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A palavra mercado vem do latim mercãtus, que deriva do verbo mercari (comprar) e de
merx (mercadoria), cuja origem é mercúrio - deus do comércio (Bárcena, 2022). Traduzido do
latim, mercado significa “negócio, comércio, tráfico, mercado, feira (Rezende & Bianchet, 2010,
p. 377).
Hoje em dia, fruto da evolução dos tempos e das relações sociais, a palavra mercado
apresenta um sentido mais amplo, é considerado “um contexto no qual ocorrem trocas voluntárias
entre compradores e vendedores sem ser necessário o contato direto entre pessoas” (Sousa, 2006,
p. 9). Desta forma, podemos considerar que é o ambiente social ou virtual, onde se realizam um
conjunto de ações relacionadas com a procura e oferta de um produto, bem, ou serviço, nos quais
com duas questões fundamentais, quanto produzir e a que preço vender. Se não existissem
restrições maximizavam a produção e realizavam as vendas ao maior preço possível, mas as suas
aspirações encontram limitações, nomeadamente ao nível de mercado, pois apenas podem vender
as quantidades que os consumidores estão dispostos a comprar (Gonçalves et al., 2006, p. 34).
entre si” (Sandroni, 2016, p. 338) tendo em conta as variáveis do preço e do produto. O produto,
cuja finalidade de estudo é desenvolver princípios e previsões acerca do comportamento dos seus
agentes, diferentes possibilidades de interação entre a oferta e a procura, e encontrar uma forma
A obtenção de resposta a estas questões é fundamental para que se possa atingir o bem-
compram bens e serviços, como por empresas que adquirem recursos para a produção desses
mesmos bens e serviços. O lado dos vendedores é composto pelas empresas e por proprietários
de recursos. A interação e transações que estes agentes estabelecem entre si dá origem aos
mercados, e às suas diferentes estruturas que podem ser divididas em dois sistemas principais,
Um dos modelos mais simples das diferentes estruturas de mercado foi definido em 1933
compradores que compõe o mercado. A partir deste único elemento diferenciador evidenciou as
1Heinrich Freiherr von Stackelberg: 1905-1946, economista alemão professor da Universidade de Berlin,
reconhecido pelo seu modelo estratégico de liderança e autoria da obra “Market Structure and Equilibrium
(Marktform und Gleichgewicht), 1934” ("wikipedia.org, 2022. Heinrich Freiherr von Stackelberg);
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Atualmente, o modelo de estruturas de Stakelberg não é o mais utilizado, mas a sua
simplicidade foi utilizada como base para evoluções que surgiram devido a dificuldades de análise
aos mercados, nomeadamente quando o produto apresenta algum grau de diferenciação, ou seja,
compradores, cujo produto apresenta algum grau de diferenciação (Gonçalves et al. 2006, p. 42).
Por conseguinte, “a classificação efetiva da estrutura de mercado pode ser vista por quatro
óticas principais: concorrência perfeita e monopólio puro, como mercados abstratos, concorrência
monopolística e oligopólio, como mercados reais ou efetivos devido a serem os que funcionam
na realidade do sistema” (Sousa, 2006, p. 11, as cited in Henderson & Quandt, 1976).
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Capítulo 3 – Concorrência perfeita
filósofos do século XVIII onde predomina o laissez-faire1. Este sistema prevaleceu até ao final
do século XIX, altura em que a economia se tornou mais complexa devido ao desenvolvimento
do comércio e aumento da especulação financeira (Mendes et. al, 2009, p.66-67). A concorrência
perfeita corresponde a uma situação limite de mercado em que nenhum dos intervenientes reúne
condições para modificar o preço devido à sua pequena dimensão, as empresas agem
individualmente sem ter em conta as ações da concorrência, o funcionamento rege-se pela lei da
procura e oferta, vigora o equilíbrio2 (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 150). Este sistema é
idêntico) são as condições primárias que definem uma empresa em concorrência perfeita, é uma
empresa que aceita o preço do mercado, é price taker4 (Samuelson & Marks, 2011, p. 289).
Este sistema prevalece em mercados financeiros e no setor agrícola, mas não representa
muitos factos associados às indústrias modernas. Contudo, o seu estudo é importante porque
comparação ou ponto de partida para análise a outro tipo de mercados (Samuelson, 1981, p. 497).
1Laissez-faire: expressão francesa que simboliza o liberalismo econômico constituído após a revolução industrial
do século XVIII, em que os mercados devem funcionam livremente sem interferências (Sandroni, 2016, p. 941);
2 Mercado em equilíbrio: é uma situação de mercado em que o preço e a quantidade de um bem se igualam pela
procura e oferta (Nunes, 2019a);
3 Atomicidade: mercado formado por infinitos vendedores e compradores, que de forma isolada não têm influência
sobre os preços praticados; (Pereira, 2017);
4 Price taker: expressão inglesa que significa “aceitante de preço”, designa uma empresa sem poder para fixar
o preço pelo qual o seu produto é vendido (“Nunes, 2017);
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3.1 Procura do mercado
sua “curva” da procura. A Figura 3 mostra o contraste entre a procura do mercado (a - esquerda)
e a procura de uma única empresa (b - direita). A curva da procura (D) do mercado é negativamente
inclinada e apresenta uma procura inelástica no seu ponto de equilíbrio (A), contudo a curva da
procura de uma única empresa (d) é horizontal, isto é, infinitamente elástica3. Isto resulta da sua
pequena dimensão relativamente ao mercado, pois a sua curva da procura é apenas uma fração de
segmento da curva do mercado. Desta forma, ao preço do mercado a empresa pode vender as
quantidades que pretender, mas a um preço superior não consegue vender qualquer unidade
exige um nível de conhecimento mais avançado, cuja explicação compreensiva também implicaria
um nível de detalhe incompatível com o objetivo resumido deste trabalho. Desta forma, efetuamos
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❖ Receita, Rendimento e Rentabilidade:
• Como o preço (P) não é influenciado pela quantidade vendida (q), a receita total é linear.
O lucro total (LT) é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
LT = RT – CT = P x q - CT (Samuelson, 1981, p. 508);
• Para existir lucro é necessário que o CTM3-custo total médio da produção seja inferior ao
preço (Samuelson, 1981, p. 511);
• O efeito que a alteração da procura produz é diferente entre o curto e longo prazo.
A alteração da procura produz maior ajuste no preço e menor nas quantidades no curto
prazo do que no longo prazo (Samuelson & Nordhaus, 2009, pp. 155-156);
• No longo prazo a produção é caracterizada por igualdades e o lucro tende para zero, a
chamada condição “lucro económico zero” P = Rmg = Cmg = CTM menor.
(Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 157; Samuelson & Marks, 2011, p. 310);
1Rmg: Receita marginal, designa a variação da receita total de uma empresa provocada pela variação de uma
unidade de produção de um determinado bem (Nunes, 2019b);
2Cmg: Custo marginal, corresponde ao acréscimo dos custos totais de produção quando se aumenta a quantidade
produzida de um bem em uma unidade (Nunes, 2019c);
3CTM: Custo total médio, média do custo de produção de cada unidade (Pires, 2012);
4Shutdown point: traduzido do inglês significa “ponto de desligamento”, nível de operações em que não se obtém
nenhum benefício em continuar no mercado (Barone, 2020);
5CVM: Custo variável médio, custo variável total dividido pelo número de unidades produzidas (Pires, 2012);
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Capítulo 4 – Concorrência imperfeita
p. 10). Os principais determinantes que contribuem para esta concentração são as economias de
A concorrência imperfeita existe sempre que uma empresa consegue exercer algum grau
de controlo ou influência sob o preço do produto, o que atualmente é a regra geral. Portanto, pode-
se dizer que no mundo real, a maioria das estruturas de mercado insere-se no domínio da
O “controlo” das empresas sobre o preço leva a outra característica que pode ser observada
concorrência imperfeita (b – direita) enfrentam curvas da procura não horizontais. Isto significa
1 Economia de escala: produção de bens em larga escala com vista a uma redução considerável dos custos, existe
uma racionalização intensiva da atividade produtiva (Sandroni, 2016, p. 551);
2 Interação estratégica: interdependência entre o número reduzido de empresas que compõe um mercado, ocorre por
o negócio de uma empresa depender do comportamento dos concorrentes (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 189);
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que quando uma empresa decide aumentar a oferta, tal irá causar a baixa do preço ao longo da
inclinação descendente da curva da procura. De igual forma, uma descida de preço dos seus
concorrentes fará com que a sua curva da procura sofra um deslocamento para a esquerda(d’), ou
conceito foi introduzido em 1933 por E. H. Chamberlain1, ao evidenciar que além do preço existem
outros fatores com influência na procura do produto, como a sua diferenciação. O termo em si,
e das empresas terem algum grau de monopólio na determinação do preço devido à diferenciação
do produto (Gonçalves et al., 2006, pp. 41-42). Como referido por Samuelson, a diferenciação do
produto pode ser real, isto é natural, ou artificial, quando introduzida deliberadamente:
“Cada empresa vendedora tenta fazer com que o seu produto seja um pouco diferente dos
de marcas diferentes dentro do mesmo tipo de produto numa prateleira do supermercado. Outro
tipo de diferenciação é a localização do produto, por exemplo os postos de combustível, cujo local
pode conferir algum grau de vantagem ao vendedor (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 191).
1 Edward Hastings Chamberlin, 1899-1967, economista Americano e professor na Universidade de Harvard, inovou
a microeconomia moderna através do desenvolvimento da teoria da competição monopolística, autor da obra “The
Theory of Monopolistic Competition, 1933” (Polinomics, 2017. Edward Chamberlin);
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Esta diferenciação significa que o produto deixa de enfrentar a curva da procura horizontal
característica da estrutura concorrencial perfeita, o que permite ao vendedor aumentar o preço sem
perder a totalidade das suas vendas para os concorrentes, ou baixar o mesmo para induzir um
aumento da procura (Samuelson & Marks, 2011, p. 336; Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 191).
1981, p. 509), o que pode ser verificado no ponto E da Figura 5 quando as respetivas curvas
equilibro de uma empresa, com o preço definido pela curva da procura (d) no ponto G. Como o
preço está acima do custo total médio (curva representada por AC), a empresa encontra-se em
situação de lucro (representada pela área sombreada ABGC). Visto não existirem barreiras neste
tipo de mercado, pode-se observar (à direita) que após a entrada de outros concorrentes com
produtos semelhantes, existe uma redução da procura com o deslocamento curva para a esquerda
(d’) até que encontre a curva do custo total médio. Isto significa que no longo prazo, o equilibro
(G’) do mercado será no ponto em que os lucros económicos se reduzem até zero, onde a receita
marginal, custo marginal, preço e custo total total médio são iguais: (Rmg = Cmg ; P = CTM)
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4.3 Monopólio
A palavra monopólio tem origem na junção das palavras gregas mono (um) e polist
Apenas existe um vendedor em controlo total do mercado e não existem outras indústrias com um
produto substituto idêntico, o que leva à empresa a exercer um grau de controlo considerável sob
Hoje em dia o monopólio puro é raro, inclusive está proibido pela legislação da maioria
dos países, com exceção daqueles exercidos pelo próprio estado (serviços públicos de energia) ou
categoria todas as empresas que controlem mais de um terço do mercado (Sandroni, 2016, p. 1157).
4.4 Oligopólio
Em economia é uma situação de mercado com poucos vendedores, igualmente caracterizada pela
que respeita ao produto podem existir duas situações distintas, o produto é idêntico, como no caso
produtor/vendedor. Tratam-se de estruturas cujo foco está no lado dos compradores, são o
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4.5.1 Monopsónio
vendedores, o produto regra geral é uma matéria-prima, que retornará ao processo produtivo para
transformação em bens finais. Os preços não são determinados pelos vendedores, mas pelo único
comprador. É uma situação muito rara no mercado, mas que pode ser verificada em empresas
estatais que adquirem produtos estratégicos, como por exemplo o caso do petróleo (Sandroni,
2016, p. 1158).
4.5.2 Oligopsónio:
vendedores, e conforme no caso do monopsónio, o produto também é regra geral uma matéria-
prima. Neste tipo de mercado o comprador sabe que o preço pago pelo produto tem impacto no
preço pago pelos outros compradores, e vice-versa, portanto está presente a interação estratégica
É uma estrutura de mercado composta por apenas um único comprador e vendedor, onde
coexiste o monopólio da oferta e da procura. Tal significa que o preço pode ser influenciado tanto
pelo vendedor como pelo comprador, sendo normalmente determinado através de negociação. É
um tipo de estrutura que se verifica na comercialização de bens não comuns, como por exemplo
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Capítulo 5 – Considerações finais
Em termos genéricos, podemos referir que a elaboração deste trabalho permitiu aferir que
do lado da oferta e da procura, e o grau de diferenciação que o produto possa apresentar, sendo as
seu produto, aceitam o oferecido pelo mercado, são price taker. Atualmente, os mercados em
aproximada da concorrência perfeita, distingue-se por o produto não ser homogéneo, a sua
diferenciação pode ser natural, ou induzida artificialmente, para que o produto deixe de respeitar
as regras do preço de mercado em concorrência perfeita. Foi assim que nasceu o conceito do
um vendedor em controlo total do mercado e não existem outras indústrias com um produto
substituto idêntico, o que leva à empresa a exercer um grau de controlo considerável sob a
determinação do preço.
cada um poder influenciar o preço, e pela existência de interação estratégica. No que respeita ao
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As estruturas de mercado caracterizadas na ótica dos compradores, são o oligopsónio, o
com poucos compradores e muitos vendedores, o monopólio bilateral é uma estrutura composta
resumida a vertente histórica da sua evolução com a componente teórica, identificar uma sequência
lógica de apresentação dos conteúdos que contribuísse para a sua compreensão. Por outro lado,
sendo o nosso primeiro trabalho académico, os aspetos relacionados com o emprego das normas
para a sua elaboração e apresentação, que encaramos como oportunidade de adquirir novas
competências.
No que respeita aos objetivos propostos consideramos que foram alcançados, pois foi
possível consolidar e adquirir novos conhecimentos acerca das diferentes estruturas de mercado,
que a interação dos seus agentes traduz para a relação entre a procura e oferta, bem como para a
Tendo em conta que a obtenção do lucro está na natureza das empresas, e que atualmente
têm a capacidade exercer influência na determinação dos preços, consideramos que o estudo dos
mercados em concorrência imperfeita deve continuar a ser objeto de especial atenção e estudo
aprofundado, pois as motivações capitalistas das empresas têm a tendência a sobrepor-se aos
sociedade em geral.
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Referências
GONÇALVES, A. et. al. (2006). Engenharia econômica e finanças, Rio de Janeiro, Elsevier
Editora
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SAMUELSON, P. A. & MARKS, S. G. (2009). Manegerial Economics, 7ª edição, Jefferson
City, John Wiley & Sons, Inc
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