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Código Logístico
58799
Otto Nogami
Economia
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6518-9
Otto Nogami
9 788538 765189
e Mercado
Economia e Mercado
Otto Nogami
IESDE
2019
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Sittipong Phokawattana/ImageFlow/THICHA SATAPITANON/Shutterstock
CDD: 330
19-59476
CDU: 330
Gabarito 141
Apresentação
Quando falamos de economia, é comum as pessoas reagirem como se o tema fosse algo
complexo e de difícil compreensão; logo imagina-se um estudo carregado de modelos, equações
algébricas, estatísticas e gráficos difíceis de serem assimilados. Sim, isso é verdade na medida em
que essas ferramentas são necessárias para analisar tanto o passado, como também para entender
o nosso presente e, em especial, ter uma ideia do que possa acontecer no futuro.
Porém, conforme a economia apura, analisa e retrata o nosso dia a dia, percebe-se que ela
é uma ciência lógica, pois carrega uma relação de ação e reação. Tudo o que fazemos, até mesmo
dormir, traz consequências de natureza econômica – uma necessidade biológica que afeta a
produtividade das pessoas no trabalho, por exemplo.
Assim, esta obra procura apresentar essa lógica, que faz parte da vida de todos nós, de forma
compreensível. Para tanto, este livro foi organizado em oito capítulos, cada um deles abordando os
aspectos econômicos que mais comumente ouvimos e comentamos.
No segundo capítulo são exploradas as preocupações estratégicas que reinam dentro das
empresas, como a leitura do mercado e a análise do comportamento dos consumidores etc.;
essas fundamentam os critérios estratégicos de produção, especialmente no que diz respeito à
produtividade e, por decorrência, aos seus custos de produção. Desse modo, entender como as
empresas analisam as condições de custos, para que possam operar em condições de equilíbrio, ou
seja, igualar custos e receita, é um aspecto muito importante.
Para que possamos entender melhor esses aspectos conjunturais, no quarto capítulo
abordamos a mensuração e estrutura das contas nacionais. A decomposição das principais contas,
como a da produção, famílias, governo, investimentos e setor externo, mostra a estrutura básica da
contabilidade nacional e a forma lógica para a apuração do produto interno bruto (PIB).
No quinto capítulo procuramos mostrar a lógica existente na relação entre o setor privado,
setor externo e o setor público através de identidades que apresentem as reações econômicas, visto
que há um desequilíbrio nesses setores, especialmente no público em que o gasto é maior do que
a arrecadação.
8 Economia e Mercado
Outro assunto tão importante, e que inclusive serve de instrumento para o governo controlar
a atividade econômica, é explorado no sexto capítulo; estamos falando da moeda, sua origem, suas
funções e características.
Além disso, o governo controla a atividade econômica por meio da Política Econômica e de
seus instrumentos. Este assunto está presente no sétimo capítulo, no qual também falamos do tripé
macroeconômico, isto é, de três indicadores importantes para o monitoramento de como anda a
economia.
Por fim, no oitavo capítulo, trazemos um tema que, para muitos, causa fascínio pelo fato
de estar relacionado à perspectiva de ganhar dinheiro no mercado financeiro. Desta forma, são
trabalhados o sistema financeiro, seus instrumentos e instituições, e os mercados que permitem
esse sistema funcionar. Também falamos de um assunto muito relevante para todos nós, que é o
processo de acumulação de riqueza.
Essa é a jornada que propomos a você. Uma viagem enveredando pelos misteriosos e
tortuosos caminhos da Economia e Mercado.
1
A importância dos fundamentos econômicos
Uma célebre frase consegue definir, de maneira ampla, o real significado da economia:
“não existe almoço de graça”. Essa frase acabou sendo imortalizada no meio econômico pelo
prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, que a utilizou como título de um de seus livros,
There’s no such thing as a free lunch, no qual refuta a ideia de que um governo pode gastar à
vontade sem que alguém tenha que pagar por isso. É o fundamento que rege o chamado custo de
oportunidade, que significa abrir mão de alguma coisa para poder obter outra. Essa é a essência da
ciência econômica, cuja importância está no princípio da escassez.
Mas o que isso tem a ver com o nosso dia a dia? Tudo. Todas as relações e decisões
tomadas pelos agentes econômicos – famílias, governo e setor externo – afetam a sociedade
como um todo. Indicadores como inflação, taxa de câmbio, taxa de juros, Produto Interno
Bruto, desemprego, entre outros, são sinalizadores de como anda a atividade econômica. Daí a
importância do entendimento dos princípios que regem a economia, especialmente pelo fato de
ela impactar tudo o que fazemos. A simples ida a uma padaria para comprar um pão, o ato de
ligar a televisão ou de fazer uma anotação em uma folha de papel envolve centenas de atividades,
incluindo milhares de pessoas que fazem uma economia funcionar.
Friedman contextualizou de maneira brilhante essa questão, utilizando como exemplo um
simples lápis com um apagador em uma das pontas – aqui, vamos adaptar para uma situação no
Brasil. A madeira desse lápis veio de uma árvore derrubada em alguma área de reflorestamento no
país. Para derrubar essa árvore, foi necessário usar uma motosserra, cuja confecção demandou a
utilização de aço, que, por sua vez, precisou de minério de ferro. O grafite veio de alguma mina no
Estado de Minas Gerais ou da Bahia. A borracha do apagador veio de uma seringueira da região de
Xapuri no Estado do Acre, ou da Malásia, importada da Amazônia por alguns homens de negócios
no início do século XX, com a ajuda do governo inglês. O envoltório de latão da borracha pode ter
vindo de qualquer lugar, muito provavelmente de uma pequena ou microempresa. A tinta utilizada
para revestir o lápis e para a impressão da marca foi produzida por alguma grande produtora de
tintas e solventes.
Percebe-se, portanto, que milhares de pessoas contribuíram para a fabricação de um simples
lápis, de valor unitário bastante baixo. Essas pessoas podem, inclusive, não falar a mesma língua,
praticar religiões diferentes e talvez se odiassem caso se encontrassem. Isso sem falar das inúmeras
empresas envolvidas – micros, pequenas, médias e grandes –, localizadas nas mais diferentes
regiões do planeta, o que demanda diversas operações de logística, envolvendo modais diversos.
Assim, quando vamos a uma loja comprar um simples lápis, estamos trocando alguns minutos do
nosso tempo por alguns segundos de todas aquelas milhares de pessoas envolvidas no processo de
produção desse produto.
Essa é a magia da economia que procuraremos mostrar neste capítulo. Nossa intenção aqui
é desvendar os mistérios da economia.
10 Economia e Mercado
verdade, podemos afirmar que tudo o que fazemos em vida é para satisfazê-los. Podemos classificar
essas necessidades em duas categorias: econômicas e não econômicas.
As necessidades econômicas são satisfeitas por bens e serviços, relativamente escassos,
que precisam ser produzidos e que são denominados bens econômicos, visto que possuem preço.
Quanto à sua natureza, esses bens podem ser classificados em dois grupos: bens materiais e bens
imateriais ou serviços.
Os bens materiais são tangíveis, ou seja, podem ser medidos, pesados, mensurados e são
classificados em bens de consumo e bens de capital. Os bens de consumo são aqueles consumidos
por nós para satisfazer nossas necessidades; em outras palavras, são aqueles que estão prontos para
o consumo das pessoas. Como exemplos desse tipo de bem podemos citar alimentos, bebidas,
vestuário e veículos. Por outro lado, bens de capital são aqueles que serão utilizados para a
produção de outros bens, como máquinas, equipamentos, ferramentas, edifícios etc.
Tanto os bens de consumo como os bens de capital são denominados bens finais, visto que
são produtos prontos para serem utilizados. E temos ainda os chamados bens intermediários,
representados por produtos que não estão finalizados e, portanto, ainda precisam sofrer
transformações.
Os bens imateriais ou serviços são intangíveis, ou seja, não podem ser tocados. Um detalhe
importante é que eles também não podem ser estocados. Como exemplos, temos os serviços de
transporte, advocatícios, médicos, entre outros.
Já as necessidades não econômicas são satisfeitas por bens que não podem ou não precisam
ser produzidos, geralmente por serem abundantes, como é o caso do ar que respiramos.
países onde a mão de obra apresenta baixa qualificação, os processos de produção tendem para a
manufatura; por outro lado, em países que são intensivos utilizadores de capital, a mão de obra
tende a apresentar uma qualificação maior.
O elemento terra é responsável pela disponibilização dos recursos naturais ou das matérias-
-primas. Não podemos esquecer que toda matéria-prima é produzida sobre a terra ou é extraída
dela. Assim, seu uso depende das condições de solo e de clima que cada país apresenta, o que
determina também o tipo de matéria-prima que ele vai produzir.
A extensão territorial do Brasil faz com que o país tenha áreas cultiváveis tanto na região
tropical como na temperada, o que permite uma diversidade de produção como poucos países
no mundo possuem. E as condições climáticas possibilitam ainda, em algumas regiões, a
colheita de duas safras ao ano de determinadas culturas, fato impensável em países localizados
predominantemente em regiões mais frias.
1.1.5 Mercados
As relações entre os agentes econômicos realizam-se em um ambiente denominado mercado,
no qual vendedores (compõem o lado da oferta) e compradores (compõem o lado da demanda)
estabelecem contato e realizam suas transações.
O lado dos vendedores é representado pelas empresas, que vendem bens e serviços para
os consumidores (famílias e governo), e pelos proprietários dos fatores de produção (capacidade
empresarial, capital, mão de obra e terra) que os vendem ou arrendam às empresas produtoras em
troca de receita (lucros, juros, salários e aluguéis).
A importância dos fundamentos econômicos 13
O lado dos compradores, por sua vez, é constituído tanto pelas famílias, que são compradoras
de bens e serviços, quanto pelas empresas produtoras, que são compradoras de fatores de produção
(capacidade empresarial, capital, mão de obra e terra) utilizados na produção de bens e serviços.
Segundo Nogami e Passos (2016, p. 17),
é importante notar que, para fins de análise econômica, o conceito de mercado
não implica, necessariamente, a existência de um lugar geográfico em que as
transações se realizam. Na realidade, as mercadorias são vendidas segundo
os mais diferentes dispositivos institucionais, tais como feiras, lojas, bolsas de
valores etc., podendo o termo mercado aplicar-se a qualquer um deles. Basta,
para isso, que compradores e vendedores de qualquer bem (ou serviço, ou
recurso) interajam, resultando daí a possibilidade de comercializar esse bem.
Devemos observar que os mercados estão no centro da atividade econômica.
Essa é a razão pela qual muitos temas importantes em economia estão
relacionados com a maneira de funcionar desses mercados.
Assim, todas as relações entre famílias e empresas se realizarão em mercados, sejam eles de
bens e serviços, sejam de fatores de produção.
e o produtor tem certo grau de controle sobre o preço que cobra. No oligopólio puro,
os produtos são homogêneos, tais como o aço, o alumínio, o cimento etc. Por sua vez,
no oligopólio diferenciado, como o próprio nome indica, os produtos são diferenciados.
Como exemplos temos a indústria automobilística e a indústria de utilidades domésticas.
• Duopólio: de acordo com Sandroni (1999, p. 187), o duopólio é uma condição de
mercado semelhante ao oligopólio, na qual apenas dois produtores de um determinado
bem ou serviço têm o controle dominante e exclusivo. Em função dessa característica,
elas agem de maneira bastante similar, de tal forma que a mudança de comportamento de
uma leva à mudança da outra. As empresas que atuam nesse tipo de estrutura de mercado
analisam cenários táticos complexos de ações e reações uma contra a outra. Exemplos:
em certo momento da economia brasileira, o duopólio da aviação entre Tam e Gol,
sistemas operacionais Android e iOS, e Boeing e Airbus, que podem ser consideradas
completamente dominantes dentro do setor de fabricação de aviões de grande porte para
transporte de passageiros.
• Monopólio: situação de mercado em que uma única empresa vende um produto para o
qual não há substituto próximo, e o produtor exerce grande influência na determinação
do preço a ser cobrado por seu produto.
É uma situação totalmente oposta à da concorrência perfeita, uma vez que
ao lado da oferta não há concorrência e nem produto concorrente. Nessas
condições, ou os consumidores aceitam as condições estipuladas pelo
monopolista, ou então abandonam o mercado, deixando de consumir o
produto. Essa situação é encontrada, por exemplo, em indústrias nas quais
o único produtor tenha patente ou controle sobre uma fonte de recursos
essencial para a elaboração do produto. (NOGAMI; PASSOS, 2016, p. 17)
exemplo, fabrica os aviões de guerra Super Tucano, e o governo brasileiro compra esses
aviões; a empresa aparece como monopolista na fabricação, enquanto o governo (Força
Aérea Brasileira) é o monopsonista na aquisição.
• Monopsônio: de acordo com Nogami e Passos (2016, p. 18), “é o regime ou estrutura
de mercado em que um único comprador concentra em suas mãos a totalidade de
compra dos fatores de produção, não obstante ele se defronte com grande número de
vendedores ou ofertantes de tais fatores”. Nesse caso, os preços não são determinados
pelos vendedores, mas pelo único comprador. É comum dizer-se que o monopsônio,
frequentemente, deriva de um monopólio instalado. De fato, o monopólio na venda de um
produto pode determinar o monopsônio na compra dos fatores de produção do referido
produto. Uma situação típica desse regime é a de um produtor de automóveis que depende
de determinado número de fornecedores de algumas peças que não são utilizadas por
outros fabricantes. Por essa razão, os pequenos fabricantes produzem apenas para essa
marca de automóveis. O produtor de automóveis desse exemplo pode ser entendido como
um monopsonista.
Agora que já estão mais claros os conceitos de concorrências perfeita e monopsonística, além
de oligopsônio, duopsônio, monopólio bilateral e monopsônio, vejamos a relação de todos eles com
a renda e a riqueza de uma nação.
o autor, “tudo o que fazemos ao longo da vida visa obter recursos para simplesmente suprir nossas
necessidades e desejos que estão dentro dessa caixa” (NOGAMI, 2012, p. 13). A Figura 1 mostra a
essência da caixa de desejos aplicada ao dia a dia das pessoas na economia.
Figura 1 – Caixa de desejos e a atividade econômica
Indivíduo Empresa
Bens e serviços
Capacidade de Estrutura de
Renda Preços
gastar consumo
Capacidade de
poupar
Como podemos atender, hoje em dia, às necessidades presentes nessa caixa de desejos?
“Utilizando-se da linguagem econômica podemos dizer que é pelo consumo de bens e serviços”
(NOGAMI, 2012, p. 14). Porém, os bens e serviços que consumimos não são gratuitos, eles possuem
um preço.
Dessa forma, é em função dos preços dos bens e serviços que consumimos para satisfazer
nossas necessidades e desejos que cada um de nós tem uma estrutura de consumo. Em outras
palavras, cada um de nós tem uma estrutura de gastos mensais em alimentos, educação, vestuário,
transportes, saúde, diversão e assim por diante, os quais irão satisfazer nossa caixa de desejos.
E podemos gastar o quanto quisermos? Claro que não, pois, em tese, temos um elemento
limitador para o consumo, denominado renda. Assim, fica fácil entender toda relação econômica:
quanto maior a renda, maior o consumo; por outro lado, quanto menor a renda, menor o consumo.
Não podemos esquecer que parte da renda também deverá ser utilizada para a formação de
nossas economias ou de nossa riqueza (poupança). No campo econômico, essas nossas economias
são importantes devido a dois aspectos: (1) para que possamos formar nossa riqueza e então utilizá-
la em nossas aposentadorias e, enquanto isso, desde que adequadamente aplicados, (2)auxiliar na
formação da poupança nacional, que é a base para os investimentos no setor produtivo da economia.
Compreendendo essa ideia, entendemos também por que os candidatos a cargos eletivos
sempre defendem a ideia de aumentar a renda mínima e, consequentemente, a qualidade de
vida da população.
18 Economia e Mercado
Essa é a razão que faz os governantes sempre estarem preocupados com o crescimento e
o desenvolvimento de suas economias. O crescimento se dá com o aumento no uso dos fatores
de produção, que irão gerar mais renda para as famílias, visto que passarão a ter mais recursos
para poderem consumir. Esse aumento de recursos é o que levará as empresas a produzirem mais,
utilizando mais fatores de produção, e assim sucessivamente. Como decorrência de todo esse ciclo,
haverá uma melhoria na qualidade de vida, que é o aspecto mais importante do desenvolvimento.
Produto
Famílias Empresas
Fatores de
produção
Renda (R$1.000,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
A importância dos fundamentos econômicos 19
A esse esquema damos o nome de fluxo circular da atividade econômica, que nos mostra a
relação básica de funcionamento de toda a economia (observe que não estamos colocando aqui o
governo, nem mesmo o setor externo da economia), para que possamos entender seu princípio.
Essa relação entre famílias e empresas deve estar permanentemente em equilíbrio, ou seja, toda a
renda deverá ser utilizada no consumo de bens e serviços (produtos) produzidos pelas empresas.
Numericamente, vamos supor que as empresas paguem R$ 1.000,00 de renda às famílias.
Para que o fluxo esteja em equilíbrio, é necessário que as famílias consumam R$ 1.000,00. Dessa
forma, as empresas faturarão R$ 1.000,00 e terão os R$ 1.000,00 para pagarem de renda no mês
subsequente, e assim sucessivamente.
Agora, vamos imaginar que as famílias deixem de gastar R$ 100,00 para formar sua
poupança. Essa atitude refletirá no faturamento das empresas, que faturarão R$ 900,00, em vez
de R$ 1.000,00. As companhias, entretanto, produziram e esperavam vender R$ 1.000,00, fazendo
surgir um excedente de produção, ao qual podemos chamar de estoque involuntário, no montante
de R$ 100,00. Diante de uma situação dessa, as empresas costumam reduzir ou dispensar fatores
de produção, o que implica em uma redução na renda paga às famílias, levando, por fim, a um
esfriamento da atividade econômica.
Para se evitar isso, partindo do pressuposto de que as famílias aplicaram recursos no valor
de R$ 100,00 em uma instituição financeira, a empresa poderá recorrer a esses recursos (em forma
de empréstimo de capital de giro), adicionar esse valor ao faturamento e ter o montante necessário
para pagar a renda de R$ 1.000,00, permitindo a retomada do equilíbrio. Essa medida pode ser
observada na Figura 3.
Figura 3 – Fluxo circular da atividade econômica (instituição financeira e a retomada do equilíbrio)
Consumo (R$900,00)
Produto
Empresas
(estoque
Famílias
R$100,00)
Fatores de
produção
Renda (R$1.000,00)
Poupança Empréstimo
R$100,00 R$100,00
Instituição
financeira
Por meio da descrição apresentada na Figura 3, fica fácil entender a importância das
instituições financeiras em uma sociedade. Elas são intermediadoras de recursos, recebendo de
quem os tem sobrando e emprestando a quem deles necessita (como as empresas). Isso permite a
retomada do equilíbrio do modelo econômico, sem que haja contração da atividade econômica.
20 Economia e Mercado
A 0 900
B 10 750 150
C 20 550 200
D 30 300 250
E 40 0 300
700
600 C
500
400
F D H
300
200
100
E
0
0 10 20 30 40 50
Bens de consumo
(milhões de toneladas)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pode acontecer, muitas vezes, de a economia estar produzindo abaixo de suas possibilidades.
Isso pode ocorrer porque os recursos produtivos estão ociosos (desemprego, estoques elevados,
baixa utilização da capacidade instalada, entre outros fatores). Essa situação é representada por
qualquer ponto no interior da curva de possibilidades de produção (Gráfico 1), a exemplo do
ponto F.
Em contrapartida, pontos situados além da curva, como o ponto H (no Gráfico 1), são
inatingíveis. Isso porque envolvem uma combinação de produção de bens de capital e de consumo
que, em virtude dos recursos e das tecnologias disponíveis, não pode ser realizada. Para perceber
isso ainda melhor, veja o Gráfico 2 a seguir:
Gráfico 2 – Deslocamento da curva de possibilidades de produção
1200
1000
800
600
400
200
0
0 10 20 30 40 50 60
Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo Nogami (2012, p. 71), é possível concluir que “pontos situados além da fronteira só
poderão ser alcançados mediante aumentos na disponibilidade de fatores de produção […] e/ou
mediante evolução tecnológica […] que permita o aumento nas possibilidades de produção com os
mesmos recursos”, o que possibilitaria também a melhoria da competitividade e da produtividade.
Isso significa que, para alcançar pontos como o H (no Gráfico 1), seriam necessários investimentos
que permitissem o deslocamento da curva de possibilidades de produção para a direita, como
mostra o Gráfico 2.
Considerações finais
Ao longo deste capítulo, abordamos os principais fundamentos econômicos, os quais irão
permitir um melhor entendimento do que será desenvolvido ao longo desta obra. Começamos
analisando, de maneira geral, o que é a economia, ressaltando as questões econômicas fundamentais,
abordando os sistemas econômicos, as necessidades humanas, os fatores de produção e a forma
como os agentes econômicos interagem nas mais diferentes estruturas de mercado.
Apresentamos também a maneira como as famílias e as empresas interagem e destacamos
o papel de cada uma no funcionamento da economia. Levamos em consideração, para isso, o
potencial que cada sociedade apresenta, visto por meio da fronteira de possibilidades de produção.
A importância dos fundamentos econômicos 23
• NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.
Escrito em linguagem acessível, esse livro apresenta uma abordagem atual e com
estatísticas relevantes sobre a economia brasileira, o que permite que se estabeleça contato
entre os fundamentos e os conceitos discutidos neste capítulo e que abordam a realidade
que nos cerca.
Atividades
1. Considerando o que foi abordado neste capítulo, como você definiria ciência econômica?
Referências
GOVERNO. In: MEUS DICIONÁRIOS. Significado de Governo. Disponível em: https://www.meusdicionarios.
com.br/governo. Acesso em: 29 jul. 2019.
NOGAMI, Otto. Não seja o pato do mercado financeiro: as aventuras do Pato Rico. São Paulo:
Avercamp, 2004.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo dicionário de economia. 2. ed. São Paulo: Best Seller, 1999.
2
A percepção estratégica da economia de empresas
1 A Microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento dos indivíduos em relação às suas decisões
de consumir e o comportamento das empresas no que diz respeito à produção e aos custos de bens e serviços.
26 Economia e Mercado
2.1.1 A demanda
A demanda representa o lado do demandante ou do comprador de um determinado bem
ou serviço e se refere à quantidade que ele está disposto e capacitado a comprar em uma unidade
de tempo.
Este consumidor, na decisão de adquirir um bem ou serviço, é influenciado por um ou mais
fatores, tais como:
• o preço do bem ou serviço;
• o salário ou a renda do consumidor;
• os gostos e as preferências do consumidor;
• o preço dos produtos substitutos;
• o preço dos produtos concorrentes;
• a propaganda.
Se pegarmos uma relação de preços e quantidades que o mercado está disposto a demandar
de um determinado produto, por exemplo, um energético, temos condições de elaborar uma tabela
como a apresentada a seguir.
Tabela 1 – Escala de demanda de energéticos
Quantidade
Preço (R$/garrafa)
(garrafas/mês)
12,00 0
10,00 5
8,00 10
6,00 15
4,00 20
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com base nessa escala, podemos montar um gráfico como o que se encontra a seguir.
Gráfico 1 – Demanda de mercado por energéticos
Preço 14
(R$)
12
10
0
0 10 20 30
O desenho formado no Gráfico 1 é chamado de curva de demanda (ainda que, nesse caso,
tenha se formado uma reta), que nos mostra as quantidades que o mercado está predisposto a
consumir a cada nível de preço. Observe que ao preço de R$ 12,00 o consumidor não está disposto
a adquirir nenhuma quantidade, mas vai desejando comprar mais à medida que o preço cai. Nesse
caso, então, podemos dizer que a reta tem declividade negativa.
É importante lembrar que cada produto ou serviço tem sua própria curva de demanda, a
qual retrata o comportamento do consumidor com relação às quantidades que ele deseja consumir
em função dos mais diferentes níveis de preço por unidade de tempo.
2.1.2 A oferta
A oferta representa o lado dos ofertantes ou dos vendedores de determinado bem ou serviço,
e nos mostra as quantidades que eles estão dispostos a oferecer ao mercado a cada nível de preço
em uma unidade de tempo.
Essa disposição, à exemplo da demanda, também depende de um conjunto de fatores, dentre
os quais podemos destacar:
• o preço do bem ou serviço;
• os preços de outros bens ou serviços;
• os preços dos fatores de produção;
• os métodos de produção disponíveis (tecnologia);
• as expectativas;
• as condições climáticas.
12,00 20
10,00 15
8,00 10
6,00 5
4,00 0
Fonte: Elaborada pelo autor.
Ao contrário do que acontece com a demanda, podemos observar que o produtor está
disposto a vender maiores quantidades quanto maior for o preço do produto, e que, ao preço de R$
4,00, ele não deseja vender nenhuma unidade.
28 Economia e Mercado
14
12
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com Nogami e Passos (2016, p. 92), “a oferta de um produto ou serviço qualquer,
em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços desse produto ou
serviço, a partir de um nível de preços tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produção
do mesmo”. Ou seja, a variação do preço do produto ou serviço está diretamente relacionada à
oferta desse produto.
12
10
E
P0 8
4
Demanda
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Q0
Quantidade (unidades)
Fonte: Elaborado pelo autor.
A percepção estratégica da economia de empresas 29
12 Excesso de oferta
A B
10
E
P0 8
C D
6
4
Demanda
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Q0 Quantidade (unidades)
Por outro lado, se o preço estiver em R$ 6,00, os ofertantes estarão dispostos a ofertar 5
unidades do produto (ponto C), enquanto muitas pessoas estarão dispostas a adquirir 15 unidades
(ponto D). Essa situação ocorrerá porque, a preços mais baixos, poucos serão os produtores
dispostos ou em condições de produzir. Dessa forma, com a quantidade a ser demandada maior
que a quantidade ofertada, haverá escassez de oferta ou excesso de demanda. Nessa situação, muitos
consumidores estarão dispostos a pagar mais pelo produto, fazendo com que o preço comece a
caminhar em direção ao equilíbrio, conforme pode ser visto no Gráfico 5.
30 Economia e Mercado
12
10
E
P0 8
C D
6
4
Escassez de oferta demanda
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Quantidade (unidades)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Toda essa dinâmica de mercado foi pela primeira vez observada e analisada pelo economista
britânico Adam Smith, em sua famosa obra A Riqueza das Nações, onde comentou que
cada pessoa [...] não está cuidando de promover o interesse público, nem sabe o
quanto o está promovendo [...]. Busca apenas seu próprio ganho, e é neste, como
em muitos outros casos, que é conduzido por uma mão invisível para promover
um fim que não fazia parte da sua intenção. E nem isto é pior para a sociedade
do que se não fizesse parte. Buscando seu próprio interesse, ele muitas vezes
promove o interesse da sociedade melhor do que se estivesse buscando fazê-lo.
(MANKIW, 2001)
Em resumo, segundo Mankiw (2001), Adam Smith defende que os participantes da economia
estão motivados pelo autointeresse e que a mão invisível do mercado orienta esse autointeresse na
busca do bem-estar econômico geral.
É importante salientar que essas curvas, tanto da demanda como da oferta, podem
se movimentar tanto para direita como para esquerda, em função de fatores que alterem o
comportamento do consumidor. Elas tendem a se movimentar para esquerda quando algum fator,
que não o preço do produto, afeta negativamente o comportamento do consumidor ou produtor, e
para direita quando o fator afeta positivamente, alterando preços e quantidades de comercialização.
Como exemplo, vamos considerar que a renda real da sociedade (renda depois de descontada
a inflação) aumente ao longo do tempo, aumentando também o poder de compra do consumidor,
o que o levará a consumir mais energéticos, tudo o mais mantido constante. Isso fará com que
apenas a curva da demanda se desloque para a direita (fator que contribui positivamente para o
aumento da demanda), como pode ser observado no Gráfico 6, a seguir.
A percepção estratégica da economia de empresas 31
12
E’
P1 10
E
P0 8
4
Demanda
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Q0 Q1
Quantidade (unidades)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esse deslocamento da curva, por sua vez, fará com que um novo ponto de equilíbrio
surja (E’), que determinará um novo preço (R$ 10,00) e uma nova quantidade de equilíbrio
(15 unidades). Ou seja: aumentam as quantidades demandadas e, consequentemente, os preços
também aumentam, conforme demonstrado no Gráfico 6.
4,5
4 E
3,80
3,5
A B
3
Excesso de demanda
2,5
2
0 20 40 60 80
Quantidade
(bilhões de litros)
Fonte: Elaborado pelo autor.
2 No Brasil, o salário mínimo surgiu com a promulgação da Lei n. 185, de 14 de janeiro de 1936 e do Decreto-Lei n.
399, de 30 de abril de 1938. Em 1º de maio de 1940, o então presidente Getúlio Vargas fixou 14 valores do salário mínimo
para diferentes regiões do país. Por exemplo, fixou em 240 mil réis no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e em 220
mil réis para São Paulo. Essas diferenças eram determinadas pela característica da economia regional, algumas mais
desenvolvidas que outras.
A percepção estratégica da economia de empresas 33
litros/ano. Se não houvesse interferência governamental nesse mercado, esse excesso de oferta
desapareceria com uma gradual redução de preço.
Gráfico 8 – Preço mínimo no mercado de gasolina
Preço 5,5
(R$)
Excesso de oferta
5
4,60
4,5 A B
4 E
3,80
3,5
2,5
Oferta Demanda
2
0 20 40 60 80
Nessas condições, o governo pode adotar dois tipos de solução: adquirir o excedente de
produção ou criar um programa de subsídio ao combustível.
No caso de compra do excedente de produção, o governo compraria os 40 bilhões de litros/
ano ao preço de R$ 4,60, dispendendo, para tanto, R$ 184 bilhões, representado pela área retangular
FABG no Gráfico 9, a seguir. Essa aquisição do excedente pode constituir o chamado estoque
regulador, mantido pelo governo e desovado no mercado de acordo com a sua conveniência no vai
e vem dos preços.
Gráfico 9 – Preço mínimo e o programa de compras no mercado de gasolina
5,5
Preço (R$)
Excesso de oferta
5
4,60
A B
4 E
3,80
3,5
2,5
Oferta Demanda
2 F G
0 20 40 60 80
4 E
3,80
3,5
3
L M
2,5
Oferta Demanda
2
0 20 40 60 80
Quantidade
(bilhões de litros)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Este subsídio pago é representado pelo retângulo LABM do Gráfico 10, que perfaz um
montante de R$ 96 bilhões. O governo deve sempre optar pela política menos dispendiosa para
ele – no caso do exemplo aqui citado é o programa de subsídio.
Uma pesquisa sobre o mercado de cervejas no Brasil apontou que determinada marca
apresenta um Er = -0,26. Considerando que as projeções indicam que a renda deve aumentar 2,5%
nos próximos anos, que preocupação começa a surgir na fabricante desse produto?
Com base nessas informações, podemos calcular o que acontecerá com a demanda dessa
cerveja. Vejamos, fazendo as devidas substituições pelos valores na fórmula:
Er = ∆Q% / ∆R%
-0,26 = ∆Q% / 2,50
∆Q% = -0,65
Pelo resultado obtido, temos que a quantidade demandada cairá 0,65%. Genericamente,
podemos afirmar que, para cada 1% de aumento na renda do seu público consumidor, eles deixarão
de consumir essa cerveja em 0,65%.
Quando a curva da oferta tem inclinação positiva (usual), preço e quantidade movem-se na
mesma direção, portanto, o Es será sempre maior que zero. Para melhor compreensão das variações
na elasticidade-preço da oferta, a curva da oferta diz-se:
• Inelástica, para Es menor que 1 e maior que 0 (0 < Es < 1)
• elasticidade unitária, se Es igual a 1 (Es = 1)
• elástica, quando Es for maior que 1 (Es > 1)
Duas situações extremas podem ocorrer: a de uma oferta perfeitamente inelástica ou rígida,
e a de uma oferta infinitamente elástica ou perfeitamente elástica.
No caso da oferta perfeitamente inelástica, Es é igual a zero, isto é, as quantidades ofertadas
de um produto permanecerão constantes, independentemente das variações que possam sofrer
os preços desse bem ou serviço. O melhor exemplo para tipificar essa situação são os produtos
agrícolas. Ao longo de uma safra, por mais que os preços variem, a quantidade a ser ofertada - em
condições normais - será uma só, e o produtor não tem condições de aumentar ou reduzir a sua
área plantada em função do preço.
Em outra situação, na qual as empresas apresentam altos níveis de estoque, diante da
necessidade de zerá-lo de um dia para outro, a um determinado preço, estaremos diante de uma
elasticidade da oferta infinitamente elástica.
Processos ou métodos
Fatores de produção Bens e serviços
de produção
Todo esse processo de produção pode ser retratado por uma equação, uma tabela ou um
gráfico, desde que mostre as quantidades máximas que se pode produzir de uma mercadoria ou
serviço, em determinado período de tempo, utilizando-se de diferentes combinações de insumos e
quando a melhor técnica de produção disponível é utilizada.
10 1 3
10 2 8
10 3 12
10 4 15
10 5 17
10 6 17
10 7 16
10 8 13
Fonte: Elaborada pelo autor.
Podemos representar o fator de produção Terra por K, a Mão de obra, por L, e a Produção por
Q. Observando a Tabela 3, podemos dizer que a produção total depende da terra e da quantidade
de mão de obra, ou seja:
Q = f (K, L)
A percepção estratégica da economia de empresas 39
Nessa fórmula, K não varia, portanto é um fator fixo de produção, e L varia, então é fator
variável de produção. Em outras palavras, a quantidade a ser produzida depende do número de
trabalhadores a serem utilizados em um mesmo espaço de terra.
Os dados da Tabela 3 estão representados graficamente no Gráfico 11, a seguir.
Gráfico 11 – Curva da produção agrícola
Produção 18
total (Q)
16
(toneladas)
14
12 Produção total
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número de trabalhadores (L)
Observando o Gráfico 11, constatamos que, à medida que se empregam mais unidades
de mão de obra, a produção cresce, até atingir a produção total máxima (17 toneladas) com 5
trabalhadores – a inclusão do sexto trabalhador nada acrescenta à produção total. A partir desse
ponto, o resultado do emprego de unidades adicionais de trabalho é a diminuição da produção total.
Este fenômeno ocorre pela existência de pelo menos um fator fixo de produção, ou seja, a limitação
de área ou de equipamentos impede o aumento da produção por um excesso de trabalhadores.
Já o produto marginal do trabalho é dado pela variação da produção total (∆Q) dividida
pela variação de uma unidade na quantidade de trabalho utilizada (∆L), como na fórmula a seguir:
PMg = ∆Q / ∆L
Em outras palavras, por essa definição podemos ter a ideia de quanto cada trabalhador
adicional contribui para o aumento da produção total.
Com base nesses conceitos, podemos elaborar a Tabela 4, a seguir, na qual temos os valores
do produto médio por trabalhador para cada quantidade utilizada de mão de obra e os valores do
produto marginal, que nos mostram quanto cada trabalhador adicional contribui para o aumento
da produção total.
Tabela 4 – Produto médio e produto marginal na produção agrícola
10 1 3 3,00 3
10 2 8 4,00 5
10 3 12 4,00 4
10 4 15 3,75 3
10 5 17 3,40 2
10 6 17 2,83 0
10 7 16 2,29 -1
10 8 13 1,63 -3
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com base nos dados da Tabela 4, podemos elaborar o Gráfico 12, apresentado a seguir,
no qual estão representados os produtos médio e marginal associados as várias quantidades de
trabalho utilizadas e a produção total.
Gráfico 12 – Curvas da produção total, de produto médio e produto marginal
20
Q, Produção Total
15
10
(Q) (toneladas)
Produção Total
5
PMe, Produto Médio
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
PMg, Produto Marginal
-5
Número de trabalhadores (L)
Fonte: Elaborado pelo autor.
A percepção estratégica da economia de empresas 41
Segundo Nogami e Passos (2016), considerando que o PMg foi definido como a variação
na produção total decorrente da variação de uma unidade da mão de obra – um dentre outros
exemplos de fator de produção variável –, cada valor do produto marginal deve ser representado no
ponto médio do intervalo entre duas unidades. A forma da curva de produção total correspondente
é o que determina as formas das curvas de PMe e PMg. Assim, verificamos que tanto o PMe quanto
o PMg crescem, atingem um máximo e então decrescem. É possível perceber, também, que o PMg
está acima do PMe enquanto este aumenta, iguala-se ao PMe quando este atinge seu ponto de
máximo e fica abaixo do PMe à medida que este diminui.
função da quantidade produzida, enquanto os custos variáveis são aqueles que variam em função
da quantidade produzida.
350
300
250
150
100
50 Custo fixo
0
0 50 100 150 200
Quantidade (toneladas/dia)
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.3.1.2 Custo fixo médio, custo variável médio, custo médio e custo marginal
Embora o conceito de custo total seja importante, os conceitos de custos por unidade, para
fins analíticos, são muito mais importantes do ponto de vista estratégico. Nesse contexto, os custos
por unidade são conhecidos como custos médios e dividem-se em três tipos (total, fixo e variável),
cada um obtido dos custos totais.
A percepção estratégica da economia de empresas 45
O custo fixo médio de uma empresa (CFMe) é o custo fixo total (CF) dividido pela quantidade
(Q) produzida, como na fórmula a seguir:
CFMe = CF / Q
Pode-se observar que o custo fixo médio cai de acordo com o aumento do volume de
produção. Isso porque o custo fixo total se mantém constante e, à medida que a produção aumenta,
o custo fixo por unidade produzida cai. É por isso que empresas que têm altos custos fixos buscam
maiores volumes de produção.
O custo variável médio, por sua vez é o custo variável (CV) por unidade produzida,
expresso por:
CVMe = CV / Q
Nesse caso, o que acontece com o custo variável médio à medida que o volume de produção
aumenta? Note-se que esse custo inicialmente cai, atinge um mínimo e depois cresce. A curva,
nesse caso, apresenta a forma de “U” (como se pode ver no Gráfico 14, mais adiante) e a razão
encontra-se na teoria da produção. Podemos afirmar que o custo variável médio é, portanto, o
espelho do produto médio, ou seja, conforme o produto médio aumenta, o custo variável médio
cai, e quando o produto médio cai, o custo variável médio aumenta.
O custo médio (CMe), por outro lado, é obtido dividindo-se o custo total (CT) pelo volume
de produção (Q):
CMe = CT / Q
Podemos observar, também no Gráfico 14, mais adiante, que a curva de custo médio
também tem o formato de “U”. Isso se deve à eficiência com a qual os fatores de produção fixos
e variáveis são utilizados. De início, enquanto a produção aumenta, a eficiência tanto dos fatores
fixos quanto dos variáveis está aumentando. Isso se reflete na diminuição dos custos fixos médios
e dos custos variáveis médios, acarretando uma diminuição no custo médio.
A partir de determinado ponto, o custo variável médio começa a crescer. Entretanto, o
decréscimo nos custos fixos médios mais do que compensa os aumentos nos custos variáveis
médios, e os custos fixos médios continuam decrescendo. Finalmente, o aumento no custo variável
médio mais do que compensa a diminuição no custo fixo médio. O custo médio, então, atinge um
mínimo para aumentar em seguida.
O custo marginal (CMg), por fim, representa o acréscimo no custo total resultante do
aumento em uma unidade na produção. Isso significa que ele corresponde ao custo adicional de se
produzir uma unidade a mais do produto. Ele é dado pela expressão:
CMg = ∆CT / ∆Q
Tomando-se os valores dos custos fixo, variável e total apresentados na Tabela 5, presente na
página 43 e dividindo-os pelas respectivas quantidades, temos os valores representativos dos custos
fixo médio, variável médio e médio a cada nível de produção, conforme a Tabela 6, a seguir.
46 Economia e Mercado
Tabela 6 – Custo fixo médio, custo variável médio, custo médio e custo marginal
Com base nesses valores, obtemos o Gráfico 14, que apresenta as curvas dos conceitos de
custos médios.
Gráfico 14 – Curvas de custos fixo médio (CFMe), variável médio (CVMe), médio (CMe) e marginal (CMg)
Preço 5,00
(R$) CMg
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50 CMe
2,00
1,50 CVMe
1,00
CFMe
0,50
0,00
0 50 100 150 200
Quantidade produzida
Fonte: Elaborado pelo autor.
Algumas observações importantes podem ser feitas sobre o Gráfico 14. Excetuando a curva
Economia:
redução nos de custo fixo médio, que cai à medida que a produção aumenta, as demais (custo médio, custo
custos por
um aumento
marginal e custo variável médio) têm o formato de U, por conta das economias e deseconomias
no volume de
de escala. Isso significa que, conforme são melhoradas as condições de produção, os custos caem;
produção.
Deseconomia: por outro lado, assim que a produção começa a apresentar rendimentos decrescentes de escala, os
elevação de
custos começam a aumentar.
custos decorrente
de um aumento
no volume de 2.3.2 Análise do break-even point
produção.
Segundo Nogami e Passos (2016), o break-even point (ponto de equilíbrio) de uma empresa
é definido como o nível de produção e de vendas em que a receita cobre todos os custos incorridos,
fixos e variáveis, ou seja, é o ponto em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras, é o mínimo
de produção necessário para que a empresa não incorra em prejuízo.
A percepção estratégica da economia de empresas 47
50 500,00 1.250,00
Graficamente, temos que as curvas de receita total (RT) e de custo total (CT) são lineares,
conforme o Gráfico 15, a seguir.
Gráfico 15 – O break-even point
Preço 4.000,00
(R$) Lucro
3.500,00
RT > CT
3.000,00
Prejuízo
2.500,00 CT > RT
2.000,00
1.500,00
1.000,00 Break-even point
500,00
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Quantidade produzida
Fonte: Elaborado pelo autor.
No Gráfico 15 podemos observar que, para a empresa estar na condição de lucro zero (ou
seja, em seu break-even point), deverá produzir 200 unidades. Se produzir quantidades menores,
deverá incorrer em prejuízo. Portanto, para começar a obter lucro, deverá produzir quantidades
superiores a 200 unidades.
Vimos, então, as ferramentas analíticas e as teorias sobre elas, essenciais para a análise e a
solução de problemas econômicos vivenciados pelas empresas, pelos governos e pela sociedade
como um todo.
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos as questões que envolvem a alocação de recursos e os instrumentos
que são utilizados por analistas, gestores e consultores nas decisões estratégicas e táticas tomadas
no gerenciamento das empresas.
A percepção estratégica da economia de empresas 49
• PORTER, Michael. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1993.
Michael Porter mostra, nessa obra, o que torna as empresas e as indústrias nos mercados
globais competitivas e o que impulsiona toda a economia de um país. Apresenta ainda a
importância de conceitos abordados neste capítulo para que gestores possam maximizar
a riqueza do acionista, adotando estratégias de preços e de produção que maximizem o
fluxo de lucros futuros da empresa.
Atividades
1. Partindo de uma situação de equilíbrio, utilize os mecanismos de oferta e demanda para
explicar o que aconteceria no mercado de beterrabas caso se descobrisse que ela cura o
câncer. Enfoque sua resposta nos preços e nas quantidades demandadas.
2. Entre os bens e serviços que você consome, quais têm elasticidade-renda negativa? Quais
têm elasticidade-renda positiva? Justifique sua resposta, procurando indicar pelo menos
dois bens ou serviços de cada uma dessas elasticidades-renda.
4. Explique por que as curvas de custo marginal, de custo variável médio e de custo médio tem
o formato de “U”.
5. Por que o custo fixo é importante na análise sob a ótica do break-even point?
Referências
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro:
Campus, 2001.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
Apesar de existirem algumas divergências entre os especialistas da área sobre como fazer a
economia caminhar, há um consenso com relação ao que ela tem que alcançar. Tanto economistas
como a sociedade concordam com os três objetivos mais importantes da macroeconomia: rápido
crescimento econômico, pleno emprego e preços estabilizados. Atingir esses objetivos significa
fazer os cidadãos se sentirem cada vez melhores.
A macroeconomia estuda o comportamento da economia de um país de forma agregada, ou
seja, não está preocupada em analisar o que acontece, por exemplo, com a indústria têxtil ou no
setor da construção civil, e sim com o comportamento da economia como um todo, por meio dos
principais agregados macroeconômicos, mas sem deixar de lado outros importantes temas como o
nível geral de preços, nível de desemprego, juros etc.
Por isso, neste capítulo, abordaremos mais detalhadamente cada um dos principais objetivos
da macroeconomia.
O Gráfico 1, a seguir, ilustra esse crescimento, em dólares norte-americanos (US$), por meio
do Produto Interno Bruto (PIB), que representa o total de bens e serviços produzidos no país.
Gráfico 1 – Evolução do PIB (em US$ bilhões)
3.000,0
2011 2013
2.616,2 2.472,8
2014
2.500,0 2.456,0
2012 2017
2010 2.465,2
2.208,9 2.053,6
2.000,0
2015
1.802,2 2016
1.500,0 2009 1.796,3
1.667,0
1.000,0
500,0
1960
15,2
0,0
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
Fonte: Elaborado pelo autor com base em The World Bank, 2019.
Quando o PIB cresce mais que o contingente populacional, o PIB per capita aumenta,
melhorando o padrão de vida da população, conforme pode ser observado no Gráfico 2. Lembrando
que, segundo Mankiw (2001, p. 552), “a prosperidade econômica, como medida pelo PIB per capita,
varia substancialmente no mundo. A renda média dos países mais ricos é mais de dez vezes a dos
países mais pobres”.
Gráfico 2 – Evolução do PIB per capita e da população brasileira (PIB per capita em US$ e população em
milhões de habitantes)
14.050,0
PIB per capita
12.050,0
10.050,0
8.050,0
6.050,0
4.050,0
2.050,0
50,0
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
Fonte: Elaborado pelo autor com base em The World Bank, 2019.
período, o que significa uma melhora na qualidade de vida do brasileiro. Parte dessa melhora pode
ser explicada pela existência de mais trabalhadores que, por consequência, produzem mais.
Por conta dessas características – mais emprego, maior produção e mais renda –, economistas
e governo ficam preocupados quando o crescimento econômico diminui. O crescimento aumenta
o tamanho do bolo econômico, permitindo a cada cidadão uma fatia cada vez maior. Por essa razão
é que há consenso de que o crescimento da economia é uma boa coisa.
Na prática, porém, o crescimento não beneficia a todos indistintamente. O padrão de vida,
especialmente no caso do Brasil, vai sempre aumentar para determinados grupos em detrimento
de outros, e para alguns pode até mesmo se deteriorar. Normalmente, o crescimento econômico
melhora os padrões de vida dos mais bem qualificados, enquanto os trabalhadores menos
qualificados começam a ficar à margem desse processo de crescimento.
Sandroni (1999, p. 141) salienta que “o crescimento de uma economia é indicado ainda pelo
índice de crescimento da força de trabalho, a proporção da renda nacional poupada e investida e o
grau de aperfeiçoamento tecnológico”.
Entretanto, apesar dessas distorções que o processo pode causar, o crescimento econômico,
quando considerado a longo prazo, acaba beneficiando a sociedade como um todo.
1 A força de trabalho corresponde à população economicamente ativa (PEA), formada pelos habitantes que representam
a capacidade produtiva do país, ou seja, que estão entre os 15 e os 60 anos de idade.
54 Economia e Mercado
O Gráfico 3, a seguir, mostra a taxa de desemprego entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2016,
quando essa série foi descontinuada e substituída pela taxa de desocupação trimestral. O Gráfico 4
apresenta, também, o comportamento desse indicador de março de 2012 até abril de 2019.
Gráfico 3 – Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas2
14
12
10
FEV 2016: 8,0%
jul/16
jan/03
jan/06
jan/07
jan/09
jan/12
jan/15
jan/16
jul/12
jul/15
jul/06
jul/07
jan/08
jan/05
jan/11
jan/14
jul/04
jul/08
jul/10
jul/13
jul/05
jul/11
jul/14
jul/03
jul/09
jan/10
jan/13
jan/04
Observe que a taxa de desemprego, em seu melhor momento, chegou a 4,3%. Um detalhe
importante a ser observado é que ela nunca será zero, pois sempre haverá pessoas procurando
emprego, mesmo que a economia esteja a todo o vapor. Nesse mesmo gráfico, os meses de agosto de
2003 e abril de 2004 foram os que apresentaram o maior índice de desemprego, chegando a 13,1%.
Já no Gráfico 4, que compreende do primeiro trimestre de 2012 ao primeiro trimestre
de 2019, podemos observar que o melhor momento em termos de desocupação foi no último
trimestre de 2013, com uma taxa de 6,2%, enquanto o pior foi no primeiro trimestre de 2017,
quando a desocupação atingiu 13,7%. A exemplo do que aconteceu no início de 2003, desde
abril de 2016, a economia brasileira tem apresentado índices de desocupação superiores a 11%,
ou seja, aproximadamente um em cada dez indivíduos da população economicamente ativa está
sem trabalho.
2 O instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabelece como cidades-sede das regiões metropolitanas no
Brasil: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A macroeconomia e a conjuntura econômica 55
11
10
9
8
7
6
5
abr/12
ju/12
out/12
jan/13
abr/13
jul/13
jan/14
abr/14
jul/14
out/14
jan/15
abr/15
jul/15
out/15
jan/16
jul/16
out/16
jan/17
abr/17
jul/17
out/17
jan/18
abr/18
jul/18
abr/16
out/13
jan/19
out/18
jan/12
abr/19
Fonte: Elaborado pelo autor com base em IBGE, 2019.
Quando as empresas estão com alto nível de produção, elas contratam trabalhadores;
quando elas produzem menos, tendem a dispensar trabalhadores. Isso nos permite perceber que
há uma relação direta entre a performance do PIB e o mercado de trabalho. Nos anos recentes,
podemos observar que cada 1% de queda no PIB está associada à eliminação de milhões de postos
de trabalho. Assim, para que possamos ter um alto nível de empregabilidade na economia, será
necessário um PIB alto e estável ao longo dos anos. Outro detalhe importante a ser observado
é que, com a evolução da tecnologia, começa a ter força o chamado desemprego tecnológico ou
estrutural, que, segundo Sandroni (1999, p. 168),
origina-se das mudanças na tecnologia de produção (aumento da mecanização e
automação) ou nos padrões de demanda dos consumidores (tornando obsoletas
certas indústrias e profissões e fazendo surgir outras novas). Nos dois casos,
grande número de trabalhadores fica desempregado em curto prazo, enquanto
uma minoria especializada é beneficiada pela valorização de sua mão de obra.
Portanto, especialmente no início deste século XXI, temos observado que, à medida que a
tecnologia e os processos de comunicação evoluem de forma exponencial e que são desenvolvidos
novos modos de produção utilizando cada vez menos mão de obra, os índices de desemprego
crescem cada vez mais, principalmente nas economias mais desenvolvidas.
mantendo-se abaixo da média ao longo dos anos, até que, em 2015, ela ultrapassa os 10%. As razões
para este aumento discutiremos mais adiante, quando abordarmos a política monetária.
Gráfico 5 – Índice de preços ao consumidor amplo (% ao ano)
25
22,41
20
15
12,53
10,67
10 9,56 8,94 9,30
7,60
7,67 6,50
5,69 5,90 5,90 5,91
5,22 4,45 7,20 3,75
5 5,97 6,29
5,83
4,31
3,14 2,95
1,66
0
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bacen, 2019.
De qualquer maneira, o momento atual tem sido uma experiência nova, depois de décadas
com processos inflacionários extremamente altos, com elevações de preços chegando a 2% ao dia,
que levaram o governo a criar planos econômicos (Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Bresser e
Plano Collor) para debelar esses aumentos, elaborando até mecanismos para minimizar o impacto
social dessas altas, como foi o caso da Correção Monetária.
O Gráfico 6, a seguir, mostra esses momentos vividos pela economia brasileira com base em
outro indicador de inflação, denominado Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-
DI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Criado em 1944, esse foi o indicador oficial
de inflação no Brasil até dezembro de 1979, quando foi substituído pelo IPCA, em janeiro de 1980.
Gráfico 6 – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (% ano)
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
1945
1947
1949
1951
1953
1955
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2017
2018
Observando esse gráfico, podemos constatar que o período mais crítico da inflação, desde
1945, foi entre os anos de 1988 e 1994, com o recorde em 1993 quando a inflação atingiu 2.477,15%,
ou seja, 0,89% ao dia.
Os dados do período anterior a 1995 podem ser vistos no Gráfico 7, o qual mostra o
comportamento dos preços entre 1945 e 1987. Podemos observar que, em 1964, a inflação se
aproximou dos 100%, atingindo a marca de 92,12%. Em 1965, foi adotado um ambicioso programa
de reformas, o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), que tinha três objetivos básicos:
equilibrar as contas públicas, controlar a inflação e desenvolver o mercado de crédito. Nesse
conjunto, também foi criada a Correção Monetária, mecanismo inovador que permitia o reajuste
dos contratos, títulos públicos e dívidas tributárias com base na inflação passada.
Outra inovação foi a criação do Banco Central, instituição que recebeu a missão de controlar
a oferta de moeda na economia, antes papel do Banco do Brasil. Para minimizar a corrosão dos
salários em função da inflação, foi criado um mecanismo que previa a reposição da inflação passada
e a incorporação de parte da inflação projetada para o futuro.
Entretanto, em 1979, após forte período de crescimento da economia brasileira, evidencia-se
o esgotamento do modelo adotado para promover o crescimento e a inflação volta com todo vigor.
Sem dúvida o novo choque nos preços do petróleo, que atingiu a economia mundial, contribuiu
para o recrudescimento da inflação, associado ao escasseamento do capital estrangeiro que vinha recrudescimento:
surgimento
financiando os investimentos no Brasil. Assim, junto com a inflação, a dívida externa cresce, com maior
intensidade.
esgotando as reservas cambiais, deixando o país em uma situação altamente crítica.
Gráfico 7 – Inflação brasileira: 1945 a 1987 (% ao ano)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1945 1947 1949 1951 1953 1955 1957 1959 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bacen, 2019.
Em 1986, em uma tentativa de segurar os preços, foi editado o Plano Cruzado, um conjunto
de medidas econômicas, dentre as quais se destacam o congelamento dos preços, que permitiu
trazer a inflação ao patamar de 79,66%, e a criação de um novo padrão monetário, denominado
Cruzado (Cz$). Porém, o plano não era sustentável. Fixar preços abaixo do que é praticado pelo
mercado leva os produtores a ofertarem menores quantidades, aumentado a escassez dos produtos.
58 Economia e Mercado
Ágio:
Como o congelamento não permite o ajuste automático de preços, começa-se a prática do ágio nas
diferença que
o comparador transações e acaba se consolidando o mercado ilegal. Com isso, a inflação dispara novamente e a
paga a mais
sobre o valor
economia entra em colapso.
nominal de
um produto ou Pouco mais de um ano depois da adoção do Plano Cruzado, foi editado um novo plano
serviço.
de estabilização da economia brasileira, o Plano Bresser, que também previa o congelamento
de preços, só que, nesse caso, por apenas 90 dias. Entretanto, essa tentativa de segurar os preços
também não surtiu o efeito desejado, e a inflação retomou rapidamente seu ritmo de crescimento.
O Gráfico 8, a seguir, mostra o momento mais crítico da nossa economia no que diz
respeito à inflação.
Gráfico 8 – Inflação brasileira: 1988 a 1994 (% ao ano)
3.000
2.500 2.477,15
2.000 1.972,91
1.620,97
1.500
1.119,09
1.000 980,22 916,43
500 472,69
0
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bacen, 2019.
A inflação média, nos sete anos registrados no gráfico apresentado, foi de 24% ao mês. Em
1989, ano em que a inflação atingiu o patamar de 1.972,91%, foi editado o Plano Verão, outro plano
de estabilização da economia brasileira, o qual tinha como meta controlar a inflação.
Em linhas gerais, o plano modificava os critérios de remuneração da caderneta de poupança
e congelava os preços e os salários. Ele instituiu uma moeda nova, denominada Cruzado Novo
(NCz$), e previa a desindexação da economia. A edição desse plano também não causou o efeito
desejado e deixou evidente que, para o combate à inflação, não bastaria apenas a adoção de medidas
destinadas a eliminar a indexação generalizada da economia, e sim um equacionamento firme do
déficit público.
Em 1990, com um novo governo decidido a combater o alto processo inflacionário, foi
apresentado o Plano Brasil Novo, o qual ficou conhecido como Plano Collor. Esse plano propunha
um conjunto de reformas econômicas para a estabilização da inflação e se caracterizou por uma
combinação de liberação fiscal e financeira, com medidas radicais e estabilização da inflação,
restringindo o fluxo monetário para combater a chamada inflação inercial (memória inflacionária
associada à inflação passada mais a expectativa futura), o que causou uma forte redução no
comércio e na produção industrial.
A macroeconomia e a conjuntura econômica 59
Após alguns meses, a inflação começou a reduzir, chegando a 472,69%, em 1991, mas
voltando a subir rapidamente, até chegar a 2.477,15%, em 1993. O fracasso do plano pode ser
atribuído à falha do governo em controlar a remonetização da economia, pois acabou oferecendo
concessões que aumentaram o fluxo de dinheiro na economia.
Em uma nova tentativa de combater a inflação, surge outro plano de estabilização e de
reformas econômicas, o Plano Real, o qual visava a desindexação da economia e previa o lançamento
de uma nova moeda, o Real (R$). Observando-se as várias reformas econômicas e monetárias
realizadas anteriormente para conter a inflação, a implementação do Plano Real se mostrou, ao
longo dos meses e anos subsequentes, o mais eficaz da história econômica do país, ampliando o
poder de compra das famílias e remodelando vários setores da economia nacional.
A história da inflação no Brasil mostra a importância desse tema e de se estabelecer
uma essencial meta macroeconômica: manter a inflação baixa. Isso porque a inflação é danosa à
sociedade, ela é um custo social. Com uma inflação anual de milhares percentuais, o custo é fácil de
ser percebido: o valor da moeda – seu poder de compra – declina tão rapidamente que as pessoas não
têm o desejo de manter sua liquidez monetária. As pessoas começam a gastar grande parte do seu
tempo em negociações uns com os outros, o que acaba levando a uma redução do padrão de vida.
Com a inflação mais modesta, no patamar de um dígito (como o Brasil tem vivido nos últimos
anos), os custos para a sociedade são menores e menos graves. Mas eles ainda são importantes. Se o
governo tem a intenção de baixar ainda mais a inflação, que já está baixa, ações corretivas por parte
dele também podem causar consequências dolorosas, que podem derrubar o nível de produção e
elevar o nível de desemprego.
Isso faz levantar uma série de questionamentos. Como, precisamente, uma inflação baixa
prejudica a sociedade? Por que a recessão reduz a inflação? Como um governo cria uma recessão?
As respostas para essas perguntas vamos encontrar ao longo deste curso, mas já podemos
adiantar que, como vimos no capítulo 2, tudo gravita em torno dos conceitos de oferta e demanda.
À medida que temos um excesso de oferta no mercado como um todo, os preços tendem a cair,
trazendo, portanto, a inflação para baixo.
A inflação baixa não é uma boa sinalização para a sociedade, pois pode mostrar que não há
uma predisposição das famílias demandarem frente à oferta de bens e serviços. E os empresários,
na necessidade de fazerem caixa para poderem honrar seus compromissos financeiros, tendem a
reduzir preços. Além disso, demanda reduzida e estoques aumentando fazem o produtor diminuir
seu ritmo de atividade, o que implica em menos utilização de fatores de produção, ou seja, cria-se
desemprego e faz-se cair a renda.
A recessão, por si só, é a conjunção de fatores que levam a atividade econômica ao declínio,
caracterizada por uma queda no volume de produção e uma consequente queda no nível de
utilização da capacidade instalada, além de levar ao aumento do desemprego e, por consequência,
à queda de renda. E essa queda de renda repercute sobre a demanda, que leva a uma queda de
produção; ou seja, começa-se a configurar uma depressão ou uma crise econômica. Essa queda na
demanda em relação à oferta faz os preços caírem, reduzindo a inflação.
60 Economia e Mercado
Considerações finais
Neste capítulo, vimos, de maneira ampla, como a economia do país se comportou nos
últimos anos. Abordamos ainda a questão do PIB, que apresentou rápido crescimento nas décadas
mais recentes, com o nível de desemprego caindo próximo ao pleno emprego e a inflação domada.
Entretanto, a situação se reverte, com a atividade econômica em compasso lento, o nível de
empregabilidade em patamares desconfortáveis e uma inflação em queda devido a uma diminuição
na demanda.
Esses são os desafios que as economias mundiais enfrentarão nas próximas décadas. As
economias mais desenvolvidas crescendo de forma lenta, ao contrário dos países emergentes, que
tendem a apresentar índices de crescimento mais forte, elevando os níveis de renda e trazendo mais
bem-estar às sociedades. A questão da empregabilidade também estará sempre em pauta, à medida que
surgem novos modos de produção, utilizando quantidades cada vez menores de fatores de produção.
Atividades
1. O que se entende por crescimento econômico?
4. Considerando a inflação e o impacto que ela causa nos preços ao consumidor, explique o
efeito que ela tem sobre pessoas que têm renda fixa.
A macroeconomia e a conjuntura econômica 61
Referências
BACEN – Banco Central do Brasil. SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais – v.2.1. Disponível em:
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries.
Acesso em: 6 set. 2019.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
- PNAD Contínua. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-
nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 6 set. 2019.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
THE WORLD BANK. Indicators. Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator/. Acesso em: 6 set. 2019.
4
Mensuração e estrutura das contas nacionais
As análises macroeconômicas são importantes para que o governo tenha informações sobre
a atividade econômica para estabelecer programas que permitam fazer a economia crescer e se
desenvolver. Dessa forma, torna-se necessária a utilização de métodos que permitam mensurar
a atividade econômica.
Na atividade empresarial, para medirmos a performance da empresa, utilizamos instrumentos
contábeis para poder apurar o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Resultados do Exercício.
Como um país não deixa de ser uma grande empresa, para medirmos a atividade econômica,
temos que recorrer também à contabilidade, denominada Contabilidade Nacional, da qual se
extraem dados e informações para a formulação de políticas econômicas. Portanto, a importância
da Contabilidade Nacional está no fato de ela possibilitar que seja medido o desempenho da
economia e que sejam entendidas as relações básicas entre produto, renda e despesa.
Esse sistema vigora ainda nos dias de hoje e é adotado pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI) na definição das regras para a elaboração do Balanço de Pagamentos.
A Contabilidade Nacional também tem importância fundamental ao contribuir com seus
dados para as análises e os testes macroeconômicos. Esses dados são importantes e impactam
o cenário político e a economia, em especial o mercado financeiro, pois descrevem os aspectos
da economia que afetam diretamente o dia a dia das pessoas e da sociedade como um todo. O
propósito deste capítulo, portanto, não é o de explicar o que faz esses indicadores subirem ou
caírem, mas sim entender o significado de cada um deles.
Quadro 1 – Contas razão da Contabilidade Nacional
PIB
Renda Nacional Produto Interno
Bruto Conta Investimentos Conta Resto do Mundo
Observando o Quadro 1, podemos entender toda a lógica que está presente na Contabilidade
Nacional, com suas contas razão e o uso do princípio das partidas dobradas. Segundo Sandroni
Mensuração e estrutura das contas nacionais 65
exportação, que está lançada como crédito na Conta Produção, e como débito na Conta
Resto do Mundo.
10. Se na Conta Resto do Mundo o total exportado for maior que a importação, na
contabilidade significa que estamos com um déficit em nossas contas externas, ou seja,
alguém lá fora está financiando essa situação, alguma poupança externa. Como é uma
poupança, ela será lançada na Conta Investimento como crédito e na Conta Resto do
Mundo como débito.
Vamos observar, agora, como esses lançamentos são realizados, na prática, de forma
resumida. Tomemos por base as Contas Nacionais do Brasil no ano de 2018, a valores correntes,
que ilustram o Quadro 2.
Quadro 2 – Contas Nacionais 2018 (valores em R$ bilhões)
Com esses lançamentos feitos, podemos fechar as contas razão, sempre igualando débito e
crédito de cada uma delas, começando pelas contas externas.
Na Conta Resto do Mundo, temos que exportação deve ser igual à importação, condição de
equilíbrio das contas externas. Como o campo das relações internacionais não se restringe apenas
ao fluxo de comércio, existe um sistema de registro sistemático de todas as transações econômicas
Mensuração e estrutura das contas nacionais 67
realizadas entre residentes e não residentes de um país, ocorridas em um certo período, denominado
Balanço de Pagamentos, tema que será visto mais adiante.
A Conta Investimentos nos mostra que os recursos utilizados na formação bruta de
capital fixo são oriundos da Poupança Nacional, constituída pelas poupanças das famílias, de
governo e externa. Observando o Quadro 2, podemos constatar que o país teria condições de
investir muito mais se não fossem as poupanças negativas do governo (governo gastando mais
do que arrecada) e da Conta Resto do Mundo (contas externas deficitárias). Como os saldos
finais devem ser iguais, temos que
Formação Bruta de Capital Fixo = Poupança Nacional
o que significa que os investimentos em uma economia são suportados pela poupança nacional.
Assim, se não houver poupança, não haverá investimentos.
No que diz respeito à Conta de Governo, fica claro que todos os dispêndios realizados pelo
governo são financiados pela arrecadação (impostos, taxas e contribuições) que incide sobre as
famílias, ou seja, nessas condições é desejável, sempre, que
Gastos de Governo = Arrecadação
ou seja, que o governo gaste estritamente o que ele arrecada (condição de equilíbrio fiscal).
Entretanto, como pode ser observado no Quadro 2, à medida que os gastos governamentais
superam a arrecadação, cria-se uma situação deficitária, ou de poupança negativa, que acaba
comprometendo os investimentos do setor privado da economia.
Na Conta de Apropriação, podemos observar a forma como a renda é utilizada pelas
famílias – consumo, pagamento de impostos e o que sobra para poupança. Como há também a
necessidade de se igualar as entradas e o uso desses recursos, temos que
Renda Nacional = Despesa Nacional
Essa identidade nos diz que a renda de todas as famílias do país deve se igualar à destinação
que elas dão a esses recursos. Se porventura os dispêndios em consumo e pagamento de impostos
superar a renda auferida pelas famílias, elas estarão endividadas, o que representa uma poupança
negativa, que também poderá comprometer os investimentos no país.
A Conta Produção mostra, pela ótica da despesa, a destinação dada à produção ou, mais
precisamente, o quanto foi para as famílias, para o governo, para os investimentos ou para outros
países. E toda essa produção é a responsável pela geração de renda na economia, o que nos
permite dizer que
Produto Nacional = Renda Nacional.
A coluna crédito dessa conta, que nos mostra o total do Produto Nacional, nada mais é do
que o Produto Interno Bruto (PIB).
68 Economia e Mercado
A cada três meses, o IBGE divulga as Contas Nacionais, que contêm o detalhamento da
produção de bens e serviços no país, ou seja, os resultados do PIB por setor (agronegócio, indústria
e comércio) e pela ótica da despesa (consumo das famílias, despesas do governo, investimentos e
exportações líquidas).
dele no período de 1995 a 2018, e o mais fácil de ser compreendido. do PIB adquirida
pelas famílias
Quase tudo o que as famílias demandam em um ano – gastos em combustível, alimentos no na condição de
consumidores
domicílio e fora dele, roupas, serviços de saúde, lazer etc. – integram o consumo quando o PIB é finais.
calculado. Duas categorias não fazem parte do consumo por não fazerem parte do PIB, como já
foi visto: produtos usados (automóveis, roupas, livros etc.) e ativos como ações, depósitos a prazo
ou imóveis.
O Gráfico 2, a seguir, apresenta a variação anual do Consumo das Famílias, ano a ano, em
termos percentuais, de 1996 a 2018.
70 Economia e Mercado
-4,0 -3,2
-3,9
-6,0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Elaborado pelo autor com base em IBGE, 2019.
97
98
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00
01
02
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20
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20
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20
Por fim, é importante distinguir as compras do governo – que são contabilizadas no PIB
– e os gastos realizados com as chamadas transferências. Esses recursos são repassados a pessoas
ou organizações no cumprimento de algum objetivo social. Por exemplo, os pagamentos da
previdência social e do seguro desemprego são transferências. É importante observar que essas
transferências representam recursos redistribuídos de um grupo de cidadãos (contribuintes) para
outro (pobres, desempregados, idosos etc.).
Apesar de essas transferências estarem presentes nos orçamentos governamentais como
gastos, elas não são compras de bens e serviços produzidos, e por isso são excluídas dos gatos de
governo no PIB.
4.2.3 Investimentos
O que os equipamentos de perfuração de petróleo, as máquinas registradoras, os aparelhos
de telefone de um escritório e a casa onde moramos ou crescemos têm em comum? Esses são alguns
exemplos do que chamamos de bens de capital – bens que proporcionarão algum benefício nos
próximos anos. Quando somamos o valor de todos os bens de capital do país, temos a formação
bruta de capital fixo.
investimentos:
Os investimentos representam um fluxo de capital novo na economia acrescentado ao parte do PIB
que permite o
estoque de capital, que é a quantidade de capital produtivo existente. Os investimentos privados aumento da
É importante observar que o estoque de capital de uma economia está em constante desgaste,
ou seja, máquinas, equipamentos, ferramentas e mesmo instalações e residências se depreciam. Por
conta disso, parte dos dispêndios realizados em investimentos, que se destinam à substituição ou
manutenção desses bens de capital, não aumentam o estoque de capital da economia. Daí surgem
dois conceitos importantes:
• Investimento Bruto
Despesas realizadas com instalações, máquinas, equipamentos, ferramentas, residências
e mais a variação de estoques.
• Investimento Líquido
É o Investimento Bruto deduzida a depreciação. Esse conceito, sim, faz o estoque de capital
da economia aumentar ou diminuir – diminui quando as despesas com investimentos
forem inferiores à depreciação do capital físico existente na economia.
O Gráfico 4, a seguir, mostra o quanto os investimentos variaram em termos percentuais a
cada ano, no período de 1996 a 2018.
Gráfico 4 – Investimentos (variação percentual no ano)
20,0 17,9
15,0
12,0 12,3
10,0 8,4 8,5
6,7 6,8
5,8
5,0 4,8 4,1
1,2 1,3 2,0 0,8
0,0
-0,2
-5,0 -1,4
-2,1 -2,5
-4,0 -4,2
-10,0
-8,9
-15,0 -12,1
-13,9
-20,0
96
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98
99
00
01
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03
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20
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20
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20
debêntures: No cotidiano, entretanto, utiliza-se o termo investimento no trato das questões financeiras
títulos
como investir em ações, debêntures, letras do tesouro, certificados de depósito ou até mesmo no
mobiliários
que garantem empréstimo de dinheiro para um amigo que está iniciando um negócio. Na linguagem econômica,
ao comprador
uma renda fixa,
você não investiu, mas simplesmente mudou a forma da composição da sua riqueza, aplicando
ao contrário
seus recursos em ativos financeiros. Assim, para evitar confusões, lembre-se que o investimento
das ações, cuja
renda é variável. somente ocorre quando há uma nova produção de bem de capital, ou seja, somente quando há
formação de capital.
Mensuração e estrutura das contas nacionais 73
bilhões, as Exportações líquidas do Brasil foram de R$ 36 bilhões, o que indica que o volume de despesas do PIB.
33,6
19,6
17,8 17,0
14,6 12,9 14,5 9,6
11,0 10,8 11,0 11,7 9,4
9,2 10,0 7,5 5,0 8,5
5,6 4,9 5,7 6,5 4,8 6,2 4,8 6,7 6,8 5,2 4,1
3,3 0,4 0,71,1 1,8 0,9
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
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19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Exportação Importação
Fonte: Elaborado pelo autor com base em IBGE, 2019.
• Consumo das Famílias (C), que se refere a bens e serviços adquiridos pelas famílias.
• Investimentos (I), que são bens e serviços comprados pelas empresas.
• Gastos de Governo (G), que se referem a bens e serviços adquiridos pelo governo.
• Exportações Líquidas (XL), que são bens e serviços adquiridos pelos não residentes
no país.
Considerações finais
Vimos, neste capítulo, como se apura o PIB a partir da Contabilidade Nacional e estudamos
seus principais componentes: consumo das famílias, gastos de governo, investimentos do setor
privado da economia e as exportações líquidas, bem como algumas estatísticas referentes ao
nosso país.
Atividades
1. Por que apenas os bens e serviços finais são considerados no cálculo do PIB?
5. Que problema o governo causa sobre a atividade econômica quando gasta mais do que arrecada?
Referências
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia. Sistema de Contas Nacionais Trimestrais – SCNT. Disponível
em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9300-contas-nacionais-trimestrais.
html?=&t=o-que-e. Acesso em: 6 set. 2019.
INSPER. Vendas do varejo cresceram 0,4% em janeiro. 18 mar. 2014. Disponível em: https://www.insper.edu.
br/noticias/vendas-do-varejo-cresceram-04-em-janeiro/. Acesso em: 5 ago. 2019.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Pioneira Thonson Learning, 2005.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos Roberto Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
PERET, Eduardo. PIB cai 0,2% no primeiro trimestre pressionado pela indústria extrativa. Agência IBGE.
Notícias. 30 maio 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-
de-noticias/noticias/24654-pib-cai-0-2-no-primeiro-trimestre-pressionado-pela-industria-extrativa.
Acesso em: 5 ago. 2019.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 2. ed. São Paulo: Best Seller, 1999.
5
Modelo de três economias
Até aqui vimos os principais agregados macroeconômicos utilizados nos estudos e nas
análises sobre o comportamento da economia, bem como as características importantes do
Produto Interno Bruto (PIB) e seus componentes. Agora, vamos esclarecer o significado de
outras variáveis que nos permitem entender o que está por trás dos mais diferentes números
periodicamente divulgados pelo governo e pelas instituições incumbidas da aferição do
comportamento de alguns indicadores.
Antes, porém, vamos explorar uma forma não usual de enxergar a economia, utilizando
apenas seis agregados macroeconômicos, que, numa simples relação de causa e efeito, permitem
o entendimento dos pressupostos e dos problemas que cercam a economia de um país. Para
isso, vamos utilizar o Modelo de Três Economias, um conjunto de identidades que nos permite
mostrar as relações de causa e efeito dentro da economia. Esse modelo permite, ainda, entender
os problemas centrais vividos por um país e a forma como ações equivocadas podem afetar a
atividade econômica.
Nossa abordagem neste capítulo, portanto, começa com o modelo de economia simples,
uma economia sem governo e sem relações com o mundo externo – modelo utópico, mas
importante para entendermos uma das principais bases no funcionamento de uma economia.
Posteriormente, analisaremos o modelo de economia fechada, no qual incluiremos o governo, mas
manteremos de fora o setor externo. É importante frisar que esse modelo caracterizou a economia
brasileira, especialmente no período de 1964 a 1990. E por fim, abriremos o modelo anterior, ou
seja, incluiremos o setor externo para que possamos analisar o modelo de economia aberta, que
caracteriza grande parte das economias mundiais.
Isso torna o nosso modelo do Fluxo Circular da Atividade Econômica mais completo e
realista, apesar de ainda não estarmos considerando a existência de governo e levando em conta
que a economia ainda não mantém relações comerciais com outras economias.
Assim, segundo Nogami e Passos (2016), sob a ótica da Renda Nacional (RN), toda a renda
gerada na economia terá apenas dois destinos: para o consumo das famílias (C) e para a poupança
(S), ou seja:
RN = C + S
Pela ótica da produção, conforme também já foi visto no mesmo fluxo circular, a produção
era destinada para o consumo das famílias e, parte dela, ficava no estoque, à medida que as famílias
poupavam. Lembrando que esse estoque é formado a partir da utilização de fatores de produção –
é, portanto, resultante de um investimento (I). Da mesma forma, as empresas podem ter reservado
uma parte de sua produção para o financiamento de aquisição de bens de capital.
Assim, tudo o que é produzido pelas empresas, ou seja, o Produto Nacional (PN), tem apenas
duas destinações: para o consumo das famílias (C) e para investimento (I). Assim, temos que
PN = C + I
À medida que a primeira condição de equilíbrio do modelo econômico é que a renda seja
igual ao produto, temos:
RN = PN
ou, substituindo as identidades,
C+S=C+I
ou seja,
S=I
Trazendo agora essa condição de equilíbrio para a economia como um todo, considere que
a Renda Nacional, que é igual ao Produto Nacional, seja de R$ 1.000,00, e que as famílias gastem
R$ 800 em bens de consumo e, portanto, poupem R$ 200,00. Considere, por outro lado, que as
empresas estejam pré-dispostas a investir apenas R$ 100,00.
Nessas condições, a poupança das famílias não se iguala ao investimento na formação
de capital das empresas. Assim sendo, onde estão os R$ 100,00 restantes? Ora, à medida que as
empresas, pela condição de equilíbrio, produziram R$ 1.000,00, e que R$ 100,00 foram destinados
aos investimentos, sobraram R$ 900,00 em bens e serviços que as empresas desejam vender para o
consumo das famílias. Mas como elas gastam apenas R$ 800,00, as empresas não vão vender tudo o
que produziram, sobrando assim R$ 100,00 em mercadorias. Nessas condições, podemos observar
que a poupança (R$ 200,00) será igual ao investimento (R$ 100,00) acrescido dos estoques nas
empresas (R$ 100,00), que também é investimento. Assim, a poupança de R$ 200,00 é igual ao
investimento realizado de (R$ 200,00), composto por R$ 100,00 de formação de capital e R$ 100,00
de estoques.
O Gráfico 1, a seguir, mostra a evolução dos investimentos e da poupança no Brasil, de
1975 a 2018. Nele, podemos observar que, ao longo desses anos, proporcionalmente ao PIB,
os investimentos foram maiores que a poupança. Em 2018, por exemplo, os investimentos
representaram 15,4% do PIB, enquanto a poupança representou 14,6%. Chama a atenção, ainda,
o ano de 1989, quando a poupança atingiu 35,8% do PIB, contra 26,9% dos investimentos. Esse
fenômeno ocorreu devido ao processo altamente inflacionário que o país viveu.
Gráfico 1 – Brasil: investimentos e poupança de 1975 a 2018 (% do PIB)
40
35,8
35
30
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26,9
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20
Investimentos Poupança
Fonte: Elaborado com base em The World Bank, 2019.
economias como Estados Unidos (22,1%), Coreia do Sul (32,4%), China (38,6%), Japão (29,9%) e
União Europeia (22,3%).
Gráfico 2 – Poupança no Brasil e em algumas economias selecionadas (% do PIB)
60
50
40
30
20
10
0
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20
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20
20
20
20
20
20
Brasil Estados Unidos União Europeia Coreia do Sul China Japão
Fonte: Elaborado com base em The World Bank, 2019.
Essa baixa capacidade de formação da poupança nacional, condição essencial para que
investimentos no setor produtivo da economia possam ser realizados, acabam dificultando a
melhoria das condições estruturais da nossa economia. Segundo Nogami (2018), seria desejável
que, à medida que a renda aumentasse, as despesas em bens de consumo também aumentassem,
mas em proporções menores, o que faria aumentar a capacidade de poupar. Isso, no entanto, não é
o que se verifica no Brasil em anos recentes.
O Gráfico 3, a seguir, mostra a evolução dos investimentos em algumas economias
selecionadas em comparação ao que aconteceu no Brasil ao longo dos últimos anos.
Gráfico 3 – Investimentos no Brasil e em algumas economias selecionadas (% do PIB)
50
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20
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20
20
por sua vez, estão vinculadas a uma contraprestação estatal, como os serviços públicos de emissão
de documentos ou de coleta de lixo, por exemplo.
Já as contribuições são tributos que incidem sobre determinada atividade e que têm
uma destinação específica para os recursos recolhidos, como as contribuições previdenciárias
(que incidem sobre o trabalho e têm como destinação a previdência social), as contribuições
sindicais (também incidem sobre o trabalho, mas têm como destino os sindicatos), e a
contribuição provisória sobre a movimentação financeira (CPMF) que, como o próprio nome
aponta, incidia sobre a movimentação financeira e tinha como destino o Ministério da Saúde.
Como os tributos incidem sobre a renda das famílias, podemos escrever a identidade da
seguinte forma:
RN – T = C + S
onde RT – T conceitualmente é definida como Renda Disponível do setor privado. E, de fato,
tomando como exemplo nosso salário bruto, dele são descontados os tributos e, portanto, o saldo
líquido, ou salário líquido, é o que utilizamos para consumir e poupar.
Mais uma vez, partindo da condição inicial de equilíbrio, em que renda é igual a produto, temos:
RN = PN
que agora nos permite escrever, substituindo as identidades acima:
C+S+T=C+I+G
da qual resulta que:
S+T=I+G
Nessa identidade, temos, do lado esquerdo, uma variável que caracteriza o setor privado (S)
e outra que representa o setor público (T); do lado direito, por sua vez, temos (I), que caracteriza
o setor privado, e (G), que caracteriza o setor público. Assim, se agruparmos as duas variáveis do
setor privado em um lado da identidade e as duas do setor público em outro, temos:
(S – I) = (G – T)
Essa identidade pode ser interpretada, segundo Nogami e Passos (2016), da seguinte maneira:
o excesso das despesas do governo (G) sobre os tributos (T), isto é, o déficit nas contas do governo
é contabilmente idêntico ao excesso de poupança (S) sobre o investimento privado (I). Em outras
palavras, podemos afirmar que o excesso de gastos do governo (G – T) é financiado pela poupança
privada (S) que, conforme já foi visto, deveria estar sendo direcionado a investimentos (I). Isso significa
que qualquer desequilíbrio nas contas do governo repercutirá sobre o setor privado da economia.
O Gráfico 4, a seguir, mostra a arrecadação e os dispêndios do governo ao longo do período
de 1980 a 2017. Nele, há uma interrupção referente aos anos de 1995 e 1996, período de implantação
do Plano Real.
Modelo de três economias 83
35
30
25
20
15
10
1980
1981
1982
1983
1984
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1991
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1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Gastos Arrecadação
Fonte: Elaborado com base em The World Bank, 2019.
-5
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98
99
00
01
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03
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20
20
20
20
20
20
20
De acordo com Krugman e Wels (2007), na versão de uma economia fechada, os investimentos
são iguais à poupança acrescida do saldo orçamentário (contribuição do governo para a poupança
ou despoupança, conforme o caso).
Assim, resumidamente, podemos observar que existe, ao longo dos anos, um forte
desequilíbrio nessa relação entre (S – I) e (G – T), o que gera um déficit da economia ou uma
necessidade cada vez maior de recursos para financiar tanto os investimentos no setor produtivo
da economia como o déficit público. Daí a necessidade de se abrir a economia, para que o setor
externo possa auxiliar nessa busca do equilíbrio.
C+S+T+M=C+I+G+X
Como foi feito anteriormente, vamos agrupar as variáveis de acordo com as características
do setor a que pertencem – privado, externo ou público –, que passam a ter a seguinte configuração:
(S – I) + (M – X) = (G – T)
A partir dessa configuração, podemos concluir que o déficit público é financiado tanto pelo
setor privado como pelo setor externo. Observando de outra forma, podemos também concluir
que qualquer coisa que o governo faça em termos de gastos ou arrecadação necessariamente irá
repercutir sobre o setor privado e o setor externo da economia.
O Gráfico 6, a seguir, mostra o saldo em Conta Corrente – soma das exportações líquidas de
bens e serviços, da renda primária e secundária líquida – como um percentual em relação ao PIB,
no período de 1975 a 2018.
Gráfico 6 – Saldo em Conta Corrente (% do PIB)
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
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-7
1975
1977
1979
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1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
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2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2018
Fonte: Elaborado com base em The World Bank, 2019.
Nesse gráfico, podemos observar que uma característica do país é que ele mais remete
recursos para fora do que tem capacidade de gerar caixa em moeda estrangeira. Abrindo-se essa
conta, podemos notar que, apesar de a balança comercial ser superavitária ao longo dos anos, como
pode ser visto na Tabela 1, a balança de serviços e a renda primária são deficitários.
Saldo
Balança Transf. Conta Conta Erros e Saldo
Ano Serviços Rendas Transações
comercial unilaterais capital financeira omissões BoP
Correntes
2004 32.538 (4.321) (20.107) 3.236 11.347 (213) (6.776) (2.114) 2.244
2005 43.426 (7.883) (25.553) 3.558 13.547 187 (8.721) (694) 4.320
2006 45.119 (9.410) (26.985) 4.306 13.030 180 17.454 (95) 30.569
(Continua)
86 Economia e Mercado
Saldo
Balança Transf. Conta Conta Erros e Saldo
Ano Serviços Rendas Transações
comercial unilaterais capital financeira omissões BoP
Correntes
2007 38.483 (13.103) (29.002) 4.029 408 249 89.979 (3.152) 87.484
2008 23.802 (16.851) (41.806) 4.224 (30.641) 152 31.775 1.682 2.969
2009 24.958 (19.574) (34.983) 3.338 (26.261) 237 73.005 (330) 46.651
2010 18.491 (30.156) (67.055) 2.896 (75.824) 242 125.112 (430) 49.101
2011 27.625 (37.166) (70.475) 2.984 (77.032) 256 137.879 (2.466) 58.637
2013 389 (46.372) (32.539) 3.683 (74.839) 322 67.877 714 (5.927)
2014 (6.629) (48.107) (52.170) 2.725 (104.181) 232 111.431 3.351 10.833
2015 17.670 (36.946) (42.910) 2.751 (59.434) 461 56.714 3.828 1.569
2016 45.037 (30.447) (41.080) 2.944 (23.546) 274 25.652 6.857 9.237
2017 64.028 (33.851) (42.572) 2.632 (9.762) 379 10.323 4.152 5.093
2018 53.587 (33.952) (36.668) 2.522 (14.511) 440 12.245 4.754 2.928
Segundo o FMI (2009), a Balança Comercial indica o saldo líquido entre exportações e
importações de bens. A conta Serviços mostra o saldo líquido: dos serviços de manufatura; dos
serviços de manutenção e reparo; dos transportes; das viagens; da construção; dos seguros; dos
serviços financeiros; dos serviços de propriedade intelectual; das telecomunicações, computação e
informações; do aluguel de equipamento; dos serviços culturais, pessoais e recreativos; dos serviços
governamentais e de outros serviços de negócio. A Renda Primária engloba a remuneração de
trabalhadores, a renda de investimento (investimento direto, que rende lucros e dividendos, e
juros), investimento em carteira e ativos de reserva. A conta Renda Secundária diz respeito ao
saldo líquido de contribuições e doações.
Assim, na Tabela 1, podemos observar a alta dependência do setor externo no que diz respeito
a serviços. Podemos perceber, ainda, que a alta presença do capital estrangeiro para investimentos
no setor produtivo da economia faz com que parte da renda gerada no país seja remetida para fora.
É isso o que faz com que o saldo em conta corrente (ou saldo em transações correntes)
seja deficitário. Entretanto, esse déficit é compensado pela Conta Financeira, que engloba
o investimento direto no país e os investimentos em carteira e derivativos, fazendo com que o
fluxo de moeda estrangeira seja favorável ao Brasil, contribuindo para que investimentos no setor
produtivo possam ser realizados e ajudando a financiar o déficit público.
Conforme salientam Baumann, Canuto e Gonçalves (2004), a inserção internacional do Brasil
é ampla e profunda, fenômeno histórico evidente no que se refere ao investimento internacional,
ou seja, a economia brasileira sempre apresentou um elevado grau de internacionalização do seu
aparelho produtivo.
Modelo de três economias 87
Considerações finais
Neste capítulo, estudamos três identidades importantes para entendermos como os setores
privado, externo e público interagem entre si, à medida que as relações de equilíbrio não ocorrem
dentro deles. Foram apresentadas, também, algumas estatísticas para podermos comparar a
situação da economia do Brasil em relação a de alguns outros países.
Atividades
1. O volume de investimentos do setor privado no Brasil, há anos, está muito aquém do
necessário. Que motivo você apresentaria para essa situação?
2. Pelo que foi visto neste capítulo, o gigantesco déficit público do País afeta diretamente
a quem?
Referências
BACEN – Banco Central do Brasil. SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais – v2.1. Disponível em:
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries.
Acesso em: 17 set. 2019.
88 Economia e Mercado
FMI – Fundo Monetário Internacional. Balance of Payments and International Investment Position Manual
(BPM6). Washington, D.C.: International Monetary Fund, 2009. Disponível em: https://www.imf.org/
external/pubs/ft/bop/2007/pdf/bpm6.pdf. Acesso em: 17 set. 2019.
KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
NOGAMI, Otto. Cenário e expectativas econômicas. In: SOUSA, Almir Ferreira de et al (Org.). Planejamento
financeiro pessoal e gestão do patrimônio: fundamentos e práticas. São Paulo: Manole, 2018. p. 41-60.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos Roberto Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
Moeda, em uma definição bem simples, pode ser entendida como um meio de pagamento
na economia. Um detalhe importante, que veremos ao longo deste capítulo, é que o montante de
moeda em circulação pode afetar a atividade econômica. E essa é a razão que leva governos ao
redor do mundo a se preocuparem com o quanto de moeda está disponível para sua população.
Ao longo deste capítulo, portanto, vamos desvendar alguns dos mistérios que cercam a
moeda, a fim de esclarecer seu significado e sua importância no contexto da economia. Além
disso, explicaremos as preocupações do governo em mantê-la sob controle e analisaremos os
instrumentos utilizados por ele para esse monitoramento.
contrapartida, pode ser convertido em moeda somente depois de um certo tempo e/ou a custo
considerável.
Mas, de onde vem a moeda? A origem da moeda está na forma como nossos antepassados,
milhares de anos atrás, realizavam suas transações: por meio de escambo. Porém, esse ato de trocar
uma mercadoria por outra mercadoria enfrentava um grande inconveniente para que as transações
pudessem se concretizar: as partes precisavam ter necessidades e desejos duplamente coincidentes,
ou seja, cada uma delas deveria ter o produto que a outra desejasse.
Assim, para simplificar e contornar esse problema é que as sociedades decidiram eleger um
produto, que fosse desejado por todos, como um meio de troca. Um único produto que tivesse algum
valor e que pudesse servir como referencial de troca. E foi com essa passagem das trocas diretas, de
um produto por outro, para as indiretas, intermediadas por algum outro bem aceito por todos, é que
a humanidade entrou na chamada Era da Mercadoria-Moeda, segundo Nogami e Passos (2016).
Ainda de acordo com os autores, nesse período, vários tipos de produtos foram utilizados
como moeda, tais como animais domésticos, conchas, sal, fumo, azeites, gado etc. Ao longo da
história, vemos que diversas mercadorias foram utilizadas como mercadoria-moeda, cada uma
apresentando vantagens e desvantagens, até que, pouco a pouco, o uso de metais – cobre, barras
de ferro, ouro e prata – começou a se proliferar. Assim, diante da constante necessidade de se
encontrar formas mais simples e mais raras (para que tivessem valor) é que o uso do ouro e da prata
começou a se intensificar.
De acordo com Nogami e Passos (2016), a utilização do ouro e da prata nas transações
comerciais acabou trazendo grandes vantagens. Pequenas e fáceis de carregar, as moedas eram
padronizadas e tinham um valor intrínseco, ou seja, seu poder de compra era equivalente ao valor
do material utilizado em sua fabricação. Nesse momento, a humanidade passava para a Era da
Moeda Metálica.
Essas moedas metálicas permitiam às pessoas que as guardassem, esperando o melhor
momento para trocá-las por alguma mercadoria. Apesar das vantagens que a moeda metálica
proporcionava, existia, na época, um inconveniente, que era o transporte dessa moeda para longas
distâncias. Além do peso, os viajantes e comerciantes estavam sujeitos a emboscadas e assaltos.
Ainda de acordo com Nogami e Passos (2016), para contornar esse problema, especialmente após o
século XIV, com o crescimento do comércio dentro do continente europeu, começaram a surgir as
casas de custódia, local onde os comerciantes, antes de empreenderem suas viagens, depositavam
os metais que pretendiam levar em suas expedições comerciais e recebiam em troca os chamados
recibos de custódia.
A difusão desse instrumento monetário mais flexível fez com que se ingressasse em um
novo período denominado Era da Moeda-Papel. Agora, em vez de partirem para suas expedições
carregando moedas metálicas, os comerciantes precisavam apenas levar um pergaminho
representativo da custódia feita e, no destino, procurar uma casa de custódia correspondente à
casa emissora para trocar o recibo pelas moedas metálicas.
A moeda e sua importância 91
À medida que o uso desses recibos de custódia se proliferou nos grandes centros comerciais, os
comerciantes acabaram encontrando uma maneira mais simples de utilizá-los, apenas transferindo
a titularidade por meio do endosso. Dessa forma, gradativamente, os recibos de custódia passaram
a substituir as moedas metálicas. Como esses recibos representavam a exata quantidade de metal
(moeda metálica) depositado na cidade de origem, ou seja, possuíam 100% de lastro e tinham
plena conversibilidade, tornaram-se a forma preferida para a liquidação financeira das transações
comerciais, além de desempenharem, também, a função de reserva.
Com o passar do tempo, as casas de custódia perceberam que os detentores dos recibos de
custódia não faziam a reconversão imediatamente. E enquanto alguns faziam a troca da moeda-
-papel por moeda metálica, outros faziam novos depósitos em ouro e prata. As casas de custódia
começaram, então, a emitir certificados sem lastro em moeda metálica, o que, segundo Nogami e
Passos (2016), dá origem à moeda fiduciária – moeda aceita em confiança – ou papel-moeda.
Algumas características devem ser ressaltadas acerca do surgimento do papel-moeda: essas
novas moedas tinham menor conversibilidade, pois o lastro correspondente era inferior a 100%, e
eram emitidas por qualquer casa de custódia e também por particulares. Com o passar do tempo,
essas casas de custódia, pela emissão de recibos sem lastro, fizeram com que o sistema não se
sustentasse e as casas começassem a quebrar, levando os governos a assumirem e controlarem esses
mecanismos de emissões de moeda.
Nogami e Passos (2016) salientam que, no início, as emissões eram lastreadas em ouro, ou
seja, o volume de emissão de papel-moeda estava atrelado à quantidade de ouro existente no país.
Mas com o tempo, com o rápido crescimento das economias e as reservas limitadas do metal na
natureza, os países começaram a suspender a conversibilidade de suas moedas em ouro e, então, o
chamado padrão-ouro começou a entrar em colapso. Em função disso, os governos começaram a
emitir moedas inconversíveis, levando ao abandono do padrão-ouro.
Dessa forma, a moeda passou a ter curso forçado, ou seja, passou a ser amparada por lei e
deixou de ter lastro em metais preciosos, tornando-se uma convenção social, as pessoas aceitam
porque aceitam o papel-moeda. Hoje, a maioria dos sistemas é fiduciária, apresentando as seguintes
características: inexistência de lastro metálico, inconversibilidade absoluta e monopólio estatal das
emissões. Veremos, mais adiante, o que isso significa.
(como pode ser visto no Quadro 1). Um exemplo claro dessa deterioração do meio circulante
brasileiro está na década de 1980, quando as quatro funções da moeda começaram a perder sua
importância. A função instrumento de troca começou a se deteriorar à medida que as pessoas não
mais aceitavam a moeda corrente como elemento de liquidação financeira, pois sua deterioração
era diária. Assim, as transações, principalmente as de vulto, eram liquidadas com a utilização de
uma moeda mais forte, como o dólar norte-americano.
No que diz respeito à medida de valor, podemos citar o fato de, nessa época, em algumas
vitrines, os preços estarem em moeda estrangeira, assim como anúncios em jornais para a
comercialização de imóveis e automóveis. Guardar moeda em casa? Sem dúvida, mas só em dólares
norte-americanos, marcos alemães (padrão monetário da Alemanha antes do euro) ou libras
esterlinas (moeda da Grã-Bretanha). Empréstimos ou dívidas estavam sempre indexados a alguma
moeda forte. Essa era a nossa realidade.
Quadro 1 – Síntese dos padrões monetários do Brasil (1889 a 2018)
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Cédula Padrão Monetário Vigência Base Legal
equivalente a 1 milhão
de réis
Decreto nº 60.190
Cruzeiro Novo (NCr$ 1,00),
13/02/1967 a 14/05/1970 (08/02/1967)
equivalente a Cr$ 1.000
Castello Branco
Decreto-Lei nº 2.283
Cruzado (Cz$ 1,00)
28/02/1986 a 15/01/1989 (27/02/1986)
equivalente a Cr$ 1.000
José Sarney
(Continua)
94 Economia e Mercado
Wikimédia Commons
Cédula Padrão Monetário Vigência Base Legal
Tivemos várias moedas que, por razões diversas, acabaram perdendo suas quatro funções
básicas. É possível dizer que uma das principais razões que levaram o país a ter inúmeros padrões
monetários em seu período republicano foi o processo inflacionário, que insistentemente deteriorava
o poder de compra das famílias.
característica é o curso legal imposto pelo Estado, que emite e garante o papel-moeda em
circulação.
• Facilidade de manuseio e transporte: o papel-moeda de uma economia deve ser
confeccionado de modo a evitar que sua utilização e transporte sejam dificultados e que,
consequentemente, ele seja descartado.
Assim, podemos observar que, além das funções atribuídas a ela, a moeda tem que
apresentar também essas características para que as mais diferentes transações possam ser
realizadas da forma mais fluida possível.
taxa de juros, maior é o custo de oportunidade de manter essa liquidez. Dentro dessa
lógica, quanto maior a taxa de juros, mais somos levados a manter uma aplicação
financeira, reduzindo a quantidade de moeda disponível para nosso consumo.
Assim, podemos afirmar que nossa demanda de moeda depende de dois importantes
componentes: a renda disponível e a taxa de juros. Isso nos permite escrever a seguinte equação:
L = LT(Y) + LE(i)
na qual L representa a liquidez total de moeda que queremos demandar, distribuída entre a LT,
liquidez transacional, que vai depender da nossa renda disponível (Y) e do nível geral de preços da
economia, e LE, a demanda especulativa, que vai depender da taxa de juros (i).
Até agora, nossa discussão sobre a demanda de moeda está focada em nós, famílias. Porém,
boa parte do dinheiro que circula está nas mãos dos empresários, nos caixas ou nas contas
correntes de suas empresas. E os empresários também se defrontam com tomadas de decisões
relacionadas ao uso do dinheiro, tais como: quanto dinheiro manter em caixa para fazer frente aos
meus compromissos? Quanto manter em outros ativos?
No fim das contas, os princípios adotados por eles são semelhantes aos nossos: tendem a
manter maior liquidez quando a renda disponível é maior ou quando a inflação está alta, e menos
dinheiro em caixa quando a taxa de juros está mais alta.
O Gráfico 1, a seguir, mostra a curva da demanda por moeda, a qual relaciona a quantidade
de moeda que a sociedade está disposta a demandar a cada nível de taxa de juros. Note que essa
curva tem declividade negativa, o que significa que as relações entre taxa de juros e quantidade
de moeda são inversas. Ou seja, quanto maior a taxa de juros, menor a liquidez que as pessoas
pretendem manter, e quanto menor a taxa de juros, maior a liquidez que se deseja manter.
Gráfico 1 – Demanda por moeda
9
Taxa de juros (%)
5
A
4
3
B
2 L = LT(Y) + LE(i)
0
0 50 100 150 200 250 300 350
O ponto A, por exemplo, mostra que quando a taxa de juros estiver em 4%, a quantidade
demandada será de 100 bilhões de unidades monetárias. Se a taxa de juros cair para 2%, haverá
um movimento em direção ao ponto B na curva da demanda, que indica que a quantidade
demandada nessa nova condição será de 200 bilhões de unidades monetárias. Dessa forma,
à medida que nos movemos ao longo da curva da demanda, a taxa de juros muda, mas
assumimos que outras determinantes da demanda da moeda (como inflação e renda disponível)
permanecem inalteradas.
No entanto, conforme se modificam esses outros fatores que influenciam a demanda de
moeda, a curva da demanda de moeda se moverá para a direita ou para a esquerda. Vamos supor
que a renda disponível aumente: à medida que isso acontece, a sociedade (famílias e empresários)
tende, a cada nível de taxa de juros, a querer manter maior liquidez para suas despesas de consumo.
Nessas condições, a curva da demanda por moeda tende a se deslocar para a direita, como
ilustrado no Gráfico 2, a seguir, no qual a curva da demanda por moeda se desloca de L1 para L2.
Agora, a uma taxa de juros de 4%, a quantidade de moeda demandada aumenta para 150 bilhões
de unidades monetárias; a uma taxa de 2%, o montante de moeda demandada sobe de 200 bilhões
para 300 bilhões.
Gráfico 2 – Deslocamento da curva da demanda
9
Taxa de juros (%)
8
L2 = LT(Y) + LE(i)
7
5
L1 = LT(Y) + LE(i) A E
4
3
B F
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Em resumo, uma mudança apenas da taxa de juros faz com que nos movamos ao longo da
curva da demanda de moeda. A mudança dessa curva é causada por alguma outra coisa além da
taxa de juros, como a mudança na renda disponível ou a inflação, que fazem a curva se deslocar.
Portanto, de acordo com Abel, Bernanke e Croushore (2008), a demanda por moeda é a
quantidade de ativos monetários, como dinheiro e contas correntes, que as pessoas decidem ter
em seu portfólio. Dessa forma, definir quanto de moeda se demanda é parte de uma decisão mais
ampla de alocação de portfólio.
A moeda e sua importância 99
M
8
0
0 50 100 150 200 250 300 350
5
EM
4
2 L1 = LT(Y) + LE(i)
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Como podemos observar, o equilíbrio ocorre no ponto EM, na intersecção das duas curvas.
Nesse ponto, as quantidades de moeda demandada e de moeda ofertada são iguais a 100 bilhões de
unidades monetárias, e a taxa de juros de equilíbrio é de 4%.
É importante saber o que significa esse equilíbrio no mercado monetário. Para isso,
recordemos que a curva de oferta de moeda nos informa a quantidade de moeda que circula na
economia. Todo real – seja em espécie, seja depositado em conta corrente – pertence a alguém.
Assim, a curva de oferta de moeda, além de nos informar a quantidade de moeda ofertada pelas
autoridades monetárias, também nos informa a quantidade de moeda que as pessoas estão detendo
em determinado momento.
Por outro lado, a curva de demanda por moeda nos informa também quanto de moeda as
pessoas desejam portar a cada taxa de juros. Assim, quando a quantidade de moeda ofertada é
igual à quantidade de moeda demandada, toda a moeda disponível na economia está atendendo às
necessidades da sociedade. Isso significa que as pessoas estão satisfeitas com o montante de moeda
que estão portando.
Não podemos esquecer que, além desses instrumentos, o Bacen utiliza sua autoridade
moral e sua reputação para induzir os bancos a adotarem, voluntariamente, o comportamento
considerado apropriado às circunstâncias particulares.
Considerações finais
Ao longo deste capítulo, procuramos desvendar alguns mistérios que cercam a moeda que
circula na economia, expondo seu real significado e sua importância no nosso dia a dia. Buscamos
apresentar, também, as preocupações que o governo tem em deixá-la circular livremente, sem
descuidar do seu controle, para evitar consequências não desejadas e que podem causar impactos
no sistema econômico.
• Banco Central do Brasil. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 24 ago. 2019.
Vale a pena uma visita ao site do Bacen. Nele, estão disponíveis informações e dados sobre
a política monetária (meta para a inflação, Conselho de Política Monetária, atas do Copom
etc.) e estabilidade financeira (Sistema Financeiro Nacional, Sistema de Pagamentos
Brasileiro, câmbio, capitais internacionais etc.), além de estatísticas, informações acerca
de cédulas e moedas, e publicações diversas.
Atividades
1. Cartões de crédito são considerados moeda? Explique.
2. Por que as pessoas querem manter menos dinheiro guardado quando as taxas de juros se elevam?
5. De que forma as autoridades monetárias podem estimular o nível de investimentos das empresas?
Referências
ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean. Macroeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Síntese dos padrões monetários brasileiros. Brasília, maio 2007. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/content/acessoinformacao/Documents/museu/pub/SintesePadroesMonetariosBrasileiros.
pdf. Acesso em: 23 ago. 2019.
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
7
Política econômica e o tripé macroeconômico
Neste capítulo, vamos analisar as ações do governo que têm o objetivo de influenciar ou
controlar o comportamento da economia. Elas incluem decisões sobre os gastos de governo, as
formas de arrecadação, a redistribuição da renda, a estabilidade de preços, a oferta de moeda, a
taxa de juros e a taxa de câmbio.
Consumo (R$)
Renda (R$)
Setor monetário
Famílias Empresas
Fatores de
produção
Observe que na Figura 1 inserimos o setor externo, pois, em uma economia moderna, ele
desempenha um papel primordial na busca do equilíbrio da economia doméstica, importando ou
exportando bens e serviços, bem como também com a ida e vinda de capitais estrangeiros. Além
disso, perceba que, no fluxo circular da atividade econômica, inserimos a renda na parte superior,
onde estava o produto, e o produto na parte de baixo, no lugar da renda. Isso foi feito para destacar
um detalhe importante: podemos segmentar esse fluxo em três partes.
A primeira parte localiza-se no segmento do meio, onde estão os fatores de produção e os
bens e serviços, sendo chamada de setor real da economia – ou seja, é onde as coisas acontecem
em termos reais. É nesse setor que o espírito empreendedor aflora, onde temos o capital físico e
financeiro, o mercado de mão de obra, o mercado de insumos de produção e, em contrapartida,
bens e serviços produzidos pelas empresas para o consumo das famílias.
Na parte superior, temos os agregados renda e consumo. Quando se praticava o escambo,
o trabalhador era remunerado com a própria mercadoria que produzia, e, de posse dela, realizava
trocas para poder satisfazer suas necessidades e seus desejos. Na própria evolução da sociedade,
como vimos em capítulos anteriores, o trabalho passou a ser remunerado com a moeda, instrumento de
troca que começou a ser utilizado ao consumir.
Assim, no segmento superior da figura, temos a moeda circulando na economia, chegando às
famílias sob a forma de renda e às empresas sob a forma de consumo. Esse segmento pode ser denominado
setor monetário da economia, ou seja, o setor no qual a moeda circula. É importante esclarecer que tudo
o que acontece nele nada mais é do que a contrapartida daquilo que ocorre no setor real.
E, finalmente, temos o segmento inferior, que diz respeito à relação que a sociedade tem
com o resto do mundo. Se não somos autossuficientes em fatores de produção, por exemplo,
temos que importá-los para atender à demanda da nossa indústria; o excedente de produção, por
outro lado, pode ser exportado. E como essas relações econômicas com o resto do mundo se dão,
normalmente, com uma moeda estrangeira, vamos designar esse segmento de setor externo.
Isso posto, fica fácil entender como o governo atua para manter a estabilidade conjuntural
do país, ou até mesmo para adotar políticas que permitam o processo de crescimento da economia.
E isso se faz de três maneiras diferentes: agindo diretamente sobre o setor real (política fiscal),
Política econômica e o tripé macroeconômico 107
indiretamente sobre o setor monetário (política monetária) ou por meio do setor externo (política
cambial). Esse conjunto de políticas é o que representa a política econômica.
Portanto, as decisões do governo sobre quanto gastar, com o que gastar e como financiar
seus gastos é de suma importância, pois afetam diretamente a atividade econômica. Nos últimos
anos, as pessoas tornaram-se mais conscientes sobre os efeitos macroeconômicos de uma política
fiscal, o que trouxe implicações econômicas ao dia a dia do cidadão brasileiro.
explicam Abel, Bernanke e Croushore (2008). Como vimos no capítulo anterior, essas medidas
adotadas pelo Bacen envolvem a emissão de moeda, o controle da liquidez, o controle seletivo
de crédito, entre outras.
Essa política também pode intervir na economia, fixando sua taxa de juros referencial
(denominada taxa Selic), e deixando as taxas de redesconto a serem cobradas dos títulos apresentados
pelos bancos ou impondo a estes o sistema de depósitos compulsórios, para garantir a liquidez do
sistema bancário.
A política monetária no Brasil, assim como em outros países, é o instrumento de combate
a surtos inflacionários, fixando taxa de juros e determinando a liquidez monetária ideal da
economia. A execução da política monetária, em última instância, tem como objetivos – por meio
do controle da oferta de moeda – a elevação do nível de emprego, a estabilidade dos preços, uma
taxa de câmbio realista e uma adequada taxa de crescimento econômico.
Quando o Bacen percebe que a economia está com a componente recessiva, ele tende a,
entre outras ações:
• reduzir a taxa de juros, desestimulando as pessoas em relação à manutenção de
liquidez especulativa (guardar moeda), levando-as a consumir, ou reduzir o custo dos
investimentos, fazendo com que o empresário se sinta estimulado a investir;
• aumentar a quantidade de moeda em circulação, recomprando títulos públicos e, assim,
injetando mais moeda na economia e ampliando a disponibilidade de recursos junto às
instituições financeiras, as quais aumentarão a oferta de financiamentos e empréstimos;
• reduzir a taxa das reservas compulsórias, aumentando a disponibilidade de recursos nas
instituições bancárias, o que lhes permite elevar o volume de operações creditícias;
• aumentar prazos de financiamento para aquisição de bens duráveis, visando a facilitar o
acesso de pessoas de menor renda a produtos de valor agregado mais alto.
No sentido contrário, quando a economia está com elevada inflação, para deixar os preços em
um patamar desejável, o Bacen pode agir, por exemplo, aumentando a taxa de juros, o que estimula
as pessoas a pouparem mais, para aproveitarem a maior rentabilidade das aplicações financeiras.
Essa ação implica em uma redução do consumo das famílias. Para os empresários, a taxa de juros
mais alta torna o custo do investimento mais caro, levando-os a postergar a aquisição de máquinas,
equipamentos e ferramentas, ajudando a esfriar a atividade econômica.
Outra ação possível para o Bacen em caso de elevada inflação é reduzir a liquidez da
economia, colocando títulos públicos no mercado aberto. Esses títulos serão adquiridos pelas
instituições financeiras, reduzindo a liquidez dos bancos, o que significa que haverá menos
recursos para suas operações de crédito.
Política econômica e o tripé macroeconômico 109
O Bacen pode ainda aumentar as taxas do depósito compulsório, o que também reduzirá a
liquidez dos bancos, ou criar restrições às operações de crédito, reduzindo prazos ou estabelecendo
mecanismos para inibir o consumo via sistema creditício.
Essas adequações ocorrem com ações reguladoras, exercidas pelas autoridades monetárias
sobre o meio circulante do país, de modo que este seja plenamente utilizado e tenha um emprego
tão eficiente quanto possível.
Consumo (R$)
Política monetária
Renda (R$) Setor monetário (juros, moeda)
Política econômica
Famílias Empresas
Fatores de
produção Política fiscal
Setor real
(gastos, arrecadação)
Bens e serviços
Política cambial
Setor externo (câmbio)
Resto do mundo
7.2.1 Inflação
À medida que a política monetária é executada para, entre outros objetivos, manter
a estabilidade de preços na economia, o indicador de inflação é o melhor instrumento para
se verificar se ela está sendo eficiente no controle de preços.
Segundo Nogami (2018), inflação é um fenômeno macroeconômico que pode ser
definido como um processo persistente de aumento dos preços dos mais diferentes bens
e serviços. É um fenômeno generalizado que atinge toda a sociedade e que traz grandes
consequências negativas de ordem política, econômica e social. Mas de que maneira a
inflação afeta nosso dia a dia?
Você se lembra de quando falávamos da estrutura de consumo relacionada a cada um de
nós? Recordando, ela era composta por determinada quantidade de bens e serviços selecionados
de acordo com os seus preços e pelo fator restritivo renda. Então, imaginemos que a renda
permaneça inalterada e que os preços dos bens e serviços que estamos acostumados a
adquirir aumentem. Isso fará com que passemos a consumir menos, afetando assim nosso
bem-estar.
Dessa forma, se a nossa renda permanecer constante ao longo de um ano e os preços
aumentarem todos os meses, nossa condição de consumir estará bastante deteriorada ao final
desse período. Essa é a razão para que nossos salários sejam reajustados anualmente. O
objetivo é o de recompor nossa capacidade de consumir.
Política econômica e o tripé macroeconômico 111
E qual a origem desse aumento generalizado de preços? Uma das causas mais comuns ocorre
quando a demanda é maior do que a capacidade de produção das empresas em determinado
período. Ou, então, como se costuma dizer, há dinheiro demais à procura de poucos bens. Essa é a
inflação de demanda, conforme explicam Nogami e Passos (2016).
Outra causa pode ser atribuída a um conjunto de fatores, tais como queda na produção,
aumento no preço dos produtos importados, aumentos excessivos nos salários. Um período de
chuvas fortes e persistentes, ou mesmo de geadas, prejudica as culturas no campo, o que resultará
em uma redução na produção. Menores quantidades do produto disponíveis no mercado –
mantida a demanda inalterada – fazem com que os preços subam.
De outro lado, um aumento no preço do barril de petróleo faz com que o preço de seus
derivados também suba, impactando a produção e a distribuição da maioria dos bens. Segundo
Nogami e Passos (2016), à medida que esses custos são repassados aos preços dos produtos, acabam
acarretando a chamada inflação de custos.
Uma terceira razão, ainda segundo os autores, para a elevação sistemática dos preços
na economia é a chamada inflação inercial. Ela ocorre devido a um comportamento dos
agentes econômicos com relação às expectativas futuras de aumento de preços. Antevendo uma
provável elevação de preços, as empresas se antecipam e aumentam o preço de suas mercadorias
ou serviços. Esse comportamento acaba sendo incorporado também nos contratos e acordos
informais e, dependendo do cenário de incerteza, pode perdurar por algum tempo.
Como a inflação é um problema macroeconômico e que afeta o bem-estar da sociedade, seu
controle torna-se prioritário, a ponto de, atualmente, muitos países adotarem o conceito de metas
inflacionárias, em torno das quais gravitam as políticas econômicas, em especial a monetária.
1 Vitória, Fortaleza, Belém, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Recife e Porto Alegre são
essas dez regiões metropolitanas.
112 Economia e Mercado
20
15
12,53
10,67
10 9,30
9,56 8,94
7,60
7,67
5,69 6,50
5,90 5,90 5,91
5,22 5,97 4,45 7,20
5 6,29
5,83 3,75
4,31
3,14
1,66
2,95
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
O Gráfico 2, por sua vez, mostra o comportamento do IPCA, mês a mês, acumulado em 12
meses. Esse gráfico nos dá uma ideia do “movimento” da inflação mês a mês, de janeiro de 2010 a
dezembro de 2018.
Gráfico 2 – IPCA: variação percentual acumulada em 12 meses
13
11
DEZ 2018
7 3,75%
1
jan-10
abr-10
jul-10
out-10
jan-11
abr-11
jul-11
out-11
jan-12
abr-12
jul-12
out-12
jan-13
abr-13
jul-13
out-13
jan-14
abr-14
jul-14
out-14
jan-15
abr-15
jul-15
out-15
jan-16
abr-16
jul-16
out-16
jan-17
abr-17
jul-17
out-17
jan-18
abr-18
jul-18
out-18
A linha indicada como Meta representa a meta inflacionária, ou centro da meta, fixada
pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5% no período. Como já foi dito, isso quer dizer que as
autoridades monetárias entendem que o melhor para a economia é que os preços subam, em média,
4,5% ao ano. Existe ainda uma margem de tolerância em torno da qual os preços podem variar, que
é de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o piso da meta fica em 3% ao ano (linha
inferior), enquanto o teto da meta fica em 6% ao ano (linha superior).
Política econômica e o tripé macroeconômico 113
30
25
20
15 DEZ 2018
+7,55%
10
-5
jan-99
jan-02
jan-07
jan-12
jan-15
jan-01
jan-04
jan-06
jan-09
jan-11
jan-14
jan-17
jan-18
jan-00
jan-03
jan-05
jan-08
jan-10
jan-13
jan-16
jul-00
jul-03
jul-05
jul-08
jul-10
jul-13
jul-16
jul-99
jul-02
jul-07
jul-12
jul-15
jul-01
jul-04
jul-06
jul-09
jul-11
jul-14
jul-17
jul-18
Apesar da importância dessas funções, a preocupação maior que sempre deve estar presente
é a manutenção do equilíbrio fiscal, pois, à medida que o governo excede seus gastos frente à
arrecadação, começa a prejudicar o setor privado da economia, tomando recursos para financiar
seu déficit e comprometendo os investimentos no setor produtivo.
De maneira simplificada, temos, no Quadro 1, a forma como o governo contabiliza suas
receitas e despesas para a determinação do resultado primário e do resultado nominal.
Quadro 1 – Resultado fiscal do Governo Central (valores em R$)
Discriminação Valor
RECEITA TOTAL
RECEITA LÍQUIDA
( - ) Benefícios previdenciários
( - ) Despesas discricionárias
( - ) Juros nominais
A receita total é composta pela arrecadação administrada pela Receita Federal do Brasil
(RFB), excetuando-se o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), os incentivos fiscais, a
arrecadação líquida para o RGPS e as receitas não administradas pela RFB, tais como concessões e
permissões, receitas próprias e de convênios, contribuição do salário-educação, entre outros.
As transferências por repartição de renda são compostas basicamente por: Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), Fundo de Participação dos Estados (FPE), fundos
constitucionais, contribuição do salário-educação. Já as contas benefícios previdenciários e
pessoal e encargos sociais destinam-se ao que o próprio nome estabelece.
Em outras despesas obrigatórias, que se referem a compromissos estabelecidos na
legislação, temos itens como: abono e seguro-desemprego, anistiados, compensação ao RGPS
pelas desonerações da folha, convênios, fabricação de cédulas e moedas, custeio de capital –
legislativo, judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União –, sentenças
judiciais e precatórios, financiamento de campanha eleitoral.
Despesas discricionárias são aquelas sobre cujo montante o governo tem algum grau de
decisão e controle, tais como custeio administrativo, bolsas de estudos, Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida (MCMV) e outros investimentos.
116 Economia e Mercado
Assim, para o governo manter a dívida pública sob controle, ele estipula uma meta fiscal a
ser cumprida no exercício, justamente para poder pagar parte dos juros e eventual amortização do
principal. Essa meta é fixada de acordo com as expectativas de receita e de gastos para o ano, e o
governo a encaminha ao Congresso Nacional juntamente com a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO). Ao longo do exercício, o governo poderá solicitar uma revisão da meta fiscal à medida que
percebe a perspectiva de um possível déficit no resultado primário.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 2000) “estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal” e deve ser seguida pela União, pelos estados, pelo
Distrito Federal e pelos municípios. Em seu art. 1º, essa lei esclarece que
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente,
em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas
e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. (BRASIL, 2000)
Impeachment:
processo de
Para que o governo possa cumprir suas responsabilidades orçamentárias é que foi criada
cassação contra
a Lei de Responsabilidade Fiscal. E o seu não cumprimento pode levar o governante a sofrer um
uma autoridade,
com base em processo de impeachment.
uma denúncia
de crime.
Política econômica e o tripé macroeconômico 117
O Quadro 2, a seguir, sintetiza os conceitos de resultados fiscais, que são compostos pelos
resultados nominal, operacional e primário.
Quadro 2 – Resultados nominal, operacional e primário e juros nominais
A análise desses dados mostra que, para uma inflação de 25,6%, medida pelo IPCA, no
período de 2014 a 2018, a receita total do governo foi menor, crescendo apenas 21,5%, enquanto a
despesa total cresceu 29,2%. Esse desequilíbrio leva ao comprometimento das contas de governo,
exigindo dele medidas rígidas na condução da política fiscal, para não tornar a dívida pública
interna impagável.
Vejamos, então, como a depreciação do real afeta a economia. Com o real mais barato para
os estrangeiros (mais reais para uma unidade de moeda estrangeira), eles comprarão mais produtos
brasileiros, aumentando nossas exportações. Ao mesmo tempo, os produtos e serviços importados
se tornarão bem mais caros. O aumento das exportações e a queda das importações contribuem
para uma elevação das exportações líquidas (XL), e isso, por sua vez, aumenta a demanda total.
Portanto, como pudemos ver, a política monetária expansionista faz a demanda total
crescer de duas maneiras: primeiro estimulando a liquidez transacional e, segundo, aumentando
as exportações líquidas. Como resultado, temos o crescimento do PIB, e a política monetária será
mais eficiente, quando os efeitos sobre a taxa de câmbio são incluídos.
A análise da política monetária contracionista segue uma lógica inversa. A queda na
demanda de moeda, por uma elevação da taxa de juros, reduz a demanda total da economia,
fazendo com que o real se aprecie (valorize) em relação à moeda estrangeira, levando a uma queda nas
exportações líquidas. Assim, o PIB tende a cair.
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
jan-02
jan-03
jan-04
jan-05
jan-06
jan-07
jan-08
jan-09
jan-10
jan-11
jan-12
jan-13
jan-14
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
jul-02
jul-03
jul-04
jul-05
jul-06
jul-07
jul-08
jul-09
jul-10
jul-11
jul-12
jul-13
jul-14
jul-15
jul-16
jul-17
jul-18
Considerações finais
Analisamos, neste capítulo, os três elementos que constituem o chamado tripé
macroeconômico: inflação, contas públicas e taxa de câmbio, cuja importância é a de permitir o
monitoramento do dia a dia da economia. Ao se avaliar a economia de um país, analistas trabalham
com dezenas de indicadores, mas, na essência, todos os desequilíbrios são desdobramentos da
forma como esses três indicadores se comportam.
A inflação, retrato da execução da política monetária, mostra como o Banco Central,
controlando a liquidez monetária, consegue evitar que os preços aumentem de maneira
generalizada ao longo do tempo. A estabilidade dos preços é importante para a sociedade, pois
preserva o poder de compra das pessoas, tornando justa a repartição da renda na economia.
As contas públicas, resultantes da política fiscal, demonstram como o governo aloca os
recursos arrecadados em benefício da sociedade, tendo sempre como objetivo o bem-estar social,
com investimentos em educação, saúde, segurança e mobilidade.
Por fim, a taxa de câmbio reflete a forma como o Banco Central executa a política cambial,
adequando o fluxo comercial e financeiro na relação com outros países, auxiliando a manutenção do
equilíbrio na nossa economia.
• PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Marcio Bobik. A nova contabilidade social. 4. ed. São
Paulo: Saraiva Uni, 2018.
Único livro no Brasil que trata da contabilidade social de uma maneira diferente, que
vai além dos aspectos contábeis das contas públicas, e traz também temas como meio
ambiente, desigualdades regionais e qualidade de vida.
Atividades
1. Explique que efeito a inflação tem sobre o poder de compra de pessoas que têm renda fixa.
3. Qual a diferença entre resultado primário e resultado nominal nas contas de governo?
5. Que impacto uma desvalorização do real pode causar sobre os produtos exportáveis do país?
Referências
ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2008.
BCB – Banco Central do Brasil. Dívida líquida do setor público (% PIB) - Total - Banco Central. Portal
de Dados Abertos. Disponível em: https://dadosabertos.bcb.gov.br/dataset/4505-divida-liquida-do-setor-
publico--pib---total---banco-central. Acesso em: 23 set. 2019.
BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 5 maio
2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 2 set. 2019.
KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
NOGAMI, Otto. Cenário e expectativas econômicas. In: SOUSA, Almir Ferreira de (Org.). Planejamento
financeiro pessoal e gestão do patrimônio. 2. ed. Barueri: Editora Manole, 2018. p. 41-60.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos Roberto Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
ROCHA, Alexandre A.; DIAS, Fernando Álvares C.; MENDES, Marcos. O que é e para que serve o “resultado
primário”?, 2011. Disponível em: http://www.brasil-economia-governo.org.br/wp-content/uploads/2011/02/
Resultado_Primario.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 2. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1999.
8
Sistema financeiro e acumulação de riqueza
Todos os países, nos dias de hoje, têm complexos sistemas financeiros, nos quais a moeda
representa, entre outros papéis, um ativo financeiro. A operacionalização desse sistema é feita
por um conjunto de instrumentos e instituições financeiras utilizadas para a execução da política
monetária. Esta, por sua vez, é realizada por meio de mercados específicos, como o monetário, o
de crédito, o de capitais e o cambial.
Dessa forma, neste capítulo, vamos apresentar uma visão geral de como está estruturado o
sistema financeiro nacional, com suas principais instituições e ferramentas.
É por meio dele que os bancos comerciais tornam os meios de pagamento (total de haveres de
perfeita liquidez em poder do setor não bancário e que podem ser imediatamente usados para
realizar transações) várias vezes superiores ao saldo de papel-moeda emitido pelo Bacen.
As instituições financeiras não bancárias, ou não monetárias, por sua vez, não possuem
essa faculdade de criar moeda, pois não têm autorização do Bacen para manter depósitos em
conta corrente.
Política
Banco monetária Mercado Instituições
Central Aberto Financeiras
Secretaria do
Tesouro Nacional Política fiscal
Tesouro
Público
Direto
instituições que atuam nesse mercado são os bancos comerciais, os bancos de investimentos e as
financeiras, que são instituições especializadas no fornecimento de crédito ao consumidor e no
financiamento de bens duráveis.
A Figura 2, a seguir, ilustra as relações entre tomadores e ofertadores com as instituições
financeiras e os “comprovantes” utilizados nessas relações.
Figura 2 – Mercado de crédito
Depósito Aplicação
Ofertador Instituições Tomador
De Recursos Ativo financeiro Financeiras Título de crédito De Recursos
Bolsa de
Poupadores Empresa S/A
valores
Como podemos observar nesse mercado primário, a empresa de capital aberto recebe os
recursos financeiros referentes ao lançamento das ações e debêntures uma única vez e, então, ela
“sai” do mercado. Após receber os recursos, todas as demais negociações com as suas ações não
mais afetarão seu caixa.
Figura 4 – Mercado de capitais: mercado secundário
Bolsa de
Poupadores Poupadores
valores
No Brasil, assim como na maioria dos países, as moedas estrangeiras são monopólio do
Estado, que é representado pelo Banco Central. Como já foi dito, as operações de câmbio só podem
ser conduzidas por meio de instituições autorizadas, pelo Bacen, a operar câmbio.
A Figura 5, a seguir, mostra como são realizadas as operações nesse mercado.
Figura 5 – Mercado de câmbio
Todas as transações de compra e venda de moeda estrangeira, portanto, devem ser efetuadas
no mercado de câmbio e liquidadas sempre em moeda nacional, ou seja, em reais.
CNSP CNPC
CMN Conselho Nacional Conselho Nacional
Conselho Monetário Nacional de Seguros de Previdência
Privados Complementar
(fundos de pensão)
Corretoras e Bolsa de Entidades
Cooperativas
distribuidoras mercadorias abertas de
de crédito
e futuros previdência
Instituições de Demais
pagamentos instituições Sociedades de
não bancárias capitalização
Fonte: BCB, 2019m.
130 Economia e Mercado
valores mobiliários no Brasil” (CVM, 2019). Entidade autárquica em regime especial, a CVM tem
personalidade jurídica própria e, ainda que vinculada ao Ministério da Economia, tem autoridade
administrativa independente. Além disso, não apresenta subordinação hierárquica, tem autonomia
financeira e orçamentária, e seus dirigentes têm mandato fixo e estabilidade.
As funções exercidas pela CVM, de acordo com o artigo 4º da Lei n. 6.385/1976, são:
I - estimular a formação de poupanças e a sua aplicação em valores mobiliários;
II - promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado
de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de
companhias abertas […];
III - assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de
balcão;
IV - proteger os titulares de valores mobiliários […];
[…]
V - evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar
condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários
negociados no mercado;
VI - assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido;
VII - assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de
valores mobiliários; (BRASIL, 1976)
Esse tipo de entidade operadora dispõe também dos principais serviços oferecidos pelos
bancos comerciais, como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos e
financiamentos. O funcionamento dessa entidade, porém, é diferente, pois todos os associados têm
poder igual de voto, seja qual for sua cota de participação no capital social da cooperativa.
Como o cooperativismo não visa lucros, os direitos e deveres de todos os cooperados são
iguais e a adesão é livre e voluntária. Nesse sentido,
o resultado positivo da cooperativa é conhecido como sobra e é repartido entre
os cooperados em proporção com as operações que cada associado realiza com
a cooperativa. Assim, os ganhos voltam para a comunidade dos cooperados.
No entanto, assim como partilha das sobras, o cooperado está sujeito a participar
do rateio de eventuais perdas, em ambos os casos na proporção dos serviços
usufruídos. (BCB, 2019f)
Ainda que não sejam instituições financeiras e, por isso, não possam realizar atividades como
empréstimos e financiamentos, as instituições de pagamento também estão sujeitas à supervisão
do Banco Central e devem ser constituídas como sociedade empresária limitada ou anônima.
A administradora de consórcios, também vinculada ao Bacen, “é a pessoa jurídica prestadora
de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída
sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima” (BCB, 2019h). Os grupos de consórcio
134 Economia e Mercado
reúnem pessoas naturais e jurídicas e têm prazo de duração e número de cotas previamente
determinados. Esses grupos propiciam a seus integrantes, por meio de autofinanciamento e de
forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços.
As corretoras de títulos e valores mobiliários (CTVM) e as distribuidoras de títulos e
valores mobiliários (DTVM) também estão vinculadas ao Bacen e “atuam nos mercados financeiro
e de capitais e no mercado cambial intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre
investidores e tomadores de recursos” (BCB, 2019i). Essas entidades oferecem diferentes serviços,
tais como “plataformas de investimento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes
de investimentos, financiamento para compra de ações (conta margem) e administração e custódia
de títulos e valores mobiliários dos clientes” (BCB, 2019i).
Enquanto empresa, essas instituições devem ser constituídas sob a forma de sociedade
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada e estão autorizadas a cobrar comissões
e taxas. As corretoras e as distribuidoras são supervisionadas tanto pelo Banco Central quanto
pela Comissão de Valores Mobiliários e hoje podem realizar praticamente as mesmas operações,
estando autorizadas a operar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados
organizados de bolsa de valores.
As principais atividades dessas instituições são:
• comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
• operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros;
• intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no
mercado;
• operar em bolsas de valores;
• administrar carteiras e custodiar títulos e valores mobiliários;
• subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
• exercer funções de agente fiduciário;
• instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
• intermediar operações de compra e venda de moeda estrangeira, além de
outras operações no mercado de câmbio;
• praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico,
por conta própria e de terceiros;
• realizar operações compromissadas;
• praticar operações de conta margem;
• prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em
operações e atividades nos mercados financeiro e de capitais.(BCB, 2019i)
Outra opção para clientes e consumidores acessarem serviços financeiros são as instituições
não bancárias. Elas são assim denominadas por não receberem depósitos à vista nem poderem
criar moeda (por meio de operações de crédito). Também vinculadas ao Bacen, “elas operam com
ativos não monetários como ações, CDBs, títulos, letras de câmbio e debêntures” (BCB, 2019j).
Entre as instituições não bancárias, estão as sociedades de crédito, financiamento e
investimento; as companhias hipotecárias; as agências de fomento; as sociedades de crédito ao
microempreendedor e à empresa de pequeno porte; a associação de poupança e empréstimo; a
sociedade de arrendamento mercantil; e as sociedades de crédito imobiliário.
Sistema financeiro e acumulação de riqueza 135
pretendemos viver, multiplicados por nosso consumo anual, devem ter um resultado igual à
receita oriunda do trabalho multiplicada pelos anos de trabalho.
Para exemplificar, partindo do pressuposto de que não exista inflação ou qualquer outra
externalidade, suponhamos que pretendemos viver por mais 20 anos, tendo um consumo anual
de R$ 36 mil (R$ 3.000,00 por mês), perfazendo um total de R$ 720 mil, equivalente aos mesmos
anos de trabalho a mais e com um salário de R$ 3.000,00 por mês. Mas quem pretende trabalhar
até o último dia de sua vida? Não seria melhor trabalhar, por exemplo, mais dez anos e, a partir daí,
usufruir os dez anos restantes descansando? Nesse caso, o nível de despesas continuaria o mesmo
(R$ 720 mil), mas a renda disponível cairia para R$ 360 mil, pois ficaríamos os dez últimos anos
sem nenhuma renda, ou seja, teríamos que reduzir nosso padrão de consumo pela metade.
Daí é que vem a importância da acumulação de riqueza, que será utilizada para manter o
padrão de vida. No exemplo citado, bastaria ter montado uma estratégia de forma a acumular
esses R$ 320 mil faltantes ao longo de nossa vida útil e, então, utilizá-los na aposentadoria.
Esquematicamente, temos a Figura 7, que ilustra esse processo de consumo, poupança, riqueza
acumulada e aposentadoria.
Figura 7 – Renda líquida, consumo, poupança e riqueza
Riqueza acumulada
Renda líquida
POUPANÇA
Consumo (padrão de vida)
DESPOUPANÇA
Aposentadoria
Anos de vida
Considerações finais
Neste capítulo, foi apresentada a estrutura do sistema financeiro nacional, mostrando as
instituições que o compõem e os instrumentos utilizados para que os mais diferentes mercados
– monetário, crédito, câmbio e capitais – possam funcionar. E, ao final, foi mostrada também a
importância de se acumular riqueza ao longo da vida.
• FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 21. ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2017.
Essa obra é referência para aqueles que atuam no mercado financeiro e que se interessam
por ele. Ela apresenta um detalhamento de cada produto e serviço financeiro e de suas
características, fazendo com que o leitor passe a ter um maior domínio sobre o que
as instituições financeiras oferecem, tanto para tomadores como para aplicadores de
recursos. É um ótimo manual para ter sempre à mão.
• WALL STREET: poder e cobiça. Direção e roteiro: Oliver Stone. EUA: 20th Century Fox,
1987. 1 DVD. cor. (126 min.).
Esse filme é, provavelmente, o mais conhecido sobre a bolsa de valores e conta a história
do investidor Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas, conhecido por sua
ganância e frieza. Além de falar do sistema financeiro como um todo, esse filme mostra
que as corretoras, em vez de ajudar seus investidores, geralmente, estão mais preocupadas
em lucrar.
Atividades
1. Aponte quais são as principais funções do Banco Central do Brasil.
2. A atuação do Banco Central do Brasil se desenvolve em diferentes mercados. Quais são eles?
Referências
BCB – Banco Central do Brasil. Secretaria do CMN. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/
cmn. Acesso em: 2 out. 2019a.
BCB – Banco Central do Brasil. Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Disponível em: https://www.
bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2FPre%2Fcomposicao%2Fcnsp.
asp. Acesso em: 2 out. 2019b.
BCB – Banco Central do Brasil. Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Disponível em: https://
www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fcgpc.
asp. Acesso em: 2 out. 2019c.
BCB – Banco Central do Brasil. Banco Central do Brasil. Portal de Dados Abertos. Disponível em: https://
dadosabertos.bcb.gov.br/organization/about/banco-central. Acesso em: 2 out. 2019d.
BCB – Banco Central do Brasil. O que é banco (instituição financeira). Disponível em: https://www.bcb.gov.
br/estabilidadefinanceira/bancoscaixaseconomicas. Acesso em: 2 out. 2019e.
BCB – Banco Central do Brasil. O que é cooperativa de crédito? Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
estabilidadefinanceira/cooperativacredito. Acesso em: 2 out. 2019f.
BCB – Banco Central do Brasil. O que é instituição de pagamento? Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
estabilidadefinanceira/instituicaopagamento. Acesso em: 2 out. 2019g.
BCB – Banco Central do Brasil. O que é administradora de consórcios? Disponível em: https://www.bcb.gov.
br/estabilidadefinanceira/administradoraconsorcio. Acesso em: 2 out. 2019h.
BCB – Banco Central do Brasil. O que são a corretora e a distribuidora de títulos e de valores mobiliários?
Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/corretoradistribuidora. Acesso em: 2 out. 2019i.
BCB – Banco Central do Brasil. O que são instituições não bancárias? Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
estabilidadefinanceira/instituicoesnaobancarias. Acesso em: 2 out. 2019j.
BCB – Banco Central do Brasil. Bolsas de mercadorias e futuros. Disponível em: https://www.bcb.gov.
br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fbmf.
asp%3Fidpai%3DSFNCOMP. Acesso em: 2 out. 2019l.
BCB – Banco Central do Brasil. Sistema Financeiro Nacional (SFN). Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
estabilidadefinanceira/sfn. Acesso em: 2 out. 2019m.
BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 9 dez. 1976.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385compilada.htm. Acesso em: 2 out. 2019.
NOGAMI, Otto. Não seja o pato do mercado financeiro: as aventuras do Pato Rico. São Paulo: Avercamp, 2004.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos Roberto M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
2. Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas,
como os alimentos, o vestuário, os livros; ou seja, são tangíveis. Serviços, por sua vez,
são intangíveis, visto que não podem ser tocados, como os serviços de transporte, de
médicos, de um advogado, entre outros. Já os chamados recursos produtivos são os fatores
utilizados nos processos de produção dos mais diferentes tipos de bens, como o trabalho, as
matérias-primas, as máquinas etc.
3. Os agentes econômicos são pessoas, de natureza física ou jurídica, que podem ser
classificados em: famílias, empresas e governo. As ações desses agentes são essenciais
para o funcionamento do sistema econômico.
E’
P1
E
Pe Demanda
final
Demanda
inicial
0
Qe Q
Quantidade
5. Dada uma margem de contribuição, quanto menor o custo fixo, mais rapidamente a empresa
atingirá o seu break-even point.
2. É o PIB do país dividido pelo seu número de habitantes, estabelecendo uma média desse valor.
5. É mais interessante, para a economia de um país, que haja desemprego moderado, sem
inflação, pois, apesar da existência do desemprego (que é baixo), preserva-se o poder de
compra das famílias empregadas.
Gabarito 143
3. Em uma economia produtiva em expansão, o investimento bruto deve ser maior que a
depreciação, pois, do contrário, teríamos uma retração da atividade econômica, que acontece
quando o investimento bruto não cobre a depreciação dos ativos físicos de produção.
4. Ela é a base para que investimentos no setor privado possam ser realizados.
4. Sim, é ruim, pois mostra um déficit nas contas externas, o que pode, no longo prazo,
comprometer a reserva cambial.
2. As pessoas preferem manter menos dinheiro guardado nesses casos porque a taxa de juros
alta aumenta a rentabilidade das aplicações financeiras. Isso significa que é mais vantagem
manter menos dinheiro no bolso e mais em aplicações.
3. Resultado primário é o resultado que o governo alcança antes do pagamento dos juros
da dívida interna. Já o resultado nominal é o resultado depois do pagamento dos juros da
dívida interna.
4. É o resultado primário que o governo tem que atingir, fixado pela Lei das Diretrizes
Orçamentárias e dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal. O não cumprimento das metas
orçamentárias pode levar o governante a um processo de impeachment.
5. Pode tornar os produtos exportáveis mais baratos em moeda estrangeira, deixando-os mais
competitivos em preço.
3. É uma instituição financeira, privada ou pública, que, além de banco comercial, acumula
funções de outras carteiras, como a de desenvolvimento, investimento ou câmbio.
58799
Otto Nogami
Economia
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6518-9
Otto Nogami
9 788538 765189
e Mercado