiais
Britagem da rocha
Consumo de energia Utilização de recursos naturais

Vibração dos equipamentos Perdas de rendimento

Utilização de recursos naturais,


-
Consumo de água eventuais acidentes, redução da
portadoras
suspensão das partículas
Riscos de acidentes, conforme
Escape / Perda de material
diâmetro do minério
Transferência de materiais
Poluição do ar e sonora, descon-
Geração de poeira e ruído
forto aos trabalhadores
Geração de ruído, poeira e emis-
Poluição do ar e sonora, intoxi-
são de gases produzidos pelas
cação por gases
máquinas
Estocagem do produto
Contaminação das águas
Perdas de material
córregos próximos
Quadro 4 - Principais aspectos e impactos de uma atividade de beneficiamento
Fonte: BACCI, 2006.
6 NBR ISO 14001: 2004
85

Segundo o requisito 4.4.6 da ISO 14001, a organização deve identificar as operações associadas aos
aspectos ambientais significativos para:
a) Assegurar que as operações sejam realizadas sob condições especificadas, por meio de procedimen-
tos documentados para controlar situações;
b) A determinação de critérios operacionais nos procedimentos;
c) O estabelecimento de procedimentos associados aos aspectos ambientais significativos de produtos
e serviços;
d) A comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores
de serviço. (ABNT NBR ISO 14001: 2004, p.7-8).
A organização precisa ter procedimentos para fazer inspeções e o controle dos aspectos ambientais,
inclusive procedimentos para a manutenção e calibração dos equipamentos que fazem esses controles
(MELLO, 2009).

AVALIAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

A avaliação da significância de aspectos/impactos ambientais é realizada para estimar a relevância dos


aspectos/impactos ambientais e pode ser realizada através de vários métodos. Um método simples e prá-
tico são os multicritérios30 para as operações e atividades. Alguns exemplos de critérios são a severidade31,
a probabilidade32 da ocorrência, a frequência da ocorrência33, a área atingida, a capacidade da empresa em
controlar o impacto, etc. Esses critérios podem ser combinados entre si para compor o grau de significân-
cia.
Outras características que podem ser consideradas para se determinar a significância dos impactos rela-
cionados aos aspectos de uma organização são a incidência34, a abrangência35 (similar à área de influência)
e o limite de detecção36.
A norma não determina qual método de avaliação da significância dos impactos ambientais deve ser
utilizado. Logo, o importante é definir o método que consiga gerar resultados mais próximos possíveis da
realidade, ou seja, não subestimar nem superestimar os impactos.
Como exemplo de método de avaliação, tem-se o baseado na severidade, probabilidade e área de in-
fluência, sendo: a severidade (critério que indica o grau de influência com que o impacto afeta a circun-

30 Multicritérios: vários critérios.


31 Severidade: avaliação dos aspectos/impactos ambientais segundo sua magnitude e reversibilidade. Pode ser alta, média, e
baixa.
32 Probabilidade: avaliação dos aspectos/impactos ambientais potenciais, associados ou não a situações de risco, segundo sua
probabilidade de ocorrência, que pode ser alta, média e baixa.
33 Frequência da ocorrência: os aspectos/impactos ambientais reais devem ser avaliados de acordo com sua frequência de
ocorrência, que pode ser alta, média e baixa.
34 Incidência: relaciona o aspecto/impacto ambiental com a atividade. A incidência pode ser direta (que pode causar um
impacto ambiental direto) ou indireta (que pode causar um impacto indireto).
35 Abrangência: expressa a capacidade de interferência do aspecto/impacto no meio ambiente. Pode ser classificada em local,
regional ou global.
36 Limite de detecção: limite que influencia a interpretação da significância dos aspectos/impactos ambientais, que pode ser
difícil, moderado, fácil.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
86

vizinhança do empreendimento), a probabilidade (indica a probabilidade da ocorrência de um impacto)


e a área de influência (área que sofre as consequências do impacto). Observe que, para cada um desses
critérios, é atribuída uma escala de 1 a 5, conforme apresentado no quadro a seguir.

Severidade Probabilidade Área de Influência

1. Inofensivo e facilmente 1. Probabilidade ≤ 10% de 1. Consequências do impacto


corrigível. detecção do impacto. restritas ao ambiente interno da
2. De pequeno potencial de 2. Entre 19 e 33% de empresa.
dano e facilmente corrigível. probabilidade do impacto 2. Os efeitos do impacto
3. De consequências ser detectado. ultrapassam os limites da
moderadas e exige poucos 3. Entre 34 - 67% de empresa.
recursos para correção. probabilidade de detcção 3. Os efeitos do impacto podem
4. De consequências graves e do impacto. ser sentidos nas comunidades
exige a alocação razoável de 4. Entre 68 - 89% de vizinhas.
recursos para ser corrigido, probabilidade de detecção 4. O impacto pode ser
mas é do impacto. percebido em uma escala
recuperável. 5. Probabilidade ≥ 90% de regional.
5. De consequências muito percepção do impacto. 5. Os efeitos do impacto
graves e exige grande esforço e extrapolam a escala regional
recursos para sua correção. (efeito global).

Quadro 5 - Critérios para análise de significância de impactos ambientais


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Para cada um desses critérios do quadro anterior, após a avaliação do impacto, deve-se selecionar um
valor (nessa escala de 1 a 5) que represente a gravidade do impacto. Se forem, por exemplo, levantados
5 impactos em um processo produtivo para os quais se almeja avaliar a significância (a organização deve
selecionar o máximo de critérios possível), o valor atribuído a cada impacto deve ser multiplicado da se-
guinte maneira:
a) Poluição hídrica:
3 (severidade) x 3 (probabilidade) x 3 (área de influência) = 27;
b) Mortandade de peixes:
4 (severidade) x 3 (probabilidade) x 3 (área de influência) = 36;
c) Contaminação do solo:
3 (severidade) x 1 (probabilidade) x 1 (área de influência) = 3;
d) Poluição atmosférica:
3 (severidade) x 2 (probabilidade) x 2 (área de influência) = 12;
e) Ocorrência de problemas de saúde:
3 (severidade) x 2 (probabilidade) x 1 (área de influência) = 6.
6 NBR ISO 14001: 2004
87

De acordo com essa avaliação, o impacto “2” – Mortandade de peixes é o mais significativo e o impacto
“3” – Contaminação do solo é o de menor significância. Esse resultado se dá a partir da análise do escore
final.
É importante ressaltar que a ocorrência dos impactos “1” e “4”, por exemplo, é indicativo de infrações
à legislação ambiental, uma vez que existem instrumentos de caráter legal, de âmbito federal (e em alguns
estados, de abrangência estadual) que restringem os lançamentos de efluentes e as emissões atmosféricas.
Por princípio, todos os impactos cujo controle é exigido por legislação específica devem ser assumidos
como significativos, independentemente de sua classificação de acordo com o método anterior. A ocor-
rência desses impactos já é ilegal, portanto, a organização tem a obrigação de evitá-lo. Para tanto, deve-
-se empregar técnicas de prevenção da poluição (abordagem de gerenciamento ambiental que prioriza
a redução dos resíduos na fonte37, como forma de preservar os recursos naturais e reduzir o desperdício
de materiais, água e energia) e monitorar os lançamentos e emissões, comparando-se os resultados das
análises aos padrões legais.
Em uma análise multicritérios, a organização deve selecionar critérios que sejam representativos dos
impactos potenciais ou gerados por uma linha de produção, ou pela organização como um todo. Para
se estabelecer a conformidade com o requisito 4.3.2 - Requisitos legais e outros da Norma ABNT ISO
14001:2004, quanto mais criterioso for o levantamento de aspectos e impactos, melhor será a qualidade
do levantamento dos requisitos ambientais relacionados.
A Norma ISO 14001 determina que:

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para identificar


e ter acesso a requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos subscritos pela organi-
zação, relacionados aos seus aspectos ambientais, e determinar como esses requisitos
se aplicam aos seus aspectos ambientais. A organização deve, ainda, assegurar que es-
ses requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização sejam
levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu
sistema de gestão ambiental. (ABNT ISO 14001:2004, p.5).

Assim, a organização deve avaliar, em toda a legislação e outros regulamentos que tenham relação
com o meio ambiente e com as suas atividades, as obrigações ou proibições que precisam ser cumpridas.
Entretanto, para os impactos que não contam com legislação ou norma específica, na área de abrangência
do empreendimento, o método de análise multicritérios para a avaliação da significância dos impactos
é útil ao planejamento do SGA e à priorização do tratamento dos aspectos/impactos identificados como
significativos.

37 Resíduos na fonte: local onde a poluição é gerada.


SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
88

Observe o quadro seguinte, que apresenta uma matriz de avaliação de significância de impacto.

AVALIAÇÃO DA SIGNIFICÂNCIA
ASPECTO IMPACTO LEGISLAÇÃO /
AMBIENTAL AMBIENTAL I AB PR SR DE RE REQUISITOS / SIGNIFICÂNCIA
DEMANDAS
Geração de Alteração das
resíduos sóli- características
-
dos (sucatas, físico-quími- D 2 3 3 1 18 Sim
cativo
borras, etc.) e cas da água e
solo
Emissão de
gases, vapo-
Alteração da
res, névoas -
qualidade I 3 2 2 3 36 Sim
e material cativo
do ar
particulado
no ar
Incômodo e
Geração
alteração dos
de ruído e D 2 2 2 1 8 Sim
níveis sonoros
vibração
locais
Esgotamento
Consumo de
de recursos D 2 1 1 1 2 Não
papel

Esgotamento
Consumo de
de recursos D 2 2 2 1 12 Não
água
hídricos
Legenda:
I = Incidência: Direta (D), Indireta (I)
Ab = Abrangência. Local (1 ponto), Regional (2 pontos), Global (3 pontos)
Pr = Probabilidade: Alta (3 pontos), Média (2 pontos), Baixa (1 ponto)
Sr = Severidade: Alta (3 pontos), Média (2 pontos), Baixa ou Mínima (1 ponto)
De = Detecção: Difícil (3 pontos), Moderada (2 pontos), Fácil (1 ponto)
Re = Resultado = Ab.Pr. Sr.De
Quadro 6 - Matriz de avaliação de significância de impactos
Fonte: FIESP, 2007.

Caso existam requisitos legais, outros requisitos que a organização subscreva (normas, por exemplo) e/
ou demandas diversas de partes interessadas (FIESP, 2007):
a) Não se deve considerar os aspectos/impactos associados aos requisitos como “não significativos”;
b) Se ocorrer não conformidade em relação à legislação aplicável, o aspecto/impacto ambiental deve
ser considerado “muito significativo”;
c) Se a frequência de ocorrência do impacto for alta ou média, deve-se considerar o aspecto/impacto
ambiental como, pelo menos, significativo.
6 NBR ISO 14001: 2004
89

É muito importante que a pontuação obtida com a análise de significância seja considerada como crité-
rio para a avaliação final dos aspectos/impactos ambientais da organização se nenhuma dessas situações
citadas ocorrerem.
Mas por que é importante estabelecer o grau de significância dos impactos ambientais de um processo
ou da organização como um todo?
Porque o conhecimento prévio dos impactos ambientais potenciais associados aos aspectos ambien-
tais da organização permite, por exemplo, a adoção de medidas que evitem ou minimizem tais impactos,
reduzindo os custos envolvidos na sua mitigação e controle, na recuperação de áreas degradadas e na
remediação de solos e aquíferos contaminados.
Com base nos parâmetros selecionados pela organização para a análise de significância e na pontu-
ação obtida, as ações relacionadas às medidas para corrigir os impactos ambientais causados (medidas
corretivas) ou medidas para evitar a ocorrência de impactos (medidas preventivas) deverão ser tomadas. A
decisão poderá ser (FIESP, 2007):
a) Manter rotina (em caso de aspecto ambiental real) ou aderir a um plano de ação (se o respectivo as-
pecto ambiental for potencial) – nos casos em que o impacto for considerado pouco significativo;
b) Controle operacional (em caso de aspecto ambiental real) ou plano de ação e/ou emergência (se o
aspecto ambiental for potencial) - nos casos de impacto classificado como significativo;
c) Adoção conjunta do controle operacional e plano de ação e/ou emergência (para aspecto ambiental
real) ou plano de ação e/ou emergência (para aspecto ambiental potencial) – em casos de impacto con-
siderado muito significativo.

O objetivo ambiental (propósito ambiental geral, decorrente da política ambiental, que uma organi-
zação se propõe a atingir, e que pode ser composto por várias metas) e metas ambientais (requisito de
desempenho detalhado, aplicável à organização ou a parte dela, resultante do objetivo ambiental e que
necessita ser estabelecido e atendido para que o objetivo seja atingido) da organização devem ser estabe-
lecidos juntamente com os aspectos e impactos ambientais significativos, os requisitos legais e outros re-
quisitos que a organização decidiu atender, além de necessidades específicas das partes interessadas. Isso
significa que, com base nas necessidades de melhoria dos processos realizados pela organização, devem
ser definidos os objetivos e metas ambientais a serem alcançados. Os objetivos e metas devem ser espe-
cíficos, mensuráveis e coerentes com a política ambiental. É recomendável a consideração de objetivos e
metas de curto, médio e longo prazo.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
90

A meta deve expressar um valor mensurável e um tempo determinado para que seja alcançada. No
quadro a seguir, apresentamos os objetivos e metas ambientais estabelecidas para atender à política am-
biental de uma empresa e para subsidiar a implantação do SGA.

OBJETIVOS METAS

1. Diminuição do consumo de água. 1. Redução de 50% do volume consumido em três


anos.

2. Recompor a vegetação. 2. Recompor 20% da área em um ano.

3. Divulgar a política ambiental à


3. Palestras mensais em 10 escolas em um ano.
comunidade.

Quadro 7 - Exemplos de objetivos e metas ambientais


Fonte: SENAI DR BA, 2012.

São requisitos do SGA estabelecer e manter objetivos e metas sempre documentados e atualizados,
além de condizentes e compatíveis com a política ambiental.
Os objetivos e metas ambientais estabelecidos pela organização devem suportar a política ambiental e
o compromisso com uma abordagem preventiva e de melhoria contínua.
Faz-se necessário que a administração da organização assegure a disponibilidade de recursos físicos,
financeiros e humanos para alcançar os objetivos e metas definidos e para estabelecer, implementar, man-
ter e melhorar o SGA como um todo. Para tanto, a empresa deve fornecer a infraestrutura, definir responsa-
bilidades, conscientizar e treinar os colaboradores, investir na comunicação interna e externa, estabelecer
e manter a documentação, realizar o controle operacional e responder adequadamente às emergências.
Os objetivos e metas ambientais devem (HOSKEN, 2007):
a) Refletir a política ambiental da organização e os impactos associados às atividades, produtos e ser-
viços;
b) Ser específicos para cada situação;
c) Ser claramente definidos e compreendidos;
d) Ser flexíveis, mensuráveis, motivadores e atingíveis;
e) Incluir compromissos com a redução da produção de resíduos e poluentes; com a redução do con-
sumo de recursos naturais e com a concepção de produtos que tenham um impacto ambiental reduzido.
6 NBR ISO 14001: 2004
91

Figura 28 - Representação da busca por um objetivo e de metas (alvos) a serem atingidas para esse fim
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A organização deve estabelecer e manter um programa para atingir os objetivos e metas propostos. O
programa ambiental traduz a política ambiental da organização em objetivos e metas e identifica as ações
para atingi-los, define as responsabilidades e os recursos humanos e financeiros necessários à sua imple-
mentação. Além disso, o programa deve levar em consideração os aspectos ambientais da organização,
uma visão geral das exigências legais e outros requisitos aplicáveis.
A Norma ABNT NBR ISO 14001:2004 recomenda que a organização formule um plano para cumprir sua
política ambiental (HOSKEN, 2007). O plano deve incluir:
a) Os aspectos ambientais e os impactos ambientais associados;
b) A legislação ambiental e regulamentação aplicável;
c) Os objetivos e metas ambientais;
d) O programa de gestão ambiental.

A norma ISO 14004 não é um guia para a ISO 14001, mas um guia para um
Curiosidades sistema de gerenciamento ambiental e, portanto, mais abrangente que os
próprios requisitos da ISO 14001 (CAJAZEIRA; BARBIERI, 2005).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
92

6.3.3 Implementação

Nessa fase, a organização coloca o seu plano em ação, fornecendo os recursos e mecanismos de apoio.
O processo de implantação de um SGA envolve, dentre outros aspectos, a quebra de paradigmas. A exis-
tência de paradigmas, embora tenha um lado positivo de identificar modelos e padrões e aumentar a
confiança em resolver problemas relacionados a estes, tem um lado danoso que é a resistência ao reconhe-
cimento de novas formas de realizar tarefas, atividades e de produzir resultados.
A abertura para novas possibilidades é ponto de partida para a inovação na empresa e pode impulsio-
nar a melhoria do desempenho ambiental quando a maneira tradicional de lidar com as dificuldades já não
oferecerem soluções eficazes aos problemas.
Os recursos humanos de uma organização que ainda não passou pela experiência da implantação de
um sistema podem ter a percepção de que se trata de um processo estritamente técnico, que se efetiva
mediante consultoria, documentação e programas informatizados (HOSKEN, 2007). Não é raro que a alta
direção e os coordenadores do projeto de implantação do SGA na empresa não esclareçam aos colabora-
dores que implantar um sistema de gestão é, na essência, mudar o comportamento das pessoas. E esse
é, na verdade, o grande desafio para o sucesso da implantação do SGA!
Observe, na figura a seguir, a representação da hierarquia funcional simplificada em uma empresa.

Figura 29 - Representação da hierarquia funcional simplificada em uma empresa


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

a) Em vermelho - está a alta direção (que pode ser, por exemplo, o presidente, o diretor-geral, o geren
te-geral ou superintendente);
b) Em azul - está representada a chefia de 2º grau (os gerentes setoriais, supervisores e coordenadores);
c) Em cinza - está o corpo operacional.
6 NBR ISO 14001: 2004
93

O(s) representante(s) de qual desses três níveis hierárquicos domina os principais processos e dificulda-
des da organização?
Se você apostou na autoridade máxima da organização, está completamente enganado! Segundo Ju-
ran apud Caravantes (2005), “o corpo operacional é quem mais conhece os problemas da empresa e que
melhores condições tem para resolvê-los”.
É aqui que reside um grande perigo ao êxito da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental: em
algumas organizações a implementação do SGA pode sofrer resistência por parte de algumas pessoas, por
considerarem que ele representa burocracia, custos e aumento na jornada de trabalho.
Para conseguir vencer esses obstáculos, é preciso ter a certeza de que todos compreendem os motivos
pelos quais a organização necessita do SGA para ajudar no controle dos impactos ambientais e dos custos.
Isso porque a implantação de um programa, a exemplo de SGA, é uma tarefa audaciosa! O seu sucesso re-
quer o comprometimento de todo o meio corporativo e precisa contar com a base determinante de todos
os integrantes da alta administração.

CASOS E RELATOS

Prevenindo boicotes à implantação do SGA


Quando o SGA, de acordo com a Norma ISO 14001, estava sendo implantado na empresa Santos &
Lima Produtos Alimentícios LTDA, em reunião com a alta administração da empresa, os gerentes se-
toriais e os executivos aceitaram a proposta, deram contribuições e se comprometeram a empreen-
der esforços para o sucesso do SGA.
No entanto, meses após essa reunião de abertura dos trabalhos de implantação do SGA, identificou-se
que um dos executivos da empresa, que aparentemente havia aceitado a proposta de implantação do
SGA, estava se posicionando de maneira negativa em relação ao programa e dificultando a participação
dos integrantes da sua equipe na implantação do sistema. Essa rejeição ao SGA acarretou sérios prejuízos
à implantação do Sistema de Gestão Ambiental, porque o setor que ficava sob a responsabilidade desse
executivo era a assessoria de comunicação da empresa e passaram-se meses, desde o início da implan-
tação do SGA, sem que houvesse a divulgação do mesmo para os empregados, clientes, fornecedores e
comunidade.
Por isso, se você tiver a oportunidade de coordenar a implantação de um SGA em uma empresa, é
preciso ficar atento para solucionar precocemente situações como essas.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
94

Figura 30 - Autoridade máxima da organização apresentando o programa de SGA aos chefes de segundo escalão
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

ESTRUTURA E RESPONSABILIDADES

A organização deve definir os recursos humanos, técnicos e financeiros para atender aos seus objetivos
e metas ambientais, além de calcular os custos e benefícios das suas atividades ambientais. Os responsá-
veis pela implementação do SGA e pelo desempenho ambiental da organização devem ser designados
pelos gestores de topo, ou seja, é a alta administração da organização que deve indicar representante(s)
com a função, responsabilidade e autoridade definidas para assegurar o estabelecimento e a manutenção
do SGA, além de relatar à alta administração o desempenho do sistema da gestão ambiental para análise,
incluindo recomendações para melhoria.

O perfil autoritário da alta direção, baseado no modelo “patrão ordena e em-


pregado obedece” está ultrapassado. A gerência moderna precisa ser capaz
Curiosidades de inspirar, de motivar, de mobilizar, de comunicar, de descentralizar o po-
der e de buscar o consenso entre os empregados da empresa, estimulando a
participação de todos nos debates de interesse da organização.

O gestor deve ser capaz de influenciar a coletividade no ambiente de trabalho, mul-


FIQUE tiplicando iniciativas e comportamentos positivos. Ele deve investir nos recursos hu-
manos da corporação, através de treinamento e aperfeiçoamento, a fim de que estes
ALERTA estejam preparados para melhorar o seu desempenho e contribuir para o crescimen-
to da empresa.
6 NBR ISO 14001: 2004
95

É da responsabilidade da autoridade máxima da instituição congregar representantes dos diferentes


setores da organização para zelar pela qualidade dos serviços prestados, reforçando sempre que o cliente
está em primeiro lugar (e isso também vale para o cliente interno).
O líder deve dar o exemplo, agir de acordo com o que prega em seus discursos e estimular a criação de
novos líderes. Ele depende disso para aspirar cargos ainda mais elevados na corporação. O líder também
deve ter habilidade para decidir com rapidez e precisão. Essa é uma exigência do mercado e um fator de-
terminante para aproximar (ou afastar) os clientes.

Figura 31 - Hierarquia contemporânea de uma organização


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O perfil do coordenador do programa de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, indicado


pela alta direção, deve incluir atributos, tais como:
a) Aptidão para relacionamentos interpessoais;
b) Liderança, organização e obstinação para assegurar a implantação e a continuidade do funciona-
mento do SGA;
c) Ter a formação e os recursos necessários;
d) Se comprometer-se em registrar todos os incidentes ambientais;
e) Ser capaz de recomendar soluções para os problemas;
f) Comprometer-se em verificar a implementação das soluções;
g) Saber atuar em situações de emergência;
h) Ter competência para assegurar que o SGA esteja estabelecido, implementado e mantido de acordo
com a norma ISO 14001;
i) Ter o comprometimento com a comunicação regular do desempenho do SGA aos gestores, com
vistas à melhoria contínua.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
96

A função de responsável ou coordenador do SGA demanda ainda o acesso direto à alta administração, a
definição de procedimentos, responsabilidades, cronograma de execução, a capacidade de comunicar que
o programa é uma prioridade estabelecida pela alta administração e que requer o envolvimento de todos
os setores da organização, além de outras ferramentas para o acompanhamento do programa.
O profissional responsável ou coordenador do SGA não necessariamente precisa ser um especialista em
Meio Ambiente, ainda que essa competência possa ser um diferencial positivo a essa posição.

TREINAMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

Para uma efetiva implantação, a Norma ABNT NBR ISO 14001:2004 determina que a organização es-
tabeleça procedimentos para identificar necessidades de treinamento e assegurar que todas as pessoas,
cujas atividades possam causar impactos significativos no meio ambiente, recebam o treinamento apro-
priado, em atendimento ao requisito 4.4.2 - Competência, treinamento e conscientização - da norma ABNT
NBR ISO 14001:2004. A organização deve prover os mecanismos de apoio necessários para atender a sua
política, seus objetivos e metas ambientais.
Os empregados da organização devem ser preparados para conhecer:
a) A importância da conformidade com a política ambiental e os requisitos do SGA da empresa;
b) Os impactos ambientais significativos ou potenciais resultantes das suas atividades;
c) Os benefícios resultantes do melhoramento do desempenho do pessoal;
d) As regras e responsabilidades na obtenção da conformidade com a política ambiental e com os re-
quisitos do SGA (incluindo resposta em casos de acidentes e os planos de emergência);
e) A importância de seguir os procedimentos operacionais.

Para tanto, o pessoal deve receber a capacitação apropriada para alcançar os objetivos, metas e assim
atender a política ambiental. Os empregados devem ter uma formação que os levarão a executar as suas
tarefas de uma forma mais eficiente, causando menores impactos ambientais. A organização deve exigir,
de seus terceirizados, evidências de que os seus empregados recebem treinamentos, além de exigir dos
seus fornecedores que atuem de acordo com o SGA da organização. Observe, na figura a seguir, a repre-
sentação do treinamento sendo realizado na empresa.
6 NBR ISO 14001: 2004
97

Figura 32 - Treinamento para os empregados


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

A implantação de um SGA demanda tempo, trabalho e esforço extra de praticamente todos os em-
pregados da organização. As etapas iniciais de um projeto de Sistema de Gestão Ambiental são de cará-
ter corretivo (tudo o que não estiver contribuindo para a implantação do programa será apontado para
ser corrigido!), e as atividades podem ser vistas pelos técnicos dos setores envolvidos como problemas a
serem resolvidos por eles, que não têm autonomia decisória. Além disso, esse trabalho é visto como um
custo interno adicional.
Por isso é muito importante que a alta administração, juntamente com os responsáveis pela implanta-
ção do sistema, elabore uma estratégia para motivar todos os trabalhadores a participarem da implan-
tação do SGA.
Isso pode ser feito (HOSKEN, 2007, Adaptado):
a) Desde o lançamento do programa, através da reunião de todos os empregados e terceirizados envol-
vidos, para a explicação dos motivos da implantação do novo programa, explicitando os benefícios para
a empresa;
b) Através do reconhecimento e da valorização pública das áreas de negócios ou dos setores que forne-
cem apoio às áreas de negócios, que estejam cumprindo as metas no prazo estabelecido;
c) Por meio do esclarecimento de que a participação dos colaboradores na implantação do SGA será de
grande importância para o desenvolvimento profissional e do currículo pessoal;
d) Através da adoção de uma postura da chefia para a definição de profissionais adequados, proven-
do recursos e equacionando as tarefas da rotina às atividades excepcionais, inerentes à implantação do
programa;
e) Dando publicidade (interna e externa) quando da obtenção da certificação do SGA e notoriedade
aos profissionais que dedicaram um esforço mais intensivo para o sucesso do programa.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
98

Figura 33 - Representação dos setores e dos empregados de cada setor interligados pelo SGA da organização
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

COMUNICAÇÃO

A ABNT NBR ISO 14001:2004 determina que devem ser estabelecidos procedimentos para uma comu-
nicação interna entre os vários níveis e funções da organização e, ainda, procedimentos para receber, do-
cumentar e responder às comunicações relevantes de parceiros interessados.
O subcomitê 8 desenvolveu duas normas relativas à comunicação: a ABNT ISO/TC 207/WG 4, que esta-
belece diretrizes e exemplos para a comunicação ambiental; e a ABNT NBR ISO 14063:2006, que estabelece
o que foi definido sobre comunicação ambiental (criada em 2006).
Alguns dos resultados ambientais identificados na norma SGA-ISO 14001 e na série ISO 14000 relacio-
nam-se à Comunicação Ambiental. Os SGA subsidiam a organização para o gerenciamento das informa-
ções, tanto na rotina quanto em situações de emergência, sobretudo àquelas que podem causar danos sig-
nificativos ao meio ambiente. As emergências devem ser enfrentadas com agilidade e eficácia para reduzir
ou, até mesmo, evitar crises ambientais. Nesse ponto, uma comunicação ambiental eficiente com as partes
interessadas é essencial. Essa comunicação pode ser representada a partir da leitura da figura a seguir.

Figura 34 - Representação de um canal de comunicação da organização com as partes interessadas


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
6 NBR ISO 14001: 2004
99

A comunicação no Sistema de Gestão Ambiental é um fator estratégico importante


para uma organização, principalmente quando se trata de atividades industriais, que
FIQUE são historicamente associadas à ideia de poluição e degradação ambiental. As orga-
ALERTA nizações devem comunicar periodicamente as suas ações na área ambiental a todas
as partes interessadas, seja através da mídia, informativos, palestras, marketing, se-
minários, workshops, instituições de ensino, imprensa, etc.

Figura 35 - Representação da comunicação ambiental da organização aos stakeholders38


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Podemos verificar a importância de um sistema de comunicação organizacional eficaz, para tanto, faz-
-se necessária a utilização das mais diversas estratégias de comunicação e a participação de todos nesse
processo.

PROCEDIMENTOS, DOCUMENTAÇÃO E CONTROLE DOS DOCUMENTOS

O estabelecimento e manutenção de procedimentos operacionais e controles devem estar focados em


assegurar o cumprimento da política, objetivos e metas ambientais propostos no SGA.
Exemplos de procedimentos ambientais (HOSKEN, 2007):
a) Documentação do SGA;
b) Documentação sobre o controle de documentos39 e controle operacional;
c) Cálculo dos riscos;
d) Plano de emergência;
e) Monitoramento e manutenção de registros;
f) Ações corretivas e preventivas;

38 Stakeholders: partes interessadas.


39 Documentação sobre o controle de documentos: informação e o meio físico no qual ela está contida. O meio físico pode ser
papel, magnético, disco de computador de leitura ótica ou eletrônica, fotografia ou amostra padrão, ou uma combinação destes.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
100

g) Registros de auditorias;
h) Análises críticas da alta direção;
i) Comunicação interna e externa;
j) Treinamentos.

Os procedimentos ambientais, geralmente, são detalhados em manuais e outras instruções de traba-


lho40, que detalham atividades a serem desenvolvidas durante a implementação do programa ambiental:

Embora sua produção não seja obrigatória pela ISO14001, até a versão atual (2004), a
melhor forma de se descrever um SGA é através de um Manual do Sistema41. Os docu-
mentos mais comuns são os procedimentos, as instruções de trabalho, os registros, o
Manual do SGA. Os documentos requeridos pelo sistema da gestão ambiental e por esta
Norma devem ser controlados [...] de acordo com os requisito estabelecidos em 4.5.4.
(ABNT NBR ISO, 2004, p.7).

Todas as evidências objetivas da implantação e manutenção do SGA devem ser mantidas e devem es-
tar acessíveis aos interessados. Os procedimentos devem estar definidos e documentados. A organização
deve definir os tipos de documentos necessários ao controle de procedimentos apropriados. A documen-
tação auxilia a avaliação do SGA e do desempenho ambiental.
A organização deve manter documentação sobre (HOSKEN, 2007):
a) A política ambiental;
b) Os objetivos e metas;
c) O escopo do SGA;
d) O programa ambiental;
e) Os procedimentos ambientais;
f) As evidências de que os elementos do SGA estão implementados;
g) As informações dos processos;
h) Os gráficos organizacionais;
i) Os procedimentos operacionais;
j) As normas internas;
k) Os planos de emergência.

40 Instruções de trabalho: são documentos que fornecem informações detalhadas para os empregados sobre como
desempenhar tarefas específicas, preparar formulários e executar atividades de rotina, cujo desempenho está relacionado aos
aspectos ambientais significativos.
41 Manual do sistema: documento que especifica o Sistema de Gestão da empresa e inclui o escopo, os procedimentos
estabelecidos ou referência a eles e a descrição da interação entre os processos.
6 NBR ISO 14001: 2004
101

Figura 36 - Representação de documentos do SGA


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O acesso dos empregados à documentação do SGA deve ser definido. Toda a documentação deve ser
legível, datada, facilmente identificável e organizada. Os documentos devem estar identificados em rela-
ção à organização, divisão, função, atividade e pessoa a que se referem.

Figura 37 - Representação de documentação do SGA identificável e organizada


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

De acordo com a Norma ISO ABNT NBR ISO 14001:2004, a organização deve estabelecer, implementar e
manter procedimento(s) para aprovar documentos antes de seu uso; atualizar e reaprovar documentos; as-
segurar a disponibilidade das versões atualizadas de documentos; garantir que os documentos de origem
externa sejam identificados e que sua distribuição seja controlada, e evitar a utilização não intencional de
documentos desatualizados. As versões atualizadas relevantes devem estar disponíveis nos locais onde as
operações relacionadas são executadas e os documentos obsoletos devem ser eliminados. Analise a figura
a seguir sobre a Gestão de documentos e registros em uma organização.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
102

Gestão de Documentos e Registros

Capturar/Criar Gestão/Revisão Entregar/Publicar Guardar/Preservar

Criar Revisão Versão final Publicação Uso Ativo/ Inativo

Capturar Capturar ok E-mail Print


Papel Comunicações
Retenção
Colaborar Aprovação

Capturar Capturar Web


Gráficos Relatórios Portais
Desenhos

Capturar Editar Versão CD/DVD Mobility Disposição


Conhecimento Rascunho Rom

Gestão de Processos de Negócios


Figura 38 - Fluxo da gestão de documentos de uma organização
Fonte: SOFTEXPERT, 2013.

Os registros do SGA são as evidências de que o mesmo está sendo acompanhado e está evoluindo.
Esses registros devem incluir (HOSKEN, 2007):
a) A legislação ambiental e a regulamentação aplicável;
b) Os aspectos ambientais e respectivos impactos;
c) As atividades de formação ambiental;
d) As atividades de inspeção, calibração e manutenção;
e) Os registros do monitoramento;
f) As não conformidades, os acidentes, as queixas;
g) As informações relativas aos produtos, fornecedores e clientes;
h) As revisões e auditorias ao SGA.

Conforme está descrito na Norma 14001, ABNT NBR ISO 14001 (2004, p.17), “a organização deve esta-
belecer e manter registros, conforme necessário, para demonstrar conformidade com os requisitos de seu
sistema da gestão ambiental e desta Norma, bem como os resultados obtidos”. Os registros ambientais
devem ser legíveis e facilmente identificáveis com a atividade, produto ou serviço envolvido. Devem ser
6 NBR ISO 14001: 2004
103

guardados e mantidos de forma que se mantenham protegidos contra possíveis danos. Todo registro é
um documento, mas nem todo documento constitui-se em um registro. Verifique, no quadro seguinte,
exemplos de registros ambientais.

OS REGISTROS AMBIENTAIS PODEM INCLUIR:

Relatórios de incidentes
Registros de reclamações
Informações de empreiteiros e fornecedores
Inspeção, manutenção e registros de calibração
Informações processuais
Informações de produto
Registros de treinamento
Resultados das auditorias
Registro de aspectos ambientais significativos
Informações sobre leis ambientais e outros requisitos aplicáveis
Resultados de simulados
Análises críticas pela alta administração

Quadro 8 - Exemplos de registros ambientais


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Para comprovar a existência de treinamentos específicos em uma empresa, os quais estão previstos em
procedimentos no seu Manual do SGA, pode-se verificar, por exemplo, as listas de frequência, fotografias,
fichas de avaliação dos treinamentos. Esses documentos são registros.

Figura 39 - Exemplo de controle de registros realizado por uma organização


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
104

PLANOS DE EMERGÊNCIA

A preparação e resposta às emergências são previstas na norma ABNT NBR ISO 14001(2004, p.8) (item
4.4.7), a qual recomenda que a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para
prevenir, identificar, investigar e responder a potenciais e reais situações de emergência e acidentes que
possam ter impactos sobre o meio ambiente, e definir como a organização responderá a estes. Também
são requeridos planos e funcionários treinados para atuar em situações de emergência. A versão revisada
da norma reforçou a necessidade de que as organizações estejam preparadas para dar respostas aos aci-
dentes.
Os planos de emergência devem ser estabelecidos para conferir resposta apropriada e rápida em caso
de acidentes inesperados. Os procedimentos devem incluir, por exemplo, decisões relativas a emissões
atmosféricas e lançamento de efluentes líquidos em corpos d’água e no solo.
Os planos de emergência devem conter (HOSKEN, 2007):
a) Responsabilidades em caso de uma situação de emergência;
b) Detalhes dos serviços de emergência;
c) Planos de comunicação internos e externos;
d) Ações tomadas em caso de vários tipos de emergências;
e) Informação sobre materiais perigosos;
f) Medidas a serem tomadas em caso de eventuais descargas acidentais;
g) Planos de treino e testes para averiguar a sua eficiência.

Figura 40 - Exemplo de atendimento à emergência


Fonte: DREAMSTIME, 2013.
6 NBR ISO 14001: 2004
105

6.3.4 Medição e avaliação

Nesta etapa, a organização realiza medições, monitoramento e avaliação do seu desempenho ambien-
tal em relação aos seus objetivos e metas ambientais.

MONITORAMENTO

“A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para monitorar e medir re-
gularmente as características principais de suas operações que possam ter um impacto ambiental signi-
ficativo.” (ABNT NBR ISO, 2004, p.8). O monitoramento das atividades do SGA deve ser realizado a partir
de procedimentos, para assegurar que o desempenho ambiental da organização esteja de acordo com o
programa ambiental definido.
O monitoramento do desempenho ambiental deve ser realizado tanto em relação aos objetivos e metas
da organização, quanto em relação ao cumprimento da legislação ambiental e regulamentação aplicável.

“[...] A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para avaliar


periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis [...]”. Requisito 4.5.2.1. [...]
deve manter registros dos resultados das avaliações periódicas.” Requisito 4.5.2.2. (ABNT
NBR ISO14001, 2004, p.8).

Indicadores são instrumentos de gestão que sempre fizeram parte da sociedade. Na economia acom-
panha-se a tendência da bolsa de valores através de diversos indicadores como, por exemplo, os índices de
inflação, PIB, renda per capita, etc. Na vertente social têm-se os indicadores de analfabetismo, saúde, den-
sidade populacional (CARMO, 2008). Na área ambiental os indicadores são usados para fornecer informa-
ções sobre o desempenho ambiental de uma organização, tais como os relacionados ao consumo de água,
energia, geração de resíduos, dentre outros. Segundo Philippi; Roméro e Bruna (2005, p. 132), “a função
de um indicador é fornecer uma pista de um problema de grande importância ou tornar perceptível uma
tendência que não está imediatamente visível, favorecendo maior dinamismo no processo de gestão”.
Os indicadores podem ser absolutos ou relativos. Os indicadores absolutos apresentam um valor glo-
bal do indicador avaliado, por exemplo, consumo de água (m3); enquanto que o indicador relativo apre-
senta o valor do indicador absoluto medido em função de um dado referencial. Normalmente utiliza-se
como dado referencial a quantidade de produto produzido, resultando em um indicador relativo como,
por exemplo, o consumo de água por produtos produzidos (m3/t); no entanto, pode-se usar outros dados
referenciais de acordo com a particularidade do indicador avaliado, especialmente em se tratando de em-
presa prestadora de serviço. No quadro a seguir apresentamos outros exemplos de indicadores absolutos
e relativos.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
106

INDICADOR INDICADOR
OBJETIVOS METAS
ABSOLUTO RELATIVO

1. Diminuir o consumo de 1. Redução de 30% do volume


KWh KWh/t
energia. consumido em dois anos.

2. Redução de 20% da
2. Diminuir a geração de
quantidade de resíduo plástico kg kg/t
resíduos plásticos.
gerado em um ano.

3. Diminuir a geração do 3. Redução de 15% da geração


m3 m3/t
efluente. do efluente em dois anos.
Quadro 9 - Exemplos de indicadores absolutos e relativos
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui a NBR ISO 14031


Curiosidades que dá orientações para a implantação de Avaliação de Desempenho
Ambiental de uma organização através do uso de indicadores.

Os registros associados ao monitoramento devem ser mantidos de acordo com os procedimentos da


organização. Os dados coletados, a partir do monitoramento, devem ser analisados para identificar pa-
drões, para determinar os pontos fortes e para identificar as atividades que requerem ações corretivas ou
preventivas.
A organização deve assegurar que os equipamentos de monitoramento e medição sejam calibrados
ou verificados periodicamente, ou sempre antes do uso, utilizando-se padrões de medição rastreáveis, e
padrões de medição internacionais ou nacionais. Se não existirem tais padrões, recomenda-se que a base
utilizada para calibração seja registrada.
A ABNT NBR ISO 14001 não define a frequência de monitoramento e medição. A menos que seja espe-
cificada por um requisito legal, a frequência deve ser determinada pela eficácia do controle operacional
implementado.
A organização deve ser capaz de comprovar o atendimento aos requisitos legais identificados (incluin-
do autorizações ou licenças aplicáveis) e de demonstrar que avaliou o atendimento a outros requisitos
subscritos pela organização.
6 NBR ISO 14001: 2004
107

AUDITORIAS (NBR ISO 19011:2002)

Em 1996, o subcomitê 2, responsável pelos textos sobre Auditorias Ambientais, desenvolveu três nor-
mas:
a) ABNT NBR ISO 14010:1996: Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios Gerais;
b) ABNT NBR ISO 14011:1996:2001: Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria
– Auditorias de Sistema de Gestão Ambiental, que estabelece os procedimentos para o planejamento e
execução de auditorias;
c) ABNT NBR ISO 14012:1996 – Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de Qualificação de Audi-
tores Ambientais;
d) Em 2002 essas três normas foram substituídas pela norma ABNT NBR ISO 19011:2002:2012 – Diretri-
zes para auditorias de Sistema de Gestão de Qualidade ou Ambiental.
A organização deve promover auditorias regulares do SGA para verificar a conformidade com os requi-
sitos da norma. Nas auditorias verifica-se, dentre outras informações:
a) O cumprimento de requisitos da norma;
b) O cumprimento da legislação ambiental;
c) O diagnóstico dos aspectos e impactos ambientais;
d) Procedimentos e planos de ação para eliminar ou diminuir os impactos ambientais;
e) Treinamento e qualificação do pessoal;
f) A conformidade das instalações do estabelecimento com as legislações aplicáveis;
g) O conhecimento da direção da empresa sobre a eficácia do SGA implantado;
h) Os passivos ambientais;
i) O nível de diálogo da empresa com as partes interessadas;
j) A necessidade de melhorias na gestão dos gastos designados à correção de problemas ambientais.

Figura 41 - Representação de verificação realizada em uma auditoria ambiental


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
108

As auditorias ambientais surgiram na década de 70, nos EUA, com o objetivo de as empresas verificarem
voluntariamente o seu atendimento à legislação e se prepararem para eventuais fiscalizações da Environ-
mental Protection Agency (EPA), a Agência Ambiental Norte-americana. Essas auditorias são instrumentos
para a verificação e fiscalização das organizações e para a avaliação de seus sistemas de gestão.
As auditorias ambientais ganharam projeção nos países em desenvolvimento, a partir da publicação das
normas International Organization for Standardization (ISO), embora no Brasil já existissem regulamentos
legais relacionados a esse assunto desde a década de 90 nos Estados de Minas Gerais (Lei N.º 10.627/92),
São Paulo (Lei N.º 790/91 no município de Santos), Rio de Janeiro (Lei N.º 1.898/91) e Espírito Santo (Lei n.º
4.802/93).
As auditorias ambientais estão focadas na verificação do cumprimento da legislação e da regulamen-
tação aplicável pela organização. O objetivo da Auditoria Ambiental é avaliar o grau de conformidade da
empresa com a legislação e com a sua Política Ambiental. São três os alvos fundamentais da investigação
nessas auditorias:
a) A situação do licenciamento;
b) A competência para o controle dos riscos ambientais;
c) A confiabilidade do monitoramento que é realizado.

No entanto, a maioria das auditorias ambientais é uma combinação de uma e outra forma de auditoria,
o que será estudado a seguir. O objetivo principal de qualquer auditoria ambiental é a realização de um
diagnóstico da situação atual para verificar o que está com fragilidades e promover melhorias do desem-
penho ambiental da empresa (MELLO, 2009).
A Auditoria Ambiental é um instrumento de gestão que permite fazer uma avaliação sistemática, perió-
dica, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e do desempenho dos equipamentos instalados em
um estabelecimento de uma empresa, para fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades (MELLO, 2009).
A Auditoria Ambiental envolve o planejamento das ações, o reconhecimento da empresa e da sua área
de influência, a coleta de dados e informações, a elaboração do relatório de auditoria e a discussão dos
resultados e recomendações.
As auditorias ambientais podem ser voluntárias, por decisão da empresa, em conformidade com sua
Política Ambiental, imposta por legislação local, ou resultante de circunstâncias especiais que afetem a
empresa, tais como a ocorrência de acidentes ambientais graves ou, ainda, como exigência de clientes
(VALLE, 2004).
Os procedimentos adotados na Auditoria Ambiental são similares aos utilizados nas auditorias da qua-
lidade e nas auditorias de segurança e prevenção de acidentes. No caso das auditorias de SGA, o foco é
avaliar se os requisitos descritos na norma estão sendo considerados. O objetivo, nesse caso, é a melhoria
contínua. Já no caso das auditorias de desempenho, os indicadores ambientais surgem como elementos-
chave. Nesse caso, são necessários indicadores para avaliar o desempenho ambiental da organização para
itens ambientais, tais como consumo de água e geração de resíduos.
6 NBR ISO 14001: 2004
109

Figura 42 - Auditoria de verificação dos indicadores de desempenho ambiental da empresa


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

As auditorias realizadas na empresa podem ser classificadas em três tipos:


a) Auditoria de primeira parte: é aquela realizada pela equipe de auditores internos da própria em-
presa com o objetivo de autoavaliação de seu sistema de gestão ambiental, podendo também con-
tar com auditores terceirizados, caso a empresa não tenha entre seus colaboradores equipe capaci-
tada. É também denominada de Autoria Interna;
b) Auditoria de segunda parte: é realizada por clientes ou fornecedores, quando houver motivos
legais ou preocupação com futuras ações indenizatórias, exigências de companhias seguradoras e
exigências de clientes. É também denominada de Autoria Externa;
c) Auditoria de terceira parte: é realizada por auditores externos de Organizações Certificadoras Cre-
denciadas (OCC), a pedido da empresa a ser auditada, por força legal ou para a obtenção de certifi-
cação. É também denominada de Autoria Externa.

Vale ressaltar que, para fins de certificação do Sistema de Gestão Ambiental da organização pela NBR
ISO 14001, a auditoria deverá ser feita por uma OCC devidamente credenciada pelo INMETRO.

SELEÇÃO DOS AUDITORES E PLANOS DE AUDITORIA

A seleção de auditores e a condução das auditorias devem assegurar a objetividade e a imparcialidade


do processo de auditoria.
O plano de auditoria deve identificar as áreas, atividades e processos que serão investigados, envolven-
do procedimentos administrativos e operacionais, sistemas de proteção, estrutura empresarial, documen-
tos, relatórios de ocorrências e de desempenho, etc.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
110

Os procedimentos da auditoria devem esclarecer

1. Escopo da auditoria 4. Atribuição de responsabilidades

2. Frequência da sua realização 5. Requisitos para condução da auditoria

3. Metodologia empregada 6. Relatórios de resultados


Quadro 10 - Plano de auditoria
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Lista de verificação
O checklist, ou a lista de verificação, é uma ferramenta de auditoria para verificar se um SGA foi corre-
tamente implantado e se está em conformidade com a Norma ABNT NBR ISO 14001 A lista de verificação
deve contemplar todos os requisitos previstos nessa Norma. Quanto mais completa for a lista de verifica-
ção, maior será o detalhamento e o rigor da auditoria.

Figura 43 - Verificação dos requisitos em uma auditoria ambiental


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

IDENTIFICAÇÃO DE NÃO CONFORMIDADES E AÇÕES CORRETIVAS E PREVENTIVAS

Nos processos de auditorias são avaliadas as não conformidades, que são caracterizadas pelo não aten-
dimento a um requisito específico da norma. A identificação da não conformidade pode surgir do moni-
toramento e medição ou da auditoria e indica os pontos fracos que devem ser analisados e tratados no
sistema. As não conformidades são geralmente classificadas em dois grupos:
a) Não conformidade maior ou sistêmica, que apresenta um nível de abrangência maior e importância
significativa;
6 NBR ISO 14001: 2004
111

b) Não conformidade menor ou pontual, que apresenta um nível de abrangência pontual e de pequena
importância. Sempre que for detectada uma não conformidade, é necessária a implementação de uma
ação corretiva, que tem por objetivo eliminar a causa da não conformidade para evitar sua repetição. A
organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para tratar as não conformidades
reais e potenciais, e para executar ações corretivas e preventivas.” (ABNT NBR ISO, 2004, p.8).

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para definir os responsáveis para enfrentar
a não conformidade, reduzir impactos causados e iniciar as ações corretivas e preventivas. Qualquer ação
para eliminar as causas de não conformidade deve ser apropriada à dimensão dos problemas e dos impac-
tos ambientais.
Os procedimentos devem auxiliar a identificação e correção de não conformidades e executar ações
para reduzir seus impactos ambientais, investigando-as, determinando suas causas e executando ações
para evitar sua repetição. A organização deve implantar e guardar alterações nos procedimentos resultan-
tes das ações corretivas e preventivas.

RELATÓRIO DE AUDITORIA

O relatório da auditoria deve conter informações, tais como: a identificação da unidade auditada, os
objetivos e escopo da auditoria, os critérios utilizados; data de realização da auditoria e validade da audi-
toria, identificação dos auditores, identificação dos setores e empregados auditados; sumário da auditoria,
(incluindo as dificuldades encontradas), conclusões; certificação de confidencialidade da auditoria e a lista
de distribuição do relatório (D’AVIGNON, 1996).

CERTIFICAÇÃO

A comprovação de que uma empresa possui um gerenciamento ambiental correto se dá através da


certificação em conformidade com a norma ISO 14001:2004, que é a única norma da série ISO 14000 cer-
tificável e que diz respeito ao sistema de gestão ambiental (SGA) da organização. O SGA corresponde a
uma parte do sistema global de gerenciamento usada para que a empresa desenvolva e implemente sua
política ambiental para manejar seus aspectos ambientais (JORGENSEN, 2006).
Para que uma organização obtenha a certificação segundo a ABNT NBR ISO 14001, é necessário que
esta atenda aos requisitos determinados. Geralmente uma empresa certificadora externa é contratada
para realizar uma auditoria e verificar o sistema ambiental da empresa e sua adequação à norma referida.
As certificadoras são empresas que realizam as auditorias de terceira parte, tais como: ABS (ABS Quality
Evaluations), BSI (Grupo BSI), Loyds Register, Bureau Veritas Quality International (BVQI), Fundação Vanzolini,
Det Norske Veritas (DNV), etc. Para atuar no Brasil, as empresas certificadoras são acreditadas, reconhecidas
e credenciadas pelo INMETRO.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
112

As certificações possuem validade e, para a manutenção e recertificação da ISO, novas auditorias são
necessárias. A organização tem que se submeter a auditorias periódicas, realizadas por uma empresa cer-
tificadora, credenciada e reconhecida pelos organismos nacionais e internacionais.
O processo de certificação somente pode ser solicitado após um ciclo PDCA e segue os seguintes pas-
sos:
a) Contratação de certificadora;
b) Pré-auditoria (sem validade de certificação);
c) Auditoria de certificação;
d) Emissão de certificado (validade de 3 anos);
e) Auditorias de monitoramento (semestrais ou anuais);
f) Resultados possíveis: apto, não apto ou apto com ações corretivas.

Cada vez mais, clientes, sobretudo importadores, estão exigindo a certificação ambiental nos moldes
da ISO 14001:2004), ou mesmo certificados ambientais específicos, a exemplo de certificados para pro-
dutos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”
mediante rotulagem ambiental.
O conceito de selo verde está associado ao de rótulos ambientais. Os rótulos ambientais são selos que
asseguram a procedência do produto, informando que este é originário de um processo produtivo de
baixo impacto ambiental. A produção em bases sustentáveis é fiscalizada e comprovada por uma certifica-
dora que, então, concede o selo ambiental ao produto. O exemplo mais conhecido de selo ambiental é o
Forset Stewardship Council (FSC), reconhecido internacionalmente pelos consumidores de madeira. Vere-
mos sua logomarca na figura seguinte.

Figura 44 - Marca do selo ambiental Forset Stewardship Council para produtos fabricados em madeira
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Assim, embora a certificação em conformidade com a norma ABNT NBR ISO 14001:2004 seja de caráter
não obrigatório e voluntário, passou a ser indispensável às organizações que almejam atingir o mercado
internacional. Como vimos anteriormente, acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas
6 NBR ISO 14001: 2004
113

alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando com exigências não ta-
rifárias que, em geral, afetam produtores de países exportadores.
Entretanto, as empresas de pequeno porte enfrentam dificuldades para obter essa certificação, em vir-
tude dos altos custos de implan­tação do SGA, dos investimentos para a adequação de equipamentos e
processos produtivos, do contrato com a empresa certificadora e das auditorias de manutenção do siste-
ma.

BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO

Entre os benefícios de aderir a um programa de certificação ambiental, destacam-se:


a) Melhoria da produtividade;
b) Benefícios financeiros;
c) Melhor relaciona­mento com as partes interessadas;
d) Benefícios de imagem.

A obtenção da certificação da Norma ABNT NBR ISO 14001 não representa um atestado de excelência
ambiental, e sim um modelo gerencial orientado para o alcance da melhoria contínua das questões am-
bientais.

EMPRESAS EMISSORAS DE CERTIFICADOS ISO 14001 NO BRASIL

No Brasil, foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(CONMETRO), o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, tendo sido o Instituto Nacional de Me-
trologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) designado por este Conselho como o organismo credencia-
dor oficial do Estado Brasileiro (INMETRO, 2012).
Desta forma, o INMETRO é o organismo acreditador brasileiro, ou seja, é a instituição responsável por
credenciar as empresas responsáveis pela emissão dos certificados ISO 14001. O processo de acreditação é
fundamental para regular e dar credibilidade às trocas comerciais entre diferentes países.
A Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) é a unidade principal do INMETRO e atua no processo
de acreditação de organismos de avaliação de conformi­dade. No que concerne às responsabilidades regi-
mentais, a CGCRE planeja, dirige, orienta, coordena e executa as atividades de acreditação (MENDONÇA,
2005). O INMETRO possui em seu cadastro mais de 20 entidades certi­ficadoras em atividade, as quais estão
aptas a promoverem a emissão de certificados para empresas ou empreen­dimentos que estejam em con-
formidade com a norma ISO 14001.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
114

1 BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda.


2 ABS - Quality Evaluations Inc.
3 Det Norske Veritas Certificadora Ltda.
4 FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini
5 DQS do Brasil Ltda.
6 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
7 Lloyd`s Register do Brasil Ltda.
8 TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná
9 BRTÜV Avaliações da Qualidade S. A.
10 SGS ICS Certificadora Ltda.
11 TÜV Rheinland do Brasil Ltda.
12 RINA Services S.p.A.
13 Perry Johnson Registrars, Inc.
14 BSI Brasil Sistema de Gestão Ltda.
15 GL - Germanicher Lloyd Industrial Service do Brasil Ltda.
16 Instituto Falcão Bauer da Qualidade - IFBQ
17 IQA - Instituto da Qualidade Automotiva
18 ICQ Brasil - Instituto de Certificação Qualidade Brasil
19 EVS Brasil Certificadores de Qualidade Ltda.
20 Associação Portuguesa de Certificação
21 ABRACE - Avaliações Brasil da Conformidade e Ensaios Ltda.
22 Manangement Systems Certificações Ltda.
23 SAS Certificadora Ltda.
24 Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica - ABT
Quadro 11 - Organizações credenciadas pelo INMETRO para certificar empresas segundo a norma ISO 14001
Fonte: INMETRO, 2012.

Em 1999, o Brasil alcançou a marca de 100 (cem) certificados ambientais em conformidade com a ABNT NBR
ISO 14001:2004. Em 2003 foram 1000 (mil) certificações. A cada ano, cresce no Brasil o número de certificações,
justificado por motivos diversos. Com isso, o Brasil vem subindo de colocação no ranking dos países com o
maior número de certificados emitidos no mundo. Segundo dados da ABNT, no ano de 2005, o Brasil ocupava
11ª posição (1800 certificações), perdendo para Japão (1782), China (9230), Espanha (6523), Reino Unido (6223),
Alemanha (4400), Suécia (3716), Coréia (2610) e França (2607).
O sudeste do país lidera o número de certificações emitidas, com des­taque para o estado de São Paulo,
que possui cerca de 50% dos certificados, enquanto a Petrobras é a empresa de maior destaque no cenário
brasileiro. No Brasil, os setores industriais automotivo, petroquímico e químico e o setor de prestação de
serviços são os que possuem o maior número de certificações. O país alcança, em 2012, a marca históri-
ca de 5000 (cinco mil) certificações emitidas em todo o território. Confira na tabela a seguir o número
de certificados segundo a norma ABNT NBR ISO 14001:2004 emitidos no Brasil, de 2001 a 2012.
6 NBR ISO 14001: 2004
115

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
2001 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 2 7
2002 0 0 2 1 3 0 0 1 0 1 1 2 11
2003 0 0 0 1 4 1 3 0 0 3 4 11 27
2004 4 3 7 11 10 2 5 2 1 5 7 6 63
2005 9 7 5 7 18 19 30 42 31 65 56 78 367
2006 95 42 109 79 93 103 75 76 41 33 48 44 838
2007 53 38 37 28 34 39 41 24 17 21 7 17 356
2008 19 5 16 5 21 19 15 10 9 6 8 11 144
2009 25 8 9 7 13 12 4 16 4 6 8 13 125
2010 26 7 7 6 6 6 2 7 4 7 2 9 89
2011 15 5 8 5 9 9 5 7 6 11 7 3 90
*2012 6 5 7 3 9 13 0 0 0 0 0 0 43
Total 252 120 207 153 220 224 181 186 113 159 149 196 2160
Tabela 1 - Histórico dos certificados da Norma ISO 14001 emitidos pelo INMETRO por mês e ano
Fonte: INMETRO, 2012.

Verifique o símbolo da certificação ISO 14001 na figura seguinte.

Figura 45 - Simbologia da certificação da organização segundo a Norma ISO 14001


Fonte: NIPPONFLEX, [20--].

6.3.5 Análise crítica e melhoria contínua

Nesta última fase da implantação do SGA, a organização realiza uma análise crítica e implementa conti-
nuamente melhorias em seu SGA para aumentar o desempenho ambiental. Observe, na figura a seguir, as
etapas estudadas anteriormente até a chegada à fase da análise crítica pela alta administração e adoção de
medidas orientadas para garantir a melhoria contínua.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
116

Melhoria contínua

Política ambiental
Revisão pela
direção
Planejamento
Verificação e
ação corretiva Implementação
e funcionamento

Figura 46 - Ciclo do PDCA adaptado às etapas de implantação do SGA


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Em seu item 4.1 - Requisitos gerais, a ABNT NBR ISO 14001 determina que a organização deve estabe-
lecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar o sistema da gestão ambiental em
conformidade com os requisitos desta Norma e determinar como ela irá atender a esses requisitos.” (ABNT
NBR ISO, 2004, p.4).
A Norma ISO 14004 recomenda ainda que a organização deve analisar criticamente o seu Sistema de
Gestão Ambiental e aperfeiçoá-lo continuamente, a fim de melhorar seu desempenho ambiental. Com
frequência, a análise crítica42 ou análise pela administração aponta para a necessidade de revisão do SGA.
É importante que as revisões sejam documentadas e ocorram em intervalos, para abranger as atividades,
produtos e serviços da organização.
Mas nem todos os elementos do SGA precisarão ser revistos ao mesmo tempo, sendo que a política,
os objetivos, as metas e os procedimentos ambientais devem ser revistos pelo nível organizativo que os
definiu. As revisões devem incluir os resultados das auditorias, a extensão dos objetivos e metas que foram
alcançados e as contribuições de parceiros interessados.
Devem ser identificadas as causas das não conformidades e as oportunidades de melhoria do SGA que
levarão a um melhor desempenho ambiental. Ações corretivas e preventivas devem ser tomadas para
tratar e evitar não conformidades. E as alterações nos procedimentos resultantes do processo de melhoria
devem ser registradas.
A análise da administração possibilita abordar a possível necessidade de mudar a política, os objetivos e
outros elementos do sistema de gestão ambiental, com base nos resultados de auditorias realizadas.

42 Análise crítica: é o fórum onde a alta administração da organização analisa o sistema de gestão ambiental para assegurar que
o mesmo continue adequado e eficaz. Essa análise deve ser devidamente documentada.
6 NBR ISO 14001: 2004
117

As "entradas" para análise de alta administração devem incluir:

1. Resultados das auditorias internas, avaliações do atendimento


aos requisitos legais e outros subscritos pela organização
2. Comunicação com as partes interessadas externas, incluindo
reclamações

3. O desempenho ambiental da organização

4. Extensão em que foram atendidos os objetivos e metas

5. Situação das ações corretivas e preventivas

6. Ações de acompanhamento das análises anteriores

7. Mudança de circunstâncias

8. Recomendações para melhoria

Quadro 12 - Exemplos de “entradas” para a análise crítica pela alta administração


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Observe, na figura seguinte, o processo de melhoria contínua do desempenho ambiental dentro de


uma organização.

Melhoria
contínua
DESEMPENHO

TEMPO
8

Figura 47 - Representação da melhoria contínua do desempenho ambiental de uma organização


Fonte: ZUMBACH; MORETTI, 2011b.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
118

Uma diferenciação que deve ser feita para se atingir bons resultados em termos de melhoria contínua
é entre melhoria tática (nível operacional) e estratégica (nível de sistema). Particularmente, a última as-
sume grande importância e requer elaborações em termos de indicadores de desempenho de processo/
operacional e indicadores de desempenho estratégico/gerencial, pois implicam maiores níveis de ambição
ambiental, visto que enfatizam não somente os processos internos da organi­zação, mas também questões
fundamentais, tais como: análise de ciclo de vida, desenvolvimento de produtos orientados ao meio am-
biente e requisitos dos fornece­dores (BROUWER; KOPPEN, 2008).
Vale ressaltar que, na etapa “Análise crítica e melhoria”, após a implantação do SGA, a alta direção deve
realizar uma análise crítica e identificar, através dessa avaliação, as oportunidades de melhoria SGA. Os re-
sultados das auditorias e as causas das não conformidades devem ser contemplados nas revisões do SGA,
o que pode ser realizado por etapas.
As empresas, em todo o mundo, começaram a perceber que seus sistemas de gestão da qualidade (nor-
ma ISO 9001) podem ser utilizados como a base para o trata­mento eficaz das questões relativas ao meio
ambiente, à segurança e à saúde no trabalho (NORMA OHSAS 18001). Por isso, as organizações tendem a
incorporar novos aspectos às certificações, integrando seus diversos sistemas.
Essa tendência se traduz nas versões atualizadas das normas ISO 14001 e OHSAS 1800143, que foram
formuladas, propositalmente, em consonância com a norma ISO 9001, tornando-se muito mais fácil a inte-
gração dos sistemas ambiental, de qualidade e de saúde e segurança no trabalho, através da formação dos
Sistemas de Gestão Integrados (SGIs).
As questões relacionadas à “governança corporativa” e “responsabilidade social corporativa”, tendo por
base as normas SA 800044 e a NBR 1600145, também incluem os SGIs.

Em países em desenvolvimento, com desi­gualdades sociais, como o Brasil, a


Curiosidades inclusão da responsabilidade social empresarial também está em evidência.

Aprofunde seus conhecimentos sobre a temática de governança participativa e res-


SAIBA ponsabilidade social, através da leitura do artigo da bilbioteca eletrônica Scientific
MAIS Eletronic Library Online (Scielo): Responsabilidade social corporativa: limites e possibili-
dades, de Jocimari Tres Schroeder e Ivanir Schroeder.

43 OHSAS 18001: consiste em um Sistema de Gestão, assim como a ISO 9000 e ISO 14000, porém com o foco voltado para a
saúde e segurança ocupacional.
44 SA 8000: é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social que existe para empresas fornecedoras e
vendedoras. A norma SA 8000 traz todos os requisitos e a metodologia de auditoria para uma correta avaliação das condições do
local de trabalho.
45 NBR: é uma norma brasileira de responsabilidade social que tem caráter de sistema de gestão e propósito de certificação.
6 NBR ISO 14001: 2004
119

Essa postura de cruzamento de similaridades entre os sistemas permite um alinhamento dos mesmos,
com consequente redução de custos administrativos de implementação e manutenção individual desses
sistemas, bem como de auditorias, e otimiza o esforço dos recursos humanos. Além disso, processos antes
separados para área podem ser colocados em um único manual.

ISO
9001

ISO
16001 SGI ISO
14001

OHSAS
18001

Figura 48 - Representação do cruzamento de sistemas individuais de gestão em um SGI


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

FIQUE Todo acidente de trabalho deve ser registrado em um comunicado de acidente de


trabalho (CAT) no setor de recursos humanos da empresa, que deverá emiti-lo ao
ALERTA INSS em até 24 horas após o relatório médico.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
120

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), de acordo com a
norma ABNT NBR ISO 14001. Aprendemos que a primeira fase antes da implantação do SGA corres-
ponde à definição da Política Ambiental da empresa pela alta administração.
Depois de definida a Política Ambiental da empresa, é iniciada a fase de planejamento do SGA, que
envolve a identificação dos principais aspectos e impactos ambientais relacionados às atividades que
fazem parte do escopo do SGA da empresa. Conhecemos uma metodologia muito utilizada para a
avaliação da significância dos aspectos e impactos ambientais: a análise multicritérios. A avaliação da
significância de impactos é muito importante para auxiliar os tomadores de decisões na empresa, no
estabelecimento das prioridades para a redução dos impactos ambientais através da intervenção nos
aspectos ambientais causadores dos impactos mais significativos.
Vimos, também, que com base no levantamento dos aspectos e impactos ambientais, são estabe-
lecidos os objetivos e metas ambientais a serem atingidos, visando ao atendimento da Política Am-
biental da empresa, bem como aos requisitos da norma ABNT NBR ISO 14001 para o SGA.
Tivemos a oportunidade de saber como um SGA é implementado e que este requer a definição de
responsáveis e de recursos financeiros. Como a implantação do SGA envolve todos os empregados
relacionados ao escopo estabelecido pelo Sistema, a empresa precisa investir em treinamento do seu
corpo técnico para estar apta a atender o SGA.
Entre as mudanças decorrentes da implantação do SGA está o estabelecimento de procedimentos de
comunicação ambiental interna (com os setores e seus empregados) e externa (com a comunidade,
fornecedores e clientes).
Para tornar as informações relacionadas ao SGA facilmente rastreáveis, procedimentos operacionais
devem ser elaborados e a empresa deve desenvolver um eficiente controle de seus documentos.
A Norma ABNT NBR ISO 14001 também estabelece que a organização precisa estar preparada para
responder adequadamente às emergências ambientais. Por conta disso, deve haver planos de emer-
gência e profissionais treinados para executá-los caso seja necessário.
Todas as atividades e operações da empresa, com potencial para causar impactos ambientais, de-
vem ser monitoradas periodicamente. Para verificar a conformidade das atividades e operações que
abrangem desde o escopo do SGA da empresa aos requisitos da ABNT NBR ISO 14001, auditorias
regulares devem ser realizadas. Para que a empresa obtenha a sua certificação, de acordo com a
Norma ABNT NBR ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental - é requerida uma auditoria de certifica-
ção conduzida por uma terceira parte. Todos esses conhecimentos são de fundamental importância
para a sua formação como profissional da área ambiental. Dedique-se e estude.
6 NBR ISO 14001: 2004
121
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Minicurrículo das autoras
Arilma Oliveira do Carmo Tavares
Arilma Oliveira do Carmo Tavares é Engenheira Sanitarista e Ambiental (UFBA, 2004), Mestre em
Engenharia Ambiental Urbana (UFBA, 2008) e Pós-graduada em Soluções Ambientais para Pólos
Industriais (Faculdade de Tecnologia SENAI CETIND, 2011). Em 2004 iniciou sua atuação na En-
genharia Sanitária e Ambiental assumindo a coordenação de Meio Ambiente da Secretaria de
Ciência e Tecnologia e Inovação da Bahia. Posteriormente, atuou em empresas de consultoria
em saneamento e meio ambiente. A partir de 2007, iniciou sua atuação em educação e consulto-
ria na Área de Meio Ambiente do SENAI CETIND, onde trabalha com os seguintes temas: gestão
ambiental, resíduos sólidos, água, licenciamento ambiental, produção mais limpa, educação am-
biental, dentre outros.

Joana Fidelis da Paixão


Joana Fidelis da Paixão é doutora em Geologia (UFBA), mestre em Ecologia e Biomonitoramento
(UFBA) e bacharel em Ciências Biológicas - Ecologia, Recursos Ambientais (UFBA). Tem experiên-
cia em docência de disciplinas relacionadas a meio ambiente como consultora em projetos am-
bientais, em pesquisa e extensão. Ocupou o cargo de Analista de Processos Tecnológicos da Área
de Meio Ambiente do SENAI-BA e foi consultora do Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ),
antiga autarquia do Governo da Bahia. Foi pesquisadora-bolsista do CNPq e da Fapesb nas mo-
dalidades Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Inovação Tecnológica, respectivamente. Foi
premiada em 2º lugar na categoria Graduado, na XXII edição do Prêmio Jovem Cientista “Gestão
Sustentável da Biodiversidade – Desafio do Milênio”. Foi coordenadora do Programa Monitora no
SENAI (Programa de Monitoramento das Bacias Hidrográficas do Estado da Bahia - coordenado
e executado pelo INGÁ em parceria com o SENAI). Foi docente da Faculdade de Tecnologia do
SENAI/CETIND e da FAMEC - Faculdade Metropolitana de Camaçari. Atuou como pesquisadora-
visitante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Atualmente, ocupa o cargo efetivo
de professora de Meio Ambiente para o ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IFBaiano, campus Catu, e coordena projetos financia-
dos pela Fapesb e pelo CNPq.

PATRICIA CARLA BARBOSA PIMENTEL


Patricia Carla Barbosa Pimentel é Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente (2016) e Mes-
tre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (2006) pela Universidade Estadual de Santa
Cruz, Especialista em Gerenciamento Ambiental (2002) e Graduada em Ciências Biológicas (2001)
pela Universidade Católica do Salvador. Iniciou sua carreira na área ambiental em 1999.
Tem experiência na área das Ciências Ambientais, em especial em Gestão Ambiental, Educação
ambiental para o desenvolvimento sustentável, Conservação da Biodiversidade, Áreas Protegidas
e Pobreza. Na área de educação tem experiência em Educação nas modalidades semipresencial e
a distância e na área de educação profissional.
Índice
A
abrangência 72, 81, 83, 85, 87, 110
Agenda 21 19
alta administração 47, 49
análise crítica 115, 116, 117, 118
aspectos ambientais 49
Auditoria 38
Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) 59

C
Compulsório 44
Convenção sobre Diversidade Biológica 19
Convenção sobre Mudança Climática 19

D
desempenho ambiental 38, 40, 43, 50, 51
detecção 85
documento 79, 99, 100, 101, 102, 103, 109, 120

E
efeitos cumulativos 78
efeitos sinérgicos 78
escopo 43
Estrutura de Alto nível 75

F
fonte 36, 87
frequência da ocorrência 85, 88, 103, 106, 116

I
impactos ambientais 47, 49
impactos ambientais significativos 81, 82, 89, 96
incidência 85
indicadores ambientais 37
instruções de trabalho 100
M
Manual do Sistema 100
MERCOSUL 56
multicritérios 85, 87, 120

N
não conformidades 24
NBR 16001 118
Nosso Futuro Comum 17, 18

O
objetivos ambientais 43, 51
OHSAS 18001 118

P
paradigma 34
partes interessadas 49
passivos ambientais 30
política ambiental 71, 72, 81, 82, 89, 90, 91, 96, 100, 111
Prevenção da Poluição 36, 37
probabilidade 85, 86
Produção mais Limpa 37

R
registros 34, 75, 99, 101, 102, 103
requisitos 71, 72, 73, 74, 79, 80, 81, 82, 85, 87, 88, 89, 90, 91, 96, 102, 106, 107, 108, 110, 111, 118, 120

S
SA8000 118
severidade 85, 86
signatário 20
Sistemas 38
stakeholders 99
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Arilma Oliveira do Carmo Tavares


Joana Fidelis da Paixão
Patricia Carla Barbosa Pimentel
Elaboração

Flávia Ferreira Lage


Jarsia Melo
Marina Lordelo Carneiro
Patricia Carla Barbosa Pimentel
Revisão Técnica

Edisiene de Souza Correia


Colaboração Técnica

Arilma Oliveira do Carmo Tavares


Patrícia Bahia da Silva
Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção
Paula Fernanda Lopes Guimarães
Coordenação de Projeto

Larissa Leslie Sena Fiuza Bispo


Paula Fernanda Lopes Guimarães
Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva
Design Educacional

Iumara Rodrigues
Joseane Maytê Sousa Santos Sousa
Regiani Coser Cravo
Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fabio dos Santos Passos
Fábio Ramon Rego da Silva
FabriCO
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
FabriCO
Leonardo Silveira
Vinicius Vidal da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Clemilda Santana dos Reis CRB - 5 / 1641


Rita de Cassia Fonseca CRB - 5 /1747
Normalização - Ficha Catalográfica

Monique Ramos Quintanilha


Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva
Regiani Coser Cravo
Revisão de Diagramação e Padronização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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