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MESTRADO EM GESTÃO DAS

ORGANIZAÇÕES

MATERIAL DE ESTUDO 3:

ECONOMIA EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA, CONCORRÊNCIA


(Módulo)
PERFEITA E MONOPÓLIO

Elaine Scalabrini
Ano Letivo 2022/23 elaine@ipb.pt
1º ano | 1º semestre
CONCORRÊNCIA PERFEITA

Quatro condições definem a existência de um mercado perfeitamente concorrencial:

(1) As empresas vendem um produto padronizado - num mercado perfeitamente


concorrencial, o produto vendido por uma empresa é assumido como um
substituto perfeito do produto vendido por qualquer outra.

(2) As empresas são price-takers (aceitam o preço) - uma empresa individual


considera dado o preço de mercado do produto. Mais especificamente, deve
acreditar que o preço de mercado não será afetado pela quantidade que produz.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

(3) Os fatores de produção são perfeitamente móveis a longo prazo - uma


implicação desta condição é que, se uma empresa se apercebe de uma
oportunidade para um negócio rentável numa determinada altura e num
determinado local, será capaz de contratar os fatores de produção de que
necessitar de modo a aproveitá-la. Similarmente, se o seu empreendimento atual
já não lhe parecer atrativo em relação a outros negócios alternativos, é livre de se
desfazer dos seus fatores de produção, que então se deslocam para indústrias
onde as oportunidades sejam melhores.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

(4) As empresas e os consumidores possuem informação perfeita - uma empresa


não tem possibilidade de deixar o seu setor atual se não tiver forma de saber da
existência de outras oportunidades de lucro. Da mesma forma, um consumidor
não pode mudar de um produto de preço elevado para outro de preço inferior e
de igual qualidade a não ser que tenha informação sobre a existência desse
mesmo produto.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

Objetivo da maximização do lucro

 Ao estudar não só a concorrência perfeita, mas também uma variedade de


outras estruturas de mercado, os economistas assumem que o objetivo
fundamental da empresa é a maximização do lucro.

Como é que uma empresa escolhe o seu nível de produção a curto prazo?

 Admitindo que o objetivo da empresa é maximizar o lucro económico, ela


escolherá o nível de produção para o qual a diferença entre a receita total e o
custo total é o maior possível.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

• Se a empresa quiser maximizar o seu lucro, terá que pesar este proveito contra o
custo de venda de uma unidade adicional, que é o custo marginal.

• Para maximizar o lucro económico, a empresa deve seguir a regra: desde que o
preço seja maior do que o valor mínimo do custo variável médio, a empresa deve
funcionar num nível de produção para o qual a receita marginal seja igual ao custo
marginal na porção ascendente da curva de custo marginal.

 Mas porque é que o preço tem que ser superior ao valor mínimo da curva de custo
variável médio?

 A resposta é que, se esta condição não for satisfeita, será melhor encerrar a empresa, ou
seja, não produzir nada no curto prazo.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

Conclusão:

A empresa concorrencial atua como aceitante de preços e maximizador de lucros. Ou


seja, tomando o preço de mercado como dado, a empresa escolhe o nível de produção
que maximiza o lucro económico a esse preço. Assim, as duas regras a seguir em
concorrência perfeita são:

 O preço deve ser igual ao custo marginal na porção ascendente da curva de custo
marginal;

 O preço deve ser maior ou igual ao valor mínimo da curva de custo variável médio;
juntas, definem a curva de oferta de curto prazo para uma empresa de concorrência
perfeita. A curva da oferta da empresa diz qual é a quantidade que a empresa
pretende produzir em vários níveis de preços.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

Maximização do lucro no longo prazo

 Por vezes a empresa tem interesse em continuar a vender o produto, mesmo que
isso implique perdas económicas no curto prazo. No entanto, no longo prazo, a
empresa prefere sair do negócio se não conseguir, pelo menos, obter um lucro
considerado normal para a indústria onde se encontra.

 Se estivesse a obter um lucro normal ou mesmo um lucro económico positivo em


relação à sua indústria, poderia ainda assim sentir-se tentada a mudar para outra
indústria, se as oportunidades fossem, aí, mais atraentes.

 Entrar ou sair não são as únicas opções possíveis para a empresa no longo prazo.
Tem também a opção de ajustar a sua quantidade de capital.

 A existência de um lucro económico positivo cria um incentivo poderoso para que


outras empresas entrem na indústria.

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CONCORRÊNCIA PERFEITA

• À medida que novas empresas entram no mercado, as suas curvas de custo


marginal no curto prazo são adicionadas às das empresas existentes, o que vai ter o
efeito de deslocar a curva de oferta para a direita.

• Se apenas uma empresa entrasse para o mercado, não haveria efeito significativo
sobre o preço. Com o preço virtualmente igual ao anterior, cada empresa no
mercado continuaria a obter um lucro económico igual. Esses lucros continuariam a
atrair empresas para a indústria, fazendo com que a curva se deslocasse cada vez
mais para a direita, o que iria levar a que, gradualmente, o preço baixasse.

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MONOPÓLIO

O monopólio é um modelo de mercado que se caracteriza pela existência de um único


produtor, que domina a oferta de mercado. O monopólio é a estrutura de mercado que
menos se assemelha com a concorrência perfeita. O monopólio é o caso de um
mercado com um único vendedor de um produto sem substitutos próximos e com um
número elevado de consumidores.

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MONOPÓLIO

Mas como é que a empresa consegue chegar a ser a única que serve o seu mercado?

(1) Controlo exclusivo de recursos importantes (recursos naturais);

(2) Economias de escala - quando a curva de custos médios no longo prazo (dados
preços fixos dos recursos) é negativamente inclinada, a maneira de abastecer a
indústria com menores custos é concentrar a produção nas mãos de uma única
empresa. Um mercado que é abastecido de uma maneira mais barata, quando
servido por uma única empresa, chama-se Monopólio natural;

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MONOPÓLIO

(3) Patentes e Copyrights

Tipicamente, uma patente ou copyright confere direito a benefícios


exclusivos provenientes das trocas que envolvem os produtos e as situações a
que a invenção se aplique; Desta forma as patentes e copyrights são criadas
com objetivo de incentivar as atividades de inovação, proporcionando aos
seus responsáveis lucros anormais durante um certo período de tempo.

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MONOPÓLIO

(4) Vantagem tecnológica mantida em segredo (não patenteada)

Uma empresa pode possuir conhecimentos secretos que lhe permitem


produzir um produto novo que as outras empresas não conseguem imitar.
Por outro lado, uma empresa pode ter um conhecimento secreto sobre
técnicas de produção que lhe permitem produzir o mesmo produto a custos
muito mais baixos do que as outras empresas. Neste caso, a empresa poderá
fixar um preço abaixo dos custos médios das outras empresas e, deste modo,
expulsá-las do mercado e tornar-se monopolista.

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MONOPÓLIO

(5) Externalidades de rede

Para perceber o que a expressão significa considere-se a seguinte questão: se


existisse apenas um telefone no mundo qual seria a sua utilidade para o seu
proprietário? A resposta é óbvia: a vantagem seria nula. Mas esta reposta
evidencia o facto de que a utilidade que se retira da utilização do produto
aumentar com a rede de pessoas que possuem um produto idêntico. Assim,
há empresas que têm vantagem na atração de consumidores e, assim, o
objetivo de se tornarem monopolistas.

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MONOPÓLIO

(6) Licenças governamentais ou concessões

Em muitos mercados, a legislação prevê que ninguém faça negócios,


excetuando uma única empresa licenciada. As licenças governamentais são,
por vezes, acompanhadas por legislações estritas que indicam o que é que os
seus titulares podem ou não fazer.

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MONOPÓLIO

• No estudo do comportamento do monopolista a primeira questão que devemos


estudar é o comportamento da procura que a unidade de produção defronta.

• Nos mercados em que apenas existe uma única unidade de produção, esta defronta
uma curva da procura que é, afinal, a curva da procura de mercado. A unidade de
produção deixou de ser um simples price-taker, para qualquer quantidade que
viesse a produzir para o mercado, e passou a dispor de um poder de fixação do
preço.

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MONOPÓLIO

Importa notar que o preço e os lucros do monopolista serão tanto maiores quanto
menor for a elasticidade da curva da procura:

 De facto, quanto menor for esta elasticidade menor será a redução percentual
das vendas resultante de um aumento do preço – por esta razão, maior será o
interesse do monopolista em subir o preço e maiores serão os seus lucros.

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MONOPÓLIO

• No curto prazo, os consumidores poderão ter dificuldade em reduzir a sua procura


em resposta a um aumento de preços. Por isso a curva da procura tenderá a ser
mais rígida no curto prazo do que no longo prazo.

 Isto significa que se um monopolista decidir com base na sua curva da procura de
longo prazo, o seu preço e o seu lucro serão menores do que seria possível no curto
prazo.

 Note-se ainda que o que foi dito não significa que o monopolista não possa ter
lucros negativos no curto prazo. Por exemplo, uma recessão económica poderá
conduzir a uma forte diminuição da procura dirigida ao produto de um monopolista.
Se isso acontecer, a curva da procura que lhe será dirigida poderá não permitir uma
margem da receita sobre os custos variáveis suficiente para cobrir os custos fixos
(que num monopólio costumam ser substanciais).

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MONOPÓLIO

Os mercados de monopólio têm quatro efeitos negativos sobre o bem-estar social:

(1) Ineficiência

(2) Transferência injusta de rendimento

Porque produz menos a um preço superior.

(3) Comportamentos Rent-Seeking

Em certos caso, o direito de operar num mercado de monopólio é atribuído


pelo governo a uma entre várias empresas candidatas. Quando isso acontece,
cada empresa tem interesse em gastar muitos recursos para tentar convencer
o governo a selecioná-la – recursos que de outro modo seriam utilizados em
atividades produtoras de bens e serviços úteis.

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MONOPÓLIO

(4) Maiores custos de produção - há duas razões fundamentais para que isto
ocorra:

Ineficiência x: uma empresa num mercado concorrencial que não minimize os


custos dificilmente conseguirá sobreviver – os seus custos tenderão a exceder o
preço de mercado. Mas, num monopólio não está sujeito a essa disciplina e isso
poderá fazê-lo incorrer em custos desnecessário (por exemplo, proporcionar
salários excessivos aos seus administradores)

Ausência de termo de comparação: Uma empresa num mercado de concorrência


saberá que pode reduzir os custos se observar que outras empresas têm custos
mais baixos. Num monopólio não existem outras empresas como termo de
comparação para se saber se está ou não a reduzir os custos.

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