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1 Introdução
Vimos nos capítulos anteriores quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens
e serviços e como são determinados os preços, supondo que, sem interferências, o mercado
automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma
estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita ou mercado
competitivo. Discutiremos neste capítulo mais detidamente essa e outras formas de
mercado.
As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três
características:
a) número de empresas que compõem esse mercado;
b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas maximizam o
lucro total, o que, como vimos no final do capítulo anterior, corresponde ao nível de
produção no qual a receita marginal se iguala ao custo marginal. Essa é a hipótese da teoria
tradicional ou marginalista.
Especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos que
existe uma teoria alternativa, que pressupõe que a empresa maximiza o mark-up, que é a
margem entre a receita e os custos diretos (ou variáveis) de produção.
6.2 Concorrência perfeita (mercado competitivo)
em que:
p = preço do produto;
C = custo direto unitário (que corresponde, na teoria marginalista, ao custo variável
médio);
m = taxa de mark-up, que é uma porcentagem sobre os custos diretos.
A taxa de mark-up deve ser fixada de tal forma a cobrir, além dos custos diretos, os
custos fixos, e atender a certa taxa de rentabilidade desejada pelos acionistas da empresa. O
conceito de mark-up corresponde aproximadamente ao conceito de margem de
contribuição utilizado na contabilidade privada, com a diferença de que esse último é
calculado para cada linha de produto, enquanto o conceito de mark-up é mais geral,
normalmente fixado pelos acionistas para os negócios globais da empresa.
A teoria do mark-up está respaldada em pesquisas empíricas que mostram que as
empresas, ao fixar seu preço de venda, não conseguem prever adequadamente a demanda
por seu produto e, portanto, suas receitas, mas conhecem muito bem seus custos. Como elas
têm poder monopolístico, podem, então, fixar os preços numa base mais objetiva, nos seus
custos, dependendo menos da demanda prevista de mercado. Difere assim da teoria
marginalista, segundo a qual a empresa, para fixar seu preço no lucro máximo, precisa
prever também as receitas (o que envolve ter razoável poder para prever a demanda por seu
produto), para igualar suas receitas marginais aos custos marginais.
6.5 Concorrência monopolística
Como vimos no Capítulo 2, o Brasil possui, desde os anos 1960, extensa legislação
que procura coibir os abusos do poder econômico em defesa da concorrência e da proteção
aos consumidores.
Dentro do chamado Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, o Conselho
Administrativo de Direito Econômico (CADE), a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (SDE) e a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) são os órgãos
que têm por objetivo julgar os processos administrativos relativos a abusos do poder
econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações de
monopólio ou maior domínio de mercado. Quando se prova que a limitação da
concorrência não propicia ganhos aos consumidores em termos de menores preços ou
produtos tecnologicamente mais avançados, o CADE pode determinar que o negócio seja
desfeito.
Tabela 6.1 Grau de concentração na indústria e comércio por setores
Faturamento das quatro maiores empresas, sobre o faturamento total de cada setor)
Setor industrial
1. Alimentos
Açúcar e álcool
Moinhos
Frigoríficos
Conservas