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Economia II

Prof. Tiarajú Alves de Freitas

Estruturas de Mercado
Fonte: Fundamentos de Economia
Marco Antonio S. Vasconcellos
Manuel Enriquez Garcia
3º Edição | 2009 |
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.1 Introdução

Na teoria microeconômica estudamos o


comportamento do indivíduo, retratado na figura do
consumidor ou nas funções de empresário, proprietário
ou administrador de um empreendimento.
Na perspectiva de empresário, o indivíduo irá
combinar os insumos ou fatores de produção de modo a
gerar um bem ou viabilizar a prestação de um serviço.
O preço é, portanto, o denominador comum
entre a oferta e a procura.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.2 Definindo mercado

Mercado
É o conjunto de pontos de contato (ou o evento
de reunir ou colocar juntos) entre vendedores de um
bem (produto final ou insumo) ou prestadores de serviço
e os potenciais compradores desse bem ou os usuários
de tal serviço, de modo a serem estabelecidas as
condições contratuais de venda e compra ou da
prestação e uso do serviço, bem como concretizados os
negócios resultantes do acordo.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.2 Definindo mercado

Algumas observações:

 este conceito comporta qualquer tipo de


intercâmbio (troca direta e indireta)
 mercado caracterizado por descontinuidade
territorial
 negociações voluntárias – o sistema de preços
funcionará como um denominador comum para a
ocorrência da comercialização
 é desnecessária a presença explícita das partes
envolvidas no processo (globalização)
 diferentes estágios do processo de transação
(atacado e varejo)
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.3 Determinantes das estruturas

Dois elementos são fundamentais para determinar as


estruturas mercadológicas:

quantidade de agentes (maneira como se


comportam dentro do conjunto);

natureza do produto final/serviço ou do


fator de produção
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.3 Determinantes das estruturas

Quanto a quantidade de agentes, podemos ter:


 mercados atomizados: representam situações
despersonalizadas em que grande quantidade de agentes
está presente, ou seja, as decisões de cada um não são
captadas pelos outros. Isso acontece em mercados
concorrenciais.

 mercados não atomizados: constituem


cenários em que poucos agentes estão presentes, e neste
caso alterações comportamentais de qualquer um dos
agentes são captadas pelos demais, que procurarão reagir
apropriadamente.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.3 Determinantes das estruturas

Quanto a natureza do produto final/serviço ou do fator de


produção, podemos ter:
 mercados puros: quando há homogeneidade
entre os bens objeto das negociações. Dessa forma, os
produtos finais/serviços ou fatores de produção presentes
nas transações são idênticos ou padronizados (ou seja, são
substitutos perfeitos).

 mercados imperfeitos: ocorrem sempre que as


negociações dos produtos finais/serviços ou dos insumos
pressuporem estes como diferenciados (ou não
homogêneos) quanto à origem, condições de
comercialização, qualidade e/ou outros atributos.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.3 Determinantes das estruturas

São identificáveis pelo menos três maneiras de


diferenciação dos produtos finais/serviços ou dos fatores
produtivos:

 atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos

 imagem transmitida

 características dos agentes


Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.3 Determinantes das estruturas


Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.4 Concorrência pura e perfeita


7.4.1 Preliminares

Características do caso de concorrência perfeita


 livre mobilidade dos agentes;
 ausência de externalidades (prevalecendo o
princípio da indiferença)
 transparências (ou informação perfeita e
completa)
 divisibilidade perfeita dos insumos e produtos
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.4 Concorrência pura e perfeita


7.4.1 Preliminares
A rigor, a concorrência pura e perfeita é uma
estrutura de mercado utópica, retratando uma hipótese
de trabalho. Os mercados reais sempre estarão sujeitos
a algum tipo de imperfeição. Por essa razão, é mais
comum tratarmos de concorrência (quase) pura e
(quase) perfeita.

7.4.2 Exemplos
 contexto de produtos agrícolas
 ambiente virtual
 mercado de trabalho de mão-de-obra não
especializada.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.4 Concorrência pura e perfeita


7.4.3 Desdobramentos do conceito de
concorrência
A concorrência (quase) pura e (quase) perfeita,
embora não ideal, serve de modelo na verificação da
eficiência de alocação de recursos nas demais estruturas
de mercado.
Com muitos produtores concorrentes entre si,
eles ficam impossibilitados de competir via preços (terão
incentivos para melhorar os métodos de produção e
reduzir os custos)  Lucro em patamar mínimo.
 se os lucros forem auspiciosos, novos concorrentes
serão atraídos, certos de que usufruirão essas beneces, e isso
elevará a oferta do bem, os preços declinarão e os lucros
voltarão a ser mínimos.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.5 Mercados imperfeitos

As estruturas mercadológicas que deixam de


atender a quaisquer dos determinantes dos mercados
concorrenciais (quase) puros e (quase) perfeitos são
denominadas imperfeitas.

Logo, todos os mercados que não satisfazem o


princípio da atomização e/ou da homogeneidade do
produto final/serviço ou do fator de produção objeto de
transações.
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7.6 Monopólio
7.6.1 Conceito e desdobramentos

O monopólio é o extremo oposto da concorrência


(quase) pura e (quase) perfeita. É também um mercado
bem difícil de se encontrar, já que é complexo conceber
um produto final/serviço para o qual não existam
substitutos.

Logo, coloca-se o monopólio como a estrutura


mercadológica em que um único vendedor é o
responsável pela transação de um produto final ou pela
prestação de um serviço para o qual não exista um bom
substituto.
Capítulo 7
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7.6 Monopólio
7.6.1 Conceito e desdobramentos

Observações:
 governos repudiam o aparecimento ou a existência
de monopólios

 o monopolista fixa o preço do bem a ser


transacionado, ou a quantidade destinada à comercialização.
Ele não pode, portanto, atuar sobre ambos.

 o monopolista, contrariamente ao concorrente


(quase) puro e (quase) perfeito, pode auferir lucros mesmo em
longo prazo, já que há condições de evitar a entrada de
concorrentes potenciais.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.6 Monopólio
7.6.2 Condições de existência do monopólio

A viabilização de uma estrutura monopolista pressupõe


que existam barreiras ou obstáculos que impeçam a
entrada de concorrentes potenciais.
As bases para estabelecimento dessas barreiras são de
várias ordens:
 tecnológicas
 legais e institucionais (domínio ou controle da fonte
supridora de matéria-prima, direitos autorais, marcas registradas,
patentes, concessões)

 outras (dimensão do mercado, domínio global dos


canais de distribuição de um produto tanto pelos atacadistas como
pelos varejistas).
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Estruturas de mercado

7.6 Monopólio
7.6.3 Vantagens e desvantagens do monopólio

Vantagens
 Produção em larga escala – redução de custos

Desvantagens
 Possibilidade de ineficiência da firma
monopolista e falta de estímulo para melhoria de
métodos produtivos;

 Limitação imposta aos consumidores quanto à


oportunidade de compra e escolha;

 preços abusivos levam a lucros elevados.


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7.6 Monopólio
7.6.4 Tipos de monopólio

Monopólio com planta única


X
Monopólio com múltiplas plantas

Monopólio a preço único


X
Monopólio com discriminação de preços
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.6 Monopólio
7.6.4 Tipos de monopólio
No caso de discriminação de preços, podem-se
verificar três graus de discriminação:
 discriminação de preços de primeiro grau
(ou discriminação perfeita): neste caso, o monopolista
extrai todo o excedente monetário do consumidor.
 discriminação de preços de segundo
grau: os distintos patamares de preços acontecem de
acordo com o volume de utilização do bem (atacado e
varejo, por exemplo)
 discriminação de preços de terceiro grau:
neste caso, preços mais elevados são estabelecidos para
grupos com menor elasticidade-preço da demanda. (por
exemplo, meia-entrada para estudantes)
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.7 Monopsônio

A estrutura mercadológica do monopsônio diz


respeito ao caso em que existe um único agente
comprador de um recurso produtivo/insumo/fator de
produção homogêneo (padronizado, sem substitutos).
Neste caso, o agente concentrará em si a
totalidade da aquisição do insumo e, geralmente, se
defrontará com um grande número de ofertantes.
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7.8 Oligopólio
7.8.1 Conceitos e categorias

O oligopólio, uma extensão do monopólio,


representa uma estrutura mercadológica não atomizada,
ou seja, incorpora reduzido número de agentes
vendedores, concorrentes rivais entre si.
Ou seja, existe interdependência mútua e
incerteza quanto aos eventuais procedimentos desses
agentes, que são responsáveis ao menos pela maior
parte da produção comercializada.
Capítulo 7
Estruturas de mercado

7.8 Oligopólio
7.8.1 Conceitos e categorias

Existem duas categorias de oligopólio:

Oligopólio puro: é o caso-limite, ocorrendo quando o


produto final/serviço envolvido na transação for de
natureza homogênea ou padronizada, e não apresentar
substituto. Neste caso, o vendedores rivais tendem a
efetuar acordos organizados (cartéis) ou não
organizados.

Oligopólio diferenciado: quando o produto


final/serviço conta efetivamente com substituto(s), pois
não é homogêneo.
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7.8 Oligopólio
7.8.2 Como e por que surgem os oligopólios?

Há explicações distintas sobre como e por que os


oligopólios surgem.
Algumas delas são:
 históricas
 fusões e incorporações
 implantação de políticas específicas
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Estruturas de mercado

7.8 Oligopólio
7.8.3 Vantagens e desvantagens dos oligopólios

Vantagens
 Os patamares de preços podem permanecer
estáveis;
 empresas tecnologicamente progressitas, que
ofertam melhores produtos aos consumidores.

Desvantagem
 os consumidores preferem preços menores
para os produtos adquiridos.
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Estruturas de mercado

7.9 Oligopsônio
7.9.1 Peculiaridades

Extensão do monopsônio, a estrutura


mercadológica do oligopsônio corresponde ao caso em
que três ou mais compradores, concorrentes rivais entre
si, concentram a aquisição do bem .
A natureza do fator de produção poderá ser
homogênea, caracterizando um oligopsônio puro, ou não
homogênea, aplicável ao oligopsônio diferenciado.
O oligopsônio é a contrapartida ou está para os
fatores de produção em posição análoga ao caso do
oligopólio no que tange ao mercado de produtos
finais/serviços.
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Estruturas de mercado

7.10 Concorrência monopolística


7.10.1 Aspectos relevantes

Situada entre a concorrência pura e perfeita e o


monopólio, é uma estrutura de mercado atomizada com
produtos finais/serviços não homogêneos, porém
substitutos próximos ainda que não perfeitos.
Prevalece nessa estrutura a livre mobilidade dos
agentes.
A competição entre os vendedores pode ser feita
através da promoção de vendas, ou ainda da variação
da qualidade do produto.
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7.11 Concorrência monopsonística

A contrapartida da concorrência monopolística,


aplicável aos fatores de produção, é a concorrência
monopsonística.
Caracterizada pela existência de grande número
de compradores (atomização do mercado) de insumos
heterogêneos ou não padronizados, tais agentes podem
manifestar preferência pela aquisição de determinado
ofertante, mas não possuem qualquer poder sobre os
preços.
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7.12 Monopólio bilateral

A estrutura mercadológica rotulada de monopólio


bilateral constitui mercado à parte e concretiza-se
quando há um único vendedor de um recurso produtivo
(monopolista) para um único adquirente
(monopsonista).

Portanto, estão face a face o monopolista e o


monopsonista.
Principais características das estruturas basicas de
mercado
Características Concorrência Monopólio Oligopólio Concorrência
perfeita monopolística
1. Quanto ao número Muito grande Só há uma empresa. Pequeno Grande
de empresas

2. Quanto ao produto Homogêneo. Não há Não há substitutos Pode ser homogêneo Diferenciado
quaisquer diferenças. próximos. ou diferenciado.

3. Quanto ao controle Não há possibilidades As empresas têm Embora dificultado Pouca margem de
das empresas sobre de manobras pelas grande poder para pela interdependência manobra, devido à
os preços. empresas. manter preços entre as empresas, existência de
relativamente essas tendem a substitutos próximos.
elevados, sobretudo formar cartéis
quando não há controlando preços e
intervenções quotas de produção.
restritivas do governo
(leis antitrustes).
4. Quanto à Não é possível nem A empresa geralmente É intensa, sobretudo É intensa, exercendo-
concorrência seria eficaz. recorre a campanhas quando há se pelas diferenças
extrapreço institucionais, para diferenciação do físicas, de
salvaguardar sua produto. embalagens e
imagem. prestação de serviços
complementares.
5. Quanto às Não há barreiras. Barreiras ao acesso Barreiras ao acesso Não há barreiras.
condições de ingresso de novas empresas. de novas empresas.
na indústria

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