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As condições requeridas para a definição de um mercado sob concorrência perfeita são tão
rigorosas que, dificilmente, se encontrarão na realidade exemplos que as preencham
satisfatoriamente. Há, quando muito, casos que se aproximam dos modelos teoricamente
descritos. Nenhum pórem, satisfaz plenamente todas as condições requeridas:
Efetivamente, não há mercados que preencham todas estas condições, o tempo todo.
Segundo K. Lancaster, “talvez nunca tenho existido uma económia em que todos os
mercados – de fatores, de insumos e de produtos – fossem perfeitamente competitivos, no
sentido de que nenhum comprador ou vendedor assumisse importancia tal que suas ações
indivíduais produzissem efeitos perceptíveis sobre as condições dadas de equilibrio”. Um
mercado, durante algum tempo, pode funconar sob condições próximas da abstração ideal
da concorrência perfeita. Mas ainda assim, ele estará contaminado por imperfeições o
bservadas em outros mercados com os quais interage. É o caso do mercado de produtos
agrícolas, geralmente apontado como o mais próximo do modelo perfeitamente
competitivo. Mas de um lado, ele está sujeito aos efeitos de imperfeições que se observam a
seu redor, de que são exemplos os suprimentos de quase todos os insumos, procedentes de
setores oligopolizados, que por sua vez, transacionam com fornecedores monopolistas –
fertilizantes e defensivos enquadram – se nesta categoria. De outro lado, ainda que quase
todos os produtos da atividade agrícola possuam substitutos, o grau de substitubilidade não
é rigorosamente perfeito. E por fim, os produtos não têm homogeneidade equivalente à
definida pelo modelo ideal. Geralmente, observam – se variações qualitativas: umas
atribuíveis a processos de produção; outras resultantes de variedades genéricas.
Sendo assim, como não se encontram paralelos perfeitos no mundo real, qual seria então o
interesse em examinar as condições de equilíbrio dos mercados sob concorrência perfeita?
Ou então, que interesse há em aprofundar as codições de uma ecónomia imaginária, menos
ainda verossímil, em que todos os mercados estivessem regidos por estruturas
perfeitamente competitivas?
- A estrutura de concorrência perfeita, tal como formulada pela síntese neoclássica, é uma
referência teórica de eficiência em vario sentidos:
– A comparação do que ocorreria sob as condições da abstração ideal com o que de fato
ocorre nos mercados imperfeitamente compeitivos pode servir de guia tanto para
intervenções corretivas, quanto para políticas de preservação da concorrência. Neste sentido
a concorrência perfeita é uma especié de objetivo – padrão, que se pode inspirar e justificar
políticas de interesse público.
- Não obstante seja descrito como modelo ideal, a concorrência perfeita, pela singularidade
de suas rígidas condições, é também passível de avaliação. Diante de particularidades das
ecónomias industrializadas modernas, em especial as relacionadas às tecnologias de
produção em larga escala, podem – se definir exceções às regras neoclásicas de otimização
do bem - estar social pela concorrência perfeita. As exceções justificam –se pela
incompatibilidade entre o modelo referencial e outros requisitos de otimização, ditados por
novos conceitos teóricos, novas conquistas tecnológicas ou novos arranjos institucionais.