Você está na página 1de 15

Capítulo 1 - Introdução

A palavra mercado vem do latim mercãtus, que deriva do verbo mercari (comprar) e de

merx (mercadoria), cuja origem é mercúrio - deus do comércio (Bárcena, 2022). Traduzido do

latim, mercado significa “negócio, comércio, tráfico, mercado, feira (Rezende & Bianchet, 2010,

p. 377).

Hoje em dia, fruto da evolução dos tempos e das relações sociais, a palavra mercado

apresenta um sentido mais amplo, é considerado “um contexto no qual ocorrem trocas voluntárias

entre compradores e vendedores sem ser necessário o contato direto entre pessoas” (Sousa, 2006,

p. 9). Desta forma, podemos considerar que é o ambiente social ou virtual, onde se realizam um

conjunto de ações relacionadas com a procura e oferta de um produto, bem, ou serviço, nos quais

as empresas se movem e competem pelas preferências dos consumidores.

As empresas são organizações orientadas para o lucro que se depararam constantemente

com duas questões fundamentais, quanto produzir e a que preço vender. Se não existissem

restrições maximizavam a produção e realizavam as vendas ao maior preço possível, mas as suas

aspirações encontram limitações, nomeadamente ao nível de mercado, pois apenas podem vender

as quantidades que os consumidores estão dispostos a comprar (Gonçalves et al., 2006, p. 34).

A concorrência é a “situação do regime de iniciativa privada em que empresas competem

entre si” (Sandroni, 2016, p. 338) tendo em conta as variáveis do preço e do produto. O produto,

é um dos elementos de referência utilizado para distinguir os mercados em diferentes estruturas,

cuja finalidade de estudo é desenvolver princípios e previsões acerca do comportamento dos seus

agentes, diferentes possibilidades de interação entre a oferta e a procura, e encontrar uma forma

de determinar os preços dos produtos e as quantidades que as empresas devem produzir.

A obtenção de resposta a estas questões é fundamental para que se possa atingir o bem-

estar e equilíbrio geral de todo o sistema econômico. Atualmente as principais estruturas de

mercado na ótica do produtor são a concorrência perfeita, a concorrência monopolística, o

monopólio e o oligopólio (Krugman & Wells, 2007, p. 290).


1
Capítulo 2 – Estruturas de Mercado

Os mercados dividem as unidades econômicas em dois grupos principais, os compradores

e os vendedores. A vertente dos compradores é constituída tanto pelos consumidores que

compram bens e serviços, como por empresas que adquirem recursos para a produção desses

mesmos bens e serviços. O lado dos vendedores é composto pelas empresas e por proprietários

de recursos. A interação e transações que estes agentes estabelecem entre si dá origem aos

mercados, e às suas diferentes estruturas que podem ser divididas em dois sistemas principais,

sistema de concorrência pura ou perfeita, e sistemas imperfeitos de economia mista com

intervenção governamental (Mendes, et. al., pp. 65-68).

Um dos modelos mais simples das diferentes estruturas de mercado foi definido em 1933

por Stakelberg1, que apenas tem em consideração o número de vendedores e o número de

compradores que compõe o mercado. A partir deste único elemento diferenciador evidenciou as

seguintes nove estruturas possíveis (Gonçalves et al. 2006, p. 41).

Figura 1 – Modelo de estruturas de mercado de Stakelberg.

Fonte: Gonçalves et al. (2009).

1Heinrich Freiherr von Stackelberg: 1905-1946, economista alemão professor da Universidade de Berlin,
reconhecido pelo seu modelo estratégico de liderança e autoria da obra “Market Structure and Equilibrium
(Marktform und Gleichgewicht), 1934” ("wikipedia.org, 2022. Heinrich Freiherr von Stackelberg);
2
Atualmente, o modelo de estruturas de Stakelberg não é o mais utilizado, mas a sua

simplicidade foi utilizada como base para evoluções que surgiram devido a dificuldades de análise

aos mercados, nomeadamente quando o produto apresenta algum grau de diferenciação, ou seja,

não é inteiramente homogêneo. É desta forma que se enquadra o conceito de concorrência

monopolística, caracteriza um mercado constituído por um grande número de vendedores e

compradores, cujo produto apresenta algum grau de diferenciação (Gonçalves et al. 2006, p. 42).

Por conseguinte, “a classificação efetiva da estrutura de mercado pode ser vista por quatro

óticas principais: concorrência perfeita e monopólio puro, como mercados abstratos, concorrência

monopolística e oligopólio, como mercados reais ou efetivos devido a serem os que funcionam

na realidade do sistema” (Sousa, 2006, p. 11, as cited in Henderson & Quandt, 1976).

Figura 2 – Principais tipos de estruturas de mercado.

Fonte: Samuelson & Nordhaus (2009).

3
Capítulo 3 – Concorrência perfeita

A microeconomia considera a concorrência perfeita como um sistema ideal definido pelos

filósofos do século XVIII onde predomina o laissez-faire1. Este sistema prevaleceu até ao final

do século XIX, altura em que a economia se tornou mais complexa devido ao desenvolvimento

do comércio e aumento da especulação financeira (Mendes et. al, 2009, p.66-67). A concorrência

perfeita corresponde a uma situação limite de mercado em que nenhum dos intervenientes reúne

condições para modificar o preço devido à sua pequena dimensão, as empresas agem

individualmente sem ter em conta as ações da concorrência, o funcionamento rege-se pela lei da

procura e oferta, vigora o equilíbrio2 (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 150). Este sistema é

caracterizado pelas seguintes quatro principais condições:

“Um grande número de empresas fornece um bem ou serviço para um mercado


constituído por um grande número de consumidores; Não existem barreiras à entrada de
novas empresas no mercado; Todas as empresas produzem e vendem produtos
padronizados ou idênticos; Empresas e consumidores são tomadores de preços”
(Samuelson & Marks, 2011, p. 289).

Na prática, o princípio da atomicidade3 e a homogeneidade do produto (padronizado,

idêntico) são as condições primárias que definem uma empresa em concorrência perfeita, é uma

empresa que aceita o preço do mercado, é price taker4 (Samuelson & Marks, 2011, p. 289).

Este sistema prevalece em mercados financeiros e no setor agrícola, mas não representa

muitos factos associados às indústrias modernas. Contudo, o seu estudo é importante porque

permite esclarecer questões relacionadas com a eficiência da utilização de recursos, e serve de

comparação ou ponto de partida para análise a outro tipo de mercados (Samuelson, 1981, p. 497).

1Laissez-faire: expressão francesa que simboliza o liberalismo econômico constituído após a revolução industrial
do século XVIII, em que os mercados devem funcionam livremente sem interferências (Sandroni, 2016, p. 941);
2 Mercado em equilíbrio: é uma situação de mercado em que o preço e a quantidade de um bem se igualam pela
procura e oferta (Nunes, 2019a);
3 Atomicidade: mercado formado por infinitos vendedores e compradores, que de forma isolada não têm influência
sobre os preços praticados; (Pereira, 2017);
4 Price taker: expressão inglesa que significa “aceitante de preço”, designa uma empresa sem poder para fixar
o preço pelo qual o seu produto é vendido (“Nunes, 2017);
4
3.1 Procura do mercado

Podemos identificar uma empresa em concorrência perfeita através da aparência gráfica da

sua “curva” da procura. A Figura 3 mostra o contraste entre a procura do mercado (a - esquerda)

e a procura de uma única empresa (b - direita). A curva da procura (D) do mercado é negativamente

inclinada e apresenta uma procura inelástica no seu ponto de equilíbrio (A), contudo a curva da

procura de uma única empresa (d) é horizontal, isto é, infinitamente elástica3. Isto resulta da sua

pequena dimensão relativamente ao mercado, pois a sua curva da procura é apenas uma fração de

segmento da curva do mercado. Desta forma, ao preço do mercado a empresa pode vender as

quantidades que pretender, mas a um preço superior não consegue vender qualquer unidade

(Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 150).

Figura 3 – Procura de mercado em concorrência perfeita.

Fonte: Samuelson & Nordhaus (2009).

3.2 Outros pontos de análise

A compreensão de outras regras e características de um mercado em concorrência perfeita

exige um nível de conhecimento mais avançado, cuja explicação compreensiva também implicaria

um nível de detalhe incompatível com o objetivo resumido deste trabalho. Desta forma, efetuamos

apenas as seguintes referências:

5
❖ Receita, Rendimento e Rentabilidade:

• Como o preço (P) não é influenciado pela quantidade vendida (q), a receita total é linear.
O lucro total (LT) é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
LT = RT – CT = P x q - CT (Samuelson, 1981, p. 508);

• Regra geral, o lucro também é maximizado quando a Rmg-receita marginal1 é igual ao


Cmg-custo marginal2: Rmg = Cmg (Samuelson, 1981, p. 510);

• O lucro é maximizado no nível de produção em que o Cmg-custo marginal é igual ao


preço de mercado: Cmg = P (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 152);

• A regra da maximização do lucro é P = Rmg = Cmg (Samuelson, 1981, p. 511);

• Para existir lucro é necessário que o CTM3-custo total médio da produção seja inferior ao
preço (Samuelson, 1981, p. 511);

• O shutdown point4 deve ser implementado quando o preço, Cmg-custo marginal e


CVM5-custo variável médio forem iguais: Shutdownpoint = P = Cmg = CVM
(Samuelson & Nordhaus, 2009, pp. 153-166);

❖ Equílibrio no curto e longo prazo:

• O efeito que a alteração da procura produz é diferente entre o curto e longo prazo.
A alteração da procura produz maior ajuste no preço e menor nas quantidades no curto
prazo do que no longo prazo (Samuelson & Nordhaus, 2009, pp. 155-156);

• No longo prazo a produção é caracterizada por igualdades e o lucro tende para zero, a
chamada condição “lucro económico zero” P = Rmg = Cmg = CTM menor.
(Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 157; Samuelson & Marks, 2011, p. 310);

1Rmg: Receita marginal, designa a variação da receita total de uma empresa provocada pela variação de uma
unidade de produção de um determinado bem (Nunes, 2019b);
2Cmg: Custo marginal, corresponde ao acréscimo dos custos totais de produção quando se aumenta a quantidade
produzida de um bem em uma unidade (Nunes, 2019c);
3CTM: Custo total médio, média do custo de produção de cada unidade (Pires, 2012);
4Shutdown point: traduzido do inglês significa “ponto de desligamento”, nível de operações em que não se obtém
nenhum benefício em continuar no mercado (Barone, 2020);
5CVM: Custo variável médio, custo variável total dividido pelo número de unidades produzidas (Pires, 2012);

6
Capítulo 4 – Concorrência imperfeita

“O processo de acumulação de capital fez nascer a concorrência imperfeita” (Sousa, 2006,

p. 10). Os principais determinantes que contribuem para esta concentração são as economias de

escala1, a existência de barreiras à entrada de novas empresas no mercado e a interação estratégica2

(Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 170).

A concorrência imperfeita existe sempre que uma empresa consegue exercer algum grau

de controlo ou influência sob o preço do produto, o que atualmente é a regra geral. Portanto, pode-

se dizer que no mundo real, a maioria das estruturas de mercado insere-se no domínio da

concorrência imperfeita (Samuelson, 1981, p. 514).

4.1 Procura do mercado

O “controlo” das empresas sobre o preço leva a outra característica que pode ser observada

na figura 4, ao contrário de uma empresa em concorrência perfeita (a - esquerda), as empresas em

concorrência imperfeita (b – direita) enfrentam curvas da procura não horizontais. Isto significa

Figura 4 - Comparação da procura de mercado em concorrência perfeita (a) e imperfeita (b).

Fonte: Samuelson & Nordhaus (2009).

1 Economia de escala: produção de bens em larga escala com vista a uma redução considerável dos custos, existe
uma racionalização intensiva da atividade produtiva (Sandroni, 2016, p. 551);
2 Interação estratégica: interdependência entre o número reduzido de empresas que compõe um mercado, ocorre por
o negócio de uma empresa depender do comportamento dos concorrentes (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 189);

7
que quando uma empresa decide aumentar a oferta, tal irá causar a baixa do preço ao longo da

inclinação descendente da curva da procura. De igual forma, uma descida de preço dos seus

concorrentes fará com que a sua curva da procura sofra um deslocamento para a esquerda(d’), ou

seja, existe uma redução da procura (Samuelson, 1981, p. 499).

“Os principais tipos de imperfeições da concorrência são o monopólio, o oligopólio e

produtos diferenciados” Samuelson (1981, p. 503), sendo que a expressão “produtos

diferenciados” está associada à teoria da concorrência monopolística.

4.2 Concorrência monopolística

É a forma de concorrência imperfeita mais aproximada da concorrência perfeita. Este

conceito foi introduzido em 1933 por E. H. Chamberlain1, ao evidenciar que além do preço existem

outros fatores com influência na procura do produto, como a sua diferenciação. O termo em si,

resulta do elevado número de vendedores e compradores característicos da concorrência perfeita,

e das empresas terem algum grau de monopólio na determinação do preço devido à diferenciação

do produto (Gonçalves et al., 2006, pp. 41-42). Como referido por Samuelson, a diferenciação do

produto pode ser real, isto é natural, ou artificial, quando introduzida deliberadamente:

“Cada empresa vendedora tenta fazer com que o seu produto seja um pouco diferente dos

produtos que os outros vendem. Evita, assim, a concorrência de preços da «concorrência

perfeita», introduzindo em seu lugar, a concorrência de marcas, exatamente porque se

trata de uma forma lucrativa de concorrência imperfeita” (Samuelson, 1981, p. 501).

Atualmente a concorrência monopolística é muito frequente, basta observar a quantidade

de marcas diferentes dentro do mesmo tipo de produto numa prateleira do supermercado. Outro

tipo de diferenciação é a localização do produto, por exemplo os postos de combustível, cujo local

pode conferir algum grau de vantagem ao vendedor (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 191).

1 Edward Hastings Chamberlin, 1899-1967, economista Americano e professor na Universidade de Harvard, inovou
a microeconomia moderna através do desenvolvimento da teoria da competição monopolística, autor da obra “The
Theory of Monopolistic Competition, 1933” (Polinomics, 2017. Edward Chamberlin);
8
Esta diferenciação significa que o produto deixa de enfrentar a curva da procura horizontal

característica da estrutura concorrencial perfeita, o que permite ao vendedor aumentar o preço sem

perder a totalidade das suas vendas para os concorrentes, ou baixar o mesmo para induzir um

aumento da procura (Samuelson & Marks, 2011, p. 336; Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 191).

4.2.1 Equilíbrio no curto e longo prazo

O lucro é maximizado quando a receita marginal iguala o custo marginal (Samuelson,

1981, p. 509), o que pode ser verificado no ponto E da Figura 5 quando as respetivas curvas

representadas por RM e MC se intersetam. Na Figura (à esquerda) consta a situação atual de

equilibro de uma empresa, com o preço definido pela curva da procura (d) no ponto G. Como o

preço está acima do custo total médio (curva representada por AC), a empresa encontra-se em

situação de lucro (representada pela área sombreada ABGC). Visto não existirem barreiras neste

tipo de mercado, pode-se observar (à direita) que após a entrada de outros concorrentes com

produtos semelhantes, existe uma redução da procura com o deslocamento curva para a esquerda

(d’) até que encontre a curva do custo total médio. Isto significa que no longo prazo, o equilibro

(G’) do mercado será no ponto em que os lucros económicos se reduzem até zero, onde a receita

marginal, custo marginal, preço e custo total total médio são iguais: (Rmg = Cmg ; P = CTM)

(Samuelson and Nordhaus (2009, p. 192).

Figura 5 – Equilíbrio da concorrência monopolística no curto (esquerda) e longo prazo (direita).

Fonte: Samuelson & Nordhaus (2009).

9
4.3 Monopólio

A palavra monopólio tem origem na junção das palavras gregas mono (um) e polist

(vendedor). Em economia é a forma de organização de mercado oposta à concorrência perfeita.

Apenas existe um vendedor em controlo total do mercado e não existem outras indústrias com um

produto substituto idêntico, o que leva à empresa a exercer um grau de controlo considerável sob

a determinação do preço (Samuelson & Nordhaus, 2009, p. 171).

Hoje em dia o monopólio puro é raro, inclusive está proibido pela legislação da maioria

dos países, com exceção daqueles exercidos pelo próprio estado (serviços públicos de energia) ou

em produtos e serviços protegidos por patentes e direitos autorais (medicamentos, programas

informáticos). No século passado uma comissão inglesa de investigações enquadrou nesta

categoria todas as empresas que controlem mais de um terço do mercado (Sandroni, 2016, p. 1157).

4.4 Oligopólio

Traduzido do grego oligos significa “poucos” e o termo oligopólio “poucos vendedores”.

Em economia é uma situação de mercado com poucos vendedores, igualmente caracterizada pela

possibilidade de cada um poder influenciar o preço, e pela existência de interação estratégica. No

que respeita ao produto podem existir duas situações distintas, o produto é idêntico, como no caso

de produtos siderúrgicos e químicos, ou o produto é diferenciado, como por exemplo na indústria

automóvel (Samuelson, 1981, pp. 503-504).

4.5 Estruturas com foco nos compradores

Conforme verificado no modelo de Stakelberg, existem outro tipo de estruturas

concorrenciais além das quatro principais que caracterizam o mercado na ótica do

produtor/vendedor. Tratam-se de estruturas cujo foco está no lado dos compradores, são o

monopsónio, o oligopsónio, e o monopólio bilateral.

10
4.5.1 Monopsónio

É uma estrutura de mercado oposta ao monopólio com apenas um comprador e vários

vendedores, o produto regra geral é uma matéria-prima, que retornará ao processo produtivo para

transformação em bens finais. Os preços não são determinados pelos vendedores, mas pelo único

comprador. É uma situação muito rara no mercado, mas que pode ser verificada em empresas

estatais que adquirem produtos estratégicos, como por exemplo o caso do petróleo (Sandroni,

2016, p. 1158).

4.5.2 Oligopsónio:

É uma estrutura de mercado oposta ao oligopólio com poucos compradores e muitos

vendedores, e conforme no caso do monopsónio, o produto também é regra geral uma matéria-

prima. Neste tipo de mercado o comprador sabe que o preço pago pelo produto tem impacto no

preço pago pelos outros compradores, e vice-versa, portanto está presente a interação estratégica

(Sandroni, 2016, p. 1227).

4.5.3 Monopólio bilateral:

É uma estrutura de mercado composta por apenas um único comprador e vendedor, onde

coexiste o monopólio da oferta e da procura. Tal significa que o preço pode ser influenciado tanto

pelo vendedor como pelo comprador, sendo normalmente determinado através de negociação. É

um tipo de estrutura que se verifica na comercialização de bens não comuns, como por exemplo

na indústria peças aeroespaciais (wikipedia.org, 2015. Monopólio Bilateral).

11
Capítulo 5 – Considerações finais

Em termos genéricos, podemos referir que a elaboração deste trabalho permitiu aferir que

a microeconomia distingue as estruturas de mercado em dois sistemas concorrenciais principais, a

concorrência perfeita e os diferentes tipos de concorrência imperfeita, sendo o fator primordial

desta distinção a capacidade de as empresas influenciarem a determinação do preço do produto.

As principais variáveis que diferenciam as estruturas de mercado são o número de agentes

do lado da oferta e da procura, e o grau de diferenciação que o produto possa apresentar, sendo as

suas principais estruturas na ótica do produtor a concorrência perfeita, e no domínio das

imperfeitas a concorrência monopolística, o monopólio, oligopólio.

Um mercado em concorrência perfeita é caracterizado pelo elevado número de vendedores,

compradores e homogeneidade do produto. As empresas são incapazes de influenciar o preço do

seu produto, aceitam o oferecido pelo mercado, são price taker. Atualmente, os mercados em

concorrência perfeita têm pouca representatividade no mundo real.

Dentro das imperfeições do mercado a concorrência monopolística é a estrutura mais

aproximada da concorrência perfeita, distingue-se por o produto não ser homogéneo, a sua

diferenciação pode ser natural, ou induzida artificialmente, para que o produto deixe de respeitar

as regras do preço de mercado em concorrência perfeita. Foi assim que nasceu o conceito do

mesmo produto de marcas diferentes, e atualmente, este é o sistema concorrencial predominante.

Já o monopólio é uma estrutura de mercado oposta à concorrência perfeita, apenas existe

um vendedor em controlo total do mercado e não existem outras indústrias com um produto

substituto idêntico, o que leva à empresa a exercer um grau de controlo considerável sob a

determinação do preço.

O oligopólio é uma estrutura com poucos vendedores caracterizada pela possibilidade de

cada um poder influenciar o preço, e pela existência de interação estratégica. No que respeita ao

produto, pode ser idêntico ou diferenciado.

12
As estruturas de mercado caracterizadas na ótica dos compradores, são o oligopsónio, o

monopsónio e o monopólio bilateral. O monopsónio é uma estrutura oposta ao monopólio com

apenas um comprador e muitos vendedores, o oligopsónio é uma estrutura oposta ao oligopólio,

com poucos compradores e muitos vendedores, o monopólio bilateral é uma estrutura composta

por apenas um único comprador e vendedor.

A elaboração deste trabalho apresentou diversos desafios. Desde logo os aspetos

relacionados com a abrangência e complexidade do tema, a seleção de literatura especializada de

fontes fidedignas, a obtenção de literatura traduzida, a existência de diferentes terminologias para

os mesmos conceitos no domínio da concorrência imperfeita, conciliar e enquadrar de forma

resumida a vertente histórica da sua evolução com a componente teórica, identificar uma sequência

lógica de apresentação dos conteúdos que contribuísse para a sua compreensão. Por outro lado,

sendo o nosso primeiro trabalho académico, os aspetos relacionados com o emprego das normas

para a sua elaboração e apresentação, que encaramos como oportunidade de adquirir novas

competências.

No que respeita aos objetivos propostos consideramos que foram alcançados, pois foi

possível consolidar e adquirir novos conhecimentos acerca das diferentes estruturas de mercado,

nomeadamente distinguir e caracterizar os sistemas de concorrência perfeita e os imperfeitos, o

que a interação dos seus agentes traduz para a relação entre a procura e oferta, bem como para a

determinação do preço de produtos e equilíbrios de mercado.

Tendo em conta que a obtenção do lucro está na natureza das empresas, e que atualmente

vivemos num mercado estritamente imperfeito de concorrência de marcas, em que as empresas

têm a capacidade exercer influência na determinação dos preços, consideramos que o estudo dos

mercados em concorrência imperfeita deve continuar a ser objeto de especial atenção e estudo

aprofundado, pois as motivações capitalistas das empresas têm a tendência a sobrepor-se aos

interesses dos consumidores, e podem ser prejudiciais ao bem-estar económico e social da

sociedade em geral.

13
Referências

BÁRCENA, P. M. (2022). Etimologia de mercado, http://etimologias.dechile.net/?mercado

BARONE, A. (2020). Shutdown point,


https://www.investopedia.com/terms/s/shutdown_points.asp

GONÇALVES, A. et. al. (2006). Engenharia econômica e finanças, Rio de Janeiro, Elsevier
Editora

GONÇALVES, A. C. P. et al. (2006). Economia aplicada, 7ª edição, Rio de Janeiro, FGV


Editora

KRUGMAN, P. & WELLS, R. (2007[2006]). Introdução à economia (trad. port de


“Economics”, ed. original em 2006), Rio de Janeiro, Editora Campus

MENDES, C. M. et. al. (2009). Introdução à economia, Volume 1, Florianópolis, Fundação


Cercierg

NUNES, P. (2017). Price Taker, https://knoow.net/cienceconempr/gestao/price-taker/

NUNES, P. (2019a). Equilíbrio de Mercado,


https://knoow.net/cienceconempr/economia/equilibrio-de-mercado/

NUNES, P. (2019b). Receita marginal, https://knoow.net/cienceconempr/economia/receita-


marginal/

NUNES, P (2019c). Custo marginal, https://knoow.net/cienceconempr/economia/custo-


marginal/

PEREIRA, F. A. (2017). Microeconomia, estruturas de mercado,


https://jus.com.br/artigos/60731/microeconomia-estruturas-de-mercado

PIRES, L. (2012). Custo de Produção, https://pt.slideshare.net/LucianoPires/custos-de-produo

POLINOMICS (2017). Edward Chamberlin, https://policonomics.com/edward-chamberlin/

REZENDE, A. M. & BIANCHET, S. B. (2014). Dicionário do latim essencial, 2ª edição, Belo


Horizonte, Autêntica Editora

SAMUELSON, P. A. (1981). Economia, 5ª edição (trad. port de “Economics”, 11ª edição em


1980), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian

14
SAMUELSON, P. A. & MARKS, S. G. (2009). Manegerial Economics, 7ª edição, Jefferson
City, John Wiley & Sons, Inc

SAMUELSON, P. A. & NORDHAUS, W. D. (2009). Economics, 19ª edição, New York,


McGraw-Hill Irwin

SANDRONI, P. (2016). Dicionário de economia do século XXI, 8ª edição, Rio de Janeiro,


Record

SOUSA, L. (2006). Mercados: da abstração à desigualdade social, eumed.net.


www.eumed.net/libros/2006a/lgs-merc/

WIKIPEDIA.ORG (2015). Monopólio bilateral,


https://pt.wikipedia.org/wiki/Monopólio_bilateral

WIKIPEDIA.ORG (2022). Heinrich Freiherr von Stackelberg,


https://en.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Freiherr_von_Stackelberg

15

Você também pode gostar