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Formação de
decompetências
competências
competências
Formação
Fábio Cássio Costa Moraes
9 788538 735502
Fábio Cássio Costa Moraes
Formação de Competências
3.ª edição
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
M82f
3.ed.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3550-2
Introdução
Competência é a capacidade
Istockphoto.
humana de realizar algo. No mundo
do trabalho, a competência sempre
esteve presente, desde as civilizações
antigas, que construíram obras sem
precedentes que até hoje intrigam
nossos cientistas sobre os métodos e
procedimentos adotados, numa época
onde a tecnologia e as ferramentas
eram rudimentares.
9
caminhos que as tornam competitivas e bem-sucedidas, num contexto bem diferente
daquele encontrado há 100 anos. As necessidades e as preocupações sociais hoje são
muito diferentes comparadas ao início do capitalismo.
Dessa forma, o conceito de competência que trataremos neste livro vai muito
além da simples capacidade humana em realizar bem o seu trabalho. Para podermos
contextualizar o conceito de competência precisamos mostrar como a gestão de pes-
soas evoluiu no último século para chegar à situação atual. Vamos verificar como evo-
luiu a importância dos trabalhadores nas organizações, da administração mecanicista
à gestão por competências.
O modelo taylorista-fordista
No início do século XX o capitalismo buscava atender de forma acelerada à deman-
da crescente dos mercados mundiais em razão do aumento populacional, urbanização
e prosperidade econômica. O mercado consumia tudo o que as empresas produziam
e elas precisavam aumentar a sua produtividade para que ocorresse o crescimento da
produção e dos lucros. Frederick Winslow Taylor, engenheiro americano, foi um dos
principais pensadores da administração nesse período, publicando em 1911 Os Prin-
Competências: o conceito e sua evolução histórica
10
montagem, produzindo automóveis em larga escala. Em 1914 adotou o dia de tra-
balho de 8 horas – quando todos praticavam o dia de 12 horas – além de duplicar os
salários de seus operários, pois entendia que eles deveriam poder comprar o produto
que fabricavam.
O modelo sociotécnico
Na década de 1960 surgiu na Europa uma escola
Esse novo modelo defendia a criação de grupos de trabalhadores com certa auto-
nomia para a tomada de decisões com espaço para negociação de soluções de produção
e manutenção. Essa nova visão abre espaço para ganhos no processo de aprendizagem
dos trabalhadores, pois não se buscava apenas o seu adestramento, mas a combinação
de conhecimentos e habilidades técnicas e sociais que gerassem valor à organização.
11
O modelo japonês
O modelo japonês é uma evolução dos modelos ocidentais
Detroid news.
de administração. Nasceu nos anos 1950 e surpreendeu o mundo
nos anos 1970 e 1980, quando superou o sistema ocidental de
produção. Para Maximiano (2006, p. 134), o Sistema Toyota de
Produção (STP) é a semente do modelo japonês, concebido por
Eiji Toyoda (foto), da família proprietária da Toyota, e Taiichi Ohno,
chefe de engenharia da empresa. Os dois fundamentos principais
do modelo são a eliminação do desperdício e a fabricação com
qualidade. Para que isso ocorra, é necessário o comprometimento Eiji Toyoda.
dos trabalhadores, gerando a necessidade da administração par-
ticipativa como outro importante fundamento do modelo.
profissional.
12
se privilegiou o desenvolvimento do empregado, dando sustentação aos sistemas de
aprendizagem e gestão do conhecimento das empresas. A gestão da cultura organiza-
cional é outro aspecto importante da gestão estratégica de Recursos Humanos.
13
O conceito de evento traz mudanças significativas no trabalho, pois agora não se
espera apenas que o trabalhador cumpra uma série de operações elementares, e sim
que tenha discernimento para tomar as decisões adequadas a cada evento ocorrido.
Isso exige novas qualificações e um processo de aprendizagem mais complexo. Os
eventos também deixam clara a necessidade da mobilização de mais de um agente
para solucioná-los, necessitando, muitas vezes, de toda uma equipe, que pode ser mul-
tifuncional.
Digital Juice.
p. 45) afirma que ela se tornou componente cen-
tral do trabalho. Grande parte do trabalho é co-
municação, obrigando que as interações sejam
necessárias e com amplitude para garantir que as
equipes trabalhem corretamente e que o cliente
receba um produto de qualidade, no prazo e nas
especificações esperadas.
Finalmente, ao trabalhar, o homem gera algum tipo de serviço que, segundo Za-
rifian (2001, p. 48), é a capacidade de modificar o estado e as condições do trabalho de
outro homem ao entregar o resultado do seu trabalho. O serviço está ligado a qualquer
tipo de manifestação do trabalho moderno, nos setores primário, secundário e terciário.
Competências: o conceito e sua evolução histórica
Como o trabalho humano gera serviço para outros seres humanos, ele cria automa-
ticamente clientes do serviço criado. Isso gera no homem a necessidade da competência
de servir, entregar o produto do seu trabalho com atenção, cordialidade e eficácia.
14
ço). Enquanto o taylorismo-fordismo dividia o trabalho humano e isolava as pessoas, a
comunicação necessária aos eventos criados e à entrega dos serviços leva à aproxima-
ção e ao compartilhamento.
Segundo Dutra (2004, p. 14), desde os anos 1980 as empresas buscam a revisão dos
seus modelos de gestão de pessoas, mas apenas com a gestão por competências dos anos
1990 surgem propostas concretas para mudanças na forma como elas captam, desenvol-
vem, recompensam e retém os seus talentos.
15
tências adquiridas, que tornavam as pessoas alinhadas com as necessidades das suas
empresas.
Em 1973, David McClelland (apud DUTRA, 2004, p. 22) já havia proposto esse con-
ceito como forma de melhorar o modo como as empresas buscavam pessoas para suas
organizações. Para McClelland (apud FLEURY, 2004, p. 27), a competência é uma carac-
terística da pessoa que está relacionada com o seu desempenho na realização de uma
tarefa. Assim, a competência seria o conjunto de aptidões naturais da pessoa, que pode
ser aprimorado com o ganho de habilidade e com os conhecimentos adquiridos.
Boyatzis (apud DUTRA, 2004, p. 22) ampliou o conceito para utilizá-lo como su-
porte aos processos de avaliação e desenvolvimento dos empregados. O trabalho de
McClelland e Boyatzis trouxe espaço para a definição das competências como sendo
“um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desem-
penho” (FLEURY, 2004, p. 28). Logo, a primeira fase do conceito de competência estava
ligada ao estoque de recursos que o indivíduo possui.
Zarifian e Le Boterf (apud DUTRA, 2004, p. 22) trabalham o conceito para criar a
ideia de agregação de valor para a organização num determinado contexto, de forma
independente do cargo, a partir da própria pessoa. Le Boterf (apud Fleury, 2004, p. 29)
Competências: o conceito e sua evolução histórica
afirma que competência está ligada à aprendizagem, em razão da sua ligação com a
formação pessoal, educacional e profissional da pessoa. Para o autor, a competência
exige saber mobilizar e integrar recursos, além de transferir os conhecimentos, recur-
sos e habilidades, num contexto profissional determinado.
16
Competências: valor para o indivíduo e para a organização
Agregar Valor
17
A gestão por competências e o ser humano integral
O modelo de competências coloca o ser humano num patamar superior nas or-
ganizações. Troca-se a repetição, a rotina e a obediência cega por autonomia, iniciati-
va, inovação e criatividade. A aprendizagem é incentivada para que as competências
possam se estabelecer.
Divulgação Warnerbros.
evolução integral do ser humano representa uma ampliação
de sua consciência, mas lhe traz maiores responsabilidades e
riscos ao mesmo tempo que lhe reserva muitas recompen-
sas. O filme Matrix é um exemplo disso. O protagonista,
Thomas Anderson, vivia uma realidade sem significado que
o oprimia e buscava de forma inconsciente uma situação di-
ferente da sua. Nesse processo de busca ele encontra a pos-
sibilidade de crescimento, com o desenvolvimento pleno de suas potencialidades,
novos conhecimentos, habilidades e uma atitude diferente perante a vida. Então tor-
na-se Neo, o libertador, desenvolvendo suas competências e colocando-as a serviço da
humanidade. Encontra desafios, perigos, mas também uma situação diferenciada, mais
Competências: o conceito e sua evolução histórica
18
Legolas, o elfo, representa a habilidade, pois possuía capacidades muito desen-
volvidas, como a sua visão e sua destreza com o arco e flecha.
19
MMVII New Line Productions_Inc.
Retrospectiva
A evolução do conceito de competências, segundo Dutra (2004, p. 34).
Primeira fase
Nessa fase o conceito está fundamentado nos trabalhos de McClelland em
1973 (apud DUTRA, 2004, p. 32), e Boyatzis em 1982 (apud DUTRA, 2004, p. 32) que
observaram que as competências diferenciadoras conduziriam as pessoas ao suces-
so profissional. Nessa fase o conceito de competências serve para avaliar e orientar
os processos de seleção e desenvolvimento das pessoas.
Segunda fase
As empresas diferenciaram as competências pelo seu nível de complexidade,
ligado aos seus diferentes níveis de entrega.
Competências: o conceito e sua evolução histórica
Terceira fase
Nessa fase busca-se alinhar as competências individuais com as organizacio-
nais, fazendo com que as competências humanas não fossem o resultado de suas
trajetórias de sucesso, mas sim dos objetivos estratégicos das competências orga-
nizacionais. A ligação do conceito de competências à complexidade e espaço or-
ganizacional permitiu que fosse utilizado para as questões ligadas à carreira e à
remuneração.
20
Quarta fase
Nessa fase as pessoas conseguiram se apropriar do conceito de competências,
pois passaram a utilizá-lo na construção de suas carreiras e para o seu desenvolvi-
mento profissional.
Texto complementar
Inmagine.
que a criança se sente quietinha e seja “bem-disciplinada”.
Mas ela é usada de outra forma em frases como “disciplina
artística” ou “disciplina espiritual”. Em nosso texto, quer dizer
uma teoria particular, traduzida numa série de práticas, que
levamos a vida inteira para dominar. Você nunca “domina”
uma disciplina: quanto mais aprende, mais percebe quanto
tem a aprender.
Hoje todo mundo fala em visão. Infelizmente, a ideia ainda está muito longe da
prática. Um dos motivos, penso eu, de a visão compartilhada não ser comum, é que
poucas corporações têm uma ideia realmente clara do tipo de compromisso que se
faz necessário com o indivíduo, a fim de que uma visão genuinamente compartilha-
da passe a operar.
21
A segunda disciplina, a disciplina da proficiência pessoal, elabora esse com-
promisso. Os indivíduos precisam ter suas próprias visões antes que possa existir
uma visão compartilhada. Se as pessoas não tiverem ideia daquilo que realmen-
te lhes importa, o melhor que farão será seguir a visão de outra. Eis aí a diferen-
ça fundamental entre compromisso e submissão. É preciso reconhecer que esse é
exatamente o estado de coisas que as tradicionais organizações autoritárias sempre
buscaram: submissão aos objetivos do chefão. As organizações-aprendizado devem
empenhar-se plenamente no desenvolvimento da proficiência pessoal de cada um:
a capacidade de se levar a vida da maneira que verdadeiramente se quer. A despeito
de muita retórica contrária, penso que essa prática ainda está muito distante de nós,
embora tenha havido muita mudança nesse sentido no mundo dos negócios, em
anos recentes.
22
ferentes, e temos uma trabalheira para obscurecer essas diferenças entre nós e os
outros. O reconhecimento e a comunicação de nossos modelos mentais exigem re-
flexão e capacidade de investigação que poucos administradores possuem.
A ironia é que, quanto mais você sobe na empresa, mais e mais passa a lidar
com problemas que não têm respostas simples. Os problemas realmente importan-
tes que se apresentam à alta administração são aquilo que E. F. Schumacher (autor
de Small is Beautiful) chamou “problemas convergentes”: é preciso contemplá-los de
vários pontos de vista, determinar prós e contras e fazer opções sem deixar de conti-
nuar receptivo ao exame dos possíveis erros de raciocínio. No entanto, as pessoas em
que confiamos para resolver essas questões foram condicionadas para toda a vida
profissional a serem rígidos advogados, não inquiridores incisivos e colaborativos.
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A fim de avaliarmos a disciplina do aprendizado em equipe, comecemos pela
diferença entre discussão e diálogo. A palavra diálogo vem do grego dia, “através”,
e logos, “palavra” ou “significado”. Em seu sentido original, descrevia uma conversa-
ção em que o sentido perpassa o grupo. Assim, para existir realmente um diálogo,
é necessário um estado realmente diferente. Ele já não consiste em pensamentos
individuais, mas num grupo “que bebe numa fonte coletiva de significação”, nas pa-
lavras de David Bohm, eminente físico que tem passado os últimos oito anos ten-
tando compreender a natureza do pensamento. Bohm assinala que a discussão tem
a mesma raiz linguística de percussão e concussão, significando literalmente “ter
visão mútua”. A discussão é sempre um jogo onde se ganha ou se perde: a opinião
que prevalece é a que continua em campo finda a batalha. Não estou dizendo que
a discussão é sempre má e o diálogo é sempre bom. A discussão, às vezes, é muito
importante para a tomada de decisões, sobretudo quando o tempo urge. Mas, sem
o enriquecimento do diálogo, raramente ocorrerá o aprendizado coletivo.
24
De igual modo, o pensamento de sistemas propicia liames críticos que ampa-
ram as outras disciplinas. Ele fulmina as sutilezas da proficiência pessoal, tal como a
natureza da compaixão e nossa ligação com o resto do mundo. Ele é fundamental
para a prática do trabalho com modelos mentais, ele oferece uma série de instru-
mentos que pode nos ajudar a trazer à tona conclusões ocultas e a construir mode-
los mentais voltados, sobretudo, para os inter-relacionamentos e para os processos
de mudança em vez de para imagens estáticas.
Atividades
1. R
elacione as principais diferenças entre o modelo taylorista-fordista e o modelo
de gestão por competências.
25
2. P
or que o conceito de “evento” requer uma importante mutação no mundo do
trabalho atual?
3. N
a gestão por competências, como deve ser a criação de valor econômico para
as organizações e valor social para o indivíduo?
Competências: o conceito e sua evolução histórica
26
4. P
or que a gestão por competências facilita o desenvolvimento integral do ser
humano?
27
Ampliando conhecimentos
Referências
ZARIFIAN, Philippe. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas,
Competências: o conceito e sua evolução histórica
2001.
28
Gabarito
1. O
s dois modelos são radicalmente opostos. O modelo taylorista-fordista en-
tendia o homem como uma máquina e seu papel na produção era limitado a
funções simples e repetitivas. O treinamento visava desenvolver sua destreza
para o aumento da produtividade e havia dois tipos de trabalhadores: os que
faziam e os que pensavam. O modelo de gestão por competências enxergava
o homem com um ser sistêmico e integrado e suas capacidades deveriam ser
desenvolvidas em conjunto, englobando o conhecimento, as habilidades e as
atitudes. Nesse modelo, a aprendizagem é fundamental e contínua e permite
que os trabalhadores possam desenvolver sua autonomia, criatividade e res-
ponsabilidade, pois o cliente, nesse modelo, exige essa postura.
29
Competências individuais
e organizacionais
Introdução
As competências não estão ligadas apenas às pessoas, mas também às organiza-
ções. É possível indagar: mas as organizações não são formadas por pessoas? Sim, as
organizações são formadas por pessoas, contudo, em relação às competências, exis-
tem algumas diferenças.
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Dutra afirma que, quando se coloca a organização e as pessoas lado a lado, verifi-
ca-se uma troca contínua de competências.
A organização transfere seu patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para
enfrentar novas situações profissionais e pessoais, na organização ou fora dela. As pessoas, ao
desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a organização seu aprendizado,
capacitando-a a enfrentar novos desafios. (DUTRA 2004, p. 24)
Competências individuais
Competências individuais estão ligadas às capacidades humanas. Essas capaci-
dades podem ser dons naturais das pessoas ou serem desenvolvidas pelo processo de
aprendizagem.
Domínio público.
da pronta é Mozart. Ele era uma criança prodígio. Nas-
cido em Salzburgo, Áustria em 1756, filho de uma famí-
lia musical, mostrou extraordinário dom para a música
desde a primeira idade. Aos cinco anos já compunha
obras musicais que espantava a realeza e a classe musi-
cal europeia. Antes de completar seis anos de idade seu
pai o levou para Munique, na Alemanha, onde tocou
para o príncipe da Baviera, Maximilian III, que era um
Competências individuais e organizacionais
32
para o desempenho adequado da atividade profissional. Fleury (2004, p. 31) relaciona
algumas competências individuais importantes para o profissional.
Saber agir
Todo o trabalho humano culmina com uma
Creative Suite.
ação. A capacidade de agir é fundamental para que
o profissional consiga resultados concretos na sua
atividade. Para agir corretamente, é preciso saber o
que se busca, quais são os objetivos da ação e por
que ela é importante. Para se atingir metas, é muito
comum o uso descontrolado de energia humana,
que muitas vezes fica dispersa, culminando com re-
sultados medíocres que frustram o profissional.
Colocar o foco naquilo que se busca, planejar o caminho para se atingir a meta,
saber escolher entre as possíveis alternativas e tomar decisões bem embasadas são
capacidades inerentes e necessárias à competência de saber agir.
Saber mobilizar
Toda a atividade profissional é composta pelo tra-
Adriane Baldini.
balho de várias pessoas, ou seja, de equipes. Logo, não
existe atividade humana que não dependa dos outros,
de uma interligação de ações dependentes, que juntas
formam os resultados esperados. Além de saber agir,
o profissional precisa saber mobilizar as pessoas, mos-
trando a importância do trabalho de todos para que a
33
Saber comunicar
Muitas vezes, o fracasso ou o sucesso do profissional
Inmagine.
está ligado ao processo de comunicação. Atualmente, a
quantidade de informações é enorme e a necessidade
de se manter atualizado faz com que muitos fatos impor-
tantes sejam tratados de forma inadequada, resultando
em mal-entendidos e conflitos que emperram o trabalho
humano.
Saber comunicar aquilo que se busca, os pontos críticos que merecem atenção e
como se pretende chegar ao objetivo final é uma competência fundamental do pro-
fissional. A comunicação deve ser clara, dinâmica e deve tocar positivamente o lado
emocional das pessoas para que dê bons resultados. Não basta saber aquilo que se
busca e como se pretende atingi-lo. É preciso que as outras pessoas também o saibam
e entendam a importância daquele projeto ou ação.
Saber aprender
Como as competências normalmente não aparecem prontas, é preciso desenvol-
vê-las. Isso exige o processo de aprendizagem. Saber aprender é uma competência ne-
cessária para que o profissional seja produtivo e eficaz no seu trabalho. A tecnologia
digital criou a possibilidade da existência da internet e das intranets – redes de informa-
ção particulares às empresas, que possuem normas, procedimentos, políticas e demais
informações necessárias à atividade profissional naquele ambiente organizacional.
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Saber comprometer-se
Para explicar o que é comprometimento,
Nani Gois.
pode-se usar como exemplo a elaboração de
um prato tradicional na cozinha norte-america-
na: ovos com bacon. Para produzi-lo, é necessá-
ria a utilização do porco e da galinha. A galinha
está apenas envolvida no processo, pois forne-
ce seus ovos e continua sua vida tranquilamen-
te. Já o porco está comprometido, pois fornece
sua carne e não continua vivo após isso. Esse simples exemplo mostra bem a diferença
entre envolvimento e comprometimento.
Creative Suite.
sabe que será parabenizado pelos bons resultados e
responsabilizado pelo fracasso. Assim funciona a ati-
vidade profissional, na qual somente são respeitados
aqueles que assumem a responsabilidade pelo seu
trabalho. Pessoas com essa postura trazem confiança
para a organização, que sente segurança em delegar
funções importantes ao profissional.
Competências individuais e organizacionais
No mundo corporativo, os riscos estão presen-
tes cada vez mais, em razão da concorrência acirra-
da, exigências dos acionistas, clientes e empregados.
O perfil do profissional desejado pelas empresas é
aquele que assume os riscos e as suas responsabili-
dades inerentes. Contudo, isso traz não apenas ameaças, mas também a possibilida-
de de reconhecimento do profissional, fazendo com que ele avance em sua carreira e
destaque-se perante o grupo.
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Ter visão estratégica
O que é visão estratégica? Júlio (2005,
Digital Juice.
p. 22), em seu livro sobre estratégia, utiliza a
história de Alice no País das Maravilhas para
explicá-la. Numa das passagens do conto,
Alice tenta fugir dos domínios da duquesa
e pergunta ao gato de Cheshire: “O senhor
poderia me dizer, por favor, qual o caminho
que devo tomar para sair daqui?”. O gato
responde: “Isso depende muito de aonde
você quer ir”. Alice diz: “Não me importa
muito para aonde...”. O gato, com um sorriso enigmático, profetiza: “Então, não importa
o caminho que você escolher”.
Qual a relação desse conto com a estratégia? A estratégia depende do profissional saber
aonde ele pretende chegar. Se isso não é claro, não existe estratégia que seja bem-sucedida.
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Se for considerado que apenas o conhecimento, as habilidades e as atitudes da
pessoa não são suficientes para avaliar sua competência, e sim o uso desse potencial
em um determinado contexto – que possui limitações, e, principalmente, o resulta-
do ou entrega produzido – é possível dizer que existe competência apenas quando
ela está em ação. Essa visão faz com que os sistemas de aprendizagem das empresas
devam ser revistos. Apenas verificar os gaps1 das pessoas e preparar um plano de trei-
namento e desenvolvimento torna-se um grande desperdício de tempo e dinheiro.
Competências organizacionais
As competências organizacionais são
Istockphoto.
formadas pela cultura da empresa e seus va-
lores. Também são compostas pela vocação
que a empresa criou durante o tempo em que
existe, fortemente influenciada pelos seus
fundadores e por todas as pessoas que por ela
passaram.
37
Para Fleury (2004, p. 32), as competências organizacionais podem ser entendidas
como um portfólio de recursos que possui:
Recursos financeiros;
Recursos humanos.
E
que através do processo de aprendizagem...
T
I
T
Istockphoto.
I
Competências individuais e organizacionais
38
Tipos de competências organizacionais
Zarifian (2001, p. 134) propõe a divisão das competências organizacionais em
competências de processos, técnicas, de serviços e sociais.
Competências técnicas – estão ligadas à escolha dos aspectos técnicos que condu-
zirão ao melhor desempenho produtivo e retorno econômico esperado. Significa
maximizar a eficiência produtiva com o melhor uso de recursos para a produção
com qualidade e desempenho adequados.
Competências essenciais
Prahalad e Hamel (apud FLEURY, 2004, p. 33) deram uma contribuição significativa
à teoria de competências ao criarem o conceito de “competências essenciais” ou core
competences. Para os autores, as organizações possuem diversas competências organi-
zacionais, mas apenas algumas garantem vantagens competitivas sustentáveis.
39
As competências essenciais oferecem reais benefícios aos consumidores. Para
uma empresa de fast food, uma competência essencial é a agilidade no atendimento,
pois o consumidor possui essa expectativa ao escolher um restaurante desse tipo.
Comstock Complete.
Estão ligados à essência do negócio e diferenciam a
empresa perante a concorrência. Uma empresa que
possui um atendimento diferenciado e reconhecido
pelos consumidores, possui uma competência cons-
truída na trajetória da empresa, no seu processo de
evolução e na sua bagagem organizacional acumula-
da. A concorrência terá muita dificuldade para imitar
algo que foi construído pela cultura e não é possível
de ser assimilado rapidamente.
(ROZA, 2006)
“Nada na vida acontece por acaso. Sem trabalho, dedicação, empenho e perseverança. Sem que
você viva o dia a dia já projetando para o futuro. Sem ambição. Sem amor às pessoas e a tudo
que se faz”.
Competências individuais e organizacionais
40
Pois bem, fui convidado por ele para participar de sua rodada diária de renas-
cimento e confirmação da filosofia das Casas Bahia, onde cliente é chamado de fre-
guês. E cartão de crédito não entra. Lá vale o bom e velho carnê. E muito tato, cari-
nho e sinceridade no trato com os consumidores emergentes.
Músico por formação, Celso Amâncio vira um maestro das emoções. Cita his-
41
Na falta de um comprovante de endereço, o analista de crédito das Casas Bahia
aprende, na pregação de Celso Amâncio, a localizar um vizinho que tenha telefone.
Liga, conversa com o amigo do freguês, confirma o endereço e abre mais um acesso
a um futuro consumidor.
Tudo tem que ser simples na negociação e aprovação do crédito. Nos gestos, na
fala, no aperto de mãos e, se necessário, no abraço. E que vira crédito bom, com bai-
xíssimos índices de inadimplência. A tecnologia foi amadurecida por Celso Amâncio
a cada dia dos últimos 28 anos: “Nossos profissionais se transformam em avalistas
emocionais dos nossos fregueses”, afirma.
O texto sobre as Casas Bahia é ilustrativo para o estudo das competências indi-
viduais, organizacionais, essenciais e da estratégia competitiva das empresas.
A vocação para a liderança no varejo voltada às classes de baixa renda fez com
que as Casas Bahia adotasse como estratégia competitiva a venda de móveis e ele-
trodomésticos populares em alta escala e com fácil acesso ao crédito às classes de
baixa renda.
42
Finalmente, o processo de aprendizagem. Nas Casas Bahia o conhecimento
mais utilizado é o tácito, ou seja, aquele adquirido na prática, na vivência do dia a
dia. Essa forma de conhecimento é muito poderosa e constrói a cultura da empresa.
O uso de teorias acadêmicas do comportamento do consumidor não parece ser o
foco da empresa, em virtude de sua vocação popular. O que importa é que haja
um ambiente que estimule o aprendizado e que permita às pessoas “entregarem”
os resultados das suas competências, que no caso em questão é representado pela
venda de milhares de móveis e eletrodomésticos anualmente.
Casas Bahia
Estratégia Competitiva: vendas de móveis e eletrodomésticos populares em
alta escala e com fácil acesso ao crédito às classes de baixa renda.
Jonas Tomazini.
com fornecedores.
43
de companhias como Unilever, Philips e IBM. Um dos mais conceituados professores
da Universidade de Michigan, Prahalad está entre os maiores estudiosos do mundo do
tema competição. Autor de cinco livros sobre o assunto (e de outros 20 artigos), ele
lançou as bases da competição moderna com o ensaio The Core Competence of the
Corporation, publicado em 1990. Nele, o autor indiano sustenta que as empresas
devem centrar seus esforços somente nas áreas em que possuem vantagens competi-
tivas. Com a morte de Peter Druker, Prahalad tornou-se, segundo a revista americana
Business Week, a figura mais influente do mundo dos negócios. Sua obra mais recente,
O Futuro da Competição, é citada com entusiasmo por executivos de empresas do
porte de Microsoft, Philip Morris e Citigroup. Por telefone, Prahalad concedeu a se-
guinte entrevista a Exame.
44
almente empenhado em desenvolver novos produtos e serviços. Ou seja, em gerar
mais caixa para a companhia. Mas eles não fazem isso tentando comer o fígado de
quem trabalha ao lado deles. Eles têm a perfeita noção de que a disputa se dá entre
o Google e os outros – e não entre eles mesmos.
C.K. Prahalad – Antes de mais nada, é preciso entender que não se trata sim-
plesmente de instaurar uma cultura de competição, em que um quer – ou tem de
querer – o lugar do outro. Trata-se de abrir espaço para que o funcionário atinja um
alto grau de excelência pessoal e profissional. Qualquer pessoa gosta de ultrapassar
os próprios limites, de chegar aonde ninguém chegou. O que vai motivá-la é jus-
tamente a possibilidade de se tornar um profissional mais completo, até para ser
mais valorizado no trabalho. O maior desafio, na minha opinião, não é estimular as
pessoas a competir, mas, sim, fazê-las cooperar.
C.K. Prahalad – Não necessariamente. Competir é ótimo, mas não adianta ter
um time vencedor se ele não trabalha também pelo progresso do todo. Não se pode
esquecer que o foco é o crescimento da empresa, não do executivo. Cada vez mais
as empresas têm atrelado o bônus de seus executivos ao desempenho da compa-
nhia, e não somente à performance pessoal. Mesmo os bancos de investimento, os
mais competitivos e agressivos do mundo, estão começando a adotar essa prática.
Isso não significa que desempenhos variados terão prêmios iguais, mas, sim, que as
metas serão desdobradas, de uma maneira que a competição interna – e legítima –
não atrapalhe os objetivos da companhia.
45
e que possam adicionar valor ao negócio. As questões mais burocráticas deveriam
ficar em segundo plano.
C.K. Prahalad – A princípio, talento não tem nada a ver com competição. Uma
pessoa talentosa é aquela capaz de enxergar o que outras não veem. E isso ocorre in-
dependentemente de quem está à sua volta. Bill Gates não criou a Microsoft porque
estava competindo com alguém. Ele simplesmente enxergou uma oportunidade di-
ferente para criar um negócio novo. No entanto, o ideal é unir as duas coisas. Ter talen-
to é bom, mas é importante ter autoconfiança e muita persistência também.
EXAME – Que tipo de características uma pessoa tem de ter para sobrevi-
ver num ambiente de alta competição?
movidas a desafios. É como um vício. Elas precisam ser instigadas o tempo todo.
EXAME – Como funciona a mente dessas pessoas? Como elas lidam com a
derrota, por exemplo?
46
EXAME – E qual é o limite dessa obstinação? Quando a competição começa a
ser prejudicial?
Atividades
47
2. O que são competências organizacionais?
Competências individuais e organizacionais
48
.
49
Ampliando conhecimentos
DUTRA, Joel Souza. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas
na empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004.
Referências
JÚLIO, Carlos Alberto. A Arte da Estratégia: pense grande, comece pequeno e cresça
rápido. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
MEYER, Carolina. Entrevista com Prahalad. Publicado em: 08 jun. 2007. Disponível
em: <www.agenegocios.com.br/new/a.asp?a=2&c=143>. Acesso em: mar. 2008.
ROZA, Marcos. Recriar o Vínculo com os Fregueses todos os Dias. Publicado em: 22
Competências individuais e organizacionais
ZARIFIAN, Philippe. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas,
2001.
50
Gabarito
2. São as qualidades presentes nas empresas, geradas pela sua história, cultura e
valores. Estão ligadas à vocação da empresa e à sua estratégia competitiva. Os
fundadores e demais colaboradores das empresas influenciam na criação das
competências organizacionais, pois são eles que formam a cultura organizacio-
nal.
51
Competências, estratégia competitiva e
educação corporativa
Introdução
As competências são capacidades humanas indivi-
Inmagine.
duais ou consolidadas na organização por meio de sua
cultura e vocação. Sua simples existência não garante um
diferencial competitivo para as empresas. É necessário
que ocorra o processo de entrega, que significa a gera-
ção dos resultados esperados, de forma alinhada com
a estratégia competitiva da organização. Dessa forma,
nota-se uma estreita relação entre as competências (indi-
viduais e organizacionais) e a estratégia competitiva das
empresas.
53
Estratégias competitivas
Fleury (2004, p. 58) afirma que todas as empresas possuem competências relacio-
nadas a três diferentes funções: operações (produção e logística), desenvolvimento de
produtos ou serviços (pesquisa e desenvolvimento ou P&D) e comercialização (vendas
e marketing). Uma das três funções será predominante em cada empresa, dependen-
do do seu tipo de negócio.
excelência operacional;
produtos inovadores;
Competências, estratégia competitiva e educação corporativa
Excelência operacional
Istockphoto.
1
Commodity é uma palavra do idioma inglês que significa mercadoria e na Ciência Econômica é entendida como um produto padronizado em relação às suas
características e preço, oferecido de forma similar pelo mercado. Cereais, como trigo e soja são considerados commodities, mas produtos padronizados da
indústria, como roupas, eletrodomésticos e automóveis também podem ser considerados assim.
54
Empresas que trabalham em linha de produção são exemplos típicos da estratégia de
excelência operacional. Grande parte da indústria utiliza essa estratégia, como a indústria
automobilística, de computadores, de eletroeletrônicos e até mesmo as redes de fast-food.
É possível citar exemplos como a Toyota, a Dell e o McDonalds, entre muitos outros.
Função central
55
Competências essenciais e individuais da excelência operacional
Todas as competências organizacionais ligadas a operações podem ser considera-
das essenciais nessa estratégia competitiva. Exemplos:
facilidade de negociação;
(CARVALHO, 2005)
56
gredo? Cada esfiha custa 39 centavos de real, 20 centavos a menos que o preço suge-
rido pela matriz aos franqueados. “O grande volume nos permite manter o preço
baixo”, diz Wellington Almeida Junior, dono da loja. Graças a Almeida e aos donos das
demais 260 lojas Habib’s espalhadas por 15 estados, a cadeia deverá alcançar 800 mi-
lhões de reais de faturamento em 2005, 160% mais que há cinco anos.
57
Produtos inovadores
A estratégia competitiva dos produtos inovadores é
Creative Suite.
escolhida por aquelas empresas que procuram surpreen-
der os clientes com seus produtos, seja pelo seu design ou
pelas suas funcionalidades. O público de empresas inova-
doras é o chamado new adopters, ou seja, aquelas pessoas
que buscam comprar novos produtos antes da maioria das
pessoas, pagando um preço mais caro, mas tendo acesso de
forma pioneira a novos conceitos e tecnologias.
Isso vale para equipamentos portáteis multifuncionais, bicicletas com design arro-
jado ou mesmo tênis com sistema de amortecimento inovador para atletas ou mesmo
para corredores de final de semana. Empresas do segmento de Tecnologia da Informa-
ção (TI), como a Intel e a Microsoft, de internet, como o Google, ou de bens de consu-
mo, como a 3M e a Sony são exemplos de inovação.
58
Função central
Foco central da empresa para
o desenvolvimento de novos
conceitos e funcionalidades
Desenvolvimento em seus produtos
Foco no marketing
de nichos, para
Foco nas especifi- detectar clientes
cações recebidas Operações Comercialização
potenciais dos seus
de P&D produtos inovadores
criatividade;
59
Exemplo brasileiro de produtos inovadores
Embraer: não basta vender avião
(SANTANA, 2007)
Istockphoto.
gulhar no mercado de aviação executi-
va e anunciou seus novos projetos de
jatos, em outubro de 2005, seus enge-
nheiros têm enfrentado missões insóli-
tas para quem até então só pensava em
aerodinâmica e velocidade. Os cérebros
da empresa tiveram, por exemplo, de
engendrar fórmulas capazes de aco-
modar sacolas de golfe e pares de esqui
em um minibagageiro de pouco mais de 1 metro cúbico. A equação, absolutamente
supérflua nos projetos de aeronaves comerciais com os quais a Embraer fez história,
pode ser decisiva para atrair o público que a empresa agora tenta seduzir: gente que
busca um jatinho para chamar de seu e que movimenta em todo o mundo um merca-
do de 17 bilhões de dólares por ano.
“Nossa marca ainda não tem força, mas estamos trabalhando muito para mudar
essa situação”, diz o engenheiro Frederico Curado, presidente da Embraer. Os planos
de Curado são que, com a venda dos jatos Phenom (o primeiro a sair da fábrica fez seu
voo inaugural no final de julho) e Lineage, a aviação executiva torne-se responsável
por quase 20% da receita da empresa em três anos. Em 2006, o setor respondeu por
15% dos 8,3 bilhões de reais faturados. Para chegar a esse resultado, a Embraer terá de
fazer mais do que projetar jatos que tenham espaço para acomodar sacolas de golfe.
60
Orientação para o cliente
As empresas que utilizam a estratégia competi-
Comstock Complete.
tiva orientação para o cliente possuem um modo es-
pecial de se relacionar com seus clientes. Cada cliente
é único para essas empresas, que buscam atender às
suas necessidades individuais. Isso faz com que as
oportunidades de relacionamento sejam muito im-
portantes para as empresas, que precisam entender
amplamente as expectativas de seus clientes para
atendê-las de forma personalizada.
61
Função central
Foco central da empresa no
relacionamento com seus
clientes que são tratados
Comercialização como únicos
Foco na produ-
ção para clientes Desenvolvimento de
Desenvolvimento soluções sob medida
específicos, de Operações
forma muitas vezes
artesanal
encantar o cliente;
Competências, estratégia competitiva e educação corporativa
Igualmente aos casos anteriores, a área de Recursos Humanos criará uma equipe
com competências individuais alinhadas às competências organizacionais. Nesse caso,
a facilidade no relacionamento será uma competência decisiva, entre outras:
62
Exemplo brasileiro de orientação para o cliente
Plusoft: apoio à gestão do relacionamento
(PLUSOFT, 2008)
63
Finalmente, a área de suporte fixa os conceitos do sistema para que se obtenha
um melhor aproveitamento da ferramenta, e evite que o cliente se depare com dificul-
dades. O suporte pretende ser a área de apoio ao cliente no momento da implantação,
cuja prioridade é auxiliá-lo nos pontos de maior dificuldade, tornando o processo de
implantação menos complicado. Além disso, o setor quer manter a qualidade do ser-
viço prestado e o cliente satisfeito durante todo o projeto.
A educação corporativa
O conceito de competências, estra-
Comstock Complete.
tégia competitiva e educação corporativa
deve ser analisado em conjunto por estas
serem peças integrantes do mesmo con-
junto, que possui a finalidade de destacar a
organização perante a concorrência.
64
tivesse de se tornar flexível e criaram a necessidade de um novo perfil do trabalhador:
mais preparado, comprometido e preocupado com seu autodesenvolvimento. Essas
novas condições, além de criarem a gestão por competências, alinhada com a estra-
tégia competitiva das organizações, criou também a preocupação com um ambiente
voltado ao aprendizado para que as competências se desenvolvam. Isso fez com que os
antigos centros de T&D fossem substituídos por um novo modelo educacional nas em-
presas, baseado no desenvolvimento contínuo das competências humanas necessárias
ao cumprimento de suas estratégias competitivas.
Eboli (2004, p. 52) afirma que o sistema de educação corporativa integra a gestão
por competências, o processo de aprendizagem e a gestão do conhecimento das em-
presas. Para a autora, a empresa, ao criar um sistema de educação corporativa, deve
responder a três questões-chave:
65
(EBOLI, 2004, p. 53)
Educação corporativa
Educação
corporativa
Instalar a mentabilidade e
Estimular e potencializar a a atitude de aprendizagem
inteligência empresarial contínua em todos os ní-
veis: empresa, liderança e
pessoas.
Texto complementar
66
Para tanto, foram contempladas na nova estrutura várias escolas de ciências e
tecnologias, como Abastecimento, Gás e Energia, Engenharia e demais Tecnologias
(TI, TCOM etc.) e uma Escola de Gestão e Negócios. A nova UP tem uma coordenação
exclusiva para a Área Internacional, que se articula de forma matricial com suas es-
colas, para um atendimento rápido e eficaz. Outra coordenação de destaque cuida
apenas dos cursos de formação, porta de entrada dos novos profissionais da com-
panhia, via concurso público.
Outra área que passa por uma profunda reformulação é a de Ensino a Distân-
cia, hoje chamada de campus virtual, que está sendo redesenhada para trabalhar
com programas educativos multimeios, agora voltados para as reais necessidades
da companhia. Também foi criada uma gerência para atender parte da capacitação
do SAP R/3 e outra de suporte à gestão, responsável pela controladoria e pela imple-
mentação e acompanhamento do novo modelo de gestão da UP.
67
as ciências sociais e humanas) e as tecnologias nas atividades desenvolvidas pela
companhia. Comitês internos permanentes estão sendo criados para implantar e
monitorar as diversas frentes de trabalho que estão sendo desenvolvidas de forma
matricial”, explica Brito.
Mudança de perfil
O corpo docente da UP conta
Allan Patrick.
hoje com 56 professores permanen-
tes, entre doutores, mestres e espe-
cialistas, além de aproximadamente
600 professores visitantes, oriundos
das mais diversas áreas técnicas da
companhia. Além disso, naquelas
áreas onde a Petrobras não detém a
expertise, tais como administração,
economia, análise de sistemas etc.,
Competências, estratégia competitiva e educação corporativa
68
Um “novo” gerente Petrobras
No novo formato da UP, ganha força a Escola de Gestão e Negócios, que tem
a incumbência pioneira de formar profissionais para enfrentar os desafios de um
mercado altamente estruturado e competitivo. Essa ênfase na gestão econômico-
financeira, de pessoas e processos, é imperiosa para que a companhia possa ter um
posicionamento sustentável por longo prazo, lembra Brito.
69
Atividades
70
3. Por que a estratégia produtos inovadores está intimamente ligada à educação
corporativa?
71
Ampliando conhecimentos
EBOLI, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Gente,
2004.
Referências
CARVALHO, Denise. A Receita do Habib’s. Publicado em: 16 nov. 2005. Disponível em:
<portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0856/negocios/m0078633.html>.
Acesso em: 10 abr. 2008.
CASE PETROBRAS. Renovação aos 50 Anos. Publicado em: nov. 2005. Disponível em:
<www.visionary.com.br/case/case_petrobras.doc>. Acesso em: 10 abr.2008.
EBOLI, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Gente,
2004.
Atlas, 2004.
SANTANA, Larissa. Não Basta Vender Avião. Publicado em: 09 ago. 2007. Disponí-
vel em: <http://portalexame.com.br/revista/exame/edicoes/0899/gestaoepessoas/
m0135417.html>. Acesso em: 10 abr.2008.
72
Gabarito
73
O sistema de mapeamento de
competências nas organizações
Introdução
O processo de mapeamento das compe-
Inmagine.
tências é útil para as empresas refletirem sobre
como estão conduzindo os seus negócios, se
sua estratégia está alinhada com a sua vocação,
se seus colaboradores possuem o perfil neces-
sário aos seus negócios e como traçar um plano
de gestão de pessoas que a ajude a contratar
as pessoas corretas, desenvolvê-las de forma
adequada, avaliá-las por suas capacidades e re-
sultados gerados e, finalmente, recompensá-
-las de forma justa.
Na discussão sobre a missão, visão e valores da empresa, fica claro qual é a sua
estratégia competitiva, que é a forma como a empresa se posiciona no mercado e dirige
os seus esforços. Segundo Fleury (2004, p. 59), existem três estratégias competitivas:
excelência operacional, produtos inovadores e orientação para o cliente.
75
Após a empresa ter clara qual a sua estratégia, fica fácil definir os seus objetivos, ou
seja, quais ações ela irá desenvolver para que sua missão, visão e valores se concretizem
baseados na sua estratégia.
Finalmente, resta definir como as pessoas que trabalham naquela organização devem
ser para que a empresa atinja os seus objetivos. Isso significa definir as competências or-
ganizacionais e individuais daquela empresa. Após as competências terem sido definidas,
ocorre o processo de mapeamento, que significa avaliar a aderência atual do perfil das
pessoas às competências necessárias.
nico a usuários de informática e telecomunicações, por telefone ou via acesso remoto, com
o objetivo de resolver todos os incidentes e problemas que os clientes pudessem ter. Esse
tipo de serviço é conhecido no mercado por Help Desk.
76
A empresa sempre teve uma cultura familiar, que pode ser percebida pela forma-
ção do seu corpo gerencial.
Istockphoto.
Osmar está na empresa desde a sua fundação e sempre procu-
rou manter um bom relacionamento com seus clientes – que
são visitados constantemente – apesar de não aumentarem o
nível dos serviços contratados e nos últimos anos procurarem
outros fornecedores além da PWD.
77
Mapeamento de competências: fase estratégica
Comstock Complete.
A fase estratégica é baseada na cultura da em-
presa e na definição de onde ela pretende chegar no
curto e no longo prazo. A empresa de consultoria Per-
sonal coordenou reuniões com a direção da empresa
PWD, representada pelo seu presidente e os gerentes
das áreas, para que a empresa definisse inicialmente
sua missão, visão e valores.
Missão da PWD
A missão da empresa é a sua razão de ser. Representa sua vocação, aquilo na qual
ela se destaca, a essência dos seus negócios.
A missão deixa claro qual deve ser o foco da empresa. A missão definida não está
totalmente alinhada com os negócios atuais da PWD. Isso explica porque a empresa
vem encontrando problemas, pois não está focada integralmente naquilo que sabe
fazer de melhor. A PWD, ao definir como produto “soluções customizadas em Tecnolo-
gia da Informação” abre caminho para diversificar suas atividades e mudar sua estraté-
gica competitiva.
O sistema de mapeamento de competências nas organizações
Visão da PWD
Rafael Zotz.
78
Valores da PWD
Valores declarados são aqueles que são aspirados, mas que não necessariamente
existem de forma disseminada na empresa. Por exemplo, a empresa pode declarar que
a ética é um valor fundamental, mas na prática pode estar sendo consumida por um
ambiente de boatos e jogos de poder.
Valores reais são aqueles que realmente fazem parte da cultura da empresa,
mesmo que ela não os divulgue. Por exemplo, a empresa pode ser dominada pela des-
confiança, mas ela certamente divulgará que a confiança é seu valor fundamental. Esse
tipo de conflito de valores dentro das empresas é mais comum do que se imagina e
explica um dos motivos que emperra o processo de mudança nas organizações: a difi-
culdade de eliminar valores limitantes e promover valores transformacionais.
profissionalismo;
responsabilidade social;
diversidade;
inovação.
Apesar de, na prática, a PWD possuir dificuldades para viver plenamente seus va-
lores declarados, ao publicar seus valores aspiracionais a empresa direciona seu foco
para os valores que a ajudarão a mudar e a crescer.
Estratégia competitiva
Existem basicamente três tipos de estratégia competitiva: excelência operacional,
produtos inovadores e orientação para o cliente. Excelência operacional é utilizada prin-
cipalmente por empresas que possuem produção em massa e padronizada, onde os pro-
79
cessos, o preço e a qualidade são o principal foco. Produtos inovadores estão presentes
em empresas movidas pela inovação e pelo desenvolvimento constante de novos produ-
tos, tecnologicamente avançados. Orientação para o cliente é a estratégia das empresas
que atuam principalmente no setor de serviços, fornecendo soluções customizadas aos
seus clientes, com os quais buscam o relacionamento duradouro que lhes traz vantagens
comerciais e financeiras.
Objetivos estratégicos
Istockphoto.
Os objetivos de uma organização exis-
tem em diversos níveis. Quando a empresa
centraliza sua atenção nos seus objetivos es-
tratégicos, está falando das ações que deverá
implantar para que sua missão, visão e valores
realmente ocorram alinhados à sua estratégia
competitiva.
80
A fase estratégica do mapeamento de competências representa um pacto da em-
presa para que ela possa preparar seus colaboradores para alcançar seus objetivos.
Digital Juice.
Comstock Complete.
Istockphoto.
Istockphoto. Competências
Comstock Complete.
81
As competências organizacionais da PWD são:
82
Método simplificado para definição de competências individuais
As organizações possuem diversas funções e cada uma delas possui várias com-
petências individuais. O método simplificado para definição das competências indivi-
duais consiste em criá-las a partir das competências organizacionais definidas anterior-
mente. Esse método é bastante útil para se definir as competências gerais e gerenciais,
que depois podem ser complementadas pelas competências técnicas específicas de
cada função.
83
Osmar Dias – Gerente comercial
Istockphoto.
Competências técnicas:
Competências técnicas:
Competências técnicas:
Competências técnicas:
84
A avaliação por competências é um processo subjetivo e leva-se em conta a per-
cepção dos avaliadores. Uma forma de avaliação muito utilizada atualmente é a avalia-
ção 360 graus, em que a pessoa é avaliada pelo seu superior, seus pares e seus subordi-
nados. Isso possibilita uma visão mais completa do desempenho da pessoa avaliada.
Cada avaliador deu notas de 1 a 5 para o uso de cada competência pelo avaliado,
seguindo os seguintes critérios:
Nunca
Raramente
Às vezes
Frequentemente
Sempre
Cada avaliador define uma nota para cada competência, em relação à pessoa
avaliada. Na tabela resumo, todas as notas dos avaliadores, para cada competência,
são dispostas em colunas e somadas. Em seguida é feita a divisão do total de pontos
obtidos pelo total possível de pontos para se ter a nota relativa ou percentual de cada
avaliado por competência.
85
A seguir, as avaliações dos quatro gerentes da PWD.
Istockphoto.
Osmar Dias
Gerente
comercial
Total
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Compe- de
Total
tências Tipo de pon- Per- Avalia-
de
individuais compe- tos/ centual ção ade-
pon-
equivalen- tência Total atingido quada?
tos
tes possí-
vel
Atuação geral 3 4 3 5 15 0,75 75% sim
de forma
criativa sem
medo de
arriscar
Desenvol- geral 2 4 3 5 14 0,7 70% não
vimento
constante
de novas
soluções
Proatividade geral 3 2 4 4 13 0,65 65% não
Capacidade geral 5 3 4 4 16 0,8 80% sim
de tratar o
cliente como
ele deseja
O sistema de mapeamento de competências nas organizações
ser tratado
Busca o gerencial 4 3 4 5 16 0,65 80% sim
trabalho em
equipe e a
participação
de todos
86
Osmar Dias Istockphoto.
Gerente
comercial
Total
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Compe- de
Total
tências Tipo de pon- Per- Avalia-
de
individuais compe- tos/ centual ção ade-
pon-
equivalen- tência Total atingido quada?
tos
tes possí-
vel
Criação de gerencial 3 2 3 5 13 0,55 65% não
equipes
multidisci-
plinares
Estudo cons- gerencial 3 2 2 4 11 0,8 55% não
tante das
tendências
de mercado
87
competência técnica específica de Osmar e fundamental para que a PWD atinja seus
objetivos, a avaliação não foi considerada satisfatória.
Comstock Complete.
Regiane de
Almeida
Gerente ad-
ministrativo-
financeira
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Total de
Compe- Total
Tipo de pontos/ Per- Avaliação
tências de
compe- Total centual adequa-
individuais pon-
tência possí- atingido da?
equivalentes tos
vel
88
Comstock Complete.
Regiane de
Almeida
Gerente ad-
ministrativo-
financeira
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Total de
Compe- Total
Tipo de pontos/ Per- Avaliação
tências de
compe- Total centual adequa-
individuais pon-
tência possí- atingido da?
equivalentes tos
vel
89
Istockphoto.
Sérgio
Takashi
Gerente de
Tecnologia
da Informa-
ção
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Competên- Total de
Tipo de Per- Avalia-
cias individu- Total de pontos/
competên- centual ção ade-
ais equiva- pontos Total
cia atingido quada?
lentes possível
trabalho em
equipe e a
participação
de todos
Criação de gerencial 3 4 4 5 16 0,8 80% sim
equipes
multidiscipli-
nares
90
Istockphoto.
Sérgio
Takashi
Gerente de
Tecnologia
da Informa-
ção
Comstock Complete.
Digital Juice.
Istockphoto.
Istockphoto.
Competên- Total de
Tipo de Per- Avalia-
cias individu- Total de pontos/
competên- centual ção ade-
ais equiva- pontos Total
cia atingido quada?
lentes possível
91
Comstock Complete.
Mirella
Rosini
Gerente de
Recursos
Humanos
Digital Juice.
Istockphoto.
Comstock Complete.
Istockphoto.
Compe-
Total de
tências Tipo de Per- Avalia-
Total de pontos/
individuais compe- centual ção ade-
pontos Total
equivalen- tência atingido quada?
possível
tes
92
Comstock Complete.
Mirella
Rosini
Gerente de
Recursos
Humanos
Digital Juice.
Istockphoto.
Comstock Complete.
Istockphoto.
Compe-
Total de
tências Tipo de Per- Avalia-
Total de pontos/
individuais compe- centual ção ade-
pontos Total
equivalen- tência atingido quada?
possível
tes
A gerente de Recursos Humanos Mirella Rosini recebeu uma avaliação com pre-
dominância de resultados insatisfatórios. A área de Recursos Humanos é considerada
estratégica na condução de mudanças culturais da empresa. A capacidade de Mirella em
assumir riscos, presente na competência “Atuação de forma criativa sem medo de arriscar” não
foi considerada satisfatória, o que é preocupante para uma empresa que está passando por
mudanças e precisa da área de Recursos Humanos liderando o processo.
Resta uma pergunta: o que fazer a seguir? Com o resultado das avaliações, a empresa
irá preparar seu plano de desenvolvimento humano, com investimentos em treinamento,
desenvolvimento de carreira e programas educacionais voltados à liderança e aos níveis
operacionais.
Texto complementar
Digital Juice.
petências para otimizar o desempenho dos colaborado-
O sistema de mapeamento de competências nas organizações
Se antes mapear competências parecidas era uma tarefa difícil de ser cumpri-
da, hoje a área de Recursos Humanos encontra à sua disposição ferramentas que
facilitam consideravelmente esse trabalho. Um exemplo de recurso que vem sendo
utilizado no mercado é o Inventário Comportamental para Mapeamento das Com-
petências – uma metodologia que viabiliza a implantação da gestão por compe-
tências de forma rápida e eficaz. Segundo Rogério Leme, criador da metodologia e
94
diretor da AncoraRh Informática, essa ferramenta permite que as empresas tenham
uma considerável economia na etapa “burocrática” da implantação do processo. Essa
economia, oferecida pela metodologia, pode ser transferida para a etapa de resulta-
dos do processo, que corresponde ao treinamento e ao desenvolvimento dos cola-
boradores de forma muito mais rápida do que ocorre nos processos tradicionais.
95
que é chamada “gosto/não gosto/o ideal seria”. Da consolidação desses, por sua vez,
são identificados os indicadores de competências que a empresa precisa e, conse-
quentemente, as competências organizacionais são visualizadas de forma natural e
com foco na realidade da companhia.
A partir desse ponto, são determinados quais desses indicadores serão neces-
sários para cada função, chegando ao nível de competências da função. Vale salien-
tar que a transformação desses indicadores, realizada através de questionamentos
feitos aos colaboradores, possibilita um processo de avaliação com foco em compe-
tências. “Um resumo do Inventário Comportamental para Mapeamento das Com-
petências foi registrado no livro Ferramentas de Avaliação de Performance com Foco
em Competências, de Maria Odete Rabaglio. Em breve, todos os detalhes dessa me-
todologia estarão disponíveis em meu livro que será lançado nos próximos meses,
Aplicação Prática de Gestão de Pessoas com foco em Competências, bem como através
dos treinamentos que venho ministrando sobre a metodologia”, comenta Rogério
Leme.
mento sob medida, com foco em competências. Isso significa que não haverá perda
de dinheiro com treinamentos indevidos e o colaborador terá maior eficiência em
sua função, sendo capaz de executá-la melhor, o que também significa empregabi-
lidade”, finaliza o diretor da AncoraRh Informática.
Atividades
96
2. Destaque aspectos da empresa fictícia PWD que representam ameaças à sua
sobrevivência.
97
4. Por que a avaliação 360 graus é uma forma interessante de avaliação?
O sistema de mapeamento de competências nas organizações
98
Ampliando conhecimentos
Referências
1. Missão é a razão de ser da empresa, sua vocação. A visão mostra aonde a em-
presa pretende chegar nos próximos anos e representa uma atitude visionária
da sua direção. Os valores são crenças fundamentais da empresa, que norteiam
suas ações. Nem todos os valores declarados são realmente vividos pelas orga-
nizações, o que mostra suas contradições.
2. A empresa PWD é uma empresa familiar com poder centralizado em poucas pes-
soas. Toda a direção da empresa possui laços familiares, o que pode levar ao nepo-
tismo, que é o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualifi-
cadas para a função exercida. Essa prática é muito comum em empresas familiares
e representa um dos seus maiores riscos. Por ser uma empresa fechada e com o
99
poder centralizado, a empresa começa a sentir sua participação de mercado ame-
açada. Isso faz com que deva procurar mudar sua cultura e estratégia, o que foi
mostrado no exemplo da aula.
100
Competências, gestão de carreiras e
sistemas de Recursos Humanos
Introdução
As competências humanas in-
Comstock Complete.
dividuais são capacidades natas ou
desenvolvidas pelas pessoas durante
a sua jornada profissional. A combina-
ção das competências humanas com
os valores humanos forma a essência
da pessoa, aquilo que a conduz duran-
te sua vida. Esse processo é dinâmico
e evolutivo, porque no decorrer da
jornada humana, ocorre o processo de
amadurecimento, em razão das diver-
sas competências que são desenvolvidas, das experiências acumuladas e do autoco-
nhecimento, que alteram os valores e os objetivos de cada pessoa.
organizações.
103
empresa bons profissionais, que tragam resultados esperados pela empresa. Os princi-
pais sistemas de Recursos Humanos são:
Recrutamento e seleção.
Treinamento e desenvolvimento.
Remuneração.
Avaliação de desempenho.
Gestão de talentos.
104
Um profissional que possui a comunicação eficaz como uma competência bem
desenvolvida e que acredita na importância do relacionamento humano para o su-
cesso das organizações precisa refletir se sua profissão atual está coerente com seu
repertório de competências e valores e se a empresa para a qual trabalha comunga
dos mesmos valores que o impulsionam. Muitas carreiras emperram quando essa ava-
liação não é feita. Quando as pessoas acreditam que a carreira é algo que não precisa
ser gerida e que pode ser desenvolvida ao acaso.
Comstock Complete.
Istockphoto.
Valores:
integração humana
Comstock Complete.
Competência: Carreira:
comunicação eficaz gestão de comunicação
corporativa
Âncoras de carreira
O conceito de “âncora de carreira” foi desenvolvido por Edgar Schein (SCHEIN,
1993), estudioso norte-americano sobre cultura organizacional e gestão de carreiras,
por meio de entrevistas com profissionais em sua fase de estudantes e na fase profis-
sional, isto é, no decorrer das suas carreiras. O termo “âncora” vem da tentativa das pes-
soas em se fixarem naquela carreira que melhor atende aos seus anseios interiores.
Fatores externos podem fazer a pessoa exercer uma ocupação diferente daquela
coerente com a sua âncora de carreira, mas essa situação
Competência técnica/funcional
As pessoas técnica e funcionalmente ancoradas
Istockphoto.
buscam a especialização nas suas carreiras. Aceitam fun-
ções de gestão, desde que estejam ligadas à sua área de
Competências, gestão de carreiras e sistemas de Recursos Humanos
capacidade analítica;
criatividade;
106
Competência para gerência geral
Comstock Complete.
As pessoas que possuem como âncora a competên-
cia para gerência geral buscam se tornar gestores de alta
hierarquia e possuem ambição para ascenderem na pirâ-
mide organizacional e para assumirem maiores respon-
sabilidades e poder político. São diferentes das pessoas
com âncora técnica/funcional porque têm a especializa-
ção, que lhes dificultará o crescimento na organização.
liderança;
Inmagine.
As pessoas com âncora na autonomia/independência
não toleram se sujeitar a regras estabelecidas por outras
pessoas, horários fixos, códigos de conduta e outros tipos de
controle. Querem fazer as coisas à sua maneira, no seu ritmo
e no seu padrão de organização. Para essas pessoas, a vida
organizacional é restritiva e invasora da sua vida pessoal. Pre-
ferem trabalhos que lhes deem autonomia e a sensação de
que comandam os seus próprios destinos.
Essas pessoas são atraídas para um trabalho autônomo, podendo se tornar em-
preendedores, consultores ou mesmo professores. Em organizações formais, buscarão
trabalhar em vendas externas ou gerenciar unidades distantes da matriz. Quanto à re-
muneração, preferem o pagamento imediato e outras formas de remuneração sem
vínculos e o sistema de reconhecimento que buscam deve lhes proporcionar maior
liberdade e autonomia.
107
Competências individuais associadas:
capacidade de adaptação;
flexibilidade;
autonomia.
Segurança/estabilidade
Pessoas ancoradas na segurança/estabilidade precisam organizar sua carreira
para que se sintam seguras. Querem poder prever os eventos futuros e precisam se
sentir seguras financeiramente. Essas pessoas buscam organizações estáveis, que não
tenham a prática de demitir pessoas em massa e que tenham bons programas de be-
nefícios. Diferentemente das pessoas com âncora na autonomia/independência, pes-
soas atreladas à segurança/estabilidade querem vínculos e amarras, que os tornem
cada vez mais vinculados às suas empresas.
Essas pessoas dão mais valor a um bom salário e benefícios do que desafios e
autonomia. É comum encontrar pessoas ancoradas na segurança/estabilidade que
busquem aprofundar seus conhecimentos técnicos e funcionais, mas não pelas novas
descobertas, e sim pelo aumento da segurança que a especialização pode trazer. Pre-
ferem um sistema de promoção e remuneração baseado no tempo de casa e no tempo
de serviço.
Digital Juice.
Competências individuais associadas:
Competências, gestão de carreiras e sistemas de Recursos Humanos
lealdade;
trabalho em equipe.
Criatividade empreendedora
Digital Juice.
108
A principal diferença do grupo com criatividade empreendedora daqueles do
grupo de autonomia/independência é que as pessoas ancoradas na criatividade em-
preendedora não buscam autonomia, e sim o reconhecimento de que podem criar
novos negócios. Tendem a ficar entediados facilmente e após desenvolverem um novo
negócio podem querer vendê-lo para se dedicarem a novos empreendimentos. A re-
muneração buscada por esse grupo está ligada à posse de patentes e ações dos negó-
cios criados.
visão de negócios;
criatividade.
Istockphoto.
cação a uma causa trabalham baseadas em alguns
valores centrais que norteiam suas atividades e suas
ocupações. Elas querem ser agentes de mudança
e melhorar o mundo de alguma forma. Profissões
assistenciais como a medicina, assistência social e
o magistério estão ligadas a essa âncora. Contudo,
responsabilidade social;
ética.
109
Puro desafio
Algumas pessoas desenvolvem sua âncora de
Istockphoto.
carreira na tentativa de conquistar novos negócios,
entrar em novos mercados e vencer a concorrência.
Para essas pessoas a realização profissional está vin-
culada à superação de obstáculos e à solução de di-
lemas empresariais em situações de alto risco e com
muitas dificuldades. Quanto mais complicado for o
cenário empresarial, maior estímulo essas pessoas
terão para desempenhar o seu papel.
visão estratégica;
Competências, gestão de carreiras e sistemas de Recursos Humanos
capacidade intuitiva.
Estilo de vida
Digital Juice.
Ancorar a carreira em torno do estilo de vida signifi-
ca aliar a carreira às condições consideradas importantes
para que ocorra qualidade de vida para as pessoas. As
pessoas com essa âncora de carreira precisam integrar as
necessidades individuais, familiares, sociais e da carreira.
A palavra-chave dessa âncora é a flexibilidade. As organi-
zações valorizadas deverão prover horários flexíveis, jornada de trabalho parcial e até mesmo
a possibilidade de trabalho em casa. Os profissionais ligados a essa âncora procurarão empre-
sas diferenciadas, que possuam uma cultura voltada ao bem-estar das pessoas.
110
Competências individuais associadas:
integração social;
relacionamento interpessoal.
Comstock Complete.
captar pessoas para a organização alinhadas com as suas
competências organizacionais e individuais. No processo se-
letivo, a área de Recursos Humanos procurará descobrir se o
candidato possui os conhecimentos, habilidades e atitudes
necessários e se consegue mobilizá-los para entregar os re-
Pergunta: Diga-me uma situação em que você teve que escolher entre atender o
cliente e rentabilizar o resultado da empresa...
111
Resposta: O cliente da empresa em que eu trabalhava pediu o desenvolvimento
de uma embalagem sob medida, com o custo 15% acima da embalagem padrão. Isso
iria afetar negativamente nosso resultado.
112
Ficha de desenvolvimento de competência
Competência: capacidade do gestor em desenvolver sua equipe.
Conteúdo Programático:
coaching.
Indicador Meta
1. Quantidade de novos clientes 1. Dois novos clientes por mês
2. Faturamento gerado pelos novos clientes 2. R$100.000,00 mensais adicionais para os novos
clientes
113
Modelo de remuneração por competências
Remuneração
1. Valor fixo: R$5.000,00
2. Variável mensal:
2.1. R$1.000,00 para cada novo cliente com fatu-
ramento de até R$10.000,00
2.2. R$3.000,00 para cada novo cliente com fatu-
ramento de até R$10.000,00 a R$50.000,00*
2.3. R$5.000,00 para cada novo cliente com fatu-
ramento acima de R$50.000,00
* Obs: o faturamento trazido pelo novo cliente
deve se repetir no mínimo por três meses con-
secutivos.
Digital Juice.
de curto prazo e que não está ligada a um determinado compor-
tamento. A competência possui uma análise num prazo maior
(três meses) e exige a observação de um comportamento especí-
fico (fidelizar o cliente levando-o a comprar de forma contínua).
114
Comstock Complete.
Mirella Rosini
Gerente de Recursos
Humanos
Notas possíveis:
1: nunca
2: raramente
3: às vezes
4: quase sempre
5: sempre
115
Plano de desenvolvimento de competências
Competência Atuação de forma criativa sem medo de arriscar
Plano de Ação:
4. Coaching de acompanhamento.
Plano de Ação:
Para Limongi (2004, p. 177) gerir qualidade de vida no trabalho é uma nova com-
petência desenvolvida pelas empresas. Os administradores da atualidade estão cons-
truindo programas de qualidade de vida bem focados e que abrangem diferentes
habilidades.
116
Para a autora, a competência em qualidade de vida no trabalho está ligada a ques-
tões de saúde, lazer e nutrição, além de habilidades relacionadas à responsabilidade
social e às relações de trabalho – o que demonstra que a saúde organizacional possui
áreas de atuação cada vez mais abrangentes para os administradores.
Texto complementar
Creative Suite.
tão muito importante para empresas e pro-
fissionais de hoje – iremos nos ater ao as-
pecto pessoal e não organizacional. Vamos
abordar o tema competências. Mais especi-
ficamente iremos buscar definir e identificar
o termo, no sentido de características indi-
viduais que levam a resultados. Identificar
as competências e avaliar sua interferência
construtiva ou restritiva em seu desempenho é fundamental para o controle e dire-
cionamento da carreira de qualquer profissional.
117
no atual contexto, competências são “repertórios de comportamentos que algumas
pessoas dominam melhor que outras, o que as faz eficaz em uma determinada situ-
ação” (LEVY-LEBOYER apud GRAMIGNA).
Por isso, é necessário que saibamos quais os principais itens que nos levarão aos
resultados que esperamos ou que esperam de nós. Com a identificação das compe-
tências você tomará decisões com a certeza de resultados, pois estará levando em
conta todas as variáveis que interferem no seu desempenho.
Mas quais são as principais competências que devo levar em conta? Na verda-
de, cada cargo ou função tem um conjunto
Comstock Complete.
de competências mais relevantes à atua-
ção do ocupante, o que está diretamente
relacionado aos resultados esperados in-
trínsecos à sua atuação. Para exemplificar-
mos isso usaremos como referência um
cargo de supervisor. Como ponto de parti-
da usaremos As Dezesseis Competências Re-
ferenciais de McCauley para funções de li-
derança, conforme o quadro de Rita Gramigna:
118
fios e as oportunidades para criar um clima que favoreça o desenvolvimento
de sua equipe.
14. Autoconhecer-se: ter a ideia exata de seus pontos fracos e fortes e estar
1 – Conhecimentos
Técnicas de comunicação
Recrutamento e seleção
Treinamento e desenvolvimento
Cerimonial e eventos
Técnicas de negociação
Técnicas de instrutoria
Competências, gestão de carreiras e sistemas de Recursos Humanos
2 – Habilidades
Condução de grupo
Liderança
Fluência verbal
Bom negociador
Criatividade
3 – Atitudes
Flexibilidade
120
Responsabilidade
Iniciativa
Ética
Franqueza
Proatividade
Acertividade
Atividades
121
2. Qual a relação entre as âncoras de carreira e as competências individuais?
122
4. Por que o treinamento e seleção por competências está diretamente ligado à
avaliação de desempenho por competências?
123
Referências
SANTOS, Eduardo. Competências, uma Bússola para a sua Carreira. Disponível em:
<www.acessa.com/negocios/arquivo/dicas/2002/09/16-Eduardo/>. Acesso em: Abr.
2008.Anotaçõe
SCHEIN, Edgar. Career Anchors: Discovering your Real Values. San Diego: Pfeiffer &
Company, 1993.
Gabarito
1. São direcionadores da carreira das pessoas e estão ligadas à sua autoimagem, aos
seus valores e aos seus objetivos de vida. Quando a pessoa possui uma ocupação
discrepante à sua âncora de carreira, cria a sensação de que não está sendo ela
mesma. Não possui identidade no seu trabalho.
124
Anotações
Anotações
125
Anotações
126
127
Anotações
Formação de
Formação de
decompetências
competências
competências
Formação
Fábio Cássio Costa Moraes
9 788538 735502