Você está na página 1de 10

Módulo 07 

 
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA 
 A concorrência monopolística é parecida com a concorrência perfeita, mas
os produtos ofertados pelos vários produtores possuem diferenciação.  
 Isso significa que cada empresa vende uma marca - cuja qualidade, aparência ou
percepção do consumidor é diferenciada - e com isso detém certo poder de
mercado. Na verdade, essa é a única forma de uma empresa nesse tipo de
estrutura conseguir algum poder de mercado. Se os consumidores considerassem
os produtos idênticos (homogêneos), estaríamos diante de uma concorrência
perfeita, que é marcada pela existência de muitos produtos que, se não
idênticos, possuem substitutos próximos.  
 Se, por outro lado, o produto ofertado pela empresa fosse único, sem
substitutos, seria um monopólio puro – pelo menos no curto prazo, diante da
ausência de barreiras. Então, a concorrência monopolística guarda certa relação
com essas duas estruturas. Essa é provavelmente a estrutura mais comum e mais
difícil de ser analisada em um modelo, pois estes trabalham com simplificações
que não aderem aos detalhes típicos da concorrência monopolística. Contudo, é
possível descrever suas principais características: 
 I. As empresas ofertam produtos diferenciados (heterogêneos), substitutos
próximos entre si. Ou seja, a elasticidade-preço cruzada da demanda é alta, mas
não infinita, já que não são substitutos perfeitos. Se assim não fosse, seria uma
concorrência perfeita.  
 II. Não há barreiras relevantes. As empresas podem entrar e sair conforme a
atratividade do mercado. Se assim não fosse, haveria um oligopólio, ou
monopólio, a depender do número de empresas estabelecidas. 
 
 
Formas de Diferenciação 
 Diferenciar seu produto é algo que as firmas fazem com o objetivo de convencer
o consumidor a pagar mais por ele do que pagaria por um produto simular da
concorrência. Claro que cobrar mais pelo produto é apenas um meio para a real
finalidade: lucro.  
 Costuma-se separar em três as formas de diferenciação normalmente adotadas
pelas empresas. 
 POR TIPO: é o caso de categorias diferentes de um mesmo produto. Como
comida (japonesa, pizza, hambúrguer) ou livros (mistério, romance, didático). A
intenção do produtor é capturar os consumidores que têm preferências por um
tipo específico de bem e, assim, pode cobrar um pouco mais por isso. 
 POR LUGAR: o produto é diferenciado pela sua localização que, por gerar
comodidade aos consumidores, permite cobrar um sobrepreço. Exemplos:
papelarias em frente às escolas, postos dentro da cidade, farmácias em hospitais,
etc.  
 POR QUALIDADE: Aqui é bem simples; os produtos de maior qualidade são
vendidos por maiores preços, os de qualidade inferior são vendidos mais
baratos. 
 Também é possível combinar as formas, é claro, já que além de seus gostos
peculiares (tipo) os consumidores em geral apreciam comodidade (lugar) e
qualidade. 
 
Equilíbrio no curto prazo 
 A firma que opera em concorrência monopolística tem poder de monopólio.
Afinal, ao diferenciar seu produto ela consegue influenciar seu preço, não é?
Então, esse poder de mercado se traduz no fato de que, por ter um produto
diferenciado, ela pode aumentar seu preço, e ver a quantidade demandada
apenas diminuir, ou vice-versa; ela pode “brincar” na curva de demanda.  
 Ou seja, ela não se depara com uma curva infinitamente elástica, como a
empresa competitiva. A curva de demanda da firma monopolisticamente
competitiva é decrescente, como no monopólio. Dessa forma, ela consegue
obter lucro econômico (real) no curto prazo, representado pelo retângulo cuja
altura é a diferença entre preço e custo médio, e a largura é a quantidade que
iguala receita marginal e custo marginal. 

 
 Portanto, no curto prazo, a empresa monopolisticamente competitiva funciona
como um monopólio, obtendo lucro positivo. Mas no longo prazo as coisas
mudam... 
 
 
Equilíbrio no longo prazo 
 No longo prazo, os lucros excepcionais da firma monopolisticamente competitiva
atraem novos concorrentes, pois não há barreiras de entrada nesse mercado,
sendo essa a semelhança com a concorrência perfeita e a diferença em relação
ao monopólio.  
 Cada nova firma ofertará um bem substituto próximo, “mordendo um pedaço”
da demanda. Dessa forma, deslocará para dentro a curva de demanda de todas
as firmas individuais, reduzindo os lucros extraordinários. Isso acontecerá até
que a curva de demanda individual tangencie a curva de custo médio, pois nesse
ponto as firmas não estarão mais percebendo lucro e, portanto, não haverá
novas entrantes.  
 Esse é o equilíbrio do mercado em concorrência monopolística.  
 Veja nos gráficos. Inicialmente, o equilíbrio de curto prazo: 

 Então, conforme entram novas empresas, a curva de receita média e preço


RMe(p) vai descendo até tangenciar a curva de custo médio CMe: 
 
 
 
 Note, contudo, que o preço de equilíbrio de longo prazo da concorrência
monopolística é superior ao custo marginal e, portanto, essa estrutura é
ineficiente.  
 Vamos falar mais sobre isso agora mesmo. Você sabe que a concorrência perfeita
é uma estrutura eficiente, não é? Isso porque na concorrência perfeita, todas as
transações que poderiam ocorrer, ocorrem efetivamente, e assim tanto produtor
quanto consumidor maximizam seus excedentes, e o excedente total do
mercado é máximo.  
 Portanto, quero que você compare o equilíbrio de longo prazo da concorrência
monopolística com a concorrência perfeita: 
 

 
 
 Em primeiro lugar, perceba que a firma monopolisticamente competitiva não
minimiza seu custo médio (como ocorre na concorrência perfeita), indicando que
ela poderia estar produzindo mais por menos, ou seja, as firmas
monopolisticamente competitivas operam com capacidade ociosa.  
 Além disso, na concorrência perfeita ocorrem mais transações (qCP>qCM), de
forma que todos os excedentes que poderiam ser proporcionados com as
transações entre qCM e qCp simplesmente não ocorrem, de forma que podemos
medir o peso morto (PM) pela área sombreada abaixo: 
 
 
 
 Portanto, a área PM representa a perda de excedente e mensura a ineficiência da
concorrência monopolística. Por fim, a firma mantém seu poder de monopólio
mesmo no longo prazo, embora tenha lucro econômico zero. 
 
 
OLIGOPÓLIO 
 Além de serem mais presentes em nosso dia-a-dia, os oligopólios tomam decisões
muito mais complexas que as empresas competitivas, que são tomadoras de
preços, e que os monopólios, que tomam suas decisões levando em conta a
curva de demanda e seus custos.  
 O oligopólio tem por característica a existência de poucas empresas dominando
o mercado.  
 Nos oligopólios, as empresas têm alguma concorrência entre si, mas não são
tomadoras de preços, pois detêm algum poder de mercado. Note que um
oligopólio pode ter várias empresas, mas apenas algumas delas dominarão
grande parte do mercado.  
 Eles também surgem pela existência de barreiras de entrada. Desde economias
de escala que podem tornar o mercado proibitivo para novas empresas, até
patentes ou concessões do Estado.  
 Além disso, oligopolistas também podem adotar ações estratégicas –
consideradas barreiras de entrada não naturais – para desestimular a entrada de
determinada empresa, como a política de preços-limite, que consiste em praticar
os maiores preços que as firmas podem estabelecer sem atrair a entrada de
novos concorrentes. 
  Os oligopolistas, portanto, precisam se preocupar não apenas com suas curvas
de custos e demanda, mas também com as decisões de seus concorrentes atuais.
Essas decisões complexas decorrem do fato de que a existência de poucos
concorrentes significa que cada ação pode ter uma [forte] reação, que deve ser
considerada pela firma oligopolista. Por fim, no oligopólio, os produtos podem
ou não ser diferenciados.  
 Daqui em diante, iremos considerar que os produtos são homogêneos (não
diferenciados) 
 
CARACTERÍSTICA DO MERCADO OLIGOPOLISTA 
 Poucas firmas dominam a produção; 
 Ações estratégicas; devem considerar a reação dos concorrentes;  
 Os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados;  
 Há barreiras de entrada relevantes;  
 barreiras naturais: economias de escala, diferenciais tecnológicos, patentes, etc.  
 barreiras não naturais: estratégias e políticas de prevenção à entrada. 
 A forma como os oligopolistas interagem suas estratégias define o modelo de
oligopólio.  
 dê atenção especial aos modelos de Cournot ( ), Bertrand ( ), Cartel ( ) e
Stackelberg ( ).  
 O modelo de Sweezy será abordado para que sua preparação seja completa, mas é
bem menos cobrado que os demais.  
 nos modelos a seguir adotaremos uma forma simplificada de oligopólio:
o duopólio.  
 Nesse mercado, há apenas duas empresas competindo, de forma que cada uma
delas toma suas decisões levando em consideração as reações de seu único
concorrente. As conclusões encontradas se aplicarão aos demais oligopólios. Além
disso, a cobrança das bancas não exige nada mais do que isso. 
 
Modelo de Cournot (quantidade) 
 Proposto no século XIX por Augustin Cournot, esse modelo supõe (premissas,
portanto) que as firmas duopolistas:  
 Produzem produtos homogêneos;  
 Decidem a quantidade produzida simultaneamente;  
 Consideram a produção de seu concorrente fixa.  
 Portanto, a empresa A decidirá quanto produzir de acordo com o que ela
acredita que a empresa B produzirá, e vice-versa. Ela fará isso porque sabe
que os duopolistas têm de dividir a demanda do mercado entre si. 
 A palavra-chave para do modelo de Cournot é QUANTIDADE. 
 Então, permita-me um pequeno mnemônico que vai te ajudar a dominar e
relembrar dessa aula inteira, vai ser aquele gatilho para o restante se organizar:
Cournot = Countidade  
 Digamos que o mercado de sal é dominado pelas empresas Sal Cisne e Sal Lebre,
especialmente escolhidas por produzirem um bem homogêneo, apesar de
estarmos ignorando o fato de que existem outras produtoras de sal. Suponha que,
por um motivo qualquer, a Cisne acredite que a Lebre nada produzirá. Se esse for
o caso, a Cisne sabe que a demanda do mercado será todinha sua; sua curva de
demanda será a curva de demanda do mercado. Vamos considerar, para
simplificar, que seu custo marginal é constante. 
 
 
 
 No exemplo acima, a quantidade produzida pela Cisne será de 100 (cem mil
toneladas, se preferir). Simplesmente porque ela estará agindo como monopolista.
Contudo, caso a Cisne acredite que a Lebre produzirá 100, isso significa que a
curva de demanda da Cisne será deslocada 100 unidades para a esquerda,
representando a divisão do mercado entre os duopolistas. Façamos as
modificações no gráfico abaixo: 
 

 
 Aí está: agora, a Cisne maximizará seu lucro produzindo 50 unidades. Por fim,
digamos que a Sal Cisne acredite que a Sal Lebre produzirá 200 unidades. Isso
significa mais um deslocamento de 100 unidades para a esquerda (em relação ao
último gráfico). 
 
 
 
 Opa! A crença de que a Lebre produzirá 200 unidades leva a Cisne a curvas de
demanda e de receita marginal que interceptam a curva de custo marginal no
eixo vertical. Isso significa que a Cisne não produzirá nada. 
 Mas eu disse que elas definem simultaneamente, não foi? Então, vamos ver como
fica quando levamos em conta as decisões que a Lebre fará baseadas no que ela
pensa que a Cisne fará. Essas três suposições nos levam a conclusão de que a
quantidade que maximiza os lucros do oligopolista é função decrescente da
quantidade que ele acredita que seus concorrentes produzirão. Isso é chamado
de curva de reação. Elas nos mostram qual quantidade cada empresa produzirá,
levando em conta a quantidade que ela acredita que seu concorrente
produzirá. Já conhecemos a curva de reação da Cisne – que pudemos extrair das
três suposições que fizemos – e agora iremos arbitrar alguns valores para
desenhar a curva da reação da Lebre. Dessa forma, temos o gráfico abaixo: 
 

 
 
 O equilíbrio do duopólio de Cournot se dará, então, no ponto de intersecção
entre as curvas de reação – com 150 unidades, em nosso exemplo. Essa situação,
portanto, é um Equilíbrio Nash, ou seja, cada firma está fazendo o melhor que
pode diante do que está fazendo seu concorrente. Contudo, o oligopólio de
Cournot não se move em direção ao equilíbrio. Em outras palavras, caso uma das
empresas esteja produzindo uma quantidade diferente da quantidade de
equilíbrio, nada garante que ele virá a ocorrer, devido à hipótese de quantidade
fixas, da qual falamos no início.  
 Concluímos, então, que o modelo só faz sentido para firmas que já estejam em
equilíbrio. 
 
Modelo de Bertrand (preço) 
 As hipóteses básicas do modelo de Bertrand são semelhantes àquelas que vimos
no modelo de Cournot, com a diferença que as empresas não determinam suas
quantidades produzidas, e sim seus preços.  
 As firmas: 
 Produzem produtos homogêneos;  
 Decidem seus preços simultaneamente;  
 Consideram o preço de seu concorrente fixo. 
 O fato de os oligopolistas decidirem o preço que cobrarão (e não a quantidade)
muda completamente o resultado do mercado. Quer ver? Desta vez, imagine que
há apenas dois postos de combustíveis vizinhos (Ipiranga e Petrobrás) em uma
pequena cidade qualquer. Suponha ainda que essas empresas irão competir
honesta e francamente, ou seja, não combinarão preços. Caso o dono do Ipiranga
decida colocar no letreiro na frente do seu posto “Gasolina: R$4,659”, e o dono do
Petrobrás coloque (Gasolina: R$4,549), evidentemente todos os consumidores
abastecerão no último, já que o produto é idêntico. O posto Ipiranga diminuiria
seu preço novamente, para obter a totalidade do mercado para si!  
 Essa situação é idêntica ao que ocorre no mercado competitivo, lembra-se?
Significa que as empresas reduzirão seus preços até o igualarem aos seus custos
médios e, portanto, o lucro econômico desse mercado será zero – assim como na
concorrência perfeita. 
 Conclusão: o oligopólio de Bertrand leva ao mesmo resultado que a concorrência
perfeita, com preço e custo marginal iguais. 
 
Modelo de Stackelberg (primeiro em quantidade) 
 No modelo de Cournot, vimos um mercado oligopolista onde as decisões de
produção são tomadas simultaneamente. Agora, veremos o que acontece se um
dos produtores puder decidir primeiro quanto irá produzir, levando em
consideração a possível reação de seu concorrente.  
 Será que isso é uma vantagem? Sim. Isso é uma vantagem que permitirá à
empresa líder, aquela que produz primeiro, obter maiores lucros que a empresa
seguidora. O modelo de Stackelberg faz mais sentido do que o modelo de
Cournot quando uma das empresas é maior, dispondo de recursos para ser mais
rápida em produzir, liderando o mercado. Por outro lado, em mercados
dominados por oligopolistas mais parecidos, o modelo de Cournot é mais
conveniente. 
 De toda forma, podemos definir o equilíbrio no oligopólio de Stackelberg
graficamente, e, mais interessante, compará-lo com o equilíbrio de Cournot, ou
seja, compreendermos que diferença faz quanto uma empresa é líder e a outra
seguidora: 
 
 
 Portanto, concluímos que no oligopólio de Stackelberg a quantidade total
ofertada é superior à quantidade total ofertada no oligopólio de Cournot ( 3a/4b
> 2a/3b). 
 
Modelo de Sweezy (demanda quebrada e rigidez de preços) 
 O modelo de demanda quebrada explica por que há rigidez de preços nos
oligopólios, ou seja, porque os oligopolistas têm receio de aumentar ou diminuir
seus preços acima de determinado nível. O termo “demanda quebrada” é devido
à alteração na inclinação da curva da demanda antes e depois do nível de preços
vigentes. 
 
 

 
 
 
 
 Concluindo: o modelo de demanda quebrada trata da estabilidade ou rigidez de
preços no mercado oligopolista. 
 
Cartel (conluio) 
 Também chamado de Conluio, o Cartel é um modelo de coalizão, ou seja, tem
por característica a cooperação dos produtores entre si.  
 Eles combinam preços e quantidades de forma a operar como um monopólio;
reduzindo o excedente do consumidor e fixando o preço acima do custo
marginal.  
 O cartel se origina de um acordo explícito ou tácito.  
 Assim, todos os membros do cartel têm lucros superiores do que teriam se
concorressem entre si. Ou seja, as firmas podem combinar expressamente os
preços e quantidades que serão produzidas, ou podem agir nesse sentido sem
qualquer formalidade, ou seja, observando os preços das demais e mantendo o
comportamento em conjunto. Claro que isso só é possível caso os membros do
cartel possuam poder de mercado.  
 Contudo, além de ilegal na maior parte dos países, os cartéis exigem que os
oligopolistas sejam fiéis ao acordo, o que nem sempre se verifica em firmas cujo
comportamento já não é dos mais leais, ou seja, os cartéis precisam de uma
estabilidade raramente verificável na prática. 

Você também pode gostar