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marketing
marketing
Rodrigo Paiva
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3177-1
Gestão de Marketing
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
P17g
Paiva, Rodrigo.
Gestão de Marketing / Rodrigo Paiva. - 1.ed. rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.
172 p. : 28 cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3177-1
Imagem corporativa..............................................................................................................61
Desafios da gestão de imagem..................................................................................................................64
O cliente educacional............................................................................................................73
Quem é o cliente da sua escola?...............................................................................................................73
O consumidor enquanto indivíduo............................................................................................................75
Alguns conceitos.......................................................................................................................................77
Tomada de decisão individual..................................................................................................................81
Pesquisa de marketing...........................................................................................................93
Conceitos..................................................................................................................................................95
Classificação das pesquisas.......................................................................................................................96
Campanhas de comunicação.................................................................................................105
Relações Públicas (RP).............................................................................................................................107
Campanhas de propaganda.......................................................................................................................109
Planejamento de marketing...................................................................................................143
Referências............................................................................................................................169
E
m quase todos os setores da economia, o ambiente empresarial contemporâ-
neo é marcado pela alta concorrência. Com a abertura econômica ocorrida
no final dos anos 1980, todos os setores de produção brasileiros tiveram
de aprender rapidamente o significado de uma concorrência globalizada. Além
disso, ganharam espaço tanto as discussões acerca de melhores práticas geren-
ciais como a busca de vantagem competitiva sustentável. O governo diminuiu
sua intervenção, o mercado passou a prevalecer, eficiência e eficácia tornaram-se
conceitos fundamentais.
Essa marca do ideário neoliberal1 no Brasil invadiu toda a economia e,
em 1996, o setor educacional sentiu, com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), os
impactos diretos das mudanças, sendo que a principal delas consistiu no crescimento
da participação da iniciativa privada no segmento, bem como no crescimento
da concorrência. As escolas tiveram de se organizar em dois níveis de tomada
de decisão: o macro e o micro. Segundo Richers (2000), existem três espectros
de decisões estratégicas: a estratégia corporativa, a estratégia empresarial e a
estratégia funcional. No primeiro e no segundo níveis, são tomadas as decisões
macro acerca do nicho de mercado em que uma instituição pretende obter lucro.
Conforme Fortes (2001), essas decisões estariam no âmbito das avaliações de
mercados estratégicos para as escolas, do valor que elas pretendem gerar nesse
mercado, definições acerca da linha estratégica a seguir (se liderança em custos,
se diferenciação ou foco), definição e compreensão do público-alvo, avaliação dos
aspectos legais, entre outros procedimentos. O terceiro nível seria marcado por
discussões micro em torno do que fazer para atender aos dois primeiros. Mestre em Administração
de Empresas pelas Faculdades
de Estudos Administrativos de
Em resumo, é fundamental entender que o sucesso das organizações reside Belo Horizonte. Publicitário
pelo Centro Universitário
não somente nessas decisões, mas principalmente no valor que as corporações de Belo Horizonte. Nos
conseguem gerar no mercado, em comparação com seus concorrentes. Consi- últimos seis anos dedicou-se
ao marketing educacional,
derando que a atividade educacional é uma prestação de serviços e que grande na função de gerente de
marketing. É também professor
parte do valor percebido pelos clientes é construído ao longo da relação entre de Marketing Educacional em
curso de pós-graduação.
aluno e escola, o marketing tem um papel singular nessas organizações: a ele cabe
não somente definir mercados, atuar na criação de novos cursos e comunicar as 1 Movimento que se con-
solidou no final dos anos
virtudes das instituições educacionais, mas também atuar na criação desse valor 1980, marcado basicamente
pela diminuição do poder
ao longo do consumo do serviço educacional. Considerando que o risco é uma do Estado (governo) e pela
ampliação da liberdade do
variável que permeia a tomada de decisão dos clientes por serviços, e que a ima- mercado. O ideário neoliberal
gem das empresas pode ser entendida como um atributo de confiança importante se destacou no Brasil com o
governo Collor (1990-1992),
para minorar tais riscos, o marketing tem um papel importante na construção de mas foi com o governo de
Fernando Henrique Cardoso
uma consistente e positiva imagem das escolas, sempre em consonância com o (1995-2002) que o Estado
brasileiro de fato se contraiu.
posicionamento dessas instituições.
Problemas enfrentados
pelas instituições de ensino
Atualmente, as empresas de educação – aquilo que de fato são as escolas e
os demais empreendimentos educacionais –, enfrentam um novo mercado. Novas
demandas surgem com a busca por maior qualidade dos serviços educacionais e
pela eficácia dos seus resultados, em paralelo com a expansão das matrículas. No
geral, as escolas têm se deparado com números cada vez menores de candidatos
potenciais e de matrículas, e vêm dividindo o mercado com cada vez mais
concorrentes. O segmento que mais cresceu no Brasil recentemente foi o do Ensino
Superior, tanto em número de ingressantes quanto em relação ao vertiginoso
aumento da concorrência. Esse crescimento pode ser atribuído à permissão para
a iniciativa privada atuar no setor de forma mais ampla, não somente por meio da
abertura de faculdades filantrópicas.
Outro aspecto concorrencial que merece destaque é o fato de as escolas terem
cada vez mais dificuldade em diferenciar seus cursos: as metodologias estão cada
vez mais acessíveis por meio de redes de ensino, os cursos que antes compunham
um diferencial hoje estão disseminados, a localização antes exclusiva hoje é
dividida com outras escolas, o corpo docente deve estar cada vez mais capacitado
e novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis a todos os grupos de educação.
As instituições que concorrem no middle market2 estão confinadas a disputar a
atenção dos alunos a partir de atributos de conveniência, como localização ou
preços baixos. O problema é que tais atributos são frágeis, facilmente copiáveis e,
assim, não são sustentáveis.
Diante desse quadro competitivo cada vez mais adverso, o foco nos diversos
públicos que compõem uma escola deve ser o centro da gestão de uma instituição
que atue nesse segmento. Entender as expectativas de seus alunos e do mercado
de trabalho – no caso do Ensino Superior ou de cursos profissionalizantes – e
traduzi-las para seu corpo de funcionários, ao mesmo tempo em que se padroniza
e profissionaliza a gestão, é fundamental para obtenção de sucesso. Conforme
Antunes (2004), a formação de uma instituição com eficiente orientação para seus
públicos requer muito mais do que boas intenções: exige conhecimento profundo
de questões de organização humana e liderança. A organização deve disseminar
essa ideia por todas as áreas, de forma a estimular as pessoas a entenderem e
2 Middle market (mercado
médio): empresas que
atuam sem se diferenciarem
satisfazerem a todos os públicos.
por alto preço ou por atuação
em específico nicho de Para uma escola sobreviver na atualidade, ela precisa ter uma visão ampla
mercado.
do mercado no qual pretende atuar, ou no qual já atue, identificando corretamente
6 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Visão geral
Necessidades ou desejos
ocasionar benefícios singu-
lares.
O ser humano é um ser de falta: sempre estamos em busca de algo a nos 6 As marcas surgiram com
a função de criar uma
completar – alimento e segurança, felicidade. Dentro do sistema social capitalista relação entre produto e fabri-
cante. Seu papel se restringia
em que estamos inseridos, somos levados a entender que esse algo pode ser a caracterizar o produtor de
determinada mercadoria.
comprado, seja ele um bem (algo físico) ou simplesmente uma sensação. Em graus
e níveis diferentes, comprar passou a ser uma atividade que deve nos levar a uma 7 Benefícios hedônicos são
todos os benefícios emo-
satisfação, suprindo assim uma lacuna, sendo esta uma necessidade ou um desejo. cionais ou subjetivos propi-
ciados pela aquisição de um
Em 1970, Abraham Maslow, um grande estudioso das motivações humanas, produto ou serviço.
publicou um trabalho sobre as motivações que nos impelem a agir e nele afirmou
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9
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Visão geral
que existe uma relação direta entre nossas ações e nossas necessidades, as quais
categorizou em cinco grupos, conforme a figura a seguir.
autorrealização
estima
participação
segurança e estabilidades
fisiológicas e básicas
8 Estímulos de marketing
são todas as ações com
Em resumo, sempre compramos para equacionar uma necessidade ou
objetivo de marketing que
podem ser absorvidas pelos
um desejo. Ou seja: para preencher uma lacuna. Entender as possíveis lacunas
órgãos de sentido do mercado do mercado consumidor é um grande desafio para os profissionais que atuam
consumidor: visão, audição,
tato, olfato e paladar. com marketing.
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Visão geral
Produtos
As reflexões sobre os produtos são algumas das mais importantes no dia a
dia dos profissionais de marketing. Segundo Kotler, em Princípios de Marketing,
produto é qualquer coisa que pode ser oferecida ao mercado para satisfazer uma
necessidade ou um desejo. Assim, o conceito de produto não se limita aos bens
físicos: os serviços também estão abrangidos por esse conceito.
Um dos erros mais comuns em marketing é dedicar tanta atenção ao
produto, ignorando o mercado competitivo no qual a empresa está inserida. É
fundamental oferecer produtos de alta qualidade, mas entendendo o que vem a
ser qualidade sob a óptica do consumidor, acompanhando o que a concorrência
está fazendo, os benefícios de seus produtos e seus pontos fortes e fracos. Ignorar
o mercado concorrencial é um grande equívoco cometido por muitas escolas que
acreditam que sua tradição é suficiente para garantir a manutenção de seu sucesso:
o surgimento de novas escolas vem comprometendo a performance de instituições
que eram tidas como referência. A postura de muitos gestores educacionais,
centrados em torno de suas próprias instituições, a postura autocentrada dessas
instituições, ignorando o consumidor e o mercado concorrencial, é chamada de
miopia em marketing.
avaliação institucional e em todas temos ido muito bem. E vamos bem exatamente porque somos
uma universidade.” Nesse trecho, podemos perceber que o gestor educacional acredita que o
mercado entende que sua escola seja singular por se tratar de uma universidade e não de um centro
universitário ou como uma faculdade livre. E mais, em seu discurso fica evidente que o mercado
deve ver sua instituição de forma positiva, uma vez que ela se sai bem nas avaliações do MEC.
Já quando questionado sobre como é a gestão de sua instituição e os impactos dessa gestão
nos alunos, ele afirma que vários cargos administrativos são ocupados por professores – “que são
pessoas que conhecem bem os alunos” – e que as áreas que se relacionam com os alunos estão
ligadas a ele e aos colegiados dos cursos. Esses colegiados deliberam sobre várias questões envol-
vendo serviços de suporte aos professores e demandas dos alunos junto à secretaria. Também não
há separação entre os profissionais que fazem o atendimento aos alunos, que interagem com eles,
e aqueles que atuam nos processos burocráticos da instituição.
Que conclusões extrair desse depoimento? Essa é uma reflexão importante para a maior parte
dos gestores educacionais, visto que muitas vezes suas verdades são indiscutíveis e inquestioná-
veis. O problema é que o aluno pode desejar benefícios diferentes daqueles que a instituição quer
lhe oferecer e pode enxergá-la de forma menos positiva do que seus gestores acreditam. Pensando
nesses possíveis desencontros de expectativas e acreditando que o diretor entrevistado pode estar
sofrendo de miopia de marketing, entrevistamos alunos da instituição e da concorrência sobre os
mesmos temas.
Em relação ao nível de serviço oferecido pela instituição em questão, um aluno afirmou que
“não temos direito nenhum lá. Qualquer coisa que você quer lá dentro é terrível para conseguir.
Muita burocracia. As normas não são rígidas, mas sim burocráticas”. A partir de um questionário
quantitativo aplicado somente em alunos de um único curso da área gerencial de oito instituições
de Ensino Superior, a universidade em questão foi a escola que recebeu o maior número de notas
abaixo da média global para 11 itens analisados, entre os quais figuravam estrutura administrativa,
instalações físicas, clima acadêmico, postura em termos de ensino, professores, alunos, funcionários
administrativos, grau de satisfação com a escola, entre outros.
Quando se pediu a 245 alunos de outras escolas para construírem um ranking de imagem das
escolas estudadas, a universidade em questão ficou em sétimo lugar. Somente uma outra escola do
grupo figurou com imagem pior que a da instituição em questão.
Nesse estudo, não foi analisada a situação financeira da universidade em questão e tampouco
sua eficiência nesse quesito. Mas fica clara uma grande divergência entre as crenças do diretor e a
opinião de seus alunos e dos alunos da concorrência. Sem dúvida, esse é um exemplo de miopia
de marketing no setor educacional.
Preço
Reflexões sobre o preço ideal permeiam as mesas de reuniões de várias
empresas, incluindo algumas instituições de ensino. É bem verdade que poucas
são as empresas – e menos ainda as escolas – que se dedicam a uma avaliação
técnica e cuidadosa antes do estabelecimento dos preços de seus produtos. E esse
tema é extremamente importante para os profissionais de marketing: um produto
com um preço errado pode arruinar um negócio pela falta de vendas ou pela falta
de lucratividade. As reflexões mais básicas sobre preços se dão a partir dos custos
de produção das empresas e, não raro, gestores definem seus preços baseados
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Visão geral
Praça
Reflexões sobre a praça são considerações sobre qual a localização ideal para
uma instituição de ensino ou qual o mercado geográfico ideal para um sistema
de ensino ou uma metodologia de ensino. Antes do aumento da concorrência, era
compreensível que os alunos e suas famílias se dispusessem a enfrentar algum 9 Benefícios absolutos são
aqueles percebidos em um
determinado produto quando
deslocamento até as escolas. Hoje, o quadro mudou: as escolas devem entender avaliado isoladamente, e be-
nefícios relativos são aqueles
onde se encontram seus potenciais alunos, devem tentar fixar-se em uma região que um produto apresenta
em comparação com outros
que lhes seja conveniente. Essa regra, como todas as outras, tem exceção: produtos.
Convenientes
São IES que captam alunos com base na tríade localização, acesso e preço. A maior parte das
IES do país se classifica nessa categoria, em que estão também as faculdades isoladas, de quali-
dade variável, situadas em cidades de pequeno e médio porte, onde há apenas uma ou duas IES.
Seus cursos não apresentam diferenciais competitivos (são commodities).
Tradicionais
São as IES que existem há mais de duas décadas e hoje estão na categoria de universidade.
Atraem alunos com base no amplo portfólio, na tradição e no porte da instituição.
Segmentadas
Competindo na mesma categoria e faixa de preço que as IES tradicionais, as IES segmentadas
se caracterizam por serem relativamente recentes e estarem focadas em determinada área ou
nicho de mercado. Exemplos: Faculdade Impacta, Faculdade IBTA, Faculdade de Administração
e Marketing (Fama), Faculdade de Turismo e Hotelaria, Faculdade de Direito de Vitória (FDV),
Faculdade Trevisan, Centro Universitário São Camilo.
Diferenciadas
São IES que conquistaram um share of mind do público-alvo, ou seja, são marcas lembradas
por apresentarem diferenciais claramente percebidos pelo mercado. Exemplos: Universidade
Anhembi Morumbi, Facamp, ESPM, Faap, Fiap.
Elitizadas
São IES que já consolidaram uma imagem de excelência no mercado e cobram mensalidades
bem mais altas que as demais. Exemplos: FGV-Eaesp e Ibmec.
12 Nível de experiência é a
qualidade da interação
Porém, ao optarem pela oferta de cursos a distância, os gestores educacionais
do aluno com os recursos precisam adequar seus programas para os novos canais: somente propor uma
das escolas no processo de
ensino-aprendizagem. migração de conteúdo de um formato para outro não se constitui em garantia de
sucesso, e normalmente leva os alunos a uma experiência educacional de baixa
13 Público-alvo é o grupo
de alunos objetivado,
cujos membros apresentam
qualidade, com a consequente insatisfação. Em resumo, instituições que ofertam
algumas características co- cursos a distância devem substituir preocupações com localização por reflexões
muns, como os objetivos, a
faixa etária, a renda, o nível sobre os canais de oferta de seus cursos e a sua adequação à realidade de recursos
de escolaridade, a região de
residência e as motivações,
e ao nível de experiência12 do público-alvo13.
entre outras.
14 Publicidade e propa-
ganda é uma área da Promoção
comunicação social especia-
lizada em criar e inserir, por Essa expressão diz respeito a todos os esforços das escolas para divulgarem a
meio da compra de espaços,
mensagens em veículos como si mesmas e a seus cursos com o objetivo de persuadir candidatos e transformá-los
canais de televisão e emisso-
ras de rádio. Tais espaços são em alunos. Atualmente, convivemos com um volume de comunicação educacional
comercializados em unidade
de tempo em alguns tipos de
nunca visto antes. São inúmeros os eventos, comerciais de rádio, televisão,
veículos e espaço físico em
outros, como centímetros e
revista, jornal e internet divulgando instituições de ensino de todos os níveis e
páginas no caso de jornais e seus processos seletivos. Em marketing, as atividades de promoção congregam
revistas, especificamente.
todos os esforços em publicidade e propaganda14, promoção de vendas15 e relações
15 Promoção de vendas
são atividades reali-
públicas16. Mas um excesso de promoção pode gerar, junto à comunidade, efeitos que
zadas junto a alguns públicos não sejam positivos. A promoção é somente uma parte do marketing educacional,
com o objetivo de ofertar a
eles uma condição comercial embora seja comum gestores educacionais se referirem aos departamentos de
diferenciada de curto prazo.
Na área educacional, alguns comunicação de suas escolas como sendo seus departamentos de marketing.
exemplos são descontos
em matrículas em períodos
Comunicação é uma parte importante e visível do marketing, mas ele não se
específicos, cartas de descon-
to oferecidas a formadores
resume às atividades de comunicação. Reflexões sobre quais cursos lançar, qual
de opinião para que eles in- mensalidade cobrar e em que mercados atuar precedem o processo de comunicação
diquem alunos, e bolsas aos
primeiros alunos aprovados e geram guidelines para que ele se concretize de forma a comunicar atributos
em vestibulares.
relevantes para o público-alvo, de forma a atender suas necessidades, gerar valor17
e motivar para o ingresso na instituição.
16 As relações públicas
constituem outra área
da comunicação social cujo
objetivo é o desenvolvimento
Nesse sentido, é importante que o marketing educacional seja visto como
de relações favoráveis com os
diversos stakeholders de uma
uma poderosa ferramenta para aumentar a eficiência e a eficácia das instituições
empresa para a construção ou de ensino, elevando a percepção de qualidade de seus alunos e sua reputação
a manutenção de uma imagem
de marca favorável. As escolas junto à sociedade como um todo. Uma escola orientada para o marketing não é
utilizam diversas ferramentas
de relações públicas, como uma escola mercantilista ou menos acadêmica que outras. É, sim, uma escola
cartas, eventos, envio de
releases para a imprensa
voltada para a melhoria contínua de seus processos e decisões, de forma a se
destacando feitos positivos perpetuar a partir de um trabalho sério.
da instituição e lançamento
de cursos.
17 Em Princípios de
Marketing, Kotler
define valor para o cliente
como a diferença entre os
valores que o cliente ganha
comprando e usando um
produto e os custos para obter
esse produto. É importante
destacar, entretanto, que essa
operação pode e deve ser
influenciada pelos estímulos
de marketing lançados pela
instituição, de forma que seu
resultado seja positivo.
Afinal, por que o marketing é importante para as instituições de ensino atualmente e que tipo
de benefício ele pode gerar para escolas, alunos, pais e stakeholders em geral?
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice Hall do
Brasil, 1998.
A
atividade educacional é essencialmente um serviço e a atividade de marketing
ou o pensar marketing dentro das instituições educacionais não deverá
estar orientado da mesma forma que na indústria manufatureira. Assim,
a atividade de marketing deverá permear a totalidade do serviço educacional,
existindo uma forte relação entre ela e as áreas de operações e de recursos
humanos, conforme Gianesi (1994): “nas instituições de ensino, a função de
marketing não pode estar restrita a um departamento, devendo permear todos
os pontos de contato entre escola e aluno, visto que por meio desses pontos de
contato será construída uma das facetas da qualidade do serviço educacional”.
Além do uso de práticas de marketing na formatação dos serviços educacio-
nais, é importante perceber que, por se tratar de um serviço, a área de educação
tem como aspecto inerente à sua natureza intangível a dificuldade dos alunos
na escolha de uma instituição. As incertezas permeiam as decisões dos clientes
acerca dos serviços de uma forma geral. E as escolas sofrem os impactos dessas
incertezas. Nesse sentido, é fundamental a constituição de uma imagem sólida e
positiva, como apontado por Fitzsimmons (2000).
Em suma, as principais atribuições do marketing no setor de educação são
colaborar na construção dos serviços tendo como uma de suas metas a percepção
de qualidade dos alunos e do mercado, e promover uma gestão de imagem efetiva,
em linha com a estratégia e o posicionamento da instituição. É importante destacar
que, conforme Antunes (2004), apesar dos esforços das escolas para seguirem
determinações do MEC, buscando certificações e bons conceitos com o objetivo
de merecer a atenção do público, os alunos muitas vezes não consideram esses
componentes e esses esforços em suas avaliações. Assim, os gestores dessas
instituições devem entender exatamente onde reside o valor do serviço educacional
para os públicos que objetiva atender.
Desde a década de 1990, está na agenda da gestão educacional uma discussão
acerca dos caminhos para se obter qualidade nos serviços prestados pelas
instituições de ensino e também acerca dos caminhos da gestão e do marketing
educacional. Xavier aponta que, do tempo em que os educadores “começaram
a aplicar [...] os princípios do gerenciamento científico de Frederick W. Taylor
aos dias de hoje, ocorreram consideráveis melhorias nos métodos de gestão.
Entretanto, no caso brasileiro, os avanços nessa direção têm sido decepcionantes”
(XAVIER, 1996, p. 7)1. O autor afirma que, na década de 1990, as escolas brasileiras 1 A personalidade men-
cionada por Xavier é
Frederick Winslow Taylor,
começaram a dar atenção a um “novo padrão de gestão” calcado na racionalização engenheiro americano (1856-
-1915), criador do taylorismo,
e na produtividade do sistema. E aponta que as escolas eficazes são aquelas em método de administração
e organização científica do
que há forte liderança do diretor; clareza quanto aos objetivos institucionais; trabalho, com controle dos
tempos de execução das
clima positivo de expectativas quanto ao sucesso; clareza quanto aos meios tarefas.
Tramontin (1995), por sua vez, afirma ainda que um dos pontos mais rele-
vantes na agenda da gestão educacional é entender o que é qualidade em educação.
Sob o prisma dos educadores, a qualidade reside na formação e na emancipação
das gerações futuras, na formação de um sujeito histórico, social e ético. Porém,
do ponto de vista gerencial, pouco se delineou acerca desse assunto.
Segundo Xavier (1996), a qualidade em educação deve ser entendida sob
seis dimensões, conforme a seguir.
Qualidade político-pedagógica do processo educacional, focada na
formação de sujeitos históricos e na apreensão dos conteúdos propostos.
Custo da educação para os pais, alunos e sociedade. A educação de
qualidade deve ser ajustada às necessidades dos usuários, com o menor
custo de obtenção possível para seus provedores e o menor preço para
os clientes.
Atendimento, levando em conta a quantidade certa de educação, no prazo
certo e no local certo. Ou seja, é importante que os alunos possam ter
acesso aos conteúdos previstos, dentro de um prazo socialmente aceito e
em um local que lhe seja possível frequentar.
Percepção de que não se pode produzir uma educação de qualidade
sem considerar o moral da equipe envolvida no processo. Cabe, assim,
gerenciar os aspectos referentes às motivações intrínseca (orgulho do
trabalho benfeito) e extrínseca (adequadas condições materiais de
trabalho) dos profissionais da educação.
Segurança de todos os agentes dentro do ambiente escolar e o impacto
do serviço escolar no meio ambiente.
Ética, ou código de conduta responsável pela transparência e lisura das
ações dos agentes educacionais.
Diz o autor:
Portanto, a qualidade em educação deve ser vista sob esta perspectiva sêxtupla (qualidade
intrínseca, custo, atendimento, moral, segurança e ética). Restringir a conceituação da qua-
lidade ao seu aspecto político-pedagógico, ou mais frequentemente ao seu aspecto político,
2 Xavier considera o aluno
como cliente dos serviços
suplementares oferecidos pelas
tem constituído grave equívoco. O que confere a característica de totalidade à qualidade da
escolas e não cliente no processo
educação é o atendimento às seis dimensões simultaneamente. (XAVIER, 1996 p. 10)
de ensino e aprendizagem.
Xavier afirma ainda que, para uma gestão efetiva da qualidade, as escolas
devem centrar seu foco nos clientes, principalmente no aluno; ter seus objetivos
claros e compartilhados por todos os agentes educacionais; ter os seus processos
documentados e otimizados; manter todos os funcionários e setores conhecendo
suas atribuições; manter os funcionários capacitados para executar suas tarefas;
manter ampla participação dos funcionários nos processos; manter a informação
circulando rápida e corretamente entre todos os setores e funcionários, tendo
preocupação com a inovação e mudança. O autor também destaca que os pontos
críticos para o sucesso e o alcance dos serviços educacionais de qualidade são o
envolvimento da direção, a manutenção de objetivos fixos, o número adequado
de facilitadores dentro da organização e a criação de comitês de qualidade e de
ferramentas para mensurar os processos e falhas. Afinal, não se pode gerenciar o
que não se pode medir.
Marketing educacional, então, deve ser entendido não só como escolha de
mercados e frentes de ação, mas sim como todos os esforços na criação e na
sustentação de valor para os stakeholders das instituições de ensino, dentro da
perspectiva sêxtupla da qualidade em educação.
Segundo Xavier (1996), nos últimos anos o planejamento educacional tem
privilegiado dois grandes temas de investigação: a qualidade do ensino e a gestão
educacional. Embora as discussões não sejam recentes, foi somente a partir dos
anos 1990 que esses dois temas adquiriram uma dimensão relevante. Diz o autor:
A experiência tem demonstrado que a educação de qualidade não pode ser obtida em
sistemas educacionais e escolas envoltas em burocracias lentas e centralizadoras, preo-
cupadas excessivamente com normas e regulamentos e com uma estrutura hierárquica
que não lhes confere agilidade na solução dos problemas. Sabe-se, hoje, que a escola faz
diferença, sim, nos desempenhos dos alunos, e que sua adequada gestão é indiscutível
para o adequado atingimento de seus objetivos. Há provas contundentes de que a gestão
é um componente decisivo da eficácia escolar. Inúmeros estudos, no Brasil e no exterior,
vêm comprovando que escolas bem dirigidas e organizadas são mais eficazes. (XAVIER,
1996, p. 7)
Para que uma instituição de ensino alcance o sucesso, ela não deve estar
voltada somente para a oferta de cursos e a publicação de pesquisas: isso não
garante vantagem competitiva sustentável frente a um mercado concorrencial que
cresceu muito na última década.
macroambiente
ambiente competitivo
ambiente público
ambiente de mercado
ambiente interno
instituição
educacional
Arena de marketing de uma instituição.
Uma instituição de ensino possui diversos públicos, incluindo indivíduos e grupos que têm
interesse real ou potencial em realizar troca com essa instituição. Como afirma Damacena (2002),
uma organização possui diferentes imagens, uma para cada público. E, de acordo com Kotler e
Fox (1994, p. 43), isso também se aplica às instituições de ensino que têm que administrar rela-
cionamentos com seus diversos públicos. Para esses autores, “um público é constituído de um
grupo distinto de pessoas e/ou organizações que têm interesse real ou potencial em afetar uma
instituição”.
Os públicos que têm maior interesse na instituição pode ser considerados os stakeholders [...].
No mundo dos negócios, os stakeholders são pessoas representantes de interesses legítimos que
exercem algum tipo de intervenção nos negócios da organização. Aplicado à área educacional, o
termo significa pessoa ou entidade com legítimo interesse no ensino [...] e que, como tal, adquire
um direito de intervenção. “Serão stakeholders os alunos, os pais, os empregadores, o Estado, a
sociedade, as próprias instituições de ensino [...] etc.” (AMARAL; MAGALHÃES, s.d.).
Um público torna-se mercado quando a instituição decide que deseja atrair certos recursos
desse público por meio de um grupo de benefícios em troca. No contexto das escolas particulares,
por exemplo, tem-se que os alunos matriculados são considerados um tipo de público que, num
primeiro momento, são os mais afetados com os serviços e benefícios oferecidos pela escola,
em virtude de sua participação enquanto sujeito do processo ensino-aprendizagem. Ensinar é
o serviço básico desse tipo de organização e os alunos são os seus consumidores mais diretos.
Mas de modo mais amplo, toda a sociedade será afetada, uma vez que vai se beneficiar com esses
alunos enquanto cidadãos e profissionais.
A educação escolar, segundo Rodrigues (2000), é o instrumento que possibilitará a cada in-
divíduo, como membro da sociedade, o preenchimento das condições básicas para o desenvolvi-
mento do seu bem-estar, compreendendo desde o acesso aos bens culturais até a preparação para
o trabalho e para o exercício de funções políticas requeridas pela sociedade. [...] Daí ressalta-se
a preocupação das escolas privadas, que seguem a lógica da racionalidade empresarial na criação
de estratégias adequadas, orientadas para o mercado, até por uma questão de sobrevivência
econômica e financeira, mas também, ao mesmo tempo, não podem deixar de lado sua função
básica, que é a educação.
Ou seja, uma instituição de ensino tem, intrinsecamente, firmados compromissos com vários
públicos. Como apontado por Kotler e Fox, os principais públicos de uma escola são compreen-
didos por:
alunos matriculados – são os alunos regulares da instituição, os quais podem ser consi-
derados os principais consumidores dos serviços educacionais;
estudantes potenciais – consideram-se estudantes potenciais os alunos recém-egressos
de níveis de ensino anteriores aos ofertados pela escola e que busquem suprir sua lacuna
de formação continuada;
mídia de massa – são as empresas de mídia que dão notícias e opiniões editoriais – espe-
cificamente jornais, revistas e estações de rádio e televisão;
comunidade local – são consideradas as comunidades vizinhas às instituições de ensino,
formadas pelos seus moradores e organizações comunitárias;
ex-alunos – são os alunos que já concluíram algum curso na instituição;
fundações – são instituições criadas com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa,
ensino, extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico, de interesse
das instituições de Ensino Superior, e também das instituições de pesquisa;
órgãos governamentais – são os órgãos regulamentadores da atividade educacional,
envolvidos no processo de autorização para implantação, acompanhamento e avaliação
da instituição de ensino;
Ao receber o convite do Rodrigo para escrever um artigo para um dos capítulos de seu livro
sobre marketing educacional, confesso que fiquei muito envaidecido, pois ele é, com certeza, uma
das mentes mais brilhantes de sua geração, entende o mercado educacional com todas as suas
particularidades e principalmente o trata com todo o carinho que merece.
O momento em que este livro está sendo escrito não poderia ser mais propício, pois vivemos
situações no mercado educacional nunca vividas anteriormente.
A educação passou a ser realmente um serviço diferenciado. Com a abertura de diversas
instituições de ensino, a concorrência faz com que as instituições observem e estudem o mercado
com muito mais ciência e menos empirismo. A qualidade do que se oferece deve ser muito bem
definida, o posicionamento da instituição, o seu diferencial competitivo deve ser muito bem
organizado, pois a educação – como bem social – apresenta particularidades que definem a opção
ou não por uma ou outra instituição e não pode ser tratada como uma commodity. A educação é
um bem sem preço e vale exatamente o que agrega ao aluno que opta por uma instituição, com
1 F r a n c i s c o Borges é especialista em E ducação P r ofissional e diretor acadêmico das Faculdades IB TA .
seus valores, sua metodologia, suas estratégias e, principalmente, com o planejamento que cobre
a proposta da existência da instituição até a sequência de aulas desenvolvida.
Chegamos então ao escopo do artigo, discutir a proposta de um bom planejamento, sério,
validado com os professores e com o mercado, e principalmente o papel essencial do professor,
seja qual for a proposta pedagógica e a organização dada pelo planejamento.
O artigo retrata um pouco do que nos faz acreditar na organização, no planejamento estrutu-
rado e principalmente na preparação do docente, por mais experiente que ele seja, que faz ainda
hoje e sempre a grande diferença em um programa de educação.
O planejamento como base de uma proposta pedagógica consistente e a importância do
docente na validação e implantação do mesmo
Nossa discussão se inicia com uma analogia com o futebol. Muitas pessoas, no passado,
diziam que o futebol brasileiro nunca poderia ser estruturado com uma forma tática rígida, pois
essa estrutura dificultaria o jogador brasileiro, que é muito criativo e não se adaptaria a uma orga-
nização que não priorizasse a sua criatividade.
Na educação, vivemos esse mesmo dilema: a organização curricular rígida, o planejamento
integrado, o desenvolvimento de competências (o saber fazer) articulando conhecimentos e habi-
lidades (o fazer) exige uma estrutura organizacional muito forte e consistente.
Organização modular com certificações intermediárias
Quando em um projeto pedagógico é proposto o desenvolvimento de competências que se
integram de forma a permitir uma certificação intermediária, para que o aluno possa apresentar
ao mercado um salto qualitativo de seus conhecimentos e habilidades antes da conclusão do seu
curso, a organização dos conteúdos e atividades desse curso deve permitir o perfeito sincronismo,
pois o tempo para atingir o objetivo – a certificação intermediária – é bem mais curto do que o
período integral do curso.
As disciplinas perdem assim a sua independência de desenvolvimento e passam a ser parte
essencial de um planejamento integrado do módulo, com o objetivo principal que é levar o
aluno ao desenvolvimento de competências e habilidades que compõem o perfil da certificação
intermediária.
Nessa estrutura modular, as disciplinas constroem juntas esse perfil e a interdisciplinaridade
é a palavra-chave dessa proposta pedagógica.
Assim, para que o resultado seja alcançado no tempo previsto e com a consistência esperada,
as disciplinas devem ser planejadas de modo a se completarem, contribuindo umas com as outras
e evitando a redundância.
O objetivo final do módulo deve estar muito bem claro e validado por todos os atores que
desenvolvem o curso, sejam os alunos ou, principalmente, os professores.
Interdisciplinaridade e sincronismo
Os módulos são planejados e o desenvolvimento dos conteúdos nas disciplinas deve ser
sincronizado.
Algumas disciplinas devem desenvolver atividades práticas integradoras dos conteúdos
desenvolvidos em outras. Assim, o sincronismo é fundamental para que não ocorram atividades
antes de os conteúdos terem sido trabalhados, ou as atividades ocorram muito depois de ter sido
desenvolvido o conteúdo correspondente.
Os professores precisam se comunicar com muita constância, no mínimo semanalmente, de
dos professores tinham dúvidas quanto à viabilidade e o sucesso do mesmo, por experiências
anteriores em outras instituições.
Essa estratégia se mostra campeã, pois hoje, com mais de 150 professores no time da
instituição, todos os professores e alunos se sentem parte de uma equipe que constrói junto a
formação de profissionais para o mercado de trabalho.
Não é fácil e nem existe a solução mágica para o desenvolvimento de um projeto pedagógico.
Ele é construído a cada dia e nunca estará pronto, mas uma diretriz forte e uma equipe competente de
professores são o grande diferencial para a caminhada de sucesso com qualquer projeto pedagógico.
Diante das nuances que envolvem o conceito de qualidade e da dificuldade para, nas instituições
de ensino, estabelecer abrangentes políticas de qualidade, avalie o dia a dia da escola na qual
você atua ou de uma escola que você conheça. Faça isso com base na perspectiva sêxtupla,
proposta por Antônio Carlos Xavier.
A
gora, discorremos mais detalhadamente sobre o tema serviços com o objetivo de subsidiar
uma avaliação das instituições de ensino, uma vez que elas pertencem a esse setor da
economia. O tema se justifica pela particularidade dos sistemas produtores de serviços,
quando comparados aos sistemas produtivos de empresas manufatureiras. É importante destacar que
mesmo empreendimentos educacionais ligados indiretamente a instituições de ensino devem ter clara
compreensão das idiossincrasias dessas instituições como perspectiva para ampliar suas alternativas
de negócios.
Bens e serviços
A grande diferença entre uma empresa de serviços e uma empresa de bens
é o resultado final do seu processo de produção: bens são definidos como objetos
físicos ou dispositivos, enquanto serviços são atos ou desempenhos.
Talvez a distinção chave entre bens e serviços seja a de que os clientes normalmente
obtêm valor de serviços sem obter a propriedade permanente de qualquer elemento tangível.
[...] Há oito características básicas que distinguem as tarefas associadas ao marketing e à
administração de serviço das que acompanham os bens materiais [...]: os serviços como
realizações intangíveis; maior envolvimento dos clientes no processo de produção; as
pessoas como parte do produto; maior variabilidade dos insumos e produtos; dificuldade de
avaliar os serviços; ausência de estoques; importância relativamente maior do fator tempo;
e a existência de canais (de distribuição) eletrônicos e físicos. (LOVELOCK, 2003, p. 21)
Para Normann,
[...] a distinção entre empresas manufatureiras e empresas de serviços é, na melhor das
hipóteses, obscura. A IBM vende produtos ou serviços? A Volvo está se tornando uma
empresa de serviços à medida que grande parte de sua produção está sendo arrendada
(leased out) em “pacotes” que incluem seguro e manutenção em vez de ser vendida? Como
devemos interpretar o fato de a crescente automatização da fábrica estar comprometida
com processamento de informações e serviços internos em vez de estar envolvida com o
processo de manufatura? Estatísticas sobre o número relativo de empresas de manufatura
e serviços podem dar-nos um quadro, enquanto estatísticas sobre tarefas de manufaturas
e serviços oferecem uma outra visão. (NORMANN, 1993, p. 24)
muitas vezes em termos de quando e como ela deve ser realizada, constituindo
uma entrada do sistema de operações que não pode ser totalmente controlada pelo 3 Obviamente, fruto do
desenvolvimento das no-
vas mídias e da abertura à
gestor de serviços. De certa forma, em se tratando de serviços, o cliente (ou um convergência de tecnologias
e de seus usos, novas formas
bem de sua posse) sempre é tratado pelo sistema produtivo. de acesso às aulas têm ocorri-
do. A gravação de conteúdos
A presença do cliente como um participante no processo do serviço requer atenção no e sua repetição eliminam a
projeto das instalações que não é encontrada nas operações da manufatura tradicional. necessidade de presença de
professores e alunos no mes-
Os automóveis são produzidos em fábricas quentes, sujas e barulhentas, mas isso não mo espaço, permitindo es-
preocupa os eventuais compradores, pois eles são apresentados ao produto em um elegante tudos assíncronos de acordo
com a necessidade e conve-
showroom. A presença do cliente no local do serviço requer atenção para o ambiente físico niência de cada estudante e
onde ocorre o processo de serviço, o que não acontece no caso da manufatura. Para o a reprodução desse conteúdo
em série e seu respectivo es-
cliente, o serviço é uma experiência que ocorre nas instalações da empresa prestadora toque. A aula gravada passa
do serviço, e a qualidade do serviço é reforçada se as instalações forem projetadas sob a a ser um produto, mas o re-
perspectiva do cliente. (FITZSIMMONS, 2000, p. 46) sultado que esse produto gera
no aluno continua a ser um
benefício intangível: a apren-
Outra particularidade dos serviços
É possível construir carros sem que dizagem. Soma-se a isso as
estruturas de tutores e moni-
é a inexistência de estoques. Geralmente,
os clientes estejam na fábrica. não há uma etapa intermediária entre a
tores em centrais de atendi-
mento telefônico, virtual ou
É possível que uma aula exista produção do serviço e seu consumo pelo
físico para esclarecimento de
dúvidas, constituindo estru-
sem a apresença dos alunos?2 cliente.3 Gianesi (1994) chama a atenção
turas puras de prestação de
serviços.
cliente (em grande parte criadas pela área de marketing) e entre a percepção6 (por
ele obtida ao manter contato com as operações de serviço). No encontro de serviço,
um momento da verdade7 se estabelece todas as vezes em que as operações se
confrontarem com os clientes. Segundo Normann (1993), uma empresa de serviços
pode experimentar diariamente dezenas de milhares de momentos da verdade.
É a partir dessa compreensão que se devem estruturar as áreas de marketing
das escolas: os departamentos de marketing educacional não podem estar apar-
tados das operações que ocorrem diariamente em uma instituição de ensino. Os
alunos interagem o tempo todo com as instalações, com o pessoal de apoio e
administração, além dos professores, e a partir dessas interações nasce ou não
valor para o aluno em relação a sua permanência em determinada instituição.
Se o valor for maior do que esperava encontrar, ele estará indubitavelmente satis-
feito; se o valor for menor, com certeza ele se frustrará.
Por que o marketing das escolas deve se preocupar com isso? Porque, dada a
intangibilidade da educação, um possível aluno não tem como avaliar uma escola
antes de estudar nela, com o que temos um problema: o risco de, ingressando, o
aluno se frustrar. Como não pode fazer o test drive de um curso da mesma forma
que se faz com um carro8 , ele se baseia na imagem da escola junto a formadores
de opinião que lhe sejam relevantes e nas indicações de alunos, ex-alunos, pais
e amigos dos alunos. Se os alunos estão frustrados, a probabilidade de fazerem
indicações positivas é baixa, pouco adiantando altos investimentos em comunicação
para atrair novos alunos ou valores promocionais para as mensalidades pela
concessão de bolsas. O marketing de uma escola deve se envolver no dia a dia das
operações, nos impactos dessas operações nos alunos, e essa é a melhor forma de
garantir foco no aluno e uma legítima criação de valor, que é a função primeira do
marketing – ao contrário do que muita gente pensa.
Para uma mais clara compreensão das diferentes técnicas de gestão
adotadas em sistemas produtivos de serviços ou manufatureiros, é importante
uma compreensão anterior acerca das diferenças entre esses sistemas.
(NORMANN, 1993, p. 31)
como duas formas de se obter vantagem competitiva sustentável, e esses dois tipos
de vantagens são resultantes da capacidade de uma empresa para lidar com as
cinco forças9 de maneira mais competente que seus rivais. Esses dois tipos de
vantagem competitiva sustentável culminam, então, nos três tipos de estratégicas
genéricas: liderança em custo, diferenciação e enfoque, sendo que a estratégia de
enfoque pode ser de custo ou de diferenciação.
No setor educacional, são muito nítidas as Em qual desses quadrantes sua escola
escolhas estratégicas de algumas escolas. Redes está posicionada? Por quê?
como Positivo, Pitágoras e COC são exemplos
de empresas educacionais focadas em diferenciação. Faculdades como Ibmec e
ESPM ocupam uma posição de enfoque na diferenciação nos segmentos de ciências
gerenciais e marketing, respectivamente. Uma faculdade como Estácio de Sá, a
maior IES do país, ocupa o quadrante de liderança em custos. O mesmo ocorre
com alguns cursos supletivos noturnos, que atraem alunos a partir de mensalidades
baixas e, pela especificidade do público ao qual se destinam, ocupam o quadrante
do enfoque em custo.
No tocante ao ambiente de serviços, Fitzsimmons (2000) destaca que,
depois de definido o escopo estratégico de uma empresa (custo, diferenciação ou
enfoque), outras decisões estratégicas (que aqui podem ser entendidas como sendo
de cunho operacional ou da oferta) compreendem focalizar tanto os elementos
estruturais como os elementos gerenciais que compõem o serviço.
Elementos estruturais: são o sistema de atendimento, o projeto das
instalações, a localização e o planejamento da capacidade.
O sistema de atendimento compreende as atividades de retaguarda e de
contato com o cliente, automação e participação dos clientes.
O projeto das instalações focaliza cuidados especiais com tamanho das
instalações, bem como com sua estética e layout.
Para se definir a localização, a empresa deve conhecer profundamente
os dados demográficos de seus clientes e refletir sobre a viabilidade de
estabelecer-se em um local único ou múltiplo, ou seja, concentrar as
operações em muitos campos ou em um único. 9 Porter (1998) aponta para
a existência de cinco
forças que moldam o padrão
concorrencial e determinam
O planejamento da capacidade é feito por meio de reflexões sobre o as chances de retorno de um
player: a possibilidade de
gerenciamento das filas, o número ótimo de empregados e a capacidade entrada de novos concorrentes,
a ameaça de surgimento de
de acomodação dos serviços frente às variações de demanda. Gerenciar produtos/serviços substitutos,
filas e definir o tamanho de uma estrutura de atendimento são exemplos de o nível de poder de negociação
dos compradores, o nível
grandes desafios em uma escola, visto que não existe uma uniformidade de poder de negociação dos
fornecedores e a rivalidade
de demanda por parte dos alunos. Em épocas de divulgação de notas, entre os concorrentes.
é comum uma maior procura pela secretaria, bem como nos finais de
bimestre, semestre ou ano. Se a estrutura está projetada para suportar
esses momentos de pico, com certeza ela ficará ociosa nos dias normais
– e essa ociosidade representa um custo desnecessário para a escola. Ao
contrário, se a estrutura estiver projetada para atender a demanda dos
dias normais, com certeza ocorrerão filas em períodos de pico e os alunos
poderão ter suas experiências de contato muito negativas. É fundamental
que se tenha funcionários de outras áreas devidamente treinados para
interagir com alunos em momentos de aumento de demanda. Ou seja,
é fundamental que as escolas contem com equipes multifuncionais e
conhecedoras de todas as etapas dos processos administrativos. Somente
assim as escolas poderão eliminar as filas de forma eficiente e eficaz.
Elementos gerenciais: são o encontro de serviços, a qualidade, o geren-
ciamento da capacidade e demanda e a informação.
No tocante ao encontro de serviço, as empresas devem refletir sobre
a seleção de seus funcionários e sobre as práticas para motivá-los e
treiná-los.
Devem ainda ser criados mecanismos para monitoramento da qualidade
por meio de um confronto constante entre expectativas e percepções dos
clientes.
Diante da inexistência de estoques, é fundamental que as empresas
gerenciem sua capacidade frente à demanda. Estratégias para alteração
da demanda e para o controle do fornecimento e gerenciamento de filas
são fundamentais para a utilização máxima da capacidade instalada.
Por fim, as empresas devem coletar dados e utilizá-los de forma estraté-
gica como suporte à tomada de decisão.
Uma discussão da estratégia de serviços é dificultada diante da grande varia-
bilidade de tipos de interação entre empresas e clientes, sendo fundamental que o
gestor de serviços entenda que grau de sinergia irá estabelecer com o cliente final
e qual a natureza do ato de seu serviço. Conforme Lovelock (2003), existem quatro
situações possíveis para classificação dos serviços com base nessas variáveis.
Qual a natureza
Quem ou o que é o destinatário direto do serviço?
do ato do
serviço? Pessoas Bens
Ações (processamento com pessoas) (processamento com bens)
tangíveis Serviços dirigidos aos Serviços dirigidos a
corpos das pessoas: posses físicas:
transporte urbano; transporte de cargas;
hospedagens; estocagem;
restaurantes/bares. abastecimento combustíveis.
Qual a natureza
Quem ou o que é o destinatário direto do serviço?
do ato do
serviço? Pessoas Bens
Ações (processamento com (processamento com informações)
intangíveis estímulo mental) Serviços dirigidos a
Serviços dirigidos à bens intangíveis:
mente das pessoas: contabilidade;
artes e entretenimento; seguros;
educação; consultoria de software.
consultoria.
O ambiente competitivo
Como vimos, as instituições de ensino podem fazer uma de três escolhas
estratégicas: focar seus esforços na busca de liderança em custos, de diferenciação
ou de focalização.
Fitzsimmons complementa:
Implantar uma estratégia de baixo custo requer fortes investimentos em equipamentos de
última geração, preços agressivos e perdas iniciais para conquistar fatias do mercado. Uma
estratégia de liderança em custos algumas vezes pode revolucionar uma indústria como
bem ilustra o sucesso da McDonald’s, Walmart e Federal Express. (FITZSIMMONS,
2000, p. 67)
Esse autor ainda ressalta que, para obter liderança em custos, as empresas
podem procurar clientes cujo atendimento custe menos do que atender outros;
podem padronizar excessivamente suas rotinas e podem diminuir o nível de
contato com os clientes por meio de ferramentas de autoatendimento, atendimento
pela internet ou por telefone. Mas o grande desafio para as empresas que optam
pela liderança em custos baixos está em não permitir que os clientes igualem o
preço à qualidade e manter baixos custos de produção e transações.
Os serviços de preços baixos reduzem o encargo monetário para os clientes e são particu-
larmente propensos a atrair clientes, tanto individuais como empresariais, que estão com
um orçamento financeiro apertado. Esses serviços também podem levar os compradores
a adquirirem volumes maiores. Um desafio quando se fixam preços baixos é convencer
os clientes de que não devem igualar preço e qualidade. Um segundo desafio é garantir
que os custos econômicos sejam mantidos baixos o bastante para permitir que a empresa
obtenha lucro. (LOVELOCK, 2003, p. 283)
Diferenciação
A essência da estratégia de diferenciação reside em criar um serviço que é
percebido pelo mercado como sendo único. Segundo Fitzsimmons (2000), essa
estratégia não ignora os custos, mas sua característica principal consiste em
conquistar a lealdade do cliente por meio da criação de valor para esse cliente, o que
é um desafio. Segundo Porter (1998, p. 128), “qualquer que seja o valor oferecido
por uma empresa a seus compradores, estes em geral encontram dificuldade para
avaliá-lo com antecipação”. Para Kotler, as empresas que optam pela estratégia de
diferenciação se concentram em conseguir um desempenho superior em uma área
importante de benefícios aos clientes, valorizada por grande parte do mercado:
Pode-se lutar para ser líder na assistência técnica, na qualidade, no estilo ou na tecnologia,
mas não é possível ser líder em todas essas coisas. A empresa cultiva as forças que contri-
buirão para a diferenciação pretendida. Assim, aquela que busca liderança em qualidade
deve utilizar os melhores componentes, montá-los com habilidade, inspecioná-los com
cuidado e comunicar efetivamente sua qualidade. (KOTLER, 2000, p. 102)
Focalização
A focalização é a opção da empresa pelo atendimento a um mercado-alvo
restrito, seja pelo baixo custo, seja pela diferenciação.
A estratégia de focalização reside na premissa de que a empresa pode servir seu mercado-
-alvo restrito de maneira mais eficaz e/ou eficiente do que outras empresas que tentam
O que vem a ser uma escolha estratégica? Quais são as três estratégias básicas que uma escola
pode seguir?
2. Reflita sobre a escola na qual atua ou mesmo sobre uma escola que conheça em relação às
suas escolhas estratégicas e seus impactos sobre o mix de marketing (preço, praça, produto,
promoção, pessoas e processos).
O
s serviços são compostos por etapas e garantir a correta repetição dessas etapas é um grande
desafio, pois tem impacto direto sobre a satisfação dos clientes e sobre os custos da operação,
devendo os gestores de serviços planejar as suas operações antes da implementação.
Fitzsimmons (2000, p. 96) destaca a importância desse planejamento em serviços e faz um paralelo
com o planejamento de um edifício por meio dos desenhos da planta e dos sistemas hidráulicos e
elétricos, desenhos anteriores à construção, chamados de blueprints.
O desenvolvimento de um novo serviço baseado nas ideias subjetivas contidas no seu conceito pode levar a
esforços muito dispendiosos de tentativa e erro para traduzir esse conceito em realidade. Na concepção de um
prédio, o projeto é esboçado na forma de desenhos arquitetônicos chamados de blueprints porque as cópias são
impressas em um papel especial que deixa todas as linhas padronizadamente azuis. Esses padrões mostram como
um produto deveria se parecer e todas as especificações necessárias para sua manufatura. (FITZSIMMONS,
2000, p. 96)
Você consegue estabelecer
Gestão escolar é um assunto recente. Historicamente, as
uma ligação direta entre os
instituições de ensino têm sido gerenciadas por professores ou
pedagogos, profissionais que até recentemente não tinham a
blueprints e as operações
formação adequada para lidar com a competição que atualmente de sua escola?
assola o setor, assim sendo natural que as escolas não possuam fluxogramas de suas operações: cada
processo é gerenciado de uma forma, com um tempo específico de processamento, e passa por estágios
diversos durante a tomada de decisão; indicadores financeiros e de qualidade praticamente inexistem,
ou são inconsistentes; os professores são contratados por indicação e sequer são treinados; não há uma
política pedagógica clara; os profissionais administrativos aprendem o trabalho na prática, uma vez
que não existe mapeamento de processos e qualquer tipo de treinamento formal. Esse cenário existe
na absoluta maioria das instituições de ensino no Brasil. Porém, esse paradigma vem sendo quebrado
graças ao aumento da concorrência, que traz consigo menos matrículas e força a uma reflexão mais
clara em duas frentes: o que fazer para reduzir custos e para atrair mais alunos.
Nesse contexto, vem ganhando força a profissionalização da gestão escolar no Brasil. Um dos
primeiros passos para se gerenciar algo, principalmente os serviços, é a definição de rotinas. Discuti-
remos um pouco a importância da criação dos mapeamentos das operações nas escolas, o que, além de
importante do ponto de vista gerencial, impacta diretamente a satisfação ou a insatisfação do aluno.
O mapeamento dos encontros de serviço é defendido por Lovelock (2003) a partir da utilização
de fluxogramas, que seriam uma representação visual das etapas da prestação de serviços ao cliente.
A criação de um fluxograma começa pela identificação de todos os pontos de contato dos clientes
com a estrutura do serviço: pessoal, instalações e equipamentos. Em seguida, todos esses pontos
oralidade ainda impera, pouco se recorre ao registro formal escrito: as escolas são
empresas em que, exceto o regimento, todas as operações estão na cabeça de seus
funcionários, cada um fazendo os ajustes que considera os mais adequados.
Grandes empresas do setor de serviços, como redes de fast-food, companhias
aéreas e bancos, sempre buscaram garantir um bom nível de experiência de seus
clientes. Para tanto, além de definirem claramente as etapas que compõem seus
serviços, elas dividiram suas estruturas em dois segmentos: o primeiro se dedica
basicamente a fazer a entrega dos serviços aos clientes, enquanto o segundo
está focado em produzir o serviço. Essas estruturas de frente e bastidores são
conhecidas como front office e back office, respectivamente.
Lovelock (2003) aponta algumas vantagens da referida divisão:
diferenciação entre profissionais técnicos (que produzem os serviços) e
profissionais com perfil para interagir com os clientes;
maior divisão do trabalho e ganho de eficiência;
não necessidade de treinar toda a equipe para o atendimento e para o
processamento do serviço;
maior controle sobre os processos de interface com seus clientes;
desenvolvimento de uma cultura de foco no cliente no front office e de
ganho de eficiência no back office.
A partir dessa divisão, na área de educação, por exemplo, o profissional da
secretaria que atende o aluno não analisa, defere ou discute a solução do pleito
desse aluno com professores e coordenadores: isso é feito por outro profissional,
que por sua vez, não interage com os alunos. À primeira vista, parece um con-
trassenso. Mas, à medida que a escola cresce, uma mesma rotina é desempenhada
dezenas ou até centenas de vezes em um único dia. Diante do aumento das ativi-
dades, justifica-se uma clara definição de processos: todos os alunos passam a ter
os seus processos analisados da mesma forma, além de a escola ter um significa-
tivo ganho de produtividade.
Aprofundando o tema, Fitzsimmons (2000) afirma a importância da
divergência ou da personalização que existirá dentro do processo de cada serviço:
apesar de existirem etapas rígidas para que um serviço ocorra, sempre deve ser
resguardada a possibilidade de personalizações e customizações para os clientes –
um vegetariano que vai a um fast-food e pede um sanduíche sem carne, deve ser
atendido, mesmo que isso implique eliminar uma etapa do processo de preparação
do alimento. O problema é que, quanto maior essa divergência ou variação, menor
pode ser a consistência3 de um serviço e mais bem treinado deve ser o pessoal do
front office. Entretanto, em alguns casos, maior será a satisfação do cliente. Sistemas
pouco flexíveis podem ser vistos pelos clientes como tendo menos qualidade no
atendimento – e é por isso que alguns clientes não gostam de interagir com sistemas
de atendimento por telefone, nos quais é necessário teclar um número para cada 3 Consistência, nesse con-
texto, é a certeza de que
as etapas sempre ocorrerão da
opção desejada. Vários clientes alegam que querem resolver o problema “ao seu mesma forma, resultando no
mesmo benefício final.
próprio modo”, não querem falar com máquinas que enquadram suas opções.
No caso das escolas, os alunos são sempre muito atuantes na produção dos
serviços. Em sala de aula, eles têm que despender atenção e concentração para
acompanhar o professor. Na biblioteca, têm que procurar o próprio livro e levá-lo
ao balcão, ou mesmo fazer a reserva de um exemplar pela internet. Muitas vezes,
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
49
mais informações www.iesde.com.br
A estruturação de uma empresa de serviços
Com o intuito de manter seus alunos e em alguns casos até mesmo os pais
cientes dos seus procedimentos, algumas escolas promovem eventos de boas-vindas
explicando as normas internas, bem como tudo o que se espera do aluno, o que
ele pode esperar da escola e como deve se relacionar com ela. Essa prática vem
acontecendo em vários níveis, desde escolas de idiomas ou de Ensino Fundamental
até faculdades e centros de Pós-Graduação.
Em longo prazo, entretanto, essa solução torna-se facilmente uma armadilha, que tanto
psicologicamente quanto na prática dificulta que toda a organização pense e opere de uma
forma verdadeiramente orientada para o mercado. (GRONROOS, 1993, p. 222)
As instalações de apoio
Serviços em que os clientes interagem com a infraestrutura das instalações
demandam cuidado especial. Em educação, com as novas formas de interação
trazidas pelas tecnologias de ensino a distância, isso pode ocorrer ou não. No
caso de educação síncrona e presencial, os gestores educacionais devem atentar
para a estratégia escolhida e criar um ambiente condizente com o posicionamento
e a proposta de valor da instituição, dedicando atenção às instalações. Para
Fitzsimmons (2000), as instalações de serviços devem ser flexíveis e adequadas
à realidade das operações ali processadas, pois problemas com o projeto dessas
instalações levam a uma percepção de qualidade inferior, sendo fundamental
pensar em todos os momentos da verdade que compõem o encontro de serviço:
Claramente, os aspectos estéticos de um projeto têm efeitos marcantes nas percepções e
comportamentos dos clientes, mas eles também afetam os empregados e o serviço que
estes prestam. [...] O projeto das instalações de um serviço pode ser da maior importância
quando ele afeta a sociedade e o seu ambiente. No planejamento [de uma] igreja existirá um
espaço destinado a um estacionamento, ou os vizinhos da igreja ficarão impossibilitados
de entrar ou sair de suas propriedades durante as atividades da igreja [...]. (FITZSIMMONS,
2000, p. 132-133)
Atributos de confiança
Antes da aquisição de um curso, não se sabe se os professores são bons,
se os objetivos serão alcançados, se a escola é reconhecida junto às empresas,
como nossos filhos ou nós mesmos seremos tratados, qual o nível dos alunos
aceitos pela instituição. Na condição de serviço, a atividade educacional não pode
ser experimentada pelos clientes antes da compra, pois um curso é produzido
somente no momento em que está sendo consumido. Mesmo quando há muitos
elementos tangíveis associados à entrega do serviço (no caso de uma escola, a
sede, o material, os professores), é difícil demonstrar
Você acredita que as fisicamente todo o serviço aos alunos antes do final de um
evidências físicas de sua escola curso, de modo que atributos de confiança são decisivos no
ajam de forma eficiente como momento da aquisição.
atributos de confiança? Atributos de confiança tendem a diminuir a sensação
de risco experimentada pelos clientes antes da aquisição do serviço. A imagem de
uma escola e sua infraestrutura facilitam a decisão de escolha do aluno, de forma
análoga à prova de uma peça de roupa em uma loja de confecções. Com base em
Normann (1993), imagem é um conceito mental sustentado por uma pessoa ou
um grupo, podendo ser boa ou má representação da realidade e influenciando
diretamente o comportamento das pessoas. As imagens são fortemente influen-
ciadas pelos componentes físicos da instituição – material didático, professores,
infraestrutura e localização, biblioteca e funcionários administrativos. Também
podemos entender imagem, para as empresas de serviço, como um atributo de
confiança estratégico e difícil de ser copiado.
pelos professores? Se não, por quê? Sua escola está preparada Sua escola está preparada
para lançar uma nova unidade em outra cidade sem traumas para crescer de forma
nem problemas operacionais recaindo sobre os alunos? organizada?
Essas perguntas objetivam situar-nos sobre a gestão das
instituições nas quais atuamos e também servem como tópicos para melhoria.
Atualmente, é visível que a maior parte do sucesso das grandes organizações de
serviços que atuam em vários países reside no fato de elas conseguirem estruturar
suas operações de forma sólida, reproduzível e controlável, desenvolvendo uma
cultura organizacional que, compartilhada por seus empregados, serviu de base
para a sustentação de seu modelo operacional, criou e manteve marcas muito bem
posicionadas.
Conforme apontado por Normann (1993, p. 64):
Uma das razões para a industrialização de operações de serviços e o surgimento de grandes
empresas de serviços em setores que costumavam ser considerados locais ou pertencentes
a indústrias domésticas fundamenta-se na melhoria dos métodos de reproduzir serviços. A
capacidade de reprodução de um sistema de serviços está baseada primeiro em identificar
seus elementos absolutamente essenciais e, segundo, em projetar maneiras eficazes de
controlar e recriar esses elementos. O protótipo que imediatamente chega à mente aqui é
o McDonald’s, onde o controle do layout físico, da política de pessoal, do sortimento de
serviços e da compra de matérias-primas são dados concretos no contrato de franquia, o
ingrediente básico da fórmula de reprodução.
pelos mesmos burocratas de baixa qualificação. Na sua grande maioria são funções estratégicas,
que exigirão, além de razoável conhecimento de informática, alta capacidade de decisão e
negociação. Em outras palavras, o perfil de alta qualificação generalista e estratégica, antes restrito
às cúpulas administrativas, passa a ser exigido em quase toda a estrutura organizacional”. No
entanto, não se obtém a qualidade sem envolvimento, comprometimento do executor. Ela exige
atenção concentrada, o que está associado à motivação.
Baseando-se na mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a
mão de obra toyotista não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a fordista.
O toyotismo segue o caminho inverso da divisão do trabalho ao promover uma verdadeira
dinâmica de enriquecimento das atividades, o que também é fundamental nos sistemas produtivos
de serviços, visto que não existem estoques, o que ocasiona encontros diretos entre produção
e consumo, e porque há grande variabilidade oriunda da participação do cliente no processo
produtivo. Outra importante característica é o fato de permitir a tomada de decisão de forma mais
simples e descentralizada. Os problemas relativos à produção são resolvidos, normalmente, na
linha de montagem, pelos próprios operários, obviamente dentro de parâmetros bem definidos.
Essa dinâmica na tomada de decisão é fundamental para o setor de serviços, principalmente para
os funcionários que atuam no front office. Assim, as respostas dos funcionários seguirão padrões
predefinidos, dando consistência aos serviços. Mas, diante de demandas especiais dos clientes,
durante os encontros de serviço – especificamente durante os momentos da verdade – a tomada
de decisão poderá ser efetuada ao final do processo, justamente na fase de interação própria dos
momentos da verdade. Entretanto, para que os funcionários de serviços consigam clareza para sua
tomada de decisão, é fundamental que conheçam toda a operação de serviço de que participam.
Nesse sentido, fica evidente mais uma similaridade com o toyotismo, no qual os trabalhadores
conheciam os processos como um todo porque eram estimulados a migrar constantemente de
postos, com o intuito de aumentar a flexibilidade nas fábricas e a tomada de decisão acertada ao
longo do processo produtivo.
Outro elemento é o controle da qualidade total. Como as matérias-primas eram restritas e
muito caras, o modelo nipônico primava pela busca da qualidade total. Pensar em qualidade,
dessa forma, é fundamental para as empresas de serviços, uma vez que o serviço é produzido e
consumido ao mesmo tempo. No Japão, como a produção de determinado bem era muito menor
que, por exemplo, nos Estados Unidos da América, em todas as etapas do processo produtivo os
funcionários checavam a existência de possíveis problemas e, caso existissem, promoviam uma
rápida identificação das causas e uma imediata correção na linha de montagem, além de levar
esses problemas para estudo nos círculos de qualidade. Note-se que essa dinâmica só é possível
em função da polivalência da mão de obra japonesa, em que o operador é também o controlador e
o planejador da qualidade. Assim, no toyotismo, existe um processo de aperfeiçoamento contínuo
e autocorretivo. No caso do sistema de manufatura, isso é fundamental para não se perder
matéria-prima e tempo. No caso de uma empresa de serviços, essa prática é importante para o
aperfeiçoamento dos processos, culminando em benefício para o cliente e sendo responsável por
uma percepção positiva ou negativa da qualidade.
O modelo toyotista se complementa e articula no sistema just-in-time de gerenciamento da
produção. Como o leque de produtos é extenso e variável, a produção na linha de montagem
não pode ser planejada com grande antecedência. O objetivo do sistema just-in-time é possibi-
litar a produção de cada tipo de bem exatamente no momento em que é demandado. No limite,
isso significa dizer que a produção seria imediata e, logo, poderia se dar com estoques zerados.
Percebemos que o desafio enfrentado pela força de trabalho japonesa é similar ao dos profissionais
que atuam com serviços, pois, mesmo que possam estocar bens facilitadores – como pães no caso
de uma lanchonete –, o benefício que oferecem aos clientes não pode ser estocado, devendo ser
produzido no momento do consumo.
No caso das escolas, as aulas, de fato, não podem ser estocadas. Na medida em que não lida
com estoques, que permite produção com grande variabilidade e em pequenos lotes, o toyotismo
pode ser comparado aos sistemas produtivos de serviços. Quando torna os organogramas mais
horizontais nas fábricas, ele permite que os funcionários tomem decisão e entendam suas tarefas
como parte de um processo. Isso é fundamental em serviços por permitir feedback mais rápido
para os clientes e personalização frente às demandas, sem promover o estrangulamento de algumas
etapas do encontro do serviço.
Com base no trecho a seguir, reflita sobre como os serviços são gerenciados na escola na qual
você atua ou mesmo em relação a alguma escola que você conhece.
Grandes empresas atuantes no setor de serviços, como redes de fast-foods, companhias aéreas
e bancos, sempre buscaram garantir um bom nível de experiência de seus clientes. Para tanto,
além de definirem claramente as etapas que compõem seus serviços, elas dividiram suas estru-
turas em duas: a primeira, dedicada basicamente a fazer a entrega dos serviços aos clientes; a
segunda, focada em produzir o serviço. Essas estruturas de frente e bastidores são conhecidas
como front office e back office, respectivamente.
A
s imagens ou representações são, provavelmente, o principal conteúdo
do pensamento humano, constituindo um dos componentes intelectuais
mais importantes do homem, sendo capazes de influenciar seu compor-
tamento. Entretanto, é patente que o conceito de imagem não goza de consenso
entre os estudiosos. Dependendo do campo de conhecimento, ele recebe nomen-
claturas diferentes.
Conforme Reis:
Imagem institucional, identidade corporativa, imagem de marca, conceito publicitário,
conceito institucional, imagem organizacional, são alguns dos termos que, embora com
alguma diferenciação, são tomados como sinônimos pela literatura especializada. Na
verdade, existem diferenças entre cada um desses termos, sendo na maioria dos casos
diferenças mais de ordem técnica associados à área em que o conceito é utilizado. A nosso
ver, esses vários termos têm em comum a caracterização, grosso modo, da imagem como
complexo simbólico identificador. (1991, p. 1)
coisas nos são apresentadas dentro de uma lógica por nós construída, de modo que
a percepção da coisa em si nunca remete para a realidade da coisa, uma vez que a
2 Jean-Paul Sartre (1905-
-1980). Filósofo, roman-
cista, dramaturgo e ativista
realidade é sempre uma construção social. Assim, para se atingir o estado real da político francês. Expoente
da corrente filosófica existen-
coisa, seria necessária uma profunda atitude reflexiva que rompesse os limites da cialista, que define o homem
como senhor de seu próprio
lógica estabelecida rumo à essência da coisa. Entretanto, esse movimento não faz destino. A partir de um pro-
gressivo engajamento político
parte da práxis cotidiana do homem, que atua, na maior parte do tempo, no âmbito à esquerda, aproximou-se do
marxismo. Escreveu O ser e
da operação do concreto e não na reflexão sobre ele. Assim, percebemos que, em o nada (1943), a trilogia Os
âmbito social, somos reféns da construção da realidade, em cujo bojo encontramos caminhos da liberdade (A
idade da razão - 1945, Sursis
as mais variadas ideologias para explicar, ou mesmo omitir, a realidade das coisas. - 1945, Com a morte na alma
- 1949) e Crítica da razão
Ainda na Filosofia, Lalande (1967) usa uma citação de Taine para definir imagem: dialética (1960).
Charlie
Calvin Fragâncias
Klein florais
elegante
Chanel
Obsession
Poison
Roupa de cama
Elizabeth branca
rico Taylor
sexy
Rolls-Royce
Victoria’s Secret
Cher
Mercedes-Benz
- credibilidade Comunicação
- confiabilidade - propaganda
- sensibilidade - publicidade
- promoções
- mala direta
Canais de distribuição - telemarketing
- localização
- serviço
- competência
Reputação e educação 1
(LEVI CARNEIRO )
Há algum tempo, surgiu no cenário dos debates corporativos mundiais um novo conceito
de proteção e valorização da performance e da imagem das empresas em geral, que interessa de
perto à área educacional, tendo em vista o ambiente cada vez mais dinâmico e competitivo que se
observa nesse setor.
Trata-se do conceito de reputação, uma medida do prestígio que as organizações desfrutam
junto a seus públicos de interesse, e que pode somar perfeitamente com outros parâmetros já
existentes na avaliação e diferenciação das instituições de ensino.
De acordo com Charles Fombrun, um dos fundadores do Reputation Institute, entidade que
lançou e vem fazendo o monitoramento internacional desse conceito, a reputação corporativa
pode ser definida como o que as pessoas sentem e pensam sobre uma empresa ou uma corporação,
com base nas informações (ou na desinformação) que elas têm sobre o estilo de governança, os
produtos e serviços, o tratamento dos empregados, o desempenho financeiro, as iniciativas de
cidadania, a capacidade de liderança e o potencial de inovação que essas organizações mantêm.
Como se pode ver, é um conceito mais abrangente que os usuais, voltado para uma apreensão
holística da empresa, não se fixando apenas em um aspecto ou ângulo isolado. E o que torna esse
conceito de reputação ainda mais poderoso é que, desde 1999, o Reputation Institute desenvolveu um
instrumento científico de análise e classificação das empresas pela sua reputação. É o RepTrak ou
Reputation Tracking, hoje uma medida aceita e aplicada em diferentes setores e regiões do mundo.
Como o Reputation Institute é baseado num tripé formado por empresas, universidades/business
schools e consultorias especializadas, a melhor consequência da aferição é que as empresas podem
realizar, com base nos resultados aferidos, um trabalho de acompanhamento e melhoria das diferentes
dimensões de suas respectivas reputações. Ou seja, não é um mero ranking para durar apenas o
tempo da repercussão de sua publicação nas revistas ou jornais de grande circulação, é um instrumento
concreto e eficaz de gestão da relação das empresas com os seus diversos stakeholders.
Nesses tempos de economia globalizada e alta densidade informativa sobre os mercados e os
jogos concorrenciais, o que se nota, pelas pesquisas do Reputation Institute e por outras evidências,
é que a reputação das empresas vem se tornando um dos seus mais fortes ativos intangíveis. Nos
Estados Unidos da América e no Reino Unido, por exemplo, o valor dos ativos intangíveis, entre
eles a reputação, chega a atingir até 85% do valor geral das empresas, segundo dados de 2001.
Mais do que isso, com bases em cases e análises, é possível também demonstrar que a
reputação é capaz de alavancar novos negócios, assegurar margens, sustentar valor em diferentes
ambientes econômicos, além de funcionar como fator de prevenção de perda em eventuais crises
ou escândalos.
Sem falar no quanto uma empresa de boa reputação tem mais condições para motivar seu
pessoal, sensibilizar a opinião pública, tornar-se desejada e cativar tantas outras reações positivas.
Se alguém tem dificuldade de imaginar esses reflexos, basta pensar nas dificuldades enfrentadas
pelas empresas de má reputação ou sem prestígio.
Tudo isso para dizer que as organizações da área do ensino não podem deixar de participar
desse debate sobre a reputação. Ao lado dos rankings já existentes, das pesquisas de avaliação
de satisfação, dos resultados propriamente ditos da empresa, a reputação e os instrumentos que a
acompanham podem ajudar em muito na gestão desse setor.
É um novo foco de avaliação da percepção das empresas. Um foco mais humanista e sensível,
sem ser impreciso ou inexato. Mais amplo, sem ser generalista. Mais estratégico e corporativo,
sem deixar de fornecer referências aos desafios do dia a dia.
Portanto, conhecer mais sobre a reputação e aplicá-la ao ambiente do ensino no Brasil é um
exercício que não pode ser deixado para depois.
serviços, mas nem sempre sabe o que está comprando. Por outro lado, esses serviços são oferecidos,
via de regra, por um tempo prolongado (quatro, cinco anos), e por isso passíveis de avaliações
contínuas por parte desse aluno ou pai consumidor.
O marketing educacional requer um tratamento especial em todas as suas dimensões: cultural,
estratégica e tática.
Na evolução do marketing, passamos por várias fases: valorização do produto e das vendas,
valorização do cliente, satisfação de suas necessidades, até chegarmos a um marketing baseado
na construção de experiências pelo consumidor. Passamos a um conceito maior de interatividade
entre cliente e o prestador de serviço: o marketing de relacionamento, que hoje está muito presente.
A evolução desse conceito fez com que chegássemos exatamente ao branding, que é na realidade
uma nova filosofia de gestão.
Na evolução dos modelos de administração, cujo foco passou de orientada para produção
ao marketing, claramente entramos na era das empresas orientadas para a marca, em que toda
gestão, desde a definição de sua missão, valores e estratégias de crescimento, passa a ser baseada
na criação de valor da marca.
Branding é uma filosofia de gestão com foco na marca. É uma filosofia empresarial que coloca a
marca no centro de todas as ações que criam valor para o negócio. É uma nova abordagem de gestão
que busca aumentar a atratividade da marca (seu valor) para todos os seus públicos de interesse.
E o que é marca?
Marca é alma da empresa (cultura + identidade).
Temos muitas definições para marca: pode ser um termo, sinal, símbolo ou design, ou uma
combinação deles, que identifica bens ou serviços de uma empresa e os diferencia dos seus
concorrentes.
Marca é o que faz a diferença entre uma Brastemp e uma geladeira, uma Ferrari e um carro,
um Chanel n.º 5 e um perfume.
O que dizer de uma nova linha de perfumes da Jaguar definida como “uma mutação do luxo,
que transforma uma máquina de alta performance (carro) em três fragrâncias dos sonhos”?
Em suma, a marca é um nome poderoso que faz com que um consumidor prefira um produto B
a um produto A simplesmente porque ele se chama B. É a marca que faz com que uma boneca Barbie
seja vendida a cada dois segundos no mundo, 40 milhões de pessoas comam em um McDonald’s por
dia e 80% dos refrigerantes consumidos no mundo tenham apenas quatro rótulos diferentes.
Trata-se de um verdadeiro relacionamento entre empresa e consumidor, que gera vantagem
competitiva para as empresas e determina as decisões dos consumidores, incentivando-os a
experimentarem, gostarem, repetirem e recomendarem um produto aos seus amigos. Um relacio-
namento que pode chegar a ser tão profundo a ponto de “apaixonar”, “hipnotizar”, “fidelizar” um
cliente, que sempre verá a marca como algo de grande valor e importância.
Marca é uma cultura e uma dinâmica de relações estabelecidas entre a instituição de ensino,
seus serviços e seus clientes, criando valor para todas as partes interessadas. O estudo das marcas
gerou uma nova filosofia de gestão conhecida como branding, hoje começada a ser pensada por
escolas, faculdades e universidades como uma questão de sobrevivência.
Branding não é uma atividade ou um projeto. É uma nova postura empresarial.
Considerando que marca é o principal patrimônio da empresa e seu elemento mais competitivo,
cada vez mais a marca permeia a filosofia de gestão das instituições de ensino/escolas de todos os
níveis.
A marca deixa de ser a cereja do bolo para ser o próprio bolo.
A descoberta de que marca não é mais um instrumento de marketing, mas um ativo estraté-
gico da organização, muda totalmente o escopo dos condutores do processo.
A missão do branding é estabelecer uma gestão de marca alinhada com a gestão de negócios.
Fortalecer a estratégia, alinhando todas as iniciativas da empresa, desde o desenvolvimento
de produtos (cursos, seminários, workshops etc.), incluindo ações de responsabilidade social e
parcerias que potencializem os resultados. Ou até mesmo a propaganda, que vai cumprir ainda
melhor seu papel se estiver alinhada com a estratégia de negócios e, portanto, com a marca.
A comunicação tem um papel muito importante considerado estratégico para agregar valor
a uma marca.
Como ter uma gestão com foco na marca em instituições de ensino?
Hoje, é difícil buscar soluções criativas que alguém já não tenha feito. Para se ter estratégias
mais consistentes e perenes é necessário se aprofundar na compreensão dessa nova realidade tão
complexa e tão mutante.
Uma instituição de ensino não pode mais se apoiar somente em seus produtos (cursos,
produção acadêmica, metodologia utilizada), serviços (atendimento, secretaria, setor de bolsas
etc.) e seu ativo (campi, laboratórios, áreas de lazer, quadras etc.). Esses não são os diferenciais de
uma instituição porque todas podem oferecê-los.
Desenvolver uma estratégia de marca coerente e consistente com seu mercado é criar uma
marca forte com diferenciais marcantes que atinjam o emocional de quem vai usá-la (ou escolhê-la
para seus filhos).
Tudo pode ser copiado rapidamente hoje: estruturas físicas, cursos, serviços. Por isso, uma ins-
tituição de ensino deve ter como retaguarda um ativo intangível que suporte as mudanças do mer-
cado ou até seja promotor de transformações e inovações. Esse ativo estratégico é a sua marca.
Na gestão com foco na marca, é preciso ter uma definição clara da identidade da escola, ou
seja, quais são seus diferenciais.
A essência da marca é o valor percebido e apreciado por todos os seus públicos, é a sua alma.
As marcas fortes possuem quatro pilares bem desenvolvidos: diferenciação, relevância,
estima e familiaridade. Diferenciação é a característica própria perceptível aos seus consumidores.
Relevância é a importância que os consumidores dão aos diferenciais percebidos em determinada
marca. Estima e familiaridade é o relacionamento afetivo que o consumidor tem com a marca.
A marca tem que criar empatia, afinidade e cumplicidade com os valores, emoções e neces-
sidades do consumidor. Criar e manter viva a chama da marca e os vínculos emocionais com os
consumidores constituem a base para construir a perenidade da marca.
Em instituições de ensino, fica claro que, se os diferenciais oferecidos forem relevantes para
quem vai usá-los, a escola chegará com o tempo a conquistar a estima e a familiaridade de seu
público com a sua marca. Esses estágios se atingem com o tempo, mas quando conquistados tem
um valor muito forte que vai gerar a indicação natural da marca (escola) para amigos, filhos e
netos.
O gerenciamento eficiente da marca leva em conta aspectos como reputação, visibilidade e
afinidade da marca com o consumidor. No caso de uma instituição de ensino, para o “futuro aluno”
ou “pai de aluno”, todos esses aspectos influenciarão em sua decisão de escolha da instituição.
O que mudou foi a percepção de que se ampliou a necessidade de toda marca se aprofundar nas
perspectivas de sua vocação.
O que vai diferenciar uma instituição de ensino da outra é cada vez mais o poder intangível
de estabelecer cumplicidade com o universo que a cerca (funcionários, prospects, sociedade,
fornecedores etc.). A chave dessa relação está na mensagem implícita na marca da instituição,
atrelada não apenas aos cursos e serviços que oferece, mas ao comportamento que a instituição
demonstra enquanto escola, faculdade ou universidade e enquanto empresa como um todo.
Construir marcas fortes em um planeta globalizado, ultracompetitivo e com um consumidor
com acesso imediato a todo tipo de informação, requer bem mais que profissionais criativos. Exige
empresários compromissados e zelosos com a sociedade em que estão inseridos.
Uma instituição de ensino tem que passar claramente a todos os seus stakeholders (públicos
que podem influenciar sua marca: alunos, professores, empregados, fornecedores, sociedade civil,
parceiros, comunidade local, mídia, governo) seus diferenciais, suas características únicas (por
exemplo, buscar permanentemente inovação, ou ser uma escola temática – preocupada em preser-
vação do meio ambiente –, ou ter um forte compromisso social – desenvolvendo alunos/cidadãos
mais conscientes sobre responsabilidade social).
Deve criar laços de afetividade que façam com que seu aluno, seus pais, seu professor, seu
funcionário sejam seus melhores promotores, defensores de sua marca.
No mercado competitivo de ensino, só existirá crescimento consistente para escolas que
pensem em sua marca como seu maior ativo e tomem consciência que é necessário mudar sua
postura de gestão. Pensem sempre em ações, atitudes que gerem valor para sua marca, enfim
tenham seu foco no branding.
Essa não é uma tarefa fácil nem de responsabilidade única. Tem que começar pelos gestores
e ir permeando todos os setores. Não é fácil que todos tenham percepção da marca e seu valor. Esse é
o grande desafio do branding.
Reflita sobre a possível imagem ou as imagens que a sua escola ou uma escola que você conhece
tem junto a alguns públicos como alunos, candidatos, pais, professores, funcionários, empresas
e órgãos oficiais. Por que você considera que a escola tem essas imagens junto a esses grupos?
O trecho a seguir pode servir como ponto de partida para sua resposta.
Por imagem corporativa podemos entender, então, a realidade que as pessoas formam a respeito
de uma empresa. E essa realidade pode ser resultado da codificação dos estímulos que uma
pessoa recebe por meio de seus órgãos sensoriais, somada e combinada às informações contidas
em sua memória e às suas sensações, a partir de uma cultura específica na qual um indivíduo
está imerso. Somente a partir dessa junção a imagem de uma empresa (ou qualquer outra) se
forma em nossa mente.
H
oje, um dos pontos que mais recebe atenção no marketing é o consumidor: diante do aumento
da concorrência nas últimas décadas, diante da grande pulverização dos mercados, da cada vez
maior segmentação das ofertas de produtos e serviços, entender o consumidor é uma obrigação
para as escolas que tdo consumidor e tentativa de enxergar as diversas possibilidades de consumo a
partir da sua lógica. Nem sempre ele vê os benefícios que a empresa vê em seus produtos ou serviços,
e também não é sempre que ele percebe nos produtos as falhas técnicas que as empresas percebem.
Os consumidores de uma empresa podem ser crianças de pouca idade, jovens, adultos, idosos,
famílias e outras empresas. Cada uma dessas categorias possui um esquema próprio de entendimento da
realidade, e até mesmo formas e critérios diferentes para tomar suas decisões de compra. Os grupos de
consumidores que apresentam características comuns são denominados segmentos. Segundo Solomon,
“[...] o processo de segmentação de mercado identifica grupos de consumidores que se assemelham
de uma ou mais maneiras e cria, então, estratégias de marketing que exercem seu apelo a um ou mais
grupos” (2002, p. 25).
Normalmente, as empresas simplificam o processo de segmentação de seus mercados ao
agruparem seus consumidores a partir tão somente de características demográficas. É natural que
pessoas mais jovens tenham gostos e preferências diferentes dos gostos e preferências das pessoas
mais velhas, assim como homens e mulheres apresentam comportamentos de consumo e motivações
de compra muito diferentes uns dos outros. O que é preciso entender, em nossos dias, é que os
segmentos de mercado são muito mais complexos que um cruzamento de variáveis como idade,
gênero, local de residência, renda etc. Ainda que minimamente, é preciso compreender a visão de
mundo do consumidor, sua lógica, a sua subcultura e o seu grupo de referência. Para isso, não há uma
fórmula ou mesmo uma receita: cada caso é um caso. O fundamental é que o profissional de marketing
educacional esteja atento às mudanças e às ações dos seus consumidores, tendo sensibilidade para
olhar o mundo com olhos que não os seus. Essa postura fará a diferença entre uma escola centrada em
sua própria lógica e aquela que tenta se ajustar aos movimentos do mercado.
Ainda segundo Solomon (2002), as pessoas muitas vezes compram produtos não pelo que esses
produtos fazem ou proporcionam, mas sim pelo que eles significam. Isso não quer dizer que a função
básica de um produto não seja importante e sim que os papéis representados pelos produtos em nossa
vida vão muito além das tarefas que desempenham. Os significados mais profundos de um produto
podem levá-lo a se destacar em relação a outros produtos e serviços semelhantes – se forem todos
iguais, será escolhida a marca que tem uma imagem (ou mesmo uma personalidade) coerente com as
necessidades subjacentes do comprador. Ou seja, os consumidores avaliam os produtos não somente
de forma objetiva, mas também subjetivamente.
não está apto a julgar a consistência do trabalho do seu médico. O que o paciente
consegue avaliar é o padrão das instalações, a cordialidade da secretária e mesmo
a do médico, além de outros elementos ligados à prestação de serviços. O paciente
consegue, então, coletar informações acerca da reputação do médico. Reputação
esta calcada em anos de bons ou maus serviços à medicina e no tratamento de
pacientes anteriores. Sobre o serviço médico propriamente dito, faltam-lhe
conhecimentos para avaliar plenamente. O mesmo ocorre com os alunos, que são
usuários dos serviços educacionais denominados suplementares, mas são alunos
quando estão em sala de aula. Pode-se entender que o aluno existe como um duplo
consumidor dos serviços educacionais: no momento em que consome o serviço
básico, ele é um aluno e suas vontades e desejos devem ser satisfeitos desde que
não haja prejuízo para o processo de aprendizagem; no momento em que usufrui
os serviços suplementares (secretaria, biblioteca etc.) e mesmo das instalações
físicas (infraestrutura, estacionamento etc.), ele deve ser visto e entendido como
um usuário, tendo plenas condições de julgar se foi bem atendido ou não ou
mesmo se a estrutura física da instituição é adequada ou não. Isso é algumas das
partes que compõem o serviço educacional, existem outros tipos de serviços e a
comparação é inevitável.
Em resumo, estar focado nos alunos não significa abrir mão de rigor,
cobrança ou mesmo qualidade acadêmica. Segundo pesquisa realizada em 2005
em capital da Região Sudeste com estudantes universitários, os alunos gostam
de ser cobrados em sala de aula, mas não admitem ser tratados como pessoas
sem vontade e expressão dentro de sala e, principalmente, nos diversos departa-
mentos com os quais têm contato constante na escola. Assim, o que as escolas
devem buscar é um equilíbrio sadio entre o foco no aluno, dentro do paradigma
aluno-usuário, de forma a torná-lo um cidadão dotado de valores sociais e apto
a interagir socialmente.
Na sequência, será possível visualizar as principais diferenças, dentro de
um enfoque de marketing, entre os consumidores pessoa física e os consumidores
pessoa jurídica, visto que várias escolas atendem a esses dois públicos e que eles
têm comportamentos muito diferentes.
Imagens Olhos
Sons Ouvidos
Gostos Boca
Texturas Pele
E também há que se notar que as empresas têm uma dificuldade muito grande
em diferenciar seus produtos a partir de uma perspectiva funcional e por isso cada
vez mais buscam diferenciar seus produtos a partir de um enfoque hedônico, ligado
ao prazer: a partir de uma compreensão das redes associativas, as empresas elencam
sensações junto às quais querem que seus produtos sejam indexados, arquivados.
As razões para um produto ser comprado podem variar muito. Identificar os
motivos que levam uma pessoa a escolher um curso é fundamental para que uma
escola entenda que tipo de valor ela gera – sob a óptica do mercado. Abordagens
tradicionais sobre consumo, a partir de benefícios utilitários e hedônicos, fazem
parte das linhas de investigação dos profissionais de marketing. Uma determinada
escola pode ser escolhida porque um candidato acredita que nela fará bons amigos
e/ou porque essa escola representa um sinal de ascensão social para determinada
família. Como foi demonstrado pela hierarquia de Maslow, o mesmo produto
pode satisfazer diferentes necessidades, dependendo do perfil do consumidor em
um determinado momento.
Alguns conceitos
Para entender certos aspectos mais profundos e subjetivos que influenciam
as decisões de consumo, vamos detalhar alguns conceitos.
O eu
Todo indivíduo tem de si mesmo uma imagem ou autoconceito e a partir
dela age enquanto consumidor, tentando melhorar a forma como se vê e como
acredita que os outros o veem. Segundo Solomon (2002) e Engel (2000), o auto-
conceito é formado pelas crenças que uma pessoa desenvolve sobre seus próprios
atributos e como ela avalia suas qualidades e objetivos: é uma avaliação de si
mesmo tendo o ambiente a sua volta como referencial. Modificar o autoconceito
é uma enorme motivação de consumo para qualquer indivíduo e certamente o
consumidor terá uma grande motivação para a compra se o marketing embalar um
produto em significados percebidos por esse consumidor como capazes de suprir
uma “falha” em seu autoconceito.
Apesar das descrições diferentes na literatura especializada, consideramos
o autoconceito como sendo formado por três partes principais – a autoestima, o eu
real e o eu ideal. No geral, o autoconceito pode ser positivo ou negativo.
A autoestima relaciona-se com a positividade do autoconceito da pessoa:
o autoconceito será tanto mais positivo quanto maior for a autoestima,
de modo que a autoestima relaciona-se com a percepção da aceitação de
uma pessoa pelas demais – quanto mais aceito alguém se sente, maior é
a sua autoestima.
Personalidade
Outro aspecto importante acerca dos consumidores é a compreensão de sua
personalidade, que é um aspecto interveniente no comportamento de consumo
dos indivíduos. A personalidade pode ser considerada como a formação psicoló-
gica única de um indivíduo, a partir da qual as pessoas reagem aos estímulos do
ambiente no qual estão inseridas.
Sigmund Freud foi um dos maiores e mais famosos estudiosos da perso-
nalidade humana. Simplificando ao máximo suas ideias, a personalidade de um
adulto seria fruto de conflitos entre a vontade de satisfazer seus desejos mais
instintivos de um lado e, de outro, a busca por uma virtude excessiva que
culminaria por transformar esse indivíduo em um exemplo de respeitabilidade em
relação ao próximo. Para Freud, nossa personalidade é formada pelo id, o ego e o
superego, os quais não constituem partes físicas do cérebro.
O id seria a parte da mente destinada à busca do prazer imediato, a parte
egoísta de nossa personalidade.
O superego é o contrapeso do id, a parte da mente humana que internaliza
as regras sociais e busca atendê-las.
O ego seria o árbitro entre os dois sistemas, permitindo que atendamos
ao id sem ferir as regras sociais.
Alguns produtos foram desenvolvidos buscando atender ao equilíbrio
proposto por Freud: são produtos que atendem aos nossos instintos de sexualidade
e prazer, entre outros, mas de forma socialmente aceitável.
Estilo de vida
Segundo uma frase popular, para se conhecer uma pessoa basta conhecer
seu lixo: o que vai para o lixo revela o estilo de vida, que é como as pessoas gastam
seu tempo e seu dinheiro, conforme conceito apresentado por Solomon (2002).
Entender o que as pessoas compram e porque compram, e com que atividades
gastam seu tempo, é fundamental antes do lançamento de um novo produto ou
mesmo no entendimento do padrão de consumo de qualquer bem. Compreender
o padrão de consumo é importante porque é a partir dele que o indivíduo monta
78
sua identidade e expressa seu autoconceito. No mesmo passo, entender o estilo
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O cliente educacional
Cultura
É inegável que nos relacionamos com o mundo a partir da cultura na qual
fomos educados. Um exemplo claro está nas diferenças entre os hábitos cotidianos
de orientais e de ocidentais. O conjunto de significados, normas e tradições por
meio dos quais os seres humanos se relacionam consigo mesmos, com o ambiente
que os cerca e com os demais seres é denominado cultura. Esse é o conceito de
cultura utilizado neste livro. Para Solomon (2002), a cultura pode ser entendida
como a personalidade de uma sociedade.
Indivíduo Ambiente
Cultura
Sociedade
É por meio da cultura que aprendemos o que é certo e o que é errado. O que
deve e o que não deve ser feito. E agimos dentro desse padrão enquanto cidadãos
e consumidores. A cultura envolve os hábitos alimentares, a moral de um grupo
social, seus valores etc. Não se pode dizer que sociedades consideradas “primitivas”
praticantes da antropofagia não tivessem
Seria adequado montar uma universidade
cultura: comer carne humana era um hábito
socialmente aceitável, explicado pela cultura em uma sociedade que valorize somente
daqueles povos, da mesma forma que o a formação profissional? Não seria
hábito de comer em restaurantes fast-food mais adequado montar um colégio
está inserido em nossa cultura. profissionalizante?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
79
mais informações www.iesde.com.br
O cliente educacional
Grupos sociais
Como seres sociais, os seres humanos estabelecem vários tipos de vínculos
com outros indivíduos, participando de vários grupos distintos: a família, os amigos
de trabalho, os amigos do clube, os companheiros de determinado hobby e os amigos
da igreja se constituem como diferentes tipos de grupos. Solomon (2002, p. 257)
afirma que todo indivíduo ou grupo de indivíduos reais ou imaginários concebidos
como tendo relevância sobre as avaliações, aspirações ou comportamento de um
indivíduo constituem grupos de referência para esse indivíduo. Uma banda de
rock pode fazer parte de um grupo de referência específico para um indivíduo. Os
grupos são importantes para os indivíduos porque servem de balizadores para que
a pessoa avalie se está bem ou mal em relação ao seu meio, se está integrada: para
estar bem é preciso se sentir aceito pelos demais membros e ter acesso a produtos
que tenham relevante significado para o grupo. Os adolescentes são indivíduos
muito suscetíveis às reações dos grupos aos quais pertencem e normalmente
precisam comprar muitos produtos de moda para continuarem se sentido aceitos.
No interior dos grupos sociais, o líder de opinião é,
Quem são os influenciadores normalmente, uma pessoa que influencia outras pessoas e
no processo de escolha de sempre tem conhecimento específico sobre determinado
um curso ou escola? assunto ou produto. Identificar e influenciar líderes de
opinião pode ser uma eficiente estratégia de marketing para qualquer negócio. E,
além do líder de opinião, existem outras lideranças que não são caracterizadas
por conhecimentos: são líderes por causa de seu sucesso, de seu cargo etc., e
igualmente influenciam o comportamento de compra das outras pessoas.
Classe social
Para Engel (2000), classes sociais são divisões dentro da sociedade,
compondo-se de indivíduos que partilham valores, interesses, comportamentos
80 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O cliente educacional
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personalidade;
valores;
estilo de vida.
Como variáveis ambientais, devemos considerar:
a cultura dos indivíduos;
sua classe social;
a família;
a aprendizagem decorrente da atuação de terceiros.
pesquisas, a empresa constrói uma riquíssima fonte de conhecimento sobre seus consumidores,
que pode ser usada para criar experiências que significam maior valor para eles.
Hoje, temos disponível a tecnologia do customer relationship management (CRM), que
permite compreender melhor as necessidades dos clientes, oferecer-lhes respostas personalizadas
e, consequentemente, cultivar relacionamentos melhores e mais próximos. É a união dos avanços da
tecnologia, que permite analisar e avaliar um banco de dados, como o novo pensar em marketing,
possibilitando o tão sonhado atendimento personalizado.
Toda iniciativa de CRM deve ter como premissas básicas aumentar a rentabilidade da base
de clientes e reter os de maior potencial de compra. Por isso, é importante identificar, diferenciar
e personalizar o atendimento ao cliente em todas as suas interações com a organização de modo
que ele não precise repetir o que já disse antes.
Diferenciar torna-se, portanto, tarefa essencial para conhecer não só a lucratividade real e
potencial de cada cliente, como também os clientes mais lucrativos para sua empresa. Só por meio
desse conhecimento é que se pode saber qual estratégia de atendimento é a mais adequada para
determinado cliente e como interagir com ele, personalizando o atendimento.
É, enfim, uma relação de aprendizado. A empresa personaliza produtos, serviços e a comuni-
cação com o cliente de acordo com suas preferências e necessidades. Se uma cafeteria liga no dia
do aniversário de sua esposa, oferece-lhe uma cesta de café da manhã, manda entregar e cobra no
seu cartão de crédito, você buscaria outro fornecedor?
A prática é nova? Não. Basta olharmos para trás e veremos que a técnica utilizada hoje
remonta aos primeiros dias de comércio. Na época, era praticado o marketing um a um. O cliente
era conhecido pelo nome, e o comerciante sabia onde ele vivia, de que tipo de produto necessitava
e quando necessitava. Sabia até como o cliente gostava que o produto fosse entregue e como queria
pagar suas contas.
Na minha experiência pessoal, vivendo em interior, posso falar do bazar do senhor Miguel,
em que ele já adotava, em sua simplicidade e empirismo, as técnicas do CRM para vender mais e
melhor. E como ele fazia isso? Existia um livro de registros (banco de dados) em que ele anotava
todas as informações importantes de seus clientes. Quando chegavam novas mercadorias, o
senhor Miguel consultava seu livro de registros para saber quais as freguesas que poderiam se
interessar pelas novidades. De posse do conhecimento, oferecia a mercadoria certa para o cliente
certo. Era venda na certa. O livro de registros também era usado para fazer suas vendas casadas.
Ele pesquisava o que o cliente havia comprado e oferecia novidades ligadas a essa compra. Outro
recurso adotado pelo comerciante era o livro do fiado, no qual constavam os maus pagadores, e o
livro dos novos clientes, no qual era anotada a evolução desses em seu negócio.
Por que existia essa preocupação? Porque era necessário utilizar as informações a respeito do
cliente para lhe entregar produtos e serviços adequados à sua necessidade. Em outras palavras, era
importante conhecer o cliente para mantê-lo ligado ao seu negócio por um bom tempo, tornando
esse relacionamento cada vez mais rentável.
E em que a técnica do senhor Miguel difere das ferramentas de CRM? Com certeza as dife-
renças são muitas. Temos uma tecnologia à disposição que nos possibilita ter um banco de dados de
clientes e fazer os cruzamentos de informações que se fazem necessários para o negócio. Vender
o produto certo para o cliente certo é muito mais fácil.
O custo de marketing diminui. Mas o princípio básico é o mesmo: conhecer muito bem o seu
cliente, saber suas necessidades e desejos, enfim, ter um forte relacionamento com ele. E nessa
busca de conhecimento o banco de dados surge como uma ferramenta de valor inestimável, que
Universidade corporativa:
substituta ou complementar à universidade formal? 1
(LÍVIA SANT’ANA )
A educação tem sido um dos fatores fundamentais no destino das pessoas, organizações,
sociedades e países. Vários estudos mostram que a escolaridade e o acesso ao conhecimento são
fatores estruturadores da qualidade de vida e das oportunidades que garantem o crescimento
e a evolução. Países com população educada tendem a ser menos desiguais na distribuição de
renda, sociedades educadas tendem a ter melhores condições de vida e desenvolvimento social,
organizações educadas tendem a ser mais competitivas e pessoas educadas tendem a ser mais
bem remuneradas.
Segundo Eboli, a educação diz respeito à influência intencional e sistemática sobre o ser
humano, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo em uma sociedade, a fim de conservar e
transmitir a existência coletiva. Assim sendo, a educação tem um forte impacto no desenvolvimento
econômico, na competitividade e na capacidade humana de transformar potencial em resultados
que possam transcender barreiras geográficas e regionais.
A globalização e a evolução das tecnologias de informação criaram uma nova economia em
que a produtividade e a competitividade dependem basicamente da capacidade humana de gerar,
processar e aplicar, de forma eficiente, a informação baseada em conhecimento. Sob essa nova
lógica, o foco das empresas está direcionado para a manutenção de vantagens competitivas2 que
as mantêm à frente da concorrência seja pela capacidade de inovação, de aprendizagem, de diver-
sificação e/ou desenvolvimento de capacidades dinâmicas3.
Nessa era de competitividade e inovação, a maior arma que as empresas têm, para a sobre-
vivência, é a capacidade de aprendizagem e, sobretudo, de criação de novos conhecimentos. Para
Senge, em longo prazo, a única fonte permanente de vantagem competitiva da organização é a
capacidade de aprender mais depressa do que os concorrentes, e que nenhuma força externa pode
lhe subtrair o ímpeto dessa vantagem.
Investir na capacidade humana de adquirir, criar e aplicar conhecimento tornou-se vital para
as organizações que pretendem manter-se competitivas. Esse investimento busca o aumento de
produtividade que resultará em crescimento econômico. Organizações bem-sucedidas têm no
processo de aprendizagem um foco estratégico e por isso seus empregados são encorajados a
manter uma trajetória de aprendizagem contínua e de produção de conhecimento que possa ser
gerador de valor. Nesse contexto, as universidades corporativas surgem como uma possibilidade
de complementação para o aprendizado continuado e uma alternativa para o desenvolvimento do
1 Mestre em Administração com ênfase em Estratégia Empresarial, graduada em psicologia (PUC-MG), com MBA em Gestão das Telecomunicações pelo Ibmec-
-MG e Economia das Telecomunicações pela USP/Ipen. Profissional de RH com atuação em desenvolvimento humano e empresarial. Responsável pelo projeto e
implementação da Universidade Corporativa da Telemig Celular e Amazônia Celular. Diretora de RH da Telemig Celular.
2 Vantagens competitivas: capacidade de uma empresa conferir atributos e valores para produtos e serviços ofertados aos seus clientes, a fim de se diferenciar da concor-
rência (PORTER).
3 Capacidades dinâmicas: administração estratégica vista como um processo de aprendizado coletivo (PRAHALAD; HAMEL).
Universidades Universidades
tradicionais corporativas
Desenvolver competências essenciais para o Desenvolver competências essenciais para o
mundo do trabalho. sucesso do negócio.
Aprendizagem baseada em sólida formação Aprendizagem baseada na
conceitual e universal. prática dos negócios.
Sistema de educação formal. Sistema de desenvolvimento de pessoas pautado
pela gestão por competências.
Ensina crenças e valores universais. Ensina crenças e valores da empresa e do ambiente
de negócios.
Desenvolve a cultura acadêmica. Desenvolve a cultura empresarial.
tal que não podem ser satisfeitas no ensino formal que visa ao desenvolvimento de competências
mais genéricas.
Nessa perspectiva, a educação formal desempenha papel totalmente diferente da educação
corporativa. Enquanto a primeira deve concentrar esforços em desenvolver indivíduos com
capacidade crítica, a segunda deve dar contexto, direção e aplicação da capacidade crítica à
geração de conhecimento que possam garantir a inovação e a competitividade.
Substituir uma pela outra seria, nesse caso, um grande desperdício de esforços. Também
configura-se como desperdício a manutenção do foco, tanto de uma quanto da outra, apenas no
desenvolvimento humano para o trabalho, o que empobrece a visão de contribuição global que
podemos dar à sociedade.
Jaguaribe afirma que, dentro do direito à educação (CF, art. 205), a educação corporativa é
uma atividade complementar de contribuição das empresas para o desenvolvimento das pessoas,
ampliação da cidadania e qualificação para o trabalho.
O resultado disso é sem dúvida a ampliação do mercado interno e externo, a ampliação do
mercado de trabalho e a possibilidade de construção de uma sociedade mais justa.
Conclusões
Para um país como o Brasil que precisa acelerar a curva do crescimento e aumentar de forma
significativa sua competitividade em nível mundial, a busca de parcerias entre instituições que
trabalhem de maneira sinérgica, para um objetivo maior, transforma o dilema da convivência
entre a educação formal e a educação corporativa, inicialmente percebido como problema, em
uma grande oportunidade de alavancagem de resultados e inserção definitiva do país na cena da
competição global.
Nesse aspecto, a proposta de integração de esforços que o governo brasileiro vem fazendo
ao dar suporte às universidades corporativas, numa discussão de que objetiva a integração de
propósitos entre o governo, iniciativa privada e instituições formais de educação abrirá inúmeras
possibilidades de ampliação das fronteiras entre o formal e o corporativo.
Embora [a expressão] universidade corporativa possa ser questionada, o fato é que tornou-
-se um importante instrumento de desenvolvimento empresarial e de suporte à competitividade
empresarial e nacional e que em complementação à formação profissional possibilita ao trabalhador
o desenvolvimento da capacidade de gerar valor em qualquer setor ou organização aumentando
com isso sua empregabilidade e acessibilidade a novos mercados nacionais e/ou globais.
Reflita sobre os clientes das instituições de ensino. Elas estão voltadas, em nível macro para
atender a sociedade, o mercado de trabalho ou os alunos? E em nível micro, como elas veem
seus alunos? Como clientes? Como agentes? Pense a respeito dessas questões tendo como base
as escolas que você conhece.
HUTT, Michael D.; SPEH, Thomas W. B2B: gestão de marketing em mercados industriais e organi-
zacionais. Porto Alegre: Bookman, 2002.
POPCORN, Faith. O Relatório Popcorn: centenas de ideias de novos produtos, empreendimentos e
novos mercados. Rio de Janeiro: Campus, 1993.
SOLOMON, Michael. O Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e sendo. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2002.
I
maginar a gestão de uma escola sem pesquisa é o mesmo que imaginar governantes que dirijam um
país sem instituições como o IBGE e outros organismos dedicados à pesquisa. A prática gerencial
consiste em planejamento, implementação e controle, mas como gerenciar uma instituição sem
informação? Se você não sabe qual o custo dos seus cursos, como propor uma política de cortes e
redução? Se você não sabe o preço dos produtos e serviços dos concorrentes, como avaliar as possibi-
lidades de aumento e a necessidade de redução de seu preço? Sem informação, as tarefas de planejar,
implementar e controlar ficam entregues ao feeling. E o maior desafio está concentrado na formatação
do planejamento, pois planejar sem informação é praticamente impossível. Feito de forma empírica e
pouco científica, o planejamento pode acarretar escolhas equivocadas.
A pesquisa de marketing é um conjunto de atividades que objetiva o levantamento e a análise de
informações para a tomada de decisão. Tais informações podem vir de dados primários ou secundários.
Dados primários são um conjunto de informações coletadas para atender a uma demanda de pesquisa
específica, um conjunto de dados que não existia anteriormente, que precisou ser gerado. Por seu
turno, dados secundários são um conjunto de informações já existentes no mercado, não tendo sido
geradas para atender à demanda específica de uma empresa ou de um pesquisador. As informações
dos relatórios oficiais do Ministério da Educação e os bancos de dados de uma escola são exemplos
de dados secundários.
Para Aaker (2001, p. 25),
[...] a pesquisa de marketing [...] ajuda a melhorar as decisões empresariais, proporcionando informação relevante,
acurada e em tempo real hábil. Cada decisão precisa de informações específicas e únicas, e estratégias relevantes
podem ser elaboradas tendo por base as informações colhidas pela pesquisa de marketing.
É importante perceber que a pesquisa de marketing se constitui como um valioso auxílio para
a tomada de decisões pelas empresas e escolas. Mas para um efetivo resultado das informações
obtidas por meio da pesquisa de marketing, é fundamental que essa pesquisa sirva como subsídio para
a tomada de decisões e não como meio de justificar decisões já tomadas, como ocorre em algumas
instituições de ensino. Outro relevante ponto crítico no que tange ao uso das pesquisas de marketing
é que sobre as informações coletadas devem ser realizadas análises criteriosas – assim evitando infe-
rências simplistas que induzem a tomadas de decisão equivocadas.
Também é importante que os gestores avaliem com critério a real necessidade de uma pesquisa
de marketing. Muitas vezes, as empresas possuem dados secundários suficientes para uma análise
de seus problemas, dados internos que dispensam a participação de terceiros. Em outros casos,
entretanto, buscando fazer economia, gestores subestimam seus problemas e a ajuda de uma empresa
especializada e, a partir de seus dados internos, inferem resultados que atendam a seus objetivos
Conceitos
Para aqueles que iniciam agora um contato mais profundo com as pesquisas,
com o objetivo de subsidiar a tomada de decisão nas escolas, alguns conceitos
básicos são importantes.
Universo: totalidade de membros de um grupo. Por exemplo, todos os
alunos de uma determinada escola.
População: conjunto formado pela totalidade de membros de um grupo
sobre o qual se faz uma inferência. Por exemplo, todos os alunos de uma
determinada escola com média acima de 80%, ou todos os alunos de
determinada série ou curso de uma determinada escola.
Amostra: parte selecionada da população que será analisada de maneira
a representar a população que se pretende estudar.
descobrir o que o consumidor tem em mente, sendo realizada para que se possa ter
uma ideia de suas perspectivas e ajudando o pesquisador a compreender o escopo e
a complexidade das atividades e preocupações dos consumidores. Essa abordagem
pode ser utilizada para entender questões subjetivas acerca dos consumidores e
demais stakeholders, mas também pode ser utilizada para identificar possíveis
problemas metodológicos de algum estudo ou para esclarecer questões que não
foram suficientemente elucidadas por um estudo quantitativo. Juntamente com
as pesquisas secundárias, a pesquisa qualitativa é considerada uma pesquisa
exploratória, pois faz parte de uma sondagem inicial, anterior ao início da pesquisa
quantitativa. A fase exploratória é importante para ajudar o pesquisador a entender
as relações entre os fatos que formam o problema, sondando hipóteses e mesmo
avaliando a necessidade de continuidade da pesquisa.
Pesquisa exploratória é usada quando se busca um entendimento sobre a natureza geral de
um problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis relevantes que precisam ser
consideradas. Normalmente, existe pouco conhecimento prévio daquilo que se pretende
conseguir. Os métodos são muito flexíveis, não estruturados e qualitativos, para que o
pesquisador comece seu estudo sem preconcepções sobre aquilo que será encontrado.
A falta de estrutura rígida permite que se investigue diferentes ideias e indícios sobre a
situação. (KOTLER, 2000 p. 94)
Dicotômica Pergunta que oferece duas alternativas Ao escolher esta escola, você visitou o campus?
de resposta. ( ) Sim.
( ) Não.
Múltipla escolha Pergunta que oferece três ou mais Com quem você conversa sobre suas decisões
alternativas de resposta. relativas à faculdade?
( ) Ninguém.
( ) Pais.
( ) Orientador escolar.
( ) Colegas.
( ) Outros.
Escala Likert Declaração sobre a qual o respondente As faculdades menores geralmente fornecem
mostra a intensidade de acordo/ melhor educação do que as maiores.
desacordo. ( ) Discordo fortemente.
( ) Discordo.
( ) Nem concordo, nem discordo.
( ) Concordo.
( ) Concordo fortemente.
Escala de importância Uma escala para avaliar a importância Para mim, frequentar uma faculdade próxima à
de algum atributo, variando de “nada minha residência é:
importante” até “extremamente ( ) extremamente importante.
importante”. ( ) muito importante.
( ) algo importante.
( ) algo muito importante.
( ) nada importante.
Escala de classificação Escala para classificar algum atributo Os dormitórios da Faculdade do Norte são:
de “pobre” a “excelente” ( ) excelentes.
( ) muito bons.
( ) bons.
( ) pobres.
Totalmente desestruturada Uma pergunta que o entrevistado pode Qual sua opinião sobre a Faculdade do Norte?
responder em um quase ilimitado
número de maneiras.
Associação de palavras As palavras são apresentadas uma Qual a primeira ideia que vem a sua mente
por vez e o respondente menciona a quando você ouve as seguintes palavras:
primeira ideia que vem em sua mente. Faculdade_____________________.
Faculdade do Norte _____________.
Estudo _______________________.
Complementação de história Uma história incompleta é apresentada e “Jane estava tentando decidir em qual faculdade
o respondente é solicitado a completá-la. se matricular. Visitou diversas, inclusive a
Faculdade do Norte. À medida que caminhava no
campus dessa faculdade, percebia que os alunos
se dirigiam à biblioteca. Isso despertou nela os
seguintes pensamentos e sentimentos...”
Agora complete a história.
Reflita sobre a infinidade de dados existentes nos sistemas ou mesmo nos cadastros de uma
escola. Que tipo de informação poderia ser extraído de modo a contribuir para uma gestão mais
efetiva da escola? Pense também em todas as informações que não existem no interior dessa
escola e em como seria possível obtê-las.
MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
A
comunicação não resolve problemas como maus serviços, preços errados e localização inadequada:
é preciso ter o que comunicar. A comunicação (promoção) é somente um dos componentes do
mix de marketing, sendo fundamental que as mensagens emitidas por uma escola estejam em
conformidade com o seu posicionamento e as suas escolhas estratégicas. Escolas com posicionamento
muito focado em altos preços e que se encontram diante de uma diminuição no número de matrículas
costumam lançar campanhas de comunicação agressivas. Além de romper com a construção de marca
da instituição e irritar vários públicos – professores, pais e alunos ativos – esse tipo de ação traz muito
pouco resultado, pois o mercado precisa de tempo para entender uma mudança de rumo adotada por
uma escola, e ações isoladas normalmente mais atrapalham do que trazem benefícios.
Várias escolas ainda estão presas à comunicação de pontos que não são relevantes para os alunos,
candidatos em potencial e demais públicos da instituição. Isso pode ser decorrência de dois fatores:
a escola não sabe o que gera valor para seus públicos de interesse e também nunca refletiu
sobre suas escolhas estratégicas;
a escola se dedica a comunicar pontos que não a diferenciam do mercado, por mais que seus
gestores e profissionais de marketing acreditem nisso.
Antes de iniciar as atividades de comunicação, as instituições de ensino devem elaborar um
plano objetivando analisar as várias etapas de um composto de comunicação como:
objetivo da comunicação;
público que deve ser atingido;
mensagem adequada ao público e à conquista dos objetivos;
seleção dos canais para a inserção das mensagens;
análise da resposta do mercado e possíveis correções do plano.
Segundo Kotler (1994), os principais objetivos de um plano de comunicação para uma instituição
de ensino são:
manter ou ampliar sua imagem no mercado e junto aos públicos de interesse;
desenvolver a lealdade e o apoio dos ex-alunos;
fornecer ao mercado informações sobre suas ofertas;
atrair estudantes potenciais e estimular inscrições e matrículas;
corrigir informações incorretas e/ou inadequadas sobre a instituição que circulam no mercado.
Antes de ser iniciada, qualquer atividade de comunicação deve ter seus objetivos definidos
detalhadamente, pois somente a partir dessa definição as outras etapas podem ocorrer. Assim, a
identificação do público-alvo (ou público objetivado pelo plano de comunicação) deve ser clara: pais
têm forte impacto sobre as decisões dos filhos nessa faixa etária, principalmente
porque os filhos não têm renda, é fundamental que a escola inicie um trabalho de
relações públicas com os pais.
Na tabela a seguir, é possível estabelecer uma análise estratégica dos diver-
sos públicos que cercam uma instituição de ensino. Esse tipo de análise serve para
orientar os planos de RP.
Orientadores
Médio Negativa Alta
educacionais
Campanhas de propaganda
Além das iniciativas de relações públicas, as campanhas de comunicação
podem contar com ações de propaganda, isto é, todas as ações de comunicação
veiculadas em canais pagos. As duas maneiras de se desenvolver campanhas
de propaganda – por meio de agências externas ou de agências de publicidade
internas – apresentam vantagens e desvantagens. Optar por uma agência externa
de qualidade e bem estruturada significa poder contar com profissionais de
comunicação de bom padrão, capazes de ver o problema da escola “de fora”, de um
outro ângulo, visualizando soluções inovadoras e criativas para impasses antigos.
Agências desse tipo contam com departamentos de planejamento, atendimento,
mídia e criação bem estruturados, com várias ferramentas importantes como
pesquisas de mídia e hábitos de consumo de vários mercados-alvo, pessoas
qualificadas para a checagem da divulgação dos anúncios nos veículos e espaços
contratados, além de propiciarem constante atualização de seu pessoal.
A desvantagem das agências terceirizadas está no fato de o tempo de
resposta e de produção de uma campanha muitas vezes ser maior que o de um
processo conduzido internamente, além de o custo muitas vezes ser mais elevado.
Normalmente, as agências cobram por todas as peças criadas, além de receberem
uma quantia sobre o total investido em mídia e na produção das peças produzidas
por terceiros (gráficas, fotógrafos etc.). De forma geral, entretanto, as agências
têm sido muito flexíveis na negociação para conquistarem uma nova conta, e o
setor de educação tem investido bastante.
Já a opção por agências internas traz a vantagem de tempos de resposta
mais curtos, bem como custos mais acessíveis. Entretanto, sempre se valer da
mesma equipe, dedicada a pensar a comunicação educacional todos os dias,
pode tornar as campanhas menos inovadoras ao longo do tempo – trabalhar
com clientes diversos, como ocorre nas agências terceirizadas, dinamiza os
profissionais. Além do risco de se cair em uma rotina de campanhas, uma
agência interna poderá representar acesso a profissionais menos gabaritados,
já que os bons profissionais custam caro e seus salários, nas grandes agências,
que as instituições esperem que esforços de curto prazo revertam suas imagens
e mesmo aumentem seu número de matrículas. É comum gestores educacionais
se desesperarem frente a um cenário de captação de alunos não muito favorável,
passando a procurar agências de propaganda com um “cheque em branco” na
expectativa de mudança de resultados para os meses seguintes. Essa é uma ilusão
a ser evitada, mesmo em casos de lançamentos de novos cursos ou novos campi.
Projetos de comunicação com stakeholders relevantes em determinado setor ou
região devem preceder qualquer trabalho com comunicação de massa. Esse tipo
de abordagem leva tempo para ser desenvolvido e para começar a render frutos.
No tocante ao tamanho da verba para os planos de comunicação em geral,
existem várias formas de fixação do montante. Algumas escolas optam por seguir
a concorrência, cujos investimentos podem ser estimados a partir de dados de
instituições como o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
Outras estabelecem uma quantia de investimento para que sejam lançados novos
cursos ou campi e fixam uma redução para o pós-lançamento e para quando esses
cursos entrarem em funcionamento. Essa quantia é obtida dividindo o valor do
investimento pela receita bruta ou líquida esperada. A partir daí, é possível avaliar
a viabilidade da verba frente às possibilidades da receita.
Enfim, apesar de serem importantes os esforços no desenvolvimento de
planos de comunicação, também é fundamental entender que o ser humano, por
essência, não se movimenta somente por aspectos racionais. Por mais cara que
seja uma decisão de compra, sendo ela pessoal e não corporativa 3, essa decisão
terá fortes aspectos emocionais mesclados com racionais no cálculo de custo e
3 Compra realizada por um
indivíduo, ou grupo de
indivíduos, dentro de uma
empresa. Essas compras ten-
benefício. Também é importante destacar que após uma tomada de decisão sempre dem a seguir especificações
buscamos racionalizar nossa escolha, sempre nos apegamos a benefícios concretos técnicas e por isso apresentam
menos aspectos subjetivos na
e objetivos daquilo que compramos para justificar nossa escolha. tomada de decisão.
Assessoria de imprensa 1
(CILENE IMPELIZIERI )
Assessoria de imprensa é um serviço jornalístico que trabalha no sentido de conquistar
espaços editoriais gratuitos dentro da mídia, lançando instituições, ou mesmo pessoas físicas,
como notícia ou fonte sólida e confiável de informação.
Importante ferramenta de comunicação, as ações de uma assessoria de imprensa inserem-se em
um conjunto mais amplo de atividades – geralmente chamado de comunicação organizacional –,
integrado por atos e processos que se cruzam e envolvem ações de publicidade, internet, marketing,
relações públicas, comunicação interna, relacionamento com consumidores etc.
A assessoria tem um papel fundamental na formação da imagem de empresas que desejam se
posicionar com destaque junto à população. E, no mundo interligado em que vivemos, a comunicação
legítima e digna de crédito de uma instituição com seus públicos passa a ser uma necessidade real, já
1 Cilene Impelizieri é jornalista com especialização em marketing pela Fundação Dom Cabral e diretora da Hipertexto Comunicação Empresarial.
que não basta produzir bem e alcançar novos patamares no mercado se ninguém toma conhecimento
desse esforço. É fundamental que, ao ser obtido, esse reconhecimento faça eco no mercado. Para
tanto, é imprescindível desenvolver e colocar em prática uma política de comunicação empresarial
efetiva e com resultados rápidos. “Tornar público, via imprensa, o trabalho da instituição, tem como
finalidade uma prestação de contas à sociedade, para que ela possa avaliar o que está sendo feito e
verificar se está de acordo com seus interesses e necessidades, tornando-se, assim, uma aliada da
organização e, portanto, comprometida com sua manutenção” (JORGE DUARTE).
Não existem fórmulas prontas para uso e sucesso em comunicação e, por isso, é cada vez maior
a exigência do mercado. É premissa básica que a assessoria esteja bastante integrada à realidade
do cliente, conheça seus produtos, executivos, concorrentes e mercado no qual ela atua.
Em relação à imprensa, é fundamental uma rotina de contatos regulares com as redações, evitando
basear a ligação apenas no release (texto sobre assunto relevante para a empresa, distribuído simultane-
amente para todos os veículos que tenham perfil editorial para se interessar pela notícia em questão).
Outras fontes de informações – que devem se adequar aos diferentes interesses e caracterís-
ticas dos meios, veículos, editoras e jornalistas – são as entrevistas coletivas, sugestões de pauta,
visitas às redações etc. A assessoria ainda trabalha com notas exclusivas para colunas sociais (que
podem, muitas vezes, funcionar também como teaser e levar jornalistas a procurarem a empresa,
em busca de mais detalhes). Outras alternativas são o material para background e a sugestão de
artigos sobre temas relevantes.
Essas alternativas são bastante eficazes, desde que contenham ainda um bom relacionamento
com os jornalistas. E isso só será conquistado com informações relevantes e, de preferência,
exclusivas, um atendimento rápido e o respeito às necessidades do profissional.
Para uma instituição de ensino, é importante estar presente na mídia com notas diárias
publicadas nos veículos de comunicação, informando datas de cursos, palestras, vestibulares e
outras ações do calendário da escola. Essas entradas, mesmo que em forma de pequenas notas, são
importantes porque facilitam o relacionamento com os jornalistas que cobrem a área. E fazem que
esses profissionais se interessem por outras pautas que o assessor possa sugerir durante períodos
em que a instituição não programar nenhum evento.
O fomento de pautas pode ser feito também por meio do contato com pesquisadores e
professores da instituição. Esses profissionais costumam gozar de boa imagem e credibilidade
junto à população e à imprensa, além de deter informações relevantes que podem ser utilizadas
em diversas frentes. Entre elas, estão os artigos, que podem ser oferecidos para colunas de opinião
dos jornais. Essa é, inclusive, uma alternativa bastante interessante por trabalhar a imagem da
instituição na qual o professor atua, em um espaço nobre do periódico.
Todas essas ações são extremamente importantes para que a escola se torne referência em seu
campo de atuação, além de reconhecida como uma das melhores em seu mercado. E o destaque gerado
pela presença em jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão garante credibilidade ao estabeleci-
mento, ao contrário do espaço publicitário, que oferece apenas visibilidade ao produto divulgado.
E qual a melhor alternativa: manter uma estrutura de imprensa interna ou contratar uma
terceirizada? Acredito mais na eficiência de uma assessoria externa, pois ela consegue maior
imparcialidade na análise do que é notícia dentro de uma instituição. É comum e extremamente
esperado que os empresários defendam suas informações como as mais valiosas. Contudo, muitas
vezes é preciso um olhar externo para enxergar ou mesmo avisar ao cliente que aquele tema será
descartado rapidamente pelos editores.
Aposto ainda no sucesso de uma assessoria externa por ela estar em contato diário com diversos
outros clientes e, em consequência, com jornalistas de editoras diferentes, o que facilita a inserção
da instituição de ensino em outros cadernos e pautas que não só os ligados à própria área. Hoje,
mesmo para uma escola, é fundamental abranger, além dos cadernos sobre educação e juventude,
os de economia, gestão ou outros. Já elaboramos releases de sucesso sobre instituições de ensino
para, até mesmo, revistas de decoração e arquitetura. E, por que não falar sobre comodidade e
estética em um ambiente no qual é fundamental o conforto para apreendermos o que está sendo
ensinado?
Analise peças de comunicação de uma escola e tente estabelecer quais foram os objetivos
do plano que deu origem a elas e em qual público ele estava focado. Estabeleça uma lista de
problemas que são enfrentados pelas instituições de ensino e que possam ser considerados
objetivos de seus planos de comunicação.
O
mercado educacional tem crescido muito nos últimos anos, tornando-se mais concorrido a
cada dia. Dessa forma, as escolas devem identificar alternativas para manterem-se competi-
tivas. No fragmento a seguir, é possível percebermos a importância de um posicionamento
claro nesse processo em busca de sucesso, frente a um mercado cada vez mais competitivo. Cobra
(2004) discorre sobre essa questão em relação ao Ensino Superior.
Como a quantidade de novas IES que entraram e ainda entram no mercado é alta, tem início um movimento
de busca por um posicionamento diferenciado, visando obter mais competitividade em um mercado dominado
por commodities. Não basta mais a IES anunciar que tem excelência no ensino, instalações modernas, tradição
e corpo docente titulado. Nada disso é visto como diferencial competitivo pelo cliente, mas sim como o pré-
-requisito mínimo para ocupar um lugar no mercado. (COBRA, 2004, p. 40)
Elaborar uma estratégia é tarefa relativamente simples para a qual se candidatam vários consul-
tores que recentemente descobriram o mercado educacional. Definir em que mercado atuar, com que
cursos e qual o preço ideal para as mensalidades também é simples. O desafio é colocar as decisões
em prática com sucesso. O que se vê no mercado é que algumas escolas saem do empirismo abso-
luto para uma gestão cartesiana, que erra ao tentar simplificar a realidade, subestimando os alunos,
buscando soluções mágicas para problemas antigos. Vivemos uma época de extremos na gestão edu-
cacional e a maior parte das escolas está voltada para seus cursos, e não para as demandas de seus
alunos e da sociedade. Segundo Cobra (2004), elas se esmeram em desenvolver cursos com equipes
docentes qualificadas e currículos com conteúdo reforçado, mas se esquecem de perguntar ao aluno
o que ele considera importante. Tachizawa (1999) afirma que é necessário questionar os contratantes
sobre o que eles consideram relevante e destaca que a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de
Administração, em 1998, revelou tanto contratantes quanto alunos apontando para a inadequação dos
programas de Administração oferecidos no país.
A postura das faculdades e sua consequente falta de foco no mercado têm se mostrado inade-
quadas diante do aumento do número de vagas ociosas, ao que se somam os altos níveis de inadim-
plência e de abandono dos cursos. “Mesmo registrando altas taxas de crescimento da demanda de
alunos (média de 15% ao ano nos últimos cinco anos), [o setor] não consegue preencher as vagas
oferecidas”, avisa Cobra (2004, p. 15). Esse aumento da demanda se deu, em grande parte, em função
da ampliação do acesso ao Ensino Médio na rede pública. A competição é algo novo, mas sólido, no
mercado educacional:
Com mercados e seus protagonistas em constante modificação, a possibilidade de que [as escolas] possam
estabelecer vantagem competitiva duradoura não existe mais. Nenhuma instituição de ensino [...] pode se dar ao
luxo de descansar sobre seus louros; cada qual tem que inovar incessantemente para poder competir e sobreviver.
(TACHIZAWA, 1999, p. 22)
Segundo estudos da Hoper Assessoria & Pesquisa (apud COBRA, 2004), em 2003 a inadim-
plência causou um prejuízo de R$650 milhões ao Ensino Superior privado, seu percentual sendo três
taxa de crescimento das matrículas no ensino superior a partir de 2002, como vimos anteriormente.
Também podemos notar que o número de vagas no Ensino Superior praticamente dobrou de 2000
a 2004 (93%) e o de IES2 se elevou de 1180 no ano 2000 para 2 013 em 2004 (crescimento de 71%),
fundamentado no maior número de concluintes do Ensino Médio durante o mesmo período, e em
uma demanda não atendida represada até então pela falta de oferta de vagas no Ensino Superior.
Vale notar que em 2002 o número de vagas ofertadas no Ensino Superior cresceu 25,9%, o que
corresponde ao ano de maior crescimento de matrículas em instituições de Ensino Superior (14,8%),
e a partir desse ano o número de vagas continuou a se expandir, mas a uma taxa de crescimento
muito mais baixa (12,9% em 2003 e 15,9% em 2004). Ao compararmos o número de concluintes
do Ensino Médio ao número de vagas ofertadas no Ensino Superior, chegamos a uma razão da
absorção pelo Ensino Superior dos alunos concluintes do Ensino Médio. Até 2002 temos mais
alunos concluintes do Ensino Médio do que vagas em IES, e a partir de 2003 essa razão se inverte
com mais vagas no Ensino Superior do que concluintes do Ensino Médio.
Esse é o ponto em que percebo uma ruptura, a que denomino término da fase quantitativa
baseada na oferta de vagas e crescimento rápido do setor educacional. Ainda que a qualidade
tenha deixado a desejar em muitas IES novas e antigas, o acesso de uma grande massa de pessoas
ao Ensino Superior (4,2 milhões de matrículas em 2004), indubitavelmente serviu para criar
uma base de profissionais mais capazes e competentes para impulsionar a economia brasileira e,
consequentemente aumentar o bem-estar de toda a sociedade. A fase quantitativa foi necessária
para que se pudesse construir uma base sobre a qual mudanças futuras pudessem ser feitas sob a
óptica qualitativa, porém, se faz necessário que haja economia de escala na provisão de serviços
educacionais e uma massa crítica demandante de reformas para que uma segunda fase de mudanças
qualitativas possa ocorrer.
A segunda fase dessa profunda reforma no setor educacional brasileiro já teve início, mesmo
que muitas das mudanças ainda estejam latentes, ou que somente possam ser observadas em
algumas poucas IES que focam na classe A.
[...] Uma vez que esse novo paradigma educacional tenha sido vastamente adotado pelas
classes A e B, ele ganhará escala em produção entre empreendedores de educação e aceitação
entre consumidores de classe C e D, que se beneficiarão de uma qualidade superior a preços
competitivos em uma multiplicidade de cursos. Eis aqui o mercado promovendo acesso e inclusão
também em educação.
Praticando um pouco de futurologia aliada à experiência pessoal como gestor de uma empresa
de educação, vejo que a fase qualitativa que se inicia será dominada por questões singulares
que dizem respeito principalmente à qualidade acadêmica, predominantemente ao ensino e à
pedagogia em sala de aula, e à qualidade do serviço não acadêmico ou aspectos experienciais
em que o aluno é tratado como cliente e demandará essa postura das IES independentemente do
nicho social em que operam. É importante ressaltar que as questões de qualidade acadêmica não
se resumirão à pesquisa e extensão, dois dos três pilares avaliados pelo MEC juntamente com
ensino, até agora sinônimos de qualidade educacional. A minha visão de qualidade acadêmica,
assim como de outros observadores do setor no Brasil e no mundo, está preconizada em elementos
didático-pedagógicos, desenvolvimento profissional, habilidades interdisciplinares, competências
analíticas, globalização do aprendizado por meio de experiências internacionais e de solução de
problemas reais, além de grande ênfase na intermediação de estágios e empregos formais.
2 Para fins de facilitar a leitura, abreviaremos o termo Instituição de Ensino Superior, usando a sigla IES.
Obviamente existirá um lugar honroso para a pesquisa e a extensão acadêmica, porém ele será
muito menos prevalente nas IES privadas, que têm vantagem comparativa sobre as IES públicas
no que tange ao ensino. Paralelamente, universidades públicas continuarão liderando no campo
da pesquisa pura, por terem de fato vantagem comparativa e maior facilidade de financiamento
dessas atividades do que IES privadas com ou sem fins lucrativos. Enfim, essa segunda fase será
dominada por uma ordenação lógica de divisão de trabalho entre uma miríade de opções educa-
cionais do nível superior, do tecnólogo ao bacharelado e assim por diante, em graus avançados.
Entretanto, o denominador comum entre todos os tipos de IES públicas ou privadas, tecnológicas
ou provedoras de bacharelados, será o aspecto da qualidade acadêmica e dos serviços de suporte
dentro e fora de sala de aula. IES serão levadas a um nível mais acirrado de concorrência do que o
da primeira fase, em que prevaleceu o menu de oferta de cursos, número de vagas e preços decli-
nantes. Essas três variáveis continuarão compondo a arena competitiva da indústria da educação
no Brasil, porém condicionadas pela capacidade das IES de adicionar valor profissional aos alunos
com cursos pautados na realidade prática, como também a realização da promessa de ascensão
social dos egressos oriundos das classes C e D que mais e mais atraem a atenção de empresários
do setor como próxima fronteira da expansão do ensino superior.
Como se ouve há alguns anos, o final de 2005 marcou o início da consolidação do setor
educacional privado no Brasil. Esse fato se deu com a compra da Universidade Anhembi-Morumbi
pelo grupo educacional americano Laureate somada à aquisição da Universidade Anhanguera pelo
banco Pátria há alguns meses. Não é novidade para qualquer observador ou profissional do setor
que além do grupo Laureate vários fundos de investimentos e grupos empresariais de educação
internacionais andam de olho e de conversa com várias IES privadas brasileiras. Esse processo,
sem sombra de dúvida, representará a mais significante reforma no ensino superior brasileiro,
isso se a reforma universitária proposta pelo governo, que intenciona limitar a participação de
estrangeiros no capital de uma IES a 30%, não impedir os rumos do mercado com a proibição do
controle de IES’s por esses grupos.
A entrada de grupos empresariais no controle da Educação Superior privada será sinônimo
de eficiência e gestão profissional, e certamente do aumento da qualidade do ensino, pois além dos
acionistas, as IES também serão norteadas por um nível muito mais alto de governança imposto
pelo paradigma do aluno-cliente muito mais consciente do valor e da qualidade que ele espera de
seu curso superior. A prova final será o sucesso profissional e, consequentemente, a reputação no
mercado de trabalho de egressos dessa ou daquela IES. Anteriormente, sucesso e reputação eram
quase monopólios das universidades públicas e algumas poucas IES privadas focadas no ensino
da elite brasileira, como o Ibmec, a FGV, a PUC-RJ e a FAAP.
A consolidação do setor juntamente com o início da segunda fase da reforma do Ensino Superior
ocorrerá de mãos dadas e provavelmente será precipitada pela entrada de grupos empresariais
internacionais e domésticos na indústria da educação. Hoje temos um ambiente setorial no Ensino
Superior privado quase que totalmente dominado por IES que são geridas pela primeira ou
segunda geração das famílias fundadoras ou por fundações religiosas e filantrópicas com pouca
ou nenhuma experiência gerencial profissional. Esse panorama é correlacionado com uma gestão
frequentemente precária, amadora e ineficiente que até agora teve maior preocupação com aspectos
quantitativos do que qualitativos além de geralmente não obter economia de escala na provisão de
serviços educacionais em função de o modelo de negócio adotado ser uma adequação do modelo
universitário público para IES privadas. O modelo predominante no setor privado padece de
profissionalismo gerencial, da oferta de serviços integrados acadêmicos e de suporte com controle
orçamentário eficaz, organização inteligente de grades curriculares que visem a maior sinergia
entre os cursos oferecidos pela IES, disponibilidade de formas alternativas de financiamento das
mensalidades, operações enxutas do ponto de vista de despesas, e finalmente do controle exíguo
da inadimplência.
Com a fase qualitativa da revolução no Ensino Superior privado já acontecendo, podemos
esperar que em poucos anos teremos um mercado educacional realmente competitivo e liderado por
grupos empresariais que ofertarão uma variedade de cursos superiores em uma gama de formatos
por meio de diferentes meios de entrega. Podemos antever que o Ensino Superior e, provavelmente,
o Fundamental e o Médio também, passarão por uma transformação tardia ocasionada pela rápida
difusão das tecnologias de comunicação e informação que possibilitarão a mescla do ensino
presencial e a distância, o que certamente aumentará o alcance e a penetração das boas IES
Brasil afora. Consequentemente, as IES que não conseguirem obter o volume mínimo necessário
de alunos para gozarem de economias e escala na produção de serviços e penetrarem mercados
pulverizados em várias regiões, além de se organizarem profissionalmente como empresas, serão
compradas ou simplesmente deixarão de existir. Com uma forma flexível e conveniente de se obter
uma educação superior, um menu de cursos apropriado às demandas do mercado, com a integração
global da sala de aula por meio da internacionalização do ensino, com preços acessíveis, e uma
preocupação incessante com o sucesso profissional dos egressos ao longo de seus ciclos de vida
produtiva, o desfecho dessa segunda fase acarretará em um ímpeto de dinamismo catalisador de
grandes mudanças sociais no Brasil em um curto horizonte temporal.
Escolha uma instituição de ensino e, com base no fragmento a seguir, elenque quais são suas
principais forças e fraquezas.
D
iante da queda no número de matrículas, do aumento dos custos diretos e indiretos e das
taxas de evasão, que cursos cortar no portfólio e que cursos lançar? Esse é um dilema cada
vez mais presente em várias instituições de Ensino Superior, de Pós-Graduação, Educação
Fundamental, Ensino Médio, de idiomas ou preparação para concursos. Em algum momento, escolhas
foram feitas visando ao crescimento, cursos foram lançados e, em muitos casos, serviços de suporte
foram vendidos separadamente aos alunos. Para sustentar o incremento de atividades, as escolas
aumentaram seu quadro de funcionários e professores, sua infraestrutura. Mas o volume de receita
gerado por vários dos atuais cursos não arca com a dimensão tomada pelos custos para a sua produção.
Quando se chega a esse limite, há dois caminhos naturais: o primeiro, buscar a eliminação dos excessos
identificáveis em termos de pessoal e estrutura; o segundo, localizar e eliminar os produtos e serviços
menos estratégicos para a marca da instituição, ou que gerem menos lucratividade, ou que tragam
menor contribuição para o fluxo de caixa.
Para evitar esses problemas, o ideal seria identificar, no mercado, necessidades com potencial
de se sustentarem em um intervalo de tempo que justifique o investimento – cursos cuja previsão de
demanda seja interessante em médio e longo prazos. Os cursos que a instituição pretende oferecer
devem estar perfeitamente alinhados com seu posicionamento estratégico e com o segmento de
mercado que se pretende atender. E os novos cursos devem estar em total conformidade com a
imagem de marca da instituição. Uma instituição de Ensino Superior tradicionalmente reconhecida
na área da Administração pode ter grande dificuldade para implantar um curso de Medicina, mesmo
que o mercado esteja muito favorável a esse tipo de curso, mas um curso de Direito pode ser mais
facilmente incorporado ao portfólio da escola – afinal, a imagem que as pessoas têm das escolas
costuma demorar a ser construída, desconstruída ou modificada.
As escolas têm vários motivos para lançar novos cursos: diluir os riscos de
depender de um ou poucos cursos, garantir a permanência no mercado substituindo
produtos que perderam poder competitivo, aproveitar oportunidades para criar
novos produtos que aumentem os resultados do negócio, otimizar resultados com
o aproveitamento de ociosidade existente ou simplesmente se manterem alinhadas
com as demais escolas que já estejam incrementando seus portfólios.
Existem bons exemplos de novos produtos no setor educacional, que vem
crescendo de forma bastante considerável nos últimos anos. Novos produtos repre-
sentam boa parte do faturamento de algumas escolas. Cursos de Pós-Graduação
direcionados a jovens executivos se tornaram um verdadeiro sucesso em todo o
país por meio de instituições tradicionais, como Fundação Getulio Vargas (FGV),
e também cursos como Design de Jogos, da Universidade Anhembi Morumbi, são
um verdadeiro exemplo de bem-sucedida inovação de portfólio.
Hoje, em todas as regiões do país, estão cada vez mais presentes
Quais foram as últimas
os cursos semipresenciais e a distância. Sem dúvida, algumas insti- inovações no portfólio
tuições desenvolveram modelos vitoriosos, conjugando um ensino de de sua escola nos
qualidade com a satisfação do aluno ao longo do processo de ensino- últimos cinco anos?
-aprendizagem. Outro bem-sucedido exemplo de novos produtos no Tente se lembrar
mercado educacional é a crescente produção de material didático por das causas que as
algumas escolas que hoje se configuram como redes de ensino. geraram.
Mas a tarefa de lançar novos cursos não depende somente da vontade de
coordenadores e diretores. Novos cursos significam, em grande medida, deixar a
escola exposta ao mercado e, ocorrendo um fracasso, a imagem da instituição será
prejudicada. Por isso, o lançamento de novos cursos deve ser conduzido de forma
estruturada. Com base em Kotler (1998, p. 275), podemos considerar que um novo
curso pode assumir um dos tipos a seguir:
Levantamento de oportunidades
para novos produtos
A análise do ambiente competitivo em busca de novas oportunidades,
somada à busca interna, constitui essa primeira etapa. Olhar para o mercado
externo e entender as tendências, o desenvolvimento do portfólio das demais
escolas, a movimentação etária da população (um dos fatores que permitiu o
amplo crescimento das instituições de ensino superior a partir do final dos anos
1990), constituem importantes inputs externos. Já a busca por diluição de custos
fixos, pelo uso de tecnologias da instituição em novos projetos e por ideias dos
funcionários de forma geral ou de um departamento de planejamento, caso
exista um, constituem importantes inputs internos na busca por oportunidades
para novos produtos.
(MATTAR, 2003)
Escala para ponderação Escala para avaliação Ponderação
Conceito Peso Conceito Nota Peso X nota
Essencial 3 Muito bom 2 Pode variar de - 6 a + 6
Desejável 2 Bom 1
Contribuinte 1 Fraco -1
Irrelevante 0 Muito fraco -2
Total da
Fator: Estabilidade Peso Nota variável
Variáveis 0, 1, 2 ou 3 - 2, - 1, 1 ou 2
Previsão do ciclo de vida x =
Potencial de mercado x =
Possibilidade de x =
penetrar no mercado
Estabilidade em x =
flutuações econômicas
Dificuldades de imitação x =
Posição favorável x =
de suprimentos
Outras x =
Total do fator: x =
Total da
Fator: Marketing Peso Nota variável
Variáveis 0, 1, 2 ou 3 - 2, - 1, 1 ou 2
Relação com x =
mercados existentes
Mesmos canais de venda x =
Total da
Fator: Marketing Peso Nota variável
Mesma logística x =
de distribuição
Mercado potencial x =
Estrutura de x =
venda adequada
Flexibilidade de preços x =
Condições de pagamento x =
Número e porte x =
de concorrentes
Acesso ao mercado x =
Grau de inovação x =
Atividades de x =
pós-venda
Valor/benefícios x =
aos clientes
Serviços agregados x =
Tamanho do mercado x =
Distintividade x =
do produto
Outras x =
Total do fator: x =
Fator: Total da
Peso Nota
Desenvolvimento variável
Variáveis 0, 1, 2 ou 3 - 2, - 1, 1 ou 2
Relação com os programas x =
de P&D
Custo de desenvolvimento x =
Facilidade de teste x =
Disponibilidade de pessoal x =
Disponibilidade de x =
equipamentos
Disponibilidade de x =
capacidade de produção
Necessidade de componentes x =
especiais
Outras x =
Total do fator: x =
Total da
Fator: Produção Peso Nota variável
Variáveis 0, 1, 2 ou 3 - 2, - 1, 1 ou 2
Nível de investimento x =
Utilização da capacidade x =
ociosa
Utilização da planta x =
disponível
Total da
Fator: Produção Peso Nota variável
Disponibilidade de x =
máquinas
Insumos de produção x =
conhecidos
Técnicas de produção x =
conhecidas
Disponibilidade de x =
mão de obra
Possibilidades x =
de terceirização
Disponibilidade de x =
bons fornecedores
Ciclo de produção x =
Outras x =
Total do fator: x =
Total da
Fator: Assimilação Peso Nota variável
Variáveis 0, 1, 2 ou 3 - 2, - 1, 1 ou 2
Relação com a x =
política de produtos
Identificação com os x =
objetivos da empresa
Tecnologia a ser x =
utilizada no produto
Previsão de x =
assistência técnica
Estrutura de custos x =
Tipos de componentes x =
Gestão de estoques x =
Disponibilidade x =
de know-how
Outras x =
Total do fator: x =
Resultado final
Fator Total de cada fator
Performance
Estabilidade
Marketing
Desenvolvimento
Produção
Assimilação
Legais e outros
Avaliação final do candidato a novo produto (somatório dos fatores)
Desenvolvimento de propostas
de novos cursos e testes de conceito
As ideias que forem aprovadas na etapa três devem ser convertidas em
propostas de novos cursos de forma detalhada, com ementário, metodologia
definida, grade horária semanal, custo para os alunos, duração total do programa
etc. Dessa forma, a gestão poderá buscar um posicionamento para o novo curso
frente à concorrência e testar o modelo junto ao mercado consumidor potencial.
Por exemplo, uma escola decide que irá lançar um novo curso de Pós-Gra-
duação em gestão de negócios. Vários conceitos poderão ser testados junto aos
consumidores, conforme os exemplos a seguir:
Conceito 1 – um curso de Pós-Graduação voltado ao ensino de ferramentas
da gestão empresarial, dando continuidade ao que o aluno provavelmente
estudou na graduação, com aulas prático-teóricas e moderada necessidade
de estudo extraclasse, com mensalidades adequadas à realidade salarial
de um jovem executivo e material didático incluído. Esse programa é
destinado a pessoas que precisam chegar lá.
Conceito 2 – um curso de Pós-Graduação voltado ao ensino de
ferramentas da gestão empresarial mais avançadas, com mais aulas
práticas que a média de mercado e necessidade de estudo extraclasse
somente de alguns conceitos, como forma de preparação para as aulas.
As mensalidades terão valor condizente com a realidade salarial de
médios gerentes e material didático incluído. Esse programa é destinado
a pessoas que querem crescer no organograma das organizações.
Conceito 3 – um curso de Pós-Graduação voltado à discussão das ferramentas
de gestão dentro de um contexto estratégico, com aulas totalmente
práticas, ministradas por professores que ocupem no mínimo cargos de
alta gerência em empresas de médio e grande porte. Os alunos irão se
preparar para as aulas pela leitura de cases contendo problemas enfrentados
Análise de viabilidade
Nessa etapa, as ideias aprovadas nos testes de conceito serão avaliadas sob o
prisma econômico-financeiro. Mattar (2003, p. 336) propõe cinco análises básicas,
conforme a seguir.
Modelo básico de rentabilidade financeira:
LLt = RVt – CTt
Modelo financeiro de fluxo de caixa:
FCXt = ELCXt – SLCXt
Retorno sobre o investimento (RSI):
ROIt = LLt – IPt
Taxa de retorno interna (TRI):
Σt=0 FCXt / (1+TRI)t = 0
Valor presente líquido:
VPL = (FCXt )/(1+TRI)t
Onde,
LLt = lucro líquido (após impostos) para o período t
RVt = receita de vendas no período t
CTt = custo total no período t (incluindo juros mais impostos)
FCXt = fluxo de caixa médio (após impostos) para o período t
ELCXt = entradas líquidas de caixa para o período t
SLCXt = saídas líquidas de caixa para o período t
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
135
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Refletindo sobre o portfólio das escolas
População total
prevista em
1980
1 – Mercado base (dados demográficos).
Comunidades do litoral norte (Evanston, Glencoe, Kenilworth, Wilmete e 138 000
Winnetka).
2 – Parte da população com renda média superior a R$15 mil (dados 87 400
demográficos do censo de 1970).
3 – Mulheres entre 25 a 44 anos de idade. 10 300
4 – Porcentagem do quartil superior em termos de quociente intelectual (QI).
Dada a forte relação entre QI e nível socioeconômico, provavelmente em torno 5 150
de 50%
(0,50 x 10 300).
136 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Refletindo sobre o portfólio das escolas
População total
prevista em
1980
5 – Porcentagem de mulheres entre 25 e 44 anos no quartil superior de nível
social, com atitude acadêmica semelhante e que não concluíram a faculdade 1 493
dentro de 5 anos após a conclusão do Ensino Médio.
A probabilidade de uma mulher concluir um curso de graduação dentro de 5
anos após terminar o Ensino Médio é de 71%. Assim, a probabilidade de não
completar é de 29%
(0,29 x 5 150).
6 – Porcentagem das mulheres interessadas em se matricular na faculdade. ?
Estágio de disposição – algumas decidirão continuar trabalhando fora,
prestando trabalho voluntário etc.
7 – Porcentagem de interessadas em matricular-se na Northwestern (status de ?
lealdade).
8 – Outras correções devem ser feitas para:
% de habilitadas em conseguir ajustar o trabalho doméstico, transporte,
concordância familiar;
% de dispostas a enfrentar o processo de seleção.
Comercialização
Uma vez comunicado o lançamento de um novo curso, tem início sua etapa de
comercialização. Todos os funcionários precisam estar cientes das particularidades
138 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Refletindo sobre o portfólio das escolas
ciência e espiritualidade para desconcertar o participante e abrir, por assim dizer, uma janela den-
tro da alma. [...]
As ideias de Taunay Daniel coincidem com os conceitos de aprendizagem defendidos pelo
educador francês Jacques Delors, coordenador da Comissão Internacional sobre Educação para o
século XXI da Unesco. Ele fala de quatro pilares da educação para o futuro: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Também nessa linha são os relatórios
produzidos anualmente pelo Projeto Millenium, iniciativa do American Council for United
Nations University (www.acunu.org). Trata-se de uma rede global de mil futuristas, acadêmicos,
cientistas, legisladores, planejadores, empresários, políticos e ativistas sociais de mais de 50 países.
As visões, percepções e pensamentos de centenas de participantes resultam no Relatório Estado do
Futuro. O documento 15 Desafios do Milênio é produto desse trabalho e um grande sinalizador das
inevitáveis tendências que seguirão os conteúdos de futuros cursos. Muitos dos desafios previstos
para enfrentarmos até 2025 já inspiram cursos recentes, tais como desenvolvimento sustentável,
desigualdade social, cultura de paz, energias alternativas, ética e responsabilidade social, entre
outros temas.
Nova consciência
No Brasil, o projeto Millenium está sob a supervisão do centro de pesquisa de estudos futu-
ristas, o Núcleo de Estudos do Futuro (NEF), sediado na PUC de São Paulo. O NEF foi criado em
2001 pelo professor Arnoldo José de Hoyos. Na opinião dele, é fundamental que os novos cursos
sejam orientados para a reforma do pensamento, pois o mundo caminha para a transformação da
consciência individual e coletiva. Hoyos afirma que a cultura organizacional deverá acompanhar
esse processo promovendo novas formas colaborativas, cooperativas e cocriativas (groupware,
socialware). Professor aposentado da Unicamp, Hoyos admite que a resistência para mudanças é
muito grande e a burocracia nas instituições também. Na opinião dele, a maioria das pessoas se
acomoda ao contexto que está vivendo e prefere não dar um passo à frente no sentido de mudar
ou lutar por novos cursos.
Uma alternativa para driblar a lentidão e burocracia de novos cursos, a seu ver, seria criar
mais e mais disciplinas alternativas, como as atividades multidisciplinares oferecidas pela
Unicamp. [...]
Novos cursos também podem acontecer por meio de organizações não governamentais como
o UniEthos, voltado para a capacitação em responsabilidade social. Tudo começou com o Prêmio
Ethos Valor, idealizado pelo Instituto Ethos no ano 2000 e dirigido a universitários de graduação
e pós-graduação. A adesão foi tão grande que [...] foi lançado o Programa de Responsabilidade
Social Empresarial na Universidade. O UniEthos tem uma rede de empresas associadas para as
quais disponibiliza conteúdos nessa área. [...]
Desdobramentos
Um reflexo indireto desse trabalho é o curso de extensão com duração de três meses da
Fundação Getulio Vargas (FGV), chamado Princípios e práticas para um novo paradigma
estratégico em responsabilidade social, organizado a partir de indicadores sociais pesquisados
pelo Ethos.
Outra recente tendência no segmento de novos cursos são os chamados cursos in company,
que nascem da parceria entre empresa e universidade para atender às necessidades específicas
de organizações dos mais diversos tipos. Em geral, são cursos fechados, isto é, acolhem somente
funcionários e acontecem no espaço da própria empresa. A Anhembi, por exemplo, tem experiências
de sucesso com a TAM no curso de aviação civil e com a empresa Softway, na área de contact
center. O UniEthos faz o mesmo para Petrobras, BrasilPrev, Hewlett-Packard – HP Brasil etc.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
141
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Refletindo sobre o portfólio das escolas
Os aspectos que entram em jogo na abertura de novos cursos variam bastante. Porém, é
preciso ter em conta que, nessa área, nada aparece por geração espontânea ou por espírito
aventureiro. As instituições de ensino precisam equilibrar visão de futuro e noção de realidade.
Caso contrário, a experiência e o tempo têm mostrado que podem acabar em salas de aula vazias.
Novos cursos devem resultar de pesquisa séria, feita por profissionais comprometidos não apenas
com a qualidade do ensino no país, mas com melhores condições de vida no planeta.
Escolha uma instituição de ensino de sua preferência e liste seu composto de produtos. Na
sequência, tente distribuir esse composto em linhas de produtos específicas.
MATTAR, Fauze Najib; SANTOS, Dilson Gabriel dos. Gerência de Produtos: como tornar seu
produto um sucesso. São Paulo: Atlas, 2003.
A
partir do planejamento estratégico de uma determinada instituição, pode-se desenvolver
um plano tático de marketing – que tem o objetivo de perseguir e realizar os objetivos do
planejamento estratégico da instituição. Normalmente, os planejamentos estratégicos bem
estruturados abrangem estudos diversos como uma detalhada análise do ambiente (o ambiente interno
da instituição, o ambiente de mercado no qual ela atua e o ambiente competitivo) e uma análise
dos recursos da instituição (humanos, financeiros, instalações, sistemas). A partir dessa fase inicial
de diagnóstico, os gestores precisam considerar a missão que a instituição se propõe, suas metas e
seus objetivos, três itens que deverão ser definidos após uma escrupulosa análise do ambiente e da
disponibilidade de recursos. Estando claramente definida a missão, bem como as respectivas metas e
objetivos, parte-se para a formulação da estratégia.
Essa formulação da estratégia deve ocorrer envolvendo escolhas acerca do portfólio de cursos
a serem oferecidos e do posicionamento a ser objetivado, bem como o segmento de mercado que
passará a ser o foco da instituição. De forma equivocada, muitas escolas iniciam o desenvolvimento
de seus planos estratégicos sem uma avaliação mais geral acerca do mercado em que se inserem,
acerca das tendências de crescimento do público-alvo ou mesmo de sua redução. Também é rara uma
reflexão sobre qual o negócio da organização e para onde ela deve caminhar.
Peter Drucker destaca que, ao definir uma missão, uma instituição deve fazer algumas indagações
e reflexões:
Qual é o nosso negócio?
Quem é o nosso consumidor?
Quais são os nossos valores para o consumidor?
Qual será o nosso negócio no futuro?
Qual deve ser o nosso negócio?
Uma vez finalizado, o planejamento estratégico deve ser desdobrado para os diversos campi
e para as diversas linhas de produtos da instituição, porque diferentes campi podem, muitas vezes,
concorrer em ambientes competitivos díspares, o mesmo ocorrendo com diferentes linhas de curso. O
núcleo de Educação Básica de um colégio pode apresentar fraquezas ou potencialidades diferentes do
núcleo do Ensino Médio, por exemplo. Nesse sentido, é imprescindível haver um desdobramento do
plano estratégico dentro das várias unidades de negócios da instituição. Somente assim será possível
alcançar um correto alinhamento de todas as operações da escola no rumo dos objetivos do plano
geral. É importante destacar que um plano estratégico é um plano que visa ao sucesso e ao crescimento
das instituições. Para se alcançar esse sucesso, deve-se projetar formas de crescimento em mercados
existentes e reflexões acerca de novos mercados. Nesse sentido, em última medida, um plano estratégico
é um plano de marketing estratégico.
Então, a partir do planejamento estratégico da instituição de ensino, pode-se iniciar a forma-
tação de seu plano tático de marketing, o qual resume as informações e análises referentes a uma
estratégia proposta e explica os detalhes de como essa estratégia será implantada.
Escolha um curso e uma escola e estabeleça um plano de marketing para ele, seguindo as etapas
aqui propostas.
KOTLER, Philip; FOX, Karen F. A. Marketing Estratégico para Instituições Educacionais. São
Paulo: Atlas, 1994.
de Ensino Superior
ação em Administração de
Empresas, com suas respec-
tivas ênfases, oferecidos pela
iniciativa privada. Dos 1,4
privadas
mil cursos de Administração
existentes no país, 87,1% são
privados, sendo ofertados
em praticamente todas as
IES particulares, o que pode
ser explicado por seu baixo
custo de operacionalização e
por haver pouca pressão por
C
parte do Conselho Federal e
om o objetivo de apresentar na prática vários dos temas ligados ao dos Conselhos Regionais de
Administração. Além dis-
marketing educacional, à imagem das escolas e à qualidade de seus so, a abertura desses cursos
serviços, apresentamos alguns elementos de um estudo de caso cuja base também pode ter sido in-
fluenciada pelos imperativos
é uma pesquisa sobre a relação entre o nível de serviço oferecido pelas escolas e subjacentes a uma perspec-
tiva neoliberal voltada para
sua imagem no mercado. Ao todo, foram abordadas oito Instituições de Ensino uma educação tecnicista e
pragmática, buscando formar
Superior em uma capital localizada na Região Sudeste. Para manter o mesmo uma força laboral capacita-
da para responder ao cres-
padrão de análise, a decisão foi trabalhar somente com cursos de graduação em cimento econômico (que se
Administração,1 de modo que as comparações se dessem entre bases similares. esperava com a abertura da
economia) e à modernização
Ao final do estudo, foi possível estabelecer uma relação entre o nível de serviço (necessária para atender às
demandas da globalização e
das escolas e suas imagens. da reestruturação produtiva).
Isso em termos quantitati-
Dada a natureza da análise desse estudo, utilizou-se a abordagem qualitativa, vos, sem necessariamente
considerar a capacidade de
apoiada, também, em técnicas quantitativas. intervir nesse processo, o que
demandaria uma formação
mais teórica e crítica.
Entre as 34 escolas existentes na cidade em que o estudo foi feito, selecio-
Com base no último Cen-
namos as sete maiores – com base no número de vagas que oferecem no curso de so Educacional do Ensino
Superior, em 2002 foi ofere-
Administração –, além da IES VII, que se distingue por ser segmentada e focada cido 1,7 milhão de vagas em
somente nas áreas gerenciais. âmbito nacional, com uma
média de 2,9 candidatos por
vaga. Entretanto, houve um
Pesquisa por telefone realizada em
janeiro de 2005.
dessas escolas. Foram colhidos depoimentos para que fosse possível entender como
o corpo discente enxerga a escola em que estuda e as demais, suas expectativas
e experiências de serviços em relação ao setor educacional e em relação a sua
IES em particular. Assim, por meio de técnicas quantitativas, foram abordados
35 alunos de cada uma das escolas e foi realizado um grupo de discussão com,
no mínimo, um aluno de cada IES. Foram entrevistados, ainda, seis profissionais
contratantes de determinadas empresas por representarem o mercado. Para esse
grupo, também foram utilizadas entrevistas individuais em profundidade. Com
isso, objetivou-se avaliar a imagem das IES por meio da aceitação/rejeição do
departamento de recursos humanos em relação aos egressos.
A análise final dos dados foi realizada de forma conjunta, uma vez que
somente a partir da conjugação dos pontos de vista dos stakeholders estudados
foi possível entender em que grau as IES gerenciam suas imagens, se elas se viam
como empresas de serviços e se havia uma congruência entre os objetivos e ações
institucionais apontados pelos gestores e a percepção desses objetivos e ações
pelos alunos, prospects e gestores de recursos humanos ou profissionais responsá-
veis por recrutamento e seleção nas empresas estudadas.
Com o objetivo de tornar mais clara a análise, os diversos temas abordados
no estudo foram analisados em blocos.
Inicialmente, no primeiro bloco foi feito um overview sobre os cursos de
Administração oferecidos pelas IES estudadas, sob a óptica das escolas,
dos alunos e das empresas.
Na sequência, no segundo bloco, tentou-se avaliar o tipo de valor que as
escolas objetivam entregar aos seus alunos versus o que é valor para os
alunos e para as empresas.
No terceiro bloco, traçou-se uma discussão sobre o perfil do profissional
que as IES querem formar em contraposição ao perfil que as empresas
querem contratar.
No quarto bloco, avaliou-se o posicionamento das IES com base no
depoimento de seus gestores.
Na sequência, no quinto bloco, a questão do aluno como cliente foi
explorada.
O sexto bloco analisou as IES como empresas de serviços por meio do
depoimento dos seus gestores e dos alunos. Nesse bloco, mapeou-se a
expectativa dos alunos de todas as IES estudadas quanto aos serviços
educacionais e suas experiências junto às IES nas quais estudam.
O sétimo bloco foi dedicado ao entendimento da gestão da comunicação
das IES.
Questões relativas ao marketing educacional e à imagem das IES estão no
oitavo bloco desse estudo. Nele, os gestores das escolas fizeram uma avaliação
da imagem de sua instituição. É nele, também, que os alunos avaliaram a
imagem de sua IES e das IES concorrentes, além de serem apresentadas as
imagens que as IES têm junto aos profissionais das empresas.
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Estudo de caso: gestão de imagem e de serviços em instituições de Ensino Superior privadas
O curso de Administração
Para o aluno no curso de Administração, a noção de valor é muito discre-
pante em relação àquela existente entre os gestores de IES entrevistados. Alguns
desses gestores apontam que o principal valor entregue aos alunos é a ligação com
o mercado de trabalho.
Um foco pragmático. Esse reconhecimento é a coisa mais importante para nós. Temos
concorrentes que são muito mais acadêmicos. Muito competentes, mas sem competên-
cias do ponto de vista mercadológico. Por outro lado, nós temos escolas aplicadas, mas
que têm uma profunda falta de rigor acadêmico. A nossa é uma escola completa. E o
ponto crucial para o nosso aluno é o reconhecimento quando do ingresso no mercado.
(Diretor Executivo e Acadêmico da IES VII)
Nosso objetivo é entregar um curso de Administração eficiente. O maior valor é entregar o
aluno ao mercado com maior disponibilidade, maior facilidade de ferramentas de trabalho
na área de Administração. Com conteúdos que estejam o mais atualizados possível.
(Coordenador do Curso de Administração da IES II)
Outros gestores afirmam que o principal valor que entregam aos alunos é uma
sólida formação humanista, embora haja ênfase maior ou menor nesse aspecto.
O principal valor que nossa escola sempre trabalha é o valor humanístico e ético, indepen-
dentemente da ligação com o mercado. (Diretor de Graduação da IES VI)
Estamos tentando priorizar uma formação humanista, mas temos uma formação básica.
Nós entendemos Comunicação e Expressão, Matemática e Estatística como fundamentais.
A Sociologia, a Filosofia e a Ética também têm que estar em todos os cursos. É uma
formação básica desse tipo. Não é objetivo nosso aqui ter análise de investimentos objetivos
nível quatro[...] E tem escola que tem isso na graduação, no curso de Administração. Não é
essa a nossa questão. Formação básica humanista é uma boa formação[...] Não dá para ter
uma subordinação total da sala de aula ao mercado de trabalho. (Pró-reitor de Graduação
da IES I)
do que deveriam. [...] É um curso onde as instituições estão muito pouco preocupadas
em ousar, é onde a sala de aula está mais convencional. Quais as instituições que em
graduação trabalham na questão de empresa simulada legal, trabalham jogos empresariais
em diversas disciplinas nas cadeiras de graduação? Quais são as que trabalham de forma
legal no sentido do empreendedorismo e não como mais um modismo? (Pró-reitor de
Graduação da IES I)
uma instituição de ensino: não é possível que o sistema escolar forme teórica e
tecnicamente de maneira ampla e, ao mesmo tempo, forme especificamente para
um ramo de negócios ou uma empresa, já que existe uma extrema diversidade.
Para isso, existem os estágios e, principalmente, a formação profissional no âmbito
das organizações.
Quando questionados sobre o que ainda não oferecem e têm interesse de
oferecer aos alunos do curso de Administração, os gestores das IES apontam a
necessidade de as escolas melhorarem o nível dos serviços em geral e também
dos serviços educacionais, aumentar a interface com o mercado de trabalho e
melhorar o nível das aulas.
Eu diria que a qualidade do serviço não acadêmico, o serviço da experiência vivida pelo
aluno, pode ser ainda melhorado em muito. (Diretor Executivo e Acadêmico da IES VII)
Aumentar o intercâmbio com os empregadores para poder identificar o que é preciso
oferecer, além do que a gente oferece. Porque, na verdade, nós achamos que oferecemos
uma receita pronta. Então uma meta nossa, agora, estratégica, é a aproximação com esses
empregadores. (Coordenador do Curso de Administração da IES II)
Só a incubadora de empresas que a gente está pensando, tentando viabilizar agora em
um processo maior, vinculado, obviamente, a outros cursos da instituição e à presença da
iniciativa privada. (Diretor de Graduação da IES VI)
O que nossa IES quer é, gradualmente, sem nenhuma arrogância, construir um projeto
em que ela se diferencie desse grupo [formado por boa parte das IES estudadas] e passe
a ser uma opção mais clara após a Federal e a IES VI – que aparece como segunda opção
[mais citada como desejada pelos candidatos ao vestibular da IES em questão]. E como
se faz isso? Primeiro, é muito difícil você fazer em curto prazo. Mas a minha leitura
é diferente. Eu acho o seguinte: nós, instituições de ensino, estamos mudando muito
cosmético, muito o apoio. Você só muda instituição de ensino quando muda, efetivamente,
a sala de aula. E a nossa sala de aula[...]. A escola que sair na frente e conseguir, de fato,
mudar isso, trabalhar isso, vai ser a escola que vai dar o salto. No curso de Administração,
nós estamos tentando agregar valor por meio da mudança da nossa sala de aula. Estamos
querendo fazer empresas simuladas, mudar a sala de aula. Não é no sentido de grandes
reformulações de grade. Olha o perfil de aluno que nós temos que trabalhar. Nós vamos
mudar é a sala de aula mesmo, na hora em que o professor fecha a porta. (Pró-reitor de
Graduação da IES I)
É importante destacar que a escola que está voltada para uma formação
humanista foi justamente aquela que teve a segunda pior imagem junto aos alunos
das demais IES.
Há uma grande congruência entre a visão dos alunos e a visão das empresas
sobre como deve ser um administrador. Os alunos que participaram do grupo de
discussão organizado em nossa pesquisa ponderaram que hoje é importante que
o profissional de Administração tenha atitude, iniciativa, capacidade de inovar e
mudar, versatilidade, flexibilidade, sendo ético, comprometido, e que tenha bom
nível de conhecimento, mas que, essencialmente, possua domínio técnico na
“prática do dia a dia”. De forma geral, os participantes não vislumbram competências
técnicas quando pensam no administrador ideal, a não ser pelo que denominaram
como bom nível de conhecimento.
sua IES se posiciona a partir do baixo custo e isso não gera queda na qualidade.
Há também um gestor que afirma que sua IES não estava preparada para competir
por custo, sendo um desafio manter um custo de operação baixo o suficiente para
competir e ainda assim manter a qualidade nos serviços educacionais.
Os gestores das IES pesquisadas têm opiniões muito semelhantes sobre
quais são os desejos e expectativas dos alunos e, mesmo nas IES nas quais o
pragmatismo não é perseguido, fica patente que os gestores reconhecem que os
alunos desejam esse pragmatismo. Para os gestores, o pragmatismo traz consigo
um empobrecimento do curso em termos de reflexão e profundidade.
Vejo muito na Administração que o aluno quer um curso rigoroso, muita qualidade, muito
pragmático, muita aplicação, mas que ele não precise estudar, não precise carregar sua
própria cruz. Quando fala que quer um programa mais aplicado, na verdade o aluno não
quer um programa mais aplicado, mais vinculado ao mercado. Ele diz que quer isso, mas
na realidade quer um programa mais fácil. Isso não é bom. Não estou disposto a abrir
mão do rigor, estou disposto a convencer o aluno que o que ele quer é, na verdade, um
programa rigoroso que de fato vai fazê-lo diferente de outras pessoas. Daí ele vai colher
frutos. (Diretor Executivo e Acadêmico da IES VII)
Os alunos querem mais o curso prático. Eles estão preocupados com a ligação da teoria
com a prática. Em todas as matérias ministradas por nós, exigimos professores que tenham
formação acadêmica em nível de mestrado, experiência no magistério superior, experiência
no mercado em nível gerencial. Temos que trazer vivência prática. Trazer pessoas do
mercado para fazer palestras. Estamos preocupados em interagir com o mercado, trazendo
o mercado para a sala de aula. (Diretor Acadêmico da Faculdade IES III)
Não é por aí. A gente perde exatamente a identidade da IES e a sua independência na
geração, produção e reprodução do conhecimento. Essa que é a grande questão que a gen-
te trabalha. Os nossos alunos, quando chegam com esse discurso, a gente faz um trabalho
para explicar que eles não são produtos que vão ser colocados na prateleira. E que a gente
está, simplesmente, ajudando na formação pessoal e humana dele. (Diretor de Graduação
da IES VI)
Entretanto, a maior parte das IES está focada em melhorar sua interface
com os alunos, sem que isso represente perda de rigor acadêmico ou de seriedade
no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Um gestor deixa claro que
sua IES é completamente contrária à posição de aluno-cliente. Para ele, o aluno
é um agente que está inserido dentro do processo de ensino-aprendizagem e não
tem como avaliar a qualidade do serviço que está recebendo, nem como arbitrar
sobre esse serviço.
O que queremos é mudar a sala de aula. Acabou o protagonismo do professor. Queremos
estabelecer o paradigma da relação de vai e volta. O aluno não é cliente, não no sentido
de estar passivamente esperando o processo: ele é ator do processo, tem direitos e deveres
que têm que ser muito bem definidos pela instituição. Na verdade, é uma questão socio-
lógica, que hoje é complexa. Está todo mundo jogando para a escola todas as questões
da formação. O aluno está com problemas de drogas, familiar, é a escola que resolve.
Está todo mundo terceirizando a escola. Espera aí: a escola tem que participar desses
processos, mas você não pode querer uma superagenda para essa escola, pois ela não
tem condições de resolver essa superagenda. Isso é um equívoco. A escola ainda não está
conseguindo resolver nem a sua agenda específica. O aluno levanta a mão e fala que “sou
eu que pago, eu sou a razão da sua existência”. Isso não é verdade. Isso não retira de for-
ma nenhuma uma série de obrigações e de uma relação que tem que ser pactuada entre as
partes. Esse conceito de aluno-cliente, além de ser um equívoco, passa uma passividade
de “eu estou aqui recebendo o produto”. Passa essa imagem de aluno que tudo pode. (Pró-
-reitor de Graduação da IES I)
de mais avançado na fronteira, dá um show de bola. Aí o cara sai da sala, entra no corredor
da instituição. Ele vai à secretaria e a secretaria não tem informação. Ele vai à tecnologia e a
tecnologia não funciona. Se nós aceitarmos essa dicotomia – aqui ele pode ser cliente, ali não –,
estaremos passando a sinalização mais incorreta. (Pró-reitor de Graduação da IES I)
Porém, a maioria das IES não possui seus processos mapeados, tampouco
disponíveis aos funcionários, com o que é possível concluir que há um certo
empirismo na gestão de suas operações. Somente em uma IES estudada o gestor
destacou a participação do departamento de marketing no desenho de suas
operações e de seus encontros de serviço, conforme a recomendação de Normann
(1993), Lovelock (2003) e Fitzsimmons (2000).
Outro ponto relevante é que uma das IES entende que suas operações devem
ser geridas pela coordenação acadêmica, o que, contrariamente ao apontado por
Lovelock (2003), pode gerar aumento da hierarquia e do tempo de resposta aos
alunos, principalmente se não há processos claros que permitam aos funcionários
do front office um atendimento ágil e padronizado. Esse modelo de operação gera
inconsistência nos serviços, aumento da variabilidade e lacunas, conforme Gianesi
(1994). No levantamento quantitativo desse estudo, foi possível perceber que os
alunos dessa IES foram aqueles que atribuíram as notas mais baixas aos serviços
que recebem.
Nas IES pesquisadas, existe um descompasso entre a forma como elas são
geridas e as expectativas dos alunos em relação aos serviços educacionais. Conforme
Lovelock (2003), a qualidade em serviços se dá nas cinco dimensões, a seguir.
Empatia: o fato de a empresa de serviços fornecer atenção aos clientes e
tratá-los de forma personalizada.
Segurança: avalia-se o quanto os funcionários da empresa são bem
informados, educados, competentes e dignos de confiança.
Sensibilidade: os funcionários da empresa são analisados quanto à
presteza e a prontidão para o atendimento.
Tangibilidade: reflexões sobre como são as instalações físicas, o equipa-
mento, o pessoal e o material de comunicação da empresa de serviços.
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Estudo de caso: gestão de imagem e de serviços em instituições de Ensino Superior privadas
da média global. E justamente nessa escola, o gestor afirmou não haver qualquer
relação com o mercado de trabalho, nela não se enxergando o aluno como cliente
sob nenhuma condição. Por outro lado, os alunos da IES II, que apresentaram as
menores expectativas em relação ao nível de serviços das IES, conferiram à sua
escola nota acima da média em sete itens da escala. Isso pode se justificar pela
relação direta entre expectativas e satisfação: como a expectativa era baixa, a
satisfação tende a ser alta, mesmo que o nível do serviço não seja necessariamente
alto.
Outra escola que merece destaque pelas altas notas atribuídas por seus
alunos é a IES VII, que também apresenta uma forte preocupação com a gestão de
seus serviços. Como seu preço é extremamente alto, a expectativa de seus alunos
também o é, de maneira que a relativa satisfação desses alunos é ligeiramente
menor que a dos alunos da IES II e da IES III.
No tocante à imagem das IES, aferida de forma simplificada por meio da
escala de Fox e Kotler (1994), os alunos da IES III, seguidos pelos alunos da IES II,
foram aqueles que conferiram às suas escolas as melhores notas. É importante estar
atento à relação direta entre o nível de serviço percebido e a formação da imagem
das IES dentro do conceito de marketing total, apresentado por Gronroos (1993).
mostrando nossa marca. A IES está querendo diferenciar um pouco, falando que é uma
faculdade que está aqui em nossa cidade, mas que tem milhares de alunos pelo Brasil.
(Coordenador do Curso de Administração da IES II)
Outro ponto que merece destaque é o fato de as IES terem decisões relativas ao
marketing mix diluídas em várias esferas da organização. Torna-se visível também
a falta de informação, por parte dos gestores, acerca das diferenças que permeiam
decisões e problemas de comunicação das decisões e problemas de marketing.
Os lançamentos ou não de novos cursos, avaliação de programas, preço, data de lança-
mento, horário (manhã ou noite) estão vinculados na diretoria que tem sua assessoria que
desenvolve projetos com apoio de coordenadores. Eu, por exemplo, dou apoio à criação
de diversos cursos. Aliás, não tem nada a ver com minha área, mas, devido à minha
experiência, eles solicitam que eu contribua com alguma coisa. (Coordenador do Curso de
Administração da IES II)
pensando no futuro, ao passo que outros afirmaram ter feito a escolha pela existência
de uma área de estágio forte e pelo desenvolvimento de projetos de consultoria
para as empresas, ou pela ligação entre teoria e prática. Não obstante esse cuidado
por parte dos alunos, um dos profissionais de contratação entrevistados afirmou
não se preocupar com a origem do estudante em termos de faculdade.
A preocupação dos profissionais entrevistados nas empresas é com a exis-
tência de faculdades nas quais os alunos pagam e passam. Em contraposição a
esse ponto, veem na IES VI uma escola muito séria e, de forma geral, a imagem
da IES I também é muito positiva junto aos entrevistados. O pragmatismo aparece
no discurso dos entrevistados das empresas como sendo importante do ponto de
vista técnico e comportamental.
Hoje, estou preocupado com alunos que eu trouxe da IES II. Eles não corresponderam,
como também algumas pessoas da IES III. O perfil é muito infantil. Pessoas muito
irresponsáveis. Pessoas que entraram na escola para fazer o curso superior e mais nada.
Considero como característica: a escola é paga, um preço alto, e os alunos que apareciam
aqui geralmente não demonstravam muito compromisso. Geralmente, as pessoas do
noturno são mais sérias. (Responsável pelo Recrutamento da Empresa 2)
A gente está vendo um número muito amplo de universidades. E pelas seleções ainda se
destacam alguns alunos de escolas de renome. Quer dizer, a gente percebe o nível dife-
renciado. Alguns candidatos chegam aqui e ninguém nunca ouviu o nome da faculdade.
Por exemplo, a IES VIII é uma faculdade relativamente recente. Tenho conversado com
as pessoas que vêm de lá, e estou percebendo que têm um nível diferenciado. Acho que
deve ter um critério para pressionar o aluno a estudar. Querendo ou não, o vestibular dá
uma selecionada. Não pode ser apenas uma análise de currículo. (Analista de Recursos
Humanos da Empresa 6)
Existem cursos que não são e cursos que são sérios. Não sei se isso é preconceito ou é
o marketing que jogou pra gente. São instituições mais sérias, que você vai sair com um
diploma, com um conhecimento um pouco melhor que os alunos das outras. Tem várias
que você vê com outdoors que você pode ter certeza: pagou, passou. (Responsável pelo
Recrutamento da Empresa 3)
Considerações finais
No geral, é possível afirmar que as IES estudadas não se veem como
empresas de serviços. Dentro delas, ainda é muito incipiente uma reflexão quanto
aos serviços educacionais e da importância de se gerir de maneira profissional os
serviços extraclasse oferecidos aos alunos. Contudo, fica evidente que as IES que
já iniciaram algum tipo de intervenção em suas estruturas são mais competitivas
que as demais no que diz respeito à experiência dos alunos, à imagem que esses
alunos têm dessas instituições e à imagem positiva dessas mesmas escolas junto
aos alunos das demais IES.
No setor educacional, a competitividade pode ser mensurada por meio de
vários aspectos, como o número de candidatos por vaga e as taxas de evasão ou,
em outras palavras, atratividade e retenção de alunos. É difícil obter esses dados:
a maior parte das IES se nega a fornecê-los e entre as que forneceram o número
de candidatos por vaga, não há garantia da precisão da declaração. Assim, outra
vertente que nos permite avaliar a competitividade das IES é o preço de suas
mensalidades. Com exceção da IES II, que se posiciona abertamente por baixo
preço, as escolas se posicionam declaradamente por diferenciação e nelas existe
similaridade entre imagem positiva e valor da mensalidade. Pela pesquisa reali- 2 Nesse caso, não se
considerou a imagem que
os próprios alunos possuem,
zada por telefone em janeiro de 2005, a média de mensalidade para os cursos de uma vez que elas são modi-
ficadas na medida em que
Administração noturno e diurno nas IES estudadas era de R$635,17. Das oito IES interagem cotidianamente
presentes nesse estudo, somente três se situam acima dessa média – justamente com os serviços das IES, e
a tomada de decisão por um
aquelas possuidoras de boas notas para a imagem na visão dos não alunos.2 curso superior ocorre antes
dessa interação.
A gestão das imagens das IES precisa ser mais desenvolvida. Das pesqui-
sadas, somente duas possuem departamentos de marketing e em ambas foram
constatados bons níveis de experiência de serviço e imagens positivas junto aos
alunos, bem como imagens positivas junto aos não alunos. É perceptível que as
IES, de forma geral, não possuem estudos detalhados sobre suas imagens e que
ainda se baseiam em boas performances junto ao Ministério da Educação para
afirmar que possuem uma imagem positiva.
Outro ponto relevante é que os profissionais entrevistados nas empresas
possuem poucas informações sobre as IES estudadas. No geral, eles se baseiam
em informações obtidas a partir de sua vivência e não em pesquisas e consultas no
mercado. Assim, as IES mais antigas são as mais citadas pelos entrevistados das
empresas e eles não conseguem explicar os pontos positivos e negativos dessas
escolas. Pouco se sabe sobre as escolas e seus projetos pedagógicos, e nenhum
profissional contratante demonstrou interesse ou preocupação diante dessa falta
de informação. Quando questionados sobre o que é importante em um curso de
Administração, prevaleceu o discurso do pragmatismo.
Ficou evidente que os alunos também demandam cada vez mais pragmatismo
das IES e também consideram importante que as escolas tenham rigor acadêmico.
Entretanto, algumas IES pesquisadas objetivam formar seus alunos a partir de um
enfoque humanista, pouco se preocupando em seguir as demandas dos alunos e
também das empresas. A IES que ostenta essa filosofia de forma menos flexível foi
a que apresentou menor nível de experiência por parte dos alunos e uma das piores
imagens junto aos alunos e não alunos. Entretanto, foi uma das IES citadas – sem
agregados de qualidade a não ser a tradição – pelos profissionais contratantes.
Foi possível identificar uma forte relação entre o nível de serviço das IES
e suas imagens junto aos alunos e não alunos. As IES que possuem bom nível de
serviço junto aos alunos foram as que obtiveram imagens positivas. Além disso,
a discrepância entre as imagens das IES em relação aos alunos e não alunos torna
visível que os encontros de serviço intervêm na formação das imagens.
Outro ponto interessante levantado na pesquisa é o fato de a escola que
cobra mais por seu curso de Administração ser também aquela em que os alunos
têm uma das mais altas expectativas em relação aos serviços educacionais, mas
não é a que apresenta as maiores notas pelos serviços recebidos. Já os alunos
da IES que cobra a menor mensalidade são, indiscutivelmente, os que conferem
as maiores notas aos serviços recebidos. Já os alunos da IES II têm a menor
expectativa e um dos maiores níveis de experiência, mas não têm uma imagem
totalmente positiva da IES – o que demonstra que a imagem é algo maior que a
simples experiência positiva quando dos encontros de serviço.
Enfim, fica evidente que a gestão de algumas IES está se movimentando na
busca de melhoria em seus serviços. Entretanto, pouco se sabe sobre as imagens e
sobre a intervenção da imagem na decisão dos alunos. Neste estudo, foi possível
comprovar que há esse desconhecimento na maioria das IES e que as escolas possui-
doras de um departamento de marketing estão na frente em relação ao nível de serviço
que oferecem e em relação à imagem de que desfrutam junto aos não alunos.
Reflita sobre a postura mercadológica da sua escola a partir das instituições de ensino
apresentadas. No geral, com qual delas sua escola mais se parece? Para sua análise, baseie-se
nos depoimentos dos gestores educacionais.
COLOMBO, Sonia Simões (Org.). Marketing Educacional em Ação: estratégias e ferramentas. Porto
Alegre: Artmed/Bookman, 2005.
GRONROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços – a competição por serviços na hora
da verdade. Rio de Janeiro: Campus, 1993.